CONSULTA DE TRABALHOS

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GRUPOS DE PESQUISA
2213
A NOSSA VOZ EM PAUTA
Voz (VOZ)


HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA

Idealizado e coordenado pela Profª. Drª. Mauriceia Cassol, o grupo A Nossa Voz em Pauta é um espaço de pesquisa voltado para a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Foi criado no ano de 2015 com os principais objetivos de unir conhecimentos científicos de diversas áreas relacionadas à voz, trocar experiências que envolvem pesquisas nas áreas de reabilitação vocal, aprimoramento vocal e envelhecimento da voz, além de estruturar e proporcionar atividades de extensão para a comunidade interna e externa da universidade acerca de assuntos relacionados à área da voz, levando em consideração principalmente à saúde vocal. Desenvolvemos estudos em duas linhas de pesquisas: Fundamentos da Reabilitação Musculoesquelética pertencente ao Programa de Pós-Graduação de Ciências da Reabilitação e Estudos em Fonoaudiologia: Avaliação, Promoção e Reabilitação da Comunicação Humana pertencente ao Departamento de Fonoaudiologia. Os projetos de pesquisa realizados pelo grupo têm interface com as áreas de Fisioterapia, Psicologia e Medicina, além da realização de parcerias com outras áreas da Fonoaudiologia. Nosso grupo é cadastrado no Diretório de Grupos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é formado por docentes, pós graduandos, graduandos e bolsistas de iniciação científica que produzem pesquisas na área de voz.

PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO
Os projetos de Doutorado em andamento são: “Efeitos de Técnicas de Trato Vocal Semiocluído para a Voz de Coristas Idosos”; “Promoção das Habilidades Vocais e Comunicacionais para Falar em Público em Universitários”; “Efeitos da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea e da Terapia Manual Laríngea na Disfonia Por Tensão Muscular: Ensaio Clínico Randomizado”;” Efeitos do Uso de Incentivadores Respiratórios na Reabilitação de Idosos com Disfonia: Ensaio Clínico Randomizado”; “Programa de Intervenção Musculoesquelética Vocal para Professores Universitários: Ensaio Clínico Controlado Randomizado” . No Mestrado o projeto “Verificação do efeito na ansiedade e no estresse após um programa de aprimoramento de habilidades comunicativas com enfoque para falar em público” está sendo desenvolvido. Os projetos têm parcerias com Iniciação Científica, Graduação – Trabalhos de Conclusão de Curso – e Especialização. Além disso, o Grupo possui um projeto em andamento no Ambulatório de Voz do Serviço de Otorrinolaringologia pertencente ao Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, com o título “Dados Epidemiológicos e Clínicos de um Ambulatório de Voz Vinculado ao SUS”.

PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Atualmente as parcerias acontecem à nível nacional, como coorientações de projetos de doutorado. Contamos com a colaboração do curso de Psicologia da UFCSPA, com a Dra. Sheila Gonçalves Câmara; com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo a participação da Dra. Chenia Caldeira Martinez; com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Dr. Ângelo José Gonçalves Bós; com a Universidade de São Paulo (USP) - Campus Bauru, tendo a Dra. Kelly Cristina Alves Silvério, e com a parceria do Centro de Estudos da Voz sob supervisão da Dra. Mara Behlau.

PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
As pesquisas do grupo “A Nossa Voz em Pauta” já foram apresentadas em eventos nacionais e internacionais. O Congresso da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) e o da Fundação de Otorrinolaringologia (FORL) são os mais recorrentes no Brasil. As apresentações orais e de pôsteres internacionais têm maior frequência nos Congressos proporcionados pela International Association of Logopedics and Phoniatrics (IALP), na qual os últimos com participações foram em Taiwan (2019) e Dublin (2016). Além disso, foram produzidos 21 artigos desde a criação oficial do grupo, sendo 6 deles no Journal of Voice, uma das mais conceituadas revistas na área de Voz; 4 no periódico Folia Phoniatrica et Logopaedica e outros 3 artigos publicados em revistas internacionais (International Archives of Otorhinolaryngology; Public Health and Preventive Medicine; Pan-American Journal of Aging Research). As revistas nacionais com publicação são: Revista Audiology - Communication Research (ACR) com 2 artigos; 3 artigos na revista CEFAC; 2 artigos na Communication Disorders, Audiology and Swallowing (CoDAS) e contando 1 artigo na revista Estudos de Psicologia. Os artigos envolveram a área de voz, com parceria de pesquisadores das áreas de Neurologia, Otorrinolaringologia, Geriatria, Fisioterapia, e Psicologia.


IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS.

Os projetos realizados pelo grupo de pesquisa têm como principal objetivo fomentar a prática clínica de profissionais que atuam na área da voz. Pesquisas que envolvem novos tratamentos, programas terapêuticos e achados clínicos de diversos distúrbios vocais são os principais focos dos projetos desenvolvidos pelo grupo. Estes estudos são amplamente divulgados por meio de publicações em periódicos na área de Voz e da Fonoaudiologia. Nossas pesquisas são desenvolvidas com pacientes do Serviço Único de Saúde (SUS), comunidade docente e discente da universidade, além de sujeitos externos à comunidade acadêmica, o que proporciona benefícios à sociedade de uma forma geral. Também ocorre anualmente o evento do Dia Mundial da Voz, em que o grupo de pesquisa organiza e divulga para a comunidade externa e interna da universidade práticas de saúde vocal, além de proporcionar apresentações envolvendo artistas e grupos locais que neste evento têm a oportunidade de divulgar o seu talento vocal.
O grupo A Nossa Voz Em Pauta vem estudando e dedicando os seus conhecimentos na produção de achados científicos que auxiliem no desenvolvimento e crescimento da prática baseada em evidências na área de voz. Desta forma, desejamos compartilhar os avanços da ciência vocal com a comunidade acadêmica e também beneficiar a comunidade externa na promoção e reabilitação da saúde vocal.




GRUPOS DE PESQUISA
2250
BREVE HISTÓRIA DO GRUPO DE ESTUDOS EM DIVERSIDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE E FONOAUDIOLOGIA
Saúde Coletiva (SC)


HISTÓRICO: Cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desde o ano de 2016, o Grupo de Estudos em Diversidade, Educação, Saúde e Fonoaudiologia (GEDESF) foi idealizado por um grupo de docentes da Universidade Federal da Paraíba com o intuito de abranger temas em que a Fonoaudiologia fosse o cerne e permeasse transversalmente. Tem como principais linhas de pesquisa: Distribuição e fatores determinantes da saúde da comunicação humana e Saúde, Educação, Trabalho e Inclusão Social. Atualmente possui três pesquisadoras responsáveis, conta com três técnicos e 11 estudantes que vêm colaborando e fortalecendo os estudos que vêm sendo desenvolvidos. PRINCIPAIS PROJETOS: Os projetos de pesquisa sob a coordenação das docentes pesquisadoras do Grupo que já foram concluídos têm como título Contribuição da Fonoaudiologia e da educação popular na promoção da saúde de grupos minoritários; Atuação fonoaudiológica junto à educação: caminhos percorridos e possibilidades de mudanças; Atuação fonoaudiológica em escolas: diversidade, interdisciplinaridade e inclusão; Riscos ocupacionais da prática fonoaudiológica na Atenção Básica; Riscos ocupacionais na atuação de cabeleireiros e possíveis impactos na saúde vocal; Análise da exposição ocupacional e possíveis impactos na qualidade vocal de Agentes Comunitários de Saúde; No que tange aos projetos em andamento vinculados ao Grupo, esses abrangem as áreas de Cuidados Paliativos, Educação, Saúde do Trabalhador e Saúde Coletiva. Nessa perspectiva, considerando o momento de pandemia, enfatiza-se um que aborda o tema da COVID-19, o qual está em fase de coleta de dados e tem como objetivo geral investigar a prática de fonoaudiólogos em diferentes cenários de atuação durante a pandemia do novo coronavírus na cidade de João Pessoa-PB. Outro projeto em destaque coloca em pauta o conhecimento de profissionais da saúde acerca do trabalho do fonoaudiólogo na equipe de Cuidados Paliativos aos pacientes oncológicos. Ainda no que concerne aos projetos que estão sendo desenvolvidos, salienta-se o intitulado Educação popular em saúde na escola: (re)escrevendo o futuro, que tem como principal objetivo realizar ações que favoreçam o desenvolvimento da aprendizagem em instituições de ensino infantil e fundamental que atendem crianças em situação de vulnerabilidade social na cidade de João Pessoa.-PB. Além disso, duas das pesquisadoras foram contempladas recentemente com bolsa no edital do PIBIC (vigência 2020-2021), sendo acrescido mais dois projetos que tratam sobre os Cuidados Paliativos e a Diversidade na Educação, respectivamente. PRODUTOS OBTIDOS: Desse modo, o grupo vem se consolidando, amadurecendo conhecimentos, realizando parcerias e ampliando a presença dos seus membros em eventos científicos bem como o número de publicações nos últimos quatro anos. Dentre alguns dos trabalhos que se destacaram, pode-se citar: O outro na escola: algumas representações a respeito das diferenças. In: XXIV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2016, São Paulo. (resumo expandido em Anais); Representações dos profissionais da educação para o fonoaudiólogo educacional: reflexões sobre atuação fonoaudiológica em escolas. In: XXIV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2016, São Paulo (resumo expandido em Anais); O protagonismo da Fonoaudiologia na perspectiva da Saúde Coletiva (trabalho premiado/resumo em Anais); A Fonoaudiologia no cuidado à população LGBT: da formação à atuação. In: 12° Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, 2018 (resumo em Anais); O conhecimento do Agente Comunitário de Saúde acerca da atuação fonoaudiológica. In: XXV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2017, Salvador (resumo em Anais); A educação popular como possibilidade de transformação no contexto escola. In: XXIV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2016, São Paulo (resumo em Anais); Educação Popular: construindo outra saúde na escola. In: Pesquisa e Educação Popular: construindo conhecimentos em saúde a partir da extensão. 1°ed. João pessoa: Editora UFPB, 2019, p. 68-93 (capítulo de livro); Variação no limiar auditivo em mulheres durante o ciclo menstrual. International Archives of Otorhinolaryngology (Print), v. 21, p. 108, 2017 (artigo); Acessibilidade a serviços públicos especializados de saúde bucal na perspectiva dos usuários brasileiros. International Journal of Environmental Research and Public Health , v. 13, p. 1026, 2016 (artigo). Representações dos profissionais da educação acerca do fonoaudiólogo educacional. Revista Distúrbios da Comunicação, v. 30, p. 186-193, 2018 (artigo); Estágio em Saúde Coletiva: Formação em Fonoaudiologia. Revista Ciência Plural, v. 3, p. 93-110, 2018 (artigo); Concepções de surdez na voz dos interpretes de libras. Revista educação especial, v. 32, p. 96, 2019 (artigo); Riscos ocupacionais da prática fonoaudiológica na Atenção Básica. Revista Brasileira Ciências da Saúde, v. 23, p. 431-452, 2019 (artigo); Triagem auditiva escolar no Brasil: uma análise espacial. Revista Brasileira Ciências da Saúde, v. 23, p. 73-84, 2019 (artigo); Disfagia em idosos pós acidente vascular cerebral: checklist para rastreamento. Revista Ibero-Americana de saúde e envelhecimento, v. 5, p. 1895-1909, 2019 (artigo); Educação Popular no cuidado integral ao usuário de álcool e outras drogas: um caminho possível. Revista de educação popular, v. Esp, p. 219-232, 2020 (artigo); Instituições educacionais como campo de pesquisas fonoaudiológicas: uma análise das publicações em periódicos brasileiros. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 22, n. 3, e16719, 2020 (artigo); A Fonoaudiologia Educacional nos currículos dos Programas de Fonoaudiologia do Brasil. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 22, n. 3, e1320, 2020 (artigo). IMPACTO SOCIAL: Como impacto social das pesquisas, indubitavelmente, está a reflexão acerca das diversas possibilidades de inserção do profissional fonoaudiólogo em diferentes níveis de atenção à saúde. O Grupo acredita que o cuidado da Fonoaudiologia, pensando-a como ciência da comunicação humana, deve perpassar por diversos âmbitos e abraçar as mais distintas demandas, em todos os ciclos de vida e em qualquer circunstância biopsicossocial. O fonoaudiólogo, como qualquer outro profissional da saúde, não pode ser engessado pelos modelos convencionais de assistência e restringir sua prática ao seu núcleo de saber. Ele deve ir além! Deve recriar, sempre que possível, seus modos de produzir cuidado, considerando o trabalho em equipe e o contexto singular, mas também plural, que envolve a condição humana.



GRUPOS DE PESQUISA
2259
CENTRO DE PESQUISA AUDIOLÓGICA - CPA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


O Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) sediado no campus da Universidade de São Paulo, município Bauru, foi criado em parceria do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), ambos deste campus, sendo homologado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1990, para no mesmo ano, ser registrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq). Assim, neste ano de 2020, sob a liderança do Prof. Dr. Orozimbo Alves Costa, o CPA está comemorando 30 anos voltados à Ciência da Audição (1990-2020), o que justifica realizarmos uma reflexão sobre esta trajetória.
No início da década de 90, os Prof. Dr. Orozimbo Alves Costa e Profa. Dra Cecília Bevilacqua cumpriam a dupla missão de integrar os serviços em saúde auditiva existentes no HRAC (LEAL, CEDIL, CEDIAU) e de estruturar o primeiro currículo do Curso de Fonoaudiologia da FOB-USP. Neste contexto, ambos os professores vislumbraram o Campus USP/Bauru como um ambiente que reunia as características apropriadas e integradas nas esferas de ensino, de pesquisa e de extensão para a criação do Centro de Pesquisas Audiológicas constituindo-se no primeiro centro especializado na Ciência da Audição criado no Brasil.
Com sede no campus USP/Bauru, o CPA é constituído por docentes da área de Audiologia do Curso de Fonoaudiologia da FOB, graduação e pós graduação, profissionais não docentes do HRAC e FOB, como também alunos de graduação e pós-graduação. Ressalta-se a participação de pesquisadores de outras universidades e centros de pesquisa nacionais e internacionais, o que têm possibilitado o desenvolvimento de pesquisas multicêntricas, assim como, firmar convênios acadêmicos inter-institucionais. O conhecimento produzido no CPA tem subsidiado ações e políticas públicas em saúde auditiva, assim como, as recomendações voltadas à Telessaúde em Fonoaudiologia. No contexto da Telessáude, os pesquisadores do CPA coordenam projetos na Linha de Pesquisa Telessaúde em Fonoaudiologia, sendo a única inserida em um Programa de Pós-graduação, no caso, o Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da FOB-USP.
Neste contexto acadêmico, o Centro de Pesquisas Audiológicas da USP/ Bauru é reconhecido no Brasil e exterior, pois muitas das práticas e protocolos utilizados atualmente são baseados em evidências científicas obtidas com as pesquisas que desenvolvemos e continuamos a desenvolver no CPA. Importante destacar também que, pesquisadores do CPA têm assumido papel de liderança frente as sociedades científicas no Brasil e exterior.
A seguir, estão descritas as linhas de pesquisa do CPA, com os seus respectivos objetivos:

Dispositivos eletrônicos de amplificação sonora e equipamentos auxiliares de audição: aparelho de amplificação sonora individual, Sistema FM e aparelhos semi-implantáveis. Objetivos: Aprimorar os processos de seleção, indicação e adaptação dos dispositivos eletrônicos de amplificação sonora e equipamentos auxiliares de audição nas perdas auditivas condutivas, mistas e sensorioneurais; unilaterais ou bilaterais; de graus leves a profundo. Analisar aspectos da verificação da adaptação e a satisfação do usuário, pois o bom êxito neste processo reflete na qualidade de vida do indivíduo. Adicionalmente, investigar o impacto do uso do Sistema FM em ambiente escolar e social.

Habilitação e Reabilitação na deficiência auditiva. Objetivos: Avaliar o processo de (re) habilitação da deficiência auditiva nas diferentes faixas etárias, envolvendo a orientação e aconselhamento do paciente e família. Estudar o desenvolvimento das habilidades auditivas, da percepção auditiva da fala, da aquisição da linguagem oral de crianças com deficiência auditiva usuárias de novas tecnologias, assim como, os protocolos de avaliação e mensuração dos aspectos mencionados.

Políticas Públicas e Saúde Auditiva. Objetivos: Investigar os indicadores de qualidade do processo de diagnóstico; da seleção, indicação e adaptação AASIs e da terapia fonoaudiológica, no que se refere à satisfação e aos benefícios do usuário atendido nos Serviços de Saúde Auditiva de média e de alta complexidade credenciados pelo Ministério da Saúde. Estudar a função auditiva e os seus distúrbios, por meio de ações de saúde e projetos voltados à prevenção, identificação, diagnóstico e tratamento da deficiência auditiva.

Privação sensorial e o implante coclear no tratamento da deficiência auditiva sensorioneural e em casos difÍcIeis. Objetivos: Produzir conhecimento científico voltado ao implante coclear, com a análise do impacto na percepção da fala e habilidades comunicativas do indivíduo com deficiência auditiva neurossensorial severa e profunda, assim como, em casos difíceis, por meio de procedimentos comportamentais, eletroacústicos e eletrofisiológicos. Os resultados obtidos fornecerão subsídios para a definição dos critérios de indicação, procedimentos cirúrgicos e acompanhamento, incluindo o implante coclear bilateral.

Telessaúde em Fonoaudiologia. Objetivos: Avaliar as tecnologias interativas a fim de viabilizar o acesso da população aos serviços especializados, a formação continuada de profissionais da área da saúde e o acesso a centros de referência por meio de novas sistemáticas educacionais de forma presencial ou a distância. Neste contexto, aplicar métodos científicos para desenvolver novas tecnologias duras (ex: equipamentos), leve-duras (ex: saberes estruturados) e leves (ex: relação de trabalho) para o fornecimento de cuidados fonoaudiológicos.

Na apresentação abordaremos um projeto de cada linha de pesquisa que tenham sido fundamentais na produção de evidências científicas para sustentar os serviços de saúde auditiva, nas instituições de origem dos pesquisadores.

Para finalizar, no momento atual, com o olhar mais abrangente para as ações assumidas pelos órgão governamentais voltadas à Ciência e Tecnologia, compreendemos que a estrutura do Centro de Pesquisas Audiológicas que, possibilita a existência de um grupo de pesquisa sedimentado no Diretório do CNPq, formado por pesquisadores de diversas instituições nacionais e internacionais, é um dos caminhos promissores para o crescimento da ciência brasileira.



GRUPOS DE PESQUISA
2246
CONHECENDO AS PESQUISAS DO NÚCLEO DE ESTUDOS EM LINGUAGEM E FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS (NELF)
Linguagem (LGG)


O Núcleo de Estudos em Linguagem e Funções Estomatognáticas (NELF) é um grupo cadastrado na plataforma do CNPq, vinculado à Universidade Federal da Paraíba. O mesmo desenvolve pesquisas que alcançam o desenvolvimento típico e atípico e as possíveis intervenções fonoaudiológicas no contexto da linguagem, da aprendizagem e das funções estomatognáticas. Para o congresso fono2020, o nosso grupo apresentará a linha de pesquisa em linguagem oral e escrita, bem como suas respectivas nuances.
Dentre os estudos realizados no núcleo, destaca-se a temática que aborda a Microcefalia relacionada à transmissão vertical pelo Zika vírus. No âmbito da linguagem, está sendo desenvolvida uma pesquisa que objetiva analisar o desempenho das habilidades linguísticas das crianças acometidas com o referido agravo. Para tanto, busca-se caracterizar o desenvolvimento infantil da população estudada, descrever o desempenho das habilidades linguísticas e por fim associar os achados da pesquisa aos exames de imagem. O tipo de estudo será experimental de campo realizado através de três etapas: A primeira será uma entrevista estruturada com os responsáveis da criança como também serão verificados laudos médicos que confirmem a presença da microcefalia pelo Zika vírus. Na segunda etapa serão avaliadas as habilidades linguísticas das crianças através de dois instrumentos: Observação do Comportamento Comunicativo e Teste de Denver II. Para finalizar, as habilidades linguísticas serão associadas aos resultados dos exames de imagem através do preenchimento de um Checklist. Desta forma, acredita-se que a pesquisa proporcionará o conhecimento acerca das habilidades linguísticas desse público bem como novas expectativas com relação à estimulação precoce e melhoria no prognóstico linguístico.
Outras pesquisas estão sendo desenvolvidas no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por se tratar de um transtorno de amplo espectro, encontramos uma diversidade de características entre os indivíduos e a linguagem merece um destaque importante. Um estudo realizado por nosso grupo de pesquisa descreveu as habilidades linguísticas de crianças com TEA considerando a perspectiva clínica e familiar e foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco por meio do projeto de extensão “Fonoaudiologia e Autismo: Conhecer, Intervir e Incluir”. A linguagem das crianças com TEA foi analisada a partir do uso de protocolos aplicados aos pais e aos terapeutas. Os resultados demonstraram que ambos identificaram déficits nos níveis morfológico, semântico, sintático e pragmático, sendo o aspecto semântico registrado com o menor comprometimento. Ainda com relação ao TEA, dois trabalhos estão em andamento em nosso grupo, o primeiro, aborda os aspectos linguísticos e comunicativos de crianças com TEA que fazem uso de um sistema de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) e o segundo tem por objetivo analisar as interações entre criança com TEA e os pais surdos por meio da utilização de um sistema de CAA. Diante da dimensão que o TEA vem sendo apontado na população e por se tratar de um transtorno que pode apresentar grande repercussão na vida do indivíduo e de sua família, toda e qualquer contribuição científica nessa área passa a ser importante para a população estudada.
Além das pesquisas anteriores, desenvolvemos estudos abordando a temática da Síndrome de Down, este ano, mais especificamente, nas perspectivas da Apraxia de Fala na Infância, alteração resultante de um comprometimento central no planejamento e/ou programação de parâmetros espaço-temporais das sequências de movimento, podendo apresentar sua etiologia associada à desordens neurodesenvolvimentais complexas. Neste contexto, a Eletroencefalografia (EEG), por meio do registro de potenciais relacionados à eventos, torna-se uma ferramenta útil por ser um instrumento objetivo que permite analisar o funcionamento do cérebro durante a realização de tarefas específicas de fala. Desse modo, investigamos o perfil do processamento linguístico em crianças com desenvolvimento típico e com síndrome de Down, associada ou não à apraxia de fala, considerando três aspectos fonológicos principais: vozeamento, modo e ponto de articulação. Dois experimentos de EEG são propostos: uma tarefa de repetição de imagem/palavra e uma tarefa de nomeação de imagem. Nossa hipótese é que o grupo com apraxia pode apresentar diferenças de amplitude em uma janela de tempo posterior (450-600ms), refletindo processos específicos no planejamento motor e codificação fonética. Diante disso, o estudo contribuirá para a compreensão do funcionamento cerebral de crianças em circunstâncias típicas e atípicas de produção da fala, bem como para analisar os aspectos clínicos e processamento linguístico por meio dos registros eletroencefalográficos, permitindo uma descrição e fornecendo parâmetros que poderão auxiliar no diagnóstico diferencial e intervenção fonoaudiológica em (re)habilitação da linguagem.
Considerando, por fim, uma outra perspectiva de investigação, no Brasil as taxas de prevalência encontradas de transtorno específico de aprendizagem (DSM-5) foram: 7,6% para comprometimento global, 5,4% para comprometimento na escrita, 6,0% para comprometimento na área da aritmética e 7,5% para comprometimento na leitura. Partindo desses dados e da demanda que vem aumentado no campo fonoaudiológico com relação aos transtornos de aprendizagem, nossos estudos tem se voltado, também, para compreender melhor os critérios diagnósticos na avaliação desses transtornos, além de investigar critérios diagnósticos nos transtornos de atenção, que muitas das vezes também apresentam queixas de aprendizagem associadas. Objetivamos validar o protocolo de avaliação multiprofissional dos transtornos atencionais e de aprendizagem; investigar quais domínios mais afetados em crianças com transtorno de aprendizagem e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, além de analisar a inter-relação de dados da neuropsicologia, psicopedagogia e linguagem. A metodologia do estudo envolve a criação de um protocolo de avaliação de crianças e adolescentes com queixas de aprendizagem escolar e desatenção. Os participantes passam por uma avaliação multiprofissional, dentre elas: neuropsicológica, psicopedagógica e fonoaudiológica. Na avaliação fonoaudiológica são investigadas as habilidades de: vocabulário, fonologia, discurso, nomeação automática rápida, consciência fonológica, memória operacional fonológica, consciência fonoarticulatória, leitura e escrita. Tal estudo se justifica pela necessidade de instrumentos de investigação e diagnóstico multiprofissional, considerando os fundamentos da neuropsicologia, psicologia e fonoaudiologia na avaliação infantil e juvenil.
Por tudo o que foi exposto, este grupo de pesquisa contempla aspectos de investigação fonoaudiológica, buscando compreender os transtornos linguísticos relacionados ao Zika Vírus, à síndrome de Down, assim como ao Transtorno do Espectro Autista e os Transtornos Específicos de Aprendizagem. Esta compreensão auxiliará no direcionamento de procedimentos assertivos voltados à intervenção fonoaudiológica.


GRUPOS DE PESQUISA
2254
FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DEGLUTIÇÃO, VOZ E FUNÇÕES CORRELATAS
Outras - Voz e Disfagia


HISTÓRICO: O grupo de Pesquisa (GP) intitulado: Fisiologia e Fisiopatologia da Deglutição, Voz e Funções Correlatas reúne pesquisadores nas áreas de Fonoaudiologia, Fisioterapia, Odontologia e Otorrinolaringologia vinculados à Universidade Federal de Pernambuco. Formado em 2019 pela líder: Adriana de Oliveira Camargo Gomes, professora associada, na área de voz e vice-líder: Coeli Regina Carneiro Ximenes, professora adjunta, na área de disfagia, o GP tem o objetivo de ampliar o conhecimento científico e promover a consolidação da produção científica nas áreas de voz e deglutição, envolvendo docentes e discentes de graduação em Fonoaudiologia e Pós-graduação em Saúde da Comunicação Humana, Gerontologia, Odontologia e Cirurgia. O grupo desenvolve pesquisas científicas nas seguintes linhas: Fisiologia e Fisiopatologia da deglutição e funções correlatas e Fisiologia e Fisiopatologia da voz e funções correlatas. PROJETOS DE PESQUISA: Desenvolvidos no biênio 2019/2020, nas áreas de voz e disfagia: Efeito de técnicas de trato vocal semiocluído nas disfonias e no aprimoramento vocal; Deglutição, fala e voz em indivíduos com e sem alterações craniofaciais; Análise Instrumental da Voz e do Trato Vocal; Deglutição, fala e voz em indivíduos com e sem alterações craniofaciais; A vez da voz na terceira idade; Comunicação: questões de percepção e produção da voz e da fala no âmbito social, clínico e profissional; Queixas vocais e performance comunicativa em estudantes de Comunicação Social; A voz na locução em audiodescrição de entretenimento infantil; Transgênero: Conhecer para cuidar; Características da deglutição e assistência fonoaudiológica ao paciente crítico infectado pelo sars-cov-2; Contribuições da terapia com luz de baixa intensidade para redução da sialorreia em crianças com dano encefálico crônico; Reabilitação Funcional de pacientes maxilectomizados com utilização de prótese obturadora; Qualidade de vida relacionada à disfagia de pacientes assistidos pelo teleatendimento fonoaudiológico durante o período da pandemia do SARS-CoV-2. Na área de laringologia: Condroplastia para ressecção da proeminência laríngea em mulheres transgênero; Feminização da voz de mulheres transgêneras submetidas à Glotoplastia de Wendler; Surgical Interventions for Pediatric Unilateral Vocal Fold Paralysis: A Systematic Review and Meta-Analysis; Voice and Patient-Reported Outcomes of Endoscopic Shortening Glottoplasty in Transgender Women: Systematic Review and Meta-Analysis. E projetos de extensão com enfoque no ensino, pesquisa e atenção à população, nas temáticas: A voz do idoso: diagnóstico e tratamento fonoaudiológico; A voz do Transgênero; Pró-Parkinson voz; Interface da Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia: Integralidade na abordagem ao paciente; Atuação Interdisciplinar no diagnóstico e tratamento das disfagias; Liga Acadêmica de Fononcologia da UFPE. PARCERIAS NACIONAIS: Parceria em Projetos Multicêntricos com o Centro de Estudos da Voz – CEV, coordenadora: Dra Mara Suzana Behlau, título: Risco vocal em futuros Fonoaudiólogos: uma população que precisa ser cuidada desde o ensino da graduação, parceria: Dra Jonia Alves de Lucena – UFPE; e com a Divisão de Fonoaudiologia do HCFMUSP, coordenadora: Dra Cláudia Furquim de Andrade, título: Estudo clinico para avaliar a performance e segurança da deglutição em pacientes críticos com COVID-19, parceria: Dra Coeli Regina Carneiro Ximenes – UFPE. PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS: No biênio 2019/2020 o grupo publicou 11 pesquisas e outras 4 estão aceitas para publicação (In press), além de 4 resenhas críticas. Os produtos, segundo a revista, título e ano de publicação foram: “International Archives of Otorhinolaryngology” - Vocal Fold Polyps: Literature Review, 2019; Laryngeal and Vocal Characterization of Asymptomatic Adults With Sulcus Vocalis, 2019. “Dysphagia” - Comparison of oropharyngeal Dysphagia in Brazilian Children with prenatal exposure to Zika vírus, with and without Microcephaly, 2020. “European Journal of Public Health” - The immediate effect of vocal technique associated with virtual reality game in people with Parkinsons disease, 2020. “Journal of Patient Experience” - Prospective Analysis of Health-Related Quality of Life in Older Adults With Cancer, 2020. “Revista CODAS” - O uso da voz em artistas de rua, 2019; Atividade elétrica dos músculos masseter e supra-hióideo durante a deglutição do paciente com esclerose múltipla, 2019. “Revista CEFAC” - Vocal range profile in elderly women with and without voice symptom, 2019; Speech-language disorders in CADASIL: a case report, 2020; Characterization of care provided at a Speech Therapy School Clinic affiliated with the Brazilian public healthcare system, 2020. “Revista Distúrbios da Comunicação” - Medidas eletromiográficas dos músculos supra-hióideos durante a deglutição de idosos, 2020; Resenhas - Análise morfométrica baseada em tomografia computadorizada da prega vocal de cantores profissionais de ópera, 2019; Efeitos a longo prazo de Lee Silverman Voice Treatment no uso cotidiano da doença de Parkinson, 2019; Reliability of indirect facial measurements obtained by a single three-dimensional digital stereophotograph in relation to standard direct facial measures in children, 2020; Repercussão dos sintomas disfágicos na qualidade de vida em adultos com paralisia cerebral, 2020. “Journal of voice” - (artigos in press): Effect of resonance tube technique on oropharyngeal geometry and voice in individuals with parkinson’s disease; Oropharygeal geometry and the singing voice: Imediate effect of two semi-occluded vocal tract exercices; Imediate effect of the Finger-Kazoo technique associated with glissandos in the voice of individuals with Parkinson’s disease;Parkinson’s disease; Immediate Effect of a Ressonance Tube on the vocal range profile of choristers. IMPACTOS CLÍNICOS E SOCIAIS: Os projetos de extensão citados constituem importantes serviços de referência multidisciplinar na região e preenchem importante lacuna na assistência à população conveniada ao sistema único de saúde - SUS. A prestação de serviço é realizada na Clínica de Fonoaudiologia Professor Fábio Lessa-UFPE, em parceria com a equipe de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da UFPE, núcleo de Assistência ao Idoso-NAI e Projeto Pró-Parkinson-UFPE. PERSPECTIVAS FUTURAS: Ampliação das redes de pesquisa com interface nas áreas de conhecimento em tecnologias e ciências afins; Incremento das publicações científicas na área da Fonoaudiologia e afins; Submissão de projetos em editais de fomento a fim de adquirir equipamentos e softwares para os laboratórios de voz, laringe e disfagia, a fim de favorecer o diagnóstico, tratamento e a produção científica em voz, deglutição e áreas correlatas.


GRUPOS DE PESQUISA
2226
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AUDIÇÃO , EQUILÍBRIO E ZUMBIDO-GEPAEZ
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA:
O grupo de estudos e pesquisas em audição, equilíbrio e zumbido- GEPAEZ foi criado em 2014 com intuito de ampliar pesquisas na área de Audiologia, incentivando a formação de novos pesquisadores e aumento da produção científica. É coordenado pela Profa. Dra.Marine Rosa e é composto por fonoaudiólogos e profissionais da saúde e áreas afins (Otorrinolaringologia, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia, Nutrição, Educação Física e Enfermagem) , como também discentes de iniciação científica, monitoria e pós-graduação (mestrado e doutorado), que compartilham do interesse em pesquisar e expandir o conhecimento sobre audição, equilíbrio, zumbido e suas interlocuções. Desenvolvemos pesquisa científica em torno das linhas: 1. Percepção Auditiva/Processamento Auditivo (Central) e habilidades auditivas; 2. Zumbido e multidisciplinaridade; 3. Questões hormonais, emocionais e audição. Desde o início, temos focado os estudos, as pesquisas e desenvolvimento de produtos voltados, mais especificamente, para o sintoma zumbido, permeando as demais linhas de pesquisa do grupo.

PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA:
Os projetos são desenvolvidos por discentes de iniciação científica, mestrado e doutorado. A grande maioria é fruto de trabalhos de iniciação científica, dissertação de mestrado e doutorado do curso de Fonoaudiologia e dos Programas de Pós-Graduação em Fonoaudiologia-PPGFon (UFRN/UFPB/UNCISAL) e em Neurociências e Comportamento-PPGNEC. Alguns em parceria com laboratórios e núcleos da própria Instituição (UFPB) e outros com parcerias nacionais ou internacionais. Por exemplo:
1. Interferência dos hormônios femininos e ansiedade na percepção do zumbido
2. Tradução e adaptação cultural do tinnitus functional índex-TFI para o português brasileiro
3. Efeito neuromodulatório e neuroplástico da estimulação transcraniana por corrente contínua em pacientes com zumbido
4. Avaliação do potencial cortical (p300) em indivíduos com queixa de zumbido
5. Eletroencefalograma para investigar mudanças na atividade cerebral de pacientes com zumbido
6. Associação entre distúrbios do sono e zumbido em adultos
7. Programação neurolinguística associada à terapia sonora no tratamento do zumbido crônico
8. Plasticidade neural x zumbido: utilização do treinamento auditivo como opção terapêutica para adaptação do sintoma zumbido
9. Eletroacupuntura x zumbido: utilização de técnica para tratamento do zumbido
10. Uso da laserterapia em pacientes com zumbido e DTM (em andamento: mestrado, parceria local).
11. Teste de Usabilidade do Aplicativo de Avaliação do Zumbido –Avazum
12. Perfil dos Profissionais Especializados no Atendimento a Pacientes com Zumbido no Brasil
13. Mindfulness e Zumbido
14. Tradução material cuidado centrado na pessoa com zumbido (IDA INSTITUTE)

PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
O GEPAEZ tem parceria local com professores e pesquisadores/laboratórios da Universidade Federal da Paraíba-UFPB (Laboratório de Ecologia Comportamental e Psicobiologia-Lecopsi; Laboratório de Estudos em Envelhecimento e Neurociências-Laben; NeuroconexõesUFPB; Núcleo de estudos em Linguagem e Funções Estomatognáticas-NELF; Núcleo de Estudos em Saúde Mental-NESMEP; Equipe Literacia de Inovação Tecnológica em Saúde – ELITS; Hospital Universitário Lauro Wanderley-HULW nos setores de Otorrinolaringologia, Neurologia, Acupuntura e Serviço de Controle da Dor Orofacial). Além de parceria com duas empresas privadas de aparelhos auditivos.
As parcerias nacionais são desenvolvidas por meio de colaboração em pequisas, coorientação em projetos, participação em bancas e publicações. E as principais são: em São Paulo (Universidade de São Paulo-UNIFESP: Dr. Ektor Onishi e Dra. Fátima Branco-Barreiro; Faculdade de Medicina de São Paulo-FMUSP: Dra. Eliane Schochat; Hospital das Clínicas FMUSP: Dra. Jeanne Oiticica; Instituto GANZ Sanchez: Dra Tanit Ganz Sanchez), no Paraná (Dra. Luciana Marchiori e Dra. Angela Ribas) e Rio grande do Norte (Dra. Emelie Katarina Svahn Leão).
As parcerias internacionais foram pactuadas por meio de visitas técnicas, contato por e-mail e research fellow entre a líder do GEPAEZ e os pesquisadores da OREGON HEALTH & SCIENCE UNIVERSITY-OSHU: Dr. James Henry; University of Manchester-UoM: Dra. Karolina Kluk de Kort e University of Zurick-UZH: Dr. Tobias Kleinjung; IDA Institute-Dinamarca.

PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
O grupo tem se dedicado à produção científica e de produtos que auxiliem no diagnóstico, avaliação e manejo de pacientes com zumbido. Para tanto, desenvolvemos:
1. PROGRAMA DE CÁLCULO DO POSICIONAMENTO DE ELETRODOS DO SI 10/20. 2016.
Programa de Computador. Número do registro: BR512016001836-4
Instituição de registro: INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
2. Eletroposition. 2017
Modelo de Utilidade. Número do registro: BR5120170011729
Instituição de registro: INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial
3. AVAZUM. 2020.
Programa de Computador. Número do registro: BR512020001425-9
Instituição de registro: INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS
O GEPEAZ também desenvolve projetos de impacto clínico e social.
1. EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: Atendimento Transdisciplinar de pacientes com queixa de zumbido.
O projeto tem o objetivo de atender pacientes com queixa de zumbido (comunidade, alunos, funcionários, professores, familiares), realizar avaliações, encaminhamentos e oferecer opções de tratamento. O projeto está vinculado ao edital PROBEX da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UFPB. Os pacientes passam por uma bateria de avaliações: anamnese, questionários, exame físico, exames auditivos e avaliação do zumbido. Posteriormente, acontece uma discussão de cada caso com a equipe multidisciplinar e, então, o paciente é encaminhado para as avaliações complementares para identificar-se a provável causa do zumbido. Em seguida, é encaminhado para a opção de tratamento mais adequada. O mesmo permanece em acompanhamento por tempo indeterminado.
2. DIA Z
O DIA Z é um dia em que todos os pacientes e a equipe se reúnem. Os encontros são onde são realizadas atividades e dinâmicas em grupo abordando vários temas voltados para o zumbido e suas possibilidades terapêuticas. Além de abrir espaço para compartilhar saberes, dúvidas e experiências.
3. ENCONTRO MULTIDICISPLINAR SOBRE ZUMBIDO
Evento científico anual em comemoração ao NOVEMBRO LARANJA. O evento aborda, por meio de palestras e casos clínicos uma abordagem multidisciplinar do zumbido. Voltado para estudantes, profissionais e, principalmente, para pessoas que sofrem ou conhecem alguém com o sintoma do zumbido. Este evento faz parte da Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido e tem como intuito popularizar a realidade preocupante do aumento de zumbido no ouvido.
4. GRUPO DE WHATSAPP PARA ACOMPANHAMENTO DOS PACIENTES COM ZUMBIDO.
5.PODCAST: NÃO É CONVERSA PARA BOI ZUNIR
É uma conversa sobre temas relacionados ao zumbido com profissionais com expertise na área.

PERSPECTIVAS FUTURAS
Fortalecer parcerias e criar outras. Além de desenvolver protocolos de avaliação e tratamento/acompanhamento do zumbido.


GRUPOS DE PESQUISA
2206
GRUPO DE ESTUDOS PLENAMENTE - ABORDAGENS EM SAÚDE MENTAL - GEPASM
Saúde Coletiva (SC)


O grupo de estudo e pesquisa intitulado como PlenaMENTE - Abordagens em Saúde Mental - GEPASM é um grupo de pesquisa Multidisciplinar composto por discentes, docentes e profissionais de saúde que tem como objetivo fortalecer a atenção e promover a saúde de forma integral nos diversos ciclos e setores da vida. O grupo desenvolve estudos relativos à saúde mental, suas interfaces e suas implicações nas práticas e no ensino, à qualidade de vida, e à compreensão dos significados do sofrimento psíquico. Realiza propostas de implementação de práticas em saúde mental junto à populações específicas no âmbito da promoção, prevenção, tratamento e reinserção social.
O grupo tem como linhas de pesquisa: Cuidados e atenção à saúde mental das pessoas nos diversos ciclos e setores da vida, cuidados e atenção à saúde mental em pessoas com transtornos mentais, novas tecnologias em saúde, na enfermagem e no ensino em saúde e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Nossas pesquisas encontram-se vinculadas à linha Cuidados e atenção à saúde mental das pessoas nos diversos ciclos e setores da vida e tem como pesquisadores uma docente de Fonoaudiologia (que também é preceptora da Residência Profissional em Saúde Mental) e três discentes do curso de fonoaudiologia, os quais desenvolvem pesquisas sobre fonoaudiologia e saúde mental, saúde mental e surdez, processos psicossociais e audiologia.
Atualmente, esse núcleo de pesquisadores da linha desenvolve duas pesquisas sendo a primeira sobre os Processos Psicossociais relacionados aos distúrbios da Audição do Equilíbrio onde são realizados projetos iniciação à pesquisa e Trabalhos de Conclusão de Curso com pacientes com queixas de Zumbido que possuem ou não quadros associados como deficiência auditiva, ansiedade e depressão, esta pesquisa produziu aplicativos em parceria com o Instituto Federal, trabalhos de Conclusão de Curso, resumos em congressos, Simpósio Virtual e atualmente também é tese de doutorado da orientadora deste núcleo.
Outra pesquisa é uma pesquisa multicêntrica, parte de um projeto internacional em parceria com pesquisadores da Espanha, Austrália, Portugal e Itália, tendo como objetivo avaliar os impactos físicos, psicológicos e cognitivos causados pela pandemia COVID-19, neste caso somos responsáveis pela coleta na população brasileira para organização de um panorama mundial. A pesquisa conta com a participação de três docentes de fonoaudiologia e três discentes do curso de fonoaudiologia, uma docente e um discente do curso de enfermagem e alguns pesquisadores de mais cinco instituições no Brasil. A pesquisa é dividida em módulos temáticos realizado por meio de formulários eletrônicos que coletam informações sociodemográficas e autorreferidas a respeito de reações físicas vivenciadas neste período de isolamento social, como sintomas otoneurológicos, psicológicos e comportamentos sociais (principalmente relacionados à comunicação) considerados como impactos biopsicossociais decorrentes deste panorama, considerando que a tontura e o zumbido, juntamente com a ansiedade e a depressão podem contribuir significamente para o agravamento destes aspectos psicológicos e cognitivos da saúde dos indivíduos.
Outro módulo da mesma pesquisa que encontram-se em andamento é intitulado “Reações psicossociais de pessoas surdas frente a pandemia COVID-19”, tendo em vista a dificuldade de comunicação enfrentada pela comunidade surda e o agravamento desta com uso de máscaras e a escassez de informação nos meios de comunicação adaptados para a Língua Brasileira de Sinais - Libras, há uma grande probabilidade de mudanças comportamentais na comunidade surda causando assim impacto nas reações psicológicas, cognitivas e principalmente a falta de comunicação. Consequentemente, é de grande necessidade a verificação destes comportamentos para que providências e estratégias de enfrentamento possa ser desenvolvidas adequadamente.
O uso das redes sociais como forma de coleta de pesquisa, gerenciamento de informações em saúde e outros também são, indiretamente objeto de nosso estudo e aprendizado. Ressalta-se assim a importância das redes sociais, principalmente em tempos de pandemia, como instrumento de comunicação, relacionando ainda com a fonoaudiologia, a qual cuida de todos os aspectos da comunicação, processo pelo qual nós seres humanos trocamos informações, fazemos questionamentos, expressamos nossos sentimentos e pensamentos.
A compreensão desta realidade proporcionará suportes para a criação de estratégias para melhoramento aos problemas causados pela pandemia, principalmente relacionada a comunicação humana, correlação entre estado de saúde e as consequências decorrentes do período de isolamento social e levantamento dos preditores de saúde mental na população brasileira, como também estratégias de enfrentamento relacionados às questões psicológicas, físicas e cognitivas que podem ainda serem apresentados nas pessoas após a pandemia.
Destacamos que a experiência de pesquisa do grupo PlenaMENTE tem colaborado de forma significativa para ampliação dos horizontes de atuação fonoaudiológica, bem como ressignificando o olhar para as demandas de pesquisa e colaboração na área da Fonoaudiologia nas suas interfaces com a Saúde Mental e, consequentemente, para a formação dos discentes em Fonoaudiologia.


GRUPOS DE PESQUISA
2247
GRUPO DE PESQUISA DO LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DO NEURODESENVOLVIMENTO (LIAN)
Linguagem (LGG)


HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA: O Grupo de Pesquisa do LIAN é vinculado a um grupo de pesquisa multiárea de uma universidade pública do interior paulista. Iniciou suas atividades com o Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da FOB-USP na Linha de Pesquisa Processos e Distúrbios da Linguagem. Atualmente é composto por integrantes da graduação e pós-graduação e tem parceria com pesquisadores nacionais e internacionais. O ritmo pulsante de suas atividades científicas vem contribuindo com a formação do pesquisador atuante em Fonoaudiologia e áreas afins, como Psicologia, Pedagogia, Letras, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Enfermagem. O alvo dos estudos deste grupo é a investigação das alterações do neurodesenvolvimento e padrões normativos do desenvolvimento infantil. Citam-se as pesquisas com diferentes quadros clínicos de origem neurológica e/ou genética ou condições de risco, como por exemplo: influências da prematuridade, paralisia cerebral e outras encefalopatias crônicas, Apraxia, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Hipotireoidismo Congênito, PKU (fenilcetonúria), Síndromes (Down, Angelman, Rett, Sequência de Robin, Smith-Magenis, Noonan, Williams, Rubinstein-Taybi, Hipomelanose de Ito, Joubert, Silver-Russel, Síndrome do X-Frágil, dentre outras), bem como nos processos de tradução e adaptação transculturais de instrumentos para avaliação e intervenção na área de linguagem.
PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO: Em toda a sua história, foram produzidas 32 pesquisas em nível de Iniciação Científica, 17 em nível de Mestrado, 5 em nível de Doutorado e 3 em nível de Pós-doutorado, totalizando 57 projetos concluídos ou em andamento. Destas, 75% tiveram suporte financeiro de agências de fomento, recebendo importante validação de mérito científico. Os resultados dos estudos foram e seguem sendo publicados em periódicos nacionais e internacionais da Saúde e da Educação, dando cumprimento à responsabilidade ética de socializar o conhecimento produzido, gerador de novas diretrizes e relevantes soluções técnico-científicas.
PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS: A coordenadora do LIAN manteve diversas parcerias nacionais e internacionais no decorrer de sua história, e algumas serão descritas a seguir. No ano de 2012, dois membros do grupo realizaram visita técnica à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Na ocasião, junto ao Doutor Pedro Lopes-dos-Santos foram iniciadas tratativas para parceria científica. Em 2013, participaram do Summer Course, e tiveram oportunidade de conhecer a Doutora Marina Fuertes, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa, e nesta ocasião delinearam um projeto de parceria técnica para estudos transculturais. O projeto em questão foi contemplado no Edital USP/UP, nº 2013.132012.1.7, da Pró-Reitoria de Pesquisa. Nos anos seguintes 2014, 2015, 2016 foram realizadas missões internacionais (com duração de 1 mês), nas quais os membros das equipes portuguesa e brasileira realizavam uma viagem por ano, com objetivo de analisar os dados recolhidos e trabalhar na execução de novos projetos e artigos. Ressalta-se o envolvimento de discentes, pós-graduandos dos programas portugueses (Porto e Lisboa) e brasileiro, para a coleta e análise de dados dos estudos transculturais. No ano de 2018 iniciou-se a construção de um novo projeto, envolvendo duas dissertações de Mestrado e um estudo de pós-doutoramento. No ano de 2019 realizou-se nova missão, para discussão e análises dos dados referente às pesquisas conjuntas. E, atualmente, em 2020, um novo projeto segue em delineamento com a equipe de pesquisadores portugueses. Os estudos transculturais versam sobre padrões de interação mãe-bebê e o desenvolvimento infantil. Outras ações do grupo estão em andamento. Integrantes do LIAN desenvolvem pesquisas direcionadas à tradução e adaptação transcultural de instrumentos, de avaliação do desenvolvimento infantil e intervenção curricular para indivíduos com TEA, bem como com suas famílias. Para tanto, estabeleceu-se parceria com os autores ou detentores dos direitos autorais do material a ser traduzido e adaptado, que são do Reino Unido, da Association for Research in Infant & Child Development (ARICD) com o estudo: Escala de Desenvolvimento Mental de Griffiths-III - normatização para população brasileira e dos Estados Unidos; da Universidade de Kentucky (Dra Lisa Ruble), com o estudo Collaborative Model for Promoting Competence and Success for students with Autism Spectrum Disorder (COMPASS): Tradução E Adaptação Transcultural. Também em fase de conclusão a dissertação de mestrado que se refere à tradução e adaptação transcultural de protocolo Kaufman Speech Praxis Test for Children (KSPT), numa parceria com a autora Nancy Kauffman (EUA). Os trabalhos na área de adaptação transcultural são desenvolvidos com rigor metodológico e análise psicométrica, que visam, a médio e longo prazo, potencializar a qualidade de investigação na área fonoaudiológica aplicada à população infantil com alteração no neurodesenvolvimento. O projeto “Aplicação do Programa More Than Words® com famílias de crianças com TEA no Brasil” é uma outra iniciativa para estudar novas tecnologias para a prática fonoaudiológica. Dos parceiros nacionais citamos: o Hospital de Anomalias Craniofaciais (HRAC-USP) e o grupo do Laboratório de Estudos em Avaliação e Diagnóstico fonoaudiológico da Unesp de Marília.
PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS: Ao longo desses anos, foram publicados artigos científicos em revistas de impacto nacionais e internacionais, capítulos de livros, além de materiais didáticos e técnicos. As pesquisas são apresentadas em eventos científicos nacionais e internacionais, havendo a preocupação com a formação continuada dos integrantes, alcançada com a participação em cursos como ouvintes e ministrantes.
IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS: A relevância social deste grupo de pesquisa tem sido em se apresentar como um polo regional de excelência no atendimento de pessoas de diferentes faixas etárias, preferencialmente de zero a seis anos com alterações do neurodesenvolvimento, bem como nos padrões normativos do desenvolvimento infantil. Os participantes desta linha de pesquisa têm formação abrangente docente/pesquisador com alto nível de competência acadêmica para o ensino superior e para a produção e disseminação de conhecimentos e práticas clínicas avançadas, respeitando o rigor científico e ético. Ao longo dos anos, os produtos deste grupo têm fornecido evidências científicas para o desenvolvimento de ações e implantação de programas inovadores junto aos serviços públicos de saúde e educação. Como perspectivas futuras pretendemos ampliar as parcerias nacionais e internacionais para a realização de estudos conjuntos e a publicação conjunta com os grupos.


GRUPOS DE PESQUISA
2257
GRUPO DE PESQUISA EM MOTRICIDADE OROFACIAL E DISFAGIA OROFARÍNGEA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (MOD-FOB/USP)
Motricidade Orofacial (MO) - Motricidade Orofacial e Disfagia Orofaríngea


Histórico do grupo de pesquisa

O Grupo de Pesquisa em Motricidade Orofacial e Disfagia Orofaríngea (MOD), coordenado pela Profa. Dra. Giédre Berretin-Felix, contempla projetos e atividades desenvolvidos junto a Linha de Pesquisa: Processos e Distúrbios da Voz, Fala e das Funções Orofaciais, do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP), na área de concentração “Processos e Distúrbios da Comunicação”, existente desde 2004.
Tem como objeto de estudo as funções de sucção, respiração, mastigação, deglutição e fala e estabelece importante parceria com a área da Voz. Atualmente, conta com 33 integrantes, sendo 3 docentes, 6 doutores convidados, 4 doutorandos, 5 mestrandos, 11 alunos de graduação, além de outros 4 pesquisadores que aguardam para ingresso na pós-graduação em próximos editais.
Apresenta ativa participação em eventos científicos e promove atividades que possibilitam a ampliação de oportunidades acadêmicas e profissionais, fortalecem o vínculo entre os membros, promovem a valorização da pesquisa aplicadas para a melhoria do ensino na graduação e da prática profissional.


Principais projetos de pesquisa desenvolvidos e/ou em andamento

As pesquisas desenvolvidas pelo grupo MOD estão inseridas em projetos vinculados ao Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da FOB/USP, sendo: FUNÇÕES OROFACIAIS E VOZ EM CASOS ODONTOLÓGICOS; AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO EM VOZ, FALA E FUNÇÕES OROFACIAIS; VOZ, FALA E DEGLUTIÇÃO NO ENVELHECIMENTO E NO ACOMETIMENTO NEUROLÓGICO. Estão vinculadas, também, a três grupos de pesquisa cadastrados no CNPq: 1- Voz e funções orofaciais (liderado pelas Profas. Dras. Giédre Berretin e Alcione Ghedini Brasolotto), 2 - Tradução e adaptação transcultural de instrumentos na área de saúde (liderado pela Profa. Dra. Giédre Berretin e Prof. Dr. Carlos Ferreira dos Santos), 3 - Telemedicina, Tecnologias Educacionais e eHealth (liderado pelos Profs. Drs. Chao Lung Wen e Raymundo Soares de Azevedo Neto), destacando-se neste último as pesquisas em tecnologias educacionais Interativas para potencialização da Educação em Saúde, recursos para avaliação de rendimento educacional, computação gráfica 3D e uso de impressora 3D (Homem Virtual).
Os temas dos principais projetos de pesquisa desenvolvidos ou em andamento são: I) Desenvolvimento, adaptação e validação de Protocolos de Avaliação em Motricidade Orofacial; II) Manuais de Aplicação de Protocolos de Avaliação; III) Redução de Protocolos/Instrumentos na Área da Saúde; IV) Tradução e adaptação transcultural de instrumentos para a língua portuguesa do Brasil e para a Língua Inglesa; V) Ensire: Simulação e Reflexão no Ensino em Fonoaudiologia; VI) Programas de Terapia voltados aos distúrbios miofuncionais orofaciais; VII) Modalidades coadjuvantes na reabilitação das disfagias orofaríngeas: biofeedback eletromiográfico e eletroestimulação neuromuscular; VIII) Jornada do paciente no processo de diagnóstico e intervenção fonoaudiológica: implicações para a Telefonoaudiologia; IX) Projeto Homem Virtual: Fisiopatologia da Fonação, Sucção e Deglutição em Iconografias 3D.

Parcerias nacionais e internacionais

No ano de 2010, a Profa. Dra. Giédre realizou seu pós-doutorado no Swallowing Research Laboratory, da University of Florida, Estados Unidos da América (EUA). O projeto “Efeito da estimulação elétrica transcutânea na função de deglutição em voluntários adultos e idosos” permitiu a imersão em um importante laboratório de pesquisa, com intenso treinamento teórico e prático voltado aos exames de manometria faríngea, função de língua e respiração, aplicados à deglutição.
Em 2019, o projeto de pesquisa intitulado “Tradução e adaptação transcultural do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial MBGR com escores para a língua inglesa” contou com duas etapas na University of South Florida-EUA.
Uma nova parceria está sendo estabelecida com o Gastrointestinal Motility Laboratory, Hospital de Mataro, Catalonia, Espanha, por intermédio da Dra. Weslania Viviane do Nascimento e possibilitará implementar projetos voltados a avaliação cortical da faringe, das vias aferentes da deglutição e estimulação transcraniana em indivíduos com disfagia orofaríngea neurogênica.
Os pesquisadores do MOD regularmente tem trabalhos científicos aceitos em congressos internacionais, a exemplo do European Society for Swallowing Disorders Congress e no congresso da Academy of Applied Myofunctional Sciences, tendo a Profª Drª Giédre, no ano de 2020, recebido o prêmio “Madame Marie Curie Award”, em reconhecimento à sua contribuição para o avanço das pesquisas que respaldam a atuação fonoaudiológica.

Produtos obtidos por meio das pesquisas desenvolvidas
Como resultados das pesquisas realizadas, os pesquisadores publicam artigos científicos com frequência em periódicos nacionais e internacionais. A produção cientifica da Profª Drª Giédre pode ser acessada por meio do link: http://lattes.cnpq.br/2975779418096613, sendo a grande maioria das suas produções realizadas em parceria com seus alunos de graduação e pós-graduação.
O grupo tem participação na elaboração dos livros da Associação Brasileira de Motricidade Orofacial (ABRAMO), e nos recentes “Tratado de Motricidade Orofacial”, “Fonoaudiologia: avaliação e diagnóstico”, “Fundamentos das revisões sistemáticas em saúde”, entre outros.

Impacto clínico e/ou social das pesquisas e perspectivas futuras
Dentre as atividades desenvolvidas pelo grupo MOD que tiveram impacto, destacamos o “Teste da Linguinha”. O protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês (Teste da Linguinha) foi desenvolvido e validado durante o mestrado e doutorado da Fonoaudióloga Roberta Lopes de Castro Martinelli na FOB/USP, sob a orientação da Profª Drª Giédre. O Projeto de Lei nº 4.832/12 de autoria do Deputado Federal Onofre Santo Agostini, “obriga a realização do protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês, em todos os hospitais e maternidades do Brasil”, foi sancionado pela Presidência da República e se converteu na Lei nº 13.002, de 20 de junho de 2014.
Atualmente o grupo conta com uma rede social (Instagram @uspmod) na qual são compartilhados trabalhos realizados pelo grupo, divulgados eventos mensais on-line como lives e webinars, onde não só os pesquisadores do grupo, como também, estudantes e profissionais da saúde e áreas afins podem atualizar seus conhecimentos constantemente, de forma gratuita.
Como perspectivas futuras, o grupo pretende consolidar-se como referência no desenvolvimento e validação de instrumentos de diagnóstico e programas de intervenção em motricidade orofacial e disfagia orofaríngea, implementar pesquisas na modalidade de teleconsulta e avançar em relação as parcerias nacionais e internacionais.



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GRUPOS DE PESQUISA
2227
GRUPO DE PESQUISA EM VOZ E ACÚSTICA DA FALA (GP - VOZ)
Voz (VOZ)


O GP-Voz é um grupo de Pesquisa coordenado pela professora doutora Ana Cristina Côrtes Gama e tem como membros discentes da graduação e pós-graduação do curso de fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e estudantes em coorientação situados em outros programas da UFMG.
A história do grupo começa em 2013, momento em que ocorre a abertura do programa de pós-graduação em Ciências Fonoaudiológicas da UFMG. Naquele período, a criação do GP-Voz se fez necessária para criar um espaço colaborativo e de ampliação do conhecimento entre estudantes de graduação, mestrado e doutorado cuja pesquisas estão vinculadas à saúde funcional da produção da voz e no desempenho da comunicação.
Nesse percurso, o grupo se estabeleceu como ponto de contato, troca e acompanhamento das pesquisas em curso, como também espaço para encontros de discussão científica e sobre perspectivas profissionais.
Desde 2013, já passaram pelo grupo: 16 estudantes da graduação em fonoaudiologia, sendo quatro com trabalhos de conclusão de curso e 12 de iniciação científica, além de 17 discentes de programas de pós-graduação, 15 de mestrado e dois de doutorado.
Atualmente o GP-Voz conta com 28 participantes, com sete graduandos, três estudantes de mestrado, sete do doutorado e uma aluna de pós-doutorado, das áreas de fonoaudiologia, otorrinolaringologia e fisioterapia. Os demais componentes do grupo são estudantes que almejam começar projetos de iniciação científica, egressos do curso de fonoaudiologia da UFMG e outros profissionais que pretendem entrar no programa de pós-graduação.
As pesquisas do GP-Voz estão centradas no Observatório de Saúde Funcional em Fonoaudiologia, localizado na Faculdade de Medicina da UFMG. É lá que se encontram os dispositivos tecnológicos que dão suporte aos projetos de pesquisa do GP-Voz, como o Programa de análise acústica da voz e fala CSL - Modelo 4500; Eletroglotógrafo Modelo 6103; Sistema aerodinâmico para CSL – Modelo 6600-1; Sistema de videolaringoscopia de alta velocidade – Modelo 9710; e Dosímetro vocal VoxLog®.
Destacam-se os projetos de pesquisa em andamento no GP-Voz: 1) Análise dos parâmetros acústicos, aerodinâmicos e eletroglotográficos da voz humana, que tem a proposta de avaliar a reciprocidade entre a onda acústica, eletroglotográfica e estrutural na vibração da prega vocal em seu movimento quase periódico e aperiódico. Além disso, esse projeto pretende analisar os parâmetros acústicos, aerodinâmicos, eletroglotográficos, laríngeos e as características da fonte glótica de distintas técnicas vocais; 2) Sítio de treinamento perceptivo-auditivo com vozes sintetizadas e humanas e a análise desse instrumento como programa de treinamento auditivo na concordância dos avaliadores na análise perceptivo-auditiva da voz; 3) Avaliação anatomofuncional das pregas vocais por meio da videolaringoscopia digital de alta velocidade, que investiga o padrão vibratório das pregas vocais nas diferentes faixas etárias e gêneros; 4) Análise das medidas de dose vocal no uso profissional da voz; e 5) Ensaios clínicos randomizados com objetivo de verificar o resultado terapêutico de procedimentos da clínica vocal em pacientes disfônicos.
No âmbito da UFMG destacam-se as parcerias com o Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas; Programa de Pós-Graduação em Ciência da Saúde, Área de Concentração Saúde da Criança e do Adolescente; e com a Faculdade de Letras.
Como parcerias nacionais a Faculdade de Odontologia de Bauru/USP; Universidade de Fortaleza; e Universidade Federal de São João Del Rey; e parceria internacional com a Universidade de Alberta, no Canadá.
Como fruto das pesquisas realizadas desde 2013, o GP-Voz já publicou 39 artigos científicos em revistas nacionais e internacionais, com cinco aceitos para publicação. Também já levou 39 resumos a congressos científicos da área. Para além do volume de produção científica com contribuição na avaliação e tratamento dos distúrbios da voz no âmbito da conduta terapêutica, destacam-se alguns trabalhos desenvolvidos no GP-Voz: Calibrador de avaliação perceptivo-auditiva da voz; e o Programa de treinamento perceptivo-auditivo, que apresentam impacto clínico e educacional importantes para acelerar a curva de aprendizagem na análise perceptivo-auditiva em estudantes de graduação e profissionais recém-formados.
A inserção de mais alunos do doutorado em Ciências Fonoaudiológicas da UFMG no GP-Voz pode aumentar as parcerias nacionais e internacionais e conseguir maior apoio e investimento para os projetos de pesquisa do grupo. Dessa maneira, ampliar o conhecimento científico, desenvolver maiores resultados de impacto social e fomentar a inovação na área de voz.


GRUPOS DE PESQUISA
2207
GRUPO DE PESQUISA PATOFISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
Motricidade Orofacial (MO)


HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA: O grupo de pesquisa Patofisiologia do Sistema Estomatognático – GPPSE registrado desde 2008 no Diretório de Grupos de Pesquisa CNPq tem como líderes os professores Hilton Justino e Daniele Cunha docentes do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Surgiu da necessidade de concentrar um grupo de professores, pesquisadores e discentes interessados na investigação que envolve a anatomofisiologia e as alterações funcionais do Sistema Estomatognático. Durante esses 12 anos de existência o grupo participou na formação de mais de 10 doutores, e um número superior a 30 em cada uma das categorias: mestrado, especialização, iniciação científica e trabalhos de conclusão de graduação. Tem suas linhas de pesquisa direcionadas para avaliação, diagnóstico funcional e tratamento das funções de sucção, respiração, mastigação, deglutição e fala. A fonação e a voz tem parcela importante em nossas investigações sendo representada em uma das linhas de pesquisa. O grupo de pesquisa tem investido durante todos esses anos no uso da tecnologia para a melhor compreensão dos achados clínicos relacionados às funções orofaciais. O uso de diferentes instrumentos para avaliação quantitativa em Motricidade Orofacial passou a ser uma marca do GPPSE. Assim, ao logo desse tempo o GPPSE montou 03 laboratórios de pesquisa localizados no departamento de Fonoaudiologia da UFPE: Laboratório de Motricidade Orofacial/Eletrofisiologia; Laboratório de Motricidade Orofacial/Avaliação Aerodinâmica da Respiração e da Fala e Laboratório de Documentação Fonoaudiológica. Os laboratórios alimentam duas linhas de pesquisa: Motricidade orofacial, Voz e Funções Correlatas do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Comunicação Humana PPGSCH - UFPE e Avaliação Clínica e Laboratorial em Odontologia do Programa de Pós-Graduação em Odontologia-UFPE. PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO: Os primeiros projetos desenvolvidos pelo GPPSE foram relacionados ao estudo das repercussões da respiração oral na aeração nasal e pesquisas envolvendo a avaliação da atividade elétrica dos músculos envolvidos nas funções orofaciais. Desde 2008 o grupo de Pesquisa tem tido interesse nesses temas sendo os primeiros projetos de pesquisa aprovados no CNPq: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO DE CRIANÇAS ASMÁTICAS E SUAS RELAÇÕES COM O ESTADO NUTRICIONAL (EDITAL UNIVERSAL CNPq 15/2007 PROCESSO n°. 476370/2007-8) e CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO, DEGLUTIÇÃO E POSTURA CERVICAL E SUAS RELAÇÕES COM FATORES MORFOFUNCIONAIS EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS E NÃO SUBMETIDOS À LARINGECTOMIA TOT)AL (Edital MCT/CNPq 14/2009 - Universal / Edital MCT/CNPq 14/2009 - Universal - Faixa B. O GPPSE tem histórico de aprovação de fomentos para pesquisa em diferentes instituições de apoio à pesquisa tendo sempre como temática o estudo do Sistema Estomatognático. Atualmente encontram-se em andamento dois projetos de pesquisa aprovados no edital universal coordenados por seus líderes: EFEITO DA LASERTERAPIA NA PERFORMANCE DO MÚSCULO MASSETER DURANTE A MASTIGAÇÃO (Chamada MCTIC/CNPq Nº 28/2018 - Universal/Faixa B) e EFEITOS DA TERAPIA COM BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO NA DEGLUTIÇÃO EM IDOSOS MASTIGAÇÃO (Chamada MCTIC/CNPq Universal/Faixa C). As pesquisas atuais contemplam os temas de Permeabilidade Nasal com uso de instrumentos como a rinomanometria; Uso de tecnologia nos efeitos da frenotomia em Anquiloglossia; Elaboração de Protocolos para Bruxismo. Uso da termografia na área de cabeça e pescoço; Uso de tecnologias na avaliação e tratamento da voz; Monitoramento da musculatura mastigatória com o uso de tecnologias vestíveis. PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS: O GPPSE atualmente tem pesquisas em parceria com diferentes membros de cursos de pós-graduação nacionais: UFPB; UFRGS e TUITI do Paraná). Internacionalmente tem iniciado parceria com universidades que possuem curso de Fonoaudiologia no Chile, na Colômbia e Estados Unidos.IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS. A contribuição que trouxe para ciência fonoaudiológica é reconhecida nacionalmente e internacionalmente com premiações em diversas categorias de congressos e eventos. Em especial existe a preocupação em relacionar o uso da alta tecnologia com instrumentos clínicos utilizados pelos fonoaudiólogos que estão na ponta dos serviços de atendimento clínico. Atualmente, o GPPSE continua focado em pesquisas relacionadas ao uso da tecnologia nas funções orofaciais. A aquisição de imagens com o uso da Termografia e Ultrassonografia são exemplos das novas tecnologias adquiridas pelos nossos laboratórios. O uso de tecnologias móveis e vestivéis para o monitoramento das funções estomatognáticas com uso do acelerômetro é também uma perspectiva futura que estão sendo desenvolvidos em 01 pós-doutorado, 05 doutorados 08 mestrados, 04 Iniciações científicas e 02 trabalhos de Conclusão de Curso.


GRUPOS DE PESQUISA
2233
LABORATÓRIO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM SAÚDE (LAIS) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: IMPACTOS À FONOAUDIOLOGIA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


“Fazer da ciência um instrumento de amor ao próximo, tendo como objetivo a cidadania, o bem-estar social e o desenvolvimento da área da saúde no Brasil por meio da inovação”. Esta é a missão do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde – LAIS- da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. A ideia nasceu em 2011, da inquietação de pesquisadores que percebiam a potencialidade em combinar os saberes das áreas de Saúde, Engenharia, Tecnologia da Informação e Comunicação. Seu objetivo é desenvolver pesquisas aplicadas à inovação tecnológica em saúde cooperando com a geração de produtos e/ou serviços para a saúde aplicados à formação de profissionais de diferentes áreas. É organizado nas seguintes bases: Acessibilidade e Reabilitação, Audição e Linguagem, Biomateriais e Implantes, Gestão e Informática na Saúde e Informação, Formação e Educação Continuada em Saúde. Por meio de parcerias nacionais e internacionais vem desenvolvendo projetos com a Organização Mundial da Saúde, os Ministérios da Saúde e da Educação, bem como com a FIOCRUZ, Instituições dos Estados Unidos, Portugal, França, Espanha, Itália, África do Sul e Canadá. Neste cenário, a Base de Pesquisa Audição e Linguagem integra docentes e discentes do curso de Graduação em Fonoaudiologia, bem como do Programa Associado de Pós-Graduação em Fonoaudiologia entre UFPB, UFRN e UNCISAL, Pós-Graduação em Saúde Coletiva e Pós-Graduação em Gestão e Inovação em Saúde (UFRN). O objetivo desta base é estudar e desenvolver tecnologias aplicadas à Fonoaudiologia, com ênfase na identificação, diagnóstico e reabilitação dos distúrbios da audição, assim como, identificar e caracterizar o desenvolvimento típico e atípico da audição e linguagem de bebês e crianças. Suas ações estão organizadas em seis projetos a saber: (1) Projeto Bambino: desenvolve ações voltadas a bebês com risco para a audição, contribuindo para identificação e caracterização da prevalência de alterações audiológicas e do desenvolvimentos em bebês prematuros ou com sífilis congênita. Além da definição de marcadores de desenvolvimento do sistema auditivo central em bebês nos dois primeiros anos de vida e na confirmação dos indicadores de risco para a deficiência auditiva em bebês com sífilis congênita. (2) Neuroaudiologia: voltado ao diagnóstico e intervenção de alterações do processamento auditivo central utilizando medidas psicoacústicas e eletrofisiológicas, caracterizado, portanto como uma ação assistencial realizada dentro do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) constituindo o único serviço público que realiza estas avaliações no Estado do RN; (3) Saúde auditiva do escolar: ações que enfocam desenvolver, validar e implementar um programa de saúde auditiva do escolar que englobe a identificação, monitoramento e educação em saúde auditiva de alunos da Rede Pública de Educação visando atuar na promoção e prevenção em diferentes níveis de atenção à saúde. Desde 2011, o grupo vem estudando acurácia e aplicabilidade de diferentes protocolos de rastreio auditivo com equipamentos audiológicos, tecnologias móveis e tecnologias leves (questionários) aplicados a identificacão da deficiência auditiva em escolares, bem como do desenvolvimento de um sistema de monitoramento para a gestão das informacões do programa na escola; (4) Acessibilidade auditiva: desenvolve estudos de validação e aplicabilidade de tecnologias que permitam melhorar o acesso aos sons da fala. Entre 2012 e 2013 os pesquisadores participaram de estudo multicêntrico coordenado pela FOB/USP e UFSCAR e que culminou com a Portaria N.1.234 de concessão do Sistema FM no SUS. Posteriormente, foi desenvolvido o Curso o Uso do Sistema de Frequência Modulada, na modalidade de educação à distância, para professores da Rede Pública com fomento do Ministério da Educação no período de 2015 a 2016 em parceria com outras Instituições como FOB/USP, PUC/SP, UFS, UFRJ e UFPB. Esse curso culminou num e-book lançado em 2019. (5) Tecnologias em audiologia: visa criar tecnologias para identificar, avaliar, diagnosticar e tratar distúrbios da audição. Neste projeto destacam-se estudos de validação de tecnologia móvel (smartphone e Ipad) na identificação da deficiência auditiva e do transtorno do Processamento Auditivo Central. Desde dezembro de 2017, em parceria com as Universidades de Pretoria, da Africa do Sul, a FOB/USP e a UFPB, foi realizada a tradução do teste de dígitos no ruído para o Português Brasileiro e estão sendo conduzidos estudos para validação do mesmo em diferentes faixas-etárias. A perspectiva é que este aplicativo possa vir a ser incorporado a Rede de Saúde para uso por profissionais da atenção básica e pela sociedade em geral, contribuindo para a promoção e prevenção da saúde auditiva. (6) Sintonia: visa empregar a inovação para que crianças com deficiência auditiva possam ouvir e falar. Neste projeto se destacam a validação de protocolos de avaliação e intervenção para famílias e cuidadores, professores e fonoaudiólogos de crianças com deficiência auditiva, bem como intervenções em grupo com estas crianças. A intervenção baseada em videofeedback é um exemplo de desenvolvimento tecnológico e inovação em desenvolvimento atualmente neste projeto. Parte destes projetos estão vinculados ao Programa Telessaúde do RN e ao Projeto Sífilis Não com o Ministério da Saúde. Suas ações sao executadas diretamente em Serviços do SUS: HUOL e Centro SUVAG do RN. Além da produção científica e técnica, destaca-se o desenvolvimento de conteúdos de cursos autoinstrucionais e webpalestras disponibilizados no Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS e no canal do youtube do Núcleo de Telessaúde. Além da realização de teleconsultoria assíncrona à profissionais da atenção básica e teleconsulta síncrona na área da saúde auditiva e reabilitacão auditiva. O LAIS é constituido por um grupo de pesquisa de base multidisciplinar com a inserção efetiva da Fonoaudiologia. A expertise de seus pesquisadores vem contribuindo no desenvolvimento de sistemas e produtos que possam resolve situações reais vivenciadas na Rede de Saúde do SUS gerando impactos científicos, sociais e econômicos, nascidos da união entre a humanização, inovação e tecnologia com a prática baseada em evidências. As perspectivas futuras são pautadas nestes princípios visando ampliar as ações para a validação e análise de custo-efetividade de tecnologias na área da audição, incorporação das mesmas ao SUS e propostas eficazes de programas de intervenção à pessoas com distúrbios da audição.



GRUPOS DE PESQUISA
2248
LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM VOZ LIFVOZ-FMUSP
Voz (VOZ)


HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA
O LIFVOZ FMUSP, reestruturado a partir 2007 sob a coordenação da Profa. Dra. Katia Nemr, possui três linhas de pesquisa alinhadas com os comitês do Departamento de Voz da SBFa: Voz Profissional, Voz Clínica e Fononcologia. Em cada uma participam graduandos de Fonoaudiologia (Iniciação Científica e Trabalhos de Conclusão de Curso), residentes em trabalho de conclusão de Programa de Residência Multiprofissional (Saúde e Trabalho), mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos.
Os projetos desenvolvidos são elaborados a partir de questionamentos com vistas ao aprimoramento do ensino, da pesquisa e da extensão.
E nossa missão é devolver à sociedade novos e inovadores conhecimentos e contribuir com o avanço de uma Fonoaudiologia científica, ética e conectada com o atual momento de mudanças e transformações.

PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO
Neste período vários projetos foram desenvolvidos em parceria com agências de fomento.
Merecem destaque os seguintes projetos já concluídos:
CNPQ-Produtividade em Pesquisa:
• Análise inter-observadores de protocolos de avaliação perceptivo-auditiva da voz
• Elaboração,aplicabilidade e validação de protocolo de anamnese fonoaudiológica para a clínica de voz
• Correlação entre protocolos de rastreio de disfonia e qualidade de vida em indivíduos disfônicos
CNPQ-Projeto Universal:
• Efetividade do Programa Vocal Cognitivo (PVC-HO) aplicado a indivíduos com sinais de presbilaringe com ou sem queixa vocal
• Correlação entre índice de severidade de disfonia (DSI) e análise acústica na avaliação vocal
FAPESP-Projeto Regular:
• Eficácia de programa de treinamento vocal por meio de análise perceptivo-auditiva, de videolaringoscopia de alta velocidade e eletroglotografia

Três novos projetos estão em desenvolvimento:
FAPESP: Risco de disfonia em profissionais da voz da Universidade de São Paulo: estudo epidemiológico multiprofissional
CNPQ: Voz e farmacovigilância: medicamentos, sintomas vocais e desvio vocal
USP: Covid-19: Impacto do período de distanciamento social na voz do professor

PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS:
Em andamento:
Universidade de São Paulo-Faculdade de Ciências Farmacêuticas, SP, Brasil, Profa. Dra. Patrícia Melo Aguiar
Universidade Federal Fluminense, RJ, Brasil – Profa. Dra. Flavia Viegas Trinas de Andrade
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP, Brasil- Profa. Dra. Zuleica Camargo

Em contato para parcerias:
Universidad Catolica Silva Henríquez, Santiago, Chile- Profa. Maria Celina Malebran Bezerra de Mello
Instituto Politécnico de Setúbal, Setubal, Portugal - Profa. Dra. Sónia Lima
Instituto Politécnico do Porto, Porto, Portugal - Prof. Dr. André Araújo

PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
Produção do LIFVOZ em números (2007-2020) disponível em http://lattes.cnpq.br/0757480117222839 e http://lattes.cnpq.br/1664439893090550).
Artigos publicados: 48
Artigos aceitos em 2020 (in press): 5
Capítulos de livros: 10
Trabalhos apresentados em congressos: 94
Trabalhos aprovados em congressos em 2020: 9
Orientações/supervisões concluídas: 45 Trabalhos de Conclusão de Curso, 27 Iniciações Científicas, 10 Mestrados, 1 Doutorado, 1 supervisão de Pós-doutorado, 3 supervisões do Programa de Aprimoramento de Ensino-USP.
Orientações em andamento: 2 Trabalhos de Conclusão de Curso, 4 Iniciações Científicas, 3 Mestrados.]

IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS.
Na voz profissional artística e não artística as investigações de risco de disfonia e/ou alterações vocais perceptivo-auditivas e acústicas têm contribuído com dados epidemiológicos e aplicação de técnicas vocais visando otimizar a comunicação destes profissionais. O Protocolo de Rastreio de Risco de Disfonia Geral (PRRD-G), desenvolvido no LIFVOZ, tem se mostrado um instrumento relevante para ensino, pesquisa e na clínica de voz. Estão sendo desenvolvidos os específicos para serem aplicados em associação ao Geral como PRRD-professores, PRRD-Atores, PRRD-Idosos. O PRRD-Infantil e o PRRD-Teatro Musical, são exemplos já aceitos para publicação. Os novos conhecimentos têm norteado ações para otimizar a performance vocal e a qualidade de vida destes profissionais. Destacamos a pesquisa com os profissionais da USP que, além de dados epidemiológicos, mostrou resultados positivos com a técnica do humming para os profissionais de comunicação, o que pode impactar beneficamente na atividade profissional.
Nessa mesma linha, a pesquisa que está em desenvolvimento sobre a voz do professor durante o distanciamento social tem tido grande e positiva repercussão. A primeira etapa deste estudo está sendo concluída com dados relevantes sobre as necessidades desses profissionais durante as atividades remotas e um vídeo com orientações sobre a voz do professor neste período de pandemia está em fase final de produção para divulgação entre os participantes da pesquisa.
Na voz clínica, as pesquisas sobre presbifonia têm identificado diferenças entre as faixas etárias de idosos e os respectivos riscos de disfonia, cujos resultados mostram que os idosos devem ser vistos sob diferentes olhares, a partir do novo cenário mundial de longevidade.
Tem sido estudado na voz clínica ainda o uso de medicamentos com efeitos diretos ou indiretos sobre a voz. Este é um dos subitens do PRRD-G e tem possibilitado oferecer à comunidade fonoaudiológica e de áreas afins uma lista de princípios ativos que podem interferir no processo terapêutico de indivíduos com disfonia. O PRDD-G está traduzido para o espanhol e novas pesquisas em parcerias com instituições da América Latina devem ser efetivadas.
Merece destaque aqui também a investigação de questões específicas como medidas de formantes em populações com diferentes classes ortodônticas de Angle. Trata-se de pesquisa que integra voz e motricidade orofacial, apontando aspectos vocais até então pouco explorados nesta população.
Na linha da fononcologia as laringectomias parciais, subtotais e totais têm sido foco de investigação, seja por meio de avaliação de questionários de qualidade de vida, ou sobre efeitos imediatos de técnicas vocais. Programa terapêutico para tratamento cirúrgico por câncer de boca e orofaringe apontou resultados promissores.
Vale ressaltar que os resultados de todas as linhas de pesquisa estão interligados e os conhecimentos gerados por uma linha contribuem com as demais, corroboram achados em diferentes populações ou estimulam novos questionamentos num círculo virtuoso. Enfim, o LIFVOZ tem contribuído com estudos sobre a voz humana de forma que os resultados possam estimular novos pesquisadores a darem um passo além do encontrado, a oferecer ao clínico novas evidências que aprimorem a sua prática e à sociedade o retorno do que investem na universidade pública. Nosso desejo e empenho é para que esses novos conhecimentos gerados possam chegar a impactar positivamente na comunicação das pessoas.
Por fim, uma nova disciplina na pós-graduação, aprovada pela USP, e que será ministrada a partir de 2021 sob a responsabilidade de Profa. Dra. Katia Nemr e Dra. Marcia Simões-Zenari: “Voz e expressividade aplicadas à didática e comunicação”, sela este promissor momento do LIFVOZ FMUSP.


GRUPOS DE PESQUISA
2214
LABORVOX: PESQUISAS E AÇÕES NOS CAMPOS DA SAÚDE E DAS ARTES RELACIONADOS A VOZ, A COMUNICAÇÃO/EXPRESSIVIDADE E A MOTRICIDADE OROFACIAL
Voz (VOZ)


No ano de 1994, com a criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Voz da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP, surgia o embrião do Laboratório de Voz (LaborVox), que reúne docentes e discentes do Curso de Fonoaudiologia, do Programa de Estudos Pós-graduados em Fonoaudiologia (PEPG em Fonoaudiologia), e profissionais da DERDIC, instancias essas pertencentes a PUC-SP. Em especial, entre os discentes do PEPG em Fonoaudiologia contamos com a presença não apenas de fonoaudiólogos, mas graduados em áreas como Medicina, Música, Canto, Musicoterapia, Artes Cênicas, Jornalismo, Biologia, Psicologia, entre outras. Pesquisadores de diferentes formações possibilitam discussões e reflexões interdisciplinares entre os participantes da linha, fato que reflete nas atividades profissionais e de pesquisa. As principais pesquisas desenvolvem temáticas relacionadas a: voz do professor com análise de demanda e diagnóstico e proposta de intervenção presencial ou a distância, a partir de parceria estabelecida com a Prefeitura do Município de São Paulo; voz do cantor, sobre ajustes do trato vocal durante determinadas formas de canto; métodos de canto para o canto popular, gospel, além de ensino de canto a distância; sonoridade no canto coral; musicoterapia no ensino do canto, etc. Na direção dos avanços tecnológicos e nos novos meios de comunicação, temos pesquisa sobre a comunicação de Youtubers e Influenciadores Digitais, sobre comunicação não verbal e outros aspectos relacionados a expressividade tanto na voz cantada como falada. Com relação a expressividade temos desenvolvido pesquisas que analisam os efeitos de intervenção com foco na expressividade oral realizada com alunos do ensino fundamental, no intuito de melhorar suas capacidades leitoras. Mais recentemente, com a vinda da Profa. Esther Bianchini, pesquisas relacionadas a questões da motricidade orofacial têm sido desenvolvidas, tanto associando-se as duas áreas - Voz e Motricidade Orofacial - quanto temas específicos abordados em várias faixas etárias desde primeira infância e amamentação, estudos reológicos, análises morfofuncionais dos exercícios orofaríngeos e associações com o sono e seus distúrbios. Essas pesquisas fazem parte da Linha de Pesquisa Voz: avaliação e intervenção fonoaudiológica, que em breve terá como nome Voz e motricidade orofacial: saúde, trabalho e arte. Vale pontuar que nesta reestrutura, além da linha, o Programa também mudará de nome, Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação Humana e Saúde, para melhor adequação para a proposta de renovação, busca de qualidade, ampliação e qualificação das pesquisas e ampliação da internacionalização. A temática central da nova estrutura da linha é estudar as questões da voz, da motricidade orofacial, da comunicação e da expressividade na dimensão da saúde, do trabalho e na sociedade, para além das inter-relações com as expressões artísticas. Os integrantes fazem parte ainda do Diretório de Grupo de Pesquisa (CNPq) denominado Voz: avaliação e intervenção. Os projetos desenvolvidos são: Motricidade orofacial e qualidade de vida: reflexos das funções e disfunções orofaríngeas; Voz: Objetividade e Subjetividade; Voz profissional: clínica, trabalho e arte e Voz: uma dimensão de sua representação no cotidiano (Bolsa Produtividade – CNPq). Dentre as pesquisas desenvolvidas neste momento podemos destacar as que tem como temática a questão da educação à distância, envolvendo ações de telessaúde junto a professores e ensino de canto; análise dos efeitos no dia a dia de professores depois de participarem de grupo terapêutico, desenvolvido no Hospital do Servidor Público Municipal (pesquisa possível de ser realizada pela parceria do LaborVox com a Prefeitura do município de São Paulo); análise dos efeitos de intervenção com foco na expressividade oral realizada com alunos do ensino fundamental; análise da aplicação do instrumento WHOQOL-bref em pacientes oncológicos reabilitados com prótese bucomaxilofacial, tendo esse sido também validado para essa população (essa pesquisa foi possível graças às parcerias do LaborVox com a Fundação Oncocentro), além das pesquisas com a voz cantada que tem como parceiro o Ambulatório de Artes Vocais da Santa Casa de São Paulo. Na área de Motricidade Orofacial destacam-se no momento as pesquisas referentes às análises da deglutição, por meio de estudos com videofluoroscopia, em neonatos e crianças em aleitamento materno e mamadeira; análise reológica de líquidos oferecidos à neonatos e lactentes, sendo esse realizado em parceria com o Instituto Tecnológico de Alimentos (Ital) - Campinas; análise morfo-funcional e efeitos imediatos dos exercícios orofaríngeos aplicados aos distúrbios do sono, em parceria com a equipe de otorrinolaringologia do Sono e nasofaringolaringoscopia do Hospital Samaritano de São Paulo. Mensalmente acontecem reuniões do grupo de forma presencial ou a distância (plataforma Microsoft Teams), com apresentação de convidados que discutem temáticas relacionadas as pesquisas em andamento. Essa atividade é compartilhada com demais pesquisadores por meio de live realizada pelo LaborVox, via Instagram. Dentre esses convidados, a presença de pesquisadores internacionais tem ampliado a discussão e garantido maior integração entre os grupos de pesquisa. Anualmente organiza eventos, e entre esses o Seminário de Voz tem contribuído para discutir temáticas importantes para a área, principalmente sobre as questões do Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho. Dessa forma, muitas das pesquisas desenvolvidas pelo grupo embasaram as discussões que culminaram com a publicação do Protocolo Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho e sua inserção na Lista das Doenças Relacionadas ao Trabalho. Todos os integrantes participam de atividades que envolvem a comunidade em geral por conta da Campanha em comemoração ao Dia Mundial da Voz e do Dia do Professor. A produção e atividades do grupo são divulgadas em seu site (https://www.pucsp.br/laborvox/index.html), no Facebook ( https://www.facebook.com/Laborvox-360508094090174) atualmente com 1753 seguidores e Instagram com 1233 seguidores.



GRUPOS DE PESQUISA
2225
LIEV - LABORATÓRIO INTEGRADO DE ESTUDOS DA VOZ
Voz (VOZ)


O LIEV - Laboratório Integrado de Estudos da Voz foi criado em 2014, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com a visão de fomentar a formação em pesquisa científica de discentes de graduação e pós-graduação e profissionais que tenham interesse pelo estudo da voz humana, com a articulação entre teoria, prática e rigor metodológico. Os valores do LIEV são pautados no desenvolvimento de estudo da voz humana com a integração de diversas ciências, sempre com ética, seriedade, inovação e precisão metodológica.
O objetivo deste laboratório é realizar estudos e pesquisas sobre os processos envolvidos na produção e percepção da voz, abordando aspectos anatômicos, neurológicos, fisiológicos, acústicos, cognitivos e comportamentais em diferentes contextos da comunicação humana, incluindo indivíduos com e sem alteração em tais processos, além de investigar a variabilidade e desenvolvimento da voz ao longo dos ciclos de vida, e o uso em situações de comunicação profissional, seja na modalidade falada ou cantada. O LIEV tem como meta se tornar um grupo de estudos e pesquisas de referência na área da voz humana com impacto no âmbito regional, nacional e internacional, colocando o Nordeste, mais especificamente a Paraíba, em posição de destaque.
Atualmente o LIEV é composto sete pesquisadores, a saber: Dra. Anna Alice Almeida, Dr. Leonardo Lopes (líderes do grupo e Pesquisadores de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq), Dra. Maria Fabiana Bonfim, Dra. Priscila Oliveira, Dra. Mara Behlau, Dra. Vanessa Veis e Dra. Larissa Nadjara Almeida. Os quatro primeiros são lotados na UFPB e as outras três estão vinculadas a outras instituições de ensino superior. O laboratório conta ainda com a participação de 46 discentes de graduação a pós doutorado, que são a força motriz no direcionamento dos trabalhos.
Este laboratório mantém uma ampla rede de colaboração de abrangência regional, nacional e internacional. Regionalmente, conta com o envolvimento de pesquisadores dos Departamentos de Fonoaudiologia, Medicina, Psicologia, Estatística e Ciências da Computação da UFPB, da Engenharia Elétrica do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e Fonoaudiologia do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). As parcerias nacionais envolvem pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Centro de Estudos da Voz (CEV). Em âmbito internacional, destaca-se a Zürich University e Boston University, além de outras parcerias que estão sendo firmadas no momento.
O Grupo de Pesquisa em questão possui quatro linhas de pesquisa delineadas desde a sua fundação até os dias atuais, a saber: Aspectos neuropsicofisiológicos do comportamento e da voz; Avaliação, diagnóstico e monitoramento multidimensional dos distúrbios de voz; Investigação da variabilidade e dos processos de produção e percepção de voz em diferentes populações; e Recursos tecnológicos aplicados na avaliação dos distúrbios de voz e no reconhecimento de falantes. Dentro das linhas, existem 13 projetos de pesquisa ativos, destes, cinco projetos foram ou são atualmente financiados por órgãos de fomento nacional. O LIEV publicou 75 artigos científicos vinculados à UFPB nesses últimos cinco anos, outros no prelo, em periódicos científicos de impacto no âmbito nacional e internacional, além do desenvolvimento e implementação de nove produtos tecnológicos, sendo oito de tecnologia leve-dura e um de tecnologia dura.
A representação do LIEV deste ano envolverá os resultados e repercussões de um dos cinco projetos de pesquisa que recebeu financiamento do CNPq, “Protocolos de autoavaliação em voz: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item (TRI)”. Este possui como objetivo rever as propriedades psicométricas dos instrumentos de autoavaliação na área de voz, com o propósito de avaliar de forma mais precisa os aspectos na perspectiva do indivíduo. O grupo visa potencializar o debate acerca da temática, com destaque a todas as etapas do desenvolvimento das evidências de validade de testes, culminando na TRI, com destaque para os instrumentos de autoavaliação vocal, e o quanto essa perspectiva traz vantagens para a aplicabilidade clínica na área de Voz.
O grupo de trabalho (GT) que foca nos estudos de validação de testes no LIEV pretende discutir a sua experiência e publicação científica voltada para alguns instrumentos (re)validados dentro dessa perspectiva contemporânea, sendo mais sensíveis e específicos para a avaliação da voz, a saber: Índice de Desvantagem Vocal (IDV), Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV), Escala de Sintomas Vocais (ESV), Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV), Protocolo de Estratégias de Enfrentamento na Disfonia (PEED), Escala URICA-VV e a Escala de Controle Percebido no Presente sobre a Voz (CPPV).
De modo geral, essas versões validadas a partir da TRI apresentam modificações estruturais nos itens, fatores e chave de respostas, todas elas mais simplificadas, a fim de uma melhor adequação de seus parâmetros, que permitiu uma nova possibilidade de cálculo dos escores, com maior acurácia, bem como uma aplicação mais rápida e eficaz.
Os estudos desenvolvidos possibilitaram a obtenção de medidas psicométricas mais confiáveis para detecção e discriminação de indivíduos com disfonia, em relação à população em geral, a fim de proporcionar uma melhor interpretação clínica sobre a instalação, manutenção, evolução das alterações vocais e monitoramento terapêutico. A partir disso, a aplicação das versões atuais dos questionários possibilita ao clínico relacionar esses processos entre si e com as questões emocionais reativas à disfonia, com o foco principal em embasar condutas e encaminhamentos.
Os próximos direcionamentos deste GT é testar a aplicabilidade do novo formato dos instrumentos, extrair pontos de corte de acordo com grupos diagnóstico e grau do desvio, verificar a sensibilidade para modificações nos escores pré e pós terapia, bem como o desenvolvimento, já iniciado, de um aplicativo para smartphones que envolve a aplicação e realização dos cálculos, de forma automatizada, dos escores de cada um dos questionários.
Assim, a principal meta deste grupo é que a utilização de instrumentos mais precisos e sensíveis possibilite que a detecção da disfonia seja mais efetiva na população em geral, bem como a identificação dos prejuízos autopercebidos e a tomada de decisão da conduta a ser adotada diante dos casos identificados.


GRUPOS DE PESQUISA
2243
LINCOG UFCSPA: GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA EM LINGUAGEM E COGNIÇÃO DO ADULTO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE
Linguagem (LGG)


Histórico do grupo de pesquisa
O Grupo de Estudos e Pesquisa em Linguagem e Cognição do Adulto da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (LinCog – UFCSPA) surgiu em 2017 a partir do ingresso da docente Bárbara Costa Beber (coordenadora do grupo) no departamento de fonoaudiologia da UFCSPA e a partir das demandas levantadas pelos alunos de graduação sobre a necessidade de estudos na área. O grupo LinCog é um grupo de pesquisa novo e pode ter sua breve história dividida em três importantes momentos: a inauguração do grupo com alunos de graduação para estudo de evidências científicas, o ingresso da coordenadora do grupo no programa de pós-graduação em ciências da reabilitação da UFCSPA, e o desenvolvimento das primeiras pesquisas com colaborações nacionais e internacionais. A coordenadora do grupo é uma Senior Atlantic Fellow for Brain Health (veja mais em: https://www.atlanticfellows.org) e, portanto, as ações do grupo tem forte influência da missão que os Atlantic Fellows possuem com suas com comunidades locais. Atualmente, para ser considerado um integrante do grupo LinCog é necessário estar participando de algum dos projetos do grupo. No entanto, o grupo realiza reuniões semanais que são abertas a qualquer aluno de graduação ou pós-graduação da UFCSPA, de qualquer área, para assistirem a discussões sobre artigos científicos e projetos de pesquisa em planejamento ou execução.

Principais projetos de pesquisa desenvolvidos e/ou em andamento
As pesquisas realizadas pelo grupo atualmente podem ser divididas nos seguintes eixos:
Diagnóstico, prevenção e qualidade de vida: envolvem estudos sobre métodos diagnósticos das afasias clássicas e afasias progressivas primárias, estudos sobre fatores de risco e manifestações iniciais das afasias progressivas primárias, e estudos sobre qualidade de vida nas afasias clássicas.
Reabilitação: atualmente estão sendo conduzidos estudos sobre estratégias de comunicação nas demências e métodos terapêuticos para disfluências.
Estudos e ações da atuação fonoaudiológica nas demências no Brasil: grande projeto com financiamento internacional do Global Brain Health Institute (GBHI) e do Alzheimer’s Association para investigar o preparo dos fonoaudiólogos Brasileiros na atuação junto a pessoas com demência. O projeto também prevê ações para melhorar o treinamento dos profissionais nessa área.
Estudos e ações sobre demência e saúde do cérebro na américa latina: estudos sobre temas diversos através da participação da coordenadora em grupos de pesquisa internacionais.

Parcerias nacionais e internacionais
O grupo é constituído de inúmeras parcerias locais, nacionais e internacionais que perpassam as áreas da fonoaudiologia, psicologia, medicina e outras. As parcerias
internacionais mais importantes são com as comunidades internacionais GBHI, Atlantic Fellows e Latin American and Caribbean Consortium on Dementia (LAC-CD). As parcerias internacionais tem permitido colaborações em pesquisa, extensão e acesso a editais de financiamento.

Produtos obtidos por meio das pesquisas desenvolvidas
Os produtos de pesquisa gerados até o momento foram artigos científicos e apresentações em eventos científicos. Dentre os mais relevantes estão um estudo que apresenta um panorama do ensino da neuropsicologia nos cursos de Fonoaudiologia no Brasil, área de especialidade da Fonoaudiologia e de extrema importância para a atuação fonoaudiológica nos transtornos cognitivos. Recentemente, outros dois artigos científicos originados da colaboração internacional com o LAC-CD foram aceitos para publicação em um dos periódicos de maior relevância na área das demências. Estes artigos abordam, respectivamente, um plano de ação latino-americano para redução do impacto das demências, e o conhecimento sobre demências entre profissionais da saúde da américa latina.
Grande parte dos projetos de pesquisa estão em desenvolvimento no momento e são promissores no sentido de originarem importantes produtos nos próximos anos. Alguns projetos e cursos de extensão tem surgido como resultado da observação das demandas relacionadas aos resultados das pesquisa do grupo.


Impacto clínico e/ou social das pesquisas e perspectivas futuras
Resultados e observações realizadas na execução das pesquisas tem levado o grupo a criar projetos de extensão, cursos de extensão e outras ações para atender as demandas sociais. O projeto de extensão Brincar de Viver é uma parceria entre UFCSPA, UFRGS e UFSC e tem como objetivo oferecer estimulação cognitiva online para pessoas com afasia e demência durante a pandemia de COVID. Este projeto ganhou financiamento internacional para obtenção de tablets e fornecimento de internet aos participantes.
Além disso, como uma ação para atender aos gaps no preparo dos fonoaudiólogos do Brasil no âmbito das demências, o grupo está preparando um curso de extensão no formato de massive online open course (MOOC) para apresentar os aspectos teóricos sobre as atribuições da profissão na assistência a pessoas com demência.


GRUPOS DE PESQUISA
2232
NÚCLEO DE ENSINO, ASSISTÊNCIA E PESQUISA EM ESCRITA E LEITURA (NEAPEL): HABILIDADES, PROCESSOS E COMPETÊNCIAS NA DECODIFICAÇÃO E COMPREENSÃO DE LEITURA
Linguagem (LGG)


HISTÓRICO: O Núcleo de Ensino, Assistência e Pesquisa em Escrita e Leitura (NEAPEL-Dep. Fonoaudiologia/UNIFESP-EPM) conjuga estruturas e conhecimentos de clínica e pesquisa relacionados ao desenvolvimento normal e aos transtornos do neurodesenvolvimento, nas áreas da linguagem, da leitura e da escrita. Iniciou em 1996 com a orientação de ICs e Dissertações do PPG em Distúrbios da Comunicação Humana-Fonoaudiologia/UNIFESP-EPM. Foi cadastrado no CNPq (2002), como Grupo de Pesquisa em Transtornos da Leitura e da Escrita. Desde então, desenvolve estudos para contribuir com o estabelecimento de parâmetros do desenvolvimento típico da comunicação escrita de escolares brasileiros e investigar critérios para avaliar e diagnosticar Transtornos da Leitura e da Escrita. Boa parte dos objetivos voltou-se para construir e testar, psicometricamente, material linguístico e procedimentos para instrumentos de avaliação e validar seus construtos. PROJETOS DE PESQUISA: Um dos principais - “Construção de Bateria para Avaliação da Compreensão de Leitura no Ensino Fundamental I” (FAPESP - 2011/11369-0), buscou estabelecer escores para dois protocolos, complementares, de avaliação. O banco de dados (amostra randomizada e estratificada/n=800), possibilitou desenvolver investigações sobre mecanismos automáticos da leitura/fluência e seus processos (velocidade de processamento) e habilidades de alta ordem cognitiva na compreensão de leitura. Outros projetos: (a) Decodificação de palavras: análise de itens por TRI e normas intra-grupo, com a obtenção de lista de palavras (parceria com a Psicologia/UFMG); (b)Decodificação e acesso fonológico ao léxico como habilidades preditoras da compreensão de leitura: a acurácia, tipo de escola e série escolar puderam predizer a compreensão leitora; (c)Memória fonológica operacional e processos cognitivos da compreensão de leitura, examinou a contribuição da memória operacional para a compreensão leitora, segundo diferentes processos cognitivos e permitiu questionar a forma como a memória fonológica operacional é avaliada; (d)Fluência e compreensão de leitura: evidências de dissociação crescente dessas competências a partir do 2º ano do EF; (e)Construção de prova para avaliação da compreensão leitora no ensino fundamental-estudo piloto: apresentação dos procedimentos psicométricos na construção da prova para crianças; (f) Tese de Doutorado que estudou o Efeito do priming semântico no acesso à informação: crianças com transtorno de leitura apresentaram dificuldade em inibir informações irrelevantes; o bom desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas, mostrou-se essencial para o melhor desempenho de acesso e inibição semântica; (g)Monitoramento da compreensão de leitura, segundo procedimentos online e off-line: a detecção de inconsistências de nível estrutural, em texto narrativo, mostrou-se presente em escolares do 5º ano e, com menos frequência, observaram-se estratégias de reparo da quebra de coerência durante a leitura; (h)Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua combinada com estimulação de leitura, na Dislexia do Desenvolvimento: melhoras clínicas nos 4 casos estudados; (i)Avaliação motora/equilíbrio no Transtorno específico de leitura: em andamento; (j)Construção de protocolo de avaliação da competência sintática do 5º ano do EF: em andamento; (k)Avaliação da leitura em escolares bilíngues: em andamento. PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS: O NEAPEL agregou pesquisadores de diferentes áreas (Linguística, Psiquiatria, Psicopedagogia, Oftalmologia, Pediatria, Neuroaudiologia, Diagnóstico por Imagem) da EPM, da UNIFESP e de outras IEs, com as quais construiu avanços no conhecimento e formou pesquisadores na área dos transtornos da aprendizagem. Duas linhas de pesquisa (Diagnóstico, prevenção e reabilitação dos distúrbios de linguagem e fala, e Transtornos da Leitura e da Escrita) abrigam estudos desenvolvidos a partir desses vínculos, organizados segundo projetos pertinentes desenvolvidos em parceria: identificação de risco para transtornos mentais e investigação dos Transtornos dos sons da fala persistentes, associados a prejuízo da leitura/escrita (Departamento de Psiquiatria/UNIFESP-EPM e Matemática-USP); desenvolvimento da linguagem oral e escrita em escolares nascidos Baixo-Peso, em (PPSUS-Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM); estudos psicométricos (com o Departamento de Psiquiatria/EPM-UNIFESP e Psicologia/UEL); investigações na área dos transtornos de leitura com o Laboratório de Investigação dos Distúrbios da Aprendizagem da UNESP-Marília; criação de protocolo de avaliação sintática em parceria com a EFLCH/UNIFESP; acompanhamento dos resultados de leitura avaliada por eye-tracker (Departamento de Oftalmologia EPM-UNIFESP). Avanços na investigação levaram a importantes contatos internacionais, por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior, que possibilitaram convivência e debates com pesquisadores de renomadas instituições e reconhecidos grupos de pesquisa, sobretudo na área da Compreensão de Leitura (University of Sussex com Prof. Jane Oakhill; Universidad de Salamanca com Prof. Emílio Sanches Miguel). Isso permitiu aprimorar técnicas de análise de textos e de construção de protocolos a partir do desenvolvimento de práticas analíticas e postura reflexiva e crítica sobre os conhecimentos em pesquisa e ensino nessa área de conhecimento. O último estudo, concluído em 2020 em parceria com Salamanca caracterizou escolares brasileiros, quanto ao perfil de habilidade cognitivo-linguísticas e o monitoramento da compreensão de leitura, segundo procedimentos online e off-line de avaliação. PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS (que envolvem a produção de protocolos de avaliação e terapia): Lista de palavras: versão reduzida, validada (PLEP - Pinheiro, 1996) para avaliação da leitura de escolares do 2º-5º ano EF (normas em percentis); Lista de sintagmas nominais para ditado; Lista de homônimos com figuras; Prova de Nomeação Automatizada Rápida-objetos (valores de referência do 2º-5º ano); Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura-PACL (parâmetros para 2º a 5º ano; em fase final de elaboração do Manual de Aplicação); Programa de Estimulação Intensiva da Leitura (novo estudo clínico); Programa computadorizado de leitura de palavras e pseudopalavras segmentadas e inteiras; Teste de Avaliação da Competência Gramatical (em fase de análise exploratória). IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS: As pesquisas conduzidas, seus desfechos e protocolos resultantes pretendem colaborar com impactos positivos no aumento da precisão diagnóstica e eficácia terapêutica com estudos sobre dosagem. O projeto que envolveu o uso da ETCC foi longitudinal e mostrou importante efeito na precisão e velocidade de leitura das crianças participantes. Os resultados obtidos, também no processo diagnóstico confirmam a importância das análises psicométricas a que vêm sendo submetidos os instrumentos idealizados e testados. As novas pesquisas estão concentradas na busca de evidências encontradas na prática de ensaios clínicos randomizados com escolares com transtornos de leitura e escrita, diagnosticados com maior precisão e clareza, para maior eficácia terapêutica.


GRUPOS DE PESQUISA
2251
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM VOZ DA FOB-USP
Voz (VOZ)


O Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da FOB-USP possui a área de concentração “Processos e Distúrbios da Comunicação”, com quatro linhas de pesquisa que englobam diversos projetos. A Linha de Pesquisa: PROCESSOS E DISTÚRBIOS DA VOZ, FALA E DAS FUNÇÕES OROFACIAIS existe desde 2004 e atualmente engloba cinco grandes projetos de pesquisa nos quais é possível explorar diferentes vertentes na área da voz, da motricidade orofacial e da disfagia orofaríngea. São eles: 1. Avaliação e intervenção em voz, fala e funções orofaciais; 2. Voz, fala e deglutição no envelhecimento e no acometimento neurológico; 3. Funções orofaciais e voz em casos odontológicos; 4. Documentação dos resultados do cuidado interdisciplinar e integrado da saúde fonoaudiológica da pessoa com fissura labiopalatina; 5. Avaliação e tratamento dos distúrbios da comunicação nas fissuras. Os pesquisadores docentes e discentes da referida linha de pesquisa integram o grupo de pesquisa cadastrado no CNPq intitulado Voz e Funções Orofaciais. Especificamente, pretende-se apresentar os dois primeiros projetos da linha de pesquisa, com especificidades que exploram questões mais relacionadas à voz e guardam relação com disfagia em alguns aspectos. O Projeto 1 tem como proposta estudar o desenvolvimento, o padrão de normalidade e os distúrbios da voz e das funções de respiração, mastigação, deglutição e fala, por meio de métodos clínicos e instrumentais, a fim de auxiliar na prevenção, na definição do diagnóstico e no direcionamento da intervenção apropriada, bem como na comprovação da eficácia do tratamento para cada tipo de distúrbio, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos indivíduos. O Projeto 2 estuda as funções de respiração, deglutição, fala e voz em idosos saudáveis e indivíduos acometidos por doenças neurológicas, bem como o impacto de tais condições na qualidade de vida dessa população. A fisiologia da voz, fala e funções orofaciais em idosos apresenta diferenças em relação a jovens e adultos, sendo que disfunções neurológicas podem afetar os mecanismos responsáveis pela fala, voz e deglutição, as chamadas disartrofonias e disfagias neurogênicas. Adicionalmente este projeto tem verificado o efeito de diferentes modalidades de tratamento voltadas aos distúrbios da voz, deglutição e fala nessa população. As coordenadoras de ambos os projetos, Profa Dra Kelly C A Silvério e Profa Dra Alcione Ghedini Brasolotto organizam juntas, o grupo de pesquisa denominado Núcleo de Estudos e Pesquisas em Voz da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, o NEP-VOZ/FOB-USP. O objetivo do grupo é agregar pesquisadores da pós-graduação – discentes de Mestrado e Doutorado, pós-doutorandos, bem como discentes da graduação que estejam ligados a projetos de iniciação científica ou trabalho de conclusão de curso na área de voz. O NEP-VOZ/FOB-USP reúne-se quinzenalmente para discussão das pesquisas em andamento, bem como preparo de apresentação de pôsteres, comunicações orais em eventos científicos, ou apresentação e discussão de artigos científicos em diferentes temas da área. A diversidade de pessoas e de níveis de conhecimento na área de voz permite uma discussão rica, motivadora e inclusiva dos temas explorados. Os temas estudados pelo grupo de pesquisa atualmente envolvem avaliação multidimensional da voz, incluindo análise perceptivo auditiva, acústica, laríngea, aerodinâmica e auto avaliação vocal. Tais estudos abordam indivíduos com e sem alterações da comunicação em várias fases dos ciclos da vida. Os aspectos terapêuticos são investigados em relação aos efeitos imediatos de exercícios vocais em populações com e sem disfonias, ao desenvolvimento de ensaios clínicos e aos aspectos motivacionais para mudanças em reabilitação vocal. Ressaltam-se os estudos sobre avanços tecnológicos como estimulação elétrica, eletroglotografia, além de intervenção com tubos de ressonância e análise de protocolos de autoavaliação, mais especificamente estudados na população com Parkinson, Disfonia por tensão muscular e idosos, atualmente. O grupo também desenvolve pesquisas que interagem com outras áreas da Fonoaudiologia, no intuito de compreender a relação da voz com a disfagia, motricidade orofacial e audição, bem com áreas afins, como neurologia, psicologia e fisioterapia, contribuindo para intervenções mais assertivas. Ainda vale ressaltar o desenvolvimento de pesquisas integradas com outra linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação, a Telessaúde em Fonoaudiologia. Estudos envolvendo saúde conectada na área de voz são desenvolvidas pelos pesquisadores deste grupo junto aos demais integrantes do grupo de pesquisa de Telefonoaudiologia. O grupo também possui integração com outro grupo de pesquisa do CNPq, Tradução e adaptação transcultural de instrumentos na área de saúde, em que são desenvolvidos tanto a tradução e adaptação transcultural de instrumentos estrangeiros para o português brasileiro, como o processo inverso, de instrumentos criados pelos pesquisadores brasileiros para a língua inglesa. O grupo conta com parcerias de pesquisadores de instituições internacionais, que ampliam os avanços científicos e a projeção Internacional do grupo. As parcerias envolvem pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa de países como os Estados Unidos, a França e o Chile. A contribuição deste grupo de pesquisa pode ser reconhecida por suas produções, publicações e participações nacionais e internacionais e também pelos resultados da formação de pesquisadores, evidenciados pela nucleação praticada por seus egressos.


GRUPOS DE PESQUISA
2231
PROCESSOS, POÉTICAS E TÉCNICA VOCAL PARA O ATOR
Voz (VOZ) - artes cenicas


GRUPOS DE PESQUISA
PROCESSOS, POÉTICAS E TÉCNICA VOCAL PARA O ATOR
Líder: Profa. Dra. Suely Master. Fonoaudióloga (UNIFESP-EPM) especialista em Voz.
Vice-líder: Profa. Dra. Wania Mara Agostini Storolli. Artista (ECA-USP) e pesquisadora na área de voz e performance.
Ambas são professoras do Departamento deArtes e professoras do Programa de Pós-Graduação em Artes/ Artes Cênicas do Instituto de Artes da UNESP.

HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA
O Grupo de Pesquisa PROCESSOS, POÉTICAS E TÉCNICA VOCAL PARA O ATOR abriga, fundamentalmente, as pesquisas de profissionais e estudantes ligados ao Programa de Pós-graduação em Artes/Artes Cênicas do Instituto de Artes da UNESP – Campus São Paulo. Foi certificado pelo CNPq em 2012.
Tem como objetivo estudar a Voz e a Expressão Vocal e suas interfaces com as Artes Cênicas, Educação e Reeducação. Em Expressão Vocal, pretende-se pesquisar as relações entre corpo e voz; os jogos teatrais e a improvisação; os processos criativos, tendo em vista, as diferentes estéticas e a poética da voz; a preparação vocal em diferentes dramaturgias e, o uso de novas tecnologias visando a pesquisa e o desenvolvimento da técnica vocal. Em Educação, pretende-se focalizar principalmente os aspectos metodológicos envolvidos no ensino da voz enquanto linguagem cênica. Em Reeducação / Arte-terapia, pretende-se explorar as contribuições do fazer teatral para a inclusão social de indivíduos portadores de necessidades especiais.

PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS
E/OU EM ANDAMENTO.
Dissertações de Mestrado Concluídas
Rosana Figueiredo da Silva. A Voz e os Fatores do Movimento: poética de processo criativo cênico. 2015. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

Luana Mota Curti. Voz em ações básicas de esforço: uma busca de repertório vocal para Laban. 2015. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Inst. financiadora: CAPES.

Amanda Moreira. O processo de criação da palavra no espetáculo RECUSA. 2014. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. financiadora: CAPES.

Laura Melamed Barbosa. Relação entre escuta e dizer no processo de criação do ator: a influência da audibilidade na percepção dos recursos comunicativos orais. 2014. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

Manuel Fabrício Alves de Andrade. Sonoridades beckettianas: a criação vocal do intérprete. 2014. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. Financiadora: FAPESP.

Helder Carlos de MIranda. Teatralidade em frequência e intensidade: técnicas e poéticas vocais do Grupo Obragem Teatro e Cia. 2014. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. financiadora: FAPESP.

Maria Helena Milanês Adami. Análise acústica da voz antes e após o treinamento vocal e corporal associado ao movimento: o. 2017. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. financiadora: CAPES.

Monica Roberta Antonio. Narradores de passagem em hospitais. 2017. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

Teses de Doutorado concluídas.
Manuel Fabrício A. Andrade. Beckett, Craig e Zumthor: apontamentos para uma investigação de processos vocais como uma poética da atuacão. 2017. Tese (Artes) - Inst. financiadora: CAPES.

Dissertações de mestrado em andamento
Marcos Coimbra Machado. Voz em ação: uma experiencia vocal a partir da filosofia dos viewpoints. 2018. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. financiadora: CAPES.

Vera Lucia Ribeiro. Voz-corpo-imaginação: meditação ativa para o ator. 2018. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

Teses de doutorado em andamento.
Frederico Cunha Santiago. A Performance da voz na abordagem do texto teatral. 2018. Tese (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

Laura Melamend Barbosa. A influência da integração inter-hemisférica dos processamentos verbal e não verbal na percepção auditiva e na produção da oralidade de atrizes e atores em formação. 2017. Tese (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.


PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Tivemos, enquanto parceiros internacionais, o Prof. Dr. Marco Guzman da Escuela de Fonoaudiologia de la Univer. de Chile, Santiago, Chile.
PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
Os principais produtos obtidos por meio da pesquisa são nossos artigos publicados em periódicos nacionais na área do Teatro e internacionais na área de voz e fala. Citamos ainda apresentações nos simpósios organizados pela The Voice Foudantion, nos congressos Pan Europeu Voice Conference - PEVOC, e nos congressos da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas – ABRACE.

Master S; Marco Guzman; KELLY, A.
Perceptual and acoustic analysis of braziian actresses’ voices. Rev. digit. EOS Perú. Instituto Psicopedagógico EOS Perú, v.4, p.10 - 20, 2016.

Master, Suely; GUZMAN, MARCO; Azocar MJ; MUNOZ, D.; BORTNEM, C.
How Do Laryngeal and Respiratory Functions Contribute to Differentiate Actors/Actresses and Untrained Voices? JOURNAL OF VOICE, v.29, p.333 - 345, 2015.

FABRICIO, M.; VASCONCELLOS, C. M.; Suely Master
Conversa com o diretor Rubens Rusche sobre a dramaturgia de Samuel Beckett. Questão de Crítica, v. VII, p. março de 2014 - x, 2014.

ALVES DE ANDRADE, MANUEL FABRICIO; DE VASCONCELLOS, CLÁUDIA MARIA; Master, Suely. Sonoridades beckettianas: reflexões sobre a voz e a fala no teatro de Samuel Beckett. Urdimento (UDESC), v.1, p.063 - 076, 2014.

Master, Suely; GUZMAN, MARCO; CARLOS DE MIRANDA, HELDER; LLOYD, ADAM
Electroglottographic Analysis of Actresses and Nonactressesain Voices in Different Levels of Intensity. Journal of Voice, v.27, p.187 - 194, 2013.

Master, Suely; GUZMAN, MARCO; DOWDALL, JAYME
Vocal Economy in Vocally Trained Actresses and Untrained Female Subjects. Journal of Voice, v.27, p.698 - 704, 2013.

Master, S.; Madureira, S; BIASE, Noemi de
What about the actor's formant in actresses voices? Journal of Voice, v.26, p.117 - 122, 2012.


IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS
Acreditamos que nossas pesquisas favoreçam o conhecimento fisiológico, acústico e perceptivo-auditivo da voz cênica, o que pode embasar o treinamento vocal do ator contemporâneo.

PERSPECTIVAS FUTURAS.
Entre outras, nesse momento o grupo pretende continuar a investigar o trabalho de voz do ator contemporâneo baseado em tecnologias e ferramentas mais modernas para a análise e o ensino da técnica vocal.



GRUPOS DE PESQUISA
2220
PROGRAMA SILÊNCIO - EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SAÚDE AUDITIVA
Saúde Coletiva (SC)


APRESENTAÇÃO

Este grupo de trabalho tem por objetivo aprimorar a avaliação, divulgação e expansão do Programa Silêncio, por meio de capacitações, implementação de uma campanha de sensibilização e desenvolvimento de pesquisas para produção de evidências científicas para nortear aprimoramentos e planejamentos de ações futuras, seguindo os princípios da Educação Ambiental estabelecidos pela legislação brasileira e por acordos internacionais que o Brasil é signatário.
A equipe deste Grupo de Trabalho é composta por professores e alunos da Universidade de Brasília – UnB e por servidores do quadro do IBAMA.
Apresenta como objeto a troca de conhecimentos e apoio ao aprimoramento de capacitações voltadas aos servidores do Instituto e discentes da UnB que atuam na área ambiental e de saúde auditiva respectivamente, possibilitando uma melhor avaliação, divulgação e expansão no âmbito do projeto intitulado “Programa Silêncio” do Ibama, o desenvolvimento de pesquisas nesta linha, para produção de evidências científicas para embasar a criação de políticas de saúde pública, bem como a elaboração de novas estratégias de capacitação e sensibilização, seguindo os princípios da Educação Ambiental.

JUSTIFICATIVA

Em atendimento ao disposto na Resolução Conama n° 2/1990, na Lei Complementar n° 140/2011, na Lei 9.795/99 e na Constituição Federal de 1988 no que diz respeito à Educação Ambiental e ao Sistema Brasileiro de Meio Ambiente – SISNAMA, a DIQUA/IBAMA vem implementando, no âmbito de suas atribuições, o “Programa Silêncio”.
No ano de 2016, a Universidade de Brasília apresentou interesse em firmar o presente acordo visando realizar trabalhos em parceria e apresentou como principal demanda para esta atuação em conjunto, o desenvolvimento de ações educativas direcionadas à educação ambiental e a produção de evidências científicas para embasar a criação de políticas públicas de saúde auditiva.
Após reuniões entre o Ibama e a UnB, verificou-se uma necessidade de desenvolvimento de uma estratégia de avaliação, divulgação e expansão do Programa Silêncio, que pudesse atingir o Distrito Federal como projeto-piloto, visando o aprimoramento de seu funcionamento, a maior qualificação dos participantes e a contribuição no que tange à criação e implementação de Políticas Públicas de caráter socioambiental em seus territórios.
Neste contexto, o envolvimento da Academia demonstrou-se adequado no intuito de promover a troca de conhecimentos e a construção conjunta de uma metodologia de trabalho passível de ser testada, analisada e aperfeiçoada por especialistas na área de saúde auditiva, educação ambiental e políticas públicas. Assim, o Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ceilândia – FCE/UnB, por possuir reconhecida atuação nesta área, foi consultado sobre a possibilidade de parceria e sua docente, Prof. Dra.Isabella Monteiro de Castro Silva, uma das responsáveis pela cadeira de Audiologia, apresentou-se prontamente para contribuir com o processo de expansão do programa promovido pelo IBAMA tendo em vista a potencialidade multiplicadora de pesquisas e de extensões universitárias da proposta.
A presente proposta representa assim, uma iniciativa inédita voltada ao fortalecimento e aprimoramento do Programa Silêncio, contando com o envolvimento de órgãos ambientais de meio ambiente de diferentes esferas federativas e uma entidade representante da produção científica e facilitadora do diálogo junto à sociedade civil organizada.

ATIVIDADES REALIZADAS

• Realização de curso com objetivo de alinhar conhecimento dos especialistas em Meio Ambiente e os profissionais, estudantes e professores ligados à saúde auditiva.

• Resumos publicados em congressos:
15º Congresso da Fundação Otorrinolaringologia, 2016, Campos do Jordão. International Archives of Otorrinolaryngology
- National Program of Education and Control of Noise Pollution - SILENCE - Opinion of hearing care professionals.

X Congresso Internacional de Fonoaudiologia, XXVII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia e III Encontro Mineiro de Fonoaudiologia, 2019, Belo Horizonte. Anais Científicos
- Medição de Ruído em Unidade de Saúde Neonatal.
- Avaliação Acústica em ambientes laborais de cabeleireiros.
- Impacto do aumento de limiares em altas frequências na qualidade de vida de cabeleireiros: estudo piloto.

• Elaboração e produção de material didático para ações de Educação Ambiental e Saúde Auditiva, disponível para todos os Núcleos de Educação Ambiental – NEAs das Superintendências do Ibama nos estados, Universidades e organizações interessadas.

• Elaboração de ações de Educação Ambiental
- Conscientização dos ruídos presentes no ambiente escolar
- Capacitação de profissionais vendedores de eletrodomésticos sobre o ruído, por meio da conscientização do selo ruído, para transmissão de informação ao cliente no ato da escolha do produto
- Você sabe o que é o Selo Ruído?
- Alternativas de minimizar os efeitos dos ruídos sonoros nas escolas urbanas e rurais

• Live informativa disponível no canal YouTube
(https://www.youtube.com/watch?v=8r2bBCox8Ao&t=51s)

• Matéria publicada no canal UnBTV
(https://www.youtube.com/watch?v=Y66vqbVqRYE&feature=youtu.be)

• Projetos de Pesquisa aprovados pelo PIBIC-UnB
- Projeto finalizado: Conhecimento do Programa Silêncio e do Selo Ruído e seu impacto em profissionais de salão de beleza. Planos de Trabalho: Queixas auditivas e não auditivas e avaliação da audição de profissionais de salões de beleza; Conhecimento do Programa Silêncio e do Selo Ruído e avaliação sonora ambiental em salões de beleza
- Projeto em andamento: Saúde auditiva em profissionais expostos ao som do liquidificador. Planos de Trabalho: Queixas auditivas e não auditivas de trabalhadores que utilizam o liquidificador em ambiente de trabalho e sobre o uso dos protetores auriculares; O Selo Ruído e o ruído ambiental em comércios que utilizam o liquidificador; Audição e proteção auditiva em trabalhadores que utilizam o liquidificador.
- Projeto em andamento: Saúde auditiva de trabalhadores que utilizam o aspirador de pó Planos de Trabalho: Análise do risco à saúde auditiva de trabalhadores que utilizam o aspirador de pó; Queixas auditivas e não auditivas de trabalhadores que utilizam o aspirador de pó; Impactos auditivos em trabalhadores que utilizam o aspirador de pó.

METAS

• Realização de curso a fim de capacitar a polícia militar e ambiental na fiscalização de infrações relacionadas à poluição sonora.

• Realizar curso a fim de capacitar vendedores de lojas de eletrodomésticos sobre o selo ruído e sua utilização como diferencial de compra.

• Estruturação da Plataforma Virtual, que apoiará o processo de formação continuada, facilitando a criação de fóruns para troca de informações e debates.

• Planejamento e implementação de Proposta-piloto de capacitação de conselheiros/educadores nas unidades descentralizados do /Ibama nos estados e em Universidades de todas os Estados da Federação.


GRUPOS DE PESQUISA
2229
PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE E DO LETRAMENTO NO ENSINO SUPERIOR
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA
O grupo de pesquisa Promoção da Acessibilidadee do Letramento no Ensino Superior vinculado à Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)iniciou-se em 2014 como um espaço para o desenvolvimento de atividades de pesquisas e extensão em torno de temáticas que envolvam a linguagem oral e escrita e os processos de formação no contexto do ensino superior. Tal grupo está atrelado à Linha de Pesquisa “Promoção da Linguagem nos Contextos da Saúde e da Educação” e ao Grupo de Pesquisa/CNPQ, intitulado, “Núcleo de Pesquisas Fonoaudiológicas em Linguagem”, contando com fomentos de diferentes agências: bolsa Produtividade em Pesquisa CNPQ, bolsas de IC e Mestrado (Capes e CNPq). Fazem parte desse grupo professores e alunos do curso de graduação em Fonoaudiologia e dos Programas de Mestrado e Doutorado em Distúrbios da Comunicação da UTP, e demais pessoas da comunidade acadêmica interessadas. As condições de letramento de alunos do ensino superior, especialmente no que tange as suas relações com os gêneros acadêmicos, bem como, o impacto de tais condições no seu processo formativo são os pilares das discussões produzidas no grupo. O grupo está comprometido com a produção do conhecimento e de ações clínicas e de promoção que contribuam para a superação de uma problemática de abrangência nacional que atinge parcela significativa dos referidos discentes quanto às suas restritas condições de leitura e escrita, as quais limitam as possibilidades de participação crítica e ativa na formação acadêmica e profissional.
Dentre as ações desenvolvidas destaca-se a extensão Oficina:Promoção de Letramento destinada aos alunos do curso de graduação em Fonoaudiologia em andamento desde 2017, cujos objetivos são: - atuar na ressignificação de posições negativas e restritas estabelecidas pelos alunos com a leitura e a escrita; - promover o avanço do domínio e uso da linguagem escrita com enfoque em discursos/textos pertencentes aos gêneros acadêmicos; - sistematizar e implementar ações de promoção do letramento que envolvam a comunidade intra e extra muros da universidade.


PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO e PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
Destaca-se, ainda, o desenvolvimento dos seguintes projetos de pesquisa,realizados em parceria com docentes dos cursos de Fonoaudiologia da UFSC e da Unicentro/ Irati e da Educação da Unesp de Marília envolvendo pesquisadores de diferentes níveis, ou seja, graduação (TCC e IC), mestrado e doutorado:
• Bolsa Produtividade em pesquisa em andamento (1) – Projeto: Condições de letramento e a formação no ensino superior.
• Trabalhos de Conclusão de Cursos: (4) – concluídos (Os gêneros acadêmicos e formação no ensino superior: visão de um grupo de acadêmicos de fonoaudiologia; Visões de alunos de fonoaudiologia e pedagogia a respeito de suas experiências e práticas com a leitura e a escrita; Visões de alunos de pedagogia e fonoaudiologia acerca das práticas de leitura e escrita de textos pertencentes ao gênero acadêmico; Visão de universitários com perda auditiva a respeito de sua trajetória de vida e de seu processo de acessibilidade no ensino superior); (4) em andamento;
• Trabalhos de Iniciação Científica: (6) – concluídos (A acessibilidade da pessoa com deficiência no ensino superior; Acessibilidade no ensino superior: estudo em uma universidade particular de Curitiba; Condições de letramento entre acadêmicos do Ensino Superior;visões de graduandos de pedagogia e fonoaudiologia acerca de suas condições de leitura e escrita e do impacto que as mesmas exercem sob a acessibilidade no ensino superior;visão de universitários deficientes auditivos a respeito de sua trajetória de vida e de seu processo de acessibilidade no ensino superior) ; (3) em andamento;
• Dissertação de Mestrado:(2) concluídos (Acessibilidade e letramento: práticas com alunos na universidade; Abordagem fonoaudiologica voltada às condições de letramento de alunos do ensino superior: um estudo de caso); e (1) em andamento (Leitura e Escrita no Ensino Superior);
• Tese Doutorado: (1) em andamento (Acessibilidade no ensino superior);
Os resultados das pesquisas vem sendo divulgados em produções técnicas e bibliográficas, a partir de trabalhos apresentados em eventos científicos de relevância e em artigos e publicados em periódicos inseridos nos contextos da saúde e da educação. Além disso, ressaltamos a produção de capítulos e de um livro.

IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS

O primeiro impacto a ser explicitado refere-se a contribuição com a produção do conhecimento acadêmico, no contexto da Fonoaudiologia Educacional, em torno de uma problemática abordada, recentemente, por um número pequeno de fonoaudiólogos. Se é possível acompanharmos o acúmulo de conhecimentos e ações intersetoriais envolvidos com a linguagem oral e escrita nos contextos da educação infantil e do ensino fundamental, a verticalização de estudos acerca da promoção da linguagem no ensino superior é um desafio a ser, atualmente, enfrentado para que a Fonoaudiologia contribua com o direito a educação em todos os níveis.
Partindo do pressuposto de que as relações estabelecidas com a linguagem oral e escrita (valores, funções, posições e práticas vivenciadas) definem condições de acessibilidade para todos os alunos, em todos os níveis de formação e, em especial, no ES, o grupo vem sistematizando e implementando ações de extensão direcionadas a grupos de acadêmicos que objetivam a promoção do letramento, bem como, ações clínicas destinadas a alunos do ensino superior com queixas de leitura e escrita.



GRUPOS DE PESQUISA
2242
REABILITAÇÃO VESTIBULAR E HABILIDADES COGNITIVAS EM IDOSOS
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Histórico do grupo de pesquisa: este grupo de pesquisa surgiu em 2015 desde minha graduação onde buscamos estudar sobre os novos exames otoneurológicos potencial miogênico evocado vestibular (VEMP) cervical e ocular com o video head impulse test (v-HIT) ou teste do impulso cefálico. Continuamos o projeto no meu mestrado onde avaliamos indivíduos com e sem diabetes mellitus tipo 1 por meio do v-HIT, atualmente estamos desenvolvendo minha pesquisa de doutorado que tem como objetivo avaliar o sistema vestibular e a cognição de idosos submetidos à reabilitação vestibular (RV). Principais projetos de pesquisa: conseguimos com este projeto avaliar o sistema vestibular de forma detalhada de indivíduos com e sem doenças otoneurológicos utilizando os exames VEMP e v-HIT. Confirmando a praticidades destes exames para a prática clínica que são rápidos, objetivos e não causam desconforto ao indivíduo a eles submetidos. Atualmente estamos utilizando estes exames otoneurológicos com a avaliação neuropsicológica de idosos com disfunção vestibular submetidos à reabilitação vestibular. Parcerias nacionais: Hospital São Geraldo HC-UFMG e o Hospital Jenny Faria HC-UFMG. Produtos obtidos por meio da pesquisa: conseguimos publicar três artigos que relatam a importância dos exames otoneurológicos VEMP e v-HIT, o primeiro como auxílio no topodiagnóstico vestibular, o segundo confirmando a redução do ganho do reflexo vestíbulo-ocular (RVO) com o envelhecimento por meio do v-HIT e o terceiro sobre as alterações encontradas em indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 submetidos ao v-HIT. Confirmando a importância de um acompanhamento destes indivíduos com alterações metabólicas. Atualmente temos mais três artigos em análise, um sobre os efeitos do envelhecimento sobre a função vestibular por meio do VEMP cervical e ocular, outro sobre a avaliação da simetria de respostas em indivíduos hígidos por meio do VEMP cervical e ocular, um terceiro que se trata de um artigo de revisão sobre a associação entre o sistema vestibular e a cognição com estudos que encontraram esta correlação e aqueles que relataram melhora de habilidades cognitivas após a RV. Recentemente terminamos nosso estudo piloto sobre a reabilitação vestibular e habilidades cognitivas em idosos que encontrou dados importantes mesmo com o número pequeno de idosos que conseguiram terminar o tratamento da RV devido à pandemia do Covid-19. Impacto clínico e social: dentre os impactos sociais estão a divulgação da praticidade destes exames otoneurológicos que não causam desconforto aos indivíduos a eles submetidos e que conseguem avaliar o sistema vestibular de forma detalhada. Mostrando aos serviços de saúde a importância destes exames que conseguem nos fornecer mais informações do que somente a tradicional prova calórica. Revelar a importância do acompanhamento de indivíduos com diabetes mellitus tipos 1, uma vez que alterações metabólicas podem afetar o sistema auditivo e vestibular, comprovado em nossos estudos.Confirmando também os efeitos que o envelhecimento causa no sistema vestibular por meio das respostas encontradas nestes exames otneurológicos. Com nossa pesquisa atual queremos mostrar a sociedade e os serviços de saúde, que idosos com disfunção vestibular podem apresentar alterações de funções cognitivas, hipótese confirmada na literatura e que também apresentou evidencia em nosso estudo piloto. Revelar também que com a RV os indivíduos podem além de relatar diminuição dos impactos da tontura na qualidade de vida, diminuir o sofrimento psicológico e apresentarem melhora de suas habilidades cognitivas, dados também encontrados em nosso estudo piloto. Temos como princípio maior nesta pesquisa divulgar a importância do cuidado integral da pessoa idosa e que a tontura afeta não apenas seu equilíbrio, mas também sua saúde psicológica e o funcionamento adequado de suas habilidades cognitivas. Ampliando nosso olhar do indivíduo com tontura para além do sistema vestibular apenas.


GRUPOS DE PESQUISA
2249
SÍNDROME DA SENSIBILIDADE SELETIVA DO SOM: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O sistema auditivo é constituído por estruturas sensoriais e conexões centrais responsáveis pela audição. Este sistema pode ser referido em duas porções distintas, inter-relacionadas, definidas como sistema auditivo periférico e sistema auditivo central. Duas vias auditivas estão envolvidas no processamento central da audição: a via auditiva eferente (descendente), onde todas as fibras eferentes originadas dos mais diversos pontos do sistema nervoso central organizam-se no nível do Complexo Olivar Superior (COS). A partir desse ponto, descem em direção à cóclea através de dois tratos distintos, o Trato Olivococlear Medial, que tem como destino final, as células ciliadas externas (CCE) e o Trato Olivococlear Lateral, responsável pela inervação das células ciliadas internas (CCI) e a via auditiva aferente (ascendente), que envia informações dos receptores auditivos, órgão de Corti, ao córtex cerebral e possui representação bilateral com predomínio contralateral no córtex. As quatro principais estações na propagação central da informação auditiva, que leva à percepção consciente são: núcleo coclear, oliva superior, colículo inferior e corpo geniculado medial. O complexo olivar está envolvido no mecanismo de localização sonora de altas e baixas frequências. O aumento da intensidade do estímulo sonoro aumenta a excitação de fibras correspondentes e excita fibras adicionais, necessitando de auxílio para propagação. A palavra diagnóstico é geralmente usada pela área médica para determinar uma doença pelos sintomas que ela apresenta. Um diagnóstico ainda pouco reconhecido no campo da Audiologia é a Síndrome da Sensibilidade Seletiva do Som (SSSS ou 4S). Também conhecida popularmente por misofonia, é um distúrbio que desenvolve intolerância a pequenos sons repetitivos e de baixo volume. Essa desordem neurológica causa ojeriza ao som, desencadeada por uma ou mais experiências negativas a determinados barulhos, como ódio, raiva e medo. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo trazer elucidações acerca do diagnóstico e da terapêutica utilizada no tratamento. MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho trata-se de uma revisão de literatura, com pesquisa de artigos por meio de base de dados eletrônicas SciELO, PubMed e BVS, pesquisados no período de março de 2019 a outubro de 2019, adotando critérios de inclusão e exclusão e, posteriormente, realizando uma análise crítica das informações. A pesquisa foi realizada de forma avançada em cada base de dados, inserindo os descritores de forma isolada e combinada, correspondentes à classificação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), em português: “Audição”, “Transtornos da Audição”, “Hiperacusia”, “Sistema Límbico” e “Condicionamento Clássico”. Tendo como critérios de inclusão artigos com idioma em português e inglês, entre os anos de 1985 a 2019, estudos em humanos, relatos de casos, revisões sistemáticas e como critério de exclusão artigos que, mesmo contendo a palavra chave, não contemplavam o assunto abordado. Foram encontrados no total: 1.458 artigos na base de dados PubMEd, 1.133 artigos na base de dados SciELO e 1.280 artigos na base de dados BVS. Desse total, foram eliminados artigos por não apresentarem o título relacionado ao objetivo do trabalho e eliminados através da leitura do resumo. Portanto, foram lidos na íntegra e utilizados para essa pesquisa um total de 29 artigos. Para acrescentar à revisão, foi realizada consulta em referências clássicas da área como teses e livros, além de sites oficiais que abordam o tema em questão. RESULTADO: Poucos estudos podem contribuir para desenvolver um modelo que esclareça a misofonia. Por ser semelhante à hiperacusia, técnicas de condicionamento clássico e farmacologia são aplicadas a fim de minimizar os sintomas. CONCLUSÃO: Otorrinolaringologistas, Fonoaudiólogos, Neurologistas, Psiquiatras e Psicólogos tentam tratar a misofonia em função dos sintomas compatíveis com outros problemas, pois ainda não há um consenso sobre um protocolo específico. Definitivamente, ainda é necessário uma pesquisa cientifica afundo sobre o assunto para que se possa obter um tratamento eficaz, apesar de misofônicos com sintomas psiquiátricos se beneficiarem do uso de agentes psicoativos ou psicoterápicos. Propõe-se estudos mais complexos para elucidar questões pendentes, contribuindo para um diagnóstico e tratamento efetivos.


GRUPOS DE PESQUISA
2245
TRABALHO E SAÚDE DOCENTE (TRASSADO/UFBA)
Voz (VOZ)


Em 2009, o Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) firmou uma parceria com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC-BA), junto ao "Programa de Atenção à Saúde e Valorização do Professor", iniciando a estruturação de uma rede de atenção à saúde docente, a qual incluía ações de promoção à saúde, prevenção da doença e assistência, frente os seus maiores agravos: distúrbio de voz, LER/DORT e transtornos mentais. Composto inicialmente por fonoaudiólogos (preceptores), professores e alunos da UFBA, Universidade Estadual da Bahia (UNEB), União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME) e Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), o Programa estruturou-se de modo que extensão e pesquisa fossem realizados conjuntamente, oferecendo assistência, formação de recursos humanos e produção de conhecimento científico.

Em 2012, a área de pesquisa ampliou sua inserção, pela articulação com o Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho (PPG-SAT/ /UFBA) e Núcleo de Epidemiologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (NEPI/UEFS). Nesse mesmo ano, iniciamos o projeto “Condições de Trabalho Docente e Saúde: intervenções para a construção de ambientes de trabalho saudáveis” (FAPESB/2012), com o objetivo de compreender as condições de trabalho docente e seus diferentes agravos.

Posteriormente, em 2014, articulou-se ao projeto “Estratégias de proteção de disfonia em professores“ (CNPq/2014), com o intuito de verificar o efeito de estratégias protetoras da voz no contexto docente como: amplificação da voz; nebulização; e exercício do trato vocal semiocluído com canudo comercial, dando seguimento ao aquecimento vocal, estratégia iniciada no doutorado e aprimorada em ensaio clínico randomizado subsequente. Com a finalização da coleta de dados, elaborou-se uma cartilha educativa (PAEXDoc/2018) e criaram-se um blog, site institucional e perfis nas redes sociais (PAEXDoc/2019), de modo a favorecer a difusão do conhecimento e criar um canal de comunicação com o nosso público-alvo. O grupo assumiu um novo nome e identidade visual, sendo intitulado “Trabalho e Saúde Docente” (TRASSADO/UFBA).

A partir de 2015, elaborou-se o projeto “Trabalho docente e saúde na educação infantil: estudo piloto”, a pedido do SINPRO-BA. Em 2016, retomamos as discussões sobre o distúrbio de voz relacionado ao trabalho (DVRT) com o Ministério da Saúde, realizando oficina de revisão do documento (2017), sendo o Protocolo DVRT publicado em 2018. Paralelamente, iniciou-se a internacionalização do grupo, com parceiras com o MGH-Voice Center/Harvard Medical School (HMS-EUA); University College London (UCL-UK) e Universidade de Illinois Urbana-Champaign (UIUC-EUA), nos projetos “Saúde vocal: monitoramento de voz e estratégias protetoras de disfonia” (pós-doutorado, CNPq/2015, HMS-EUA); “Há evidências suficientes para reconhecer o distúrbio de voz como doença relacionada ao trabalho?” (UCL-UK) e “Conforto acústico: saúde vocal docente e inteligibilidade de fala” (UIUC-EUA). Ressalta-se que o revestimento a ser utilizado no projeto "Conforto Acústico" é sustentável, produzido com fibras de canabrava e dendê, por comunidades quilombolas da Bahia. Tais parceiras contribuíram para a ampliação da tecnologia utilizada, como o monitoramento de voz e a criação do “Laboratório de Voz e Conforto Acústico” (FINEP/2018).

Em 2020, com a pandemia do corona vírus, estabelecemos uma nova parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no projeto “Saúde vocal e mental de professores em tempos de pandemia da COVID-19: estudo multicêntrico.”

O TRASSADO, na sua primeira fase, formou aproximadamente 100 alunos de graduação, atendendo a uma média de 2.500 professores. Foram produzidas nove dissertações de mestrado, dez trabalhos de conclusão de curso (TCC) em Fonoaudiologia e uma monografia de residência em Medicina do Trabalho. Cinco projetos de iniciação científica foram contemplados com bolsas PIBIC/IC.

Atualmente, há cinco mestrandas e uma egressa do PPG-SAT, dois bolsistas PIBIC/IC, duas orientandas de TCC e três extensionistas. Foram apresentados 26 trabalhos, publicados 23 em anais de eventos nacionais e nove em eventos internacionais; ministradas 21 conferências; 13 artigos científicos (dois no prelo); dois capítulos de livro (um no prelo) e um documento técnico (Protocolo DVRT).

Como perspectivas futuras, pretende-se: a) desenvolver tecnologias individuais e coletivas, que possibilitem melhores condições de trabalho docente e reduzam os agravos de voz; b) promover o autocuidado vocal; c) incentivar o uso de revestimento sustentável, de baixo custo, visando proteção coletiva para o conforto acústico em salas de aula, além de favorecer a economia solidária de populações vulneráveis; d) compreender a saúde mental e vocal de professores durante o período de isolamento social e no retorno às aulas presenciais; e) difundir as tecnologias investigadas para professores das redes pública e privada de ensino, sindicatos, Secretarias de Educação e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); f) auxiliar na capacitação da rede de atenção à saúde do trabalhador, quanto ao manejo do Protocolo DVRT.

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HIGHLIGHTS
570
A EFICÁCIA DA INSERÇÃO DA TERAPIA ASSISTIDA COM ANIMAIS, NO PROCESSO TERAPÊUTICO FONOAUDIOLÓGICO: CONSTRUÇÃO DE UM PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO
Linguagem (LGG)


A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma metodologia relativamente nova que utiliza da interação homem animal no processo terapêutico [1]. A ideia surgiu da desmotivação do paciente frente à terapia tradicional e a existência do laço afetivo entre o cão e o ser humano, criando assim uma possibilidade de evolução através da conciliação de terapia com a participação do animal. Nesta perspectiva, o projeto de extensão Convívio Homem Animal e sua Relação com a Saúde, Responsabilidade Social e Ambiental, que acontece em uma universidade de Santa Catarina, desenvolve a Atividade ou Terapia Assistida por Animais (A/TAA) no cuidado integral à pessoa. Neste grupo interdisciplinar, a Fonoaudiologia é mais uma ciência que vê na inserção do animal no processo terapêutico, um recurso que pode ser bastante efetivo no que se refere principalmente à criação de vínculo paciente e animal, o que aumenta a possibilidade de respostas mais significativas. Porém, ainda temos poucos estudos que mostrem efetivamente dados fidedignos relacionados a esta contribuição. Pensando nisso, o grupo de profissionais envolvidos, juntamente com bolsistas e voluntários, viram a necessidade da criação de protocolos de avaliação para serem aplicados antes e depois do período de intervenção com a presença do cão. No que se refere à fonoaudiologia, o protocolo foi direcionado a pacientes com diagnóstico de transtorno do espectro do autismo (TEA), já que se caracterizava como a principal clientela da TAA associada à terapia fonoaudiológica. Com base em um levantamento bibliográfico baseamos nossa proposta em protocolos já existentes na Fonoaudiologia como Protocolo de Avaliação Comportamental (PROC) [2], o protocolo de Avaliação do Desenvolvimento da linguagem (ADL) [3] e literatura específicas sobre TEA [4,5] . O TEA é descrito pelo comprometimento ou atraso em dois domínios inter-relacionados: interações sociais e comunicação. Todas as etapas pré-linguísticas da aquisição da linguagem subjacentes e promovidas na interação social (tais como o desenvolvimento da atenção conjunta quando a criança se orienta para um parceiro social, a coordenação e alternância da atenção entre pessoas e objetos, a partilha e interpretação de afetos ou estados emocionais, o uso de gestos e vocalizações juntamente com o contato físico) são competências indispensáveis para o envio de uma mensagem a um parceiro social [6]. O protocolo, portanto, envolveu a coleta de dados acerca das habilidades comunicativas e de linguagem, desenvolvimento cognitivo, bem como das habilidades de base para socialização; baseados na analise do comportamento. Para o preenchimento, o terapeuta assinalará 0,1,2 ou 3, de acordo com a qualidade e sistematicidade da resposta naquela habilidade. Este é a primeira versão e a proposta é ser aplicada em crianças de 2 a 5 anos , com diagnóstico de TEA em terapia fonoaudiológica ; sendo que será realizada uma entrevista inicial com a família para identificação do perfil da criança , a aplicação do protocolo antes da terapia com a inserção do cão no processo e após 3 meses , aplicação deste mesmo protocolo . Esperamos com isso, ter dados quantitativos que mostrem a eficácia ou não deste recurso dentro da terapia fonoaudiológica, visando trazer novas possibilidades que de alguma forma contribuam para a construção de uma intervenção que leve em conta as singularidades do sujeito e da sua patologia.

[1] Cechetti F, et al. Terapia Assistida por Animais como recurso fisioterapêutico para idosos institucionalizados. Scientia Medica [Internet]. 2016 [acesso 5 de julho de 2020] 26:1-6. DOI 10.15448/1980-6108.2016.3.23686. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/view/23686/14871.

[2] Zorzi JL, Hage SRV. Protocolo de observação comportamental: avaliação de linguagem e aspectos cognitivos infantis. 1 ed. São José dos Campos: Pulso Editorial; 2004. 93 p.

[3] Menezes MLN. A construção de um instrumento para avaliação do desenvolvimento da linguagem: idealização, estudo piloto para padronização e validação [Tese]. Rio de Janeiro: Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Tese de Doutorado em Ciências.

[4] Rogers SL, Dawson G. Intervenção Precoce em Crianças com Autismo. 1 ed. Lisboa: Lidel; 2014. 376p. ISBN: 978-989-752-085-3.

[5] Rogers SL, Dawson G, Vismara LA. Autismo: Compreender e agir em família. 1 ed. Lisboa: Lidel; 2015. 324 p. ISBN: 978-989-752-132-4.

[6] Reis HIS, Pereira APS, Almeida LS. Características e especificidades da comunicação social na perturbação do espectro do autismo. Revista Brasileira de Educação Especial [Internet]. 2016 [acesso em 9 de outubro de 2019 ];22:325-336. DOI 10.1590/S1413-65382216000300002. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-65382016000300325&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.


HIGHLIGHTS
938
A FONOAUDIOLOGIA E A LOCUÇÃO NA AUDIODESCRIÇÃO
Voz (VOZ)


A Fonoaudiologia e a Locução na Audiodescrição
Parcelas consideráveis da população, como as pessoas com deficiência visual ou auditiva, estão total ou parcialmente excluídas do acesso às manifestações culturais veiculadas por meio de produções audiovisuais na televisão e internet. Essas pessoas, com pouca ou nenhuma acessibilidade a esses conteúdos audiovisuais, ficam à margem de processos informacionais e comunicacionais e, em consequência, da socialização resultante1. Com objetivo de otimizar as condições de acessibilidade, alguns recursos objetivam traduzir as informações audiovisuais de filmes e de outras manifestações culturais em conteúdos verbais, sejam estes de forma falada (audiodescrição), escrita (legendagem) ou gesto-visual (janela de LIBRAS). A legendagem para surdos e ensurdecidos, a janela de libras e a audiodescrição são recursos de tecnologia assistiva voltados para a inclusão e a acessibilidade de pessoas que não conseguem ter acesso às obras audiovisuais em sua totalidade 2. Uma pessoa com deficiência visual, por exemplo, poderá se beneficiar da audiodescrição (AD) para compreender melhor um produto audiovisual, como cenas de um filme, um jogo de futebol ou uma peça teatral, considerando que aquela constitui um recurso que visa a fornecer a tradução de impressões visuais apresentadas às pessoas com deficiência visual por meio de uma locução adicional, inserida entre os diálogos. A audiodescrição, portanto, traduz imagens - meio visual - em palavras - meio verbal 3. O processo de realização de uma audiodescrição é dividida didaticamente em duas fases: a construção de um roteiro e a gravação da locução. Os audiodescritores buscam traduzir de um modo mais eficaz as cenas para que se reduzam ao máximo as perdas sofridas em relação ao entendimento da obra audiodescrita pela pessoa com deficiência visual. A locução, por sua vez, deve colaborar para a tradução mais efetiva dos sentimentos e estados afetivos das cenas/imagens. Para isso, propõe-se que a locução, a ser realizada na audiodescrição, possa agregar mais recursos vocais interpretativos à obra audiodescrita 4. Porém, atualmente, no Brasil, a locução na audiodescrição ainda é realizada sem critérios técnicos, sem formação profissional, no qual o locutor recebe apenas orientações genéricas sobre como deve ser o uso da voz, como voz “clara”, “agradável”, ou, até mesmo, “neutra”, para que não ocorram interferências da interpretação do locutor nas cenas. Este cenário de pretensa neutralidade modifica-se quando pesquisas demonstram a efetividade de uma locução mais interpretativa 5. Para que o locutor audiodescritor desenvolva sua tarefa de modo eficaz, é importante a colaboração da Fonoaudiologia, considerando o fato de que não há referências sobre como desenvolver a locução na audiodescrição, nem sobre programas de treinamento para a formação de locutores na audiodescrição 6,7. Um programa de aperfeiçoamento da comunicação oral para locutores na audiodescrição está sendo desenvolvido junto a um programa de pós-graduação, com objetivo de adaptar procedimentos fonoaudiológicos para a aplicação na locução na audiodescrição. O programa deve ser aplicado por um fonoaudiólogo, em formato de oficina, com carga horária mínima de 40 horas, com no máximo 20 participantes. Consta de conteúdos teóricos sobre audiodescrição, produção da voz e fala e avaliação perceptivo-auditiva da voz, treinamento auditivo, exercícios para o aperfeiçoamento dos padrões de voz e fala, construção de um modelo de locução informativo-interpretativa, práticas de locução na audiodescrição. A proposta apresentada diferencia-se dos demais programas de locução para rádio e TV, pois propõe um modelo de locução próprio para audiodescrição, composto de especificidades relacionadas à qualidade vocal e aos recursos vocais de expressividade, tais como adaptar a velocidade da fala às dinâmicas das cenas, realizar pausas para imprimir dramaticidade e adicionar modulações discretas da loudness com função interpretativa. É esta modalidade de locução, que não deve se sobrepor às falas das personagem, que aqui é denominado de informativo-interpretativa, pois deve ter o propósito de informar os conteúdos das cenas de modo interpretativo. Em janeiro de 2020, uma oficina piloto, com carga horária de 20 horas, foi realizada para fornecer ajustes na estrutura e funcionamento do programa, com o objetivo de aperfeiçoá-lo. Os resultados demonstraram que todos os aspectos da qualidade vocal e dos recursos vocais de expressividade dos participantes obtiveram crescimento percentual, em especial a velocidade de fala, as variações de pitch, a coordenação pneumofoarticulatória e o uso de pausas, aspectos considerados relevantes para uma locução na audiodescrição eficaz. Portanto, identifica-se neste programa um caráter inovador em relação à formação de locutores na audiodescrição, à desmistificação da locução neutra e à proposição de uma locução interpretativo-informativa, ofertando, ao final, um produto de locução mais eficaz para a acessibilidade. Esta, então, é mais uma tarefa em que a Fonoaudiologia poderá trazer contribuições aos estudos de audiodescrição realizados no Brasil.

1 Costa, LM. Audiodescrição em filmes: história, discussão conceitual e pesquisa de recepção. Rio de Janeiro. Tese [Doutorado em Estudos da Linguagem] - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 2014.
2 Naves SB, Mauch, C, Alves SF, Araujo VLS. Guia para produções audiovisuais acessíveis. Brasília: Ministério da Cultura; 2016.
3 Araújo VLS. Aspectos teóricos e práticos da audiodescrição. Fortaleza: EDUECE; 2017.

4 Seoane AF, Araújo VLS. Elaboração e análise da audiodescriçãodo filme Corisco e Dadá. Cultura & Tradução. 2011[acesso em 06 jul 2020]; 1(1). Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ct/article/view/13026/7538.
5 Araújo VLS, Carvalho WJA, Praxedes Filho PHL. A Locução na audiodescrição para pessoas com deficiência visual: uma contribuição á formação de audiodescritores. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará; 2013.
6 Carvalho WJA, Magalhães CM. Locução em filmes audiodescritos para pessoas cegas ou com baixa visão: uma contribuição à formação de audiodescritores. In: Araújo, VLS, Aderaldo M.F. Os Novos rumos da pesquisa em audiodescrição no Brasil. Curitiba: Editora CRV; 2013.

7 Carvalho WJA, Leão BA, Palmeira C T. Locução e audiodescrição nos estudos de tradução audiovisual. Trab. Ling. Aplic. 2017 Mai/Ago [acesso em 06 jul 2020]; 56(2). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tla/v56n2/2175-764X-tla-56-02-00359.pdf.


HIGHLIGHTS
2157
A FONOAUDIOLOGIA PODE TRANSFORMAR-SE EM UM NEGÓCIO NA SUA VIDA?
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


TEMA: A FONOAUDIOLOGIA PODE TRANSFORMAR-SE EM UM NEGÓCIO NA SUA VIDA?

CONTEXTUALIZAÇÃO: O cenário da Fonoaudiologia mudou muito nos últimos anos e atualmente o profissional tem opções no mercado de trabalho que não tinha no passado. A possibilidade de ter um negócio próprio sempre acompanhou a profissão e, apesar de ser uma grande possibilidade para o profissional, muitos fonoaudiólogos não conseguem manter seu próprio negócio e acabam se desiludindo com a profissão e culpando a Fonoaudiologia pelo seu insucesso. SITUAÇÃO-PROBLEMA: Por que isso acontece? Qual será o momento ideal para o profissional ter o seu próprio negócio? Será que ter uma clientela e/ou um espaço físico é suficiente para se arriscar e empreender? O que o profissional deve fazer para garantir que conseguirá não só abrir o seu negócio, mas também, conseguirá sobreviver no mercado e manter as portas abertas? PROPOSTA: Para garantir sucesso nos negócios, o fonoaudiólogo além de se aprimorar tecnicamente, precisa desenvolver outras habilidades e conquistar novos aprendizados. Nesta proposta, serão abordados três conceitos de autores renomados, os quais vão trazer respostas para as perguntas e consequentemente auxiliarão o fonoaudiólogo que deseja empreender a desenvolver-se. O primeiro conceito a ser aprendido está relacionado com a descoberta do propósito. A grande maioria dos profissionais que resolvem ter o próprio negócio, vão em busca de um espaço, compram mobílias, pintam as paredes etc, e abrem as portas, demonstrando inicialmente “o que” é aquele novo empreendimento e quais serviços serão oferecidos. Na sequência pensam e realizam estratégias para atrair clientes, utilizam as redes sociais para divulgação, alguns conseguem organizar as finanças, outros não, contratam colaboradores etc, definindo o “como” tudo acontece. Só depois resolvem parar e pensar, no “porque” abriram um consultório, uma clínica ou uma empresa, ou as vezes nem param pra refletir sobre isso. Fato é que “o que” precisa fazer para abrir seu próprio negócio e o “como” deve fazer para manter as portas abertas são partes importantes e necessárias do processo, porém nem sempre deixa o profissional realizado e, na maioria das vezes, não convence o cliente a escolher por aquela empresa, visto que a diferença tanto para a satisfação pessoal do profissional, bem como para o cliente é entender o “porque” aquela empresa existe. Portanto, antes de pensar o que fazer e como fazer, é primordial que o profissional reflita e tenha uma resposta clara e definida do “porque” quer abrir seu próprio negócio, assim como proposto no Golden Circle, conceito criado pelo especialista em liderança Simon Sinek. Descobrir o “porque” é fundamental para que o “como” e “o que” possam ser pensados e realizados com mais clareza e determinação. O segundo aprendizado dentro dessa proposta é o profissional estar disposto a mudar seu “mindset”, evoluindo do denominado “mindset fixo” para um “mindset de crescimento”, como proposto pela psicóloga Carol Dweck. Com essa evolução, o profissional perceberá que com esforço e dedicação, pode ser capaz de desenvolver novas aptidões e alcançar seus objetivos. É relevante esse aprendizado, pois há muitos fonoaudiólogos e/ou recém formados em fonoaudiologia que, mesmo diante de excelentes oportunidades, carregam crenças, que só profissionais mais privilegiados financeiramente prosperam na carreira, que só um ou outro profissional tem chances de montar o próprio negócio ou que empreender não é para ele. E pensamentos como esses, atrapalham as chances de empreender com sucesso. O profissional com o mindset de crescimento aceita novas propostas, descobre oportunidades e possibilidades dentro da carreira fonoaudiológica e, tem maiores chances de conseguir empreender e ter o próprio negócio. O terceiro aprendizado e não menos importante é fazer uso de alguma ferramenta de gestão pessoal, de preferência, desde o início da carreira e não somente no momento que resolver empreender, pois assim será possível para o profissional visualizar ao longo do tempo, qual é o melhor momento para ter o seu próprio negócio, o que se deve fazer para manter as portas abertas, bem como identificar pontos fortes e fracos, oportunidade de impulsionar sua carreira e alavancar seu negócio. Um dos modelos mais utilizados por empresas atualmente é o Canvas, criado por Alexander Osterwalder. E por se tratar de um modelo de negócios fácil de ser aprendido é altamente indicado para o uso da gestão pessoal. Composto por nove blocos: segmento de clientes, proposta de valor, canais, relacionamento, receitas, custos, parceiros, atividades e recursos; é um modelo de negócios dinâmico e altamente eficaz, se utilizado corretamente.
Sendo assim, a proposta de desenvolver esses conceitos auxiliará o empreendedorismo do profissional fonoaudiólogo, garantindo a ele, oportunidade de entender e planejar sua carreira, maiores chances de empreender com eficiência, se assim for o seu propósito, e de identificar qual será o “melhor momento” para iniciar seu próprio negócio.


1. Clark, T.; Osterwalder A.; Pigneur Y. Business Model You: A One-Page Method For Reinventing Your Career. New Jersey: Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, 2012.
2. Dweck, C. S. Mindset : a nova psicologia do sucesso / Carol Dweck ; tradução S. Duarte. – 1a ed. – São Paulo: Objetiva, 2017.
3. Sinek, S. Comece pelo porquê: Como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir. / Simon Sinek; tradução de Paulo Geiger. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.


HIGHLIGHTS
2170
A MATEMÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO: UMA PROPOSTA DIDÁTICA DE ENSINO PARA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: No cotidiano escolar vemos a prioridade dos professores voltada para os processos de aquisição da leitura e escrita, ficando a Matemática relegada ao segundo plano, geralmente descontextualizada das demais disciplinas, até mesmo da língua materna. Estudos reconhecem a importância e a correlação da consciência fonológica no processo de alfabetização, sendo esta entendida como a “habilidade de refletir sobre os sons da fala, desde a simples percepção global do tamanho da palavra e semelhanças fonológicas entre elas, até a segmentação e manipulação de sílabas e fonemas” 1. Sendo assim, esta habilidade parece envolver uma relação aritmética na medida em que segmentar, adicionar, subtrair fonemas, sílabas e palavras de frases, dependem, a priori, de um entendimento matemático. Portanto, torna-se condição indispensável e essencial que o aluno adquira uma aprendizagem aritmética, para evoluir na alfabetização. DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E PROPOSTA DE RESOLUÇÃO: Refletindo sobre estas relações e as especificidades dos alunos com NEE (necessidades educacionais especiais) que frequentam as escolas nos anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) bem como sobre a pouca atenção voltada para os materiais produzidos para este público, buscou-se elaborar um livro didático, do aluno, como recurso de ensino estrategicamente organizado quanto ao conteúdo e acessibilidade, para alunos com NEE matriculados no 2º e 3º anos do EF. APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA. Após o levantamento prévio e análise dos materiais didáticos trazidos pelos próprios alunos/paciente de sua instituição de ensino, como livro didático e cadernos, levantou-se o conteúdo que estava sendo oferecido para cada ano escolar (2º e 3º) relativo a disciplina de matemática. Após leitura do Documento Base Nacional Comum Curricular2 (BNCC), etapa EF, área de Matemática, anos iniciais, selecionou-se um conteúdo elementar que considerou-se suficiente e necessária à aprendizagem da alfabetização. Levando-se em conta os registros observados nos cadernos e livros dos alunos/pacientes, bem como o diagnóstico de cada um e especificidades quanto às suas condições cognitivas/intelectuais, psicomotoras, perceptivas (visual e auditiva), competências linguísticas e comunicativas, elaborou-se um livro do aluno, contendo (97) noventa e sete páginas, no formato espiral, com conteúdos ordenados e articulados entre si de modo a atingir uma aprendizagem significativa. Critérios de acessibilidade3 foram estrategicamente pensados e aplicados em todas as páginas do livro como: espaçamento aumentado nas atividades de registro/escrita do aluno, (em consideração as dificuldades de coordenação motora), escolha da fonte e tamanho da letra, espaçamento entre linhas nas atividades envolvendo a leitura, ilustrações coloridas. Dosagem no volume de informação foi oferecida de modo a facilitar a compreensão do aluno, uso de vocabulário e linguagem matemática consideradas de domínio da criança. Materiais complementares são oferecidos aos mesmos como estratégia concreta facilitadora à compreensão e aprendizagem. Portanto, foi possível elaborar um material específico, coerente com os objetivos propostos e de acessibilidade à aprendizagem, considerando as especificidades dos alunos. Observou-se, com a introdução deste recurso uma participação mais ativa com demonstração de interesse pelas atividades matemáticas, fator considerado relevante, uma vez que, o interesse precede a assimilação. O material elaborado foi eficiente e motivador para o processo ensino/aprendizagem da matemática, contemplando os propósitos.

1. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572004000200015
2. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
3. Disponível em: http://www.acessibilidade.net/trabalho/Manual%20Digital/capitulo8.htm


HIGHLIGHTS
2215
A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS COMO RECURSOS PARA ESTIMULAÇÃO DAS HABILIDADES COGNITIVO-LINGUÍSTICAS EM CONTEXTO EDUCACIONAL
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


A utilização dos jogos como recursos para a estimulação das habilidades cognitivo-linguísticas em contexto educacional


Contextualização e relevância do tema: Os processos de aquisição da leitura e da escrita implicam na necessidade do desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas, consideradas preditoras para a aprendizagem 1. A estimulação destas habilidades em contexto educacional, por meio da atuação orientada pelo Fonoaudiólogo Educacional, se configura no desenvolvimento de estratégias e atividades estruturadas, que conciliem objetivos educacionais direcionados ao bem-estar e ao envolvimento da criança. Definição da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: Diante da carência de elaboração e utilização de jogos estruturados e organizados com objetivo específico de promoção do desenvolvimento das habilidades que ofereçam suporte dirigido à aquisição e domínio do sistema alfabético de escrita, é proposto pelo presente estudo promover reflexão sobre a utilização dos jogos como recurso educacional para estimulação e desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas dos escolares, reforçando potencialidades e minimizando possíveis dificuldades no processo de aprendizagem. A atuação do Fonoaudiólogo Educacional com vistas à prevenção de dificuldades no processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita, bem como para remediação coletiva diante da presença de riscos à aprendizagem, consiste em desenvolver estratégias tornando favorável o trabalho com as demandas educacionais existentes. A utilização de jogos para fins educacionais apresenta-se eficaz em dois sentidos: para promoção de maior interesse e engajamento, e para a construção e aprimoramento percepto-cognitivo-linguístico 2. Quando utilizados adequadamente, tornam a aprendizagem mais significativa, refletindo no desenvolvimento cognitivo e intelectual dos escolares 3. Para ler e escrever são necessários o envolvimento e a integração entre as habilidades cognitivas e linguísticas 1,4,5. O pleno desenvolvimento destas habilidades tem sido frequente e consistentemente relacionado ao sucesso da aprendizagem da leitura e escrita 1,6,7. Quanto mais adequados os componentes cognitivos (controle da atenção, memória operacional fonológica, acesso ao léxico mental, organização e processamento das informações visuais), e quanto melhores as habilidades linguísticas (para identificar, comparar, refletir, manipular segmentos linguísticos), mais eficientes tornam-se as habilidades de reconhecimento dos elementos necessários para a formação das palavras 1,7. Frente a observação de carências envolvendo as habilidades cognitivo-linguísticas e diante de resultados escolares insuficientes, torna-se necessário determinar os processos já adquiridos e elencar as habilidades em defasagem existentes 2. Nestas situações, os jogos podem ser importantes instrumentos, permitindo o progresso das crianças em seu processo de aprendizagem a partir do desenvolvimento das habilidades requeridas pela leitura, pois mostram-se favoráveis à colocação da criança em contato com os aspectos gráficos e/ou sonoros importantes para esta aquisição 7,8. O ensino explícito sobre as relações entre fonemas e grafemas pode ser administrada de maneira lúdica e significativa através dos jogos 9 como forma de contribuir para a estimulação das habilidades preditoras à leitura e escrita em contexto educacional. São atribuídas aos jogos características de permitir que as habilidades ensinadas por meio deles possam ser generalizadas para situações novas de aprendizagem da criança 10. Os jogos possuem função motivacional e, quando utilizados como estratégias para o ensino das habilidades envolvidas na leitura e escrita (com objetivos didáticos explícitos 2,8,10, com características didático-educacionais, ações orientadas e com foco na aquisição ou treino de habilidades específicas) 10, promovem o arranjo de contingências para a aprendizagem de regras e para a maior participação do aprendiz nas atividades propostas 2,8,10, com alcance a um nível máximo de eficiência da aprendizagem, a partir de maior interação 9. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: Os princípios norteadores para a proposição dos jogos e o delineamento dos objetivos são importantes fatores para o alcance à efetividade almejada em contexto educacional. Estudos ressaltam a importância da promoção de materiais dinâmicos e a eficácia da utilização dos jogos com ações orientadas e com foco na aquisição ou treino das habilidades específicas para a promoção de respostas favoráveis, que atendam aos objetivos traçados 4,8. Deve-se, para tanto, como qualquer outro recurso didático, possuir objetivos definidos e coerência nas estratégias utilizadas para o alcance aos objetivos de aprendizagem 10. Torna-se relevante destacar, contudo, a necessidade de planejamento e critério de escolha dos recursos que favoreça a direção dos estímulos às habilidades deficitárias, especificamente quando utilizados em caráter preventivo ou de remediação 1,4,7, com vistas ao desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas, tendo como alvo o pleno desenvolvimento da leitura e escrita. Os jogos como elementos inerentes ao universo infantil, podem ser utilizados como ferramentas para estimularem déficits e/ou dificuldades encontradas no âmbito da aprendizagem da leitura e escrita, propondo a intercessão entre os conceitos lúdicos e científicos em busca da contribuição ao processo de aprendizagem.







Referências:

1. Capellini S, Silva C. Correlação entre habilidades cognitivo-linguísticas em escolares com dificuldades de aprendizagem. Rev. Psicopedagogia. 2012; 29(89):183-193.

2. Aguiar FA, Machado AC, Bello SF, Capellini, S. Jogos para intervenção Neuropsicopedagógica. In: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): Prática Clínica & Educacional. 2ª Edição. Ribeirão Preto: Book Toy; 2017. 119-138.

3. Mattos RCF , Faria MA. Jogo e Aprendizagem. Rev. Eletr. Saberes da Educ. 2011;vol.2 (1):1-13.

4. Nunes C, Frota S, Mousinho R. Consciência fonológica e o processo de aprendizagem de leitura e escrita: implicações teóricas para o embasamento da prática fonoaudiológica. Rev. CEFAC. Abr-Jun, 2009; 11(2):207-212.

5. Cavalheiro LG, Santos MS, Martinez PC. Influência da consciência fonológica na aquisição de leitura. Rev. CEFAC. 2010.

6. Pestun MSV, Omote LCF, Barreto DCM, Matsuo T. Estimulação da consciência fonológica na educação infantil: prevenção de dificuldades na escrita. Rev. Sem Assoc Bras de Psic Esc e Educ. Janeiro/Junho, 2010; 14(1):95-104.

7. Silva C, Capellini SA. Desempenho cognitivo-linguístico de escolares com distúrbio de aprendizagem. Psic. em Estudo. Janeiro/Março, 2011; v.16 (1): 131-137.

8. Silva TC. Jogos como ferramenta terapêutica. Manual de jogos (Monografia). Brasília (DF): Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento; 2016.

9. Maluf MR, Sargiani RA. Linguagem, Cognição e Educação Infantil: Contribuições da Psicologia Cognitiva e das Neurociências. Psic. Esc. e Educ. Vol. 22, n.3, Setembro/Dezembro, 2018; 477-484.

10. Panosso MG, Souza SR, Haydu, VB. Características atribuídas a jogos educativos: uma interpretação analítico-comportamental. Rev. Quadr. da Assoc. Bras. de Psic. Escolar e Educacional. Maio/Agosto, 2015; 19(2):233-241.


HIGHLIGHTS
908
AÇÕES INOVADORAS DE INCENTIVO À DOAÇÃO DE LEITE MATERNO DURANTE O PERÍODO DA COVID-19.
Saúde Coletiva (SC)


O aleitamento materno é imprescindível para a promoção e proteção da saúde da criança, e tem sido um tema relevante em campanhas, inclusive entre os programas governamentais brasileiros (1,2).
No Brasil cerca de 330 mil crianças nascidas por ano, são prematuras ou têm baixo peso, e precisam da doação de leite materno para sobreviver. O número representa 11% do total de crianças nascidas no país, média de 3 milhões por ano (3). Assim, torna-se indispensável o trabalho do Banco de Leite Humano (BLH) em intensificar as ações de incentivo de doação de leite.
Devido a doença Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) (4), a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano observou uma queda importante no número de doações, cenário preocupante, pois muitos recém-nascidos, internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, precisam desse alimento para sobreviver.
Com a pandemia, o Ministério da Saúde recomendou o distanciamento social, evitar aglomerações e utilizar medidas de proteção individual (5). Com o afastamento, observou-se diminuição no fluxo de mulheres dirigindo-se ao BLH do Hospital Universitário xxx para realizar a doação de leite materno.
Vale a pena destacar que a doação de leite materno não faz parte do cotidiano da maioria das lactantes brasileiras, e autores relatam que para haver a doação de leite materno, é necessário que as lactantes sejam apoiadas a doar. Isto depende, portanto, da circulação de informações e do vínculo das mães com os profissionais da área da saúde, pois a interação entre desejo, disponibilidade, conhecimento e acesso fundamenta a doação do leite humano (6).
Por meio dessa linha de reflexão, a proposta do Projeto de Extensão da xxx , intitulada “Estratégias de Solidariedade na Doação de Leite Materno nos tempos de COVID-19”, está comprometida com a missão de elaborar estratégias que promovam o acesso da população as informações de forma segura e de qualidade sobre a Doação de Leite Humano, e desenvolver atividades de acordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde (7).
Desde março, com o início da pandemia, iniciou-se as atividades para incentivar as mães a doarem leite materno para os bebês que necessitam desse alimento para sobreviver. Inicialmente foi realizado um treinamento por videoconferência de toda a equipe multiprofissional do Hospital Universitário, dos alunos de graduação do Curso de Fonoaudiologia e dos residentes, com o objetivo de esclarecer as dúvidas sobre amamentação e doação de leite materno nos tempos de pandemia da COVID-19.
Nesse período de treinamento, foi desenvolvimento um material informativo, buscando facilitar a identidade da ação e a integração com os profissionais da saúde, família, lactantes e pacientes internados no Hospital Universitário.
Como caráter inovador, foram realizadas quatro ações importantes, para incentivar a doação de leite materno e aumentar o estoque de leite no BLH. Inicialmente destaca-se a entrega de uma “Tag” de orientação sobre “Amamentação, Doação de Leite e COVID-19” para as nutrizes internadas na maternidade do Hospital Universitário. Esta atividade está sendo realizada uma vez por semana, com previsão de término no mês de novembro de 2020.
A segunda ação, de caráter inovador, foi a utilização do Serviço de Telessaúde do hospital. Devido a recomendação da diminuição do número de agendamentos no Setor e, para evitar aglomeração de pessoas (8), foi utilizado a teleconsultoria por videoconferência, em tempo real, com a equipe formada por três enfermeiras, uma fonoaudióloga e uma médica. Esta ação foi uma alternativa para evitar o deslocamento da família até o hospital, e para as sanar dúvidas relacionadas a amamentação e a doação de leite materno.
Atualmente a teleconsultoria conta com uma triagem e agendamento prévio, e acontece duas vezes por semana, com média de 30 atendimentos virtuais/mês, e com a duração de 1 hora. Quando há a necessidade de intervenção especializada, o BLH, disponibiliza a consulta presencial.
A terceira ação que está sendo realizada pelos alunos do Curso de Fonoaudiologia, é o monitoramento via telefone, SMS e WhatsApp das puérperas que receberam alta hospitalar no Hospital Universitário. O monitoramento acontece de 48h/48h, e as mães são questionadas sobre os sintomas da COVID-19 e sobre o processo do aleitamento materno. Caso a mãe apresente alguma dificuldade no manejo da amamentação, elas são encaminhadas para o Serviço de Telessaúde.
A quarta ação foi nomeada como “Doadoras de Leite do Futuro”. Esta atividade está sendo realizada nas Unidades de Saúde e, os alunos do Curso de Fonoaudiologia, monitoram as gestantes uma vez por semana. Como essas mulheres ainda são gestantes, as mães são orientadas sobre o aleitamento materno e a doação de leite materno, incentivando-as a serem futuras doadoras e/ou multiplicadoras dessa ideia.
Como resultados, a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano, lançou no mês de junho, o relatório de produção do BLH, de janeiro a maio de 2020. O Sistema de Produção é uma ferramenta de gerenciamento importante para os BLH e para as Coordenações Estaduais e Nacional. Com esses dados, bservou-se que houve aumento nas visitas domiciliares, no número de doadoras e na quantidade de leite humano coletado. Em janeiro foram realizadas 147 visitas domiciliares, e no mês de maio, verificou-se que ocorreram 300 visitas. Quanto ao número de doadoras de leite humano, observou-se que no mês de janeiro, 63 mulheres doaram leite, e no mês de maio, 84 nutrizes procuraram o BLH para realizarem a doação do leite materno. Em relação a quantidade de leite coletado, no mês de janeiro o BLH coletou 95,4 litros, e em maio verificou-se 141,2 litros (9).
Desta forma, foi possível observar que as ações inovadoras de doação de leite humano, no período de pandemia da COVID-19, proporcionou resultados efetivos, e repercutiu positivamente na promoção da saúde materno infantil; aumentou o número de doadoras de leite humano, e consequentemente, houve um aumento no estoque de leite materno no BLH.
Espera-se, que futuramente, estas ações contribuam com a construção de uma cultura sobre a Doação de Leite Materno e seja modelo de novas práticas em saúde.

1. Chaves MMN, Farias FCSA, Apostólico MR, Cubas MR, Egry EY. Amamentação: a prática do enfermeiro na perspectiva da Classificação Internacional de Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva. Rev. esc. enferm. USP  [Internet]. 2011;45(1):199-205. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000100028&lng=en.  http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000100028.

2. Brasil. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil. Aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. Disponível: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf Acesso em: 29 de junho de 2020.

3. Ministério da Saúde. Doação de leite: o que é, aleitamento materno, importância, como doar. Disponível em: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-leite-2019. Acesso em: 07 de maio de 2020.

4. Organização Mundial da Saúde. Relatórios de situação da doença coronavírus 2019 (COVID-2019). Disponível em: [Acesso em 30 de maio 2020]

5. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Recomendação Técnica No 03/20.160420. Assunto: Recomendações para Acolhimento e Manejo Clínico em aleitamento materno de gestantes, puérperas e lactantes assintomáticas ou sintomáticas de COVID-19 pelo Banco de Leite Humano. Documento Disponível na internet: https://rblh.fiocruz.br/covid-19-e-amamentacao-recomendacao-n0120170320 [Acesso em 20 de junho de 2020].

6. Miranda DW, Passos MC, Freitas MIF, Bonolo FP. Representations of women milk donors on donations for the human milk bank. Cad Saude Colet. 2016;24(2):139- 44.

7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Nota Técnica Nº 5/2020-COCAM/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS Assunto: Condutas para a doação de leite materno aos Bancos de Leite humano e postos de coleta de leite humano no contexto da infecção pelo Coronavírus (SARS-COV-2). Documento disponível na internet: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/notatecnicaaleitamento30mar2020COVID-19.pdf. Acessado em 21 de junho de 2020.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Recomendação Técnica No 03/20.160420. Assunto: Recomendações para Acolhimento e Manejo Clínico em aleitamento materno de gestantes, puérperas e lactantes assintomáticas ou sintomáticas de COVID-19 pelo Banco de Leite Humano. Documento Disponível na internet: https://rblh.fiocruz.br/covid-19-e-amamentacao-recomendacao-n0120170320 Acessado em 20 de junho de 2020.

9. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/Acessado em 26 de junho de 2020.


HIGHLIGHTS
2166
ANÁLISE MORFOSSINTÁTICA DE DISCURSO INFANTIL – FERRAMENTAS PARA O PORTUGUÊS
Linguagem (LGG)


A análise de amostras de discurso espontâneo em contexto clínico tem sido sempre reconhecida como valorosa e imprescindível para uma boa avaliação e monitorização do processo de reabilitação. Contudo, na avaliação e intervenção nas perturbações da linguagem, a avaliação dos domínios morfológico e sintático são muitas vezes negligenciados em detrimento de outros, como o fonológico e lexical (1), por existirem alguns obstáculos à implementação de uma análise de amostras de discurso na prática quotidiana de um terapeuta da fala/fonoaudiólogo, como a escassez de diretrizes para uma análise completa e sistemática e a morosidade que a mesma implica (2,3).
Apresentar-se-á uma breve descrição do LARSP-PE (Language Assessment, Remediation and Screening Procedure – Português Europeu), uma adaptação para o português europeu de um procedimento originalmente construído e validado para o inglês britânico (LARSP), que integra
orientações para a análise do discurso espontâneo do discurso infantil contribuindo para a avaliação da linguagem, a definição do respetivo perfil linguístico e um planeamento mais ajustado da intervenção (1,2,4). O LARSP-PE proporciona a análise sistemática do desenvolvimento morfossintático de crianças de idade pré-escolar nos níveis de palavra, sintagma e oração para o português europeu, com uma descrição das características morfossintáticas do discurso espontâneo infantil, organizadas em sete etapas linguísticas que identificam o perfil linguístico dos 9 meses aos 4 anos e 6 meses (5). No processo de validação, foram analisadas 16 amostras de discurso espontâneo de duas crianças com desenvolvimento da linguagem típico por cada faixa etária, dos 9 meses aos 4 anos e 6 meses. A definição das etapas da escala de desenvolvimento morfossintático envolveu a análise e contagem da frequência da ocorrência de cada estrutura morfossintática e das suas categorias para cada faixa etária nos níveis de análise de palavra (morfologia), sintagma e oração (sintaxe), de acordo com a versão original do LARSP. A grelha de análise está organizada em duas dimensões: horizontalmente, a caracterização detalhada das estruturas do português europeu ao nível da palavra, sintagma e oração; e verticalmente, as sete faixas etárias do desenvolvimento morfossintático, dos 9 meses aos 4 anos e 6 meses.
Associada à grelha de análise, para tomar como referência na identificação do perfil linguístico, foi desenvolvido um protocolo para a análise morfossintática sistemática do discurso espontâneo para crianças de idade pré-escolar falantes de português europeu, que integra ferramentas e orientações que abrangem todas as etapas do processo: elicitação, registo, transcrição, análise e interpretação de dados linguísticos de amostras de discurso infantil em contexto natural.
O LARSP-PE, ao permitir a caracterização de forma sistemática do discurso espontâneo da criança, permite um diagnóstico mais preciso e melhor orientação para a intervenção; pode ser usado como complemento na avaliação da linguagem no domínio morfossintático para crianças de idade pré-escolar e permite orientar a intervenção de forma precisa.
As variedades de português faladas no Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste apresentam diferenças substanciais ao nível fonético, lexical, morfológico e sintático. Por essa razão, a escala de desenvolvimento morfossintático proposta no LARSP-PE não refletirá necessariamente as propriedades de outras variedades de português nestes domínios, em particular no que concerne a flexão verbal e nominal, sistema de pronomes pessoais, determinantes e possessivos, sujeitos nulos e ordem de palavras em geral. Será, assim, desejável e de incentivar um estudo de adaptação dos procedimentos e da escala de desenvolvimento morfossintático para o português brasileiro do LARSP, de modo a que a prática clínica em Fonoaudiologia no Brasil possa beneficiar de procedimentos e ferramentas exequíveis para a análise de amostras de discurso espontâneo.

1. Ball M, Crystal D, Fletcher P. Assessing Grammar: The Languages of LARSP. Multilingual Matters, editor. 2012.
2. Crystal D, Fletcher P, Garman M. The Grammatical Analysis of Language Disability. London: Edward Arnold; 1976.
3. Heilmann JJ. Myths and Realities of Language Sample Analysis. Perspectives on Language Learning and Education. 2010;17(1):4–8.
4. Crystal D, Fletcher P, Garman M. Profile Analysis of Language Disability. London: Cole and Whurr; 1979.
5. Castro A, Marques C, Dôro C. LARSP-PE: A Developmental Language Profile for European Portuguese. Em: Ball M, Crystal D, Fletcher P, editores. Grammatical Profiles; Further Languages of LARSP. United Kingdom: Multilingual Matters; 2019. p. 151–73.



HIGHLIGHTS
1842
APLICAÇÃO INICIAL DE UM ENSAIO CLÍNICO: IMPORTÂNCIA DE UM ESTUDO PILOTO NO PROCESSO DE DETERMINAÇÃO DA EFICÁCIA DE TECNICAS DE ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Motricidade Orofacial (MO)
71919180


Contextualização e relevância do tema a ser apresentado: O ensaio clínico randomizado (ECR) é um tipo de estudo experimental, que se baseia na comparação entre duas ou mais intervenções, onde os participantes são agrupados de forma aleatória, sendo assim capaz de produzir evidências científicas diretas e com menor probabilidade de erro para esclarecer uma relação causa-efeito entre dois eventos. Antes do desenvolvimento da pesquisa, preconiza-se a elaboração de estudo piloto, que é uma versão resumida de um estudo maior, mas que envolve a realização de todos os procedimentos previstos na metodologia, com o objetivo de se verificar falhas sutis na estruturação do projeto ou na implementação do estudo, que, muitas vezes, não estão aparentes no plano de pesquisa inicial, possibilitando assim alteração/melhora dos instrumentos (Carvalho et al., 2013).
O uso da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) na Fonoaudiologia ainda é limitado e restrito, principalmente, a uma fase preliminar ou inicial à realização da terapia fonoaudiológica, quando se verifica alterações na musculatura facial e/ou cervical. Estudos demonstram a eficiência desse recurso no relaxamento da musculatura laríngea associada a disfonias por tensão muscular e na reabilitação da disfagia orofaríngea (Guirro et al., 2008; Crary e Carnaby, 2014; Silvério et al., 2015; Santos et al., 2016; Conde et al.,2017; Siqueira et al., 2017).
Considerando as informações destacadas acima, esta atividade de apresentação breve busca contribuir com a resolução de problemas identificados em resultados de pesquisas fonoaudiológicas. Com isso, acredita-se que serão fortalecidas as práticas clínicas de atuação da ciência, carente ainda de ECR. Sendo assim, discorreremos sobre a aplicação de um estudo piloto que buscou testar e avaliar o desenho de um ECR sobre o USO DA TENS NO ALÍVIO DA TENSÃO CERVICAL, COM IMPLICAÇÕES NA FONAÇÃO E DEGLUTIÇÃO.

Definição clara da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: o objetivo de nossa atividade é o de descrever a importância de se testar protocolos de pesquisas de ECR. Foi realizado um estudo com o objetivo de testar e avaliar a metodologia, os protocolos de avaliação e aplicação das técnicas de reabilitação, que englobam a terapia manual e a TENS em casos de tensão cervical associada a queixas vocais e de deglutição (o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da XXX (CAEE: 04724918.8.0000.8093). Trata-se de um estudo metodológico que envolveu a participação de quatro mulheres, alocadas em três grupos de pesquisa: GRUPO 1 – TENS; GRUPO 2 – Exercício Fonoaudiológico Tradicional (EF) e GRUPO 3 - TENS combinado ao EF. O estudo foi composto por 14 encontros, dois deles de avaliação (1º e 14º) e os demais de intervenção (2º a 13º). Antes e após execução do programa terapêutico, todos os participantes foram submetidos a avaliação fonoaudiológica, que verificou a presença de tensão cervical, os aspectos vocais, a função de deglutição e o potencial elétrico dos músculos da região facial e cervical. Os métodos de avaliação e intervenção foram determinados com base em evidências. Fizeram parte da implementação do estudo três fonoaudiólogos. Dois foram responsáveis pelos procedimentos de avaliação e análise dos dados, e o outro pela aplicação das intervenções. Este permaneceu cego em relação aos resultados das avaliações e os avaliadores em relação aos grupos de intervenção até a finalização da coleta e análise dos dados. Destaca-se que para garantia da confiabilidade dos resultados, os dados de avaliação foram analisados por dois avaliadores, e houve encontros prévios para preparação da fonoaudióloga responsável pela intervenção. A realização deste estudo permitiu a testagem e análise da metodologia, dos protocolos/instrumentos de avaliação e da aplicação prática das técnicas de reabilitação propostas. Não iremos discutir os dados do desempenho da amostra em seus momentos pré e pós-intervenção, uma vez que o número reduzido de participantes não permite generalização em relação aos seus resultados clínicos. Salientamos também que a identificação de modificações no projeto inicial proposto também nos encoraja a não divulgar os dados preliminares, no intuito de não publicarmos dados que podem apresentar vieses. Nos deteremos a realizar uma análise e reflexão qualitativa dos métodos avaliativos escolhidos e da aplicação das técnicas e instrumentos utilizados. Foi possível testar e avaliar a metodologia, os protocolos de avaliação e a aplicação das técnicas de reabilitação, e identificar possíveis falhas e vieses. Após a realização do estudo foram necessárias adequações em relação ao protocolo de pesquisa do ECR quanto à: amostra; número de momentos de avaliação; formas de coleta e análise dos dados; formas de aplicação da intervenção.

Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: O protocolo de pesquisa do ECR proposto inicialmente precisou ser revisto após sua aplicação inicial, tendo sido necessárias adequações em relação à amostra (inclusão de grupo controle), aos momentos de avaliação (inclusão de gravação de voz no inicio e final de cada sessão e inclusão de uma avaliação de follow-up), à formas de coleta e análise dos dados (adição de juízes para a realização da análise perceptivo-auditiva; inclusão de mais uma medida de análise acústica – relação ruído/harmônico; e retirada da coleta do potencial elétrico dos músculos escalenos), à formas de aplicação da intervenção (o tempo de tratamento deve ser o mesmo para todos os participantes, as faltas serão consideradas como resultados do estudo – intenção de tratar). Após a revisão do protocolo, acredita-se que tenhamos diminuído os riscos de vieses inerentes a este tipo de estudo, melhorando assim as chances de determinação da eficácia das técnicas.

Carvalho APV, Silva V, Grande AJ. Avaliação do risco de viés de ensaios clínicos randomizados pela ferramenta da colaboração Cochrane. Diagn Tratamento. 2013;18(1):38-44.

Conde MCM, Siqueira LT, Vendramini JE, Bresolotto AG, Guirro RRJ, Silvério KCA. Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS) and Laryngeal Manual Therapy (LMT): Immediate Effects in Women With Dysphonia. J Voice 2017;32(3):385.e17–385.e25.

Crary MA, Carnaby GD. Adoption into clinical practice of two therapies to manage swalloeing disorders: exercice-based swallowing rehabilitation and electrical stimulation. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg. 2014;22(3):172-80.

Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, Forti F. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(3):189-94.

Santos JKO, Silvério KCA, Oliveira NFCD, Gama ACC. Evaluation of electrostimulation effect in women with vocal nodules. J Voice 2016; 30(6):769-e1.

Silvério KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of Application of Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation and Laryngeal Manual Therapy in Dysphonic Women: Clinical Trial. J Voice 2015;29(2):200-8.

Siqueira LTD, Silvério KCA, Brasolotto AG, Guirro RRJ, Carneiro CG, Behlau M. Effects of laryngeal manual therapy (LMT) and transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS) in vocal folds diadochokinesis of dysphonic women: a randomized clinical trial. CoDAS. 2017;29(3):e20160191.


HIGHLIGHTS
1304
APLICATIVO SOFIA FALA: A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA CLÍNICA EM FONOAUDIOLOGIA
Linguagem (LGG)


A tecnologia pode contribuir para o processo de avaliação e intervenção nos Transtornos dos sons da fala e em alguns países existe regulamentação para o uso de software e aplicativos para o acesso remoto ao atendimento fonoaudiológico já há evidência de que esses recursos auxiliam em programas de intervenção. No Brasil, o atendimento remoto não é regulamentado e existem poucas evidências clínicas publicadas sobre o uso de tecnologia de apoio a intervenção fonoaudiológica melhorando o desempenho. Contudo, a procura por softwares e aplicativos específicos para o trabalho em Fonoaudiologia vem crescendo, pois o recurso é inovador e motivador as crianças nascidas na era digital. O aplicativo SofiaFala foi desenvolvido por docentes e profissionais (pesquisadores) das áreas de Fonoaudiologia e Computação com o intuito de fornecer método e ferramenta de suporte ao treino realizado durante a intervenção fonoaudiológica com crianças com transtornos dos sons da fala. Possui duas interfaces a do profissional e a do usuário. Com o app o fonoaudiólogo poderá prescrever treino não-articulatório (protrusão de lábios, protrusão-estiramento, sopro e estalo de língua) e articulatório (palavras com todas os fonemas associadas a figuras). Para cada movimento componente de um treino, o fonoaudiólogo pode determinar, respectivamente, o tipo de movimento, o número de vezes que a criança deve realizar esse movimento em uma sessão de treino, o número de sessões de treino (repetições) e o desempenho mínimo esperado por essa criança. Após validar o treino criado, um resumo desse treino é exibido. Ao clicar no botão enviar o treino corrente é transmitido ao aplicativo que rodará no celular do cuidador da criança. No módulo do usuário após realizar as atividades a criança receberá feedback sobre por meio de recurso de animação enfatizando a qualidade do resultado e motivando-a a continuar. Já o profissional, acompanhará o desempenho por meio de relatórios e gráficos gerados a partir de uma métrica desenvolvida pelos pesquisadores que realiza a análise da produção de sons não articulatórios e de fala através da processamento visual do movimento facial associado ao do som produzido. O processamento computacional da informação foi um desafio para os pesquisadores, pois foi necessário que houvesse a possibilidade de processamento multimídia (visual e sonoro) para o reconhecimento de diferentes tipos de sons não articulatórios e articulatórios com um sinal de fala variando individualmente, e ainda com o reconhecimento de produções típicas e alteradas. Este aspecto foi crucial para a análise, emissão de feedback e relatórios de desempenho. Durante o processo de desenvolvimento e prototipagem o app foi instalado em Smartphone de um grupo de fonoaudiólogos (serviço privado e público) e de usuários (cuidadores/crianças) que se voluntariaram para o estudo das funcionalidades e usabilidade específicas de cada interface. A análise dos resultados indicou a necessidade de ajustes na apresentação gráfica dos relatórios de desempenho e melhoria na usabilidade/funcionalidade função de reaproveitamento dos treinos prescritos, ambos no módulo do profissional. Para garantir o impacto social pretendido com o aplicativo SofiaFala em junho de 2020 a primeira versão validada foi disponibilizada gratuitamente para os fonoaudiólogos de todo o Brasil. Os desafios futuros decorrem da dificuldade em obter financiamento para a continuidade de pesquisas com o uso do app e para a atualização constante.

Souza, CF et al Investigating the Recognition of Non-articulatory Sounds by Using Statistical Tests and Support Vector MachineJanuary 2018 with 104 Reads DOI: 10.1007/978-3-319-77028-4_82 ·In book: Information Technology - New Generations, pp.639-649


HIGHLIGHTS
668
AS FERRAMENTAS DIGITAIS NO AUXÍLIO DO CUIDADO INTEGRADO NA SAÚDE.
Saúde Coletiva (SC)


"A experiência como profissional fonoaudióloga, vivenciando diferentes ambientes de trabalho despertaram o interesse pelo desenvolvimento deste projeto, que visa auxiliar profissionais da área da saúde a aprimorar e facilitar os processos que envolvem sua prática." (Thaisa Leal Andreia)

Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos notavelmente têm alterado o cotidiano da população mundial. Estamos cercados, cada vez mais, por soluções tecnológicas, que por sua vez, possibilitam mudanças drásticas na forma em que vivemos. Quando falamos em tecnologia na área da saúde, temos de um lado um setor carente de inovação e de outro, profissionais com uma necessidade de reinventar e aprimorar sua forma de trabalhar, porém com uma certa resistência a essa mudança para novos hábitos.

A área da saúde, apesar de ter um elevadíssimo conhecimento científico, carece de ferramentas informacionais que auxiliem na organização e rotinas dos serviços de saúde, principalmente para profissionais que trabalham em caráter de atendimento particular.[1]

Quando olhamos para as inovações na área de saúde, podemos notar que, em sua maioria, são voltadas para médicos, planos de saúde e hospitais. Entretanto, existe uma gama de profissionais que atuam diretamente com prevenção de doenças, tratamentos e promoção de uma melhor qualidade de vida a pessoas que precisam de assistência constante. Estamos falando de profissionais que trabalham com terapias reabilitatórias. Percebemos que esse é um nicho ainda não explorado e que está precisando de um olhar mais focado às suas dores e demandas.

Com o intuito de validar as hipóteses do problema em questão, foi realizada uma pesquisa com 27 profissionais, dentre eles fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos e fisioterapeutas. Identificou-se algumas carências existentes, tais como a falta de ferramentas que realizam de forma única a organização das rotinas dos profissionais, assim como informações cadastrais dos pacientes, prontuários, documentos, entre outros.
Registrar os dados de forma organizada, como histórico, queixas, exames, fichas de anamnese, relatórios, orientações, além de encaminhamentos e evolução do paciente é essencial para todo o profissional. A falta de uma ferramenta digital que realize tais tarefas, leva muitos profissionais a efetuar os registros no clássico prontuário físico, o que além de dificultar o compartilhamento destas informações com outros terapeutas que atendem ao mesmo paciente, ainda traz problemas de legibilidade, fragmentação das informações mesclando o uso de papel e informações computacionais e possíveis extravios. [3]

A utilização de uma ferramenta online centralizando essas informações, pode ser vantajosa especialmente quando os profissionais não atuam no mesmo centro de atendimento, o que facilitaria ainda mais a comunicação entre os responsáveis pelos tratamento, possibilitando maior integração entre as especialidades envolvidas na intervenção terapêutica, capaz de proporcionar melhorias nos resultados dos tratamentos, como destacado por Carter et al.[2]. “A interdisciplinaridade é conceituada pelo grau de integração entre as disciplinas e a intensidade de trocas entre os especialistas; desse processo interativo, todas as disciplinas devem sair enriquecidas”. [4]
Segundo dados do censo demográfico de 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi constatado que cerca de 23% da população brasileira têm algum tipo de deficiência que necessita de acompanhamento profissional, e que 13,5 milhões de pessoas, cerca de 7% da população, possui alguma deficiência severa e que provavelmente precisa de um acompanhamento periódico de pelo menos um tipo de profissional.[5]

O objetivo deste projeto é construir uma rede estruturada de acolhimento, onde profissionais e pacientes possam trocar informações, compartilhar conhecimentos e desafios, dividir responsabilidades com objetivo de aumentar a assertividade e adesão das terapias propostas para essa população. A partir do desenvolvimento de uma plataforma online utilizando as mais modernas tecnologias computacionais em nuvem para auxiliar as rotinas dos profissionais terapeutas, como controle dos agendamentos de consulta; realização de um cadastro único do paciente; registro de atendimentos e documentos, onde o terapeuta pode acessar as informações de qualquer lugar, manter os dados seguros de forma a facilitar o cumprimento das regulamentações e exigências legais, além de compartilhar informações com outros profissionais, assim como com o próprio paciente e cuidadores, esclarecendo dúvidas e mantendo tudo registrado com clareza de forma segura, organizada e centralizada.

Com a reformulação desses processos pelos profissionais de saúde, é possível transformar e aprimorar as práticas terapêuticas, onde o paciente está no centro do cuidado e é o protagonista da sua saúde.

[1] Bezerra S M. Prontuário Eletrônico do Paciente: uma ferramenta para aprimorar a qualidade dos serviços de saúde. Revista Meta: Avaliação. 2009 v. 1, n. 1, p. 73-82. ISSN 2175-2753. [Acesso em: 28/Maio/2020]. Disponível em: .

[2] Carter S. Garsid P. Black, A. Multidisciplinary team working, clinical
networks, and chambers; opportunities to work differently in the NHS. BMJ Quality &
Safety, UK, 2003 v. 12 (suppl. 1), i25-i28. ISSN 0963-8172. [acesso em 28 maio 2020]. Disponível em:
<https://qualitysafety.bmj.com/content/12/suppl_1/i25.full>.

[3] Bombarda Tatiana Barbieri. Palhares Marina Silveira. O registro de práticas interventivas da Terapia Ocupacional na educação inclusiva. 2015 s, v. 23, n. 2, p. 285-294. [acesso em 06 julho 2020]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0496

[4] Costa Rosemary Pereira. Interdisciplinaridade e equipes de saúde: concepções. Mental, Barbacena. 2007 v. 5, n. 8, p. 107-124, jun. [acesso em 06 Julho 2020]. Disponível em ;

[5] IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico - 2010:
Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de
Janeiro, 2010. [acesso em 28 maio 2020].
Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia
.pdf>


HIGHLIGHTS
2159
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE VIRTUALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE ENSINO DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA NO PERÍODO DE DISTANCIAMENTO SOCIAL
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


A pandemia do Covid 19 levou as universidades a adotarem o ensino de forma virtual para que os alunos não ficassem prejudicados em suas aprendizagens. A forma remota, com aulas síncronas e assíncronas, foi utilizada pelos professores do curso de Fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza, no período de 17 de março a 17 de julho de 2020, já que a forma presencial estava impedida devido ao decreto estadual de isolamento social. As aulas teóricas foram priorizadas com ferramentas virtuais e, as práticas, foram repostas de forma escalonada e, com rigor de biossegurança, a partir do dia 20 de julho na clínica escola do curso de Fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza.
Esse novo modelo de ensino provocou questionamentos em relação a aprendizagem e a satisfação dos alunos, haja vista ser uma forma diferente de ensinar e aprender em relação ao que os professores e os alunos estavam habituados.
A Universidade de Fortaleza- UNIFOR realiza semestralmente uma avaliação institucional no intuito de detectar a satisfação do aluno frente ao seu processo de ensino e aprendizagem. Este semestre, 2020.1, em virtude da Pandemia do Covid 19, não foi realizada a avaliação institucional tradicional sendo esta substituída por Avaliação do Processo de Virtualização das Atividades de Ensino no período de distanciamento social. Para tanto considerou-se a análise por escala com pontuação de 1 a 5, em que a nota equivalente a 1 seria considerada a pior nota e 5 a melhor.
Como resultado, no curso de Fonoaudiologia, 30,08% dos alunos matriculados responderam ao questionário. Foi realizada a caracterização da amostra pelo qual observou-se que a maioria dos participantes ingressou na Universidade por meio do vestibular (94,59%) e, dos que responderam, 32,43% estavam matriculados no primeiro semestre, realizando 4 disciplinas em média. Grande parte da população que respondeu ao questionário tem entre 19 a 24 anos de idade (67,57); estudou em escola particular (54,05%) e paga a universidade de forma integral (37,84%) seguido de 18,92% com financiamento (FIES).
Nos questionamentos a respeito da satisfação com a forma remota de ensino 43,7% disseram estar satisfeitos com as ferramentas utilizadas e forma de ensinar dos professores atribuindo nota 5. Consideraram ainda que as ferramentas utilizadas permitiram transmissão interativa e fluida dos conteúdos, porém, observou-se que nem todos estiveram satisfeitos com sua aprendizagem nesse período em que 25 % atribuíram nota 3 a esse questionamento. 32,69% também consideraram nota 3 ao tempo que se dedicaram as atividades propostas pelos professores.
Grande parte da amostra pesquisada (55,56%) utilizou, como forma de conexão com a internet, o sistema banda larga por meio de computador (61,11%). Muitos alunos (44,44%) acessaram as aulas e /ou atividades de ensino diariamente e consideraram a experiência com a virtualização como detrator (47,22).
Podemos considerar que os alunos que responderam ao questionário ficaram satisfeitos com a forma do ensino, todavia, não aprovaram a forma remota visto que muitos acharam uma experiência desfavorável. Supostamente a falta de intimidade com aulas virtuais e a exigência por muitas atividades podem ter levado a esse resultado. Ressalta-se que as ferramentas utilizadas foram consideradas satisfatórias, entretanto, o aluno não gostou da experiência.

Cavalcante, A.S.P. -Educação superior em saúde: a educação a distância em meio à c
rise do novo coronavírus no Brasil. Scholarly Journals,2020
Queiroz,V.G.B. A experiência da aprendizagem remota: quanto tempo demais na tela?.loyola.g12.b,2020
Alves, L. - Educação Remota: entre a ilusão e a realidade.Interfaces Científicas-Educação.periodicos.set.edu.b,2020
Torres, A.C.M.; Alves,L.R.G. Costa, A.C.N. - Educação e Saúde: reflexões sobre o contexto universitário em tempos de Covid-19. preprints.scielo.org, 2020


HIGHLIGHTS
2165
BOMBARDEIO AUDITIVO COMO ESTRATÉGIA DA TERAPIA FONOLÓGICA: PROPOSTA DE APLICATIVO
Linguagem (LGG)


O bombardeio auditivo é uma técnica proposta para a terapia fonológica, preconizada por Hodson & Paden (1983) para a utilização no tratamento pelo Modelo de Ciclos. Esta estratégia também foi utilizada por Bowen & Cupples (2006) com pais e crianças para incrementar a terapia fonológica. Recentemente, McLeod & Baker (2017) indicaram que o bombardeio auditivo é uma das estratégias utilizadas por fonoaudiólogos australianos para a terapia de crianças com transtornos dos sons da fala. Evidenciou-se um estudo em que o bombardeio auditivo foi utilizado como adjunto na terapia de desordens de linguagem desenvolvimental (Plante et al., 2018). Hoje na prática clínica de crianças com Transtornos dos Sons da Fala a inserção de estratégias integrativas é uma tendência, sendo o bombardeio auditivo uma das possibilidades que atenderia este pressuposto. Esta estratégia envolve a habilidade de atenção auditiva sustentada, definida como a habilidade de manter o foco atencional por um período de tempo (Gomes et al., 2000). Considerando também o interesse infantil pela tecnologia e pelos aplicativos disponíveis nos celulares, elaborar um aplicativo para apresentar a lista de palavras com o fonema alvo da terapia pode ser algo bastante estimulante, visual e auditivamente. Além disso, o pais teriam um material contendo o padrão-alvo para utilização controlada em casa, o que poderia favorecer os resultados da intervenção fonoaudiológica. Diante disso, realizou-se pesquisa na literatura sobre o uso do bombardeio auditivo como uma estratégia para o tratamento fonológico de crianças com transtornos dos sons da fala, especificamente o transtorno fonológico, e não foram encontrados trabalhos testando o bombardeio auditivo como estratégia nesta população, somente indicando-o como uma estratégia de percepção auditiva do som-alvo em tratamento para utilizar no início e fim da sessão terapêutica, bem como para atividades em casa. Algumas perguntas norteadoras para a elaboração desta proposta foram "O bombardeio auditivo realizado na terapia fonológica para os transtornos dos sons da fala é utilizado em que propostas terapêuticas? Como é utilizada esta estratégia (bombardeio auditivo) e quais os benefícios no tratamento do transtorno fonológico?" Portanto, diante da necessidade do uso do bombardeio auditivo como estratégia na terapia fonológica, foi criada a proposta de desenvolvimento de um aplicativo para uso nas tecnologias móveis, como smartphone e tablet, facilitando assim o tratamento junto aos pacientes e suas famílias. Assim, a proposta deste highlight é apresentar os resultados da busca na literatura e a proposta do aplicativo, em que foi convidada a Startup Imagu Labs, que é uma empresa de software e edtech, que atua no campo da criação de games e aplicativos para área da saúde e educação. O aplicativo será constituído de um acesso ao profissional fonoaudiólogo que irá cadastrar o sistema fonológico do paciente e selecionar o modelo terapêutico e o som-alvo de terapia, considerando a posição na sílaba e na palavra (Onset Inicial, Onset Medial, Coda Medial ou Coda Final). O aplicativo dispõe de uma lista de palavras-alvo possíveis para o bombardeio auditivo que o fonoaudiólogo selecionará (15 a 20 palavras-alvo). Após esta opção, o aplicativo irá disponibilizar para a criança utilizar na terapia ou em casa primeiro a imagem (figura) e a palavra escrita embaixo; na sequência, o áudio da palavra e a imagem da boca articulando a palavra. O paciente receberá a autorização da fono para usar o aplicativo em casa também, devendo baixar o aplicativo como usuário (nome e senha). No aplicativo haverá um mascote (boneco com fone de ouvido) que vai explicar o que é para fazer (o que é o aplicativo e o que a criança tem que fazer). Ele irá indicar na agenda quando realizou a atividade (dia e horário) e as palavras-alvo serão apresentadas em ordem diferente (aleatório) cada vez que a criança acessar (para não ficar repetitiva a lista). Quando terminar de ouvir a lista, o mascote aparece e agradece que usou a lista – é indicado usar no mínimo 3 vezes ao dia, e quanto mais vezes ele utilizar, ele acumula um “prêmio” (uma estrela), que a Fono vai combinar sobre o desempenho. Esta versão será testada para o uso com palavras e também frases. Posteriormente, será associado a atividades lúdicas na terapia fonológica, para comprovar a eficácia desta estratégia no tratamento fonológico.

Barra, Daniela Couto Carvalho, Paim, Sibele Maria Schuantes, Sasso, Grace Teresinha Marcon Dal, & Colla, Gabriela Winter. (2017). Métodos para desenvolvimento de aplicativos móveis em saúde: revisão integrativa da literatura. Texto & Contexto - Enfermagem, 26(4), e2260017. Epub January 08, 2018.https://dx.doi.org/10.1590/0104-07072017002260017 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072017000400502&lng=pt&tlng=pt
Bowen C, Cupples, L. PACT: Parents and children together in phonological therapy, Advances in Speech Language Pathology, 8:3, 282-292, 2006. DOI: 10.1080/14417040600826980
Gomes H, Molholm S, Christodoulou C, Ritter W, Cowan N. The development of auditory attention in children. Front Biosci 2000;1(5): 108-20.
Hodson BW, Paden EP. Targeting intelligible speech: a phonological approach to remediation. San Diego: College-Hill Press; 1983
McLeod S, Baker E, McCormac, J, Wren Y, Roulstone S, Crowe K, Masso S, White P, Howland C. Cluster- Randomized Controlled Trial Evaluating the Effectiveness of Computer-Assisted Intervention Delivered by Educators for Children With Speech Sound Disorders. Journal of Speech, Language and Hearing Research, v.60, p 1891-1910, 2017.
Plante E, Tucci A, Nicholas K, Arizmendi GD, Vance R. Effective Use of Auditory Bombardment as a Therapy Adjunct for Children With Developmental Language Disorders. Language, Speech, and Hearing Services in Schools • Vol. 49 • 320–333 • April 2018
Tibes, C. M. D. S., Dias, J. D., & Zem-Mascarenhas, S. H. (2014). Aplicativos móveis desenvolvidos para a área da saúde no Brasil: revisão integrativa da literatura. Revista Mineira de Enfermagem, 18(2), 471-486. Disponível em: http://reme.org.br/artigo/detalhes/940



HIGHLIGHTS
1109
CAPTAÇÃO DE VÍDEO POR SMARTPHONE PARA ATIVIDADES DE ENSINO E PRÁTICAS FONOAUDIOLÓGICAS
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


É considerado um produto audiovisual aquele que agrega imagem e som para propiciar unidade a um determinado conceito. Por utilizar-se de representações dos sentidos visual e auditivo, o produto audiovisual transporta o espectador para um universo imaginário ou para uma representação do real, cumprindo funções sociais, recreativas, comerciais, científicas, dentre outras 1. Filmes, comerciais de TV, games, videoarte, videodança, clipes, instalações imersivas, dentre outros, são exemplos de produtos audiovisuais. Ao categorizá-lo como científico, categoria mais utilizada na Fonoaudiologia, torna-se um instrumento importante para as rotinas fonoaudiológicas, pois, devido à sua possibilidade de captação permanente em um meio audiovisual, permite análises frequentes do material filmado, contribuindo para uma avaliação mais precisa do conteúdo, em especial, para uso em atividades de ensino da Fonoaudiologia, desde a gravação de pacientes ou outros personagens2, videoaulas, vistas técnicas, dentre outras. No ensino em Fonoaudiologia, em suas inúmeras atividades teóricas e práticas, registrar e reproduzir amostras audiovisuais de personagens ilustra casos clínicos nas apresentações científicas e acadêmicas e, junto aos aprendizes, colabora na aferição do diagnóstico e no diagnóstico diferencial, assim como em procedimentos de feedback; facilita na percepção de melhorias no pré e no pós-atendimento fonoaudiológico e contribui para a detecção e a constatação de alterações que não são percebidas sem a possibilidade de repetição ou congelamento de imagens3,4. Precauções e responsabilidades éticas devem permear toda a confecção, armazenamento e possível divulgação do material audiovisual para não incorrer em um processo ético ou, mesmo, judicial 5. Pesquisadores em Fonoaudiologia alertam para que seja dada mais atenção às técnicas e aos equipamentos necessários para produzir gravações com qualidade6. Mencionam, também, que os registros em vídeo, assim como em fotografia, devem manter a padronização do espaço físico, dos equipamentos utilizados, do posicionamento e da indumentária do paciente 4. Entretanto, informações preciosas como a que uma gravação deve ter qualidade para representar o momento captado da personagem, evitando colher material que não o represente, devem ser de conhecimento do fonoaudiólogo. O smartphone é um equipamento multifuncional que permite a captação de vídeo, de forma prática e eficaz, devido ao tamanho portátil, ao valor acessível para a obtenção e à crescente qualidade na fabricação focada nos recursos de filmagem. Portanto, esse foi o equipamento considerado viável para o desenvolvimento de um roteiro para registro em vídeo. A seguir, atentando-se sobre as demandas fonoaudiológicas, serão apresentadas as etapas consideradas imprescindíveis para a captação de vídeo com qualidade, a saber: a) desenvolvimento: é a etapa de planejamento do rol de atividades para a realização da filmagem, como: local, equipamento, pessoas e situações a serem filmadas, tempo de filmagem, necessidade de edição, enquadramentos, linguagem a ser utilizada, vestuário, dentre outras; b) pré-produção: etapa em que devem ser providenciadas as atividades descritas no desenvolvimento, minimizando futuros prejuízos na operacionalização dos registros e buscando soluções para as mudanças no planejamento; c) situações de filmagem: relacionam-se como os registros de fala espontânea, fala profissional, testes clínicos, palestras e outras situações que comporão os vídeos. Para registros clínicos, devem ser evitadas gravações emotivas (servem para emocionar) e apoiar-se em gravações clínicas (servem para discutir, são indicadores); d) equipamentos de gravação e som: o uso de um smartphone com memória RAM e de armazenamento intermediário, com qualidade de vídeo full HD, 2K ou 4K é suficiente para a captação de uma boa imagem. Sugere-se o uso de tripé para evitar instabilidades. O som pode ser captado pelo próprio smartphone ou por um microfone acoplado. A qualidade do som é fundamental para a compreensão das manifestações de natureza fonoaudiológica da personagem filmada; e) enquadramento: modo como a câmera se posiciona diante do objeto filmado. É dividido em plano descritivo/geral, para o espectador compreender como se organiza o espaço; plano narrativo, que se aproximam de duas ou três pessoas para mostrar como se relacionam e plano expressivo, que é mais próximo ainda, e indicam o que as pessoas dizem com seus corpos7. Dependendo da intenção, o enquadramento é fundamental para a captação de imagens em motricidade orofacial, por exemplo; f) mise-en-scène: proveniente do francês, significa "colocar em quadro", se caracteriza pela junção dos elementos visuais que compõem o enquadramento. A locação, os objetos cênicos, as personagens, a iluminação e tudo o que está ao alcance da visão do espectador 8; g) iluminação: deve colaborar para a identificação das características comunicativas do personagem. São necessários três pontos de luz para obter um efeito tridimensional diante do objeto filmado. Porém, para ao captar a imagem de um rosto é possível utilizar apenas a fonte de luz principal que é responsável em ressaltar os detalhes da face. O cuidado com a angulação e altura da fonte de luz é importante para não projetar sombras que possam desconfigurar o objeto8; h) Pós-produção / edição: ocorre a seleção e o tratamento das imagens, valorizando aspectos da filmagem, com uso de grafismos, inserção de imagens, gerador de caracteres, músicas e animações. Os arquivos devem ser armazenados e logados com nome e data numa máquina que possua um programa de edição instalado. Os vídeos devem ser organizados em pastas, bem como os projetos de edição de cada vídeo. Consiste em edição qualquer manipulação dos arquivos originais de imagem e som. Por fim, compreende-se que o registro em vídeo nas rotinas fonoaudiológicas, em especial como recurso de ensino, de aprendizagem e, consequentemente, clínico, busca colaborar para a captação de informações preciosas em todas as áreas da Fonoaudiologia. Esse procedimento poderá ser realizado mesmo que com um instrumento de fácil acesso como um smartphone, desde que sejam seguidas recomendações que facilitem um registro que colabore para o entendimento do fenômeno, da personagem ou da situação vivenciada.

1 Hagemeyer, RR. História & Audiovisual. Belo Horizonte: Autêntica Editora; 2012.
2 Nichols, B.. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus; 2005.
3 Giacheti CM, Lindau TA. Diagnóstico diferencial dos transtornos da linguagem infantil. In: Lamônica DAC, Britto DBO, organizadores. Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. São Paulo: Book Toy; 2016.
4 Frazão YS, Manzi SHB. Atualização em documentação fotográfica e em vídeo na Motricidade Orofacial. In: Silva HJ et al., organizadores. Tratado de Motricidade Orofacial. São Paulo: Pulso editorial; 2019.
5 Conselho Federal de Fonoaudiologia. Código de Ética da Fonoaudiologia. Brasília; 2016 [acesso em 06 jul 2020]. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/codigo-de-etica/.
6 Colton RH, Casper JK, Leonard R. Compreendendo os problemas da voz: uma perspectiva fisiológica no diagnóstico e tratamento das disfonias. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2010.
7 Rodrigues C. O Cinema e a produção. Rio de Janeiro: DP&A, FAPERJ; 2002.
8 Hunt RE, Marland J, Rawle S. A Linguagem do cinema. Porto Alegre: Bookman; 2013.


HIGHLIGHTS
1163
COMO APRIMORAR A EXPERIÊNCIA DO FONOAUDIÓLOGO QUE ATENDE CRIANÇAS EM TELECONSULTA NO CONTEXTO DA COVID-19?
Linguagem (LGG)


Neste ano, nos deparamos com desafios e situações adversas impensáveis para o século XXI devido a pandemia do Coronavírus 2019. O distanciamento social foi a principal estratégia para evitar o contágio da doença (Ministério da Saúde1, 2020) e o cuidado com a saúde foi direcionado para atendimentos com menor contato possível, adotando-se a modalidade da telessaúde em Fonoaudiologia.
A telessaúde em Fonoaudiologia, ou a telefonoaudiologia, regulamentada pela resolução nº 427 do Conselho Federal de Fonoaudiologia-CRFa2 (2013), dispõe sobre as diretrizes nacionais desta prática. Segundo esta resolução, o fonoaudiólogo utilizaria a telefonoaudiologia, visando o aumento da qualidade, equidade e de sua eficiência profissional, obedecendo às normas técnicas de guarda, manuseio e transmissão de dados, garantindo privacidade e sigilo profissional. A teleconsulta poderia ser realizada para fins terapêuticos somente na condição envolvendo fonoaudiólogo numa extremidade e o paciente com outro fonoaudiólogo à distância. Porém, mediante ao cenário da pandemia, o CRFa liberou a realização da teleconsulta para garantir a manutenção dos cuidados de saúde urgentes ou essenciais (CFFa3, 2020).
O fonoaudiólogo encontrou novos desafios: Como realizar a terapia à distância, com crianças que apresentam transtornos de linguagem? Qual a gravidade e necessidade real destas crianças em continuar a fonoterapia em meio às limitações impostas pelo distanciamento físico? Quais são as limitações e possibilidades desta nova modalidade terapêutica?
O contexto clínico, parte da premissa que o ambiente e os recursos lúdicos, em maioria de natureza concreta, são instrumentos facilitadores da aprendizagem, compondo o “setting” terapêutico (Migliavacca4, 2008). Os terapeutas ressignificaram seu papel neste processo, repensando suas estratégias para o fortalecimento do vínculo, revendo seus valores quanto à nova forma de trabalho e buscando novos meios de interação.
Nosso objetivo foi identificar ferramentas que permitiriam o aprimoramento da atuação do fonoaudiólogo na terapia de linguagem infantil em teleconsulta.
Este projeto foi desenvolvido com base na abordagem do Design Thinking (Cavalcanti e Filatro5, 2016) para a construção do conhecimento da atuação do fonoaudiólogo em teleconsulta em linguagem infantil, das suas dores, dos pensamentos e oportunidades de melhoria de trabalho em tempos de pandemia.
O Design Thinking revolucionou a maneira de identificar soluções inovadoras, possibilitando soluções criativas baseadas nas necessidades do mercado. Welsh e Dehler6 (2012) o descreveram como uma abordagem usada para a solução de problemas complexos que coloca o ser humano no centro do processo. Estimula a colaboração, a inovação e a busca por soluções frente a observação e a co-criação, a partir do conceito de prototipagem rápida e da análise de diferentes realidades.
O Design Thinking é composto de um processo, métodos e estratégias. A conexão destes aspectos coloca as pessoas e suas necessidades no centro do desenvolvimento, de forma que se use a criatividade para gerar soluções e empreguem a razão para analisá-las e adaptá-las ao contexto real (Cavalcante e Filatro5, 2016).
O projeto foi desenvolvido durante a disciplina de “Seminários Temáticos I” do Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação Humana. As etapas foram divididas em cinco fases descritas, a seguir: inicialmente, foi realizada uma entrevista aberta com profissionais da área para conhecer os desafios e dores deste público e, em seguida, realizou-se o escalonamento dos desafios dos profissionais que fazem teleconsulta.
Como não se trata de uma pergunta de pesquisa, mas de uma metodologia que visa propor soluções rápidas e concretas para um problema específico para um grupo de pessoas em determinada situação, não se fez necessário a submissão para Comitê de Ética em Pesquisa.
Posteriormente, aprofundamos os perfis encontrados, através de uma segunda entrevista e levantamos a jornada do usuário em perfis distintos: aqueles que têm menos habilidade de adaptação à teleconsulta (perfil 1) e outros que têm mais facilidade (perfil 2). E, finalmente, passamos à confecção de um infográfico no qual idealizamos passo-a-passo da jornada destes profissionais.
Foram entrevistados 18 fonoaudiólogos e a partir dos relatos, escalonamos informações sobre seus principais desafios. O esgotamento mental e a dificuldade de planejar mais de uma atividade com o mesmo objetivo foram predominantes. A faixa etária prevalente foi de até 25 anos. Metade apresentaram de 4 a 6 anos de formados e nenhum tinha pós-graduação.
Quanto ao domínio tecnológico, 82.2% relataram ter pouco domínio tecnológico (perfil 1), seguido de 16.7% com mais domínio (perfil 2).
Estruturamos as etapas do Mapa da Jornada para a Teleconsulta a partir dos enfoques preconizados no Design Thinking como: os requerimentos ideais para o serviço, escolha das atividades, emoções e pensamentos dos terapeutas e oportunidade de melhorias futuras. Observou-se que cada um dos perfis demonstrou sentimentos e necessidades diferentes. No grupo perfil 2, observou-se pensamentos positivos relacionados à expectativa, confiança, tranquilidade, satisfação, disciplina e motivação no uso da teleconsulta.
O perfil 1 expressou carência de informação tecnológica para o planejamento e execução do atendimento, além da necessidade de mais conhecimento técnico fonoaudiológico para adequar os materiais utilizados em terapia. Contudo, o perfil 2 expôs a dificuldade em tornar o ambiente terapêutico na teleconsulta sempre agradável e motivador para o paciente.
Verificou-se que os profissionais do perfil 2 buscaram a troca de conhecimentos e experiências com outros clínicos, com o objetivo de aprimorar a adaptação em teleconsulta. Identificamos que o perfil 2 trouxe muitas respostas para as dificuldades encontradas no perfil 1, e assim, propusemos algumas oportunidades de melhorias e soluções.
Atualmente, o teleatendimento pelo fonoaudiólogo é uma realidade necessária e merece a devida análise, suporte e divulgação para adequada atuação do profissional. Diversos fatores e ferramentas que influenciaram o atendimento fonoaudiológico foram elencados neste levantamento para melhor caracterização dos problemas e análise de possíveis soluções a partir de cada perfil.
Assim, sugere-se a necessidade de trocas de experiências e capacitações entre os dois perfis a partir de diferentes modalidades de alcance rápido de transmissão de conhecimento e informações, fato que justifica o envio deste trabalho. Tais problemas e suas soluções, necessitam ser discutidos, pesquisados e compartilhados na Fonoaudiologia nacional.

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doença pelo coronavírus 2019 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 (Boletim Epidemiológico; 7) [citado em 2020 Abr 31]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/2020-04-06-BE7-Boletim-Especialdo-COE-Atualizacao-da-Avaliacao-de-Risco.pdf

2. Conselho Federal de Fonoaudiologia. “Dispõe sobre a regulamentação da Telessaúde em Fonoaudiologia e dá outras providências.” Resolução CFFa nº 427, de 1º de março de 2013.

3. Conselho Federal de Fonoaudiologia. “Dispõe sobre o uso da Telefonoaudiologia durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2).” Recomendação CFFa nº20 de 23 de abril de 2020.

4. Migliavacca, EM. Breve reflexão sobre o setting na clínica psicanalítica. Boletim de Psicologia, VOL. LVIII, Nº 129: 219-226. 2008.

5. Cavalcanti CC, Filatro A. Design Thinking na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva; 2016. p 20.

6. Welsh, MA, Dehler, GE. Combining critical reflection and design thinking to develop integrative learners. Journal of Management Education. 2012. Dec 10.v. 37. n. 6, p. 771-802.



HIGHLIGHTS
1748
CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA O MAPEAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA PARALISIA CEREBRAL
Saúde Coletiva (SC)


Contextualização: Os Registros da Paralisia Cerebral são bancos de dados populacionais provenientes de múltiplas fontes, baseados em uma clara definição da PC e em rigorosos critérios de inclusão e exclusão nos sistemas. Requerem uma combinação de habilidades com a colaboração de obstetras, pediatras, epidemiologistas e profissionais da reabilitação. Somente na Europa existem 18 registros da PC diferentes com coleta de dados populacionais, com esforços de pesquisa de uma rede colaborativa. Os sistemas de informação são relevantes para o monitoramento de tendências e a redução da frequência da PC, bem como para a melhoria da qualidade de vida de crianças acometidas. O Sistema Único de Saúde do Brasil possui um Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica para o monitoramento de doenças e agravos na população. No Brasil, existem numerosas fontes de informação disponíveis pelos sistemas nacionais de informação em saúde existentes, desenvolvidos e operados pelo Ministério da Saúde, embora não integrados e que não abrangem uma série de doenças e incapacidades. Não foram encontrados sistemas de informação que contenham dados da PC no Brasil.
Diante da ausência de sistemas de registro da PC no Brasil, foi levantada a seguinte pergunta: Como sistematizar o conjunto de dados e produzir informações para a paralisia cerebral? Objetivo: Construir um software para armazenar as informações levantadas por um inquérito populacional da PC, bem como propor a transferência tecnológica para o sistema de saúde. Desenvolvimento: O programa foi desenvolvido pelo Departamento de Fonoaudiologia em parceria com o Departamento de Computação da Universidade Federal de Sergipe e obteve registro de patente pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Denominado Sistema de Mapeamento Epidemiológico da PC (SIMPE), o software foi projetado em quatro fases. Durante a primeira fase, foram realizadas reuniões de levantamento de necessidades e requisitos do sistema com o pesquisador principal deste estudo, os colaboradores e os programadores. Também foram discutidos todos os formulários de coleta de dados utilizados para a identificação da população que possui Paralisia Cerebral. Os formulários foram construídos levando-se em consideração as definições e os critérios de outras pesquisas populacionais e de registros internacionais. Ainda nesta fase, foi realizada uma exploração das salas de situação já existentes para outras doenças, com o objetivo de buscar as melhores práticas já utilizadas. A segunda fase, de modelagem do sistema, foi de acordo com a Engenharia de Software, em que foram elaborados os diagramas de caso de uso e foi feita a verificação de adequação às necessidades. A terceira fase foi composta pela codificação do sistema, em que foi utilizada a linguagem de programação Java e, para o manuseio do banco de dados, foi utilizada a Structured Query Language (SQL). A quarta fase foi a de validação da codificação. Nesta fase, foram efetuados rigorosos testes, a fim de garantir que aquilo que foi modelado e implementado correspondesse ao que foi desejado na primeira fase do projeto.
Algumas características foram acordadas como pré-requisitos: Layout simples e de fácil navegação; Segurança da informação; Geração de relatórios e Geração de gráficos.
Produto alcançado: O SIMPE serve como uma forma abrangente de visualizar a situação da PC de uma determinada região. A geração da Dashboard e do mapa oferece aos pesquisadores, aos gestores e aos profissionais de saúde uma visualização clara e facilitada das informações tanto geográficas quanto quantitativas dos pacientes com PC, oferecendo assim um apoio a investigações e uma melhor tomada de decisão em saúde. O perfil público permite ainda que qualquer pessoa tenha acesso aos dados, tornando-se consciente das informações em saúde de sua região. O sistema provê controle de acesso via login e senha e também é possível uma separação de funcionalidades via cadastro de perfis, podendo o usuário ter o perfil comum ou o perfil administrador. É vedada ao perfil administrador a maior parte dos cadastros. Ao utilizar um usuário comum para entrar no sistema, existe uma tela inicial em que é exibido um mapa da cidade de Aracaju, subdividido em bairros. Nessa tela pode-se obter uma série de informações quantitativas referentes aos pacientes que possuem PC, tanto na região da cidade em geral quanto apenas em um bairro quando selecionado, além disso emitir diferentes formatos de relatórios. Conclusão: O sistema é abrangente e inclui a maioria das variáveis utilizadas nos sistemas internacionais de registro da PC, abordando desde a classificação clínica até o uso de serviços de reabilitação e acesso a órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, acesso à educação, e aspectos socioeconômicos. Certamente o sistema é uma importante contribuição para a formulação, planejamento e avaliação de programas de saúde, bem como uma fonte de informações para pesquisas na área.

CANS, C.; SURMAN, G.; MCMANUS, V. et al. Cerebral Palsy Registries. Seminars in Pediatric Neurology, v. 11, n. 1, p. 18–23, 2004.
HURLEY, D. S.; SUKAL-MOULTON, T.; MSALL, M. E. et al. The Cerebral Palsy Research Registry: Development and Progress Toward National Collaboration in the United States. v. 26, n. 12, p. 1534-1541, 2011
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Sala de Situação em Saúde:
compartilhando as experiências do Brasil. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2010.
ROSENBAUM, P.; PANETH, N.; LEVITON, A. et al. A report: The definition and classification of cerebral palsy April 2006. Developmental Medicine and Child Neurology, v. 49, n. SUPPL.109, p. 8-14, 2007.


HIGHLIGHTS
357
CONTO DE CORDEL: PROMOVENDO O CONHECIMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON
Voz (VOZ)


O cordel consiste em uma forma de literatura composta por traços regionais, marcados por rimas e uso de linguagem popular, sendo comumente disponibilizado em folhetos. Os assuntos abordados nos cordéis são variados, desde lendas até as críticas sociais, o que contribui para a propagação do conhecimento acerca de temas relevantes para os mais variados públicos de forma simples e acessível, podendo assim, ser utilizado nas ações educativas em saúde. Desse modo, observa-se que a literatura de cordel vem sendo usada como um instrumento de incentivo à alfabetização (1), uma vez que, pela forma lúdica, criativa e didática há incentivo à leitura. A região Nordeste do país, por vezes destaca-se pela quantidade de pessoas carentes que por diversos fatores não tiveram acesso a uma educação de qualidade, levando assim a uma carência no tocante a informações que são de fundamental importância (2). Sendo o cordel uma expressão da cultura popular nordestina, este torna-se um singular meio de disseminar informações sobre doenças que embora comuns na sociedade são pouco conhecidas. É o caso da Doença de Parkinson - DP, a segunda doença neurodegenerativa de caráter progressivo mais comum em pessoas acima dos 60 anos, ficando atrás apenas da Doença de Alzheimer. A DP apresenta manifestações clínicas características, como bradicinesia, tremores em repouso e rigidez muscular. Além disso, ocorre redução de neurônios dopaminérgicos. A Doença de Parkinson, apresenta uma complexidade de transtornos já mencionados, caracterizados por alterações na marcha, voz, articulação da fala, entre outras (3). Com isso, os indivíduos acometidos pela patologia apresentam significativa dificuldade nas atividades de vida diária, logo, com essa multidimensionalidade dos sintomas e debilidades, torna-se fundamental a intervenção de uma equipe multiprofissional, a fim de obter melhora na qualidade de vida dos que convivem com a DP (3, 4). Nessa perspectiva, é recomendado que, principalmente, as atividades de reabilitação sejam realizadas diariamente. Entretanto, devido a diversos fatores limitantes como: 1. sistema público superlotado; 2. deslocamentos diários aos serviços da saúde; 3. custo, torna-se inviável uma assistência profissional diária aos usuários do serviço público. Assim, com finalidade de dar continuidade à rotina de tratamento e ampliar o conhecimento sobre a DP, houve a criação de um Manual para paciente com a Doença de Parkinson (5), em uma Instituição Pública. Tal material contém exercícios terapêuticos, bem como as demonstrações de execução, orientações e informações, no intuito de melhor auxiliar a manutenção de algumas práticas em casa, de modo acessível para os pacientes e cuidadores. Todavia, o Manual deve ser cada vez mais divulgado, para conseguir atingir o maior número de pessoas. Para corroborar no processo de promoção e adesão do conteúdo do manual foi criado o cordel: Do Parkinson ao saber: qualidade de vida em conto de Cordel, que visa fornecer informações de diversas áreas da saúde de forma lúdica e propiciar o conhecimento de orientações práticas, auxiliando assim no tratamento contínuo da doença. Outrossim, através da linguagem popular empregada no Nordeste e seu formato descontraído, ele fomenta a divulgação do Manual.

"São tantas áreas a trabalhar
Que vale a pena ressaltar
Da Neuro, Fisio e Psicologia
A Fono, TO e Odontologia."

O cordel buscou a partir do Manual de orientações sobre a DP criado em um Programa de Extensão, levar ao público informações que pudessem dar um norte àqueles que pouco ou nada sabiam sobre essa doença. Seguindo o modelo de linguagem acessível apresentada no manual, a produção diferenciou-se por, como mencionado, levar a população, de forma dinâmica, noções básicas sobre a DP, adaptando a linguagem e deixando-a mais popular. Dessa forma, paralelamente ao material já existente, o cordel torna-se mais um meio de disseminar o conhecimento sobre a DP.

"Lentidão, tremores e rigidez muscular
São sintomas que irão apresentar
Tremores são agravados por estresse
Fique tranquilo! Sua cuca não avexe!"

A literatura: Do Parkinson ao saber: qualidade e vida em conto de cordel, traz consigo a proposta de possibilitar a divulgação da Doença de Parkinson através de uma linguagem regional. A criação deste trabalho pressupõe um mecanismo inovador na disseminação das informações básicas acerca da DP, por meio desta forma tão própria de comunicação da região Nordeste. Aliado a isso, o material pode vir a ser utilizado como recurso terapêutico, uma vez que, é característico desse estilo literário uma leitura rítmica e prosódica, rica em diferentes entonações. Para além da modulação vocal, pode-se observar a estimulação da musculatura facial, e consequentes expressões faciais, correspondentes com o que está sendo evocado na leitura.

"E ao falar em terapia
Chega logo a Fonoaudiologia
Na fala, voz e deglutição
Ela trabalha a reabilitação

Para comunicação efetiva funcionar
a fono tem que atuar
Sem esquecer da expressão
fazendo exercícios de movimentação

Estica, puxa e faz bico
Faz careta de todo tipo
Assim fica fácil fazer terapia
Arretada é a Fonoaudiologia"

Portanto, devido à rigidez muscular provocada pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos na DP, os pacientes necessitam de estímulos contínuos, tanto para a mímica facial como também para a melhoria da prosódia, dado que, a voz destes tende a ser monótona. Com o uso do produto nas terapias, os pacientes, acompanhantes e/ou cuidadores, conseguem obter mais conhecimento sobre a patologia e aprendem como lidar melhor com as mudanças físicas que a DP ocasiona. Outro pressuposto que corrobora a elaboração deste trabalho relaciona-se com a promoção desse saber atrelado à divulgação da arte nordestina ao público, que é tão rica culturalmente.

1. Oliveira PMP. Literatura de cordel como meio de promoção para o aleitamento materno. [monografia]. Fortaleza (CE): Universidade Federal do Ceará, 2007.

2. Pagliuca LMF, Oliveira PMP, Rebouças CBA, Galvão MTG. Literatura de cordel: veículo de comunicação e educação em saúde. Texto contexto-enferm. 2007; 16:662-7.

3. Palermo S, Bastos ICC, Mendes MFX, Tavares EF, Santos DCL, Ribeiro ALFC. Avaliação e intervenção fonoaudiológica na doença de Parkinson. Análise clínica-epidemiológica de 32 pacientes. Revista Brasileira de Neurol. 2009; 45:17-24.

4. Valcarenghi RV, Alvarez AM, Santos SSC, Siewert JS, Nunes SFL, Tomasi AVR. O cotidiano das pessoas com a doença de Parkinson. Revista Brasileira Enferm, 2018; 71:272-279.

5. Asano AG, Asano NMJ, Coriolano MGWS. Manual de Orientações para pessoas com Doença de Parkinson. [livro online]. Recife: Editora UFPE; 2019. [acesso em 23 de jun de 2020]. Disponível em https://drive.google.com/file/d/1XRooHGoOusca1zmJb5f11Y_qrOHqx-lO/view.


HIGHLIGHTS
166
CONTRIBUIÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NA CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO GRUPO DINÂMICO DE DELIRIUM:ÂMBITO HOSPITALAR
Linguagem (LGG)


Quando hospitalizado o indivíduo vivencia diversas mudanças em suas vidas tais como: ruptura do cotidiano, mudança de papéis ocupacionais, e diversas situações de estresse, como o afastamento de familiares e amigos, alterações em sua rotina, receios quanto ao diagnóstico e prognóstico e o medo devido à proximidade da morte. Assim, é muito comum haver a ocorrência de apatia e processos depressivos durante o período de internação hospitalar e, em alguns casos, apresentando as manifestações de delirium que podem ser transitórias ou flutuantes, por parte de sinais de confusão mental (desorientação em relação ao tempo e espaço), déficits cognitivos (alterações de memória, atenção e/ou comunicação) e comportamento (agitação e lentidão nas respostas). Essas manifestações são observadas pela equipe multidisciplinar que acompanha o paciente na realização dos programas terapêuticos institucionais, como ainda, sinalizado por queixas pelos acompanhantes que tem propriedade para informar sobre o comportamento cognitivo do paciente antes e durante a internação. Fez-se necessário o desenvolvimento do protocolo de Delirium no Hospital do Coração Hcor, o qual informa as características dos pacientes que estão apresentando manifestações de Delirium. O protocolo é conduzido incialmente pela equipe de enfermagem e em seguida por toda a equipe multiprofissional inserida na condução das ações do protocolo. Desta maneira, foi proposto junto a equipe assistencial e multidisciplinar hospitalar Fonoaudiologia e Fisioterapia, uma medida de tratamento não farmacológico para os casos de Delirium através da construção de intervenção com grupos dinâmicos, ampliando a capacidade de melhora do quadro confusional, por parte dos aspectos cognitivos, motores e sociais. Foi estabelecido a retirada do paciente do leito com o objetivo de melhorar a orientação têmporo-espacial, efetivação do vínculo sócio-afetivo entre paciente-cuidador/familiar e equipe multiprofissional, promovendo o resgate da memória episódica, de trabalho e de curto-prazo, além de comandos e compreensão motora e a abstração linguística. Sendo assim, são organizados grupos, nas salas de esperas das unidades de internação, com no mínimo 2 participantes, com critérios de inclusão como CAM-S (confusion assessment method-severity score) com escore 7, realizado pela equipe de enfermagem, o teste cognitivo Moca abaixo do escore 24 realizado pela equipe de fonoaudiologia, estabilidade hemodinâmica após avaliação da equipe de fisioterapia, como ainda, prescrição médica para os atendimentos. A presença dos acompanhantes ou familiares durante a realização do grupo é fundamental para garantir qualidade e envolvimento no cuidado do doente. Mesmo que o paciente esteja dentro das condições para participação no grupo, há os critérios de exclusão, que impossibilitam a sua participação, como o caso de não ter condições de manter-se sentado em uma cadeira de rodas, ou estar em processo infeccioso por isolamento de contato ou respiratório, ou em uso de medicamento farmacológicos para delirium, ou estar em tratamento dialitico, assim comprometendo o horário da rotina hospitalar. Os paciente com comprometimento cognitivo severo também são excluídos. A duração é de até 60 min sob a realização de exercícios físicos e congitivos-linguísticos associados entre as duas equipes profissionais envolvidas (fisioterapia e Fonoaudiologia), ao final, realizado um questionário de satisfação respondido pelo próprio paciente e/ou acompanhante/familiar. No planejamento terapêutico institucional do paciente a participação do grupo não excluí o atendimento beira-leito, sendo algo complementar ao prognóstico do quadro clínico e obtendo indicadores de qualidade baseados na evolução funcional, através de avaliações quantitativas observadas durante a própria execução das atividades propostas, sendo elas pontuadas de 0-5. Em relação aos aspectos observados durante a realização do grupo dinâmico, as características respostas corretas à tempo/espaço, identificação de imagens e auto-reconhecimento social à cada 3 tentativas tornavam-se presentes, já nos aspectos físicos eram observados as respostas à execução do ato motor por um comando verbal e/ou sensorial através do comando automático, reconhecimento de formato e peso de objetos, solicitação de passagem de objetos, comandos motores livres e encaixe de objetos à cada 3 tentativas. Assim, ao final de cada proposta do grupo é realizado a efetivação terapêutica por base desses indicadores de qualidade quando atingida a pontuação de 0-3 permanece com um comprometimento grave de Delirium, de 4-6 comprometimento moderado, 7-9 comprometimento leve e 10 sem comprometimentos cognitivos referente ao Delirium. No primeiro mês de início das atividades do grupo dinâmico, com sessões terapêuticas realizadas duas vezes por semana, obteve-se resultados: realizados 8 grupos com 11 pacientes distintos com NPS (Nível de satisfação) de 90% e melhora do quadro de Delirium bem como a redução da internação hospitalar contribuindo com a alta; 5 pacientes permaneceram com comprometimento moderado à grave no quadro de Delirium e ainda internados devido a tratamento clínico. Ao final de cada grupo, é realizado as orientações diretivas referente a monitorização das manifestações do Delirium através da entrega de um folheto complementar. A partir das ações desenvolvidas observou-se a efetivação da interação social do paciente com toda a equipe multidisciplinar, favorecendo a adesão aos programas terapêuticos beira-leito, a diminuição dos tratamentos farmacológicos para Delirium e um melhora do bem estar do paciente e acompanhantes durante o período de hospitalização, como ainda, colaborando com a melhora do quadro clínico e privilegiando a previsão de alta breve. Estratégias dinâmicas se mostram como uma excelente alternativa para maximização dos cuidados em saúde e ampliação da qualidade de vida dos pacientes que a recebem.

CARDOSO, A.M. Atuação da Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares: Revisão Integrativa da Literatura. Ribeirão Preto, SP; s.n; 2017.
Durst J, Wilson D. Effects of protocol on prevention of delirium in hospitalized hip fracture patients: A quality improvement project. Int J Orthop Trauma Nurs. 2020.
GUIMARAES, Andréa Carmen et al . Atividades grupais com idosos institucionalizados: exercícios físicos funcionais e lúdicos em ação transdisciplinar. Pesqui. prát. psicossociais, São João del-Rei , v. 11, n. 2, p. 443-452, dez. 2016 .


HIGHLIGHTS
1309
CURADORIA DIGITAL E O COTIDIANO FONOAUDIOLÓGICO: AS REDES SOCIAIS E A CONVERGÊNCIA DE SABERES SOBRE AS ANOMALIAS CRANIOFACIAIS
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


CURADORIA DIGITAL E O COTIDIANO FONOAUDIOLÓGICO: AS REDES SOCIAIS E A CONVERGÊNCIA DE SABERES SOBRE AS ANOMALIAS CRANIOFACIAIS


Introdução:

Imersos na cultura da convergência, em que as mídias se difundem e atravessam as relações sociais1, deparamo-nos com diferentes possibilidades de construir conhecimentos, em espaços públicos e privados, formais e informais. Com a multiplicação das redes de comunicação, surgem diferentes formas de sociabilidade mediadas pelas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), que são integradas nas vidas das pessoas e misturam a realidade virtual com a virtualidade real conforme suas necessidades2.
O “estar conectado”, alcançou o patamar do “ser conectado”. Hoje somos seres cíbridos, imersos em um novo panorama cultural, uma cultura digital. As implicações culturais oriundas da virtualização das informações, influenciam em diferentes aspectos das nossas vidas. Esta influência acontece devido a sua penetrabilidade em todas as esferas da sociedade humana, como é o caso das redes sociais3.
Entende-se por rede social:
“um grupo de pessoas, compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os nós da rede representam cada indivíduo e suas conexões, os laços sociais que compõem os grupos. Esses laços são ampliados, complexificados e modificados a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos”.

Todavia, o uso das redes sociais, quando objetivado à promoção de saberes acadêmicos, não pode ser vinculado de maneira indiscriminada. A mesma fluidez que legitima a construção de pontes de saberes, viabiliza a exposição de verdades absolutas diversas, que apresentam-se como acadêmicas mas que não necessariamente se configuraram com viés científico e confiabilidade5.
Incluir o cidadão não apenas como alvo do conteúdo, mas como um interlocutor e coautor de conteúdo é uma prática dialógica que diferencia, as redes sociais dos meios de ensino comum e consequentemente traz diversos benefícios na educação em saúde.

Objetivo:
O objetivo geral desta pesquisa foi descrever as potências das redes sociais como ferramentas mediadoras no processo de convergência, compartilhamento de saberes e criação de inteligência coletiva no suporte a educação em saúde, em especial as Anomalias Craniofaciais.

Metodologia:
Esta pesquisa, está estabelecida no campo das ciências sociais e pode-se classificá-la como bibliográfica e qualiquantitativo, em uma abordagem de pesquisa-ação.

Resultados e Discussão:
Os estudos que foram analisados em sua grande parte revelaram a insipiência que ainda existe na confecção e criação de materiais educativos na área da saúde que façam uso de tecnologias digitais e propiciem a Educação a Distância para profissionais de saúde na temática das Anomalias Craniofaciais, dentro da Educação a Distância, principalmente quando associadas a educação midiática e tecnologias móveis.
Apenas um estudo se propôs confeccionar um curso para a capacitação de fonoaudiólogos quanto às orientações a serem dadas aos pais e familiares em relação ao desenvolvimento da linguagem de crianças portadoras de anomalias craniofaciais. Trabalhos que abordam o uso de mídias eletrônicas com o objetivo de promoção e prevenção de portadores de anomalias craniofaciais são limitados. Na literatura não são encontradas ferramentas preparadas para otimizar a formação continuada e capacitação de fonoaudiólogos assim como de outros profissionais da saúde para orientação e cuidado a portadores de anomalias craniofaciais e seus familiares. Observou-se ainda a ausência de estudos que associam o processo de curadoria a elaboração de espaços porosos e confecção de materiais educativos dispostos em redes sociais na temática das Anomalias Craniofaciais6.

Conclusão:
Ao acessarmos uma rede social, já não acessamos mais um espaço digital, mas vivemos ele, como um todo, pois nos encontramos não em um espaço, mas em um contexto cultural, uma cultura digital, dado que a tecnologia se expande, e nós não estamos mais passivos, recebendo informações, mas fazemos parte disso porquanto também criamos, damos vida. E nossa vida embrenha-se aos contextos e conceitos de redes, que interligam outras vidas e compartilham outras histórias, e experiências. O acesso às redes sociais se tornou natural, acessamos porque gostamos, porque queremos ver o outro, interagir com o outro, compartilhar. A busca por conhecimentos na temática das Anomalias Craniofaciais se favorece com uso das redes sociais.
A realização de uma curadoria digital, não apenas considerará o que será direcionado, mas como. Como potencializar as redes sociais como ferramentas mediadoras? De que maneira serão alcançados seguidores? E como considerar cada indivíduo que acessará sua própria rede social?
O acesso a saúde não pode ser dada por chances, e as redes sociais potencializam essa integralização. O uso das redes sociais potencializam a consciência dos direitos e de toda a caminhada que será vivida e traçada pelo usuário em seu acesso aos serviços de saúde, assim como fortalece o profissional de saúde em seu acesso aos saberes acadêmicos. Por conta disto, a realização da curadoria digital, foi imprescindível, porquanto tentou entender que há diversas verdades que conversam entre si, mas, para que exista uma convergência de ideias, pautada em saberes acadêmicos, é preciso que haja respeito do pesquisador em saber como dispor seu saber científico em um espaço tão poroso como são as redes sociais.



Referências

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2. CASTELLS, Manuel; CARDOSO, Gustavo. A sociedade em rede: do conhecimento à acção Política. 2005. Disponível em: Acesso em: jan. 2013.
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4. RECUERO, Raquel da Cunha. Redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.
5. KATZ, J.E, RICE, R. R., & ACORD, S. (2004). E-health networks and social transformations: Expectations of centralization, experiences of decentralization. In M. CASTELLS (Ed.), The network society: A cross-cultural perspective (pp. 293-318). London: Edward Elgar.
6. CORRÊA, Ana Paula Carvalho. Desenvolvimento da fala no bebê com fissura labiopalatina: mídia para estudantes de fonoaudiologia. 2016. 174 f. Dissertação (Mestrado em Fissuras Orofaciais) - Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, Bauru, 2016. doi:10.11606/D.61.2016.tde-19102016-172929. Acesso em: 2019-08-26.


HIGHLIGHTS
2168
DESENVOLVIMENTO DE UM WEBSITE COMO APOIO AO TREINAMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS DE CRIANÇAS: ADESÃO DOS PAIS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO: Ao longo dos anos o governo brasileiro tem investido recursos financeiros por meio de leis e regulamentações que possibilitam a realização do diagnóstico audiológico e intervenção precoces em crianças com deficiência auditiva. O direito à terapia fonoaudiológica é garantido pela Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva – PNASA (Portaria nº 587, 2004). Os dispositivos eletrônicos somados à terapia fonoaudiológica aurioral possibilitam o desenvolvimento das habilidades de percepção auditiva da fala com melhor qualidade e em menor intervalo de tempo. Contudo, o funcionamento e o custo-efetividade dos serviços de reabilitação não ocorrem como previsto em lei, resultando em crianças sem acesso à terapia fonoaudiológica em diferentes regiões do País, e com atrasos no desenvolvimento auditivo e de linguagem oral. Neste contexto, programas de treinamento auditivo online têm sido empregados como apoio aos pais e aos fonoaudiólogos visando o desenvolvimento das habilidades auditivas, de modo a minimizar as dificuldades existentes. DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E DA RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA: O uso de estratégias tecnológicas online favorece a intervenção terapêutica inovadora, o aumento da adesão e a otimização da autonomia, além de contribuir com o empoderamento familiar no processo terapêutico em ambiente domiciliar. Neste formato de intervenção, o custo-benefício também recebe destaque em decorrência da redução dos deslocamentos até os centros especializados e a consequente descentralização das unidades de terapia fonoaudiológica. Em tempos como os vivenciados nos dias atuais, quando a recomendação dos órgãos governamentais de saúde pública é a de permanecer em casa, em isolamento ou distanciamento social, a fim de desacelerar a pandemia provocada pela COVID-19 (SARS-CoV-2), tal realidade se torna ainda mais expressiva e significativa, tanto no que diz respeito às dificuldades de acesso à terapia especializada de forma presencial, quanto à busca contínua dos pais e dos familiares por recursos online capazes de auxiliar a continuação do processo terapêutico. Este cenário trouxe à tona a escassez da literatura quanto à existência de programas, websites ou aplicativos focados nas crianças e seus pais, traduzidos para o idioma português, em formato online e gratuito, que reúnam, em uma só plataforma: exercícios voltados ao desenvolvimento em todos os níveis de habilidades auditivas, programados visando o envolvimento e a participação ativa dos pais nas atividades de treinamento junto às crianças e, também, nas orientações direcionadas às estratégias terapêuticas capazes de serem realizadas em ambiente domiciliar, além do monitoramento sistemático do uso, do aproveitamento do treinamento auditivo e da adesão da família no processo de reabilitação auditiva. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver um website gratuito como recurso de apoio aos pais no treinamento das habilidades auditivas de crianças com deficiência auditiva e, verificar a adesão dos pais por meio da aplicação de questionários contínuos e da participação conjunta com as crianças em atividades organizadas, em formato de dupla, além de fornecer orientações diárias acerca das habilidades treinadas. Paralelamente, será analisado se há algum impacto no treinamento das habilidades auditivas a partir dos resultados nos testes de percepção auditiva da fala das crianças, antes e após o treinamento auditivo. APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: A criação de um website nos formatos metodológicos propostos surge como possibilidade de inovação e de interação na construção de novos e futuros modelos sociais e de reabilitação auditiva aurioral, ajustados ao perfil contemporâneo das crianças que se atualizam tecnologicamente todos os dias, ocasionando de forma rápida e progressiva, o surgimento de gerações altamente motivadas e capacitadas para o uso de tecnologias. O conhecimento e a efetivação prática destas abordagens ampliam as opções e as oportunidades das crianças com deficiência auditiva, além de funcionar como apoio adicional aos pais e a terapia fonoaudiológica aurioral. A regulamentação vigente do Conselho Federal de Fonoaudiologia – (CFFa) nº 427/2013 limita as possibilidades de atuação remota autorizando, neste formato, somente a prestação de serviços de teleconsultoria. No entanto, em função da pandemia, atualmente as atividades de teleconsultas e telemonitoramento na área da reabilitação auditiva, tem se tornado uma prática frequente. Neste cenário, websites de treinamento auditivo para crianças, como o proposto por este projeto, podem ser utilizados pelos fonoaudiólogos reabilitadores como alternativa facilitadora à estimulação auditiva destas crianças e ao uso dos dispositivos eletrônicos, além de uma estratégia norteadora aos pais em continuidade ao trabalho realizado pelos profissionais especializados. As atividades e o monitoramento proposto pelo website de treinamento auditivo permitem ainda que o fonoaudiólogo reabilitador tenha um maior conhecimento acerca das necessidades das crianças e do envolvimento dos pais, agentes fundamentais neste processo, oferecendo-lhes um melhor serviço em terapia aurioral, aliando o tratamento à segurança e ao bem-estar das crianças. Deste modo, é possível vencer barreiras físicas, geográficas, espaciais, socioeconômicas, culturais e de financiamento, reduzindo as dificuldades de acesso aos programas de reabilitação, decorrente das faltas de estrutura e profissionais capacitados e, promovendo a descentralização dos atendimentos com garantia de acesso aos serviços e informações à toda população, independentemente da região. Assim, tal estudo pode ainda ser utilizado como orientação aos órgãos governamentais acerca dos novos caminhos que a telessaúde tem trilhado, por meio da teleaudiologia, no que diz respeito ao planejamento e ao emprego dos futuros investimentos e verbas públicas, principalmente em tempos de atendimentos remotos, tendo em vista a contribuição aos processos de reabilitação, com maior integração, equidade, eficiência de serviços, redução das filas de espera e, aumento da qualidade de vida, satisfação e experiência com o uso dos dispositivos eletrônicos, a partir dos serviços prestados.

Almeida GF, Lima KMN, Santos MBS, Andrade KCL. Benefícios do treinamento auditivo para o desenvolvimento das habilidades auditivas em crianças usuárias de implante coclear. Distúrb Comum. 2017;29(2):392-4.

Beier LO, Pedroso F, Costa-Ferreira MID. Benefícios do treinamento auditivo em usuários de aparelho de amplificação sonora individual - revisão sistemática. Rev CEFAC. 2015;17(4):1327-32.

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Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 2.776, de 18 de dezembro de 2014, que aprova diretrizes gerais, amplia e incorpora procedimentos para a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva no Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial União. 2014.

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HIGHLIGHTS
1764
DESENVOLVIMENTO DO MONITVOICE: UMA PLATAFORMA PARA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM TELEMONITORAMENTO VOCAL
Voz (VOZ)


A rápida disseminação internacional da Covid-19, declarada como Pandemia em março de 2020 pela Organização mundial da Saúde (OMS) e a recomendação do distanciamento social como medida preventiva de contaminação (1) acelerou bruscamente a atividade online nos mais diversos setores da sociedade. Mesmo na área da saúde, procedimentos e consultas considerados não essenciais foram adiados ou reconfigurados para modalidade remota através de teleconsulta (2).
A telefonoaudiologia em voz se tornou mais recorrente desde então, tendo em vista que o tratamento das disfonias e o acompanhamento de profissionais da voz, como professores, cantores e jornalistas, não devem ser interrompidos e medidas para manutenção da qualidade vocal destes, são necessárias.
Para garantir qualitativamente este tipo de atendimento, o desenvolvimento de recursos que o subsidiem, torna-se uma premissa e a inovação tecnológica na área, como propulsor dessa nova realidade da saúde conectada, é marcada pelo caráter preventivo, personalizado, preciso e pervasivo (3).
O uso de plataformas e aplicativos como recursos que subsidiam esta prática são inerentes a este processo de inovação e transformação. Nessa conjectura, a modalidade de acompanhamento vocal remoto já havia sido evidenciada. Diversos aplicativos de gravação em smartphones Android e iOS foram testados e se mostraram adequados para análise de voz, no entanto as pesquisas apresentam limitações metodológicas e os aplicativos mais citados não estão disponíveis nos dois sistemas operacionais disponíveis, causando problemas para a acessibilidade (4). O uso de plataformas gratuitas de vídeochamada não parecem ser adequados para avaliação perceptivo-auditiva, devido a baixa qualidade do som (5).
Assim, este projeto propõe o desenvolvimento de uma plataforma que subsidie qualitativamente a atuação fonoaudiológica em telemonitoramento vocal.
A gravação da voz realizada pelo próprio paciente, utilizando o seu smartphone significa um grande avanço na clínica de voz, traz vários benefícios como, monitoramento do desvio vocal, economia de recursos financeiros e materiais, aumento do engajamento do paciente, acessibilidade e realização de acompanhamento fonoaudiológico com especialistas de outras regiões (6).
No entanto, estudos recentes apontam diversas fragilidades nas gravações em smartphone, tanto para a prática clínica, quanto para realização de pesquisas, desde a qualidade do smartphone, o ruído no ambiente, o padrão de captação do áudio, até disponibilidade de um aplicativo que atenda às exigências técnicas, de segurança, compatibilidade e acessibilidade (4). Logo, o objetivo desse trabalho foi desenvolver uma plataforma chamada Monitvoice, disponível para iOS e Android, para auxiliar o fonoaudiólogo no monitoramento vocal, dispondo de um protocolo de gravação, com a inclusão de protocolo de autoavaliação e tutorial de orientação ao paciente.
A abordagem metodológica utilizada foi a do Design Thinking, respeitando as etapas de definição do problema, ideação, prototipagem para posterior testagem (7). O desenvolvimento foi realizado em equipe interprofissional, composta por fonoaudiólogos, técnicos em informática e design. Seu constructo foi realizado com o ambiente de desenvolvimento Android Studio, utilizando a linguagem de programação Java.
O produto é caracterizado pela possibilidade do paciente gravar sua voz, obedecendo a um protocolo pautado em evidências científicas na área da voz (8) e expertise de especialistas em voz. Contém um infográfico animado para exemplificar a posição do usuário e do seu smartphone durante as seguintes tarefas de gravação: Vogal [E] sustentada em tempo máximo fonatório numa intensidade habitual, contagem de 1 a 10 em uma intensidade habitual e três tarefas com vogal [A], em intensidades fraca, confortável e forte, durante 5 segundos cada. Entre as gravações o usuário poderá referir qual o seu nível de esforço vocal através da escala Borg10(9), atendendo as exigências técnicas de reconhecimento de ruído ambiental para adequada gravação (inferior a 50dB), monitoramento da intensidade vocal com parâmetros visuais que permite o usuário modular sua intensidade conforme a indicação: fraca, confortável e forte, gerando um arquivo de áudio em wav, com taxa de amostragem padrão de 44.100hz em faixa mono, numa interface intuitiva e de fácil utilização. As gravações e relatórios gerados no aplicativo são enviados ao fonoaudiólogo, permitindo a avaliação perceptivo-auditiva e monitoramento do esforço vocal.
A mudança no modo como as pessoas utilizam a tecnologia é irreversível. A utilização de recursos para suporte do fonoaudiólogo para o acompanhamento remoto dos pacientes será cada vez mais frequente, assim percebe-se a importância do desenvolvimento de uma plataforma que permite controle de intensidade para gravação da voz, controle de ruído ambiental (garantindo situação ambiental ideal para gravação da voz), escalas de autoavaliação e interface de comunicação profissional – paciente, contribuindo para que o Fonoaudiólogo construa um raciocínio clínico com parâmetros para tomada de decisão terapêutica fidedigna, mesmo em contexto assíncrono.

1 - Rafael RMR, Neto M, Carvalho MMB, David HMSL, Acioli S, Faria MGA. Epidemiologia, políticas públicas e Covid-19. Rev enferm UERJ. 2020; 28:e49570.
DOI: 10.12957/reuerj.2020.49570

2 - Vogler SA, Lightner AL. Rethinking how we care for our patients in a time
of social distancing. 2020, [revista em Internet] inWiley Online Library (www.bjs.co.uk).
DOI: 10.1002/bjs.11636

3 - Costa LS, Inovação nos serviços de saúde: apontamentos sobre os limites do conhecimento. Cad. Saúde Pública. 2016; 32.
DOI: 10.1590/0102-311X00151915

4 - Munnings AJ. The Current State and Future Possibilities of Mobile Phone “Voice Analyser” Applications, in Relation to Otorhinolaryngology. Journal of Voice. 2019; 34(4):527-532.
DOI: 10.1016/j.jvoice.2018.12.018

5 - Dimer NA, Soares NC, Teixeira LS, Goulart BNG. Pandemia do COVID-19 e implementação de telefonoaudiologia para pacientes em domicílio: relato de experiência. CoDAS. 2020;32(3):e20200144.
DOI: 10.1590/2317-1782/20192020144

6 - Manfredi C, et al. Smartphones Offer New Opportunities in Clinical Voice
Research. Journal of Voice. 2016; 31(1):111.E1-111.E7.
DOI: 10.1016/j.jvoice.2015.12.020

7 - Brown T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010.

8 – Patel RR, et al. Recommended Protocols for Instrumental Assessment of Voice: American Speech-Language-Hearing Association Expert Panel to Develop a Protocol for Instrumental Assessment of Vocal Function. American Journal of Speech-Language Pathology. 2018; 27:887–905.
DOI: 10.1044/2018_AJSLP-17-0009

9 - Van Leer E, Van Mersbergen M. Using the Borg CR10 Physical Exertion Scale to Measure Patient-perceived Vocal Effort Pre and Post Treatment. Journal of Voice. 2017; 31(3):389.e19-389.e25.
DOI: 10.1016/j.jvoice.2016.09.023


HIGHLIGHTS
2190
DESIGN THINKING COMO ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA PRÁTICA DA FONOAUDIOLOGIA
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O Design Thinking (DT) é uma abordagem metodológica de inovação e tem como motivação a solução de problemas. O DT surgiu originalmente com o intuito de facilitar o processo de inovação tecnológica em processos, produtos e serviços nas áreas do marketing e design, posteriormente difundidos na área da saúde, visto que a sua organização metodológica facilita o processo de trabalho e gestão. Além disso, o DT possibilita o desenvolvimento de cenários de trabalho colaborativos, considerando a pluralidade de saberes para construção de idéias melhores, mais eficazes e eficientes, bem como a entrega de melhores experiências aos usuários. Nele, tradicionalmente, são apresentadas três principais etapas para o desenvolvimento de inovação: inspiração, ideação e implementação¹'². Serviços de saúde ainda apresentam falhas ao lidar com alguns pontos que necessitam de inovação: custos, habilidades de execução, planejamento, gestão, cultura e infra-estrutura herdada. Além disso, falta pensamento unificado e direção estratégica, treinamento ou apoio adequado para implementar ou manter um novo modelo de trabalho, restando ainda ceticismo em relação a novos conceitos, protecionismo e relutância em mudar. Terapias em geral tendem a ser demoradas, o que gera custos sociais e econômicos o que nos leva a necessidade de identificar o tratamento mais eficaz e eficiente. Pensando a prática fonoaudiológica, mas especificamente, o planejamento terapêutico, avaliação e/ou gestão de condutas clínicas e seus objetivos como problemas a serem solucionados, o recurso do Design Thinking pode ser uma resposta para o estabelecimento e direcionamento desses processos, favorecendo a clareza e alcance de soluções pela capacidade organização e reflexão que a abordagem oferece. Para Kolko³ e Giacomini⁴, o Design Thinking baseia-se no uso de técnicas que comunicam, interagem, empatizam e estimulam as pessoas envolvidas, obtendo uma compreensão de suas necessidades, desejos e experiências que muitas vezes transcendem aquilo que as próprias pessoas realmente realizaram, tendo o usuário como foco central da atividade. OBJETIVO: O objetivo dessa proposta foi evidenciar a utilização da abordagem metodológica na prática fonoaudiológica. METODOLOGIA: O projeto propôs a adequação da abordagem metodológica do DT para a prática fonoaudiológica, nas etapas de acordo com Juliani, Cavaglieri e Machado⁵ e Ramírez e Zaninelli⁶ visando melhor organização, como: Imersão, Definição, Ideação, Prototipagem, Teste e Compartilhamento, aplicando em diferentes finalidades na prática Fonoaudiológica, seja definição de idéias, planejamento terapêutico e de avaliação e/ou gestão de condutas clínicas. RESULTADOS: O Design Thinking em Fonoaudiologia pode ser aplicado na etapa inicial de Imersão, onde o fonoaudiólogo observa as queixas, além de toda história clínica e desenvolvimental e dados apresentados pelo paciente na entrevista. Na Definição, o profissional atenta-se para o que a literatura apresenta sobre as patologias congruentes com as queixas apresentadas, correlaciona os aspectos clínicos com os achados fisiopatológicos, busca evidências visando definir o problema central e aspectos relacionados a ele e outros profissionais que precisam estar envolvidos no processo. Partindo para a etapa de Ideação, o profissional, junto com os outros profissionais elencados para o cumprimento dos objetivos, tendo por base as idéias estabelecidas na etapa de definição, visando melhores soluções, estabelece diferentes estratégias e recursos que possam ser utilizados para construção da conduta que melhor se adapta a necessidade do paciente. Ainda nessa etapa, recursos para este fim elaborados (materiais ou não materiais) são definidos, para que as estratégias planejadas sejam realizadas. Com os recursos em mãos, o profissional da poderá iniciar a etapa que equivaleria a Prototipagem. Nesta etapa, são desenvolvidos todos os recursos e estratégias que serão utilizados para o suporte clínico, cabe destacar que durante todo o processo de desenvolvimento o fonoaudiólogo poderá realizar esta etapa em grupo interprofissional, tendo em vista um atendimento interprofissional coeso em seus objetivos e estratégias⁷. A próxima etapa é de Teste, em que todo o planejado irá ser colocado em prova para que o paciente possa experimentar e dar seu feedback em cenário clínico. Durante o teste, informações sobre a experiência do usuário deverão ser coletadas, seja satisfação, alcance de objetivos clínicos, aplicabilidade e replicabilidade da prática. Por fim, acontece o Compartilhamento, partindo de duas hipóteses. Na primeira, se a estratégia desenvolvida foi assertiva para a demanda clínica, poderá ser implementada para novos pacientes, ou, em segunda hipótese, não atendendo às necessidades, o profissional retorna para definição de idéias ou ideação para reformular sua conduta. Na etapa de Compartilhamento o pensamento clínico deve ser atrelado ao julgamento crítico para que a estratégia desenvolvida e colocada em prova seja analisada criteriosamente, garantindo boas práticas clínicas. CONCLUSÃO: A abordagem metodológica do Design Thinking pode ser aplicável a prática fonoaudiológica, seja em planejamento prévio para fins de terapia, ou organização dos serviços no intuito de oferecer a melhor experiência aos pacientes ou usuários dos serviços. Nessa estrutura o Fonoaudiólogo poderá implementar em suas práticas, e experimentar a inovação com foco no usuário no processo de sua atuação.

1- Brown T. Design thinking. Harvard Business Review, 2008; 86(6): 85-92.

2- Brown T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier. 2010.

3- Kolko J. Design Thinking Comes of Age. Harvard Business Review. 2015.

4- Giacomin J. What Is Human Centred Design? The Design Journal. 2014;17(4):606–23.

5- Juliani JP, Cavaglieri M, Machado RB. Design thinking como ferramenta para geração de inovação: um estudo de caso da Biblioteca Universitária da UDESC. Incid: Revista de Ciência da Informação e Documentação. 2015; 6(2): 66-83.

6- Ramírez DMB, Zaninelli TB. O uso do design thinking como ferramenta no
processo de inovação em bibliotecas. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação.2017; 22(49): 59-74.

7- Van de Grift TC, Kroeze R. Design Thinking as a Tool for Interdisciplinary Education in Health Care. Acad Med. 2016; 91(9): 1.


HIGHLIGHTS
2197
DHACA – DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES COMUNICATIVAS NO AUTISMO
Linguagem (LGG)


A alteração nas habilidades comunicativas é uma das principais características no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)1. Para promover o desenvolvimento dessas habilidades, a intervenção fonoaudiológica precoce é fundamental, sendo diversas as abordagens e recursos terapêuticos descritos na literatura, dentre estes a Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA)2. A eficácia da CAA no desenvolvimento da comunicação de crianças com TEA é bem documentada em publicações internacionais, entretanto ainda são escassos os estudos no Brasil. Além disso, há carência de métodos na literatura brasileira que: descrevam como introduzir o uso de uma prancha de comunicação alternativa; que promova o desenvolvimento morfossintático e o uso das funções da linguagem em variados ambientes de comunicação; que a distribuição dos pictogramas seja baseada na proposta do “core words”3; que o sistema de comunicação alternativa utilizado seja de uso mútuo, do usuário e seus interlocutores, sendo estes últimos responsáveis diretos pela modelagem no uso da prancha. Diante disso, a proposta deste trabalho é demonstrar o método Desenvolvimento das Habilidades Comunicacionais em Autismo – DHACA que tem como pressuposto teórico a Teoria Sociopragmática. Segundo Tomasello4, a habilidade de Atenção Compartilhada (AC) é um diferencial do ser humano e, por meio dela, a criança compreende o outro como agente intencional e assim, adquire o código linguístico utilizado em seu ambiente natural. Partindo dessa premissa, acredita-se que para o desenvolvimento da linguagem em crianças com TEA, a AC deve ser estimulada e que o adulto, seu parceiro de comunicação deve “modelar”, isto é, demonstrar continuamente o uso do código linguístico durante a interação com a criança. Entende-se ainda, que estimular a AC por meio de atividades engajadoras com o uso do código linguístico apoiado por estímulos visuais concretos, poderá promover o desenvolvimento da comunicação funcional em crianças com TEA. Outro aspecto relevante, é que deve-se considerar a complexidade desenvolvimental das habilidades morfossintáticas e lexicais no processo terapêutico. Além disso, existe a dificuldades na práxis em muitas crianças com TEA5, que podem ser minimizadas com o uso de estratégias baseadas em intervenção comportamental6, durante a prática com o sistema de comunicação alternativa. Nesse contexto, o método DHACA tem como objetivo desenvolver as habilidades de comunicação com uso de um sistema de CAA robusto, baseado no “Core Words” com o uso de atividades lúdicas planejadas de acordo com as preferências da criança, previamente avaliadas; com uso de algumas estratégias comportamentais, com a participação da família no processo de intervenção, entendendo a importância do outro para o desenvolvimento da comunicação; e o uso no contexto sociocultural da criança. Importante destacar que diante da complexidade das atividades, o método não foi testado com crianças consideradas quadros graves do TEA. O método está sendo proposto para crianças não-verbais ou minimamente verbais que possam desenvolver a AC, a imitação, o contato visual e o brincar funcional, sem comorbidades diagnosticadas. O instrumento de sistema de Comunicação Alternativa utilizado é uma prancha de comunicação de baixa tecnologia, confeccionada em papel A4 e plastificada após impressão, de aproximadamente sessenta pictogramas coloridos, selecionados baseado no vocabulário “Core Words” composto por pronomes pessoais, interrogativos, preposições e advérbios e distribuídos em tabela seguindo a ordenação da estrutura linguística frasal com sujeito + verbo + predicado. Além disso, na parte superior da prancha, são adicionadas outras folhas menores, fixadas à prancha com espiral, com uma linha de pictogramas impressos que representam o “fringe vocabulary” ou vocabulário acessório. Nessas folhas menores há até duas linhas com pictogramas com categorias lexicais distintas (alimentos, formas, cores, números, brinquedos, locais, sentimentos) e que são adicionadas gradativamente, de acordo com o interesse da criança, o desenvolvimento lexical e solicitação da família. O método classifica as habilidades comunicativas a serem desenvolvidas e descreve seus respectivos objetivos para alcançá-las: inicialmente se promove a habilidade CFEQX - Construção de Frases com Eu + Quero + um pictograma- em que a criança solicita algo próximo ao interlocutor apontando para os pictogramas da prancha: EU + QUERO + figura avulsa (que represente o que deseja). A construção da frase ocorre de forma sequenciada apontando para os pictogramas, podendo ser acompanhada da fala. Nesta habilidade, utiliza-se até quatro figuras avulsas à prancha. Para iniciar a aquisição da habilidade seguinte, que é a CFEQXID - Construção de Frases com Eu + Quero + um pictograma na prancha, a criança deve ser capaz de solicitar algo que esteja distante ao interlocutor apontando para as figuras EU + QUERO + um pictograma no vocabulário acessório. A construção da frase ocorre de forma sequenciada apontando para os pictogramas, podendo ser acompanhado da fala. Para dar início a habilidade seguinte, a criança já produz este tipo de frase com vários interlocutores e em contextos diversos. A terceira habilidade é a CFEQXX ID - Construção de Frases com Eu + Quero + duas palavras, quando a criança forma frases com as figuras: EU + QUERO + dois pictogramas (pode ser artigos, adjetivos, numerais). A construção da frase ocorre apontando de forma sequenciada para os pictogramas, podendo ser acompanhado da fala. Ela deve utilizar com interlocutores e em contextos diversos para só então dar início a aquisição da habilidade seguinte que é a CF4OP - Construção de Frases com Quatro ou mais Palavras, quando já é capaz de formar frases com quatro ou mais palavras, fazendo perguntas, comentários, informações ou solicitações. A construção da frase ocorre de forma sequenciada apontando para as figuras, podendo ser acompanhado da fala. Terá que utilizar este tipo de frase com interlocutores e em contextos diversos, para iniciar a aquisição da habilidade seguinte, a CND - Construção de Narrativas. Nesta última etapa, a criança já apresenta as habilidades anteriores e inicia a produção de narrativas, apontando os pictogramas sequencialmente podendo ser acompanhado da fala ou já pode estar produzindo narrativas orais espontaneamente sem o uso da prancha. Terá que se comunicar com interlocutores diferentes e em contextos diversos. É importante destacar que este método está em desenvolvimento. O objetivo de apresenta-lo é promover discussão junto aos pares, compartilhar ideias e disseminar ciência.

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2. Gonçalves CAB; Castro MSJ. Propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura. Distúrbios da Comunicação. 2013. 25(1):15-25.


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5. Cattaneo L, Fabbri-Destro M, Boria S, Pieraccini C, Monti A, Cossu G, Rizzolatti G. (2007). Impairment of actions chains in autism and its possible role in intention understanding. Proceedings of the National Academy of Sciences.104(45):17825-17830.

6. Cuvo AJ & Davis PK. Behavior therapy and community living skills. In M. Hersen, R. M. Eisler, & P. M. Miller (Eds.), Progress in behavior modification New York: Academic Press. 1983. pp. 125-172


HIGHLIGHTS
2171
EFEITO DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NA REABILITAÇÃO DA DISFAGIA OROFARÍNGEA EM INDIVÍDUOS COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Disfagia (DIS)



Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) caracteriza-se pela interrupção do fluxo respiratório durante o sono devido à obstrução parcial (hipopneia) ou completa (apneia) das vias aéreas superiores (VAS) (1). Indivíduos com AOS e roncadores primários podem apresentar um número aumentado de terminações nervosas anômalas na estrutura faríngea. Estas alterações morfológicas típicas de lesão neural periférica no palato mole e na orofaringe são acarretadas, possivelmente, pelas vibrações de baixa frequência contínuas produzidas pelo ronco e pela hipóxia intermitente relacionada à AOS (2). Somado à dessaturação da oxiemoglobina, decorrente dos episódios de apneia e hipopneia, há um prejuízo na aferência neuromuscular de VAS e integração central entre as funções de deglutição e respiração (3). Deste modo, observa-se disfunção no processo deglutitório, que é depende da coordenação motora e da percepção sensorial em laringe e faringe. Portanto, a disfagia orofaríngea associa-se à AOS, em virtude das estruturas musculoesqueléticas implicadas na fisiopatologia da AOS também participarem da função de deglutição. Apesar disso, a disfagia orofaríngea é um transtorno subdiagnosticado nesses indivíduos (4).
Modificações na atividade muscular da VAS ocorrem no início do sono com diminuição da atividade tônica e fásica dos músculos genioglosso, gênio hioideo, tensor palatino, elevador palatino e palatoglosso (5). A modificação muscular é associada à diminuição transitória da ventilação e ao aumento da resistência de VAS. O comprometimento orofaríngeo traduz-se em déficit do controle sensório-motor oral, evidenciado por escape prematuro do alimento, além de atraso do início da fase faríngea da deglutição, penetração laríngea, resíduo faríngeo após a deglutição, mesmo sem penetração laríngea ou aspiração traqueal (4,6).
A terapia miofuncional orofacial é indicada como possibilidade de tratamento conservador aos pacientes com AOS. A ênfase em exercícios orofaríngeos promove melhora significativa da gravidade da AOS, dos sintomas associados à doença e a adequação de mobilidade, tonicidade e funcionalidade da musculatura envolvida (7). Nota-se gradativo aumento de pesquisas com esse enfoque. Contudo, dificilmente encontra-se estudos cujo objeto de investigação seja o impacto da fonoterapia para o tratamento das disfagias orofaríngeas em indivíduos com AOS. À vista disso, o presente estudo teve por objetivo investigar o efeito da intervenção fonoaudiológica na reabilitação da deglutição em indivíduos com AOS diagnosticados com disfagia orofaríngea por meio da avaliação videoendoscópica da deglutição (VED).
Trata-se de estudo clínico intervencionista e prospectivo, no qual indivíduos diagnosticados com AOS e disfagia orofaríngea foram submetidos à intervenção fonoaudiológica por oito semanas. O programa terapêutico consistiu na realização diária de três técnicas: Masako, flexão cervical com contra resistência e treino muscular expiratório. Estes exercícios foram selecionados de acordo com a anátomo-fisiologia das alterações descritas na literatura e observadas na avaliação videoendoscópica da deglutição. A manobra de Masako promove o aumento da atividade da musculatura supra-hioidea, dos constritores faríngeos e do músculo cricofaríngeo (8). A técnica de flexão cervical com contra resistência fortalece a musculatura supra-hioidea e promove a elevação, anteriorização e estabilização do conjunto hioide-laringe, além de influenciar na redução da pressão do esfíncter esofágico superior (9). O treino muscular expiratório, realizado com o equipamento Respiron, em posição invertida e ajustado na carga 3, promove aumento da atividade de musculatura supra-hioidea e redução do tempo de transição faríngea (10). Todos os participantes receberam orientação e supervisão semanal por profissional especializado. Foram submetidos à aplicação do instrumento de avaliação do risco de disfagia Eating Assessment Tool (EAT-10), de qualidade de vida em deglutição Quality of Life in Swallowing Disorders (Swal-Qol), e à avaliação videoendoscópica, antes e após o programa de reabilitação fonoaudiológica.
Os resultados preliminares correspondem à análise de 12 indivíduos que concluíram todas as etapas do estudo. A análise estatística foi realizada através do programa SPSS 19.0. Os dados foram apresentados em frequência absoluta e relativa ou mediana e intervalo interquartil. Foram utilizados os seguintes testes estatísticos: teste t pareado, Wilcoxon e qui-quadrado de McNemar. A amostra preliminar constituiu-se de 8 (66,7%) participantes do sexo feminino e 4 (33,3%) do sexo masculino, com mediana de idade de 62 (59,25-63,75) anos, índice de massa corporal de 33,26 (26,66-36,03) Kg/m² e índice de apneia-hipopneia de 20,50 (9-37,75). Quanto à classificação da gravidade da AOS, 5 (41,7%) participantes apresentaram grau leve, 2 (16,6%) moderado e 5 (41,7%) grave. Em relação ao grau da disfagia antes do programa de reabilitação, 7 (58,3%) participantes apresentaram disfagia leve e 5 (41,7%) disfagia leve a moderada. Após o programa de reabilitação, 3 (24%) participantes apresentaram deglutição normal, 8 (65%) deglutição funcional e 1 (11%) disfagia leve. Houve diferença estatisticamente significativa, entre os grupos pré e pós o programa de reabilitação, da pontuação do EAT-10 (p=0,035), assim como da presença de atraso do início da fase faríngea, de penetração laríngea e de resíduo faríngeo evidenciados por meio da avaliação videoendoscópica da deglutição (p=0,031). O domínio físico do EAT-10 foi o domínio que exibiu maior redução de pontuação após o programa de reabilitação, com diferença estatisticamente significativa entre os grupos pré e pós fonoterapia (p=0,025).
Apesar do tamanho amostral pequeno, os resultados preliminares mostram melhora significativa da performance deglutitória dos participantes deste estudo que, em sua maioria, alcançam um diagnóstico de deglutição funcional após processo de reabilitação fonoaudiológica. O estudo está em andamento com maior número de participantes que deverão proporcionar resultados mais robustos.

1. Epstein LJ, Kristo D, Strollo PJ, Friedman N, Malhotra A, Patil SP, Ramar K, Rogers R, Schwab RJ, Weaver EM, Weinstein MD. Clinical guideline for the evaluation, management and long-term care of obstructive sleep apnea in adults. J Clin Sleep Med. 2009;5(3):263–276.
2. Balbani APS, Formigoni GGS. Ronco e síndrome da apneia obstrutiva do sono. Rev Ass Med Bras. 1999; 45(3):273-8.
3. Teramoto S, Sudo E, Matsuse T, Ohga E, Ishii T, Ouchi Y, et al. Impaired swallowing reflex in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Chest. 1999;116(1):17-21.
4. Schindler A, Mozzanica F, Sonzini G, Plebani D, Urbani E, Pecis M, et al. Oropharyngeal Dysphagia in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Dysphagia. 2014;29(1):44-51.
5. Palombini LO. Pathophysiology of sleep-disordered breathing. J Bras Pneumol. 2010; 36:4-9.
6. Valbuza JS, de Oliveira MM, Zancanella E, Conti CF, Prado LB, Carvalho LB, et al. Swallowing dysfunction related to obstructive sleep apnea: a nasal fibroscopy pilot study. Sleep Breath. 2011;15(2):209-13.
7. Guimarães KC, Drager LF, Genta PR, Marcondes BF, Lorenzi-Filho G. Effects of oropharyngeal exercises on patients with moderate obstructive sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2009;179(10):962-6.
8. Hammer MJ, Jones CA, Mielens JD, Kim CH, McCulloch TM. Evaluating the Tongue-Hold Maneuver Using High-Resolution Manometry and Electromyograph. Dysphagia. 2014; 29(5): 564–570.
9. Yoon W L, Khoo JKP. Chin Tuck Against Resistance (CTAR): New Method for Enhancing Suprahyoid Muscle Activity Using a Shaker-type Exercise. Dysphagia. 2014; 29:243–248.
10. Pazzotti AC. Atividade eletromiográfica dos músculos supra-hioideos e orbicular da boca no exercício expiratório com diferentes dispositivos. Dissertação para a obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia. Marília: Universidade Estadual Paulista-UNESP; 2017. 52p.


HIGHLIGHTS
2173
EFEITO DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NA REABILITAÇÃO DA DISFAGIA OROFARÍNGEA EM INDIVÍDUOS COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Disfagia (DIS)


Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) caracteriza-se pela interrupção do fluxo respiratório durante o sono devido à obstrução parcial (hipopneia) ou completa (apneia) das vias aéreas superiores (VAS) (1). Indivíduos com AOS e roncadores primários podem apresentar um número aumentado de terminações nervosas anômalas na estrutura faríngea. Estas alterações morfológicas típicas de lesão neural periférica no palato mole e na orofaringe são acarretadas, possivelmente, pelas vibrações de baixa frequência contínuas produzidas pelo ronco e pela hipóxia intermitente relacionada à AOS (2). Somado à dessaturação da oxiemoglobina, decorrente dos episódios de apneia e hipopneia, há um prejuízo na aferência neuromuscular de VAS e integração central entre as funções de deglutição e respiração (3). Deste modo, observa-se disfunção no processo deglutitório, que é depende da coordenação motora e da percepção sensorial em laringe e faringe. Portanto, a disfagia orofaríngea associa-se à AOS, em virtude das estruturas musculoesqueléticas implicadas na fisiopatologia da AOS também participarem da função de deglutição. Apesar disso, a disfagia orofaríngea é um transtorno subdiagnosticado nesses indivíduos (4).
Modificações na atividade muscular da VAS ocorrem no início do sono com diminuição da atividade tônica e fásica dos músculos genioglosso, gênio hioideo, tensor palatino, elevador palatino e palatoglosso (5). A modificação muscular é associada à diminuição transitória da ventilação e ao aumento da resistência de VAS. O comprometimento orofaríngeo traduz-se em déficit do controle sensório-motor oral, evidenciado por escape prematuro do alimento, além de atraso do início da fase faríngea da deglutição, penetração laríngea, resíduo faríngeo após a deglutição, mesmo sem penetração laríngea ou aspiração traqueal (4,6).
A terapia miofuncional orofacial é indicada como possibilidade de tratamento conservador aos pacientes com AOS. A ênfase em exercícios orofaríngeos promove melhora significativa da gravidade da AOS, dos sintomas associados à doença e a adequação de mobilidade, tonicidade e funcionalidade da musculatura envolvida (7). Nota-se gradativo aumento de pesquisas com esse enfoque. Contudo, dificilmente encontra-se estudos cujo objeto de investigação seja o impacto da fonoterapia para o tratamento das disfagias orofaríngeas em indivíduos com AOS. À vista disso, o presente estudo teve por objetivo investigar o efeito da intervenção fonoaudiológica na reabilitação da deglutição em indivíduos com AOS diagnosticados com disfagia orofaríngea por meio da avaliação videoendoscópica da deglutição (VED).
Trata-se de estudo clínico intervencionista e prospectivo, no qual indivíduos diagnosticados com AOS e disfagia orofaríngea foram submetidos à intervenção fonoaudiológica por oito semanas. O programa terapêutico consistiu na realização diária de três técnicas: Masako, flexão cervical com contra resistência e treino muscular expiratório. Estes exercícios foram selecionados de acordo com a anátomo-fisiologia das alterações descritas na literatura e observadas na avaliação videoendoscópica da deglutição. A manobra de Masako promove o aumento da atividade da musculatura supra-hioidea, dos constritores faríngeos e do músculo cricofaríngeo (8). A técnica de flexão cervical com contra resistência fortalece a musculatura supra-hioidea e promove a elevação, anteriorização e estabilização do conjunto hioide-laringe, além de influenciar na redução da pressão do esfíncter esofágico superior (9). O treino muscular expiratório, realizado com o equipamento Respiron, em posição invertida e ajustado na carga 3, promove aumento da atividade de musculatura supra-hioidea e redução do tempo de transição faríngea (10). Todos os participantes receberam orientação e supervisão semanal por profissional especializado. Foram submetidos à aplicação do instrumento de avaliação do risco de disfagia Eating Assessment Tool (EAT-10), de qualidade de vida em deglutição Quality of Life in Swallowing Disorders (Swal-Qol), e à avaliação videoendoscópica, antes e após o programa de reabilitação fonoaudiológica.
Os resultados preliminares correspondem à análise de 12 indivíduos que concluíram todas as etapas do estudo. A análise estatística foi realizada através do programa SPSS 19.0. Os dados foram apresentados em frequência absoluta e relativa ou mediana e intervalo interquartil. Foram utilizados os seguintes testes estatísticos: teste t pareado, Wilcoxon e qui-quadrado de McNemar. A amostra preliminar constituiu-se de 8 (66,7%) participantes do sexo feminino e 4 (33,3%) do sexo masculino, com mediana de idade de 62 (59,25-63,75) anos, índice de massa corporal de 33,26 (26,66-36,03) Kg/m² e índice de apneia-hipopneia de 20,50 (9-37,75). Quanto à classificação da gravidade da AOS, 5 (41,7%) participantes apresentaram grau leve, 2 (16,6%) moderado e 5 (41,7%) grave. Em relação ao grau da disfagia antes do programa de reabilitação, 7 (58,3%) participantes apresentaram disfagia leve e 5 (41,7%) disfagia leve a moderada. Após o programa de reabilitação, 3 (24%) participantes apresentaram deglutição normal, 8 (65%) deglutição funcional e 1 (11%) disfagia leve. Houve diferença estatisticamente significativa, entre os grupos pré e pós o programa de reabilitação, da pontuação do EAT-10 (p=0,035), assim como da presença de atraso do início da fase faríngea, de penetração laríngea e de resíduo faríngeo evidenciados por meio da avaliação videoendoscópica da deglutição (p=0,031). O domínio físico do EAT-10 foi o domínio que exibiu maior redução de pontuação após o programa de reabilitação, com diferença estatisticamente significativa entre os grupos pré e pós fonoterapia (p=0,025).
Apesar do tamanho amostral pequeno, os resultados preliminares mostram melhora significativa da performance deglutitória dos participantes deste estudo que, em sua maioria, alcançam um diagnóstico de deglutição funcional após processo de reabilitação fonoaudiológica. O estudo está em andamento com maior número de participantes que deverão proporcionar resultados mais robustos.


1. Epstein LJ, Kristo D, Strollo PJ, Friedman N, Malhotra A, Patil SP, Ramar K, Rogers R, Schwab RJ, Weaver EM, Weinstein MD. Clinical guideline for the evaluation, management and long-term care of obstructive sleep apnea in adults. J Clin Sleep Med. 2009;5(3):263–276.
2. Balbani APS, Formigoni GGS. Ronco e síndrome da apneia obstrutiva do sono. Rev Ass Med Bras. 1999; 45(3):273-8.
3. Teramoto S, Sudo E, Matsuse T, Ohga E, Ishii T, Ouchi Y, et al. Impaired swallowing reflex in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Chest. 1999;116(1):17-21.
4. Schindler A, Mozzanica F, Sonzini G, Plebani D, Urbani E, Pecis M, et al. Oropharyngeal Dysphagia in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Dysphagia. 2014;29(1):44-51.
5. Palombini LO. Pathophysiology of sleep-disordered breathing. J Bras Pneumol. 2010; 36:4-9.
6. Valbuza JS, de Oliveira MM, Zancanella E, Conti CF, Prado LB, Carvalho LB, et al. Swallowing dysfunction related to obstructive sleep apnea: a nasal fibroscopy pilot study. Sleep Breath. 2011;15(2):209-13.
7. Guimarães KC, Drager LF, Genta PR, Marcondes BF, Lorenzi-Filho G. Effects of oropharyngeal exercises on patients with moderate obstructive sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2009;179(10):962-6.
8. Hammer MJ, Jones CA, Mielens JD, Kim CH, McCulloch TM. Evaluating the Tongue-Hold Maneuver Using High-Resolution Manometry and Electromyograph. Dysphagia. 2014; 29(5): 564–570.
9. Yoon W L, Khoo JKP. Chin Tuck Against Resistance (CTAR): New Method for Enhancing Suprahyoid Muscle Activity Using a Shaker-type Exercise. Dysphagia. 2014; 29:243–248.
10. Pazzotti AC. Atividade eletromiográfica dos músculos supra-hioideos e orbicular da boca no exercício expiratório com diferentes dispositivos. Dissertação para a obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia. Marília: Universidade Estadual Paulista-UNESP; 2017. 52p.


HIGHLIGHTS
2194
EFETIVIDADE DA ELETROESTIMULÇÃO NEUROMUSCULAR NO ABAIXAMENTO LARÍNGEO: UM ESTUDO DE CASO.
Voz (VOZ)


Introdução: a posição vertical que a laringe ocupa no pescoço possui um forte efeito acústico sobre a voz do falante. A literatura mostra que a laringe mais elevada tem um forte componente de tensão, enquanto que a laringe em posição mais baixa é associada a uma emissão mais suave e confortável[1]. O tratamento convencional vocal consiste em melhorar a produção da voz e reduzir o impacto negativo na qualidade de vida do paciente. Utiliza-se de métodos como: exercícios para a fonte glótica, coordenação pneumofonoarticulatória, ressonância vocal, relação corpo-voz, orientações de higiene ou bem estar vocal, entre outros. Porém, a terapia convencional para ser eficaz, depende muito da colaboração e motivação do paciente em aderir de fato ao tratamento, realizando corretamente os exercícios solicitados ou mudando os hábitos prejudiciais à saúde da voz[2]. Portanto, é importante que Fonoaudiologia possa contar com métodos mais objetivos no tratamentos das disfonias. A eletroterapia se encaixa nesse contexto, pois trata-se de uma modalidade simples e não invasiva, e está sendo utilizada na fonoaudiologia na disfagia, motricidade orofacial, disfunções temporomandibulares e paralisia facial[3]. A eletroestimulação neuromuscular (EENM) é uma modalidade da eletroterapia e um método que atua diretamente na musculatura laríngea, favorecendo a mobilidade e contração dos músculos. Esta técnica muito tem a acrescentar às práticas convencionais fonoaudiológicas, pois estudos demonstram resultados satisfatórios quanto à utilização da eletroestimulação na melhora dos quadros de disfagia; porém a eficácia da eletroestimulação para quadros de disfonias ainda estão sendo avaliados[4]. Objetivos: o objetivo geral desta pesquisa foi descobrir a eficácia da EENM como manobra de abaixamento laríngeo. Os objetivos específicos foram mensurar a postura da laringe antes e após a intervenção, realizar análise acústica antes e após a intervenção e aplicar a ENM na musculatura supra e infra hioidea. Metodologia: a metodologia utilizada foi um estudo de caso, de natureza transversal e quantitativa. A participante selecionada é do gênero feminino, 64 anos, com queixa de rouquidão e diagnosticada com pólipo na prega vocal esquerda. Foi submetida à mensuração da posição vertical da laringe, seguindo os estudos de Brasil, Yamasaki e Leão (2005). Logo após realizou-se uma coleta de amostra vocal para análise acústica, onde a paciente emitiu a vogal “E” sustentadamente em posição sentada, em uma sala silenciosa. Para análise acústica foi utilizado o Software de análise acústica Voxmetria da CTS Informática, e foram analisados os seguintes parâmetros: shimmer, jitter, média da frequência fundamental, moda da frequência fundamental, irregularidade, ruído, proporção GNE, variabilidade da frequência fundamental e semitons. Esses dados foram colhidos pré e pós à eletroestimulação neuromuscular. Em seguida, recebeu a aplicação da eletroestimulação na laringe em três programações: relaxamento dos músculos supra hioideos, aquecimento dos infra hioideos e contrações dos infra hioideos. Resultados: os resultados apontaram que após a sessão de eletroestimulação neuromuscular, houve uma descida da posição vertical da laringe, bem como uma mudança favorável nos parâmetros da análise acústica, revelando uma emissão mais equilibrada e confortável. Conclusão: Foi possível comprovar que a eletroestimulação neuromuscular é uma técnica eficaz como manobra de abaixamento laríngeo, e que esta posição, por sua vez, favorece a emissão vocal da paciente, tornando-a mais equilibrada. Entretanto sugere-se a realização de estudos com um número maior de participantes, a fim de trazer relevância estatística para o tema proposto.

1. BRASIL, O. O. C.; YAMASAKI, R.; LEÃO, S. H. S. Proposta de medição da posição vertical da laringe em repouso. Rev. Bras. Otorrinolaringol.[revista em internet] 2005 maio-junho. [acesso em 04 de abril de 2020]; 71(3). Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992005000300008
2. BEHLAU, M. et al. Apresentação do programa integral de reabilitação vocal para o tratamento das disfonias comportamentais. CoDAS. 2013;25(5):2.
3. RODRIGUES, D.; SIRIANI, A.; BERZIN, F. Effect of conventional TENS on pain and electromyographic activity of masticatory muscles in TMD patients. Braz. res oral. 2004;18(4):290-295.
4. SANTOS, J. et. al.. Uso da eletroestimulação na clínica fonoaudiológica: Uma revisão integrativa da literatura. Rev. CEFAC. 2015;17(5):1-2.


HIGHLIGHTS
2179
ENSINO DE PAIS NOS TRANSTORNOS DOS SONS DA FALA: UMA VISÃO FONOAUDIOLÓGICA
Linguagem (LGG)


Existe uma alta prevalência de crianças que se desenvolvem com problemas de fala, este dado é variável segundo a ASHA (American Speech-Language-Hearing Association) devido a multiplicidade de distúrbios existentes e às diferentes idades em que estes ocorrem.
O termo Transtornos dos sons da fala (TSF) é utilizado para descrever um conjunto de dificuldades na produção de sons na fala de crianças. Esta definição expõe diferentes problemas em produzir fala, que podem apresentar como causa; déficits isolados no processamento perceptivo, no processamento motor da fala e/ou linguístico, bem como podem estar entre si combinados, e ainda apresentar origem biologicamente conhecida ou não. (Namasivayam AK, 2020)
Nesta apresentação, adotamos o termo TSF para referir aqueles distúrbios que apresentam desordens relacionadas a articulação dos sons de fala (articulação/base motora) e aqueles que também apresentam déficits relacionados aos aspectos linguísticos da produção de fala (fonologia/ base fonológica).
Encontrar o tratamento mais efetivo para estas desordens e garantir o aumento da inteligibilidade de fala da criança pode ser um desafio para as famílias visto que uma das recomendações mais comum encontrada em diferentes estudos (Allen 2013; Namasivayan 2019) é o aumento da frequência e da intensidade terapêutica como evidência de melhor prognostico e evolução do TSF.
Neste estudo de Allen (2013) o resultado de uma terapia administrada três vezes por semana durante 8 semanas foi significativamente melhor do que uma terapia administrada uma vez por semana durante 24 semanas.
Na pesquisa de Namasivayam (2019) que objetivou investigar qual a frequência da dose fonoaudiológica necessária para a evolução de crianças com DSF foi possível verificar que nas intervenções de alta intensidade (2x/ semana / 10 semanas) facilitou maiores mudanças nas interações pai-filho do que no tratamento de baixa intensidade (1x / semana/ 10 semanas).
Quando pensamos no cenário brasileiro encontramos a fonoaudiologia com serviços não preparados para este tipo de intervenção cientificamente comprovada (estudos acima citados) e conforme recomendações pelo CFFa (Conselho Federal de Fonoaudiologia) e ASHA.
No Brasil, o serviço tem pouca frequência semanal, baixa fidelidade na intensidade e ausência de capacitação parental. Conforme descrito no estudo de Morelli (2015) em Camboriú - SC, as preconizações do CFFa com relação ao balizador de frequência num setor publico de Fonoaudiologia, com análise de mais de 400 prontuários, os tratamentos encontravam-se 50% inferiores ao recomendado.
Diante de um panorama como este, é preciso analisar como seria possível incorporar maior intensidade e frequência aos tratamentos dos TSF a fim de seguir as recomendações com evidencia científica e aliá-los a prática fonoaudiológica.
Em um estudo na Suécia realizado com uma criança que recebia quantidade limitada de terapia, sem evoluções em uma abordagem puramente fonológica; foi constatado que na troca de abordagem e com maior frequência, a inteligibilidade aumentou. Os autores também concluíram que os exercícios de fala devem ser incorporados pela família e praticados em casa (Hammarström et al, 2019). Pesquisas como esta começam a nos mostrar mais de um caminho a ser questionado, a fim de inovar a prática clínica e neste trabalho vamos destacar a possibilidade de treinarmos os pais e familiares da criança em tratamento a fim de aumentar as oportunidades terapêuticas.
A pobre qualidade de interação entre familiares e terapeutas fica evidente no estudo de Roulstone et al. (2015) realizado no Reino Unido em que se verificou que embora os pais sejam geralmente positivos em relação aos jogos e atividades realizados pelos terapeutas, eles raramente eram informados sobre o objetivo da intervenção.
Esta apresentação tem como objetivo expor a problemática entre o ‘ideal x real’ dentro do tratamento dos TSF e contribuir para a elaboração de uma tese de mestrado que pretende investigar como os fonoaudiólogos brasileiros realizam o treinamento parental nos TSF com comprometimento motor. A tese tem como objetivo final, reunir recomendações dentro de um consenso profissional que podem favorecer o treinamento parental e melhorar os serviços oferecidos. Os resultados desta futura pesquisa, serão discutidos com a literatura disponível. Busca-se por estudos que já envolveram o treino e colaboração de pais, para realizar a revisão e discussão dos dados que serão encontrados, como por exemplo o estudo de Dodd e Baker (1990) em que encontraram melhorias e barreiras nas intervenções aplicadas por pais e professores.
Para autoras como Fish (2019) promover altos níveis de fidelidade ao tratamento, empregando os pais na colaboração de um ‘pratica extra ’pode ter um impacto substancial no sucesso do tratamento de crianças com diagnóstico ou suspeita de Apraxia de Fala na Infância (AFI).
Em uma revisão sistemática realizada por Murray (2014) em mais 50 artigos, em 9 bancos de dados diferentes entre 1970 e 2012, foi encontrado que apenas 40% dos tratamentos em transtornos motores da fala prescreviam algum nível de prática em casa.
Já em outra revisão realizada por Sugden et al. (2016) envolvendo 176 estudos, somente 61 relataram o envolvimento dos pais e/ou tarefas domésticas na intervenção, sem detalhar de forma criteriosa como isso aconteceu. E concluíram que a escassez destas informações podem dificultar a tomada de decisão clínica no momento da intervenção dos DSF.
Contudo, panoramas clínicos em que a recomendação científica esta muito longe da prática clínica, devem ser estudados e passiveis de investigação para gerar possibilidade de solução. Este desequilíbrio entre a evidencia científica e o que é praticado na clínica reforça os longos períodos de intervenção, as filas de espera para tratamento e prejudica equidade nos serviços de saúde.
Dada a necessidade relatada de tratamento de alta frequência de sessões, de emprego comum de prática domiciliar para aumentar a intensidade de tratamento, se faz importante mais conversas e estudos para compreender como os fonoaudiólogos brasileiros estão capacitando os familiares de seus pacientes com TSF.

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HIGHLIGHTS
2178
ENSIRE: SIMULAÇÃO E REFLEXÃO NO ENSINO EM FONOAUDIOLOGIA
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO
É necessário que as práticas pedagógicas nas Instituições de Ensino Superior (IES) atendam ao desenvolvimento de habilidades e competências para o século 21 como, por exemplo, o empreendedorismo, pensamento crítico-reflexivo e resolução de problemas, letramento em dados e humanização. Deste modo, é imprescindível que os Cursos de Fonoaudiologia repensem suas matrizes curriculares visando o oferecimento de um ensino mais eficiente, com propostas dinâmicas e integradas que não se concentrem apenas na chamada “racionalidade técnica” (1).
Nesse contexto, a prática reflexiva pode beneficiar a formação do fonoaudiólogo dado o seu potencial para promover a geração de conhecimento a partir da prática, facilitar a integração teoria-prática; vincular a prática baseada em evidências à experiência clínica e contribuir para o cultivo da prática ética e humanizada. A prática reflexiva também facilita o desenvolvimento de consciência crítica, a criatividade e espontaneidade na atuação profissional (2-3).

DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E DA RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA
A prática reflexiva considera a experiência como uma das principais formas de aprendizado e a reflexão como uma estratégia para maximizá-lo. Por isto, o graduando precisa estar em contato com a realidade das práticas o mais precocemente possível em sua formação, não só observando profissionais experientes mas, sobretudo sendo levados a resolver problemas em situações que caracterizam o conceito de “aprender fazendo”.
Embora de fundamental importância na formação profissional, o treinamento com pacientes reais na prática clínica pode apresentar desvantagens do ponto de vista exclusivamente educacional. Uma delas é que, por realizar ações voltadas a um ser humano, os graduandos necessitam evitar ao máximo a ocorrência de erros de conduta. Neste sentido, a simulação representa uma estratégia importante ao processo de ensino-aprendizagem, por substituir o encontro com pacientes reais em troca de modelos artificiais (por exemplo, indivíduos treinados, atores profissionais ou modelos computadorizados), replicando cenários de cuidados ao paciente em um ambiente próximo da realidade, com o objetivo de analisar e refletir as ações realizadas de forma segura. Tais programas oferecem um ambiente exploratório onde o aluno pode tomar decisões e comprovar, em seguida, as consequências (4-6).
Considerando essas questões, este trabalho descreve o projeto “Ensino com Simulação e Reflexão – ENSIRE”, iniciado em 2013, que teve como objetivo a criação, desenvolvimento e implementação de laboratórios com recursos de simulação interativos e educacionais baseados em práticas reflexivas, voltados ao processo de ensino e aprendizagem na graduação em Fonoaudiologia, em uma universidade pública.

APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA.
Ao longo de seis anos, as atividades propostas no projeto ENSIRE permitiram o aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem por meio das seguintes atividades:
• Implantação da infraestrutura dos laboratórios de habilidades de simulação e reflexão:
● Aquisição e instalação dos equipamentos para obtenção e armazenamento em rede de registros em vídeo das atividades de atendimento clínico para posterior análise (reflexão sobre a ação);
● Obtenção de softwares de simulação de habilidade - “Virtual Audiometer”, desenvolvido no Departamento de Distúrbios da Comunicação da Brigham Young University – EUA, e com o objetivo de auxiliar os professores no ensino dos testes audiométricos de maneira mais eficiente.
● Desenvolvimento de atividades de consultas simuladas com atores profissionais
● Implementação dos registros online de reflexão (Diários de Reflexão).
● Desenvolvimento de um ambiente online de apoio à geração colaborativa de conhecimento por meio de ambientes de diálogo, construção de textos-base de sistemas de apoio de grupo, diários, fóruns, bate-papos, construção de wikis, etc. Tais espaços virtuais oferecem situações que permitem o desenvolvimento de estratégias mediadoras no processo de aprendizagem e também possibilitam visualizar as trajetórias pedagógicas dos alunos e dos grupos, constituindo indicadores de avaliação contínua da aprendizagem e, se necessário, reorientação das metodologias empregadas pelo docente
• Aprimoramento do processo de avaliação por meio da adaptação de instrumentos para avaliação diagnóstica e formativa do graduando.
• Criação e oferecimento de disciplinas optativas com abrangência multidisciplinar, incluindo disciplinas que promovem o empreendedorismo e habilidades interculturais (Internacionalização).
● Atividades de capacitação:
● Realização de workshops de capacitação de docentes para estimular a integração de disciplinas, treinar a aplicação das metodologias e avaliações pertinentes e reorganizar a dinâmica dos estágios clínicos a fim de contemplar a aprendizagem significativa para todos os sujeitos envolvidos no processo;
● Workshop de capacitação de discentes para o treino de habilidades de automonitoramento (habilidade metacognitiva e afetivo-relacional pela qual a pessoa observa, descreve, interpreta e regula seus pensamentos, sentimentos e comportamentos nos diferentes ambientes) na pratica clínica; para orientação da confecção de diários de reflexão, cartilhas e checklists que auxiliem na (re)estruturação de planos de atuação.
● Realização de fórum de docentes e discentes para apresentação dos resultados parciais ou totais oportunizados pela experiência.

1. Schön DA. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000, 256p.
2.Ng SL. Reflection and reflective practice: creating knowledge through experience. Semin Hear 2012;33(02):117-134.
3. Caty MÈ, Kinsella EA, Doyle PC. Reflective practice in speech-language pathology: a scoping review. Int J Speech Lang Pathol. 2015;17(4):411-420.
4.Gaba DM. Do as we say, not as you do: using simulation to investigate clinical behavior in action. Simul Healthc 2009;4(2):67-69.
5.Varga CRR et al. Relato de experiência: o uso de simulações no processo de ensino-aprendizagem em medicina. Rev Bras Educ Med 2009;33(2):291-297.
6.Jucá SCS. A relevância dos softwares educativos na educação profissional. Ciências & Cognição 2006;3(8):22-28.


HIGHLIGHTS
2158
ESPECTRO DA NEUROPATIA AUDITIVA NA CRIANÇA: APRESENTAÇÃO DO PROTOCOLO CLÍNICO NO PROGRAMA O IMPLANTE COCLEAR
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Espectro da Neuropatia Auditiva (ENA) refere-se à uma alteração auditiva passível de ser diagnosticada a partir da década de 90, quando as emissões otoacústicas foram descritas e o procedimento inserido na prática clínica. Desde então, inúmeras pesquisas foram desenvolvidas no sentido de compreender sua fisiopatologia, sendo que atualmente tem se a clareza que as estruturas que podem estar comprometidas: células ciliadas internas, neurotransmissores e/ou nervo auditivo (RANCE, 2005) estão envolvidas com o processo de codificação da energia elétrica para impulsos elétricos que serão transmitidos por toda a via auditiva e compreendidos pelo cérebro. Desta forma, o comprometimento maior está na percepção auditiva sendo que as habilidades auditivas mais alteradas são àquelas relacionadas ao processamento temporal. Na clínica é possível termos um indivíduo que apresenta limiares auditivos normais ou muito próximos do normal, com a queixa “Eu ouço, mas não entendo” no caso da ENA adquirida ou, por exemplo, a família dizendo “Eu acho que meu filho escuta, mas não está aprendendo a falar”, no caso da ENA congênita. O quadro descrito já exemplifica a complexidade no tratamento, pois o foco principal na intervenção não é trazer audibilidade com o uso do dispositivo eletrônico, mas sim resgatar a sincronia neural no sistema auditivo periférico.
Ao considerar especificamente crianças com diagnóstico com ENA, o implante coclear tem sido a conduta mais promissora, mas a variabilidade nos resultados tem sido grande, mesmo frente às condições favoráveis como a idade da criança no diagnóstico e tratamento, indicação correta do dispositivo eletrônico, o uso efetivo e a qualidade da intervenção, incluindo profissionais e envolvimento familiar.
Como consequência, observa-se que o diagnóstico e a intervenção no ENA ainda geram muitos questionamentos, e por vezes, divergências entre os profissionais quanto à conduta a ser assumida. Esta situação torna o processo ainda mais difícil, pois coloca a família em uma situação de insegurança que pode persistir por toda a vida, além de refletir na adesão ao tratamento (Oliveira, 2018).
Deste modo, a atuação conjunta entre os profissionais da equipe interdisciplinar do Serviço de Implante Coclear e os fonoaudiólogos da rede responsáveis pela reabilitação é imprescindível, para haver uma coesão nas orientações dadas à família da criança com ENA, o que auxiliará na compreensão desta alteração auditiva que por si só, já é muito complexa.
Após 30 anos de experiência com implante coclear, nosso serviço desenvolveu um protocolo que tem sido efetivo no atendimento de criança com ENA:
- O processo de diagnóstico audiológico ocorre pelo monitoramento da audição e desenvolvimento da criança, com retornos de três meses para avaliação das habilidades auditivas e de linguagem oral;
- A família é orientada a procurar o fonoaudiólogo para iniciar o processo terapêutico, mesmo sem a indicação do AASI, para estimulação auditiva da criança e apoio à família no período entre os agendamentos;
- As famílias são atendidas pela equipe interdisciplinar, sendo que as orientações recebidas de diferentes profissionais auxiliam a mãe e familiares a compreender a ENA e as incertezas impostas por esta alteração auditiva, desde o processo de diagnóstico à decisão pela intervenção terapêutica, AASI ou IC;
- O AASI é indicado a partir da determinação dos níveis de limiares auditivos por meio da audiometria de reforço visual (VRA), sendo mantido os retornos de monitoramento da audição e desenvolvimento da criança;
- O diagnóstico por imagem por meio da tomografia computadorizada e ressonância magnética é solicitado pelo médico para todas as crianças, a fim de verificar as condições anatômicas da orelha média, orelha interna e do nervo auditivo. O implante coclear é contra-indicado apenas quando constatado agenesia do nervo auditivo, contudo, no caso de hipoplasia de nervo auditivo a família deve ser orientada quanto as expectativas, visto que nestes casos os resultados são limitados (Peng et al., 2017);
- O IC é indicado quando não se observa benefícios do AASI para a percepção da fala e linguagem oral, independente do nível do limiar auditivo amplificado;
- As avaliações complementares são analisadas de acordo com a necessidade em cada caso, incluindo exame genética, e,
- A idade mínima para indicação do IC é de dois anos, com exceção da criança com perda auditiva de grau profundo, por causa genética. Neste caso, a indicação do IC pela equipe interdisciplinar é realizada a partir do momento que os critérios multifatoriais são atendidos

Assim, a recomendação frente a suspeita de um quadro de ENA é que a criança deve ser encaminhada para um Serviço de Implante Coclear credenciado pelo Ministério da Saúde, independente do grau da perda auditiva, pois a atuação efetiva da equipe interdisciplinar em conjunto com os profissionais da saúde e educação inseridos na rede pública, refletirá de forma positiva na vivência da mãe e de toda a família, com maior adesão ao processo de diagnóstico e reabilitação auditiva.

