INTRODUÇÃO: são raros os trabalhos na literatura descrevendo achados de avaliação fonoaudiológica comportamental e de linguagem na Seqüência de Mobius (SM), o que motiva e eleva a importância do presente
estudo. O acometimento congênito e não progressivo dos pares cranianos Abducente (VI) e Facial (VII) é o mais comum na SM, podendo ainda acometer os seguintes pares cranianos III, IV, V, VIII, IX, X e XII (Martins
et al, 2001). Geralmente a SM é associada a outras anomalias ósseas e musculares, mais freqüentemente localizadas na parte distal das extremidades. Amimia facial, estrabismo ocular convergente, micrognatia,
surdez, patologias bucais, sintomas disfágicos, restrições na aquisição de fonemas bilabiais e labiodentais, dificuldades no desenvolvimento da linguagem e prejuízo na comunicação são alguns dos achados
relacionados (Albuquerque, et all 2009; Sordi-Ichikawa, 2006; Freitas, et al, 2006; Carneiro e Gomes, 2005).
OBJETIVO: verificar as habilidades de comunicação e os aspectos comportamentais em um paciente com seqüência de Möbius.
MÉTODOS: paciente, sexo masculino, 1 ano e 3 meses de idade, com seqüência de Moebius, foi submetido a avaliação fonoaudiológica clínica comportamental e das habilidades de comunicação. Levaram-se em
consideração os seguintes itens: habilidades para se comunicar, intenção e iniciativa dialógica, meio de comunicação utilizado, presença de contato ocular, respeito a turnos conversacionais e as manifestação das
funções comunicativas, esperadas para a Fase I (dos 10 aos 18 meses) consideradas na Teoria de Halliday (TH), desde 1975 e demais funções comunicativas. Quanto aos aspectos comportamentais observou-se
acompanhamento das atividades realizadas, atenção, participação da criança e respostas, reconhecimento de objetos, interesse e conduta. O atendimento foi realizado na Clínica Escola de Fonoaudiologia do Centro
Universitário Jorge Amado – UNIJORGE, em Salvador, Bahia. Foram respeitados os princípios éticos, com assinatura do Temo de Consentimento com a presente pesquisa.
RESULTADOS: observou-se intenção comunicativa e iniciativa dialógica presentes, bem como presença das funções reguladora e interativa. Observou-se, ainda, função exploratória predominante, protesto e uso
de função não focalizada. As demais funções comunicativas e habilidades utilizadas na comunicação, ainda que instigadas, não foram evidenciadas. Há atenção compartilhada esporádica, reconhecimento do responsável
e de alguns objetos do uso cotidiano, mostrou interesse no outro e nas atividades propostas, de conduta não agressiva, embora predominem tentativas de regulação das ações do outro com o choro,
principalmente. De acordo com a TH, a criança encontra-se em déficit comunicativo, embora esse desempenho possa ser melhorado.
CONCLUSÃO: a observação comportamental e do desempenho lingüístico do paciente evidenciam a necessidade e valorização de todas as potencialidades demonstradas para que a linguagem possa ser desenvolvida e
venha permitir a esse sujeito inserção na sociedade. O déficit lingüístico e no desempenho comportamental são achados importantes e, partindo somente desses achados, a fonoterapia precoce é peça chave no
tratamento do paciente com SM a fim de maximizar as suas funções e relações interpessoais atuando no seu desenvolvimento de forma global.
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