Kevin A. Peng, Edward C. Kuan, Suzannah Hagan, Eric P. Wilkinson, Mia E. Miller, Cochlear Nerve Aplasia and Hypoplasia: Predictors of Cochlear Implant Success. AMO-Head Neck Surg. 2017;157(3): 1-9

Oliveira, D.C. 2018 Vivência de mães no processo de intervenção auditiva de crianças com Desordem do Espectro da Neuropatia Auditiva. Programa de Pós-graduação em Fo-noaudiologia, USP, campus Bauru. Disponível em: tese.usp, acesso em julho 220.

Rance, G. Auditory neuropathy/dys-synchrony and its perceptual consequences. Trends in Amplification.2005; 9: 1–43.


HIGHLIGHTS
1347
ESTAMOS A CAMINHO DA “FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR DE PRECISÃO”?
Disfagia (DIS)


“O mundo mudou.” A frase não é nova, mas não há quem discorde dela. Não conseguimos mensurar a velocidade de tal mudança mas podemos hipotetizar através da quantidade de dados que o mundo produziu na última década: Em 2009 possuíamos 0,8 Zettabytes (ZB) de dados, e num período de 2 anos chegamos a 1,8 ZB, dobrando o quantitativo acumulado até então1. Nesta época, previa-se que em 2020, chegaríamos ao montante de 44 ZB, dado que foi comprovado pela International Data Corporation (IDC), que prevê que tais dados chegarão ao valor de 175 ZB em 20252. Compreender a velocidade com que os dados estão sendo produzidos, e o ritmo com eles são processados pode ajudar a compreender o impacto da mudança que passamos e nos faz pensar na responsabilidade social da Fonoaudiologia diante de tamanha velocidade. De que maneira estamos trabalhando em tal mudança e como estamos inseridos para melhoria do cuidado?
A Fonoaudiologia Hospitalar vem se estabelecendo nos últimos 40 anos, num mundo pós-Guerra Fria, que é descrito por estudiosos como VUCA3: Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo. Tal acrônimo, descrito pelo U.S. Army War College na década de 1990 explica a complexidade e as incertezas da situação geopolítica mundial e é utilizado na esfera de gestão e liderança para compreender contextos mercadológicos e criar estratégias para profissionais e organizações. Por conta da falta de previsibilidade e rápidas mudanças de cenário, profissionais são cada vez mais exigidos sobre posturas dinâmicas, que inspiram adaptação e eficiência. Quanto maior é a capacidade técnica para projetar cenários de longo prazo e agilizar respostas às demandas, mais eficiente é o profissional. O mercado precisa de habilidades como visão, entendimento, clareza e agilidade, para reação eficiente no mundo VUCA3. O Fonoaudiólogo está preparado para responder com eficiência às demandas desta realidade ou ainda repete modelos de trabalho antigos para ter as mesmas respostas? O que fazemos, enquanto ciência, para evoluir, na velocidade do mundo que nos cerca?
Lideranças na área hospitalar já descrevem estratégias de competitividade, mantendo a excelência no cuidado centrado no paciente4. O crescimento é vital para qualquer empresa e a Saúde vêm utilizando cada vez mais a “Quarta Revolução Industrial”5 para agregar valor e se manter no mercado. A Quarta Revolução, ou Revolução 4.0 foi o termo desenvolvido por Schwuab, no Fórum Econômico Mundial (2016) que descreve a transição em direção a novos sistemas, baseada na infraestrutura da eletrônica e das telecomunicações5 e se caracteriza pela velocidade, alcance e impacto que provoca na vida cotidiana. São tecnologias disruptivas4, como Inteligência Artificial (IA), análise de dados em larga escala (Big Data), robótica, realidade aumentada, Internet das Coisas (IoT), aplicações de tecnologia 3D. Todas já estão presente na área da saúde, como por exemplo, em projetos de genômica e bioengenharia onde algoritmos matemáticos permitem a análise de dados através da IA4.
Diante deste mundo transicional, como o fonoaudiólogo hospitalar encara a previsão dos desfechos clínicos e a tomada de decisão pautada em processos analisados por sistemas computacionais com dados de larga escala, e com a ajuda de algoritmos matemáticos realizados por máquinas de alta tecnologia? Para muitos de nós, parece algo saído de filmes de ficção científica, mas a realidade nos dá indícios que a Fonoaudiologia Hospitalar de Precisão é possível e necessária.
Hulsen et al. (2019), descrevem Big Data em Saúde como a capacidade de analisar e interpretar dados, explorando novas ferramentas para promover mudanças reais na prática clínica desde a terapêutica personalizada e o desenho inteligente de medicamentos até a triagem populacional e mineração de registros de saúde6 concluindo que as pesquisas geradoras de hipóteses fundadas em grandes conjuntos de dados se somam, a ciência tradicional orientada por hipóteses. Um alvo mais imediato para o Big Data é a riqueza de dados clínicos já alojados em hospitais que ajudam a responder à pergunta sobre por que eventos específicos estão ocorrendo. Esses dados têm o potencial, se integrados e analisados adequadamente, de dar insights sobre as causas da doença, permitir sua detecção e diagnóstico, orientar terapia e manejo, além do desenvolvimento de futuros medicamentos e intervenções6.
Swetz et al. (2017) usaram o Big Data para analisar a utilização de serviços de saúde e necessidade de vias alternativas de alimentação por 1974 pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica. O que se observou com o estudo é que ao contrário do esperado, e que é preconizado em literatura, o número de pacientes que utilizou a via alternativa de alimentação de forma precoce foi bastante reduzido. Os autores ainda descreveram que a coleta não foi eficiente, pois os dados não foram armazenados de forma adequada nos sistemas de saúde e se perderam ao longo dos anos. Tal informação é valiosa para que se compreenda a necessidade da gestão e governança de dados para que estes sejam realmente eficientes.
O fonoaudiólogo hospitalar lida com prontuários eletrônicos e neles com a possibilidade de coleta e armazenamento de dados precisa e organizada, permitindo que o ao longo dos anos, ele tenha em mãos um rico material para análise de desfechos e tomada de decisão, orientando terapia e manejo, além de produzir extenso material para pesquisa clínica, respeitando todos os preceitos da ética em pesquisa e garantindo a segurança da informação do paciente8.
Neste trabalho pretende-se realizar coleta, armazenamento e análise de banco de dados de prontuário de um serviço de fonoaudiologia com foco no desfecho, e através a utilização das tecnologias de big data e inteligência artificial para reconhecer indicadores de menor hospitalização e morbidades, garantindo a segurança e precisão no processo.
É possível inferir que a Fonoaudiologia Hospitalar caminha para uma integração com a tecnologia e os avanços trazidos pela Revolução 4.0, modificando de forma determinante a sua prática e pesquisa clínica, alcançando o status de precisão. No entanto, cabem aos profissionais da área e às instituições em que estão inseridos, o diálogo sobre a gestão dos dados, permitindo a melhora das condições de trabalho condizentes com seu preparo técnico e acadêmico, além da oportunidade de construção de uma Fonoaudiologia de Valor, onde todas as partes trabalhem de forma conjunta no benefício do paciente.

1. Adshead, A. (2013). Big data storage: Defining big data and the type of storage it needs. ComputerWeekly.com. Acessado em 12/07/2020. Disponível em http://www.computerweekly.com/podcast/Big-data-storage-Defining-big-data-and-the-type-of-storage-it-needs.
2. Patrício, A. IDC: Expect 175 zettabytes of data worldwide by 2025. Networkworld. 2018. Acessado em 12/07/2020. Disponível em https://www.networkworld.com/article/3325397/idc-expect-175-zettabytes-of-data-worldwide-by 2025.html#:~:text=By%202025%2C%20IDC%20says%20worldwide,cloud%20as%20in%20data%20centers.&text=IDC%20has%20released%20a%20report,study%2C%20the%20numbers%20are%20staggering.
3. Bennett, Nathan & Lemoine, G. James. What VUCA really means for you. Harvard business review. 92, 2014.
4. Schwab, K. A quarta revolução industrial. Edipro. 2018.
5. Lottenberg, C.; Silva, P.; Klajner, S. A revolução digital da saúde: como a inteligência artificial e a internet das coisas tornam o cuidado mais humano, eficiente e sustentável. São Paulo. Editora dos editores, 2019.
6 Hulsen, T. el all. From Big Data to Precision Medicine. Frontiers in medicine. vol. 6 34. 1 Mar. 2019, doi:10.3389/fmed.2019.00034
7. Swetz KM, Peterson SM, Sangaralingham LR, et al. Feeding Tubes and Health Care Service Utilization in Amyotrophic Lateral Sclerosis: Benefits and Limits to a Retrospective, Multicenter Study Using Big Data. Inquérit. 2017; 54:46958017732424. doi:10.1177/0046958017732424
8. Lima, T; Sá, M. Electronic health records and protection of sensitive personal data in Brazil. Rev. derecho genoma hum; (51): 61-76, 2019.


HIGHLIGHTS
2212
ESTIMULAÇÃO DA LINGUAGEM ORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL - IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


No contexto diário da atuação em Fonoaudiologia Educacional Fonoaudiólogos e Professores caminham lado a lado em busca de um objetivo específico que é o de colaborar para o ensino em aprendizagem dos alunos. Este Highlight foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de Dissertação de Mestrado em Educação Intitulada Desenvolvimento da Linguagem Oral em Crianças da Educação Infantil: Implicações Pedagógicas.
Dentro das especificidades do ensino na Educação Infantil, o professor que trabalha com crianças pequenas e bem pequenas encontra um grande desafio que é o de colaborar e estimular a linguagem oral das crianças dentro deste ambiente, desafio este que se encontra explícito na BNNC como sendo uma competência necessária a ser trabalhada.
No decorrer da pesquisa foi possível observar que as atividades realizadas pelas professoras com as crianças em sua maioria contribuem para o desenvolvimento da oralidade, porém a forma como são realizadas não estão relacionadas à nenhuma concepção teórica, por muitas vezes as mesmas realizam as atividades de forma aleatória sem foco ou objetivo específico. A pesquisa apontava uma necessidade imediata de se ampliar possibilidades relacionadas a processos de formação dos professores que atuam na educação infantil.
É comum receber no consultório fonoaudiológico crianças para avaliação que já apresentavam manifestações e alterações por volta dos dois a três anos de idade, e que mesmo assim, por falta de suporte e orientação adequados somente chegam para o atendimento especializado por volta dos oito anos de idade, quando as comorbidades já estão em um nível avançado dificultando a aprendizagem deste aluno.
Vygotsky afirma em seus manuscritos que toda interação que a criança faz com o mundo é mediada pela linguagem. Tendo-se a dimensão do por quê se estimular a linguagem oral no ambiente da educação infantil, é necessário, primeiramente, saber “como” as crianças desenvolvem a fala, “como” o educador deve realizar esta estimulação dentro de sua sala de aula e quais as implicações pedagógicas deste processo tão essencial no desenvolvimento infantil. (1)
No campo da Fonoaudiologia, a necessidade de compreensão dos aspectos que se referem ao desenvolvimento da linguagem oral e sua relevância no histórico de vida da criança intensificaram a necessidade de pesquisas sobre o tema.

Durante as situações cotidianas na educação infantil, esta habilidade nem sempre é trabalhada e estimulada de forma intencional, pois existe ainda, de forma bem consistente, a crença de que a fala é algo natural, e que por ser natural não exige do professor nenhuma forma de estímulo (2)

Após realização do estudo, conclui-se que é necessário a implementação de disciplinas nos cursos de formação de professores que tenham foco específico em disciplinas que ensinem efetivamente sobre os fundamentos do desenvolvimento da linguagem inclusive para professores que trabalham com crianças à partir de 4 meses de idade em berçários.
Como Highlight aqui é proposto uma necessidade de melhora na abordagem do Fonoaudiólogo Educacional dentro da Educação Infantil. É importante que na atuação da Fonoaudiologia Educacional neste segmento o Fonoaudiólogo se preocupe em realizar com os professores ações voltadas para a formação de concepções teóricas. Como visto nos resultados da pesquisa, muitas vezes os professores realizam estratégias de estimulação com as crianças, porém estas mesmas estratégias não tem embasamento científico e acabam sendo aplicadas em momentos inadequados, com focos imprecisos ocasionando estimulação incorreta e ineficaz.
A intencionalidade durante o processo educativo demanda planejamento e metodologias de ensino, é preciso que o professor da Educação Infantil considere os níveis de desenvolvimento estudados por Vygotsky para se planejar o trabalho neste segmento educacional, e para que mesmo considere estes níveis de aprendizagem o Fonoaudiólogo deverá provocar reflexões, e trabalhar com caráter de orientação e construção de saberes orientando e auxiliando este professor.(3)

(1)VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. (Org.). Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1978.

(2)BORTOLANZA, A. M. E. O papel da linguagem no desenvolvimento infantil: implicações dos estudos de Liev Semiónovitch Vygotski. Revista Eutomia, v. 19, n. 1, p. 100-112, 2017.

(3)VYGOTSKI, L. S. OBRAS ESCOGICAS III – Historia Del Desarollo de las funciones psíquicas superiores. Aprendizage Visor, 1997.



HIGHLIGHTS
1173
FATORES LIMITANTES E PROPOSTAS DE MELHORIA DA COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PACIENTES DENTRO DE UMA UTI COVID-19 BASEADA NO DESIGN THINKING
Saúde Coletiva (SC)


Contextualização e relevância do tema: A pandemia atual (COVID-19) revelou limitações na capacidade de comunicação dos profissionais de saúde, ampliando desafios já existentes no contexto de uma unidade de terapia intensiva (UTI) com pacientes críticos (1). O uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) obrigatórios dentro da UTI Covid-19, impõe uma barreira física que pode dificultar a identificação do profissional, impactar no acolhimento do paciente e comprometer de forma significativa a comunicação verbal e não verbal. O uso da máscara cirúrgica, por exemplo, atenua de 3 a 4 decibéis (dB) dos sons da fala, e a N95 atenua até 12 dB. Isso significa que há degradação da qualidade da fala levando em consideração o ruído e reverberação do ambiente, somado a ausência de pistas visuais (2). Apesar da identificação precoce das dificuldades de comunicação entre equipes e com pacientes internados, abordado, inclusive na mídia inúmeras vezes, aparentemente as soluções apontadas não contemplavam todas as dificuldades relatadas. Partindo deste contexto, onde o profissional fonoaudiólogo e todos os outros envolvidos na assistência a esse paciente compartilham a mesma dificuldade, foi desenvolvida uma proposta de solução para este problema através da ferramenta do Design Thinking (DT). Esta é uma ferramenta que deriva do processo de criação dos designers e é uma tendência crescente na área da saúde, e configura-se como uma estrutura de pesquisa e inovação aplicada que prioriza a empatia pelos usuários de um serviço ou produto, envolve um projeto altamente diversificado, colaborativo e incentiva uma prototipagem rápida orientada para a ação de insights derivados do usuário, em vez de hipóteses de cima para baixo (3). Esse conceito é baseado em cinco etapas: criar empatia, compreendendo a necessidade das pessoas envolvidas no problema; definir o problema a partir de uma pesquisa com os stakeholders envolvidos; idealizar, que é a fase de brainstorm, em que as ideias devem fluir sem censuras; prototipar e, por fim, testar os protótipos e escolher o que faça mais sentido (4).

Definição clara da situação-problema e da resolução encontrada: Considerando o uso dos EPIs dentro da UTI Covid-19, o desafio é melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde e os pacientes neste contexto. De acordo com a metodologia do DT, chegar na resolução envolve etapas para melhor compreender o problema e todas as pessoas envolvidas. Inicialmente foram identificados os serviços existentes (tratamento clínico da patologia, cuidados básicos como banho e medicação, acolhimento ao paciente, reabilitação, entre outros), os stakeholders envolvidos (equipe multidisciplinar e pacientes), os problemas e barreiras supostas (supressão da comunicação verbal e não-verbal, atenuação da intensidade vocal, perda da identidade profissional, dificuldade no acolhimento ao paciente, aspectos emocionais dos profissionais, limitação do uso de pranchas de comunicação alternativa para atividades estáticas, entre outros) e as suposições e dúvidas com base nesses problemas. Para a primeira etapa foi criado um questionário a fim de entender melhor a percepção da dificuldade de comunicação entre profissionais de saúde e pacientes, e também identificar as estratégias utilizadas por eles, tal como os impactos desse processo. Responderam ao questionário 54 profissionais de saúde utilizando a ferramenta google forms, sendo a partir destas respostas, delimitados dois perfis de usuários: os que possuem dificuldades na comunicação e não percebem que possuem, porém utilizam estratégias compensatórias; e os que possuem dificuldade na comunicação, percebem as mesmas, e utilizam estratégias compensatórias. A etapa seguinte consistiu em levantar o comportamento de cada perfil, analisado juntamente às respostas obtidas, a prática diária destes profissionais na UTI, o que mostrou que parte do comportamento frente a comunicação também está relacionada a atividade que cada profissional realizava. Delimitamos assim suas necessidades e oportunidades de melhorias. Somente após essas etapas, foi possível criar a jornada de cada usuário, uma ferramenta que permite a visualização e análise do problema com base no que o usuário pensa, sente e faz no seu pré atendimento, durante e após o atendimento ao paciente internado. E assim, a proposta de estratégias para resolução do desafio/problema inicial: a comunicação nas UTIs durante a pandemia atual.

Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: O Design Thinking fornece ferramentas empáticas, focadas na dor do sujeito, de forma eficaz e rápida conforme a estruturação definida pela equipe que o realiza. Desta forma, foi possível identificar que a oferta direta de orientação sobre comunicação e saúde vocal para estes perfis, apesar de necessária, não pode ser realizada isoladamente. O aspecto comunicativo neste cenário/jornada está diretamente ligado às questões emocionais e de fadiga sentidas pelo profissionais, que juntamente às necessidades técnicas, moldam a sua ação comunicativa. Desta forma, propomos um fluxo para melhorar a comunicação focada nas necessidades dos 2 perfis traçados, que envolvem, desde o acolhimento ao profissional através de reuniões online, melhorias na identificação de cada profissional, facilitação para momentos de "relaxamento" (como breves momentos com música ambiente) e desenvolvimento de workshops e/ou e- learnings sobre saúde vocal. Bem como estratégias específicas para o perfil que mais faz uso da comunicação, como workshops e/ou e-learnings de estratégias de comunicação alternativa e comunicação verbal/não verbal. Outras estratégias para favorecer a comunicação, acolhimento ao paciente e facilitação de cada área também foram desenvolvidas. Historicamente epidemias trazem aos profissionais de saúde novas barreiras e desafios para realizar suas atividades de forma eficiente, e o impacto na comunicação no momento atual determina a necessidade em repensarmos a forma como nos comunicamos para permitir o melhor cuidado ao paciente e o cuidado com a saúde do profissional envolvido (5). Acreditamos que o fluxo desenvolvido é uma contribuição do profissional fonoaudiólogo para a atuação frente a pandemia atual (5).

(1) Back A, Tulsky JA, Arnold RM. Communication Skills in the Age of COVID-19. Ann Intern Med. 2020 Jun 2; [acesso em 04 de julho de 2020]; 172(11):759-760. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7143152/

(2) Goldin A, Weinstein BE, Shiman N. How do medical masks degrade speech perception? Hearing Review. 2020; [acesso em 04 de julho de 2020]; 27(5):8-9. Disponível em: https://www.hearingreview.com/hearing-loss/health-wellness/how-do-medical- masks-degrade-speech-reception

(3) Estudar na Prática [homepage na internet]. Design Thinking: entenda o que é e como aplicar. [ cesso em 04 de julho de 2020]. Disponível em: https://www.napratica.org.br/design-thinking-o-que-como-funciona/

(4) Roberts JP, Fisher TR, Trowbridge MJ, Bent C. A design thinking framework for healthcare management and innovation. Healthc (Amst). 2016; [acesso em 04 de julho de 2020]; 4(1):11-14. doi:10.1016/j.hjdsi.2015.12.002. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27001093/

(5) Bao Y, Sun Y, Meng S et al. 2019-nCoV epidemic: address mental health care to empower society. [acesso em 04 de julho de 2020]; Lancet 395(10224):e37–e38. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s00115-020-00905-0


HIGHLIGHTS
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FERRAMENTA OBJETIVA DE OBSERVAÇÃO DA EXPRESSIVIDADE: UM PROJETO DE CONSTRUÇÃO BASEADA NO ROTEIRO FONOAUDIOLÓGICO DE OBSERVAÇÃO DA EXPRESSIVIDADE – ROFOE
Voz (VOZ)


A expressividade tem estado presente no cotidiano da Fonoaudiologia brasileira há mais de quatro décadas. A publicação de trabalhos que discorrem sobre o gesto e papel do corpo na expressividade surgiu a partir dos anos 2000, um período em que a Fonoaudiologia passa a buscar diferentes referenciais teóricos como ponto de partida1. Os instrumentos para avaliação e reavaliação são tradicionalmente usados na clínica fonoaudiológica, em especial, de reabilitação. Na área de voz, por exemplo, são vários os instrumentos de avaliação e autoavaliação validados para o português e utilizados na clínica de reabilitação. Na falta de instrumentos específicos para a avaliação da expressividade, a Fonoaudiologia, principalmente a que atende as questões dos profissionais da voz, tem tomado emprestado instrumentos primordialmente desenhados para a avaliação dos distúrbios. Em recente tese2 foi desenvolvido e validado o Roteiro Fonoaudiológico de Observação da Expressividade de profissionais da voz – RoFOE. Um roteiro padronizado que promete abranger a observação da expressividade na especificidade de cada profissional da voz entendendo que o trabalho de habilitação da comunicação profissional é complexo e específico. O RoFOE, nesse contexto, surge com potencial, em sua essência, para promover uma observação multidimensional da comunicação do profissional.
Por outro lado, a análise das atividades humanas por meios computacionais é uma das linhas de pesquisa mais intrigantes e em ascensão atualmente. Mais recentemente, a vigilância automatizada das atividades humanas é encarada considerando uma perspectiva multimodal, que traz noções e princípios da literatura social, afetiva e psicológica. Os estudos sobre sistemas de interação multimodal, polinização cruzada de tecnologias de Ciência da Computação e teorias de Sociologia e Psicologia têm oferecido potentes estratégias de investigação de parâmetros comunicativos por meio de análise de vídeos. A capacidade de entender e gerenciar sinais sociais de uma pessoa com quem estamos nos comunicando é o núcleo da inteligência social. Essa é uma faceta da inteligência humana que se argumenta ser indispensável e talvez a mais importante para o sucesso na vida3. Os softwares, por exemplo, têm sido explorados na América do Norte por profissionais de treinamento comunicacional e de oratória, por usarem realidade aumentada e tecnologia de sensores para fins de treinamento. Para os estudiosos da área, bons comunicadores demonstram suas habilidades de apresentação com características verbais e não verbais, como a linguagem corporal, o contato visual com a audiência, ou também pelo espaço que ocupam no espaço3-5. Estudos sobre sistemas interativos têm apostado em ferramentas multimodais para apoiar o desenvolvimento de habilidades comunicativas e análise de prosódia em situações conversacionais com mais de um componente/sujeito, mas ainda não existem estudos que combinem a análise de fala, gestos, expressões faciais, olhar e movimentos para abordar holisticamente as interações social e emocionais humanas. Um promissor sistema interativo, o Processamento de Sinais Sociais (SSP), desenvolvido por pesquisadores do Centre for Social, Cognitive and Affective Neuroscience da Universidade de Glasgow, é um protótipo que promete, por meio de sistema interativo, reconhecer pistas não verbais – a maioria delas fora da consciência – como expressões faciais e olhares, postura e gestos corporais, e também características vocais e distâncias relativas no espaço6,7. No SSP, códigos computacionais são gerados para reconhecer em vídeos comportamentos do tipo: aparência física, altura, atratividade, formato corporal, gesto e postura, gestos com as mãos, caminhada, comportamento do rosto e dos olhos, expressões faciais, comportamento do olhar, foco de atenção, comportamento vocal, prosódia, ataque vocal, turno de comunicação, silêncio, espaço e ambiente, cenário atribuindo-os aos comportamentos de emoção, personalidade, status, dominância, persuasão e rapport6.
As ferramentas de observação objetivas estão tradicionalmente presentes na clínica fonoaudiológica e têm sido exploradas pela área de voz. Na clínica de habilitação, por exemplo, o Expression Evaluator, script desenvolvido em 20098, é utilizado para a análise fonético-acústica da prosódia no discurso por meio de 13 diferentes medidas que compõe o script. A análise perceptivo auditiva é soberana na clínica vocal, contudo, não se pode negar que as ferramentas objetivas têm se consolidado como importante complemento na avaliação multidimensional da voz. Com os avanços no campo tecnológico da observação do comportamento e pela falta de instrumento objetivo de avaliação da expressividade torna-se premente estudar um programa multimodal de processamento de sinais sociais, como o SSP, enquanto ferramenta de observação dos sinais naturais de comunicação, e usá-lo como base para o desenvolvimento de uma versão multimodal de processamento de sinais para observação da expressividade do profissional da voz.
Esse é um projeto que visa comparar os achados do RoFOE sobre a expressividade dos profissionais da voz com os achados de um programa multimodal de processamento de sinais sociais com vistas a propor uma ferramenta objetiva de gerenciamento multimodal de observação da expressividade. O trabalho de habilitação da comunicação tem sido bastante explorado pela Fonoaudiologia nos últimos anos. Trata-se de área que tem sido abraçada, em especial, por fonoaudiólogos especialistas em voz, mas com poucos trabalhos publicados que avaliam a expressividade de forma ampliada, e que considere simultaneamente os aspectos vocais, verbais e não verbais. Mais que isso, até 2019 não havia nenhuma produção que tivesse se debruçado sobre o processo de validação de um instrumento de avaliação da expressividade, o que, de fato, ainda parece ser uma tarefa difícil quando se tem que levar em conta as questões complexas e subjetivas inerentes ao processo comunicativo e à expressividade. O desafio, portanto, está em apresentar ao final desse período de investigação uma ferramenta de observação da expressividade que seja funcional, robusta e que tenha passado por eficiente processo de validação. Transpor essa ferramenta de observação fonoaudiológica de predominância perceptivo auditiva e visual em uma ferramenta computacional objetiva será a meta. Neste caso, o desafio se dará pelo necessário aprofundamento em outra área do conhecimento. Essa é uma proposta de pós doutoramento que conta como parceiros a faculdade ciências da computação da XXXXXX e o renomado laboratório internacional de computação da universidade de XXXXXXX, em XXXXX inteligência artificial.

1. VIOLA IC. Breve histórico dos estudos sobre expressividade e questões terminológicas. XVIII Seminário de Voz da PUC-SP; jun, 2008; São Paulo (SP).
2. SANTOS TD. Observação fonoaudiológica da expressividade do profissional da voz falada: uma proposta de roteiro. [tese]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2019.
3. LIMBU, B.H., JARODZKA, H., KLEMKE, R., SPECHT, M., Using sensors and augmented reality to train apprentices using recorded expert performance: A systematic literature review, Educational Research Review (2018), doi: 10.1016/j.edurev.2018.07.001
4. SCHNEIDER J, BÖRNER D, VAN ROSMALEN P, SPECHT M. Presentation trainer: What experts and computers can tell about your nonverbal communication. Journal of Computer Assisted Learning, 33 (2) (2017), pp. 164-177
5. YORK, D. (2013). Investigating a Relationship between Nonverbal Communication and Student Learning. PhD thesis, Lindenwood University.
6. VINCIARELLI A, ESPOSITO A, ANDR E, BONIN F, CHETOUANI M, COHN J, CRISTANI M, FUHRMANN F, GILMARTIN E, HAMMAL Z, HEYLEN D, KAISER R, KOUTSOMBOGERA M, POTAMIANOS A, RENALS S, RICCARDI G, SALAH A. Open challenges in modelling, analysis and synthesis of human behaviour in human–human and human–machine interactions. Cogn Comput. 2015;7(3):1–17.
7. VINCIARELLI, A, PANTIC, M, BOURLARD, H "Social Signal Processing: Survey of an Emerging Domain", Image andVision Computing, vol. 31, no. 1, pp. 1743-1759, 2009.
8. BARBOSA, P. A. (2009). Detecting changes in speech expressiveness in participants of a radio program. Proceedings of Interspeech. Brighton: United Kingdom, p. 2155- 2158.


HIGHLIGHTS
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FLASHCARDS DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL: MATERIAL DE APOIO DO ESPECIALISTA
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Contextualização e relevância do tema: As atribuições do especialista em Fonoaudiologia Educacional são diversas, amplas e complexas, seja quanto às áreas do conhecimento, função, amplitude ou competências 1. Para responder de maneira assertiva às perguntas da área, como as das Faqs - Frequently Asked Questions 2 bem como outras relacionadas3, o especialista se beneficiaria se tivesse em mãos, em seu ambiente de trabalho, um material de apoio. Não há disponível tal ferramenta para o Fonoaudiólogo Educacional brasileiro. Definição da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: Para auxiliá-lo propomos a organização deste material de apoio, em forma de Flashcards 4 da especialidade. Flascards tem a repetição das informações como objetivo em aprendizagem; é uma ferramenta para auxiliar a memorização rápida de alguns assuntos. A organização destes se deu a partir do levantamento de materiais disponíveis na literatura sobre temas relacionados à especialidade e à profissão em geral, incluindo os dos órgãos de classe da Fonoaudiologia e áreas afins, como Pedagogia, Psicopedagogia, Psicologia, Terapia Educacional, Otorrinolaringologia, dentre outros, nacionais e internacionais. Estes abordam os temas da especialidade e de outras áreas afins, cujas solicitações de informações, nas escolas em que atuamos, são recorrentes por parte dos gestores, professores e pais. Os materiais foram organizados em cartões do tamanho A4 (21cm x 29,7 cm), no programa Power Point. Sobre alguns temas foram necessários mais de um cartão. Seguem, em ordem alfabética os organizados, seguindo o título das fontes originais: acessibilidade na escola: visual, auditiva, motora; aleitamento materno e dificuldades; alfabetização e habilidade fonológica; aspecto motor da escrita; como estimular a leitura e a escrita; como identificar o risco para os transtornos específicos de aprendizagem; conceitos em dislexia, dificuldade e transtorno; coordenação motora; correspondências ortográficas; desenvolvimento auditivo; desenvolvimento cognitivo; desenvolvimento da fala; desenvolvimento da linguagem; desenvolvimento motor; dislexia e inclusão escolar; entendendo a gagueira; escala de preensão de lápis e giz de cera; escreva sem pressa; estratégias multissensoriais; estratégias para uma boa leitura; ideias para aluno com autismo; linguagem oral x linguagem escrita; literatura indicada na área; matemática e alfabetização; narrativa e desenvolvimento cognitivo; o cérebro humano (áreas de aprendizagem); o ouvido humano; o sistema fonatório; para escrever é necessário...; perfil dos aprendizes; processamento auditivo; processamento visual; quatro benefícios da nomeação automática rápida; respiração oral e aprendizagem; sala de aula para disléxicos; seja amigo da sua voz; sons e letras. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: A organização dos materiais se deu no início do ano de 2020 e auxiliou o trabalho de assessorias nas escolas, tanto no sentido de organização de raciocínio para o fonoaudiólogo quanto para a comunicação clara e pontual aos ouvintes. Inicialmente foi feita cópia impressa com os cartões organizados em pastas plásticas, porém, com a condição imposta pelo Covid-19, o material foi de grande auxílio, pois pode ilustrar as informações, via Power Point em reuniões virtuais, através do compartilhamento de tela. Tal experiência nos levou a planejar a elaboração de um e-book, que só se concretizaria após a troca de experiências junto aos profissionais da área no Fono2020.


Referências:

1- Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 387, de 18 de setembro de 2010. Brasília: CFFa, 2010. Disponível em: https://www.fonoaudiologia. org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_387_10.htm>. Acesso em 25 jun. 2020.

2- Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Respostas para perguntas frequentes em fonoaudiologia educacional. São Paulo: SBFa, 2013. Disponível em:
. Acesso em: 20 jun. 2020.

3- sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Contribuições do fonoaudiólogo educacional para seu município e escola – perguntas frequentes de educadores e gestores educacionais. Brasília: CFFa,[2017]. Disponível em: . Acesso em 22 jun. 2020.

4- Santos, G. Saiba o que são flashcards. Solânea/PB: Educa Mais Brasil, 2018. Disponível em: . Acesso em 25 jun. 2020.


HIGHLIGHTS
2156
FONOAUDIOLOGIA DO SONO: O QUE É, DE ONDE VIEMOS, ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS
Motricidade Orofacial (MO)


A Fonoaudiologia do Sono é uma área emergente e abrangente. Visa contribuir para ações de promoção da saúde e prevenção de agravos em interface com aspectos do sono, originando melhor qualidade do sono e de vida da população. Com caráter multidisciplinar envolve estudo, pesquisa, prevenção, avaliação e tratamento dos distúrbios do sono relacionados às áreas de competência da Fonoaudiologia, em qualquer faixa etária.
A atuação com Distúrbios Respiratórios do Sono (DRS), relaciona-se à especialidade Motricidade Orofacial pois, alterações da musculatura orofaríngea e funções orofaciais são causas frequentes do ronco e apneia obstrutiva do sono (AOS). A avaliação, diagnóstico miofuncional e terapêutica específica para organização e manutenção da integridade muscular, possibilitam a atuação fonoaudiológica isolada ou associada aos outros tratamentos. Assim, torna-se uma alternativa de intervenção pela melhora da qualidade de vida, cognição, sonolência excessiva e consequente redução de risco cardiovascular, como citada no 1º Posicionamento Brasileiro sobre o Impacto dos Distúrbios de Sono nas Doenças Cardiovasculares, da Sociedade Brasileira de Cardiologia1.
Recentemente estimou-se que a prevalência mundial dos DRS atinge quase um bilhão de pessoas, superior a 50% em alguns países2. O Brasil é o terceiro país com maior número de afetados. A alta prevalência, a associação entre AOS e desfechos adversos, definem que os sistemas de saúde em todo mundo devam considerar novas estratégias para conscientização sobre AOS, recomenda diagnóstico e tratamentos para minimizar impactos negativos na população e gastos com saúde2.
A Fonoaudiologia também vem desenvolvendo projetos de promoção de saúde na área, com consciência da responsabilidade para prevenção primária, buscando comportamentos mais favoráveis ao sono de qualidade, envolvendo toda comunidade3.
De onde viemos?
As primeiras investigações fonoaudiológicos relacionados ao DRS são da década de 19904, apresentadas a partir de 2001, em eventos científicos nacionais da Associação Brasileira do Sono(ABS) e internacionais, mostrando estudos concluídos e em desenvolvimento. Seguiu-se publicação de estudo com terapêutica fonoaudiológicas (TF) em estudos de casos5.
Em 2005, foi iniciado o primeiro projeto de doutorado, controlado e randomizado, referente à reabilitação fonoaudiológica para DRS, publicado em 2009 no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, comprovando a eficácia da TF na AOS moderada6.
Seguiram-se estudos brasileiros randomizados em pacientes com ronco primário e AOS leve a moderada, obtendo-se diminuição da intensidade e frequência do ronco7, assim como redução de 50% do índice de apneia e hipopneia(IAH), da sonolência diurna, melhora da qualidade do sono e de vida associando-se TF e aparelho de pressão positiva(PAP)8,9. Esses estudos pioneiros são referenciados em todas as revisões sistemáticas e meta-análises existentes sobre o tema.
Onde estamos?
A ABS, instituição científica originalmente multidisciplinar de estudos do sono congrega médicos, dentistas, fisioterapeutas, psicólogos, biólogos, técnicos em polissonografia e recentemente fonoaudiólogos. Reconhecida mundialmente, promove campanhas de esclarecimentos, reuniões com a sociedade civil e gestores de políticas públicas sobre diversos temas relacionados ao sono.
Em 2014, a ABS formaliza a participação da Fonoaudiologia na Comissão Científica do Congresso do Sono. A partir de então, organiza-se a inserção formal de fonoaudiólogos na ABS, apoiada pela SBFa. A ABS foi a primeira instituição científica do mundo a reconhecer a Fonoaudiologia em seu escopo interdisciplinar, criando o Departamento de Fonoaudiologia. Nesse ano ocorreu o primeiro “Simpósio de Fonoaudiologia aplicada ao Sono”.
Em 2015, o Congresso Brasileiro do Sono teve a primeira mesa redonda exclusivamente de fonoaudiólogos, além de participação nos simpósios interdisciplinares. Também se iniciou a participação da Fonoaudiologia nas campanhas da Semana Mundial do Sono, como nos anos subsequentes.
Em 2016, os departamentos tornaram-se temáticos. O Departamento Respiratório da ABS, contou com: Medicina, Odontologia, Fonoaudiologia e Fisioterapia. Esta interrelação permitiu direcionar a Certificação do Fonoaudiólogo na área do Sono, reconhecendo-se expertise da Fonoaudiologia nesse tema, chancelada por esta instituição científica, apoiada pelo CFFa (OF/CFFa:n.324/2016), SBFa (OF:011/16) e ABRAMO (OF:jun/2016); processo único no mundo.
Essa certificação ocorreu em duas etapas, por edital com critérios definidos para “Notório Saber” a partir de pontuação curricular e comprovada expertise, e critérios para realização de prova específica. Candidatos elegíveis, realizam prova escrita e prática: casos clínicos com arguição de banca composta por fonoaudiólogos certificados.
A primeira Certificação do Fonoaudiólogo foi concluída em dezembro/2016 com 16 fonoaudiólogas certificadas e ocorre anualmente, atualmente com 28 fonoaudiólogas certificadas pelo país.
Na gestão 2018/2019 da ABS, a Fonoaudiologia alcança outro grande passo: uma fonoaudióloga certificada torna-se presidente de uma de suas regionais, sendo essa reeleita para o biênio 2020/2021.
Em 2019 definiu-se Departamento único, Interdisciplinar, com representante da Medicina, Odontologia, Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Biologia e técnicos em polissonografia. Nesse ano aconteceu o “II Simpósio de Fonoaudiologia do Sono” com oito mesas, 31 palestrantes, 8 coordenadores, englobando vários campos de atuação além da MO: linguagem oral/escrita, voz, fluência, disfagia e audiologia. Houve grande participação de fonoaudiólogos, considerado o maior número de participantes na ABS de uma só área.
A Fonoaudiologia brasileira foi reconhecida internacionalmente na área do sono, recebendo o prêmio “AAMS Md Marie Curie Award” (Chicago/2015), e tendo convidados para mesas redondas em congressos mundiais, cursos em Universidades na Europa, América Latina e EUA, como Tufts & Harward Universities (Boston/2018), inserção como pesquisador na Sapienza Università di Roma (Itália/2018) e reuniões com grupos de pesquisas na Universidade de Sydney, coordenado por Dr Collin Sullivan(2019). A produção da Fonoaudiologia Brasileira10 e a certificação em Fonoaudiologia do Sono definiram essa internacionalização.
Para onde vamos?
Em 2020 será realizado o quinto concurso de certificação em Fonoaudiologia do Sono. Em 2021, a ABS recebe o World Sleep Congress, contando com a Fonoaudiologia brasileira em sua Comissão Científica.
Considera-se que a divulgação da atuação especializada componha o caminho para ampliação contínua da visibilidade multiprofissional da Fonoaudiologia no Sono, além de estimular crescimento científico para progresso da acurácia da nossa atuação. Novos estudos randomizados são necessários, pois ainda não são claros: os efeitos funcionais e dos exercícios considerando-se a fisiologia do sono, critérios de elegibilidade e como garantir adesão à TF.
Esse percurso demostra importante conquista para a Fonoaudiologia, por definir formalmente a inclusão nesse campo interdisciplinar. A missão é continuar com excelência, bem como com a consolidação do apoio dos nossos órgãos de classe e entidades científicas.

1. Drager LF, Lorenzi-Filho G, Cintra FD, Pedrosa RP, Bittencourt LR, Poyares D. et. al. 1º Posicionamento Brasileiro sobre o Impacto dos Distúrbios de Sono nas Doenças Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2018; 111(2):290-341.
2. Benjafield AV, Ayas NT, Eastwood PR, et al. Estimation of the global prevalence and burden of obstructive sleep apnoea: a literature-based analysis. Lancet Respir Med. 2019;7(8):687-698. doi:10.1016/S2213-2600(19)30198-5
3. Corrêa CC, Berretin-Felix G, Blasca WQ. Educational Program Applied to Obstructive Sleep Apnea. J Communicat Disord, Deaf Studies & Hearing Aids. 2016; 4:1-6.
4. Guimarães KCC. Alterações no Tecido Mole de Orofaringe em Portadores de Apnéia de Sono Obstrutiva. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia. 1999;1(1):69-75.
5. Pitta DBS, Pessoa AF, Sampaio ALL, Rodrigues RN, Tavares MG, Tavares P. Terapia miofuncional oral aplicada a dois casos de síndrome da apnéia obstrutiva do sono grave. Arq Int Otorrinolaringol. 2007;11(3):350-354.
6. Guimarães KCC, Drager LF, Genta PR, Marcondes BF, Lorenzi-Filho G. Effects of oropharyngeal exercises on patients with moderate obstructive sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2009;179(10):962–6. doi: 10.1164/rccm.200806-981OC.
7. Ieto V, Kayamori F, Montes MI, Hirata RP, Gregório MG, Alencar AM, et al. Effects of oropharyngeal exercises on snoring: a randomized trial. Chest. 2015;148(3):683-91. doi: 10.1378/chest.14-2953
8. Diaferia G, Badke L, Santos-Silva R, Bommarito S, Tufik S, Bittencourt L. Effect of speech therapy as adjunct treatment to continuous positive airway pressure on the quality of life of patients with obstructive sleep apnea. Sleep Med. 2013;14(7):628-35. doi: 10.1016/j.sleep.2013.03.016.
9. Diaféria G, Santos-Silva R, Truksinas E, Haddad FL, Santos R, Bommarito S, et al. Myofunctional therapy improves adherence to continuous positive airway pressure treatment. Sleep Breath. 2017;21(2):387-395. doi: 10.1007/s11325-016-1429-6.
10. Corrêa CC, Kayamori F, Weber SAT, Bianchini EMG. Scientific production of Brazilian speech language pathologists in sleep medicine. Sleep Science, 2018; (11):183-210.


HIGHLIGHTS
2218
FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL: DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO NÃO MEDICALIZANTE
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


O crescente número de crianças diagnosticadas com alguma “doença do não aprender”1 tem instituído desafios diários aos fonoaudiólogos que se dedicam a atuação educacional. Se por um lado, as próprias instituições de ensino tem demandado cada vez mais a presença desses profissionais de saúde na escola, por outro, as ações propostas tem, muitas vezes, se limitado à identificação de alterações orgânicas no alunado, com posterior encaminhamento para acompanhamento especializado, e, quando muito, atuação com professores também centrada em alterações e patologias, muitas vezes com o objetivo de capacitá-los para a identificação precoce das mesmas. Tal fato pode ser constatado por pesquisas2,3 que demonstram que o principal foco do fonoaudiólogo em instituições de ensino tem sido a realização de ações prevenção de distúrbios com estudantes do ensino fundamental. O resultado de uma atuação nesses moldes é que o fonoaudiólogo tem contribuído com o processo de medicalização da educação, fortemente vivenciado nos dias atuais. Por meio deste processo, há a transferência de questões de cunho educacional para a área da saúde4. E, como consequência, também ao profissional de saúde é delegada a resolução da situação identificada como problema. Um olhar superficial e acrítico pode entender que esta é a atuação que cabe ao fonoaudiólogo educacional, e que este é o objetivo mantenedor de sua atuação em instituições de ensino. No entanto, a partir de uma visão mais ampliada e crítica, é possível entender que uma atuação assim, além de reduzir, limitar e estigmatizar o fonoaudiólogo educacional àquele que lida apenas com alterações – mesmo no campo educacional – marca a vida e a história escolar e social das crianças que tem recebido diagnósticos e rótulos diariamente. Certamente, as ações propostas pelo fonoaudiólogo educacional estão baseadas em uma formação ainda fortemente centrada em um modelo bancário e médico centrado, por mais que o discurso da promoção de saúde tenha ganhado força e até possibilitado reflexões neste campo. Estudos5,6 indicam que menos de 50% das instituições que oferecem o curso de Fonoaudiologia no Brasil, tenham ao menos uma disciplina voltada para a Fonoaudiologia Educacional e que na grande maioria das instituições que o fazem, esta disciplina tem caráter exclusivamente teórico. Tais pesquisas enfatizam a necessidade e importância de vivencias práticas significativas e ampliadas durante a formação do fonoaudiólogo. Nesse sentido, entende-se que a formação do fonoaudiólogo, assim como de outros profissionais da saúde que se propõem a atuar no âmbito educacional, tradicionalmente, não tem fornecido subsídios e experiências formativas que permitam a reflexão crítica acerca do seu fazer. Portanto, questiona-se: Como legitimar a atuação do fonoaudiólogo educacional sem fomentar a medicalização da educação? As propostas para mudanças e ampliação na atuação do fonoaudiólogo educacional se constituem como um desafio para área à medida que se entende que para que as mesmas aconteçam, se faz necessário um processo de ressignificação do fazer bem como a constituição identitária deste profissional. É compreensível que com base em uma formação essencialmente voltada para o fazer clínico, o mesmo tende a transferir o conhecimento e transpor métodos adquiridos para o âmbito educacional. Nesse sentido, a principal proposta é que a formação inicial e continuada do fonoaudiólogo passe a possibilitar a reflexão crítica de seu fazer, oferecendo subsídios para que o mesmo seja capaz de propor ações ampliadas em instituições de ensino. Tais ações devem ter como escopo o processo educacional, e não apenas as alterações que se manifestam nas escolas. Nesse sentido, propõe-se a realização de ações que tenham como base o conceito de parceria colaborativa ativa7, e os princípios propostos pela Educação Popular em Saúde8, entendendo o diálogo e a interação como fios condutores da prática educacional. A partir de uma relação horizontalizada entre saúde e Educação, propõe-se ainda o desvio do foco das ações propostas na escola das alterações que se manifestam na escola para o processo educacional como um todo.

1. GIROTO, C.R.M.; ARAUJO, L.A.; VITTA, F.C.F. Discursivização sobre “doenças do não aprender” no contexto educacional inclusivo: o que dizem os professores de educação infantil?. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, [S.l.], p. 807-825, mai 2019
2. Berberian AP, Ferreira LP, Jacob LC, Azevedo JBM, Mendes JM. A produção de conhecimento em Distúrbios da Comunicação: análise de periódicos (2000-2005). Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(2):153-9.
3. FIGUEIREDO, L. C.; LIMA, I.L.B ; LUCENA, B. T. L. ; NASCIMENTO, B. L. ; FILGUEIRA, L. L. ; MENDES, L. E. C. ; TRIGUEIRO, J. V. S. . Educational institutions as a field for speech-language-hearing research: an analysis of publications in brazilian journals. REVISTA CEFAC (ONLINE), v. 22, p. e16719-e16719, 2020.
4. MOYSÉS, M.A.A. A institucionalização invisível: crianças que não-aprendem-na-escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001.
5. MOURA, C. S. C. ; MOURA, G. S. ; LIMA, I.L.B ; SANTOS, A. E. ; SOUSA, M. S. ; FIGUEIREDO, L. C. . Educational Speech-Language Pathology in the curricula of Speech-Language Pathology Programs in Brazil. REVISTA CEFAC (ONLINE), v. 22, p. e1320, 2020.
6. Sanabe Junior G, Guarinelo AC, Santana APO, Berberian AP, Massi GA, Bortolozzi KB. Speech language pathology undergraduates’ views about educational speech language pathology from their theoretical and practical experiences. CEFAC. 2016; 18(1):198-208. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620161816715
7. Bortolozzi KBB. Fonoaudiologia e Educação: a constituição de uma parceria responsiva ativa [Tese]. Curitiba (PR): Universidade Tuiuti do Paraná, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde; 2013.
8. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Política Nacional de Educação Popular em Saúde. Brasília, DF: CNEPS, 2012.


HIGHLIGHTS
2191
FONOAUDIOLOGIA NO ENSINO DA MEDICINA: AS PRÁTICAS DIALÓGICAS DA COMISSÃO DE APOIO DISCENTE/ DOCENTE
Saúde Coletiva (SC)


A comissão de Apoio Discente Docente tem como proposta o trabalho de acolhimento da comunidade acadêmica e nasceu na formação de um curso de medicina baseado em metodologias ativas. O trabalho é realizado por um grupo de profissionais, dos quais dois são fonoaudiólogos e os outros dois psicólogos. O objetivo do mesmo é oferecer uma escuta qualificada, visando a promoção dos processos de comunicação, ensino aprendizagem e de saúde mental. Sendo o curso na modalidade de metodologias ativas temos diversos profissionais de saúde trabalhando em conjunto nos variados cenários do curso em seus módulos temáticos e longitudinais, isso promove riqueza de relações interpessoais e também conflitos de ordem pessoal, metodológica e ou de ensino aprendizagem. Os estudantes de medicina são alunos de escola pública, com ingresso determinado pelo Sistema de Seleção Unificada, o que promove mudança de Estado para muitos deles, ocasionando dificuldade de adaptações frente a nova realidade, gerando ansiedade com os processos de mudança, bem como, com o enfrentamento de um curso com metodologias ativas que muitas vezes difere do formato de ensino médio, vivenciado pelo acadêmico. Acrescido a isso, ainda temos, o período de transição para a vida adulta, momento de saída em que muitos vão assumir novas responsabilidades e tarefas importantes relacionadas ao cuidar de si e mediar os conflitos para solucionar problemas cotidianos e da academia. Ao identificar problemas seus atores podem desencadear uma busca individual para a resolução destes, gerando a conduta de procura ativa de determinado profissional ou por encaminhamento, tanto de colegas profissionais, como de encaminhamento de estudantes por docente com queixa de aprendizagem e ou problema de ordem emocional, visando diálogo com o CADD. A comunicação não violenta é um instrumento valioso na resolução de conflitos diante das relações interpessoais permitindo observar, identificar os sentimentos e as necessidades e expressar pedidos mediante suas reais necessidades, visando solucionar os conflitos ( Rosenberg, 2006). Para compreender as situações grupais o conceito de campo de forças auxilia a mediar as forças impulsoras e restritivas as quais permeiam os relacionamentos, os indivíduos e o ambiente. (Lewin, 1970). Por sua vez, é considerando a dinâmica do grupo que se percebe as relações estabelecidas entre seus interlocutores, sabendo que as metodologias ativas são instrumentos determinante da formação médica atual, que preconiza o ensino médico em pequenos grupos, e o ingresso no campo de práticas desde o primeiro ano, acabando por exigir do acadêmico conhecimentos, habilidades e atitudes importantes no enfrentamento de ações de promoção e cuidados em saúde (Moscovici, 2015). O papel do professor diante da metodologia ativa ganha novo significado, o mesmo pode ser visto como um designer de caminhos, sendo mais gestor e orientador de caminhos individual e coletivo possibilitando uma construção mais aberta, criativa e empreendedora, deixando de lado a tarefa de transmissão de conhecimento pronto e acabado (Moran, 2018). Diante do desafio para uma educação inovadora o estudante tem o papel de resignificar seu lugar de aluno e promover a dialética de olhares para conseguir aprender o novo e atribuir sentidos a partir do enfrentamento dos saberes constituídos. A CADD visa ampliar o olhar e acolher o docente/ discente fazendo um atendimento individualizado e promovendo mudanças nas dinâmicas das ações, sendo elas: afetivas e psicossociais de um lado, e de carácter psicopedagógico e metodológicas de outro, gerando estratégias de aprendizagem diversas na resolução dos problemas. Dessa foram a escuta é ampliada e embora não seja possível tratar dentro da universidade a mediação assegura ações de promoção de saúde mental, bem como estratégias de comunicação e ensino aprendizagem diversificadas, esquematizando conhecimento efetivo, conceitual, procedural e metacognitivo. Finalmente, o espaço dialógico aberto com a comunidade acadêmica ratifica o compromisso de cuidar de quem cuida, visando assegurar dinâmicas laborais mais saudáveis e identificar ruídos de comunicação, promovendo saúde mental em docentes e discentes. A inovação de tais práticas evidencia o lugar do fonoaudiólogo no cuidar dos processos que envolvem as dificuldades acadêmicas e em dinâmicas de comunicação, pois o processo dialógico tutorial exige que o aluno possa transformar o estudo realizado, em método dialógico, falando dos problemas e de suas respectivas soluções, mediante grupos pequenos com outros estudantes e seu professor tutor, cujo papel é mediar as relações de aprendizagem, visando cumprir com os objetivos educacionais, proposto por determinado problema.


LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo, Cultrix, 1970.

MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, L. MORAN.J. (org). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico/ prática / Organizadores, Liliam Bacich e José Moran. Porto Alegre: Penso, 2018.

MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal: treinamento em grupo. 23 ed. Rio de Janeiro: José Olympio 2015.

ROSENBERG, M.B. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Àgora: 2006.



HIGHLIGHTS
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GEVOZ PARA JORNALISTA: NATURALIDADE NA COMUNICAÇÃO
Voz (VOZ)


Contextualização e Relevância do tema:
Há certo tempo tem-se observado modificações na comunicação e expressividade dos telejornalistas que tendem a interpretar seus textos e/ou fala espontânea de maneira mais natural ou neutra, fazendo uso da intenção comunicativa, recursos de ênfases, pronúncia e prosódia que se aproximam, um pouco, da fala mais informal(1). Dessa forma, pode haver maior envolvimento e empatia do telespectador com a reportagem, com o repórter e âncora do telejornal. Contudo, sabe-se que essa linha entre, o que de fato é natural do falante e o que “parece ser natural” na televisão, durante um telejornal, é tênue e precisa de treinamento para aprimorar essas habilidades(4), pois, de qualquer forma, o telespectador pode ainda preferir a não ocorrência dos elementos regionais na fala do jornalista(2,3).

Definição da Situação-Problema e Proposta:
Há três anos desenvolvo um trabalho de voz, comunicação e expressão em uma emissora filiada a Rede Globo e, devido esse vínculo, no consultório houve maior demanda dos repórteres de outras emissoras, inclusive, também do rádio, por uma intervenção fonoaudiológica mais direcionada a essa “nova” possibilidade de comunicação. Contudo, alguns desses repórteres, que se interessavam pelo trabalho, não conseguiam permanecer ou iniciar a intervenção fonoaudiológica por questões financeiras ou incompatibilidade de horários. Por esse motivo, a fim de conseguir atender ao interesse dos jornalistas pelo aperfeiçoamento, de voz, comunicação e expressão, houve planejamento e execução do GEVOZ para Jornalista.
Trata-se de um grupo de estudos em voz (GEVOZ) para Jornalista ou estudantes de Jornalismo, que estejam em estágios e/ou tenham alguma experiência na área, cujo o propósito é deixar a comunicação e expressividade parecendo natural ou própria daquele profissional. Para isso é oferecido três módulos, com temática e abordagens diferentes, a saber: Módulo 01: Narração com Naturalidade – com treino leitura e narração de offs; Módulo 02: Falar com Naturalidade – abordando ao vivo e passagens; e o Módulo 03 – Expressividade no estúdio - do corpo a voz.
Para participar do GEVOZ, os interessados fazem a inscrição e recebem o material com orientações sobre a proposta e cronograma do módulo. O participante pode adquirir os três módulos ou escolher algum, pois são módulos independentes. Os treinamentos são realizados em grupo, máximo de quatro pessoas, com 1h e 30 minutos de duração cada encontro, sendo 8 encontros no mês (duas vezes por semana). Esse mesmo formato é utilizado em cada módulo.
Com essa proposta, pôde-se reduzir o valor cobrado, por se tratar de uma terapia em grupo, sendo mais atraente para aqueles que não querem investir na sessão individual. Além disso, o trabalho em grupo proporciona construção conjunta do conhecimento entre os repórteres, troca de experiências, melhora a autopercepção, proporciona a ressignificação dos processos de comunicação, favorece a adesão, gera afetos e acolhimento(5).
Apresentação de Caráter Inovador:
O GEVOZ para Jornalista iniciou em janeiro de 2020, mas só foi possível realizar o Módulo 01, devido pandemia, pois os encontros eram presenciais. Analisa-se a possibilidade de adaptar as abordagens do treinamento para oferecer esses módulos na modalidade on-line.
Por isso, para deixar mais didático, o quadro abaixo mostra a proposta do treinamento fonoaudiológico do GEVOZ para Jornalistas – Módulo 01- Narração com Naturalidade.

1° Encontro
Abordagem:
• Apresentação dos participantes;
• Produção da voz: por meio de imagens e vídeos há explicação, de forma objetiva e simples, dos aspectos que envolvem a produção da voz, incluindo ressonância e articulação.
• Breve avaliação vocal dos participantes: coleta de amostras vocais (vogal sustentada, contagem de números e narração de um texto de off).
• Orientações de saúde vocal

2° Encontro
Abordagem
• Exercícios de aquecimento vocal: proposto de acordo com o que foi avaliado e/ou foi queixa do participante. Cada um recebe seu exercício. De modo geral, os exercícios vocais têm como objetivo melhorar a qualidade vocal, articulação e ressonância.
• Aspectos verbais e não verbais da Comunicação: por meio de exemplos, no slide e vídeos. Momento de tirar as dúvidas em relação essa temática.
• São orientados a realizar os exercícios vocais durante a semana.

3° Encontro
Abordagem
• Treinar os aspectos verbais e não verbais: executar os recursos de ênfase, velocidade de fala, pausas, curva melódica, expressividade e intenção comunicativa por meio de frases e pequenos textos.

4° Encontro
Abordagem
• Trabalhar com o texto de off do profissional: utiliza os textos dos jornalistas do GEVOZ, analisa-se a escrita “mais informal” e há um treino de narração a partir desses textos. Utiliza-se os recursos discutidos no encontro anterior.

Do 5° ao 8° Encontro
Abordagem
• Narração de textos trazidos pela fonoaudióloga: diferentes textos (factual, política, esporte, cultura/lazer) em cada encontro.
• Cada texto é gravado (pré e pós treinamento fonoaudiológica)
• Ao final do 8° Encontro: Feedback ao grupo, Autoavaliação do trabalho realizado e da evolução pessoal.

Os jornalistas, que participaram desse módulo, relataram que a proposta é interessante, houve mudança e aprendizado importante, tanto no que diz respeito à saúde vocal como nos aspectos de comunicação e expressividade, e que despertaram a atenção para autorregulação, principalmente, na forma de narrar o texto de off. Além disso, a interação do grupo foi excelente, pois essa proposta de trabalho proporciona network e auxilia na evolução uns dos outro.

1. Kraljic T, Brennan SE, Samuel AG. Accommodating variation: dialects, idiolects, and speech processing. Cognition. 2008;107:54-81.
2. Heaton H, Nygaard LC. Charm or harm: effect of passage content on listener attitudes toward American English accents. J Lang Soc Psychol. 2011;30(2):202-11.
3. Lopes LW, Lima ILB, Silva EG, Almeida LNA, Almeida AAF. Sotaque e Telejornalismo: Evidências para a prática fonoaudiológica. Rev CoDAS. 2013;25(5):475-81.
4. Penteado RZ, Pechula MR. Expressividade em Jornalismo: interfaces entre Comunicação, Fonoaudiologia e Educação. INTERCOM. [online]. 2018;41(1):153-166.
5. Ribeiro VV, Panhoca I, Dassie-Leite AP, Bagarollo MF. Grupo Terapêutico em Fonoaudiologia: Revisão de Literatura. Rev CEFAC. [online]. 2012;14(3):544-52.


HIGHLIGHTS
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GRUPO DE INCLUSÃO DA PESSOA SURDA
Saúde Coletiva (SC)


O projeto de extensão Grupo de Inclusão da Pessoa Surda – GIPS surgiu da necessidade de articular profissionais e comunidade para ações de inclusão da pessoa surda usuária da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). O grupo foi criado por uma docente de Fonoaudiologia da Universidade, em parceria com uma docente de Terapia Ocupacional especialista em Libras, e organizado para atender pessoas surdas usuárias da Língua de Sinais dentro do Projeto de Saúde Auditiva implantado por meio de uma cooperação técnica entre a Universidade com a Secretaria Municipal de Saúde
O GIPS está ativo desde agosto de 2018 e teve como objetivo realizar interface entre a comunidade surda e a sociedade auxiliando no atendimento da pessoa surda e língua de sinais por meio de ações de sensibilização com a comunidade local para viabilizar efetivamente a inclusão, buscando diminuir as barreiras físicas, atitudinais e sociais, assim como aumentar a acessibilidade para a população surda, principalmente nos espaços de saúde. São utilizadas estratégias metodológicas de aproximação com conceitos da comunidade e da cultura surda, discussões, vivência e sensibilização em diferentes contextos a partir de encontros semanais em grupo e ações no território. Por meio de palestras, teatro, dinâmicas e ações de sensibilização, surdos e ouvintes buscam chamar a atenção da comunidade para o tema da inclusão e para as necessidades de comunicação em LIBRAS por essa parcela da população. Dentre as ações promovidas pelo grupo pode-se destacar duas linhas de atuação. A primeira a capacitação em LIBRAS para os gerentes, atendentes e marcadores de UBS’s e profissionais de saúde que trabalham no município e a segunda atividades de Educação em Saúde tornando informações de saúde acessíveis na Língua de sinais por meio de encontros temáticos e campanhas de prevenção e promoção em saúde com os participantes do GIPS. É neste ambiente que destacaremos a seguir.
A falta de comunicação, de inclusão e acesso a orientações para a comunidade surda não é tão eficaz como para a comunidade ouvinte, apesar de que em 2002 a Língua Brasileira de Sinais (Libras) tenha sido reconhecida oficialmente como um meio legal de comunicação e expressão, garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e sua difusão, grande parte das pessoas surdas ou com deficiência auditiva do Brasil não têm acesso a informações corretas sobre o novo coronavírus e suas medidas de prevenção.
Por esse motivo, informações básicas como a necessidade de lavar ou higienizar as mãos adequadamente, uso da máscara fácil, cobrir o nariz e boca com o antebraço ao tossir ou espirrar, evitar apertos de mão e abraços, bem manter o distanciamento e isolamento social não chegam até a comunidade surda com a mesma forma de compreensão que chegam na comunidade ouvinte. A impossibilidade ou falta de compreensão da importância de aderir às máscaras acessíveis à leitura orofacial e facilitar a comunicação com os surdos nas redes de atenção à saúde dificultam os usuários a visualizarem a expressão facial do profissional por completa e, para este público, a expressão facial é essencial na comunicação.
Diante do atual cenário mundial, da falta de comunicação, isolamento e distanciamento social causado pela pandemia da COVID-19, bem como da demanda de comunicação em saúde voltada à essa comunidade de forma acessível, realizou-se uma série de videoconferências a fim de proporcionar a sensibilização dos profissionais e da comunidade. Foram propostos diversos temas e dentre estes um encontro especificamente sobre comunicação em saúde e COVID-19 para comunidade surda durante o período de distanciamento social na pandemia. A videoconferência foi mediada por uma docente do curso de Terapia Ocupacional, com a participação de uma fonoaudióloga, também docente e pesquisadora, a qual abordou a temática a cima referida. Dentre os principais pontos abordados, destacam-se os aspectos psicossociais que estão sendo afetados atualmente, tais como medo, ansiedade, impacto, vulnerabilidade, como também a efetividade da transmissão de informações referentes a etiologia, prevenção, promoção, sintomas, tratamento e demais esclarecimentos referentes ao novo coronavírus. Orientações quanto aos cuidados com a higienização de produtos de Tecnologia Assistiva também foram abarcados, como higienização correta dos dispositivos eletrônicos como aparelhos auditivos utilizados pelos mesmos. O feedback dos participantes do encontro, reforçaram a necessidade de ampliar acessibilidade e o trabalho interprofissional para promover inclusão a surdos e deficientes auditivos no país, além de destacar a importância de iniciativas de participação dos discentes em Fonoaudiologia e ampliar as áreas de atuação em audiologia educacional e saúde coletiva como forma de integração e competência profissional muitas vezes subestimada ou pouco valorizada.

1. Brasil. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras – e dá outras providências. [acesso em 9 julh 2020] Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm
2. Wetterich, C B; Barroso H C S M; Freitas, D A. A COMUNICAÇÃO ENTRE SURDOS E PROFISSIONAIS DA SAÚDE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Educação Profissional e Tecnológica em Revista. 2020, 4 (1):130-152.
3. Oliveira T D S. SAÚDE MENTAL E PRÁTICAS INCLUSIVAS: A CLÍNICA AMPLIADA COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO DA COMUNIDADED SURDA. 2019 [acesso em 9 julh 2020] Disponível em https://www3.ufrb.edu.br/eventos/iieplis/wp content/uploads/sites/38/2020/03/8-SA%C3%9ADE-MENTAL.pdf


HIGHLIGHTS
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INICIATIVA PIONEIRA DA FONOAUDIOLOGIA PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES E A PROMOÇÃO DA SAÚDE NO TRÂNSITO
Saúde Coletiva (SC)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA
Em 2017, foram registrados 35.375 óbitos por acidente de trânsito no Brasil1. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1,35 milhão de pessoas morrem anualmente em função de acidentes de trânsito2. Embora as estatísticas de mortalidade e morbidade em decorrência de acidentes nesse cenário sejam alarmantes, configurando-se como um problema de saúde pública, cuidar das questões do trânsito ainda é algo novo para o setor de saúde, pois as instituições de educação, saúde e trânsito não atuam de maneira intersetorial e essa desarticulação limita o avanço no conhecimento da problemática de saúde e acidentes de trânsito3.
A Fonoaudiologia é uma área que se encontra em ascensão e ampliação do seu espaço profissional no mercado de trabalho. Essa ciência pode trazer subsídios importantes para a prevenção de acidentes, promoção da saúde e intervenção neste âmbito público.
Estudos demonstram grandes contribuições da Fonoaudiologia para a prevenção de acidentes humanos4, em que incluem os de trânsito, que podem acarretar alterações fonoaudiológicas, como traumas de face5, além do impacto do ruído de trânsito na audição dos condutores6, o impacto da deficiência auditiva em condutores de veículos7,8 e a importância da inclusão de surdos no espaço do trânsito9. Dessa forma, considera-se relevante fomentar a relação entre Fonoaudiologia e trânsito em pesquisa, prevenção de acidentes, promoção de saúde e reabilitação em saúde nesse contexto.
Em um estudo com condutores de veículos7, dos quais 75% apresentavam perda auditiva, constatou-se que indivíduos com perda auditiva apresentam maior susceptibilidade a cometer infrações de trânsito e sofrer danos psicológicos, patrimoniais e físicos, a si mesmo e a terceiros.
Percebe-se, portanto, a grande vulnerabilidade de indivíduos com perda auditiva no contexto do trânsito. Portanto, a Fonoaudiologia encontra-se convocada a contribuir com sua expertise no que se refere à minimização do impacto da perda auditiva na dinâmica do trânsito. Encontramo-nos, pois, frente à necessidade de empreender uma avaliação de sensibilidade auditiva que permita a sua identificação, assim como já se procede em relação às alterações visuais, para o processo de obtenção e renovação da carteira nacional de habilitação (CNH).
Um ponto inquietante e que clama a atenção da Fonoaudiologia no contexto atual é a avaliação proposta pela legislação vigente10, suscetível a fatores ambientais, psicodinâmicos e físicos, não padronizada e sem clareza de procedimentos e critérios de “passa” e “falha”, mostrando-se totalmente inadequada.

DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
A avaliação proposta pela atual legislação de trânsito é denominada “voz coloquial”, em que o avaliador posiciona-se a dois metros de distância do examinado e emite palavras, que deverão ser repetidas pelo sujeito. Não são especificados critérios para reprovação nesse teste, no entanto, se isso acontecer, o candidato deve ser encaminhado para uma audiometria tonal por via aérea, onde uma média tritonal (frequências de 500, 1000 e 2000 Hz) inferior a 40dB o classificaria como apto.
Assim, candidatos com perda auditiva leve seriam considerados aptos e os com perda auditiva moderada ou maior passariam por nova avaliação em campo livre, após adaptação de aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Sendo considerado apto nessa avaliação, o uso do AASI deve ser informado na CNH do condutor, assim como acontece em relação ao uso da correção visual (óculos).
Em caso de reprovação, mesmo com uso de AASI, o candidato só obterá autorização para conduzir veículos enquadrados nas categorias A (motos) e B (automóveis com lotação máxima de oito lugares, além do motorista), devendo apresentar avaliação otoneurológica normal e seus veículos deverão ser equipados com os espelhos retrovisores laterais10. Percebe-se, portanto, que mesmo apresentando perda auditiva, o condutor não é impedido de ter CNH, apenas não pode conduzir veículos maiores, como ônibus e caminhão.
No entanto, a avaliação da audição, como já mencionado, é absolutamente subjetiva por depender da voz do examinador, além de não apresentar critérios de “passa” e “falha”, sendo portanto, inadequada para o propósito a que se presta: garantir a saúde e segurança de todos que compõem o trânsito (condutores e pedestres).

PROPOSTA PARA RESOLUÇÃO
Como se pôde perceber ao longo deste documento, a audição é um sentido importante para o ato de conduzir veículos automotores. A sua alteração pode predispor o condutor a danos permanentes, incluindo a possibilidade de óbito dele e de outrem.
Dessa forma, a Fonoaudiologia deve lutar pelo incentivo à realização de avaliação auditiva de forma semelhante à realização de avaliação visual que é um pré-requisito para a obtenção e a renovação da CNH.
Apesar de haver uma proposição de avaliação auditiva pela legislação de trânsito, ela é superficial e ineficaz para identificar perdas auditivas7 e, principalmente, não é realizada no Brasil. Urge mudar a legislação de trânsito10 a fim de implementar a audiometria tonal, o procedimento padrão-ouro de avaliação de audição, portanto, eficiente e eficaz, para identificar os distúrbios auditivos e propor a sua reabilitação, considerando que é imprescindível otimizar a segurança de todos os envolvidos no trânsito.

CÁRATER INOVADOR
A Fonoaudiologia, no contexto do trânsito, deve estar presente nas clínicas de avaliação de habilidades dos candidatos à obtenção e renovação da CNH, compondo a bateria de testes necessários, juntamente com a avaliação da visão e teste psicotécnico. A presença da Fonoaudiologia deve garantir a realização de audiometria tonal em todos os candidatos.
A contribuição da Fonoaudiologia nesse contexto, será imensa para todos os envolvidos no trânsito: para os pedestres, será garantida maior segurança de deslocamento, pois os estímulos sonoros que norteiam o processo de condução veicular serão percebidos e respeitados e, para os condutores, que terão menor probabilidade de se envolver em acidentes que lhes traga prejuízos físicos, psicológicos e financeiros importantes.
A Fonoaudiologia conta, em julho de 2020, segundo dados do Conselho Federal de Fonoaudiologia, com 46.087 profissionais, dos quais 2.582 são especialistas em Audiologia, distribuídos pelo país, ou seja, dispõe de mão de obra qualificada para desenvolver tais avaliações que visarão à saúde e segurança de todos.
Por fim, uma atuação multidisciplinar, promovendo a articulação entre fonoaudiólogos, outros profissionais da saúde e instituições estaduais e federais de trânsito é premente, favorecendo a maior assistência e segurança da população.

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico, 50(31): 1-30, out. 2019.

2. Organização Mundial da Saúde. Global status report on road safety 2018. Genebra, 2018.

3. Souza ER, Ribeiro AP, Sousa CAM, Valadares FC, Silva JG, Njaine K. et al. Vidas preservadas: experiências intersetoriais de prevenção dos acidentes de trânsito. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ensp/Claves/Hucitec; 2014.

4. Gimeniz-Paschoal SR. Formação e Atuação Fonoaudiológica em Prevenção de Acidentes Humanos. In: Giacheti CM, Gimeniz-Paschoal SR. Perspectivas Multidisciplinares em Fonoaudiologia: da Avaliação à Intervenção. Marília: Oficina Universitária; 2013.

5. Silva MGP, Silva VL, Nascimento CMB, Vilela MBR, Lima, MLLT. Acesso à reabilitação fonoaudiológica e a continuidade do cuidado pela Atenção Primária em Saúde para vítimas de acidente de motocicleta. CoDAS. 2019; 32(1): e20170097.

6. Pourabdian S, Yazdanirad S, Lotfi S, Golshiri P, Mahaki B. Prevalence hearing loss of truck and bus drivers in a cross-sectional study of 65533 subjects. Environ Health Prev Med. 2019; 24(1): 78.

7. Mascarenhas VD, Antas LOFS, Souza VM, Soares JFR, Andrade WTL. Perda auditiva e trânsito: vulnerabilidade dos condutores e o exame auditivo proposto pela legislação brasileira de trânsito. In: Anais Científicos do 31º Encontro Internacional de Audiologia; 2016 maio 26-28; São Paulo, Brasil.

8. Stefano MD, Stuckey R, Lavender K. Vehicle modifications for drivers with disabilities: developing the evidence base to support prescription guidelines, improve user safety and enhance participation. Victoria: Institute for Safety; 2015.

9. Souza VM, Mascarenhas VD, Antas LOFS, Soares JFR, Andrade WTL. A inclusão de surdos no trânsito. Rev. CEFAC. 2016; 18(3):677-687.

10. Brasil. Resolução nº 425, de 27 de novembro de 2012. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: . Acesso em: 02. abr. 2020.


HIGHLIGHTS
732
INTERFACE AUDIÇÃO E LINGUAGEM
Linguagem (LGG)


O desenvolvimento da fala, da linguagem e da aprendizagem está intrinsecamente relacionado à efetividade do sistema nervoso central em detectar um evento acústico, codificá-lo em um padrão de informação neural e interpretar adequadamente esse estímulo sonoro, por meio das etapas de processamento auditivo: detecção, discriminação, localização, processamento temporal e atenção seletiva (1).
Assim, o processamento auditivo está na base do aprendizado da fala e de leitura. Déficits no processamento auditivo podem interferir tanto na percepção, quanto na produção da fala (2,3). Por sua vez, alterações de fala e linguagem oral impactam diretamente no aprendizado da linguagem escrita (4). Portanto, faz-se importante considerar o treinamento das habilidades auditivas na intervenção em fala e linguagem.
O treinamento das habilidades auditivas é baseado na neuromaturação e neuroplasticidade, que consistem no estabelecimento de mais conexões neuronais e na mielinização dos neurônios. Tanto do ponto de vista teórico, quanto com base na prática clínica, é possível especular que os casos de linguagem se beneficiem do treinamento auditivo. Os resultados dos estudos são consistentes com relação à melhora das habilidades auditivas treinadas, que podem funcionar como um gatilho para que tanto a terapia de linguagem, quanto o aproveitamento escolar, sejam mais efetivos. Contudo, as evidências científicas a respeito dos efeitos funcionais do treinamento auditivo nos quadros de alterações de fala e linguagem ainda não são conclusivas.
O emprego de ferramentas tecnológicas é uma realidade neste contexto terapêutico. Porém, há necessidade de maior sistematização no planejamento terapêutico e na seleção das estratégias de intervenção, de acordo com a neuromaturação e desempenho apresentado pelas crianças. Ademais, na literatura especializada é frequente reportarem pesquisas de intervenção com treinamento auditivo acusticamente controlado separado da intervenção em linguagem, o que na prática clínica muitas vezes é dificultado pelos custos da realização das intervenções de modo separado.
A combinação entre o treinamento auditivo e a terapia de fala e linguagem pode ter um caráter potencializador, ajudando crianças com transtornos do desenvolvimento da fala e da linguagem a relacionar e aplicar as habilidades auditivas treinadas ao aprendizado de padrões fonológicos. Nosso grupo de pesquisa teve interesse em estudar os efeitos desta combinação.
Para isso, dividimos a sessão de terapia fonoaudiológica de 40 minutos em dois momentos de 20 minutos, um com estratégias da terapia de linguagem convencional e outro com treinamento auditivo, com uma amostra de seis crianças de cinco a sete anos de idade com diagnóstico de Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem ou de Transtorno Fonológico.
Cada sujeito participou de duas etapas da pesquisa, com duração de 10 sessões cada. A primeira etapa consistia em manter a terapia individualizada de linguagem com duração de 40 minutos. Esta etapa foi chamada de Terapia L (Terapia de Linguagem) e funcionava como controle individual para a segunda etapa; a segunda etapa, condição experimental, consistia no treinamento auditivo (20 minutos) combinado à terapia de linguagem individualizada (20 minutos). Esta intervenção combinada também tinha duração total de 40 minutos e foi chamada de Terapia PL (Processamento auditivo combinado à Linguagem). Para testar o efeito da condição experimental sobre a controle, cada indivíduo foi submetido a uma bateria de avaliação - fonológica e do processamento auditivo - em três momentos distintos: antes da Terapia L (Avaliação 1), entre as etapas de Terapia L e PL (Avaliação 2) e após a Terapia PL (Avaliação 3). O ganho com a Terapia L (Avaliação 2 – Avaliação 1) foi então comparado com o ganho com a Terapia PL (Avaliação 3 – Avaliação 2).
As sessões do treinamento auditivo foram feitas com estímulos verbais e não verbais e previam a progressão das habilidades auditivas, iniciada pelas etapas de discriminação auditiva verbal e não verbal (Fase 1). Na Fase 2, foram trabalhadas em paralelo as etapas de processamento temporal não verbal (habilidades de ordenação e resolução), processamento temporal verbal (habilidade de ordenação verbal) e atenção seletiva (habilidades de figura-fundo e integração binaural). Em cada fase, foram trabalhadas diferentes etapas em paralelo, com o objetivo de progredirem de forma independente. Cada etapa foi dividida em passos de acordo com o nível de dificuldade, sendo que algumas etapas tinham mais passos e outras menos. A mudança de passos acontecia quando o sujeito acertava mais de 70% da tarefa, destacando a importância de hierarquizar as habilidades auditivas a serem trabalhadas e a necessidade do uso de critério específico para a mudança do nível de desafio de uma atividade.
E assim, com apenas 3 horas e 20 minutos de treinamento auditivo, divididos em 10 sessões, a maioria dos sujeitos apresentou ganhos no processamento temporal e todos os indivíduos apresentaram melhora da atenção seletiva, com melhor evolução desta última na habilidade de fechamento auditivo.
Verificou-se que metade das crianças melhoraram mais em habilidades fonológicas e metafonológicas com o treinamento auditivo incluso na terapia fonoaudiológica, mesmo por um curto período de treinamento. Além disso, a atenção seletiva parece ter se relacionado mais com a fonologia, enquanto o processamento temporal parece ter se relacionado mais com a consciência fonológica. Ressalta-se que este estudo teve um caráter exploratório, e foi realizado com um número limitado de indivíduos, sendo necessários ensaios clínicos randomizados para que possamos obter conclusões mais robustas a respeito do tema.
Entendemos que a proposta desse estudo pode ser um norteador importante no planejamento terapêutico ou atuação escolar, com utilização tanto em intervenções presenciais quanto com a possibilidade de adaptação para a modalidade remota/ virtual, inclusive com a possibilidade de adaptação das estratégias a grupos de crianças.

1. American speech-hearing language association task force on central auditory processing consensus development. Central auditory processing: current status of research and implications for critical practice. Am J Audiol. 1996;5(2):41–52.
2. McArthur GM, Bishop DVM. Which people with specific language impairment have auditory processing deficits? Cogn Neuropsychol. 2004;21(1):79–94.
3. Patterson RD, Johnsrude IS. Functional imaging of the auditory processing applied to speech sounds. Philos Trans R Soc B Biol Sci. 2008;363(1493):1023–35.
4. Pezzini França M, Lehnen Wolff CL, Moojen S, Tellechea Rotta NT. Aquisição da linguagem oral: Relação e risco para a linguagem escrita. Arq Neuropsiquiatr. 2004;62(2 B):469–72.


HIGHLIGHTS
2187
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA INTENSIVA NA GAGUEIRA
Linguagem (LGG)


A gagueira do desenvolvimento é um distúrbio que causa alterações na fluência da fala, de caráter multifatorial. A gagueira atinge de 4% a 5% das crianças. Contudo, a taxa de remissão da gagueira na infância e juventude é alta, sendo encontrada na idade adulta em torno de 1% da população.

Dentre seus sintomas, destacam-se a ruptura ou disfluência involuntária da fala e velocidade aumentada ou reduzida na hora de falar. Nas disfluências, são comuns bloqueios de fala, repetições de sons e sílabas e prolongamentos de sons. O tratamento fonoaudiológico visa proporcionar ou potencializar as chances de remissão da gagueira. Apesar de ainda não possuir cura, na literatura são encontrados diversos métodos terapêuticos para tratar gagueira, contudo existem poucos estudos que correlacionam a eficácia do tratamento intensivo e a gagueira. Assim, este estudo tem por objetivo avaliar a eficácia do tratamento intensivo de crianças e adolescentes que gaguejam e descrever a evolução dos resultados pré e pós tratamento.

Este trabalho é relevante para expandir os conhecimentos sobre os tratamentos da gagueira do desenvolvimento e para a Fonoaudiologia em geral, uma vez que os estudos da atuação do fonoaudiólogo em terapia intensiva são escassos. Também é importante ressaltar o propósito social e clínico do trabalho. A investigação dos benefícios da terapia intensiva visa melhorar a qualidade de vida do indivíduo diagnosticado com gagueira, proporcionando tratamento rápido e eficaz.

O estudo foi realizado com 8 pacientes do Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital São Geraldo, pertencente ao complexo do Hospital das Clínicas e no Laboratório de Pesquisa em Linguagem, Departamento de Fonoaudiologia, da Faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Realizou-se a execução de um programa de tratamento fonoaudiológico intensivo individual durante 30 horas, sendo cinco atendimentos por semana com duração de uma hora cada, desenvolvido exclusivamente para o estudo. Os instrumentos utilizados foram história clínica do paciente e questionário sobre a gagueira, Protocolo OASIS-A e Protocolo de avaliação da fluência da fala - coleta de amostra de fala e análise por meio da prova de fluência do Protocolo ABFW. Foram consideradas as seguintes variáveis neste estudo: índice de severidade da gagueira, obtido por meio da análise da amostra de fala, tipologia das rupturas de fala típicas da gagueira e comuns e variáveis independentes como idade, sexo e tempo de que gagueja. Além disso, o programa de terapia intensiva para gagueira de acordo com as demandas de cada participante. A reavaliação da fluência da fala foi realizada por meio dos mesmos procedimentos.

Os resultados obtidos revelam a eficácia da terapia intensiva na gagueira. Apesar dos riscos de casos de cansaço em decorrência do caráter intensivo da intervenção foi observado que os pacientes mantiveram-se motivados durante todo os tratamento. Foi constatado diminuição do número de disfluências gagas e comuns por minuto, em todos os participantes do estudo. Observou-se também melhora nos aspectos corporais associados à gagueira. Quanto os aspectos sociais, analisados por meio do protocolo OASIS, constatou-se melhora na qualidade de vida destes indivíduos. No geral, o tratamento mostrou-se rápido e eficaz.

O caráter inovador da pesquisa dá-se pela constatação da eficácia da intervenção fonoaudiológica intensiva na gagueira em poucas horas.

Terra, M.; Lopes-Herrera, SA. Programa intensivo de intervenção fonoaudiológica para crianças disfluentes e seu pais: descrição comparativa dos resultados. Anais. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016.

Andrade, CRF. Processamento da Fala – Aspectos da Fluência. Pró-Fono Rev Atual Cient. 2000; 12(1): 69-71.

Gonçalves, MF; Gonçalves, BLR.; Marcandal, GG.; Guarnieri, C.; Lopes-Herrera, SA. Intervenção intensiva na área da fluência infantil: os resultados se mantém a longo prazo? Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2016.

Andrade, CRF; Befi-Lopes, DM; Fernandes, FDM; Wertzner, HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. São Paulo: Pró-Fono, 2004.

Andrade CRF. Abordagem neurolinguística e motora da gagueira. In: Ferreira, LP; Befi-Lopes, DM; Limongi, SCO. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p. 1001-16.

Oliveira, CMC; Pereira, LJ. Gagueira desenvolvimental persistente: avaliação da fluência pré e pós-programa terapêutico. Rev. CEFAC, São Paulo, 2012.

Carvalho, S. et al. Tratamento para adolescentes e adultos gagos. Revista extensão universitária da UFS. São Cristóvão, n.2. 2013.

Instituto Brasileiro de Fluência [homepage na internet]. Acesso em 21 de setembro de 2019]. Disponível em: URL: http://www.gagueira.org.br/

Lamônica, Dionísia Aparecida Cusin; Britto, Denise Brandão de Oliveira e. Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. [S.l: s.n.], 2017.

Bragatto, Eliane Lopes, et al. "Brazilian version of the Overall Assessment of the Speaker's Experience of Stuttering-Adults protocol (OASES-A)." Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 24.2 (2012): 145-151.


HIGHLIGHTS
2189
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA INTENSIVA NA GAGUEIRA
Linguagem (LGG)


A gagueira do desenvolvimento é um distúrbio que causa alterações na fluência da fala, de caráter multifatorial. A gagueira atinge de 4% a 5% das crianças. Contudo, a taxa de remissão da gagueira na infância e juventude é alta, sendo encontrada na idade adulta em torno de 1% da população.

Dentre seus sintomas, destacam-se a ruptura ou disfluência involuntária da fala e velocidade aumentada ou reduzida na hora de falar. Nas disfluências, são comuns bloqueios de fala, repetições de sons e sílabas e prolongamentos de sons. O tratamento fonoaudiológico visa proporcionar ou potencializar as chances de remissão da gagueira. Apesar de ainda não possuir cura, na literatura são encontrados diversos métodos terapêuticos para tratar gagueira, contudo existem poucos estudos que correlacionam a eficácia do tratamento intensivo e a gagueira. Assim, este estudo tem por objetivo avaliar a eficácia do tratamento intensivo de crianças e adolescentes que gaguejam e descrever a evolução dos resultados pré e pós tratamento.

Este trabalho é relevante para expandir os conhecimentos sobre os tratamentos da gagueira do desenvolvimento e para a Fonoaudiologia em geral, uma vez que os estudos da atuação do fonoaudiólogo em terapia intensiva são escassos. Também é importante ressaltar o propósito social e clínico do trabalho. A investigação dos benefícios da terapia intensiva visa melhorar a qualidade de vida do indivíduo diagnosticado com gagueira, proporcionando tratamento rápido e eficaz.

O estudo foi realizado no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital São Geraldo, pertencente ao complexo do Hospital das Clínicas e no Laboratório de Pesquisa em Linguagem, Departamento de Fonoaudiologia, da Faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Realizou-se a execução de um programa de tratamento fonoaudiológico intensivo individual durante 30 horas, sendo cinco atendimentos por semana com duração de uma hora cada, desenvolvido exclusivamente para o estudo. Os instrumentos utilizados foram: História Clínica, Questionário sobre a gagueira, Protocolo OASIS e Protocolo de avaliação da fluência da fala - coleta de amostra de fala e análise por meio da prova de fluência do Protocolo ABFW. Foram consideradas as seguintes variáveis neste estudo: índice de severidade da gagueira, obtido por meio da análise da amostra de fala, tipologia das rupturas de fala típicas da gagueira e comuns e variáveis independentes como idade, sexo e tempo de que gagueja. Além disso, o programa de terapia intensiva para gagueira de acordo com as demandas de cada participante. A reavaliação da fluência da fala foi realizada por meio dos mesmos procedimentos após 30 horas de terapia.

Os resultados obtidos revelam a eficácia da terapia intensiva na gagueira. Apesar dos riscos de casos de cansaço em decorrência do caráter intensivo da intervenção foi observado que os pacientes mantiveram-se motivados durante todo os tratamento. Foi constatado diminuição do número de disfluências gagas e comuns por minuto, em todos os participantes do estudo. Observou-se também melhora nos aspectos corporais associados à gagueira. Quanto os aspectos sociais, analisados por meio do protocolo OASIS, constatou-se melhora na qualidade de vida destes indivíduos. No geral o tratamento mostrou-se rápido e eficaz.

O caráter inovador da pesquisa dá-se pela constatação da eficácia da intervenção fonoaudiológica intensiva na gagueira em curto período de terapia.

Terra, M.; Lopes-Herrera, SA. Programa intensivo de intervenção fonoaudiológica para crianças disfluentes e seu pais: descrição comparativa dos resultados. Anais. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016.

Andrade, CRF. Processamento da Fala – Aspectos da Fluência. Pró-Fono Rev Atual Cient. 2000; 12(1): 69-71.

Gonçalves, MF; Gonçalves, BLR.; Marcandal, GG.; Guarnieri, C.; Lopes-Herrera, SA. Intervenção intensiva na área da fluência infantil: os resultados se mantém a longo prazo? Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2016.

Andrade, CRF; Befi-Lopes, DM; Fernandes, FDM; Wertzner, HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. São Paulo: Pró-Fono, 2004.

Andrade CRF. Abordagem neurolinguística e motora da gagueira. In: Ferreira, LP; Befi-Lopes, DM; Limongi, SCO. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p. 1001-16.

Oliveira, CMC; Pereira, LJ. Gagueira desenvolvimental persistente: avaliação da fluência pré e pós-programa terapêutico. Rev. CEFAC, São Paulo, 2012.

Carvalho, S. et al. Tratamento para adolescentes e adultos gagos. Revista extensão universitária da UFS. São Cristóvão, n.2. 2013.

Instituto Brasileiro de Fluência [homepage na internet]. Acesso em 21 de setembro de 2019]. Disponível em: URL: http://www.gagueira.org.br/

Lamônica, Dionísia Aparecida Cusin; Britto, Denise Brandão de Oliveira e. Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. [S.l: s.n.], 2017.

Bragatto, Eliane Lopes, et al. "Brazilian version of the Overall Assessment of the Speaker's Experience of Stuttering-Adults protocol (OASES-A)." Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 24.2 (2012).


HIGHLIGHTS
2181
INTERVENÇÃO NO MODELO DIR/FLOORTIME EM CRIANÇAS NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Linguagem (LGG)


Esse highlights pretende demonstrar como funciona o modelo DIR/Floortime na intervenção em crianças no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O estudo verificou os resultados de um ano e meio de treinamento com os pais no DIR/ Floortime, assim como a terapia realizada em consultório, como uma forma adicional de incentivar as crianças no TEA a evoluir no desenvolvimento e a declinar nos comportamentos autistas.
Crianças no TEA possuem déficit qualitativo em interação social que pode ser manifestado por duas das seguintes características: a) déficits no uso do comportamento não verbal, como contato visual, expressões faciais, postura corporal e gestos utilizados para regular a interação social; b) inabilidade de desenvolver relacionamentos com os pares adequadamente e compatível com seu nível de desenvolvimento; c) ausência de tendência espontânea para compartilhar emoções, interesses e objetos; d) ausência de reciprocidade social e emocional.

A falta de interação recíproca ocorre de forma acentuada e persistente e pode ser detectada nos primeiros meses de vida, quando a criança com TEA não consegue sorrir em resposta ao sorriso dos pais, não segue os olhos dos pais ou não procura interação. Além disso, como as crianças com TEA têm dificuldade em entender a perspectiva dos outros, é difícil para elas compartilharem, demonstrarem empatia e conforto. O motivo mais comum para os pais procurarem um especialista é o atraso de linguagem observado pelos responsáveis por volta dos 18 meses de idade. Esse quadro vai além de um atraso na fala, pois a criança não mostra intenção ou interesse em se comunicar com os outros, não utiliza também meios de comunicação não verbais, como gestos. Essas características em relação à dificuldade de comunicação podem auxiliar no diagnóstico precoce do TEA. Quanto ao comportamento, eles podem apresentar padrões, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados, manifestados por pelo menos uma das seguintes características: a) rotinas não funcionais e inflexíveis específicas, b) preocupação com um determinado padrão estereotipado, c ) maneirismos de motores estereotipados e repetitivos; d) fixação em partes de objetos. As características comportamentais associadas aos distúrbios da comunicação e à interação social das crianças no TEA podem levar ao isolamento contínuo da criança e de sua família.
O DIR/ Floortime é um modelo baseado no Desenvolvimento Funcional da Criança, Diferenças Individuais e Relacionamentos (D para desenvolvimento, I para individualidade ou diferenças individuais e R para relacionamento), com o objetivo de construir as bases para as habilidades sociais, emocionais e intelectuais das crianças, em vez de concentrar-se apenas em comportamentos isolados. O modelo foi desenvolvido por Stanley Greenspan e Serena Wieder nos Estados Unidos. O DIR/ Floortime procura desenvolver ou aumentar a funcionalidade das áreas consideradas mais afetadas no TEA, como necessidades básicas de envolvimento e interação social, bem como o uso de ideias pragmáticas e significativas na linguagem. De acordo com o modelo DIR, o nível de desenvolvimento da criança é influenciado por suas diferenças individuais, padrões familiares e ambientais e pelo tipo de relacionamento que essa criança estabelece com as pessoas que vivem com ela. Esses níveis de desenvolvimento são trabalhados através do Floortime (conhecido como o coração do DIR) em terapia e/ou em casa, e até na escola, durante o período de folga. É brincar com a criança no chão, usando affect (que são os sentimentos e emoções envolvidos em um relacionamento), entrando no mundo da criança, sempre seguindo sua liderança, para que mais tarde ela possa trazê-la ao seu mundo, promovendo a interação e o engajamento, de acordo com o nível de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, é essencial ter em mente que a criança precisa ser desafiada para que ela possa aprender novas habilidades que levarão a outras mais elaboradas. Assim, seguindo sua liderança, a criança precisa se envolver em interação recíproca com seu cuidador, pais ou terapeuta.
A seleção de participantes foi realizada pelas instituições onde as crianças foram tratadas. As crianças cujos diagnósticos foram confirmados por um pediatra do desenvolvimento, neuropediatra ou psiquiatra, e preencheram os critérios clínicos para TEA no Manual de Diagnóstico e Estatística (DSM) 5 foram convidadas a participar do presente estudo se tivessem entre 18 meses a 7 anos de idade. As crianças foram excluídas se tivessem algum diagnóstico médico adicional.
O acompanhamento das sessões de terapia e avaliação das crianças ocorre em três centros de atendimento privados do Modelo DIR/Floortime no Brasil. Protocolos utilizados para a avaliação: Escala de Avaliação Emocional Funcional - FEAS e Questionário de Desenvolvimento Emocional Funcional - FEDQ, que estão mostrando desta vez como as relações afetivas são importantes para a evolução das capacidades funcionais das crianças no TEA.
Na primeira visita, os pais foram treinados por 1,5 horas. Eles foram treinados para observar as pistas de seus filhos autistas, seguir o exemplo das crianças e implementar as técnicas Floortime apropriadas para o nível atual de desenvolvimento funcional de seus filhos para atingir as metas.
Os participantes foram acompanhados individualmente a cada três meses. Em cada período de acompanhamento, o investigador responde aos pais como eles se relacionam com o filho. As respostas invasivas controladoras foram substituídas por respostas destinadas a facilitar a sinalização e a comunicação emocional bidirecional entre pais e filhos. Modelagem e treinamento foram usados para melhorar seu desempenho. As metas, o método e a técnica do programa em casa foram refinados para sincronizar com o progresso da criança. Os pais das crianças participantes foram solicitados a avaliar sua satisfação através de uma escala Likert de três pontos para avaliar sua satisfação com a eficácia da intervenção de seu filho.
Este estudo discute algumas variáveis que podem afetar o resultado, como a participação dos pais, o grau dos filhos com TEA e o estado basal do desenvolvimento, que podem estar associados a respostas favoráveis ou desfavoráveis às intervenções.

Fernandes FDM. ; Molini-Avejonas DR. ; Sousa-Morato PF. Perfil funcional da comunicação nos distúrbios do espectro autístico. Revista CEFAC (2006), v. 8, p. 20-26.
Greenspan SJ., Degangi G. Research on the FEAS: Test Development, Reliability, and Validity Studies. in S. Greenspan, G DeGangi, S Wieder (Eds.), The Functional emotional assessment scale (FEAS) for infancy and early childhood. clinical and research applications. Interdisciplinary council on developmental and learning disorders (icdl), Bethesda, md, www.icdl.com, (2001) p. 167-247.
Manohar H., Kandasamy P., Chandrasekaran V., Rajkumar RP. Parent-Mediated Intervention for Children with Autism Spectrum Disorder: A Feasibility Study from South India. Journal of Autism Developmental Disorder (2019), V.49, p. 3146–3158.
Pajareya k, kopmaneejumruslers k. A pilot randomized controlled trial of DIR/Floortime parent training intervention for pre-school children with autistic spectrum disorders. Journal of Autism Developmental Disorder (2011). Sep;15(5):563-77.


HIGHLIGHTS
1326
INTERVENÇÃO PARA TRANSTORNOS DE FALA E LINGUAGEM: PROGRAMA PLUSHAND.
Linguagem (LGG)


Contextualização: O desenvolvimento da linguagem requer a associação de diversas áreas cerebrais. A produção da fala envolve um conjunto de ações complexas de organização, planejamento e execução dos movimentos fonoarticulatórios, sendo necessário a integridade dos órgãos envolvidos (mandíbula, lábios, língua, palato mole, laringe) e da complexa habilidade de controle motor oral. Com as experiências da primeira infância, a criança adquire os padrões maturacionais propiciando o refinamento da produção dos fonemas, bem como da coarticulação e do controle motor de fala, chegando ao padrão modelo correto, denominado de praxia. Na ausência de um desenvolvimento adequado, surgem as patologias de fala, dentre elas a Apraxia. Apraxia é um distúrbio motor neurológico da fala resultante de um impedimento no planejamento, programação e execução da sequência de movimentos necessários à fala. Impacta na habilidade da criança em posicionar e temporizar a sequência dos gestos articulatórios para a produção dos sons da fala e consequentemente, inteligibilidade e a prosódia da fala ficam. Nos casos em que esse circuito motor não ocorre pode-se identificar as alterações de fala que comprometem o movimento práxico. Dentre elas, destaca-se: Desvio Fonológico, Desvio Fonético e Apraxia de fala na Infância, sendo este o objetivo de trabalho do Programa Plushand. Relevância: Nestes casos, a intervenção requer o uso de recursos que auxiliem nas manifestações apresentadas (dificuldades no planejamento e na produção de gestos de movimentos e sequencias implícito à produção da fala, que afetam a articulação da fala, coordenação, o tempo, a proporção e a prosódia, dificuldade em mover seus pontos articulatórios de uma postura para outra - coarticulação- e dificuldade com a consciência fonológica e atrasos na leitura) e que utilize o sistema fonético brasileiro. Proposta: O Programa Plushand oferece uma intervenção baseada nas conexões neuronais (planejamento motor, programação motora e sequencialização dos sons da fala). O objetivo deste trabalho é descrever o Programa Plushand, bem como a sua fundamentação teórica. Explanação da literatura científica atual que embasa a construção e efetivação do programa, para posterior apresentação do material e da hierarquia motora envolvida na melhora no desempenho de fala. O levantamento bibliográfico foi feito nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs, durante os últimos dez anos. O programa Plushand será apresentado seguindo a sua hierarquia.: Pesquisa bibliográfica revelou argumentos teóricos importantes para aplicação do programa. Plushand é um programa que utiliza as mãos e os gestos para favorecer a aquisição dos sons na comunicação/fala, consciência fonológica e desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. É uma abordagem multimodal indicada para o tratamento de alterações da comunicação, dentre elas, as alterações motoras de fala. Em sua concepção, realiza o ensino do planejamento e da programação motora-oral do fonema, da sequencialização de uma postura articulatória para outra, promovendo a coarticulação de sílabas e palavras. Abordagem inovadora: Corroborando as pesquisas científicas, o Plushand, que tem base nos gestos do movimento da fala, atua semanticamente e temporalmente ligado ao conteúdo do fluxo de fala em curso, têm funções comunicativas semelhantes à fala e desenvolvem-se estreitamente com aquisição de linguagem em crianças. Resultados preliminares indicam que a utilização do Programa PlusHand com crianças que apresentam Apraxia de Fala na Infância tem apresentado resultados nos aspectos relacionados a transcodificação favorecendo um melhor desempenho da fala e leitura. As crianças que realizaram 2 ou 3 sessões semanais demonstraram aumento de vocábulos e de palavras em frases nos aspectos linguísticos (pragmático, semântico, sintaxe, morfologia e fonologia) e melhora da precisão coarticulatória. Em crianças com apraxia de fala na infância, a intervenção com abordagem multissensorial e com a hierarquia motora de fala, o Plushand pode trazer resultados eficientes em menor tempo de estimulação, porque propõe em sua prática a sequência de pistas cognitivas-linguísticas, hierarquia motora de fala associada as pistas multissensoriais, além do estímulo nas habilidades de leitura e escrita. Conclui-se que a intervenção fonoaudióloga com base na hierarquia motora de fala, no uso de pistas cognitivas e multissensoriais, como apresenta o Programa PlusHand, é eficaz para crianças com apraxia de fala na infância.
Descritores: Apraxia, programa de intervenção, hierarquia motora, pistas multissensoriais e fala.

• Souza, Taísa Gianechinni Gonçalvez de,. Programa de Intervenção Práxico-produtivo para indivíduos com Transtorno Fonológico. 2016 – 121p. Tese (Doutorado em Processos e Distúrbios da Comunicação Humana) – Faculdade de Odontologia de Bauru, Bauru, SP. 2016.
• Site da American Speech-LanguageHearing Association (ASHA). Disponível em: www.asha.com
• Namasivayam, A. K., Huynh, A., Granata, F., Law, V., & van Lieshout, P. (2020). PROMPT intervention for children with severe speech motor delay: a randomized control trial. Pediatric Research, 1-10. https://doi.org/10.1038/s41390-020-0924-4
• Namasivayam AK, Coleman D, O'Dwyer A, van Lieshout P. Speech Sound Disorders in Children: An Articulatory Phonology Perspective. Front Psychol. 2020;10:2998. Published 2020 Jan 28. doi:10.3389/fpsyg.2019.02998
• Shriberg, L. D. & Wren, Y. E. A frequent acoustic sign of speech motor delay (SMD). Clin Linguist Phon. 33(8), 757-771 (2019).
• Namasivayam, A. K., et al. Investigating intervention dose frequency for children with speech sound disorders and motor speech involvement. Int J Lang Commun Disord. 54(4), 673-686 (2019). 20. Osberger.
• Hayden, D., Namasivayam, A. K. & Ward, R. The assessment of fidelity in a motor speech treatment approach. Speech Lang Hear. 18(1), 30-38 (2015).
• Gubiani, Marileda Barichelo, Adaptação e validação de instrumento de avaliação dinâmica das habilidades motoras da fala. 2016 – 146p. Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2016.
• Lamônica, Dionísia e Britto, Denise, Tratado de Linguagem: perspectivas conteporâneas, editora booktoy, 2017.


HIGHLIGHTS
2192
INTERVENÇÃO RELACIONAL EM FONOAUDIOLOGIA
Linguagem (LGG)


Em quadros clínicos de atraso ou distúrbios de linguagem, o fonoaudiólogo frequentemente observa dinâmicas comunicativas pouco favoráveis, com características como: desequilíbrio na ocupação do espaço comunicativo, estabelecimento de turnos inconsistente, assimetrias linguísticas importantes, falhas na consideração do interlocutor, atitudes omissas, discurso ou manifestações intrusivas, descompassos entre tempo de espera e tempo necessário para a resposta.
Participar de situações comunicativas com interlocutor treinado, preparado, sensível e atento, é um dos fatores que promove a evolução positiva das crianças em tratamento fonoaudiológico. Quanto mais intensa e frequente a possibilidade de vivências favoráveis ao surgimento e aprimoramento das habilidades comunicativas, mais consolidados se tornam tais aprendizados. Assim, é proposto por diversas linhas que os familiares sejam incluídos no tratamento, para favorecer o desenvolvimento da criança.
Com base na Teoria do Apego (1, 2), a Intervenção Relacional é uma proposta de trabalho que visa aguçar a sensibilidade parental às necessidades da criança, aperfeiçoando sua percepção quanto às expressões da criança, valorizando as iniciativas positivas, diminuindo as quebras comunicativas e, assim, favorecendo as trocas comunicativas.
A proposta de Intervenção Relacional pode ser desenvolvida em ambiente clínico ou domiciliar (3). Neste caso, vem sendo praticada por fonoaudióloga e supervisionada por psicóloga, a partir de março de 2019.
A partir da indicação clínica de trabalhar dinâmica a comunicativa familiar, é apresentada a proposta da Intervenção Relacional aos familiares (mãe, pai ou avó, conforme a disponibilidade dos adultos e a rotina da família nos cuidados com a criança). É fundamental que o adulto convidado compreenda a proposta e aceite participar dela.
São realizadas de oito a doze sessões sequenciais, em frequência semanal, compostas por:
- Diálogo inicial com o adulto, no qual são colhidas informações cotidianas sobre o último período (duração aproximada de dez minutos),
- Momento de fonoeducação, no qual são abordados temas pertinentes ao caso (duração aproximada de cinco minutos),
- Trabalho com videofeedback a partir de filmagem da interação da dupla, colhida na sessão anterior, do qual trechos pontuais pré-selecionados, contendo ocorrências relevantes para os aspectos a serem enfocados, são exibidos, assistidos em conjunto, comentados e discutidos (duração aproximada de vinte minutos),
- Fornecimento de consigna (instrução específica para a interação) ao adulto e coleta de nova filmagem de situação lúdica entre familiar e criança, com material determinado pelo fonoaudiólogo, para favorecer vivências pertinentes às temáticas trabalhadas em sessão (duração de até dez minutos).
Durante os momentos em que o familiar e o fonoaudiólogo trabalham juntos, propõe-se à criança que brinque com brinquedo (fornecido pelo fonoaudiólogo ou de escolha da criança), em geral no mesmo ambiente em que estão os adultos, sendo levadas em conta pelo profissional as solicitações da criança e as formas como estas são respondidas pelo familiar, e sendo realizadas intervenções, quando necessário.
Após o conjunto de sessões de Intervenção Relacional, é realizada a reavaliação fonoaudiológica da criança e são determinadas as novas condutas clínicas pertinentes para o momento.
A partir dos meses de prática clínica com esta estratégia, observamos que a vivência de novas possibilidades de interação passa pela quebra de padrões mais ou menos cristalizados nas formas originais de interação. Observar-se em ação possibilita a tomada de consciência sobre gestos e atitudes (comunicativas ou não) e oferece a possibilidade de experimentar novas formas de interagir e de vincular-se.
Muitas vezes, o que gera a dificuldade de compreensão e de adesão dos familiares às orientações fonoaudiológicas não é a falta de conhecimento ou de esclarecimento - e sim a restrição de repertório pessoal ou relacional nos aspectos abordados. O que significa “dar voz à criança”? O que significa “respeitar o tempo dela”? O que significa “responder afetuosamente”? O que significa “construir juntos”?
Na maioria das famílias submetidas à Intervenção Relacional, observa-se o aprimoramento da sensibilidade parental às necessidades da criança, levando a melhorias na efetividade comunicativa dentro da relação específica e dentro da família, como um todo (4).
Quanto ao fortalecimento dos vínculos, temos tido constatações de que, além da aproximação e qualificação familiar-criança / criança-familiar (5), também se reforça o vínculo de confiança entre o familiar participante e a fonoaudióloga, originando bases seguras para acolhimento de sugestões e para encaminhamentos delicados, que provavelmente seriam menos efetivos antes do processo de Intervenção Relacional. Afinal, observando na vida diária os resultados do tratamento, é natural que a família se abra para as indicações do profissional.
Também observamos aprofundamento do vínculo entre a criança e a fonoaudióloga (não como objetivo direto, mas como consequência comum). Uma hipótese para tal passa pela experiência positiva com a presença da profissional sustentando a possibilidade de que a criança vivencie com seu adulto de referência situações protegidas, seguras e prazerosas.
Observamos como resultados de evolução fonoaudiológica nas crianças participantes, já durante o processo de intervenção relacional, alguns elementos não diretamente trabalhados, como: surgimento das verbalizações, ampliação do repertório de aceitação alimentar, redução do comportamento opositor, importante evolução social escolar.
Acreditamos que a abordagem de Intervenção Relacional pode contribuir como uma opção de estratégia clínica no trabalho fonoaudiológico em Linguagem e Comunicação e que pode instrumentalizar famílias como agentes multiplicadores da saúde comunicativa na sociedade.

(1) Bretherton I. The origins of Attachment Theory: John Bowlby and Mary Ainsworth. Developmental Psychology (1992), 28, 759-775.
(2) Dalbem J X, Dell’Aglio D D. Teoria do Apego: bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v.57, n. 1, p. 12-24, 2005.
(3) Moss E, Dubois-Comtois K, Cyr C, Taraboulsy G M, St-Laureant D, Bernier A. Efficacy of a home-visitting intervention aimed at improving maternal sensitivity, child attachment and behavioral outcomes for maltreated children: a randomized control trial. Development and Psychopatology 23 (2011) 195-210.
(4) Bigras M, Machado A L. Apontamentos e Reflexões sobre programas de apoio familiar que favoreçam a competência social da criança. Cienc. saúde coletiva [revista em Internet] 2014 março [acesso 20 de julho de 2020]; 19(3). Disponível em [https://doi.org/10.1590/1413-81232014193.18402013]
(5) Figueiredo M, Mateus V, Osorio A, Martins C. A contribuição da sensibilidade materna e paterna para o desenvolvimento cognitivo de crianças em idade pré-escolar. Aná. Psicológica [revista em Internet] 2014 [acesso 20 de julho de 2020]; 32(2), p.231-242. Disponível em [http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200008&lng=pt&nrm=isso]



HIGHLIGHTS
2199
JOGO PARA TREINAMENTO DE HABILIDADES METALINGUÍSTICAS
Linguagem (LGG)


Contextualização e relevância do tema.

Tratando-se especificamente da linguagem escrita, há uma série de fatores que são pré-requisitos para sua efetividade, necessários para sua aquisição e manutenção. Tais fatores são as chamadas habilidades metalinguísticas, que permitem compreender um código linguístico desde seus componentes mínimos. Mesmo que surjam anteriormente e sejam necessárias para o aprendizado de leitura e escrita, as habilidades metalinguísticas continuam a desenvolver-se, atingindo seu grau mais elevado com o apoio da leitura.
Estas habilidades permitem ao sujeito refletir sobre sua língua nos mais diferentes aspectos. Na literatura, são identificadas como habilidades metalinguísticas as consciências fonológica, sintática, morfológica, semântica, pragmática e metatextual. Todas proporcionam compreender as características da língua e, posteriormente, dominá-las para o seu uso na leitura e na escrita.
Considerando a essencialidade das habilidades metalinguísticas, observa-se que a ocorrência de atraso ou quaisquer alterações em seu desenvolvimento são fatores causais de distúrbios de aprendizagem, afetando a aquisição e desenvolvimento da leitura e da escrita.
Em casos de distúrbios de leitura e escrita, o fonoaudiólogo é um dos profissionais competentes para intervir, atuando tanto no âmbito educacional como em prevenção, avaliação e terapia.
Com a finalidade de acompanhar o desenvolvimento tecnológico na área da saúde, os interesses do público (especialmente se tratando de crianças e adolescentes) e potencializar o processo terapêutico, cada vez mais os fonoaudiólogos têm se dedicado à construção e utilização de softwares/jogos que proporcionem atividades capazes de auxiliar o paciente no desenvolvimento de habilidades variadas, atendendo desde motricidade orofacial até o treinamento auditivo.

Definição da situação-problema e da resolução encontrada/proposta.

No cenário atual, apesar da crescente utilização de recursos tecnológicos lúdicos, em diversas áreas da fonoaudiologia, inclusive linguagem, não são encontrados materiais voltados às habilidades metalinguísticas em sua totalidade, o que representa uma lacuna a ser reparada, considerando a eficácia dos softwares e sua cada vez mais frequente utilização. Analisar, potencializar e desenvolver novos jogos e atividades eletrônicas tornou-se essencial.
Partindo desse pressuposto, a produção deste jogo se justifica no anseio de atender às necessidades do terapeuta que trabalha na área da linguagem, com a produção de jogos que auxiliem o treinamento de habilidades atualmente em defasagem em outros softwares e jogos voltados à terapia fonoaudiológica.
Algumas das habilidades citadas são trabalhadas isoladamente ou com outros tipos de habilidades (principalmente auditivas) em outros materiais, entretanto, nem todas elas são encontradas, seja em jogos gratuitos ou pagos, tampouco trabalhadas em conjunto.

Caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica.

O jogo mostra-se inovador por sua interface de fácil acesso e reprodução, já que pode ser executado em uma ferramenta de apresentação de slides gratuita e de livre acesso (disponível até mesmo offline) ou outras plataformas compatíveis com o tipo de arquivo ou formatos em que ele possa ser convertido; além disso, traz propostas divertidas com diversos elementos convidativos para as crianças, como personagens originais (duas crianças e um gato), reforços positivos, paleta de cores divertida e clipes de áudio interativos (que narram cada uma das tarefas e leem qualquer texto presente na tela após um clique sobre ele).
O jogo criado teve um total de 37 páginas, sendo que nas 4 primeiras são apresentados o jogo e os personagens e, nas demais, diferentes atividade voltadas ao treinamento das habilidades, de acordo com a dificuldade e ordem de aquisição. A primeira das atividades, é a única que não aborda uma habilidade como primária e outras como secundárias, tratando-se de um quadro com o alfabeto em que os sons que cada letra representa são apresentados para os jogadores.

Algumas Referências: 1. RODRIGUES, Marisa Cosenza; SPERB, Tania Mara. Contextos de Desenvolvimento da Linguagem. São Paulo, SP: Vetor, 2010. 184 p. 2. FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda; MENDES, Beatriz Castro Andrade; NAVAS, Ana Luiza Pereira Gomes Pinto (Org). Tratado de fonoaudiologia. 2. ed. São Paulo, SP: Roca, 2010. 836 p. 3.Cunha VLO, Capellini SA. Habilidades metalinguísticas no processo de alfabetização de escolares com transtornos de aprendizagem. Rev. Psicopedagogia [Internet]. 2011 [acesso em 2019 Mar 28]; 28(85): 85-96. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-8486201100010000.


HIGHLIGHTS
1943
LEITURA E ESCRITA EM CRIANÇAS COM SURDEZ: ORIENTAÇÕES AOS PAIS EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL
Linguagem (LGG)


O processo de desenvolvimento da leitura e a escrita de pessoas com surdez difere daquele que ocorre em ouvintes, principalmente em decorrência das diferenças na primeira língua adquirida pelo sujeito, já que a língua brasileira de sinais apresenta elementos e estruturação próprias¹. A literatura aponta que há uma relação intrínseca entre o domínio do código oral e o processo de construção da escrita, uma vez que quanto maior for uso auditivo oral, maior será a associação fonema grafema². O papel dos pais para o estabelecimento de hábitos de leitura, bem como para o desenvolvimento de atividades cotidianas que incorporem a escrita nas rotinas diárias é crucial para o sucesso do processo de alfabetização e letramento³,⁴. A pandemia imprimiu a necessidade de encontrarmos estratégias para auxiliar os pais na estimulação de seus filhos, uma vez que os atendimentos presenciais tornaram-se inviáveis. Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi elaborar atividades a serem desenvolvidas por pais de crianças surdas para estimular a construção da leitura e escrita em casa. Método: Durante o período de isolamento decorrente da pandemia por COVID-19 foram elaboradas propostas de atividades de estimulação de leitura e escrita por cinco alunas do 4º. ano de fonoaudiologia, uma pedagoga técnica em assuntos educacionais e uma docente fonoaudióloga e pedagoga. O processo de escolha e adequação das atividades difere de uma conjuntura de teleatendimento comum, pois o estado de calamidade pública levou ao decreto do isolamento social, ou seja, escolhemos atividades em que a execução não implicasse em realizá-las fora de casa ou com materiais e recursos incomuns no ambiente cotidiano. Tais atividades foram discutidas e aperfeiçoadas por meio de supervisão à distância e, posteriormente, divulgadas aos pais de nove crianças do Ensino Fundamental, portadoras de perda auditiva neurossensorial bilateral de grau severo a profundo usuárias de prótese auditiva ou implante coclear, que frequentam o ambulatório de atendimento fonoaudiológico de uma instituição de ensino superior da Grande São Paulo. Para o desenvolvimento das atividades, foram considerados os estágios de desenvolvimento de escrita de pessoas surdas propostos por LODI², além da necessidade de adequação da realidade de cada paciente, sendo incluídos nos planejamentos o feedback dos recursos e disponibilidade dos responsáveis pelos mesmos. Resultados: As atividades elaboradas envolveram: jogos e brincadeiras, leitura compartilhada de livros, registro de rotinas e construção de calendários e diários, rotulagem de móveis e utensílios domésticos, propostas de filmes e desenhos com legenda, leitura e execução de receitas e atividades cotidianas que estimulassem a comunicação entre os membros da família. Após a elaboração das atividades, foram gravados áudios ou vídeos e as atividades foram encaminhadas aos pais por WhatsApp. O tempo para feedback das atividades foi flexível, umas vez que o cotidiano de alguns responsáveis foi mais limitante. Conclusão: As atividades propostas cumpriram o papel de permitir que, mesmo na ausência de atendimento fonoaudiológico presencial, os pais possam estimular seus filhos e os alunos do Curso de Fonoaudiologia tenham seu aprendizado oportunizado pelo contato com os pais e supervisores responsáveis para desenvolver formas alternativas para desenvolvimento de seus pacientes que enfrentam o isolamento social e não estão frequentando presencialmente a escola.

1. FERNANDES, Sueli. Letramento na educação bilíngue para surdos. In: BERBERIAN, A. P.; ANGELIS, C. C.M. de; MASSI, G. (orgs.). Letramento: referências em saúde e educação. São Paulo: Plexus, 2006.
2. LODI, Ana Claudia Balieiro. Leitura e escrita em crianças surdas: um estudo das estratégias utilizadas durante o período de aprendizagem [tese] Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 1996.
3. QUADROS, Ronice Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 1997.
4. SACALOSKI, Marisa. Inserção do aluno com deficiência no ensino regular: a comparação entre o desempenho dos alunos ouvintes e deficientes auditivos. Tese de doutorado apresentada à UNIFESP. 2001.


HIGHLIGHTS
2216
MATERIAL ENCANTO DAS LETRAS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Material Encanto das Letras: material de apoio do especialista
Contextualização e relevância do tema: Um dos objetivos do trabalho do especialista em Fonoaudiologia Educacional é garantir o sucesso do processo ensino/aprendizagem, desenvolvendo juntamente aos educadores e seus escolares, atividades que facilitem esse processo diminuindo a incidência das dificuldades no contexto escolar¹. A Alfabetização está intimamente ligada à capacidade de estabelecer a relação entre letras e sons. Nossa escrita apresenta como base o Princípio Alfabético, necessitando assim, que os escolares consigam representar os aspectos sonoros da fala através do uso das letras do alfabeto². Entre as confusões mais comuns durante o processo de estabelecimento destas relações, estão as correspondências entre fonemas surdos e sonoros com seus respectivos grafemas, por apresentarem como única diferença entre si, a presença ou não da vibração das pregas vocais durante sua produção, como é o caso entre os fonemas /f/ e /v/ representados pelas letras F e V. Porém, alguns destes fonemas, além de apresentar similaridade auditiva com o outro, apresentam também, o que chamamos de opacidade ortográfica, onde a relação entre fonema e grafema não é transparente, podendo um único som, ser representado por mais de um grafema, como é o caso dos fonemas /x/ e /j/, onde o escolar além de perceber a diferença sonora entre ambos, precisará escolher qual grafema utilizar de acordo com a palavra a ser escrita. Outro fator relevante para o processo ensino/aprendizagem, é o fato de que nem todos os escolares absorvem o conhecimento da mesma forma, devendo sempre levar-se em consideração que cada indivíduo tem sua maneira de aprender. Há aqueles que aprendem rapidamente, enquanto outros precisam de uma quantidade maior de repetição. E pensando em repetição e formação de memória, sabemos que o aprendizado musical beneficia todos os aspectos cognitivos³. Os processos de fala e escrita envolvem ritmo, sonoridade, organização, coordenação motora, sintaxe, pragmática, melodia, entre outros processos que são parte da música. Sendo assim, quando unimos a informação correta junto à sonoridade musical, temos um conjunto funcional para estimular a aprendizagem. Definição da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: O Material Encanto das letras, apresenta 6 faixas musicais inéditas e 12 cartazes em tamanho A3 (42 x 29,7cm) com letras e figuras. Cada música trata de um dos pares de fonemas surdos e sonoros e para cada uma delas, dois cartazes são direcionados para ilustrar e representar as letras e sons cantadas pela melodia. Tem como objetivo, facilitar o estabelecimento entre as relações de fonemas e grafemas, de forma lúdica e divertida para os escolares, tornando o trabalho da Fonoaudiologia Educacional mais dinâmico e funcional, dentro do ambiente educacional. Vem para preencher uma necessidade que se faz presente na rotina do fonoaudiólogo educacional que atua juntamente ao professor, que é a baixa oferta de materiais que atendem à demanda coletiva nas escolas, onde o objetivo é estimular, prevenir e diminuir a incidência das dificuldades de Aprendizagem, sendo uma ferramenta de apoio ao processo de alfabetização. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: A organização deste material teve seu início no ano de 2017, com a produção das músicas em estúdio e vem sendo utilizado como material de apoio aos fonoaudiólogos educacionais nas atividades e propostas dentro da Educação Infantil, com crianças por volta dos 4 anos, até o 3° ano do Ensino Fundamental, demonstrando utilidade e funcionalidade do início ao fim do processo de Alfabetização. Os professores orientados com este material, relatam maior participação, engajamento e interação de seus alunos, além de considerar que o material facilita a compreensão e memorização das crianças com relação ao uso das letras e domínio de questões ortográficas. A exposição dos escolares às imagens das letras, relacionadas aos sons que elas produzem, à forma de produção destes sons e tudo sendo traduzido por letras musicais fáceis de decorar e com melodias animadas, vem transformando a forma de aprender dos alunos e inovando o trabalho dos fonoaudiólogos educacionais.

1. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 309, de 1 de abril de 2005. Brasília: CFFa, 2005. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_309_05.htm. Acesso em 17 agosto 2020.
2. Andrade O.V.C.A., Andrade P.E., Capellini S.A. Modelo de Resposta à Intervenção RTI como identificar e intervir com escolares de risco para os Transtornos de Aprendizagem. São José dos Campos, SP. Pulso Editorial, 2014.
3. GCS Silva, VM Berthon, ACT Maranho, MCD Davoli. A Importância da Música na Aprendizagem. Revistas Científicas Eletrônicas FAIP, 2013. Disponível em: http://www.faip.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/4wmJIYOWqcHqA9T_2020-6-25-17-14-19.pdf Acesso em 17 agosto 2020.




HIGHLIGHTS
2217
MATERIAL ENCANTO DAS LETRAS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Material Encanto das Letras
Contextualização e relevância do tema: Um dos objetivos do trabalho do especialista em Fonoaudiologia Educacional é garantir o sucesso do processo ensino/aprendizagem, desenvolvendo juntamente aos educadores e seus escolares, atividades que facilitem esse processo diminuindo a incidência das dificuldades no contexto escolar¹. A Alfabetização está intimamente ligada à capacidade de estabelecer a relação entre letras e sons. Nossa escrita apresenta como base o Princípio Alfabético, necessitando assim, que os escolares consigam representar os aspectos sonoros da fala através do uso das letras do alfabeto². Entre as confusões mais comuns durante o processo de estabelecimento destas relações, estão as correspondências entre fonemas surdos e sonoros com seus respectivos grafemas, por apresentarem como única diferença entre si, a presença ou não da vibração das pregas vocais durante sua produção, como é o caso entre os fonemas /f/ e /v/ representados pelas letras F e V. Porém, alguns destes fonemas, além de apresentar similaridade auditiva com o outro, apresentam também, o que chamamos de opacidade ortográfica, onde a relação entre fonema e grafema não é transparente, podendo um único som, ser representado por mais de um grafema, como é o caso dos fonemas /x/ e /j/, onde o escolar além de perceber a diferença sonora entre ambos, precisará escolher qual grafema utilizar de acordo com a palavra a ser escrita. Outro fator relevante para o processo ensino/aprendizagem, é o fato de que nem todos os escolares absorvem o conhecimento da mesma forma, devendo sempre levar-se em consideração que cada indivíduo tem sua maneira de aprender. Há aqueles que aprendem rapidamente, enquanto outros precisam de uma quantidade maior de repetição. E pensando em repetição e formação de memória, sabemos que o aprendizado musical beneficia todos os aspectos cognitivos³. Os processos de fala e escrita envolvem ritmo, sonoridade, organização, coordenação motora, sintaxe, pragmática, melodia, entre outros processos que são parte da música. Sendo assim, quando unimos a informação correta junto à sonoridade musical, temos um conjunto funcional para estimular a aprendizagem. Definição da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: O Material Encanto das letras, apresenta 6 faixas musicais inéditas e 12 cartazes em tamanho A3 (42 x 29,7cm) com letras e figuras. Cada música trata de um dos pares de fonemas surdos e sonoros e para cada uma delas, dois cartazes são direcionados para ilustrar e representar as letras e sons cantadas pela melodia. Tem como objetivo, facilitar o estabelecimento entre as relações de fonemas e grafemas, de forma lúdica e divertida para os escolares, tornando o trabalho da Fonoaudiologia Educacional mais dinâmico e funcional, dentro do ambiente educacional. Vem para preencher uma necessidade que se faz presente na rotina do fonoaudiólogo educacional que atua juntamente ao professor, que é a baixa oferta de materiais que atendem à demanda coletiva nas escolas, onde o objetivo é estimular, prevenir e diminuir a incidência das dificuldades de Aprendizagem, sendo uma ferramenta de apoio ao processo de alfabetização. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: A organização deste material teve seu início no ano de 2017, com a produção das músicas em estúdio e vem sendo utilizado como material de apoio aos fonoaudiólogos educacionais nas atividades e propostas dentro da Educação Infantil, com crianças por volta dos 4 anos, até o 3° ano do Ensino Fundamental, demonstrando utilidade e funcionalidade do início ao fim do processo de Alfabetização. Os professores orientados com este material, relatam maior participação, engajamento e interação de seus alunos, além de considerar que o material facilita a compreensão e memorização das crianças com relação ao uso das letras e domínio de questões ortográficas. A exposição dos escolares às imagens das letras, relacionadas aos sons que elas produzem, à forma de produção destes sons e tudo sendo traduzido por letras musicais fáceis de decorar e com melodias animadas, vem transformando a forma de aprender dos alunos e inovando o trabalho dos fonoaudiólogos educacionais.

Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 309, de 1 de abril de 2005. Brasília: CFFa, 2005. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_309_05.htm. Acesso em 17 agosto 2020.
Andrade O.V.C.A., Andrade P.E., Capellini S.A. Modelo de Resposta à Intervenção RTI como identificar e intervir com escolares de risco para os Transtornos de Aprendizagem. São José dos Campos, SP. Pulso Editorial, 2014.
GCS Silva, VM Berthon, ACT Maranho, MCD Davoli. A Importância da Música na Aprendizagem. Revistas Científicas Eletrônicas FAIP, 2013. Disponível em: http://www.faip.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/4wmJIYOWqcHqA9T_2020-6-25-17-14-19.pdf Acesso em 17 agosto 2020.



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1116
MINHA PRIMEIRA TRIAGEM – USO DE FORMULÁRIO GOOGLE FORMS COMO RECURSO DE ENSINO
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


As estratégias de ensino voltadas para metodologias ativas buscam reduzir o distanciamento existente entre o ensino proposto pelas Instituições de Ensino Superior e as necessidades de saúde da população, sendo necessário, para isso, superar o paradigma “conteudista” predominante no ensino tradicional 1. As metodologias ativas de ensino surgiram como uma proposta para estimular o ato reflexivo do aluno, permitindo o pensamento crítico, de interagir com a realidade e se tornar ativo frente às transformações da sociedade, e, à medida que se inserem na teorização, trazem elementos novos, ainda não considerados nas aulas ou na própria perspectiva do professor 2,3. A aplicação de um formulário Google Forms em sala de aula, composto de perguntas sobre o entendimento do aluno quanto aos seus aspectos fonoaudiológicos, por exemplo, pode resultar em envolvimento por parte do educando por utilizarem-se da própria história na busca pelo conhecimento. Nesta perspectiva, com objetivo de realizar um levantamento sobre as características da comunicação e aspectos relacionados às funções orofaciais dos alunos do primeiro semestre de um curso de graduação em Fonoaudiologia, foi desenvolvido um formulário Google Forms denominado “Minha primeira triagem”. Aplicado no primeiro dia de aula dos ingressantes no curso de Fonoaudiologia, após a apresentação da turma, o formulário terá seu link disponibilizado para os alunos e terão seus resultados revelados por estes após a sua finalização. Em seguida, o professor apresentará o conteúdo da aula, o mercado de trabalho e as áreas da Fonoaudiologia, baseado nas respostas e relatos dos alunos. A reflexão crítica a ser realizada e a busca de conhecimento para estabelecer soluções devem partir dos próprios alunos, visto que são os sujeitos das ações. No formulário constam a solicitação do e-mail do aluno, um comando para realizá-lo e de 31 perguntas relacionadas à auto percepção das características da comunicação e dos aspectos relacionados às funções orofaciais. Para cada pergunta o aluno responderá “sim” ou “não”, com exceção da justificativa sobre a necessidade de consultar um fonoaudiólogo. Segue o conteúdo do formulário: a) comando: “Este é seu primeiro exercício como futuro fonoaudiólogo. Trata-se de uma triagem sobre a sua saúde fonoaudiológica. Então, devem ser assinalados os aspectos relacionados à sua comunicação, sua respiração e outros relevantes à Fonoaudiologia. Assinale sim ou não. Vejamos qual será o resultado; b) perguntas: Costuma contar estórias com alguma desorganização dos fatos? Tem problemas de memória? Tem vícios de linguagem (né, então, aí, tipo assim...)? Tem dificuldades para falar em público? Tem problemas na “dicção”? Costuma repetir, prolongar ou bloquear os sons da fala? Tem dificuldade para respirar? Respira com a boca aberta durante o dia ou à noite? Tem problemas na arcada dentária? Tem preferência por um lado para mastigar? Engasga-se com facilidade? Tem tosse com frequência? Modificaria alguma característica no seu rosto? Fala muito alto? Fala muito baixo? Ficou ou fica rouco por falar demais? Já perdeu a voz totalmente? Fuma? É desafinado quando fala? Tem pigarro com frequência? Possui má expressão corporal quando fala? Escuta música com fones de ouvido em volume alto? Utiliza cotonetes para tirar a cera (cerume) da orelha? Tem dificuldades para ouvir as pessoas falarem? Tem dificuldades para ouvir alguns sons do ambiente? Irrita-se com algum som? Fica tonto com frequência? Escuta zumbidos com frequência? Dificuldades para escrever? Dificuldades para ler? Acha que precisa consultar um fonoaudiólogo? Porque? Foi realizado um estudo piloto como 17 alunos ingressantes no curso de Fonoaudiologia. Os resultados colaboraram para orientar os alunos sobre possíveis alterações de natureza fonoaudiológica e ilustrar a apresentação de conteúdos relacionados ao mercado de trabalho e às áreas da Fonoaudiologia durante uma aula presencial. Foram selecionados os achados mais relevantes: a) dos respondentes, 64,7 % (11 alunos) referiram falhas na memória. Os conteúdos sobre cognição e as relações da Neuropsicologia e Fonoaudiologia foram aqui destacadas; b) 64,7 % (11) mencionaram dificuldades para falar em público e 41,2 % (7) referiram ter ficado rouco por falar demais. Este fato colabora para apresentar os benefícios de procedimentos em voz clínica e voz profissional; c) sobre problemas na “dicção”, 35,3%(6) responderam positivamente. Neste momento, a conceituação de linguagem, fala e voz é pertinente; d) 41,2 % (7) mencionaram que respiram pela boca e 76,5 % (13) preferem um dos lados para mastigar. Os aspectos da Motricidade Orofacial , assim como a dimensão interdisciplinar da Fonoaudiologia poderá ser discorrida utilizando-se da otorrinolaringologia e da ortodontia como exemplos; e) 64,7% (11) dos respondentes se irritam com algum som; 58, 8%(10) escutam música com fones de ouvido em volume alto; 47,1%(8) usam cotonetes; 17,6 %(3) referiram ter dificuldades de ouvir pessoas e sons do ambiente. Estes dados são suficientes para embasar o conteúdo de Audiologia utilizando as respostas dos alunos. Ao final, 94,1% relataram que necessitam consultar um fonoaudiólogo, pelos motivos relacionados aos questionamentos do formulário. Ao final, Os alunos foram orientados para realizarem consultas à profissionais para prevenção ou identificação de possíveis alteração na saúde comunicativa. A experiência foi considerada positiva pelos alunos por proporcionar uma reflexão sobre a própria saúde comunicativa e sobre a importância da Fonoaudiologia na sociedade. Sob a ótica do professor, conclui-se, portanto, que o uso de uma ferramenta virtual colabora para o processo de ensino-aprendizagem quando faz o aluno refletir sobre suas práticas, interagir com os conteúdos, utilizar recursos motivadores.


1. Chiesa AM et al. A formação de profissionais da saúde: aprendizagem significativa à luz da promoção da saúde. Cogitare Enfermagem 2007 ABR-jun; 12 (2): 236-240.
2. Martins, MCFN. Formação: saberes e fazeres humanizados. Boletim da saúde 2006 jul-dez; 20(2): 110-117.
3. Berbel, NAN. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas 2011 jan-jul; 32(01): 25-40.


HIGHLIGHTS
2205
O FONOAUDIÓLOGO INFLUENCIADOR DIGITAL: UM NOVO CAMINHO PARA A FONOAUDIOLOGIA
Linguagem (LGG)


Comunicação é um dos campo de estudo da Fonoaudiologia1 e tudo que relaciona-se com tal temática, gera interesse nessa ciência. Nos últimos anos, os meios e formas de comunicação têm evoluído. Anteriormente, era necessário recorrer aos veículos de comunicação em massa para ter um alcance de grande abrangência com o público. As redes sociais têm permitido um alcance semelhante porém com pouco investimento. Por exemplo, o Instagram, revela um potencial para ser um instrumento de comunicação técnica-cientifíca, assim, acessibilizando a ciência e aumentando a popularidade da Fonoaudiologia2. O termo influenciador digital, relativo àquela pessoa que usa as redes sociais para influenciar pessoas acerca de uma determinada temática é novo no Brasil, de ocorrência a partir de 20153. Diferente da Medicina, a Fonoaudiologia necessita de evidências cientificas que norteiem a comunicação fonoaudiológica nas mídias digitais2, e, sobretudo, respeitando o código de ética da categoria que orienta sobre: Questões como: fazer constar seu nome profissional; sua profissão e o número de inscrição no Conselho Regional de sua jurisdição nos anúncios, são pre requisitos para um bom trânsito na rede social2. O Capítulo X, Seções I e II do Código de Ética é destinado a normatizar o comportamento ético de fonoaudiólogos na publicidade, propaganda e nas redes sociais. Assim, a sugestão é que seja feita a leitura atenta dos Artigos 35 ao 40 para a valorização da Fonoaudiologia e das práticas profissionais individuais4. Quanto à situação problema revela-se à indagação: o que seria um fonoaudiólogo influencier na internet? É aquele profissional que divulga a Fonoaudiologia em meios digitais, com conteúdos que envolve a sua prática profissional, dicas, orientações, motivações e tem uma grande números de seguidores, interagindo e recebendo a sua influência com assuntos fonoaudiológicos. O que gera influência na decisão de estudos ou compra de recursos fonoaudiológicos. Geralmente a influência deste fonoaudiólogo envolve suas características individuais, somada à experiência profissional, convertendo informação cientifica para o seu público, dentro dos princípios da ética fonoaudiológica. Assim, a proposta é apontar as redes sociais como mais um recurso oportuno de ampliação de divulgação profissional, das 12 áreas da Fonoaudiologia, e também divulgação técnico-cientifica, visto que o público alvo do fonoaudiólogo sempre foi o seu paciente/cliente, que agora revela-se também na figura de seus pares o que possibilita a divulgação do seu trabalho, fortifica a sua imagem e reputação profissional e ainda lhe abre portas para pensar em qualificação por meio da educação e partilha de práticas aos referidos colegas profissionais. Evidenciou-se que a difusão da Fonoaudiologia em redes sociais tem grande potencial quando a humanidade precisou ficar em distanciamento social, devido a pandemia do COVID-19 (5,6), e os profissionais que tinham maior alcance nas redes sociais aumentaram o contato com o público e tiveram melhor adesão dos pacientes ao teleatendimento e dos alunos no ensino à distância/remoto. Suprindo, assim, a demanda de alguns profissionais que pouca experiência/manuseio no teleserviço, inclusive, aumentando a credibilidade dos cursos online. Uma outra oportunidade, neste período, foi a disponibilidade de transmissões ao vivo sem custo para o ouvinte, sendo, um dos maiores exponentes na área o canal do Youtube da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa). É reconfortante ´ver a evolução da Fonoaudiologia no teleserviço e no ambiente virtual. Recomenda-se pesquisas cientificas que caracterizem o profissional com maior alcance nas redes sociais e o seu impacto na formação e na comunicação técnica-cientifica para leigos e fonoaudiólogos. Estimula-se também o análise minuciosa e o cumprimento das diretrizes disponíveis no código de ética da classe para que as ações em âmbito virtual não inflija a legislação da classe. Assim, findamos este highlight reafirmando a necessidade de avanço de estudos no campo digital, viabilizando quantificar e qualificar as contribuições dos fonoaudiólogos influenciadores digitais dentro da sua própria classe como para com a população em geral.

Referencias:
1. Giroto CRM. Atuação fonoaudiológica na educação inclusiva. In: Marchesan, IQ, Justino H, Tomé MC (Orgs.). Tratado de especialidades em Fonoaudiologia. 1. ed. São Paulo: Guanabara Koogan; 2014.
2. Barros Junior, RA. Médico e influenciador: um estudo sobre a comunicação em saúde no Instagram. Trabalho apresentado na DT 6 – Interfaces Comunicacionais do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste, 22 - 24 maio 2019, Goiania (GO). Universidade Federal de Goiás, Goiânia; 2019.
3. Karhawi I. Influenciadores digitais: conceitos e práticas em discussão. Revista Communicare, V. 17, Edição especial de 70 anos da Faculdade Cásper Líbero- SP; 2017.
4. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 490, de 18 de fevereiro de 2016. Dispõe sobre a aprovação da reformulação do Código de Ética da Fonoaudiologia e dá outras providências. Diário Oficial da União, 07 mar 2016; Seção 1: 196-198.
5. Werneck, Guilherme Loureiro ; Carvalho, Marília Sá . A pandemia de COVID-19 no Brasil: crônica de uma crise sanitária anunciada. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 5, e00068820, Abr. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00068820
6. Ebrahim Shahul H, Ahmed Qanta A, Gozzer Ernesto, Schlagenhauf Patricia, Memish Ziad A. Covid-19 and community mitigation strategies in a pandemic BMJ 2020; 368 :m1066. doi: .




HIGHLIGHTS
2010
O USO DE MONÓLOGOS COMO RECURSO TERAPÊUTICO PARA O PROFISSIONAL DA VOZ FALADA
Voz (VOZ)


Em se tratando de intenções comunicativas estamos nos referindo não somente à mensagem dita, como também às emoções que envolvem essa mensagem. Muitas vezes o profissional da voz falada busca acompanhamento fonoaudiológico para potencializar a sua comunicação, tornando-a mais clara e verdadeira. Mas nem sempre há uma queixa vocal no falante que, por ventura, venha a interferir na qualidade dessa comunicação. O que se busca são competências comunicativas que, na prática clínica, o fonoaudiólogo desfruta de diversos recursos para aprimorar a linguagem do paciente.

O texto de monólogo pode ser um desses recursos. Estudos de revisão teórica sobre monólogos, elucidam que há uma alteridade nessa categoria de textos que traz uma complexidade na fala. Não se trata somente de falar sozinho, mas sim de um trabalho imaginativo de uma relação dialógica. Esse movimento complexo de leitura e fala que o profissional da voz falada tem que desenvolver, traz a ele a oportunidade de perceber emoções dentro de diversos contextos e assim aperfeiçoar as suas intenções comunicativas. (1)

Quando os monólogos são utilizados na prática clínica fonoaudiológica, precisamos trabalhar com o paciente/cliente os recursos verbais e não-verbais para que as intenções comunicativas e emoções dos personagens (o real e o imaginário) venham à tona de forma mais clara. E é justamente a clareza da comunicação uma das competências que os profissionais da comunicação mais buscam. (2)

Uma vez passado pela experiência de imaginar as emoções por trás de um texto escrito por outro e trazer a luz da fala essas emoções utilizando recursos narrativos trabalhados na clínica, o falante não somente transforma a sua comunicação como também reconhece o seu próprio estilo narrativo.

Na prática clínica com repórteres, políticos, palestrantes, e profissionais da voz falada em geral, utilizei monólogos como recurso terapêutico e pude perceber que não bastava apenas trabalhar as habilidades verbais e não-verbais sem um contexto para significá-las. Frequentemente a expressividade era posta de forma artificial sem trazer junto a ela a verdade da comunicação do indivíduo falante. Assim, ao colocar o orador em situações potencialmente reais, ainda que fictícias, geralmente há uma melhor compreensão sobre a diversidade de expressões que somos capazes de trazer à fala. (3)

Este estudo tem por objetivo trazer ao fonoaudiólogo o conhecimento sobre o sucesso que a prática do uso de monólogo como recurso terapêutico tem trazido a clínica fonoaudiológica. O fonoaudiólogo pode melhorar o treino das expressividades, da linguagem verbal e não verbal, tão importantes na eficiência comunicativa do indivíduo. E não somente isso, há ainda uma amostra prática ao fonoaudiólogo sobre a subjetividade do orador, sobre a maneira como ele se apresenta em situações hipotéticas, ampliando assim a preparação desse mesmo orador para, inclusive, situações imprevisíveis.

Tanto os monólogos monofônicos (uma só voz) quanto os polifônicos (várias vozes numa única narrativa) são excelentes estratégias para aperfeiçoar as habilidades comunicativas do orador. Mas os monólogos polifônicos trazem um diálogo com diversas vozes que precisam ser alternadas para que o enunciado seja entendido.

Num olhar mais fonoaudiológico clínico, podemos entender o uso dos monólogos como uma estratégia ampla de diversificação da mensagem, das intenções comunicativas e da expressividade. (4)



1. Grejis, R. A. A alteridade no monólogo. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL. V. 4, 2 n. 6, março de 2006. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br] Acesso em: 13/06/2020
2. Kyrillos, L.R. (org.). Expressividade. Rio de Janeiro: Revinter, 2004
3. Viola, I.C. Expressividade, estilo e gesto vocal. Lorena: Instituto Santa Teresa, 2008
4. Bakhtin, M. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 4ªed. São Paulo: Hucitec, 1998.


HIGHLIGHTS
2161
OFICINA MULTIDISCIPLINAR DE PAIS PARA FAVORECER A INSERÇÃO FAMILIAR E SOCIAL DOS USUÁRIOS
Saúde Coletiva (SC)


1-Contextualização e relevância do tema: A Fonoaudiologia tem a possibilidade de atuar mais efetivamente nas Instituições psiquiátricas a partir de 1992, com a implantação da Portaria 224/92 que traz como uma de suas diretrizes a multiprofissionalidade na prestação de serviços às pessoas com Transtorno Mentais 1. O profissional que se dispõe a trabalhar com esta perspectiva de clínica precisa contribuir com outros modos de atuação, buscando espaços terapêuticos em que seja possível cuidar, acolher e escutar as angústias e as experiências de vida, bem como se preocupar com o sujeito em sofrimento mental e não mais com sua doença. É necessário ao profissional adaptar-se e buscar diferentes formas de atuar no campo da Saúde Mental. Esse contexto precisa ser repetidamente discutido na Fonoaudiologia. 2- Definição da situação-problema e resolução : O Centro de Atenção Psicossocial-CAPS é um dispositivo para a construção de um lugar social para os sujeitos com transtorno mentais severos e persistentes em nossa sociedade. Os CAPS são regulamentados pela portaria 336/GM de 19/02/2002 e integra a rede do Sistema Único de Saúde-SUS 3. O CAPS apresentado neste trabalho é Infanto Juvenil III, com atendimento 24 horas por dia, durante sete dias da semana, onde crianças e adolescentes podem permanecer em regime de acolhimento noturno, composto por equipe multiprofissional, da qual fazem parte uma fonoaudióloga, uma assistente social, quatro psicólogos e uma farmacêutica, além dos médicos e da equipe de enfermagem e quatro administrativos. No plantão noturno fica um profissional da equipe multidisciplinar, o médico, equipe de enfermagem e o administrativo. Segundo o Ministério da Saúde4 os CAPS III têm grande importância na rede substitutiva, pois representam mais um recurso terapêutico, evitando internações psiquiátricas; também atendem usuários em situações de grave comprometimento psíquico, como um recurso necessário para atendê-lo em crise de forma que a situação não evolua para a internação. As ferramentas terapêuticas do CAPS são: a) Acolhimento: consiste na escuta qualificada ao usuário, busca a humanização no atendimento e garante o acesso de todas as pessoas ao serviço; b) Projeto Terapêutico Singular (PTS): valoriza o saber e a opinião dos sujeitos atendidos e de seus familiares na construção do projeto terapêutico, personaliza o atendimento tanto no CAPS quanto no território. As atividades são acompanhadas pelo Técnico de Referência; c) Matriciamento: é um recurso de construção de novas práticas em saúde mental junto às comunidades, no território onde as pessoas vivem e circulam, pela sua proposta de encontros produtivos, sistemáticos e interativos entre equipes da Atenção Básica e equipes da saúde mental 5. 3- Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: A realização dos atendimentos em grupo com os familiares pode ser considerado como espaço de convivência, de trocas de experiências, de produção de linguagem verbal e não verbal, que iniciam ou ampliam processos de invenção e produção de subjetividade e dão forças a singularidades dos sujeitos atendidos 6. Destaca-se que os atendimentos em grupo de pais foram realizados em equipe interdisciplinar (Fonoaudióloga e Assistente Social). Os pais foram inseridos na Oficina de Pais/Responsáveis, através da linguagem; foi possível lidar com assuntos que favoreçam a inclusão da criança/adolescente na sociedade e a melhora da comunicação entre a família e o sujeito atendido. Foram abordadas também questões relativas ao sofrimento da família: preconceito, dificuldade com regras e limites, compreensão da doença e como lidar com essas situações. Tendo em vista os aspectos abordados, observou-se que a participação da família propiciou sucesso terapêutico. A família ficou mais colaborativa, começou a oferecer a medicação da forma prescrita, passou a se corresponsabilizar pelo tratamento. Durante o regime de acolhimento também são realizadas orientação familiar visando o fortalecimento de vínculo entre os usuários do serviço.


1. Brasil. Portaria SAS/MS nº nº224/92 - diretrizes e normas para os estabelecimentos assistenciais em saúde mental. Brasiília: Ministério da Saúde, 1992. Disponível em: < http://www.saude.mppr.mp.br/pagina-319.html>. Acesso em 22 jun. 2020.
2. Almeida BPB. Fonoaudiologia e saúde mental: atuação dos fonoaudiólogos nos Centros de Atenção Psicossocial do Estado de São Paulo. São Paulo: PUC-SP, 2014. Disponível em: . Acesso em: 22 jun. 2020.
3. Brasil. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em: . Acesso em: 22. Jun. 2020.
4. Brasil. Saúde mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: pdf>. Acesso em: 22 jun. 2020.
5. Iglesias A, Avellar LZ. Matriciamento em Saúde Mental: práticas e concepções trazidas por equipes de referência, matriciadores e gestores. Revista Ciênc. Saúde Coletiva 2019: 24 (4).Disponível em:< https://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000401247>. Acesso em 22 jun. 2020.
6. Santos AO, Nechio DEG. A paixão de fazer: saúde mental e dispositivo grupal. Fractal: Rev Psicol, 2010; 22(1). Disponível em:< https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1984-02922010000100010 &script=sci_abstract&tlng=pt.>. Acesso em 23 jun. 2020.


HIGHLIGHTS
2185
PERSONA - UMA PROPOSTA INOVADORA DE AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DE FALA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A habilidade de compreensão de fala é fundamental para integração do indivíduo no seu cotidiano. Visando a efetividade da compreensão de fala, habilidades auditivas como atenção, análise, síntese e memória, associadas entre si, se fazem necessárias a fim de viabilizar o reconhecimento auditivo, ou seja, extrair sentido daquilo que se escuta [1] . A capacidade de compreen­der a fala na presença do ruído de fundo é um grande desafio para qualquer ouvinte, principalmente para os deficientes auditivos, sendo extremamente preocupante para usuários de dispositivos auditivos. Fetterman e Domico [2], verificaram em seus estudos, que o desempenho do entendimento da fala nos usuários de implante coclear quando estão em presença de ruído competitivo apresenta queda significativa, sendo a queixa principal queixa dessa população [3].
Desta forma, analisar a capacidade de reconhecimento de fala no ruído se torna cada vez mais importante no processo da avaliação e acompanhamento audiológico, devido a frequente queixa de dificuldade dos indivíduos para reconhecê-la. Assim sendo, nota-se a importância de testes de avaliação da percepção da fala com estímulos utilizando sentenças, porque, além de verificar a real habilidade auditiva do paciente, proporcionam uma aproximação direta com situações de comunicação do dia a dia. Estes testes fornecem informações que irão orientar a conduta mais adequada a ser indicada para o indivíduo com queixa de distúrbios de audição [4].
Apesar da relevância destes aspectos estudos apontam que no Brasil menos da metade dos centros de pesquisa e clínicas audiológicas utilizam ruído competidor ou fontes sonoras espacialmente distribuídas no diagnóstico e/ou reabilitação auditiva - devido à dificuldade de acesso à tecnologias de reprodução sonora espacialmente distribuída de maneira controlada e limitação de verba devido à necessidade de se importar software e eventualmente hardware [5].

Protocolos padronizados utilizados em países como Austrália, Inglaterra, Espanha, EUA, foram estudados de modo a avaliar as similaridades e principais diferenças, a fim de se direcionar o desenvolvimento de uma plataforma computacional livre e de fácil manuseio para realizar exames de inteligibilidade da fala com ruído competidor e fontes sonoras espacialmente distribuídas. Baseado na análise da literatura e de observações da prática clínica desenvolveu-se inicialmente um catálogo de melhorias e a descrição do comportamento desejado para um framework de software que possibilitasse a realização de ensaios da inteligibilidade da fala com ruído competitivo e fontes sonoras espacialmente distribuídas num ambiente clínico, com material de fala e e ruído gravado e de alta qualidade. Voltada a ser uma plataforma que não somente permite a avaliação do teste de reconhecimento da fala, mas sim permitir acompanhar o desenvolvimento das habilidades auditivas do paciente a plataforma foi chamada de perSONA. Desenvolveu-se inicialmente uma versão acadêmica usando a linguagem de programação MATLAB. Posteriormente a versão clínica foi desenvolvida na linguagem de programação C# e framework .NET, trazendo compatibilidade com as versões mais recentes do sistema operacional Windows/64-bit visando maior acessibilidade fora dos centros de pesquisa. O sistema desenvolvido, com os seus módulos implementados, é inovador pois permite a realização de protocolos de avaliação de percepção de fala com ruído competitivo em diferentes configurações de cenas acústicas, ou seja, com diferentes distribuições espaciais estáticas ou dinâmicas de fontes sonoras, objetivando a medição do limiar de reconhecimento de fala (LRF) no ruído tanto no âmbito da pesquisa como no dia-a-dia clínico. Os módulos implementados são: 1) Calibração / teste do sistema, 2) Configuração de ensaios, 3) Edição de base de dados de áudio (sinais de fala e/ou ruído competitivo), 4) Aplicação de ensaios, 5) Gerenciamento de pacientes , 6) Análise inter resultados e 7) Virtualização de fontes sonoras (VA), para produzir cenários acústicos estáticos ou dinâmicos com fontes sonoras distribuídas.
O módulo de calibração permite ao experimentador realizar a calibração e teste do sistema, em particular dos reprodutores sonoras, de forma bastante intuitiva, permitindo o uso de equipamentos à disposição do experimentador. Com a calibração realizada, o módulo gera um relatório de calibração com todas as informações relevantes. A configuração dos ensaios também é realizada de forma muito intuitiva, podendo o experimentador escolher diferentes sistema de reprodução sonora (fones de ouvido, sistema de 2 caixas em cabine, ou sistemas de n alto-falantes), diferentes materiais de fala, diferentes ruídos competitivos e diferentes posições para as fontes sonora de fala e ruído competitivo. Reconhecendo as vantagens de métodos adaptativos, implementou-se a reprodução de sinais com uma razão sinal-ruído (SNR) iterativa com regra de iteração customizável. O módulo de reprodução sonora utiliza técnicas de espacialização e reverberação permitindo a apresentação de cenas sonoras renderizadas em tempo real pelo método crosstalk-cancellation [6] e os reprodutores sonoros escolhidos. A plataforma permite obter o Limiar de reconhecimento da fala (LRF) com a aplicação de ensaios em normouvintes e usuários de ASSI e IC unilateral, bimodal ou bilateral em diferentes condições de reprodução sonora de cenas acústicas complexas. Permite também o uso da interface de pesquisa CCi-Mobile e com o uso de cabo de áudio de IC. A base de dados dos pacientes é completada cada vez que um ensaio for realizado, mas pode ser carregado também com dados de outros ensaios já realizados. Com isso, uma plataforma de gerenciamento clínico de pacientes que cruza informações pessoais, detalhes do tratamento auditivo e histórico de resultados de avaliações realizadas em distintos momentos foi integrada à execução da tarefa de percepção de fala proposta. O perSONA [7] é, portanto, uma plataforma flexível e promissora, voltada para melhorar e padronizar o atendimento de usuários de AASI e ICs ao longo do processo de avaliação e reabilitação.

1.Almeida, GVM , Ribas, A, Calleros, J. Free Field Word recognition test in the presence of noise in normal hearing adults. Brazilian Journal Of Otorhinolaryngology. 2017; 83 (6):.665-669.

2.Fetterman, BL, Domico, E H.Speech Recognition in Background Noise of Cochlear Implant Patients. Otolaryngology–head And Neck Surgery. 2002; 126 (3):.257-263.

3.Danieli, F; Bevilacqua, MC. Reconhecimento de fala em crianças usuárias de implante coclear utilizando dois diferentes processadores de fala. Acr - Audiology Communication Research. 2013;. 18 (1):.17-23.

4.Lessa, A H, Padilha, CB, Santos SN, Costa MJ. Reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído, em campo livre, em indivíduos portadores de perda auditiva de grau moderado. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2012 ; 16( 1 ): 16-25.

5. Faria, LRD. TESTES DE PERCEPÇÃO DE FALA NOS CENTROS DE IMPLANTE
COCLEAR: CONHECENDO A REALIDADE NACIONAL. 2016. Mestrado em Saúde da
Comunicação Humana – Universidade Federal De Pernambuco - PE.

6. Masiero, B, Vorländer, M. A framework for the calculation of dynamic crosstalk
cancellation filters. IEEE/ACM transactions on audio, speech, and language processing,
2014; 22 (9): 1345–1354.

7. Murta, B.H.P. Plataforma para ensaios de percepção sonora com fontes distribuídas
aplicável a dispositivos auditivos: perSONA, 2019, Mestrado em Engenharia Mecânica - Universidade Federal de Santa Catarina


HIGHLIGHTS
112
PLANEJAMENTO EFICIENTE = DEGLUTIÇÃO SEGURA
Disfagia (DIS)
04145011



A estimativa da disfagia dentro do setor hospitalar muitas vezes é subestimada, uma vez que, algumas variáveis interferem diretamente para seu diagnóstico, como a falta de avaliações específicas para identificação, variação no tempo da avaliação da biomecânica da deglutição sendo estimada em 6,7% com um custo anual atribuível de até $547 milhões. A definição de fluxos assistências apresentam como objetivo a construção de planos e processos capazes de manter a prática baseada em evidência bem como promover a melhoria diante da prestação e serviço em Saúde. Partindo do princípio que a assistência a Saúde deverá sempre manter-se em constante transformações, percebeu-se a necessidade realizar a sua aplicação principalmente para construção de uma ferramenta capaz de uniformizar a comunicação e condutas frente ao paciente Disfágico no âmbito hospitalar, desenvolvendo programa terapêutico a partir de escala de gravidade e estratificação do risco garantindo melhor acompanhamento fonoaudiológico e melhores ganhos nos scores funcionais além de reduzir o tempo de tratamento. A necessidade dessa ferramenta veio devido a déficit na condução do planejamento terapêutico dos pacientes Disfágicos; atendimento segmentado na equipe de Fonoaudiologia sem estabelecimento de meta terapêutica; aumento do tempo de tratamento dos pacientes acompanhados; déficit no ganho funcional da habilidade de alimentação e segurança da ingestão via oral e aumento no tempo de permanência de via alternativa de alimentação. Como ferramenta foi utilizado o diagrama de Ishikawa que permite a identificação da Análise da causa através de determinações de pontos críticos nos contextos de mão de obra (buscando as possibilidades de interferências da equipe multiprofissional para condução e parametrização do processo); método (identificação do problema a partir da não padronização de planejamento fonoaudiológico e dificuldade em traçar objetivos específicos para ganho funcional); materiais (falta de construção da ficha de planejamento X estratificação do risco a partir da gravidade do défict); máquinas, meio ambiente e medidas (ausência da meta para ganho funcional da deglutição e planejamento da terapia). A partir dessas pontuações nos campos abordados foi traçado plano de ação determinando as ações necessárias para melhorias de processos como o desenvolvimento Ficha de Planejamento Terapêutico X estratificação do risco; Elaboração do protocolo de metas funcionais; Estruturação do Fluxo para construção e definições dos programas de terapias e treinamento da equipe de Fonoaudiologia e realização do planejamento após realizações de avaliações fonoaudiológica. A partir das ações desenvolvidas observou-se a condução dos programas terapêuticos de acordo com a alteração da biomecânica e gravidade da Deglutição e determinando as diretrizes necessárias para elaboração das estratégias condizentes com as alterações funcionais e os dados coletados a partir de indicadores de processos e resultados com aumento exponencial além da meta de indicador estimada. Não adianta somente a realização da construção da ferramenta mas a auditoria do processo da qualidade técnica é essencial para adesão profissional. A padronização dos processos bem como o desenvolvimento de planejamentos terapêuticos favorecem o desenvolvimento de ações ao paciente com maior efetividade bem como reduz a possibilidade de eventos adversos, como por exemplo a redução da incidência da Pneumonia aspirativa, ampliando a segurança no atendimento prestado e minimização dos custos em Saúde.





Steele CM, Mukherjee R, et al. Development of a Non-invasive Device for Swallow Screening in Patients at Risk of Oropharyngeal Dysphagia: Results from a Prospective Exploratory Study. Dysphagia 2019.
Nascimento Junior, JR. A importância do Fonoaudiólogo no protocolo de prevenção de Pneumonia aspirativa na Unidade de Terapia Intensiva. Projetos Arquivos Fresenius Kabi – Arquivos em Disfagia, 2019.
Hinchey JA, Shephard T, Furie K, Smith D, Wang D, Tonn S; Stroke Practice Improvement Network Investigators. Formal dysphagia screening protocols prevent pneumonia. Stroke 2005; 36(9): 1972-6


HIGHLIGHTS
2198
PRÁTICAS SANITÁRIAS NO ENFRENTAMENTO DA COVID-19
Saúde Coletiva (SC)


Sabe-se que o Coronavírus – SARS-COV-2 – é um tipo de vírus que causa infecções respiratórias que podem variar de um simples resfriado a uma pneumonia severa. Foi descoberto em 31 de dezembro de 2019, na China, onde surgiu o primeiro caso da doença – Covid-19. No Brasil o primeiro caso foi de um paciente em São Paulo, que voltou de viagem à Itália, sendo anunciado pelo Ministério da Saúde em 26 de fevereiro de 2020. A Covid-19 geralmente é uma doença leve a moderada, mas alguns casos podem ficar graves. Os sintomas mais comuns da doença são febre persistente, tosse e dificuldade para respirar. A transmissão pode ocorrer através de gotículas respiratórias (espirro ou tosse), contato direto com secreções (catarro, coriza), contato próximo (menos de 2 metros de distância) com alguém infectado ou por contato com objetos e superfícies contaminados. É de grande relevância a conscientização de toda a população e o treinamento das equipes de saúde, incluindo os fonoaudiólogos para o enfrentamento da Pandemia nos diversos locais de atendimento dos pacientes. O processo deve ser contínuo e dinâmico, a fim de viabilizar o atendimento e a prática profissional. É sabido que as legislações pertinentes guiam os profissionais de saúde e os demais indivíduos sobre as orientações preconizadas de acordo com a complexidade e risco envolvidos. A experiência relatada evidencia que é possível atender as recomendações regulamentares (das três esferas governamentais) com praticidade e simplificação das rotinas de trabalho dos serviços e consultórios de fonoaudiologia. O objetivo é divulgar as ações de prevenção à Covid-19, através de regras simples, intituladas de Regras de Ouro, a fim de nortear outras experiências de retomada do gênero no nosso país. O público alvo são os gestores, empreendedores, profissionais fonoaudiólogos e cidadãos comuns que necessitem de treinamento para lidar com as regras sanitárias. As ações para o desenvolvimento das Regras de Ouro iniciaram-se a partir da necessidade de construção de um documento claro e objetivo de proteção à saúde da população, nos diversos segmentos de atividade desenvolvido nos limites municipal. Através de análises de experiências nacionais e internacionais, artigos científicos, reportagens e legislações vigentes, foi feito um grupo de estudo com profissionais de diversas áreas de atuação, dentre eles: fonoaudiólogo, médico, médico-veterinário, cirurgião-dentista, enfermeiro e farmacêutico. Todas as reuniões foram realizadas por forma digital na plataforma ZOOM, com planejamento prévio. Após o momento de discussão, foram elaborados documentos orientativos, os quais foram publicados no D.O. municipal e encontram-se disponíveis nas plataformas digitais. As Regras de Ouro, surgiram da necessidade de desmistificar as exigências sanitárias, tornando acessível a todas as camadas sociais. São elas: higienizar as mãos antes e depois de cada atividade usando água e sabão líquido ou, quando não for possível, álcool 70% em gel; em áreas de circulação, incluindo banheiros, disponibilizar álcool 70% em gel, dispensadores de sabão líquido e de papel-toalha descartável e lixeiras com tampa, sem acionamento manual; usar obrigatoriamente máscara em todas as áreas comuns, e só retirar durante as refeições; obedecer ao distanciamento de dois metros ou quatro metros quadrados por pessoa, evitando o uso do elevador; manter os ambientes arejados com as janelas e portas abertas e a limpeza dos aparelhos de ar-condicionado em dia; providenciar máscaras, luvas de borracha, toucas e outros equipamentos de proteção individual (EPIs) para as equipes de limpeza e demais funcionários, de acordo com a atividade exercida; reforçar a sensibilização sobre a etiqueta respiratória, a ser adotada em caso de tosse ou espirros: proteger a boca e o nariz com lenço de papel descartável ou o braço, evitando tocar o rosto; encaminhar à assistência médica o funcionário ou colaborador que apresente sintomas da Covid-19; fazer a limpeza concorrente a cada três horas e a limpeza terminal após o expediente, com atenção à necessidade da limpeza imediata e divulgar em pontos estratégicos os materiais educativos e outros meios de informação sobre as medidas de prevenção à Covid-19, como as Regras de Ouro e a Central 1746. As regras sanitárias mais elaboradas possuem como base as Regras de Ouro. O fonoaudiólogo enquanto profissional de saúde deve seguir a norma preconizada, assim como divulgar todos os procedimentos que são oficialmente regularizados. Na prática da fiscalização podemos observar mudanças comportamentais e culturais da segurança do cuidado que apontam para o novo do fazer em saúde. Desta forma, concluímos que é possível colaborar com a mudança cultural através da conscientização de todos, profissionais de saúde ou não, de forma legal e sem risco sanitário para a população assistida.


Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020. Orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2). Atualizada em 8 de maio de 2020. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/Nota+T%C3%A9cnica+n+04-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA nº 07/2020. Orientações para a prevenção da transmissão de covid-19 dentro dos serviços de saúde. (complementar à Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020). Publicada em 08 de maio de 2020. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/NOTA+T%C3%89CNICA+-GIMS-GGTES-ANVISA+N%C2%BA+07-2020/f487f506-1eba-451f-bccd-06b8f1b0fed6
DECRETO RIO Nº 47.282 DE 21 DE MARÇO DE 2020. Determina a adoção de medidas adicionais, pelo Município, para enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus – COVID - 19, e dá outras providências. Diário Oficial RIO de 21 de março de 2020.
DECRETO RIO Nº 47488 DE 02 DE JUNHO DE 2020. Institui o Comitê Estratégico para desenvolvimento, aprimoramento, e acompanhamento do Plano de Retomada, em decorrência dos impactos da pandemia da COVID-19, e dá outras providências. Diário Oficial RIO de 02 de junho de 2020.
Ministério da Saúde/Gabinete do Ministro. Portaria nº 188/GM/MS, de 04 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), em decorrência da Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV). Publicado no Diário Oficial da União em 04 de fevereiro de 2020.


HIGHLIGHTS
2174
PRÓ-MAMÁ OSÓRIO: APLICATIVO DE AMAMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL CRIADO PELO NASF EM PARCERIA COM INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UMA ALTERNATIVA EM ÉPOCA DE COVID-19
Saúde Coletiva (SC)


O NASF - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica em conjunto com o Setor de Fonoaudiologia criou, em 2016, o PRÓ-MAMÁ - Programa Municipal de Aleitamento Materno que reorganizou o cuidado na Linha Materno-Infantil no Município.
O Programa promove a qualificação do atendimento às gestantes, mães e bebês em relação à amamentação e ao desenvolvimento integral na primeira infância, visando a equidade e a integralidade do cuidado.
O PRÓ-MAMÁ conta com uma equipe gestora multiprofissional formada por duas fonoaudiólogas, uma nutricionista e uma psicóloga. O diferencial do programa é a formação de um profissional de referência em amamentação em cada Unidade de Saúde, no intuito de atuar de forma mais próxima ao território e aos usuários, principalmente nos primeiros dias de vida, através de visita domiciliar e atendimentos nas unidades.
No intuito de ampliar o acesso da população ao PRÓ-MAMÁ, a equipe decidiu criar um aplicativo de amamentação e desenvolvimento infantil, que acompanhasse o crescimento e desenvolvimento da criança desde o nascimento até os 2 anos de vida.
A concretização desta proposta ocorreu através da articulação intersetorial com uma instituição educacional pública do município. O desafio foi desenvolver uma ferramenta inovadora para o SUS, sem fins lucrativos aliando educação e saúde através de duas instituições públicas. Os alunos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas criaram um aplicativo de amamentação e desenvolvimento infantil interativo em parceria com a equipe gestora do PRÓ-MAMÁ.
O diferencial foi usar a tecnologia associada ao trabalho já existente dos profissionais de referência em amamentação ligados ao PRÓ-MAMÁ, o que em nenhum momento substituiu o atendimento presencial que ocorre em todas as Equipes de Saúde municipais.
O aplicativo tem sido usado como ferramenta complementar do trabalho em saúde desde seu lançamento em agosto de 2018 e tem sido amplamente divulgado através dos atendimentos e da mídia.
Dentre os objetivos, temos o fortalecimento do vínculo entre a população usuária dos serviços e os profissionais de saúde; aproximação dos profissionais de saúde das mães no período da amamentação; ampliação do acesso a informações atualizadas a respeito da amamentação e desenvolvimento infantil; utilização da tecnologia como aliada no processo de prevenção e promoção de saúde; acompanhamento sistemático dos dados de crescimento e desenvolvimento da criança e a prevenção de desfechos desfavoráveis para o desenvolvimento infantil.
Trata-se de uma ferramenta interativa, disponível para Android e IOS, gratuita e funciona baseada na data de nascimento do bebê. Após cadastrar a data de nascimento da criança, a mãe passa a receber notificações com informações de saúde que são relevantes conforme a idade do bebê. Até o 7º dia essas mensagens são diárias, depois semanais e após os 12 meses passam a ser quinzenais. Estas mensagens referem-se à saúde integral da criança e não somente à amamentação. A criança pode ser cadastrada a qualquer momento até o limite de 2 anos.
O aplicativo oportuniza ainda a interação do usuário (por enquanto apenas residentes do município) com os profissionais de saúde através do Fale Conosco, em que é possível fazer perguntas que serão respondidas pela equipe do PRÓ-MAMÁ. Caso seja necessário, o usuário é orientado a procurar o atendimento presencial. Serve também como um recurso dinâmico e atualizado para os profissionais de saúde que podem tê-lo como aliado à rotina diária do trabalho, através das informações de texto e vídeos contidas no aplicativo.

O público-alvo são as mães, famílias, profissionais de saúde e sociedade em geral que possam beneficiar-se de informações para saúde integral da criança. Por se tratar de um aplicativo de domínio público, gratuito e sem restrição de acesso, ele tem abrangência estadual, nacional e mundial configurando-se como uma ferramenta inovadora no cuidado em saúde.

Os principais resultados do aplicativo são a disseminação de informações com base na literatura científica e nas recomendações do Ministério da Saúde, a melhoria do acesso aos serviços sendo uma ferramenta acessível que oportuniza o apoio qualificado às mães no período da amamentação.

Até o momento, foram realizados 908 downloads, com aumento da procura por atendimentos pela equipe do PRÓ-MAMÁ. Como tecnologia social, tem contribuído de forma significativa para a promoção do aleitamento materno e como ferramenta de apoio aos profissionais da saúde.
O aplicativo não substitui a prática diária dos profissionais de saúde no manejo da amamentação, mas constitui-se como uma ferramenta inovadora de promoção e apoio ao aleitamento materno, alimentação complementar e desenvolvimento infantil.
Levando-se em conta o atual momento, em que temos restrições de acesso a serviços devido à Covid-19, este aplicativo reafirma a importância desta forma de ação, uma vez que as informações podem ser acessadas de casa pela mãe / família.


Brasil. Ministério da Saúde. Saúde da Criança - Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Brasília; 2015 (Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica)
Brasil. Ministério da Saúde Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2° ed. Brasília, 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido. Guia para os profissionais de saúde. Brasília, 2011.
Organização Mundial da Saúde. Evidências científicas dos dez passos para o sucesso no aleitamento materno. Brasília; 2001.


HIGHLIGHTS
2175
PRÓ-MAMÁ OSÓRIO: APLICATIVO DE AMAMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL CRIADO PELO NASF EM PARCERIA COM INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UMA ALTERNATIVA EM ÉPOCA DE COVID-19
Saúde Coletiva (SC)


O NASF - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica em conjunto com o Setor de Fonoaudiologia criou, em 2016, o PRÓ-MAMÁ - Programa Municipal de Aleitamento Materno que reorganizou o cuidado na Linha Materno-Infantil no Município.
O Programa promove a qualificação do atendimento às gestantes, mães e bebês em relação à amamentação e ao desenvolvimento integral na primeira infância, visando a equidade e a integralidade do cuidado.
O PRÓ-MAMÁ conta com uma equipe gestora multiprofissional formada por duas fonoaudiólogas, uma nutricionista e uma psicóloga. O diferencial do programa é a formação de um profissional de referência em amamentação em cada Unidade de Saúde, no intuito de atuar de forma mais próxima ao território e aos usuários, principalmente nos primeiros dias de vida, através de visita domiciliar e atendimentos nas unidades.
No intuito de ampliar o acesso da população ao PRÓ-MAMÁ, a equipe decidiu criar um aplicativo de amamentação e desenvolvimento infantil, que acompanhasse o crescimento e desenvolvimento da criança desde o nascimento até os 2 anos de vida.
A concretização desta proposta ocorreu através da articulação intersetorial com uma instituição educacional pública do município. O desafio foi desenvolver uma ferramenta inovadora para o SUS, sem fins lucrativos aliando educação e saúde através de duas instituições públicas. Os alunos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas criaram um aplicativo de amamentação e desenvolvimento infantil interativo em parceria com a equipe gestora do PRÓ-MAMÁ.
O diferencial foi usar a tecnologia associada ao trabalho já existente dos profissionais de referência em amamentação ligados ao PRÓ-MAMÁ, o que em nenhum momento substituiu o atendimento presencial que ocorre em todas as Equipes de Saúde municipais.
O aplicativo tem sido usado como ferramenta complementar do trabalho em saúde desde seu lançamento em agosto de 2018 e tem sido amplamente divulgado através dos atendimentos e da mídia.
Dentre os objetivos, temos o fortalecimento do vínculo entre a população usuária dos serviços e os profissionais de saúde; aproximação dos profissionais de saúde das mães no período da amamentação; ampliação do acesso a informações atualizadas a respeito da amamentação e desenvolvimento infantil; utilização da tecnologia como aliada no processo de prevenção e promoção de saúde; acompanhamento sistemático dos dados de crescimento e desenvolvimento da criança e a prevenção de desfechos desfavoráveis para o desenvolvimento infantil.
Trata-se de uma ferramenta interativa, disponível para Android e IOS, gratuita e funciona baseada na data de nascimento do bebê. Após cadastrar a data de nascimento da criança, a mãe passa a receber notificações com informações de saúde que são relevantes conforme a idade do bebê. Até o 7º dia essas mensagens são diárias, depois semanais e após os 12 meses passam a ser quinzenais. Estas mensagens referem-se à saúde integral da criança e não somente à amamentação. A criança pode ser cadastrada a qualquer momento até o limite de 2 anos.
O aplicativo oportuniza ainda a interação do usuário (por enquanto apenas residentes do município) com os profissionais de saúde através do Fale Conosco, em que é possível fazer perguntas que serão respondidas pela equipe do PRÓ-MAMÁ. Caso seja necessário, o usuário é orientado a procurar o atendimento presencial. Serve também como um recurso dinâmico e atualizado para os profissionais de saúde que podem tê-lo como aliado à rotina diária do trabalho, através das informações de texto e vídeos contidas no aplicativo.

O público-alvo são as mães, famílias, profissionais de saúde e sociedade em geral que possam beneficiar-se de informações para saúde integral da criança. Por se tratar de um aplicativo de domínio público, gratuito e sem restrição de acesso, ele tem abrangência estadual, nacional e mundial configurando-se como uma ferramenta inovadora no cuidado em saúde.

Os principais resultados do aplicativo são a disseminação de informações com base na literatura científica e nas recomendações do Ministério da Saúde, a melhoria do acesso aos serviços sendo uma ferramenta acessível que oportuniza o apoio qualificado às mães no período da amamentação.

Até o momento, foram realizados 908 downloads, com aumento da procura por atendimentos pela equipe do PRÓ-MAMÁ. Como tecnologia social, tem contribuído de forma significativa para a promoção do aleitamento materno e como ferramenta de apoio aos profissionais da saúde.
O aplicativo não substitui a prática diária dos profissionais de saúde no manejo da amamentação, mas constitui-se como uma ferramenta inovadora de promoção e apoio ao aleitamento materno, alimentação complementar e desenvolvimento infantil.
Levando-se em conta o atual momento, em que temos restrições de acesso a serviços devido à Covid-19, este aplicativo reafirma a importância desta forma de ação, uma vez que as informações podem ser acessadas de casa pela mãe / família.


Brasil. Ministério da Saúde. Saúde da criança - aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília; 2015. (MS. Cadernos de Atenção Básica)
Brasil. Ministério da Saúde. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2º ed. Brasília; 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Atenção à saúde do recém-nascido. Guia para os profissionais de saúde. Brasília; 2011.
Organização Mundial da Saúde. Evidências científicas dos dez passos para o sucesso no aleitamento materno. Brasília; 2001.


HIGHLIGHTS
1203
PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAL NA PESQUISA CLÍNICA EM AUDIOLOGIA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Sinais neurofisiológicos são amplamente estudados em pesquisas clínicas, como os potenciais evocados auditivos, visuais e somatossensoriais, que representam uma resposta cerebral a um determinado estímulo. Ferramentas de processamento digital de sinal possibilitam a customização de análises da eletrofisiologia da audição e necessitam habilidades computacionais.

Em geral potenciais evocados auditivos (PEAs) são avaliados subjetivamente de forma qualitativa. Interferências como o ruído ou a qualidade do sinal podem dificultar a avaliação ou até mesmo gerar uma análise equivocada dependendo do nível de treinamento e da experiência clínica. A subjetividade pode gerar dificuldades na comunicação entre laboratórios e clínicas e inclusive comprometer o nível de evidência científica de alguns estudos utilizando potenciais evocados auditivos. A utilização de ferramentas de processamento digital de sinal, como o programa MATLAB (MATrix LABoratory), permite análises quantitativas customizadas além de design de filtro, visualização de espectrogramas, criação de estímulos auditivos e outras funções. O MATLAB é um software interativo que utiliza linguagem de programação para resolução de cálculos numéricos muito utilizado na área das engenharias e tem grande potencial de aplicação na área da audiologia, em especial, no Brasil.

O potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) avalia a integridade da via auditiva pela resposta característica de sete ondas que correspondem aos processos neurofisiológicos do nervo auditivo ao lemnisco lateral. São avaliados os picos, as latências e os intervalos interpicos extraídos das ondas I-III-V, entretanto, a amplitude das ondas ainda é pouco considerada para diagnóstico. Existem evidências de que a redução da amplitude de algumas ondas reflete algum acometimento na via, como visto na perda auditiva oculta, com a redução da amplitude da onda I. Atualmente, já existem sistemas desenvolvidos para detectar e identificar os picos automaticamente, diminuindo o tempo de análise e possíveis erros.

Para potenciais que utilizam sinais complexos, como o Complex auditory brainstem response (cABR) o uso de processamento digital de sinal pode ser aplicado para análises que vão além da marcação comumente utilizada dos picos V-A-C-D-E-F-O. Em virtude da transparência desse potencial, análises no domínio do tempo permitem uma avaliação mais aprofundada sobre o desenvolvimento do pitch, codificação das frequências e informações sobre a qualidade de percepção dos sons, utilizando parâmetros como a correlação-cruzada entre estímulo e resposta, seu atraso, a relação sinal-ruído e força do pitch. Já no domínio da frequência, permite uma avaliação da fase e da amplitude espectral da frequência fundamental e seus harmônicos, através da Transformada Rápida de Fourier (Fast Fourier Transform = FFT).

Para análise dos dados no MATLAB, os sinais deve ser convertidos em formato .ASCII. Vários programas de aquisição, como o SmartEP do Intelligent Hearing System, permitem gravar os dados em formato .ASCII. Após a importação dos dados, o código de análise customizado filtra o sinal (definir as características do filtro: tipo, ordem, fase), exclui trechos de acordo com limiares de qualidade (amplitude ou característica do sinal), apresenta graficamente de forma individual ou total (individual ou com sobreposições), realiza as promediações de acordo com os estímulos (visualiza as médias de acordo com cada estímulo), quantifica amplitude e latências (gera tabelas com as variáveis desejadas), e apresenta graficamente no domínio do tempo e da frequência (espectrograma, espectro de potência), para posterior análise estatística. Outra vantagem do uso do MATLAB, é a disponibilidade de forma gratuita de ferramentas de análise desenvolvidas por outros grupos de pesquisa, um exemplo é o The Brainstem Toolbox desenvolvido pelo laboratório da pesquisadora Nina Kraus.

O software MATLAB também pode ser um aliado na criação de estímulos, sejam eles tom puros ou estímulos complexos. Uma vantagem é a possibilidade de criar estímulos com uma frequência fundamental determinada e simular parâmetros acústicos do sistema fonte-filtro, como a frequência dos formantes e harmônicos. Dessa forma, a utilização do software MATLAB se torna efetivo ao otimizar o tempo de avaliação e análises necessárias para o neurodiagnóstico e pesquisa dos limiares eletrofisiológicos, levando também em consideração diferenças discretas na amplitude, que podem não ser detectadas na avaliação subjetiva visual. Além disso, oferece ao avaliador informações importantes sobre o processamento de sons e a codificação dos aspectos temporais e espectrais da fala, importantes para o diagnóstico precoce de possíveis déficits no processamento auditivo.

Este highlight tem o objetivo de compartilhar experiências da aplicabilidade do software MATLAB na análise de potenciais evocados auditivos, na criação de estímulos auditivos para uso nestes potenciais com ênfase na pesquisa clínica, e trazer contribuições inovadoras que poderão se estender para a prática clínica na área da audiologia e instrumentalização em processamento digital de sinais. A Fonoaudiologia do futuro vislumbra desafios de novas habilidades, conhecimentos e atitudes que devem ser desenvolvidas com ações no presente.

1. van Drongelen W. Signal processing for neuroscientists. Burlington, Mass: Academic Press; 2007.

2. Boutsen F, Dvorak J. MATLAB primer for speech-language pathology and audiology. San Diego, California: Plural Publishing Inc.; 2016.

3. Don M. Quantitative approaches for defining the quality and threshold of auditory brainstem responses. IIEEE Engineering In Medicine & Biology Society. 1989;2:0761–0762.

4. Møller A, Jannetta P, Bennett M, Møller M. Intracranially recorded responses from the human auditory nerve: New insights into the origin of brain stem evoked potentials (BSEPs). Electroencephalography and Clinical Neurophysiology. 1981;52(1):18-27.

5. Schaette R, McAlpine D. Tinnitus with a Normal Audiogram: Physiological Evidence for Hidden Hearing Loss and Computational Model. Journal of Neuroscience. 2011;31(38):13452-13457.

6. Naves K, Pereira A, Andrade A. Decomposição e análise dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico. Revista Brasileira de Engenharia Biomédica. 2013;29(1):15-24.

7. Skoe E, Kraus N. Auditory Brain Stem Response to Complex Sounds: A Tutorial. Ear and Hearing. 2010;31(3):302-324.


HIGHLIGHTS
1319
PROGRAMA DE DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO EM DISFAGIA OROFARÍNGEA NEUROGÊNICA (PRODIREDON): 20 ANOS DE EXPERIÊNCIA
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia orofaríngea (DO) é sintoma frequente nas doenças neurológicas, com comprometimento do deslocamento do bolo alimentar da boca até o estômago e com possíveis complicações nutricionais, pulmonares e na qualidade de vida (1,2,3). Considerando que há riscos para a saúde do indivíduo disfágico e que o impacto econômico para o sistema de saúde pode ser alto quando essa população não recebe atendimento especializado, há urgente necessidade de programas públicos e/ou privados para o diagnóstico e reabilitação da disfagia orofaríngea.
Objetivo: descrever o protocolo organizacional de um serviço público para o diagnóstico e reabilitação da disfagia orofaríngea neurogênica.
Método: O Programa de Diagnóstico e Reabilitação em Disfagia Orofaríngea Neurogênica (PRODIREDon) foi proposto em 2000 para um Centro Especializado de Reabilitação (CER) de uma Universidade Pública do Estado de São Paulo. Participam do programa dois docentes do Curso de Fonoaudiologia (Fonoaudiólogo e Médico Otorrinolaringologista), alunos de pós-graduação nível mestrado (três Fonoaudiólogos e uma Nutricionista) e doutorado (um Fonoaudiólogo), alunos de iniciação científica (três estudantes de Fonoaudiologia), uma enfermeira e uma assistente social. O número de alunos de graduação e pós-graduação é anualmente dependente da entrada de novos estudantes no Grupo de Pesquisa “Disfagia Orofaríngea”. Desde 2013 esse programa tem a parceria do Programa de Atendimento Interdisciplinar à Criança Portadora de Comprometimento Neurológico de uma Universidade particular local com participação de um Fonoaudiólogo e um Médico Gastropediatra.
Resultados: Anualmente são realizados de 200 a 250 atendimentos de indivíduos com doenças neurológicas ou, mais recentemente, com queixas de dificuldades alimentares sem etiologia definida, rastreados por outros serviços locais e regionais, ou pelo próprio CER, independente do sexo ou faixa etária. O PRODIREDon aplica instrumento de avaliação clínica para disfagia orofaríngea baseado em Logemann et al (1999) (4) e Mann G (2000)(5) com consistências de alimento padronizadas pelos níveis 2, 1 e 0 do International Dysphagia Diet Standardization Initiative (IDDSI)(6,7) desde 2015. Na avaliação clínica para adultos é preenchida também a Functional Oral Intake Scale (FOIS)(8) para uso posterior no controle de eficácia terapêutica. Para a população adulta realiza-se videoendoscopia de deglutição de rotina com as mesmas consistências padronizadas na avaliação clínica, com intervalo de no mínimo 1 hora e máximo sete dias. Para a população infantil, quando o desfecho clínico é disfagia e há indicação de exame instrumental, realiza-se videofluoroscopia de deglutição e avaliações complementares na instituição parceira. Após a devolutiva com a tomada de decisão da equipe, os pacientes locais são incluídos nos programas de reabilitação e os de outras localidades são orientados e encaminhados. Os programas de reabilitação são realizados por tempo determinado, com programa inicial de três semanas, cinco vezes na semana, nas quais o paciente e/ou responsáveis devem assumir três dias de treinamento com relato e/ou gravação das sessões. Para algumas doenças neurodegenerativas o tempo de gerenciamento do programa é distinto. Ao término do programa de reabilitação aplica-se protocolo de controle de eficácia terapêutica mediante novas avaliações clínicas e instrumentais.
Conclusão: Essa experiência permite a prestação de atendimento interdisciplinar à população disfágica e contribui para a formação de estudantes de graduação e pós-graduação na área de disfagia orofaríngea neurogênica.

1.Takizawa C, Gemmell E, Kenworthy J, Speyer R. A Systematic Review of the Prevalence of Oropharyngeal Dysphagia in Stroke, Parkinson's Disease, Alzheimer's Disease, Head Injury, and Pneumonia. Dysphagia. 2016;31(3): 434-41.

2.Warnecke T, Dziewas R, Wirth R, Bauer JM, Prell T. Dysphagia from a neurogeriatric point of view: Pathogenesis, diagnosis and management. Z Gerontol Geriatr. 2019; 52 (4): 330-335.

3.Umay E, Ozturk E, Gurcay E, Delibes O, Celikel F. et al. Swallowing in Parkinson's Disease: How is it affected?. Clin Neurol Neurosurg. 2019;177:37-41.

4. Logemann JA, Veis S, Colangelo L. A screening procedure for oropharyngeal dysphagia. Dysphagia. 1999; 14(1):44-51.

5.Mann, G.D. MASA: the Mann Assessment of Swallowing Ability. New York: Singular Thomson Learning. 2002.

6. Cichero J, Steele CM, Duivestein J, Clavé P, Chen J, Kayashita J, et al. The need for international terminology and definitions for texture-modified foods and thickened liquids used in dysphagia management: foundations of a global initiative. Curr Phys Med Rehabil Rep. 2013;1(4):280-91.

7.Cichero JA, Lam P, Steele CM, Hanson B, Chen J, Dantas RO, et al. Development of International Terminology and Definitions for Texture-Modified Foods and Thickened Fluids Used in Dysphagia Management: The IDDSI Framework. Dysphagia 2017; 32(2):293-314.

8. Crary MA, Mann GD, Groher ME. Initial psychometric assessment of a functional oral intake scale for dysphagia in stroke patients. Arch Phys Med Rehab. 2005; 86(8):1516-20.


HIGHLIGHTS
2164
PROGRAMA EVOICE: ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE VOCAL AMPARADA POR TECNOLOGIAS EHEALTH
Saúde Coletiva (SC)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: A voz é uma manifestação psicoacústica individual, correlacionando-se com vias neuronais. Para a sua produção saudável, é necessário que haja equilíbrio orgânico, funcional e emocional, devendo também ser correspondente à estrutura física, sexo e idade do falante1. A literatura destaca que o professor se encontra mais exposto a riscos laborais vocais do que outros profissionais, sendo este alvo de pesquisas no Brasil e no mundo. Isto justifica-se pelo fato do professor apresentar elevada incidência de distúrbios vocais em relação a outras categorias que também utilizam a voz profissionalmente2. Segundo Choi-Cardim, Behlau e Zambon3 e Brasil, Carlos e Vasconcelos Filho4, é consenso que há carência de ações de promoção da saúde vocal voltadas ao professor que tragam resultados efetivos e positivos, atendendo às suas necessidades. Assim, cursos, palestras, oficinas, consultorias e assessorias são estratégias necessárias para a expansão do conhecimento sobre saúde vocal dessa população, como requisito para promoção da saúde. DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E DA RESOLUÇÃO ENCONTRADA: Ao longo do tempo, as consequências da composição do trabalho, as modificações dos métodos de ensino e o amparo de algumas tecnologias têm provocado transformações no dia a dia do professor, impactando a sua saúde física e mental, o que inclui a voz5,6. Nesse contexto, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) exercem importante papel nos cuidados com a saúde, nas áreas clínica, administrativa, assistencial e de suporte aos profissionais e gestores de saúde, integrando os recursos da saúde móvel (mobile Health ou mHealth), que constitui um eixo da saúde eletrônica (eletronic Health ou eHealth). EHealth corresponde ao uso de tecnologias de computação e comunicação móveis voltadas aos cuidados das pessoas e de saúde pública, tendência esta que se apresenta em contínua expansão7. Considerando os benefícios da tecnologia eHealth para a promoção da saúde e visando oferecer novas as possibilidades de cuidado à saúde do professor, desenvolveu-se o “Programa eVoice”, uma estratégia de promoção da saúde vocal amparada por duas tecnologias eHealth (aplicativo VoiceGuard e curso a distância Saúde Vocal em Foco). Este programa estrutura-se em cinco oficinas (presenciais ou virtuais), com a associação de conteúdos sobre a produção da voz (anatomia vocal, respiração, sinais, sintomas e higiene vocal) e ferramentas tecnológicas que possibilitam o automonitoramento da saúde vocal. As oficinas são facilitadas por fonoaudiólogos e comportam até 25 participantes. CARÁTER INOVADOR: As duas tecnologias que amparam o “Programa eVoice” e lhe conferem caráter inovador foram testadas e validadas com professores, no Brasil e em Portugal, de 2017 a 2019. A efetividade do “eVoice” tem sido verificada com base em outras estratégias de promoção da saúde vocal que serviram de inspiração8,9. Destaca-se que, de agosto de 2018 a julho de 2019, realizou-se um teste piloto do “Programa eVoice” com 30 professores de quatro escolas públicas municipais de Fortaleza, Ceará, mostrando-se bem aceito e eficaz, visto que houve um aumento dos Índices de Qualidade de Vida em Voz (QVV) e uma redução dos Índices de Desvantagem Vocal (IDV) dos professores, quando comparados os valores antes e após a participação no programa. O aplicativo VoiceGuard (2016) e o Curso Saúde Vocal em Foco (2017) foram desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar de uma Universidade Privada do Nordeste brasileiro, constituída por fonoaudiólogos, profissionais da saúde coletiva, designers, engenheiros e cientistas da computação, incluindo professores e alunos de graduação e pós-graduação. O “Programa eVoice” objetiva: promover a saúde vocal de professores e outros profissionais da voz; comparar as percepções dos participantes sobre saúde vocal e seus comportamentos vocais, antes e após a sua realização; avaliar a satisfação dos participantes com a utilização do aplicativo e do curso a distância; e identificar as contribuições das ferramentas eHealth para a promoção da saúde vocal. MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Desde a implementação do “Programa eVoice”, em novembro de 2019, na Rede Municipal de Educação de um município do estado do Ceará, foram conduzidas 12 turmas de oficinas, com a participação total de 158 professores (até julho de 2020). Uma conta no Instagram® denominada @programaevoice foi criada em março de 2020 para a maior divulgação da estratégia, a qual contabiliza 306 seguidores (até julho de 2020). Muitos trabalhos científicos têm sido realizados a partir do “Programa eVoice”, incluindo duas iniciações cieníficas, três dissertações de mestrado e dois editais financiados por órgãos de fomento. Em 2020 e 2021, uma nova dissertação de mestrado está em desenvolvimento com o objetivo de avaliar a eficácia do programa. Para isso, estão sendo comparados os valores do QVV e do IDV, antes a após as oficinas, em todos os professores que participam do programa de fevereiro de 2020 a agosto e 2021. Até o momento, os dados confirmam a eficácia do programa verificada pelo teste piloto. Outrossim, diante da pandemia da COVID-19, o programa foi 100% virtualizado, desde abril de 2020, mantendo a realização das oficinas por meio do Hangouts Meet (Google). Nesse processo, o aplicativo VoiceGuard e o Curso a distância Saúde Vocal em Foco foram essenciais para fidelizar e dar suporte aos participantes nos cuidados com a voz. Novas turmas são ofertadas mensalmente para professores do município onde o programa acontece. Uma equipe composta por três fonoaudiólogos, sendo um mestrando em Saúde Coletiva, e uma graduanda em Fonoaudiologia, bolsista de iniciação científica, são os responsáveis pela condução das oficinas e divulgação do programa, o qual é coordenado por uma fonoaudióloga que atua nas áreas de voz e saúde coletiva. A partir do apoio e do interesse da Secretaria Municipal de Educação do município em questão, a estratégia amplia-se e está em processo de consolidação para tornar-se uma política pública dentro do Programa de Promoção da Saúde Integral do Profissional da Educação. O “Programa eVoice” amplia os horizontes da fonoaudiologia como uma estratégia acessível, validada e eficaz que possibilita a sistematização de estratégias de promoção da saúde vocal com amparo em tecnologias eHealth.


1. Behlau M, Pontes P, Moreti F. Higiene vocal: cuidando da voz. Rio de Janeiro: Editora Revinter; 2017.
2. Servilha EAM, Correia JM. Correlações entre condições do ambiente, organização do trabalho, sintomas vocais autorreferidos por professores universitários e avaliação fonoaudiológica. Distúrb Comum. 2014; 26(3):452-62.
3. Choi-Cardim K, Behlau M, Zambon F. Sintomas vocais e perfil de professores em um programa de saúde vocal. Rev CEFAC. 2010;12(5):811-19.
4. Brasil CCP, Carlos DAO, Vasconcelos JE Filho. Saúde vocal e mhealth: novas alternativas para antigos cenários. Rev Bras Promoç Saúde. 2017;30(1):1-2.
5. Cielo CA, Portalete CR, Ribeiro VV, Bastilha GR. Perfil vocal, ocupacional e de saúde geral de docentes de Santa Maria/RS. Rev CEFAC. 2016; 18(3):635-48.
6. Pascotini FS, Ribeiro VV, Cielo CA. Voz de professoras do ensino fundamental com queixas vocais de diferentes redes de ensino. Distúrb Comum. 2015;27(1):138-50.
7. Pereira RB, Coelho MA, Bachion MM. Tecnologias de informação e registro do processo de enfermagem: estudo de caso em UTI neonatal. Rev Eletrônica Enferm [Internet]. 2016 [citado em 2016 Nov 20];18:1-13. Disponível em: https://www. revistas.ufg.br/fen/article/view/35135
8. López JM, Catena A, Montes A, Castillo ME. Effectiveness of a short voice training program for teachers: a preliminary study. J Voice. 2017 Nov;31(6):697-706.
9. Timmermans B, Coveliers Y, Meeus W, Vandenabeele F, Looy LV, Wuyts F. The effect of a short voice training program in future teachers. J Voice. 2011 Jul;25(4):e191-8.


HIGHLIGHTS
2211
PROGRAMA: “TERAPIA NA ESCOLA” – A INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA DA FALA NO CONTEXTO ESCOLAR EM PORTUGAL
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Contextualização e relevância do tema: O processo de desenvolvimento e aquisição da linguagem constitui um marco fundamental para o desenvolvimento da criança na sua dimensão pessoal, social e relacional, sendo definido como “um sistema complexo e dinâmico de símbolos convencionais, usado em modalidades diversas para [o homem] comunicar e pensar” (Sim-Sim, 1998; Brito; 2012).
De acordo com o Modelo Ecológico de Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner, o desenvolvimento humano ocorre de forma progressiva e mútua entre a criança e os respetivos contextos em que a mesma se encontra inserida (Sim-Sim, 1998; Loureiro, 2015; Tavares, J. & Alarcão, I., 1985). Assente nesta perspetiva sistémica, prevalece uma influência direta do meio em que a criança se insere, pelo que importa atuar nos vários contextos e sistemas subjacentes à mesma Loureiro, 2015; Tavares, J. & Alarcão, I., 1985).
Considerando que o desenvolvimento saudável de qualquer criança ou jovem dependerá essencialmente de uma interação complexa e multifacetada entre fatores familiares, educativos, culturais, sociais e ligados à sua saúde física, emocional e ocupacional, será indubitavelmente relevante que os organismos que atuam sobre estas diversas áreas, nomeadamente os terapeutas da fala, mantenham entre si uma articulação que se quer próxima, aberta, cooperante, flexível, ajustada às circunstâncias e contextos que cada situação apresenta, e em constante melhoria e evolução, de forma a melhor servir as populações ao seu cuidado (CRPG, 2015; Loureiro, 2014).
Situação-problema: Atualmente, estima-se que cerca de 48% das crianças em Portugal, apresentam dificuldades de aprendizagem, associadas ao grupo das Necessidades Educativas Especiais, das quais, diversos estudos apontam para uma prevalência de 5% a 15% de dificuldades específicas da aprendizagem (Loureiro, 2014; Gonçalves, 2015). Dada a relação de intercambio entre as dificuldades de aprendizagem e o desenvolvimento da linguagem e da comunicação, o papel do Terapeuta da Fala torna-se cada vez mais ativo no processo escolar de crianças com estas dificuldades. Neste sentido, uma intervenção terapêutica holística potenciará uma atuação clínica mais rápida e consistente para cada criança se for realizada no seu ambiente escolar, bem como preverá uma atempada identificação de potenciais crianças com dificuldades linguísticas e de aprendizagem.
Solução encontrada: O programa “Terapia na Escola” tem como objetivo dar uma resposta terapêutica eficaz, promovendo o desenvolvimento das competências linguísticas, comunicativas, vocais, alimentares, entre outras, de crianças de idade pré-escolar e escolar no seu contexto educativo. A sinalização da criança, realizada através de ficha de sinalização própria, é efetuada pelos docentes da comunidade educativa e entregue ao Coordenador Pedagógico da escola, o qual entra em contacto com o representante da clínica/instituição a fim de entregar a(s) ficha(s) de sinalização. Posteriormente, os técnicos da clínica/instituição procedem à avaliação da criança em função das especialidades definidas e elaboram o relatório de avaliação e o plano de intervenção terapêutico. O acompanhamento realizado junto das crianças e jovens de cada Agrupamento de Escolas constitui uma resposta terapêutica considerada pertinente para cada situação, na sua maioria através de sessões individuais de apoio direto e indireto aos utentes e às pessoas de referência na sua vida (ex. pais, cuidadores e responsáveis legais, mas também docentes titulares, diretores de turma e outros elementos relevantes na comunidade escolar, conforme as circunstâncias). As sessões de apoio decorreram geralmente com uma periodicidade semanal ou bissemanal (exceto situações de acompanhamento com outra periodicidade, por exemplo quinzenal, devidamente justificadas), em espaço escolar ou nas instalações da clínica, com uma duração variável entre os 40 e 50 minutos. No caso dos acompanhamentos realizados no espaço escolar, o seu local físico foi definido pela Coordenação de cada escola, acautelando-se, sempre que possível, espaços que mantivessem condições de estabilidade, adequabilidade e não-interrupção, além da não-perturbação das atividades escolares em curso. Ao longo do acompanhamento terapêutico, são elaborados documentos de acompanhamento aos apoios clínicos, nomeadamente os planos de intervenção, sínteses intercalares e relatórios finais, que são entregues, em reunião presencial ou por meio digital, aos responsáveis pela criança/jovem e enviados ao docente titular/diretor de turma, mediante consentimento do responsável legal da criança ou jovem.
Apresentação do caráter inovador e de melhoria da atuação do Terapeuta da Fala: O presente programa permite que a intervenção do Terapeuta da Fala seja transversal aos diferentes contextos da criança, bem como potencia uma maior comunicação entre a escola e o terapeuta. Paralelamente, a estreita relação entre o terapeuta e a comunidade educativa permite aumentar a identificação de potenciais dificuldades linguísticas e de aprendizagem, por parte dos professores, a fim de solicitar uma resposta clínica mais eficaz e rápida. Durante o ano letivo 2019/2020 foram assegurados apoios terapêuticos individuais - semanais, bissemanais ou quinzenais - a cerca de 477 crianças e jovens, 354 em Terapia da Fala e 123 em outras especialidades como Psicologia, Psicomotricidade ou Terapia Ocupacional, em contexto escolar e ao abrigo deste programa. Visando, em todo o momento, o profissionalismo das práticas com o objetivo de garantir a resposta terapêutica mais adequada aos utentes, este programa permitiu promover a estabilidade e a consistência da intervenção, facilitando a comunicação e a relação na tríade “técnicos-família-escola”, o que constituiu uma mais valia para o processo terapêutico.

Brito, S. (2012). Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior de Educação. Orientações curriculares: Práticas educativas em crianças com dificuldades de linguagem, no pré-escolar, pp. 1-183.
CRPG, C. d. (2015). Necessidades Especiais de Educação - O Terapeuta da Fala em Contexto Escolar. DGE – Direção-Geral da Educação, 1-12.
Gonçalves, A. (outubro de 2015). Perturbação da Aprendizagem Específica com Défice na Leitura em alunos dos 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico: Pais e Professores de Educação Especial em Colaboração. Viseu: Universidade Católica Portuguesa - Mestrado em Ciências de Educação.
Loureiro, R. (2014). A Eficácia da Terapia da Fala na Promoção do Sucesso Escolar: Estudo de caso num agrupamento TEIP. Porto: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto - Mestrado em Educação para a Saúde.
Sim-Sim, I. (1998). Desenvolvimento da Linguagem. Lisboa: Universidade Aberta.
Tavares, J., & Alarcão, I. (1998). Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Coimbra: Livraria Almedina.


HIGHLIGHTS
2167
PROJETO “MEXA-SE QUE LÁ VEM HISTÓRIA”- RECURSO TERAPÊUTICO PARA TELEATENDIMENTO EM LINGUAGEM INFANTIL
Linguagem (LGG)


O projeto “Mexa-se que lá vem história” foi elaborado durante a pandemia do COVID-19 com objetivo de criar um recurso terapêutico para teleatendimento que permitisse trabalhar, conjuntamente, dois campos que se encontram vulneráveis nesse período de isolamento: o contato social integrado ao movimento corporal.
O isolamento social minimizou a oportunidade de interação espontânea e informal de indivíduos com seus pares, especialmente para as crianças que são dependentes de intermediação de adultos para manterem-se em contato virtual, seja pela não autonomia e disponibilidade de aparatos eletrônicos necessários, seja por imaturidade em desenvoltura social que as habilite para isso. A situação é ainda mais alarmante para crianças que apresentam algum tipo de dificuldade em comunicação e linguagem. O teleatendimento em fonoaudiologia para essas crianças tem sido praticado, porém as opções terapêuticas que envolviam, no atendimento presencial, estratégias em grupo e aquelas que dependiam da interação com seus pares durante as aulas foram interrompidas.
O trabalho terapêutico em habilidades de comunicação e linguagem depende da prática, da intencionalidade e da motivação dos indivíduos para se efetivar com sucesso, por isso tornou-se emergente um modelo de intervenção que contemplasse a comunicação em grupo, com estratégias lúdicas e motivadoras, sem prescindir dos objetivos terapêuticos em questão, e sem romper, obviamente, com o isolamento social.
O contato interpessoal por meio de telas tem como uma de suas principais limitações a participação restrita do corpo durante a interação. O contato corporal fica reduzido à visão (da face e, às vezes, membros superiores) e à audição da voz do interlocutor. Se esta fragmentação compromete a qualidade de comunicação entre adultos, para a criança esta limitação tem um alcance maior e ainda precisa ser melhor estudada 1. A criança compreende o mundo e elabora suas ações sobre ele por experimentação. O corpo participa na conceituação e ordenação de suas vivências, na estruturação de funções mentais (cognitivas e afetivas) e também nas habilidades comunicativas2. A participação integral do corpo e de funções mentais é condição para ocorrência de desenvolvimento saudável, portanto a inclusão de uma prática corporal no trabalho de comunicação vem ao encontro desta ideia integralista de desenvolvimento3 e de prática terapêutica.

O projeto tem como objetivo proporcionar uma ferramenta de trabalho em comunicação e linguagem agregada ao trabalho corporal, que propicie a comunicação de indivíduos em dupla ou grupo e que seja moldável aos objetivos terapêuticos específicos tanto na área de Fonoaudiologia, quanto na de Educação Física.

O projeto foi desenvolvido pelas autoras deste trabalho, uma fonoaudióloga e a outra, educadora física. Foi projetado para ser aplicado principalmente em grupos, em plataforma de vídeo chamadas em grupo, pelas profissionais das duas áreas, contemplando as seguintes etapas de elaboração, que serão aqui apresentadas em seus objetivos, seguidos de algumas estratégias, e exemplificadas como uma possível ilustração prática:
Etapa 1: Constituição dos componentes do grupo, objetivos terapêuticos gerais e duração do projeto
A formação do grupo está diretamente relacionada ao objetivo terapêutico geral. De acordo com o objetivo geral, determina-se o número de indivíduos, e as características de cada um deles para se formar um grupo coeso de trabalho. O objetivo geral do grupo deve abarcar eventuais objetivos específicos individuais que podem ser heterogêneos num grupo.
Exemplo ilustrativo: Grupo de 5 crianças de 7 a 9 anos (três apresentam desenvolvimento típico, uma com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e uma com diagnóstico de Transtorno de atenção e hiperatividade (TDAH)). Os objetivos gerais são os de promover contato social lúdico, estimular habilidades de comunicação e linguagem oral complementar à terapêutica fonoaudiológica (no caso das crianças que estão nesta modalidade); duração de 6 encontros de 45 minutos (uma vez por semana).
Etapa 2: determinação dos objetivos específicos e confecção do roteiro do projeto
Esta etapa do trabalho permite desenharmos os objetivos acertados para cada participante e, a partir disso, sintetizar os objetivos específicos para cada sessão do projeto.
Exemplo: Objetivos específicos: executar trocas de turno conversacionais entre os participantes, identificar e ampliar comportamentos não-verbais dos participantes e suas respectivas significações na comunicação, produzir discurso narrativo oral compartilhado.
Etapa 3: estratégias para cada área de trabalho, conforme o roteiro.
Elaboração das estratégias terapêuticas, bem como definição dos materiais para execução. Nesta fase planejamos cuidadosamente os recursos e estratégias apropriadas ao grupo, considerando a individualidade dos participantes. Os recursos também são pensados para que os objetivos sejam conquistados com maior êxito. A preparação envolve a participação dos pais para o preparo do ambiente virtual ( o modo de configuração da plataforma, seja o modo de apresentação visual dos participantes, seja o modo do áudio apropriado) e também do ambiente físico, já que as atividades são executadas fisicamente ( desenhos, movimentos, uso de objetos específicos, uso de fantasias ou acessórios de vestuário, a luminosidade do ambiente).
Exemplo ilustrativo: foi proposto ao grupo a criação conjunta de uma história que desenvolveríamos juntos a cada encontro. Inicialmente a crianças discutiram para escolherem o tema que foi o de uma aventura de heróis em busca de um tesouro perdido; na sessão seguinte elaboraram os personagens heróis e vilões. Estas fases de elaboração envolveram muitas habilidades comunicativas para chegarem a um consenso comum. Foram incentivados à vivência concreta e sensorial para criar os personagens (algumas crianças os desenharam e mostraram ao grupo, outros usaram fantasias e se apresentaram). Por fim, desenvolveram os conflitos e soluções da narrativa oral que era vivenciada com produção de movimentos, acompanhados de trilha sonora compatível (a caminhada em terreno irregular dos personagens, o esconder-se encolhido na caverna minúscula, o alcançar, lá no alto, um oponente gigante). Atividades de equilíbrio, ritmo, consciência corporal eram incluídas nestas ocasiões.
Etapa 4: fechamento
Nesta fase analisa-se o processo transcorrido, bem como os resultados alcançados; executa-se a devolutiva aos participantes e/ou responsáveis.

Este projeto vem sendo estruturado (a ser encaminhado ao Conselho de Ética), principalmente com objetivo de se explorar as habilidades de comunicação verbal e não verbal de crianças em ambiente virtual, a fim de respaldar técnicas terapêuticas neste ambiente virtual a que fomos inseridos.

1. Misquiatti Andréa Regina Nunes, Fernandes Fernanda Dreux Miranda. Terapia de linguagem no espectro autístico: a interferência do ambiente terapêutico. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2011 June [cited 2020 July 20] ; 16( 2 ): 204-209. Available from: http://www.scielo.br/scielo.

2. Tomasello M. The origins of human communication. Cambridge, MA: MIT Press; 2008.

3. Vigotski LS. Pensamento e linguagem, São Paulo: Martins Fontes; 1998.


HIGHLIGHTS
1460
PROMOÇÃO À SAÚDE VOCAL INFANTIL: DESENVOLVIMENTO DE GAME EM REALIDADE VIRTUAL
Voz (VOZ)


Os processos de comunicação interpessoal e educação em saúde, envolvidos nas orientações vocais, são subestimadas quando mencionadas ao público infantil pela desvalorização dos pais acerca da disfonias nas crianças. Porém, é visto que esse público está mais propenso ao desenvolvimento de problemas vocais por possuírem um trato vocal com uma anatomia e fisiologia delicada e imatura (1). Portanto, ações de promoção a saúde são necessárias tanto para os familiares quanto para as crianças, dado que as orientações sobre cuidados da voz podem reduzir as consequências negativas dos maus hábitos por meio de técnicas em educação vocal (2). Nessa proposta de avanço tecnológico, surgiram oportunidades para a aprendizagem através dos dispositivos móveis, comumente chamado de Mobile Learning (m-learning) (3). Nessa conjectura, o âmbito da saúde vem se tornando uma das grandes áreas beneficiadas em Realidade Virtual, além de ser uma das grandes influenciadoras para o desenvolvimento de aplicações utilizando essas tecnologias de ponta. Dessa forma, as alterações de voz na infância interferem negativamente no desempenho social e até mesmo no desenvolvimento afetivo-emocional de qualquer criança. Sendo, as orientações para prevenção e promoção da saúde de suma importância, que atenda a demanda no tocante a adesão, mudanças de comportamento prejudiciais à voz e promovam interatividade, ludicidade e inovação para o público em questão. Com base na realidade apresentada, o presente estudo tem como propósito desenvolver um game em realidade virtual para m-learning visando a promoção da saúde vocal infantil, através da perspectiva educacional em voz, que se faz extremamente necessária, a fim de evitar problemas vocais futuros em que o indivíduo não precise se submeter a procedimentos para além da terapia fonoaudiológica, comprometendo assim a qualidade de vida de maneira geral, e especificamente, a comunicação. Partindo dessa premissa, a conduta fonoaudiológica deve partir da conscientização da natureza do seu problema sendo um grande desafio ao terapeuta a adesão do paciente ao tratamento. No mais, a voz é multidimensional, por essa razão, é válido observar todo o contexto que a criança vive, desde aspectos sociais como físicos e emocionais. A abordagem metodológica utilizada no estudo é Design Thinking estruturado na realização em equipe interprofissional. Esta abordagem foi seguida nas etapas de definição do problema, ideação e prototipagem, para posterior teste de usabilidade. Para o desenvolvimento estrutural do game, seus níveis foram desenhados a partir do Game Design Document (GDD). O game em realidade virtual para promoção de saúde vocal infantil, foi idealizado para plataforma Android e IOS. O jogo consiste em procurar problemas no âmbito da voz e tentar resolvê-los de forma rápida. Desenvolvido em uma visão 3D, o jogo será ambientado no espaço especifico de convivência diária do usuário, onde um avatar terá a missão de descobrir onde há alteração. O jogador assumirá o papel de investigar os distúrbios vocais e realizará orientações, conseguindo assim pontos extras de acordo com seus acertos. Sendo programados 14 níveis, cada nível é abordado uma temática diferente da promoção à saúde vocal utilizando elementos de desafios, conquistas, recompensa e progressão, buscando atender as demandas no tocante a interatividade como a crianças precisam para manter seu nível atencional e as necessidades técnico-científicas essenciais para uma orientação vocal eficiente, o que possibilita grandes benefícios, para a população e para o profissional fonoaudiólogo por ter um recurso que o auxilie a promoção de saúde vocal infantil, acontecendo síncrona ou assincronamente.

1. Souza BO, Nunes RB, Friche AA de L, Gama ACC. Análise da qualidade de vida relacionada à voz na população infantil. CoDAS. 2017; 29(2): e20160009
2. Behlau M, Pontes P, Moreti F. Higiene Vocal: cuidando da voz. 5. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2017.
3. Roza AP, Gielow I, Vaiano T, Behlau M. Desenvolvimento e aplicação de um game sobre saúde e higiene vocal em adultos. CoDAS. 2019; 31(4): e20180184.


HIGHLIGHTS
939
PROPOSTA DE ESCALA FOTONUMÉRICA PARA A AVALIAÇÃO DOS SINAIS DE ENVELHECIMENTO NA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESTÉTICA DA FACE
Motricidade Orofacial (MO)


A atuação fonoaudiológica em estética facial é voltada à reorganização e reequilíbrio da ação das cadeias musculares orofaciais, buscando atenuar os sinais de envelhecimento. A intervenção fonoaudiológica se inicia por uma avaliação clínica miofuncional orofacial, quando são registradas imagens faciais estáticas e dinâmicas. Essa avaliação é repetida ao final do tratamento, quando são comparadas as imagens iniciais e finais(1).
Na maioria dos estudos fonoaudiológicos direcionados para a estética facial, os pesquisadores apontaram para mudanças estéticas significativas que resultaram em atenuação das rugas e sinais de envelhecimento, porém verificou-se que há uma variedade de abordagens, de instrumentos e recursos utilizados na avaliação e intervenção e, também, uma metodologia pouco precisa para registrar os dados descritos(2).
Existem alguns protocolos de avaliação fonoaudiológica em estética da face, propostos por fonoaudiólogos clínicos, publicados em livros, não sendo nenhum deles validados até o presente momento(3,4). Há outros protocolos que foram elaborados de acordo com o desenho da pesquisa a ser realizada(5). Em todos eles os registros de imagem, por meio de fotografia e filmagem, fazem parte da avaliação inicial e final, sendo que a comparação entre as imagens é realizada de forma subjetiva, exceto nas publicações de Sovinski et al. (2016) e Pierotti (2004).


Sovinski et al. (2016), utilizaram a Escala de Glogau, para a avaliação dos aspectos estéticos da pele e as escalas de Carruthers, para a classificação das linhas de Marionete (sulco labiomentoniano) e “pés-de-galinha” (rugas periorbitárias) respectivamente(5). Pierotti (2004), propôs a classificação das rugas faciais observadas na avaliação fonoaudiológica, por meio da escala de Glogau, que classifica em Tipo I, II, III e IV o foto envelhecimento facial, tendo como comparação a imagem fotográfica de mulheres nas décadas da vida: 20 a 30 anos (tipo I), 30 a 40 (tipo II), 50 a 60 (tipo III), 60 a 70 (tipo IV)(4).
As escalas utilizadas nas publicações de fonoaudiólogos citadas acima não têm se mostrado suficientes para que se efetue uma comparação dos sinais de envelhecimento faciais e cervicais de forma pontual. Em Sovinski (2016), a análise facial contemplou apenas as regiões periorbitárias e o terço inferior; Pierotti (2004), atribuiu um escore para cada uma das regiões faciais, tendo como base o foto envelhecimento facial visualizado em quatro fotografias conforme proposto por Glogau.


Na área da dermatologia existem escalas fotonuméricas, para avaliação de linhas faciais, cervicais, contorno facial e sulcos nasolabial e nasomentoniano, que foram validadas e permitem a comparação pré e pós tratamento dermatológico por meio de escores(6,7,8,9).
As escalas fotonuméricas propostas por Flynn et al.(2012) - Validated Assessment Scales for the Upper Face, Narins et al.(2012) - Validated Assessment Scales for the Lower Face, Carruthers et al.(2016) -Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Facial Fine Lines e Jones et al. (2016) - Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Transverse Neck Lines estabelecem uma progressão do aumento de rugas faciais, visualizada em uma série de fotografias de cada área da face, o que permite uma análise mais especifica e pontual.
Apresentamos a proposta de uma escala fotonumérica, com o objetivo de favorecer uma comparação mais acurada entre as avaliações inicial e final, efetuadas na intervenção fonoaudiológica em estética facial. Essa escala foi elaborada tendo como base as escalas fotonuméricas propostas por Flynn et al.(2012), Narins et al.(2012), Carruthers et al.(2016), Jones et al. (2016), para a avaliação dos terços faciais superior, médio e inferior. Reunimos em um único arquivo as imagens que foram validadas nessas diversas publicações.
As fotografias nas posições frontal, em 45º e perfil foram incluídas para a verificação das rugas estáticas e imagens recortadas de vídeo foram usadas para a avaliação das rugas dinâmicas, correspondendo às imagens propostas por Flynn et al. (2012), Narins et al.(2012), Carruthers et al.(2016), Jones et al. (2016).
De acordo com o preconizado pelos autores(6,7,8,9), foram atribuídos valores às rugas frontais, glabelares, periorbitárias e periorais; aos sulcos nasolabial e lábio mentoniano; às ptoses palpebral, do contorno da mandíbula e submandibular (papada). Assim, o valor zero foi atribuído à ausência de rugas, sulcos e ptose e o valor 4 à presença acentuada desses sinais de envelhecimento. Uma tabela - Análise Estética da face com Escores - foi elaborada para registro dos valores atribuídos a cada área facial.
Para que as imagens estáticas e dinâmicas possam ser devidamente comparadas é necessário que o fonoaudiólogo mantenha, na avaliação inicial e final, a mesma padronização do espaço físico, dos equipamentos utilizados, do posicionamento do paciente, da iluminação da sala, ao realizar a documentação fotográfica e em vídeo(10).

A presente escala fotonumérica será útil como instrumento para uma análise mais acurada dos resultados do processo terapêutico fonoaudiológico direcionados à estética facial, tendo em vista que descreve numericamente as diferenças entre os registros de imagens iniciais e finais, favorecendo uma comparação mais objetiva dos dois momentos terapêuticos.

Referências bibliográficas

1. Frazão Y, Manzi SB. Eficácia da intervenção fonoaudiológica para atenuar o envelhecimento facial. Rev CEFAC. 2012;14(4):755-62.

2. Valente MFL, Ribeiro VV, Stadler ST, Czlusniak GR, Bagarollo MF. Intervenções em Fonoaudiologia estética no Brasil: revisão de literatura. Audiol Commun Res. 2016;21:e1681.

3. Tasca SMT. Programa de aprimoramento muscular em fonoaudiologia estética facial (PAMFEF). Barueri: Pró-fono; 2004.

4. Pierotti SR. Atuação fonoaudiológica na estética facial. In: Comitê de Motricidade Orofacial-SBFa. Motricidade orofacial: como atuam os especialistas. São José dos Campos, SP: Pulso; 2004.

5. Sovinski SRP, Genaro KF, Migliorucci RR, Passos DCBOF, Berretin-Felix G. Avaliação estética da face em indivíduos com deformidades dentofaciais. Rev CEFAC. 2016;18(6):1348-58.

6. Flynn TC, Carruthers A, Carruthers J, Geister TL, Gortelmeyer R, Hardas B, Himmrich S, Kerscher M, de Maio M, Mohrmann C,
Narins RS, Pooth R, Rzany B, Sattler G, Buchner L, Benter U, Fey C, Jones D. Validated Assessment Scales for the Upper Face. Dermatol Surg 2012;38:309–319

7. Narins RS, Carruthers J, Flynn TC, Geister TL, Gortelmeyer R, Hardas B, Himmrich S, Jones D, Kerscher M, de Maio M, Mohrmann C, Pooth R, Rzany B, Sattler G, Buchner L, Benter U, Breitscheidel L, Carruthers A. Validated Assessment Scales for the Lower Face. Dermatol Surg 2012;38:333–342

8. Carruthers J, Donofrio L, Hardas B, Murphy DK, Jones D, Carruthers A, Sykes JM, Creutz L, Marx A, Dill S. Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Facial Fine Lines. Dermatol Surg. 2016;42(Suppl 1):S227–S234.

9. Jones D, Carruthers A, Hardas B, Murphy DK, Sykes JM, Donofrio L, Carruthers J, Creutz L, Marx A, Dill S. Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Transverse Neck Lines. Dermatol Surg 2016;42(Suppl1): S235–S242.

10. Frazão Y, Manzi S. Atualização em Documentação fotográfica e em vídeo na motricidade orofacial. In: Justino H, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA, Berretin-Felix G, Marchesan IQ organizadores. Tratado de Motricidade Orofacial. São José dos Campos,SP: Pulso; 2019. p. 243-253.


HIGHLIGHTS
2177
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA INFANTIL - SOFTWARE DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS FONOLÓGICOS
Linguagem (LGG)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO
Avaliação implica formar juízo acerca de algo1. No campo fonoaudiológico, especificamente na área da linguagem infantil, define o nível e as características do sistema linguístico do paciente, a fim de traçar o planejamento terapêutico; e acompanha sua evolução de acordo com os objetivos traçados2. Por isso, a avaliação da linguagem pressupõe o conhecimento dos padrões típicos e atípicos, além do domínio de uma série de ferramentas que, aliadas à experiência do profissional, ajudarão a realizar esta tarefa1. Diante da complexidade da avaliação da linguagem, muitas propostas acabam por se debruçar sobre algum nível da estrutura linguística, o que não torna o processo mais simples, mas permite seu direcionamento para questões específicas. Neste sentido, esta proposta se insere especificamente no campo da avaliação do sistema fonológico infantil.
A fonologia refere-se ao domínio dos sons da língua, bem como sua distribuição de acordo com regras específicas3. Este é gradual e, no Português Brasileiro, se completa entre 5 e 7 anos de idade4. Defasagens neste domínio podem acarretar uma série de comprometimentos, tanto do ponto de vista linguístico quanto do desenvolvimento global do paciente. A prevalência de distúrbios fonológicos em crianças é muito alta, podendo inclusive comprometer o processo de ensino-aprendizagem5.
Dada sua ocorrência e os impactos consequentes de seu quadro, uma avaliação rápida e eficaz do sistema fonológico é imprescindível para detecção e acompanhamento destas alterações. Para avaliação do sistema fonológico, o terapeuta deve obter uma amostra de fala da criança, a fim de traçar suas peculiaridades6. Os procedimentos para tal são variados, mas o mais comum para testes padronizados é o de nomeação espontânea. Este garante amostra significativa da fala, na qual devem aparecer todos os sons da língua nos diferentes contextos e possibilita ao terapeuta reconhecer a palavra-alvo, mesmo nos casos de inteligibilidade. Por isso, as palavras escolhidas para este tipo de teste, além de pertencerem ao vocabulário infantil, devem ser reconhecidas por meio de figuras7.
Tais procedimentos podem ser atualizados com o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Os avanços proporcionados com o desenvolvimento destas ferramentas transformaram a sociedade em todas as áreas, inclusive na saúde. Na Fonoaudiologia, a utilização de programas computacionais é cada vez mais frequente, com vistas ao desenvolvimento de uma interação mais próxima e eficaz em relação ao paciente.
Neste contexto, esta proposta refere-se ao desenvolvimento de um software que venha auxiliar o fonoaudiólogo nos procedimentos de avaliação do sistema fonológico infantil, por meio de um instrumento rápido e eficaz, que contemple todas as características necessárias para o delineamento dos objetivos de uma avaliação deste domínio e que, ao mesmo tempo, alinhe esta tarefa às demandas e necessidades atuais, conciliando conhecimento linguístico e tecnologia da informação.

DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E DA RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA
Atualmente, os vários modelos de avaliação fonológica disponíveis apresentam restrições, seja pela desatualização das figuras, complexidade de análise, tempo despendido para execução, dificuldade de acesso, entre outras. Tampouco estas avaliações estão em consonância com uma demanda de pacientes cada vez maior, resultando, portanto, em tempo mais exíguo. Além disso, não existem propostas consolidadas que se utilizem dos avanços tecnológicos proporcionados pelas TICs. Por este motivo, verifica-se a necessidade de se propor uma avaliação fonológica infantil que seja mais rápida e simples em sua execução e análise, realizada com o auxílio da inovação tecnológica e, ao mesmo tempo, tão eficaz quanto os testes formais já consagrados.
Uma resolução para tal iniciou em 2006, com a confecção de um instrumento denominado Protocolo de Avaliação Fonológica Infantil - PAFI. O PAFI passou por várias versões, sendo suas modificações baseadas em evidências científicas. Sua validação na versão lápis-papel (20178), é resultado de uma série de pilotos que procuraram adequar o instrumento às necessidades da clínica fonoaudiológica, verificando questões referentes ao reconhecimento dos desenhos e das palavras, ao tempo de execução da coleta e análise dos dados e, obviamente, à eficácia em relação aos demais protocolos disponíveis, por meio da análise de medidas psicométricas de validade. Finalizada esta etapa, buscou-se apoio interdisciplinar para construção de um software que fosse capaz de dar conta de todos os requisitos da avaliação em um ambiente virtual e que proporcionasse melhor acesso, agilidade, fidedignidade e aceitação por parte tanto do terapeuta quanto do paciente. O PAFI-virtual é um instrumento composto por 25 figuras que são nomeadas pela criança, cujo objetivo é avaliar a realização de todos os fonemas do Português Brasileiro em todas as posições silábicas possíveis na língua. A construção do software se deu por meio da aplicação de metodologias ágeis.
APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA
O PAFI-virtual será ferramenta importante para o trabalho fonoaudiológico, uma vez que o sucesso da reabilitação das alterações de linguagem infantil depende de correto planejamento, que se dá através de adequada avaliação.
Seu caráter inovador está não só no uso de TICs para execução deste procedimento, mas também na garantia da agilidade e eficácia do instrumento. A eficácia está garantida pela avaliação psicométrica do instrumento por meio da verificação de validade tanto interna quanto externa na sua versão lápis-papel. O protocolo foi capaz de medir as variáveis para a qual foi construído, garantindo similaridade quando comparado com o padrão de referência utilizado (AFC9). A agilidade na coleta de dados também foi garantida na seleção cuidadosa dos alvos e dos desenhos, facilitando o reconhecimento por parte das crianças e possibilitando análise concomitante de segmentos consonantais por meio de um único alvo. Além disso, a versão virtual, garante agilidade na análise, uma vez que o software é capaz de detectar, por meio da transcrição realizada, os processos fonológicos que estão atuando na fala da criança e, por meio da comparação com os padrões típicos da aquisição fonológica do Português Brasileiro, traçar atrasos e alterações descritas em um laudo de avaliação.
Tal inovação, apesar do importante auxílio que traz à avaliação, não exime a necessidade de um profissional capacitado que seja capaz de reunir tais elementos e realizar seu trabalho de forma rápida e precisa.

1- Goulart, B. N. G. D., & Chiari, B. M. (2007). Avaliação clínica fonoaudiológica, integralidade e humanização: perspectivas gerais e contribuições para reflexão. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 12(4), 335-40.

2- Silva, R. A. D., Lopes-Herrera, S. A., & De Vitto, L. P. M. (2007). Distúrbio de linguagem como parte de um transtorno global do desenvolvimento: descrição de um processo terapêutico fonoaudiológico. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 12(4), 322-8.

3- Bisol, L. (Ed.). (2005). Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. EdiPUCRS.

4- Lier-De Vitto, M. F., & Arantes, L. (2006). Aquisição, patologias e clínica de linguagem. EDUC-Editora da PUC-SP.

5- Ferreira, T. D. L. (2015). Processamento fonológico, leitura e escrita em crianças com dislexia do desenvolvimento e crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.

6- Spíndola, R. D. A., Payão, L. M. D. C., & Bandini, H. H. M. (2007). Abordagem fonoaudiológica em desvios fonológicos fundamentada na hierarquia dos traços distintivos e na consciência fonológica. Revista CEFAC, 9(2), 180-189.

7- Giacchini, V., Mota, H. B., & Mezzomo, C. L. (2011). Diferentes modelos de terapia fonoaudiológica nos casos de simplificação do onset complexo com alongamento compensatório. Revista CEFAC, 13(1).

8- Bonamigo, A. W., Vidor, D. C. G. M., Gurgel, L. (2017). Validação do Protocolo de Avaliação Fonológica Infantil - PAFI. Trabalho de Conclusão de Curso.

9- Yavas, M., Hernandorena, C. L. M., & Lamprecht, R. R. (1992). Avaliação fonológica da criança: reeducação e terapia.



HIGHLIGHTS
1030
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL COM ESCALAS EXPANDIDO: AMIOFE-E LACTENTES (6-24 MESES)
Motricidade Orofacial (MO)


PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL COM ESCALAS EXPANDIDO: AMIOFE-E LACTENTES (6-24 MESES)

CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO: A necessidade de avaliar as condições miofuncionais orofaciais de lactentes acometidos pelo surto de microcefalia, que ocorreu a partir de 2015 na região Nordeste do Brasil, levou-nos a constatação da ausência tanto de um protocolo validado na área de motricidade orofacial (MO), como de parâmetros de normalidade para o período de 6 a 24 meses de idade. A estreita relação entre a forma e função das estruturas craniofaciais desde a fase intrauterina(1) torna imprescindível a avaliação miofuncional orofacial a fim de evitar ou minimizar prejuízos durante o desenvolvimento infantil(2).

DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: Como avaliar os aspectos miofuncionais orofaciais de lactentes de 6 a 24 meses de idade?

RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA: Considerou-se que a opção seria partir de um instrumento validado para crianças de faixa etária superior e adaptá-lo. Por meio da revisão da literatura, o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandido (AMIOFE-E)(3), validado para crianças de 6 a 12 anos foi selecionado.
A anuência das autoras do protocolo AMIOFE-E foi obtida e o projeto foi aprovado pelo comitê de ética sob nº CAAE: 12529419.6.0000.5546.
O processo teve início com a adaptação da aparência e do conteúdo do AMIOFE-E, o qual serviu de base para o estudo. Para isso, foi considerando a literatura sobre o desenvolvimento motor orofacial nos primeiros 2 anos de vida, a experiência das pesquisadoras na área de MO. Posteriormente, a versão adaptada foi analisada por um comitê de 10 especialistas em MO em duas etapas, até que a versão final atingiu 90-100% de concordância entre avaliadores. O novo instrumento validado foi denominado como Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escalas Expandido: AMIOFE-E LACTENTES (6-24 MESES); considerando a nomenclatura do DeCS - Descritores em Ciências da Saúde, a qual denomina de lactentes a faixa etária da criança entre 1 e 23 meses de idade.
O AMIOFE-E Lactentes é dividido em blocos funcionais de estruturas que se relacionam, fundamentada em padrões de desenvolvimento – habilidades motoras orais e globais - por faixa etária. O protocolo inclui: identificação e dados clínicos; histórico de alimentação (modo de oferta de alimentação: aleitamento e alimentos em geral, textura da dieta, dificuldades e/ou adaptações na oferta da dieta) e hábitos parafuncionais orofaciais; e o exame clínico. Por meio dele é possível avaliar a aparência e condição postural/posição dos seguintes componentes do sistema estomatognático: face, maxila/mandíbula, bochechas, dentes, lábios, língua, palato duro, palato mole/úvula, bem como da mobilidade e funções de respiração, deglutição e mastigação. Um manual operacional orienta o fonoaudiólogo quanto à aplicação do protocolo, aos registros de imagens e à atribuição de escores. Atenção especial às possibilidades inerentes à idade e ao padrão alimentar habitual do lactente é recomendada. Ao final do protocolo é disponibilizada uma tabela com os escores máximos que podem ser obtidos em cada bloco funcional separados nas faixas etárias de 6 aos 11 meses e 29 dias e dos 12 meses aos 24 meses; onde o avaliador deverá transcrever o escore total para cada elemento avaliado.

APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: O protocolo AMIOFE-E Lactentes vem preencher uma lacuna na área de MO e poderá ser um instrumento útil para a definição de parâmetros de normalidade e para a detecção de desvios ou distúrbios na população até 24 meses de vida. Isso, contribuirá para a definição da necessidade ou não de intervenção, do que precisa ser abordado para a promoção da saúde do lactente, dos aspectos a serem trabalhados em terapia e a mensuração dos efeitos. Além disso, poderá ser útil em pesquisas sobre o sistema miofuncional orofacial de crianças entre 6 e 24 meses de idade. Os profissionais da Fonoaudiologia terão acesso amplo ao protocolo assim que publicado na revista CoDAS (no prelo), a qual está na base Scielo, de acesso gratuito. Futuras pesquisas serão desenvolvidas para investigar as propriedades psicométricas do instrumento.

Referências Bibliográficas
1. Hall JG. Importance of Muscle Movement for Normal Craniofacial Development. J Craniofac Surg [Internet]. 2010 Sep;21(5):1336–8. Available from: http://journals.lww.com/00001665-201009000-00007
2. Medeiros AMC, Medeiros M. Avaliação fonoaudiológica. In: Medeiros AMC MM. Motricidade orofacial: inter-relação entre fonoaudiologia e odontologia. Lovise, editor. são Paulo; 2006. 118 p.
3. Felício CM de, Folha GA, Ferreira CLP, Medeiros APM. Expanded protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores: Validity and reliability. Int J Pediatr Otorhinolaryngol [Internet]. 2010 Nov;74(11):1230–9. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0165587610003654



HIGHLIGHTS
2152
PROTOCOLO DE INDICAÇÃO DAS PRÓTESES AUDITIVAS ANCORADAS NO OSSO NOS CASOS DE MALFORMAÇÕES DE ORELHA E OTITE MÉDIA CRÔNICA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


As próteses auditivas ancoradas no osso (PAAO) são alternativas para o processo de reabilitação do indivíduo com malformações de orelha externa e/ou média, assim como para aqueles que apresentam Otite Média Crônica sem indicação de uso de aparelho de amplificação sonora individual (AASI) convencional. A reabilitação destes indivíduos, anteriormente às PAAO, muitas vezes, cursavam com alta taxa de insucesso justificada pelo arco de metal que auxilia na fixação do vibrador ósseo, pois frequentemente causava luxações ou dor excessiva; por não serem esteticamente bem aceitos pelos usuários, assim como pela impossibilidade de uso de AASI por via aérea no caso de indivíduos com infecções recorrentes.
Com o objetivo de compartilhar nossa experiência no tratamento da deficiência auditiva por meio das PAAO em mais de 120 indivíduos implantados, será descrito o protocolo de indicação das PAAO para candidatos adolescentes e adultos com perda auditiva condutiva ou mista decorrente de malformações de orelha externa e/ou média e Otite Média Crônica, sem indicação de uso de AASI convencional por via aérea.
Este protocolo clínico de indicação de PAAO é baseado nas Diretrizes Gerais para a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva no Sistema Único de Saúde, portaria GM/ MS nº 2.776, nas evidências científicas nacionais e internacionais e complementado com a experiência clínica no atendimento dos indivíduos com as referidas patologias.
A avaliação otorrinolaringológica consiste na investigação médica das condições de saúde geral, condições otológicas e anatômicas com avaliação por imagem (tomografia computadorizada), orientação ao paciente sobre os riscos e benefícios da cirurgia, bem como sobre o prognóstico com o uso da PAAO.
A avaliação audiológica realizada por fonoaudiólogo visa caracterizar a perda auditiva quanto ao tipo (Silman e Silverman, 1997) e grau, segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2017). Os limiares tonais são pesquisados nas faixas de frequência por condução aérea de 250 a 8000 Hz e por condução óssea de 250 a 4000 Hz com tom puro modulado (warble). Na audiometria com estímulo de fala é determinado o Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) por condução aérea e óssea e o Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) por condução aérea e com intensidade fixa em 50 dBNA por condução óssea.
O levantamento de informações a respeito do histórico audiológico do indivíduo são imprescindíveis para posterior análise dos benefícios e satisfação obtidos com os atuais dispositivos auditivos e quanto às expectativas sobre o uso de PAAO. Dessa maneira, são exploradas questões a respeito do uso prévio de AASI por condução aérea ou por condução óssea, modelo do dispositivo adaptado, tempo de adaptação, local de uso do AASI por condução óssea, assim como as impressões, os benefícios e as dificuldades atuais com o AASI.
A verificação do benefício com o AASI abrange a inspeção visual e acústica do AASI, Audiometria em Campo Livre (estímulo a 0º azimute), Testes de Percepção da Fala sem e com o AASI, no silêncio e no ruído: Reconhecimento de monossílabos no silêncio (estímulo de fala a 0º azimute e nível de apresentação em 60 dBNPS) (Lacerda, 1976) e Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Ruído para a pesquisa da relação Sinal/Ruído (estímulo de fala e ruído a 0º azimute com apresentação da fala inicialmente em 65 dBNPS e ruído fixo a 60 dBNPS) – Lista de Sentenças em Português (Costa, 1997), Questionários de Auto-Avaliação em indivíduos acima de 15 anos: APHAB (Abbreviated Profile of Hearing Aid Benefit) (Cox e Alexander, 1995) e HHIA (Hearing Handicap Inventory for Adults) nas situações sem e com o AASI (Newman et. al., 1991), SADL (Satisfaction with Amplification in Daily Life) somente na condição com AASI (Cox e Alexander, 2001) e (Mondelli et al. 2011).
Na etapa de indicação das PAAO e no decorrer de todo o processo, os candidatos passam por avaliação psicológica na qual são abordados os indicadores psicopatológicos, cognitivos e do autoconceito, indicadores de depressão e ansiedade, aspectos comportamentais e afetivo/social e realizada análise da família. A atuação do serviço social, também de grande importância, compreende o estudo socioeconômico do paciente e/ou da família a fim de verificar os recursos disponíveis para seu acesso ao serviço de saúde auditiva e continuidade do acompanhamento audiológico após a realização da cirurgia.
Fundamentada nos dados obtidos neste protocolo clínico, uma discussão em conjunto com a equipe multiprofissional é realizada a fim de definir a respeito da indicação e seleção da PAAO para cada indivíduo.

1. Silman S, Silverman CA. Basic audiologic testing. In: ______. Auditory diagnosis: principles and applications. San Diego: Singular Publishing Group; 1997. p. 44-52.
2. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Prevent of blindness and deafness: grades of hearing impairment. c2017. Disponível em: . Acesso em: 13 jul. 2020.
3. Lacerda, AP. In: ________. Audiologia Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1976. 199p.
4. Costa MJ. Desenvolvimento de listas de sentenças em português [tese]. São Paulo: Escola Paulista de Medicina; 1997.
5. Newman, GW, Weinstein, BE, Jacobson, GP & Hug, GA. Test-Retest Reliability of the Hearing Handicap Inventory for Adults. Ear and Hear. 1991; 12(5): 355-357.
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7. Cox RM, Alexander GC. Validation of the SADL questionnaire. Ear Hear. 2001; 222(2): 151-60.
8. Mondelli, MFCG, Magalhães, FF, Lauris, JRP. Cultural adaptation of the SADL (Satisfaction with Amplification in Daily Life) questionnaire for Brazilian Portuguese. Braz J Otorhinolaryngol. 2011; 77(5): 563-72


HIGHLIGHTS
1117
PROTOCOLO MMBGR: INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL PARA LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES
Motricidade Orofacial (MO)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO: A utilização de protocolos padronizados e validados para mensuração da Motricidade Orofacial (MO) é importante, tanto na rotina de atuação prática da clínica fonoaudiológica, quanto em pesquisas da área. Os principais protocolos para a avaliação miofuncional orofacial da população brasileira, o AMIOFE(1,2) e o MBGR(3) são ambos destinados aos indivíduos na faixa etária superior aos 6 anos de vida. Até o presente momento não existiam protocolos validados para avaliação da MO destinados aos lactentes e pré-escolares, faixas etárias de 1 a 24 meses de vida, e entre 2 e 5 anos de idade, respectivamente; conforme descritores de Ciências da Saúde (DeCS). Portanto, o estudo das características da MO em idades precoces pretende contribuir para melhor entendimento do funcionamento normal do sistema estomatognático e suas eventuais alterações.

DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: Como avaliar aspectos miofuncionais orofaciais, por meio de um protocolo padronizado, considerando a população menor de 6 anos de idade?

RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA: O processo iniciou-se com a adaptação do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial MBGR(3) seguido do estudo do tipo validação, conforme recomendado na literatura(4). O estudo foi aprovado no comitê de ética sob nº CAAE: 12529419.6.0000.5546. Houve apoio do CNPq. A validação de aparência e conteúdo, e a aplicabilidade, com a validade de critério foram concluídas. O Protocolo passou a ser intitulado MMBGR – Lactentes e pré-escolares e demonstrou ter aplicabilidade e confiabilidade para lactentes e pré-escolares sem queixa de distúrbios miofuncionais, para a maioria dos itens analisados.
O protocolo MMBGR – lactentes e pré-escolares, compõe-se de Instrutivo; História Clínica e Exame Clínico, abrangendo os grupos etários: 6-11 meses; 1; 2; 3 a 5 anos, respectivamente. O instrutivo contempla orientações sobre a utilização do Protocolo MMBGR, tanto em relação à aplicação, como ao registro de História Clínica e Exame Clínico. Esclarece sobre seu objetivo, destinado ao fonoaudiólogo avaliar, diagnosticar e estabelecer prognóstico em MO; orienta sobre o tempo médio dispendido para aplicação e apresenta roteiro de registro de imagens estáticas e dinâmicas colhidas durante o exame.
O Protocolo História Clínica contempla aspectos a serem levantados junto ao responsável pelo lactente/pré-escolar na situação de anamnese/entrevista inicial. Abrange desde a identificação do lactente/pré-escolar, até dados relacionados diretamente à queixa e ao motivo do encaminhamento para Fonoaudiologia. Aspectos sobre desenvolvimento estão organizados conforme ocorrência e período, além de registro das dificuldades encontradas; incluindo cronologia referencial sobre aquisição de cada comportamento. Constam itens de desenvolvimento Motor, da Alimentação (amamentação até uso de utensílios), além daqueles voltados aos problemas de saúde, respiratórios, sono; bem como tratamentos fonoaudiológicos e interdisciplinares; e ocorrência de hábitos deletérios. Dados sobre o padrão atual do lactente/pré-escolar também estão elencados, incluindo aspectos alimentares, da mastigação, da deglutição, da fala, da comunicação oral e da voz.
O protocolo Exame Clínico contém itens relacionados desde a identificação do lactente/pré-escolar até o registro de medidas antropométricas (peso e altura corporal, IMC). Abrange aspectos miofuncionais orofaciais a serem observados na situação da avaliação clínica. A maioria dos itens pode ser registrado em imagem (fotografia e/ou vídeo) e assistido posteriormente para certificação/conferência.
A avaliação das estruturas orofaciais está dividida em Exame Extraoral (face, lábios, mandíbula) e Exame Intraoral (lábios, bochechas, língua, frênulo, palato, tonsilas palatinas, dentes e oclusão). O tônus é avaliado considerando as impressões proprioceptivas do toque adquiridas pelo fonoaudiólogo durante o exame. As funções orofaciais estão organizadas conforme possibilidade de ocorrência em cada faixa etária, exceto para respiração, avaliada em toda população (6 a 71 meses de idade).
Em lactentes amamentados ou que utilizem mamadeira são avaliadas as funções de Sucção/Deglutição, sendo que a partir dos 12 meses de idade já há a avaliação da Mastigação e da Deglutição (com alimentos sólido/semissólido) e da Deglutição de líquido (em copo). A avaliação de Deglutição de pastoso é indicada somente para lactentes. A avaliação da Fala, por intermédio da prova de nomeação, é aplicada a partir dos 12 meses de idade.
Em pré-escolares são avaliadas as funções de Mastigação e Deglutição de sólido; Deglutição de líquido; e Fala: Produção de fones/fonemas, por intermédio de prova de nomeação, e prova fala semi-dirigida. É realizada prova terapêutica para sons alterados. São avaliados os Aspectos Gerais da Fonoarticulação, inclusive como norteador sobre a necessidade de realização de protocolo mais específico (por exemplo, para avaliação de linguagem e/ou voz). Há uma prancha com figuras ilustrativas, elaborada com colaboração de profissional de design gráfico, para uso na prova de nomeação. A partir do estudo sobre a aquisição e ocorrência dos fones da língua portuguesa, por faixa etária, foi elaborado um quadro contendo o cronograma de aquisição dos fonemas que integra o instrumento.
Ao final o protocolo MMBGR apresenta ao final uma tabela, a ser preenchida pelo avaliador, contendo o resumo do Exame Miofuncional Orofacial, com os itens a serem pontuados (em escore), escalonados por faixa etária, com valores que variam de zero (melhor valor possível de ser obtido) até, respectivamente, 114 (6-11 meses), 160 (12-23 meses), 135 (24-35 meses) e 150 (36-71 meses), para escores totais, conforme alterações percebidas. O último campo é destinado para assinatura do exame pelo fonoaudiólogo, com respectivo número de Registro no Conselho Profissional (CRFa).

APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: O protocolo MMBGR – lactentes e pré-escolares é um instrumento inédito e inovador, que preenche uma importante lacuna para a clínica da MO e suas pesquisas, ampliando o conhecimento científico na Fonoaudiologia, junto à população infantil.


1. Felício CM de, Ferreira CLP. Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores. Int J Pediatr Otorhinolaryngol [Internet]. 2008 Mar;72(3):367–75. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0165587607005721
2. Folha GA. Ampliação das escalas numéricas do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade [Internet]. [Ribeirão Preto]: Universidade de São Paulo; 2010. Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17151/tde-22102013-084025/
3. BERRETIN-FELIX G, Genaro KF, Marchesan IQ. Protocolos de avaliação da motricidade orofacial 1: Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial - MBGR. In: Silva HJ da, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA da, Berretin-Felix G, Marchesan IQ, editors. Tratado de Motricidade Orofacial. 1st ed. São José dos Campos; 2019. p. 255–72.
4. Pernambuco L, Espelt A, Junior HVM, Lima KC de. Recommendations for elaboration, transcultural adaptation and validation process of tests in Speech, Hearing and Language Pathology. CoDAS. 2017;29(3).



HIGHLIGHTS
2184
RECURSOS DE ACELEROMETRIA DE ALTA RESOLUÇÃO E DEGLUTIÇÃO: O QUE TEMOS E PARA ONDE IREMOS?
Disfagia (DIS)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: Embora os padrões de referência para a avaliação e diagnóstico da disfagia orofaríngea sejam a videofluoroscopia da deglutição (VFD) e a videoendoscopia da deglutição (VED), alguns parâmetros complementares podem nortear a identificação de distúrbios da deglutição e fornecer informações como o deslocamento de estruturas, atividade muscular e coordenação entre respiração e deglutição. Existe tendência atual e entusiasmo crescente dos pesquisadores em relação ao uso de abordagens sem radiação e não invasivas, com o uso de tecnologias vestíveis como sensores, por exemplo, para detectar, mensurar ou monitorar eventos e parâmetros relacionados à deglutição. Os sensores de alta resolução (sensores piezoelétricos, microfones e acelerômetros) têm sido investigados nos últimos 30-40 anos e permitem a captação de espectros de sinais vibratórios, acústicos e de deslocamentos que ocorrem na região do pescoço durante a deglutição. DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: Há uma demanda importante pelo desenvolvimento de algoritmos de processamento de sinais e imagens que auxiliem os profissionais de saúde a aprimorar o rastreamento, avaliação, diagnóstico e monitoramento da disfagia orofaríngea, especialmente em situações reais e não apenas controladas clinicamente. Apesar do crescente interesse dos pesquisadores na relação entre a ciência de dados e deglutição, ainda são necessários investimentos em tecnologias e algoritmos clinicamente relevantes, acessíveis, de fácil utilização e baixo custo. RESOLUÇÃO ENCONTRADA/APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR: Pesquisadores tem buscado alternativas de avaliação com menor custo e que permitam também avaliação em tempo e situações reais por meio de tecnologias vestíveis. Esses recursos tecnológicos apresentam inúmeras vantagens, dentre elas uma mensuração mais objetiva e/ou quantitativa; a possibilidade de investigar a função fora do setting controlado pelo avaliador; a redução do tempo para análise dos dados, considerando que atualmente essa análise depende sobremaneira de estratégias executadas por um avaliador; maior precisão, já que a abordagem convencional é demorada e propensa a erros humanos devido à fadiga visual ou falta de conhecimento clínico/treinamento formal para análise de imagens; e a possibilidade de um recurso mais viável para a rotina clínica no âmbito individual e até mesmo coletivo, sendo mais disponível e acessível financeiramente do que os exames instrumentais tradicionais. O acelerômetro é um tipo de sensor que pode fornecer biofeedback sobre a deglutição e contribuir significativamente para a melhora dos julgamentos sobre a eficácia dos tratamentos pré e pós-terapia, além de ser útil também como ferramenta de triagem ou até mesmo diagnóstica. Consiste ainda em um tipo de tecnologia vestível com viabilidade de baixo e custo e passível de ser utilizado na rotina diária do indivíduo. O processamento de sinais gerado por acelerometria de alta resolução está baseado nas seguintes etapas¹: (1) escolha do sensor; (2) pré-processamento dos dados; (3) extração de recursos das gravações obtidas na deglutição; (4) tomada de decisão clínica em relação ao tipo de análise realizada e técnicas de aprendizado de máquina. Na literatura científica, atualmente, são utilizados os diferentes tipos de sensores para a avaliação da função de deglutição, com diferentes frequências e larguras de banda para análise do sinal. É relatado também o uso de diversas modalidades de sensores de forma simultânea, com os sinais sincronizados pelo uso do mesmo sistema de aquisição de dados. Aparentemente, a utilização de múltiplos sensores melhora a detecção dos eventos e contribui para uma análise mais abrangente da deglutição. O pré-processamento do sinal é uma tarefa imprescindível para uma boa aquisição de dados e envolve técnicas de filtragem e remoção de ruídos, para normalização das gravações obtidas. Nas contribuições, essas técnicas também costumam diferir, o que dificulta a replicação dos métodos propostos em estudos posteriores. A extração dos dados tem como base a análise estatística dos dados extraídos e até o momento diversos algoritmos foram desenvolvidos para auxiliar no processo de tomada de decisão clínica. Estudos mostram que a maioria dos métodos de aprendizado de máquina já foram utilizados, como métodos Bayesianos, máquinas de vetores de suporte e mais recentemente, redes neurais profundas². MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Os estudos que utilizam os sensores de alta resolução e o uso da inteligência artificial para a avaliação de eventos da deglutição apontam a possibilidade do uso dessa ferramenta para o uso adicional nos estudos da deglutição, visto que apresenta correlação com parâmetros temporais³ avaliados por VFD, e já é apontado como um sistema eficaz e promissor como modalidade de biofeedback durante a terapia de deglutição3,4, necessitando de mais estudos para verificação da eficácia clínica para esta finalidade5. Nossos grupos de pesquisa têm investido na identificação de um recurso de acelerometria que atenda essas necessidades e seja viável na realidade brasileira, pois acreditamos que ferramentas vestíveis para a avaliação em tempo integral, dentro e fora da clínica fonoaudiológica são um exemplo de avanço tecnológico e de cuidado em saúde.

REFERÊNCIAS

1. Sejdic E, Malandraki GA, Coyle JL. Computational Deglutition: Signal and image processing methods to understand swallowing and associated disorders. IEEE Signal Process Mag. 2019; 36(1):138-146.

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3. Wang CM, Wang CJ, Shieh WY, Chen YC, Cheng WJ, Chang WH. Correlation of Temporal Parameters of Laryngeal Excursion by Using Force-Sensing Resistor Sensors with Hyoid Motion in Videofluoroscopic Swallowing Study. Dysphagia. 2020; 10.1007/s00455-020-10121-2.


4. Donohue C, Mao S, Sejdic E, Coyle JL. Tracking Hyoid Bone Displacement During Swallowing Without Videofluoroscopy Using Machine Learning of Vibratory Signals. Dysphagia. 2020; 10.1007/s00455-020-10124-z.

5. Li CM, Lee HY, Hsieh SH, Wang TG, Wang HP, Chen JJ. Development of Innovative Feedback Device for Swallowing Therapy. J Med Biol Eng. 2016; 36:357-368.


HIGHLIGHTS
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RECURSOS DE ACELEROMETRIA DE ALTA RESOLUÇÃO E DEGLUTIÇÃO: O QUE TEMOS E PARA ONDE IREMOS?
Disfagia (DIS)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: Embora os padrões de referência para a avaliação e diagnóstico da disfagia orofaríngea sejam a videofluoroscopia da deglutição (VFD) e a videoendoscopia da deglutição (VED), alguns parâmetros complementares podem nortear a identificação de distúrbios da deglutição e fornecer informações como o deslocamento de estruturas, atividade muscular e coordenação entre respiração e deglutição. Existe tendência atual e entusiasmo crescente dos pesquisadores em relação ao uso de abordagens sem radiação e não invasivas, com o uso de tecnologias vestíveis como sensores, por exemplo, para detectar, mensurar ou monitorar eventos e parâmetros relacionados à deglutição. Os sensores de alta resolução (sensores piezoelétricos, microfones e acelerômetros) têm sido investigados nos últimos 30-40 anos e permitem a captação de espectros de sinais vibratórios, acústicos e de deslocamentos que ocorrem na região do pescoço durante a deglutição. DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: Há uma demanda importante pelo desenvolvimento de algoritmos de processamento de sinais e imagens que auxiliem os profissionais de saúde a aprimorar o rastreamento, avaliação, diagnóstico e monitoramento da disfagia orofaríngea, especialmente em situações reais e não apenas controladas clinicamente. Apesar do crescente interesse dos pesquisadores na relação entre a ciência de dados e deglutição, ainda são necessários investimentos em tecnologias e algoritmos clinicamente relevantes, acessíveis, de fácil utilização e baixo custo. RESOLUÇÃO ENCONTRADA/APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR: Pesquisadores tem buscado alternativas de avaliação com menor custo e que permitam também avaliação em tempo e situações reais por meio de tecnologias vestíveis. Esses recursos tecnológicos apresentam inúmeras vantagens, dentre elas uma mensuração mais objetiva e/ou quantitativa; a possibilidade de investigar a função fora do setting controlado pelo avaliador; a redução do tempo para análise dos dados, considerando que atualmente essa análise depende sobremaneira de estratégias executadas por um avaliador; maior precisão, já que a abordagem convencional é demorada e propensa a erros humanos devido à fadiga visual ou falta de conhecimento clínico/treinamento formal para análise de imagens; e a possibilidade de um recurso mais viável para a rotina clínica no âmbito individual e até mesmo coletivo, sendo mais disponível e acessível financeiramente do que os exames instrumentais tradicionais. O acelerômetro é um tipo de sensor que pode fornecer biofeedback sobre a deglutição e contribuir significativamente para a melhora dos julgamentos sobre a eficácia dos tratamentos pré e pós-terapia, além de ser útil também como ferramenta de triagem ou até mesmo diagnóstica. Consiste ainda em um tipo de tecnologia vestível com viabilidade de baixo e custo e passível de ser utilizado na rotina diária do indivíduo. O processamento de sinais gerado por acelerometria de alta resolução está baseado nas seguintes etapas¹: (1) escolha do sensor; (2) pré-processamento dos dados; (3) extração de recursos das gravações obtidas na deglutição; (4) tomada de decisão clínica em relação ao tipo de análise realizada e técnicas de aprendizado de máquina. Na literatura científica, atualmente, são utilizados os diferentes tipos de sensores para a avaliação da função de deglutição, com diferentes frequências e larguras de banda para análise do sinal. É relatado também o uso de diversas modalidades de sensores de forma simultânea, com os sinais sincronizados pelo uso do mesmo sistema de aquisição de dados. Aparentemente, a utilização de múltiplos sensores melhora a detecção dos eventos e contribui para uma análise mais abrangente da deglutição. O pré-processamento do sinal é uma tarefa imprescindível para uma boa aquisição de dados e envolve técnicas de filtragem e remoção de ruídos, para normalização das gravações obtidas. Nas contribuições, essas técnicas também costumam diferir, o que dificulta a replicação dos métodos propostos em estudos posteriores. A extração dos dados tem como base a análise estatística dos dados extraídos e até o momento diversos algoritmos foram desenvolvidos para auxiliar no processo de tomada de decisão clínica. Estudos mostram que a maioria dos métodos de aprendizado de máquina já foram utilizados, como métodos Bayesianos, máquinas de vetores de suporte e mais recentemente, redes neurais profundas². MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Os estudos que utilizam os sensores de alta resolução e o uso da inteligência artificial para a avaliação de eventos da deglutição apontam a possibilidade do uso dessa ferramenta para o uso adicional nos estudos da deglutição, visto que apresenta correlação com parâmetros temporais³ avaliados por VFD, e já é apontado como um sistema eficaz e promissor como modalidade de biofeedback durante a terapia de deglutição3,4, necessitando de mais estudos para verificação da eficácia clínica para esta finalidade5. Nossos grupos de pesquisa têm investido na identificação de um recurso de acelerometria que atenda essas necessidades e seja viável na realidade brasileira, pois acreditamos que ferramentas vestíveis para a avaliação em tempo integral, dentro e fora da clínica fonoaudiológica são um exemplo de avanço tecnológico e de cuidado em saúde.

1. Sejdic E, Malandraki GA, Coyle JL. Computational Deglutition: Signal and image processing methods to understand swallowing and associated disorders. IEEE Signal Process Mag. 2019; 36(1):138-146.

2. Dudik JM, Coyle JL, Sejdic E. Dysphagia screening: Contribuitions of cervical auscultation signals and modern signal-processing techniques. IEE Trans Human-Mach Syst. 2015; 45(4):465-477.

3. Wang CM, Wang CJ, Shieh WY, Chen YC, Cheng WJ, Chang WH. Correlation of Temporal Parameters of Laryngeal Excursion by Using Force-Sensing Resistor Sensors with Hyoid Motion in Videofluoroscopic Swallowing Study. Dysphagia. 2020; 10.1007/s00455-020-10121-2.


4. Donohue C, Mao S, Sejdic E, Coyle JL. Tracking Hyoid Bone Displacement During Swallowing Without Videofluoroscopy Using Machine Learning of Vibratory Signals. Dysphagia. 2020; 10.1007/s00455-020-10124-z.

5. Li CM, Lee HY, Hsieh SH, Wang TG, Wang HP, Chen JJ. Development of Innovative Feedback Device for Swallowing Therapy. J Med Biol Eng. 2016; 36:357-368.


HIGHLIGHTS
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REESTRUTURAÇÃO E REINVENÇÃO DA PRÁTICA MULTIDISCIPLINAR NO ATENDIMENTO A PACIENTES COM DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM E SENSÓRIO-MOTORES: ESTRATÉGIAS DE TELEMONITORAMENTO DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19
Motricidade Orofacial (MO)


1. Contextualização e relevância do tema a ser apresentado
A integralidade do cuidado, premissa fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS), está assentada numa concepção ampliada de saúde e tem sido sustentada pela instituição na qual trabalhamos1. Nesta proposta, o foco está voltado especialmente para a discussão de uma integração muito bem sucedida entre o Setor de Fonoaudiologia (mais especificamente, os Serviços de Patologia da Linguagem e Motricidade Orofacial e Voz), que envolve profissionais e alunos da graduação em Fonoaudiologia, e os docentes e discentes da graduação em Fisioterapia.
A reabilitação caracteriza-se pela ação ou efeito da recuperação, composta por um processo que demanda a atuação de diferentes profissionais. Fonoaudiólogos e fisioterapeutas atuam com objetivos clínicos específicos, mas também com o propósito de reinserção social de seus pacientes. Abordagens multidisciplinares são eficazes na melhora da sua condição biopsicossocial2. Tendo isso em vista, os Serviços antes referidos e o Estágio em Fisioterapia se articularam para realizar encontros semanais em grupos envolvendo 25 participantes (entre eles pacientes, familiares e cuidadores, 7 estagiários, 3 fonoaudiólogos e 1 fisioterapeuta).

2. Definição da situação-problema e da resolução proposta
Os encontros presenciais referidos anteriormente foram interrompidos em função do isolamento social, preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando o enfrentamento da pandemia por Covid-19. Uma alternativa virtual para a manutenção de tais encontros foi elaborada em conjunto pelos profissionais e alunos implicados na reabilitação dos pacientes com o objetivo de propor estratégias expressivas, de manutenção de habilidades motoras (fonoaudiológicas e fisioterapêuticas) e de fortalecimento de laços entre pacientes, profissionais e familiares. Também objetivou-se evitar agravos à saúde de forma global, minimizando riscos de pneumonias aspirativas3, o isolamento por efeito dos distúrbios linguísticos4, prolongar o uso equilibrado da voz e articulação 5,6,7 e manter o corpo em atividade.
Profissionais e alunos, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde no Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção Primária à Saúde8, reinventaram suas estratégias de atuação, usando tecnologia de telemonitoramento, ferramentas síncronas e assíncronas no acompanhamento dos pacientes. O material foi cuidadosamente preparado para assegurar que, à distância, os objetivos de tais práticas pudessem ser mantidos no período de isolamento social.

3. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade das abordagens fonoaudiológica e fisioterapêutica
O grupo inicial que participou das atividades presenciais era composto, como já assinalamos, por 25 participantes de ambos os sexos, com idade entre 19 a 84 anos, acometidos por sequelas neurológicas e/ou portadores de dificuldades sensório-motoras, distúrbios linguísticos ou mesmo de ingesta alimentar.
Nas semanas após a paralisação das atividades presencias para cumprimento da quarentena, imposta pela pandemia de COVID-19, definiu-se a elaboração de materiais a serem enviados aos pacientes, familiares e/ou cuidadores: vídeos com orientações e demonstrações de exercícios em atividades fisioterapêuticas e de motricidade orofacial e voz, bem como vídeos, fotos e áudios para realização de atividades artísticas.
Os vídeos tiveram curta duração, as orientações foram escritas de forma objetiva e direta, as demonstrações foram gravadas em ambiente bem iluminado. As atividades foram conduzidas por alunos e profissionais, direcionadas às necessidades dos pacientes, que foram contatados previamente pelo aplicativo WhatsApp e convidados a participar das atividades por acesso remoto. Foram incluídos apenas os que retornaram com um “de acordo”. Formou-se, então, um grupo de WhatsApp com 20 pacientes de ambos os sexos, com idade entre 19 a 84 anos. Os exercícios e orientações propostos utilizaram utensílios domésticos e o espaço interno da casa dos pacientes, garantindo que pudessem ser realizados em segurança, sob a orientação de profissionais e estagiários, bem como supervisionados por familiares e/ou cuidadores. Os materiais foram encaminhados entre abril e junho de 2020, totalizando 11 semanas, sendo que a cada semana foram postados 4 vídeos, 1 áudio e fotos de arte.
Para monitorar o aproveitamento dos pacientes, foi criado um questionário online9 e encaminhado ao grupo. Além dos dados de identificação e data, os pacientes deveriam responder perguntas sobre a clareza das orientações, a impressão sobre as atividades propostas utilizando a escala de Likert, com classificação entre ótimas, boas, ruins ou péssimas; responder sim ou não para a prática das atividades e a frequência em 1, 2, 3 ou 4 vezes por semana, todos os dias, ou não realizava. Também deveria registrar quem havia preenchido o questionário (paciente, cuidador ou familiar, profissional ou estagiário) e, por último, poderia deixar sugestões sobre as atividades.
Foram respondidos 14 questionários entre os meses de maio e junho de 2020. A avaliação da qualidade dos vídeos encaminhados com as orientações foi considerada como ótima ou boa por mais de 70% dos pacientes em todas as atividades propostas. Apenas um vídeo de fisioterapia recebeu uma avaliação negativa e 25% dos participantes não souberam avaliar a qualidade dos vídeos das oficinas de arte (pintura, culinária e literatura).
Com relação à prática dos exercícios enviados, os pacientes tiveram maior adesão às atividades da fonoaudiologia, sendo que 84,7% relataram estar praticando as orientações, enquanto 78% referiram fazer os exercícios de fisioterapia e 35,7% registraram que praticam as atividades das oficinas de arte. Ao avaliar a frequência semanal de prática das atividades, verificou-se que as orientações propostas pela fisioterapia e fonoaudiologia são executadas de formas semelhantes, sendo que 35,7% realizam as atividades duas vezes na semana e menor parcela realiza todos os dias da semana, sendo 7,1% para os exercícios da fisioterapia e 14,3% para os exercícios da fonoaudiologia.

4. Comentários conclusivos
A proposta de intervenção multidisciplinar se mostrou motivadora desde o início do trabalho realizado na instituição. A continuidade das atividades com a utilização de recursos tecnológicos, em tempos de isolamento social, teve excelente adesão por parte dos integrantes, que mantiveram a interação e foram acolhidos pela equipe de profissionais. Além disso, se somou a este momento de reestruturação e reinvenção da prática multidisciplinar, o desafio em manter as atividades acadêmicas por meio de acesso remoto, promovendo com êxito o engajamento dos alunos neste projeto.

1. Ministério da Saúde https://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude/sistema-unico-de-saude [acesso em 13.07.2020] disponível em www.saude.gov.br
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3. Martino R, Foley N, Bhogal S, Diamant N, Speechley M, Teasell R. Dysphagia after stroke: incidence, diagnosis, and pulmonar complications. Stroke. 2005;36(12):2756-2763. https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/01.str.0000190056.76543.eb
4. Gomes ACS. Oficinas de Arte, em meio a falas sintomáticas, encontros singulares com a velhice. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2018.
5. Fabron EMG, Silvério KCA, Berretin-Felix G, Andrade ED, Salles PF, Moreira PAM, Brasolotto AG. Terapia vocal para idosos com progressão de intensidade, frequência e duração do tempo de fonação: estudo de casos CoDAS 2018;30(6):e20170224. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182017224
6. Ferreira TS, Mangilli LD, Sassi FC, Fortunato-Tavares T, Limongi SCO, Andrade CRF. Fisiologia do exercício fonoaudiológico: uma revisão crítica da literatura J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(3):288-96 https://doi.org/10.1590/S2179-64912011000300017
7. Bento FAM, Diaféria GLA, Fonoff ET, Padovani MMP, Behlau M. Efeito da técnica de sobrearticulação na voz e na fala em indivíduos com doença de Parkinson após cirurgia de estimulação cerebral profunda Audiol Commun Res. 2019;24:e2008 https://doi.org/10.1590/2317-6431-2018-2008
8. Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção Primária à Saúde - Versão 9 https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/pdf/37 [acesso em 13.07.2020] disponível em www.unasus.gov.br
9.https://forms.office.com/Pages/AnalysisPage.aspx?id=AZKyjn2iAkOEc8mC61vpNT8p47UpKIhCsXaZIpT7iStUNkMxT1NUOTI1SjZSSDIyMlo4WE9aWDhQSS4u&AnalyzerToken=dUc14TllvY4kPj9mHBk1ug48t3IiIKd6
10 Ministério da Saúde https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_2ed.pdf Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS
[acesso em 12.07.2020] disponível em https://bvsms.saude.gov.br


HIGHLIGHTS
2200
SINTOMAS INICIAIS DO CÂNCER DE CAVIDADE ORAL AUTORREFERIDOS POR PACIENTES E A BUSCA PELO CUIDADO.
Saúde Coletiva (SC)


Objetivo:Investigar os sintomas iniciais do câncer de cavidade oral autorreferidos pelos pacientes e sua relação com a busca pelo cuidado. Métodos: O estudo foi realizado no Centro Regional Integrado de Oncologia (CRIO). Os critérios de inclusão foram adultos e idosos, ambos os sexos, com câncer de cavidade oral. A coleta de dados foi realizada por uma análise de prontuários arquivados no setor de Fonoaudiologia do CRIO, de pacientes atendidos no período de janeiro de 2018 à junho de 2019. Utilizou-se um protocolo com dados referentes a sexo, idade, escolaridade, naturalidade, diagnóstico médico e fonoaudiológico, queixa inicial, início e final do tratamento e tempo entre o sintoma e cuidado inicial. Resultados: Foram encontrados 76,1% (n=16) indivíduos adultos e 23% (n=5) idosos, 80,9% (n=17) do sexo masculino e 19,1% (n=4) do sexo feminino. Os sintomas iniciais mais referidos foram dor 52,3% (n=11), ferida 38% (n=8) e caroço 28,5% (n=6). Com relação a localização da lesão, constatou-se que 76,1% (n=16) apresentavam lesão na língua, 38% (n=8) na mandíbula, 38% (n=8) no trígono retromolar. Na busca pelo cuidado, 47,6% (n=10) buscaram atendimento odontológico, 19% (n=4) hospitais e emergência. A média do início do sintoma ao diagnóstico médico, foram de 308 dias; da percepção ao início do tratamento foi onde apresentou maior atraso 345 dias (11 meses). Esse fato torna-se grave, haja visto o tratamento do câncer ser de caráter urgente. Em relação ao tempo entre o diagnóstico médico e o início do tratamento foi de 43 dias. Conclusão: Conclui-se que o sintoma mais referido pelos indivíduos foi dor seguido de ferida. Os indivíduos buscaram o diagnóstico tardiamente, ou seja, o tempo que o indivíduo percebeu e buscou atendimento foi o período mais demorado. Contudo, ao receber o diagnóstico, o tratamento inicia-se rapidamente como foi identificado na pesquisa a mediana de 43 dias entre o diagnóstico e o tratamento. A demora por parte do paciente é difícil de ser analisada precisamente tendo em vista que a percepção do mesmo é muito subjetiva podendo estar associada a fatores sociais e culturais que dificultam ainda mais essa intervenção precoce e preventiva.
O interesse em realizar a presente pesquisa surgiu pelo fato de almejar compreender mais sobre a sintomatologia inicial e os fatores associados ao câncer de cavidade oral. Verificar os sintomas iniciais autorreferidos pode fornecer informações subjetivas quanto às características iniciais do câncer de cavidade oral. Isto pode favorecer uma valorização da população em relação a esses sinais e sintomas, proporcionando a procura por assistência médica de forma precoce e a facilitação do diagnóstico. Além disso, este estudo pode alertar diversos profissionais da saúde para a importância da intervenção precoce, tendo em vista que as chances de sobrevida aumentam significativamente para diagnósticos em estágio inicial da doença.
Este trabalho torna-se relevante, pois contribui para um maior conhecimento dos profissionais da saúde e aqueles que buscam saber mais a respeito do assunto. Almeja-se colaborar para que haja efetivamente mais incentivos nos programas de políticas públicas de saúde afim prevenir e fortalecer o diagnóstico precoce de câncer de boca.
Este estudo portanto, visou investigar os sintomas e sinais iniciais relatados por pacientes com diagnóstico de câncer de cavidade oral e a busca pelo autocuidado autoreferenciados pelos pacientes.


21 referências


HIGHLIGHTS
2169
TELEFONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE AUDITIVA VOLTADA AOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Saúde Coletiva (SC)


A deficiência auditiva é considerada um problema de saúde pública devido à sua elevada prevalência e também aos seus impactos. As estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) direcionam para uma projeção de 900 milhões pessoas com perda auditiva incapacitante em 2050, de causas que variam desde à genéticas, complicações ao nascimento, determinadas doenças infecciosas, o uso de drogas ototóxicas, exposição ao ruído e idade.
Especificamente nas crianças, 60% das perdas auditivas poderiam ser evitadas por medidas de prevenção e, quando existentes, ações para identificar e tratar na idade adequada, teriam um impacto importante no custo-benefício das políticas públicas em saúde auditiva.
A triagem auditiva neonatal universal (TANU) tem sido reconhecida nos diferentes países como a primeira ação para viabilizar a identificação, diagnóstico e intervenção precoce da deficiência auditiva, na perspectiva de minimizar os seus impactos. No entanto, apesar da TAN ter sido regulamentada como obrigatória no Brasil em 2010, a cobertura populacional tem ampla variabilidade nas diferentes regiões do país, com cobertura média 31,8%, quando indicador de qualidade é 95%. Somado a esta realidade, a TAN não contribui para ações de prevenção, sendo, portanto, essencial o desenvolvimento de ações complementares.
Embora não atinja 100% de cobertura nas diferentes regiões do país, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e a Atenção Primária à Saúde (APS) como um todo mostrou evolução contínua ao longo dos anos nas diferentes regiões, estados e municípios do país. De acordo com os painéis indicadores da APS e tendo como referência o mês de abril de 2020, o Brasil conta com uma cobertura populacional média da APS de 76,50%. Ao considerar os diferentes estados o percentual de cobertura variou de 59,7% a 99,64%, o que representa maior possibilidade de alcance populacional quando comparado à TAN. Somado a este dado, a APS tem sido vista de forma consensual em todo o mundo como a principal estratégia para o fortalecimento dos serviços públicos de saúde.
Diante do exposto, tem-se como situação-problema a necessidade de desenvolvimento de ações que favoreçam a prevenção da perda auditiva, a ampliação do acompanhamento para a identificação precoce de perdas auditivas de manifestação tardia ou adquirida, e por conseguinte, maximização do custo-efetividade das políticas públicas em saúde auditiva.
Assim, pretende-se apresentar uma interface da APS na área de saúde auditiva como uma ação potencializadora para resolutividade do problema supracitado.
No ano de 2003 iniciamos projetos, sempre em parceria com os governos municipais ou estaduais, voltados à educação continuada na área de audição de profissionais dos Hospitais Maternidades, no caso os enfermeiros, e da Estratégia da Saúde da família, mais especificamente os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A escolha da Estratégica da Saúde Família e Equipe de ACS justificou-se, não apenas por serem programas públicos de saúde e com abrangência nacional, mas também pela proposta, na qual o ACS passa a ser o principal vínculo da família com o profissional da saúde, com visitas domiciliares mensais. Nossa experiência tem mostrado que a atuação do ACS envolve desde aspectos voltados à prevenção e identificação da deficiência auditiva, ao resgatar as famílias que não dão continuidade ao processo de TAN e diagnóstico audiológico, assim como, a identificação de crianças com perdas auditivas adquiridas. Outra ação relevante diz respeito à orientação da família, quanto à existência e a necessidade de continuidade do tratamento, o que auxiliará a garantir a adesão da família a todas etapas do processo.
Neste contexto, houve também a preocupação de criar ferramentas para que esta formação especializada chegasse aos profissionais que atuam em áreas distantes, considerando todas as regiões do país.
Assim, foram desenvolvidas ao longo dos anos diferentes ferramentas para viabilizar uma assimilação eficaz de conhecimento na área, dando suporte à atuação qualificada. A base teórica inicial encontra-se na tradução autorizada do material da Organização Mundial de Saúde, Primary Ear and Hearing Care Training Resource, com posteriores adaptações, atualizações e validações em grupos de pesquisa de diferentes estados: Paraná, São Paulo e Rio Grande do Norte.
Após a capacitação presencial de agentes comunitários de Saúde (ACS), foi inserida a videoconferência como uma ferramenta que poderia ampliar o alcance em localidades em que não há audiologistas para a realização da formação presencial. Posteriormente, com o avanço tecnológico e em parceria com a Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, estruturou-se um curso para apresentação via Cybertutor, disponibilizado no site do Programa Telessaúde Brasil – Núcleo São Paulo.
Ampliando o público alvo para outros profissionais da APS, na sequência foi desenvolvido e validado um Cybertutor voltado aos Enfermeiros de maternidades com Programa de TAN ou com atuação na APS. Apesar do acesso à internet crescente, a fim de propiciar alcance às UBS sem acesso à rede, o curso foi adaptado para o formato de CD-ROM, com eficácia também verificada e comprovada.
Mais recentemente expandiu-se a inserção da temática como um curso autoinstrucional estruturado e disponibilizado no ambiente virtual de aprendizagem do SUS [AVASUS] do Ministério da Saúde. Tal proposta refletiu em ampliação de alcance nas diferentes localidades do país e por profissionais de diversas especialidades.
Diante da evolução dos trabalhos, tem-se uma ampla gama de ferramentas validadas e com perspectiva de uso a depender da infraestrutura disponível na UBS dos diferentes municípios, estados e regiões do país. Assim, tem-se a apresentação de um conjunto de ferramentas para a educação permanente de ACS e demais profissionais da APS para atuarem com eficácia na área de saúde auditiva infantil.
As ferramentas apresentadas servirão de base para que os fonoaudiólogos com atuação na área de saúde auditiva ou direcionada para a APS possam inserir a educação permanente dos profissionais da APS em sua prática como uma primeira etapa para a estruturação de um programa de saúde auditiva. A utilização de ferramentas já validadas e com diferentes características fornecerá aos profissionais o passo inicial para o desenvolvimento de ações em prol do fortalecimento da APS na área de saúde auditiva, com perspectiva de refletir na prevenção de perdas auditivas, maximização da identificação precoce viabilizando o encaminhamento e intervenção imediata e também com possibilidade de minimizar a evasão das diferentes etapas do Programa de Saúde Auditiva.

1. ALVARENGA, Kátia de Freitas. Capacitação dos agentes comunitários de saúde do Programa de Saúde da Família: Uma proposta de educação à distância na área de saúde auditiva. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, 2010. Final report: Process CNPq n. 485508/2007–9.

2. ALVARENGA, Kátia Freitas; BEVILACQUA, Maria Cecilia; MARTINEZ, Maria Angelina N. S.; MELO, Tatiana Mendes; BLASCA, Wanderléia Q.; TAGA, Marcel Frederico de Lima. Proposta para capacitação de agentes comunitários de saúde em saúde auditiva. Pró-fono Revista de Atualização Científica, v. 20, n. 3, p. 171-176, set. 2008. http://dx.doi.org/10.1590/ s0104-56872008000300006.

3. ARAÚJO, Eliene Silva; ALVARENGA, Kátia de Freitas; URNAU, Daniele; PAGNOSSIN, Débora Frizzo; WEN, Chao Lung. Community health worker training for infant hearing health: effectiveness of distance learning. International Journal of Audiology, [s.l.], v. 52, n. 9, p. 636-641, 28 maio 2013. http://dx.doi.org/10.3109/14992027.2013.791029.

4. THE WORLD BANK. A fair adjustment : efficiency and equity of public spending in Brazil : Volume I. Disponível em: . Acesso em: 15/7/2020.
5. MELO, Tatiana Mendes de; ALVARENGA, Kátia de Freitas; BLASCA, Wanderléia Quinhoneiro; TAGA, Marcel Frederico de Lima. Capacitação de agentes comunitários de saúde em saúde auditiva: efetividade da videoconferência. Pró-fono Revista de Atualização Científica, v. 22, n. 2, p. 139-144, jun. 2010. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-56872010000200012

6. OLIVEIRA, Maria Taiany Duarte. Análise da implementação de um programa de saúde auditiva infantil na atenção primária. [dissertação]. Programa Associado de Pós-graduação em Fonoaudiologia UFRN/UFPB, 2020.
7. Organização Mundial de Saúde (OMS). Primary ear and hearing care training resource: basic, intermediate and advanced levels. 1998. (Acessado em: 17 jun.2020). Disponível em: http://www.who.int/pbd/deafness/activities/hearing_care/en/index.html.

8. PASCHOAL, Monique Ramos; CAVALCANTI, Hannalice Gottschalck; FERREIRA, Maria Ângela Fernandes. Análise espacial e temporal da cobertura da triagem auditiva neonatal no Brasil (2008-2015). Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, p. 3615-3624, 2017.

9. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Ear and hearing care: planning and monitoring of national strategies. World Health Organization, 2019.

10. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Primary Ear and Hearing Care Training Resource. Disponível em https://www.who.int/pbd/deafness/activities/hearing_care/en/, acesso julho de 2020.


HIGHLIGHTS
2193
TERMOGRAFIA E VOZ: AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO TÉRMICA NA REGIÃO DA MUSCULATURA SUPRA E INFRAHIOIDEA DURANTE A FONAÇÃO
Voz (VOZ)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: A termografia é uma avaliação que permite a visualização das mudanças de temperatura corporal por meio de imagens das ondas infravermelhas emitidas pelo corpo humano como parte da termorregulação (1). É possível identificar regiões mais quentes e mais frias denominadas de hiperradiantes e hiporradiantes, a temperatura absoluta e a diferença de temperatura (ΔT) ou parâmetro de assimetria em relação ao lado contralateral, medidos em graus Celsius (ºC) (2). O ser humano é capaz de manter a temperatura corporal entre 27,1ºC e 34,5ºC (3) e indivíduos saudáveis exibem um alto grau de simetria térmica entre os lados do corpo (3) e da face (∆T=0.11°C) (4). Quando a termografia foi utilizada para avaliação da musculatura de cabeça e pescoço foi identificada produção de calor relacionada com a contração muscular em condições fisiológicas normais (5) redução da temperatura em pontos de tensão específicos (6) e assimetria térmica após atividade que modifica a postura de cabeça (7). A avaliação térmica da região da musculatura cervical anterior e sua relação com a função de fonação ainda não foi explorada.
DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: A avaliação da musculatura supra e infrahioidea tem sido abordada na área de voz em indivíduos saudáveis e disfônicos (8,9). Existe uma redução da atividade elétrica da musculatura extrínseca da laringe de disfônicos comparados com não disfônicos (9) e aumento da dor musculoesquelética (8). Entretanto, estas avaliações fornecem dados sobre a condição muscular em um determinado momento, não sendo possível a avaliação em tempo real durante atividades fonatórias extensas.
RESOLUÇÃO ENCONTRADA/APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR: A termografia é um instrumento de avaliação complementar que pode identificar alterações da distribuição térmica relacionadas com o desequilíbrio muscular e possui a vantagem de poder ser utilizada durante a fonação. É portátil, não invasiva, não radioativa, e de fácil utilização podendo contribuir para avaliação e acompanhamento terapêutico dos pacientes na área de voz.
Para a realização do exame é necessário uma câmera termográfica posicionada sobre um tripé, controle da temperatura do ambiente e umidade relativa do ar e controle das variáveis individuais que influenciam na distribuição térmica (3,4). Após o registro em imagem, denominado termograma de repouso, e em vídeo, denominado termograma de fonação, é possível a seleção das áreas de interesse em software específico para determinar a temperatura média e a diferença de temperatura. No termograma de fonação o avaliador pode escolher frames no início, meio e fim da atividade fonatória para análise e comparação dos achados.
MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Nossos grupos de pesquisa estão aprofundando os conhecimentos sobre a avaliação térmica para compreensão do comportamento muscular da região cervical anterior em repouso, emissão de vogal sustentada, fala encadeada e em diferentes atividades que envolvem o uso da voz para enriquecer a avaliação e acompanhamento terapêutico dos pacientes na área da voz. A facilidade na realização da avaliação e a possibilidade de aplicação durante atividades fonatórias é um fator que contribui para o futuro uso desta tecnologia como rotina na pesquisa e na clínica vocal. Investiga-se a possibilidade de utilização futura desta tecnologia como um feedback visual para o desenvolvimento e manutenção de ajustes musculares adequados durante atividades envolvendo o uso da voz, tanto na fala como no canto.

1. Shterenshis M. Challenges to Global Implementation of Infrared Thermography Technology: Current Perspective. Cent Asian J Glob Heal. 2017;6(1).
2. Ammer K. The Glamorgan protocol for recording and evaluation of thermal images of the human body. Thermol Int. 2008;18(4):125–44.
3. Uematsu S, Edwin DH, Jankel WR, Kozikowski J, Trattner M. Quantification of thermal asymmetry. Part 1: Normal values and reproducibility. J Neurosurg. 1988;69(4):552–5.
4. Haddad DS, Brioschi ML, Baladi MG, Arita ES. A new evaluation of heat distribution on facial skin surface by infrared thermography. Dentomaxillofacial Radiol. 2016;45(4):1–10.
5. Mongini F, Caselli C, Macri V, Tetti C. Thermographic Findings in Cranio-Facial Pain. Headache J Head Face Pain. 1990;30(8):497–504.
6. Girasol CE, Dibai-filho AV, Oliveira AK De, Roberto R, Guirro DJ. Correlation Between Skin Temperature Over Myofascial Trigger Points in the Upper Trapezius Muscle and Range of Motion, Electromyographic Activity, and Pain in Chronic Neck Pain Patients. J Manipulative Physiol Ther [Internet]. 2018;41(4):350–7. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jmpt.2017.10.009
7. Clemente MP, Mendes J, Vardasca R, Moreira A, Branco CA, Ferreira AP, et al. Infrared thermography of the crânio-cervico-mandibular complex in wind and string instrumentalists. Int Arch Occup Environ Health [Internet]. 2020;93(5):645–58. Available from: https://doi.org/10.1007/s00420-020-01517-6
8. Silverio KCA, Siqueira LTD, Lauris JRP, Brasolotto AG. Muscleskeletal pain in dysphonic women. CoDAS. 2014;26(5):374–81.
9. Balata PMM, Silva HJ, Pernambuco LA, Amorim GO, Braga RSM, Fernandes Da Silva EG, et al. Electrical activity of extrinsic laryngeal muscles in subjects with and without dysphonia. J Voice. 2015;29(1):129.e9-129.e17.



HIGHLIGHTS
2201
TESTE 1
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Este trabalho tematiza a questão do objeto em Fonoaudiologia, discute a pretensa unidade do campo e aponta a inexorabilidade de sua divisão para a concretização de seu estatuto científico. Para fazê-lo assume a linguagem em seus processos patológicos sob a instância da clínica como seu objeto, mas indica a necessidade de se desnaturalizar a linguagem, redefinindo-a como instância simbólica de subjetivação. Isto a afasta definitivamente da Audiologia, aqui entendida como ramificação das ciências ditas biológicas, e do reducionismo a que tem sido submetida ao ser concebida apenas como prática. Por outro lado, instaura o fonoaudiólogo como clínico terapeuta, comprometido com a linguagem de seu paciente e sua cura. Reconhece, ainda, outra paternidade para a Fonoaudiologia, indicando a Lingüística e a Psicanálise - quando adotam as mesmas concepções de sujeito e de linguagem - como lugares de peculiar interesse na constituição do saber fonoaudiológico. Uma vez realocada a Fonoaudiologia terá, diante de sí, a tarefa de reconhecer a clínica como seu espaço privilegiado de problematização de questões, das quais a primeira será o enfrentamento da constituição de seu método clínico. Finalmente, alerta-se o fonoaudiólogo para a ameaça de nova dominação caso não se marque a distinção entre as formas de interpretação que identificam a clínica fonoaudiológica e a particularizam em relação à clínica psicanalítica.

Descritores: Fonoaudiologia;Ciência ; Patologia de Fala e Linguagem; Linguagem

Este trabalho tematiza a questão do objeto em Fonoaudiologia, discute a pretensa unidade do campo e aponta a inexorabilidade de sua divisão para a concretização de seu estatuto científico. Para fazê-lo assume a linguagem em seus processos patológicos sob a instância da clínica como seu objeto, mas indica a necessidade de se desnaturalizar a linguagem, redefinindo-a como instância simbólica de subjetivação. Isto a afasta definitivamente da Audiologia, aqui entendida como ramificação das ciências ditas biológicas, e do reducionismo a que tem sido submetida ao ser concebida apenas como prática. Por outro lado, instaura o fonoaudiólogo como clínico terapeuta, comprometido com a linguagem de seu paciente e sua cura. Reconhece, ainda, outra paternidade para a Fonoaudiologia, indicando a Lingüística e a Psicanálise - quando adotam as mesmas concepções de sujeito e de linguagem - como lugares de peculiar interesse na constituição do saber fonoaudiológico. Uma vez realocada a Fonoaudiologia terá, diante de sí, a tarefa de reconhecer a clínica como seu espaço privilegiado de problematização de questões, das quais a primeira será o enfrentamento da constituição de seu método clínico. Finalmente, alerta-se o fonoaudiólogo para a ameaça de nova dominação caso não se marque a distinção entre as formas de interpretação que identificam a clínica fonoaudiológica e a particularizam em relação à clínica psicanalítica.

Descritores: Fonoaudiologia;Ciência ; Patologia de Fala e Linguagem; Linguagem
Este trabalho tematiza a questão do objeto em Fonoaudiologia, discute a pretensa unidade do campo e aponta a inexorabilidade de sua divisão para a concretização de seu estatuto científico. Para fazê-lo assume a linguagem em seus processos patológicos sob a instância da clínica como seu objeto, mas indica a necessidade de se desnaturalizar a linguagem, redefinindo-a como instância simbólica de subjetivação. Isto a afasta definitivamente da Audiologia, aqui entendida como ramificação das ciências ditas biológicas, e do reducionismo a que tem sido submetida ao ser concebida apenas como prática. Por outro lado, instaura o fonoaudiólogo como clínico terapeuta, comprometido com a linguagem de seu paciente e sua cura. Reconhece, ainda, outra paternidade para a Fonoaudiologia, indicando a Lingüística e a Psicanálise - quando adotam as mesmas concepções de sujeito e de linguagem - como lugares de peculiar interesse na constituição do saber fonoaudiológico. Uma vez realocada a Fonoaudiologia terá, diante de sí, a tarefa de reconhecer a clínica como seu espaço privilegiado de problematização de questões, das quais a primeira será o enfrentamento da constituição de seu método clínico. Finalmente, alerta-se o fonoaudiólogo para a ameaça de nova dominação caso não se marque a distinção entre as formas de interpretação que identificam a clínica fonoaudiológica e a particularizam em relação à clínica psicanalítica.

Descritores: Fonoaudiologia;Ciência ; Patologia de Fala e Linguagem; Linguagem

teste teste


HIGHLIGHTS
817
TESTE SINTÁTICO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL: PREENCHENDO UMA LACUNA
Linguagem (LGG)


Contextualizando e apontando a relevância do tema
É notável a escassez de instrumentos sistemáticos e formais na literatura brasileira indicados para avaliação e diagnóstico na área da linguagem, em especial para crianças em idade pré-escolar (1). Enquanto em países como os Estados Unidos, Espanha, França, Argentina ou Chile há um número significativo de testes e protocolos para avaliar a linguagem em diferentes faixas etárias, no Brasil, este número é ainda restrito, mesmo com os progressos na última década. Se o horizonte é limitado quanto à procedimentos de avaliação da linguagem de um modo geral, ele é praticamente inexistente quando a averiguação é sobre a morfossintaxe. Quando nos debruçamos sobre publicações (2-6) que tratam da verificação da morfologia e da sintaxe de crianças brasileiras, fundamentalmente elas utilizam o MLU - Mean Length Utterance (7) - medida de linguagem, cujo objetivo é obter dados sobre o desempenho dos aspectos morfológicos e sintáticos de crianças em fase de aquisição de linguagem. Os estudos morfossintáticos na área da psicolinguística infantil em língua portuguesa não tem sido tão explorados quanto o de outros componentes da linguagem, e isto tem deixado uma lacuna no contexto da avaliação de crianças pré-escolares.

Situação problema
Um dos grandes desafios para os profissionais que trabalham com diagnóstico em linguagem é contar com instrumentos que possam de fato aferir as habilidades auditivas, comunicativas, linguísticas e psicolinguísticas. Sem instrumentos confiáveis com parâmetro de comparação, o fonoaudiólogo tem comprometida sua capacidade de raciocínio e análise sobre as manifestações observadas em seus pacientes. A avaliação morfossintática de crianças com alterações de linguagem tem sido negligenciada justamente porque não é possível aferi-la de forma confiável na língua portuguesa falada no Brasil. Assim, investir nesta área é iminente, e é nessa direção que este trabalho buscou contribuir.

Proposta
A proposta foi adaptar, validar e normatizar TSA - Test de Sintaxis de Aguado (8). O TSA verifica o aspecto sintático da linguagem na vertente receptiva e expressiva, tendo por objetivo identificar alterações e fornecer informações para a intervenção, quando necessário. A faixa de aplicação vai dos 3 aos 7 anos. Os itens do teste permitem explorar a sequência na aquisição dos signos morfossintáticos, como o domínio da diferenciação de artigos (masculino, feminino, singular, plural), morfemas verbais, conjunções, e ainda, a compreensão e expressão de diferentes tipos de orações (afirmativa, negativa, voz passiva, dentre outras).

Resultados da proposta
O TSA foi traduzido e adaptado para o português, seguindo as diretrizes de Beaton et al. (9), utilizando as seguintes etapas: (a) tradução; (b) síntese das traduções; (c) retrotradução; (d) comitê de revisão; (e) pré-teste; (f) submissão da documentação ao autor do instrumento. A adaptação modificou alguns subitens no intuito de contemplar a língua portuguesa falada no Brasil.
Para tornar o instrumento passível de utilização por fonoaudiólogos brasileiros, foi verificado se ele de fato mede o que se propõe a aferir (validação). O TSA foi aplicado em 25 crianças com alteração no desenvolvimento da fala e da linguagem, sendo 10 delas com Transtorno dos Sons da Fala (TSF) e 15 com Atraso ou Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem, e mais 25 crianças com desenvolvimento típico de linguagem, pareadas em relação à idade e nível socioeconômico. O resultado desta etapa indicou diferença significante de desempenho entre crianças típicas e àquelas com atraso ou transtorno de linguagem, mas não indicou diferença entre as típicas e as com TSF. Considerando que crianças com alterações dos sons da fala não apresentam alterações no desenvolvimento sintático, o teste parece se mostrar efetivo naquilo que se propõe a avaliar. Por fim, para a normatização, foram avaliadas 400 crianças em escolas de educação infantil e ensino fundamental entre 36 a 84 meses, conforme a faixa etária normatizada pelo TSA na língua espanhola. os resultados obtidos na pesquisa foram submetidos ao estudo estatístico, permitindo obter cálculo por percentis.

O produto e seu caráter inovador
O produto é o TSA – versão brasileira, após três anos de trabalho, poderá em breve ser utilizado pelos fonoaudiólogos brasileiros para verificar o desenvolvimento morfossintático de crianças entre 3,0 e 7,0 anos de forma rápida e segura (em torno de 40 minutos), comparando o desempenho de seus pacientes com o de crianças típicas. Não há no Brasil teste que verifica as habilidades morfossintáticas em ambas as modalidades, expressiva e receptiva, considerando diversas características da gramática da língua portuguesa, e é neste contexto que o TSA – versão brasileira tem seu caráter inovador.



1. Lindau T A, Rossi N F, Giacheti C M. Preschool Language Assessment Instrument, segunda edição, em crianças falantes do Português Brasileiro. CoDAS, 2014; 26(4): 328-30.

2. Fensterselfer A, Ramos A P. Extensão média de enunciados em crianças de 1 a 5 anos. Pró-Fono. 2003; 15 (3): 251-8.

3. Araújo K, Befi-Lopes D M. Extensão Média do Enunciado de crianças entre 2 e 4 anos de idade: diferenças no uso de palavras e morfemas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2004; 9 (3): 156-63.

4. Santos M E, Lynce S, Carvalho S, Cacela M, Mineiro A. Extensão média do enunciado-palavras em crianças de 4 e 5 anos com desenvolvimento típico da linguagem. Rev. CEFAC. 2015; 17 (4): 1143-51.

5. Marques S F, Limongi S C O. A extensão média do enunciado (EME) como medida de desenvolvimento de linguagem de crianças com síndrome de Down. J. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2011; 23 (2): 152-7.

6. Befi-Lopes DM, Nuñes CO, Cáceres AM. Correlação entre vocabulário expressivo e extensão média do enunciado em crianças com alteração específica de linguagem Rev. CEFAC. 2013; 15 (1): 51-7.

7. Brown R A. A First Language. Cambridge: Harvard University Press, 1973.

8. Aguado G. El Desarrollo de la Morfosintaxis en el Niño. Manual de evaluación del TSA. Madrid: CEPE, 1989.

9. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz M B. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000; 25 (24): 3186-91.



HIGHLIGHTS
2183
UMA PLATAFORMA COMPUTACIONAL PARA A AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DA FALA COM RUÍDO COMPETITIVO
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A habilidade de compreensão de fala é fundamental para integração do indivíduo no seu cotidiano. Visando a efetividade da compreensão de fala, habilidades auditivas como atenção, análise, síntese e memória, associadas entre si, se fazem necessárias a fim de viabilizar o reconhecimento auditivo, ou seja, extrair sentido daquilo que se escuta [1] . A capacidade de compreen­der a fala na presença do ruído de fundo é um grande desafio para qualquer ouvinte, principalmente para os deficientes auditivos, sendo extremamente preocupante para usuários de dispositivos auditivos. Fetterman e Domico [2], verificaram em seus estudos, que o desempenho do entendimento da fala nos usuários de implante coclear quando estão em presença de ruído competitivo apresenta queda significativa, sendo a queixa principal queixa dessa população [3].

Desta forma, analisar a capacidade de reconhecimento de fala no ruído se torna cada vez mais importante no processo da avaliação e acompanhamento audiológico, devido a frequente queixa de dificuldade dos indivíduos para reconhecê-la. Assim sendo, nota-se a importância de testes de avaliação da percepção da fala com estímulos utilizando sentenças, porque, além de verificar a real habilidade auditiva do paciente, proporcionam uma aproximação direta com situações de comunicação do dia a dia. Estes testes fornecem informações que irão orientar a conduta mais adequada a ser indicada para o indivíduo com queixa de distúrbios de audição [4].
Apesar da relevância destes aspectos estudos apontam que no Brasil menos da metade dos centros de pesquisa e clínicas audiológicas utilizam ruído competidor ou fontes sonoras espacialmente distribuídas no diagnóstico e/ou reabilitação auditiva - devido à dificuldade de acesso à tecnologias de reprodução sonora espacialmente distribuída de maneira controlada e limitação de verba devido à necessidade de se importar software e eventualmente hardware [5].

Protocolos padronizados utilizados em países como Austrália, Inglaterra, Espanha, EUA, foram estudados de modo a avaliar as similaridades e principais diferenças, a fim de se direcionar o desenvolvimento de uma plataforma computacional livre e de fácil manuseio para realizar exames de inteligibilidade da fala com ruído competidor e fontes sonoras espacialmente distribuídas. Baseado na análise da literatura e de observações da prática clínica desenvolveu-se inicialmente um catálogo de melhorias e a descrição do comportamento desejado para um framework de software que possibilitasse a realização de ensaios da inteligibilidade da fala com ruído competitivo e fontes sonoras espacialmente distribuídas num ambiente clínico, com material de fala e e ruído gravado e de alta qualidade. Voltada a ser uma plataforma que não somente permite a avaliação do teste de reconhecimento da fala, mas sim permitir acompanhar o desenvolvimento das habilidades auditivas do paciente a plataforma foi chamada de perSONA. Desenvolveu-se inicialmente uma versão acadêmica usando a linguagem de programação MATLAB. Posteriormente a versão clínica foi desenvolvida na linguagem de programação C# e framework .NET, trazendo compatibilidade com as versões mais recentes do sistema operacional Windows/64-bit visando maior acessibilidade fora dos centros de pesquisa. O sistema desenvolvido, com os seus módulos implementados, é inovador pois permite a realização de protocolos de avaliação de percepção de fala com ruído competitivo em diferentes configurações de cenas acústicas, ou seja, com diferentes distribuições espaciais estáticas ou dinâmicas de fontes sonoras, objetivando a medição do limiar de reconhecimento de fala (LRF) no ruído tanto no âmbito da pesquisa como no dia-a-dia clínico. Os módulos implementados são: 1) Calibração / teste do sistema, 2) Configuração de ensaios, 3) Edição de base de dados de áudio (sinais de fala e/ou ruído competitivo), 4) Aplicação de ensaios, 5) Gerenciamento de pacientes , 6) Análise inter resultados e 7) Virtualização de fontes sonoras (VA), para produzir cenários acústicos estáticos ou dinâmicos com fontes sonoras distribuídas.
O módulo de calibração permite ao experimentador realizar a calibração e teste do sistema, em particular dos reprodutores sonoras, de forma bastante intuitiva, permitindo o uso de equipamentos à disposição do experimentador. Com a calibração realizada, o módulo gera um relatório de calibração com todas as informações relevantes. A configuração dos ensaios também é realizada de forma muito intuitiva, podendo o experimentador escolher diferentes sistema de reprodução sonora (fones de ouvido, sistema de 2 caixas em cabine, ou sistemas de n alto-falantes), diferentes materiais de fala, diferentes ruídos competitivos e diferentes posições para as fontes sonora de fala e ruído competitivo. Reconhecendo as vantagens de métodos adaptativos, implementou-se a reprodução de sinais com uma razão sinal-ruído (SNR) iterativa com regra de iteração customizável. O módulo de reprodução sonora utiliza técnicas de espacialização e reverberação permitindo a apresentação de cenas sonoras renderizadas em tempo real pelo método crosstalk-cancellation [6] e os reprodutores sonoros escolhidos. A plataforma permite obter o Limiar de reconhecimento da fala (LRF) com a aplicação de ensaios em normouvintes e usuários de ASSI e IC unilateral, bimodal ou bilateral em diferentes condições de reprodução sonora de cenas acústicas complexas. Permite também o uso da interface de pesquisa CCi-Mobile e com o uso de cabo de áudio de IC. A base de dados dos pacientes é completada cada vez que um ensaio for realizado, mas pode ser carregado também com dados de outros ensaios já realizados. Com isso, uma plataforma de gerenciamento clínico de pacientes que cruza informações pessoais, detalhes do tratamento auditivo e histórico de resultados de avaliações realizadas em distintos momentos foi integrada à execução da tarefa de percepção de fala proposta. O perSONA [7] é, portanto, uma plataforma flexível e promissora, voltada para melhorar e padronizar o atendimento de usuários de AASI e ICs ao longo do processo de avaliação e reabilitação.

1.Almeida, GVM , Ribas, A, Calleros, J. Free Field Word recognition test in the presence of noise in normal hearing adults. Brazilian Journal Of Otorhinolaryngology. 2017; 83 (6):.665-669.

2.Fetterman, BL, Domico, E H.Speech Recognition in Background Noise of Cochlear Implant Patients. Otolaryngology–head And Neck Surgery. 2002; 126 (3):.257-263.

3.Danieli, F; Bevilacqua, MC. Reconhecimento de fala em crianças usuárias de implante coclear utilizando dois diferentes processadores de fala. Acr - Audiology Communication Research. 2013;. 18 (1):.17-23.

4.Lessa, A H, Padilha, CB, Santos SN, Costa MJ. Reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído, em campo livre, em indivíduos portadores de perda auditiva de grau moderado. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2012 ; 16( 1 ): 16-25.

5. Faria, LRD. TESTES DE PERCEPÇÃO DE FALA NOS CENTROS DE IMPLANTE
COCLEAR: CONHECENDO A REALIDADE NACIONAL. 2016. Mestrado em Saúde da
Comunicação Humana – Universidade Federal De Pernambuco - PE.

6. Masiero, B, Vorländer, M. A framework for the calculation of dynamic crosstalk
cancellation filters. IEEE/ACM transactions on audio, speech, and language processing,
2014; 22 (9): 1345–1354.

7. Murta, B.H.P. Plataforma para ensaios de percepção sonora com fontes distribuídas
aplicável a dispositivos auditivos: perSONA, 2019, Mestrado em Engenharia Mecânica - Universidade Federal de Santa Catarina



HIGHLIGHTS
2160
UNILATERAL HEARING LOSS QUESTIONNAIRE PARA A LÍNGUA PORTUGUESA BRASILEIRA.
Audição e Equilíbrio (AUDIO)



INTRODUÇÃO: A perda auditiva unilateral (PAUn) é caracterizada pela diminuição parcial ou total da audição em apenas uma orelha, podendo variar de grau leve a profundo, do tipo sensórioneural e/ou condutiva e pode ser adquirida antes do desenvolvimento da linguagem, ou após, e pode acarretar várias dificuldades no que diz respeito à aquisição de linguagem, fala, percepção auditiva, aspectos acadêmicos, sociais e emocionais. Existem muitas queixas acerca das pessoas com PAUn, dentre elas a dificuldade na localização sonora e queixas recorrentes na dificuldade em compreender a fala em ambientes ruidosos. Essa última situação acontece principalmente em salas de aula onde muitas vezes são acusticamente desfavorecidas, os prejuízos acadêmicos são apontados com maior frequência, as crianças são rotuladas como hiperativas ou com falta de atenção. Um dos recursos para minimizar os prejuízos enfrentados pelos portadores de PAUn é a indicação de dispositivos eletrônicos como o aparelho de amplificação sonora individual (AASI), sistema de frequência modulada (FM) e o implante coclear (IC). No entanto, não há protocolos ou questionários no Brasil que avaliem o benefício e/ou satisfação do uso de auxiliares da audição nas crianças/adolescentes com PAUn nas salas de aula ou no seu dia a dia.
OBJETIVO: Realizar a tradução e adaptação transcultural do Unilateral Hearing Loss Questionnaire para a língua portuguesa brasileira.
MÉTODO: Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa nº do protocolo 003024/2019. A Tradução e adaptação transcultural do Unilateral Hearing Loss Questionnaire para a língua portuguesa brasileira foi autorizado pela autora (Sarah McKay, 2002). A tradução e adaptação transcultural do instrumento seguiu duas etapas: tradução e retrotradução, segundo modelo de Beaton et al. (2000). Em um primeiro momento dois tradutores brasileiros, um que atua na área e outro que não, traduziram o instrumento do inglês para a língua portuguesa brasileira, em seguida comparadas as duas versões gerou-se uma versão única. Essa nova versão foi enviada para um nativo da língua inglesa para que fosse feito a retrotradução do questionário. Novamente realizou-se uma avaliação técnica que resolveu as discrepâncias e assegurou a equivalência de semântica, expressões idiomáticas e conceituais do mesmo.
RESULTADOS: O questionário envolve a participação tanto das crianças/adolescentes quanto da mãe/responsável, ele apresenta 15 perguntas divididas em três blocos (percepção sensorial do som, aceitação do dispositivo e satisfação de uma forma geral). Mãe/responsável e crianças/adolescentes respondem sobre as vantagens e desvantagens do uso dos aparelhos de amplificação sonora. Das 15 perguntas do questionário, apenas duas sofreram adaptação para a língua portuguesa brasileira, bem como apenas duas alternativas das perguntas sofreram a adaptação transcultural após a tradução e retrotradução.
CONCLUSÃO: Seguindo as recomendações do Guidelines de perdas auditivas unilaterais, obter um instrumento que possa avaliar vantagens e desvantagens de aparelhos de amplificação sonora tanto nas salas de aula como no dia a dia das crianças/adolescentes com PAUn, poderá contribuir com pesquisas na área e seguir melhores direcionamentos nos casos. A família tem um papel importante na avaliação comportamental da criança frente ao uso dos dispositivos. E a relevância entre concordância das respostas entre pais e crianças é de sua importância tanto para o aprendizado dos pais frente as atenciosas observações do comportamento das crianças quanto as crianças frente sua auto avaliação.

.American Academy of Audiology Pediatric Amplification (2013) Updated clinical practice guidelines for unilateral hearing loss.
Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000; 25(24): 3186-91.
Boéchat EM. Perdas auditivas unilaterais. In: Lopes Filho O, editor. Novo tratado de fonoaudiologia. 3ªed. São Paulo: Manole; 2013; p. 437-43.
Fitzpatrick EM, Al-Essa RS, Whittingham J, Fitzpatrick J. Characteristics of children with unilateral hearing loss. International Journal of Audiology. 2017; 56(11):819–28.
McKay S. To aid or not to aid: children with unilateral hearing loss. 2002. [online]. [citado em 16 de maio de 2019]. Disponível em: https://www.audiologyonline.comhttp://galster.net/wp-content/uploads/2013/07/AAA-2013- Pediatric-Amp-Guidelines.pdf
McKay S. Managing children with mild and unilateral hearing loss. Madell JR, Flexer C. In Pediatric audiology. New York: Thieme. 2008; 291


HIGHLIGHTS
584
UPDATE EM ZUMBIDO: PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


O zumbido se configura como a percepção de um som, na ausência de uma fonte sonora externa e tem presença na literatura desde os tempos da Antiguidade, quando há registro das possíveis explicações e opções de tratamento. Nos últimos anos, tem apresentado aumento significativo de sua prevalência, estimando-se que mais de 15% da população adulta tem alguma experiência com o mesmo e que essa incidência, ultrapassa os 30% dentre as pessoas idosas. No contexto da população infantil e adolescente, há dificuldade em se estabelecer uma prevalência, dada a subjetividade da queixa e variação das amostras e metodologias utilizadas nos estudos. Além disso, a literatura e experiência clínica mostram a relação direta com alterações de atenção, concentração e sono, podendo acarretar condições como síndrome do pânico, transtorno de ansiedade e dependência de substâncias1,2,3. Dada a alta prevalência, acometimento em todas as fases da vida e impacto negativo na qualidade de vida, o zumbido é questão relevante de Saúde Pública e no entanto, ainda há a cultura disseminada de que não há nada que possa ser feito em relação a este agravo de saúde4. A abordagem do zumbido tem um histórico médico-centrado e baseada em tratamentos medicamentosos, mas estudos no mundo inteiro, têm mostrado que algumas das técnicas utilizadas não apresentam eficácia ou sua efetividade pode ser aplicada apenas em contextos específicos. Formas de estimulação como estimulação transcraniana, neuromodulação e estimulação invasiva, por exemplo, não têm apresentado resultados benéficos com pacientes com zumbido, e se mostram como técnicas de possível risco. O ajuste de aparelho auditivo e implante coclear podem ter potencialidades, mas as pesquisas não apresentam evidências como sendo fator para a indicação dos dispositivos. Terapia sonora e Terapia de Habituação do Zumbido (Tinnitus Retraining Therapy) apresentam resultados positivos, mas normalmente em contextos específicos. Estudos mostram alta efetividade e segurança das Terapias Cognitivo-Comportamentais sob a premissa de que técnicas que considerem alterações no processamento de informações, reações emocionais e mecanismos de comportamento apresentam eficácia no tratamento de condições que levam ao sofrimento humano, como pode ser o caso do zumbido. Técnicas como acupuntura, por exemplo, ainda não apresentam evidências robustas em relação à aplicação com zumbido4. A tendência mundial em relação ao tratamento do zumbido é a participação ativa do paciente e o cuidado multiprofissional1,2,5. Isso acontece porque a etiologia multifatorial do zumbido implica a singularidade de abordagem para cada pessoa, o que demanda um histórico detalhado, paciência e empatia para propor tratamentos direcionados para a rotina de cada indivíduo. O fonoaudiólogo apresenta papel central nesse contexto, para mensuração do zumbido, seja com a realização da acufenometria, ou aplicação de escalas e questionários; aconselhamento, orientando quanto aos hábitos e mudanças com possível impacto no zumbido; e acompanhamento do paciente junto à equipe multiprofissional. Para isso, é necessário conhecer as atualizações em relação às possibilidades terapêuticas, uma vez que não temos diretrizes nacionais específicas para zumbido. A necessidade da revisão das práticas adotadas se dá pela potência da Fonoaudiologia baseada em evidências e pelo compromisso de ofertar as melhores possibilidades de cuidado para o paciente.

1. Hoare DJ, Hall DA. Clinical guidelines and practice: a commentary on the complexity of tinnitus management. Eval Health Prof. 2011;34(4):413–20.
2. Watts EJ, Fackrell K, Smith S, Sheldrake J, Haider H, Hoare DJ. Why Is Tinnitus a Problem? A Qualitative Analysis of Problems Reported by Tinnitus Patients. Trends Hear. 2018, 22.
3. Sanchez TG. "Epidemia" de zumbido no século XXI: preparando nossos filhos e netos. Braz. j. otorhinolaryngol., 2014, 80(1):3-4.
4. Chamouton CS, Nakamura HY. Zumbido e atenção básica: uma revisão de literatura. Distúrb Comun, São Paulo, 2017, 29(4):720-26.
5. Cima RFF, Mazurek B, Haider H. et al. A multidisciplinary European guideline for tinnitus: diagnostics, assessment, and treatment. HNO, 2019, 67(Suppl 1):10.


HIGHLIGHTS
2180
USO DE SENSORES DE VIBRAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO VOCAL
Voz (VOZ)


A comunicação oral é de extrema importância para realização de atividades cotidianas, especialmente para as atividades profissionais [1]. No Brasil, entre os anos de 2002 a 2015, ocorreu um aumento de 34,5% no número de pessoas que utilizam a voz como instrumento de trabalho [2]. Em decorrência deste aumento expressivo da quantidade de pessoas que utilizam a voz nas suas atividades laborais, é esperado o aumento de problemas relacionados à saúde vocal. Dentre os problemas que afetam a produção vocal, é possível destacar a disfonia (dificuldade na emissão da voz) e afonia (perda parcial ou total da voz) e suas prováveis causas são o abuso vocal, o uso de drogas e as patologias na laringe [3]. Profissionais da saúde utilizam meios para avaliar e classificar o estado da alteração vocal, com o uso de métodos como a autoavaliação, análise visual da laringe, avaliação aerodinâmica, análise perceptivo auditiva da voz e análise acústica do sinal de voz [4]. Levando em conta que as causas da alteração vocal podem estar relacionadas com o abuso vocal, são realizados procedimentos como o autorrelato, que é um método subjetivo de baixa confiabilidade, pelo fato de que, pode ocorrer por parte do paciente a omissão ou esquecimento de determinados hábitos relacionados ao uso da voz. Assim sendo, é apresentado o monitoramento móvel das atividades de voz, uma ferramenta para detecção dos problemas gerados pelo abuso vocal, que permite o monitoramento contínuo das atividades de voz do paciente durante suas atividades diárias, identificando, quando ocorre o uso inadequado da voz [5]. Existem inúmeros estudos para desenvolvimento de dispositivos que permitam a avaliação contínua das atividades vocais do paciente, tornando possível o profissional (fonoaudiólogo) identificar as causas dos distúrbios vocais, e as decisões a serem tomadas no tratamento do paciente. As tecnologias existentes (APM, VoxLog, VocaLog e VocaLog2) permitem o biofeedback e monitoramento contínuo das atividades de voz do paciente, mas o custo delas é a principal barreira (R$ 1619,00 e R$ 20.554,00 - preço de cotação do dólar no dia 18/09/2019), dificultando no uso clínico [6]. A vibração da pele do pescoço (VPP) apresenta vantagens em relação aos outros métodos como análise acústica e eletroglotografia, que são: os sensores utilizados (acelerômetro, piezorresistivo e piezoelétrico), possuem menor custo, são imunes a ruídos acústicos, o posicionamento do sensor não necessita de especialista para colocação, o sinal não sofre influência dos filtros orofaciais, o sinal representa a vibração gerada pela parte sonora da voz [7]. Em comparação aos trabalhos existentes, o uso de sensores de vibração para o desenvolvimento de protótipos, como o piezoelétrico e o acelerômetro (MPU-6050), possibilitam uma expressiva redução no custo do produto final. Diante disso, a pesquisa em questão, propõe a utilização dos sensores de vibração mencionados, com a finalidade de desenvolver tecnologias que possibilitem a aquisição dos sinais de vibração da pele do pescoço, durante o processo de fonação. Então, fornecendo a análise de parâmetros que possam auxiliar na determinação do estado de saúde da laringe do indivíduo. Assim, buscando oferecer uma nova alternativa de custo acessível, que auxilie os profissionais da área na tomada de decisão.

[1]. Associação brasileira de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial (ABORL-CCF). Consenso Nacional de Voz Profissional. 2004 [Acesso em: 2 maio 2019]. Disponível em: http://www.aborlccf.org.br/secao.asp?id=278&s=51
[2]. Ministério da Saúde. Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho – DVRT. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. 2018 [acesso em: 01 de maio 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/disturbio_voz_relacionado_trabalho_dvrt.pdf
[3]. Descritores em Ciências da Saúde: DeCS [Internet]. ed. 2017. São Paulo (SP): BIREME / OPAS / OMS. 2017 [atualizado 2020 Abr; citado 2020 Abr 20]. Disponível em: http://decs.bvsalud.org
[4]. Casper, Janina K., Rebecca Leonard. Understanding voice problems: A physiological perspective for diagnosis and treatment. Lippincott Williams & Wilkins, 2011.
[5]. Hillman, Robert E., Daryush D. Mehta. Ambulatory monitoring of daily voice use. Perspectives on Voice and Voice Disorders 21.2 (2011): 56-61.
[6]. Van Stan, Jarrad H., Gustafsson J., Schalling E., Hillman R. E. Direct comparison of three commercially available devices for voice ambulatory monitoring and biofeedback. Perspectives on Voice and Voice Disorders 24.2 (2014): 80-86.
[7]. Alzamendi G. A. Modelado Estocástico de la Fonación y Señales Biomédicas Relacionadas: Métodos en Espacio de Estados Aplicados al Análisis Estructural, al Modelado de la Fonación y al Filtrado Inverso. 2016. 214 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica). Universidad Nacional Del Litoral, Santa Fé, Argentina, 2016.


HIGHLIGHTS
2176
USO DO ACELEROMETRO NO MONITORAMENTO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO: TECNOLOGIA VESTÍVEL EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Motricidade Orofacial (MO)


CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: O monitoramento em tempo real de vários sinais fisiológicos impulsionou a pesquisa e o desenvolvimento de diversos sistemas vestíveis e implantáveis. A busca pelos cuidados de saúde estão mais exigentes, desta forma a Connected Health (CH) descreve um novo modelo de tecnologia e gerenciamento de saúde e estilo de vida (1). Os wearables também podem alimentar um sistema mais amplo de "diagnóstico preventivo preditivo". Por exemplo, uma microanálise dos dados de movimento do corpo pode ser usada para detectar sintomas precoces da doença de Parkinson (2). A alternativa da tecnologia vestível pode oferecer aos pacientes o acesso direto a análises pessoais, que podem contribuir para sua saúde, facilitar os cuidados preventivos e ajudar no gerenciamento de doenças em andamento (3). Esse tipo de tecnologia é portátil, e utilizada como um adereço pessoal do usuário, que controla, e possui constância de operação e interação, como exemplos, os relógios inteligentes (smartwatch), as joias inteligentes, as pulseiras inteligentes, entre outros. Os dispositivos móveis criam formatos modulares que facilitam a comunicação entre profissional e paciente, pois conseguem ser ágeis na coleta e na transmissão de dados (4). DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: A avaliação instrumental da musculatura na Motricidade Orofacial normalmente é realizada através da eletromiografia. Com esse recurso é possível avaliar a atividade elétrica da musculatura. Porém outros recursos também são úteis para avaliação do comportamento dos músculos nas diferentes funções estomatognáticas. A avaliação instrumental do tônus, a avaliação da espessura da musculatura por ultrassonografia e a avaliação indireta por meio da termografia que avalia a temperatura superficial da pele nas regiões desses músculos são métodos quantitativos que fornecem informações importantes. No entanto o alto custo dos equipamentos impedem seu uso rotineiro pelos clínicos e em especial não permitem a avaliação fora do consultório ou laboratório de pesquisa com medições limitadas em um horário e local específicos, sendo inconveniente e gerando informações restrita ao tempo do exame (5), o que torna oneroso este tipo de avaliação. RESOLUÇÃO ENCONTRADA/APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR: Assim pesquisadores tem buscado alternativas de avaliação com menor custo e que permitam também avaliação em tempo e situações reais por meio de tecnologias vestíveis. O acelerômetro surge como alternativa de baixo custo e de característica de tecnologia vestível que pode acompanhar o paciente no seu ambiente de rotina diária. O acelerômetro é um sensor utilizado para medir aceleração em três planos de movimento; o eixo X (eixo medio-lateral), eixo Y (eixo vertical) e eixo Z (eixo ântero-posterior), comumente usado para avaliação de atividade física, no qual é necessário determinar os pontos de corte específicos para cada função para determinar com precisão o acúmulo de atividade física de várias intensidades(6). A utilização do instrumento é simples que entra em contato com a pele do avaliado e fornece informações de vibração superficial da pele em diferentes situações do uso da musculatura do sistema estomatognático em diferentes funções e em diversas tarefas. Investiga-se por exemplo a possibilidade, com o uso dessa tecnologia vestível, acompanhar as diferenças de vibração da pele nos diferentes eixos do músculo masseter e em diferentes tarefas relacionadas a mastigação: repouso, abertura e fechamento da boca, golpe mastigatório e apertamento dentário (MIC). MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Nossos grupos de pesquisa pretendem que essas informações obtidas com o uso do acelerômetro para investigação do comportamento muscular em diferentes situações das funções estomatognáticas seja uma realidade e facilitem o entendimento da patofisiologia dessas estruturas. Ainda o baixo custo encontrado até agora com a proposta, possibilitará um acesso maior a esse tipo de tecnologia vestível na clínica e na pesquisa em Motricidade Orofacial.

1. Caulfield BM, Donnelly SC. What is connected health and why will it change your practice? Qjm. 2013;106(8):703–7.
2. Arora S, Venkataraman V, Donohue S, Biglan KM, Dorsey ER LM. High accuracy discrimination of Parkinson’s disease participants from healthy controls using smartphones. In: EEE International Conference on Acoustics, Speech and Signal Processing (ICASSP). 2014. p. 3641–3644.
3. Piwek L, Ellis DA, Andrews S, Joinson A. The Rise of Consumer Health Wearables: Promises and Barriers. PLoS Med. 2016;13(2):1–9.
4. S. M. Wearable computing [Internet]. In: The Interacion Design Foudation. In: The encyclopeia of human-computer interaction [Internet]. 2014. Available from: https://www.interaction-design.org/encyclopedia/wearable_computing.html
5. Shieh WY, Wang CM, Chang CS. Development of a portable non-invasive swallowing and respiration assessment device. Sensors (Switzerland). 2015;15(6):12428–53.
6. J L Chandler, K Brazendale, M W Beets BAM. Classification of Physical Activity Intensities Using a Wrist-Worn Accelerometer in 8-12-year-old Children. Pediatr Obes. 2016;11(2):120–7.


HIGHLIGHTS
2195
VOCÊ VAI MASTIGAR O QUÊ? MASTIGAÇÃO E ALIMENTAÇÃO NORDESTINA
Motricidade Orofacial (MO)


Trata-se de uma produção técnica com o desenvolvimento de um material educativo, em forma de livro, sobre mastigação e alimentação nordestina, para facilitar o entendimento de crianças, pais, cuidadores, como para os profissionais fonoaudiólogos, nutricionistas e educadores em seus ambientes de trabalho. Tem o propósito de informar, orientar, educar e incentivar a prática da mastigação e hábitos alimentares infantis eficientes e saudáveis, de forma lúdica, criativa e interativa.
Buscou-se o resgate da cultura nordestina, usando, também, a literatura de cordel como significado de gênero literário, sendo um tipo de poema popular bastante presente na cultura regional, conhecida por “folheto de feira”. Tem como característica uma estrutura particular de versos com forma rimada, cadência melódica e com uma métrica especializada. Com expressões e citações populares, é uma obra literária divertida para as crianças, abordando uma temática tão relevante e presente no desenvolvimento infantil.
Essa metodologia de produção técnica favorece o desenvolvimento de conteúdo e informação, como um novo produto a ser veiculado na sociedade. A criação de livros infantis interativos é uma estratégia eficaz para o ensino com ludicidade. A abordagem por meio de linguagem clara, imagens coloridas e conteúdo significativo, permite aos leitores o entendimento de fácil assimilação da importância da mastigação e alimentação saudável e a valorização dos alimentos da cultura nordestina pelas crianças.
Toda a narrativa do livro educativo é contada por um personagem narrador, de nome Danilo, com 10 anos de idade, cabelos enrolados e bastante sorridente, narrando sua história sobre o desenvolvimento alimentar, desde os primeiros meses de vida. Relata a amamentação exclusiva, com o amadurecimento da função de sucção e aspectos nutricionais, passando pela transição alimentar pastosa, com o desenvolvimento do amassamento e iniciando as diferentes texturas e consistências. Seguiu-se com a alimentação semi sólida, com o esboço da mastigação e, por fim, a alimentação sólida com a função mastigatória eficiente.
Tem uma abordagem participativa em que o narrador interage com o leitor através de jogos e atividades lúdicas. Outros personagens da família do Danilo integram-se na narrativa com exemplos e vivências de hábitos alimentares de suas próprias histórias, passadas por gerações. O consumo desses alimentos regionais consiste em um resgate cultural.
No Nordeste, as refeições são ricas em nutrientes, como fibras, minerais, vitaminas e carboidratos. A disponibilidade, o baixo custo, o fácil acesso e o valor nutricional, fazem parte do cotidiano dos indivíduos que optam pelo consumo de produtos da região. Além de valorizar a cultura, é uma forma eficaz de promover hábitos mais saudáveis na alimentação.
Os pratos típicos e a alimentação regional têm como características a diversidade de sabores, cores e texturas. Dentre esses alimentos encontrados facilmente, é possível observar as variadas opções de frutas, hortaliças, legumes, tubérculos, raízes, cereais, tipos de farinha, e até mesmo de temperos e condimentos que podem ser utilizados na preparação de pratos de consumo diário, como o famoso cuscuz.
A versão atualizada do Guia Alimentar Infantil, lançada pelo Ministério da Saúde, destaca a abordagem que dá centralidade à alimentação como comida de verdade, traz o conceito de comensalidade e a nova classificação de alimentos, segundo seu grau de processamento e não a partir da composição de nutrientes neles contidos. Assume um recorte político-estratégico frente a produtos que integram os maiores fatores de risco à saúde e, também, à indústria de alimentos, que opera no incentivo ao consumo de produtos processados e ultraprocessados.
A proposta em questão, dessa forma, tem o mérito de explicitar uma recomendação comprometida com o interesse público, visto que também aborda os riscos do consumo dos produtos ultraprocessados à saúde.
Além disso, com o intuito de promover a saúde de forma mais eficaz nos diversos campos, tem-se desenvolvido cada vez mais tecnologias educativas para o auxílio da disseminação de conteúdos de extrema importância para a saúde da população. As tecnologias, sejam por meio de aplicativos, cartilhas, livretos, dentre outros, podem ser inseridas no cotidiano da população, como práticas educativas em saúde, viabilizando fácil acesso às informações e melhor compreensão da mensagem que se quer transmitir.
Com caráter inovador o livro educativo apresentado é voltado ao público infantil, onde, por conseguinte, valoriza uma etapa importante do desenvolvimento da criança, envolvendo a mastigação, hábitos alimentares saudáveis, aspectos culturais do Nordeste nas comidas regionais e a literatura de cordel, bem como o caráter interativo com o leitor, sendo estes aspectos marcantes da produção. Inovador, também, por ter sido feito de forma interprofissional, desde a concepção da ideia, à produção final do livro, envolvendo os cursos de Fonoaudiologia, Nutrição e Publicidade. E para dar mais legitimidade ao livro, houve a parceria de um cordelista que, de modo especial, finaliza a narrativa expressa.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 156 p. : il.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Alimentos regionais brasileiros / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015.

Academia Brasileira de Literatura de Cordel. História do cordel ;. Disponível em:
http://www.ablc.com.br/o- cordel / historia-do-cordel /.

Neves FP. Literatura De Cordel – Origens E Perspectivas Educacionais [Trabalho De
Conclusão De Curso]. Universidade Federal Do Ceará; 2018.





HIGHLIGHTS
963
“CLUBE DA LEITURA”: FERRAMENTA DE INOVAÇÃO NO INCENTIVO À LEITURA INFANTO-JUVENIL
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Há um consenso entre educadores, fonoaudiólogos e psicólogos sobre a relevância da aquisição e do desenvolvimento de linguagem escrita para que a criança se torne um adulto independente e ativo socialmente. A leitura de livros é uma das maneiras de se ter acesso ao mundo da linguagem escrita e é uma atividade incentivada por muitos pais, professores e fonoaudiólogos. No entanto, a característica solitária do ato de ler, que pressupõe que num primeiro momento, durante a leitura o diálogo ocorra apenas entre o leitor e o autor do texto, leva algumas crianças e até mesmo adultos, a desistirem antes de finalizar a leitura.
Além disso, as leituras finalizadas nem sempre são compartilhadas e quando ocorre o compartilhamento, em geral, diz respeito a tarefas a serem entregues ao professor, como cumprimento de dever acadêmico. Agregar à atividade de leitura possibilidades de compartilhamento do texto lido e troca de pensamentos e reflexões advindos dessa leitura, aumenta a chance de que se termine a leitura e que haja motivação para a realização de novas leituras, além de aumentar as chances de que o conteúdo seja relembrado de forma significativa em contextos diversos devido ao debate realizado com outros leitores.
Diante a atual situação de isolamento social, as instituições de ensino básico estão sendo obrigadas a readequar os processos de ensino-aprendizagem e a inovar as estratégias, com a utilização de ferramentas tecnológicas¹. Consequentemente, as tradicionais estratégias de incentivo à leitura do ensino presencial, como as rodas de leitura², também estão sofrendo adaptações. Além das instituições, os fonoaudiólogos educacionais e clínicos estão buscando maneiras de manter o cuidado à distância, de forma que as crianças continuem sendo estimuladas e não percam suas habilidades de linguagem oral e escrita.
As práticas pedagógicas e fonoaudiológicas mediadas por tecnologia já eram tendência antes da pandemia, e já estavam sendo impulsionadas pela ampliação do acesso aos dispositivos móveis, os avanços tecnológicos e a ampla rede de comunicação proporcionada pela internet. Dessa forma, já havia sido notado por Barbosa et al.³ que quanto maior o uso de ferramentas tecnológicas, maior era o envolvimento e engajamento das crianças nas atividades propostas.
Dessa forma, tendo em vista os desafios da educação e atendimento fonoaudiológico remotos, a importância de se manter a estimulação e contato com a linguagem escrita, e as virtudes da utilização de ferramentas tecnológicas no engajamento de crianças e adolescentes, o presente estudo objetivou desenvolver uma rede social virtual infanto-juvenil, nomeada “Clube da Leitura”.
O site foi desenvolvido em versão web, por meio das linguagens de programação Javascript, HTML e CSS, a fim de que os usuários tenham uma plataforma exclusiva para realizar interações com seus pares a respeito de livros lidos por eles.
O usuário poderá se cadastrar na plataforma e criar clubes da leitura, assim como, poderá ser convidado a participar de outros. Os clubes funcionarão como grupos privados, em que só poderão participar dos mesmos, aqueles que forem convidados pelo usuário que os criou.
O funcionamento dos clubes são regidos por um passo a passo estruturado pela própria plataforma, em que o criador pode inserir, no momento da criação, datas a serem cumpridas pelos membros para que as interações de fato aconteçam.
As etapas estruturadas pelo sistema são: apresentação; escolha de um participante; leitura do livro, escrita do resumo e compartilhamento do mesmo; leitura do resumo de outro participante; e envio do vídeo.
Primeiramente, todos os participantes devem publicar no clube uma frase de apresentação, como por exemplo: “Eu sou o João, tenho 9 anos e gosto de ler livros de aventura”.
Realizadas as apresentações, todos os participantes devem escolher um outro participante do clube, do qual deseja receber um resumo do livro lido. Por exemplo: Participante A foi escolhido por B, logo, A deve enviar um resumo do livro lido a B.
Após o envio do resumo, o participante que o recebeu, deve enviar um vídeo agradecendo e comentando sobre a história do colega. Seguindo com o mesmo exemplo: Participante B envia um vídeo ao participante A agradecendo o envio do resumo e comentando sobre o que achou da história.
Para o funcionamento das interações, o sistema não permite que um participante seja escolhido duas vezes nem que dois deles se escolham mutuamente.
Além disso, o criador do clube pode escolher participar ativamente da troca de resumos ou pode ser apenas um observador. Esta opção possibilita que usuários, como por exemplo fonoaudiólogos e professores, apenas criem, organizem e orientem um clube da leitura sem necessariamente participar de forma ativa dele.
Um dos principais propósitos do “Clube da Leitura” é fazer com que a leitura deixe de ser um ato solitário e passe a ser um ato compartilhado, independentemente da impossibilidade de relações sociais presenciais, imposta pela situação de pandemia. A ferramenta desenvolvida é uma solução para fonoaudiólogos e pedagogos que estão buscando maneiras de trabalhar a leitura e a escrita de forma remota, mantendo o interesse e a interação com a criança ou adolescente. Além disso, a rede social também pode ser favorecedora de comportamentos leitores e de compartilhamento de leituras em situação social típica, ou “antigo normal”.
Por meio da plataforma online, a criança/adolescente é incentivada a ler uma história, elaborar um relato sobre ela e a compartilhá-lo. Dessa forma, o paciente ou aluno acaba sendo motivado a realizar atividades de leitura e escrita, pois as mesmas estão sendo direcionadas para uma outra pessoa que possui um real interesse no livro que ele está lendo.
Portanto, muito além do incentivo à leitura, o “Clube da Leitura” propõe também o treino da escrita de resumos, a situação de letramento ao ter contato com o livro e com a plataforma, e o desenvolvimento de uma opinião crítica acerca do livro lido pelo outro.
Atualmente a plataforma está em estado de avaliação do conteúdo e design por profissionais da saúde, educação e tecnologia. A etapa seguinte será a aplicação da mesma com um grupo controle, antes que ela seja disponibilizada para o público.


1. Oliveira ASS, Neto ABA, Oliveira LMS. Processo ensino aprendizagem na educação infantil em tempos de pandemia e isolamento. Revista científica multidisciplinar das faculdades ISEIB. 2020; 1(6)
2. Nunes I, Pereira MP, Santos MSV, Rocha JMF. A importância do incentivo à leitura na visão dos professores da escola walt disney. Revista eletrônica da faculdade de alta floresta. 2012;1(2) Available form: http://refaf.com.br/index.php/refaf/article/view/53/pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
3. Barbosa DNF et al. Experiências com o uso de tablets no contexto da educação escolar e não escolar. Revista Prâksis. 2015; 2:67-80. Available form:https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistapraksis/article/view/393.


2236
A EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO DE IDOSOS VINCULADOS AO SERVIÇO AMBULATORIAL DE SAÚDE AUDITIVA DE UMA UNIVERSIDADE DO SUL DO PAÍS
Ações de promoção e proteção da saúde
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


O atendimento a idosos usuários de AASI demonstra a importância de um processo de acolhimento e aconselhamento que ultrapassa os princípios do acompanhamento em audiologia. Portanto, fundou-se o grupo de idosos no ano 2000, como parte do programa de reabilitação auditiva, que perdura até os dias atuais, sendo composto por idosos usuários de AASI entre 60 e 90 anos, tendo como objetivo principal, promoção à saúde. Atualmente o grupo é coordenado por uma fonoaudióloga e pela psicóloga do serviço. Além disso, conta com voluntariado de acadêmicos do curso de Fonoaudiologia, colaborando com funções organizacionais para desenvolvimento das atividades. Os encontros ocorrem mensalmente abordando temas sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida. Observa-se que a participação no grupo aproxima os usuários do SASA e profissionais, diminuindo as chances de abandono do uso do AASI. Ao final dos encontros realiza-se um café coletivo, para promover a interação entre os participantes do grupo, profissionais e acadêmicos. Esta relação têm como resultados a adesão ao uso do AASI, aceitação da deficiência auditiva e, consequentemente, melhora da qualidade de vida. Para os participantes, o grupo é um dos maiores apoios que recebem diante de sua dificuldade na audição e, frequentemente, única forma de inclusão social.


2240
HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR: RELATO DE AÇÕES EM MEIO À PANDEMIA DE COVID-19
Ações de promoção e proteção da saúde
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Em preocupação com o cenário instaurado pela pandemia, o HU UFJF-Ebserh estabeleceu medidas de proteção para o enfrentamento da emergência na saúde pública decorrente da COVID-19. Foram adotadas medidas preventivas na organização do hospital, dentre elas: capacitações dos profissionais, adaptações de estruturas físicas com a implementação do isolamento por COVID-19 e, para redução de fluxo nas enfermarias, restrição de visitas e acompanhantes aos pacientes.
Sensibilizadas com a situação, uma Nutricionista e uma Fonoaudióloga da instituição pensaram em amenizar a angústia gerada por tantas mudanças. Para os pacientes, escrever recados nas tampas dos marmitex, através de palavras de otimismo, esperança e fé. Gesto simples, capaz de tornar melhor o dia daqueles que se encontram adoecidos e isolados. Para os colegas remanejados para o setor COVID-19, enviaram lanches, lembrancinhas e mensagens positivas, em forma de agradecimento, fortalecimento e valorização do profissional na linha de frente.
Estas atividades seguem sendo desenvolvidas e a satisfação dos usuários tem rendido matérias no site do HU UFJF-Ebserh, nas redes sociais e na televisão.
Através destas ações acolhedoras, deseja-se contagiar outros trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização e fortalecer as iniciativas de humanização já existentes na instituição.



2238
IDOSOS EM ISOLAMENTO SOCIAL: AÇÃO INTEGRADA ENTRE ALUNOS DA FONOAUDIOLOGIA E DA MEDICINA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Ações de promoção e proteção da saúde
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Princípios adotados: É necessária a garantia do acolhimento e cuidado humanizados da população idosa nos serviços do SUS; propiciar que a escuta se traduza em resolutividade, o que leva ao acionamento de redes internas, externas e multidisciplinares. Método: Este estudo baseia-se na descrição de uma ação planejada e executada por discentes do curso de Fonoaudiologia e de Medicina de uma instituição de ensino superior do interior do estado de São Paulo, durante estágios curriculares em uma Unidade de Saúde da Família. Resultados: A ação “Revivendo Memórias” promoveu a integração entre os alunos dos cursos de Medicina e de Fonoaudiologia. Os alunos da Fonoaudiologia desenvolveram a atividade “Qual é a música?”, de modo a resgatar a lembrança de músicas antigas. Em seguida, os alunos de Medicina iniciaram uma “Roda de conversa”, com a apresentação de fotos antigas e brinquedos da infância, com a participação de doze idosos. Num segundo encontro, os alunos de Fonoaudiologia realizaram a ação “Show do Milhão” com os mesmos idosos, visando fortalecer o vínculo entre eles. Houve a participação de sete idosos. Foram criados blocos de perguntas, sendo o último composto por temas relacionados à audição. Cada ação teve duração média de uma hora e quinze minutos.


2237
OFICINA DIGITAL DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES DO ENSINO BÁSICO SOBRE SAÚDE VOCAL
Ações de prevenção de doenças
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


A Fonoaudiologia teve o seu surgimento na educação, sendo que inicialmente a atuação no âmbito escolar era exclusivamente voltada à identificação e tratamento de desvios linguísticos. Atualmente a Fonoaudiologia Educacional tem como um de seus principais objetivos a melhora da qualidade do ensino, podendo desenvolver programas de formação docente. Devido a pandemia do COVID-19, o Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia Comunitária e Institucional, no primeiro semestre de 2020, reestruturou suas ações presenciais, passando a organizar suas atividades para o meio digital. Assim, ofereceu-se uma oficina online de formação para professores do ensino básico da rede pública de educação sobre saúde vocal, visando a promoção de saúde. Sabe-se que os professores são os profissionais da voz que mais apresentam distúrbios vocais devido ao trabalho, portanto é imprescindível o trabalho fonoaudiológico com essa classe. Nesta oficina foram trabalhados conteúdos referentes a anátomo-fisiologia vocal, Distúrbios de Voz Relacionados ao Trabalho - DVRT, aquecimento e desaquecimento vocal e mitos e verdades sobre a voz. Ao final da oficina aplicou-se um questionário de avaliação com o objetivo de verificar o aprendizado acerca do conteúdo trabalhado. Desta forma, 80% dos participantes avaliaram o aprendizado como ótimo e 20% como bom.


2239
VIVÊNCIA DE ESTAGIÁRIOS DE FONOAUDIOLOGIA EM SALA DE MATERNAL
Ações em equipamentos de educação
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Princípios adotados: A Fonoaudiologia, no âmbito educacional, deve ser
considerada parte da equipe escolar, atuando desde o planejamento de estratégias
para desenvolvimento de habilidades comunicativas até a identificação de possíveis
alterações. Método: Este estudo baseia-se na descrição de ação planejada e
executada por discentes de um curso de Fonoaudiologia do interior do estado de
São Paulo, com supervisão docente, durante um estágio curricular em uma escola
de educação infantil. Resultados: A ação foi desenvolvida em duas etapas: a
primeira, dentro da sala de aula, contou com 16 educandos da turma do maternal, e
consistia em criar um vínculo com as crianças e ampliar o vocabulário das mesmas,
através da música cantada: “cabeça, ombro, joelho e pé” e com uma atividade de
colagem das diferentes partes do rosto. A atividade teve ampla participação das
crianças, boa aceitação e interação dos educadores. A segunda etapa contou com
um grupo de oito escolares, selecionado entre as crianças que participaram da
primeira etapa, com suspeita de alteração no desenvolvimento da comunicação,
segundo percepção do educador e do grupo de estagiários. Esses escolares foram
submetidos à uma triagem individualizada, na própria escola, com apoio de
brinquedos, sendo que três necessitaram de encaminhamento para avaliação
especializada.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2151
+ LINGUAGEM [EDUCACIONAL]: PROGRAMA DE PROMOÇÃO DE COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS DE CRIANÇAS DE IDADE PRÉ-ESCOLAR – DADOS DE EFICÁCIA
Práticas fonoaudiológicas
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Dificuldades no desenvolvimento linguístico precoces estão associadas a dificuldades nas aprendizagens escolares em geral e têm impacto no desenvolvimento global das crianças (Stackhouse, 2014; Law, Charlton & Asmussen, 2017). As competências de comunicação oral e a consciência linguística são vistas como habilidades fundamentais a desenvolver em idade pré-escolar para promover aprendizagens mais efetivas no ensino básico (Orientações Curriculares para o Ensino Pré-Escolar – OCEPE, Portugal).

Objetivo: O programa +Linguagem educacional tem como objetivo promover o desenvolvimento da linguagem de crianças de idade pré-escolar em contexto de jardim de infância, através de uma intervenção indireta do terapeuta da fala (Ebbels et al, 2017); assume uma abordagem universal (é dirigido a todas as crianças), flexível (porque se adapta às necessidades do grupo) e é compatível com a abordagem multinível vigente no contexto atual da Educação em Portugal (pois potencia aprendizagens de qualidade para todos e auxilia na identificação de crianças para as quais medidas mais direcionadas ou individualizadas são necessárias), rentabilizando parcerias multiprofissionais, em particular entre o educador de infância e o terapeuta da fala. Neste estudo apresentam-se resultados da eficácia de um programa de promoção de competências linguísticas em contexto educacional.

Método: Participaram neste estudo crianças de duas salas heterogéneas de jardim de infância dos 4 aos 6 anos, as quais foram sujeitas a uma avaliação pré e pós-intervenção. O programa foi implementado em 8 sessões de capacitação (do educador de infância) e de intervenção (com as crianças em contexto educativo), apenas numa das salas, tendo a segunda sala funcionado como grupo de controle. As atividades de intervenção desenvolvidas foram distintas das de avaliação, tendo sido implementadas semanalmente pelo educador de infância, após as sessões de formação, planeamento e monitorização com o terapeuta da fala.

Resultados: Verificaram-se melhorias nos desempenhos de linguagem do grupo alvo de intervenção, em contraste com o grupo de controle, e feedback positivo do educador de infância relativamente ao impacto nas suas práticas educativas.

Conclusão: A promoção das competências linguísticas de crianças em idade pré-escolar, numa abordagem preventiva, pode passar por práticas de intervenção indireta do terapeuta da fala em contexto educacional em articulação com profissionais de educação.
Palavras-chave: perturbação da linguagem, competências linguísticas, estimulação, intervenção indireta

Law J, Charlton J, Asmussen K. Language as a Child Wellbeing Indicator [Internet]. 2017 [citado 8 de Maio de 2018]. Disponível em: http://www.eif.org.uk/wp-content/uploads/2017/09/language-child-wellbeing-indicator_Sep2017.pdf

Ebbels SH, McCartney E, Slonims V, Dockrell JE, Norbury C. Evidence based pathways to intervention for children with language disorders. PeerJ Preprints [Internet]. 27 de Abril de 2017 [citado 29 de Novembro de 2017]; Disponível em: https://peerj.com/preprints/2951v1/

Stackhouse J. Barriers to literacy development in children with speech and language difficulties. Em: Bishop DVM, Leonard LB, editores. Speech and Language Impairments in children: causes, characteristics, intervention and outcome. London and New York: Psychology Press; 2000.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1630
35º FASC: AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO
O Festival de Artes de São Cristóvão (FASC) é um evento cultural de grande importância para Sergipe. É realizado na cidade de São Cristóvão, a quarta mais antiga do país e primeira capital do estado, e conta com diversas atrações culturais, locais e nacionais, reunindo milhares de pessoas nos quatro dias de programação. Nesse contexto, o evento tem um público muito diversificado o que é um diferencial para a conscientização da saúde e fruto para a educação ambiental, visto que a poluição sonora e o descarte de lixo estão presentes em grandes aglomerações. Assim surgiu a extensão universitária intitulada “PROJETO PSSSSIU! Ambiente e saúde integrados no 35º FASC”, que contou com a participação de 10 discentes e 4 docentes dos cursos de Fonoaudiologia e Engenharia Ambiental.

OBJETIVO
O objetivo da ação foi orientar e conscientizar o público do 35º FASC, realizado em 2018, sobre os aspectos relacionados à saúde auditiva, vocal e ambiental.

MÉTODO
Foram organizadas reuniões técnicas interdisciplinares a fim de desenvolver material sobre temáticas a serem abordadas durante o Festival detalhando as estratégias para conscientizar a população sobre saúde vocal, auditiva e sobre o ambiente. Um stand foi colocado na praça principal do evento no qual foram expostos três banners sobre cada tema.
Em Saúde Vocal, foi adotada dinâmica de mitos e verdades a respeito da voz, conversa interativa sobre o abuso vocal, e expostos; alimentos e utensílios para orientação sobre impactos positivos e/ou negativos. Em Saúde Auditiva, foi explorada a poluição sonora, os perigos da exposição ao ruído intenso e os sintomas da Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR). Desta forma, a conscientização de que a longa exposição a sons de forte intensidade pode ocasionar diversos problemas de saúde tais como e cefaleia, zumbido, vertigens, insônia, dificuldade de concentração, perda auditiva entre outros.
Sobre a Saúde Ambiental, os discentes de Engenharia Ambiental, explicaram a importância do consumo consciente na geração de resíduos, através da temática de adoção do próprio copo, e a importância do canudo reutilizável em aço inox ou vidro, para evitar o uso do plástico, foram mostradas imagens do prejuízo ao longo dos anos e seu impacto no ambiente.
Além do local criado para interagir com o público, durante o evento, os discentes percorreram as ruas centenárias da cidade histórica distribuindo folders explicativos, promovendo contato mais direto com o público.

RESULTADOS
A ação de extensão trouxe um impacto positivo, centenas de pessoas foram conscientizadas no evento, e puderam perguntar e compreender mais sobre a importância do uso correto da sua voz, os cuidados com a audição e medidas ecológicas e sustentáveis para o meio ambiente.

CONCLUSÃO
O projeto obteve êxito, com a promoção de medidas de educação em saúde para o público que prestigiou o FASC, desta forma, a equipe pode transmitir orientações técnicas para um público variado e com diversidades culturais e sociais, além disso, a convivência da equipe durante os dias do evento foi gratificante e forneceu ensinamentos para os participantes da ação com um trabalho integrado entre Fonoaudiologia, Engenharia Ambiental e Cultura Sergipana.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1619
A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO LEAN NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: De acordo com o consenso mundial, no Sistema Único de Saúde (SUS) Brasileiro, o acesso ao sistema público é obtido por meio da atenção primária, considerada como a principal política pública para confrontar as desigualdades econômicas, políticas e sociais no acesso à saúde (BRASIL, 2015, p. 24; REIS et al., 2018, p. 296; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018, p. 6). Atualmente, a saúde pública alcança mais de 70% da população brasileira (BRASIL, 2018), sendo esta abrangência variável de acordo com o momento econômico do país. Baseado na percepção do paciente sobre a qualidade do serviço, muitos brasileiros optam por possuir um plano de saúde, entretanto, observa-se uma mudança nesta postura frente as crises económicas. Entretanto, é inegável a existência de sérios problemas na área de saúde do Brasil. Na perspectiva da gestão, o SUS é considerado um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública quando comparado com sistemas semelhantes oferecidos em outros países. Como um movimento mundial, a busca pela qualidade dos serviços de saúde frente a redução de recurso financeiro tem sido tema de discussão em realidades diferentes. Lean Thinking, em Português Pensamento Lean, tem sido amplamente discutido na literatura da área e apresentado como uma das principais estratégias para a busca da qualidade nos processos em saúde com menos recurso financeiro. Lean nos cuidados em saúde, como o próprio nome diz, é quando o pensamento está voltado para identificar e reduzir etapas desnecessárias, como exames, tratamentos e intervenções que não agregam valor ao cliente.
Objetivo: averiguar o conhecimento disponível na literatura científica sobre a implementação do pensamento lean na área da saúde, mais especificamente na Atenção Primária em Saúde.
Estratégia de pesquisa: trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Foram consultadas as bases de dados eletrônicas PubMed/MEDLINE, LILACS, ADOLEC, IBECS, SciELO, Web of Science, Scopus e Embase, utilizando os descritores palavras chaves lean, cuidado primário em saúde, administração, gestão em saúde. Critérios de seleção: foram selecionados estudos publicados em Português, Inglês e Espanhol, até o mês de junho de 2019.
Resultados: Foram encontrados 498 estudos, sendo que 18 artigos contemplaram os critérios pré-estabelecidos.
Conclusão: A revisão de literatura integrativa realizada permitiu concluir que, as experiências prévias com a implementação do lean na Atenção Primária em Saúde não forneceram evidências científicas sobre sua eficácia, impacto na qualidade da assistência em saúde e sustentabilidade, pelo contrário, incitaram a dúvida se o pensamento lean é viável e deve ser considerado para a busca da qualidade da atenção primária em saúde.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A atenção primária e as redes de atenção à saúde. Brasília: CONASS, 2015. Disponível em: Acesso em: 15 de jul. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório de Gestão 2018. 2018. Disponível em: . Acesso em: 15 de jul. 2019.
REIS, C. et al. Saúde: healthcare. In: PUGA, F.; CASTRO, L. B. (Orgs.). Visão 2035: Brasil, país desenvolvido: agendas setoriais para alcance da meta. Rio de Janeiro: BNDES, 2018. p. 589-312. Disponível em: . Acesso em: 15 de jul. 2019.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. A vision for Primary Health Care in The 21st Century. Towards Universal Health Coverage and The Sustainable Development Goals. World Health Organization, 2018. Disponível em: . Acesso em 15 de jul. 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
503
A ASSOCIAÇÃO ENTRE O USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS E A QUALIDADE DO SONO EM ADOLESCENTES
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O sono na adolescência tem uma duração menor do que o recomendado que é de 8 horas ou mais(1) , essa redução pode estar associada a utilização imoderada de equipamentos eletrônicos, que atualmente se encontram inseridos no cotidiano como instrumentos essenciais tanto para a vida acadêmica, bem como para a vida social. Porém, o uso excessivo dessas tecnologias pode indicar uma baixa qualidade de sono (2,3). E consequentemente implicar em alterações no desempenho escolar, no bom humor e na saúde de modo geral, dessa forma, constituindo prejuízos a longo prazo para estes indivíduos (4,5). Objetivos: Identificar as evidências científicas sobre como a tecnologia pode impactar na qualidade do sono de adolescentes. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura dos últimos cinco anos, na qual foram levantados artigos nas bases de dados PubMed e Scielo, em três idiomas português, inglês e espanhol. Foram utilizados os descritores: higiene do sono, qualidade do sono, tecnologias e adolescentes, bem como seus respectivos correspondentes em inglês. Os critérios de inclusão determinados foram: publicações dos últimos cinco anos, casuística com faixa etária de 11-19 anos, utilização dispositivo eletrônicos como celular ou computador e mensuração da qualidade de sono por meio de algum questionário padronizado. Foram excluídos estudos que incluíam participantes com transtornos psiquiátricos e do desenvolvimento. Resultados: Inicialmente, foram encontrados 603 artigos na PubMed e 4 artigos na Scielo, após a seleção restaram 8 artigos, sendo seis da Pubmed e dois da Scielo. Foi observado que a faixa etária média utilizada nos estudos foram os 15-16 anos(3,6), a prevalência de má qualidade do sono associada ao uso de celular foi maior em meninas (1,3,7), mensurado por meio do Índice de Qualidade do Sono Pittsburgh (PSQI). Porém, quando relacionado à utilização de videogames, os indícios de alterações do sono foram mais relevantes em meninos(3). Além disso, a duração média de sono encontrada em adolescentes foi de 6,9 horas, sendo considerada menor do que o aconselhado para estes indivíduos(1,3). Os estudos selecionados foram capazes de evidenciar que o uso excessivo de equipamentos eletrônicos podem causar maior latência do sono e colaboram para uma preferência circadiana noturna em contraposição aos horários escolares matutinos, causando a redução das horas de sono e consequentemente diminuindo sua eficácia, podendo desencadear uma sonolência diurna, o que pode comprometer o processo de aprendizagem (1,3,6,7,8). Conclusão: Foi possível compreender que o uso excedente das tecnologias possui uma contribuição negativa na qualidade do sono dos adolescentes. Constata-se como uma temática que requer atenção pública devido aos impactos adversos que a falta de um sono reparador pode ter sobre o bem estar integral desses indivíduos. A realização de ações com o intuito de conscientizar a população quanto às medidas de higiene do sono que se caracterizam como uma ferramenta de promoção à saúde relevante.

1- Adelantado-Renau M, Diez-Fernandez A, Beltran-Valls MR, Soriano-Maldonado A, Moliner-Urdiales D. The effect of sleep quality on academic performance is mediated by Internet use time: DADOS study. J. Pediatr. 2019; 95(4): 410-418.

2-Gradisar M, Wolfson AR, Harvey A, Hale L, Rosenberg R, Czeisler CA. The sleep and technology use of Americans:findings from the National Sleep Foundation’s 2011 Sleep in America Poll. J Clin Sleep Med. 2013; 9:1291–9.

3- Amra B, Shahsavari A, Shayan-Moghadam R, Mirheli O, Moradi-Khaniabadi B, Bazukar M, et al. The association of sleep and late-night cell phone use among adolescents. J. Pediatr. 2017; 93(6): 560-567.

4-Bruce ES, Lunt L, McDonagh, JE. Sleep in adolescents and young adults. Clinical Medicine. 2017; 17 (5): 424–428.

5- Dahl RE, Lewin DS. Pathways to adolescent health sleep regulation and behavior. J Adolesc Health. 2002; 31:175–84.

6- Shimura A, Hideo S, Takaesu Y, Nomura R, Komada Y, Inoue T. Comprehensive assessment of the impact of life habits on sleep disturbance, chronotype, and daytime sleepiness among high-school students. Sleep Med. 2018; 44: 12-18.

7- Galland BC, Gray AR, Penno J, Smith C, Lobb C, Taylor RW. Gender differences in sleep hygiene practices and sleep quality in New Zealand adolescents age 15 to 17 years. Sleep Health. 2017; 3 (2): 77-83.

8- Cabré-Riera A, Torrent M, Donaire-Gonzalez D, Vrijheid M, Cardis E, Guxens M. Telecommunication devices use, screen time and sleep in adolescents. Environmental Research. 2019;171:341-347.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
751
A ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA: VIVÊNCIAS PRÁTICAS EM UM MUNICÍPIO DE PERNAMBUCO, 2019
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O fonoaudiólogo pode atuar nos diferentes níveis de atenção á saúde, na atenção primária ele pode identificar e acompanhar patologias, atuar na prevenção, educação e conscientização. Pode ainda, discutir casos com a equipe, atender á demandas para oficinas e terapias grupais. O foco dessa atuação depende de características epidemiológicas e populacionais do território em que esse profissional está inserido. Os avanços do Sistema Único de Saúde e Núcleo Ampliado de Saúde da Famíliaamília na Atenção Básica, contribuiu pra ampliação do acesso aos serviços de Fonoaudiologia no Brasil, porém essa atuação ainda é um desafio Objetivo: Descrever as vivências práticas fonoaudiológicas desenvolvidas em uma unidade básica de saúde. Desenvolvimento: Este estudo está baseado nas vivências práticas realizadas durante a participação do estágio curricular obrigatório no ano de 2019. As atividades eram pautadas nas necessidades da população, sendo adaptada a cada contexto e elaborada a partir de discussões em grupo. Além de outros profissionais compondo a equipe dessa unidade básica de saúde, havia uma fonoaudióloga que atuava através do núcleo ampliado atendendo as necessidades coletivas e individuais da população. A equipe multiprofissional da Estratégia de Saúde da Família elaborava práticas que contribuíam para a saúde dos integral dos usuários. Resultados: Foram realizadas 2 ações fonoaudiológicas, uma com professores abordando a saúde vocal e a outra com alunos do ensino fundamental que abordou vários assuntos da fonoaudiologia, foram feitas 2 rodas de conversas com objetivo de conhecer a população e levar fonoaudiologia até eles, juntamente com enfermeira durante a puericultura foram realizadas orientações as mães sobre amamentação e a realização do teste da linguinha, houve 1 visitas domiciliar, 2 palestras que abordou a saúde da mulher, questões da amamentação e a outra sobre saúde do idoso abordado temas como audição e mastigação e 1 orientação juntamente com o dentista. Conclusão: As práticas fonoaudiológicas executadas evidenciou que a atuação responde aos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde, trazendo benefícios à população local, cujo contexto, em que maior parte, não conhecia o que é a Fonoaudiologia, como esse profissional atua e qual sua importância. Foi notório também, a satisfação dos outros profissionais pois houve troca de conhecimento sendo uma experiência importante para atendimentos com olhar diferenciado.

LIPAY, M. S.; ALMEDA, E. C. A fonoaudiologia e sua inserção na saúde pública, Rev. Ciênc. Méd., Campinas, 16 (1): 31-41, Jan. / Fev., 2007.

VIÉGAS, L. M. T. et al. Fonoaudiologia na atenção básica no Brasil: Análise da oferta e estimativa do déficit, 2005-2015, Ver. CEFAC. 2018 Maio-Jun; 20 (3): 353-362.

LIMA, T. F. P.; ACIOLI, R. M. L. A prática fonoaudiológica na atenção primária à saúde, Editora. PULSO, 2013. Cap1 – pág 33-38.

SOLEMAN, C.; MARTINS, C. L. O Trabalho do fonoaudiólogo no núcleo de apoio à saúde da família (NASF)- Especificidades do trabalho em equipe na atenção básica, Ver. CEFAC. 2015 Jul-Ago; 17 (4): 1241-1253.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1545
A ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO EM EQUIPE INTERPROFISSIONAL NA ÁREA DA EDUCAÇÃO: DESAFIOS E APRENDIZADOS DE UM TRABALHO REMOTO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: No campo da saúde, a interprofissionalidade atua como um dos caminhos para que áreas delimitadas e separadas se encontrem e produzam novas possibilidades. Nesta perspectiva, o interprofissionalismo favorece o redimensionamento das relações entre diferentes conteúdos, do ensino e serviço, configurando, assim, trocas de experiências e saberes, em uma postura de respeito à diversidade e cooperação, visando efetivar práticas transformadoras sustentadas no exercício do diálogo permanente. A composição de equipes interprofissionais costuma ser pensada como solução. Entretanto, o objeto de cada profissão de saúde não coincide com os das demais, de modo que a justaposição de todos não parece recompor uma suposta unidade perdida. Como integrar as ações e, mais do que isso, interrogar o modo como identificamos e apreendemos as necessidades de atenção? O fonoaudiólogo atualmente faz parte de diversas equipes interprofissionais, dentre elas, no setor da Educação para o cuidado na promoção e prevenção da saúde integral do servidor público. Objetivo: Expor os desafios e aprendizados encontrados durante o trabalho remoto de um fonoaudiólogo em uma equipe interprofissional. Método: Esta equipe interprofissional, é composta por 3 psicólogas, além de uma fonoaudióloga e realizam diversas ações ligadas diretamente ao servidor público como: acolhimento, acompanhamento, visitas domiciliares, visitas às escolas, articulações intersetoriais, oficinas, reuniões de equipe, etc. Vale ressaltar que não é realizada reabilitação propriamente dita e sim orientações e encaminhamentos. Com a pandemia, a equipe precisou realizar o trabalho remotamente e assim mudar as estratégias de cuidado. Resultados: Foi criada uma página no Instagram onde puderam ser compartilhadas aos servidores diversas orientações de saúde tanto relacionadas à COVID-19 como as repercussões na saúde mental ocasionadas pelo isolamento social e sobre a saúde da voz do servidor. Dentre os principais desafios enfrentados, podemos destacar o domínio de diversos aplicativos, o funcionamento da rede social, a conciliação dos trabalhos domésticos, com os filhos e o trabalho em casa, o acolhimento online dos servidores, mantendo-se mesmo que virtualmente a escuta qualificada e a humanização do cuidado. Além dos limites de trabalho entre a Psicologia e a Fonoaudiologia. No entanto, observou-se um aprendizado constante com superação, reinvenção e criatividade, assim como uma melhor interação virtual entre os servidores e os profissionais da equipe. Conclusão: o trabalho do fonoaudiólogo em uma equipe interprofissional não é fácil, muito menos em formato remoto. Entretanto, é possível apesar de haver desafios e aprendizados constantes durante o caminho, observando que uma atuação integrada em equipe, na qual há colaboração e reconhecimento da interdependência das áreas predominam frente à competição e a fragmentação.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
376
A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CASOS DE VIOLÊNCIA FAMILIAR: UM ESTUDO PILOTO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: denomina-se violência intrafamiliar “quaisquer atos ou omissões dos pais, parentes, responsáveis, instituições e, em última instância, da sociedade em geral, que redundam em dano físico, emocional, sexual ou moral às vítimas” 1. São atos que repercutem negativamente na saúde de todos os envolvidos, principalmente, em crianças e adolescentes. Pois, ao experienciarem o agravo, podem assimilar a violência como conduta aceitável, reproduzindo-a na vida adulta2. O contato frequente, o tempo de permanência somente com a criança ou o adolescente, o conhecimento do cotidiano e uma estreita relação com a família, são fatores que permitem ao fonoaudiólogo compreender a dinâmica familiar em que situações de violência podem estar presentes3. Objetivos: a) investigar o que faz o fonoaudiólogo em casos de violência familiar a partir de um questionário, aplicado em âmbito de estudo piloto; b) verificar a eficácia do instrumento e a tangibilidade das questões. Método: foi aplicado um questionário, embasado em pesquisa anterior3, junto a fonoaudiólogos residentes no Estado do Paraná. Os critérios de inclusão consideraram fonoaudiólogos inscritos no CRFa 3ª região, atuantes na área clínica. Foram excluídos profissionais que atendiam somente adultos e idosos. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética: 88408718.8.0000.8040. Resultados: do total de sete participantes, cinco responderam ao questionário e dois foram excluídos por trabalharem apenas com adultos e idosos. Desse total, dois relataram ter atendido casos de violência e três disseram que não atenderam. Dos dois fonoaudiólogos que atenderam, um assinalou ter acolhido aproximadamente três bebês e três crianças, entre 2 e 11 anos. E o outro profissional assinalou ter atendido uma criança. Os tipos de violência citadas foram físicas e psicológicas, seguidas de violência sexual, negligência ou abandono. A alteração fonoaudiológica encontrada nestes casos foi o atraso no desenvolvimento da linguagem. Com relação a suspeita da violência, um profissional relatou que recebeu os casos encaminhados do lar de adoção, já sabendo do episódio de violência. E o outro referiu que suspeitou devido à agressividade da criança. Sobre a conduta, um profissional relatou que não tomou atitudes específicas e o outro profissional estabeleceu contato com a psicóloga que atendia o caso. Com relação aos órgãos a serem informados em casos suspeitos de violência, os cinco fonoaudiólogos mencionaram o conselho tutelar e a vara infância e da juventude. Conclusão: os participantes ressaltaram a relevância da notificação da violência aos órgãos, mas não fizeram relação entre a situação de violência e os sintomas fonoaudiológicos apresentados pelos usuários. O instrumento usado mostrou-se adequado, indicando a viabilidade da aplicação do questionário para investigar, de forma mais ampla, o conhecimento dos fonoaudiólogos sobre a temática da violência intrafamiliar.

1. Fonseka RW, Minnis AM, Gomez AM. Impact of Adverse Childhood Experiences on Intimate Partner Violence Perpetration among Sri Lankan Men. PLoS One. 2015; 10(8):e0136321.

2. Ministério da Saúde - MS. (2010). Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências: orientação para gestores e profissionais de saúde. Brasília, DF.

3. Noguchi MS. O dito, o não dito e o mal-dito o fonoaudiólogo diante da violência familiar contra crianças e adolescentes [Tese de doutorado]. Rio de Janeiro: Escola nacional de saúde pública – fundação Oswaldo Cruz. Junho de 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1509
A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)



INTRODUÇÃO: O fonoaudiólogo se insere na Atenção Primária à Saúde (APS) através do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e atua nas esferas de prevenção, promoção e vigilância em saúde. Devido a pandemia, foram estabelecidas diretrizes para a orientação do funcionamento das Unidades de Saúde da Família (USF), resultando em mudanças no processo de trabalho das equipes de saúde da família e dos NASF-AB. Assim, atividades consideradas eletivas e grupos foram suspensas, mantendo apenas os atendimentos considerados urgentes e prioritários. OBJETIVO: Relatar a atuação fonoaudiológica no NASF-AB durante a pandemia do COVID-19. MÉTODO: A experiência ocorreu em um NASF-AB da cidade de Jaboatão dos Guararapes - PE. Em caráter de campo foram realizadas atividades de educação em saúde, através de distribuição de máscaras, aferição de temperatura e orientações visando a prevenção da doença causada pelo COVID-19, realizadas por toda a equipe em conjunto com residentes em atenção básica e saúde da família. Em caráter de núcleo os atendimentos têm sido realizados predominantemente remotamente via vídeo-chamada, em casos excepcionais, como um AVC recente, a equipe se desloca à residência do usuário, sempre fazendo o uso de toda a paramentação necessária para evitar o contágio, realiza o acompanhamento que pode ser um teste, uma intervenção ou pequena avaliação e orienta os responsáveis quanto à conduta. RESULTADOS: Ao longo das ações de educação em saúde foram encontradas pessoas sem máscara ou fazendo o uso incorreto da mesma, durante a abordagem a essas pessoas era comum encontrá-las com a máscara no queixo, boa parte dos abordados ajustou a máscara, uma minoria se recusou a fazer o uso, muitas vezes sob a justificativa de não acreditar na doença e afirmar que tudo não passa de um jogo político. Uma das pessoas abordadas fazia o uso correto da máscara mas ao verificar sua temperatura constatou-se febre, a mesma referiu outros sintomas indicativos de COVID-19 e foi orientada de acordo com os protocolos, à retornar ao seu lar e buscar um serviço de saúde caso houvesse uma piora no quadro. As visitas aos usuários tem acontecido em frequência menor e com um intervalo de tempo maior, durante o período sem visita o acompanhamento remoto tem suprido as necessidades. As intervenções presenciais reduziram após o início do isolamento pois os agentes comunitários não conseguem trazer novas demandas sem a ida ao território. CONCLUSÃO: Essas experiências deixam clara a importância da Atenção Primária à Saúde para a produção do cuidado, assim como também esclarece o peso do uso da educação em saúde em situações emergenciais, além de valorizar o trabalho realizado pelas equipes do NASF-AB.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1605
A AUDIÇÃO E O MEATO ACÚSTICO EXTERNO DE CRIANÇAS DE “RISCO” PARA OS PROBLEMAS DE LEITURA
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A audição é primordial para o processo de aprendizagem. Ações realizadas na escola que visem a identificação precoce de alterações são essenciais, uma vez que quanto mais cedo as alterações auditivas em crianças forem identificadas, tais crianças serão beneficiadas com a eficiência dos tratamentos de (re)habilitação¹-². OBJETIVO: Identificar possíveis alterações na audição de crianças de risco para problemas de leitura e encaminhá-las para diagnóstico e tratamento. MÉTODO: Foi realizada, pelo Departamento de Orientação e Promoção da Secretaria de Educação da Prefeitura de Mogi das Cruzes do Estado de São Paulo (DOP/Pró-Escolar), uma campanha de prevenção à perda auditiva e promoção à saúde das crianças do segundo ano do Ensino Fundamental de uma Escola do município. Do total de 96 crianças, participaram da campanha 18, que foram consideradas de “risco” para os problemas de leitura a partir da aplicação do Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura - IPPL³. Em sala de aula vazia e com níveis de pressão sonora máximos de 60dBNA, antes e durante o teste, mensurados por medidor de pressão sonora, foi realizada triagem auditiva por fonoaudióloga especialista em Audiologia. Para isso, foram inspecionados os condutos auditivos externos das crianças por meio de um otoscópio da marca Heine, com o intuito de verificar a ausência ou ocorrência de alterações (rolha de cerume, corpos estranhos, malformação do canal auditivo, entre outras), e no segundo caso, encaminhar a criança para consulta e conduta do médico otorrinolaringologista da rede municipal desta cidade. Foi utilizado o instrumento musical agogô, com a finalidade de detectar a ausência ou presença de reflexo cócleo-palpebral, bem como, o audiômetro pediátrico da marca Interacoustics, modelo PA5, para pesquisa dos limiares auditivos utilizando fone de ouvido, o critério adotado foi “passa” ou “falha”. Os valores dos limiares obtidos deveriam ser iguais ou inferiores ao nível de audição que foi determinado em uma calibração biológica realizada anteriormente (25dBNA). Todas as crianças que falharam na triagem, ou seja, apresentaram resultados alterados em uma ou ambas as orelhas, foram encaminhadas para avaliação audiológica no DOP/Pró-Escolar. RESULTADOS: Das 18 crianças avaliadas, 55% apresentaram acúmulo de cerúmen em uma ou ambas as orelhas, 22,5% falharam na triagem da audição e os demais (22,5%) não apresentaram alterações nos aspectos investigados. Apenas uma criança que falhou na triagem da audição apresentou ausência do reflexo cócleo-palpebral. CONCLUSÃO: A maioria das crianças avaliadas apresentou alteração durante a inspeção do meato acústico externo e na triagem da audição, assim foram encaminhadas para diagnóstico e tratamento. Vale ressaltar que foi triado um número pequeno de crianças, uma vez que foram apenas as que falharam no Rastreio das habilidades de leitura, o que reforça a importância e a necessidade de ações realizadas nas escolas para identificação precoce de alterações auditivas de crianças de “risco” para os problemas de leitura.

1. Sitta EI, Arakawa AM, Oliveira NA, Xavier , Rocha MLM, Carvalho FS et al. Triagem audiológica em pré-escolares com histórico de otite média. Rev. baiana saúde pública, 2010; 34(2): 388-96.
2. Tamanini D, Ramos N, Dutra LV, Bassanesi HJ. Triagem auditiva escolar: identificação de alterações auditivas em crianças do primeiro ano do ensino fundamental. Revista CEFAC. 2015;17(5):1403-14.
3. Capellini SA, César AB, Germano GD. Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura. Booktoy: Livraria e Editora. 2017.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1543
A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA COMO MEIO PARA O TRABALHO COM A NARRATIVA EM ATENDIMENTO GRUPAL COM CRIANÇAS AUTISTAS.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Na terapia fonoaudiológica de crianças com Transtorno do Espectro Autista que não falam, o recurso da Comunicação Alternativa (CAA) é o meio pelo qual elas têm acesso às estruturas da língua, dando oportunidade de imersão na linguagem, e interação com pares. [1] No processo terapêutico de linguagem com crianças usuárias de CAA, o trabalho com a narrativa é essencial para o desenvolvimento de estruturas linguísticas, pois, é a partir da reprodução de histórias que se tem acesso às estruturas da língua, desde uma frase simples à aspectos mais elaborados como coesão e coerência textual. [2] [3] Esse recorte de pesquisa teve como objetivo principal trabalhar a estrutura sintática e semântica da narrativa a partir do reconto de histórias tendo como instrumento de reprodução os símbolos pictográficos da Comunicação Alternativa. Os sujeitos da pesquisa são dois meninos que possuem diagnóstico de autismo, ambos com onze anos, são atendidos em grupo desde 2015 no grupo de pesquisa GEPELC (UFS/SE). O processo de implementação de CAA teve início em janeiro de 2018, e o trabalho com a narrativa recontando histórias utilizando símbolos pictográficos retirados da plataforma ARASAAC.ORG, teve início em março de 2019. Foram realizados 29 atendimentos sendo utilizadas seis histórias infantis. Primeiro era realizada a narrativa da história pelos terapeutas para depois o reconto ser realizados pelos sujeitos do grupo. As narrativas foram realizadas a partir de estratégias como, teatro de palitos, fantoches, bonecos de papel, dedoches. Para o reconto das histórias os pacientes utilizaram os símbolos pictográficos recortados individualmente para que eles organizassem a frase de acordo com os fatos da história. Ao final desse trabalho com a narrativa e reconto de histórias infantis, houveram muitos avanços no modo como os pacientes se relacionavam com o recurso de CAA para recontar as histórias, eles passaram da formação de frases simples para a elaboração frases coordenadas e subordinadas. Ao final do trabalho terapêutico com essas seis histórias, observa-se a utilização frequente de (6) pronomes, (86) novos verbos, (29) novos adjetivos, (26) novos símbolos pictográficos diversos como preposições, advérbios, conectivos. conectivos e (4) expressões sociais. O trabalho com a narrativa aliado ao recurso da CAA no processo terapêutico da linguagem trouxe para os pacientes mais autonomia na manipulação dos recursos de CAA para recontar as histórias, demonstrando ser uma importante ferramenta para possibilitar e facilitar o entendimento do que está sendo proposto [4] Ao mesmo tempo que demonstraram maior facilidade e familiaridade com os símbolos pictográficos, e com as regras do sistema, as famílias relatam maior frequência da utilização de pranchas de CAA pelos usuários e parceiros de comunicação em casa e na escola.

1. Chun R Y S, Maia A L W. Pesquisas em Fonoaudiologia na Unicamp: a escuta de familiares como parceiros de comunicação de usuários de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa. In: Givigi R C N (Org). Pesquisa em Saúde e Educação: atendimento à pessoa com deficiência. 1 ed. Sergipe: Appris, 2019.
2. Perroni M C. Desenvolvimento do discurso narrativo. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
3. Lira, J O, Tamanha A C, Perissinoto J, Osbon E. O reconto de histórias em crianças do espectro autistico: um estudo preliminar. Ver CEFAC, 2009. Jul-set, (11, 93) 417-422. Disponível em: www.lilacs.br. Acesso em 29 abril de 2018
4. Rodrigues V, Borges L, Nascimento M de C, Almeida M A. O uso da comunicação suplementar e alternativa como recurso para a interpretação de livros de literatura infantil. Revista CEFAC, junho de 2016 [acesso 02 de julho de 2020]; 18 (3). Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000300695&lng=pt&tlng=pt


TRABALHOS CIENTÍFICOS
141
A COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTA DO CUIDAR EM CONDIÇÕES PALIATIVAS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional traz consigo a necessidade de um olhar ampliado e integral às condições crônicas que acometem os idosos. Ainda que os Cuidados Paliativos (CP) não se restrinjam às doenças crônicas, degenerativas ou ao envelhecimento, são mais prevalentes nesses casos(1,2). A comunicação, é considerada uma ferramenta essencial no cuidado à estes pacientes e familiares. Assim observa-se uma nova possibilidade para a atuação Fonoaudióloga junto à equipe multiprossional de hospitais e núcleos de saúde. OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(3) sobre a importância e a influência da comunicação em pacientes que estão em cuidados paliativos com equipe de saúde e familiares. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação de descritores baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e BIREME, sem restrição de período, idioma e localização. RESULTADOS: O processo de formação dos cuidados paliativos surgiu da necessidade de ampliar o olhar biologicista dos profissionais de saúde, limitado à doença, ao diagnóstico e à cura. O cuidado paliativo representa uma construção voltada ao cuidado e ao uso de ferramentas que privilegiem a qualidade de vida do indivíduo. No século XX, emergiram mobilizações para a humanização da Medicina, na tentativa de mudar práticas e condutas, desenvolvendo um olhar ampliado ao indivíduo, reconhecendo-o como um ser biopsicossocial. Acredita-se que o ato de se comunicar nessa fase é muito significativo, considerando que é um fator essencial para que o paciente interaja com o meio e, ainda, possibilita que o mesmo tome decisões sobre seu próprio quadro. Ter uma boa comunicação com os familiares se torna muito importante para manter o bem estar de todos, assim como a comunicação com a equipe é essencial para que se possa confiar na mesma, mantendo uma relação harmônica e tornando essa fase mais aprazível(4,5). CONCLUSÃO: Lidar com a terminalidade é um grande desafio para todos, e a comunicação é um importante recurso para auxiliar nesse processo. Uma boa comunicação entre paciente, família e profissionais interfere no sucesso do tratamento, pois esse vínculo reflete diretamente na adesão do paciente ao recurso terapêutico escolhido. Manter uma relação saudável propicia o estabelecimento de um elo de confiança que quando não estabelecido, gera sofrimento e falta de expectativa. Um bom relacionamento permite uma maior aceitação e entendimento do paciente perante o seu quadro(6,7,8). A fonoaudiólogo poderá contribuir significativamente realizando este elo junto aos familiares e paciente, principalmente no que tange a comunicação com outros profissionais da saúde pertencentes à equipe multiprofissional envolvida.

Lustosa MA, Medeiros LA. A difícil tarefa de falar sobre morte no hospital. Revista SBPH, v. 14, n. 2. Rio de Janeiro, 2011.

Arantes AC. Q. A morte é um dia que vale a pena viver. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

Moher D, Shamseer G, Clarke M ,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA . Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.

Ribeiro JR, Poles K. Cuidados Paliativos: Prática dos Médicos da Estratégia Saúde da Família. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 43, n. 3. Minas Gerais, 2019.

Andrade GB. Palliative Care and the Importance of Communication Between Nurse and Patient, Family and Caregiver, Revista Online de Pesquisa: Cuidado é fundamental, v. 11, n. 3, Rio de Janeiro, 2019.

Ribeiro MS, BORGES MS. Percepções sobre envelhecer e adoecer: um estudo com idosos em cuidados paliativos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 21, n. 6. Rio de Janeiro, 2018.

Suárez NRE, Mar CMZ, Pérez LAM. Conspiración de silencio: una barrera en la comunicación médico, paciente y familia, Revista de Neuropsiquiatría, v. 80, n. 2, 2017.

Zorretti RCS, Manfro PHG, Ramos LA. Processo de perdas e morte em cuidados paliativos: paciente, família e equipe assistente, Acta Médica, v. 39, n. 2, Porto Alegre, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1457
A COMUNICAÇÃO E O PERFIL DE 42 PROFISSIONAIS DE COACHING
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: o Coaching é um método de trabalho que visa a desenvolver o autoconhecimento, a autoimagem e o autocontrole da comunicação e habilidades sociais para possibilitar resultados positivos e eficazes nos desempenhos pessoais e profissionais. É executado em diferentes nichos, dependendo dos interesses e necessidades em questão. A comunicação é tópico essencial na formação especializada e nos programas desenvolvidos complementarmente à atividade do Coaching. Assim, cabe identificar, na voz dos profissionais, como este conteúdo comparece na sua formação e refletir sobre os achados na perspectiva da fonoaudiologia, que tem a comunicação como objeto privilegiado. Método: estudo transversal descritivo com parecer de Ética e Pesquisa, desenvolvido 1) pela aplicação de um questionário, do tipo enquete, com cinco questões abertas: Como foi sua formação para trabalhar como Coaching?; Em que área você trabalha?; Em que local você trabalha?; Quais os principais conteúdos temáticos abordados em sua formação especializada?; e, Quais os profissionais que ministravam estes conteúdos?; 2) disponibilizada on-line nas redes sociais Facebook e Instagram, durante 30 dias e respondido com assinatura de TCLE. Foi realizada análise estatística descritiva dos dados por frequências absolutas (n) e relativas (%), medidas de tendência central (média e mediana) e dispersão (desvio-padrão, mínimo e máximo). Os dados foram analisados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 23 para Windows. A seleção ocorreu por conveniência. Resultado: foram analisados 42 profissionais. 85.7% com formação acadêmica anterior, seguida de formação especializada no método Coaching, com distribuição entre fonoaudiólogos (42.9%), psicólogos (23.8%), administradores/economistas e publicitários (19.0%) e 14.3% com formação exclusivamente especializada. O Coaching em comunicação (50.0%) e o Personal Coaching (31.0%) são os nichos mais escolhidos, seguidos pelos Coaching de carreira (9.5%) e de relacionamento (9.5%). Os espaços empresariais e de marketing tem atuação de 100.0% dos profissionais, seguidos pelos da área cultural (64.4%) e da saúde (60.7%), sem atuação em um ambiente exclusivo. O conteúdo temático mais abordado na formação especializada é a comunicação (100.0%), depois aspectos comportamentais (90.0%), liderança (80.0%), depois oratória (70.0%), habilidades sociais (60.0% ). Os tutores dos institutos especializados são administradores/economistas (76.1%), psicólogos (16.7%) e fonoaudiólogos (2.4%). Conclusão: por esta amostra, o Coaching é método utilizado por profissionais de diversas áreas, deve- se, assim, pensar sobre o que os reúne. Ele visa ao desenvolvimento de autoconhecimento, autoimagem e autocontrole para o alcance de uma meta concernente à eficácia em suas relações pessoais e/ou profissionais. Trata-se de se preparar alguém para a apresentação e defesa de argumentos visando ao convencimento da outra parte, pessoa, empresa ou instituição. A comunicação é fundamental nesta formação porque é uma ferramenta específica para tal. Contudo, o fonoaudiólogo tem participação mínima como instrutor apesar de deter expertise no campo da comunicação. Deve ter maior presença na formação especializada e preparação e execução de programas complementares.

1. Assessoria de Comunicação Integrada: uma experiência na área da Saúde
D Stasiak, S Coleta, M Costa, K Menezes - 2012 - academia.edu

2. Comunicação, poder e cultura na era da visibilidade mediática: crítica das práticas de assessoria de comunicação e de responsabilidade social
VCR Ferreira - 2006 - tede.pucsp.br

3. Comunicação organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e das práticas
MMK KUnSCH - Faces da cultura e da comunicação, 2006 - professor.pucgoias.edu.br

4. Atuação do comunicólogo frente a uma Assessoria de Comunicação
T Ataide - 2020 - repositorioinstitucional.fbnovas.edu …

5. Comunicação não verbal com profissionais da voz: o que se pesquisa na fonoaudiologia
TD Santos, MA Andrada e Silva - Revista CEFAC, 2016 - SciELO Brasil

6. Expressividade oral no cinema: diálogos com a fonoaudiologia
PH de Souza - 2010 - academia.edu

7.Observação fonoaudiológica da expressividade do profissional da voz falada: uma proposta de roteiro
TD dos Santos - 2019

8.Julgamento do efeito de um programa de intervenção fonoaudiológica na expressividade oral de repórteres
LLM Trindade, LP Ferreira - 2008 - let

9.A IMPORTÂNCIA DO FONOAUDIÓLOGO COMO COACH NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL
LSF Rangel, FGS de Melo Barreto - Revista Interdisciplinar, 2017 - reinpec.org

10. A Expressividade da Comunicação Oral e sua Influência no Meio Corporativo1
WG FORTES - academia.edu



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1998
A COMUNICAÇÃO EM CRIANÇAS SURDAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido por comprometimentos nas áreas da comunicação, interação social e comportamento¹, podendo estar associado a outras deficiências como a perda auditiva de grau severo/ profundo que possui algumas das características também presentes no TEA². Essa combinação é denominada como múltipla deficiência sensorial, visto que o indivíduo necessita de adaptações para se desenvolver em sua funcionalidade e aprendizado³. Um dos métodos disponível para a habilitação e reabilitação auditiva é o Implante Coclear (IC), que permite uma via sensorial auditiva, fundamental para auxiliar no processo de aquisição de linguagem e na comunicação4.

METODOLOGIA
Fluxograma da pesquisa na literatura

Bases de Dados:
• SCIELO
• LILACS
Descritores de pesquisa e arquivos encontrados:
• “autismo” and “surdez” = 04
• “autismo” and “implante coclear” = 10
• “transtorno autístico” and “perda auditiva” = 05
• “transtorno do espectro autista” and “linguagem” = 18
Total de artigos encontrados de acordo com os critérios de pesquisa = 37
Total de artigos selecionados em português = 05

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ausência de resposta para estímulos verbais e não verbais, comportamentos desorganizados aos sons, associados à falta da comunicação, levam a primeira suspeita de perda da audição5, enfatizando-se a importância de um diagnóstico diferenciado em que se possa verificar a audição da criança autista.6 Deve-se alertar para a avaliação comportamental complexa, que exige atenção, compreensão e a comunicação, apresentando interferência na resposta ao estímulo sonoro, prejudicando o diagnóstico.7
Contudo, os estudos relatam que a família da criança percebe a melhora no desenvolvimento da linguagem, do comportamento e interação social com o uso de IC. Vale ressaltar que “comportamentos gerais atípicos não são indicadores de que a criança não irá desenvolver as habilidades auditivas com o uso do IC” 8. Torna-se nítido, então, o fato de que os implantes cocleares dão acesso ao som à criança autista surda, proporcionando benefícios como maior interação social, redução da ansiedade, porém irá depender de cada criança devido à classificação do TEA.9

CONCLUSÃO
É possível identificar que o impacto que o IC tem sobre crianças com TEA e Deficiência auditiva é mais fortemente ilustrado com os resultados de cada paciente e com a experiência de sua família. Permite benefícios, ainda que mínimos, mas fundamentais, na aquisição e desenvolvimento da linguagem e, consequentemente, na comunicação. Há necessidade de mais pesquisas com essa população, para que possamos auxiliar no adequado diagnóstico, tratamento e orientação sobre as expectativas da família, para que estejam cientes que o IC não é a cura do TEA e sim uma possibilidade de ganhos ou não, em relação aos comprometimentos nas bases do TEA.


1. Fleischer S. Autismo: um mundo obscuro e conturbado. Mana[Internet]. abr. 2012 [acesso em 04 Junho 2019]; 18(1): 231-235. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132012000100011&lng=pt&tlng=pt
2. Morais CRL; Prado MCR; Yamada MO. Implante coclear e transtorno do espectro autista: vivência de mães. Psicol. em Estu.[Internet]. dez. 2017 [acesso em 5 Junho 2019]; 22(4): 551-561. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/321941000_IMPLANTE_COCLEAR_E_TRANSTORNO_DO_ESPECTRO_AUTISTA_VIVENCIA_DE_MAES
3. Ana PB. Avaliação da audição na criança. In: LEVY LOPES FILHO, Otacílio. Novo Tratado de fonoaudiologia. –3 ed. –Barueri, SP- Editora Manole; 2013. P. 348-351
4. Neves AJ. Verdu ACMA. MortariMoret AL. Silva LTN. As implicações do implante coclear para desenvolvimento das habilidades de linguagem: uma revisão da literatura. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 [acesso em 5 de junho de 2019]; 17(5): 1643-1656. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000501643
5. Sousa EC. Lima FTL, Tamanaha AC. Perissinoto J. Azevedo MF. Chiari BM. A associação entre a suspeita inicial de perda auditiva e a ausência de comunicação verbal em crianças com transtornos do espectro autístico. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2009 [citado em 11 de maio de 2019]: 14( 4 ): 487-490. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-80342009000400010&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009000400010.
6. Machado FP, Palladino RRR, Lewis DR, Cunha MC. Surdez e transtornos do espectro do autismo: reflexões sobre a avaliação fonoaudiológica para o diagnóstico diferencial. Distúrbios da Comunicação. [Internet]. mar. 2016. [citado em 11 de maio de 2019]: 28( 1). 2176-2724. Disponível em: . Acesso em: 13 jul. 2020.
7. Romero AC. Gução ACB. Delecrode CR. Cardoso ACV. Misquiatti ARN. Frizzo ACF. Avaliação audiológica comportamental e eletrofisiológica no transtorno do espectro do autismo. Rev. CEFAC [Internet]. 2014 Jun [citado em 11 de maio de 2019]: 16( 3 ): 707-714. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000300707&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620140313.
8. Porto BL et al. Desempenho auditivo e comportamentos atípicos em crianças usuárias de implante coclear. Distúrbios da Comunicação. [Internet]. mar. 2014. [citado em 12 de maio de 2019]; 26(1): 2176-2724. Disponível em: .
9. Lachowska M, Pastuszka A, Łukaszewicz MZ, Mikołajewska L, Niemczyk K. Implante coclear em crianças autistas com perda auditiva neurossensorial profunda. Braz. j. otorrinolaringo. [Internet]. Jan 2018 [citado em 12 de maio de 2019]; 84( 1 ): 15-19. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942018000100015&lng=en. https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.10.012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1293
A COMUNICAÇÃO HUMANA EM PACIENTES COM TUMORES DE BOCA E OROFARINGE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM OLHAR SOB O CUIDADO, AUTONOMIA E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O cuidado paliativo consiste de uma abordagem assistencial ao paciente sem possibilidade de cura e a sua família, tem por objetivo proporcionar uma melhor qualidade de vida a partir, essencialmente, de uma boa comunicação. Especificadamente, nos tumores de boca e orofaringe, na maioria das vezes, a comunicação oral encontra-se comprometida, dificultando as medidas de cuidado e interpretação dos sentimentos e vontades diante da terminalidade(1-4). Vale ressaltar, que os dados parciais deste estudo estão sob análise de publicação da Revista Latino Americana de Enfermagem. Objetivo: Compreender a influência dos distúrbios da comunicação em pacientes com câncer de boca e/ou orofaringe em cuidados paliativos sobre o cuidado, autonomia e dignidade humana. Método: Trata-se de um estudo quanti-qualitativo, de caráter descritivo e de corte transversal. Composto por 53 pacientes com câncer de boca e/ou orofaringe em cuidados paliativos e onze cuidadores com idades a partir dos 18 anos. A coleta de dados foi realizada nos serviços de cuidados paliativos, ambulatório e enfermaria, de um hospital de referência em Recife. Aos pacientes foram aplicados três protocolos adaptados ao estudo: Intensive care unit communication screening protocol; Aphasia needs assessment protocol; e Questões relacionadas ao direito à informação. Para os cuidadores foram realizadas entrevistas semiestruturadas, que posteriormente foram transcritas e apresentados em categorias. O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa sob nº de parecer: 3.585.386. Resultados: Houve maior prevalência do sexo masculino com média de idade aos 51,7 anos, aproximadamente, 76% utilizaram estratégias comunicativas não-verbais e 73,6% consideraram sua comunicação como ruim. Todos os sujeitos afirmaram que desejavam ser informados sobre sua doença e que não participavam das tomadas de decisões junto a equipe. Nos dados qualitativos, emergiram-se dois eixos temáticos: Distúrbios comunicativos e os impactos sobre a autonomia e tomadas de decisão; e repercussões sociais e de vida em indivíduos com distúrbios comunicativos associados aos tumores de boca e orofaringe. Todos os cuidadores referiram que as estratégias comunicativas não-verbais foram as mais prevalentes, e, associaram que esta limitação se apresentou negativamente sobre autonomia, interações sociais e relação com equipe-cuidadores. Conclusão: Concluiu-se que pacientes com tumores de boca e/ou orofaringe em cuidados paliativos apresentam maiores dificuldades comunicativas que refletem negativamente sobre sua autonomia e expressão de seus sentimentos, com isso, limitam a participação junto a equipe e familiares nas escolhas a serem realizadas antes de sua morte.

1. Bray F, Ferlay J, Soerjomataram I, Siegel RL, Torre LA, Jemal A. Global CancerStatistics 2018: GLOBOCAN. Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA Cancer Journal Clin. 2018 Nov. 68(6): 394-424. doi: 10.3322/caac.21492
2. INCA. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019. Avaiable from: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil
3. Jemal A, Torre L, Soerjomataram I, Bray F (Eds). The Cancer Atlas. Third Ed. Atlanta, GA: American Cancer Society, 2019.
4. Sousa IV, Brasil CCP, Silva RM, Vasconcelos DP, Filho JEV, Finan TJ et al. Coping with problems that impacton the health of a socially vulnerable community from the residents’ perspective. Ciên Saúde Colet. 2019; 24 (5): 1647-56. doi: 10.1590/1413-81232018245.04392019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1655
A COMUNICAÇÃO MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO COMO PEÇA FUNDAMENTAL NO TELEMONITORAMENTO DE PACIENTES SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS DA COVID-19
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho (PET Saúde Interprofissionalidade) tem como finalidade formar profissionais mais aptos ao trabalho colaborativo em saúde, aplicando bases teóricas e metodológicas da Educação Interprofissional (EIP). Com o atual cenário da COVID 19, o projeto desenvolveu uma ação vinculada à Secretaria de Saúde do município, cujo principal objetivo é acompanhar e orientar os pacientes sintomáticos respiratórios que buscaram atendimento nas unidades de saúde, de forma remota, utilizando tecnologias de informação e comunicação (TICs). O trabalho desenvolvido no telemonitoramento busca não só verificar e acompanhar os sintomas respiratórios, como também, consolidar um vínculo de confiança entre o profissional e o paciente mediado por TICs. Para isso, é de extrema importância que seja estabelecida uma boa comunicação, adequada à tecnologia utilizada, também aliada à escuta, atenção e empatia. Dessa forma, a interação do profissional com os indivíduos deve ser predominantemente simples, com uma linguagem acessível, que possa ser compreendida por todos. A partir da consolidação do vínculo de confiança, o profissional obtém voz para que o paciente o escute quanto às recomendações de isolamento e siga as mesmas, com o objetivo de prevenir que os pacientes se tornem vetores da doença, interrompendo a transmissão.
OBJETIVO: Analisar o impacto e a importância da comunicação no âmbito do telemonitoramento de pacientes com sintomas respiratórios no enfrentamento da pandemia de COVID-19, a partir da vivência no PET- Saúde Interprofissionalidade.
MÉTODO: A atividade fundamenta-se no telemonitoramento dos usuários com sintomas respiratórios que procuraram atendimento nas unidades de saúde do Distrito Docente Assistencial (DDA) de uma Universidade Federal por meio de ligações telefônicas e/ou mensagens por aplicativo durante o período de até 14 dias, em um intervalo de até 48 horas entre as ligações. O tempo de acompanhamento de cada indivíduo leva em consideração o resultado do teste realizado, bem como os sintomas presentes. Quando o resultado é positivo, o paciente é acompanhado durante 14 dias, estando sintomático ou não. Em caso de resultado negativo, o paciente é acompanhado enquanto perdurarem os sintomas respiratórios.
RESULTADOS: Observa-se que estabelecer uma boa comunicação com os pacientes em telemonitoramento pode contribuir com a prevenção de novos casos, visando uma possível redução do contágio. Além disso, pode contribuir para uma melhor qualidade de vida ao paciente durante o isolamento e a identificação precoce de situações que requeiram uma intervenção da unidade de saúde e/ou de outros serviços.
CONCLUSÃO: Verifica-se que a comunicação é peça fundamental para que o telemonitoramento seja efetivo nas questões de verificação e acompanhamento dos sintomas, bem como na prevenção e promoção da saúde em relação a atual pandemia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
407
A COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: PONTO DE VISTA DOS IDOSOS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)



Introdução: O envelhecimento é definido como um processo natural, progressivo e irreversível, que compreende um conjunto de alterações nos níveis funcionais e estruturais, que podem levar a comprometimento motor e dificuldades psicológicas e sociais. No entanto, há que se reconhecer os aspectos positivos no processo de envelhecimento, como a experiência adquirida, sabedoria, amadurecimento, concretude da vida está ligado ao fato de aceitar o processo de envelhecer e vê-lo como ferramenta para buscar o desenvolvimento, através do aprendizado adquirido ao longo do tempo. No decorrer dos tempos, além do evoluir etário, há uma constante evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação, que vêm consolidando e modificando o perfil da comunicação. Objetivo: Verificar a percepção dos idosos sobre seu processo de comunicação no envelhecimento, utilizando o referencial metodológico de Paulo Freire. Método: Estudo qualitativo, baseado na metodologia de pesquisa-ação-participante, desenvolvido através do Itinerário de pesquisa de Paulo Freire, que consiste em três etapas dialéticas: pesquisa temática; codificação e decodificação e revelação crítica. O estudo foi desenvolvido em quatro Círculos de Cultura, de junho a julho de 2017, incluindo a participação de dez idosos de uma universidade aberta de idosos. Os aspectos éticos que nortearam esta pesquisa seguiram a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde encontrando-se aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem. Resultados: O grupo foi caracterizado por nove mulheres e um homem, com idade entre 60 e 81 anos, média etária de 68,89 anos sendo o grau de escolaridade prevalente referente ao ensino superior completo. A partir do diálogo, foram formuladas questões temáticas que envolviam o desvelamento de tecnologias e seu impacto na comunicação dos idosos. Facilidades e dificuldades quanto à inserção digital foram pontuadas pelos idosos. A fragilidade dos participantes foi destacada em relação aos avanços nas Tecnologias da Informação e Comunicação e a dificuldade apresentada por esse público nos processos interativos, principalmente relacionados à família, decorrentes do uso em larga escala dessas ferramentas. Conclusão: Os participantes não mencionaram aspectos patológicos ou perdas funcionais do processo de envelhecimento, mas o interesse em discutir as tecnologias de comunicação da informação. O estudo representou a percepção dos participantes, evidenciando a relevância de metodologias, como a de Paulo Freire, na discussão de temas que tocam a vida cotidiana, contribuindo para um processo reflexivo que busca melhorar a qualidade de vida.

1. Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA. Population aging in Brazil: current and future social challenges and consequences. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(3): 507-19.

2. Batista MPP, Souza FG, Schwartz G, Exner C, Almeida MHM. Utilização no cotidiano de tecnologias da informação e comunicação por idosos participantes da Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade de São Paulo. Rev Kairós. 2015;18(4): 405-26.

3. Heidemann ITSB, Dalmolin IS, Rumor PCF, Cypriano CC, Costa MFBNA, Durand MK. Reflexões sobre o itinerário de pesquisa de Paulo Freire: contribuições para a saúde. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [acesso em 2019 nov 18]. ;26(4): e0680017. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/tce/v26n4/0104-0707-tce-26-04-e0680017.pdf.

4. Dourado MB, Oliveira ALB, Oliva TM. A percepção dos graduandos de enfermagem sobre o envelhecimento. Revista Brasileira de Enfermagem. 2015;22(5): 635-80.

5. Massi G, Santos AR, Berberian AP, Ziesemer NB. Impact of dialogic intergenerational activities on the perception of children, adolescents and elderly. Rev CEFAC. 2016;18(2):399-407.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1237
A COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E/OU ALTERNATIVA APLICADA NA CRIANÇA COM TEA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


TÍTULO
A Comunicação Suplementar e/ou Alternativa aplicada na criança com TEA

INTRODUÇÃO
O relato em questão tem como objetivo apresentar a importância dos símbolos de Sistemas Gráficos de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) como ferramenta para o desenvolvimento da comunicação dos indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e diminuição de padrões alterados em seu comportamento.
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizados por alterações em dois domínios principais:
• Comunicação e interação social
• Padrões restritos e repetitivos de comportamento.
O DSM V (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição), de 2013, explica o TEA em níveis, de acordo com a sua complexidade e características, considerando o desenvolvimento de linguagem, autonomia e independência do indivíduo.

OBJETIVOS
A abordagem tem como objetivo principal favorecer e propiciar a estimulação e o desenvolvimento da comunicação social do indivíduo. Além de:
- estimular a linguagem expressiva e receptiva;
- ampliar o vocabulário;
- ativar canais sensoriais que viabilizem a aprendizagem;
- estimular os precursores de linguagem;
- ampliar recursos comunicativos;
- estimular a oralidade de modo organizado;
- trabalhar aspectos cognitivos;
- diminuir comportamentos disruptivos.

MÉTODO
L., 5 anos, com TEA, iniciou acompanhamento fonoaudiológico pois sua comunicação acontecia por choros, gritos e a palavra "não". Também apresentava comportamentos disruptivos sempre que frustrado ou contrariado, além de dificuldade nos precursores de linguagem, como contato ocular, atenção compartilhada e uso do apontar.
O trabalho fonoaudiológico visou o desenvolvimento dos aspectos pragmáticos e semânticos da linguagem e a utilização da CSA contribuiu para melhores resultados.
Por um ano, a CSA foi trabalhada conforme a necessidade e progresso de L., seguindo as etapas:
1º- objetos concretos e música;
2º- objetos concretos associados a livros com o tema da música - apoio visual e auditivo;
3º- pranchas temáticas com imagens da música - início do uso do apontar com apoio tátil/ sinestésico;
4º- pranchas temáticas com imagens e escrita, com maior independência de L. para apontar e cantar;
5º- expressão oral de L. ao cantar a música sem apoio de pranchas.
Concomitante a este processo, foram utilizadas pranchas de rotina e agendas com fotos, objetos simbólicos e relatos dos pais que viabilizavam o processo de comunicação de L., tornando os atendimentos mais significativos, contextualizados e fazendo com que ele pudesse expressar-se com uma comunicação mais efetiva.

RESULTADOS
L. inicialmente foi resistente as propostas, porém percebeu que a comunicação de modo alternativo lhe trazia maior segurança e resposta positiva do interlocutor. Com o comportamento mais adequado e envolvimento, durante as intervenções, conseguia que atenção compartilhada, contato ocular e outras formas de expressão significativas fossem desenvolvidas.
A expressão através dos comportamentos disruptivos diminuiu abrindo espaço para a expressão verbal de forma organizada, contextualizada e com significado para ele e para o outro, possibilitando-lhe autonomia nas escolhas e expressão dos desejos.

CONCLUSÃO
Concluo que a Comunicação Suplementar e/ou Alternativa utilizando objetos concretos, pranchas musicais, rotinas, agendas e outros materiais, auxiliam positivamente os indivíduos com Transtorno do Espectro Autista a desenvolver aspectos do seu desenvolvimento, favorecendo suas relações e aprendizagens.

BRITES, Luciana, BRITES, Clay. Mentes únicas. São Paulo: Gente, 2019
CONSENZA, R.M. & Guerra, L.B. (2011). Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed
DSM-V: Manual Diagnósico e Estatístico de Transtornos Mentais - American Psychiat ric Association (APA) – Artmed (2013)
HONORA, Márcia; FRIZANCO Mary L. Esclarecendo as deficiências: aspectos teóricos e práticos para contribuir com uma sociedade inclusiva. São Paulo: Ciranda Cultural, 2008. JOHNSON RM - Guia dos símbolos de comunicação pictórica. Tradução de G. MANTOVANI JC
TONOLLI - Revisão técnica Nádia Browning Gill, R. BERSCH. Porto Alegre: Clik, 1980. 64p.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2012
A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O conhecimento alfabético requer uma série de habilidades fonológicas especializadas, relacionadas à Consciência Fonológica, que é a capacidade de detectar sons de fala similares nas palavras e permite às crianças representarem os segmentos de sons na linguagem escrita. Inúmeras são as contribuições da consciência fonológica no processo de alfabetização. A consciência fonológica é uma habilidade importante para que a criança possa desenvolver a capacidade de manipular os sons da linguagem oral. Objetivo: Este estudo tem como objetivo discutir sobre a importância da consciência fonológica para o processo de alfabetização. Método: utilizou-se como referencial teórico, artigos e livros que abordam sobre consciência fonológica e a importância dessa habilidade para o processo de alfabetização. Resultados: A partir do momento em que a criança vai conhecendo e aprendendo sua língua, ela precisa ser orientada pelo adulto para superar as dificuldades quanto ao padrão das normas da língua. A capacidade de ir além da percepção auditiva e alcançar uma habilidade metafonológica são o que se denomina uma atividade de reflexão sobre os aspectos fonológicos da língua. Momentos lúdicos que levem a criança a pensar sobre sua própria língua, através de brincadeiras com rimas, músicas, percepção dos sons das palavras, são muito importantes para o desenvolvimento da criança no processo de alfabetização. É primordial que a estimulação ocorra logo quando a criança começa a falar, para que desde cedo comece a desenvolver as habilidades que serão essenciais para a alfabetização. Ao entrar na escola, a professora irá trabalhar com as crianças, atividades que tem o objetivo de desenvolver várias habilidades que serão importantes para a alfabetização da criança, como: cantigas com rimas, pequenas poesias, movimentos de coordenação motora grossa e fina que são fundamentais para o desenvolvimento da leitura e escrita. Conclusão: Desenvolver a consciência da estrutura sonora das palavras na criança é fundamental para a alfabetização. Vários foram os estudos que enfatizaram os estágios iniciais da Consciência Fonológica, sendo estes contribuintes para o desenvolvimento dos estágios iniciais do processo de leitura e escrita, que por sua vez, contribuem para o desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica mais complexa. Portanto, essa habilidade é essencial para o processo de alfabetização.


1- NUNES, Cristiane; FROTA, Silvana; MOUSINHO, Renata. Consciência Fonológica e o processo de aprendizagem de leitura e escrita: implicações teóricas para o embasamento da prática fonoaudiológica. Rev. CEFAC, Brasil, v.11, n.2, p. 207-212, abr-jun, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcefac/v11n2/v11n2a05.pdf. Acesso 10-07-2020.

2- PESTUN, Magda Solange Vanzo. Consciência Fonológica no Início da Escolarização e o Desempenho Ulterior em Leitura e Escrita: Estudo Correlacional. Estudos de Psicologia, 10(3), p. 407-412, Brasil, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v10n3/a09v10n3. Acesso em: 10-07-2020.

3- SPÍNDOLA, Rafaela de Almeida; PAYÃO, Luzia Miscow da Cruz; BANDINI, Heloísa Helena Motta. Abordagem fonoaudiológica em desvios fonológicos fundamentais na hierarquia dos traços distintivos e na consciência fonológica. Rev. CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, p.180-189, abr-jun, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcefac/v9n2/a06v9n2.pdf. Acesso 11-07-2020.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
774
A CONTRIBUIÇÃO DA MÚSICA NA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
54100313


Introdução: O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é entendido como um transtorno neurológico que afeta o desenvolvimento do indivíduo, envolvendo distúrbio na comunicação, interação social e comportamento. Nesse contexto, existe uma relação entre o neurodesenvolvimento e a música, visto que a música estimula a cognição, o comportamento social e o desenvolvimento linguístico. Dessa maneira, é notório que a sua utilização é um dos principais meios alternativos que o sujeito pode realizar com o meio, através das mobilizações dos seus processos cognitivos e emocionais. Nota-se que a presença da música na intervenção fonoaudiológica tem como objetivo de melhorar o desenvolvimento das habilidades do paciente, em relação à comunicação verbal e não verbal, memória, controle das ações motoras e suas relações sociais. Objetivo: Compreender à importância da música na terapia fonoaudiológica em pacientes com Transtorno Espectro Autista, para um melhor desenvolvimento na comunicação e no seu comportamento diante do convívio social. Método: Trata-se de uma revisão de literatura na base de dados do SCIELO, LILACS e revistas científicas, compreendendo o período entre 2015-2018. A busca foi restrita a artigos em português e espanhol, além do mais foram utilizados os seguintes descritores: musicoterapia, efeitos, TEA e interação. Resultado: É a partir da atividade auditiva que a música estimula o indivíduo, essa atividade é complexa e apresenta boas consequências na vida social e emocional do sujeito. A estimulação é causada através da utilização de canções ou na presença de algum instrumento musical. Desse modo, ocorrerá uma ativação nas diversas áreas do cérebro que estão associados com os processos cognitivos e emocionais. Com essa ativação, o paciente irá ter um melhor desenvolvimento das suas habilidades linguísticas, uma diminuição do comportamento repetitivo, aumento da interação social, além de uma importante contribuição na atenção, organização de pensamento e no contato visual. Conclusão: É notório que a utilização da música na intervenção fonoaudiológica é necessária para obter um melhor desenvolvimento do paciente, pois os estímulos causados demostraram eficácia no desenvolvimento infantil, principalmente, na comunicação e na interação social. Além disso, a música ajuda os autistas a manifestarem os seus sentimentos, melhorando o seu convívio social e familiar.

GONÇALVES, Cláudia A B; CASTRO, Mariana S J de. Propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura. Revista Distúrbios da Comunicação, [S.l.], v. 25, n. 1, abr. 2013. ISSN 2176-2724. Disponível em: . Acesso em: 25 jun. 2020.
SAMPAIO, Renato Tocantins; LOUREIRO, Cybelle Maria; GOMES, Cristiano Mauro. A Musicoterapia e o Transtorno do Espectro do Autismo: uma abordagem informada pelas neurociências para a prática clínica. SCIELO, 2015. Disponível em: . Acesso em: 25 jun. 2020.
NASCIMENTO, Paulyane Silva do; ZANON, Regina Basso; BOSA, Cleonice Alves; NOBRE, João Paulo dos Santos; DeFREITAS JÚNIOR, Áureo Déo; SILVA, Simone Souza da Costa. Comportamentos de Crianças do Espectro do Autismo com seus Pares no Contexto de Educação Musical. LILASC, 2015. Disponível em: < https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-748957> Acesso em: 25 de jun. 2020.
MUSZKAT, M. Música e Neurodesenvolvimento: em busca de uma poética musical inclusiva. Literartes, v. 1, n. 10, p. 233-243, 1 nov. 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
219
A DERMATOGLIFIA E A SUA ASSOCIAÇÃO COM SINTOMAS VOCAIS DE DOCENTES UNIVERSITÁRIOS.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


A comunicação oral é um dos recursos mais utilizados para o desempenho didático dos docentes e está diretamente ligada à qualidade vocal¹. Em virtude disso, na Fonoaudiologia a produção científica sobre o tema é vasta. Além disso, os docentes apresentam alto risco ² para alterações vocais que podem ser atribuídos às condições de trabalho, comportamentos vocais inadequados e predisposição individual³ . Na literatura os sintomas mais frequentes dessa população são rouquidão e cansaço vocal¹,³; Quanto à predisposição individual, sabe-se que a produção vocal está ligada ao movimento dos músculos laríngeos. Estes têm potenciais musculares que podem ser analisados por meio da Dermatoglifia - o estudo das digitais. Após análise, o perfil dermatoglífico pode ser considerado aeróbico com maior resistência e coordenação motora, anaeróbico com predomínio de força, explosão e velocidade muscular ⁴.
Objetivo: avaliar existência da associação entre perfil dermatoglífico e sintomas vocais autorreferidos de docentes.
Métodos: Participaram do estudo 49 docentes de uma instituição publica do ensino superior. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foram aplicados questionário sociodemográfico e Índice de Triagem para Distúrbios da Voz (ITDV)⁵. As impressões digitais dos docentes foram coletadas por meio do scanner Watson Mini da Integrated Biometric acoplado a um laptop Lenovo BM5K8TM1, com posterior análise utilizando o protocolo de Cummins e Midlo6. O teste Qui-Quadrado foi aplicado para verificação da associação entre sintomas vocais geral, cansaço vocal e rouquidão do ITDV com perfil dermatoglífico. O nível de significância foi de 5%. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer número 3.562.059.
Resultados: A idade média da população foi 44 anos, sendo a maioria do sexo feminino (76%). A carga horária semanal média foi de 40 horas e tempo médio de profissão foi 17 anos. A intensidade de uso da voz foi considerada moderada por 55,1% e excessiva por 22,4% da população. Quanto ao perfil dermatoglífico, 91,8% apresentaram perfil anaeróbico e 8,2% aeróbico. 48,9% anaeróbicos e 25% dos aeróbicos relataram cansaço vocal, enquanto 35,6% dos anaeróbicos e 25% dos aeróbicos referiram rouquidão “às vezes ou sempre”. Referente ao resultado do ITDV geral, os indivíduos aeróbicos não apresentaram preditivos para alteração vocal. Em contrapartida 26,7% dos anaeróbicos tiveram indicativo de alteração vocal. Não foi encontrada associação estatisticamente significante entre as variáveis perfil dermatoglífico e cansaço vocal (p= 0,359); perfil dermatoglífico e rouquidão (p= 0,671); bem como perfil dermatoglífico e ITDV geral (p=0,235).
Conclusão: A maioria dos sujeitos que apresentou o potencial muscular atrelado a menor resistência vocal, ou seja, do perfil anaeróbico, apresentou maior frequência de sintomas vocais. Contudo, não foi possível observar uma associação estatisticamente significante entre estas variáveis. É valido ressaltar que a frequência destes sintomas em ambos os perfis foram baixas. Além disso, existiu a limitação de uma pequena amostra populacional, principalmente do perfil aeróbico. Tais fatores podem ter interferido nos resultados encontrados.

1- Tonon, I. G., Gomes, N. R., Teixeira, L. C., & de Medeiros, A. M. (2020). Self-referred personal behavior profile of university professors: Association with communicative and vocal self-evaluation. Codas, 32(1), 1–7. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20192018141
2- Silva, G. J. da, Almeida, A. A., Lucena, B. T. L. de, & Silva, M. F. B. de L. (2016). Sintomas vocais e causas autorreferidas em professores. Revista CEFAC, 18(1), 158–166. https://doi.org/10.1590/1982-021620161817915
3- Limoeiro, F. M. H., Ferreira, A. E. M., Zambon, F., & Behlau, M. (2019). Comparison of the occurrence of signs and symptoms of vocal and change discomfort in the vocal tract in teachers from different levels of education. Codas, 31(2), 1–8. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182018115
4- Coelho, CM. Cantores líricos e de musicais: dados dermatoglíficos e acústicos. 2017. 133 f. Tese (Doutorado) - Curso de Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, Fonoaudiologia, Pontifício Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017
5- Ghirardi ACA, Ferreira LP; Giannini SPP; Latorre MRDO. Screening Index for Voice Disorder (SIVD): Development and Validation. J. Voice. 2013; 27(2): 195-200.
6- Cummins H, Midlo, C. Fingerprints, palms and soles. New Dover ed. Integral e corr. New York: Dover Publ; 1961.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
591
A DIFERENÇA DOS ACHADOS ELETROMIOGRÁFICOS NOS MÚSCULOS DA FACE EM FALANTES FLUENTES E GAGOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O bom funcionamento da musculatura que compõe a face é crucial para a promoção de uma comunicação oral de qualidade, uma vez que este é um dos responsáveis pela articulação dos sons. Os músculos que compõe a movimentação facial possuem padrões de excitabilidade distintos, sendo possível a existência de variações entre estruturas musculares bem próximas no mesmo indivíduo, podendo essas modificações serem explicadas por vários fatores neuroanatômicos. Objetivo: Buscar nas bases de dados online (Scielo, PubMed, Lilacs, Bireme e Google Acadêmico), artigos científicos que mostrassem se há ou não distinção entre a contração muscular e suas implicações nos músculos faciais entre falantes fluentes e gagos, utilizando a eletromiografia de superfície como instrumento de obtenção de dados, construindo uma revisão sistemática da literatura. Método: A consulta às bases de dados foi realizada utilizados os descritores: electromyography AND stuttering AND face, onde, em um período de treze anos, entre dois mil e sete a dois mil e vinte, foram encontrados vinte e seis artigos em português e inglês. A busca ocorreu de forma independente entre os pesquisadores. Foi realizada uma pré-análise para verificar se os artigos encontrados contemplariam o objetivo do estudo, porém, após a leitura do resumo, artigo completo e debate entre os pesquisadores, somente oito atendiam aos critérios de inclusão e exclusão, como, por exemplo, não serem outras revisões sistemáticas, utilizar a eletromiografia em mais de três músculos da face e terem sido realizados em humanos. Resultados: Através da análise, realizada com leitura minuciosa do material e comparação de resultados entre as obras, constatamos diferenças e similaridades trazidas pelos autores em suas pesquisas entre a musculatura facial e até da língua, em alguns casos, de falantes fluentes e disfluentes. Além disso, embora a eletromiografia seja um recurso tecnológico já implementado no mercado e clínica fonoaudiológica há algum tempo, foi perceptível a visualização da escassez de estudos que a relacionasse com a avaliação e tratamento entre os grupos mencionados. Conclusão: Os achados são peças fundamentais para a criação de instrumentos que facilitem a mensuração do quê pode ou não estar alterado, em questão funcional da musculatura facial. Dessa forma, as implicações trazidas nos resultados da presente revisão sistemática, podem de maneira assertiva guiar profissionais e auxiliá-los posteriormente em sua prática clínica, possibilitando um diagnóstico com maiores evidências e a melhoria consciente do processo terapêutico.

Andrade Claudia Regina Furquim de, Sassi Fernanda Chiarion, Juste Fabiola, Mendonça Lucia Iracema Zanotto de. Gagueira desenvolvimental persistente como disfunção cortical-subcortical: evidências da ativação muscular. Arq. Neuro-Psiquiatr. [Internet]. 2008 [citado 2020 em 05 de julho]; 66 (3b): 659-664. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2008000500010&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2008000500010.
Andrade Claudia Regina Furquim de. Perfil familial da Fluência da Fala - estudo linguistico, acustico e eletromiografico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2010 Junho 17 [citado 2020 em 05 de Julho];22(3):169-74. DOI https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000300003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-56872010000300003&lng=pt&tlng=pt
Andrade Claudia Regina Furquim de, Sassi Fernanda Chiarion, Juste Fabiola Staróbole, Meira Maria Isis Marinho. Atividades de fala e não-fala em gagueira: estudo preliminar. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2008 Fevereiro 22 [citado 2020 em 05 de Julho]; 20: 67-70. DOI https://doi.org/10.1590/S0104-56872008000100012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-56872008000100012&script=sci_arttext&tlng=pt
Andrade Claudia Regina Furquim de, Queiróz Danilo Pacheco de, Sassi Fernanda Chiarion. Eletromiografia e diadococinesia - estudo com crianças fluentes e com gagueira. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2010 Abril 22 [citado 2020 em 05 de Julho]; 22:77-82. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872010000200001.Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-56872010000200002&script=sci_arttext&tlng=pt
Andrade Claudia Regina Furquim de, Sassi Fernanda Chiarion, Juste Fabiola Staróbole, Ercolin Beatriz. Modelamento da fluência com o uso da eletromiografia de superfície: estudo piloto. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2008 Maio 12 [citado 2020 em 05 de Julho];20 DOI https://doi.org/10.1590/S0104-56872008000200010. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-56872008000200010&script=sci_arttext
Bohland Jason W., Bullock Daniel, Guenther Frank H. Neural representations and mechanisms for the performance of simple speech sequences. J Cogn Neurosci [Internet]. 2010 Outubro 01 [citado 2020 em 05 de Julho]; 22:1504–1529. DOI 10.1162/jocn.2009.21306. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2937837/.
Choo Ai Leen, Robb Michael P, Alford John C. Dalrymple, Huckabee Maggie-Lee, O’Beirne Greg A. Different Lip Asymmetry in Adults Who Stutter: Electromyographic Evidence during Speech and Non-Speech. Folia Phoniatr Logop [Internet]. 2010 Apr 29 [citado 2020 em 05 de Julho ];69:143–147. DOI https://doi.org/10.1159/000287213. Disponível em: https://www.karger.com/Article/Abstract/287213


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1930
A EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE E A AÇÃO INTERPROFISSIONAL: REFLEXÕES A PARTIR DA VIVÊNCIA PET EIP
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


A Educação Interprofissional (EIP) é o mais novo desafio a ser superado pelas instituições de ensino superior voltadas à formação do profissional de saúde. Utilizando-se de uma das políticas indutoras de formação, o Ministério da Saúde lançou em 2018 o Edital PET EIP 1, uma proposta de inclusão da EIP na geração de novas concepções para as práticas profissionais.
Em nossa universidade, o projeto é desenvolvido pela parceria de nove cursos (Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia, Nutrição, Psicologia e Terapia Ocupacional), resultando na criação de cinco grupos tutoriais interprofissionais em cinco unidades básicas de saúde (UBS).
O presente relato de experiência representa as ações desenvolvidas no primeiro ano do projeto por um dos grupos tutoriais.
Uma vez que a EIP se caracteriza como aquela que ocorre quando estudantes de duas ou mais profissões aprendem sobre os outros, com os outros e entre si para possibilitar a colaboração eficaz e melhorar os resultados na saúde 2, as atividades de tutoria partiram de encontros dialogados, onde os estudantes foram incentivados a autonomia e protagonismo.
O diagnóstico territorial e a participação no dia a dia da UBS nos despertaram para a premência do desenvolvimento de ações de promoção à saúde e prevenção de agravos, tanto na sala de espera como em outras instituições do território. Nesse momento, introduzimos o conceito de Educação Popular em Saúde para servir de base teórica de formação
Educação Popular em Saúde é definida como prática voltada para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde a partir do diálogo entre a diversidade de saberes, valorizando os saberes populares, a ancestralidade, a produção de conhecimentos e a inserção destes no SUS3. Portanto, aprender sobre o outro, com o outro e entre si, inclui o usuário numa posição central no processo de aprendizagem em EIP.
Em doze meses de atuação na UBS forma criadas as seguintes ações: Agosto Azul (voltada para a saúde do homem), Dia das Crianças (o brincar como centralidade na infância), Palhaços Petianos (uma ação de acolhimento e humanização), Dia do Beijo (um beijo muda tudo!), Semana da Hipertensão (o sal oculto), Semana da Amamentação e do Bebe (um encontro com mães e gestantes), Caixa de Pandora (saúde do adolescente na escola), Dia da Família na Escola (Palhaços Petianos transformando ambientes).
Conclui-se que a integração do conceito de Educação Popular em Saúde potencializou positivamente as atividades desenvolvidas, ampliando o espectro da Educação Interprofissional, uma vez que ambos conceitos requerem a compreensão de que a prática da saúde é realizada no encontro de subjetividades e no diálogo intercultural.



1. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO Publicado em: 24/07/2018 | Edição: 141 | Seção: 3 | Página: 78E DITAL Nº 10, 23 DE JULHO 2018 SELEÇÃO PARA O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA A SAÚDE PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE - 2018/2019
2. OPAS/OMS Marco para Ação em Educação Interprofissional e Prática Colaborativa - disponível em http://www.who.int/hrh/nursing_midwifery/en/
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa.
Caderno de educação popular e saúde / Ministério da Saúde, Secretariade Gestão Estratégica e Participativa,Departamento de Apoio à Gestão Participativa. - Brasília: Ministério da Saúde, 2007.160 p. : il . color. - (Série B. Textos Básicos de Saúde)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1658
A EFETIVIDADE DA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA GRUPAL NO COMPORTAMENTO COMUNICATIVO DE INDIVÍDUOS COM DIAGNÓSTICO DE ESQUIZOFRENIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


A efetividade da intervenção fonoaudiológica grupal no comportamento comunicativo de indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia

Introdução: Os transtornos do pensamento, como a esquizofrenia são, em geral, os mais prevalentes em serviços de saúde mental, como os CAPS(1). Pessoas com esquizofrenia podem apresentar déficits em vários domínios, incluindo percepção, atenção, memória, velocidade de processamento, raciocínio, solução de problemas, cognição social e, consequentemente, na comunicação(2). Pensando na comunicação como instrumento de reinserção social de indivíduos com esquizofrenia, a fonoaudiologia surge com a proposta de ultrapassar a barreira dos transtornos do desenvolvimento pela construção de uma clínica psicossocial, com estratégia grupal, fortalecendo a luta pela Reforma Psiquiátrica(3).

Objetivo: Verificar a efetividade da intervenção fonoaudiológica grupal no comportamento comunicativo de indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia.

Método: Trata-se de um estudo quase experimental, quantitativo analítico exploratório. Foram incluídos usuários de um Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS III) com diagnóstico de esquizofrenia, divididos em 2 grupos: Grupo Experimental (GE), compondo o Grupo de Intervenção Fonoaudiológica (GIF) e Grupo Controle (GC). O comportamento comunicativo foi avaliado através da Bateria MAC Breve(4), que examina quatro processamentos comunicativos principais: nível da palavra e da sentença (léxico-semântico); prosódia em sentenças e no discurso (prosódico) e nível de sentença e discurso com processamento de inferências (pragmático e discursivo), divididos em 10 subtestes: Consciência das Dificuldades; Discurso Conversacional; Discurso Narrativo; Interpretação de Metáforas; Interpretação de Atos de Fala; Fluência Verbal Livre; Julgamento Semântico; Prosódia Emocional – Produção; Leitura e Escrita. O GIF foi realizado em 2 sessões semanais, totalizando 24 sessões que constavam de atividades de narração de histórias (discurso), jogos de relação semântica e evocação lexical (léxico-semântica), canto e dramatização de cenas (prosódia) e jogos de metáfora e fala indireta (pragmática). Após esse período, os indivíduos foram reavaliados. A análise dos dados ocorreu por meio dos Testes não paramétricos de Mann Whitney e o Teste de Correlação de Pearson.

Resultados: Participaram 19 indivíduos, de ambos os sexos, com idade entre 19 a 59 anos, escolaridade mínima de 5 anos, sendo que 14 participaram do GE e 5 do GC. No GE, foi possível observar que houve melhora no comportamento comunicativo após a intervenção fonoaudiológica em todas as tarefas avaliadas, exceto na tarefa de escrita. Dentre as tarefas avaliadas, o destaque foi para Prosódia Emocional – Produção, o que indica que os participantes passaram a expressar, de maneira mais efetiva, suas emoções por meio de entonações emocionais. Já no GC, não foram observadas alterações significativas comparando a avaliação e a reavaliação após 12 semanas.

Conclusão: A intervenção fonoaudiológica grupal foi efetiva, utilizando a comunicação como instrumento de socialização e contribuindo para a melhoria das condições de vida de indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
907
A EFICÁCIA DE UM PROGRAMA DE ORIENTAÇÕES SOBRE HIGIENE DO SONO PARA O TRATAMENTO DE AOS: SÉRIE DE CASOS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é caracterizada por episódios repetidos de obstrução das vias respiratórias durante o sono(1-3). Estima-se que entre 1 a 6% da população adulta seja acometida(2), tornando este um problema de saúde pública(1,2), muitas vezes negligenciado pela equipe de saúde. O tratamento deve ser multiprofissional, considerando um atendimento individualizado, específico para cada paciente(2,4).
OBJETIVO: Verificar a efetividade de um programa de orientações aos indivíduos apneicos acerca da higiene do sono como intervenção terapêutica.
MÉTODO: Série de casos, desenvolvida no ambulatório de Pneumologia de um hospital filantrópico, aprovada pelo CEP, sob nº 3.300.676. Amostra dada por conveniência. Foram incluídos adultos hígidos, que realizaram o exame de polissonografia entre abril/2018 e setembro/2019 com o resultado de Índice de Apneia e Hipoapneia maior que 5, que concordaram em participar da pesquisa, e compareceram à avaliação presencial. Quando incluídos, os sujeitos passaram por avaliação constituída por: Escala de Epworth(5), Questionário de Pittsburgh(5), Questionário STOP-BANG(6) e Protocolo de Motricidade Orofacial Específico para Apneia(7) adaptado. Após as avaliações, o participante recebeu, presencialmente, orientações a respeito da higiene do sono, com o intuito de conscientizá-lo sobre a importância de uma rotina mais adequada. O acompanhamento foi feito por telefone, semanalmente, durante doze semanas. Os participantes também compareceram a encontros mensais para esclarecimento de dúvidas, acompanhamento das mudanças e retomada das orientações recebidas. No último encontro presencial foram refeitas as avaliações iniciais e os pacientes foram encaminhados para novo exame de polissonografia, buscando verificar mudanças objetivas e suas relações com os protocolos coletados. As variáveis IAH, SO2 mínima, SO2 média e índice de dessaturação foram comparadas pré e pós terapia,através de estatísticas descritas e do teste não-paramétrico de Wilcoxon. Foram consideradas diferenças significativas a um nível máximo de 5%.
RESULTADOS: 165 pacientes realizaram exame de polissonografia, sendo contatados por telefone. 141 não apresentaram interesse ou disponibilidade; dos 24 que agendaram anamnese, 4 não compareceram. Dos 20 sujeitos, 4 foram excluídos por usarem CPAP, sendo 16 incluídos para seguir a terapia. 1 não teve interesse, 7 desistiram e 1 começou a utilizar CPAP. Assim, resultaram 7 participantes (3 homens e 4 mulheres) com idade média de 61 (± 6,08) anos. Através dos resultados do teste não-paramétrico de Wilcoxon verificou-se que apenas a SO2 média apresenta diferença significativa pré e pós intervenção - redução significativa no período pós. Todos os pacientes seguiram o curso progressivo da patologia.
CONCLUSÃO: Para os casos acompanhados observamos que não houve efetividade do programa de orientações proposto, uma vez que não foram registradas mudanças de hábitos nem alterações significativas nos dados objetivos comparados. Acreditamos que outras medidas sejam necessárias para minimizar o quadro. Entendemos que a continuidade da investigação com outras propostas terapêuticas contribuirá para traçar o efetivo papel das orientações em casos de AOS.

1. Veasey SC, Rosen IM. Obstructive Sleep Apnea in Adults. N Engl J Med 380;15 nejm.org April 11, 2019;
2. Miranda VGS, Buffon G, Vidor DCGM. Orofacial myofunctional profile of patients with sleep disorders: relationship with result of polysomnography. CoDAS 2019;31(3):e20180183;
3. Senaratna CV, Perret JL, Lodge CJ, Lowe AJ, Campbell BE, Matheson MC, Hamilton GS, Dharmage SC. Prevalence of obstructive sleep apnea in the general population: A systematic review. Sleep Medicine Reviews (2016), http://dx.doi.org/10.1016/j.smrv.2016.07.002;
4. Correa CC, Kayamori F, Weber SAT, Bianchini EMG. Scientific production of Brazilian speech language pathologists in sleep medicine. Sleep Sci. 2018;11(3):183-210;
5. Bertolazzi AN. Tradução, adaptação cultural e validação de dois instrumentos de avaliação do sono: escala de sonolência de Epworth e índice de qualidade de sono de Pittsburgh [dissertação]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2008;
6. Duarte RLM, Fonseca LBM, Magalhães-da-Silveira FJ, da Silveira EA, Rabahi MF. Validação do questionário STOP-Bang para a identificação de apneia obstrutiva do sono em adultos no Brasil. J Bras Pneumol. 2017;43(6):456-463;
7. Folha GA, Valera FCP, de Felıcio CM. Validity and reliability of a protocol of orofacial myofunctional evaluation for patients with obstructive sleep apnea. Eur J Oral Sci 2015; 123: 165–172. © 2015 Eur J Oral Sci.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
916
A EFICIÊNCIA DO TREINAMENTO AUDITIVO CENTRAL NA REABILITAÇÃO AUDITIVA EM IDOSOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A EFICIÊNCIA DO TREINAMENTO AUDITIVO CENTRAL NA REABILITAÇÃO AUDITIVA EM IDOSOS
Introdução: Os efeitos da idade no sistema auditivo periférico e sistema auditivo central interagem com mudanças, já que o envelhecimento pode acarretar alterações degenerativas no sistema auditivo. A presbiacusia é, principalmente, um fenômeno coclear. Contudo, degradações relacionadas à idade também são encontradas no tronco encefálico, bem como em estruturas corticais. O treinamento auditivo é uma pratica amplamente utilizada na reabilitação das habilidades auditivas de indivíduos com Transtorno de Processamento Auditivo Central, que visa a estimulação auditiva de modo a maximizar os efeitos da plasticidade do sistema nervoso central. Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo verificar a efetividade de um programa de treinamento auditivo em idosos. Metodologia: trata-se de um estudo de revisão de bibliográfica. A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão de literatura nas bases de dados publicados e indexados na SCIELO, Rev. CEFAC e PubMed. Foram identificados diversos artigos, em português, relacionado com o tema. Dos artigos encontrados, apenas 14 apresentavam informações relacionadas ao objetivo desse estudo. Resultados: Verificou-se que a média da idade dos participantes dos estudos foram de 60 a 90 anos, tendo as pesquisas sido realizadas com ambos os sexos. Quanto ao tipo e grau de perda auditiva, os participantes possuíam perda neurossensorial de grau leve a moderadamente severa bilateral e sem nenhum comprometimento cognitivo. Foram realizadas entre quatro a oito sessões de treinamento do Processamento Auditivo Central, ocorrendo uma vez por semana com duração em média de uma hora. Os estudos relatam que houve avaliações antes do início e após o treinamento auditivo. Todos os trabalhos analisados possuem conclusões convergentes, no sentido de que o treinamento do Processamento Auditivo Central em idosos contribui para a melhora das habilidades auditivas, aprimorando sua percepção e compreensão da fala e identificação dos sons ambientais. Sendo assim, observou-se que o treinamento auditivo interfere diretamente na qualidade de vida do idoso com e sem próteses auditivas, uma vez que o mesmo passará a compreender e se comunicar oralmente melhor. Conclusão: Verificou-se nos trabalhos encontrados concomitância quanto a eficiência do treinamento do Processamento Auditivo Central em idosos, ajudando na minimizar as dificuldades na comunicação e melhora da qualidade de vida.

Palavras-chave: fonoaudiologia; processamento auditivo central; reabilitação auditiva; envelhecimento.

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Bamford J. Auditory train. What is it, what is it supposed to do, and does it do it? Br J Audiol. 1981;15(2):75-8.

Santos SN, Petry T, Costa MJ. Índice percentual de reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído: efeitos da aclimatização no indivíduo avaliado sem as próteses auditivas. Revista Cefac. 2010;12(5):733-40.

Miranda E C de, Gill D , Lório M C M. Treinamento auditivo formal em idosos usuários de próteses auditivas. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 2008 Nov/Dec;74(6)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
787
A ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE (EMGS) VEM SENDO BASTANTE UTILIZADA EM PESQUISAS PARA O ESTUDO DA DEGLUTIÇÃO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Pesquisadores vem estudando a eletromiografia de supercície (EMGs) durante a deglutição1,2 e na doença de Parkinson (DP) os músculos Supra-hióideos demonstram achados eletromiográficos característicos3,4. Objetivo: identificar a acurácia de parâmetros da EMGs dos músculos supra-hióideos no consumo contínuo de água em sujeitos com doença de Parkinson (DP). Método: Tratou-se de um estudo analítico descritivo do tipo transversal com amostra de conveniência com aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, sob ofício nº 842/2011. Antes de iniciar o estudo, os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Participaram 67 sujeitos, sendo 41 com doença de Parkinson (DP) e 26 sujeitos sem alterações neurológicas e apresentando deglutição normal. Além da Ficha de Registro de Dados e EMGs dos músculos supra-hióideos, os sujeitos com DP foram estadiados pela escala de Hoehn e Yahr5; avaliados a partir do mini exame do estado mental6 e submetidos à Videoendoscopia da deglutição com a aplicação da escala de severidade da disfagia7 Apenas os sujeitos considerados normais responderam ao questionário de qualidade de vida em disfagia (SWAL-QOL)8 e aqueles com escore inferior a 93% foram excluídos do estudo. Após o estabelecimento do diagnóstico de gravidade de disfagia e considerado as exclusões, a amostra foi dividida em dois grupos: grupo 1, formado por 23 sujeitos apresentando deglutição normal e grupo 2, formado por 35 sujeitos com DP apresentando disfagia. Para a EMGs dos músculos supra-hióideos foi realizada a higienização da pele e fixação dos eletrodos na região submentoniana em ventre muscular. O registro foi captado pelo eletromiógrafo da marca EMG System do brasil nas especificações indicadas pelo SENIAM9. As variáveis estudadas foram: duração total da atividade eletromiográfica para o consumo; número de deglutições; duração média dos ciclos de deglutição e o volume médio por gole. O período de coleta foi de sete meses e os dados foram processados pelo BioanalyzerBR versão 2 e a análise estatística foi realizada pelo programa STATISTICA por meio da análise de variância (ANOVA), teste Exato de Fisher e o KAPPA, considerando nível de significância menor que 0,05. Resultados: Para o consumo contínuo de 100 ml de água, o número de deglutições foi maior (p=0,002), duração total mais prolongada (p=0,01) e volume médio por gole menor (p=0,01) no grupo DP disfágico, com significância estatística na comparação com o grupo deglutição normal. O número de deglutições e o volume médio por gole apresentaram especificidade de 88%, valor preditivo positivo de 78% e odds ratio de 8.2 com significância estatística para ambos. Conclusão: O registro eletromiográfico do número de deglutições e volume médio por gole pode ser útil para a triagem e registro da deglutição em pacientes com doença de Parkinson apresentando disfagia. Sendo importante associar seus resultados às informações colhidas na avaliação clínica fonoaudiológica inicial considerada soberana.

Referências:
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1390
A ESCUTA DIALÓGICA NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: UM ESTUDO DE CASO QUALITATIVO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


A escuta dialógica no processo de envelhecimento: um estudo de caso qualitativo
Autores: Gabriel Lechenakoski, Ana Martha Massucheto, Ana Paula Hey, Giselle Massi
Introdução: na obra “A velhice”, Simone de Beauvoir1 ressalta que, apesar de natural, o processo de envelhecimento apresenta-se multifacetado, ou seja, resultante de fatores sociais, biológicos, psicológicos, políticos e econômicos. As pessoas e as comunidades vivenciam a velhice de maneiras diversas a partir da própria história pessoal e coletiva, as quais são determinadas por diferentes fatores. Com esse entendimento, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa2 enfatiza a importância da criação de ações intersetoriais que, atreladas a setores da educação, da economia, do trabalho possam atender pessoas mais velhas, promovendo seu bem-estar e integração social. Nessa direção, destaca-se a escuta dialógica3, na constituição permanente de sujeitos criativos e autônomos, contribuintes da organização de uma sociedade aberta à intergeracionalidade. Objetivo: refletir sobre a escuta no processo de envelhecimento da pessoa idosa com dificuldade auditiva. Método: trata-se de um estudo de caso qualitativo, que se organizou em função de uma entrevista semiestruturada, cujas resposta foram consideradas com base na Análise Dialógica do Discurso3. A investigação foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa: 2.393.575. Contou com a participação de uma mulher, reconhecida pelo nome fictício Jodelet. Ela tem mais de setenta anos de idade, apresenta perda auditiva desde a juventude e é acompanhada em uma clínica- escola de Fonoaudiologia, situada no Paraná. Resultados: Jodelet explicitou que perdeu, repentinamente, a audição do ouvido esquerdo com aproximadamente 30 anos de idade e que passou a usar aparelho auditivo há 17 anos. Na ótica dela, a escuta relaciona-se a aspectos biológicos e interacionais. De um ponto de vista biológico, afirmou que se sente entristecida por estar perdendo a audição, por conta da idade, no ouvido direito. Referiu que quando era jovem, levou tempo para se acostumar com o fato de não ouvir de um lado. Também, mencionou que se percebia perdida pela sua falta de audição e que as pessoas reclamavam, dizendo que ela era desatenta. Disse que, de início, foi difícil se adaptar com o aparelho auditivo e que, atualmente, ele lhe faz muito bem. Pois, não escuta os outros sem o aparelho. De um ponto de vista interacional, Jodelet destaca a importância da escuta, reafirmando que é bom quando fala e os outros lhe dão atenção. Na sua perspectiva, escutar o outro, considerando a sua posição, é um trabalho que influencia na qualidade de vida das pessoas. De forma geral, o trabalho de escuta, para Jodelet, deve envolver pessoas de todas as idades, pois os mais velhos têm histórias para contar, que precisam ser consideradas, e os mais jovens têm muito a ensinar sobre as novas tecnologias. Conclusão: a escuta, de uma perspectiva dialógica, pode contribuir com uma atuação fonoaudiológica singularizada e pautada nos preceitos da autonomia. Embora o estudo envolva um único caso, ele indica, que aspectos biológicos da audição ganham novas possibilidades de análise à medida que a escuta dialógica é considerada, pois envolve a interação e promove o envelhecimento ativo.
Palavras-chave: envelhecimento, perda auditiva, relações interpessoais, participação social.

Referências Bibliográficas:
1) Beauvoir, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
2) Brasil. Portaria no 2.528, de 19 de outubro de 2006. Regulamenta Portaria no 1.395/GM de 10 de dezembro de 1999 e aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, 2006a.
3) Ponzio, A. A revolução bakhtiniana. São Paulo: Contexto, 2008.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1029
A ESPECIFICIDADE DE DOMÍNIO NO DÉFICIT ESPECÍFICO DE LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução
O Déficit específico de Linguagem (DEL) pode ser entendido como uma deficiência no desempenho linguístico de diferentes manifestações e que ocorrem ao longo do desenvolvimento infantil. Não tem compensação em outros domínios da cognição, tão pouco etiologia identificada, apesar de terem indícios de que alterações genéticas podem levar ao transtorno (1).

Objetivo
Analisar teoricamente a possibilidade de especificidade de domínio do Déficit Específico de Linguagem.


Metodologia
Revisão bibliográfica de 15 textos que fazem parte das referências disponibilizadas na disciplina de psicolinguística aplicada e distúrbios da linguagem no desenvolvimento ministrada em um programa de pós-graduação de uma universidade.

Resultados e discussão
A caracterização do Déficit Específico de Linguagem é comumente feita por critérios de exclusão. As manifestações que encontramos nesses casos são muito heterogêneas no que diz respeito aos sistemas afetados e o que isso acarreta. Apesar disso, é possível identificar alguns grupos homogêneos, contribuindo para um melhor entendimento do DEL (1).
Diante do fato de o diagnóstico do DEL ser feito através do método de exclusão, pesquisadores desenvolveram estudos de modo a identificar a especificidade de domínio do transtorno. Nesse interim, surgiram questionamentos sobre se a mente é modular no sentido de haver um módulo específico dedicado a linguagem (3,4).
A linguagem é composta por diversos itens que juntos formam um sistema complexo. Dentre estes, existem aqueles que são mais compatíveis com a hipótese da modularidade da mente: a sintaxe, a morfologia e a fonologia-gramatical (2). Van der Lely (2008) em seu estudo justifica isso pelo fato desses aspectos fazerem uma computação não encontrada em outros domínios.
Acredita-se que o DEL tem uma questão genética envolvida. Isso ajuda a explicar a especificidade do domínio já que a genética tem papel fundamental em determinar os circuitos neuronais das habilidades cognitivas. Não existe fator ambiental suficiente para gerar uma especialização de sistema (2). A hipótese da dificuldade de o DEL ser um domínio específico se dá pelo fato da maior parte das manifestações se darem no sistema gramatical.
Nesse sentido, os comprometimentos apresentados no DEL sugerem a existência de uma especificidade de domínio, separando o domínio linguístico e cognitivo. Apesar disso, é importante levantar a ideia de que as funções cognitivas superiores podem ser desenvolvidas pelo domínio linguístico (4).
Pensando nessas questões e interrogações sobre o distúrbio, o consenso CATALISE ajudou a pensar em uma melhor forma de caracterização do DEL, contribuindo para um melhor diagnóstico. Nesse consenso, após o debate de profissionais de diferentes áreas, o DEL mudou de nome para Transtorno do Desenvolvimento Linguístico e o seu diagnóstico passou a ser de inclusão. Foi discutido também sobre a possibilidade de comorbidades (3). Essas mudanças tiraram o peso da especificidade do domínio linguístico.


Conclusão
Ao estudar o DEL nos deparamos com uma dificuldade por ainda não haver conclusões seguras sobre o assunto. Atualmente, ainda se faz muito forte a linha de pensamento que o DEL é um distúrbio com especificidade de domínio, mas após o consenso CATALISE, isso está cada dia mais aberto a discussões.

1. Silveira MS. Déficit Especificamente Linguístico (DEL) e uma avaliação preliminar de uma manifestação em crianças falantes do português. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2002. Dissertação de mestrado.
2. Van Der Lely HKJ. Domain-specific cognitive systems: Insight from Grammatical-SLI. Trends Cogn Sci. 2005;9(2):53–9.
3. Bishop DVM, Snowling MJ, Thompson PA, Greenhalgh T, Adams C, Archibald L, et al. CATALISE: A multinational and multidisciplinary Delphi consensus study. Identifying language impairments in children. PLoS One [Internet]. 2016;11(7):1–26. Available from: http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0158753
4. Augusto, MRA. Aquisição da linguagem na perspectiva minimalista: especificidade e dissociações entre domínios. Linguagem, Teoria, Análise e Aplicações (3). Rio de Janeiro: Editora Letra Capital, 2007.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
2063
A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA ENQUANTO ALIADA NA DETECÇÃO DE SINAIS DE RISCO PARA ALTERAÇÃO DE LINGUAGEM: ENCAMINHAMENTO E INTERVENÇÃO PRECOCE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Compreende-se que o fonoaudiólogo está apto a dirigir intervenções fonoaudiológicas e multidisciplinares a pessoas e grupos sociais, de maneira integral e através do desenvolvimento de ações de promoção, prevenção, atenção e educação em saúde, consoantes com o território e indicadores de qualidade de vida e de saúde da população-alvo para a qual é direcionada a proposta de cuidado (Mendes, 2010).
O objetivo deste trabalho é analisar a Estratégia Saúde da Família enquanto aliada na detecção de sinais de risco para alteração de linguagem visando o encaminhamento e intervenção precoce com estas crianças.
Para isso, realizou-se um encontro presencial inicial com o (s) gestor (es) de cada Unidade selecionada para apresentar a proposta de trabalho. Diante do aceite de cada unidade, os gestores enviaram um e-mail para a Secretaria Municipal de saúde deste município que devolveu para a pesquisadora, em forma de aceite para a realização deste estudo.
Tal documento foi encaminhado junto aos termos de consentimento Livre e esclarecidos para o Comitê de Ética e pesquisa e recebeu aprovação sob o número de protocolo 3.631.331.
A partir desse momento, deu-se início ao Período de Educação Permanente e foram realizados três encontros em grupo com cada equipe da saúde família envolvida.
Os encontros abordaram os seguintes temas: (1)“Desenvolvimento global e linguístico das crianças na primeira Infância: O que esperar em cada fase?”; (2)“A linguagem e suas alterações: Principais alterações no desenvolvimento da linguagem e utilização dos protocolos de rastreio: PIFRAL (Silva; Couto; Molini-Avejonas, 2013) e Protocolo de Desenvolvimento de Linguagem (Molini-Avejonas; Fernandes, 2017) e (3) Importância da detecção e encaminhamento precoce nas alterações de linguagem. Estratégias de estimulação da linguagem a serem orientadas aos pais/ responsáveis enquanto medidas protetivas, através de modificações ambientais e atitudes no contexto familiar.
Até o presente momento, capacitou-se quatro unidades de Saúde da Família de diferentes distritos do Município, totalizando nove equipes de Saúde da Família, incluindo agentes comunitários de saúde, assistentes de saúde bucal, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, médicos e dentistas, também participaram como ouvintes cerca de 20 alunos e/ou residentes que estavam pelas unidades. Participaram ao todo 71 sujeitos que serão os multiplicadores do conhecimento desenvolvido até o momento.
Foi aplicada também a pesquisa de satisfação imediata dos profissionais sobre os encontros realizados, que apresentou os resultados parciais de 57 respostas já coletadas, todas com pontuação entre 4-5 estrelas, revelando um bom aproveitamento do programa.
Os próximos passos envolverão a coleta de dados por parte dos profissionais das unidades de saúde da família e a fonoaudióloga estará à disposição, realizando visitas longitudinais para acompanhamento dos casos. Os dados serão tabulados e será realizada uma análise tardia da satisfação dos profissionais de saúde, bem como, do destino dos casos rastreados na rede.
A finalidade do estudo será, portanto, entender a rede fonoaudiológica do município em questão, agilizar encaminhamentos e consequente intervenção precoce, instrumentalizar esquipes de saúde da família e propor políticas públicas que visem a promoção e prevenção de agravos à saúde fonoaudiológica infantil.

MENDES, V. Fonoaudiologia, Atenção Básica e Saúde da Família. In: FERNANDES, F.; MENDES, B.; NAVAS, A. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2010. p. 612-618.

MOLINI-AVEJONAS, D. R.; FERNANDES, F. D. M. Processo de intervenção no distúrbios de linguagem infantil. In: LAMÔNICA, D. A. C.; OLIVEIRA, D. B. D. Tratado de Linguagem: perspectivas contemporâneas. 1º. ed. Ribeirão Preto: Book Toy, 2017. Cap. 20, p. 218.

SILVA, G.M.D.; COUTO, M.I.V.; MOLINI-AVEJONAS, D.R. Identificação dos fatores de risco em crianças com alteração fonoaudiológica: estudo piloto. CoDAS, São Paulo, v. 25, n. 5, p. 456-462, 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
755
A FAMÍLIA E O DIAGNÓSTICO VOLTADO À LINGUAGEM: UMA ATIVIDADE FONOAUDIOLÓGICA GRUPAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: o momento do diagnóstico é tomado como crítico para a maioria dos familiares/cuidadores, uma vez que receber uma notícia que remete à quebra de uma representação do filho ‘saudável’, geralmente, gera dificuldades, acompanhadas de negação e sentimentos de dúvida(1). Nesse sentido, um olhar ‘patologizante’ pode ser direcionado ao sujeito diagnosticado com distúrbio de linguagem, impondo-lhes limitações, uma vez que são tomados como maus falantes, maus escreventes/leitores(2). A partir da determinação de um diagnóstico, comumente, são destacados sintomas vinculados a aspectos anatomofuncionais, centrados nos sujeitos ou em suas famílias(3). Nesse contexto, um trabalho em grupo com familiares/cuidadores possibilita interações discursivas e expressões de sentidos acerca de tais diagnósticos(4). Objetivo: analisar a visão de familiares/cuidadores acerca do diagnóstico na linguagem em relação a sujeitos em acompanhamento fonoaudiológico. Método: estudo de caráter qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Seres Humanos sob parecer Nº 3.030.703 e realizado em uma clínica-escola de Fonoaudiologia. Participaram cinco familiares/cuidadores, quatro mães e um pai, em cinco encontros, organizados em dois grupos, um constituído por dois participantes e outro, por três. A análise qualitativa dos dados foi realizada a partir de Análise de Conteúdo. Resultados: os participantes relataram dificuldades para lidar com o diagnóstico recebido, demonstrando frustação e preocupação. Afirmaram que o momento foi delicado e difícil, uma vez que o filho idealizado acabou sendo substituído pelo filho com problema. Referiram que o diagnóstico associado à linguagem impacta nas relações que estabelecem com os filhos, os quais assumem uma posição de mau falante/escrevente/leitor. Por fim, mencionaram que o trabalho fonoaudiológico grupal proporcionou-lhes um lugar de escuta, o qual influenciou diretamente nas vinculações entre eles - familiares/cuidadores e os filhos atendidos na clínica de fonoaudiologia. Conclusão: a maneira como familiares/cuidadores lidam com o diagnóstico dado aos seus filhos(as) impacta nas relações familiares. Na visão dos participantes, um trabalho fonoaudiológico grupal, capaz de incluir a família de sujeitos em atendimento clínico, pode minimizar efeitos negativos do diagnóstico, uma vez que conseguem falar a respeito de suas dúvidas e negações. Outros estudos devem dar continuidade a trabalhos que envolvam famílias de sujeitos/pacientes atendidos na clínica fonoaudiológica, indicando possibilidades para escutá-las, acolhê-las, e (re)significar suas queixas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. DUNKER, C. I. L. Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros. 1a ed. São Paulo: Boitempo, 2015.

2. ROSA, M. C. C. A visão de crianças diagnosticadas com distúrbios de leitura e escrita a respeito da queixa. Tese de Mestrado, Universidade Tuiuti do Parána,75 páginas, Curitiba, 2017.

3. ARANTES, L. Diagnóstico e clínica de linguagem. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2011.

4. LOURENÇO, R. C.; MASSI, G. Grupo operativo como espaço para atividades dialógicas junto a idosos. Revista do NESME, v.13, n.2, p.13-23. 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1231
A FONOAUDIOLOGIA A AS ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS APÓS AVC DE HEMISFÉRIO DIREITO: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A Neuropsicologia é tida como aplicação da Psicologia e da Neurologia, a qual visa explicar a forma como as conexões dos circuitos cerebrais atuam na manifestação de ações mentais complexas1. A Neuropsicologia se relaciona intimamente com a Fonoaudiologia, especialmente tendo em vista a importância da função cognitiva da linguagem2. Alterações neuropsicológicas refletem também na motricidade orofacial e no desempenho funcional especialmente quanto à mastigação, deglutição, fala e no uso da comunicação por expressões faciais2. Por isso, é de fundamental importância o fonoaudiólogo compreender bem esses fatores para auxiliar nas práticas profissionais. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é considerado uma das doenças mais incapacitantes. Caracteriza-se pela lesão nas regiões encefálicas, podendo ser isquêmico ou hemorrágico, acarretando sequelas ao indivíduo vitimado1,3,6. Fala-se mais sobre as alterações após um AVC no hemisfério esquerdo (HE), mas funções neuropsicológicas podem sofrer prejuízos após uma lesão de hemisfério direito (HD), levando consequências negativas ao indivíduo. OBJETIVO: Traçar um panorama das publicações existentes quanto ao estudo da Fonoaudiologia e das alterações das funções neuropsicológicas após lesões vasculares de HD. METODOLOGIA: Para o levantamento das informações foram utilizadas bases eletrônicas de dados de artigos científicos pesquisados nas bases de dados da internet, como Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO) entre os anos 2016 a 2020. RESULTADOS: Estudos encontrados3,4,6 que avaliam as funções neuropsicológicas e as alterações no HD após AVC variam de um para o outro, apresentando convergências e divergências entre os autores nessa relação de área lesionada e função prejudicada. Porém, de forma geral, os autores concordam que os pacientes lesionados no hemisfério direito após AVC apresentam de forma homogênea alterações em diversas funções neuropsicológicas. Segundo os estudos3,4,6, o AVC no HD está relacionado à sequelas visuespaciais, perda de memória e alterações no estilo comportamental, comprometendo o controle do julgamento de distância, tamanho, velocidade e posição, além da tomada de decisão. Anatomicamente, o córtex temporal superior direito é uma das principais regiões cerebrais, que quando lesionada, pode levar ao quadro de heminegligência6. Os estudos3,5 verificaram-se déficits significativos no funcionamento cognitivo dos pacientes que tiveram um AVC, independentemente da localização da lesão. As alterações cognitivas decorrentes de AVC, além do tipo da lesão, estão relacionadas também a fatores individuais como idade, escolaridade, ocupação prévia e condições sócio-econômicas4. CONCLUSÃO: A relação entre Neuropsicologia e Fonoaudiologia é recíproca, os conhecimentos de uma e outra se complementam e podem ser usados para melhor compreender processos e/ou alterações da comunicação humana. O fonoaudiólogo com conhecimentos sobre essas alterações das funções neuropsicológicas estará capacitado para atuar prevenindo, avaliando e tratando distúrbios da comunicação humana que são afetados pelo funcionamento cerebral. Apesar dos elevados estudos acerca do AVC, ainda são poucos os que falam sobre o HD, com isso, é indispensável mais estudos a respeito das alterações das funções neuropsicológicas após AVC nessa área para identificar diferentes perfis clínicos e contribuir para o aumento da eficácia na avaliação e reabilitação.

Descritores: Acidente Vascular Cerebral, Neuropsicologia, Infarto cerebral.

1- SANTOS, M. S. Acidente Vascular Encefálico: Um olhar neuropsicológico. Psicologia.pt ISSN 1646-6977. Documento publicado em 18.02.2019.
2- BRANDÃO, L.; FONSECA, R. P.; ORTIZ, K. Z.; AZAMBUJA, D.; SALLES, J. F.; NAVAS, A. L.; GOULART, M. T. C.; FREITAS, M. I. D.; PAGLIARIN, K. C.; FONTOURA, D. R.; MARIN. S. M. C.; BIANCHINI, E. M. G. B.; ZORZI, J. L.; QUEIROGA, B. A. M.; MOURA, M. C.; MANSUR, L.L ; PARENTE, M. A. M. P. Neuropsicologia como especialidade na Fonoaudiologia: Consenso de Fonoaudiólogos Brasileiros. Distúrbios Comun. São Paulo, 28(2): 378-87, junho, 2016.
3- YOSHIDA, H. M.; LIMA, F. O.; FERNANDES, P. T. Habilidade Motora e Hemisfério Cerebral em Pacientes pós-AVC: Existe Relação? Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria. 2019 Set./Dez;23(3):196-205. http://www.revneuropsiq.com.br.
4- RÊGO, A. F. C. S. Alterações Cognitivas e Repercussões Psicosociais do Acidente Vascular Cerebral. Mestrado em Psicologia Clínica. UNICAP. Recife, 2018.
5- SOUZA, F. AVC: Qualidade de Vida, Alterações Cognitivas e Emocionais. Universidade do Porto - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Out/2016.
6- VASCONCELOS, L.; CARIA, I. M.; JESUS, P. A.; PINTO, E. B. Perfil dos Indivíduos com Alterações Funcionais Características de Heminegligência após AVC. Revista Pesquisa em Fisioterapia. 2017 Maio;7(2):244-254.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1988
A FONOAUDIOLOGIA E A PRÁTICA NA SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A luta antimanicomial é caracterizada pela luta por direitos de indíviduos com sofrimento mental, incluindo o não isolamento dos mesmos em hospitais psiquiátricos e a construção de um modelo de atenção à saúde que busque integrá-los à comunidade e sua autonomia. Nesse sentido foi criada a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), buscando proporcionar o cuidado extra-muros, e é nessa rede que o fonoaudiólogo se insere junto a outros profissionais da saúde, através de uma prática integrada transversal e multidisciplinar.OBJETIVO: Relatar a experiência de estagiários durante o estágio eletivo de saúde mental em um Centro de Atenção psicossocial (CAPS). MÉTODO: A experiência ocorreu em um CAPS da cidade de Maceió-AL. As práticas aconteciam todas as quintas à tarde, das 13 às 17 horas, durante o período de 7 de Fevereiro de 2019 a 27 de Junho de 2019. Durante o estágio ocorreram atividades de planejamento de atividades, assembleias que envolviam os profissionais de saúde, familiares e usuários do CAPS, confraternizações em datas comemorativas como o carnaval e o São João, reuniões para a criação de PTS e atendimentos individuais. No início do estágio o CAPS havia se deslocado há pouco tempo para as dependências de um hospital escola psiquiátrico, o que dificultou bastante a realização das atividades, pelo espaço restrito e a resistência dos usuários de comparecerem. Muitos usuários do CAPS em algum momento foram internos do hospital psiquiátrico e estar voltando pra lá os lembrava dos momentos ali passados, que em sua maioria foram traumatizantes, o que justifica o receio de se fazerem presentes para as atividades do CAPS. Em uma tarde de atividades os usuários viram um colega, também usuário do CAPS que agora estava interno no hospital, em suas expressões era possível verificar que estavam tristes e com medo de que o mesmo pudesse acontecer com eles. RESULTADOS: As atividades desenvolvidas durante o estágio foram imprescindíveis para a formação profissional dos estagiários, uma vez que possibilitaram a vivência prática multidisciplinar em um dos dispositivos das RAPS, tanto na esfera da gestão como no contato direto com os usuários, proporcionando um maior leque de desenvolvimento profissional. Durante a vivência dos estagiários, constatou-se também a importância de conhecer a atuação fonoaudiológica na Saúde mental, deixando clara que a formação desses profissionais tem sido voltada para a atuação no Sistema Único de Saúde em todos os níveis de atenção. CONCLUSÃO: Essas experiências foram imprescindíveis no processo de ensino-aprendizagem dos estagiários, os preparando para a atuação uni e multiprofissional no mercado de trabalho, além de deixar clara a atuação da fonoaudiologia na saúde mental.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
306
A FONOAUDIOLOGIA E O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM UM MUNICÍPIO DO SUL DO BRASIL – RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


A audição é uma das principais formas de contato do indivíduo com o ambiente, permite monitoramento de eventos ambientais, e processamento das informações, favorecendo a comunicação oral como expressão do pensamento, desempenhando papel importante na integração do sujeito com a sociedade. Uma perda auditiva provoca impacto negativo no desenvolvimento da criança e pode interferir no desenvolvimento da linguagem oral.
O Programa Saúde na Escola (PSE) tem por objetivo contribuir para a formação integral dos estudantes e da comunidade escolar com ações de promoção, prevenção e de atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e de jovens da rede pública de ensino. O PSE elenca ações que devem ser desenvolvidas nos municípios junto à comunidade escolar, dentre tais tem-se a ação “promoção da saúde auditiva e identificação de educandos com possíveis sinais de alteração”. O PSE funciona de maneira multiprofissional no município de relato há alguns anos e vem trazendo resultados positivos desde então. No ano de 2019 a equipe de fonoaudiologia do município identificou as crianças com risco de perda auditiva e alterações no desenvolvimento da linguagem em ambiente escolar por meio do PSE. O instrumento utilizado para a pesquisa foi um Instrumento de Triagem Auditiva Infantil desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que abrange a faixa etária de 12 a 48 meses de idade, além disso, foi realizada pesquisa nas Cadernetas de Saúde das crianças menores de 12 meses verificando a realização ou não do Teste da Orelhinha e do Teste da Linguinha, e para as crianças entre 5 a 7 anos foi aplicado um questionário para crianças em fase de alfabetização, e exame de meatoscopia para as turmas de 1º anos.
Os dados apresentados tratam-se de uma das Unidades Básica de Saúde (UBS) do município. As intervenções no território adstrito pela UBS abrangeram dois Centros de Educação Infantil municipais e a Escola de Ensino Básico Estadual. No primeiro momento foi estabelecido contato com os diretores dos estabelecimentos, explicado a respeito do projeto, e realizado levantamento das crianças matriculadas. Na época haviam 243 crianças, desse total, por meio dos instrumentos já citados, identificamos aproximadamente 70 crianças que possuíam indicativo para atraso no desenvolvimento da audição e/ou linguagem.
Em seguida solicitamos a presença dos responsáveis das crianças que apresentaram risco na UBS. No primeiro momento realizamos um acolhimento coletivo em forma de roda de conversa, com explicações sobre desenvolvimento da audição e da linguagem na infância. Em seguida deu-se o atendimento individual, com finalidade de observar o comportamento auditivo e de linguagem por meio de avaliação comportamental e entrevista com os familiares.
Mediante essa intervenção fomos capazes de identificar precocemente crianças com atrasos no desenvolvimento e realizar os devidos encaminhamentos, a dificuldade encontrada foi a baixa adesão dos responsáveis em comparecer à UBS. A proposta para continuidade em 2020 seria a realização de uma oficina para os professores dos CEIs e da Escola, pois notamos que há desconhecimento sobre saúde auditiva nesses ambientes.

não se aplica


TRABALHOS CIENTÍFICOS
967
A FONOAUDIOLOGIA EM CUIDADOS PALIATIVOS - RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: As neoplasias de cabeça e pescoço apresentam grande chance de recidivas, muitas vezes necessitando o acompanhamento multiprofissional da equipe de cuidados paliativos. A atuação dessas equipes visa um cuidado mais holístico e um olhar aberto acerca das dificuldades enfrentadas pelos pacientes oncológicos 1,2,3. Objetivo: Relatar o caso de um paciente acompanhado pela Fonoaudiologia, dentro do serviço de cuidados paliativos, com diferentes enfoques ao longo do seu tratamento. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética sob o parecer 3.109.023. Trata-se de um relato de caso de um paciente do sexo masculino, 76 anos, com diagnóstico de câncer de hipofaringe e laringe supraglótica, submetido a cirurgia, com necessidade de traqueostomia e tratamento radioterápico. Durante a avaliação fonoaudiológica, apresentou força das estruturas orofaciais e elevação laríngea reduzidas, presença de secreção hialina pela traqueostomia (necessitando de aspirações frequentes de vias aéreas inferiores), qualidade vocal molhada, aspiração de alimento após a deglutição mesmo com uso de manobras protetoras de vias aéreas inferiores. A alimentação por via oral foi suspensa e o paciente foi submetido a uma gastrostomia, ao mesmo tempo em que iniciou fonoterapia. Também foi realizada uma videoendoscopia da deglutição na qual evidenciou-se edema acentuado, estase salivar em cavidade oral e aspiração da mesma, sem possibilidade de decanulação, sendo necessário adaptar uma válvula de fala com o sistema Bias Open; o que reduziu consideravelmente a estase salivar e manteve a qualidade vocal adequada, sem aspecto molhado e diminuindo a necessidade de aspirações traqueais. Este paciente precisou reinternar diversas vezes por disfunção ventilatória, já que sua família optou por permitir que ele se alimentasse por via oral, como medida de conforto, devido à sua idade e patologia. Decorridos seis meses, apresentou uma recidiva que projetou sua língua para fora da cavidade oral, fazendo com que lhe impossibilitasse a oclusão dos lábios e a fala, além da língua se apresentar ressecada e descamando por ficar exposta. Então utilizou-se gaze úmida na língua para proteger o tecido e proporcionar maior conforto. Resultados: Após discussão com a equipe de Cuidados Paliativos, a Fonoaudiologia reavaliou o paciente e objetivou adequar a consistência alimentar, volume e local dentro da cavidade oral para ofertar o alimento e, assim aproveitar a melhor forma, dentro do quadro estabelecido, de ingerir algo como via oral de conforto. Como o lado esquerdo da língua estava menos edemaciado, foi possível introduzir uma seringa com iogurte e sorvete (desejos do paciente), em pequenos volumes a cada oferta, proporcionando assim, satisfação do paciente e família. Após estabilização e adequação da medicação, teve alta hospitalar e acabou indo a óbito em sua residência cercado pelos seus familiares. Conclusão: Foi realizado um cuidado integral e multidisciplinar em todas as internações deste paciente. O trabalho da equipe de Cuidados Paliativos, na qual a fonoaudiologia está incluída, foi fundamental para promover um tratamento que, de fato, resultou em qualidade no período final de sua vida. A família, muito presente, acompanhou todo o processo e mostrou-se satisfeita com a maneira como o tratamento foi conduzido.

1. Rolim FJ, Diógenes MGC, Gonçalves CMS, Fonseca MRS. Importância da multidisciplinaridade em cirurgia de cabeça e pescoço. In: Veloso HHP, Caldas JMP, Soares MSM. Tratamento Multidisciplinar em pacientes oncológicos. João Pessoa: Mídia Gráfica e Editora, 2019. p 245-255.

2. Pollens RD. Integrating speech-language pathology services in palliative end-of-life care. Top Lang Disord. 2012;32(2):137-48.

3. Lóss JCS, Dias VE, Cabral HLTB, Souza CHM. Health knowledge and interdisciplinarity in palliative care. Interdiscip Sci J, May, 2019; 6(5):250.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
309
A FONOAUDIOLOGIA NO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)
40170130


Introdução: O câncer de cabeça e pescoço provoca alterações fonoaudiológicas com impacto na deglutição, voz, articulação e mastigação. Os tipos de cirurgias que podem apresentar tais alterações podem ser as ressecções em cavidade oral e orofaringe e laringe. As possibilidades de preservar a fala, a voz, a mastigação e o mecanismo de deglutição são sempre consideradas pela equipe multidisciplinar que está envolvida com o paciente, e o fonoaudiólogo é o profissional responsável pela reabilitação dessas funções. Objetivo: Elaborar uma revisão de literatura com o intuito de descrever artigos que tenham a atuação fonoaudiológica na reabilitação do câncer de cabeça e pescoço. Método: Uma revisão de literatura foi realizada nas bases de dados PubMed, Web of Science e Lilacs, nos últimos cinco anos (janeiro de 2015 – junho de 2020). A estratégia de busca foi desenvolvida de acordo com a questão de pesquisa e combinação de descritores foi feita através do DeCS, fonoaudiologia AND neoplasias de cabeça e pescoço, em inglês, espanhol e português. A escrita do artigo científico também foi baseada segundo os critérios do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). Resultados: Foram selecionados 17 artigos, sendo 12 da PubMed, dois do Web of Science e três do Lilacs. Após leitura de título e resumo, restaram assim três artigos a serem revisados. Em dois artigos foi realizada a reabilitação através da eletroestimulação para diferentes objetivos, como na disfagia e na hipossalivação. Para a reabilitação da disfagia, a eletroestimulação não teve nenhum efeito adicional à terapia tradicional e na hipossalivação, demonstraram um aumento no fluxo da saliva para os pacientes. E o outro artigo abordou a avaliação, diagnóstico funcional e novas adaptações das funções. Houve reabilitação fonoaudiológica tradicional nesses pacientes, sendo na fala, deglutição e mastigação, e obteve sucesso na mesma, ressaltando que o progresso terapêutico dependerá do estádio da neoplasia apresentada pelo paciente. Conclusão: Os artigos atuais abordam a terapia complementar, como a eletroestimulação, ainda não é um consenso na literatura os benefícios dessa terapia, necessitando de mais estudos. Já a reabilitação fonoaudiológica tradicional trouxe mais ganhos para a qualidade de vida do paciente no câncer de cabeça e pescoço.

Figueiredo IC, Vendramini SHF, Lourenção LG, Sasaki NSGMS, Maniglia JV, Padovani JJA et al. Perfil e reabilitação fonoaudiológica de pacientes com câncer de laringe. CoDAS [Internet]. 2019;31(1):e20180060.
Langmore SE, McCulloch TM, Krisciunas GP, Lazarus CL, Van Daele DJ, Pauloski BR, Rybin D, Doros G. Efficacy of Electrical Stimulation and Exercise for Dysphagia in Head and Neck Cancer Patients: A Randomized Clinical Trial. Head Neck. 2016 Apr;38(Suppl 1):E1221–E1231, 2016.
Paim ÉD, Berbert MCB, Zanella VG, Macagnan FE. Estimulação elétrica no tratamento da hipossalivação induzida pela radioterapia. CoDAS [Internet]. 2019;31(4):e20180176.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1334
A FONOAUDIOLOGIA NO CUIDADO A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE EQUIPE DE SERVIÇO ESPECIALIZADO EM HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: os processos de habilitação e reabilitação são fundamentais para pessoas com deficiência visual (DV), uma vez que lhes conferem uma vida com mais autonomia, independência, qualidade e equidade 1. A legislação brasileira preconiza que esse trabalho habilitativo/reabilitativo seja feito por equipe multiprofissional e interdisciplinar, favorecendo a integralidade no cuidado 2. Um profissional fundamental nessa equipe é o fonoaudiólogo, uma vez que a literatura refere que sujeitos com DV podem apresentar comprometimentos no desenvolvimento linguístico devido às poucas interações com os pais/cuidadores e com o ambiente ao seu redor na infância, e esse profissional possui conhecimentos suficientes para orientar a família sobre a melhor forma de interagir com a criança ou, se necessário, intervir junto a ela no contexto da habilitação 3,4,5. Objetivo: verificar percepções de profissionais de serviço especializado em reabilitação de pessoas com DV a respeito da atuação fonoaudiológica junto a esses indivíduos no contexto habilitativo/reabilitativo. Método: essa pesquisa vincula-se a um projeto maior intitulado “O itinerário da pessoa com deficiência visual nos serviços de saúde e reabilitação em um município da Região Metropolitana de Campinas - São Paulo”, o qual foi aprovado pelo comitê de ética da instituição sede sob nº CAAE 46001215.7.0000.5404. Trata-se de estudo qualitativo, cujos dados foram obtidos de um corpus de entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais de serviço especializado em reabilitação de pessoas com DV e oftalmologia do interior paulista, as quais passaram por estudo exploratório prévio para adequações 6 e foram aplicadas posteriormente, sendo ambos esses procedimentos empreendidos no contexto do referido projeto maior. A análise dos dados utilizados na presente pesquisa se deu pelo método da análise de conteúdo proposto por Bardin 7. Resultados: participaram da pesquisa 11 profissionais, sendo fonoaudiólogo (1), fisioterapeuta (1), terapeuta ocupacional (2), pedagogo especializado em Braille (1), pedagogo especializado em informática (1), professor de orientação e mobilidade (1), psicólogo (2), assistente social (1) e oftalmologista (1). Observou-se que os profissionais consideraram a fonoaudiologia como fundamental para o desenvolvimento de habilidades comunicativas em indivíduos com DV, de modo que foi bastante relatado o trabalho com aspectos fonológicos da linguagem e a estimulação de sentidos remanescentes, bem como as habilidades necessárias ao estabelecimento de interações dialógicas, inclusive as de caráter não-verbal. Foi destacado também a importância da atuação fonoaudiológica nos casos de deficiências múltiplas que apresentem comprometimento visual. Conclusão: a partir da verificação das percepções de profissionais de equipe de reabilitação de pessoas com DV, observou-se que o fonoaudiólogo é um profissional complementar que tem muito a contribuir para o processo habilitativo/reabilitativo de sujeitos com essa deficiência, uma vez que promove o desenvolvimento de habilidades linguísticas caras à participação efetiva do indivíduo na sociedade em que está imerso. Apesar de ter sido trazido nos depoimentos o trabalho fonoaudiológico junto a pessoas com deficiências múltiplas, o qual é tradicionalmente associado a essa profissão, os participantes destacaram a importância do fonoaudiólogo também em casos de DV sem outros comprometimentos, o que permite vislumbrar um campo promissor de conhecimentos e práticas para a área.

1. Silva MR. Avaliação terapêutica ocupacional para adolescentes e adultos com deficiência visual baseada na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) [dissertação] [internet]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas; 2016. [acesso em 2020 jul. 10]. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/321851
2. BRASIL. Presidência da república, subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão de Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) [internet]. [Diário Oficial da República Federativa do Brasil]. 2015 jul. 7 [acesso em 2019 jul. 24]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
3. Monteiro MMB, Montilha RCI. Intervenção fonoaudiológica e deficiência visual: percepções de profissionais de equipe interdisciplinar. Medicina (Ribeirão Preto) [periódico na internet]. 2010 mar [acesso em 31 mar 2018]; 43(1): [aproximadamente 9 p.]. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/160.
4. Kaodoinski F, Toniazzo FR. Deficiência Visual, Interação e Desenvolvimento da Linguagem. Rev. SCRIPTA [periódico na Internet]. 30 jun. 2017 [acesso em 15 abr. 2020];21(41):185-203. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/P.2358-3428.2017v21n41p185
5. Fernandes AC, Montilha RCI. The comprehensive evaluation in speech therapy for people with visual impairments: a case report. Rev. CEFAC. [serial on the internet]. 2015 [cited 2018 mar 22]; 17(4): [about 8 p.]. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n4/en_1982-0216-rcefac-17-04-01362.pdf
6. Piovesan A, Temporini ER. Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. Rev. Saúde Pública. 1995;29(4):318-25.
7. Bardin L. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Editora 70; 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
213
A GAMIFICAÇÃO COMO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ATIVA NO ENSINO REMOTO DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O modelo de ensino remoto no curso de Fonoaudiologia foi adotado em caráter emergencial devido à pandemia do Covid-19. Dessa forma, foi observada a necessidade de explorar os recursos virtuais para educação mediada por tecnologia. A Gamificação é uma metodologia ativa de ensino-aprendizagem que tem por objetivo a utilização de jogos para resolução de problemas práticos e para aprimorar o conhecimento teórico-prático. Objetivo: Apresentar um relato de experiência sobre a utilização da gamificação em forma de quiz, por meio de uma plataforma virtual no ensino remoto da motricidade orofacial em um curso de graduação em Fonoaudiologia. Métodos: Esse trabalho constituiu de duas etapas, a saber: a elaboração do jogo, por meio de questionários virtuais e a aplicabilidade durante a aula remota síncrona. Participaram da atividade todos os discentes do quinto e sexto períodos do curso de Fonoaudiologia matriculados na disciplina Motricidade Orofacial: Avaliação e Tratamento. A primeira etapa consistiu na preparação de dois quiz online, utilizando a plataforma Poll Everywhere. A plataforma selecionada possui versão gratuita e permite diferentes possibilidades de perguntas e respostas, rankeamento, estatística. Em seguida, cada quiz foi criado com 5 questões objetivas e discursivas sobre o conteúdo ministrado. A construção das questões do quiz seguiu o padrão de complementação simples, resposta única, interpretação, resposta múltipla e asserção/razão. Na elaboração do jogo foi definido o tempo de resposta máximo de 05 minutos por questão. Após a exposição do conteúdo, foram definidas duas datas para realização da atividade com o objetivo de revisão de conteúdo, resolução de dúvidas e discussão de casos-clínicos. Para a ativação do jogo, o criador disponibilizou um link para os participantes acessarem o quis durante a aula remota síncrona. Ao final do tempo de resolução da questão, o professor projetava para todos os alunos a quantidade de jogadores que responderam a questão e as estatísticas da marcação de cada alternativa. Uma intervenção com o levantamento das principais dúvidas, raciocínio de cada questão e possibilidades de instrumentos de avaliação intervenção fonoaudiológica do caso-clínico era realizada após cada questão. Caso a quantidade de erros fosse superior a 50% o conteúdo era retomado em aula posterior. Resultados: A utilização da ferramenta Poll Everywhere permitiu a construção de um jogo personalizado e favoreceu a interação e aumentou o engajamento entre os alunos e o professor durante o processo da aula remota síncrona, além de proporcionar fixação e assimilação do conteúdo ministrado. Tanto o quiz, quanto as respostas ficam armazenadas e podem ser utilizadas posteriormente para revisão e comparação do desempenho dos alunos sobre o conteúdo, o que possibilitou feedbacks positivos e negativos da modalidade da aula remota síncrona implantada de maneira emergencial durante a pandemia do Covid-19. Conclusão: Observou-se que a gamificação como parte das metodologias ativas de ensino-aprendizagem foi um facilitador do desenvolvimento do pensamento crítico por meio da discussão de casos-clínicos, além incentivar a interação entre os alunos durante as aulas remotas síncronas.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
382
A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO NO DESEMPENHO DE MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A amamentação é a melhor forma de nutrição e hidratação do bebê, além disso tem-se na função de sucção, necessária para sua efetivação, uma das melhores formas de promoção do desenvolvimento das funções motoras orais. Objetivo: Analisar a influência da amamentação em seio materno no desempenho de mastigação e deglutição de crianças em idade escolar. Método: Trata-se de um estudo transversal quantitativo que faz parte de um projeto maior sob acrônimo EPOCA, do qual participaram escolares a partir de sete anos matriculados do 2º ao 9º ano de escolas públicas (municipais e estaduais) de um município do Sul do Brasil. Foram incluídos escolares com, no mínimo, sete anos de idade completos e no máximo 14 anos e 11 meses de idade e excluídos os escolares que apresentaram alguma doença que impedia o registro do consumo alimentar. Um questionário com questões de múltipla escolha sobre aleitamento materno, introdução de alimentos na primeira infância e queixas de mastigação e deglutição foi enviado para os pais das crianças. A análise dos dados foi realizada por meio do Software SPSS para Windows, utilizando-se os testes: Qui-quadrado, Mann-Whitney U, Kruskal Wallis e Correlação de Sperman. Atesta-se a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo CAAE 87539718.1.0000.0121. Resultados: 1552 crianças participaram da pesquisa, sendo que 1349 (86,9%) crianças foram amamentadas em seio materno, sendo a maioria entre 13 e 23 meses. Houve associação significativa entre a amamentação em seio materno e a menor percepção de problemas na mastigação das crianças pelos pais (p-valor < 0,001), sendo que 36,9% (48) das crianças que não foram amamentadas mastigavam demasiadamente rápido e 28,6% (5) engoliam sem mastigar, em comparação com 28,7% (387) e 1,4% (19) das crianças amamentadas em seio materno. Não houve associação estatística significativa com relação à amamentação e a frequência de engasgos na alimentação rotineira das crianças, sendo que no total 572 crianças apresentavam engasgos eventualmente observados pelos pais durante a alimentação diária, 35,3% (46) das amamentadas em seio materno e 38,9% (526) das não amamentadas. A amamentação em seio materno também se mostrou protetiva para alterações fonoaudiológicas (p-valor <0,001), uma vez que, das 269 (17,3%) participantes que necessitaram de avaliação fonoaudiológica em algum momento da vida, 27,35% (35) não haviam sido amamentadas em comparação com 17,5% (234) que haviam sido amamentadas em seio materno. O tempo total de amamentação em meses não se mostrou associado com a frequência de engasgos observada pelos pais (p-valor 0,06), com as dificuldades de mastigação (p-valor 0,27) ou com a necessidade de avaliação fonoaudiológica em algum momento da vida (p-valor 0,45). Conclusão: Independentemente do tempo de amamentação em seio materno, essa demonstrou mais uma vez ser promotora do desenvolvimento motor oral, especialmente pela posterior melhor preparação oral dos alimentos, além de ter se mostrado como fator de proteção para alterações fonoaudiológicas, de forma geral.

Ruth Ramalho Ruivo PalladinoI; Maria Claudia CunhaII; Luiz Augusto de Paula Souza. Problemas de linguagem e alimentares em crianças: co-ocorrências ou coincidências? Pró-Fono R Atual Cient. 2007;19(2):205-14.

Silveira LM, PradeI LS, Ruedelll AM, HaeffnerIII LSB, WeinmannIII ARM. Aleitamento materno e sua influência nas habilidades orais de crianças. Rev. Saúde Pública. 2013;47(1):37-43.

Tada A, Miura H. Association of mastication and factors affecting masticatory function with obesity in adults: a systematic review. BMC Oral Health. 2018. 4;18(1):76.

Vieira VCAM, Araujo CMD, Jamelli SR. Desenvolvimento da fala e alimentação infantil: possíveis implicações. Rev. CEFAC [online]. 2016;18(6):1359-69.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
772
A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO PARA AS FUNÇÕES ORAIS E PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
54100313


Introdução: A amamentação é um período importante para o desenvolvimento da criança e deve ocorrer exclusivamente durante os seis meses de vida do indivíduo, visto que o leite materno contém substâncias importantes como: gordura, especificamente o colesterol e os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa. Essas substâncias apresentam funções especificas na formação dos neurônios e no aumento das sinapses nervosas para um melhor desenvolvimento cerebral do bebê(1). Ademais, durante a amamentação é formado o vínculo afetivo entre mãe e filho, além de ocorrer o movimento de sucção. Esse movimento tem como o principal objetivo de fortalecer os músculos orofaciais, a fim de estimular os movimentos de mastigação e deglutição(2). Porém, existem fatores que colaboram para um desmame precoce como: o desconhecimento por parte materna da importância da amamentação, utilização da chupeta, mamadeiras, além do uso do leite industrializado que não apresentam todos os componentes necessários para o desenvolvimento cognitivo da criança(3). Nota-se que todos esses elementos prejudicam e trazem consequências para o desenvolvimento infantil. Objetivo: Compreender a importância da amamentação para o desenvolvimento das funções orais e para o desenvolvimento cognitivo da criança, principalmente, no período inicial de vida, além da conscientização por parte dos profissionais para a divulgação sobre a importância da amamentação e das consequências de um desmame precoce. Método: Trata-se de uma revisão de literatura com bases de dados do SCIELO, LILASC e revista científica, compreendendo o período entre 2007-2018. A busca foi restrita aos artigos em português e foram utilizados os seguintes descritores: desmame precoce, amamentação e cognição. Adotou-se como critério de exclusão artigos que fugiram do tema do período de 2007-2018. Resultado: Constatou-se que as principais consequências do desmame precoce para o desenvolvimento das funções orais da criança está relacionada diretamente com as suas funções de mastigação, deglutição, respiração, alterações na articulação oral e na oclusão dentária(4). Em relação à cognição, causa uma diminuição das sinapses nervosas da criança, afetando o seu neurodesenvolvimento na aprendizagem. Conclusão: Nessa perspectiva, fica evidente que amamentação é importante para o desenvolvimento infantil. Além disso, o desmame precoce traz consequências para as funções orais e cognitivas(5), podendo afetar a aprendizagem e convívio social do indivíduo. Por fim, é importante salientar que a amamentação é a principal prática para a prevenção dessas alterações fonoaudiológicas e cognitivas.

1. EIDELMAN, Arthur I. Amamentação e desenvolvimento cognitivo: existe uma associação?. SCIELO, 2013. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000400001 >. Acesso em: 14 de jun. 2020.

2. ANTUNES, Leonardo dos Santos. Amamentação natural como fonte de prevenção à saúde. SCIELO, 2008. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232008000100015&script=sci_arttext&tlng=pt >. Acesso em: 14 de jun. 2020.

3. Aleitamento materno: causas e consequências do desmame precoce. Revista Unimontes Científica, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 de jun. de 2020.

4. ARAÚJO, Cláudia Maria. Aleitamento materno e o uso da chupeta: repercurssões na alimentação e no desenvolvimento do sistema sensório motor oral. LILACS, 2007. Disponível em: . Acesso em: 15 de jun. de 2020.

5. LIMA, Ariana Passos Cavalcante. A prática do aleitamento materno e os fatores que levam ao desmame preoce: uma revisão intregativa. LILACS, 2018. Disponivel em: . Acesso em: 15 de jun. de 2020.





TRABALHOS CIENTÍFICOS
1360
A IMPORTÂNCIA DA ANAMNESE NA PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM UM AMBULATÓRIO DE PREMATUROS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O termo anamnese significa trazer de volta à mente os fatos relacionados à pessoa e suas manifestações de doença¹. A anamnese é imprescindível para a clínica fonoaudiológica e, ao se constituir em uma investigação criteriosa e detalhada para levantamento de pistas que possam ajudar na hipótese diagnóstica², permite o cuidado integral do sujeito, direcionando a avaliação, a seleção dos testes que serão utilizados, o diagnóstico e o planejamento de ações. Dessa forma, a anamnese auxilia o profissional a mapear os aspectos de vida e saúde da criança nascida pré-termo, a identificar as perspectivas de acompanhamento e tratamento, além de direcionar as orientações e a definição do prognóstico³. Objetivo: Caracterizar o preenchimento do protocolo de anamnese fonoaudiológica utilizada em ambulatório follow up de prematuros em um hospital universitário da rede pública da região sudeste. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, com base na análise de dados secundários, prontuários, de um ambulatório de acompanhamento de crianças pré-termo. O ambulatório é vinculado a um projeto de extensão universitária, composto por uma equipe de estudantes da graduação e pós-graduação, e uma docente coordenadora. Foram levantados dados da anamnese fonoaudiológica, no período de 2009 a 2019, composta pelos seguintes eixos: caracterização da criança e sua família, dados sociodemográficos, dados pré, peri e pós natais e histórico clínico assistencial. Foram analisados 749 prontuários e realizada análise descritiva dos dados coletados. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o número CAAE: 19604819.6.0000.5149 Resultados: Verificou-se que no eixo “caracterização da criança e sua família” houve maior número de preenchimento nos itens “sexo” e “idade cronológica” (100%) e menor número de preenchimento em “idade do pai” (66%). No eixo “dados sociodemográficos”, o item mais preenchido foi o “tipo de moradia” (92,2%) e o menos preenchido “escolaridade do pai” (34,8%). Em relação ao eixo “dados pré, peri e pós natais”, o “tipo de parto” foi o item mais preenchido (96,9%) e “malformação craniofacial” (54,6%) o menos preenchido. Já no eixo “histórico clínico assistencial” o item relativo à “Triagem Neonatal” foi o mais preenchido (91%) e o “Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês” o menos preenchido (10,8%). Conclusão: O trabalho indicou que há informações com falha de preenchimento nos prontuários analisados, destacando os dados referentes ao eixo clínico-assistencial. Vale considerar que a anamnese é fundamental para o acompanhamento fonoaudiológico e que pode contribuir para a qualidade da assistência integral do sujeito. Dessa forma, tal instrumento pode possibilitar a otimização da avaliação, intervenção e acompanhamento mais adequados e eficientes.

1. Balduino PM, Palis FP, Paranaíba VF, Almeida HO, Trindade EMV. A perspectiva do paciente no roteiro de anamnese: o olhar do estudante. Rev bras educ méd. 2012 Set;36(3):335-342.
2. Fridlin SL, Pereira LD, Perez AP. Relação entre dados coletados na anamnese e distúrbio do processamento auditivo. Rev CEFAC. 2014 Abr;16(2):405-412.
3. Santos N, Veiga P, Andrade R. Importância da anamnese e do exame físico para o cuidado do enfermeiro. Rev bras enferm. 2011 Abr;64(2):355-358.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
327
A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA PARA A ALFABETIZAÇÃO DO ALUNADO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: CONCEPÇÕES DAS EDUCADORAS DO AEE DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE SALVADOR-BAHIA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Pessoas com deficiência intelectual apresentam dificuldades nas áreas sociais e pessoais. No que se refere ao âmbito escolar tem-se profissionais da educação que acolhem e contribuem para o sucesso da alfabetização dos mesmos, muitos destes estão inseridos no Atendimento Educacional Especializado (AEE). A realização de atividades que desenvolvem a consciência fonológica é fundamental para a alfabetização. Desta forma, a atuação do professor é imprescindível, assim como do fonoaudiólogo educacional por contribuir para o processo de alfabetização. O presente estudo propõe investigar as práticas pedagógicas de educadoras do AEE voltadas ao desenvolvimento de consciência fonológica em escolares com deficiência intelectual. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, de natureza exploratória/descritiva e transversal, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) com parecer de número CAAE: 29581819.2.000.5032. Para caracterizar o perfil dos participantes e descrever as práticas pedagógicas foi realizada uma entrevista semi estruturada com as educadoras. A análise do conteúdo temático das narrativas das educadoras resultou no estabelecimento das seguintes categorias de análise: 1) Formação; 2) Atuação; 3) Consciência fonológica. Todas as participantes da pesquisa foram mulheres, estão na faixa etária de 39 a 68 anos de idade, apresentam mais de 15 anos de formada no curso de pedagogia, tendo mais de 8 anos de atuação com o alunado com deficiência intelectual. Pode-se notar que as educadoras buscam formações para um atendimento especializado para os educandos com deficiências. Elas demonstraram ter compreensão sobre a importância de utilizar a consciência fonológica para a alfabetização em beneficio do processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita. As participantes relatam que utilizam atividades lúdicas como jogos com músicas, rimas, palavras e poemas para colocar em prática o ensino das habilidades de consciência fonológica. Mesmo com os benefícios do uso de atividades de consciência fonológica, não deixam de citar a dificuldade de se trabalhar com esse público-alvo, como, a dificuldade de concentração, atenção, indisposição, dificuldade na fala, retenção de memória, noção espacial e da memória episódica. A partir das respostas obtidas, foi perceptível que as participantes consideram relevante o uso das habilidades de consciência fonológica, pois contribui de forma significativa para o processo de alfabetização. Diante do exposto, observa-se a necessidade de fortalecer e ampliar a presença do fonoaudiólogo educacional nas instituições de educação para orientar a equipe pedagógica, favorecendo um adequado desenvolvimento da linguagem, principalmente no que se refere a leitura e escrita.

Araújo MAM. Do Sonho à Realidade: Expectativas dos Professores Face a uma Especialização em Educação Especial e o Impacto Dessa Especialização na Actividade Docente. Portugal (Lisboa). Dissertação (Mestrado em Educação Especial) - Escola Superior de Educação Almeida Garrett; 2012. Disponível em:

Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, LDA; 2009.

Barbosa TA, Souza FM. Alfabetização e deficiência intelectual. In: Vestena CLB, Souza FM(Orgs.). Diversidade e Educação Estudos e desafios. Rio de Janeiro: Oficina da Leitura, 2016. p 85-103.

Camilo CSL, Mota MMPE. Prática Pedagógica e o Desenvolvimento da Consciência Fonológica. Estudos e Pesquisas em Psicologia [online], 2013 [acesso em 20 de março de 2020]; 13(2): 447-459. 2013. Disponível:< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812013000200004>

Diehl J. A Consciência Fonológica Na Formação De Professores. Trabalho de Conclusão de Curso (licenciatura) - Centro Universitário Univates, Lajeado, 2016. Disponível em:< https://www.univates.br/bdu/handle/10737/1563>

Esperança IPD, Pereira MH. Consciência fonológica: uma perspectica docente. SEDA - Revista de Letras da Rural-RJ [online], 2019, [acesso em 10 de março de 2020];3(9):134-149. Disponível em:

Pereira G, Silva SF, Careli TT. Distúrbios de Aprendizagem e Suas Implicações no Processo Educativo. Trabalho de Conclusão de Curso (licenciatura) -Faculdade De Pindamonhangaba, São Paulo, 2010. Disponível em:< http://www.bibliotecadigital.funvicpinda.org.br:8080/jspui/handle/123456789/128>


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1352
A IMPORTÂNCIA DA DANÇA SÊNIOR NA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional é uma realidade mundial e os dados apontam que mais de uma em cada cinco pessoas têm mais de 60 anos. A longevidade é considerada uma conquista, porém, para que essa se torne efetiva, faz-se necessário que os anos sejam acompanhados da preservação da saúde e da qualidade de vida. Mesmo que a prevalência de problemas de saúde aumente de acordo com a idade, o envelhecimento não é considerado como uma doença. Estudos científicos mostram que, se o envelhecimento vier aliado a estratégias para prevenção de doenças e minimização dos fatores de risco, há o adiamento da fase da vida relacionada com a incapacidade física, diminuindo significativamente problemas relativos a dependência física e perda de autonomia. Nesse sentido, a dança sênior tem se mostrado uma importante ferramenta de atividade física, cognitiva, emocional e motora e são capazes de retardar o declínio da capacidade funcional, proporcionando melhor qualidade de vida para o idoso. OBJETIVO: Retratar a vivência de discentes do curso de fonoaudiologia em uma prática do projeto de extensão intitulada Universidade Aberta à Terceira Idade – UNCISATI. MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por discentes do curso de fonoaudiologia. As atividades foram realizadas no Laboratório de habilidades da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL. A turma da Dança Sênior é dividida em dois grupos, o primeiro é a turma de iniciantes que começou às 10:00h e terminou as 11:00h e o segundo é a turma avançada que iniciou as 11:00h e terminou as 12:00h. Inicialmente, a turma fica em forma de círculo e a facilitadora conduz e ensina aos idosos os movimentos que irão ser realizados, respeitando os limites de cada um. São realizadas diversas danças que vão de fáceis a intermediárias, fazendo com que os idosos possam se movimentar, ter contato com o colega ao lado, criar novos vínculos e, principalmente, manter uma rotina saudável. RESULTADOS: A ação realizada foi considerada uma experiência positiva, uma vez alcançado o objetivo esperado, que é o envelhecimento ativo. Durante a dança, percebe-se boa interação entre os idosos, monitores e com a facilitadora, proporcionando momentos prazerosos, de tranquilidade e alegria, melhorando as habilidades cognitivas e sócio-afetivas dos idosos. O intuito da dança sênior é mostrar aos idosos que o envelhecimento ativo pode trazer diversos benefícios em todos os âmbitos de suas vidas, mostrando principalmente que os mesmos não são incapazes de ter momentos prazerosos e saudáveis. CONCLUSÃO: De acordo com a experiência vivenciada, pode-se perceber que a Dança Sênior proporcionou diversos benefícios aos idosos presentes, melhorando a qualidade de vida dos mesmos através da dança, da interação social e das atividades desenvolvidas no projeto UNCISATI, melhorando os aspectos cognitivos, mental e físicos.

Silva AFG, Berbel AM. O benefício da dança sênior em relação ao equilíbrio e às atividades de vida diárias no idoso. ABCS Health Sci. 2015; 40(1):16- 21.
Niemann C, Godde B, Voelcker-Rehage C. Senior dance experience, cognitive performance, and brain volume in older women. Neural Plast. 2016; 16(1):1-10.
Vankova H, Holmerova I, Machacova K, Voliver L, Velete P, Martin A. The effect of dance on depressive symptoms in nursing home residents. JAMDA. 2014; 15(8):582-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1576
A IMPORTÂNCIA DA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO FONOAUDIÓLOGO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO
Ao longo de sua história, a universidade tem sido definida como espaço de produção, acumulação e disseminação de conhecimentos. No entanto, nem sempre estas funções estão em consonância com as necessidades da sociedade na qual a instituição está inserida. Para que isso ocorra, é fundamental o desenvolvimento de atividades dentro do tripé universitário, caracterizado pela indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, com especial atenção a esta última. A extensão universitária é o principal instrumento de efetivação do compromisso da Universidade com a comunidade. Possibilita que o conhecimento adquirido dentro da academia seja compartilhado com o público externo, com vistas à transformação da realidade social. Mais do que isso, a vivência em extensão durante a formação repercute na formação profissional do graduando, permitindo a ele a experiência acadêmica de conjugar teoria e prática dentro do contexto de sua realidade social.
OBJETIVO
Refletir sobre a importância da experiência extensionista na formação do profissional fonoaudiólogo por meio de relato de experiência na atuação em um projeto de extensão em Fonoaudiologia Educacional.
METODOLOGIA
A inserção do aluno em extensão se faz pela sua atuação em ações propostas dentro do escopo de programas, projetos e eventos, sob coordenação de um docente. Neste sentido, desde 2017, foi proposto um projeto de extensão que tem por finalidade o aprimoramento da linguagem oral e escrita das crianças por meio da proposição de atividades lúdicas. Além de cumprir seu objetivo junto às necessidades da comunidade na qual atua, a proposição deste projeto também possibilita ao graduando em Fonoaudiologia a experiência em extensão como parte do processo educativo vivenciado na Universidade.
RESULTADOS
A atuação é marcada por uma série de ações que complementam a formação profissional, desenvolvendo e aprimorando habilidades e competências que nem sempre são possíveis de serem trabalhadas em outras áreas. Desta forma, o graduando participa de reuniões de acompanhamento e avaliação das atividades com professores e colegas de diferentes níveis, atua com o público-alvo na escola, acompanha reuniões do projeto com a equipe diretiva e os professores, pesquisa e planeja atividades a serem desenvolvidas com base nos dados coletados e analisados no diagnóstico, apresenta e divulga suas ações em congressos e simpósios, entre outras funções de gestão aliadas ao ensino e à pesquisa.
Esta conjunção entre teoria e prática torna o processo de aprendizagem mais efetivo e gratificante para o graduando, fazendo-o participante ativo de sua formação. Nos três anos de atuação do projeto, participaram mais de 30 alunos do primeiro ao quarto ano do Curso de Fonoaudiologia, e todos são unânimes em afirmar a importância das possibilidades vivenciadas pela sua atuação como um diferencial tanto em sua vida acadêmica como profissional.
CONCLUSÃO
A atuação do aluno em extensão amplia sua visão de mundo e da inserção da Fonoaudiologia dentro do contexto da realidade social na qual está inserido, permitindo uma relação recíproca entre teoria e prática. A experiência da extensão universitária deveria ser obrigatória durante a formação, tendo em vista a ampliação do entendimento de como seu fazer acadêmico e profissional pode contribuir para a melhoria da sociedade.

1- Arruda-Barbosa, L., et al. Extensão Como Ferramenta De Aproximação Da Universidade Com O Ensino Médio. Cad. Pesqui., São Paulo, v. 49, n. 174, p. 316-327, Dec. 2019.

2- Moita, F. M. G. S. C., Andrade FCB. Ensino-pesquisa-extensão: Um Exercício De Indissociabilidade Na Pós-graduação. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 14, n. 41, p. 269-280, Aug. 2009.

3- Rodrigues, A. L. L., et al. Contribuições Da Extensão Universitária Na Sociedade. Caderno de Graduação-Ciências Humanas e Sociais-Unit-Sergipe, v. 1, n. 2, p. 141-148, 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1155
A IMPORTÂNCIA DA FONOAUDIOLOGIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: De acordo com a Organização Mundial da Saúde os Cuidados Paliativos consistem na assistência que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares diante de uma doença que ameace a vida. Dentro dessa perspectiva, a equipe multiprofissional busca a identificação precoce, avaliação, prevenção e alívio do sofrimento, tratamento de sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais (1,2). Considerando que quem recebe os cuidados paliativos são principalmente indivíduos com doenças oncológicas, crônicas progressivas e neurodegenerativas, surgem diversos questionamentos sobre a comunicação e deglutição desses pacientes. Dessa maneira, o fonoaudiólogo que atua na equipe busca medidas para manter uma via de alimentação segura e confortável, além de construir alternativas de comunicação, garantindo melhor qualidade de vida para pacientes e seus familiares(3).Objetivos: Descrever a experiência do Fonoaudiólogo na rotina de uma unidade de referência em Cuidados Paliativos Oncológicos. Descrição das ações desenvolvidas: Trata-se de um relato experiência sobre a vivência dos Fonoaudiólogos em um serviço de referência em cuidados paliativos oncológicos para adultos e idosos. A atuação da Fonoaudiologia neste setor acontece de forma diária em conjunto com demais profissionais de saúde. O trabalho da equipe consiste em visitas e triagem com todos os pacientes internados no setor. Nos casos em que existe a identificação de alterações fonoaudiológicas é realizada a avaliação, sendo as mais frequentes da deglutição e da linguagem. As condutas específicas realizadas pela equipe de Fonoaudiologia são os ajustes nas consistências da dieta, indicação de via alternativa quando extremamente necessário, manobras de posturação e proteção de vias áreas, reabilitação em alguns casos específicos, orientações sobre higiene oral e prevenção de broncoaspiração. Além disso, o trabalho junto com a equipe visando o bem estar do paciente a partir de conversas, músicas, poemas, jogos, passeios terapêuticos, entre outras atividades que poderão ser significativas e trazer benefícios para os pacientes e seus familiares. Semanalmente acontecem reuniões sobre os casos da enfermaria, onde todos os profissionais são convidados a participar e dar sua contribuição nas discussões de condutas. Resultados: Os fonoaudiólogos tiveram a oportunidade de participar de reuniões multiprofissionais onde os objetivos eram discutir as melhores condutas em equipe para os pacientes em terminalidade proporcionando o aprendizado na área de Cuidados Paliativos. A atuação em conjunto com outros profissionais permitiu a troca de conhecimento entre as áreas da saúde facilitando o atendimento integral do sujeito de forma transdisciplinar. O trabalho de orientação em saúde com os pacientes e acompanhantes do serviço demonstra a importância da promoção da saúde e prevenção de riscos em Fonoaudiologia. O atendimento aos sujeitos em fim de vida com disfagia e dificuldade de comunicação ressignificou a forma de atuação nessas áreas. Conclusão: A experiência do Fonoaudiólogo no serviço de Cuidados Paliativos ratifica a sua importância dentro das equipes multiprofissionais. Portanto, pode-se afirmar que a participação do Fonoaudiólogo no processo de finitude a partir das condutas em prevenção de agravos, reabilitação e ajustes para manter uma deglutição segura e uma comunicação eficiente contribui na qualidade de vida do paciente e de seus familiares.

1- OMS. Organização Mundial da Saúde. 2002.
2- Matsumoto, D.Y. Cuidados Paliativos: conceito, fundamentos e princípios. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012.
3- Pinto AC. O papel do fonoaudiólogo na equipe. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1121
A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO SOCIAL NA ESCOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: O desenvolvimento infantil é marcado por fatores intrínsecos e extrínsecos. A importância da socialização é um dos aspectos que pode oferecer o contexto básico de interação entre pares, essa relação proporciona a criança competências para um bom relacionamento com ambiente, os professores, colegas e a família. OBJETIVO: Observar o impacto que a socialização entre pares pode influenciar positivamente nas dificuldades de crianças na pré-escola. MÉTODOS: Este estudo é um relato de experiência baseado nas vivências de duas graduandas de uma faculdade de fonoaudiologia, de um estado do nordeste, que participaram das práticas oferecidas pela disciplina de Fonoaudiologia Educacional. As visitas aconteceram em um Centro de Educação Infantil, localizado em uma capital no período de fevereiro a março de 2020. Durante esse período, três práticas foram realizadas com duração de 4 horas e meia em média. As estudantes ficaram responsáveis por escolher uma criança para observar e investigar o seu contexto. Por isso, foi escolhido uma criança de 05 anos, novata na escola, que estudava no período da manhã e matriculada no Pré II. Os momentos para observação foram divididos em, respectivamente: comportamento da criança durante as realizações das atividades proporcionadas pelos professores, dentro da sala de aula e na área externa do centro, em uma horta; comportamento da criança no intervalo das atividades; e uma entrevista com a professora e o auxiliar de sala. RESULTADOS: Observou-se o comportamento da criança escolhida, após, comparamos com os aspectos psicossociais. No primeiro momento a criança não conseguiu realizar as atividades dentro da sala, mesmo com a ajuda da professora, não prestou atenção e se dirigiu ao pátio do colégio. Também, não conseguiu se concentrar em regar as plantações, jogou o regador no chão, mas com insistência da professora ela regou, colheu e depois ficou num canto isolado. No segundo momento, conseguimos perceber um comportamento agressivo no intervalo, além de ser pouco sociável e apresentar caráter agressivo. Analisando o comportamento das atividades com as informações psicossociais que recolhemos com a professora responsável, tais como, ser filho de pais muito jovens, que estão com dificuldade nos cuidados básicos da criança e ser filho único. Observamos um atraso global no desenvolvimento da criança, inclusive na área da pragmática, envolvendo o diálogo, afeto e atenção. A criança buscou incansavelmente uma forma de ser percebida e chamar a atenção dos colegas e das professoras. Essa interação entre os pares foi interrompida com a pandemia. Mas, essa interação auxilia no compartilhar, na rotina e nas incorporação de regras. CONCLUSÃO: As dificuldades nos estímulos no ambiente familiar interferem diretamente no processo de interação social e na aquisição da aprendizagem do pré escolar. Esses estudantes precisam de encaminhamentos para terapia e com a participação da família e escola podem evoluir na interação e aprendizagem.

Cruz O, Lima IA. Qualidade do ambiente familiar preditores e consequências no desenvolvimento das crianças e jovens. AMAzónica 2012; 244-263.
Andrade SA, Santos DN, Bastos AC, Pedromônico MRM, Almeida ND, Barreto ML. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem epidemiológica. Revista de saúde Pública 2005; 606-611.
FERREIRA MCT, Marturano EM. Ambiente familiar e os problemas do comportamento apresentados por crianças com baixo desempenho escolar. Psicologia: Reflexão e crítica 2002; 35-44.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
383
A IMPORTÂNCIA DA INTRODUÇÃO ALIMENTAR E O DESEMPENHO DA FUNÇÃO DE DEGLUTIÇÃO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A introdução alimentar do bebê deve ser realizada de forma gradual e devidamente orientada pelos pais e/ou responsáveis, a fim de proporcionar-lhe nutrição adequada e experiência no desempenho das funções de mastigação e deglutição para a promoção de seu desenvolvimento futuro. Objetivo: Analisar a influência do tempo de introdução de alimentos sólidos no desempenho de mastigação e deglutição de crianças em idade escolar. Método: Trata-se de um estudo transversal quantitativo que faz parte de um projeto maior sob acrônimo EPOCA, do qual participaram escolares a partir de sete anos matriculados do 2º ao 9º ano de escolas públicas (municipais e estaduais) de um município do Sul do Brasil. Foram incluídos escolares com, no mínimo, sete anos de idade completos e no máximo 14 anos e 11 meses de idade e excluídos os escolares que apresentaram alguma doença que impedia o registro do consumo alimentar. Um questionário com questões de múltipla escolha sobre aleitamento materno, idade de introdução de alimentos na primeira infância e queixas de mastigação e deglutição foi enviado para os pais das crianças. A análise dos dados foi realizada por meio do Software SPSS para Windows, utilizando-se os testes de correlação de Spearman e Kruskal Wallis. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo CAAE 87539718.1.0000.0121. Resultados: 1552 crianças participaram da pesquisa, sendo que a textura sólida começou a ser introduzida a partir dos 11 meses, para a maioria das crianças (com variação dos 5 meses aos 24 meses entre os participantes). Houve correlação entre o tempo de introdução dos sólidos e o desempenho da função de mastigação das crianças (p-valor 0,02, R=-0,05), posto que os pais observavam mastigação mais eficiente nas crianças que tiveram a introdução de sólidos mais precocemente, havendo menor ocorrência de mastigação demasiadamente rápida ou deglutição sem preparo oral dos alimentos nesses casos. A idade em que os alimentos sólidos começaram a ser introduzidos não foi associada à frequência de engasgos observados pelos pais na alimentação diária da criança (p-valor 0,46). Conclusão: A correta e adequada orientação aos pais quanto ao tempo ideal e a forma de introdução de alimentos sólidos demonstrou o favorecimento ao desenvolvimento e desempenho da função estomatognática de mastigação e preparação dos alimentos. Destaca-se a importância da intervenção fonoaudiológica junto às gestantes, mães e familiares de bebês e crianças a fim de promover o conhecimento quanto a forma e a seriedade da introdução alimentar na primeira infância, para maior desenvolvimento motor oral e menor risco de asfixia.

Ruth Ramalho Ruivo PalladinoI; Maria Claudia CunhaII; Luiz Augusto de Paula Souza. Problemas de linguagem e alimentares em crianças: co-ocorrências ou coincidências? Pró-Fono R Atual Cient. 2007;19(2):205-14.
Tada A, Miura H. Association of mastication and factors affecting masticatory function with obesity in adults: a systematic review. BMC Oral Health. 2018. 4;18(1):76.
Vieira VCAM, Araujo CMD, Jamelli SR. Desenvolvimento da fala e alimentação infantil: possíveis implicações. Rev. CEFAC [online]. 2016;18(6):1359-69.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
258
A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Embora o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja obrigatório nos cursos de graduação, estudos demonstram que estudantes e profissionais da saúde enfrentam dificuldades no atendimento às pessoas surdas, sendo predominante a barreira linguística. As pessoas surdas precisam levar acompanhantes que possam mediar o atendimento tanto pela inabilidade do profissional com a Libras, como, também, pelo não cumprimento da LEI N.º 535-B, DE 2015, que diz sobre a obrigatoriedade de intérprete de Libras nos espaços públicos, visando melhor atendimento às pessoas com deficiência auditiva. Portanto, faz-se necessário pensar sobre o aprendizado da Libras ainda na graduação associando teoria à prática. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por um grupo de alunos de fonoaudiologia e odontologia, mediado por dois professores fonoaudiólogos fluente em Libras, em um curso intensivo de Libras que abordou teoria e prática baseada em situações clínicas da ambas as profissões. Metodologia: Os docentes elaboraram todo o curso intensivo priorizando teoria e prática da Libras, focando em situações clínicas da fonoaudiologia e da odontologia. Os discentes tiveram a oportunidade de participar ativamente da construção e seleção do acervo de situações clínicas. Posteriormente, todo o conteúdo foi preparado e projetado em slide com diversos vídeos explicativos. No final do curso intensivo que ocorreu ao longo de uma semana, os docentes abordaram atividades teóricas e práticas através de um quiz interativo e simulação de diálogos no atendimento às famílias com pessoas surdas e usuárias de Libras por meio de vídeos. O curso intensivo ocorreu no período de uma semana via Plataforma Zoom, em função da pandemia (Covid-19). Resultados: Verificou-se que o curso intensivo que visou teoria e prática focando em situações clínicas das profissões, tornou o processo ensino e aprendizagem mais atrativo para os discentes e isso foi possível, a partir da experiência de dois professores fonoaudiólogos com a devida formação e aptidão com a Libras. O envolvimento dos docentes com os discentes nas etapas, construção das situações clínicas e a ministração do curso em si por uma semana, promoveu a interdisciplinaridade, ressaltando sobretudo para os alunos, a importância de considerar o conhecimento da Libras para a vida profissional. Conclusão: Pensar o ensino da Libras associando teoria e prática e baseado em situações clínicas das profissões fonoaudiologia e odontologia, favorece o entendimento da importância dessa língua no contexto profissional e sensibiliza os envolvidos a aprenderem de fato a língua, viabilizando todo um atendimento acessível e verdadeiramente inclusivo que irá começar desde o atendimento às famílias com pessoas surdas, nos estágios curriculares das clínicas escola da universidade até o ambiente profissional.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1198
A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA DE TRABALHO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A adaptação acadêmica é um processo que envolve mudança da rotina diária e o aumento de responsabilidades, o qual pode relacionar-se com o estado de ansiedade e estresse¹. Entretanto também é uma fase de aprendizado e planejamentos, e para isso requer o uso da memória de trabalho (MT), uma das habilidades das Funções Executivas (FE), que tem seu papel exercido através do armazenamento e da manipulação temporária de informações necessárias para o planejamento de comportamentos complexos² ³ ⁴. Objetivo: O presente estudo objetiva indicar possíveis características dos estudantes universitários, por meio da análise de estudos sobre como a memória de trabalho interfere na vida acadêmica desta população. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google eScientific Eletronic Library Online (Scielo), com base nos descritores: função executiva, memória de trabalho e aprendizagem. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Ao término da pesquisa, foram selecionados oito artigos, publicados entre 2010 e 2020, como base para construção do conteúdo deste estudo. Resultados: A abordagem mais avançada sobre a MT se traduz no modelo multicomponente de Baddeley, o qual seria composto por um executivo central e por dois sistemas subordinados, a alça fonológica e o esboço visuoespacial, sendo o primeiro responsável pelo armazenamento temporário de informação verbal e acústica, e o segundo responsável pelo armazenamento temporário de informação visuoespacial⁵ ⁶. Essas habilidades combinadas são determinantes no desenvolvimento de habilidades cognitivas necessárias para o armazenamento e manipulação temporária de informações necessárias para tarefas complexas, como a compreensão, aprendizado, raciocínio e planejamento. Os prejuízos nesse sistema podem provocar déficits de aprendizagem, leitura, compreensão de texto, acarretando no baixo rendimento acadêmico. Além disso, o indivíduo pode tornar-se desatento e apresentar dificuldade para expressar ideias e planos, terminar uma atividade e regular suas emoções, demonstrando irritabilidade e impulsividade. Segundo estudos, quando a adaptação à nova realidade acadêmica não ocorre de forma correta pode haver interferência na qualidade de vida e no funcionamento motor, já que esse exige programação e concentração⁶ ⁷ ⁸. Conclusão: Embora exista um grande número de pesquisas sobre a relação entre as FE e a interferência na aprendizagem durante a infância, poucos estudos examinaram as correlações na adolescência e na vida adulta. Diante disto, percebeu-se a necessidade de estudos específicos com a população acadêmica e como os prejuízos na MT irão interferir neste processo e para além dele na vida profissional, visto a importância da integridade desta função na regulação do comportamento e planejamento humano, bem como no processo de aprendizagem.

Descritores: função executiva; memória de trabalho, aprendizagem;

¹Bouzaboul M, Amri A, Abidli Z, Saidi H, Faiz N, Ziri R, et al. Relationship between executive functions and academic performance among Moroccan middle school students. Dement. neuropsicol. [Internet] abr/jul 2020; [acesso 7 de julho de 2020]; 14(2):194-199 ,São Paulo DOI https://doi.org/10.1590/1980-57642020dn14-020014
²Cardoso CO, Seabra AG, Gomes CMA, Fonseca RP. Program for the Neuropsychological Stimulation of Cognition in Students: Impact, Effectiveness, and Transfer Effects on Student Cognitive Performance. Front Psychol [Internet] Ago 2019; [acesso 7 de julho de 2020]; 10:1784. doi:10.3389/fpsyg.2019.01784
³León CBR, Rodrigues CC, Seabra AG, Dias NM. Funções executivas e desempenho escolar em crianças de 6 a 9 anos de idade. Rev. Psicopedag. [Internet], 2013; [acesso 7 de julho de 2020]; 30 (92): 113-120, São Paulo Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010384862013000200005
⁴Grivol MA, HageI, SRV. Memória de trabalho fonológica: estudo comparativo entre diferentes faixas etárias. J. Soc. Bras. Fonoaudiol. [Internet] jul/set 2011[acesso 7 de julho de 2020]; 23(3):245-251, São Paulo. DOI https://doi.org/10.1590/S2179-64912011000300010.
⁵Galera C, Souza ALP. Memória visuoespacial e cinestésica de curto prazo em crianças de 7 a 10 anos. Estudos de Psicologia [Internet] mai/ago 2010; [acesso 7 de julho de 2020]; 15(2):137-143, São Paulo. Disponível em: http://www.scielo.br/epsic
⁶ Mourão Júnior CA, Melo LBR. Integração de Três Conceitos: Função Executiva, Memória de Trabalho e Aprendizado. Psicologia: Teoria e Pesquisa [Internet]. 2011 jul/set [acesso 7 de julho de 2020];27(3):309-314. DOI https://doi.org/10.1590/S0102-37722011000300006. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp
⁷Gabriel R, Morais J, Kolinsky R. A aprendizagem da leitura e suas implicações sobre a memória e a cognição. J. Ilha do Desterro [Internet] Jan/Abr 2016; [acesso 7 de julho de 2020]; 69(1): 061-078, Florianópolis. DOI https://doi.org/10.5007/2175-8026.2016v69n1p61
⁸Zanella LW, Valentini NC. Memória de Trabalho: influência na aprendizagem e na Desordem Coordenativa Desenvolvimental. Revista Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 2016 [acesso 7 de julho de 2020]; 49(2):160-174. ISSN 2176-7262. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rmrp / http://revista.fmrp.usp.br 161


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1229
A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA DE TRABALHO NOS IDOSOS: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: O envelhecimento é um processo natural múltiplo e gradual, que está acompanhado de declínio em algumas habilidades cognitivas. Uma vez que sua capacidade cognitiva sofrem alterações com a idade, provavelmente relacionadas com diminuições na velocidade de processamento, na capacidade de concentração e na capacidade de utilizar estratégias eficazes de aprendizagem. A memória de trabalho é uma habilidade que permite que o indivíduo possa relacionar ideias, integrar informações presentes com outras armazenadas na memória de longo prazo e lembrar sequências ou ordens de acontecimentos¹. Assim, a memória é uma das primeiras capacidades cognitivas afetadas, tanto em idosos com demências degenerativas como em idosos não-acometidos por doenças. Por isso, uma das maiores preocupações dos idosos em relação ao envelhecimento está relacionada a qualidade de vida, porque eles acreditam que a qualidade de vida está relacionada com poder realizar atividades sem a interferências de outras pessoas. OBJETIVO: O presente estudo objetiva indicar possíveis características de intervenções cognitivas que possam ocasionar um aumento do desempenho e manutenção de habilidades cognitivas em idosos, por meio da análise de estudos sobre o tema. MÉTODO: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scielo, utilizando os descritores: Função executiva, Memória de Trabalho, Idosos. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Selecionou-se 8 artigos publicados entre os anos de 2011 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses, 3 foram escolhidos após a leitura na íntegra. RESULTADOS: Com base nos estudos analisados¹²³, observou-se que durante envelhecimento existe a possibilidade de compensação de declínios cognitivos. Pois, os idosos que realizavam os programas de treinos cognitivos apresentaram aumento do desempenho e manutenção de habilidades cognitivas². Os treinos estavam voltados para a memória, atenção e funções executivas. Foram utilizadas a conceituação de memória, esclarecimentos acerca de seu funcionamento, suas peculiaridades no processo de envelhecimento e estratégias propostas para manter ou melhorar o desempenho da memória, os participantes foram estimulados a refletir sobre as possíveis aplicações deste conhecimento na vida cotidiana e a expor seus conhecimentos sobre o assunto. CONCLUSÃO: Portanto, concluímos que quanto mais o idoso é estimulado com treinos de memória eles têm uma melhora significativa de resposta de armazenamento, velocidade de processamento da informação e de qualidade de vida.

¹ Dias Natália, Seabra Alessandra. Funções executivas: desenvolvimento e intervenção. Temas sobre Desenvolvimento [Internet]. 2013 [citado em 8 de Julho 2020]; temas sobre desenvolvimento:206-212. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Natalia_Dias/publication/281177320_funcoes_executivas_desenvolvimento_e_intervencao/links/5604497408ae8e08c089ac7f/funcoes-executivas-desenvolvimento-e-intervencao.pdf

² Irigaray Tatiana, Filho Irenio, Schneider Rodolfo. Efeitos de um treino de atenção, memória e funções executivas na cognição de idosos saudáveis. Psicologia: Reflexão e Crítica [Internet]. 2012 [citado em 9 de Julho 2020];25(1):188-202. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722012000100023

³Junior Carlos, Melo Luciene. Integração de Três Conceitos: Função Executiva, Memória de Trabalho e Aprendizado. Função Executiva e Aprendizado [Internet]. 2011 [citado em 10 de Julho de 2020];27(3):309-314. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722011000300006&script=sci_arttext&tlng=pt


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1287
A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM PARA RISCO DE DISFAGIA EM IDOSOS SAUDÁVEIS: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo determinado por vários fatores. Neste processo, é comum a ocorrência de modificações em diferentes estruturas, e estas modificações podem causar alterações da deglutição na população idosa. Apesar da disfagia orofaríngea afetar parte dessa população, muitas vezes ela é subdiagnosticada, principalmente na população idosa saudável, seja pela falta de instrumentos utilizados no rastreio e/ou diagnóstico da disfagia orofaríngea ou pela falta de tais instrumentos inseridos na rotina geriátrica. Considerando o aumento dessa população nos últimos anos, esses instrumentos são extremamente importantes, pois podem contribuir para o diagnóstico precoce, um tratamento mais eficaz, melhor prognóstico e qualidade de vida. Objetivo: Realizar uma revisão bibliográfica sobre a importância da triagem para risco de disfagia em idosos saudáveis. Metodologia: foi realizada uma revisão de literatura sobre o tema; as buscas foram realizadas no mês de fevereiro de 2020. Nas bases BVS, (LILACS, MEDLINE, IBECS, BINACIS, CUMED) e SciELO com os seguintes descritores: “triagem”, “deglutição”, “idoso” e “disfagia” em combinação. Como critérios de inclusão consideramos a faixa etária dos indivíduos pesquisados nos artigos (acima de 65 anos), considerados saudáveis, publicados nos últimos 5 anos (2015-2020), no idioma português. Foram selecionadas linhas de pesquisas que abordassem a importância da triagem e intervenção fonoaudiológica precoce em idosos. Foram excluídos estudos com outros idiomas e que não abordavam o tema e a população escolhida. Resultados: Foram encontrados 3.078 artigos e desse total foram excluídos 2.499 por não tratarem do assunto, 573 por repetição ou por não atenderem os critérios de inclusão. Sendo assim 6 estudos foram lidos integralmente e analisados nesta revisão, onde encontramos os seguintes achados: presença do evento que foi descrito e caracterizado como escape posterior tardio de resíduo alimentar na deglutição, em idosos com ou sem patologias de base de ambos os sexos; dados sobre os protocolos e exames utilizados no rastreio e avaliação da deglutição na população geriátrica, seus norteadores e suas limitações; a importância do rastreio da disfagia e avaliação nutricional em pacientes hospitalizados, e como isso deve ser incorporado na rotina hospitalar; como exercícios orofaríngeos podem melhorar a funcionalidade da deglutição em indivíduos idosos com risco para disfagia; uma correlação entre disfagia e as alterações do sistema estomatognático, com o aumento no tempo mastigatório correlacionado com a disfunção de deglutição, mesmo sem haver alterações estruturais. Conclusão: Com base nos dados apresentados na literatura, pode-se concluir que o próprio envelhecimento já é um grande fator de risco para disfagia, pois pode causar impacto nas estruturas e na funcionalidade da deglutição, estejam os indivíduos institucionalizados ou não. Além disso, são necessários novos estudos e a criação e/ou validação de instrumentos que sejam de fácil acesso, mais completos e objetivos para que possam ser incluídos na prática clínica Fonoaudiológica e na rotina geriátrica, auxiliando os profissionais no diagnóstico e intervenção precoce.

PADOVANI, Aline Rodrigues; MORAES, Danielle Pedroni; MANGLINI,
Laura Davidson; ANDRADE, Claudia Regina Furquim de. Protocolo
Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia

SOARES, LT; VENITE JP; SUZUKI H. Presbifagia, Disfagia, no Idoso e
Disfagia Sarcopênica. Disfagia no Idoso: Guia Prático. Ribeirão Preto, SP: Booktoy;
2018. 1º edição.p.84.

Balbinot et. al. Protocolos de Avaliação de Deglutição: Norteadores e
Limitações. Clin Biomed Res. 2018;38(4):339-347


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1406
A IMPORTÂNCIA DO OLFATO NO PROCESSO DA ALIMENTAÇÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


A importância do olfato no processo da alimentação: uma revisão integrativa da literatura.
Introdução: O olfato é uma importante função no que diz respeito a discriminação dos sabores dos alimentos¹. No processo de mastigação sentimos o gosto e o cheiro concomitantemente, com isso são enviadas tais informações sobre determinada comida ou bebida ao cérebro². A disfunção do olfato é uma condição médica comum e subdiagnosticada que pode ter sérias consequências, inclusive, na gustação³. Objetivo: Analisar os principais aspectos das disfunções olfatórias e como atinge no processo gustativo. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), com base nos descritores: “olfato”, “paladar” e “alteração”. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Ao término da pesquisa, foram selecionados, como base para construção do conteúdo deste estudo 30 artigos publicados entre os anos de 2011 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses, 10 foram escolhidos após a leitura na íntegra. Resultados: Fundamentado nos artigos escolhidos, foi percebido que a mucosa olfatória tem grande responsabilidade sobre o paladar e que essas alterações no olfato podem afetar diretamente no que se concerne o deleitamento durante o processo da alimentação. Deste modo, podemos classificar essas alterações como: anosmia, hiposmia, cacosmia, parosmia, hiperosmia, fantosmia e agnosia. Porém, as disfunções olfatórias possuem etiologia variada, o prognóstico desta disfunção sujeita-se maiormente da função residual, do sexo, da parosmia, dos hábitos e da idade, enquanto no modelo estatístico, a origem tem um papel secundário, refletido em diferentes graus na perda olfativa inicial. Conclusão: Com isso, o seguinte estudo conclui que os distúrbios do olfato afetam diretamente o paladar, mas a depender da causa os efeitos no paladar são diferentes. E podem chegar a ser frustrantes uma vez que afetam a capacidade do indivíduo de desfrutar de comidas, bebidas e aromas agradáveis. Eles interferem na capacidade do indivíduo em perceber a presença de substâncias químicas e gases potencialmente perigosos, o que pode acarretar graves consequências. Apesar de ser uma função sensorial muito importante, não encontramos muitos trabalhos de reabilitação, sendo o fonoaudiólogo um dos profissionais que poderia intervir nos casos das disfunções, fica como sugestão um maior investimento em pesquisas e publicações nesta área.

Descritores: olfato; paladar, alteração.

Referências:
1. Ulusoya S, Dinc ME, Dalgic A, Topaka M, Dizdar D, Is A. Are people who have a better smell sense, more affected from satiation? Braz. J. Otorhinolaryngol 2017 Nov/Dec 83 (6): 640-645.
2. Morais LH, Santos MG. Revista Insignare Scientia 2019 Set/Dez 2 (4) Sabores e dissabores” de uma horta Escolar: percepções gustativas e vivências de alunos do ensino fundamental.
3. Neto, FXP, Targino MN, Peixoto VS, Alcântara FB, Jesus CC, Araújo DC, Filho EFLM. Anormalidades sensoriais: Olfato e paladar. Arq. Int. Otorrinolaringol 2011;15(3):350-358.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2072
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM “RIMA”NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REVISÃO INTEGRATIVA
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A consciência fonológica é a habilidade de manipular conscientemente os segmentos sonoros das palavras. O desenvolvimento metafonológico é importante para formar bons leitores, sendo necessário que seja estimulado desde a educação infantil, a fim de facilitar a aprendizagem e evitar problemas na aprendizagem da leitura e escrita. A rima é uma das competências que se destaca dentre as habilidades metafonológicas e conceitua-se como a capacidade para detectar sons semelhantes no final das palavras. Esta habilidade precisa ser desenvolvida na educação infantil pois as pesquisas apontam evidências de que as crianças que têm mais facilidade com esta habilidade terão mais sucesso na aprendizagem da leitura e escrita, notadamente na decodificação da leitura. Objetivo: Realizar uma revisão integrativa da literatura buscando as evidências disponíveis sobre a importância da habilidade de rima em escolares na educação infantil. Métodos: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, utilizando os preceitos do Cochrane Handbook, que envolve a formulação da questão a ser investigada, localização, seleção e avaliação critica dos artigos. O estudo utilizou as bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Os descritores utilizados foram: “rima”, “leitura”, “consciência fonológica”, “pré-escolar”, “intervenção” e “alfabetização”. Os critérios de inclusão adotados foram os artigos originais, em português, no período entre 2009 e 2019, que investigassem a importância da rima em pré-escolares. Os cruzamentos resultaram no levantamento de 569 artigos e destes apenas sete estavam dentro dos critérios de inclusão. Resultados: Observa-se uma diversidade nos protocolos de avaliações e nas intervenções com a habilidade de rima realizadas com os escolares dentro da sala de aula e seus respectivos professores. Atenta-se a um melhor desempenho em algumas tarefas de habilidades metafonológicas como segmentação silábica, memória fonológica, nomeação rápida, mas por outro lado, nota-se um baixo rendimento dos participantes nas habilidades de rima. Os estudos selecionados demonstraram que esta habilidade encontra-se abaixo do esperado nesse nível de escolaridade, sendo necessárias intervenções para que os escolares avancem no processo de aprendizagem. Conclusão: Conclui-se que a rima é fundamental para o desenvolvimento da leitura e escrita em escolares da educação infantil. Foi possível observar que os escolares possuem dificuldades nesta habilidade, devendo ser estimulada e consolidada quando as crianças ingressarem na alfabetização. Nota-se a importância do investimento em políticas educacionais voltadas à educação infantil, especialmente contendo as habilidades cognitivo-linguísticas que são essenciais para a aprendizagem escolar.

ROSAL, A. G. C.; CORDEIRO, A. A. A.; QUEIROGA, B. A. M. Consciência fonológica e o desenvolvimento do sistema fonológico em crianças de escolas públicas e particulares. Rev. CEFAC. 2013 Jul-Ago; 15(4):837-846

ROSAL, A. G. C.; CORDEIRO, A. A. A.; SILVA, A. C.; SILVA, R. L.; QUEIROGA, B. A. M. Contribuições da consciência fonológica e nomeação seriada rápida para a aprendizagem inicial da escrita. Rev. CEFAC. 2016 Jan-Fev; 18(1):74-85

PESTUN, M. S. V.; OMOTE, L. C. F.; BARRETO, D. C. M.; MATSUO, T. Estimulação da consciência fonológica na educação infantil: prevenção da dificuldade na escrita. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 14, Número 1, Janeiro/Junho de 2010: 95-104.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1320
A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO FAMILIAR NA EVOLUÇÃO TERAPÊUTICA EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Na perspectiva genética walloniana a evolução da inteligência e da afetividade são interdependentes e co-construídas desde os primeiros dias de vida do bebê, nas relações estabelecidas entre este o seu meio, sendo assim, o vínculo afetivo familiar é fundamental para o processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança1. OBJETIVO: Avaliar a evolução terapêutica após aumento do vínculo familiar. MÉTODO: Foi realizado um estudo transversal observacional de N., sexo masculino, com 2 anos e 7 meses, diagnosticado com transtorno do espectro autista. O menor iniciou as terapias com fonoaudióloga, psicóloga, psicopedagoga e psicomotricista em fevereiro de 2020, duas vezes por semana com cada profissional, as sessões duravam 45 minutos. Com a pandemia instalada, encerraram-se as atividades presenciais no dia 20 de março. Na semana seguinte, iniciou-se um acompanhamento via internet. Nesta fase, o menor foi acompanhado semanalmente apenas pela fonoaudióloga e psicomotricista em encontros de 45 minutos, que aconteceram duas vezes por semana, com cada terapeuta, em formato de vídeo chamadas e consistiram em um processo de orientação a genitora de N. Antes do primeiro encontro da semana eram enviados pela fonoaudióloga atividades por e-mail para que a mãe imprimisse e a psicomotricista encaminhava vídeos com exercícios, ambas encaminhavam também áudios e imagens. Durante a semana, a genitora enviava para as terapeutas áudios e vídeos relatando como tinham ocorrido as atividades. As mesmas respondiam e forneciam outras informações conforme necessidade. Ao todo, em 1 mês e 2 semanas, foram realizados 12 encontros online. Para avaliar a evolução de N., foram identificadas e elencadas as aquisições ao longo do período de acompanhamento terapêutico à distância. RESULTADOS: Durante o período que a mãe era quem realizava as estimulações, seguindo instruções das terapeutas, a criança começou a reconhecer os membros da família, nomear animais, objetos e alimentos, produzir onomatopeias de animais, compreender ordens simples, aceitar novos alimentos, comer sozinho, empilhar legos, imitar gestos de outrem e identificar algumas partes do corpo (pé e nariz), instalou o pedido verbal, diminuiu a sensibilidade tátil à água, aumentou a ocorrência do contato ocular, adquiriu a noção de troca de turno em jogos diversos e a capacidade de correr, pegar objetos ao chão e lançar (bola), despertou interesse por grafismos realizando a pinça com quatro dedos, ampliou o seu repertório de interesses por brinquedos e melhorou o simbolismo. CONCLUSÃO: Como é possível observar no desenvolvimento de N., o fortalecimento dos vínculos afetivos familiares ocasionou muitas aquisições ao longo das semanas que se passaram, pois permitiu a construção de uma sólida base afetiva, que lhe proporcionou a segurança emocional necessária para desenvolver novos recursos psíquicos e ampliar suas competências para lidar com a realidade externa e interna.

Capelasso RRM. Contribuições da Educação e da Psicologia: a importância do vínculo afetivo entre as auxiliares de desenvolvimento infantil e crianças de creche de 0 a 4 anos. São Paulo. Dissertação [Mestrado em Educação] - Universidade do Oeste Paulista; 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1591
A INFLUÊNCIA DE FATORES LINGUÍSTICOS NA HIPOSSEGMENTAÇÃO E HIPERSEGMENTAÇÃO PRESENTE NA ESCRITA DE ESCOLARES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: a aprendizagem da escrita é uma atividade complexa, pois envolve a descoberta da natureza e funcionamento do sistema ortográfico. Partindo da sociolinguística, cujo escopo visa demonstrar a variação linguística como princípio geral e universal de qualquer sistema linguístico, é necessário refletir acerca das segmentações não convencionais encontradas na escrita. A hipossegmentação é caracterizada pela ausência do espaço em branco entre os limites vocabulares e a hipersegmentação é definida pelo espaçamento demarcado através do branco ou hífen de uma palavra, dividindo-a em unidades menores. OBJETIVO: descrever a hipossegmentação e a hipersegmentação encontradas na escrita de crianças correlacionando tais ocorrências a fatores linguísticos. METODOLOGIA: trata-se de uma pesquisa quantitativa, transversal, realizada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o número CAAE 08662918.2.0000.5011/ Parecer 3.310.425. Participaram 42 crianças, sendo 38 da escola pública e 4 da escola privada, com idade entre 8 e 12 anos, cursando do 2° ao 5° ano do ensino fundamental. Após esclarecimentos, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pelos pais/responsáveis dos participantes. Posteriormente, assinou-se o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido pelas crianças. A cada participante foram entregues dois instrumentos de coleta para obtenção das narrativas, que foram realizadas em dias distintos com supervisão das pesquisadoras. Após obtenção das narrativas, os casos de hipossegmentação e hipersegmentação foram tabulados e codificados para análise estatística dos resultados. Para isso, utilizou-se o programa Goldvarb X, visando correlacionar à ocorrência dos fenômenos aos fatores linguísticos: tipo de palavra, estrutura silábica, tonicidade e constituintes prosódicos. RESULTADOS: identificou-se 486 segmentações não convencionais nas amostras coletadas, sendo 279 (57,4%) hipersegmentação e 207 (42,6%) hipossegmentação. Conforme o Goldvarb X, dentre as variáveis, a tonicidade obteve mais relevância para a ocorrência desses fenômenos. Quanto à tonicidade, nas hipossegmentação, as palavras oxítonas apresentaram frequência de 58,8%. Já na hipersegmentação, as paroxítonas foram mais segmentadas, apresentando 99,6%. Referindo-se ao tipo de palavra, verificou-se que a união entre palavra gramatical e fonológica (PG + PF) foi a única predominante nos achados da hipossegmentação, representando 61,5% das ocorrências. Entretanto, nas hipersegmentações, a junção entre palavras fonológicas e gramatical obteve destaque com percentual de 94,7%. Na estrutura silábica, dentre as posições que ocorreram os fenômenos, a disposição CVV + CVC foi a mais significativa em ambos. Outrossim, a estrutura CV foi encontrada em posições relevantes nos dados analisados, enfatizando sua possível interferência na ocorrência dos fenômenos. Quanto aos constituintes prosódicos, a frase fonológica foi a mais determinante nas hipossegmentações, posto ter sido encontrada em 40,58% dos achados. Referindo-se à hipersegmentação, a segmentação de palavra em duas sílabas foi a mais frequente, representando 27,14%. CONCLUSÃO: as hipersegmentações foram as mais prevalentes neste corpus, destacando-se as palavras paroxítonas, com estrutura silábica disposta em CVV + CVC, segmentadas em palavras fonológicas e gramatical (PF + PF + PG) e constituinte prosódico sílaba. Ademais, as hipossegmentação são majoritariamente encontradas em palavras oxítonas, unindo palavra gramatical e fonológica - com estrutura silábica disposta em CVV + CVC e influenciada pelo constituinte prosódico frase fonológica.

LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.

Tenani, L. E., Paranhos, F. C. Análise prosódica de Segmentações não-convencionais de palavras em textos do sexto ano do Ensino Fundamental. Filologia e Linguística Portuguesa 2011 Dez; 13(2): 477-504.

Tenani, L. E. Hipersegmentação de palavras: análise de aspectos prosódicos e discursivos. Linguagem & Ensino 2013 Jul/Dez; 16(2): 305-326.

Da Cunha, A. P. N., Miranda, A. R. M. A hipo e a hipersegmentação nos dados de aquisição de escrita: a influência da prosódia. Alfa: Revista de Linguística 2009; 53(1): 127-148.

Da Cruz, A.L.G. A hipo e a hipersegmentação na escrita de alunos da educação de jovens e adultos: uma reflexão na perspectiva da prosódia [dissertação]. Teresina (PI): Universidade Estadual do Piauí; 2016.

Verçossi, C. E., Gonçalves, G. F. A hipo e a hipersegmentação em dados de escrita de alunos da 8ª série: influência exclusiva dos constituintes prosódicos?. Leitura 2011 Jul/Dez; 2(46): 57-79.

Sankoff, D., Tagliamonte, S., Smith, E. Goldvarb X: a variable rule application for Macintosh and Windows. 2005 Disponível em: http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/goldvarb.html . Acesso em: 24 jun. 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
518
A INFLUÊNCIA DO DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL NA INTERAÇÃO DA DÍADE MÃE-BEBÊ: UM ESTUDO LONGITUDINAL DO PRÉ-NATAL AO PRIMEIRO ANO DE VIDA
Tese
Linguagem (LGG)


Introdução: Ao considerar a importância da interação mãe-bebê na constituição da linguagem constatamos a necessidade de estudos em etapas cada vez mais precoces¹. Destacar e classificar quantitativamente e/ou qualitativamente as habilidades comunicativas é de extrema relevância para compreender os recursos comunicativos usados pelo bebê e sua mãe na complexidade da sincronia das primeiras relações. Objetivo: O objetivo do estudo é investigar as interações entre a mãe e seu bebê. Metodologia: Estudo de abordagem quantitativa, qualitativa, descritiva e longitudinal observacional do acompanhamento do desenvolvimento da interação da díade mãe-bebê desde a fase gestacional até o primeiro ano de vida do bebê. Os participantes foram díades (mãe-bebê) a partir do terceiro trimestre gestacional, um grupo estudo cujos fetos apresentavam alguma alteração estrutural e um grupo controle sem alterações diagnosticadas. O estudo foi dividido em duas etapa: Etapa 1, fase pré-natal e Etapa 2, fase pós-natal. Todas as díades (mãe-bebê) foram acompanhadas em sete encontros agendados (fase gestacional, recém-nascido, dois, quatro, seis, nove e doze meses de idade do bebê). O protocolo de estudo consistiu na análise das situações de interações, ou seja, os sinais comunicativos da díade, na Etapa 1 em um momento interativo da díade (gestante – feto) e na Etapa 2, em três momentos distintos de interação, com a utilização de um brinquedo (objeto), uma cantiga cantada pela mãe (cantiga) e com o discurso materno (livre). As principais ferramentas de análise na Etapa 1 foram: IRMAG², uma entrevista sobre as representações maternas; Escala de Ansiedade de Covi³e Escala de Depressão de Raskim4; Momento Interativo da díade mãe-bebê (gestante-feto) e na Etapa 2 foram: Protocolo Preaut5; Questionário do Comportamento do Bebê – Revisado6; e do “Coding Interactive Behavior”7 – CIB, um sistema de classificação global da interação pais-bebês que contém códigos de nível e escalas de classificação8. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 548.79816.0.0000.5149). Resultados: Na Etapa 1 os grupos, estudo e controle, apresentaram diferença significativa quanto às escalas de ansiedade e de depressão sendo que os escores foram atribuídos ao grupo estudo. Não houve diferença significativa entre os grupos quanto ao tipo de representação materna e momento interativo da díade mãe-bebê (fase pré-natal). Na Etapa 2 houve diferença significativa entre os grupos para a análise da interação a partir do “CIB”, sendo que a maior pontuação dos construtos/Domínios (Envolvimento do Bebê, Reciprocidade da díade e Sensibilidade da mãe) que conferem qualidades positivas a interação foram atribuídas ao grupo estudo e a maior pontuação dos construtos/Domínios (Estados Negativos da díade e Retirada do bebê) que conferem características negativas a qualidade da interação foram atribuídas ao grupo controle. Conclusão: Este estudo destaca o efeito do cuidado parental e transdisciplinar que pode potencializar a capacidade do bebê de adaptar-se e desenvolver-se afetivamente. Ele reconhece a importância do trabalho de equipes que se preocupam em acolher o bebê e seu entorno, valorizando uma escuta individualizada que considera a comunicação multimodal do bebê.


1. Parlato-Oliveira E. Da relação binária ao jogo ternário: uma análise de um bebê e sua mãe. In: Busnel MC, Melgaço RG, organizadores. O bebê e as palavras: uma visão transdisciplinar sobre o bebê. São Paulo: Instituto Langage; 2013. p. 201-208.
2. Ammaniti MCC, Pola M, Tambelli R. Maternité et grossesse, étude desreprésentations maternelles. Paris: Presses Universitaries de France; 1999.
3. Covi L. New Concepts and Treatments for anxiety.Md. Med. J. 1986; 35(10):821.
4. Raskin A, Crook T. Sensitivity of rating scales completed by psychiatrists, nurses and patient to antidepressant drug effects. J. Psychiatr Res. 1976; 13(1):31-41.
5. Olliac B, Crespin G, Lazni MC, Oussama CIEG, Sarradet JL, Colette B et al. Infant and dyadic assessment in early community-based screening for autism spectrum disorder with the PREAUT grid. PLoS ONE. 2017; 12(12):e0188831
6. Klein VC, Putnam SP, Linhares MBM. Assessment of Temperament in Children: Translation of Instruments to Portuguese (Brazil). Intera J Psyc. 2009; 43(3): 552-7.
7. Feldman R. Coding Interactive Behavior Manuel (CIB).Unpublished manuscript, Ramat-Gan, Israel. Society for Infant Studies; 1998.
8. Feldman, R. Parenting behavior as the environment where children grow. In: Lewis M, editor. Cambridge handbooks in psychology. The Cambridge handbook of environment in human development. New York: Cambridge University Press; 2012. p. 535-567.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1220
A INFLUÊNCIA DO TEATRO NO TRATAMENTO A PACIENTES AFÁSICOS: REVISÃO DE LITERATURA SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A junção entre a saúde e a arte é uma possibilidade transformadora e de amplo potencial para o cuidado a pacientes afásicos, visto que retrata a respeito da ligação da arte com as clínicas de linguagem. A tais pacientes, isto significa ir além do que geralmente é encontrado em programas ou técnicas terapêuticas nas policlínicas presas à individualidade da doença. A Fonoaudiologia não se limita a tão somente um conjunto de normas, prescrições médicas e/ou técnicas de ação1. Por isso, a arte pode agregar ou, inclusive, possibilitar a técnica terapêutica de linguagem. Essa condição parte da hipótese de que a trilogia arte-tratamento-afasia demonstra seu vínculo mediante as características da semelhança do sujeito com a linguagem, em seus diversos meios de expressão2. OBJETIVO: Apresentar a partir de uma revisão de literatura, a influência do teatro nos ambientes de cuidado a pacientes afásicos. METODOLOGIA: Revisão de literatura sistemática que utilizou como descritores: Afasia. Reabilitação. Tratamento. Linguagem. Encontraram-se 4 artigos indexados nas bases de dados Google Acadêmico e ScienceDirect, seguindo os critérios de inclusão: publicações entre os anos 2015 a 2020 e àqueles que se encaixariam no tema proposto. RESULTADOS: Entre os estudos analisados, o teatro foi tido como uma opção terapêutica a ser usada com pacientes afásicos com determinados grupos e instituições. No estudo2, participaram dois afásicos crônicos com dificuldades de linguagem predominantemente expressivas e, que, de acordo com o autor3, foi possível notar que além de evoluir a comunicação dos indivíduos com afasia, a técnica teatral caracterizou-se como uma forma a qual pôde beneficiar a autoestima e a execução das atividades diárias dos pacientes em tratamento. Já no estudo1, com um grupo de dez pacientes com afasia, trabalhou-se amplamente as formas expressivas (verbais, gestuais, expressões faciais, emoção), resgate de memória, evocação, abstração e exteriorização de sentimentos. Conforme os autores4, a possibilidade de colocar o corpo e a fala em curso refletiu de maneira positiva nas ações gerais dos sujeitos. Dos gestos às encenações e das mímicas às vozes, cada pessoa com afasia foi designada a tomar posicionamento com sua atual situação de gestualidade e/ou fala. CONCLUSÕES: Com fundamento no que foi versado no presente tema, pôde-se concluir que a trilogia arte-tratamento-afasia foi capaz de agregar o método terapêutico de linguagem de modo bastante positivo. Pois, mesmo respeitando as particularidades de cada afásico e suas maneiras de expressões, observou-se mudanças na comunicação lúdica, motivação para a dicção espontânea dos afásicos, aumento no ânimo/socialização, melhora nos aspectos cognitivos dos sujeitos afásicos e na comunicação como um todo. Sugere-se, portanto, que mais trabalhos nesta área sejam realizados para que a agregação de práticas teatrais no tratamento a pacientes com afasias sejam cada dia mais habitual para que a interação entre eles seja uma maneira a mais de fazer com que o indivíduo afásico venha a se comunicar.
DESCRITORES: Afasia. Reabilitação. Tratamento. Linguagem.

1. DIGNAM, J.; COPLAND, D.; RAWLINGS, A.; O’BRIEN, K.; BURFEIN, P.; RODRIGUEZ, A. D. The relationship between novel word learning and anomia treatment success in adults with chronic aphasia. Neuropsychologia, v. 81, p. 186-197, 2016.

2. KESAV, P; VRINDA, S. L.; SUKUMARAN, S.; SARMA, P. S.; SYLAJA, P. N. Effectiveness of speech language therapy either alone or with add-on computer-based language therapy software (Malayalam version) for early post stroke aphasia: a feasibility study. Journal of the Neurological Sciences, v. 380, p. 137-141, 2017.


3. DUARTE, Jéssica S. Arte clownesca na fonoaudiologia: a reinvenção da comunicação do afásico. 41 f. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fonoaudiologia). Instituto de Psicologia/ Faculdade de Odontologia/ Curso de Fonoaudiologia. RS, Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, 2017.

4. MALACHIAS, A. R.; GUSHIKEN, L. Rediscovering speech: theatrical intervention with aphasic patients attended in the Municipality of São Vicente. 31º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
402
A INFLUÊNCIA DO USO DE SMARTPHONES NA QUALIDADE DE SONO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Com a evolução das tecnologias de informação, a utilização de smartphones se difundiu amplamente, afetando as rotinas e hábitos diários, favorecendo o uso, tornando-se presente, incluindo na hora de dormir.(1) Além das redes sociais, para estudantes universitários, os smartphones tornaram-se uma ferramenta facilitadora associada ao estudo, favorecendo maior acesso ao conhecimento.(2) Contudo, o uso demasiado de smartphones tem sido relacionado a distúrbios no sono, ou seja, a dependência do celular gera problemas físico-comportamentais que acarretam em má qualidade de sono, podendo afetar o desempenho acadêmico e o nível de concentração.(2,3) Objetivo: Averiguar a relação do uso abundante de smartphone e a baixa qualidade de sono em estudantes universitários. Método: Foi feita uma busca na literatura científica dos últimos 5 anos, nas bases de dados PubMed e BVSalud, com o cruzamento de termos específicos como “qualidade do sono”, “smartphones” e “estudantes universitários”, utilizados os seus correspondentes no idioma inglês. Os critérios de inclusão foram estudos que abordavam o uso exagerado de smartphones por estudantes universitários, detectado através de instrumentos padronizados. Os critérios de exclusão consistiram em trabalhos que abarcavam fatores físicos e psicológicos, sem abranger os aspectos relacionados à qualidade de sono. Resultados: Foram encontrados 1343 artigos na base de dados PubMed, dos quais foram selecionados apenas 14. Na base de dados BVSalud foram encontrados somente 5 artigos, os quais apenas 2 artigos se enquadravam nos critérios de inclusão, no entanto, estes estavam duplicados na PubMed. Todos os artigos de ambas as bases estavam disponíveis no idioma inglês, em que utilizaram questionários como Escala de Dependência de Smartphones (SAS-SV), Teste de Dependência de Internet (IAT), Escala de Uso Excessivo de Telefone Celular (COS), Uso Problemático da Internet (UIP) e outros, relacionados à problemática da má qualidade de sono, avaliada por meio do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI). Sendo assim, os principais achados estavam relacionados a estudantes da área da saúde, na faixa etária de 18 a 30 anos, (2,4,5,6), com prevalência de universitários do sexo feminino mais acometidos pela dependência de smartphones, em comparação ao sexo masculino.(4,5,7,8) Entretanto, em ambos os sexos, o uso excessivo de smartphones esteve estreitamente relacionado a transtornos de ansiedade, depressão, distúrbios comportamentais(7) e baixo rendimento acadêmico(9), implicando significativamente em uma má qualidade de sono.(4,6) Assim, de acordo com os dados obtidos com o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), verificou-se que universitários que faziam utilização prolongada de smartphones possuíam alterações nos padrões de latência, duração e eficiência do sono.(8) Conclusão: De acordo com a literatura verifica-se, portanto, que o uso excessivo de smartphone pelos estudantes universitários acarreta na baixa qualidade de sono, vinculando a transtornos físico-comportamentais e baixo rendimento acadêmico. São necessárias mais pesquisas sobre a temática abordada, visto que se trata de uma demanda de saúde pública, principalmente com o objetivo de se propor estratégias para uma utilização mais saudável dos smartphones no que se refere ao sono.

1. Jniene A, Errguig L, Hangouche AJE, Rkain H, Aboudrar S, Ftouh ME, et al. Perception of Sleep Disturbances due to Bedtime Use of Blue Light-Emitting Devices and Its Impact on Habits and Sleep Quality among Young Medical Students. Marocco: Academic Editor: Sushil K. Jha, 2019.
2. Ibrahim NK, Baharoon BS, Banjar WF, Jar AA, Ashor RM, Aman AA, et al. Mobile Phone Addiction and Its Relationship to Sleep Quality and Academic Achievement of Medical Students at King Abdulaziz University, Jeddah, Saudi Arabia. Saudi Arabia: Journal of Research in Health Sciences 2018, 18(3): e00420.
3. Mohammadbeigi A, Absari R, Valizadeh F, Saadati M, Sharifimoghadam S, Ahmadi A, et al. Sleep Quality in Medical Students; the Impact of Over-Use of Mobile CellPhone and Social Networks. Irã: Journal of Research in Health Sciences 2016, 16(1):46-50.
4. Demirci K, Akgönüla M, Akpinar A. Relationship of smartphone use severity with sleep quality, depression, and anxiety in university students. Turkey: Journal of Behavioral Addictions 2015, 4(2): p. 85–92.
5. Kumar VA, Chandrasekaran V, Brahadeeswari H. Prevalence of smartphone addiction and its effects on sleep quality: A cross-sectional study among medical students. Ind Psychiatry J. 2019, 28(1): 82–85.
6. Grimaldi-Puyana M, Fernández-Batanero JM, Fennell C, Sañudo B. Associations of Objectively-Assessed Smartphone Use with Physical Activity, Sedentary Behavior, Mood, and Sleep Quality in Young Adults: A Cross-Sectional Study. Rmes. Montevallo: Public Health 2020.
7. Chen B, Liu F, Ding S, Ying X, Wang L, Wen Y. Gender differences in factors associated with smartphone addiction: a cross-sectional study among medical college students. Chen et al. BMC Psychiatry. 2017; 17:34.
8. Lin PH, Lee YC, Chen KL, Hsieh PH, Yang SY, Lin YL. The Relationship Between Sleep Quality and Internet Addiction Among Female College Students. China: Front Neuroscience, 2019, 13: 599.
9. Huang Q, Li Y, Huang S, Qi J, Shao T, Chen X. Smartphone Use and Sleep Quality in Chinese College Students: A Preliminary Study. China: Front Psychiatry, 2020, 11: 352.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1243
A INFLUÊNCIA DO USO DO AASI NA PERCEPÇÃO DO ZUMBIDO EM ADULTOS E IDOSOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O zumbido é um sintoma descrito como uma ilusão auditiva gerada pela porção sensorioneural do sistema auditivo, ou seja, essa sensação endógena não está relacionada à nenhuma fonte externa de estimulação1-2. Sabe-se que o zumbido pode provocar diferentes reações nos sujeitos, inclusive em alguns casos interferir diretamente em suas atividades de vida diária3-4. O zumbido é um sintoma relacionado à várias etiologias, principalmente da perda auditiva e o seu tratamento está relacionado a diversas abordagens, entre elas, indicações como o uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) que além de melhorar a audição e estimular o córtex auditivo, contribui com reduções permanentes na atividade neural responsável pela geração e percepção do zumbido1-5-6. Objetivo: Analisar a influência do uso do AASI na percepção do zumbido em adultos e idosos de um Serviço de Atenção à Saúde Auditiva. Métodos: Estudo de caráter qualitativo, realizado mediante aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, sob parecer nº 3.120.336, por meio da realização de duas entrevistas semiestruturadas, realizadas com 11 adultos e idosos de ambos os gêneros de 24 a 78 anos, com diagnóstico de perda auditiva adquirida neurossensorial e/ou mista, de grau leve a severo, uni ou bilateralmente, sem uso prévio de AASI e que tivessem atribuído nota igual ou maior que quatro (4) à queixa de zumbido em uma escala de zero(0) a dez (10). Em ambas as entrevistas, foi apresentado aos participantes a Escala Visual Analógica, sendo considerado percepção leve, notas de zero (0) a três (3), moderada quatro (4) a sete (7) ou severa oito (8) a dez (10)7. As entrevistas foram realizadas no dia da adaptação do aparelho auditivo e um mês após o seu uso. Para a organização da pesquisa, seguimos o método de análise proposto por Minayo8. Resultados: O uso do AASI influenciou positivamente na melhora da percepção do zumbido para 72% dos participantes. Dentre os 11 participantes, oito (8) perceberam diminuição do zumbido, destes, cinco (5) referiram nota zero (0) na segunda entrevista, sendo que anteriormente apresentaram percepção moderada ou severa do zumbido. Dois (2) sujeitos passaram da percepção severa para a leve e um (1) da percepção severa para moderada e três (3) sujeitos não observaram mudança no grau de percepção do zumbido. Os fatores de ordem emocional também foram relevantes neste estudo, no que se refere a maior ou menor percepção do zumbido. Em relação ao impacto do zumbido na qualidade de vida dos entrevistados, as falas apontam prejuízos na qualidade do sono, no âmbito social, familiar e emocional. Conclusão: O estudo aponta que o uso do AASI contribuiu para a melhora da percepção do zumbido para a maior parte dos participantes entrevistados (72%), melhora esta percebida durante o uso do AASI. Percebe-se também uma relação importante entre o zumbido e a qualidade de vida dos participantes. Os dados sugerem a importância do atendimento integral e interdisciplinar para compreender as implicações desse sintoma na qualidade de vida dessas pessoas, bem como para poder avaliar o benefício com o uso de AASI.

1. Esteves CC, Brandão FN, Siqueira CGA, Carvalho SA da S. Audição, Zumbido e Qualidade de Vida: Um Estudo Piloto. Revista CEFAC. [artigo online]. 2012 [acesso em 01 out 2019]; 14(5): 836-43. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v14n5/25-11.

2. Sanchez TG. Quem disse que zumbido não tem cura?: depoimentos e informações úteis para ajudar milhões de brasileiros. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo. 2019. 96p.

3. Cima RF, Grombez G, Vlaeyen JWS. Catastrophizing and Fear of Tinnitus Predict Quality of Life in Patients With Chronic Tinnitus. Ear & Hearing. 2011; 32(5): 634- 41.

4. Mathias KV, Mezzasalma MA, Nardi AE. Prevalência de transtorno de pânico em sujeitos com zumbidos. Rev Psiq Clín. 2011; 38(4): 139-42.

5. Rocha AV. Diretrizes para Intervenção Fonoaudiológica no Zumbido [Tese de Doutorado). Bauru: Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018 [acesso em 01 outubro 2019]. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25143/tde-13072018- 093027/publico/AndressaVitalRocha_Rev.pdf.

6. Santos GM dos. A influência do gerador de som associado à amplificação convencional para o controle do zumbido: ensaio clínico cego randomizado [Tese de Doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina; 2013 [acesso em 01 out 2019]. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5143/tde-01112013- 141148/publico/GiseleMunhoesdosSantos.pdf

7. Leandro S de F, Mancini PC. Zumbido Crônico em Idosos: Uma proposta de Intervenção. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento. [artigo online]. 2016 [acesso em 01 out 2019]; 21(3): 295-308. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/download/80794/47397.

8. Minayo MCS. O desafio do conhecimento, pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1371
A INTERDISCIPLINARIDADE DA FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Na parceria Fonoaudiologia e Odontologia a meta se dar através do sistema estomatognático - SE, campo de estudo que relaciona essas duas áreas e através do conhecimento complementar busca a saúde desse sistema, a reabilitação mais efetiva e melhor qualidade de vida para o paciente1. A atuação fonoaudiológica visa reeducar as funções do SE, por meio da especialidade em Motricidade Orofacial, buscando o equilíbrio do SE, o qual relaciona-se com vários ramos da odontologia2. A atuação multiprofissional amplia o trabalho em equipe, contribui para sociedade e anula o modelo individualista3. Objetivo: Sintetizar e descrever o trabalho em conjunto da fonoaudiologia e odontologia mostrando a importância da interdisciplinaridade nessas duas áreas da saúde. Metodologia: Trata-se de uma revisão sistematizada da literatura. Foi realizada uma busca no banco de dados Periódicos CAPES; os descritores utilizados foram: fonoaudiologia, odontologia e interdisciplinaridade; para o critério de inclusão os filtros usados foram: artigo, português e foram escolhidos os artigos que estavam de acordo com a temática abordada. Fez parte desse trabalho seis artigos que foram publicados entre os anos 2016 e 2020. Resultados: Ao realizar a busca foram encontrados 553 trabalhos, após a aplicação dos filtros restaram 220 artigos dos quais 6 foram escolhidos e utilizando para elaboração do trabalho a maioria das publicações não estavam de acordo com os critérios de inclusão. Dos artigos escolhidos um é uma revisão de literatura e o outro um relato de caso, os outros foram pesquisa realizada com ajuda de questionário para Odontólogos com objetivo de identificar sobre seus conhecimentos em relação a prática fonoaudiológica e sua relação com a odontologia e um questionário destinado aos Fonoaudiólogos com perguntas sobre a odontologia e seu trabalho em equipe com a fonoaudiologia. Um dos artigos mostra que a maioria dos Ortodontistas fazem encaminhamentos quando há casos relacionados com o SE; muitos Fonoaudiólogos relataram ter um percentual baixo de pacientes encaminhados por Cirurgiões-Dentistas. Nos outros trabalhos foi visto que parte dos dentistas relaciona o trabalho dos fonoaudiólogos apenas a questões de fala e audição, apesar disso, em outro estudo a maioria deles relataram fazer em caminhamento quando há casos de respirador oral. Conclusão: É possível observar a interdisciplinaridade entre essas duas profissões, porém ainda em quantidade pouco expressiva, sendo importante fortalecer ainda mais esta relação, pois são práticas que quanto maior o trabalho realizado em equipe, melhor será o resultado. De acordo com os achados podemos verificar que a fundamental importância da interdisciplinaridade entre as duas profissões.

Descritores: Fonoaudiologia; odontologia, interdisciplinaridade.

1. Rech RS, Brown MA, Cardoso MC, Vidor, Maahs MAP. Interfaces entre fonoaudiologia e odontologia: em que situações essas ciências se encontramn? Universitas: Ciências da Saúde, Brasília, 2015 jul./dez 13 (2), 111-125.

2. Amaral EC, Bacha SMC, Ghersel ELA, Rodrigues MI. Inter-relação entre a odontologia e a fonoaudiologia na motricidade orofacial. Rev. CEFAC, 2006 julio-septiembre, 8 (3), 337-351.

3. Silva TR, Canto GL. Integração odontologia-fonoaudiologia: a importância da formação de equipes interdisciplinares. Rev. CEFAC. 2014 Mar-Abr; 16 (2), 598-603.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
163
A INTERDISCIPLINARIDADE NA ELABORAÇÃO DE UM AUDIOBOOK AUDIODESCRITIVO: A CONEXÃO DAS PROFISSÕES FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Estima-se que no mundo existem 36,9 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual e essas pessoas enfrentam diversas dificuldades em seu dia a dia pela falta de acessibilidade. A interdisciplinaridade pode ser uma prática educacional capaz de integrar diferentes conteúdos, pode favorecer o processo ensino e aprendizagem entre os envolvidos e pode beneficiar a comunidade externa à universidade. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada durante a adaptação do "Guia de Orientações Odontológicas para Bebês" para o formato audiobook audiodescritivo, destinado a pessoas com deficiência visual, pelo grupo interdisciplinar de pesquisa da Faculdade de Odontologia da UFMG que reúne discentes e docentes de graduação e pós-graduação dos cursos de Fonoaudiologia e Odontologia. Metodologia: A adaptação do material aconteceu no segundo semestre de 2019 envolvendo os passos: gravação da leitura em voz alta e audiodescrição de todo o conteúdo do "Guia de Orientações Odontológicas para Bebês" (material direcionado aos pais e responsáveis por crianças de 0 a 3 anos de idade contemplando orientações como higiene bucal, alimentação saudável, hábitos orais, sono e trauma dentário) em uma cabine audiométrica para evitar ruídos sonoros; edição das gravações em um aplicativo específico para vídeos e disponibilização pública de todo o material via site. Resultados: Percebeu-se que utilizar o espaço educacional para tornar acessível materiais relacionados à saúde da população, fortaleceu as ações e atividades, promoveu um diálogo entre diferentes áreas do conhecimento e sensibilizou a formação de estudantes da área da saúde. Conclusão: A atividade viabilizou ao grupo interdisciplinar aproveitar um material já elaborado e destinado à população a respeito da saúde bucal e torná-lo acessível às pessoas com deficiência visual. Além do aspecto inclusivo o material elaborado pode ser um recurso mais atrativo para pessoas que não apresentam a deficiência visual, devido ao formato em que foi adaptado que conta com imagens e o áudio. O grupo de pesquisa que reúne a fonoaudiologia e a odontologia, sentiu que sua formação foi enriquecida ao construir e disponibilizar todo o material e, futuramente, pretende-se realizar pesquisas que possam avaliar especificamente o impacto dessa adaptação ao público de pessoas com deficiência visual.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1502
A INTERPROFISSIONALIDADE NO ALEITAMENTO MATERNO DE PREMATUROS: UMA VISÃO DA FONOAUDIOLOGIA E PSICOLOGIA.
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O prematuro necessita de diversas intervenções para conseguir se desenvolver. O aleitamento materno possui um papel importante no desenvolvimento de prematuros, pois colabora nutrindo o corpo, desenvolvendo a musculatura oral e também promove o vínculo entre mãe e bebê[1]. Os prematuros, em sua maioria, necessitam de auxílio para conseguirem mamar, até mesmo em seio materno, papel desenvolvido pelo fonoaudiólogo(a) nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal[2]. No processo inicial da amamentação é fundamental para o prematuro, que sua mãe esteja segura e constitua uma relação afetiva com o bebê, portanto, o papel do psicólogo é realizar acolhimento e dar suporte à esta mãe, trabalhar o fortalecimento da relação mãe-bebê e a construção de vínculos[3]. Desta forma, a inter-relação dos trabalhos desenvolvidos por ambas as áreas profissionais em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIn), são fatores fundamentais e determinantes no processo inicial do aleitamento materno. Objetivo: Relatar a prática do atendimento multiprofissional com a inter-relação da fonoaudiologia e psicologia com o recém-nascido prematuro, internado em uma UTIn, na primeira avaliação em seio materno. Método: Relato de experiência a partir de atendimentos realizados por fonoaudiólogo e psicóloga residentes pertencentes à um Programa de Residência Multiprofissional na área Materno-Infantil/Neonatologia de um hospital filantrópico do Rio Grande do Sul, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa: CAAE 2 31674920.2.0000.5342. Desenvolvimento: A prematuridade é uma condição do bebê que modifica a realidade do puerpério, entre essas alterações, está o aleitamento materno. Na UTIn, os prematuros e suas famílias enfrentam diversas situações, e o início da alimentação é um momento que exige atenção de toda a equipe ao binômio mãe/bebê. O fonoaudiólogo consegue com aptidão realizar essa transição e auxiliar a mãe e o bebê, no processo de aleitamento. Desta forma, a partir de atendimentos realizados pelas áreas de fonoaudiologia e psicologia durante o período de residência multiprofissional no programa materno-infantil/neonatologia, no cenário de uma UTIn, evidenciou-se a necessidade e a contribuição da inter-relação das áreas profissionais no processo de amamentação. O fonoaudiólogo consegue manejar a amamentação cuidando principalmente dos aspectos biológicos envolvidos, e quando atua junto com a psicóloga, ofertar atenção integral diante das demandas observadas no atendimento. Nas intervenções conjuntas, observou-se melhor aceitação e maior segurança das mães que receberam o acompanhamento interprofissional na primeira oferta de seio materno ao prematuro. Elas sentiram-se mais acolhidas, compreenderam o trabalho desenvolvido e conseguiram assimilar melhor o processo a ser construído pela amamentação, entendendo melhor os benefícios e as limitações momentâneas, pois não é todo prematuro que consegue mamar de maneira eficiente na sua primeira vez. Conclusão: O trabalho interprofissional entre as áreas da fonoaudiologia e psicologia, contribui para melhor desempenho do bebê no processo inicial da amamentação, as mães se sentiram mais confiantes e seguras quanto ao processo, portanto, conseguiram interagir com seus filhos, fortalecendo assim, o vínculo e a relação mãe-bebê, fatores estes, que contribuem para que o prematuro tenha bom desenvolvimento no processo da amamentação. Além disso, as mães conseguiram compreender os benefícios e limitações do processo inicial do aleitamento materno.

1- Almeida LIAM. Fatores que influenciam a amamentação à alta em recém-nascidos após o internamento numa unidade de apoio perinatal diferenciado. Viseu. Dissertação [Mestrado em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria] - Istituto Politécnico Viseu; 2017
2- Otto DM, Almeida ST. Desempenho da alimentação oral em recém-nascidos prematuros estimulados pela técnica treino de deglutição. Audiol Commun Res. 2016 nov. 22: e1717.
3- Portella RBC. Prematuridade e hospitalização: atravessamentos na construção da relação mãe-bebê. 2019. Tese (Doutorado). Universidade Católica de Pernambuco. Doutorado em Psicologia Clínica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1801
A INTERPROFISSIONALIDADE NO TELEMONITORAMENTO DE SINTOMAS RESPIRATÓRIOS EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho PET - Saúde Interprofissionalidade tem a educação interprofissional em saúde como eixo central, visando como principal objetivo a promoção e a qualificação da integração ensino-serviço-comunidade. O programa contempla ações de educação interprofissional que são desenvolvidas na Atenção Primária à Saúde (APS) e envolvem estudantes de graduação, professores, profissionais da saúde, gestores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Devido à pandemia do COVID-19, o projeto alinhou-se à necessidade de ações relacionadas ao enfrentamento da doença. Desse modo, o telemonitoramento foi incorporado ao programa com o objetivo de monitorar pacientes com sintomas respiratórios que procuraram atendimento em unidades de saúde do município, identificando previamente os casos de agravamento dos sintomas respiratórios e encaminhando para equipe de atenção primária em saúde. Além disso, o acompanhamento desses pacientes visa esclarecer dúvidas em relação às medidas de isolamento social e realizar a orientação sobre a proteção e a prevenção da contaminação por coronavírus. Para isso, é indubitável a interprofissionalidade na ação, uma vez que cada profissional pode contribuir de forma única e qualificada, além de promover, aos futuros profissionais, a experiência do trabalho em equipe, a partir das trocas realizadas durante o telemonitoramento. OBJETIVO: Refletir sobre o efeito da interprofissionalidade e o papel do trabalho colaborativo nas equipes que realizam o telemonitoramento dos pacientes sintomáticos respiratórios da COVID-19. MÉTODO: As equipes são compostas por estudantes de diferentes cursos de graduação, professores e profissionais da saúde (preceptores nas unidades de saúde) também com diferentes formações e cada equipe é responsável por uma ou duas unidade de saúde do Distrito assistencial de uma Universidade Federal. O telemonitoramento acompanha os pacientes com sintomas respiratórios por 14 dias ou até que os mesmos testem negativo para o COVID-19 e não apresentem mais os sintomas respiratórios. Nesse tempo de acompanhamento, os pacientes e familiares trazem questões que vão além dos sintomas respiratórios, e cabe às equipes como um todo discutirem quais orientações podem e devem ser repassadas e qual a melhor forma de atender às demandas individuais de cada usuário/família. As dúvidas trazidas pelos pacientes também são debatidas pela equipe, com o propósito de encontrar as respostas mais assertivas, sendo a comunicação entre os membros da equipe e com os pacientes um tema recorrente nos grupos de trabalho (GT). RESULTADOS: Observa-se que a ação interprofissional no telemonitoramento possibilita uma excelente troca entre os participantes do projeto, tanto nas equipes/GTs das unidades, como entre as diferentes equipes e a gestão do distrito docente, trazendo vivências que contribuem de maneira ímpar para a formação do futuro profissional de saúde, incluindo a Fonoaudiologia, colaborando para o desenvolvimento das habilidades de comunicação, colaboração, cuidado humanizado e atenção centrada no paciente. CONCLUSÃO: A interprofissionalidade proporcionada pela integração dos professores e estudantes com os preceptores nas unidades de saúde e usuários tem se mostrado fundamental para o sucesso do telemonitoramento e para a promoção do cuidado dos usuários com sintomas respiratórios.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1986
A INTERSETORIALIDADE COMO DISPOSITIVO FORMATIVO EM EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE.
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução:
Tendo a residência multiprofissional em Saúde da Família/Atenção Básica como cenário desta vivência, ampliando noções fundamentais da concepção de saúde, sujeito e vida, este trabalho constitui-se do relato e os desdobramentos de um projeto de intervenção intersetorial, envolvendo a Estratégia de Saúde da Família (ESF), o Núcleo de Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e um Centro de Educação Infantil (CEI). O projeto de intervenção foi elaborado com base no matriciamento e na educação popular em saúde.

Objetivos:
Organizar e qualificar as demandas fonoaudiológicas proveniente de um CEI;
Instrumentalizar os professores quanto ao desenvolvimento e estimulação da linguagem.

Métodos:
O projeto ocorreu em um bairro que a Atenção Básica (AB) esta presente num município de Santa Catarina e foi realizado entre os meses de setembro à outubro no ano de 2016.dois mil e dezesseis. A organização deste, ocorreu em função de um dos CEI ter solicitado a ESF encaminhamentos para o serviço de Fonoaudiologia, justificando a necessidade de acompanhamento desta especialidade para aproximadamente 25% dos alunos. Perante essa solicitação a ESF, sentiu a necessidade de acionar o NASF-AB na tentativa de solucionar a demanda no território. Os profissionais da AB, agendaram uma reunião entre os setores da saúde e educação, no desejo de compreender melhor esses encaminhamentos. No encontro, pactuou-se que as fonoaudiólogas iriam realizar observação em sala de aula e após isso, realizar uma proposta de trabalho. O projeto proposto foi: oficina com os professores e coordenação sobre desenvolvimento da linguagem e oficinas com as crianças, com a média de seis anos, e as professoras para estimulação da linguagem de forma coletiva.
A oficina com professores e coordenação foi realizada, teve-se como método fundamental a educação popular, onde construiu-se conhecimentos a partir da prática pedagógica dos professores, bem como suas experiências anteriores. Ao final do encontro, apresentou-se a proposta das oficinas com as crianças e também seria realizado encaminhamento para quem precisasse de atendimento.
Foi agendado, uma reunião entre os responsáveis pelo projeto a fim de definir o cronograma. Encontro esse que infelizmente não ocorreu, pois na data marcada, a coordenadora não compareceu e após tentativas em reagendar, a equipe da educação omitiu sua participação.

Resultados:
Infelizmente o projeto não alcançou os objetivos esperados pela equipe, pois os profissionais da saúde não compactuaram com o volume dos encaminhamentos. Já que estes estavam baseados no modelo da patologização e medicalização da infância, infelizmente ainda muito presente no contexto educacional. Os profissionais da educação optaram por desistir do projeto.
Esse projeto para nós, profissionais residentes, oportunizou a aprendizagem em planejar, organizar e executar ações intersetoriais em um território.

Conclusões:
A qualidade do diálogo intersetorial estabelecido, apesar do processo ter sido interrompido evidenciou que fazer na concepção da educação popular em saúde é uma possibilidade do profissional estar comprometido com a vida, com o território e com as pessoas, respeitando o tempo de aprendizagem e as necessidades de cada um.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
750
A LINGUAGEM E SEUS DISTÚRBIOS NA PERSPECTIVA DE FAMILIARES DE SUJEITOS EM ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: diagnósticos de distúrbios, durante o processo de apropriação da linguagem, podem ser limitados, na medida em que desconsideram a participação dos sujeitos/pacientes e de seus familiares/cuidadores nesse processo(1). Um olhar ‘patologizante’ por parte dos familiares/cuidadores aos sujeitos/pacientes com queixa na linguagem, bem como a ausência da escuta e do olhar para suas questões sociais e singulares podem limitar o trabalho clínico terapêutico(2). Uma abordagem que volta a atenção para familiares/cuidadores amplia as possibilidades terapêuticas, pois o envolvimento familiar contribui para que a relação do sujeito/paciente com a linguagem se efetive(3). Nesse sentido, uma proposta de ação em grupo, moderada pelo fonoaudiólogo, em que o diálogo é tomado como possibilidade de intervenção, pode propiciar condições para a percepção de questões vivenciadas por esses familiares/cuidadores, gerando reflexões e ressignificações sobre dificuldades e sintomas(4). Objetivo: analisar visões de familiares/cuidadores acerca do processo de linguagem e seus distúrbios em relação a sujeitos/pacientes em acompanhamento fonoaudiológico, durante trabalho em grupo moderado pelas pesquisadoras. Método: o presente estudo é transversal, qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, sob número 3.030.703. A pesquisa foi realizada em uma clínica-escola de Fonoaudiologia, vinculada a uma instituição de ensino superior privada. Participaram do estudo, cinco familiares/cuidadores, sendo quatro mulheres, mães, e um homem, pai, acima de 18 anos. Todos fizeram parte de cinco encontros, os quais foram gravados, transcritos e analisados, por meio de Análise de Conteúdo. Resultados: inicialmente, verificou-se que os participantes tinham uma concepção de linguagem relacionada ao bem falar, sendo a fala entendida como um ato mecânico e dependente de adequado funcionamento anatomofuncional; os sujeitos/pacientes eram tomados como passivos e colocados em posição de incapacitados, envergonhados e inseguros, à margem da sociedade; e os familiares sentiam-se sozinhos nas situações que vivenciavam com seus filhos(as). Quanto ao trabalho fonoaudiológico em grupo, realizado com eles, afirmaram que passaram a refletir sobre a linguagem, dando outros significados às situações vivenciadas com os filhos(as) e se sentindo menos solitários para compreender tais situações. Conclusão: a prática dialógica em grupo ampliou possibilidades de reflexões sobre processo de linguagem e seus distúrbios. Entende-se que outras pesquisas devem envolver atividades com famílias/cuidadores de pessoas em atendimento clínico fonoaudiológico, dando-lhes espaço para falar sobre dúvidas, receios e anseios, o que pode ser um caminho para que o fonoaudiólogo contribua para transformar sofrimento em potência, em sua atividade clínica.

1. SCHULZ, L., O.; CUSTODIO, M., M. C.; VIAPIANA, A. Concepções de Língua, linguagem, ensino e aprendizagem e suas repercussões na sala de aula de língua estrangeira. PLE, v.1, n.1, 2012.

2. MILANO, L.; RIBEIRO, J. O funcionamento de falas sintomáticas para além da distinção normal/patológico: contribuições Saussurianas, Rev. Let. Hoje, vol.53, Porto Alegre, 2018.

3. LOURENÇO, R. C.; MASSI, G. Grupo operativo como espaço para atividades dialógicas junto a idosos. Rev. do NESME, v.13, n.2, p.13-23, 2016.

4. BERBERIAN, A. P.; SANTANA, A. P. Fonoaudiologia em contextos grupais: Referencias teóricos e práticos. Plexus editora, São Paulo, 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
969
A METODOLOGIA ATIVA NO ENSINO REMOTO DE EMERGÊNCIA EM FONOAUDIOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: o ensino remoto de emergência é uma mudança transitória utilizado como ensino alternativo em virtude de situações de crise, como a pandemia do Covid-19 (1). Assim, mudanças precisam ser realizadas. Objetivo: Descrever relato de experiência acerca da oferta de módulo optativo sob a forma a distância em tempos de Covid-19 em um curso de graduação em Fonoaudiologia. Método: Foi realizada a oferta totalmente online do módulo optativo Tópicos Especiais em Ética Profissional por duas discentes de um curso de graduação em Fonoaudiologia, aos discentes do respectivo curso, adotando-se o modelo flipped classroom, ou seja, sala de aula invertida (2). A duração do módulo foi de um mês, com carga horária de 60 horas. Foram disponibilizados na plataforma institucional digital (Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas, SIGAA) artigos científicos, resoluções, pareceres e recomendações do Conselho Federal de Fonoaudiologia, bem como o Código de Ética do Profissional Fonoaudiólogo. Foram utilizados aplicativos e serviços de comunicação por vídeo como o Google Meet, o Zoom, o Whatsapp, além do SIGAA (para depósito de materiais, fórum, mural de notícias e chats). Adotaram-se ritmo individual e de classe, com sincronia mista de comunicação online e pedagogia colaborativa com o debate, no decorrer do módulo, de sete situações-problema. Atividades lúdicas foram realizadas nos encontros virtuais síncronos como forma de enfrentamento mental pelos impactos do Covid-19. Resultados: De um total de 172 alunos, 20 efetivaram a matrícula (11,63%), sendo 85% do gênero feminino. A maioria matriculada entre o III (n=8, 40%) e o IV Ciclos do curso (n=7, 35%). As leituras prévias dos assuntos discutidos nas aulas virtuais assíncronas permitiram o conhecimento dos aspectos legais da Fonoaudiologia e os encontros síncronos, a apreensão do conteúdo e a retirada de dúvidas. Não foram encontradas dificuldades, por parte dos discentes, em relação ao método adotado, ao contrário do relatado pela literatura (3), uma vez que o curso que frequentam oferece metodologia de ensino problematizador em sua integralidade. Dificuldades foram encontradas quanto ao acesso às plataformas virtuais (20% da amostra), sendo solucionadas pelo uso combinado de diferentes sistemas de comunicação virtual. Conclusão: A metodologia ativa como proposta pedagógica permite que, em tempos de crise, haja maior adaptação por parte dos estudantes a métodos problematizadores como o flipped classroom; a apreensão de conteúdos considerados imprescindíveis aos futuros fonoaudiólogos, sob a forma virtual; bem como pode ser considerada como uma estratégia de saúde mental para todos os envolvidos no processo de Educação Superior em Fonoaudiologia.

Palavras-chave: Aprendizagem Baseada em Problemas, Fonoaudiologia, Ensino, Educação a Distância.

1. Hodges C, Trust T, Moore S, Bond A, Lockee B. As diferenças entre o aprendizado online e o ensino remoto de emergência. Rev. Esc. prof. educ. tecnol. [periódico na Internet]. 2020 [citado 2020 July 05];2:[cerca de 12p.]. Disponível em: http://escribo.com/revista/index.php/escola/article/view/17.
2. Talbert R. Guia para utilização da aprendizagem invertida no ensino superior. Porto Alegre: Penso; 2019.
3. Lopes SFSF, Gouveia L, Reis P. O Método MaCAIES: uma proposta metodológica para a implementação da sala de aula invertida no ensino superior. RSD [periódico na Internet]. 2020 [citado 2020 July 05];9(2):[cerca de 17p.]. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7342136.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1959
A MONITORIA COMO APOIO AO ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


O cenário vigente, frente a pandemia de COVID-19, está sendo contemplado por adaptações em diversos setores da sociedade, dentre eles o educacional, que está sendo promovido mediante ensino remoto. Entretanto, há divergências nessa modalidade devido às questões sociais e psicológicas dos discentes, assim, é notável a implantação de métodos que facilitem sua aprendizagem. Dessa forma, a monitoria se apresenta como importante instrumento para consolidação de conteúdo. O objetivo do trabalho consiste em apresentar um relato de experiência das atividades desenvolvidas no formato remoto por discentes do curso de graduação em Fonoaudiologia, no projeto de monitoria, no período de junho e julho de 2020. O presente relato dispensa aprovação do Comitê de Ética e foi realizado mediante análise longitudinal do projeto de monitoria na disciplina Diagnóstico Audiológico, com a participação de uma docente coordenadora e três discentes. As aulas síncronas foram ministradas pela docente na plataforma Google Meet com plantão de dúvidas no Instagram. As atividades assíncronas foram desenvolvidas pelas discentes mediante ferramentas facilitadoras de aprendizagem, contando com redes sociais, como YouTube, Instagram e WhatsApp. Os resultados foram analisados de forma descritiva. Para compor o conteúdo assíncrono, foram elaborados estudos dirigidos que contemplam as aulas síncronas para melhor fixação do conteúdo. A logística do estudo permitia ao aluno escolher 5 de 10 perguntas para serem respondidas, sendo possível analisar a prevalência de questões escolhidas e direcionar as possíveis fragilidades a serem revisadas. Também houve a participação ativa dos discentes com auxílio de enquetes para construção do raciocínio clínico. Posteriormente, as dificuldades encontradas foram retomadas e revisadas em aula. As monitoras elaboraram vídeos interativos como mais uma ferramenta para ampliar as formas de aprendizagem, e assim proporcionar atividades variadas. Com o auxílio de três mestrandas e uma fonoaudióloga foi desenvolvido um grupo de estudos sobre mascaramento, com três encontros na plataforma Google Meet. Durante o planejamento dos encontros, foram elaborados casos clínicos e materiais de apoio para fixação do conteúdo. A proposta acolheu discentes do curso de graduação de fonoaudiologia e público externo. Foi elaborado um formulário online para obter um feedback dos alunos sobre a disciplina e relataram “o instagram serviu perfeitamente para tirar dúvidas do que não entendi ou passou despercebido na aula",“criatividade nas aulas, facilidade de comunicação, aprendizado produtivo.” e “poder assistir às aulas quantas vezes quiser no youtube e conseguir anotar o máximo de detalhes possíveis”. Em relação a percepção das monitoras foi possível identificar que o processo incentivou a criatividade e o aperfeiçoamento tecnológico, ainda relataram “a monitoria nos faz pensar em como gostaríamos que o assunto fosse abordado e sua importância no processo criativo para a aprendizagem”. As redes sociais fazem parte do cotidiano dos discentes, o que facilitou a adesão nessas plataformas. Pode-se observar que ao serem utilizadas a favor da aprendizagem houve uma melhor participação dos alunos. Com isso, conclui-se que as metodologias elaboradas na monitoria contribuíram para a consolidação da aprendizagem no formato remoto. Além disso, o projeto fomenta a formação acadêmica dos discentes e estimula o interesse pela docência.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
903
A MONITORIA COMO PRECURSORA DA METODOLOGIA ATIVA EM UM CURSO DE FONOAUDIOLOGIA TRADICIONAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A monitoria no ensino superior é um recurso amparado pela Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996, que visa efetivar o aprendizado do estudante neste nível de ensino (1). Objetivo: Descrever relato de experiência acerca da monitoria em Motricidade Orofacial oferecida em um curso de Fonoaudiologia com método tradicional de ensino. Método: Pela oferta de quatro vagas de monitoria para a disciplina Sistema Sensório Motor Oral do primeiro ano do curso de graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal de Sergipe, campus São Cristóvão, quatro discentes passaram e auxiliaram dois docentes na disciplina supracitada. Foram realizados encontros periódicos entre monitores e docentes e semanais entre monitores e discentes matriculados no curso. A monitoria foi estruturada na perspectiva das metodologias ativas de ensino e aprendizagem, com elaboração e discussão de situações-problema, de casos clínicos e debate de textos científicos, a partir do conteúdo programático da disciplina. Resultados: De um total de 52 alunos matriculados na disciplina, 78,85% do gênero feminino, 25,19% participaram dos onze encontros com os monitores (média: 13,1 ± 4,76), em que os três monitores participaram ativamente do processo. Os debates prévios dos temas do conteúdo previamente estabelecido entre os monitores e os discentes permitiram que as aulas da disciplina fossem mais reflexivas, havendo participação ativa dos discentes nesses momentos. Corroborou o que a literatura relata sobre a monitoria ser um instrumento auxiliar no processo de ensino-aprendizagem de fundamental importância para os monitores quanto para os docentes que podem trabalhar melhor os conteúdos em sala de aula (2), além de possibilitar aos participantes um ensino híbrido entre a metodologia tradicional e a ativa de ensino na unidade curricular em estudo (motricidade orofacial) e número reduzido de reprovações na disciplina (n=1; 1,92%), corroborando com achados da literatura (3). Conclusão: A monitoria permitiu aos discentes que a executaram o aprimoramento em motricidade orofacial, a experiência na docência e nas metodologias ativas. Além disso, beneficiou os discentes matriculados na disciplina com um melhor rendimento acadêmico e a possibilidade das docentes responsáveis pela disciplina conhecerem as dificuldades dos estudantes, conseguindo, a tempo, minimizar dúvidas e diminuir reprovações. Conclui-se que a monitoria é um espaço privilegiado de formação e, quando praticada com métodos ativos de ensino e aprendizagem, fomentam maior interesse e participação dos estudantes.

Palavras-chave: Fonoaudiologia, Ensino, Monitoria.

1. Souza Mendes RM, Sobreira MFG, Soares CQG, Fontes LBA, Oliveira Andrade MAC, Segheto W. Monitoria no ensino superior: contribuições em uma faculdade privada de medicina. Rev cient. FAGOC saúde. 2018;3(1):35-40.
2. Diesel S, Carrazoni GS, Rambo LM. Monitoria no ensino superior: uma ferramenta essencial de aprendizagem. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão 2017;9(1):14.
3. Souza PMB, Santos Albuquerque JD, Silva AFM, Sousa EMD, Paiva MDEB. (2020). Metodologias ativas de ensino e aprendizagem no ensino da Anatomia Humana: uma experiência usando massa de modelar e outras ferramentas de comunicação em um projeto de monitoria. Braz. j. dev. 2020;6(6):41834-43.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1261
A MOTIVAÇÃO PARA APRENDER NO ENSINO FUNDAMENTAL E A INFLUÊNCIA DE ASPECTOS INDIVIDUAIS E CONTEXTUAIS
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A motivação para aprender tem despertado o interesse de muitos pesquisadores das áreas da saúde e educação por exercer influência no rendimento escolar e acadêmico, estando relacionada a fatores pessoais e contextuais (1).

OBJETIVO: verificar a associação entre a motivação para aprender e o perfil sociodemográfico, a qualidade de vida, a autopercepção de saúde, os recursos do ambiente familiar, o desempenho escolar e as capacidades e dificuldades de estudantes do ensino fundamental de uma escola de financiamento privado.

MÉTODO: trata-se de estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob parecer de número 2.422.795 com delineamento observacional, analítico e transversal realizado com 124 estudantes do ensino fundamental II de uma escola de financiamento privado. Foram utilizados os instrumentos Caracterização dos Participantes, Escala de Motivação para a Aprendizagem (EMAPRE) (2), Autopercepção de Saúde, Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ-Por) (3), Questionário Pediátrico sobre Qualidade de Vida (PedsQL™) (4) – versão pais e filhos, Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) (5) e o Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) (6). O desempenho escolar foi obtido pela média do aproveitamento das disciplinas no período pesquisado. Foram realizadas análises descritiva, bivariada e multivariada. A análise descritiva considerou a distribuição de frequência absoluta e relativa das categóricas e de síntese numérica das contínuas, por meio do Teste Kolmogorov-Smirnov. A análise inferencial e as análises bivariada e multivariada foram utilizadas para avaliação da associação entre as variáveis resposta e explicativas. Foram utilizados os testes qui-quadrado de Pearson e qui-quadrado de tendência para as variáveis ordinais e para avaliar a associação entre as variáveis em formato contínuo, utilizou-se o teste de Mann-Whitney. A adequação dos modelos de regressão logística múltipla foi avaliada pelo teste de Hosmer e Lemeshow.

RESULTADOS: a maioria dos participantes era do sexo feminino, pertencia à classe econômica A e avaliou sua saúde como boa ou excelente. O domínio Meta Aprender da EMAPRE apresentou a maior média quando comparado aos outros domínios (29,3; DP=4,7; mediana 31). A maioria dos estudantes apresentou desempenho excelente (12%) e muito bom (40%), e 48% avaliaram positivamente as três dimensões da qualidade de vida (física, psicosocial e escolar). As variáveis recursos do ambiente familiar, desempenho escolar e dificuldades dos estudantes não permaneceram associadas aos domínios da EMAPRE na regressão logística múltipla. A variável perfil sociodemográfico não apresentou associação com a motivação para aprender nesta amostra. A motivação para aprender de melhor qualidade (Meta-aprender) mostrou-se associada à maior qualidade de vida, às capacidades dos adolescentes e à autopercepção positiva de saúde.

CONCLUSÃO: Consideradas a fase de transição e desafios inerentes à adolescência e a complexidade do processo de aprendizagem e suas consequências dentro e fora do âmbito educacional, ressalta-se a importância de pais e educadores no estímulo ao autoconhecimento, autocuidado e desenvolvimento de habilidades que despertem o interesse por aprender.

1. Martinelli SC. Um estudo sobre desempenho escolar e motivação de crianças. Educ rev. 2014(53):201-16.

2. Zenorini RDPC, dos Santos AAA. Escala de metas de realização como medida da motivação para aprendizagem. Interamerican Journal of Psychology, 2010;44(2):291-8.

3. Goodman R. The Strengths and Difficulties Questionnaire: a research note. J Child Psychol Psychiatry. 1997;38(5):581-6.

4. Varni JW, Seid M, Kurtin PS. PedsQL 4.0: Reliability and validity of the Pediatric Quality of Life Inventory Version 4.0 generic core scales in healthy and patient populations. Med Care. 2001;39(8):800-12.

5. ABEP: Associação Brasileira de Empresa de Pesquisa [Internet]. São Paulo: Associação Brasileira de Empresa de Pesquisa; 2018. Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB). [cited 2019 Sep 7]. Available from: http://www.abep.org/criterio-brasil.

6. Marturano EM. O inventário de recursos do ambiente familiar. Psicol Reflex Crit. 2006;19(3):498-506.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
291
A MÚSICA COMO ESTRATÉGIA DE INTERAÇÃO E POTENCIALIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
A música tem sido percebida como uma estratégia facilitadora no processo de ensino e aprendizado. Ela pode ser compreendida como um importante meio de comunicação e expressão do indivíduo, além de ser uma arte de caráter universal, pois rompe as barreiras dos idiomas. Estudos demonstram que as crianças são capazes de reagir a estímulos musicais desde o intraútero, e que respostas comportamentais são evidentes quando essas crianças são expostas às mesmas músicas no pós natal. O fonoaudiólogo que atua no meio educacional precisa estar atento às diversas formas de estimular o desenvolvimento da criança, tendo a música como uma grande aliada.

Objetivo
Relatar um Oficina desenvolvida por alunos de Fonoaudiologia em um Centro de Educação Infantil (CEI) do interior do estado de São Paulo

Método
Este estudo baseia-se em relato de experiência.

Resultados
Para essa atividade, foram confeccionadas “formiguinhas” com papel cartonado preto, olhos móveis de acrílico, cola quente, tintas coloridas e arames flexíveis. Havia dois furos nas extremidades inferiores das formiguinhas onde era possível inserir os dedos indicadores e médios. Cada estagiário tinha um exemplar da formiguinha, que foi utilizado como forma de facilitar a interação entre ele e as crianças do maternal. Um dos estagiários tocou violão enquanto as estagiárias e a professora cantavam e dançavam com as crianças as músicas "Formiguinha / Fui ao mercado comprar (...)" e "Cabeça, ombro joelho e pé". Observou-se nas crianças a coordenação do movimento motor grosso, a capacidade de adaptação, as relações interpessoais, bem como a propriocepção. Essa dinâmica foi realizada dentro das salas de aula, em dois dias distintos, com um intervalo semanal.

Conclusão
Nos contatos iniciais, as crianças se mostraram um pouco inibidas. Com o decorrer das apresentações, elas adquiriram mais confiança e segurança. Os professores, por outro lado, se mostraram bastante receptivos e participativos desde o começo da execução das atividades, convidando-nos a retornar outras vezes, alegando que as crianças geralmente gostam muito desse tipo de atividade lúdica. Com essa dinâmica foi possível também notar um desenvolvimento adequado em relação a idade e escolaridade das crianças observadas, apesar delas apresentarem características diferentes, que tinham associação direta tanto com as capacidades intrínsecas quanto a qualidade dos estímulos recebidos nos diversos ambientes, tais como escolar, familiar, dentre outros.
Os estudantes, por outro lado, puderam compreender melhor as dinâmicas e as possibilidades de atuação de um profissional que está inserido diretamente no contexto educacional.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
475
A MÚSICA COMO FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO E EXPRESSIVIDADE DE ADOLESCENTES
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano marcada por várias transformações biológicas, psicológicas e sociais. Sendo primordial a prevenção de agravos, a promoção da saúde e uma assistência adequada aos adolescentes desde a atenção primária. Além disso, compreender os aspectos biopsicossociais e buscar uma relação sólida entre adolescentes e equipes envolvidas na assistência à saúde, facilita o cuidado integral, o acompanhamento e o desenvolvimento dessa população(1,2). Para isso, a música se torna um recurso de aproximação desse público, pois funciona como um mecanismo de socialização entre eles e um canal de expressão para comunicar sentimentos, necessidades e desejos(3,4). Na área da saúde, a música é utilizada na reabilitação através da musicoterapia, ferramenta promotora do bem-estar individual ou de grupos, que está inserida nas Práticas Integrativas e Complementares à Saúde(5). O que a torna um elemento comum à vivência de profissionais da saúde e ao público adolescente. Objetivo: Descrever uma ação de promoção à saúde utilizando a música como facilitadora da comunicação e da expressividade de adolescentes. Método: A Ação foi desenvolvida por uma fonoaudióloga e uma psicóloga em uma escola e teve a participação de 53 adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 15 e 17 anos. Os escolares foram divididos em três grupos para facilitação da logística das atividades, que tiveram duração de uma hora. O público foi disposto em uma sala de aula com cadeiras em círculo e a proposta contemplou três atividades musicais: 1) Comunicação por meio do som - os adolescentes deveriam comunicar o que sentiam por meio de batidas com palitos na cadeira, podendo serem feitas de maneira livre, em forte ou fraca intensidade, de maneira rápida ou lenta, desde que representasse a forma deles se comunicarem. 2) Expressividade corporal a partir de estímulo sonoro: Eram apresentados sons instrumentais de diferentes ritmos que eram alternados e os participantes tinham que se expressar com o corpo conforme o estímulo sonoro em questão. 3) Quem canta seus males espanta: Foi disponibilizado instrumentos musicais e microfone acoplado a uma caixa de som para que os adolescentes se expressassem com canções a partir de suas preferências musicais. Ao final da ação, juntou-se os três grupos no pátio da escola para feedback da atividade. Resultados: A partir da observação e relato dos adolescentes, a ação propiciou melhora da interação entre eles, com notório aumento da expressividade, principalmente das emoções, sendo descrita por maioria dos participantes a diminuição do sentimento de vergonha. Nos aspectos comunicacionais, observou-se menor reatividade emocional na fala e no discurso dos adolescentes, assim como, melhora da segurança e propriedade ao comunicar suas experiências após a intervenção. O que pode ser indicativo de possíveis ganhos na função pragmática da linguagem, no que tange ao seu uso social. Conclusão: No âmbito da promoção à saúde, atividades com música melhoram a comunicação e expressividade de adolescentes, sendo facilitadoras desse processo. Podendo ainda, mediar as interações interpessoais e os aspectos socioemocionais dos sujeitos.

Palavras-chave: Música, Adolescente, Saúde do Adolescente, Assistência Integral à Saúde, Comunicação.

1 Gonçalves JBB, Correia EGD, Cardozo LF, de Matos MDLP, Maciel YKQ. VISÃO DOS ADOLESCENTES FRENTE AOS SERVIÇOS DE SAÚDE PRESTADOS EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA. UNIFUNEC CIÊNCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS,2019. 3(5).

2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde integral de adolescentes e jovens: orientações para a organização de serviços de saúde.Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 44 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

3 Machado MGM, De Vilhena APMP. Juventude e a produção de sentidos: uma análise da recepção de mensagens transmitidas em músicas dos gêneros musicais Rap e Trap, através da teoria das mediações. In: 42º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2019. p,1-15.

4 Dreher SC. A canção: um canal de expressão de conteúdos simbólicos e arquetípicos. Psicologia Argumento, 2005. v. 23, n. 42, p. 55-63.

5 Sousa Leandra Andréia de, Barros Nelson Filice de. Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde: avanços e desafios. Rev. Latino-Am. Enfermagem  [Internet]. 2018.  26: e3041.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
417
A MÚSICA É CAPAZ DE MELHORAR OS NÍVEIS DE ATENÇÃO AUDITIVA?
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


TÍTULO: A música é capaz de melhorar os níveis de atenção auditiva? INTRODUÇÃO: Trabalhos mostram que o sistema auditivo central está especialmente ligado ao desenvolvimento das nossas habilidades de linguagem e, consequentemente, as nossas relações sociais e comunicação verbal¹. Os Potencias Evocados Auditivos fornecem informações sobre o sistema auditivo como um todo, desde o sistema auditivo periférico até o sistema auditivo central, como os Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência (PEALL). Os PEALL são realizados para verificar os processos cognitivos da audição e a integridade das vias auditivas centrais, de forma clínica². Uma revisão de literatura realizada sobre artigos publicados que relacionavam a música e cognição, descreve estudos que comprovaram que quando a música está envolvida a facilidade para memorização é maior³. Outro estudo buscou comparar como os diferentes tipos de ritmos musicais influenciam no sistema auditivo. Como resultado, esse estudo mostrou que comparando os diferentes ritmos não houve mudanças significativas, mas quando comparado o grupo de mulheres que recebeu o estímulo da música e o que não recebeu, a música ajudou a manter a atenção das participantes que estava recebendo o estimulo, o mesmo não aconteceu com o grupo controle4. Nesse projeto, levantamos a seguinte questão: A música pode influenciar nos níveis de atenção auditiva? OBJETIVO: Verificar os efeitos da música sobre o processamento auditivo central. MÉTODOS: Foi analisada uma voluntária saudável jovem, com 25 anos de idade. O processamento auditivo central foi analisado por meio do PEALL. Quanto ao parâmetro de análise foi considerado como objeto de estudo o componente P3 (P300). A voluntária foi examinada em dois dias diferentes randomizados. Em um dia, as variáveis foram analisadas antes da exposição à música e imediatamente após a música por meio do fone de ouvido. Em outro dia, os mesmos procedimentos foram realizados, porém, com o fone de ouvido desligado. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética (processo n° 419/2012) e obedeceu à resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996. RESULTADOS: Analisando os dados do primeiro dia de coleta, observa- se que o estímulo potencializou a atenção do indivíduo, evidenciado pelo aumento dos valores de amplitude da onda P3. Na orelha esquerda, houve aumento próximo de 50%, ao passo que na orelha direita, o valor aumentou mais que 100%. A coleta referente ao segundo dia não foi possível análise devido aos artefatos excessivos da amostra. A pesquisa está em processo de desenvolvimento, por isso é apenas o resultado parcial. CONCLUSÃO: Nesse primeiro momento, observa- se que a resposta do individuo foi potencializada após a música, o que reforça nossa hipótese inicial de que a música é capaz de melhorar os níveis de atenção auditiva. Precisa-se de maior amostra para confirmar a hipótese.

1- VIVIANE, B. et al. Interaction Between Cortical Auditory Processing and Vagal Regulation of Heart Rate in Language Tasks: A Randomized, Prospective, Observational, Analytical and Cross-Sectional Study. Scientific reports, v. 9, n. 1, p. 4277, 2019.
2- DUARTE, Josilene Luciene et al. Potencial evocado auditivo de longa latência-P300 em indivíduos normais: valor do registro simultâneo em Fz e Cz. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 75, n. 2, p. 231-236, 2009.
3- PEDERIVA, Patrícia Lima Martins; TRISTÃO, Rosana Maria. Música e cognição. Ciências & Cognição, v. 9, 2006..
4- DE SÁ, Cintia Ishii; PEREIRA, Liliane Desguado. Musical rhythms and their influence on P300 velocity in young females. Brazilian journal of otorhinolaryngology, v. 77, n. 2, p. 158-162, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
480
A MUSICALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA NO ESTÍMULO DAS HABILIDADES DE PROCESSAMENTO AUDITIVO
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O processo de musicalização visa promover vivências dos elementos básicos da música, objetivando o desenvolvimento musical a partir das propriedades do som: altura (sons graves e agudos); intensidade (sons fortes e fracos); duração (sons curtos e longos) e timbre (identidade do som)(1-3). Nesse sentido, surge a importância da música como instrumento para o desenvolvimento do processamento auditivo, justamente porque as propriedades do som que é a base de todo fazer musical correspondem diretamente com as habilidades auditivas(4). Além disso, a música é um recurso lúdico para qualquer faixa etária que está presente no cotidiano das pessoas e gera efeitos positivos no cérebro, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, linguístico e psicomotor(5). Com isso, acredita-se que utilizar o ensino de elementos sonoros musicais para conscientização da função auditiva pode auxiliar na prática fonoaudiológica para estimulação das habilidades auditivas, principalmente em sujeitos com alterações no processamento da audição. Objetivo: Apresentar a musicalização como ferramenta coadjuvante à prática fonoaudiológica para estímulo das habilidades auditivas. Método: Foram elencadas as propriedades sonoras presentes na música que são comurmente utilizadas na pedagogia musical e correlacionadas aos objetivos da terapia do processamento auditivo. A partir do ensino de quatro propriedades básicas, o volume, o timbre, a duração e a altura, torna-se possível desenvolver respectivas metas terapêuticas para cada habilidade relacionada a esses elementos musicais. Dispondo da utilização de instrumentos musicais de fácil manuseio ou adaptados à rotina do profissional, é sucedida a efetividade na demonstração de tais propriedades. O volume desenvolve a capacidade de reconhecer o estímulo sonoro e reproduzi-lo conforme sua intensidade, o elemento timbre serve como identificador da diferença entre dois sons ou instrumentos. Com a duração se trabalha o tamanho do som, desde a distinção de sons curtos e longos até a divisão de sons dentro de uma pulsação em uma unidade de tempo e a altura promove a percepção da frequência de determinado som, o posicionamento das notas numa escala, referindo-se aos sons graves e agudos e toda gama de possibilidades sonoras entre eles(6). Resultados: O ensino das quatro propriedades sonoras citadas nesse trabalho, promove a realização de atividades que influenciam principalmente, no estímulo dos padrões temporais da audição (sequenciamento do som e aspectos suprassegmentais da fala) por meio da pulsação. Estimula ainda, o reconhecimento auditivo (padrões de frequência, intensidade e duração sonora) através dos elementos de altura, volume e duração ou divisão rítmica. Assim como, propicia a estimulação da discriminação auditiva (entre sons verbais e não verbais ou entre sons distintos) valendo-se do elemento timbre(4). Como consequência, reforça as funções de atenção seletiva e memória auditiva. Conclusão: A musicalização torna-se uma ferramenta coadjuvante ao trabalho fonoaudiológico, atuando na conscientização sonora e auxiliando na estimulação das habilidades do processamento auditivo. Esse recurso, pode ser inserido em ações da Fonoaudiologia no contexto educacional em paralelo as práticas pedagógicas musicais e sobretudo na reabilitação clínica audiológica dentre as atividades utilizadas no planejamento terapêutico individual.

Palavras-chave: Música, Audição, Percepção auditiva.

1 Brito Teca. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. 2ª edição. São Paulo: Peirópolis, 2011.

2 Mateiro T. Ilari B. (Org). Pedagogias em educação musical. Curitiba: Ibepex, 2011.
3 Jordão C, et al. (Org). A música na escola. São Paulo:Alucci & associados comunicações, 2012.

4 Louro V, Louro F. Avaliação Auditiva de Sequencia Sonoro Musical: um estudo piloto para validação de teste musical para pessoas com TEA. Revista música (Usp)15(1): 103- 125, 2015.

5 Casarotto FD, De Vargas LS, Mello-Carpes PB. Música e seus efeitos sobre o cérebro: uma abordagem da neurociência junto a escolares. Revista ELO–Diálogos em Extensão, v. 6, n. 02, 2017.

6 Louro Viviane. A educação musical unida à psicomotricidade para o neurodesenvolvimento de pessoas com TEA. Tese de Doutorado. Departamento de neurologia/neurociências: Unifesp, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
980
A OFERTA DO ENSINO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOS CURSOS DE FONOAUDIOLOGIA NO BRASIL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: a disciplina Língua Brasileira de Sinais (Libras) deve ser ofertada obrigatoriamente¹ durante a formação do fonoaudiólogo, em Instituições de Ensino Superior (IES) privadas ou públicas. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para as áreas da saúde² definem que a Libras pertence ao conjunto de temas transversais no currículo, na perspectiva de direitos humanos. Entretanto, os documentos oficiais não apresentam sugestões de carga horária (CH) total para o curso de Fonoaudiologia. Dada a relevância do conhecimento da estrutura e funcionamento da Libras aplicada às diversas possibilidades de intervenção, faz-se necessário discutir a sua implementação no curso de Fonoaudiologia. Objetivo: analisar a oferta e carga horária da disciplina Libras nos cursos de graduação em Fonoaudiologia no Brasil. Método: estudo documental do tipo descritivo. Realizou-se uma busca no site e-MEC, plataforma online do Ministério da Educação³, pelas IES que oferecem o curso de Fonoaudiologia no Brasil. Foram realizados acessos aos websites das IES para análise da matriz curricular de ensino dos cursos e seleção de todas as disciplinas que envolviam o ensino de Libras. Foram considerados cursos ativos e presenciais, desconsiderados cursos à distância ou que não estivessem em oferta no website da IES. Por serem dados públicos e extraídos de websites, a submissão ao comitê de ética em pesquisa foi dispensada. Os dados foram tabulados e analisados de forma descritiva, a partir da carga horária total, teórica e prática; semestre de oferta e tipo de IES. Resultados: Foram encontrados 134 cursos de graduação em Fonoaudiologia no Brasil. Após análise e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram considerados 83 cursos. Nove instituições não apresentaram em seus websites a grade curricular do curso. Logo, foram analisadas 74 matrizes curriculares. Dessas, 62 (83,7%) ofertaram disciplinas de Libras no ensino, sendo 40 IES privadas (64,5%) e 22 IES públicas (35,5%). 88% não apresentavam a CH teórica ou prática, apenas a CH total, média de 46 horas semestrais, para IES públicas e privadas. Entretanto, a carga horária total média de Libras durante a graduação é de 58 horas para as instituições privadas, 61 para instituições públicas e 59 em ambas. Cinquenta IES (80,6%) oferecem o ensino de Libras em apenas uma disciplina, nove (14,5%) ofertam em duas disciplinas, e quatro (6,45%) subdividem em três. Para as 13 IES que subdividem a disciplina, as CH mínima e máxima encontradas foram de 30 e 68 horas/semestrais e 60 e 126 horas/curso, respectivamente. A maioria das disciplinas é ofertada ao longo do primeiro ano do curso (n= 30 disciplinas; 27 IES). Para o segundo, terceiro e quarto ano foram encontradas 25, 16 e 7 disciplinas, respectivamente. Conclusão: 6,3% dos cursos de Fonoaudiologia não contemplam a Libras em sua matriz curricular. A CH média proposta é insuficiente para uma apropriação mínima para fins de intervenção em Fonoaudiologia⁴. Inserir esta disciplina somente no primeiro período entende-se como um dificultador para a aplicação do conhecimento, tal como propõe a legislação¹, que é o respeito ao direito a integralidade da atenção à saúde e à educação da pessoa surda.

1. Brasil. Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Brasília, 2005. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Brasília, 2005.
2. Brasil. Conselho Nacional de Saúde (CNS). Resolução nº 569 de 8 de dezembro de 2017. Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação da área da saúde. Disponível em: Acesso em: 29 jun 2020.
3. Guarinello AC, Berberian AP, Eyng DB, Festa PSV, Marques JM, Bortolozzi KB. A disciplina de Libras no contexto de formação acadêmica em fonoaudiologia. Rev. CEFAC [Internet]. 2013 Apr [cited 2020 June 25]; 15( 2 ): 334-340.
4. Brasil. Ministério da Educação. Portaria nº. 21, de 21 de dezembro de 2017. Dispõe sobre o sistema e-MEC, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação, avaliação e supervisão da educação superior no sistema federal de educação e o cadastro nacional de cursos e instituições de educação superior cadastro e-MEC. Diário Oficial da União 22 dez 2017; Seção 1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
491
A ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ACADÊMICO-CIENTÍFICOS E O PROTAGONISMO DISCENTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: Com o intuito de comemorar os 10 anos do Curso de Graduação em Fonoaudiologia de uma instituição de ensino superior, a I Jornada de Fonoaudiologia foi proposta por iniciativa discente da primeira liga acadêmica formada em 2018. A ação de extensão contou com a participação de todo o corpo docente e discente do curso. O evento foi gratuito e aberto a toda comunidade das instituições de ensino e a profissionais fonoaudiólogos e de áreas afins. A ação teve como objetivo integrar profissionais e acadêmicos, por meio de atividades científicas relacionadas às diversas áreas de atuação fonoaudiológica, com ênfase na interdisciplinaridade, contribuindo para a formação permanente dos profissionais fonoaudiólogos. OBJETIVO: Descrever a experiência oriunda do processo de organização de um evento científico por iniciativa discente. MÉTODO: Este estudo consiste em um relato de experiência do planejamento, organização e execução de um evento científico realizado em 2019. A Jornada foi financiada com contribuições da liga, da venda de camisas do evento, do patrocínio ou apoio de empresas locais. O projeto contemplou sete etapas descritas neste estudo: (1) idealização e planejamento realizado pela liga; (2) convite à docente para colaboração na organização; (3) aprovação da proposta no Departamento de ensino da instituição; (4) composição da equipe ampliada de discentes e docentes ; (5) divisão da equipe organizadora e ampliada em cinco grupos de trabalhos (GTs); (6) organização do evento por meio da divisão de tarefas entre os GTs; (7). execução do evento e avaliação. RESULTADOS: O planejamento e a organização foi realizado pela diretoria da liga e aprimorado com a participação da professora convidada. Após aprovação do projeto pelo Departamento, 7 docentes e 12 discentes foram incluídos na equipe. A equipe foi dividida nos GTs: gerenciamento (do cadastro do evento ao gerenciamento das inscrições e certificações); comunicação (divulgação do evento, produção da identidade visual do evento e de um documentário da história do curso e registro audiovisual); infraestrutura e logística (viabilização do financiamento e infraestrutura necessária); e programação científica (definição da programação e gerenciamento das atividades científicas). Na execução da Jornada a equipe foi reorganizada contemplando todas as demandas desde o credenciamento até a entrega do certificado aos convidados. O evento contou com cerimônia de abertura e encerramento, cinco mesas redondas com os temas: saúde mental, saúde auditiva, atualidades em fonoaudiologia hospitalar, atualidades em terapia fonoaudiológica e egressos do curso, além de uma conferência: fonoaudiologia e bioética. Houve a participação de 6 moderadores e 19 palestrantes e a participação de 92 inscritos. Durante e após o evento, convidados, participantes e membros da equipe expressaram sua avaliação positiva sobre o mesmo. CONCLUSÃO: O evento viabilizou um espaço de troca de experiências e aquisição de novos conhecimentos entre participantes e profissionais, com a discussão de temas pertinentes ao cenário atual da profissão. A experiência vivenciada proporcionou aos discentes o desenvolvimento de novas competências profissionais, como responsabilidade, trabalho em equipe e resolução de problemas. Além disso, abriram-se novas possibilidades de atuação no campo da saúde e da educação para esses futuros profissionais.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
590
A PARTICIPAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL NO INVESTIMENTO DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO GLOBAL DAS CRIANÇAS NO CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A primeira infância é considerada a base para o desenvolvimento cognitivo, motor e socioemocional da criança, pois é o período em que a neuroplasticidade está presente com grande intensidade, por tal motivo a criança deve ser permeada por uma grande variedade de experiências sensoriais, visuais, olfativas, auditivas e gustativas privilegiadas pelo brincar entre pares. A educação infantil tem o objetivo de estimular o desenvolvimento global da criança. O Centro Municipal de Educação Infantil surge como um lugar de inserção da criança em um mundo além de sua casa, iniciando a criança no espaço social e educacional, além disso, surge também como forma de auxiliar as famílias de baixa renda a terem um lugar seguro e confiável para seus filhos enquanto elas trabalham. Objetivo: Relatar a experiência de uma acadêmica de fonoaudiologia na área da fonoaudiologia educacional no investimento do brincar em um Centro Municipal de Educação Infantil. Método: Trata-se de um relato de experiência que aconteceu no período de março de 2020, ocorrido no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI). Onde foi possível observar e participar das atividades que as crianças desenvolveram no período da vivência. Quando chegam ao CMEI, as crianças fazem higienização das mãos com um pequeno auxílio da professora e lancham uma fruta, elas mesmas pegam seu prato e talher e colocam seu lanche, nesse momento é possível observar a estimulação da autonomia e a coordenação óculo-manual, em seguida, as crianças tem uma hora para brincar do que e com o que quiserem (áreas de interesse) deixar a imaginação fluir. Nesse momento é possível observar vários aspectos sendo estimulados, como a motricidade fina, coordenação motora, auto-regulação e socialização. Após esse momento, as crianças fazem novamente a higienização das mãos e começam a atividade dos sons, na qual as crianças tinham que identificar até dois sons em sua respectiva sequência; como por exemplo: batida de pés, de mãos e estalo de língua, essa atividade proporcionou a consciência fonológica, memória de curto prazo e a propriocepção e coordenação de partes do corpo. Em seguida a proposta do tanque de areia, onde as crianças vivenciaram estímulos sensoriais, motores e proprioceptivos. Após esse momento, as crianças voltaram para a sala e é iniciada uma história para estimular a memória de curto e longo prazo, linguagem nos aspectos receptivo e expressivo, porque as crianças escutam a história, participam fazendo perguntas e respondendo as questões que surgem a partir da história . Resultado: Foi possível observar que as crianças se envolviam e estavam familiarizadas com as atividades, também foi visto claramente que as estimulações cognitivas, motoras e socioemocionais na educação infantil surtem um efeito que favorece o desenvolvimento global na infância, enfatizando suas habilidades. Conclusão: As brincadeiras simbólicas se constituem como de grande importância para o desenvolvimento global das crianças, e para a inserção e interação delas para com o ambiente e com o outro.

Mendonça JA, Lemos SMA. Promoção Da Saúde e Ações Fonoaudiológicas em Educacão Infantil. Rev. CEFAC. 2011 Nov-Dez; 13(6):1017-1030.

Alves LM, Castro PFM, Rezende VXM. A contribuição da fonoaudiologia na educação inclusiva em escolas de educação infantil no município de Betim, MG. Rev. Tecer. 2008 Maio; vol. 1, nº 0.

Santos FR et al. Promoção da saúde e contribuições da fonoaudiologia no desenvolvimento psicomotor e linguístico na infância: relato de experiência. Distúrb Comum. 2019 Setembro 31(3): 446-453.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1469
A PARTICIPAÇÃO DO ALUNO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: a sociedade vive em constantes mudanças, que poderão refletir no contexto educacional e na formação do homem, requerendo diversas posturas e atitudes em relação à forma de aprendizagem, a fim de que se tornem sujeitos atuantes no processo e não apenas reprodutores do conhecimento. Objetivo: relatar o processo de construção de um livro didático, que envolve a participação de estudantes do curso de Fonoaudiologia, juntamente com profissionais em outros níveis de formação. Método: estudo descritivo que relata a participação do discente na elaboração de um material didático. Não foram necessários os processos éticos, uma vez que o estudo não envolve a participação de seres humanos. O livro FONOAUDIOLOGIA NO PRIMEIRO CICLO DE VIDA surgiu da necessidade em formar alunos de graduação, visando uma formação generalista quanto à atuação fonoaudiológica no primeiro ciclo de vida. Levando-se em consideração as premissas atuais sobre a necessidade do envolvimento de discentes no processo de construção de seu conhecimento, o livro, envolveu a participação de graduandos de Fonoaudiologia, pós-graduanda em Ciências da Reabilitação e de docentes dos referidos cursos. As etapas que fizeram parte deste trabalho foram: 1) Revisão da literatura no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem; 2) Estruturação e proposição do material didático; 3) Processo de busca por fomentos para a publicação do material; 4) Elaboração de conteúdos teóricos; 5) Acompanhamento do processo de construção, revisão e publicação. Resultados: Revisar a literatura referente ao processo ensino aprendizagem não foi uma tarefa fácil. Foram encontrados poucos estudos que abordassem a temática, a maioria descrevendo a vivência de alunos na formação de uma etapa pratica ou estudos que discorressem sobre relato de especialistas. Após o estudo das referências foi feito um processo de estruturação e proposição do material didático - livro. A próxima etapa foi o processo de busca por fomentos para a publicação e divulgação do material. Havia um edital aberto na universidade para publicação de livros digitais, o qual tínhamos capacidade de concorrer. Na sequência, entramos em contato com professores do curso de Fonoaudiologia e de Ciências da Reabilitação e os convidamos para fazer parte do livro. Iniciou-se a fase de elaboração de conteúdos teóricos - participaram 3 docentes, 1 pós-graduanda e 10 graduandos. Passamos então ao processo de adequação ao edital e às normas de publicação de livros da Editora. Esse trabalho foi realizado pelas organizadoras do livro (1 docente, 1 pós-graduanda e 1 graduanda) e, posteriormente enviado à uma revisora certificada para conferência linguística e normativa. Após a construção e revisão, o material foi enviado para análise de seu mérito, conforme cronograma do edital. Fomos agraciados com a aprovação, e, na sequência, passamos a conversar diretamente com a editora. Conclusão: Ao longo do processo educacional, o aluno vem assumindo diferentes funções na sala de aula, as quais permitem mais autonomia, ação e participação. A participação do aluno no processo de aprendizagem permite ao mesmo desenvolver-se de forma a se tornar um sujeito ativo de sua própria história e jornada acadêmica.

Palavras-chave: Aluno; Conhecimento de resultados; Fonoaudiologia; Aprendizagem; Métodos.


Silva MHFM. A formação e o papel do aluno em sala de aula na atualidade. Londrina, Out, 2011.

Chun RYS, Bahia MM. O uso do portfólio na formação em fonoaudiologia sob o eixo da integralidade. Rev. CEFAC, Out-Dez, 2009.

Baldoino AS, Veras RM. Análise das atividades de integração ensino-serviço desenvolvidas nos cursos de saúde da Universidade Federal da Bahia. Rev Esc Enferm USP, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1800
A PERCEPÇÃO DE HOMENS TRANS SOBRE A INFLUÊNCIA DA VOZ E DA COMUNICAÇÃO EM RELAÇÃO À EXPRESSÃO DE GÊNERO E ÀS INTERAÇÕES SOCIAIS.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A comunicação, verbal e não verbal, compreende um aspecto importante do comportamento humano e da expressão de gênero. Sendo a voz um fator marcante na percepção de gênero, a não conformidade da voz com a expressão do mesmo, pode gerar sentimentos de inadequação, tendo um potencial impacto psicossocial. Desse modo a não conformidade da voz com a expressão do mesmo, pode gerar sentimentos de inadequação, tendo um potencial impacto psicossocial1-4. Em decorrência disso as pessoas transexuais podem experimentar várias formas de angústia decorrentes de como elas se sentem em relação ao seu gênero, ou como seu gênero é lido socialmente4. Objetivo: Analisar a percepção de homens trans sobre a influencia da voz e da comunicação em relação à expressão de gênero e às interações sociais. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa de base teórico filosófica na hermenêutica dialética, orientada pela noção de performatividade de gênero. Para compreender como se dá a percepção dos homens trans sobre sua voz e comunicação em suas interações sociais, foram realizadas entrevistas abertas semiestruturadas, gravadas e posteriormente transcritas. Além disso, foi desenvolvido um diário de campo contemplando experiências e observações incorporadas às discussões do estudo. Foram entrevistados sete homens trans com idades entre 18 e 42 anos. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa. Resultados: A análise das entrevistas possibilitou o surgimento das seguintes categorias analíticas: 1. Conforto e segurança quanto à expressão social de gênero; 2. Importância da voz; 3. Voz e Hormonioterapia; 4. Autopercepção vocal x percepção do ouvinte; 5. Relações entre voz, saúde e interações sociais. Conclusão: Compreender a perspectiva dos homens trans sobre voz e comunicação, possibilita o desenvolvimento de abordagens de cuidado culturalmente competentes, evitando padrões normativos de gênero e a reprodução de estigmas, com compreensão e respeito às individualidades e diversidades em torno das masculinidades e das expressões de gênero. Essa reflexão tem potencial contribuição para a saúde coletiva, na busca por equidade e integralidade em saúde, oferecendo subsídios para que a fonoaudiologia possa contribuir para a autoestima, qualidade de vida e acesso à saúde integral para os homens trans no contexto brasileiro.

Referências:
1. Neumann K, Welzel C, Berghaus A. Operative voice pitch raising in male-to-female transsexuals. Eur J Plast Surg. 2002; (25):209-214.


2. Owen K, Hancock AB. The role of self- and listener perceptions of femininity in voice therapy. Int J Transgender. 2010; (12):272-284.


3. Hancock AB, Haskin G. Speech-Language Pathologists’ Knowledge and Attitudes Regarding Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, and Queer (LGBTQ) Populations. American Journal of Speech-Language Pathology 2015 May; 24, 206-221.


4. Azul, D. Transmasculine people's vocal situations: a critical review of gender-related discourses and empirical data. Int J Lang Commun Disord. 2015 Jan; 50(1):31-47.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1282
A PERSONALIDADE COMO UM FATOR ASSOCIADO À DISFONIA COMPORTAMENTAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Dentre os vários fatores que influenciam a produção vocal, as emoções vividas pelo indivíduo, e sua personalidade são características marcantes na maneira de comunicar-se1-2. De acordo com os estudos que envolvem comportamento vocal e personalidade, percebe-se que existe uma relação entre ambos os fenômenos, porém pouco se conhece desta relação. Objetivo: Investigar quais os fatores de risco e características de personalidade apresentam maior influência no desenvolvimento de uma disfonia comportamental. Metodologia: Estudo do tipo caso-controle e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem, parecer nº1.084.193/15. A amostra foi composta por 93 participantes com idades entre 18 e 60 anos, de ambos os sexos, divididos em dois grupos. O grupo caso (GCA) foi constituído por 52 participantes com disfonia e o grupo controle (GCO) foi constituído por 41 voluntários sem disfonia. A coleta de dados foi realizada em uma clínica-escola de Fonoaudiologia, no setor de Otorrinolaringologia de um hospital de referência e no ambulatório de Dermatologia e Nefrologia de um hospital universitário. Optou-se por selecionar esses últimos ambientes para coleta de dados, pois se compreende que pacientes atendidos nesses setores apresentam mínimos ou nenhuma relação com problemas vocais. Para coleta de dados, utilizou-se três questionários: o Protocolo de Triagem Vocal (PTV)3 e uma versão reduzida e validada do Inventário dos Cinco Grandes Fatores (ICG – 20)4. Para alocação dos sujeitos nos grupos, utilizou a Escala de Sintomas Vocais (ESV)5 como também foi realizada a gravação vocal e posterior análise perceptivoauditiva por meio da Escala Analógico-Visual (EAV), por juiz especialista em voz. Foi realizada a estatística descritiva e inferencial a partir do teste de Mann-Whitney e análise de Regressão Logística. Resultados: Os fatores de risco mais prevalentes no GCA foram falar muito, repouso inadequado e falar alto. Os mais comuns no GCO foram falar muito, falar alto e falar acima do ruído. Não foi visualizada diferença na comparação das médias dos grupos relacionada às características de personalidade. O modelo de regressão logística ajustado com as variáveis mais significantes resultou em uma estrutura contendo quatro fatores de risco para o desenvolvimento da disfonia, sendo dois vocais: repouso inadequado e cantar fora do tom e dois relativos às características de personalidade: extroversão e neuroticismo. É importante destacar atributos comuns a esses dois fatores que compõem a personalidade. A extroversão consiste em uma característica referente à forma de interação de um indivíduo com outros além disso, exprime a facilidade para se alegrar. Já o neuroticismo diz respeito a forma do indivíduo reagir a situações de sofrimento emocional estando relacionado aqueles sujeitos emotivos, inseguros ou com ideia irrealista6. A literatura2,7 aponta que indivíduos disfônicos, especificamente com nódulos vocais, foram descritos como socialmente dominantes, reativos e estressados, particularidades relacionadas a traços de extroversão e neuroticismo encontradas neste estudo. Conclusão: O modelo estatístico mais ajustado e adequado afirma que quatro fatores são de risco para o desenvolvimento da disfonia, dois relacionados à voz repouso inadequado e cantar fora do tom e os outros dois relativos às características de personalidade extroversão e neuroticismo.


1. Dietrich M, Verdolini ABBOTT K, Gartner-schmidt J, Clark A, Rosen CA, The Frequency of Perceived Stress, Anxiety, and Depression in Patients with Common Pathologies Affecting Voice. J Voice. 2006;22(4): p.472-88.
2. Roy N, Bless DM, Heisey D. Personality and voice disorders: A multitraitmultidisorder analysis. J voice. 2000;14(4):521-48.
3. Almeida AAF, Fernandes LR, Azevedo EHM, Pinheiro RSA, Lopes LW. Características vocais e de personalidade de pacientes com imobilidade de prega vocal. CoDAS. 2015;27(2):178-85.
4. Barbosa AAG. Modelo hierárquico de fobias infanto-juvenis: testagem e relação com os estilos maternos. João Pessoa. Tese [Pós-Graduação em Psicologia Social] - Universidade Federal da Paraíba, 2009.
5. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. CrossCultural Adaptation, validation, and cutoff values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-468.
6. Friedman HS, Schustack MW. Teorias da personalidade. Da teoria clássica à pesquisa moderna. 2. ed. São Paulo: Prentice Hall; 2004.
7. Roy N, Bless DM. Personality traits and psychological factors in voice pathology: a foundation for future research. J Speech Lang Hear Res 2000; 43(3):737-48.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
994
A PRANCHA DE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E /OU ALTERNATIVA (CSA) NO CONTEXTO ESCOLAR: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO:O acesso e a participação significativa, no contexto escolar, de pessoas consideradas deficientes que apresentam oralidade restrita desafia o desenvolvimento de formas alternativas de comunicação, interação e aprendizado Nesse sentido, a utilização de abordagens e estratégias de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) em especial, da prancha de comunicação alternativa (PCA) pode ser um recurso mediador nas interlocuções estabelecidas por tais pessoas neste contexto e assim, potencializar a apropriação dos conhecimentos escolares(1--3). Destaca-se a necessidade de pesquisas que analisem como a produção de conhecimento nacional aborda tais aspectos OBJETIVO:: Analisar parte da produção do conhecimento científica acerca das concepções, finalidades, modos de construção e de uso da prancha de comunicação alternativa no contexto educacional. MÉTODO:  Trata-se de uma revisão integrativa que buscou identificar e analisar artigos publicados em periódicos indexados em bases de dados nacionais e internacionais. Para o levantamento dos artigos, realizou-se a busca nas bases Lilacs, Scielo, Eric, Pubmed, Scholar cujos descritores utilizados foram combinados tanto na língua portuguesa (Brasil), quanto inglesa. A partir dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 11 artigos que passaram a compor o corpus de análise. RESULTADOS: Quanto à concepção da PCA os participantes referiram ser instrumento/código de comunicação e expressão (54%) ou recurso linguístico mediador das interações (45%). Acerca das pessoas envolvidas com a construção da mesma foram referidos professores do ensino regular (18%), professores do ensino especial (9%), professores do atendimento educacional especializado AEE (9%), fonoaudiólogos (18%), profissionais da equipe técnica (18%), sem resposta (7%). Dentre as finalidades atribuídas à PCA nota-se atender necessidades básicas da vida diária (36%), promover interação (54%), aprendizagem escolar (54%), facilitar a comunicação (54%) e desenvolver linguagem oral (27%). Conclusão: Pode-se constatar nos artigos analisados o predomínio de uma concepção da PCA como código/instrumento de comunicação e expressão. Destaca-se a necessidade do implemento de novos estudos que abordem tal recurso a partir de um referencial teórico que conceba a PCA como recurso linguístico mediador das interações estabelecidas entre professores e alunos e que ofereça elementos teórico-práticos para que a construção da mesma seja realizada com a participação da pessoa/aluno com restrições de fala e de seus principais interlocutores e que contribua, especialmente, para a promoção dos processos de ensino-aprendizagem.

1. Bueno JGS. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalistas ou especialistas? Rev. Bras Educ. Espec. 1999;03(05):07–25.
2. Carnevalle LB, Berberian AP, Moraes PD de, Krüger S. Comunicação alternativa no contexto educacional: Conhecimento de professores. Rev. Bras. Educ. Espec. 2013;19(2):243–56.
3. Krüger SI, Berberian AP, Silva SMOC da, Guarinello AC, Massi GA. Delimitação da área denominada comunicação suplementar e/ou alternativa (CSA). Rev. CEFAC. 2017;19(2):265–76.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2022
A PRÁTICA EXTENSIONISTA NA ESCOLA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


A PRÁTICA EXTENSIONISTA NA ESCOLA EM TEMPOS DE PANDEMIA

INTRODUÇÃO: A experiência extensionista visa uma interrelação entre a academia e a sociedade. Por um lado, transfere o conhecimento acumulado em ensino e pesquisa para as necessidades da sociedade e, por outro, prepara o aluno em formação para o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais vinculadas à realidade na qual está inserido, contribuindo para ampliação da sua visão acadêmica. Neste sentido, a extensão deve ocorrer pela e na sociedade. No caso específico aqui relatado, de um projeto de extensão em Fonoaudiologia Educacional que atua em uma escola de ensino fundamental com vistas ao aprimoramento das habilidades de linguagem oral e escrita por meio de atividades lúdicas, a atuação do graduando na escola é imprescindível para a execução das ações traçadas. No entanto, com o advento da pandemia de COVID-19, todos os setores tiveram de se reinventar e buscar alternativas para o cumprimento de seus objetivos. Neste sentido, o projeto se adaptou à nova situação e buscou novas formas de interagir com a comunidade escolar.
OBJETIVO: Descrever alternativas de atuação de um projeto de extensão desenvolvido em uma escola de ensino fundamental em tempos de pandemia.

METODOLOGIA: A proposta do projeto de extensão é a atuação junto à comunidade escolar por meio da execução de oficinas lúdicas na área de linguagem. Com a pandemia e o necessário isolamento social, com suspensão das atividades escolares, as ações ficaram estagnadas. Porém, com o tempo e o ajuste das atividades, a escola criou um perfil em uma rede social com a finalidade de congregar a comunidade escolar e estabelecer/manter um vínculo dos alunos com as atividades acadêmicas. Neste contexto, o projeto de extensão começou a desenvolver posts com sugestões de atividades que poderiam ser realizadas em casa, com a família, e cujos objetivos privilegiavam as metas propostas pelo projeto.

RESULTADOS: A aceitação foi imediata e os posts publicados na rede social da escola rende muitos likes tanto de professores como de pais e alunos, inclusive daqueles que comumente não são atendidos pelo projeto. A experiência também possibilitou, além do contato extensionista da academia com a escola, a possibilidade de aprofundamento dos voluntários sobre o tema do projeto, ao pesquisarem brincadeiras que poderiam ser inseridas neste contexto. A adaptação e a flexibilidade vivenciadas, muito embora não se possam comparar as experiências presenciais oportunizadas pelo projeto com as atividades agora executadas, demonstram que é possível fazer extensão mesmo em situações adversas, mantendo o vínculo necessário entre a academia e a sociedade.

CONCLUSÃO: A pandemia de COVID-19 alterou o modus operandi de diversas atividades acadêmicas. A extensão, pelo seu necessário contato com a sociedade, precisou se reinventar, mas a criatividade produziu experiências cujos resultados só poderão ser mensurados em um futuro próximo, mais seguro quanto à possibilidade de execução das ações.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2030
A PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA DESENVOLVIDA NO SASA – JOINVILLE: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACADÊMICA
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
89210300


INTRODUÇÃO: A Formação do fonoaudiólogo é pautada em uma atuação generalista e científica, desta forma, torna-se necessário durante a graduação em fonoaudiologia, o desenvolvimento de habilidades e competências para a compreensão e integração do conhecimento com as vivências práticas. Nesta perspectiva, os estágios curriculares contribuem na aquisição de experiências profissionais variadas e permitem a correlação entre teoria e prática nos atendimentos.

OBJETIVO: Apontar a atuação profissional vivenciada pelos acadêmicos de Fonoaudiologia da Faculdade IELUSC no Serviço Ambulatorial de Saúde Auditiva (SASA) de Joinville, durante o estágio supervisionado de Audiologia II e Audiologia Infantil no período de agosto a dezembro de 2019.

MÉTODO: Este trabalho foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa sob o Parecer de n. 3.769.921. Os dados foram coletados durante o estágio e registrados em planilhas internas do serviço. Foram analisados dados de sexo, idade, diagnóstico audiológico, conforme tipo, grau e lateralidade da perda auditiva, modelo de prótese auditiva utilizada, queixas, procedimentos e condutas realizadas durante o estágio.

RESULTADOS: Dos 81 pacientes atendidos, 52% eram mulheres e 48% homens. Quanto à idade, 7% tinham entre 0 a 20 anos, 41% entre 21 a 60 anos e 52% tinham 61 anos ou mais. Referente às características audiológicas, 58% apresentaram perda auditiva sensorioneural, 27% mista, 14% tipos combinados de perda auditiva, 1% apresentaram audição normal. Quanto ao grau, 3% apresentaram grau leve, 17% grau moderado, 12% moderadamente severo, 16% severo e 4% apresentaram grau profundo; ainda, 15% apresentaram grau moderado em uma orelha e moderadamente severo na outra e outros 33% tinham perdas assimétricas em graus combinados variados. A classificação do grau está baseada em Lloyd e Kaplan (1978). Dos tipos de AASI utilizados pelos pacientes, 67% eram retroauricular, 15% intracanal, 13% adaptação aberta, 4% utilizavam receptor no canal e 1% utilizava intracanal na OD e retroauricular na OE. Quanto a lateralidade dos AASI, 90% utilizavam prótese auditiva bilateral, 6% unilateral na OE e 4% unilateral na OD. Em relação aos procedimentos realizados: 46% foram acompanhamentos de usuários de AASI, 42% foram adaptação de AASI, 7% foram reavaliações para reposição de AASI e 5% foram avaliações com exames eletrofisiológicos (PEATE). Durante os acompanhamentos as queixas apresentadas incluíram falha técnica em 26% dos relatos, amplificação insuficiente em 16%, tubo, gancho ou moldes danificados em 15%, perda do AASI em 13%, microfonias e distorções sonoras em 8% e, queixas variadas em 22%.

CONCLUSÃO: O estágio supervisionado em Audiologia II e Audiologia Infantil vivenciado no serviço público (SUS) de Joinville permitiu ao acadêmico de Fonoaudiologia do IELUSC uma vivência profissional diversificada e enriquecedora. A atuação direta no SASA e o constante contato com a equipe técnica do serviço contribuiu para o aprendizado da Audiologia e áreas correlatas, favorecendo a formação de profissionais com experiência em biossegurança, ética profissional, atuação multidisciplinar e interdisciplinar e humanização, além das práticas e princípios que envolvem o SUS. Desta forma, o campo de estágio em foco é considerado um diferencial na formação fonoaudiológica do IELUSC.

GONÇALVES, Renata da Silva et al. Percepção de alunos de graduação em fonoaudiologia sobre o atendimento fonoaudiológico na área da surdez. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 21, n. 1, 2019. Disponível em: . Acesso em: 28/05/2020.

LIMA, Bárbara Patrícia da Silva; VILELA, Rosana Quintella Brandão. Características e desafios docentes na supervisão de estágio em fonoaudiologia. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 16, n. 6, p. 1962-1971, Dec. 2014 . Disponível em: . Acesso em: 28/05/2020.

QUEIROZ, Moisés Andrade dos Santos de et al. Estágio curricular Supervisionado: percepções do aluno-terapeuta em Fonoaudiologia no âmbito hospitalar. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 135-143, Feb. 2013 . Disponível em: . Acesso em 28/05/2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
177
A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA DISCIPLINA FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A doença COVID-19, que compromete a função respiratória, surgiu na cidade Wuhan na China. A transmissão acontece, sobretudo, de pessoa a pessoa e tornou-se uma pandemia gerando um alerta em todos os países. A fim de evitar a alta transmissibilidade, pessoas de todo o mundo precisaram passar por diversas adaptações devido ao confinamento e distanciamento social. Dentre elas estão inclusos o estudo e o trabalho remoto. Tais adaptações atingiram, também, os profissionais de fonoaudiologia que atuam na docência do ensino superior. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada durante a elaboração de atividades alternativas, em meio à pandemia, referente ao conteúdo da disciplina disfagia, do curso superior em fonoaudiologia de uma instituição privada do município de Belo Horizonte. Metodologia: Para segurança de professores e alunos e atendendo às recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Educação, as aulas passaram a acontecer via plataforma Zoom. Após reuniões, os docentes combinaram que toda a teoria e procedimentos da prática seriam passados de forma diversificada e atrativa aos alunos. Foram abordados conteúdos como adequada assepsia, paramentação, desparamentação, leitura e análise de prontuários, condutas terapêuticas em disfagia e elaboração de espessantes caseiros a partir do documento ESPESSANTES CASEIROS MANUAL DO USUÁRIO/CUIDADOR, disponibilizado pela Prefeitura de Belo Horizonte. As estratégias foram quiz interativo, treinamento utilizando materiais que os estudantes possuíam dentro de suas próprias casas (jaleco, sacolas plásticas, alimentos), apresentação de vídeos de pacientes com sinais e sintomas de disfagia (imagens autorizadas), análise de exames de videofluoroscopia da deglutição e, orientação para construção de vídeos simulando atendimentos que exigem praticar os conteúdos supracitados. O intuito dos docentes ao apresentarem a ideia de utilizar instrumentos de casa para simularem os instrumentos originais no atendimento hospitalar, ocorreu visando evitar a compra desnecessária de Equipamentos de Proteção Individual e a acessibilidade, considerando que a turma reúne discentes de diferentes contextos sociais. Resultados: Verificou-se que a junção de ideias a respeito de atividades alternativas para alunos do curso superior em fonoaudiologia em meio à pandemia, fortaleceu o trabalho em equipe, possibilitando a troca de saberes entre professores, viabilizou uma nova e atrativa ferramenta pedagógica, que é utilizar recursos simples e disponíveis no ambiente domiciliar favorecendo a participação da simulação de atendimento em disfagia e, posteriormente, observou-se a satisfação dos discentes e seus resultados extremamente positivos na avaliação formal da disciplina que ocorre no fim de cada semestre letivo. Conclusão: A elaboração de atividades alternativas em meio à pandemia possibilitou uma troca de saberes entre professores e alunos e a ideia da simulação com recursos que podem ser encontrados dentro de casa, tornou todo o processo verdadeiramente inclusivo. Atividades como estudo e trabalho precisaram passar por readaptações frente ao Covid-19. Mesmo que as atividades presenciais não podem ser definitivamente substituídas pelo método remoto, uma vez articuladas agrupando ideias e mecanismos atrativos, podem se tornar boas ferramentas pedagógicas até que a situação de pandemia seja controlada em todo o mundo promovendo aos discentes uma experiência que os aproximem da realidade clínica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1454
A PREVISIBILIDADE DAS SENTENÇAS DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DA FALA NAS DISARTRIAS: CORRELAÇÃO COM O DISCURSO ORAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


A PREVISIBILIDADE DAS SENTENÇAS DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DA FALA NAS DISARTRIAS: CORRELAÇÃO COM O DISCURSO ORAL

INTRODUÇÃO: Medidas de inteligibilidade da fala são utilizadas no âmbito clínico e científico como medidas de resultado, por seu potencial para sinalizar a evolução de determinadas condições neurológicas, a eficácia ou os efeitos adversos de novos tratamentos para essas doenças. No Brasil e internacionalmente, dos poucos instrumentos padronizados para avaliar esse aspecto, ressalta-se o Protocolo de Avaliação da Inteligibilidade da Fala nas Disartrias (PAIF)(1,2). Embora alguns estudos com o PAIF tenham relevado sua validade(3), estudos adicionais ainda são necessários para seu uso na clínica fonoaudiológica. OBJETIVO: Analisar a previsibilidade das sentenças de discursos orais semiespontâneos, e investigar a validade de conteúdo do PAIF analisando a correlação existente entre a previsibilidade dessas sentenças e a lista de sentenças do PAIF. MÉTODO: Realizou-se um estudo descritivo-analítico do tipo transversal. Foram recrutados 96 adultos neurologicamente saudáveis. Todos os participantes passaram por um um screening por meio do Teste Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e o Subteste de compreensão de leitura de sentenças e parágrafos do Teste de Boston para Diagnóstico das Afasias. Cada um deles preencheu graficamente lacunas correspondentes a palavras de classe aberta omitidas de uma lista de sentenças. Ao todo, 80 sentenças distribuídas em doze listas obtidas de um corpus de discurso oral semiespontâneo coletado de falantes nativos do Português Brasileiro foram utilizadas. Os participantes foram aleatoriamente divididos em doze grupos de oito indivíduos cada, e cada um preencheu somente uma lista. Calculou-se a previsibilidade das sentenças pela porcentagem média de acertos de todas as palavras-alvo que compunham cada sentença. Tais sentenças foram classificadas de acordo com o nível de previsibilidade proposto em estudo anterior do PAIF(4). Analisou-se correlação entre o índice de previsibilidade dos dois corpus de sentenças por meio do teste de correlação de Spearman. RESULTADOS: Do total de 80 sentenças analisadas do discurso semiespontâneo, 80% foram classificadas no nível baixa previsibilidade, 7,5%, no nível média previsibilidade, e 12,5%, no nível alta previsibilidade. As sentenças do discurso oral semiespontâneo obtiveram previsibilidade média de 34,0% (DP= 20,6), diferindo em 7,8% da previsibilidade média encontrada do PAIF (41,7%)(4). A maioria das sentenças de ambos os corpus se enquadrou no nível baixa previsibilidade (PAIF= 60%; discurso= 80%). Ao realizar o teste de correlação de Spearman, não foi encontrada correlação do índice de previsibilidade das sentenças nos dois corpus analisados (ρ= 0,136; p= 0,52). Ao comparar os níveis de previsibilidade das sentenças do discurso semiespontâneo com as sentenças do PAIF(4), sentenças de baixa e de alta previsibilidade foram mais frequentes no discurso oral e sentenças de média previsibilidade foram mais frequentes no PAIF. CONCLUSÂO: A previsibilidade de sentenças produzidas em situações de fala semiespontânea por falantes nativos do português brasileiro é reduzida, em comparação com o nível de previsibilidade das sentenças do PAIF. Ajustes nas frases utilizadas no subteste de sentenças são indicados no intuito de ampliar sua validade de conteúdo.

1. Barreto SS. Protocolo de avaliação da inteligibilidade da fala nas disartrias: evidências de fidedignidade e de validade [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 2012.
2. Barreto SS. Ortiz KZ. Inteligibilidade: efeitos da análise de transcrição e do estímulo de fala. Pró-Fono R Atual Cient. 2010;22(2):125-30.
3. Urbina S. Fundamentos da testagem psicológica. Traduzido por Cláudia Dornelles. Porto Alegre: Artmed; 2007.
4. Alexandre E, Barreto SS, Ortiz KZ. Preditividade das sentenças do protocolo de avaliação da inteligibilidade da fala nas disartrias. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(2):119-23.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
993
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTONO PROGRAMA DE DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ: ANÁLISE DE DISSERTAÇÕES E TESES (1999-2020)
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O Programa de Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná, desde a sua primeira dissertação defendida, em 1999, vem promovendo a formação de pesquisadores de diferentes Estados do país, assumindo um papel relevante na produção de conhecimentos relacionados à Fonoaudiologia e áreas afins. Após duas décadas de existência do Programa, faz-se necessário o implemento de estudos que analisam a produção do conhecimento que permitam apreender um panorama geral dos domínios de investigação priorizados, uma síntese aprofundada em torno dos saberes construídos, bem como a identificação de novos campos de estudo (1-3).. Objetivo: Analisar a produção do conhecimento vinculada ao Programa de Distúrbios da Comunicação da UTP, no período de 1999 até 2020, enfocando a sua distribuição em torno dos seguintes aspectos: nível de formação (mestrado ou doutorado); total geral e por áreas de investigação, bem como, formação acadêmica/profissional básica dos mestres/doutores autores das dissertações e teses. Método: Esse estudo exploratório e longitudinal, de caráter quanti-qualitativo, foi realizado a partir de análise documental. O corpus consiste nas dissertações/teses defendidas no referido Programa nestes 21 anos. Para levantamento do corpus foram consultados os currículos,na Plataforma Lattes/Cnpq, dos orientadores vinculados ao Programa desde 1999, bem como, banco de dados da UTP. Para organização dos resultados foram delimitadas três grandes áreas que contemplam de Concentração e as Linhas de Pesquisa estruturantes do Programa, sendo elas:Linguagem; Audiologia e Voz/Motricidade Oral/Disfagia. Para tanto, foram lidos os títulos e resumos dos trabalhos. Resultados: No período delimitado, foram defendidos 286 trabalhos, 89,1% (255) dissertações de mestrado e 10,8%(31) teses de doutorado. Deste total, 40,5% (116) abordam as áreas de Audiologia; 30,7% (88) Linguagem e 28,6% (82) Voz/Motricidade Oral/Disfagia. A prevalência quanto à formação básica dos mestrandos e doutorandos é a Fonoaudiologia, com 67,8% (194), seguido de Enfermagem, com 9,7% (28); profissionais que atuam na Educação, com 8,7%(25), bem como, outras profissões da saúde 10,1% (29) (Fisioterapia, Psicologia, Odontologia e Medicina) e 3,4% outras área.Conclusão: O estudo apontou uma produção equilibrada entre as áreas e para o fato de que, embora predomine autores da área da Fonoaudiologia, o Programa tem contribuído na formação de pesquisadores inseridos em outros campos da saúde e da Educação contribuindo para a sistematização de abordagens inter e multidisciplinares acerca das temáticas que orientam suas Linhas de Pesquisa. A partir dos resultados obtidos foi possível verificar a necessidade do implemento de novas etapas desse estudo que permitam analisar outros aspectos que caracterizam tal produção. Pode-se ainda, apreender elementos para uma análise criteriosa da Produção do Programa e, assim, para o estabelecimento de metas e prioridades que permitam a ampliação de seus domínios de investigação .

1.DANUELLO, J. . Estudo da produção científica dos docentes de pós graduação em Fonoaudiologia, no Brasil, para uma análise do domínio. 2014. 163 f. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília, 2014.
2.BERBERIAN, A. P. et al. A produção do conhecimento em fonoaudiologia em comunicação suplementar e/ou alternativa: análise de periódicos. Rev. Cefac, São Paulo, v. 11, supl. 2, p. 258-266, 2009.
3.WUO, A. S. Educação de pessoas com transtorno do espectro do autismo: estado do conhecimento em teses e dissertações nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (2008-2016). Saúde Soc., São Paulo, v.28, n.3, p.210-223, 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2054
A PROSÓDIA EMOCIONAL NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: RELATO DE CASO
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social e no comportamento¹. Crianças com TEA apresentam habilidades de linguagem verbais e não verbais prejudicadas, além de déficits no reconhecimento de emoções nas modalidades de face, prosódia emocional e comunicação corporal, quando comparados a crianças com desenvolvimento típico². Aos cinco meses de idade, as crianças já são capazes de discriminar prosódia emocional de alegria, tristeza e raiva na voz de sua mãe. Contudo, essa habilidade pode ser prejudicada no TEA, principalmente a dificuldades nas questões pragmáticas da língua³ʾ⁴. Objetivo: Verificar o desempenho de prosódia emocional de um paciente com Transtorno do Espectro Autista. Metodologia: O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética da Instituição de origem, sob o registro 3.520.561. Caracteriza-se como um estudo de caso de natureza descritiva, observacional e qualitativa. Um paciente de 11 anos do sexo masculino com diagnóstico de TEA com grau leve, com queixas da comunicação, principalmente na dimensão pragmática. O paciente foi submetido a uma avaliação da prosódia emocional, por meio do protocolo Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação breve (MAC B). Durante a aplicação, o examinador contava situações que necessitaria da produção de três entonações diferentes (alegria, tristeza e raiva) pelo paciente, este era orientado a ler a frase alvo com a entonação que exprimisse o sentimento expresso pela história. Resultados: Em relação aos achados da avaliação foi possível avaliar a produção espontânea de características prosódicas indicativas das emoções raiva, alegria e tristeza; as emissões foram analisadas de acordo com a classificação das curvas prosódicas inapropriadas (0), com pouca entonação, mas com reconhecimento possível do sentimento (1) e normais, com reconhecimento preciso de cada entonação (2). O total de cada classificação também foi obtido (máximo de 6 pontos, 2 pontos para cada situação). Nas três situações (alegria, raiva e tristeza) o paciente obteve 1 ponto em cada item, obtendo o total de 3 pontos,

indicando que o participante avaliado reconheceu o sentimento de cada situação, mas obteve uma curva prosódica com pouca entonação. Conclusão: Desta forma, neste estudo de caso, a criança com TEA tem um desempenho de prosódia emocional inferior aos dos indivíduos com desenvolvimento típico. No caso avaliado, houve o reconhecimento emocional, mas não foram produzidos os ajustes prosódicos necessários para cada situação. Ressalta-se que a gravidade do TEA e os prejuízos linguísticos podem provocar alterações na prosódia emocional, o que evidencia uma variabilidade nesse aspecto no espectro autista. Desse modo, essa habilidade deve ser observada durante a intervenção fonoaudiológica e estimulada para melhorar a capacidade expressiva de pessoas com TEA.

1. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed.Artmed, 2014.

2. Klin Ami. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Rev. Bras. Psiquiatr. 2006; 28( Suppl 1 ): s3-s11.

3. Zuanetti Patrícia Aparecida, Silva Kelly da, Pontes-Fernandes Ângela Cristina, Dornelas Rodrigo, Fukuda Marisa Tomoe Hebihara. Características da prosódia emissiva de crianças com transtorno do espectro autista. Rev. CEFAC . 2018; 20 (5).

4. Olivati Ana Gabriela, Assumpção Junior Francisco Baptista, Misquiatti Andréa Regina Nunes. Análise acústica do padrão entoacional da fala de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Rev. CoDAS.; 29( 2 ).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1612
A PROSÓDIA NA ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA DE CONVERSAÇÕES DE SUJEITOS AFÁSICOS
Tese
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Este estudo volta-se para a investigação da ênfase, elemento prosodicamente constituído, na organização discursiva em conversações espontâneas. A ênfase investigada neste estudo, na perspectiva da Teoria Interacional da Entoação (TIE)1 e da Análise da Conversação (AC)2, considera que as duas propostas teóricas adotam um estudo da fala que contempla o caráter pragmático-discursivo, sem, contudo, se desvincular das questões gramaticais que acompanham a linguagem oral. Na afasia - alteração que pode prejudicar a compreensão e a produção de linguagem oral e escrita, resultante de lesão neurológica, ocasionada por tumores, acidentes vasculares ou traumas cranioencefálicos3, o falante sente dificuldades em compreender e/ou expressar, pela fala e/ou escrita, o conteúdo pretendido devido à alteração de linguagem. OBJETIVO: Identificar os recursos prosódicos na organização discursiva, com atenção especial dispensada à entonação, em conversações espontâneas dos sujeitos afásicos, o estudo tem como foco analisar a ênfase, sob a ótica da Teoria Interacional da Entoação (TIE)1 e da Análise da Conversação (AC)2. MÉTODO: O estudo foi realizado em um grupo de convivência de afásicos. Participaram quatro sujeitos afásicos (três do sexo masculino e um do sexo feminino). A coleta dos dados ocorreu durante as conversações espontâneas destes participantes com os seus interlocutores durante um período de 8 meses de encontros semanais de cerca de duas horas, cada. Os dados da conversação foram gravados em áudio e/ou vídeo sem tratamento antirruído. As informações prosódicas foram transcritas conforme a AC e a TIE e no contexto da conversação, as palavras psicoacusticamente interpretadas como as portadoras da ênfase foram recortadas e submetidas à análise acústica por meio do software PRAAT. Este estudo recebeu parecer ético de aprovação sob o nº 679.517. RESULTADOS: Os afásicos organizaram suas conversações usando recursos previstos pela Análise da Conversação como tomadas e assaltos de turnos, repetições/retomadas, hesitações, e ainda os elementos prosódicos como pausas, entoação, alongamentos que indicam ênfase. Da Teoria Interacional da Entoação verificaram-se unidades tonais, pausas, proeminências e diferentes tons. A análise acústica do espectrograma gerado no software PRAAT revelou que o contraste entre palavras retomadas no discurso sofreu não somente os alongamentos vocálicos, comprovados pelo aumento na duração da sílaba, mas também a variação no pico da F0 e da intensidade serviram para comprovar a geração de novos significados à mesma palavra repetida. CONCLUSÃO: Os correlatos acústicos (duração, intensidade e F0), os recursos prosódicos sob a ótica da TIE (unidades tonais, pausas, proeminências e tons) e os recursos prosódicos sob a ótica da AC (turnos, pausas, ênfase, entoação, alongamentos, repetições/retomadas, hesitações) somados contribuíram para a conclusão de que a conversação do afásico não deve ser vista como uma atividade monótona ou aprosódica. Além disso, é correto afirmar que a ênfase, na fala dos sujeitos analisados, é um dos recursos norteadores de seu discurso, tanto em termos expressivos quanto compreensivos. Assim, sugere-se que o trabalho com a prosódia seja mais um recurso utilizado no processo de reorganização da linguagem do afásico na prática clínica fonoaudiológica, uma vez que, dentre outros aspectos, uma das maiores demandas desse sujeito é a reinserção social.

1. Brazil D. The communicative value of intonation in English. Birmingham: English Language Research (Discourse Monographs Series, 8); 1985.
2. Marcuschi LA. Análise da Conversação. São Paulo: Ática; 1986.
3. Novaes-Pinto R. Cérebro, linguagem e funcionamento cognitivo na perspectiva sócio-histórico-cultural: inferências a partir do estudo das afasias. Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 47, n. 1, p. 55-64, 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1820
A PROSÓDIA NA RÁDIO UNIVERSITÁRIA CAPIXABA: DESCRIÇÃO DO PERFIL DE QUALIDADE VOCAL DE LOCUTORES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: No contexto de rádio universitária, ensino, pesquisa e extensão engendram o contexto multiprofissional e neste espaço a fonoaudiologia debruça sobre o profissional da voz1,2. Detalhar o perfil de qualidade vocal dos estudantes de comunicação permite projetarmos perspectivas da variedade de condições vocais empregadas pelo locutor congregados em possíveis efeitos na transmissão da informação3. Destarte, a esta ocasião, evidenciar diferentes condições de ajustes de trato vocal a congregar a esfera laríngea (ajustes fonatórios), supralaríngea (ajustes articulatórios) e de tensão muscular (ajustes de tensão) nesta população alicerça elucubração e balizadores a estratégias de ensino a estudantes de fonoaudiologia conquanto estudantes da área de comunicação nesta universidade4. Objetivos: Investigar a qualidade vocal de locutores de rádio universitária capixaba, a partir de um modelo fonético de análise perceptivo-auditiva de fala. Métodos: Estudo transversal. Análise por meio de julgamento perceptivo-auditivo de arquivos de transmissão da rádio produzidos por acadêmicos da área de comunicação que atuam na rádio universitária. Arquivos audiogravados estão disponíveis em plataforma digital Mixcloud, de livre acesso, cunho jornalístico e informativo. Destarte, a este momento, por tratar-se de arquivos sonoros disponíveis em plataformas de streaming de livre acesso, não demandou submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. O corpus constou de locuções de 34 adultos, estudantes do programa de radialismo, do gênero masculino e feminino, com durações de pelo menos 1 minuto cada trecho. Foram analisadas por meio do instrumento VPAS-PB, planilhadas a detalhar conforme ocorrência de ajuste glótico, supraglótico e de tensão muscular e planilhados4. Perquirição estatística, conforme condições de agrupamento de ajustes de qualidade vocal, permitiram discutir tendências e influências consoantes com pressupostos do modelo fonético adotado, especificamente a conjectura de susceptibilidade e combinabilidade de ajustes. Resultados: Diminuição de extensão de articuladores (lábios, língua e mandíbula) agrupam e influenciam ajustes de elevação de laringe, hipertensão muscular e hiperfunção laríngea em ambos gêneros. Tendências a combinações de ajustes embasarem pressupostos de combinabilidade e susceptibilidade conforme modelo fonético. Conclusão: Detalhar características prosódicas, especificamente nesta ocasião a contemplar a qualidade vocal de locutores de rádio universitária a partir da utilização de modelo fonético possibilitou entendimento e contemplar a plasticidade aparelho fonador em perspectiva de combinação de ajuste fonatório, supraglótico e de tensão muscular geral e, destarte, assertividade em evidências a depreender a qualidade vocal do locutor e adiante acenar sobre expressividade e saúde vocal.

1.Kyrillos LCR, Lourenço IC, Ferreira LM, Toledo FB. Posturas comunicativas de radialistas de AM e FM. Pró-Fono.1995;7:28-31.

2. Lima-Silva MFB, Ghirardi AC, Penha PBC, Medeiros CMA, Ferreira LP. Avaliação e Diagnóstico Fonoaudiológico em Comunicação Profissional.In: Leandro Pernambuco e Ana Manhani. (Org.). A Avaliação e Diagnóstico em Fonoaudiologia. 1ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter. 2020.

3. Medeiros C, Neta L, Penha PBC, Araujo AMG, Lima-Silva, MFB. Aplicação do Vocal Profile Analysis Scheme - VPAS: uma revisão integrativa. Prolíngua. 2019:14:263.

4. Camargo Z, Madureira S. Voice quality analysis from a phonetic perspective: Voice profile analysis scheme (VPAS) profile for Brazilian Portuguese. In: Proc. 4th International Conference of Speech Prosody.2008:57-60.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1853
A QUALIDADE DA PROSÓDIA DE PACIENTES AFÁSICOS QUE ORALIZAM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introducão: Para que a comunicação ocorra de maneira eficiente, são necessários diversos aspectos funcionando em sua plenitude, entre eles a linguagem e a prosódia. A linguagem foi definida por Mousinho et al. (2008) como uma função cerebral, que utiliza elementos sistemáticos para que a comunicação humana seja realizada. Tratando-se da prosódia, Barbosa (2012) a descreve como variações melódicas presentes em enunciados. A ocorrência de lesões neurológicas no adulto pode ocasionar afasia, um distúrbio de linguagem adquirido, conforme Cecatto et al. (2006). Em virtude do prejuízo na linguagem, a prosódia pode ser afetada, repercutindo diretamente na eficiência da comunicação. Objetivo Geral: Analisar a qualidade da prosódia de pacientes com afasia que oralizam. Objetivos Específicos: Verificar a funcionalidade dos órgãos fonoarticulatórios dos pacientes com afasia; Comparar os aspectos prosódicos com a funcionalidade dos órgãos fonoarticulatórios. Método: Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE nº 18758919.4.000.5173), a pesquisa foi realizada com 8 participantes, de ambos os sexos, com idade acima de 18 anos, sem histórico/queixa de deficiência auditiva, de maneira qualitativa e observacional. Efetuou-se a aplicação de um protocolo elaborado pelas pesquisadoras, a partir dos escritos de Cagliari (1992), Fracassi et al. (2010), Marchezan (2009) e Souza e Cardoso (2013). Utilizou-se o protocolo para avaliação dos seguintes aspectos dos relacionados aos órgãos fonoarticulatórios: simetria, tonicidade e mobilidade de lábios, bochechas e língua; aspecto e conservação dentária; articulação e tipo de face. E os seguintes aspectos de prosódia: entonação em vocábulos e em discurso; ritmo; tessitura; pausa e duração. As avaliações ocorreram em 8 sessões, de 20 minutos cada, individualmente. Resultados: Constatou-se que durante toda a análise da seção de motricidade orofacial presente no protocolo, todos os avaliados apresentaram alterações em ao menos um dos itens. Embora alguns participantes possuíssem irregularidades em motricidade orofacial, não apresentaram prejuízos em prosódia, mesmo as alterações músculo-esqueléticas mostrando-se significativas. Apenas um avaliado apresentou mais manifestações em prosódia do que em motricidade, evidenciando o inverso e reforçando os resultados. Também em apenas um participante, as alterações em ambas as seções apresentaram números aproximados. Conclusão: Constatou-se que nem sempre houve relação entre as alterações de motricidade orofacial e prosódia, havendo indivíduos que apresentaram alterações significativas em uma das seções, poucas ou nenhuma na outra e vice-versa. Portanto, as alterações em prosódia podem ocorrer por conta das manifestações provenientes das próprias afasias dos participantes, não necessariamente estando atreladas às alterações de MO. Porém, mesmo com a presença da afasia associada a irregularidades músculo-esqueléticas, as alterações em prosódia podem não ser evidenciadas. Deste modo, conclui-se que a qualidade da prosódia em afásicos nem sempre possui correlação com alterações de motricidade orofacial, assim como com as manifestações deste distúrbio de linguagem.

Barbosa PA. Conhecendo melhor a prosódia: aspectos teóricos e metodológicos daquilo que molda nossa enunciação. Revista de estudos da linguagem [Internet]. 2012 Junho [cited 2019 May 2];20:11-27. Available from: http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2571



Cagliari LC. Prosódia: Algumas funções dos supra segmentos. Cadernos de Estudos Linguísticos [Internet]. 1992 Outubro [cited 2019 May 2];23:137-151. Available from: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8636850/4571



Cecatto R, Jucá S, Nacarato M, Maeda F, Prieto F. Alterações de comunicação e linguagem de pacientes portadores de lesão encefálica adquirida: Estudo descritivo retrospectivo. Acta Fisiatr. 2006. p.137.



Fracassi A, Gatto A, Weber S, Spadotto A, Ribeiro P, Schelp A. Adaptação para a língua portuguesa e aplicação de protocolo de avaliação das disartrias de origem central em pacientes com doença de Parkinson. Cefac. 2010;


Marchezan IQ. Avaliando e tratando o sistema estomatognático. In: Campiotto AR, Levy C, Holzhein D, Rabinovich K, Vicente LC, Castiglioni M, Redondo MC, Anelli W, Editores. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Ed. Roca; 1997. 763-80 p.



Mousinho R, Schmid E, Pereira J, Lyra L, Mendes L, Nóbrega V. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir nesse percurso. Rev. psicopedagogia. 2008. p. 298-299.



Souza RL, Cardoso MC. Fluência e prosódia: aspectos diferenciais frente aos distúrbios. Revista neurociências. 2013;21:468-473.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2153
A RELAÇÃO DA PREMATURIDADE COM AS DIFICULDADES ALIMENTARES NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Atualmente, muitos bebês que nascem prematuros conseguem sobreviver devido ao contínuo avanço da tecnologia na medicina neonatal. Com isso o acompanhamento interdisciplinar especializado pós-alta hospitalar é feito visando à detecção precoce de complicações crônicas ou temporárias, como alterações no crescimento e no desenvolvimento dos recém-nascidos (RN) de risco.
Um dos fatores que causa maior vulnerabilidade para o RNPT é o baixo peso ao nascimento, o qual é causa de preocupação aos médicos e familiares, por suas consequências em relação à qualidade de vida, ao crescimento somático e ao desenvolvimento neuromotor.
Normalmente, os RNPTs encaminhados para clínica fonoaudiológica pelo pediatra responsável apresentam dificuldades no ganho de peso, queixas de engasgo, lentidão no processo alimentar. Porém, é muito frequente que o encaminhamento ocorra apenas após um ano de vida, em que o RNPT já apresenta importante dificuldade alimentar.
Cerca de 20% a 80% dessas crianças têm problemas de alimentação durante a infância, e aproximadamente 26% dos prematuros apresentam disfagia ou suas sequelas.
De acordo com alguns estudos, observa-se variadas alterações oromiofuncionais nos RNPTs, como alteração do reflexo de procura; dificuldades de pega no seio materno; padrão de sucção ineficiente e irregular; pressão intra-oral diminuída; incoordenação linguopalatal; reflexo de mordida exacerbado; náusea exacerbada; refluxo faringo nasal; aspiração silente; aversão oral; odinofagia; aerofagia; falhas na peristalse esofágica; atraso na deglutição faríngea; ronco laríngeo; estridor laríngeo; tosse; engasgos; entre outros.
Essas disfunções orais podem também comprometer o desenvolvimento alimentar.
Objetivo: caracterizar a população de prematuros com dificuldades alimentares atendida em consultório particular.
Método: Levantamento de dados de pacientes prematuros recebidos em consultório particular com queixa de dificuldades alimentares.
A amostra foi composta por 12 crianças, sendo 10 do gênero masculino e 2 do feminino; todos nascidos de parto cesariana com média da idade gestacional de 33 semanas. Média de idade da amostra: 02 anos e 6 meses (mínima 05 dias e máxima 05 anos). Em relação às queixas de dificuldades alimentares nas avaliações temos: 6 casos com a queixa de engasgos, 3 de tosse; 4 de náuseas; 1 de vômitos frequentes; 5 de dificuldades na amamentação; 7 de dificuldades na introdução alimentar; 5 com queixa de recusa ou seletividade alimentar; 2 dificuldades em ganho de peso. Comorbidades apresentadas: 1 Sindrome de Down; 1 Síndrome de Down associado à Síndrome de West; 1 de AVC intraútero associado à Síndrome de West; 1 tumor de rim tratado e 7 casos com DRGE.
Conclusão: O estudo mostra a estreita relação das dificuldades alimentares com os casos de prematuridade e a grande importância do encaminhamento, avaliação e atendimento precoce desta população para minimização ou eliminação de problemas na alimentação na população infantil, proporcionando uma melhor qualidade de vida. Quando se trata de cuidar de RNPTs, o fonoaudiólogo precisa estar atento às peculiaridades que envolvem a prematuridade, desde o acolhimento humanizado, à compreensão dos mecanismos das disfunções orais, bem como à atuação em parceria com a equipe interdisciplinar envolvida nestes casos.



Morris,S


TRABALHOS CIENTÍFICOS
566
A RELAÇÃO DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS E QUALIDADE VOCAL EM CANTORES CATÓLICOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A qualidade vocal e a percepção da voz dependem de fatores diversos e pode variar devido a aspectos emocionais e físicos. A falta de feedback auditivo pode ser responsável pelas alterações na qualidade vocal gerando prejuízos em suas apresentações e ensaios. A avaliação audiológica periódica dos profissionais da música é de fundamental importância devido à alta probabilidade para desenvolvimento de perdas auditivas de origem ocupacional sendo a audiometria o principal exame para o acompanhamento da saúde auditiva. Objetivo: Correlacionar os achados das emissões otoacústicas e os testes de qualidade vocal de cantores católicos. Método: O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa. A pesquisa contou com 22 cantores católicos entre 18 e 30 anos. Os critério de inclusão utilizados foram: não fazer uso da voz profissionalmente, apresentar limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade na audiometria tonal limiar e timpanometria com curva tipo “A” em ambas as orelhas. Foram realizados os exames emissões otoacústicas transientes e por produto de distorção. Para avaliação vocal, foram utilizados os protocolos IDV (Índice de qualidade vocal), QVV (Qualidade de vida em voz) e escala GRBASI. Resultados: Foram realizadas análises entre os resultados da amplitude e da relação sinal/ruído com os resultados apresentados nos protocolos aplicados, entretanto não foi observada nenhuma correlação estatisticamente significante. Foi então realizada uma análise com os resultados encontrados na audiometria tonal e, desta forma, foi possível identificar uma correlação estatisticamente relevante entre QVV total e físico e os resultados da audiometria na frequência de 8 kHz (relação é inversamente proporcional).
Conclusão: Não foi encontrada uma correlação estatisticamente relevante entre as emissões otoacústicas e a qualidade vocal dos cantores católicos da amostra.


1. Maia AA, Gonçalves DU, de Menezes LN, Barbosa BM, Almeida PS, Resende LM. Análise do perfil audiológico dos músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG). Per Musi. 2007;(15):67-71.
2. Prado, AdC. Principais características da produção vocal do deficiente auditivo. Revista CEFAC. 2007;9(3):404-410.
3. BEHLAU, Mara. Avaliação de voz. In: BEHLAU, Mara. VOZ: O livro do especialista. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. Cap. 3. p. 85-103.
4. Dejonckere PH, Leback J. Acoustic, perceptual, aerodynamic and anatomical correlations in voice pathology. ORL J Otorhinolaryngol Relat Spec 1996;58:326-32.
5. Behlau M, Oliveira G, Santos LMA, Ricarte A. Validação no Brasil de protocolos de autoavaliação do impacto de uma disfonia. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2009 outdez;21(4):326-32.
6. LLOYD, L. L.; KAPLAN, H. Audiometric interpretation: a manual of basic audiometry. University Park Press: Baltimore; 1978. p. 16.
7. MUNHOZ, Graziella Simeão. Proposta de programa de prevenção de perdas auditivas para músicos. 2016. 159 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Fonoaudiologia, Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo, Bauru, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1598
A RELAÇÃO DE ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA FRENTE AS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO E USO DOS GÊNEROS ACADÊMICOS A PARTIR DE UMA OFICINA DE LETRAMENTO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
81020670


Introdução: Apesar de dados estatísticos[1] do Censo do Ensino Superior indicarem expressivo aumento no número de discentes que ingressam em Instituições de Ensino Superior (IES), observa-se que parcela significativa desses estudantes não conclui sua formação, em grande medida, devido às restritas condições de letramento que apresentam. Estudos[2, 3, 4] demonstram que as atividades de letramento na universidade podem ampliar as possibilidades de relação dos discentes frente ao uso da leitura e escrita no ambiente acadêmico. Alguns autores[3,4,5,6,7] afirmam que muitas das supostas dificuldades relacionadas ao uso da leitura e da escrita na universidade são determinantes para a evasão do ES. A saída do ambiente universitário muitas vezes ocorre, pois a as dificuldades de leitura e escrita afetam a posição de autonomia dos estudantes diante das produções do gênero acadêmico. Para reverter essa situação, alguns trabalhos[3,4,5,7] realizados na universidade acerca do efetivo uso da leitura e da escrita têm demonstrado a influência de atividades significativas com essa modalidade de linguagem na permanência e no desempenho acadêmico de discentes do ES Objetivo: este estudo buscou compreender a relação de discentes do ensino superior frente as suas produções com a linguagem escrita após um trabalho realizado em uma oficina de Letramento. Método: Participaram deste estudo seis discentes do curso de Fonoaudiologia de uma universidade localizada no Sul no Brasil, os quais fizeram parte de uma atividade de extensão organizada por duas fonoaudiólogas e alunos de um Programa de Mestrado e Doutorado em Distúrbios da Comunicação. A Oficina foi desenvolvida a partir de encontros semanais, com duração de 90 minutos, durante os anos letivos de 2017 a 2019. Os dados foram organizados em dois eixos temáticos: “Dificuldades de leitura e escrita” e “Efeitos da Oficina de letramento na posição subjetiva” e analisados a partir da análise do conteúdo. Resultados: Em relação ao primeiro Eixo, pode-se inferir a partir dos relatos das estudantes que a universidade tem exigido dos alunos que leiam e escrevam, mas pouco os orienta para a construção de gêneros acadêmicos Além isso, em geral, nos cursos de graduação há pouco trabalho com os alunos acerca de como usar e escrever textos acadêmicos. No que concerne ao Eixo dois, os relatos das participantes, em geral, indicam que, as atividades significativas propostas em uma oficina de letramento, a partir de textos orais e escritos, tem impacto em relação à autoria, autonomia e responsividade das participantes, possibilitando mudanças positivas na relação que estabelecem com a leitura e a escrita de diferentes gêneros, dentre esses o acadêmico. Conclusão: a partir dos enunciados das estudantes é possível verificar que o espaço de oficina do letramento a partir da promoção de atividades significativas com a linguagem escrita, pode permitir que seus participantes assumam outras posições frente as suas supostas dificuldades, possibilitando uma maior participação no cotidiano universitário, que a ampliação de sua autonomia, autoria e diminuição de suas angústias e sofrimentos frente as produções de leitura e escrita

Palavras chaves: Letramento acadêmico, Letramento no Ensino Superior, Práticas grupais.

[1] BRASIL. Ministério da Educação. CENSO DE EDUCAÇÂO SUPERIOR: Novas Notas estatísticas 2018.

[2] DONIDA, L.O.; SANTANA A.P. Apoio pedagógico como proposta de educação para todos. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo – SP, v. 45, e.192527, p.1-19, 2019.

[3] FRANCO, A.S.; MOLINARI, C. A leitura e a escrita na Universidade. Revista Eletrônica Pesquisa educação, Santos – SP, v. 5, n. 10, p.276-294, 2013.

[4] PAN, M.A.G.S.; LITENSKI, A.C.L. Letramento e identidade profissional: reflexões sobre a leitura, escrita e subjetividade na universidade. Revista Psicologia escolar e educacional. São Paulo – SP, v. 22, n. 3, p.527-534, 2018.

[5] WINIARSKI, L.R.S. Gêneros acadêmicos e a formação no ensino superior: visão de um grupo de discentes de fonoaudiologia. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Fonoaudiologia) – Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde. Universidade Tuiuti do Paraná/UTP. Disponível em: http://tcconline.utp.br/2018/08/page/2/. Acessado em: 25 out. de 2018.

[6] ALMEIDA, A. B.; PAN, M. A. G. S. Contribuições bakhtinianas para o estudo das práticas de leitura e escrita na universidade: autoria, gêneros científicos e identidade profissional. In: Pan, M. A. G. S.; Albanese, L.; Ferrarini, N. L. (Orgs.), Psicologia e educação superior: formação e (m) prática (pp. 75-98). Curitiba: Juruá, 2017.

[7] FUZA, A.F.; FIAD, R.S.; GOMES, L.N. Letramento de acadêmicos do curso de letras: apropriação de gêneros e implicações para a formação do professor. Interface. v.6, n. 1, p. 37-45, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1790
A RELAÇÃO ENTRE O ALEITAMENTO MATERNO E ARTIFICIAL COM AS INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS SUPERIORES E AUDITIVAS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As Infecções de Vias Aéreas Superiores e Otites Médias são definidas como todo e qualquer processo infeccioso viral ou bacteriano, que podem interferir no aleitamento materno, por prejudicar a respiração exclusivamente nasal. Estudos confirmam o leite materno como o único alimento capaz de proteger o lactente de diversas doenças no primeiro ano de vida, incluindo as doenças respiratórias e auditivas, pois é rico em compostos nutricionais e imunológicos que conferem essa proteção. Alguns profissionais da saúde orientam as mães para que amamentem seus filhos com a cabeça mais elevada, a fim de evitar a infecção auditiva, via tuba auditiva, no entanto, é questionável se tal orientação cabe aos bebês que são amamentados exclusivamente em seio materno, uma vez que o Ministério da Saúde orienta que durante o aleitamento materno exclusivo, a mãe pode amamentar em qualquer posição inclusive com o bebê deitado, desde que a lactante e o lactente estejam confortáveis sem mencionar riscos ou desvantagens para o bebê. Objetivo: Identificar as práticas maternas com relação ao posicionamento do bebê durante o aleitamento materno exclusivo e/ou oferta do leite artificial e sua relação com as IVAS e Otites Médias. Metodologia: Participaram da pesquisa 50 mães de crianças de zero a dois anos, que frequentavam as UBS e CMEIs de uma cidade no interior do Paraná, entre agosto e setembro de 2019. Foram realizadas entrevistas com as mães, sobre aleitamento materno, posição do lactente durante a amamentação e ocorrência de IVAS e Otites. Resultados: Os resultados mostraram que, a maioria (n=29) das mães amamenta com mamadeira, e uma pequena parcela (n=10) em seio materno exclusivo. Quanto à ocorrência de IVAS e Otite foi relatada em alguns casos (n=14), dos quais, todos eram amamentados com utensílios artificiais. Quando amamentado em seio materno, nenhuma mãe relatou episódios de infecções. Com relação à posição, a maioria relatou amamentar na posição deitada e inclinada. A orientação do MS é sobre o aleitamento materno exclusivo em qualquer posição, inclusive deitada, pois, caso o leite entre em região nasofaringea e orelha média consegue ser absorvido sem causar proliferação de bactérias devido sua composição nutricional, diferente do leite artificial que não dispõe das mesmas propriedades. Conclusão: Esse estudo permitiu inferir que as práticas das mães durante o aleitamento materno exclusivo e a posição da mamada não possuem relação direta com as IVAS e Otites, ao contrário da oferta de leite artificial em outros recipientes, como a mamadeira.

Palavras-chave: Aleitamento Materno; Leite Artificial, Infecções de Vias Aéreas Superiores; Otite média.

ALMIDA, E. O. C.; MELLI R.; MORAES I. F. Orientação fonoaudiológica e psicológica às nutrizes: experiência em contexto hospitalar. Recém-nascido em alojamento conjunto: visão multiprofissional. Pró-Fono; 2002.

ANTUNES, L. S.; ANTUNES, L. A.; CORVINO, M. P.F.; MAIA, L. C. Amamentação natural como fonte de prevenção em saúde. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 13, n. 1, p.103-109, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Promovendo o Aleitamento materno - Álbum seriado. 2ª edição. Brasília: 2007. 18p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar - Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23)
GARCIA, M. V.; AZEVEDO M. F.; TESTA, J.R.G; LAUREANO, L. C. B. Influência do tipo de amamentação nas condições de orelha média de lactentes. Braz. Jor. Otorhinolaryngol. vol.78, n.1. 2012.
MOCELLIN, L. Infecções das vias aéreas superiores. Revista Brasileira de Medicina. 2011; 68(2): 82-7.
NADAL, L. F. Investigação das práticas maternas sobre aleitamento materno e sua relação com a infecção de vias aéreas superiores e otite média. Revista CEFAC. Paraná, 2017 Maio-Jun; 19(3):387-394.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1078
A RELAÇÃO ENTRE VOZ E PROCESSAMENTO AUDITIVO TEMPORAL NO ENVELHECIMENTO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução Alterações de voz e audição são algumas das principais responsáveis pelas dificuldades de comunicação em idosos. Mudanças que afetam a linguagem expressiva e receptiva impactam a vida social e podem gerar um risco particular de consequências negativas para o envelhecimento ativo1. Para uma comunicação oral eficaz é necessária atuação conjunta dos sistemas fonatório e auditivo, pois a fonação envolve uma integração sensoriomotora intrinsecamente relacionada ao monitoramento auditivo2,3. Com o envelhecimento natural, déficits sensoriais e de processamento central ocorrem em ambos os sistemas e podem estar correlacionados3,4. Objetivos Analisar se existe relação entre processamento auditivo temporal e voz de idosos com e sem sintomas vocais. Métodos Estudo transversal, analítico e correlacional; aprovado pelo Comitê de Ética sob o número 148234/2017. Participaram do estudo 40 idosos com idades a partir de 60 anos, subdivididos em dois grupos: com e sem alterações vocais, segundo a Escala de Sintomas Vocais (ESV). Os idosos foram submetidos à avaliação do processamento auditivo temporal e avaliação vocal. Foram analisadas habilidades auditivas de ordenação, resolução e mascaramento temporal, por meio do Teste Padrão de Frequência (TPF), Randon GAP Detection Test (RGDT) e Masking Period Pattern (MPP), respectivamente. Também foi avaliada a ocorrência de queixas de voz e realizada análise acústica e perceptivo-auditiva da voz. A análise descritiva e cálculos estatísticos foram realizados por meio do SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 19.1. Verificou-se a hipótese de normalidade e igualdade de variâncias. Os grupos foram comparados em relação às variáveis categóricas e numéricas ou a associação entre duas variáveis. Foi verificado ainda o grau da correlação entre variáveis numéricas. Na avaliação perceptivo-auditiva, foi selecionado o juiz que apresentou maior índice na análise de reprodutibilidade através dos valores de coeficiente de Kappa (k). O nível de significância foi de 5% (p≤0,05). Resultados A idade média dos participantes foi de 67,63 anos, com distribuição igual entre os sexos. As queixas de voz mais frequentes foram: pigarro, cansaço vocal e voz fraca. A maioria dos idosos apresentou intensidade da voz diminuída, desempenho normal no TPF, alterado no RGDT e limiares para detecção do sinal alvo aumentados na presença do mascaramento em diferentes posições temporais do sinal alvo. Não houve diferença entre os grupos quanto às habilidades auditivas avaliadas. Na análise perceptivo-auditiva da voz, os idosos apresentaram variabilidade normal da qualidade vocal e apenas o pitch diferiu significativamente entre os grupos. Na análise acústica, houve diferença entres os sexos quanto à frequência, shimmer, severidade global da alteração e rugosidade. Na análise da correlação entre os parâmetros auditivos e vocais, houve correlação entre a habilidade auditiva de resolução temporal, a severidade global da alteração e a rugosidade da voz. Conclusão Há prejuízo no processamento auditivo central com o envelhecimento e está correlacionado a alterações vocais em idosos. Esta correlação pode associar-se a ajustes vocais inadequados e rugosidade da voz nessa população. Abordar o feedback auditivo na avaliação e terapia da voz pode orientar o uso de estratégias compensatórias para a fonação na assistência ao idoso.

1 Palmer AD, Newson JT, Rook K. How does difficulty communicating affect the social relationships of older adults? An exploration using data from a national survey. Journal of Communication Disorders. 2016; 62:131–146.

2 Ishii C, Arashiro PM, Pereira LD. Ordering and temporal resolution in professional singers and in well tuned and out of tune amateur singers. Pró-Fono R Atual Cient. 2006; 18:285–92.

3 Howarth A.; Shone GR. Ageing and the auditory system. Postgrad Med J. 2006; 82:166–171.

4 Dalla Bella S, Tremblay-Champoux A, Berkowska M, Peretz I. Memory disorders and vocal performance. Ann. N.Y. Acad. Sci. 2012, 1252,:338–344.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
914
A RELEVÂNCIA DE ATIVIDADES CLÍNICAS EXTRACURRICULARES NA FORMAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO PARA O SUS.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As experiências extracurriculares fazem parte da formação acadêmica, assumindo uma posição notória e essencial na construção e consolidação de conhecimentos técnicos específicos. Sendo assim, a edificação profissional é alicerçada por esses conhecimentos em consonância com a prática clínica. As diversas vivências existentes na sua trajetória agregam valores, autoconfiança e conhecimento único a sua formação que poderão ter grande relevância na atuação de um profissional, quando inserido no mercado de trabalho. Historicamente, a Fonoaudiologia enquanto profissão foi moldada a partir de uma perspectiva biomédica e hegemônica. Com mudanças no contexto histórico, a atividade profissional foi inserida no contexto da Saúde Coletiva utilizando uma perspectiva baseada nos princípios do SUS e suas diretrizes. Objetivo: Descrever a experiência de discentes da graduação de Fonoaudiologia em um Projeto de Extensão supervisionado de Linguagem e Saúde Coletiva de uma Universidade Federal, bem como evidenciar a importância das experiências extracurriculares no SUS. Métodos: Trata-se de um relato de experiência ocorrida ao longo de 2 semestres em 2019, semanalmente, em uma clínica-escola de uma Universidade Federal, no período matutino, dividido entre atendimentos individuais de linguagem, ações em sala de espera, grupo de pais ou atendimento grupal e discussão de casos e artigos científicos, sendo todos os processos supervisionados pela coordenadora do projeto e fonoaudióloga do serviço, o qual possui pactuação com a Rede SUS no âmbito municipal. Cada um dos estagiários é responsável pelo processo terapêutico de 1 ou 2 pacientes. Os atendimentos de linguagem são voltados para o desvio fonológico. Se há outra demanda de cunho fonoaudiológico, caso comportado pela estrutura do serviço também é acolhida pelo projeto. Em alguns casos específicos, é preciso encaminhar o paciente para outro serviço, especialmente quando a demanda não é fonoaudiológica. A sala de espera sempre era elaborada pelos estagiários, com apoio da fonoaudióloga responsável pelo projeto, o que oportuniza maior contato dos graduandos com os usuários do serviço, além dos atendimentos individuais. O grupo de pais é realizado com os acompanhantes dos pacientes acompanhados no projeto e os objetivos são delineados a partir das demandas apresentadas. Resultados: O Projeto oportunizou vivências além do que é ofertado nas atividades curriculares, com os discentes acompanhando o processo terapêutico por um tempo maior do que os estágios obrigatórios. Além disso, por se tratar de um serviço público viabilizou a estruturação de um pensar clínico diferenciado, assim como o aprendizado da rotina e condutas restritas aos espaços desse perfil que em conjunto com as discussões transdisciplinares e a imersão em espaços científicos proporcionaram maior raciocínio nos estagiários. Por conseguinte, é essencial acrescentar que dentro dessas esferas sempre houve uma discussão ampliada sobre a importância de considerar os aspectos biopsicossociais da saúde de cada indivíduo. Conclusão: A imersão no Projeto de Extensão em um serviço público contribuiu para o desenvolvimento de habilidades e competências que certamente transcende questões acadêmicas, mas que é sobre humanização no agir do futuro profissional, como a maior compreensão de vulnerabilidades e individualidades dos usuários em um serviço público.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
961
A REPERCUSSÃO DO RELAXAMENTO DO MÚSCULO MENTUAL NA RESPIRAÇÃO ORONASAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


A respiração nasal é essencial para que ocorra o adequado desenvolvimento do complexo craniofacial. Quando ela não ocorre, o organismo pode adotar um padrão de suplência, a respiração oral, proveniente de etiologias orgânicas, ou oronasal, resultante de estado vicioso ou decorrente de uma memória muscular mantida. Diversos comprometimentos podem ser ocasionadas pela respiração oral, desde alterações posturais, distúrbios comportamentais, fisiológicos, distúrbios de aprendizagem, entre outros. A literatura a considera uma síndrome, intitulada “Síndrome do Respirador Oral” (SRO).
Em razão da influência que a musculatura perioral exerce, principalmente para o selamento labial, é importante o apropriado comportamento da musculatura orbicular da boca inferior. Mas, em virtude da ação hipertrófica do músculo mentual e sua inserção no músculo orbicular da boca inferior, nem sempre isso é possível, pois a hipertrofia mentoniana favorece ainda mais a eversão do lábio inferior, dificultando o selamento labial efetivo. Na literatura há uma escassez de trabalhos na área de fonoaudiologia que estudam técnicas como a massoterapia, sobretudo em relação ao músculo mentual, apesar de ser uma intervenção já conhecida e utilizada clinicamente em pacientes respiradores orais.
Objetivo: Investigar se a massoterapia no músculo mentual repercute no músculo orbicular da boca inferior em respiradores oronasais.
Material e método: Estudo experimental e quantitativo sobre o impacto da massoterapia no músculo mentual em relação ao músculo orbicular da boca inferior. Constituído por 19 participantes respiradores oronasais, subdivididos em dois grupos, controle (GC) e experimental (GE), com faixa etária entre 18 e 27 anos, gênero masculino e feminino. O GC não foi submetido à intervenção terapêutica e o experimental realizou massagens no músculo mentual durante 3 meses.
Os participantes receberam demonstrações para a realização da massoterapia no Laboratório de Eletromiografia do CEPRE/FCM/UNICAMP e foram orientados a realizarem técnica de amassamento69. Esta é uma manipulação realizada com as extremidades dos dedos que consiste na apreensão ou compressão do músculo, cujos movimentos de compressão e descompressão são feitos de forma intermitente, através de movimentos circulares, de maneira que a pele e os tecidos subcutâneos sejam movidos sobre as estruturas subjacentes.
Foram realizados registros eletromiográficos antes e após 3 meses nos músculos orbicular da boca inferior e mentual durante atividade de repouso e deglutição, em ambos os grupos.
Resultados: Observou-se resultados significativos da interação entre grupo e fase (p<0,05) das médias de RMS (Root Means Square) no músculo orbicular inferior e mentual no GE nas atividades de repouso e deglutição após as intervenções massoterápicas. Conclusão: na comparação do comportamento dos músculos orbicular da boca inferior e mentual do GE houve diferença significativa indicando que a massoterapia foi eficaz para diminuição de sua atividade elétrica muscular. Ou seja, é possível que o músculo mentual, de fato, interfira no comportamento do músculo orbicular da boca inferior.
Palavras-chave: Respirador bucal – Massoterapia – Eletromiografia de Superfície –Mioterapia – Músculo Mentual.

1. Machado PG, Mezzomo CL, Badaró AFV. A postura corporal e as funções estomatognáticas em crianças respiradoras orais: uma revisão de literatura. Revista CEFAC. 2012. 14(3): 553-565.
2. Ferla A, Silva AMTD, Corrêa ECR. Atividade eletromiográfica dos músculos temporal anterior e masseter em crianças respiradoras bucais e em respiradoras nasais. em Bras Otorrinolaringol. 2008. 74(4): 588-95.
3. Siqueira VCV, Sousa MA, Bérzin F, Casarini CAS. Análise eletromiográfica do músculo orbicular da boca em jovens com Classe II, 1ª divisão, e jovens com oclusão normal. Dental Press J. Orthod. [Internet]. 2011. 16( 5 ): 54-61.
4. Nagae MH, Alves MC, Kinoshita RL, Bittencourt ZZLC, Gagliardo H. Qualidade de vida em sujeitos respiradores orais e oronasais em Rev. CEFAC. 2013. 15(1): 105-110.
5. Menezes VAD, Leal RB., Moura MM, Granville-Garcia AF. Influência de fatores socioeconômicos e demográficos no padrão de respiração: um estudo piemo. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007. 73(6): 826-34.
6. Andrade FV, Andrade DV, Araújo AS, Ribeiro ACC, Deccax LDG, Nemr K. Alterações estruturais de órgãos fonoarticulatórios e más oclusões dentárias em respiradores orais de 6 a 10 anos. Revista Cefac. 2005. 7(3): 318-325.
7. Vera, CFD, Conde, GES, Wajnsztej R, Nemr, K. Transtornos de aprendizagem e presença de respiração oral em indivíduos com diagnóstico de transtornos de déficit de atenção/hiperatividadeemDAH). Rev Cefac. 2006. 8(4): 441-55.
8. Cintra, CFSC, Castro FFM, Cintra, PPVC. As alterações orofaciais apresentadas em pacientes respiradores bucais. Rev bras alergia imunopatol. 2000. 23(2): 78-83.
9. Knösel M, Jung K, Kinzinger G, Buss O, Engelke W. A controlled evaluation of oral screen effects on intra-oral pressure curve characteristics. European Journal of Orthodontics. 2010;32(5):535-41
10. Mattos, FMGF, Bérzin, F, & Nagae, M. H. (2017). O impacto da respiração oronasal sobre a musculatura perioral. Revista CEFAC, 19(6), 801-811.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
239
A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL COMO COLABORADORA NO APERFEIÇOAMENTO DA ASSISTÊNCIA FONOAUDIOLÓGICA AO PACIENTE CRÍTICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: O programa de residência multiprofissional em saúde hospitalar é uma iniciativa organizada a partir de políticas públicas que tem como objetivo a integração e inserção de profissionais de saúde de diferentes áreas no contexto hospitalar, com o intuito de combater o modelo tecnoassistêncial do sistema único de saúde (SUS). A promoção do cuidado ao indivíduo internado concentra-se nas unidades de clínica médica até setores mais complexos como a unidade de terapia intensiva (UTI). O residente da equipe multiprofissional, quando inicia sua jornada na prestação da assistência e cuidado ao paciente crítico na UTI, passa a fazer parte da equipe hospitalar. Sendo as condutas ali tomadas tanto para o suporte de vida como atenuadoras do sofrimento. O residente em fonoaudiologia é um dos profissionais que compõe essa equipe sendo ele o responsável por identificar, prevenir, diagnosticar e reabilitar qualquer alteração relacionada à deglutição, fala, voz e linguagem do indivíduo. Como um potencializador na formação do fonoaudiólogo, a residência multiprofissional promove um diferencial na construção do seu perfil profissional, através de ricas experiências com foco principal na área da Disfagia. No atendimento à pacientes fragilizados, potencialmente graves, instáveis quanto ao seu estado clínico, em uso de via alternativa de alimentação, traqueostomia ou que apresentem transtornos da deglutição. OBJETIVO: Identificar aspectos que aprimoram a assistência fonoaudiológica prestadas à pacientes críticos através do programa de residência multiprofissional em saúde hospitalar. MÉTODO: Estudo descritivo, reflexivo, de natureza qualitativa em relato de experiência sobre os fatores contribuintes no aperfeiçoamento da assistência do fonoaudiólogo residente hospitalar a pacientes críticos internados em uma UTI. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O residente de fonoaudiologia que atua na prestação do cuidado a pacientes críticos apresenta durante todo o seu período de atuação, autonomia quanto a tomadas de decisão competentes à sua área de intervenção. Dispondo de alta capacidade profissional na definição de condutas referentes à pacientes que apresentam disfagia e necessitam de assistência fonoaudiológica. Decisões quanto à via alimentar, uso de válvula de fala, processo de decanulação, modificação na consistência alimentar e avaliação da deglutição são exemplos de ações realizadas por esse profissional no seu exercício de sua atuação. Ao concluir sua especialização, o fonoaudiólogo sairá para o mercado de trabalho com expertises adquiridas durante o processo de atuação hospitalar, apresentando domínio e aperfeiçoamento quanto à prestação da assistência fonoaudiológica ao paciente crítico hospitalizado. CONCLUSÃO: A residência multiprofissional hospitalar em saúde possibilita que o Fonoaudiólogo aprimore as técnicas e condutas assistenciais prestadas ao paciente crítico a partir de um olhar não concentrado no fator doença e sim na prestação de um cuidado integral, qualificado e humanizado.

COÊLHO, P.D.L.; BECKER, S.G.; LEOCÁRDIO, M.A.S.C.; OLIVEIRA, M.L.C.; PEREIRA, R.S.F.; LOPES, G.S. Processo SAÚDE-DOENÇA e qualidade de vida do residente multiprofissional. Rev enferm, Recife, 12(12):3492-9, dez., 2018.

MENDES, L.C. et al . Relato de experiência do primeiro ano da residência multiprofissional hospitalar em saúde, pela ótica da Psicologia. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 14, n. 1, p. 125-141, jun. 2011 .

SILVA, C.T. da et al .Residência multiprofissional como espaço intercessor para a educação permanente em saúde Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 25, n. 1, e2760014, 2016 .


TRABALHOS CIENTÍFICOS
757
A SAÚDE DO TRABALHADOR E A EXPOSIÇÃO À RISCOS OCUPACIONAIS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A área interdisciplinar que abrange a saúde do trabalhador trata da manutenção dos aspectos que envolvem a saúde nos mais diversos ambientes de trabalho, bem como a redução dos riscos ocupacionais existentes. A saúde do trabalhador é regida pela instituição de normas que tratam da segurança e da saúde dos trabalhadores. Os riscos ocupacionais referem-se aos agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Objetivo: Analisar as variáveis de exposição a riscos ocupacionais e a saúde laboral ao final de um dia de trabalho dos sujeitos que responderam a pesquisa. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva, com análise de variáveis quantitativas e qualitativas. O levantamento dos dados foi realizado por meio de um questionário padronizado, contou com a participação de 74 sujeitos, abordando questões referentes à rotina de trabalho, equipamentos de proteção individual, saúde no geral, saúde auditiva, qualidade de vida e bem-estar. Resultados: Dentre os sujeitos que responderam o questionário, 32 (58,2%) revelaram estar expostos a agentes ergonômicos, 18 (32,7%) a agentes biológicos, 17 (30,9%) a agentes físicos e um (1,8%) a agentes químicos, além disso, 15 (27,3%) responderam não estar expostos a nenhum risco de exposição ocupacional. Em relação à pergunta de múltipla escolha “o que você sente após um dia de trabalho?”, os participantes poderiam marcar mais de uma alternativa se necessário, sendo assim, 41 (74,5%) indivíduos referiram que se sentem cansados, 20 (36,4%) estressados, 18 (32,7%) com ansiedade, 16 (29,1%) com dores de cabeça, dois (3,6%) com nervosismo, dois (3,6%) com sensação de ouvido tampado, um (1,8%) com voz cansada, um (1,8%) com tristeza, raiva ou frustração, um (1,8%) com zumbido e um (1,8%) sente-se tranquilo, apenas oito (14,5%) referiram não sentir nada após a jornada de trabalho. Conclusão: A maior parte dos sujeitos do estudo estão expostos a agentes ocupacionais e sentem prejuízos em sua qualidade de vida e bem-estar após a jornada de trabalho diária. Em vista disso, percebemos a necessidade da disseminação de informação nos diferentes locais de trabalho no que diz respeito a saúde ocupacional e aos efeitos que a exposição a agentes de qualquer natureza podem causar no ser humano. Portanto, tornam-se pertinentes movimentos coletivos em prol da conscientização e da preservação da saúde, como ações e campanhas que reforcem a importância dos horários de descanso e o uso de equipamentos de proteção individual adequados para cada função.

Brasil. Portaria n. 25, de 29 de dezembro de 1994. Norma regulamentadora n. 9. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Diário Oficial da União. 29 dez 1994;Seção 1.

Lima KM, Canela KGS, Teles RBA, Melo DEB, Belfort LRM, Martins VHS. Gestão na saúde ocupacional: importância da investigação de acidentes e incidentes de trabalho em serviços de saúde. Rev Bras Med Trab. 2017;15(3):276-283.

Souza NVDO, Pires AS, Gonçalves FGA, Cunha LS, Ribeiro LV, Vieira RS. Riscos ocupacionais e agravos à saúde dos trabalhadores em uma unidade ambulatorial especializada. Rev Min Enferm. 2014;18(4):923-930.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
251
A SELEÇÃO DE CATEGORIAS DA CIF PARA O DESENVOLVIMENTO TÍPICO DE FALA E LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
04076001


Introdução: as habilidades de linguagem e comunicação se desenvolvem ao longo da vida e são essenciais para a participação plena na vida social, educacional e familiar. As medidas multidimensionais relacionadas à saúde de crianças têm aumentado, incluindo aquelas em que se considera a funcionalidade do indivíduo no meio em que vive, dentre elas, destaca-se a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF – Organização Mundial de Saúde, 2001). Na prática clínica, a CIF mostra-se útil, por conta da linguagem universal e integradora de diferentes dimensões do desenvolvimento, para o processo de avaliação e tomada de decisão, facilitando a comunicação entre profissionais e as famílias. A abrangência da CIF facilita a compreensão ampla e integral na área fonoaudiológica, bem como a gradação da extensão e magnitude da funcionalidade ou da incapacidade. Sua aplicação tem sido facilitada por meio de ferramentas construídas na diversidade de percepções dos usuários e profissionais sobre a funcionalidade humana. Objetivo: criar uma listagem com as categorias da CIF relevantes para o desenvolvimento de fala e linguagem de pré-escolares com desenvolvimento típico, sob o ponto de vista dos pais e fonoaudiólogos. Método: estudo analítico, observacional e transversal, com 218 entrevistados (139 responsáveis de crianças em idade escolar – 90,45% mulheres com média de 35,55 anos e 79 fonoaudiólogos – 96,85% mulheres com média de 39,98 anos). Realizou-se a construção de um questionário a partir das categorias da CIF, selecionadas de acordo com a faixa etária pré-escolar, observou-se a aplicabilidade em estudo piloto e realizou-se a aplicação do instrumento em dois grupos selecionados estatisticamente, formados por pais de crianças em desenvolvimento típico e fonoaudiólogos especialistas em linguagem, para identificar quais categorias da Classificação seriam relevantes na percepção de cada grupo e constituir um checklist final. A escolha de resposta foi fechada e escalonada em três opções: Indispensável – 2 pontos; Importante – 1 ponto e Sem Importância – 0 ponto. Adotou-se identificar as categorias de acordo com duas variáveis: a SOMA dos pontos por categoria e a quantidade de respostas indispensáveis de cada uma delas. Realizou-se a análise estatística (soma, cluster/Método K-means e teste de Mann-Whitney). Resultados: identificou-se uma listagem única com as 72 categorias consideradas de maior influência por ambos os grupos. Essa listagem foi composta por categorias de funções do corpo (30), atividades e participação (35) e fatores ambientais (sete). Comparando-se o padrão de respostas, 42 categorias tiveram resultados estatisticamente significantes entre os grupos: 21 de funções do corpo; 18 de atividades e participação e três de fatores ambientais. Conclusão: nas funções do corpo, categorias relacionadas aos aspectos cognitivos, intelectuais, psicossociais, visuais, auditivos, de respiração e alimentação estão presentes na listagem. Assim como nas atividades e participação, os aspectos de aprendizagem formal/informal, comunicativos e de relações interpessoais. Nos fatores ambientais, ressalta-se a relevância dada ao som e a rede de apoio da criança, incluindo acesso aos serviços de saúde. As categorias de funções do corpo foram mais bem pontuadas pelos fonoaudiólogos, enquanto as de fatores ambientais pelos pais.

1.Grill E, Mansmann U, Cieza A, Stucki G. Assessing observer agreement when describing and classifying functioning with the International Classification of Functioning, Disability and Health. J Rehabil Med. 2007; 39(1): 71-6.
2.Lollar DJ, Simeonsson RJ, Upasana Nanda MPH. Measures of Outcomes for Children and Youth. Arch Phys Med Rehabil. 2000; 81(2): S46-S52.
3.McCormack J, McLeod S, Harrison LJ , McAllister L. The impact of speech impairment in early childhood: Investigating parents’ and speech-language pathologists’ perspectives using the ICF-CY. Journal of Communication Disorders. 2010; 43: 378–396.
4.McDougall J, Wright V, Rosenbaum P. The ICF model of functioning and disability: Incorporating quality of life and human development. Developmental Neurorehabilitation. 2012; 13(3):204-211.
5.McLeod S, Bleile K. The ICF: a framework for setting goals for children with speech impairment. Child Lang Teach Ther. 2004; 20(3):199-219.
6.OMS, Organização Mundial de Saúde. World Health Organization. International
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7.Pinto FCA, Schiefer AM, Perissinoto J. A Anamnese Fonoaudiológica segundo os preceitos da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) Distúrb Comun. 2018; 30(2): 252-265.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
520
A SÍNDROME DE AICARDI-GOUTIÉRRES SOB A PERSPECTIVA FONOAUDIOLÓGICA: REVISÃO CRÍTICA DE LITERATURA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A síndrome de Aicardi-Goutières (AS) é uma encefalopatia progressiva de início precoce com etiologia genética1,2. Manifesta-se majoritariamente em meninas, e alguns estudos entendem que a AS se expressa de forma letal no sexo masculino3. Sua prevalência é incerta no mundo, considerada, portanto uma doença rara4. O diagnóstico é feito a partir de análise genética e dos exames de neuroimagem para verificação do sistema nervoso central e a presença ou não, da tríade clássica5, que inclui espasmos infantis (convulsões infantis – espasmos em flexão), agenesia total ou parcial de corpo caloso e lacunas coriorretinianas, frequentemente associados com coloboma do disco óptico6. OBJETIVO: Descrever os principais achados da AS e interpretá-los sob a perspectiva da fonoaudiologia. MÉTODO: Esta pesquisa qualitativa, com uso de fonte de dados secundários, tem como procedimento metodológico a revisão crítica de literatura. Dos 1800 artigos encontrados, foram utilizados para o presente estudo 12 artigos, a partir dos seguintes critérios: disponíveis na íntegra, publicados de 2008 a 2018, em português, inglês e espanhol, e que fizessem referência à temática da AS, a partir da consulta no PubMed/Medline, Lilacs e SciELO. RESULTADOS: Foi consenso entre os artigos selecionados, quanto à descrição da AS. Observou-se que a maioria dos estudos estão relacionados à neurologia, oftalmologia e genética, notando-se a escassez de bibliografia cite a atuação interdisciplinar ou que relacione a síndrome aos achados fonoaudiológicos, apesar da grande variabilidade da demanda fonoaudiológica em casos de AS como, alterações no desenvolvimento neuropsicomotor e a nível de linguagem, assim como alterações estruturais e funcionais do sistema estomatognático (sucção, mastigação, deglutição e respiração). Tais acometimentos trazem ao indivíduo repercussões motoras, nutricionais e hídricas, de comunicação e principalmente de sobrevida. CONCLUSÃO: Nenhum artigo abordou AS para além do diagnóstico, ou seja, para o período de tratamento, acompanhamento e monitoramento da doença. Além disso, mediante as repercussões fonoaudiológicas encontradas na AS, se faz necessária à atuação desta especialidade de forma precoce, preferencialmente de forma interdisciplinar, objetivando um melhor prognóstico, reduzindo as taxas de mortalidade, e aumentando a qualidade de vida dos agentes envolvidos (paciente e cuidador).

1. JUÁREZ, A. F. et al. Síndrome de Aicardi-Goutières. An Pediatr (Barc). Barcelona, 68 (1): p. 70-82, 2008.
2. MARFIL, M. V. E. Síndrome de aicardi-goutières de presentación neonatal simulando infección congénita. Revista de Dismorfología y Epidemiología. v. V, nº 8, p. 2-8, 2009.
3. PUERTAS-BORDALLO, D. Coriorretinopatía lacunar como presentación de síndrome de aicardi en el lactante. Arch soc esp oftalmol, v. 82, p. 311-314, 2007.
4. Kansky J. Clinical ophthalmology: a systematic approach. 4th.ed. Glasgow: Butterworth-Heinemann Internacional; 1999.
5. ABRAHAM, R. et al. Síndrome de Aicardi: relato de dois casos. Arquivos Neuro-psiquiatria 1986; 44(4); 364-72.
6. DA COSTA, Paula Piccoli. Síndrome de Aicardi-Relato de dois casos. Arq Bras Oftalmol, v. 67, p. 341-3, 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
723
A TAXA DE ELOCUÇÃO DO FALAR SERGIPANO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Toda língua falada é mutável, variável, influenciável por fatores como
o momento histórico, localidade, situações sociais, culturais e pessoais, entre outros.
O português falado no Brasil é fortemente marcado por variações: diferentes sotaques
sob influência da região e/ou condições socioculturais de seus falantes, de tal forma
que certas características desse falar possibilitam a sua identificação. Dentre os
aspectos envolvidos no modo de falar de uma certa região ou localidade, pode-se
considerar a taxa de elocução. Trata-se de uma medida relacionada com a velocidade
da fala, grandeza física que considera unidades linguísticas por unidade de tempo,
como número de sílabas por segundo, sílabas por minuto ou palavras por minuto, em
uma amostra de fala. A taxa de elocução, ou velocidade da fala, é uma medida
imprescindível nas investigações sobre a prosódia. OBJETIVO: Descrever a taxa de
elocução de falantes sergipanos. MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional,
descritivo e analítico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o no. CAAE
16400119.6.0000.5546/Parecer 3.588.189. Contou com 55 participantes, de ambos
os sexos e idades entre 18 e 53 anos (IM: 21,56 anos; DP: 5,37). Para o alcance dos
objetivos deste estudo, os participantes gravaram a leitura oral de um texto
padronizado para o português brasileiro, contendo 100 palavras. Todas as leituras,
assim coletadas, foram analisadas, por meio do Praat, para determinação do tempo
transcorrido na leitura do texto e efetuados os cálculos de palavras emitidas por
minuto, sílabas emitidas por minuto e por segundo. RESULTADOS: A taxa de
elocução dos falantes nativos de Sergipe resultou nas seguintes médias: 5,41 sílabas
por segundo, 324,91 sílabas por minuto e 148,36 palavras por minuto. Não foram
observadas diferenças significativas nas taxas de elocução entre falantes homens ou
mulheres. Não foram observadas correlações significativas entre a taxa de elocução
e a idade dos participantes. Em pesquisas com falantes de outras línguas de origem
latina, como italiano e francês, foram identificadas médias em torno de cinco sílabas
por segundo, como observado aqui. CONCLUSÃO: A partir dos resultados obtidos,
pode-se concluir que a taxa de elocução não contribui para diferenciar falantes
sergipanos. Destaca-se que as medidas de sílabas por segundo parecem
corresponder a um padrão universal, mais dependente de fatores anatômicos e
funcionais do que culturais.

Bagno M. Português ou brasileiro? um convite a pesquisa. São Paulo: Parábola.
2004.
Meireles AR. Musicalidade na fala: ritmo e taxa de elocução. In: Anais. XVIII
Seminário de Voz da PUC-SP. São Paulo, 2008, p 15 – 24.
Boersma P, Weenink D. Praat: doing phonetics by computer (versão 6.0.21).
Software. Disponível em: http://www.praat.org.
Costa LMO, Martins-Reis VO, Celeste LC. Metodologias de análise da velocidade de
fala: um estudo piloto. CoDAS. 2016; 28(1):41-5
Jakubovicz R. A técnica surdo-sonoro para descondicionar bloqueios. In: Meira I.
(org.) Tratando gagueira: diferentes abordagens. São Paulo: Cortez. 2002.
Teixeira EG. Organização temporal da leitura oral na doença de parkinson.
[dissertação]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2008.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
899
A TELEFONOAUDIOLOGIA PARA ATENDIMENTOS AMBULATORIAIS EM FONONCOLOGIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Os pacientes de Fononcologia comumente necessitam da atuação fonoaudiológica em disfagia, voz e motricidade orofacial – MO pré e pós-tratamento médico, sendo considerados pacientes vulneráveis pela própria doença oncológica, idade, condição clínica, imunossupressão, tratamentos e até mesmo fatores sociais. Com a chegada da pandemia do COVID-19 no Brasil, houve a preocupação para que estes pacientes não ficassem desassistidos em todas as esferas da atuação fonoaudiológica: hospitalar, ambulatorial e até domiciliar, que precisaram se adaptar a esta nova realidade de distanciamento social como parte de estratégias para enfrentar a pandemia do COVID-19(1). A telessaúde ganhou forças neste momento, incluindo a telefonoaudiologia(2), já bastante difundida no serviço privado, porém, pouco utilizada no serviço público, pelas características, estrutura física e precariedade do acesso desta população às tecnologias. Porém, tem se mostrado como grande aliada aos atendimentos fonoaudiológicos ambulatoriais mantendo-se o distanciamento social, sendo realidade para a Fonoaudiologia, inclusive no serviço público(3). OBJETIVO: Relatar a prática exitosa da telefonoaudiologia em ambulatório de Fononcologia de hospital público no SUS durante a pandemia do COVID-19. MÉTODOS: A instituição é 100% mantida pelo SUS, via prefeitura municipal. O Serviço de Fonoaudiologia Ambulatorial em Fononcologia (disfagia, voz e MO) da instituição não possui fila de espera para início da fonoterapia, possui fluxo de cerca de 50 pacientes e mais de 100 atendimentos ambulatoriais mensais. Com o início da pandemia do COVID-19 e possibilidade de suspensão dos atendimentos ambulatoriais presenciais, levando-se em conta a gravidade do paciente de Fononcologia e seu importante risco do não seguimento fonoaudiológico, implementou-se a telefonoaudiologia nos atendimentos ambulatoriais do serviço, realizada por meio de contato prévio via telefone aos pacientes, explicação da situação atual e proposta do teleatendimento para o atendimento ambulatorial utilizando-se a tecnologia de videochamada por telefone, realidade mais próxima do paciente do SUS. RESULTADOS: A telefonoaudiologia foi realizada no período de abril a junho de 2020 à grande maioria dos pacientes ambulatoriais de Fononcologia da instituição, proporcionando maior acolhimento e seguimento da fonoterapia em disfagia, voz e MO, minimizando possíveis riscos de uma desassistência por suspensão repentina do serviço e complicações fonoaudiológicas inerentes ao paciente oncológico sem atendimento, como risco de broncoaspiração, piora da comunicação oral e compensações inadequadas de sistema sensório motor oral, diminuindo ainda o absenteísmo do serviço de cerca de 20% para média de 8,23% nestes meses. No mês de abril, dos 91 atendimentos realizados a 41 pacientes, 78 (85,71%) foram por teleatendimento; no mês de maio, dos 122 atendimentos realizados a 45 pacientes, 103 (84,42%) foram por teleatendimento e no mês de junho, dos 161 atendimentos realizados a 59 pacientes, 122 (75,77%) foram por teleatendimento. CONCLUSÃO: A telefonoaudiologia é uma realidade possível para os atendimentos fonoaudiológicos ambulatoriais em Fononcologia, inclusive para serviços do SUS, possibilitando aos pacientes o seguimento terapêutico e monitoramento durante a pandemia do COVID-19, evitando a paralisação do serviço fonoaudiológico ambulatorial, reduzindo o absenteísmo, minimizando os riscos da desassistência e complicações fonoaudiológicas, estratégia que está sendo utilizada de forma efetiva em conjunto a retomada gradual dos atendimentos presenciais até sua totalidade no serviço.

1- Gupta R, Dhamija RK. Covid-19: social distancing or social isolation? BMJ. 2020;369:m2399.

2- CFFa: Conselho Federal de Fonoaudiologia [Internet]. Recomendação CFFa nº 20, de 23 de abril de 2020. (citado em 8 de julho de 2020]. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wp-content/uploads/2020/04/Recomendacao_CFFa_20_2020.pdf

3- Dimer NA, Canto-Soares ND, Santos-Teixeira LD, Goulart BNG. The COVID-19 pandemic and the implementation of telehealth in speech-language and hearing therapy for patients at home: an experience report. CoDAS. 2020;32(3):e20200144.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1134
A TELERREABILITAÇÃO EM CRIANÇAS COM TPAC: RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A telerreabilitação é o método pelo qual se utilizam tecnologias de comunicação para prover reabilitação à distância (1), com evidências crescentes de que seus efeitos levam a desfechos clínicos semelhantes ou melhores quando comparados às intervenções convencionais (2). A notória necessidade deste tipo de abordagem no Brasil é atribuída às suas dimensões continentais (8.514.215,3Km²) e distribuição irregular de profissionais fonoaudiólogos, o que acentua a heterogeneidade da qualidade e disponibilidade dos serviços oferecidos (1). Com o avanço da tecnologia de extensa aplicabilidade, a telerreabilitação pode suprir ou minimizar as dificuldades em crianças com Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).
Neste estudo, abordaremos a telerreabilitação implementada a partir de uma aplicação WEB, para treinamento auditivo síncrono, e as evidências científicas do treinamento auditivo-cognitivo integrado, que asseguram as bases da telerreabilitação proposta pelo sistema. O conteúdo da plataforma mencionada baseia-se na literatura acumulada de neurociência auditiva e cognitiva a qual apoia a programação abrangente, incorporando abordagens de baixo para cima ou “bottom up” (treinamento auditivo) e de cima para baixo ou “top down” (estratégias cognitivas, metacognitivas e de linguagem) (3).
A amostra foi composta por 23 crianças entre 7 e 9 anos de idade, com histórico de dificuldades escolares, sendo 13 do Grupo I, submetidas à telerreabilitação e 10 do Grupo II, submetidas ao treinamento auditivo acusticamente controlado em cabine, com utilização do mesmo material auditivo.
As crianças do grupo I e II realizaram os testes: PSI na condição MCI S/R -15, e DD, nas habilidades de integração e separação binaural. Pais responderam aos questionários QFisher. Numa segunda etapa, as crianças do grupo I foram submetidas ao treinamento auditivo através da telereabilitação, enquanto as crianças do grupo II foram submetidas ao treinamento acusticamente controlado. Foram realizadas 10 sessões para cada criança, com duração de meia hora cada, para ambos os grupos. Na terceira etapa, as crianças dos grupos I e II foram reavaliadas com os mesmos testes iniciai. Pais responderam ao questionários QFisher e pais do Grupo I responderam ao questionário de avaliação do treinamento à distância.
Os testes comportamentais de PAC utilizados neste estudo em cabine audiométrica foram:Testes de Escuta Monótica: Teste Pediatric Speech Intelligibility com mensagem competitiva ipsilateral S/R -15 dB e Teste de Escuta Dicótica: Dicótico de Dígitos na modalidade integração binaural e separação binaural. Os exercícios utilizados foram gravados previamente em faixas de áudio na relação S/R 0, -10, -15, -20 e -25, recurso que permite simular o controle acústico realizado com audiômetro. Serão apresentados os resultados preliminares do estudo, que se revelam pertinentes e muito positivos face a uma intervenção que se revelou eficaz, e atual perante a pandemia resultante do COVID-19. Recomenda-se como objeto de futuras investigações: incorporação da avaliação do professor através do questionário Q.Fisher, e pesquisas que relacionem telerreabilitação e linguagem, para melhor compreensão dos efeitos da abordagem auditiva-cognitiva-linguistica do treinamento auditivo proposto neste estudo.


Referências Bibliográficas

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2. Kairy D, Lehoux P, Vincent C, Visintin M. A systematic review of clinical outcomes, clinical process, healthcare utilization and costs associated with telerehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2009;31(6):427–47. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18720118
3. Chermak GD, Musiek FE. Auditory Training: Principles and Approaches for Remediating and Managing Auditory Processing Disorders. Semin Hear [Internet]. 2002;23(4):297–308. Available from: http://www.thieme-connect.de/DOI/DOI?10.1055/s-2002-35878



TRABALHOS CIENTÍFICOS
509
A TEORIA SOCIOCONSTRUTIVISTA À LUZ DA NEUROCIÊNCIA: APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A teoria socioconstrutivista, elaborada por Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934), influenciada pela metodologia de Jean Piaget (1896-1980), defende que a criança pode desenvolver habilidades sociais, psicomotoras, emocionais, entre outras, quando exposta a um ambiente que proporcione estímulos ao aprendizado1. Para além dessas funções, a professora Emília Ferreiro aplicou as ideias de Piaget e Vygotsky à leitura e escrita. Para ela, as crianças são capazes de aprender a ler e escrever por meio da interação social, desde que o ambiente proporcione o contato com a leitura e escrita, sem necessidade do ensino sistematizado. Nesse contexto, a concepção socioconstrutivista tem sua ênfase no sentido da linguagem e não na estrutura e forma; os professores formados sob essa visão, são condicionados a estimular a prática da leitura e escrita espontâneas a partir de situações de letramento2. OBJETIVO: Analisar a corrente educacional socioconstrutivista a partir de estudos com fundamento neurocientífico. MÉTODO: Leitura de publicações recentes, na área de educação e neurociências, que dissertaram sobre o socioconstrutivismo. RESULTADOS: Estudos na área da neurociência2,3,4,5 têm evidenciado que o ensino explícito e diretivo facilita o aprendizado das crianças. Tais estudos sugerem que a inteligência e as habilidades cognitivas são modificadas por meio do esforço contínuo e consciente. Dessa forma, com a interação social é possível aprender o que compete aos domínios primários, porém, a leitura e a escrita são domínios secundários e exigem o ensino, ou seja: o socioconstrutivismo é útil para que as crianças adquiram as habilidades que naturalmente aprenderiam sem instrução formal. Mas não há possibilidade de aprender a ler sem haver automatizado a leitura de palavras isoladas. As vias neurológicas da leitura seguem o trajeto oposto a ideia socioconstrutivista, que prioriza o nível discursivo. O trajeto da leitura no cérebro se inicia com o reconhecimento visual das letras e palavras; passa pela associação da cadeia de letras com os fonemas correspondentes; segue com o reconhecimento acústico da palavra e, depois disso, há o acesso ao significado. Partindo do princípio alfabético, a decodificação e codificação grafofonêmica, ortografia, grafema, grafema associado ao fonema, unidades, frases, períodos e por último texto. Atualmente, os estudos - na área da neurociência - indicam que o método fônico é o melhor, não apenas porque ajuda as crianças a compreender a lógica da leitura-escrita, como também a desenvolver as habilidades metalinguísticas necessárias para dominar a língua escrita7,8. CONCLUSÃO: Alfabetizar com o método global é fazer o caminho oposto ao que pede a natureza biológica de nosso cérebro, é começar pelo fim: o acesso ao significado das palavras. O socioconstrutivismo pode dificultar o aprendizado da leitura e escrita, repercutindo em maiores danos para crianças com algum tipo de dificuldade cognitiva, as quais seriam beneficiadas com o ensino explícito e diretivo, a exemplo do método fônico.


1. LIMA, A. O. Fazer Escola: A Gestão de uma Escola Piagetiana (construtivista). Vozes, 2003.

2. BENEDETTI, K. S. A falácia socioconstrutivista: por que os alunos brasileiros deixaram de aprender a ler e escrever. Campinas, SP. Kírion, 2020.

3. CAPOVILLA, F. C. (org). Os novos caminhos da alfabetização infantil. 2ª ed. São Paulo, SP: Memnon Edições Científicos, 2005.

4. HAASE, V. G; JÚLIO-COSTA, A; SILVA, J. B. L. Por que o construtivismo não funciona? Evolução, processamento de informação e aprendizagem escolar. Minas Gerais, BH: Psicologia em Pesquisa, UFJF, 2015.


5. DEHAENE, S. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre, RS: Penso, 2012.

6. SEABRA, A.G; CAPOVILLA, F.C. Alfabetização fônica: construindo competência de leitura e escrita. 4 ed. São Paulo: Memnon, 2010.

7. SILVA, A.P.C., CAPELLINI, S.A. Programa de remediação fonológica em escolares com dificuldades de aprendizagem. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(1):13-20.


8. SEBRA, A. G; DIAS, N.M. Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz. Rev. psicopedag. [online], vol.28, n.87 p. 306-320, 2011. Disponível em: . acessos em 05 jul. 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1031
A TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução:
A Terapia Assistida por Animais (TAA) contribui para o desenvolvimento psicomotor, mudanças no humor, socialização, interação social e bem-estar físico.1 Dessa forma, passou a ser utilizada com pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e pesquisas apontaram resultados positivos.2,3,4,5
Estudo retrospectivo com 13 artigos completos entre 1987 e 2017 se propôs a observar as mudanças da TAA com cachorros em crianças com TEA e mostrou que existem poucas publicações sobre o tema. Contudo, todos os artigos referiram eficácia da TAA no tratamento de pessoas com TEA nas suas conclusões.6
Sendo assim, é vista como pertinente uma compilação das pesquisas sobre o tema.
Objetivo: Pesquisar a TAA no tratamento de pacientes com TEA: revisão bibliográfica integrativa
Método:
Foi adotada a revisão bibliográfica integrativa, sumarizando trabalhos concluídos e publicados.
- Casuística: 95 artigos; 3 capítulos de livros. Total: 98 referências.
- Procedimento: pesquisa bibliográfica nas bases de dados Capes, PubMed, Lilacs, Science Direct, Medline e Springer Link. Os descritores utilizados foram “terapia assistida por animais” e “transtorno do espectro autista” bem como seus correspondentes no idioma inglês. Foram considerados artigos e capítulos de livros publicados entre 2010 e 2020, gerando um total de 142 referências.
Os dados obtidos foram anotados em planilha Excel e tabulados de acordo com as variáveis Título do Artigo, Resumo, País de Origem e Ano. As referências duplicadas foram excluídas, resultando numa casuística de 98 referências.
Resultados e Discussão:
Foi realizado um levantamento em bases de dados científica e 6,8% das referências recuperadas foram selecionadas de acordo com a pertinência do presente estudo, isto é, associação do TAA ao TEA.
Ainda, quanto aos países de origem dos estudos, Estados Unidos apresentou a maioria deles (38); seguido da Austrália (13); Reino Unido (10); Portugal (5); Espanha (4); Brasil, Suíça, Irlanda, Itália, e Japão (3); França, Canadá e Polônia (2); e Holanda, Suécia, Noruega, Tailândia e Hungria (1). Duas pesquisas não explicitaram os seus países de origem. No que se refere ao ano de publicação das referências, os resultados mostram que 2017 e 2019 foram os anos com maior número de publicações (14) e os anos de 2013, 2014 e 2015 tiveram 11 publicações no tema. Esses achados vão ao encontro do estudo de revisão sistemática da literatura com 43 referências que evidencia efeitos positivos da TAA3 para pessoas com TEA e revela que, no que se refere às publicações que abordam TAA em pessoas com diferentes diagnósticos, os Estados Unidos publicou 12 trabalhos enquanto Brasil e Itália publicaram 7 estudos entre 2010 e 2018. Por conseguinte, os autores supõem que há um reconhecimento científico internacional da TAA como estratégia de reabilitação, com base no número de publicações internacionais (39 estudos) e fator de impacto das revistas. Já no que se refere ao ano de publicação das referências, o mesmo estudo demonstra número crescente de publicações nos últimos anos (entre 2014 e 2018). Tal evidência comprova a maior procura por conhecimento e práticas terapêuticas como TAA para pessoas com diferentes diagnósticos, incluindo TEA.7

1 Ferreira APS, Gomes JB. Levantamento histórico da terapia assistida por animais. Rev. Multidisciplinar 2017; 3(1):71-92.

2 Wijker C, Leontjevas R, Spek A, Enders-Slegers MJ. Process Evaluation of Animal- Assisted Therapy: Feasibility and Relevance of a Dog-Assisted Therapy Program in Adults with Autism Spectrum Disorder. Animals (Basel) 2019; 9(12):1103.

3 O'Haire ME. Animal-assisted intervention for autism spectrum disorder: a systematic literature review. J Autism Dev Disord. 2013;43(7):1606-1622

4 Gabriels RL, Pan Z, Dechant B., Agnew JA, Brim N., Mesibov G. Randomized controlled rial of therapeutic horseback riding in children and adolescents with autism spectrum disorder. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry 2015; 54(7):541–549.

5 Byström K, Grahn P, Hägerhäll C. Vitality from experiences in nature and contact with animals-A way to develop joint attention and social engagement in children with autism?. Int J Environ Res Public Health 2019;16(23):4673.

6 Hill J., Ziviani J., Driscoll C. et al. Can canine-assisted interventions affect the social behaviours of children on the autism spectrum? A systematic review. Rev J Autism Dev Disord 2019; 6:13–25

7 Mandrá PP, Moretti TCF, Avezum LA, Kuroishi RCS. Terapia assistida por animais: revisão sistemática da literatura. CoDAS 2019; 31(3)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1737
A TERRITORIALIZAÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL E A CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A inserção da Fonoaudiologia na Saúde Pública tem suas raízes calcadas na reabilitação dos distúrbios da comunicação da infância. Após a inserção do núcleo fonoaudiológico no campo da Saúde Mental Infanto Juvenil, os profissionais fonoaudiólogos passam por uma transformação em seus modos de atuação, ampliando suas ações para além da reabilitação. Apesar de os fonoaudiólogos que atuam no campo da Saúde Mental realizarem ações compartilhadas com os profissionais das demais disciplinas, tais ações não fazem parte da história dessa profissão e a formação ainda não contempla tal prática. Nesse sentido, a atuação do profissional fonoaudiólogo também é pouco discutida em ações territoriais multiprofissionais, e frente ao contexto imposto de pandemia por COVID-19 tal temática torna-se essencial. OBJETIVO: Discutir e explicitar, em tempos de pandemia, as vivências e os desafios da atuação do profissional fonoaudiólogo no cuidado psicossocial voltado à criança e adolescente através de ações no território. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa descritiva que partiu de relatos de experiência coletados no período entre março e julho de 2020 de 6 profissionais fonoaudiólogos que atuam ou já atuaram junto à Centros de Atenção Psicossocial Infanto Juvenis (CAPS IJ). RESULTADOS: Já se preconizava, dentro da atenção psicossocial, o cuidado em território a partir da compreensão de que os equipamentos de saúde isolados não são suficientes para garantir resolutividade, promoção da autonomia e da cidadania das crianças e dos adolescentes com questões de saúde mental. A partir da imposição da pandemia por COVID-19 tornou-se necessário reorganizar o funcionamento dos CAPS IJ, os processos de trabalho e os fluxos de atendimento em função das necessidades das crianças e dos adolescentes e das novas possibilidades da equipe. Dessa forma, a realização de Visitas Domiciliares (VD) e ações no território se tornou intensa e ganhou protagonismo no cuidado à essa população. O fonoaudiólogo, junto aos demais profissionais da equipe multidisciplinar que compõe um CAPS IJ, vêm participando de tais ações de forma a manter sua responsabilidade sanitária com crítica, ética e afeto no modo de cuidar. Tal estratégia possibilita a manutenção da presença e preservação dos laços afetivos e possibilita a construção de um novo tipo de setting terapêutico. Ainda, a visita dos profissionais na residência dos usuários atendidos possibilita um diagnóstico situacional do cotidiano daqueles indivíduos e familiares, mesmo que as visitas sejam realizadas na área externa da casa a fim de manter o distanciamento preconizado. Não podemos negar que há um processo de mudança de eixo no tratamento à distância em tempos de pandemia tendo em vista que o eixo terapêutico passa a ser integralmente o âmbito familiar. A teorização sobre esse processo ainda não contempla a prática, que vem sendo construída pelos profissionais inseridos nesse contexto. CONCLUSÃO: Faz-se essencial em tempos de pandemia ações que garantam a interdisciplinaridade, o cuidado em território e a integralidade. É preciso, portanto, buscar a integridade da clínica fonoaudiológica juntamente aos profissionais das equipes multiprofissionais dos CAPS IJ em ações no território a fim de promover a ampliação do cuidado em saúde mental para cada sujeito assistido.

ARCE, V. A. R. Fonoaudiologia e Saúde Mental: reorientando o trabalho na perspectiva da atenção psicossocial. Revista CEFAC, 2014; 16(3): 1004-1012.

BRASIL. Rede de Atenção Psicossocial. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017.

MIRANDA, G. M. D.; MENDES, A. C. G.; SILVA, A. L. A.; RODRIGUES, M. Assistência fonoaudiológica no SUS: a ampliação do acesso e o desafio de superação das desigualdades. Revista CEFAC, 2015.

NUNES, C. K.; SILVA, A. B.; KANTORSKI, L. P.; COIMBRA, V. C. C.; OLSCHOWSKY, A. Cuidado intersetorial em saúde mental na infância e adolescência: para além da instituição saúde. Rev Fun Care Online. 2020 Jan/Dez; 12:233-238. DOI: http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo.v12.8277.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1780
A TIMIDEZ INFLUENCIA NA AUTOPERCEPÇÃO DE SINTOMAS VOCAIS, DO FALAR EM PÚBLICO E DAS CARACTERÍSTICAS VOCAIS NA COMUNICAÇÃO DIÁRIA?
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A timidez é uma emoção que está fortemente ligada ao medo frente ao outro, causando desconforto e/ou inibição em situações interpessoais1. A timidez pode ser um traço de personalidade, que é o aspecto principal na autodefinição de alguém, ou pode ser situacional, envolvendo situações específicas de desempenho social1. Pessoas tímidas algumas vezes acreditam não possuir as habilidades de comunicação necessárias para atrair e manter a atenção do ouvinte, por isso, agem com a convicção de que o silêncio e a falta de expressividade possam chamar menos atenção e gerar menos crítica dos interlocutores. Ainda não é clara na literatura a relação da timidez com a sintomatologia vocal, autoavaliação da comunicação e do falar em público, fazendo-se necessário mais estudos para esclarecer esses aspectos. OBJETIVO: Investigar se a timidez influencia na autoavaliação dos aspectos da comunicação, do falar em público e dos sintomas vocais. MÉTODOS: Estudo observacional, analítico e transversal. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 3.282.389/2019. Participaram 264 indivíduos, com média de idade de 21 anos, sem histórico de diagnóstico de alterações laríngeas e (ou) vocais e (ou) outras doenças que pudessem influenciar nas características vocais. Os desfechos analisados foram: Escala de Timidez Revisada de Cheek e Buss2; Escala de Sintomas Vocais (ESV)3; Escala para Autoavaliação ao Falar em Público (SSPS)4; e, autoavaliação da comunicação no dia-a-dia. Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial (Teste de Mann-Whitney e Teste de Correlação de Spearmann). RESULTADOS: 68,56% (n=181) dos participantes foram considerados tímidos. Tímidos apresentaram escores maiores de sintomatologia vocal nos domínios limitação (p<0,001), emocional (p=0,001) e total (p<0,001); maior pontuação nos aspectos negativos (p<0,001) e menor nos aspectos positivos (p=0,019) do falar em público; autopercepção de loudness mais fraca (p=0,008) e de pitch mais agudo (p=0,036) na comunicação diária do que não-tímidos. Houve correlações estatisticamente significantes entre e positivas dos escores de timidez com nos domínios limitação (p<0,001), emocional (p<0,001), físico (p=0,010) e total (p<0,001), aspectos negativos de falar em público (p<0,001), e autopercepção de pitch na comunicação diária (p=0,003); além de correlação negativa com aspectos positivos (p<0,001) e loudness na comunicação diária (p=0,008). CONCLUSÃO: há grande ocorrência de timidez e de sintomas vocais e dificuldade de falar em público na população estudada. Indivíduos tímidos têm maior autoavaliação de aspectos negativos e menor de aspectos positivos do falar em público, maior sintomatologia vocal, autopercepção de loudness mais fraca e de pitch mais agudo na comunicação diária, quando comparados aos não-tímidos. Quanto maior a percepção de timidez, maior a autoavaliação de aspectos negativos do falar público, da autoavaliação da comunicação diária e da sintomatologia vocal.

1. Henderson L, Zimbardo P. Shyness. Encyclopedia of Mental Health. San Diego: Academic Pres CA; 1998.
2. Cheek JM, Buss AH. Shyness and sociability. J Pers Soc Psychol. 1981;41(2):330-339. doi:10.1037/0022-3514.41.2.330
3. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-Cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale—VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-468. doi:10.1016/j.jvoice.2013.11.009
4. Osório FDL, Crippa JAS, Loureiro SR. Self Statements during Public Speaking Scale (SSPS): cross-cultural adaptation for Brazilian Portuguese and internal consistency. Arch Clin Psychiatry (São Paulo). 2008;35(6):207-211. doi:10.1590/S0101-60832008000600001



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1779
A TRÍADE: FAMÍLIA, CLÍNICA E ESCOLA NA ABORDAGEM BILÍNGUE PARA SURDOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Resumo: O trabalho com a família na clínica fonoaudiológica tem ganhando cada vez mais atenção, considerando a importância das interações para o uso social da linguagem. As dificuldades dialógicas entre pais ouvintes e filhos surdos intensificam a necessidade de um olhar diferenciado da Fonoaudiologia¹, numa atuação que se torna imprescindível e que precisa ressignificar e transcender o espaço da clínica para sua atuação, pois além do atendimento “propriamente dito” com a criança, exige também entender e intervir nas demandas de ordem linguística de sua família², bem como interpor um constante diálogo para identificação dos benefícios da terapia bilíngue para e com a família, em consonância, também, com a escola, com vistas à consolidação de uma educação bilíngue, colaborando com fortalecimento de sua identidade linguística como garantia de um direito da pessoa surda³ e, por consequência, sua inclusão social. Objetivo: Discutir a prática fonoaudiológica relacionada à família e a forma como essas práticas reverberam na ressignificação do olhar da mesma em relação aos aspectos clínicos e educacionais da criança surda. Método: Trata-se de um estudo de caso de uma criança surda de 12 anos, tomado como posto de observação as narrativas da mãe. Os dados compõem-se de sessões realizadas semanalmente com a mãe, analisados a partir de uma perspectiva discursiva. Resultados: A mãe, numa tentativa de superproteger a criança e sem domínio consistente da língua de sinais para mediar, mantinha práticas comuns à primeira infância como: uso de chupeta, mamadeira, realização das atividades de vida diária pela criança (cuidados de higiene e alimentação), bem como descrédito na sua escolarização e permissividade excessiva para o uso de telas digitais. Assim, o papel da família de possibilitar o desenvolvimento da autonomia e independência da criança, bem como a importância da escola e da língua de sinais foram os pontos centrais dos encontros semanais. A mãe foi ressignificando o seu papel nas relações da criança com a escola, com a clínica e com a própria família. Nesse caso, ressalta-se a importância do fazer fonoaudiológico na mediação da tríade: família, escola e clínica para o desenvolvimento do sujeito como um todo³, respeitando, sobretudo, os limites éticos da profissão e os papéis que cada espaço social e sujeitos outros realizam na vida da pessoa surda. Conclusão: O trabalho com questões de ordem linguística com a criança surda não se limita ao espaço clínico, mas, sobretudo, na ação transcendente com os sujeitos que a criança estabelece suas interações dialógicas mais significativas: família e escola. Assim, atuando na ampliação de ações para o alcance dessas rotinas, o fonoaudiólogo pode promover práticas para o uso da linguagem, que agregam para o sujeito habilidades que modificam os aspectos cognitivos e sociais e, por consequência, sua qualidade de vida. Dessa forma, assume um papel de mediador, modificando comportamentos linguísticos cristalizadas em práticas de super/des/proteção promotoras de isolamento social e educacional da criança surda, para interações linguísticas promotoras de desenvolvimento.



1. Nascimento MV, Moura MC. Habilitação, reabilitação e inclusão: o que os sujeitos surdos pensam do trabalho fonoaudiológico?. Revista de ciências humanas [Internet]. 2018 [acesso em 10 jun 2020] 52(1):1-19. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/view/21784582.2018.e49807/40082

2. Nascimento GB. Intervenção fonoaudiológica com familiares de crianças surdas [Dissertação na internet]. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria; 2015 [acesso em 2020 Jul 10]. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/17542

3. Brasil. Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002. Dispõe sobre a Lingua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências [Internet]. Diário oficial da união. 25 de set de 2002 [acesso em 2020 Jul 10]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm


TRABALHOS CIENTÍFICOS
476
A USABILIDADE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA DOS SOFTWARES NA IDENTIFICAÇÃO FACIAL FORENSE POR FONOAUDIÓLOGOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
84450000


Introdução:
A identificação facial forense, ao decorrer do tempo, no Brasil e em outros países inovou-se e aperfeiçoou-se tecnologicamente, viabilizando a flexibilidade conclusiva do laudo e do parecer técnico dos peritos e assistentes técnicos. Os recursos tecnológicos que permitem efetivar as análises e as mensurações orofaciais fundamentam-se nos softwares antropométricos, estes são sistemas automáticos constituídos por algoritmos de processamento numérico, destinando-se para o tratamento de imagens, análise, sobreposição, mensurações, redimensionamentos e outras particularidades necessárias a cada caso estabelecido. Em sua execução, a respectiva identificação ocorre de modo individual ou multidisciplinar dependendo do caso e da demanda de conhecimentos específicos solicitados, consequentemente, a Resolução do Conselho Federal de Fonoaudiologia CFFa nº 214/1998 possibilitou a atuação do Fonoaudiólogo no contexto judicial e extrajudicial, válido para suas diferentes metodologias atuacionais, entre estas destaca-se a Motricidade Orofacial, segundo a Resolução CFFa nº 320/2006, esta especialidade corresponde às pesquisas e estudos, prevenção e todo o processo clínico de tratamento estrutural e funcional das regiões orofaciais e cervicais, como resultado, suas práticas específicas desempenhadas em prol da identificação facial do suspeito são precisas devido aos seus conhecimentos práticos, técnicos e científicos.1,2,3
Objetivo:
Descrever os softwares antropométricos utilizados por Fonoaudiólogos no âmbito das identificações faciais forenses.
Método:
O projeto desta pesquisa nº 3.974.805 legalizado por intermédio do Comitê de Ética em Pesquisas, corresponde ao resultado parcial do Trabalho de Conclusão de Curso. Inicialmente foram retratados os objetivos e os procedimentos adotados, para as possíveis manifestações participativas, posteriormente todos os participantes assinaram termo de consentimento. Os dados e o questionário foram enviados e coletados através do e-mail e da ferramenta Google Forms, visto que os participantes situavam-se em diferentes Estados.
Foram selecionados 12 Fonoaudiólogos, todavia, um participante foi eliminado da amostra por não corresponder ao segundo critério de inclusão da pesquisa, deste modo, a composição de integrantes correspondeu a 11 especialistas forenses. Os requisitos de elegibilidade para a composição da amostra baseavam-se em:
I. Ter a atuação de no mínimo um ano como perito e/ou assistente técnico no âmbito policial ou judicial;
II. Utilizar o método Foto-antropométrico (comparação/verificação das medidas orofaciais).
Resultados:
Deve-se destacar que os softwares antropométricos mencionados percentualmente a seguir referem-se da reiteração e quantidade proporcionada por cada integrante da amostra.
Softwares Porcentagem
Gimp 25,00%
Adobe Photoshop 21,43%
Sapo 14,29%
Imagej 10,71%
Adobe Creative Suíte 3,57%
Forevid 3,57%
Amped 3,57%
Lince 3,57%
Peritus 3,57%
CorelDRAW 3,57%
FaceGem 3,57%
Radiocef Studio 2 3,57%
Ressalta-se que estes sistemas operacionais devem ser utilizados de forma complementar, devido às limitações apresentadas, nas resoluções das identificações faciais por especialistas. Sintetizando, foi possível verificar que não há um consenso nos sistemas indicados.4
Conclusões:
Com base na análise do questionário, contemplaram-se as preferências do perfil de cada profissional e a relação dos softwares mais utilizados, com efeito, cabe aos especialistas interessados neste âmbito forense verificar os recursos operacionais com as peculiaridades de sua preferência. Sugere-se, ainda, a realização de estudos voltados a experimentos práticos e a comparação das especificidades dos softwares antropométricos.

1 DE AZEVEDO JF, RESENDE RV. Prosopografia: estudo comparativo das medidas antropométricas de imagem padrão e questionada em sujeitos conhecidos. Rev CEFAC. 2014, 16(1): 202-213.
2 FERNANDES JR. Imagens fotográficas forenses. In: FERNANDES, Joel Ribeiro. Perícias em Áudios e Imagens Forenses. São Paulo: Millennium, 2013. P. 141-160.
3 GUIMARÃES RM. Desenvolvimento de um protótipo de software de reconhecimento facial de tempo real para registro eletrônico de ponto em ambientes indoor com utilização do dispositivo kinect [mestrado]. Belo Horizonte: Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura - FUMEC; 2016.
4 REHDER MI, CAZUMBÁ LF, CAZUMBÁ M. Prosopografia: identificação facial. In: DE AZEVEDO JF. Identificação de falantes: uma introdução à fonoaudiologia forense. Rio de Janeiro: Revinter, 2015. P. 225-240.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1816
A UTILIZAÇÃO DE LIBRAS NO AMBIENTE ESCOLAR PARA CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO SURDAS
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Os déficits relacionados ao Transtorno do espectro do autismo (TEA) e ausência da audição faz com que a situação dessas crianças na escola por vezes se agrave, tornando-a cada vez mais isolada e restrita à um ambiente precário e de segregação, o que ressalta a importância dos professores escolherem ações educativas que requererem conhecimentos específicos e que visem o avanço de suas habilidades. Frente a um cenário brasileiro no qual há escassez de evidências científicas das ações educativas junto a alunos com TEA surdos, é importante verificar quais estratégias de comunicação têm sido utilizadas no ambiente escolar. Objetivo: verificar em um grupo de professores a possibilidade do uso da Libras (Língua Brasileira de Sinais) como estratégia comunicativa de alunos com TEA surdos, bem como identificar suas opiniões sobre qual escola seria mais adequada para o desenvolvimento de suas habilidades. Método: aplicação de um questionário tipo survey exploratório de abordagem quanti-qualitativa acessado na via plataforma digital, após aprovação ética do estudo pela instituição sede da pesquisa. Houve a participação de 38 professores que atuam nas Emebs - Escolas Municipais de Educação Bilíngue para surdos e em escolas regulares polos de atendimento inclusivos e bilíngues para surdos. Foram conduzidas análises descritivas de percentual. Resultados: Os resultados revelaram que a LIBRAS têm sido utilizada como estratégia na comunicação desses alunos em sala de aula (86.8%) e que esses professores combinam diferentes tipos de métodos de comunicação, como por exemplo, a utilização da LIBRAS com o Sistema de comunicação por troca de figuras (Pecs), (55,3%), Gestos (39,5%), Fala Sinalizada (36,8%) e escrita (26,3%). Metade da amostra (50%) considera que os alunos apresentam uma evolução demorada na aquisição dos sinais, mas que a língua é um instrumento eficaz na comunicação (92,1%). Dos 38 professores (47,4%) concordaram que esses alunos se desenvolveriam melhor em escolas de surdos, mas em sala separada, (28,9%) afirmaram que deveriam estudar em sala de aula conjunta com os surdos, no entanto, para (23,7%) esses alunos deveriam ser incluídos em escolas regulares. Conclusão: O estudo possibilitou a partir da opinião dos professores, evidenciar a LIBRAS como uma alternativa de comunicação que pode fazer parte das adaptações curriculares para alunos com TEA surdos.

BRASIL. Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 dez. 2005.
CAMARGO, S. P. H.; BOSA, C. A. Competência social, inclusão escolar e autismo: um estudo de caso comparativo.Psicologia: Teoria e Pesquisa, v.28, n.3, p.315-324, 2012.
FARIA, K. T.; TEIXEIRA, M. C. T. V.; CARREIRO, L. R. R.; AMOROSO, V.; PAULA, C. S. Atitudes e práticas pedagógicas de inclusão para o aluno com autismo. Revista Educação Especial | v. 31 | n. 61 | p. 353-370 | abri./jun. Santa Maria, 2018.
FERREIRA, C.; BEVILACQUA, M.; ISHIHARA, M.; FIORI, A.; ARMONIA, A.; PERISSINOTO, J.; TAMANAHA, A. C. Selection of words for implementation of the Picture Exchange Communication System – PECS in non-verbal autistic children. CoDAS;29(1):e20150285 DOI: 10.1590/2317-1782/20172015285, 2017.
LIMA, S. M.; LAPLANE, A. L. F. de. Escolarização de Alunos com Autismo. Revista Educação Especial, v.22, n.2, p.269-284, 2016.
LOPES, R. A; RIBEIRO, A. F.; CELETI, F. R.; ABISSAMRA, R. G. C. ANÁLISE DO PERFIL PROFISSIONAL DE (TILS) TRADUTORES-INTÉRPRETES DE LIBRAS ATUANTES NO ENSINO SUPERIOR. Trilhas Pedagógicas, v. 9, n. 10, Ago. 2019, p. 355-365.
LOPES, R. A; RIBEIRO, O. R.; AMATO, C. A. H. VESTÍGIOS DA AQUISIÇÃO DA LIBRAS (LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS) POR GRADUANDOS DE PEDAGOGIA. Trilhas Pedagógicas, v. 7, n. 7, Ago. 2017, p. 145-154
LOPES, R.A., MOURA, M. C.; MASINI, E. A. F. S.; TEIXEIRA, M. C. T. V.; RIBEIRO, M. O. O ENSINO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) EM CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA: UMA POSSIBILIDADE REAL? Trilhas Pedagógicas, v. 6, n. 6, Ago. 2016, p. 212-228




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1401
A VIABILIDADE DA AMAMENTAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA POR COVID-19
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: a Organização Mundial Saúde, endossada pelo Ministério de Saúde do Brasil, recomenda o aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebê (BRASIL, 2015). Nesse quesito, era inquestionável os benefícios da amamentação e promoção do aleitamento materno, mas no momento da pandemia pelo COVID-19 muitas incertezas foram evidenciadas em relação a continuação ou não do aleitamento materno. Objetivo: investigar a viabilidade do aleitamento materno para os RNs (recém-nascidos) em puérperas (mães) diagnosticadas com COVID-19. Método: foi definido como população alvo, puérperas diagnosticadas com COVID-19 para coleta de amostras de leite materno, sendo excluídos artigos com outras doenças associadas ou que não tratassem do aleitamento materno como forma de transmissão do vírus. A pergunta norteadora trata-se sobre a viabilidade do aleitamento materno de mães diagnósticas com COVID-19. Para a revisão integrativa, a estratégia de busca foi elaborada de acordo com o objetivo da pesquisa nas bases de dados Medline, Pubmed, Science of direct e Web of Science, e a escolha dos descritores foram feitas através do MESH: ((Feeding, Breast) OR BreastFeeding) AND COVID-19. A escolha dos artigos foram realizadas por dois investigadores que participaram do processo de seleção e em caso de discordância um terceiro pesquisador foi recrutado para decisão de inclusão ou exclusão dos estudos. Foram feitas pesquisas adicionais através de buscas manuais, leitura das referências bibliográficas dos artigos incluídos e consulta a um especialista da área. Extraiu-se dos artigos as seguintes informações: autores, ano de publicação, país, título do estudo, amostra, critérios de inclusão, critérios de exclusão, via de oferta do leite materno, presença de transmissão vertical, tipo de testagem e quantos dias foram testados após a confirmação do vírus. Resultados: depois de realizadas as estratégias de busca nos quatro bancos de dados, localizou-se 135 artigos, mas nem todos foram selecionados
para a revisão integrativa, totalizando 13. Nos estudos selecionados, em populações de puérperas em aleitamento materno, até o presente momento, não foram apresentados dados conclusivos para a transmissão vertical pela amamentação, sendo a maioria dos casos relatados por neonatos com COVID-19 mediante a transmissão horizontal de uma mãe infectada ou por profissionais de saúde. Diante dos benefícios que o aleitamento materno oferece a saúde do recém-nascido, associado a incertezas sobre a transmissão do vírus, ainda é recomendado que a amamentação seja mantida. Todos os artigos relatados descreveram apenas a importância do aleitamento materno, mas não foram verificados a via de oferta, como por exemplo mamadeira, copo, ou mesmo o contato direto do seio materno. Conclusão: não se pode definir, por meio dos artigos encontrados, a viabilidade do aleitamento materno para os RNs em puérperas (mães) diagnosticadas com COVID-19, mas de acordo com a Organização Mundial de Saúde, esse ato ainda deve ser mantido, devido as vantagens que o aleitamento materno traz para os recém-nascidos.

1- Chen H, Guo J, Wang C, et al. Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet 2020; 395: 809–15.

2- Center for Disease Control and Prevention (CDC). Interim Considerations for Infection Prevention and Control of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) in Inpatient Obstetric Healthcare Settings. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/inpatient-obstetric healthcareguidance.html. Acesso em 26 de maio de 2020.

3- Lang, G., Zhao, H. As mulheres infectadas com SARS-CoV-2 podem amamentar após a depuração viral ?. J. Zhejiang Univ. Sci. B 21, 405-407 (2020). https://doi.org/10.1631/jzus.B2000095

4- Piersigilli F; Carkeek K; Hocq C; Grambezen B;V, Hubinont C; Chatzis O; Linden D;V, Danhaive O;. Lancet Child Adolesc Health 2020; Published Online;May 7, 2020;Department of Neonatology;Department of Obstetrics;Pediatric Infectious Diseases;University Hospital, Catholic;University of Louvain, Brussels( COVID-19 in a 26-week preterm neonate)

5- Procianoy S R; Silveira R;C; Manzoni P; Sant’Anna G;(Neonatal COVID-19: little evidence and the need for more information; COVID-19 neonatal: poucas evidências e necessidade de mais informacões); Jornal de Pediatria 2020.

6- Furlow B; (Features US NICUs and donor milk banks brace for COVID-19); Vol 4 2020 May

7- Davanzo R; (Breast Feeding at the Time of COVID-19: Do Not Forget Expressed Mother's Milk, Please);Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2020 Apr 6

8- Brasil – Ministério da Saúde [homepage on the Internet]. Orientações direcionadas ao Centro de Operações de Emergências para o Coronavírus (COE Covid-19) a serem adotadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a amamentação em eventuais contextos de transmissão de síndromes gripais. Nota Técnica Nº 7/2020-DAPES/SAPS/MS. Acessada em 27/05/2020. Disponivel em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/SEIMS_0014033399_Nota_Tecnica.pdf

9- MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ REDE BRASILEIRA DE BANCOS DE LEITE HUMANO RECOMENDAÇÃO TÉCNICA No.01/20.170320 ASSUNTO: Covid-19 e Amamentação. BRASIL, abr 2020

10- Davanzo R; Moro G; Sandri F; Agosti M; Moretti C; Mosca F;(Breastfeeding and Coronavirus disease-2019: Ad Interim Indications of the Italian Society of Neonatology Endorsed by the Union of European Neonatal & Perinatal Societies); 2020 Apr


TRABALHOS CIENTÍFICOS
432
A VOZ DO ATOR PROFISSIONAL – RISCO DE DISFONIA E SITUAÇÃO OCUPACIONAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Atores e atrizes de teatro são profissionais da voz com demandas específicas, pois usam sua voz falada e cantada para a arte e atuam em diferentes cenários, além de muitas vezes terem outra ocupação. A falta de cuidados vocais como parte da rotina de sua profissão também merece investigação [1-3]. Entender como a rotina de saúde geral, bem como de formação artística e vida profissional interferem nos possíveis usos e desempenho vocal desses artistas deve ser averiguado e aprofundado [4, 5].
OBJETIVO: Mensurar o risco de disfonia referente às condições artísticas e ocupacionais, para junto a atores e atrizes sem queixa vocal.
MÉTODOS: Tratou-se de estudo transversal observacional. Participaram 39 atores, sendo 20 homens e 19 mulheres. A média de idade foi de 35,1 anos (entre 25 e 53 anos) para atores e 31,5 anos (entre 23 e 40 anos) para atrizes. Atores e atrizes tinham, em média, respectivamente, 8,8 anos e 7,2 anos de experiência profissional. Todos preencheram dois instrumentos: (1) Protocolo de Rastreio de Risco de Disfonia – Geral (PRRD-G), composto por 18 questões sobre a situação de saúde geral e vocal do indivíduo, e ponto de corte para risco de disfonia estabelecido para ambos os sexos(6). (2) Protocolo de Rastreio de Risco de Disfonia – Atores, composto por 24 questões sobre a condição ocupacional do ator ou da atriz, bem como sobre sua formação profissional e demandas artísticas no momento. Foram mensurados o risco de disfonia geral, específico e total (soma do PRRD-G e PRRD-A) para cada indivíduo. Comparações acerca do risco de disfonia foram feitas entre os sexos.
RESULTADOS: Os atores e atrizes desse estudo apresentaram alto risco geral e específico para o desenvolvimento de disfonia, independentemente de sexo, queixa e alteração vocal. Quanto às questões profissionais, foi observada escassa rotina de cuidado e higiene vocal, bem como o relato de que muitos deles têm outras profissões com uso vocal, aumentando ainda mais sua demanda vocal.
CONCLUSÃO: Atores e atrizes sem queixas vocais mostraram compor grupos semelhantes em relação ao alto risco para desenvolver disfonia, independentemente da presença de alteração vocal. Hábitos de cuidados, preservação e promoção da saúde vocal são escassos nessa população e devem ser estimulados, sendo esse um grande campo para a atuação fonoaudiológica. Além disso, a continuidade do estudo deve investigar quais desses fatores de risco são os mais presentes e relevantes no desenvolvimento de disfonia nesta população.

1. Roy N, Ryker KS, Bless DM. Vocal violence in actors: An investigation into its acoustic consequences and the effects of hygienic laryngeal release training. Journal of Voice. 2000;14(2):215-30.

2. Ferrone C, Leung G, Ramig LO. Fragments of a Greek trilogy: Impact on phonation. Journal of Voice. 2004;18(4):488-99.

3. Rangarathnam B, Paramby T, McCullough GH. "Prologues to a Bad Voice": Effect of Vocal Hygiene Knowledge and Training on Voice Quality Following Stage Performance. Journal of Voice. 2018;32(3):300-6.

4. Lerner MZ, Paskhover B, Acton L, Young N. Voice Disorders in Actors. Journal of Voice. 2013;27(6):705-8.

5. Phyland D, Miles A. Occupational voice is a work in progress: active risk management, habilitation and rehabilitation. Current Opinion in Otolaryngology & Head and Neck Surgery. 2019;27(6):439-47.

6. Nemr K, Simoes-Zenari M, Duarte JMD, Lobrigate KE, Bagatini FA. Dysphonia risk screening protocol. Clinics. 2016;71(3):114-27.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
464
A VOZ DOS DISCENTES EM COMUNICAÇÃO SOCIAL: AUTOPERCEPÇÃO, QUEIXAS VOCAIS E PERFORMANCE COMUNICATIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Comunicar-se bem é uma necessidade dos futuros profissionais da Comunicação Social, logo, queixas vocais podem interferir de forma negativa em práticas comunicativas que têm como requisito básico a expressividade vocal na transmissão da mensagem verbal1. Sabe-se que a queixa é determinante para adesão a qualquer processo terapêutico e a autopercepção tem se tornado um instrumento de avaliação muito utilizado tanto na clínica como na pesquisa na área da saúde2,3. Objetivo: Investigar a relação entre autopercepção vocal, queixas vocais e performance comunicativa em estudantes de Comunicação Social. Método: O projeto foi aprovado conforme CAAE: 01687218.5.0000.5208. A primeira etapa da coleta foi realizada com 40 estudantes de Comunicação Social (Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Cinema e Rádio, TV e Internet) dos quais apenas 11 tiveram disponibilidade para realizar a segunda parte da pesquisa. Na fase inicial da coleta, os alunos responderam questionários sobre autopercepção da qualidade vocal e queixa de voz. Posteriormente, foram convidados a participar da etapa final com os registros de gravações feitas em um Laboratório de Voz. Para realizar as gravações das vozes foram utilizados os softwares de análise acústica Voxmetria e Fonoview. Resultados: Participaram 40 estudantes de Comunicação Social dos cursos de Cinema (20%), Jornalismo (40%), Publicidade (7,5%) e Rádio, TV e Internet (32,5%). Em relação ao gênero, 25 são do sexo feminino (62,5%) e 15 do sexo masculino (37,5%), com idades entre 18 e 24 anos, com média de 20,16 anos. Consideraram a autopercepção vocal boa 13 (68,5%), relataram queixa vocal 19 (47,5%). As queixas mais citadas foram falha na voz 7 (17,5%) e rouquidão 3 (7,5%). Os dados acústicos indicaram vozes sem desvios em relação à fonte glótica. Além disso, apenas 2 dos estudantes que participaram da segunda etapa da coleta evidenciaram desvantagem vocal com pior escore de 19 (47%). Na performance da leitura do texto, a maioria atribuiu o bom desempenho devido à expressividade (45,45%). Conclusão: Estudantes de Comunicação Social embora refiram autopercepção da qualidade vocal como boa, também apresentam queixas vocais, como falha na voz e rouquidão. Os parâmetros acústicos investigados indicam que as vozes dos participantes da pesquisa não apresentam desvios relativos à fonte glótica. Na leitura de texto consideram a performance comunicativa boa e afirmam que o desempenho está relacionado à expressividade empregada no exercício da leitura oral. No entanto, o trabalho fonoaudiológico durante a formação poderá aperfeiçoar a comunicação e evitar problemas vocais.


1. Santos AALD, Pereira EC, Marcolino J, Dassiê-Leite AP. Autopercepção e Qualidade vocal de estudantes de jornalismo. Revista CEFAC. 2014;16(4):566–72.

2. Behlau M. Voz: O livro do especialista - Volume 2. 2005. 576 p.

3. Nemr K, Amar A, Abrahã̈o M, Leite GC de A, Köhle J, Santos ADO, et al. Análise comparativa entre avaliação fonoaudiológica perceptivo-auditiva, análise acústica e laringoscopias indiretas para avaliação vocal em população com queixa vocal. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005;71(1):13–7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1989
ABORDAGEM MULTISSENSORIAL PARA A APRAXIA DE FALA INFANTIL: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A apraxia de fala infantil (AFI) é uma desordem neurológica que afeta os sons da fala, onde a precisão e a consistência estão alteradas, na ausência de déficits neuromusculares¹. Os erros nas crianças com AFI são na transcodificação dos sons (entre o planejamento e programação motora) e não na representação fonológica dos mesmos². Existem três principais abordagens para o tratamento da AFI: 1) Abordagens motoras (que são baseadas nos princípios da aprendizagem motora); 2) abordagens linguísticas (baseadas na representação fonológica) e abordagens multimodais (onde são inseridos outros recursos de comunicação para a criança). Ainda não existem estudos no Brasil mostrando a diferenciação de modelos terapêuticos para a AFI.

Objetivo: Apresentar os resultados (recorte terapêutico) de uma criança com AFI tratada por um modelo hibrído de terapia (abordagem motora associado à multimodal) – atravez do método MultiGestos®³.

Metodologia: Menino de 5:6, neurotípico, com diagnóstico prévio de AFI. Antes da terapia apresentava presente no sistema fonológico os sons /p/, /b/, /m/ e /m/. Em instrumento dinâmico para avaliação das habilidades motoras de fala, apresentou trocas inconsistentes, especialmente em palavras com diferentes pontos articulatórios, e maiores (aumento do número de erros conforme a extensão da palavra), alteração em prosódia e em vogais. Ainda, sua fala apresentou coarticulação interrompida.
Após a primeira avaliação traçou-se plano terapêutico, com utilização do método MultiGestos®³, com frequência de duas sessões semanais. A ideia era que na sessão fosse trabalhada a hierarquia motora da fala (produção dos sons menos complexos aos mais complexos) seguindo a ordem de aquisição fonológica.

Resultados: O trabalho foi realizado sempre utilizando a percepção e produção dos sons da fala, por meio de prática massiva (cada alvo era treinado no mínimo cinco vezes). Foram escolhidas entre cinco e dez palavras (com o som-alvo a ser trabalhado, e após 45 sessões de terapia, o menino foi reavaliado. A apresentou presente no sistema fonológico todas as plosivas e as fricativas anteriores (/f/ e /v/). Apresentou parcialmente adquiridos as demais fricativas e as líquidas /l/ e /R/. As líquidas /lh/ e /r/ encontraram-se parcialmente adquiridas. As trocas do menino continuavam inconsistentes em polissílabos, porém apresentou melhora na consistência em monossílabos, dissílabos (com mesma consoante e com consoante difente). Ainda, a prosódia teve melhora significativa, especialmente na realização do acento lexical. Com a evolução do sistema fonológico e da programação motora de fala da criança, apresentou aquisições em vocabulário, melhora em linguagem escrita e também na socialização. A coarticulação também apresentou evolução.

Conclusões: Abordagens hibrídas podem ser de grande valia para crianças com AFI, uma vez que trabalham além da produção motora dos sons, mas podem auxiliar nas diferentes falhas do planejamento/ programação motora da fala. O método MultiGestos®³ mostrou-se eficiente nesse caso, necessitando de mais estudos, com grupos maiores e ainda diferentes patologias de fala para confirmação da comprovação.

1. American Speech-Language-Hearing Association. Childhood Apraxia Of Speech. 2007. Disponível em: www.asha.org/policy.

2. Shriberg LD., Strand EA, Fourakis, M, Jakielski, KJ., Hall, SD, Karlsson, HB., . . . Wilson, DL. 2017. A diagnostic marker to discriminate childhood apraxia of speech from speech delay: III. Theoretical coherence of the pause marker with speech processing deficits in childhood apraxia of speech. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 60(4), S1135–S1152. https://doi.org/10.1044/2016_JSLHR-S-15-0298

3. Azevedo CC, Silva LMP. Curso Educação à distância (EaD) MultiGestos. 2020. TechKnowledge Cursos e treinamentos EaD.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
982
ABORDAGENS EM LINGUAGEM ADOTADAS POR FONOAUDIÓLOGOS NO SISTEMA PÚBLICO DE DOIS MUNCÍPIOS DO INTERIOR DE SÃO PAULO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Em qualquer que seja seu nível de inserção na atenção à saúde o fonoaudiólogo lidará com questões que se relacionam direta ou indiretamente com a linguagem e não apenas com a comunicação. Nosso interesse pelo tema está relacionado ao fato de que as alterações de fala e linguagem constituem a maior demanda fonoaudiológica no SUS e que as investigações em linguagem, principalmente no que concerne à sua aquisição, patologias e terapia, não foram exauridas. Em função das diferentes correntes teóricas que permeiam a Fonoaudiologia, questionamo-nos sobre o que faz o fonoaudiólogo clínico diante das diferentes possibilidades do trabalho com a linguagem e com o sujeito. Objetivo: Por essa razão, este trabalho tem como objetivo investigar, entre os fonoaudiólogos que atuam no setor público da saúde de dois municípios do interior de São Paulo, qual é a abordagem teórica em linguagem com que se identificam e adotam suas práticas. Metodologia: A pesquisa é descritiva, de caráter quanti e qualitativo. Foi aprovada pelo Comitê de Ética sob o número CAAE: 91240718.5.0000.5404. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cerca de dez fonoaudiólogos que atuam no setor público da saúde com vistas a verificar se tais profissionais identificam bases teóricas para sua atuação em linguagem e se conseguem estabelecer diferenças entre os modos de atuação. As entrevistas, registradas em áudio, foram transcritas e analisadas por meio do estabelecimento de categoriais, aferidas pelos pesquisadores, com base em critérios de repetição e relevância, adotados pela Análise de Conteúdo. Resultados: As profissionais reconheciam bases teóricas para atuação em linguagem, mas demonstravam dificuldades em diferenciar correntes. De modo geral, as profissionais demonstram inclinações ao interacionismo de Vygotsky (3), ao interacionismo de Cláudia Lemos (2), à abordagem pragmática (1) e à neurolinguística discursiva (4). A maior parte das respondentes referiu mesclar as abordagens teóricas na clínica. A mesclagem teórica aponta para a) pouca aproximação da Fonoaudiologia à Linguística e, consequentemente, b) necessidades de fonoaudiólogos aprofundarem os estudos em linguagem e c) distanciamento teórico e clínico na Fonoaudiologia. Conclusão: Os achados reforçam a necessidade de (re)aproximação entre os componentes clínicos e científicos da Fonoaudiologia. As abordagens implicam em diferentes posturas na avaliação e manejo terapêutico, o que nem sempre foi percebido pelos profissionais, que aderem à mesclagem teórica. Além disso, é necessária a realização de novos estudos envolvendo a dimensão terapêutica em Linguagem e Fonoaudiologia.

De lemos CTG. Das Vicissitudes da fala da criança e de sua investigação. Cadernos de Estudos Linguísticos. Campinas. 2002; 42(1): 41-69.
Lier de vitto MF. Patologias da linguagem: sobre as “vicissitudes de falas sintomáticas”. In: Lier de vitto MF, Arante L (orgs). Aquisição, patologias e clínica de linguagem. São Paulo: EDUC; 2006. p. 47-60.
Ramos AP. Reflexão sobre as posições de terapeuta frente às dificuldades de leitura e escrita na clínica fonoaudiológica [[recurso eletrônico]] [DISSERTAÇÃO DIGITAL]. [Campinas, SP]; Mestra em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação; 2018. 1 recurso online (168 p.). [citado 2020 Jul 10]. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/332345.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1252
AÇÃO DE PROMOÇÃO À SAÚDE VOCAL NO DIA MUNDIAL DA VOZ EM UNIVERSIDADE DO INTERIOR DE SÃO PAULO.
Práticas fonoaudiológicas
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é um instrumento poderoso de comunicação social e profissional, expressa sentimentos, tem papel primordial de veículo de transmissão de informações e convencimento do outro. Acompanha os indivíduos durante toda a vida e constitui a identidade pessoal. A perda ou alteração da voz gera impactos negativos na vida de qualquer pessoa, pois afeta a qualidade comunicativa, por isso ações de promoção e prevenção da saúde vocal são primordiais. A fonoaudiologia é responsável por trabalhar com os diferentes aspectos comunicativos, sendo sua função prevenir, promover, avaliar e reabilitar, a fim de eliminar ou minimizar distúrbios da comunicação. A saúde vocal é importante para os profissionais que dependem diretamente desse instrumento para realizar seu trabalho, mas toda população está propícia a desenvolver algum tipo de patologia vocal, por isso o trabalho do fonoaudiólogo inclui também divulgar e promover ações que possam atingir todo tipo de público. O engajamento dos graduandos de fonoaudiologia em ações de promoção da saúde vocal, permite colocar em prática os conhecimentos adquiridos, desenvolver experiências, compartilhar informações e orientações com a população auxiliando na prevenção de agravos vocais. Objetivo: Realizar atividade de educação em saúde, destacando aos cuidados com a voz, direcionado a discentes, docentes e funcionários da instituição. Métodos: As atividades realizadas foram coordenadas por estudantes de fonoaudiologia e se deu em uma universidade privada no interior do estado de São Paulo. Inicialmente os alunos elaboraram um projeto com as atividades propostas para ação de comemoração do dia mundial da voz. O projeto foi aprovado pela instituição e teve seu suporte para disponibilidade do espaço físico, impressão dos folders e equipamento de áudio. A ação se deu pela distribuição de material informativo sobre os cuidados da voz aos alunos, professores e funcionários, concomitante às apresentações do Coral Universitário da instituição, da Bateria da Liga das Atléticas da Saúde (LAS) e de um Coral de Laringectomizados do interior de São Paulo, que aceitaram previamente ao convite de participação. Resultados: A ação proporcionou oportunidade de sensibilização à importância de uma voz saudável e orientou a comunidade acadêmica de outras áreas da saúde, convidados e funcionários da instituição sobre o uso adequado e cuidados com a saúde vocal. O coral dos laringectomizados impactou e comoveu a todos, pela superação e otimismo que encaram a vida após o câncer de laringe, deixando um alerta quanto aos principais fatores de risco da doença. Assim, foi possível divulgar o Dia Mundial da Voz e destacar a intervenção fonoaudiológica junto à saúde vocal e à promoção de saúde. Aos discentes da graduação em fonoaudiologia, a ação permitiu conhecer e experienciar a atuação da profissão na promoção à saúde vocal, visto que integrou os conceitos teóricos e práticos abordados no decorrer do curso. Conclusão: Através da ação de promoção em saúde vocal foi possível destacar a importância da fonoaudiologia na criação de estratégias de orientação e prevenção aos distúrbios vocais, sensibilizando e conscientizando os docentes, discentes e funcionários sobre a importância da voz, que é essencial para a comunicação humana.

1. Dornelas R, Giannini SPP, & Ferreira LP. Campanha da Voz: uma iniciativa para cuidados em saúde. Distúrbios da Comunicação, 2014;26(3); http://200.144.145.24/dic/article/view/18219

2. Behlau M, Pontes P. Higiene Vocal: cuidando da voz. 3a ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2001.

3. Andrada e Silva MA. Saúde Vocal. In: Pinho SMR. Fundamentos em Fonoaudiologia: tratando os distúrbios da voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;1998. pp. 119-125.

4. Pinho, SMR. Manual de Higiene Vocal para Profissionais da Voz. 2a ed. Carapicuiba/SP: Pró-fono, 1999.

5. Oliveira IB. Desempenho vocal do professor: avaliação multidimensional [Tese]. Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas; 1999. http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/handle/tede/476

6. Santana MDCCPD, Brandão KKCP, Goulart BNGD, & Chiari BM. Fonoaudiologia e saúde do trabalhador: vigilância é informação para a ação!. Revista CEFAC, 11(3), 522-528; 2009. https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000300022

7. Ueda KH, dos Santos LZ, & Oliveira IB. 25 anos de cuidados com a voz profissional: avaliando ações. Revista Cefac, 10(4), 557-565; 2008. https://doi.org/10.1590/S1516-18462008000400016


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2018
ACESSIBILIDADE DO MUNDO DIGITAL PARA SURDOS
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Titulo: ACESSIBILIDADE DO MUNDO DIGITAL PARA SURDOS

INTRODUÇÃO
Historicamente a população Surda é vista como pessoas com condições de invalidez, ou apenas deficientes auditivos que tem a sua comunicação restrita. Entretanto essa visão vem-se modificando, atualmente é ressaltada, e levantada principalmente as questões de acessibilidade voltada para essa população. Quando temos a acessibilidade e humanização como aspectos primordiais, permitindo que o indivíduo tenha sempre o acesso a todos os serviços disponibilizados para a população ouvinte, mas de forma humanizada, direcionada a sua condição, sempre mantendo um olhar biopsicossocial do indivíduo. Atualmente vemos a importância do meio digital,que é utilizado para tudo. Então nosso grupo observou mediante a fóruns, lives, relatos que ainda sim, a população Surda percebe um déficit, a falta de acessibilidade para esse meio. E com isso notamos que há falta de informações que contenha essa abordagem, que também é considerada educação em saúde.

OBJETIVO
Pensando na falta de acessibilidade do meio digital para a população surda, temos como objetivo a criação de um material informativo sobre a importância da acessibilidade digital para a população Surda.

MÉTODO
Por conta do período de pandemia, foi proposto aos alunos que estão cursando o último ano do curso de Fonoaudiologia, a elaborarem projetos sobre a Audiologia Educacional. Foram feitas reuniões para decidir o tema do projeto, em seguida foi feito um levantamento pelas mídias sociais sobre quais seriam as principais dificuldades que os surdos enfrentam, principalmente durante este período. Após determinar o tema e as dificuldades, foram feitas buscas na literatura e elaborado um roteiro com todas as informações pertinentes ao projeto, como: público alvo; o que seria informado; como seria compartilhado as informações; qual seria a plataforma de divulgação.
A falta de acesso dos Surdos às informações é extremamente grave, e de acordo com o Decreto 10.436, eles têm como direito o acesso completo à todas as informações.
Após todo o levantamento e pesquisa, definimos então que o público alvo será as pessoas que produzem conteúdos na internet independentemente do tema, para que elas se conscientizem e ofereçam acessibilidade aos Surdos quando forem criar seus projetos.
Foi feito um infográfico animado, com os dados epidemiológicos da Surdez no Brasil, com conteúdo sobre a importância da humanização em relação ao Surdo e dicas de como as pessoas podem adaptar seus projetos à comunidade Surda, como por exemplo, utilizar legendas nos vídeos ou a tradução em LIBRAS (intérpretes de LIBRAS).

CONCLUSÃO

Temos a pretensão de distribuir esses materiais educativos informativos nas mídias sociais, haverá uma apresentação de todos os trabalhos de um grupo de estudantes quarto anistas, que prepararam diversos materiais, incluindo este. Docentes, discentes e a comunidade serão convidados a conhecer esses materiais, será feito um encontro online, promovido pelo pelo curso de Fonoaudiologia da instituição Santa Casa, com isso nós pretendemos, que o direito dos surdos, as informações possam ser garantidas como está previsto nos textos legais.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
583
ACESSO A ATENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: INTERVENÇÕES PARA A MELHORIA DA QUALIDADE
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O interesse pela temática da qualidade é evidente em todas as áreas e sua emergência, em especial no setor da saúde, tem se destacado e afetado todos os implicados no processo: usuários, gestores e profissionais. Diversos estudos definem qualidade em serviços de saúde por meio de dimensões, componentes, fatores ou atributos tirando-a, portanto, do plano da subjetividade. O acesso, ainda que não apareça em todos os esquemas, é uma importante dimensão da qualidade, pois é por meio deste que em grande parte se mede a dimensão social da assistência à saúde, no entanto, ainda são poucos os estudos que fazem referência à temática em Fonoaudiologia. Donabedian ao definir acessibilidade estabeleceu duas dimensões a ela relacionada: a geográfica e a sócio-organizacional, esta última alusiva a oferta de atividades, horários de atendimento, marcação de consultas, tempo de espera para atendimento, critérios para seleção da demanda, adequação aos recursos disponíveis e a existência de mecanismos formais de articulação entre níveis assistenciais. Objetivo: Melhorar a acessibilidade em sua dimensão sócio-organizacional a um Serviço Ambulatorial de Fonoaudiologia no município do Natal - Rio Grande do Norte. Métodos: Estudo de natureza quantitativa do tipo quase experimental de série temporal resultado de um ciclo de melhoria da qualidade. O nível de qualidade foi avaliado por meio de critérios relacionados a taxa de faltas às consultas, aprazamento para triagem e para início da terapia fonoaudiológica. As avaliações aconteceram no período de janeiro de 2017 a agosto de 2018 e a coleta de dados foi realizada por meio de relatórios emitidos pelo programa de agendamento e fila de espera. Os dados foram compilados e subsidiaram o delineamento de gráficos de tendência por meio dos quais verificou-se a presença de padrões indicativos de situações significativamente diferentes da esperada (p<0.01) e o cumprimento dos critérios de qualidade. Resultados: O nível de qualidade estabelecido foi alcançado em alguns períodos, no entanto, não foram observadas mudanças com significância estatística no comportamento do indicador quando relacionado às intervenções. Conclusão: As mudanças na organização do serviço e o acompanhamento de indicadores parecem ter efeito positivo na melhoria no acesso, no entanto, verificou-se instabilidade nos processos avaliados o que evidencia a necessidade de novas intervenções.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1714
ACESSO A ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE E TRANSMASCULINIDADE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (2008) ¹ prevê cuidado integral através da qualificação da atenção primária para que seja porta de entrada e criação do sistema especializado de alta complexidade 2 ,3 ,4. Contudo, a literatura vem apontando que apesar dos avanços, essa população ainda relata dificuldades para acessar o sistema, e aqui destacamos principalmente as situações vivenciadas por homens trans, que frequentemente narram um cenário de negligência e descaso 5, 6. Objetivo: descrever a população transmasculina do estado do Espírito Santo, como tem sido o acesso a saúde e a qualidade do serviço de assistência prestado. Metodologia: A fim de contactar essa população, dialogou-se com o Instituto Brasileiro de Transmasculinidade do Espírito Santo- IBRAT -ES, que atua no cadastro e apoio dessa população no estado. Relatos obtidos durante a organização do estudo revelaram a dificuldade no acesso ao sistema saúde. Participaram 45 homens trans com idades entre 18 e 43 anos, que responderam a um questionário online elaborado para a pesquisa, com perguntas como “onde você reside atualmente?”, “faz acompanhamento frequente (no mínimo 2 vezes por ano) da sua saúde geral?”, “onde faz este acompanhamento?”. Os dados foram submetidos a análise descritiva. CEP 140991. Resultados: Entre os pesquisados, a maior parte reside atualmente na região metropolitana da capital do estado (86,7%) e 20% dos participantes da pesquisa relataram não fazer acompanhamento frequente de sua saúde, sendo que os principais problemas elencados foram evitar constrangimentos (44,4%) e falta de interesse (33,3). Dos que fazem acompanhamento frequente , 61,1% declararam utilizar exclusivamente o Sistema Único de Saúde (SUS), seguidos pelos que são atendidos tanto no sistema privado quanto no público (22,2%) e os que frequentam exclusivamente o sistema privado (16,7%). Outro dado interessante concerne a avaliação desses atendimentos, pois 61,1% dos participantes classificaram a qualidade como ótima, seguidos dos que categorizam o serviço como regular (22,2%) e aqueles que declararam como boa (16,7%). Conclusão: as Políticas Públicas tem colaborado efetivamente na ampliação e consolidação do atendimento à saúde da população transexual masculina do estado, mesmo que ainda existam percalços, pois não foi possível observar um acolhimento na atenção primária. Evidencia-se que o ambulatório especializada localizado na região metropolitana da capital cumpre para além do seu papel, pois muitas vezes desempenha também assistência em atenção primária à saúde dessa população.


1. Brasil. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT. Brasília: MS; 2008.
2. Brasil. Portaria Nº 2.803, de 19 de novembro de 2013. Redefine e amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde, 19 nov 2013.
3. Brasil. Portaria Nº 1370, de 21 de junho de 2019. Inclui procedimento na tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 21 de junho de 2019.
4. Brasil. Transexualidade e Travestilidade na Saúde. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
5. Bezerra DS; Bezerra AK; Souza RCM; Nogueira WBAGN; Bonzi ARB; Costa LMM. Homens transexuais: invisibilidade social e saúde mental. Temas em Saúde. 2018; 18(1), 428-444.
6. Souza, D; Iriart J. “Viver dignamente”: necessidades e demandas de saúde de homens trans em Salvador, Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2018; 34 (10).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1913
ACESSO DO USUÁRIO AO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO TERAPÊUTICO EM UM MUNICÍPIO DO LITORAL CENTRO-NORTE CATARINENSE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O fonoaudiólogo está inserido em numerosas ações e programas do SUS e há necessidade de rever conceitos e práticas, com o intuito de disponibilizar ao usuário um serviço de qualidade e que venha de encontro com os princípios preconizados. A partir da identificação da necessidade de melhoria do acesso ao serviço fonoaudiológico, na realização desta pesquisa, busca-se propor uma ferramenta de gestão para o acesso no atendimento terapêutico de fonoaudiologia na rede de saúde nos diferentes níveis do sistema em um município de médio porte do Vale do Itajaí, Santa Catarina, focando a continuidade e a coordenação do cuidado ao longo da trajetória daqueles que procuram os serviços de saúde e o auxílio do fonoaudiólogo. Objetivo: Caracterizar o acesso dos usuários no serviço de fonoaudiologia em relação à estrutura, processo e resultado. Métodos: A presente pesquisa trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, onde foi analisada a lista de espera para atendimento fonoaudiológico terapêutico e coletados os seguintes dados: nome, idade, sexo, bairro, motivo do encaminhamento, origem do encaminhamento, profissional que encaminhou e data da entrada. Resultados: O munícipio no qual foi realizada a pesquisa possui 162 usuários aguardando para atendimento fonoaudiológico terapêutico, sendo a maioria na faixa etária entre 06-12 anos e do sexo masculino. Os bairros centrais destacaram-se apresentando uma maior demanda ao serviço, tendo o desvio fonológico como uma das maiores queixas, seguido por atraso na fala e linguagem. Sendo os encaminhamentos originados em sua maioria das UBS seguido pelas Unidades Escolares. A área médica foi responsável pelos maiores números de encaminhamentos, realizado por pediatra e clínico geral, tendo a data de entrada desses encaminhamentos, constando como o primeiro semestre de 2019, entretanto, mesmo que em número menor, mas o município ainda apresenta em sua lista de espera encaminhamentos de 2017. Conclusão: O município conta com 162 usuários aguardando para atendimento fonoaudiológico terapêutico, sendo a grande maioria em idade escolar e do sexo masculino apresentando desvio fonológico, a área médica apresentou um maior número de encaminhamentos, sendo estes originados das UBS, com tempo de espera médio para início do atendimento de 2 anos e meio.Identifica-se como necessidade um processo de educação permanente junto aos profissionais de saúde,qualificando a entrada das informações..

Fonoaudiologia. Gestão. Saúde pública. Acesso aos serviços de saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1562
ACESSO E INIBIÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS EFEITO DE PRIMING SEMÂNTICO
Tese
Linguagem (LGG)


Introdução: O processamento léxico-semântico está relacionado à amplitude e profundidade do vocabulário (1;2;3) e ao acesso eficiente do significado da palavra, que requer rapidez e acurácia na recuperação e inibição de informações inconsistentes. Experimentos com priming semântico e homônimos propiciam a investigação de processos ligados à precisão e ao tempo despendido no acesso semântico-lexical e às capacidades relacionadas à integração ou à inibição de informações constantes em um texto que deve ser lido e devidamente compreendido (4;5;6;7). Objetivo: Estudar, em escolares com e sem transtorno de leitura, o processamento de linguagem, quanto a suas características de tempo e precisão de acesso e inibição do significado de palavras, e investigar possíveis associações com habilidades cognitivo-linguísticas preditoras da compreensão leitora. Método: Estudo experimental, prospectivo, quantitativo (CEP: 1.867.223). Participaram 82 escolares do 5º ano sem queixa de leitura (46 de escola pública – G1 e 36 de escola particular – G2) e 19 crianças com transtorno específico de leitura (G3). Foram avaliados quanto a habilidades cognitivo-linguísticas de linguagem oral e de leitura. Nomearam figuras de homônimos apresentadas oralmente, isoladamente ou em final de frases, acompanhados, ou não, de distratores linguísticos. O intervalo inter-estímulos adotado: 250ms. Experimento 1: investigou-se a precisão e o tempo de acesso aos homônimos apresentados isoladamente. Calculou-se o efeito de priming pela comparação das condições relacionadas (significados mais e menos recorrentes) com as não relacionadas (distratores). Experimento 2: investigou-se a precisão e o tempo para o acesso semântico dos homônimos apresentados em sentenças. Calculou-se o efeito de priming comparando o desempenho nas frases das condições apropriadas e inapropriadas. Os desempenhos nas tarefas de linguagem, leitura e priming foram comparados entre os grupos e buscaram-se correlações. Os Testes de Kruskal-Wallis, ANOVA, teste Post-hoc de Bonferroni, análise de variância e correlação de Pearson foram aplicados (nível de significância: 0,05). Resultados: Os grupos não se diferenciaram quanto à compreensão oral, memória operacional e fluência verbal. G3 mostrou desempenho semelhante ao G1 em vocabulário receptivo, fluência semântica, memória fonológica de curto prazo, e compreensão de leitura. Experimento 1: O número de acertos na condição de homônimo mais recorrente foi maior que na de menor ocorrência (G1 e G2) e do que na presença de distrator (G1 e G3). Houve efeito de priming, nos três grupos, na condição de homônimo mais recorrente comparado ao distrator (213,7ms) e na comparação de homônimos de maior e menor ocorrência (205,9ms). Experimento 2: Não houve diferenças dos grupos na precisão da nomeação. Houve efeito de priming na análise de tempo nas condições inapropriadas e de menor ocorrência. O desempenho de G1 foi igual a de G2 (59,8ms) e G3 apresentou maior tempo na nomeação que G1 (198,7ms). Conclusões: O priming semântico facilitou o acesso à informação do homônimo, tanto quando foi apresentado isoladamente quanto ao final de frase. Quando relacionado ao alvo, o tempo de nomeação foi menor, facilitando o acesso semântico. Crianças com transtorno de leitura apresentaram dificuldade em inibir informações irrelevantes. As habilidades cognitivo-linguísticas, mostraram-se essenciais para o bom desempenho nos processos de acesso e inibição semântico.

1 - Tannenbaum KR, Torgesen JK e Wagner RK. Relationships between word knowledge and reading comprehension in third-grade children. Scientific Studies of Reading. 2006; 10: 381-398.

2 - Landi N, Perfetti CA. An electrophysiological investigation of semantic and phonological processing in skilled and less-skilled comprehenders. Brain and Language. 2007 Jul;102(1):30-45.

3 - Cain K, Oakhill J. Reading comprehension and vocabulary: Is vocabulary more important for some aspects of comprehension? L’Année Psychologique. 2014; 114: 647-662.

4 - Henderson L, Snowling M, Clarke P. Accessing, integrating, and Inhibiting Word Meaning in Poor Comprehenders. Scientific Studies of Reading.2013;17:177-198.

5 - Rossi SG. Influência do priming semântico no acesso e inibição do significado de homônimos na compreensão leitora. [dissertação]. Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina; 2015.

6- Holderbaum CS, Salles JF. Priming semântico em crianças: efeitos da força de associação semântica e frequência de alvo. Aletheia. 2010. 33:95-108.

7- Salles JF, Machado LL e Janczura GA. Efeitos de priming semântico em tarefa de decisão lexical em crianças de 3ª série. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2011; 17(3):792-806.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1957
ACESSO E UTILIZAÇÃO DA REDE DE CUIDADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM MINAS GERAIS NA PERSPECTIVA DO USUÁRIO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) foi instituída pela Portaria 793/2012(1). Pouco depois, a Deliberação estadual no 1272/2012 instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no Estado de Minas Gerais(2). Um dos objetivos da implementação das Redes de Cuidados é a descentralização e regionalização da assistência, “visando garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e serviços de saúde”(3). Assim, estudar este acesso é de extrema importância, pois traz uma dimensão significativa da equidade nos sistemas de saúde. Além disso, definir e mensurar este acesso é fundamental para o desenvolvimento de planos e metas sustentáveis no setor da saúde.(4) OBJETIVO: analisar o acesso e a utilização da RCPD em Minas Gerais tendo como referência a perspectiva do usuário do componente especializado e sua associação com fatores sócio demográficos, assistenciais e clínicos. MÉTODOS: estudo observacional analítico transversal, com amostra probabilística estratificada por modalidade de serviço, composta por usuários dos pontos de atenção do componente especializado da RCPD em Minas Gerais. Foram consideradas variáveis respostas, o acesso e a utilização da RCPD, e as variáveis explicativas, os dados sócio demográficos (idade, sexo, escolaridade, renda domiciliar e tipo de deficiência). A amostra foi composta por 871 entrevistados, entre usuários e acompanhantes, de 36 pontos de atenção do componente especializado da RCPD. Os dados foram obtidos por meio de entrevista individual com questionário estruturado. Para análises de associação foram utilizados os testes Kruskal-Wallis e Qui-quadrado de Pearson, sendo consideradas como associações estatisticamente significantes as que apresentaram valor de p ≤ 0,05. Para análise de comparações múltiplas foi utilizado o testeNemenyi. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da instituição de ensino, sob o parecer de número ETIC 913612. Para a entrada, o processamento e análise dos dados foi utilizado o software SPSS, versão 21.0. RESULTADOS: os serviços mais utilizados foram os centros de especialidades, para terapia/ reabilitação. O profissional que mais atendia os usuários era o médico, seguido pelo fisioterapeuta e o fonoaudiólogo. Os atendimentos ocorriam na maioria das vezes em bairros próximos das residências dos usuários. Um número baixo de entrevistados relatou que em algum momento precisou de atendimento na RCPD e ele não ocorreu. Não houve associação entre a falta de atendimento e sexo ou escolaridade, mas quanto menor a idade e a renda, maior a chance de ter o atendimento negado alguma vez, assim como os usuários deficientes auditivos e com múltiplas deficiências. CONCLUSÃO: Entre os usuários entrevistados, o acesso aos serviços de saúde era garantido. Isso sugere que a organização e a regionalização da RCPD em Minas Gerais estavam adequadas no momento do estudo, segundo a percepção dos usuários. Esta pesquisa pode trazer subsídios para a discussão sobre o acesso a RCPD em Minas Gerais pelos gestores e demais envolvidos nas políticas públicas de saúde, auxiliando em suas diretrizes para garantir o acesso aos serviços.
Palavras chave: Acesso a serviços de saúde, utilização de serviços de saúde, Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência, Pessoa com Deficiência, Sistema Único de Saúde

1 - BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE: PORTARIA NO. 793, de 24 de Abril de 2012. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0793_24_04_2012.html. Acessado em 19/10/2016.
2 - MINAS GERAIS, SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE: DELIBERAÇÃO NO. 1272, de 24 de Outubro de 2012. Disponível em http://saude.mg.gov.br/deficiencia/document/8680. Acessado em 19/10/2016.
3 - Holanda C.M.A. et al. Redes de Apoio e pessoas com deficiência física: inserção social e acesso aos serviços de saúde. Disponível em https://www.redalyc.org/html/630/63033062020/. Acessado em 12/06/2019.
4 - Sanchez RM, Ciconelli RM. Conceitos de acesso à saúde. Rev Panam Salud Publica. 2012;31(3):260–8


TRABALHOS CIENTÍFICOS
602
ACHADOS AUDIOLÓGICOS DE UM PACIENTE PORTADOR DA SÍNDROME DO CROMOSSOMO 4 EM ANEL
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: a síndrome do cromossomo em anel surge após a quebra nas duas extremidades do cromossomo e uma subsequente fusão. Esta fusão pode ocorrer em qualquer cromossomo. Assim, os fenótipos são altamente variáveis. Um achado comum no portador dessa síndrome é a deficiência grave de crescimento. Objetivo: descrever os achados audiológicos de um paciente portador da síndrome do cromossomo 4 em anel. Método: trata-se de um relato de caso de um paciente de 2 anos 4 meses de idade, acompanhado pelo serviço de fonoaudiologia. O paciente apresentou em sua história clínica os seguintes indicadores de risco para a deficiência auditiva: baixo peso ao nascer, permanência em UTI neonatal por um período maior que cinco dias, uso de ventilação assistida e de medicação ototóxica. Deste modo, foram analisados os achados desde a triagem auditiva neonatal até o seu diagnóstico audiológico. Resultados: o paciente realizou a triagem auditiva neonatal aos dois meses de idade, tendo como resultado no primeiro teste e no reteste: emissões otoacústicas evocadas transientes e potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático com ausência de resposta em ambas as orelhas. Foi obtido presença de reflexo cócleo-palpebral com a utilização do instrumento agogô. Com a falha na triagem o paciente foi encaminhado ao diagnóstico. No potencial evocado auditivo de tronco encefálico usando o estímulo tone busrt foi possível concluir que em ambas as orelhas os achados foram compatíveis com perda auditiva mista, sendo a perda estimada em 75dBNa em 2000 Hz e em 80 dBNa em 4000 Hz. Não foi possível estimar os limiares de 500 Hz nesse momento da avaliação. Após, o paciente iniciou a reabilitação auditiva e atualmente faz uso de aparelhos auditivos e acompanhamento fonoaudiológico. Conclusão: a partir deste trabalho salientamos que o paciente portador da síndrome do cromossomo 4 em anel teve consequências auditivas detectadas inicialmente na triagem auditiva. Por fim, reiteramos a realização da triagem auditiva neonatal, o mais precocemente possível, a fim de reduzir os impactos no desenvolvimento dos pacientes com deficiência auditiva.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 32 p.

Joint Committee on Infant Hearing. Year 2007 position statement: principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. 2007; 120 (4): 898-921.

Yip M. Autosomal ring chromosomes in human genetic disorders. Transl Pediatr, 2015; 4(2):164-74.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1222
ACHADOS AUDIOLÓGICOS EM CRIANÇAS COM MICROCEFALIA POR ZIKA VÍRUS CONGÊNITO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: No Brasil, no ano de 2015, houve um grande aumento inesperado de notificação de Microcefalia coincidindo com um número crescente de casos de infecção por Zika vírus (ZIKV). Foi evidenciado que quando contraído durante a gestação, o vírus pode trazer diversas consequências aos recém-nascidos, como por exemplo malformações congênitas como microcefalia, doenças neurológicas como a Síndrome de Guillain-Barré, afecções nas vias neurais auditivas ou até mesmo malformação do sistema auditivo. A detecção e intervenção precoce dessas alterações, possibilita um melhor prognóstico de desenvolvimento das habilidades de audição, linguagem e comunicação das crianças com microcefalia por ZIKV. Objetivo: Revisar os achados audiológicos em crianças com microcefalia por Zika Vírus congênito. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada nos meses de junho a julho de 2020, com a seguinte pergunta condutora: Quais os achados audiológicos mais comuns em crianças com microcefalia por ZIKV congênito? O estudo foi produzido por meio de busca nas principais bases de dados disponíveis, especificamente: Pubmed; Web of science; Science direct; Scielo e Lilacs. Os descritores foram selecionados utilizando a ferramenta de registro MeSH, sendo formada a seguinte estratégia de busca: microcephaly AND newborn OR infant AND Zika vírus OR ZIKV AND hearing test OR test, hearing OR audiometry OR potential evoked, auditory. Foram considerados como critérios de elegibilidade artigos originais, publicados em quaisquer língua e ano, que abordasse a indicação de achados audiológicos em crianças com microcefalia por ZIKV congênito, sendo excluídos estudos de revisão da literatura e capítulos de livros. Para uma seleção mais criteriosa, foi criada uma planilha contemplando os seguintes aspectos: tamanho da amostra, população, objetivos, métodos utilizados, resultados principais e conclusão. Considerando os descritores utilizados e a aderência dos estudos aos critérios de inclusão, foi realizada a leitura do título, resumo e manuscrito completo. Resultados: Foram identificados 236 estudos nas bases de dados, sendo selecionados doze artigos a partir da leitura do título e resumo, dos quais restou um total de sete após a exclusão dos estudos duplicados. Destes, com a leitura completa na íntegra, seis artigos foram incluídos na revisão. Como resultados dos estudos, observou-se que a maioria utilizou para avaliação auditiva o exame de Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (PEATE) e Emissões Otoacústicas (EOA) nas crianças com microcefalia infectadas por ZIKV congênito sendo a maioria, crianças com idade entre quinze dias e seis anos. A maioria das crianças apresentaram algum tipo de alteração auditiva, sendo comumente observado falha na triagem auditiva neonatal, atraso nas latências do pico absoluto da onda V e intervalo interpicos III-V e presença de perda auditiva sensorioneural (PASN) bilateral. Conclusão: O comprometimento auditivo na microcefalia é um déficit neural comum que pode ser avaliado pelo PEATE. Além disso, a infecção congênita por ZIKV parece estar associada a PASN. Desta forma, bebês microcefálicos infectados por ZIKV congênito devem ser rotineiramente rastreados quanto a possíveis perdas auditivas até os primeiros dois anos para que haja monitoramento adequado do desenvolvimento auditivo e linguístico.

Meneses JA, Ishigami AC, Mello LM, Albuquerque LL, Brito CAA, Cordeiro MT, et al. Lessons learned at the Epicenter of Brazil’s congenital Zika epidemic: evidence from 87 confirmed cases. Clinical Infectious Diseases. 2017; 64: 1302-1308.
Microcephaly Epidemic Research Group. 2016. Microcephaly in infants, Pernambuco State, Brazil, 2015. Emerging Infectious Diseases. 1090-1093.
Barbosa MHM, Robaina JR, Prata-Barbosa A, Lima AMT, Cunha AJLA. Auditory findings associated with Zika virus infection: an integrative review. Brazilian Journal of otorhinolaryngology. 2019; 85: 642-663.

Leal MC, Muniz LF, Tamires AS, Ferreira TS, Santos CM, Almeida LC, et al. Hearing loss in infants with microcephaly and evidence of congenital zika virus infection - Brazil, november 2015-may 2016. MMWR Morb Mortb Wkly Rep. 2016; 65: 917–919.

Fandiño-Cárdenas M, Idrovo AJ, Velandia R, Molina-Franky J, Alvarado-Socarras JL. Zika Virus Infection during Pregnancy and Sensorineural Hearing Loss among Children at 3 and 24 Months Post-Partum. J Trop Pediatr. 2019; 65: 328-335.

Olusanya BO. Risk of sensorineural hearing loss in infants with abnormal head size. Ann Afr Med. 2013; 12: 98-104.

Das P, Bandyopadhyay M, Ghugare BW, Ghate J, Singh R. Auditory evaluation of the microcephalic children with brain stem evoked response audiometry (BERA). Indian J Physiol Pharmacol. 2010; 54: 376-380.

Borja A, Loiola AG, Araújo RPC. Triagem auditiva em crianças expostas ao zika vírus durante a gestação. Rev. Ciênc. Méd. Biol. 2017; set./dez 16: 271-276.

Cortes MS, Rivera AM, Yepez M, Guimarães CV, Yunes ID, Zarutskie A, et al. Clinical assessment and brain findings in a cohort of mothers, fetuses and infants infected with ZIKA virus. Am J Obstet Gynecol. 2018; 218: 440.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2035
ACHADOS FONOAUDIOLÓGICOS E NEUROLÓGICOS EM NEONATOS COM HIDRANENCEFALIA: UM ESTUDO DESCRITIVO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)



Introdução: A Hidranencefalia é considerada uma das patologias mais complexas do sistema nervoso central, é caracterizada principalmente pela ausência total ou parcial dos hemisférios cerebrais, que são substituídos por líquido cefalorraquidiano.¹ Um ponto importante na atuação em neonatos com danos neurológicos como a Hidranencefalia é a alimentação, sendo foco constante em unidade neonatais, visto que com grande frequência estes apresentam alterações nas funções de sucção/deglutição.² Estudos trazem que patologias que preservem o tronco encefálico mostram funções estomatognáticas normais, a menos que haja um componente cortical que não seja identificado ou que não seja bem compreendido.³

Objetivo: Descrever os achados neurológicos (neuroimagem e exame clínico) e as funções de sucção e deglutição, através da avaliação clínica fonoaudiológica, de pacientes diagnosticados com Hidranencefalia.

Método: estudo retrospectivo, de caráter descritivo e quantitativo, baseado na análise de dados secundários, realizado na maternidade de um hospital referência para atendimento de gestações de alto risco no estado de Bahia, os responsáveis pelos menores assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) aprovado pelo Comitê de Ética da instituição (CAAE 17745019.4.0000.5028). A amostra foi constituída por recém-nascidos com diagnóstico de hidranencefalia que foram admitidos pelo Serviço de Fonoaudiologia na Unidade de Cuidados Intermediários Convencional Neonatal – UCINCO. Na estatística descritiva, os dados categóricos foram resumidos por meio de frequência absoluta (n) e relativa (%) em cada variável analisada.

Resultados: Participaram da pesquisa sete bebês, cinco (71,4%) do sexo feminino, dois (28,6%) do sexo masculino. Sobre o procedimento neurocirúrgico, seis (85,7%) foram submetidos inicialmente a Coagulação Endoscópica do Plexo Coróide (CEPC) e um (14,3%) Derivaçao Ventrículo-Peritoneal (DVP). Seis (85,71%) dos pacientes apresentavam crises convulsivas recorrentes. A média da idade dos bebês na avaliação fonoaudiológico foi de 16 dias de vida. Quanto a via de alimentação na admissão fonoaudiológica, seis (85,7%), alimentavam-se via sonda nasogástrica e um (14,3%) sonda orogástrica. O diagnóstico fonoaudiológico que prevaleceu na amostra estudada foi o Distúrbio do Sistema Sensório Motor Oral (DSSMO) sete (100%), em todos os pacientes foi realizada fonoterapia a fim de favorecer uma melhor funcionalidade, parte desses recém nascidos apresentaram também disfagia dois (28,6%). O tempo médio de intervenção fonoaudiológica 40 dias, sendo o tempo mínimo dois dias e o máximo 90 dias. Em relação aos desfechos, um (14,3%) paciente evoluiu para óbito durante a internação e seis (85,7%) receberam alta hospitalar. Sobre a via de alimentação na alta hospitalar, quatro (66,7%), receberam alta em via oral (seio materno e/ou mamadeira) e dois (33,3%) com gastrostomia, com encaminhamento para intervenção fonoaudiológica ambulatorial.

Conclusão: Observa-se que as habilidades de sucção e deglutição nos pacientes com hidranencefalia são variadas, mesmo com o tronco encefálico intacto. A intervenção fonoaudiológica com estes pacientes possibilitou uma maior taxa de alimentação por via oral segura na alta hospitalar.


Descritores: Hidranencefalia, Transtornos de Deglutição, Sucção, Geradores de Padrão Central, Sistema Estomatognático e Derivação Ventriculoperitoneal.

1. Pinho H. Hidranencefalia. Pathol Case Rev. 2011; 16(1);186-8.

2. Radford K, Taylor RC, Hall JG, Gick B. Aerodigestive and communicative behaviors in anencephalic and hydranencephalic infants. Birth Defects Research. 2019. 111;41–52.

3. Keven N, Akins KA. Neonatal imitation in context: Sensorimotor development in the perinatal period. Behavioral and Brain Sciences. 2017. 40.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1239
ACHADOS FONOAUDIOLÓGICOS NOS CASOS DE SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma polineurorradiculopatia inflamatória desmielinizante aguda que se desenvolve frequentemente após infecções, principalmente virais1, sendo o Zika Vírus e a Dengue os principais motivos da maior incidência para sua manifestação clínica nos últimos anos2,3. Caracterizada pela ocorrência de ataque auto-imune agudo, com debilidade simétrica progressiva, variável e ascendente, comprometendo membros, tronco, musculatura facial e orofaringe.Os sintomas típicos são: fraqueza muscular ou paralisia diminuição da sensibilidade e dortendinosa1,4, e insuficiência respiratória, tendo a exigência de ventilação mecânica em 25% dos casos4.A doença tem maior incidência em homens, com maior ocorrência em adultos4. O tratamento é realizado com fármacos e reabilitação física, feita por uma equipe multidisciplinar, entre ela está o fonoaudiólogo5.Os sintomas fonoaudiológicos que podem ocorrer são hipotonia e mobilidade reduzida do Complexo Orofacial (COF), paralisia facial periférica, disfagia, disfonia, dificuldades para respirar, hiposensibilidadeextra-oraleparestesia facial, hipersensibilidade intra-oral, mialgia entre outras.Objetivo: Realizar um levantamento na literatura dos artigos recentes sobreachadosrelevantes para a Fonoaudiologia sobre a Síndrome de Guillain-Barré. Metodologia:Revisão literária realizada com critérios de inclusão de publicações entre os anos 2016 a 2020, indexados nas bases de dados SciELO, PubMed, MEDLINE e LILACS.Resultados:Em geral, a recuperação dos pacientes é lenta, necessitam de internação longa, de atenção intensiva e de equipe treinada4. A SGBimpacta diretamente o desempenho ocupacional de indivíduos, afetando suas atividades de vida diárias, atividade laboral e participação social1,5. O paciente acometido pode apresentar variados sintomas fonoaudiológicos, os mais prevalentes são a paralisia facial periférica em primeiro lugar e depois mialgia e disfagia1,2,4. Se trata de uma das principaiscausas da paralisia facial, que ocorre em aproximadamente metade dos casos, devido a paralisias no nervo craniano2. O estudo6 alerta para que sempre que for traçados metas e objetivos terapêuticos, deve-se repensar seus efeitos nas doenças neuromusculares, porque nesses casos, os exercícios podem provocar intolerância, por causa de desequilíbrios metabólicos. O profissional da Fonoaudiologia deve fazer parte da equipe com a assistência o mais precoce possível, com o objetivo de promover a comunicação, motricidade orofacial, buscar o retorno das funções orais. Usando exercícios miofuncionais ativos, estimulação sensório-motora extra e intra-oral, crioterapia, terapias para voz e linguagem quando necessário.A aplicação de estímulos táteis, térmicos e gustativos demonstram resultados positivos nas disfagias neurogênicas, visto que estimulam principalmente a propriocepção das estruturas relacionadas com o processo de deglutição sem promoverem esforço6. Conclusões: É evidente a importância do diagnóstico precoce da SGB para que seja realizado rapidamente o tratamento adequado, buscando-se alcançar a recuperação completa do paciente, com a quantidade mínima de sequelas. A ação da equipe multidisciplinar é essencial visando minimizar as sequelas e promover a independência e autonomia dos pacientes.A Fonoaudiologia tem um papel importante no tratamento já que os sintomas encontrados para essa área são de grande impacto na vida do paciente. Ainda é um assunto que tem poucos artigos na área da Fonoaudiologia, necessitando de mais estudos.

Descritores:Doenças neurodegenerativas, Síndrome de Gillian-Barré, Fonoaudiologia.

[1] SANTOS, S. L. F.; SILVA ALVES, H. H. S.; PRADO, R. M. S.; BARROS, K. B. N. T. Parâmetros Terapêuticos da Síndrome de Guillain-Barré: uma revisão sistemática de estudos de casos. RPBeCS. 2017;4(1):09-17.

[2] FERREIRA, A. O. S.; MORAIS, D.; CARMO, H. O.;SILVA, H. C. C.; OLIVEIRA, C. S.; OLIVEIRA, R. F.; PINTO, E. M. H. Avaliação dos Fatores Etiológicos Associados à Síndrome de Guillain-Barré: uma revisão sistemática. Anais da XVI Mostra Acadêmica do Curso de Fisoterapia da UniEVANGÈLICA, v. 7, n. 1, 2019.

[3] CARVALHO, M. C. A. Infecção por Arboviroses Associada à Aíndrome de Guillain-Barré: revisão sistemática. Universidade Católica do Salvador - Curso de Ciências Biológicas. Salvador, 2019.
[4] ARAUJO, J. L.;NASCIMENTO, K. U. B.; SILVA, M. C.; AOYAMA, E. A. Assistência da Enfermagem em Pacientes com Síndrome de Guillain-Barré. ReBIS [Internet]. 2020; 2(1):100-4.

[5] FERNANDES, G. V. Síndrome de Guillain-Barré: Avaliações, Reabilitações e Principais Impactos no Desempenho Ocupacional de Indivíduos Acometidos. Universidade de Brasília - Faculdade de Ceilândia. Curso de graduação em Terapia Ocupacional. Brasília, 2019.

[6] ORSINI, M.; JR, M. S.; FREITAS, M. R.; TRAJANO, E.; MARQUES, V.; ODA, A. L.; OLIVEIRA, A. B.; TEIXEIRA, S.; BASTOS, V. H.; MEDEIROS, C. L. O quanto podemos exigir das unidades motoras nas doenças neuromusculares? Fisioterapia Brasil 2017;18(4);511-513.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
516
AÇÕES DE COMBATE À COVID-19 NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA POR FONOAUDIÓLOGOS
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Em março de 2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a ocorrência da infecção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 com alta distribuição geográfica mundialmente decretando situação pandêmica e estado de emergência global. Diante do grande número de casos da COVID-19 no Brasil, ações de combate à doença têm sido realizadas tanto a nível hospitalar quanto em nível de Atenção Primária à Saúde (APS), com objetivo de minimizar os impactos no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo a APS peça fundamental neste processo. A APS é caracterizada pelo conjunto de ações por uma equipe multiprofissional no âmbito individual e coletivo, sendo as intervenções de promoção, prevenção e proteção que permeiam a temática da ação realizada no enfrentamento contra o COVID-19. Objetivo: Relatar a experiência de profissionais da saúde na atuação de combate ao coronavírus na APS. Método: Este estudo está baseado na vivência de profissionais fonoaudiólogos atuantes nos municípios de Barcelona/RN e Santo Antônio/RN. A atuação de combate à COVID-19 na APS iniciou no mês de abril e tem sido realizada de maneira multiprofissional, sendo o fonoaudiólogo (NASF-AB) um dos profissionais atuantes nessas ações em conjunto com a vigilância sanitária e secretaria municipal de educação dos seus respectivos municípios. Diante da atual pandemia, as atividades do cotidiano dos profissionais, como atividades educativas, atendimentos individuais e em grupos, foram interrompidas temporariamente para serem realizadas ações de combate ao vírus com objetivo de sensibilizar a população quanto cuidados necessários para a prevenção da infecção. Salienta-se que o contexto de vida da população, o reconhecimento do território coberto pelas equipes de saúde da família e as ações de campo é de responsabilidade de todos os profissionais de saúde. Resultados: A prevenção do novo coronavírus através de ações é de extrema importância para a saúde nos municípios. Nessa perspectiva as ações realizadas nas blitz nas entradas das cidades foram: orientações quanto à prevenção da doença, aferição de temperatura, distribuição de máscaras em tecido reutilizável, higienização das mãos com álcool 70%. Estas ações também foram realizadas na entrada de supermercados e bancos, com organização das filas fora dos estabelecimentos, em ambos os municípios. Algumas ações foram realizadas de forma distinta: o município de Santo Antônio/RN realizou entrega de kits de limpeza para os munícipes de baixa renda e entrega de decretos impressos aos comércios locais; enquanto no município de Barcelona/RN foram realizadas fiscalizações nos comércios referente à aglomeração de pessoas e demarcações no chão para o distanciamento nas filas. Alguns desafios foram encontrados durante as ações, como ambiente de intensa exposição à radiação solar e chuva. O baixo nível de escolaridade das comunidades assistidas, também foi um fator que dificultou a difusão de conhecimento. Conclusão: A realização de blitz, distribuição de materiais e disseminação de informações foram das ações comumente realizadas pelos profissionais de saúde, incluindo os fonoaudiólogos nos municípios mencionados. A baixa escolaridade e questões ambientais foram dificultores para realização de um trabalho mais efetivo. Continuar com as ações é imprescindível para sensibilização da população e o combate ao COVID-19.

Referências

Word Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) Situation report - 51. Word Health Organization. 11 mar 2020.

Liu Y, Gayle AA, Wilder-Smith A, Rocklov J. The reproductive number of COVID-19 is higher compared to SARS coronavirus.Journal of Travel Medicine. 2020; 27:1-4.

Farias LABG, Colares MP, Barretoti FKA, Cavalcanti, LP. O papel da atenção primária no combate ao Covid-19: impacto na saúde pública e perspectivas futuras. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2020; 15: 2455.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. 2017 set. Seção 1.p 68.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
978
AÇÕES DE EXTENSÃO NO CONTEXTO DE PANDEMIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)



INTRODUÇÃO

A amamentação confere benefícios nutricionais, imunológicos, cognitivos, econômicos e sociais para o bebê e para a relação entre mãe e filho. A intervenção dos profissionais da saúde na promoção do aleitamento materno reflete-se nas taxas e tempo de duração da amamentação, aumentando quando a mulher recebe aconselhamento sobre o assunto. Um projeto de extensão atua de forma presencial em ambiente de sala de espera, maternidade e banco de leite realizando orientações. Entretanto, no contexto de pandemia precisou reinventar suas atividades para continuar em ação.

OBJETIVO

Descrever as atividades realizadas por um projeto de extensão durante a pandemia do Coronavírus.

MÉTODO

Trata-se aqui de um relato de experiência de extensionistas que atuam num projeto de extensão que visa promover o aleitamento materno mediante orientações teórico-práticas para gestantes e puérperas usuárias do Sistema Único de Saúde, aproximando os acadêmicos da realidade e da demanda da população atendida e formando multiplicadores da promoção à amamentação. Visto que o contexto pandêmico atual impede o contato presencial com o público alvo, os participantes passaram a explorar outras formas de contato. Criou-se página/perfil em rede social e foram elaborados materiais específicos para mídia digital. Por acreditar na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, neste período foram submetidos artigos científicos para periódicos. Também foi aprofundado o estudo teórico por meio de treinamentos on-line sobre assuntos da amamentação e doação de leite durante o surto de Covid-19.



RESULTADOS

Foram confeccionadas cartilhas com informações de origem de literatura científica e orientações dos órgãos reguladores de saúde. Os temas abordados no material foram: apresentação e atuação do projeto de extensão; a relação da fonoaudiologia com a amamentação; os benefícios do aleitamento materno para a díade mãe-bebê; pega e posicionamento; ordenha manual e armazenamento do leite materno. Dois artigos foram submetidos a periódicos relacionados à atividades de extensão. Foi criado perfil em redes sociais com postagens semanais sobre os temas abordados nas orientações presenciais. Entretanto, enfatizando informações sobre cuidados com a amamentação durante a pandemia, bem como conhecimentos gerais quanto à prevenção do Coronavírus, tudo baseado em pesquisas científicas da área. Também foram postados materiais de motivação à doação de leite materno buscando demandas dos bancos de leite próximos. Dessa forma proporcionou-se aos seguidores das mídias digitais do projeto acesso à informações atualizadas sobre a amamentação, para fomentar o início e a continuidade da prática, uma vez que os benefícios da amamentação superam os possíveis riscos de transmissão do Coronavírus. As extensionistas foram beneficiadas por poderem compartilhar seus aprendizados e treinar o exercício profissional por meio da produção das cartilhas.

CONCLUSÃO

Em tempos de incertezas num contexto de distanciamento social a tecnologia comunicativa tornou-se um poderoso recurso para a comunicação entre os profissionais da saúde, os discentes e a sociedade. Por meio dela, foi possível acessar mais do que as mães, buscou-se sensibilizar a sociedade como uma poderosa rede de apoio. Esta nova forma de atuação do projeto gerou materiais à comunidade geral e científica, promoveu, e apoiou o aleitamento materno sustentável, para um planeta mais saudável.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
881
AÇÕES DE EXTENSÃO NO INCENTIVO E PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO COM PUÉRPERAS.
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O aleitamento materno (AM) resulta em efeitos extremamente benéficos para a sociedade ao reduzir os índices de morbimortalidade neonatal e infantil, garantir um desenvolvimento, e crescimento saudável ao bebê, promover uma recuperação mais rápida da puérpera, além do efeito psicológico positivo para ambos. Essas razões levam as principais organizações em saúde a elencar o AM como padrão ouro em alimentação neonatal, todavia, mesmo sendo gratuito e de excelência comprovada, os índices de desmame precoce ainda se encontram muito acima do esperado. Estando a desinformação, os problemas de pega e fissura e o desencorajamento entre as principais razões descritas na literatura para essas estatísticas, o Projeto de extensão com enfoque em Amamentação foi criado com o intuito de investir na promoção, proteção e apoio a amamentação.
Objetivos: Descrever as ações que o projeto de extensão desenvolve com puérperas em uma maternidade da rede pública de Porto Alegre.
Métodos: Uma parte das ações do projeto de extensão são desenvolvidas semanalmente no alojamento conjunto de um hospital de Porto Alegre, onde as puérperas recebem orientações individualmente a beira do leito pelos acadêmicos integrantes do projeto. Nesse momento, sempre que possível, avalia-se a eficiência da mamada e busca-se estabelecer um diálogo no qual a mulher sinta-se confortável e segura para dividir suas dúvidas, recebendo orientações conforme suas próprias demandas.
Resultados: Em 2019 foram visitadas 126 puérperas com idade entre 19 e 43 anos, das quais 46% afirmaram estar tendo dificuldades no AM e mais da metade afirmaram não terem sido orientadas sobre amamentação no pré-natal. As principais inseguranças relatadas pelas mulheres referiam-se à presença do colostro e sua capacidade de saciar a fome do recém-nascido, duração e frequência das mamadas, fissuras mamilares, problemas de pega e apojadura.
Conclusão: O projeto considera importantes as ações desenvolvidas junto às puérperas, pois, acredita que é uma demanda que nem sempre é solucionada por completa durante o pré-natal. Permanecem as dúvidas, mitos, palpites e influências culturais que desencorajam a mãe durante os desafios fisiológicos e emocionais do puerpério. Cada puérpera visitada é avaliada conforme suas singularidades e recebe informações científicas e atualizadas para resolução dos problemas de forma direcionada. Tal fato proporciona uma experiência prática riquíssima para o extensionista e busca tornar as mulheres protagonistas desse processo para que se sintam tranquilas e seguras, voltando para casa confiantes favorecendo a continuidade do AM.

Não se aplica


TRABALHOS CIENTÍFICOS
435
AÇÕES DE LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE E APRENDIZAGEM EM PERÍODO DE PANDEMIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO
Vivemos um momento diferente do habitual com a COVID-19, doença causada pelo novo Corona vírus. É a primeira pandemia a partir da qual as mídias sociais e tecnologias vem sendo usadas constantemente e para diferentes finalidades, sempre com o objetivo de manter pessoas seguras, conectadas e produtivas enquanto estão separadas fisicamente¹. Neste contexto se insere o projeto de extensão de uma universidade pública, que tem buscado se adaptar ao momento por meio da produção e compartilhamento de conteúdo sobre leitura e escrita em redes sociais. Estimular essas habilidades é importante para a evolução de todas as populações, e esta promoção começa com a conscientização e preparação de todos os envolvidos neste processo.

OBJETIVO
Compartilhar informações e materiais instrutivos cientificamente embasados sobre leitura, aprendizagem e seus transtornos em linguagem clara, por meio de postagens e lives nas redes sociais.

MÉTODOS
Trata-se de um relato de experiência de um projeto de extensão do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública da região sudeste, composto por uma docente coordenadora, uma aluna de pós graduação e oito alunos da graduação em Fonoaudiologia. Os alunos do projeto, durante o período de isolamento social, utilizaram as mídias sociais Facebook, Instagram e Website como divulgação de informações sobre letramento funcional, o processo de aprendizagem e possíveis transtornos. Nas mídias sociais foram realizadas postagens sobre datas comemorativas, dicas de leitura, atualização científica, obras de arte envolvendo leitura, postagens de alerta à população quanto ao Corona vírus, divulgação de guias práticos sobre: “Dislexia”, “Leitura fluente”, “Consciência fonológica”, “A Leitura no dia a dia” e “Transtorno de aprendizagem” que foram disponibilizados nos formatos online e para impressão e realização de lives com momentos de diálogo e orientação entre fonoaudiólogos, pais e educadores sobre leitura, aprendizagem e letramento.

RESULTADOS
Observou-se que o site e as plataformas online foram meios importantes de disseminação de conteúdos informativos de forma interessante e dinâmica, principalmente nesse momento de isolamento social. Como se trata de uma comunicação instantânea, obtivemos feedbacks imediatos das publicações dos internautas. O acesso às páginas do projeto cresceu nesse período, principalmente após as lives e divulgação dos guias práticos onde observou-se aumento do número de seguidores em aproximadamente 64%, com mais ou menos 800 visitas no perfil e 500 visitas no site. Dentre as plataformas, o Instagram foi a mídia social mais usada para divulgação de conteúdos durante o período de pandemia. Foram realizadas 56 postagens, com alcance de 1138 contas, que é o número de contas únicas que viram qualquer uma das publicações ou stories nos últimos sete dias. Obteve 4765 impressões, que é o número total de vezes que todas as suas publicações e stories foram vistos nos últimos sete dias.

CONCLUSÃO
Por meio do uso das mídias sociais como divulgação de conteúdo, profissionais e pais interagiram, comentaram e compartilharam dúvidas, o que nos motiva a sempre postar e aumentar a gama de informações disponíveis. Essa experiência nos permite compartilhar conhecimentos cientificamente embasados com a população e ao mesmo tempo aprender com a vivência na comunidade.


1. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS BRASIL. OMS e UIT trabalham com empresas de telecom para enviar informações de saúde por SMS.[S. l], 24 abr. 2020. Disponível em: https://nacoesunidas.org/oms-e-uit-trabalham-com-empresas-de-telecom-para-enviar-informacoes-de-saude-por-sms/. Acesso em: 29. jun. 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1232
AÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS EM UMA MATERNIDADE DO INTERIOR DE SERGIPE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O puerpério é uma fase de novas descobertas, neste período, o binômio mãe-bebê conquista juntos um vínculo através da amamentação. A atuação fonoaudiológica dentro das maternidades vem crescendo nos últimos anos, de acordo com a literatura, a amamentação proporciona adequado desenvolvimento das estruturas estomatognáticas, e das suas funções de sucção, deglutição, respiração, mastigação e fala, porém aspectos culturais, alterações anatômicas e dificuldades para realizar a pega correta, podem impedir esta prática tão fundamental e importante para o binômio. A avaliação precoce do aleitamento, das estruturas envolvidas, a comunicação, o aconselhamento e a informação a mãe, são capazes de identificar possíveis alterações e dificuldades que venham impedir e dificultar a mamada.
OBJETIVO: Relatar ações fonoaudiológica realizadas em uma maternidade filantrópica de um município de Sergipe. MÉTODO: As ações ocorreram durante o ano de 2019, em uma maternidade filantrópica de um município de Sergipe. Foram distribuídos panfletos, com o objetivo de aconselhar as puérperas quanto a amamentação durante os dois primeiros anos; realizou-se também orientações referente a pega correta, posições para o aleitamento, e os maus hábitos que afetam os padrões miofuncionais, e futuramente a fala, como chupetas e mamadeiras, além de falar dos exames de supra importância, o teste da linguinha e o teste da orelhinha que já eram utilizados na própria instituição. RESULTADOS: Foram encontradas problemas que envolvessem a dificuldade relatadas pelas mães em amamentar seus filhos, bem como o relato de mães jovens que se sentiam desmotivadas a amamentar, privando-se de todos os ganhos que são proporcionados pela amamentação. A partir desta, as mães foram instruídas pelas turmas de graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal de Sergipe, a realizar a pega correta e a solucionar transtornos gerados pelas alterações anatômicas da mama, como traumas mamilares e consequente sucção ineficiente. Na segunda problemática, a atuação teve seu foco voltado à orientação às jovens mães que se sentiam inseguras quanto ao puerpério , foi salientado os benefícios do aleitamento materno para mãe e o bebê, bem como elucidado a importância do autocuidado para o seu bem-estar e sucesso na amamentação. CONCLUSÃO: Em virtude do desconhecimento das égides do aleitamento materno, tanto para saúde da mãe quanto para o desenvolvimento e saúde do bebê, deve ser proposto nas instituições materno-infantis que toda a equipe de profissionais deve estar capacitada adequadamente no manejo clínico da amamentação e identificar aquelas que necessitam de apoio.

1. Crestani AH, Rosa FF de M, Souza APR de, Pretto JP, Moro MP, Dias L. A experiência da maternidade e a dialogia mãe-filho com distúrbio de linguagem. Rev CEFAC [Internet]. 2012 Oct 8;14(2):350–60. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462012000200020&lng=pt&tlng=pt
2. Sanches MT. Enfoque fonoaudiológico. In: Carvalho MR de. Amamentação: bases científicas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014. p. 101-22.
3. Tamarez RN. Atuação da Enfermagem. In: Carvalho MR de. Amamentação: bases científicas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014. p. 122-36.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1661
ACOMPANHAMENTO FONOAUDIOLÓGICO DA CRIANÇA DE RISCO – UMA EXPERIÊNCIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A formação profissional de qualidade é essencial para preparação do indivíduo para o atendimento às demandas da sociedade. No âmbito acadêmico destaca-se como atividade relevante para formação profissional, a Extensão Universitária. As ações de extensão permitem possibilidades variadas para a Universidade e a Comunidade. Estas ações, realizadas pelo grupo acadêmico, visam atender às demandas da população próxima a instituição e também proporciona e otimiza o aprendizado teórico-prático dos discentes. Neste contexto, destaca-se um Projeto de Extensão, de um hospital da rede pública, da região sudeste, que realiza o acompanhamento longitudinal de crianças pré-termo, até os sete anos de idade. Objetivo: Relatar a experiência de discentes do Curso de Fonoaudiologia quanto à participação no projeto de extensão e a relevância para formação profissional. Métodos: Trata-se de um relato de experiência de alunos do quarto, nono e décimo períodos do curso de Fonoaudiologia, no período compreendido entre novembro de 2017 a dezembro de 2018, no ambulatório follow-up de pré-termos. Neste período a equipe de fonoaudiologia do projeto era formada por uma docente coordenadora, duas fonoaudiólogas, sendo uma doutoranda em Neurociências e uma mestranda em Ciências Fonoaudiológicas e 12 graduandos do Curso de Fonoaudiologia. Os atendimentos eram realizados por duplas de alunos do quarto período, sob monitoria das alunas do nono e décimo períodos, e supervisionados por fonoaudiólogas e por uma docente. No primeiro atendimento da Fonoaudiologia, era realizada anamnese; avaliação do desenvolvimento da linguagem, por meio do Protocolo adaptado para avaliação de crianças de dois a 24 meses e do Protocolo de Observação de Comportamentos de Crianças de 0 a 6 anos; avaliação auditiva por meio de meatoscopia e da realização do exame de Emissões Otoacústicas Transientes; orientações aos cuidadores sobre o desenvolvimento da linguagem e audição da criança; realização de encaminhamentos, quando necessário; e agendamento para nova consulta de acordo com os marcos do desenvolvimento. Nos acompanhamentos subsequentes, realizadas avaliações do desenvolvimento da linguagem, conforme idade da criança. Após o término dos atendimentos, era realizada supervisão com os alunos objetivando discussão dos casos atendidos, proporcionando o aprendizado e desenvolvimento do raciocínio clínico. Resultados: Antes de iniciar os atendimentos no ambulatório os alunos passaram por um processo de instrumentalização. Para favorecer o aprendizado, os alunos passaram por um período de observação de outros atendimentos, receberam orientações sobre relações interpessoais, explicações dos materiais e protocolos utilizados no ambulatório, bem como fundamentação teórica. Esse processo se fez essencial para o aprendizado metodológico realizado no projeto. Durante o período de novembro de 2017 a dezembro de 2018, foi realizado um total de 357 atendimentos, decorrentes de encaminhamentos para primeira consulta ou agendamentos para acompanhamento fonoaudiológico. Os atendimentos tiveram duração média de 30 a 40 minutos, conforme as demandas familiares e características da criança na realização das atividades propostas na avaliação. Conclusão: O projeto de extensão proporciona aos alunos o aprendizado ativo com condições únicas para o desenvolvimento e consolidação das competências necessárias para a prática profissional.

Chiari BM, Basílio CM, Nakagwa EA, Cormedi MA, Silva NSM, Cardoso RM, et al. Proposta de sistematização de dados da avaliação fonoaudiológica através da observação de comportamentos de criança de 0 a 6 anos. Pró-fono. 1991; 3, (2), 29-36.

Do Nascimento CR. Instrumentos de avaliação de linguagem para bebês entre 0 a 12 meses e Avaliação de Linguagem em bebês no terceiro bimestre de vida: comparação entre dois instrumentos de avaliação. 2012. Fonoaudiologia. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

Gordo A, Parlato EM, Azevedo MF, Guedes ZCF. Triagem auditiva em bebês de 2 a 12 meses/ Audiological screening in infants from 2 to 12 months. Pró Fono. 1994; 6, (1), 7-13.

Rodrigues ALL, Prata MS, Batalha TBD, Costa CLNA, Neto IFP. Contribuições da extensão universitária na sociedade. Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais, Aracaju, 2013; 1(16), 141-148. Disponível em: Acesso em: 03 dez. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1879
ACOUSTIC VOICE QUALITY INDEX (AVQI) EM MULHERES COM EDEMA DE REINKE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO:O Acoustic Voice Quality Index (AVQI) é uma medida multiparamétrica, que quantifica a intensidade do desvio da qualidade vocal, extraída a partir da associação entre amostra sustentada e amostra encadeada de voz (BARTIES, 2015)1, sendo que no Brasil sugere-se que a emissão encadeada contemple a contagem de números (Englert, 2016)2. São combinadas seis medidas acústicas, dentre elas quatro bastante utilizadas de forma isolada na clínica vocal:Smoothed ceptral peak prominence (CPPS);Harmonic-to-noise ratio (HNR); Shimmer % e Shimmer dB. Fornece um único escore de 0 a 10 pontos, sendo que quanto menor o valor, melhor a qualidade vocal (BARSTIES, 2016).
OBJETIVO:Obter dados de AVQI de mulheres com edema de Reinke, comparando-os com os obtidos por mulheres sem queixas vocais, além de analisar correlações entre os resultados do AVQI e dados referentes ao grau do edema e grau geral do desvio vocal.
MÉTODOS:Estudo observacional, analítico, transversal, aprovado pelo CEP sob número 221.401.Participaram 58 mulheres, com idades entre 44 e 77 anos (média de 56,3 anos), que se dividiram em dois grupos: Grupo Pesquisa (GP):29 mulheres com diagnóstico ORL de edema de Reinke; Grupos Controle (GC): 29 mulheres sem queixas vocais. Os grupos foram semelhantes quanto à faixa etária (p = 0,76). Foram gravadas amostras da vogal sustentada /é/ e contagem de números de 1 a 10. A partir delas, foi realizada a extração do AVQI no software PRAAT. Além disso, foi realizada análise perceptivo-auditiva (APA) por uma fonoaudióloga especialista em voz, que analisou o grau geral do desvio vocal em escala numérica de três pontos(0 ausência de desvio;1 desvio discreto; 2 moderado; e 3 intenso).Os dados de AVQI foram correlacionados com dados da APA e dados referentes ao grau do edema (1, 2 ou 3) apresentado pela participante.
RESULTADOS:Os resultados médios do AVQI diferenciaram mulheres do GP (2,09) e do GC (1,01) (p = 0,04), sendo que somente o GP apresentou valores médios fora do padrão de normalidade da medida no PRAAT, que é de 1,5. As medidas isoladas compiladas pelo AVQI também diferenciaram os grupos, exceto a CPPS. Especificamente em relação ao GP, houve correlação positiva moderada entre o AQVI e a variável grau do edema, sendo que quanto maior o grau, maiores os valores de AVQI (r = 0,66; p <0,001). O mesmo ocorreu na correlação entre o AVQI e o grau geral do desvio vocal, tanto para a vogal (r = 0,64; p <0,001) quanto para números (r = 0,54; p = 0,002). Houve, ainda,correlações moderadas entre as medidas isoladas compiladas no AVQI e as variável grau do edema e grau de desvio vocal (negativas para CPPS e HNR e positivas para shimmer, shimmer % e shimmer DB (todos os cruzamentos com p<0,01).
CONCLUSÃO:Mulheres com edema de Reinke apresentam resultados do AVQI fora do padrão de normalidade, diferenciando-as de mulheres sem queixas vocais. Quanto maior o grau do edema e o grau geral do desvio vocal, maiores são os resultados do AVQI em mulheres com Edema de Reinke.O AVQI se mostra útil para acompanhamento terapêutico dessas pacientes na clínica vocal.

1-Barsties B, De Bodt M. Assessment of voice quality: current state-of-theart. Auris Nasus Larynx. 2015
2-Englert et a. Acoustic Voice Quality Index - AVQI para o português brasileiro: análise de diferentes materiais de fala. CoDAS 2019
3-Barsties B, Maryn Y. External Validation of the Acoustic Voice Quality Index version 03.01 with extended representativity. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2016


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1446
ACURÁCIA DA AVALIAÇÃO ACÚSTICA DA DEGLUTIÇÃO COMO MÉTODO DIAGNÓSTICO DA DISFAGIA EM INDIVÍDUOS ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: ANÁLISE PRELIMINAR
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Após um Acidente Vascular Encefálico (AVE), mais da metade dos pacientes apresentam algum tipo de incapacidade, sendo a disfagia encontrada com frequência. Diante da diversidade de métodos utilizados na avaliação das alterações da deglutição nesses pacientes, torna-se fundamental que pesquisas sejam desenvolvidas com o intuito de demonstrar a efetividade das ferramentas de apoio utilizadas por esses profissionais. A ausculta cervical pelo Sonar Doppler é uma técnica inovadora com ganho de credibilidade na avaliação clínica da deglutição. Objetivo: Determinar a acurácia diagnóstica do Sonar Doppler e software DeglutiSom® como método auxiliar na avaliação da disfagia orofaríngea em pacientes após AVE. Método: A pesquisa trata-se de um estudo do tipo transversal, não controlado, com amostragem aleatória sistemática, duplo-cego, realizada de forma quantitativa. Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas sob número 3.066.XXX. Os pacientes foram encaminhados das unidades de internação e dos ambulatórios de um hospital de referência, com unidade de atenção ao AVE e submetidos ao Sonar Doppler/DeglutiSom® e à FEES®, de forma concomitante. Os sons captados pelo Sonar Doppler/DeglutiSom® e suas respectivas análises no programa foram processados de forma aleatória, salvos, numerados e encaminhados para um avaliador que não tinha conhecimento das avaliações prévias ou características clínicas do paciente e com experiência em análise acústica. Foi solicitado que esse avaliador apontasse os áudios que apresentavam características de disfagia, resíduo ou aspiração traqueal. Foram analisados 73 arquivos de áudio coletados dos 26 pacientes, por meio do Sonar Doppler e confrontados com o laudo da FEES®, nas três consistências alimentares oferecidas durante o exame. O tempo de AVE variou de 2 a 76 dias, com uma média de 10,8 dias e desvio padrão de 14,6 dias. Em relação às queixas na deglutição, 80,8% relataram sofrer com esses sintomas e, além disso, 61,5% da amostra estudada apresentava perda de peso importante após o início dos sinais de disfagia. Resultados: O estudo mostrou que o Sonar Doppler identificou corretamente, dentre todos os arquivos analisados, aqueles que realmente apresentaram a aspiração traqueal. Além disso, mostrou-se eficaz em identificar os pacientes que não apresentavam a mesma alteração. O índice de Youden no valor de 0,91 corrobora essas informações, mostrando excelente precisão no diagnóstico de aspiração traqueal na amostra estudada. Conclusão: O estudo demonstra uma excelente acurácia diagnóstica do Sonar Doppler, podendo ser utilizado como uma valiosa ferramenta no diagnóstico da aspiração traqueal, em pacientes após AVE.

Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral, Acústica, Confiabilidade dos Dados, Disfagia, Efeito Doppler, Transtornos de Deglutição



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TRABALHOS CIENTÍFICOS
797
ACURÁCIA DA ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE PARA AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE 100 ML DE ÁGUA EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A eletromiografia de Superfície dos músculos supra-hióideos (EMG-MSH) traz informações complementares importantes para a avaliação da deglutição de Pacientes com doença de Parkinson1,2,3. Objetivo: identificar a acurácia de parâmetros da EMGs-MSH no consumo contínuo de 100 ml de água em sujeitos com doença de Parkinson (DP). Método: Tratou-se de um estudo analítico descritivo do tipo transversal com amostra de conveniência com aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, sob ofício nº 842/2011. Antes de iniciar o estudo, os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Participaram 67 sujeitos, sendo 41 com doença de Parkinson (DP) e 26 sujeitos sem alterações neurológicas e apresentando deglutição normal. Além da Ficha de Registro de Dados e EMGs-MSH, os sujeitos com DP foram estadiados pela escala de Hoehn e Yahr4; avaliados a partir do mini exame do estado mental5 e submetidos à Videoendoscopia da deglutição com a aplicação da escala de severidade da disfagia6 Apenas os sujeitos considerados normais responderam ao questionário de qualidade de vida em disfagia (SWAL-QOL)7 e aqueles com escore inferior a 93% foram excluídos do estudo. Após o estabelecimento do diagnóstico de gravidade e consideradas as exclusões, a amostra foi dividida em dois grupos: grupo 1, formado por 23 sujeitos apresentando deglutição normal e grupo 2, formado por 35 sujeitos com DP apresentando disfagia. Para a EMGs-MSH foi realizada a higienização da pele e fixação dos eletrodos na região submentoniana em ventre muscular. O registro foi captado pelo eletromiógrafo da marca EMG System do brasil nas especificações indicadas pelo SENIAM8. As variáveis estudadas foram: duração total da atividade eletromiográfica para o consumo; número de deglutições; duração média dos ciclos de deglutição e o volume médio por gole. O período de coleta foi de sete meses e os dados foram processados pelo BioanalyzerBR versão 2 e a análise estatística foi realizada pelo programa STATISTICA por meio da análise de variância (ANOVA), teste Exato de Fisher e o KAPPA, considerando nível de significância menor que 0,05. Resultados: Para o consumo contínuo de 100 ml de água, o número de deglutições foi maior (p=0,002), duração total mais prolongada (p=0,01) e volume médio por gole menor (p=0,01) no grupo DP disfágico, com significância estatística na comparação com o grupo deglutição normal. O número de deglutições e o volume médio por gole apresentaram especificidade de 88%, valor preditivo positivo de 78% e odds ratio de 8.2 com significância estatística para ambos. Conclusão: O registro eletromiográfico do número de deglutições e volume médio por gole pode ser útil para a triagem e registro da deglutição em pacientes com doença de Parkinson apresentando disfagia. Sendo importante associar seus resultados às informações colhidas na avaliação clínica fonoaudiológica inicial considerada soberana.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1838
ACURÁCIA DA TRIAGEM AUDITIVA COM APLICATIVO PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS UHEAR: DESEMPENHO COM DIFERENTES TIPOS DE FONE DE OUVIDO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A perda auditiva representa a quarta maior causa de incapacidade, afetando cerca de 466 milhões de pessoas no mundo (1). A dificuldade no acesso ao diagnóstico da perda auditiva em países de baixa e média renda ou mesmo em localidades afastadas de grandes centros, pode ser minimizada com o avanço da telemedicina e a disponibilidade de aplicativos para dispositivos móveis para triagem auditiva. Estudos conduzidos com população adulta para investigar a acurácia da triagem auditiva com o aplicativo para dispositivos móveis uHear, em comparação com a audiometria convencional, revelaram expressiva variação das medidas de Sensibilidade e Especificidade, de acordo com o ambiente de teste (2,3), acessórios utilizados (4) e critérios adotados para definição de perda auditiva (5, 6, 7, 8, 9). Objetivo: Investigar a acurácia da triagem auditiva com o aplicativo para dispositivos móveis uHear utilizando diferentes tipos de fones, em comparação com a audiometria convencional. Método: Estudo metodológico de validade realizado em um serviço de Fonoaudiologia de uma instituição pública de ensino. A triagem auditiva foi realizada em uma sala silenciosa, no modo de resposta autoaplicado, com fones de ouvido intra-auriculares e fones circumaurais. Foram pesquisados os limiares auditivos de via aérea de 0,5, 1, 2, 4 e 6 kHz bilateralmente, alternando o primeiro fone de ouvido utilizado para a realização da triagem auditiva para cada participante do estudo. Em seguida, fonoaudiólogos do serviço realizaram a audiometria convencional em cabine acústica, cegos aos resultados da triagem auditiva. Para análise, foram estimadas medidas de acurácia para a triagem auditiva, separadamente para o tipo do fone de ouvido (intra-auricular e circumaural), em comparação com a audiometria convencional (padrão-ouro), segundo dois critérios de perda auditiva (PA): perda auditiva incapacitante e qualquer grau de perda auditiva. Resultados: Realizaram todos os procedimentos do estudo 301 participantes. Entre os adultos (N=512 orelhas), as estimativas de Sensibilidade foram >99%, independentemente do fone utilizado e do critério de PA adotado. As estimativas de Especificidade e Índice de Youden foram mais altas para a triagem com os fones intra-auriculares em comparação com os fones circumaurais, >70% quando adotado o critério de perda auditiva incapacitante e <50% quando adotado o critério qualquer grau de perda auditiva. Entre as crianças (N=90 orelhas), as estimativas de Sensibilidade foram >85%; e as estimativas de Especificidade e Índice de Youden foram também mais altas para a triagem com os fones intra-auriculares em comparação com os fones circumaurais, >70% independentemente do critério de PA adotado. Conclusão: Os resultados sugerem que a triagem auditiva com o uHear apresenta boa acurácia para a identificação de perda auditiva incapacitante em adultos, e qualquer perda auditiva/perda auditiva incapacitante em crianças, com melhor desempenho utilizando-se fones intra-auriculares.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1369
ACURÁCIA DE LEITURA, COMPREENSÃO ORAL E COMPREENSÃO DO TEXTO LIDO NO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A leitura competente está condicionada ao reconhecimento automático de palavras e à compreensão auditiva (cf.: Simple View of Reading 1,2). Concepções atuais pressupõem a associação desse modelo a outras habilidades, como a memória operacional 3. No 5º ano do Ensino Fundamental (EF) a leitura com compreensão deve estar desenvolvida para as demandas cognitivas próprias do ciclo seguinte. A busca por melhor entendimento dos processos subjacentes à leitura competente, envolvendo associações entre a acurácia de leitura, a compreensão auditiva e a participação da memória operacional nos desfechos de compreensão de leitura, justificou a realização deste estudo. OBJETIVO: Verificar as associações entre a compreensão de leitura e a acurácia de leitura, a compreensão auditiva e a memória fonológica operacional em escolares do 5º ano do EF com diferentes desempenhos em compreensão de leitura. MÉTODO: Estudo retrospectivo, de corte transversal e análise quantitativa (CEP/Parecer: 3.900.844 - CAAE: 26921619.1.0000.5505). De um banco de dados anonimizado, analisaram-se informações da avaliação da compreensão de leitura (texto narrativo) e da leitura oral de palavras isoladas (taxa e acurácia), da compreensão auditiva (respostas a partir da escuta de texto narrativo) e de memória fonológica operacional (span de dígitos em ordem inversa), de uma amostra randomizada de 188 crianças sem queixas de aprendizado, matriculadas no 5º ano do Ensino Fundamental de escolas privadas e públicas. A partir do desempenho em compreensão de leitura, os escolares foram agrupados: GI (N=109; 66% de acertos ou mais, na tarefa de compreensão de leitura) e GII (N=79, menos de 66% de acertos) . A amostra foi caracterizada quanto aos desempenhos nas variáveis de estudo. Calculou-se o coeficiente de correlação de Pearson (nível de significância adotado em 5%). RESULTADOS: Os grupos não se diferenciaram quanto a memória e compreensão oral. GII apresentou menor valor de acurácia (Média = 48,26p.c.p.m.). Nenhuma correlação foi identificada entre memória fonológica operacional e a compreensão de leitura; GI mostrou correlações positivas, embora fracas, entre acurácia de leitura e compreensão auditiva (p=0,001; r=0,301) e entre compreensão auditiva e compreensão leitora (p=0,002; r=0,300); GII mostrou correlações fracas positivas entre acurácia e compreensão de leitura (p=0,004; r=0,319) e entre compreensão auditiva e memória fonológica operacional (p=0,015; r=0,272). CONCLUSÃO: Diferentes perfis de correlações foram encontrados para cada grupo, evidenciando a ocorrência de processamentos distintos, associados à compreensão de leitura. No grupo com melhor compreensão leitora esta associou-se com a auditiva. No de pior compreensão em leitura, esta associou-se à acurácia, quando o melhor desempenho em compreensão dependeu mais da decodificação. As correlações encontradas confirmaram a importância dos mecanismos de decodificação e do domínio de estruturas cognitivas e linguísticas para a leitura competente.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
606
ACURÁCIA DIAGNÓSTICA DOS INSTRUMENTOS PARA IDENTIFICAÇÃO DO RISCO DE DISFAGIA OROFARÍNGEA EM IDOSOS HOSPITALIZADOS POR FRATURAS TRAUMATO-ORTOPÉDICAS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A disfagia orofaríngea é alvo de preocupação durante o envelhecimento,(1) podendo ser sinalizada a partir de sintomas como desnutrição, desidratação e complicações respiratórias.(2,3) Sua identificação precoce é fundamental em idosos hospitalizados a fim de prevenir complicações, principalmente em casos de internações cirúrgicas.(4) A identificação dos sinais clínicos e a investigação à beira do leito pode ser executada pelas equipes assistenciais, a partir de instrumentos simples, rápidos, de baixo custo(5) e recomendados na literatura,(5,6) indicando a necessidade de avaliação especializada.(6)

OBJETIVO: Avaliar a acurácia diagnóstica de instrumentos para a identificação do risco de disfagia orofaríngea em idosos com fraturas traumato-ortopédicas.

MÉTODO: Os dados foram coletados em um hospital público de trauma (CEP n° 3.125.527) entre fevereiro e outubro de 2019. A amostra constituiu-se por idosos a partir de 65 anos, internados por fratura traumato-ortopédicas. As avaliações foram realizadas por dois avaliadores de forma simultânea, mas independente, cegados quanto às condições clínicas dos indivíduos, coletadas por um terceiro avaliador. Para delimitação dos indivíduos disfágicos com sinais e sintomas clínicos de prejuízo na segurança e na eficácia da deglutição, utilizou-se o protocolo Volume Viscosity Swallow Test (V-VST)(7), considerado padrão ouro neste estudo. Foram coletadas informações do prontuário, consistência da dieta prescrita pela equipe na admissão hospitalar e as queixas de deglutição para alimentos sólidos e líquidos. Para mensuração da acurácia dos instrumentos para identificação do risco de disfagia, utilizou-se os protocolos: Eating Assessment Tool (EAT-10)(8), Mini Avaliação Nutricional (MNA)(9) e Avaliação Miofuncional Orofacial para pessoas idosas (AMIOFE- I)(10). Esse último, para análise da acurácia dos aspectos de estruturas e demais funções do sistema estomatognático, avaliação por vezes incluída na investigação fonoaudiológica inicial.

RESULTADOS: foram avaliados 229 indivíduos com idade média de 77,90 (±8,21) anos, sendo 78,6% do sexo feminino e 21,4% do sexo masculino, predominantemente hospitalizados por fratura de fêmur de forma isolada (55,9%). 64,19% dos participantes apresentaram alterações indicativas de disfagia orofaríngea. Observou-se mais queixas de deglutição entre indivíduos disfágicos (p< 0,05), porém baixa indicação de dieta com restrição de consistências alimentares pelas equipes na admissão hospitalar, apesar de maior indicação neste grupo (p<0,05). O EAT-10, demonstrou sensibilidade de 40,0% e especificidade de 90,0%, o MNA - triagem, sensibilidade de 56,0% e especificidade de 63,0%, e o MNA - Completo, sensibilidade de 79,0% e especificidade de 42,0%. Na análise do AMIOFE-I, a curva ROC demonstrou área sob a curva de 0,67 (0,60 - 0,75), com valores de sensibilidade e especificidade (considerando uma pontuação de 208,5) de 46,3% e 78,9% respectivamente.

CONCLUSÃO: Os instrumentos EAT-10, MNA - Versão triagem e AMIOFE-I não apresentam bom poder diagnóstico se utilizados de forma isolada. O MNA – Completo mostrou-se acurado para identificação de indivíduos em risco de disfagia com a menor ocorrência de valores falsos positivos e falsos negativos. Quanto aos dados obtidos pelo AMIOFE-I, o fonoaudiólogo ao elencar o instrumento para investigação inicial à beira do leito, deve ponderar a contribuição dos resultados obtidos no manejo clínico da disfagia, uma vez que os dados são pouco acurados para orientação diagnóstica da alteração.


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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1061
ADAPTAÇÃO CULTURAL E LINGUÍSTICA, VALIDAÇÃO E VALORES DE CORTE DA VERSÃO CHILENA DA VOICE SYMPTOM SCALE (VOISS)
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, inúmeros questionários de autoavaliação na área de voz foram desenvolvidos para avaliar como o impacto de um problema vocal afeta a qualidade de vida do sujeito disfônico, como percepção de desvantagem(1), decréscimo de rendimento(2), desconforto(3) e fadiga vocal(4). A Voice Symptom Scale (VoiSS)(5), desenvolvida no Reino Unido como proposta inovadora na época por incluir a percepção de sintomas vocais à autoavaliação de voz, destaca-se como protocolo robusto por seu criterioso desenvolvimento e validação(6), validada em mais de sete idiomas, incluindo o português brasileiro(7). OBJETIVOS: Realizar a adaptação cultural e linguística, validar, apresentar as propriedades psicométricas e obter o valor de corte da versão chilena da VoiSS. MÉTODOS: Estudo aprovado pelo CEP (parecer nº 897.370, de 3/12/2014) e todos os participantes assinaram o TCLE. Casuística: 205 indivíduos (89 com disfonia e 116 vocalmente saudáveis), com semelhante distribuição por média de idade e sexo. A validação cumpriu os critérios do Scientific Advisory Committee of the Medical Outcomes Trust(8): 1- Tradução e adaptação cultural e linguística: realizada por dois fonoaudiólogos bilingues inglês/espanhol chileno, retrotradução realizada por terceiro fonoaudiólogo bilingue nos idiomas, produzindo-se a Escala de Síntomas Vocales (ESV-CL)(9). 2-Validade (validade de conteúdo e validade de construto); 3- Confiabilidade (consistência interna e reprodutibilidade teste-reteste) e 4- Sensibilidade (mudança com tratamento em 12 sujeitos com disfonia submetidos à 8 sessões de fonoterapia). O valor de corte foi determinado por meio da curva ROC (melhor relação de sensibilidade e especificidade). RESULTADOS: 1- Tradução e adaptação cultural e linguística: a versão traduzida e culturalmente adaptada da VoiSS ao espanhol chileno, chamada ESV-CL, foi aplicada em 15 sujeitos com disfonia e necessitou de modificação do vocabulário de uma questão, sendo aplicada em mais três sujeitos disfônicos, sem novas necessidades de ajustes, permanecendo com as 30 questões e três subescalas do instrumento original (limitación: 15 questões, emocional: 8 questões e físico: 7 questões). 2- Validade: a validade de conteúdo foi assegurada pela etapa de tradução e adaptação cultural e a de construto apresentou diferenças significantes no escore total da ESV-CL e autoavaliação vocal (p<0,001). 3- Confiabilidade: alta confiabilidade em todos os domínios e escore total da ESV-CL (Alpha de Cronbach para limitación =0,908; emocional=0,905; físico=0,718; total=0,928; p<0,001) e excelentes valores para o teste-reteste, com valores de p consistentemente maiores que 0,01 (limitación: p=0,022; emocional: p=0,116; físico: p=0,583; total: p=0,024). 4- Sensibilidade: em todos os domínios e escore total houve mudanças significantes com tratamento fonoterápico vocal (limitación: pré=34,5 e pós=11,4, p<0,001; emocional: pré=11,2 e pós=2,7, p=0,003; físico: pré=16,5 e pós=8,7, p=0,004; total: pré=61,2 e pós=22,9, p<0,001), confirmadas pela análise perceptivo-auditiva da voz (pré=2,41 e pós=1,33, p<0,001). A melhor relação sensibilidade e especificidade na curva ROC chegou ao valor de corte de 35,5 pontos para o escore total (sensibilidade=0,899 e especificidade=0,727). CONCLUSÕES: A versão chilena da VoiSS, intitulada Escala de Síntomas Vocales (ESV-CL), atendeu aos critérios psicométricos mostrando-se um instrumento válido, confiável e sensível a indivíduos com disfonia. A nota de corte que discrimina indivíduos disfônicos dos vocalmente saudáveis é de 35,5 pontos.

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2- Carding PN, Horsley IA, Docherty GJ. A study of the effectiveness of voice therapy in the treatment of 45 patients with nonorganic dysphonia. J Voice. 1999;13(1):72-104.

3- Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66.

4- Nanjundeswaran C, Jacobson BH, Gartner-Schmidt J, Verdolini Abbott K. Vocal Fatigue Index (VFI): Development and Validation. J Voice. 2015;29(4):433-40.

5- Deary IJ, Wilson JA, Carding PN, MacKenzie K. VoiSS: a patient-derived Voice Symptom Scale. J Psychosom Res. 2003;54(5):483-9.

6- Branski RC, Cukier-Blaj S, Pusic A, Cano SJ, Klassen A, Mener D, et al. Measuring quality of life in dysphonic patients: a systematic review of content development in patient-reported outcomes measures. J Voice. 2010;24(2):193-8.

7- Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-Cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale - VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-68.

8- Aaronson N, Alonso J, Burnam A, et al. Assessing health status and quality-of-life instruments: attributes and review criteria. Qual Life Res. 2002;11(3):193-205.

9- Ruston FC, Moreti F, Vivero M, Malebran C, Behlau M. Cross-cultural adaptation of the Chilean version of the Voice Symptom Scale - VoiSS. CoDAS. 2016;28(5):625-33.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1625
ADAPTAÇÃO DE CONSISTÊNCIA DA DIETA PARA DISFAGIA OROFARÍNGEA BASEADA NA INTERNATIONAL DYSPHAGIA DIET STANDARDISATION INITIATIVE EM HOSPITAL PÚBLICO DE REFERÊNCIA EM CARDIOLOGIA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: Em 2013 foi proposta a iniciativa internacional de padronização de dietas para disfagia (IDDSI-International Dysphagia Diet Standardisation Initiative) visando padronizar a nomenclatura e características das consistências dos alimentos para pacientes com disfagia orofaríngea em todas as idades e culturas. Em 2016 o IDDSI foi traduzido para o português brasileiro. Com a implantação do Serviço de de Disfagia nessa instituição em 2010 junto a equipe interdisciplinar, houve padronização das consistências do alimento pela National Dysphagia Diet (NDD) em néctar, mel e pudim. Com a padronização internacional observou-se a necessidade de nova adequação para facilitar o diálogo entre a equipe e internacionalizar estudos científicos desenvolvidos com instituições parceiras. Objetivo: Relatar o programa desenvolvido pelo serviço para a implantação de nova nomenclatura de consistências de alimentos para pacientes com disfagia baseada na IDDSI. Método: O programa para adaptação de consistência de alimentos para indivíduos com disfagia orofaríngea foi desenvolvido em um Hospital Público de Cardiologia do Estado de São Paulo. Os fonoaudiólogos da instituição estudaram a padronização proposta pelo IDDSI, realizaram o teste de fluxo para os líquidos e basearam-se na descrição das características e no raciocínio fisiológico da dinâmica da deglutição para a adaptação das consistências de acordo com o proposto pela IDDSI. Após o teste de fluxo e das consistências foi realizado treinamento da equipe de nutrição e dietética (lactaristas, copeiras, nutricionistas e cozinheiros) por meio de aula expositiva com fotos, vídeos e fluxogramas (seguindo números e cores propostos pelo IDDSI). Resultados: Após as definições das características e dos testes propostos para a adaptação das dietas e do espessamento de líquidos foi possível a padronização. O espessante em uso na instituição foi testado em diferentes tipos de líquidos como suco, água e fórmulas lácteas por meio do teste de fluxo proposto pelo IDDSI, padronizando-se assim a quantidade de espessante para cada nível de espessamento conforme proposto (Nível 0- ralo; Nível 1- muito levemente espessado; Nível 2- levemente espessado; Nível 3- moderadamente espessado e Nível 4- extremamente espessado). Para a adaptação da consistência das dietas foi utilizada a nomenclatura nível 4 (pastoso) e nível 5 (moído e úmido) conforme padronização do IDDSI em substituição à antiga utilizada (pastosa 1 e pastosa 2). Junto ao serviço de Nutrição e Dietética também foi realizada adaptação dos alimentos integrantes de cada consistência seguindo assim a descrição das características e raciocínio fisiológico para cada nível conforme o proposto. Para as nomenclaturas propostas pela IDDSI das consistências nível 6 (macio e picado) e nível 7 (normal) a instituição manteve a nomenclatura prévia, utilizando, respectivamente, a nomenclatura branda e geral em consideração à realidade do serviço. Por outro lado, os alimentos que as compõem seguiram a descrição e características propostas pelo IDDSI. Conclusão: O treinamento realizado permitiu a implantação da nova padronização baseada na IDDSI com uniformidade na comunicação entre a equipe de Fonoaudiologia e o serviço de Nutrição e Dietética. Além disso, possibilitará a padronização internacional que contribuirá com uma nomenclatura universal na atuação clínica e no desenvolvimento de pesquisas inter-centros envolvendo a população com disfagia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1854
ADAPTAÇÃO DE VÁLVULA DE FALA EM UM PACIENTE PEDIÁTRICO CRÔNICO TRAQUEOSTOMIZADO E EM USO DE VENTILAÇÃO MEC NICA - RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A utilização de ventilação mecânica invasiva (VMI) associada a traqueostomia (TQT) possui potencial fator de interferência na fala e na deglutição, com risco de aspiração, bem como em prejuízo na higiene brônquica (1). A válvula de fala (VF) permite que a inspiração ocorra por meio da TQT e o ar expirado seja redirecionado para o trato respiratório superior. (1,2) Esse mecanismo possibilita a fala, restabelece a pressão sub glótica, higienização e umidificação das vias aéreas nos pacientes com TQT. (2,3)
Objetivo: Apresentar por meio de relato de caso o processo de desmame de um paciente traqueostomizado e em uso de VMI até o uso contínuo de VF somente com O2.
Descrição do caso: Projeto aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre sob número de registro: 17/0446. O paciente foi traqueostomizado em abril de 2019 por evidência de traqueomalácia obstrutiva distal no exame de fibrobroncoscopia (FBC) (redução em 50% da obstrução do lúmen traqueal e obstrução de 50% do brônquio principal direito e esquerdo). Desde então necessitou de uso de VMI no modo SIMV por alcalose respiratória. Após nova FBC, com evidência de melhora da broncomalácia, realizou-se o teste com a VF, sem evidência de aprisionamento aéreo verificada através do manômetro. A partir disso, iniciou-se o desmame gradual da VMI associado à períodos de uso exclusivo da VF contínua com oxigenoterapia e desmame completo da VMI em junho 2020. O período total do processo de adaptação e desmame durou 2 meses. Durante este período o paciente foi avaliado com Blue Dye Test sem evidências de aspiração e evolui nos atendimentos fonoaudiológicos de terapia indireta para terapia direta.
Resultados: Este estudo de caso foi conduzido de forma compartilhada entre fonoaudiólogas e fisioterapeutas e permitiu o sucesso no desmame da VMI de um paciente traqueostomizado. Através do uso da VF observou-se maior tolerância aos esforços durante as atividades motoras realizadas na fisioterapia, além de redução no volume de secreção e estabilidade do quadro respiratório. Além disso, o uso da VF possibilitou o desenvolvimento da emissão de sons permitindo maior interação do paciente com seus familiares e profissionais, bem como evolução na terapia de deglutição.
Conclusão: O uso criterioso e bem definido da VF facilitou o desmame da VMI, possibilitou a redução dos níveis de oxigenoterapia e progressão na terapia de deglutição.

Hull EM, Dumas HM, Crowley RA, Kharasch VS. Tracheostomy speaking valves for children: tolerance and clinical benefits. Pediatr Rehabil. 2005;8(3):214-219. doi:10.1080/13638490400021503
. Buckland A, Jackson L, Ilich T, Lipscombe J, Jones G, Vijayasekaran S. Drilling speaking valves to promote phonation in tracheostomy-dependent children.
3. Laryngoscope. 2012;122(10):2316-2322. doi:10.1002/lary.23436
Engleman SG, Turnage-Carrier C. Tolerance of the Passy-Muir Speaking Valve in infants and children less than 2 years of age. Pediatr Nurs. 1997;23(6):571-573.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
708
ADAPTAÇÃO E TRADUÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DE LINGUAGEM PARA CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES E ESCOLARES: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: no Brasil há escassez de procedimentos formais disponíveis que sejam indicados para a avaliação e diagnóstico (1-5), desta forma, a tradução de instrumentos estrangeiros tem sido uma forma de contornar essa carência. Para a realização desta tarefa, é necessário rigor metodológico, com apoio em diretrizes tradutórias bem estabelecidas, garantindo interpretações válidas e confiáveis, uma vez que o processo de tradução e adaptação transcultural de instrumentos é tão importante quanto a criação de um novo. A questão norteadora da revisão foi verificar quantos e quais instrumentos de avaliação da comunicação estão disponíveis na literatura com o rigor metodológico necessário. Objetivo: realizar revisão integrativa de instrumentos avaliativos para crianças até 10 anos, adaptados para a língua portuguesa do Brasil que identifiquem transtorno da linguagem, dos sons da fala e da comunicação, analisando o conteúdo destes procedimentos e as diretrizes utilizadas no processo tradutório. Método: a pesquisa se deu nas bases de dados Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PUBMED/MEDLINE e Bireme (Lilacs, Ibecs e Adolec), envolvendo as palavras-chave “tradução”, “adaptação”, “adaptação cultural”, “adaptação transcultural”, “linguagem”, Fala” e “comunicação” ou “pragmática”, tanto em português como em inglês. Os critérios de exclusão foram: artigos repetidos; que não tratassem da tradução de instrumentos destinados à avaliação da linguagem, sons da fala e habilidades comunicativas; que não tivessem como público alvo crianças com menos de 10 anos; instrumentos traduzidos para idiomas que não a língua portuguesa do Brasil; e que não descrevessem o processo de tradução realizado. Resultados: ao todo, foram encontrados oito instrumentos traduzidos compatíveis com os critérios de inclusão, os quais citavam nove diretrizes, ao total, sendo que a metade dos artigos utilizou um conjunto de diretrizes, explicando como o processo foi realizado, três utilizaram a combinação de dois conjuntos e um artigo citou seis conjuntos. Conclusão: ainda existem poucos instrumentos traduzidos e adaptados para a língua portuguesa do Brasil, a maioria deles afere a linguagem oral, com base no modelo de Bloom (6), verificando a forma (fonologia, sintaxe e morfologia), conteúdo (semântica) ou uso (pragmática), aplicados diretamente com a criança ou com os pais. A respeito das diretrizes, a grande maioria dos trabalhos realizados entendem a importância do processo de tradução e adaptação transcultural. As diretrizes utilizadas pelos autores são as mais variadas, sendo que as utilizadas com maior frequência foram as de Guillemin, Bombardier & Beaton (7), Beaton, Bombardier, Guillemin & Ferraz (8) e a de Herdman, Fox-Rushby & Badia (9).

1. Giusti E, Befi-Lopes DM. Translation and cross-cultural adaptation of instruments to the Brazilian Portuguese language. Pró-Fono R Atual Cient. 2006; 20 (3): 207-10.
2. Lindau TA, Lucchesi FDM, Rossi NF, Giacheti CM. Systematic and formal instruments for language assessment of preschoolers in Brazil: a literature review. Rev CEFAC. 2015; 17 92): 0-662.
3. Baggio GI, Hage SRV. Translation and cultural adaptation of the Aguado Syntax Test (AST) into Brazilian Portuguese. CoDAS. 2017; 29 (6): e20170052.
4. Silva NR, Felipini LMG. Tradução e adaptação transcultural de instrumentos de avaliação em Fonoaudiologia para o português brasileiro: uma análise das diretrizes. Tradterm. 2018; 32: 32-51.
5. Ferreira-Vasques AT, Santos CF, Lamônica DAC. Transcultural adaptation process of the Griffiths‐III Mental Development Scale. Child Care Health Dev. 2019; 45 (3):403–08.
6. Bloom L. What is language? In: Lahey M (org.). Language disorders and language development. Nova Iorque: Macmillian Publishing Company; 1988. p-1-19.
7. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993; 46 (12): 1417-32.
8. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz M B. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000; 25 (24): 3186-91.
9. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural adaptation of HRQol Instruments: The universalist approach. Qual Life Res. 1998; 7: 323-35.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
752
ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO DE FÓRMULA PARA NIVELAMENTO DE LIVROS INFANTIS: RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: As dificuldades de aprendizagem, em especial da leitura e da escrita, têm sido motivo de preocupação entre diferentes pesquisadores, tanto na área da saúde como da educação. A leitura realizada em livros de nível adequado para leitores iniciantes é um fator importante para desenvolver a leitura com acurácia. A adaptação e validação de uma fórmula para nivelamento de livros infantis já comprovadamente eficaz em outra língua e cultura, representam a possibilidade de expandir horizontes em busca de melhores práticas para o ensino da leitura no Brasil. Objetivo: Adaptar e validar a fórmula de nivelamento de livros infantil elaborada por Peter J. Hatcher, (2000) para uso no Brasil, disponibilizando-a como ferramenta aos profissionais que querem oferecer livros adequados a leitores iniciantes, promovendo o desenvolvimento de habilidades de que visam a acurácia da leitura. Método: A adaptação e a busca de evidências de validade são processos complexos que requerem um alto rigor metodológico. O presente estudo seguirá etapas distintas, previamente preconizadas, tais como: (1) tradução do instrumento do inglês para o português do Brasil; (2) síntese das versões traduzidas; (3) avaliação da síntese por juízes experts; (4) tradução reversa para o inglês; (5) avaliação da fórmula pelos professores; (6) estudo dos aspectos culturais e linguísticos para uso na língua portuguesa; (7) busca de evidências de validade com base no conteúdo e na estrutura interna. Resultados: A adaptação da fórmula de nivelamento de livros infantis para leitores iniciantes e a busca de evidências de validade com base no conteúdo demonstraram robustez da versão adaptada do instrumento. A etapa de busca de evidências de validade com base na estrutura interna ainda está em processo de análise. Conclusão: Concluiu-se que o estudo de adaptação e a busca de evidências de validade com base no conteúdo aplicado à fórmula de Hatcher (2000) legitima seu uso por professores dos primeiros anos de aprendizagem da leitura, considerando o português brasileiro e favorecendo o uso de textos adequados ao nível de leitura de crianças que estão aprendendo a ler.
PALAVRAS-CHAVE: Fórmula de nivelamento; livros infantis; leitura e escrita.

BASSO, Fabiane Puntel; SALLES, Jerusa Fumagalli de. Instrumento de identificação das práticas de ensino da leitura e da escrita. Ciências & Cognição. Rio de Janeiro. Vol. 21, n. 2 (2016), p. 255-273., 2016.
BORSA, Juliane Callegaro; DAMÁSIO, Bruno Figueiredo; BANDEIRA, Denise Ruschel. Adaptação e Validação de Instrumentos Psicológicos entre Culturas: Algumas Considerações1. Paidéia, v. 22, n. 53, p. 423-432, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: cadernos de formação.
CASSEPP-BORGES, V., BALBINOTTI, M. A. A., & TEODORO, M. L. M. (2010). Tradução e validação de conteúdo: Uma proposta para a adaptação de instrumentos. In L. Pasquali, Instrumentação psicológica: Fundamentos e práticas (pp. 506-520). Porto Alegre: Artmed.
COSTA, Y. A. da. Consciência fonológica: um estudo acerca da formação de professores por meio do pacto nacional pela alfabetização na idade certa (PNAIC). Ministério Da Educação. Fundação Universidade Federal de Rondônia. Departamento de Ciências da Educação – DECED. Campus De Ariquemes. ARIQUEMES, RO. 2019.
HATCHER, P. J.. Predictors of Reading Recovery book levels. Journal of Research in Reading, V. 23, Issue 1, 2000, pp. 67-77. Department of Psychology, University of York, UK.
KLEIN, A. I.; LAMPRECHT, R. R.. A compreensão em leitura e a consciência fonológica em crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Signo, v. 37, n. 63, p. 25-54, 2012.
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SIMPSON, M. M.. Suggestions for teaching reading infants classes. Wellington: Department of Education. 1962.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1084
ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO DO CONTEÚDO E DA APARÊNCIA DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL COM ESCALAS EXPANDIDO - AMIOFE-E LACTENTES (6-24 MESES)
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A área de motricidade orofacial carece de instrumento destinado a avaliação de crianças nos primeiros dois anos de vida, sendo relevante sistematizar registros das estruturas orofaciais e sistema estomatognático em lactentes. Para tanto, a validação de protocolos para clínica fonoaudiológica é necessária(1). Objetivo: adaptar e validar conteúdo e aparência do protocolo de avaliação miofuncional com escores expandido (AMIOFE-E) para lactentes (06-24 meses) e respectivo manual operacional. Método: Estudo tipo validação, descritivo e transversal; aprovado pelo comitê de ética nº CAAE: 2529419.6.0000.5546, com anuência das autoras do protocolo original(2). Conforme estudo do desenvolvimento típico do sistema estomatognático em crianças e pautada na experiência dos autores em motricidade orofacial, foi realizada adaptação inicial do protocolo, a qual foi submetida a um comitê de 10 especialistas(3), distribuídos por todas as regiões do Brasil, que tinham atuação na área de motricidade orofacial com crianças na faixa etária abordada pelo protocolo. Na primeira etapa, os especialistas analisaram o conteúdo através de formulário eletrônico, contendo questões dicóticas (sim/não), com espaço para justificativa. O Índice de Validade de Conteúdo foi calculado, bem como a porcentagem de concordância entre especialistas, estabelecida em >70%. Itens com níveis inferiores foram reformulados, acatando sugestões do comitê, quando apresentadas. Na segunda etapa, os mesmos especialistas analisaram a aparência do instrumento, o manual operacional e os conteúdos reformulados, por meio da escala Likert de 5 pontos. Resultados: Para adequação do AMIOFE-E à faixa etária desejada, sete itens foram modificados, oito excluídos, doze mantidos e dezessete acrescidos. Sobre o conteúdo, na versão final, o novo instrumento denominado “Protocolo de avaliação miofuncional com escalas expandido - AMIOFE-E Lactentes (6-24 meses)” atingiu 100% de concordância sobre os itens de identificação e dados clínicos, além do exame clínico; e 90% sobre histórico de alimentação e hábitos parafuncionais. Quanto à aparência, a concordância atingiu 90%. O AMIOFE-E Lactentes contempla: um manual operacional que orienta sobre a utilização do protocolo; dados preliminares: Identificação e dados clínicos; histórico de alimentação e hábitos parafuncionais orofaciais; e Exame Clínico (aparência e condição postural/posição: face, maxila/mandíbula, bochechas, dentes, lábios, língua, palato duro, palato mole/úvula); mobilidade e funções (respiração, deglutição e mastigação). Na avaliação fonoaudiológica, por faixa etária, são atribuídos escores que variam de 4, ou 3, conforme o item (condição normal) à 1 (com alteração severa). A avaliação da deglutição e da mastigação incluem a descrição de comportamentos sugestivos de alterações, com escalas dicotômicas (presente/ausente). Ao final, os escores máximos são preenchidos numa tabela, permitindo melhor visualização. Conclusão: A validação do AMIOFE-E Lactentes possibilita a avaliação fonoaudiológica em Motricidade Orofacial, de modo sistemático e padronizado, bem como o acompanhamento do desenvolvimento natural ou sob intervenção de lactentes.

1. Andrade CRF. Plano Terapêutico Fonoaudiológico (PTF): Metas, Planejamento e Bases para Aplicação. Plano Terapêutico Fonoaudiológico (PTF). 2015. p. 1–5.
2. Folha GA. Ampliação das escalas numéricas do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade. [Ribeirão Preto]: Universidade de São Paulo; 2010. Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17151/tde-22102013-084025/
3. Pernambuco L, Espelt A, Magalhães Junior HV, Lima KC de. Recomendações para elaboração, tradução, adaptação transcultural e processo de validação de testes em Fonoaudiologia. CoDAS. 2017;29(3):e20160217. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822017000300502&lng=pt&tlng=pt



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1089
ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO DO PROTOCOLO MBGR PARA LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Considerando a escassez de protocolos da Fonoaudiologia(1) e, em especial da área de Motricidade Orofacial (MO) para avaliar, diagnosticar e estabelecer prognóstico na população infantil, estabeleceu-se a necessidade de propor um instrumento padronizado e validado para ser utilizado em idade precoce. Conforme DeCS - Descritores em Ciências da Saúde, considera-se lactentes a faixas etária de 1 a 24 meses de vida, e pré-escolares, entre 2 e 5 anos de idade. Objetivo: Adaptar e validar o protocolo MBGR(2) para ser utilizado na avaliação miofuncional orofacial de lactentes e pré-escolares (6 a 71 meses). Método: Estudo tipo validação, descritivo e transversal com abordagem qualiquantitativa; aprovado no comitê de ética sob CAAE: 12529419.6.0000.5546. Apoio: CNPq. Foi realizado inicialmente o estudo teórico sobre o desenvolvimento miofuncional orofacial e funções estomatognáticas em idade precoce, e organizado o novo instrumento adaptado do MBGR(2). O protocolo adaptado foi submetido à apreciação dos autores originais, e após terem sido revisadas as sugestões e obtido consenso entre os autores (versões original e atual), foi realizada a análise da aparência e do conteúdo do novo instrumento, por 10 fonoaudiólogos especialistas(3) na área de MO. Utilizou-se formulário eletrônico contendo questões dicóticas (sim/não), com campos para justificar as respostas negativas em duas rodadas de análise. Calculado Índice de Validade de Conteúdo e Teste Binomial Exato. Utilizada escala Likert, com escala de 5 pontos. Feita a análise da aplicabilidade, sendo a totalidade da amostra do estudo composta por 155 participantes distribuídos nas faixas etárias atendidas pelo novo instrumento, e feita a respectiva confiabilidade. Para aplicação do protocolo foi realizada avaliação clínica miofuncional orofacial individual, com registro fotográfico das estruturas orofaciais e filmagem em vídeo da situação de alimentação. O vídeo foi feito em formato MP4, e a fotografia, em formato JPEG. Todos os registros foram assistidos posteriormente, e as imagens analisadas por 7 avaliadores, fonoaudiólogos com formação em MO, após processo de calibração. Foi realizada a validade de critério, obtendo-se a concordância entre e intra examinadores. Resultados: Quanto à adaptação do Protocolo MBGR, o novo instrumento passou a ser denominado MMBGR lactentes e pré-escolares, abrangendo os grupos etários: 6-11 meses; 1; 2; 3 a 5 anos, respectivamente. Compõe-se de História Clínica (anamnese/entrevista) e Exame Miofuncional Orofacial com Escores (avaliação), e respectivo instrutivo. Obteve 64% dos itens da História Clínica, 90,5% de Exame Clínico com concordância; e 100% dos escores adequados por pelo menos 90% dos especialistas. Quanto à aplicabilidade, a maioria dos itens do Exame Extraoral, Exame Intraoral, Mastigação obtiveram concordância classificada como razoável a boa, ou, até mesmo, excelente. Conclusão: O Protocolo MMBGR lactentes e pré-escolares teve validação de aparência, conteúdo e critério concluída, abrindo possibilidades de utilização na clínica e pesquisa em Fonoaudiologia, na população menor de 6 anos de idade.

1. Gurgel LG, Kaiser V, Reppold CT. A busca de evidências de validade no desenvolvimento de instrumentos em Fonoaudiologia: revisão sistemática. Audiol - Commun Res [Internet]. 2015 Dec;20(4):371–83. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312015000400371&lng=pt&tlng=pt
2. BERRETIN-FELIX G, Genaro KF, Marchesan IQ. Protocolos de avaliação da motricidade orofacial 1: Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial - MBGR. In: Silva HJ da, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA da, Berretin-Felix G, Marchesan IQ, editors. Tratado de Motricidade Orofacial. 1st ed. São José dos Campos; 2019. p. 255–72.
3. Pernambuco L, Espelt A, Junior HVM, Lima KC de. Recommendations for elaboration, transcultural adaptation and validation process of tests in Speech, Hearing and Language Pathology. CoDAS. 2017;29(3).



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1881
ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO TRANSCULTURAL DA ESCALA DE SINTOMAS VOCAIS PARA O AMBIENTE HOSPITALAR (ESV-HOSP)
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os distúrbios vocais são alterações relativamente comuns que podem afetar negativamente a comunicação, com consequente impacto nos aspectos físicos, sociais e emocionais da qualidade de vida do indivíduo. O uso de questionários de autoavaliação que mensuram a percepção da desvantagem e presença de sintomas vocais mudou a perspectiva de avaliação do paciente na clínica fonoaudiológica e ocupam lugar de destaque na definição das condutas a serem propostas. Apesar disso, não há na literatura nenhum questionário específico que avalie o impacto das alterações vocais na qualidade de vida de pacientes hospitalizados, o que poderia contribuir para uma melhor assistência fonoaudiológica nesta condição.
Objetivo: Este estudo buscou adaptar e validar a Escala de Sintomas Vocais (ESV) para uso em pacientes hospitalizados.
Método: O processo de adaptação ocorreu em 3 etapas: 1. avaliação da equivalência cultural ao ambiente hospitalar, com a análise de cinco juízes quanto a pertinência e a clareza de cada item da ESV, já validada para o Português Brasileiro, utilizando a escala de frequência de ocorrência e definindo as questões que mais se adequavam ao ambiente do paciente hospitalizado; 2. aplicação do protocolo modificado em um grupo de 15 pacientes internados que analisaram o nível de clareza de cada item do questionário; 3. versão adaptada da ESV-Hospitalar, definida após avaliação das respostas dos 15 pacientes e nova análise dos juízes. Para a validação, a versão adaptada da ESV-Hospitalar foi aplicada em um grupo de 122 pacientes internados, com diagnósticos variados, e a partir das respostas, obteve-se a confiabilidade interna e externa do instrumento. Destes pacientes, 88 (72,1%) eram do sexo masculino e 34 (27,9%) do sexo feminino, com média de idade de 69,5 anos.
Resultados: Após as respostas da versão adaptada dos 122 pacientes internados, observou-se que os domínios Limitação (0,91) e Emocional (0,74) da ESV obtiveram altas consistências internas; contudo, o domínio Físico apresentou baixo valor (0,64). Ao se excluírem duas questões do domínio físico, o alfa desse fator passou a ser de 0,74, fazendo com que esse domínio passasse a contribuir positivamente na avaliação dos pacientes hospitalizados. A versão final da ESV-Hospitalar foi composta por 21 itens e demonstrou uma validação concorrente com alta discriminação entre os domínios Limitação e Emocional.
Conclusão: A ESV-Hosp se mostrou um instrumento válido, confiável e responsivo para a autoavaliação dos sintomas vocais e percepção de desvantagem vocal em pacientes hospitalizados. Esse instrumento, de fácil aplicação, permite obter informações importantes para tomadas de decisão da equipe de saúde.

Behlau M, Santos LMA, Oliveira G. Cross-cultural adaptation and validation of the Voice Handicap Index into Brazilian Portuguese. J Voice. 2011;25(3):354-9.

Benninger MS, Holy CE, Bryson PC, Milstein CF. Prevalence and Occupation of Patients Presenting With Dysphonia in the United States. J Voice. 2017 Sep;31(5):594-600.

Branski RC, Cukier-Blaj S, Pusic A, Cano SJ, Klassen A, Mener D, Patel S, Kraus DH. Measuring quality of life in dysphonic patients: a systematic review of content development in patient-reported outcomes measures. J Voice. 2010 Mar;24(2):193-8.

Brodsky MB, Levy MJ, Jedlanek E, Pandian V, Blackford B, Price C, Cole G, Hillel AT, Best SR, Akst LM. Laryngeal Injury and Upper Airway Symptoms After Oral Endotracheal Intubation With Mechanical Ventilation During Critical Care: A Systematic Review. Crit Care Med. 2018 Dec;46(12):2010-2017.

Carding PN, Horsley IA, Docherty GJ. A study of the effectiveness of voice therapy in the treatment of 45 patients with nonorganic dysphonia. J Voice. 1999 Mar;13(1):72-104.

Moreti F, Zambon F, Behlau M. Sintomas vocais e autoavaliação do desvio vocal em diferentes tipos de disfonia. CoDAS. 2014;26:331-333.

Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural adaptation, validation, and cutoff values of the Brazilian version of the Voice Symptom Scale-VoiSS. J Voice. 2014 Jul;28(4):458-68.

Schwartz SR, Cohen SM, Dailey SH, Rosenfeld RM, Deutsch ES, Gillespie MB et al. Clinical practice guideline: hoarseness (dysphonia). Otolaryngol Head Neck Surg. 2009 Sep;141(3)Suppl.2:S1-S31.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1298
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO DO PARENT REPORT OF CHILDREN’S ABILITIES-REVISED
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A prematuridade tem sido considerada um fator de risco para alterações no desenvolvimento cognitivo e de linguagem. Assim, a avaliação de crianças com tal condição é essencial para identificar alterações precoce e adaptar a melhor intervenção. O uso de questionários validados para pais tem sido considerado um meio potencial de fornecer dados sobre saúde mais econômicos e amplamente utilizados para obter informações a respeito do desenvolvimento cognitivo e de linguagem de crianças, especialmente na população de prematuros. No entanto, no Brasil, o uso do relato dos pais nesta população como ferramenta para tal fim não tem sido amplamente utilizado. Internacionalmente, o Parent Report of Children's Abilities-Revised (PARCA-R) é um instrumento baseado no relato dos pais considerado válido para o desfecho do neurodesenvolvimento de pré-escolares prematuros e tem apresentado boa validade quando comparado à escala de desenvolvimento infantil de Bayley III. Objetivo: realizar a adaptação transcultural do PARCA-R para o Português Brasileiro para pré-escolares nascidos prematuros. Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 97759718.4.0000.5292). O processo de adaptação foi realizado em três etapas: primeiro, a autora responsável pelo instrumento original foi contatada e autorizou a tradução do protocolo para o Português Brasileiro. A tradução foi realizada de forma independente por dois pesquisadores distintos e as duas versões independentes foram conciliadas por um terceiro pesquisador. A segunda etapa consistiu na retrotradução para o idioma original e foi conduzida por um quarto pesquisador fonoaudiólogo e que não teve contato anterior com os demais. Na terceira etapa, a versão foi aplicada inicialmente em 23 mães de pré-escolares na faixa etária dos 2 anos de vida para verificar a clareza do instrumento para a população. Após a análise dos dados, foram realizadas adaptações e a segunda versão do instrumento foi aplicada em 20 mães de pré-escolares na mesma faixa etária para adequar a versão final do questionário PARCA-R. Resultados: A versão final da adaptação transcultural do PARCA-R manteve todos os itens 158 itens da versão original, divididos em três subescalas (cognição não verbal, vocabulário e sentenças). Houve necessidade de ajustes por discordância de equivalência semântica em relação ao protocolo original apenas nas subescalas vocabulário e complexidade de sentenças. Considerando os baixos índices de leitura e escolaridade da população em questão isso poderia influenciar na compreensão das perguntas e consequentemente nas respostas dos itens, na aplicação foi necessário realizar algumas adaptações para garantir sua aplicabilidade. Assim, foi dada a opção do responsável ler ou ter o questionário lido pelo aplicador, diminuindo o risco de marcação da opção sem compreensão do item. Conclusão: A tradução e adaptação transcultural do PARCA-R para o Português Brasileiro foram realizadas com adaptações semânticas, conceituais e experimentais. No processo inicial de validação, os resultados sugerem adaptação adequada do relato de pais para ser utilizado em estudos posteriores para verificar sua validade e valores normativos para o Português Brasileiro.

1. Ribeiro C, Lamônica D. Communicative abilities in premature and extreme premature infants. Rev CEFAC [Internet]. 2014;16(2):830–9. Available at: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v16n3/1982-0216-rcefac-16-3-0830.pdf
2. Lee HJ, Park H-K. Neurodevelopmental Outcome of Preterm Infants at Childhood: Cognition and Language. Hanyang Med Rev. 2016;36(1):55.
3. Monnier M, Jaunin L, Bickle Graz M, Borradori Tolsa C, Hüppi P, Sancho Rossignol A, et al. Suivi neurodéveloppemental à 5 ans des extrêmes prématurés et détection des difficultés sur le plan des fonctions exécutives. Arch Pediatr. 2014;21(9):944–52.
4. Borradori Tolsa C, Barisnikov K, Lejeune F, Hüppi P. Développement des fonctions exécutives de l’enfant prématuré. Arch Pediatr. 2014;21(9):1035–40.
5. Schafer G, Genesoni L, Boden G, Doll H, Jones RAK, Gray R, et al. Development and validation of a parent-report measure for detection of cognitive delay in infancy. Dev Med Child Neurol. 2014;56(12):1194–201.
6. Bonamigo I. Instrumentos de avaliação da linguagem falada de pré-escolares nascidos prematuros : uma revisão de literatura Preschool preterm infants ’ oral language assessment instruments : a literature review. 2017;19(1):1–9.
7. Johnson, S., Wolke, D., & Marlow, N., Davidson, L., Marston, L., O’Hare, A., Peacock, J. & Schulte, J. Validation of a parent report measure of cognitive development in very preterm infants, 2004;389–397.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1865
ADESÃO AO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE PERNAMBUCO
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A importância do aleitamento materno para a Fonoaudiologia reside na promoção das condições ideias para o desenvolvimento neuromuscular das estruturas orofaciais. A anatomia e a funcionalidade das estruturas bucais desenvolvem-se quando exercidas pela amamentação, aprimorando as funções do sistema estomatognático, tais como: respiração, mastigação, deglutição e fala. As estruturas que compõem esse sistema agem de forma conjunta, não individualizada e que, portanto, qualquer alteração numa dessas estruturas orofaciais pode resultar num desequilíbrio generalizado. Fatores como o tempo e a frequência do aleitamento natural, do aleitamento artificial, dos hábitos de sucção não nutritiva podem influenciar o desenvolvimento orofacial, e quando negativos podem provocar instabilidade nas funções orofaciais e má oclusão. O aleitamento materno é ainda mais vantajoso para a criança em razão do esforço realizado para a obtenção do alimento, exercita adequadamente a musculatura orofacial e garante a nutrição ideal. Objetivo: Relatar a adesão ao aleitamento materno exclusivo dos neonatos assistidos em uma maternidade pública de Pernambuco. Metodologia: A experiência foi vivenciada em puérperas de um Centro Integrado de Saúde em Pernambuco, entre os meses de Agosto de 2019 até Março de 2020. Foram aplicados questionários relativos às variáveis de nascimento com as genitoras das quais analisou-se dentre outras questões, a dificuldade ao amamentar, se a puérpera sentia dor ou desconforto durante a amamentação e se a mesma havia recebido qualquer tipo de orientação sobre amamentação durante seu pré-natal. As informações foram coletadas por alunas de graduação de Fonoaudiologia, sob a supervisão da fonoaudióloga do hospital. Resultados: A experiência compõe o projeto de extensão universitária “Implementação do Teste da Linguinha em uma Maternidade Pública de Pernambuco”, com anuência da Universidade de Pernambuco. Observou-se que a maioria das puérperas, cuja as idades variavam de mulheres muito jovens à mais maduras, estavam realizando o aleitamento materno com complementação alimentar utilizando o copinho e a sonda, inibindo umas das principais funções do sistema estomatognático que é a sucção. Grande parte delas alegam sentir dor ou desconforto durante a amamentação, ocasionando numa pega não efetiva à auréola materna. Uma quantidade expressiva também declara não ter nenhuma orientação durante o pré-natal. Percebeu-se que o os neonatos em geral variam de pré-termo à pós-termo e tiveram predominância entre o sexo masculino. Durante a execução da amamentação foram observados os aspectos gerais das funções orofaciais para investigar os movimentos e a posição dos lábios, da língua na cavidade oral e as funções de sucção, deglutição e respiração, se estavam devidamente coordenadas durante a amamentação. Conclusão: Observou-se que as queixas de dificuldade e dor ao amamentar influenciaram na adesão ao aleitamento materno exclusivo, sendo necessário complementar a dieta com o leite artificial. Salienta-se que além de todos os benefícios mencionados do aleitamento materno, observa-se que os neonatos amamentados naturalmente tendem a não desenvolver hábitos bucais deletérios em razão de um intenso trabalho muscular na sucção do leite materno, o que gera uma musculatura perioral exercitada adequadamente, evitando outro tipo de sucção não nutritiva.

¹Bervian J, Fontana M, Caus B. Relação entre amamentação, desenvolvimento motor bucal e hábitos bucais – revisão de literatura. RFO, v. 13, n.2, p. 76-81, maio/agosto 2008. Disponível em: . Acesso em julho de 2020

²Medeiros A P M, Ferreira J T L, Felício CM. Correlação entre métodos de aleitamento, hábitos de sucção de comportamentos orofaciais. Pró-Fono R. Atual. Cient. vol. 21 no. 4 Barueri Oct./Dec. 2009. Disponível em: . Acesso em julho de 2020

³Antunes L S, Antunes L A A, Corvino M P F, Maia L C. Amamentação natural como fontes de prevenção em saúde. Ciênc. saúde coletiva vol.13 no.1 Rio de Janeiro Jan./Feb. 2008. Disponível em: . Acesso em julho de 2020



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1741
ADESÃO TERAPÊUTICA E TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO NA PARALISIA FACIAL
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A paralisia facial é ocasionada por uma lesão no nervo facial (VII par craniano) gerando uma paresia ou paralisia uni ou bilateral dependendo do local da lesão, acometendo a expressão facial e afetando a capacidade de comunicação, o que compromete diretamente a auto estima e consequentemente o convívio social do indivíduo. A paralisia facial limita a função motora normal, prejudica a realização de expressões faciais e atividades diárias como, comer, beber e falar. Entre os métodos terapêuticos para o tratamento da paralisia facial está a terapia fonoaudiológica. A terapia fonoaudiológica na paralisia facial preconiza reabilitar as funções orais tais como a fala, a mastigação, deglutição e a expressividade facial. A intervenção deve ser iniciada precocemente, pois a recuperação das funções depende do tipo de comprometimento do nervo, grau e duração do tempo de reinervação, bem como as suas conexões motoras e sensoriais. Para isso, utiliza-se exercícios miofuncionais orofaciais. A terapia miofuncional orofacial, por sua vez, demanda tempo e dedicação. A frequência às sessões e realização dos procedimentos indicados pelo terapeuta, assim como bons resultados, são conseguidas através de adesão terapêutica adquirida pelo paciente. Objetivo: Descrever a evolução terapêutica no que concerne a adesão à terapia fonoaudiológica na paralisia facial. Método: Participou do processo terapêutico um paciente de 63 anos com paralisia facial. Inicialmente foi realizada anamnese para investigação da história clínica, seguido da avaliação através da aplicação de protocolos. A avaliação das estruturas do sistema estomatognático foi realizada através do protocolo MBGR. O gerenciamento da evolução funcional, durante a reabilitação, baseou-se na melhora do tônus muscular, cuja variação foi aferida mediante modificação no ângulo da comissura labial. O acompanhamento se fez sob imagens da documentação fotográfica em repouso facial e em Vídeo para avaliação dos movimentos faciais pré e pós-tratamento. Foram realizadas 12 sessões fonoaudiológicas, com duração de 30 minutos cada. O plano terapêutico buscou propiciar ao paciente o fortalecimento e tonicidade dos músculos orofaciais. A terapia consistiu em exercícios isométricos, isotônicos e de contra resistência. A adesão ao tratamento foi controlada por meio de uma tabela (tipo checklist). Resultado: Após as sessões terapêuticas foi conseguido aumento da tonicidade muscular orofacial e melhor desenvoltura nas funções orais como a fala, a mastigação, deglutição bem como a expressão facial. Foi notório o comprometimento assumido pelo paciente quanto à execução dos exercícios propostos, o que contribuiu para o favorecimento do sucesso evolutivo decorrente do processo terapêutico. Conclusão: O tratamento fonoaudiológico para a paralisia facial e a adesão terapêutica exercida pelo paciente proporcionou um avanço e melhora significativa no que diz respeito a tonicidade muscular e consequentemente as funções estomatognáticas antes comprometidas.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
556
AGEISMO SOB A ÓTICA DE DUAS MULHERES IDOSAS: UM ESTUDO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: a velhice vem sendo vastamente discutida na atualidade, decorrente do aumento acelerado do processo de envelhecimento da população mundial. Nesse processo, chama atenção o ageísmo, também conhecido como idadismo, que é caracterizado por atitudes preconceituosas em relação a idade cronológica¹. Tais atitudes se afirmam pelo amplo uso de termos que tendem a designar, negativamente, pessoas mais velhas. Pofissionais de saúde e o próprio idoso utilizam-se de estereotipias, associando velhice à lentidão, fragilidade, rabugice, estresse². São clichês que reproduzem uma posição hostil com relação à velhice, a qual é, em certa medida, aceita por diversos atores sociais. Na medida em que essa reprodução se efetiva, a sociedade, de forma geral, desvaloriza os mais velhos e, ao mesmo tempo, promove a idealização da eterna juventude³. Objetivo: compreender, de um ponto de vista pessoal e social, a concepção de velhice, na perspectiva de duas mulheres idosas. Metodologia: trata-se de um estudo de caso de cunho qualitativo, ancorado na Analise Dialógica do Discurso, a qual toma a linguagem como diálogo situado em um espaço social, historicamente, delimitado4. Participaram da pesquisa, duas idosas, reconhecidas pelos nomes fictícios: Margarete, que tem 72 anos; e Judite com 87 anos. Ambas, devido à perda auditiva, são atendidas na Clínica de Fonoaudiologia de uma Universidade, situada no Paraná, a qual está vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS). A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética: 2.393.575. Resultados: de um ponto de vista pessoal, Margarete atrelou a velhice a uma concepção negativa, explicada pelo uso de temos como perda, fardo, lentidão. Já Judite, relacionou velhice com sabedoria e experiência, mas afirmou não aceitar a sua própria velhice. De um ponto de vista social, para Margarete, a sociedade deixa as pessoas mais velhas à margem. E, na visão de Judite, a sociedade está dividida: uma parcela de atores sociais toma a velhice como sinônimo de peso e de gasto; e outra, atrela a velhice à felicidade. Conclusão: na ótica das participantes, é possível afirmar que a velhice está relacionada a uma noção estereotipada: ora vinculando o processo de envelhecimento a fatores negativos, como lentidão; ora colocando o velho em um pedestal relacionado à sabedoria. Cabe aos profissionais da saúde refletirem sobre esse olhar estereotipado, que muitas vezes é normalizado, interferindo desfavoravelmente nos serviços prestados à população idosa.

1. Cook PS; Vreugdenhil A ; Macnish B; Confronting ageism: The potential of intergenerational contemporary art events to increase understandings of older adults and ageing; Australasian Journal on Ageing, Vol 37 No 3 September 2018, E110–E115.
2. Schroyen S; Adam S; Marquet M; Jerusalem G; Thiel S; Giraudet AL; Missotten P; Communication of healthcare professionals: Is there ageism?; Eur J Cancer Care. 2018; 27:e12780. Doi: 10.1111/ecc.12780.
3. Marques APS; A discriminação na velhice – A infantilização da pessoa idosa; Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias; Instituto de Serviço Social; Lisboa; 2016.
4. RAMOS FM; Análise Dialógica do Discurso de Professoras da Educação de Jovens e Adultos Sobre Leitura e Escrita. Universidade Federal de Campina Grande-UFCG, 2009.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2130
AGULHAMENTO DE PONTOS-GATILHO NO CONTROLE DA DOR MIOFASCIAL: RELATO DE CASO
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução:
A dor miofascial é um processo doloroso que tem origem em pontos dolorosos localizados na musculatura, que devido a fatores locais e sistêmicos causam tanto dor nestes pontos quanto em estruturas distantes deste ponto. O local de sensibilidade do músculo que dispara o processo de dor à distância é denominado de Ponto-Gatilho (PG) e a dor que esses pontos causam em outras regiões é a Dor Referida (DR). O tratamento para inativação do Ponto-Gatilho inclui o agulhamento tanto a seco como com a infiltração de substâncias, tipo anestésico ou toxina botulínica tipo A. Objetivo: Descrever estratégias de atendimento utilizado em paciente com dor miofascial dos músculos mastigatórios. Metodologia: Paciente I.S.B., sexo feminino, 30 anos, procurou o Serviço de Controle da Dor Orofacial – HULW/UFPB queixando-se de dor face e na articulação temporomandibular (ATM), em ambos os lados, e estalidos nas ATMs. No exame físico constatou-se Ponto-Gatilho (PG) e dor à palpação nos músculos da mastigação (M. masseter e M. temporal) de intensidade severa e dor referida na região da ATM, bilateralmente, com maior intensidade à esquerda; e estalidos nas ATM. Foram estabelecidas as seguintes modalidades terapêuticas: protocolo de aconselhamento/orientações, massagem e alongamento da musculatura de região massetérica. Além disso, a dentista prescreveu anti-inflamatório não esteroidais (AINEs) e relaxante muscular; e agulhamento com infiltração com lidocaína 2% sem vasoconstritor e soro fisiológico na proporção de 1:1. Foram realizadas duas sessões de infiltração nas regiões massetérica e temporal, de ambos os lados, com o intervalo de 15 dias entre as sessões. Não foi indicada a confecção do dispositivo interoclusal, pois a paciente encontrava-se em tratamento ortodôntico. Na sequência, houve a manipulação para dissolução do PG. Resultados: A paciente apresentou a remissão total dos sintomas de dor e restabelecimento da abertura oral, dentro dos padrões da normalidade, após a segunda sessão de agulhamento. Conclusão: O agulhamento, com infiltração anestésica associado às manipulações musculares e de dissolução do PG, representa uma possibilidade de tratamento para os casos de dor miofascial. Dessa forma, verifica-se a potencialização da ação das terapias adjuvantes sintomáticas, além de promover a reabilitação da musculatura, resultando no equilíbrio das funções estomatognáticas. Essas respostas de controle da dor auxilia no manejo do estresse e, consequentemente, no restabelecimento da qualidade de vida.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1140
AJUSTES LARÍNGEOS E PARALARÍNGEOS PRODUZIDOS PELAS TÉCNICAS DE SNIFF E DE SOPRO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: As manobras de sniff e de sopro estimulam a abdução máxima das pregas vocais e são utilizadas para mensuração das forças musculares inspiratórias1 e expiratórias,2 respectivamente. No sniff, a abdução das pregas vocais ocorre durante a inspiração, enquanto no sopro na expiração. Estudos mostraram que durante o sniff ocorre importante ativação do músculo cricoaritenoideo posterior (CAP)3 e participação do músculo cricotireoideo (CT).4 Essas manobras podem ser utilizadas como técnicas vocais na prática clínica fonoaudiológica. Entretanto, torna-se necessário conhecer o que cada uma delas produz na configuração laríngea e paralaríngea. Objetivos: Comparar os ajustes laríngeos e paralaríngeos de mulheres vocalmente saudáveis durante a execução das técnicas de sniff e de sopro; e verificar se as técnicas apresentam as mesmas aplicações clínicas na prática fonoaudiológica. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número 0743/2019. Participaram da pesquisa 11 mulheres, de 18 a 24 anos, sem queixa vocal autorreferida, pontuação até 7,5 no IDV-10 e exame laringológico normal. Para observação dos ajustes laríngeos e paralaríngeos, foi realizado o exame de videonasofibrolaringoscopia. Após o posicionamento do endoscópio flexível, as participantes foram orientadas a realizar três sniffs e três sopros consecutivamente. Os exames de laringe foram editados e avaliados por três otorrinolaringologistas. Parâmetros da análise visual da laringe: posição vertical da laringe (baixa, neutra ou elevada), posição vertical da comissura anterior da laringe (baixa, neutra ou elevada), postura das pregas vocais (encurtada, neutra ou alongada), espaço do seio piriforme (reduz, sem modificação ou amplia), movimentação das aritenoides (sem movimentação, movimentação na direção lateral ou movimentação na direção medial) e ângulo de abertura das pregas vocais, em graus. Resultados: Foram encontradas diferenças significantes em todas as variáveis, à exceção da comissura anterior da laringe que permaneceu neutra em ambas as técnicas, p>0,999. A posição vertical da laringe mostrou-se neutra durante a execução da técnica de sniff e baixa durante o sopro, p=0,004. A postura das pregas vocais mostrou-se alongada na técnica de sniff e neutra no sopro, p=0,008. O sniff promoveu redução do espaço do seio piriforme, enquanto o sopro produziu ampliação da região, p=0,002. As aritenoides movimentaram-se na direção lateral durante o sniff, aumentando o espaço glótico; no sopro, as aritenoides movimentaram-se na direção medial, p=0,001. A mediana do ângulo de abertura das pregas vocais foi de 57,67 graus no sniff e de 51,12 graus na técnica de sopro, p=0,012. Conclusão: Embora o sniff e o sopro promovam a abdução das pregas vocais e estimulem o trabalho com o fluxo de ar, as técnicas produziram ajustes significantemente diferentes na configuração laríngea e paralaríngea de mulheres vocalmente saudáveis. Os resultados da pesquisa sugerem que as técnicas de sniff e de sopro apresentam aplicações clínicas diferentes. A técnica de sniff pode ser indicada principalmente nos casos em que se procura estimular maior amplitude de abertura das pregas vocais. Já a técnica do sopro pode ser indicada nos casos em que se busca estimular o abaixamento da laringe no pescoço e a ampliação do espaço do seio piriforme.


1. Ichikawa T, Yokoba M, Kimura M, Shibuya M, Easton PA, Katagiri M. Genioglossus muscle activity during sniff and reverse sniff in healthy men. Exp Physiol. 2018;103(12):1656-1665.
2. Park JS, Oh DH, Chang MY, Kim KM. Effects of expiratory muscle strength training on oropharyngeal dysphagia in subacute stroke patients: a randomized controlled trial. J Oral Rehabil. 2016;43(5):364-372.
3. Chhetri DK, Neubauer J, Sofer E. Posterior cricoarytenoid muscle dynamics in canines and humans. Laryngoscope. 2014;124(10):2363-2367.
4. Poletto CJ, Verdun LP, Strominger R, Ludlow CL. Correspondence between laryngeal vocal fold movement and muscle activity during speech and nonspeech gestures. J Appl Physiol (1985). 2004;97(3):858-866.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
237
ALEITAMENTO MATERNO: DESENVOLVIMENTO DE CARTILHA PARA AS PUÉRPERAS INTERNADAS EM UMA MATERNIDADE ESCOLA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A importância do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e de forma complementar até os dois anos de idade é evidenciada pela OMS. As mães que amamentam necessitam de suporte para prolongamento com êxito desta prática. A evidente falta de conhecimento, as crenças e os significados que as puérperas têm sobre o aleitamento materno contribuem para a sua forma complementar e até para o desmame precoce. Uma forma de estimular as mães a compreender as orientações recebidas é a utilização da educação em saúde, que compõe materiais educativos que funcionam como recurso disponível, para que as mães e seus familiares possam sempre os consultar quando sentirem necessidade e não houver apoio da rede no momento. OBJETIVO: Desenvolver uma cartilha de orientações sobre o aleitamento materno para as puérperas atendidas em uma maternidade escola. MÉTODO: Estudo do tipo transversal desenvolvido com mulheres em situação de pós-parto internadas em uma maternidade escola no estado de Goiás. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa parecer 3.173.501 da CEP/HC/UFG. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário semiestruturado que continha questões para investigar o conhecimento das puérperas sobre amamentação e com esses dados realizar a confecção da cartilha educativa sobre amamentação. RESULTADOS: Responderam ao questionário 20 puérperas, com idade entre 18 e 41 anos. Foi possível observar que as 20 participantes realizaram o pré-natal, no entanto, apenas 10 receberam orientações sobre amamentação e 2 em grupo de gestantes. Os benefícios da amamentação para os RN’s conhecidos pelas puérperas são o fortalecimento do sistema imunológico, hidratação, fortalecimento do sistema respiratório e desenvolvimento facial. Sobre os benefícios para as puérperas, 15 participantes não sabem quais são os benefícios da amamentação. Apenas 9 das participantes sabem posicionar os RN’s e identificar a pega correta. Na questão sobre os mitos da amamentação 10 conhecem algum mito, 5 acreditam neles, sendo os citados: o consumo de canjica e cerveja preta, que se o RN arrotar no seio o leite seca e que amamentação após os 2 anos prejudica o desenvolvimento neuropsicomotor. Sobre a ordenha manual, 10 já ouviram falar sobre o termo, mas, apenas 7 sabem realizar o método. Sobre o uso de bicos artificiais 9 acham ideal o uso desde o nascimento. Os dados obtidos possibilitaram a criação de uma cartilha que englobou as maiores dúvidas das mães, sendo elas os benefícios da amamentação para a mulher, ordenha manual, uso de bicos artificiais e pega adequada. Os resultados demonstraram que a puérpera devem receber mais orientações sobre amamentação, além de ter um apoio no domicílio para facilitar a amamentação e as sanar dúvidas quando não existe a possibilidade de consultar um profissional da saúde no momento. CONCLUSÃO: O material impresso auxilia no desenvolvimento da autonomia, contribui como forma de ajuda em domicílio e possibilita a aquisição de conhecimentos e a troca de experiências, no entanto, existe a necessidade de aplicar e validar a cartilha.

BRASIL, MS. Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. 2002. Disponível em: < http://www.redeblh.fiocruz.br/media/guiaaliment.pdf> Acesso em: 28/09/2018

______ MS. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. 2009.

BEZERRA, VM et al. Prevalência e fatores determinantes do uso de chupetas e mamadeiras: um estudo no sudoeste baiano. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 19, n. 2, p. 311-321, 2019. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1519-38292019000200311&lng=pt&nrm=iso >.


DE OLIVEIRA DEMITTO, M et al. Orientações sobre amamentação na assistência pré-natal: uma revisão integrativa. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, v. 11, p. 223-229, 2010. Disponível em: < http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/12636/1/2010_art_modemitto.pdf >.

MARIO, D N et al. Qualidade do Pré-Natal no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Ciencia & saude coletiva, v. 24, n. 3, p. 1223-1232, 2019. Disponível: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000301223&lng=en&nrm=iso&tlng=pt&ORIGINALLANG=pt >


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1076
ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA E AMAMENTAÇÃO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é definida como uma reação adversa imunológica e reprodutível a uma ou mais proteínas do leite de vaca (LV), envolve a participação de imunoglobulinas do tipo IgE, de células (linfócitos T) ou de ambas¹. É a alergia alimentar mais frequente na primeira infância, afetando cerca de 2 a 5% dos lactentes2,3. Pode causar inúmeras reações e sintomas gastrointestinais, dermatológicos, respiratórios e sistêmicos. A identificação precoce desse tipo de alergia é de suma importância para que a criança possa tolerar o alimento o mais breve possível. OBJETIVO: investigar o que os estudos científicos mais recentes abordam sobre a APLV e se nessa temática o aleitamento materno é considerado. MÉTODO: foi realizada uma revisão bibliográfica integrativa com base no banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) para responder à seguinte pergunta norteadora: “O que os estudos científicos mais recentes estão pesquisando sobre o tema APLV? Nestas investigações a amamentação é considerada?”. Para seleção dos estudos foram definidos os seguintes critérios de inclusão: artigos com resumos disponíveis e publicados nos últimos cinco anos e os seguintes critérios de exclusão: teses e dissertações, produções científicas sem resumo nas bases de dados e artigos repetidos. Foram contemplados artigos publicados no período de 2014 a 2019, em português, espanhol e inglês. Para composição da estratégia de busca foram utilizadas as palavras-chave: “Milk hypersensitivy” or “Hipersensibilidade a leite” e também APLV (alergia a proteína do leite de vaca), que apesar de não ser um termo encontrado no DECs, é amplamente utilizado nas publicações científicas e no meio clínico. Para análise e posterior síntese dos artigos selecionados foi construído um quadro sinóptico, contendo os seguintes aspectos considerados pertinentes: título, ano de publicação, objetivo do estudo, principais resultados e categorização da temática principal abordado na pesquisa. Em seguida foi feita a investigação de quais artigos consideravam a temática amamentação correlacionando-a com a APLV. RESULTADOS: foram encontrados 63 artigos e após leitura dos títulos, resumos e textos foram excluídos 37 artigos por não fazerem referência ao tema proposto e aos critérios de inclusão. Ao todo foram inseridos 26 estudos dos quais a maioria concentrava-se nos anos de 2016 e 2017. A maior parte (77%) dos estudos selecionados não mencionava a amamentação no discurso levantado sobre APLV. CONCLUSÃO: a maioria dos estudos encontrados investigou as consequências que a APLV pode causar nos lactentes. Poucos mencionam a amamentação em suas pesquisas, e estes afirmam que bebês em aleitamento materno exclusivo possuem menor risco de desenvolver APLV.

1. Franco JM, Pinheiro AP, Vieira SC, Barreto ÍD, Gurgel RQ, Cocco RR, et al. Accuracy of serum IgE concentrations and papule diameter in the diagnosis of cow’s milk allergy. J Pediatr (Rio J). 2018;94:279-85.
2. Errázuriz G, Lucero Y, Ceresa S, Gonzalez M, Rossel M, Vives A. Características Clínicas y manejo de lactantes menores de 1 año com sospecha de alergia a proteína de leche de vaca. Rev Chil Pediatria. 2016; 87(6):449-454.
3. Nyankovskyy S. Nutritional status of babies and influence of unmodified cow’s milk on allergic reactions according to the epidemiological study from Ukraine. Pol Pediat Society. 2013;88:138-143.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1067
ALIMENTAÇÃO DE IDOSOS COM CARCINOMA ESOFÁGICO EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM OLHAR FONOAUDIOLÓGICO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: os pacientes em cuidados paliativos exclusivos tendem a apresentar redução do apetite, consomem os alimentos em menor quantidade e, muitas vezes, passam a recusar a alimentação em função dos sintomas como dor e vômitos. Além disso, a função deglutição, digestiva, absorção e excreção encontram-se alteradas. Por esses motivos, a família se preocupa, tornando difícil o entendimento de que o doente está morrendo em função da doença de base e não pela falta de alimentação e hidratação¹. Quando a disfagia se intensifica, evidenciando alguns sintomas que tornam a via oral insegura, o suporte nutricional em cuidados paliativos deve promover a qualidade de vida, o alívio do sofrimento e a minimização do estresse, sendo necessário, em alguns casos, estabelecer uma via alternativa de alimentação, mas sempre respeitando a individualidade de cada caso e a fase atual da doença²,3. Objetivo: descrever os aspectos da alimentação de um grupo de idosos em cuidados paliativos no momento do diagnóstico de carcinoma esofágico. Método: Estudo transversal descritivo. Foram incluídos prontuários de idosos acima dos 60 anos, de ambos os sexos, diagnosticados com carcinoma esofágico, atendidos no serviço de oncogeriatria de um hospital de referência oncológica do Sistema Único de Saúde em Recife/PE, entre os meses de janeiro de 2015 a dezembro de 2018. Excluíram-se prontuários com dados insuficientes para análise e pacientes que deram continuidade ao tratamento oncológico em outro hospital. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, sob parecer de nº 2.710.514, com dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para caracterização da amostra foi utilizado um formulário elaborado pelos pesquisadores contendo o perfil nutricional baseado na Mini Avaliação Nutricional – MAN triagem, presença de disfagia, odinofagia, via de alimentação no momento do diagnóstico e consistência tolerada. Para as variáveis categóricas foi utilizada a distribuição de frequências absoluta e relativa. Os dados foram analisados no Stata 12.0. Resultados: 17 participantes incluídos na amostra, 82% tinham idade maior ou igual a 70 anos, e nove (52,9%) dos 17 eram homens. Observou-se risco de desnutrição, ou mesmo, desnutrição em 82% dos participantes. Grande parte da amostra fez uso de alguma via alternativa de alimentação e via oral mínima para a consistência líquida, os sinais clínicos sugestivos de comprometimento esofágico presente em 82% dos voluntários foram disfagia, ou (dor ao engolir) odinofagia, perda progressiva e involuntária de peso. Conclusão: grande parte da amostra apresentou disfagia e odinofagia, fazia uso de via alternativa de alimentação, tolerava a via oral mínima para os líquidos, tinha risco de desnutrição ou encontrava-se desnutrido no momento do diagnóstico de carcinoma esofágico.

1. Acreman S. Nutrition in palliative care. Br J Community Nurs. 2009;14(10):427-31.
2. Silva PB, Lopes M, Trindade LCT, Yamanouchi CN. Controle dos sintomas e intervenção nutricional: fatores que interferem na qualidade de vida de participantes oncológicos em cuidados paliativos. Rev Dor. 2010;11(4):282-8.
3. Diniz RW, Gonçalves MS, Bensi CG, Campos AS, Giglio A, Garcia JB et al. Awareness of cancer diagnosis does not lead to depression in palliative care patients. Rev Assoc Med Bras 2006;52(5):298-303.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1291
ALTERAÇÃO DE ORELHA MÉDIA E SEU IMPACTO NA AUDIÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A integridade do sistema auditivo periférico e central é considerado um pré-requisito para o desenvolvimento adequado das funções cognitivas e da aquisição e apropriação da linguagem oral (1). Dentre as possíveis alterações na função auditiva, estão as alterações de orelha média (OM), responsáveis pelos comprometimentos auditivos condutivos, muito frequentes na infância (2). Por isso, a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva (PNASA), por meio da Portaria nº 587, recomenda a triagem e monitoramento auditivo de pré-escolares e escolares. Objetivo: Apresentar as evidências quanto a relação das alterações de orelha média e o desenvolvimento da linguagem de pré-escolares. Método: Trata-se de um estudo de caráter observacional, analítico, descritivo, quantitativo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de origem sob número de CAAE 81117517.0.0000.5346. Participaram dessa pesquisa 115 pré-escolares, com idades entre dois a seis anos, com idade média de 4,26 anos, sendo 52 do sexo feminino e 63 do masculino. Todos os participantes realizaram os procedimentos de: meatoscopia, timpanometria, pesquisa dos limiares auditivos de via aérea nas frequências de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 4000Hz, por meio de audiometria lúdica, e avaliação não instrumental da linguagem oral (crianças maiores de quatro anos) ou Protocolo de Observação Comportamental (PROC) (3) (crianças com menos de quatro anos). A coleta dos dados foi realizada em ambiente escolar. Para análise da audiometria tonal, a normalidade foi considerada nos casos em que o pré-escolar apresentasse limiar em 20dBNA em todas as frequências testadas e na timpanometria foi utilizada a classificação clássica (4), consideradas dentro da normalidade as curvas da família A e alteradas as curvas do tipo B e C. Resultados: Observou-se que 31% dos pré-escolares apresentaram alteração de orelha média e que o decréscimo da idade interfere inversamente no percentual dessa alteração (p=0,001*). Os dados demonstraram que houve associação estatisticamente significante entre o aumento nos limiares tonais auditivos e a presença de um comprometimento condutivo (p=0,001*). Em relação à linguagem, houve associação significante entre a audiometria tonal limiar e a avaliação da linguagem (p=0,025*). Conclusão: Foi possível observar que a presença de um comprometimento condutivo resulta em um impacto negativo na audição e na linguagem. Essa pesquisa reforça a relevância das recomendações das Políticas Públicas de Saúde Auditiva e de Atenção Integral à Saúde da Criança e demonstram que a avaliação audiológica na idade pré-escolar é imprescindível.

1. Long P, Wan G, Roberts MT, Corfas G. Myelin development, plasticity, and pathology in the auditory system. Dev Neurobiol. 2018; 78(2):80-92.
2. Torretta S, Pignataro L, Carioli D, Ibba T, Folino F, Rosazza C et al. Phenotype Profiling and Allergy in Otitis-Prone Children. Front Pediatr. 2018; 6:383.
3. Hage SRV, Pereira TC, Zorzi JL. Protocolo de Observação Comportamental-PROC: valores de referência para uma análise quantitativa. Rev CEFAC. 2012; 14(4):677-690.
4. Jerger J. Clinical Experience with Impedance Audiometry. Arch Otolaryngol. 1970; 92(4):311-24.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1251
ALTERAÇÃO DO FRÊNULO LINGUAL EM BEBÊS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O frênulo lingual se apresenta unindo a língua ao assoalho da boca. É esperado que a língua se movimente livremente na cavidade oral(1). A depender de sua fixação, pode ocorrer uma interferência negativa nas funções da língua(2). A anquiloglossia interfere no equilíbrio funcional, e no crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático(3). Diversas funções podem se apresentar alteradas em indivíduos com alteração do frênulo lingual, como fala, mastigação e sucção(1,4,5). É possível observar uma grande discrepância com relação aos valores de prevalência das alterações(6). Diante dessa realidade, foi criada a lei do Teste da Linguinha, que torna obrigatória a realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em bebês(7). Portanto, faz-se necessário estudos utilizando o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em bebês(2) em diferentes serviços, para uma uniformidade dos resultados encontrados. Objetivo: Estimar a frequência de alterações do frênulo lingual em bebês e caracterizar anatomofuncionalmente o frênulo lingual dos bebês atendidos no serviço. Método: A pesquisa trata-se de um estudo seccional – descritivo, transversal, individual e observacional. Foram avaliados 1605 prontuários de pacientes atendidos no setor de triagem neonatal fonoaudiológica de uma maternidade, no período de agosto de 2017 a junho de 2018, considerando as variáveis relacionadas as características biodemográficas, a idade do bebê no dia da avaliação e os resultados da avaliação do frênulo lingual(postura de lábios em repouso, tendência do posicionamento da língua durante o choro, a forma da ponta da língua quando elevada durante o choro, a visualização do frênulo, a espessura do frênulo, a fixação do frênulo na face sublingual da língua e a fixação do frênulo no assoalho da boca), bem como o escore obtido, através do Protocolo de avaliação do frênulo lingual. A análise quantitativa das informações foi realizada envolvendo a aplicação de estatística descritiva e inferencial, a um nível de confiança de 95%. Resultados: A média de idade na primeira avaliação foi de 19,88 (±12,18) dias, 51,6% eram do sexo masculino e 48,4% do sexo feminino. Da amostra total pesquisada, 73 foram diagnosticados com alteração do frênulo lingual na primeira consulta e 29 foram encaminhados para a avaliação funcional. Desses, 6 foram diagnosticados com alteração do frênulo lingual, fazendo um total de 79 (4,9%; IC 95%: 3,9-6,1) crianças com frênulos alterados. Não houve diferença estatisticamente significante quanto ao gênero (p=0,222). Conclusão: A frequência de alteração de frênulo lingual foi de 4,9%. Considerando os bebês avaliados nesse estudo, as características anatomofuncionais foram: lábios fechados em repouso, língua na linha média durante o choro, ponta da língua arredondada, visualização do frênulo da língua, com espessura delgada, fixação na face sublingual no terço médio e fixação no assoalho da boca visível a partir das carúnculas sublinguais.

1. Knox I. Tongue Tie and Frenotomy in the Breastfeeding Newborn. Neoreviews. 2010; 11(9): e513-e519. DOI: https://doi.org/10.1542/neo.11-9-e513

2. Martinelli RLC, Marchesan IQ, Berretin-Felix, G. Protocolo de avaliação do frênulo lingual para bebês: relação entre aspectos anatômicos e funcionais. Rev CEFAC. 2013; 15(3): 599-610. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462013005000032

3. Pompéia LE, Ilinsky RS, Ortolani CLF, Júnior KF. A influência da anquiloglossia no crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático. Rev. Paul. Pediatr. 2017; 35 (2): 216-221. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1984-0462/;2017;35;2;00016.

4. Suzart DD, Carvalho ARR. Alterações de fala relacionadas às alterações do frênulo lingual em escolares. Rev CEFAC. 2016; 18(6): 1332-1339. DOI: 10.1590/1982-0216201618621715

5. Silva MC, Costa MLVCM, Nemr K, Marchesan IQ. Frênulo de língua alterado e interferência na mastigação. Rev CEFAC. 2009; 11(supl3): 363-369.

6. Venancio SI, Toma TS, Buccini GS, Sanches MTC, Araújo CL, Figueiró MF. Anquiloglossia e aleitamento materno: evidências sobre a magnitude do problema, protocolos de avaliação, segurança e eficácia da frenotomia: parecer técnico científico. Set de 2015.

7. Brasil. Lei n. 13.002, de 20 de junho de 2014. Obriga a realização do protocolo do frênulo da língua em bebês. Diário Oficial da União. 20 jun 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
441
ALTERAÇÃO NO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL COMO FATOR DE RISCO PARA O ZUMBIDO EM PROFESSORES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: Alterações no Índice de massa corporal (IMC) têm sido estudadas em populações com zumbido, embora esse assunto ainda seja controverso na literatura (1,2,3,4). Uma alta prevalência de sobrepeso tem sido observada em professores, provavelmente devido as condições de trabalho que contribuem para o desenvolvimento de alterações relacionadas ao estilo de vida (5). O zumbido também tem se mostrado prevalente na população de professores, provavelmente por fatores ocupacionais e hábitos de vida (6). OBJETIVO: Investigar a associação entre zumbido e IMC em professores. MÉTODOS: Estudo caso-controle, parte de um projeto maior aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição com o n° 742.355. Foram considerados “casos” aqueles que referiram zumbido nos últimos 6 meses. Foram considerados “controles” aqueles que não apresentaram esse sintoma. Para cada caso foram incluídos 2 controles. Os casos e controles foram provenientes da mesma população no modelo de vizinhança. Assim, foram incluídos 16 casos e 32 controles, de ambos os sexos, com média de idade de 48.3 ± 10 anos. A presença do zumbido foi avaliada por meio de anamnese. O índice de massa corporal foi verificado por meio de auto relato do peso e altura dos professores, dividindo o peso corporal (em kg) pela altura (em metros) ao quadrado. Aqueles que apresentam IMC < 18.5 foram classificados como baixo peso; de 18.5 a 24.99 como eutróficos; de 25 a 29.99 como sobrepeso; e ≥ 30 foram considerados com obesidade. Para o cálculo de Odds ratio (OR), os dados do IMC foram dicotomizados em dois grupos IMC normal (eutróficos) e IMC acima do normal (sobrepreso e obesidade). RESULTADOS: Dentre os casos (n = 16), 31,2% (n = 5) apresentaram eutrofismo, 56,2 (n = 9) sobrepeso e 12,5% (n = 2) eram obesos. Dentre os controles, 46,9% (n = 15) eram eutróficos, 34,4% (n = 11) tinham sobrepeso e 18,8% (n = 6) eram obesos. O risco de prevalência daqueles que apresentaram IMC acima do normal de apresentar zumbido foi de 39,3%. Foi encontrado um valor de OR 1,94 para aqueles com IMC acima do normal (IC95%: 0,548-6,876) no entanto, não foi significativo. CONCLUSÃO: O risco de prevalência de zumbido em professores com IMC acima do normal é alto, embora o OR não tenha demonstrado significância. Mais estudos são necessários com populações maiores de professores para confirmar esses achados.

1. Stohler NA, Reinau D, Jick SS, Bodmer D, Meier CR. 1 A study on the epidemiology of tinnitus in the United Kingdom Clin Epidemiol. 2019; 13;11:855-871.

2. Kim H-J, Lee H-J, An S-Y, et al. Analysis of the prevalence and associated risk factors of tinnitus in adults. PLoS One. 2015;10(5):e0127578.

3. Cima RFF, Mazurek B, Haider H, et al. A multidisciplinary European guideline for tinnitus: diagnostics, assessment, and treatment. HNO. 2019;67:10–42.

4. McCormack A, Edmondson-Jones M, Mellor D, et al. Association of dietary factors with presence and severity of tinnitus in a middle-aged UK population. PLoS One. 2014;9(12):e0114711.

5. Rocha SV, Cardoso JP, Santos CA, Munaro H LR, Vasconcelos LRC, Petroski EL. Overweight/obesity in teachers: prevalence and associated factors. Rev. bras. cineantropom. desempenho hum. 2015; 17(4): 450-459.

6. Fredriksson S, Kim JL, Torén K, Magnusson L, Kähäri K, Söderberg M, Waye KP. Working in preschool increases the risk of hearing-related symptoms: a cohort study among Swedish women. International archives of occupational and environmental health. 2019; 92(8), 1179–90.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
361
ALTERAÇÃO SENSORIAL E ATRASO DE LINGUAGEM EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: REVISÃO DE LITERATURA.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Em 1943, Kanner descreveu sob o nome "distúrbios autísticos do contato afetivo" um quadro caracterizado por autismo extremo, obsessividade, estereotipias e ecolalia. Esse conjunto de sinais foi por ele visualizado como uma doença específica relacionada a fenômenos da linha esquizofrênica (1). Alguns comportamentos e rotinas podem estar relacionados a uma aparente hiper ou hiporreatividade a rituais envolvendo gosto, cheiro, textura ou aparência da comida ou excesso de restrições alimentares, podendo constituir a forma de apresentação do transtorno do espectro autista (2). Restrição de interesses e uma disfunção no processamento de informações sensoriais podem estar relacionada ou não a um Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) nessas crianças(3).Compromete ainda o desenvolvimento motor e psiconeurológico dificultando a cognição, a linguagem e a interação social da criança, além de apresentarem o atraso no desenvolvimento da linguagem (4). OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática de literatura de trabalhos que abordassem a relação entre as questões sensoriais e o atraso de linguagem dessa população, propiciando um conhecimento mais amplo com maior possibilidades de intervenções terapêuticas no desenvolvimento dessas crianças. MÉTODO: Para a seleção dos estudos, foi realizado levantamento bibliográfico de textos publicados no período entre 2010 a 2019 em bases de dados eletrônicas LILACS, SciELO, PubMed e Google Scholar. Com base no título foram definidos os descritores para a busca de acordo com o Descritores em Ciências da Saúde – “autismo”, “autism”, “comportamento sensorial”, “sensory behavior”, “linguagem”, “language”, intercalados pelo operador booleano AND em todas as bases de dados. RESULTADOS: Da totalidade dos estudos encontrados foram tabelados (n=7) por meio dos critérios de inclusão e análise prévia do resumo. Com a análise completa dos textos encontrou-se quatro estudos condizentes com a presente pesquisa. Os quatro artigos foram selecionados, as pesquisas apontam que as alterações sensoriais podem afetar negativamente a vida desses indivíduos e de suas famílias. A ausência de respostas ou a dificuldade em regular esses estímulos podem prejudicar o potencial de aprendizado dessas crianças no desenvolvimento da linguagem e na interação com o meio. CONCLUSÃO: Os achados se relacionam na tentativa de entender as associações entre os padrões sensoriais e os principais sintomas do autismo quanto a linguagem. O desenvolvimento da criança compreende diversos fatores e os sentidos moldam as experiências, o que dificulta em um dos aspectos a criança com espectro autista a se desenvolver em sua totalidade. Apesar dos estudos elencados nesta revisão pode-se destacar a escassez de pesquisas que tragam a relação das alterações sensoriais e sua influência no desenvolvimento da linguagem, sendo assim sugere-se mais estudos.

1- KANNER L. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child. Pathology. 1943; 2:217-50.
2- APA - American Psychiatric Association. DSM-V: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (5ª Ed.). Porto Alegre: Artmed Editores.2014
3- LURIA AR. Fundamentos de neuropsicologia. 1.ed. São Paulo: Edusp; 1981.
4- LOPEZ P. J. et al. Our experience with the a etiological diagnosis of global developmental delay and intellectual disability: 2006-2010. Neurologia. 2014; 29(7):402-7.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
169
ALTERAÇÕES AUDIOLÓGICAS EM IDOSOS COM QUEIXA DE MEMÓRIA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
88020710


Introdução: A cada ano, 650 mil idosos são incorporados à população brasileira(1). Até o momento, existem poucos estudos epidemiológicos que mostrem à prevalência da presbiacusia no Brasil(2). A presbiacusia é a diminuição da acuidade auditiva relacionada ao envelhecimento sem causa reconhecida(3). E isto resulta em dificuldade na comunicação, isolamento social, depressão e a diminuição da qualidade de vida(4).. Objetivo: verificar a prevalência de alterações audiológicas e os fatores associados em idosos com queixa de memória. Métodos: Estudo com aprovação do Comitê de Ética pelo número 3.494.953. O estudo foi conduzido em um Ambulatório de Memória que realiza atendimentos à idosos com queixa de memória no SUS. Assim, os idosos foram contatados e convidados a comparecerem no Ambulatório para realização de uma triagem auditiva. O instrumento usado para triagem foi o aparelho portátil ocupacional PA5 da marca Interacoustics, devidamente calibrado. O exame foi conduzido em sala silenciosa, com realização de meatoscopia e foi calculada a média tritonal dos idosos. Foram levantados dados dos prontuários destes idosos para caracterização sociodemográfica; para avaliar a presença de alterações emocionais, obtidas pela aplicação da Escala de Depressão Geriátrica - GDS(5); para avaliar a independência no desempenho de algumas funções (banho, vestir-se, ir ao banheiro, transferência, continência e alimentação), classificando o idoso em dependente (escore abaixo de 6) ou independente (escore acima de 6); obtida pelo instrumento de avaliação das Atividades de Vida Diária (AVD)(6) e para avaliar a cognição, o Monteal Cognitive Assessment – MoCA(7). Resultados: Foram avaliados 14 idosos, todos do sexo feminino; a maioria (35,7%) casada, seguida por 28,6%, solteira. Quanto à renda familiar, 50% relatou receber de 1 a 3 salários mínimos. Com relação ao estilo de vida, apenas uma idosa referiu ser tabagista e 50% delas não realizam atividade física. Quando questionadas sobre a autopercepção da saúde, a maioria considera como boa (42,9%). Em relação aos testes aplicados, as médias foram 4,64 para o GDS, sugerindo presença de alterações emocionais, 3,28 para as AVD, indicando dependência e 25,71 pontos no MoCA, sugerindo declínio cognitivo. Na triagem auditiva, observou-se que em 92,9% dos idosos, os limiares auditivos encontram-se alterados na orelha direita; e para a esquerda, 78,6%. Conclusão: O aumento da população idosa abre um novo campo de pesquisa aos profissionais comprometidos com a qualidade de vida no envelhecimento (8). É urgente, o estabelecimento de diretrizes para o desenvolvimento de programas de diagnóstico, aquisição de aparelhos de amplificação sonora individual e, principalmente, de um programa específico de reeducação auditiva dos idosos, garantindo participação social e boa qualidade de vida.

Referências:
1. Veras, Renato. Envelhecimento populacional e as informações de saúde do PNAD: demandas e desafios contemporâneos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23(10):2463-2466, out, 2007.
2. Sousa et al. Estudo de fatores de risco para presbiacusia em indivíduos de classe sócio-econômica média. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology 75 (4) Julho/Agosto 2009.
3. Lobato J. A classe média no fundo do poço. Ciência hoje on-line de 01/06/04. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/2478
4. Veras R. A longevidade da população: desafios e conquistas. Rev Serv Soc e Sociedade. 2003;75:5-18.
5. Yesavage JA, Brink TL, Rose TL, Lum O, Huang V, Adey MB, et al. Development and validation of a geriatric depression screening scale: a preliminary report. J Psychiat Res. 1983; 17:37-49.
6. Katz S, Ford AB, Moskowitz RW, Jackson N BA, Jaffe MW. Studies of illness in the aged. Journal of the American Medical Society. 1963;185(12):914-21.
7. Nasreddine, Z., Phillips, N. A., Bédirian, V., Charbonneau, S., Whitehead, V., Collin, I., Cummings, J. L., & Chertkow, H. (2005). The Montreal Cognitive Assessment, MoCA: A brief screening tool for Mild Cognitive Impairment. American Geriatrics Society, 53, 695-699.
8. Veras RP, Mattos LC. Audiologia do envelhecimento: revisão da literatura e perspectivas atuais. Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.73 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
157
ALTERAÇÕES AUDITIVAS E FUNÇÕES COGNITIVAS DE INDIVÍDUOS EM PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
88020710


Introdução: Envelhecer é um processo natural e progressivo(1), caracterizado por transformações biológicas, morfológicas, sociais e psicológicas, que ocorrem de forma singular em cada indivíduo(2). Neste contexto, a habilidade para manter autonomia e independência, representa uma peça chave para um envelhecimento ativo e saudável(3). O envelhecimento do sistema auditivo, assim como da função cognitiva podem causar repercussões importantes nas atividades cotidianas dos idosos, interferindo negativamente na comunicação e também no desempenho auditivo, gerando isolamento social(4). Objetivo: A presente pesquisa apresenta como objetivo principal verificar as evidências científicas sobre as alterações auditivas e as funções cognitivas em indivíduos em processo de envelhecimento. Método: Realizou-se uma revisão sistemática. Foram selecionados estudos publicados de janeiro de 2015 a Janeiro de 2020 nas bases de dados MEDLINE (via PubMed), SciELO, Scopus e LILACS. Os termos de busca foram (“envelhecimento”[DeCS] AND “idoso”[DeCS] AND “cognição”[DeCS] AND “saúde do idoso” [DeCS] AND “audição” [DeCS]). Os artigos foram avaliados quanto ao nível de evidência de acordo com “Oxford Centre for Evidence-based Medicine Levels of evidence”(5). Foi verificada a qualidade metodológica dos artigos selecionados e a pontuação da qualidade dos estudos incluídos foi equivalente a 11 pontos no protocolo modificado de Pithon et al, 2015(6), representando os estudo como aceitáveis para a pesquisa. Resultados: Ao total foram identificados 2.802 artigos, sendo todos por busca em bases eletrônicas. Após o processo de exclusão de artigos, foram selecionados 6 artigos para este estudo. A pontuação da qualidade dos estudos incluídos foi equivalente a 11 pontos no protocolo modificado de Pithon et al, 2015(6), com uma média de 11 pontos, sendo categorizados como de alta qualidade o escores entre 13 e 11 pontos, representando os estudo como aceitáveis para a pesquisa. O presente estudo verificou um pior desempenho nos testes cognitivos (MEEM) quanto maior a idade, além de uma correlação com o grau de perda auditiva com a categoria de linguagem do exame, as categorias de registro e memória podem não ser suficientemente sensíveis para detectar qual idoso irá passar ou falhar e o grau de escolaridade mostrou exercer influência no desempenho do exame. Pontuação do MEEM se mostrou diretamente proporcional à relação S/R. Conclusão: Diante do envelhecimento populacional, destaca-se a importância da investigação da condição auditiva e cognitiva dos idosos, priorizando ações que previnam ou reduzam o isolamento social e a depressão.

Referências:
1. Ferreira et al. Envelhecimento ativo e sua relação com a independência funcional .Texto contexto - enferm. vol.21 no.3 Florianópolis July/Sept. 2012.
2. SILVA, Iracema Costa Alves , DE BONIS, Ricardo. A posição no contexto social e o perfil do idoso assistido no cras - centro de referência de assistência social de palmas – to – Brasil.
3. SCHNEIDER, Rodolfo Herberto; IRIGARAY, Tatiana Quarti. O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Estudos de Psicologia I Campinas I 25(4) I 585-593 I outubro - dezembro 2008.
4. Dessen, Maria Auxiliadora; Brito, Angela Maria Waked de. Reflexões sobre a deficiência auditiva e o atendimento institucional de crianças no Brasil. Paidéia (Ribeirão Preto) no.12-13 Ribeirão Preto fev./ago. 1997.
5. Oxford Centre for Evidence-Based Medicine. Levels of evidence [Internet] 2009 [acesso em 18 jun 2020]. Disponível: http://www.cebm.net/oxfordcentre-evidence-based-medicine-levels-evidencemarch-2009/.
6. Pithon MM, Santos;Anna LI, Baião FC, dos Santos RL, Coqueiro Rda S, Maia LC. Assessment of the effectiveness of mouthwashes in reducing cariogenic biofilm in orthodontic patients: A systematic review. J Dent. 2015;43:297-308.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
308
ALTERAÇÕES AUDITIVAS EM INDIVÍDUOS COM MIELOMENINGOCELE: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A mielomeningocele (MMC), caracterizada como uma falha na coluna vertebral, onde uma ou mais vértebras não conseguem se fundir adequadamente, pode levar a protrusão das meninges. Como consequência, podem causar alterações nas funções do indivíduo, a depender do nervo envolvido e do nível da lesão, podendo estar presente em 1/1.000 nascidos vivos no mundo. Com base na qualidade de vida de pacientes com disrafismos espinhais é apontado que os pacientes com MMC apresentam escores significativamente mais baixos de visão, audição, fala, cognição, emoção, dor, deambulação e destreza. O diagnóstico de perdas auditivas e intervenção precoce podem minimizar o impacto no desenvolvimento da audição, uma vez alterações dificultam a percepção da fala e aprendizagem da língua oral. Objetivo: Revisar os achados da literatura sobre as alterações auditivas relacionadas a MMC e a sua melhor forma de diagnóstico. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada no mês de junho de 2020, através da seguinte pergunta norteadora: Quais as alterações auditivas mais comuns em pacientes com MMC e como identificá-las? As base de busca utilizadas foram: Scielo, Lilacs, Medline, Web of Science, Pubmed e Science direct. Os descritores foram selecionados utilizando a ferramenta de registro MeSH, sendo montada a seguinte chave de busca: myelomeningocele OR Myelocele OR Myeloceles AND hearing loss OR hearing OR hearing disease. Como critérios de elegibilidade, foram incluídos artigos que tratassem de mielomeningocele, correlacionando com avaliação auditiva e/ou alterações auditivas, sendo excluídos estudos de revisão, capítulos de livro e artigos com outras doenças associadas relacionadas a alterações auditivas. Resultados: Na busca foram encontrados 632 resultados e após a leitura de títulos e resumos foram selecionados 53 artigos para leitura completa, após exclusão dos estudos duplicados. Por fim, foram incluídos de acordo os critérios preestabelecidos, 4 artigos nesta revisão. Os artigos foram publicados entre 2014 e 2018. As idades da população variaram de recém-nascido até 26 anos. Em recém-nascidos o modo de avaliação auditiva mais comum descrita entre os artigos foi o PEATE, seguido das Emissões Otoacústicas (EOA). No entanto, os autores alegaram que as EOA, por avaliar apenas a resposta coclear, não é suficiente em todos os casos. Já em de a partir de 7 anos, os autores indicam o exame de audiometria como mais apropriado, uma vez que os pacientes podem responder aos estímulos auditivos. Por fim as alterações auditivas mais encontradas nos pacientes com MMC foram: perdas auditivas, alterações centrais e espectro da neuropatia auditiva; esses acometimentos podem prejudicar o desenvolvimento de linguagem desses indivíduos. Conclusão: Diante dos resultados, conclui-se que há uma recomendação para que seja realizado na triagem auditiva neonatal, além da EOA, o exame de PEATE, visto que muitas alterações auditivas desse paciente são de localização central, na qual o exame de EOA é incapaz de identificar. Além disso, foram encontrados poucos de estudos na literatura sobre a integridade das vias auditivas na população com MMC, sendo necessária a realização de pesquisas com esse objetivo.

Rendeli C, Ausili E, Tabacco F, Caliandro P, Aprile I, Tonali P, Padua L. Assessment of health status in children with spina bifida. Spinal Cord. 2005; 43(4): 230–235.

Northrup H, Volcik KA. Spina bifida and other neural tube defects. Current Problems in Pediatrics. 2000; 30(10): 317–332.

Rocque BG, Bishop ER, Scogin MA, Hopson BD, Arynchyna AA, Boddiford CJ, Blount JP. Assessing health-related quality of life in children with spina bifida. Journ of Neurosur: Pediatrics . 2015; 15(2): 144–149.

Worley G, Erwin CW, Schuster JM, Park Y, Boyko OB, Griebel ML, Oakes WJ. BAEPs in infants with myelomeningocele and later development of chiari II malformation-related brainstem dysfunction. Developmental Medicine & Child Neurology. 2008; 36(8): 707–715.

Bevilacqua MC. A criança deficiente auditiva e a escola. São Paulo: CLR Balieiro. 1987

Jesus NO, Maruta ECS, Azevedo MF. Alterações auditivas em recém-nascidos e lactentes com mielomeningocele. Audiology - Communication Research. 2018; 23(0).

Picciotti PM, Battista M, Pandolfini M, Paludetti G, Ausili E, Romagnoli C, Rendeli C Audiological evaluation in children affected by myelomeningocele. Child’s Nervous System. 2015; 31(12): 2321–2324.

Satzer D, Guillaume DJ. Prognostic value of newborn hearing screening in patients with myelomeningocele. Journ of Neurosurg: Pediatrics. 2014; 14(5): 495–500.

Alijani B, Bagheri HR, Chabok SY, Behzadnia H, Dehghani S. Posttraumatic Temporal Bone Meningocele Presenting as a Cystic Mass in the External Auditory Canal. Journ of Craniofa Surg. 2016; 27(5): e481–e484.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1224
ALTERAÇÕES AUDITIVAS EM PACIENTES AFÁSICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A afasia é uma alteração no conteúdo, na forma e no uso da linguagem, assim como em seus processos cognitivos subjacentes, tais como percepção e memória¹. Ela se dá pela área lesada e seus aspectos morfofuncionais, sendo os principais tipos a afasia de Broca e de Wernicke². As etiologias mais frequentes são: acidentes vasculares encefálicos (AVE), doenças metabólicas, aneurismas, traumatismos cranianos, doenças degenerativas e desmielinizantes, entre outras¹. A audição é considerada um elemento fundamental para a habilidade linguística e, aprofundar o conhecimento de suas relações com a linguagem é relevante para a reabilitação de pacientes com distúrbios de comunicação, em especial as pessoas com afasia². Tendo em consideração o mencionado, é possível que as alterações auditivas repercutem de forma negativa para a inclusão do indivíduo com afasia dentro de uma sociedade que se corrobora cada vez mais nos preceitos de uma comunicação célere e objetiva. OBJETIVO: Analisar, a partir de uma revisão de literatura sistemática, as alterações auditivas em pacientes afásicos. METODOLOGIA: Revisão de literatura sistemática que utilizou como descritores: Afasia. Audição. Alterações. Encontraram-se 3 artigos indexados nas bases de dados Google Acadêmico, BVS e Scielo, seguindo os critérios de inclusão: publicações entre os anos de 2016 a 2020 e àqueles que se encaixaram no tema proposto. RESULTADOS: Entre os estudos analisados¹²³, pôde-se observar a importância da avaliação audiológica no processo de reabilitação de sujeitos com afasia. No estudo 1, a amostra foi composta por 10 indivíduos sem afasia e 10 indivíduos afásicos, no qual foi identificado que os indivíduos afásicos não apresentaram diferenças significantes quanto à supressão das emissões otoacústicas. Quanto ao potencial cognitivo, os indivíduos afásicos apresentaram maior valor de latência em relação aos indivíduos sem afasia¹. No estudo 2, um fator que pode interferir no processo de compreensão da linguagem da pessoa com afasia é a dificuldade auditiva, mas essa dificuldade não é perceptível nos testes usuais de avaliação da linguagem, necessitando que a pessoa com afasia seja submetida a uma bateria de exames audiológicos. As queixas auditivas observadas com maior ocorrência neste estudo foram a dificuldade de compreensão da fala no ruído (50%) e zumbido (37,5%)². Já no estudo 3, percebe-se a extrema importância que a avaliação do processamento auditivo possui nessa população. Avaliar para poder estimular e tratar essas habilidades pode proporcionar mais evolução nos sujeitos com afasia de expressão. Por eles possuírem avaliações comportamentais piores do que as eletrofisiológicas demonstra a necessidade de intervenção terapêutica e treinamento auditivo, pois, com a integridade fisiológica da via, há mais chances de evolução terapêutica e melhoras comportamentais auditivas que podem refletir em benefício para os processos de linguagem³. CONCLUSÃO: Com fundamento no que foi versado no presente tema, pôde-se concluir que a ausência de avaliação audiológica e as alterações auditivas podem influenciar no processo de reabilitação de pacientes com afasia. Justificativa pela qual a audição é um elemento fundamental para o uso eficiente da linguagem.
DESCRITORES: Afasia. Audição. Alterações.

1. BURITI, Ana Karina Lima et al. Avaliação eletroacústica e eletrofisiológica da audição em indivíduos afásicos. Revista CEFAC, v. 22, n. 2, 2020.

2. SCHUELTER, Débora et al. Características audiológicas e habilidades de comunicação de pessoas com afasia. Distúrbios da Comunicação, v. 29, n. 3, p. 448-461, 2017.

3. DA SILVA FOLGEARINI, Jordana et al. Processamento auditivo da informação em sujeitos com afasia. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento, v. 21, n. 3, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
316
ALTERAÇÕES AUDITIVAS PERIFÉRICAS E CENTRAIS EM POLICIAIS MILITARES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O ruído de impacto produzidos por rápidas expansões de gás, como nas armas de fogo e bombas, pode atingir intensidade ao redor de 140dB nas frequências de 2000 e 3000Hz sendo, então, risco à audição, acarretando mudanças fisiológicas ou anatômicas, temporárias ou permanentes no sistema auditivo1. Essa exposição proveniente de armas de fogo, podem gerar perda de células ciliadas externas e internas (com danos basais na cóclea), além de perda da sensibilidade neural, isto porque os neurônios do gânglio espiral normal são muito bem sintonizados com a frequência característica ou mais sensível2. Estudos eletrofisiológicos e morfológicos mostram que há uma relação direta entre a perda de receptores sensoriais e a sensibilidade neural audtivia diminuída3,4. Objetivo: Analisar a audição periférica e central em policiais expostos ao ruído de impacto produzido por armas de fogo e explosivos. Métodos: Estudo transversal com policiais militares do BOPE da Policia Militar do Paraná. Todos são do gênero masculino e expostos a ruído de impacto, principalmente, nos momentos de treinamento de tiro, porém, todos fazem o uso de protetores auditivos nessas ocasiões. O estudo teve aprovação do CEP n.196954. Foi aplicada uma anamnese audiológica e realizou-se os seguintes exames: audiometria tonal liminar, audiometria de altas frequências, teste de Emissões Otoacústicas Evocadas e Potenciais Evocados de Tronco Encefálico PEATE. Para análise dos dados, foram utilizados procedimentos estatísticos como análises de tendências centrais dos resultados dos exames audiológicos e comparação dos resultados por grupos de trabalhadores com e sem alteração auditiva pela audiometria, através dos testes estatísticos, com nível de significância de 0,05. Resultados: Foram incluídos no estudo 18 policiais (sem alterações de orelha média ou histórico de problemas otológicos não ocupacionais), sendo que a maioria com idade entre 36 a 46 anos, 10 (64,6%) com audição perda auditiva neurossensorial nas frequências de 3000Hz e/ou 4000Hz e/ou 6000Hz. Houve diferenças entre os grupos em relação ao limiar auditivo das Altas Frequências. No teste EOA Produto de Distorção, a relação sinal/ruído menor que 6 dB por frequências foi observada apenas no grupo com alteração auditiva. Observou-se média da latência absoluta da Onda I aumentada no grupo com alteração auditiva e diferença significativa para a Onda V. Na análise das amplitudes das ondas I e V, e da relação I/V, comparando os grupos, observou-se diferenças significativas nas médias da amplitude da onda I entre os grupos na orelha direita, média da relação I/V no grupo com alteração auditiva de 5,00 µV, na orelha direita. Conclusão: Encontrou-se alterações periféricas e centrais na audição dos policiais. Reforçamos a realização do PEATE, EOA e Altas Frequências como diagnostico auxiliar de perda auditiva por ruído intenso.

1. Plontke SKR, Dietz K, Pfeffer C, Zenner HP. The incidence of acoustic trauma due to New Year’s firecrackers. Eur Arch Otorhinlaryngol, 2002; 259(5):247-52.
2. Liberman LD, Suzuki J, Liberman MC. Dynamics of cochlear synaptopathy after acoustic overexposure. J. Assoc. Res. Otolaryngol. 2015; 16:205-19.
3. Lin HW, Furman AC, Kujawa SG, Liberman MC. Primary neural degen-eration in the Guinea pig cochlea after reversible noise-induced threshold shift. JARO. 2011; 12:605-16.
4. Kujawa SG, Liberman MC. Adding insult to injury: cochlear nerve degeneration after "temporary" noise-induced hearing loss. J. Neurosci. 2009; 29(45):14077-14085.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1190
ALTERAÇÕES DA BILIRRUBINA COMO INDICADOR DE RISCO PARA A DEFICIÊNCIA AUDITIVA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A triagem auditiva neonatal é o procedimento realizado em neonatos para verificar a audição logo ao nascimento e, assim, detectar a população com suspeita da deficiência auditiva, bem como a população de risco para desenvolver a deficiência auditiva, de acordo com os indicadores de risco para a deficiência auditiva (IRDA) do Joint Committee on Infant Hearing (JCIH, 2019). Dentre estes, destaca-se a hiperbilirrubina, que pode desenvolver alterações auditivas, até mesmo de forma tardia. Valores de bilirrubina por volta de 5mg/dL de sangue, já caracteriza icterícia neonatal, sendo que esta passa a ser patológica com valores acima de 18 mg/dL. Ainda não estão bem estabelecidas as dosagens de bilirrubina necessárias para causar alterações no sistema auditivo, o que implica no acompanhamento auditivo de todas as crianças que apresentaram um quadro de hiperbilirrubinemia ao nascimento, com necessidade de exame para a dosagem e acompanhamento médico. OBJETIVO: Investigar por meio de uma revisão de literatura, a relação existente entre alterações nos níveis de bilirrubina e alterações auditivas. MÉTODO: Foi realizada uma revisão de literatura de artigos publicados nos últimos 10 anos nas bases de dados BIREME (Biblioteca Virtual da Saúde) estando nela compreendidas a LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Library online-Brasil), e PUBMED. Para a busca destes artigos foram serão utilizadas as palavras-chave icterícia, hiperbirrubinemia e perda auditiva, que foram selecionadas de acordo com o assunto proposto no manual de Descritores em Ciências da Saúde (DECs). Os artigos selecionados foram lidos e realizada a resenha para a confecção do presente estudo. RESULTADOS: A partir da busca nas bases de dados foram encontrados 412 artigos, abrangendo o período do ano de 2009 a 2019. Destes artigos, foram descartados aqueles que não analisaram exclusivamente o fator icterícia/hiperbilirrubinemia isolado ou mesmo associado a outro fator de risco e audição. Ao final, foram selecionados 32 artigos que foram minuciosamente lidos e resenhados. CONCLUSÃO: Após análise dos estudos incluídos nesta revisão, é possível concluir que quanto maior a BTS no plasma sanguíneo maior é o risco de sequelas auditivas. No entanto, mesmo com menores níveis de BTS, os neonatos estão sujeitos a desenvolver alterações auditivas, principalmente quando associado a fatores como prematuridade, baixo peso e aleitamento materno exclusivo. A hiperbilirrubinemia neonatal pode ser a causa de perda auditiva neurossensorial e/ou DENA, dessa forma, é necessário o diagnóstico diferencial para abranger todas as patologias que a toxicidade da bilirrubina pode provocar. Além disso, é importante manter estes neonatos em acompanhamento audiológico, devido à possibilidade de melhora ou piora auditiva a longo prazo.

1. Alaee E, et al. Risk Factors for Sensorineural Hearing Loss Among High-Risk Infants in Golestan Province. Iran Red Crescent Med J 2015; 17(12): 1-6.
2. Can E, et al. Auditory neuropathy in late preterm infants treated with phototherapy for hyperbilirubinemia. Int. J. Audiol 2015; 54:89-5.
3. Corujo-Santana C, et al. The Relationship Between Neonatal Hyperbilirubinemia and Sensorineural Hearing Loss. Acta Otorrinolaringol Esp 2015; 66(6): 326-31.
4. Gökdogan Ç, et al. Auditory evoked potentials in a newborn Wistar rat model of hyperbilirubinemia. Braz J Otorhinolaryngol 2016; 82(2):144-50.
5. Khalid S, Qadir M, Salat MS. Spontaneous improvement in sensorineural hearing loss developed as a complication of neonatal hyperbilirubinemia. J Pak Med Assoc 2015; 65(9): 1018-21.
6. Okhravi T, Eslami S, Ahmadi AH, Nassirian H, Najibpour R. Evaluation of Auditory Brain Stems Evoked Response in Newborns With Pathologic Hyperbilirubinemia in Mashhad. Iran Red Crescent Med J 2015; 17(2): 182-88.
7. Olds C, Oghalai JS. Audiologic impair ment associated with bilirubin-induce d neurologic damage. Semin Fetal Neonat M 2015; 20:42-6.
8. Oliveira CS, et al. Prevalência dos indicadores de risco para perda auditiva nos resultados ‘falha’ da triagem auditiva neonatal. Rev. CEFAC 2015; 17(3):827-35.
9. Olusanya BO, Slucher TM. Infants at risk of signifi cant hyperbilirubinemia in poorlyresourced countries: evidence from a scoping review. World J Pediatr 2015; 11(4):293(99).
10. Unal M, Vayisoglu Y. Auditory Neuropathy/Dyssynchrony: A Retrospective Analysis of 15 Cases. Int Arch Otorhinolaryngol 2015; 19:151-55.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
124
ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM ASCITE
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A disfagia pode ocorrer devido a alterações mecânicas, neurogênicas ou psicogênicas. Manifesta-se por sinais e sintomas como engasgos e tosse, além do considerável fator de risco para desnutrição, desidratação e pneumonia aspirativa(1,2). A encefalopatia é uma alteração que pode ter como consequência a disfagia, além de estar associada a derrames cavitários como causas e/ou sinais e sintomas. A encefalopatia tem como sinal a disfagia e nos casos de encefalopatia hepática que ocorre devido ao quadro de cirrose, se encontra a ascite e dependendo da gravidade do caso pode gerar um derrame pleural(3,4,5). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(6) relacionando o impacto que a disfagia causa em pacientes com ascite. MÉTODOS: A busca pelos artigos se deu a partir das bases de dados: PubMed, Science Direct, SciELO, LILACS e SCOPUS. Através do Medical Subject Heading Terms (MeSH) foram determinados os termos de busca: [(Deglutition Disorders) AND (Ascite)]. O período de busca dos artigos compreendeu os últimos 11 anos (2009 a 2020). RESULTADOS: Através da busca foi possível localizar 22 artigos, após a exclusão seguindo os critérios PRISMA(6), atenderam os critérios 2 estudos para a revisão sistemática. Através da busca foi possível encontrar 22 artigos no qual 1 foi descartado após exclusão por repetição, 12 foram excluídos por titulação, por resumo foram 7 excluídos e nenhum artigo excluído por leitura completa. Os 2 estudos(7,8) restantes foram publicados nos anos de 2014 e 2015 e incluíam disfagia e ascite em seu conteúdo. Em relação às características dos estudos encontrados nesta revisão, Moriwaki Y et al.(7) relataram um caso de suporte nutricional bem-sucedido em uma paciente com ascite cirrótica maciça, com um estômago intratorácico e disfagia introduzindo a gastrostomia antes do shunt PV (ventriculoperitoneal). A paciente era uma mulher de 88 anos de idade e apresentou o quadro de cirrose maciça, hérnia esofágica, luxação do estômago, hipertrofia do segmento lateral do fígado, hipoalbuminemia, trombocitopenia leve e desnutrição. Também apresentou perda de apetite e distúrbio da deglutição por 4 meses. Já Cheung VTF et al.(8) descrevem um relato de caso de um homem de 54 anos que apresentou disfagia, perda de peso, dor epigástrica e linfadenopatia cervical. O exame de imagem gastroscopia mostrou uma lesão esofágica menor com as biópsias apresentando displasia de alto grau. A tomografia computadorizada mostrou parede esofágica inferior espessa e linfadenopatia múltipla no tórax/abdome, mas sem metástases hepáticas. Após o diagnóstico o paciente apresentou um grande declínio clínico, vindo a apresentar encefalopatia e com sugestão de insuficiência hepática aguda. Foram refeitas as biópsias e o paciente apresentou adenocarcinoma pouco diferenciado, o paciente veio a óbito antes que uma biópsia hepática planejada fosse realizada. Na autópsia foi observado esofágico disseminado, adenocarcinoma, metástases linfonodais, ascite, metástases hepáticas difusas, substituindo a maioria do parênquima hepático. CONCLUSÃO: Foi possível constatar que os estudos baseados em doenças específicas poderão associar a disfagia e ascite, no entanto podem-se verificar possíveis evidências fisiológicas na relação disfagia e ascite, dado que fortalece a possível associação.

1. Scheeren B, Gomes E, Alves G, Marchiori E, Hochhegger B. Chest CT findings in patients with dysphagia and aspiration: a systematic review. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 04 maio 2017; 43 (04): 313-18.
2. Barroqueiro PC, Lopes MKD, Moraes AMS. Critérios fonoaudiológicos para indicação de via alternativa de alimentação em unidade de terapia intensiva em um hospital universitário. Revista Cefac. 13 mar. 2017; 19 (02): 190-97.
3. Manrique D, Melo ECM, Bühler RB. Alterações nasofibrolaringoscópicas da deglutição na encefalopatia crônica não-progressiva. Jornal de Pediatria. 31 out. 2001; 78 (01): 66-70.
4. Junior MAB, Teodoro V, Lucchesi LM, Ribeiro TCR, Tufik S, Kondo M. Detecção de encefalopatia hepática mínima através de testes neuropsicológicos e neurofisiológicos e o papel da amônia no seu diagnóstico. Arquivos de Gastroenterologia. 24 dez. 2008, 46 (01): 43-49.
5. Rodriguez JFV, Yurgaki JM, Escobar RR. Compromiso pulmonar en la enfermedad hepática: una actualización. Fac. Med, Bogotá. 13 fev. 2017, 25 (01): 102-13.
6. Moher D, Shamseer G, Clarke M ,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA . Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.
7. MoriwakI Y, Otani J, Okuda J, Niwano T, Sawada Y, Nitta T et al. Successful nutritional support for a dysphagic patient with massive cirrhotic ascites and intrathoracic stomach using percutaneous endoscopic gastrostomy (PEG). Nutrition. 12 mai. 2014, 30 (11-12): 1456-59.
8. Cheung VTF, Singanayagam J, Molyneux A, Rajoriya N. Dysphagia to liver failure. Bmj Case Reports. 26 nov. 2015, 1-2.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
695
ALTERAÇÕES DA FALA E O DISTÚRBIO DO SONO NA DOENÇA DE PARKINSON: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa progressiva do sistema nervoso central sem causa conhecida, que implica em características como: tremor em repouso, rigidez muscular, bradicinesia e instabilidade postural. Como alterações comunicativas observa-se, geralmente, disartria hipocinética. Pode haver também alterações do sono, verificando maior ocorrência do distúrbio idiopático do comportamento do sono REM (RBD).
Objetivo: Verificar a relação das alterações neurodegenerativas de fala e sono na doença de Parkinson.
Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica dos últimos onze anos (2009 a 2020) que relacionou as alterações neurodegenerativas de fala e sono na doença de Parkinson. Para execução deste trabalho foram efetuadas buscas nas bases de dados PubMed/NCBI e BVSalud, com os descritores fala, sono e Parkinson. Foram incluídos estudos na língua portuguesa, espanhola e inglesa. Foram excluídos artigos que não são disponibilizados por completo, revisões bibliográficas, ou que trouxesse a interferência de outro fator externo como a avaliação de um tratamento específico. Para a análise, primeiramente foram lidos os títulos dos trabalhos, para os trabalhos que contemplassem a temática desta pesquisa, foram lidos os resumos, e por fim, lidos na íntegra. Realizou-se a análise dos objetivos, resultados e conclusão de cada artigo incluído, para se entender a relação da temática central do estudo.
Resultados: Foram localizados 81 artigos nas bases de dados, sendo efetivamente incluídos 8. A alteração do sono mais relatada nesta população, foi o RBD, frequentemente associada a uma mutação da DP. A avaliação quantitativa e objetiva na fala da RBD ainda é escassa, salientando-se a falta de padronização. Foi ponderado que há anormalidades semelhantes na fala do indivíduo com DP e indivíduos com RBD e que a mudança da fala e da voz, com maior frequência foi a bradicinesia, sendo um dos primeiros sintomas prodrômicos, revelando-se de 6 a 8 anos antes do diagnóstico clínico. O distúrbio motor da fala é uma manifestação clínica observada com frequência em 70% a 100% nos indivíduos com DP, unido aos distúrbios do sono nota-se uma piora na fonação, articulação e prosódia, como por exemplo vogais e consoantes imprecisas, sonoridade reduzida, monopitch e disfluência.
Conclusão: Essa revisão nos revela que existem poucas evidencias relacionando a fala do paciente com distúrbio do comportamento rápido do sono (REM) e a doença de Parkinson, traz a importância de recursos terapêutico na fala e na linguagem em pacientes que apresentam DP com RBD para avaliação e melhora da comunicação desse indivíduo, assim como atenção no sono do mesmo, do mesmo modo nos com RBD ainda idiopático por um fonoaudiólogo especializado para identificar a doença precocemente, dessa forma, podendo proporcionar melhor qualidade de vida para esse paciente.

1. Hlavnika J, Cmejla R, Tykalová T, Šonka K, Ruzicka E, Rusz J. Automated analysis of connected speech reveals early biomarkers of Parkinson’s disease in patients with rapid eye movement sleep behaviour disorder. Sci Rep. 2017;7:12.
2. Monia Presotto, Maira Rozenfeld Olchik, Artur Francisco Shumacher Shuh and CRMR. Assessment of Nonverbal and Verbal Apraxia in Patients with Parkinson’s Disease. Park Dis. 2015;2015:8.
3. Rusz J, Hlavnička J, Tykalová T, Bušková J, Ulmanová O, Růžička E, et al. Quantitative assessment of motor speech abnormalities in idiopathic rapid eye movement sleep behaviour disorder. Sleep Med. 2016;19:141–7.
4. Cochen De Cock V, Debs R, Oudiette D, Leu S, Radji F, Tiberge M, et al. The improvement of movement and speech during rapid eye movement sleep behaviour disorder in multiple system atrophy. Brain. 2011;134(3):856–62.
5. Rolinski M, Griffanti L, Piccini P, Roussakis AA, Szewczyk-Krolikowski K, Menke RA, et al. Basal ganglia dysfunction in idiopathic REM sleep behaviour disorder parallels that in early Parkinson’s disease. Brain. 2016;139:2224–34.
6. Ortiz KZ, Brabo NC, Minett TSC. Sensorimotor speech disorders in Parkinson’s disease: Programming and execution deficits. SciELO Anal. 2016;10(3):210–6.
7. Postuma RB, Lang AE, Gagnon JF, Pelletier A, Montplaisir JY. How does parkinsonism start? Prodromal parkinsonism motor changes in idiopathic REM sleep behaviour disorder. Brain. 2012;135(3):1860–70.
8. Fereshtehnejad SM, Yao C, Pelletier A, Montplaisir JY, Gagnon JF, Postuma RB. Evolution of prodromal Parkinson’s disease and dementia with Lewy bodies: A prospective study. Brain. 2019;142(7):2051–67.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1459
ALTERAÇÕES DE FALA E LINGUAGEM NA SÍNDROME CORTICOBASAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A síndrome corticobasal (SCB) é uma doença neurodegenerativa, rara, classificada entre as síndromes parkinsonianas atípicas, com sintomas motores e cognitivos1. A SCB pode ser a manifestação clínica de diversas patologias subjacentes, entre elas a patologia da doença de Alzheimer (DA)2. Diante dessa heterogeneidade clínico-patológica, há um crescente interesse na busca por características que auxiliem no diagnóstico da patologia de base da SCB3. Estudos sobre fala e linguagem na SCB são escassos e utilizam metodologias diversas, o que dificulta o delineamento de um perfil de fala e linguagem4. Além disso, a maioria dos estudos não inclui uma avaliação abrangente desses aspectos. Objetivos: Caracterizar a fala e linguagem de pacientes com SCB; verificar impactos da idade, escolaridade e duração da doença na fala e linguagem; caracterizar um possível padrão de alteração de fala e linguagem sugestivo da SCB decorrente da DA. Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética (02874318.9.0000.0068). Foram constituídos dois grupos: pacientes com SCB (GSCB, n=20) e grupo-controle (GC, n=20), pareados em idade e escolaridade. O GSCB foi subdividido em SCB-DA (patologia de base sugestiva de DA, n=7) e SCB-não-DA (patologia de base não sugestiva de DA, n=13), de acordo com a tomografia (PET-FDG), pareados pelas variáveis sociodemográficas e tempo de doença. Os sujeitos realizaram teste de rastreio cognitivo (Exame Cognitivo de Addenbrooke - ACE)5, avaliação abrangente da linguagem (Western Aphasia Battery-Revised - WAB-R)6 e avaliação dos aspectos motores da fala (Protocolo de Avaliação Clínica da Disartria7 e Escala de apraxia de fala8). O GSCB também foi avaliado quanto à gravidade dos sintomas linguísticos por meio de entrevista com os cuidadores (Escala de Gravidade da Afasia Progressiva Primária - PASS)9. As pontuações dos grupos nos testes foram comparadas (testes t de Student e Mann-Whitney) e as correlações entre as habilidades de fala/linguagem, idade, escolaridade e duração da doença foram realizadas por testes de correlação (Pearson e Spearman). O valor de significância estatística foi 5% (p≤0,05). Resultados: Quanto à comparação do GSCB e GC, o GSCB apresentou desempenho significativamente inferior em todas as provas dos testes de cognição, fala e linguagem. Em 57,9% e 21,05% dos pacientes foi diagnosticada apraxia de fala e disartria, respectivamente. Houve correlação positiva entre a duração da doença e a gravidade da apraxia de fala. Na comparação entre os grupos SCB-DA e SCB-não-DA, não houve diferença estatística entre os grupos nas provas do ACE-R e WAB-R. O grupo SCB-DA apresentou pior desempenho no item “Repetição de sequência de monossílabos mais lenta, segmentada e/ou distorcida” na Escala de apraxia de fala (p=0,016) e no item “Recuperação de palavras e expressões”, (p=0,004) na escala PASS. Conclusões: As alterações de linguagem nos pacientes com SCB são heterogêneas e abrangem todos os processamentos linguísticos (fonológico, morfossintático e semântico). As alterações de fala também são heterogêneas e sofrem efeito da duração da doença. Os grupos SCB-DA e SCB-não-DA diferenciaram-se apenas em um aspecto da produção motora da fala e na percepção de dificuldades de acesso lexical pelos cuidadores.

1. Armstrong MJ, Litvan I, Lang AE, Bak TH, Bhatia KP, Borroni B, et al. Criteria for the diagnosis of corticobasal degeneration. Neurology. 2013;80(5): 496-503.
2. Burrell JR, Hodges JR, Rowe JB. Cognition in corticobasal syndrome and progressive supranuclear palsy: a review. Mov Disord. 2014;29(5): 684-93.
3. Parmera JB, Rodriguez JD, Studart Neto A, Nitrini R, Brucki SMD. Corticobasal Syndrome: a diagnostic conundrum. Dement Neuropsychol. 2016;10(4): 267-75.
4. Peterson KA, Patterson K, Rowe JB. Language impairment in progressive supranuclear palsy and corticobasal syndrome. J Neurol [Internet]. 2019; Available from: https://doi.org/10.1007/s00415-019-09463-1.
5. Carvalho VA. Addenbrooke’s Cognitive Examination-Revised (ACE-R): adaptação transcultural, dados normativos de idosos cognitivamente saudáveis e de aplicabilidade como instrumento de avaliação cognitiva breve para pacientes com doença de Alzheimer provável leve [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2009.
6. Kertesz A. Western Aphasia Battery – Revised (WAB-R). Indianapolis, United States: Pearson; 2007.
7. Auzou P, Gaillard MJ, Özsancak C, Léonardon S, Jan M, Hannequin D. Batterie d’Evaluation Clinique de la Dysarthrie. Isbergues: Ortho edition; 2006.
8. Strand EA, Duffy JR, Clark H, Josephs KA. The apraxia of speech rating scale: A tool for diagnosis and description of apraxia of speech. J Commun Disord. 2014;51:43-50.
9. Sapolsky D, Domoto-Reilly K, Dickerson BC. Use of the Progressive Aphasia Severity Scale (PASS) in monitoring speech and language status in PPA. Aphasiology. 2014;28(8-9):993-1003.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1960
ALTERAÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS PROVENIENTES DA RESPIRAÇÃO ORAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: O sistema estomatognático é composto por dentes, tecidos de suporte, maxilares, articulações, músculos, lábios, bochechas, mucosa, glândulas, vasos e nervos, interligados anatômica e funcionalmente, o qual é responsável por importantes atividades fisiológicas do nosso corpo1. Alterações nessas estruturas podem levar a uma desarmonia do sistema como um todo interferindo em suas funções, consequentemente. Uma dessas alterações funcionais é justamente a respiração oral que é caracterizada pelo uso da cavidade oral na respiração e o desuso da cavidade nasal, pode ser classificada em orgânica ou funcional, de acordo com a presença ou não de uma causa obstrutiva que justifique este padrão respiratório23. OBJETIVO: Realizar uma revisão sistemática da literatura sobre alterações estomatognáticas decorrentes da respiração oral. MÉTODOS: Foram feitas pesquisas nas bases de dados PubMed, Scielo e Scholar Google utilizando os descritores: Respiração oral e alterações estomatognáticas. A partir dos resultados encontrados foram escolhidos 7 artigos publicados entre 2017 e 2020 cruzando os descritores entre si e individualmente, além da seleção de artigos que abordavam especificamente algumas das alterações funcionais. RESULTADOS: Dos estudos selecionados foi possível concluir que o hábito da respiração oral influência direta ou indiretamente em algumas formas e funções do Sistema Estomatognático, além de ocasionar uma mudança postural do corpo. Observou-se nos grupos de respiradores orais a presença de uma deglutição atípica devido a interposição da língua entre os dentes durante a ingestão; o predomínio de má oclusão (classe II), possivelmente relacionada à posição inadequada da língua no assoalho da boca como consequência do rebaixamento da mandíbula; hipotonia da musculatura orofacial pelo não selamento labial; palato ogival e atresia maxilar, ocasionados pela pressão medial sobre a maxila, desequilíbrio das forças musculares e a ausência de pressão negativa que estimularia o abaixamento do palato; mordida cruzada devido o estreitamento do palato e o bruxismo que possivelmente está relacionado à péssima qualidade do sono, já que ele tende a ser agitado e fragmentado, além do aumento do tônus das vias aéreas. CONCLUSÃO: Concluiu-se que a respiração oral está diretamente associada a algumas alterações nas funções e na forma de certas estruturas que fazem parte do Sistema Estomatognático. É necessário que haja um acompanhamento fonoaudiólogo para auxiliar na prevenção, habilitação ou reabilitação das funções com o objetivo de proporcionar um melhor equilíbrio miofuncional. Vale ressaltar que a depender do tipo de alteração, também será necessário a intervenção de profissionais de outras áreas, a fim de promoverem em conjunto com a Fonoaudiologia um melhor equilíbrio e estabilidade do sistema, além de uma harmonia facial do ponto de vista da estética.

Pereira OS, Sá TS, Ferreira TM. As dificuldades encontradas pelo respirador oral em seu desenvolvimento escolar. Revista de ciência da saúde. Jun. 2019, 1 (1).

Teixeira ET, Marques R, Antunes L, Antunes L, Antunes LS. Relação entre a síndrome do respirador bucal e más oclusões: revisão de literatura. Rev. Bras. Odontol. 2019, 76 (2), 193.

Silva TR, Canto GL. Integração odontologia-fonoaudiologia: a importância da formação de equipes interdisciplinares. Rev. CEFAC. 2014 Mar-Abr; 16 (2), 598-603.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1240
ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS ENCONTRADAS EM PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM COVID-19
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS ENCONTRADAS EM PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM COVID-19

Introdução: O COVID-19 está relacionado a uma doença respiratória aguda causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), que surgiu pela primeira vez em Wuhan, na China, em dezembro de 2019 e desde então foi declarada uma pandemia(1). As sequelas clínicas variam de sintomas leves, autolimitados de infecção respiratória superior a dificuldade respiratória grave.(1) Estima-se que aproximadamente 5% dos pacientes tornam-se críticos e, portanto, necessitam de intubação orotraqueal e ventilação invasiva(2). A disfagia orofaríngea pode ocorrer em pacientes na UTI ou pós-UTI que foram submetidos à intubação orotraqueal, que respiram por meio da ventilação mecânica, ou com traqueostomias devido à infecção respiratória aguda ou insuficiência respiratória(3). Situações semelhantes acontecem em pacientes graves com COVID-19. O foco da atuação fonoaudiológica tem relação com a necessidade de manejo da disfagia e redução do risco de broncoaspiração(4), porém alterações em outros aspectos fonoaudiológicos podem ser percebidas em enfermos desde os sintomas iniciais até a fase de sequela, portanto requer uma atenção especializada. Objetivo: O presente estudo objetiva indicar possíveis alterações fonoaudiológicas presentes em pacientes diagnosticados com COVID-19, por meio da análise de estudos sobre o tema. Método: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scielo, utilizando os descritores: (COVID-19) e (disfagia). Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Selecionou-se 16 artigos publicados entre os anos de 2019 e 2020, pela leitura do título e resumo. Dentre esses, 10 foram escolhidos após a leitura na íntegra. Resultados: Observou-se que pacientes com COVID-19 geralmente apresentam manifestações neurológicas. Foram descritas manifestações do sistema nervoso periférico (comprometimento do paladar, comprometimento do olfato, comprometimento da visão e dor nervosa) e manifestações de lesão esquelético-muscular. A anosmia, disgeusia e hipogeusia parecem se apresentar precocemente como sintomas do novo coronavírus em pacientes selecionados, que podem ocorrer antes dos sintomas respiratórios, assim como o zumbido, em alguns casos. Aproximadamente 60% dos pacientes experimentam alteração do olfato ou paladar e 10% apresentam sintomas persistentes após 1 mês. Além disso, casos revelaram a ocorrência da síndrome de Guillain-Barré após a infecção por COVID-19, apresentando como uma das alterações, paralisia facial periférica bilateral, decorrente de parestesia ascendente. Em relação aos pacientes que evoluíram nos problemas respiratórios e necessitaram de ventilação mecânica, foi demonstrada que a intubação prolongada altera os mecanorreceptores e quimiorreceptores das mucosas da faringe e da laringe, além de causar atrofia e perda de propriocepção. Dessa forma, com a retirada do tubo orotraqueal (extubação), alguns pacientes podem evoluir para um distúrbio da deglutição.Conclusão: Destarte, O COVID-19 ocasiona diversas complicações nos pacientes que o contraíram, e o número considerável de alterações fonoaudiológicas ressalta a importância da atenção e atuação do profissional fonoaudiólogo nos presentes casos, durante e após a fase de tratamento. À vista de ser uma recente patologia, é imprescindível o desenvolvimento de mais estudos observacionais sobre as alterações específicas que os enfermos venham a apresentar, para que, dessa maneira, seja possível atenuar os impactos causados pela doença.

1- Melley LE, Bress E, Polan E. Hypogeusia as the initial presenting symptom of COVID-19. BMJ Case Reports CP. 2020; 13: e236080.
2- Freitas AS, Zica GM, Albuquerque C L. Pandemia de coronavírus (COVID-19): o que os fonoaudiólogos devem saber. CoDAS. 2020; 32(3): e20200073.
3- Rossi-Barbosa LAR, Pereira SAA, Oliveira GD. Atuação do fonoaudiólogo frente ao paciente com COVID-19 em relação ao distúrbio da deglutição. Bionorte. 2020; 9(1): 1-3.
4- Souza DS, Crispim K, & do Nascimento Melo, C. Doenças Emergentes: Coronavírus (COVID-19). BIUS-Boletim Informativo Unimotrisaúde em Sociogerontologia. 2020; 19(13): 1-1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
758
ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS NA HANSENÍASE: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS NA HANSENÍASE: REVISÃO INTEGRATIVA
Daniel Cambraia Gilson, Camila de Castro Corrêa
Centro Universitário Planalto Do Distrito Federal - UNIPLAN
RESUMO
Introdução: A hanseníase, conhecida antigamente como Lepra, tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae, é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional. Atinge principalmente a pele e os nervos periféricos com capacidade de ocasionar lesões neurais, agressivas alterações anatômicas e funcionais podendo comprometer a comunicação e alimentação destes indivíduos. objetivo: Verificar a relação das alterações fisiológicas da hanseníase com os principais distúrbios que envolvem a área da Fonoaudiologia. métodos: A busca da revisão bibliográfica foi realizada nas interfaces Pubmed e BVSalud, nos idiomas português, espanhol e inglês. Consideraram-se os seguintes descritores e cruzamentos: hanseníase AND audição, hanseníase AND linguagem, hanseníase AND fonoaudiologia, hanseníase AND fala, hanseníase AND deglutição, hanseníase AND disfagia. Como critérios de inclusão, consideraram-se os estudos que abordaram as temáticas hanseníase e Fonoaudiologia, sem delimitação temporal, excluindo os estudos que não estiveram disponíveis na íntegra no sistema VPN. RESULTADOS: Foram incluídos 4 estudos, publicados entre os anos de 2005 à 2010 em português. Os artigos apontaram possível relação da hanseníase com algumas alterações fonoaudiológicas. A perturbação da laringe pode se expressar com a rouquidão ou dispneia por edema na epiglote, aritenóides, pregas vestibulares e pregas vocais. Pode haver alterações como a ruptura do septo nasal, desabamento da asa do nariz e transformação do seu estado natural. Dentre as alterações nasais, acontece a hipersecreção nasal, com aparecimento das crostas, úlceras e desidratação da mucosa (1,2). Também houve a descrição de possíveis alterações das funções orofaciais nestes indivíduos (3). Nas alterações audiológicas citou que o distúrbio auditivo, pode ser pela à afecção do nervo vestibulococlear, não apresentando relação com a idade dos pacientes ou persistência da doença. A princípio do patógeno da perca sensorioneural de audição se dá devido a afecção bilateral do nervo vestibulococlear, ausente de lesões detectáveis na orelha interna e média ou em conexões centrais da audição (4). Os estudos ressaltaram que o principal meio de contaminação da doença é pelas vias respiratórias e o contágio acontece pelo contato físico com as lesões acarretadas pela patologia. Os pares cranianos atingidos, ocasionando uma série de disfunções, destacando-se os nervos: olfatório, trigêmeo, facial, vestibulococlear, glossofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso, que são de extremo interesse para o fonoaudiólogo. conclusão: Apesar de poucos estudos sobre a temática da fonoaudiologia e hanseníase, foram localizados indícios de relação da voz, funções orofaciais e audição com indivíduos com hanseníase.

1. Quintas VG, Salles PV, Costa VC, Alvarenga EA, Miranda ICC, Attoni TM. Achados fonoaudiológicos na hanseníase: considerações teóricas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(3):560-4.
2. Palheta Neto FX, Silva Filho M, Pantoja Junior JMS, Teixeira LLC, Miranda RV, Palheta ACP. Principais queixas vocais de pacientes idosos pós-tratamento para hanseníase. Braz J Otorhinolaryngol. 2010;76(2):156-63.
3. Barbosa JC. Manifestações fonoaudiológicas em um grupo de doentes de Hanseníase [dissertação de Mestrado] São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica - PUC; 2007.
4. Rodrigues RC. Hanseníase: características auditivas e epidemiológicas. Fundação Oswaldo Cruz [dissertação]. 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1724
ALTERAÇÕES MIOFUNCIONAIS OROFACIAIS EM CRIANÇAS COM MICROCEFALIA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)



Introdução: A microcefalia é caracterizada por uma malformação em nível da estrutura óssea do crânio evidenciando o crescimento/desenvolvimento anormal do cérebro, trazendo danos para o processo de maturação do sistema nervoso central (SNC). A formação inadequada do cérebro causa prejuízos que acometem a cognição e o desenvolvimento neurosensóriomotor, ocasionando desta forma, alterações na linguagem e comunicação, além de alterações funcionais e orgânicas no sistema estomatognatico. Objetivo: Verificar as possíveis alterações miofuncionais orofaciais em crianças com microcefalia. Métodos: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o parecer n° 2.493.401. A pesquisa de campo é qualificada como observacional e exploratória, com abordagem quantitativa e transversal, com uma amostra não probabilística por conveniência. Foi realizado com as crianças em atendimento em um programa de atenção integrada para bebês com Microcefalia. Foram utilizados dados primários, através da utilização um formulário de avaliação elaborado pelos pesquisadores, baseado nos protocolos MBGR, PITA e PAD-PED. Foi realizada a análise estatística descritiva dos dados por meio do software IBM SPSS Statistics versão 22. Resultados: A amostra foi composta por 11 crianças com idades entre 1 ano e 11 meses e 3 anos e média de 2 anos e 8 meses, sendo 63,6% (n=7) do sexo masculino e 36,4% (n=4) feminino. Todas as crianças possuem diagnóstico de microcefalia por Zika Vírus ou Chikungunya, no entanto 18,2% (n=2) também apresentam Encefalopatia Crônica Não Progressiva (ECNP), 9,1% (n=1) apresenta hidrocefalia associada e 9,1% (n=1) apresenta fissura lábiopalatina completa associada. Alimentam-se por via oral 81,8% (n=9), enquanto 18,2% (n=2), por Gastrostomia, sendo uma criança traqueostomizada. Foi identificado reflexo de procura em 36,4% (n=4) das crianças e reflexo de mordida exacerbado em 72,7% (n=8). Foi verificado hiposensibilidade extra e intra-oral em 63,6% (n=7) dos casos e hipersensibilidade extra-oral em 27,3% (n=3). Identificou-se diminuição da mobilidade de língua e hipotonia de lábios e bochechas em 90,9% (n=10) e sialorréia em 81,8% (n=9). A dieta atual por via oral das crianças se dá com as consistências líquido e pastoso em 54,5% (n=6), líquido, pastoso e sólido em 18,2% (n=2), apenas líquido em 9,1% (n=1), no entanto 72,7% (n=8) eventualmente engasgam com líquido ou saliva. Conclusão: Observou-se que, as alterações nas estruturas oromiofuncionais resultantes da patologia em palta, como hipotonia de lábios e bochechas, sialorréia, hipossensibilidade extra e intra-oral e diminuição da mobilidade de língua, trazendo consequências significativas para as funções estomatognáticas, no qual se faz necessária intervenção fonoaudiológica concomitantes ao atendimento multidisciplinar com a equipe de fisioterapia, odontologia, enfermagem e psicologia, para proporcionar melhoria na qualidade de vida dessas crianças.

Gondim, K. et al. Participação das mães no tratamento dos filhos com paralisia. In: Harris, SR. Congenital idiopathic microcephaly in an infant: congruence of head ize with developmental motor delay. Dev Neurorehabil, v.6, n.2, p.129-32, 2013.

Melo, ASO. et al. Zikavirusintrauterineinfection causes fetal brainabnormalityand microcephaly: tipoftheiceberg?.Ultrasound in Obstetrics&Gynecology. v. 47, n. 1, p. 6-7, jan. 2016

Val, DC. et al. Sistema estomatognático e postura corporal na criança com alterações sensório-motoras. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 17, n. 3, p. 345-354, set.-dez. 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1690
ALTERAÇÕES NA DEGLUTIÇÃO EM IDOSOS USUÁRIOS DE PRÓTESES DENTÁRIAS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Mesmo com a perspectiva de o Brasil tornar-se o sexto país do mundo em número de idosos em 2025, os habitantes brasileiros ainda possuem uma alta prevalência de perda dos dentes, principalmente no Nordeste, onde se encontra o maior número de idosos edêntulos. Essas perdas podem ser parciais ou totais, e propiciam alterações no sistema estomatognático, tais como mudanças na forma das estruturas ósseas e na relação maxilomandibular, que provocam um desequilíbrio neuromuscular, dificultando as funções desempenhadas pelo referido sistema, apresentando problemas mastigatórios, na fala e dificuldades na deglutição. Problemas de adaptação poderão surgir ao realizar-se um tratamento protético, dentre os quais estão os ferimentos intraorais, fala alterada e dificuldade para mastigar. Objetivo: Descrever as principais alterações na deglutição em idosos usuários de próteses dentárias. Métodos: Estudo de casos, transversal, descritivo e quantitativo. Foi realizado em Clínicas Odontológicas. A amostra foi composta por 27 idosos de ambos os sexos, selecionados por conveniência, mediante adequação aos critérios de inclusão: possuir idade acima de 60 anos, ser usuário de prótese dentária total ou parcial removível e consentir a participação por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial para Usuário de Próteses Dentárias Total e Parcial Removível. Os dados foram analisados por meio de estátistica descritiva, no qual foram extraídos resultados quantitativos organizados e estruturados das variáveis. Os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos, sob o CAAE 53941416.4.0000.5176. Resultados: Do total de 27 idosos, 18 (67%) deles eram do sexo feminino e 09 (33%) do sexo masculino. A idade dos sujeitos variou entre 61 a 87 anos, sendo a média de idade de 71 anos. Alguns já fazem uso da prótese há mais de 30 anos (n=9, 33%), porém outros estão usando a menos de 10 anos (n=8, 30%), 5 idosos fazem uso entre 21 e 30 anos (19%) e 4 idosos utilizam a prótese entre 11 a 20 anos (18%). 56% (n=15) referiram ter dificuldades na adaptação da prótese, enquanto 33% (n=9) relataram estar com a prótese instável. A deglutição mostrou-se com apertamento labial em 56% (n=15) dos idosos, 18% (n=5) apresentaram tanto escape de líquido quanto deglutição com ruído e 30% (n=8) movimento de cabeça ao deglutir. Conclusão: Antes o exposto, as principais alterações encontradas foram apertamento labial na deglutição, escape de líquido, deglutição com ruído e movimento de cabeça ao deglutir, com maior prevalência de alterações em indivíduos com prótese mal adaptadas, mostrando a importância do acompanhamento do fonoaudiólogo, juntamente com odontólogos, visando melhor desempenho da função da deglutição.

Brasil. Ministério da Fazenda. Envelhecimento da população e seguridade social. Brasília: MF; SPREV, 2018. 162 p. ilust. (Coleção Previdência Social, Série Estudos; v. 37, 1. Ed.).

Brasil. Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

Ayres, A; et al. Alterações Miofuncionais em Adultos e Idosos Usuários de Prótese Dentária. Rev. Fac. Odontol. Porto Alegre, v. 53, n. 3, p. 6-11, set./dez., 2012.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
123
ALTERAÇÕES NO OLFATO E PALADAR EM PACIENTES COM COVID-19
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A expansão da infecção por COVID-19 na Europa destacou uma nova apresentação atípica da doença, onde se observou uma alta prevalência de indivíduos com sintomas referidos de alterações olfativas e gustativas, sendo que inicialmente, tanto a anosmia quanto a ageusia, não eram considerados sintomas da doença COVID-19(1,2). Atualmente, os sintomas de alterações do olfato e do paladarestão sendo constantemente relatados por pacientes com COVID-19, indicando que os tecidos orais e nasais podem conter células hospedeiras do vírus(3,4).OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(5), com o intuito de sistematizar informações sobre as alterações no olfato e paladar de pacientes diagnosticados com COVID-19. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação de descritores baseada no Medical SubjectHeadingTerms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e BIREME. O período de busca dos artigos compreendeu de janeiro de 2010 a maio de 2020, sem restrição de idioma e localização. RESULTADOS:Inicialmente foram selecionados 665 artigos, sendo 663 excluídos por repetição ou por não responderem os critérios de inclusão ou após análise do abstract ou, ainda, por não responderem a pergunta norteadora, sendo 2 publicações admitidas para a pesquisa.Os estudos selecionados para esta revisão sistemática foram ambos do tipo estudo de caso controle multicêntrico(6,7), compondo uma amostra total de 464 indivíduos. No primeiro estudo(6) os autores identificaram que aqueles pacientes com COVID-19 e alterações do olfato e/ou paladar de início recente eram significativamente mais jovens do que pacientes com COVID-19 sem as referidas alterações. Entre os pacientes com COVID-19 que apresentaram disfunções de olfato e/ou paladar de início recente, 25 (80,6%) apresentaram alterações no olfato e 28 (90,3%) alterações do paladar. Vinte e dois pacientes (70,9%) tiveram início agudo destas disfunções. Em 11 (35,5%), as referidas alterações foram a manifestação inicial do COVID-19. Quatro pacientes (12,9%) relataram obstrução nasal concomitante e 21 pacientes (67,7%) foram capazes de distinguir doce e amargo, apesar das disfunções. A duração média das alterações do olfato e/ou paladar foi de 7 dias. Dentre os sujeitos do grupo controle, infectados com influenza, todos os que obtiveram alterações do olfato e/ou paladar de início recente descreveram recuperação total ao final da internação (Beltrán-Corbelliniet al., 2020). No segundo estudo(7),desenvolvido com 345 sujeitos com COVID-19 de quatro hospitais italianos, as disfunções quimiossensíveis durante a doença foram autorreferidas por 256 pacientes (74,2%), 79,3% deles relataram distúrbios quimiossensíveis combinados, 8,6% alterações olfativas isoladas e 12,1% alterações do paladar. No momento do teste, a alteração foi autorrelatada como completamente regredida em 31,3% dos pacientes em relação ao olfato e em 50,4% ao paladar. Não foi constatada correlação significativa entre a gravidade do COVID-19 e a presença ou extensão de distúrbios quimiossensíveis, porém foi evidenciada correlação significativa entre a duração dos sintomas olfativos e gustativos e o desenvolvimento de COVID-19 grave. CONCLUSÃO: Os resultados encontrados nesta revisão demonstraram ser plausível que exista associação entre infecção por COVID-19 e distúrbios do olfato e/ou paladar autorreferidos.

1. Lee Y. Prevalenceanddurationofacutelossofsmellortaste in COVID-19 patients.Journalof Korean medical science. 2020; 35:18.
2. Hjelmesæth J, Dagfinn S. Lossofsmellortaste as theonlysymptomof COVID-19. Tidsskrift for Dennorskelegeforening. 2020.
3. Lechien JR. Olfactoryandgustatorydysfunctions as a clinicalpresentationofmild-to-moderateformsofthecoronavirusdisease (COVID-19): a multicenterEuropeanstudy. EuropeanArchivesof Oto-Rhino-Laryngology. 2020: 1-11.
4. Heidari F. Anosmia as a prominentsymptomof COVID-19 infection. Rhinology. 2020; 58(3): 302-303.
5. Moher D, Shamseer G, Clarke M,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA .Preferredreportingitems for systematicreviewand meta-analysisprotocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.
6. Beltrán-Corbellini Á. Acute‐onsetsmellandtastedisorders in thecontextof Covid-19: a pilotmulticenter PCR-based case-controlstudy. EuropeanJournalofNeurology. 2020.
7. Vaira A, Ângelo A. Olfactoryandgustatoryfunctionimpairment in COVID-19 patients: Italianobjectivemulticenter-study. Head &Neck. 2020.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
449
ALTERAÇÕES NO PROCESSAMENTO AUDITIVO (CENTRAL) EM CRIANÇAS COM FISSURA LABIOPALATINA: REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A integridade da audição periférica e central é fundamental para o desenvolvimento das habilidades auditivas do Processamento Auditivo (Central) (PAC). Habilidades estas que são imprescindíveis para a aquisição da linguagem oral, compreensão verbal, aprendizado e para um bom desempenho escolar. Perdas auditivas periféricas e complicações otológicas podem contribuir para alterações no PAC (1,2). Crianças com fissura labiopalatina (FLP) tem maior predisposição para otites média em decorrência de malformações anatômicas e/ou funcionais da tuba auditiva e região do esfíncter velofaríngeo (3). O OBJETIVO desse estudo é buscar na literatura a relação entre FLP e alterações no PAC. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com base na pergunta “crianças com FLP tem alterações no PAC?”. A busca de artigos foi feita nas bases de dados: SciELO, LILACS e PubMed, com a utilização dos descritores: processamento auditivo, audição, fissura labiopalatina, crianças, auditory processing, hearing, cleft lip and palate, children, intercalados pelo operador booleano “AND”. Foram selecionados artigos originais em português e inglês publicados entre 2010 e 2020 que avaliassem o PAC de crianças com FLP ou apenas palatina entre 6 e 15 anos. Foram excluídas teses, e artigos com estudo realizados em indivíduos com perda auditiva neurossensorial, indivíduos neurológicos e sindrômicos. RESULTADOS: Foram encontrados 16 artigos, mas apenas 7 obedeceram aos critérios de inclusão e exclusão (2,3,4,5,6,7,8). Dos estudos selecionados todos tiveram delineamento transversal. Os estudos que avaliaram o PAC usando teste eletrofisiológicos, teste dióticos, monotícos, dicóticos, memoria sequencial verbal e não verbal, localização sonora e teste de fala no ruído mostraram que crianças com FLP tiveram um desempenho inferior quando comparadas com resultados pré-estabelecidos e quando comparadas a um grupo controle. Dois estudos avaliaram o PAC por meio de questionário, sendo um para professores e o outro estudo para cuidadores. A pesquisa feita com os professores, utilizou o questionário Childrens Auditory Processing Performance Scale (CHAPPS) e mostrou que o desempenho de crianças com FLP foi igual ao de crianças craniofaciais normais, já a pesquisa feita com os cuidadores utilizou a Lista de verificação de problemas auditivos de Fisher, que contém 25 perguntas relacionadas a comportamentos ligados ao distúrbio do PAC e mostrou que as crianças com FLP tiveram maiores alterações no PAC do que crianças craniofaciais normais. CONCLUSÃO: esta revisão de literatura mostrou que há uma relação entre FLP e PAC. A partir dos resultados deste trabalho, conclui-se que, as avaliações audiológicas de maneira geral e mais especificamente do PAC, devem fazer parte da rotina destes pacientes com intuito de identificar estas alterações de forma precoce e de diminuir as chances de problemas de fala e aprendizado.

1- Tamanini D, Ramos N, Dutra LV, Bassanesi HJC. Triagem auditiva escolar: identificação de alterações auditivas em crianças do primeiro ano do ensino fundamental. Rev. CEFAC.2015 Oct; 17 (5): 1403-14.

2- Coelho LA, Morais MFB, Rodrigues PAL, DeLuccia GCP, Nardez TMB, Futigami ABV et al. Home auditory training for children with impairment hearing due to cleft lip and palate. Rev. CEFAC. 2018 Apr; 20(2): 154-65.

3-Amaral MIR, Martins J E, Santos M FC. Estudo da audição em crianças com fissura labiopalatina não-sindrômica. Braz. j. otorhinolaryngol. 2010 Apr; 76(2): 164-71.

4-Moraes TFD, Salvador KK, Cruz MS, Campos CF, Feniman MR. Processamento auditivo em crianças com fissura labiopalatina com e sem história de otite. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2011 Dec; 15(4): 431-436.

5-Manoel RR, Feniman MR, Buffa MJMB, Maximino LP, Lauris JRP, Freitas JAS. Escuta de crianças com fissura labiopalatina na escola. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2010 Sep; 14(3): 280-287.

6-Ma X, McPherson B, Ma L. Behavioral assessment of auditory processing disorder in children with non-syndromic cleft lip and/or palate. International Journal of
Pediatric Otorhinolaryngology. 2015 Mar; 79(3):349-355

7-Ma X, McPherson B, Ma L. Behavioral signs of (central) auditory processing dis-
order in children with nonsydromic cleft lip and/or palate: a parental questionnaire
approach. Cleft Palate-Craniofacial Journal. 2016 Mar; 53(2):147-156

8- Ma X, McPherson B, Ma L. Electrophysiological assessment of auditory processing disorder in children with non-syndromic cleft lip and/or palate. Peerj. 2016 Aug; 4:e2383.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1877
ALTERAÇÕES OLFATÓRIAS DE PACIENTES PORTADORES DA COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Alterações olfatórias de pacientes portadores da covid-19: uma revisão integrativa da literatura

Introdução: A covid-19 é uma doença causada pelo novo coronavírus (SARS-coV-2) e possui grande variedade de sinais e sintomas pouco entendidos¹. Entre estas manifestações, a anosmia ou a perda parcial do olfato, podendo vir acompanhadas da perda do paladar ou micro sangramento em casos mais graves²,³, é um possível sintoma desta infecção, que interfere diretamente na segurança diária e bem-estar do portador, tendo em vista que a percepção olfativa é um dos mais primitivos sentidos, usado para nos alertar e prevenir possíveis perigos¹. Objetivo: analisar as alterações olfatórias apresentadas por pacientes acometidos pela covid-19 e como afetam sua qualidade de vida. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), com base nos descritores: anosmia, covid-19, cheiro, olfato . Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Ao término da pesquisa, foram selecionados, como base para construção do conteúdo deste estudo 16 artigos publicados entre os anos de 2019 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses, 5 foram escolhidos após a leitura na íntegra. Resultados: Baseando-se na análise comparativa dos artigos escolhidos, notou-se que a anosmia pode ser uma manifestação base para o diagnóstico clínico, e houve um aumento de sua incidência em pacientes infectados pelo SARS-coV-2. Além disso, os estudos mostram que esta perda total ou parcial do olfato pode perdurar pós-infecção devido à profundida da lesão no nervo olfativo causada pelo vírus, interferindo na segurança (reconhecimento de comida estragada, vazamento de gás, etc.) e na qualidade de vida (reconhecimentos de odores memoráveis, cheiro da comida, etc.) do paciente acometido por ela. Conclusão: Este estudo conclui que apesar da alta incidência de anosmia em pacientes portadores da covid-19, este como único sinal, ainda não é suficiente para um diagnóstico concreto devido a pouca quantidade de estudos relacionados à fisiopatologia desta doença. Nos casos de alteração do olfato, o tratamento fonoaudiológico pode auxiliar na recuperação de modo a estimular a região neurossensorial responsável pela percepção de odores, aumentando a possibilidade de recuperação desta função.

Descritores: anosmia, covid-19, cheiro, olfato.

¹ Lechien JR, Chiesa-Estomba CM, Siati DR, Horo M. Bon SDL Rodriguez A, et al. Olfactory and gustatory dysfunctions as a clinical presentation of mild‑to‑moderate forms of the coronavirus disease (COVID‑19): a multicenter European study. European Archives of Oto-Rhino-Laryngology 2020 277:2251–2261

² Aragão MFVV, Leal MC, Filho OQF, Fonseca TM Valença MM. Anosmia in COVID-19 Associated with Injury to the Olfactory Bulbs Evident on MRI. American Journal of Neuroradiology 2020 June 1.

³ Parra JED, Montoya DD, Paláez FJC. El COVID-19 también Afecta el Sistema Nervioso por uma de sus Compuertas: El îrgano Vascular de la Lámina Terminal y el Nervio Olfatorio. Alerta Neurológica, Prueba de Disosmia o Anosmia Puede Ayudar a Un Diagnóstico Rápido. Int. J. Odontostomat 2020 14(3):285-287.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1860
ALTERAÇÕES VOCAIS E LARÍNGEAS DECORRENTES DA BULIMIA NERVOSA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A Bulimia Nervosa é um transtorno comportamental caracterizado pela perturbação persistente da alimentação, da distorção da imagem corporal e do seu peso, gerando quadros de ansiedade e desnutrição. Os indivíduos bulímicos ingerem alimentos em excesso e depois utilizam de manobras compensatórias como vômitos autoinduzidos, uso de laxantes e diuréticos para retirar os alimentos do mecanismo digestivo. Essas manobras aumentam o índice de refluxo gastroesofágico tornando-se um alarmante para as alterações vocais e laríngeas pela relação intimida entre o esofago e a laringe. OBJETIVO: Analisar, com base na literatura, as alterações vocais e laríngeas decorrentes da bulimia nervosa. MÉTODO: Trata-se de uma revisão de literatura integrativa subsidiada a partir da pergunta norteadora: “Quais as alterações vocais e laríngeos decorrentes da Bulimia Nervosa nos distúrbios vocálicos?”. Para obtenção das respostas, a pesquisa foi realizada no período de maio e junho de 2020, nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo), National Library of Medicine (PubMed) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Como estratégia de pesquisa foi utilizado o operador booleano AND com os descritores cruzados e aplicados nas línguas inglesa e portuguesa com os seguintes descritores(Descritores em Saúde- DeCs e Medical Subject Headings- MeSH): “Bulimia”, “Fonoaudiologia”, “Distúrbios da Voz” e “Voz” e “Laringe” . Para a seleção dos artigo adotou-se como critérios de exclusão: artigos não condizentes com o objetivo da pesquisa e/ou estudos duplicados. Já os critérios de inclusão estabelecidos foram artigos disponíveis na íntegra, escritos nas línguas inglesa ou portuguesa e publicados no período de 2010 a 2020. Para seleção dos artigos, foi estabelecido título e resumo, respectivamente, como fase de seleção para a leitura na íntegra e análise de preenchimento dos requisitos estabelecidos nos critérios. RESULTADOS: Foram encontrados, na busca inicial nas plataformas e com os descritores pré- estabelecidos, o total de 102 artigos, dos quais: 15 foram da Scielo, mas com 11 artigos duplicados; 55 artigos na PubMed, porém com 27 duplicados e 32 na BVS, mas com 26 artigos duplicados. Ao aplicar os métodos de seleção dos artigos e os critérios, restaram 6 artigos para a análise. CONCLUSÃO: De acordo com a literatura indexada, os indivíduos com bulimia nervosa demonstram maior prevalência de alterações da voz do que a população em geral. Com isso, as alterações vocais encontradas foram representadas por quadros de disfonia leve com tipo de voz rugosa e/ou soprosa. Além disso, o acúmulo de secreção espessa, espessamento de mucosa na região interaritenoidea, lesão polipóide e fenda duplo fuso foram citados, respectivamente, nos estudos como as alterações laríngeas identificadas nos pacientes e que podem gerar, por consequência a rouquidão.

1.Abreu CN, Cangelli FR. Anorexia nervosa e bulimia nervosa: abordagem cognitivo-construtivista de psicoterapia. Rev. psiquiatr. clín. [Internet]. 2004 [cited 2020 July 13] ; 31( 4 ): 177-183.
2. Rothstein SG. Reflux and vocal disorders in singers with bulimia. J Voice. 1998;12(1):89-90.
3. Cielo Carla Aparecida, Didoné Dayane Domeneghini, Torres Enma Mariángel Ortiz, Lima Joziane Padilha de Moraes. Refluxo laringofaríngeo e bulimia nervosa: alterações vocais e larínegas. Rev. CEFAC [Internet]. 2011 Apr [cited 2020 July 13] ; 13( 2 ): 352-361.
4. Ferreira Cynthia P., Gama Ana Cristina Côrtes, Santos Marco Aurélio Rocha, Maia Mariana Oliveira. Avaliação laríngea e vocal de pacientes com bulimia. Braz. j. otorhinolaryngol. (Impr.) [Internet]. 2010 Aug [cited 2020 July 13] ; 76( 4 ): 469-477.
5. Grobetto DA, Trotta MV. Trastornos estomatológicos desencadenados por la bulimia nerviosa: trabajo de investigación UNLP. Rev. Asoc. Argent. Ortop. Funcional Maxilares 2013; 39(1), 45-48.
6. Lawrence T, van Mersbergen M. The Relation Between Eating Disorders and Voice Disorders [published online ahead of print, 2020 Feb 6]. J Voice. 2020;S0892-1997(19)30361-3.
7. Rajiah K, Mathew EM, Veettil SK, Kumar S. Bulimia nervosa and its relation to voice changes in young adults: A simple review of epidemiology, complications, diagnostic criteria and management. J Res Med Sci. 2012;17(7):689-693.
8. Sansone RA, Sansone LA. Hoarseness: a sign of self-induced vomiting?. Innov Clin Neurosci. 2012;9(10):37-41.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1908
ALTERNATIVA DE TRATAMENTO À DISTÂNCIA EM PACIENTE SUBMETIDO À CIRURGIA ORTOGNÁTICA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução:
A fonoaudiologia tem beneficiado bastante os pacientes que possuem deformidades dentofaciais se submetem à cirurgia ortognática. A terapia fonoaudiológica deve ocorrer em duas fases: pré e pós-operatória. A fase pré-operatória consiste na anamnese, avaliação e orientações acerca do processo cirúrgico. Já a pós-operatória constitui-se em duas etapas: tratamento direcionado às sequelas temporárias pós -cirúrgicas e adaptação funcional à nova condição. A terapia é usualmente presencial, mas existem casos onde não há essa possibilidade por diversos motivos, como a distância do deslocamento para o atendimento, ou uma situação de distanciamento social, decretado por órgãos sanitários e/ou gestores públicos. Desse modo, faz-se necessário que o fonoaudiólogo avalie a possibilidade de outras alternativas terapêuticas para esse contexto. A situação de mudança na dinâmica de atendimentos na área de saúde está sendo bem ilustrada no cenário atual com a pandemia do COVID-19, onde esses, quando possíveis, passaram a ser realizados por teleatendimento. Objetivo: Descrever estratégias de atendimento à distância em paciente que foi submetido à a cirurgia ortognática. Metodologia: Esse trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o número 3.349.187. Paciente de 19 anos, sexo feminino, foi submetida à cirurgia de avanço de maxila e recuo da mandíbula, sendo encaminhada ao atendimento fonoaudiológico no oitavo dia pós-operatório (PO). À avaliação, apresentou edema facial, parestesia na região lábio superior, inferior e mento, hipomimia, inteligibilidade de fala. Alimentação líquida pastosa com adaptações e pouca eficiência. Observou-se o escape de alimentos nas comissuras labiais. Na ocasião da avaliação, apresentava o bloqueio maxilomandibular semi-rígido e, além disso, escape de saliva pelas comissuras labiais. A terapia fonoaudiológica foi direcionada para as sequelas temporárias pós-cirúrgicas. Dentre os procedimentos destacam-se: drenagem linfática manual, alongamento da musculatura mastigatória, treinos do movimento de abertura oral máxima (AOM) com conforto, soltura da musculatura da mímica facial, exercícios isotônicos para o orbicular dos lábios, risório, zigomático menor e maior e bucinadores. Em acréscimo, foram feitas manobras para o auxílio da deglutição e estímulo térmico e tátil na região da parestesia. A paciente morava distante, inviabilizando o tratamento seriado presencial. Por isso, foi desenvolvida uma estratégia para sua continuação e, consequente recuperação. Foram gravados vídeos instrucionais de todas as manobras que deveriam ser reproduzidas em casa. O caso foi bem monitorado com as reavaliações mensais, na ocasião em que a paciente retornava para a consulta com o cirurgião bucomaxilo. Vale ressaltar o tratamento ocorreu antes do período da Pandemia. Resultados: Para essa primeira fase de tratamento a paciente apresentou boas respostas às estratégias, revelando adesão à terapia. Observou-se melhora significativa do edema facial, dos aspectos funcionais (articulação da fala, deglutição, vedamento labial) e parestesia. Verificou-se, ainda, o resgate da biomecânica da articulação temporomandibular por meio do aumento da amplitude dos movimentos mandibulares. Conclusão: Há viabilidade, para alguns casos, da elaboração e aplicação de estratégias terapêuticas à distância e gerenciamento periódico. Embora esse formato exija critérios em sua abordagem, ele permite um maior alcance, oportunizando ao paciente os benefícios da terapia fonoaudiológica.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
439
AMAMENTAÇÃO CONTINUADA: EXPERIÊNCIAS DE MULHERES PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
A amamentação continuada é a prática de manter a amamentação por dois anos ou mais1. Os conhecimentos científicos e os saberes culturais relacionados a amamentação continuada se contrapõem. Isso porque, ao mesmo tempo em que se destacam os benefícios nutricionais e biológicos do leite materno, por outro lado, a prática da amamentação é associada a crianças pequenas e amamentar crianças mais velhas pode parecer ‘’estranho’’. Por isso, com frequência as mulheres se sentem socialmente pressionadas a realizarem o desmame2.
A motivação em ouvir as vivências maternas parte da vontade de entender os diferentes sentidos e relações para a amamentação continuada. Portanto o objetivo do estudo foi conhecer a vivência das mulheres que experienciaram a amamentação continuada.

Metodologia
O presente trabalho é fruto da dissertação de mestrado Amamentação continuada: significados maternos, da primeira autora, que ouviu mulheres profissionais da saúde que amamentaram por dois anos ou mais, foram entrevistadas sete mães de Curitiba e região metropolitana no período de julho de 2018 à maio de 2019.
A pesquisa aprovada pelo Comitê de ética com número do parecer: 2.440.386. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Trabalho de caráter qualitativo em que foram realizadas entrevistas semiestruturadas. A entrevista permite a quem investiga construir informações a partir do diálogo com a entrevistada, permitindo que o próprio sujeito fale sobre sua realidade, apresentando dados que são subjetivos3. As mulheres e filhos receberam pseudônimos para manter sigilo de suas identidades. A leitura foi realizada utilizando o método de análise de narrativas que permite explorar o que é e como são elaborados os relatos, considerando sinais como tom de voz, entonação, pausas, sentimentos, fundamentais para o entendimento do relato4.
Resultados
As entrevistadas são todas profissionais de saúde e três mães mencionam essa relação entre teoria e prática. As decisões dessas mães são perpassadas não só por seus conhecimentos acadêmicos e técnicos, mas também pela subjetividade e experiências socioculturais vivenciadas5,6,. Destacamos que apenas na narrativa de Ágata (2019) identificamos influência dos saberes profissionais nas escolhas e possibilidade de realizar a amamentação continuada. Apesar de Thaila (2018) mencionar que por ela ser da área da saúde conhece a importância da amamentação, isso não significa que há continuidade do processo, haja vista que ela se sentiu ‘’culpada’’ por estar prejudicando o filho com a amamentação continuada. Identificamos no mesmo discurso a consequência da regularização das práticas de amamentação, na medida em que a mesma sociedade que julga mulheres que amamentam por menos de 6 meses também as julga por amamentar continuadamente.
As narrativas destacam ainda outros pontos importantes para reflexão sobre a amamentação continuada como: benefícios para saúde da criança; licença maternidade e retorno ao trabalho; rede de apoio familiar e profissional; participação do pai; críticas e julgamentos.
Conclusão
Mesmo mulheres profissionais de saúde precisam de atenção e apoio para o estabelecimento e a continuidade da amamentação. Isso porque, além de poder vivenciar cobranças no sentido de ser ‘’boa’’ profissional, cumprir as recomendações regularizadas também passa a significar ser boa mãe.


1. SALLA, Cleomara Mocelin. Amamentação prolongada: significados maternos. 2019, p. 106. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário). Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário. Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, Irati, 2019.
2. DOWLING, Sally; BROWN, Amy. An exploration of the experiences of mothers who breastfeed long-term: what are the issues and why does it matter? Breastfeeding Medicine [revista em Internet] fevereiro de 2013; Acesso em 03 de março de 2019;
3. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª edição. São Paulo: Hucitec, p. 269, 2010.
4. NUNES, Larissa Soares; PAULA, Luciane; BERTALOSSI, Thiago; FARIA NETO, Antonio. A análise da narrativa como instrumento para pesquisas qualitativas. Revista Ciências Exatas [revista em Internet] 2017; Acesso em 08 de janeiro de 2019; Disponível em http://periodicos.unitau.br/ojs/index.php/exatas/article/view/2547
5. BARROS, Camila Silva; QUEIROZ, Patrícia Pereira; JAVORSKI, Marly; VASCONCELOS, Maria Gorete Lucena de; VASCONCELOS, Eliane Maria Ribeiro; PONTES, Cleide Maria. Significados da vivência do amamentar entre as enfermeiras da área materno-infantil. Revista de Enfermagem UFRJ [revista em Internet] dezembro de 2012. Acesso em 07 de janeiro de 2019.
6. CAMINHA, Maria Fatima da Costa; SERVA, Vilneide Braga; ANJOS, Maria Maciel Rocha dos; BRITO, Roberta Barros de Sousa; LINS, Mônica Menezes; BATISTA FILHO, Malaquias. Aleitamento materno exclusivo entre profissionais de um programa de saúde da família. Ciência e Saúde Coletiva UFRJ [revista em Internet] novembro de 2011. Acesso em: 08 de março de 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232011000400023&script=sci_arttext



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1114
ANÁLISE ACÚSTICA DA VOZ DE HOMENS TRANS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: pessoas trans apresentam uma identidade de gênero diferente da que foi atribuída ao nascimento. O homem transexual é aquele que nasceu com as genitais do sexo feminino, mas se identifica e deseja ser reconhecido socialmente com o gênero masculino. [1] Dentre as modificações realizadas no processo de transição de gênero, está a adequação vocal. Sendo a voz um importante identificador de gênero, a fonoterapia deve ser incluída no tratamento interdisciplinar para a pessoa transgênero.[2] Para a adequação vocal, a avaliação torna-se fundamental, para mapear principais demandas vocais e possibilitar a proposição de uma intervenção efetiva. A avaliação acústica realiza mensurações objetivas do sinal sonoro vocal, envolvendo parâmetros diversos, tais como: frequência fundamental, intensidade, jitter, shimmer e GNE.[3] Considerada um importante instrumento, pois possibilita ao fonoaudiólogo compreender a evolução clínica do paciente, além de identificar padrões vocais diversos e seus desvios.[4] Objetivo: analisar parâmetros acústicos na voz de homens transgêneros. Método: estudo de caráter transversal e descritivo. Aprovado pelo Comitê de Ética nº 3.303.803. Realizado com 20 homens transgênero com idade média de 26 anos. Para avaliação acústica da voz, utilizou-se o software VOXMETRIA, com registro da emissão vogal sustentada de /ɛ/ e contagem de números de 1 a 10. Para análise de dados, extraiu-se as medidas de frequência fundamental (f0), intensidade vocal, jitter, shimmer e proporção GNE (glottal noise excitation). Resultados: quanto à frequência fundamental, doze indivíduos apresentaram valores esperados para a faixa masculina, com média de 122,51 Hz - que pode ser considerado um ponto positivo. Mesmo a f0 sendo considerado fator de distinção do gênero masculino e feminino, tal parâmetro nem sempre é principal queixa de pessoas transgênero na busca de uma voz adaptada ao gênero pretendido. Oito participantes apresentaram valores dentro da faixa de frequência feminina, com média de 174,26 Hz. Quanto à intensidade, dezenove participantes estavam abaixo da normalidade, com média de 52,75 dB, e apenas um participante estava dentro da normalidade com 65,59 dB. Importante ressaltar que a intensidade vocal depende de vários fatores, entre eles o estado físico, emocional, ambiental e de situações de vida do indivíduo. Sobre o jitter, cinco participantes obtiveram valores considerados alterados com média de 2,34%. Quinze tiveram escores considerados normais, com média de 0,29%. Quando há uma alteração no jitter, pode-se relacionar com aspereza e falta de controle das pregas vocais. Com relação ao shimmer, doze estavam alterados com média de 10,11% e oito estavam dentro da normalidade com média de 3,11%. Shimmer alterado pode ocorrer já que pessoas em transição de gênero feminino para masculino fazem ajustes em suas vozes, muitas vezes, pelo esforço à emissão. No que diz respeito à proporção sinal glótico/ruído excitado - GNE (Glottal-to-Noise Excitation), apenas dois participantes tiveram os valores alterados - 0,43% e 0,19%. Dezoito estavam dentro da normalidade, com média de 0,75%. Conclusão: identificou-se alguns participantes com frequência fundamental dentro da faixa feminina, alteração do jitter, shimmer e GNE e a maioria com intensidade vocal baixa, o que indica o motivo da procura de homens transgêneros para a terapia fonoaudiológica.

[1] Suess, A. Cuestionamiento de dinámicas de patologización y exclusión discursiva desde perspectivas trans e intersex. Rev Estud Soc. 2014; 9 (49): 128-43.
[2] Santos, H. H. A. N. M. et al. Tradução e avaliação preliminar da versão em Português do Questionário de Autoavaliação Vocal para Transexuais de Homem para Mulher. CoDAS, v.27, n.1, p.89-96, 2015.
[3] Behlau, M.; Madazio, G.; Feijó, D.; Pontes, P. Avaliação de Voz. In: Behlau, M.; Rehder, M.I.; Valente, O. Voz: O livro do especialista. Rio de Janeiro, Revinter, v.1, 2008, p.144-7.
[4] Kelchner, L. N; Brehm, S. B.; Weinrich, B.; Middendorf, J.; Alarcon, A.; Levin, L.; et al. Perceptual evaluation of severe pediatric voice disorders: rater reliability using the consensus auditory perceptual evaluation of voice. J Voice. 2010;24(4):441-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1185
ANÁLISE ACÚSTICA NÃO LINEAR NA AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR DA VOZ NA DOENÇA DE PARKINSON
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Doença de Parkinson (DP) envolve sistemas neurais múltiplos e resulta de mudanças em poucos tipos de células nervosas(1). Os principais sinais da doença são tremores em repouso, bradicinesia, rigidez muscular e alteração postural(2-3) e ainda, intensidade vocal reduzida, astenia, soprosidade, fala monótona, pastosa com imprecisão articulatória(4). A análise acústica não linear, por meio de padrão visual da dinâmica vocal (PDVD), mostrou a possibilidade desta ser uma avaliação complementar na voz(5-6) e, mais especificamente, no indivíduos com doenças neurológicas(7). Objetivo: Descrever a análise acústica não linear em indivíduos com DP. Método: Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa de Seres Humanos da instituição (número 4.009.750). Participaram 10 indivíduos adultos (8 do sexo masculino e 2 do feminino), média de idade 72,7 anos, com diagnóstico médico de DP, com e sem queixas de voz, com exame laríngeo compatível com a DP, de ambos os sexos, pertencentes a um Centro Especializado em Reabilitação de cidade do interior de São Paulo. Foram realizadas gravações da emissão da vogal sustentada /a/ de cada participante. Pelo programa “Análise de Voz”(8), cedido pelo autor, produziu-se imagens do traçado de onda. Para a extração da imagem, conforme padronizado, descartou-se o primeiro segundo do sinal acústico e selecionou-se o tempo subsequente, 0,5 segundos para homens e 0,25 para mulheres. Foi realizada análise perceptivo-visual por meio do Protocolo CIE - Curva, Irregularidade e Espaçamento(9), sendo que as medidas de curvas podem variar de 0 a 4 ou mais, sendo o melhor resultado, o valor de 4 ou mais voltas. A irregularidade da trajetória da onda, numa escala numérica, pode variar de grau 0 (normal) a 3 (severo). O espaçamento da trajetória de onda é categorizado, em milímetros, como mínimo (grau 0), pequeno (grau 1), médio (grau 2) e grande (grau 3), conforme padronização. O julgamento visual das imagens foi feito por três fonoaudiólogos treinados, entretanto, para confirmar o resultado, quando não houve concordância exata entre eles, houve a participação do quarto avaliador treinado. Resultados: Os principais resultados em relação à quantidade de curvas da trajetória dos gráficos foram, 80% (n=8) dos indivíduos apresentaram trajetórias com mais de 4 curvas, e 20% (n=2) apresentaram com grau 1. Com relação à irregularidade, 40% (n=4) apresentaram o grau 1, e 50% (n=5) o grau 2. Para o e espaçamento, 60% (n=6) deles apresentaram trajetórias de grau 1 e 40% (n=4) de grau 2. Estes dados corroboram os encontrados na literatura, que apontaram elevação no grau de irregularidade em vozes rugosas(6) e piores resultados para irregularidade e espaçamento em vozes de indivíduos com doenças neurológicas(7). Conclusão: A análise acústica não linear da voz de indivíduos com DP mostrou trajetórias com boa qualidade de curvas, entretanto com maior variação de graus nos parâmetros de irregularidade e espaçamento apontando a dificuldade de manutenção da boa qualidade de vibração das pregas vocais. A análise acústica não linear pelo Protocolo CIE pode ser ferramenta que, se associada às outras estratégias de avaliação vocal, favoreça o raciocínio clínico do quadro, entretanto pesquisas robustas devem ser desenvolvidas.

1. Braak H, Del Tredici K, Rüb U, de Vos RA, Jansen Steur EN, Braak E. Staging of brain pathology related to sporadic Parkinson's disease. Neurobiol Aging. 2003;24(2):197-211. doi:10.1016/s0197-4580(02)00065-9;

2. Teive HAG. Doença de Parkinson: um guia prático para pacientes e familiares. 2ª ed. São Paulo: Lemos; 2002;

3. Meneses MS, Teive HAG. Doença de Parkinson. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, 38-41;

4. Behlau M, Madazio G, Azevedo R, Brasil O, Vilanova LC. Disfonias neurológicas. In: Behlau M, editor. Voz: o livro do especialista. 2a ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2005. p. 111-86;

5. Little MA, McSharry PE, Roberts SJ, Costello DAE, Moroz IM. Exploiting Nonlinear Recurrence and Fractal Scaling Properties for Voice Disorder Detection. BioMedical Engineering OnLine. V.6(23), 2007;

6. Dajer, Maria Eugenia. Análise de sinais de voz por padrões visuais de dinâmica vocal [tese]. São Carlos: , Escola de Engenharia de São Carlos; 2010 [citado 2020-07-11]. doi:10.11606/T.18.2010.tde-15092010-102656;

7. Marrara, Jamille Lays. Padrão visual da dinâmica vocal como instrumento para o diagnóstico da disfagia em pacientes com alterações neurológicas [dissertação]. São Carlos: Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos; 2010 [citado 2020-07-06]. doi:10.11606/D.18.2010.tde-06052010-160149;

8. Montagnoli AN. [Análise de Voz] Sistema de Auxílio à Análise Acústica da Voz. (2019);

9. Galdino DG. Padronização da análise não linear de vozes saudáveis pela reconstrução do espaço de fase (REF). 2019. Tese de Doutorado. São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1564
ANÁLISE ANTROPOMÉTRICA DAS DIMENSÕES CRANIOFACIAIS E VELOFARÍNGEAS DE INDIVÍDUOS ADULTOS COM FISSURAS LABIOPALATINAS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Estudos epidemiológicos revelam que a incidência de fissuras labiopalatinas (FLP) varia de acordo com a raça e o sexo, sendo este defeito congênito mais comum na população asiática e de maior gravidade no sexo masculino. O dimorfismo sexual para as medidas craniofaciais já foi demonstrado em pesquisas realizadas com populações de diferentes raças e sem FLP, que apontaram o fator racial como preditivo da morfologia craniofacial. No Brasil, em função da grande miscigenação, estudos antropométricos realizados em indivíduos sem FLP não apresentaram consenso quanto aos resultados encontrados.

Objetivo: Investigar a influência do sexo e do tipo de fissura sobre as dimensões craniométricas e velofaríngeas em indivíduos brasileiros adultos com FLP.

Método: Treze medidas craniofaciais e cinco medidas velofaríngeas foram realizadas por meio da análise de imagens provenientes de tomografias computadorizadas de feixe cônico (TCFC) de 54 indivíduos brasileiros com FLP reparada, com idade entre 18 e 37 (24,1 ± 4,5) anos, sendo 38 com fissura de lábio e palato unilateral (FLPU), 10 com fissura de lábio e palato bilateral (FLPB) e 6 com fissura de palato isolada (FP), dos quais 31 eram do sexo masculino e 23 do sexo feminino. As imagens de TCFC foram analisadas e as medidas realizadas pelo mesmo avaliador utilizando-se o programa Amira 6.1.0 Visualization and Analysis. Para determinar as variações do sexo e do tipo de fissura, bem como o efeito das suas interações sobre as medidas craniométricas e velofaríngeas realizou-se uma análise de covariância bidirecional (ANCOVA) utilizando-se um modelo linear geral (p≤0,05). A concordância intra-avaliador foi verificada por meio do coeficiente de correlação intraclasse (CCI). Parecer do CEP: 1.210.288.

Resultados: A correlação intra-avaliador apresentou-se entre boa e excelente (0,79 a 0,99). Os diâmetros cranianos, as medidas lineares da base do crânio, a altura e a largura da face, a largura do palato, a profundidade faríngea, a espessura do véu palatino e o comprimento nasofaríngeo apresentaram diferença significativa quando relacionados ao sexo, sendo valores maiores observados para o sexo masculino (p<0,05). O grupo de pacientes com FLPB apresentou maior diferença nas medidas craniofaciais entres os sexos, enquanto o grupo com FLPU apresentou maiores alterações quanto às medidas do palato. Já, no grupo com FP maiores alterações das medidas velofaríngeas quando comparado aos demais tipos de fissura foram observadas. Entretando, diferenças significativas entre os tipos de fissura e as dimensões craniofaciais e velofaríngeas não foram encontradas (p>0,05).

Conclusão: Os resultados do presente estudo sugerem que indivíduos adultos brasileiros, com diferentes tipos de FLP apresentam dimensões craniofaciais e velofaríngeas semelhantes. As diferenças entre as medidas estiveram relacionadas apenas ao sexo, de maneira semelhante aos estudos internacionais realizados com a população sem FLP. Para nosso conhecimento, estes dados representam o primeiro estudo que correlaciona o sexo e tipo de fissura às variáveis craniométricas e velofaríngeas para adultos brasileiros com FLP. Uma limitação deste estudo diz respeito à dificuldade de realizar comparações com a população brasileira sem fissura em função da grande miscigenação racial existente no país. Futuras investigações, considerando indivíduos de uma mesma região demográfica devem ser consideradas.

Chung C, Kau M. Racial differences in cephalometric measurements and incidence of cleft lip with or without cleft palate. J Craniofac Genet Dev Biol 1985;5:341-49.

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Santos RMG, De Martino JM, Haiter Neto F, Passeri LA. Cone beam computed tomography-based cephalometric norms for Brazilian adults. Int J Oral Maxillofac Surg 2018;47:64-71.

Vasconcelos MB, Pinzan-Vercelino CRM, Gurgel JA, Bramante FS. Cephalometric characteristics of Class III malocclusion in Brazilian individuals. Braz J Oral Sci 2014;13:314-18.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1125
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA LITERATURA SOBRE O BILINGUISMO NO DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A consciência fonológica é uma habilidade importante no desenvolvimento da leitura e escrita. Estudos em populações bilíngues revelam que esta habilidade tem sido crucial para o processo de aprendizagem em uma segunda língua. OBJETIVO: analisar o perfil da produção científica na literatura nacional e internacional sobre o bilinguismo em diferentes línguas no desenvolvimento da consciência fonológica.
MÉTODO: Trata-se de uma revisão bibliométrica sobre o desenvolvimento das habilidades de consciência fonológica em indivíduos bilíngues. Realizou-se uma busca de artigos nos últimos dez anos, em periódicos nacionais e internacionais indexados nas bases de dados eletrônicas Pubmed, Lilacs, Medline, Periódico CAPES e Scielo. Além disso, foram realizadas buscas manuais nas referências dos artigos encontrados na pesquisa inicial e no Google Acadêmico a fim de identificar o maior número de artigos possíveis. Foram utilizados os seguintes descritores (em inglês e português), sobre o tema em evidência, utilizando os seguintes termos livres em português: bilinguismo AND consciência fonológica, bilinguismo AND habilidades fonológicas, bilinguismo AND fonologia. E em inglês: bilingualism AND phonology, bilingualism AND phonological awareness e bilingualism AND phonological skills. Os critérios de elegibilidade para seleção da amostra foram: a) artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais com texto completo, gratuito e disponível na base de dados; b) em inglês e português; c) que abordassem a temática nos últimos dez anos; d) excluídos artigos sobre bilinguismo para surdos. Foram considerados a leitura pelo título, seguida pelo resumo/abstract e, finalmente, dos artigos completos, potencialmente relevantes para a revisão. A análise foi realizada por meio de uma planilha do Excel, com a tabulação do ano de publicação, título do periódico, país de publicação, delineamento da pesquisa, palavras chaves. Para análise, foram realizados testes de tendência central, como média e mediana, e frequência.
RESULTADOS: No período entre 2011 e abril de 2020, foram encontrados 43.424 artigos. Destes, 43.404 foram excluídos por não cumprirem os critérios de elegibilidade. Enquanto 20 foram selecionados via Pubmed, Medline, Google Scholar e CAPES. No que se refere ao ano das publicações, em 2011 foi encontrado um artigo que propôs investigar a aquisição de habilidades fonológicas de leitura em crianças monolíngues e bilíngues zulu-inglês; entre 2012-2014 foram encontrados 10 artigos e, entre 2015-2016, não houve estudos publicados. O ano de 2019 concentrou o maior número de estudos publicados, 25% (5 artigos). Em relação ao número de publicações por país, os EUA concentram 25% dos estudos neste período, enquanto 15% no Brasil, 10% em Cingapura, China e África do Sul cada. O tipo de abordagem dos estudos mais recorrente foi a quantitativa (95%). Predominam os artigos do tipo transversal (17 artigos, 85%) e de corte prospectivo (16 artigos, 80%). A maioria foram publicados em inglês, 15% (3 artigos) em português. Ademais, a revista Reading and Writing obteve mais estudos publicados no período.
CONCLUSÃO: Diante dos achados, foi possível observar aumento nas publicações sobre bilinguismo e consciência fonológica nos últimos três anos, comparado com anos anteriores, porém com pouca variedade nos aspectos metodológicos.

Flores BTM. Bilinguismo. Textura. 2005;7(12):79-89

Almeida L, Flores C. Bilinguismo In: Freitas MJ, Santos AL. Aquisição de língua materna e não materna: questões gerais e dados do português. Berlin: Language Science Press. 1933;p. 275-304.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1132
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE QUEIXAS DE ZUMBIDO EM ESCOLARES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O zumbido é um sintoma comum e pode ser definido como a presença de um ou mais sons nos ouvidos ou na cabeça, sem que exista um correspondente externo que possa estar provocando esse estímulo acústico. Em crianças, esse sintoma pode causar sérios danos, como prejuízos emocionais, sociais e de aprendizagem.
OBJETIVO: Analisar o perfil da produção científica sobre queixas de zumbido em crianças nos periódicos nacionais e internacionais.
MÉTODO: Trata-se de uma revisão bibliométrica sobre a prevalência das queixas de zumbido em crianças. Foi realizada uma busca de artigos publicados entre 2011 e junho de 2020, nas bases de dados nacionais e internacionais: Pubmed, Lilacs, Medline, IBECS, ERIC e Scielo. Foram utilizados os seguintes descritores, em português e inglês, sobre o tema em evidência: zumbido AND criança AND epidemiologia, zumbido AND criança AND prevalência, e zumbido AND criança AND aprendizagem. E em inglês: tinnitus AND child AND epidemiology, tinnitus AND child AND prevalence, e tinnitus AND child AND learning. Os critérios de elegibilidade para inclusão dos artigos foram: a) artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais com texto completo e gratuito; b) em inglês e português; c) que abordassem o tema nos últimos 10 anos. Para seleção da amostra foi considerada a leitura do título, seguida pela leitura do resumo e, por fim, a leitura do artigo completo. Os artigos duplicados foram excluídos e a análise ocorreu através de uma planilha do Excel que apresentava os principais dados dos artigos selecionados.
RESULTADOS: Foram identificados 737 artigos, dos quais 732 foram excluídos por não cumprirem os critérios de inclusão. Dessa forma, foram selecionados 5 artigos para leitura completa e análise bibliométrica. Não foram incluídos artigo das bases de dados Lilacs, Eric, IBECS e Scielo, visto que não se enquadraram nos critérios de inclusão deste estudo. O tipo de estudo mais encontrado foi a revisão sistemática, e, com relação ao ano de publicação, observou-se que a maioria das publicações ocorreu no ano de 2016. Quanto ao local, a Inglaterra foi o país com maior número de publicações.
CONCLUSÃO: Diante do exposto, foi possível observar que as publicações acerca deste tema ainda são escassas, bem como há necessidade de mais estudos que investiguem as questões do zumbido em crianças, uma vez que o número de artigos encontrados foi pequeno.

1- Rosa MRD, Almeida AAF, Pimenta F, Silva CG, Lima MAR, Diniz MFFM. Zumbido e ansiedade: uma revisão de literatura. Rev CEFAC. 2012;14(4):742-754

2- Hullfish J, Sedley W, Vanneste S. Prediction and perception: Insights for (and from) tinnitus. Neurosci Biobehav Rev. 2019; 102: 1-12

3- Coelho CCB. Estudo da prevalência da hiperacusia e do zumbido em crianças [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2006.

4- Xu, Y., Yao, J., Zhang, Z., & Wang, W. (2016). Association between sleep quality and psychiatric disorders in patients with subjective tinnitus in China. Eur Arch Otorhinolaryngol.

5- Rosing, S. N., Kapandais, A., Schmidtc, J. H., & M.Baguley, D. (2016). Demographic data, referral patterns and interventions used for children and adolescents with tinnitus and hyperacusis in Denmark. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology, 112-120.

6- Nemholt, S. S., Schmidt, J. H., Wedderkopp, N., & Bagule, D. M. (2015). Prevalence of tinnitus and/or hyperacusis in children and adolescents: study protocol for a systematic review. BMJ Open.

7- Rosing, S. N., Schmidt, J. H., Wedderkopp, N., & Baguley, D. M. (2016). Prevalence of tinnitus and hyperacusis in children and adolescents: a systematic review. BMJ open.

8- Smith, H., Fackrell, K., Kennedy, V., Barry, J., Partridge, L., & J.Hoareab, D. (2019). A Scoping Review to Catalogue Tinnitus Problems in Children. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology, 141-151.





TRABALHOS CIENTÍFICOS
1595
ANÁLISE CEPSTRAL DE ADULTOS E IDOSOS SEM QUEIXAS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O envelhecimento provoca modificações laríngeas(1,2), as quais podem impactar a qualidade vocal. Tais alterações vocais podem ser detectadas pela análise acústica, sendo um dos parâmetros disponíveis, a proeminência do pico cepstral suavizada (PPCs), que reflete a organização dos harmônicos no sinal vocal(3). Vozes sem desvios apresentam maior periodicidade e configuração harmônica bem definida, resultando em maiores valores de PPCs(4). Esta medida, mais confiável que as de perturbação e ruído(5), é considerada mais adequada na análise de vozes desviadas(4). Os estudos relacionados à PPCs, comumente comparam disfônicos com não-disfônicos e apontam valores inferiores para vozes alteradas(4,6); há poucos estudos que incluem idosos(7,8) e em sua maioria, jovens e idosos são agrupados em amplas faixas etárias para comparação. Agrupar esses indivíduos por décadas etárias pode ajudar na compreensão do período de surgimento dos sinais de envelhecimento vocal. Objetivo: Analisar a PPCs da voz de indivíduos de ambos os sexos, vocalmente saudáveis, agrupados por décadas etárias, a fim de verificar a partir de quais faixas etárias a voz sofre modificações detectáveis por esse parâmetro. Métodos: Este estudo observacional, transversal, prospectivo, comparativo e analítico é parte de um estudo aprovado por comitê de ética, protocolo 098/2010. Participaram 265 indivíduos, de 30 a 79 anos de idade, 125 homens e 140 mulheres, saudáveis, não-tabagistas e sem queixas vocais, alocados em grupos por década etária. Extraiu-se a PPCs da vogal /a/ sustentada pelo software PRAAT 6.1.11, conforme roteiro estabelecido na literatura(10) e aplicou-se os testes ANOVA e Tukey (p<5%).
Resultados: A comparação entre os sexos indicou diferença apenas na 3ª década de vida, em que os homens apresentaram PPCS mais elevada do que mulheres (16,42dB e 15,03dB, respectivamente, p=0,018). A comparação entre décadas indicou diferença apenas para as mulheres (p=0,006), sendo que as da 3ª e 4ª décadas apresentaram médias inferiores (respectivamente 15,03dB e 15,14dB) às da 7ª década (17,21dB). Pode-se acreditar que mulheres da 7ª década de vida realizam alguma compensação frente às modificações estruturais do sistema fonatório(1,2), com consequente tensão à fonação, justificando o aumento da PPCs. Outra hipótese está relacionada ao grupo mais jovem de mulheres, as quais também apresentaram valores inferiores aos dos homens da mesma idade: a presença da típica fenda glótica triangular posterior dessas mulheres pode ser a responsável pela pior estrutura harmônica, refletida em menores valores(7), enquanto parte das mulheres idosas poderiam apresentar o aumento de volume de pregas vocais, que reduz a ocorrência de fenda(2). Ao comparar idosos com e sem queixas vocais, foi encontrado nestes últimos, valores maiores,(8) portanto, a compreensão sobre esta medida acústica no envelhecimento deve considerar modificações vocais que não se referem à presença de disfonia. Conclusão: A análise da PPCs da vogal de indivíduos sem queixas vocais, agrupados por década etária, mostrou que os homens mais jovens apresentaram médias superiores às das mulheres da mesma faixa etária e que foi possível identificar a 7ª década etária como o período em que ocorre o surgimento das modificações vocais em mulheres, considerando os aspectos do PPCs, o qual é mais elevado nesta idade.

1. Rapoport SK, Menier J, Grant N. Voice Changes in the Elderly. Otolaryngol Clin North Am. 2018 Aug;51(4):759-768. doi: 10.1016/j.otc.2018.03.012. Epub 2018 Jun 8.
2. Pontes P, Brasolotto A, Behlau M. Glottic characteristics and voice complaint in the elderly. J Voice. 2005:19(1):84-94. http://dx.doi.org/10.1016/j. jvoice.2004.09.002. PMid:15766853.
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7. Monnappa D, Balasubramanium R. Cepstral analysis of voice in healthy aged individuals. J Laryngol and Voice 2015;5(2):
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1731
ANÁLISE COMPARATIVA DA QUALIDADE VOCAL DE MULHERES RELACIONADA AO USO DE CONTRACEPTIVOS ORAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz do ser humano é influenciada por diversos fatores, sejam extrínsecos ou intrínsecos. Dentre estes fatores encontramos os endócrinos. A influência hormonal sobre a voz têm sido relatada em diversos estudos. Objetivo: Comparar a qualidade vocal de mulheres que fazem uso contínuo, com mulheres que nunca fizeram uso e mulheres que já fizeram uso de contraceptivos orais, mas pararam. Metodologia: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob protocolo 13098519.0.0000.5515. Participaram 35 mulheres, com idades variando de 19 a 38 anos, sendo 15 que faziam uso contínuo pelo menos há três meses, 12 que não faziam mais uso há pelo menos três meses e 08 que nunca fizeram uso de contraceptivos orais. Como critério de exclusão: não apresentar relatos antecedentes vocais, hormonais e profissões de risco para o desenvolvimento de patologias vocais. Foi realizada avaliação perceptivo-auditiva pelo protocolo GRBAS e avaliação acústica, pelo programa Vox Metria. As participantes responderam ao questionário IDV-10 e questionário próprio. Na comparação estatística dos valores obtidos foi utilizado o teste T. de Student com nível de significância de 0,05. Resultados: Na análise perceptivo auditiva, o grupo que nunca usou contraceptivos apresentou maioria com grau 0 em grau geral 50%, astenia (100%) e tensão (75%); grau 1 em rugosidade (62,5%). Soprosidade foi encontrado 50% em grau 0 e 1. No grupo que usou e parou a maioria apresentou grau 0 em astenia (100% e tensão (94%) e grau 1 em grau geral (67%), rugosidade (80%) e soprosidade (73%). O grupo que faz uso contínuo apresentou maioria em grau 0 nos parâmetros astenia (100%) e tensão (92%) e grau 1 em gau geral (67%), rugosidade (75%) e soprosidade (67%). Na confiabilidade intra-juiz do GRBAS foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman, para tanto foram repetidos 20% da amostra. Os resultados demonstraram coeficiente de correlação muito forte para grau geral e rugosidade e moderado para soprosidade e tensão. Em relação à análise acústica, todas as participantes da pesquisa possuíam medidas dentro dos padrões de normalidade, segundo o programa Vox Metria. Na comparação entre os grupos revelou que não há diferenças significativas nos parâmetros entre os grupos de mulheres que usam contraceptivos orais e o grupo que usou e parou (p>0,05). Quando comparados os grupos que nunca usou com os grupos que já usaram e grupo que ainda usa continuamente contraceptivos orais, foram encontrados valores menores em Jitter e ruído com diferenças significativas (p<0,05). Os resultados obtidos pelo questionário próprio mostram que a maior parte das participantes tem hábitos vocais saudáveis e que a maioria também não nota as mudanças na voz durante a menstruação. O IDV-10 foi baixo para todas as participantes e não apontou diferenças significativas quanto à desvantagem vocal dos três grupos. Conclusão: O grupo que nunca fez uso de contraceptivos orais possui melhores resultados na analise perceptivo auditiva, além de parâmetros acústicos de jitter e ruído e mais baixos quando comparados ao grupo que faz uso contínuo de contraceptivos e grupo que fez uso, mas não faz mais.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
859
ANÁLISE COMPARATIVA DA VOZ DE MULHERES ADULTAS ANTES E DEPOIS DA PROVA DE FALA CONTÍNUA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


TÍTULO

Análise comparativa da voz de mulheres adultas antes e depois da prova de fala contínua


INTRODUÇÃO

Ainda não é conhecido a resistência vocal para o uso prolongado da voz. Muitas profissões utilizam a voz como ferramenta de trabalho. Conhecer a resistência vocal de mulheres adultas pode favorecer orientações de saúde vocal e do tempo de repouso para evitar a fadiga da musculatura das pregas vocais. Acredita-se que a fadiga vocal seja uma adaptação vocal negativa decorrente do uso prolongado da voz. No entanto, seu mecanismo é desconhecido, sendo os sintomas descritos na literatura especializada.


OBJETIVO

Análise comparativa da voz antes e depois da prova de fala contínua e resistência vocal em mulheres adultas.


MÉTODO

Participarão do estudo 30 participantes do sexo feminino, com idade entre 20 e 59 anos, adultas, sem história de disfonia, sem alteração vocal e laríngea e que não façam uso profissional da voz. Serão aplicados questionários do bem estar vocal, de impacto vocal na qualidade de vida e autoavaliação da percepção auditiva, tátil e cinestésica da voz antes e depois da prova de fala. Para a análise serão também analisadas as medidas acústicas, eficiência vocal, capacidade vital e tempo máximo de fonação. A prova de fala contínua terá duração de 60 minutos com um texto padrão. A sala de realização da prova será monitorada por um termohigrômetro digital (umidade relativa do ar e temperatura) e terá controle de ruído, para que não haja interferência nos resultados.


RESULTADOS PARCIAIS

Foram coletadas 13 amostras de participantes do sexo feminino, na média de idade 24,9 anos. Na análise acústica constou aumento das medidas de frequência F0, Fhi e Flo e da amplitude de frequência do tremor Fatr, devido ao tensionamento vocal. Porém, redução da amplitude da taxa de tremor ATRI, sugerindo estabilidade vocal, na situação pós prova. Na análise aerodinâmica houve a diminuição da Duração do fluxo de ar expiratório e Volume expiratório, devido à perda de capacidade pulmonar. O Máximo e Mínimo de pressão sonora fonatória revelaram-se aumentados, devido à maior necessidade de energia para regular forças aerodinâmicas e mioelásticas. O tempo de fonação apareceu reduzido na maioria dos casos. O Pico de PAe e FaExp aparecerem aumentados e reduzidos pós prova, respectivamente. A extensão dinâmica vocal revelou aumento de intensidade na maioria dos casos após a leitura, associada à elevação do pitch, podendo sugerir resposta à fadiga. Na autoavaliação perceptiva, os critérios foram potencialmente elevados após leitura, dando ênfase em: esforço, rouquidão, garganta seca e cansaço para falar. A Escala de Sintomas Vocais mostrou ausência de limitação e alteração emocional devido aos problemas de voz, porém o aspecto físico apareceu alterado em relação a infecções de garganta e nariz entupido. O Índice de Fadiga Vocal foi caracterizado por alterações principalmente de desconforto físico associado a voz como: dor no pescoço e na garganta ao final do dia. Já os aspectos de fadiga e restrição vocal e recuperação com repouso vocal aparecerem normais.


CONCLUSÃO

As melhoras podem ser resultado de aquecimento vocal, porém o esforço fonatório aumenta as chances de estresse mecânico, levando à fadiga vocal.

Behlau M. Considerações sobre a Análise Acústica em Laboratórios Computadorizados de Voz. In: Fonoaudiologia Atual. Rio de Janeiro: Revinter; 1997, cap.12, p.93-115.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1871
ANÁLISE COMPARATIVA DO PERFIL DA FLUÊNCIA DE ADOLESCENTES E ADULTOS COM GAGUEIRA.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Gagueira é considerada o principal e mais prevalente distúrbio do neurodesenvolvimento (Onslow, O´brian, 2013; Whitifield, Delong, Goberman, Blomgren, 2018). É descrita como complexa, multidimensional, e intermitente, o que favorece o acometimento de outras dimensões, como cognitiva, afetiva e social. Os adolescentes e adultos que gaguejam conviveram durante anos com as disfluências, e por isso podem ter desenvolvido mecanismos compensatórios, no sentido de evitar a gagueira. Neste sentido, caracterizar o perfil da fluência de adolescentes e adultos que gaguejam é de suma relevância para o aprimorar os processos diagnóstico e terapêutico desta população. Objetivo: Avaliar e comparar o perfil fluência de adolescentes e adultos com gagueira, caracterizando a tipologia e a porcentagem de disfluências, a velocidade de fala e a gravidade do distúrbio. Metodologia: Pesquisa de caráter experimental e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição (Parecer N°4.009.752). Participaram 30 indivíduos com gagueira do neurodesenvolvimento persistente, de ambos os sexos, de 12 à 59 anos e 11 meses, divididos: Grupo Pesquisa I (GPI) composto por 15 adolescentes com gagueira, na faixa etária de 12 a 18 anos e 11 meses; e Grupo Pesquisa II (GPII) composto por 15 adultos com gagueira, na faixa etária de 19 anos e 59 anos e 11 meses. Todos apresentaram no mínimo 3% de disfluências típicas da gagueira e mínimo de 11 pontos no Instrumento de Gravidade da Gagueira (Stuttering Severity Instrument - SSI-4, Riley, 2009), o que equivale a uma gagueira de grau leve. Os procedimentos utilizados foram: avaliação da fluência e classificação da gravidade da gagueira. Foi realizada a análise estatística dos dados com o teste de “Mann-Whitney” para análise intergrupos. O nível de significância adotado para a aplicação dos testes estatísticos foi de 0,05. A análise dos dados foi realizada utilizando software STATISTICA versão 7.0. Resultados: As frequências de disfluências típicas da gagueira, outras disfluências e total das disfluências, assim como a velocidade de fala (fluxos de sílabas e de palavras por minuto) foram semelhantes entre os grupos. A única tipologia de disfluência típica da gagueira que apresentou diferença estatisticamente significante foi a repetição de parte de palavra (p=0,020), com maior ocorrência nos adultos em relação aos adolescentes. A repetição de segmento foi a única disfluência classificada com outra disfluência que ocorreu mais frequentemente nos adultos (p=0,022). Os escores do Instrumento de Gravidade da Gagueira mostraram semelhança entre os grupos. O subtipo de gagueira leve foi predominante em ambos os grupos (60% dos adolescentes e 73,3% dos adultos). Conclusão: A análise comparativa do perfil da fluência de adolescentes e adultos com gagueira mostrou que os grupos foram semelhantes quanto as variáveis de frequência de disfluências e velocidade de fala. A gravidade da gagueira também foi similar entre os grupos analisados. Neste sentido, acredita-se que, semelhantemente aos indivíduos com desenvolvimento típico, a maturação do sistema neurolinguístico para a fluência de indivíduos com gagueira também se estabelece na infância. Acredita-se que estes resultados propiciarão melhor preparo do fonoaudiólogo para oferecer um diagnóstico e uma terapia mais especializada a esta população.

Onslow M, O´brian, S. Management of childhood stuttering. J Paediatr Child Health.2013;49( 2):112-5. doi: 10.1111/jpc.12034.

Whitfield JA, Delong C, Goberman AM, Blomgren M. Fluency adaptation in speakers with Parkinson disease: a motor learning perspective. Int J Speech Lang Pathol. 2018;20(7):699-707. doi: 10.1080/17549507.2017.1341549.

Riley GD. Stuttering Severity Instrument – SSI-4. 4.ed. Austin: Pro-Ed, 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1448
ANÁLISE DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETERES E CICLOS MASTIGATÓRIOS EM CRIANÇAS COM MORDIDA ABERTA ANTERIOR: SÉRIE DE CASOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A mastigação é uma função aprendida que tem início a partir do momento em que surgem os primeiros dentes decíduos superiores e inferiores1. Diante de alterações estruturais, como na mordida aberta anterior, a dificuldade de máxima intercuspidação associada ao movimento mandibular utilizado na mastigação pode direcionar adaptações funcionais como a mastigação unilateral, visando auxiliar o processo mastigatório2,3. A avaliação concomitante do padrão mastigatório e da atividade eletromiográfica dos músculos da mastigação fornece informações importantes sobre o padrão e a ativação muscular durante a função mastigatória4. Objetivo: Descrever a atividade elétrica dos músculos masseteres anteriores direito e esquerdo, durante o repouso, máxima intercuspidação e a mastigação habitual em crianças com mordida aberta anterior. E como objetivo secundário, comparar as variáveis acima descritas com o número de ciclos mastigatórios do lado direito e esquerdo destas crianças. Método: Este estudo teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob nº 2.421.119. Trata-se de uma série de casos, em que participaram crianças entre três e cinco anos com mordida aberta anterior. Um odontopediatra avaliou o aspecto dentário das crianças e verificou a presença da mordida aberta anterior. Para a avaliação eletromiográfica da mastigação foram realizadas as provas de repouso durante 10 segundos; apertamento dentário em máxima intercuspidação por cinco segundos e mastigação habitual de bolacha do tipo Bono da Nestlé®. Para a análise estatística foram utilizados o teste t de Student e o teste da Correlação de Pearson, com nível de significância 5%. Resultados: Participaram do estudo oito crianças com idade média de 4,1+0,6 anos, cinco (62,5%) do sexo masculino. A associação das médias da porcentagem atividade elétrica muscular dos músculos masseteres direito e esquerdo na realização das diferentes provas não foi significativa. Não foi observada correlação da porcentagem de atividade elétrica da mastigação habitual com as provas de repouso e máxima intercuspidação (p>0,05). Da mesma forma, a correlação do número de ciclos mastigatórios do lado direito e esquerdo com a porcentagem de atividade elétrica durante as provas não foi significativa (p>0,05). Conclusão: Nesta série de casos, a porcentagem de atividade elétrica dos masseteres, assim como o número de ciclos mastigatórios e a mastigação habitual não apresentaram correlação com as provas de repouso e máxima intercuspidação.

1. Tagliaro ML, Calvi CL, Chiappetta ALML. A fase de incisão no processo da mastigação: Enfoque clínico. Rev CEFAC. 2004;6(1):24-8.
2. Cattoni DM. Alterações da mastigação e deglutição. Tratado de fonoaudiologia, São Paulo: Roca, 2004.
3. Pereira JBA, Bianchini EMG. Caracterização das funções estomatognáticas e disfunções temporomandibulares pré e pós cirurgia ortognática e reabilitação fonoaudiológica da deformidade dentofacial classe II esquelética. Rev CEFAC. 2011;3(6):1086-94.
4. Piancino MG, Farina D, Talfone F, Merlo A, Bracco P. Muscular activation during reverse and non-reverse chewing cycles in unilateral posterior crossbite. Eur J Oral Sci. 2009;117(2):122–8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1144
ANÁLISE DA ESCRITA DE ALUNOS DE 1° E 2° ANOS: COMPARAÇÃO DE DOIS MODELOS DE CLASSIFICAÇÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A invenção dos sistemas de escrita passou pelas fases pictórica, ideográfica e alfabética. Esta última tem em sua base as relações entre letras (grafemas) e sons (fonemas). A aprendizagem desse sistema passa por diferentes estágios de desenvolvimento. A análise deste desenvolvimento em crianças em fase de alfabetização costuma ser realizada utilizando-se a classificação proposta por Ferreiro e Teberosky (1985). Entretanto, percebe-se que esta classificação apresenta limitações quanto à compreensão da criança sobre o sistema alfabético e o processo de escrita, que já estariam atentas a associações fonemas-grafemas. A teoria de Ehri (1997, 2005) parece melhor adequar-se para analisar a escrita sob este paradigma, permitindo verificar como a criança percebe o valor sonoro das letras e o princípio do sistema alfabético desde o início de suas hipóteses. Objetivo: Verificar a escrita de crianças de 1º e 2º anos de acordo com os dois modelos de análise. Destacar as principais diferenças entre as teorias e possíveis perspectivas que o avaliador, tanto professor quanto fonoaudiólogo, pode ter diante de tais classificações, as quais podem ser definidoras de possíveis intervenções pedagógicas ou fonoaudiológica. Método: Foram utilizadas amostras de escrita da pesquisa “A construção da escrita no nível da frase nos anos iniciais do ensino fundamental” por meio do ditado “4 palavras e 1 frase”, de acordo com tema proposto. As amostras de escrita foram analisadas conforme os dois modelos, com os resultados organizados em quadro comparativo e discutidos conforme literatura. Resultados: As amostras foram classificadas conforme os níveis pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético; e as fases pré-alfabética, parcialmente alfabética, plenamente alfabética e alfabética consolidada. Observa-se que as escritas de crianças classificadas como pré-silábicas ou silábicas demarcam grafemas principalmente os fonemas iniciais e vocálicos, com letras fonologicamente apropriadas. Estes são os fonemas que elas conseguem identificar na fala, visto que geralmente aprendem o nome das letras e não seus fonemas correspondentes. Escritas silábico-alfabéticas e alfabéticas não apresentam domínio total do sistema alfabético, embora este seja o nível final de evolução da teoria. Já na fase final do paradigma fonológico de leitura e escrita proposto por Ehri, há também a consciência sobre outras possibilidades de representação gráfica para cada fonema, para além de relações únicas entre fonemas e grafemas, com a presença do domínio das convenções ortográficas. Conclusão: Não há correspondência direta entre os níveis e fases das teorias, pois ambas apresentam diferentes perspectivas de análise. Conclui-se que a proposta de Ehri é mais adequada para se observar o processo de apropriação do sistema alfabético durante o processo de alfabetização. Escritas pré-silábicas podem ser classificadas como parcialmente alfabéticas se já apresentam alguma relação grafêmica; a existência do nível silábico proposto por Ferreiro e Teberosky passa a ser questionada e a diferenciação entre o nível alfabético e a fase alfabética consolidada torna-se importante na análise para o avanço das habilidades de leitura e de escrita da criança, interferindo em fases linguísticas posteriores, como a escrita de frases e textos.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE ALFABETIZAÇÃO. PNA Política Nacional de Alfabetização/Secretaria de Alfabetização. Brasília: MEC, SEALF, 2019. 54 p.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
267
ANÁLISE DA ESCRITA MANUAL DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL: ELABORAÇÃO DE UM TESTE DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
Tese
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Este estudo teve como objetivo principal elaborar um Teste de Proficiência da Escrita Manual (TPEM) para escolares do ensino fundamental, com idade entre 9 a 14 anos, que avalia três áreas: legibilidade e velocidade da escrita manual, função motora fina e habilidade percepto-viso-motora. Para tanto, apresentou-se na forma de dois estudos, ambos com parecer aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa (Número 1.503.512). O Estudo 1 teve como objetivo a elaboração do teste. Como método foi feito levantamento bibliográfico para verificar como são feitas atualmente a avaliação da escrita manual, das habilidades percepto-viso-motoras e da função motora fina. A partir de então, foi elaborado o procedimento e realizado o estudo piloto. Como resultado do estudo 01 apresentou-se 13 tarefas divididas em três baterias, sendo cinco tarefas que envolveram a avaliação da legibilidade e velocidade da escrita manual para a bateria da avaliação da escrita manual (BAT-EM), cinco tarefas para a bateria de função motora fina (BAT-FMF) e três tarefas para a bateria percepto-viso-motora (BAT-PVM). O estudo piloto mostrou-se de fácil aplicabilidade e boa compreensão por parte dos escolares, gerando pequenas modificações para a versão final. Após a conclusão da elaboração do teste, deu-se início ao estudo 02, o qual teve como objetivo caracterizar o perfil e comparar o desempenho dos escolares do ensino fundamental I e II no TPEM e, ainda, verificar se há relação entre as três baterias do TPEM. Participaram do estudo 02, 210 escolares, matriculados do 3º ao 9º ano do Ensino Fundamental, com faixa etária entre 09 anos a 14 anos e 11 meses, de ambos os gêneros, os quais foram divididos em 6 grupos por idade (38 escolares de 9 anos, 44 escolares de 10 anos, 40 escolares de 11 anos, 39 escolares de 12 anos, 24 escolares de 13 anos e 25 escolares de 14 anos). A aplicação do TPEM se deu em grupo para a BAT-EM (exceto a tarefa 01, pois foi coletada individualmente) e para a BAT-PVM, utilizando 50 minutos para cada uma das baterias, já a BAT-FMF foi realizada individualmente, não ultrapassando o total de 15 minutos, totalizando 115 minutos para aplicação total do teste. As amostras de escritas foram analisadas quanto a legibilidade e a velocidade de escrita e o desempenho das tarefas da BAT-PVM e da BAT-FVM foram analisados, em sua grande maioria, por escalas likert. Os resultados foram analisados estatisticamente e evidenciado diferença entre os escolares de 9 e 10 anos de idade quando comparados com os demais grupos, em quase todas as análises realizadas. Foi possível ainda encontrar relações entre a BAT-PVM e a BAT-FMF e as tarefas de escritas. Os resultados apontam que o teste elaborado pode ser eficaz para avaliar e caracterizar escrita manual, a habilidade percepto-viso-motora e a função motora fina dos escolares deste estudo, indicando que o mesmo possa vir a ser um instrumento de auxílio tanto para professores quanto para profissionais clínicos que atuem na área da educação.
Palavras-chaves: Avaliação. Escrita Manual. Fonoaudiologia.
Apoio financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1715
ANÁLISE DA ESCRITA ORTOGRÁFICA DE CRIANÇAS COM DEA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO
Recentemente, os pesquisadores Cidrim e Madeiro demonstraram que o conhecimento do processamento ortográfico se refere à compreensão de como as letras se combinam para formar palavras. A exposição repetida, a aquisição da consciência fonológica e o conhecimento das regras ortográficas são essenciais para a aquisição desse conhecimento. A literatura descreve que, à medida que as crianças entendem mais profundamente as características do sistema ortográfico, elas superam progressivamente os erros. A persistência de erros pode ser indicador de distúrbios de aprendizagem ou de alguma comorbidade. É comum o relato de crianças com Distúrbios do Espectro do Autismo (DEA) com habilidades de alfabetização precoce. As habilidades de decodificação e a fluência da leitura podem estar nos níveis previstos para a idade ou acima deles, enquanto a leitura e a escrita com compreensão são significativamente atrasadas.

OBJETIVO
O objetivo do presente estudo foi analisar a progressão do desenvolvimento do processamento ortográfico em crianças com DEA.

MÉTODO
A amostra do estudo foi composta por 12 crianças diagnosticadas com DEA e que receberam terapia fonoaudiológica semanalmente em um serviço especializado. Dentre os pacientes deste serviço, foram incluídos como sujeitos da pesquisa aqueles que frequentavam o primeiro ou o segundo grau do ensino fundamental, possuíam o diagnóstico fechado nos DEA e realizavam terapia fonoaudiológica no serviço que foi realizada a pesquisa.
Foi aplicado o Teste de Desempenho Escolar (TDE), instrumento que avalia as habilidades fundamentais para o desempenho escolar direcionadas às 1ª a 6ª séries do Ensino Fundamental I e II, nos sujeitos incluídos na pesquisa. A coleta de dados foi realizada individualmente em uma sala silenciosa. A criança foi instruída a escrever em um papel os 34 estímulos ditados pelo examinador. O número de respostas corretas e o número de erros foram considerados para a análise de dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Vale e Sousa argumentam que o desenvolvimento da escrita depende da fonologia, morfossintaxe e semântica. O fato de crianças com DEA frequentemente apresentarem tais habilidades alteradas, pode ser um elemento importante para entender a instabilidade da formação do processador fonológico nessa população.
Justi e Justi relataram que, as crianças do 1º ao 4º ano apresentaram mais erros em palavras com sílabas iniciais do tipo CV do que naquelas com sílabas iniciais do tipo CVC. Neste estudo, os resultados encontrados foram diferentes, uma vez que os estímulos com maior taxa de acertos foram os que se apresentaram estrutura CV.
Também foi observado que, para todos os participantes, foram encontrados erros de acentuação. No estudo de Cidrim e Madeiro, com crianças com dislexia, também foram encontrados os mesmos erros. Isso sugere que a dificuldade em se apropriar do sistema de acentuação do português brasileiro não é exclusiva das crianças com DEA.

CONCLUSÃO
Os dados encontrados sugerem que os erros ortográficos não são progressivamente superados de acordo com a aprovação escolar para crianças com DEA. Não foi possível encontrar uma correlação entre as variáveis: idade e desempenho na TDE ou desempenho escolar na TDE.





Cidrim, L.; Madeiro, F.. (2019). Studies on spelling in the context of dyslexia: a literature review. Rev. CEFAC. 2017 Nov-Dez; 19(6):842-854.

Vale, A. P.; Sousa, O. CONHECIMENTO ORTOGRÁFICO E ESCRITA. Invest. Práticas, Lisboa , v. 7, n. 3, p. 3-8, set. 2017 .

Batista, A. O.; Capellini, S. A. Spelling performance of students of 2nd to 5th grade from private education in the city of Londrina. Psicol. Argum. 2011 out./dez., 29(67), 411-425


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1464
ANÁLISE DA EXPECTATIVA DOS PAIS DE CRIANÇAS USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR DE UM SERVIÇO PÚBLICO: IMPACTO NA REABILITAÇÃO.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


ANÁLISE DA EXPECTATIVA DOS PAIS DE CRIANÇAS USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR DE UM SERVIÇO PÚBLICO: IMPACTO NA REABILITAÇÃO.


Introdução

Segundo a Organização Mundial de Saúde nos últimos anos a incidência de deficiências auditivas na população tem aumentado significativamente e, a população infantil é uma delas(1). Considerando a existência de Políticas Públicas para a Saúde Auditiva e a Rede de cuidados à pessoa com deficiência auditiva, a avaliação e monitoramento do processo de intervenção nesse segmento populacional torna-se essencial, com objetivo de atender por meio de um planejamento terapêutico adequado e assertivo necessidades do paciente, ajustando o planejamento durante o processo de reabilitação bem como as expectativas da família e do próprio paciente(2). Recentemente, nota-se a influência de outros fatores neste processo de reabilitação, tais como a aderência no processo terapêutico, nível sócio cultural dos responsáveis e a expectativa dos mesmos em relação à intervenção(3). Nesta perspectiva, este estudo teve como objetivo analisar, por meio das respostas dos pais e/ou responsáveis, a um questionário denominado “Crianças com Implante Coclear: perspectiva dos pais”(4), a visão dos mesmos em relação às suas experiências e opiniões sobre diversos aspectos da qualidade de vida da criança e sua família após o implante coclear. Tem-se como hipótese de que pais com expectativas mais reais tenham ações mais efetivas no processo de reabilitação de seus filhos, contribuindo para o sucesso no processo de intervenção da criança.

Objetivo

Analisar as expectativas dos pais de crianças usuárias de Implante Coclear por meio do questionário “Crianças com implante coclear: perspectivas dos pais” e, verificar as variáveis que podem colaborar com o sucesso da intervenção.

Métodos

Projeto aprovado pelo comitê de ética, no CAAE 14791519.3.0000.5440. Trata-se de um estudo observacional em corte transversal, totalizando 20 pais ou responsáveis de crianças usuárias de implante coclear há no mínimo 1 ano.
Após aceite, foi encaminhado por e-mail o questionário “Crianças com implante coclear: perspectivas dos pais”, traduzido e adaptado para o Português Brasileiro, editado em Formulário Google. Esta forma de aplicação foi adaptada devido a pandemia do Covid-19.
Este instrumento é composto por 74 questões e permite a quantificação da perspectiva dos pais em subescalas (Comunicação, Funcionalidade, Autonomia, Bem-estar, Social, Educação, Efeitos do implante coclear e Suporte), que procura retratar a situação da criança e da família. Cada pergunta apresenta cinco opções de respostas pontuadas de um a cinco.

Resultados parciais

Até o momento, 12 dos 20 participantes responderam ao questionário. Em relação às respostas, a subescala Funcionalidade foi a que apresentou maior média de pontuação, seguidas das Suporte, Social, Educação e Efeitos do IC e a pior foi Autonomia.
Ao final da coleta, será realizado por meio de estudo estatístico, a correlação entre as subescalas de comunicação com todas as demais.

Conclusão Parcial

Até o momento, observa-se uma tendência que os pais ou responsáveis apresentam boas expectativas em relação à funcionalidade, independência e participação social da criança após a cirurgia de IC, sendo este questionário uma ferramenta útil para a equipe do programa de saúde auditiva e para o uso na prática clínica.

Referências

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3. Archbold SM, et al. Parents and their deaf child: their perceptions three years after cochlear implantation. Deafness and Education International. 2002; 4(1):12-40.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1683
ANÁLISE DA FLUÊNCIA VERBAL LIVRE NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma alteração do neurodesenvolvimento que acarreta prejuízos nas habilidades comunicativas, na interação social e no comportamento1. Indivíduos com TEA podem apresentar alterações específicas nas funções executivas, responsável por diversos processos como controle inibitório, planejamento, flexibilidade cognitiva, memória de trabalho e fluência verbal2. A fluência verbal (FV) consiste na capacidade de gerar um maior número de palavras possíveis em um tempo determinado4. Testes de FV avaliam como esses sujeitos organizam os pensamentos e se relaciona com o acesso e velocidade de produção lexical3. Objetivo: Analisar o desempenho da fluência verbal de dois pacientes com Transtorno do Espectro Autista. Metodologia: O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética da Instituição de origem, sob o registro 3.520.561. Caracteriza-se como um estudo de caso, de natureza descritiva, observacional e qualitativa. Os pacientes eram do sexo masculino, em que o paciente “A1” tinha 11 anos e TEA de nível 1, com queixa de interação social sem prejuízo linguístico. Já o paciente “A2” tinha 13 anos, com TEA de nível 2 e com prejuízos morfossintáticos e na interação social. Os pacientes foram submetidos a avaliação das dimensões da linguagem e, para este estudo, foi realizado o teste de fluência verbal livre. Nesse teste, os participantes foram instruídos a falar palavras, por dois minutos e meio, sem dizer nomes próprios e nem números. Posteriormente foi avaliada a quantidade de palavras ditas nos seguintes intervalos de tempo: de 0-30 segundos, 30-60 segundos, 60-90 segundos, 90-120 segundos e 120-150 segundos. Resultados: No que se refere aos achados da FV dos dois participantes, observou- se que o paciente “A1” evocou durante 30 segundos 17 palavras, de 30-60 segundos lembrou-se de 11 palavras, 60-90 segundos disse o nome de 6 palavras, de 90-120 segundos evocou 15 palavras e de 120-150 segundos foram faladas 5 palavras, totalizando 54 palavras evocadas no total. Foi possível observar que depois dos primeiros 30 segundos o participante começou a diminuir o número de evocação de palavras, também foi possível analisar que ele evocava as palavras por categoria semântica, como se uma palavra o fizesse lembrar de outras que deveriam ser evocadas. Já o paciente “A2”, durante 30 segundos evocou 6 palavras, de 30-60 segundos lembrou-se de 5 palavras, 60-90 segundos disse o nome de 6 palavras, de 90-120 segundos evocou 4 palavras e de 120-150 segundos foram faladas 5 palavras, totalizando 26 palavras evocadas no total. Foi possível analisar uma constância de quantidade de palavras faladas durante o intervalo de tempo, além disso, numa análise qualitativa foi possível observar que o paciente “A2” obteve alguns erros, falando frases ao invés de evocar palavras e obteve uma velocidade de evocação lenta, pois a cada 30 segundos o mesmo só evocava no máximo 6 a 5 palavras. Conclusão: A avaliação da FV no TEA é pertinente devido a capacidade de análise do armazenamento e recuperação da informação guardadas no léxico. Verificou-se que há impactos da gravidade do TEA e do prejuízo linguístico na habilidade de evocação lexical.


1. APA: American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders fifth edition (DSM-V). Arlington: American Psychiatric Association; 2013.
2. Czermainksi FR, Bosa CA, Salles JF. Funções Executivas em Crianças e Adolescentes com Transtorno do Espectro Autismo: Uma Revisão. Psico. 2013 dez; 44(4):518-525
3. Moura O, Mário RS, Pereira M. Fluência verbal semântica e fonêmica em crianças: funções cognitivas e análise temporal. Avali. Psi. 2013; 12(2):167-177.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2049
ANÁLISE DA LEGIBILIDADE DO MATERIAL INSTRUTIVO DE UM WEBSITE DE TREINAMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A qualidade dos textos utilizados em websites tem sido estudada tendo em vista a capacidade e a velocidade de alcance das informações online à uma variedade de público com diferentes idades, níveis socioeconômicos e escolaridade. A compreensão adequada das informações/orientações presentes em websites da área da saúde envolvem a seleção e o emprego adequado de palavras, expressões técnicas e seus significados. Ademais, a estruturação dos textos, favorece o acompanhamento da leitura e a internalização dos conteúdos. A mensuração dos índices de legibilidade são utilizadas para avaliar o nível de escolaridade compatível com as estruturas dos textos e identificar o público alvo alcançado. Objetivo: Analisar o grau de legibilidade do material instrutivo de um website de treinamento das habilidades auditivas de crianças com deficiência auditiva. Método: Trata-se de um recorte da tese de doutorado sobre o desenvolvimento de um website como ferramenta de apoio aos pais no treinamento das habilidades auditivas de crianças com deficiência auditiva, CAAE: 02778818.9.0000.5417. O material selecionado para a análise corresponde as seções da interface externa do website divididas em: Página Inicial, Treinamento auditivo, Quem somos, Fale conosco, Cadastrar e Treinar, além do conteúdo de acesso restrito: Instruções e Dúvidas frequentes. Os textos das referidas seções foram inseridos na ferramenta de verificação de ortografia e gramática do Microsoft Office Word e submetidos à análise de legibilidade por meio do Teste de Facilidade de Leitura Flesch, em dois momentos, antes e após a readequação vocabular. Este teste avalia o grau de facilidade de leitura de textos em uma escala percentual de 0 a 100, sendo 0 considerado uma leitura muito difícil e 100 muito fácil. O teste indica que para arquivos com nível de leitura padrão a pontuação esteja entre 60 e 70 pontos. A fórmula relativa ao cálculo inclui o tamanho das sentenças e o número de sílabas. Resultados: Os resultados encontrados na primeira análise textual identificaram um grau de legibilidade com média do índice Flesh de 46% representando um grau de legibilidade “difícil”, compatível à níveis de escolaridade aproximada à médio superior. Após a readequação vocabular a média verificada foi de 52%, classificando o texto como razoavelmente difícil, nível de leitura próximo à habilidades de leitores do ensino médio. Conclusão: Após a readequação vocabular houve melhora significativa nos níveis de legibilidade, contudo, não foi possível atingir a média padrão esperada para o teste. Tal resultado pode ser justificado pela utilização indispensável de alguns termos técnicos da área saúde, bem como, a estruturação do website em formato de tópicos e seções. Isso demonstra que, principalmente em avaliações de websites, os dados de legibilidade obtidos por meio da média Flesh devem ser analisados com cautela, e em conjunto com outras ferramentas de avaliação, uma vez que o referido teste considera somente o cálculo de sentenças e palavras de forma isolada, e dissociadas de seu conteúdo. Em casos onde a readequação vocabular não é possível, recursos e estratégias textuais e visuais podem ser incorporadas a fim de garantir o entendimento e a compreensão do público alvo.

Corrêa CC, Silva RA, Blasca WQ. Elaboration and Evaluation of Contents about Hearing Health Inserted in Cybertutor. Int Arch Otorhinolaryngol. 2014;18(2):115-21.

Chaves JN, Libardi AL, Agostinho-Pesse RS, Morettin M, Alvarenga KF. Telessaúde: avaliação de websites sobre triagem auditiva neonatal na Língua Portuguesa. CoDAS. 2015;27(6):526-33.

Favoretto NC, Carleto NG, Arakawa AM, Alcalde MP, Bastos JRM, Caldana ML. Portal dos idosos: desenvolvimento e avaliação de um website com informações sobre o processo de envelhecimento e as principais alterações fonoaudiológicas que acometem os idosos. CoDAS. 2017;29(5):e20170066.

Flesch R. A new readability yardstick. J Appl Psychol. 1948;32(3):221-33.

Goldim JR. Consentimento e informação: a importância da qualidade do texto utilizado. Rev HCPA. 2006;26(3)117-22.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1662
ANÁLISE DA MORFOSSINTAXE NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma alteração do neurodesenvolvimento que pode provocar prejuízos na interação, linguagem e comportamento1. Na linguagem dessa população, há evidências de atrasos na aquisição das primeiras palavras, alteração nas habilidades comunicativas, ecolalia, prosódia anormal, rigidez de significados, entre outros2. As pesquisas da área de linguagem costumam investigar a pragmática, fonologia e semântica3-4. Enquanto poucos estudos buscam verificar as alterações morfossintáticas da pessoa com TEA. Objetivo: Verificar a morfossintaxe de uma criança com Transtorno do Espectro Autista. Metodologia: O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética da Instituição em que foi desenvolvido, sob o registro 3.520.561. Caracteriza-se como um estudo de caso de natureza descritiva, observacional e qualitativa. Um paciente de 11 anos do sexo masculino com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista de nível 1, em que o pai apresentou como queixa a dificuldade em se comunicar, relatando que a criança raramente iniciava diálogos. Para avaliação da morfossintaxe oral foi utilizado o livro “Frog where are you?” e a criança foi instruída a criar uma história de acordo com as imagens que eram expostas no livro. Foi realizada a gravação de todo o momento para posterior análise do desempenho da morfossintaxe, através da averiguação da organização temporal e da presença de elementos que contribuem para a coesão e coerência do discurso. Resultados: A partir da análise da produção do que foi proposto, a criança elaborou um discurso descritivo, com enunciados curtos e pouca estruturação sintática (uso reduzido de pronomes e preposições), utilizando corretamente o tempo verbal, sem organização temporal. Além disso, apresentou pouca coesão referencial, ou seja, não utilizando recursos para referenciar algo que já foi dito ou que ainda seria expresso no seu discurso. Também apresentou elementos conectivos em que apenas unia elementos de uma frase, mas não os utilizava para formar períodos compostos, como também, ao criar a história a criança não aplicou os princípios de coesão e coerência. Conclusão: Sendo assim, a partir da avaliação desse nível da linguagem, foram identificadas alterações morfossintáticas no discurso da criança com TEA e isso influencia em suas relações sociais, escolares, familiares e, consequentemente, em sua qualidade de vida. Sendo válido ressaltar que tal achado não é regra, pois o desempenho pode variar de acordo o grau do TEA, idade da criança e estimulação familiar e fonoaudiológica ao longo da vida. Desse modo, a atuação fonoaudiológica é importante no processo terapêutico das pessoas com TEA, pois o fonoaudiólogo irá atuar em todos os níveis linguísticos que apresentarem alterações, inclusive na morfossintaxe, proporcionando uma melhor experiência comunicativa para esses sujeitos. Além disso, é interessante que sejam realizados mais estudos que investiguem a morfossintaxe da pessoa com TEA.

1. APA: American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders fifth edition (DSM-V). Arlington: American Psychiatric Association; 2013.
2. Gadia A, Tuchman R, Rotta NT. Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento. J. Pediatr. Rio de Janeiro. 2004 Abr; 80(2): 83-94.
3. Rescorla L, Safyer P. Lexical composition in children with autism spectrum disorder (ASD). Journal of Child Language. 2013; 40(1): 47–68.
4. Adams C, Baxendale B, Lloyd J, Aldred C. Pragmatic language impairment: case studies of social and pragmatic language therapy. Child Lang Teach Ther. 2005;21(3):227-50.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
875
ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE ADESÃO AO TRATAMENTO VOCAL: UMA REVISÃO BIBLIOMÉTRICA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A adesão é um processo dinâmico, influenciado por uma série de fatores que predispõem ou não à continuidade do tratamento¹. A produção científica sobre o processo de adesão à terapia vocal tomou uma maior proporção ao longo do tempo, pois deve ser uma das estratégias a serem trabalhadas em terapia na área de voz²-³. Assim, a revisão bibliométrica apresenta-se como uma relevante alternativa de estudo para a obtenção de indicadores de avaliação da produção científica que possam revelar um panorama da pesquisa atual. Objetivo: Analisar o perfil da produção científica sobre a adesão à terapia vocal. Método: Trata-se de uma pesquisa de análise bibliométrica, de tipo descritiva, a partir dos periódicos nacionais e internacionais, sem filtro de período de tempo, indexados nas bases de dados LILACS; SciELO e PubMed. Foram coletadas as seguintes variáveis para categorização geral da produção científica: (a) identificação da publicação (b) identificação do periódico (c) autoria (d) ano de publicação, (e) tipo de estudo e (f) características bibliométricas: abordagem, desenho de estudo, número da amostra total de cada estudo, tipos de análise, testes estatísticos e software utilizados. verificou-se também o método estatístico utilizado (descritivo, inferencial, testes realizados e software estatístico). Os dados foram analisados sob a ótima de comparação entre periódicos nacionais e internacionais de acordo com sua distribuição absoluta e relativa. Resultados: Foram identificados 13.555 artigos nas bases de dados, desses, 13.508 foram excluídos a partir da leitura de títulos e resumos por não cumprirem os critérios de elegibilidade. Ao final foram selecionados 22 artigos para leitura final do texto completo e análise bibliométrica. Os estudos foram encontrados predominantemente em periódicos internacionais, compreendidos entre os anos de 2008 a 2018. Os Estados Unidos se destacaram com o maior número de manuscritos e em relação ao Brasil, o Sudeste liderou em número de publicações neste país. Os estudos coorte e de abordagem quantitativa foram mais frequentes sobre o tema, além da maioria apresentar amostra com mais de 120 participante. As análises foram majoritariamente descritiva e inferencial, com uso predominante de mais de um teste estatístico e o software estatístico com maior utilização entre os estudos foi o SPSS. Conclusão: As publicações sobre adesão na terapia vocal têm crescido principalmente na última década. A maior parte dos estudos foi encontrada em periódicos internacionais, tipo de estudo predominante foi o coorte e de abordagem predominantemente quantitativa. A produção científica sobre o tema revela maior produção de manuscritos na área da Fonoaudiologia.

1. Silveira, L.M.C.; Ribeiro, V.M.B. Grupo de adesão ao tratamento: espaço de “ensinagem” para profissionais de saúde e pacientes. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v. 9, n. 16, p. 91-104, 2004.

2. Portone, C.; Johns, M. M.; Hapner, E. R. A review of patient adherence to the recommendation for voice therapy. J Voice, v. 22, n. 2, p. 192-6, 2008.

3. Almeida, L. D.; Santos, L. R.; Bassi, I. B.; Teixeira, L. C.; Gama, A. C. C. Relationship between adherence to speech therapy in patients with dysphonia and quality of life. J Voice, v. 27, n. 5, p 617-621, 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2036
ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE ADULTOS DEFICIENTES AUDITIVOS PÓS-LINGUAIS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou em 2012 um estudo que estima que cerca de 350 milhões de pessoas no mundo apresentam perda auditiva. Ainda de acordo com os estudos, o déficit sensorial é o mais frequente na população 1.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2 aponta que do ano de 2000, cerca de 3.37% da população brasileira já apresentavam algum grau de perda auditiva. Entre os brasileiros na faixa etária de 15 e 64 anos, 3.240.263 (2,95%) apresentavam deficiência auditiva, enquanto que aqueles com mais de 65 anos totalizavam 2.088.247 (21%) 2. A perda auditiva pode acometer o indivíduo ainda durante a vida adulta, por meio de inflamações (virais, bacterianas, autoimune e alérgicas), fatores vasculares, afecções neurológicas degenerativas, ototoxidade, tumores e traumas10. Em pesquisas mais recentes dados do censo de 2010 aponta que 9.8 milhões de pessoas no Brasil possuem deficiência auditiva, o que representa cerca de 5,1% da população de 190.732.694 brasileiros. De acordo com a literatura a deficiência auditiva afeta diretamente a rotina dos indivíduos podendo causar prejuízos na qualidade de vida. De acordo com OMS a qualidade de vida e a forma com que o indivíduo se percebe dentro do contexto em que vive, apresentando alterações referentes ao seu propósito de vida. Sendo um tema que abrange diferentes domínios podendo ter como consequência diferentes reveses, despertou o interesse por estuda-lo nesta amostra. Diante do exposto, este estudo buscou investigar as confluências da perda auditiva e a qualidade de vida destes indivíduos, além de caracterizar e compreender os aspectos e domínios mais afetados.
Objetivo: Caracterizar o perfil audiológico e a relação deste com a qualidade de vida dos indivíduos adultos deficientes auditivos pós lingual. Métodos: Para identificação das perdas auditivas foi utilizado um questionário elaborado pelos pesquisadores e para a caracterização da qualidade de vida foi utilizado o Protocolo Whoqol-Bref Versão em português. Para as análises estatísticas foram aplicados os testes t, ANOVA, Whittney e Kruskal-Wallis e Shapiro-Wilk a um nível de significância de 5%. Resultados: Participaram desta pesquisa 30 indivíduos. Destes 18 (60%) apresentam perda auditiva do tipo leve/moderado, 07 (23,3%) apresentaram perda auditiva do tipo moderado/severo e 05 (16,7%) severo/profundo. As análises estatísticas apontaram que houve diferença estatisticamente significantes no cruzamento do domínio “Relações Sociais” do Whoqol com o “Grau da perda auditiva na Orelha Esquerda”. Indicando que o grupo de indivíduos com “Grau Leve/Moderado” são os que obtiveram menores valores no Domínio Relações Sociais. Não foram encontradas diferenças estatísticas entre as outras variáveis. Conclusão: Conclui-se que a perda auditiva pós lingual impacta negativamente a qualidade de vida do indivíduo, tendo este o domínio de relação social prejudicado pela condição auditiva.

1. Levy CCA da C. Manual de audiologia pediátrica. 2015. 15–28 p.
2. Cardoso DO,Yudi Ikino CM, Philippi Junior A, Cardoso DS, Susane Birck M, Fontoura Freitas P, et al. Perfil dos Pacientes do Programa de Saúde Auditiva do Estado de Santa Catarina Atendidos no HU-UFSC Profile of Patients of the Auditory Health of the State of Santa Catarina Served at HU-UFSC. Arch Otorhinolaryngol. 2011;15(1):59–66.
3. Lacerda ABM, Bevilacqual MC, Martinez MAN de S, Balen SA, Pupo AC. Tratado e audiologia. 2011. 552 p. Cap. 33.
4. Silman S. Próteses auditivas: um estudo sobre seu benefício na qualidade de vida de indivíduos portadores de perda auditiva neurossensorial. Distúrbios da Comun ISSN 2176-2724. 2004;16(2):153–65.
5. Fiho OL, Campiotto AR, Levy CCA da C, Redondo M do C. Novo tratado de fonoaudiologia. 2013. 456 p.
6. Oliveira PS, Penna LM, Lemos SMA. Desenvolvimento da linguagem e deficiência auditiva: revisão de literatura TT - Language development and hearing impairment: literature review. Rev CEFAC [Internet]. 2015;17(6):2044–55. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000802044
7. Chiari BM. Distúrbios de linguagem associados à surdez. 2013;23(1):41–5.
8. Andriguetto C, Moretti M, Ribas A. Desenvolvimento de linguagem e sua relação com a perda auditiva.
9. Albernaz PLM. Evolução de um sistema sensorial. In: Revinter, editor. Otologia e Audiologia em Pediatria. Rio de Janeiro; 1999. p. 160–2.
10. Francelin MS, Motti TFG, Morita I. As implicações sociais da deficiência auditiva adquirida em adultos. 2010;19:1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2050
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE OS CICLOS MASTIGATÓRIOS E A SACIEDADE ALIMENTAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A mastigação corresponde a uma das principais funções estomatognáticas e tem como objetivo preparar o alimento para deglutição e digestão. O sistema mastigatório é formado por músculos, dentes, ossos (maxila e mandíbula), articulação temporomandibular, glândulas salivares, vascularização e inervação destes elementos1,2. O processo da mastigação pode ser dividido em quatro etapas: a incisão, a fase de preparação, a fase de trituração e a fase de pulverização. Nesta última fase, o alimento é transformado em partículas ainda menores e encaminhado para deglutição. É importante salientar que a saliva é secretada em todas essas fases tendo papel direto na formação do bolo alimentar3. A literatura também classifica o padrão mastigatório quanto a lateralidade, apontando a possibilidade desta ser unilateral, bilateral simultânea ou bilateral alternada. Esta última é considerada a mais adequada, pois neste padrão há distribuição uniforme dos alimentos na cavidade oral garantindo a harmonia das estruturas envolvidas4-6. Diante da complexidade e importância dessa função estomatognática, observa-se na literatura protocolos que contemplam a sua avaliação na clínica fonoaudiológica. A relação entre o número de ciclos mastigatório e a saciedade ainda é pouco estudada1. Objetivo: Analisar a relação entre os ciclos mastigatórios e a sensação de saciedade em indivíduos com Índice de Massa Corporal (IMC) normal e com sobrepeso. Métodos: Para este estudo foram recrutados dois grupos, o grupo 1 composto de 15 indivíduos de ambos os sexos, cujo IMC é classificado como obesidade grau I e o grupo 2 composto também por 15 indivíduos cujo IMC é classificado como normal, totalizando 30 indivíduos. Cada grupo foi avaliado quanto aos ciclos mastigatórios. Para avaliação foi utilizado anamnese e Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial (MBGR) seção de mastigação e dor à palpação, a amostra foi abordada na Clínica de Nutrição e na Clínica de Fonoaudiologia da XX. Os participantes receberam um pão de sal e foram orientados a comê-lo e quando se sentissem saciados que informassem o pesquisador. O tempo entre a incisão e o informe da saciedade foi medido por um cronômetro. Os dados coletados foram analisados pelos testes MANOVA, ANOVA, Tukey, Bartlett e Shapiro-Wilk, com nível de significância de 5%.
Resultados: O grupo 1 apresentou maior média de número de ciclos mastigatórios do que o grupo 2, assim como a média de tempo de saciedade para a velocidade diminuída foi maior do que da velocidade adequada/aumentada. Conclusão: O número de ciclos mastigatórios associados a velocidade mastigatória diminuída favorece a sensação de saciedade.

1. Apolinario R, Moares R, Motta A. Mastigação e dietas alimentares para redução de peso. CEFAC. 2008;10(2):191-199.
2. Monteiro PM, Carneiro FP, Felipe NAP, Motta AR. Mastigação e dispepsia funcional: um novo campo de atuação. CEFAC. 2005;7(3):340-347.
3. Whitaker M. Função mastigatória: Proposta de protocolo de avaliação clínica da função mastigatória. CEFAC. 2009;11(3):311-323.
4. Oncins M, Freire R, Marchesan I. Mastigação: análise pela eletromiografia e eletrognatografia. Seu uso na clínica fonoaudiológica. Distúrbios da Comunicação. 2012;18(2):155-165.
5. Pizzol KEDC. Influência da mastigação unilateral no desenvolvimento da assimetria facial. Rev. Brasileira Multidisciplinar. 2004;8(2).
6. Neto GP, Bérzin F, Rontani RMP. Identificação do lado de preferência mastigatória através de exame eletromiográfico comparado ao visual. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial. 2004;9(4): 77-85.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
921
ANÁLISE DA TENDÊNCIA TEMPORAL DE PREVALÊNCIA DA PAIR EM TRABALHADORES DE UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA (2003 - 2018)
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Considerando a magnitude da perda auditiva induzida por ruído (PAIR)¹ no meio industrial e a carência de estudos longitudinais², emerge a necessidade de avaliar ao longo do tempo a prevalência de casos sugestivos de PAIR em empresa com Programa de Conservação Auditiva (PCA). Objetivo: Analisar a tendência temporal de prevalência de casos sugestivos de PAIR em uma indústria metalúrgica. Método: Trata-se de um estudo de série temporal³. A pesquisa foi desenvolvida numa metalúrgica do estado de Pernambuco, cujo período de referência para análise foi de 2003 a 2018. A população estudada foi de 152 trabalhadores inseridos no PCA da empresa, sendo incluídos trabalhadores com tempo de admissão mínimo de 15 anos e com registro de audiometria no último ano da série temporal. Foram excluídos trabalhadores com um número de registros de audiometrias inferior a oito e trabalhadores com história de exposição laboral a produtos químicos ototóxicos e/ou vibração de corpo inteiro em algum momento do período estudado, independentemente de o nível de exposição estar ou não acima do limite de tolerância regulamentar. A coleta foi realizada a partir da base de dados eletrônica do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho da empresa, com dados extraídos por matrícula, garantindo o anonimato do trabalhador. Foram avaliados 2.350 registros audiométricos. Para avaliação dos registros audiométricos foram adotados os critérios de interpretação e classificação da Portaria 19/1998 (NR7)¹ e de Leite (1996)⁴. A análise das tendências temporais foi realizada através do modelo de regressão Joinpoint ⁵. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer número 3.824.458. Resultados: No período estudado, a prevalência de exposição a níveis de ruído iguais ou maiores a 85dB (A) apresentou uma tendência decrescente discreta, com average annual percent change (AAPC) de -1,7% (com significância). A prevalência de casos sugestivos de PAIR foi de 11,8% no início da série e de 18,4% no final, e apresentou tendência temporal crescente, com AAPC de 3,5% (com significância). Todos os casos sugestivos de PAIR se mantiveram em grau I. Conclusão: Os resultados sugerem um ambiente laboral com risco de PAIR minimizado, com controle da evolução natural da PAIR no período estudado.

1. Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (Brasil). Portaria nº 19, de 09 de abril de 1998. Estabelece as diretrizes e parâmetros mínimos para avaliação e acompanhamento da audição em trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevados. Diário Oficial da União 22 abr 1998; Seção 1.
2. Lie A, Skogstad M, Johannessen HA, Tynes T, Mehlum IS, Nordby K-C, et al. Occupational noise exposure and hearing: a systematic review. Int Arch of Occup and Environ Health. 2016; 89(3): 351–72. DOI: 10.1007/s00420-015-1083-5
3. Rouquayrol MZ, Almeida Filho N. Epidemiologia & Saúde. 3. ed. Rio de Janeiro: E. Medsi; 2003.
4. Leite JCB. Classificação em graus das lesões auditivas por exposição a nível de pressão sonora elevada. In: Souto DF, Leite JCB, Ferreira NS. Surdez Ocupacional: Critérios para avaliação pericial das perdas auditivas por exposição a nível de pressão sonora elevada do ruído. [Evento promovido pela Associação Brasileira de Medicina do Trabalho; 1996 ago; Rio de Janeiro, Brasil].
5. Pereira TM, Silva LMS, Dias MSA, Monteiro LD, Silva MRF, Alencar OM. Temporal trend of leprosy in a region of high endemicity in the Brasilian Northeast. Rev Bras Enferm. 2019; 72(5):1356-62. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0682


TRABALHOS CIENTÍFICOS
953
ANÁLISE DA VOCALIZAÇÃO NO PARADIGMA EXPERIMENTAL FACE-TO-FACE STILL-FACE
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A interação mãe-bebê é responsável por promover o desenvolvimento infantil, e é por meio dessas interações, que ocorrem desde os primeiros dias de vida, que o bebê se comunica e percebe o estado das outras pessoas(1-3). As formas de comunicação/vocalizações verbais ou não verbais também são interpretadas pela mãe como um sinal de que o bebê deseja comunicar algo(4). As vocalizações, por mais rudimentares que sejam, transmitem alguma necessidade ou estado emocional do bebê, e são interpretadas pelas mães(3-5). A qualidade da interação mãe-bebê é considerada um importante mediador para o desenvolvimento infantil, particularmente no que se referem à comunicação, socialização e cognição(4,5). Objetivo: Analisar os padrões de vocalização, por meio da análise microanalítica obtidas pela aplicação do paradigma experimental Face-to-Face Still-Face, com díades mãe-bebê aos três meses de vida. Metodologia: Cumpriram-se os princípios éticos (CAAE 10285819.9.0000.5417). Estudo retrospectivo de corte transversal. Foram analisadas de 27 filmagens de díades mãe-bebê, durante o paradigma experimental Face-to-Face Still-Face(6). Câmeras foram posicionadas e focavam as faces da mãe e do bebê. As imagens obtidas foram sincronizadas e editadas no programa Adobe Premiere ProCS(6). O paradigma inclui três episódios sucessivos de três minutos, divididos da seguinte forma: Ep.1º Play/Jogo: interação na qual a mãe é convidada a brincar normalmente com o bebê; Ep.2º Face estática: a mãe é instruída a manter o rosto parado, olhar para a criança, mas não sorrir, não falar e não tocar na criança; Ep.3º Reunião: a mãe retoma sua interação, no mesmo padrão do 10 episódio. As filmagens foram analisadas pelo Infant Regulatory Scoring System (IRSS)(7). Foram analisados os seguintes parâmetros: olhar, vocalização, gestos, autoconforto, comportamentos de distanciamento e indicadores autonômicos, com foco nas vocalizações: V1: vocalização positiva; V2: vocalização neutra; V3: vocalização negativa ou protesto; V4: choro. Aplicou-se o Coeficiente de Correlação de Pearson, com significância em p>0,005. Resultados: No Ep.1 e Ep.2 houve predomínio de vocalizações neutras, enquanto que no Ep.3 o choro foi predominante. Diversas correlações foram encontradas, destaca-se as correlações positivas e significantes entre a V1 nos 3 episódios. As vocalizações do tipo V3 e V4 apresentaram correlações positivas e significantes apenas entre si, e correlação negativa significante com V2. Era esperado que no Ep.2o os padrões do tipo V3 e V4 fossem predominantes, no entanto, o fato da mãe permanecer com a face imóvel, não causou mudança significativa nos padrões de vocalização dos bebês que mantiveram V1 e V2 ao longo dos três episódios, apesar da diminuição destes comportamentos. Os bebês que apresentaram predominância na vocalização do tipo V3 e V4, já no Ep.1o, mantiveram esse padrão ao longo dos episódios, sem alteração na interação/vocalização.
Conclusão: A sinalização de estado pelo bebê (choro, sorriso, vocalização) promove elos na cadeira interativa quando a mãe se prontifica a atendê-los. Aos três meses os bebês usam a vocalização para restaurar a interação e iniciam a aprendizagem de regras de comunicação. Deste modo, mesmo em episódios de estresse (Ep.2º), os bebês com elos de ligação em desenvolvimento, conseguem se autorregular e voltar ao padrão de interação inicial.

1. Barbosa M, Beeghly M, Moreira J, Tronick E, Fuertes M. Robust stability and physiological correlates of infants' patterns of regulatory behavior in the Still-Face Paradigm at 3 and 9 months. Dev Psychol. 2018;54(11):2032-2042.
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3. Weisman O, Chetouani M, Saint-Georges C, Bourvis N, Zagoory-Sharon O, Delaherche E., Cohen D, Feldman R. Dynamics of Non-Verbal Vocalizations and Hormones during Father-Infant Interaction. IEEE Transactions on Affective. 2016;7(4): 337-45.
4. Bourvis N, Singer M, Saint Georges C, Chetouani M, Cohen D, Feldman R. Pre-linguistic infants employ complex communicative loops to engage mothers in social exchanges and repair interaction ruptures. R Soc Open Sci. 2018. 24;5(1):170274.
5. Jaffe J, Beebe B, Feldstein S, Coroa CL, Dr. Jasnow. Rhythms of dialogue in infancy: coordinated timing in development. Monogr. Soc. Res. Child Dev. 2001;66(2):i-viii, 1-132.
6. Tronick EZ, Als H, Adamson L, Wise S, Brazelton TB. The infants’ response to entrapment between contradictory messages in face-to-face interaction. American Academy of Child Psychiatry. 1978;1:1-13.
7. Tronick EZ, Weinberg MK. The Infant Regulatory Scoring System (IRSS). (Unpublished manuscript). Childrens Hospital & Harvard Medical School: Boston;1990


TRABALHOS CIENTÍFICOS
623
ANÁLISE DAS MEDIDAS CEPSTRAIS EM CANTORES VOCALMENTE SAUDÁVEIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: as medidas cepstrais analisam a periodicidade e a estrutura harmônica em relação ao ruído da emissão vocal sem comparar os ciclos vocais individualmente (1,2). O Cepstral Peak Prominence (CPP) e o Cepstral Peak Prominence-Smoothed (CPPS) são medidas cepstrais descritas na literatura, e foram definidas para populações vocalmente saudáveis (1), professoras (3), e para indivíduos disfônicos e sem alteração vocal falantes do português brasileiro (4). Os cantores apresentam particularidades vocais relacionadas às características funcionais e respiratórias da voz cantada, neste sentido, é importante analisar se o desempenho vocal desta população está relacionado com maiores valores das medidas cepstrais. Objetivo: avaliar as medidas de CPP e CPPS em cantores vocalmente saudáveis de ambos os sexos e comparar os dados entre os grupos a fim de averiguar se o sexo interfere nos valores das medidas analisadas. Método: estudo observacional transversal com amostra de conveniência, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 48085815.2.0000.5149). Participaram 60 cantores amadores e profissionais, sendo 30 homens (média de 28,6 anos) e 30 mulheres (média de 26,1 anos). Foram critérios de inclusão não apresentar queixas e/ou alterações vocais; presença de laringe normal; e faixa etária de 18 a 55 anos, por ser o período de maior estabilidade vocal. Foram excluídos os participantes fumantes, mulheres grávidas ou no período menstrual. Para avaliação laríngea, foi realizado exame de videolaringoscopia de alta velocidade, por um único médico Otorrinolaringologista. Foram consideradas laringes normais aquelas cujos exames apresentaram fechamento glótico completo e ausência de lesões em ambas as pregas vocais. Para avaliação da queixa vocal e da qualidade da voz, os participantes foram avaliados por uma fonoaudióloga especialista em voz com mais de cinco anos de experiência. Foram elegíveis os participantes sem queixa vocal e com qualidade vocal neutra. Para determinação dos valores dos parâmetros de CPP e CPPS os participantes foram orientados a emitir de forma habitual e sustentada a vogal /a/ e as emissões foram gravadas em um computador com placa de som profissional e microfone unidirecional, condensador. Para extração das medidas cepstrais utilizou-se o programa PRAAT versão 6.1.16. A análise estatística foi realizada no programa MINITAB 17. Realizou-se análise descritiva dos dados com medidas de tendência central e dispersão. Para comparação das medidas cepstrais entre os grupos utilizou-se o Teste t, com nível de significância de 5%. Resultados: A média dos valores de CPP e CPPS encontrados para homens foi de 28,46 dB (DP=2,67) e 16,68 dB (DP=2,16), respectivamente. Para as mulheres os valores médios foram 24,59 dB (DP=2,24) para CPP e 14,04 dB (DP=1,97) para o CPPS. Os valores de CPP e CPPS de ambos os sexos estão próximos dos valores encontrados na literatura para professores (3) e para a população geral sem queixas vocais (4). Na comparação entre os grupos, observou-se que o sexo interfere nos valores de CPP (p=0,000) e CPPS (p=0,000). Conclusão: os valores de CPP e CPPS em cantores estão próximos dos valores encontrados na população vocalmente saudável. O sexo interfere nas medidas cepstrais, e os homens apresentam maiores valores destes parâmetros acústicos.

1. Madill C, Nguyen DD, Eastwood C, Heard R, Warhurst S. Comparison of Cepstral Peak Prominence Measures Using the ADSV, SpeechTool, and VoiceSauce Acoustic Analysis Programs in Vocally Healthy Female Speakers. Acoust Aust [Internet]. 2018;46(2):215–26. Available from: https://doi.org/10.1007/s40857-018-0139-6
2. Awan SN, Awan JA. A Two-Stage Cepstral Analysis Procedure for the Classification of Rough Voices. J Voice. 2020;34(1):9–19.
3. Phadke KV, Laukkanen AM, Ilomäki I, Kankare E, Geneid A, Švec JG. Cepstral and Perceptual Investigations in Female Teachers With Functionally Healthy Voice. J Voice. 2018;
4. Lopes LW, Sousa ES da S, da Silva ACF, da Silva IM, de Paiva MAA, Vieira VJD, et al. Cepstral measures in the assessment of severity of voice disorders. Codas. 2019;31(4):1–8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1774
ANÁLISE DAS MEDIDAS DE AUTOAVALIAÇÃO VOCAL EM PACIENTES DISFÔNICOS E VOCALMENTE SAUDÁVEIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os distúrbios vocais são agravos que além de afetar a saúde física, também são capazes de provocar impactos importantes na dimensão socioemocional e na qualidade de vida dos indivíduos acometidos(1). Dessa forma, a intensidade de um distúrbio vocal deve ser analisada não apenas pelo clínico, mas também pelo próprio paciente, pois a percepção sobre a sua voz e sobre o impacto da disfonia na sua qualidade de vida complementa a percepção do clínico quanto ao grau geral da alteração(2). Instrumentos específicos de autoavaliação vocal ganharam bastante popularidade nos meios clínico e científico nas últimas décadas, apresentando pontos de corte voltados à discriminação de indivíduos com ou sem problema de voz, estabelecidos com base nos critérios de sensibilidade e especificidade estatística(3). No entanto, algumas fragilidades na estrutura psicométrica desses instrumentos(4-5) ressaltam a necessidade da aplicação de métodos mais contemporâneos nos seus procedimentos de validação, de modo a reforçar sua validade e confiabilidade(1). Tais reflexões têm evidenciado a necessidade de mais estudos que investiguem os resultados apresentados pelos questionários de autoavaliação vocal em diversas aplicações, assim como seu potencial discriminativo na identificação de indivíduos com disfonia. Objetivo: Analisar o comportamento das medidas de autoavaliação vocal em pacientes disfônicos e vocalmente saudáveis e sua relação com a classificação da disfonia. Métodos: Participaram do estudo 139 indivíduos, com média de idade de 37,4 anos, alocados em dois grupos de acordo com o diagnóstico médico e fonoaudiológico: Grupo com disfonia (GCD) e Grupo Vocalmente Saudável (GVS). Foram aplicados o Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV), o Índice de Desvantagem Vocal (IDV) e Escala de Sintomas Vocais (ESV) em todos os participantes. A análise dos dados foi realizada para verificar a relação entre a presença da disfonia e o comportamento das medidas de autoavaliação vocal utilizando os testes estatísticos Qui-quadrado e Mann-Whitney. Resultados: Observou-se que os escores dos questionários IDV e ESV apresentaram maiores médias no GCD, suficientes para diferenciá-los do GVS. Para ambos os questionários, apenas o domínio “emocional” não exibiu essa diferença. Não houve diferença entre os dois grupos quanto aos escores do QVV, o que sugere fragilidade do instrumento para classificar a presença da disfonia. Conclusão: Os questionários IDV e ESV apresentam escores mais elevados em disfônicos, capazes de diferenciá-los de indivíduos vocalmente saudáveis. A média do escore total dos três questionários investigados apresentou-se acima dos pontos de corte estabelecidos pela literatura para classificar a disfonia. A análise desses questionários por meio de métodos psicométricos mais contemporâneos deve ser incentivada, de forma a aumentar sua eficiência e potencializar o seu poder discriminatório.

1. Branski RC, et al. Measuring Quality of Life in Dysphonic Patients: A Systematic Review of Content Development in Patient-Reported Outcomes Measures. J Voice. 2010;24(2):193–8.
2. Ugulino AC, Oliveira G, Behlau M. Disfonia na percepção do clínico e do paciente. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(1):113–8.
3. Behlau M, et al. Efficiency and Cutoff Values of Self-Assessment Instruments on the Impact of a Voice Problem. J Voice. 2016;30(4):9-18.
4. Wilson JA, Webb A, Carding PN, Steen IN, Mackenzie K, Deary IJ. The Voice Symptom Scale (VoiSS) and the Vocal Handicap Index (VHI): A comparison of structure and content. Clin Otolaryngol Allied Sci. 2004;29(2):169–74.
5. Bornbaum CC, Day AMB, Doyle PC. Examining the construct validity of the V-RQOL in speakers who use alaryngeal voice. American Journal of Speech-Language Pathology. 2014; 23(1): 196-292.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
228
ANÁLISE DAS NARRATIVAS DE EVENTOS PESSOAIS DE CRIANÇAS BRASILEIRAS EM DESENVOLVIMENTO TÍPICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO
As narrativas de eventos pessoais são histórias construídas a partir da memória sobre uma experiência prévia, estando diretamente associadas ao estado sócio emocional da criança e ao desenvolvimento de sua identidade. A análise das narrativas de eventos pessoais contribui para determinar se as funções discursivas da criança estão se desenvolvendo de forma adequada, e indicam os pontos fortes e fracos da linguagem oral, bem como as demandas semânticas, sintáticas e morfológicas.
Crianças de todas as culturas narram suas experiências pessoais, porém, os tipos de narrativas produzidas e os motivos pelos quais são contadas podem variar dentro de cada cultura.

OBJETIVO
Analisar as semelhanças entre as narrativas de eventos pessoais produzidas por crianças brasileiras de 10 anos, com relação ao tema das narrativas e a estrutura do discurso.

MÉTODO
Participaram da pesquisa 15 crianças entre 10 anos e 10 anos e 11 meses, provenientes de diferentes cidades, sendo 6 meninos e 9 meninas.
Foi utilizado o protocolo de Elicitação de Narrativas Pessoais da IALP Child Language Commitee para a coleta das narrativas. As crianças deveriam contar sobre dias em que ficaram felizes, preocupadas, orgulhosas, tiveram que resolver um problema ou uma coisa muito importante aconteceu. As respostas foram gravadas e posteriormente transcritas. Para analisar o tema das narrativas foram elaborados gráficos de nuvens de palavras.
O protocolo Monitoring Indicators of Scholarly Language (MILS) foi utilizado para a análise da estrutura do discurso, levando em consideração os seguintes elementos: personagens, configuração, problema inicial, resposta interna, plano, ação, consequência e conclusão.

RESULTADOS
Observou-se uma tendência das crianças de elaborar narrativas mais estruturadas e detalhadas quando contaram sobre dias em que ficaram irritadas, preocupadas ou tiveram um problema. De maneira geral, as narrativas possuíam elementos básicos como personagens, problema inicial e conclusão. No entanto, as crianças raramente elaboravam planos dentro de seus relatos e as ações realizadas pelos personagens frequentemente não levavam a consequências.
Com relação aos temas das narrativas, ao contar sobre um dia em que ficaram felizes as crianças referiram-se a festas de aniversários, presentes e momentos com a família. Sobre dias em que ficaram orgulhosas, mencionaram aprovações na escola e prêmios que receberam. Sobre um acontecimento importante, as crianças relataram o nascimento de um familiar ou um dia em que tiveram notas boas na escola. As histórias sobre quando se sentiram irritadas envolviam brigas com irmãos, primos e colegas. Quando questionadas sobre um dia em que tiveram um problema, as crianças relataram momentos em que tiveram dificuldades na escola ou sobre quando ajudaram outra pessoa que estava passando por um problema. As crianças também contaram sobre momentos em que ficaram preocupadas com seus familiares ou com a escola.

CONCLUSÃO
Os resultados aqui apresentados demostram que as crianças tendem a elaborar narrativas mais estruturadas e detalhadas quando falam sobre momentos em que se encontravam em uma situação problema. Foi possível observar que as crianças, mesmo provenientes de cidades e estados diferentes, muitas vezes abordaram temas semelhantes em suas narrativas.

1. Westby C, Culatta B. Telling Tales: personal event narratives and life stories. LSHSS 2016 oct; 47(4): 260-282
2. Westerveld MF, Vidler K. Spoken samples of Australian children in spoken, narration and exposition. Int J Speech Lang Pathol 2016 jun;18(3):288-98
3. Westerveld, M.F; Gillon, G.T. Profiling oral narrative ability in young school-aged children. Int J Speech Lang Pathol 2010 jun;12(3):178–189.
4. Gillan SL, Gillan RB, Fargo JD, Olszewski A, Segura H. Monitoring Indicators of Scholarly Language: a progress-monitoring instrument for measuring narrative discourse skills. Communication Disorders Quarterly 2016 jun; 38(2): 96-106.
5. Bunning k, Gooch L, Johnson M. Developing the personal narratives of children with complex communication needs associated with intellectual disabilities: What is the potential of Storysharing. JARID 2016 jun; 30(4): 743-756.
7. McCabe A, Bliss L, Barra G, Bennett M. Comparison of Personal Versus Fictional Narratives of Children With Language Impairment. Am J Speech Lang Pathol 2008 may; 17(2):194-206.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
452
ANÁLISE DAS RESPOSTAS DO VEMP CERVICAL E OCULAR EM INDIVÍDUOS HÍGIDOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Os potenciais evocados miogênicos vestibulares (VEMP) são respostas eletrofisiológicas que conseguem fornecer informações dos órgãos otolíticos sáculo (cVEMP), utrículo (oVEMP) e do nervo vestibular1,2. A literatura apresenta poucos estudos que relacionam os achados do VEMP em indivíduos sem alterações otoneurológicas, em muitos estudos avaliam um tipo de VEMP apenas ou não apresentam valores de limiar de respostas, necessitando de estudos que analisem todos os parâmetros encontrados no VEMP em indivíduos hígidos2,4,5. Espera-se encontrar simetria de respostas em indivíduos sem doenças otoneurológicas, uma vez que, as assimetrias acontecem quando existem lesões vestibulares unilaterais4,5,6,7,8. Objetivo: Analisar e caracterizar as respostas de indivíduos hígidos por meio do exame VEMP. Métodos: estudo transversal, observacional e analítico. Os procedimentos desta pesquisa foram aprovados pelo Comitê de Ética sob o nº 56877316.1.0000. 5149. A casuística foi composta por 53 indivíduos com faixa etária entre 20 e 59 anos, de ambos os sexos, sem história pregressa ou atual de tontura e alterações auditivas por meio do questionário aplicado na pesquisa. Foram incluídos na pesquisa indivíduos maiores de 18 anos e menores de 60 anos que concordaram, voluntariamente, em participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os idosos não foram incluídos nesta pesquisa, pois poderiam apresentar um viés na análise dos dados, devido à possibilidade de não apresentarem integridade do sistema vestibular causada pelo envelhecimento4,6. Realizou-se meatoscopia Mikatos® e timpanometria Otoflex 100 Otometrics®. A pele do participante foi preparada com gel para reduzir impedância elétrica antes da colocação de eletrodos e para a realização do VEMP cervical e ocular utilizou-se o equipamento de potenciais evocados auditivos da marca Otometrics®, modelo ICS Chartr EP 200, fones de inserção e eletrodos de superfície e autoadesivos. Os estímulos foram apresentados por meio de fones de inserção modelo ER 3A, com olivas de espuma descartáveis. Foram aceitas respostas obtidas com intensidade de contração muscular entre 50 e 200 µV. Foram aceitos valores de impedância abaixo de 5kOms e utilizado estímulo auditivo tone burst com intensidade inicialmente testada foi 95 dBNAn na frequência de 500Hz, monoaural. O participante foi submetido a, no mínimo, duas estimulações de cada lado, para verificar a replicação do potencial, depois iniciou-se a pesquisa do limiar, considerado pela menor intensidade onde foi encontrada resposta e esta replicou-se. A análise estatística foi realizada por meio do programa Statistical Package for Social Scienses (SPSS) versão 20.0, sendo adotado o nível de significância de 5% (p< 0,05), em todas as análises. Resultados: Encontrou-se simetria de respostas nas latências, amplitudes e limiares de respostas do exame cVEMP. Entretanto, verificou-se diferença entre orelhas na latência P15 do exame oVEMP sendo maior à direita em ambos os gêneros, mas esta diferença pode ter ocorrido ao caso e deve ser considerada com cautela, visto a proximidade das medianas desta variável. Conclusão: Nestes estudo encontrou-se simetria nas respostas de todos os parâmetros avaliados do cVEMP. Encontrou-se assimetria apenas na latência P15 do oVEMP em ambos os gêneros que deve ser observada com cautela.

1. Colebach JG, Halmagyi GM, Skuse NF. Myogenic potentials generated by a click-evoked vestibulocollic reflex. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1994;57:190-7.
2. Silva TR, Santos MAR, Resende LM, Labanca L, Caporali JFM, Sousa MR, Gonçalves DU. Aplicações dos potenciais evocados miogênicos vestibulares: revisão sistemática de literatura. Audiol Commun Res. 2019;24:e2037.
3. Macambira YK, Carnaúba AT, Fernandes LC, Bueno NB, Menezes PL. Aging and wave-component latency delays in oVEMP and cVEMP: a systematic review with meta-analysis. Braz J Otorhinolaryngol. 2017;83:475-87.
4. Ribeiro MBN. VEMP cervical e ocular em indivíduos com e sem queixas otoneurológicas (trabalho de conclusão de curso). Belo Horizonte (MG). Universidade Federal de Minas Gerais; 2016.
5. Tateyama T. Potenciais evocados miogênicos vestibulares respostas em indivíduos normais de acordo com a idade (dissertação). São Paulo (SP): Universidade Anhanguera de São Paulo; 2015.
6. Akin FW, Murnane OD, Tampas JW, Clinard CG. The effect of age on the vestibular evoked myogenic potential and sterno-cleidomastoid muscle tonic electromyogram level. Ear Hear.2011;32:617-22.24.
7. Janky KL, Nguyen KD, Welgampola M, Zuniga MG, Carey JP. Air-conducted oVEMPs provide the best separation between intact and superior canal dehiscent labyrinths. Otol Neurotol. 2013;34:127-34.
8. Lamounier P, de Souza TS, Gobbo DA, Bahmad Jr. F. Evaluation of vestibular evoked myogenic potentials (VEMP) and electrocochleography for the diagnosis of Ménière’s disease. Braz J Otorhinolaryngol. 2017; 84:394-403.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
812
ANÁLISE DAS TÉCNICAS UTILIZADAS POR DELEGADOS DE POLÍCIA PARA A DETECÇÃO DA MENTIRA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Mentir é uma declaração falsa realizada intencionalmente com a finalidade de enganar (1). Como detectamos a mentira e se é possível detectá-la são temas que carecem de pesquisas no cenário brasileiro. Tendo em vista a introdução da perícia na Fonoaudiologia (2), vê-se a necessidade de que os fonoaudiólogos sejam qualificados para tal atividade. OBJETIVO: Descrever as técnicas utilizadas por delegados de polícia para a detecção da mentira. MÉTODO: Pesquisa transversal, exploratória e qualitativa, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAEE 81343717.5.0000.5546). Foram realizadas entrevistas orais, que foram gravadas e aplicadas individualmente e posteriormente, os dados foram transcritos e interpretados. A amostra foi constituída por cinco delegados de polícia, com idades entre 35 e 50 anos (média: 45 anos), sendo três do gênero feminino e dois do masculino. O tempo de profissão variou entre dez e vinte anos. RESULTADOS: A mentira pode surgir por várias razões (3), como pelo receio das consequências (S2 e S3); pela insegurança ou baixa de autoestima (S4); por razões externas (S2 e S4); por ganhos e regalias (S4) ou por hábitos disfuncionais, como a mitomania (4), não mencionada pelos entrevistados. Apenas dois participantes tiveram formação sobre o assunto, um por quatro meses (S2) e o outro por curso de curta duração de 4h (S4). Quanto à habilidade para detectar a mentira, S1 mencionou que em uma investigação policial a desconfiança dos depoimentos sempre existe; S2 e S3 mencionaram que os cursos realizados e a experiência profissional auxiliam e aprimoram a detecção; S4 destacou não se sentir habilitado para tal tarefa e S5 mencionou que apesar de não ter cursos na área sente-se habilitado pela prática profissional. As técnicas utilizadas citadas foram: a averiguação dos depoimentos com as provas obtidas (S1, S2, S3 e S5); o auxílio de outros profissionais (S1), a análise dos movimentos do corpo ou como o depoente se expressa (S2 e S5); pela direção do olhar (S2) ou seu desvio (S3); o uso de recursos linguísticos, como a técnica de perguntar sobre um mesmo assunto de diferentes formas (S3); a associação com outras pistas (face, corpo e/ou escrita), relatadas por S4 e S5 e a comparação com o base line (S4). A identificação da mentira pode ser realizada pela face (5), sendo que o uso de diferentes pistas foram citadas pela literatura(1). A prática aprimora a detecção da mentira, e traz mais segurança nesta tarefa, principalmente para os profissionais mais jovens (6), ratificando os depoimentos (S1, S2 e S3) de que a falta de treinamento pode dificultar o desfecho de um caso. CONCLUSÃO: As técnicas mais utilizadas para a detecção da mentira pelos participantes foram a averiguação dos depoimentos com as provas obtidas e a análise dos comportamentos verbal e não verbal, com a constatação desde a descrença em técnicas para tal intento até crenças infundadas, como a direção do olhar. A detecção da mentira foi apreendida, na maioria dos casos, pela prática profissional, justificando a necessidade de maior investimento em capacitação profissional.
Palavras-chave: Detecção, Detecção de Mentiras; Comportamento.

1. Cardona PA. A compendium of pattern recognition techniques in face, speech and lie detection. Int. j. res. rev appl. Sci. 2015;24(3):108-15, 2015.
2. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa 493, de 07 de abril de 2016. Brasília: CFFa; 2016.
3. Lobo M. Por que as pessoas mentem? São Paulo: Arte Editorial; 2010.
4. Teixeira SPA, Calou ALF, Fernandes RMM. A mentira como um hábito disfuncional: um estudo sobre a terapia cognitivo-comportamental no tratamento da mitomania. Id online Rev. multidisc. Psicol. 2019;13(47):966-80.
5. Freitas-Magalhães A. A face humana: paradigmas e implicações. Alfragide: Leya; 2017.
6. Brito TDQ. O efeito do treino na detecção direta da mentira [dissertação]. Universidade de Brasília, Brasília; 2013. Disponível em: http://repositorio.unb.br/handle/10482/13251. Acesso em: 07 dez. 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1111
ANÁLISE DE ASPECTOS PSICOEMOCIONAIS, RELACIONAIS E AFETIVOS EM HOMENS E MULHERES TRANSGÊNEROS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A população LGBTI+ é uma realidade presente em nossa sociedade, com demandas de saúde, educação e inserção social. Dentre essa comunidade, as pessoas transgênero, transexuais e travestis vivem ainda mais à margem da sociedade. O padrão heteronormativo carrega muitas vezes atitudes preconceituosas que reforçam a transfobia.[1] Esse é o principal fator que interfere na qualidade de vida das pessoas transgêneros, com impacto na sua saúde mental. O acesso aos serviços de saúde, educação, trabalho e segurança pública são difíceis, o que acarreta em sensação de exclusão e não pertencimento à sociedade, trazendo a sensação de inferioridade e quadros de sofrimento.[2] A população trans apresenta alto risco de desenvolver ansiedade e depressão[³], podendo levar ao comprometimento da saúde emocional e impactar na sua qualidade de vida e comunicação[4]. Tal impacto pode justificar a procura dessa população pela terapia fonoaudiológica, considerando que a comunicação oral por meio da voz ajustada pode ser um fator de melhora da passabilidade e consequentemente melhor inserção social e diminuição do sofrimento emocional dessa população. Objetivo: identificar aspectos psicoemocionais, relacionais e afetivos em homens e mulheres transgêneros. Método: estudo quantitativo, de caráter transversal e analítico. Aprovado pelo Comitê de Ética nº 3.303.803. Realizado com 24 homens trans e 16 mulheres trans com idade média de 26 anos, que responderam a um questionário fechado com oito questões de natureza biopsicossocial. Para essa análise, foram utilizadas as questões referentes aos aspectos psicoemocionais, relacionais e afetivos, ou seja, as relações familiares, de amizade e sociais, que revelassem seus sentimentos. Resultado: com relação aos sentimentos experimentados pelos participantes a maioria das mulheres trans (9) e dos homens trans (15) sentem-se cansados, sendo essa a alternativa mais referida. Também foram relatados sentimentos de angústia, agitação, irritação e tristeza. A maioria dos participantes, 21 homens trans e 13 mulheres trans, acreditam que as relações familiares são um importante apoio para a vida em sociedade, no entanto a maior parte dos dois grupos não está satisfeita com o relacionamento que têm com as suas famílias. Em contrapartida, no que diz respeito às amizades, a maioria dos homens trans (18) e das mulheres trans (11) mostraram-se satisfeitos. Quanto ao sentimento de confiança em relação às pessoas, identifica-se que tanto os homens trans (19) como as mulheres trans (11) sentem dificuldade em contar seus problemas a terceiros. Da mesma forma, o sentimento de solidão e a falta de apoio estiveram presentes em 13 mulheres e 16 homens. Conclusão: os sentimentos de cansaço, angústia, agitação, irritação e tristeza estão presentes de maneira generalizada nas pessoas trans. Isso é reflexo das dificuldades encontradas na família, na sensação de solidão no mundo e na dificuldade em expor sentimentos que os participantes relataram. Enfatiza-se a necessidade da assistência integral à saúde da pessoa trans, principalmente no que diz respeito à saúde emocional durante o processo de transição de gênero.

[1] Benevides B, Simpson K. Mapa dos assassinatos de travestis e transexuais no Brasil em 2017. Associação Nacional de Travestis e Transexuais–ANTRA, jan, 2018.

[2] Costa MB, Cândido JP, Bizerra PL. Acolhimento no âmbito da saúde pública sob a ética de transexuais. Cadernos de Educação, Saúde e Fisioterapia. 2017;4(8).

[3] Peng K, Zhu X, Gillespie A, et al. Self-reported Rates of Abuse, Neglect, and Bullying Experienced by Transgender and Gender-Nonbinary Adolescents in China. JAMA Netw Open. 2019;2(9):e1911058. Published 2019 Sep 4. doi:10.1001/jamanetworkopen.2019.11058

[4] Almeida LNA, Lopes LW, Costa DB, Silva EG, Cunha GMS, Almeida AAF. Características vocais e emocionais de professores e não professores com baixa e alta ansiedade. Audiol Commun Res. 2014;19(2):179-85.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
276
ANÁLISE DE ERROS ORTOGRÁFICOS NA PRODUÇÃO DE ESCRITA MANUAL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A grafia pode ser entendida como o processo de registro da linguagem escrita, por meio de um código que representa os símbolos de uma determinada língua(1). No entanto, o processo de escrita pode sofrer alterações, que interferem na codificação, dentro do esperado pela produção do ato motor, assim como de fatores cognitivos, relacionados a escolha das letras para a representação sequencial de uma palavra. Para que o processo da escrita possa ser concluído com sucesso, tona-se necessário a associação da produção do ato motor associada entre o princípio da escrita alfabética com base em sua relação letra/som, somado às representações arbitrárias da língua, codificadas no ato motor, como resultado final(2). No entanto podem ocorrer falhas no decorrer desse processo que podem resultar a erros na produção escrita de palavras, frases e textos. OBJETIVO: Analisar os erros de ortografia cometidos na produção escrita de escolares do 3º ao 5º ano do ensino fundamental I e verificar a incidência da disgrafia. MÉTODO: Trata-se de um estudo quantitativo, de campo exploratório e experimental. Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado sob o protocolo número 2.956.909. Participaram deste estudo 100 escolares de 3°, 4º e 5° ano do ensino fundamental, de ambos os gêneros, com idade entre 9 e 12 anos, distribuídos em: Grupo I (GI): composto por 33 escolares do 3° ano; Grupo II (GII): composto por 34 escolares do 4° ano; Grupo III (GIII): composto por 33 escolares do 5° ano. Para a avaliação todos os participantes deste estudo foram submetidos a aplicação da Escala de Avaliação do traçado da Escrita(3) e Prova de Escrita sob Ditado de Palavras(4). A análise dos erros ortográficos foi feita de acordo com a análise de classificação semiológica dos erros, seguindo critério na literatura nacional(5), sendo classificados em Erros de ortografia natural (Correspondência unívoca fonema-grafema; omissão e adição de segmentos; alteração na ordem dos segmentos; junção ou separação indevida de palavras) e Erros de ortografia arbitrária (Correspondência fonema-grafema dependentes de regra; correspondência fonema-grafema independentes de regra; ausência ou presença inadequada de acentuação; outros achados). RESULTADO: Com base nos dados obtidos observou-se ocorrências frequente de erros de ortografia natural e arbitrárias nos alunos de 3° ano, com maior incidência em erros de ortografia arbitrária nos alunos do 4° ano e menor ocorrência dos dois tipos de erros para os alunos do 5° ano. Enquanto na análise da produção do traçado foi possível identificar que o maior índice de classificação para a disgrafia foi recorrente nos alunos do 5º ano. CONCLUSÃO: conclui-se que os escolares do 3º ao 5º ano apresentam erros ortográficos de classificação natural e arbitrária, ocorrendo a diminuição dessa incidência para o 5º ano, possivelmente devido ao maior contato com o aprendizado das regras. Em relação a disgrafia a escala aplicada possibilitou identificar maior índice no 5º ano quando comparado aos demais, refletindo o aumento da demanda da escrita em atividades.

1.Martins MRI. Rastreio de disgrafia motora em escolares da rede pública de ensino. Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), São Paulo, 2013.

2.Fonseca V. Neuropsicomotricidade. Ensaio sobre as relações entre corpo, motricidade, cérebro e mente. Rio de Janeiro: Editora Wak, 1° ed., 2018.

3.Lorenzini MV. Uma escala para detectar a disgrafia baseada na escala de Ajuriaguerra. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia), Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 1993.

4.Pinheiro AMV. Avaliação cognitiva das capacidades de leitura e de escrita de crianças nas séries iniciais do ensino fundamental- AVACLE: Relatório Final Global e Integrado de atividades desenvolvidas, submetido ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Psicologia, 2003.

5.Batista AO, Cevera-Mérida JF, Ygual-Fernández A, Capellini SA. Pro-ortografia: Protocolo de avaliação da Ortografia para escolares do 2° ao 5° ano do Ensino Fundamental. São Paulo: Editora Pró-fono, 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1867
ANÁLISE DERMATOGLÍFICA DE INDIVÍDUOS BRAQUICEFÁLICOS E DOLICOCEFÁLICOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Título: Análise dermatoglífica de indivíduos braquicefálicos e dolicocefálicos.

Introdução: A tipologia facial é a variação do esqueleto craniofacial, sua fisiologia se dá pelo crescimento e a forma das estruturas ósseas e musculares orofaciais nos sentidos verticais, horizontais e sagital anteroposterior. De acordo com as medidas antropométricas dos terços faciais temos três tipos de face; braquicefálico, dolicocefálico e mesocefálico. O crescimento craniofacial normal contínuo inicia no período pré-natal e continua no pós-natal, podendo ser afetado pela genética e meio ambiente. Entender que papel os fatores genéticos e embrionários exercem no crescimento facial, é necessário; uma vez que más formações do crânio, face, dos ossos maxilares e dentes têm tido sua etiologia ligada, de alguma maneira, a fatores genéticos.Como marcador genético, a impressão digital tornou-se uma ferramenta para identificação de diferentes padrões dérmicos na saúde. A dermatoglifia, método de interpretação da impressão digital, se mostra como recurso para o diagnóstico diferencial nos casos em que os distúrbios de linguagem, de voz e de motricidade orofacial se fazem presentes.

Objetivo: Caracterizar as impressões digitais de indivíduos com tendência de crescimento craniofacial braquicefálico e dolicocefálico, em uma Clínica de Ortodontia de Belo Horizonte, MG, por meio da análise dermatoglífica.

Métodos: O estudo foi transversal observacional, com 10 indivíduos brasileiros, saudáveis, de faixa etária de 8 a 40 anos, sendo 4 braquicefálicos e 6 dolicocefálicos. Foram avaliadas as variáveis tipo facial, predomínio do desenho, quantidade de deltas - D10, somatório da quantidade total de linhas – SQTL, classificação de SQTL e perfil dermatoglífico. O protocolo que foi utilizado para a análise foi Protocolo do Método Dermatoglífico. Foram implementadas técnicas de estatísticas descritivas.

Resultados: Houve presença do desenho presilha em maior incidência nos dois grupos pesquisados. De forma secundária, o desenho verticilo foi o mais incidente e o desenho arco foi, consequentemente, o que teve menor índice também nos dois grupos. O D10, a SQTL e o perfil dermatoglífico não apresentaram diferenças nos dois grupos estudados. Houve associação apenas entre o tipo facial e a classificação de SQTL, indicando que indivíduos dolicocefálicos possuem mais resistência e coordenação motora que indivíduos braquicefálicos.

Conclusão: Não houve relação das características dermatoglíficas com a tipologia facial. Acredita-se que esse estudo contribuiu para ampliar o conhecimento acerca das qualidades físicas básicas relacionadas aos indivíduos braquicefálicos e dolicocefálicos, mesmo que ainda não se tenha evidenciado diferenças relevantes entre os dois grupos.

1. Ramires RR, Ferreira LP, Marchesan IQ, Cattoni DM, Silva. Facial types applied to Speech-Language Pathology: literature review. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(1):140-5.

2. Pereira AC, Jorge TM, Ribeiro PD Jr, Barretin-Felix G. Características das funções orais de indivíduos com má oclusão Classe III e diferentes tipos faciais. Rev. CEFAC. 2005;10(6):111-9.

3. Fazolo E, Cardoso PG, Tuche W, Menezes IC, Teixeira MES, Portal MND et al. Dermathoglyphia and somathotypology in beach soccer high income – Brazilian Team. Revista de Educação Física. 2005;130:45-51.

4. Nanakorn S, Poosankam P, Mongconthawornchai, P. Perspective automated inkless fingerprinting imaging software for fingerprint research. J Med Assoc Tha. 2008;91(1):82-5.

5. Coelho CM. Distúrbios da comunicação em síndromes genéticas: um estudo de revisão sobre possíveis contribuições da dermatoglifia. Revista Intercâmbio. 2016;31:37-54.

6. Maskey D, Bhattacharya S, Dhungel S, Jha CB, Shrestha S, Ghimire SR, et al. Utility of phenotypic dermal indices in the detection of Down syndrome patients. Nepal Medical College Journal. 2007;9(4):217-21.

7. Pasetti RS, Gonçalves A, Padovani CR. Brazilian obese women dermatoglyphics Medicina. Rev. Fmrp. 2012;45(4):452-9.

8. Ferla A, Silva AMT, Corrêa ECR. Electrical Activity of the Anterior Temporal and Masseter Muscles in Mouth and Nasal Breathing Children. Rev Bras Otorrinolaringol. 2008;74(4):588-95.

9. Krakauer LH. Alteração de funções orais nos diversos tipos faciais. In: Marchesan IQ, Bolaffi C, Zorzi JL, Gomes IC, organizadores. Tópicos em fonoaudiologia 1995. São Paulo: Lovise; 1995. p.147-54.

10. Rodrigues KA, Rahal A. A influência da tipologia facial na atividade eletromiográfica do músculo masseter durante o apertamento dental em máxima intercuspidação. Rev CEFAC. 2003;5:127-30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1534
ANÁLISE DO DESEMPENHO DE PACIENTES COM AFASIA NO TESTE PSI COM MENSAGEM COMPETITIVA IPSILATERAL E CONTRALATERAL PELA PERSPECTIVA DE REDES NEURAIS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO Alterações na audição interferem na compreensão verbal e consequentemente, na expressão linguística do indivíduo com afasia, afetando a comunicação verbal como um todo1. Mecanismos do processamento visual foram detalhados através do estudo de vias neurais, áreas do córtex occipitotemporal (rede occipital – temporal - temporal, a rede O – T – T) estão implicadas na identificação de faces e objetos2, habilidades requisitadas no teste de processamento auditivo Pediatric Speech Inteligibility (PSI). OBJETIVO Avaliar as habilidades auditivas de figura-fundo e atenção seletiva em pacientes com afasia, analisando o desempenho dos indivíduos pela perspectiva das redes neurais. MÉTODOS A população do estudo consistiu em 32 sujeitos, 16 participantes com afasia e 16 participantes do grupo controle. No grupo afasia foram incluídos sujeitos com lesão no hemisfério cerebral esquerdo, decorrente de acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico ou hemorrágico, com perfil audiológico normal ou limiares áereos tonais e/ou menores que 40 dBNA nas frequências de 500, 1000 e 2000 Hz3. Foi aplicado o teste PSI em ambos os grupos, o PSI é composto por 10 frases para identificação de figuras na presença de mensagem competitiva ipsilateral (MCI) e de mensagem competitiva contralateral (MCC), sendo avaliadas as habilidades auditivas de figura-fundo e atenção seletiva. A realização desta pesquisa foi liberada e aprovada pelo protocolo CAEE: 0418.0.172.000-10 RESULTADOS O grupo afasia apresentou uma média de 62.5% de acertos no teste PSI, em orelha esquerda na situação de MCC e 41.2% de acertos na presença de MCI. Já na orelha direita, o grupo afasia apresentou uma média de 55.6% acertos na situação de MCC e 35% na situação de MCI. O valor de referência de normalidade para o teste PSI é de 90% de acertos ou mais na relação -40 dBNA em MCC e 80% de acertos ou mais na relação fala/competição de 0 dBNA em MCI3. CONCLUSÕES A neurofisiologia da via ventral de processamento visual (via what) compreende áreas do córtex occipitotemporal (rede O – T – T) o que evidencia a importância da conectividade funcional entre as áreas occipital e temporal para um bom desempenho de atividades sensoriais4. Na reabilitação das habilidades auditivas de figura-fundo e atenção seletiva (avaliadas pelo teste PSI) o fonoaudiólogo deve considerar uma estimulação integrada entre estímulos visuais e auditivos, visto que o processo sensorial da audição e visão é integrado em rede, na área occcipitotemporal.
Palavras-chave: Afasia; Processamento auditivo; Redes Neurais

1.Marshall RS, Garcia-Barrera M, Yanosky D. An exploratory study of auditory extinction in ageing: Now your hear it, now you don’t. Aphasiology. 2008; 23 (1).

2. Ungerleider LG, Haxby JV. ‘What’ and ‘where’ in the human brain. Current Opinion in Neurobiology. 1994; 4

3. Pereira LD, Schochat E. Processamento auditivo central: manual de avaliação. São Paulo: Lovise; 1997. p. 100-149

4. Pereira JR, Reis AM, Magalhães Z. Neuroanatomia Funcional – Anatomia das áreas activáveis nos usuais paradigmas em ressonância magnética funcional. Acta Médica Portuguesa 2003; 16


TRABALHOS CIENTÍFICOS
528
ANÁLISE DO ENGAJAMENTO FAMILIAR NA IMPLEMENTAÇÃO DO PICTURE EXCHANGE COMMUNICATION SYSTEM – PECS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Título: Análise do engajamento familiar na implementação do Picture Exchange Communication System – PECS

Introdução: O Picture Exchange Communication System - PECS é um dos sistemas de comunicação alternativa mais utilizado mundialmente para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) não verbais ou com verbalização mínima1-3. O sistema contém seis fases e é composto por figuras e fotografias selecionadas de acordo com o repertório lexical de cada sujeito4. Para garantir a apropriação do PECS por crianças autistas é fundamental o treinamento e o envolvimento parental, uma vez que os pais são os principais parceiros de comunicação 1-4. O objetivo deste estudo foi analisar o engajamento familiar na implementação do PECS em crianças com Transtorno do Espectro Autista. Método: Trata-se de um estudo longitudinal (CEP1284/2017). A amostra foi constituída por 22 mães de crianças com TEA não-verbais ou com verbalização mínima; com média de idade de 41 anos. 59% delas tinha nível de escolaridade superior completo e 41%, ensino médio. 60% pertenciam às classes socioeconômica A/B e 40% às classes C/D. O engajamento das mães foi mensurado por meio de seu desempenho como executor do sistema de comunicação e de sua frequência às sessões. A implementação do PECS ocorreu durante um programa de 24 sessões de terapia fonoaudiológica individual com a presença das mães e seguiu as seis fases propostas pelo Manual de Treinamento.2 Todos os fonoaudiólogos envolvidos eram profissionais treinados e certificados no PECS. Resultados: Na análise quantitativa criada exclusivamente para este estudo, pudemos verificar que as mães tiveram altos índices de desempenho em todas as fases, o que contribuiu certamente para o avanço das crianças no programa, a saber: 95% na fase 1, 93% fase 2, 91,6% fase, 87% na fase 4, 89,3% na fase 5 e 76% na fase 6. Houve tendência de correlação direta entre as habilidades do executor e o número de sessões realizadas em todas as fases do PECS, sendo que obtivemos significância estatística nas quatro fases iniciais (p=0,031; p=0,028, p=0,029 e p=0,022, respectivamente). A adesão média ao programa, mensurada pela frequência às sessões, foi de 96%. Conclusão: Pudemos analisar o desempenho das mães ao longo do programa e verificar que seu engajamento influenciou positivamente a apropriação do Picture Exchange Communication System – PECS.

1. Tamanaha AC, Bevilacqua M, Perissinoto J. O uso da comunicação alternativa no autismo In Nunes et al. Compartilhando experiências. Marilia, Apbee, 2011: pp 175- 82.30.

2. Tamanaha AC; Perissinoto J. Transtorno do Espectro do Autismo: implementando estratégias para comunicação. Ribeirão Preto, BookToy, 2019

3. Doherty A, Bracken M, Gormley L. Teaching children with autism to initiate and respond to peer mands using Picture Exchange Communication System. Behav Anal Pract. 2018, 30, 11 (4): 279-88.

4. Bondy A, Frost L. Manual de Treinamento do Sistema de Comunicação por Troca de Figuras. Newark: Pyramid, 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
816
ANÁLISE DO FREQUENCY FOLLOWING RESPONSE NA APRAXIA DE FALA INFANTIL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A apraxia de fala infantil é uma alteração que interfere no planejamento e na programação motora da fala e possui três características, geralmente analisadas como marcadores diagnóstico: erros inconsistentes em consoantes e vogais em produções repetidas de sílabas e palavras; dificuldade em co-articular os sons e prosódia inadequada. Pode também estar associada a dificuldades de audição como a percepção de fala e som, discriminação de sequência de som e identificação de vogais. Neste contexto, o exame do Frequency Following Response é uma maneira de avaliar e examinar mecanismos neurais associados à percepção e processamento do som e da fala. Objetivo: Analisar os registros do exame de Frequency Following Response em indivíduos com apraxia de fala infantil e crianças em desenvolvimento típico. Métodos: Trata-se de um estudo analítico observacional transversal e está vinculado a um projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética sob parecer número 2.419.014. Foram avaliadas 30 crianças (média de 5,7 anos ± 2,28), sendo 22 do sexo masculino e oito do sexo feminino, pareadas por idade e sexo, sem alterações auditivas, neurológicas e/ou síndrome associadas, divididas em 15 crianças no grupo estudo e 15 no grupo controle. Inicialmente, as crianças foram submetidas a uma avaliação prévia com fonoaudióloga especialista na área, a fim de confirmar o diagnóstico de apraxia de fala infantil no grupo estudo e descartar alterações de fala e linguagem no grupo controle, por meio do Instrumento de Avaliação Dinâmica das Habilidades Motoras da Fala, para avaliar os distúrbios dos sons da fala, e o Teste de Vocabulário Auditivo abreviado para avaliar o desenvolvimento do vocabulário receptivo. Foram realizados o exame do potencial evocado auditivo de tronco encefálico com estímulo clique e o Frequency Following Response, em que foi utilizado o estímulo de fala /da/, com 40 ms, apresentado com intensidade de 80 dB NPS e velocidade de apresentação de 10,9 estímulos/seg. A janela de gravação foi definida em 74,67 ms, com filtros entre 100 - 2000 Hz. Foram promediados 2000 sweeps, em duas varreduras independentes e somadas ao final. Foram identificadas e analisadas as ondas V, A, C, D, E, F e O. Resultados: Não houve diferença estatística para o exame do potencial evocado auditivo de tronco encefálico com o clique, indicando que os dois grupos processaram de maneira semelhante este estímulo. Porém, quando realizado o exame do Frequency Following Response, as ondas V, A e C apresentaram latências aumentadas para os exames das crianças com apraxia de fala infantil, sugerindo haver comprometimento do funcionamento das estruturas responsáveis pela geração desses componentes, correspondentes à percepção dos sons de curta duração. Conclusão: A codificação neural dos sons da fala está prejudicada para crianças com apraxia de fala infantil. Esta conclusão é apoiada pelo aumento da latência nas respostas do exame do Frequency Following Response nestas crianças, especificamente nos componentes V, A e C e ausência de diferenças significativas no exame do potencial evocado auditivo de tronco encefálico com estímulo clique, o que pode sugerir que este transtorno não seria puramente motor.

American Speech-Language-Hearing Association. Childhood Apraxia of Speech. 2007. .

Froud K, Khamis-Dakwar R. Mismatch Negativity Responses in Children With a Diagnosis of Childhood Apraxia of Speech (CAS). Am J Speech Lang Pathol. 2012; 21:302–13.

Maassen B, Groenen P, Crul T. Auditory and phonetic perception of vowels in children with apraxic speech disorders. Clin Linguist Phon. 2003; 6:447–67.

Skoe E, Kraus N. Auditory brainstem reponse to complex sounds : a tutorial. Ear Hear. 2010; 31:302–24.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
183
ANÁLISE DO PERFIL FONOAUDIOLÓGICO DOS PACIENTES SUBMETIDOS À EQUOTERAPIA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


ANÁLISE DO PERFIL FONOAUDIOLÓGICO DOS PACIENTES SUBMETIDOS À
EQUOTERAPIA
Introdução: A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo em uma abordagem interdisciplinar. Objetivos: Caracterizar o perfil fonoaudiológico dos praticantes e verificar a opinião dos profissionais sobre a Fonoaudiologia na equoterapia. Matodologia: O
estudo foi realizado em APAE’s de três cidades diferentes de Minas Gerais. Foi utilizado um questionário para os profissionais e uma triagem fonoaudiológica. Resultados: Em relação a linguagem mostraram que a compreensão estava adequada em 62,96% dos praticantese a comunicação
oral predominou 81,48%, houve maior frequência na presença de alteração da articulação da fala em 55,56% e menor frequência de apraxia de fala em 37,04%. Quanto a motricidade orofacial, 77,78% apresentaram adequada mobilidade, presença de vedamento labial em
66,67% e maior incidência em respiração oronasal com 44,44% e respiração nasal em 37,04% e ausência de sialorreia em 85,19%. Quanto à mastigação 55,56% apresentaram adequada mastigação. Predominou a voz sem desvio entre os praticantes (74,07%).Os profissionais que
mais predominaram na equipe de equoterapia respectivamente foram psicólogos, fisioterapeutas
e fonoaudiólogos. A maioria dos profissionais, 73,33% não trabalham com fonoaudiólogo. A maioria dos profissionais trabalham na equoterapia a comunicação, postura de lábios e
respiração dos praticantes. Conclusão:A maior parte dos praticantes não demonstra alteração
de mastigação, voz, tonicidade e mobilidade dos OFA’s perceptível por meio da triagem.
Quanto à respiração e vedamento labial, estes apresentam alteração na maioria dos sujeitos. A maioria da equipe é composta por fisioterapeuta e psicólogo. A maioria não trabalha com fonoaudiólogo, porém conhecem o trabalho e todos acham necessário seu trabalho.

ANDE BRASIL. Apostila de equoterapia. Brasília, Curso Básico de Equoterapia,
Coordenação de Ensino Pesquisa e Extensão – COEPE, 2008. 221 p.
ANDRADE, D. B. Abordagem fonoaudiológica na equoterapia no atendimento de crianças com distúrbio de linguagem oral: estudo de casos clínicos. 2010. 80 f. Dissertação
(Mestrado em Fonoaudiologia) – Pontífica Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP,
São Paulo.
FERLINI, G. M. S. e CAVALARI, N. Os benefícios da equoterapia no desenvolvimento da criança com deficiência física. Caderno multidisciplinar de pós-graduação da UCP,
Pitanga, v. 1, n. 4, p. 1-14, abr. 2010.
FERRARI, J. P. A prática do psicólogo na equoterapia. 2003. 73 f. Monografia
(Especialização em Psicologia) Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.
GUEDES, M. H. R. S. Fonoaudiologia e equoterapia: o que os pais sabem sobre essa interface? 2016. 7 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fonoaudiologia) – UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá – Paraná – Brasil.
NAVARRO, P. R. Fonoaudiologia no contexto da Equoterapia com crianças autistas: uma reinterpretação a partir da Neurolinguística Discursiva. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, v. 60, n. 2, p. 489-506, mai-ago, 2018.
PAIVA, M. A. M. et al. O cavalo como recurso terapêutico. Naturale, Itajubá, ago-set. 2011. ed. 9. Disponível em: . Acesso em: 13 de out. 2018.
VALLE, L. M. O. et al.Atuação fonoaudiológica na equoterapia. CEFAC, São Paulo, mar-abr. 2014. Disponível em: Acesso
em: 15 de maio de 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2013
ANÁLISE DO PLANO ESTADUAL DE SAÚDE E A OFERTA DE SERVIÇOS ESPECIALIZADOS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


RESUMO
Introdução: “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial” (Brasil, 2012). O direito das pessoas com deficiência é garantido através do Plano Viver Sem Limites que é regido pelo decreto n°7.612/11 que amplia o acesso e qualifica o atendimento às pessoas com deficiência (temporária ou permanente; progressiva, regressiva ou estável; intermitente ou contínua) no Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na organização de rede e na atenção integral à saúde. Objetivo: Analisar o Plano Estadual de Saúde e a oferta dos serviços especializados para pessoas com deficiência no estado do Espírito Santo. Metodologia: Será realizada uma análise documental a partir do Plano Estadual de Saúde, das Legislações Estaduais que envolvam as pessoas com deficiência, com inferências em dados populacionais específicos acerca da disponibilidade e oferta de serviços de saúde especializado para atender essa população. Resultados: O último Plano Estadual de Saúde encontrado é o referente ao quadriênio de 2016 à 2019 e constitui-se como o instrumento central de planejamento e orientação para implementação das iniciativas de gestão no Sistema Único de Saúde (SUS), além de refletir, a partir da análise situacional, as necessidades de saúde da população e a capacidade assistencial para o seu atendimento. De acordo com o Censo de 2010, nosso estado possui, aproximadamente 800 mil pessoas com deficiência., sendo 18,03% da população geral do estado deficiente visual, 7,13% deficiente físico, 4,81% deficiente auditivo e, por fim, 1,34% é deficiente mental/intelectual. A população total estimada para o nosso estado em 2019 é de mais de 4 milhões de habitantes segundo o IBGE. Discussão: A busca pelo Plano Estadual de Saúde permitiu a constatação da não existência de um plano atualizado, portanto recorreu-se à análise do plano anterior e constatou-se a habilitação de quatro Centros Especializados em Reabilitação, sendo eles três CER II nas regiões Norte, Metropolitana e Sul e um CER III na região Central, a época, e a iniciativa de implantação da Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência no Estado. Conclusão: Constata-se uma oferta de serviço aquém da necessidade em saúde na pessoa com deficiência, demonstrando um problema de regulação e gestão. Em um cenário de subfinanciamento que ameaça a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde, observa-se uma demanda inadequada de serviços acarretando na escassa oferta de atenção integral à saúde da pessoa com deficiência no estado.
Palavras-Chaves: Plano Estadual de Saúde (PES); Atenção em Saúde; Deficiências; Centro Especializado em Reabilitação (CER).

BRASIL, Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). art 2. Brasília, DF, julho, 2015.
IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico. Espírito Santo, 2010.
BRASIL, decreto n° 7.612, de 17 de Novembro de 2011. Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite. Brasília, DF, novembro, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
171
ANÁLISE DO SOFTWARE PERSONA PARA AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DA FALA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: Avaliações de inteligibilidade da fala são de extrema relevância na prática audiológica (1,3), contudo carecem de tecnologias que facilitam e padronizam sua realização(4,5). Para atender a estas demandas foi desenvolvido o software perSONA(2), no qual foi submetido à avaliação em relação à facilidade de instalação e uso pelos indivíduos. OBJETIVO: Avaliar a satisfação dos estudantes de uma instituição pública federal em relação ao software perSONA. MÉTODOS: Foi realizado um estudo observacional analítico transversal, com aprovação pelo comitê de ética em pesquisa (parecer nº 3.296.532 / CAAE 56838816.7.0000.0121). A avaliação foi dividida em duas etapas. Inicialmente realizou-se a avaliação da instalação do software. Estudantes de uma instituição pública federal receberam um link para baixar o instalador do software com a solicitação de instalar o mesmo em seus computadores e posteriormente avaliar o mesmo através de um questionário eletrônico. Posteriormente, a segunda etapa foi realizada na clínica de uma instituição pública federal, no qual o perSONA foi disponibilizado em um computador acoplado a um audiômetro. Realizou-se atendimentos com a finalidade de que os estudantes avaliassem o perSONA por meio de um novo questionário. A parte da pesquisa referente à instalação do perSONA foi preenchida por 11 participantes. RESULTADOS: Foi constatado que maioria dos participantes não olharam as instruções para instalação. Verificou-se que 8 de 11 indivíduos utilizaram o sistema operacional Windows 10 e não encontraram problemas durante a instalação. Problemas que afetaram parte dos participantes (3 de 11) estão relacionados ao sistema operacional e não ao perSONA. O questionário de pesquisa de satisfação com o perSONA, em relação ao manuseio, foi preenchido por 14 sujeitos. Para o manuseio do software o ruído mascarador escolhido foi o talker babble e as configurações avaliadas variaram entre fala à esquerda/ruído à frente (35,7%), fala à frente/ruído à frente (28,6%) e fala à direita/ruído à direita (35,7%). Quanto à organização da tela a maioria das pessoas respondeu que é apropriada. Não foram constatados problemas durante o manuseio. A maioria das pessoas respondeu que os campos solicitados para preencher contidos no software sobre os dados do paciente são necessárias e duas pessoas enfatizaram a relevância de incluir um campo sobre ruído, uso de medicação e drogas ilícitas. CONCLUSÃO: Demonstrou-se que a instalação e o manuseio do software do perSONA ocorreram de forma positiva, o que designa que o software está hábil para ser utilizado nas práticas clínicas. Agradecimentos: Os autores agradecem à FAPESC pelo financiamento no âmbito do Edital FAPESC/MS-DECIT/CNPq/SES-SC Nº 10/2015 - APOIO A PROGRAMA DE PESQUISA PARA O SUS (PPSUS).


1. Miranda-Gonsalez EC, Almeida K. Incapacidade auditiva medida por meio do questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ): estudo piloto da versão reduzida em Português Brasileiro. Audiology - Communication Research. 2017; 22: 1-9
2. Murta B. Plataforma para ensaios de percepção sonora com fontes distribuídas aplicável a dispositivos auditivos: perSONA.2019.
3. Barreto SS, Ortiz KZ. Medidas de inteligibilidade nos distúrbios da fala: revisão crítica da literatura. Pró-fono Revista de Atualização Científica. 2008; 20(3): 201-6.
4. Calarga KS. Tradução e adaptação de um software de treinamento da escuta no ruído para o português brasileiro. Audiology - Communication Research. 2018; 23: 1-8.
5. Santos KW. Utilização de Softwares por Fonoaudiólogos no Rio Grande do Sul. Journal of Health Informatics. 2015; 7(2).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1481
ANÁLISE DO TEMPO DE DECANULAÇÃO E LIBERAÇÃO DE DIETA POR VIA ORAL EM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE MINAS GERAIS.
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


TÍTULO: Análise do tempo de decanulação e liberação de dieta por via oral em pacientes traqueostomizados em um hospital público de Minas Gerais.


INTRODUÇÃO: A traqueostomia (TQT) está entre os procedimentos cirúrgicos mais comumente realizados em pacientes que necessitam de suporte ventilatório prolongado (1). A TQT traz impactos nas habilidades fonatórias, respiratórias e alimentares, com disfagia entre 50% e 83% dos pacientes traqueostomizados (2). As alterações na biomecânica da deglutição associadas ao uso da traqueostomia incluem: redução na elevação laríngea, pressão externa do cuff no esôfago, ocasionando dificuldade à passagem do bolo alimentar, menos pressão subglótica, aumentando a ocorrência de estase em região supraglótica e redução do reflexo de tosse (3). O processo para retirada da cânula de traqueostomia é conhecido como decanulação e diversos estudos referem a importância da participação do fonoaudiólogo neste processo, garantindo, assim, o uso de procedimentos mais seguros e eficazes (4). O tratamento dos distúrbios da deglutição e desmame de TQT são fundamentais para prevenção de complicações pulmonares e nutricionais graves (5,6).

OBJETIVO: Avaliar o tempo médio de decanulação e de liberação de via oral em pacientes traqueostomizados internados em um hospital público.

MÉTODOS: Foram incluídos neste estudo pacientes hemodinamicamente estáveis, com nível de consciência adequado e que estavam há no mínimo 48 horas em desmame da ventilação mecânica. Foram excluídos pacientes com diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço e/ou sem condições clínicas de decanulação. Todos os pacientes foram submetidos a um programa de reabilitação da deglutição.

RESULTADOS: Foram reabilitados 19 pacientes, com média de idade de 57 anos. A complicação de foco pulmonar foi o diagnóstico mais comum (68%) que levou à necessidade de realização de traqueostomia e de suspensão da dieta por via oral seguida de sepse, insuficiência respiratória aguda e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). O tempo médio de traqueostomia foi de 18,52 dias. Com o inicio do programa de reabilitação da deglutição o tempo médio de liberação de via oral foi de 6,64 dias e de decanulação 6,7 dias.

CONCLUSÃO: A reabilitação da deglutição nos pacientes traqueostomizados desse estudo foi primordial para o processo de decanulação e liberação de dieta por via oral.

REFERÊNCIAS

1) PerfeitoI JAJ, Matall CAS, Fortel V, CarnaghiIII NT, Villaca E. Traqueostomia na UTI: vale a pena realizá-la? J. Bras Pneumol.2007;33(6).

2) Garuti G, Reverberi C, Briganti A, Massobrio M, Lombardi F, Lusuardi M. Swallowing disorders in tracheostomised patients: a multidisciplinary/multiprofessional approach in decannulation protocols. Multidiscip Respir Med. 2014; 9(1): 36.

3) Corbin-Lewis KLJ, Sciortino KL. Anatomia clínica e fisiologia do mecanismo de deglutição. São Paulo: Cengage Learning; 2009. [ Links ]


4)Mah JW, Staff II, Fisher SR, Butler KL. Improving decannulation and swallowing function: a comprehensive, multidisciplinary approach to post-tracheostomy care. Respir Care. 2017;62(2):137-43. http://dx.doi.org/10.4187/respcare.04878. PMid:28108683. [ Links ]

5) Mendes TAB, Cavalheiro LV, Arevalo RT, Sonegth R. A intervenção fonoaudiológica na disfagia orofaríngea prevê que a seleção das técnicas a serem utilizadas no programa de reabilitação seja realizada mediante a interpretação da fisiopatologia da deglutição em cada indivíduo. Einstein. 2008; 6(1):1-6.

6) Frank U, Mäder M, Sticher H. Dysphagic patients with tracheotomies: a multidisciplinary approach to treatment and decannulation management. Dysphagia. 2007;22(1):20–29.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
323
ANÁLISE DO VIDEODEGLUTOGRAMA – FASES ORAL E FARÍNGEA DA DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES APÓS AVEI
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O Acidente Vascular Cerebral, que pode ser relatado como, Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI), é consequência de restrição sanguínea ao cérebro por estreitamento de algum vaso sanguíneo, que pode impactar no correto desempenho de várias funções do corpo humano, causando transtornos na deglutição, e caracterizando a Disfagia. A Disfagia pode trazer graves consequências ao indivíduo, tais como desnutrição, desidratação, aspirações, comprometendo a qualidade de vida do mesmo. Pessoas acometidas por AVE podem, serem submetidas a avaliação da deglutição, a fim de identificar algum tipo de alteração, por meio do exame padrão, o Videodeglutograma. Objetivo: Analisar as alterações encontradas nas fases oral e faríngea em pacientes após AVE isquêmico por meio do Videodeglutograma. Métodos: O estudo obteve aprovação no Comitê De Ética do Centro Universitário, instituição de Ensino Superior da Paraíba, o Unipê, sob protocolo de N° 3.638.671/2019. Foi realizado no Hospital do Coração, localizado em São Paulo – SP, a amostra foi composta por dezoito laudos do videodeglutograma, de caráter documental, retrospectivo, descritivo e quantitativo, de pacientes com idade mínima de sessenta anos, ambos os sexos e exames concluídos entre os meses de janeiro a abril de 2019. A coleta dos dados, deu-se via e-mail, e foram tabulados, de acordo com a presença ou ausência da alteração, e as etapas das duas fases da deglutição, para posterior análise, por estatísticas descritiva e inferencial, mediante a utilização de um roteiro baseado na Mascara/Laudo VSF (Videofluoroscopia). Resultados: Os dados permitiram analisar e comprovar que os indivíduos após AVEI que realizaram o exame, apresentaram alterações na fase oral e fase faríngea da deglutição. Na fase oral os mais frequentes como alteração, a redução da funcionalidade de língua em 61,1% dos casos, aumento do trânsito oral em 72,2% e estase alimenta nesta fase em 72,2%. Na fase faríngea os mais recorrente foram, ausência da abertura laringo-esofágica com 77,8% e penetração em 61,1% dos laudos. O local de predominância acometido pelo AVEI, foi a ACM (Artéria Cerebral Média) com presença em 33,4% dos achados, caracterizando as alterações encontradas. Conclusão: Conclui-se que os achados tiveram ocorrência de alterações nas duas fases da deglutição na população estudada.

1- Goulart, BNG, Almeida, CPB, Silva, MW, Oenning, NSX, Lagni, VB. Caracterização de acidente vascular cerebral com enfoque em distúrbios da comunicação oral em pacientes de um hospital regional. Audiol., Commun. Res., São Paulo , v. 21, e1603, 2016.
2- Pinto RASR. Neurologia da deglutição. In: Furkim AM, Santini CRQS. Disfagias orofaríngeas. Barueri: Pró Fono; 2008. p. 1-14.
3- Silva, RG. A eficácia da reabilitação em disfagia orofaríngea. Pró-Fono R. Atual. Cient., Barueri , v. 19, n. 1, p. 123-130, Apr. 2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1008
ANÁLISE DOS ASPECTOS PERCEPTIVOS DA EXPRESSIVIDADE DE FALA DE TELEOPERADORES DE EMERGÊNCIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Na área do teleatendimento assistencial encontram-se os teleoperadores de atendimento a ligações de emergências: bombeiros, policiais civis e militares, em sua maioria, homens de média idade, próximos ao final do período de eficiência vocal1. Estes profissionais passam por situações de irritação, estresse e ansiedade, requerendo dos mesmos um autocontrole emocional, para conseguir lidar com demandas pessoais muitas vezes difíceis2, 3, 4. Sendo assim, é relevante analisar a expressividade de fala, a qual demanda interação entre elementos segmentais (vogais e consoantes), prosódicos (ritmo, entonação, qualidade de voz, taxa de elocução, pausas e padrões de acento) e entre o som e sentido5. Para avaliação desses aspectos, tem-se o roteiro Voice Profile Analysis Scheme6, utilizado nesta pesquisa em sua versão adaptada para o português brasileiro, VPAS-PB7. Com seu desenvolvimento a partir do Modelo Fonético para análise da qualidade e dinâmica vocal, o VPAS-PB contribui com a avaliação da expressividade de fala, a qual é importante constituinte do exercício profissional do teleoperador de emergência e por isso, deve ser analisada em seus aspectos perceptivos.
OBJETIVO: Analisar aspectos perceptivos da expressividade de fala de teleoperadores de uma central de atendimentos a emergência.
MÉTODO: Estudo do tipo observacional, transversal, descritivo e de caráter quantitativo e qualitativo. O mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem, sob processo de número 0532/14 (CAAE:36516514.0.0000.5188). Foram selecionadas 9 amostras vocais de teleoperadores de uma central de emergência seguindo os critérios: tempo de atuação na área acima de três meses; não estar em licença ou afastados da função e/ou em atendimento fonoaudiológico na área de voz; a chamada ter pelo menos 20 segundos de fala direta só do teleoperador sem sobreposição de outra voz. Posteriormente, as amostras foram enviadas, a uma juíza experiente no roteiro VPAS-PB. Em seguida todos os dados foram submetidos a análise estatística.
RESULTADOS: Houve uma predominância de ajustes de qualidade vocal, tais como: lábios extensão diminuída, mandíbula fechada, corpo de língua abaixado, corpo de língua diminuído, laringe abaixada, voz modal. Quanto aos aspectos de dinâmica vocal: variabilidade de pitch diminuído e taxa de elocução rápida. O Teleoperador 4 (T4) apresentou os ajustes de lábios extensão diminuída (grau 5), mandíbula fechada (grau 5), variabilidade de pitch e de loudness aumentado (grau 4) e taxa de elocução rápida (grau 5). T8 tem ajuste de mandíbula fechada (grau 5), corpo de língua extensão diminuída (grau 5) e taxa de elocução rápida (grau 5). T1, T2, T3, T5 e T9 apresentaram a maioria dos ajustes em grau moderado, de 1 a 3. T6 apresentou ajuste de mandíbula fechada (grau 5) e T7: laringe abaixada (grau 5) e Pitch habitual abaixado (grau 5).
CONCLUSÃO: Foram detectados por meio do VPAS-PB ajustes de expressividade da fala (da qualidade e da dinâmica vocal) que podem estar comprometendo a intenção e sentido da mensagem transmitida pelos teleoperadores e também a qualidade do serviço prestado por eles. Verificou-se que a maioria dos ajustes identificados podem favorecer ao desenvolvimento de distúrbios de voz.

1. Santos CT dos, Santos C, Lopes LW, Silva POC, Lima-Silva MFB de. Relação entre as condições de trabalho e de voz autorreferidas por teleoperadores de uma central de emergência. In: CoDAS. SciELO Brasil; 2016. p. 583–594.

2. Christmann MK, Scherer TM, Cielo CA, Brum DM. Características de trabalho e de hábitos e queixas vocais de operadores de telemarketing. 247 Assistência de enfermagem a gestantes no HRAC/USP. 2010;215.

3. Amorim GO de, Bommarito S, Kanashiro CA, Chiari BM. Comportamento vocal de teleoperadores pré e pós-jornada de trabalho. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2011;23(2):170–176.

4. Amorim GO de. Avaliação dos parâmetros perceptivo-auditivos e acústicos da voz de teleoperadores. [Dissertação]. Cidade: Universidade Federal de São Paulo. 2010

5. Marquezin DMSS, Viola I, Ghirardi AC de AM, Madureira S, Ferreira LP. Expressividade da fala de executivos: análise de aspectos perceptivos e acústicos da dinâmica vocal. In: CoDAS. SciELO Brasil; 2015. p. 160–169.

6. Laver J. The phonetic description of voice quality. Cambridge Studies in Linguistics London. 1980;31:1–186.

7. Camargo Z, Madureira S. Voice quality analysis from a phonetic perspective: Voice profile analysis scheme (VPAS) profile for Brazilian Portuguese. In: Proc 4th International Conference of Speech Prosody, Campinas, Brazil. 2008. p. 57–60.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2053
ANÁLISE DOS ATOS COMUNICATIVOS EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA APÓS INTERVENÇÃO EM EQUOTERAPIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A relação entre homem e cavalo pode favorecer a intenção da criança em expressar-se1, sendo o cavalo considerado um facilitador no aparecimento de comportamentos sociais, como contato ocular1 e fala1,2. Há algumas explicações para o sucesso terapêutico na equoterapia: a experiência sensorial incorporada na equitação, os movimentos, ritmos específicos e a personalidade do cavalo1. Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) inseridos na equoterapia podem obter melhora da socialização, através da interação com o cavalo, com a equipe e com outros praticantes3. A ausência de turnos comunicativos pode aparecer rebaixada, tanto para iniciativa quanto para responsividade4, isso demonstra dificuldades em se conectar com o outro e manter uma comunicação funcional5. O ato comunicativo é a unidade mínima de análise para entender esse processo, o qual se inicia na interação entre adultos-criança, criança-adulto ou até mesmo criança-objeto6, no caso da equoterapia, estendendo-se para o animal. OBJETIVO: Verificar a evolução dos atos comunicativos da criança antes e após processo de intervenção fonoaudiológica em equoterapia. MÉTODOS: Foram selecionadas 3 crianças de 5, 7 e 6 anos que aguardavam na lista de espera do centro de equoterapia, de grau leve, moderado e severo respectivamente, mensurados por meio da Childhood Autism Rating Scale- (CARS)7. Foi necessário o consentimento por escrito dos pais a partir dos termos de autorização para participação. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética de número 14946819.8.0000.8093. Para a avaliação fonoaudiológica foi utilizado o Teste de Avaliação Infantil ABFW – parte D6, realizado por avaliadores cegos. A intervenção ocorreu em 10 sessões de equoterapia com duração de 30 minutos, 1 vez na semana. Foram analisadas as seguintes variáveis: total de atos comunicativos voltados ao avaliador, divididos em iniciativa e resposta. RESULTADOS: A criança de grau leve, apresentou aumento de 18 para 30 atos comunicativos, 5 para 10 iniciativas, de 12 para 20 respostas e de 3,6 para 6 atos por minuto. A criança de grau moderado apresentou aumento de 24 para 48 atos comunicativos, de 11 para 24 iniciativas, de 13 para 24 respostas e de 4,8 para 9,8 atos comunicativos por minuto. A criança de grau severo, apresentou aumento de 2 para 9 atos comunicativos, de 1 para 5 iniciativas, de 1 para 4 respostas e de 0,4 para 1,8 atos por minuto. CONCLUSÃO: As crianças apresentaram melhora na produção de atos comunicativos após as sessões de equoterapia, tanto em iniciativa quanto em responsividade, caracterizando evolução na troca de turno. São necessários estudos futuros para generalização dos resultados.

1. Malcolm R, Ecks S, Pickersgill M. ‘It just opens up their world’: autism, empathy, and the therapeutic effects of equine interactions. Anthropology & medicine. 2018; 25(2): 220-234.

2. Gabriels RL, Agnew JA, Holt KD, Shoffner A, Zhaoxing P, Ruzzano S, et al. Pilot study measuring the effects of therapeutic horseback riding on school-age children and adolescent with autism spectrum disorders. Research in Autism Spectrum Disorders. 2012; 6(2): 578-588.

3. Montenegro, SB, Duarte, E. Contribuições da equoterapia para o desenvolvimento integral da criança autista. [monografia]. Pernambuco; Universidade Federal de Pernambuco; 2014.

4. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5a ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p.50-59.

5. Fiore-Correa, O; Lampreia, C. A conexão afetiva nas intervenções desenvolvimentistas para crianças autistas. Psicol. cienc. prof. 2012; 32(4): 926-941.

6. Fernandes FDM. Pragmática. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM. Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. 2a ed. Barueri: Pró-Fono; 2016. p.83-97.

7. Schopler E, Reichler RJ, DeVellis RF, Daly K. Toward objective classification of childhood autism: Childhood Autism Rating Scale (CARS). J Autism Dev Disord. 1980; v.10: p. 91-103.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1993
ANÁLISE DOS NÍVEIS DE CORTISOL SALIVAR E ESFORÇO AUDITIVO EM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR COM PERDA AUDITIVA UNILATERAL: INVESTIGANDO O IMPACTO DO USO DE APARELHOS AUDITIVOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva unilateral (PAU) é definida como déficit auditivo em uma orelha, com uma variedade de tipos, graus e configuração. O esforço auditivo pode ser descrito como a quantidade de recursos perceptivos do processo (cognitivos e atencionais) alocados a uma tarefa auditiva. O esforço auditivo também é um problema que muitos pacientes com PAU podem enfrentar. O objetivo deste estudo clínico foi avaliar o esforço auditivo de crianças em idade escolar com coleta de cortisol salivar e uma avaliação comportamental de dupla tarefa, com e sem o uso de aparelhos auditivos. Métodos: Foi realizado um ensaio clínico não randomizado, com aprovação do Comitê de Ética, sob o número 2.332.836 / 2017. O responsável pelas crianças e os próprios participantes responderam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Doze participantes, oito pacientes do sexo masculino e quatro participantes do sexo feminino, foram incluídos no estudo. A coleta de cortisol salivar foi realizada com Salivette® (SARSTEDT) e a análise dos níveis de cortisol foi realizada com o auxílio do kit ELISA da Salimetrics. A coleta salivar foi realizada duas vezes, em seis intervalos diferentes, durante um dia típico do participante. A avaliação do esforço de escuta foi realizada usando uma tarefa dupla, que uma tarefa primária foi associada a uma tarefa secundária. Para avaliar a tarefa de escuta (primária), o participante deve repetir as frases ouvidas na Lista de Frases em Português. A tarefa visual (secundária) foi realizada com o PALETA, uma plataforma desenvolvida para uso com testes de dupla tarefa. Os aparelhos auditivos retroauriculares foram adaptados com um molde de silicone. O aparelho auditivo foi ajustado ao participante usando o método prescritivo de Desired Sensation Level (DSL) e as medidas em orelha real foram realizadas. Os dados coletados foram analisados estatisticamente. Resultados: Não foram encontrados resultados significativos na tarefa de reconhecimento de fala, na análise da tarefa secundária e no tempo de resposta na condição única. Os resultados do reconhecimento de fala na condição de tarefa dupla não foram diferentes dos resultados encontrados na condição de tarefa única. Embora tenham sido observados melhores resultados de reconhecimento de fala em crianças equipadas com aparelho auditivo, não foram encontrados resultados estatisticamente significantes (p = 0,148). Os resultados do reconhecimento de fala na condição de tarefa dupla não foram diferentes dos resultados encontrados na condição de tarefa única. Apenas o quarto tubo salivar apresentou resultados estatisticamente significantes, sendo observado maior nível de cortisol após a adaptação do aparelho auditivo. Conclusão: Crianças com aparelho auditivo tiveram melhores resultados na condição de dupla tarefa do que crianças sem aparelho auditivo. A maioria dos participantes apresentou uma melhor taxa de resposta na tarefa secundária, principalmente no que diz respeito ao número de respostas corretas e a um melhor tempo de resposta. No geral, foi encontrada uma diminuição do esforço de escuta na condição de dupla tarefa. As medidas salivares de cortisol do esforço auditivo com nossos participantes não mostraram achados estatisticamente significativos após o uso de aparelho auditivo.

1- - Bess, F. H., Gustafson, S. J., Corbett, B. A., Lambert, E. W., Camarata, S. M., Hornsby, B. W. Y. (2016) Salivary cortisol profiles of children with hearing loss. Ear Hear. 37(3):334-44. https://doi.org/10.1097/AUD.0000000000000256
2- Dillon, H. (2001) Hearing aids. 2nd ed. New York: Thieme
3- Mondelli, M. F. C. G., Dos Santos, M. M., Feniman, M. R. (2020) Unilateral hearing loss: benefit of amplification in sound localization, temporal ordering and resolution. CoDAS. 32(1): e20180202. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20192018202


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2042
ANÁLISE DOS PROCESSOS DE ESCRITA CENTRAL E PERIFÉRICA DE ESCOLARES COM DISLEXIA E DISGRAFIA.
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A dislexia é definida como um distúrbio de aprendizagem específico, com prejuízo na leitura e na escrita (1). Em relação à causa da dislexia, existem diferentes teorias que justificam as dificuldades de leitura, relacionando-as a falhas nos processos fonológicos, visuais e cognitivos (2). Dessa forma, sugeriu-se que a dislexia possa incluir alterações nas funções espaciais visuais, de atenção e executivas (3-4). Tais causas são justificadas pelo fato de que aprender a ler e escrever não é uma tarefa simples. Aprender a escrever é considerado uma habilidade linguística que envolve aspectos motores e ortográficos (5-6). Assim, os processos central e periférico interagem durante a produção da escrita (5,7). Uma medida a ser utilizada como um indicador para verificar essa interação entre os módulos ortográfico e motor refere-se à latência, pois permite observar como ocorre a produção da escrita a partir do acesso lexical à recuperação de programas motores e à preparação do movimento. Dessa forma, é importante a utilização de instrumentos sensíveis à avaliação desse parâmetro, com base no uso de softwares e tablets gráficos específicos (6). No Brasil, há uma escassez de procedimentos para avaliar a caligrafia, permitindo observar parâmetros de interação entre processos centrais e periféricos. Objetivo: Caracterizar e comparar as medidas de latência das palavras escritas de alta frequência e desempenho da função motora fina em escolares com dislexia com bom desempenho acadêmico. Método: Participaram do estudo uma amostra de conveniência de 20 escolares, divididos em grupos (GI, composto por 10 escolares com diagnóstico interdisciplinar de dislexia) e (GII, composto por 10 escolares com bom desempenho acadêmico, emparelhados com o GI em relação ao sexo e idade cronológica Os escolares foram avaliados individualmente nas tarefas de Escala de Disgrafia (8), Controle Manual Fino, Precisão Motora Fina e Integração Motora Fina (9) e avaliação computadorizada da escrita de palavras de alta frequência (5-6, 10). Resultados: Os escolares com dislexia apresentaram desempenho inferior para precisão motora fina e na escala de disgrafia erros como: linhas descendentes, movimentos bruscos, irregularidade de dimensões e má formas. Esses achados sugerem que os alunos disléxicos têm dificuldades para manter o traço em linha reta, para executar o espaço correto entre as letras dentro de uma palavra e entre as palavras. Em relação à latência, os resultados indicaram que os escolares com dislexia tiveram dificuldades em escrever palavras, independentemente da regra de codificação, indicando lentidão no acesso à ortografia léxico e, consequentemente, lentidão para acessar o programa motor correspondente a palavra. Esses achados permitem indicar que há uma falha na interação entre o processo central e periférico, sendo verificado pelo aumento das medidas de latência (central) e falhas na função motora fina, caracterizando disgrafia. Conclusão: Este estudo permite observar que a disgrafia observada em escolares com dislexia começa com habilidades de alto nível, terminando com o próprio ato motor. Implicações práticas e clínicas também são abordadas, enfatizando a necessidade de um ensino sistemático e explícito de atividades da função motora fina para a população escolar.

1 Association AP. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5®). Washington: American Psychiatric Publishing.; 2013.
2 Reid G. Dyslexia: A practitioner's handbook. Nova Jersey: John Wiley & Sons; 2016.
3 Menghini D, Finzi A, Benassi M, Bolzani R, Facoetti A, Giovagnoli S, et al. Different underlying neurocognitive deficits in developmental dyslexia: a comparative study. Neuropsychologia 2010 Mar; 48(4):863-72.
4 Stoodley C J, Stein J F. Cerebellar Function in Developmental Dyslexia. Cerebellum 2012 August; 12(2): 267-76.
5 Kandel S, Perret C. How do movements to produce letters become automatic during writing acquisition? Investigating the development of motor anticipation. Int. J. Behav 2015 Oct; 39 (2): 113–20.
6 Germano G D, Capellini S A. Use of technological tools to evaluate handwriting production of the alphabet and pseudocharacters by Brazilian students. Clinics 2019 Mar; 74.
7 Van Galen, G P. Handwriting: Issues for a psychomotor theory. Hum Movement Sci. 1991 Mai; 10(2-3): 165-91.
8 Lorenzini MV. Uma escala para detectar a disgrafia baseada na escala de Ajuriaguerra. [Dissertação]. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR); 2003.
9 Bruininks RH, Bruininks BD. Bruininks-Oseretsky Test of Motor Proficiency [with Student Booklet]. Pearson, Incorporated. Second edition (BOT-2). Minnesota: Pearson, 2005.
10 Guinet, E., Kandel S. . Ductus: A software package for the study of handwriting production. Behav. Res. Methods 2010; 42(1), 326-32.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
490
ANÁLISE DOS RESUMOS PUBLICADOS NOS ANAIS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE FONOAUDIOLOGIA NA ÁREA TEMÁTICA DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL.
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Há uma aproximação histórica entre a Fonoaudiologia e a Educação, no entanto, essa cooperação tinha o pressuposto dentro de uma perspectiva biomédica e patologizante. Por conseguinte, com as mudanças no contexto nacional, o olhar do fonoaudiólogo no âmbito educacional sofreu ajustes e atualmente é entendido como o profissional que busca orientar/auxiliar o processo de ensino aprendizagem, realizar ações de promoção de saúde, contribuir na inclusão escolar, adaptação curricular, apoiar docentes e participar da elaboração de projetos em todos as esferas educacionais. É importante acrescentar que tais práticas estão atreladas a Fonoaudiologia Educacional que foi regulamentada como especialidade apenas em 2010, conforme resolução 387/2010 no CFFa. Outro importante marco histórico é a criação do Departamento de Fonoaudiologia Educacional da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia em 2012. Por ser uma especialidade relativamente recente, as práticas têm sido delineadas a partir de estudos e pesquisas na área. Objetivo: analisar os resumos aprovados para publicação desde a criação do departamento de Fonoaudiologia Educacional. Método: os dados foram coletados por meio do acesso online aos anais dos congressos, do período de 2013 a 2019. Foram considerados os trabalhos publicados em todas as categorias. O critério de seleção estabelecido foi estudo publicado nas últimas sete edições na área FONOEDUC e, de exclusão, trabalhos publicados parcialmente ou duplicados. Os dados foram extraídos utilizando-se tabela de contingência. As variáveis analisadas foram: ano, região geográfica, tipo de estudo, objetivo e população estudada. As variáveis não claramente explícitas no resumo foram excluídas. Os dados foram analisados de forma descritiva. Resultados: dentre o período selecionado, foram publicados 356 resumos, com média de 50,8 por ano. Houve comportamento oscilante de crescimento e queda entre os anos (55, 66, 37, 48, 46, 56 e 48, respectivamente), impossibilitando indicar um crescimento contínuo de 2013 a 2019. Destaca-se que 2014 foi a edição com o maior número de publicações (66), porém em 2015, houve uma queda de 44%, sendo o ano com o menor número de resumos publicados (37). A região Sudeste foi responsável pelo maior número de publicações (59%), seguida da região Sul (17%), Nordeste (16,9%), Centro-Oeste (5,3%) e Norte (0,8%). Com relação ao tipo de estudo, a maior demanda foi de trabalhos originais (68,5%), seguido de relato de experiência (10,6%) e o mesmo índice (9,8%) para revisão de literatura e relato de caso. O objetivo de cada resumo foi analisado qualitativamente e categorizados em estudos direcionados para avaliação ou intervenção. Nesta amostra, 69,9% correspondia a resumos que buscaram avaliar habilidades, competências e/ou percepções, utilizando instrumentos específicos ou questionários. Já 28,9% abordaram algum tipo de programa de intervenção ou ações interventivas. Dentre a população estudada, 67,1% teve seu foco para escolares, 21% professores, 7,3% fonoaudiólogos, 2,8% pais e/ou responsáveis e 1,6% comunidade surda. Conclusão: a produção científica analisada não indicou crescimento contínuo, predominou estudos originais, maioria realizada na região Sudeste, com foco maior em avaliação e para escolares. Este estudo possibilitou visualizar o perfil da produção científica, bem como identificar as potencialidades e fragilidades, visando contribuir para o crescimento científico da Fonoaudiologia Educacional.


1. Berberian AP. Fonoaudiologia e Educação - um Encontro Histórico. 2. ed. São Paulo: Summus; 2000.

2. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 387/2010. Dispõe sobre as atribuições e competências do profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional reconhecido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, alterar a redação do artigo 1º da Resolução CFFa nº 382/2010. Diário Oficial da União.14 out 2010.

3. Anais do 21. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia; 22-25 set 2013; Porto de Galinhas (PE). Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; 2013.

4. Anais do 22. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia; 8-11 out 2014; Joinville (SC). Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2014.

5. Anais do 23. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia; 14-16 out 2015; Salvador (BA). Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2015.

6. Anais do 24. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia; 20-22 out 2016; São Paulo (SP). Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2016.

7. Anais do 25. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia; 12-15 set 2017; Salvador (BA). Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2017.

8. Anais do 26. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia; 10-13 out 2018; Curitiba (PR). Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2018.

9. Anais do 27. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia; 9-12 out 2019; Belo Horizonte (MG). Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
176
ANÁLISE DOS SUBSISTEMAS DA LINGUAGEM ORAL NA EPILEPSIA PEDIÁTRICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A infância é uma janela crítica para o desenvolvimento das vias da linguagem, e a atividade elétrica anormal durante esse período pode interferir no desenvolvimento típico. A etiologia das alterações de linguagem envolve aspectos orgânicos, cognitivos e sociais, ocorrendo, na maioria das vezes, uma interrelação entre todos esses fatores. A epilepsia cursa com diversas comorbidades, sendo uma desordem neurológica crônica caracterizada pela presença de crises epilépticas recorrentes, gerando consequências terapêuticas, cognitivas, psicológicas e sociais aos acometidos. Tem prevalência de 3,6 à 44/1.000 nascidos nos países em desenvolvimento, principalmente em crianças e adolescentes até 16 anos.
Objetivo: Demonstrar o impacto da epilepsia no desenvolvimento da linguagem em seus diferentes subsistemas na população pediátrica.
Método: A pesquisa foi desenvolvida por meio de uma revisão de literatura com estratégia PECOS que utilizou como fonte de busca a biblioteca virtual PubMed e a BVSalud, usando-se nas buscas o cruzamento entre as palavras chaves: “Language Disorder” AND “Epilepsy”, e, “Transtorno de linguagem” AND “epilepsia". Em relação aos critérios de inclusão, consideraram-se trabalhos em português, inglês ou espanhol, sem delimitação temporal, que relacionassem o transtorno de linguagem com a epilepsia em crianças com faixa etária abaixo de 15 anos, sendo excluídos os trabalhos que admitiram outras comorbidades, como transtornos de humor e distúrbios sistêmicos.
Resultados: A busca na BVSalud resultou na localização de 19 trabalhos e na Pubmed 2.536 artigos. Após aplicação dos critérios de inclusão, seguindo a PECOS foram incluídos 22 artigos. A epilepsia infantil afeta o desenvolvimento típico da linguagem em vários subsistemas, sendo o distúrbio de linguagem o transtorno mais comum. Constatou-se que a alteração de linguagem mais freqüente está centrada no aspecto semântico, seguida de prejuízo no aspecto sintático e fonético-fonológico. Sobre o subsistema pragmático da linguagem e a compreensão da linguagem, alterações também se encontram presentes, porém em uma frequência bem menor. Além disso, encontra-se nítida correlação entre o número de descargas epilépticas e déficit de linguagem, embora, após a normalização do EEG e o desaparecimento das crises, as alterações cognitivas persistiram ou não desapareceram completamente.
Conclusão: Ressaltou-se no presente estudo a defasagem da linguagem oral receptiva e expressiva, principalmente no subsistema semântico. Desta forma, a linguagem deve ser avaliada e monitorada periodicamente, bem como tratada, em crianças com epilepsia, pois este aspecto pode agravar o desempenho acadêmico e problemas sociais, profissionais e psicológicos a longo prazo.

Croft LJ, Baldeweg T, Sepeta L, Zimmaro L, Berl MM, Gaillard WD. Vulnerability of the ventral language network in children with focal epilepsy. Brain. 2014 Aug;137(Pt 8):2245-57.

Baumer FM, Cardon AL, Porter BE. Language Dysfunction in Pediatric Epilepsy. J Pediatr. 2018 03;194:13-21.

Melo Patrícia Danielle Falcão, Melo Áurea Nogueira de, Maia Eulália Maria Chaves. Transtornos de linguagem oral em crianças pré-escolares com epilepsia: screening fonoaudiológico. Pró-Fono R. Atual. Cient. [Internet]. 2010 Mar [cited 2020 June 29] ; 22( 1 ): 55-60. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-56872010000100011&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000100011.

Oliveira Ecila Paula dos Mesquita de, Neri Marina Liberalesso, Medeiros Lívia Lucena de, Guimarães Catarina Abraão, Guerreiro Marilisa Mantovani. Avaliação do desempenho escolar e praxias em crianças com Epilepsia Rolândica. Pró-Fono R. Atual. Cient. [Internet]. 2010 Sep [cited 2020 June 29] ; 22( 3 ): 209-214. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-56872010000300009&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000300009.

Sepeta LN, Croft LJ, Zimmaro LA, Duke ES, Terwilliger VK, Yerys BE, et al. Reduced language connectivity in pediatric epilepsy. Epilepsia. 2015 Feb;56(2):273-82.

Steinberg ME, Ratner NB, Gaillard W, Berl M. Fluency patterns in narratives from children with localization related epilepsy. J Fluency Disord. 2013 Jun;38(2):193-205.



The epidemiology of seizure disorders in infancy and childhood: definitions and classifications.
Handb Clin Neurol. 2013; 111: 391-398





TRABALHOS CIENTÍFICOS
1701
ANÁLISE ESPACIAL DA MICROCEFALIA E ASSOCIAÇÃO COM A VULNERABILIDADE SOCIAL EM ARACAJU
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Título: Análise Espacial da Microcefalia e Associação com a Vulnerabilidade Social em Aracaju
Introdução: Após o surto de casos de microcefalia em 2015 vários estudos foram realizados analisando diferentes áreas de impacto. Isso em decorrência da presença da doença em 18 estados da federação, principalmente no Nordeste, e com o número expressivo no primeiro semestre de 2016 em 25 estados da federação e 79% dos casos no Nordeste. Objetivos: Analisar a associação entre a distribuição espacial da microcefalia e a vulnerabilidade social em Aracaju. Método: Foi realizado um estudo epidemiológico do tipo ecológico a partir de dados coletados em um inquérito populacional mais amplo que outras encefalopatias crônicas não progressivas. O Índice de Vulnerabilidade em Saúde construído para o município de Aracaju foi utilizado como variável de associação. Foram utilizadas técnicas de geoprocessamento, de modo que os dados de endereço foram geocodificados e comparados com as áreas de vulnerabilidade mediante análise exploratória de dados espaciais. Resultados: Das 27 responsáveis de indivíduos com microcefalia foram entrevistadas, 12 são trabalhadoras do lar (44,44%), 10 encontram-se desempregadas (37,04%), 20 apresentam renda familiar de 1 salário mínimo (74,07%) e em 22 casos ocorre que apenas 1 morador contribui com a renda familiar (81,48%). Com relação a moradia, 10 residem em imóveis alugados (37,04%) e 8 em imóveis cedidos (29,63%). Da população entrevistada, 16 receberam o Benefício de Prestação Continuada (59,26%) e 23 não possuem plano de saúde (85,19%). A população estudada apresentava raça/cor pretas e pardas em 22 indivíduos (81,48%); 1 indivíduo apresentava deficiência auditiva (3,70%), 8 indivíduos apresentaram deficiência visual (29,63%) e 9 indivíduos apresentavam epilepsia (33,33%). É comum que indivíduos com microcefalia desenvolvam alguma dessas doenças. Com causa possível da microcefalia, 21 indivíduos foram por doenças hereditária/congênita (77,78%) com momento presumido no pré-natal em 25 indivíduos (92,59%), sendo 15 mães não primíparas com tempo de gestação à termo em 19 dos casos (70,37%) e sem internação em 16 indivíduos após o parto (59,26%). Foi observado maior concentração dos casos de microcefalia em áreas de média e alta vulnerabilidade, e nas áreas de baixa vulnerabilidade não houveram casos. Conclusão: Os achados no presente estudo foram pioneiros não somente em Sergipe, mas no Brasil, na análise da relação existente entre a distribuição espacial da microcefalia e as populações que se encontram em situação de vulnerabilidade social. O estudo apresenta uma contribuição à área da saúde coletiva, na medida em que busca a apreensão das associações com determinantes sociais, e não somente biológicos, da microcefalia.

[1] Ferreira Rosiane Araújo, Ferriani Maria das Graças Carvalho, Mello Débora Falleiros de, Carvalho Ione Pinto de, Cano Maria Aparecida, Oliveira Luiz Antônio de. Análise espacial da vulnerabilidade social da gravidez na adolescência. Cad. Saúde Pública [Internet]. 2012 Feb [cited 2020 July 13] ; 28( 2 ): 313-323. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2012000200010&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000200010.
[2] França Giovanny Vinícius Araújo de, Pedi Vaneide Daciane, Garcia Márcio Henrique de Oliveira, Carmo Greice Madeleine Ikeda do, Leal Mariana Bertol, Garcia Leila Posenato. Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika em nascidos vivos no Brasil: descrição da distribuição dos casos notificados e confirmados em 2015-2016. Epidemiol. Serv. Saúde [Internet]. 2018 [cited 2020 July 13] ; 27( 2 ): e2017473. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222018000200315&lng=en. Epub July 02, 2018. https://doi.org/10.5123/s1679-49742018000200014.
[3] Nunes Magda Lahorgue, Carlini Celia Regina, Marinowic Daniel, Kalil Neto Felipe, Fiori Humberto Holmer, Scotta Marcelo Comerlato et al . Microcephaly and Zika virus: a clinical and epidemiological analysis of the current outbreak in Brazil,. J. Pediatr. (Rio J.) [Internet]. 2016 June [cited 2020 July 13] ; 92( 3 ): 230-240. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572016000300230&lng=en. http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.02.009.
[4] Possas Cristina, Brasil Patricia, Marzochi Mauro CA, Tanuri Amilcar, Martins Reinaldo M, Marques Ernesto TA et al . Zika puzzle in Brazil: peculiar conditions of viral introduction and dissemination - A Review. Mem. Inst. Oswaldo Cruz [Internet]. 2017 May [cited 2020 July 13] ; 112( 5 ): 319-327. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0074-02762017000500319&lng=en. Epub Apr 06, 2017. http://dx.doi.org/10.1590/0074-02760160510.
[5] Sandel, M., Sheward, R.S., Cuba, S.A., Coleman, S.M., Frank, D.A., Chilton, M., Black, M.M., Heeren, T., Pasquariello, J., Casey, P.F., Ochoa, E., & Cutts, D.B. 2018. Unstable Housing and Caregiver and Child Health in Renter Families. Pediatrics, 141. Disponível em: https://pediatrics.aappublications.org/content/141/2/e20172199.
[6] Teixeira Nathalia, Samico Shirley de Lima, Silva Joelson REIS. Microcefalia e o acesso a políticas sociais: um estudo sobre o processo de requisições do BPC em Pernambuco. 2016. Disponível em https://www.sigas.pe.gov.br/files/10042016085716-microcefalia.e.o.acesso.a.politicas.sociais.cbas.pdf.
[7] PEIXOTO, M.V.S.; BONAMIGO, A.W.; MACHADO, M.A.M.P. Planejamento e gestão – interfaces das micro e macropolíticas de saúde. In. MARCHESAN, I.Q.; SILVA, H.J.; TOMÉ, M.C. (orgs). TRATADO DAS ESPECIALIDADES EM FONOALDIOLOGIA. São Paulo: Roca, 2014, p. 737-743.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2102
ANÁLISE FUNCIONAL DE INDIVÍDUOS COM TUMORES AVANÇADOS APÓS LARINGECTOMIA SUPRACRICÓIDE.
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A laringectomia total é o principal tratamento cirúrgico para o tratamento de tumores avançados de laringe e consiste na retirada do órgão, desassociando a via respiratória da via digestiva, consequentemente perda da voz laríngea e um traqueostoma permanente.1 Com o avanço das técnicas cirúrgicas, a laringectomia supracricóide veio como uma opção no tratamento de tumores moderadamente avançados,2,3 com a vantagem da permanência da voz laríngea, assim como a preservação da anatomia respiratória e exclusão da necessidade de um traqueostoma permanente.4 Já é consenso que na avaliação pós cirúrgica dos aspectos funcionais, os melhores resultados são esperados para os tumores de menor estadiamento, tendo em vista a menor ressecção e a menor utilização de terapias adjuvantes. O estudo dos resultados funcionais do grupo com tumores mais avançados é assim foco de atenção para que a técnica mantenha o sucesso terapêutico e funcional esperado que justifique a sua substituição por uma laringectomia total. 4 5 OBJETIVO: O objetivo deste estudo, foi verificar o desfecho funcional da alimentação e a produção da voz laríngea dos indivíduos com tumores avançados de laringe (T3 e T4), que passaram pela laringectomia supracricóide como tratamento cirúrgico em um hospital de referência no Rio de Janeiro. MÉTODO: Estudo retrospectivo e transversal, aprovado pelo CEP: 2.760.520. Amostra de 103 indivíduos, entre os anos de 1996 a 2019, que apresentaram câncer de laringe de estádio avançado, cT3 e cT4, elegíveis para tratamento cirúrgico por Laringectomia supracricóide com reconstrução por Cricohioidoepiglotopexia (CHEP) e Cricohioidopexia (CHP). Os dados foram coletados através de busca ativa em prontuário físico e sistema de armazenamento de dados da instituição. RESULTADOS: Foram coletados ao todo dados de 103 prontuários, com média de idade de 61 anos, a amostra é formada por 93,2% (n=96) homens, 6,8% (n=7) mulheres. A porcentagem de fumantes ao diagnóstico foi de 66,02% (n=68) e de etilistas ao diagnóstico 61,17% (n=63). O estadiamento cT3 foi de 95,15% (n=98) e cT4 representou 4,85% (n=5) da população. Reconstrução por CHEP 95,15% (n=98) e CHP 4,85% (n=5), e 69,9% (n=72) foram preservadas as duas aritenóides, enquanto 28,16% (n=29) uma aritenóide e 1,94% (n=2) não foi informado. A população estudada voltou a se alimentar através da via oral, sem associação a alguma via alternativa, em 89,32% (n=92) assim como a voz laríngea, sem a presença de cânula de traqueostomia, 82,52% (n=85). CONCLUSÃO: A laringectomia supracricóide é alternativa adequada para o tratamento de tumores avançados de laringe. Com a retirada de parte do órgão e não sua totalidade, há a vantagem da não permanência de um traqueostoma e a manutenção da voz laríngea. Este estudo mostra que, mesmo na população com estadiamento mais avançado, esta técnica mantém os resultados funcionais e oncológicos que justifiquem sua realização nesta população.

1. NORONHA, M. J. R de; DIAS, F. L. . Cirurgias Subtotais. In: NORONHA, Mario Jorge R de; DIAS, Fernando Luiz. Câncer da Laringe: Uma abordagem multidisciplinar. Primeira edição. ed. Rio de Janeiro: RevinteR, 1997. cap. 21, p. 173-180. ISBN 85-7309-142-8.


2. Mercante, G., Grammatica, A., Battaglia, P., Cristalli, G., Pellini, R., & Spriano, G. (2013). Supracricoid Partial Laryngectomy in the Management of T3 Laryngeal Cancer. Otolaryngology–Head and Neck Surgery, 149(5), 714–720.


3. Succo G, Crosetti E. Limitations and Opportunities in Open Laryngeal Organ Preservation Surgery: Current Role of OPHLs. Front Oncol. 2019;9:408. Published 2019 May 22.


4. Laccourreye H, Laccourreye O, Weinstein G, Menard M, Brasnu D. Supracricoid laryngectomy with cricohyoidoepiglottopexy: a partial laryngeal procedure for glottic carcinoma. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1990 Jun;99(6 Pt 1):421-6.


5. Yang H, Han D, Ren X, Luo H, Li X. Investigation of swallowing function and swallowing-related quality of life after partial laryngectomy in Chinese patients with laryngeal carcinoma. Health Qual Life Outcomes. 2019 Jul 26;17(1):132. doi: 10.1186/s12955-019-1199-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1614
ANÁLISE NÃO LINEAR DE VOZES DE IDOSOS DO SEXO FEMININO E MASCULINO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz do idoso sofre mudanças na qualidade vocal que são refletidas na análise acústica1-3. Além disso, medidas acústicas tradicionais como F0 (Frequência Fundamental), jitter, shimmer e NHR (Noise-to-Harmonic Ratio) diferem entre sexos nos idosos e, tal informação deve ser levada em conta na avaliação e terapia vocal1-3. Além da análise acústica tradicional, a análise acústica não linear tem se mostrado útil na avaliação vocal de diferentes faixas etárias. Objetivo: Comparar os resultados da análise acústica não linear por meio da Reconstrução de Espaço de Fase (REF) de vozes de idosos do sexo masculino e feminino, falantes do português brasileiro. Metodologia: Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa de Seres Humanos da instituição (nº1.054.283/2015). Foram utilizadas as gravações da emissão da vogal /a/ sustentada de 14 homens (média de 73,9 anos) e 15 mulheres (média de 77,13 anos). Na avaliação perceptivo-auditiva, as vozes foram julgadas consensualmente como vocalmente saudáveis por três fonoaudiólogas treinadas. A análise acústica não linear foi realizada pela análise da REF utilizando o programa "Análise de Voz"4. Conforme padronização4., as gravações foram editadas no próprio programa com o descarte do primeiro segundo do sinal acústico utilizando o tempo subsequente de 0,5 segundos para homens e 0,25 para mulheres. Foi realizada análise perceptivo-visual do gráfico gerado por meio do Protocolo CIE4 (Curva, Irregularidade e Espaçamento). Neste protocolo, as medidas de curvas podem variar de 0 a 4 ou mais, sendo o melhor resultado, o valor de 4 ou mais voltas. A irregularidade da trajetória da onda, numa escala numérica, pode variar de grau 0 (normal) a 3 (severo). O espaçamento da trajetória de onda é mensurado pelo software de análise e categorizado em milímetros em uma escala de 0 (normal) a 3 (severo), conforme padronização. O julgamento visual das imagens foi feito inicialmente por três fonoaudiólogos treinados e, quando não houve concordância exata entre eles, houve a participação de um quarto avaliador treinado. O teste não paramétrico Mann-Whitney foi utilizado para a comparação das vozes entre sexo, nível de significância p<0,05. Resultados: Foi observado diferença significativa no parâmetro irregularidade (p=0,001) e espaçamento (p=0,005), com resultados piores para o grupo masculino. Enquanto 93% das vozes masculinas apresentou graus 2 ou 3 de irregularidade, estes graus foram observados em 53% das vozes femininas. Em 78,6% das vozes masculinas foi observado espaçamento de médio a grande, fato observado somente em 26,7% das mulheres. Ambas, vozes masculinas e femininas apresentaram o melhor número de curvas (quatro ou mais). Estudo prévio com a utilização do CIE em vozes de indivíduos adultos também apontou diferenças entre os sexos no parâmetro espaçamento5. Conclusão: Houve diferença entre os sexos nos achados vocais de idosos pelo protocolo CIE com a REF, apontado piores resultados na irregularidade e espaçamento na população masculina, o que sugere maior aperiodicidade vocal em homens idosos.

1- Spazzapan, E. A., Cardoso, V. M., Fabron, E. M. G., Berti, L. C., Brasolotto, A. G., Marino, V. C. C.. Características acústicas da voz de falantes do português brasileiro nos diferentes ciclos da vida. CoDAS. 2018; 30(5):e20170225
2- Mezzedimi C; Di Francesco M; Livi W; Spinosi M; De Felice C. Objective Evaluation of Presbyphonia: Spectroacoustic study on 142 patients with Praat. J Voice. 2017; 31 (2): 257.e25-257.e32
3- Spazzapan EA, Marino VCC, Cardoso VM, Berti LC, Fabron EMG. Características Acústicas da Voz nos Diferentes Ciclos da Vida: Revisão Integrativa da Literatura. Rev. CEFAC. 2019; 21(3):e15018.
4- Montagnoli, AN. [Análise de Voz] Sistema de Auxílio à Análise Acústica da Voz. (2019).
5- Galdino, DB. Padronização da análise não linear de vozes saudáveis pela reconstrução do espaço de fase (REF). [Tese] São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1415
ANÁLISE NÃO LINEAR DE VOZES SAUDÁVEIS DE IDOSOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Estudos recentes sobre análise não linear da voz contribuíram no processo de análise da qualidade vocal, permitindo ao fonoaudiólogo a realização de uma avaliação vocal por meio de padrões visuais(1-4).. Com a padronização do Protocolo da análise não linear pela Reconstrução do Espaço de Fase (REF)(5) e do Protocolo de Curva, Irregularidade e Espaçamento (CIE) (4) é possível compreender um pouco mais sobre a qualidade vocal de um sujeito, sob o ponto de vista da análise acústica não linear. OBJETIVO: Investigar características da produção vocal de vozes masculinas de idosos falantes do português brasileiro (PB), a partir de análise não linear do sinal acústico. MÉTODO: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (no1.054.283/2015). Foram utilizadas gravações contendo a emissão sustentada da vogal /a/ de vozes pertencentes a 14 homens (70 a 93 anos), sem queixas vocais. Foi realizada inicialmente avaliação perceptivoauditiva das vozes que foram julgadas consensualmente como vocalmente saudáveis por três fonoaudiólogas treinadas. Para realização da análise não linear foi seguido o Protocolo padronizado da análise não linear pela REFcom o uso do Protocolo CIE(5), com avaliação de três parâmetros:Curva, no qual observa-se a quantidade de curvas presente no gráfico, podendo classificá-la entre uma a quatro ou mais curvas¬, sendo a melhor situação, o maior número; Irregularidade, relacionada a aperiodicidade vocal e Espaçamento, automáticamente definido pelo programa pela espessura do traçado, ambos parâmetros são analisados em escala numérica de 0 a 3 pontos, da melhor para pior configuração. Para obter a análise da REF utilizou-se o Programa Análise da Voz(6). Após a seleção de 0,5 segundos do trecho mais estável da gravação, o programa gera um gráfico bidimensional com a REF. Foi realizado análise perceptiva-visual em consenso por três fonoaudiólogas previamente treinadas a fim de analisar os parâmetros de curva, irregularidade e espaçamento dos gráficos gerados. ESULTADOS: Em relação à quantidade de curvas da trajetória dos gráficos da REF , 100% dos homens apresentaram trajetórias com mais de quatro curvas. Relativo ao parâmetro irregularidade da REF, 50% dos homens idosos tiveram a classificação do grau 3 (Severa = severa completa ou esporádica). O Espaçamento da REF foi classificado com grau 3 (grande=maior ou igual a 14mm da trajetória) em 50% das vozes dos idosos saudáveis. CONCLUSÃO: Concluiu-se que as gravações de vozes de homens idosos saudáveis analisadas pelo protocolo CIE apresentaram mais de 4 curvas na trajetória, irregularidade com grau 3 e espaçamento de grau 3. A Análise não linear realizada trouxe informações acústicas adicionais que favorecem a compreensão dos aspectos vocais de homens saudáveis.

1- Dajer M. Análise de sinais de voz por padrões visuais de dinâmica vocal. [Tese]. São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2010.
2- Dajer M. Padrões Visuais de sinais de voz através de técnica de análise não linear. [Dissertação]. São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2006.
3- Marrara J. Padrão Visual da dinâmica vocal como instrumento para o diagnóstico da disfagia em pacientes com alterações neurológicas. [Dissertação]. São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,2010.
4- Galdino D. Análise acústica não linear dos Padrões Visuais de dinâmica Vocal (PVDV) de homens adultos. [Dissertação]. São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2012.
5- Galdino D. Padronização da análise não linear de vozes saudáveis pela reconstrução do espaço de fase (REF). [Tese]. São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2019.
6- Montagnoli A. [Análise de Voz] Sistema de Auxílio à Análise Acústica da Voz. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1504
ANÁLISE NÃO LINEAR DE VOZES SAUDÁVEIS DE MULHERES IDOSAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Título: Análise não linear de vozes saudáveis de mulheres idosas
Introdução: Dentre os vários métodos relatados sobre dinâmica não linear, destaca-se a Reconstrução de Espaço de Fase (REF), que mostra a dinâmica da vibração das pregas vocais em função do tempo(1). Em casos de múltiplas variáveis difíceis de serem avaliadas, como o caso da voz humana, a análise pela REF tem se mostrado útil, pois traça uma série temporal simples, o que facilita a avaliação da dinâmica vocal. Tal traçado, ou também denominada trajetória, representa toda a dinâmica de um sistema, onde sistemas periódicos são representados por trajetórias fechadas e sistemas aperiódicos por trajetórias irregulares(2,3). Representando a dinâmica vibratória da voz e sua configuração, o gráfico final elaborado a partir da REF traz aos profissionais maiores informações sobre a qualidade vocal, por representar traçados firmes, regulares congruentes e quantidades elevadas de curvas, que indicam maior periodicidade da voz, ou seja, melhor qualidade vocal(1-4). Objetivo: Verificar o padrão de vozes saudáveis de mulheres idosas falantes do português Brasileiro pela análise não linear. Método: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (nº 1.054.283/2015). Foram utilizadas 15 gravações da vogal /a/ sustentada de vozes de mulheres idosas, com média 77,13 anos, sem queixas vocais, julgadas como vocalmente saudáveis por meio de avaliação perceptivo-auditiva, por duas fonoaudiólogas experientes. Foram extraídas das gravações as imagens das trajetórias das vozes de cada participante, conforme padronizado anteriormente(3) pelo Programa Análise de Voz(5). Para análise foi utilizado o protocolo CIE (Curvas, Irregularidade e Espaçamento)(3). As curvas foram medidas pela quantidade de seu aparecimento em que o valor de 4 ou mais curvas representa o melhor resultado para a qualidade vocal; a irregularidade foi analisada por escala numérica de quatro pontos, em que 0 significa normal e 3 desvio severo; e, o espaçamento do traçado foi mensurado por meio do software com resultados categorizados em graus de 0 (mínimo) a 3 (grande). Resultado: Em relação à quantidade de curvas da trajetória dos gráficos da REF do trecho da vogal /a/, 100% das mulheres apresentaram trajetórias com mais de 4 curvas, indicando padrões de vozes saudáveis. Em relação ao grau de irregularidade os principais resultados mostraram que 33,3% (n=5) das vozes apresentaram irregularidade de grau 1 e, 40% (n=6) de grau 2. Em relação ao grau de espaçamento, 20% (n=3) das mulheres apresentaram trajetórias de grau 0, 53,3% (n=8) de grau 1 e, 20% (n=3) de grau 2. Estudo reportado na literatura descreveu a avaliação de vozes de mulheres adultas pelo CIE(3) apontando diferenças dos resultados encontrados, no estudo ora reportado, das vozes de idosas referentes ao grau de irregularidade e espaçamento. Conclusão: Pelo protocolo CIE foi possível verificar que a maioria das vozes de idosas mostrou quantidade de curvas e grau de espaçamento representativo de boa qualidade vocal e com grau de irregularidade e de espaçamento apontando falta de equilíbrio na manutenção da emissão. Novos estudos são necessários para compreensão das mudanças vocais em outras populações.

1- Galdino, DG. Análise acústica não linear dos padrões visuais de dinâmica vocal (PVDV) de homens adultos. [Dissertação] Universidade de São Paulo, 2012.

2- Jiang, JJ.; Zhang, Y.; Mcgilligan, C. Chaos in voice, from modeling to measurement. J Voice, 2006.v. 20, p. 2-17.

3- Galdino, DB. Padronização da análise não linear de vozes saudáveis pela reconstrução do espaço de fase (REF). [Tese] São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2019.

4- Dajer, ME. Análise de sinais de voz por padrões visuais de dinâmica vocal. [Tese] São Carlos (SP): Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2010.

5- Montagnoli, AN. [Análise de Voz] Sistema de Auxílio à Análise Acústica da Voz. (2019).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2019
ANALISE NÃO LINEAR PELA RECONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DE FASE EM LESÕES BENIGNAS DA LARINGE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Análise Não Linear (ANL) pela Reconstrução do Espaço de Fase (REF) tem sido uma importante ferramenta de análise vocal em todos os tipos de sinais de voz, pois considera os elementos caóticos da voz humana. Porém, ainda são poucos os estudos que investigaram a REF em vozes disfônicas decorrentes de lesões laríngeas. Objetivo: Descrever a reconstrução do espaço de fase (REF) nos sinais de voz com nódulos, cisto e sulco vocal. Método: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa número 2.332.833. Foram analisados 106 sinais voz de pacientes obtidas em banco de dados e uma clínica escola entre os anos de 2010 e 2019, divididos em 3 grupos: Grupo Nódulos (GN) com 43 sinais de voz (41 de mulheres e 2 de homens, com idades de 18 a 50 anos, média 32 ± 8 anos); Grupo Cisto (GC) com 40 sinais de voz (39 de mulheres e 1 de homem, idades de 18 a 47 anos, média 31 ± 8 anos) e Grupo Sulco (GS) com 23 sinais de voz (13 de mulheres e 10 de homens idades de 22 a 48 anos, média 34 ± 9 anos). Todos dos sinais de voz foram classificados quanto ao Tipo de voz, por meio do espectrograma (análise do traçado e presença de ruído) e da avaliação perceptivo-auditiva. A REF foi analisada pelo gráfico bidimensional gerado pelo Voice Analysis Program inicialmente pelo formato, se aberto fechado ou caótico e os traçados dos gráficos pela escala C-IE: Curvas (1=1 curva, 2=2 curvas, 3=3 curvas e 4=4 curvas ou mais e NA=não avaliável); Irregularidade (0=ausente, 1=leve, 2=moderado e 3=severo e NA=não avaliável) e Espaçamento (0=mínimo - de 0 a 5,9mm; 1=pequeno - de 6 a 8,9mm; 2=médio - de 9 a 13,9mm e 3=grande ≥14mm) NA=não avaliável). Análise estatística realizada pelo Teste de Mann-Withney com significância de 5%. Resultados: A classificação quanto aos Tipos de voz indicou predomínio do Tipo I no GN e GC e predomínio do Tipo II no GS. Na análise da REF, todos os grupos apresentaram gráficos com trajetória, em sua maioria, aberta (GN=65%, GC=61% e GN=65%). Na escala C-IE houve predomínio para todos os grupos de gráficos com 4 curvas (GN=63%, GC=60% e GS=56%) e grau 1 para a irregularidade dos traçados (GN=42%, GC=43% e GN=52%). O espaçamento predominante dos traçados foi grau 1 para GN e GC (46% e 48% respectivamente) e grau 2 para GS (52%). Não houve diferença significante (p>0,05) entre os grupos para nenhum dos parâmetros avaliados na REF. Conclusão: A REF nos sinais de voz de pacientes com nódulo, cisto e sulco vocal apresentaram traçados com predomínios de trajetórias abertas, 4 curvas e irregularidade leve. Para nódulos e cisto o espaçamento dos traçados foi predominante pequeno e para sulco médio.

GIOVANNI A, OUAKNINE M, GUELFUCCI R, YU T, ZANARET M, TRIGLIA JM. Nonlinear Behavior of Vocal Fold Vibration: The Role of Coupling Between the Vocal Folds. J Voice, 1999 Dec;13(4):465-76.

HENRIQUÉZ P, ALONSO JB, FERRER MA, TRAVIESO CM, GODINO-LLIORENTE JI, DÍAZ-DE-MARÍA F. Characterization of healthy and pathological voice through measures based on nonlinear dynamics. IEEE Transactions on Audio, Speech, and Language Processing, 2009 Aug; 17(6): 1186- 1195.

DAJER ME. Análise de sinais de voz por padrões visuais de dinâmica vocal. São Carlos. Tese [Doutorado em Ciências] Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo; 2010.

CHOI SH, ZHANG Y, JIANG JJ, BLESS DM, WELHAM NV. Nonlinear dynamic-based analysis of severe dysphonia in patients with vocal fold scar and sulcus vocalis. J Voice 2012 Sep;26(5):566-76.

LOPES L, DAJER ME, CAMARGO Z. Análise acústica na clínica vocal. In: LOPES L, MORETI F, RIBEIRO LL, PEREIRA EC. Fundamentos e atualidades em voz clínica. Rio de Janeiro: Revinter; 2019.

GALDINO DG. Padronização da análise não linear de vozes saudáveis pela Reconstrução do Espaço de Fase (REF). Tese [Doutorado em Ciências] Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo; 2019.

GONÇALVES MF. Análise acústica não linear pela Reconstrução do Espaço de Fase em sinais de voz com lesões benignas da laringe. Dissertação [Mestrado em Ciências] Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo; 2019.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
500
ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA DA VOZ DE PACIENTES COM ALTERAÇÕES ORGANOFUNCIONAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A disfonia é um distúrbio na comunicação que impede a produção natural da voz, impactando a qualidade de vida do indivíduo. Dentre as diversas origens e classificações das disfonias estão as organofuncionais que correspondem às alterações vocais de base funcional com lesões secundárias resultantes de um comportamento vocal inadequado, sendo as mais comuns os pólipos, nódulos e edemas de Reinke.[1-7] Objetivo: Caracterizar a população com disfonia organofuncional do Ambulatório de Laringe de um hospital público, quanto às lesões laríngeas, queixas, qualidade vocal pré e pós tratamento, e tratamento indicado. Métodos: Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob parecer Nº1.619.520. Caracteriza-se por um estudo transversal cuja população estudada foi composta pelos pacientes do ambulatório de laringe de um hospital público, por meio dos registros presentes no banco de dados do projeto de extensão do curso de Fonoaudiologia da Universidade vinculada ao hospital. Dos 1465 registros, 242 foram identificados com lesões organofuncionais. Para caracterização da voz dos pacientes pré e pós tratamento, utilizou-se os parâmetros grau geral (G), rugosidade (R) e soprosidade (B) da escala GRBASI. Foram observados, também, as queixas e os encaminhamentos para os devidos tratamentos, segundo a lesão encontrada. Resultados: Dos 242 pacientes diagnosticados com alterações organofuncionais, 171 foram do sexo feminino com idade média de 46,57 (±13,93) anos. Os pólipos foram as lesões mais encontradas, com 40,08% do total, seguidos dos nódulos com 30,99%. Com relação às queixas, a mais referida foi a de rouquidão em todos os subtipos de lesões. Quanto ao grau de alteração dos parâmetros G e R da GRBASI, no momento pré-tratamento, a maior ocorrência foi de grau moderado e leve, nos casos de pólipos e nódulos, respectivamente. Observou-se, ainda, quantitativo reduzido de indivíduos com disfonia em grau extremo. O parâmetro B (soprosidade), mostrou-se raramente alterado em todas as afecções. Quanto ao tratamento, a fonoterapia foi a mais indicada em, pelo menos, 80% das vezes nos casos de nódulos e 20% das vezes nas demais lesões. A cirurgia foi a mais indicada para tratamento dos pólipos. Do total, 66 pacientes contavam com registro pós tratamento. Foi possível observar melhora, principalmente no caso dos pólipos, onde a disfonia passou de moderada para ausente. Conclusão: A população com disfonia organofuncional atendida na Instituição estudada foi, em sua maioria, do sexo feminino, com idade média de 46,57 (±13,93) anos. A lesão organofuncional mais ocorrente foram os pólipos, seguidos dos nódulos e edemas de Reinke. A principal queixa apresentada pelos pacientes foi a de rouquidão. A lesão que apresentou maior ocorrência de grau de disfonia moderada foram os pólipos e a maior ocorrência de grau geral leve foram associadas aos nódulos. No que diz respeito ao tratamento, as condutas mais indicadas foram a fonoterapia, no caso dos nódulos, e a cirurgia nos pólipos. Após o tratamento, o grau de disfonia permaneceu em grau leve nos nódulos e passou a ser de grau ausente nos casos de pólipos.

1. Behlau M. Voz: o livro do especialista. 2 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2008. 349 p.
2. Lobo BPL, Madazio GMV, Badaró FAR, Behlau M. Risco vocal em pastores: quantidade de fala, intensidade vocal e conhecimentos sobre saúde e higiene vocal. CoDAS.2018; 30 (2): e20170089.
3. Roy N, Merrill RM, Gray SD, Smith EM. Voice disorders in the general population: prevalence, risk factors, and occupational impact. Laryngoscope. 2005; 115:1988-95.
4. Amorim GO, Balata PMM, Vieira LG et al. Biofeedback in dysphonia – progress and challenges. Braz J Otorhinolaryngol. 2018; 84 (2): 240-8.
5. Sapienza CM, Ruddy BH, Baker S. Laryngeal structure and function in the pediatric larynx: clinical applications. Lang Speech Hear Serv Schools. 2004; 35 (4): 299-307.
6. Aronson AE, Bless DM. Clinical voice disorders, 4th ed. New York: Thieme, 2009, 301p.
7. Neves BM, Neto JG, Pontes P. Diferenciação histopatológica e imunoistoquímica das alterações epiteliais no nódulo vocal em relação aos pólipos e ao edema de laringe. Rev Bras Otorrinolaringol. 2004; 70 (4): 439-48.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1007
ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA E ACÚSTICA EM CRIANÇAS SEM QUEIXAS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz infantil apresenta-se com características distintas da voz do adulto, devido à morfologia das estruturais laríngeas, sua posição relativa no pescoço, instabilidades resultantes do processo de crescimento e desenvolvimento e padrões comportamentais(1-6). Portanto, muitas vezes os pais acreditam que as alterações vocais infantis são passageiras e não causam impacto em suas relações sociais, não buscando o tratamento necessário(3,7). Objetivo: Verificar a ocorrência de alterações vocais em crianças sem queixas e suas respectivas características. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, conforme resolução CNS/MS No 466/12, sob parecer 1.668.792. Foram avaliados os registros vocais de 36 crianças sem queixas, matriculadas em um Centro de Educação Infantil, com idade entre seis e oito anos, sendo 17 do sexo feminino e 19 do sexo masculino. A pesquisa foi embasada em dados secundários, já registrados em bancos de dados com gravações de emissões de vogais sustentadas /a/, /ε/, seis frases padronizadas e fala espontânea, em softwares de análise acústica. Os resultados da análise perceptivo-auditiva foram obtidos por meio das pontuações do protocolo Consensus Auditory-Perceptual Evaluation of Voice (CAPE-V) aplicado por três juízas, com expertise em análise vocal, a partir de um arquivo contendo todas as amostras de vozes, acrescidas de 10% de repetição aleatória para análise de confiabilidade intra avaliador. A avaliação da concordância intra e inter-juízes das variáveis da análise perceptivo-auditiva foi realizada por meio do coeficiente de correlação intraclasse (ICC), equivalente à estatística Kappa para variáveis contínuas. O valor obtido para cada criança, em cada um dos parâmetros analisados, foi calculado pela média dos valores expressos pelas juízas. A análise acústica foi realizada por meio do programa VoxMetria e os parâmetros analisados foram: frequência fundamental média, jitter, shimmer e a do glottal to noise excitation ratio (GNE). Resultados: Observou-se que a ocorrência de alterações foi de 33,89% nos meninos e 24,49% nas meninas, sendo 13,89% em grau de alteração discreto, com maior ocorrência para soprosidade. Também foram encontradas alterações de jitter (em 41,67% das crianças), de shimmer (em 19,45%), GNE (80,56%) e valores de frequência fundamental fora dos padrões de normalidade para a faixa etária estudada, em 86,11% das crianças. Conclusão: A ocorrência de alterações vocais em crianças sem queixa vocal foi maior nos meninos do que nas meninas, em todos os parâmetros estudados. As alterações vocais foram caracterizadas por rugosidade e soprosidade, com maior ocorrência para a soprosidade. O parâmetro acústico alterado mais ocorrente foi o GNE e os parâmetros com maior nível de alteração foram o jitter e o shimmer, em ambos os sexos. Com base nos achados deste estudo, sugere-se que haja maior investigação referente à voz infantil, na população que frequenta centros de educação e reforça a necessidade de orientação familiar e a professores, sobre saúde vocal das crianças.

Descritores
Criança; Disfonia; Distúrbios da voz; Qualidade da Voz;

1. Aronson AE, Bless DM. Clinical voice disorders. 4ed. New York: Thieme, 2009. 301p.
2. Gomes AOC, Queiroga BAM, Cunha DA, Pinto DG, Silva HJ, Muniz, LF. O desenvolvimento da comunicação na segunda infância e adolescência. In: Queiroga BAM, Gomes AOC.; Silva HJ. Desenvolvimento da comunicação humana nos diferentes ciclos de vida. Barueri: Pró-Fono, 2015, p.121-146.
3. Paixao CLB, Siqueira LTD, Coelho AC, Brasolotto AG, Silverio KCA. Há concordância entra pais e filhos quanto a seus comportamentos vocais? Revista Distúrbios da Comunicação. São Paulo, 2015; 27(4): 750-759.
4. Maia AA, Gama ACC, Kümmer AM. Características comportamentais de crianças disfônicas: revisão integrativa da literatura. CoDAS, 2014;26(2):159-63.
5. Tavares ELM, Labio RB, Martins RHG. Estudo normativo dos parâmetros acústicos vocais de crianças de 4 a 12 anos de idade sem sintomas vocais: estudo piloto. Brasilian Journal of Otorhinolaryngology, 2010; 76(4).
6. Lopes LW, Lima ILB, Almeida LNA, Cavalcante DP, Almeida AAF. Severity of voice disorders in children: correlations between perceptual and acoustic data. J Voice. 2012;26:819.e7- e12
7. Ribeiro VV, Leite APD, Filho LL, Cielo CA, Bagarollo MF. Percepção dos pais sobre a qualidade de vida em voz e evolução clínica de crianças disfônicas pré e pós-terapia fonoaudiológica em grupo. Revista Distúrbios da Comunicação. São Paulo, 2013; 25(1): 81-90.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1778
ANÁLISE PSICOMÉTRICA DA VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA EM VOZ (QVV)
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV)(1) é utilizado na avaliação da voz para avaliação do impacto da alteração vocal na qualidade de vida dos indivíduos. Esse instrumento foi validado para o português brasileiro, a partir do Voice-Related Quality of Life – V-RQOL(2), desenvolvido em inglês americano, e considera seus itens e estrutura fatorial, com os domínios funcionamento-físico e socioemocional. Apesar disso, sabe-se que a população testada, a cultura e língua podem influenciar diretamente na análise psicométrica desses instrumentos. Por isso é recomendada a extração de medidas de confiabilidade, realização da Análise Fatorial Exploratória (AFE) e Confirmatória (AFC), e estimação dos parâmetros item-a-item, em cada processo de validação(3-5). A aplicação dessa análise no QVV possibilita, além da estrutura fatorial adequada e da quantificação da qualidade de vida, o entendimento de novos raciocínios e conceitos sobre qualidade de vida em voz, refletindo na otimização da avaliação, intervenção e monitoramento da disfonia. OBJETIVO: Investigar as medidas psicométricas do QVV brasileiro. MÉTODOS: Participaram do estudo 561 indivíduos brasileiros, disfônicos (n=366; 65,24%) e vocalmente saudáveis (n=195; 34,76%), com idade média de 37,48 (±15,08) anos, sendo 66,84% (n=375) do sexo feminino. Para a construção do banco de dados, foram extraídos dos prontuários dos pacientes os dados pessoais, diagnóstico laríngeo e item a item do QVV. Os dados foram analisados estatisticamente de forma descritiva e inferencial, por meio dos testes Alfa de Cronbach, correlação item-total, AFE e AFC, além da aplicação da Teoria de Resposta ao Item (TRI), modelo de Lord-Birbaum. Questões éticas foram consideradas (protocolo nº 85.774/2015). RESULTADOS: Foi observado índice alfa de Cronbach de 0,916, demonstrando uma boa consistência interna para o QVV. O coeficiente de correlação item-total (CIT) informou que os itens têm boa correlação entre si e com o construto. A AFE foi realizada com base no índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e Teste de Esfericidade de Bartlett, que indicaram a adequação da amostra testada. Todos os itens apresentaram comunalidade e cargas fatoriais satisfatórias, que fatoraram em um único fator. A estrutura unifatorial do QVV foi confirmada na AFC. Dessa forma, a estrutura fatorial da versão brasileira do QVV demonstrou que todos os itens estão relacionados à qualidade de vida em voz de forma geral, diferentemente da original em inglês, que apresenta dois domínios(1). Na TRI, as curvas características dos itens sugeriram dicotimização das respostas. Além disso, observou-se que todos os itens apresentaram bom nível de discriminação entre disfônicos e vocalmente saudáveis, sendo aqueles relacionados com questões físicas os mais discriminativos, como o item 9 (tenho que repetir o que falo para ser compreendido) que apresentou maior poder de discriminação. Observou-se ainda que os itens relacionados às questões socioemocionais requerem maior nível de comprometimento para serem assinaladas.CONCLUSÃO: O QVV apresentou boa consistência interna, todos os seus itens foram mantidos, foi adotado o fator único, que engloba todos os itens do QVV e a resposta aos itens tornou-se dicotômica. O comprometimento no funcionamento físico é o principal para diferenciar indivíduos disfônicos, sendo que os mais comprometidos tendem a referir questões socioemocionais.

1. GASPARINI, G.; BEHLAU, M. Quality of life: validation of the Brazilian version of the voice-related quality of life (V-RQOL) measure. Journal of Voice. 2009; 23:76–81.
2. HOGIKYAN ND, SETHURAMAN G. Validation of an instrument to measure voice-related quality of life (V-RQOL). J Voice. 1999;13(4):557-69.
3. BRANSKI, R.C. et al. Measuring quality of life in dysphonic patients: a systematic review of content development in patient-reported outcomes measures. Journal of Voice. 2010;24(2):193-8.
4. AGUIAR, A.C.; ALMEIDA L.N.A.; PERNAMBUCO, L.A.; PALHANO, D.B., ANDRADE, J.M.; BEHLAU, M.; ALMEIDA, A.A.F. Stages of Readiness in Patients With Dysphonia: A Proposal Based on Factor Analysis Using the URICA-V Scale . Journal of Voice. 2018.
5. PASQUALI, L. Análise fatorial para pesquisadores. Brasília (DF): LabPAM/UnB, 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2024
ANÁLISE QUANTITATIVA DOS PROCEDIMENTOS FONOAUDIOLÓGICOS NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Os fatores sociais, econômicos e políticos tem uma relação direta com as práticas do profissional, pois interferem sobre as condições de saúde daquele grupo populacional (WHITHEAD, 2006). Sendo assim, deve-se ter atenção sobre as necessidades e problemas que estão interferindo as práticas sociais dos indivíduos para ofertar atendimentos em redes públicas de atuação (DA SILVA, 2014). Desse modo, tornam-se viáveis: o acompanhamento das ações desenvolvidas e a proposição de novas estratégias de enfrentamento às demandas da rede (DA SILVA, 2014). Não existem informações sobre essas análises. Por isso é necessário avaliar o comportamento da população sobre os procedimentos fonoaudiológicos que o ambiente ambulatorial no SUS oferta, para assim, tirar conclusões de como estes interferem no âmbito social dessas populações. Por isso, foi necessária uma pesquisa exploratória no DATASUS para, dessa forma, conseguir averiguar quais são os procedimentos fonoaudiológicos que o sistema oferta nessa área da saúde. Objetivo: Investigar as ações e procedimentos desenvolvidos por fonoaudiólogos da rede pública da região sudeste do Brasil e analisar criticamente a sua abrangência. Metodologia: Este trabalho foi realizado pesquisando dados públicos, disponibilizados no DATASUS. A pesquisa seguiu o seguinte critério de busca: Produção Ambulatorial (SIA/SUS), investigação por local de atendimento; Abrangência Geográfica – Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro; No campo Linha, foi selecionado o descritor Procedimento; No campo “Coluna” – foi selecionado “Macrorregião de Saúde”; e no campo Conteúdo – foi selecionada “Quantidade apresentada”; Períodos Disponíveis – Jan/2015 a Dez/2019. Resultados: Foram analisados 27 Procedimentos divididos nas 4 grandes áreas da Fonoaudiologia entre os 4 estados da região sudeste do Brasil. A análise descritiva apontou o seguinte quantitativo de procedimentos por estado: Espírito Santo (393.667 procedimentos). Neste estado a Audiologia corresponde 83,1%; Voz correspondeu a 0,9%; Linguagem, 10,7%; Motricidade Orofacial, 5,2%; Em Minas Gerais foram 2.459.017 procedimentos, sendo a Audiologia 91,8%; Voz 1,3%; Linguagem 3,5%; Motricidade Orofacial 3,1%; No Rio de Janeiro observou-se um total de 2.092.580 procedimentos. Destes em Audiologia correspondeu a 71,7%; em Voz 4,2%; Linguagem 15,5%; Motricidade Orofacial 8,4%. Conclusão: Em todos os estados da região sudeste observa-se a predominância de procedimentos na área de Audiologia. É possível que esse número esteja relacionado à política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva. Contudo, é importante destacar que as demais áreas apresentam interface com outros problemas de saúde, tais como câncer de cabeça e pescoço, AVE, dificuldade/transtorno de aprendizagem que merecem atenção, tendo em vista as taxas de morbidade e mortalidade. Diante dos dados podemos concluir a necessidade do incentivo a inclusão dos demais procedimentos fonoaudiológicos no rol de procedimentos do SUS, a fim de se obter um panorama da atuação fonoaudiológica total.

IBGE. Cidades e Estados. Espírito Santo. Disponível em: . Acesso em 27/06/2020.
DATASUS ES. TABNET. Disponível em: . Assistência à saúde. Produção Ambulatorial. Disponível em: . Por local de atendimento desde 2008. Disponível em: . Acesso em 23/06/2020.
CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Fonoaudiólogos. Disponível em: < https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wp-content/uploads/2020/04/CFFa_Quantitativo_Fonoaudiologos_no_Brasil.png>. Acesso em 26/06/2020.
DATASUS MG. TABNET. Disponível em: . Assistência à saúde. Produção Ambulatorial. Disponível em: . Por local de atendimento desde 2008. Disponível em: . Acesso em 23/06/2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1946
ANÁLISE SOBRE INTERVENÇÕES DE VOZ EM MULHERES TRANS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz constitui um papel essencial na comunicação e nas relações humanas. Na vida das pessoas trans representa um importante papel quanto à expressão social de gênero (¹). Desse modo, as mulheres trans podem buscar a terapia vocal e de comunicação com a finalidade de apoiar sua transição de gênero, assim como, alcançar o nível de conforto desejado com a voz que as representa (²). A fonoaudiologia tem grande potencial de contribuir para a saúde e qualidade de vida dessas mulheres com a abordagens para treinamento da voz e da comunicação. Desse modo conforme a base de conhecimentos sobre o processo de transição no tocante à voz vem aumentando, há uma necessidade crescente de examinar e analisar práticas de intervenção baseadas em evidências (3,4). Objetivo: Analisar quais são os procedimentos descritos na literatura direcionados para feminilização da voz em mulheres transexuais. Método: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada em 2020, nas bases de dados PubMed e Portal Regional BVS, sem limitação de tempo e língua. Neste estudo foi utilizada a combinação dos descritores: Voice e Transgender. Foram encontrados 213 estudos, dos quais 49 eram duplicatas, resultando em 164 artigos para leitura de título e resumo, sendo incluídos ao final 41 estudos. A triagem inicial foi produzida seguindo os seguintes critérios de inclusão: abordar os tipos e as características de intervenção para voz e comunicação em mulheres transsexuais. Resultados: As intervenções para feminilização da voz de mulheres trans, descritas na literatura avaliada no presente trabalho, consistem basicamente em estudos que realizaram avaliação e/ou intervenção fonoaudiológica e em estudos que descrevem diferentes tipos de cirurgias de laringe. Um total de 19 artigos abordaram procedimentos cirúrgicos, descrevendo 07 tipos diferentes de procedimentos.
Quanto à atuação fonoaudiológica os estudos descrevem aplicação de diferentes tipos de questionários de auto-avaliação vocal, realização de avaliação perceptivo auditiva da voz, avaliação acústica da voz e diferentes abordagens de intervenção terapêutica para voz. Conclusão: A partir de dados coletados dos estudos incluídos na revisão, foi observada uma maior frequência de realização da cirurgia Glotoplastia de Wendler. Já nos parâmetros de avaliação, houve maior referência aos questionários de auto-avaliação, além da realização de terapia vocal. Os resultados demonstram ser muito variáveis de acordo com o tipo ou a combinação dos procedimentos utilizados, além disso ressalta-se a importância da autoavaliação vocal e a consideração do impacto da voz em aspectos emocionais e sociais que contemplam a expressão de gênero e a qualidade de vida das mulheres transexuais.



1- Hancock AB, Garabedian LM. Transgender voice and communication treatment: a retrospective chart review of 25 cases. Int J Lang Commun Disord [Internet]. 2013 Jan;48(1):54–65.

2- Houle N, Levi S V. Effect of Phonation on Perception of Femininity/Masculinity in Transgender and Cisgender Speakers. J Voice [Internet]. 2019 Dec;

3-Dahl KL, Mahler LA. Acoustic Features of Transfeminine Voices and Perceptions of Voice Femininity. J Voice [Internet]. 2019

4- Hardy TLD, Rieger JM, Wells K, Boliek CA. Acoustic Predictors of Gender Attribution, Masculinity–Femininity, and Vocal Naturalness Ratings Amongst Transgender and Cisgender Speakers. J Voice [Internet]. 2020 Mar;34(2):300.e11-300.e26


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2027
ANÁLISE SOBRE INTERVENÇÕES DE VOZ EM MULHERES TRANS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz constitui um papel essencial na comunicação e nas relações humanas. Na vida das pessoas trans representa um importante papel quanto à expressão social de gênero (¹). Desse modo, as mulheres trans podem buscar a terapia vocal e de comunicação com a finalidade de apoiar sua transição de gênero, assim como, alcançar o nível de conforto desejado com a voz que as representa (²). A fonoaudiologia tem grande potencial de contribuir para a saúde e qualidade de vida dessas mulheres com a abordagens para treinamento da voz e da comunicação. Desse modo conforme a base de conhecimentos sobre o processo de transição no tocante à voz vem aumentando, há uma necessidade crescente de examinar e analisar práticas de intervenção baseadas em evidências (3,4). Objetivo: Analisar quais são os procedimentos descritos na literatura direcionados para feminilização da voz em mulheres transexuais. Método: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada em 2020, nas bases de dados PubMed e Portal Regional BVS, sem limitação de tempo e língua. Neste estudo foi utilizada a combinação dos descritores: Voice e Transgender. Foram encontrados 213 estudos, dos quais 49 eram duplicatas, resultando em 164 artigos para leitura de título e resumo, sendo incluídos ao final 41 estudos. A triagem inicial foi produzida seguindo os seguintes critérios de inclusão: abordar os tipos e as características de intervenção para voz e comunicação em mulheres transsexuais. Resultados: As intervenções para feminilização da voz de mulheres trans, descritas na literatura avaliada no presente trabalho, consistem basicamente em estudos que realizaram avaliação e/ou intervenção fonoaudiológica e em estudos que descrevem diferentes tipos de cirurgias de laringe. Um total de 19 artigos abordaram procedimentos cirúrgicos, descrevendo 07 tipos diferentes de procedimentos.
Quanto à atuação fonoaudiológica os estudos descrevem aplicação de diferentes tipos de questionários de auto-avaliação vocal, realização de avaliação perceptivo auditiva da voz, avaliação acústica da voz e diferentes abordagens de intervenção terapêutica para voz. Conclusão: A partir de dados coletados dos estudos incluídos na revisão, foi observada uma maior frequência de realização da cirurgia Glotoplastia de Wendler. Já nos parâmetros de avaliação, houve maior referência aos questionários de auto-avaliação, além da realização de terapia vocal. Os resultados demonstram ser muito variáveis de acordo com o tipo ou a combinação dos procedimentos utilizados, além disso ressalta-se a importância da autoavaliação vocal e a consideração do impacto da voz em aspectos emocionais e sociais que contemplam a expressão de gênero e a qualidade de vida das mulheres transexuais.

1- Hancock AB, Garabedian LM. Transgender voice and communication treatment: a retrospective chart review of 25 cases. Int J Lang Commun Disord [Internet]. 2013 Jan;48(1):54–65.

2- Houle N, Levi S V. Effect of Phonation on Perception of Femininity/Masculinity in Transgender and Cisgender Speakers. J Voice [Internet]. 2019 Dec;

3-Dahl KL, Mahler LA. Acoustic Features of Transfeminine Voices and Perceptions of Voice Femininity. J Voice [Internet]. 2019

4- Hardy TLD, Rieger JM, Wells K, Boliek CA. Acoustic Predictors of Gender Attribution, Masculinity–Femininity, and Vocal Naturalness Ratings Amongst Transgender and Cisgender Speakers. J Voice [Internet]. 2020 Mar;34(2):300.e11-300.e26




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1666
ANÁLISE ULTRASSONOGRÁFICA DO DESLOCAMENTO DO OSSO HIÓIDE EM INDIVÍDUOS COM DISFAGIA OROFARÍNGEA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O ultrassom é um instrumento viável para avaliar alguns aspectos da deglutição orofaríngea, além de permitir medidas altamente consistentes e aplicáveis para o diagnóstico dos distúrbios da deglutição orofaríngea1-8. Um desses parâmetros é o deslocamento do osso hióide, o qual é facilmente visualizado no exame ultrassonográfico9. OBJETIVO: comparar a medida ultrassonográfica de distância do deslocamento máximo do osso hióide durante o pico da deglutição entre indivíduos saudáveis e disfágicos. MÉTODO: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo nº 19946119.8.0000.5406. Foram realizadas avaliações ultrassonográficas da deglutição orofaríngea de 10 indivíduos adultos com diagnóstico de disfagia orofaríngea denominado grupo 1 (G1) e 10 indivíduos adultos saudáveis denominado grupo controle (GC), pareados por sexo e faixa etária. Estudo clínico transversal controlado. Foi utilizado ultrassom portátil modelo Micro ultrasound system com transdutor microconvex 5-10 MHz, 10mm radius, 150 degree max field of view acoplado a um computador, além do estabilizador de cabeça. As imagens ultrassonográficas referentes a cada uma das deglutições foram gravadas pelo software AAA (Articulate Assistant Advanced) em uma taxa de 120 frames/segundo, o transdutor micro-convexo foi acoplado na região submandibular dos pacientes propiciando a formação da imagem do osso hióide no plano sagital. Foram utilizadas as consistências de alimentos nível 0 (volume livre e 5ml) e nível 4 (5ml) conforme o IDSSI10. O parâmetro ultrassonográfico utilizado para a análise quantitativa foi a distância do deslocamento máximo do osso hióide durante o pico da deglutição, ou seja, a mensuração da distância entre a parte inferior do osso hióide e a inserção do músculo milo-hióide. Uma vez que a medida da distância do deslocamento máximo do osso hióide é inversamente proporcional à elevação laríngea, espera-se que indivíduos disfágicos apresentem maiores valores de distância indicando uma menor elevação laríngea. Para a análise descritiva foi utilizado o cálculo da média e o desvio padrão, enquanto para análise inferencial foi utilizado o teste ANOVA de medidas repetidas. RESULTADO: Verificou-se efeito significante entre os grupos disfágicos e saudáveis (F (1, 18) = 6,08, P=0,02, p<0,05) independentemente das consistências de alimento F (2, 36) = 2,45, P= 0,09, p>0,05) e da interação entre as variáveis grupo e consistências (F (2, 36) = 0,15, P= 0,8, p>0,05) os quais não foram estatisticamente significantes. Os indivíduos disfágicos apresentaram maior distância do deslocamento do osso hióide no momento do pico máximo da deglutição (3,3) quando comparados aos indivíduos saudáveis (2,81) e essa medida ultrassonográfica significa menor elevação laríngea. CONCLUSÃO: A medida ultrassonográfica de distância do deslocamento máximo do osso hióide mostrou diferença na elevação laríngea entre indivíduos disfágicos e não disfágicos.

1. Sonies BC. Ultrasound imaging and swallowing. In: Jones B, Donner M (eds). Normal and Abnormal Swallowing: Imaging in Diagnosis and Therapy.Springer-Verlag, New York, p. 109–117, 1991.
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5. Lee YS, Lee KE, Kang Y, Yi TI, Kim JS. Usefulness of Submental Ultrasonographic Evaluation for Dysphagia Patients. Ann Rehabil Med 40(2):197-205, 2016.
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7. Rocha SG, Silva RG, Berti LC. Análise ultrassonográfica qualitativa e quantitativa da deglutição orofaríngea. CoDAS 27(5):437-45, 2015.
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10. Steele CM, Namasivayam-Mcdonald AM, Guida BT, Cichero JA, Fuivestein J, Hanson B. Creation and initial validation of the International Dysphagia Diet Standardisation Initiative functional diet scale. Arch Phys Med Rehabil. 2018; (in press).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1929
ANÁLISE ULTRASSONOGRÁFICA QUALITATIVA E QUANTITATIVA DAS PRODUÇÕES DAS LÍQUIDAS ALVEOLARES DE CRIANÇAS FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Nos mais diversos idiomas, as consoantes líquidas vêm sendo descritas como segmentos complexos, estando comumente envolvidas nos processos fonológicos de simplificação(1,2,3,4). Entretanto, há controvérsias que contestem a complexidade(5), salientando, então, uma falta de consenso na literatura. Objetivo: descrever qualitativamente e quantitativamente a produção típica, o processo de substituição da líquida não lateral por uma lateral e o processo de semivocalização da líquida não lateral, em crianças de 4 a 9 anos falantes do português brasileiro, a partir da análise ultrassonográfica, a fim de confirmar (ou não) a complexidade das líquidas. Método: Selecionou-se de um banco de dados 60 produções (imagens US e áudios) advindas de 10 crianças com produções típicas e de 20 crianças com distúrbios dos sons da fala (DSF) envolvendo os processos anteriormente mencionados. Solicitou-se a nomeação das figuras de “lata” e “barata” do instrumento IAFAC(6). A partir do software Sound Forge Pro 10, selecionou-se das imagens ultrassonográficas o frame relativo ao ponto máximo de constrição da língua de [l] e [ɾ] (alvo e simplificado). Os pares de imagens US foram julgados por 20 juízes que julgaram se as imagens eram iguais ou diferentes, e quando diferentes, caracterizaram a diferença, adotando-se o Coeficiente Kappa de Fleiss na análise da concordância. Na análise quantitativa, utilizou-se os parâmetros articulatórios: altura média da porção anterior (PA) da língua, altura média da porção posterior (PP) da língua, razão entre PA e PP e razão normalizada entre PA e PP da língua(7). Foi realizado o Test T de Student a fim de verificar se há diferença estatística significativa a partir dos valores analisados (α< 0,05). Resultados: Na comparação das imagens ultrassonográficas de [l] e [ɾ], o Coeficiente de Kappa de Fleiss foi alto (0,94) indicando que as imagens são diferentes; na categorização das diferenças, o Kappa foi aceitável (0,63) indicando que a diferença residia tanto na ponta quanto no dorso. As produções típicas apresentaram duplos gestos (ponta e dorso) para ambos os sons, com ponta mais elevada e dorso mais anteriorizado para [ɾ], e ponta menos elevada e dorso mais posteriorizado para [l]. Nas substituições de /ɾ/ por [l], verificou-se um padrão muito próximo das produções típicas, com diferenças sutis de magnitude na elevação da ponta. Nas semivocalizações, observou-se apenas uma elevação da porção medial da língua (fusão gestual). Na análise quantitativa, o Test T indicou que as produções típicas se diferem pelo parâmetro de razão entre PA e PP (p = 0,02); as produções com semivocalização se diferem pela altura da PP (p=0,01), razão entre PA e PP (p=0,00) e razão normalizada entre PA e PP (p=0,00); as produções com substituição de /ɾ/ por [l] não apresentaram significância. Conclusão: As consoantes líquidas alveolares do PB são segmentos complexos, sendo observado dois gestos simultâneos, e o gesto posterior de língua esteve presente em diferentes configurações. A ultrassonografia de língua possibilitou caracterizar as diferenças qualitativamente (para todas as produções) e quantitativamente (para as produções típicas e com semivocalização).

1 - Gick B, Bacsfalvi P, Bernhardt B, Oh S, Stolar S, Wilson I. A Motor Differentiation Model for Liquid Substitutions in Children's Speech. Proceedings of Meetings on Acoustics 153ASA, 2007 [acesso em 13de julho de 2020];1(1):[p. 060003]. Disponível em: https://asa.scitation.org/doi/pdf/10.1121/1.2951481

2 - Proctor M. Towards a Gestural Characterization of Liquids: Evidence from Spanish and Russian. Laboratory Phonology, 2011 [acesso em 13 de julho de 2020];2(2) [p. 451-485]. Disponível em: https://www.degruyter.com/view/journals/labphon/2/2/article-p451.xml

3 - Barberena LS, Keske-Soares M, Berti LC. Descrição dos gestos articulatórios envolvidos na produção dos sons/r/ e /l/. Audiology Communication Research, 2014 [acesso em 13 de julho de 2020]; 19(4):[p.338-344]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S2317-6431201400040000135

4 - Lima FLCN, Silva CEE, Silva LM, Vassoler AMO, Fabbron EMG, Berti LC. Análise ultrassonográfica das líquidas alveolares e fricativas coronais: julgamento de juízes experientes e não experientes. Revista CEFAC, 2018 [acesso em 13 de julho de 2020];20(4)[p. 422-431]. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcefac/v20n4/pt_1982-0216-rcefac-20-04-422.pdf

5 - Recasens, D. What is and What is ot an Articulatory Gesture in Speech Production: The case of Lateral, Rhotic and (alveolo) Palatal Consonants. Gradus Revista Brasileira de Fonologia de Laboratório, 2016 [acesso em 13 de julho de 2020]; 1(1)[p. 23-42]. Disponível em: https://gradusjournal.com/index.php/gradus/article/view/101/108

6 - Berti LC, Pagliuso A, Lacava F. Instrumento de avaliação de fala para análise acústica (IAFAC) baseado em critérios linguísticos. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2009 [acesso em 13 de julho de 2020]; 14(3)[p. 305-314]. Disponível em:https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151680342009000300005&lng=pt&tlng=pt

7 – Oliveira AM, Berti LC. Aquisição fonológica típica e atípica do padrão silábico CCV: dados acústicos e articulatórios. Alfa: Revista de Linguística (São José do Rio Preto), 2018 [acesso em 13 de julho de 2020]; 62(3)[p. 591-612]. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/alfa/v62n3/1981-5794-alfa-62-3-0591.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
724
ANSIEDADE AO FALAR EM PÚBLICO: A EFETIVIDADE DE UMA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA MELHORA DE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS E DE AUTOPERCEPÇÃO
Tese
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Falar em público é uma situação estressora, muitas vezes considerada como um dos maiores medos de pessoas no mundo[1]. O estresse decorre de uma elevada apreensão social, atenção autofocada[2,3] e antecipação de avaliações negativas[4]. Esse tipo de evento estressor desencadeia respostas fisiológicas associadas ao eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal, como a excreção de cortisol na corrente sanguínea, por exemplo[5,6]. O Sistema Nervoso Simpático, em reação à atuação do cortisol, prepara o sistema cardíaco para responder ao agente estressor, aumentando a ativação cardiovascular no coração e vasos sanguíneos[7]. A literatura descreve amplamente intervenções psicológicas no enfrentamento à ansiedade ao falar em público. Porém há carência de estudos que abordem a terapia fonoaudiológica nessa problemática. Achados apontam que uma boa autopercepção vocal auxilia para a captação e manutenção da atenção do público, e, assim influenciar o ouvinte durante uma performance[8].

OBJETIVO: Verificar a efetividade de uma intervenção fonoaudiológica em parâmetros fisiológicos e de autopercepção ao falar em público em estudantes universitários.

MÉTODO: Tratou-se de um ensaio clínico randomizado cego, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem sob número 2.729.273. Recrutou-se alunos de graduação, idades entre 18 e 30 anos, que concordassem em participar do estudo, que não exerciam atividade regular que envolvesse falar em público, sem treinamentos prévios de oratória, sem diagnóstico médico/psicológico de transtorno/fobia social, e sem flutuações hormonais acentuadas. Os participantes foram separados em dois grupos: o grupo intervenção (G1 - Terapia fonoaudiológica) participou de workshops durante seis semanas sobre respiração, articulação, coordenação pneumofonoarticulatória, ritmo, expressividade e linguagem corporal; o grupo controle (G2) recebeu orientações de saúde vocal em um encontro. Os participantes realizaram duas apresentações em público em momentos distintos, no qual sorteavam um questionamento cotidiano a ser respondido em frente a uma plateia: a primeira antes do início das intervenções e a segunda após o período de intervenções. Foram coletados durante as apresentações: amostras de saliva para mensurar níveis de cortisol; frequência cardíaca (valor médio de batimentos por minuto); aplicação da Escala para Autoavaliação ao Falar em Público (SSPS); e a atribuição de nota para as performances, realizadas por fonoaudiólogas cegadas para a intervenção, pelo próprio participante e por seus pares. Para comparar médias, foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes. Adotado valor de p≤0,05 como estatisticamente significativo. As análises foram realizadas no SPSS, versão 25.0.

RESULTADOS: 39 indivíduos (G1 n=22) completaram todos os requisitos do estudo. Não houve diferença estatística intergrupos nas variáveis de caracterização de amostra (sexo, idade, anos de graduação). No G1 houve redução acentuada nos níveis de cortisol salivar (p<0,001) e frequência cardíaca média (p=0,023), assim como aumento nos escores do SSPS (p<0,001) e nas notas dadas pelas fonoaudiólogas (p<0,001) e por seus pares (p<0,001) após as intervenções em relação ao G2.

CONCLUSÃO: A intervenção fonoaudiológica se mostrou eficaz na melhora da performance ao falar em público, observada tanto em avaliações fisiológicas objetivas, quanto em avaliações de autopercepção. Corroborando a teoria de autoeficácia[9], os participantes, ao perceberem a fala como eficiente, sentiram menos ansiedade, desencadeando sintomas fisiológicos mais brandos, interferindo menos nas performances.

1. Dwyer, KK. Davidson, MM. Is Public Speaking Really More Feared Than Death? Communication Research Reports. 2012; 29(2):99-107.
2. Clark DM, McManus F. Information Processing in Social Phobia. Biological Psychology. 2002; 51:92–100.
3. Woody SR. Effects of Focus of Attention on Anxiety Levels and Social Performance of Individuals with Social Phobia. Journal of Abnormal Psychology. 1996; 105:61–69.
4. Pereira SM, Lourenço LM. O Estudo Bibliométrico do Transtorno de Ansiedade Social em Universitários. Arq. bras. psicol. 2012; 64 (1):47-62.
5. Auer BJ, Calvo JL, Jordan NM, Schrader D, Byrd-Craven J. Communication and Social Interaction Anxiety Enhance Interleukin-1 Beta and Cortisol Reactivity during High-Stakes Public Speaking. Psychoneuroendocrinology. 2018; 94:83-90.
6. Garcia-Leal C, Parente ACBV, Del-Bem CM, Guimarães FS, Moreira AC, Elias LLK, Graeff FG. Anxiety and Salivary Cortisol in Symptomatic and Nonsymptomatic Panic Patients and Healthy Volunteers Performing Simulated Public Speaking. Psychiatry Research. 2005; 133:239-252.
7. Schomig A, Luth B, Dietz R, Gross F. Changes in Vascular Smooth Muscle Sensitivity to Vasoconstrictor Agents Induced by Corticosteroids, Adrenalectomy, and Differing Salt Intake in Rats. Clinical Science and Molecular Medicine. 1976; 51:51-63.
8. Marinho ACF, Medeiros AM, Lima EP, Pantuza JJ, Teixeira LC. Prevalence and factors associated with fear of public speaking. CoDAS. 2019; 31(6): e20180266.
9. Bandura A. Self-efficacy: Toward a unifying theory of behavioral change. Psychological Review. 1977; 84(2):191–215.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
497
APERFEIÇOAMENTO DAS HABILIDADES COMUNICATIVAS EM APRESENTAÇÕES ORAIS: TREINAMENTO DE COMUNICAÇÃO PARA UNIVERSITÁRIOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Atualmente as comunicações orais em sala de aula contemplam conteúdos, além disso, os eventos técnico-científicos, nos quais se assume a posição de expositor de trabalhos, fazem parte do cotidiano dos universitários. Quando falamos de uma apresentação em público e da transmissão de um conteúdo, estamos falando que não é apenas necessário transmitir conhecimento, mas também comunicar emoções e características pessoais. Por isso, a competência de falar em público torna-se um dos determinantes do sucesso profissional. Porém, grande parte das pessoas tem dificuldades de se expor nessas apresentações. A exposição oral é um gênero que deve pressupor um planejamento prévio, no qual se deve demonstrar a capacidade de elaboração de um texto oral relacionado com o tema e o conteúdo de determinada pesquisa, além das habilidades comunicativas para transmitir um conteúdo. A Programação Neurolinguística propõe a possibilidade de programar comportamentos por meio do uso da linguagem, já que a mesma advoga puramente a pragmática, importando-se, primariamente, com a obtenção de resultados, junto com o treino das habilidades comunicativas, envolvendo treinamento vocal que é válido para a melhoria da comunicação em exposição oral. Objetivo: O objetivo foi propor e realizar um programa de treinamento de alta performance em comunicação para desenvolver as habilidades comunicativas em apresentações orais em universitário, e comparar os resultados pré e pós-intervenção para testar a aplicabilidade do material desenvolvido e a efetividade do treinamento na população estudada. Método: Participaram do estudo, 38 estudantes de Ensino Superior do 1º Ano de Graduação dos Cursos de Fonoaudiologia, Medicina e Odontologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo (FOB-USP). Após assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, foram submetidos a um treinamento na própria universidade, com metodologias ativas de aprendizagem, intercalando parte teórica e treino prático elaborado pela pesquisadora, no total de oito encontros, com duração de duas horas cada. Na pré-intervenção e na pós-intervenção, os participantes realizaram uma apresentação para os demais participantes e para uma banca avaliadora formada por três juízes, dois fonoaudiólogos e um psicólogo, momento em que foi avaliado o desempenho nas apresentações orais. Além de realizarem uma autoavaliação nos dois momentos. Resultados: Observou-se melhora estatisticamente significativa (<0,05) na pós-intervenção em todas as variáveis analisadas, tanto na avaliação realizada pelos juízes, como na autoavaliação. Conclusão: Conclui-se, portanto, que o programa de treinamento apresentado, juntamente com o material elaborado, a apostila “Alta Performance em Comunicação” é efetivo à medida que os universitários, participantes desta pesquisa, melhoraram seu desempenho nas apresentações orais.

1.AMIRHOSSEINI, M. H.; KAZEMIAN, H. Automating the process of identifying the preferred representational system in Neuro Linguistic Programming using Natural Language Processing. 2019 May;20(2):175-193. Disponível em: doi: 10.1007/s10339-019-00912-3.
2.ALMEIDA, A. A. F. et. al. Comunicação em público. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;(1).
3.BAUTH, M. F. et. al. Avaliação das habilidades sociais de universitários ingressantes e concluintes. Contextos Clínicos – Vol. 12, n. 1 abr. 2019.
4.CELESTE, L. C. et al. Treinamento da performance comunicativa em universitários da área da saúde. Audiol., Commun. Res. vol.23 São Paulo 2018. .
5.HILDENBRAND, L.; PEREIRA, S. E. M. Falar em público. Unig, 2005. Disponível em: .
6.YOON, S.; SON, G.; KWON, S. Fear emotion classification in speech by acoustic and behavioral cues. Multimed Tools Appl. 2019;78(2).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
935
APLICABILIDADE DO VIDEO HEAD IMPULSE TEST EM DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


O Video Head Impulse Test (vHIT) tem sido utilizado no diagnóstico diferencial entre disfunções vestibulares periféricas e centrais, decorrentes de doenças do sistema nervoso central (SNC).1 Por vezes, pacientes com doenças centrais apresentam sintomas otoneurológicos sutis2 ou, até mesmo, ausentes.3 Porém, o vHIT ainda não é indicado, rotineiramente, na avaliação desta população. Como o funcionamento do reflexo vestíbulo-ocular (RVO) está relacionado tanto à neurofisiologia dos canais semicirculares como do SNC, a análise deste reflexo destaca-se como importante por trazer informações relevantes, mesmo diante da ausência de queixas ou sintomatologia otoneurológica.4 Dessa forma, o objetivo desse estudo foi revisar a literatura científica sobre a aplicabilidade do vHIT em doenças do SNC, bem como os resultados encontrados e as doenças relatadas. Foi realizada uma busca em nove bases de dados eletrônicas (PubMed/MEDLINE, SciELO, Scopus, LILACS, Web of Science, Livivo, OpenGrey, ProQuest e Google Acadêmico), utilizando a palavra-chave “Video Head Impulse Test”. A análise das publicações foi realizada em duas etapas. A amostra final desta revisão compreendeu 18 estudos, publicados entre os anos de 2014 e 2019. Quanto ao tipo de delineamento, houve predomínio de relato de caso e caso-controle. As doenças descritas foram: derrame cerebelar, Esclerose Múltipla, Ataxia cerebelar com neuropatia e síndrome da arreflexia vestibular bilateral, Siderose Superficial do Sistema Nervoso Central, glioma no pedúnculo cerebelar inferior esquerdo, Paralisia supranuclear progressiva, Miopatia mitocondrial, encefalopatia, acidose láctica e acidente vascular cerebral, Doença de Parkinson e, por fim, Ataxias espinocerebelares tipo 1, 2 e 3 e Ataxia de Friedreich. Conforme demonstrado pela literatura amostral, o vHIT tem sido aplicado em doenças do SNC, sobretudo, com três finalidades: investigar a função vestibular, uma vez que a maior parte dos indivíduos nos estudos manifestou sintomas otoneurológicos; considerar a avaliação do RVO em alta frequência como uma medida complementar para auxiliar na identificação e caracterização da doença base, pois exames neurológicos são dispendiosos e demorados em comparação ao vHIT; e, por fim, monitorar a evolução clínica e o tratamento, principalmente na realização pré e pós-intervenção. Referente aos resultados encontrados no vHIT, o ganho do RVO esteve diminuído na maior parte dos estudos. Observou-se, ainda, a ocorrência de sacadas de refixação encobertas e evidentes, presença de nistagmo espontâneo e semiespontâneo e, em poucos artigos, alterações no RVO com e sem captação visual e nos testes de desvio de inclinação e de perseguição sacádica. Foi verificado baixo nível de evidência na maior parte dos estudos, devido os delineamentos mais frequentes terem sido relato de caso e caso-controle e estes apresentarem baixo grau de recomendação por estarem mais suscetíveis a vieses.5 Entretanto, considera-se o fato de que parte das doenças descritas são de menor acometimento em relação à outras. Verificou-se, por fim, resultados dos parâmetros do vHIT alterados nos indivíduos com doenças do SNC. Estes achados evidenciam que este exame pode ser utilizado como uma ferramenta importante na avaliação do RVO desta população, uma vez que trouxe evidências sobre a função vestibular e integridade neurológica a nível de vias vestibulares centrais.

1. Halmagyi GM, Chen L, McDougall HG, Weber KP, McGarvie LA, Curthoys S. The video head impulse test. Front Neurol. 2017;8(258):1-23.

2. Mantokoudis G, Tehrani ASS, Wozniak A, Eibenberger K, Kattah JC, Guede CI, Zee DS, Newman-Toer DE. VOR gain by head impulse video-oculography differentiates acute vestibular neuritis from stroke. Otol Neurotol. 2014;36:457-65.

3. Lv W, Guan Q, Hu X, Chen J, Jiang H, Zhang L, Fan W. Vestibulo-ocular reflex abnormality in parkinson’s disease detected by video head impulse test. Neurosci Lett. 2017; 657: 211-4.

4. Choi JY, Kim HJ, Kim JS. Recent advances in head impulse test findings in central vestibular disorders. 2018;0:1-11.

5. Cox RM. Waiting for evidence-based practice for your hearing aid fittings? It’s here! Hear J. 2004;57(8):10-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
318
APLICABILIDADES DA FOTOBIOMODULAÇÃO NO ALEITAMENTO MATERNO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Objetivos: analisar os estudos que abordam os efeitos da terapia com luz de baixa intensidade nos traumas mamilares. Estratégia de pesquisa: foi realizada a busca de artigos nas plataformas PubMed, Scielo e BVS. Critérios de seleção: foram selecionados artigos originais, com resumo disponível, publicados em português, inglês ou espanhol que avaliassem o efeito da luz de baixa intensidade no aleitamento materno. Análise de dados: os dados foram analisados qualitativamente de acordo com o autor e ano de publicação; objetivos e amostra; tipo de dispositivo; comprimento de onda utilizado; dose, número de pontos, local e dose total; forma de aplicação e resultados. Resultados: a amostra final deste estudo consistiu de quatro artigos publicados entre os anos de 2012 e 2019 e a maioria estava indexado na PubMed em língua inglesa. Os trabalhos tiveram como objetivos específicos o tratamento das lesões mamilares e/ou a redução da dor. O dispositivo utilizado em três estudos foi o LASER de baixa intensidade e um utilizou o LED com emissão pulsada. O tamanho das amostras nos estudos variou de duas a 80 mulheres, com faixas etárias entre 18 e 40 anos. Observou-se maior uso do comprimento de onda vermelho, com aplicações na região do mamilo. Em relação à dose, houve variação de 0,2 J a 4 J por ponto. O número de pontos esteve entre um e três pontos. A dose total esteve entre 0,6 J e 4 J. Em relação à frequência de aplicação, o estudo realizado com LED citou que a irradiação foi realizada no mamilo duas vezes por semana, durante um período de quatro semanas. Em outro trabalho, verificou-se a aplicação de 0,6J , no momento da primeira avaliação, 24 horas e 48 horas após o diagnóstico de fissura mamilar. Já no artigo que abordou dois estudos de caso, as pacientes receberam 10 minutos de irradiação em cada mamilo, antes e depois da mamada. Todos os trabalhos encontraram respostas positivas para as variáveis pesquisadas, com melhora na fissura mamilar e diminuição da dor na amamentação. Conclusão: Não foi possível correlacionar os resultados obtidos com a dose empregada, porém observou-se pelos resultados encontrados que o LASER de baixa intensidade se apresenta como um potencial recurso para promover a regeneração tecidual e redução da dor relacionada ao trauma mamilar.
Descritores: terapia com luz de baixa Intensidade, laserterapia, aleitamento materno, amamentação e Fissura mamilar.

OMS. Aleitamento materno nos primeiros anos de vida salvaria mais de 820 mil crianças menores de cinco anos em todo o mundo. Brasília: 2018. Disponível em> https://www.paho.org/bra/ < Acesso em: 14 de out. 2018

UNICEF. Amamentação: problemas mais frequentes. Brasília: UNICEF, 2018. Disponível em> https://www.unicef.org/brazil/pt< Acesso em: 01 de . 2018

Araújo AR, Nascimento ALV, Camargos JM. Fotobiomodulação como uma nova abordagem para o tratamento de traumas mamilares: um estudo piloto, randomizado e controlado. Fisioterapia Brasil. 2013; 14(1): 20-26.

Coca KP, Marcacine KO, Gamba MA, Corrêa L, Aranha ACC, Abrao ACF de V. Efficacy of low-level laser therapy in relieving nipple pain in breastfeeding women: a triple-blind, randomized, controlled trial. Pain Management Nursing. 2016 ;( Ju)
HENRIQUES ÁCG, CAZAL C, CASTRO JFL. Low intensity laser therapy effects on cell proliferation and differentiation. Review of the literature. Rev. Col. Bras. Cir. 2010; 37(4): 295-302
Whitney M. Waite and James A.
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Camargo, B. T. S., Coca, K. P., Amir, L. H., Corrêa, L., Aranha, A. C. C., Marcacine, K. O., ... & de Vilhena Abrão, A. C. F. (2019). The effect of a single irradiation of low-level laser on nipple pain in breastfeeding women: a randomized controlled trial. Lasers in medical science, 1-7


TRABALHOS CIENTÍFICOS
653
APLICAÇÃO DE CRITÉRIOS CATEGÓRICOS PARA A IDENTIFICAÇÃO DE TEA SINDRÔMICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
17120001


Introdução: O desenvolvimento de novas tecnologias na genética epidemiológica, molecular e clínica melhorou o conhecimento das síndromes genéticas associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA)1. Há uma diversidade de distúrbios genéticos associados ao TEA. O conceito de "autismo sindrômico" qualifica indivíduos com características dismórficas/malformações ou deficiência intelectual grave, que se opõe ao conceito de "autismo não sindrômico” com indivíduos sem/com deficiência intelectual, e sem outros sinais ou sintomas associados2. Organizar e sistematizar manifestações fenotípicas pode gerar conhecimentos relevantes e favorecer a elucidação dos processos subjacentes ao desenvolvimento, cujos mecanismos ainda são desconhecidos, por meio do monitoramento de fenótipos e comorbidades associadas3. Desenvolver estratégias para o reconhecimento de sinais clínicos pode auxiliar na identificação de formas sindrômicas de TEA, possibilitando a associação entre fenótipos e características genéticas específicas1-5. Objetivo: Aplicar critérios categóricos em uma amostra de conveniência de indivíduos com características dismórficas/malformações com sinais de TEA para a identificação de síndromes genéticas (autismo sindrômico). Métodos: Projeto aprovado (CAAE: 42356815.1.0000.5417). O processo envolveu aplicação de critérios categóricos1,2 para a identificação de autismo sindrômico por meio de: anamnese (histórico familial, trajetória de desenvolvimento, padrão alimentar e do sono, epilepsias/convulsões, disfunção sensorial, desenvolvimento da linguagem, sinais comportamentais precoces do TEA e outros comportamentos atípicos); avaliação do neurodesenvolvimento, da linguagem e neuropsicológica; levantamento de sinais fenotípicos e características dismórficas (análise de fotos da criança no decorrer da vida); avaliação neurológica e genética (exames clínicos e laboratoriais). Foram analisados 120 casos diagnosticados com TEA e aplicados os critérios categóricos, em crianças na faixa etária de 28 a 70 meses. Resultados: Quarenta crianças foram identificadas com características dismórficas, mas somente 25 realizaram avaliação genética, passando por todos os critérios categóricos. Várias síndromes (gene-localização) foram identificadas nesta amostra: casos únicos: Angelman (UBE3A-15q11); Rett (MECP2-Xq28); Smith-Magenis (RAI1-17p11.2); Esclerose Tuberosa (TSC1-9q34); Sotos (NSD1-5q35); Velocardiofacial (TBX1-22q11.21); Hipomelanose de Ito (9q33); Prader-Willi (UBE3A-15q11-q13); Goldenhar (NKD2-5q15); Timothy (CACNA1C-12p13); Cohen (COH1-8q22); Cornélia de Lange (SCdL-3q26.3) e Joubert (NPHP1,2q13) e dois casos de X-Frágil (FRM1Xq22-23). Conclusão: Uma lista refinada e atualizada dos genes de risco para TEA está disponível no Sfari Gene6. Ressalta-se, entretanto, que estas alterações genéticas representam individualmente mais de 1% de todos os casos de TEA2. Para a maioria dos casos de TEA, não existem sinais clínicos que indiquem uma alteração genética específica, dada a complexidade etiológica destes quadros3,5. No entanto, o TEA pode fazer parte da sintomatologia de alguns transtornos monogênicos, cromossômicos, metabólicos, dentre outros que estão classificados como “autismo sindrômico”2. Infelizmente, o diagnóstico genético nestes casos ainda é pouco frequente, principalmente em razão dos custos financeiros. A identificação de desordens genéticas associadas ao TEA tem implicações práticas para estratégias de diagnóstico, detecção precoce, prevenção de comorbidades, tratamentos e acompanhamentos específicos e aconselhamento genético. O Fonoaudiólogo, membro da equipe de diagnóstico, tem muito a contribuir nesta área. O conhecimento dos fenótipos e características principais das síndromes genéticas que cursam com TEA favorece a compreensão e melhor manejo terapêutico, o que implica na redução dos efeitos deletérios destes quadros clínicos e contribui para a qualidade de vida destes indivíduos e suas famílias.

1. Robert C, Pasquier L, Cohen D, Fradin M, Canitano R, Damaj L, Odent S, Tordjman S. Role of Genetics in the Etiology of Autistic Spectrum Disorder: Towards a Hierarchical Diagnostic Strategy. Int J Mol Sci. 2017;18(3): 618.

2. Cohen D., Pichard N., Tordjman S., Baumann C., Burglen L., Excoffier E., Lazar G., Mazet P., Pinquier C., Verloes A., et al. Specific genetic disorders and autism: Clinical contribution towards their identification. J. Autism Dev. Disord. 2005;35:103–116.

3. Mugzach O, Peleg M, Bagley SC, Guter, SJ, Cook EH, Altman RB. An ontology for Autism Spectrum Disorder (ASD) to infer ASD phenotypes from Autism Diagnostic Interview–Revised data. J Biomed Inform. 2015; 56: 333–347

4. DeThorne LS, Ceman S. Genetic Testing and Autism: Tutorial for Communication Sciences and Disorders. J Commun Disord. 2018; 74: 61–73.

5. Lin YC, Frei JA, Kilander MBC, Shen W, Blatt GJ. A Subset of Autism-Associated Genes Regulate the Structural Stability of Neurons. Front Cell Neurosci.2016; 10: 263.

6. Sfari Gene. https://gene.sfari.org/


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1719
APLICAÇÃO DE LASER DE BAIXA INTENSIDADE (LBI) COMO RECURSO TERAPÊUTICO DURANTE COMPLICAÇÕES NA AMAMENTAÇÃO: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


O aleitamento materno, ou natural, é de suma importância para além da nutrição do bebê, fortalecer o seu sistema imunológico, fortificar o vínculo mãe-bebê, permitir um bom desenvolvimento craniofacial e motor-oral, dentre outros. Todavia, o aleitamento materno exclusivo encontra alguns obstáculos que dificultam sua continuidade, entre eles: problemas mamilares na nutriz (fissuras mamilares, dor mamilar, mastite, etc.) e disfunções orais no lactente (alterações na cavidade oral, músculos e/ou estruturas do sistema estomatognático, como alteração de língua, lábios, ausência ou deficiência do reflexo de procura etc.). Por sua vez, o uso do laser de baixa intensidade (LBI) como recurso terapêutico vem ganhando notoriedade na Fonoaudiologia onde é possível encontrá-lo em campos de atuação como motricidade orofacial, voz e disfagia, tornando-se conhecido pelos seus efeitos terapêuticos: anti-inflamatório, analgésico e modulador da atividade celular, e sendo em março de 2019 aprovada a resolução n⁰ 541 que dispõe sobre o uso do recurso de LBI por fonoaudiólogos. Este estudo, através de uma revisão de literatura integrativa, buscou analisar os efeitos e aplicabilidade da laserterapia na nutriz e lactente, concomitante à investigação das principais complicações apresentadas durante a amamentação com possibilidades do uso do LBI além de averiguar como ele pode beneficiar a terapia fonoaudiológica frente à outros recursos existentes. Foram coletados dados de estudos indexados nas bases de dados: LILACS, MEDLINE, SciELO e CAPES no período de 2009 a 2019. Na pesquisa inicial foram encontrados 51 artigos, ao serem avaliados 44 foram excluídos e 7 foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão propostos, constituindo-se na amostra deste estudo. Obtendo como predomínio pesquisas relacionadas à traumas mamilares, e pesquisas com resultados positivos apresentando o LBI como um recurso eficaz no controle da dor e no processo da cicatrização de feridas. Dentre os trabalhos selecionados apenas um era direcionado a aplicação de LBI em neonato, e em sua maioria de autoria de enfermeiros. O laser se mostra como uma opção de recurso terapêutico interessante devido aplicabilidade, conforto, baixo custo, não ser invasivo e de rápida resposta clínica, o que o diferencia dos tratamentos convencionais, contundo, apesar da relevância, ainda são poucas as publicações acerca do assunto, principalmente realizadas pelo profissional Fonoaudiólogo, sugerindo-se que mais pesquisas sejam feitas a fim de ampliar o uso e conhecimento em prática clínica, para benefício dos pacientes.

GOMES, C; SCHAPOCHNIK, A. O uso terapêutico do LASER de Baixa Intensidade (LBI) em algumas patologias e sua relação com a atuação na Fonoaudiologia. Distúrb Comun, São Paulo, 29(3): 570-578, setembro, 2017.

LINS, R. et al. Aplicação do laser de baixa potência na cicatrização de feridas. Odontol. Clín.-Cient., p. 511-516, 2011.

GUILHERME, J; NASCIMENTO, M. O leite humano – Anatomia e fisiologia da lactação. In: Santiago LB, organizador. Manual de Aleitamento Materno. Barueri: Manole; p. 1-19, 2013.

MATOS, A. et al. Laserterapia aplicada à motricidade orofacial: percepção dos membros da Associação Brasileira de Motricidade Orofacial – Abramo. Rev CEFAC, São Paulo, Jan-fev. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
596
APLICAÇÃO DE UM INDICADOR ASSISTENCIAL NO MONITORAMENTO DO PROCESSO DE TRABALHO DA FONOAUDIOLOGIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: O uso de indicadores em serviços de saúde tem sido incitado como uma forma de promover maior qualidade dos cuidados prestados, bem como uma maneira de avaliar o efeito das intervenções e os resultados atingidos. No contexto hospitalar em que o fonoaudiólogo é o protagonista na detecção e intervenção nos distúrbios de deglutição, a construção de indicadores pode propiciar uma prática baseada em evidências e de maior efetividade, buscando reduzir complicações como a broncoaspiração e viabilizar a alta mais precoce. Pode, ainda, fortalecer o serviço e evidenciar demandas de melhorias internas ou que devam ser sanadas a nível institucional. A definição do indicador a ser utilizado necessita partir da análise dos processos de trabalho desenvolvidos pela equipe, adequando a realidade do serviço, para alcance de maior excelência. Objetivo: Descrever o uso do indicador “Porcentagem de solicitações de avaliação de pacientes adultos atendidos pela equipe de Fonoaudiologia em até 24 horas” em um hospital universitário de referência no estado de Minas Gerais. Métodos: O indicador supracitado foi selecionado após estudo da realidade do serviço e das demandas, uma vez que as solicitações de avaliação são frequentes e é por meio delas que se inicia o processo de acompanhamento dos casos no âmbito da internação hospitalar, com definição de conduta e instituição do plano de cuidados para cada paciente. Foi estabelecida a meta de 100% de atendimentos em até 24 horas, considerando o período do plantão da equipe no hospital. O indicador foi contratualizado e pactuado entre a equipe de Fonoaudiologia e a instituição em março de 2019. A partir de então, as profissionais da equipe passaram a registrar manualmente, em planilha desenvolvida para tanto, datas e horários tanto da solicitação quanto do atendimento à demanda, a fim de se verificar o alcance ou não da meta. Esses registros foram compilados mensalmente, sendo sua análise realizada pela equipe em conjunto com gestor administrativo Resultados: De março de 2019 até junho de 2020, 800 pedidos de avaliação foram solicitados à equipe, sendo priorizado seu atendimento no prazo estabelecido em detrimento de outras demandas. Neste período, apenas em setembro de 2019 e abril de 2020, a meta não foi atingida devido ao número reduzido de profissionais no serviço, a mudanças na escala de trabalho e a um caso em que a instabilidade clínica do paciente inviabilizava a avaliação. Em uma análise qualitativa, foi verificado que houve solicitações não condizentes com os protocolos estabelecidos na instituição ou de procedimentos não realizados pela equipe de internação, como exames auditivos. Conclusão: Os indicadores, base da gestão hospitalar, tem o objetivo de mensurar a qualidade dos serviços hospitalares como um todo. O indicador supracitado foi assertivo na função de mensurar o tempo e a prontidão de resposta da equipe de Fonoaudiologia às solicitações de avaliação, auxiliando o serviço na definição de prioridades de atendimento e demonstrando os acertos e os pontos que demandavam retificação na assistência e na divulgação dos serviços prestados para as demais equipes, visando uma maior resolutividade das demandas.





TRABALHOS CIENTÍFICOS
2140
APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO WHOQOL-BREF EM PACIENTES ONCOLÓGICOS REABILITADOS COM PRÓTESE BUCOMAXILOFACIAL
Tese
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: a incidência do câncer de cavidade oral no Brasil é considerada uma das mais altas do mundo. Nos tratamentos cirúrgicos, em que há a remoção de parte da maxila, mandíbula e língua, tem-se como tratamento reabilitador a prótese bucomaxilofacial. Considera-se que pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico de cabeça e pescoço, quando protetizados, venham apresentar melhora na qualidade de vida. Objetivo: relacionar o perfil demográfico, de estilo de vida e aspectos clínicos aos domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente do instrumento de qualidade de vida WHOQOL- bref.
Método: trata-se de um estudo retrospectivo observacional, composto por prontuários de 189 pacientes diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço, com idade superior a 18 anos, de ambos os sexos, reabilitados com próteses bucomaxilofaciais. Os dados dos prontuários foram registrados em planilha Excel e consideradas as variáveis: demográficas (sexo, idade), tipo de prótese, estilo de vida (tabagismo e etilismo) e aspectos clínicos (sinais e sintomas de comorbidades, consumo de medicamentos) e as respostas ao instrumento de qualidade de vida WHOQOL- bref. Resultados: a maioria dos pacientes recebeu prótese maxilar, juntamente com a mandibular (70,4%). Houve diferença estatística significativa, com registro de qualidade de vida inferior, na relação entre ter menos de 60 anos e o escore geral do WHOQOL- Bref. Na análise por domínios foi registrada diferença estatística significativa na relação entre sexo feminino e os domínios psicológico (p=0,028) e ambiente (p=0,047); ter menos de 60 anos e o domínio ambiente (p=0,003); consumir medicamentos e o domínio físico (p=0,029); apresentar quatro ou mais sinais e sintomas clínicos e o domínio físico (p=0,003); e transtornos mentais e o domínio psicológico (p=0,017). Não foi registrada nenhuma diferença estatística significativa entre as variáveis analisadas e o domínio de relações sociais.  Conclusão: sujeitos com menos de 60 anos fazem referência a pior qualidade de vida no geral, e quanto aos domínios, o físico mostra-se mais comprometido para aqueles que fazem uso de medicação e fazem referência a presença de quatro ou mais sintomas; o psicológico, para as mulheres, e quanto ao meio ambiente, mulheres e sujeitos com menos de 60 anos.

Andrade JOM, Santos CAST, Oliveira MC. Fatores associados ao câncer de boca: um estudo de caso-controle em uma população do Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de epidemiologia. 2015;18 (4): 894-905.
Andrade SA, Pratavieira S, Paes JF, Ribeiro MM, Bagnato VS, Varotti FP. Papiloma escamoso oral: uma visão sob aspectos clínicos, de fluorescência e histopatológicos. São Paulo.2019;17(2): eRC4624.
Aquino RCA, Lima MLLT, Menezes CRCX, Rodrigues M. Aspectos epidemiológicos da mortalidade por câncer de boca: conhecendo os riscos para possibilitar a detecção precoce das alterações na comunicação. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 Aug [cited 2020 Feb 29] ; 17( 4 ): 1254-1261.
Aquino, Rodrigo Cesar Abreu de, Lima, Maria Luiza Lopes Timóteo de, Silva, Vanessa de Lima, Alencar, Fábio Lima de, & Rodrigues, Mirella. (2018). Acesso e itinerário terapêutico aos serviços de saúde nos casos de óbitos por câncer de boca. Revista CEFAC, 20(5), 595-603. https://doi.org/10.1590/1982-0216201820515017
Araújo SSC, Padilha DMP, Baldisserotto J. Avaliação da condição de saúde bucal e da qualidade de vida de pacientes com câncer de cabeça e pescoço atendidos em um hospital de Porto Alegre. Rev. Bras. de Cancerologia. 2009; 55(2): 129-138.
Avelar JMDP, Nicolussi AC, Toneti BF, Sonobe HM, Sawada NO. Fadiga em pacientes com câncer de cabeça e pescoço em tratamento radioterápico: estudo prospectivo. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2019; 27.
Balasubramaniam MK, Chidambaranathan AS, Shanmugam G, Tah R. Rehabilitation of Glossectomy Cases with Tongue Prosthesis : A Literature Review.2016;JCDR 10(2),ZE01 https://doi.org/10.7860/JCDR/2016/15868.7184
Carvalho LGA, Santiago CPL, Andrade ACM, Valença AMG, Ribeiro ILA, de Castro RD. El câncer de cabeza y cuello en Brasil: un análisis de 15 años. Rev Cubana Estomatol. 2018; 55(3): 22-28.
Castelli J, Simon A, Lafond C, Perichon N, Rigaud B, Chajon E. Adaptive radiotherapy for head and neck cancer. Acta Oncol (Madr) [Internet]. 2018;57(10):1284–92. Available at: https://doi.org/10.1080/0284186X.2018.1505053
Chen C, Ren W, Gao L, Cheng Z, Zhang L, Li S et al.. Function of obturator prosthesis after maxillectomy and prosthetic obturator rehabilitation. Braz J Otorhinolaryngol. 2016; 82(2):177-83.
Chen C, Ren WH, Huang RZ, Gao L, Hu ZP, Zhang LM, Zhi KQ. Quality of Life in Patients After Maxillectomy and Placement of Prosthetic Obturator. The International journal of prosthodontics. 2016; 29(4): 363-368.
Chi WJ, Hanasono MM, Hofstede TM, Aponte-Wesson RA. Prosthodontic treatment of a patient with Ewing sarcoma of the left maxillary sinus : A clinical report. The Journal of Prosthetic Dentistry. 2018; 1–5. https://doi.org/10.1016/j.prosdent.2018.06.012
Chigurupati R, Aloor N, Salas R. Quality of Life After Maxillectomy and Prosthetic Obturator Rehabilitation. Journal of Oral Maxillofacial Surgery. 2013; 71(8): 1471–1478. https://doi.org/10.1016/j.joms.2013.02.002
Coaracy AEV, Lopes FF, Cruz MCFN, Bastos, EG. Correlação entre os dados clínicos e histopatológicos dos casos de carcinoma espinocelular oral do Instituto Maranhense de Oncologia Aldenora Bello. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. 2008; 44(1):31-35.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2136
APLICAÇÃO DO MODELO TRANSTEÓRICO EM VOZ: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: O Modelo Transteórico (MTT) busca explicar como as pessoas mudam o comportamento e quais são as etapas que elas atravessam nesse processo. O modelo foi desenvolvido a partir da reunião de constructos de diversas abordagens e teorias, sistematizadas por Prochaska(1), formando um modelo complexo para a compreensão e investigação acerca da motivação para mudança de comportamento, tema este essencial na área de saúde(2). Na área da Fonoaudiologia, o modelo vem sendo aplicado com bons resultados(3), uma vez que, muitas vezes, o modelo afeta diretamente o comportamento de adesão ao cuidado e tratamento(4). Especificamente na reabilitação vocal em adultos, Van Leer, Hapner e Connor(5) forneceram uma estrutura organizacional para a compreensão da mudança de comportamento na terapia de voz, mas pouco tem sido apresentado sobre os resultados da aplicação clínica do MTT na área de voz. Objetivo: Desta maneira, o objetivo desta apresentação é descrever a experiência de adaptação das estratégias propostas pelo MTT ao contexto da reabilitação vocal. Método: Trata-se de descrição da experiência em uma disciplina prática de um curso de Fonoaudiologia que atende pacientes com disfonias, a partir de adaptações de estratégias propostas pelo MTT ao contexto da reabilitação vocal. Resultados: O MTT postula que a mudança de comportamento atravessa três dimensões principais: Estágios, Processos e Níveis de Mudança(7). Os estágios demonstram que a mudança se dá ao longo do tempo, segundo os padrões de respostas distintos; os mesmos foram denominados como pré-contemplação, contemplação, preparação, ação, manutenção(2,6). Atualmente, por meio da escala URICA-Voz, é possível identificar em qual dos estágios o paciente se encontra(4). Cada estágio representa uma série de obstáculos a serem vencidos por uma pessoa e, a partir deles, o terapeuta pode desenvolver estratégias de enfrentamento focadas, de acordo com o momento e as vivências de cada paciente. Este processo não acontece de forma linear, mas é cíclico e os avanços de um estágio para o outro vão depender da singularidade do paciente(1). A outra dimensão do modelo refere-se a descrição dos “Processos” de mudança que permitem entender como ocorreu esta mudança(1,6). São estratégias de autorregularão que os pacientes usam para passar de estágio a estágio que podem ser aplicadas em intervenções terapêuticas. São divididos em processos cognitivos (conscientização, alívio dramático, autorreavaliação, liberação social e reavaliação socioambiental) e comportamentais (gerenciamento de reforço, contracondicionamento, controle de estímulos, relações de ajuda e autoliberação)(1,6). A partir da experiência de outras áreas da Fonoaudiologia(10), foram descritas as situações relacionadas aos processos cognitivos e comportamentais adaptadas para a área de voz. Conclusão: Espera-se que o produto resultante desta experiência possa ser utilizado como um recurso de apoio didático-pedagógico, para que o profissional da área possa identificar mais facilmente as características de cada um dos processos para melhor manejá-los, conforme preconizado pela abordagem motivacional, contribuindo assim, para a evolução terapêutica.


(1) Prochaska J.O.; Diclemente C.C.; Norcross J.C. In Search of How People Change: Applications to Addictive Behaviors. American Psychologist, 1992 V. 47 (9): 1102-11014. Disponivel: https://pdfs.semanticscholar.org/cfa6/4338705a4903b3d38ae98901dc21183bf86c.pdf
(2) Yoshida, E.M. Escala de estágios de mudança: uso clínico e em pesquisa. Psico-USF, São Paulo,V. 7 (1) P. 59-66. 2002. Disponivel: https://www.researchgate.net/publication/239931948
(3) Kuchar J. Escala de estágios de mudança de comportamento em candidatos e usuários de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI). 2017. 168 f. (Tese de Doutorado em ciências da saúde). Bauru (SP): Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. 2017.
(4) Van Leer E.; Hapner E.R.; Connor N.P. Transtheoretical Model of Health Behavior Change Applied to Voice Therapy. Journal of Voice, Philadelphia, V. 22 (6) P. 688-698. 2008. Disponivel: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2904548/
(5) Diclemente C.C.; Schlundt D.; Gemmell L. Readiness and Stages of Change in Addiction Treatment. The American Journal on Addictions, Warszawa, V.13. (2), P. 103-119, (2004). Disponivel: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1080/10550490490435777
(6) Teixeira L.C. et al. Escala URICA-VOZ para identificação de estágios de adesão ao tratamento de voz. CoDas, São Paulo, V. 25 (1) P 8-15. 2013. Disponivel: http://www.scielo.br/pdf/codas/v25n1/v25n1a03.pdf
(7) Aguiar A.C. et al. Stages of Readiness in Patients With Dysphonia: A Proposal Based on Factor Analysis Using the URICA-V Scale. Journal of Voice, Philadelphia, P. 1-12, (2018). Disponivel:https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0892199718303308?via%3Dihub
(8) Silva A.C. Estágio de Prontidão em Pacientes com disfonia: Nova Perspectiva com Base na Teoria de Resposta ao Item na Escala URICA-V. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa– UFPB e Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, 2020.
(9) Lopes L.W.; Vilela E.G.; Autoavaliação e prontidão para mudança em pacientes disfônicos. CoDAS, São Paulo, V. 28 (3) P.295-301. 2016. Disponivel: https://www.researchgate.net/publication/304743975_Autoavaliacao_e_prontidao_para_mudanca_em_pacientes_disfonicos
(10) Babeu, L.; Kricos P; Lesner S. Acknowledgement of and adjustment to hearing loss: Applications of the transtheoretical Stages-of-Change Model. American Speech-Language-Hearing Association, Rockville, V. 8 (1) P. 13-15. 2003. Disponivel: https://pubs.asha.org/doi/pdf/10.1044/gero8.1.13


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2093
APLICATIVO JAMBOARD COMO FERRAMENTA PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DURANTE A PANDEMIA POR SARS-COV-2: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O Jamboard é um aplicativo apresentado na forma de um quadro branco digital colaborativo, recentemente lançado pelo GOOGLE, com objetivo de tornar aulas, reuniões e discussões mais interativas e intuitivas. Ele permite que diversas pessoas, em diferentes locais, possam construir e estruturar ideias, além de salvá-las no Google drive 1. Mediante o atual cenário pandêmico do SARS-CoV-2, com necessidade de isolamento social, o Jamboard torna-se um aplicativo aliado no processo de aprendizagem à distância, visto que pode ser acessado em qualquer lugar e em tempo real 2. OBJETIVO: Relatar a experiência de um grupo de discentes com o uso do aplicativo Jamboard para um processo de aprendizagem virtual mediante a pandemia do SARS-CoV-2. MÉTODO: O uso do Jamboard foi escolhido para promover o aprimoramento dos estudos realizados em um projeto de extensão e pesquisa em uma universidade pública, com uma equipe formada por nove alunos, um docente e um fonoaudiólogo técnico do curso de Fonoaudiologia. O projeto realizou orientações fonoaudiológicas por meio do telemonitoramento assíncrono às famílias de crianças do espectro autista, frente à suspensão das atividades acadêmicas presenciais devido ao atual cenário pandêmico do SARS-CoV-2. As reuniões da equipe ocorreram por meio de videoconferência pela plataforma GOOGLE MEET, com atividades de supervisão, discussão de casos e estudos de artigos científicos. O Jamboard foi utilizado após leitura e discussão coletiva do artigo científico “Parent and Family Impact of Autism Spectrum Disorders: A Review and Proposed Model for Intervention Evaluation" 3, que relata os impactos causados pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA) no cotidiano dos responsáveis, com um olhar ampliado para a família. Após leitura e discussão, cada aluno criou frases com as principais ideias do estudo de acordo com subtópicos selecionados previamente. A partir da coleta dessas informações, foi construído no quadro do Jamboard um resumo com as frases-chaves, utilizando as notas adesivas virtuais do quadro, a fim de sintetizar o conteúdo de forma visual e auxiliar no processo de aprendizagem. RESULTADO: O grupo mostrou autonomia ao dar continuidade aos estudos teóricos relacionados ao projeto, exercitou habilidades de trabalho individual e coletivo ao formular frases-chaves; e ao escolher, organizar e construir o conteúdo visual na procura de uma estética agradável que colaborasse com apropriação dos conhecimentos por meio do Jamboard. Os participantes relataram extrema satisfação acadêmica e pessoal em realizar tal atividade inovadora devido ao conhecimento adquirido, de uma forma simples e objetiva, sobre o conteúdo estudado. Afirmaram que o uso desta tecnologia em ambiente virtual de formação, possibilitou a efetivação do seu processo de aprendizagem, mesmo diante do cenário pandêmico decorrente o SARS-CoV-2. Além disso, expressaram que irão utilizar o Jamboard em seu processo de aprendizagem individual na construção de resumos. CONCLUSÃO: Observa-se que a experiência de uso de aplicativos que promovem o uso para comunidades virtuais, enquanto contexto de construção do conhecimento, apresenta potencialidade para a promoção de uma ação dialógica que fomente os processos de aprendizagem para os participantes, abrangendo possibilidades de participação tanto de forma conjunta quanto individual para a construção do aprendizado.

1. Qi Network. Jamboard: o quadro branco digital para colaboração na nuvem – Acesso em 3 de julho de 2020. Disponível em: https://www.qinetwork.com.br/jamboard-o-quadro-branco-digital-para-colaboracao-na-nuvem;
2. Google For Education. Dê vida a aprendizagem com o Jamboard – acesso em 3 de julho de 2020. Disponível em: https://edu.google.com/intl/pt-BR/products/jamboard/?modal_active=none;
3. KARST, J. S.; HECKE, A. V. V. Parent and Family Impact of Autism Spectrum Disorders: A Review and Proposed Model for Intervention Evaluation. Rev. ResearchGate. 2012; 15; 247–277.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1924
APLICATIVOS PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS EM SAÚDE DA COMUNICAÇÃO HUMANA: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: A popularização dos celulares inteligentes, também conhecidos como smartphones, tem sido considerada por muitos, a revolução tecnológica de maior impacto nos últimos tempos 1,2. Devido a sua versatilidade e possibilidade de acesso a milhões de aplicativos, os smartphones podem auxiliar seus usuários 24 horas por dia em qualquer lugar e nos mais diversos contextos. Essa qualidade é fundamental também na assistência em saúde, onde pacientes e profissionais podem usufruir das potencialidades dos dispositivos, para promoção da saúde. Nesse contexto, a fonoaudiologia enquanto ciência também tem passado por transformações consideráveis e aprimoramentos que incluem uma maior aproximação quanto ao uso das tecnologias nos últimos anos, nesse sentido torna-se importante identificar algumas das ferramentas digitais criadas e disponibilizadas para a fonoaudiologia.
OBJETIVO: Identificar através de revisão de literatura quais seriam os aplicativos para smartphones criados para área da fonoaudiologia e saúde da comunicação humana.
MÉTODO: Foi conduzida uma revisão de literatura do tipo integrativa nas bases de dados PubMed e BVS. As estratégias de busca, seleção e análise dos artigos seguiram os padrões dos itens de relatórios preferenciais para revisões sistemáticas - PRISMA. A criação da estratégia de busca foi baseada de acordo com a pergunta condutora: “Quais os aplicativos disponíveis para uso na área da fonoaudiologia e saúde da comunicação humana?”, conduzida pela estratégia PICo, cujo acrônimo representa: Paciente (P), Intervenção (I), Contexto (Co), útil em revisões não clínicas, cujo foco é o fornecimento de informações significativas sobre determinado tema. Foram considerados os descritores: “Tecnologia e Aplicativos de Software”, “Software”, “Aplicativos Móveis”, e “fonoaudiologia”. combinados entre si por meio do operador booleano “AND”. Foram incluídos artigos publicados nos últimos quinze anos, cujo foco fosse a descrição do processo de criação de um aplicativo voltado a fonoaudiologia e/ou saúde da comunicação humana, e que os estudos tivessem sido conduzidos no Brasil. Foram excluídos estudos revisões narrativas, sistemáticas, cartas; editoriais; comentários e relatos de casos.
RESULTADOS: Dos onze artigos localizados, apenas dois preencheram todos os critérios de inclusão. Ambos eram aplicativos eram destinados a área de linguagem. Um dos aplicativos tinha como foco o auxílio a reabilitação de crianças com dislexias e espelhamento e o outro era direcionado a melhoria do padrão de fala em pacientes com fissura labiopalatina. Ambos se apresentam disponíveis no sistema operacional Android.
CONCLUSÃO: Apesar do reduzido número de trabalhos desenvolvidos no Brasil, vê-se uma expectativa de crescimento contínuo ao longo dos próximos anos, uma vez que as tecnologias da informação e comunicação já constituem uma realidade no campo da Fonoaudiologia. Por fim, evidencia-se a necessidade iminente em estudos futuros, principalmente aplicativos destinados aos pacientes nas mais diversas áreas de especialidades da fonoaudiologia voltados ao autocuidado durante o curso de seu tratamento e/ou promoção da saúde da comunicação humana.

Carlos, DAO, et al. Concepção e avaliação de tecnologia mHealth para promoção da saúde vocal. RISTI-Revista Ibérica de Sistemas e Tecnologias de Informação. 2016, n. 19, p. 46-60.

Fonteles, RC, et al. Experiências de professores com o uso do aplicativo VoiceGuard: reflexões e mudanças de comportamento vocal. CIAIQ. 2019, v. 2, p. 768-777.

Souza, M, et al. Dizziness App: um Aplicativo para o Tratamento Optocinético de Pacientes com Tontura. Anais do XVIII Escola Regional de Computação Bahia, Alagoas e Sergipe. SBC, 2018. p. 72-77.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
247
APLICATIVOS PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS: UMA NOVA IMAGEM PARA A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


O mercado tecnológico vem investindo em opções de Comunicação Alternativa (CA) com o objetivo de ampliar as possibilidades de comunicação e interação de pessoas que não possuem fala articulada funcional, proporcionando mais autonomia, autoria, confiança e independência (1-2). Pensando nisso, realizou-se uma pesquisa exploratória na base de dados do Google Play Store no período entre agosto de 2018 a novembro de 2018, com o objetivo de verificar quais aplicativos de CA para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) estavam disponíveis na plataforma. Foram inventariados 53 aplicativos localizados com o uso do descritor “Autismo”. Destes foram identificados quinze softwares de CA, que se encaixavam nos seguintes critérios: ser um aplicativo desenvolvido para pessoas com deficiência e/ou TEA e possuir versão em português. Concomitantemente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com objetivo de confirmar as hipóteses levantadas durante a pesquisa (3-4). Em junho de 2020 foi realizada uma nova verificação utilizando a mesma metodologia utilizada por Reis (2), a finalidade era verificar se ocorreram alterações nos resultados anteriores, atualizando o status da pesquisa. Constatou-se que de dezembro de 2019 a junho de 2020 surgiram dez novos aplicativos de CA. Desses apenas cinco respeitavam os critérios citados acima. São eles: Talk Up! Pictogramas Comunicator, Falaê, Nikki Talk, Fale em imagens X – Uma voz AAC para o Autismo 2019 e ChatTEA. Destes, apenas o Talk Up! Pictogramas Communicator possui taxa de utilização em algum momento. Em relação aos 15 aplicativos estudados em 2018 cinco não estavam disponíveis para download em junho de 2020 (Aboard-CAA(AAC), Auta, Card Talk, E-Pecs , Fala Fácil Autismo DiegoDiz Pro). Não foi possível constatar os motivos para a retirada dos aplicativos da base de dados do Google Play Store. Na pesquisa realizada no ano de 2018 foram observados três pontos fundamentais no decorrer do trabalho. O primeiro, refere-se ao fato de que 86,5% dos Apps não apresentavam classificação correta por parte dos desenvolvedores. O segundo ponto, foi o fator de customização, 53% dos aplicativos catalogados possuem essa função. O terceiro tema apontado diz respeito à metodologia utilizada, 12% indicam em sua descrição uma base teórica para seu desenvolvimento. Os resultados da verificação realizada em 2019-2020, revelou resultados distintos. Os aplicativos catalogados somaram um total de quinze, 80% dos aplicativos encontrados nessa nova fase da pesquisa não apresentavam classificação correta por parte dos desenvolvedores. Acerca da customização verificou-se que 66,6% apresentavam a possibilidade de customização. Quanto ao tema da metodologia utilizada, 20% mostram que seu desenvolvimento baseou-se em uma metodologia comprovada cientificamente. As conclusões teóricas das pesquisas apontam que é preciso considerar que o foco para a utilização das tecnologias móveis como CA não pode estar nas tecnologias, mas em atender as necessidades dos indivíduos. É necessário que os aplicativos se adaptem às pessoas e não o inverso (5-6). Sugere-se a ampliação das pesquisas sobre aplicativos para pessoas com TEA. E que esses estudos apontem não só a existência dos aplicativos para pessoas com TEA, mas também a sua eficiência nos diversos contextos incluindo o da escola.

1. Light J, McNaughton D. The Changing Face of Augmentative and Alternative Communication: past, present and future challenges. Argumentative and Alternative Communication. 2012; 28(4):197-204.
2. Petroni NN, Boueri IZ, Lourenço GF. Introdução ao uso do Tablet para Comunicação Alternativa por uma Jovem com Paralisia Cerebral. Revista Brasileira de Educação Especial. 2018; 24(3), 327-342.
3.Reis JT. Tecnologia Assistiva: aplicativos para dispositivos móveis, uma contribuição tecnológica para aprendizagem de crianças autistas. [monografia] Rio de Janeiro: Faculdade de Educação Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2018.
4. Reis JT, Schirmer CR. Aplicativos de Comunicação Alternativa para pessoas com Transtorno do Espectro Autista: uma pesquisa exploratória. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa Isaac-Brasil: parceiros em diálogo na diversidade. 2019; Campinas (SP).

5. Light J, McNaughton D. Putting People First: re-thinking the role of technology in augmentative and alternative communication intervention. Argumentative and Alternative Communication. 2013; 29(4): 299-309.

6. Schirmer CR. Pesquisas em recursos de alta tecnologia para comunicação e transtorno do espectro autista. ETD - Educação Temática Digital. 2020; 22(1): 68-85.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
459
APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO E SUA RELAÇÃO COM O PROCESSAMENTO AUDITIVO: REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é caracterizada por episódios de colapso completo das vias aéreas ou colapso parcial com uma diminuição associada na saturação de oxigênio ou excitação do sono [1]. Ela pode acarretar prejuízos em crianças e adultos alterações nas habilidades auditivas de localização e lateralização do som, memorização, discriminação e identificação das informações acústicas do processamento auditivo [2,3]. OBJETIVO: Analisar a influência da SAOS no processamento auditivo. MÉTODO: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura com levantamento bibliográfico de textos publicados no período 2015 a 2020 em bases de dados eletrônicas LILACS, SciELO e PubMed, com os seguintes descritores para a busca: apnea, auditory processing, apneia e processamento auditivo, intercalados pelo operador booleano “AND”. A combinação das palavras utilizadas para a busca foram as seguintes: apneia AND processamento auditivo; apnea AND auditory processing. RESULTADOS: Três estudos foram revisados na íntegra, sendo todos de delineamento transversal. A amostra de pacientes variou de trinta e um pacientes adultos com SAOS no primeiro estudo [4], trinta e sete crianças de 6 a 12 anos no segundo estudo [5] e trinta e um pacientes também com SAOS no terceiro estudo [6]. As metodologias utilizadas para verificar a relação da alteração do processamento auditivo associado a SAOS foram, no primeiro trabalho, exames otológicos, audiometria tonal limiar, emissões otoacústicas por produto de distorção e resposta auditiva do tronco cerebral evocada por clique e por fala, no segundo estudo foram realizadas anamnese do sono e polissonografia noturna em laboratório, teste Gaps-in-Noise (GIN) com respostas dos pais ao questionário Scale of Auditory Behaviors (SAB) e no terceiro estudo foi realizado exame otorrinolaringológico, audiometria tonal limiar, teste padrão de frequência (TPF) e teste padrão de duração (DPT). No primeiro estudo os achados indicam que algumas disfunções auditivas podem estar presentes em pacientes com SAOS leve e moderada, e os danos foram agravados com a gravidade da SAOS, no segundo, sugerem que a respiração com distúrbios do sono pode levar ao comprometimento do comportamento auditivo e no terceiro que, episódios de hipóxia repetidos na SAOS resultaram em prejuízos estatisticamente significativos nas vias auditivas centrais, mesmo com limiar auditivo dentro dos limites normais. CONCLUSÃO: A partir dos resultados, verificou-se que a SAOS pode influenciar no processamento auditivo tanto de adultos como de crianças, com as alterações variando conforme a gravidade da SAOS, porém a literatura mostra poucos estudos a respeito do tema proposto. Diante disso, sugerem-se novos estudos sobre a influência da SAOS no processamento auditivo e com populações maiores e com delineamentos mais robustos, no intuito de comprovar a necessidade de avaliações e intervenções para minimizar os efeitos da SAOS nas habilidades do processamento auditivo.

[1] Slowik JM, Collen JF. Obstructive Sleep Apnea. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020.
[2] Melo A, Mezzomo CL, Garcia MV, Biaggio EPV. Efeitos do treinamento auditivo computadorizado em crianças com distúrbio do processamento auditivo e sistema fonológico típico e atípico. Audiol., Commun. Res. 2016; 21: e1683.
[3] İriz A, Düzlü M, Köktürk O, et al. The effect of obstructive sleep apnea syndrome on the central auditory system. Turk J Med Sci. 2018;48(1):5-9.
[4] Fu Q, Wang T, Liang Y, et al. Auditory Deficits in Patients With Mild and Moderate Obstructive Sleep Apnea Syndrome: A Speech Syllable Evoked Auditory Brainstem Response Study. Clin Exp Otorhinolaryngol. 2019;12(1):58-65.
[5] Leite Filho CA, Silva FFD, Pradella-Hallinan M, Xavier SD, Miranda MC, Pereira LD. Auditory behavior and auditory temporal resolution in children with sleep-disordered breathing. Sleep Med. 2017; 34:90-95.
[6] İriz A, Düzlü M, Köktürk O, et al. The effect of obstructive sleep apnea syndrome on the central auditory system. Turk J Med Sci. 2018;48(1):5-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1850
APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO, ASPECTOS OROMIOFUNCIONAIS E BIOQUÍMICOS NA OBESIDADE
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A colapsabilidade faríngea e/ou alterações neuromusculares frequentemente ligadas à quadros de obesidade podem levar à Apneia Obstrutiva do (AOS)1. Diversas são as consequências da AOS, dentre as quais destacamos problemas cardiovasculares, quadros depressivos, disfunções metabólicas2,3,4. Na obesidade, além da AOS outros fatores poderiam alterar a qualidade de sono com consequências na saúde geral do indivíduo, como a diminuição no conteúdo do hormônio melatonina. Uma possível causa para essa diminuição em obesos poderia ser altos índices de citocinas inflamatórias que conhecidamente reduzem a produção de melatonina5,6,7. A caracterização do padrão de sono e o entendimento sobre os mecanismos envolvidos nos distúrbios de sono, incluindo a AOS são essenciais para se estabelecer planos de prevenção e tratamento destes quadros. Objetivo: Caracterizar a presença de transtornos de sono, incluindo a AOS, e sua relação com a presença de ronco, a condição miofuncional orofacial, o conteúdo salivar de melatonina e de TNF em indivíduos obesos e/ou com sobrepeso. Método: Participaram deste estudo, aprovado pelo CEP (parecer nº 1.685.005), 102 indivíduos com idade entre 20 e 65 anos, sendo 29 indivíduos obesos, 21 com sobrepeso (grupo pesquisa) e 52 eutróficos (grupo controle), de ambos os sexos. Para avaliação do sono e da AOS foram aplicados a polissonografia e questionários sobre qualidade de sono e presença de ronco. Para associação com os parâmetros destas avaliações foram realizadas avaliações miofuncionais orofaciais (OFSOSA), otorrinolaringológicas, antropométricas e análises do conteúdo salivar de melatonina e da citocina TNF. Resultados: Os indivíduos do grupo pesquisa apresentaram pior qualidade de sono, sendo que quanto maior o índice de massa corporal, pior a qualidade do sono. A avaliação polissonográfica mostrou presença de ronco em 80% dos indivíduos do grupo pesquisa. Destes, 25% apresentaram AOS de grau leve, 17% grau moderado e 58% grau grave. A avaliação miofuncional orofacial mostrou que 100% dos indivíduos do grupo pesquisa apresentaram alterações oromiofuncionais. A avaliação nasofibroscópica mostrou que 47,6% dos indivíduos do grupo pesquisa apresentaram obstrução maior do que 75% de vias aéreas superiores. Quanto à análise do conteúdo salivar de melatonina, o grupo controle apresentou ritmo normal com pico de produção à noite, ao contrário do grupo pesquisa que não apresentou o pico noturno nesse conteúdo. Na análise de citocinas inflamatórias, os indivíduos do grupo pesquisa apresentaram maior conteúdo de TNF do que o grupo controle. Conclusão: Quanto maior o IMC, pior a qualidade do sono, maior a incidência de AOS e mais graves as características miofuncionais orofaciais. Estes dados ressaltam a relevância da intervenção fonoaudiológica nos tratamentos multidisciplinares para a obesidade. Os baixos conteúdos de melatonina noturno e os altos níveis de TNF podem agravar ainda mais a qualidade do sono de as condições de saúde dos indivíduos obesos e com sobrepeso.

1. SCHWARTZ, Alan R. et al. Obesity and obstructive sleep apnea: pathogenic mechanisms and therapeutic approaches. Proceedings of the American Thoracic Society, 2008; 5(2):185-192.
2. LEDERER, Jean. Enciclopédia moderna de higiene alimentar. 2. ed. São Paulo: Manole; 1991.
3. OHAYON, Maurice M. Epidemiology of depression and its treatment in the general population. Journal of psychiatric research. 2007; 41(3):207-213.
4. CRUJEIRAS, Ana B.; CASANUEVA, Felipe F. Obesity and the reproductive system disorders: epigenetics as a potential bridge. Human reproduction update. 2014;21(2):249-261.
5. MARKUS, Regina P. et al. The immune-pineal axis: a shuttle between endocrine and paracrine melatonin sources. Neuroimmunomodulation.2007;14(3-4):126-133.
6. PINATO, Luciana et al. Selective protection of the cerebellum against intracerebroventricular LPS is mediated by local melatonin synthesis. Brain Structure and Function. 2015;220(2):827-840.
7. PINTO, Aline Rodrigues; da SILVA, Nathani Cristina; PINATO, Luciana. Analyses of melatonin, cytokines, and sleep in chronic renal failure. Sleep and Breathing. 2016;20(1):339-344.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1302
APOIO MATRICIAL EM SAÚDE DO TRABALHADOR NA ATENÇÃO BÁSICA: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO DE REFERÊNCIA
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)



Introdução: A Saúde do Trabalhador é caracterizada como campo de práticas e conhecimentos que buscam conhecer e intervir nas relações de trabalho e saúde-doença. O cuidado qualificado à saúde dos trabalhadores pelas equipes da Atenção Básica (AB) do Sistema Único de Saúde (SUS), incorporando sua inserção nos processos produtivos, tem sido considerado estratégico para a ampliação das ações neste âmbito, sendo o apoio matricial uma importante ferramenta para esta viabilização. Os profissionais da AB atuam com o contexto da vida das pessoas sob sua responsabilidade e no dia a dia deparam-se com formas de adoecimento, por vezes sem definição, para as quais a contribuição do trabalho ou mesmo a ausência dele desempenha papel importante.Objetivo: Relatar a experiência de um Centro de Referência no apoio matricial em saúde do trabalhador na AB. Métodos: Trata-se de um relato de experiência descritivo, realizado por uma equipe multiprofissional de um Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador – Cerest de Alagoas. Foram realizadas 72 capacitações nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) em Maceió, visando sensibilizar as equipes da AB na consideração das relações entre o trabalho e as condições de saúde e doença dos seus usuários trabalhadores há alguns anos. Nestes momentos, foram realizadas exposições dialogadas com treinamento do preenchimento das fichas de notificação a 03 profissionais (médico, enfermeiro e agente comunitário de saúde) de cada unidade e estes, posteriormente, atuariam como multiplicadores desta informação aos demais servidores de sua UBS. Após estes momentos, obtivemos pouco resultado na prática de uma maior integração entre a AB e o Cerest, percebendo a necessidade de reformulação desta atuação. Diante disto, em 2020 iniciaram as discussões de caso na AB, em que por meio de reuniões com a equipe se discutem casos de atendimentos realizados pela unidade e seu nexo causal com o trabalho. Além disto, foi elaborado uma cartilha contendo as principais dúvidas que surgem nas discussões de caso da atuação do Cerest junto a AB para serem distribuídas em todas unidades. Resultados: Durante as discussões de casos, percebeu-se que apesar da Política Nacional de Saúde do Trabalhador (a) ter sido criada desde 2012, ainda há um grande desconhecimento pelos profissionais de saúde da mesma, bem como da obrigatoriedade da notificação compulsória dos agravos relacionados ao trabalho. Transformar as capacitações tradicionais em discussões de caso nos momentos de educação permanente, promoveu maior articulação entre os profissionais da AB com os do Cerest, bem como uma maior compreensão da importância do papel do trabalho no modo de cuidar e produzir saúde. Apesar disto, ainda há um grande desafio na realização do matriciamento junto a AB e na perspectiva de pensar em ações que vão além da assistência e de entenderem como atribuições a mais do que lhe competem. Conclusão: O apoio matricial por meio de discussões de caso é uma estratégia potente proporcionando a incorporação de conceitos e práticas da Saúde do trabalhador no âmbito da AB.

Não se aplica


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1999
APRAXIA DE FALA NA INF NCIA ASSOCIADA À QUADROS SINDRÔMICOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O quadro da Apraxia de Fala na Infância (AFI) é caracterizado como um distúrbio motor neurológico, no qual que se manifesta pela incapacidade de planejar, programar e/ou executar os gestos articulatórios que compõe a produção da fala. Dentre as causas, a AFI pode ser congênito ou adquirido durante o desenvolvimento da fala. O AFI congênito podem ocorrer por distúrbios complexos neurológicos, que podem ser os distúrbios genéticos, metabólicos ou mitocondriais. Objetivo: A presente revisão objetiva a verificação sistemática na literatura das principais características AFI associadas aos quadros sindrômicos. Método: Estratégia de pesquisa: Estudo de revisão sistemática da literatura nas bases de dados MEDLINE (acessado via PubMed), LILACS, Scopus e SciELO com os descritores (Syndrome) e (Childhood apraxia of speech and Apraxias and Dyspraxia) e (Speech). Critérios de seleção: A busca por artigos científicos nas bases de dados foi conduzida por três pesquisadores independentes. Foram incluídos todos aqueles estudos com crianças com diagnóstico de AFI associada às síndromes cujos participantes tinham até 12 anos de idade. Análise dos dados: Os revisores realizaram a coleta de dados no que diz respeito às características metodológicas, intervenções e desfechos dos estudos utilizando formulários padronizados. O dado principal coletado foi correlacionar as manifestações de fala (segmentas e/ou suprassegmentais) da AFI com a síndrome associada. Resultados: Os sete estudos selecionados apresentavam as seguintes síndromes: Síndrome de Down (n=1), Síndrome de Algelman (n=1), Síndrome Velocardiofacial (n=1), Síndrome Cri du Chat (n=1), Síndrome Fleefstra (n=1), Microdelação de 12p13.33 (n=1) e Microdeleção de BCL11A (n=1). Os sujeitos incluídos nos integrantes variaram de 34 meses a 11 anos de idade, de ambos os sexos, sendo observado que as manifestações clínicas envolvidas com a AFI são heterogêneas. Conclusão: Embora as manifestações clínicas de fala (segmentais e suprassegmentais, especialmente) vinculadas à AFI variam a depender da síndrome, os estudos apontam para erros de produção de fala persistentes, o que acarreta prejuízos severos na comunicação e na qualidade de vida dos sujeitos. Sugere-se estudos que detalham a produção de fala, tanto durante a avaliação, quanto durante o processo terapêutico, vislumbrando melhor detalhamento dos gestos articulatórios, e como se dá a coordenação dos mesmos nos diferentes quadros sindrômicos.

Palavras-chave:: Linguagem Infantil. Linguagem. Aquisição da linguagem. Apraxias. Criança.

NAVARRO, Paloma Rocha; SILVA, Priscila Mara Ventura Amorim; BORDIN, Sonia Maria Sellin. Apraxia de fala na infância: para além das questões fonéticas e fonológicas. : para além das questões fonéticas e fonológicas. Distúrbios da Comunicação, [s.l.], v. 30, n. 3, p. 475, 24 set. 2018. Portal de Revistas PUC SP. http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.2018v30i3p-475-489.
GUBIANI, Marileda Barichello; PAGLIARIN, Karina Carlesso; KESKE-SOARES, Marcia. Instrumentos para avaliação de apraxia de fala infantil. Codas, [s.l.], v. 27, n. 6, p. 610-615, dez. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20152014152.
ODELL, Katharine H.; SHR, Lawrence D.. Prosody-voice characteristics of children and adults with apraxia of speech. Clinical Linguistics & Phonetics, [s.l.], v. 15, n. 4, p. 275-307, jan. 2001. Informa UK Limited. http://dx.doi.org/10.1080/02699200010021800.
SOUZA, Thaís Nobre Uchôa; PAYÃO, Luzia Miscow da Cruz. Apraxia da fala adquirida e desenvolvimental: semelhanças e diferenças. : semelhanças e diferenças. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, [s.l.], v. 13, n. 2, p. 193-202, jun. 2008. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1516-80342008000200015.
CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Apraxia de Fala na Infância. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/2017/10/apraxia-de-fala-na-infancia/. Acesso em: 19 out. 2017.
BASHINA, V. M.; SIMASHKOVA, N. V.; GRACHEV, V. V.; GORBACHEVSKAYA, N. L.. Speech and motor disturbances in Rett syndrome. Neuroscience And Behavioral Physiology, [s.l.], v. 32, n. 4, p. 323-327, 2002. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1023/a:1015886123480.
SCHANEN, Carolyn et al. Phenotypic manifestations ofMECP2 mutations in classical and atypical rett syndrome. American Journal Of Medical Genetics, [s.l.], v. 126, n. 2, p. 129-140, 2004. Wiley. http://dx.doi.org/10.1002/ajmg.a.20571.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
681
APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA: MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


TÍTULO: Apraxia de Fala na Infância: métodos de avaliação fonoaudiológica

INTRODUÇÃO: A Apraxia de Fala Infantil (AFI) é um distúrbio de origem neurobiológica que afeta a expressão da linguagem em sua modalidade oral. Caracteriza-se pela presença de déficits na precisão e na consistência dos movimentos articulatórios, bem como pela prosódia inapropriada, principalmente no que diz respeito ao acento lexical e frasal. São observadas dificuldades para planejar, de maneira eficaz, a sequência de atos motores necessários para a fala, uma vez que tal tarefa exige movimentos orofaciais rápidos e precisos. No que se refere à avaliação da AFI, verifica-se que os parâmetros ainda são subjetivos e o diagnóstico, por vezes, dá-se pela exclusão de outros comprometimentos.

OBJETIVO: Analisar sistematicamente na literatura os principais métodos avaliativos utilizados na identificação de indivíduos com AFI, especificamente a aplicação desses em âmbito nacional.

MÉTODO: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura nas bases de dados eletrônicas MEDLINE (acessado via PubMed), LILACS, Scopus e SciELO com os descritores Apraxias, Childhood apraxia of speech, Evaluation, Assessment, Validation Studies, Evaluation Studies, Language Therapy, Rehabilitation of Speech and Language Disorders, Child e Child, Preschool, e seus correspondentes em espanhol e português brasileiro. Foram incluídos todos os estudos que avaliavam, de forma consistente, sujeitos de 0 a 12 anos com suspeita ou diagnóstico de AFI. Após a seleção dos artigos, dois avaliadores independentes procederam à análise e extração das informações, as quais foram armazenadas em planilhas previamente formatadas para este objetivo. O dado principal coletado foi quanto aos procedimentos de avaliação da AFI para crianças.

RESULTADOS: A maior parte dos estudos (14 dos 21 incluídos) realizou a associação entre a avaliação de habilidades motoras/articulatórias e segmentais. Cinco realizaram avaliação dos três aspectos elencados: motor/articulatório, segmental e suprassegmental; e dois realizaram apenas avaliação motora/articulatória. Apenas um estudo brasileiro foi incluído na amostra da presente revisão. Os instrumentos mais frequentemente utilizados pelos estudos selecionados foram: Goldman-Fristoe Test of Articulation (Second Edition) e Diagnostic Evaluation of Articulation and Phonology – DEAP. Quanto aos protocolos específicos para avaliação da AFI, destacaram-se: Dynamic Evaluation Motor of Speech Skills – DEMSS e Verbal Motor Production Assessment for Children – VMPAC. A idade dos sujeitos do presente estudo variou de 3 a 12 anos.

CONCLUSÃO: A avaliação da AFI, em geral, envolve a associação entre a avaliação de habilidades motoras/articulatórias e segmentais. Poucos são os estudos que incluem a avaliação de aspectos suprassegmentais da fala, fato que pode comprometer o diagnóstico do transtorno. Em âmbito nacional, há uma significativa falta de instrumentos com evidências psicométricas para avaliar a AFI. Sugere-se que mais estudos sejam realizados, a fim de buscar evidências de validade para avaliação da Apraxia de Fala Infantil.


ASHA: American Speech and Hearing Association. Childhood apraxia of speech. 2007. [cited 2019 ago 27]. Disponível em: http://www.asha.org/policy/PS2007-00277.htm.

Gubiani MB, Pagliarin KC, Keske-Soares M. Instrumentos para avaliação de apraxia de fala infantil. Codas. 2015; 27(6):610-15.

Morgan AT, Murray E, Liégeois FJ. Interventions for childhood apraxia of speech. Cochrane Database Syst Rev. 2018; 30(5)

Shriberg LD, Fourakis M, Hall S, Karlsson H, Lohmeier HL, McSweeny JL et al. Extensions to the Speech Disorders Classification System (SDCS). Clin Linguist Phon. 2010; 24(10): 795-824.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1572
APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA: UMA QUESTÃO DE LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Este estudo propõe a análise e a discussão com base na Neurolinguística Discursiva dos aspectos neurofisiológicos, psíquicos, cognitivos, linguísticos e sociais pertinentes ao processo de aquisição de linguagem de uma criança ouvinte com “Apraxia de Fala na Infância” (AFI). Para esse fim serão apresentadas a revisão de literatura da área, a perspectiva teórica da Neurolinguística Discursiva e a análise qualitativa do acompanhamento fonoaudiológico longitudinal (período de 15 meses) de um menino com AFI a partir de 5 anos e 3 meses de idade. Objetivo: Identificar na criança questões pertinentes ao seu período de balbucio, a conformação neurofuncional da memória dos gestos articulatórios, os processos constitutivos do diálogo enquanto matriz de significação e, por fim, a relação entre o desempenho motor fino da mão e os gestos articulatórios. Método: A análise longitudinal qualitativa recuperou informações fonoaudiológicas do prontuário do paciente, da entrevista inicial, da avaliação, dos relatórios, dos registros diários de terapia (escritos, gravações de voz e imagem), da audiometria e do relatório pedagógico. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 018/2017. Resultados: Não parece ser possível que a Apraxia de Fala na Infância se limite aos aspectos motores da fala, conforme literatura predominante, mas consequência de um processo proprioceptivo neurofisiológico que parece recobrir o balbucio, a prosódia, a articulação, os processamentos e discriminações (auditivo, visual, táctil-cinestésico, olfatório, vestibular) que se dá no corpo da criança durante todo o primeiro e segundo anos de vida, em meio a interações. Além disso, a dificuldade de coarticulação dos sons no tempo e no espaço parece incidir no processo neurofisiológico da memória dos movimentos de fala que não se estabilizam. Destaca-se também a importância de a criança ser vista em seu processo de subjetivação na linguagem/fala/língua e não exclusivamente pela qualidade/quantidade de sua produção fonoarticulatória. Conclusão: A análise do acompanhamento longitudinal nos possibilitou observar que a apraxia não é apenas uma patologia de fala, mas interfere na constituição da criança como sujeito de linguagem à medida que repercute em suas possibilidades de interação e, como consequência, também nos níveis linguístico, cognitivo e psíquico.

American Speech-Language-Hearing Association. Childhood apraxia of speech. [acesso em: fev. 2016]. Disponível em: https://www.asha.org/public/speech/disorders/ ChildhoodApraxia/#about.
Bordin SMS, Freire FMP. Neurolinguística discursiva: contribuições para uma fonoaudiologia na área da linguagem. Cadernos de Estudos Linguísticos. 2018;60(2):7-22.
Coudry MIH, Bordin SS. Afasia e infância: registro do (in) esquecível. Cadernos de Estudos Linguísticos. 2012; 54(1): 135-54. 11.
De Lemos CTG. Interacionismo e aquisição de linguagem. D.E.L.T.A. 1986; 2(2): 231-48
Gubiani MB, Pagliarin KC, Keske-Soares M. Instrumentos para avaliação de apraxia de fala infantil. Codas. 2015; 27(6): 610-5.
Luria AR. Fundamentos de Neuropsicologia. São Paulo: EdUSP; 1981.
Navarro PR, Silva PMVA, Bordin SMS. Apraxia de fala na infância: para além das questões fonéticas e fonológicas. Distúrbios da Comunicação. 2018;30(3):475-89.
Silva PMVA. Deficiência visual e sistema estomatognático: uma relação de importância para a fonoaudiologia [tese]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas; 2018.
Strand EA; McCauley RJ, Weigand SD, Stoeckel RE, Baas BS. A motor speech assessment for children with severe speech disorders: reliability and validity evidence. J Speech Lang Hear Res. 2013; 56(2): 505-20.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
338
APRAXIA DE FALA NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
58045070


INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é caracterizado por prejuízos na comunicação e interação social1, muitos estudos apontam a comorbidade de transtornos de fala no TEA. Dentre estes, podemos citar a Apraxia de Fala na Infância (AFI) que é definida como um distúrbio do som da fala de origem neurológica que ocorre na infância, no qual a precisão e a consistência dos movimentos subjacentes à fala são prejudicados na ausência de déficits neuromusculares2. OBJETIVO: Investigar a presença e as características da apraxia de fala nos indivíduos com TEA. MÉTODO: Trata-se de uma revisão da literatura realizada através de consulta a artigos científicos na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). RESULTADOS: Os resultados demonstraram as possíveis associações entre AFI e TEA. Um estudo apontou que as crianças com TEA não possuem as principais características de AFI descritas em pesquisas, incluindo aumento dos erros de vogais espaço-temporais, aumento das distorções incomuns dos fonemas e velocidade de fala lenta, sendo as alterações de fala encontradas no TEA definidas como comprometimentos motores diferentes dos que definem a AFI, não existindo forte relação para a coexistência do TEA e AFI 3. Outro estudo realizou estimativas da prevalência de distúrbios motores e da fala no TEA, 85,7% dos indivíduos não apresentaram desordens motoras da fala, 14,3% apresentaram atraso motor da fala e nenhum indivíduo apresentou apraxia, disartria ou os dois transtornos associados 4. Outras pesquisas apontam a dificuldade de se avaliar sinais de apraxia em crianças com TEA. Apesar disto, e embora os estudos ainda sejam muito recentes e escassos, já é possível observar no mundo acadêmico pesquisas que preconizam uma conexão possível entre AFI e TEA. Podemos citar uma pesquisa realizada em uma população de 30 crianças que apresentavam queixas de linguagem e sinais de AFI e/ou TEA. Os autores verificaram a possibilidade da co-ocorrência de AFI e TEA onde foi observado nesta população que 63,3 % das crianças com diagnóstico de TEA também apresentavam AFI, demonstrando que o TEA e a AFI podem ser altamente comórbidos5. A comorbidade de TEA e AFI foi investigada em uma família nuclear com dois filhos duplamente afetados e um não afetado. Utilizando um teste genético, observou-se que os irmãos afetados, mas não o irmão não afetado, compartilharam uma rara mutação heterozigótica deletéria no WWOX, implicada tanto no TEA quanto no controle motor. Os resultados sugerem heterozigosidade do composto como causa de TEA e AFI, efeitos gênicos pleiotrópicos e efeitos genéticos complexos potencialmente adicionais 6. CONCLUSÃO: Os resultados são conflitantes, apontam para uma co-ocorrência dos dois transtornos, associados ou não a predisposições genéticas e a existência de comprometimentos motores diferentes dos que definem a AFI. Diante das especificidades dos indivíduos com TEA e da escassez de estudos que correlacionem os dois transtornos, AFI e TEA, sugere-se a realização de novas pesquisas para garantir um maior nível de precisão diagnóstica e uma consequente efetividade na condução do processo terapêutico a partir de um diagnóstico diferencial.

1- Associação Americana de Psiquiatria, APA. DSM V – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. rev. Porto Alegre: Artmed; 2014.

2- American Speech-Language-Hearing Association, ASHA. Childhood Apraxia of Speech; 2007.

3- Shriberg L, Paul R, Black L, Van Santen J . The hypothesis of apraxia of speech in children with autism spectrum disorder. J. Aut. Dev. Disord. 2011; 41: 405–426. DOI: 10.1007 / s10803-010-1117-5

4- Shriberg L, Strand E, Jakielski K, Mabie H. Estimates of the prevalence of speech and motor speech disorders in persons with complex neurodevelopmental disorders. Clin Linguist Phon. 2019; 33(8): 707-736.DOI: 10.1080 / 02699206.2019.1595732

5- Tierney C, Mayes S, Lohs S, Black A, Gisin E, Veglia M. How Valid Is the Checklist for Autism Spectrum Disorder When a Child Has Apraxia of Speech?. Journal of developmental and behavioral pediatrics. 2015; 36(8): 569–574. DOI: https://doi.org/10.1097/DBP.0000000000000189

6- Peter B, Dinu V, Liu L, Huentelman M, Naymik M, Lancaster H, Vose C, Schrauwen I. Exome Sequencing of Two Siblings with Sporadic Autism Spectrum Disorder and Severe Speech Sound Disorder Suggests Pleiotropic and Complex Efects. Behav Genet. 2019; 49 (4): 399-414. DOI: 10.1007 / s10519-019-09957-8





TRABALHOS CIENTÍFICOS
634
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA NO ENSINO DE ANATOMIA HUMANA APLICADA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Com o passar dos anos a forma de ensinar tem evoluído bastante, com diferentes maneiras de expor e fixar o assunto na mente dos estudantes. Isso se encaixa perfeitamente também no ensino superior com um jeito mais flexível de expor o aprendizado, principalmente quando o desfecho principal é a formação do estudante em saúde com o substrato proposto pela teoria construtivista da aprendizagem (conceitual + atitudinal + procedimental). Considera-se conteúdo procedimental a ações aprendidas pelo fazer. Esta inter-relação entre os conteúdos busca integrar ao paradigma conceitual (aulas expositivas dialogadas, por exemplo) um processo de oportunidades de construção de novos conhecimentos. O objetivo deste trabalho é compartilhar a experiência exitosa no ensino de anatomia humana pertencente à grade curricular do curso de graduação em Fonoaudiologia; além de analisar as potencialidades do processo ensino-aprendizagem em metodologias ativas. Com base nisto, viemos apresentar a experiência dos discentes do primeiro ano, abordado sob a perspectiva do estudante. A disciplina de Anatomofisiologia da Audição e da Fonação visa o estudo descritivo, teórico-prático e o estabelecimento de correlativo dos dispositivos constitucionais da fonação e da audição no desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para identificar as estruturas e as funções estomatognáticas. A atividade proposta foi a confecção de paródias cujo os temas pertinentes foram à unidade do assunto Sistema Sensorial Especial aplicado à Fonoaudiologia (somatossensorial), sorteados por grupos segmentados por afinidade dos discentes. A escolha da música/ melodia também foi livre. No início houve dificuldade em associar o conteúdo à atividade proposta e, por conseguinte compor a paródia de acordo com o assunto, porém com o passar dos dias e com o auxílio devido cada grupo surpreendeu-se com os resultados obtidos. Um dos grupos (olfação), parafraseou a música “romance com safadeza” do cantor Weslley safadão. No enredo, descreve como funciona o sentido olfato, que ocorre quando moléculas presentes no ar atingem o epitélio olfatório, localizado no teto da cavidade nasal. O sabor que sentimos dos alimentos é uma associação dos sentidos do olfato e do paladar (que foi abordado pelo grupo que apresentou sobre o paladar de forma correlata). Também houve a confecção de camisas, desodorizadores e folhetos para apresentação. Assim, com o desenvolver do trabalho viu se a necessidade de união e compartilhamento de músicas que agradassem a todos, além de terem que estudar e resumir os fatos mais importantes do assunto além de encaixá-lo na letra e ritmo. Mais que ajudar os alunos aprender de forma diferente e divertida, foi notório a união, cooperação e respeito à opinião do próximo que esse trabalho em equipe proporcionou. Pois, apesar de não ser exigido a princípio, as equipes inovaram na apresentação de diferentes maneiras, já a criatividade estimulada para a confecção das paródias não foi exclusiva para a música, mas também, na forma de como exposta ao público. Ao final da atividade foi observado avanço nos três pilares da aprendizagem supracitados.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1861
APRENDIZAGEM EM TEMPOS DE COVID-19: PERCEPÇÕES DOS ESTUDANTES DE FONOAUDIOLOGIA SOBRE AS FERRAMENTAS, RECURSOS E ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O enfrentamento da COVID-19 trouxe desafios à educação, como a oferta de ensino superior remoto. As instituições que acataram tal recomendação tiveram de se adequar velozmente ao novo cenário de educação reformulando a distribuição da carga horária mínima prevista na legislação visando garantir a realização das atividades e objetivando a aprendizagem conforme os currículos da educação básica e ensino superior, além de criar novas estratégias eficazes para o ensino remoto 1,2,3.
OBJETIVO: apresentar as percepções dos estudantes de saúde sobre as ferramentas, recursos e estratégias educacionais utilizadas durante o período de isolamento social, sendo este o objetivo do presente artigo.
MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo, realizado em um Centro Universitário privado, no estado de Pernambuco, devidamente aprovado em Comitê de Ética em pesquisa com Seres Humanos (parecer nº 4.076.216). A amostra do estudo incluiu um total de 66 alunos estudantes do curso de fonoaudiologia. Os critérios para inclusão dos estudantes foram: estar devidamente matriculados no primeiro ou último ano de Ensino e em pelo menos 50% das disciplinas obrigatórias do curso. Foram excluídos os estudantes que apresentassem frequência inferior a 25% nas aulas.Os estudantes foram contactados através de convite eletrônico (por e-mail) a partir da obtenção das listas de contatos, via secretaria acadêmica do curso. O processo de coleta de dados ocorreu de forma remota. Foi construído um questionário online contendo as questões de pesquisa. Posteriormente ao processo de coleta, o banco de dados foi e as informações colhidas foram analisadas segundo técnicas estatística descritiva.
RESULTADOS: A idade média dos estudantes foi de 22,5 anos. Houve predomínio do gênero feminino entre os estudantes 67%. Com relação ao acesso e conectividade para as atividades educacionais, pouco mais da metade dos entrevistados destacou estar satisfeito com a qualidade do acesso a sua internet. Sobre a disponibilidade de tecnologias, a grande maioria relatou ter disponível computador e/ou notebook para realização das atividades da faculdade. Com relação ao amparo legal para realização das aulas de forma remota e/ou online, 70% dos estudantes relatou estar de acordo com a normativa instituída em âmbito nacional. Sobre a preferência das modalidades educativas, pouco mais da metade dos estudantes entrevistados, relatou que prefere as aulas mediante acesso a salas de aula virtuais, ou seja, preferem acessar as aulas de forma assíncrona em detrimento das atividades em tempo real. Por fim, os estudantes foram indagados sobre as estratégias de avaliação utilizadas pelos docentes nas disciplinas e pouco mais da metade relatou preferir produzir textos a construir vídeos sobre os conteúdos abordados.
CONCLUSÃO: As percepções dos discentes revelam de certa forma uma insatisfação com as mudanças repentinas em seu cotidiano e isso faz com que novamente as questões educacionais voltem ao foco das atenções. Por fim, diante dos resultados, considera-se que docentes e gestores devem estar atentos aos desafios da transição de modalidades educacionais, na tentativa de garantir uma aprendizagem efetiva e significativa para todos.

1. Couto ES et al., # FIQUEEMCASA: educação na pandemia da covid- 19. Interfaces Científicas-Educação, 2020;8(3):200-17.

2. Palácio M et al., Em tempos de pandemia pela COVID-19: o desafio para a educação em saúde, Revista Visa em Debate, 2020;8(2):10-5.

3. Santos V et al., Educação e COVID-19: As tecnologias digitais mediando a aprendizagem em tempos de pandemia”, Revista Encantar - Educação, Cultura e Sociedade - Bom Jesus da Lapa, 2020;2:01-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1821
AQUISIÇÃO DO ONSET COMPLEXO EM CRIANÇAS COM DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO TÍPICO E ATÍPICO DE MACEIÓ-AL
Tese
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: durante o percurso de aquisição fonológica, a última estrutura silábica a alcançar estabilidade dentro do sistema fonológico da criança no Português Brasileiro (PB) é a constituída pelo onset complexo, por volta dos 5 anos de idade (MOTA, 1996; PAYÃO, 2004; RIBAS, 2006; CASTRO, 2015; CERON et al., 2017). Nessa trajetória de aquisição, a criança realiza processos fonológicos, a fim de atingir palavras-alvo do adulto, tanto no desenvolvimento fonológico típico como atípico. Porém, no desenvolvimento atípico é constatado um atraso na estabilidade dos elementos do sistema fonológico e a persistência dos processos fonológicos. OBJETIVO: este estudo tem como objetivo a descrição e a análise da aquisição do onset complexo por crianças com desenvolvimento fonológico típico entre 3;0 e 8;11 anos de idade e desenvolvimento fonológico atípico entre 5;0 e 8;11 anos, residentes em Maceió-AL. MÉTODO: essa pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, tendo sido aprovada sob o CAAE nº 86003017.5.0000.5013. Foram analisados os ambientes influenciadores e os processos fonológicos realizados por 36 crianças com desenvolvimento fonológico típico e 26 crianças com desenvolvimento atípico que evidenciavam a realização de processos fonológicos envolvendo a estrutura silábica CCV. Todas as crianças eram estudantes de escolas municipais públicas, sem comprometimentos auditivos, motores, miofuncionais orais que afetassem a produção dos sons da fala. A coleta dos dados de fala das crianças foi realizada por meio das avaliações com o Teste de Linguagem Infantil – ABFW (WERTZNER, 2004) e o Instrumento de Avaliação Fonológica - INFONO (CERON, 2015). Em seguida, os dados foram analisados por meio de análise descritiva, fundamentada na teoria da Geometria de Traços de Clements e Hume (1995), Clements (2005) e na Teoria da Sílaba (SELKIRK, 1984). RESULTADOS: Foi observada, no desenvolvimento fonológico típico, uma maior quantidade de produções-alvo nas faixas etárias maiores; ao contrário das crianças com desenvolvimento fonológico atípico, cujos percentuais permaneceram baixos nas crianças nessas mesmas faixas etárias. Observou-se que alguns contextos como tipo da líquida, o modo e ponto da obstruinte e a vogal pertencente à estrutura silábica CCV influenciam diretamente na aquisição do onset complexo pelas crianças típicas e atípicas. A influência desses ambientes fonológicos fornece indícios relevantes de que a aquisição desta estrutura silábica é guiada pelo segmento – aquisição bottom-up. Também foi observada uma influência da sílaba tônica, sendo favorável à aquisição do onset complexo. Em relação aos processos fonológicos, constatou-se, principalmente nas crianças atípicas, uma maior ocorrência do processo fonológico de simplificação para C1V, e a presença significativa, dos processos de substituição da líquida e metátese. CONCLUSÃO: o presente estudo traz importantes contribuições para o entendimento da aquisição da estrutura silábica mais complexa e de aquisição tardia no PB. Os dois instrumentos de avaliação utilizados possibilitaram análises complementares e refinadas quanto à aquisição do onset complexo, subsidiando, assim, a abordagem fonoaudiológica para a seleção de palavras-alvos na avaliação e também no tratamento das alterações de fala de natureza fonológica.

MOTA HB. Aquisição segmental do português: um modelo implicacional de complexidade de traços. Porto Alegre. Tese [Doutorado] - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 1996.

PAYÃO LMC. Desvios Fonológicos em Crianças da Educação Infantil: uma análise a partir da Hierarquia dos Traços Distintivos. Maceió. Dissertação [Mestrado em Linguística] - Universidade Federal de Alagoas; 2004.

RIBAS LP. Onset complexo nos desvios fonológicos: descrição, implicações para a teoria, contribuições para terapia. Porto Alegre. Tese [Doutorado] - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2006.

CASTRO ME. Aquisição do onset complexo no desenvolvimento fonológico típico em crianças entre 2;6 e 5;11 de idade, estudantes de uma creche-escola municipal de Maceió-AL. Maceió. Dissertação [Mestrado em Linguística] - Universidade Federal de Alagoas; 2015.

CERON MI, GUBIANI MB, OLIVEIRA CR, GUBIANI MB, KESKE-SOARES M. Prevalence of phonological disorders and phonological processes in typical and atypical phonological development. CoDAS. 2017;29(3):e20150306.

WERTZNER HF. Fonologia. In: ANDRADE CRF, BEFI-LOPES DM, FERNANDES FDM, WERTZNER HF. ABFW – Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. 2.ed. Barueri: Pró-Fono Departamento Editorial; 2004. p. 33-49.

CERON MI. Instrumento de avaliação fonológica (INFONO): desenvolvimento e estudos psicométricos. 2015. 148 f. Santa Maria. Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana) - Universidade Federal de Santa Maria; 2015.

CLEMENTS GN, HUME E. The internal organization of speech sounds. In: GOLDSMITH J (Ed.). The Handbook of Phonological Theory. Cambridge: Blackwell; 1995.

CLEMENTS GN. The Role of Features in Phonological Inventories. Paris: Laboratoire de Phonétique et Phonologie - CNRS / Sorbonne-Nouvelle; 2005.

SELKIRK EO. On the major class features and the syllable theory. In: ARANOFF M, OEHRLE R (Eds.). Language Sound Structure. Cambridge: MIT Press; 1984.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
535
AQUISIÇÃO FONÊMICA E SILÁBICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO POR CRIANÇAS TÍPICAS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução:
A aquisição fonológica do Português Brasileiro (PB) é um tema relevante a ser pesquisado e discutido, pois há divergências no estabelecimento das idades e na ordem de aquisição dos fonemas tanto na estrutura de onset simples e coda, quanto na de onset complexo (encontro consonantal). Estudos (1,2) sobre aquisição da fonologia, reforçam o entendimento de como ocorre esse processo. Isso é importante porque possibilita dar o feedback para os familiares, para outros profissionais de saúde e educadores que atuam com essa população (1). Neste caso, aquisição "típica" refere-se às crianças que organizam sem complicações significativas (2) o sistema fonológico de acordo com o padrão adulto.

Objetivo:
Analisar a curva de aquisição dos fonemas em onset simples, coda e onset complexo (encontros consonantais) do Português Brasileiro por crianças típicas.

Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 23081.005433/2011-65. Participaram 857 crianças com desenvolvimento típico, sendo 399 (46,6%) meninos e 458 (53,40%) meninas, com idades entre 3:0 e 8:1, divididas em faixas de idade de 6 em 6 meses. Os participantes foram avaliados individualmente pelo software Instrumento de Avaliação Fonológica – INFONO (3). Utilizou-se o software SPSS na análise estatística. Para cada fonema e encontro consonantal do PB foi calculado a média da produção correta por faixa etária proposta no estudo, sendo este resultado utilizado para a elaboração de um gráfico no formato de uma curva de aquisição fonológica. Realizou-se uma comparação da produção nas diferentes faixas etárias usando a prova ANOVA One Way e uma análise de comparações múltiplas pelo teste Post-Hoc Games-Howel. Os resultados foram considerados significantes quando p ≤ 0,05.

Resultados:
Em Onset Simples verificou-se que os fonemas /p, b, t, d, k, g, m, n, ɲ, f, v, s, z/ foram adquiridos antes dos 3:0 anos de idade. O domínio desses fonemas também foi antes dos 3:0 anos de idade. A idade de aquisição dos outros fonemas no PB foram: /ʃ/ e /l/ aos 3:0, /ʒ/ e /χ/ aos 3:6, /ʎ/ aos 4:0, /r/ aos 4:6. Porém, o domínio desses fonemas foram /ʃ/ e /ʒ/ aos 4:0, /l/ e /χ/ aos 3:6, /r/ aos 4:6 e /ʎ/ somente aos 6:0. Em relação aos fricativos /ʃ/ e /ʒ/, observou-se que esses foram os últimos fonemas a serem adquiridos dentro desta classe, provavelmente por serem mais complexos. Em relação a Coda, os fonemas /N/ e /L/ foram adquiridos e dominadas antes dos 3:0, /S/ aos 3:6 e /r/ aos 4:6. Em onset complexo (encontro consonantal), as estruturas compostas por Fricativa+/r/ e Plosiva+/r/ foram adquiridas aos 5:0 e o domínio aos 6:0, a Plosiva+/l/ foi adquirida aos 5:6 e o domínio aos 6:6 e a Fricativa+/l/ foi adquirida aos 6:0 e o domínio aos 6:6.

Conclusão:
Analisar a curva de aquisição é fundamental, pois fornece referência sobre a idade de aquisição de fonemas, contribuindo, assim, para a identificação precoce de atrasos no processo de aquisição fonológica e, com isso, um encaminhamento oportuno para avaliação e diagnóstico de crianças com suspeitas de transtornos dos sons da fala.

McIntosh B, Dodd BJ. Two-year-olds' phonological acquisition: Normative data. Int J Speech-Lang Pathol. 2008;10(6):460-469.

Stoel-Gammon C. Relationships between lexical and phonological development in young children. J Child Lang. 2011;38(01):1-34.

Ceron MI. Instrumento de Avaliação Fonológica (INFONO): desenvolvimento e estudos psicométricos. 2015. 148 f. Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1184
AQUISIÇÃO FONOLÓGICA: IDADES DE PRODUÇÃO HABITUAL, AQUISIÇÃO E DOMÍNIO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução:

O conhecimento sobre a aquisição e desenvolvimento fonológico típico são importantes para determinar em que momento a criança é capaz de organizar os sons da fala, produzi-los corretamente e alcançar a estabilidade no sistema fonológico, considerando o mesmo como típico. Esse conhecimento também é importante para o feedback aos familiares, profissionais de saúde e educadores que trabalham com essa população(1). Da mesma forma que é fundamental para a avaliação fonoaudiológica, diagnóstico e gerenciamento de casos com suspeita de aquisição fonológica atípica(2,3).

Objetivo:

Analisar o desenvolvimento fonológico típico do Português Brasileiro, no formato de curva de aquisição, considerando as idades de produção habitual, aquisição e domínio dos fonemas.

Método:

Estudo do tipo quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 23081.005433/2011-65. Participaram 857 crianças com desenvolvimento fonológico típico, com idades entre 3:0 e 8:1. Os participantes foram avaliados individualmente pelo software Instrumento de Avaliação Fonológica – INFONO(4). Os fonemas foram considerados adquiridos quando produzidos corretamente acima de 80%. Foi realizada a curva de aquisição de fonemas considerando três medidas: idade de produção habitual, definida como a idade em que o fonema foi produzido corretamente em pelo menos duas posições por pelo menos 50% das crianças; idade de aquisição, idade em que o som foi produzido corretamente por pelo menos 75% das crianças; e idade de domínio, definida como a idade em que o som é produzido corretamente em todas as posições por pelo menos 90% das crianças. Critérios utilizados em outros estudos de aquisição fonológica(5,6). Utilizou-se o software SPSS na análise estatística. A análise estatística realizada foi feita pelo teste One Way ANOVA e pela análise pós-hoc Games-Howel. Os resultados foram considerados significantes quando p ≤ 0,05.

Resultados:

Na posição de onset, observou que a idade de domínio de alguns fonemas plosivos, nasais e alguns fricativos (/f, v, s, z/) foram antes dos 3:0 anos. A idade de aquisição dos fricativos /ʃ, Ʒ/ foi 3:6, e de domínio aos 4:0. Em relação à aquisição das líquidas, os fonemas /l, χ/ foram adquiridos aos 3:0 e o domínio aos 3:6. A idade de aquisição de /ʎ/ foi aos 7:0 e, finalmente, o domínio aos 8:6. O fonema /r/ foi adquirido entre as idades de 4:0 e 4:6 e a idade de domínio aos 4:6. Na posição de coda, /N, L/ foram adquiridos primeiros, aos 3:0; /s/ aos 3:6 e /r/ entre 4:0 e 4:6. A idade de domínio /N, L/ foi antes dos 3:0, /s/ aos 4:6 e /r/ entre 4:6 a 5:0. A aquisição encontro consonantal foi mais tardia. Os encontros consonantais com /r/ foram adquiridos anteriormente, entre 5:0 e 5:6 e o domínio entre 6:0 e 6:6. Os encontros consonantais com /l/ foram adquiridos entre 5:6 e 6:0 e o domínio foi entre 6:6 e 7:6.

Conclusão:

Os achados de aquisição fonológica típica têm implicações significativas para a comparação de resultados de avaliações em crianças com suspeitas de desvios nesse desenvolvimento. Dados confiáveis e representativos sobre o desenvolvimento da linguagem normativa são cruciais para a tomada de decisões clínicas.

1. McIntosh B, Dodd BJ. Two-year-olds' phonological acquisition: Normative data. Int J Speech-Lang Pathol. 2008;10(6):460-469.

2. Scopel RR, Souza VC, Lemos SMA. Family and school environment influences on language acquisition and development: literature review. Rev Cefac. 2012;14(4):732-41.

3. Lousada M, Mendes AP, Valente AR, Hall A. Standardization of a phonetic-phonological test for European-Portuguese children. Folia Phoniatr Logop. 2012;64:151-156.

4. Ceron MI. Instrumento de Avaliação Fonológica (INFONO): desenvolvimento e estudos psicométricos. 2015. 148 f. Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 2015.

5. Dodd B, Holm A, Hua Z, Crosbie S. Phonological development: a normative study of British English-speaking children. Clin Ling Phon. 2003;17(8):617-643.

6. To CKS, Cheung PS, McLeod S. A population study of children's acquisition of Hong Kong Cantonese consonants, vowels, and tones. J Speech Lang Hear Res. 2013;56(1):103-122.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1127
ARQUITETURA CEREBRAL DA DISFLUÊNCIA POR NEUROIMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A gagueira é um distúrbio que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e traz inúmeras repercussões a qualidade de vida do indivíduo.1 Particularmente, nas duas últimas décadas evidencia-se um incremento importante de pesquisas relacionadas ao tema, principalmente no que diz respeito aos estudos cujo foco concentram-se na identificação e análise das diferenças estruturais e funcionais no cérebro daqueles que gaguejam através da análise por técnicas de neuroimagem, permitindo assim a elucidação das bases neurais do distúrbio.2 OBJETIVO: Descrever a partir de uma revisão da literatura integrativa, quais as bases neurais corticais e subcorticais envolvidas na gagueira do desenvolvimento tendo como base estudos de neuroimagem e neuroimagem funcional. METODOLOGIA: Optou-se por realizar uma revisão do tipo integrativa e a estratégia de busca,onde a seleção e análise dos artigos foram conduzidas de acordo com as diretrizes do PRISMA. A estratégia PICo foi considerada para elaboração da pergunta condutora em estudos não clínicos: quais as bases neurais corticais e subcorticais envolvidas na gagueira do desenvolvimento a partir de estudos de neuroimagem e neuroimagem funcional? A pesquisa dos artigos foi realizada em duas bases de dados, a saber: PubMed e BVS. Foram combinados os descritores cadastrados no Mesh: Neuroimagem, Neuroimagem Funcional, Gagueira, Neuroimage, Stuttering. a partir do operador booleano “AND”. A literatura cinza não foi considerada nesta revisão. Os critérios de inclusão para a leitura dos resumos e artigos completos: 1) estudos originais de pesquisa; 2) estudos realizados com pacientes em qualquer faixa etária; 3) que mencionassem pelo menos o envolvimento de uma estrutura cortical e/ou subcortical; 4) estudos cuja metodologia de avaliação cerebral envolvesse a neuroimagem e/ou neuroimagem funcional; 5) artigos publicados nos últimos 20 anos. Foram excluídos da análise, estudos revisões narrativas, sistemáticas e reanálises; dissertações ou teses; cartas; editoriais; comentários e relatos de casos e pesquisas cujo o paciente com gagueira apresentasse outras patologias (comorbidades). RESULTADOS: Dos 40 artigos analisados, 26 foram incluídos na revisão. Houve predomínio de estudos observacionais e estudos comparativos. Quanto ao perfil da amostra, a maioria das publicações incluíram pacientes adultos. Para avaliação da disfluência, houve predomínio de instrumentos padronizados.3 As técnicas de neuroimagem e neuroimagem funcional foram utilizadas em sua maioria para comparação entre grupos de fluentes e disfluentes. Sobre as bases neurais, verificou-se que dentre as áreas corticais existem diferenças no trato das vias fronto-temporal e fronto-parietal dorsal bilaterais, e nas vias calosais em indivíduos que gaguejam, além de uma ativação reduzida do córtex pré-frontal dorsolateral. Já das estruturas subcorticais, os estudos revelam alterações estruturais e funcionais, principalmente nas vias motoras e nas conexões dos gânglios da base entre aqueles que gaguejam. CONCLUSÃO: A gagueira é um distúrbio associado a carga psicológica significativa e estigma social, e o trabalho para alcançar terapias bem-sucedidas pode ser potencializado a partir da compreensão de suas bases neurais. Nessa perspectiva, os estudos analisados fornecem evidências de uma arquitetura cerebral disfuncional na gagueira, porém mais pesquisas são necessárias para elucidar completamente a fisiopatologia da disfluência.

1 Etchell AC et al., A Systematic Literature Review of Neuroimaging Research on Developmental Stuttering Between 1995 and 2016. J Fluency Disord. 2018; 55:6-45.

2 Craig-McQuaide A, et al., A Review of Brain Circuitries Involved in Stuttering. Front Hum Neurosci. 2014; 8:884.

3 den Ouden DB et al., Simulating the neural correlates of stuttering. Speech, Language and Hearing. 2014; 20:4, 434-445


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1452
ARTE SURDA, PROTAGONISMO SURDO: DIÁLOGOS COM A FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O movimento arte surda vem ganhando maior visibilidade no Brasil na última década, como forma de expressão política de narrativas semióticas pelas comunidades surdas, diante das experiências opressivas vividas historicamente. O lugar de fala se mostra através das cores, traços, retóricas de identidade do ser surdo(a). A arte surda esteve presente em uma extensão universitária em um curso de Fonoaudiologia como uma estratégia de letramento visual para pessoas surdas, buscando contribuir com o dimensionamento da linguagem artística para fins de aprimoramento da escrita de uma segunda língua, o Português, protagonizada por uma artista plástica surda. OBJETIVO: Relatar as contribuições da vivência de uma oficina de arte surda, protagonizado por uma artista surda, voltada aos participantes surdos sinalizadores e acadêmicos de Fonoaudiologia, em uma extensão universitária para aprimoramento do Português como segunda língua. MÉTODO: Estudo do tipo relato de experiência. Extensão aprovada por edital de uma universidade pública, realizada em uma clínica-escola de Fonoaudiologia, ocorrida em 2018, tendo por objetivo o ensino de estratégias para aprimoramento do Português como segunda língua para aprendizes surdos, mediada pela Libras, para os acadêmicos de Fonoaudiologia da instituição. Os registros foram feitos em diários de bordo. Uma das atividades foi a oficina de Arte Surda, ministrada por uma artista plástica, com o intuito de fomentar o protagonismo surdo e o fortalecimento da identidade surda, potencializando a expressão comunicativa. Contou-se com participantes do Letras-Libras e da Educação, além dos jovens surdos, público-alvo da extensão. A primeira parte foi teórico-reflexiva, com apresentação das obras expostas em slides. Houve a interpretação em Libras, mediante a complexidade linguística. Em seguida, solicitou aos participantes produções utilizando materiais de diferentes texturas, cores e composição, dialogando com os conceitos apresentados. RESULTADOS: As produções individuais foram apresentadas em Libras, trazendo novas experiências linguísticas no uso natural da língua. A percepção dos acadêmicos de Fonoaudiologia é que a atividade proporcionou, já no momento da apresentação, um novo lugar de entendimento sobre suas próprias percepções acerca da comunicação, linguagem, arte, identidade e representatividade surda. Os relatos das mães dos jovens surdos, assim como as observações em outros encontros, corroboraram com a observação de maior disponibilidade para a comunicação. A adequação postural de cabeça e tronco de um participante surdo foi notada, assim como houve ampliação do tempo de contato visual. Na atividade sequencial de visita a um museu, observou-se que a interação com as narrativas imagéticas foi potencializada e as produções escritas mais produtivas. CONCLUSÃO: Os acadêmicos de Fonoaudiologia experienciaram novas possibilidades de intervenção, no qual a arte surda ampliou a compreensão do surdo como sujeito da linguagem em sua concepção biopsicossocial. O letramento visual possui papel de destaque para a ampliação da leitura de mundo e, consequentemente, ampliar a compreensão das narrativas apresentadas nas diferentes modalidades linguísticas. A parceria com a representatividade da narrativa surda em interação com a artista plástica, proporcionou um crescimento pessoal e trouxe uma bagagem para um fazer profissional mais humanizado e consciente sobre a importância dos protagonistas surdos andarem lado a lado com a Fonoaudiologia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
554
AS SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS DA APRAXIA DE FALA E PRAXIA NÃO-VERBAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A fala é uma tarefa neuromotora, produto de uma programação do sistema nervoso central, envolvendo a linguagem e suas funções cognitivas e o funcionamento dos órgãos fonoarticulatórios para ser executada motoramente, necessitando da integridade desses aspectos para a produção dos sons. A praxia verbal é conhecida como a habilidade de sequenciar os sons das palavras e coordenar os movimentos específicos para produção da fala, tornando-se, participante na aprendizagem do indivíduo. Entretanto, a praxia não-verbal consiste em alterações no componente práxico, resultando em dificuldades na expressão devido à incoordenação dos movimentos das estruturas do sistema estomatoglossonático, como mandíbula, lábios e língua. Alterações práxicas podem interferir na sequência dos movimentos necessários para a articulação dos fonemas e dos movimentos não-verbais. A apraxia de fala é a incapacidade de organização e precisão do controle motor da fala. Isso ocorre devido a uma possível lesão cerebral que atinge a área da fala, dificultando a comunicação oral do sujeito. E essa imprecisão articulatória resulta em um discurso oral alterado quanto ao ritmo, entonação e melodia, sendo necessária a intervenção terapêutica para auxiliar numa melhor inteligibilidade da comunicação. Desta forma, o fonoaudiólogo é o profissional habilitado para acompanhar e reabilitar pacientes apráxicos e com praxia não-verbal. Assim, a terapia fonoaudiológica deve ter uma abordagem predominantemente motora, para crianças e adultos, com enfoque a ajudá-los no controle motor voluntário durante a programação das posições corretas dos órgãos fonoarticulatórios, além de aprimoramento das estruturas orofaciais. A evolução no tratamento é lenta, requerendo dedicação tanto dos profissionais envolvidos quanto dos pacientes dispostos a realizarem exercícios de repetição, diariamente. OBJETIVO: Qual a diferença entre apraxia de fala e praxia não-verbal. MÉTODO: A partir do questionamento “O que difere a apraxia de fala da praxia não-verbal?” realizou-se um levantamento bibliográfico nas plataformas Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) Pubmed e LILACS. Foram selecionados estudos originais nos idiomas inglês e português, por meio da correlação dos descritores “apraxia AND fonoaudiologia AND fala”, “transtornos da articulação AND sistema estomatognático”, “transtornos da articulação AND crianças” e “apraxias AND fala AND fonética”, utilizou-se o operador booleano “AND". Nas plataformas de buscas foram encontrados 114 artigos, sendo destes, 103 excluídos por não responderem a pergunta norteadora ou por estarem em duplicidade. Assim, foram incluídos nesta pesquisa a análise de 11 artigos. RESULTADOS: observou-se que, indivíduos com praxia não-verbal tem prejuízos estruturais e motores dos órgãos fonoarticulatórios, sucedendo em omissões, substituições fonêmicas, trocas e distorções, sejam por ausência dentária, projeção lingual, ou ponto articulatório incorreto. Enquanto na apraxia da fala, apresentam alterações dos movimentos musculares finos, na qual há distorções, omissões, repetições, inversões e prolongamento dos fonemas. Entretanto, a apraxia possui características que se diferem de outros distúrbios da articulação, como a discrepância entre a fala automática e deficiência na voluntária.
Os erros variam de paciente para paciente, e múltiplas tentativas com a mesma palavra viabiliza erros diferentes. CONCLUSÃO: Os distúrbios da fala têm inúmeras etiologias, que resultam em diferentes prejuízos, como lentidão fonêmica, omissões, prosódia alterada, erros múltiplos na produção dos sons e ininteligibilidade de fala.

Farias Samira Raquel de, Ávila Clara Regina Brandão de, Vieira Marilena Manno. Relação entre fala, tônus e praxia não-verbal do sistema estomatognático em pré-escolares. Pró-Fono R. Atual. Cient. [Internet]. 2006 Dez [citado 2020 Jul 03]; 18( 3 ): 267-276.

Navarro Paloma Rocha Silva, Priscila Mara Ventura Amorim Bordin, Sonia Maria Sellin.Apraxia de fala na infância: para além das questões fonéticas e fonológicas.Distúrbios da Comunicação.[Internet].2018 Set [citado 2020 Jul 03] ; 30(3): 475-489.


Souza Thaís Nobre Uchôa, Payão Luzia Miscow da Cruz. Apraxia da fala adquirida e desenvolvimental: semelhanças e diferenças. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2008 Jun [citado 2020 Jul 03] ; 13( 2 ): 193-202.


Cera Maysa Luchesi, Minett Thaís Soares Cianciarullo, Ortiz Karin Zazo. Analysis of error type and frequency in apraxia of speech among Portuguese speakers. Dement. neuropsychol. [Internet]. 2010 June [cited 2020 July 03] ; 4( 2 ): 98-103.

Costa Patricia Pereira, Mezzomo Carolina Lisbôa, Soares Márcia Keske. Verificação da eficiência da abordagem terapêutica miofuncional em casos de desvio fonológico, fonético e fonético-fonológico. Rev. CEFAC [Internet]. 2013 Dez [citado 2020 Jul 03] ; 15( 6 ): 1703-1711.

Gubiani Marileda Barichello, Carli Caroline Marini de, Keske-Soares Márcia. Desvio fonológico e alterações práxicas orofaciais e do sistema estomatognático. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 Fev [citado 2020 Jul 03] ; 17( 1 ): 134-142.

Keske-Soares Marcia, Uberti Letícia Bitencourt, Gubiani Marieli Barichello, Gubiani Marileda Barichello, Ceron Marizete Ilha, Pagliarin Karina Carlesso. Desempenho de crianças com distúrbios dos sons da fala no instrumento "Avaliação dinâmica das habilidades motoras da fala". CoDAS [Internet]. 2018 May [citado 2020 Jul 03] ; 30( 2):
1-7.

Cera Maysa Luchesi, Ortiz Karin Zazo. Phonological analysis of substitution errors of patients with apraxia of speech. Dement. neuropsychol. [Internet]. 2010 Mar [cited 2020 July 03] ; 4( 1 ): 58-62.

Bertagnolli Ana Paula Coitino, Gubiani Marileda Barichello, Ceron Marizete, Keske-Soares Márcia. Orofacial Praxis Abilities in Children with Speech Disorders. Int. Arch. Otorhinolaryngol. [Internet]. 2015 Dec [cited 2020 July 03] ; 19( 4 ): 286-292.


Morgan Angela T., Murray Elizabeth, Liégeois Frederique J.Interventions for childhood apraxia of speech.Cochrane Database of Systematic Reviews [Internet]. 2018 May [cited 2020 July 03] ; 5(5): CD006278.

Galluzzi Claudia, Bureca Ivana, Guariglia Cecilia, Romani Cristina. Phonological simplifications, apraxia of speech and the interaction between phonological and phonetic processing. Neuropsychologia [Internet]. 2015 May [cited 2020 July 03]; 1(71): 64-83.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1740
AS VOZES DOS ESTUDANTES DE ARTES: AUTOPERCEPÇÃO VOCAL E QUALIDADE DE VIDA DURANTE A GRADUAÇÃO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O ambiente universitário exige do estudante um comportamento ativo frente os docentes e os colegas para garantir um processo de aprendizagem efetivo e o estabelecimento de relações pessoais estáveis. A voz é uma ferramenta imprescindível para garantir a eficácia da comunicação nesse contexto, ao passo que os problemas vocais podem comprometer o equilíbrio do indivíduo e prejudicar sua qualidade de vida (1).
Objetivo: O presente estudo teve como objetivo comparar a autopercepção que os estudantes de Artes dos cursos de Bacharelado em Música Popular, Licenciatura em Música e Bacharelado de Musicoterapia, do Centro de Música e Musicoterapia (CMM); e os estudantes dos cursos de Licenciatura em Artes Visuais, Licenciatura em Teatro, Bacharelado e Licenciatura em Dança e Bacharelado em Artes Cênicas, do Centro de Artes (CA), de uma universidade pública estadual, tem em relação à voz e à qualidade de vida.
Método: Trata-se de um estudo transversal, de caráter exploratório, aprovado pelo comitê de ética conforme parecer consubstanciado 2.550.674, e desenvolvido com 226 estudantes regularmente matriculados nos cursos de Artes. Todos os estudantes que concordaram em participar, e assinaram o TCLE, responderam o protocolo de Qualidade de vida e Voz (QVV) (2,3).O protocolo é autoaplicável e consiste em dez perguntas relacionadas ao aspecto sócio emocional (SE), funcionamento físico da voz (FF) e total (T), para as quais os estudantes escolheram dentre cinco alternativas, considerando tanto a gravidade do problema como sua frequência de aparecimento.
Resultados: Os resultados dos escores do QVV foram tabulados e tratados no programa Statistica, versão13.3. e indicaram variância nos três escores pesquisados para os estudantes dos dois Centros de Área, com os índices mais significativos no escore FF e resultados mais comprometidos observados no CA. O teste de Mann-Whitney, utilizado para a comparação entre os escores SE, FF e T dos Centros, permitiu concluir que não houve diferença para o domínio SE e confirmou significância para o domínio FF, assim como para o escore T.
Conclusão: Há diferença na percepção da voz em relação à qualidade de vida dos estudantes dos dois Centros, que tem em comum rotinas vocais exaustivas em aulas práticas, ensaios ou estágios, tanto nos cursos de licenciatura quanto nos de bacharelado (4,5). Os resultados superiores nos escores FF do CMM sugerem melhor conhecimento do aparelho fonador entre os estudantes da área da Música, que podem ter incorporado o conceito da voz como um instrumento de estudo e de trabalho. Além disso, o foco nas disciplinas de práticas corporais, em detrimento das práticas vocais, pode desfavorecer a consciência de hábitos relacionados à percepção e preservação da voz nos estudantes que frequentam os cursos do Centro de Artes.
Palavras-chave: voz; qualidade de vida; graduação; artes.

1. Bastilha Gabriele Rodrigues, Lima Joziane Padilha de Moraes, Cielo Carla Aparecida. Influência do sexo, idade, profissão e diagnóstico fonoaudiológico na qualidade de vida em voz. Rev. CEFAC. 2014 Dec; 16(6): 1900-1908.
2. Behlau M, Oliveira G, Santos LMA, Ricarte A. Validação no Brasil de protocolos de auto-avaliação do impacto de uma disfonia. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2009 Dec; 21(4): 326-332.
3. Gasparini G, Behlau M. Quality of life: validation of the Brazilian version of the voice-related quality of life (V-RQOL) measure. J Voice. 2009 Jan;23(1):76-81.
4. Pereira EF, Teixeira CS, Kothe F, Merino EAD, Daronco LSE. Percepção de qualidade do sono e da qualidade de vida de músicos de orquestra. Rev. psiquiatr. Clín. 2010; 37(2): 48-51.
5. Vilanova JR, Marques JM, Ribeiro VV, Oliveira AG, Teles L, Silverio KCA. Atores profissionais e estudantes de teatro: aspectos vocais relacionados à prática. Rev. CEFAC. 2016 Aug; 18(4): 897-907.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
699
ASMR: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O Autonomous Sensory Meridian Response (ASMR) é um fenômeno recentemente descrito na literatura científica especializada em neurologia e neurociências, que ganhou notoriedade em plataformas de vídeo, como o YouTube. O fenômeno tem sido caracterizado como uma ferramenta que pode auxiliar em quadros de insônia, ansiedade e depressão (1). O ASMR é desencadeado por estímulos auditivos e visuais específicos, e consiste em arrepios, formigamentos e intensa sensação de relaxamento e prazer (1). Os estudos sobre o tema ainda são escassos. Não existem dados sobre a prevalência na população e sua base fisiológica não é bem esclarecida.
Objetivo: Compilar os resultados encontrados em estudos que envolvem o fenômeno “ASMR”, a fim de compreendê-lo do ponto de vista fisiológico e emocional.

Métodos: Revisão integrativa de literatura realizada a partir do método Strobe, através de consulta às bases “BVS - LILACS”, “SciELO” e “MEDLINE - PubMed”, utilizando o descritor “Autonomous Sensory Meridian Response”. Os critérios de inclusão foram: ser artigo publicado em qualquer idioma e data, e abordar aspectos fisiológicos e emocionais do ASMR. Foram excluídos artigos sem versão completa disponível e revisões de literatura. Dos 23 resultados encontrados, 10 foram selecionados para o estudo.

Resultados: Os dados analisados sugerem que existem bases neurofisiológicas que justificam o ASMR. Em um estudo de neuroimagem que comparou o cérebro de indivíduos que sentem ASMR ao de um grupo controle, em repouso, foi observado que o grupo que sente ASMR possui redes neuronais menos distintas(2). Durante a ocorrência do fenômeno, foi observada intensa ativação dos córtices auditivo e visual, liberação de hormônios associados ao prazer, ativação de áreas cerebrais associadas à empatia (3), aumento do diâmetro da pupila (4), redução da frequência cardíaca e aumento da condutância na pele (5). Quando comparado ao grupo controle, ao assistir vídeos de ASMR, os resultados da ressonância magnética dos indivíduos que relataram sensibilidade ao fenômeno evidenciaram um aumento da atividade cortical em regiões responsáveis pela atenção, audição, emoção e movimento; houve maior atividade nas regiões do tálamo, córtex-cingulado anterior, precuneos e sensório-motor medial, o que não foi observado no grupo controle(6). Alguns autores também apontaram o caráter subjetivo dessa sensação, demonstrando que indivíduos que sentem ASMR têm uma maior tendência à experimentação de sensações ilusórias (7), altos scores em escalas que avaliam componentes atencionais e de autopercepção (8), além de maiores índices de misofonia (9) e sinestesia (1). Durante os episódios de ASMR, os indivíduos experimentam sensações de excitação e calma, além de redução nos níveis de tristeza e estresse (5). Também foram encontradas diferenças entre os traços de personalidade desses dois grupos, sendo que indivíduos que sentem ASMR apresentaram maiores níveis de abertura à experiência e neuroticismo, e menores níveis de extroversão, concordância e consciência(10).

Conclusão: Os resultados sugerem que o ASMR é um fenômeno complexo, que envolve mecanismos fisiológicos associados a aspectos sensoriais, motores, atencionais e emocionais. No entanto, são necessários mais estudos para a compreensão do fenômeno e de como este pode contribuir para a Fonoaudiologia.


1- BARRAT EL, DAVIS NJ - Autonomous Sensory Meridian Response (ASMR): a flow-like mental state. PeeJ, 2015. Acesso disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25834771

2- SMITH SD, FREDBORG BK, KORNELSEN J - Atypical Functional Connectivity Associated with Autonomous Sensory Meridian Response: An Examination of Five Resting-State Networks. Brain Connectivity, 2019. Acesso disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30931592

3- LOTCHE BC, GUILLORY SA, RICHARD CAH, KELLEY WM - An fMRI investigation of the neural correlates underlying the autonomous sensory meridian response (ASMR). Bioimpacts, 2018. Acesso disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30397584

4- VALTAKARI, NV. An eye-tracking approach to Autonomous sensory meridian response (ASMR): The physiology and nature of tingles in relation to the pupil. PLosOne, 2019. Acesso disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6932793/

5- POERIO GL, BLAKEY E, HOSTLER TJ, VELTRI T. More than a feeling: Autonomous sensory meridian response (ASMR) is characterized by reliable changes in affect and physiology. PLosOne, 2018. Acesso disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29924796

6- SMITH SD, FREDBORG BK, KORNELSEN J - A Functional Magnetic Resonance Imaging Investigation of the Autonomous Sensory Meridian Response. PeerJ, 2019. Link para acesso: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31275748/

7- KEIZER A et. Al. Individuals Who Experience Autonomous Sensory Meridian Response Have Higher Levels of Sensory Suggestibility. Percepcion, 2020. Acesso disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31805807

8- FREDBORG BK, CLARK JM, SMITH SD. Mindfulness and autonomous sensory meridian response (ASMR). PeerJ, 2018 Acesso disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30123716

9- MCEARLEAN ABJ, BANISSY MJ. Increased misophonia in self-reported Autonomous Sensory Meridian Response. PeerJ, 2018. Acesso disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30123700

10- FREDBORG B, CLARK JM, SMITH SD. An examination of personality traits associated with autonomous sensory meridian response (ASMR). Front Psychol. 2017. Acesso disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2017.00247/full



TRABALHOS CIENTÍFICOS
741
ASPECTOS CLÍNICOS DA POPULAÇÃO DIAGNOSTICADA COM BRONCOASPIRAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A broncoaspiração constitui um fator adverso ao qual indivíduos internos em hospitais, especialmente em unidades de terapia intensiva (UTI), estão expostos. O aumento do risco de aspiração e a pneumonia aspirativa podem ocorrer em consequência da disfagia1. A implantação de um protocolo de prevenção de broncoaspiração visa reduzir a ocorrência de alterações respiratórias, o tempo de internação e também custos hospitalares. Para tal, se faz necessário conhecer a raiz desse problema através do registro das ocorrências, realização de triagem dos casos, para, posteriormente implantar ações que previnam esse evento adverso2. A disfagia pode ser neglicenciada na UTI e isto eleva o risco de broncoaspiração pela população assistida nesse ambiente3. O objetivo desse estudo é investigar aspectos clínicos relacionados ao diagnóstico médico de broncoaspiração em pacientes internos na UTI com diagnóstico médico de broncoaspiração. Método: Esse estudo foi aprovado no comitê de ética e pesquisa. Os dados foram coletados a partir do registro em prontuário da broncoaspiração realizado na própria UTI Geral de um hospital universitário, entre dezembro de 2019 e março de 2020. Os dados analisados foram: idade, ventilação, fatores de risco, a repercussão pulmonar da broncoaspiração, local de ocorrência e as vias de alimentação dessa população. Foi realizada uma análise descritiva. Resultado: 12 registros foram analisados. A idade média dos participantes foi 72,83 anos, sendo 39 anos a menor idade e 93 a maior. A ventilação mais frequente foi a invasiva com 5 sujeitos, a ventilação não invasiva esteve presente em 4, a ventilação espontânea em 2 e o cateter de O2 em 1. Com relação aos fatores de risco, observa-se que todos sujeitos apresentaram pelo menos três deles, os mais frequentes são: doença neurológica, desnutrição e disfagia prévia. Oito indivíduos deram entrada na UTI, provenientes de outra unidade hospitalar e 4 de setores diversos do hospital. Cerca de 9 evoluíram com pneumonia, 2 com dispneia e 1 com pneumonite. Conclusão: os pacientes idosos com fatores de risco associados, são os mais susceptíveis a broncoaspiração, sendo imprescindíveis o conhecimento dos cuidadores e demais profissionais da saúde sobre ações que previnam esse evento adverso. Além disso, o acompanhamento e tratamento fonoaudiológico a pacientes disfágicos, pode reduzir o risco de broncoaspiração, com consequente manutenção da qualidade de vida dos pacientes acometidos.



1 Medeiros GC, Sassi FC, Zambom LS, Andrade CR. Correlation between the severity of critically ill patients and clinical predictors of bronchial aspiration. J Bras Pneumol. 2016;42(2):114–120. doi: 10.1590/S1806-37562015000000192. [PMC free article] [PubMed] [CrossRef] [Google Scholar]

2. Cocho D, Sagales M, Cobo M, Homs I, Serra J, Pou M et al. Lowering Bronchoaspiration Rate in an Acute Stroke Unit by Means of a 2 volume/3 Texture Dysphagia Screening Test With Pulsioximetry. Neurologia. 2017 Jan-Feb;32(1):22-28. doi: 10.1016/j.nrl.2014.12.005. Epub 2015 Feb 7.PMID: 25660184.

3. Zuercher, P, Moret, CS, Dziewas, R, Schefold, JC. Dysphagia in the intensive care unit: epidemiology, mechanisms, and clinical management. Critical care. 2019 [London, England]; 23(1):103. https://doi.org/10.1186/s13054-019-2400-2.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1277
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS E MOTIVAÇÃO PARA APRENDER: UM ESTUDO COM ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO. O processo da aprendizagem é multifatorial e envolve tanto fatores intrínsecos, como extrínsecos (1). Dentre tais fatores deve ser destacada, a motivação do indivíduo, ou seja, o porquê do estudante se engajar em alguma tarefa que lhe é proposta (2).
OBJETIVO: analisar a associação entre aspectos comportamentais e motivação para aprender segundo idade, sexo e ano escolar em estudantes do Ensino Fundamental II.
MÉTODO. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer de número 2.422.795 com delineamento observacional analítico transversal que inclui 124 adolescentes de 11 a 14 anos matriculados no Ensino Fundamental em uma instituição de financiamento privado. Os instrumentos utilizados foram um questionário de caracterização dos participantes, o Questionário de Capacidades e Dificuldades – SDQ-Por - Strengths and Difficulties Questionnaire – SDQ (3), validado para o português brasileiro, e a Escala de Avaliação da Motivação para a Aprendizagem- EMAPRE (4).
Foram realizadas análises estatísticas descritiva e bivariada. A análise descritiva constou da distribuição de frequência das variáveis categóricas e das medidas de tendência central e de dispersão das variáveis contínuas. Para as análises de associação foram utilizados os testes Qui-quadrado de Pearson, Kruskal-Wallis e Mann-Whitney sendo consideradas como significantes as que apresentaram valor de p ≤ 0,05.
RESULTADOS. Dos 124 participantes, a maioria pertencia ao gênero feminino (54,0%), a maior parte possuía 11 anos de idade (27,4%) e cursava o 6º ano escolar (32,2%). A análise de associação das escalas do comportamento pró-social e escore total do questionário SDQ com os dados demográficos demonstrou que não houve resultado com significância estatística na amostra investigada. Porém, notou-se maior prevalência de sintomas emocionais e problemas relacionais demonstrados pelo questionário SDQ no gênero feminino se comparado ao masculino. Sendo que, dentre os adolescentes que obtiveram pontuações que apontaram para alguma anormalidade comportamental, 66,7% eram meninas para 33,3% dos meninos, nos critérios de sintomas emocionais. Nos problemas relacionais, dentro do grupo que pontuou para anormalidade, 61,5% eram meninas e 38,5% eram meninos. Na amostra pesquisada, a motivação para aprender não variou de acordo com os fatores de idade e ano escolar. Os adolescentes, apresentaram maior tendência à Meta Aprender, com a maior média (29,28%) se comparada à Meta Performance Aproximação (média= 15,30%) e Meta Performance Evitação (média= 9,40%). Na análise dos fatores comportamentais do SDQ e a motivação para aprender da EMAPRE, verificou-se associação com significância estatística entre “Classificação total” com “Meta Aprender” (p=0,025), com maior média e mediana para o resultado normal e com “Meta Performance Evitação” (p=0,012), com maior média e mediana para o resultado anormal.
CONCLUSÃO. Estudar as questões motivacionais do adolescente permite um olhar mais crítico e sensível aos comportamentos externalizados no percurso escolar, possibilitando melhor manejo dos profissionais que lidam diretamente com o público em questão.


1. Rotta NT, Ohlweiler L, dos Santos Riesgo R. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed Editora; 2006; p.117.
2. Bzuneck JA, Boruchovitch E. Motivação e autorregulação da motivação no contexto educativo. Psicologia Ensino & Formação. 2016;7(2):73-84.
3. Goodman, R. The Strengths and Difficulties Questionnaire: A research note. Child Psychology & Psychiatry & Allied Disciplines – 1997. Vol. 38 (5), 581–586.
4. Zenorini, R. P. C; dos Santos, A. A. A. Escala de Metas de Realização como Medida da Motivação para Aprendizagem. Revista Interamericana de Psicología/Interamerican Journal of Psychology – 2010. Vol. 44, Num. 2, pp. 291-298.
5. Rezende BA, Lemos SM, Medeiros AM. Quality of life of children with poor school performance: association with hearing abilities and behavioral issues. Arquivos de neuro-psiquiatria. 2019 Mar;77(3):147-54.
6. Zenorini RD, dos Santos AA. Escala de metas de realização como medida da motivação para aprendizagem. Interamerican Journal of Psychology. 2010;44(2):291-8.
7. Saud LF, Tonelotto JM. Comportamento social na escola: diferenças entre gêneros e séries. Psicologia Escolar e Educacional. 2005 Jun;9(1):47-57.
8. Rufini SÉ, Bzuneck JA, Oliveira KL. A qualidade da motivação em estudantes do ensino fundamental. Paidéia (Ribeirão Preto). 2012 Apr;22(51):53-62.
9. Stivanin L, Scheuer CI, Assumpção Jr FB. SDQ (Strengths and Difficulties Questionnaire): identification of children readers behavioral characteristics. Psicologia: Teoria e Pesquisa. 2008 Dec;24(4):407-13.
10. D'Abreu LC, Marturano EM. Associação entre comportamentos externalizantes e baixo desempenho escolar: uma revisão de estudos prospectivos e longitudinais. Estudos de Psicologia (Natal). 2010 Apr;15(1):43-51.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
339
ASPECTOS DA LEITURA E ESCRITA EM ASSOCIAÇÃO COM A PREMATURIDADE: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A prematuridade consiste no nascimento precoce e os avanços da medicina têm possibilitado maior sobrevida das crianças prematuras e minimizado sequelas. No entanto, em alguns casos, os agravos não conseguem ser evitados e podem repercutir no desenvolvimento global infantil, incluindo linguagem oral e escrita. OBJETIVO: Identificar e analisar os artigos que correlacionam leitura, escrita e prematuridade. MÉTODO: Iniciamos a pesquisa pela pergunta: Quais as alterações de leitura e escrita em crianças prematuras? Para responder foi realizado um levantamento dos dados por meio de consulta ao Portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) incluindo as bases de dados MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e INDEX Psicologia Periódicos Técnico- Científico, limitando-se às publicações do intervalo temporal dos últimos dez anos. A busca do material considerou os seguintes descritores: Leitura, Escrita e Prematuro. Os critérios de inclusão foram: textos no formato de artigos, que abordassem a temática no idioma português, inglês ou espanhol, publicados no período estabelecido. Na BVS, utilizando busca integrada, apareceram 14 textos, sendo utilizado o marcador booleano “and” e os descritores acima. Porém, após a filtragem mediante os critérios de inclusão, foram obtidos 10 textos. Após a leitura dos títulos e resumos, foi suprimida toda publicação que não correspondia a proposta da pesquisa e as duplicadas, restando 07 textos. RESULTADOS: O resultado da referida revisão integrativa mostrou o desempenho da leitura e escrita do público estudado bem como as estruturas neurológicas envolvidas nesse processo de aprendizagem. Um estudo com crianças prematuras entre 6 e 10 anos comparado com crianças termo mostrou comprometimento na capacidade de discriminação e consciência fonológica, dificuldade de leitura de palavras com fonemas semelhantes, alteração de leitura e pronúncia de palavras de uso pouco frequente, além de unir e pronunciar fonemas de palavras que não existem. Na escrita não foi observado comprometimento nos que nasceram prematuros nos aspectos da transcrição e do ditado1. Uma outra pesquisa analisou a influência da prematuridade e do baixo peso ao nascer sobre indicadores de desenvolvimento e as crianças prematuras apresentaram pior desempenho nos testes motor visual e motor fino2. Portanto, as habilidades de maior complexidade exigidas durante a escolaridade para leitura e escrita podem ser influenciadas pelas dificuldades motora visual, perceptivas e motoras finas. As crianças prematuras podem apresentar déficits de linguagem e leitura e ainda apresentar lesão na substância branca do cérebro3. Os referidos autores concluíram que a linguagem e leitura estão associadas a substância branca em crianças prematuras, as habilidades de decodificação foram associadas ao corpo caloso e o QI verbal e compreensão sintática foram mais fortemente associados à via central direita. CONCLUSÃO: O público estudado apresentou menor desempenho da leitura e da escrita quando comparado com as crianças que nasceram no período esperado. As bases neurológicas evolvidas no processo de leitura e escrita foram substância branca do cérebro e corpo caloso. Sugere-se mais pesquisas que abordem o processo de escrita visto que a maioria dos estudos abordam apenas a leitura.


1. Rios-Flórez JA, Cardona- Agudelo V. Processos de aprendizagem em crianças de 6 a 10 anos com histórico de parto prematuro. Rev.latinoam.cienc.soc.niñez. 2016; 14(2). Doi: http://dx.doi.org/10.11600/1692715x.14213241115.
2. Pinheiro RC, Martinez CMS, Fontaine AMGV. Integração motora visual e desenvolvimento geral de crianças prematuras e a termo no início da escolaridade. Rev. bras. crescimento desenvolvedores. 2014; 24(2): 181-187. Doi: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S010412822014000200010&lng=pt&nrm=iso.
3. Feldman HM, Lee ES, Yeatman JD, Yeom, KW. As habilidades de linguagem e leitura em crianças em idade escolar e adolescentes nascidos prematuros estão associadas às propriedades da substância branca na imagem por tensores de difusão. Neuropsychologia. 2012; 50(14): 3348-3362. Doi: https://doi.org/10.1016/j.neuropsychologia.2012.10.014



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2141
ASPECTOS DA LINGUAGEM E DO COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS SEM MICROCEFALIA EXPOSTOS AO ZIKA VÍRUS NA GESTAÇÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


ASPECTOS DA LINGUAGEM E DO COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS SEM MICROCEFALIA EXPOSTOS AO ZIKA VÍRUS NA GESTAÇÃO


Bianca Bortolai Sicchieri, Patrícia Pupin Mandrá, Adriana Ribeiro Tavares Anastasio, Marisa Mussi Pinhata, Natalia Freitas Rossi;


O fenótipo neurodesenvolvimental com prognóstico mais grave decorrente da infecção congênita pelo ZIKV tem sido atribuído à presença de microcefalia. Esses casos frequentemente apresentam tensão excessiva da musculatura, irritabilidade, reação exacerbada de reflexos comuns no recém-nascido (hiperexcitabilidade), choro excessivo, disfagia (dificuldade de deglutição), crises convulsivas com aumento da frequência a partir dos três meses de vida, prejuízos auditivos e visuais[1], alterações em domínios desenvolvimentais (motor e comunicação)[2] e prejuízos significativos dos aspectos do sono[2,3]. O surto epidemiológico do Zika vírus no país é ainda muito recente, o que limita o conhecimento sobre os reais efeitos deste vírus nas diferentes fases de desenvolvimento da vida daqueles que foram infectados, incluindo o desenvolvimento da linguagem e comportamento dessas crianças. Objetivo: Investigar aspectos da linguagem e do comportamento de crianças expostas ao vírus Zika (ZIKV) na gestação sem microcefalia. Métodos: O estudo tem aprovação do Comitê de Ética (no.790.305). Participaram quatro casos, três do sexo masculino e um feminino, idade entre 2a.8 meses a 2a.11 meses. Dos quatro casos, três apresentaram queixa fonoaudiológica de problemas na fala, sendo eles, ininteligibilidade e trocas nos sons da fala. Foi realizado avaliação da fonologia com a prova de imitação e nomeação do Teste de Linguagem Infantil ABFW[4] vocabulário, com o Teste de Vocabulário por Imagens PEABODY[5] e os aspectos comportamentais verificados por meio do Child Behavior Checklist (CBCL 1 ½ a 5 anos)[6]. Resultados: Na análise da fonologia três crianças apresentaram processos fonológicos não mais esperados para a idade. Uma criança apresentou vocabulário receptivo auditivo inferior ao esperado para a idade. Referente aos aspectos comportamentais, as 4 apresentaram frequência aumentada de problemas externalizantes, principalmente relacionados a prejuízo de atenção e agitação, segundo o relato dos pais e parâmetros esperados para a idade. Conclusão: Ao investigar aspectos da linguagem e do comportamento de crianças expostas ao vírus Zika (ZIKV) na gestação verificamos prejuízos no desenvolvimento da linguagem, bem como problemas comportamentais podem estar presentes. Os achados dever ser analisados com cautela, uma vez que a confirmação desses achados como parte do fenótipo Zika requer estudos com maior tamanho amostral e controlados.

1. Eickmann, S. H, et al. Síndrome da infecção congênita pelo vírus Zika Zika virus congenital syndrome Síndrome de la infección congénita del virus Zika. Cad. Saúde Pública, v. 32, n. 7, p. e00047716, 2016.

2. Wheeler, A. C., Ventura, C. V., Ridenour, T., Toth, D., Nobrega, L. L., de Souza Dantas, L. C. S., ... & Ventura, L. O. (2018). Skills attained by infants with congenital Zika syndrome: Pilot data from Brazil. PloS one, 13(7), e0201495.

3. Pinato, L., Ribeiro, E. M., Leite, R. F., Lopes, T. F., Pessoa, A. L., Guissoni Campos, L. M., ... & Giacheti, C. M. (2018). Sleep findings in Brazilian children with congenital Zika syndrome. Sleep, 41(3), zsy009.

4. Andrade, C. R. F.; et. al. ABFW: Teste de linguagem infantil nas áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática. Carapicuiba (SP): Pró–Fono, 2000. 90 p.

5. Dunn, L. M., & Dunn, L. M. (1981). Peabody Picture Vocabulary Test - Revised. Circle Pines, MN: American Guidance Service.

6. Bordin, I. A. S, Mari, J. J., & Caeiro, M. F. (1995). Validação da versão brasileira do "Child Behavior Checklist" (CBCL) (Inventário de Comportamentos da Infância e adolescência): dados preliminares. Revista ABP- APAL, 17(2),55-66.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1945
ASPECTOS E FATORES RELEVANTES DO TELEATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO EM CASOS DE LINGUAGEM
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


O teleatendimento fonoaudiológico, nas modalidades de teleconsulta e telemonitoramento, teve suas condições e limites revisados recentemente em função das restrições de atendimento presencial impostas pela pandemia do novo coronavírus. Os fonoaudiólogos buscaram ajustar suas práticas, incorporando uso de novos procedimentos e tecnologias de interação à distância, com o principal intento de sustentar benefícios do acompanhamento terapêutico estabelecidos com seus assistidos, bem como atender a novas solicitações de suporte técnico fonoaudiológico, tanto na área da saúde como educação. O objetivo deste trabalho é descrever práticas fonoaudiológicas em teleatendimento de quatro profissionais atuantes na área da Linguagem, considerando aspectos e fatores relevantes neste processo. Tais experiências se referem ao acompanhamento de 39 crianças, com idades entre um ano e sete meses a nove anos e 11 meses, com diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (n=31), Apraxia de Fala da Infância (n=2), Transtorno de Linguagem associado à Deficiência Intelectual (n=2), Transtorno Específico de Linguagem (n=2), Síndromes Genéticas (n=2). 15 clientes estavam em acompanhamento fonoaudiológico presencial (particular) há menos de 1 ano, 10 entre 1-2 anos, 7 entre 2-3 anos, 7 entre 3-5 anos ou mais. Quanto ao nível de formação das profissionais, uma é mestranda, duas são pós-doutorandas e uma tem pós-doutorado concluído. Os procedimentos fonoaudiológicos foram ajustados para intervenção indireta, na forma de treino parental, em 18 casos, para o atendimento direto com 9 clientes, e feito de forma associada entre eles em 12 casos. Nas interações síncronas foram utilizadas as plataformas digitais: Zoom, HiTalk, Skype e Google Meet. Após a suspensão dos atendimentos presenciais, o Teleatendimento foi iniciado e, aos poucos, foram incorporadas estratégias de preparação do atendimento (EPA), para estimular o engajamento durante a interação síncrona (EEE), e de monitoramento de atividades terapêuticas entre sessões (EMA). Exemplos de EPA: estruturação dos objetivos terapêuticos, avaliação de conveniência de horários e conhecimento de outros aspectos da dinâmica familiar, checagem do domínio tecnológico dos familiares, disponibilização antecipada de material para impressão e/ou para uso durante a interação, fornecimento de vídeos para exemplificar a realização das atividades propostas, orientação sobre organização da rotina, ambiente e materiais para o Teleatendimento, adequação entre horário e nível atencional da criança, geração de links de acesso ao Teleatendimento, antecipadamente; EEE: seleção de materiais (fantoches, brinquedos de interesse da criança) e avaliação de interesses, realização do atendimento em conjunto com o familiar para ensino de estratégias específicas, uso de slides com conteúdo, compartilhamento de tela de documentos, atividades, sites de jogos e aplicativos, registro de impressões clínicas durante o Teleatendimento; e EMA: análise de vídeos de situações de treino ou atividades recomendadas, envio periódico de formulário de satisfação, envio de lembretes e mensagens curtas de incentivo à realização das atividades e orientações via WhatsApp. Considerando o novo panorama mundial e a necessidade de se incorporar os avanços tecnológicos nas ações fonoaudiológicas, estabelece-se a relevância de se realizar estudos que apliquem análise de correlação entre as diferentes variáveis inerentes ao teleatendimento, com o fim de traçar diretrizes de boas práticas desta modalidade de atuação fonoaudiológica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1961
ASPECTOS E FUNÇÕES OROFACIAIS NAS POPULAÇÕES PEDIÁTRICA E HEBIÁTRICA COM DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS OBSTRUTIVOS DO SONO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Os distúrbios respiratórios obstrutivos do sono (DROS) são frequentes em crianças e adolescentes, comprometendo a respiração e a ventilação durante o sono (1), além de consequências mais globais como alterações do crescimento ponderoestatural, sistema cardiovascular, alterações metabólicas, do aprendizado, memória, atenção e humor. A principal causa é a hipertrofia de tonsilas palatinas e faríngea, entretanto atualmente se discute a influência de outros fatores como por exemplo as alterações miofuncionais orofaciais, que podem comprometer o desenvolvimento craniofacial de crianças e adolescentes com DROS, e justificar recidivas posteriores à adenotonsilectomia (2). Objetivo: Investigar as principais características e funções orofaciais em crianças e adolescentes com distúrbios respiratórios obstrutivos do sono (DROS). Métodos: Foi realizada uma busca literária científica nas bases de dados BVS e PubMed, nos idiomas português, inglês e espanhol. Por meio do cruzamento de descritores específicos: distúrbios respiratórios obstrutivos do sono, avaliação miofuncional orofacial, sistema estomatognático, funções orofaciais e crianças. Os critérios utilizados para a seleção dos artigos foram: crianças na faixa-etária de 6-18 anos e a utilização dos instrumentos Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE) e o The Nordic Orofacial Test-Screening (NOT-S). Os critérios de exclusão consistiram em artigos com a casuística com associação de síndromes craniofaciais ou outras síndromes que interferisse nesse complexo do sistema estomatognático. Resultados: Foram localizados quarenta e oito artigos, sendo selecionados apenas três, publicados entre os anos de 2016 e 2018, dois artigos localizados da Pubmed e um da BVS, todos na língua inglesa. Portanto, a idade média de crianças participantes dos estudos foi de 8-10 anos (3,4,5). Um estudo utilizou o AMIOFE e nos outros dois o NOT-S. Ademais, os achados mais relevantes encontradas foram presença de hábitos orais deletérios, musculatura facial flácida, assimetria facial, vedamento labial inadequado ou com contração excessiva dos músculos periorais, aumento nas dimensões dos tecidos linfóides faríngeos, presença de más oclusões, volume e postura de língua alterados; acarretando prejuízos nas funções estomatognáticas, como respiração oral, mastigação unilateral, deglutição atípica (3,4,5). Conclusão: Portanto, a literatura demonstrou que frequentemente crianças e adolescentes com DROS apresentam alterações estruturais, da musculatura orofacial e das funções estomatognáticas, dentre elas a alteração de postura no repouso de lábios e língua, respiração oral, mastigação unilateral e deglutição atípica. Por isso, estes casos exigem uma avaliação minuciosa, por meio de todos os aspectos e funções orofaciais, com intuito de auxiliar no estabelecimento do melhor planejamento terapêutico fonoaudiológico e também a necessidade de encaminhamentos adicionais, para se estabelecer melhores resultados à longo prazo.

1.Halal CS, Nunes ML. Distúrbios do sono na infância. Resid. Pediatr. 2018;8(1): 86-92.

2.Pacheco A, Bolzan G.P, Blanco-Dutra AP, Silva AMT. Contribuições da cefalometria para o diagnóstico fonoaudiológico. Distúrb. Comun, São Paulo. 2012; 24(1): 5-10.

3.Felício CM, Silva FV, Folha GA, Almeida LA, Freitas, JS, Anselmo-Lima W.T, et al. Orofacial motor functions in pediatric obstructive sleep apnea and implications for myofunctional therapy. Int. J. of Pediatr. Otorhinolaryngol. 2016; 90: 5-11.

4. Weyrich CC, Santos, AHL, Carvalho SS, Hapner AVP, Stechman-Neto J, Cavalcante-Leão BL. Evaluation of sleep quality and relationship with orofacial dysfunction in children. OHDM. 2018; 17(4): 1-5.

5.Cheng S.Y, Kwong S.H.W, Pang W.M, Wan L.Y. Effects of an oropharyngeal motor training programme on children with obstructive sleep apnea syndrome in Hong Kong: A retrospective pilot study. Hong Kong J. Occup. Ther. 2017; 30: 1-5.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1322
ASPECTOS FONOAUDIOLÓGICOS EM CRIANÇAS COM RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO EM PROGRAMAS DE FOLLOW-UP: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Os fatores de risco para o desenvolvimento podem comprometer diversas áreas motoras e cognitivas do recém-nascido, incluindo funções orofaciais, auditivas e de linguagem, propriamente da comunicação (1). A inserção da fonoaudiologia em programas de follow-up proporciona complementar a equipe multidisciplinar, atuando em intervenções precoces de crianças com risco para o desenvolvimento (2). Objetivo: O presente estudo teve como objetivo apresentar uma revisão da literatura, em busca de evidências sobre a atuação fonoaudiológica em crianças com risco para o desenvolvimento em programas de follow-up. Método: A metodologia utilizada envolve a identificação do tema, elaboração da hipótese, revisão da literatura, coleta de dados, análise crítica, quantitativa e qualitativa dos estudos incluídos, discussão e interpretação dos resultados. Para o levantamento das publicações foram utilizadas as bases de dados LILACS e SciELO, com filtros de período dos anos de 2005 a 2020. Foram utilizados os descritores de forma pareada no idioma português e os dados foram apresentados de forma descritiva. Resultados: A partir dos termos selecionados e da busca realizada foram identificados 50 artigos e após aplicação de critérios de inclusão e exclusão foram analisados 04 trabalhos. Verificou-se que os estudos relacionados a esse tema são escassos, os artigos verificados se tratavam de uma revisão integrativa da literatura, um capítulo de livro, um relato de experiência e um estudo multiprofissional. Dois artigos e o capítulo do livro (2,3,4) descreveram que crianças com risco para o desenvolvimento atendidas em programas de follow-up podem apresentar alterações no desenvolvimento auditivo no que se refere a perda auditiva, bem como alterações neuromotoras que afetam o equilíbrio e a coordenação (2,3,4). Da mesma forma, retrataram alterações na anatomia facial, tônus e postura da língua, alterações de padrão motor oral com episódios de incoordenação entre a sucção, respiração e deglutição, assim como disfagia, refluxo gastroesofágico e dificuldades alimentares, desde a amamentação a transição alimentar, com presença de regurgitação e aspiração, enfatizando a recusa alimentar (2,3,4); e um artigo relatou atrasos no desenvolvimento da linguagem e desvios transitórios no desenvolvimento da linguagem oral, bem como atrasos em idade escolar (1). Conclusão: Ressalta-se a necessidade do acompanhamento fonoaudiológico de crianças com risco para o desenvolvimento por meio de programas de follow-up, para promover a detecção e intervenção precoce de alterações fonoaudiológicas, evitando e/ou minimizando o impacto de problemas no desenvolvimento global destas crianças. Observa-se a escassez de pesquisas com essa temática, demonstrando a necessidade de novos estudos abordando os aspectos fonoaudiológicos envolvidos.

(1) CARNIEL, Z. C. et al. Influência de fatores de risco sobre o desenvolvimento da linguagem e contribuições da estimulação precoce: revisão integrativa da literatura. Rev. CEFAC. 19(1): p.109-118. Jan-Fev; 2017

(2) FERRAZ, S. T. et al. Programa de follow-up de recém-nascidos de alto risco: relato da experiência de uma equipe multidisciplinar. Revista Aps, Juiz de Fora. v. 1, n. 13, p.133-139, Jan, 2010.

(3) FREITAS, M. et al. Acompanhamento de crianças prematuras com alto risco para alterações do crescimento e desenvolvimento: uma abordagem multiprofissional. Rev. einstein. 8(2 Pt 1): p. 180-186. 2010.

(4) MELLO, R. R.; MEIO, M. D. B. B. Follow-up de recém-nascidos de risco. In: MOREIRA, M. E. L.; LOPES, J. M. A.; CARVALHO, M., orgs. Quando a vida começa diferente: o bebê e sua família na UTI neonatal [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003. Criança, Mulher e Saúde collection, pp. 179-184. ISBN 978-85-7541-357-9. Disponível em: Acesso em: 07/07/2020 ás 13h00.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1124
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS OROFACIAIS EM SUJEITOS COM MICROCEFALIA: ESTUDO DE CASO CONTROLE
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A partir da epidemia de vírus Zika, que afetou gravemente o nordeste do Brasil no ano de 2015, foi observada forte associação de malformações congênitas e condições neurológicas com a infecção pelo vírus Zika durante a gestação(1). Têm sido descritos prejuízos na coordenação entre funções sucção, deglutição e respiração, sucção ineficiente, movimentos incoordenados de língua e mandíbula, regurgitação e/ou aspiração laringotraqueal na população acometida(2). Portanto, considera-se necessário entender os aspectos inerentes ao sistema miofuncional orofacial dessa população. Objetivo: Reconhecer os aspectos morfofuncionais orofaciais em sujeitos com microcefalia, comparando-os àqueles sem acometimento. Método: Estudo tipo caso controle; descritivo e transversal; qualiquantitativo; aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob nºCAAE:12529419.6.0000.5546. Apoio: CNPq. Utilizou-se protocolo AMIOFE-A(3) previamente adaptado para lactentes(4) com 48 sujeitos, entre 7 e 32 meses de idade, e aferidas medidas antropométricas orofaciais em 36 destes. Os participantes foram divididos em grupos, com microcefalia (GE) e sem morbidade (GC), respeitando-se pareamento sócio demográfico por faixa etária, sexo e região de nascimento. Para aplicação do AMIOFE-A adaptado(4) foi realizada avaliação miofuncional orofacial, com registros fotográficos das estruturas orofaciais e filmagens da situação de alimentação. Foram analisados: Face (simetria, proporção entre terços da face e sulco nasolabial); bochechas; lábios, músculo mentual (contração); língua; palato duro; Respiração (modo); Oferta de alimento (utensílio); Deglutição: lábios (vedamento, contração e interposição), língua (contenção) e sinais de alteração e eficiência; Mordida: modo de incisão, dentes, ausência; Mastigação: lado preferencial, ausência. Para medidas antropométricas foram aferidas: terços da face: superior (tr-g), médio (g-sn), inferior (sn-gn); distância entre canto externo do olho e cheilion (ex-ch) direito e esquerdo; alturas de filtro (sn-ls), lábios superior (sn-sto) e inferior (sto-gn)(5,6). Utilizado teste exato de Fisher e Mann-Whitney. Resultados: Encontrou-se no GE alterações na face, bochechas, dificuldades de vedamento labial, com respiração oral; ausência de mastigação e deglutição ineficiente, com diferenças (p<0,001) entre GE e GC para maioria dos escores miofuncionais orofaciais. Nas medidas antropométricas orofaciais houve diferenças significativas para: Terço Superior da Face (GEGC). Conclusão: Considerando as diferenças nas medidas antropométricas orofaciais, aferidas em idades precoces, e respectivo padrão miofuncional orofacial, pondera-se sobre o risco de alterações futuras nas estruturas orofaciais, visto que dificuldades de deglutição e mastigação evidenciadas no GE, poderiam, a médio e longo prazos, influenciar desfavoravelmente no crescimento harmônico dos órgãos fonoarticulatórios. O reconhecimento das dificuldades fonoaudiológicas nos lactentes com microcefalia, aponta para a necessidade de propostas terapêuticas contínuas e acompanhamento longitudinal.

1. Ministério da Saúde (BR). Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional [Internet]. Ministério da Saúde. 2017. 99 p. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_integradas_vigilancia_atencao_emergencia_saude_publica.pdf
2. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Diretrizes de estimulação precoce Crianças de zero a 3 anos com Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor Decorrente de Microcefalia [Internet]. Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2016. p. 123. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_estimulacao_criancas_0a3anos_neuropsicomotor.pdf
3. Folha GA. Ampliação das escalas numéricas do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade [Internet]. [Ribeirão Preto]: Universidade de São Paulo; 2010. Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17151/tde-22102013-084025/
4. Nobre GRD. Motricidade Orofacial e habilidades alimentares de lactentes com microcefalia: Protocolo AMIOFE-A adaptado para lactentes [undergraduate thesis]. [Aracaju]: Universidade Federal de Sergipe; 2018.
5. Medeiros AMC, Santos KCF, Santi V do N, Santos FB, Sereno BR de S, Santana ARS de, et al. Medidas antropométricas orofaciais em recém-nascidos a termo. CoDAS [Internet]. 2019;31(6):4–10. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822019000600303&tlng=pt
6. Cattoni DM. O uso do paquímetro na Motricidade Orofacial: procedimentos de avaliação. 1. ed. Barueri: Pró-Fono; 2006. 44 p.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
419
ASPECTOS MOTORES DA FUNÇÃO DE FALA NA CRIANÇA COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO: ESTUDO PILOTO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A apneia obstrutiva do sono (AOS) na população pediátrica, está associada à hipertrofia das tonsilas palatinas e faríngea, com repercussões neurocomportamentais, cardiovasculares e comprometimento ponderoestatural, além da respiração oral de suplência. Hipotetizamos que crianças com AOS apresentem alterações na fala não só pelos distúrbios neurocognitivos, mas também por aspectos motores orofaciais.

Objetivo: Analisar a fala na perspectiva dos aspectos motores da função da fala de crianças com apneia obstrutiva do sono.

Método: O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos da instituição envolvida. Para avaliar o desempenho dos aspectos motores da fala de crianças com AOS, selecionou-se avaliações diretas de fala devidamente gravadas. A casuística foi composta por cinco crianças, de 4 a 6 anos, sendo três do sexo masculino, com diagnóstico polissonográfico (tipo 3) de AOS com IAH médio de 12,52±3,76 eventos/hora. Foram registradas a fala espontânea e direcionada (por um livro somente com imagens). Três juízes atribuíram independentemente os escores a cada aspecto da fala avaliado. Foi realizada a média e desvio padrão para cada aspecto. O primeiro protocolo foi a parte de fala da Avaliação miofuncional orofacial (MBGR), com análise de abertura da boca, posição da língua, movimento labial, movimento mandibular e imprecisão articulatória. O segundo protocolo foi adaptado da avaliação das disartrias, utilizando a pontuação de 0,1,2,3,4,5 e 6 (sendo 0 excelente e 6 pior) para os aspectos de fonação, respiração, ressonância, articulação e prosódia.

Resultados: Nas avaliações feitas com o protocolo MBGR, observou-se poucas alterações bom desempenho para: saliva (0,07±0,14), abertura de boca (0,13±0,3), posição da língua (0±0). Os aspectos da fala com pior desempenho foram: aspecto geral (3,67±1,55) e ressonância (1,27±0,37), os meninos obtendo scores piores. O segundo protocolo mostrou que as crianças apresentaram com maior frequência alteração de ressonância - hiponasalidade (3,2±1,30) e para respiração (1,8±0,84), apresentando melhor desempenho na prosódia (1±0,71).

Conclusão: Apesar de uma pesquisa inicial, com apenas cinco pacientes, os achados demonstraram alterações na fala em geral, enfatizando para aspectos da ressonância de fala e para a influência da respiração nesta fala, apontando para a importância da melhor compreensão do impacto dos aspectos motores na fala de crianças com AOS. Ressalta-se ainda a dificuldade de protocolos disponíveis voltados para a avaliação específica da função de fala de ordem motora para a população pediátrica.

Xu Z, Wu Y, Tai J, Feng G, Ge W, Zheng L, Zhou Z, Ni X. Risk factors of obstructive sleep apnea syndrome in children. J Otolaryngol Head Neck Surg. 2020 Mar 4;49(1):11. doi: 10.1186/s40463-020-0404-1. PMID: 32131901; PMCID: PMC7057627.

Genaro KF, Berretin-Felix G, Rehder MIBC, Marchesan IQ. Orofacial myofunctional evaluation – MBGR Protocol. Rev. CEFAC. 2009 Abr-Jun; 11(2):237-255

Fracassi AS, Gatto AR, Weber S, Spadotto AA, Ribeiro PW, Schelp AO. Adjustment to the Portuguese and application to patients with Parkinson’s disease of protocol within central origin dysarthrias’ assessment. Rev. CEFAC, São Paulo





TRABALHOS CIENTÍFICOS
879
ASPECTOS MULTIMODAIS RELACIONADOS À POSIÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NA TERAPIA DE FALA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Espera-se que até os 5 anos de idade, as crianças consigam produzir todos os fonemas de sua língua materna. Quando isso não ocorre, elas precisarão da ajuda de um fonoaudiólogo. Sabe-se que, o caráter multimodal da comunicação oral faz parte do diálogo entre interlocutores. Quando falamos, usamos não só a voz, mas também o corpo, pois fazemos gestos, maneios de cabeça, entoações para nos expressarmos. Tais manifestações constituem informações importantes para o fonoaudiólogo na terapia de fala/linguagem, pois podem elucidar modulações específicas na realização de determinado fonema pelo paciente. Assim, amplia-se o leque de informações sobre como está sendo realizada a fala da criança durante o processo terapêutico. A perspectiva teórica interacionista é a que comporta a análise das instâncias multimodais. Objetivo: Identificar as instâncias multimodais relacionadas à posição da terapeuta durante as terapias fonoaudiológicas e refletir sobre suas contribuições para a evolução dos pacientes. Método: A pesquisa, de cunho quanti e qualitativo foi aprovada pelo Comitê de Ética nº CAAE: 15400119.9.0000.5404. Foram filmadas e transcritas 16 sessões de terapia fonoaudiológica de quatro crianças, de cinco a sete anos de idade, atendidas em ambulatório de uma clínica escola de universidade do interior paulista. Os dados foram agrupados em torno de quatro categorias: expressões faciais, gestos, qualidade vocal e deslocamento e analisados à luz da multimodalidade. Resultados: Foi possível observar 657 manifestações dessas instâncias multimodais. Houve prevalência de algumas instâncias multimodais sobre outras, na seguinte ordem: expressões faciais, gestos, qualidade vocal e deslocamento. Os dados mostraram que há predomínio da tendência pedagógica (quando a terapeuta solicita a correção do erro na fala da criança em treino articulatório) sobre a tradução compreensiva (quando a terapeuta retoma a fala da criança reformulando-a) para todos os participantes da pesquisa. Isso auxiliou os pacientes a monitorar as suas próprias falas, levando-os a ocupar uma posição no diálogo favorável para a escuta delas e realizar autocorreções. O direcionamento do olhar para a terapeuta serviu como “guia” para a escuta do erro na fala das crianças, e as variações prosódicas na fala da terapeuta reverberam na fala das crianças. O gesto mais frequente foi o da terapeuta apontando para sua boca, informando sobre a articulação do fonema. Sobre a qualidade vocal, verificou-se durante o treino articulatório, que houve predomínio da alteração de tom (do basal para o agudo) e intensidade aumentada na fala da terapeuta. Já o elogio da terapeuta, acompanhado pela modulação de sua voz, despertou a atenção e o olhar da criança. Com isso, verificou-se que quando o paciente mantém mais o contato visual, ele apresenta mais chances de êxito na produção do fonema trabalhado. Houve poucos descolamentos das crianças e terapeuta, pois estavam sentados à mesa. Conclusão: Observou-se que gesto, qualidade vocal, expressões faciais e deslocamentos acontecem simultaneamente na interação de forma indissociável. Esses aspectos multimodais trouxeram informações importantes sobre o desempenho terapêutico das crianças e a posição do fonoaudiólogo. Logo, devem figurar entre as preocupações dos fonoaudiólogos nas terapias.

Cunha ER, Maldonade IR. Multimodalidade e intervenção fonoaudiológica: revisão de literatura. Int. J. Dev. Res. 2019; 9: 32524-28.

Da Fonte RFL, Cavalcante MBC. Abordagem Multimodal da Linguagem: Contribuições à Clínica Fonoaudiológica. In: Montenegro ACA, Barros IBR, De Azevedo NPSG, organizadores. Fonoaudiologia e Linguística: teoria e prática. 1. ed. Curitiba: Appris; 2016. p. 205-25.

Pereira KGL, Maldonade IR. Aspectos multimodais relacionados à posição do fonoaudiólogo no processo terapêutico. Int. J. Dev. Res. 2020; 10: 34292-99.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
709
ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DA LINGUAGEM E FUNÇÕES EXECUTIVAS RELACIONADOS AO CONTEXTO SOCIOECONÔMICO EM IDOSOS COM PERDA AUDITIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O envelhecer é inevitável e conforme o tempo passa as mudanças biopsicossociais tendem a acontecer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (1) em 2014 a população idosa mundial era de aproximadamente 841 milhões de idosos, esse número tende a aumentar consideravelmente até 2050, sendo que as estimativas apontam que o número de idosos irá ultrapassar o número de crianças com idade de até cinco anos (2). A partir desse aumento populacional há um crescimento também das preocupações em torno da qualidade de vida e participação social dessas pessoas. Alguns fatores que podem afetar a qualidade de vida dessa população são alterações cognitivas e de linguagem e as perdas auditivas relacionadas a idade, em vista disso, é fundamental desenvolver junto a idosos ações que viabilizem um envelhecimento saudável (3,4). Objetivo: analisar os aspectos neuropsicológicos da linguagem e funções executivas em idosos com perda auditiva. Método: Esta pesquisa realizada em uma Clínica de Fonoaudiologia credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) localizada no sul no Brasil, foi aprovada pelo comitê de ética e pesquisa com o CAAE:90111318.4.0000.8040. Trata-se de uma pesquisa transversal, quanti-qualitativa, analítica. Para a coleta de dados foram aplicados dois instrumentos em dois grupos de idosos (Grupo 1 – 30 idosos com perda auditiva usuários de AASI; Grupo 2 - 30 idosos com perda auditiva não usuários de AASI). O primeiro instrumento era um o questionário socioeconômico, o segundo um instrumento de avaliação cognitiva (MOCA). Resultados: Observou-se diferença estatisticamente significativa entre os resultados da avaliação cognitiva de idosos com perda auditiva com escolaridade de mais de quatro anos de estudo, sendo: Funções Executivas (U = 345; p < 0,001), Fluência verbal (U = 99,0; p < 0,001), Cálculo (U = 36,0; p < 0,001) e Linguagem (U = 171, 0; p < 0,001). Os resultados indicam que os idosos com maior escolaridade responderam melhor ao teste de avaliação cognitiva. Conclusão: Por meio do presente estudo foi possível considerar a importância das condições de letramento de idosos com perda auditiva para o processo do envelhecimento, ou seja, os resultados indicam que os idosos mais letrados apresentam melhores resultados cognitivos e melhor qualidade de vida.


. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Ageing well: must be a global priority. Geneva: World Health Organization; 2014
2. ALVES, JED. Transição demográfica, transição da estrutura etária e envelhecimento. Revista Longeviver, 40, 2014.
3. LESSA, AH; COSTA, MJ. Influência da cognição em habilidades auditivas de idosos pré e pós-adaptação de próteses auditivas. Audiology-Communication Research, 21, 2016.
4. CHAVES, HV. O desempenho cognitivo de surdos em situação de jogos de aprendizagem. Ciências & Cognição, 19(2), 2014.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1447
ASPECTOS OROMIOFUNCIONAIS E DO SONO NA SEQUÊNCIA DE ROBIN: RELATO DE CASO PRÉ E PÓS-CIRURGIA ORTOGNÁTICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Sequência de Robin (SR) é descrita como uma anomalia congênita, caracterizada pela tríade: micrognatia, glossoptose e fissura de palato¹. No recém-nascido, pode ser caracterizada pela obstrução das vias aéreas e dificuldades alimentares. A manifestação clínica é variável e o tratamento começa nos primeiros meses de vida e exige uma equipe multiprofissional². Considerando a deformidade dentofacial provocada pela micrognatia e consequente alterações nas funções orofaciais, a cirurgia ortognática (CO) para avanço mandibular é considerada nos casos mais graves. OBJETIVO: Descrever aspectos oromiofuncionais e de questionários de sono de um indivíduo adulto, com SR e deformidade dentofacial, submetido à cirurgia ortognática. MÉTODO: Paciente do sexo feminino, 21 anos, com diagnóstico de SR e fissura pós forame incisivo reparada, micrognatismo acentuado, com indicação para osteotomia maxilar com avanço mandibular. Os aspectos oromiofuncionais foram avaliados, antes e 3 meses após a cirurgia, por meio do protocolo MBGR³. Para os sintomas relacionados ao sono, aplicou-se o Questionário de Berlim e Escala de Sonolência de Epworth. RESULTADOS: Previamente à cirurgia, a paciente apresentava alterações oclusais, de postura de cabeça e de padrão facial, com adaptações funcionais envolvendo respiração, mastigação, deglutição e fala. Adicionalmente, apresentava disfluência e sintomas ativos e passivos da disfunção velofaríngea. Quanto aos aspectos psicossociais, relatava constrangimento ao falar em público, isolamento para fazer as refeições e pouco apetite. No que se refere à respiração, relatou respiração oronasal diurna e noturna com presença de sono agitado e ronco. Verificou-se alto risco para apneia obstrutiva do sono, por meio dos questionários validados. Na reavaliação após 3 meses, observou-se melhora quanto aos aspectos oromiofuncionais e do sono. A avaliação demonstrou melhora na postura habitual de lábios, favorecida pela oclusão com boa relação entre os arcos. As funções orofaciais apresentaram leve melhora, porém necessitando de intervenção. Observou-se melhora da intenção de comunicação; paciente relatou que deixou de se isolar para fazer as refeições, apresentou melhora do apetite, porém, ainda é resistente para realizar refeições em público, segundo familiares. Paciente foi encaminhada para fonoterapia com enfoque nas funções orofaciais e outros aspectos de fala. Para a disfunção velofaríngea foi indicado o uso de prótese de palato. Atualmente (1 ano após cirurgia), a paciente encontra-se em terapia fonoaudiológica com resultados muito satisfatórios quanto a comunicação, mastigação e aspectos sociais. CONCLUSÃO: A SR é uma anormalidade complexa que deve ser tratada desde os primeiros meses de vida até a fase adulta, por equipe interdisciplinar. A cirurgia ortognática é uma opção a ser considerada, visando benefícios estéticos e funcionais que interferem diretamente na qualidade de vida do indivíduo. Conforme demonstrado pelo caso relatado, o tratamento fonoaudiológico se faz necessário desde o diagnóstico da anomalia, a fim de se orientar, prevenir e intervir nas alterações respiratórias e das demais funções orofaciais.

Elliott MA, Studen-Pavlovich DA, Ranalli DN. Prevalence of selected pediatric conditions in children with Pierre Robin sequence. Pediatr Dent 1995 Mar-Abr;17(2):106-11.

Marques IL, de Sousa TV, Carneiro AF, Peres SP, Barbieri MA, Bettiol, H. Seqüência de Robin – protocolo único de tratamento. J Pediatr 2005 Mar;81(1):14-22.

Graziani AF, Fukushiro AP, Marchesan IQ, Berretin-Félix G, Genaro KF. Ampliação e validação do protocolo de avaliação miofuncional orofacial para indivíduos com fissura labiopalatina. CoDAS 2019 Mar;31(1): e20180109.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1968
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DAS FAMÍLIAS COM NASCIDOS VIVOS COM SÍNDROME CONGÊNITA ASSOCIADA AO ZIKA VÍRUS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Aspectos socioeconômicos das famílias com nascidos vivos com síndrome congênita associada ao Zika vírus
Introdução: A microcefalia é uma má formação congênita que ocasiona comprometimentos neurológicos estruturais e/ou funcionais, diagnosticada através de exames pré-natais como a ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética ou medidas do perímetro cefálico no nascimento. A comprovação da relação entre a microcefalia e o vírus Zika, no ano de 2015 afetou principalmente a região Nordeste do país. Ainda é preciso um esforço do campo científico para analisar as associações desta epidemia aos determinantes sociais da saúde. Objetivos: Descrever os aspectos socioeconômicos das famílias com nascidos vivos com síndrome congênita da microcefalia associada à infecção pelo vírus Zika. Métodos: Estudo epidemiológico do tipo transversal com casos de microcefalia residentes na cidade de Aracaju. Os dados foram coletados em um inquérito populacional de encefalopatias crônicas não progressivas realizadas entre 2015 e 2017; foram analisados aspectos socioeconômicos: raça/cor, renda familiar, escolaridade do responsável, benefício assistencial. Resultados: 44,44% das mães ocupam-se de afazes domésticos, apresentam renda familiar de até um salário mínimo (74,07%) no qual apenas um morador contribui com as despesas mensais (81,48%), 37,04% dos pesquisados relatam que residem em imóveis alugados, cujo 59,26% recebem benefícios assistenciais e 85,19% não possuem plano de saúde. Com relação as características de raça/cor dessa população: 66,67% relatam raça/cor parda; os pesquisados apresentam comorbidades como deficiência auditiva (11,11%) ou visual (33,33%) e 37,04% tem epilepsia. Diante dos acontecimentos e condições do nascimento: 92,59% das mães realizaram pré-natal e 77,78% destacam as doenças hereditárias/ congênita como possível causa da microcefalia. Conclusão: O estudo evidencia a associação da síndrome congênita do zika vírus com famílias em condições sociais e econômicas vulneráveis. Estas famílias demandam de maior proteção social do Estado compreendendo o impacto da condição saúde em outras dimensões da vida.

ALBUQUERQUE, Maria de Fatima Pessoa Militão de et al . Epidemia de microcefalia e vírus Zika: a construção do conhecimento em epidemiologia. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 34, n. 10, e00069018, 2018 . Available from . Acesso em: 18 set. 2019. Epub Oct 11, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00069018.

CABRAL, Cibelle Mendes et al . Descrição clínico-epidemiológica dos nascidos vivos com microcefalia no estado de Sergipe, 2015. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 26, n. 2, p. 245-254, June 2017 . Available from . Acesso em: 26 set. 2019. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742017000200002.

DUARTE, Jhullyany dos Santos et al. Necessidades de crianças com síndrome congênita pelo Zika vírus no contexto domiciliar. Cad. saúde colet., Rio de Janeiro , v. 27, n. 3, p. 249-256, Sept. 2019 . Available from . Acesso em: 19 out. 2019. Epub Oct 03, 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1414-462x201900030237.

FRANCA, Giovanny Vinícius Araújo de et al . Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika em nascidos vivos no Brasil: descrição da distribuição dos casos notificados e confirmados em 2015-2016. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 27, n. 2, e2017473, 2018 . Available from . Acesso em: 24 set. 2019. Epub July 02, 2018. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742018000200014

FREITAS, Paula et al. Síndrome congênita do vírus Zika: perfil sociodemográfico das mães. Disponível em: Acesso em: 8 out. 2019.

Future Implications International Journal of Environmental Research and Public Health Disponível em:< https://www.mdpi.com/1660-4601/15/1/96> Acesso em: 26 dez. 2019

HENRIQUES, Cláudio Maierovitch Pessanha; DUARTE, Elisete; GARCIA, Leila Posenato. Desafios para enfrentar a epidemia de microcefalia. Epidemiol. Serv. Saúde , Brasília, v. 25, n. 1, p. 7-10, março de 2016. Disponível em . Acesso em: 8 out. 2019. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742016000100001.

LEITE, Rebeka Ferreira Pequeno et al . Triagem auditiva de crianças com síndrome congênita pelo vírus Zika atendidas em Fortaleza, Ceará, 2016. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 27, n. 4, e2017553, 2018 . Available from . Acesso em: 18 set. 2019. Epub Nov 08, 2018. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742018000400002.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1197
ASPECTOS VOCAIS E FISIOLÓGICOS QUE INFLUENCIAM NA ANSIEDADE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A ansiedade é uma ação inata do ser humano percebida durante uma situação que confere perigo, a qual desencadeia sensações fisiológicas, psíquicas e comportamentais podendo refletir na voz humana¹,². A interação da ansiedade e voz tem sido evidenciada em estudos que objetiva esclarecer a interferência comportamental sobre a qualidade vocal³-6. Objetivo: Analisar quais os aspectos vocais e fisiológicos influenciam na ansiedade, bem como discriminar características vocais de um grupo com baixa e alta ansiedade. Métodos: A aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa tem número 1.084.193/15. Participaram 38 indivíduos de ambos os sexos classificados, pelo nível da ansiedade-traço, em grupo Alta Ansiedade (AA), composto por 29 voluntários com idade média de 21,41 (±2,68) anos, e em Baixa Ansiedade (BA) por 09 indivíduos com 21,0 (±2,00) anos. Para a coleta dos dados de autoavaliação utilizou-se o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)7 e a Escala de Sintomas Vocais (ESV)8. Coletou-se vogal sustentada /ℇ/ e contagem de 1 a 10 para avaliação perceptivoauditiva, realizada por juízes especialistas em voz por meio da Escala Analógico-Visual (EAV), além de análise acústica. Utilizou-se o software Voxmetria® para a extração das medidas acústicas: frequência fundamental (F0), Jitter, shimmer, GNE, irregularidade vibratória e ruído. Foram coletados dados fisiológicos da condutância elétrica da pele (CEP), eletromiografia (EMG) supra e infrahióidea e temperatura de extremidades (TE) por meio de um fisiógrafo e a frequência cardíaca (FC) e a oxigenação no sangue (SPO²). Os dados foram analisados no software R por meio de estatística descritiva e inferencial utilizando teste de Mann-Whitney e o weight of evidence (WoE)9, um método estatístico de classificação binária que considera as variáveis a partir do poder de evidência sobre a variável desfecho. Resultados: O AA apresentou maior valor no domínio emocional da ESV comparado ao grupo BA. O escore total da ESV e os domínios limitação e emocional da ESV mostraram-se muito forte na influência sobre a ansiedade. Dos parâmetros da EAV, a rugosidade mostrou-se como o parâmetro que apresenta maior força na influência na ansiedade. Em relação aos dados acústicos, a F0 foi o aspecto mais influente. Por ser um parâmetro relacionado às características vocais influenciadas pelo sexo, optou-se por separar os gráficos do WoE por sexo para esses parâmetros. Para o sexo masculino, o jitter foi a medida acústica com maior força de influência. Todas as medidas acústicas promovem influência na ansiedade do sexo feminino com GNE e ruído com maior força A EMG em momento de repouso e em atividade de fala, ambas da musculatura suprahióidea, foram as medidas fisiológicas com maior força de influência para a ansiedade. Conclusão: O AA apresenta mais sintomas vocais relacionados ao domínio emocional da ESV. Todos os domínios da ESV demonstram influência sobre os níveis de ansiedade e a rugosidade é o parâmetro perceptual mais influente. As medidas acústicas que influenciam na ansiedade diferem no sexo feminino, em que GNE apresenta maior força de influência, e o jitter para o sexo masculino. A musculatura suprahióidea tem maior força de influência na ansiedade.


1. OMS- Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à saúde- CID 10. 10ª revisão. Versão 2008.
2. Rosa MRD et al. Zumbido e ansiedade: uma revisão da literatura. Revista CEFAC 2012, v. 14, n. 4, p. 742-754.
3. Trajano FMP, Almeida LNA, Araújo RA, Crisóstomo FLS, Almeida AAF. Níveis de ansiedade e impactos na voz: uma revisão da literatura. Distúrbios da Comunicação 2016, v. 28, n. 3, p. 423-33.
4. Gomes VEFI, Batista, DC, Araújo RA, Lopes, LW, Almeida, AAF. Symptoms and Vocal Risk Factors in Individuals with High and Low Anxiety. Folia Phoniatrica 2019 , 71:7-15.
5. Rocha LM et al. Risk Factors for the Incidence of Perceived Voice Disorders in Elementary and Middle School Teachers. Journal of voice 2016.
6. Sundberg J. A ciência da voz. Editora da Universidade de São Paulo, 2015.
7. Biaggio AMB, Natalício L, Spielberger CD. Desenvolvimento da forma experimental em português do inventário de ansiedade traço-estado (IDATE) de Spielberger. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada 1977, v. 29, p. 31-44.
8. Moreti F et al. Cross-Cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale – VoiSS. Journal of Voice 2014, v.28, n.4, p. 458-68.
9. Crawley MJ. The R book. John Wiley & Sons, Ltd. 2 ed. United Kingdom, 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2119
ASSISTÊNCIA FONOAUDIOLÓGICA AO PACIENTE ADULTO TRAQUEOSTOMIZADO COM COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: A COVID 19, doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, apresenta um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave. Nesses casos, a intubação orotraqueal prolongada e o uso da traqueostomia são frequentes, o que favorece a ocorrência de alterações de deglutição. Objetivo: Apresentar a rotina de atendimento ao paciente adulto traqueostomizado com COVID- 19 internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um Hospital Universitário e contribuir para a definição de fluxos e condutas voltadas para esses pacientes. Método: Trata-se de um relato de experiência sobre a intervenção fonoaudiológica para tratamento dos pacientes com Covid-19 internados em UTI. Resultados: A assistência a pacientes com Covid-19 teve como objetivos: desmame de via alternativa, auxílio no processo de decanulação e viabilização da comunicação verbal efetiva com familiares durante a visita virtual por meio da oclusão total ou parcial da cânula de TQT. A intervenção ocorreu com (1) avaliação preliminar; (2) avaliação estrutural de OFAS; (3) treino ativo de deglutição de saliva associado a estimulação gustativa em pacientes capazes de atender a comandos ou passivo em pacientes com pouca ou nenhuma capacidade de atender comandos; (4) deflação do cuff; (5) aspiração endotraqueal; (6) oclusão do traqueóstomo; (7) treino de coordenação deglutição/respiração e fonação. O Blue Dye Test (BDT) foi utilizado como recurso auxiliar na avaliação quando era constatada capacidade de deglutição de saliva, definindo-se como marcador para a equipe e para o paciente e não para determinação de condutas. Havendo capacidade de manter deflação de cuff com ou sem oclusão, era realizada a (8) avaliação funcional da deglutição e iniciada a (8) fonoterapia direta/ indireta ou (9) treino de via oral para progressão de desmame de via alternativa. A intervenção fonoaudiológica definiu o início do desmame da TQT, a partir do parecer favorável para manter deflação de cuff, o treino de oclusão ocorreu em conjunto com a Fisioterapia. Paralelo a isso, articulou-se com a Psicologia para que o paciente participasse da visita virtual com oclusão total. A intervenção ocorreu ao longo de 2 meses durante os quais foram atendidos 21 pacientes traqueostomizados, 9 sob Ventilação Mecânica, no modo Pressão de Suporte, e 12 em ar ambiente com ou sem suporte de O2. Os objetivos fonoaudiológicos foram alcançados em 18 dos 21 pacientes, em uma média de 10 atendimentos, 2 vezes ao dia. Os 3 pacientes cujos objetivos não foram alcançados na UTI possuíam sequela neurológica. Conclusão: A intervenção fonoaudiológica apresentou bons resultados na prática clínica junto a pacientes com COVID 19 e isso pode estar relacionado ao atendimento planejado e sistemático de 2 vezes ao dia, ao atendimento precoce de deflação e oclusão de TQT, bem como à interação efetiva com as outras equipes do cuidado. As dificuldades ou impossibilidades de progressão dos pacientes ocorreram quando o comprometimento pulmonar esteve associado a comorbidades como alterações neurológicas e obesidade. Desse modo, é importante considerar as especificidades desses grupos nos protocolos direcionados a pacientes com Covid-19.

- FRAJKOVA, Zofia; TEDLA, Mirosla; TEDLOVA, Eva; Suchankova, Magda; GENEID, Ahmed. Postintubation dysphagia during COVID-19 outbreak-contemporary review. Dysphagia, 28 maio 2020. DOI: https://doi.org/10.1007/s00455-020-10139-6. Disponível em https://link.springer.com/article/10.1007/s00455-020-10139-6#auth-4. Acesso em: 07 Jul. 2020.

- LIMA, Maíra Santilli de; SASSI, Fernanda Chiarion; MEDEIROS, Gisele C.; RITTO, Ana Paula; ANDRADE, Claudia Regina Furquim de. Preliminary results of a clinical study to evaluate the performance and safety of swallowing in critical patients with COVID-19. Clinics, São Paulo, v. 75, 12 jun. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.6061/clinics/2020/e2021. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1807-59322020000100511&script=sci_arttext&tlng=en. Acesso em: 05 Jul 2020.

- WU, Zunyou; MCGOOGAN, Jennifer M. Characteristics of and important lessons from the coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak in China: summary of a report of 72 314 cases from the chinese center for disease control and prevention. Jama, v. 323, n. 13, 7 abr. 2020. Opinion, p.1239-1242. DOI:10.1001/jama.2020.2648. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2762130. Acesso em: 07 Jul. 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
609
ASSOCIAÇÃO ENTRE INTENSIDADE DE RONCO E O CASA ESCORE EM SUJEITOS ADULTOS E IDOSOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Ronco é um dos distúrbios respiratório do sono mais recorrentes1. Ele se manifesta no indivíduo como um fenômeno independente, conhecida como ronco primário, ou associado a outros sintomas ou doenças de base2. Ocorre involuntariamente durante as noites de sono3 quando há o estreitamento da região orofaríngea favorecendo a vibração do palato mole, úvula e base de língua, produzindo um ruído denominado ronco4. Evento de ronco é quando o ruído aparece em uma única respiração, enquanto um período de ronco contínuo é conhecido como "episódio de ronco"3. O diagnóstico padrão dos distúrbios de sono é realizado pela polissonografia e as triagens, como avaliação dos índices antropométricos e avaliação das regiões orofaríngeas para auxiliar no encaminhamento ao diagnóstico àqueles indivíduos com maior predisposição aos distúrbios do sono4,5. O CASA escore foi desenvolvido como triagem para sujeitos com queixas de sono por meio da observação da aparência das bochechas. OBJETIVO: Estabelecer a correlação entre a intensidade do ronco e o CASA escore em sujeitos adultos e idosos. MÉTODO: Estudo transversal aprovado pelo Comitê de Ética sob o número CAAE 87986218.2.0000.532. Sujeitos adultos e idosos foram submetidos à polissonografia para investigar queixas de sono em uma clínica do sono vinculada a um hospital universitário no qual este estudo foi aprovado. A intensidade de ronco por meio de polissonografias realizadas esteve em uma escala de pontos entre 0 e 10 e para as análises os pontos de corte utilizados foram: 0-3 (ronco baixo), 4-7 (ronco médio) e 8-10 (ronco alto). Todos os sujeitos passaram também pela triagem do CASA escore que consiste observação da aparência das bochechas determinando tipo de bochechas em normal, volumosa, flácida ou volumosa+flácida e intensidade em leve, moderada ou severa. RESULTADOS: 248 sujeitos entre 18 e 86 anos com média de idade de 45,9±14,9, sendo 146 (59%) homens. O CASA escore traz resultados de tipo e intensidade das bochechas. Dos 69 sujeitos com ronco baixo, 48 (70%) apresentaram alteração no tipo e 50 (72%) na intensidade; dos 159 sujeitos com ronco médio, 150 (94%) apresentaram alteração no tipo e 151 (95%) na intensidade; e dos 20 sujeitos com ronco alto, 19 (95%) apresentaram alteração no tipo e na intensidade. Houve correlação tanto na relação do tipo quanto na intensidade da alteração das bochechas com a intensidade de ronco (p<0,001). CONCLUSÃO: Este estudo indica que sujeitos que apresentam ronco, independente da intensidade, estão mais propensos a ter CASA escore alterado.

Referências
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5. Amra B, Pirpiran M, Soltaninejad F, Fietze I, Schoebel C, Penzel T. The prediction of obstructive sleep apnea severity based on anthropometric and Mallampati indices. J Res Med Sci [Internet]. 2019 Jun 24 [cited 2020 Jul 4];66:1-16.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1710
ASSOCIAÇÃO ENTRE O ÂNIMO E AS QUEIXAS DE MEMÓRIAS EM UNIVERSITÁRIOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O ânimo é um estado emocional que influencia na disposição para execução de tarefas físicas e mentais, uma delas é o acesso às informações da memória1. Isto ocorre porque diferentes estados de ânimo provocam distintos fenômenos hormonais e neuro-hormonais que podem interferir positivamente ou negativamente nos diferentes processos de memória2. Esses efeitos negativos podem ocasionar lapsos mnemônicos e prejudicar o gerenciamento e realização de atividades diária. Um grupo susceptível a variações no ânimo são os estudantes universitários, pois eles enfrentam diariamente uma cobrança social e emocional em seu ambiente acadêmico e esses fatores acabam acarretando um aumento no nível de estresse e modulando, muitas vezes, negativamente o estado de ânimo do discente3. Desse modo, essas mudanças no entusiasmo podem favorecer falhas na aquisição e evocação das memórias dos universitários. Sendo assim, é fundamental a investigação da relação do ânimo com as queixas de memória nesse grupo. Objetivo: Verificar a associação entre as queixas de memória e o ânimo dos estudantes universitários para a realização de atividades habituais. Métodos: O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética da Instituição de origem, sob o registro 3.918.533. Caracteriza-se como um estudo de campo transversal, de caráter analítico, com abordagem quantitativa. A população do estudo foi composta por uma amostra de 519 estudantes matriculados regularmente em instituições de ensino superior, com a idade média de 22,9 anos (±5,5) em que a maioria era do sexo feminino (n=408, 78,6%), estudam no turno da noite (n=205, 39,5%) e trabalham durante o dia (n=226, 43,5%). A coleta dos dados foi realizada por meio de dois instrumentos: o questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva4, para avaliação das queixas de memória dos universitários; e o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg (PSQI)5. Para este estudo foi utilizada uma pergunta do PSQI para analisar o ânimo “Durante o último mês, quão problemático foi pra você manter o entusiasmo (ânimo) para fazer as coisas (suas atividades habituais)?”. Esses dados foram analisados quantitativamente de forma descritiva e inferencial com uso do teste Qui-Quadrado e teste de comparação entre proporções, considerando o valor de significância de 5%. Resultados: Verificou-se que os estudantes que apresentam um grande problema para manter o entusiasmo para fazer suas atividades habituais sinalizaram maior frequência de queixas memória, sejam elas prospectiva de curto e longo prazo ou retrospectiva de curto e longo prazo. Dos 16 itens de queixas de memória, obteve-se diferença estatística em 15 itens associados ao ânimo dos discentes. Por exemplo, os universitários com problemas em manter o entusiasmo no último mês: esquecem com frequência de executar alguma ação, após decidir fazê-la (p<0,001); falham em lembrar de eventos que aconteceram nos últimos dias (p<0,001); esquecem algo que lhes foi dito alguns minutos antes (p<0,001); e esquecem compromissos se não forem lembrados (p<0,001). Conclusão: Há associação entre problemas no ânimo para executar atividades habituais e queixas de memória nos universitários. Discentes com dificuldades em manter o entusiasmo apresentam falhas autorrelatadas na memória de curto e longo prazo, e prospectiva e retrospectiva.

1. Machado VMPS. A influência da emoção na memória e no aprendizado. [monografia]. Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes; 2019.
2. Sousa AB, Salgado TDM. Memória, aprendizagem, emoções e inteligência. Revista Liberato, 2015; 16(26): 101–120.
3. Monteiro CFS, Freitas JFM, Ribeiro AAP. Estresse no cotidiano acadêmico: o olhar dos alunos de enfermagem da Universidade Federal do Piauí. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2007; Mar; 11(1): 66-72.
4. Buysse DJ, Reynolds CF III, Monk TH, Berman SR, Kupfer DJ. The Pittsburgh Sleep Quality Index: a new instrument for psychiatric practice and research. Psychiatry Res. 1989; 28(2): 193–213.
5. Benites D, Gomes WB. Tradução, adaptação e validação preliminar do Prospective and Retrospective Memory Questionnaire (PRMQ). Psico-USF. 2007; 12(1): 45-54.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1926
ASSOCIAÇÃO ENTRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E O TEMPO DE EXPOSIÇÃO A TELAS DE MÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: a quantidade de informações linguísticas recebidas nos primeiros anos de vida da criança é primordial para a aquisição e o desenvolvimento da linguagem. Isso é determinado por um ambiente que proporcione trocas linguísticas em quantidade e qualidade (1). Tem sido cada vez mais frequente crianças com menos de três anos usarem dispositivos eletrônicos e por tempo prolongado, o que pode levá-las a ter maior risco de atraso de linguagem (2,3). Pesquisas sugerem que o aumento do tempo de tela em crianças pequenas está relacionado a resultados negativos de saúde, incluindo diminuição do desenvolvimento cognitivo e linguístico (4) . Objetivo: investigar a influência do uso de dispositivos eletrônicos na aquisição e desenvolvimento de linguagem nos anos iniciais. Método: o trabalho foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa – CAAE 79155817.6.0000.5417. 56 pais e/ou responsáveis de crianças entre 18 e 30 meses responderam à chamada por meio de veículos de comunicação para participação na pesquisa. Eles foram submetidos à entrevista inicial por meio da qual foram excluídas crianças que apresentaram sinais de alterações neurológicas, auditivas ou foram expostas a mais de um idioma, assim, a amostra foi constituída por 48 crianças. Os pais e/ou responsáveis preencheram questionário sobre o uso de equipamentos eletrônicos - “tablets” e “smartphones” que verificaram o tempo de uso de telas de mão, o envolvimento dos pais nas atividades e a utilização das telas em diferentes circunstâncias como hora da alimentação e meios de transporte. Já as crianças foram avaliadas quanto à linguagem por meio de protocolo de observação comportamental (5), Teste de vocabulário auditivo e expressivo (6) e escala de desenvolvimento da linguagem ‘Early Language Milestone Scale’ (7). A amostra foi estratificada considerando o tempo de uso e aplicado teste de correlação linear. Resultados: houve associação entre o tempo de exposição às telas portáteis e o desempenho comunicativo e linguístico. Conclusões: crianças com maior tempo de uso tiveram desempenho mais rebaixados nos testes de linguagem e de habilidades comunicativas. Embora a amostra seja restrita, os achados corroboram os trabalhos que apontam associação entre tempo de tela e desenvolvimento da linguagem. O uso de novas mídias não deixa de ter seus benefícios, mas esses benefícios dependem da idade e do estágio de desenvolvimento da criança.

1. Rowe ML. A longitudinal investigation of the role of quantity and quality of child-directed speech in vocabulary development. Child Dev. 2012; 83 (5): 1762-74.
2. American Academy of Pediatrics. Media and Young Minds. Pediatrics. 2016; 138 (5): e 20162591.
3. Madigan S, Browne D, Racine N, Mori C, Tough S. Association Between Screen Time and Children’s Performance on a Developmental Screening Test. JAMA Pediatr. 2019; 173 (3): 244-50.
4. Duch H, Fisher EM, Ensari I, Harrington A. Screen time use in children under 3 years old: a systematic review of correlates. Int J Behav Nutr Phy. 2013; 10 (1):1-10.
5. Capovilla FC, Negrão V D, Damázio M. Teste de vocabulário auditivo e teste de vocabulário expressivo. São Paulo: Memnon; 2011.
6. Zorzi JL, Hage SRV. PROC – Protocolo de Observação comportamental: avaliação de linguagem e aspectos cognitivos infantis. 1a ed. São José dos Campos (SP): Pulso Editorial; 2004.
7. Copplan J. Early language Milestone Scale. 2nd ed. Austin (Texas): ProEd; 1993.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2023
ASSOCIAÇÃO ENTRE SINTOMAS AUDITIVOS E USO DE FONES DE OUVIDO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva induzida por ruído ocupa o segundo lugar como alteração auditiva mais comum, ficando atrás apenas da presbiacusia. A popularização dos equipamentos eletrônicos e, consequentemente, a intensificação no uso de fones de ouvido, de vários tipos e tamanhos, pode levar os usuários a exposição ao ruído de forma indiscriminada, por longos períodos e com intensidade elevada. Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 1,1 bilhão de pessoas jovens, em todo o mundo, podem estar em risco de perda de audição devido à exposição demasiada de ruídos de alta intensidade. As alterações auditivas podem interferir de forma considerável na qualidade de vida dos indivíduos, causando intolerância a sons intensos, tonturas, otalgia e principalmente, o zumbido e a perda auditiva. O objetivo desse estudo foi verificar a presença de sintomas auditivos em estudantes universitários que fazem o uso de fones de ouvidos. Metodologia: Pesquisa de campo, do tipo exploratório, de cunho descritivo e observacional, delineado a partir de uma análise de corte transversal e com abordagem quantitativa que utilizou como instrumento de coleta de dados o recorte de um questionário estruturado com perguntas fechadas quanto à duração, frequência e intensidade do uso desses equipamentos, o nível de entendimento sobre os possíveis riscos que o uso dos fones de ouvidos podem causar à audição, além da identificação de sintomas auditivos e extra auditivos. Foi realizada a análise estatística inferencial dos dados por meio do software IBM SPSS Statistics versão 22, com a finalidade de extrair os valores da frequência absoluta, porcentagem e associações. As associações de todas as variáveis foram realizadas utilizando-se o Teste Qui-quadrado de Pearson. O nível de significância estatística adotado foi de p<0,05 para todos os testes. Resultados: A amostra constituiu-se de 63 alunos do curso Sistemas para Internet de uma instituição de ensino superior. No presente estudo, evidenciou-se a presença de sintomas auditivos em estudantes universitários que fazem o uso de fones de ouvidos, com destaque para prurido e dor de cabeça/ouvido, a prevalência dos fones de ouvido tipo concha, com indivíduos que utilizam os fones de ouvido por mais de 4 horas por dia, sete vezes por semana, em volume moderado a elevado. Conclusão: Diante do exposto, o presente estudo evidenciou a presença de sintomas auditivos em estudantes universitários que fazem o uso de fones de ouvidos. As associações realizadas não foram estatisticamente significantes. Vale ressaltar que esta pesquisa cientifica não garante que somente a utilização dos fones de ouvido causará uma perda auditiva, porém, ela sugere que o hábito exagerado do uso dos fones de ouvido, pode acarretar efeitos nocivos ao sistema auditivo. Pretende-se, com este trabalho, ampliar e diversificar o conjunto dos poucos trabalhos existentes no assunto e colaborar para o avanço de estudos nas áreas da Fonoaudiologia e Audiologia.

1. Arakawa, AM et al. Análise de diferentes estudos epidemiológicos em audiologia realizados no Brasil. Rev. CEFAC. v. 13 n. 1. p. 152-158. Jan./fev. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151618462011000100018&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 21 de março de 18.

2. Santos, TMM. dos, Russo, ICP. A prática da audiologia clínica. 8. ed. Cortez, 2011. 375 p. ISBN 978-85-249-1125-5

3. Oliveira, M. de FF. de et al. Fones de ouvido supra-aurais e intra-aurais: um estudo das saídas de intensidade e da audição de seus usuários. Audiol Commun Res. v. 22, e1783. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2317-64312017000100324&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 21 de março de 18.

4. Gonçalves, CL, Dias, FAM. Achados audiológicos em jovens usuários de fones de ouvido. Rev. CEFAC. Vol. 16. n. 4. Pag. 1097-1108. Jul/ago. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v16n4/1982-0216-rcefac-16-4-1097.pdf Acesso em: 22 de março de 18.

5. Marques, APC, Filho, ALM, Monteiro, G. T. R. Prevalência de perda auditiva em adolescentes e adultos jovens decorrentes de exposição a ruído social: meta-análise. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 17, n. 6, p. 2056-2064, nov./dez. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n6/1982-0216-rcefac-17-06-02056.pdf Acesso em: 24 de março de 18.

6. Lacerda, ABM. et al. Hábitos auditivos e comportamento de adolescentes diante das atividades de lazer ruidosas. Rev. CEFAC. São Paulo, Mar-Abr; v. 13. n. 2. Pag. 322-329. 2011. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=169318771016. Acesso em: 21 de março de 18.

7. Swensson, JRP, Swensson, RP, Swensson, R.C. Ipod®, mp3 players e a audição. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba. v. 11. n. 2. p. 4 – 5. 2009. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/1952 Acesso em: 28 de abr. de 18.


8. Organização das Nações Unidas. OMS: 1,1 bilhão de pessoas podem ter perdas auditivas porque escutam música alta. Brasília, 2017.

9. Valle, B. de M. Tecnologia da informação no contexto organizacional. Ciência da Informação, v. 25, n. 1, 1996. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/669/678 Acesso em: 24 de maio de 18.

10. BRASIL. Norma Regulamentadora NR-15 do Ministério do Trabalho. Manuais de Legislação. Atlas Segurança e Medicina do Trabalho. 39ª. ed. São Paulo: Atlas, 1998.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
105
ASSOCIAÇÃO ENTRE TEA E DPAC EM CRIANÇAS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
88115160


INTRODUÇÃO: Acredita-se que o Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC) pode estar relacionado às alterações neuropsiquiátricas, como no Transtorno do Espectro Autista (TEA), pois a função auditiva possui semelhanças clínicas e neurofisiológicas com esse transtorno(1). Anormalidades estruturais e funcionais que contribuem para o comprometimento do processamento auditivo são descritos em indivíduos com TEA(2). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(3) sobre a associação do TEA com o DPAC. MÉTODO: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH): [(auditory processing) and (children) and (autism) and (neurological disorders)]. Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e LILACS. O período de busca dos artigos compreendeu últimos 10 anos (2010 a 2020). RESULTADOS: Foram recuperados 126 artigos, após a fase de exclusão, 17 artigos atenderam aos critérios de inclusão. No final, dois trabalhos(4,5) responderam a pergunta norteadora, sendo ambos do tipo descritivo. Esses estudos obtiveram pontuação 11 no protocolo modificado de Pithon et al.(6). O estudo realizado por Azouz et al.(4) , desenvolvido com 30 crianças diagnosticadas com TEA, com idades entre 3 e 7 anos, constatou que a latência absoluta da onda V da orelha direita e da onda I da orelha esquerda, bem como as latências interpicos I-V e III-V de ambas as orelhas encontravam-se significativamente aumentadas nas crianças com TEA. Ademais, ao comparar a latência da onda N1c das crianças com TEA com dados normativos obtidos em 15 crianças de 2 a 7 anos, os pesquisadores averiguaram latência absoluta da onda N1c significativamente prolongada no grupo autista, em ambas as orelhas, bem como amplitude desta onda maior no lado direito. Já o estudo desenvolvido por Kozou et al(5), também realizado com 30 crianças diagnosticadas com TEA, com idades entre 7 e 12 anos, teve como intuito avaliar várias habilidades do PAC, além de verificar a eficácia do treinamento auditivo nestas crianças. Os autores utilizaram o Teste Dicótico de Dígitos (TDD) para avaliar as habilidades auditivas que correspondem ao teste e evidenciaram que 14 crianças com TEA (46,7%) obtiveram escores normais em comparação aos dados normativos de crianças com desenvolvimento típico, duas crianças (6,7%) apresentaram desempenho ruim em ambas as orelhas, oito crianças (26,7%) apresentaram maior vantagem na orelha direita, juntamente com déficits na orelha esquerda e seis crianças (20%) mostraram déficits na orelha direita, juntamente com uma reversão da vantagem na orelha e essas seis crianças eram canhota. CONCLUSÃO: Evidenciou-se que pacientes diagnosticados com TEA podem apresentar DPAC, visto que foram constatadas alterações tanto nas latências absolutas quanto nas latências interpicos no Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico, bem como na latência e lateralidade da amplitude da onda N1c e alterações na avaliação comportamental do processamento auditivo. Sendo assim, o DPAC é frequente em crianças com TEA.

1. Kwon S, Kim J, Choe BH, Ko C, Park S. Electrophysiologic assessment of central auditory processing by auditory brainstem responses in children with autism spectrum disorders. J Korean Med Sci. 2007;22(4):656-9.
2. O’Connor, K. Auditory processing in autism spectrum disorder: a review: A review. Neurosci Biobehav Rev. 2012;36:836-54.
3. Moher D, Shamseer L, Clarke M, et al. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015;4(1):1. Published 2015 Jan 1.
4. Azouz HG, Kozou H, Khalil M, Abdou RM, Sakr M. The correlation between central auditory processing in autistic children and their language processing abilities. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2014;78:2297-300.
5. Kozou H, Azouz HG, Abdou RM, Shaltout A. Evaluation and remediation of central auditory processing disorders in children with autism spectrum disorders. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2018;104:36-42.
6. Pithon MM, Sant'anna LIDA, Baião FCS, Santos RL, Coqueiro RS, Maia LC. Assessment of the effectiveness of mouthwashes in reducing cariogenic biofilm in orthodontic patients: a systematic review. 2015; 43:297–308.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
988
ASSOCIAÇÃO ENTRE ZUMBIDO E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS)
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O zumbido influencia em falhas no raciocínio, memória e concentração, prejudicando a rotina e atividades diárias. Prevalente em 22% da população do Estado de São Paulo, é considerado cada vez mais recorrente e caracterizado como um problema de Saúde Pública. Por outro lado, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) afeta no mínimo 18 milhões de brasileiros, e destes, 50% ignoram o fato de serem portadores da doença. O zumbido pode estar associado à esta patologia juntamente a dores de cabeça, tontura, dor no peito e fraqueza, julgando-se sinais de alerta. Em torno disto, apresentam-se os zumbidos de origem vascular. Do ponto de vista fisiológico, todas as células vivas precisam de fornecimento adequado de oxigênio e nutrientes para manterem suas funções, e tal fornecimento depende da integridade funcional e estrutural do coração e dos vasos sanguíneos. Dessa forma, o comprometimento do aparelho circulatório pode prejudicar o funcionamento da orelha interna sendo que, dos mecanismos fisiopatológicos descritos, é o aumento da viscosidade sanguínea que acarreta a diminuição do fluxo sanguíneo capilar e o transporte de oxigênio, tal prejuízo à orelha interna compromete uma série de habilidades do sistema auditivo. Objetivo: Analisar a associação entre zumbido e hipertensão arterial sistêmica. Métodos: Realizada a coleta de dados de prontuários dos pacientes que passaram pela Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, entre os anos 2008 e 2018, acima de 18 anos, apresentando resultado da avaliação da Audiometria Tonal Liminar dentro dos padrões de normalidade ou perda auditiva sensorioneural bilateral simétrica, sem alterações de orelha média, verificada pela Imitanciometria e com queixa de zumbido. Os dados coletados foram transferidos para uma planilha Excel e analisados de forma quantitativa e qualitativa. Resultados: Foram analisados e inclusos os prontuários de 57 pacientes. Por meio dos dados compilados, observou-se que 43,1 % era do sexo masculino e 57,8% do sexo feminino. Além disto, verificou-se que 75,4% da amostra foi diagnosticada com perda auditiva, e 40,3% do total da amostra apresentava zumbido associado a HAS. Conclusão: Foi observado neste estudo que 40,3% dos pacientes com zumbido também possuem HAS, ou seja, menos da metade dos indivíduos apresentou associação positiva entre os dois acometimentos estudados.

Thirunavukkarasu, K.,Geetha, C. (2013). One-year prevalence and risk factors of tinnitus in older individuals with otological problems. The international tinnitus journal, 18(2), 175-181.
OITICICA, Jeanne and BITTAR, Roseli Saraiva Moreira. Prevalência do zumbido na cidade de São Paulo. Braz. j. otorhinolaryngol. [online]. 2015, vol.81, n.2, pp.167-176. ISSN 1808-8694. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.12.004.
Bersusa AAS. Hipertensão arterial: o que saber? Rev. Paul. Enfermagem. 2000, 19(3):32-40.
Marková M. The cochleovestibular syndrome in hypertension. Cesk Otolaryngol. 1990, 39(2):89-97.
Bachor E, Selig YK, Jahnke K, Rettinger G, Karmody CS. Vascular variations of the inner ear. Acta Otolaryngol. 2001, 121(1):35-41.
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ASHA (American Speech- Language- Hearing Association). Disponível em www.asha.org.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1826
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE NO ENFRENTAMENTO À COVID-19: PERSPECTIVAS, DESAFIOS E A EXPERIÊNCIA DE UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


O advento da pandemia de COVID-19 reforçou mais do que nunca a importância do Sistema Único de Saúde. O sistema, apesar de sofrer com seu subfinanciamento crônico e todas as suas limitações de gestão, demonstra ser capaz de oferecer uma ampla rede de serviços e contar com sistemas de informação e vigilância epidemiológica consolidados, oferecendo melhor capacidade de resposta e um conjunto de possibilidades para minimizar os impactos da COVID-19.
Este ensaio objetivou levantar algumas perspectivas e desafios para a atenção básica à saúde no enfrentamento à COVID-19, revelando ainda algumas experiências do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Características importantes da atenção básica devem ser ressaltadas como de alto potencial para o sucesso no enfrentamento da COVID-19, como a cobertura territorial, o vínculo dos profissionais de saúde no acompanhamento longitudinal das famílias, a complexidade do cuidado multifacetado próprio da atenção básica, envolvendo os determinantes sociais da saúde, a vigilância em saúde da área de abrangência, a identificação de usuários e áreas vulneráveis, o acompanhamento de pacientes idosos e com doenças crônicas. A precarização do setor saúde no Brasil tem gerado efeitos importantes na organização do trabalho na Atenção Básica. Condições inadequadas de trabalho, incluindo a falta de profissionais e a falta de equipamentos, comprometem a resolutividade dos problemas de saúde. A união entre ensino e serviço, firmada pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade Federal de Sergipe e todas suas experimentações revelam como o somatório de olhares entre academia e gestão da saúde pode ajudar na superação de adversidades para o enfrentamento da COVID-19. Atividades em saúde como consultas multiprofissionais de pré-natal, puericultura, atividades educativas sobre o coronavirus, planejamento local em saúde, produção de informes epidemiológicos, formulação de Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), capacitação de Agentes Comunitários de Saúde, atividades corporais para os trabalhadores, vacinação contra influenza e visitas domiciliares para pacientes de grupos de risco tem sido a composição do conjunto de ações da residência. São ações que partem de processos de experimentação, adaptações e reinvenções, ao exemplo das visitas domiciliares em que a comunicação em certas circunstâncias ocorre pela porta das casas para produzir um vínculo que favoreça posteriores contatos por telefone. Experiências como estas mostram que, com os investimentos adequados, com menor grau de improvisação e maior planejamento, o potencial da atenção básica é muito alto para a contenção da pandemia.
A residência vem cumprindo o papel de equipes multiprofissionais como as dos NASFs que, neste mesmo ano de 2020, foi asfixiado pelo governo federal sem a previsão de incentivos financeiros. Hoje, esses profissionais assumem quase que intuitivamente uma frente de trabalho de forma incansável para resguardar a saúde das pessoas. O SUS vem passando por sucessivos processos de depreciação nos últimos quatro anos nos âmbitos político, financeiro e de gestão. No entanto, não fosse ele, estaríamos fazendo do Brasil uma das maiores tragédias humanitárias do mundo. Assim, devemos ter memória, aprender com os fatos e de uma vez por todas tomar o SUS como patrimônio de todos brasileiros e brasileiras.

Barreto, M. L., Barros, A. J. D. de, Carvalho, M. S., Codeço, C. T., Hallal, P. R. C., Medronho, R. de A., … Werneck, G. L. (2020). O que é urgente e necessário para subsidiar as políticas de enfrentamento da pandemia de COVID-19 no Brasil? Revista Brasileira de Epidemiologia, 23. https://doi.org/10.1590/1980-549720200032
Sarti, T. D., Lazarini, W. S., Fontenelle, L. F., & Almeida, A. P. S. C. (2020). Qual o papel da Atenção Primária à Saúde diante da pandemia provocada pela COVID-19? Epidemiologia e Servicos de Saude : Revista Do Sistema Unico de Saude Do Brasil, 29(2), e2020166. https://doi.org/10.5123/s1679-49742020000200024
WHO. (2020). World Health Organization. Retrieved May 28, 2020, from https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/events-as-they-happen.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1037
ATENÇÃO HOSPITALAR AOS TRANSTORNOS FONOAUDIOLÓGICOS NEUROGÊNICOS ADQUIRIDOS APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UM ESTUDO DE CASO EM GUARULHOS/SP
Tese
Saúde Coletiva (SC)



O acidente vascular cerebral (AVC) afeta um grande número de pessoas no Brasil e no mundo anualmente, e resulta em mortes ou sequelas que provocam dependência com impacto negativo à qualidade de vida. Entre elas, são frequentes os transtornos fonoaudiológicos neurogênicos adquiridos (TFNA) que afetam a comunicação e a alimentação. Estima-se aumento da prevalência de AVC nos próximos anos, com impacto importante na demanda por cuidado longo ou permanente. Embora haja no Brasil políticas de saúde voltadas à prevenção das doenças não transmissíveis (DCNT), ao cuidado do AVC e à pessoa com deficiência, o cuidado aos TFNA não estão assegurados.

Este estudo teve como objetivos estimar a incidência e co-ocorrência de TFNA após o primeiro AVC e descrever a fase hospitalar da linha de cuidado a esses transtornos. A amostra foi obtida em dois hospitais da rede pública do município de Guarulhos por doze meses consecutivos. Foram incluídos adultos de ambos os sexos, residentes no município e identificados, durante internação hospitalar, com TFNA em consequência do primeiro AVC. Foram excluídos aqueles com doença neurológica prévia ou demência. Foi desenvolvido um instrumento padronizado para a caracterização sociodemográfica e clínica dos pacientes que incluiu o índice de comorbidade de Charlson (ICC). Para classificação dos TFNA, foram utilizados: Functional Oral Intake Scale para disfagia; Bedside Evaluation Screening Test for Aphasia 2a versão, traduzido para o português brasileiro para afasia; e Protocolo de Avaliação das Disartrias de Origem Central, adaptado ao português brasileiro por Fracassi et al. (2011) para disartrofonia. O acompanhamento fonoaudiológico durante a hospitalização foi caracterizado por meio de instrumento padronizado desenvolvido para coletar informações sobre encaminhamentos e procedimentos realizados.

Foram identificadas 407 internações por AVC, das quais 217 pelo primeiro episódio, sendo que 90 atenderam aos critérios de inclusão. A incidência de TFNA após o primeiro AVC foi de 86,7% (IC95%: 77,9% a 92,9%). A afasia ocorreu em 36,7% (IC95%: 26,7% a 47,5%); a disfagia em 50% (IC95%: 39,2% a 60,7%); e a disartrofonia em 70% (IC95%: 59,4% a 79,2%). A co-ocorrência de TFNA também foi alta, sendo mais frequente para disartrofonia associada a disfagia. Na fase inicial da linha cuidado houve 51,3% (IC95%: 39,7 a 62,8%) de pacientes com TFNA não identificados pelas equipes hospitalares e que ficaram sem acompanhamento especializado. Os encaminhamentos para avaliação e conduta fonoaudiológica ocorreram em número reduzido e houve predomínio do cuidado dirigido às disfagias em detrimento dos transtornos da comunicação.

Considerando a incidência de TFNA após AVC, o risco associado a eles e as consequências para a qualidade de vida dos sujeitos afetados, é imprescindível que os serviços hospitalares contemplem a identificação e o manejo destes transtornos, com definição de protocolos de fluxos de atendimento, escolha de instrumentos para triagem, critérios de manejo e reabilitação, com vistas à redução do tempo de internação, prognóstico favorável e alta qualificada.

É importante estabelecer o dimensionamento do número de fonoaudiólogos para o cuidado hospitalar, sem perder de vista a atuação integrada da equipe multidisciplinar; e garantir o início da reabilitação da comunicação ainda na fase aguda do AVC.

1. Bahia MM, Mourão L, Chun RYS. Dysarthria as a predictor of dysphagia following stroke. NeuroRehabilitation. 2016; 38(2):155-162.
2. Farjala A, Jakubovicz R. An overview of bedside language assessment tools to identify or even diagnose aphasic patients in brazilian hospitals. BAOJ Pathol. 2017;1:007.
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4. Fracassi AS, Gatto AR, Weber S, Spadotto AA, Ribeiro PW, Schelp AO. Adaptação para a língua Portuguesa e aplicação de protocolo de avaliação das disartrias de origem central em pacientes com Doença de Parkinson. Rev. CEFAC.2011;13(6):1056-65.
5. González F, Lavados P, Olavarría V. Incidencia de afasia en pacientes con ataque cerebrovascular isquémico. Rev Med Chile 2017;145:194-200.
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7. Martins, SCO Sacks C, Hacke W, Brainin M, Figueiredo FA, Pontes-Neto OM, et al. Priorities to reduce the burden of stroke in Latin American countries. Lancet Neurol 2019 Published Online
April 24, 2019. [citado 2019 out 29] Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/ S1474-4422(19)30068-7
8. Mourão AM, Lemos SMA, Almeida EO, Vicente LCC, Teixeira AL Frequência e fatores associados à disfagia após acidente vascular cerebral. CoDAS 2016;28(1):66-7.
9. Peña-Chávez R, López-Espinoza M, Guzmán-Inostroza M, Jara-Parra M, Salgado-Ferrada C, Sepúlveda-Arriagada C, et al. Factores asociados a la disfagia orofaríngea postictus. Rev Neurol 2015; 61(7):295-300.
10. Stipancic KL, Borders JC, Brates D, Thibeault SL. Prospective investigation of incidence and co-occurrence of dysphagia, dysarthria and aphasia following ischemic stroke. Am J Speech Lang Pathol. 2019 Feb21;28(1):188-194.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1899
ATENÇÃO PRIMÁRIA E FONOAUDIOLOGIA: DIALOGANDO POR MEIO DE UM OLHAR AMPLIADO DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF) é um Programa de especialização de integração entre ensino-serviço-comunidade, com o foco da atuação na Atenção Primária à Saúde (APS) e objetiva desenvolver habilidades assistenciais para profissionais de diferentes áreas, no intuito de formar um perfil profissional pautado na humanização, atuação interdisciplinar e multiprofissional. A inserção do fonoaudiologia na Residências em saúde, possibilita práticas sanitaristas e preventivas nos ciclos de vida, por meio da educação em saúde afim de estimular a autonomia e empoderamento dos aspectos fonoaudiológicos da população, além de contribuir para a qualificação da formação profissional no âmbito da saúde coletiva. OBJETIVO: Abordar sobre a atuação fonoaudiológica na Atenção Primária por meio da residência multiprofissional em saúde da família METODOLOGIA: O relato de experiência refere-se à vivência no período de dois anos como fonoaudióloga residente no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família. As atividades foram desenvolvidas junto a equipe de saúde da unidade de básica, território e equipamentos sociais da comunidade localizado na zona norte de Aracaju.Durante o primeiro ano as atividades foram voltadas para o processo de territorialização, planejamento em saúde e promoção a saúde, acrescentando-se ao segundo ano, a vivência na rede de atenção à saúde do município.RESULTADOS: Entre as práticas individuais foram realizados acolhimentos, reabilitação fonoaudiológica, visitas domiciliares, atividades de educação em saúde com foco em atividades multiprofissionais. Foram realizados 55 acolhimentos fonoaudiológicos, atendimento de auriculoterapia para trabalhadores de saúde onde 100% relataram melhora referentes a saúde após as aplicações. As atividades coletivas realizadas abrangeram rodas de conversas, oficinas, ações em saúde na comunidade, escolas, educação permanente para ESF, atividades mensais com grupos já existentes de pescadores, idosas, gestantes, hiperdia abrangendo temáticas multiprofissionais e fonoaudiológicas. Em relação a atuação multiprofissional, a convivência com outras profissões possibilitou a clínica ampliada pautada nas necessidades de saúde e evidenciou a importância do trabalho em equipe para tal cuidado. Os projetos de intervenções semanais (Tenda do conto e Coral Alvorecer) possibilitaram uma maior proximidade com a comunidade, por meio do vínculo e construção de laços, onde se propôs espaços humanizados que promoveram a autonomia, empoderamento e valorização da vida entre os participantes. A Tenda do conto teve duração de 4 meses, 13 encontros com duração média de 2 horas e participaram ao total 109 participantes, onde 90 destes eram usuários da comunidade e 19 eram profissionais de saúde. Participaram da prática do coral 18 idosas do grupo de convivência Alvorecer, onde a atividade foi realizada do período de agosto de 2018 a dezembro de 2019 e teve 56 encontros semanais com duração média de uma hora, com 18 apresentações em eventos, Unidades de saúde e equipamentos sociais e eventos na comunidade. CONCLUSÃO: As experiências vivenciadas na RMSF permitem ao fonoaudiólogo possibilidades de atuação no SUS de forma ampliada e holística, no intuito de romper paradigmas assistências centrado na doença e desenvolver um olhar ampliado para o cuidado focado na promoção de saúde dos indivíduos no território.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
889
ATENDIMENTO CONJUNTO DE MUSICOTERAPIA E FONOAUDIOLOGIA UTILIZANDO COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Introdução: Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são um grupo de condições com início no período do desenvolvimento infantil. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um deles e caracteriza-se pela manifestação precoce de déficits na comunicação e interação social em conjunto com a manifestação de padrões restritos e repetitivos de comportamento e atividades. O Musicoterapeuta é o profissional cuja formação o permite compreender que estruturas neurológicas estão sendo estimuladas com diferentes instrumentos e repertórios. Já o Fonoaudiólogo, é o profissional capacitado para estimular a comunicação como um todo, utilizando-se de recursos de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) que colaboram para o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem, desenvolvendo a competência comunicativa. Por este motivo, criou-se o atendimento em conjunto das duas áreas em modelo de grupo.

Objetivos: Os objetivos deste modelo de atendimento são desenvolver habilidades de comunicação social, utilizando da música como sua principal ferramenta associado ao uso da CAA, promovendo interações musicais como facilitadoras do processo de comunicação. São trabalhadas todas as etapas da comunicação, desde o contato visual, intenção e iniciativa comunicativa, vocabulários verbais e gestuais, sempre auxiliando a criança a construir recursos comunicativos que possibilitem trocas com pares que estão em um mesmo nível comunicativo, assim como em níveis inferiores e superiores, buscando formas de acessar os pares.

Método: O Grupo de Fonoaudiologia e Musicoterapia é um atendimento acompanhado por uma fonoaudióloga e uma musicoterapeuta, do qual participam no mínimo duas e no máximo quatro crianças da mesma faixa etária com diagnóstico de TEA. O grupo é indicado para crianças que precisam desenvolver habilidades sociais e comunicativas. A estrutura do grupo é formada por atividades fixas, assim como por momentos de quebra de rotina, contemplando datas comemorativas ou temáticas especiais. A base das interações é o material musical associado ao uso de recursos de CAA. São utilizados cartões de comunicação para trabalhar o sequenciamento e antecipação das músicas, bem como aplicativos de comunicação em tablet ou pastas do método PECS (Sistema de Comunicação por Troca de Figuras) – dependendo dos pacientes do grupo - para estimular as diversas funções comunicativas, como fazer comentários e pedidos de músicas.

Resultados: O atendimento em grupo permite que ocorram diversas trocas comunicativas com diferentes parceiros de comunicação, mediados pelos terapeutas. Os materiais de apoio visual utilizados mostram-se essenciais na estimulação da linguagem compreensiva, na memorização da narrativa musical, assim como na produção verbal. Observa-se, fazendo uso da CAA, aumento do tempo de atenção dos pacientes às atividades, maior participação e interação com os demais colegas, reduzido assim os comportamentos inadequados.

Conclusão: As duas áreas terapêuticas apresentam grande aproximação na prática clínica, pois ambas estimulam a fala e a linguagem. As possibilidades de trabalho são inúmeras e variadas quando há o encontro e, sobretudo o diálogo das duas áreas. O Musicoterapeuta oferece um material musical improvisado, recriado ou reproduzido, o fonoaudiólogo faz uso deste material musical associado aos sistemas de comunicação alternativa para estimular o desenvolvimento da linguagem, da competência comunicativa e das interações sociais.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
534
ATENDIMENTO EM SETOR DE DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS: PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


As doenças infectocontagiosas são patologias causadas por microrganismos, e ocorrem quando um organismo hospedeiro fica exposto ao agente infeccioso, através do contato direto ou indireto. Doença parasitária ou parasitose é uma doença infecciosa causada por um parasito protozoário ou metazoário. Dentre as principais patologias com alta incidência no país estão a tuberculose, a Aids/HIV, a sífilis e as hepatites virais, que se evidenciam mais complexas a cada ano. Atualmente no Brasil, estas doenças são responsáveis por mais de 340.000 internações/ano e estão entre as principais causas de morbimortalidade¹. Entre os diversos sintomas apresentados por pacientes com doenças infectocontagiosas e parasitárias encontra-se a disfagia, que se caracteriza por um transtorno de deglutição que pode acometer qualquer parte do trato digestório, desde a boca até o estomago, decorrente de causas neurológicas e/ou estruturais e que pode gerar graves complicações, como desnutrição, desidratação, pneumonia aspirativa, podendo levar à morte². O fonoaudiólogo é o profissional indicado para a avaliação e tratamento das disfagias, estabilizando assim o aspecto nutricional e eliminando os riscos de aspiração laringotraqueal e consequentes complicações associadas³. O presente estudo objetiva demonstrar a prática fonoaudiológica de uma profissional integrante do setor de Doenças Infectocontagiosas e Parasitárias em um Hospital Universitário da cidade de João Pessoa/PB. Desde o mês de junho de 2015 até os dias atuais, são realizadas triagens com busca ativa, avaliações, exames complementares, gerenciamento da alimentação e reabilitações, quando necessário, em pacientes de todas as idades e ambos os sexos do setor com as mais diversas patologias infectocontagiosas e parasitárias que apresentem alterações na deglutição, fala, linguagem e demais aspectos relacionados à Fonoaudiologia. Observou-se a necessidade do acompanhamento fonoaudiológico periódico no setor, uma vez que patologias como tétano, meningite, tuberculose e atualmente COVID-19, dentre outras, podem apresentar alterações principalmente na deglutição, e a detecção precoce e reabilitação destas promove a retirada de sonda mais rapidamente com consequente início da alimentação por via oral, com redução no tempo de internação, bem como de custas hospitalares, além da melhoria na qualidade de vida dos pacientes acometidos. Desta forma, a Fonoaudiologia faz parte da equipe multidisciplinar do serviço, contribuindo assim para o enriquecimento no atendimento integral ao paciente com doenças infectocontagiosas e parasitárias.





¹Santos EL, Ely KZ, Valim ARM, Dreyer YC, Koep J, Possuelo LG. Levantamento de pré-requisitos de qualidade para a elaboração de um aplicativo de doenças infectocontagiosas. Salão de ensino e de Extensão. 2019.Brasil [acesso em 03 jul 2020] Disponível em: .

²Favero SR, Sceeren B, Barbosa L, Hoher JÁ, Cardoso ACAF. Complicações Clínicas da disfagia em pacientes internados em uma UTI. Distúrb Comum. 2017 Dez;29(4): 654-62.

³Silva RG. A eficácia da reabilitação em disfagia orofaríngea. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2007 Jan-Abr; 19 (1): 123-30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1272
ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO A CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO: UM ESTUDO LONGITUDINAL
Tese
Linguagem (LGG)


O autismo é um distúrbio que acomete quase 2% da população mundial e o número de estudos longitudinais envolvendo esse tema é baixo. Esta tese é formada por dois estudos envolvendo análises longitudinais de dados sobre um serviço especializado no atendimento fonoaudiológico a crianças com Trastorno do Espectro do Autismo (TEA).
O primeiro estudo contém uma descrição da história do serviço, além de um levantamento do número de pacientes atendidos, seus dados sociodemográficos, tempo médio de atendimento, idade de início do tratamento e sua evolução, com base nos dados encontrados nos prontuários do arquivo morto. Nesse primeiro estudo não foi possível verificar que a idade de início do atendimento fonoaudiológico diminuiu com o passar dos anos, sendo de 6 anos a média de idade no início da avaliação; com manutenção média de 3 anos e meio de terapia. Na tabulação de dados foi observado que o índice de abandono do tratamento é alto. Dentre os 340 pacientes analisados, 24% realizaram um ano ou menos de terapia. Concluiu-se que o número de indivíduos que desistem ou abandonam o atendimento é considerável e a idade de início da terapia não está relacionada à maior manutenção do tratamento. Este estudo permitiu também reforçar a necessidade da informatização dos dados, facilitando o acesso e a realização de pesquisas baseadas em evidência, melhorando o armazenamento e diminuindo a perda de dados com o passar os anos.
No segundo estudo foi realizado um recorte nos dados levantados no Estudo 1, no qual foi analisado somente os dados digitalizados, garantindo assim melhor consistência. Os dados utilizados foram referentes aos pacientes que frequentaram o serviço entre os anos de 2011 e 2017. Analisando os dados do Perfil Funcional da Comunicação (PFC) e do Desempenho Sócio Cognitivo (DSC) de forma longitudinal e comparando-os em seis momentos diferentes, foi possível observar que há evolução com relação à funcionalidade da comunicação e ao DSC ao longo do tratamento; alguns dos parâmetros da prova do PFC são preditivos do DSC, confirmando que o desempenho sócio cognitivo e os aspectos funcionais da linguagem estão interligados. Os resultados também mostraram que as funções comunicativas mais frequentes foram o Jogo Compartilhado, Performativo e Exploratório, com uma média de nove funções em cada PFC analisado. Há correlação negativa entre a idade de início e o número de atos comunicativos e correlação positiva entre o número de respostas apresentados no PFC, o escore do DSC e os atos comunicativos com funções mais interativas. Conclui-se que é possível observar evolução clínica a partir da análise destes dois protocolos em períodos de três anos de intervenção e que a idade no início da terapia fonoaudiológica está relacionada à maior evolução clínica. Sabe-se que a alta fonoaudiológica para crianças com TEA, independente do grau de severidade, quando considerados todos os aspectos a serem trabalhados, pode demorar anos. Contudo, com estes estudos, foi possível observar a necessidade do acompanhamento evolutivo daqueles pacientes com longos anos de terapia para a identificação de platôs do desenvolvimento e a realização do encaminhamento mais adequado.


Alves DA, Kuroishi RCS, Mandrá PP. Prontuário eletrônico em cenário de prática: percepção dos graduandos e profissionais de fonoaudiologia. Revista CEFAC. 2016;18(2):385–91. https://doi.org/10.1590/1982-0216201618217915

Amato CAH. Questões funcionais e sócio-cognitivas no desenvolvimento da linguagem em crianças normais e autistas. [Tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2006

Baio J, Wiggins L, Christensen DL, Maenner MJ, Daniels J, Warren Z, et al. Prevalence of autism spectrum disorder among children aged 8 years: Autism and developmental disabilities monitoring network, 11 sites, United States, 2014. MMWR Surveill Summ. 2018;67(6):1-23. http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.ss6706a1. PMid:29701730.

Gillon G, Hyter Y, Fernandes FD, Ferman S, Hus Y, Petinou K, et al. International survey of speech-language pathologists’ practices in working with children with autism spectrum disorder. Folia Phoniatr Logop. 2017;69(1-2):8-19. http://dx.doi.org/10.1159/000479063. PMid:29248908.

Molini DR, Fernandes FDM. Intenção Comunicativa e Uso de Instrumento em Crianças com Distúrbios Psiquiátricos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. Barueri (SP) 2003;15(20):149-158.

Will MN, Currans K, Smith J, Weber S, Duncan A, Burton J, et al. Evidenced-based interventions for children with autism spectrum disorder. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care. 2018;48(10):234- 49. http://dx.doi.org/10.1016/j.cppeds.2018.08.014. PMid:30337149.

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Zanon RB, Backes B, Bosa CA. Diagnóstico do autismo: relação entre fatores contextuais, familiares e da criança. Psicol Teor Prat. 2017;19(1):152-63. http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/psicologia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1984
ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO NAS ATIPIAS DA LÍNGUA DE SINAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Língua de sinais atípica ocorre como uma disfunção de ordem linguística, tanto na compreensão quanto na expressão da linguagem, que podem afetar um ou vários níveis do processamento de linguagem da pessoa Surda (Barbosa, 2016). A aquisição da língua ocorre de forma saudável quando o contato frequente com alguém fluente na língua acontece em período adequado, porém, de acordo com Woll (1998) e Quadros (1997), 95% das crianças surdas nascem em lares ouvintes e isto pode representar grande dificuldade para que a aquisição de linguagem aconteça da forma esperada. Além de situações que podem afetar a saúde (desenvolvimentais ou adquiridas), desencadeando quadros em que os distúrbios de linguagem se manifestam, as atipias podem ser reforçadas devido ao despreparo, desconhecimento ou preconceito relacionado à língua de sinais, tanto pela família quanto pela escola e profissionais da saúde. A problemática envolvendo a falta de base linguística reflete também no processo de escolarização dos Surdos. Moura (2016) chama a atenção para a necessidade de uma política linguística que possa garantir o contato com a língua de sinais, para Surdos e suas famílias, o mais precocemente possível - o que poderia contribuir para o desenvolvimento adequado da linguagem evitando, inclusive, alguns quadros atípicos observados, bem como favorecer a aprendizagem do Português futuramente. Objetivo: contribuir com a comunidade científica, em especial no campo da Fonoaudiologia, com um relato de experiência inédito no atendimento das atipias da língua de sinais para pacientes surdos atendidos, exclusivamente em Libras, realizado em 2019, no Laboratório de Estudos Fonoaudiológicos em Atipias da Língua de Sinais - LEFALS, vinculado ao Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia II, do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Método: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, do tipo relato de experiência, realizado por meio de análise documental. O presente relato também cumpre um papel histórico ao descrever os primórdios da proposta de intervenção fonoaudiológica nas atipias da língua de sinais no âmbito da graduação em Fonoaudiologia, registrando o trabalho desenvolvido por seus idealizadores ao longo de mais de uma década. Resultados: O relato permitiu traçar o histórico do estágio, descrever a estrutura e funcionamento do serviço e apresentar os documentos e protocolos utilizados, inclusive, registrando a anamnese criada (em fase de preparação para publicação), especificamente, para a população Surda. Foi possível observar a importância deste serviço, único em âmbito institucional, para a saúde da comunicação da população Surda. Conclusão: O Fonoaudiólogo é o profissional responsável pelo diagnóstico e tratamento das atipias da língua de Sinais e esta experiência na formação é importante para instrumentalizar os futuros fonoaudiólogos que atenderão surdos, cumprindo o que define nosso código de ética e a legislação relacionada aos direitos da pessoa Surda.

Barbosa F. V. A Clínica Fonoaudiológica Bilíngue e a Escola de Surdos na Identificação da Língua de Sinais Atípica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 41, n. 3, p. 731-754, jul./set. 2016.
Quadros R.M. Educação de surdos: a aquisição de linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Moura M. G. Atendimento educacional especializado para alunos surdos: concepções e práticas docentes no município de São Paulo. São Paulo, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1062
ATITUDES, PRÁTICAS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA POR COVID-19 ENTRE ESTUDANTES DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: No atual contexto pandêmico, foram interrompidas atividades presenciais em diversos setores da sociedade1,2, entre eles o educacional. Em portaria, o Ministério da Educação anuiu a ministração de aulas online por plataformas digitais no intuito de evitar o contato social em massa, prezando pela saúde dos estudantes3. Nas faculdades, os discentes aderiram às medidas, mas se faz necessário saber quais cuidados os mesmos estão tendo de forma individual e como se comportam frente às recomendações dadas por órgãos de saúde.
OBJETIVO: Descrever as principais medidas de enfrentamento da pandemia realizadas por estudantes da área de saúde.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo de caráter descritivo de corte transversal, realizado em uma faculdade particular pernambucana. O estudo recebeu aprovação do comitê de ética em pesquisa com seres humanos (parecer nº 4.076.216). Através de pesquisa remota, 77 estudantes responderam a um questionário eletrônico com perguntas de múltipla escolha, desenvolvido em plataforma digital (Google Formulário). O conteúdo das perguntas incluiu o perfil socioeconômico, a prevalência de estudantes em situação de risco e quais seriam as ações preventivas adotadas pelos alunos para o enfrentamento da COVID-19. O banco de dados da pesquisa foi analisado descritivamente a partir da distribuição percentual das respostas.
RESULTADOS: Dos 77 estudantes entrevistados, a maioria eram do 5º período da graduação, a idade média da amostra foi de 23,4 anos e 15,6% pertencem ao grupo de risco que, segundo o Ministério da Saúde (2020), engloba indivíduos portadores de diabetes, cardiopatias e/ou pneumopatias graves. Estes possuem imunidade baixa, sendo passíveis a contrair o vírus que pode gerar a insuficiência respiratória. Os indivíduos da amostra aceitam o isolamento pois acreditam que a situação é grave, visto que se trata de um novo vírus e toda a população é suscetível à infecção. Cerca de 78% dos alunos evidenciam medo de contrair o vírus, pois não existe uma vacina contra o COVID-19. Diante disso, percebe-se um aumento de notícias falsas relacionadas ao tema, 73% dos estudantes receberam estas, por isso 81% apuram informações em fontes de dados oficiais. A respeito de medidas de prevenção, observou-se que a maioria tem seguido as diretrizes da Organização Mundial de Saúde e as principais práticas adotadas pelos discentes são o uso do álcool em gel e a lavagem das mãos, medidas consideradas eficazes para prevenção do COVID-19.
CONCLUSÃO: Diante dos resultados, pode-se considerar que apesar das incertezas quanto a duração da pandemia e dos efeitos deletérios do isolamento social à saúde mental, os estudantes têm conseguido manter uma rotina segura de prevenção corroborando ao movimento mundial de enfrentamento com vistas a redução expressiva do quantitativo de casos e óbitos em todo mundo.

1Croda JHR, Garcia, LP. Resposta imediata da Vigilância em Saúde à epidemia da COVID-19. Epidemiol. serv. saúde. 2020 mar; 29(1): e2020002.

2Brasil. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 188, de 3 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN) em decorrência da Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV). Diário Oficial da União, Brasília (DF), 4 fev 2020; Seção Extra:1. Disponível em: http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-188-de-3-de-fevereiro-de-2020-241408388.

3Brasil. Portaria Nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. D.O.U. Diário Oficial da União. 18 mar 2020; Seção:1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
392
ATIVIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL COMO INSTRUMENTO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA GRADUAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Aprendizagem Profissional (PRODAP) tem como finalidade inserir o aluno em atividades que proporcionem o desenvolvimento de habilidades que irão auxiliar na formação profissional. Dessa forma, o PRODAP busca criar oportunidades de associar a teoria com a prática, possibilitando ao discente uma aproximação com o mundo real da profissão, bem como o contato com o trabalho interdisciplinar e a promoção de experiências, práticas e saberes. OBJETIVO: Refletir sobre a contribuição das atividades de complementação para o desenvolvimento de formação profissional na formação do aluno. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência de um discente do segundo ano do curso de Fonoaudiologia, bolsista do PRODAP. O plano de trabalho foi voltado para a área hospitalar, com atividades configuradas como estágio extracurricular e carga horária de 20h semanais, sob supervisão de preceptor da área. O período do mesmo foi de junho de 2019 a junho de 2020. O projeto foi composto por outras áreas além da fonoaudiologia, e teve como principal objetivo a inserção no ambiente hospitalar, propiciando aprendizados específicos na área e interdisciplinaridade, bem como educação em saúde. RESULTADOS: Sobre as atividades desenvolvidas, inicialmente priorizou-se a adaptação ao ambiente e às rotinas desenvolvidas, como fluxo pacientes, sistema eletrônico de documentação, referência e contra referência, linhas de cuidados do SUS. Foi o primeiro contato como graduando em uma unidade hospitalar terciária. Em um segundo momento as práticas passaram a ser mais voltadas para a área, com acompanhamento dos atendimentos fonoaudiológicos à beira do leito, prática supervisionada com triagens e avaliações, participação nas discussões multidisciplinares, participação nas supervisões curriculares com discentes do último ano além de oportunidade em participar de outros projetos de pesquisa. Foi perceptível o quanto o PRODAP contribuiu para o desenvolvimento intelectual, crítico/reflexivo e científico. A participação nas diversas atividades hospitalares possibilitou adquirir novos conhecimentos, além de aplicar técnicas e procedimentos (no ambiente hospitalar) difíceis de serem realizados na universidade devido a quantidade massiva de conteúdos e uma grade curricular apertada. Outrossim, poder trabalhar lado a lado com a equipe multidisciplinar, otimizando o processo saúde-doença do paciente trouxe para a prática, conteúdos que até o momento só havia sido visto na teoria. O projeto permitiu também ampliar habilidades comunicativas através das discussões com profissionais e discentes de anos posteriores, antecipar a busca de conteúdos que ainda serão dados na grade curricular, despertando maior interesse e aprofundamento em alguns temas. Dentre outros benefícios, acentua-se o desenvolvimento da maturidade emocional frente ao contato com a morte e com o sofrimento do paciente e dos seus familiares. CONCLUSÃO: A participação no programa de atividades de complementação de formação profissional foi bastante relevante, porque possibilitou o surgimento de novos saberes, favorecendo a troca de experiências e aprendizagem na prática. Além disso, a vivência estimulou a proatividade, autonomia e responsabilidade do aspirante a fonoaudiólogo. As habilidades adquiridas contribuirão no desempenho de futuras atividades curriculares e serão oportunas para o mercado de trabalho.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1247
ATIVIDADE DOCENTE REMOTA EM TEMPOS DE PANDEMIA POR COVID19: DISCUTINDO O TREINAMENTO AUDITIVO COMPUTADORIZADO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O Treinamento Auditivo (TA) é essencial em indivíduos com condições, como deficiência auditiva: usuários de AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual) [1,2,3], Implante Coclear[4,5], Sistema Baha e com o Transtorno do Processamento Auditivo – TPAC[6,7]. Os princípios do Treinamento Auditivo (TA) baseiam-se na Neurociência Cognitiva e na plasticidade do Sistema Nervoso Central (SNC) e apresentam como objetivo desenvolver as habilidades auditivas[8,9]. Com o advento da Tecnologia, várias áreas foram influenciadas, ocorrendo uma mudança em seus paradigmas e práticas. Atualmente existem recursos tecnológicos à disposição do Fonoaudiólogo nas mais distintas áreas. No Treinamento Auditivo, tanto formal, quanto informal, cada vez mais tem sido empregada a utilização de Programas Computadorizados. Objetivo: Discutir as repercussões de um curso livre em Treinamento Auditivo Computadorizado (TAC), realizado junto à discentes em Fonoaudiologia, a partir do sexto período de uma universidade federal. Método: O curso livre intitulado “A utilização de programas computadorizados no treinamento auditivo”, integrou o calendário suplementar, do período 2020.3, instituído por uma universidade pública, em virtude da Pandemia por Covid19. A atividade foi realizada em 10 semanas, perfazendo uma carga horária semanal de 3h e total de 30h, sendo composto por atividades síncronas e assíncronas. Inicialmente foram selecionados vinte artigos, através das bases de dados Google Acadêmico, Scielo, Bireme, Medline, Lilacs e Periódicos CAPES. As publicações foram subdivididas em: revisão integrativa acerca da temática proposta, TAC junto à crianças, adolescentes, adultos e idosos, com distintos quadros como deficiência auditiva: utilizando AASI e/ou Implante Coclear e TPAC. Em seguida, foi estabelecido o Plano de Aula. A atividade era realizada nas segundas-feiras. Previamente os alunos recebiam materiais assíncronos expostos na Plataforma Google Classroom (artigos científicos e materiais audiovisuais). Os vídeos disponibilizados aos discentes, abarcavam discussões para embasamento teórico do curso e tutoriais de utilização dos programas computadorizados. A atividade síncrona era realizada de forma expositiva e dialogada, por meio da plataforma Google Meet e os discentes apresentavam um espaço compartilhado com a docente para esclarecimento de dúvidas, bem como sugestões e discussões acerca da temática. Foram abordados 24 programas em versões Web (04), Desktop (14) e Android (06). Resultados: Participaram do curso, inicialmente 19 alunos, 03 destes não deram continuidade e por fim 16 permaneceram até o encerramento. O curso possibilitou a discussão de conteúdos não apenas teóricos, mas práticos, visto que os discentes obtiveram tutoriais de funcionamento dos Softwares, relacionando com a prática clínica. Conclusão: Constatou-se que foi viabilizado o conhecimento de recursos para aplicabilidade, tanto no Estágio Supervisionado em Audiologia Educacional, quanto na atuação profissional de futuros fonoaudiólogos. Os discentes concluintes do curso, em unanimidade, demonstraram interesse pelos programas abordados e suas possibilidades para estimulação e aperfeiçoamento de habilidades auditivas, bem como mencionaram a intenção de empregar recursos enfatizados para a construção de planejamentos terapêuticos e intervenções no Treinamento Auditivo.

1- Beier LO, Pedroso F, Costa-Ferreira M.I.D. Benefícios do treinamento auditivo em usuários de aparelho de amplificação sonora individual - revisão sistemática. Rev. CEFAC [Internet]. 2015; 17(4): 1327-1332.

2- Teixeira TS, Costa-Ferreira MID. Treinamento auditivo computadorizado em idosos protetizados pelo Sistema Único de Saúde. Audiol., Commun. Res. [Internet]. 2018; 23: e1786.

3- Sales CB, Resende LM, Amaral CFS. Reabilitação auditiva em adultos: resultados de um programa de treinamento. Rev. CEFAC [Internet]. 2019; 21(5): e10318.

4- Scaranello, CA. Reabilitação auditiva pós implante coclear. Medicina (Ribeirao Preto Online) [Internet]. 2005. 8 (3/4):273-278.

5- Roman S, Rochette F, Triglia JM, Schön D, Bigand E. Auditory training improves auditory performance in cochlear implanted children. Hear Res. 2016; 337:89-95.


6- Kozlowski L, Wiemes GMR., Magni C, Silva ALG. A efetividade do treinamento auditivo na desordem do processamento auditivo central: estudo de caso. Rev. Bras. Otorrinolaringol. [Internet]. 2004; 70 (3): 427-432.


7- Samelli AG, Mecca FFDN. Treinamento auditivo para transtorno do processamento auditivo: uma proposta de intervenção terapêutica. Rev. CEFAC [Internet]. 2010;12(2): 235-241.

8- Gazzaniga S, Ivry RB, Mangun GR. Neurociência cognitiva: a biologia da mente. 2ª ed. Porto Alegre: ArtMed; 2006.

9- Silva TR, Dias FAM. Efetividade do treinamento auditivo na plasticidade do sistema auditivo central: relato de caso. Rev. CEFAC [Internet]. 2014; 16 (4): 1361-1369.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
409
ATIVIDADES DIGITAIS PARA O ENSINO DA VOZ EM FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: No âmbito da saúde, os avanços científicos e tecnológicos ampliam o cenário e agregam o uso das tecnologias à prática clínica e ao ensino(1-2). Na perspectiva educacional, destacam-se os ambientes virtuais de ensino-aprendizagem que tem como objetivo promover conhecimento e complementar o aprendizado dos universitários em saúde(3). Neste estudo, duas atividades digitais de uma plataforma e-learning e e-heath para a área da voz de uma universidade brasileira foram testadas. Objetivo: descrever a satisfação com a usabilidade e a aceitabilidade de atividades digitais para o ensino da voz em Fonoaudiologia. Método: estudo descritivo, no qual participaram 122 graduandos, do 4º ao 10º período de um curso de Fonoaudiologia, maiores de 18 anos, de ambos os sexos, convidados a utilizar duas atividades digitais de ensino em voz. Após a utilização das atividades, os graduandos responderam a um questionário on-line em formato Google Docs dividido em informações pessoais, sexo, idade, período na graduação, questionário de usabilidade System Usability Scale (SUS) e avaliação da aceitabilidade das atividades. Os dados descritivos foram analisados por meio da distribuição de frequência das variáveis categóricas e análise das medidas de tendência central e de dispersão das variáveis. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem, parecer nº 1.939.737. Os graduandos em Fonoaudiologia concordaram em participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados: a média de idade dos participantes foi de 23,26 anos e a média da pontuação do SUS foi de 86,35. Houve predomínio do sexo feminino (82%) entre as respostas. A maior parte dos participantes concordou totalmente que utilizaria o produto apresentado com frequência (41,8%) e a maioria concordou totalmente que era de fácil utilização (62,3%), com a funcionalidade bem integrada (52,5%), tiveram rapidez para aprender a jogar (66,4%) e confiança para usar o material (58,3%). A maioria discordou totalmente que o produto apresentado fosse complexo, que precisasse de algum técnico para utilizá-lo, que tivesse inconsistências, fosse complicado de usar ou precisassem aprender muito para utilizá-lo (63,1%, 81,1%, 68%, 76,2% e 72%, respectivamente) e a maioria avaliou o produto como tendo boa usabilidade (88,5%). Para uma das atividades digitais avaliadas, verificou-se que a maioria concorda que o layout da atividade foi interessante (88,6%), contribuiu para o aprendizado em voz (95,1%), gostou de utilizar (97,5%) e achou as instruções claras e de fácil entendimento (97,5%). A maioria também concorda com esses quesitos para a outra atividade (55,7%, 82,8%, 76,2%, 86,9% respectivamente). A maioria dos participantes concordou que a qualidade das imagens apresentadas é boa, que há revisão de conteúdo e também aquisição de informações importantes com o uso do material (90,2%, 96,7% e 95,1% respectivamente). Conclusão: As duas atividades digitais apresentam boas características de usabilidade e aceitabilidade pela avaliação de graduandos de Fonoaudiologia. As atividades digitais para o ensino da voz são ferramentas que motivam e reforçam o aprendizado dos alunos de Fonoaudiologia no ensino superior.

1- Oliveira RJF, Silva AXG, Brigido ARD, Mafaldo RS, Paula VT, Diniz Júnior J, Diniz RVZ. Ferramentas de e-learning para melhoria do aprendizado em medicina. Rev RBits. 2013, 3(3).
2- Santos MJ, Jurberg. Aspectos da educação a distância em saúde no brasil: uma análise das publicações (2007 a 2014). Rev Ciências & Ideias. 2017,8(2): 205-16.
3- Teixeira LC, Aragão NA, Carvalho CA, Emiliano GF, Rausse NCB, Lopes TFR. Tecnologias e_learning e m_health na extensão universitária para a área da voz. In: anais do X Congresso Internacional de Fonoaudiologia; 09-12 out 2019; Belo Horizonte(MG): UFMG;2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
854
ATIVIDADES TEATRAIS COMO PROPULSORAS DO DESENVOLVIMENTO PRAGMÁTICO DA LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


RESUMO

Considerando atividades teatrais ricas em estímulos sociais, afetivos, sensoriais e cognitivos, em contrapartida à escassez na literatura vigente da sua influência no desenvolvimento linguístico, a presente pesquisa objetivou investigar as contribuições do teatro no desenvolvimento pragmático da linguagem. A população do estudo, aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa (nº 88964318.9.0000.0121), foi composta por dez escolares, com idades entre cinco e sete anos, matriculados em uma instituição de ensino privada, dispostos em grupo pesquisa (GP) e grupo comparativo (GC), ambos constituídos por cinco sujeitos. A pesquisa deu-se em três fases: avaliação, intervenção e reavaliação, respectivamente. Na primeira fase, início do ano letivo, ambos os grupos foram submetidos à avaliação pragmática por meio do Teste de Linguagem Infantil (ABFW) - parte D. A fase de intervenção, período no qual o GP participou das aulas de teatro, deu-se durante o transcorrer do mesmo ano. Ao final do período letivo, na terceira fase da pesquisa, ambos os grupos foram reavaliados seguindo o mesmo rigor metodológico utilizado na primeira etapa. Após as etapas supracitadas, fez-se a análise descritiva dos dados por meio da obtenção da média e desvio padrão das variáveis categóricas. Para análise estatística, fez-se uso do Software ESTATÍSTICA 7, teste de Kruskal-Wallis, a fim de investigar o desempenho intergrupo, comparando os resultados do GP com o GC, e intragrupo, ao analisar os resultados obtidos em cada grupo, comparando-o com o desempenho das crianças do mesmo grupo, nos períodos pré e pós-intervenção. Verificou-se, então, que o GP exibiu melhor desempenho na competência linguística estudada no período pós-intervenção, quando comparado ao GC. A análise apresentou relevância estatística para as seguintes variáveis: Atos Comunicativos na análise intragrupo do GP, o qual apresentou aumento dos atos comunicativos, não ocorrendo o mesmo no GC; Meios Comunicativos na análise intergrupo e intragrupo do GP. O GP diminuiu o uso do meio comunicativo verbal e aumentou o uso dos meios verbal e gestual associados, ao passo que o mesmo comportamento não ocorreu no GC; Função Comunicativa Narrativa, nas análises inter e intragrupo do GP. O GP apresentou aumento da função comunicativa, o mesmo não foi identificado no GC. Diante dos resultados observados, concluiu-se que o teatro é um potencial estimulador das habilidades pragmáticas e da linguagem infantil.

DESCRITORES: Fonoaudiologia. Linguagem. Teatro. Desenvolvimento da linguagem. Pragmática.

1. Puglisi ML, Befi-Lopes DM. Impact of specific language impairment and type of school on different language subsystems. Rev CoDAS. 2016; 28(4):388-394. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20162015242.
2. Fattore IM, Uhde RM, Oliveira LD, Roth AM, Souza APR. Comparative analysis of initial vocalizations of preterm and full-term infants with and without risk for development. Ver CoDAS. 2017; 29(4):e20160075. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20172016075.
3. Alves JMM, Carvalho AJA, Pereira SCG, Escarce AG, Goulart LMHF, Lemos SMA. Association between language development and school environment in children of early childhood education. Distúrbios da Comunicação. 2017; 29(2): 342-353. https://doi.org/10.23925/2176-2724.2017v29i2p342-353
4. Panes ACS, Corrêa CC, Weber AT, Maximino LP. Risk factors for language development: attitudes of health and education professionals. J Health NPEPS.2018; 3(1):185-197. http://dx.doi.org/10.30681/252610102738.
5. Dias NM, Bueno JOS, Pontes JM, Mecca TP. Oral and written language in Infant Education: relation with environmental Variables. Psicologia Escolar e Educacional.2019;v.23:e178467.http://dx.doi.org/10.1590/217535392019018467.
6. Carvalo AJA, Lemos SMA, Goulart LMHF. Language development and its relation to social behavior and family and school environments: a systematic review. Rev CoDAS 2016; 28(4):470-479. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20162015193.
7. Stuchi RF, Nascimento LT, Bevilacqua MC, Neto RVB. Oral language in children with a five years of use coclhear implant. Rev Pró Fono. 2007; 19 (2): 167-176. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872007000200005.
8. Duarte CP, Veloso RL. Linguagem e comunicação de pessoas com deficiência intelectual e suas contribuições para a construção da autonomia. Rev Inclusão Social. 2017; 10 (2): 88-96.
9. Balestro JI, Fernandes FDM. Caregivers’ perception of children with Autism Spectrum Disorder regarding to the communicative profile of their children after a communicative orientation program. CoDAS 2019;31(1):e20170222. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182018222.
10. Wiethan FM, Mota HB, Moraes AB. Correlations between vocabulary and phonological acquisition: number of words. Rev CoDAS. 2015; 379–387. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20162015108.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
565
ATRASO MOTOR DE FALA NÃO ESPECIFICADO: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A aquisição da fala ocorre tipicamente, de acordo com a comunidade onde a criança está inserida, bem como seus pares de mesma idade e sexo. Para que a fala aconteça de maneira adequada, é necessária a integridade cognitiva, condições estruturais, organização fonológica, planejamento e programação de fala suficientes.

Até a década de 90 pensava-se que esses transtornos podiam ter duas amplas classificações – sendo transtornos de ordem articulatória ou fonológica.

Mais recentemente, com a publicação de estudos que enfatizam uma abordagem clínica, passou-se a falar em transtornos além dos já referidos. Shriberg et al. (2017) propôs uma atualização do modelo de classificação, e sugeriu em sua pesquisa as desordens motoras da fala, que se subdivide em três níveis, em ordem crescente de gravidade: desordem motora não especificada, disartria e apraxia de fala infantil. Antes disso, o modelo clínico de classificação dividia essas desordens em apenas dois subgrupos: disartria e apraxia de fala, estando as desordens menos severas atreladas a estes dois termos. A partir deste modelo, realizou um estudo de marcadores conclusivos para auxiliar no diagnóstico da apraxia. Uma vez que, crianças com significativo atraso do desenvolvimento da fala vêm sendo diagnosticadas erroneamente, ocorrendo uma super generalização do diagnóstico de apraxia de fala infantil (AFI).

Objetivo: realizar uma revisão bibliográfica sobre o atraso motor de fala não especificado, como ele é avaliado e ainda como se se diferencia de outras desordens motoras da fala.

Estratégia de pesquisa: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Realizou-se a busca nas bases SciELO, PubMed, Medine e Scopus no período de novembro de 2019. Para as quatro bases foram utilizados os seguintes construtos e descritores: “motor speech disorders” OR “childhood apraxia of speech” OR “childhood apraxia of speech cas” OR “developmental dyspraxia” OR “speech sound disorder” AND “speech motor control”, além da utilização de dois filtros: sujeitos até 18 anos e humanos.

Critérios de seleção: artigos publicados em português, inglês ou espanhol foram incluídos, sendo ou não de periódicos de acesso livre. Foram excluídos artigos que não estavam relacionados ao atraso motor de fala não especificado e estudos de revisão de literatura.

Resultados: Foram encontrados 56 artigos nas bases de dados, sendo 33 da base Scopus, 19 da PubMed, 3 da SciElo e 1 da Medline. Após análise e seleção pelos critérios de inclusão, foram selecionados 14 estudos. Posteriormente a leitura integral dos artigos, 8 estudos foram excluídos, pois não respondiam as perguntas norteadoras da pesquisa.

Conclusão: O termo atraso motor de fala não especificado (DSM-NOS) vem sendo estudado desde 2017 para designar crianças com atraso significativo na fala, que não se encaixam nas características de AFI ou disartria. Dessa forma, ocorria uma supergeneralização nos diagnósticos de AFI, enquanto que muitas crianças apresentam evolução terapêutica desproporcional ao quadro grave de AFI.

Fox, A., & Dodd, B. (2001). Phonologically disordered German-speaking children. American Journal of Speech Language Pathology, 10(3), 291-307.

Crosbie, S., Holm, A., & Dood, B. (2005). Intervention for children with severe speech disorder: A comparison of two approaches. International Journal of Language & Comunication Disordes, 40(4), 467-491.

Shriberg, L. D., Strand, E. A., Fourakis, M., Jakielski, K. J., Hall, S. D., Karlsson, H. B., Mabie, H. L., McSweeny, J. L., Tilkens, C. M., & Wilson, D. L. (2017). A diagnostic marker to discriminate childhood apraxia of speech from speech delay: III. Theoretical coherence of the pause marker with speech processing deficits in childhood apraxia of speech. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 60(4), S1135-S1152.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2104
ATUAÇÃO CONJUNTA DA FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA: O PAPEL DA INTERDISCIPLINARIDADE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Os saberes da Odontologia e da Fonoaudiologia complementam-se, sendo a interdisciplinaridade fundamental para a prática profissional de ambos os serviços. O Sistema Estomatognático (SE) é uma área comum de trabalho, sendo necessário limitar o que cabe a cada profissional. No entanto, muitos profissionais de ambos os cursos desconhecem as áreas em que pode existir a atuação conjunta e, principalmente, os benefícios que esta ação pode trazer ao tratamento e ao paciente. OBJETIVO: O objetivo desta revisão de literatura é descrever as áreas de interação desses cursos e os seus respectivos tratamentos. MÉTODO: Revisão crítica da literatura, realizada nas bases de dados PubMed, Scopus, Web of Science, SciELO, LILACS e Google Acadêmico. A busca e seleção dos artigos ocorreu nos meses de junho e agosto de 2019, utilizando a combinação dos descritores: Odontologia; Fonoaudiologia; Práticas Interdisciplinares; Pesquisa Interdisciplinar. Os critérios de inclusão contemplaram os artigos científicos nos idiomas português, inglês e espanhol e sem período de tempo definido. RESULTADOS: Foram encontradas sete áreas onde a atuação conjunta se mostra de grande importância. Dor orofacial (Disfunções Temporomandibulares): A Fonoaudiologia atua na orientação ao paciente, realiza a termoterapia, massagem e relaxamento dos músculos da mastigação e musculatura cervical, terapia miofuncional orofacial e bandagem. Em conjunto, a Odontologia irá confeccionar as placas oclusais, trabalhara com o agulhamento seco ou úmido, infiltrações articulares, entre outros. Ortodontia: A atuação conjunta dos profissionais busca o equilíbrio miofuncional através da prevenção e habilitação das funções estomatognáticas e busca evitar recidivas oclusais após a retirada do aparelho ortodôntico. Cirurgias Ortognáticas: A avaliação fonoaudiológica acontece no pré e pós-operatório para identificação das alterações miofasciais, orientação quanto à alimentação, relaxamento da musculatura e postura de lábios e língua. Enquanto o cirurgião dentista atua na cirurgia ortognática em si. Odontopediatria (Amamentação): O trabalho fonoaudiológico visa o contato mãe-bebê, vedamento labial e coordenação entre sucção/respiração/deglutição. O dentista orientará sobre a importância da amamentação e da remoção de hábitos deletérios. Tratamentos de Cânceres e Tumores de Cabeça e Pescoço: O trabalho multidisciplinar abrange a adaptação do meio oral, medidas de higiene oral e orienta o paciente sobre as possíveis complicações. No pós-cirúrgico o fonoaudiólogo visa a recuperação das funções estomatognáticas. Apneia Obstrutiva do Sono e Ronco primário: A atuação da Odontologia e Fonoaudiologia beneficiará o paciente com o aumento do fluxo aéreo provocado pelo avanço mandibular, acompanhado da tonificação da massa lingual, além do fortalecimento dos músculos faríngeos. Fissuras labiais, nasopalatinas e palatina: O dentista visa um programa permanente de saúde bucal, com prevenção e reabilitação bucal. O fonoaudiólogo busca o correto funcionamento do esfíncter velofaríngeo, ressonância e articulação. Próteses (bucomaxilofaciais, dentais e de obturação das fissuras): A Odontologia Protética analisa o estado de saúde bucal e atende a queixa. A avaliação fonoaudiológica determina se os fatores que dificultam a adaptação estão relacionados à prótese ou aos distúrbios miofuncionais. CONCLUSÃO: É possível inferir que ao esclarecer o papel de cada profissional no tratamento do paciente em diferentes áreas o resultado de uma terapia será mais bem-sucedida e melhor realizada.

SILVA, Hilton Justino da et al. Tratado de Motricidade Orofacial. São José dos Campos: Pulso, 2019. 840 p.

MOTTA, Andréa Rodrigues et al. Motricidade Orofacial: A Atuação nos Diferentes Níveis de Atenção à Saúde. São José dos Campos: Pulso, 2017.

SHELLENBERGER, Thomas D.; WEBER, Randal S.. Multidisciplinary Team Planning for Patients with Head and Neck Cancer. Oral And Maxillofacial Surgery Clinics Of North America, [s.l.], v. 30, n. 4, p.435-444, nov. 2018. Elsevier BV.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1033
ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR QUANTO A VIA ALTERNATIVA DE ALIMENTAÇÃO EM IDOSOS: OPINIÃO MÉDICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Atualmente a atuação da fonoaudiologia hospitalar destaca-se nas unidades de terapia intensiva e nas enfermarias, quanto ao trabalho de identificação e reabilitação precoce dos distúrbios de deglutição1 e/ou de linguagem2. No entanto, o reconhecimento dessa atividade profissional ainda é negligenciada por alguns profissionais. A via alternativa de alimentação (VAA), trata-se de uma abordagem terapêutica multiprofissional3, no entanto, é responsabilidade do fonoaudiólogo alertar a equipe quanto aos distúrbios de deglutição ou ao retorno seguro para via oral4. Um dos principais públicos usuários dessa VAA são os idosos, seja pelo rebaixamento do nível de consciência5, alterações neurológicas6 e/ou respiratórias7, ou pelas alterações decorrentes do envelhecimento como desnutrição, sarcopenia e fragilidade8. Logo, é de suma importância, entender como os médicos, que são os profissionais responsáveis pelo paciente, compreendem a importância da atuação fonoaudiológica para a indicação e a retirada da via alternativa de alimentação em idosos. Objetivo: Compreender a visão médica sobre a atuação fonoaudiológica para indicação e retirada da via alternativa de alimentação em idosos. Métodos: Estudo transversal e analítico, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos de um hospital público sob número do CAEE 90792828.5.0000.5201. A pesquisa foi realizada com a equipe médica de um hospital público através da aplicação de um questionário fechado elaborado pelas autoras. A análise de dados foi utilizada no software STATA/SE 12.0 e no Excel 2010. Os testes foram aplicados com 95% de confiança. Os resultados das variáveis categóricas foram apresentados em forma de tabelas com suas respectivas frequências absolutas e relativas. Resultados: A solicitação médica para avaliação fonoaudiológica visando indicação de VAA é frequente, segundo os participantes. Os critérios médicos relevantes para solicitar o acompanhamento fonoaudiólogico foram: avaliação do desmame da VAA, presença de queixas disfágicas e presença de risco de broncoaspiração. As atitudes médicas, como a leituras dos prontuários e discussão com o fonoaudiólogo, foram informadas como constantes (59,3%) e eventuais (40,7%), respectivamente. Sobre a análise médica quanto a importância da fonoaudiologia para a retirada da VAA, foram atribuídos como extremamente importante (71,2%), muito importante (23,7 %) e moderadamente importante (5,1%). Conclusão: Na visão médica, observa-se que a conduta fonoaudiológica é importante na condução dos casos disfágicos, principalmente no que se refere a indicação e retirada da VAA em idosos.

1 Coelho BRPIB, Coelho LPI, Sousa EZT, Costa AVSM, Souza ATS, Mendes CF. Analysis of the speech therapy needs in a referral hospital in cardiopneumology. SANARE, Sobral. 2019 jan/jun; 18(1):12-21.
2 Breitenstein C, Grewe T, Flöel A, et al. Intensive speech and language therapy in patients with chronic aphasia after stroke: a randomised, open-label, blinded-endpoint, controlled trial in a health-care setting . Lancet. 2017;389(10078):1528-1538.

3 Shin BC, Chun IA, Ryu SY, Oh JE, Choi PK, Kang HG. Association between indication for therapy by nutrition support team and nutritional status. Medicine (Baltimore). 2018;97(52):e13932. doi:10.1097/MD.0000000000013932
4Conselho Federal de Fonoaudiologia. RESOLUÇÃO CFFa nº 492, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre a regulamentação da atuação do profissional fonoaudiólogo em disfagia e dá outras providências. 7 apr 2016.
5 Volkert D, Beck AM, Cederholm T, et al. ESPEN guideline on clinical nutrition and hydration in geriatrics. Clin Nutr. 2019;38(1):10-47. doi:10.1016/j.clnu.2018.05.024
6 Crenitte MRF, Avelino-Silva TJ, Apolinario D, Curiati JAE, Campora F, Jacob-Filho W. Predictors of Enteral Tube Feeding in Hospitalized Older Adults. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2017;41(8):1423-1425. doi:10.1177/0148607116683142
7 Zhu, Y., Yin, H., Zhang, R., Ye, X., & Wei, J. Gastric versus postpyloric enteral nutrition in elderly patients (age ≥ 75 years) on mechanical ventilation: a single-center randomized trial. Critic care. 2018; 22(1): 170. https://doi.org/10.1186/s13054-018-2092-z
8 Mundi MS, Patel J, McClave SA, Hurt RT. Perspectiva atual da alimentação por sonda em idosos: da identificação da desnutrição ao fornecimento de nutrição enteral. Clin Interv Aging. 1 de agosto de 2018; 13: 1353-1364.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
2138
ATUAÇÃO DA LINGUAGEM HOSPITALAR BEIRA LEITO: VIVÊNCIA PRÁTICA
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


O período de hospitalização pode gerar declínios funcionais cognitivos por diversos fatores, sejam pelos efeitos medicamentosos, complicações cirúrgicas, delirium e/ou alguma síndrome demencial já diagnosticada, como até mesmo pelo sentimento depressivo da internação e preocupação do seu quadro clinico, que consequentemente impactam em maiores custos, longas permanências e na qualidade de vida do paciente. É comum os pacientes hospitalizados apresentarem, também, alterações comunicativas devido à um AVC, ou TCE, ou ressecção de tumor cerebral, ou ainda, encontrarem-se em vulnerabilidade comunicativa por longos períodos de intubação ou em uso de traqueotomia. Estudos já comprovam 90% dos pacientes com distúrbios da deglutição apresentam associado distúrbios da comunicação. OBJETIVO: Evidenciar o crescimento do atendimento na área da linguagem hospitalar e elencar as hipóteses diagnósticas funcionais, a partir da construção do processo assistencial multiprofissional com foco no atendimento da comunicação MÉTODO: Através da utilização das ferramentas Brainstorm e ficha de verificação, realizado a construção do processo assistencial multidisciplinar para identificação das alterações cognitivas linguísticas e encaminhamento para o programa terapêutico fonoaudiológico. Desenvolvido um fluxograma e estabelecida as seguintes etapas. Etapa 1 – Estabelecimento para melhor Identificação dos pacientes pela equipe multiprofissional incluindo critérios; Etapa 2 – Elaboração do protocolo de triagem fonoaudiológica especifica da área da linguagem; Etapa 3- Estruturação do Fluxo de identificação para pacientes internados que apresentem risco; Etapa 4- Discussão da nova rotina de assistência com equipe de enfermagem inseridas nos protocolos clínicos (Idoso, AVC e Delirium); Etapa 5 - Treinamento do protocolo e Apresentação para a equipe assistencial; Etapa 6 - Busca ativa e gerenciamento do protocolo pela equipe de Fonoaudiologia e Etapa 7 - Contato e discussão com equipe médica para possibilidade de encaminhamento para avaliação fonoaudiológica e acompanhamento do caso (Avaliação e Programa terapêutico – com base no grau de severidade de alteração funcional). RESULTADOS: Pré construção dos processos assistências, a média de encaminhamento mês era de 26%. Iniciado protocolo clínico em agosto de 2019. Observado no período após inserção das novas rotinas assistenciais (agosto de 2019 a maio de 2020), a realização de 592 triagens de linguagem, destes, 82% de média de paciente encaminhados e avaliados bem como inseridos em programas terapêuticos. Em relação a Hipótese diagnóstica funcional, foram encontrados em maior número o Comprometimento Cognitivo Linguístico (51%); Disartria (19%) e Afasia (15%). CONCLUSÃO: Vemos o quanto eficaz e essencial a construção de ferramentas que favoreçam a ampliação da assistência fonoaudiológicas nas alterações da comunicação e cognitivas, proporcionando maiores e melhores condições no cuidado ao paciente, contribuindo para melhor adesão tratamento e minimizando o tempo de internação hospitalar.
PALAVRAS CHAVES: Estudos de Linguagem; Serviços Técnicos Hospitalares; Protocolos clínicos.

BILHERI, D. F. D.; DAMES, J. S.; FACIN, J.; PEREIRA, T. S.; ALMEIDA, S. T. Atuação fonoaudiológica nos distúrbios de linguagem com
pacientes à beira do leito: construção de conhecimentos a partir da
vivência prática. XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011.
Andrade JS, Souza WWOJ, Paranhos LR, Domenis DR, César CPHAR. [Effects of Speech Therapy in Hospitalized Patients with Post-Stroke Dysphagia: A Systematic Review of Observational Studies]. Acta Med Port. 2017 Dec 29;30:870-881.
Fogg C, Griffiths P, Meredith P, Bridges J. Hospital outcomes of older people with cognitive impairment: An integrative review. Int J Geriatr Psychiatry. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1727
ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NA ATENÇÃO BÁSICA: ESPECIFICIDADES DA SAÚDE DO TRABALHADOR EM FOCO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Com o intuito de apoiar as ações desenvolvidas pela Atenção Básica (AB) na rede de serviços de saúde, foi criado, em 2008, o Núcleo de Apoio a Saúde Família (NASF)¹. Dentre os profissionais que podem compor a equipe desse Núcleo estão os fonoaudiólogos. Responsável pela promoção, prevenção e reabilitação relacionadas à comunicação e funções estomatognáticas, compartilham com os demais integrantes as responsabilidades de promover saúde, prevenir agravos, diagnosticar alterações, realizar definição de condutas terapêuticas e promover recuperação e reabilitação ao maior número possível de situações que sejam da abrangência da AB²,³. OBJETIVO: Descrever as ações realizadas pelos fonoaudiólogos dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (NASF-AB), correlacionando-as com a saúde do trabalhador. MÉTODOS: Estudo do tipo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa realizado nos Núcleos Ampliados de Saúde da Família do município de João Pessoa- PB durante o ano de 2019. A amostra foram 13 fonoaudiólogos que responderam a um roteiro de entrevista semiestruturado. Para analisar o material empírico empregou-se a Análise de Conteúdo, na modalidade temática de Bardin. O projeto foi aprovado sob o nº de parecer 3.431.914. RESULTADOS: Os sujeitos entrevistados referiram possuir carga horária semanal de quarenta horas e relatam desempenhar atividades no âmbito da promoção à saúde, prevenção de agravos e educação em saúde. Dentre as citadas destaca-se a realização de práticas de acolhimento, avaliação, interconsulta, visitas domiciliares e matriciamento. Ademais, alguns mencionaram exercer atividades gerenciais, nas Unidades de Saúde da Família bem como em Distritos Sanitários. Assim, na perspectiva da saúde do trabalhador e ainda baseando-se nos discursos analisados constatou-se a intensificação do ritmo laboral, longas jornadas de trabalho, repetitividade e monotonia de tarefas, conflitos de papéis e interpessoais, isolamento social e falta de autonomia como questões que comprometem o processo de trabalho realizado pelos fonoaudiólogos. Nesse contexto, as mudanças introduzidas pela nova Política Nacional de Atenção Básica4 preocupam, uma vez que impactam e fragilizam o trabalho desenvolvido pela equipe do NASF-AB. Os relatos dos profissionais corroboram a importância da atuação fonoaudiológica no fortalecimento da AB por meio dos NASF’s e na composição da equipe multidisciplinar. No entanto, as condições laborais precisam ser mais bem definidas a fim de não comprometer a saúde, tanto física quanto mental, desses trabalhadores. CONCLUSÃO: Torna-se imperativo ampliar as discussões acerca das condições de trabalho dos fonoaudiólogos atuantes na AB com o escopo de proporcionar melhorias, embora o cenário atual não esteja favorável mediante as modificações do financiamento do SUS.

Souza RPF, Andrade DCD, Silva HJ. Fonoaudiologia: a inserção da área de linguagem no sistema único de saúde (SUS). Rev CEFAC. 2005; 7(4):426-32.
Gonçalves CGO, et al. Demanda pelos serviços de fonoaudiologia no município de Piracicaba: estudo comparativo entre a clínica-escola e o atendimento na Prefeitura Municipal. Sociedade Brasileira Fonoaudiologia. 2000; 12, (2): 61-6.
Soleman C; Martins CL. O trabalho do fonoaudiólogo no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) – especificidades do trabalho em equipe na Atenção Básica. Rev. CEFAC. 2015; 17 (4): 1241-1253, Jul/Ago.

Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 2.979, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019. Institui o Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.979-de-12-de-novembro-de-2019-227652180. Acesso em 13 jul. 2020.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1280
ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NA SAÚDE PÚBLICA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O reconhecimento de que a fonoaudiologia abrange desde a atenção básica até́ a especializada, na média e alta complexidade, tem sido conquistada com a ampliação do seu espaço de atuação adquirindo mais visibilidade nas equipes de saúde e nas diferentes áreas da saúde coletiva. A abrangência do profissional fonoaudiólogo na saúde coletiva é vasta e seu atendimento pode ser dirigido a diferentes e heterogêneos grupos, como gestantes, bebês, se estendendo até idosos. Seu campo de atuação envolve o processo de amamentação, respiração, deglutição, voz, audição e linguagem oral e escrita (1,2,4). Objetivo: Discutir sobre a formação dos fonoaudiólogos e sua atuação no sistema público de saúde, bem como descrever a inserção na atenção básica, especializada e hospitalar. Método: Para o estudo do tema, foi realizado uma revisão de literatura nas bases de dados nacionais sobre a temática apresentada. Foram selecionados e analisados os estudos cujos conteúdos dos resumos relacionavam-se com o objetivo do presente estudo e referenciavam sobre a formação do fonoaudiólogo para atuação no Sistema Único de Saúde - SUS. Resultados: A atuação do fonoaudiólogo na Saúde Pública está crescendo. Alguns autores sugerem a necessidade de realizar um levantamento do que está sendo efetuado em termos de prevenção e tratamento dos distúrbios da comunicação além da necessidade de ações para suprir a alta demanda e adequar os serviços à realidade atual. Para isso, se faz necessário ampliar o número de fonoaudiólogos atuando na Saúde Pública e preparar para esta área de atuação. Nos artigos estudados, observa-se referências aos avanços da assistência fonoaudiológica no SUS, havendo crescimento significativo dos procedimentos registrados e dos profissionais vinculados ao Sistema Único de Saúde entre os anos de 2000 e 2010(3), resultando em um aumento da assistência fonoaudiológica em todos os níveis de atenção à saúde. Entretanto, é necessário destacar que apesar destes avanços, os serviços são distribuídos de forma desproporcional entre as regiões e portes populacionais dos municípios no país. Conclusão: O fonoaudiólogo, enquanto profissional, é um ator indispensável para promover a efetivação de saúde e na construção de políticas públicas em saúde que atendam as reais necessidades da população. Com a inserção do fonoaudiólogo dentro dos serviços de saúde, suas atuações passaram a abranger a promoção, proteção e reabilitação da saúde em diversas áreas relacionadas a comunicação humana, porém ressaltamos a necessidade de maior visibilidade e sugere-se ampliar as reflexões sobre o sistema público de saúde no Brasil juntamente com profissionais fonoaudiólogos que atuam na rede pública de saúde.

1.CFFa.Cartilha de contribuição do sistema federal e regionais de Fonoaudiologia, 2016.

2. KELLY, K. F. et al. A fonoaudiologia na Saúde Pública -Atenção Básica. In: ANAIS, 2017. XV Jornada Científica dos Campos Gerais. Ponta Grossa, 2017.

3. MIRANDA, G.M.D. et al. Assistência fonoaudiológica no sus: a ampliação do acesso e o desafio de superação das desigualdades. Revista CEFAC, v. 17, p. 71-79, Jan-Fev, 2015.

4. MATTA, G.C.; PONTES, A. L. Políticas de Saúde: organização e operacionalização do sistema único de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV / Fiocruz, 2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
794
ATUAÇÃO DO RESIDENTE EM SAÚDE COLETIVA EM UMA COORDENADORIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução

O município do Rio de Janeiro (MRJ) é dividido em dez Áreas Programáticas (AP). Cada AP possui uma Coordenadoria da Atenção Primária (CAP) responsável pela gestão da Atenção Primária à Saúde (APS) naquele território, sendo um espaço importante na construção de ações e programas em saúde e no planejamento da Saúde Pública no MRJ. Devido a estas características, a CAP compõe também um lugar de ensino e aprendizado para residentes em saúde coletiva. A Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva tem objetivo de capacitar profissionais para o trabalho na vigilância em saúde, gestão e planejamento. Na CAP, há possibilidade de inserção nos setores de Vigilância em Saúde, Ações e Programas de Saúde ou no setor de Informação e Avaliação. A gestão do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) é um possível campo prático para residentes na CAP, no qual realiza-se coordenação e apoio das equipes NASF-AB do território.

Objetivos

Relatar a atuação de uma fonoaudióloga residente em saúde coletiva na gestão do NASF-AB de uma Coordenadoria da Atenção Primária (CAP) do município do Rio de Janeiro.

Metodologia

A atuação da residente na CAP ocorreu na Divisão de Ações e Programas em Saúde (DAPS), que ofereceu possibilidade de trabalhar em Linhas de Cuidado (LC) ou Eixos Estratégicos (EE) que gerenciam o cuidado no território da AP. A inserção da residente foi na gestão local do NASF-AB durante seis meses por meio de participação em Supervisões de Território com equipes dos diferentes níveis de complexidade; organização e participação em reuniões de equipe NASF-AB do território; produção e análise de indicadores das equipes NASF-AB articulando avaliação e planejamento em saúde; criação de um mapeamento para ampliação do cuidado de forma intersetorial; e participação em eventos sobre APS. A residente foi acompanhada por uma preceptora, apoiadora do NASF-AB da CAP.

Resultados

A inserção na gestão do NASF-AB em uma CAP possibilitou a experiência com equipes multiprofissionais dos diferentes níveis de complexidade da atenção, permitindo uma visão global da produção e integralidade do cuidado, a partir das discussões de caso e das ações coletivas das equipes. O trabalho no NASF-AB também proporcionou vivências na gestão e planejamento em saúde com a construção e análise de indicadores de avaliação. A experiência em uma CAP localizada em um território socioeconomicamente vulnerável do MRJ ajudou na compreensão da importância de ações interdisciplinares e intersetoriais na atenção à saúde, ampliando a noção de cuidado em saúde no território.

Considerações finais

A atuação na gestão é imprescindível para a formação do sanitarista e a inserção do fonoaudiólogo nesses espaços é um passo importante para uma prática interdisciplinar nas instâncias de gestão em saúde. A presença do fonoaudiólogo na gestão da APS potencializa o trabalho realizado, a partir da sua expertise em audiologia, linguagem, voz, disfagia e demais áreas, que são questões presentes no cotidiano da atenção primária, e estão ligadas às Linhas de Cuidado de saúde da criança, saúde do adolescente, saúde do idoso e doenças crônicas não transmissíveis.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
540
ATUAÇÃO DO RESIDENTE FONOAUDIÓLOGO NO ATENDIMENTO AO PACIENTE COM CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O câncer de cabeça e pescoço é uma patologia que acomete milhares de brasileiros anualmente, comprometendo sua saúde. O tratamento é múltiplo e pode envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia, podendo ser combinados. As alterações provocadas pelo tumor, assim como pelos tratamentos realizados nesta região, podem provocar alterações na execução de funções básicas como comunicação, respiração e alimentação. Podem alterar a funcionalidade de múltiplas estruturas do sistema estomatognático, impactando negativamente nos aspectos sociais e na qualidade de vida. O fonoaudiólogo ao atender esta população tem por objetivo auxiliar com os sintomas, proporcionar conforto alimentar, otimizar o uso de estruturas, readequar a comunicação e proporcionar melhora da qualidade de vida e reinserção social dessa população. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é relatar a atuação profissional do residente de fonoaudiologia inserido no programa de residência multiprofissional com ênfase em oncohematologia na região sul do Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência. Anualmente são admitidas duas fonoaudiólogas residentes aprovadas em processo seletivo unificado para ingresso na residência multiprofissional e o tempo de duração é de dois anos. A equipe de fonoaudiologia deste hospital é composta por uma fonoaudióloga preceptora e quatro fonoaudiólogas residentes. As residentes fonoaudiólogas do primeiro ano atuam majoritariamente no atendimento ambulatorial e no atendimento à beira do leito na unidade de internação cirúrgica e clínica e acompanham a realização dos exames de nasofibrolaringoscopia realizados pela equipe de cirurgia de cabeça e pescoço. E as residentes do segundo ano atuam no atendimento do paciente em unidade de tratamento intensivo (UTI), ambulatório de radioterapia e também junto a equipe de cuidados paliativos. Todas as profissionais participam de rounds multiprofissionais com discussão de casos e acompanham os encontros semanais do grupo de apoio ao laringectomizado total. Além disso, durante os dois anos de residência são realizadas semanalmente tutorias e disciplinas teóricas. RESULTADOS: O fonoaudiólogo residente atua em 80% da carga horária em atividades práticas em ambiente hospitalar e 20% de atividades teóricas ou teórico-práticas totalizando 60 horas semanais. A atuação junto ao paciente oncológico é fundamental durante todo o processo de tratamento, uma vez que seu conhecimento específico sobre anatomia das estruturas de cabeça e pescoço e funcionalidade do sistema estomatognático contribuem valiosamente no processo de recuperação. A imersão junto à esta população torna através de sua formação um profissional capacitado para um atendimento individualizado e personalizado voltado ao sistema único de saúde. O residente fonoaudiólogo se relaciona continuamente com toda a equipe multiprofissional, com o objetivo formativo e assistencial, buscando se capacitar cada dia mais no campo de atuação e objetivando um cuidado direcionado ao quadro clínico oncológico. CONCLUSÃO: O fonoaudiólogo é um profissional essencial dentro das equipes multiprofissionais de saúde que atuam com o câncer de cabeça e pescoço. A formação específica do residente dentro desta área de atuação solidifica os conhecimentos teóricos aprendidos ao articulá-los com a prática clínica, contribuindo para a formação profissional de excelência e além disso, oferece atendimento personalizado para os indivíduos que necessitam.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
656
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA COM O PACIENTE SURDO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A necessidade do ser humano de se comunicar é algo que sempre existiu, desde os tempos antigos; é um desejo inato1. Quando se trata de estabelecer contato com outra pessoa, alguns aspectos devem ser levados em consideração como a cultura do indivíduo, aspectos cognitivos e limitações2. A habilidade auditiva contribui de forma eficaz para o desenvolvimento da linguagem oral3. Qualquer deficiência no sistema auditivo durante o crescimento da criança pode trazer consequências para o desenvolvimento linguístico4. O fonoaudiólogo é um dos profissionais capacitados para melhorar a comunicação do indivíduo surdo5. Objetivo: Realizar uma revisão integrativa da literatura sobre as estratégias de intervenção fonoaudiológica com o paciente surdo. Método: O presente artigo tratou-se de um estudo do tipo qualitativo, de caráter subjetivo do que se pesquisa e refere-se a uma revisão integrativa da literatura, método de análise de estudos em que pesquisas são conduzidas com o intuito de compreender um tema específico6,7, realizado nas seguintes etapas: a) identificação do tema; b) busca dos descritores “Fonoaudiologia”, “surdez”, “intervenção” e “atuação” nas bases de dados; c) estabelecimento dos critérios de inclusão que foram artigos que estivessem completos, dissertações e teses publicados entre 2010 a 2020, escritos em Português e que evidenciassem as estratégias de intervenção fonoaudiológica com o paciente surdo e foram excluídos os artigos que tratavam de revisão bibliográfica, publicações com acesso restrito e estudos publicados que não se encaixaram nos critérios de inclusão d) categorização dos estudos encontrados; e) tratamento dos dados; f) interpretação dos resultados e síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados. Resultados: As pesquisas selecionadas para essa revisão apresentaram metodologia diversificada. Os estudos encontrados e descritos foram obtidos por meio de três (23,08%) pesquisas descritivas, cinco (38,46%) pesquisas de campo e cinco (38,46%) estudos de caso. Tais pesquisas tratavam-se de artigos de revista e uma tese de doutorado, divulgados em diferentes meios de publicação (revistas, jornal, e biblioteca digital) entre 2010 e 2017. Os resultados evidenciaram que, dos estudos mencionados, três (23%) abordaram o uso da LIBRAS como estratégia fonoaudiológica de intervenção com o paciente surdo; três (23%) utilizaram a escrita como objetivo para a aquisição de uma segunda língua; outros três (23%) relataram estimular a oralidade em sua pesquisa e quatro (31%) demonstraram a orientação aos pais como parte do planejamento terapêutico a fim de contribuir para a comunicação dos sujeitos surdos. Conclusão: As estratégias terapêuticas utilizadas com o surdo dependem diretamente do objetivo do fonoaudiólogo e das demandas e expectativas do paciente e de sua família ao procurar tratamento. Notou-se que há vários recursos que podem ser utilizados como estratégias para alcançar um mesmo objetivo. Os resultados evidenciaram que os procedimentos terapêuticos utilizados contribuem para melhorar a comunicação com o paciente surdo. Além disso, é um tema pouco estudado e por isso, novos estudos podem ser desenvolvidos.

Palavras-chave: Fonoaudiologia. Surdez. Intervenção. Atuação.

1 Rebouças CBM. Construção e validação de um modelo de comunicação não-verbal para o atendimento de enfermagem a pacientes cegos. Fortaleza. Tese [Doutorado em Enfermagem] - Universidade Federal do Ceará; [publicação online]. 2008 [acesso em 4 set 2020]. Disponível em http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/2066/1/2008_tese_cbareboucas.pdf.
2 Silveira JRC. A imagem: interpretação e comunicação. Rev LemD [publicação online]. 2005 [acesso em 04 set. 2019]; 5(n.º esp.):113-28. Disponível em: http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/linguagem-em-discurso/0503/050305.pdf.
2 Santos MFC, Lima MCMP, Rossi TRF. Surdez: detecção e diagnóstico. In: Silva IR, Kauchakje S, Gesueli ZM. Cidadania, surdez e linguagem: desafios e realidades [publicação online]. São Paulo: Plexus; 2003 [acesso em 4 set 2019]: 17-54. Disponível em https://books.google.com.br/books?id=aW1eGAAlDM0C&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false.
4 Rovere NC, Lima MCMP, Silva IR. A comunicação entre sujeitos surdos com diagnóstico precoce e com diagnóstico tardio e seus pares. Rev Distúrb Comun [publicação online]. 2018 mar [acesso em 20 de março de 2020]; 30(1):90-102. Disponível em https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/34397.
5 Magrini AM, Santos TMM. Comunicação entre funcionários de uma unidade de saúde e pacientes surdos: um problema?. Rev Distúrb Comun [publicação online]. 2014 set [acesso em 28 ago 2019]; 26(3):550-58. Disponível em https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/14880/15215.
6 Rodrigues WC. Metodologia científica. Paracambi [publicação online]. 2007 [acesso em 06 set 2019]. Disponível em https://www.hugoribeiro.com.br/biblioteca-digital/Rodrigues_metodologia_cientifica.pdf.

7 Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto contexto - enferm. [publicação online]. 2008 dez [acesso em 18 de março de 2020]; 17(4):758-64. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000400018&lng=en.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
531
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA COM PREMATUROS BRONCODISPLÁSICOS: UMA VIVÊNCIA DE RESIDENTES DE FONOAUDIOLOGIA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A Broncodisplasia é uma alteração no parênquima pulmonar, geralmente desenvolvida por uso prolongado de ventilação mecânica e toxicidade das altas concentrações de oxigênio por longo período 1. Sua etiologia ainda não está totalmente elucidada, mas parece ter relação com a imaturidade pulmonar, presente em prematuros, especialmente os que têm baixo peso 2,3. Considera-se uma das principais causas de problemas respiratórios crônicos na infância, interferindo na alimentação, nutrição e desenvolvimento neuropsicomotor 4. Estudos correlacionam a dificuldade alimentar com a broncodisplasia, principalmente para introdução de via oral 4,5. OBJETIVO: Descrever as práticas vivenciadas por residentes de fonoaudiologia para introdução de via oral de prematuros broncodisplásicos. MÉTODO: A vivência ocorreu entre os meses de março a junho de 2020, em um hospital público, na cidade de Salvador-BA. Os pacientes eram prematuros, diagnóstico médico de Broncodisplasia, admitidos na enfermaria pediátrica, oriundos das Unidades de Terapia Intensiva ou Semi-Intensiva, com histórico de longo internamento, difícil extubação, dependentes de cateter de oxigênio e presença de estridor laríngeo. Na maioria dos casos, não houve acompanhamento fonoaudiológico prévio, e os pacientes estavam com via alimentar alternativa exclusiva em tempo prolongado. Parâmetros clínicos instáveis atrasaram a avaliação funcional da deglutição em alguns casos, sendo necessário, por vezes, uso de medicação xerostômica com indicação médica e definição de parâmetros clínicos específicos entre equipe. Inicialmente, os pacientes apresentavam sucção débil e frequência diminuída de deglutição, demandando estímulo sensório motor oral e estímulo a sucção não nutritiva, bem como estímulo tátil térmico gustativo para melhora desses aspectos. A avaliação funcional da deglutição, seguido de estímulos a sucção nutritiva e o início do treino de via oral eram realizados conforme parâmetros vitais do paciente e melhor organização oral. Devido ausência ou baixa produção láctea das genitoras, optou-se pela introdução de mamadeira com bico que melhor se adaptasse em avaliação prévia. RESULTADOS: A via oral foi estabelecida em todos os pacientes brondisplásicos admitidos durante o período de experiência das residentes. O tempo de intervenção fonoaudiológica foi de 7 a 45 dias para transição da dieta enteral para via oral plena. Neste período, considerou-se os dias em que o paciente não foi atendido devido logística do serviço e/ou ausência de critérios clínicos. O treino de mamadeira ocorreu entre 3 a 15 dias após início da terapia, em que pacientes apresentaram estabilização do quadro clínico geral, e melhora da organização e coordenação das funções de sucção, respiração e deglutição. Ressalta-se ainda que havia ansiedade por parte dos cuidadores para início e finalização da intervenção fonoaudiológica, justificada pelo longo período de hospitalização, implicando na necessidade de momentos de escuta e acolhimento destes. CONCLUSÃO: A atuação fonoaudiológica possibilitou o estabelecimento da via oral nos pacientes broncodisplásicos. Além do trabalho técnico, o acolhimento e escuta aos cuidadores influenciaram no êxito do tratamento, tornando-os agentes do processo. Esta experiência foi enriquecedora no processo de formação das residentes, que puderam participar de todo o percurso de evolução dos pacientes, associando estudos teóricos à prática clínica hospitalar.

1 - LIMA, M. R.O. et al. Influência de fatores maternos e neonatais no desenvolvimento da displasia broncopulmonar. Rev Assoc Med Bras, v. 5, n. 4, p: 398-403, 2011; 2- FRIEDERICH, L, CORSO, A.L, JONES, M.H, Prognóstico pulmonar em prematuros. J.Pediatr. V81,p.79-88, 2005; 3- STEIDL, E.M.S, Repercussão da displasia broncopulmonar sobre a prontidão e performance alimentar de recém-nascidos pré-termo, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2014; 4 - EVANGELISTA, D, OLIVEIRA, A, Transição alimentar em recém-nascidos com displasia broncopulmonar. Rev. CEFAC.Jan-Mar; 11(1):102-109, 2009; 5 - MONTE LF, SILVA, LV, MIYOSHI MH, ROZOV T, Displasia broncopulmonar. J Pediatr; 81(2):99-110, 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
951
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM FÍSTULA FARINGOCUTÂNEA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A fístula faringocutânea é uma complicação cirúrgica comum no indivíduo submetido a laringectomia total. A deglutição de saliva ou líquidos pode produzir pressão elevada na região das suturas operatórias, contribuindo para o surgimento da fístula. O processo prolongado de recuperação nestes casos aumenta o tempo de hospitalização, necessidade potencial de reoperações, acrescenta morbidade, aumenta despesas, pode atrasar a reintrodução da alimentação por via oral e o início do tratamento adjuvante1 quando necessário. A incidência da fístula faringocutânea varia de 3 a 65% dos casos2,3. OBJETIVO: Relatar o caso de um paciente submetido a laringectomia total e que apresentou fístula faringocutânea pós cirurgia. MÉTODO: Estudo aprovado pelo comitê de ética e pesquisa sob parecer 3.109.023. Trata-se de um paciente do sexo masculino, 75 anos, com diagnóstico de carcinoma espinocelular supraglótico, submetido a laringectomia total e esvaziamento cervical do nível II ao IV bilateralmente. Iniciou acompanhamento fonoaudiológico na unidade de internação seis dias após a realização do procedimento cirúrgico. No primeiro atendimento comunicava-se apenas por escrita e utilizava sonda nasoenteral (SNE) exclusiva para alimentação. Orientou-se deglutição de saliva e sobrearticulação. No oitavo dia de internação observou-se o surgimento de fístula faringocutânea à esquerda com drenagem de saliva. Vinte dias após abertura da fístula, optou-se pela realização de gastrostomia (GTT), devido a necessidade de permanecer sem alimentação via oral por tempo prolongado, para adequada nutrição e cicatrização da fístula. Após alta hospitalar foi encaminhado para atendimento ambulatorial. Paciente ainda com cânula de traqueostomia e gastrostomia exclusiva para alimentação. Na avaliação miofuncional orofacial apresentou força e mobilidade de órgãos fonoarticulatórios reduzida, fístula faringocutânea drenando mínima quantidade de secreção, o que inviabilizou a avaliação clínica da deglutição com alimento. Na segunda consulta, a fístula estava completamente fechada possibilitando a realização da avaliação clínica da deglutição com Blue Dye Test modificado, nas consistências pastosa liquidificada, líquido espessado e líquido ralo. Não houve saída de conteúdo corado com todas as consistências testadas nem pela fístula faringocutânea, nem pela traqueostomia. A partir destes achados foi possível liberar dieta via oral na consistência pastosa, complementar a GTT. RESULTADOS: Após três atendimentos ambulatoriais o paciente iniciou com alimentação por via oral exclusiva em todas as consistências, com adequado volume de ingestão diária, sem evidências de surgimento de nova fístula. Ainda permanece com GTT aguardando consulta com médico gastroenterologista para avaliar a retirada. Segue em acompanhamento fonoaudiológico para reabilitação da comunicação através da voz esofágica. CONCLUSÃO: A ocorrência de fístula faringocutânea pode atrasar o processo de reabilitação dos laringectomizados totais. Entretanto, após resolução desta complicação, é possível adequada reabilitação da deglutição, proporcionando segurança alimentar e qualidade de vida para o paciente.

1. Cavalot AL, Gervasio CF, Nazionale G, Albera R, Bussi M, Staffieri A, et al. Pharyngocutaneous fistula as a complication of total laryngectomy: review of the literature and analysis of case records. Otolaryngol Head Neck Surg. 2000;123(5):587-92.

2. Dedivitis RA, Ribeiro KCB, Castro MAF, Nascimento PC. Pharyngocutaneous fistula following total laryngectomy. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2007;27:2-5.

3. Saki N, Nikakhlagh S, Kazemi M. Pharyngocutaneous fistula after laryngectomy: incidence, predisposing factors, and outcome. Arch Iran Med. 2008;11:314-317.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1880
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CASOS DE CIRURGIA BARIÁTRICA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


A obesidade é uma doença considerada crônica pela Organização Mundial de Saúde. É um fenômeno multifatorial que envolve componentes genéticos, comportamentais, psicológicos, sociais, metabólicos e endócrinos, com impactos diretos no desempenho de funções como mastigação, deglutição, respiração e fonação. OBJETIVO: Analisar produção bibliográfica a cerca da intervenção fonoaudiológica indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica. O trabalho do fonoaudiólogo como membro de uma equipe bariátrica ainda é pouco explorado, apesar de evidências de impactos na execução das funções estomatognáticas dos pacientes no momento pós-cirurgia bariátrica. METODOLOGIA: A busca foi efetivada no período entre junho e dezembro de 2019, a partir do cruzamento entre os descritores eleitos. Realizada busca de artigos nas bases de dados eletrônicos Scielo, BVS, Pubmed, Medline e literatura cinzenta através do Google Scholar, sem restrições quanto ao ano de publicação, língua e tipo de estudo. Utilizaram-se os descritores Cirurgia Bariátrica, Bariatric Surgery, Gastroplastia, Gastroplasty, Fonoaudiologia, Speech, Language and Hearing Sciences, Speech Therapy e Speech Pathology, respeitando as particularidades de cada base de dados. Os critérios de inclusão estudos que relacionassem a fonoaudiologia à cirurgia bariátrica, não houve restrição de ano ou idioma. RESULTADOS: Foram encontrados duzentos e trinta e quatro documentos, incluindo artigos, resumos, teses e dissertações. Ao final, treze artigos foram incluídos. Dos estudos eleitos, dois eram relatos de casos, seis estudos transversais, três estudos longitudinais, uma revisão da literatura e um ensaio clínico randomizado. Três estudos são da área de voz, um estudo analisou a respiração, nenhum estudo analisou a atuação fonoaudiológica no sono dessa população, os demais abordaram deglutição e mastigação. O fonoaudiólogo pode atuar no pré-operatório, na avaliação e orientação, assim como no pós-operatório, realizando terapia fonoaudiológica nos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Os achados apontam para necessidade da atuação fonoaudiológica na equipe multidisciplinar, devido às alterações estruturais e funcionais que tanto a obesidade, quanto a cirurgia bariátrica causam nos indivíduos, relacionadas principalmente à mastigação, deglutição, voz, respiração e sono. CONCLUSÃO: A atuação fonoaudiológica é indicada nos momentos pré e pós cirúrgicos, o fonoaudiólogo pode contribuir para minimizar as alterações estruturais e funcionais presentes na obesidade, promovendo melhor qualidade de vida para esta população. Percebe-se a necessidade de publicações com população mais robusta, bem como estudos de melhor evidência científica.

BARROS, L. B. et al. Avaliação dos resultados da cirurgia bariátrica. Rev. Gaúcha Enferm. v.36, 2015.
ROSSI, D. C. et al. Improvement in Food Intolerance Resulting from Roux-En-Y Gastric Bypass after Speech Therapy Intervention in Chewing. Rev. Springer Science, 11 mai, 2019.
SILVA, A. S. G.; TANIGUTE, C. C.; TESSITORE, A. A necessidade da avaliação fonoaudiológica no protocolo de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica. Rev. CEFAC vol.16 nº.5 São Paulo set./out. 2014.
MACHADO, C, C.; CESA, C, C.; SANTOS A, C. O conhecimento dos médicos sobre a atuação fonoaudiológica pré e pós-operatória de gastroplastia em um município do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Pesq. Saúde: 46-55, 2017.
SANTOS A. C.; SILVA C. A. B. Eletromiografia de superfície de músculos masséteres e temporais com percentual de uso durante a mastigação em candidatos à gastroplastia. ABCD Arq Bras Cir Dig. Vol. 29: 48-52, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2117
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CRIANÇAS COM MICROCEFALIA ASSOCIADA AO ZIKA VÍRUS - RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM PROGRAMA DE ESTIMULAÇÃO E REABILITAÇÃO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Em virtude do comprometimento neurológico ocasionado pelas alterações estruturais e funcionais no cérebro de crianças com microcefalia decorrente da infecção gestacional pelo Zika Vírus, esses indivíduos podem apresentar distúrbios globais do desenvolvimento com grande impacto no dinamismo das funções orofaciais, bem como no processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem e da audição. Devido a essas condições e cientes da necessidade da intervenção fonoaudiológica, foi acordado a participação de estagiários do último ano do curso de Fonoaudiologia no Programa de Atenção Integrada à Bebês e Crianças com Microcefalia por Zika Vírus. Objetivo: Descrever a atuação fonoaudiológica em crianças acometidas com microcefalia associada ao Zika Vírus no programa de extensão de um centro universitário na cidade de João Pessoa. Métodos: Relato de experiência descritivo sobre as atividades desempenhadas pelos estagiários de Fonoaudiologia no programa de extensão. Resultado: No total, 10 crianças com diagnóstico médico de microcefalia associada ao Zika Vírus foram submetidas a triagem auditiva, avaliação, estimulação e reabilitação da linguagem e das funções orofaciais (sucção, mastigação e deglutição) entre 2017 e 2018. A triagem auditiva foi realizada através do registro passa-falha das Emissões Otoacústicas Evocadas Transientes, já a avaliação das funções orofaciais deu-se através da aplicação parcial do Exame Miofuncional Orofacial MBGR e do Protocolo de Avaliação da Disfagia Pediátrica (PAD-PED) e, por conseguinte, a avaliação da linguagem foi realizada através do Protocolo de Observação Comportamental (PROC). Mediante aos achados clínicos, alteração do tônus, mobilidade e postura das estruturas oromiofuncionais, hipersensibilidade, reflexo de mordida exacerbado e atraso de linguagem, foram iniciadas a intervenção e através da aplicação de exercícios miofuncionais, crioterapia, termoterapia, manobras de deglutição, aplicação de métodos da Motricidade Orofacial e da Linguagem específicos como bandagem elástica terapêutica e método das boquinhas, estimulação das funções comunicativas e linguagem oral, perdas auditivas, orientações aos pais e acompanhantes, assim como os devidos encaminhamentos. Conclusão: Conclui-se que, a inserção e atuação do acadêmico de Fonoaudiologia na intervenção direta e indireta de crianças com microcefalia em projetos multiprofissionais é de fundamental importância para o desenvolvimento e adaptação das funções orofaciais, para estimulação das habilidades de linguagem e para o encaminhamento das crianças com perdas auditivas.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
943
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM GRUPOS DE PROMOÇÃO DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As ações de promoção de saúde na atenção primária em saúde podem ser realizadas de forma individual e em grupo. Essas ações são mediados por diversos profissionais da área da saúde, sendo fundamental a participação multiprofissional. Um dos profissionais que pode estar presente nessa equipe é o fonoaudiólogo. Sendo assim, as ações em grupos realizadas na atenção primária em saúde com o apoio do profissional de fonoaudiologia, podem envolver o público de todas as idades e gêneros, abordando assuntos de promoção e prevenção à saúde, considerando a necessidade da população. Objetivo: Verificar a possibilidade da atuação fonoaudiológica em grupos de promoção da saúde na atenção primária em saúde, a partir da percepção dos profissionais que compõem o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Metodologia: Estudo do tipo qualitativo, realizado com profissionais que pertenciam a equipe NASF de uma município do Sul do país. No momento em que os questionários foram aplicados, o município estava dividido em cinco distritos sanitários sendo, portanto, contatadas as equipes NASF de cada distrito sanitário. A coleta de dados foi realizada nas reuniões das equipes. A coleta de dados aconteceu por meio de um questionário semiestruturado, após o consentimento em participar da pesquisa. A análise foi realizada por meio da análise de conteúdo, em sua modalidade temática. O projeto seguiu os preceitos éticos vigentes e encontra-se aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem por meio do protocolo 57795116.1.0000.0121. Resultados: Esta pesquisa contou com a participação de 39 profissionais, com média etária de 31,41 anos (dp=15,05), variando entre 23 e 54 anos de idade. Após análise das respostas apresentadas pelos profissionais, constatou-se que a contribuição do fonoaudiólogo pode acontecer em diversas ações de promoção de saúde realizadas na atenção primária em saúde, como por exemplo em ações realizadas em grupos abrangendo todos os ciclos de vida, do nascimento até a senescência. Entre todos os grupos mencionados pelos entrevistados, os mais citados foram: atividade física referido por 28,23%, antitabagismo e grupo de hábitos saudáveis citados por 9,68% dos profissionais, respectivamente, e grupo de diabéticos, citado por 8,87%. Os grupos menos citados foram de fisioterapia e vacinação. O fonoaudiológico poderia estar presente em todas os grupos de promoção de saúde supracitados, porém, no momentos da pesquisa o profissional fonoaudiólogo não compõe o quadro de profissionais da equipe NASF. Conclusão: A partir dos dados coletados neste estudo, observa-se a necessidade da inclusão de discussões sobre o dimensionamento da contribuição do profissional de fonoaudiologia nas ações realizadas em grupo pelos profissionais da atenção primária em saúde. Essas discussões devem ser aprofundadas a fim de sensibilizar sobre a atenção às necessidades da população, visto que existem diversas ações de promoção de saúde que podem ser realizadas com a contribuição do profissional de fonoaudiologia junto às demais equipes e profissionais pertencentes à rede.

Referências:
1 - Menezes KKP, Avelino PR. Grupos operativos na Atenção primária à Saúde como prática de discussão e educação: uma revisão. Cad. Saúde Colet, 2016;24(1):124-30
2 - Nascimento CL, Nakamura HY. Fonoaudiologia no Sistema Único de Saúde do Estado de São Paulo. Rev Distúrb Comum. 2018; 30(1): 179-85.
3 - Viégas LHT, et al. Fonoaudiologia na Atenção Básica no Brasil: análise da oferta e estimativa do déficit, 2005-2015, Revista CEFAC, v.20, n.3, p.353-362, 2018


TRABALHOS CIENTÍFICOS
145
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES COM ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA NÃO PROGRESSIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
54100313


Introdução: A Encefalopatia Crônica da Infância Não Progressiva (ECINP) é um termo utilizado quando ocorre uma lesão não progressiva no cérebro quando ainda está em desenvolvimento no período pré-natal ou pós-natal, podendo ocorrer aproximadamente até os dois anos de idade e é causada por diferentes fatores como mal formações congênitas, infecções ou doenças. A ECINP causa no indivíduo disfunções motoras e sensoriais em relação à postura, tônus muscular e no movimento, podendo afetar a comunicação da criança. Desse modo, percebe-se a importância da atuação fonoaudiológica, visto que a comunicação é um dos principais meio de interação em que o indivíduo pode realizar com o meio. Objetivo: Compreender a importância do fonoaudiólogo numa equipe multiprofissional para uma melhor qualidade de vida ao paciente com ECINP. Ademais, obter conhecimento dessa área no ramo científico, a fim de informar aos demais profissionais a contribuição da fonoaudiologia nos primeiros anos de vida dos pacientes com ECINP, em relação à expressão da linguagem e as habilidades de interação do indivíduo. Método: Trata-se de uma revisão de literatura com bases de dados do google acadêmico, revistas científicas e livros acadêmicos, compreendendo o período entre 1997-2020. A busca foi restrita no idioma português e foram utilizados os seguintes descritores: linguagem, intervenção, encefalopatia e fonoaudiologia. Resultados: Em primeiro lugar, os seres humanos adquirem a linguagem na primeira infância, visto que a neuroplasticidade nessa fase tem um papel fundamental, pois as conexões neurais formadas afetam positivamente o desenvolvimento sensorial, cognitivo e motor, com o objetivo de facilitar o aprendizado e as habilidades de interação do indivíduo. Entretanto, nos pacientes com ECINP, a aquisição da linguagem é prejudicada, principalmente, na capacidade de expressão da linguagem, articulação e fonação. Por isso, a atuação fonoaudiológica é essencial para o desenvolvimento da linguagem da criança, além de ser uma intervenção precoce e interdisciplinar. Conclusão: O fonoaudiólogo precisa visar à postura corporal do paciente e o comportamento motor, pois influencia diretamente na linguagem. Ademais, as terapias fonoaudiológicas precisam estar voltadas para as habilidades cognitivas e sociais do sujeito, através de atividades lúdicas, com o objetivo de estimular novas experiências, melhorando as interações do paciente e a sua capacidade motora e sensitiva.

PEREIRA DE SÁ, Florele Maria. Distúrbios de linguagem em pacientes com encefalopatia crônica não progressiva. GOOGLE ACADÊMICO, 2006. Disponível em: Acesso em: 17 de jun. de 2020.

CASAES, Cristina Souza; LIMA, Izabella Palhete; GOUVÊA. Encefalopatia crônica da infância. Vol.5. ed. Rio de Janeiro: Ciência Atual, 2015.

César CPHAR, Guedes-Granzotti RB, Silva K, Dornelas R, Pellicani A, Sordi C, Domenis DR. Atuação fonoaudiológica na Paralisia Cerebral. In: Sordi C, Nahsan FPS, Paranhos LR. Coletâneas em saúde. São José dos Pinhais: Editora Plena; 2015. 2v. p. 47-64.

OLIVEIRA, Gisele Aparecida. ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA: buscando linguagem até vinte quatro meses. GOOGLE ACADÊMICO, 2018. Disponível em: < http://www.uniflu.edu.br/arquivos/encefalopatia.pdf >. Acesso em: 17 de jun. 2020.

DENUCCI, Moniki Aguiar; SOUZA, Carlos Henrique. A linguagem na criança com encefalopatia crônica na infância. Revista Philologus, n. 75. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2019.

KANDEL E.R, SCHWARTZ J.H, JESSEL T.M. Fundamentos da neurociência e do comportamento. Rio de Janeiro, Guanabara; 1997. p. 63-69.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
773
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES COM ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA NÃO PROGRESSIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
54100313


Introdução: A Encefalopatia Crônica da Infância Não Progressiva (ECINP) é um termo utilizado quando ocorre uma lesão não progressiva no cérebro quando ainda está em desenvolvimento no período pré-natal ou pós-natal, podendo ocorrer aproximadamente até os dois anos de idade, causada por diferentes fatores como mal formações congênitas, infecções ou doenças(1). A ECINP causa no indivíduo disfunções motoras e sensoriais em relação à postura, tônus muscular e no movimento, podendo afetar a comunicação da criança(2). Desse modo, percebe-se a importância da atuação fonoaudiológica, visto que a comunicação é um dos principais meio de interação em que o indivíduo pode realizar com o meio. Objetivo: Compreender a importância do fonoaudiólogo numa equipe multiprofissional para uma melhor qualidade de vida ao paciente com ECINP. Ademais, obter conhecimento dessa área no ramo científico, a fim de informar aos demais profissionais a contribuição da fonoaudiologia nos primeiros anos de vida dos pacientes, em relação à expressão da linguagem e as habilidades de interação do indivíduo. Método: Trata-se de uma revisão de literatura com bases de dados do google acadêmico, revistas científicas e livros acadêmicos, compreendendo o período entre 1997-2020. A busca foi restrita no idioma português e foram utilizados os seguintes descritores: linguagem, intervenção, encefalopatia e fonoaudiologia. Resultados: Em primeiro lugar, os seres humanos adquirem a linguagem na primeira infância, visto que a neuroplasticidade nessa fase tem um papel fundamental, pois as conexões neurais formadas afetam positivamente o desenvolvimento sensorial, cognitivo e motor, facilitando o aprendizado e as habilidades de interação do indivíduo(3,6). Entretanto, nos pacientes com ECINP, a aquisição da linguagem é prejudicada, principalmente, na capacidade de expressão da linguagem, articulação e fonação(4). Por isso, a atuação fonoaudiológica é essencial para o desenvolvimento da linguagem da criança e deve ser uma intervenção precoce e interdisciplinar(5). Conclusão: O fonoaudiólogo precisa visar à postura corporal do paciente e o comportamento motor, pois influencia diretamente na linguagem. Ademais, as terapias precisam estar voltadas para as habilidades cognitivas e sociais, através de atividades lúdicas, com o objetivo de estimular novas experiências, melhorando as interações do paciente e a sua capacidade motora e sensitiva.

1. PEREIRA DE SÁ, Florele Maria. Distúrbios de linguagem em pacientes com encefalopatia crônica não progressiva. GOOGLE ACADÊMICO, 2006. Disponível em: Acesso em: 17 de jun. de 2020.
2. CASAES, Cristina Souza; LIMA, Izabella Palhete; GOUVÊA. Encefalopatia crônica da infância. Vol.5. ed. Rio de Janeiro: Ciência Atual, 2015.
3. César CPHAR, Guedes-Granzotti RB, Silva K, Dornelas R, Pellicani A, Sordi C, Domenis DR. Atuação fonoaudiológica na Paralisia Cerebral. In: Sordi C, Nahsan FPS, Paranhos LR. Coletâneas em saúde. São José dos Pinhais: Editora Plena; 2015. 2v. p. 47-64.
4. OLIVEIRA, Gisele Aparecida. ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA: buscando linguagem até vinte quatro meses. GOOGLE ACADÊMICO, 2018. Disponível em: < http://www.uniflu.edu.br/arquivos/encefalopatia.pdf >. Acesso em: 17 de jun. 2020.
5. DENUCCI, Moniki Aguiar; SOUZA, Carlos Henrique. A linguagem na criança com encefalopatia crônica na infância. Revista Philologus, n. 75. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2019.
6. KANDEL E.R, SCHWARTZ J.H, JESSEL T.M. Fundamentos da neurociência e do comportamento. Rio de Janeiro, Guanabara; 1997. p. 63-69.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
266
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS
Práticas fonoaudiológicas
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O professor, dentre os profissionais da voz, é o mais pesquisado na Fonoaudiologia, com registro de estudos, que vão desde a avaliação da voz, ao estabelecer prevalência de distúrbios vocais nessa classe profissional, até as relações entre voz do professor e trabalho docente. Tais distúrbios são decorrentes de uma demanda vocal intensa, em condições adversas, ruídos, poeira, entre outros. Vários estudos demonstram que os professores utilizam a voz de forma incorreta, fato que explica a ocorrência de alterações vocais nos professores, na maioria das vezes, o uso excessivo e com intensidade elevada para sobrepor os ruídos do ambiente, oriundos de dentro ou de fora da sala de aula. OBJETIVO: Elaborar um projeto voltado a prevenção e promoção de saúde vocal do profissional professor, através de práticas fonoaudiológicas. MÉTODOS: Foi proposta a realização de entrevistas iniciais para verificação de possíveis queixas relacionadas a voz do profissional do professor. Em seguida foi realizado um estudo para orientações sobre cuidados com a voz, a higiene vocal, palestras motivacionais, trabalhos de triagens fonoaudiológica envolvendo outras queixas que poderiam ser relatadas diante do público alvo, os professores. No final foram escolhidos exercícios vocais, fonoarticulatório, exercícios de respiração e relaxamento cervical com o intuito de promover melhores cuidados em relação a prevenção da saúde da vocal. RESULTADOS: Foi realizado um projeto de prevenção e promoção de saúde diante das principais queixas dos professores de uma instituição particular. A conscientização será embasada nos cuidados necessários e observados pelo grupo de profissionais qualificados. Com esse modelo de projeto prevê-se a melhora na dicção e qualidade na voz do professor bem como o controle da emissão vocal de igualdade tímbrica, de dicção, de fraseado e apoio a função de sustentação da voz. Através de orientações podemos possibilitar a promoção da saúde, com intuito de prevenir problemas futuros com a saúde da voz desses professores. Além disso, é de suma importância que faça parte desse programa as atividades e palestras com esclarecimentos sobre os cuidados com a saúde da voz. CONCLUSÃO: Conclui-se que com o projeto podemos realizar de forma adequada a prevenção e a promoção de saúde vocal desses profissionais diante dos devidos cuidados, principalmente no sentido de que instrumento de trabalho do professor a voz e conscientização é de suma importância.

1. Dragone MLS, Ferreira LP, Giannini SPP, Simões-Zenari M, Vieira VP, Behlau M. Voz do professor: uma revisão de 15 anos de contribuição fonoaudiológica. RevSocBrasFonoaudiol. 2010; 15(2): 289-96.
2. Simões-Zenari M., Bitar ML, Nemr NK. Efeito do ruído na voz de educadoras de instituições de educação infantil. Rev Saúde Pública. 2012; 46(4): 657-64.
3. Giannini SPP, Ferreira LP. Distúrbio de voz e estresse no trabalho docente: um estudo caso-controle. Cad. Saúde Pública. 2012; 28(11): 2115-24
4. Bezerra MP, Giannini SPP, Batarelli R, Ferreira LP. Voz e trabalho: estudo dos condicionantes das mudanças a partir do discurso de docentes. Saúde e Sociedade. 2014; 23(3): 966-78.
5. Pizolato RA, Rehder MIBC, Dias CTS, Maneghim MC, Ambrosano GMBA, Mialhe FL. EvaluationoftheEffectivenessof a Voice Training Program for teachers. J Voice. 2013; 25(5): 603-10.
6. Pizolato RA, Rehder MIBC, Dias CTS, Maneghim MC, Ambrosano GMBA, Mialhe FL. Impactonqualityoflife in teachersaftereducationalactions for preventionof voice disorders: a longitudinal study. Health Qual Life Outcomes. 2013; 11: 28.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1289
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM SAÚDE COLETIVA: REFLEXÕES A PARTIR DA FORMAÇÃO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A formação em saúde no Brasil tem sido alvo de discussões e problematizações há algum tempo. Na Fonoaudiologia, especificamente, é possível observar a mesma realidade. A formação tradicionalmente baseada em práticas individuais e com caráter curativo, parece não estar sendo suficiente para dar conta das reais necessidades da população e do sistema de saúde brasileiro, e por isso, dificultando a inserção, permanência e reconhecimento do fonoaudiólogo em cenários de pratica que exigem, por suas especificidades, uma atuação mais abrangente e contextualizada, como é o caso da saúde coletiva(1,2,3). Objetivo: discutir a formação do fonoaudiólogo para atuação na atenção primária à saúde. Metodologia: Pesquisa documental realizada a partir da análise das matrizes curriculares dos cursos de Fonoaudiologia de Instituições de Ensino Superior da 4ª região do Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia (CFFa). Foi realizada uma análise descritiva da quantidade de disciplinas e carga horaria dedicada às mesmas, bem como suas ementas. Resultados: Verificou-se que na área de abrangência da 4ª Região do CFFA – n4ª região existem 14 instituições de ensino superior que oferecem graduação em Fonoaudiologia, sendo que 1 delas não está em funcionamento. Portanto, os dados aqui apresentados dizem respeito a 13 IES situadas na área mencionada. Dessas, cinco instituições não apresentam em seus sites a matriz curricular do curso de Fonoaudiologia disponível para consulta. Foi constatado que em 10 IES (76,92%), a carga horaria destinada às disciplinas de Saúde Coletiva representavam menos de 10% da carga horaria total do curso de Fonoaudiologia. Em nove instituições (69,23%) predominam disciplinas teóricas. A Atenção Primária à Saúde é o cenário exclusivo da maioria das vivências práticas em disciplinas (66%) e estágios supervisionados (52,6%) realizados durante a formação. Conclusão: As informações encontradas na mesma direção outros estudos da área, apontando para a necessidade aumento quantitativo e qualitativo das vivências relacionadas à Saúde Coletiva na formação em Fonoaudiologia, entendendo que as mesmas podem significar possibilidades de mudanças nas praticas profissionais(4). Nesse sentido, entende-se que na formação inicial do Fonoaudiólogo, o SUS não deve ser reduzido apenas aos seus aspectos teóricos e legais, e sim abordado e vivenciado de forma significativa durante sua graduação(5). Portanto, julga-se necessário também rever e ressignificar as práticas e formação em Fonoaudiologia, partindo de mudanças nas diretrizes curriculares da graduação, passando pela reformulação das competências e habilidades dos estudantes a fim de que a saúde seja entendida e vivenciada, desde a formação, de maneira mais abrangente e eficaz.

1. Limeira RRT, Silva SM, Figueiredo SC, Castro RD, Oliveira LF, Oliveira MIF. Estágio em Saúde Coletiva: Formação em Fonoaudiologia. Rev Ciência Plural. 2018; 3(3):93-110.

2. Costa LS, Gadelha CAG, Borges TR, Burd P, Maldonado J, Vargas M. A dinâmica inovativa para a reestruturação dos serviços de saúde. Rev de Saúde Pública. 2012; 46(Supl):76-82.

3. Costa LS, Alcântara LM, Alves RS, Lopes AMC, Silva AO, Sá LD. A prática do fonoaudiólogo nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família em municípios paraibanos. CoDAS. 2013; 25(4):381-7.

4. Moreira MD, Mota HB. Os caminhos da Fonoaudiologia no Sistema Único de Saúde – SUS. Rev. CEFAC. 2009; 11(3):516-521.

5. Barreto SS, Castro L. Formação e práticas em saúde de fonoaudiólogos inseridos em serviços públicos de saúde. ciência & saúde coletiva. 2011; 16 (1): 201-210.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1179
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM SELETIVIDADE ALIMENTAR NO TRANSTORNO DE ESPECTO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Indivíduos com transtorno do espectro do autismo (TEA) podem apresentar ingestão restrita relacionada a seletividade alimentar (SA). O Fonoaudiólogo pode contribuir na reabilitação de alterações dos órgãos e funções do sistema estomatognático. Objetivo: Analisar e sintetizar as evidências sobre as características da SA em indivíduos com TEA e a atuação Fonoaudiológica. Método: Trata-se de uma revisão sistemática conduzida em nove bases de dados (PubMed Central, PubMed, Lilacs, SciELO, ScienceDirect, Web of Science, Scopus, Embase e speechBITE). A estratégia de busca foi adaptada para cada base de dados, incluindo descritores e palavras-chave que descrevem o TEA, SA e Fonoaudiologia. A seleção e extração de dados foi realizada de forma pareada e independente, por meio da leitura do título/resumo e posterior leitura na íntegra, seguindo os critérios de elegibilidade: incluídos estudos que relataram a SA em indivíduos com TEA, de ambos os sexos e sem restrição de idade, bem como a participação ou não da atuação fonoaudiológica. Não houve restrição de período de publicação e idioma. Revisões de literatura, dissertações, capítulos de livros e editoriais foram excluídos. Os Níveis de Evidência de Oxford foram utilizados para classificar a o rigor metodológico dos estudos (Howick, 2009). Foram coletadas as seguintes informações: identificação, delineamento, amostra, características sobre a SA e possível atuação fonoaudiológica. Os dados foram sintetizados utilizando medidas descritivas e quantitativas. Resultados: No total, 23 estudos, de nível de evidência predominante 2B (45%) foram incluídos, em maior parte publicados nos anos de 2015 e 2018. Os Estados Unidos produziram 61% dos estudos achados. Os delineamentos foram variados, com maior ocorrência de estudos transversais (39%) e relato de caso (35%). As idades da amostra variaram entre 2 a 28 anos, prevalecendo crianças do sexo masculino. Quanto as características da SA no TEA encontrou-se dificuldades relacionadas a motricidade oral e processamento sensorial. Em relação a motricidade oral, dificuldades na mastigação foi mais relatada (34,7%), seguido de lateralização da língua (4,37%), atraso motor oral (4,37%) e alteração motora fina e grossa (4,37%). Em relação ao processamento sensorial, a textura foi predominante (73,9%), seguido de cheiro (26,0%), temperatura (21,7%), sabor (17,3%), marca (13,0%), forma (8,69%), cor (8,69%) tipo de alimento (8,69) hipersensibilidade oral (8,69%), mistura (4,34%), necessidade de utensílios (4,34%), quantidade (4,34%) e som (4,34%). Outras dificuldades também foram relatadas, tais como: disfagia (17,3%), neofobia (13,0%), recusa (13,0%) comportamentos problemáticos (13,0%), embalar alimentos (8,69%), vômito (4,34%), distúrbios nutricionais (4,34%), rigidez cognitiva (4,34%) e baixa ingestão de frutas e vegetais (4,34%). Evidenciou-se que a maioria dos estudos (61%) não relataram a participação do Fonoaudiólogo. Contudo, nos demais ela ocorreu na forma de intervenção (26%), avaliação (9%) e diagnóstico (4%). Apenas 22% dos estudos mencionaram a importância da atuação fonoaudiológica. CONCLUSÃO: As características da SA em indivíduos com TEA se concentram em dificuldades relacionadas a motricidade oral e processamento sensorial. Embora, a atuação do Fonoaudiólogo tenha sido restrita e poucos estudos mencionem sua importância, esses achados apontam para necessidade de maior apropriação profissional nesse campo.


OLIVEIRA, Pâmela Lima de et al. Processamento sensorial e alimentação em crianças com desenvolvimento típico e com transtorno do espectro autista. 2019.

MELCHIOR, Amanda Francesquet et al. Análise comparativa das funções de deglutição e mastigação em crianças de 3 a 9 anos com autismo e com desenvolvimento típico. Distúrbios da Comunicação, v. 31, n. 4, p. 585-596, 2019.

POSTORINO, Valentina et al. Clinical differences in children with autism spectrum disorder with and without food selectivity. Appetite, v. 92, p. 126-132, 2015.

KUSCHNER, Emily S. et al. A preliminary study of self-reported food selectivity in adolescents and young adults with autism spectrum disorder. Research in autism spectrum disorders, v. 15, p. 53-59, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1392
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UM CASO RARO DE ESTESIONEUROBLASTOMA ASSOCIADO À SÍNDROME DE CUSHING: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O estesioneuroblastoma é um tumor neuroectodérmico raro que manifesta-se na porção superior da cavidade nasal, compreendendo cerca de 2% de todos os tumores do trato sinonasal. Já a síndrome de Cushing é uma manifestação paraneoplásica, que desenvolve-se devido à exposição crônica à níveis elevados de cortisol, geralmente, em virtude dos tumores produtores do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Ambas as condições clínicas e seus tratamentos podem acarretar em alterações fonoaudiológicas, que incluem disfagia orofaríngea, alterações vocais, distúrbio adquirido de linguagem e hipoacusia. Objetivo: Relatar as alterações e contribuições fonoaudiológicas em um caso raro de Estesioneuroblastoma associado à complicações da Síndrome de Cushing. Apresentação do caso: Este estudo está sob aprovação do comitê de ética e pesquisa 08967118.0.0000.5342. Paciente sexo masculino, 30 anos. Histórico de internação prolongada com múltiplas comorbidades devido ao diagnóstico de estesioneuroblastoma e síndrome paraneoplásica associada. Após apresentar rebaixamento do sensório, manteve alimentação exclusiva por gastrostomia devido obstrução nasal por massa tumoral e necessidade de traqueostomia devido impossibilidade de intubação orotraqueal decorrente do trismo durante a terapia intensiva. Na avaliação fonoaudiológica os achados evidenciaram redução de força e mobilidade das estruturas orofaríngeas, trismo acentuado, incoordenação pneumofonoarticulatória, emissão vocal presente à oclusão digital de traqueostomia com característica predominantemente rouco-soprosa e de baixa intensidade, dificuldades na comunicação devido ao distúrbio de linguagem adquirido e diminuição da acuidade auditiva por fatores condutivos e cocleares. Após avaliação, iniciou-se o processo de fonoterapia que visou reabilitação das funções do sistema estomatognático, linguagem e audição. A frequência dos atendimentos foram conforme disposição do paciente e rotina hospitalar. Em terapia, foram propostos exercícios mioterápicos para restabelecer a mobilidade e motricidade das estruturas, objetivando adequar funções orofaciais. Na reabilitação da disfagia, além da terapia miofuncional, foi reintroduzida a dieta por via oral com volumes progressivos de alimentos associados à manobras facilitadoras. A terapia vocal envolveu técnicas com sons facilitadores e coaptação glótica, oclusão gradual da traqueostomia, favorecendo o processo de decanulação e coordenação pneumofonoarticulatória. Com intuito de favorecer à comunicação, estratégias alternativas e orientações foram instituídas ao paciente, familiares e equipe de saúde. Atualmente, paciente encontra-se em alta hospitalar, porém aguarda estabilidade clínica para iniciar tratamento oncológico. Portanto, será necessário manter monitoramento fonoaudiológico pois com a terapia antineoplásica poderão surgir novas alterações nas funções estomatognáticas. Conclusão: As contribuições fonoaudiológicas em tumores como estesioneuroblastomas associados à síndrome de cushing ainda não foram descritas pela literatura. Entretanto, neste caso foi possível promover uma reabilitação segura e precoce das funções estomatognáticas que favoreceu a comunicação com familiares e equipe de saúde, contribuindo para seu autocuidado e qualidade de vida durante o exaustivo processo de tratamento.


1. Fiani, B, Quadri, SA, Cathel, A, Farooqui M, R, Ramachandran, A, Siddiqi, I, et al. . Estesioneuroblastoma : uma revisão abrangente do diagnóstico, tratamento e opções de tratamento atuais. Word Neurosurgery. [Online] 2019 ; 126 (1016) : 194-211.
2. Abdelmeguid, AS. Neuroblastoma olfativo. Curr Oncol Rep. [Online] 2018 ; 20 (7) : 1-7.
3. Castro, MA, Garcia, NP, Pardo, JA, Alvarez, CI, Grao, LA, García JE. Síndrome ectópica de Cushing: relato de 9 casos. Endocrinología, Diabetes y Nutrición. [Online] 2018; 65 (5): 255-264.
4. Vargas, M.L, Costa, C.V. Prevalencia, etiología y cuadro clínico del síndrome de Cushing. Endocrinología y Nutrición. [Online] 2009;56(1): 32-39.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
957
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS DE UM COMPLEXO HOSPITALAR DO SUL DO PAÍS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Os cuidados paliativos buscam garantir uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e de seus familiares, na presença de problemas associados a doenças que ameaçam a vida. Este trabalho é realizado mediante prevenção e alívio de sofrimento através de detecção precoce e tratamento de dor ou outros problemas físicos, psicológicos, sociais e espirituais, estendendo-se inclusive à fase de luto. O ideal é que o serviço de assistência da equipe de cuidados paliativos seja oferecido o mais cedo possível no curso de qualquer doença crônica ameaçadora da vida. Visando uma condução terapêutica adequada é fundamental o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, na qual a fonoaudiologia se enquadra. OBJETIVO: Relatar a experiência da atuação fonoaudiológica junto a equipe de cuidados paliativos em um complexo hospitalar do sul do país. MÉTODO: A Equipe de Cuidados Paliativos tem um caráter multiprofissional, contando com a participação de médicos, assistente social, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, e assistente espiritual para realizar seus atendimentos. Cada especialidade soma aos atendimentos contribuindo com seu conhecimento específico. O fonoaudiólogo atua, principalmente, com enfoque em avaliações, reabilitações e/ou adaptações de estruturas e funções do sistema estomatognático, relacionadas, sobretudo, a comunicação e a alimentação, baseando-se sempre no quadro clínico do paciente. Por vezes, a conduta fonoaudiológica visa auxiliar na adequação da dieta via oral para conforto e na manutenção da comunicação entre o paciente, sua equipe e seus familiares. As consultas são realizadas em conjunto com as demais especialidades da equipe, tanto a beira do leito quanto em atendimentos ambulatoriais. O fonoaudiólogo acompanha o paciente e sua família desde o acolhimento (processo de diagnóstico, prognóstico, formação de plano terapêutico) e durante todo o período de atendimento pela equipe e/ou ao processo de luto da família, no caso de óbito do paciente. Ademais, o fonoaudiólogo participa ainda, de formações complementares, como aulas de abordagens paliativistas e oficina de comunicação de más notícias. RESULTADOS: A inserção do fonoaudiólogo em uma equipe de cuidados paliativos oportuniza a ampliação do olhar terapêutico no atendimento ao paciente, por meio de uma conduta empática, acolhendo a ele e a família em todos os momentos deste processo. Ademais, uma das condições para o êxito do cuidado paliativista é a comunicação efetiva e eficaz entre essa equipe multidisciplinar, pacientes e seus cuidadores, atentando para os desafios demandados por cada caso. CONCLUSÃO: Através desta vivência, o profissional fonoaudiólogo amplia seus horizontes passando a acolher de maneira mais afetuosa e solidária os seus pacientes. Além disso, a troca de conhecimentos com os demais membros da equipe torna os atendimentos melhores e mais integrados, concretiza os conhecimentos adquiridos e contribui para a formação profissional de excelência.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
626
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: De acordo com a Organização Mundial da Saúde, Cuidados Paliativos são um conjunto de abordagens com o intuito de manter qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a vida, através de prevenção e alívio do sofrimento1. A equipe de cuidados paliativos (ECP) deve ser multidisciplinar, sendo o fonoaudiólogo necessário principalmente por abordar questões de comunicação e segurança na alimentação 2,3. Objetivo: Descrever a atuação fonoaudiológica em uma equipe de cuidados paliativos junto a um paciente hospitalizado. Método: Estudo do tipo relato de caso descritivo, de caráter narrativo e reflexivo, aprovado pelo Comitê de Ética da instituição com parecer 3752395. Os dados foram obtidos no decorrer dos atendimentos e prontuário da instituição. Resultados: Paciente sexo masculino, 55 anos, etilista e usuário de drogas ilícitas de longa data em crise de abstinência teve queda da própria altura evoluindo com convulsões sendo esse o motivo da internação. Durante internação além do diagnóstico de atrofia cerebral difusa evoluiu com Acidente Vascular Encefálico (AVC) e Parada Cardiorrespiratória (PCR), intubação prolongada com posterior realização de traqueostomia. Pouco responsivo, encaminhado para avaliação da ECP após mais de três meses de internação e poucas respostas aos tratamentos propostos. Seguiu protocolo da ECP com avaliação pela médica paliativista com posterior avaliação integrada multidisciplinar sendo elegível para acompanhamento. Foi realizada conferência familiar com o objetivo de aproximar a família da equipe, eleger o “familiar referência” e discutir juntos um planejamento terapêutico visando alta hospitalar para acompanhamento domiciliar, mesmo com dispositivos como traqueostomia e sonda nasoentérica (SNE) que no momento era o que “segurava” a alta dele segundo equipe da enfermaria. Sobre a atuação fonoaudiológica, realizada avaliação clínica da deglutição, com avaliação das estruturas orofaciais e realização de “Blue Dye Test” com presença de saliva corada, dificuldade no gerenciamento de saliva e secreções e quanto a linguagem, paciente com alterações importantes na compreensão verbal e pouca intenção comunicativa com alguns gestos. As condutas discutidas foram: autorização para que o familiar permanecesse como acompanhante, para aprendizagem do manejo, medidas de gerenciamento de saliva e secreções como forma de evitar broncoaspiração, questionamento quanto a via alternativa atual ou de longa permanência já que outras medidas invasivas seriam evitadas e introdução de comunicação alternativa. Após 128 dias de internação, finalizado último ciclo de antibioticoterapia paciente teve alta, sendo a mesma discutida entre ECP e Equipe Melhor Em Casa (EMC), a qual assumiria o paciente. Paciente ainda traqueostomizado, alterações cognitivas, porém com melhora da intenção comunicativa, e desejo de se alimentar. Questionamentos a serem melhor discutidos pela nova equipe foram: progressão com alguma dieta de conforto e evolução para gastrostomia, não realizada no Hospital Universitário. Conclusão: A equipe de cuidados paliativos se faz cada vez mais necessária na instituição hospitalar, tendo o fonoaudiólogo um papel importante principalmente no que diz respeito a avaliar a segurança quanto a alimentação via oral, cabendo a equipe discutir aspectos que envolvem via de alimentação segura, qualidade de vida e desejo do paciente e familiares.

1- WHO: World Health Organization. WHO definition of palliative care [Internet]. Genebra: WHO; 2019. Disponível em https://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/
2- Cardoso DH, Muniz RM, Schwartz E, Arrieira ICO. Cuidados paliativos na assistência hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional. Texto Contexto Enferm. 2013;22(4):1134-41.
3- Calheiros AS, Albuquerque CL. A vivência da fonoaudiologia na equipe de cuidados paliativos de um Hospital Universitário do Rio de Janeiro. Rev Hosp Univ Pedro Ernesto. 2012;11(2):94-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
633
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA PARA SÍNDROMES GRIPAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O cenário de pandemia encontrado na sociedade, atualmente, transforma o trabalho em saúde pois exige novos procedimentos e rotina. Várias limitações foram impostas e estas demandam um profissional com um diferencial para continuar o cuidado em saúde de maneira eficaz. Para o fonoaudiólogo, inserido na atenção básica, houve mudanças no seu local de trabalho, cancelamento dos atendimentos presenciais e alteração no gerenciamento das demandas fonoaudiológicas. OBJETIVO: Descrever a atuação do fonoaudiólogo dentro de uma unidade básica de saúde (UBS) referência para síndromes gripais. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência de natureza qualitativa. Para descrição das atividades, estas foram classificadas como: de atuação específica ou de atuação comum a todos profissionais de saúde. RESULTADOS: Foi elaborado um fluxograma visando a organização da demanda fonoaudiológica durante a pandemia direcionado, principalmente, aos Agentes Comunitários em Saúde (ACS), pois por meio deles é possível estabelecer uma comunicação entre o território e o profissional. Todos os ACS’s receberam capacitação sobre o fluxograma/gerenciamento do serviço fonoaudiológico. Foi proposto que ao surgimento de algum caso, seria realizada uma triagem por meio de um formulário online ou visita domiciliar adaptada. A partir da triagem ou visita, propõe-se a seleção da ferramenta a ser utilizada para prestar um serviço de orientação o mais efetivo possível como: o uso de aplicativos de comunicação, vídeos, chamadas virtuais, tabelas, figuras, entre outros, e seguir com os possíveis encaminhamentos. Na atuação multiprofissional, comum a todos os profissionais da UBS, foram organizadas capacitações para a apresentação de normativas e POP’s (Protocolo Operacional Padrão) para orientar a paramentação e desparamentação, descarte de equipamentos de proteção individual e higienização correta das mãos, visto que esses procedimentos auxiliam na diminuição do risco de contaminação. Dentro desse mesmo âmbito, o trabalho do fonoaudiólogo também aconteceu por meio do apoio nas campanhas de vacinação contra a influenza, realização de testes rápidos, orientações no território sobre as modificações no serviço público de saúde e sobre os hábitos diários de prevenção, auxílio na gestão local criando estratégias para os ACS’s suprirem a meta de cadastro para cada equipe de saúde da família, como elaboração de formulário eletrônico contendo os dados necessários para o cadastro, evitando assim o contato físico. CONCLUSÃO: Com a análise da atuação do fonoaudiólogo dentro da atenção básica em um cenário de pandemia, percebe-se que a situação exige que o profissional tenha conhecimentos científicos e técnicos básicos comuns para todas as áreas da saúde e que esteja disponível para reinventar-se dentro das circunstâncias encontradas no trabalho. Reforça-se ainda mais a necessidade de os cursos de graduação adequarem suas grades curriculares para que tenham mais espaço para o aluno desenvolver competências gerais, contribuindo assim para o serviço amplo e generalista que o sistema único de saúde exige.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1056
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia neonatal é definida como um padrão de deglutição prejudicado, o desenvolvimento das habilidades para sucção nutritiva dependem da organização do sistema estomatognático que pode estar alterado em bebês que tiveram nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, anomalias congênitas, asfixia perinatal, categorias pós-cirúrgicas dentre outras, e que por consequência são internados em Unidade de Terapia intensiva (UTI). Assim, o manejo de estratégias de reabilitação são de suma importância para garantir a efetividade alimentar bem como a diminuição de hospitalização destes RNs. Objetivo: Buscar na literatura artigos que relatam sobre o manejo do profissional fonoaudiólogo no tratamento da disfagia em unidades de terapia intensiva neonatal. Métodos: Este estudo é uma revisão integrativa que usou os descritores dysphagia AND newborn AND neonatal intensive care unit AND speech therapy AND dysphagia nas bases de dados: Pubmed, Lilacs e Medline, nos últimos 10 anos (2010 - 2020). Dois investigadores participaram do processo de seleção dos artigos. Foram selecionados quatro artigos da base de dados Pubmed, um do Lilacs e zero no Medline, foram excluídos resumos, apresentação de pôsteres, apresentação oral e anais. Resultados: Todos os 5 artigos encontrados relatavam sobre diferentes olhares ao neonato disfágico, mas nem todos contemplaram o objetivo de nosso estudo, relatamos aqui os pontos importantes que levam a discussões sobre o tema e a participação do profissional fonoaudiológico. Encontrou-se uma revisão completa e bem colocada sobre o tema, que de forma geral apontou quesitos importantes do cuidado do bebê de alto risco, outro artigo falava sobre a evolução alimentar em bebês prematuros, o terceiro artigo focou na atuação do terapeuta ocupacional na identificação de bebês que aspiravam, mas também abriu espaço para discussão sobre atuação multidisciplinar, e os dois últimos artigos contemplaram abordagens terapêuticas que estão relacionadas ao trabalho fonoaudiológico da avaliação á identificação de sintomas e sinais como atraso na sucção, ausência de ritmo e movimento lingual, extração insuficiente de bolo, regurgitação nasofaríngea, início tardio da deglutição faríngea, aspiração silenciosa, engasgos, irritabilidade dentre outros. Os sintomas e sinais observados servem de marcadores para a intervenção, entre os manejos para a reabilitação de neonatos disfágicos, foi citado sucção não nutritiva afim de promover a estabilidade fisiológica, estímulo da função oral sensório-motora, estimulação e alternância rítmica da sucção dentre outros citados também afim de contemplar a atuação de outros profissionais. Assim, a promoção ao desenvolvimento da deglutição funcional e efetiva, depende de diversas abordagens que juntas modificam os padrões ora prejudicadas. Conclusão: É visível a escassez de artigos que contemplem fielmente a prática do fonoaudiólogo frente ao manejo destes pacientes, os artigos encontrados relataram práticas multidisciplinares e quando citadas a função do fonoaudiólogo era conjunta aos demais. É importante salientar que o profissional fonoaudiólogo é o principal agente para manutenção das funções da deglutição e que a publicação de artigos que demonstrem essa atuação, é necessária para o ganho de espaço nessa área.


Botelho M, Silva A. The functional evaluation of dysphagia in the neonatal intensive care unit. Rev. Assoc. Med. Bras. 1992; 49(3): 278-285, jul.-set. 2003.

Lau C. To Individualize the Management Care of High-Risk Infants With Oral Feeding Challenges: What Do We Know? What Can We Do? Front Pediatr. 2020 Jun 9;8:296. doi: 10.3389/fped.2020.00296. PMID: 32582596; PMCID: PMC7297031.

Park J, Knafl G., Thoyre S, & Brandon D. Factors associated with feeding progression in extremely preterm infants. Nursing research, 2015, 64(3), 159.

Bowman O, Hagan J, Toruno R, & Wiggin M. Identifying aspiration among infants in neonatal intensive care units through occupational therapy feeding evaluations. American Journal of Occupational Therapy, 2020, 74(1), 7401205080p1-7401205080p9.

Jadcherla S. Dysphagia in the high-risk infant: potential factors and mechanisms–. The American journal of clinical nutrition. 2016, 103(2):622S-628S.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
256
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA JUNTO A EQUIPE INTERDISCIPLINAR EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE (UBS) PELO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O PET-SAÚDE é um Programa do Ministério da Saúde que busca o aperfeiçoamento e a especialização em serviço tanto de estudantes da área de saúde como de profissionais já atuantes no serviço. Esse projeto proporcionou vivencias em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). A UBS é preferencialmente o primeiro local de acesso a saúde do Sistema Único de Saúde. O propósito da UBS é atender a maioria dos problemas de saúde da população sem que o indivíduo precise recorrer aos níveis secundário e terciário de saúde, porém caso o problema do indivíduo não possa ser resolvido na atenção primária ele é redirecionado aos outros níveis do serviço de saúde, prevenindo assim, que o mesmo fique sem atendimento adequado. Logo, percebe-se que a atuação da fonoaudiologia possui um papel primordial de prevenção e promoção a saúde na atenção primária, pois essa área de atuação atinge todos os ciclos de vida desde a criança ao idoso. Com isso, se ganha agilidade no diagnóstico e no tratamento de possíveis alterações nas quais a fonoaudiologia atua. OBJETIVO: Apresentar um relato de experiência referente a atuação fonoaudiológica em equipe interdisciplinar em uma unidade básica de saúde. MÉTODO: As vivências foram selecionadas de acordo com o calendário do Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), e com os atendimentos agendados para as consultas fonoaudiológica do serviço de saúde. Nos atendimentos fonoaudiológicos conforme a demanda e queixa dos pacientes que chegavam selecionava-se o protocolo de avaliação ou o proceder necessário para cada caso. As reuniões em equipe do NASF eram muito importantes para discussão de casos, nela eles eram apresentados e discutidos. O referido relato retrata atividades vivenciadas no contexto de saúde pública em uma equipe do NASF. As vivências tinham duração de cerca de 12 horas e aconteciam pelo menos duas vezes por semana. Foram observadas a atuação fonoaudiológica referentes a perda auditiva, alteração de linguagem e dificuldade de amamentação. RESULTADOS: A atuação fonoaudiológica proporcionou novas práticas de saúde que puderam ser incorporadas a atuação de outros profissionais na UBS. Integrantes da equipe do NASF relataram o quanto a equipe e a população ganharam no que se diz respeito a prevenção e a promoção em saúde na atenção primária. CONCLUSÃO: Através de atividades observadas em um contexto de atuação multiprofissional, percebeu-se a importância do contato interdisciplinar entre os profissionais da área da saúde. Sendo assim, a disseminação de saberes da atuação fonoaudiológica promove um novo olhar a prática de outros profissionais o que proporciona um cuidado mais integral das necessidades dos indivíduos que recorrem ao Sistema Único de Saúde. Esse programa do Ministério da Saúde demostra o quanto o contato interprofissional amplia as práticas de saúde fonoaudiológicas e o quanto a fonoaudiologia pode contribuir no contexto de atenção primária.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
687
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA JUNTO À EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE TERAPIA NUTRICIONAL: PROPOSTA DE FLUXOGRAMA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO.
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: Vários são os processos de trabalhos desenvolvidos no âmbito hospitalar que envolve atuação multidisciplinar, dentre os diversos grupos e equipes de trabalho tem-se a Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN), composta obrigatoriamente por médico, enfermeiro, nutricionista e farmacêutico, não fazendo parte da obrigatoriedade o fonoaudiólogo. Dentre as diversas intervenções que envolvem essa equipe a indicação de via alternativa de alimentação (VAA) é uma delas. Em nosso hospital, o fonoaudiólogo passou a fazer parte da equipe recentemente, sendo necessário o alinhamento das atuações e criação de fluxos que envolvessem sua participação. A criação de um fluxo incluindo o fonoaudiólogo, permitiria atuação de forma harmônica desde a avaliação e condutas envolvendo via segura de alimentação, bem como prescrição adequada por parte da equipe do melhor tipo de VAA, quando necessária, podendo garantir assim adequada evolução do paciente. Objetivo: Relatar a construção de um fluxograma de atuação fonoaudiológica no processo de indicação de VAA junto a EMTN. Método: Trata-se de um relato de prática fonoaudiológica em um Hospital Universitário (HU). A construção do fluxograma foi baseada na prática clínica dos profissionais do Setor de Fonoaudiologia do HU em conjunto com equipe da Universidade (docente, alunos e residentes); para isso foram consideradas as demandas do hospital e o que a literatura tem trazido como evidência na área. Resultados: O fluxograma depois de elaborado foi transformado em formatado de figura com símbolos interligados e futuramente comporá o protocolo operacional padrão da equipe estando disponibilizado fisicamente nas enfermarias para consulta, até que se torne rotina. Com a impossibilidade de apresentação da figura no resumo, os resultados aqui serão descritos em itens e contemplam os procedimentos que compõem o fluxograma: a) identificação do risco para disfagia, sendo essa uma triagem proposta pela fonoaudiologia e aplicada por profissional da equipe treinado, não necessariamente o fonoaudiólogo; a triagem fará parte da rotina de todo paciente que entra para internação e para aqueles com risco para disfagia, independente de presença de queixa, será realizada avaliação fonoaudiológica; b) avaliação clínica da deglutição, seguindo protocolo também preestabelecido pelo setor, chegando-se ao diagnóstico de disfagia ou não e o seu grau; c) reunião da EMTN e outros profissionais envolvidos no caso para definição das condutas, sendo utilizado dentre outros parâmetros escala funcional de ingestão oral; d) condutas, sendo essas divididas em cinco possíveis situações diferentes que vão desde a indicação de via alternativa exclusiva e reabilitação fonoaudiológica, até liberação ou reintrodução de dieta via oral com protocolo de desmame da VAA nos casos em que ela estiver presente. Conclusão: A participação do fonoaudiólogo na Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) ou outras equipes multidisciplinares que envolvam discussão de via de alimentação e indicação de via alternativa é de extrema importância, pois permite que condutas sejam tomadas conjuntamente. A criação de protocolos e fluxos possibilita melhor qualidade e segurança na assistência, trazendo benefícios para o paciente e também à gestão hospitalar.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1318
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ATENÇÃO BÁSICA NO CONTEXTO DA COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A Organização Mundial da Saúde (OMS) postulou, em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) iniciava uma emergência de Saúde Pública a nível internacional. Esta situação trouxe à tona uma série de demandas novas e outras já bem conhecidas nossas. É nesse contexto onde a Atenção Primária à Saúde (APS) mostra, mais uma vez, sua importância. Diante da nova situação de saúde trazida pelo SARS-CoV-2, demandas fonoaudiológicas diferentes também surgiram. OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivenciada por fonoaudiólogas residentes do Programa de Saúde da Família de Aracaju-Sergipe da Universidade Federal de Sergipe em três cenários de práticas distintos durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. MÉTODO: Foram realizadas atividades em três Unidades de Saúde da Família (USF) distintas, com características singulares. As atividades envolveram: saúde do trabalhador, abordando a área de voz; educação em saúde sobre amamentação, desenvolvimento da linguagem, audição e motricidade orofacial e ações de monitoramento remoto e esclarecimento de dúvidas sobre aspectos fonoaudiológicos. No que tange à saúde do trabalhador, foram realizadas orientações quanto ao impacto do uso de máscara na saúde vocal, importância da hidratação e cuidados com a intensidade da voz. No que se refere às ações de educação em saúde, se insere a produção de material sobre sugestões de brincadeiras em casa; cuidados na higienização dos brinquedos; dicas para leitura em casa e estimulação de linguagem. A comunidade teve acesso a esses materiais através da divulgação feita pelos Agentes Comunitários de Saúde. Estes materiais também foram disponibilizados na recepção da USF. Ressalta-se que para a manipulação dos impressos na recepção, realizava-se a higienização das mãos (álcool a 70%). Destaca-se também o fortalecimento das salas de espera direcionadas a grupos específicos, como as gestantes. Quanto aos monitoramentos remotos, buscou-se na tecnologia as melhores formas de acolhimento e escuta, sempre orientados pela viabilidade e especificidades de cada usuário. RESULTADOS: Houve alta adesão a todas as atividades supracitadas. Notamos maior reconhecimento ao trabalho da Fonoaudiologia dentro da USF, tanto por parte dos usuários, como dos trabalhadores. Observou-se ainda, o fortalecimento dos profissionais fonoaudiólogos enquanto classe e possibilidades de atuação no atual cenário de pandemia. CONCLUSÃO: Cabe ao fonoaudiólogo se reinventar em seu fazer, considerando, sobretudo, seu importante papel de profissional de saúde engajado no processo do cuidado. Surge então, um novo olhar direcionado não só aos usuários do serviço de saúde, mas também para os profissionais que prestam o próprio cuidado. A pandemia da COVID-19 vem acompanhada de muitos desafios, diariamente. No entanto, percebe-se o quanto a união e o processo de se reinventar podem fazer diferença.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
891
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ATENÇÃO ESPECIALIZADA: RELATO DE VIVÊNCIA NO SERVIÇO PÚBLICO DE ATENDIMENTO DOMICILIAR NUMA CAPITAL DA REGIÃO NORDESTE
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


A Portaria MS nº 2.527, de 27 de outubro de 2011, institui a Atenção Domiciliar (AD), que tem como objetivo reorganizar o processo de trabalho das equipes que prestam cuidado domiciliar na atenção básica, ambulatorial e hospitalar1. É um projeto com apenas 8 anos de atuação no Município de João Pessoa, porém, desde de abril do ano de 2016, foi iniciado o trabalho com Paliação. A Fonoaudiologia insere-se na AD por meio da EMAP (Equipe Multiprofissional de Apoio), de acordo com a Portaria Nº 825/20162. Os atendimentos são restritos ao leito ou ao lar de maneira temporária ou definitiva. Com o surgimento de queixas voltadas a dificuldades de deglutição, voz e fala, sendo queixas constantes de alterações alimentares nos idosos, comprometendo assim a qualidade de vida desses indivíduos, a equipe foi contemplada com fonoaudiólogos para reduzir a demanda por atendimento hospitalar e a permanência por internação3. Necessariamente, são fatores que contribuem para um melhor direcionamento da aplicação de recursos públicos e qualidade de vida do usuário. O objetivo de atuação do fonoaudiólogo no processo de reabilitação da deglutição, por exemplo, minimiza o risco de pneumonia aspirativa, desidratação, des¬nutrição e a utilização da via alternativa de alimentação, participando ainda nas decisões clínicas e orientações ao paciente e seus familiares, a fim de desenvolver suas potencialidades de uma maneira humanizada e eficaz, respeitando suas expectativas e os limites de uma doença avançada4. De acordo com pesquisa realizada por alguns autores, a faixa etária dos pacientes atendidos pelo SAD de João Pessoa (PB) são idosos (a partir de 60 anos) de ambos os sexos, restritos ao leito e dependentes, com prevalência a portadores de doenças crônico-degenerativas, pacientes oncológicos, acometidos por Acidente Vascular Encefálico (AVE)5. A equipe realiza visitas semanais e o cuidado acontece de forma compartilhada entre terapeuta/cuidador/familiares, como também de forma integrada entre os profissionais envolvidos. A Atenção Domiciliar caracteriza-se por um conjunto de ações de promoções a saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicilio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada as redes de atenção à saúde. Portanto, o ambiente domiciliar e as relações familiares aí instituídas têm como finalidade humanizar o cuidado, instituindo o usuário como o sujeito do processo e muito pouco como objeto de intervenção do atendimento proposto. É de extrema importância a participação efetiva da família no processo do cuidado, seguindo todas as orientações deixadas pela Equipe Multidisciplinar. Observa-se assim a diminuição dos episódios de internação hospitalar, quadros infecciosos e de pneumonias por broncoaspiração. Conclui-se que a quantidade de Fonoaudiólogos nesse serviço é inferior ao necessário para uma cobertura mais eficaz no território de João pessoa, onde podemos dizer que se houvesse um maior quantitativo de profissionais, o fonoaudiólogo poderia estar mais próximo aos pacientes mais graves que necessitam de uma assistência diária. Mas, podemos também afirmar que a representatividade da inserção da Fonoaudiologia na AD é bastante valiosa e reconhecida pela equipe e pelos familiares dos pacientes atendidos no serviço.

1. ______. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 2.527, de 27 de outubro de 2011. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: . Acesso em: 05 jul. 2020.
2. Brasil. Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial [da] União. 26 abr. 2016; Seção 1:33
3. Calheiros AS, Albuquerque CL. A vivência da fonoaudiologia na equipe de cuidados paliativos de um Hospital Universitário do Rio de Janeiro. Revista Hupe. [periódico na internet]. 2012 [acesso em julho 2016]; 11(2):94-8. Disponível em: http://www.revista.hupe.uerj.br. [ Links ]
4 CRFa. Cartilha de contribuição do sistema federal e regionais de Fonoaudiologia. 2016. Disponível em: Acesso em: 05 jul 2020
5 FIGUEIREDO, Suelene Castro de et al. Perfil dos usuários atendidos pela fonoaudiologia do serviço de atenção domiciliar. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 20, n. 5, p. 613-620, Oct. 2018.
Available from . access on 08 July 2020.

6 LIMA, Fabiana Silva de et al. Análise de gestão do sistema do sistema de atenção domiciliar de João Pessoa-PB: um estudo retrospectivo. 2016.







TRABALHOS CIENTÍFICOS
910
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE VIVÊNCIA NO NÚCLEO AMPLIADO DE SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO BÁSICA (NASF-AB) EM UMA CAPITAL DA REGIÃO NORDESTE
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


A Atenção Primária à Saúde representa o primeiro contato na rede assistencial dentro do sistema de saúde. Conceitua-se por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos. O NASF-AB, criado em 2008, com o objetivo de qualificar e tornar mais resolutiva a atuação da AB, apresenta uma equipe multiprofissional deve atuar em ação interdisciplinar e intersetorial, educação permanente em saúde dos profissionais e da população, desenvolvimento da noção de território, integralidade, participação social, educação popular, promoção da saúde e humanização.(1,2) Na cidade de João pessoa, o NASF-AB foi implantado com base na estratégia de arranjo matricial, onde trabalham com as equipes de referência (ESF), dando suporte técnico para ampliar a resolubilidade das ações na APS (3). Entretanto, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica que acaba com a obrigatoriedade de as equipes multidisciplinares estarem vinculadas ao modelo do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB).(4). O objetivo deste trabalho é relatar as vivências na APS no âmbito fonoaudiológico no município de João Pessoa-PB. A ideia é que o processo de trabalho dos fonoaudiólogos, assim como demais profissionais, priorize atividades compartilhadas e interdisciplinares, que hoje se contextualizam em atividades de promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia (habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos da função auditiva periférica e central, da função vestibular, da linguagem oral e escrita, da voz, da fluência, da articulação da fala e dos sistemas miofuncional, orofacial, cervical e de deglutição. Na vivência fonoaudiológica deste Município, encontram-se atividades que acontecem em 3 academias de saúde do Município de João Pessoa com atividades coletivas, interconsultas e orientações individuais. Também fazem parte dessa dinâmica a prática das visitas domiciliares e institucionais, a promoção de saúde dentro do Projeto de saúde na escola (PSE) e nas próprias salas de espera de atendimento nas Unidades de saúde da família (orientações fonoaudiológicas), participação do fonoaudiólogo e outros profissionais nas puericulturas coletivas organizadas pela ESF, assim como nos grupos de convivência de idosos nas comunidades. Por essa vivência, é possível dizer que para realizar um bom trabalho na APS é fundamental ter claro que o tipo de serviço a ser desenvolvido não deve ser clínico (tradicional). É preciso pensar e agir em favor de uma concepção de clínica ampliada. É necessário ainda se apropriar de um lugar na equipe, pois o NASF-AB prevê que o fonoaudiólogo realize projetos, construindo uma prática específica e ao mesmo tempo plural, em benefício das comunidades (5). Assim, a análise das experiências de atuação da Fonoaudiologia e demais profissões junto à Saúde da Família merecem ser acompanhada e avaliada de perto, por ser uma promissora proposta de ampliação do acesso da população à Atenção Integral à Saúde. É inegável que o fonoaudiólogo tem muito a fazer pela saúde das pessoas junto à equipe na APS.

1. Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, Cadernos de Atenção Básica, n27. Diretrizes do NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. 160p.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Série E. Legislação em Saúde)
3. Bezerra RSS, Carvalho MFS, Silva TPB, Silva FO, Nascimento CMB, Mendonça SS, et al. Arranjo matricial e o desafio da interdisciplinaridade na atenção básica: a experiência do NASF em Camaragibe/PE. Divulgação em Saúde para Debate, Rio de Janeiro, 2010;(46):51-9.
4. Ministério da Saúde (2020). Nota Técnica n º 3/2020-DESF/SAPS/MS – Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e Programa Previne Brasil.
5. Molini-Avejonas Daniela Regina, Mendes Vera Lúcia Ferreira, Amato Cibelle Albuquerque de la Higuera. Fonoaudiologia e Núcleos de Apoio à Saúde da Família: conceitos e referências. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2010 [cited 2020 July 01]; 15( 3 ): 465-474. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-80342010000300024&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1516-80342010000300024


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1200
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA DEFICIÊNCIA VISUAL: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O fonoaudiólogo, profissional da comunicação humana, volta seu trabalho para favorecer, em diferentes ciclos de vida, a interação entre sujeitos. No cenário de atendimento à pessoa com deficiência visual, ainda pouco explorado pela Fonoaudiologia, temos o espectro de atuação que via desde o paciente com baixa visão até a cegueira, em suas diferentes causas e manifestações, esses sujeitos, muitas vezes, precisam do acompanhamento do profissional da comunicação por apresentarem dificuldades no desenvolvimento da comunicação, principalmente no que se refere aos aspectos da linguagem¹. OBJETIVO: Apontar a atuação fonoaudiológica junto a pessoas com deficiência visual através de uma revisão integrativa. MÉTODO: a fim de atingir os objetivos, foi realizada uma revisão de literatura, de forma integrativa, com buscas nas seguintes bases de dados: BVS, SciELO e Google Acadêmico, sem intervalo de tempo específico. Foram encontrados o total de 24 estudos através do cruzamento dos seguintes descritores: Fonoaudiologia, deficiência visual e cegueira. Desses, após a leitura do título, foram eliminados 14 e após a leitura do resumo, outros 4 estudos. Sendo assim, após a leitura integral dos textos foram escolhidos 6 estudos para compor a pesquisa. RESULTADOS: Dos 6 estudos selecionados, todos relatam a atuação fonoaudiológica, seja por meio de triagens, exames audiológicos ou terapia, com pessoas dentro do espectro da baixa visão. A maioria deles aborda o trabalho junto a crianças, apenas um relata a atuação em outra faixa etária, nesse caso, adolescentes¹. Apenas um estudo realizou a associação da deficiência visual com alguma patologia congênita². De acordo com a análise dos estudos realizada, a atuação fonoaudiológica pode acontecer em uma equipe multiprofissional nos casos de atendimento da pessoa com deficiência visual e a importância da participação da família no processo terapêutico³. Além disso, é comum o uso de estratégias ligadas à música ou instrumentos musicais pelo fonoaudiólogo no trabalho junto ao paciente com essa deficiência sensorial¹. Os estudos⁴ que contemplaram a área de linguagem apresentam o desenvolvimento de estratégias para a atuação junto a escrita e leitura, utilizando também tecnologias assistivas como instâncias para esse processo, e identificam que o desenvolvimento dos aspectos fonológicos se faz de maneira tardia, em comparação com crianças videntes⁵. O único estudo⁶ que aborda questões audiológicas, apresenta resultados de avaliações de pacientes com baixa visão em relação à lateralização da percepção sonora com melhor desempenho do que o grupo de pessoas sem deficiência visual. CONCLUSÃO: é possível perceber a oportunidade do trabalho fonoaudiológico com os pacientes com deficiência visual, além de sua importância no desenvolvimento principalmente nos aspectos relacionados a linguagem, com a intervenção fonoaudiológica focando na interação, expressão e valorização da comunicação.
Descritores: Fonoaudiologia, deficiência visual e cegueira.




[1] Gasparetto MERF, Gouvea C, Bittencourt ZZLC, Montilha RCL. Perspectivas da Atuação da Fonoaudiologia com Adolescentes com Baixa Visão por Meio da Terapia Musical. In: Anais do Congresso Internacional de Humanidades & Humanização em Saúde. 2014, p. 305.
[2] Alpes MF, Valério NG, Santos CMP, Mandrá PP. Intervenção fonoaudiológica na deficiência visual associada à paralisia cerebral: relato de um caso. Arch. Health Sci. 2018; 25(3): 10-14.
[3] Fernandes AC, Montilha RCL. A atuação fonoaudiológica no acompanhamento integral da pessoa com deficiência visual: um relato de caso. Rev. CEFAC. 2015, 17(4): 1362-1369.
[4] Monteiro MMB, Montilha RCLI, Gasparetto, MERF. A atenção fonoaudiólogica e a linguagem escrita de pessoas com baixa visão: estudo exploratório. Rev. bras. educ. espec. 2011, (17): 121 – 136.
[5] LIMA AL, NUNES RTD. Perfil fonológico de crianças com baixa visão de 6 a 9 anos de idade em uma instituição para cegos na cidade de Salvador – BA. Rev. CEFAC. 2015; 17(5):1490-1498.
[6] DIAS, TLLD, PEREIRA, LD. Habilidade de localização e lateralização sonora em deficientes visuais. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(4):352-356.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
278
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA DISFLUÊNCIA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A disfluência é um distúrbio caracterizado por interrupções no fluxo da fala do indivíduo que impossibilita, em alguns momentos, a produção da fala contínua, suave e sem esforço. Essa desordem apresenta maior prevalência durante a infância. Fatores biológicos, psicológicos e sociais interagem de forma complexa nesse distúrbio.Podendo iniciar na fase pré-escolar e persistir até a fase adulta.A desordem da fluência e tem como principal manifestação o aumento na quantidade de disfluências que o indivíduo faz durante o discurso.Outras manifestações podem ocorrer, como concomitantes físicos, sentimentos e atitudes negativas relacionadas à fala ou comportamentos compensatórios que agravam o quadro clínico.A disfluência pode ter um grande impacto na qualidade de vida do falante. Sabe-se que a etiologia do distúrbio, em grande parte dos casos.A terapia fonoaudiológica para o tratamento da disfluência consiste na utilização de exercícios com o objetivo de ensinar um novo modelo de produção de fala e favorecer a fluência. As habilidades de fala, entretanto, só adquirem sentido quando inseridas em situações dialógicas mais próximas do real, nas quais os interlocutores transformam-se mutuamente. Objetivo: Investigar a atuação fonoaudiológica na disfluência descrita na literatura. Metodologia: realizou-se levantamento bibliográfico de artigos científicos nacionais e internacionais indexados nos bancos de dados Bireme, Medline, Scielo e Lilacs publicados entre os anos de 2014 a 2019, e que descreve atuação fonoaudiológica na disfluência, bem como tratamento, aquisição da linguagem e comunicação. Resultados: Nesta pesquisa, encontrou-se 500 artigos. Dentre estes, 440 foram excluídos por seguirem os critérios de exclusão: estar fora do período pré-estabelecido e estudos que relatavam a atuação de outra especialidade que não o fonoaudiólogo e os demais estudos que não se adequassem aos objetivos propostos, restando 60 artigos. Destes, 10 abordam o conceito e tratamento da disfluência, 15 correspondem à aquisição da linguagem, 07 relatam conceitos e dificuldades de comunicação e 18 caracterizam a disfluência. Conclusão: o presente estudo abordou a importância do conhecimento e tratamento da disfluência, além de ressaltar a necessidade da atuação fonoaudiológica. O trabalho relata os principais conceitos de disfluência e comunicação, tratamento e comportamento de interlocutores da criança com disfluência, assim como novas perspectivas e orientação a família de indivíduos com disfluência.

AZEVEDO, N.P.G.; FREIRE, R.M.(2015). Trajetórias de silenciamento e aprisionamento na língua: o sujeito, a gagueira e o outro. In: Friedman, S.; Cunha, M.C.(org.) Gagueira e Subjetividade: Possibilidades de Tratamento. São Paulo: Artmed Editora.

CERQUEIRA. Perfil das habilidades auditivas de indivíduos com gagueira. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, 2018.


FABUS, Naomi Eichorn Renee. Assessment of fluency disorders. Key words - department of speech communication , Brooklyn, v. 13, n. 20, p. 347-398, abril. 2018.

FRIEDMAN, S. (2014). Gagueira: origem e tratamento. 4ª ed. São Paulo: Plexus Editora. _____. (2009) Fluência de fala: um acontecimento complexo.

IRWIN, A. (2017). Gagueira: uma ajuda prática em qualquer idade. Trad.: de Lacerda, H. R. C. São Paulo: Martins Fontes.

LIEVEN, E. V. M. (2015). Crosslinguistic and crosscultural aspects of language addressed to children. Em C. Gallaway & B. J. Richards (Orgs.), Input and interaction in language acquisition (pp. 56-73). London: Cambridge University Press.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

PALHARINI et al. Perfil da fluência de pré-escolares e escolares com gagueira. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, 2018.


VAN RIPER, C. (1982) The nature of stuttering. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, Inc.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
310
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
40170130


Introdução: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa que cursa com depleção dos neurônios motores superiores e inferiores, com tempo médio de sobrevivência compreendido entre três a cinco anos após o início dos primeiros sintomas. A fraqueza muscular é um dos sintomas que aparecem no início da doença, juntamente com atrofia, fasciculações, hipotonia e câimbras musculares. A doença eventualmente afeta a fala, a deglutição, a mastigação e a respiração. O objetivo do tratamento fonoaudiológico é para manter pelo maior tempo possível estas habilidades e quando a comunicação oral não for efetiva, criar condições para a comunicação alternativa desse paciente. Objetivo: Elaborar uma revisão de literatura com o intuito de descrever artigos que tenham a abordagem fonoaudiológica na esclerose lateral amiotrófica. Método: Uma revisão de literatura foi realizada nas bases de dados PubMed, Web of Science e Lilacs com base no PRISMA, nos últimos 10 anos (janeiro de 2010 - junho de 2020). A estratégia de busca foi desenvolvida de acordo com a questão de pesquisa e combinação de descritores foi feita através do DeCS, como fonoaudiologia AND doença do neurônio motor, em inglês e português, extraindo dos artigos as informações como: autores, ano de publicação, título do estudo, amostra, critérios de inclusão, critérios de exclusão, avaliação fonoaudiológica e atuação fonoaudiológica. Resultados: Foram selecionados cinco artigos, sendo três da PubMed, dois do Lilacs e não foi encontrado artigos no Web of Science. Após leitura de título e resumo, restou apenas dois artigos a serem revisados, pois dois desses artigos eram revisões de literatura e um não possuía o artigo na íntegra. Segundo um dos artigos consultado, o Voice Onset Time associado à diadococinesia possibilita uma avaliação qualitativa da produção do sujeito além de tornar a avaliação mais precisa para a Fonoaudiologia, não foi mencionado no texto a abordagem terapêutica fonoaudiológica, somente a avaliação desse paciente e em um outro estudo, apresentou o sinal clínico de disfagia em todos os pacientes submetidos à videofluoroscopia da deglutição, sendo a amostra de 20 pacientes. Conclusão: Foi constatada a escassez de artigos que tratam o tema, e os poucos que existem não abrangem todos os critérios selecionados para a revisão de literatura, como o tratamento fonoaudiológico nesses pacientes. Faz-se necessário de maiores pesquisas sobre a esclerose lateral amiotrófica e a Fonoaudiologia.

Constantini AC, Rocha CB, Mourão LF. Uso do Voice Onset Time associado à diadococinesia oral e laríngea na avaliação da disartria na Esclerose lateral amiotrófica. Rev. Distúrbios da Comunicação. 2013;25(2).
Paim ÉD, Jarces M, Zart P, Varela DL. Deglutição de sujeitos portadores de esclerose lateral amiotrófica. Acta Fisiátr. 2016;23(3):120-124.
Pontes RT, Orsini M, Freitas MRG, Antonioli RS, Nascimento OJM. Alterações da fonação e deglutição na esclerose lateral amiotrófica: revisão de literatura. Rev Neurocienc. 2010;18(1):69-73.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1660
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA PANDEMIA DO COVID-19 NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia é um sintoma frequente em pacientes hospitalizados e com comorbidades prévias associadas. É crescente o número de pacientes com necessidade de internação hospitalar devido a doença do Coronavírus 2019 (COVID-19). No Rio Grande do Sul, a notificação dos primeiros casos ocorreu no mês de março de 2020, sendo o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) referência para atendimento de casos graves com a doença de COVID-19. Em torno de 15% dos casos de COVID-19 evoluem com quadros de infecção respiratória grave e necessitam de terapêuticas invasivas, como a ventilação mecânica, aumentando os riscos de disfagia, implicando na necessidade da atuação fonoaudiológica hospitalar(1).
Objetivo: Descrever o fluxo de solicitações de consultorias para avaliação fonoaudiológica de pacientes com COVID-19 no HCPA.
Método: Realizada a caracterização das solicitações de consultoria para avaliação fonoaudiológica no período de 25 de março a 10 de julho de 2020. Atualmente o centro de tratamento intensivo conta com 75 leitos, com a meta de ampliação para 105 leitos em função da pandemia. O primeiro caso confirmado com COVID-19 no HCPA foi no dia 16 de março e até dia 10 de julho, 411 pacientes foram confirmados com a doença.
Resultados: Foram solicitadas 41 consultorias para avaliação fonoaudiológica, sendo 32 oriundas do centro de tratamento intensivo adulto, 11 da unidade de internação adulto, duas da internação pediátrica e uma da emergência adulto. A maioria das solicitações realizadas (90%) foram para avaliar a possibilidade de liberação da via oral e, as demais (10%) para início da reabilitação de pacientes traqueostomizados. O fator de risco para disfagia mais frequente foi a intubação orotraqueal prolongada (73%), seguida de doenças neurológicas (17%) e uso de traqueostomia (10%). Há um aumento crescente no número de consultorias para atendimento fonoaudiológico em consonância com o aumento de número de casos confirmados de COVID-19. Em relação a via de alimentação após a primeira avaliação, a via oral como via exclusiva foi indicada em apenas 17% dos pacientes, em 32% dos casos foi contraindicada e no restante dos casos houve indicação de via mista de alimentação. Quanto às condutas relacionadas à liberação de via oral, em 36% foi indicada mínima oferta via oral, em 36% via oral de única consistência e em 28% foi possível a indicação de via oral com múltiplas consistências.
Conclusão: O aumento de solicitações de atendimentos fonoaudiológicos vem crescendo de acordo com o avanço da pandemia de COVID-19. É possível observar maior número de pedidos de consultoria no centro de tratamento intensivo adulto, principalmente após a extubação. Na prática clínica, verifica-se que muitos pacientes apresentam indicação de via alternativa de alimentação, sendo com frequência realizada a indicação fonoaudiológica de mínima via oral ou via oral de uma única consistência, gerando a necessidade de seguimento do acompanhamento fonoaudiológico ao longo da internação e reforçando a importância da atuação na área da disfagia no enfrentamento da COVID-19.


1. Yang W, Cao Q, Qin L, Wang X, Cheng Z, Pan A, et al. Clinical characteristics and imaging manifestations of the 2019 novel coronavirus disease (COVID-19): a multi-center study in Wenzhou city, Zhejiang, China. J Infect. 2020;80(4):388-93.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1207
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA SURDOCEGUEIRA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A Fonoaudiologia pode intervir no desenvolvimento da comunicação do sujeito surdocego, considerando-se as características individuais dessa condição, e contribuindo para a inclusão social desses indivíduos. A surdocegueira, muitas vezes apresentada como deficiência sensorial múltipla, abrange a perda auditiva juntamente com a perda da visão, suas causas podem ser devido à infecção intrauterina, como a rubéola congênita, às infecções neonatais, à traumatismos e às síndromes, sendo a de Usher a mais comum, que, em síntese, causa perda auditiva neurossensorial, retinose pigmentar e alterações vestibulares¹. OBJETIVO: Apontar a atuação fonoaudiológica junto a pessoas com surdocegueira através de uma revisão integrativa. MÉTODO: a fim de atingir os objetivos, foi realizada uma revisão de literatura, de forma integrativa, com buscas nas seguintes bases de dados: BVS, SciELO e Google Acadêmico, sem intervalo de tempo específico. Foram encontrados o total de 10 estudos através do cruzamento dos seguintes descritores: Fonoaudiologia, comunicação e surdocegueira. Desses, após a leitura do título, foram eliminados 2 e após a leitura do resumo, outros 2 estudos. Sendo assim, após a leitura integral dos textos foram escolhidos 6 estudos para compor a pesquisa. RESULTADOS: Dos 6 estudos selecionados, todos relatam a atuação fonoaudiológica, seja por meio de triagens, avaliações de linguagem ou intervenção com sujeitos dentro do espectro da surdocegueira. Dois desses estudos abordam a atuação da fonoaudiologia junto ao quadro sindrômico, sendo um a Síndrome de Usher¹ e o outro a Síndrome de Cogan². De acordo com a análise dos estudos realizada, a comunicação no geral é abordada de forma intensa, em diferentes olhares, e a importância da intervenção no tempo adequado, com ênfase no período pré-linguístico³ ou no uso de diferentes formas alternativas de comunicação¹,⁴,⁵ quando a comunicação oral não é possível. Além disso, é comum o uso de estratégias ligadas à música ou ritmo musical no trabalho junto ao paciente com essa deficiência sensorial, além do olhar e movimentos corporais⁴. No entanto, os estudos apresentam o uso da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – como recurso que pode ser utilizado pelo interlocutor em sua comunicação ou intervenção⁴,⁵. É comum que os estudos apresentem o conceito e a classificação da surdocegueira no entendimento que muitas vezes o fonoaudiólogo não possui esse conhecimento para realizar sua atuação¹,⁶. Por isso, em relação à atuação desse profissional, os estudos apontam para a habilitação do profissional, principalmente conhecendo a Libras⁴,⁵; as formas de avaliação da linguagem do surdocego, com um olhar para a intenção comunicativa, estrutura do discurso e a indicação do Implante Coclear, com a terapia pré e pós esse procedimento². CONCLUSÃO: é possível perceber que trabalho fonoaudiológico com os pacientes com deficiência sensorial múltipla, é relevante no desenvolvimento da comunicação principalmente nos aspectos relacionados a linguagem, através de comunicação alternativa e o uso da LIBRAS, com a intervenção fonoaudiológica focando na comunicação mais eficaz e inclusão social.
Descritores: Fonoaudiologia, Comunicação e Surdocegueira.


[1] Figueiredo MZA, Chiari BM, Goulart BNG. Comunicação em adultos surdocegos com síndrome de Usher: estudo observacional retrospectivo. CoDAS 2013;25(4):319-24.
[2] Chiari BM, Bragatto EL, Nishihata R, Carvalho CAF. Perspectivas da atuação fonoaudiológica diante do diagnóstico e prognóstico da surdocegueira. Distúrb. Comun. 2006; 18(3): 371-382.
[3] Guilam JSM, Ribeiro LD, Esteves CO. A intervenção fonoaudiológica na surdocegueira: estudo de caso. Benjamim Constant. 2020; 61 (1): 70 - 86.
[4] Villas Boas DC, Ferreira LP, Moura MC, Maia SR, Amaral I. Análise dos processos de atenção e interação em criança com deficiência múltipla sensorial Audiol Commun Res. 2017; 22: e1718.
[5] Martins EF, Ivanov N. Identificação das formas de comunicação em portadores de surdocegueira para planejamento da intervenção terapêutica. Acta Fisiátr. 2009;16(1):10-13.
[6] Villas Boas DC, Ferreira LP, Moura MC, Maia SR. A comunicação de pessoas com surdocegueira e a atuação fonoaudiológica. Distúrb. Comun. 2012; 24(3): 407-414.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1512
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO 15º MUTIRÃO DO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE ALZHEIMER DE UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE EM SALVADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Nas últimas décadas, o envelhecimento populacional vem sendo evidente no Brasil¹, consequentemente as doenças neurodegenerativas estão tornando-se mais frequentes. A Doença de Alzheimer (D.A) caracteriza-se por ser uma patologia neurodegenerativa progressiva que causa alterações das funções intelectuais superiores e perda de memória². A progressão desta, causa repercussões nas habilidades de linguagem e de deglutição, sendo indispensável a intervenção fonoaudiológica para fomentar as potencialidades dos sujeitos e diminuir os danos causados, visto que, muitos tornam-se dependentes nas suas atividades de vida diária³. O Mutirão do Diagnóstico precoce de Alzheimer é realizado anualmente pela Fundação de Neurologia e Neurocirurgia, na cidade de Salvador- Ba e conta com a participação de uma equipe multidisciplinar (enfermagem, neurologia, fonoaudiologia, psicologia e serviço social), cujo objetivo é identificar os sinais precoces da D.A. Objetivo: Descrever a atuação fonoaudiológica no 15º Mutirão do Diagnóstico de Alzheimer da Fundação de Neurologia e Neurocirurgia em Salvador-BA. Método: Inicialmente o participante é encaminhado à equipe de enfermagem, que realiza o acolhimento e triagem clínica e logo após, dirige-se à equipe de neurologia, a qual realiza uma breve avaliação e testes cognitivos. A fonoaudiologia integra a terceira etapa do processo: os idosos que obtêm um determinado score nos testes realizados pelos neurologistas são encaminhados para triagem fonoaudiológica e demais especialidades. Participaram desta etapa 119 participantes a partir de 60 anos de idade, de ambos os sexos. Antes de iniciar os testes é realizada uma escuta das demandas e consequente orientação acerca destes. Em seguida, são aplicados os seguintes testes para avaliação de Linguagem: Teste de Nomeação de Boston e Teste de Fluência Verbal e o EAT 10 - Eat Assessment Tool - para identificar sinais sugestivos de disfagia. Após a realização dos testes, os idosos que não atingiram a pontuação mínima exigida por cada teste são acolhidos e referenciados para o serviço de fonoaudiologia da instituição em busca de uma melhor investigação e conduta referente às habilidades de linguagem e deglutição. Resultados: Dos 119 participantes da triagem fonoaudiológica, 47 participantes foram referenciados para os serviços de fonoaudiologia por apresentarem alteração dos aspectos de linguagem e quatro por apresentarem sinais sugestivos de disfagia. A partir desta triagem foi possível verificar a percepção do conhecimento cognitivo nas representações já existentes e reconhecimento de representações fonético/fonológicas e semânticas, bem como promover um acolhimento à percepção dos próprios sujeitos sobre a sua deglutição. Não obstante, é válido salientar que por estar em situação de teste, os fatores ambientais e emocionais representam um viés, podendo mascarar ou distorcer o real resultado.Conclusão: O mutirão proporciona aos seus participantes o acesso a uma investigação de diagnóstico precoce da D.A, pois, por ser uma patologia de longo curso, dificilmente é percebida nos sintomas iniciais. Desta forma, a detecção inicial da doença possibilita uma intervenção terapêutica precoce da equipe multiprofissional, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos sujeitos acometidos, assim como o planejamento e acolhimento dos cuidadores.

1.VERAS, Renato. Envelhecimento populacional contemporâneo: Demandas. Desafios e inovações. 2012
2. TAVARES, Thaíza Estrela; CARVALHO, Cecília Maria Resende Gonçalves de. Características de mastigação e deglutição na doença de Alzheimer. Revista CEFAC, v. 14, n. 1, p. 122-137, 2012.
3. MARQUEZ, Christiana Turner et al. Alterações de linguagem e deglutição na doença de Alzheimer. Distúrbios da Comunicação, v. 13, n. 2, 2002.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1522
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO 15º MUTIRÃO DO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE ALZHEIMER DE UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE EM SALVADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Nas últimas décadas, o envelhecimento populacional vem sendo evidente no Brasil¹, consequentemente as doenças neurodegenerativas estão tornando-se mais frequentes. A Doença de Alzheimer (D.A) caracteriza-se por ser uma patologia neurodegenerativa progressiva que causa alterações das funções intelectuais superiores e perda de memória². A progressão desta, causa repercussões nas habilidades de linguagem e de deglutição, sendo indispensável a intervenção fonoaudiológica para fomentar as potencialidades dos sujeitos e diminuir os danos causados, visto que, muitos tornam-se dependentes nas suas atividades de vida diária³. O Mutirão do Diagnóstico precoce de Alzheimer é realizado anualmente pela Fundação de Neurologia e Neurocirurgia, na cidade de Salvador- Ba e conta com a participação de uma equipe multidisciplinar (enfermagem, neurologia, fonoaudiologia, psicologia e serviço social), cujo objetivo é identificar os sinais precoces da D.A. Objetivo: Descrever a atuação fonoaudiológica no 15º Mutirão do Diagnóstico de Alzheimer da Fundação de Neurologia e Neurocirurgia em Salvador-BA. Método: Inicialmente o participante é encaminhado à equipe de enfermagem, que realiza o acolhimento e triagem clínica e logo após, dirige-se à equipe de neurologia, a qual realiza uma breve avaliação e testes cognitivos. A fonoaudiologia integra a terceira etapa do processo: os idosos que obtêm um determinado score nos testes realizados pelos neurologistas são encaminhados para triagem fonoaudiológica e demais especialidades. Participaram desta etapa 119 participantes a partir de 60 anos de idade, de ambos os sexos. Antes de iniciar os testes é realizada uma escuta das demandas e consequente orientação acerca destes. Em seguida, são aplicados os seguintes testes para avaliação de Linguagem: Teste de Nomeação de Boston e Teste de Fluência Verbal e o EAT 10 - Eat Assessment Tool - para identificar sinais sugestivos de disfagia. Após a realização dos testes, os idosos que não atingiram a pontuação mínima exigida por cada teste são acolhidos e referenciados para o serviço de fonoaudiologia da instituição em busca de uma melhor investigação e conduta referente às habilidades de linguagem e deglutição. Resultados: Dos 119 participantes da triagem fonoaudiológica, 47 participantes foram referenciados para os serviços de fonoaudiologia por apresentarem alteração dos aspectos de linguagem e quatro por apresentarem sinais sugestivos de disfagia. A partir desta triagem foi possível verificar a percepção do conhecimento cognitivo nas representações já existentes e reconhecimento de representações fonético/fonológicas e semânticas, bem como promover um acolhimento à percepção dos próprios sujeitos sobre a sua deglutição. Não obstante, é válido salientar que por estar em situação de teste, os fatores ambientais e emocionais representam um viés, podendo mascarar ou distorcer o real resultado. Conclusão: O mutirão proporciona aos seus participantes o acesso a uma investigação de diagnóstico precoce da D.A, pois, por ser uma patologia de longo curso, dificilmente é percebida nos sintomas iniciais. Desta forma, a detecção inicial da doença possibilita uma intervenção terapêutica precoce da equipe multiprofissional, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos sujeitos acometidos, assim como o planejamento e acolhimento dos cuidadores.

1.VERAS, Renato. Envelhecimento populacional contemporâneo: Demandas. Desafios e inovações. 2012
2. TAVARES, Thaíza Estrela; CARVALHO, Cecília Maria Resende Gonçalves de. Características de mastigação e deglutição na doença de Alzheimer. Revista CEFAC, v. 14, n. 1, p. 122-137, 2012.
3. MARQUEZ, Christiana Turner et al. Alterações de linguagem e deglutição na doença de Alzheimer. Distúrbios da Comunicação, v. 13, n. 2, 2002.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
397
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO ATENDENTE DE CALL CENTER.
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: No cenário atual, grande parte das empresas utilizam da voz como principal forma de trabalho para atendimento ao cliente. Os trabalhadores de Call Centers dependem diretamente da voz adjunta da audição para exercer suas funções, que além de ser uma das áreas mais valorizadas no que diz respeito a mão de obra barata, flexibilidade e produção acelerada proporciona uma relação positiva entre a empresa e o cliente. A voz é um grande instrumento de persuasão para o tele serviço, bem como a capacidade auditiva que quando trabalhadas em conjunto relaciona o desejo e entendimento através da conexão entre o receptor e o emissor. No entanto, o cuidado vocal e auditivo é essencial e o profissional fonoaudiólogo é capacitado para fazer o acompanhamento desses funcionários, visando preservar sempre o bem estar do mesmo. Objetivo: Criar um projeto de prevenção e promoção da saúde vocal e auditiva visando a qualidade de vida e de trabalho dos profissionais que atendem em Call Center. Métodos: Foi realizado estudos prévios com profissionais da área de fonoaudiologia em relação aos tele operadores de uma Central de Atendimento ao Estudante (CAE) de uma universidade particular. No decorrer foi observado a necessidade da elaboração de um programa de capacitação, e/ou orientação vocal e auditiva. Resultado: Foi realizado um programa de promoção e prevenção vocal e auditiva direcionado a esses profissionais onde a meta é combater possíveis ou já existentes distúrbios provocados pelo mal uso da voz e da audição, bem como o desempenho inadequado do uso dos headset, por exemplo. Em seguida foi produzido um cronograma com ações de técnicas de respiração, exercícios vocais, orientações sobre higiene vocal e auditiva. Será disponibilizado um guia autoexplicativo de bolso, com orientações e dicas de saúde vocal e auditiva. Será proposto também palestras com ginastica laboral e marketing pessoal a todos funcionários. CONCLUSÃO: Conclui-se que a fonoaudiologia tem o papel importante de auxiliar na prevenção e promoção de saúde vocal e auditiva, através de práticas de exercícios que contribuem para uma qualidade de atendimento e bem estar de todos os tele operadores, fornecendo assim melhores condições de trabalho e qualidade de vida.

CONSTANCIO, Sophia et al . Dores corporais em teleoperadores e sua relação com o uso a voz em atividades laborais. Rev. soc. bras. fonoaudiol., São Paulo , v. 17, n. 4, p. 377-384, Dec. 2012 . Available from. access on 12 May 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342012000400003.

DIOGO, José Rômulo Machado; FERREIRA, Rosana Iorio. A fonoaudiologia auditiva e vocal como fator gerador de bem estar no ambiente de trabalho: Fortaleza: 2018. Acesso em: 2020-05-12.

FERREIRA, Léslie Piccolotto et al . Condições de produção vocal de teleoperadores: correlação entre questões de saúde, hábitos e sintomas vocais. Rev. soc. bras. fonoaudiol., São Paulo , v. 13, n. 4, p. 307-315, 2008 . Available from . access on 12 May 2020. https://doi.org/10.1590/S1516-80342008000400003.

FONSECA, Vitor da. Dificuldade de aprendizagem: abordagem neuropsicopedagógica. 5. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2016. 540 p. Prefácio de Maria Irene Maluf.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2032
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO CUIDADO MATERNO-INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A atuação fonoaudiológica nos serviços públicos se fortaleceu em 2008 a partir da criação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)1 em que este profissional, o fonoaudiólogo, consolida sua inserção neste campo através das práticas de promoção e prevenção a saúde. No entanto, é evidente a falta de conhecimento da população acerca da Fonoaudiologia e suas áreas de atuação2. Não sendo diferente com as gestantes, as quais demonstram pouco conhecimento a respeito dos assuntos fonoaudiológicos para com o desenvolvimento do bebê3. Tendo em vista essa realidade é importante que sejam realizadas ações com intuito de esclarecer tais assuntos, prevenindo, assim, possíveis agravos fonoaudiológicos na criança. OBJETIVO: Relatar uma ação fonoaudiológica realizada com gestantes usuárias de uma Unidade de Saúde. MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência da prática de estágio de Saúde Pública que ocorreu durante 6º período da graduação, no período de fevereiro até junho em uma Unidade de Saúde do município de João Pessoa. Sendo planejada e executada pelos estagiários juntamente com a supervisora. Para realização, foi necessária a ajuda das enfermeiras da unidade, que acompanhavam as gestantes no pré-natal, para que elas entregassem o convite que continha informações acerca da data, horário, local e tema da ação, para o público-alvo. RESULTADOS: A ação ocorreu através de uma roda de conversa, fizeram-se presentes cinco gestantes, em que foi abordado os assuntos fonoaudiológicos quanto ao aleitamento materno, teste da linguinha, teste da orelhinha, desenvolvimento da linguagem e retirada de dúvidas gerais, com intuito de que tais gestantes saíssem orientadas prevenindo, assim, possíveis agravos fonoaudiológicos. Toda conversa foi conduzida por meio da atividade de mitos e verdades no intuito de tornar dinâmica a comunicação dos estagiários com as gestantes. Diante da atividade, percebeu-se um maior conhecimento das gestantes referente as práticas que estimulam o desenvolvimento da linguagem e um menor conhecimento acerca da realização, prazo para ser feito e implicações do teste da linguinha. Ao término da ação, as participantes relataram o quanto foi positiva e proveitosa a conversa, e dentre elas tinha-se duas gestantes que iriam ser mãe pela primeira vez que estavam tomadas por medo e insegurança e o diálogo proporcionou a essas uma maior tranquilidade e autoconfiança. CONCLUSÃO: Com essa ação, os estagiários vivenciaram uma valiosa experiência na promoção de saúde as gestantes, sanando dúvidas e, consequentemente, divulgando o trabalho fonoaudiológico . Além disso, está atividade proporcionou as mães maior conhecimento acerca da atuação e possíveis alterações fonoaudiológicas.

1. Brasil, Ministério da Saúde (BR). Portaria GM No154 de 24 de janeiro de 2008.Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família-NASF. Diário Oficial da União; 2008.
2. Santo CE. Conhecimento sobre a atuação fonoaudiológica em um município da região Amazônica. Distúrbios da Comunicação, 2016; 28(1): 142-50.
3. Medeiros AMC, Batista BG, Barreto IDC. Aleitamento materno e aspectos fonoaudiológicos: conhecimento e aceitação de mães de uma maternidade. Audiology - Communication Research, 2015; 20(3): 183-90


TRABALHOS CIENTÍFICOS
362
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DISLEXIA: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A dislexia ou transtorno especifico de leitura é complexa e de difícil diagnostico1-2, que só poder ser fechado de forma conclusiva aos nove anos de idade3, isso se da pelo fato de que os sinais de alerta que este transtorno apresenta já no inicio da infância, pois quanto mais cedo o diagnóstico ou hipótese diagnostica for estabelecido melhor é o desenvolvimento acadêmico, emocional e psicológico da criança, pois a partir do momento que o diagnostico se torna algo provável a intervenção faz toda a diferença4. E é devido à complexidade diagnóstica e a importância da intervenção precoce que as crianças que apresentam o risco para dislexia devem ser observadas por especialistas do transtorno de linguagem e aprendizagem, que são os fonoaudiólogos, desde o inicio de sua carreira escolar, para que assim a detecção de qualquer sinal de dificuldade e/ou atraso seja descoberta e avaliada em sua extensão para que assim ocorra o estabelecimento da intervenção precoce5-6. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é fazer a revisão sistemática da literatura e estabelecer a importância da atuação do profissional de fonoaudiologia na detecção e intervenção precoce de escolares do ensino fundamental com risco para dislexia. METODOLOGIA: Esse trabalho se trata de uma revisão sistemática de literatura que foi realizada por meio de pesquisa de artigos originas nos bancos de dados online da SciELO, LILACS e Google Scholar os descritores “dislexia”, “avaliação” e “pré-escolares”, pesquisados tanto em português quanto em inglês. O período de publicação determinado para pesquisa de tais artigos foi de 10 anos, ou seja, artigos publicados de 2010 até 2020. RESULTADOS: Dos trabalhos encontrados por meio da pesquisa o total de estudos tabelados foi de (n=17), sendo estes então analisados para verificar se se enquadravam nos critérios de inclusão. Após analise dos estudos tabelados foi estabelecido um total de cinco artigos que atendiam a todos os critérios de inclusão. Todos os cinco artigos apresentam uma amostra composta por escolares do ensino fundamental com idade entre 5 e 7 anos com e sem risco para dislexia, desta forma os estudos apresentaram uma comparação entre os avanços nas habilidades necessárias para alfabetização em ambos os grupos, após estes passearem por intervenção fonoaudiológica, destacando que as habilidades trabalhadas apresentaram melhora após intervenção, em ambos os grupos, porem que as crianças sem o risco pra dislexia evoluíram com mais rapidez e facilidade, mostrando assim a necessidade e eficácia do uso dos métodos fonoaudiológicos para identificação e auxilio das crianças com risco para dislexia. CONCLUSÃO: Este estudo de revisão permitiu que os pesquisadores chegassem à conclusão de que a atuação fonoaudiológica em âmbito escolar é não somente eficaz, mas extremamente necessária, pois a atuação desse profissional traz benefícios não só as crianças que apresentam risco para dislexia, que são detectadas com maior facilidade através da atuação do fonoaudiólogo, mas também para todas as crianças, que apresentam melhorias nos aspectos de alfabetização quando são estimuladas suas habilidades de nível de linguagem.

1. Rotta NT, Ohlweiler L, Riesgo RS. Transtornos da aprendizagem : abordagem neurobiológica e multidisciplinar. 2ºed. Porto Alegre, Grupo A, 2016.
2. Rotta NT, Bridi Filho CA, Bridi FRS. Neurologia e aprendizagem. 1º ed. Porto Alegre, Grupo A, 2016.
3. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5ºed. Porto Alegre, Grupo A, 2014.
4. Pinheiro L, Correa J, Mousinho R. A eficácia de estratégias de remediação fonoaudiológica na avaliação das dificuldades de aprendizagem. Ver. Psicopedagogia. [Internet]. 2012 Aug. [cited 2020 July 02]; 29 (89): 215-225.
5. Fadini CC, Capellini SA. Eficácia do treinamento de habilidades fonológicas em crianças de risco para dislexia. Rev. CEFAC [Internet]. 2011 Oct [cited 2020 July 02]; 13(5): 856-865.
6. Fukuda MTM, Capellini SA. Treinamento de habilidades fonológicas e correspondência grafema-fonema em crianças de risco para dislexia. Rev. CEFAC [Internet]. 2011 Apr [cited 2020 July 02]; 13(2): 227-235.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2154
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO SEGUIMENTO MULTIPROFISSIONAL DE CRIANÇAS NASCIDAS PREMATURAS COM MUITO BAIXO PESO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Brasil enquadra-se entre os dez países com maior número de nascimentos prematuros, configurando um problema de saúde pública devido às possíveis consequências no desenvolvimento infantil. A prematuridade e o baixo peso são considerados como fator de risco para o desenvolvimento motor, cognitivo e de linguagem, demandando monitoramento e intervenção em equipe multiprofissional. Entretanto, no Brasil ainda não há políticas públicas que garantam a atuação do fonoaudiólogo nesta área, especialmente no que se refere ao desenvolvimento da comunicação. OBJETIVO: Apresentar um relato de experiência das atividades desenvolvidas por graduandas em Fonoaudiologia, entre março e dezembro de 2019, no projeto de extensão “Desenvolvimento motor oral e de linguagem em crianças nascidas prematuras e com muito baixo peso”. MÉTODO: Este projeto foi coordenado por duas docentes fonoaudiólogas uma com atuação voltada para a área de disfagia infantil e a outra para linguagem. O projeto ocorreu integrado ao ambulatório multiprofissional de seguimento do prematuro do Departamento de Pediatria e contou com a participação de dez estudantes do quarto ao oitavo período do curso. Estes participavam da consulta compartilhada com os residentes de Medicina e demais profissionais do ambulatório. A população atendida era composta por crianças nascidas com idade gestacional abaixo de 37 semanas e com peso inferior a 1500 gramas, de ambos os sexos, com idade gestacional até 24 meses. As atividades envolviam acompanhamento das questões alimentares, utilizando o protocolo Schedule for Oral Motor Assessment – SOMA, e das habilidades comunicativas, sendo monitoradas em cada consulta com o Protocolo de rastreio do desenvolvimento da produção e compreensão de linguagem de acordo com a percepção dos cuidadores e pelo teste de triagem do desenvolvimento Denver II. Além disso, foram realizadas atividades de educação em saúde, como oficinas na sala de espera abordando temas gerais sobre desenvolvimento infantil e prematuridade, em que os pais e cuidadores eram estimulados a discutir mitos e verdades interagindo com os estudantes e profissionais de Fonoaudiologia. RESULTADOS: No eixo ensino, o projeto permitiu aos discentes vivenciar situações clínicas e interagir com outros profissionais que geralmente não são contempladas na grade curricular do curso, o que foi apontado como um de seus pontos cruciais, pois gerou uma visão global das necessidades dos pacientes e promoveu uma prática mais diversa durante a formação acadêmica. No eixo extensão, ele permitiu que a população atendida tivesse acesso a um monitoramento diferenciado e construísse conhecimento baseado na educação em saúde. Além disso, houve contribuição no eixo da pesquisa ao gerar dados sobre prematuros nascidos na região, estimulando pesquisas de iniciação científica e mestrado. Consequentemente, a visão dos profissionais e dos estudantes toma uma abordagem interdisciplinar, gerando uma melhor qualidade de vida aos pacientes e familiares. CONCLUSÃO: Sendo assim, pode-se concluir que o projeto reflete a necessidade de um acompanhamento interprofissional em crianças nascidas prematuras com muito baixo peso e favorece maiores aprendizados em relação às questões motoras e de linguagem desse público. Além disso, proporciona aos estudantes a vivência com outras áreas da saúde e população, o que enriquece a formação acadêmica e profissional.

Reilly S, Skuse D, Mathisen B, Wolke D. The Objective Rating of Oral-Motor Functions During Feeding. Dysphagia. 1995; 10: 177-91
Fernandes FDM, Molini-Avejonas D. Processos de intervenção nos distúrbios de linguagem infantil. In: Lamônica DAC BD, editor. Tratado de Linguagem: perspectivas contemporâneas. 1st ed. Ribeirão Preto, SP; 2017. p. 215–22
William F, Josiarh D, et al. Denver II: Teste de Triagem do Desenvolvimento. 1st ed. São Paulo SP: Hogrefe; 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1697
ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR NA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR SOB A ÓTICA DOS ESTUDANTES DE FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM), compreende queixas clínicas envolvendo os músculos da mastigação, a articulação temporomandibular (ATM) e demais estruturas associadas, ou ambas, sendo de causa multifatorial. A fonoaudiologia e a odontologia estão entre as áreas envolvidas no diagnóstico e tratamento dos transtornos da articulação temporomandibular, a relação multidisciplinar entre elas é fundamental para o sucesso terapêutico aos pacientes com DTM, essa relação deve ser iniciada desde a graduação. Objetivo: Descrever o conhecimento dos estudantes de fonoaudiologia e odontologia de uma Universidade privada, acerca do trabalho multidisciplinar na DTM. Método: Estudo qualitativo e quantitativo de caráter transversal descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número 2.524.505. A amostra do estudo foi de 70 acadêmicos de ambos os gêneros e sem limite de idade, dos cursos de fonoaudiologia e odontologia de uma Universidade privada da cidade de São Luís-MA. Foi utilizado um questionário adaptado de um estudo, contendo seis questões, uma subjetiva e as outras objetivas. As respostas foram analisadas no programa Excel 2010 e expostas em forma de gráficos em porcentagem. Resultados: Observou-se que 100% dos graduandos de fonoaudiologia e 100% dos alunos de odontologia entrevistados, tem conhecimento sobre o que é uma disfunção temporomandibular. Todos os alunos de fonoaudiologia e odontologia julgam ser importante o trabalho multidisciplinar na DTM, sobre essa questão o entrevistado f1 disse: “pois cada profissional possui uma visão sobre o caso, e a troca de experiências entre as mesmas irá contribuir significativamente na melhora do paciente”. As especialidades da odontologia que para os acadêmicos de fonoaudiologia podem intervir na DTM mais assinaladas foram, respectivamente, especialista em dor orofacial 37%, cirurgia buco-maxilo-facial 23% e ortodontia 22%. Para os alunos de odontologia as especialidades fonoaudiológicas que tratam a DTM mais assinaladas foram respectivamente: motricidade orofacial 33%, linguagem 24% e audição 24%. 63% dos acadêmicos de fonoaudiologia sempre são orientados a encaminhar paciente com DTM para clínica odontológica, e 37% dos alunos de odontologia entrevistados afirmaram que às vezes são orientados a encaminhar os pacientes com DTM para o atendimento fonoaudiológico. Conclusão: Os graduandos entrevistados nesta pesquisa, do curso de fonoaudiologia e odontologia possuem conhecimento sobre a disfunção temporomandibular, bem como da importância que cada ciência oferece ao tratamento da DTM. Entretanto, este estudo constatou que os discentes do curso de fonoaudiologia, recebem mais orientações durante a graduação para encaminhar pacientes com DTM para clínica odontológica do que os graduandos do curso de odontologia.

1. Bianchini EMG. Articulação temporomandibular: implicações, limites e possibilidades fonoaudiológicas. v. 1, Carapicuíba, SP: Pró-fono; 2000. p.12-13.
2. Baldrighi SEZM. Perfil miofuncional orofacial de crianças atendidas no ambulatório odontopediátrico do Hospital Universitário de Aracaju/SE. Distúrbios comun. São Paulo, 27:(1), p. 85-96, mar, 2015.
3. Rech RS, Brown RMA, Cardoso MC, Vidor DCGM, Maahs MAP. Interfaces entre fonoaudiologia e odontologia: em que situações essas ciências se encontram?. Universitas: ciências da saúde. Brasília, 13:(2), p. 111-25, jul./dez, 2015.
4. Silva TR. Integração odontologia-fonoaudiologia: a importância da formação de equipes interdisciplinares [trabalho de conclusão de curso]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2013.
5. Amaral EC, Bacha SMC, Ghersel EwL. A, Rodrigues PMI. Inter-relação entre a odontologia e a fonoaudiologia na motricidade orofacial. Revista CEFAC. São Paulo, 8(3) p. 337-351, jul./sep, 2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
962
ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL EM UM CASO DE OSTEOSSARCOMA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O tratamento do câncer de cabeça e pescoço deve envolver uma a atuação conjunta e integrada de uma equipe multidisciplinar com conhecimentos relevantes1,2,3 para prestar o melhor atendimento possível aos pacientes. OBJETIVO: Relatar o caso de um paciente com diagnóstico de osteossarcoma submetido a cirurgia de maxila e a adaptação de prótese obturadora de palato. MÉTODO: Estudo aprovado pelo Cômite de Ética sob o parecer 3.109.023. Paciente do sexo masculino, 35 anos, com histórico de quatro ressecções de tórus palatino realizados por odontólogo desde o ano de 2016. Em agosto de 2019, veio ao serviço de cabeça e pescoço referindo o surgimento de grande lesão no palato com dor local. Foi então realizada biópsia, a qual evidenciou osteossarcoma, cujo tratamento cirúrgico proposto foi uma ressecção parcial da maxila esquerda. No intraoperatório foi adaptada, pela equipe da cirurgia bucomaxilofacial, uma prótese obturadora de palato provisória e então, este paciente foi encaminhado para a equipe de fonoaudiologia, com vistas a avaliação da deglutição. Em avaliação, ainda durante a internação, a beira do leito, observou-se boa adaptação à prótese, ressonância levemente hipernasal, e ausência de sinais clínicos de penetração/aspiração laringotraqueal em todas as consistências de alimento testadas (líquida, pastosa liquidificada e sólidos macios). Após a alta hospitalar o paciente foi encaminhado para seguimento ambulatorial. Na reavaliação, percebeu-se redução da abertura da boca (25mm), dificuldade na manipulação do bolo alimentar em cavidade oral decorrente do processo cirúrgico e da falta de dentes na arcada dentária superior. Também apresentou assimetria e redução da sensibilidade facial do lado esquerdo e qualidade vocal ainda com certa hipernasalidade. Como proposta terapêutica foram realizados exercícios miofuncionais visando a maximização da musculatura com o objetivo de minimizar sequelas e contribuir para o reestabelecimento e funcionalidade orofacial. RESULTADOS: Após oito sessões, o paciente apresentou melhora da mímica facial, vedamento labial, aumento da abertura da boca (35mm), qualidade vocal com ressonância adequada e boa adaptação da prótese obturadora de palato. CONCLUSÃO: Os resultados demonstram que a atuação conjunta das especialidades de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Cirurgia Bucomaxilofacial e Fonoaudiologia proporcionaram a possibilidade de manter uma alimentação adequada, de consistência normal, melhora expressiva na qualidade vocal, ou seja, uma boa comunicação, resultando na satisfação do paciente e seus familiares.

1. Lo Nigro C, Denaro N, Merlotti A, Merlano M. Head and neck cancer: improving outcomes with a multidisciplinary approach. Cancer Manag Res. 2017;9:363-371.

2. Rosseto MAAM. Qualidade de vida em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Piracicaba. Tese [mestrado profissional] - Universidade Estadual de Campinas; 2018.

3. Furia CLB, Mikami DLY, Toledo IP. Câncer de Cabeça e Pescoço. In: Santos M, Corrêa TS, Faria LDBB, Siqueira GSM, Reis PED, Pinheiro RN. Diretrizes Oncológicas 2. São Paulo: Doctor Press Ed. Científica, 2019. Pag. 54.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1785
ATUAÇÃO PROFISSIONAL ENTRE FONOAUDIOLOGIA E NUTRIÇÃO NA ROTINA DE UMA UNIDADE SEMI-INTENSIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) presta assistência a pacientes graves que requerem atenção especializada de forma contínua, não sendo possível a permanência de acompanhantes junto ao leito. Ao apresentarem estabilidade clínica, porém necessidade de manter os cuidados intensivos, estes pacientes podem ser assistidos na Unidade Semi-Intensiva (USI). Na Instituição Hospitalar em que o estudo foi desenvolvido, a filosofia de funcionamento da USI permite o internamento em apartamentos individuais e a presença de acompanhantes em tempo integral. Em ambas as unidades (UTI e USI), a assistência integral é garantida por equipe multiprofissional. Dentre os profissionais que compõem a equipe, encontram-se fonoaudiólogos e nutricionistas, especialidades indicadas pelo Ministério da Saúde para compor as equipes de UTI. OBJETIVO: Descrever o impacto da atuação integrada do Nutricionista e do Fonoaudiólogo da USI de um Hospital da rede privada da cidade do Recife. MÉTODO: A USI em questão dispõe de 18 apartamentos individuais onde os pacientes admitidos são avaliados diariamente pela equipe multiprofissional, incluindo profissionais residentes. O nutricionista atua no rastreamento do risco de desnutrição, no ajuste e adaptação do cardápio conforme indicação fonoaudiológica, calculando, assim, as necessidades nutricionais específicas dos pacientes. Já o fonoaudiólogo atua conforme necessidade de início ou continuidade de acompanhamento previamente iniciado em UTI tradicional, ou após o acionamento médico, indicando a via de alimentação e as consistências alimentares mais seguras para cada paciente, reabilitando a função de deglutição, prevenindo quadros de penetração laríngea e/ou broncoaspiração, realizando orientações de cuidado quanto à ingesta alimentar e, ainda, atuando no processo de decanulação dos pacientes traqueostomizados. Na rotina hospitalar, as duas especialidades atuam de maneira íntima, realizando visitas para avaliação nos leitos, discutindo casos e definindo condutas individuais, respeitando o quadro clínico, a necessidade nutricional e as indicações de consistências, texturas, temperaturas e sabores indicados pelo fonoaudiólogo. RESULTADOS: A atuação integrada dessas especialidades tem resultado num atendimento mais preciso e, portanto, na definição de condutas terapêuticas assertivas, contribuindo para o sucesso da reabilitação, para a prevenção de complicações durante o internamento e redução do tempo de internação, além de contribuir para a efetividade da comunicação entre os profissionais (Meta 2 Internacional de Segurança do Paciente). CONCLUSÃO: O modelo de atuação entre os profissionais das áreas de Nutrição e Fonoaudiologia utilizado na Instituição tem demonstrado impacto positivo sobre a saúde dos pacientes internados na USI deste Hospital e reforça a importância da atuação da equipe multidisciplinar de maneira integrada para oferecer melhor qualidade de vida e, consequentemente, acelerar o processo de reabilitação dessa população.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2015
AUDIÇÃO E EQUILÍBRIO: ANÁLISE DE TESES DEFENDIDAS POR FONOAUDIÓLOGOS DOUTORES BRASILEIROS.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


TÍTULO: Audição e equilíbrio: análise de teses defendidas por fonoaudiólogos doutores brasileiros.
RESUMO
Introdução: levantamentos e análises correlatas sobre fonoaudiólogos brasileiros titulados doutores realizados permitiram conhecer o perfil dos profissionais e as áreas estudadas, constituindo-se como indicador importante para análise do amadurecimento da profissão, subsidiando a construção de políticas públicas. Objetivo: analisar o perfil das teses defendidas por fonoaudiólogos brasileiros titulados doutores, relacionadas à temática de audição e equilíbrio Método: trata-se de um estudo exploratório que contou com banco de dados coletado para o artigo elaborado por Ferreira et al. (2019). Nesse artigo investigou-se as variáveis sexo, ano de defesa da tese, tipo e localização da instituição de ensino, inserção do programa em que a tese foi desenvolvida e temática da mesma. Os dados foram levantados por meio de consulta à Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre 1976 (primeiro registro) e 03 de abril de 2018, totalizando 1.125 teses. Os critérios de inclusão foram: ter formação em Fonoaudiologia, ser brasileiro e ter se titulado doutor. Em especial na área de Audição e Equilíbrio, foram registradas 293 (26,0%) e para este estudo essas foram categorizadas e analisadas em duas fases: 1ª. Fase – análise das variáveis referentes aos autores (sexo e total de artigos publicados nos últimos 10 anos) e à tese (tipo de instituição de ensino; região geográfica da instituição; área de conhecimento do CNPq; ano de defesa); 2ª. Fase - análise das temáticas abordadas (considerou-se para tal as categorias propostas pela Academia Brasileira de Audiologia - ABA, para a seleção de trabalhos apresentados no Encontro Internacional de Audiologia – EIA, a saber: Diagnóstico Audiológico; Políticas Públicas em Saúde Auditiva; Avaliação e Reabilitação Vestibular; (Re) Habilitação Auditiva; Seleção e adaptação de dispositivos eletrônicos (Aparelhos Auditivos e Implante Coclear) e Telessaúde ) e faixa etária estudada (0 a 19 anos - crianças e adolescentes; 20 a 59 anos – adulto; ≥ 60 – idoso). Os dados referentes as variáveis foram submetidos a análise estatística descritiva, numérica e percentual. Resultados: a primeira defesa na área ocorreu em 1985. Quanto a variável sexo dos pesquisadores, a quase totalidade é do sexo feminino (288-98%), com registro de produção, em 10 anos, de 3.695 artigos em periódicos (média 12,78 artigos/autor). Quanto a tese, a maioria foi defendida em instituições públicas (259-88%), na região Sudeste (217-74%), na área de Ciências da Saúde (273-93,1%). Na análise das temáticas, as registradas em maior número foram relacionadas ao Diagnóstico Audiológico (137-47%); Políticas Públicas em Saúde Auditiva (45-15%) e Seleção e adaptação de dispositivos eletrônicos (33-11%). Quanto a faixa etária, metade das teses está voltada para questões referentes a faixa etária de 0 a 19 anos (150-51%).O número de teses na área de Audiologia apresentou crescimento mais significativo após o ano 2000, não constituindo padrão de previsibilidade Conclusão: A subárea/ faixa etária de maior destaque foi a de diagnóstico infantil suscitando a necessidade de pesquisas em outras subáreas e faixas etárias.

Descritores: Fonoaudiologia, Indicadores de Produção Científica; Audição.


Fernandes, F. R., & Silva, H. D. F. N. (2018b). Análise da produção científica dos programas de pósgraduação e seu alinhamento com as diretrizes do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação: um estudo cientométrico. AtoZ: Novas Práticas Em Informação e Conhecimento, 7(2), 22. https://doi.org/10.5380/atoz.v7i2.67241

[5:43 PM] Mariene Terumi Umeoka Hidaka


Catani, Afrânio Mendes; Oliveira, João Ferreira de; Michelotto, R. M. (2011). As políticas de expansão da educação superior no Brasil e a produção do conhecimento Policies for expansion of higher education in Brazil. 267–281.

[5:44 PM] Mariene Terumi Umeoka Hidaka


Faria, L. I. L. de, Gregolin, J. A. R., Quoniam, L., & Hoffmann, W. A. M. (2010). Análise da produção científica a partir de publicações em periódicos especializados. Retrieved from Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo 2010 website: http://fapesp.br/indicadores/2010/volume1/cap4.pdf

Ferreira, L. P., Ferraz, P. R. R., Garcia, A. C. O., Falcão, A. R. G., Ragusa-Mouradian, C. A., Herrero, E., … Fichino, S. N. (2019). Speech-language therapists with Ph.D. in Brazil: Profile from 1976 to 2017. Codas, 31(5), 1–8. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20192018299


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2142
AUTISMO E VULNERABILIDADE SOCIAL NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A exclusão social, preconceito e estigma, corroboram para levar as pessoas com deficiência à maior risco de vulneração, necessitando de auxílios físicos e sociais. Segundo o SUAS (2012) para uma família ou população ser considerada vulnerável são considerados condições de moradia, aspectos sanitários, de trabalho, renda, educação. OBJETIVO: Descrever aspectos da vulnerabilidade social que interferem na terapia fonoaudiológica em sujeitos com autismo. MÉTODOS: A experiência aconteceu mediante vivência em estágios na clínica-escola de Fonoaudiologia em Universidade Federal. São relatados dois sujeitos com diagnóstico de autismo não verbal grave: G1, 5 anos, residia com a família em uma zona periférica da cidade. Mora com sua mãe, que é dona de casa e o pai não teve sua ocupação informada. Frequentava a escola (jardim I). G2, 8 anos, residia com a família na zona rural, frequentava escola especial. A família possuía um sítio, do qual utilizavam como parte da renda familiar. Ambas famílias possuem baixa renda e baixo nível de instrução educacional. Todas as crianças eram atendidas uma vez por semana, por cerca de 40 minutos. Os dados descritos perfazem o período de janeiro a dezembro de 2019. RESULTADOS: G1: por residir num bairro distante da universidade, havia um longo deslocamento para chegar à terapia, o que desestabilizava mãe e criança. A mãe de G1 o levava sozinha e mostrava-se abalada com a condição do filho, tornando o espaço da terapia como um momento de desabafo. Além disso, G1 utilizava medicação para atenuar problemas comportamentais, e esta estava desatualizada, devido prejuízo no acesso aos sistemas de saúde. O trajeto, as condições e acesso ao transporte e saúde pública, a situação de ser mãe solo, interferiam no desenvolvimento de G1, sendo um agravante na sua condição de saúde. Já G2 era criado no ambiente rural, sempre permanecia ao ar livre, e não sabia usar banheiro, e manusear objetos. Para G2, a sala de espera até o setting terapêutico, tornavam-se ambientes alheios à sua realidade, que o deixava desorganizado. No sítio, no qual convivia de maneira mais livre e solto, fazia uma aparente oposição à esse ambiente controlado e fechado que a terapia o oferecia. Com a baixa instrução dos pais, o reforço verbal com as orientações para adequar a rotina de G2 e fazê-lo organizar-se para transitar em espaços como a casa, clínica, escola, pareciam antagônicos a realidade dessa família, devido suas condições de moradia e educação. Com ambos os sujeitos, os padrões repetitivos e restritos de comportamento se agravavam devido as condições socais de suas famílias, o que interferia numa relação direta no desenvolvimento das habilidades da comunicação verbal e não verbal. CONCLUSÃO: A vulnerabilidade social das famílias impactam o desempenho da linguagem e comportamento das crianças com autismo. Devido à dificuldade inerente em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais, déficits graves de interação social, adesão inflexível a rotinas, ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal, os sujeitos com autismo sofrem maior impacto da vulnerabilidade social em seu desenvolvimento.

BRASIL. SUAS, Sistema Único de Assistência Social. Norma Operacional Básica NOB/SUAS. Brasília, 2012. Disponível em: >http://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/assistencia_social/nob_suas.pdf< Acesso em: 20 set. 2017.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2014.

GIVIGI, R.C.N; SOUZA, T.A.; SILVA, R.S.;
DOURADO, S.S.F.; ALCÂNTARA, J.N.; LIMA,
M.V.A. Implicações de um diagnóstico: o que sentem as famílias dos
sujeitos com deficiência? Distúrbios Comun. São Paulo, 27(3):449-457, setembro, 2015.

Barbosa, Caroline Lopes et al. Speech-language-hearing therapy and clinical listening in a mental health team: perception of parents of children with autism spectrum disorder. Rev. CEFAC, 2020, vol.22, no.1. ISSN 1516-1846


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1621
AUTISMO NA PANDEMIA: ELABORAÇÃO DE MATERIAL DE ESTIMULAÇÃO E ORIENTAÇÃO POR ALUNOS DA GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO
Na atual conjuntura do país, após 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença causada pelo novo coronavírus uma pandemia, a população brasileira como um todo têm vivenciado as dificuldades impostas por este cenário. O ensino, em todos os seus níveis, também foi afetado, com isso, o estágio dos alunos de graduação e pós graduação em fonoaudiologia necessitou de adaptação para garantir uma continuidade no ensino, pesquisa e prática como um todo, sendo que a maior mudança foi a suspensão dos atendimentos presenciais e o início dos teleatendimentos.
Atendendo a necessidade do momento e assim como foi constatado em uma revisão de literatura realizada em 2015, a qual mostrou que a maioria dos estudos concluiu que a telessaúde possui vantagens, mas que dificuldades com tecnologia e treinamento ainda são barreiras que precisam ser vencidas.
Sendo assim, seguindo a linha do que é proposto e idealizado dentro desta instituição, os alunos d desenvolveram materiais bem elaborados para terapia e orientações familiares, seguindo principalmente os ideais das práticas baseadas em evidências

OBJETIVO
Criação de um material no formato de e-Book (livro virtual) contendo orientações gerais para contribuir com o processo de estimulação de pais e responsáveis, fornecendo dicas de atividades que estimulam a linguagem, cognição e suas variáveis.

MÉTODO
Nos últimos 4 meses os alunos de graduação e pós graduação realizaram teleatendimento com pacientes pertencentes ao espectro do autismo, juntamente com orientação à pais e responsáveis de crianças com autismo. As atividades realizadas neste período envolveram principalmente a estimulação da linguagem em ambiente residencial, com materiais de fácil acesso. Após 4 meses de trabalho, compilou-se em um e-Book alguns dos materiais a fim de propagar este conhecimento para que outras pessoas possam se beneficiar com ele.
O e-Book foi elaborado da seguinte maneira: primeiro os alunos organizaram as ideias que poderiam ser utilizadas, após isso, o trabalho foi dividido em introdução, conceito do Distúrbio do Espectro do Autismo (DEA), orientações gerais, orientações sobre funções executivas e sobre habilidades comunicativas e por fim um compilado de atividades que podem ser executadas em casa.
O material elaborado foi disponibilizado no formato de e-Book através de redes sociais do Laboratório e das pessoas envolvidas em sua elaboração.

RESULTADOS
Como resultado, obtivemos o próprio e-Book pronto para ser lançado e divulgado nas mídias sociais. Contando com introdução, definição de DEA, orientações gerais para o cotidiano familiar, orientações sobre funções pragmáticas da comunicação, orientações sobre funções executivas e estratégias para estimulação que podem ser realizadas por profissionais, pais e outros cuidadores .

CONCLUSÃO
Pode-se afirmar que a experiência de construir o e-Book de orientações contribuiu para a formação dos alunos de graduação e pós graduação deste serviço, além de oferecer às famílias informações acessíveis e baseadas em evidências científicas, favorecendo a estimulação de crianças com DEA durante esse período de isolamento social.

Molini-Avejonas, Daniela R; Rondon-Melo, Silmara; Amato, Cibelle A; Sameli, Alessandra G. A systematic review of the use of telehealth in speech, language and hearing services. J. Telemed Telecare, 2015 21(7):367-376.
Fernandes, F. D. M. Orientações Para Famílias de Crianças no Espectro do Autismo: Fonoaudiologia Baseada em Evidências. Editora pró-fono. Janeiro de 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2046
AUTO-PERCEPÇÃO DE ESFORÇO VOCAL EM CANTORES APÓS TÉCNICA COM TUBOS DE RESSONÂNCIA E VOCALIZES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Para melhora do rendimento vocal, cantores realizam exercícios de aquecimento, condicionamento e aperfeiçoamento (1). No entanto, o princípio da individualidade biológica afirma os indivíduos apresentam necessidades e habilidades musculares específicas (2). Diante disso, a avaliação da auto-percepção é considerada fator importante pois dificilmente um indivíduo adere a uma técnica que lhe cause desconforto. A sensação de esforço é individual e pode ser percebida de forma diferente entre os cantores (3). A percepção da voz desempenha papel importante na vida do cantor, pois essa população é propensa a notar mudanças sutis em suas vozes. Diante disso, avaliações externas refletem menos na qualidade de vida e na adesão de técnicas em comparação a autoavalição vocal (4-6). Objetivo: verificar a auto-percepção de esforço vocal em cantores, após técnica com tubo de ressonância e vocalizes. Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos, com número do parecer de aprovação 3.197.980. Participaram da pesquisa 30 cantores adultos, na faixa etária de 18 a 45 anos (média de 25,87±5,64) sem alteração laríngea avaliados por videoestroboscopia. Foi solicitado que o cantor escolhesse uma canção do seu repertório que, para ele, apresentasse algum grau de dificuldade e cantá-la durante um minuto. O grau de dificuldade ficou a critério da escolha do cantor (como sustentação de notas, emissão de agudos, graves, controle respiratório). Após a execução do canto, os participantes realizaram a técnica com o tubo de ressonância associado a vocalizes e a técnica dos vocalizes de forma isolada, no tempo de três minutos, em dias diferentes, para evitar interferência de efeito entre os exercícios. Para a execução da técnica com o tubo de ressonância, optou-se em utilizar o princípio da sobrecarga. O cantor emitiu um sopro sonorizado com a vogal /u/ em vocalizes ascendentes e descendentes no tubo com a extremidade distal imersa profundamente em uma garrafa de plástico de 500ml com 2/3 de água. Na técnica dos vocalizes, o cantor emitiu a vogal /u / em sequência melódica pré-estabelecida. Após a execução da técnica, os indivíduos responderam o questionário da Escala Borg CR 10-BR – adaptada para esforço vocal (7), para que fosse possível avaliar a auto-percepção diante dos exercícios realizados. Resultados: A normalidade dos grupos foi analisada pelo teste de Shapiro-Wilk, rejeitando-se a hipótese de distribuição normal quando p<0,05. Para a comparação dos valores antes e após aplicação da técnica e entre modos de execução da técnica (com e sem tubo), foi aplicado o teste Wilcoxon com nível de significância a 5%. Os cantores referiram menor sensação de esforço após a execução de ambas as técnicas, mas a fonação em tubos proporcionou menor sensação de esforço (0,80) em detrimento dos vocalizes (1,25). Conclusão: A fonação em tubos associada aos vocalizes otimizou os resultados em pouco tempo de execução. Pode-se inferir que os exercícios com os vocalizes podem ser capazes de promover uma produção de voz eficiente, mas não necessariamente uma economia vocal e que necessitam de tempo maior que 3 minutos para que haja resultado satisfatório.

1. Titze I. Voice Research: The Five Best Vocal Warm-Up Exercises. J Sing - Off J Natl Assoc Teach Sing. 2001; 57:51-52.

2. Lussac RMP. Principles of Sports Training: Concepts, Definitions, Possible Applications and a Possible New Look. Rev Digit EFDesportes. 2008; 13:121.

3. Camargo MRMC, Zambon F, Moreti F, Behlau M. Translation and cross-cultural adaptation of the Brazilian version of the Adapted Borg CR10 for Vocal Effort Ratings. CoDAS. 2019; 31(5). doi:10.1590/2317-1782/20192018112

4. Manternach, J.N; Daugherty J.F. Effects of a Straw Phonation Protocol on Acoustic and Perceptual Measures of an SATB Chorus. J Voice.2017b

5. Kirsh, et al. Factors associated with singer’s perception of choral singing well-being. Journal of voice, 27 (6),786 e, 25-32. 2013

6. Gish, A, et al (2012). Vocal Warm-Up Practices and Perceptions in Vocalists: A Pilot Survey. Journal of Voice, 26(1), e1–e10. doi:10.1016/j.jvoice.2010.10.005

7. Camargo MRMC, Zambon F, Moreti F, Behlau M. Translation and cross-cultural adaptation of the Brazilian version of the Adapted Borg CR10 for Vocal Effort Ratings. CoDAS. 2019; 31(5). doi:10.1590/2317-1782/20192018112


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1049
AUTOAVALIAÇÃO DE PROFESSORAS COM LARINGE NORMAL E QUEIXAS VOCAIS: RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Professores são os profissionais com maior prevalência de sintomas e alterações vocais1-3. OBJETIVO: Verificar os resultados da autoavaliação de professoras com laringe normal e queixas vocais. MÉTODO: Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (n 2.433.975). Participaram 57 professoras entre 21 e 60 anos de idade (média de 40,14 anos). Foram realizados anamnese, exame otorrinolaringológico, triagem auditiva e preenchimento dos seguintes protocolos de autoavaliação vocal: Perfil de Participação em Atividade Vocais (ponto de corte total=14,6; ponto de corte limitação de atividades=1,65; ponto de corte restrição de participação=1,35), Qualidade de Vida em Voz (ponto de corte total=91,25), Índice de Desvantagem Vocal (ponto de corte domínio funcional=7,5; ponto de corte domínio orgânico=10,5; ponto de corte domínio emocional=3; ponto de corte total=19), Escala de Sintomas Vocais (ponto de corte total=16), Escala de Desconforto do Trato Vocal (ponto de corte frequência=1,188; ponto de corte severidade=1,190), University of Rhode Island Change Assessment-Voz (ponto de corte pré-contemplação=8 ou inferior; ponto de corte contemplação=8 a 11; ponto de corte ação=11 a 14). Análise descritiva. RESULTADOS: No Perfil de Participação em Atividade Vocais, das 57 professoras, 43 (75,4%) ficaram acima do ponto de corte total (média 66,6); 55 (96,5%) acima do ponto de corte em limitação das atividades (média 24,7); e 47 (82,4%) acima do ponto de corte em restrição de participação (média 20,6). No Qualidade de Vida em Voz, 17 (29,8%) professoras ficaram acima do ponto de corte total (média 76,0); 30 (52,6%) no domínio socioemocional (média 73,5); e 10 (17,5%) no domínio físico (média 70,3). No Índice de Desvantagem Vocal, das 57 professoras, 22 (38,6%) ficaram acima do ponto de corte no domínio funcional (média 6,6); 28 (49,1%) no domínio físico (média 11,7); e 22 (38,6%) no domínio emocional (média 3,8). Na Escala de Sintomas Vocais, 53 professoras (93,0%) ficaram acima do ponto de corte total (média 39,8). Na Escala de Desconforto do Trato Vocal, 54 professoras (94,7%) ficaram acima do ponto de corte da frequência dos sintomas (média 2,31) e 54 (94,7%) acima do ponto de corte da sua intensidade (média 2,39). Na University of Rhode Island Change Assessment-Voz, 29 (50,9%) professoras concentraram-se no estágio de pré-contemplação; 28 (49,1%) em contemplação. Nenhuma das professoras estava nos estágios de ação e manutenção. CONCLUSÃO: A maioria das professoras avaliadas apresentou resultados de autoavaliação vocal indicativos de que podem estar realizando usos vocais incorretos que impactam negativamente a sua qualidade de vida e funcionalidade no trabalho.

1 Behlau M, Zambon F, Guerrieri AC, Roy N. Epidemiology of voice disorders in teachers and nonteachers in Brazil: prevalence and adverse effects. J Voice 2012; 26(5): 665.E9-665.E18.
2 Lee YR, Kim HR, Lee S. Effect of teacher's working conditions on voice disorder in Korea: a nationwide survey. Ann Occup Environ Med 2018; 30(43): 1-10.
3 Masson MLV, Ferrite S, Pereira LM, Ferreira LP, Araújo TM. Seeking the recognition of voice disorder as work-related disease: historical-political movement. Ciênc. saúde coletiva 2019; 24(3): 805-816.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2062
AUTOAVALIAÇÃO DO RISCO PARA DISFAGIA EM IDOSOS COM E SEM HISTÓRICO DE HANSENÍASE
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O envelhecimento ocasiona diversas mudanças fisiológicas e cognitivas, que afetam diretamente a segurança e capacidade funcional do sistema sensório miofuncional orofacial(1) O idoso, mesmo que saudável, está propenso a apresentar presbifagia, entretanto, o quadro disfágico também pode estar associado a doenças crônicas, dentre as quais destaca-se a hanseníase(2). Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), em 2015, foram detectados 28761 novos casos de hanseníase no Brasil, sendo 1135 em Minas Gerais(3). Acredita-se que a lesão no sistema nervoso periférico dos idosos com hanseníase, pode levar a alterações na funcionalidade das estruturas oromiofaciais em vários níveis, uma vez que pode afetar os nervos que fazem parte do complexo sistema estomatognático(4). A relação dentária também é um importante fator na segurança da alimentação do idoso. Estudos apontam que muitos se encontram em um quadro de saúde bucal precária, com alta prevalência de perdas dentárias ou edentulismo e próteses mal adaptadas ou com péssima conservação(5). Embora sua relevância na saúde pública seja notória, são escassos os trabalhos associando a hanseníase com a Fonoaudiologia.
Objetivo: Verificar associação entre o risco para disfagia e as características sociodemográficas e da dentição de idosos com e sem histórico de hanseníase.
Método: Estudo do tipo observacional transversal analítico realizado com dois grupos de idosos. O primeiro grupo, composto por 117 idosos com histórico de hanseníase. O segundo grupo, formado por 254 idosos ativos que frequentam academias públicas municipais. Foram analisados os seguintes dados presentes no questionário estruturado: sexo, idade, grau de escolaridade e aspectos da dentição (presença de dentes naturais e adaptação da prótese dentária). Também foi realizado o rastreio em disfagia, por meio da escala EAT 10 - Eating Assessment Too(6). Foi considerado como risco para disfagia a presença de três ou mais marcações afirmativas pelos idosos, de acordo com o critério de referência do teste. Foi realizada análise descritiva e as associações bivariadas pelo teste Qui-quadrado de Pearson. O nível de significância adotado foi de 5%. Todos os fatores associados ao risco para disfagia ao nível p≤0,20 na análise bivariada foram incluídos no modelo multivariado por meio da regressão logística múltipla. As magnitudes de associação foram estimadas usando-se o odds ratio, com intervalo de confiança de 95%. Este projeto foi aprovado pelo comitê de ética da UFMG pelo parecer nº2.313.952. Todos os participantes concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes de responder os questionários.
Resultados: Os idosos com histórico de hanseníase apresentaram maior prevalência de risco para disfagia segundo o protocolo EAT-10 (18,8%) em comparação com os idosos sem histórico de hanseníase (5,9%). A análise multivariada mostrou que a ausência de prótese aumenta a chance de risco para disfagia nos dois grupos de idosos.
Conclusão: A proporção de risco para disfagia em idosos com histórico de hanseníase é maior do que em idosos sem histórico de tal morbidade. O uso de prótese mal adaptada aumentou o risco para disfagia em ambos os grupos de idosos.


1- Tanure CMC, Barbosa JP, Amaral JP, Motta AR. A deglutição no processo normal de envelhecimento.Rev CEFAC. 2005;7(2):171-77
2- Acosta N et al. Presbifagia:estado da arte da deglutição do idoso. RBCEH.2013 mar ;9(1):143-54
3- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global leprosy update, 2014: need for early case detection. Weekly Epidemiological Record, Geneva, v. 90, n. 36, p. 461-476, 2015a
4- Ghosh S, Gadda RB, Vengal M, Pai KM, Balachandran C, Rao R, et al. Oro-facial aspects of leprosy: report of two cases with literature review. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2010;15(3):459-62
5- Catão MHCV, Xavier AFC, Pinto TCA. O impacto das alterações do sistema estomatognático na nutrição do idoso. Rev Bras Ciênc Saúde. 2011;9(29):73-8.
6- Gonçalves MIR, Remaili CB, Behlau M. Equivalência cultural da versão brasileira do Eating Assessment Tool ‐ EAT‐10. CoDAS. 2013; 25: 601‐ 604.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1674
AUTOAVALIAÇÃO DOS SINTOMAS VOCAIS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO NA DISFONIA: NOVA PERSPECTIVA COM BASE NA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM
Tese
Voz (VOZ)


Introdução: Há necessidade de aplicação de métodos contemporâneos para validação e avaliação dos instrumentos de autoavaliação vocal, pois permitirão a extração de informações mais precisas, auxiliarão na tomada de decisão quanto ao diagnóstico e monitoramento da disfonia(1,2,3). Objetivo: Obter evidências de validade de construto e aplicar a Teoria de Resposta ao Item (TRI) na Escala de Sintomas Vocais (ESV) e Protocolo de Estratégias de Enfrentamento na Disfonia (PEED), validados para o português brasileiro. Método: Participaram deste estudo documental 495 indivíduos brasileiros, 60,60% (n=300) disfônicos (GD) e 39,40% (n=195) vocalmente saudáveis (GVS), com idade média de 37,58 (±15,69) anos, sendo 67,07% (n=332) mulheres. Para construção do banco de dados, foram extraídos dos prontuários dos pacientes: dados pessoais, profissionais e diagnóstico laríngeo, além de item a item da ESV(4) e do PEED(5). Realizou-se análise estatística descritiva e inferencial por meio dos testes: Alfa de Cronbach, Análise Fatorial Exploratória (AFE) e Confirmatória (AFC), aplicação da Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizando-se os modelos de Resposta Gradual-Samejima e Lord-Birbaum, além da análise da curva ROC, com obtenção do ponto de corte para cada um dos questionários. As questões éticas foram consideradas (protocolo nº 85.774/2015). Resultados: O estudo procedeu em dois momentos: 1) Respostas politômicas/ordinais aos itens da ESV e do PEED: observou-se boa consistência interna para ambos instrumentos, porém a AFE e AFC demonstraram estrutura unifatorial para ESV e PEED. Com a aplicação da TRI, foi sugerida a dicotomização das respostas para ambos instrumentos. 2) Respostas dicotômicas e agrupamento dos itens em um fator único geral para os dois instrumentos: realizou-se nova aplicação da TRI, que possibilitou a observação dos itens de melhor valor nos parâmetros dificuldade e discriminação, que contribuíram com o cálculo do escore/teta de cada sujeito, valor utilizado para análise da curva ROC, que possibilitou o estabelecimento de um ponto de corte para cada protocolo, sendo: -0,276 para a ESV e -0,174 para o PEED. Na ESV, observou-se que os aspectos que melhor discriminaram o GD e o GVS foram relacionados a limitações em atividades cotidianas e impactos emocionais causados pela disfonia. Além disso, observou-se que os primeiros sintomas percebidos por indivíduos disfônicos são os relacionados a questões físicas/orgânicas, e que apenas quando o paciente apresentou maior comprometimento foram relatados os sintomas os emocionais, ou seja, o comprometimento emocional foi reativo à disfonia. Em relação ao PEED, foi observado que todas as afirmações apresentaram discriminação muito boa e que indivíduos com maior escore relataram impactos sociais, relacionados às relações interpessoais e preocupação com a impressão social passada. Ao final, apresentou-se uma nova metodologia de cálculo do escore total dos questionários. Conclusão: Foi necessária a modificação na estrutura da ESV e PEED: tornaram-se instrumentos unifatoriais, com a mesma quantidade de itens dos originais e respostas dicotômicas. Apresentam um novo cálculo e ponto de corte para escore total. Tornaram-se instrumentos com maior acurácia, com possibilidade de indicação de disfonia e a tentativa de maior compreensão nos seus processos, seja vinculado aos aspectos fisiopatológicos e/ou cognitivos.

1. BRANSKI, R.C.; CUKIER-BLAJ,S.; PUSIC, A.; CANO, S.; KLASSEN, A.; MENER, D.; PATEL, S.; KRAUS, D.H. Measuring quality of life in dysphonic patients: a systematic review of content development in patient-reported outcomes measures. J Voice. 2010;24(2):193-8.
2. ALENCAR, S. A. L; SANTOS, J.; ALMEIDA, L.N.; NASCIMENTO, J.A.; LOPES, L.W.; ALMEIDA, A.A. Factorial Analysis of the Brazilian Version of the Vocal Tract Discomfort Scale in patients with dysphonia. Journal of Voice. 2020
3. NANJUNDESWARAN, C.; VAN MERSBERGEN, M.; MORGAN, K. Restructuring the Vocal Fatigue Index Using Mokken Scaling: Insights Into the Complex Nature of Vocal Fatigue. J Voice. 2017.
4. MORETI F, ZAMBON F, OLIVEIRA G, BEHLAU M. Cross-Cultural Adaptation, validation, and cutoff values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale VoiSS. J Voice. 2014; 28:458-68.
5. OLIVEIRA, G. et al. Coping Strategies in Voice Disorders of a Brazilian Population. J Voice. 2012; 26(2):205-213.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
138
AUTOCONSCIÊNCIA DO IMPACTO DA TONTURA EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TESTE VESTIBULAR EM UM HOSPITAL PÚBLICO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O objetivo dos testes vestibulares é determinar em quais condições se encontra o órgão vestibular. Além disso, esses testes são utilizados para determinar se a tontura é proveniente de origem central ou periférica. O Dizziness Handicap Inventory (DHI brasileiro é um instrumento que avalia a autopercepção de indivíduos com tonturas e seu impacto na qualidade de vida.
Objetivos: Avaliar o impacto da tontura na qualidade de vida de pacientes submetidos aos testes vestibulares e relacionar esses achados com os resultados obtidos.
Métodos: Trata-se de um estudo analítico transversal de 235 pacientes encaminhados para teste vestibular em dois hospitais. O estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética da instituição sob protocolo número 0551/11. Foi realizada a aplicação do DHI brasileiro, anamnese, a avaliação do equilíbrio estático, dinâmico e provas cerebelares, além da pesquisa do nistagmo de posição e posicionamento, provas oculomotoras e prova calórica. Os participantes foram divididos em três grupos, de acordo com o resultado da prova calórica: normal (N), Predomínio Labiríntico alterado (PL) e Preponderância Direcional alterada (PD). Foram realizadas estatísticas descritivas e comparações entre os grupos, considerando um nível de significância de 5% em todas as análises.
Resultados: A amostra contou com 49 homens (20,9%) e 186 mulheres (79,1%). A média de idade dos participantes foi de 54,8 anos (variando de 18 a 93 anos). O teste apresentou-se normal para 169 participantes, 31 tiveram PL alterada e 35 apresentaram PD alterada. A média da pontuação obtida ao DHI Brasileiro foi de 46,1 pontos para o grupo N, 48,6 para o grupo PL e 45,6 para o grupo PD. Foi observada uma maior média de pontuação para o aspecto funcional nos três grupos. Não houve diferença significativa entre os sexos ou grupos para a pontuação obtida no DHI brasileiro.
Conclusão: Indivíduos com teste vestibular normal ou alterado apresentam impacto da tontura na qualidade de vida. Sugere-se a aplicação do DHI brasileiro como ferramenta adicional para avaliar o impacto da tontura na qualidade de vida de todos os pacientes submetidos aos testes vestibulares com a finalidade de fornecer ao otorrinolaringologista mais informações para subsidiá-lo a escolha de uma proposta terapêutica para o paciente com tonturas.

Flores FT, Rossi AG, Schmidt PS. Avaliação do equilíbrio corporal na doença de Parkinson. Int Arch Otorhinolaryngol 2011;15(2): 142–150

SBFa. Guia prático de procedimentos fonoaudiológicos na avaliação vestibular. São Paulo: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; 2011:11–21

Takano NA, Cavalli SS, Ganança MM, et al. Quality of life in elderly with dizziness. Braz J Otorhinolaryngol 2010;76(6):769–775

Gurgel LG, Dourado MR, Moreira TC, et al. Correlation between vestibular test results and selfreported psychological complaints of patients with vestibular symptoms. Braz J Otorhinolaryngol 2012;78(1):62–67


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1303
AUTOCUIDADO, ESTIMULAÇÃO DE LINGUAGEM E RESGATE DA AUTOESTIMA EM MULHERES AFÁSICAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: As afasias são descritas como distúrbios de linguagem provocados por lesões cerebrais adquiridas, com repercussões significativas na funcionalidade da comunicação e na qualidade de vida. No Acidente Vascular Cerebral (AVC), entre 15% a 42% podem apresentar estas alterações ainda na fase aguda, e de 25% a 50% necessitam de reabilitação. Apesar de ser mais frequentes em homens, os sintomas apresentam-se mais graves na maioria das mulheres. A reabilitação de pacientes afásicos pós AVC é um processo dinâmico e deve promover não só as habilidades cognitivo linguísticas, mas também a melhora do autocuidado a partir da compreensão do potencial individual, com a finalidade de reduzir os impactos na funcionalidade e promover o retorno dos indivíduos a seu ambiente familiar e social.
Objetivo: Apresentar por meio de relato de experiência as habilidades desenvolvidas durante uma atividade de automaquiagem em mulheres afásicas atendidas no Ambulatório de Reabilitação dos Distúrbios de Linguagem do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu.
Metodologia: Foi organizada uma atividade de vivência de automaquiagem promovida em parceria dos serviços de Fonoaudiologia, Assistência Social, Psicologia e Unidade de AVC do Hospital das Clínicas de Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), com apoio de profissionais de um salão de beleza e doações de produtos de autocuidado e maquiagem do comércio da cidade. Esta atividade fez parte da campanha do dia mundial do AVC. Participaram seis mulheres entre 36 e 65 anos com dificuldades de comunicação e linguagem, atendidas no Ambulatório de Reabilitação dos Distúrbios de Linguagem instituição, sendo que três apresentavam dificuldades motoras. Foram ensinadas técnicas de automaquiagem para o dia-a-dia adaptadas para as características individuais, enquanto cada uma buscava realizar a técnica nela mesma. Foram ofertadas adaptações motoras e estratégias comunicativas para interação, inclusive material de Comunicação Alternativa Suplementar.
Resultados: Ao entrar na sala muitas apresentaram dificuldades em se olhar no espelho ou interagir em grupo o que mudou no decorrer da atividade. Foi possível observar que todas participantes demonstraram iniciativa comunicativa, manutenção dos diálogos, da motivação e da atenção sustentada para realizar a atividade até o final. A maioria apresentou compreensão verbal das instruções preservadas e as que apresentaram dificuldades fizeram uso das estratégias trabalhadas nos atendimentos individuais. Mesmo com limitações motoras, todas realizaram os movimentos e aplicação dos produtos com independência. Houve boa interação entre o grupo, sendo que elas buscaram conhecer umas às outras. Com a maquiagem mostraram-se mais à vontade com o uso da comunicação e expressaram que iriam enviar fotos a seus familiares através das redes sociais.
Conclusão: A atividade proporcionou o treino do uso de estratégias trabalhadas em sessões individuais para situações de comunicação social. Foram estimuladas as habilidades de linguagem oral e o autocuidado. Considerou-se importante demonstrar a autonomia e independência para as diferentes atividades de vida diária.

MASIERO, Maíra. Pacientes pós-AVC participam de atividade de automaquiagem no HCFMB. Núcleo de Comunicação, Imprensa e Marketing HC | FMB, Botucatu, 30 de out. de 2019. Disponível em: < http://www.hcfmb.unesp.br/pacientes-pos-avc-participam-de-atividade-de-automaquiagem-no-hcfmb/ >. Acesso em: 07 de jun. de 2020.
POMMEREHN, Jodeli; DELBONI, Miriam Cabrera Corvelo; FEDOSSE, Elenir. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e afasia: um estudo da participação social. CoDAS, São Paulo , v. 28, n. 2, p. 132-140, Apr. 2016 . Available from . access on 07 July 2020. https://doi.org/10.1590/2317-1782/201620150102.
DO CARMO NOVAES-PINTO, Rosana. Cérebro, linguagem e funcionamento cognitivo na perspectiva sócio-histórico-cultural: inferências a partir do estudo das afasias. Letras de Hoje, v. 47, n. 1, p. 55-64, 2012.
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WALLENTIN, Mikkel. Sex differences in post-stroke aphasia rates are caused by age. A meta-analysis and database query. PloS one, v. 13, n. 12, p. e0209571, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
324
AUTOPERCEPÇÃO AUDITIVA DE INDIVÍDUOS ENCAMINHADOS AO SERVIÇO DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA DE JOINVILLE – SC
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva é uma das alterações fisiológicas mais recorrentes ao processo de envelhecimento do ser humano. As dificuldades auditivas podem interferir na comunicação, no convívio social dos idosos e na qualidade de vida. Objetivo: Verificar a autopercepção em relação à desvantagem auditiva decorrente da perda auditiva ocasionada pela idade nos indivíduos encaminhados ao Serviço Ambulatorial de Saúde Auditiva (SASA) de Joinville – SC para a avaliação auditiva, indicação e adaptação do aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Método: O presente estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer número 3.330.921 CAAE 11331419.4.0000.5365. O estudo teve caráter quantitativo, descritivo e transversal e utilizou o protocolo The Hearing Handicap Inventory For Adults (HHIA), traduzido para o português por Almeida (1998). Aplicou-se o protocolo HHIA em 30 indivíduos que realizavam a primeira consulta no SASA para a avaliação da audição e, possível adaptação do AASI. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e a aplicação do teste de correlação r de Pearson a fim de correlacionar a idade dos participantes deste estudo com o escore apresentado. Resultado: A média de idade dos 30 idosos que responderam ao protocolo HHIA foi de 76,8 anos, sendo 40% do gênero masculino e 60% do gênero feminino. Em relação ao escore do questionário, 23,3% tiveram uma somatória de zero a 16 pontos revelando que não tinham percepção de desvantagem auditiva; 36,7% apresentaram o escore de 18 a 42 pontos apontando para uma desvantagem auditiva percebida como leve a moderada e, 40% dos participantes tiveram o escore de 42 a 100 pontos, mostrando uma percepção severa/significativa de desvantagem auditiva.
Foram aplicados testes de amostra emparelhadas com relação significativa, ou seja, o valor de T reportado como t=8,414 e p=0,00 para a relação da idade e o escore foi significativo. Sendo assim, houve uma correção moderada entre idade e escore, apontando que quanto mais jovem o entrevistado, menor a percepção do handicap vivenciado em função da perda auditiva. Conclusão: O estudo identificou que a grande maioria dos idosos encaminhados ao SASA de Joinville (76,7%) percebem-se em desvantagem auditiva em função da presbiacusia. Ainda, os testes estatísticos mostram que, quanto mais idoso for o indivíduo, maior sua desvantagem auditiva o que repercute em sua qualidade de vida. Tais resultados corroboram os achados da literatura. Acredita-se que, tais indivíduos sejam beneficiados com o uso de próteses auditivas a fim de minimizar o impacto da surdez em situações de vida diária.

Xavier IL. Triagem auditiva e percepção da restrição de participação social em idosos. Audiol., Commun. Res. 2018;23(e1867).
Guarisco LPC. Percepção da perda auditiva: utilização da escala subjetiva de faces para triagem auditiva em idosos. Ciência saúde coletiva. 2017;22(11).
Aiello CP, Lima II, Ferrari DV. Validade e confiabilidade do questionário de handicap auditivo para adultos. Brazilian journal of otorhinolaryngology. 2011;77(4):432-4.
Picinini, TA, Weigert LL, Neves CZ, Teixeira AR. Restrição de participação social e satisfação com o uso de aparelho de amplificação sonora individual - um estudo pós-adaptação. Audiol., Commun. Res. 2017;22(e1830).
Camargo, C, Lacerda ABM, Sampaio J, Luders D, Massi G, Marques JM. Percepção de idosos sobre a restrição da participação relacionada à perda auditiva. Distúrbios da Comunicação. 2018;30(4):736-747.
Coelho GR, Souza CV, Lemos MAS. Restrição à participação auditiva: análise dos aspectos sociodemográficos e clínicos. Distúrb Comun,. 2017;29(3):428-437.
Luz VB, Ghiringhelli R, Iório MCM. Restrições de participação e estado mental: estudo em novos usuários de próteses auditivas. Audiol., Commun. Res. 2018;23(e1884).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
878
AUTOPERCEPÇÃO DA FUNÇÃO MASTIGATÓRIA DE IDOSOS SAUDÁVEIS E ADULTOS JOVENS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Idosos tendem a apresentar autoavaliação negativa da função mastigatória1,2 devido fatores como ausências dentárias, redução de força muscular e má adaptação de próteses dentárias3,4. Objetivo: Verificar se conforme o envelhecimento saudável os idosos percebem redução do desempenho da função mastigatória e comparar esta função entre um grupo de idosos (GI) e um grupo de adultos jovens (GC). Métodos: O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, conforme parecer número 2.380.411. Foram selecionados 60 indivíduos, sendo 30 pertencentes ao GI, com média de idade de 67 anos, e 30 ao GC, com média de idade de 22 anos. Cada participante foi instruído a classificar a própria função mastigatória em uma escala de 1 a 10 pontos, considerando que quanto maior a nota atribuída, melhor a classificação. Os participantes também foram questionados quanto a autopercepção de maior tempo de mastigação em relação aos anos anteriores. A avaliação da função mastigatória foi realizada por meio de protocolos padronizados: para o GI foi aplicado o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores para Idosos e para o GC foi utilizado o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandido. Conforme os protocolos utilizados, o escore máximo que o GI poderia alcançar era 18 pontos e o GC 20 pontos, sendo que quanto maior a pontuação, melhor o desempenho mastigatório. Dessa forma, foi realizada comparação das médias da porcentagem do escore máximo da função mastigatória obtido em cada grupo, considerando o escore máximo como 100%. Também foi realizada a contagem do tempo total de mastigação em segundos, por meio de um cronômetro digital, sendo considerado o tempo entre o momento em que o alimento era colocado na boca até a última deglutição. Para análise estatística, a comparação da autoavaliação da função mastigatória, da autopercepção de aumento de tempo mastigatório, da média da porcentagem do escore mastigatório e da média do tempo mastigatório entre ambos os grupos foi utilizado o teste não paramétrico Mann-Whitney, considerando o nível de significância de 5%, sendo que cada variável foi analisada separadamente. Resultados: A média da autoavaliação da função mastigatória obtida no GI foi 7,13 pontos, enquanto que no GC foi 8,21, sendo encontrada diferença significativa entre ambos os grupos (p=0,016). Também foi observada diferença significativa quanto a autopercepção de aumento de tempo mastigatório (p=0,05), sendo que 43,3% do GI referiram demorar mais tempo para mastigar, enquanto no GC apenas 6,7% observaram esse aspecto. Quanto ao escore máximo da função mastigatória, foi encontrada diferença significativa (p<0,01), sendo que a média do escore mastigatório alcançada pelo o GI foi 15,13 e pelo GC foi 18,57. Também houve diferença significativa entre o tempo total mastigatório de ambos os grupos (p<0,01), sendo que o GI apresentou média de 63,3 segundos e o GC 34,9 segundos. Conclusão: Idosos apresentam pior média de autoavaliação da função mastigatória e menor escore mastigatório quando comparados a adultos jovens, demonstrando que a autopercepção de redução de desempenho mastigatório pode ser comprovada pela avaliação clínica.

1. Cusson V, Caron C, Gaudreau P, Morais J A, Shatenstein B, Payette H. Assessing older adults’ masticatory efficiency. Journal of the American Geriatrics Society. 2015;63(6):1192-1196.
2. Feizi A, Keshteli A H, Khazaei S, Adibi P. A new insight into masticatory function and its determinants: a latent class analysis. Community dentistry and oral epidemiology. 2016;44(1):46-52.
3. Morita K et al. Factors related to masticatory performance in healthy elderly individuals. Journal of prosthodontic research. 2018;62(4):432-435.
4. Sagawa K et al. Tongue function is important for masticatory performance in the healthy elderly: a cross-sectional survey of community-dwelling elderly. Journal of prosthodontic research. 2019;63(1):31-34.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
381
AUTOPERCEPÇÃO DA MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO EM ADULTOS OBESOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A obesidade pode ser definida, de forma simplificada, como doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal e é caracterizada pelo índice de massa corporal acima de 30 kg/m². A obesidade é considerada uma doença integrante do grupo de doenças crônicas não transmissíveis e que aumenta o risco de doenças mortais, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, câncer osteoartrite e apneia do sono. As dificuldades na mastigação e deglutição, como não triturar o alimento de forma eficiente e mastigar com rapidez, ocasionam o insucesso do estímulo de receptores da via digestória, que encaminham uma mensagem errada para o cérebro, e a falha em exibir saciedade faz com que o indivíduo degluta maior quantidade de alimento e aumente de forma exagerada a quantidade deste que será armazenada, agravando ainda mais a obesidade. Um dos profissionais aptos a realizar as orientações sobre a mastigação e deglutição é o fonoaudiólogo que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológica sendo a motricidade orofacial uma de suas áreas de atuação com pacientes obesos. Objetivo: Descrever a autopercepção das dificuldades relacionadas entre a mastigação, deglutição e a obesidade. Métodos: O presente estudo tem caráter transversal e quantitativo, e foi feita triagem sobre mastigação e deglutição com 27 indivíduos adultos obesos. Foi aplicado um questionário de história clínica do MBGR adaptado. Os indivíduos preencheram os dados de identificação, como: nome, data de nascimento, idade, sexo, peso, altura e telefone. Os entrevistados foram submetidos a responder as perguntas referente a mastigação e deglutição. Em sequência foi realizada análise estatística conforme a classificação do graus de obesidade conforme o IMC de cada indivíduo e separados em grupos, a fim de compreender as dificuldades de mastigação e deglutição autor referidas pelos participantes. O Termo de consentimento esclarecido e questionário foram inseridos no Google Forms e repassados aos indivíduos por redes sociais e WhatsApp. Dessa forma, a amostragem foi realizada por conveniência conforme o preenchimento do questionário. Resultados: Participaram do estudo 27 indivíduos com média de idade de 34,70 anos, a maioria era do sexo feminino (74,07%), peso médio de 94Kg e o IMC médio foi de 35,27. Em relação aos graus de obesidade, 63,96% eram do Grau I. 66,67% mastiga pouco os alimentos, 66,66% tem mastigação unilateral, 62,96% se alimentam fazendo outras atividades, 33,33% realizam mastigação rápida se comparada aos familiares, 29,63% tem mastigação ruidosa e 29,63% ingestão de líquidos durante as refeições e sobre grau de satisfação com relação a mastigação, 74,07% referiram ser ótima ou boa. Em relação a deglutição, a maioria não apresentou queixa. Conclusão: A partir dos resultados deste estudo observou-se que uma parcela considerável dos obesos tiveram autopercepção positiva da mastigação, apesar de relatarem compensações durante o processo alimentar como: ingestão de líquidos e mastigação unilateral, além de mastigar poucos os alimentos, se alimentar fazendo outras atividades e apresentar uma mastigação ruidosa. Acredita-se que fatores objetivos, subjetivos, ambientais e pessoais possam estar associados a autopercepção, sendo necessárias informações a este público sobre a mastigação e deglutição afim de prevenir a obesidade.

APOLINÁRIO, R. M. C. et al. Mastigação e dietas alimentares para redução de peso. Rev. CEFAC Vol. 10 no.2 São Paulo 2008.
BATISTA M. T. e LIMA M. L. Comer O Quê Com Quem? Influência Social Indirecta no Comportamento Alimentar Ambivalente. Psicologia: Reflexão e Crítica, 26(1), 113-121. Nov. 2011.
BINOTTO V., Capacidade Mastigatória, Qualidade Da Dieta E Estado Nutricional Em Longevos. Dissert. apresentada ao Programa de Pós Graduação em Gerontologia Biomédica da PUCRS, como requisito ao grau de Mestre em Gerontologia Biomédica. Porto Alegre 2018. BRAGA, A. P. G. Autopercepção da mastigação e fatores associados em adultos brasileiros. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(5):889-904, mai, 2012.
CHIODELLI, L. et al. Influência Da Hipermobilidade Articular Generalizada Sobre A Articulação Teoromandibular, Mastigação E Deglutição: Estudo Transversal. Rev. CEFAC.; 17(3):890-898, Maio-Jun 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
670
AUTOPERCEPÇÃO DE INSÔNIA, QUALIDADE DO SONO E DOR MUSCULOESQUELÉTICA EM MULHERES DISFÔNICAS: ESTUDO PRELIMINAR
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O sono proporciona homeostase corporal, porém quando o indivíduo não consegue relaxar as tensões existentes devido ao estilo de vida moderno, o organismo não consegue entrar em equilíbrio e assim, novos ajustes de tensão muscular podem ser ativadas1. Portanto, uma privação de sono pode causar deterioração vocal, como voz mais rouca, cansada e sem brilho, com possibilidade de presença de fadiga vocal. Essas modificações na qualidade vocal, muitas vezes podem ocasionar afastamento de trabalho, principalmente em profissionais da voz2. A literatura já relata que existe relação entre qualidade vocal e o sono3, em que a percepção de pobre qualidade do sono está relacionada a uma pior percepção da qualidade vocal; e que mulheres apresentam maior percepção da relação sono-voz quando comparadas aos homens, bem como mulheres disfônicas em relação às não disfônicas4. Mulheres disfônicas apresentam maior frequência e intensidade de dor musculoesqueléticas quando comparadas as mulheres vocalmente saudáveis5. Assim, infere-se que mulheres disfônicas que apresentem sintomas álgicos associados, possam ter pior qualidade de sono, ou vice-versa, e acabem realizando ajuste tenso no trato vocal e muscular, o que pode acarretar no aparecimento de fonotraumas e impacto na qualidade de vida. Objetivo: comparar a autopercepção de dores musculoesqueléticas, qualidade do sono e insônia em mulheres disfônicas com mulheres vocalmente saudáveis e associar tais variáveis. Métodos: A pesquisa foi aprovada pelo CEP da instituição sob o número 3.089.557. Participaram 30 mulheres com idades de 20 a 50 anos divididas em: grupo disfônico (GD) - 15 mulheres com diagnóstico de disfonia comportamental; e grupo controle (GC) com 15 mulheres vocalmente saudáveis. Todas responderam aos questionários de Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI)6, Índice de Gravidade de Insônia7 e Questionário de Investigação de Dor Musculoesqueléticas5. Foram aplicados testes estatísticos para comparar os grupos e relacionar as variáveis de desfecho, com significância de 5% (p<0,05). Resultados: Mulheres disfônicas apresentam maior frequência de dor musculoesquelética nas regiões posterior do pescoço (p=0,011), inferior das costas (p=0,002), masseter (p=0,007), submandibular (p=0,0037) e laringe (p=0,002) quando comparadas às vocalmente saudáveis. Não houve diferença estatisticamente significante para as outras variáveis comparadas. Quanto a relação entre dor e sono, observou-se que houve associação entre dor em algumas regiões de cabeça e pescoço e a qualidade do sono e evidência de insônia, tanto no GD quanto no GC. Conclusão: Mulheres disfônicas tem maior percepção de frequência de dor em regiões de cabeça e pescoço quando comparadas às mulheres vocalmente saudáveis. Existe associação entre qualidade do sono, insônia e dor musculoesquelética, independente da presença de alteração vocal e laríngea.

1. Behlau MS. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter. 2001; 1: 348.
2. Bagnall AD, Dorrian J, Fletcher A. Some vocal consequences of sleep deprivation and the possibility of "fatigue proofing" the voice with Voicecraft voice training. J Voice. 2011; 25(4): 447-61.
3. Rocha BR, Behlau M. The influence of sleep disorders on voice quality. J Voice. 2017; 32: 1-13.
4. Guimarães MASV, Silva MAA. Relação entre sono e voz: percepção de indivíduos adultos disfônicos e não disfônicos. Distúrbio da Comunicação. 2007; 19(1): 93-102.
5. Silverio KCA, Siqueira LTD, Lauris JRP, Brasolotto AG. Muscleskeletal pain in dysphonic women. CODAS; 2014; 5(26): 374-381.
6. Bertolazi AN, Fagondes SC, Hoff LS, Dartora EG, Miozzo ICS, Barba MEF, Barreto SSM. Validation of the Brazilian Portuguese version of the Pittsburgh Sleep Quality Index. Sleep Medicine. 2011;(12): 70–75.
7. Bastien CH, Vallières A, Morin CM. Validation of the Insomnia Severity Index as an outcome measure for insomnia research. Sleep Med. 2001; 2:297-307.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1131
AUTOPERCEPÇÃO DE SINTOMAS VOCAIS E CONHECIMENTO EM SAÚDE E HIGIENE VOCAL EM CANTORES POPULARES E ERUDITOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Cantores profissionais dominam a técnica de canto, mas isso não significa que eles compreendam a anatomofisiologia do trato vocal para cada ajuste e a falta de compreensão sobre as mudanças ocorridas na laringe e nas cavidades de ressonância durante o canto pode trazer consequências negativas para a voz do cantor, como o desenvolvimento de alterações na qualidade vocal(1-3). Para o cantor profissional, essas alterações podem causar impacto na sua qualidade de vida, pois a voz é o seu instrumento de trabalho(4). Ter conhecimento sobre saúde e higiene vocal poderá prevenir alterações vocais, permitir uma maior longevidade vocal para o cantor(5). Sendo assim, estudos acerca da percepção dos sintomas de voz e dos conhecimentos a respeito de saúde e higiene vocal em cantores, bem como se há associação entre eles, e se isso está relacionado ao estilo de canto ou ao sexo do cantor podem fornecer evidências científicas relevantes para a prática tanto dos próprios cantores como dos profissionais que trabalham com esse público. OBJETIVO: Analisar e relacionar a percepção dos sintomas vocais e o conhecimento de saúde e higiene vocal em cantores populares e eruditos. MÉTODOS: Trata-se de estudo transversal e analítico, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (parecer nº 2.217.614, de 14/8/2017). Participaram da pesquisa 186 cantores de ambos os sexos, na faixa etária de 17 a 60 anos, divididos em: Grupo Cantores Populares (GCP) com 104 cantores populares e Grupo Cantores Eruditos (GCE) com 82 cantores eruditos. Todos os participantes responderam a três instrumentos: autoavaliação vocal, a Escala de Sintomas Vocais (ESV)(6) e o Questionário de Saúde e Higiene Vocal (QSHV)(7). RESULTADOS: O maior número de participantes foi do sexo feminino, sendo no GCE 64,6% (n=53) e GCP 61,5% (n=64), sendo que cantores do sexo feminino apresentaram escores significativamente maiores no domínio emocional da ESV (mulheres = 11,38) que os do sexo masculino (homens = 1,94) (p=0,042). GCE apresentou maior tempo de aula de canto (média 9,37 anos) comparado ao GCP (5,06 anos), com diferença significante (p<0,001). Horas de shows de 1-2 horas foi maior em número de sujeitos respondentes para os dois grupos de cantores, com diferença estatisticamente significante (p=0,005). Na ESV, GCE apresentou maior percepção de sintomas vocais (escores total = 23,49 e emocional 4,09) quando comparado ao GCP (escores total = 18,92 e emocional 2,36), com resultado significante (escore total p=0,035 e emocional p=0,026). GCP e GCE não apresentaram diferenças no conhecimento em saúde e higiene vocal, com média de valores acima da nota de corte de 23 pontos do QSHV (GCP=28,80 e GCE=26,94, p=0,444). Não houve correlação entre o conhecimento em saúde e higiene vocal (QSHV) e os sintomas vocais (ESV) em cantores (p=0,300). CONCLUSÃO: Cantores eruditos são mais afetados por alterações vocais, principalmente as mulheres no aspecto emocional. Os cantores obtiveram um bom grau de conhecimento em higiene vocal, não diferindo em função dos estilos. A percepção de alteração vocal em cantores populares e eruditos parece não ter relação com o grau de conhecimento de saúde e higiene vocal.

1- Behlau M, Rehder MI. Higiene vocal para o canto coral. Rio de Janeiro: Revinter; 2009. 44p.

2- Barreto TMM, Amorim GO, Trindade Filho EM, Kanashiro CA. Vocal Health Profile of Amateur Singers from an Evangelical Church. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011;16(2):140-5.

3- Neto L, Meyer D. A Joyful Noise: The Vocal Health of Worship Leaders and Contemporary Christian Singers. J Voice. 2017;31(2):250.e17-250.e21.

4- Zimmer V, Cielo CA, Ferreira FM. Vocal behavior of popular singers. Rev CEFAC. 2012;14(2):298-307.

5- Cohen SM, Jacobson BH, Garrett CG, Noordzij JP, Stewart MG, Attia A et al. Creation and validation of the Singing Voice Handicap Index. Ann Oto Rhino Laryngol. 2007;116(6):402-6.

6- Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural adaptation, validation, and cutoff values of the Brazilian version of the Voice Symptom Scale-VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-68.

7- Moreti F, Behlau M. Questionário de Saúde e Higiene Vocal - QSHV: desenvolvimento, validação e valor de corte. [Apresentado no XXIV Congresso Brasileiro; 2016 Out 20-22; São Paulo, SP].


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2107
AUTOPERCEPÇÃO E DESEMPENHO DA FALA NO RUÍDO: ESTUDO EM ADULTOS NORMO-OUVINTES EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O relato de dificuldade de compreensão de fala em ambiente ruidoso é uma manifestação comum, incluso em indivíduos normo-ouvintes1,2. Comumente avalia-se a sensibilidade auditiva por meio da audiometria tonal limiar, assinalada como teste padrão ouro3. Entretanto esta pode não refletir em seus resultados a real condição de escuta do indivíduo. Há muito que se entender quanto as possíveis causas desta manisfestação, estas podem compreender a alterações e/ou prejuízos cocleares e neurais, incluindo as porções extra e intra-axial1. Entende-se que esta população deve ter atenção pelo fonoaudiólogo e um importante passo é a elucidação de como o autorrelato relaciona-se com a tarefa de reconhecimento de fala. Objetivo: Investigar a ocorrência da queixa de dificuldade de inteligibilidade de fala no ruído em adultos normo-ouvintes e comparar ao desempenho da respectiva função. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob processo nº 2.816.793/2018. Constituiu-se a casuística com 39 indivíduos, de ambos os sexos, com idades de 18 a 59 anos. Estes foram divididos em quatro grupos em função da faixa etária: G18= 18 a 29 anos; G30= 30 a 39 anos. G40= 40 a 49 anos; G50= 50 a 59 anos. Todos os 39 indivíduos possuíam resultados considerados como adequados para as seguintes avaliações: limiar tonal, timpanometria, triagem do estado de consciência mental, e nos testes Dicótico de Dígitos e Padrão de Frequência, realizadas por ocasião do presente estudo. Além de ausência de doenças sugestivas de comprometimento do Sistema Nervoso Central (e.g enxaqueca, convulsão e migrânea) e diabetes. Como procedimento de pesquisa realizou-se a mensuração do autorrelato com o Amsterdan Inventory Auditory Disability and Handicap in Brasilian Portuguese (Pt-AIADH) e o Teste Lista de Sentenças em Português. Resultados: Em todas as faixas etárias houve queixa de inteligibilidade no ruído, sendo este o domínio com diferenças estatísticas significantes entre os grupos, o handicap auditivo foi superior para os grupos com maior idade. As diferenças ocorreram entre G18 vs. G40 (p=0,0099*; IC= -4,330 a -0,470), G18 vs. G50 (p=0,0036*; IC= -4,727 a -0,760) e G30 vs. G50 (p=0,0412*; IC= -4,020 a -0,060). Para a percepção de fala no ruído também houve diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,0002*̸ F(3,35)=8,69), sendo entre o G18 vs G30 (p=0,0007*/-8,81 a -2,14), G18 vs G40 (p=0,0002*-8,39 a -1,53) e G18 vs G50 (p=0,0010*/-9,01 a -1,96), com maiores valores de relação Sinal/Ruído. Houve correlação moderada (r=0,4359) e significante (p=0,0310; IC=0,03 – 0,59) para as variáveis de inteligibilidade no ruído e a relação Sinal/Ruído do Teste Lista de Sentenças em Português. Conclusão: Adultos normo-ouvintes de todas as faixas etárias estudadas apresentaram queixas quanto à inteligibilidade no ruído. Quanto maior a pontuação em função da queixa, pior o desempenho no teste de fala com ruído. O autorrelato auditivo é uma medida subjetiva capaz de inferir e direcionar quanto às avaliações suplementares necessárias nesta população.


1. Musiek FE, Shinn J, Chermak GD, Bamiou D. Perspectives on the Pure-Tone Audiogram. J Am Acad Audiol. 2017;28(7)655–71. https://doi.org/10.3766/jaaa.16061. PMID: 28722648.

2. Hind SE, Haines-Bazrafshan R, Benton CL, Brassington W, Towle B, Moore DR. Prevalence of clinical referrals having hearing thresholds within normal limits. Int J Audiol. 2011;50:708-16. https://doi.org/10.3109/14992027.2011.582049. PMid: 21714709.

3. Beck RMO, Ramos BF, Grasel SS, Ramos HF, Moraes MFBB, Almeida ER, et al. Estudo comparativo entre audiometria tonal limiar e resposta auditiva de estado estável em normouvintes. Braz. j. otorhinolaryngol. 2014, 80( 1 ): 35-40. https://doi.org/10.5935/1808-8694.20140009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1297
AUTOPERCEPÇÃO VOCAL DE MULHERES TRANSGÊNERO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é uma característica marcante na diferenciação entre gêneros e a não identificação deste por meio da voz pode trazer grande impacto na vida de indivíduos transgênero1, aumentando o estigma social vivenciado por esta população em diversos contextos. Objetivo: Identificar a autopercepção e o impacto da voz na vida de mulheres transgênero. Métodos: Este é um estudo transversal observacional, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição em que foi realizado (parecer: 2.731.466). Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Participaram 13 mulheres transgênero que buscavam atendimento fonoaudiológico para adequação vocal. Os critérios de inclusão foram nunca ter realizado terapia fonoaudiológica para adequação vocal, não ter passado por cirurgia laríngea e ser maior de 18 anos. Foi aplicado o questionário de autoavaliação “Transsexual Voice Questionnaire Male-to-Female” (TQVMtF)2 traduzido para o português brasileiro3. O questionário é composto por 30 questões em que as participantes devem responder com base em sua experiência em viver como mulher, dentro de uma escala de um a quatro, em que um corresponde a “nunca ou raramente; dois corresponde a “algumas vezes”; três corresponde a “frequentemente”; e quatro corresponde a “usualmente ou sempre”. A pontuação do questionário varia de 30 a 120, de maneira que quanto maior a pontuação, maior é a percepção de que a voz interfere negativamente na vida da participante. Foram aplicadas também as duas questões adicionais do TQVMtF em que a participante é solicitada a realizar uma avaliação global da sua voz, indicar como esta é atualmente, e como ela deveria ser. As respostas para as duas questões adicionais podem ser: “muito feminina”; “um pouco feminina”; “neutra”; “um pouco masculina”; ou “muito masculina”. Para análise de dados foi realizada estatística descritiva das respostas do questionário com extração dos valores de mediana, mínimo e máximo e porcentagem das respostas para cada questão adicional. Resultados: Os valores de resposta ao TQVMtF variaram de 46 a 107 pontos, com mediana de 79 e desvio padrão de 18,01. Em relação às questões adicionais 23,08% das participantes disseram que sua voz é muito masculina; 30,77% acham sua voz um pouco masculina; 30,77% consideram sua voz neutra; e 15,38% reconhecem sua voz como um pouco feminina. Quando questionadas como sua voz ideal deveria soar 61,54% das participantes respondeu que a voz ideal deveria ser muito feminina, enquanto 38,46% indicou que sua voz ideal poderia ser um pouco feminina. Conclusão: Mulheres transgênero sofrem impacto negativo da voz na sua vida diária e, apesar de não considerarem sua voz como muito feminina, acreditam que esta é a forma como a voz ideal deveria soar. Tais dados devem ser considerados na orientação destas pacientes diante da escolha de tratamento para adequação vocal, uma vez que muitas podem considerar que apenas uma voz com pitch agudo poderia ser identificada como muito feminina. Cabe ao fonoaudiólogo ou profissional da saúde a orientação de que outras características de fala contribuem para a identificação de gênero por meio da voz, ainda que o pitch vocal seja grave.

1- King JB, Lindstedt E, Jensen M, Law M. Transgendered voice: considerations in case history management. Log Phon Vocol. 1999;24:14-18.
2- Dacakis G, Davies S, Oates JM, Douglas JM, Johnston JR. Development and preliminary evaluation of the transsexual voice questionnaire for male-to-female transsexuals. J Voice. 2013;27(3):312-20.
3- Santos HHANM, Aguiar AGO, Baeck HE, Borsel JV. Tradução e avaliação preliminar da versão em Português do Questionário de Autoavaliação Vocal para Transexuais de Homem para Mulher. CoDAS 2015;27(1):89-96


TRABALHOS CIENTÍFICOS
355
AUTOPERCEPÇÃO VOCAL DE PESSOAS COM DP NA PANDEMIA DE COVID-19
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Doença de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa que afeta a produção da dopamina, neurotransmissor produzido na substância negra do mesencéfalo (1). Devido aos processos neurobiológicos do envelhecimento e neurodegenerativo da doença, os pacientes podem ter alterações auditivas. No entanto, somente prejuízos na habilidade de ordenação temporal estão associados com a doença, potencializando, assim, redução da sensitividade auditiva na percepção da fala e monitoramento vocal( 2). Por isso, um dos objetivos da terapia fonoaudiológica é promover melhora da autopercepção vocal dos pacientes (3). Porém, devido a recomendação da Organização Mundial da Saúde, acerca do isolamento social devido a pandemia causada pela Covid-19, pacientes diagnosticados com a DP não puderam dar continuidade ao tratamento adequado presencialmente. À vista disso, nota-se a importância de verificar se houve alteração na percepção vocal durante esse período. Objetivo: Investigar a autopercepção vocal de pacientes com Parkinson na pandemia de Covid-19. Método: Este estudo caracteriza-se como um estudo observacional, descritivo, de abordagem quantitativa. O mesmo faz parte de um estudo maior aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da instituição de origem, recebendo número do parecer: 1.147.584. Nesta pesquisa participaram voluntariamente 30 pacientes com Doença de Parkinson, de ambos os gêneros, e de qualquer faixa etária. Os participantes responderam um questionário para levantamento de dados sobre a autopercepção vocal durante a pandemia de Covid-19. O questionário foi aplicado com todos os pacientes por meio do Google Forms. Resultados: Quando questionados em como se sentem quanto ao bem estar desde o início da pandemia de Covid-19, 46.7% dos participantes referiu se sentir regular e 26.7% disse se sentir bem. Em relação a voz, a maioria (53.3%) disse que o isolamento social não lhe causou impacto negativo. Ainda sobre a voz, 50% disse que ela não mudou durante a quarentena, 40% assinalou que houve piora, enquanto 10% afirmou que a voz melhorou. 66.6% dos pacientes disseram ter sintomas vocais, os mais dominantes foram voz baixa/fraca e falhas na emissão vocal. 70% dos participantes afirmaram que as pessoas de seu convívio sempre se queixavam de sua fala, alegando principalmente não compreender o que era dito. A realização de exercícios vocais, repetição de fala e emissão forte e pausada foram as respostas mais prevalentes quando indagados sobre qual era a postura frente às queixas. Conclusão: Com base no dados obtidos é possível perceber que a maior parte dos participantes da pesquisa não relacionam sua qualidade vocal ao isolamento social. Além disso, apesar das diferenças entre as porcentagens serem sutis, observa-se que a percepção em relação a qualidade vocal das pessoas que convivem com o Parkinsoniano é pior que a do próprio paciente. Logo, há indícios que o déficit sensorial auditivo destes, pode afetar seu monitoramento vocal, comprometendo, assim, sua comunicação.


1. Radhakrishnan D, Goyal V. Parkinson's disease: A review. Neurology India, 2018 [acesso 01 de julho de 2020]; 66: 26-35. Disponível em: http://www.neurologyindia.com/article.asp?issn=0028-3886;year=2018;volume=66;issue=7;spage=26;epage=35;aulast=Radhakrishnan
2. Lopes M, Melo A, Corona A, Nóbrega A. Existe comprometimento do sistema auditivo na doença de Parkinson?. Revista Cefac, 2018 [acesso 01 de julho de 2020]; 20(5): 573-582. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/2153/efc59825881128efd18447b3b25ed0648b6f.pdf?_ga=2.137221427.2014973336.1593636102-133638273.1593636102
3. Almeida A, Telles M. Autopercepção como facilitadora de terapia vocal em grupo. Distúrbios da Comunicação, 2009 [acesso 01 de julho de 2020]; 21(3): 373-383. Disponível em: http://ken.pucsp.br/dic/article/view/6901


TRABALHOS CIENTÍFICOS
700
AUTOPERCEPÇÃO VOCAL DE TRABALHADORES NA MODALIDADE HOME OFFICE DURANTE PANDEMIA POR COVID-19
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A pandemia por Covid-19 modificou de forma repentina o estilo, o lazer, a rotina de vida e principalmente de trabalho das pessoas em todo o mundo. A OMS1 recomendou o distanciamento social durante a pandemia, o que fez com que muitos trabalhadores necessitassem sair do local habitual de trabalho nas empresas e se adaptassem para desempenhar suas funções na modalidade home office2, como forma de manter as atividades de trabalho. Com o avanço da tecnologia, essa modalidade de trabalho tem sido colocada como tendência a se manter após o término da pandemia. Dessa forma, é necessário conhecer o novo perfil de uso vocal na modalidade remota, e obter evidências acerca dos possíveis sintomas de fadiga vocal e dor musculoesquelética relacionada a produção vocal antes e durante a pandemia, a fim de compreender se há risco para a saúde vocal desses trabalhadores na modalidade de trabalho home office. Objetivo: Investigar a autopercepção de sintomas de fadiga vocal e dor musculoesquelética relacionada a voz em trabalhadores da modalidade home office antes e durante a pandemia de Covid-19. Materiais e métodos: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (parecer número 4.071.175) e todos os participantes assinaram o TCLE. Trata-se de um estudo com delineamento transversal, observacional e descritivo. Participaram da pesquisa 425 indivíduos, divididos entre: Grupo Experimental - 235 indivíduos que estão trabalhando na modalidade home office durante a pandemia de COVID-19; Grupo Controle - 189 indivíduos que continuam trabalhando presencialmente durante a pandemia por COVID-19. Todos responderam o Índice de Fadiga Vocal (IFV)4 e o Questionário de Investigação de Dor Musculoesquelética5. Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial. Resultados: O GE referiu mais sintomas de fadiga vocal e de dor musculoesquelética quando comparado ao GC, antes da pandemia. Entretanto, durante a pandemia, o GE apresentou maior frequência de dor nas regiões posterior do pescoço, ombros, superior das costas, temporal e masseter, enquanto o GC apresentou maior frequência de dor na laringe. Quanto à fadiga vocal, durante a pandemia, o GE apresentou aumento dos escores em relação aos fatores fadiga e limitação vocal, restrição vocal e total. Não houve diferença para o GC. Conclusão: Indivíduos que passaram a desempenhar seu trabalho na modalidade home office durante a pandemia de COVID-19 apresentaram aumento dos sintomas de fadiga vocal e dor musculoesquelética na região cervical durante a pandemia, enquanto indivíduos que continuam trabalhando em seu local habitual apresentaram aumento da dor na região de laringe durante a pandemia. Trabalhadores que migraram para a modalidade home office durante a pandemia COVID-19 apresentam risco para desenvolver alteração vocal.

1. OPA OP-A de S, OMS OM de S. Folha informativa – COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus). OPA; OMS. https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875. Published 2020. Accessed May 25, 2020.
2. Phelipe A, Medeiros I. Covid-19 muda a rotina do mercado de trabalho com o home office. Corrio Braziliense. 2020.
3. Mattioli D, Putzier K. Someday the coronavirus pandemic will release its grip on our lives and we will return to the workplace. The question is: Will there be an office to go back to when this is all over? The Wall Street Journal. June 2020.
4. Zambon F, Moreti F, Ribeiro VV, Nanjundeswaran C, Behlau M. Vocal Fatigue Index: Validation and Cutoff Values of the Brazilian Version. J Voice. 2020.
5. Silverio KCA, Siqueira LTD, Lauris JRP, Brasolotto AG. Muscleskeletal pain in dysphonic women. CoDAS. 2014;26(5):374-381. doi:10.1590/2317-1782/20142013064


TRABALHOS CIENTÍFICOS
317
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA DE AGRICULTORES DE UM ASSENTAMENTO RURAL NO PARANÁ
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva é comumente associada a idade, a exposição a altos níveis de ruído, traumas acústicos ou cranianos, mas também pode ser advinda de uma exposição a agentes ototóxicos e neurotóxicos, se tratando de perda auditiva ocupacional, geralmente há a associação da perda devido a exposição a ruído, porém a exposição a agrotóxicos também pode ser um agente de risco que pode acometer a saúde auditiva, e se combinado com a exposição ao ruído, pode potencializar o efeito e ser ainda mais danosa a audição1. Estudos evidenciaram que a exposição ao agrotóxico, induz a danos no sistema nervoso periférico, sistema nervoso central da audição e a alterações cognitivas, à estudos, que também avaliam concomitantemente o ruído ao agrotóxico, evidenciando, que ruído é um agente potencializador dos efeitos dos agrotóxicos no sistema auditivo2. Para nortear a avaliação de trabalhadores expostos a agrotóxicos, o Estado do Paraná, através da Secretaria de Saúde – SESA elaborou o Protocolo de avaliação das intoxicações crônicas por agrotóxicos através da resolução SESA nº 094/20133.Objetivo: avaliar a audição periférica e central de agricultores de um assentamento rural no Paraná. Métodos: O estudo do tipo transversal, teve aprovação do CEP n. 4.069.536. Foram avaliados 16 trabalhadores, de ambos os sexos, com faixa etária entre 40 e 70 anos, todos agricultores de um assentamento rural expostos a agrotóxicos (organofosforados) e ruído de motores. Foi aplicado um questionário para informações sobre a atividade, seus riscos e sobre morbidades. Realizou-se audiometria tonal liminar convencional, teste de imitância acústica, teste de emissões otoacústicas evocadas produto de distorção e o exame do potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Os dados foram analisados por procedimentos estatísticos com significância de 0,05. Resultados: predominou o sexo masculino (56,20%), a faixa etária com mais de 61 anos (43,20%) e tempo de serviço como agricultor maior que 40 anos (37,50%); fazem uso de medicamentos (68,70%) e apresentam hipertensão arterial (56,20%); estão expostos a organofosforado (36,80) e expostos ao ruído (93,70%). As principais queixas/sintomas foram: zumbido (93,70%), dificuldade para escutar (81,20%) e ouvido tapado, cefaleia, irritabilidade e problemas estomacais (75%). Na audiometria tonal limiar, as médias dos limiares demonstram perda auditiva neurossensorial com configuração em entalhe acústico (3000, 4000 e/ou 6000Hz), curvas timpanométricas Tipo “A” na orelha direita 100% e na esquerda 75%. As médias por frequências da relação sinal/ruído indicaram ausência de EOA produto de distorção, em todas as frequências na orelha direita e a partir de 3.000Hz na esquerda. As médias das latências absolutas e intervalos interpicos do PEATE estão dentro do padrão esperado, indicando alterações cocleares. Conclusão: As alterações auditivas encontradas no grupo estudado foram predominantemente cocleares, não foram observadas alterações nas vias auditivas.


1. Organização Mundial da Saúde. Report of the first informal consulation on future programme developments for the prevention of deafness and hearing impairment . Word Health Organization, Genava, 1997;23-4.

2. Kós MI, Hoshino AC, Asmus CIF, Mendonça RMA. Efeitos da exposição a agrotóxicos sobre o sistema auditivo periférico e central: uma revisão sistemática. Cad Saúde Pública [Internet]. 2013 Aug [cited 2020 Apr 27; 29(8):14911506.Availablefrom:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2013000800003&lng=en. https://doi.org/10.1590/0102-311X00007013.

3. Paraná. RESOLUÇÃO SESA nº 094/2013 anexo I. Protocolo de avaliação de intoxicações crônicas. Diário Oficial do Estado nº 8897, de 14/02/13


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1382
AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO EXCLUSIVO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O câncer é uma neoplasia maligna e o seu tratamento pode ser feito através de quimioterapia, radioterapia, cirurgia, entre outros. A quimioterapia é o tratamento com um ou mais medicamentos para destruir células cancerosas e as reações adversas podem atingir a região orofacial e cervical alterando o processo de deglutição, que tem por finalidade o transporte de líquidos e alimentos da cavidade oral até o estômago, mantendo o estado nutricional e protegendo a via aérea. A disfagia é o prejuízo no funcionamento em qualquer parte desse processo, tendo como possíveis complicações, desnutrição, desidratação ou pneumonia. OBJETIVO: Avaliar a deglutição em pacientes submetidos ao tratamento quimioterápico exclusivo, para cânceres que não afetem cabeça e pescoço. MÉTODOS: Estudo de campo, quantitativo, descritivo, de corte transversal. Foram utilizados dados secundários através de análise de prontuários, e primários, por meio de avaliação clínica fonoaudiológica da deglutição a partir de um protocolo desenvolvido pelos pesquisadores. A pesquisa foi realizada em uma unidade hospitalar de oncologia, durante o período julho e agosto de 2018. Foram incluídos, pacientes adultos que se alimentam por via oral e submetidos à quimioterapia isolada para tratamento de câncer, a partir do segundo ciclo. Foram excludentes, pessoas com traqueostomia e comorbidades associadas como Diabetes e Hipertensão Arterial Sistêmica. Foi realizada a análise estatística inferencial dos dados por meio do software IBM-SPSS Statistics versão 22, adotando a significância estatística de p<0,05 para todos os testes. Os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos. RESULTADOS: A amostra foi composta por 26 indivíduos, com faixa etária entre 26 e 58 anos, sendo identificados os seguintes tipos de câncer: Mama, Linfoma, Cólon, Ovário, Gástrico, Colo Do Útero, Sarcoma de Ewing, Duodeno, Próstata, Intestino e Pulmão. Os fármacos utilizados com maior frequência foram Doxorrubicina, Ciclofosfamida, Fluoracil, Oxaliplatina e Docetaxel. As principais alterações encontradas no momento da avaliação foram: xerostomia (50% n=13), hipotonia (57,7% n=15) e diminuição de mobilidade em músculos orofaciais (53,8% n=14). Enquanto na avaliação da deglutição, na oferta de sólido, verificou-se: presença de resíduo de alimento sólido na cavidade oral após a deglutição (11,5% n=3); sensação de estase alimentar em região faríngea (23,1% n=6), pigarro após deglutição necessidade de limpeza laríngea sob comando (19,2 n=5, cada), estando este último associado à xerostomia em sua totalidade, com valor significativo estatisticamente (p=0.013) no teste Qui-quadrado de Pearson. Durante oferta de líquido, foi verificada, também, voz molhada (30,8% n=8). Não houve alterações no processo de deglutição durante oferta de alimento pastoso. CONCLUSÃO: Pacientes submetidos ao tratamento quimioterápico para o câncer apresentam transtornos de deglutição, seja no tocante às estruturas envolvidas ou no processo fisiológico, com destaque para a presença de xerostomia em 50% dos pacientes avaliados, sendo 54,5% dos usuários de ciclofosfamida. Podendo-se inferir que a avaliação clínica fonoaudiológica da deglutição se mostra como uma importante opção no gerenciamento do tratamento quimioterápico e pode indicar a conduta mais adequada para recuperação do paciente e continuidade do tratamento antineoplásico.

Brasil. De Doença desconhecida a problema de saúde pública: o INCA e o controle do Câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro: INCA, 2017.
Jesus, LG et al. Repercussões orais de drogas antineoplásicas: uma revisão de literatura. RFO, Passo Fundo, v. 21, n. 1, p. 130-135, jan./abr. 2016. Disponível em: Acesso em: 10 mar. 2018.
Matoso, MBL; Matoso, MLM; Rosario, SSD. As estratégias de cuidados para o alívio dos efeitos colaterais da quimioterapia em mulheres Saúde, Santa Maria, v. 41, n. 2, Jul./Dez, p. 251-260, 2015. Disponível em: Acesso em: 5 mar. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1699
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL E ELETROFISIOLÓGICA EM CRIANÇAS ACOMETIDAS POR FISSURA PALATINA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O processamento auditivo central (PAC) refere-se à eficácia e efetividade com que o sistema nervoso central (SNC) utiliza a informação auditiva e pode encontrar-se alterado levando a possíveis dificuldades no processamento perceptivo dessas informações no SNC em uma ou mais habilidades, dando origem a um transtorno do processamento auditivo¹. O PAC pode ser avaliado por meio de medidas eletrofisiológicas e comportamentais. A combinação dessas medidas pode elucidar questões relacionadas à integridade da via auditiva e o funcionamento das habilidades auditivas². O Mismatch Negativity (MMN), é um Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência que representa respostas cerebrais relacionadas às habilidades de atenção involuntária, discriminação, processamento e memória auditiva³-⁴. Crianças acometidas por fissura labiopalatina (FLP) apresentam como alteração auditiva mais frequente a otite média, a presença de fluido constantemente na orelha média resulta em uma barreira na condução do som podendo afetar a detecção sonora do indivíduo⁵-⁶.

Objetivo: Analisar os achados das avaliações eletrofisiológicas e comportamentais do PAC em crianças com fissura palatina completa e comparar com grupo controle.

Métodos: Estudo do tipo transversal e comparativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número 25000.089325/2006-58. A casuística foi composta por 48 crianças de 7 a 9 anos divididas em grupo estudo (GE), composto por 16 crianças acometidas por fissura palatina completa, e grupo controle (GC), composto de 32 crianças sem FLP, pareado por idade e sexo. Foram realizadas anamnese, avaliação audiológica periférica básica (audiometria tonal liminar, audiometria vocal e medidas de imitância acústica), avaliação comportamental do PAC (testes Dicótico de Dígitos -DD, Dicótico Consoante Vogal – DCV, Pediatric Speech Intelligibility – PSI, Gaps in noise – GIN e Pitch Pattern Sequence – PPS) e avaliação eletrofisiológica (Mismatch Negativity). Todas realizaram PEATE click para verificar integridade neural.

Resultados: Todas as crianças apresentavam limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade, confirmados pela avaliação audiológica periférica básica. As crianças com fissura palatina apresentaram 4 ou mais episódios de otite média por ano, por mais de dois anos consecutivos. Na comparação entre grupos, foi observado pior desempenho para o GE nos testes comportamentais e eletrofisiológico. Os achados foram significativos (p<0,001) para os testes PSI, GIN e PPS, indicando um prejuízo nas habilidades de figura-fundo, resolução e ordenação temporal. Com relação a avaliação eletrofisiológica (MMN), verificou-se diferença significativa nos valores de latência na comparação entre os grupos controle e estudo (p≤0,001). Os valores de latência do MMN foram aumentados no grupo estudo de crianças com fissura palatina. Foram observadas associações entre os achados comportamentais e eletrofisiológicos analisados.

Conclusão: Na amostra estudada as crianças com fissura palatina apresentam pior desempenho nas avaliações eletrofisiológicas e comportamental do PAC quando comparadas a um grupo controle. Acreditamos que tal resultado seja reflexo dos frequentes quadros de otite média. Foram observadas alterações que poderiam resultar em dificuldades para identificar pequenas variações acústicas da fala e dificuldade em produzir os sons de forma correta ou em interpretar a mensagem ouvida.

1. ASHA – American Speech-Language-Hearing Association. (Central) Auditory Processing Disorders [Technical Report]. 2005. Disponível em: https://www.asha.org/policy/TR2005-00043/. Acesso em: 10/07/2020
2. Berticelli AZ, Bueno CD, Rocha VO, Ranzan J, Riesgo RDS, Sleifer P. Central auditory processing: behavioral and electrophysiological assessment of children and adolescentes diagnosed with stroke. Braz j otorhinolaryngol. 2019;86:1-9.
3. Ferreira DA, Bueno CD, Costa SS, Sleifer P. Aplicabilidade do Mismatch Negativity na população infantil: revisão sistemática de literatura. Audiol Commun Res. 2017;22:1-10.
4. Rocha-Muniz CN, Befi-Lopes DM, Schochat E. Mismatch negativity in children with specific language impairment and auditory processing disorder. Braz j otorhinolaryngol. 2015;81(4):408-415.
5. Amaral MIR, Martins JE, Santos MFC. Estudo da audição em crianças com fissura labiopalatina não-sindrômica. Braz j otorhinolaryngol. 2010;76(2):164-171.
6. Donadon C, Sanfins MD, Borges LR, Colella-Santos MF. Auditory training: Effects on auditory abilities in children with history of otitis media. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2019;118:177-180.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
210
AVALIAÇÃO DA AUTOPERCEPÇÃO VOCAL PRÉ E PÓS INTERVENÇÃO EM PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PORTO ALEGRE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Resumo:
Introdução: Os educadores fazem parte de uma das profissões com maior número de distúrbios na voz, muitas vezes ocasionado pelas condições desfavoráveis de trabalho, como exigência e intensidade vocal excessivas. Objetivo: Avaliar a autopercepção vocal em um grupo de professores de uma escola pública da cidade de Porto Alegre. O estudo buscou conhecer a visão dos educadores sobre sua voz, considerando os aspectos individuais, ambientais e organizacionais e desenvolver oficinas teórico-práticas sobre saúde vocal. Método: Estudo transversal, comparativo, no qual foram analisadas as respostas aos
questionários pré e pós intervenção, a fim de analisar se ocorreram mudanças no conhecimento e hábitos vocais, sobretudo ligados ao ambiente de trabalho dos professores. Resultados: O tempo médio de atuação dos professores foi de 16,65
anos. Os itens de percepção vocal autorreferidos mais prevalentes entre os professores foram voz rouca, voz alterada, voz fraca, voz muito grave, com 10% cada, e voz com falhas (5%). Na comparação de presença de dificuldades na
produção da voz no trabalho em relação a outras atividades, 11 (55%) professores responderam que há diferença. Verificou-se em 100% da amostra como fatores associados a essa dificuldade o alto nível de competição sonora e ambiente de trabalho causador de estresse, tensão e/ou ansiedade. Conclusão: Apesar de haver um número significativo de trabalhos científicos já publicados sobre o tema, salientase a importância de ações e programas voltados à saúde vocal, sobretudo estudos que oportunizem ações diretas com os docentes, resultando na melhora do processo ensino-aprendizagem e qualidade de vida destes trabalhadores.

Palavras-chave: Fonoaudiologia; Saúde do Trabalhador; Disfonia.

Referências
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Brasília, DF; 2011.
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professor e a legislação atual. Rev CEFAC. 2014;16 (2):628-33.
3 Caporossi C, Ferreira LP. Sintomas vocais e fatores relativos ao estilo de vida em
professores. Rev CEFAC. 2011;13 (1):132-9.
4 Gonçalves CGO, Penteado RZ, Silvério KCA. Fonoaudiologia e saúde do
trabalhador: a questão da saúde vocal do professor. Saúde Rev. 2005; 7(15):45-51.
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Universidade de São Paulo; 2003.
9 Penteado RZ, Rossi D. Vivência de voz e percepções de professores sobre saúde
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20 Mendes ALF, Lucena BTL, De Araújo AMGD, Melo LPF, Lopes LW, Silva MFBL.
Voz do professor: Sintomas de desconforto do trato vocal, intensidade vocal e ruído
em sala de aula. CoDAS. 2016; 28(2): 168-175
21 Ceballos AGC, Santos GB. Fatores associados à dor musculoesquelética em
professores: Aspectos sociodemográficos, saúde geral e bem-estar no trabalho.
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22 Cardoso JP, Araújo TM, Carvalho FM, Oliveira NF, Reis EJFB. Aspectos
psicossociais do trabalho docente e dor musculoesquelética. Cad Saúde Pública,
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23 Cardoso JP, Ribeiro IQB, Araújo TM, Carvalho FM, Reis EJFB. Prevalência de
dor musculoesquelética em professores. RevBrasEpidemiol 2009; 12(4): 604-14
24 Ferreira LP, Souza TMT. Um século de cuidados com a voz profissional falada: a
contribuição da fonoaudiologia. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 1998; 2(1):26-35.
25 Quintairos S. Incidência de nódulos vocais em professores de pré-escola e o seu
tratamento. Rev. CEFAC. 2000; 2(1):16-22.
26 Rantala L, Wilkman E, Bloigu R. Voice changes during work: subjective
complaints and objective measurements for female primary and secondary school
teachers. J Voice. 2002; 16(3):344-55.
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28 Aydos B, Hanayama EM. Técnicas de aquecimento vocal utilizadas por
professores de teatro. Rev. CEFAC. 2004;6 (1):83-8.
29 Behlau M, Higiene vocal: Cuidando da voz. 5a
. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2017.
30 Conselho Federal de Fonoaudiologia (Brasil). Resolução CFFa nº 387, de 18 de
setembro de 2010. Estabelecer as atribuições e competências do profissional
15especialista em Fonoaudiologia Educacional. Diário Oficial da União 14 out
2010;Seção1.
31 Fortes FSG, Imamura R, Tsuji DH, Sennes LU. Perfil dos profissionais da voz
com queixas vocais atendidos em um centro terciário de saúde. Rev Bras
Otorrinolaringol. 2007; 73(1):27-31.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1974
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DISCRIMINATÓRIA DE TRÊS INSTRUMENTOS DE AUTOAVALIAÇÃO VOCAL: QVV, IDV E ESV NA CLASSIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS COM E SEM DISTÚRBIO DE VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A produção vocal consiste em um fenômeno complexo e que depende da interação e do bom funcionamento do grupo neuromuscular, integridade dos tecidos do aparelho fonador, saúde mental e física; aspectos de personalidade, idade e gênero do indivíduo. Quando não ocorre a harmonia entre esses aspectos, a emissão vocal torna-se prejudicada, caracterizando a presença de um possível distúrbio vocal. Logo, os pacientes que apresentam algum sinal desse distúrbio devem passar por uma avaliação multidimensional ampla e complexa, podendo não ser viável para situações em que se necessita de uma identificação rápida. A autoavaliação, por outro lado, é um dos métodos da avaliação em que utiliza questionários de autoavaliação vocal e oferece valiosos resultados em relação ao impacto do distúrbio vocal de acordo com a percepção do próprio sujeito. Assim, diversos instrumentos de autoavaliação estão disponíveis para prática clínica, sendo que alguns destacam-se por serem mais difundidos e utilizados mundialmente. Entre eles, citam-se o Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV); o Índice de Desvantagem Vocal (IDV); e a Escala de Sintomas Vocais (ESV).
OBJETIVO: Avaliar a efetividade de três instrumentos de autoavaliação vocal na classificação de pacientes com distúrbios vocais diversos.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, explicativo e documental. Participaram dessa pesquisa 143 indivíduos com distúrbios vocais variados, de acordo com exame laríngeo a avaliação fonoaudiológica. A maior parte da amostra foi constituída por mulheres (75,5%), de faixa etária adulta (86,7%), não profissionais da voz (64,3%) e com distúrbio vocal de severidade leve (49,0%). A coleta de dados dessa pesquisa seguiu as seguintes etapas: acesso ao banco de dados, aplicação dos critérios de elegibilidade e seleção das variáveis de interesse para caracterização da amostra, além da coleta dos itens dos três protocolos de autoavaliação selecionados para esse estudo: o protocolo de Qualidade de Vida em Voz – QVV, o Índice de Desvantagem Vocal – IDV e a Escala de Sintomas Vocais – ESV. Em seguida, os dados passaram por análise estatística descritiva e inferencial.
RESULTADOS: A ESV apresenta o melhor índice de assertividade, identificando 133 (93,0%) indivíduos com distúrbio vocal, seguido pelo protocolo IDV, que detectou 117 (81,8%) indivíduos. O QVV obteve o pior índice de assertividade, identificando 13,3% dos indivíduos com distúrbio vocal (n=19), no entanto, percebe-se que o mesmo pode variar de acordo com o diagnóstico laríngeo observando-se melhores resultados na identificação dos indivíduos com distúrbio vocal de origem orgânica. O IDV e a ESV, por sua vez, identificaram 81,8% dos casos (n=117) e 93,0% (n=133), respectivamente, apresentando assim, elevados índices de assertividade, independentemente do tipo de distúrbio vocal apresentado.
CONCLUSÃO: A Escala de Sintomas Vocais apresenta um elevado índice de assertividade para identificar indivíduos com distúrbio vocal, devendo ser considerada com maior relevância durante o processo de avaliação vocal.

1. Dejonckere PH, et al. A basic protocol for functional assessment of voice pathology, especially for investigating the efficacy of (phonosurgical) treatments and evaluating new assessment techniques. Guideline elaborated by the Committee on Phoniatrics of the European Laryngological Society (ELS). Eur Arch Otorhinolaryngol. 2001;258(2):77-82.
2. Estienne F, Pinho SMR, Siqueira DT. Voz falada, voz cantada: Avaliação e terapia. Rio de Janeiro: Editora Revinter. 2004.
3. Roy N, et al. Voice disorders in the general population: prevalence, risk factors, and occupational impact. The Laryngoscope. 2005;115(11):1988-95.
4. Behlau M, et al. Voice Self-assessment Protocols: Different Trends Among Organic and Behavioral Dysphonias. J Voice. 2016;31(1):112-27.
5. Deary IJ, Janet A, Wilson, PN, Carding, KM. VoiSS: A patient-derived Voice Symptom Scale. Journal of Psychosomatic Research. 2003;54:483-89.
6. Madazio G, Moreti F, Yamasaki R. Protocolos de Autoavaliação do Impacto da Disfonia. In: Marchesan IQ, Justino H, Tomé MC. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Roca, 2014.
7. Pavão ALB, Werneck GL, Campos MR. Autoavaliação do estado de saúde e a associação com fatores sociodemográficos, hábitos de vida e morbidade na população: um inquérito nacional. Cad. Saúde Pública. 2013;29(4):723-34.
8. Hogikyan ND, Sethuraman G. Validation of an Instrument to Measure Voice-Related Quality of Life (V-RQOL). Journal of Voice.1999;13(4):557-69.
9. Behlau M, et al. Validação no Brasil de protocolos de auto-avaliação do impacto de uma disfonia. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2009;21(4):326-32
10. JACOBSON, B.H., et al. The voice handicap index (VHI): development and validation. Am J Speech Lang Pathol. 1997;6:66–70.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
315
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE PROGRAMAS DE PRESERVAÇÃO AUDITIVA NA PREVENÇÃO AUDITIVA DE TRABALHADORES EXPOSTOS AO RUÍDO EM EMPRESAS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A exposição excessiva ao ruído intenso, como nas atividades profissionais, pode trazer danos a saúde geral, a qualidade de vida e a audição dos trabalhadores, como a perda auditiva induzida por ruído (PAIR)1,2. Apesar da disseminação da implementação de Programas de Preservação Auditiva (PPA) nos locais de trabalho nas últimas décadas, a PAIR continua ocorrendo em trabalhadores expostos ao ruído, sendo considerada uma das 10 doenças ocupacionais mais recorrentes3. Assim, o PPA é obrigatório em todos os locais de trabalho onde os níveis de pressão sonora excedam os limites de tolerância previstos pela NR-15. À medida que o PPA é implantado, busca-se preservar a audição por meio da identificação de riscos e implantação de medidas de controle dos agentes otoagressivos, gerenciamento auditivo e desenvolvimento de ações educativas4. Considera-se que se em 5 anos os limiares auditivos dos trabalhadores devem permanecer estáveis para o PPA ser considerado eficaz. Objetivo: analisar a efetividade da implantação de PPA em empresas, a partir do monitoramento auditivo dos trabalhadores. Métodos: estudo de coorte retrospectivo, aprovado pelo CEP n.2.368.105. Participaram do estudo 5 empresas com PPA implantados há no mínimo 5 anos, do Sul do país. Foram analisados os dois audiogramas de cada trabalhador (exames de referência e sequencial), com intervalos de 5 anos, num total de 250 trabalhadores e analisada a estabilidade auditiva ou o deslocamento no limiar padrão (NR 7). Identificou-se o nível de ruído na empresa, idade, sexo e tempo de serviço. Aplicou-se um questionário fechado sobre os componentes do PPA aos responsáveis pela Saúde e Segurança no Trabalho e fonoaudiólogo das empresas. Os dados foram analisados por procedimentos estatísticos, considerando-se o nível de significância de 0,05. Resultados: os responsáveis pelas empresas (3-60%) relataram que as ações do PPA desenvolvidas em suas empresas são boas mas não o suficientes; os fonoaudiólogos não realizaram a avaliação do PPA e a maioria das ações se concentra no gerenciamento auditivo e orientações/treinamentos anuais sobre uso adequado de protetores auditivos. A maioria dos trabalhadores tinha entre 30-39 anos de idade (35,6%), estavam nas empresas a menos de 10 anos (50,4%), 47,6% expostos entre 85 e 90 dBA(Leq) e apresentaram no audiograma de referência limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade (orelha direita 74,4% e orelha esquerda 76,4%); no período de 5 anos, 15(6%) trabalhadores apresentaram deslocamento nos limiares padrões compatíveis com PAIR, sendo que 3 empresas não tiveram nenhum caso no período. Na empresa A (produção de maquinários têxteis) houve maior número de casos (9 – 60%) com significância estatística em relação às demais; em relação ao sexo, nível de ruído, idade e tempo de serviço na empresa não existe relação dessas variáveis com os grupos com deslocamento no limiar padrão e limiares estáveis (p=0,0001). Conclusão: nem todos os PPA instalados nas empresas estudadas podem ser considerados eficazes, uma vez que não conseguiram prevenir o desenvolvimento da PAIR ou seu agravamento. O cuidado no desenvolvimento do PPA em todos os seus aspectos deve ser melhor considerado pelos fonoaudiólogos nas empresas, possibilitando a prevenção da PAIR.


1. Lie A, Skogstad M, Johannessem H, Tynes E, Mchlum I, Nordby K, Engdahl B, Tambs K. Int Arch Occup Environ Health. 2016; 89:351-72.
2. Lacerda A, Bramati L, Silveira F, Macedo R, Gonçalves C, Marques J. Eventuais consequências Sociais e Emocionais, com Implicações Laborais, secundárias à Perda Auditiva induzida pelo Ruído. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. 2019; 8: 1-15. DOI 10.31252/RPSO.07.09.2019
3. NIOSH, 1998. Criteria for a Recommended Standard [Online]. https://www.cdc.gov/ niosh/docs/98-126/pdfs/98-126.pdf.
4. Gonçalves CGO. Saúde do trabalhador: da estruturação à avaliação de programas de preservação auditiva. São Paulo: Roca, 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1931
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O Programa de Triagem Auditiva Neonatal (PTAN) tem por finalidade identificar de forma precoce os recém-nascidos com deficiência auditiva e intervir em tempo hábil para que a alteração não dificulte ou impeça a aquisição e o desenvolvimento da linguagem. Conhecer os resultados desses programas pode fornecer informações aos gestores quanto à ocorrência da perda auditiva neonatal e suas possíveis causas; a identificação dos pontos de estreitamento e das ações necessárias para garantir efetivamente o recém-nascido o acesso ao programa e o tratamento precoce; além da elaboração de estratégias para a prevenção da perda auditiva. Um estudo de avaliação pode orientar sobre modificação ou continuação do PTAN, além de apontar os fatores favoráveis e desfavoráveis envolvidos. Objetivo: Avaliar a implantação do Programa de Triagem Auditiva Neonatal em um centro de referência estadual. Método: Trata-se de um estudo avaliativo, de análise de implantação do tipo b1, com abordagem quantitativa e qualitativa, desenvolvido por meio de estudo de caso único. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos sob o parecer nº 3.487.887, realizado no período de agosto a outubro de 2019, do qual participaram os dois únicos fonoaudiólogos que atuam na triagem auditiva neonatal e o gestor responsável pela coordenação do PTAN do centro de referência. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com informantes-chave e observação direta. Foram estudados indicadores relacionados à estrutura e processo do PTAN, para avaliação do grau de implantação (GI), e variáveis relacionadas ao seu contexto estrutural e político, para análise do contexto de implantação deste programa. Na análise dos dados foi empregada a estatística descritiva e a análise de conteúdo de Bardin. Resultados: Os resultados apontam que o Grau de Implantação do Programa de Triagem Auditiva Neonatal foi considerado parcialmente implantando (71,6%), com contexto político favorável (75,0%) e contexto estrutural desfavorável (28,5%), de modo que a classificação final do contexto foi considerada desfavorável (50,0%). O número de categorias temáticas desfavoráveis foi superior no contexto estrutural, o que influenciou de forma negativa esse resultado. Os aspectos do contexto apontados como desfavoráveis foram: acompanhamento e monitoramento das metas correspondentes ao PTAN; acompanhamento dos resultados e rastreio dos casos; quantitativo de profissionais; e planejamento para melhoria da implantação do PTAN. Já os aspectos apontados como favoráveis foram: Investimentos para a implantação do PTAN; conhecimento sobre o PTAN; priorização da implantação do PTAN no hospital; e qualificação profissional da equipe/gestor do PTAN. Conclusão: O Programa de Triagem Auditiva Neonatal do centro de referência em estudo encontra-se parcialmente implantado, com contexto político favorável e o estrutural desfavorável, os quais contribuíram na integração contextual para o resultado dessa implantação.



Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.
The Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. 2019;4(2):1-44.
Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1891
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE FALA E PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE LEITURA E ESCRITA – RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Déficits na percepção da fala têm sido apontados em crianças com Transtorno específico da leitura (Dislexia do desenvolvimento), cuja principal característica está no prejuízo em reconhecer palavras escritas, com impacto direto na fluência leitora(1). Não raramente, são associados a déficits do processamento auditivo(2,3). Objetivo: Investigar e caracterizar o perfil de correlações entre processamento auditivo, percepção de fala e parâmetros da fluência em leitura de escolares com Transtorno específico da leitura (F81.0) e da escrita (F81.1) - TLE. Método: Estudo retrospectivo, de corte transversal e análise quantitativa, aprovado pelo CEP (CAAE: 47313115.5.0000.5505, Parecer: 1415919). Participaram 20 meninos e meninas com diagnóstico de TLE (N=10 - Grupo Pesquisa/GP) e com desenvolvimento típico (N=10 - Grupo Controle/GC). Os participantes passaram pela Avaliação Simplificada do Processamento Auditivo Central – ASPAC(4), avaliação psicolinguística da percepção da fala(5), e avaliação dos parâmetros de velocidade (palavras lidas por minuto) e acurácia (palavras lidas, corretamente, por minuto) em prova de leitura oral de 48 palavras isoladas. Para o tratamento estatístico utilizou-se Correlação de Spearman (nível de significância estatística < 0,05). Resultados: Conforme esperado, o GP mostrou mais baixos valores de velocidade (GP=29,16 palavras/minuto; GC=56,57 palavras/minuto) e acurácia (GP=19,74 palavras corretas/minuto; GC=47,87 palavras corretas/minuto) ao lerem palavras isoladas. Os grupos foram semelhantes quanto ao desempenho em percepção de fala e processamento auditivo. O GP mostrou correlações positivas fortes e muito forte entre os parâmetros de fluência de leitura e as habilidades de processamento auditivo e entre esses parâmetros e a percepção de fala (velocidade: r=0,78 e p=0,01; acurácia: r=0,83 e p=0,00). O GC mostrou correlação positiva moderada entre os parâmetros de leitura e as habilidades de processamento auditivo e entre acurácia e percepção de fala. Entretanto, a velocidade de leitura não se correlacionou com a percepção de fala (r=0,40 e p=0,26) nessa amostra de crianças de desenvolvimento típico de aprendizado. Conclusão: A esperada correlação entre parâmetros de fluência da leitura, deficitárias em crianças com TLE, foi observada na amostra avaliada. A ausência dessa correlação no GC corrobora esse resultado.


1. Messaoud-Galusi S, Hazan V, Rosen S. Investigating Speech Perception in Children With Dyslexia: Is There Evidence of a Consistent Deficit in Individuals?. Journal of Speech, Language, and Hearing Research. 2011;54(6):1682-1701.
2. Tallal P. Auditory temporal perception, phonics, and reading disabilities in children. Brain and Language. 1980;9(2):182-198.
3. Ziegler J, Pech-Georgel C, George F, Lorenzi C. Speech-perception-in-noise deficits in dyslexia. Developmental Science. 2009;12(5):732-745.
4. Pereira LD, Schochat E. Processamento auditivo central: manual de avaliação. 1ª ed. São Paulo: Lovise; 1997.
5. Appezzato M, Hackerott M, Avila C. Tarefa de discriminação de fala com pseudopalavras. CoDAS. 2018;30(2).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2058
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE FALA EM INDIVÍDUOS COM FISSURA LABIOPALATINA: ESTUDO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Indivíduos com fissura labiopalatina podem apresentar diversas alterações na comunicação verbal, incluindo alterações na produção e percepção da fala. A alteração na percepção dos sons da fala, particularmente, pode dificultar o processo de correção da fala por meio da fonoterapia.
Objetivo: Descrever o desempenho de percepção de fala durante tarefa de identificação de contrastes fonológicos em um falante com fissura labiopalatina (FLP) utilizando o PERCEFAL.
Método: O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa CAAE: 23753219.4.0000.5441. O PERCEFAL (instrumento) é um instrumento elaborado para avaliar a habilidade de identificação de contrastes fonológicos em 72 pares mínimos: vogais (n = 21), soantes (n = 21), oclusivas (n = 15) e fricativas (n = 15). Cada par é ilustrado com uma imagem para cada palavra e exibido em um monitor de computador, juntamente com uma gravação de áudio, a qual solicita que o falante selecione a imagem que corresponde ao estímulo falado por um adulto com discurso típico. O diferencial nesta proposta é a possibilidade do paciente também avaliar a percepção de sua própria fala, desde que esta seja gravada durante produção dos 72 estímulos. O desempenho perceptivo auditivo do falante é realizado com base no seguinte critério: acurácia.
Resultados: O caso apresentado foi submetido à avaliação da percepção de fala usando-se o PERCEFAL. A avaliação foi aplicada em uma sala sem ruído e os dados coletados foram computados automaticamente pelo PERCEVAL (software). O participante foi estudado aos 6 anos de idade, é sexo masculino e apresentou fístula de palato e disfunção velofaríngea após correção de fissura transforame incisivo unilateral. No momento das avaliações o paciente participava de um programa de fonoterapia para corrigir o uso consistente de ponto articulatório pós-uvular em substituição ao ponto oral de consonantes de alta pressão intraoral. A avaliação da habilidade de identificação de contrastes fonológicos foi realizada tanto com o estímulo falado pelo adulto com discurso típico quanto usando-se a fala pré-gravada do próprio paciente, sendo esta marcada pelo uso consistente de ponto-articulatório atípico pós-uvular. O participante apresentou 41/42 (97,6%) acertos e 1/42 (2,3%) erro na percepção de um adulto com o discurso típico. Já na percepção da sua própria fala apresentou 23/42 (54,7%) acertos; 16/42 (38%) erros; 3/42 (7,14%) não-respostas. Ou seja, ao ouvir sua própria fala, marcada pelo uso de ponto-articulatório atípico pós-uvular, a porcentagem de identificação correta de contrastes fonológicos foi reduzida quase pela metade.
Conclusão: Apesar da história da disfunção tubária combinada às dificuldades de produção de fala da criança, seu desempenho perceptual se diferenciou em função da natureza do estímulo (adulto típico vs sua própria fala). Isso significa dizer que estratégias terapêuticas envolvendo a percepção da fala do próprio paciente devem ser incorporadas na fonoterapia.


1. Berti L. PERCEFAL : instrumento de avaliação da identificação de contrastes fonológicos PERCEFAL : an instrument to assess identification of phonological contrasts in Brazilian Portuguese. Audiol Commun Res. 2017;1–9.
2. Scarmagnani RH, Barbosa DA, Fukushiro AP, Salgado MH, Trindade IEK, Yamashita RP. Relationship between velopharyngeal closure, hypernasality, nasal air emission and nasal rustle in subjects with repaired cleft palate. Codas. 2015;27(3):267–72.
3. Trindade IEK, Genaro KF, Yamashita RP, Miguel HC, Fukushiro AP. Proposal for velopharyngeal function rating in a speech perceptual assessment1. Trindade IEK, Genaro KF, Yamashita RP, Miguel HC, Fukushiro AP. Proposal for velopharyngeal function rating in a speech perceptual assessment. Pro Fono. 2006;17(2):259-262. Pro Fono. 2006;17(2):259–62.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
430
AVALIAÇÃO DA PERFORMANCE VOCAL DE ATORES POR DIFERENTES PROFISSIONAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A produção vocal dos atores é complexa e pode ser avaliada por diferentes profissionais diretamente envolvidos com este trabalho(1, 2). Essa interação entre diferentes olhares sobre uma mesma voz pode proporcionar uma perspectiva mais ampliada sobre performance desses artistas.
OBJETIVO: Mensurar, com dois protocolos distintos, a Performance Vocal Global em atores sem alteração vocal autorreferida e investigar possíveis correlações entre as duas analises.
MÉTODOS: 39 atores participaram, sendo 20 homens e 19 mulheres. A média de idade foi de 33,3 anos (variando de 18 a 53 anos) e com o tempo médio de experiência profissional de oito anos. Os atores tiveram que gravar as tarefas pré-definidas do CAPE-V(3, 4), bem como a leitura de uma poesia em loudness habitual. Uma fonoaudióloga especialista em voz avaliou o Grau Geral de desvio vocal (GG) a partir do protocolo CAPE-V usando a classificação proposta por Yamasaki et al. (5), em que pontuações até 35,5mm representam vozes normais, entre 35,6 e 50,5mm desvio leve, entre 50,6 e 90,5mm indicou desvio moderado e entre 90,6 e 100mm desvio severo. Um diretor teatral e uma fonoaudióloga que trabalha com atores classificaram o Grau Geral de Qualidade Vocal (GGQV) dos atores a partir da escuta da gravação da poesia usando uma escala analógica-visual de 200mm proposta por Bele(6). Foi feita análise da confiabilidade inter-avaliadores. A partir das médias das avaliações dos dois juízes foi possível o cálculo de tercis, que permitiu a divisão dos participantes em três grupos de Performance Vocal Global (PVG): Grupo de Pontuação Inferior (GPI), Grupo de Pontuação Mediana (GPM) e Grupo de Pontuação Superior (GPS). A análise estatística possibilitou a comparação entre os três grupos em relação ao GG e ao GGQV, bem como a análise da correlação entre as escalas para a amostra total.
RESULTADOS: Houve diferença entre os três grupos e desvio vocal leve foi observado em GPI. Não foram observados desvios vocais nos outros dois grupos (GPM e GPS). Além disso, correlação inversamente proporcional foi observada entre as duas escalas, ou seja, quanto maior o desvio vocal (GG), menor o grau geral de qualidade vocal (GGQV).
CONCLUSÃO: Atores sem alteração vocal autorreferida apresentaram diferenças acerca da Performance Vocal Global. Desvio vocal, embora leve, foi maior em atores com menores pontuações na Performance Vocal Global, com correlação negativa entre esses dois parâmetros. Os achados da presente pesquisa nos mostram o papel da qualidade vocal na performance vocal de atores e evidenciam a necessidade de funcionalidade vocal para o incremento das habilidades artísticas desses profissionais.

1. Ferrone C, Leung G, Ramig LO. Fragments of a Greek trilogy: Impact on phonation. Journal of Voice. 2004;18(4):488-99.

2. Stambusky A. Speech in the Theater - The Importance of Voice Science to Director and Actor. Speech Teacher. 1963;12(4):289-98.

3. ASHA. Consensus Auditory-Perceptual Evaluation of Voice (CAPE-V) Special Interest Division 3, Voice and Voice Disorders. 2003.

4. Behlau, M. Consensus Auditory – Perceptual Evaluation of Voice (CAPE-V), ASHA 2003. Rev Soc Bras Fon; 2004. p. 187-9.

5. Yamasaki R, Madazio G, Leao SHS, Padovani M, Azevedo R, Behlau M. Auditory-perceptual Evaluation of Normal and Dysphonic Voices Using the Voice Deviation Scale. Journal of Voice. 2017;31(1):67-71.

6. Bele IV. Reliability in perceptual analysis of voice quality. Journal of Voice. 2005;19(4):555-73.

7. Sofranko JL, Prosek RA. The Effect of Experience on Classification of Voice Quality. Journal of Voice. 2012;26(3):299-303.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1757
AVALIAÇÃO DA PRAGMÁTICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA COM META-ANÁLISE.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO:O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por déficits significativos na comunicação social e interação social, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos1.As alterações na comunicação apresentam uma grande variabilidade, mesmo as crianças com boa fluência na comunicação verbal apresentam prejuízos no aspecto pragmático, sendo esta uma manifestação constante nos TEA2,3,4.Os instrumentos de avaliação da linguagem focam na estrutura lingüística e seu significado e não no uso funcional da linguagem5,6,7; e, além disso, o aspecto pragmático é de difícil avaliação, pois é um comportamento dependente do contexto2,8. No Brasil, há poucos instrumentos de avaliação da linguagem oral disponíveis comercialmente que avaliam o aspecto pragmático9,10.
OBJETIVO:Apresentar uma revisão sistemática da literatura com meta-análise sobre os instrumentos de avaliação do aspecto pragmático da linguagem oral de crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista.
MÉTODO:Realizado levantamento de artigos científicos indexados nas seguintes bases de dados: Web ofscience, PubMed, PsycINFO, Scopus, LILACS e Scielo. Utilizando-se, nesta ordem,das seguintes palavras chaves: “pragmaticskills”, “autism” and “assessment”, no período de 2006 a 2016. Os critérios de exclusão estabelecidos foram: 1) instrumentos de avaliação utilizados em crianças sem TEA, 2) instrumentos de avaliação de outras habilidades linguísticas que não a pragmática, 3) instrumentos utilizados em programas de intervenção, 4) artigos repetidos.Foram selecionados 15 artigos, os quais foram aplicados a escala Newcastle-Otawa para verificação da qualidade destes artigos. Foram elencados os instrumentos de avaliação da pragmática utilizados nestes artigos.
RESULTADOS:Foram levantados 138 artigos distribuídos nas seguintes bases de dados: Web of Science 48, PubMed 20, PsycINFO 3, Scopus 49, LILACS 12 e na Scielo 6. Destes, 120 foram excluídos por não preencherem os critérios de inclusão, restando 18 artigos para leitura. Após leitura, ainda foram excluídos 3artigos. O estudo foi realizado com 15 artigos, mostrando que 70% dos artigos analisados receberam pontuação acima de seis na escala Newcastle-Otawa. O estudo mostra que são utilizados instrumentos variados na avaliação da pragmática. Os instrumentosmais utilizados foram do tipo rastreio (questionário aplicado aos pais e/ou professores). O CCC-2 (Children’sCommunicativeChecklist – secondedition) foi utilizado em 40% dos artigos analisados e o VABS (VinelandAdaptativeBehaviorScale) foi utilizado em 20%. Em seguida vêm os testes:TOPL (Test OfPragmaticLanguage), CASL (ComprehemsiveAssessmentofSpokenLanguage) que foram utilizados em três artigos. O Perfil funcional da comunicação que é um protocolo de observação comportamental aparece em dois artigos. Outros testes utilizados em apenas um artigo: PLS-4 (PreschoolLanguageScale – fourthedition), BAT (BehavioralAssessmentTask) e SSIS (Social SkillsImprovement System). Todos estes instrumentos foram utilizados tanto como única forma de avaliação do aspecto pragmático, como também associados a outros testes de avaliação da linguagem oral.
CONCLUSÃO: Conclui-se que há poucos testes utilizados para a avaliação do aspecto pragmático da linguagem em crianças e adolescentes com TEA, não há um consenso na utilização destes, pois são usados tanto de forma isolada ou em conjunto com outrostestes e não há referência de um teste considerado padrão ouro.

1. American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5ª Ed.) Porto Alegre: Artmed, 2014.
2. Bishop DVM. Development of the Children’s Communication Checklist (CCC): A method for assessing qualitative aspects of communicative impairment in children. Journalchildpsychologyandpsychiatry. 1998;39(6):879-89.
3. Perissinoto J. Diagnóstico de linguagem em crianças com transtorno do espectro autista. In: Tratado de fonoaudiologia. Org Ferreira LP; Beffi-Lopes DM; LimongiSCO. Ed. Rocca, 2005; 74:933-40.
4. VolkmarF; Siegel M; Woodbury-Smith M; King B; Maccraken J; State M.Pratice parameter for the assessment and treatment of children and adolescent with autism spectrum disorder. Journal of the American academy of child and adolescent psychistry. 2014; 53(2):237-57.
5. Bishop DVM; Baird G. Parent and teacher report of pragmatic aspects of communication of Children’s communication checklist in a clinical setting. Developmental Medicine and Child neurology. 2001; 43:809-818.
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8. Adams C. Practitioner review: The assessment of language of pragmatics. Journal of Child Psychology and Psychiatry. 2002; 43: 973-987.
9. Velloso RL; Vinic AA; Duarte CP; Dantino MEF, BrunoniD;Schwartzman JS. Protocolo de avaliação diagnóstica multidisciplinar da equipe de transtornos globais do desenvolvimento vinculado à pós-graduação em distúrbios do desenvolvimento de Universidade Presbiteriana Mackenzie. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento. 2011; 11(1): 9-22.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
895
AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE FALA DE SONS FRICATIVOS EM SUJEITOS SUBMETIDOS À REABILITAÇÃO ORAL PROTÉTICA: ESTUDO PILOTO
Tese
Motricidade Orofacial (MO)


Objetivo: Descrever, por meio da avaliação perceptivo-auditiva, a produção de fala dos sons fricativos /f/, /v/, /s/, /z/, /∫/ e /Ʒ/ em indivíduos com diminuição da dimensão vertical de oclusão, submetidos à reabilitação oral total sobre dentes ou sobre implantes. Método: Participaram nove adultos (dois homens e sete mulheres), idade média de 55 anos de idade. Os critérios de inclusão foram sujeitos de ambos os sexos, com perda da dimensão vertical de oclusão, com ou sem tratamento oral protético anterior e com indicação para reabilitação oral protética total sobre dentes ou sobre implantes. Foram excluídos da amostra sujeitos com distúrbio de fala, voz ou linguagem (deformidades músculo esqueletais severas e deficiência auditiva); desdentados totais superiores e/ou inferiores; usuários de prótese total superior/inferior. Uma triagem fonoaudiológica da motricidade orofacial foi elaborada, baseada no protocolo MBGR e aplicada previamente para a certificação dos critérios de inclusão. Foi realizada uma inspeção miofuncional orofacial prévia para avaliação das estruturas quanto à forma, mobilidade e tonicidade muscular, assim como uma inspeção da fala. A amostra de fala coletada para o presente estudo foi padronizada e constituída pela emissão oral de 18 frases veículo: “Diga (palavra alvo) baixinho”, utilizadas para aproximar a produção ao padrão da fala encadeada. As palavras alvo selecionadas foram: faca/vaca; saca/zaca; chaca/jaca. Foi realizada a gravação da produção de fala das consoantes fricativas em todas as fases consecutivas da reabilitação oral protética, desde a fase inicial (TO) à fase final (T5), respeitando o fluxograma odontológico. A fase inicial (tomada T0) correspondeu a coleta inicial e análise dos dados; a fase previsibilidade estética (Tomada 1) correspondeu a testagem de parâmetros estéticos para a análise das futuras dimensões dentárias; a fase execução (Tomada T2) correspondeu a instalação dos provisórios fresados, restabelecendo-se a dimensão vertical de oclusão; a fase reavaliação pós-acomodação (Tomada T3) correspondeu a reavaliação final, um preditor da morfologia final para a instalação da cerâmica; a fase finalização (Tomada 4) - correspondeu a resolução final, com a substituição dos provisórios fresados por próteses de cerâmicas e a fase proservação (Tomada T5) correspondeu a fase final para averiguação a acomodação muscular frente às novas próteses. Para a avaliação perceptivo auditiva das palavras coletadas nas seis diferentes fases de reabilitação oral, foi aplicado o Roteiro de Avaliação Fonética para Reabilitação Oral (RAFRO), inspirado e idealizado a partir do protocolo Voice Profile Analysis Scheme (VPAS) de Laver. Resultados: O fonema /s/ apresentou desvios na produção dos gestos articulatórios nas tomadas zero, dois, três e cinco; o fonema /z/ na tomada quatro; o fonema /f/ nas tomadas um e quatro; o fonema /∫/ na tomada zero. A mudança no grau de tensão muscular, postura da mandíbula e língua foram às ocorrências mais significativas. Conclusão: Aparentemente há uma associação entre a diminuição vertical de oclusão e os fonemas fricativos; o fonema /s/ é o som mais alterado no processo de reabilitação oral, seguidos pelos fonemas /f/ e /z/.

1. Barbosa PA, Madureira S. Manual de fonética acústica experimental: aplicações a dados do português. São Paulo: Cortez; 2015.

2. Jacobs R, Manders E, Van Looy C, Lembrechts D, Naert I, van Steenberghe D. Evaluation of speech in patients rehabilitation with various oral implant-supported prostheses. Clin Oral Impl Res. 2001;12(2):167-73.

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4. Dallazen E, Bueno ALN, Araujo FO, Milani PAP, Pupo YM. Alternativas de tratamento para reabilitação bucal estética e funcional. Rev Dental Press Estet. 2015;12(2):51-61.

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6. Heydecke G, McFarland DH, Feine JS, Lund JP. Speech with maxillary implant prostheses: ratings of articulation. J Dent Res. 2004;83(3):236-40.

7. Fradeani M. Reabilitação estética em prótese fixa. São Paulo: Quitessence; 2006.

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10. Felício CM, Cunha CC. Relações entre condições miofuncionais orais e adaptação de próteses totais. PCL. 2005;7(36):195-202.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1868
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO CAMPO DA SAÚDE: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Convenção internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência(1) provocou mudança radical de base conceitual e social sobre a Pessoa com Deficiência (PcD) e seus direitos, destacando entre outros os seguintes aspectos: dignidade, independência, iniciativa, autonomia, participação, inclusão, equiparação de oportunidades, acessibilidade. Esses aspectos estão relacionados ao conceito de Qualidade de Vida (QV), que cada vez mais tem se tornado referência central para o cuidado integral em saúde da PcD. QV substitui com vantagens o conceito de normalidade em que se pauta o modelo médico de reabilitação, pois fundamenta-se na perspectiva da diversidade humana e na singularidade dos processos de desenvolvimento. A avaliação da QV da PcD fornece indicadores para o estabelecimento de prioridades e projeção, implementação, monitoramento e avaliação da efetividade de programas e projetos de prevenção, atenção e reabilitação, bem como para as políticas públicas(2). Diversos instrumentos para avaliar a QV, genéricos e específicos, têm sido desenvolvidos. A revisão de literatura sobre instrumentos utilizados para a avaliação da QV de PcD pode auxiliar não só a escolha de instrumentos, mas orientar a elaboração de projetos terapêuticos individuais ou coletivos que atendam as necessidades gerais e especificas de saúde dessa população. Objetivo: Realizar a revisão sistemática da produção científica sobre QV de PcD, no período de 2009 a 2019, em inglês e português. Método: Identificação de artigos mediante buscas simples e booleana pelos descritores - Deficiência/Pessoa com Deficiência/Disabled Persons /Persons with disabilities; avaliação/assessment; Qualidade de vida/ Quality of Life/avaliação da Qualidade de vida/assessment of Quality of Life, nas bases LILACS, SciELO, Cochrane Library, PubMed/MEDLINE, Periódico CAPES e Google Acadêmico. Resultados: Atenderam aos critérios de seleção e foram submetidos à análise de conteúdo 19 estudos, dos 7461 inicialmente selecionados e em sua maioria concentrados na base de dados Lilacs e no Google Acadêmico. Desses, 13 utilizaram os instrumentos criados pela OMS(3): dois WHOQOL-100(3) e sete sua versão abreviada o WHOQOL-bref(3); um WHOQOL-OLD(3) – módulo complementar para avaliação de pessoas idosas; um a versão Stroke Specific Quality of Life Scale – SSQOL(4) – específica para pessoas com Acidente Vascular Cerebral; um o WHOQOL-DIS(3) – específico para PcD motora e intelectual e um estudo o WHODAS 2.0(3). Entre os 6 restantes: dois estudos usaram o SF-365; um Kidscreen(6); um GENCAT(7); um QoL- Q (QQV em português) (8) e um PedsQL versão 4(9). Conclusão: Os instrumentos genéricos são os mais utilizados. Eles permitem comparações da QV da PcD com outras populações, mas não permitem a observação mais aprofundada de suas especificidades. Se o objetivo da pesquisa sobre QV for obter informações sobre dimensões a serem preconizadas no cuidado em saúde da PcD é recomendável que sejam utilizados instrumentos específicos, que destacam as dimensões física, psicológica/emocional, relações sociais e meio ambiente, além dos aspectos autonomia, autodeterminação, inclusão, direitos da PcD.

1. Brasil.Ministério da Saúde. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Decreto nº6.949,de 25 de agosto de 2009. Available from: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cpd/documentos/cinthia-ministerio-da
2. Schalock R, Verdugo MEL. Concepto de Calidad de Vida en Los Servicios y Apoyos para Personas con Discapacidad Intelectual. Revista Espanhola sobre Discapacidad Intelectual, (2007). 38 (4) Num. 224, pp. 21-36.
3. Fleck MPA. O instrumento de avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciênc. & Saúde Coletiva, v.5, n.1, 2000 p. 33-38.
4. Williams LS, Wienberger M, Harris LE, Clark DO, Biller J. Development of a Stroke-Specific Quality of Life Scale Originally. Jul1999https://doi.org/10.1161/01.STR.30.7.1362Stroke. 1999; 30:1362–1369
5. Ware JE, Gandek B. e o IQOLA PROJECT GROUP. - The SF-36 health survey: development and use in mental health research and the IQOLA Project. Int. J. Ment. Health.,23:49-73,1994.
6. Benard, B. Fostering resilience in children. 1995. [versão electrónica]. Retirada 14-12-2010 de www.ed.gov/databases/ERIC _Digests /ed 386327.htlm.
7. Schalock R, Verdugo MEL. Concepto de Calidad de Vida en Los Servicios y Apoyos para Personas con Discapacidad Intelectual. Revista Espanhola sobre Discapacidad Intelectual, (2007). 38 (4) Num. 224, pp. 21-36.
8. Shalock RL, Keith KD. Quality of Life Questionnaire Mannual. 1993. IDS Publishing Corporation.
9. Varni JW, Seid M, Kurtin. PedsQLTM 4.0: Reliability and validity of the Pediatric Quality of Life InventoryTM Version 4.0 Generic Core Scales in healthy and patient populations.2001 Medical Care, 39(8), 800–812. https://doi.org/10.1097/00005650-200108000-00006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1636
AVALIAÇÃO DAS VIAS AUDITIVAS CENTRAIS.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A audição humana possui um dos mais complexos sistemas do organismo, capaz de detectar sinais sonoros que vão de sons de frequências baixas (20 Hz) a altas (20000 Hz). Há evidências que os neurônios cocleares são alvos diretos da exposição ao ruído, e estudos como o mostram que devido a exposição excessiva ao neurotransmissor (glutamato) há um inchaço na área da CCI, onde se dá à comunicação do NGE.¹ Com esta alteração na estrutura da cóclea há uma diminuição de 40 à 50% das sinapses entre as CCI e fibra do nervo auditivo (FAN). Para identificar estes danos em região de CCI e NGE é indicado que uma bateria de testes incluindo eletrofisiológicos e comportamentais devem ser combinados para o diagnóstico de perda auditiva oculta.² Em relação a PAIR, recentes estudos mostram que a perda sináptica entre as CCI (células ciliadas internas) e os NGE (neurônios de gânglio espiral) é a patologia primária. E esta alteração independe da perda auditiva. ² Objetivo: Analisar as vias auditivas periféricas e centrais de trabalhadores com PAIR e sem PAIR utilizando-se do PEATE por LS – Chirp e Clique. Métodos: fizeram parte desta pesquisa, trabalhadores, de sexo masculino de uma empresa da região sul do país. Os critérios de inclusão no estudo foram: trabalhadores expostos a NPS superior a 80 dBNA, que utilizem equipamento de proteção auditiva (EPA) continuamente, com mais de 10 anos de exposição para o primeiro grupo e idade até 40 anos para os demais, e como critérios de exclusão: ter algum comprometimento auditivo não ocupacional e apresentar doença que possa ter a surdez como uma das características. Os sujeitos foram assim divididos: Grupo 1: trabalhadores expostos ao ruído acima do nível de ação (80 dB NA por 8 horas/dia) com audiometria dentro da normalidade; Grupo 2: trabalhadores com audiograma característico de PAIR (segundo a NR 7) e Grupo 3: trabalhadores não exposto a ruído e sem alterações auditivas. Resultados: Foram realizados 100 exames dividido entre os grupos, gerando uma idade média de 35,68 anos para os normais com exposição e sem alteração auditiva, 34,7 anos para os expostos e com alterações auditivas características de PAIR e 26,7 anos para os não expostos e sem alterações auditivas. Tendo como idade máxima 40 anos e mínimo de 18. No exame eletrofisiológico obtivemos uma amplitude média da onda I no PEATE Clique de 0,218 (uV) para os expostos sem alteração, já nos expostos com PAIR obtivemos uma amplitude de 0,245 (uV) e nós não expostos e sem alteração esta amplitude 0,293 (uV).
Conclusão: Podemos observar sim uma maior amplitude da onda I nos não expostos sem compararmos com os que possuem PAIR e os que não tem alteração porem estão expostos.

1) LIBERMAN, Charles; KUJAWA, Sharon G. Sinaptopatia coclear na perda auditiva neurossensorial adquirida: manifestações e mecanismos. Elsevier Pesquisa Auditiva, v. 349, p. 138-47, jun. 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 de jun. 2020

2) KUJAWA, Sharon G.; LIBERMAN, Charles. Sinaptopatia na cóclea exposta ao ruído e envelhecimento: degeneração neural primária na perda auditiva sensorial adquirida. Elsevier, v. 330, p. B, p. 191-9, dez. 2015. Disponível em: . Acesso em: 15 maio 2019. DOI: https://doi.org/10.1016/j.heares.2015.02.009.


3) BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim da vigilância dos agravos à saúde relacionados ao trabalho. Edição n. 7, a. III, novembro, 2013. Disponível em: . Acesso em: 7 mar. 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
833
AVALIAÇÃO DE AMPLITUDE MANDIBULAR IMEDIATA APÓS USO DE NEUROFEEDBACK EM INDIVÍDUO BRUXÔMANO NOTURNO
Tese
Motricidade Orofacial (MO)


O biofeedback é o processo de usar os próprios sinais biológicos para alcançar uma mudança no funcionamento fisiológico (JOKUBAUSKAS; BALTRUŠAITYTĖ, 2018). Quando a atividade fisiológica é neurofisiológica, o biofeedback é chamado neurofeedback (MICOULAUD-FRANCHI; BATAIL; FOVET; PHILIP et al., 2019), sendo este um método que permite uma rápida medida da atividade cerebral enquanto fornece um neurofeedback (baseado em estímulos visuais ou auditivos simples ou ambientes virtuais complexos) para ajudar o usuário a modular sua atividade cerebral (GORINI; MARZORATI; CASIRAGHI; SPAGGIARI et al., 2015).
Atualmente, acredita-se que a ativação do sistema nervoso central/autônomo pode ser o principal fator envolvido na gênese do bruxismo do sono (BS) (MELO; DUARTE; PAULETTO; PORPORATTI et al., 2019). Dessa forma, o neurofeedback poderia permitir ao bruxômano noturno modular voluntariamente suas atividades neurofisiológicas relacionadas, na suposição de que ele possa “desaprender” seu comportamento quando um estímulo o torna consciente de sua excessiva atividade, a exemplo da contração dos músculos mastigatórios, como os masseteres.
Assim, o presente estudo teve por objetivo o de apresentar o caso clínico de um paciente com bruxismo do sono, que consiste em uma atividade dos músculos da mastigação durante o sono, com o qual foi realizada uma sessão de treinamento com neurofeedback (TNF) utilizando medidas de mobilidade mandibular como método de avaliação da amplitude de movimento.
Trata-se de um estudo descritivo elaborado a partir de um relato de caso de um paciente do sexo masculino, 42 anos, que compareceu ao Laboratório de Motricidade Orofacial do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco com queixa de sensação de fadiga e alguns quadros de sintomatologia dolorosa à musculatura massetérica bilateral, em especial ao lado esquerdo.
Após diagnóstico provável de bruxismo do sono, foi realizada avaliação da mobilidade mandibular para abertura bucal máxima, lateralização da mandíbula para a esquerda e direita e registro da onda cerebral predominante antes do início do treinamento. Após o TNF, foi realizado novo bloco de avaliação acerca da mobilidade mandibular e registro da onda cerebral predominante.
O treinamento com neurofeedback obteve resultados positivos para o estado de relaxamento do indivíduo o que, consequentemente, pode ter auxiliado na diminuição da excitabilidade motora da musculatura massetérica, com ganho de amplitude nos movimentos mandibulares de abertura máxima e excursão para a direita e esquerda.

GORINI, A.; MARZORATI, C.; CASIRAGHI, M.; SPAGGIARI, L. et al. A neurofeedback-based intervention to reduce post-operative pain in lung cancer patients: study protocol for a randomized controlled trial. JMIR research protocols, v. 4, n. 2, p. e52-e52, 2015.

JOKUBAUSKAS, L.; BALTRUŠAITYTĖ, A. Efficacy of biofeedback therapy on sleep bruxism: A systematic review and meta-analysis. J Oral Rehabil, v. 45, n. 6, p. 485-495, Jun 2018.

MELO, G.; DUARTE, J.; PAULETTO, P.; PORPORATTI, A. L. et al. Bruxism: An umbrella review of systematic reviews. J Oral Rehabil, v. 46, n. 7, p. 666-690, Jul 2019.

MICOULAUD-FRANCHI, J. A.; BATAIL, J. M.; FOVET, T.; PHILIP, P. et al. Towards a Pragmatic Approach to a Psychophysiological Unit of Analysis for Mental and Brain Disorders: An EEG-Copeia for Neurofeedback. Appl Psychophysiol Biofeedback, v. 44, n. 3, p. 151-172, 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1716
AVALIAÇÃO DE APLICATIVOS PARA CELULAR EM TEMÁTICAS FONOAUDIOLÓGICAS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As tecnologias de informação e comunicação estão presentes nos aparelhos móveis, como celulares e tablets, e vem trazendo para a população os aplicativos que são usados tanto para entretenimento como para suporte de tarefas cotidianas como os cuidados à saúde 1,2. Objetivo: Avaliar aplicativos existentes e disponíveis para download nas plataformas voltadas às temáticas fonoaudiológicas. Métodos: Utilizou-se a literatura científica do conteúdo sobre aplicativos, por meio do acesso às plataformas. Para isto, foi acessada a Play store (sistema operado pela empresa Google Inc.), App store (sistema operado pela empresa Apple Inc.) e Microsoft Store (sistema operado pela Microsoft Inc.). As buscas foram respaldadas nas seguintes palavras: fonoaudiologia, linguagem, disfagia, audiologia e respiração. Os critérios de inclusão foram: aplicativos na língua portuguesa do Brasil e que apresentem aspectos relacionados à fonoaudiologia. Os critérios de exclusão foram: aplicativos com temáticas de meditação ou outros aspectos que não fonoaudiológicos. A avaliação de cada aplicativo considerado consistiu na análise por dois juízes sobre seis aspectos: quantidade de recursos, disponibilidade para download nas diversas plataformas, valor, qualidade do layout, uso de linguagem clara e abrangência do público-alvo. Consideraram-se os aplicativos como: valor baixo (gratuito), valor médio (entre R$ 0,99 até R$100,00) e valor alto (acima de R$100,00). No item linguagem clara algumas perguntas foram feitas baseada no questionário Emory-Formulário de Avaliação de websites relacionados à Saúde3 (clareza da finalidade do app, detalhamento das informações). Resultados: Foram incluídos no presente estudo 11 aplicativos com a temática da fonoaudiologia: Amigo Fono (A), Fono Speak (B), Swallow ID (C), Swallowing Residue (D), Swallow Prompt (E), Myobrace Activities (F), Terapia para Gagueira (G), Falar e brincar (H), Fono ASFE (I), Game-Fono Fonoterapia (J) e Matraquinha (K). Em relação à quantidade de recursos, foi verificado que 8 aplicativos (72,7%) apresentaram 2 ou mais recursos (vídeos, quiz, jogo, lembretes). Para download, somente 1 (9,1%) esteve disponível nos três sistemas (android, ios e Microsoft), 10 apps (90,91%) apresentaram valor entre baixo/médio e 9 (81,82%) eram de fácil compreensão. O último aspecto avaliado foi o layout sendo que 8 aplicativos (72,7%) tiveram layout personalizado com mascotes, cores ou websites explicativos. Em relação às áreas da fonoaudiologia, 1 era de gagueira (9,1%), 5 de linguagem (45,5%), 3 de Disfagia (27,2%) e 2 de Motricidade Orofacial (18,2%). Desses, seis (54,5%) eram para o público infantil, quatro (36,4%) para o público adulto (C,D,E,G) e um para ambos (9,1%). Conclusão: Localizaram-se poucos aplicativos, específicos para Linguagem e Motricidade Orofacial. Ponderando-se a qualidade, ressalta-se que o aplicativo “Myobrace Activities” teve melhor avaliação, e em segundo lugar empataram os apps: “Amigo Fono”, “Game-Fono Fonoterapia” e “Matraquinha”. Necessita-se de novas pesquisas em avaliações e elaborações de aplicativos para na Fonoaudiologia, considerando-se o intenso uso de telefones móveis por toda a população.

1-Arrais R. Crotti P. Revisão: aplicativos para dispositivos móveis (“Apps”) na automonitorização em pacientes diabéticos. J Health Inform. 2015; 7(4):127-33.

2-Anais do XV Congresso Brasileiro de Informática em Saúde; 27-30 de nov 2016; Goiânia (GO). Tendências de estudo sobre aplicativos móveis para saúde: revisão integrativa.

3-Emory University Rollins School of Public Health. Health-Related Web Site Evaluation Form. 1998. Disponível em: http://www.sph.emory.edu/WELLNESS/instrument.html.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1717
AVALIAÇÃO DE APLICATIVOS PARA CELULAR EM TEMÁTICAS FONOAUDIOLÓGICAS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As tecnologias de informação e comunicação estão presentes nos aparelhos móveis, como celulares e tablets, e vem trazendo para a população os aplicativos que são usados tanto para entretenimento como para suporte de tarefas cotidianas como os cuidados à saúde 1,2. Objetivo: Avaliar aplicativos existentes e disponíveis para download nas plataformas voltadas às temáticas fonoaudiológicas. Métodos: Utilizou-se a literatura científica do conteúdo sobre aplicativos, por meio do acesso às plataformas. Para isto, foi acessada a Play store (sistema operado pela empresa Google Inc.), App store (sistema operado pela empresa Apple Inc.) e Microsoft Store (sistema operado pela Microsoft Inc.). As buscas foram respaldadas nas seguintes palavras: fonoaudiologia, linguagem, disfagia, audiologia e respiração. Os critérios de inclusão foram: aplicativos na língua portuguesa do Brasil e que apresentem aspectos relacionados à fonoaudiologia. Os critérios de exclusão foram: aplicativos com temáticas de meditação ou outros aspectos que não fonoaudiológicos. A avaliação de cada aplicativo considerado consistiu na análise por dois juízes sobre seis aspectos: quantidade de recursos, disponibilidade para download nas diversas plataformas, valor, qualidade do layout, uso de linguagem clara e abrangência do público-alvo. Consideraram-se os aplicativos como: valor baixo (gratuito), valor médio (entre R$ 0,99 até R$100,00) e valor alto (acima de R$100,00). No item linguagem clara algumas perguntas foram feitas baseada no questionário Emory-Formulário de Avaliação de websites relacionados à Saúde3 (clareza da finalidade do app, detalhamento das informações). Resultados: Foram incluídos no presente estudo 11 aplicativos com a temática da fonoaudiologia: Amigo Fono (A), Fono Speak (B), Swallow ID (C), Swallowing Residue (D), Swallow Prompt (E), Myobrace Activities (F), Terapia para Gagueira (G), Falar e brincar (H), Fono ASFE (I), Game-Fono Fonoterapia (J) e Matraquinha (K). Em relação à quantidade de recursos, foi verificado que 8 aplicativos (72,7%) apresentaram 2 ou mais recursos (vídeos, quiz, jogo, lembretes). Para download, somente 1 (9,1%) esteve disponível nos três sistemas (android, ios e Microsoft), 10 apps (90,91%) apresentaram valor entre baixo/médio e 9 (81,82%) eram de fácil compreensão. O último aspecto avaliado foi o layout sendo que 8 aplicativos (72,7%) tiveram layout personalizado com mascotes, cores ou websites explicativos. Em relação às áreas da fonoaudiologia, 1 era de gagueira (9,1%), 5 de linguagem (45,5%), 3 de Disfagia (27,2%) e 2 de Motricidade Orofacial (18,2%). Desses, seis (54,5%) eram para o público infantil, quatro (36,4%) para o público adulto (C,D,E,G) e um para ambos (9,1%). Conclusão: Localizaram-se poucos aplicativos, específicos para Linguagem e Motricidade Orofacial. Ponderando-se a qualidade, ressalta-se que o aplicativo “Myobrace Activities” teve melhor avaliação, e em segundo lugar empataram os apps: “Amigo Fono”, “Game-Fono Fonoterapia” e “Matraquinha”. Necessita-se de novas pesquisas em avaliações e elaborações de aplicativos para na Fonoaudiologia, considerando-se o intenso uso de telefones móveis por toda a população.

1-Arrais R. Crotti P. Revisão: aplicativos para dispositivos móveis (“Apps”) na automonitorização em pacientes diabéticos. J Health Inform. 2015; 7(4):127-33.

2-Anais do XV Congresso Brasileiro de Informática em Saúde; 27-30 de nov 2016; Goiânia (GO). Tendências de estudo sobre aplicativos móveis para saúde: revisão integrativa.

3-Emory University Rollins School of Public Health. Health-Related Web Site Evaluation Form. 1998. Disponível em: http://www.sph.emory.edu/WELLNESS/instrument.html.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
867
AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS COM ALTERAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Diagnóstico assertivo de alterações do desenvolvimento infantil, realizado com associação da avaliação clínica e instrumental é fundamental para potencializar a evolução da criança, reduzindo tempo de intervenção e minimizando sequelas1,2. A Escala de Desenvolvimento Mental Griffiths III (EDMG-III) avalia as áreas: fundamentos da aprendizagem; linguagem e comunicação; coordenação olho-mão; pessoal-social-emocional; motora grossa, envolvendo a faixa etária de zero aos seis anos, contribuindo para a compreensão de escores normativos e para auxiliar no diagnóstico de alterações em áreas específicas ou em quadros de Transtornos do Neurodesenvolvimento (TND)3, Síndromes Genéticas (SG) ou Metabólicas4,5, Prematuridade6,7, Transtorno do Espectro Autista (TEA)8, dentre outros. Objetivo: comparar o desempenho, global e por área, de crianças com alterações no desenvolvimento infantil, por dois instrumentos distintos. Metodologia: cumpriu-se aspectos éticos (CAEE: 84323718.3.0000.5417). Participaram 25 crianças, de 16 a 77 meses, com diagnóstico de TND, TEA ou SG. Após entrevista com responsáveis, foi aplicada o Teste de Screening de Desenvolvimento Denver II9 e a EDMG-III10. Os resultados foram analisados por estatística descritiva e aplicação de testes paramétricos (“t” pareado e correlação de Pearson) utilizando o Bioestat 5.0. Resultados: Participaram 20 meninos e 5 meninas, com idade média de 42 meses, com desvio padrão de 16 meses. Ao comparar a idade cronológica com a idade de desempenho na EDMG-III, considerando a média nas cinco áreas avaliadas, verificou-se diferença estatisticamente significante entre os desempenhos, bem como correlação estatisticamente significante direta entre as idades. O mesmo ocorreu ao comparar a idade cronológica com a idade de desempenho no Denver-II, bem como ao comparar a idade de desempenho entre os instrumentos (EDMG-III e Denver-II). Foi verificada relação e comparação entre os desempenhos por área, nos dois instrumentos de avaliação. Apenas na área de linguagem não foi verificada relação estatisticamente significante entre desempenho na EDMG-III e Denver-II (teste “t” pareado). Independente desta análise verificou-se correlação estatisticamente significante em todas as áreas do desenvolvimento ao comparar o desempenho da amostra nos dois instrumentos (coeficiente de correlação de Pearson). Conclusão: os instrumentos de avaliação aplicados apresentam resultados que direcionam para as alterações do desenvolvimento infantil. A EDMG-III apresenta mais itens a serem aplicados, com intuito diagnóstico. Desta forma, os resultados da EDMG-III analisados de maneira qualitativa, colaboram sobremaneira no planejamento terapêutico, uma vez que contemplam diversos aspectos e marcos do desenvolvimento em cada uma das cinco áreas avaliadas. A área de linguagem apresenta análise do aspecto receptivo na EDMG-III o qual não é contemplado com o mesmo teor no Denver-II. É necessário reforçar a importância da utilização de diferentes instrumentos de avaliação associados à avaliação clínica, com anamnese detalhada, para realização de diagnóstico fonoaudiológico assertivo em casos de alterações do neurodesenvolvimento. Escalas com evidências de validade e precisão são importantes para avaliação do desenvolvimento infantil. A EDMG-III foi adaptada transculturalmente para o Brasil e a avaliação de suas propriedades psicométricas, bem como normatização, com aplicação para a obtenção de escores normativos para crianças brasileiras estão em andamento para que futuramente os profissionais do Brasil possam fazer uso deste instrumento em suas práticas clínica e científicas.

1. Ferreira-Vasques AT, Lamônica DAC. Avaliação instrumentalizada do desenvolvimento infantil: nova realidade brasileira. CoDAS. 2018;30(6):e20180056.


2. Ferreira-Vasques AT. Escala de Desenvolvimento Mental de Griffiths para crianças de 0 a 2 anos – adaptação para a população brasileira [tese doutorado]. Bauru: Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo; 2017.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
2086
AVALIAÇÃO DE LINGUAGEM DE UM GRUPO DE PRÉ-ESCOLARES NA FAIXA ETÁRIA DE DOIS A CINCO ANOS DE IDADE
Tese
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A linguagem possibilita ao homem expressar seus sentimentos, ideias e pensamentos, a linguagem receptiva está associada a compreensão enquanto que a expressiva se refere a capacidade em responder verbalmente frente aquilo que foi recebido. Desta forma, a avaliação em pré-escolares possibilita a detecção de atrasos de linguagem, permitindo a orientação e encaminhamento para a intervenção precoce por profissionais habilitados. Além disso, identificando a área em defasagem é possível desenvolver ações dentro do ambiente escolar a fim de favorecer e auxiliar a criança neste processo. Objetivo: avaliar o desenvolvimento de linguagem oral de um grupo de pré-escolares por meio de uma escala. Metodologia: pesquisa transversal com análise quantitativa aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa-CEP de uma universidade pública do interior do estado de São Paulo, sob o parecer de número 1887842 em 10 de janeiro de 2017. A amostra caracterizou-se como não probabilística por conveniência. Como critério de inclusão determinou-se a participação voluntária das crianças na faixa etária de dois a cinco anos de idade, por meio do aceite e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE por parte dos pais e/ou responsáveis. Como critério de exclusão foram consideradas as crianças menores do que 24 meses, aquelas com diagnóstico de síndromes neurológicas, deficiência sensorial, autismo, em uso de medicação psicotrópica, e/ou em processo de investigação diagnóstica, bem como aquelas cujos pais não assinaram o TCLE. Para avaliação dos pré-escolares foi utilizada a escala de Avaliação do Desenvolvimento de Linguagem- ADL, que é um instrumento clínico, padronizado e validado, eficiente para avaliar a aquisição e o desenvolvimento da linguagem em crianças falantes do Português na faixa etária de um a seis anos e onze meses. Resultados: Houve predomínio de alterações de linguagem nas crianças de sexo masculino. Foi observado maior número de alterações de grau leve nas crianças de três a quatro anos e de grau severo nas de quatro a cinco anos. Houve mais alterações na área expressiva. Na área receptiva, as crianças apresentaram maior dificuldade nas tarefas envolvendo a voz passiva, conceitos de quantidade, compreensão do pronome pessoal e de nomes com mais de dois adjetivos. Na área expressiva, as dificuldades foram em tarefas envolvendo aquisição do plural regular, memória para sentenças, utilização do pronome interrogativo “quando” e elaboração de história por meio de gravuras. Conclusão: A avaliação realizada com o grupo de pré-escolares por meio de uma escala padronizada se mostrou eficaz na identificação de alterações de linguagem, bem como na orientação de educadores sobre a realização de estratégias de promoção de saúde em ambiente escolar.
Palavras-chave: Desenvolvimento da linguagem; Avaliação; Educação Infantil


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7. Cachapuz RF, Halpern R. (2006). A influência das variáveis ambientais no desenvolvimento da linguagem em uma amostra de crianças. Revista da AMRIGS50(4): 292-301.
8. Dias NM, Bueno JOS, Pontes JM e Mecca TP. (2019). Linguagem oral e escrita na educação infantil: relação com variáveis ambientais. Psicologia Escolar e Educacional. 23, e178467. Recuperado em 10 de Outubro de 2019 de: http://dx.doi.org/10.1590/2175-35392019018467
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10. Alves JMM, Carvalho AJAC, Pereira SCG, Escarce AG, Goulart LMHF, Lemos SMA. (2017). Associação entre desenvolvimento de linguagem e ambiente escolar em crianças da educação infantil. Distúrb Comum. 29(2); 342-353. Recuperado em 06 de Junho 2019 de: https://doi.org/10.23925/2176-2724.2017v29i2p342-353


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1423
AVALIAÇÃO DE MEDIDAS ACÚSTICAS PARA DISCRIMINAÇÃO DE DESVIOS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO:A avaliação acústica vocal é uma ferramenta de apoio ao pesquisador ou especialista em voz que auxilia a caracterizar e quantificar de forma objetiva a qualidade vocal. As medidas acústicas correlacionam-se com características perceptuais, fisiológicas e aerodinâmicas, possibilitando uma relação de inferência multidimensional sobre os distúrbios vocais. Identificar esses distúrbios é uma tarefa difícil em determinados casos, pois aparecem frequentemente, de forma conjunta no mesmo paciente. A literatura pesquisada apresenta um grande número de medidas acústicas para avaliar o sinal vocal e a escolha acertada do método ou medidas acústicas adequadas para identificar o grau/intensidade dos desvios ou a presença de patologias laríngeas. OBJETIVO:Verificar o desempenho de um conjunto de medidas acústicas na discriminação entre vozes saudáveis, rugosas, soprosas e tensas. METODOLOGIA:Trata-se de uma pesquisa descritiva, avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de origem, com o parecer 52492/12. Utilizou-se amostras vocais da vogal “é” sustentada de 251 indivíduos atendidos em um ambulatório de voz, sendo 157 mulheres e 94 homens. Três fonoaudiólogos realizaram o julgamento perceptivo-auditivo da intensidade do desvio vocal de modo independente, utilizando uma escala analógico-visual de 0 a 100 mm, assim como a identificação da qualidade vocal predominante nas vozes desviadas (rugosa, soprosa ou tensa). No final da sessão de avaliação perceptiva, 20% das amostras foram repetidas aleatoriamente, para a análise da confiabilidade da avaliação intrajuízes pelo coeficiente kappa, escolhendo-se o juiz com maior coeficiente (0,89). Pelo ponto de corte da escala utilizada, 51 vozes foram classificadas como saudáveis e 200 como desviadas, incluindo 80 vozes classificadas como rugosas, 63 como soprosas e 57 vozes como tensas. Extraiu-se 22 medidas acústicas, dentre elas:HNR, RPK, AVI, SFR, GNE, CPP, CPPs, SNL etc., posteriormente realizou-se uma seleção de atributos aplicando o algoritmo Information-Gain Attribute Ranking, a fim de encontrar um subconjunto ótimo de medidas acústicas. À classificação dos sinais em função da qualidade vocal, foi aplicada uma Rede Neural Feedforward com o algoritmo de aprendizado Levenberg-Marquardt, validação cruzada estratificada com 10 folds, sendo estes 10% para teste e 90% para treino. Para avaliar o desempenho do classificador utilizou-se a matriz de confusão, índice de concordância kappa, acurácia global e acurácia marginal. RESULTADOS:Nenhuma medida classificada individualmente obteve concordância aceitável. Quando combinadas, um conjunto com seis medidas acústicas:HNR,CPP,CPPs,SNL entre 100-3000 Hz,RPK e SFR, atingiram uma classificação com kappa de (0,77), taxa de acurácia global (83,23%), taxa de acerto dos sinais vocais saudáveis (74,51%), vozes rugosas (83,75%), vozes soprosas (90,48%) e vozes tensas foi de 82,46%. CONCLUSÃO: Nenhuma medida acústica isolada é capaz de discriminar entre diferentes tipos de qualidade vocal predominante. A combinação de seis medidas acústicas (HNR,CPP,CPPs,SNL entre 100-3000 Hz,RPK e SFR) apresenta excelente desempenho para identificar vozes soprosas, bom desempenho para identificar vozes rugosas, tensas e saudáveis. O modelo de decisão adotado neste estudo pode ser inserido em algoritmos automáticos de extração no software livre Praat, contribuindo para avaliação e monitoramento da qualidade vocal na rotina clínica de atendimento a indivíduos com distúrbios da voz, assim como para o treinamento perceptivo-auditivo de novos juízes.

ANAND, S. et al. Objective indices of perceived vocal strain. Journal of Voice, Elsevier, v. 33, n. 6, p.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
457
AVALIAÇÃO DE UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA EM AFASIA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA: PERSPECTIVA DOS PACIENTES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A afasia é uma perturbação adquirida da linguagem secundária a uma lesão cerebral, que pode ser ocasionada por Acidente Vascular Encefálico (AVE), tumores, Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) ou doenças degenerativas que afetam o hemisfério cerebral esquerdo, responsável pela linguagem(¹). As alterações de linguagem, podem afetar o bem-estar biopsicossocial de tais indivíduos, que pela ausência de uma comunicação efetiva podem se sentir desconfortáveis em situações sociais(²). A terapia de grupo tem sido cada vez mais utilizada na reabilitação de pacientes com afasia e pode contribuir, além da melhoria no funcionamento comunicativo, para a melhoria da qualidade de vida. Esse benefício pode ser encontrado mesmo para aqueles na fase crônica de recuperação(³). Nessa perspectiva, o Grupo de Convivência em Afasia, um programa de extensão de uma universidade pública do país, visa além da reabilitação dos pacientes a possibilidade de reintegrá-los à comunicação social, com atividades propostas que auxiliam na expressão comunicacional de maneira mais clara e singular entre os seus pares. Objetivos: O estudo teve como objetivo explicitar a opinião dos pacientes acerca do Grupo de Convivência em Afasia, através de um questionário simplificado elaborado para a melhor compreensão e expressão dos participantes. Método: Essa pesquisa faz parte de um estudo mais amplo aprovado pelo comitê de ética de uma universidade pública. CAAE: 64312017.0.0000.5208. Estudo qualitativo com onze pacientes do grupo feito através de um questionário baseado em três perguntas, substituídas por expressões que facilitaram a compreensão dos afásicos, a serem respondidas, respeitando as limitações dos pacientes: "Que bom!", onde os pacientes descreveram os pontos positivos do grupo; "Que pena!", onde descreveram o que encontravam de negativo; "Que tal?", onde eles podiam sugerir melhorias para o grupo. Resultados: Dos 11 participantes apenas 9 responderam de forma concisa o que foi pedido. Os pacientes que conseguiram responder utilizaram como recursos a escrita, desenhos e/ou verbalizaram durante a socialização das respostas no grupo de convivência. Nas respostas para a expressão “Que bom!”, prevaleceu a interação com outras pessoas do grupo que inclui professora, extensionistas, pacientes e cuidadores. Outra resposta preponderante nesse quesito foi a presença de atividades com música no grupo. Já na questão “Que pena!”, dois pacientes responderam sobre a estrutura onde os encontros acontecem, pois a sala está ficando pequena com a entrada de novos integrantes. Os outros pacientes deixaram em branco. Por último, no quesito “Que tal?”, foram feitas sugestões para melhora do grupo em algum aspecto. As respostas variaram, porém as que apareceram em maior número foram a realização de passeios, atividades de contagem numérica e lanches. Conclusão: A percepção dos pacientes sobre o Grupo de Convivência em Afasia em sua maioria foi positiva, visto que o projeto tem contribuído para a reabilitação e interação deles dentro e fora do grupo. Outrossim, houve algumas sugestões visando o crescimento do grupo e poucas críticas voltadas a fatores externos, como a estrutura.

1. Fontanesi RO, Schmidt A. Intervenções em afasia: uma revisão integrativa. Rev. CEFAC, 2016 Jan-Fev; 18 (1): 252-262.
2. Lima RR. Intervenção fonoaudiológica grupal e seu impacto na qualidade de vida de pessoas com afasia. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2019.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1374
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AUDITIVO DE PACIENTES DEFICIENTES AUDITIVOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A integridade do sistema auditivo é de fundamental importância na comunicação humana, sendo essencial para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem oral. Qualquer alteração nesse sistema pode afetar de forma significativa o desenvolvimento infantil. Com o objetivo de reduzir os prejuízos causados por uma perda auditiva e possibilitar a estimulação auditiva e reabilitação oral desses pacientes, estão disponíveis dispositivos eletrônicos de auxílio à audição. Além disso, outros fatores como a metodologia adotada na reabilitação, a participação da família no processo e o monitoramento sistemático do processo terapêutico através de protocolos de avaliação são considerados importantes a fim de garantir a sucesso terapêutico. Sem dúvida, o conhecimento desses fatores pode contribuir para o sucesso do processo terapêutico, fornecendo subsídios para elaboração de metodologias com foco no desenvolvimento auditivo e da comunicação oral.
Objetivo: Analisar o perfil auditivo de crianças deficientes auditivas atendidas numa Clínica-Escola de Fonoaudiologia a fim de fornecer aos reabilitadores e às famílias subsídios para elaboração de propostas individualizadas e centradas no desenvolvimento auditivo.
Metodologia: Participaram do estudo sete crianças de ambos os sexos, usuárias de dispositivos eletrônicos (AASI e/ou IC), que foram avaliadas utilizando-se protocolos específicos de avaliação de percepção auditiva da fala e seus desempenhos categorizados de acordo com as categorias de audição. Além disso, foi realizada análise de prontuários com o objetivo de correlacionar o desempenho auditivo obtido com informações audiológicas, com dados intervenção fonoaudiológica e com o nível de adesão e envolvimento familiar de seus pais à proposta de reabilitação oferecida. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial por meio da Correlação de Spearman, com nível de significância estabelecido em 0,05 (5%).
Resultados: De acordo com os dados analisados a grande maioria dos participantes se dividiram entre as categorias 1 e 6, sendo (n=3) em ambas. Apenas uma criança encontrava-se na categoria 2. Houve correlação positiva forte entre desempenho de linguagem, desempenho auditivo e tempo de reabilitação e correlação positiva moderada entre idade e escore de linguagem expressiva (0,743).
Conclusão: Conforme os resultados obtidos, foi possível observar uma melhora no desempenho auditivo proporcional ao tempo de reabilitação, de forma que as crianças que estavam há maior tempo em reabilitação apresentaram melhor desempenho auditivo. Por conta do pequeno número de crianças avaliadas não houve dados de significância nas correlações entre outras variáveis.

COMERLATTO, MPS. Habilidade auditivas e de linguagem de crianças usuárias de implante coclear: análise dos marcadores clínicos de desenvolvimento. 2015. 124 f. Tese (Doutorado) - Curso de Fonoaudiologia, USP, São Paulo, 2015.
GEERS, AE. Techniques for assessing auditory speech perception and lipreading enhancement in Young deaf children. The Volta Review. 1994;96(5):85-96.
NOVAES, BCAC; VERSOLATTO-CAVANAUGH, MC; FIGUEIREDO, RSL; MENDES, BCA. Fatores determinantes no desenvolvimento de habilidades comunicativas em crianças com deficiência auditiva. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, [s.l.], v. 24, n. 4, p.335-341, 2012.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1340
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA LINGUAGEM EXPRESSIVA DE PACIENTES DEFICIENTES AUDITIVOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Nos indivíduos com deficiência auditiva a privação sensorial pode alterar o desempenho e desenvolvimento de algumas habilidades acarretando alterações metalinguísticas, lexicais e de consciência fonológica que são de grande relevância no desempenho comunicativo e na inclusão social deles. O constante acompanhamento do desempenho auditivo e de linguagem por meio de avaliações periódicas, bem como o monitoramento da participação da família podem contribuir para melhor compreensão do processo terapêutico, da evolução do indivíduo e da análise da eficácia da intervenção fonoaudiológica. O objetivo do estudo foi analisar o perfil de linguagem expressiva verbal de crianças deficientes auditivas atendidas numa Clínica-Escola de Fonoaudiologia a fim de fornecer aos reabilitadores e às famílias subsídios para elaboração de propostas terapêuticas individualizadas e centradas no desenvolvimento de linguagem. Participaram do estudo sete crianças de ambos os sexos, usuárias de dispositivos eletrônicos, que foram avaliadas utilizando-se protocolos de avaliação de linguagem específicos e seus desempenhos categorizados de acordo com as Categorias de Linguagem propostas na literatura. Além disso, foi realizada análise de prontuários com o objetivo de correlacionar o desempenho de linguagem obtido com informações auditivas, dados intervenção fonoaudiológica e nível de adesão e envolvimento familiar dos pais à proposta de reabilitação oferecida. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial por meio da Correlação de Spearman, com nível de significância estabelecido em 0,05 (5%). De acordo com os dados analisados foi possível observar que 42,86% (n=3) dos participantes foi avaliado como estando na categoria 1, 14,28% (n=1) na categoria 2, e 42,46% (n=3) na categoria 5. Houve correlação positiva forte entre desempenho de linguagem, desempenho auditivo e tempo de reabilitação e correlação positiva moderada entre idade e escore de linguagem expressiva (0,743). O estudo apontou a influência do envolvimento familiar, do tempo de reabilitação, do tempo de uso do aparelho auditivo e tempo de adaptação do dispositivo, pois os sujeitos que tiveram melhores resultados nessas questões apresentaram melhores resultados no desempenho de linguagem. A partir desses achados, acredita-se no estabelecimento de propostas terapêuticas de intervenção mais efetivas.

FERNANDES, N.F; YAMAGUTI, E.H; MORETTIN, M; COSTA, O.A. Percepção de fala em deficientes auditivos pré-linguais com desordem do espectro da neuropatia auditiva usuários de aparelho auditivo de amplificação sonora. CoDAS, Bauru, v.28, n.1, p.22-26. 2016.
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OLIVEIRA, P.S.; PENNA, L.M.; LEMOS, S.M.A. Desenvolvimento da linguagem e deficiência auditiva: Revisão de literatura. CEFAC, Belo Horizonte, v.17, n.6, p.2044-2055, nov./dez. 2015.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1846
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA IDADE SOBRE OS RESULTADOS DO VIDEO HEAD IMPULSE TEST E DYNAMIC GAIT INDEX EM PACIENTES COM QUEIXA OTONEUROLÓGICA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução. Os distúrbios vestibulares afetam diretamente o equilíbrio corporal e podem aumentar o risco de quedas, sendo a população idosa a mais afetada(1). A avaliação otoneurológica, seja ela instrumental, clínica ou funcional, fornece informações sobre o equilíbrio corporal(2). Com o avanço da tecnologia, outras provas para avaliação otoneurológica surgiram, dentre elas, destaca-se o Video Head Impulse Test (vHIT), como um exame que permite avaliar, bilateralmente, todos os canais semicirculares (CSCs), em alta frequência, por meio de movimentos cefálicos. Este exame fornece ainda informações acerca do ganho do reflexo vestíbulo-ocular (RVO) e assimetria dos CSCs, além de identificar a presença de sacadas corretivas(3,4). Objetivo. Verificar se existe correlação entre a idade, o risco de queda com os valores de ganho do RVO e assimetria dos CSCs, obtidos por meio do vHIT, em pacientes com disfunção vestibular periférica. Método: O estudo foi caracterizado como transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição envolvida, sob o número de parecer: 2.809.558. A pesquisa contou 12 participantes de ambos os sexos, com diagnóstico médico de disfunção vestibular periférica, encaminhados pelo ambulatório de Otorrinolaringologia de um serviço público, que apresentassem queixas de sintomas otoneurológicos. Os participantes foram submetidos à aplicação do teste Dynamic Gait Index (DGI) e ao teste do impulso cefálico, por meio do equipamento vHIT, modelo ICS Impulse, software OTOsuite Vestibular, da marca Otometrics(5). A análise dos dados foi realizada de forma descritiva e também utilizou-se o Coeficiente de correlação de Spearman (rho), adotando-se um nível de significância de 5%. Resultados: A amostra foi caracterizada pelo predomínio do sexo feminino (75%), com média de idade de 59,8 anos. O diagnóstico otorrinolaringológico e comorbidade associada, de maior ocorrência, foram a Doença de Ménière (41,6%) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) (83,3%), seguidos da tontura postural perceptual persistente (TPPP) (25%) e da comorbidade diabetes mellitus (DM) (33,3%), respectivamente. No teste DGI foi encontrada média de 19,8 pontos. No vHIT, verificou-se média dos valores de ganho do RVO reduzidos para os CSCs posterior direito e anterior esquerdo, bem como da assimetria dos CSCs anteriores e posteriores. Na análise estatística, constatou-se correlação de grau moderado (r=0,41) entre os resultados do DGI com o ganho do CSC anterior esquerdo, correlação negativa de grau moderado (r=-0,55) entre a simetria do canal semicircular lateral e o teste DGI e também, correlação negativa, de grau moderado (r =-0.51), entre a idade e a pontuação final do DGI. Conclusão. Constatou-se correlações, de grau moderado, entre o maior risco de quedas em pacientes com hipofunção vestibular no canal semicircular anterior esquerdo, menor risco de queda nos pacientes com uma menor índice de assimetria dos canais laterais e, maior risco de queda com a progressão da idade nos indivíduos avaliados.

1. Ferreira LMBM, Ribeiro KMOBF, Pestana ALS, Lima KC. Prevalência de tontura na terceira idade. Rev CEFAC. 2014 Jun;16(3):739-746.

2. Castro SM, Perracini MR, Ganança FF. Versão brasileira do Dynamic Gait Index. Rev Bras Otorrinolaringol. 2006 May 15;72(6):817-825.

3. MacDougall HG, McGarvie LA, Halmagyi GM, Curthoys IS, Weber KP. The video head impulse test: Diagnostic accuracy in peripheral vestibulopathy. Neurology. 2009 Oct 06;73:1134-1141.

4. MacDougall HG, McGarvie LA, Halmagyi GM, Curthoys IS, Weber KP. The Video Head Impulse Test (vHIT) Detects Vertical Semicircular Canal Dysfunction. PLoS ONE. 2013 Apr 22;8(4):1-10.

5. Otometrics: ICS Impulse USB - Reference Manual. Natus Medical Denmark ApS. 2015, 2019: 8-43.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2061
AVALIAÇÃO DO MODO RESPIRATÓRIO NOS DIFERENTES CICLOS DA VIDA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: o processo de avaliação e diagnóstico do modo respiratório pode ser realizado de maneira objetiva ou subjetiva (1-3). Uma vez que o fonoaudiólogo atua na prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento de alterações do modo respiratório (4), é importante que estes profissionais tenham conhecimento sobre os métodos disponíveis para avaliação da função, tanto para a prática clínica quanto para a elaboração de metodologias de pesquisa. Objetivo: verificar os métodos de avaliação do modo respiratório nasal em crianças, adultos e idosos saudáveis. Método: realizada revisão integrativa de literatura nas bases de dados Pubmed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) por meio da estratégia de busca: ("nasal breathing" OR "RESPIRATORY TYPE") AND (age OR aging OR elderly OR child OR children OR adult OR adults OR infant OR infants). Foram incluídos artigos publicados nos últimos 10 anos, disponíveis na integra em português, inglês ou espanhol e que incluíam na casuística pacientes saudáveis com modo respiratório nasal. Foram excluídos trabalhos que não se encaixavam no tema, que abordavam apenas patologias e efeitos de pós-tratamento cirúrgico, ortodôntico ou medicamentoso. Resultados: foram localizados, no total, 864 trabalhos na Pubmed e 98 na BVS e, após a aplicação dos critérios de inclusão/exclusão e eliminação de estudos duplicados, foram selecionados 40 artigos. O maior público alvo dos estudos foram crianças (n=26), seguido por adultos (n=9), adolescentes (n=1), bebês (n=1) e diferentes faixas etárias (n=3), não sendo localizados artigos com idosos. Em relação aos métodos utilizados para determinar a presença de respiração nasal, a maioria baseou-se em dados de história clínica fornecidos pelos pacientes/familiares e prontuários (n=24), além de avaliações para identificação de sinais clínicos (n=17), sendo que desses apenas quatro utilizaram protocolos padronizados e disponíveis em literatura (5-6), exames otorrinolaringológicos para identificar obstruções (n=15); e oito estudos utilizaram métodos pouco convencionais ou não descreveram o processo de avaliação dos respiradores nasais. Para alcançar os objetivos propostos nos estudos, outras avaliações foram realizadas, tais como medidas de cefalometria (n=16), testes relacionados a padrões respiratórios (n=9), dimensões de palato e maxilares por modelos de gesso e computadorizados (n=6) e testes para analisar patência nasal (n=4). Em relação as profissões dos autores, a maioria dos estudos foi realizado por meio de equipe multidisciplinar (n=14), tendo também trabalhos realizados na área da odontologia (n=13), otorrinolaringologia (n=6), fonoaudiologia (n=4) e fisioterapia (n=3). Por fim, apenas três artigos tinham como casuística principal os respiradores nasais, sendo que a grande maioria (n=37), abordava os respiradores nasais apenas em grupos controle. Conclusão: os estudos em respiradores nasais abordam, principalmente, as crianças, utilizam métodos objetivos e subjetivos para avaliação e são realizados por equipes multidisciplinares compostas, principalmente, por otorrinolaringologistas e dentistas. Ressalta-se a escassez de trabalhos publicados por fonoaudiólogos, o que dificulta a análise funcional da respiração. Além disso, nota-se uma falta de padronização para avaliação do modo respiratório, sendo que a maioria dos artigos seleciona os participantes do grupo controle por meio de história clínica e ausência de fatores obstrutivos, o que pode ocasionar vieses nos resultados pela ausência de parâmetros mais objetivos.

1. Roithmann R. Testes específicos da permeabilidade nasal. Braz J Otorhinolaryngol. 2007;73(1):2.
2. Brecvovici S, Roithmann R. A reprodutibilidade do espelho de glatzel modificado na aferição da permeabilidade nasal. Braz J Otorhinolaryngol. 2008;74(2):215-222.
3. Melo ACC, Gomes AOC, Cavalcanti AS, Silva HJ. O uso da rinometria acústica em respiração oral: revisão sistemática. Braz J otorhinolaryngol. 2015;81(2):212-218.
4. Cunha DA, Krakauer L, Manzi SHMB, Frazão YS. Respiração Oral: avaliação e tratamento fonoaudiológico. In: Justino H,Tessitore A, Motta AR, Cunha DA, Berretin-Felix G, Marchesan IQ organizadores. Tratado de Motricidade Orofacial.São José dos Campos, SP:Pulso; 2019. p. 487-497
5. Genaro KF, Berretin-Felix G, Rehder MIBC, Marchesan IQ. Avaliação miofuncional orofacial: protocolo MBGR. Rev. CEFAC. 2009;11(2):237-255.
6. Wieler WJ, Barros AM, Barros LA. Tanaka OM. A combined protocol to aid diagnosis of breathing mode. Rev Clín Pesq. Odontology. 2007;3:101–114.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1375
AVALIAÇÃO DO NEURODESENVOLVIMENTO EM UM CASO CLÍNICO DE ASSOCIAÇÃO DE VACTERL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Associação de VACTERL é uma condição rara que compreende malformações congênitas multissistêmicas. Embora os defeitos congênitos estejam ligados, ainda é desconhecido o gene ou o grupo de genes que causam essas malformações, razão para se chamar essa desordem, preferencialmente, de "associação", ao invés de "síndrome"¹, por ter uma associação não-aleatória de defeitos congênitos. VACTERL é um acrônimo das características componentes e, para o diagnóstico, pelo menos três características são necessárias (porcentagens de ocorrência): V: anomalias vertebrais (60-95%); A: atresia anal/ânus imperfurado (55-90%); C: malformações cardíacas (40-80%); TE: fístula traqueo-esofágica (50-80%); R: (50-80%); anomalias renais (50-80%) e L: anomalia dos membros (40-50%)1-6. Outras manifestações menos frequentes são: deficiência de crescimento pré-natal e pós-natal, estenose da laringe, anomalia da orelha, fontanelas grandes, anomalias nas costelas, defeitos genitais externos, dentre outros2. Embora os critérios de diagnóstico variem, a incidência é estimada em aproximadamente 1/10.000 a 1/40.000 bebês nascidos vivos1-3. Os déficits congênitos impactam a família, pois a criança terá que passar por muitos procedimentos cirúrgicos ao longo da vida5. Objetivo: Descrever habilidades do desenvolvimento de um menino na faixa etária de 8 meses com diagnóstico da associação VACTERL. Métodos: Cumpriram-se princípios éticos (CAE: 42356815.1.0000.5417). A avaliação constou de sessão de anamnese com responsável e aplicação de: Observação o Comportamento Comunicativo (OCC), Early Language Milestone Scale (ELM)6 e Teste de Screening de Desenvolvimento Denver-II (TSDD-II)7. Resultados: Anamnese: Filho de pais não consanguíneos; gravidez sem intercorrência; nascimento por cesariana na 39ª semana gestacional; peso 2740 gramas, estatura 41,5cm; perímetro cefálico de 37,5cm. Foram observadas as seguintes malformações: ânus imperfurado, sinostose no braço direito, escoliose, hérnia inguinal, malformação cardíaca. Realizou cirurgia para correção do ânus 24 horas após o nascimento e ficou na UTI por 12 dias. O RX da coluna evidenciou vértebras em bloco: T9-T10; T11-T12; L1-L2, hemivértebra em T7. Ossos da bacia mal evidenciados. Falhou na triagem auditiva. Apresentava refluxo e cólicas após alimentação. Quanto ao neurodesenvolvimento apresentou equilíbrio cervical aos 4 meses e sentar com apoio aos 6 meses. OCC: verificou-se interação com avaliadora, contato visual, intenção comunicativa, interesse por brinquedos e produção de sons isolados e protesto (choro). ELM: Nas áreas auditiva receptiva, auditiva expressiva e visual obteve escores compatível com 5 meses para todas as habilidades. TSDD-II: Em todas as áreas - motora grossa, motora fina-adaptativa, linguagem e pessoal-social obteve escores compatível com cinco meses, embora na área motora fina-adaptativa tenha sido observado somente o uso da mão esquerda (sinostose do braço direito). Conclusão: pacientes com associação VACTERL são de risco para alterações do desenvolvimento motor e podem apresentar comprometimento neurocognitivo1,3. Estudos identificaram dificuldades de atenção que podem refletir em problemas de aprendizagem no futuro3,4. Não foi identificada na literatura nenhum estudo que aborde aquisição da linguagem. Como passam por vários processos cirúrgicos para a correção das malformações congênitas a família deve ser orientada para questões de superproteção, que também trazem interferência na maturação da criança. Assim, o processo terapêutico deve envolver a família para que consigam adaptações necessárias em cada etapa do desenvolvimento dos seus filhos.

1. Solomon, B.D. VACTERL/VATER Association. Orphanet J Rare Dist. 2011;6: 56

2. Chen Y, Liu Z, Chen J, Zuo Y, Liu S, Chen W, Liu G et al., The genetic landscape and clinical implications of vertebral anomalies in VACTERL association.J Med Genet. 2016 Jul; 53(7): 431–437.

3 Yang L, Li S, Zhong L, Qiu L, Xie L, Chen L. VACTERL association complicated with multiple airway abnormalities: A case report. Medicine (Baltimore) 2019 Oct; 98(42): e17413.

4. Kassa AM, Dahl M, Strinnholm M, Lilja HE. Attention difficulties and physical dysfunction common in children with complex congenital malformations: a study of preschool children with VACTERL association. Acta Paediatr.2020;109(4): 783–789.

5. Kassa AM Lilja HE, Engvall G. From crisis to self-confidence and adaptation; Experiences of being a parent of a child with VACTERL association– A complex congenital malformation. PLoS One.2019;14(4): e0215751.

6. Coplan J. The early language milestone scale. Austin: Pro-Ed, 1983.

7. Frankenburg, WK. et al. Denver-II training manual. Denver: Denver Developmental Materials; 1992.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2126
AVALIAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL E ELETROFISIOLÓGICA DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA
Tese
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O grande número de queixas auditivas que não são justificadas pela avaliação do sistema auditivo periférico levou estudiosos a buscarem explicações através de procedimentos que avaliassem a via auditiva central. Com isso, essas queixas passaram a ser atribuídas aos transtornos de processamento auditivo central (TPAC). Estudos na área mostraram que outros transtornos, como as dificuldades relacionadas à leitura e escrita, frequentemente podem aparecer associados aos TPAC. Além disso, o diagnóstico dos TPAC tem sido motivo de grandes discussões recentes, devido à grande participação de processos cognitivos na bateria de testes da avaliação comportamental.
Objetivo: Analisar e comparar o desempenho auditivo de crianças com nível de inteligência preservada, mas com dificuldade em leitura e escrita, em testes periféricos e centrais.
Metodologia: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição. Foram incluídos 54 escolares da rede pública de ensino com faixa etária entre 8 e 12 anos de idade, divididas em dois grupos de acordo com a performance no Teste de Desempenho Escolar. Aquelas que apresentaram desempenho inferior no subteste de leitura e escrita foram incluídas no grupo estudo e, aquelas com desempenho médio ou superior foram incluídas no grupo controle. Todas as crianças passaram por avaliação do nível de inteligência, avaliação audiológica básica e de altas frequências, testes comportamentais do processamento auditivo, testes eletroacústicos e eletrofisiológicos.
Resultados: A análise dos testes não demonstrou diferenças estatisticamente significantes na comparação dos grupos para a avaliação audiológica básica e de altas frequências, emissões otoacústicas transientes e produto de distorção e o potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Foram observadas diferenças estatisticamente significantes para o Teste Dicótico de Dígitos, Teste de Sentenças Sintéticas, Teste Padrão de Frequência e o Teste Gaps in Noise, além do teste eletrofisiológico P300.

Conclusão: Os dados do presente estudo evidenciaram que as crianças com dificuldades de leitura e escrita, com nível de inteligência preservado apresentaram integridade do sistema auditivo periférico e alterações nos testes comportamentais e eletrofisiológicos quando comparadas com crianças sem dificuldades de leitura e escrita. Acredita-se que, a avaliação do processamento auditivo, que vai além dos estágios iniciais da amplificação da cóclea e a transmissão do nervo auditivo (periférico), possibilita a compreensão dos mecanismos que vão impactar na percepção auditiva da fala e consequentemente o processo de aprendizado. Desse modo, avaliar ambos, audibilidade e a percepção dos sons torna-se fundamental, pois fornecerão mais dados do real desempenho auditivo de escolares e poderá contribuir para o processo de reabilitação minimizando as dificuldades no processo de aprendizagem.

nenhuma


TRABALHOS CIENTÍFICOS
809
AVALIAÇÃO DO RECONHECIMENTO E NOMEAÇÃO DAS EXPRESSÕES FACIAIS EMOCIONAIS POR ESCOLARES
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


A compreensão das emoções permite aos sujeitos a adaptação a circunstâncias, o desenvolvimento de habilidades psicoafetivas e da inteligência emocional (1), sendo de importância para tal aquisição as expressões faciais emocionais. Objetivo: avaliar o reconhecimento e a nomeação das expressões faciais emocionais por escolares. Método: Pesquisa-ação envolvendo 34 escolares de instituição privada de Vitória da Conquista, Bahia, entre sete e dez anos, subdivididos em dois grupos (um de escolares com idades entre sete e oito anos e outro com idades entre nove e dez anos), com 16 participantes no grupo de sete a oito anos e 18 participantes no grupo de nove a dez. Foram oferecidas figuras contendo sete expressões faciais emocionais (alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa, aversão e ironia) para que as reconhecessem e as nomeassem, além de ser avaliada a facilidade do teste. Para tanto, seus responsáveis e a instituição de ensino consentiram na participação da pesquisa e receberam devolutivas dos resultados obtidos. O projeto guarda-chuva foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (CAAE 87760618.2.0000.5546). Os resultados foram submetidos a análise estatística descritiva. Resultados: Todas as expressões faciais emocionais testadas foram reconhecidas e nomeadas com facilidade, sendo que para o reconhecimento o percentual de acertos foi: alegria (100%), raiva e surpresa (97,06% cada), medo (91,18%), aversão (82,35%) e tristeza (64,7%), enquanto que para a nomeação: alegria e raiva (100%), surpresa (85,3%), tristeza (82,36%), aversão (76,48%) e medo (67,65%), sendo que o reconhecimento obteve percentuais ligeiramente maiores de acertos do que a nomeação, ratificando o exposto pela literatura (2). Cabe uma exceção em relação à ironia, em que 47,06% reconheceram e 17,64% nomearam, evidenciando maior dificuldade na identificação dessa emoção, embora todos tenham julgado corretamente os motivos do uso da ironia. A ironia é aprendida dentro do contexto familiar e depoimentos dos participantes ratificam o exposto pela literatura (3). Quanto à facilidade de realização do teste, a maioria dos participantes considerou que o teste foi fácil. Conclusão: Escolares entre sete e dez anos reconhecem e nomeiam as expressões faciais emocionais básicas, apresentando maior dificuldade em relação à ironia, sendo sugerido que sua nomeação ocorra após os dez anos de idade.
Palavras-chave: 1. Expressão Facial, 2. Emoção, 3. Escolar; 4. Fonoaudiologia.

1. Saarni C. Emotional development in childhood. Encyclopedia on early childhood development; 2011. p. 1-7.
2. Harrigan J. The effects of task order on children's identification of facial expressions. Motivation and emotion. 1984; 8:157-69.
3. Recchia HE, Howe N, Ross HS, Alexander S. Children's understanding and production of verbal irony in family conversations. British Journal of Developmental Psychology 2010;28(2):255-74.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1235
AVALIAÇÃO DO SISTEMA AUDITIVO EM ESTUDANTES COM MÁ QUALIDADE DO SONO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O sono é essencial para a vida dos seres humanos, principalmente pela capacidade de manutenção da energia corporal e uma boa Qualidade de Vida (QV) diária. Episódios de privação de sono podem acabar comprometendo o metabolismo celular em diferentes níveis, inclusive no sistema auditivo. Além disso, estados de sonolência durante as atividades diárias pode comprometer o estado de vigília interferindo assim, nos processos de aprendizado que envolve diretamente a atenção e memória. OBJETIVO: Este trabalho tem como finalidade avaliar o sistema auditivo de indivíduos com alteração na qualidade do sono, decorrentes de alteração respiratória. MÉTODO: Participaram deste estudo 10 indivíduos de ambos os gêneros com queixa de alterações no sono e idade variando de 20 a 36 anos (média de 23 anos). Os procedimentos de avaliação foram: questionário PSQI para verificar a qualidade do sono e o questionário WHOQOL-bref para verificar a QV desses indivíduos, anamnese fonoaudiológica, Audiometria Tonal Liminar (ATL), Imitânciometria, Emissões Otoacústicas Evocadas por estímulo Transientes (EOAet), Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (PEATE) e Potenciais Evocados Auditivos Corticais / Potencial Cognitivo P300. RESULTADOS: Os resultados demonstraram no teste PSQI score total de 8,9 sugerindo alterações do sono nesses participantes; o questionário WHOQOL-bref demonstrou QV regular para os domínios físico, psicológico e meio ambiente. Na ATL todos indivíduos apresentaram audição normal (média 0,5K, 1K, 2K e 4K <25dBNA). Não foi verificado alteração no nível de sensação do reflexo acústico e nas EOE-t todos os indivíduos apresentaram relação sinal/ruído superior a 3dBNPS. A análise do PEATE demonstrou integridade de vias da porção distal do nervo auditivo a região de colículo inferior. A média geral dos componentes N2 e P3 demonstrou um discreto aumento em relação aos achados da literatura. Houve correlação negativa entre o questionário de QV e a amplitude do N2, assim como o questionário de QV e o P300. CONCLUSÃO: A qualidade do sono não foi um fator determinante para causar alterações auditivas tanto na porção periférica quanto na porção central. Entretanto, indivíduos que apresentaram má qualidade de vida podem apresentar alterações no processamento da informação sonora em níveis mais centrais, evidenciado pelos achados do Potencial Cognitivo P300.

1. Müller MR, Guimarães SS. Impacto dos transtornos do sono sobre o funcionamento diário e a qualidade de vida. Estud Psicol. 2007;24(4):519–28.
2. Lopes HS, , Denise Andrade Pereira Meier RR. Qualidade do sono entre estudantes de enfermagem e fatores associados. Ciências Biológicas E Da Saúde. 2018;129–36.
3. Franklin AM, Giacheti CM, Cristina N, Maria L, Campos G. Correlação entre o perfil do sono e o comportamento em indivíduos com transtorno específico da aprendizagem. CoDAS. 2018;1782(3):1–8.
4. Martins CH, de Castro N, Filho OAC, Neto OM de S. Obstructive sleep apnea and P300 evoked auditory potential. Braz J Otorhinolaryngol. 2011;77(6):700–5.
5. Santos DFS. ALTERAÇÕES AUDITIVAS EM INDIVÍDUOS COM DISTÚRBIOS DO SONO: REVISÃO DE LITERATURA. Monogr TCC - Univ Fed Sergipe. 2019.
6. Didoné DD, Garcia MV, Oppitz SJ, Silva TFF da, Santos SN Dos, Bruno RS, et al. Auditory evoked potential P300 in adults: reference values. Einstein (Sao Paulo). 2016;14(2):208–12.
7. Duarte JL, Alvarenga K de F, Banhara MR, Melo ADP de, Sás RM, Costa Filho OA. Potencial evocado auditivo de longa latência-P300 em indivíduos normais: valor do registro simultâneo em Fz e Cz. Rev Bras Otorrinolaringol. 2009;75(2):231–6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1563
AVALIAÇÃO DOS PADRÕES DE LEITURA EM IDOSAS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução:
A leitura tem sido estudada em diversos contextos, como por exemplo, o processo de alfabetização e a aprendizagem nas faixas etárias da infância e adolescência, além de quadros patológicos que interferem no processo de leitura. A compreensão leitora e os distintos níveis de processamento do texto durante a leitura encontram-se associados à integração de diferentes habilidades linguístico-cognitivas, muitas delas relacionadas ao reconhecimento da palavra e ao seu significado (1-3). Estudos que abordem temas como a compreensão leitora em idosos são escassos na literatura específica.
Objetivo:
Analisar como os aspectos de leitura e compreensão de texto se modificam em idosos segundo o tempo de escolaridade. Métodos:
Estudo transversal observacional com 14 idosas entre 60 e 75 anos. Os indivíduos foram divididos em dois grupos: G1 com ensino fundamental e G2 com ensino médio. Para coleta dos dados foram utilizados os testes “Mini Mental” (4), “Teste do relógio” (4), os dados sociodemográficos, um questionário sobre hábitos de leitura, a leitura oral do texto “Otzi, o homem do gelo”, e interpretação deste mesmo texto por meio de atividades dissertativas de compreensão. Analisou-se a organização temporal do discurso pelo software Lepic®. Foram feitas análises descritivas e associativas, por meio dos testes de Exato de Fisher, Qui-quadrado de Pearson e Mann-Whitney, com significância de 5%.
Resultados:
A maior parte da amostra consistiu em idosas aposentadas (64,3%) e sem queixa cognitiva (78,6%). Em relação as queixas sensoriais, a maioria relatou possuir queixa relacionada à visão. No que diz respeito aos hábitos de leitura, todas as participantes relataram ter o hábito de ler. Além disso a maioria gosta de ler e mantém o hábito de leitura em sua rotina. Na análise das medidas de fluência em leitura constatou-se associação com significância estatística com maior mediana e média para o G2 entre palavras corretas no primeiro minuto, palavras corretas por minuto, palavras lidas no primeiro minuto e palavras lidas por minuto. Em relação à organização temporal do discurso, G1 apresentou maior tempo de leitura em minutos. Os resultados do presente estudo nos indicam que G2 mostrou maior tendência de acerto para questões que exigem as habilidades de construção de inferência, integração e interpretação.
Conclusão:
Idosas com maior nível de escolaridade apresentam melhor organização temporal do discurso, tendo menor tempo total de leitura e melhores medidas de fluência. Indivíduos com ensino fundamental apresentam desempenho inferior nas atividades de compreensão de leitura, quando comparados aos indivíduos com ensino médio. Evidenciou-se que o grau de instrução do indivíduo tem maior influência sobre as habilidades de leitura e compreensão de textos que somente os hábitos de leitura.

1- ELLIS, A. Leitura, Escrita e Dislexia: Uma Análise Cognitiva. 2ª Ed. Artes Médicas, Porto Alegre,1995.
2- HOOVER, Wesley A.; Gough, Philip B. The simple view of reading. Reading and Writing: An Interdisciplinary Journal, 2, 127–160, 1990.
3- PERFETTI, C. A.; MARRON, M. A.; FOLTZ, P. W. (1996). Sources of comprehension failure: Theoretical perspective and case studies. In C. Cornoldi & J. Oakhill (Eds.), Reading diffi cul- ties: Processes and intervention (pp. 137-165).
4- Bertolucci PHF. et al. O mini-exame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq. Neuro-psiquiat.1994; 52:1-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
760
AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS VESTIBULOCERVICAL E VESTIBULO-OCULAR EM MUSICISTAS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O Potencial Evocado Miogênico Vestibular (VEMP) é um potencial miogênico de curta a média latência desencadeado por fortes intensidades sonoras, que examina o funcionamento das porções do nervo vestibular e dos órgãos otolíticos – sáculo e utrículo. No VEMP obtem-se o registro cervical (cVEMP), que avalia a via vestibular descendente através do reflexo vestibulocervical (RVC) e o registro ocular (oVEMP) que avalia a via vestibular ascendente por meio do reflexo vestibulo-ocular (RVO)¹. Musicitas profissionais e entusiastas estão constantemente expostos à música e, quando os níveis de pressão sonora são elevados, podem desencadear uma alteração da função coclear, além de outros sintomas. No entanto, a exposição prolongada à música proporciona um aperfeiçoamento das habilidades auditivas, dessa forma promove aspectos positivos à audição. Objetivo: Analisar os reflexos vestíbulo-ocular e vestibulocervical em musicistas e comparar seus resultados a um grupo controle. Métodos: Estudo transversal, observacional, descritivo, de método quantitativo, desenvolvido por um Ambulatório de Otoneurologia Setor de Equilíbrio de um Hospital Universitário, entre julho e dezembro de 2019. Foram submetidos às avaliações 56 indivíduos sendo estes um grupo estudo (GE) com 28 instrumentistas e um grupo controle (GC) com 28 indivíduos; com a faixa etária de 18 a 45 anos e de ambos os sexos. Os participantes de ambos grupos foram submetidos à anamnese, inspeção do meato acústico externo, avaliação audiológica básica, com o audiômetro AD629 Interacoustics e fone concha modelo TDH-39P: audiometria tonal liminar, avaliação do limiar de reconhecimento de fala e do índice percentual de reconhecimento da fala, Medidas de Imitância Acústica. Por fim, foram avaliados com o cVEMP e oVEMP2,3, com o equipamento MASB ATC Plus – Contronic, com fones concha modelo TDH-39P, estímulo toneburst na intensidade de 118 dB NA e frequência de 500 Hz, 200 estímulos (5,1 estímulos por segundo), com filtro passa-banda de 10 a 1.500 Hz. Resultados: Constituíram a amostra 17 musicistas profissionais e 11 músicos entusiastas, com média de idade de 25,07 anos. No VEMP, 92,86% das ondas estiveram presentes e 7,14% ausentes, houve diferença significativa nas latências das ondas P13 e N23 do cVEMP em ambas as orelhas e na latência da onda P15 do lado esquerdo do oVEMP do GE em comparação ao GC, sendo as médias dos musicistas menores bilateralmente. Não houve significância nas médias das amplitudes e inter-amplitudes, no cVEMP o GE apresentou médias maiores do que as do GC, exceto na amplitude da onda N23 do lado esquerdo, e no oVEMP mostrou-se menor na orelha direita e maior na orelha esquerda. Conclusão: Os resultados dos musicistas, em média, mostraram-se melhores no cVEMP e na latência do oVEMP à esquerda, sugerindo que provavelmente a atividade musical favoreça a velocidade dos reflexos, uma vez que a latência representa a velocidade de condução do mesmo.

1. SILVA TR, RESENDE LM, SANTOS MAR. Potencial evocado miogênico vestibular ocular e cervical simultâneo em indivíduos normais. CoDAS. 2016;28(1):34-40.

2. ROSENGREN SM, COLEBATCH JG, YOUNG AS, GOVENDER S, WELGAMPOLA MS. Vestibular evoked myogenic potentials in practice: Methods, pitfalls and clinical applications. Clinical Neurophysiology Practice. 2019;4:47–68.

3. SILVA BMP, DIDONÉ DD, SLEIFER P. Potencial evocado miogênico vestibular cervical em crianças e adolescentes sem queixas vestibulares. Audiology-Communication Research. 2017:22:1-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1604
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE ESTIMULAÇÃO DE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Avaliação dos resultados da aplicação de um Programa de Estimulação de Consciência Fonológica no 1º ano do Ensino Fundamental sobre a aprendizagem da leitura e escrita.

Introdução :

A consciência fonológica é a habilidade de identificação e manipulação mental dos segmentos sonoros da língua, subdividindo-se em consciência fonêmica, que se refere a identificação e segmentação de fonemas, e a consciência silábica, sendo essa a reflexão ao nível da sílaba 1 . Estudos demonstram a importância da consciência fonológica para o desenvolvimento de suas sub-habilidades e para a leitura e escrita 2,3.

Objetivo :

Avaliar o efeito de um programa de estimulação de consciência fonológica aplicado no 1º ano do ensino fundamental, sobre o desempenho em leitura e escrita ao final do 2º ano.

Método :

Este é um estudo longitudinal, com delineamento quase experimental, com abordagem quantitativa dos dados. A amostra foi composta por 60 alunos do 2º ano do ensino fundamental de duas escolas públicas, divididos em grupo experimental (que receberam o treinamento de consciência fonológica) e grupo controle. Foi aplicado o instrumento CONFIAS 4 no início do 1º e ao final do 1º e 2º anos e o Teste de Desempenho Escolar (TDE) 5 no final do 1º e 2º anos. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética, C.A.A.E. 23260813.6.0000.5440 (processo nº 3316/2015).

Resultados :

Ao final do 2º ano, 80% das crianças apresentaram desempenho esperado em consciência silábica e 55% em consciência fonêmica sendo que os resultados do grupo experimental foram melhores do que o grupo controle. Quanto à hipótese de escrita, 81,8% do grupo experimental alcançaram o nível alfabético. Em relação à leitura e escrita foi também observada melhora das classificações com 39,4% de grupo experimental na classificação superior. Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos ao final do 2º ano quanto a consciência silábica, consciência fonêmica , consciência fonológica e leitura.

Conclusão :

Os resultados preliminares sugerem que o treinamento aplicado teve um efeito positivo sobre a leitura e escrita. De forma semelhante outros estudos já apontaram que programas voltados ao desenvolvimento de consciência fonológica têm um efeito positivo frente a alfabetização 3. Este trabalho aponta que o efeito dos programas pode estender-se ao longo do ciclo inicial do Ensino Fundamental, uma vez que as crianças que receberam o mesmo mantiveram resultados melhores que seus pares ainda ao final do 2º ano, fortalecendo a importância de se dar devida atenção a esta habilidade principalmente nos anos iniciais para alfabetização.

1 - Barrera SD, Maluf MR. Consciência metalinguística e alfabetização: um
estudo com crianças da primeira série do ensino fundamental. Psico. Reflex. Crit., 2003, 14(3):491-052.

2 - Santos AAA, Ferraz AS, Lima TH, Cunha NB, Suehiro ACB, Oliveira KL et al. Habilidades linguísticas: a relação entre a consciência fonológica e a escrita. Estud. pesqui. psicol., 2017, 17(2):575-594.

3 - Santos MJ, Barrera SD. Impacto do treino em habilidades de
consciência fonológica na escrita de pré-escolares. Psicologia Escolar e
Educacional, 2017, 21(1):93-102.

4 - Moojen S, Lamprecht R, Santos RM, Freitas GM, Brodacz R, Siqueira M, et al. CONFIAS Consciência Fonológica: Instrumento de Avaliação Seqüencial. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.

5 - Knijnik LF, Giacomoni C, Stein LM. Teste de desempenho escolar: um estudo de levantamento. Psico-USF , 2013, 18 (3):407-416.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1266
AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DA MOTRICIDADE OROFACIAL DE BEBÊS DE TRÊS MESES A DOIS ANOS DE IDADE: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: No primeiro ano de vida, o controle motor orofacial do bebê evolui de movimentos instáveis, voluntários e indiferenciados para um padrão de equilíbrio. As alterações em qualquer parte do sistema estomatognático levam a um desequilíbrio do sistema, comprometendo o desenvolvimento correto das habilidades funcionais. A avaliação fonoaudiológica dos bebês acima de três meses é fundamental para verificação do funcionamento do sistema estomatognático (1).
OBJETIVO: Descrever os achados da literatura referente à parâmetros de avaliação de motricidade orofacial de bebês de três meses a dois anos de idade.
MÉTODO: Para a revisão integrativa foi estabelecida a seguinte pergunta norteadora: "Quais são os parâmetros de avaliação fonoaudiológica da motricidade orofacial e suas funções para bebês de três meses a dois anos de idade?". A busca na literatura ocorreu, a partir da consulta à base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). As buscas foram feitas de janeiro a maio de 2020. Os descritores, escolhidos a partir da questão norteadora e, de acordo com o vocabulário dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), foram: “Fonoaudiologia”, “Lactente”, “Aleitamento Materno”, “Comportamento Alimentar” e “Protocolo”. Os termos foram pesquisados de forma combinada, usando sempre dois termos, nos idiomas português, inglês e espanhol. Como critérios de inclusão foram considerados artigos escritos em português, inglês ou espanhol, publicados nos últimos 10 anos disponíveis gratuitamente na íntegra, e que abordassem apenas a espécie humana no estudo. Foi realizada de forma descritiva a síntese dos dados extraídos dos artigos observando, descrevendo e classificando os dados encontrados, para reunir o máximo de conhecimento sobre o tema pesquisado.
RESULTADOS: A busca inicial indicou 12.645 artigos. Após a leitura dos títulos e resumos dos artigos selecionados, 12.634 foram excluídos. Desse modo, os 11 artigos remanescentes foram selecionados para a leitura na íntegra. Após, foram excluídos 5 artigos, por não se enquadrarem nos critérios de inclusão. Assim, 6 estudos foram selecionados para compor a amostra.
Os artigos selecionados abordavam avaliação de lactentes e puérperas. Mas de forma segregada, sendo que nenhum respondeu de maneira efetiva e completa a questão norteadora, apenas parcialmente. Cada protocolo foi analisado individualmente e aborda um tópico de avaliação: sucção do recém-nascido, aleitamento materno, hábitos orais e habilidades motoras no desenvolvimento das estruturas do lactente (2,3,4,5,6,7).
CONCLUSÃO: Apesar da ampla atuação fonoaudiológica com puérperas e recém-nascidos, é escassa verificação da continuidade desse acompanhamento/avaliação ao longo dos meses em relação aos aspectos que permeiam a motricidade orofacial do bebê, de forma que não foram encontrados até o momento, protocolos validados para respaldar a avaliação fonoaudiológica da motricidade orofacial de bebês. O mesmo poderia ser de grande valia seja no atendimento privado ou público, em hospitais infantis ou consultórios, facilitando os diagnósticos fonoaudiológicos e a tomada de decisão referente às condutas. Além disso, a revisão integrativa pode fornecer evidência sobre o uso de protocolos que promovam a padronização da avaliação dos sujeitos, favorecendo a comparação de resultados, gerando maior produtividade nos atendimentos e centrando as informações coletadas independentemente do local de coleta.

1. Castelli CTR Almeida ST. Avaliação das características orofaciais e da amamentação de recém-nascidos prematuros antes da alta hospitalar. Rev CEFAC. 2015 17(6): 1900-08.

2. Medeiros AMC. Análise do conteúdo e aparência do protocolo de acompanhamento fonoaudiológico - aleitamento materno. Audiol Commun Res. 2018;23:-e1921.

3. Mosele PG, et al. Instrumento de avaliação da sucção do recém-nascido com vistas a alimentação ao seio materno. Rev. CEFAC. 2014; 16(5):1548-57:

4. Moura LTL, et al. Atuação fonoaudiológica na estimulação precoce da sucção não-nutritiva em recém-nascidos pré-termo. Rev. CEFAC. 2009 ;11(3):448-56.

5. Silveira LS. Habilidades orais em crianças: validação de instrumento e influência de hábitos orais e do aleitamento materno [Dissertação]. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria; 2011. Mestrado em Distúrbios da Comunicação.

6. Pagliaro CL. Desenvolvimento das habilidades motoras orais de alimentação em lactentes prematuros durante o primeiro ano de vida [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2015. Mestrado em Ciências.

7. Medeiros AMC, Bernardi AT. Alimentação do recém-nascido pré-termo: aleitamento materno, copo e mamadeira. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011; 16(1):73-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1404
AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UMA PERSPECTIVA MULTIDISCIPLINAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: A avaliação multidisciplinar traz grandes contribuições ao diagnóstico de diversas alterações, entre elas as relacionadas à aprendizagem. Em se tratando de crianças e adolescentes, a literatura aborda a eficácia desse diálogo entre as profissões, considerando que esse público geralmente apresenta alterações em várias áreas do desenvolvimento¹. Diante dessa importância, o projeto de extensão que originou este relato tem como objetivo promover um trabalho integrado de avaliações em crianças e adolescentes. Métodos: O projeto de extensão está vinculado a uma Instituição de Ensino Superior e funciona dentro do Hospital Universitário associado à Instituição, sendo composto por uma equipe de dezesseis integrantes das seguintes áreas: neuropediatria, psiquiatria infantil, enfermagem, psicologia, fonoaudiologia e psicopedagogia. As crianças e adolescentes são atendidas no setor ambulatorial de neuropediatria ou psiquiatria infantil, e aquelas que apresentam queixas de desatenção e/ou dificuldades de aprendizagem são encaminhadas para ingressarem no projeto. Inicialmente, passam por uma triagem e anamnese completa com o responsável e, em seguida, o participante é direcionado à avaliação pela equipe multidisciplinar, a qual é realizada por um estagiário ou profissional formado das seguintes áreas: psicologia, psicopedagogia e fonoaudiologia. Cada avaliação é realizada através de três ou quatro encontros, que são marcados previamente com a família. Ao final da avaliação de todas as áreas, é realizada uma reunião de equipe para discussão do caso e, em seguida, é feita a devolutiva da equipe com a família. Resultados: Durante a avaliação fonoaudiológica a criança é atendida por um estagiário ou fonoaudiólogo, sendo avaliadas as seguintes habilidades: vocabulário expressivo e compreensivo, fonologia, narrativa, consciência fonológica, consciência fonoarticulatória, nomeação automática rápida, leitura de palavras e pseudopalavras, compreensão leitora, escrita espontânea e ortografia. Cada habilidade é avaliada por meio de um teste específico. A avaliação baseada em testes é importante para que se obtenham dados que confrontem com o que é esperado ou não em determinada faixa etária. Além de testes, é necessário estar atento ao comportamento da criança nos diferentes contextos e ambientes, desta forma, é imprescindível uma boa comunicação com a família, a qual fornece informações valiosas que colaboram no processo avaliativo. Ao final da avaliação fonoaudiológica, os resultados e impressões encontrados são discutidos com a psicopedagogia e psicologia, onde se busca compreender como tais resultados se complementam. Esse processo de discussão de casos permite alcançar um diagnóstico considerando as diversas áreas e habilidades da criança, diminuindo as chances de um direcionamento equivocado. Além disso, a avaliação multidisciplinar consegue direcionar caminhos de modo amplo, através das orientações e encaminhamentos baseados num olhar global do paciente. Conclusão: A prática da extensão permite aos estudantes e fonoaudiólogos ir além dos conhecimentos da sua área, possibilitando-os identificar e compreender outros fatores que podem estar envolvidos no diagnóstico do seu paciente, além de permitir uma investigação completa da criança ou adolescente. O olhar multidisciplinar é necessário para explicar determinados aspectos que um profissional sozinho não seria capaz de enxergar e/ou compreender, e produz uma rica troca de conhecimentos, aspecto este contemplado na presente extensão universitária.

1. Guimarães AA, Mezzomo CL, Bertoldo JV. Contribuições interdisciplinares de psicopedagogia e fonoaudiologia na potencialização de funções executivas superiores em crianças com transtornos de aprendizagem. Revista Educação e Linguagens. 2020;9(16):462-48.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
712
AVALIAÇÃO GERAL DOS DADOS PRÉ E PÓS INTERVENÇÃO DO PROGRAMA AUDIOLOGIA NA ESCOLA - EDUCAÇÃO CONTINUADA E SAÚDE AUDITIVA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O processamento auditivo foi definido como mecanismos e processos do sistema nervoso auditivo (ASHA, 1995), onde se capacitam a decodificação e o entendimento da fala, principalmente em situações adversas, como na presença de ruído de fundo ou fala competitiva (Jerger e Musiek, 2000). Envolve habilidades auditivas como: a identificação sonora, localização sonora, atenção auditiva sustentada, figura fundo, discriminação e fechamento auditivo, elementos abordados na estimulação auditiva. Habilidades essenciais para o desenvolvimento global da criança. Assim uma intervenção rápida por meio de programas de treinamento auditivo e estimulação é indispensável. Outra vertente abordada e a avaliação do ruído nos ambientes escolares onde nota-se efeitos prejudiciais do excesso de ruído para os alunos e professores, percebe-se a importância de níveis sonoros adequados no ambiente escolar. De acordo com o estudo de Hans (2003) os ruídos encontram-se acima dos valores do recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), assim tornando muito importante à verificação a fim de buscar meios de intervenção. Objetivo: O programa Audiologia na Escola tem como finalidade desenvolver ações de educação em saúde auditiva para pré escolares (estimulação), alunos do Ensino médio (conscientização) e professores das escolas do Distrito Federal. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Brasília, conforme os pareceres de número 2.406.617 e 2.109.866. O estudo consiste em uma análise dos dados de avaliação pré e pós intervenção de estimulação do processamento auditivo, realizada pelo Programa Audiologia na Escola - Educação continuada e saúde auditiva da Universidade de Brasília. Foram coletados dados em escolas públicas de ensino fundamental I e de uma instituição da Organização da Sociedade Civil (OSC) do Distrito Federal, através da avaliação inicial e final por meio dos testes de Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção (EOADP), Avaliação Simplificada do Processamento Auditivo (ASPA), Teste de Habilidade de Atenção Auditiva Sustentada (THAAS) e a medição do nível de ruído em diversos momentos do período de aula. Resultados: Das escolas participantes desta pesquisa, houve uma predominância de indivíduos do sexo masculino, com idades entre 6 e 7 anos. A análise ANOVA comparando as medidas médias com as variáveis sexo, idade e orelha do teste de EOADP, mostrou diferença estatisticamente significante para 2KHz (p<0,05). Apenas duas crianças falharam. Quanto ao teste de amostras pareadas comparando a avaliação inicial e final, após sessões de estimulação coletiva, foi verificada associação significativa entre os resultados da ASPA e do THAAS, na qual os dados mostraram uma diferença estatisticamente significante menor que 0,05 (p<0,05). Além disso, a análise dos dados de medição de ruído mostrou que os níveis em ambas as escolas foram mais altos durante o recreio. Conclusão: A eficácia da estimulação precoce das habilidades auditivas já tem sido relatada na literatura de forma positiva, tornando essa ação realizada nas escolas um grande auxílio para aprendizagem das crianças. A medição de ruído age com caráter educativo.

Neves, I. F, Schochat, E. Maturação do processamento auditivo em crianças com e sem dificuldades escolares. Rev Pró- fono de atualização científica. 2005;v.17, n. (3), p. 311-320.
Hans, R. F. Avaliação de ruído em escolas. Rev de Tecnologia e Tendências. 2003;v. 2, n. (2), p. 9-20.
Tofolli MB. O papel da estimulação das habilidades auditivo-verbais na consciência fonológica de crianças do primeiro ano do ensino fundamental. Rio Grande do Sul: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2008. Dissertação de Mestrado.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2029
AVALIAÇÃO MORFOMÉTRICA DO NERVO LARÍNGEO RECORRENTE DE RATOS WISTAR EXPOSTOS A AGROTÓXICOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Indivíduos expostos pela via inalatória a compostos químicos podem apresentar sintomas respiratórios, disfagia, e alterações vocais que podem se manifestar conforme o tipo, concentração e o tempo de exposição ao agente tóxico. Nesse cenário, a maior parte dos estudos existentes são relatos de caso com exposições acidentais ou por tentativas de suicídio, não havendo detalhamento da clínica fonoaudiológica dos pacientes expostos a esses agentes. Nesse escopo, os agrotóxicos cipermetrina e diclorvós são pesticidas amplamente utilizados na agricultura, em campanhas de saúde pública, na medicina veterinária e em ambientes domésticos sendo utilizados em baixas concentrações e por longos períodos de exposição, em especial no uso ocupacional. Todavia, não há estudos que avaliem os efeitos tóxicos desses pesticidas na morfologia das estruturas responsáveis pela mobilidade vocal, especialmente o Nervo Laríngeo Recorrente (NLR), simulando uma exposição ocupacional.

Objetivos: Considerando que as alterações vocais em humanos podem estar relacionadas às alterações na morfometria do NLR, o objetivo deste estudo é avaliar as possíveis alterações na microestrutura do NLR secundárias à exposição inalatória subcrônica aos agrotóxicos diclorvós (organofosforado) e cipermetrina (piretroide) em ratos Wistar.

Método: O protocolo experimental (CEUA: 321/15 e 323/15) foi constituído por 15 ratos Wistar machos, alocados em 3 grupos: controle (n=5, expostos à água, veículo de diluição da formulação), cipermetrina (n=5, expostos à cipermetrina – 1/10 da Concentração Letal Mediana Inalatória [CLMI] - 0.25mg/L) e diclorvós (n=5, expostos ao diclorvós – 1/10 da CLMI - 1.5mg/L). A exposição inalatória ocorreu durante 4h diárias, 5 vezes por semana, por 6 semanas. Os nervos foram coletados e analisados utilizando parâmetros histomorfométricos (densidade das fibras mielinizadas, área intraperineural, número total de fibras mielinizadas, área das fibras mielinizadas, área do âxonio, diâmetro das fibras mielinizadas, diâmetro axonal das fibras mielinizadas, espessura da bainha de mielina, grau de mielinização [g-ratio], porcentagem da área total ocupada pelas fibras mielinizadas, porcentagem da área total ocupada pelo tecido conjuntivo endoneural), mensurados por meio do software ZEN 2.6 (Zeiss – Alemanha). Os resultados foram representados por média e desvio padrão, e comparados por meio do Teste ANOVA de uma via seguido do Teste Bonferroni post hoc, considerando um intervalo de confiança de 95%.

Resultados: Os achados morfométricos do NLR dos grupos cipermetrina e diclorvós evidenciaram alterações significativas (p<0.001, ANOVA) no g-ratio e na espessura da bainha de mielina quando comparados ao controle, embora nenhum dos demais parâmetros avaliados demonstrou diferenças estatisticamente significativas. Estes achados indicam que a exposição inalatória repetida a produtos comerciais de cipermetrina e diclorvós é capaz de alterar a estrutura do NLR e, possivelmente, gerar alterações vocais e/ou disfagia.

Conclusão: A exposição subcrônica inalatória de 1/10 da CLMI da cipermetrina e do diclorvós reduziu significativamente a espessura da bainha de mielina em comparação a avaliação do NLR do grupo controle em modelo animal. Os resultados aqui encontrados são pioneiros e pertinentes para prática clínica fonoaudiológica, visto que tornam relevante a investigação da exposição inalatória a pesticidas na entrevista inicial fonoaudiológica, almejando a orientação sobre uso correto de EPIs ou quanto ao manejo adequado desses produtos.

Allan PF, Abouchahine S, Harvis L, Morris MJ. Progressive vocal cord dysfunction subsequent to a chlorine gas exposure. J Voice 2006;20(2):291-296.

Bae JS. Acute vocal fold palsy after acute disulfiram intoxication. J Voice 2009;23(1):125-127.

Carder M, Seed MJ, Money A, Agius RM, van Tongeren M. Occupational and work-related respiratory disease attributed to cleaning products. Occup Environ Med 2019;76(8):530-536.

de Araújo AJ, de Lima JS, Moreira JC, Jacob S, Soares M, Monteiro MC et al. Multiple exposure to pesticides and impacts on health: a cross-section study of 102 rural workers, Nova Friburgo, Rio de Janeiro State, Brazil. Cien Saude Colet 2007;12(1):115-130.

de Campos D, Heck L, Jotz GP, Xavier LL. Degree of myelination (g-ratio) of the human recurrent laryngeal nerve. Eur Arch Otorhinolaryngol 2014;271(5):1277-1281.

De Matteis S, Heederik D, Burdorf A, Colosio C, Cullinan P, Henneberger PK et al. Current and new challenges in occupational lung diseases. Eur Respir Rev 2017;26(146):170080.

Dixon D, Herbert RA, Kissling GE, Brix AE, Miller RA, Maronpot RR. Summary of chemically induced pulmonary lesions in the National Toxicology Program (NTP) toxicology and carcinogenesis studies. Toxicol Pathol 2008;36(3):428-439.

Erdogan S, Zeren EH, Emre M, Aydin O, Gumurdulu D. Pulmonary effects of deltamethrin inhalation: an experimental study in rats. Ecotoxicol Environ Saf 2006;63(2):318-323.

Hogg G, Goswamy J, Khwaja S, Khwaja N. Laryngeal Trauma Following an Inhalation Injury: A Review and Case Report. J Voice 2017;31(3):388.e27-388.e31.

Indudharan R, Win MN, Noor AR. Laryngeal paralysis in organophosphorous poisoning. J Laryngol Otol 1998;112(1):81-82.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1579
AVALIAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM: APRESENTAÇÃO DE SERVIÇO EM CLÍNICA PARTICULAR ESPECIALIZADA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A avaliação multiprofissional trata de uma análise criteriosa do perfil cognitivo e clínico do paciente a fim de elucidar possíveis causas das dificuldades apresentadas no contexto da aprendizagem. No contexto das dificuldades de aprendizagem, a avaliação da cognição é fundamental. Por isso, a importância da realização da avaliação neuropsicológica, que visa investigar o perfil cognitivo do escolar, observando a relação entre sua funcionalidade cerebral e os comportamentos apresentados. A avaliação fonoaudiológica investiga a audição, a linguagem oral, a fala, a leitura e a escrita. Dentro do processo se dá a avaliação de habilidades auditivas e linguísticas, uma vez que tais habilidades fazem parte do processo de aquisição da leitura e da escrita. A avaliação fonoaudiológica pode ser complementada com a avaliação do processamento auditivo central quando necessário. De acordo com as três áreas trabalhadas na psicopedagogia, temos os aspectos psicomotor, cognitivo/pedagógico e afetivo-social observados dentro da perspectiva da aprendizagem e das habilidades escolares. Há ainda, em alguns casos, a necessidade de outras avaliações pertinentes ao diagnóstico, como nutricionista, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta. Desta forma, a avaliação interdisciplinar do indivíduo proporciona uma investigação em áreas especificas e complementares que favorecem um diagnóstico diferencial, mais preciso e com menor probabilidade de ocorrer erros. Objetivo: Apresentar um método utilizado para investigação do perfil cognitivo e comportamental do menor visando compreender possíveis causas das queixas de baixo rendimento escolar. Método: Após a entrevista inicial realizada por um dos profissionais da equipe: neuropsicóloga, fonoaudióloga ou pedagoga, as informações coletadas são discutidas na equipe e a ordem em que as avaliações ocorrerão é estabelecida. Após o menor passar por avaliação nas três áreas, os achados são discutidos em equipe e elabora-se relatório conjunto com os resultados das avaliações. Ao final, o objetivo é chegar a hipótese diagnóstica e sugerir encaminhamentos e orientações à escola e à família e dar início à reabilitação. Resultados: A integração dessas avaliações pode contribuir para uma visão mais ampla do perfil cognitivo e comportamental do escolar auxiliando não só na precisão diagnóstica, mas também em um prognóstico que resulte em melhora de sua qualidade de vida. Conclusão: os transtornos de aprendizagem devem ser abordados sob enfoque interdisciplinar.

MALLOY-DINIZ, L. F., MATTOS, P., ABREU, N., & FUENTES, D. Neuropsicologia: aplicações clínicas. Artmed Editora; 2015.
PAIN, S. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas; 1885.
CHAMAT, L. S. J. Técnicas de Diagnóstico Psicopedagógico – O diagnóstico clínico na abordagem interacionista. São Paulo: Vetor; 2004.
QUEIROGA, B. A. M. DE, ZORZI, J. L., GARCIA, V. L. (org.) Fonoaudiologia Educacional: reflexões e relatos experiência. Brasília: Editora Kiron; 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1066
AVALIAÇÃO NEUROFUNCIONAL E DESENVOLVIMENTO DE HARDWARE PARA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) é uma das áreas da Tecnologia Assistiva (TA), e tem como objetivo ampliar ou proporcionar habilidades comunicativas de pessoas com necessidades complexas de comunicação. O trabalho envolvendo a CAA pode ser utilizado de diversas maneiras, podendo ser de alta ou baixa tecnologia, de acordo com as limitações do sujeito em questão (SANTOS et. al., 2017). O processo de avaliação para seleção dos recursos da Comunicação Alternativa deve ser feito de forma cuidadosa, para que seja feita a escolha do recurso mais eficiente. Alguns instrumentos de avaliação contribuem para a definição do sistema de CAA, como exemplo, o Protocolo de Avaliação Neurofuncional (GOES et. al., 2017), e uso de equipamentos como o eletromiógrafo, utilizado para confirmar esses achados (MENEZES et. al., 2018). Objetivo: Descrever o processo de avaliação, seleção e testagem de hardware para acesso ao sistema de Comunicação Alternativa em um sujeito com Encefalopatia Crônica não progressiva. Método: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética, com número 15822613.7.0000.5546, 28/12/2013. Para a seleção do sujeito utilizou-se como critérios de inclusão ter entre 3-20 anos e ausência de alterações cognitivas e com dificuldades de comunicação. O paciente foi selecionado no Centro Especializado em Reabilitação (CER), através da entrevista familiar. O sujeito selecionado possuía 12 anos, sexo masculino, alteração motora grave e dificuldades de comunicação. Em seguida, foram realizadas 5 sessões para avaliação neurofuncional e avaliação eletromiográfica, com objetivo de identificar qual grupo muscular do sujeito apresentava um movimento voluntário de suas ações. Com os dados obtidos em avaliação foram feitos atendimentos ao paciente com a participação do fonoaudiólogo e pesquisadores das Ciências da Computação para a construção e adaptação do acionador. Resultados: No período inicial da avaliação, notou-se que o sujeito se comunicava com o sorriso, expressões faciais, algumas vocalizações e não possuía alterações cognitivas. Na etapa seguinte, pesquisadores da Fonoaudiologia e Ciências da Computação fizeram a definição do hardware a partir do grupo muscular selecionado: orbicular do olho, resultado obtido por intermédio do protocolo de Avaliação Neurofuncional. A partir do recrutamento, foi realizada a análise do grupo muscular, utilizando o eletromiógrafo observando os seguintes quesitos: movimento, força e estabilidade, afim de confirmar os achados. Logo após, o hardware foi construído e testado com o paciente e com a colaboração da família. Foi desenvolvido um acionador de baixo custo utilizando óculos, sem lentes e com feixe de luz infravermelho, acionado pelo movimento de piscar de olhos. Posteriormente, com a realização das testagens, foram adicionados botões de controle no hardware, aprimorando as questões de sensibilidade e repetição, facilitando a comunicação do sujeito beneficiado de forma significativa. Conclusão: O processo de avaliação neurofuncional e eletromiografia foi eficaz para a seleção e desenvolvimento do recurso da CAA, evidenciando a melhoria nos aspectos de qualidade de vida e de comunicação do sujeito. A articulação de saberes, e multidisciplinaridade abre um leque de possibilidades comunicativas que se adequa à demanda do sujeito, com um objetivo comum de acesso as diversas formas de se expressar.

Santos R, Sampaio P, Sampaio R, Gutierrez G, Almeida M. Tecnologia assistiva e suas relações com a qualidade de vida de pessoas com deficiência. Revista de terapia ocupacional da universidade de São Paulo [revista online]. 2017 jun. 28(1):54-2. [acesso 11 jul.2020]; Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/107567

Góes U, Menezes E, Givigi R. Protocolo de avaliação neurofuncional como norteador da seleção de ferramentas de CAA em sujeitos com paralisia cerebral. Revista Distúrbios da Comunicação [revista online]. 2017 mar. 29(1):133-143. [acesso 11 jul.2020]; Disponível em: https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/32312

Menezes E, Ralin V, Givigi R. Sinais eletromiográficos como ferramenta de avaliação e hardware para comunicação alternativa. Revista Distúrbios da Comunicação [revista online]. 2018 abr. 30(1): 72-79. [acesso 11 jul 2020]; Disponível em: https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/34382


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1561
AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-AUDITIVA DE VOZES INFANTIS: A TAREFA DE FALA PODE DIFERENCIAR CRIANÇAS COM E SEM LESÃO LARÍNGEA?
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é multifatorial e, por isso, em qualquer período da vida sua avaliação deve ser multidimensional. Há uma grande complexidade na avaliação das vozes infantis, principalmente pelo fato de que as crianças apresentam características anatomofisiológicas muito diferentes das dos adultos1,2,3. Tais aspectos podem gerar desvios vocais considerados comuns às crianças, ou seja, que não indicam a presença de um distúrbio propriamente dito4. Estima-se, por exemplo, que algum grau de soprosidade e/ou rugosidade pode ser considerado esperado nas vozes infantis, fator que está relacionado à fase de desenvolvimento corporal e laríngeo 4,5.Objetivo: identificar se uma tarefa de fala específica, vogal sustentada ou fala encadeada, pode contribuir na suspeita da presença de lesão laríngea em crianças. Método: Estudo observacional, analítico, transversal aprovado pelo comitê de ética da instituição, sob o número 2.440.456. Participaram 44 crianças de um Serviço de Otorrinolaringologia, com idades entre 4 e 11 anos, pré-púberes, que se dividiram nos grupos: Grupo sem lesão laríngea (GSLL): 33 crianças (18 meninos e 15 meninas, média de idade 7,07 anos) com laringe normal; e Grupo com lesão laríngea (GCLL):11 crianças (5 meninos e 6 meninas, média de idade de 7,09 anos) com lesão em pregas vocais de origem comportamental (nódulos, cisto ou edema). Foram gravadas amostras de emissão sustentada (vogal é) e encadeada (e contagem de números de 1 a 10) e realizada avaliação perceptivo-auditiva por uma fonoaudióloga especialista em voz, que analisou as amostras separadamente (inicialmente todas as emissões sustentadas e, após, todas as emissões encadeadas). A juíza considerou o grau geral de desvio vocal (G) por meio de escala numérica de três pontos (0 ausência de desvio; 1 desvio discreto; 2 moderado; e 3 intenso) e, além disso, assinalou se, diante de uma situação de triagem, a criança passaria ou falharia segundo o material de fala apresentado (vogal ou números). Resultados: Houve diferença entre os grupos quanto ao grau geral do desvio vocal apenas para tarefa de emissão de números, com predomínio de desvios discretos no GSLL e moderados no GCLL. Quanto ao resultado da triagem, houve diferença entre os grupos para a tarefa de contagem, com mais falhas no GCLL. Os grupos foram semelhantes na tarefa de vogal, tanto no que se refere à intensidade do desvio quanto ao resultado da triagem. A maior parte das crianças do GCLL falhou em ambas as tarefas na situação de triagem vocal, com diferença em relação às crianças do GSLL que, em geral, falharam em apenas uma tarefa. Conclusão: A tarefa de contagem de números contribui para a diferenciação auditiva de crianças com e sem lesão laríngea, por identificar desvios de maior intensidade em crianças com lesão. Já a emissão sustentada de vogais se apresenta de forma semelhante entre esses dois grupos, com predomínio de desvios discretos e (ou) moderados em ambos e, portanto, não se mostra válida para diferenciá-los. Em situação de triagem vocal, crianças com lesão laríngea falham tanto na emissão sustentada quanto encadeada, diferentemente das crianças sem lesão, que comumente falham em apenas uma das tarefas.

1.Stathopoulos ET, Sapienza C. Respiratory and laryngeal measures of children during vocal intensity variation. J Acoust Soc Am. 1993; 94 (5): 2531–43.
2.Lopes LW, Lima ILB, Almeida LNA, Cavalcante DP, Almeida AAF. Severity of voice disorders in children: correlations between perceptual and acoustic data. J Voice. 2012; 26(6): 819.e7- e12.
3.Mcallister A, Sjolander P. Children's voice and voice disorders. Semin Speech Lang. 2013; 34(2): 71-9.
4.Lopes LW, Lima ILB, Almeida LNA, Azevedo, EHM, Silva MFBL, Silva POC. Análise acústica de vozes infantis: contribuições do diagrama de desvio fonatório. Rev. CEFAC.2015; 17(4): 1173-83.
5.Tavares EM, Brasolotto A, Santana MF, Padovan CA, Martins RHG. Epidemiological study of dysphonia in 4-12 year-old children. Braz J Otorhinolaryngol. 2011; 77(6): 736-46.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
843
AVALIAÇÃO SUBJETIVA DE INSÔNIA E SONOLÊNCIA DIURNA EXCESSIVA EM ADULTOS: REVISÃO SISTEMÁTICA DOS QUESTIONÁRIOS NA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Apesar da competência da polissonografia, se faz necessária também a utilização de meios subjetivos de avaliação, como questionários para mensuração dos sintomas e triagem de alterações do sono. Isto porque, o acesso para realização da polissonografia nem sempre é possível, de modo que os questionários podem ser úteis para identificar alterações do sono. Objetivo: Investigar questionários que avaliam insônia e sonolência diurna excessiva que estão disponíveis no português do Brasil. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática nas interfaces BVSalud e Google Acadêmico, com os cruzamentos de “Inquéritos e Questionários/Surveys and Questionnaires” com as palavras-chave “insônia”, “sonolência” e “distúrbios do sono por sonolência excessiva”. A revisão sistemática foi registrada no PROSPERO sob o número do protocolo CRD177161. Os critérios de inclusão foram artigos que publicaram questionários na íntegra visando a mensuração de algum parâmetro subjetivo de insônia e sonolência diurna excessiva. Foram excluídos os artigos que não estiveram disponíveis na íntegra pelo sistema VPN e que eram do tipo de revisão de literatura. Resultados: Para a presente pesquisa foram incluídos 10 artigos, publicados entre 2006 e 2019, que abrangeram quatro questionários que mensuram de forma subjetiva da sonolência e insônia em adultos. Desses questionários, o mais utilizado foi a Escala de Sonolência de Epworth, descrito em 8 artigos, e os menos utilizados foram o Índice de Gravidade de Insônia (IGI), a Escala de Sonolência de Stanford e o Inventário de Atividade Sono-Vigília. Cada um desses questionários foram utilizados em apenas 1 pesquisa. A Escala de Sonolência de Epworth é utilizada para a avaliação subjetiva da sonolência diurna e é capaz de diferenciar indivíduos sem sonolência daqueles com sonolência excessiva. Consiste em um questionário que avalia a probabilidade de o entrevistado cochilar em oito situações habituais. O Índice de Gravidade de Insônia avalia especificamente os sintomas subjetivos da insônia, bem como o grau de preocupação e as dificuldades geradas pelo sono. A Escala de Sonolência de Stanford é constituída de um único item no qual o entrevistado seleciona uma das sete melhores situações que representa sua percepção do nível de sonolência. Verifica sete diferentes estados de sonolência em cerca de 1 a 2 minutos. O Inventário de Atividade Sono-Vigília é um questionário multidimensional subjetivo, concebido para mensurar a sonolência. Consiste em 59 itens que fornecem seis subescalas: sonolência excessiva diurna, sono noturno, capacidade de relaxar, nível de energia, desejabilidade social e sofrimento psíquico. Conclusão: Foram localizados quatro questionários utilizados no português do Brasil, sendo três específicos para mensurar a sonolência diurna excessiva e um específico para a insônia. Este tipo de padronização de questionário se faz importante para a utilização na clínica dos profissionais certificados em sono, além da utilização em pesquisas científicas para comparação entre diversas populações, considerando o Brasil, um país com dimensões continentais.

Narciso FV, Teixeira CW, Silva LO. et al. Maquinistas ferroviários: trabalho em turnos e repercussões na saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 2014; 39(130): 198-209.
Pissulin FDM, Pacagnelli FL, Aldá MA, Beneti R, Barros JL, Minamoto ST. et al. Tríade síndrome da apneia obstrutiva do sono, DPOC e obesidade: sensibilidade de escalas de sono e de questionários respiratórios. J Bras Pneumol. 2018;44(3):202 206.
Silva CICF. A sonolência diurna excessiva em estudantes do 1º ano do ensino superior. 2013 Dissertação (Mestrado em Psicologia) Universidade Fernando Pessoa. Porto, 2013.
Silveira JA , Oliveira KT, Batista RA, Ferreira LS, Couto HA. Impacto da sonolência excessiva na qualidade de vida e a influência do regime de turno de trabalho. Rev Med Minas Gerais 2010; 20(2): 203-211.
Silva JFC, Marques EM, Nobre TTX, Bezerra INM, Lima JCS. Doenças crônicas e sonolência diurna excessiva em pessoas idosas. Rev Bras Promoç Saúde. 2018; 31(3): 1-10.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
739
AVALIAÇÃO SUBJETIVA DE QUALIDADE DO SONO EM ADULTOS: REVISÃO SISTEMÁTICA DOS QUESTIONÁRIOS NA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O exame de polissonografia é considerado padrão ouro para o diagnóstico de distúrbios do sono, e pode ser complementado com as informações de questionários de avaliação subjetiva do sono. Objetivo: investigar quais questionários estão disponíveis no português do Brasil para avaliar parâmetros subjetivos relacionados à qualidade do sono em adultos. Métodos: A revisão sistemática foi realizada nas interfaces BVSalud e Google Acadêmico, com os cruzamentos de “Inquéritos e Questionários/Surveys and Questionnaires” com as palavras-chave “qualidade de vida e sono”. A revisão sistemática foi registrada no PROSPERO sob o número CRD177161. Os critérios de inclusão foram artigos que publicaram na integra questionários que mensuram tais parâmetros subjetivos de qualidade e distúrbios do sono. Foram excluídos os artigos que não estiveram disponíveis na íntegra pelo sistema VPN e que eram do tipo de revisão de literatura. Resultados: Para a presente pesquisa foram incluídos 35 artigos, publicados entre 2006 e 2020, que incluíram cinco questionários que mensuram de forma subjetiva a qualidade do sono. O questionário mais utilizado foi o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh em 35 artigos. Esse questionário é utilizado para fornecer informações quanto à gravidade e natureza do transtorno, ou seja, informações quantitativas e qualitativas sobre o sono, e avalia a qualidade do sono nos últimos 30 dias, sendo composto por 19 perguntas autoavaliadas e cinco direcionadas aos cônjuges ou parceiros de quarto. O menos utilizado foi Questionário de Cronotipo, apenas em 1 artigo. É utilizado nos estudos do ciclo vigília-sono, sendo composto pelos seguintes critérios: horários preferenciais de acordar e dormir; horários de maior disposição para atividades físicas e intelectuais; grau de dificuldade com que a pessoa executa determinadas tarefas em determinados horários e a autoclassificação da pessoa em um dos cinco tipos de cronotipo (matutino, moderadamente matutino, indiferente, moderadamente vespertino e vespertino). O Protocolo Pós-Sono, foi utilizado por 2 artigos na pesquisa. Avalia três categorias: pré-sono, durante o sono e pós-sono, Todas as questões são ancoradas nos extremos com afirmações opostas de mau e bom sono, com escala de 1 a 13. O Questionário de Avaliação do Sono, foi utilizado por 2 artigos incluídos nessa pesquisa. Tem o objetivo de determinar as desordens de sono primárias e anormalidades do sono em estudos epidemiológicos, Os quatro fatores que são identificados no SAQ são os seguintes: (i) sono não restaurador, (ii) distúrbio do sono, (iii) apneia do sono, e (iv) hipersonolência. O Mini Sleep Questionnaire, foi utilizado por 2 artigos incluídos nessa pesquisa. Esse questionário foi padronizado e utilizado no Brasil e é realizado quando há suspeita de consequências do comprometimento do sono e das perturbações oriundas das doenças de Alzheimer, pode ocorrer um prejuízo na qualidade de vida dos pacientes. Conclusão: Foram localizados cinco questionários com o intuito de avaliar a qualidade de sono: Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh, Questionário de Cronotipo, Protocolo Pós-Sono, Questionário de Avaliação do Sono e Mini Sleep Questionnaire.

1. Silva NKC, Oliveira MLC. Fatores que interferem no sono dos alunos idosos da Universidade da Maturidade (UMA), na cidade de Palmas (TO). Revista Kairós Gerontologia, 2015; 18(1):129-150.
2. Stuginski-Barbosa J, Porporatti AL, Costa YM, Svensson P, Conti PCR. Agreement of the International Classification of Sleep Disorders Criteria with polysomnography for sleep bruxism diagnosis: A preliminary study. The Journal of Prosthetic Dentistry. 2017; 117(1): 61-66.
3. Tessaro M, Navarro-Peternella FM. Repercussões da qualidade do sono na vida de mulheres com insônia. Fisioter Mov. 2015 Oct/Dec;28(4):693-700.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
999
AVALIAÇÃO SUBJETIVA DO RISCO PARA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO: REVISÃO SISTEMÁTICA DOS QUESTIONÁRIOS NA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


AVALIAÇÃO SUBJETIVA DO RISCO PARA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO: REVISÃO SISTEMÁTICA DOS QUESTIONÁRIOS NA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL

Aline Sousa e Silva, Eliziane Maria de Jesus, Jéssica Faustino Aires, Leticia Dominguez Campos, Camila de Castro Corrêa

Introdução: O sono é uma necessidade fisiológica do organismo humano, viabilizando a manutenção de energia. A monitorização da qualidade de sono e alguns sintomas relacionados à possíveis alterações se faz importante, para direcionar os pacientes ao profissional apto a realizar o diagnóstico dos distúrbios do sono. Objetivo: investigar questionários que avaliam o risco para apneia obstrutiva do sono (AOS), disponíveis no português do Brasil. Métodos: A revisão sistemática foi realizada nas interfaces BVSalud e Google Acadêmico, com os cruzamentos de “Inquéritos e Questionários/Surveys and Questionnaires” e “apneia obstrutiva do sono/Sleep Apnea, Obstructive”. Esta revisão sistemática foi registrada no PROSPERO, sob o número de protocolo CRD177161. Os critérios de inclusão para esta pesquisa foram artigos que publicaram questionários na íntegra visando a mensuração de algum parâmetro subjetivo da Apneia Obstrutiva do Sono em adultos. Foram excluídos os artigos do tipo revisão literária e que não estavam disponíveis na íntegra pelo sistema VPN. Resultados: Foram incluídos 8 artigos na presente pesquisa, publicados entre 2013 e 2018, que mensuram de forma subjetiva o risco para AOS em adultos, por meio de 2 diferentes questionários. O mais utilizado foi o de Berlim, em 5 artigos. O Questionário de Berlim é composto por três categorias de perguntas que investigam ronco, cansaço, fadiga, presença de hipertensão arterial sistêmica ou obesidade e estima a chance de desenvolver AOS. São considerados de alto risco para AOS indivíduos que preencham os critérios de duas das três categorias analisadas. Trata-se de um questionário de grande utilidade para triagem nas redes primarias de saúde. O segundo questionário localizado foi o STOP-BANG, utilizado em 4 artigos. O questionário atua como uma triagem simples e autoaplicável, para pacientes com possível diagnóstico de AOS. Avalia a presença ou ausência de sintomas, como: cansaço, sonolência, fadiga, ronco, apneias observadas, hipertensão, bem como a idade, índice de massa corporal, circunferência do pescoço e o fato de ser do sexo masculino. O questionário apresenta 8 itens com respostas do tipo sim/não, com um escore total que varia de 0 a 8. Uma pontuação maior ou igual a 3 está relacionada a alta sensibilidade para detecção de apneia obstrutiva do sono e uma pontuação entre 5 a 8 se associa a alta probabilidade de AOS moderada a grave. Conclusão: Desta forma, foram localizados os questionários Berlim e STOP-BANG que apresentam o objetivo de mensurar o risco para AOS em adultos, aplicados no português do Brasil. Este perfil de questionário tem relevância no que se refere, por exemplo, na otimização de filas de espera para realização do exame padrão ouro de diagnóstico, a polissonografia, no Sistema Único de Saúde.

REFERÊNCIAS
1. Duarte RLM, Fonseca LBM, Magalhães-da-Silveira FJ, Silveira EA, Rabahi MF. Validação do questionário STOP-Bang para a identificação de apneia obstrutiva do sono em adultos no Brasil. J Bras Pneumol. 2017;43(6):456-463.
2. Gonçalves G.K. Comparação entre a estratificação de risco da presença da apneia obstrutiva do sono em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca por diferentes instrumentos de avaliação.TCC(Fisioterapia) Universidade Santa Crus do Sul. Santa Crus do Sul, 2018.
3. Miranda ACB, Negri FEFO. Síndrome da Apneia do Sono em Pacientes do Ambulatório de Cardiologia de um Hospital Universitário. Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba [monografia]. 2016.
4. Oliveira GP, Vago ERL, Prado GF, Coelho FMS. A influência crítica das queixas respiratórias noturnas na qualidade final do sono após acidente vascular cerebral: índice de qualidade de sono de Pittsburgh e STOP-BANG. Arq Neuropsiquiatr 2017; 75(11):785-8.
5. Pissulin FDM, Pacagnelli FL, Aldá MA, Beneti R, Barros JL, Minamoto ST. et al. Tríade síndrome da apneia obstrutiva do sono, DPOC e obesidade: sensibilidade de escalas de sono e de questionários respiratórios. J Bras Pneumol. 2018;44(3):202-206.
6. Silva A, Pereira H, Xará D, Mendonça J, Cunha I, Santos A. et al. Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono e complicações respiratórias pós-operatórias. Rev Soc Port Anestesiol. 2013; 22(3): 66-73.
7. Silva KV, Rosa MLG, Jorge AJL, Leite AR, Correia DMS, Silva DS. et al. Prevalência de Risco para Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono e Associação com Fatores de Risco na Atenção Primária. Arq Bras Cardiol. 2016; 106(6):474-480.
8. Xavier SD, Moraes JP, Eckley CA. Prevalência de sintomas e sinais de refluxo laringofaríngeo em pacientes roncadores com suspeita de síndrome da apneia obstrutiva do sono. Braz J Otorhinolaryngol. 2013; 79(5):589-93.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
2092
AVALIAÇÃO VOCAL MULTIDIMENSIONAL DA TERAPIA ETVSO E TREINAMENTO DO CORAL EM INDIVÍDUOS ANÕES COM DEFICIÊNCIA ISOLADA DO HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (DIGH)
Tese
Voz (VOZ)


Introdução: a voz é uma das características mais marcantes da identidade de cada pessoa. No nordeste do Brasil, há uma coorte de indivíduos anões com deficiência congênita e isolada do hormônio do crescimento (DIGH), caracterizada por baixa estatura proporcionada, massa muscular reduzida, eixo gonadal normal1; constrição laríngea, sinais de refluxo laringofaríngeo2, voz aguda, valores elevados da frequência fundamental (f0)3 , e de formantes (F)4 relacionados mais às medidas cefalométricas de maxila e mandíbula5 do que à largura das vias aéreas da faringe, que não é reduzida na DIGH6. Apesar da qualidade de vida geral satisfatória7, os escores de qualidade de vida e voz (QVV) são reduzidos8, sugerindo que esses indivíduos com DIGH lidam melhor com a baixa estatura do que com a voz. Um estudo piloto de quatro sessões semanais durante 30 dias, efeito pré e pós exercício de trato vocal semiocluído (ETVSO) evidenciou o aumento de F2 e combinada ao treinamento de coral aumento de F1, redução do valor de shimmer. No presente estudo investiga-se o efeito dessa abordagem em 13 sessões durante 90 dias. Objetivo: Avaliar o efeito da intervenção prolongada com terapia ETVSO e treinamento de coral na voz de 17 indivíduos adultos com DIGH. Método: Estudo clínico prospectivo, aprovado Comitê de Ética em Pesquisa (número CAAE: 74171317.8.00000.5546). A intervenção inclui Terapia vocal ETVSO fonação em tubo de silicone com resistência na água (35 cm de comprimento e 0,9 cm de diâmetro)9 e treinamento de coral. A avaliação vocal multidimensional abrange: análise acústica (PRAAT), análise perceptivo-auditiva (escala GRBAS), protocolo QVV e autoavaliação da voz. Tarefas fonatórias de emissão sustentada da vogal [Ԑ] e fala encadeada contagem 1 a 10. Comparação de dados pré e pós-intervenção mediante teste T e de Wilcoxon para distribuição normal e não normal respectivamente, coeficiente alfa de Cronbach (0,70 a 0,90) teste de confiabilidade GRBAS, teste de McNemar, p < 0,05 e poder de 0,8 autoavaliação vocal. Resultados: A intervenção vocal reduziu significativamente o F2 (p= 0,046) e o jitter (p= 0,048). A escala GRBAS evidenciou redução no grau geral de desvio vocal (p= 0,0001), rouquidão/aspereza (p= 0,0001), soprosidade (p= 0,0001) e tensão (p= 0,0001). Aumento dos escores QVV total (p= 0,0001), físico (p = 0,0002) e socioemocional (p= 0,0001) e da autoavaliação vocal boa a excelente a (p= 0,004). Conclusão: Na voz de indivíduos com DIGH a intervenção vocal prolongada proporcionou redução de F2 e sugere possíveis ajustes na cavidade oral anterior, e deslocamento horizontal da língua, redução de jitter, na GRBAS ausência e redução do grau geral do desvio vocal, rouquidão/aspereza e tensão, impacto vocal positivo no escore de qualidade de vida ,autoavaliação vocal boa a excelente. f0 de 188 (33Hz) próximo a adultos sem DIGH10 a manutenção de valores elevados de F1 e F3 provavelmente reflete mais aos tecidos duros, F4 ao tubo laríngeo menos responsivo a esse protocolo. Essa intervenção foi capaz de alterar um achado físico de um traço genético, a voz, sem o uso de de terapia de reposição de GH.

1. Aguiar-Oliveira MH, Souza AHO, Oliveira CRP, Campos VC, Oliveira-Neto LA, Salvatori R. The multiple facets of GHRH/GH/IGF-I axis: lessons from lifetime, untreated, isolated GH deficiency due to a GHRH receptor gene mutation. Eur J Endocrinol. 2017; 177 (2):85–97.
2. Barreto VMP, D’avila JS, Sales NJ, Gonçalves MIR, Seabra JD, Salvatori R, Aguiar-Oliveira MH. Laryngeal and vocal evaluation in untreated growth hormone deficient adults. Otolaryngol Head Neck Surg. 2009; 140:37-42.
3. Valença EH, Souza AH, Oliveira AH, Valença SL, Salvatori R, Gonçalves MI, Oliveira-Neto LA, Barros AD, Nascimento UN, Oliveira CR, Cardoso DF, Melo VA, Aguiar-Oliveira MH. Voice quality in short stature with and without GH deficiency. J Voice. 2012;26(5):673.e13–673.e19.
4. Valença EHO, Salvatori R, Souza AHO, Oliveira-Neto LA, Oliveira AHA, Gonçalves MIR, Oliveira CRP, D’avila JS, Melo VA, Carvalho S, Andrade BMR, Nascimento LS, Rocha SBV, Ribeiro TR, Prado-Barreto VM, Melo EV, Aguiar-Oliveira MH. Voice Formants in Individuals with Congenital, Isolated, Lifetime Growth Hormone Deficiency. J Voice. 2016; 30(3):281-6.
5. Oliveira-Neto LA, Melo MFB, Franco AA, Oliveira AH, Souza AHO, Valenca EH, Britto IM, Salvatori R, Aguiar-Oliveira MH. Cephalometric features in isolated growth hormone deficiency. Angle Orthod.2011;81(4):578–583.
6. Reinheimer DM, Andrade BMR, Nascimento JKF, Fonte JBM, Araújo IMP, Martins-Filho PRS, Salvatori R, Valença EH, Oliveira AHA, Aguiar-Oliveira MH, Oliveira-Neto LA. Formant Frequencies, Cephalometric Measures, and Pharyngeal Airway Width in Adults with Congenital, Isolated, and Untreated Growth Hormone Deficiency. J Voice. 2019. doi: 10.1016/j.jvoice.2019.04.014.
7. Barbosa JA, Salvatori R, Oliveira CR, Pereira RM, Farias CT, Britto AV, Farias NT, Blackford A, Aguiar-Oliveira MH. Quality of life in congenital, untreated, lifetime isolated growth hormone deficiency. Psychoneuroendocrinology.2009;34(6): 894–900.
8. De Andrade BMR, Valença EHO, Salvatori R, Souza AHO, Oliveira-Neto LA, Oliveira AHA, Melo EV, Andrade MS, Freitas CA, Santos M, Custódio FA, Monteiro GC, Carvalho S, Aguiar-Oliveira MH. Effects of Therapy with Semi-occluded Vocal Tract and Choir Training on Voice in Adult Individuals with Congenital, Isolated, Untreated Growth Hormone Deficiency. J Voice. 2019;(33) 5: 808.e1-808.e5.
9. Sihvo M. Lax Vox tube. In: 7th Pan European Voice Conference – PEVOC; 2007 Aug 29-Spt 1; Groningen. Proceedings. Groningen: Pan European Voice Conferences; 2007. [acesso em 2016 jun 8]. Disponível em: http://www.pevoc.org/pevoc07/index.htm.
10. Viegas F, Viegas D, Guimarães GS, Souza MMG, Luiz RR, Simões-Zenari M, Nemr K. Comparison of fundamental frequency and formants frequency measurements in two speech tasks. Rev. CEFAC. 2019;21(6):e12819.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1679
AVALIAÇÕES DA FALA POR MEIO DA TELESSAÚDE: RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: No ano de 2020, o Conselho Federal de Fonoaudiologia recomendou a atuação profissional por meio de teleconsulta e telemonitoramento, em condições emergências, como em casos de pandemia, fazendo uso da tecnologia como forma de atendimento1. Sendo assim, fonoaudiólogos do país puderam realizar Teleconsulta e Telemonitoramento em Fonoaudiologia viabilizando a manutenção dos serviços fonoaudiológicos para a população. A recomendação inclui a possibilidade de realização da avaliação clínica, inclusive a de fala. Sabe-se que a avaliação é essencial para a reabilitação fonoaudiológica adequada dos pacientes e pode reduzir os impactos negativos gerados 2-3. Objetivo: Verificar se os fonoaudiólogos clínicos do país estão realizando avaliações de fala por meio da Telessaúde e como estão fazendo. Método: Essa pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número 3.912.480. Fonoaudiólogos atuando na clínica responderam a um questionário online elaborado na plataforma Google Forms®. Esse questionário foi encaminhado para todos os contatos das autoras durante o mês de julho/2020. Foi questionado se o fonoaudiólogo estava realizando atendimento de forma presencial e se realizou/realiza atendimento por meio da Telessaúde. Caso tenha realizado, se realizou alguma avaliação de fala por meio de teleatendimento e, novamente, caso positivo, como realizou a avaliação, o que utilizou para avaliar e qual foi seu público-alvo. Para finalizar, foi questionado qual a opinião do profissional sobre a viabilidade da realização e sobre a efetividade da avaliação por meio da Telessaúde, quando comparada à avaliação presencial. A análise das respostas foi realizada pela própria plataforma onde o questionário estava hospedado. Resultados: Os resultados preliminares indicaram que 174 fonoaudiólogos responderam ao questionário. Deste número, 35,2% respondeu que não continua atendendo presencialmente. A partir desta porcentagem, 73,3% referiu que realiza/realizou atendimento por Telessaúde e 21,2% realizou a avaliação de fala por esse meio. A maioria dos fonoaudiólogos relatou que realizou a avaliação por meio da gravação de vídeo e áudio do paciente e pelo compartilhamento de tela com figuras para nomeação e 88,6% realizou avaliação com crianças. Por fim, 62,4% respondeu que é viável realizar a avaliação da fala online e a maioria referiu que a avaliação da fala realizada por meio da Telessaúde não tem a mesma efetividade que a avaliação presencial. Conclusão: Por meio dos resultados preliminares, pode-se concluir que poucos fonoaudiólogos realizaram atendimento por meio da Telessaúde e uma minoria realizou avaliação da fala por esse meio. Os que realizaram avaliação referiram que a fizeram por meio da gravação em vídeo ou áudio do paciente, em meio espontâneo ou condicionado para nomeação de figuras. Além disso, os fonoaudiólogos opinaram que é viável realizar avaliação de fala online, porém, dependendo do caso, não tem a mesma efetividade que a avaliação realizada presencialmente. Cabe ressaltar que os instrumentos de avaliação formais não são adequados para telessaúde, sendo necessário que o fonoaudiólogo realize uma adaptação para aplicar o teste.

1 Recomendação Conselho Federal de Fonoaudiologia nº 18-B, de 17 de março de 2020.
2 Abou-Elsaad T, Baz H, El-Banna M. Developing an articulation test for Arabic-speaking school-age children. Folia Phoniatr Logop. 2009, 61(5):275-82.
3 McLeod S, Verdon S. A review of 30 speech assessments in 19 languages other than English. Am J Speech Lang Pathol. 2014;23(4):708-23.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1365
AVALIAÇÃO DA COGNIÇÃO EM INDIVÍDUOS COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é um distúrbio caracterizado por episódios de obstrução parcial ou completa da via aérea durante o sono, causando redução e/ou interrupção da passagem de ar para os pulmões1,2.Consequências relevantes para o indivíduo apneico são as alterações respiratórias e metabólicas3,4, as alterações miofuncionais orofaciais5 e o maior risco de ocorrer complicações cardiovasculares3,4, as quais podem gerar um comprometimento cognitivo1,3. O sono é imprescindível para o bom funcionamento dos processos cognitivos6. Estudos mostram que diferentes estágios do sono, como o REM (Rapid Eye Moviment) e o NREM 3 (Not Rapid Eye Moviment) são fundamentais para as habilidades cognitivas e que indivíduos com alterações na microestrutura do sono podem possuir disfunções cognitivas7,8. Sendo assim, indivíduos com AOS podem possuir déficits cognitivos em decorrência da diminuição da oxigenação dos tecidos1. Objetivo: Avaliar aspectos cognitivos de indivíduos com AOS. Metodologia: Estudo transversal do tipo descritivo, aprovado pelo CEP da instituição de origem, sob o nº 3300676. A amostra desta pesquisa foi composta por indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 80 anos, com queixa de ronco e que tivessem realizado o exame de polissonografia, num hospital público, no período de abril de 2018 a abril de 2019, tendo obtido o diagnóstico de AOS . Os sujeitos foram contatados por telefone e convidados para participarem da pesquisa, na qual foi aplicado o teste Montreal Cognitive Assessment – versão brasileira (MoCA)9 . O teste MoCA é composto por uma única página e suas tarefas abrangem diversos domínios cognitivos, levando em torno de 10 minutos para ser aplicado. Cada teste possui uma pontuação específica, sendo 30 pontos o escore máximo do protocolo. Uma pontuação igual ou superior a 26 é considerada normal. Resultados: Foram avaliados 20 pacientes, com média de 60,15 anos, variando entre 39 e 71 anos. 55% da amostra tinha mais de 60 anos. Houve equiparidade entre os sexos. A respeito da escolaridade medida em anos de estudo, 25% dos participantes tinham entre 1 a 8 anos; 50% tinham entre 8 a 11 anos e 25% tinham acima de 11 anos de estudo; Em relação ao grau de AOS, 35% dos pacientes apresentaram grau leve, 45% grau moderado e 20% grau grave. Foi observado que os indivíduos com AOS apresentaram mais dificuldade na realização de tarefas que envolvam as funções cognitivas de função executiva, habilidades visuoespaciais, memória e linguagem, corroborando com estudos que apresentam esses domínios dentre os afetados pela população apnéica2,10. Conclusão: O estudo evidenciou que os indivíduos apnéicos possuem dificuldade de execução nas tarefas propostas nos testes. Apesar da pertinência desses resultados encontrados e de sua relação com a literatura, a amostra restrita deste estudo é uma limitação para a generalização dos achados, sendo sugerido aumento do número amostral para estudos futuros. Entretanto, para os fonoaudiólogos que atuam na reabilitação de indivíduos com apneia, esse estudo se mostra relevante, pois agrega conhecimento sobre as características cognitivas desse transtorno respiratório que podem ser trabalhadas durante a terapia.

1. Olaithe, M., Bucks, R. S., Hillman, D. R., & Eastwood, P. R. Cognitive deficits in obstructive sleep apnea: Insights from a meta-review and comparison with deficits observed in COPD, insomnia, and sleep deprivation. Sleep Medicine Reviews. 2018; 38, 39–49.

2. Gagnon K, Baril AA, Gagnon JF, Fortin M, Décary A, Lafond C. Cognitive impairment in obstructive sleep apnea. Pathol Biol (Paris). 2014; 62(5): 233–240.

3. Lévy P, Kohler M, McNicholas WT, et al. Obstructive sleep apnoea syndrome. Nature Reviews Disease Primers. 2015; 15015.

4. Kapur, V. K., Auckley, D. H., Chowdhuri, S., Kuhlmann, D. C., Mehra, R., Ramar, K, et al. Clinical practice guideline for diagnostic testing for adult obstructive sleep apnea: an american academy of sleep medicine clinical practice guideline. Journal of Clinical Sleep Medicine. 2017; 13(03), 479–504.

5. Miranda, V. S. G., Buffon, G., & Vidor, D. C. G. M. Perfil miofuncional orofacial de pacientes com distúrbios do sono: relação com resultado da polissonografia. CoDAS. 2019.

6. Zerouali, Y., Jemel, B., & Godbout, R. The effects of early and late night partial sleep deprivation on automatic and selective attention: An ERP study. Brain Research. 2010; 1308, 87–99;

7. Poe, G. R., Walsh, C. M., & Bjorness, T. E. Cognitive neuroscience of sleep. Progress in Brain Research. 2010; 1–19.

8. Li, N., Wang, J., Wang, D., Wang, Q., Han, F., Jyothi, K., & Chen, R. Correlation of sleep microstructure with daytime sleepiness and cognitive function in young and middle-aged adults with obstructive sleep apnea syndrome. European Archives of Oto-Rhino-Laryngology. 2019.

9. Sarmento, A. L. R. Apresentação e aplicabilidade da versão brasileira da MoCA (Montreal Cognitive Assessment) para rastreio de Comprometimento Cognitivo Leve. Dissertação (Mestrado). 2009; Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo.

10. Daurat, A., Sarhane, M., & Tiberge, M. Syndrome d’apnées obstructives du sommeil et cognition : une revue. Neurophysiologie Clinique/Clinical Neurophysiology. 2016; 46(3), 201–215


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1073
BANCO DE LEITE HUMANO E A FONOAUDIOLOGIA: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO NA SAÚDE MATERNO-INFANTIL
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: o Banco de Leite Humano é vinculado a um hospital materno infantil, contendo um centro especializado no processo de coleta, seleção, classificação, processamento e distribuição do leite. Atualmente, há no Brasil 223 bancos de leite humano e 208 postos de coletas. Nesse contexto, a Fonoaudiologia pode contribuir no suporte às mães, especialmente durante o estabelecimento da amamentação exclusiva. Por se tratar de um espaço de atuação multidisciplinar para incentivar o aleitamento materno, os bancos de leite compõem a rede de apoio estratégico de promoção, prevenção e apoio à amamentação. Objetivo: relatar as possibilidades de atuação fonoaudiológica em um banco de leite humano. Metodologia: estudo qualitativo do tipo relato de experiência. A vivência ocorreu em março de 2020, em um Banco de Leite Humano de uma maternidade pública de Pernambuco, certificado pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança. As práticas no banco de leite fazem parte do Programa de Pós-Graduação da Residência Multiprofissional em Neonatologia. A experiência compreendeu dois segmentos: atuação técnica e atuação assistencial. Resultados: o espaço de atuação da Fonoaudiologia em um banco de leite pode ser diversificado, podendo abranger a atuação técnica e assistencial, desde o recebimento do leite humano doado até a assistência à puérpera e ao recém-nascido. A equipe instituída pelo banco de leite é composta por médica pediatra, enfermeiros e técnicos em enfermagem, logo a atuação do fonoaudiólogo foi por meio do rodízio do programa de residência. O profissional inserido na equipe técnica pode receber capacitação por meio de cursos em modalidade a distância, oferecidos pelo serviço em parceria com o Ministério da Saúde e o Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz. Capacitado e inserido no corpo técnico de um banco de leite, o fonoaudiólogo pode assumir o processo de controle e qualidade do leite humano, que inicia desde o recebimento do leite até a pasteurização e distribuição na unidade neonatal. Acompanhou-se, nessa vivência, o processo de controle de qualidade do Leite Humano Ordenhado, recebendo a descrição do fluxo, antes do início do processo da pasteurização. Além do processo de pasteurização, o fonoaudiólogo, enquanto integrante da equipe multidisciplinar, pode monitorar o armazenamento do Leite Humano Pasteurizado e gerenciar o estoque. A prática assistencial do fonoaudiólogo é direcionada ao binômio mãe/bebê por meio de consultoria de aleitamento materno, teste da linguinha e avaliação do sistema sensório motor oral. Atividades de educação em saúde também fazem parte do trabalho do profissional do banco de leite uma vez que traz discussões relacionadas ao estabelecimento do aleitamento materno, disfunções orais, alterações orofaciais, importância do teste da linguinha e o olhar para o desenvolvimento neuropsicomotor do recém-nascido evidenciado na caderneta de saúde da criança. Conclusão: através da experiência foi possível identificar o papel do fonoaudiólogo em um banco de leite humano, bem como compreender a necessidade da sua inserção nessas equipes multiprofissionais no âmbito hospitalar. Contudo, não é comum a atuação do fonoaudiólogo como parte da equipe integrante de um banco de leite humano, constituindo assim um espaço a ser conquistado por esse profissional.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
290
BATE PAPO SOBRE AS EMOÇÕES E DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA TERCEIRA IDADE
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
O aumento da expectativa de vida é um fenômeno que envolve diversos fatores, tais como educação, saúde, assistência social, saneamento básico, segurança no trabalho, índices de violência, ausência ou presença de guerras e de conflitos internos. Conforme observado em dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019, a expectativa de vida dos brasileiros está subindo; hoje é de 80 anos para mulheres e 73 para homens. Com o envelhecimento, há a diminuição da capacidade de mitose de algumas células do organismo, gerando um acúmulo de pigmentos intracelulares e alterações no fluido intercelular. Tais alterações podem levar à degeneração de células ciliadas do órgão de Corti; essa degeneração leva à morte celular e resulta em perdas auditivas. Em idosos há, frequentemente, a perda das frequências mais agudas, levando, assim, ao que chamamos de presbiacusia. Com a perda auditiva, é comum que muitas pessoas se isolem do convívio social pela incapacidade de comunicação. Esse isolamento, por sua vez, pode levar a quadros de depressão e irritabilidade.


Objetivo
Relatar uma experiência dos estagiários de Fonoaudiologia em sala de espera em uma Unidade de Saúde da Família do interior de São Paulo.

Método
Este estudo baseia-se em relato de experiência.

Resultados
Inicialmente, os usuários foram abordados pelos estagiários na sala de espera da unidade de saúde; foi solicitado que eles refletissem sobre suas emoções, e escolhessem um mini-cartão que traduzisse o seu estado emocional nas últimas três semanas [havia um total de 66 cartões incluindo 11 emoções distintas, sendo elas: (sentindo-se) cansado, triste, esperançoso, ansioso, desanimado, animado, preocupado, feliz, irritado, com medo, com dor, e vazio]. Após a escolha dos cartões, os estagiários discorreram sobre o tema "emoções" de uma forma bem geral. Em seguida, os estagiários chamaram a atenção para a depressão, principalmente na terceira idade, tecendo comentários sobre os possíveis sinais e sintomas, esclarecendo possíveis dúvidas. Como forma de interação entre os estagiários e os usuários, foi desenvolvido de forma conjunta um cartaz com os dizeres “o que ajuda” e “o que não ajuda” (um indivíduo que sofre depressão); abaixo de tais dizeres havia uma lista dos itens citados pelos usuários (o cartaz ficou anexado em uma parede na sala de recepção por alguns dias). Por fim, foi abordada a importância dos cuidados auditivos e da atenção à pessoa idosa.

Conclusão
A experiência foi extremamente enriquecedora, pois todos os ouvintes se mostraram atentos e participaram ativamente dando bons feedbacks. Uma pessoa que estava na recepção trouxe um autorrelato sobre depressão; ela falou sobre a importância do autocuidado, da autoaceitação e de não sentir vergonha de ter a doença.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
850
BENEFÍCIO DA DESLOCAÇÃO DO MASCARAMENTO EM JOVENS COM AUDIÇÃO NORMAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
50120010


Nas situações cotidianas de comunicação, o ser humano geralmente precisa reconhecer a fala de seu interlocutor (fala alvo) em presença de ruído de fundo, ou mensagens acústicas competitivas, que vem de diferentes fontes sonoras (1). Sabe-se que quando a fonte sonora do som competitivo está posicionada próxima à fonte sonora da fala alvo, o reconhecimento da fala alvo é uma tarefa mais difícil. Ao contrário, o deslocamento das fontes sonoras referentes à mensagem competitiva favorece essa habilidade. Esse fenômeno é conhecido como Spatial Release from Masking (SRM) (2), traduzido aqui como Benefício de Deslocação do Mascaramento (BDM), e ainda pouco explorado em estudos no Brasil. Objetivo do estudo: Analisar o benefício de deslocação do mascaramento (BDM) no reconhecimento da fala em jovens com audição normal. Método: O estudo é descritivo analítico, de corte transversal e de caráter quantitativo. Dez jovens foram selecionados de forma aleatória por conveniência, e submetidos à avaliação audiológica básica para atingir aos critérios de inclusão. Posteriormente, participaram de um teste de reconhecimento de sentenças em Português (Hearing In Noise Test – HINT, na versão brasileira) na presença de mensagem competitiva. O teste foi composto por duas condições: 1) fala alvo e mensagem competitiva apresentados a 0º azimute do indivíduo (posição compartilhada), e 2) fala alvo apresentada a 0º azimute do indivíduo e mensagem competitiva apresentada a 45º azimute do indivíduo (posição separada), ao lado direito e esquerdo. A mensagem competitiva foi apresentada em intensidade constante: 65 dB, e para cada participante, foram determinados três limiares de reconhecimento das sentenças do HINT nas duas condições de teste. Os valores de BDM foram calculados através da diferença entre os limiares obtidos entre a condição compartilhada e a condição separada. Resultados: O BDM foi encontrado em todos os participantes. Em outras palavras, todos apresentaram melhores limiares na condição separada. O valor médio de BDM encontrado foi de 5 dB, variando entre 2,8 e 7,5 dB. Esses resultados demonstram o benefício existente no reconhecimento da fala alvo em quando a fonte de mascaramento é deslocada lateralmente (3). Conclusão: O BDM foi identificado em adultos de audição normal. O estudo sobre esse fenômeno em diferentes faixas etárias e/ou diferentes populações irá contribuir para a compreensão sobre a habilidade de reconhecimento da fala em presença de sons competitivos.

1. Advíncula K, Menezes D, Pacífico F, Griz M. Percepção da fala em presença de ruído competitivo: o efeito da taxa de modulação do ruído mascarante. Audiology - Communication Research 2014, 18(4). 238–44.

2. Ching T, Van Wanrooy E, Dillon H, Carter l. Spatial release from masking in normal-hearing children and children who use hearing aids. The Journal of the Acoustical Society of America, 2011. 129(1): 368–75.

3. Glyde H, Buchholz J. Effect of audibility on spatial release from speech-on-speech masking. The Journal of Acoustical Society of America 2015. 138(5). 3311–9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1236
BENEFÍCIOS DA TERAPIA DE ENTONAÇÃO MELÓDICA (TEM) EM PACIENTES AFÁSICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução:A afasia é um distúrbio de linguagem adquirido após lesão cerebral, que afeta algumas ou todas as modalidades de linguagem: expressão e compreensão da fala, leitura e escrita1. A musicoterapia pode contribuir tanto na reabilitação das habilidades linguísticas dos sujeitos afásicos, facilitando a comunicação verbal e não verbal e fortalecendo as funções neuropsicológicas, quanto na modulação das emoções, melhorando o estado de humor e qualidade de vida2,3. A Terapia da Entonação Melódica (TEM) foi introduzida por Albert e Helm em 1973 com a tentativa de estimular a linguagem expressiva de sujeitos afásicos graves. Entre os fundamentos teóricos dessa terapia, considera-se que as funções intactas do hemisfério direito podem contribuir para a reabilitação dos transtornos de linguagem dos pacientes com lesão no hemisfério esquerdo2.Objetivo: Verificar na literatura especializada por meio de artigos científicos selecionados a aplicabilidade e eficácia daTEM com o apoio da músicaem pacientes com Afasias.Metodologia: Foi realizada ampla pesquisa e selecionados artigos publicados entre 2017 e 2020, indexados nas bases de dados SCIELO, MEDLINE e LILACS. Foram selecionados os seguintes descritores: Afasia, Musicoterapia, Estudos de linguagem.Resultados:A TEM utiliza-se dos aspectos supra-segmentares da fala, ou seja, de elementos prosódicos. Nos casos de afasias expressivas a função do canto é preservada, pois ativa o hemisfério cerebral direito que é o lado contrário a lesão presente em indivíduos afásicos.A música, além de ser agradável para a maioria dos indivíduos, ajuda a estruturar as atividades e os exercícios, dando-lhes significado e criando objetivos concretos e recompensas imediatas3.Os estudos1,2apontam melhora da emissão oral dos indivíduos com afasia, tanto na emissão de frases treinadas quanto não treinadas, bem como na emissão de frases do cotidiano. Quanto aos aspectos linguístico-cognitivo, a compreensão, como também a capacidade de nomear, repetir e sustentar a atenção no discurso melhoraram1,2. Ajudando a aumentar a confiança e motivação, reduzindo os sentimentosnegativos, com melhora de humor. A ativação do sistema dos neurônios espelho explica, também, os resultados positivos obtidos pela musicoterapia na reabilitação3.Esse resultado pode estar associado ao maior número de sessões realizadas, evidenciando a importância da repetição para o tratamento das afasias2. Conclusão:Osestudos desenvolvidos até o momento mostram os benefícios das intervenções com música, particularmente na reabilitação motora de pessoas após acidente vascular cerebral. OTEM demonstrou excelentes resultados para uma nova estruturaçãoda linguagem de pacientes afásicos não fluentes e fluentes, favorecendo a comunicação inclusive de casos crônicos que já passaram pela terapia tradicional,contribuindo também na reinserção social desses indivíduos e melhorando sua qualidade de vida. Foram encontrados poucos artigos brasileirosque abordassem essa temática, necessitando de mais estudos que associem o TEM com a afasia.

Descritores: Afasia, Musicoterapia, Estudos de linguagem

1- ALTMANN, R. F. A., SILVEIRA, A. B., PAGLIARIN, K. C. Intervenção fonoaudiológica na afasia expressiva: Revisão integrativa. AudiolCommun Res. 2019;24:e2100. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2018-2100.
2- LIMA, G. B. S. Terapia Melódica para Reabilitação da Comunicação na Afasia. Universidade de Brasília – UNB; Faculdade de Ceilândia – FCE - Curso de Fonoaudiologia .Brasília – DF, 2018.
3- OLIVEIRA, A. L. R. A aplicação da musicoterapia na reabilitação neurológica do idoso institucionalizado. Universidade Lusíada de Lisboa; Faculdade de Ciências Humanas e Sociais; Instituto de Psicologia e Ciências da Educação - Mestrado em Musicoterapia. Lisboa, 2017.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1386
BIOFEEDBACK ULTRASSONOGRÁFICO DE LÍNGUA: TERAPIA DE FALA ASSOCIADO AO USO DE PRÓTESE BUCOMAXILOFACIAL DEVIDO A SEQUELA DE CÂNCER ORAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O câncer de boca pode acarretar inúmeras sequelas no sistema estomatognático do sujeito a depender da intervenção cirúrgica e de tratamentos adjacentes escolhidos pelo médico (1). As próteses bucomaxilofaciais (PBMF) por sua vez, possibilita a reabilitação desses indivíduos com mutilação facial após tratamento cirúrgico de câncer oral, melhorando a inteligibilidade de fala do sujeito, devido a modificação palatal (2). Somado a este aparato, a terapia de fala associado ao biofeedback por meio da ultrassonografia de língua permite que o sujeito concentre sua atenção nos movimentos da língua para um aprendizado conciso dos ajustes necessários para a melhora da precisão de sua articulação (3). Objetivo: O presente estudo caracterizou a produção de fala de um paciente com histórico de glossectomia total com auxílio de um dispositivo individualizado de acrílico, confeccionado por especialista em PBMF, submetido à intervenção utilizando o biofeedback visual com ultrassonografia. Método: Homem, 45 anos, professor aposentado com diagnóstico de neoplasia de língua do tipo Carcinoma de Células Escamosas. Realizou diversos procedimentos cirúrgicos incluindo glossectomia total, com radioterapia adjuvante, que logo, teve um impacto severo nas funções de deglutição e fala. Durante o atendimento odontológico em conjunto ao fonoaudiológico, o paciente foi encaminhado para especialista em PBMF para confecção de um dispositivo de fala em acrílico. Com a PBMF adaptada, iniciou-se a terapia fonoaudiológica associada ao biofeedback por meio da ultrassonografia de língua, com o intuito de promover o refinamento da produção de fala dos fones fricativos [s] e [∫]. O paciente foi submetido a 10 sessões de terapia associado ao biofeedback visual a partir da ultrassonografia de língua. Para a terapia foram utilizados um aparelho de ultrassom portátil (Mindray M5); computador; sincronizador; caixa de som; e estabilizador de cabeça (Articulate Instruments Ltd). A terapia associada ao biofeedback ultrassonográfico consistiu na estimulação dos segmentos [s] e [ʃ], abordando o contorno da neo-língua relativo ao som alvo isolado, tanto no terapeuta, como no paciente. Foi possível possibilitar ao paciente a visualização o contorno da neo-língua durante a produção de fala a partir do monitor de ultrassom em tempo real. A fim de quantificar melhora do paciente foi usado a avaliação da Porcentagem de Consoantes Corretas e de Inteligibilidade de fala. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos – CEPSH com a aprovação de número 3.686.654 e CAAE: 63084016.8.0000.0121. Resultado: Ao comparar a avaliação de pré e pós tratamento, foi possível identificar melhora significativa quanto ao índice de Porcentagem de Consoantes Corretas, que evoluiu de moderadamente-severo para levemente-moderado, assim como a Inteligibilidade de Fala, que progrediu de insuficiente para regular. Conclusão: Após a confecção do dispositivo de acrílico houve melhora da inteligibilidade de fala do referido paciente da pesquisa. Desta forma, conclui-se que a intervenção tradicional somada ao biofeedback visual, por meio do ultrassom, contribuíram de forma qualitativa o refinamento e o controle neuromotor da nova estrutura da língua após diversas intervenções cirúrgicas.

1. Aquino, RCA., et al. Alterações Fonoaudiológicas E Acesso Ao Fonoaudiólogo Nos Casos De Óbito Por Câncer De Lábio, Cavidade Oral E Orofaringe: Um Estudo Retrospectivo. Rev. Cefac. 2016; 3(18): 737-745.
2. Depprich, R., Naujoks, C., Lind, D., Ommerborn, M., Meyer, U., Kübler, N. R., & Handschel, J. Evaluation of the quality of life of patients with maxillofacial defects after prosthodontic therapy with obturator prostheses. International Journal of Oral and Maxillofacial Surgery. 2011; 40(1), 71–79. doi:10.1016/j.ijom.2010.09.019
3. Blyth, KM., Mccabe, P., Madill, C., & Ballard, KJ. Ultrasound visual feedback in articulation therapy following partial glossectomy. Journal of Communication Disorders. 2016; 61(1), 1–15. doi:10.1016/j.jcomdis.2016.02.004



TRABALHOS CIENTÍFICOS
111
BIOSEGURANÇA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA: UMA QUESTÃO DE RESPEITO E SEGURANÇA
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)
68230000


INTRODUÇÃO: Na assistência, internados em instituições hospitalares é comum a demanda de pacientes com distúrbios de deglutição, sendo este, o foco principal da atuação fonoaudiológica à beira do leito. Muitos pacientes internados também são elegíveis às medidas de precaução de contato por estarem com bactérias de fácil contaminação e propagação. Diante disso, faz-se necessário que a abordagem do profissional fonoaudiólogo também contemple a prática de medidas preventivas, mas sem prejudicar sua conduta profissional. OBJETIVO: Apresentar o perfil de pacientes com demanda para o serviço de Fonoaudiologia e que estejam inseridos no grupo de medidas de precaução em um hospital privado na cidade de Belém-PA. METODOLOGIA: trata-se de uma pesquisa documental de caráter transversal do tipo quantitativa com dados coletados em prontuários de pacientes internados em um hospital particular e que recebiam assistência fonoaudiológica. RESULTADOS: No mês de setembro de 2018 o serviço de Fonoaudiologia atendeu por dia em média 30 pacientes com liberação da equipe médica, sendo destes 12 pacientes elegíveis às medidas de precaução. A idade média dos pacientes com precaução foi de 74 anos (mín.:46; máx.: 93), contemplando 50% do sexo masculino (n=6) e 50% do sexo feminino (n=6). Quanto ao diagnóstico, os mais comuns foram AVEH (41,66%) e pneumonia (25%). Os tipos de bactérias encontrados foram Acinetobacter Baumannii (41,66%), Pseudomonas Aeruginosa (33,33%), Klebsiella Pneumoniae (16,66%) e Enterococcus Faecium (8,33%). Ao correlacionar as variáveis de Data de Internação e Dia de Confirmação de Precaução, identificou-se grande discrepância de tempo, sendo o tempo mínimo de 1 dia e o tempo máximo de 141 dias, não sendo observado uma relação estatisticamente significativa entre ambas as variáveis. Sobre o tipo de precaução, 100% da amostra possuía medidas de precaução de contato, sendo apenas 1 paciente também com medida de precaução respiratória. 33,33% pacientes faziam uso de Polimixina (n=7), 19,04% utilizaram Vancomicina (n=4) e 14,28% Cipro (n=3), além de outros antibióticos como Meronem, Sulfametoxapol e Trimetroprima. Também se pesquisou o diagnóstico fonoaudiológico que estes pacientes apresentaram no dia da avaliação, e pode-se constatar que o mais comum foi de Disfagia Orofaríngea Neurogênica Severa com 75% dos casos (n=9) e Deglutição funcional em 25% dos casos (n=3). CONCLUSÃO: Assim, a demanda de pacientes em serviços de Fonoaudiologia mostrou-se alta em comparação com ao tempo de atendimento que a fonoterapia requer, sendo os pacientes elegíveis às medidas especiais de precaução de contato quase a metade dos pacientes atendidos. Ainda, houve uma pequena relação entre os pacientes com pior prognóstico fonoaudiológico e a incidência dos pacientes com precaução, relação esta que não pode ser clara em virtude no número da amostra, o que justifica a necessidade de mais estudo na área da Fonoaudiologia correlacionados à Biossegurança.


N/A


TRABALHOS CIENTÍFICOS
350
BLOG DE UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA EM AFASIA: ANÁLISE DOS 3 MESES INICIAIS NA PANDEMIA DE COVID-19
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A pandemia de Covid-19 trouxe impactos e a consequente implantação de medidas de prevenção(1). Sendo o distanciamento social a mais extrema(1,2). Assim, alguns serviços precisaram reinventar suas abordagens, a fim de alcançar seu público remotamente. Com um Grupo de Convivência em Afasia (GCA), programa de extensão de uma universidade pública do país, não foi diferente. A criação de um blog foi uma das propostas da equipe, onde foram publicadas atividades para serem realizadas de forma assíncrona.(3, 4) Objetivo: Verificar a repercussão do blog criado para um Grupo de Convivência em Afasia durante o período de pandemia de Covid-19, por meio dos dados do tráfego e visualizações nos 3 meses iniciais. Método: Pesquisa quantitativa, descritiva e transversal, que pauta-se na análise de um blog que foi produzido em uma página na web através da plataforma de criação de sites Wix com o intuito de auxiliar os pacientes participantes de um GCA, que, por conta da pandemia, não poderiam se reunir para realizar as atividades presencialmente, como ocorria semanalmente no período anterior a pandemia. Sendo assim, foram elaboradas atividades para serem feitas individualmente por cada integrante. Os links de acesso para a página do site que possui as atividades foram compartilhados através de um grupo no WhatsApp e na página do Instagram pertencentes ao GCA. Através dos dados fornecidos pela ferramenta de estatística do blog foram coletados o número geral de acessos, origem geográfica dos visitantes e do tráfego, além das publicações com maior impacto. Resultados: Por intermédio da análise dos dados, foi possível verificar o número total de visitas, origem do tráfego, origem geográfica dos visitantes e as publicações com maior número de visitas. O número total de visitas no período entre 17 de março de 2020 até 17 de junho de 2020 foi de 402. A maior parte dos acessos ocorreu nos primeiros 45 dias de funcionamento do blog, coincidindo com o período inicial de isolamento social. Com relação a origem do tráfego, foi verificado que grande parte das visitas se deu por meio da inserção direta do link no navegador, seguido pelos acessos provenientes do Instagram. O que mostrou a importância do compartilhamento nas redes sociais do próprio grupo. Sobre a origem geográfica dos visitantes, constata-se que o blog não está limitado a apenas uma cidade ou região, alcançando as regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, além de abranger outro país, a Espanha. Por fim, as publicações que obtiveram maior repercussão foram realizadas nos meses de março e abril, novamente correspondendo ao início da pandemia. Conclusão: O blog do GCA ressaltou o impacto positivo das plataformas digitais como forma de intervenção durante a pandemia. Ademais, o blog tornou as propostas, que antes eram limitadas ao ambiente físico, mais acessíveis rompendo as fronteiras territoriais.





1. Bezerra A, Silva CEM, Soares FRG, Silva JAM. Fatores associados ao comportamento da população durante o isolamento social na pandemia de COVID-19. Ciênc. Saúde Coletiva, 2020; 25 (supl. 1):2411-2421.

2. Aquino EML, Silveira IH, Pescarini JM, Aquino R, Souza-Filho JA, Rocha AS et al . Medidas de distanciamento social no controle da pandemia de COVID-19: potenciais impactos e desafios no Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva. 2020; 25 (Supl. 1): 2423-2446.

3. Almeida BLOS, Christovam BP, Correia DMS. El uso de blog como estrategia de formación continua en enfermería: una revisión integradora de la literatura. Enfermería Global. 2018; 17(49): 500-528.

4. Anais do XII Salão de Iniciação Científica PUCRS; 03-07 out 2011; Porto Alegre (RS): PUC Rio Grande do Sul; 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
209
BRINQUEDOS ELETRÔNICOS E TRADICIONAIS PODEM INFLUENCIAR AS TROCAS COMUNICATIVAS DAS CRIANÇAS?
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: nos primeiros anos de vida a brincadeira das crianças evolui de ações sensório-motoras à simbólicas, e concomitantemente, se desenvolve a linguagem (1), posto isto, brinquedos oferecidos à criança podem contribuir tanto para o desenvolvimento do simbolismo como para o aumento das trocas comunicativas (2). É frequente a dúvida dos pais na hora da escolha de brinquedos para seus filhos e o quanto eles podem estimular seu desenvolvimento. O tipo de brinquedo oferecido à criança pode facilitar as trocas comunicativas e nas últimas décadas, as atividades lúdicas têm sido modificadas em virtude da influência do avanço tecnológico que possibilitou o aparecimento de inúmeros brinquedos eletrônicos e digitais (3). O novo contexto lúdico trouxe a discussão sobre o quanto estes brinquedos, podem afetar o desenvolvimento da criança. Embora existam pesquisas na área (4,5), a relação entre o uso de brinquedos eletrônicos, telas portáteis e o desenvolvimento da linguagem merece atenção. Objetivo: analisar se o tipo de brinquedo utilizado durante o brincar interfere na qualidade e quantidade de interações comunicativas entre criança e cuidador. Método: o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa - CAAE: 79155817.6.0000.5417. Foram analisadas as interações de 10 crianças entre 18 e 36 meses com seu cuidador (mãe e/ou responsável) por meio da exploração de brinquedos tradicionais (miniaturas de utensílios domésticos, cômodos da casa, ferramentas, bonecos) e eletrônicos (“baby laptop”, “dancing robot toy”, piano musical). Cada tipo de interação foi registrado em vídeo por 20 minutos em momentos lúdicos distintos. As gravações foram transcritas e analisadas. A apreciação foi feita por meio de ficha de registro que continha informações sobre a díade e contabilizava o número de atos comunicativos intencionais de ambos os interlocutores nas duas situações lúdicas. Também foi verificado o número de vezes em que a criança e seu parceiro iniciaram e responderam à interlocução. Para a análise da relação tipo de brinquedo x interação foi aplicada análise descritiva. A comparação entre os dois de interações foi feita pelo teste t pareado. Foi adotado nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: a média obtida para o número de atos comunicativos intencionais e o número de vezes que a criança ou o adulto iniciou ou respondeu ao ato comunicativo foi maior com brinquedos tradicionais. O teste de amostras pareadas indicou diferença estatisticamente significante quanto ao número de atos comunicativos da criança, número de vezes que a criança respondeu ao ato comunicativo, número de atos comunicativos intencionais do adulto e número de vezes que o adulto respondeu ao ato comunicativo. Conclusão: a quantidade e qualidade das interações comunicativas entre criança e cuidador estão associadas ao tipo de brinquedo utilizado. Os brinquedos tradicionais proporcionaram maior número de interações, sugerindo o benefício desse tipo de brinquedo para o desenvolvimento das habilidades comunicativas da criança. Estudos sobre esta temática são essenciais no intuito de orientar profissionais e cuidadores sobre o tipo de brinquedo que mais pode favorecer o desenvolvimento da linguagem, em especial as habilidades pragmáticas.

1. Zorzi JL, Hage SRV. PROC – Protocolo de observação comportamental: avaliação de linguagem e aspectos cognitivos infantis. 1a ed. São José dos Campos (SP): Pulso Editorial; 2004.
2. Pinto MB, Jales RD, Andrade LDF, Santos NCCB. Brinquedo e brincadeira: infância e mudanças relacionadas na modernidade líquida. Rev. Enferm. UFPE on line. 2016; 10 (9): 3183-89.
3. Sociedade Brasileira de Pediatria. Saúde de crianças e adolescentes na era digital. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2016. Disponível em: http://www.sbp.com.br/src/ uploads/2016/11/19166d-MOrient-Saude-Crian-e-Adolesc.pdf
4. Sosa AV. Association of the type of toy used during play with the quantity and quality of parent-infant communication. JAMA Pediatrics. 2016; 170 (2): 132-7.
5. Verdine BN, Zimmermann L, Foster L, Marzouk MA, Golinkoff RM, Hirsh-Pasek K, Newcombe N. Effects of geometric toy design on parent–child interactions and spatial language. Early Child Res. Q. 2019; 46: 126-41.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
330
BRONCOASPIRAÇÃO: UNIDOS PARA PREVENÇÃO CAMPANHA AMIB EM ANTEÇÃO AO DIA NACIONAL DE ATENÇÃO À DISFAGIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)
04145011


A disfagia é o resultado de uma variedade de doenças de base incluindo o Acidente vascular Cerebral (AVC), Traumatismo cranioencefálico (TCE), Doenças neuromusculares, Câncer de cabeça e pescoço dentre outras e pode levar a várias complicações em pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (gravemente doentes) incluindo desidratação/desnutrição, necessidade de introdução de via alternativa de alimentação (nutrição enteral), aumento da incidência de pneumonia aspirativa, redução da proteção das vias aéreas, ventilação mecânica prolongada, aumento do uso de recursos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), impacto na sobrevida, tempo de internação prolongado em UTI e hospitalar. Para evitar resultados adversos na saúde, a detecção precoce da disfagia se faz necessária e de grande importância principalmente para minimização das sequelas, redução do risco de pneumonias aspirativas, diminuição do tempo de internação nas unidades, bem como no tempo de internação hospitalar, garantir boas práticas de segurança ao paciente permitindo assim melhores condições de desfecho clínico e qualidade de vida. O protocolo Multidisciplinar ainda não é uma realidade em todos os serviços públicos e privados. OBJETIVO: estimular a construção de protocolo de broncoaspiração nas unidades de assistência hospitalar além de sugerir medidas preventivas para evitar a broncoaspiração em pacientes críticos. MÉTODO: No dia 20/03/2019 foi iniciada a campanha do Departamento de Fonoaudiologia da Associação de Medicina intensiva Brasileira -AMIB a fim de contribuir com ações referente a importância do protocolo de Broncoaspiração nas unidades Hospitalares. O Departamento de Fonoaudiologia da AMIB elaborou uma página na Web dedicada a campanha contendo conteúdo referente as principais orientações para construção do protocolo, detecção precoce do risco associado aos fatores de risco e ações de prevenção, além de disponibilizar aos profissionais conteúdo informativo através de Download sobre “A importância do fonoaudiólogo no protocolo de prevenção de pneumonia aspirativa na Unidade de Terapia Intensiva”. A campanha foi aberta para qualquer serviço em saúde que atende a população com essa característica funcional. Os participantes cadastrados na campanha fizeram parte da elaboração de um Consenso Nacional, mediado pelo Departamento de Fonoaudiologia da AMIB. A Campanha contou com o Patrocínio da Neslté Health Science e da Fresenius Kabi Brasil e com o apoio e realização da AMIB. Resultados: 35 Instituições Públicas e privadas se inscreveram na campanha para terem acesso ao conteúdo bem como ser um canal de ligação entre a instituição e o departamento de fonoaudiologia da AMIB servindo como canal de apoio para o profissional que estava desenvolvendo as ações em suas instituições. Ocorreram entrevistas em mídias digitais e de acesso livre para todo o nosso País além de contar com a confecção de Peças e Slogan informativos veiculados nas mídias sociais da AMIB e de outras entidades científicas. Conclusão: A campanha proporcionou levar informações para a equipe multiprofissional referente ao risco com o intuito de gerar melhores ações para medidas preventivas e garantir melhor desfecho clínico e qualidade de vida aos pacientes além de oferecer aos fonoaudiólogos de todo o país que discutam fatores de risco e ações de prevenção para a Broncoaspiração com suas equipes.


O’Horo JC, Rogus-Pulia N, Garcia-Arguello L, Robbins J, Safdar N. Bedside diagnosis of dysphagia: a systematic review.
J Hosp Med. 2015; 10(4):256-65.

Perren A, Zürcher P, Schefold JC. Clinical Approaches to Assess Post-extubation Dysphagia (PED) in the Critically Ill.
Dysphagia 2019; https://doi.org/10.1007/s00455-019-09977-w.

Hinchey JA, Shephard T, Furie K, Smith D, Wang D, Tonn S; Stroke Practice Improvement Network Investigators. Formal
dysphagia screening protocols prevent pneumonia. Stroke 2005; 36(9): 1972-6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1847
BRUXISMO EM CRIANÇAS USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva de grau profundo pode causar impactos como o isolamento social, exclusão, podendo também prejudicar a saúde mental do indivíduo. Um dos tratamentos para a perda auditiva de grau profundo é o uso do implante coclear, que pode ser indicado para crianças a partir de 06 meses de idade1. Uma das principais dificuldades encontradas por essa população é a comunicação oral, o que normalmente resulta na ineficiência da expressão de sentimentos/vontades/opiniões, podendo acarretar em algum tipo de ansiedade ou estresse2. O bruxismo pode ser decorrente de fatores psicológicos, como estresse e ansiedade3. Na prática clínica, tem-se observado a queixa, por parte dos pais, de bruxismo em crianças usuárias de implante coclear. Objetivo: Verificar a ocorrência do bruxismo em crianças usuárias de implante coclear. Métodos: Realizou-se revisão de literatura com busca nas bases de dados Lilacs, Scielo, Pubmed e na ferramenta de buscas Google Acadêmico. Foram utilizados descritores em português e inglês selecionados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e no Medical Subject Headings (MeSH), que foram combinados da seguinte forma: bruxismo/bruxism AND crianças/children AND perda auditiva/hearing loss (combinação 1); bruxismo/bruxism AND crianças/children AND implante coclear/ cochlear implant (combinação 2). Adotou-se como critérios de inclusão: estudos que investigassem o bruxismo em crianças usuárias de implante coclear, sem delimitação temporal, nos idiomas português, espanhol ou inglês. Optou-se em excluir estudos de revisão de literatura. Resultados: Com a primeira combinação, obteve-se um total de 824 estudos, sendo 03 na Pubmed, 01 na BVSalud e 819 no Google Acadêmico. Com a segunda combinação, obteve-se um total de 24 estudos, todos no Google Acadêmico. Primeiramente, foram selecionados 11 estudos pelo título (2 do Pubmed, 1 da BVSalud e 8 do Google Acadêmico). Desses, 06 estudos traziam informações relacionando alterações auditivas ao bruxismo. No entanto, um deles foi excluído por ter sua casuística composta por adultos e outro por tratar-se de uma revisão de literatura. Dos 04 estudos restantes, um associou queixa dos pais quanto a otalgia nas crianças com bruxismo4, outro estudo associou perdas auditivas em frequências médias (1000Hz e 2000Hz) ao bruxismo5 e o terceiro relatou associação entre alterações de orelha média (ocorrência de curva timapanométrica Ad, B e C) e bruxismo6. No entanto, aplicando-se os critérios de inclusão, nenhum estudo foi selecionado para esta revisão. Conclusão: Não há relatos na literatura que investiguem a ocorrência do bruxismo em crianças usuárias de implante coclear. Entretanto, os indícios compilados no presente estudo, demonstram a convergência da temática bruxismo e audição, especificamente constatando-se otalgia, perda auditiva e alteração de orelha média em crianças com bruxismo. Com isso, fortalece a necessidade de se caracterizar a população pediátrica usuária de implante coclear, com o enfoque no bruxismo.

1. Brasil. Portaria MS/GM Nº 2.776, de 18 de dezembro de 2014. Aprova diretrizes gerais, amplia e incorpora procedimentos para a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva no Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 19 dez. 2014.
2. Santos F, Silva JP. Ansiedade entre as pessoas surdas: um estudo teórico. Arquivos Brasileiros de Psicologia. 2019;71(1):143-57.
3. Canongia, M B. Hábitos vícios. Jornal Brasileiro Ortodontia e Ortopedia Maxilar. 1996;(2):35-40.
4. Alencar NA, Fernandes ABN, Souza MMG, Luiz RR, Fonseca-Gonçalves A, Maia LC. Lifestyle and oral facial disorders associated with sleep bruxism in children. Cranio. 2017; 35(3):168-74.
5. Baldursson G, Blackmer ER. Temporomandibular joint symptoms in patients with midfrequency sensorioneural hearing loss. Ear Hear. 1987;8(2):63-7.
6. Flores DM. Bruxismo e alteração de orelha média: estudo em escolares da região oeste de Santa Maria. Santa Maria, RS. Dissertação [Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana] - Universidade Federal de Santa Maria, 2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1548
CADEIA PRODUTIVA DA ROCHA ORNAMENTAL NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO E NOTIFICAÇÃO DE PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO OCUPACIONAL.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A exploração de rochas ornamentais vem evoluindo com passar dos anos, mas ainda é considerada um ramo industrial bem rudimentar devido os seus processos. No estado do Espírito Santo esta atividade teve início nos anos 50. Atualmente, o estado figura entre os principais produtores mundiais, fornecendo tanto para o mercado interno como externo. Se por um lado, essa atividade proporciona a geração de empregos e movimenta a economia nacional, por outro lado, esta é uma atividade laboral nociva para saúde, tornando cada vez mais expressivo o número de acidentes de trabalho2. Dentre estes agravos relacionados ao trabalho, destaca-se a perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados (PAINPSE), agravo que ocasiona perda auditiva irreversível. Objetivo: o objetivo deste estudo foi descrever a cadeia produtiva de rochas ornamentais no estado do Espírito Santo, avaliando seu impacto na saúde auditiva do trabalhador dessa produção. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura e análise de dados secundários. O estudo foi dividido em três grandes momentos: i) inicialmente, a questão norteadora conduziu uma revisão bibliográfica nas principais bases de dados da área de saúde; ii) posteriormente, foi realizada a identificação da notificação de perda auditiva induzida por ruído ocupacional de todas as atividade laborais utilizando dados secundários do sistema de agravos de dados de notificação (SINAN)5 através da sala de apoio à gestão estratégicas do Ministério da saúde (SAGESUS)6; iii) por fim, foi realizado a correlação dos dados secundários com as evidências científicas. Resultado: Inicialmente foram encontrados 6.200 artigos. Contudo, apenas 602 foram relevantes para leitura de títulos. Após a leitura de título, resumo e dos artigos na íntegra apenas 10 atenderam aos critérios de inclusão sendo três estudos exploratórios, três estudos transversais, um estudo descritivo, um estudo qualitativo, e duas revisões sistemáticas. A cadeia produtiva do mármore e granito é dividida em dois locais. Na lavra ocorre a extração do bloco maciço.O método utilizado depende das características geológicas da região e tipo de bloco extraído. Posteriormente este bloco é transportado para etapa do beneficiamento onde será serrado, polido e após processos indústriais, ganhará forma para o consumidor. Imputa sobre toda essa escala produtiva a exposição ao ruído e vibração, gerando riscos à saúde auditiva dos trabalhadores envolvidos4. Em relação aos números de casos de PAIR registrados em todas as atividades laborais do estado do Espírito Santo, observa-se um total de apenas 22 casos para o recorte temporal de 2009 a 2019. Conclusão: diante das evidências científicas e dos dados da pesquisa é notável a subnotificação de PAIR no estado do Espírito Santo sendo impossível estimar a número de trabalhadores do setor de rochas ornamentais acometidos pela PAIR. Evidencia-se uma grande barreira tanto para a Fonoaudiologia, como para os setores envolvidos na discussão de políticas voltadas a saúde do trabalhador, uma vez que a ausência de dados implica diretamente na exiguidade de espaços de discussões que se utilizem das ferramentas da epidemiologia.

1- Stellin AJ, Caranassios A. Extração de rochas ornamentais. Brasil Mineral. 1991 ;9 ( ju 1991): 30-4.
2- CAVALCANTI HA. ANÁLISE DA SEGURANÇA NO TRABALHO NO SETOR DE MÁRMORE E GRANITO DO ESPÍRITO SANTO: PROPOSIÇÃO DE AÇÕES PARA REDUÇÃO DO ÍNDICE DE ACIDENTES [Dissertação]. VITÓRIA: Escola Brasileira de Administração Pública.; 2001. 107 p.
3- HANGER MRHC; BARBOSA-BRANCO, A. Efeitos auditivos decorrentes da exposição ocupacional ao ruído em trabalhadores de marmorarias no Distrito Federal. Revista Assoc. Méd. Brasileira. 2004, 50(4):396-9.
4- MOYA MM. A INDÚSTRIA DE ROCHAS ORNAMENTAIS: ESTUDO DE CASO NA REGIÃO DE BRAGANÇA PAULISTA, SP [Dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1994. 140 p. Mestre.
5- Brasil. Ministério da saúde [homepage na internet]. Sistemas de Informação de Agravos de Notificação [acesso em 30 abr 2020]. Disponível em: http://portalsinan.saude.gov.br/dados-epidemiologicos-sinan
6- Brasil. Ministério da Saúde [homepage na internet]. Sala de Apoio à Gestão Estratégica [acesso em 31 abr 2020]. Disponível em: https://sage.saude.gov.br/#


TRABALHOS CIENTÍFICOS
675
CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA PREVENÇÃO DO RISCO DE BRONCOASPIRAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: A broncoaspiração ocorre pela infiltração de partículas alimentares, fluidos da orofaringe ou conteúdos gástricos em vias aéreas inferiores, podendo desencadear pneumonia infecciosa, pneumonite química e síndrome da angústia respiratória. Sendo ela um dos principais indicadores de disfagia e o mais preocupante, assim como a maior causa de morte por infecção associada a assistência à saúde, identificamos a necessidade de esclarecer e orientar os profissionais dos mais diversos níveis de assistência ao paciente, de forma direta ou indireta, sobre sua participação no controle e identificação de situações que possam levar ao risco de broncoaspiração. Objetivo: Descrever a realização de uma campanha de conscientização para prevenção do risco de broncoaspiração. Métodos:A campanha foi realizada em um hospital privado de grande porte como ferramenta para alavancar a adesão dos colaboradores ao Protocolo Preventivo de Broncoaspiração da Instituição. Foi organizada e estruturada pela equipe de Fonoaudiologia, Nutrição, Qualidade, Gerenciamento de Risco e Enfermagem direcionada à todos os envolvidos no cuidado com o paciente (profissionais operacionais, assistenciais, familiares e cuidadores). Com o slogan “Broncoaspiração: condutas simples salvam vidas” foram confeccionados materiais educativos como adesivos para carrinhos da nutrição, porta-talheres e papel na bandeja dos pacientes, banners, displays flutuantes distribuídos pelo hospital, camisetas para as organizadoras, exercícios interativos e vídeo para sensibilização da equipe. As ações se deram através de: Oficina para apresentação do protocolo preventivo de broncoaspiração e discussão multidisciplinar sobre o tema da campanha, bem como atividades in loco nos setores assistenciais (adultos e pediátrica) e no serviço de nutrição (copeiras) e orientações aos acompanhantes e pacientes com entrega de folders e dinâmica com arte educador. Resultados:O primeiro grande resultado foi a colaboração de profissionais de diversas áreas unidos em prol de um grande objetivo, trazendo o entendimento sobre a importância da multidisciplinaridade para a segurança do paciente. A partir daí, foi possível mostrar o valor de cada indivíduo em contato com os pacientes e sua responsabilidade durante o internamento, sejam profissionais de saúde, copeiras ou acompanhantes; houve melhor disseminação da existência e funcionamento do Protocolo, possibilitou discussões sobre ações necessárias para prevenção do risco, melhoria de rotinas e ampliação do protocolo para áreas que não haviam sido contempladas anteriormente (emergências, hemodiálise, berçário e imagem). Conclusão: Possuir um protocolo bem definido ou formulário a ser preenchido para acompanhar sua conformidade é apenas cumprimento de burocracia, não impacta na assistência ao paciente. Realizar a campanha, envolvendo a todos, trazendo histórias reais e entendendo a responsabilidade frente à evolução do paciente, proporcionou uma mudança de paradigma importantíssimo. Prevenir a broncoaspiração se tornou responsabilidade de todos, cada um em sua função e contribuindo no trabalho do colega. O legado veio através da comunicação efetiva da equipe interdisciplinar, abertura do protocolo em tempo hábil, realização de condutas preventivas e valorização crescente da presença da fonoaudiologia, tanto na Unidade de Terapia Intensiva, como em ações para todo complexo hospitalar.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
940
CAMPANHA DE ORIENTAÇÃO E CAPACITAÇÃO A EQUIPE DE ENFERMAGEM QUANTO A OFERTA SEGURA POR VIA ORAL AO PACIENTE CRÍTICO.
Relato de experiência
Disfagia (DIS)



INTRODUÇÃO: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é composta por equipe multiprofissional com o objetivo de oferecer tratamento especializado e intensivo para o paciente crítico. Nesse ambiente, cabe ao fonoaudiólogo a reabilitação dos distúrbios de deglutição responsáveis pelo aumento do risco de broncoaspiração e consequente aumento no número de casos de pneumonias, dificultando a nutrição adequada por via oral e colaborando para maior mortalidade nessa população. Nesse contexto, capacitar a equipe que oferta dieta por via oral torna-se de extrema relevância e cabe ao fonoaudiólogo essa tarefa. Pensando nisso, foi desenvolvida uma campanha de orientação e capacitação aos técnicos de enfermagem da UTI, à respeito dos sinais de risco de broncoaspiração, cuidados de higiene oral e oferta segura de alimentos e medicamentos. OBJETIVO: Relatar a experiência de uma campanha de orientação e capacitação a equipe de enfermagem quanto a oferta segura por via oral ao paciente crítico. MÉTODOS: A campanha foi realizada em um complexo hospitalar de autarquia mista – privado/beneficente, constituída de pré e pós teste, com as mesmas questões, abordando perguntas quanto ao posicionamento do paciente no leito, consistência do alimento e forma de oferta para avaliar a eficácia da capacitação. Após o pré-teste foi ministrada palestra expositiva sobre disfagia, sinais de risco de broncoaspiração, cuidados na oferta de dieta e de medicamento, mapa de ingesta oral utilizado na instituição, administração de espessante alimentar e higienização da cavidade oral. A palestra foi seguida de simulação, trazendo para os participantes uma vivência prática dos cuidados mencionados, a dinâmica foi realizada em dupla (onde os procedimentos foram realizados um ao outro). Finalizamos com o pós teste e entrega do panfleto intitulado “Como posso contribuir para minimizar o risco de broncoaspiração, ofertando dieta e medicamento por via oral com excelência?” RESULTADOS: Quando comparados os dois testes (pré e pós), foi observada melhora significativa nas respostas. A vivência, segundo os participantes, foi enriquecedora para ampliar a percepção da importância dos cuidados durante oferta de dieta, principalmente em relação ao estado de alerta e posicionamento do paciente, velocidade de ingesta, volume e consistência da dieta, bem como os sinais para interromper a oferta. Além disso, foi observada maior vigilância e comunicação da equipe em relação a alimentação do paciente. CONCLUSÃO: A importância da continuidade do cuidado ao paciente faz-se necessário na elaboração de estratégias eficazes para capacitação do profissional que mais está em contato com o paciente crítico. “A segurança do paciente é dever de todos. Vamos identificar os riscos e prevenir a broncoaspiração.”*


TRABALHOS CIENTÍFICOS
295
CAMPANHA DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO CENÁRIO DE PANDEMIA DA COVID-19.
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O dia 27 de julho é o Dia Mundial de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço, entretanto durante todo o mês, organizações de ensino e saúde realizam práticas de conscientização para a sociedade sobre cuidados, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação desta doença. Entre elas, está a Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG) que promove a Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço - Julho Verde. Durante dois anos consecutivos, a liga acadêmica de fononcologia contribuiu com o Julho Verde através de atividades para a população. Contudo, diante do cenário atual de pandemia da COVID-19 e a necessidade do afastamento social, não foi possível a ação presencial com a comunidade. Sendo assim, no mês de julho, a liga acadêmica irá promover ações nas mídias sociais para alcançar tanto o meio acadêmico-científico quanto a população em geral. OBJETIVO: Apresentar o projeto do III Julho Verde - Campanha de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço. MÉTODO: A campanha do III Julho Verde foi organizada pela liga acadêmica de fononcologia durante o mês de junho através de reuniões online. Para alcançarmos o público acadêmico-científico, elaboramos o evento online Julho Verde Interprofissional. Entramos em contato com os palestrantes e a partir das confirmações, elaboramos imagens para divulgação do evento nas redes sociais. A inscrição será feita pela plataforma Sympla e será liberada na semana anterior de cada palestra. O evento acontecerá pela plataforma Google Meet® e será realizado um treinamento anterior com os palestrantes para a organização da apresentação. Além disso, haverá a elaboração de um vídeo e postagens com orientações que terão o objetivo de alcançar uma parte da população em geral. Ademais, serão articuladas matérias para serem publicadas no jornal e canal de TV local com instruções sobre prevenção, sinais e sintomas do Câncer de Cabeça e Pescoço. RESULTADOS PRELIMINARES: O evento contará com a participação de onze palestrantes que abrangem as áreas da fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, nutrição, odontologia e um relato de experiência de um paciente laringectomizado total. Além disso, a primeira palestra do evento, que aconteceu no dia 02 de julho, contou com 145 participantes. Após a divulgação da programação do evento Julho Verde Interprofissional houve um aumento de 300 seguidores nas redes sociais da liga acadêmica de fononcologia, até o momento. CONCLUSÃO: Almeja-se que os ligantes, a partir das práticas que serão realizadas, desenvolvam habilidades como autonomia, trabalho em equipe, resolução de conflitos, senso de responsabilidade social e integração com a comunidade. Através dessas ações promovidas, espera-se que, apesar do distanciamento social, consigamos informar e auxiliar a população sobre a prevenção do câncer de cabeça e pescoço. No meio acadêmico-científico, pretende-se informar e atualizar os estudantes e profissionais que irão participar do Julho Verde Interprofissional. Além disso, espera-se que a importância das relações interprofissionais sejam fortalecidas durante o tratamento desse paciente oncológico, possibilitando através das palestras que profissionais da saúde de diferentes áreas contribuam com suas experiências.
Palavras-chave: Câncer de Cabeça e Pescoço, Promoção da Saúde, Educação Interprofissional.

Não se aplica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
952
CAMPANHA EM COMEMORAÇÃO AO DIA INTERNACIONAL DO IDOSO: CUIDANDO COM AMOR DE QUEM SEMPRE CUIDOU.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: É considerado idoso, pela Organização Mundial e Saúde (OMS), todo indivíduo com 60 anos ou mais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa é composta por, aproximadamente, 30 milhões de habitantes, totalizando 14,3% da população do país. Além dos sinais mais visíveis do envelhecimento, os idosos tendem à diminuição dos reflexos, da capacidade visual e auditiva, alteração na deglutição, voz e fala; além de perda de habilidades e funções neurológicas, como raciocínio e memória. Ademais, podem desenvolver doenças, que necessitam de demandas específicas e cuidado intensivo com a saúde. Portanto, os fonoaudiólogos devem estar preparados para receber essa população, com um olhar diferenciado para identificar as comorbidades e trabalhar na minimização ou eliminação das mesmas, colaborando assim, para a melhora na qualidade de vida do indivíduo. OBJETIVO: Relatar a vivência de uma campanha em comemoração ao dia internacional do idoso. MÉTODOS: A campanha se deu no ambulatório de beneficência de um complexo hospitalar de autarquia privada/beneficente, oferecida para a população idosa atendida neste local. Foi realizada uma palestra dinâmica que abordava aspectos fonoaudiológicos característicos à senescência, como presbifagia, presbifonia e presbiacusia, bem como esclarecimentos e orientações a respeito dessas modificações. Logo após, foi aberto espaço para diálogos e troca de conhecimentos, diante de aspectos relacionados à senilidade, sendo realizados encaminhamentos aos serviços de geriatria, otorrinolaringologia, odontologia, entre outros, quando necessário. Também fizeram parte do evento, distribuição de panfletos informativos com linguagem clara e simples, contendo ilustrações autoexplicativas, coffee break e a participação do coral da instituição proporcionando um ambiente mais descontraído e maior adesão da população. RESULTADOS: Através da ação educativa, verificou-se a existência de dúvidas inerentes ao processo de envelhecimento, principalmente, em relação às modificações senescentes da deglutição. Fato que pode repercutir na qualidade de vida do idoso, pois compromete sua autonomia e independência. O grupo envolvido na campanha entendeu a importância do cuidado pessoal, tendo suas dúvidas esclarecidas e se sentindo acolhido com toda atenção recebida. Um dia comum, foi transformado numa manhã agradável, de muita informação e interação. Observado também, a importância de manter o indivíduo, já considerado idoso, em atividades que o façam sentir-se útil e produtivo, inclusive, aos olhos do grupo social no qual está inserido, auxiliando na aceitação das transformações e suas limitações, assim como na autoestima. CONCLUSÃO: A campanha promoveu o interesse da população idosa em construir novos aprendizados e pôde ser observado, que o uso de metodologias ativas com esse grupo oportunizou troca de experiências e fomento ao autocuidado e ao exercício da autonomia. Momentos como esse, são importantes para construir uma atenção diferenciada aos idosos, e introduzir o profissional de saúde que se encontra num nível de atenção especializada, num cenário educativo focado na promoção e prevenção da saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1497
CAMPANHA SEMANA DA DISLEXIA - DISLEXIA: DA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE AOS IMPACTOS NA VIDA ESCOLAR E SOCIAL
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A aprendizagem da leitura e escrita para algumas crianças pode ser custosa e esbarrar em muitos entraves, como o desconhecimento do manejo dos transtornos de aprendizagem por profissionais da educação. A American Psychiatric Association – Apa caracteriza o transtorno específico de leitura como dificuldade na fluência de leitura, dificuldade na habilidade de decodificação e soletração e compreensão leitora. A Dislexia tem se tornando mais conhecida no meio acadêmico, mas a limitação de conhecimento e práticas pouco assertivas ainda impedem um bom desenvolvimento do aluno disléxico na rotina acadêmica. Por vezes as famílias são negligenciadas de informações acerca de direitos dos filhos e das possibilidades de uma melhor qualidade de vida.
Objetivo: Fornecer informações ao público alvo sobre a identificação precoce da Dislexia e sobre a importância de programas de respostas à intervenção, adequações metodológicas em sala de aula, manejo das crianças disléxicas e legislação a nível estadual e nacional. Além disso, explanar sobre os impactos emocionais e como mediar conflitos. Possibilitar maiores informações para melhora da qualidade de vida destes alunos.
Método: Durante a semana, pequenos textos foram compartilhados em grupos de WhatsApp da rede municipal de ensino, além de textos informativos nas redes sociais oficiais da Prefeitura Municipal. Uma reportagem foi vinculada no jornal impresso local falando sobre as características da dislexia, possibilidades de intervenção e as adequações necessárias em sala de aula. O evento de maior notoriedade, com 120 pessoas inscritas, foi realizado em formato de mesa redonda para professores da rede pública, pais e demais interessados no tema, com a participação de um fonoaudiólogo educacional, uma psicóloga escolar e uma psicopedagoga, integrantes da Secretária Municipal de Educação. No encontro os profissionais abordaram a importância da identificação precoce para intervenções mais assertivas, além da necessidade de adaptações em sala de aula para que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de ensino. A psicóloga abordou os impactos emocionais que são evidenciados pelas crianças que não aprendem no mesmo ritmo das demais e como isto pode ser limitante durante a vida acadêmica. Ao final, o público presente pode fazer perguntas aos profissionais presentes.
Resultados: Os resultados da campanha foram maior conhecimento sobre o tema e o alerta da necessidade de intervenção precoce mesmo sem o diagnóstico fechado do transtorno. As questões legais também foram levantadas pelos familiares, as quais eram desconhecidas por muitos. Nas semanas e meses seguintes à ação, professores referiram a importância da campanha, agregando conhecimento a sua prática de trabalho.
Conclusão: Pode-se concluir que o tema abordado ainda é desconhecido por muitos educadores. Alguns têm conhecimento básico sobre o tema, mas apresentam limitação para o trabalho em sala de aula. É importante que campanhas sejam realizadas não apenas com cunho informativo, mas também de capacitação para profissionais da saúde e educação.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1202
CAMPANHA “JULHO VERDE” PARA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Mundialmente são realizadas ações educativas para a prevenção do câncer de cabeça e pescoço (boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago cervical, tireoide e seios paranasais). Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço são tabagismo, consumo de álcool e infecções por HPV. Os tumores de cabeça e pescoço podem ser assintomáticos no princípio da doença e o diagnóstico das lesões iniciais é fundamental para garantir prognóstico favorável. O rastreamento dos sinais e sintomas é importante para o diagnóstico precoce. A presença de manchas brancas na boca, dor local, lesões com sangramento ou cicatrização demorada, nódulos no pescoço, mudança na voz/rouquidão e dificuldade para engolir devem ser identificados pelo indivíduo e pelos profissionais da saúde. Em 2019 a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) e a Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil) propuseram a Campanha Nacional “Julho Verde” e o dia 27 de julho como Dia Nacional de Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, visando promover à saúde sobre prevenção do câncer de cabeça e seus riscos para comunidade. Objetivo: Relatar a experiência e os resultados da Campanha “Julho Verde” de 2019 em uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Método: Alunos de Pós-Graduação, graduação e docentes de um Curso de Fonoaudiologia em uma instituição Pública, apoiados por seus Laboratórios de Pesquisa nas áreas de Voz e Disfagia orofaríngea, elaboraram e executaram a campanha local após contato com a SBCCP. Resultados: Foram realizadas ações de prevenção ao Câncer de Cabeça e Pescoço para a comunidade local em diferentes espaços, com realização de atividades de conscientização dos fatores de riscos por meio de panfletagem com orientações e palestras. Num Centro Especializado em Reabilitação II foram abordados mais de 50 pacientes adultos atendidos no local em diferentes áreas da reabilitação, seus respectivos acompanhantes e 26 servidores técnico-administrativos que receberam orientações e tiveram dúvidas sanadas. Além disso, foram realizadas atividades na Unidade de Saúde da Família (USF) desta mesma cidade, desenvolvidas pela integração entre duas disciplinas teóricas do Curso de Graduação em Fonoaudiologia desta instituição, uma voltada para área de Voz e outra para área de Fonoaudiologia Comunitária, atingindo um grande número de pessoas. Entre as ações, foi possível orientar e entregar material informativo para cerca de 1000 pessoas e 30 cartazes foram expostos. Essas ações, além de beneficiarem a população, proporcionaram aos alunos da instituição, experiência no desenvolvimento de ações na atenção básica e contribuíram para a formação profissional dos mesmos, em consonância com os pilares das instituições públicas de ensino superior: Ensino, Pesquisa e Extensão. Conclusão: Essa campanha de prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço promoveu conscientização da população local sobre os fatores de risco e potencializou a aprendizagem sobre o tema aos alunos em formação.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1901
CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS DO BANCO DE VOZES EM DIFERENTES ESTADOS EMOCIONAIS “GERMAN EMOTIONAL SPEECH”
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A voz é um importante indicador do estado emocional: reflete personalidade e emoções do indivíduo1,2,3, sendo possível, assim, adaptar o discurso às diferentes situações vivenciadas4,5. OBJETIVO: Analisar parâmetros acústicos tradicionais de um banco de vozes com variações emocionais. MÉTODO: Estudo descritivo quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem, sob número 3304419. Analisou-se 14 sinais: vozes masculinas e femininas representando as seis emoções básicas (alegria, tristeza, medo, raiva, tédio e nojo) e emissão neutra, consistindo da mesma frase em alemão "Em sete horas estará na hora.", provenientes do banco de vozes “German Emotional Speech”6. Utilizou-se o software PRAAT, versão 6.1.14, para extração dos parâmetros acústicos: cesptral peak prominence smoothed (CPPS) em dB; média, desvio, mínimo e máximo da frequência fundamental (F0) em Hz; jitter (%); shimmer (dB); proporção harmônico-ruído (PHR) em dB; intensidade (dB); média e máximo de extracion glotal noise (GNE) em Hz. RESULTADOS: O maior valor de CPPS é na raiva, com emissão masculina; enquanto o menor é na tristeza, com emissão feminina. A maior média da F0 foi encontrada na alegria, com a emissão feminina; já a menor média da F0 foi na tristeza, com emissão masculina. O maior valor de desvio da F0 foi encontrado na alegria, com emissão feminina; já o menor foi na tristeza, na emissão masculina. A maior média da F0 mínima foi encontrado na alegria, com emissão feminina; já o menor foi em tédio, com emissão masculina. O maior valor da frequência fundamental máxima foi na alegria, com emissão feminina; já o menor foi em tristeza, com emissão masculina. A maior média de jitter é na emissão neutra masculina, enquanto o menor é na alegria, com emissão feminina. A maior média de shimmer é na emissão neutra masculina, já a menor é em nojo, na emissão feminina. O maior valor encontrado para HNR é em nojo, com emissão feminina, já o menor é em medo, com emissão masculina. A maior média da intensidade é na emissão neutra feminina; e a menor é na alegria, com emissão também feminina. O valor máximo do GNE é na raiva, com emissão feminina, a menor média é no medo, com emissão masculina. Assim, percebeu-se que para todas as medidas relacionadas à F0 (média, desvio padrão, mínima e máxima), a alegria sempre obteve o maior valor e em mulher, já os menores valores foram atribuídos à tristeza em voz masculina, exceto na F0 mínima que foi o tédio. A prevalência de maior valor é nas vozes femininas na maioria das medidas, apenas no CPPS, jitter e shimmer obteve o maior valor nas vozes masculinas. A intensidade é a única em que seu maior e menor valor são nas vozes femininas. CONCLUSÃO: As características acústicas apresentam variações importantes que ocorrem na expressão das emoções, que podem contribuir para o reconhecimento de padrões, aplicação do conhecimento para melhor competência comunicativa e inovação tecnológica em diversos tipos de mercado.

PALAVRAS-CHAVE: Fonoaudiologia, Comunicação, Acústica, Voz, Emoções.

1. Costa CB, Lopes LW, Silva EG, Cunha GMS, Almeida LNA, Almeida AAF. Fatores de risco e emocionais na voz de professores com e sem queixas vocais. Rev. CEFAC [Internet]. 2013 Aug;15(4):1001-1010.
2. Almeida AAF, Behlau M, Leite JR. Correlação entre ansiedade e performance comunicativa. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 16, n.4, p.384-386, 2011.
3. Seifert E, Kollbrunner J. Stress and distress in non-organic voice disorder. Swiss Med Wkly. 2005 Jul 9;135(27-28):387-97.
4. Sundberg J. A ciência da voz. Editora da Universidade de São Paulo, 2015.
5. Behlau M. Voz: O livro do especialista. Vol. I. Rio de Janeiro: Editora Revinter, 2008.
6. Burkhardt F, Paeschke A, Rolfes M, Sendlmeier W, Weiss B. A Database of German Emotional Speech, in Proc. INTERSPEECH. 2005. pp. 1517–1520.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
716
CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS E PROSÓDICAS DO FALAR SERGIPANO: MEDIDAS DE FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL E INTENSIDADE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Falantes de diferentes regiões brasileiras possuem um modo de falar próprio, com determinadas características que possibilitam a sua identificação. O avanço tecnológico da análise acústica da fala proporciona a realização de investigações mais refinadas dos parâmetros acústicos. A segmentação de formas significativas na língua envolve a percepção de sons e, portanto, também envolve a análise de seus aspectos físicos como frequência e intensidade. A frequência fundamental (F0) é caracterizada pelo número de ciclos que as pregas vocais realizam em um segundo; no tocante a intensidade, esta é uma característica relacionada à amplitude da onda sonora; é a sua pressão efetiva e sua energia transportada. As duas medidas – frequência fundamental e intensidade – são fundamentais na prosódia da fala. OBJETIVO: Descrever as variações de frequência fundamental e intensidade na fala de sergipanos. MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional, descritivo e analítico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o no. CAAE 16400119.6.0000.5546/Parecer 3.588.189. Contou com 55 participantes (34 mulheres e 21 homens), adultos, voluntários, falantes nativos de Sergipe e com idades variando entre 18 e 53 anos (IM: 21,56 anos; DP: 5,37). Todos foram convidados a emitir três frases-veículo que foram gravadas e analisadas por meio do Praat. A extração das medidas de intensidade (em dB) e frequência fundamental (em Hz) foi realizada automaticamente pelo software. Foi usada estatística, tanto descritiva quanto analítica, no tratamento dos dados. RESULTADOS: No que concerne às medidas de frequência referente à cada uma das três frases-veículo, contemplando as vogais /a/, /i/ e /u/, foram obtidos os seguintes resultados, respectivamente: 125 Hz, 125 Hz e 122 Hz para o sexo masculino, enquanto para o sexo feminino: 215 Hz, 215 Hz e 211Hz. Para as medidas de intensidade os resultados foram 80,2 dB, 80,1 dB e 80,3 dB para o sexo masculino e 76,1 dB, 76,2 dB e 76,2 dB para o feminino. Quando comparados os valores de frequência e intensidade entre homens e mulheres, em cada frase-veículo examinada, observam-se diferenças significativas para todas as medidas. No grupo investigado, não foram encontradas correlações significativas entre as medidas acústicas e a idade dos participantes. CONCLUSÃO: Os resultados obtidos permitem depreender-se que as medidas de intensidade podem contribuir na diferenciação entre os sexos, além da frequência fundamental. As duas medidas – frequência fundamental e intensidade - são elementos fundamentais na prosódia. Logo, conclui-se que, no falar sergipano, a prosódia da fala é um aspecto que distingue homens e mulheres.

Freitag RMK. Sociolinguística no/do Brasil. Cad. Estud. Linguíst. 2016; 58(3): 445-60.
Barbosa PA, Madureira S. Manual de fonética acústica experimental: aplicações a dados do português. São Paulo: Cortez. 2015.
Kent RD, Read C. Análise acústica da fala. São Paulo: Cortez. 2015.
Boersma P, Weenink D. Praat: doing phonetics by computer (versão 6.0.21). Software. Disponível em: http://www.praat.org.
Miranda IN, Meireles A. Descrição acústica das vogais tônicas da fala capixaba. Letras de hoje. 2012; 47(3): 325-32.
Silva Costa MS, Rilliard A, Cruz, RCF. Caracterização prosódica do português falado na Amazônia: variedade linguística de Mocajuba (PA). Nova Revista Amazônica. 2018; 6(2), 43-58.
Santos Cardoso BC, Cruz RCF, Santos Brito CR. Análise prosódica do português falado em Belém (PA) com dados AMPER. Nova Revista Amazônica. 2017; 5(1), 39-54.
Constantini AC. Caracterização prosódica de sujeitos de diferentes variedades do português brasileiro em diferentes relações sinal-ruído. [tese]. Campinas: Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
502
CARACTERÍSTICAS DA APRAXIA DE FALA NA SÍNDROME DE DOWN: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Apraxia de Fala na Infância (AFI) é um distúrbio da fala de origem neurológica que compromete o planejamento e/ou a programação motora, apresentando três características segmentais e suprassegmentais com validade diagnóstica reconhecida: erros inconsistentes na pronúncia de consoantes e vogais e nas produções repetidas de sílabas ou palavras; transições co-articulatórias prolongadas e interrompidas entre sons e sílabas; e prosódia inadequada1. A síndrome de Down (SD) é uma cromossomopatia que se caracteriza como uma desordem neurodesenvolvimental complexa e acarreta em diversos prejuízos linguístico-comunicativos, repercutindo na produção de fala. OBJETIVO: Investigar na literatura as associações existentes entre síndrome de Down e apraxia de fala. MÉTODO: A revisão integrativa foi conduzida a partir da pergunta: “Qual a prevalência e as principais características da AFI identificadas na SD?”. Foram consultadas as bases EMBASE, PUBMED, LILACS e COCHRANE, utilizando-se a estratégia de busca: “Down syndrome” AND “Apraxia” AND “Speech”. Os critérios de elegibilidade foram responder à pergunta de pesquisa e disponibilizar o texto completo, sem restrição de período de tempo e idioma. Dez artigos foram encontrados, dos quais sete foram incluídos. RESULTADOS: Dois estudos consideraram a percepção dos pais de crianças com SD a partir de um questionário de avaliação, sendo encontrado um resultado de aproximadamente 15% em um estudo2 e apenas 5,6% no outro estudo de pais que relataram a presença de apraxia3. Utilizando métodos e medidas perceptivas e acústicas, um estudo apontou que 97,8% dos adolescentes com SD atenderam aos critérios para distúrbios motores da fala, incluindo disartria infantil e apraxia de fala na infância em associação (22,2%), e apraxia de fala na infância isoladamente (11,1%)4. Quando comparadas a crianças com idade mental pareada, com retardo mental sem SD e crianças típicas mais jovens, as crianças com SD apresentaram maior porcentagem de ocorrência de padrões fonotáticos mais simples do que as formas complexas, com erros quando os alvos eram complexos5. Crianças com SD comparadas com crianças típicas mais jovens apresentaram: menor porcentagem de palavras diferentes e quantidade de palavras inteligíveis produzidas; menores pontuações na precisão e na suavidade de movimentos isolados de fala assim como na produção de movimentos em sequência; maior lentidão, menor precisão e consistência nas tarefas de diadococinesia6. Adolescentes com SD apresentaram distúrbios da fala caracterizados por erros atípicos juntamente com erros do desenvolvimento, além de um alto nível de inconsistência na produção de palavras e dificuldades nas habilidades de planejamento oromotor7. Ainda, a baixa inteligibilidade foi significativamente associada a reduções gerais na precisão fonêmica e fonética, assim como inadequações de prosódia e voz em indivíduos com SD. E mais participantes com disartria ou apraxia apresentaram inteligibilidade reduzida significativa8. CONCLUSÃO: Identificou-se um número reduzido de estudos que abordam a AFI na SD, sendo necessárias mais investigações na área considerando a expressiva prevalência da patologia e a relevância do diagnóstico diferencial para uma adequada conduta terapêutica e progresso clínico. Os resultados apontam que as alterações encontradas na SD também envolvem déficits na implementação dos programas motores de fala, sendo relevante a observação das características clínicas da AFI nesses indivíduos.

1. American Speech-Language-Hearing Association. Childhood Apraxia of Speech. 2007.
2. Kumin L. Speech intelligibility and childhood verbal apraxia in children with Down syndrome. Downs Syndr Res Pract. 2006;10(1):10-22.
3. Togram B. How Do Families of Children with Down Syndrome Perceive Speech Intelligibility in Turkey? BioMed Research International. 2015;2015:707134.
4. Wilson EM, Abbeduto L, Camarata SM, Shriberg LD. Estimates of the prevalence of speech and motor speech disorders in adolescents with Down syndrome, Clinical Linguistics & Phonetics, 2019;33(8):772-789.
5. Rupela V, Manjula R. Phonotactic patterns in the speech of children with Down syndrome. Clinical Linguistics & Phonetics, August 2007; 21(8): 605–622.
6. Rupela V, Velleman SL, Andrianopoulos MV. Motor speech skills in children with Down syndrome: A descriptive study. International Journal of Speech-Language Pathology, Int J Speech Lang Pathol. 2016 Oct;18(5):483-92.
7. Wong B, Brebner C, McCormack P, Butcher A. Word production inconsistency of Singaporean-English-speaking adolescents with Down Syndrome. Int J Lang Commun Disord. 2015;50(5):629–645.
8. Wilson EM, Abbeduto L, Camarata SM, Shriberg LD. Speech and motor speech disorders and intelligibility in adolescents with Down syndrome. Clinical Linguistics & Phonetics, 2019;33(8):790-814.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1515
CARACTERÍSTICAS DO MODO DE INCISÃO, CICLOS MASTIGATÓRIOS E ASSIMETRIA FACIAL EM CRIANÇAS COM MORDIDA ABERTA ANTERIOR: SÉRIE DE CASOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: É descrito na literatura que na mordida aberta anterior a preensão dos alimentos durante a mastigação pode ocorrer nos dentes posteriores como forma adaptativa do sistema estomatognático. Ademais, a dificuldade de máxima intercuspidação relacionado ao movimento mandibular utilizado pode direcionar adaptações como a mastigação unilateral, a fim de facilitar a mastigação1,2. A mastigação unilateral estimula inadequadamente o crescimento e equilíbrio das estruturais orofaciais, promovendo uma excitação neural, que pode ter como resposta um maior desenvolvimento da maxila do lado do trabalho e maior desenvolvimento da mandíbula do lado do balanceio3. Objetivo: Caracterizar o modo de incisão do alimento, os ciclos mastigatórios do lado direito e esquerdo e a assimetria facial em crianças entre três e cinco anos com mordida aberta anterior. Método: Este estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa, nº 2.421.119. Trata-se de uma série de casos em que participaram oito crianças com mordida aberta anterior, de ambos os sexos, na dentição decídua completa. As crianças foram avaliadas por um odontopediatra para avaliação da oclusão dentária. Uma fonoaudióloga realizou a medição da mordida aberta anterior com paquímetro digital. A mastigação foi avaliada com bolacha do tipo Bono da Nestlé®. A avaliação foi registrada por meio da filmagem com uma câmera digital para análise posterior dos aspectos: modo de incisão (central, direita ou esquerda) e número de ciclos mastigatórios (lado direito e lado esquerdo). A avaliação da assimetria facial foi realizada por meio da inspeção visual, com base no item Aparência da Face do protocolo AMIOFE4. Os dados foram analisados descritivamente através de distribuições percentuais. Resultados: As crianças apresentaram idade média de 4,1+0,6 anos, cinco (62,5%) eram do sexo masculino. Na avaliação da amplitude da mordida aberta anterior foi observada média de 4,1+1,3 milímetros. Em relação à avaliação clínica da mastigação foi verificada média de 10,6+5,8 ciclos mastigatórios realizados do lado direito e média de 13,4+4,8 ciclos do lado esquerdo. A mastigação foi considerada simétrica em 6 (75%) crianças. A incisão do alimento foi realizada no lado direito por cinco (62,5%) crianças. A assimetria facial foi observada em uma (12,5%) criança, a única que apresentou com mastigação assimétrica crônica do lado esquerdo. Conclusão: A maioria das crianças realizaram a incisão do alimento no lado direito, apresentaram simetria durante a mastigação e simetria de face.

1. Cattoni DM. Alterações da mastigação e deglutição. In: Ferreira LP, Befi-Lopes DM, Limongi SCO, organizador. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p.277-91.
2. Pereira JBA, Bianchini EMG. Caracterização das funções estomatognáticas e disfunções temporomandibulares pré e pós cirurgia ortognática e reabilitação fonoaudiológica da deformidade dentofacial classe II esquelética. Rev CEFAC 2011; 3(6):1086-94.
3. Planas P. Reabilitação neuro-oclusal. Rio de Janeiro: Médici; 1997.
4. Felício CM, Ferreira CLP. Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores. Inter J Ped Otorhinolaryngol 2008; 72:367-75.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
790
CARACTERÍSTICAS ELETROMIOGRÁFICAS DA DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM CÂNCER NA CAVIDADE ORAL APÓS CIRURGIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O câncer oral é classificado de acordo com sua origem, aspecto e comportamento biológico. O Carcinoma Espinocelular (CEC) acomete cerca de 90 a 95% dos cânceres orais (1). A intervenção cirúrgica, para o tratamento do tumor pode acarretar alteração da mastigação, bem como a deglutição, devido a mutilação na cavidade oral, levando ao paciente a um quadro de disfagia (2). Como avaliação instrumental da deglutição a eletromiografia (EMG), além de ser um procedimento alternativo interessante para captar informações sobre a atividade de músculos alvos, é um exame utilizado para fornecer informações precisas sobre o mecanismo fisiológico da deglutição patológica e normal, é um método de registro dos potenciais elétricos gerados nas fibras musculares em ação (3,4). Objetivo: este estudo avaliou as características eletromiográficas da deglutição em indivíduos com câncer na cavidade oral após tratamento do câncer mediante a intervenção cirúrgica. Método: Trata-se de um estudo com oito indivíduos que apresentaram como doença de base câncer de cavidade oral, com média de idade de 51,5 anos, sendo duas mulheres e seis homens, que realizaram glossectomia com quimio/radioterapia adjacente para tratamento do tumor. Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos – CEPSH com a aprovação de número 3.037.265. Os pacientes foram submetidos a Functional Oral Intake Scale (FOIS) e a eletromiografia de superfície da musculatura suprahioidea direita (SD) e esquerda (SE) durante a deglutição das consistências líquidas e pudim. Resultado: Foi observado que a média da atividade elétrica da musculatura suprahioidea durante a deglutição de líquido e pudim foi elevada, sendo SD: 64,72 µV e SE: 60,86 µV e, SD: 68,07 µV e SE: 77,25 µV respectivamente. Conclusão: A partir deste trabalho, determinou-se médias da atividade elétrica da musculatura suprahioidea durante a deglutição de líquido e pudim em indivíduos com câncer oral submetidos à cirurgia para remoção do tumor. A atividade eletromiográfica da musculatura suprahioidea durante a deglutição foi elevada, quando comparada com os estudos da literatura de indivíduos saudáveis e indivíduos com CCP associado a doenças neurológicas, porém mostrou-se semelhante a um estudo de caso de uma paciente com CCP pós-terapia fonoaudiológica.

1. INCA: Instituto Nacional do Câncer. Ministério da Saúde. Câncer de boca - Versão para Profissionais de Saúde. 2018. Disponível em: . Acesso em: 30 ago. 2019
2. Galbiatti, ALS, Padovani JA Jr, Maníglia JV, Rodrigues CDS, Pavarino EC, Bertollo EMG. Head and Neck Cancer: Causes, Prevention and Treatment. Brazilian Journal Of Otorhinolaryngology. 2013; 79(2):239-247. http://dx.doi.org/10.5935/1808-8694.20130041.
3. Coriolano, MGWS, Lins OG, Belo LR, Menezes DC, Moraes SRA, Asano AG, et al. Monitorando a deglutição através da eletromiografia de superfície. Revista Cefac. 2010; 12(3): 434-440. http://dx.doi.org/10.1590/s1516-18462010005000015.
4. Crary, MA, Carnaby GD, Groher, ME. Biomechanical Correlates of Surface Electromyography Signals Obtained During Swallowing by Healthy Adults. Journal of Speech, Language, and Hearing Research. 2006; 49(1): 186-193. http://dx.doi.org/10.1044/1092-4388(2006/015).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
537
CARACTERÍSTICAS FONÉTICO-FONOLÓGICAS DA FALA E CARACTERÍSTICAS ORTOGRÁFICAS DA ESCRITA EM CRIANÇAS COM ALTERAÇÕES FONOLÓGICAS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Dadas divergências na literatura[1,2,3,4,5], a proposta da presente pesquisa foi investigar possível correlação entre características fonético-fonológicas da fala e características ortográficas da escrita em crianças com alterações fonológicas. Duas perguntas de pesquisa motivaram a investigação: (1) existiria relação de dependência entre erros de fala e erros de escrita em seu plano ortográfico?; e (2) se essa relação existir, qual seria sua natureza? As seguintes hipóteses orientaram a busca de respostas: (i) crianças com alterações fonológicas apresentariam também alterações ortográficas e, ainda, seus possíveis erros de fala apresentariam correlação positiva com seus erros de ortografia. Porém, como há subtipos de alterações fonológicas, esperava-se que (ii) essa diferenciação se mostrasse nas características segmentais da fala e nas características ortográficas em função desses diferentes subtipos, especialmente no que diz respeito às classes fonológicas. Para tanto, assumiu-se que crianças com alterações fonológicas teriam problemas em sua representação fonológica; consequentemente, como a ortografia do Português Brasileiro se sustenta (também) em princípios fonológicos, esse aspecto de sua escrita estaria comprometido. OBJETIVOS: (1) comparar e correlacionar achados fonético-fonológicos da fala e achados ortográficos em crianças com alterações fonológicas; e (2) explorar a natureza dos erros de fala e de ortografia em relação à classe fonológica e ao subtipo de alteração fonológica. MÉTODO: Foram selecionadas 10 crianças com diagnóstico de “transtorno fonológico”[6], sendo 5 com atraso fonológico e 5 com distúrbio fonológico consistente atípico. Foram realizadas (1) avaliação de aspectos fonético-fonológicos da fala e (2) avaliação do desempenho ortográfico – ambas com uso do instrumento PERCEFAL[7] – nas classes consonantais oclusivas, fricativas, nasais e líquidas. Os aspectos da fala foram analisados pelo levantamento de: (1) inventário fonético; (2) sistema fonológico; e (3) cálculo da Porcentagem de Consoantes Corretas – Revisado (PCC-R), que indica o grau de gravidade do “transtorno fonológico”[8]. Os aspectos ortográficos foram analisados pela: (1) caracterização dos erros ortográficos[9]; e (2) cálculo da Porcentagem de Grafemas Corretos Consonantais (PGCC). Por fim, foi realizada análise estatística descritiva e inferencial dos dados, por meio de testes pertinentes, para comparar e correlacionar índices relativos à produção de fala (PCC-R) e à do desempenho ortográfico (PGCC). RESULTADOS: quanto ao primeiro objetivo, a fala apresentou maior porcentagem de acertos do que a ortografia. Não foi verificada correlação entre características fonético-fonológicas da fala e características ortográficas da escrita. Quanto ao segundo objetivo, em ambas as tarefas, os erros que mais ocorreram foram substituições fonológicas. No entanto, seu ranqueamento foi diferente em relação às tarefas: oclusivas, líquidas, fricativas e nasais (na fala); fricativas, líquidas, oclusivas e nasais (na ortografia). Por fim, os subtipos de alteração fonológica não se diferenciaram estatisticamente. CONCLUSÃO: embora tenha havido relações entre erros de fala e erros de ortografia, os resultados sugerem cautela quando se trata do diagnóstico e da terapia de crianças com alterações fonológicas da fala que iniciam seu processo de escolarização, no sentido de não se estabelecerem relações diretas entre características de (sua) fala e características de (sua) escrita.

[1] Bishop, Dorothy; Clarkson, Barbara. Written Language as a Window in to Residual Language Deficits: A Study of Children With Persistent and Residual Speech and Language Impairments. Cortex. 2003;39(2):.215-237.
[2] França, Marcio Pezzini; Wolff, Clarice Lehnen; Moojen, Sonia; Rotta, Newra Tellechea. Aquisição da linguagem oral: relação e risco para a linguagem escrita. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 2004; 62 (2): 469-472.
[3] Lewis, Barbara A.; Freebairn, Lisa A.; Taylor, Hudson Gerry. Correlates of spelling abilities in children with early speech sound disorders. Reading and Writing: An Interdisciplinary Journal. 2002;15(1):389–407.
[4] Menezes, Gabriela; Lamprecht, Regina Ritter. A consciência fonológica a relação fala-escrita em crianças com desvios fonológicos evolutivos. Letras de Hoje. 2001;36(3):743-749.
[5] Salgado, Cíntia; Capellini, Simone Aparecida. Desempenho em leitura e escrita de escolares com alterações fonológicas na fala. Revista Psicologia Escolar e Educacional. 2004;8(2):179-188.
[6] Dodd, Barbara. Differential Diagnosis of Pediatric Speech Sound Disorder. Current Developmental Disordorders Reports. 2014; 3(1):189-196.
[7] Berti, Larissa Cristina. PERCEFAL: instrumento de avaliação da identificação de contrastes fonológicos. Audiology - Communication Research. 2017;22(1):1-9.
[8] Wertzner, Haydée Fiszbein; Amaro, Luciana; Teramoto, Suzana Sumie. Gravidade do distúrbio fonológico: julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes corretas. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2005;17(2):185-194.
[9] Chacon, Lourenço; Pezarini, Isabela de Oliveira. Gradiência na correspondência fonema/grafema: uma proposta de caracterização do desempenho ortográfico infantil. 2018. Manuscrito.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1070
CARACTERÍSTICAS LARÍNGEAS, SEGURANÇA E EFICIÊNCIA DA DEGLUTIÇÃO EM IDOSOS PÓS-ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Características laríngeas, segurança e eficiência da deglutição em idosos pós-acidente vascular cerebral
Introdução
O acidente vascular cerebral (AVC) cursa com sequelas motoras, de comunicação e alimentação, como disfagia, disartria e disfonia, as quais podem acontecer associadas ou isoladamente.1,2 Tais alterações também podem estar associadas ao envelhecimento,3,4,5 e ambos fatores (AVC e envelhecimento) podem influenciar no comportamento das funções e morfologia laríngea, como também na segurança e eficiência da deglutição.6,7 Na literatura não existe suficiente evidência que permita compreender tais características e as possíveis relações entre elas, sendo necessário gerar novos conceitos que permitam avaliação e tratamento mais eficiente nos idosos acometidos pelo AVC, principalmente no estágio crônico.
Objetivo
Verificar as relações entre as características laríngeas (morfológicas e funcionais fonatória) e de deglutição (segurança e eficiência) em idosos pós-acidente vascular cerebral.
Metodologia
Estudo retrospectivo aprovado pelo comitê de ética protocolo nº 2.976.893 em que foram analisados dados de 24 prontuários de pacientes: gravações dos exames de videoendoscopia da fonação e deglutição realizados previamente à intervenção fonoaudiológica. Foram considerados critérios de inclusão ter 60 anos de idade ou mais, diagnóstico médico de AVC tardio com tempo de acometimento de mínimo 6 meses e excluídos pacientes com histórico de doenças oncológicas. Foi analisada a presença de assimetria laríngea, arqueamento da porção membranosa das pregas vocais, aumento de volume das pregas vestibulares, e classificação do fechamento glótico, além de presença de constrição supraglótica considerando deslocamento de pregas vestibulares (constrição mediana) e de aritenoides e epiglote (constrição anteroposterior) durante a fonação. Para avaliar a segurança da deglutição foi utilizada a escala de penetração e aspiração8, enquanto as escalas de resíduos em faringe,9 valéculas e seios piriformes10 foram aplicadas para avaliar a eficiência da deglutição. Os dados foram analisados
por meio dos testes Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, considerando nível de significância de 5%.
Resultados
Na análise da videoendoscopia da fonação 91,7% dos pacientes apresentaram arqueamento da porção membranosa das pregas vocais e aumento do volume das pregas vestibulares, 87,5% constrição anteroposterior das aritenoides, 62,5% constrição mediana, 29, 2% assimetria laríngea e 16,7% fechamento glótico incompleto. Na análise da deglutição 12,5% dos casos apresentaram penetração e8,3% aspiração; em 33,3% houve presença de resíduos em seios piriformes com consistência líquida, 58,8% pontuou no nível “um” na escala de valéculas para a consistência solida e 80% pontou nos níveis dois ou três, na escala de faringe para sólido. Verificou-se relação estatisticamente significante entre a escala penetração/aspiração e constrição anteroposterior de aritenoides (p=0,047); da escala de resíduos em valéculas com assimetria das pregas vocais (p=0,009), aumento das pregas vestibulares (p=0,040) e cobertura das pregas vocais pela epiglote (p=0,017); da escala de resíduos em faringe com assimetria das pregas vocais (p=0,048), aumento das pregas vestibulares (p=0,020) e constrição anteroposterior de aritenoides (p=0,020).
Conclusão
Concluiu-se que a característica laríngea de constrição anteroposterior durante a fonação apresentou relação com aspectos de segurança e eficiência da deglutição, enquanto os aspectos assimetria de pregas vocais, cobertura das pregas vocais pela epiglote, e aumento de volume das pregas vestibulares durante a respiração mostraram relação com a eficiência da deglutição em idosos, pós acidente vascular cerebral.


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TRABALHOS CIENTÍFICOS
231
CARACTERÍSTICAS MORFOSSINTÁTICAS DE CRIANÇAS COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO DE LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: a sintaxe é um dos aspectos da linguagem e é consideravelmente afetada nos Transtornos de Linguagem na infância (1). Para a identificação de alterações morfossintáticas em crianças com este perfil, é condição que dados sobre o desenvolvimento típico sejam pesquisados considerando a língua que a criança está adquirindo. Pesquisadores como Brown (2) e Crystal (3) construíram taxinomias sobre os padrões evolutivos do desenvolvimento morfossintático em língua inglesa, todavia, não há corpora sobre estes padrões no português brasileiro, apenas estudos que investigam pontualmente determinados aspectos sintáticos como a aquisição de orações relativas (4) e identificação de gênero (5,6). Objetivo: descrever as características morfossintáticas de crianças brasileiras em processo de aquisição de linguagem por meio de protocolo construído e validado para a língua portuguesa do Brasil. Método: o estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa - CAAE: 68562317.4.0000.5417. Foram analisadas amostras de fala espontânea de 25 crianças com Desenvolvimento Típico de Linguagem entre 30 e 60 meses, agrupadas em 5 faixas etárias (faixa 1 – 30 a 36 meses; faixa 2 – 37 a 42 meses; faixa 3 – 43 a 48 meses; faixa 4 – 49 a 54 meses; faixa 5 – 55 a 60 meses). Para serem incluídas na amostra, as crianças foram submetidas à checklist com perguntas sobre o desenvolvimento da linguagem e roteiro breve de análise de amostra de fala. A quantidade de crianças na amostra utilizada pôde ser válida pela equação de Weyne (7). Com base na estrutura gramatical da língua portuguesa e nas características mais recorrentes da construção morfossintática de crianças com alteração de linguagem, o protocolo de avaliação morfossintática abarcou oito critérios de análise verificados sobre a transcrição ortográfica de conversação entre criança e interlocutor adulto por 20 minutos: quantidade de enunciados produzidos, de frases agramaticais, de frases telegráficas, de frases nominais, de períodos simples, de períodos compostos, de erros de concordância nominal e de concordância verbal. Foi realizada análise descritiva sobre cada um dos critérios nas diferentes faixas etárias, sendo analisado mais de 2200 frases. Resultados: somente as crianças da faixa etária 2 atingiram mais de 100 enunciados, todas as outras faixas, mesmo as mais altas, tiveram média que variou de 91,6 a 64,8. Não foram encontradas frases telegráficas em nenhuma das faixas etárias, e apenas duas ocorrências de frases agramaticais, o que coincide com a taxinomia de Brown (2) e Crystal (3). As frases nominais são mais frequentes nas três primeiras faixas etárias e parecem diminuir após esta idade. Os períodos simples são bem mais observados nas três faixas etárias iniciais, mas sua produção diminui nas duas últimas faixas, em contrapartida, aumenta o número de períodos compostos. Erros de concordância nominal e verbal foram raros, com média inferior a 1 erro nas diferentes faixas etárias. O critério que evidenciou evolução entre as faixas etárias foi o ‘período composto’. Conclusão: as análises possibilitaram a obtenção do perfil morfossintático nas diferentes faixas etárias, o que pode oferecer parâmetros para distinguir características morfossintáticas típicas e não típicas de crianças em aquisição de linguagem.



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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1848
CARACTERÍSTICAS PERCEPTIVAS E ACÚSTICAS DE FONTE-FILTRO EM MULHERES COM NÓDULOS VOCAIS E SEM LESÃO LARÍNGEA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Considerada um fenômeno essencialmente multidimensional, a voz envolve aspectos fisiológicos, perceptivos, aerodinâmicos, acústicos e emocionais. A integração desses parâmetros são primordiais na avaliação fonoaudiológica, para o alcance de uma visão global da disfonia1,2. A análise acústica emerge trazendo dados quantitativos acerca dos ajustes glóticos e supraglóticos durante a emissão sonora. Embora indivíduos que apresentam nódulos vocais possuam irregularidades a nível de fonte3-5, como por exemplo: fechamento glótico incompleto, irregularidade vibratória das pregas vocais, será que pode haver ajustes compensatórios à nível de trato vocal6, perceptivel pelas medidas acústicas de filtro? Quais as diferenças das medidas perceptivas e acústicas de fonte glótica e filtro (trato vocal) em mulheres com nódulos vocais e sem lesão laríngea? Objetivo: Investigar medidas perceptivas e acústicas relacionadas à fonte e filtro em mulheres com nódulos vocais e mulheres sem lesão laríngea. Método: Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa de uma Instituição de Ensino Superior, processo nº 2.158.960, participaram do estudo 24 mulheres com idade entre 18 e 65 anos, distribuídas em 2 grupos: 12 mulheres com nódulos vocais (grupo experimental - GE) e 12 mulheres sem lesão laríngea (grupo controle - GC). Foram submetidas a gravação da vogal /a/ sustentada e das três frases-veículo7: “Digo papa baixinho”, “Digo pipa baixinho” e “Digo pupa baixinho”. Para análise acústica, foram utilizadas medidas que avaliam fonte glótica (extração da vogal /a/ sustentada) tais como: média da frequência fundamental (f0), desvio padrão de f0 (DP f0), jitter, shimmer, glottal-to-noise excitation (GNE) e cepstral peak prominence Smoothed8 (CPPS); e medidas de filtro: medidas espectrais das diferenças dos harmônicos H1-H29 (dB) com extração da vogal /a/ sustentada, e primeiro (F1) e segundo formante (F2) das vogais /a/ /i/ e /u/. Para análise perceptiva utilizou-se a escala analógico-visual (EAV) de 0 a 100 mm10. Por meio desta avaliou-se os parâmetros de grau geral do desvio vocal (GG) e os graus de rugosidade (GR), de soprosidade (GS) e de tensão (GT) na emissão da vogal sustentada /a/. Para análise dos dados utilizou-se nível de significância de 5% (teste T de Student /Wilcoxon). Resultados: Verificou-se que mulheres com nódulos vocais apresentam comportamento de fonte glótica e de filtro (trato vocal) diferente de mulheres sem lesão laríngea. Mulheres com nódulos vocais, apresentaram maiores valores de shimmer (p=0,0449), e dos parâmetros de grau geral (p=0,0020), rugosidade (p=0,0105) e soprosidade (p=0,0059) na avaliação perceptiva; Apresentam menor valor dos formantes com relação ao primeiro formante da vogal /a/ (p=0,0145) e /u/ (0,0007), assim como ao segundo formante da vogal /a/ (p=0,0284). Conclusão: Mulheres com nódulos vocais apresentam vozes mais desviadas com predominância de qualidade vocal soprosa e redução na amplitude do movimento dos articuladores na produção som.

Palavras-chave: Voz, Disfonia, Acústica da fala, Parâmetros acústicos, interação fonte-filtro.

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6. França F P, Almeida A A, Lopes L W. Configuração acústico-articulatória das vogais de mulheres com nódulos vocais e vocalmente saudáveis. CoDAS 2019;31(6):e20180241.


7. Barbosa PA, Madureira S. Manual de fonética acústica experimental: aplicações a dados do português. Cortez editora. 2015. 591p.



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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1991
CARACTERÍSTICAS VOCAIS DE CRIANÇAS COM BAIXA ESTATURA PRÉ E PÓS TRATAMENTO COM HORMÔNIO DO CRESCIMENTO
Tese
Voz (VOZ)


Introdução. O Hormônio do Crescimento (GH) é fundamental no processo de crescimento e de desenvolvimento corporal na infância e adolescência1. Crianças com baixa estatura (BE), após serem submetidas à investigação clínica e laboratorial, podem ser tratadas com GH para promover seu crescimento e desenvolvimento corporal2,3. Quanto à voz de crianças com baixa estatura, embora o pitch agudo seja a principal característica reportada pela literatura4-6, não se conhece ao certo o efeito do tratamento com GH nas características vocais dessa população.
Objetivo. Avaliar as características vocais de crianças com BE pré e pós 12 meses de tratamento com hormônio do crescimento.
Material e Métodos. Trata-se de um estudo observacional, analítico de coorte. Participaram desse estudo 23 crianças pré-púberes, com idades entre 5 e 11 anos, com diagnóstico de BE (Grupo Pesquisa - GP), pareadas por idade e sexo com crianças com crescimento normal (Grupo Controle - GC). Os participantes foram submetidos a duas avaliações com intervalo de um ano (pré tratamento com GH e após 1 ano de tratamento). As avaliações compreenderam: a) avaliação vocal - anamnese fonoaudiológica, autoavaliação vocal (Qualidade de Vida em Voz Pediátrico), avaliação perceptivo-auditiva e avaliação acústica (frequência fundamental, frequência de fala, medidas de Jitter, shimmer, proporção GNE e Formantes); b) antropometria; c) avaliação da idade óssea; e d) análise laboratorial dos níveis de IGF-1. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o número 1.480.309/2016-03, em 06/04/2016.
Resultados. O GP apresentou mais queixas vocais (p=0,026) que o GC na avaliação Pré, e os grupos foram semelhantes quanto à autoavaliação vocal e à avaliação perceptivo-auditiva (p>0,05). Na avaliação acústica, os grupos foram semelhantes entre si para as medidas de frequência fundamental (F0) (p = 0,087) e medidas de ruído (p>0,05); quanto à comparação entre os momentos da avaliação, tanto a F0, quanto a frequência de fala sofreram decréscimo significativo após um ano, em ambos os grupos; F1 foi maior na avaliação Pós do GC e F2 foi significativamente maior na avaliação Pré nos meninos do GP. Quanto às medidas antropométricas, apesar do GP ter obtido maior incremento de estatura dentro do período de um ano (p<0,001), ele obteve menores valores de estatura nas duas avaliações (p<0,001). Houve correlação positiva entre F1 e idade cronológica para o GP, bem como correlação negativa entre F2 e estatura para o GP.
Conclusão. Crianças com BE possuem características vocais semelhantes às crianças com crescimento normal, antes e após o tratamento com GH.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
2008
CARACTERÍSTICAS VOCAIS DO PROFISSIONAL DE TELEMARKETING: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho (DVRT) trata-se de qualquer desvio vocal que tenha relação com a demanda profissional e pode comprometer ou até mesmo impedir a atuação do trabalhador. Entre esses trabalhadores estão os Teleoperadores, que atuam em empresas habilitadas para prestar serviços de comunicação entre uma empresa privada ou pública e seus clientes. Neste ambiente de trabalho há muitos jovens sem experiência ou instrução para exercer suas funções, e muitas vezes não tem auxílio das empresas para se qualificar e nem para cuidar do seu instrumento de trabalho: a voz. Esses profissionais podem então apresentar alterações vocais, que estão ligadas a diversos fatores, de forma isolada ou em conjunto, diretamente ou indiretamente, como as questões pessoais, emocionais, além das emocionais.(8,9,10)

OBJETIVO: Descrever as características vocais de Teleoperadores, a partir.

MÉTODO: Foi realizada uma pesquisa na literatura, com os descritores em saúde (DECS): Voz e Teleoperadores, utilizando-se o operador booleano AND, nas bases de dados SCIELO e LILACS. A busca selecionou artigos publicados nos últimos 10 anos, nos idiomas português, inglês, e espanhol, que detalhassem a atuação do fonoaudiólogo na população alvo.

RESULTADOS: Após a busca inicial foram identificados 19 estudos, dentre os quais, 19 atenderam aos critérios de elegibilidade e foram considerados relevantes para a amostra do trabalho. Os artigos duplicados foram contabilizados oito vezes. Foram selecionados um total de 12 artigos. Os artigos, em sua totalidade foram publicados em português, sendo 9 em português e 2 em espanhol. A maioria dos estudos foram realizados com jovens adultos e indivíduos do sexo feminino. De acordo com os estudos, os principais sintomas vocais que relatados pela população de Teleoperadores foram respectivamente: dores cervicais, rouquidão, fadiga vocal, falhas na voz, variação na intensidade vocal no ambiente extra laboral e laboral, queixas auditivas e psicológicas(1,2,3,4,5,6,7,8,9,10). Os estudos sugerem que há influência laboral nesses sintomas. Em maioria das pesquisas, não foi citado questionário estruturado específico e nem validado para investigação dos sintomas vocais. Além disso, também não foi relatado em nenhum dos artigos selecionados a realização de exame laríngeo(1,2,3,4,5,6,7,8,9,10).

CONCLUSÃO: Com base na pesquisa, foi possível observar os sintomas vocais do profissional de telemarketing que são em maioria sinestésicos, relacionados à questões musculares cervicais e fadiga vocal, e auditivos, como alterações na qualidade vocal, geralmente associados ao exercício profissional. Dessa formaressalta-se a atuação fonoaudiológica com esta população, atuando com ações indiretas de prevenção de hábitos vocais inadequados e direta, tendo em vista a grande demanda vocal.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1629
CARACTERÍSTICAS VOCAIS DOS USUÁRIOS DE IMPLANTE COCLEAR E DOS USUÁRIOS DE APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A audição é a forma mais eficiente de proporcionar um retorno apropriado para o controle vocal. A pessoa com deficiência auditiva tende a se desviar dos padrões de normalidade e isso está diretamente relacionado ao grau e tipo de perda auditiva. Assim, a deficiência auditiva pode levar o indivíduo a uma falta de monitoramento auditivo da própria voz e incapacidade de controlar seu desempenho vocal. Por isso é necessário o processo de recomendação e adaptação do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) ou Implante Coclear (IC) e terapia fonoaudiológica. O objetivo do estudo foi analisar e comparar a diferença vocal de indivíduos usuários de IC dos usuários de AASI. Trata-se de uma revisão integrativa, norteada pelo seguinte questionamento: “Existem diferenças vocais entre indivíduos usuários de implante coclear e usuários de aparelho de amplificação sonora individual?”, sendo analisados estudos publicados nos últimos 20 anos nas bases de dados LILACS, MEDLINE E SCIELO, utilizando como estratégia de busca a combinação “auxiliares de audição AND implante coclear AND voz”. Foram incluídos artigos publicados em português e inglês que abordassem a voz da pessoa com deficiência auditiva usuárias de AASI ou IC. Foram excluídos artigos relacionados à perda auditiva nos idosos, aspectos exclusivamente de fala e perda auditiva associada a síndromes. Inicialmente foi realizada a busca de publicações nas bases de dados selecionadas, sendo feita a filtragem por título, posteriormente a seleção por meio da leitura dos resumos e finalmente a leitura na íntegra dos periódicos que atenderam todos os critérios de seleção. Foram encontrados 127 artigos. Desses, foram analisados 13 artigos que responderam à pergunta norteadora, com maior número de publicação na LILACS e SCIELO, ambas com seis artigos. Houve um predomínio de estudos sobre a qualidade vocal de usuários de IC quando comparado com os estudos sobre AASI. Quando confrontados os parâmetros vocais, a frequência fundamental da voz de usuários de AASI ou IC e dos indivíduos com audição normal, foi observado que os usuários de IC demonstram valores acústicos quase iguais a audição normal e mais adequados do que os demonstrados pelos usuários de AASI. Foi possível observar ainda que aspectos como idade precoce do diagnóstico, início da perda de audição (pré ou pós-lingual), processo de reabilitação auditiva, auxiliar auditivo utilizado, idade da intervenção e o tempo de duração de reabilitação podem afetar a qualidade da voz da pessoa com deficiência auditiva, pois todos esses fatores são essenciais para o desenvolvimento do feedback acústico necessário para o monitoramento da voz. A presente revisão possibilitou observar que, embora na pesquisa o maior número de artigos seja relacionado ao IC, a questão sobre a qualidade vocal de indivíduos com deficiência auditiva que são usuários de IC tem sido estudada em pequena escala. Constatou-se ainda que os indivíduos usuários de IC apresentam melhores habilidades de percepção de fala e produção vocal que os usuários de AASI. É importante que sejam realizados outros estudos sobre qualidade vocal dessa população, visando otimizar as evidências científicas.

1. Prado AC. Principais características da produção vocal do deficiente auditivo. Rev CEFAC 2007 Set; 9 (3): 404-410.
2. Santos ARS, Batista NGL, Silva DB, Sampaio ALL, Medved, DMS, Coelho AC. Voice symptoms and handicap in adults with cochlear implants. Rev CEFAC 2019 Abr; 21 (2): 1-8.
3. Coelho ACC, Bevilacqua MC, Oliveira G, Behlau M. Relação entre voz e percepção de fala em crianças com implante coclear. Pró-Fono Rev Atual Cient 2009 Mar; 21 (1): 7-12.
4. Coelho AC, Brasolotto AG, Bevilacqua MC, Moret ALM, Junior FB. Hearing performance and voice acoustics of cochlear implanted children. Braz. j. otorhinolaryngol 2016 Feb; 82 (1): 70-75.
5. Correia RO, Pinheiro CCD, Paiva FCG, Neto SG, Rodrigues TP, Mendonça ATB, et al. Reabilitação auditiva por aparelhos de amplificação sono individual (AASI): Perfil epidemiológico de pacientes adaptados em um hospital terciário em 5 anos. Rev Med UFC 2017 mai-ago; 57(2): 26-30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1112
CARACTERÍSTICAS VOCAIS EM HOMENS E MULHERES TRANSGÊNEROS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: no Brasil, os estudos referentes à população transgênero são escassos, sendo fundamental seu desenvolvimento para o mapeamento, análise e entendimento das principais demandas dessa população no país.[1] Internacionalmente, observa-se um número limitado de produções científicas acerca da voz dos homens trans.[2] Tanto para os homens quanto para as mulheres trans, a voz é um fator importante para a efetiva transição de gênero,[3] o que justifica o estudo dessa população pela Fonoaudiologia. Dentre os aspectos da comunicação de pessoas trans, estão incluídas as buscas por ajustes no timbre, entonação, intensidade vocal, ressonância, qualidade vocal, articulação, velocidade de fala, linguagem e comunicação não verbal,[4] sendo necessário conhecer aspectos de autopercepção vocal e uso da voz em situações diversas. Objetivo: caracterizar a voz de homens e mulheres transgêneros em um serviço de Fonoaudiologia. Método: estudo do tipo qualitativo. Aprovado pelo Comitê de Ética nº 3.303.803. Realizado com 24 homens trans e 16 mulheres trans, com idade média de 26 anos. Os dois grupos responderam a um questionário sobre características da comunicação oral, envolvendo a autopercepção vocal e uso da voz. Resultados: quando questionados se percebem em si algum problema vocal, a opção mais referida pelos homens trans foi “falhas na voz”, por 15 participantes, seguida pela opção “voz fina” por 10 participantes. Já para as mulheres trans, a opção mais relatada foi “voz grossa”, assinalada por 11 participantes, seguida de “falhas na voz”, por 8 participantes. Também foram referidas as características “voz rouca” e “cansaço”. A maioria dos homens e mulheres trans acha que sua voz não é percebida como sendo de homem e de mulher respectivamente, pelas outras pessoas. Da mesma maneira, a maioria dos participantes sente que sua voz não representa sua identidade de gênero (14 mulheres trans e 18 homens trans). Os participantes informaram ainda sentir “falta de confiança em relação à voz”, “medo de falar” e “medo de não serem aceitos”. Quanto ao uso de estratégias para modificar a voz, os homens trans (19) foram os que mais utilizam esse recurso para adequar a voz à identidade de gênero, sendo a estratégia mais comum “falar com muita força no pescoço”. Das mulheres trans, 9 modificam a voz, sendo o recurso mais comum “falar baixo ou sussurrando”. Em relação aos hábitos vocais, para os homens trans a opção mais marcada foi “falar rápido” (15 participantes), seguida de “falar muito” e “cantar”, por 12 e 10 participantes respectivamente. Para as mulheres trans, o hábito mais comum foi “falar muito”, por 9 participantes, seguido de “falar rápido” e “cantar”, por 7 participantes em cada. Para os homens trans o uso do binder se apresentou como um fator comprometedor para a voz, pois dos 16 participantes que utilizam o binder, 14 perceberam alguma interferência na voz, principalmente “dificuldade na respiração” e “tensão muscular”. Conclusão: a população trans autorrefere características de falhas na voz, alteração de pitch (voz grossa ou fina), falta de confiança em relação à voz, falar rápido e falar muito, além de estratégias como falar com muita força ou sussurrando.

[1] Lanz L. O corpo da roupa: a pessoa transgênera entre a transgressão e a conformidade com as normas de gênero. Uma introdução aos estudos transgêneros. Curitiba: Transgente, 2015.
[2] Azul D. Transmasculine people's vocal situations: a critical review of gender‐related discourses and empirical data. International Journal of Language & Communication Disorders, v. 50, n. 1, p. 31-47, 2015.
[3] Schmidt JG. O desafio da voz na mulher transgênero: autopercepção de desvantagem vocal em mulheres trans em comparação à percepção de gênero por ouvintes leigos. Revista CEFAC, v. 20, n. 1, p.79-86, 2018.
[4] Dornelas R, Granzotti RBG, Leite, AFDS, Silva Kl. A redesignação vocal em pessoas trans. In: CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
912
CARACTERIZAÇÃO ACÚSTICA DA QUALIDADE VOCAL EM LOCUTORES DE RÁDIO E FALANTES SEM USO PROFISSIONAL DA VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Este trabalho está centrado na descrição acústica das frequências formânticas das vogais orais do português brasileiro e contextualizado dentro da Sociofonética, pois procede a uma análise acústica sistemática para elucidar processos de variação nos grupos de falantes estudados (radialistas e não radialistas). Os estudos que estão inseridos na corrente linguística da Sociofonética reportam à importância dos fatores sociais na percepção da fala, colocando em evidência uma variável social do falante1. O grupo social estudado apresenta características específicas como impostação de voz e articulação diferenciada e dependem apenas da sua voz como veículo da informação. O contexto, os gestos e as expressões visuais não auxiliam na significação das mensagens verbais, o que reverte em maior responsabilidade ao locutor, na transmissão informativa e emotiva2. Nesta perspectiva, as variáveis sociais podem determinar as características do sistema vocálico do indivíduo. O locutor adapta seu padrão vocal de acordo com as diferentes situações de comunicação. Esse profissional necessita buscar recursos que o levem ao aprimoramento da sua locução, reestruturando constantemente a sua fala3-5. Objetivo: Verificar se existem diferenças nas medidas formânticas e frequência fundamental (F0) em falantes pessoenses com e sem uso profissional da voz (locutores de rádio). Tal pesquisa está pautada na caracterização do padrão de formantes das vogais orais do Português Brasileiro (PB) por meio dos dados acústicos extraídos desses grupos de falantes. Métodos: Participaram desta pesquisa um total de 47 falantes, sendo 25 locutores de rádio e 22 falantes que não fazem uso profissional da voz. Todos os participantes preencheram uma ficha de identificação e foram submetidos a uma sessão de gravação de amostras de fala, por meio de emissão das sentenças-veículo. As vozes foram editadas e submetidas à análise acústica com a utilização do software Praat para extração das medidas de F0 e da frequência dos formantes (F1, F2 e F3) das sete vogais orais do PB. Resultados: No sexo feminino, houve diferença entre os grupos de PV e NPV no primeiro formante da vogal [u] e no terceiro formante da vogal [i]. Esses valores foram superiores nos radialistas para ambos os formantes. No sexo masculino, houve diferença entre os grupos de profissionais da voz (PV) e não profissionais da voz (NPV) no primeiro formante da vogal [i] e no terceiro formante da vogal [Ɔ]. Esses valores foram superiores nos homens que não são profissionais da voz. Conclusão: Diante dos achados, os ajustes realizados não são tão diferentes como esperado, pois, nos dias de hoje, busca-se um padrão de fala mais coloquial, o que permite uma maior aproximação do padrão de fala do radialista com o padrão de fala de uma pessoa que não usa a voz profissionalmente. As mulheres apresentaram a estratégia de baixar a mandíbula e os homens de ampliar a faringe.

1 LOPES, L.W. Preferências e atitudes dos ouvintes em relação ao sotaque regional no telejornalismo. Tese de doutorado. Universidade Federal da Paraíba, 2012.
2 KYRILLOS LC, LOURENÇO, IC, FERREIRA LM, TOLEDO FB. Posturas comunicativas de radialista de AM e FM. Pró-Fono. 1995; 7(edição especial): 28-31
3TORRES M.L; BEHLAU, M.; OLIVEIRA, C, A. Estudo da intenção comunicativa do repórter de TV na transmissão de textos noticiosos com dois conteúdos diferentes. Fono Atual. 2004; 7(27):65-77.
4GUSTAFSON, K. The prosody of Norwegian news broadcasts. In: ENGSTRAND, O.; KYLANDER, C.; DUFBERG, M., editors. Papers from the Fifth National Phonetics Conference; 1991 May 29-31; Stockholm, Sweden. Stockholm: University of Stockholm; 1991. p. 49-52
5KYRILLOS, L.C; COTES, C.; FEIJÓ D. Voz e corpo na TV. São Paulo: Globo; 2003.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1177
CARACTERIZAÇÃO DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL EM MULHERES NATURAIS DO RIO DE JANEIRO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é um fenômeno cativante da realidade humana e tem importância fundamental na formação do sentido e do afeto, conduzindo a comunicação: As palavras são tomadas de um sentido encantatório verdadeiramente mágico por sua forma e suas emanações sensíveis. Graças à sua voz, o indivíduo é presença física e, ao mesmo tempo, portador de um sistema de signos linguísticos. Abitbol sugere que a voz humana é uma alquimia entre o corpo e o pensamento - um invólucro corporal perfeitamente concebido e resultado de 4,5 milhares de anos de evolução. Segundo o autor, a linguagem se viabiliza pela coordenação entre a atividade motora e a atividade intelectual, de modo que a história da evolução da audição se harmoniza com a evolução da laringe. O estudo da voz tem como base a anatomia e fisiologia da laringe, mas o recente avanço da tecnologia possibilitou quantificar dados acústicos para melhor comparar as informações sonoras através de programas acústicos especializados para a análise da voz humana. A análise acústica vem sendo usada no Brasil há aproximadamente duas décadas e tem se revelado como um robusto instrumento de avaliação. A frequência fundamental é um importante parâmetro de avaliação da voz, tendo correspondência direta com a anatomia e fisiologia laríngea. Existem valores aproximados de F0 para idade e gênero que são diretamente influenciados nos casos de eventuais patologias. Método: Participaram do estudo 200 mulheres com idade entre 18 e 45 anos, sem queixas vocais, sendo utilizada a vogal [ ε ] na análise acústica para extração de F0. Resultados e discussão: Foi encontrada uma F0 média de 209,33 Hz, podendo-se observar menores valores de médias da frequência fundamental de acordo com o incremento da idade das mulheres (maior faixa etária tem a menor média e mediana). Processos culturais e geográficos também podem ser fatores que influenciem de alguma forma neste dado acústico; para tal se mostram necessários estudos utilizando análise acústica para determinar padrões. Conclusão: Os achados deste estudo vão diretamente ao encontro das demais médias encontradas na literatura para a frequência fundamental da voz feminina, encontrando-se um pouco elevada em relação à média encontrada em São Paulo, este dado sugere que mais pesquisas sejam realizadas em torno das variáveis culturais e geográficas para que possamos então traçar uma possível relação das variações de F0 nas diferentes localidades, sugerindo uma possível relação entre geografia, cultura e voz.

1- PAVIS,PATRICE. Dicionário de Teatro, São Paulo: Perspectiva,2ed,1996.
2- ABITBOL, JEAN. L’odysée de la voix. Paris: Robert Laffont, 2005; P.19-20.
3- SUNDBERG, JOHAN. Ciência da Voz. Fatos sobre a voz na fala e no canto. São Paulo,EDUSP,2015.
4- GAMA ACC, BEHLAU M. Estudo da constância de medidas acústicas de vogais prolongadas e consecutivas em mulheres sem queixa de voz e em mulheres com disfonia. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(1):8-14
5- Felippe ACN, Grillo MHMM, Grechi TH. Normatização de medidas acústicas para vozes normais; Rev. Bras.Otorrinolaringol. vol.72 no.5 São Paulo Sept./Oct. 2006
6- CIELO CA, FINGER LS, ROSA JC, BRANCALIONI AR.. Lesões Organofuncionais do tipo Nódulos, Pólipos e Edema de Reinke. Rev. CEFAC. 2011 Jul-Ago; 13(4):735-748
7- TITZE IR. Toward standards in acoustic analysis of voice. J. Voic, 1994;8(1):1-7.
8- BEHLAU M, Determinação da Frequência Fundamental e suas Variações em altura (“Jitter”) e intensidade (“Shimmer”), para falantes do português brasileiro. Acta AWHO;4(1) 5-10, 1985. tab.
9- FINGER LS, CIELO CA, SHAWARZ K. Medidas vocais acústicas de mulheres sem queixas de voz e com laringe normal. Braz J Otorhinolaryngol.2009;75(3):432-40.
10- LEITE, Yvonne; CALLOU,Dinah. Como falam os brasileiros. Rio de Janeiro: Zahar Editores,2002.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
299
CARACTERIZAÇÃO DA FUNÇÃO MASTIGATÓRIA EM IDOSOS SAUDÁVEIS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O desempenho da função mastigatória em idosos tende a ser reduzido devido ausências dentárias1,2, redução do tônus e força muscular3 e má adaptação de próteses dentárias1,2,4. Objetivo: Caracterizar a função mastigatória de idosos e realizar a comparação entre quantidade total de tempo, golpes mastigatórios e escore total da mastigação entre os idosos, grupo experimental (GI), e adultos jovens, grupo controle (GC). Métodos: Trata-se de um estudo observacional, transversal, analítico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob parecer número 2.380.411. Participaram 50 indivíduos, sendo 25 pertencentes ao GI (idade média de 66 anos) e 25 ao GC (idade média de 22 anos). A avaliação da mastigação foi realizada por meio da filmagem padronizada da mastigação habitual de um biscoito maisena. Foram utilizados o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores para Idosos (AMIOFE–I) para o GI e para o GC foi utilizado o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandido (AMIOFE-E). Foi verificado e comparado entre GC e GI o tipo mastigatório, o escore mastigatório, o total do tempo mastigatório e o número total de golpes mastigatórios. Para a análise estatística foi utilizado o modelo de regressão linear múltiplo para verificar a influência do gênero, idade, uso de prótese, tempo e número de golpes mastigatórios no escore total da mastigação do GI e o teste não paramétrico Mann-Whitney para comparar o total do tempo, golpes mastigatórios e escore total mastigatório entre GI e GC. Foi utilizado o programa SAS 9.2 para a análise dos dados, sendo considerado o nível de significância de 5%. Resultados: O padrão mastigatório predominante no GC foi a mastigação bilateral alternada (52%), enquanto que no GI predominou a mastigação bilateral simultânea (48%). Apenas o uso de prótese dentária no GI apresentou influência significativa no escore total da mastigação (p≤0.05). O GI apresentou maior tempo mastigatório e maior quantidade de golpes mastigatórios, contudo, o escore total da mastigação foi menor, sendo encontrada diferença significativa (p≤0.05). Conclusão: O uso de prótese dentária apresenta influência significativa na função mastigatória. Quando comparados aos jovens, idosos apresentam maior quantidade de tempo e golpes mastigatórios e menor escore total da mastigação.

1. Cusson V, Caron C, Gaudreau P, Morais J A, Shatenstein B, Payette H. Assessing older adults’ masticatory efficiency. Journal of the American Geriatrics Society. 2015;63(6):1192-1196.
2. Feizi A, Keshteli A H, Khazaei S, Adibi P. A new insight into masticatory function and its determinants: a latent class analysis. Community dentistry and oral epidemiology. 2016;44(1):46-52.
3. Frontera W R, Hughes V A, Fielding R A, Fiatarone M A, Evans W J, Roubenoff R. Aging of skeletal muscle: a 12-yr longitudinal study. Journal of applied physiology. 2000;88(4):1321-1326.
4. Baumgarten A, Schmidt J G, Rech R S, Hilgert J B, Goulart B N G D. Dental status, oral prosthesis and chewing ability in an adult and elderly population in southern Brazil. Clinics. 2017;72(11):681-685.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1068
CARACTERIZAÇÃO DA MASTIGAÇÃO DO IDOSO BRASILEIRO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O processo de envelhecimento pode afetar o sistema estomatognático, devido a diminuição do tônus muscular e do volume salivar, perda dentária, interferência nos movimentos articulares, presença ou extensão de doenças bucais, uso de medicamentos, entre outros(1). Dessa forma, é importante analisar a caracterização da mastigação dos idosos para buscar resoluções e identificar padrões predominantes, com o propósito de encontrar meios que promovam uma melhor qualidade de vida a esse público. Objetivo: Verificar e descrever a mastigação dos idosos, mediante análise de estudos nacionais publicados nos últimos 10 anos. Método: Revisão integrativa, do tipo descritiva, que proporciona uma síntese do conhecimento e incorporação da aplicabilidade de resultados significativos à prática. O levantamento bibliográfico foi realizado, no período de maio à junho de 2020, por meio da busca de artigos científicos nas bases de dados MEDLINE e LILACS, e na SCIELO. A busca foi realizada a partir do cruzamento dos descritores: mastigação AND idoso OR envelhecimento. Os critérios de inclusão utilizados foram: estudos publicados no período de 2010 a 2020, nacionais, voltados ao público com 60 anos ou mais e que caracterizassem a mastigação do idoso. Foram excluídos estudos secundários, teses de dissertação e estudos que abordassem idosos com alguma comorbidade. Resultados: Na busca identificou-se 230 estudos, onde os critérios de exclusão e inclusão foram aplicados, chegando ao total de 4 artigos que abordavam a caracterização da mastigação(2-5). Nos estudos selecionados a mastigação foi caracterizada em relação à tipo mastigatório, tempo, ritmo e formação do bolo alimentar. Todos os artigos abordaram o tipo mastigatório, em 75%(2,3,5) prevaleceu o tipo mastigatório bilateral alternado ou simultâneo e 25%(4) o tipo mastigatório unilateral. O tempo mastigatório foi abordado em 75%(2-4), obteve-se tempo médio de 32,45s(2) e 34,29s(3) em estudos compostos por idosos com diferentes tipos de reabilitação oral protética sem descrição do alimento utilizado, outro estudo(4) avaliou a mastigação com pão francês e os idosos foram divididos em três grupos de acordo com sua situação dentária, verificou-se tempo médio de 23,2s no grupo controle (sem falhas dentárias), 26,3s no grupo prótese total e 23,7s no grupo prótese parcial removível. O ritmo foi contemplado em 25%(5) e a formação do bolo alimentar em 50%(2,3) dos estudos, sendo classificados como adequados. Conclusão: Diante do estudo realizado, a mastigação do idoso é caracterizada com predominância do tipo mastigatório bilateral alternado ou simultâneo, com ritmo e formação do bolo adequados e tempo médio mastigatório indefinido. Em suma, é nítido a escassez de pesquisas caracterizando a mastigação de idosos saudáveis. Com o passar dos anos, as estruturas do sistema estomatognático e suas funções acabam sofrendo modificações, as quais fazem parte do processo natural de envelhecimento, assim, é necessário que o idoso se adapte diante de suas condições morfofuncionais, tornando-se fundamental conhecer o perfil e as demandas dessa população, com o intuito de auxiliar no planejamento das ações fonoaudiológicas e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

1. Cardos MCAF, Bujes RV. A Saúde bucal e as funções do sistema estomatognático em idosos usuários de prótese dentária. Estud interdiscipl envelhec. 2010; 1(1):53-67.
2. Yoshida FS, Mituuti CT, Totta T, Berretin-Felix G. A influência da função mastigatória na deglutição orofaríngea em idosos saudáveis. Audiol Commun Res. 2015; 20(2):161-166.
3. Costa DR, Totta T, Silva-Arone MMA, Brasolotto AG, Berretin-Felix G. Diadococinesia oral e função mastigatória em idosos saudáveis. Audiol Commun Res. 2015; 20(3):191-197.
4. Ayres A, Teixeira AR, Martins MD, Gonçalvez AK, Olchik MR. Análise das funções do sistema estomatognático em idosos usuários de prótese dentária. R bras ci Saúde. 2016; 20 (2):99-106.
5. Oliveira BS, Delgado SE, Brescovici SM. Alterações das funções de mastigação e deglutição no processo de alimentação de idosos institucionalizados. Rev Bras de Geriatr e Gerontol. 2014; 17(3):575-587.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2113
CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE CUIDADORES DE FAMILIARES COM AFASIA DE UM CENTRO DE REABILITAÇÃO INTENSIVA FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução:
A experiência subjetiva de sobreviver a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) é caracterizada por uma mudança radical na vida dos pacientes e de suas famílias, impactando as experiências físicas, psicológicas, sociais, relacionais, emocionais e espirituais, situações cotidianas que foram realizadas com normalidade antes do AVC tornam-se agora um verdadeiro desafio para os membros da família. As principais manifestações pós-AVC são: déficits motores, incapacidades funcionais e distúrbios de linguagem, como a afasia, que apresenta alterações dos processos linguísticos de significação de origem articulatória e discursiva. Os parentes próximos passam a ser responsáveis por cuidar do dependente, e mesmo sendo cuidados dispostos à alguém que se estima, pode ser estressante e levar à diminuição da qualidade de vida (QV), o que coloca a família na posição de necessitar de cuidados e atenção. A QV pode ser definida como a percepção que o indivíduo tem sobre diversos aspectos de sua saúde física, estado psicológico e suas relações sociais no contexto da cultura e do sistema de valores no qual faz parte.
Objetivo:
Caracterizar a qualidade de vida de cuidadores e familiares de indivíduos com afasia atendidos num centro de reabilitação.
Método:
A pesquisa foi realizada com cuidadores e familiares que frequentam o centro de reabilitação intensiva fonoaudiológica “Casa da Afasia” em uma Universidade pública no interior do estado de São Paulo. Foi aplicado o Instrumento Abreviado de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-Bref), de forma individual em sala reservada, sendo a média de duração de 10 minutos, variando a depender da necessidade dos participantes.
Resultados:
Participaram do estudo 11 cuidadores/familiares de indivíduos com diagnóstico de afasia pós AVC. A maioria era do sexo feminino (77%), quanto ao grau de parentesco (66%) dos cuidadores referiram ser cônjuges. Os dados foram analisados de acordo com as instruções do questionário, calculando a média, o desvio padrão e o coeficiente de variação por domínio. A auto avaliação da QV apresentou (M=12,73; DP= 3,13; CV= 24,62). Foram caracterizados os dados separadamente pelos quatros domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. O domínio físico vinculado a questões referente a saúde em geral apresentou (M=13,45; DP= 2,13; CV= 15,82), o domínio psicológico caracterizando pela presença de questões alusivas à sentimentos positivos e negativos, autoestima apontou (M=12,06; DP= 1,41; CV= 11,71), no domínio ligado a relações sociais, suporte social e atividade sexual exibiu (M=12,00; DP= 3,68; CV= 30,63), no domínio meio-ambiente, referente a recursos financeiros, ambiente do lar, lazer, transporte entre outros obteve (M=14,05; DP= 1,68; CV=11,96). O domínio menos afetado foi Meio Ambiente e como domínio mais afetado Relações Sociais, que engloba as facetas: relações pessoais (M=2,91; DP= 1,04), suporte (apoio) social (M= 2,91; DP= 1,38) e atividade sexual (M=3,18; DP= 0,98).
Conclusão:
O impacto das sequelas decorrente do AVC pode acentuar a auto percepção do cuidador quanto a baixa de sua qualidade de vida, corroborando com achados de estudos referente a sobrecarga do cuidador familiar, indicando carência de apoio social e instrumental para o cuidado, alterando a dinâmica de relações pessoais e também atividade sexual.

1. TOMOMITSU M. R. S. V., Perracini M. R., & Neri, A. L. (2014). Fatores associados à satisfação com a vida em idosos cuidadores e não cuidadores. Ciência & Saúde Coletiva, 19(8), pp. 3429-3440. doi: 10.1590/1413-81232014198.13952013

2. PANHOCA, Ivone  and  RODRIGUES, Aline Nascimento. Avaliação da qualidade de vida de cuidadores de afásicos. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [online]. 2009, vol.14, n.3, pp.394-401. ISSN 1982-0232.  http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009000300017


3. PERSSON J, Holmegaard L, Karlberg I, Redfors P, Jood K, Jern C, et al. Spouses of Stroke Survivors Report Reduced Health-Related Quality of Life Even in Long-Term Follow-Up: Results From Sahlgrenska Academy Study on Ischemic Stroke. Stroke. 2015;46(9):2584–90. doi: 10.1161/STROKEAHA.115.009791[PubMed]


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1506
CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES EM SAÚDE DA COMUNICAÇÃO HUMANA NA PLATAFORMA ARES-UNASUS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O Acervo de Recursos Educacionais em Saúde- ARES- foi criado em
2013 pelo Ministério da Saúde, sob a coordenação da UNA-SUS. A plataforma
ARES apresenta objetos de aprendizagem com várias temáticas na área da saúde,
sendo disponibilizadas pelas Instituições da Rede UNA- SUS, Fiocruz e pelos
Núcleos de Telessaúde. Os Recursos Educacionais são apresentados em diversos
formatos, apoiando o acesso ao conhecimento em saúde dos usuários que
acessam a plataforma digital. Na área da Fonoaudiologia, as temáticas educativas
podem ampliar/ garantir a aprendizagem dos alunos e qualificar a prática
profissional. 1,2,3 Objetivo: Caracterizar os Recursos Educacionais Digitais em Saúde
disponibilizados na (Plataforma ARES), relacionados à Saúde da Comunicação
Humana. Metodologia: Trata-se de um estudo realizado em uma base de dados
secundária - plataforma ARES -UNASUS entre o período de agosto de 2019 à
janeiro de 2020. Os recursos educacionais disponibilizados no acervo foram
caracterizados segundo: tipo de núcleo, ano de publicação, tipo de recurso,
categoria profissional, eixos temáticos, áreas estratégicas da saúde e grandes áreas
da Fonoaudiologia. Foram incluídos os RES de autoria dos Núcleos de Telessaúde
e com temáticas relacionadas à Saúde da Comunicação Humana. Foram excluídos
os RES duplicados na plataforma ARES. Resultados: Foram analisados 26
Núcleos de Telessaúde, totalizando 2.706 recursos, desses 98 com temáticas
relacionadas a Saúde da Comunicação Humana. A maior parte dos objetos de
aprendizagem voltados a Saúde da Comunicação humana foram produzidos pelos
Núcleos de Telessaúde do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, ambos com 38
Recursos, totalizando 76 temáticas educacionais. Na variável “ano de publicação",
houve uma maior disponibilidade de RES no ano de 2017.38,77% dos recursos
foram disponibilizados em forma de TCC. Na categoria “Eixo temático”, 41,85% dos
temas não possuía um eixo temático específico, seguido por Promoção da saúde
com 33,67%. Nas áreas estratégicas preponderou a Saúde da família, com 40,81%
das intervenções realizadas, 45,91% dos temas não apresentaram categoria
profissional específica, seguida pela categoria profissional médico, com 24,50% das
apresentações destinados à sua formação. Nas grandes áreas da Fonoaudiologia,
61 temas foram relacionados a área da Motricidade Orofacial, com recursos
direcionados a amamentação (pega-correta, ordenha e dentre outros). Conclusão:
Analisar os RES contribuíram para inferir sobre as ações de Telessaúde na área da
Fonoaudiologia, destacando os pontos abordados e os que necessitam de uma
maior explanação, possibilitando o subsídio e fortalecimento das ações educativas
através da educação permanente para esses profissionais.

1- UNA-SUS. Política de Acesso Aberto da Universidade Aberta do Sus. [publicação online]; 2016 [acesso em 12 jul 2020]. Disponível em https://www.unasus.gov.br/uploads/pagina/ACESSO_ABERTO/politica_de_acesso_aberto_UNASUS.pdf
2- UNA-SUS. Política do Acervo de Recursos Educacionais em Saúde- ARES. [ publicação online]; 2013 [ acesso em 12 jul 2020]. Disponível em https://www.unasus.gov.br/uploads/pagina/ACESSO_ABERTO/politica_de_acesso_aberto_UNASUS.pdf
3- Oliveira Jacqueline Pawlowski e Corrêa Edison J. Recursos Educacionais em Saúde: produção do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva/ UFMG e o compartilhamento no ARES/ UNASUS. [ Revista em Internet] 2013 [ acesso em 12 de jul 2020]; v.4, n.1 Disponível em https://www.aunirede.org.br/revista/index.php/emrede/article/view/216


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1648
CARACTERIZAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS SOCIAIS DE ADULTOS COM GAGUEIRA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Caracterização das Competências Sociais de Adultos Com Gagueira

INTRODUÇÃO: Gagueira é compreendida como um distúrbio do neurodesenvolvimento, complexo de natureza multidimensional1. Os aspectos motores da fala dos indivíduos que gaguejam são amplamente investigados, no entanto, as competências sociais têm merecido destaque nas investigações nos últimos anos2. As dificuldades na comunicação de indivíduos com gagueira podem levar a autoestima rebaixada em relação aos seus pares com desenvolvimento típico3. Adultos com gagueira mostraram alto nível de ansiedade e com potencial de impactar negativamente na qualidade de vida destes indivíduos4. Essa visão mais contextualizada e abrangente do indivíduo adulto que gagueja possibilita um diagnóstico e uma terapia mais adequada às reais necessidades do falante. Além do mais, permite identificar os reais impactos do distúrbio na qualidade de vida do indivíduo que gagueja. OBJETIVO: investigar as competências sociais por meio da opinião dos familiares de adultos com gagueira e comparar com adultos fluentes. MÉTODO: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número 677022117.0.0000.5406. Participaram 20 adultos, na faixa etária de 18 a 59 anos, divididos em: Grupo Pesquisa (GP), composto por 10 familiares de indivíduos com gagueira do neurodesenvolvimento persistente e Grupo Comparativo (GC), constituído por 10 familiares de indivíduos fluentes, comparados por sexo e idade ao GP. Os adultos do GP apresentaram diagnóstico de gagueira, com no mínimo 3% de disfluências típicas da gagueira na amostra de fala espontânea, e também; no mínimo gagueira leve, de acordo com a classificação do Instrumento de Gravidade da Gagueira (Stuttering Severity Instrument, SSI-4)5. Os adultos do GC não tinham diagnóstico de gagueira atual ou pregressa e manifestaram menos de 3% de disfluências típicas da gagueira na amostra de fala espontânea. Foi aplicado o inventário comportamental “Adult Behavior Checklist” (ABCL)6. O inventário investiga oito itens da competência social referentes as relações de adultos no cotidiano. As questões se referem as dificuldades, responsabilidades, comportamentos, preocupações e qualidades do indivíduo. RESULTADOS: A comparação intergrupos mostrou diferença no perfil social no que tange ao escore total do inventário ABCL e à escala de atividades. Na opinião dos familiares, os adultos com gagueira apresentaram competências sociais particulares, com maior tendência a manifestar alterações nas tarefas sociais, quando comparado com fluentes. As características mais frequentes dos adultos que gaguejam foram medo, nervosismo/tensão, culpa, ansiedade, perfeccionismo e preocupação além dos prejuízos sociais nas situações comunicacionais rotineiras. CONCLUSÃO: Conclui-se que a caracterização de competências sociais é peculiar para cada adulto com gagueira. O estudo apresenta implicação científica relevante, no sentido de que as pesquisas necessitam considerar a dimensão social e o impacto do transtorno de comunicação nesta população. Novos estudos deveriam caracterizar as competências sociais de indivíduos com gagueira considerando os grupos etários e a gravidade do distúrbio. Os dados sugerem a relevância de utilizar protocolos que considerem tanto a opinião dos familiares, como o levantamento de questões sociais nesta população. A intervenção fonoaudiológica na gagueira, deve englobar como objetivos não só a redução das manifestações e sua gravidade, mas também do impacto do distúrbio nas habilidades sociais.

Referências
1. Shields L. What Constitutes a Multidimensional Treatment Approach for School-Age Children Who Stutter?. Semin Speech Lang.2018 setembro. [acesso em 13 de julho de 2020]; 39(4). Disponivel em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30142644/
2.
Giorgetti M, Oliveira C, Giacheti C. Behavioral and social competency profiles of stutterers. Codas. 2015 janeiro – fevereiro. [acesso em 13 de Julho de 2020]; 27(1).Disponivel:https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S231717822015000100044&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

3. Fariba Y. Evaluating and comparing social skills and personality characteristics in elementary school children with stuttering and their normal peers. Journal of Research in rehabilitation sciences. [ revista em internet] 2011 Fevereiro- Março. [acesso 13 de julho de 2020];7(4);533-539.] Disponivel em : https://www.sid.ir/en/journal/ViewPaper.aspx?ID=256053

4. Sikandar M, Tahir N, Shah S. Self-Esteem and Anxiety among Young Adult Male Stutterers of Central Punjab.Biomédica. [revista em internet] 2019 Janeiro – Março. [acesso 13 de julho de 2020];35(1). Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Syed_Imran_Ali_Shah/publication/335684464_Selfesteem_and_anxiety_among_young_adult_male_stutterers_of_Central_Punjab/links/5d748baf4585151ee4a6333e/Self-esteem-and-anxiety-among-young-adult-male stutterers-of-Central-Punjab.pdf

5. Riley G, Bakker K. SSI-4: Stuttering severity instrument. PRO-ED, an International Publisher. 2009. [acesso em 13 de julho de 2020]. Disponível em: https://www.wpspublish.com/ssi-4-stuttering-severity-instrument-fourth-edition

6. Thomas M, Achenbach, Dumenci L, Rescorla L. Ratings of relations between DSM-IV diagnostic categories and items of the Adult Self-Report (ASR) and Adult Behavior Checklist (ABCL). Research Center for Children, Youth and Families [revista em internet] 2003 Fevereiro. [acesso em 10 de julho de 2020]. Disponivel em: https://aseba.org/wpcontent/uploads/2019/02/dsmadultratings.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1547
CARACTERIZAÇÃO DAS DISFAGIAS NAS DOENÇAS CARDÍACAS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia se caracteriza pela dificuldade em deglutir alimentos. Já as doenças cardíacas representam os maiores índices de mortalidade no contexto das doenças crônicas1,2 A presença de fatores de risco e alteração na biomecânica sucção/deglutição/respiração têm sido aspectos abordados em pesquisas recentes e relacionados ao surgimento da disfagia em cardiopatas3. Objetivo: Caracterizar a ocorrência das disfagias nos cardiopatas. Metodologia: Revisão integrativa subsidiada pela seguinte questão: “Como se caracterizam os transtornos da deglutição nas doenças cardíacas?” A pesquisa foi realizada nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online, Biblioteca Virtual em Saúde e Public Medicine Library, utilizando os descritores: Transtornos da deglutição, cardiopatia e fonoaudiologia. Os descritores foram correlacionados por meio do operador booleano “AND”. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos últimos 10 anos, nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola que respondessem a pergunta norteadora. Foram excluídos estudos em duplicidade e revisões de literatura. As variáveis analisadas foram: classificação quanto a fase da deglutição alterada, grau da disfagia, instrumentos avaliativos utilizados, procedimento cirúrgico cardíaco, ocorrência e duração da intubação orotraqueal e tipo de intervenção fonoaudiológica. Resultados: Foram encontrados 236 estudos, sendo 124 na Public Medicine Library; 21 na Scientific Eletronic Library Online; 91 na Biblioteca Virtual em Saúde. Após aplicação dos critérios foram considerados 13 artigos. Destes, 154 excluídos por não responderem a pergunta norteadora; 30 por duplicidade; 02 por serem estudos de revisão de literatura e 37 por não integrarem período de análise. Com relação a fase alterada prevaleceu a disfagia orofaríngea em grau leve a moderado. A maioria dos artigos não descreveu os instrumentos avaliativos4-7, porém dois mencionaram a Escala Funcional de Ingestão por Via Oral1,2, um a Avaliação da Prontidão do Prematuro para Início da Alimentação Oral8, um a a Avaliação da Prontidão do Prematuro para Início da Alimentação Oral juntamente com o Protocolo de Avaliação de Disfagia Pediátrica3. Em relação ao procedimento cirúrgico cardíaco executado e a intubação orotraqueal, a maioria dos artigos não descreveu sobre estas variáveis. Apenas um artigo relatou a técnica NORWOOD ou cirurgia/procedimento híbrido9 e outro sobre a substituição da válvula aórtica transcateter7 (Transcatheter Aortic Valve Replacement – TAVR). Três artigos evidenciaram a ocorrência da intubação orotraqueal7-9, um com variação de 06 a 26 horas7 e outro de 03 a 90 dias8. O terceiro não retratou o período de intubação9. As intervenções fonoaudiológicas ocorreram somente no pós cirúrgico1,3,7,10, utilizando-se a estimulação oral com intervenção motora2 e volume controlado de alimentação8. Conclusão: Evidencia-se a ocorrência de disfagia orofaríngea em cardiopatas, de grau leve a moderado e os instrumentos utilizados para classificar as fases e graus dos transtornos de deglutição nos cardiopatas adultos tem sido a Escala Funcional de Ingestão por Via Oral e em crianças a Avaliação da Prontidão do Prematuro para Início da Alimentação Oral e o Protocolo de Avaliação de Disfagia Pediátrica. Por falta de informações nos artigos não foi possível definir se a disfagia mecânica ocorreu preponderantemente pela incoordenação sucção/respiração/deglutição ou pela ocorrência e duração da intubação orotraqueal.


Yokota J, Ogawa Y, Takahashi Y, Yamaguchi N, Onoue N, Shinozaki T, Kohzuki M. Dysphagia Hinders Hospitalized Patients with Heart Failure from Being Discharged to Home. The Tohoku Journal of Experimental Medicine 2019 Nov 249(3): 163-171.

Yokota J, Ogawa Y, Yamanaka S, Takahashi Y, Fujita H , Yamaguchi N, Onoue N, Ishizuka T , Shinozaki T, Kohzuki M. Cognitive Dysfunction and Malnutrition Are Independent Predictor of Dysphagia in Patients With Acute Exacerbation of Congestive Heart Failure. PLoS One. 2016 Nov 29;11(11):e0167326.

Miranda VSG, Souza PC, Etges CL, Barbosa LR. Parâmetros cardiorrespiratórios em bebês cardiopatas: variações durante a alimentação. CoDAS 2019 July 31( 2 ).

Malkar MB, Jadcherla S. Neuromotor mechanisms of pharyngoesophageal motility in dysphagic infants with congenital heart disease. Pediatric Research 2014; 76; 190-196.

Arifputera A, Loo G, Chang P, Kojodjojo. An Unusual Case of Dysphonia and Dysphagia. Singapore Med J 2014; 55(2): e31-e33.

Gajanana D, Morris DL, Janzer SF., George JC, Figueredo VM. Giant Left Atrium Causing Dysphagia. Tex Heart Inst J. 2016 Oct; 43(5): 469–471.

Mukdad L, Kashani R, Mantha A, Sareh S , Mendelsohn A, Benharash P. The Incidence of Dysphagia Among Patients Undergoing TAVR With Either General Anesthesia or Moderate Sedation. J Cardiothorac Vasc Anesth 2019 Jan; 33(1):45-50.

Fraga DFB, Pereira KR, Dornelles S, Olchik MR, Levy DS. Avaliação da deglutição em lactentes com cardiopatia congênita e síndrome de Down: estudo de casos. Rev. CEFAC 2015 Feb; 17(1): 277-285.

Lundine JP, Dempster R, Carpenito K, Miller-Tate H, Burdo-Hartman, Halpin E. Incidence of aspiration in infants with single‐ventricle physiology following hybrid procedure. Congenital Heart Disease. 2018;1–7.

Karsch, E, Irving SY, Aylward BS, Mahle WT. The prevalence and effects of aspiration among neonates at the time of discharge. Cardiology in the Young 2017; 27; 1241–1247.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
753
CARACTERIZAÇÃO DAS HABILIDADES PSICOMOTORAS EM CRIANÇAS COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Título: Caracterização das Habilidades Psicomotoras em Crianças com Dificuldade de Aprendizagem
Introdução: A estimulação psicomotora é indispensável para a criança que irá ingressar na escola,
tornando-se pré-requisito, visto que a escola é fundamental para o desenvolvimento psicomotor,
por meio de brincadeiras lúdicas, atividades físicas e jogos. O brincar é o meio mais natural que
a criança explora os conceitos psicomotores, pois a brincadeira proporciona movimentação
física, envolvimento emocional e mental. Para (Kamilla, 2010, 34), abordando a citação de
Paulo Freire, é mais preocupante crianças da primeira infância que não sabem brincar, do que
as que não sabem ler e escrever.Dificuldades na leitura, na matemática, na escrita e/ou na coordenação motora, podem
ser características da dificuldade de aprendizagem, que podem aparecer separadamente ou em
agrupamento. Segundo o autor, as dificuldades de aprendizagem caracterizam-se por situações
onde o rendimento nas provas habituais de leitura, escrita e matemática são consideravelmente
inferiores ao esperado para a idade ou para o nível escolar, prejudicando claramente na vida
escolar, no cotidiano e seus prejuízos podem permanecer na idade adulta. (RAFHAEL, 2015,
18).
Objetivo: Caracterizar às habilidades psicomotoras em crianças do 2º ao 4º ano do ensino fundamental l, com dificuldade de aprendizagem
Metódo: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, transversal, observacional, descritiva e
individual. A pesquisa obedece a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL,
2012), que regulamenta os aspectos éticos. E obteve aprovação do comitê de ética com o
número 3.768.219.
A amostra constou do universo de 110 crianças, em média, do 2º ao 4º ano do ensino
fundamental I que estudam no turno da tarde, na Escola de Aplicação Yolanda Queiroz da
Universidade de Fortaleza –Unifor. A realização da coleta de dados ocorreu no período de
fevereiro a março de 2020. Os alunos foram indicados pela a professora, por meio de um
checklist, em que havia aspectos em relação às dificuldades de aprendizagem na leitura, escrita
e cálculo. Esse checklist foi apresentado para as professoras do 2º ao 4º ano, duas de cada turma,
pela pesquisadora e orientadora, em uma reunião marcada junto à diretora da escola com
duração de 1 hora. A Escola de Aplicação Yolanda Queiroz oferece educação de qualidade para
as crianças das comunidades vizinhas. São anualmente vagas para cerca de 540 crianças da
educação infantil, a partir, do Infantil 4 até a 5º do ensino fundamental I e alunos recebem
gratuitamente material escolar, refeições e fardamento.
Resultado: Foram selecionadas 20 crianças da Escola de Aplicação Yolanda Queiroz na
Universidade de fortaleza – Unifor, que inicialmente enquadraram-se nos critérios da pesquisa.
Dessas 20 crianças, 2 foram excluídas pelos os critérios do protocolo aplicado, constituindo-se,
assim, a amostra da pesquisa com 18 crianças.
Conclusão: As crianças apresentaram alterações em ambos os aspectos da aprendizagem, bem
como nas habilidades psicomotoras. No entanto, não houve uma relação entre esses aspectos em decorrência do
número pequeno de crianças avaliadas, contudo, comprovou-se que, as crianças com
dificuldade de aprendizagem também apresentaram alterações nas habilidades psicomotoras.

FONSECA, Vítor da. Manual de Observação Psicomotora. 4. ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995. 371 p.
KAMILA, Ana Paula Folador Kamila et al. A estimulação psicomotora na aprendizagem
infantil. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, [s.l.], v. 1, p. 11, 2010.
Disponível em: http://repositorio.faema.edu.br:8000/jspui/handle/123456789/1656 Acesso em:
31 out. 2019.
PEÑEÑORY, Victor Manuel. et al. Review of systems to train psychomotor skills in hearing
impaired children. In: WORKSHOP ON ICTS FOR IMPROVING PATIENTS
REHABILITATION RESEARCH TECHNIQUES, 4., 2016, Lisboa. Proceedings [...]. New
York: ACM, 2016. p. 81-84.

RAPHAEL, Angelita da Silva Rego. Psicomotricidade e os distúrbios de leitura e escrita: Aspectos psicomotores que influenciam no aprendizado da leitura e escrita. Orientador: Me Denise Rocha Pereira e Me Marcos José Ardenghi. 2015. 62 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Psicomotricidade) - Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/58553.pdf. Acesso em: 31 out. 2019.
ROSA, Milena Groetares. Dificuldades de aprendizagem na alfabetização. Revista Praxis Pedagógica, Rio de Janeiro, v. 2, p. 1-14, 2019. Disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:rM5IPSpPJGgJ:www.periodicos.unir.br/index.php/praxis/article/download/135/pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em: 31 out. 2019.
SILVA, Samara Lilian Zulian Ruas da et al. Desempenho percepto-motor, psicomotor e intelectual de escolares com queixa de dificuldade de aprendizagem. Desempenho de escolares com dificuldades de aprendizagem, [s.l.], ano 103, v. 34, p. 1-14, 2017. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862017000100004. Acesso em 31 out. 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
896
CARACTERIZAÇÃO DAS HABILIDADES SOCIAIS E DE COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE LINGUAGEM E DE FALA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
18650000


INTRODUÇÃO: os transtornos da comunicação incluem o Transtorno da Linguagem e o Transtorno da Fala, e em ambos os quadros há dificuldade persistente na aquisição da linguagem ou dos sons da fala, levando a limitações numa comunicação eficaz, o que interfere na participação social e no sucesso acadêmico (1). O Transtorno Específico de Aprendizagem é uma outra condição de alteração do neurodesenvolvimento e frequentemente está associado aos transtornos da comunicação (1). Crianças que são competentes no uso da linguagem são mais eficazes socialmente, indicando que existe uma relação bidirecional entre linguagem e aspectos emocionais e sociais (2). Crianças e adolescentes com Transtorno da Linguagem são, em geral, vulneráveis a dificuldades de ajustamento e nas relações entre pares (3,4). OBJETIVO: caracterizar as habilidades sociais e problemas de comportamento de crianças com Transtorno de Linguagem e de Fala. METODOLOGIA: o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CAEE 99729418.4.0000.5417. Participaram 24 crianças entre 6 e 11 anos com Transtorno de Linguagem ou de Fala, diagnosticadas por equipe multidisciplinar, selecionadas em Clínica-escola para compor a amostra. Oito delas tinham Transtorno dos Sons da Fala de grau moderado a severo, oito tinham Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem e outras oito tinham diagnóstico de Transtorno de Específico de Aprendizagem associado a Transtorno de Linguagem com comprometimento em pelo menos dois subsistemas linguísticos (fonologia, sintaxe ou vocabulário). Desta forma, todas as crianças tinham dificuldades para se comunicar verbalmente. Foi aplicado o Inventário de Habilidades Sociais, Problemas de Comportamento para Crianças (5), com a colaboração de seus pais. A análise interpretativa protocolar foi utilizada para identificar e caracterizar o perfil dos resultados. RESULTADOS: 77% dos participantes apresentaram percentil global entre 1-25, indicando repertório “abaixo da média inferior” em habilidades sociais, classificação crítica para empatia/afetividade, responsabilidade, autocontrole/civilidade, assertividade e desenvoltura social, habilidades que exigem demonstração de interesse em relação ao sentimento e ponto de vista dos outros, expressão de sentimentos positivos, compromisso com tarefas e regras preestabelecidas para atividades acadêmicas e de convívio social, frente às reações indesejáveis do outro. Para problemas de comportamento, 45% apresentaram repertório de habilidades sociais “acima da média superior”, apontando a existência de condutas assertivas limitadas, como atitudes de agressão física ou verbal, baixo controle de humor, inquietação, impulsividade, tristeza, solidão, o que pode favorecer manifestações de ansiedade e construção de baixa autoestima. CONCLUSÃO: os resultados do estudo indicaram que as habilidades sociais positivas, relacionadas às demandas interpessoais de afetividade/cooperação e responsabilidade, foram restritas a um contingente da amostra, sugestivo da necessidade de uma atenção maior aos repertórios de socialização, que regulam o funcionamento e ajustamento da vida social e acadêmica da criança com transtorno de fala e linguagem, como também, da avaliação cuidadosa a partir da investigação da queixa clínica e evidências psicométricas.

1. American Psychiatnc Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5 - DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

2. Beck L, Kumschick I R, Eid M & Klann-Delius G. Relationship between language competence and emotional competence in middle childhood. Emotion. 2012; 12(3): 503–514.

3. Durkin K, Conti-Ramsden G. Young people with specific language impairment: a review of social and emotional functioning in adolescence. Child Lang Teach Ther. 2010; 26(2):105–121.

4. Conti-Ramsden G, Moki P, Durkin K, Pickles A, Toseeb U, Botting N. Do emotional difficulties and peer problems occur together from childhood to adolescence? The case of children with a history of developmental language disorder. European Child & Adolescent Psychiatry. 2019; 28:993–1004.

5. Gresham F M, Elliotta S N. Adaptação e padronização brasileira: Del Prette ZAP, Freitas, LC, Bandeira M & Del Prette A. Inventário de Habilidades Sociais, Problemas de Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças (SSRS). São Paulo: Editora Pearson, 1ª Ed. 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1378
CARACTERIZAÇÃO DAS PUBLICAÇÕES DOS DOCENTES FONOAUDIÓLOGOS DE SAÚDE COLETIVA DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICAS (IES) DO NORDESTE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: É necessário conhecer a formação acadêmico-profissional do corpo docente com o intuito a se refletir sobre os projetos pedagógicos e o perfil docente destes profissionais, tendo em vista que, estes estão envolvidos na formação das próximas gerações. Desde o final do século passado, o governo brasileiro vem presumindo que o preparo pedagógico do docente da área da saúde tem relação direta com a formação de profissionais. Além disso, é essencial conhecer sobre a direção da produção científica para melhorar a qualidade da pesquisa, o progresso científico e diagnosticar principalmente o impacto dessa produção para a finalidade social que ela cria. Isso permite destacar as realizações e apontar as lacunas, atraindo também a atenção para novas alternativas de pesquisa. Diante do exposto, o presente estudo tem por objetivo identificar o perfil das publicações dos docentes fonoaudiólogos responsáveis pela oferta dos componentes curriculares de saúde coletiva nos cursos de fonoaudiologia das IES públicas do Nordeste. Métodos: Este estudo parte de uma análise documental, que teve como fonte de dados os currículos da Plataforma Lattes dos docentes fonoaudiólogos das IES públicas brasileiras. Os dados coletados e organizados na matriz de análise, foram tratados estatisticamente, formando um banco de dados, através do software IBM SPSS versão 20. Esse banco de dados foi construído considerando os artigos publicados entre 2015 a maio de 2020, excluindo-se resenhas, cartas ao editor e comentários. Os artigos coletados foram classificados e ordenados em variáveis. Resultados: Foram identificados 122 publicações e 19 docentes efetivos das IES públicas do Nordeste que são responsáveis pela área de saúde coletiva dos seus cursos. Dos artigos publicados, a maior prevalência foi daqueles que abordavam a temática concernente a estudos sobre populações específicas (16,4%). A variável com menor predomínio foi em estudos sobre políticas/programas de saúde (3,3%). Com relação aos artigos da área de saúde pública/saúde coletiva que tiveram maior ocorrências abordava o tema de política, planejamento, gestão e avaliação em saúde (54,9%), seguido por epidemiologia (27%) e que não estavam relacionados à área de saúde pública/saúde coletiva (15,6%) e, por último, a variável de ciências sociais e humanas em saúde (2,5%). Referente às características das revistas em que os artigos foram publicados, foi possível identificar que a maioria se concentrou nos periódicos que tinham como escopo as áreas de conhecimento da fonoaudiologia (45,1%). Já em revista de escopo na área da saúde coletiva/pública e outros, corresponderam respectivamente à 24,6% e 30,3%. Destes periódicos, 36,1% possuem a classificação qualis B1 e 23% em B4 para área da saúde coletiva. Quanto à classificação da revista segundo o qualis para a área de educação física, a maioria correspondeu ao B1 (39,3%) e em B2 (19,7%). Conclusão: Com base nos achados concluímos que, embora o campo da saúde coletiva seja muito vasto, ainda existe uma limitação em relação ao número publicações deste campo na fonoaudiologia. Outrossim, percebe-se que a maioria dos docentes da saúde coletiva tem publicado artigos nesta área, o que demonstra uma dedicação ao desenvolvimento da mesma na fonoaudiologia.

Palavras-chave: fonoaudiologia, ensino superior, saúde pública

Nardi V. de, Cardoso Carla, Araujo RPC de. FORMAÇÃO ACADÊMICO-PROFISSIONAL DOS DOCENTES FONOAUDIÓLOGOS DO ESTADO DA BAHIA. CEFAC. 2012;14:1122-1138.

Paz-Oliveira A, Carmo M.C do, Ferreira L. P. FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS INTITULADOS DOUTORES NO PERÍODO DE 2009 A 2013: PERFIL DE FORMAÇÃO. CEFAC. 2015;:586-594.

Damiance Patrícia Ribeiro Mattar, Tonete Vera Lúcia Pamplona, Daibem Ana Maria Lombardi, Ferreira Maria de Lourdes da Silva Marques, Bastos José Roberto de Magalhães. FORMAÇÃO PARA O SUS: UMA ANÁLISE SOBRE AS CONCEPÇÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM SAÚDE COLETIVA. Revista trabalho educação e saúde. 2016;14:699-721.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
530
CARACTERIZAÇÃO DE ERROS ORTOGRÁFICOS DE CRIANÇAS ATENDIDAS EM UM LABORATÓRIO DE PESQUISA EM LINGUAGEM ESCRITA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A aquisição das habilidades básicas para a escrita é um processo muito importante, principalmente nos anos iniciais da alfabetização. Um dos aspectos mais relevantes para a escrita é a ortografia, ou seja, o entendimento das regras de como as palavras de uma língua devem ser grafadas. Para escrever corretamente, são necessários conhecimentos específicos sobre o funcionamento do sistema ortográfico do português, e este pode ser um fator desafiador para muitas crianças, em especial, para aquelas que apresentam dificuldades de aprendizagem. Objetivo: descrever os erros ortográficos de crianças atendidas em um laboratório de pesquisa de linguagem escrita. Método: Trata-se de um estudo descritivo, transversal, retrospectivo e documental, realizado a partir da análise de prontuários de um Laboratório de pesquisa e extensão sobre linguagem escrita. Participaram do estudo 38 crianças, sendo 65,7% do sexo masculino e 34,3% do feminino; com idades entre 7 e 16 anos e escolaridade do 1° ao 9° ano do Ensino Fundamental I e II de escolas públicas e privadas. Todos os escolares da amostra apresentaram queixa de dificuldades em leitura e escrita. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição de origem sob o número 1.012.635. Foi realizado um ditado de palavras e pseudopalavras do protocolo “Avaliação de Leitura de Palavras e Pseudopalavras isoladas - LPI”, que é utilizado na análise de leitura. O teste possui 59 estímulos e a média da quantidade total de palavras escritas pelas crianças foi de 43,16 (DP=16,46). Os erros ortográficos foram analisados mediante a classificação de Zorzi (2008), por ser a mais utilizada no Brasil. Resultados: As crianças foram distribuídas em dois grupos: crianças com idades entre 7-10 anos (57,9%) e crianças com 11-16 anos (42,1%), em função do início da alfabetização e consolidação da mesma, respectivamente. Ao analisar as médias de ocorrência dos erros ortográficos nas crianças, observou-se que os erros mais comumente encontrados na amostra foram: Omissão de Letras (M=13,00; dP=10,26), Outros (M=11,21; dP=11,49), Representações Múltiplas (M=6,76; dP=5,46), Acréscimo de letras (M=5,13; dP=7,99), Apoio na oralidade (M=4,24; dP=5,18), Trocas Surdo/sonoro (M=4,19; dP=5,19); Letras parecidas (M=1,74; dP=2,22), Inversões (M=1,34; dP=2,17), Junção/separação (M=0,47; dP=1,40), generalização (M=0,05; dP=0,22). Conclusão: Os dados obtidos evidenciaram maior frequência dos erros gerados pela “omissão de letras” e uma das hipóteses que justifica essa ocorrência é a imprecisão na apropriação das representações fonológicas relacionadas ao sistema ortográfico, visto que no português brasileiro as crianças não aprendem pela relação grafema-fonema. Ademais, os resultados evidenciam a importância da descrição dos erros ortográficos de crianças com dificuldades de leitura e escrita, para melhor delineamento da intervenção necessária aos casos atendidos em um laboratório de pesquisa que atende este público.

1- Vale AP, Sousa J. Tipo de erros e dificuldade na escrita de palavras de crianças portuguesas com dislexia. Invest Práticas 2017;7(3):61-83.

2- Zorzi JL, Ciasca SM. Caracterização dos erros ortográficos em crianças com transtorno de aprendizagem. Rev CEFAC 2008;10(3):321-331.

3- Capellini SA, Butarelli APKJ, Germano GD. Dificuldade de aprendizado da escrita em escolares de 1º a 4º séries do ensino público. Rev Educ em Questão 2010;37(23):146-164.

4- Sampaio MN, Capellini SA. Intervenção ortográfica em escolares com e sem dificuldades de escrita. Psicol Esc Educ 2015;19(1):105-115.

5- Machado THS. Aquisição da escrita e o processo de alfabetização e letramento nos estudos linguísticos e educacionais. Akrópolis 2015;23(1):3-14.

6- Piccolo LR, Miná CS, Salles JF. ANELE 1 - Avaliação de Leitura de Palavras e Pseudopalavras Isoladas - LPI. São Paulo: Vetor Editora, 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
813
CARACTERIZAÇÃO DE PACIENTES COM FISSURA LABIOPALATINA ATENDIDOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A fissura labiopalatina é uma das deformidades craniofaciais mais frequentes, afetando 1 a cada 700 nascidos vivos¹. De acordo com dados levantados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o maior número de nascidos acometidos por fissura labial, associada ou não a fissura de palato, se concentram no Japão, com 172 casos entre 113.702 nascidos (15.1 de 10.000)². No Brasil, dentro do período de 2007 a 2017, foram documentados 16.465 casos de fissura labial e palatina dentro de um total de 32.070.843 nascidos vivos³. Já no Distrito Federal, dentro do mesmo período, foram documentados 227 casos de fissura labial e palatina dentro de um total de 618.853 nascidos vivos. Objetivo: O estudo objetivou caracterizar a população acometida com fissura labiopalatina que realiza tratamento ou acompanhamento em um hospital de referência e verificar se o tipo de fissura pode estar associada à amamentação, dificuldades alimentares e presença de articulações compensatórias. Metodologia: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética, número do parecer: 3.067.263. Foi desenvolvido um estudo observacional, transversal, descritivo, analítico, a partir da aplicação de um questionário semiestruturado, com base em um estudo já publicado⁴, direcionado para os responsáveis pelos pacientes. Para realizar a análise estatística, foi utilizado o programa SPSS e aplicado Teste Exato de Fisher (nível de significância 5%). Resultados: Participaram do estudo 103 crianças, com faixa etária entre 0 e 14 anos, o sexo masculino foi mais acometido (67%), a fissura transforame incisivo prevaleceu em 61,2% dos casos, 15,5% afirmaram haver associação da fissura labiopalatina com outras síndromes, 30,1% possuem histórico familiar de fissura labiopalatina. Houve diferença significativa entre as fissuras pré-forame incisivo e pós-forame incisivo e entre a pré-forame incisivo e transforame incisivo em relação aos quesitos amamentação, dificuldade de sugar, engasgos, refluxo nasal e a presença de articulações compensatórias. Conclusão: A maioria dos casos participantes do estudo possuíam fissura transforame incisivo e eram do sexo masculino. Menos da metade da amostra tinham histórico de fissura labiopalatina ou associação com outras síndromes. A análise comparativa mostrou que os participantes com fissura pós-forame incisivo e transforame incisivo não foram amamentados em seio materno e tiveram queixas de dificuldades em sugar, engasgos, refluxo nasal e articulações compensatórias.


1 - Kummet CM, Moreno LM, Wilcox AJ, Romitti PA, DeRoo LA, Munger RG, Lie RT, Wehby GL. Passive smoke exposure as a risk factor for oral clefts—a large international population- based study. American journal of epidemiology. 2016 Apr 3;183(9):834-41.

2 - Shaw W. Global strategies to reduce the health care burden of craniofacial anomalies: report of WHO meetings on international collaborative research on craniofacial anomalies. The Cleft palate-craniofacial journal. 2004 May;41(3):238-43.

3 - BRASIL, Ministério da Saúde - SINASC. Nascidos vivos - Brasil. 2019.

4 - Campillay PL, Delgado SE, Brescovici SM. Avaliação da alimentação em crianças com fissura de lábio e/ou palato atendidas em um hospital de Porto Alegre. Revista CEFAC. 2010 Mar 1;12(2).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1910
CARACTERIZAÇÃO DE PROFESSORES COM DISTÚRBIO DE VOZ PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA TERAPÊUTICO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: o hospital onde a pesquisa foi realizada é uma instituição que oferece atendimento a funcionários do município de XXXXX e a seus dependentes. Devido a isso, há uma grande demanda de professores da Educação Infantil e Ensino Fundamental dessa rede municipal. O Setor de Voz desse hospital recebe um número aproximado de 30 pessoas por mês com relato de alterações vocais e essa procura, que acontece há mais de 20 anos, resultou na elaboração de um programa terapêutico, denominado Programa de Voz, onde são realizados 15 encontros semanais. Objetivo: caracterizar os professores da rede municipal que procuram o Programa de Voz. Método: trata-se de pesquisa de natureza transversal que contou os participantes de um grupo terapêutico do Programa de Voz do referido hospital. Inicialmente foram aplicados os instrumentos Índice de Triagem de Distúrbio de Voz (ITDV) e Índice de Desvantagem Vocal (IDV). No primeiro encontro do grupo, os participantes responderam ainda as seguintes perguntas de percepção vocal: (1) Para que serve a voz? (2) O que você acha da sua voz? (3) O que as pessoas acham da sua voz? (4) O que falta na sua voz? Os dados foram submetidos a análise estatística descritiva (numérica e percentual). Resultados: foram analisadas 42 professoras com média de idade de 41.8 anos e média de horas de 7.9h/dia. A média do ITDV foi de 8.5 (mediana de 9, mínimo de 1 e 12 pontos), sendo a menção de ≥ 5 pontos verificado em 38 (90.5%) das professoras analisadas. Os sinais e sintomas da voz mais registrados foram rouquidão (40-95.2%), falha na voz (35-83.3%) e cansaço vocal (35-83.3%). Quanto ao IDV, a média do escore foi de 17.9 (mediana de 17, variando entre 1 e 40 pontos). Quanto as questões referentes a voz, 40 (95.2%) professoras mencionaram o ato de comunicar para a questão “Para que serve a voz”, e 15 (35.7%) consideram a voz rouca quando questionadas sobre “O que você acha da sua voz” e “O que as pessoas acham da sua voz?” (17-40.5%). Necessidade de potência na voz foi a característica mais registrada para a questão “O que falta na sua voz?” (22-52.4%). Conclusão: as professoras estão conscientes de seus problemas vocais, embora esses pareçam ainda não impactar no seu dia a dia. Destaca-se que a maioria das professoras 90.5% (n=38) apresentaram índices do ITDV que indica distúrbio de voz. A equipe responsável pelo Programa de Voz está atenta às essas questões, que também merecem ser pesquisadas em estudos futuros.

Dragone MLOS. Programa de saúde vocal para educadores: ações e resultados. Rev. Cefac. 2011;13(6):1133-1143.

Ferreira LP, Giannini SPP, Figueira S, Silva EE, Karmann DF, Tomé-de-Sousa TM. Condições de produção vocal de professores da rede do Município de São Paulo. Distúrb Comunic. 2003;14(2):275-308.

Ferreira LP, de Souza TMT, Zambon F, Barreto RKA, Maciel MCBT. Voz do professor: gerenciamento de grupos. Distúrb Comun. 2010;22(3): 251-258.

Vilela FCA, Ferreira LP. Voz na clínica fonoaudiológica: grupo terapêutico como possibilidade. Disturb da Comun. 2006; 18(2):235-243.

Ghirardi ACAM, Ferreira LP, Giannini SSP, Latorre MRDO. Screening Index for Voice Disorder (SIVD): Development and Validation. J. Voice. 2013; 27(2):195-200.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2081
CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM CRIANÇAS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As dificuldades alimentares são um problema mundial. Atualmente é um assunto preocupante relacionado ao desenvolvimento infantil, estudado por profissionais de diferentes áreas. É sabido que deficiências nutricionais prejudicam todo o processo de crescimento da criança em diversos aspectos. Ocorre tanto em crianças saudáveis quanto naquelas com necessidades especiais (crianças com problemas neurológicos, prematuras, dentre outros) e independe de fatores socioeconômicos, culturais e étnicos. Vinte a trinta por cento das crianças saudáveis e oitenta por cento com desenvolvimento atípico, têm algum transtorno no comportamento alimentar. A dificuldade alimentar tem sido tema de interesse da fonoaudiologia, percebendo a necessidade de intervenções para além das funções orofaciais. Objetivo: caracterizar o comportamento alimentar em crianças de três a cinco anos de idade, sob a perspectiva dos pais. Método: estudo de caráter observacional quantitativo e descritivo de referência temporal transversal. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética, sob parecer nº 3.773.641. Foram entrevistados 44 pais que acompanhavam as crianças no momento dos atendimentos odontológicos, realizados na clínica escola do curso de Odontologia, e no programa de extensão Mamãe-Bebê, de uma universidade particular. Esse programa oferece atendimento para promoção de saúde, prevenção e tratamento curativo às crianças de zero a quatro anos de idade. A coleta de dados abordou o perfil sociodemográfico do paciente quanto a idade, sexo, nível de escolaridade da criança e dos pais e a renda familiar. Em seguida, foi aplicado o questionário MCH-Feeding Scale, traduzido, adaptado e validado em 2015, para a língua portuguesa europeia, composto de sete domínios relacionados às dificuldades alimentares das crianças. Sendo eles referente ao funcionamento do sistema sensório motor oral, sensorial oral, sobre o apetite, preocupações dos cuidadores em relação à refeição da criança; o comportamento da criança à hora da refeição, as estratégias compensatórias utilizadas pelos cuidadores durante a refeição da criança e por último a reação dos cuidadores. Resultados: Amostra do estudo foi composta por 44 pais das crianças atendidas. Cinquenta e cinco por cento (24) foram do sexo masculino, 57% (25) na faixa etária de cinco anos, 95% (42) frequentavam a escola. Referente ao perfil dos pais, 45% (20) com ensino médio completo e na sua totalidade possuíam baixa renda familiar, menor que dois salários mínimos. Quanto às dificuldades alimentares das crianças, os domínios de maior destaque foram estratégias dos cuidadores, em que 47,7% dos pais tinham maior dificuldade em utilizar estratégias assertivas durante as refeições; o domínio sensoriomotor oral, com 43,2% das crianças retinham comida na boca sem a engolir; e preocupação dos cuidadores, sendo 63,6% dos pais se declararam como muito preocupados com a alimentação das crianças.
Conclusão: Crianças em desenvolvimento típico podem ter dificuldades alimentares. As alterações encontradas indicam a existência de uma maior dificuldade em estratégias utilizadas pelos pais durante as refeições, além de crianças inapetentes que recusam o alimento no início da refeição, influenciando as relações familiares, o que reforça a necessidade de promoção de saúde a essa população.


Junqueira, P. Por que meu filho não quer comer? 1ª ed. São Paulo: Idea, 2017

Morris, S. E.; Junqueira, P. A criança que não quer comer- compreenda as interconexões do seu universo para melhor ajudá-la. 1ª ed. Bauru, SP: Idea editora, 2019. p. 31 a 56.

Goday, P. S., Huh, S. Y., Silverman, A., Lukens, C. T., Dodrill, P., Cohen, S. S., et al. Pediatric Feeding Disorder: Consensus Definition and Conceptual Framework. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2019 Jan [acesso 19 de novembro de 2019]; 68(1):124-129. Disponivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6314510

Lopes, Ana Cláudia; Guimarães, Isabel.; Afonso, Catarina. Montreal Children's Hospital Feeding Scale: Tradução e contribuição para a validação em português europeu. Revista Portuguesa de Terapia da Fala, 2015 [acesso em 2 de setembro de 2019]; v.3, ano III, p.5-15.
Disponível em: https://docplayer.com.br/49496556-Montreal-children-s-hospital-feeding-scale-traducao-e-contribuicao-para-a-validacao-em-portugues-europeu.html


TRABALHOS CIENTÍFICOS
588
CARACTERIZAÇÃO DO DESEMPENHO DE INDIVÍDUOS GAGOS NO TESTE DICÓTICO DE DÍGITOS.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A gagueira é um transtorno multifatorial de base neurológica, que apresenta como manifestação rupturas no fluxo da fala podendo ser explicada por falhas na interação dos aspectos acústicos. A avaliação do processamento dicótico tem por objetivo avaliar a habilidade de figura-fundo para sons verbais e a interação binaural sendo um importante componente na bateria de testes comportamentais do processamento auditivo central, devido a sensibilidade destas medidas para disfunções do sistema nervoso auditivo central e, por fornecer informações que auxiliam na compreensão das dificuldades auditivas apresentadas por crianças com transtorno do neurodesenvolvimento. Objetivo: Investigar a habilidade auditiva de figura-fundo para sons verbais por meio do teste Dicótico de Dígitos (TDD) em escolares com diagnóstico de gagueira. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 71371017.0.0000.5406). Participaram 46 escolares com o diagnóstico de gagueira, de ambos os sexos e com idade variando de 7 a 12 anos e 11 meses de idade. Para a participação da pesquisa, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: idade entre 7 a 12 anos e 11 meses; diagnóstico de gagueira por profissional especialista da área; mínimo de 3% de Disfluências Típicas da Gagueira (DTG); e pelo menos, 11 pontos no Instrumento de Gravidade da Gagueira (Stuttering Severity Instrument, SSI-4, Riley, 2009), o que equivale a uma gagueira leve. Os procedimentos da pesquisa foram: (1) avaliação da fluência; (2) avaliação audiológica básica e, (3) avaliação da habilidade auditiva de figura-fundo para sons linguísticos por meio do teste dicótico de dígitos (TDD), etapa de integração binaural. Os resultados da avaliação foram analisados de forma inferencial. Resultados: A análise dos dados mostrou que 28 (60,8%) escolares apresentaram alteração no teste dicótico de dígitos (TDD). Constatou-se também que escolares na faixa etária de 7 anos apresentaram um maior índice de alteração (78,9%) e, os escolares de 12 anos não apresentaram alteração nesta habilidade. Conclusão: Nesta população observou-se que a maioria dos indivíduos avaliados apresentou alteração na habilidade auditiva de figura-fundo para sons linguísticos, evidenciando o envolvimento das bases neurológicas neste transtorno. Além disso, verificou-se um maior índice de alteração nos escolares mais jovens.

Riley, G. The stuttering severity instrument for adults and children (SSI-4) (4th ed.). Austin, TX: PRO-ED, 2009.

Pereira, L.D. Sistema auditivo e desenvolvimento das habilidades auditivas. In: LÉSLIE, P.F.; BEFI-LOPES, D.M; LIMONGI, S.C.O. (Org.). Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Editora Roca, 2004. p. 547-52.

Bellis, T.J. Assessment and management of central auditory processing disorders in the educational setting: from science to pratice. San Diego: Singular Publishing Group, 2003.

Musiek, F.E.; CHERMAK, D.D. Handbook of (central) auditory processing disorders: auditory neuroscience and clinical diagnosis. San Diego, USA: Plural Publishing; 2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1559
CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR E MIO-OROFUNCIONAL DE CRIANÇAS NEUROTÍPICAS DE 0 A 12 MESES
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Durante os primeiros 18 meses de vida ocorrem as maiores e mais rápidas aquisições, sendo o período no qual os marcos fundamentais são atingidos, como a maturação dos reflexos sub-corticais em habilidades voluntárias. Porém, mesmo algumas respostas estando presentes desde o nascimento, nem todos os indivíduos adquirem as mesmas habilidades motoras
durante a mesma idade cronológica, já que pode haver alterações e influências quanto a fatores genéticos e ambientais. O desenvolvimento infantil é um processo dinâmico e contínuo no qual mudanças físicas, sociais, emocionais e mentais ocorrem em sequência1. No desenvolvimento motor ocorre a eclosão gradual das habilidades latentes de uma criança. Já no desenvolvimento mio-orofuncional ocorre a formação das estruturas correspondentes às funções estomatognáticas2,3. Desde o nascimento o neonato passa por modificações nas estruturas orofaciais, bem como, o desenvolvimento de funções estomatognáticas com padrões primários para padrões amadurecidos Objetivo: caracterizar o desenvolvimento motor e mio-orofuncional de crianças neurotípicas de 0 a 12 meses. Metodologia: pesquisa quantitativa, transversal, exploratória aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob registro 3.129.048. Composta por 21 crianças neurotípicas de zero a 12 meses de idade atendidas pelo Ambulatório de Pediatria da Univali. Foram coletados dados sobre os períodos pré, peri e pós-natal de cada sujeito através de entrevista estruturada dirigida aos responsáveis, juntamente com informações sobre o desenvolvimento de habilidades motora-fina adaptativa, motor grosseiro, linguagem e psicossocial através do teste Denver II, bem como, funções estomatognáticas através da aplicação do protocolo de Motricidade Orofacial Adaptado. Resultados: foram avaliadas 21 crianças de ambos os sexos, sendo as idades categorizadas por trimestre. Observou-se que a maioria dos sujeitos estudados apresentaram desenvolvimento motor alterado, desenvolvimento cognitivo e funções estomatognáticas adequadas. Conclusão: Pode-se observar que a maioria dos sujeitos pesquisados apresentaram desenvolvimento motor alterado, desenvolvimento cognitivo adequado e funções estomatognáticas adequadas para suas respectivas faixas etárias. A partir desses dados, conclui-se que não há relação direta entre o desenvolvimento motor e as funções do sistema estomatognáticos, já que o desenvolvimento de ambos os sistemas depende de estímulos externos e internos diferentes, como o aleitamento materno. Sendo assim, sugere-se realização de novas pesquisas relacionadas a fatores extrínsecos que possam interferir no desenvolvimento típico dos sistemas motor e mio-orofuncional.


1. Oliveira TSR et al. Associations between breastfeeding, nourishing introduction and neuropsychomotor development in the first six months of life. Rev. Distúrbios da Comunicação. 2017; 29(2): 262-72.
2. Araújo LB et al. Caracterização do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças até três anos de: o modelo da CIF no contexto NASF. Cad. Bras. Ter. Ocup. 2018; 26(3):538-57.
3. Paula S, Griebeler KC. Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças na primeira infância em uma escola de Educação Infantil do Vale dos Sinos – RS. Rev. Aten. Saúde. 2017; 15(54):49-54.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1020
CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL AUDIOLÓGICO DE ADULTOS E IDOSOS ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA ESCOLA DE INSTITUIÇÃO UMA DE ENSINO SUPERIOR
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Em 2018 foram estimadas cerca de 466 milhões de pessoas vivendo com algum tipo de alteração auditiva, sendo que 93% são adultos, destes 56% são homens e 44% mulheres. Cerca de 30% da população idosa no mundo é acometida por perda auditiva incapacitante. Estima-se ainda que até 2050 haja 933 milhões de pessoas com algum grau de perda auditiva. Objetivos: Analisar o perfil audiológico dos pacientes adultos e idosos atendidos em uma clínica escola de uma instituição de ensino superior, realizar hipóteses diagnósticas, assim como analisar a quantidade de atendimentos realizados anualmente e suas características. Metodologia: Estudo de caráter retrospectivo, transversal, observacional e quantitativo, aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa (1.344.555). Foram coletados dados dos prontuários dos pacientes com idade igual ou superior a 18 anos atendidos em uma clínica escola de uma instituição de ensino superior, entre agosto de 2014 e dezembro de 2018. Idade, sexo, queixa principal, diagnóstico audiológico, bem como a procedência e encaminhamentos foram os itens coletados. Foram excluídos da amostra os prontuários com exames audiológicos incompletos e os que foram atendidos em outro período que não o designado. Resultados: Foram analisados 592 prontuários, sendo a amostra dividida por grupos de faixas etárias sendo G1 jovens adultos (18 a 40 anos), G2 adultos (41 a 59 anos) e G3 idosos (igual ou maior de 60 anos). Houve um predomínio da população feminina em todos os grupos. A faixa etária predominante foi a do grupo G2. As queixas mais frequentes foram de dificuldade auditiva, zumbido e tontura. Quanto ao diagnóstico audiológico a maioria apresentou-se com audição normal, seguido da perda auditiva do tipo sensorioneural de grau moderado. Quanto à procedência e aos encaminhamentos, a maioria foi feita por e para os otorrinolaringologistas. Houve um aumento dos atendimentos ao longo dos anos e uma quantidade maior no segundo semestre dos anos letivos. Conclusão: Os pacientes deste estudo constituem-se por uma maioria de adultos do sexo feminino com audição normal, porém na população idosa a perda auditiva do tipo sensorioneural de grau moderado foi a prevalente. Notou-se um aumento dos atendimentos ao longo dos anos. As hipóteses diagnósticas levantadas foram presbiacusia e otoesclerose.

1. WHO: World Health Organization. WHO global estimates on prevalence of hearing loss. Geneva: World Health Organization; 2018.
2. Mondelli MFCG, Souza PJS. Quality of life in elderly adults before and after hearing aid fitting. Braz. J. otorhinolaryngol; 2012
3. Oliveira IS, Etcheverria AK, Olchik MR, Gonçalves AK, Seimetz BM, Flores LS, et al. Hearing in middle aged adults and elderly: association with gender, age and cognitive performance. Rev. CEFAC; 2014; 16(5): 1463-1470.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1650
CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DOS RECÉM- NASCIDOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução:Caracterizar o perfil do recém-nascido é de extrema importância, uma vez que a partir dessas informações, ações de prevenção e promoção da saúde podem ser desenvolvidas com o objetivo de diminuir o índice de recém-nascidos pré-termos e com baixo peso, atenuando transtornos e impactos no desenvolvimento neuropsicomotor. Objetivo: caracterizar o perfil dos recém-nascidos de Pernambuco em 2018. Método: trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e ecológico, utilizando dados secundários do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde gerido pelo Ministério da Saúde, através da análise dos dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, referente ao ano mais atual disponível (2018) do estado de Pernambuco. As buscas foram realizadas em junho de 2020. As variáveis utilizadas foram: duração da gestação (pré-termo, termo e pós-termo), peso (baixo peso, adequado e macrossômico) e Apgar (1º e 5º minuto), analisadas segundo o sexo (masculino e feminino). Utilizou-se a análise descritiva, com teste do qui-quadrado considerando significância de p<0.005. Resultados: de acordo com a duração da gestação 11,1% dos recém-nascidos do sexo masculino nasceram prematuros, 85,4% nasceram a termo e 3,5% pós-termo. Em relação ao sexo feminino 10,4% nasceram pré-termos, 85,9% a termo e 3,7% pós-termo. Quanto ao peso, o baixo peso teve prevalência no sexo feminino com 8,3% (p< 0.0001) e 7,1% para o masculino. O peso adequado foi prevalente em 87,2% dos recém-nascidos do sexo feminino e 85,1% para o sexo masculino, com a diferença significante (p< 0.0001). A macrossomia fetal pôde ser observada em 7,8% dos recém-nascidos do sexo masculino e em 4,6% no sexo feminino. Quanto ao tipo de parto observou-se prevalência do parto cesariano no sexo masculino (51,6%, p< 0.0001), enquanto no sexo feminino a predominância foi de partos vaginais (50,2%). Em relação aos índices de Apgar no 1º minuto, não houve diferença nas pontuações de 0-2 (0,6%, asfixia grave) em relação aos sexos, embora o feminino tenha apresentado um discreto percentual superior nas pontuações de 8-10 (89,7%) quando comparado ao sexo masculino (88%). Quanto aos índices de Apgar no 5º minuto, houve uma redução do percentual nos índices de 0-5 para ambos os sexos, observando-se assim uma redução para o risco de asfixia perinatal, embora o sexo feminino (98,2%) sobressaiu de maneira discreta o masculino (97,9%) com prevalência nas pontuações de 8-10. Conclusão: apesar do número de nascidos vivos do sexo masculino ter sido superior, houve prevalência do sexo feminino no número de recém-nascidos a termos, peso adequado, parto vaginal e índices de Apgar entre 8-10. O sexo masculino demonstrou-se mais exposto aos riscos perinatais, podendo desenvolver atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e linguístico, sendo necessário um olhar mais direcionado para esses recém-nascidos ainda durante o período hospitalar.

Gonzaga ICA, Santos SLD, Silva ARV, Campelo V. Atenção pré-natal e fatores de risco associados à prematuridade e baixo peso ao nascer em capital do nordeste brasileiro. Ciênc. saúde coletiva. 2016. 

Verreschi MQ, Cáceres-Assenço AM, Krebs VLJ, Carvalho WB, Befi-Lopes D M. Pré-escolares nascidos prematuros apresentam desempenho adequado em vocabulário expressivo e memória de curto prazo verbal?. CoDAS. 2020 

Balbi B, Carvalhaes MABL, Parada CMGL. Tendência temporal do nascimento pré-termo e de seus determinantes em uma década. Ciênc. saúde coletiva. 2016 

SINASC- Sistema de Informações de Nascidos Vivos [http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0203] [acesso em 12 julho 2020]. Disponível em https://datasus.saude.gov.br/



TRABALHOS CIENTÍFICOS
505
CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL LINGUÍSTICO DE CRIANÇAS COM SEQUÊNCIA DE ROBIN ISOLADA
Tese
Linguagem (LGG)


Introdução: A Sequência de Robin (SR) pode ser caracterizada por micrognatia, glossoptose com, ou sem, fissura de palato, de forma isolada ou em associação a outras anomalias congênitas ou síndromes genéticas. Quando ocorre isoladamente é denominada Sequência de Robin isolada (SRI). Objetivo: O objetivo desse estudo é caracterizar as habilidades de linguagem nas modalidades oral e escrita, em crianças com SRI. Método: Participaram 38 crianças com diagnóstico genético-clínico de SRI. A amostra foi dividida em 15 crianças de 3 a 6 anos (Grupo 1) e 23 crianças de 7 a 12 anos (Grupo 2) com SRI. Os grupos foram submetidos a diferentes protocolos de avaliação, baseados nos marcos de desenvolvimento, composto por Teste de Screnning de Desenvolvimento de Denver II (TSDDII), Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (TVIP), Inventário MacArthur de Desenvolvimento Comunicativo (CDI), Teste de Linguagem Infantil (ABFW) - item fonologia, Teste de Desempenho Escolar (TED), Teste Token e Childhood Autism Rating Scale (CARS) – Versão padronizada para o Brasil. Resultados: No Grupo 1, 60% das crianças apresentaram risco para atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, sendo a linguagem a habilidade mais prejudicada no TSDDII; no aspecto lexical, todas as crianças obtiveram desempenho adequado no TVIP e no CDI, a média de palavras no vocabulário receptivo (compreende) foi de 377,87 e no expressivo (compreende e fala) foi de 352,53. No ABFW-Fonologia foram observados 14 processos produtivos no Grupo 1, sendo a simplificação de encontro consonantal a mais frequente; o grau de inteligibilidade de fala da maioria das crianças foi classificado como leve. Não houve relação entre a gravidade de glossoptose e as habilidades investigadas. Houve correlação entre a idade em que foi realizada a palatoplastia primária e o desempenho no TVIP (p=0,006) e no CDI (p=0,045). No Grupo 2, 82,6% das crianças apresentaram desempenho adequado na compreensão verbal e 86,95% no vocabulário receptivo; com o ABFW-Fonologia foram observados 10 processos produtivos sendo a simplificação de encontro consonantal a mais frequente; o grau de inteligibilidade de fala a maioria das crianças foi classificado como leve. Quanto ao desempenho escolar, 69,56% das crianças apresentaram desempenho dentro do esperado para sua idade escolar, sendo a média de pontos na escrita de 18,47, na leitura de 46,43, na aritmética 14,86 e no global 81,08. Nenhuma criança pontuou indicando risco para TEA. Houve correlação entre o desempenho escolar e a gravidade da glossoptose (p=0,042). Observou-se diferença estatisticamente significante na comparação do desempenho das crianças no TVIP com a gravidade da glossoptose (p=0,026). Observada diferença estatisticamente significante na comparação entre o desempenho escolar e a idade da realização da palatoplastia primária (p=0,027). Conclusão: A maioria das crianças com SRI demonstraram desempenho adequado nas provas que exigiam domínio da linguagem receptiva, já quanto a linguagem expressiva o aspecto fonológico foi o mais prejudicado em ambos os grupos. A gravidade da glossoptose e idade da realização da palatoplastia primária podem influenciar o desenvolvimento de linguagem e desempenho escolar.

1) Andrade CRF, Béfi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner WH. ABFW: Teste de linguagem infantil nas áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática. Carapicuiba (SP): Pró-Fono; 2000.
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3) Drescher FD, Jotzo M, Goelz R, Meyer TD, Bacher M, Poets CF. Cognitive and psychosocial development of children with Pierre Robin sequence. Acta Paediatr. 2008;97(5):653-6.
4) Fenson L, Dale PS, Reznick JS, Thal D, Bates E, Hartung JP, et al. MacArthur communicative development Inventories: user’s guide and technical manual. San Diego: Singular Publishing; 1993
5) Frankenburg WK, Dodds J, Breswck B, Archer D, Marchka P, Edelman N, et al. Denver II: training manual. Denver (USA): Denver Developmental Materials; 1992.
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8) Pereira A, Riesgo RS, Wagner MB. Autismo infantil: tradução e validação da Childhood Autism Rating Scale para uso no Brasil. J Pediatr (Rio J.) 2008;84(6):487-94.
9) Stein LM. TDE - Teste de Desempenho Escolar: manual para aplicação e interpretação. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo; 1994.
10) Wertzner HF, Amaro L, Teramoto SS. Gravidade do distúrbio fonológico: julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes corretas. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2005;17(2):185-94.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1772
CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO CORTICAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução:O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio caracterizado por padrões de comportamentos repetitivos, déficit na comunicação e interação, alteração da percepção e sensibilidade sensorial, sendo as alterações sensoriais aparentes na população autista, em 60 a 90% dos casos.1,2,3,4 A hiporesponsividade e/ou a hiperresponsividade sensorial pode surgir no início do desenvolvimento da criança, e esta resposta alterada a estímulos ambientais desempenha um papel fundamental no atraso do desenvolvimento e aprendizagem.5 Dentre estas alterações sensoriais, incluem-se as auditivas, e o processamento cortical de estímulos auditivos requer codificação de características sonoras, discriminação e atenção ao estímulo apresentado. A maturação neurológica típica é alterada em indivíduos desta população, podendo levar a déficits de processamento auditivo a longo prazo, afetando nos indivíduos com TEA tanto o processamento dos sons básicos quanto os da fala.6 Além disso, evidências crescentes relatam que os indivíduos com TEA têm dificuldade particular com aspectos temporais do processamento auditivo, que incluem a detecção de aspectos da duração, início e mudanças rápidas sonoras. A avaliação objetiva do processamento auditivo por meio dos Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência, ou Potenciais Evocados Auditivos Corticais, é muito aplicável nesta população. E os potenciais corticais referem mudanças elétricas no sistema auditivo central em resposta a um estímulo acústico, avaliando o processamento da audição em nível cortical.7,8,9 Objetivo: Analisar as respostas dos potenciais corticais em crianças e adolescentes com TEA e comparar os resultados com um grupo controle. Métodos:É um estudo transversal e observacional, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número 77900517.2. A amostra foi composta de 57 crianças e adolescentes. 19 indivíduos no grupo estudo (GE), com diagnóstico de TEA, e 38 indivíduos no grupo controle (GC), com desenvolvimento típico, limiares auditivos normais e sem queixas auditivas. O GC foi duplamente pareado por idade e sexo.Os participantes realizaram avaliação auditiva periférica e dos potenciais auditivos corticais. Eletrodos foram fixados nas posições Fz (eletrodo ativo), M1 e M2 (eletrodos de referência) e na fronte (eletrodo Terra). Os estímulos auditivos utilizados foram apresentados em ambas orelhas simultaneamente, com intensidade de 80 dBNA. O Estímulo frequente foi de 1.000 Hz e estímulo raro de 2.000 Hz. Resultados: Encontrou-se valores de latência aumentados nas ondas P2 e N2 do Potencial Evocado Auditivo Cortical do grupo de crianças e adolescentes com TEA, havendo diferença estatisticamente significante (p=0,027) na comparação com o GC. Além disso, verificou-se morfologia das ondas alteradas em relação ao GC. Não houve diferença significante na análise comparativa entre orelhas direita e esquerda tanto no GE como no GC. Conclusão: Verificou-se que crianças e adolescentes com TEA apresentaram aumento nos valores de latência das ondas na avaliação do Potencial Evocado Auditivo Cortical em comparação ao grupo controle.

1 American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5a ed. Arlington: American Psychiatric Publication; 2013.
2.Klintwall L, Holm A, Eriksson M, Carlsson LH, Olsson MB, Hedvall. Sensory abnormalities in autism. Res Dev Disabil. 2011;32(2):795-800.
3.Leekam SR, Nieto C, Libby SJ, Wing L, Gould J. Describing the sensory abnormalities of children and adults with autism.J Autism Dev Disord . 2007;37(5):894-910.
4.Rogers SJ, Hepburn S, Wehner E. Parents report sensory symptoms in children with autism and in those with other developmental disorders. J Autism Dev Disord. 2003;33(6):631-42.
5.Simon DM, Damiano CR, Woynaroski TG, Ibañez LV, Murias M, Stone WL, Wallace MT, Cascio CJ.Neural Correlates of Sensory Hyporesponsiveness in Toddlers at High Risk for Autism Spectrum Disorder.J Autism Dev Disord. 2017 ; 47(9): 2710–2722.
6.Jeste SS, Nelson CA. Event related potentials in the understanding of autism spectrum disorders: an analytical review. J Autism Dev Disord. 2009; 39(3): 495–510.
7. Scott KE, Schormans AL, Pacoli KY, De Oliveira C, Allman BL, Schmid S.Altered Auditory Processing, Filtering, and Reactivity in the Cntnap2 Knock-Out Rat Model for Neurodevelopmental Disorders.J Neurosci. 2018; 38(40): 8588–8604.
8. Foss-Feig JH, Stavropoulos KKM, McPartland JC, Wallace MT, Stone WL, Key AP.Electrophysiological response during auditory gap detection: Biomarker for sensory and communication alterations in autism spectrum disorder?Dev Neuropsychol. 2018; 43(2): 109–122.
9. Magliaro FCL, Scheuer CI,Júnior FBA,Matas CG.Estudo dos potenciais evocados auditivos em autismo. Pró-Fono R Atual Cient. 2010; 22; 31-36.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
801
CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO TEMPORAL DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – NIVEL I
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O processamento auditivo temporal pode ser definido como a percepção do som dentro de um período restrito e pré-determinado de tempo. Refere-se à habilidade de perceber, diferenciar e nomear estímulos que são apresentados em rápida sucessão. Esta habilidade auditiva é essencial para a compreensão da fala humana bem como percepção das características prosódicas do discurso, constituindo-se num pré-requisito para as habilidades linguísticas. Crianças com Transtorno do Espectro Autista apresentam alterações de linguagem principalmente relacionadas a compreensão de informações inferenciais transmitidas pelas características prosódicas do discurso, desta forma faz-se necessário investigar a relação entre essas dificuldades e o processamento auditivo temporal. Objetivo: caracterizar as habilidades de ordenação temporal e resolução temporal de um grupo de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. Método: este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma Instituição de Ensino Superior (parecer nº3.411.157). Participaram 25 crianças com Diagnóstico de TEA-Nível I, do sexo masculino, na faixa etária de 8 anos a 14 anos, que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: quociente intelectual maior ou igual a 80, ausência de outras condições e comorbidades psiquiátricas e limiares audiométricos dentro dos padrões de normalidade (iguais ou inferiores a 25dBNS). Todos os participantes realizaram os seguintes procedimentos: avaliação da inteligência por meio da escala WASI (Escala Wechsler Abreviada de Inteligência) ou WISC (Escala Wechsler de Inteligência para Crianças) aplicada por uma psicóloga; avaliação audiológica básica e do processamento auditivo temporal, por meio dos testes de Padrão de Frequência (TPF) e Randon Gap Detection Test (RGDT) da AUDITEC® (1997). No teste de Padrão de Frequência solicitou-se dois tipos de resposta, o murmúrio e a nomeação, e o desempenho da criança foi classificado de acordo com o padrão de referência estabelecido para a faixa etária. Com relação ao RGDT, a resposta solicitada foi erguer o dedo para indicar se havia escutado um ou dois sons, ao final considerou-se o limiar médio das respostas para as quatro frequências testadas (500Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 4.000Hz) e, se estabeleceu como padrão de normalidade limiares médios iguais ou inferiores a 10 milissegundos (ms). O desempenho das crianças foi analisado de forma descritiva. Resultados: A análise do desempenho das crianças no teste de Padrão de Frequência demonstrou que quando as crianças responderam por meio de “murmúrio” o índice de alteração foi de 48% e, quando a resposta foi de nomeação este índice foi de 84%. Com relação ao RGDT, observou-se que todos os participantes apresentaram desempenho dentro dos padrões de normalidade, sendo que o limiar médio obtido variou de 2 a 7,25 ms, com valor médio de 4,94 ms. Conclusão: Neste estudo, a maioria da população avaliada apresentou alteração na habilidade de ordenação temporal, no entanto a habilidade de resolução temporal encontra-se dentro dos padrões de normalidade.


DUNN, W.; MYLES, B. S.; ORR, S. Sensory processing issues associated with Asperger syndrome: a preliminary investigation. Am J OccupTher.,v. 56, n. 1, p. 97-102, 2002.

FOMBONNE, E. Epidemiology of autistic disorder and other pervasive developmental disorders.J Clin Psychiatry,n. 66, Suppl. 10, p. 3-8, 2005.

BOATMAN, D.; ALIDOOST, M.; GORDON, B.; LIPSKY, F.; ZIMMERMAN, A.W. Tests ofauditory processing differentiate Asperger´s syndrome from high-functioning autism [abstract]. Presented at 30th Annual meeting of the Child Neurology Society. October 17-20, 2001. Victoria, British Columbia, Canada. Ann Neurol., v.50, n.3, Suppl 1, p.95, 2001.

YATES, D. B et al. Apresentação da Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI).
Avaliação Psicológica, v.5, n.2, p.227-233, 2006.

Samelli, A.G.; Schochat, E. Processamento auditivo, resolução temporal e teste de detecção de gap: revisão da literatura. Rev CEFAC, São Paulo, v.10, n.3, 369-377, jul-set, 2008


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2145
CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL EM UM INSTITUTO DE SAÚDE DE REFERÊNCIA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A identificação da deficiência auditiva em crianças é um tema que preocupa os profissionais de diversas áreas, em especial o fonoaudiólogo. Este fato se deve às necessidades de intervenção precoce da perda auditiva em recém-nascidos, para que a deficiência auditiva não interfira de forma negativa no desenvolvimento da criança e posteriormente na sua qualidade de vida. Nesse aspecto, os programas de triagem auditiva neonatal (PTAN) são importantes pois visam a detecção precoce de deficiência auditiva. Todavia, ainda que não haja alteração auditiva no momento da triagem, esses neonatos podem desenvolver de forma tardia e /ou progressiva, ficando a cargo do serviço de saúde o conhecimento e acompanhamento dos indicadores de risco para desenvolver perda auditiva, assim como, o planejamento adequado de programas de prevenção, visto que as condições sócioeconômicas e demográficas também podem influenciar na condição de saúde. Portanto, o objetivo do estudo foi Caracterizar o Programa de Triagem Auditiva Neonatal (PTAN) de um instituto de saúde de referência. A pesquisa caracteriza-se por um estudo retrospectivo, observacional e descritivo realizado no período de setembro de 2018 a janeiro de 2019, totalizando uma amostra de 652 prontuários de bebês triados no referido programa. Desses 652 bebês submetidos ao PTAN, 619 (94,9%) bebês passaram no momento inicial da avaliação, 33 (5,1%) bebês falharam e foram orientados a retornarem após 30 dias para realizar reteste. Desses 33 retornos, 3 (9,1%) faltaram e 30 bebês compareceram ao reteste, onde 26 (78,2%) bebês passaram na reavaliação e 4 (12,1%) mantiveram o resultado de falha e foram encaminhados para diagnóstico. No que diz respeito a condição socioeconômica das mães dos bebês triados, 67,6% possuem renda familiar até um salário mínimo, 19,1 % recebem mais de um salário mínimo e 13% não informou sua renda. Para o quesito estado civil, 89,2% das genitoras vivem com os cônjuges e 9,8% não vivem com os cônjuges. Sobre a escolaridade das genitoras, 43,3% não atingiram o ensino médio e 56,4% concluíram essa etapa. Em relação aos fatores de risco, foram pontuados os itens: consanguinidade representando (3,0%) da população estudada, histórico familiar de deficiência auditiva (5,1%), permanência em UTI por mais de 5 dias (3,4%), fototerapia (5,1%), uso de ototóxicos por mais de 5 dias (4,9%) e permanência em ventilação mecânica por mais 48h (2%). Não houve nenhum caso de CMV (citomegalovírus) ou toxoplasmose. A idade mínima, ao realizar a TAN, foi de 24 horas de vida e a máxima, de 3 meses. Não houve relação estatisticamente significativa entre outros fatores pesquisados. A partir do trabalho realizado, foi possível caracterizar o programa de triagem auditiva neonatal do instituto de saúde referido, bem como, as limitações do serviço no que diz respeito ao controle de agendamento de testes e retestes, assim como no acompanhamento dos casos em seguimento, impactando diretamente na cobertura do programa de triagem auditiva neonatal.

1. Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. The Journal of Early Hearing Detection and Intervention. 2019; 4(2): 1–44.

2.Grindle CR. Pediatrics in Review an Official Journal of teh American Academy of Pediatrics, 2014; 35; 456.

3. Malheiros MASF, Cavalcanti HG. Caracterização dos programas de triagem auditiva neonatal das maternidades localizadas no município de João Pessoa – PB. Rev. CEFAC, 2015;17(2): 454-460.

4. Lewis DR, Marone SAM, Mendes BCA, Cruz OLM, Nóbrega M. Comitê Multiprofissional em saúde auditiva COMUSA. Rev Bras Otorrinolaringol (Engl Ed). 2010; 76(1): 121-8.

5. Lima PT, Goldbach MG, Monteiro MC, Ribeiro MG. A triagem auditiva neonatal na Rede Municipal do Rio de Janeiro, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva 2015, 20(1):57-63.

6. Paschoal MR, Cavalcanti HG, Ferreira MAF. Análise espacial e temporal da cobertura da triagem auditiva neonatal no Brasil (2008-2015). Ciência & Saúde Coletiva 2017, 22(11):3615-3624.

7. Northen JL, Downs MP. Hearing in children. Baltimore: Wilkins e Williams; 1991. p. 3- 209.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
2034
CARACTERIZAÇÃO DOS DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO SONO EM CRIANÇAS.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Título: Caracterização dos distúrbios respiratórios do sono em crianças. Introdução: O sono exerce um papel importante no desenvolvimento da criança, sendo fundamental para a saúde mental e física. Comprometimentos respiratórios interferem no sono, causando prejuízos em vários aspectos na vida da criança. Objetivo: Caracterizar os distúrbios respiratórios do sono em crianças de 4 a 10 anos de idade, na perspectiva dos pais. Método: Tratou-se de uma pesquisa observacional transversal e descritiva de natureza quantitativa. Participaram deste estudo 34 pais e/ou cuidadores de crianças que são atendidas na clínica escola do curso de Odontologia de uma universidade particular, que também são assistidas no Programa de Extensão com integração entre Fonoaudiologia e Odontologia. Foi realizada entrevista com os pais, através do questionário Pesquisa de Qualidade de Vida– OSA-18, dividido em cinco domínios, e levantamento dos dados demográficos da criança quanto à idade, sexo e escolaridade dos pais e da criança. A presente pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética sob o parecer n° 3.773.735. Resultados: Sessenta e quatro vírgula sete por cento foram do sexo feminino com predomínio de 50% na faixa etária entre 6 a 7 anos e 50% no 1° e 2° ano do ensino fundamental. Quanto aos questionamentos relacionados ao sono, no domínio “perturbação do sono”, os pais referiram que 41,2% das crianças apresentavam todas às vezes sono agitado e o despertar durante à noite. Para o domínio “sintomas físicos”, 38,3% respiravam pela boca, por obstrução nasal. No domínio “sofrimento emocional”, as respostas dos pais sobre seus filhos foram mudança de humor ou acesso a raiva todas às vezes, em 32,4%; comportamento agressivo e hiperativo, todas às vezes, em 35,3%. Referente ao domínio “sintomas diurnos”, os pais mencionaram a dificuldade diária das crianças para acordarem pela manhã, em 58,8%. Conclusão: Durante o desenvolvimento do presente estudo, possibilitou-se um novo olhar sobre a importância do sono na saúde das crianças, tanto para a população alcançada como para a Fonoaudiologia. Constata-se que o questionário OSA-18 pode ser utilizado, também, para caracterizar os distúrbios respiratórios do sono em crianças. Nas crianças estudadas, encontramos um elevado índice de dificuldades emocionais, comportamentais e em alguns sintomas diurnos, problemas esses que podem ser influenciados pelo sono.

1. Valera Fabiana C. P., Demarco Ricardo C., Anselmo-Lima Wilma T. Síndrome da Apnéia e da Hipopnéia Obstrutivas do Sono (SAHOS) em crianças. Rev. Bras. Otorrinolaringol. [Internet]. 2004 [acesso 2020 Maio 18]; 70(2): 232-237. Availablefrom: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992004000200014&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0034-72992004000200014.
2. Belém AS, Louzada FM., Azevedo CVM. Influência de fatores sociais no ciclo sono-vigília em crianças. Sleep Sci.2010; 3 (2):122-126.
3. Silva FG., Silva CR, Braga LB, Neto AS. Hábitos e problemas do sono dos dois aos dez anos: estudo populacional. Acta Pediatr[Internet]2013. [Acesso 2020 Maio20]. 44 (5);196-202. Disponível em:
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4.Halal CSE, Nunes ML. Distúrbios do sono na infância. ResidPediatr.[Internet] 2018.[Acesso 2020 Maio 20]8(1):86-92. Disponível em: http://residenciapediatrica.com.br/detalhes/347/disturbios%20do%20sono%20na%20infancia
5. Gomes AM, Santos OM, Pimentel K, Marambaia PP, Gomes LM, Pradella-Hallinan M et al. Qualidade de vida em crianças com distúrbios respiratórios do sono. Braz. j. otorhinolaryngol. [Internet]. 2012 Oct[ 2020 Maio 18]; 78(5): 12-21. Availablefrom: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942012000500003&lng=en. http://dx.doi.org/10.5935/1808-8694.20120003.
6. Ieto, V,Kayamori F, Montes ML, et al. EffectsofOropharyngealExercisesonSnoring. Chest (American CollegeofChestPhysicians).[Internet]. 2015. [Acessoem 2020 Maio 20]; 148: 683-691.Disponível em: http://www.snoozeal.com/wp-content/uploads/2019/03/Effects-of-Oropharyngeal-Exercises-on-Snoring.pdf
7. Fernandes FMVS, Teles RCVV. Questionário da Síndrome da Apneia Obstrutiva na Criança-18: versão portuguesa. Braz. j. otorhinolaryngol. [Internet]. 2013 Dec [acesso 2020 Maio 18] ; 79( 6 ): 720-726. Availablefrom: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942013000600720&lng=en. https://doi.org/10.5935/1808-8694.20130132.
8. Fagondes SC, Moreira GA. Apneia obstrutiva do sono em crianças. J. bras. pneumol. [Internet]. 2010 junho [citado 2020 maio 18]; 36 (Supl 2): 57-61. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132010001400015&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1806-37132010001400015 .



TRABALHOS CIENTÍFICOS
548
CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES ATENDIDOS PELO SERVIÇO DE FONOAUDIOLOGIA DE UM HOSPITAL ESPECIALIZADO EM ONCOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Estima-se que o Brasil apresente no ano de 2020, 625.370 novos casos de neoplasias malignas, dos quais 114.570 na região sul do país.¹ Entre os da região sul, 8.090 são neoplasias de cabeça e pescoço, subdivididas em: tireoide, com 270 novos casos para o sexo masculino e 930 para o sexo feminino; cavidade oral, com 1990 novos casos masculinos e 630 femininos; laringe, com 1210 casos novos para o sexo masculino e 210 caso para o sexo feminino; e, esôfago, com 2160 novos casos masculinos e 690 casos femininos.¹ O tratamento dessas patologias pode ser cirúrgico, radioterápico e/ou quimioterápico e podem ocasionar dificuldades, em maior ou menor grau em relação à alimentação via oral, fonoarticulação e inteligibilidade de fala.² Para minimizar as sequelas resultantes do tratamento, o fonoaudiólogo atua em uma equipe multiprofissional desde o diagnóstico, no período pré, durante e após o tratamento cirúrgico e/ou clínico, visando reabilitar as funções estomatognáticas comprometidas³. OBJETIVO: Caracterizar os pacientes atendidos em ambulatório pela equipe de fonoaudiologia, no primeiro semestre de 2020, de um hospital oncológico. MÉTODO: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o Parecer 3.109.023. Foram coletados dados de prontuários eletrônicos de pacientes que iniciaram atendimento ambulatorial com a equipe de Fonoaudiologia, no período de janeiro a junho de 2020. As variáveis observadas foram: sexo, idade, patologia e tratamento. RESULTADOS: Foram atendidos 63 pacientes, dos quais 73% do sexo masculino, com média de idade de 61,4 anos, variando de ENTRE 41 E 77 anos, cujas patologias mais recorrentes foram: CEC de cavidade oral (34,7%), CEC de laringe (28,2%), CEC de orofaringe (15,2%), CEC de hipofaringe (6,5%) e, outros (15,4%). O tratamento realizado foi, predominantemente cirúrgico (54,3%), sendo as pelveglossotomias (25,9%) e as laringectomias totais (22,2%) as mais prevalentes. Do total de pacientes do sexo masculino 10,8% foram considerados inoperáveis devido a extensão e gravidade da doença. Em relação ao sexo feminino, equivalente a 27% dos pacientes, a média de idade foi de 64,6 anos, variando entre 48 e 77 anos, com as seguintes patologias: patologias de tireóide (29,4%), CEC de cavidade oral (17,6%), CEC de orofaringe (5,8%), CEC de hipofaringe (5,8%), CEC de esôfago (5,8%) e, outros (35,6%). Destas, 64,7% realizaram cirurgias como tratamento principal, sendo a tireoidectomia total a mais realizada (35,7%), e 5,8% recusou o tratamento cirúrgico indicado. CONCLUSÃO: É importante salientar, que devido à pandemia pelo COVID-19, os atendimentos mantiveram-se reduzidos durante o decorrer do primeiro semestre de 2020. Nesta amostra observou-se maior prevalência de pacientes idosos, do sexo masculino, grande parte acometidos por tumores de laringe, submetidos a tratamento cirúrgico.

1. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019.

2. Figueiredo Isabel Cristina, Vendramini Silvia Helena Figueiredo, Lourenção Luciano Garcia, Sasaki Natália Sperli Geraldes Marin dos Santos, Maniglia José Vitor, Padovani Junior João Armando et al. Perfil e reabilitação fonoaudiológica de pacientes com câncer de laringe. CoDAS [Internet]. 2019 [consultado em5 de julho de 2020]; 31(1): e20180060. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822019000100313&lng=en.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
252
CARACTERIZAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL DE PACIENTES COM FRATURA MANDIBULAR COM E SEM O ENVOLVIMENTO CONDILAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: O côndilo mandibular é essencial para a realização dos movimentos mastigatórios. Alterações em sua morfologia podem levar à redução da força de mordida e desconforto durante a mastigação1. Fraturas de côndilo podem causar disfunção temporomandibular, dor orofacial, desvio de disco articular, maloclusão, assimetrias faciais, reabsorção condilar, alteração no crescimento mandibular, anquilose temporomandibular2 e alterações na lubrificação articular3. A reabilitação muscular normalmente é citada quando se aborda a fratura de côndilo. Independentemente do tipo de tratamento, sabe-se que a reabilitação muscular é necessária para melhorar e potencializar a funcionalidade da musculatura mandibular pós-fratura4. OBJETIVO: O objetivo desse estudo foi realizar a caracterização do desempenho motor orofacial de indivíduos adultos com fratura mandibulares com e sem fraturas em região côndilar. METODOS: Os participantes foram encaminhados pela equipe médica para o ambulatório de fonoaudiologia, de dezembro de 2015 a dezembro de 2018. Os 65 participantes deste estudo foram divididos em dois grupos: participantes que sofreram fraturas mandibulares não envolvendo o côndilo foram classificados como Grupo 1 (35 participantes, 53,8% da amostra); e participantes que sofreram fraturas mandibulares com o envoldimento do côndilo foram classificados como Grupo 2 (30 participantes, 46,2% da amostra). Todos os participantes foram submetidos à avaliação constituída pela aplicação de um protocolo clínico para a avaliação da motricidade orofacial (AMIOFE-E)5, que avalia condição postural, mobilidade e funções da musculatura orofacial, avaliação da mobilidade mandibular (abertura oral, lateralidade e protrusão mandibular)6 e aplicação de protocolo de autopercepção dos sinais e sintomas de DTM7. RESULTADOS: O grupo com fraturas condilares foram encaminhados mais precocemente e realizaram maior número de procedimentos cirúrgicos. Quanto ao desempenho miofuncional a diferença encontrada entre os grupos foi quanto a realização das funções de mastigação e deglutição, com pior desempenho para o grupo com fraturas condilares. Esse grupo também apresentou pior desempenho quanto a lateralização mandibular. Para os demais itens não houve diferença, indicando que mesmo fraturas não relacionadas com côndilo também levam a alterações no sistema miofuncional orofacial. CONCLUSÃO: Independentemente da localização da fratura, o desempenho motor oral e a amplitude dos movimentos mandibulares são prejudicados após fraturas faciais, sendo que fraturas condilares levam a pior desempenho em mobilidade mandibular e realização de funções orofaciais.

1. Jensen T, Jensen J, Norholt E, Dahl M, Lenk-Hansen L, Svensson P. Open reduction and rigid internal fixation of mandibular condylar fractures by an intraoral approach: a long-term follow-upstudy of 15 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2006;64(12):1771-9. PMid:17113444. http://dx.doi. org/10.1016/j.joms.2005.12.069.
2. Choi BH, Yi CK, Yoo JH. MRI examination of the TMJ after surgical treatment of condylar fractures. Int J Oral Maxillofac Surg. 2001;30(4):296- 9. PMid:11518351. http://dx.doi.org/10.1054/ijom.2001.0054.
3. Hattori IK, Watari I, Takei M, Ishida Y, Yonemitsu I, Ono T. Effect of functional shift of the mandible on lubrication of the temporomandibular joint. Arch Oral Biol. 2012;57(7):987-94. PMid:22325029. http://dx.doi. org/10.1016/j.archoralbio.2012.01.006.
4. Kang DH. Surgical management of a mandible subcondylar fracture. Arch Plast Surg. 2012;39(4):284-90. PMid:22872829. http://dx.doi.org/10.5999/ aps.2012.39.4.284.
5. Felício CM, Folha GA, Ferreira CLP, Medeiros APM. Expanded protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores: validity and reliability. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2010;74(11):1230-9.
6.Silva AP, Sassi FC, Bastos E, Alonso N, de Andrade CRF. Oral motor and electromyographic characterization of adults with facial fractures: a comparison between different fracture severities. Clinics. 2017;72(5):276-83.
7. Felício CM, et al. Otologic symptoms of temporomandibular disorder and effect of orofacial myofunctional therapy. J Oral Maxillofac Pract. 2008;26(2):118-25.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1405
CARACTERIZAÇÃO POR PARÂMETROS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA VOZ DE UMA MULHER TRANSEXUAL: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A voz faz parte da nossa vida e através dela expressamos nossa história, nossas emoções e nossa cultura, constituindo-se em umas das experiências mais fortes da personalidade humana[1]. Por ser um fator importante na percepção de gênero, a voz pode ser um obstáculo na busca da adequação entre expressão e identidade de gênero. A relevância da autopercepção vocal é importante dentro da comunidade transexual, já que esta é colocada em primeiro plano quando há incongruência entre identidade de gênero e sua expressão, sobretudo, quando uma mulher transexual é identificada como homem, devido à sua voz. Assim, compreender as queixas de pessoas transexuais, para além dos seus comportamentos sociais relacionados à voz, é relevante para o planejamento de ações de prevenção e promoção da saúde vocal[2,3]. OBJETIVO: Caracterizar a voz de uma mulher transexual, por meio da satisfação vocal, análise acústica, e comparação entre a sua autopercepção e a percepção vocal de gênero por ouvintes leigos. MÉTODO: Este estudo foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética da instituição de origem sobre o número 29861620.0.0000.5665. Participaram deste estudo uma mulher transexual, denominada CA, 41 anos de idade, com 25 anos de vivência no gênero feminino, e quatro estudantes do ensino superior, que compuseram uma banca de ouvintes leigos, para a análise perceptivo-auditiva vocal. A coleta de dados ocorreu em 3 etapas: aplicação do Questionário de Voz para Transexuais de Homem para Mulher (TVQMtF)[4]; gravação da voz de CA para análise acústica vocal; e análise da banca avaliadora, quanto ao gênero. Para a análise da autopercepção vocal por meio do TVQMtF, foram considerados dois fatores: Funcionamento vocal e Participação Social[5]. A análise acústica foi realizada através do PRAAT e a análise perceptivo-auditiva foi realizada individualmente em ambiente silencioso. RESULTADOS: A pontuação do Funcionamento vocal (35 pontos) foi maior que de Participação social (24 pontos), demonstrando que CA tem consciência de como as suas características vocais são interpretadas pelo interlocutor, porém, relata gostar da própria voz quando diz: “é a voz que eu tenho”, “é uma voz imponente e forte”. A banca de ouvintes identificou a voz de CA como do gênero masculino, compatível com a sua frequência fundamental, de 105Hz. CONCLUSÃO: A voz da mulher transexual pode ser analisada de acordo com a própria perspectiva e com a de ouvintes leigos, especialmente aqueles que não possuem nenhum conhecimento prévio de que a voz ouvida é de origem trans, com a finalidade de obter uma identificação de gênero de acordo com os padrões tradicionais da sociedade. Além disso, a avaliação das vozes trans por ouvintes leigos torna-se um parâmetro simples e barato de avaliação para auxiliar na adequação de gênero desta população. Porém, é importante considerar a satisfação vocal pelo indivíduo transexual, uma vez que se trata de um aspecto de identidade que deve ser respeitado. O TVQMtF demonstrou forte potencial para fornecer dados valiosos, sendo uma importante ferramenta de autoavaliação para identificar as necessidades vocais da mulher transexual.

1. Behlau M. Voz: O livro do especialista. Rio De Janeiro: Revinter, 2008.

2. Coleman E, et al. Standards of Care for the Health of Transsexual, Transgender, and Gender-Nonconforming People, 7. ed. Int J Transgenderism, 2012, p.165-232.

3. Borsel JV, et al. Translation and preliminary evaluation of the Brazilian Portuguese version of the Transgender Voice Questionnaire for male-to-female transsexuals. In: CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2015. p. 89-96.

4. Santos HHANM, Aguiar AGO, Baeck HE, Van Borsel J. Translation and preliminary evaluation of the Brazilian Portuguese version of the Transgender Voice Questionnaire for male-to-female transsexuals. CoDAS. 2015;27(1):89-96.

5. Dacakis, G, Oates, JM, et Douglas JM (2016b). Further evidence of the construct validity of the Transsexual Voice Questionnaire (TVQMtF) using principal componentes analysis. Journal of Voice: Official Journal of the Voice Foundation.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1747
CASA DA AFASIA: RELAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA INTENSIVA E DADOS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA FUNCIONAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Dependendo da localização e gravidade da lesão cerebral, o AVC pode
causar danos temporários ou irreversíveis. A afasia é caracterizada por
comprometimento nas áreas responsáveis pela linguagem, incluindo sua produção,
compreensão e outras habilidades, como leitura e escrita, asssim, indivíduos afásicos
necessitam de terapia fonoaudiológica. O exame de neuroimagem é necessário para
descartar a presença de lesões cerebrais não vasculares diagnosticadas como tumores e
abscessos e, na presença de lesões cerebrais de causa vascular, permitir a diferenciação
entre quadros isquêmicos e hemorrágicos, assim como, local e extensão da lesão.
Objetivo: O objetivo do presente estudo foi caracterizar os achados de ressonância
magnética com os ganhos de comunicação após a terapia fonoaudiológica. Método: A
amostra foi composta por 13 participantes selecionados na Casa da Afasia, um Centro
de Reabilitação Intensivo de Fonoaudiologia de uma universidade pública do interior de
São Paulo, que atendeu aos critérios de inclusão deste estudo: adultos e idosos com
diagnóstico médico de acidente vascular cerebral isquêmico e com afasias motoras, em
que o tempo da lesão havia sido entre 0 e 24 meses. A idade média dos participantes foi
de 49,8 anos, a mínima com 36 e a máxima com 72 anos, sendo seis homens e sete
mulheres. Os sujeitos foram submetidos à ressonância magnética de alta resolução em
um hospital de referência do interior de São Paulo, utilizando o modelo de pré-
intervenção 3 Teslas da Siemens Tesla Magneton Verio®, e a investigação da
comunicação foi realizada na língua Montreal-Toulouse bateria de avaliação - MTL-
Brasil antes e após a intervenção. Resultados: Observou-se no exame de imagem que
seis sujeitos apresentaram lesões em três lobos diferentes, sendo, frontal, parietal e
temporal; quatro sujeitos apresentaram lesões no lobo frontal e três apresentaram apenas
um lobo lesionado. Os resultados das avaliações do MTL-Brasil após a intervenção
terapêutica intensiva foram melhores quando comparados com os resultados pré terapia
fonoaudiológica, variando os scores entre o mínimo 6 e o máximo 210, quanto à
comunicação oral e escrita Verificou-se que o sujeito com melhor desenvolvimento das
habilidades de linguagem no processo terapêutico apresentou o menor número de lobos
lesados detectados na ressonância. Conclusões: com esta análise pôde-se concluir que
os achados da ressonância magnética confirmam os escores obtidos na evolução da
linguagem pós-terapia intensiva realizada. Assim, o processo terapêutico demonstrou
melhorar a comunicação oral dos sujeitos afásicos.

1. World Health Organization (WHO). Cerebrovascular disorders. Geneva: WHO; 1978.

2. Vega, J. Broca's, Wernicke's, and Other Types of Aphasia (Homepage internet). Disponível em:
<http://stroke.about.com/od/unwantedeffectsofstroke/a/Aphasia.htm>. Acessado em: Mar.
2009.

3. Girardon-Perlini, NMOG. et al. Lidando com perdas: percepção das pessoas incapacitadas por
AVC.Rev Min Enferm. 2007; 11(2):149-154.

4. Parente MAMP, Fonseca RP, Pagliarin KC, Barreto SS, Soares-Ishigaki ECS, Hübner LC et al.
MTL-Brasil – Bateria Montreal-Toulouse de Avaliação de Linguagem. Editora Vetor. 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
288
CHECKLIST PARA PROCESSO DE DECANULAÇÃO DE PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na abertura da traqueia para o meio externo, possibilitando a ventilação pulmonar por meio dessa via e também, facilitando a remoção de secreções traqueobrônquicas em excesso. Essa passagem de ar só ocorre a partir de uma prótese ventilatória chamada cânula. Durante o processo de decanulação em pacientes traqueostomizados é imprescindível o trabalho do fonoaudiólogo para realizar a avaliação e o treino da deglutição, participar ativamente no processo da decanulação, avaliar a capacidade do paciente de tolerar a válvula de fala e realizar recomendações a respeito do uso da mesma. A traqueostomia necessita de técnica e cuidados apropriados, pois, apesar de não serem frequentes, as complicações podem levar ao óbito. A maior causa de insucesso na decanulação é a retenção de secreção, deslocamento da parede anterior da traqueia, edema de mucosa e entre outras complicações que podem dificultar a retirada da cânula. Sendo assim, como recomendado na literatura e por profissionais que atuam na área hospitalar, a padronização dos critérios é necessária para um processo de decanulação eficaz em conjunto com uma equipe multiprofissional. Objetivo: Produzir um checklist de decanulação multidisciplinar, que poderá ficar anexado ao prontuário, onde cada profissional irá preencher de acordo com o que avaliou e toda a equipe terá acesso. Este documento irá dispor de aspectos necessários a serem avaliados no paciente em questão para garantir o sucesso da decanulação e que possa potencializar a análise e discussão da equipe responsável pelo caso. Métodos: Foram realizadas entrevistas com fonoaudiólogas da área hospitalar durante as aulas ao vivo na plataforma Hangouts Meet, o qual norteou a escolha do tema do presente projeto. Logo em seguida, foi produzido o Diagnóstico Técnico Científico no qual foi abordado o conceito, a importância e o objetivo do estabelecimento de critérios para o processo de decanulação. Posteriormente, foram elaborados o Canvas e o Plano de Ação, este tem o intuito de descrever como colocar em prática as táticas determinadas previamente no Canvas. Após todos esses processos, foi feito o modelo do checklist de decanulação para a equipe multidisciplinar. Resultados: No Check-list foram determinados critérios para o sucesso de decanulação, como a escala de coma de Glasgow com no mínimo de 8 pontos, estabilidade clínica e hemodinâmica, dependência de ventilação mecânica e outras características. No Check list o profissional da saúde deve marcar sim ou não para os critérios avaliados, colocar as observações se necessário, assinar e carimbar o procedimento realizado. Complementarmente ao Check lista foi adicionado um fluxograma de atendimento, facilitando o olhar da equipe multiprofissional no momento da decanulação. Conclusão: Conclui-se que a atuação da equipe multidisciplinar aumenta as chances de uma decanulação mais rápida, livre de complicações e mais segura para o paciente. E com isso difundir a atuação multidisciplinar no processo de decanulação visa uma deglutição eficaz e segura, reduzindo complicações causadas pela TQT.

COSTA, C.C. et al. Decanulação: atuação fonoaudiológica e fisioterapêutica. Distúrbios Comun. São Paulo, v. 28, n. 1, março, 2016. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/22714. Acesso em: 01/06/2020.
GARCIA, Tauana Finotti. Influência da válvula de fala no desmame da ventilação mecânica e no tempo de traqueostomia: uma revisão da literatura. 1-31. 31f: Monografia (Programa de aprimoramento) USP/ Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. São Paulo, 2017. Disponível em: https://ses.sp.bvs.br/wp-content/uploads/2017/06/PAP_Tauana-Finotti-Garcia_2017.pdf. Acesso em 01/06/2020.
MEDEIROS et al. Critérios para decanulação da traqueostomia: revisão de literatura. CoDAS, São Paulo, v. 31, n. 6, p. 1-9, fev. 2019). Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2317-17822019000600601&script=sci_arttext. Acesso em: 30/06/2020.
Zanata, I.L; Santos, R.S; Hirata, G.C; Tracheal decannulation protocol in patients affected by traumatic brain injury. Int. Arch. Otorhinolaryngol; v.18, n. 2, p. 108-14,
jan/2014. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25992074/. Acesso 01/06/2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
641
CINCO ANOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM DISFAGIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: A Disfagia Orofaríngea é um distúrbio da deglutição que pode envolver desde o trajeto inicial na boca até a transição do esôfago para o estômago e se não for tratada da maneira adequada, pode causar intercorrências nutricionais, pulmonares, sociais e até óbito aos pacientes. Considerando a formação de futuros fonoaudiólogos, a prevalência da disfagia orofaríngea e a necessidade de mais profissionais atuando nessa área, foi criado no ano de 2015 o projeto de extensão “Disfagia Orofaríngea: eu sei o que é e posso ajudar”, tendo como objetivo proporcionar ao estudante uma formação global, interação e compartilhamento de conhecimentos, aproximando-o da realidade da área da saúde vivida nos hospitais. Objetivo: Relatar as experiências e atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão “Disfagia Orofaríngea: Eu sei o que é e posso ajudar”. Métodos: Através do objetivo do projeto de conscientizar e informar, foram construídos e organizados materiais explicativos, publicações em redes sociais, eventos e orientações para o público leigo e profissionais da saúde acerca da disfagia orofaríngea; semanalmente foi realizado ações de orientação a pacientes familiares e equipe multiprofissional em um hospital de Porto Alegre. Resultados: Durante os anos de 2015-2020 foram orientados cerca de 131 pacientes e seus familiares. Observou-se que a orientação modificou a atenção em relação ao processo de alimentação do paciente. Visando alcançar a comunidade externa e interna da Universidade, foram desenvolvidas diversas ações como a criação de redes sociais do projeto e publicações virtuais na área; ações em um parque de Porto Alegre com entrega de folders e esclarecimentos das dúvidas tanto para a população em geral quanto para a comunidade da universidade; eventos científicos anuais em alusão ao Dia de atenção à disfagia com média de 80 participantes por evento; oficinas teórico-práticas em eventos da universidade como também a realização de eventos científicos com instituições parceiras. Conclusão: O projeto de extensão trouxe maior visibilidade para a disfagia orofaríngea com as atividades realizadas, conscientizando e informando a respeito da disfagia, das suas consequências e dos profissionais envolvidos no tratamento. Além disso, para os discentes envolvidos, a experiência aproximou-os da ação do fonoaudiólogo na comunidade, na equipe multiprofissional e expandiu seu conhecimento científico.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1795
CIRURGIA PLÁSTICA E FONOAUDIOLOGIA: RELEVÂNCIA DA INTERFACE NA ATUAÇÃO COM FISSURA LÁBIO/PALATINA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: as fissuras de lábio e/ou palato (FL/P) são malformações de face consideradas as mais frequentes anomalias orofaciais congênitas, com acentuada incidência, responsável por 25% de todos os defeitos congênitos(1) e estabelecidas precocemente na vida intrauterina. Seus tratamentos devem visar, especialmente, aspectos quanto aparência/física/estética, fala/voz e oclusão dentária. Assim, devem ser instituídos logo após o nascimento, visando reabilitação morfológica, funcional e psicossocial dos sujeitos(2). Diante disso, destaca-se a importância de atuação interdisciplinar nos casos de FL/P e se aponta para a relevância do trabalho em equipe, compartilhando planejamento e cooperando para que o conjunto possibilite adequado tratamento dos casos de FL/P(3, 4). Neste trabalho, especialmente, ressalta-se a integração entre as áreas de Cirurgia Plástica e Fonoaudiologia e, dessa maneira, questiona-se sobre o conhecimento do cirurgião plástico e do residente em cirurgia plástica sobre a atuação do fonoaudiólogo nos trabalhos voltados às fissuras. Objetivo: analisar o conhecimento de médicos e residentes da área de Cirurgia Plástica sobre atuação da Fonoaudiologia com sujeitos com FL/P numa equipe interdisciplinar. Método: trata-se de um estudo de caráter quantitativo e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob n° 1.741.241. A partir da autorização por parte da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Seção Paraná, questionários elaborados através da plataforma Google docs foram enviados via on-line para seus membros. O conteúdo das questões desses questionários contou com a apreciação de quatro especialistas na área de FL/P, sendo três médicos e um fonoaudiólogo, constando temáticas em torno da atuação do fonoaudiólogo nos quadros de FL/P, quanto: disfunção velofaríngea, alimentação de bebês, alterações nos padrões de fala/voz, enfoque e período do tratamento. Responderam aos questionários 58 inscritos na referida Sociedade, sendo 40 médicos (69%) e 18 residentes (31%) da área de Cirurgia Plástica. Os dados foram tabulados em planilha excel e analisados com auxílio do software SPSS 20.0 IBM Statistics®, sendo realizadas análises de frequência e distribuição das variáveis. A variável dependente (você atua ou atuou com profissional fonoaudiólogo) foi relacionada às variáveis independentes (questões do questionário proposto) pelo teste qui-quadrado. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultado: verificou-se que os médicos cirurgiões-plásticos e residentes da área de Cirurgia Plástica que atuam e atuaram com profissional fonoaudiólogo, apresentam maior conhecimento da atuação da área fonoaudiológica nos quadros de FL/P em várias questões relacionadas a atuação e importância da Fonoaudiologia no atendimento com sujeitos com fissura. Conclusão: este estudo salientou acerca da interdisciplinaridade no tratamento da FL/P(5), o que possibilita que uma área, como a Cirurgia Plástica, tenha mais apropriação sobre atuação clínica de outra, como a Fonoaudiologia. Esta pesquisa aponta para a necessidade de continuidade de estudos sobre ação interdisciplinar entre essas determinadas áreas, visto que atuam direto e conjuntamente para a efetiva reabilitação de sujeitos com FL/P.


1. TONOCCHI, R.; NISHIDA, G.; SILVA, A.H.P.; FREITAS, R.S.; VIEIRA, C.H. Outra abordagem para dados de fala de um indivíduo com fissura palatina. Rev Bras Cir Craniomaxilofac. 13(1):31-5, 2010.

2. D’AGOSTINO, L.; ROCHA, I.S.A.; CERRUTI, V.Q. A Fonoaudiologia nos pacientes portadores de fissuras labiopalatinas. In: MÉLEGA, J.M.; VITERBO, F.; MENDES, F.H. Cirurgia plástica: os princípios e a atualidade. São Paulo: Guanabara Koogan, p. 343-345, 2011.

3. CINTRA, H.; ARNAUT JUNIOR, M.; DIAS, B.; SCELZA, L.; FURTADO, L.; GUIMARÃES, B. Disfunção Velofaríngea: abordagem multidisciplinar. In: CARREIRÃO, S. (editor). Cirurgia Plástica para a formação do especialista. 2. ed., Rio de Janeiro: Atheneu, parte 4: Cirurgia Plástica Pediátrica, cap. 24, p. 275-289, 2018.

4. COSTA, R.P. Interdisciplinaridade e equipes de saúde: concepções. Mental. Ano V - n. 8 - Barbacena, p. 107-124, jun, 2007.

5. BRODER, H.L.; SMITH, F.B.; STRAUSS, R.P. Habilitation of patients with clefts: parent and child ratings of satisfaction with appearance and speech. The Cleft Palate-Craniofacial Journal. 29(3): 262-267, 1992.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
795
CLASSIFICAÇÃO DA HIPERNASALIDADE DE FALA ANTES E DEPOIS DE TREINAMENTO DE PROFISSIONAIS SEM EXPERIÊNCIA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A hipernasalidade é o principal sintoma da disfunção velofaríngea e sua identificação é feita pela avaliação perceptivo-auditiva, considerada padrão-ouro. Devido sua natureza subjetiva, estratégias como treinamento e/ou uso de amostras de referência são recomendadas. Porém, não é claro se estas estratégias influenciam a classificação da hipernasalidade por fonoaudiólogos sem experiência. Objetivo: Investigar a classificação da hipernasalidade de fala antes e depois de treinamento de profissionais sem experiência na avaliação da hipernasalidade de indivíduos com fissura labiopalatina. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética (CAE 05508918.5.0000.5441). Três fonoaudiólogas sem experiência classificaram individualmente 24 amostras de fala de indivíduos com fissura labiopalatina, antes e após treinamento, utilizando escala de quatro pontos (1=ausente, 2=leve, 3=moderada, 4=grave). Inicialmente, as fonoaudiólogas classificaram as 24 amostras baseando-se nos próprios critérios. Após uma semana, receberam treinamento inicial, que continha 8 amostras de referência (quatro graus de hipernasalidade, dois sexos) e 8 amostras de treinamento (quatro graus de hipernasalidade, dois sexos), apresentadas pela sequência de 4 amostras de referência, seguida de uma amostra de treinamento. As amostras (referência e treinamento) eram pareadas pelo mesmo sexo. Uma semana após o treinamento inicial, realizou-se retreinamento utilizando as mesmas amostras de referência e 8 novas amostras para retreinamento. Em ambos os treinamentos (inicial e retreinamento) foi dado feedback de resposta correta. Uma semana após retreinamento, as fonoaudiólogas classificaram novamente as 24 amostras de fala seguindo os mesmos procedimentos realizados antes do treinamento perceptivo-auditivo. Os dados foram analisados descritivamente (porcentagem de acertos vs avaliação padrão-ouro) e pelos testes estatísticos (Wilcoxon, Qui-quadrado, V de Cramer e Kappa), com nível de significância de 5%. Resultados: Em geral, não houve melhora na classificação da hipernasalidade pelas avaliadoras após treinamento (antes 65,3%, após 62,5%; p<0,972, Wilcoxon). A análise da associação das respostas de cada avaliador vs avaliação padrão-ouro antes do treinamento mostrou associação significativa (X2 p<0,001) e forte (V de Cramer) para todas as avaliadoras, porém sem concordância significativa para uma delas. Após treinamento, esta avaliadora classificou consistentemente a ausência de hipernasalidade e melhorou sua classificação do grau leve, o que resultou em associação significativa (X2 p<0,001) e forte, além de concordância (Kappa) significativa de todas as avaliadoras. A análise dicotômica (presença e ausência de hipernasalidade) dos dados mostrou associação significativa e forte, com concordância significativa em relação à avaliação padrão-ouro, após treinamento, para todas as avaliadoras, diferindo dos achados antes do treinamento, em que houve associação significativa (X2 p=0,047), porém moderada (V Cramer p=0,415) para uma das avaliadoras. Antes do treinamento, a análise de concordância entre as avaliadoras (sem considerar graus da hipernasalidade) foi regular (índice Kappa de 0,284). Após treinamento, a concordância entre as avaliadoras aumentou (índice Kappa de 0,413), porém ao analisar o intervalo de confiança de 95% não foi observado efeito significativo. Conclusão: Não houve melhora na classificação geral do grau da hipernasalidade pelas avaliadoras após treinamento. No entanto, este treinamento beneficiou uma das avaliadoras que classificou consistentemente a ausência da hipernasalidade após treinamento. Sugere-se ampliar o treinamento perceptivo-auditivo para classificação da hipernasalidade em estudos futuros, oferecendo treinamentos mais longos.

LEE, A.; WHITEHILL, T. L.; CIOCCA, V. Effect of listener training on perceptual judgement of hypernasality. Clinical Linguistics & Phonetics, [s.l.], v. 23, n. 5, p.319-334, 2009.

OLIVEIRA, A.C.A.S.F. et al. Influência do treinamento dos avaliadores no julgamento perceptivo da hipernasalidade. Codas, v. 28, n. 2, p.141-148, 2016.

GUERRA, T.A. Treinamento de avaliadores para identificação da hipernasalidade. [dissertação]. Bauru (SP): Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo; 2019.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
220
CLASSIFICAÇÃO EM LEITURA DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL PÚBLICO E PRIVADO
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Ler é uma tarefa complexa com envolvimento de aspectos cognitivos como o processamento visual e auditivo, além da associação com aspectos linguísticos como o conhecimento e o domínio fonológico, sintático, semântico-lexical e morfológico(1,2). A leitura consiste na decodificação de palavras, entretanto, para que um leitor seja considerado eficiente, é necessário decodificar grafemas em fonemas, que possua velocidade de leitura com fluidez e precisão, além de compreensão do material lido(3). A partir do 3º ano do ensino fundamental I o foco deixa de ser a apropriação do mecanismo de conversão grafema/fonema e os escolares passam a ser mais exigidos em termos de conteúdo, tendo a leitura como um importante recurso para a aprendizagem de diversas disciplinas pertencentes ao currículo escolar(4). Objetivo: Traçar o perfil de leitura de escolares do 3º ao 5º do ensino público e privado. Método: Anterior a sua realização este estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa e aprovado sob o protocolo número 1.870.336/2017. Participaram deste estudo 120 escolares, de ambos os gêneros, com idade entre 8 e 11 anos, pertencentes a uma escola pública e uma privada, pareados por gênero e ano escolar. Os escolares foram distribuídos em grupos: Grupo I (GI: 20 escolares do 3° ano do ensino fundamental público); Grupo II (GII: 20 escolares do 3° ano do ensino fundamental privado); Grupo III (GIII: 20 escolares do 4° ano do ensino fundamental público); Grupo IV (GIV: 20 escolares do 4° ano do ensino fundamental privado); Grupo V (GV: 20 escolares do 5° ano do ensino fundamental público); Grupo VI (GVI: 20 escolares do 5° ano do ensino fundamental privado). Para a avaliação da leitura foi utilizado o texto narrativo pertencente ao Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura – PROCOMLE(5). A análise da leitura foi realizada pelo tempo total de leitura (TTL), velocidade de leitura (VL), registro manual das palavras lidas incorretamente (PLI) e pela compreensão de leitura por meio das questões propostas no instrumento. Resultados: Na comparação entre os grupos houve diferença para todas as varáveis analisadas no ensino público, o mesmo ocorreu para o ensino privado exceto para a velocidade de leitura. Em relação as médias de desempenho houve variação de crescimento entre as variáveis para os grupos estudados, obtendo aumento de médias por seriação para compreensão de leitura e diminuição para tempo de leitura, velocidade e palavras lidas de forma incorreta. Conclusão: Os escolares do ensino público atingiram médias muito discrepantes quando comparados aos escolares do ensino privado, para as variáveis tempo total de leitura, velocidade de leitura e compreensão de leitura, com proximidade de médias no desempenho entre palavras lidas incorretamente. O que sugere maior enfoque em atividade que envolvam decodificação, velocidade e compreensão dentro do ensino público.

Palavras-Chave: Leitura; Aprendizagem; Ensino; Compreensão; Criança; Desenvolvimento infantil

1. Colombo RC, Cárnio MS. Compreensão de leitura e vocabulário receptivo em escolares típicos do ensino fundamental I. CoDAS. 2018; 30(4): e201700145. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20182017145
2. Schiff R, Ben-Shushan YN, Ben-Artzi E. Metacognitive strategies: a foundation for early word spelling and reading in kindergartners with SLI. J Learn Disabil. 2017; 50(2):143-57. https://doi.org/10.1177/0022219415589847
3. Martins MA, Capellini SA. Relação entre fluência de leitura oral e compreensão de leitura. CoDAS. 2019; 31(1): e20170244. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20182018244
4. Cunha VLO, Capellini SA. Caracterização do desempenho de escolares do 3º ao 5º ano do ensino fundamental em compreensão de leitura. Rev. Cefac. 2016; 18(4): 941-951. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201618421215
5. Cunha VO, Capellini SA. PROCOMLE - Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura Para Escolares do 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental. 1ª edição. Ribeirão Preto: Booktoy, 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1665
CLASSIFICAÇÃO ESPECTROGRÁFICA DO SINAL VOCAL: RELAÇÃO COM O DIAGNÓSTICO LARÍNGEO E A ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A produção da voz é multidimensional e envolve a compreensão de aspectos fisiológicos e biomecânicos desde a produção vocal até o impacto ocasionado no interlocutor. A análise perceptivo-auditiva e a avaliação acústica são os principais métodos para caracterizar a qualidade vocal e monitorá-la ao longo do tratamento oferecido. A avaliação acústica pode envolver a análise descritiva de padrões visuais, como o espectrograma de faixa estreita, que possibilita a avaliação qualitativa do sinal, independente do grau de aperiodicidade e ruído presente na emissão. Há duas descrições disponíveis na literatura para classificação do sinal vocal, baseadas no traçado espectrográfico de faixa estreita: Yanagihara classifica os sinais em Tipo I, II, III e IV, utilizando, como critérios, a regularidade dos harmônicos, a presença de ruído em diferentes faixas de frequência e a relação entre a estrutura harmônica e o ruído presente no traçado; Titze baseia-se no modelo de dinâmica não linear da produção vocal e categoriza os sinais em Tipo I, II e III, considerando, como principal critério, a presença de bifurcação (sub-harmônicos), no domínio do tempo, e de ruído no domínio das frequências, ambos advindos da mudança no padrão vibratório das pregas vocais, no entanto, não havendo correspondência entre a tipologia do sinal no traçado espectrográfico e o desvio da qualidade vocal percebido auditivamente, assim como entre o tipo de sinal e a presença de alteração estrutural ou funcional na laringe. Objetivo: Verificar se existe associação entre a presença de alteração laríngea, a análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal e a classificação espectrográfica do sinal vocal em indivíduos com distúrbio de voz. Métodos: Participaram 478 pacientes com distúrbios de voz. Foi realizada gravação da vogal /Ɛ/ sustentada e o exame médico para estabelecimento de diagnóstico laríngeo. Os espectrogramas da vogal foram utilizados para classificação dos sinais em Tipo I, II, III e IV. Resultados: Vozes de indivíduos sem alteração laríngea foram classificadas, predominantemente, como Tipo I e Tipo II, enquanto sinais de indivíduos com alteração laríngea foram classificados nos Tipos III e IV. Vozes não desviadas foram classificadas, predominantemente, como Tipo II, enquanto os sinais de pacientes com desvio vocal foram categorizados, predominantemente, como Tipos II e III. Apenas os sinais de indivíduos com desvio vocal foram classificados como Tipo IV. Sinais Tipo III e IV apresentaram valores mais elevados no grau geral do desvio e nos graus de rugosidade e soprosidade, em relação aos sinais Tipo I e Tipo II. Os sinais Tipo IV apresentaram maior grau geral e graus de rugosidade e soprosidade, em comparação aos sinais Tipo III. Apenas os sinais Tipo IV apresentaram valores mais elevados no grau de tensão, em relação aos sinais Tipo I, II e III. Conclusão: Há associação entre a presença de alteração laríngea, a análise perceptivo-auditiva e a classificação espectrográfica do sinal vocal em indivíduos com distúrbio de voz.

Palavras-chave: Acústica; Voz; Distúrbios da voz; Espectrografia do som; Fonoaudiologia

Lopes LW, Alves GAS, Melo ML. Content evidence of a spectrographic
analysis protocol. Rev CEFAC. 2017;19(4):510-28. http://dx.doi.
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as for vocal emission of men with larynx without diseases. Rev CEFAC.
2012;14(2):290-7. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462012005000008.

Yanagihara N. Significance of harmonic changes and noise components
in hoarseness. JSHR. 1967;10(3):531-41. http://dx.doi.org/10.1044/
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Lopes LW, Silva HF, Evangelista DS, Silva JD, Simões LB, Silva POC,et al.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
280
CLOZE: ADAPTAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A Técnica de Cloze é uma ferramenta de avaliação, principalmente de aspectos de compreensão, que também pode ser utilizada para intervenção, direcionada a prática de treino de leitura e compreensão textual. Baseia-se na apresentação de um texto na íntegra para a leitura, com posterior releitura do escolar e uma reapresentação do texto, desta vez lacunado para o preenchimento com a palavra retirada, composto por diferentes graus de dificuldade(1,2). A avaliação com o Cloze se propõe a identificar quais processos de leitura estão alterados, entre ele podemos citar, fluência, exatidão, acurácia e tempo de leitura. Quanto a compreensão objetiva mensurar habilidades específicas, por meio da compreensão da microestrutura textual necessária para o preenchimento das lacunas em cada frase, por meio da busca de palavras que se encaixem, completando com significado coeso cada frase e de sua reflexão na macroestrutura textual(3,4). Objetivo: Adaptação de um instrumento de avaliação por meio da Técnica de Cloze. Método: Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado sob o protocolo número 3.939.907/2020. Participaram 21 escolares de 3° ano do ensino fundamental, de ambos os gêneros, com idade entre 8 e 10 anos, pertencentes ao ensino público. A etapa inicial se propos a realizar a adaptação de dois textos do segundo caderno do Cloze: Intervenção em Compreensão de Leitura(5), o texto Minha Irmã Zizi” foi adaptado com a retirada de sete palavras e além da lacuna para o preenchimento foram adicionadas duas figuras para a marcação, uma com a representação da resposta e outras representando uma palavras semanticamente direferente, deveria ser escolhida a que melhor representasse o sentido da frase no texto. O texto “A Lenda da Vitória Régia” foi adaptado com a retirada de nove palavras e sua substituição foi feita com a colocação da lacuna e abaixo dela a resposta escrita e uma palavra semanticamente diferente, sendo que o escolar deveria escolher a que melhor completasse o sentido da frase. A aplicação foi realizada em duas sessões individiais de 20 a 35 minutos cada. Resultados: Os escolares não apresentaram erros na marcação das figuras do texto “Minha Irmã Zizi”. Já na reescrita das palavras retiradas dos textos os escolares cometeram mais erros no texto “Minha Irmã Zizi”, sendo esses em sua maioria trocas por sinônimos ou palavras que encaixassem contextualmente na frase. Em termos de erros ortográficos os escolares também apresentaram mais erros no Texto “Minha Irmã Zizi”, pois no texto “A Lenda da Vitória Régia” contavam com o apoio das opções de respostas escritas logo abaixo da lacuna. Conclusão: Os escolares apresentaram desempenho geral inferior no texto “Minha Irmã Zizi” em comparação ao texto “A Lenda da Vitória Régia”, porém os erros cometidos neste texto permitem uma avaliação qualitativa mais rica de dados de compreensão avaliados e quanto a aquisição ortográfica.

1. Santos AAA, Monteiro RM. Validade do cloze enquanto técnica de avaliação da compreensão de leitura. Estudos Interdisciplinares em Psicologia. 2016; 7(2): 86-100.

2. Machado AC, Capellini SA. Dados preliminares de um programa de intervenção para compreensão leitora por meio da técnica de Cloze. Rev. Psicopedagogia. 2016; 33(101):144-53.

3. Oliveira KL, Trassi AP, Santos AAA, Cunha NB. Teste de cloze no ensino fundamental: evidências de validade de critério. Psic. da Ed. 2017; 45: 35-44.

4. Cunha NB, Santos AAA, Oliveira KL. Evidências de validade por processo de resposta no Cloze. Fractal: Rev Psicol. 2018; 30(3): 330-7.

5. Mauro AMSA, Bitar ML. Cloze II Intervenção em Compreensão de Leitura. Editora GEARTE, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1844
COGNIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE INDIVÍDUOS COM DEMÊNCIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A alimentação é uma das funções que são afetadas pela demência. O processo de envelhecimento intrinsecamente pode reduzir o consumo dos alimentos e quando correlacionado aos sintomas das doenças neurológicas, como os distúrbios comportamentais da demência, podem interferir, também, na capacidade de se alimentar de forma independente. Além da interferência dos aspectos comportamentais durante a alimentação, os pacientes, também, podem apresentar disfagia orofaríngea. Objetivos: Analisar a relação entre os aspectos cognitivo-comportamentais e a alimentação e deglutição dos indivíduos com demência. Método: Estudo transversal realizado em um ambulatório de Neuropsiquiatria Geriátrica de um hospital universitário. Trinta e seis pacientes com demência e seus cuidadores participaram deste estudo. Os instrumentos utilizados foram a Avaliação Clínica da Demência, Mini-Exame do Estado Mental, Questionário de Habilidade de Alimentação e Deglutição na Demência, Avaliação de Segurança da Deglutição e Escala Funcional de Ingestão por Via Oral. Dividiu-se a amostra em dois grupos de acordo com o estadiamento da demência para analisar aspectos relacionados entre alimentação, deglutição e fatores cognitivos e comportamentais. Os dados coletados foram analisados estatisticamente por meio do software RStudio versão 1.1.456 (15). Foram utilizados testes estatísticos não paramétricos, teste de U de Mann-Whitney e correlação de Spearman, sendo considerado um valor de significância de 5 % (p<0,05). Resultados: A maioria dos participantes eram do sexo masculino, a demência prevalente foi a Doença de Alzheimer em estágio grave. Questões relacionadas à alimentação e deglutição foram relevantes quando associadas ao estado cognitivo, comportamental e estadiamento da doença. Indivíduos com demência avançada apresentaram dificuldades com mais frequência durante alimentação e deglutição. Na avaliação funcional da deglutição identificaram-se dificuldades para as texturas alimentares sólida e líquida em todos os estágios da demência, porém, sem resultado estatisticamente significativo. Prevaleceu o nível cinco da Escala Funcional de Ingestão por Via Oral. Conclusão: As características cognitivo-comportamentais dos indivíduos com demência se correlacionaram com o processo de alimentação e deglutição. A progressão da doença pode potencializar os comprometimentos e aumentar a necessidade de auxílio durante o processo de alimentação, tornando essencial a orientação aos familiares e cuidadores para a manutenção da qualidade de vida e prevenção de disfagia orofaríngea e desnutrição destes pacientes.

1)Ardenghi LG, Signorini AV, Battezini AC, Dornelles S, Rieder CRM. Functional magnetic resonance imaging and swallowing: systematic review. Audiol Commun Res. 2015;20(2):167-74.
2)Birch D, Stokoe D. Caring for people with end-stage dementia. Nurs Older People. 2010. 22(2):31-6.
3)Correia SM, Morillo LS, Jacob Filho W, Mansur LL. Swallowing in moderate and severe phases of Alzheimer's disease. Arq Neuropsiquiatr. 2010; 68(6): 855-61.
4)Humbert IA, McLaren DG, Kosmatka K, et al. Early deficits in cortical control of swallowing in Alzheimer’s disease. J Alzheimers Dis. 2010; 19(4):1185-97.
5)Perdigão LMNB, Almeida SC, Assis MG. Strategies used by informal caregivers to face neuropsychiatric symptoms in elderly people with dementia. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. 2017;28(2):156-62.
6)Ramos-Perez ICS, Ramos ACR, Okubo PCMI, Takayanagui MO. Perception of Caregivers about Swallowing Disorders Caused by Dementia. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. 2016; 20(2):127-132.
7)Tavares TE, Carvalho CMRG. Characteristics of mastication and swallowing in Alzheimer's disease. Rev. CEFAC. 2012; 14 (1):122-137.
8)Wirth R, Dziewas R, Beck AM, Clavé P, Hamdy S, Heppner HJ et al. Oropharyngeal dysphagia in older persons – from pathophysiology to adequate intervention: a review and summary of an international expert meeting. Clinical Interventions in Aging. 2016; 23(11): 189–208.
9)White HK, McConnell ES, Bales CW, Kuchibhatla M. A 6-month observational study of the relationship between weight loss and behavioral symptoms in institutionalized Alzheimer’s disease subjects. J Am Med Dir Assoc. 2004;5(2):89-97.
10)WHO: World Health Organization [internet]. Draft global action plan on the public health response to dementia: World Health Organization; 2017. Document A70/28. Disponível em: http://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA70/A70_28-en.pdf?ua=1&ua=1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
887
COGNIÇÃO E DISFAGIA NO COMPROMETIMENTO COGNITIVO MAIOR
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


A demência ou Comprometimento Cognitivo Maior, conforme o Manual Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), é um problema frequente e cada vez mais prevalente na população idosa. A maioria dos pacientes com demência desenvolve disfagia e têm alto risco de morte por pneumonia aspirativa. Inúmeras são as discussões a respeito da funcionalidade dos idosos com quadros demenciais, todavia, a deglutição não faz parte das tradicionais escalas de funcionalidade.
Objetivos: Traçar o perfil de deglutição em pacientes com comprometimento cognitivo maior em fase avançada.
Métodos: Foram coletados dados de 107 pacientes do Ambulatório de Comprometimento Cognitivo Avançado do serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Os dados foram processados no software Stata 13.0 e adotou-se o nível de significância p<5% em todas as análises. O exame das variáveis categóricas qualitativas foi realizado por meio de estatística descritiva dos perfis de funcionalidade da deglutição dos sujeitos. Para a investigação das variáveis quantitativas, foram aplicados os testes paramétricos de regressão de Poisson e modelagem múltipla com seleção hierárquica. Resultados: 67% era do sexo feminino e 33% do sexo masculino, idade média de 83 anos, 76% era analfabeta ou com até 4 anos de instrução formal. Quanto ao diagnóstico médico, 34% apresentava doença de Alzheimer (DA), 32% demência mista, 21,5% DV e 13% demências menos frequentes como degeneração lobar fronto-temporal (DLFT), demência na doença de Parkinson (DP), demência por corpus de Levy (DCL) e Hidrocefalia de pressão normal idiopática (HPNi). Quanto ao estadiamento da demência, a pontuação média foi de 3 pontos na Clinical Dementia Rating Scale (CDR) e 7 pontos na Functional Assessment Staging (FASTmod), configurando o perfil da gravidade do comprometimento cognitivo da população estudada. A amostra apresentou entre duas ou mais alterações estruturais como redução da força e/ou mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios (OFAs), redução da elevação laríngea, higiene oral inadequada, ausência de dentição ou próteses dentárias, próteses mal adaptadas e/ou falhas dentárias e/ou alteração dos aspectos salivares, com impacto na contenção oral dos sujeitos e implicação na proteção das vias aéreas superiores em 74% da amostra, de modo que a avaliação da deglutição se mostrou imprescindível nesta população. Observou-se maior prevalência de alterações nas fases antecipatória, preparatória oral e oral dos sujeitos, visto que estas fases, são voluntárias e altamente dependentes da cognição.
Discussão: A classificação da disfagia nessa população, se mostra complexa, visto que as tradicionais escalas de classificação da disfagia, desconsideram a fase antecipatória e preparatória oral da deglutição, fases essas, gravemente alteradas no comprometimento cognitivo avançado, dado seu caráter volitivo e dependente da cognição.
Conclusão: O presente estudo contribuiu com o delineamento do perfil de funcionalidade da deglutição de idosos com comprometimento cognitivo maior, evidenciando a influência da cognição nas fases voluntárias da deglutição, dos riscos envolvidos, da impropriedade das escalas conhecidas de classificação da disfagia para esta população e da ausência do quesito deglutição, nas tradicionais escalas de funcionalidade. Avaliar a funcionalidade da deglutição de sujeitos com comprometimento cognitivo maior é essencial na busca de um atendimento integral, ecológico e humanizado.

1.Silagi ML, Morillo LS. Nutrição e hidratação em demência avançada: aspectos clínicos e éticos in Brucki SMD, Morillo LS, Ferretti CEL, Nitrini R. Manejo da doença de Alzheimer moderada e grave. 1ª ed. São Paulo: Editora e eventos Omnifarma, 2015; 8: 53-62.
3. Morillo LS. Avaliação geriátrica ampla Conceitos, princípios e objetivos in Bruck, SMD, Morillo LS, Ferretti CEL, Nitrini R. Manejo da doença de Alzheimer moderada e grave. 1a ed. São Paulo: Omnifarma. 2015; 2: 13-19.
4. Gómez-Busto F, Andia V, de Alegria LR, Francés I. Abordaje de la disfagia en la demencia avanzada. Revista Española de Geriatría y Gerontología. 2009; 44, 29-36.
5. Humbert IA, Robbins J. Dysphagia in the elderly. Physical medicine and rehabilitation clinics of North America. 2008; 19(4), 853-866.
6. Rösler A, Pfeil S, Lessmann H, Höder J, Befahr A, von Renteln-Kruse W. Dysphagia in dementia: influence of dementia severity and food texture on the prevalence of aspiration and latency to swallow in hospitalized geriatric patients. Journal of the American Medical Directors Association. 2015; 16(8), 697-701.
7. Ortega O, Espinosa MC. Oropharyngeal Dysphagia and Dementia. 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1355
COMBINAÇÃO DE TÉCNICAS TRADICIONAIS E LASERTERAPIA NA REABILITAÇÃO PÓS AVE: UMA PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é definido como uma alteração de cunho neurológico e com surgimento súbito oriundo de um dano cerebral. Sua duração é variável e a gravidade se dá de acordo com o local e a intensidade da lesão. Esta alteração é um problema de saúde comum e incapacitante, desta forma, a reabilitação é uma parte importante no atendimento ao paciente. As dificuldades da função de deglutição pode estar presente em 50% dos casos atendidos por consequências do AVE e podem gerar consequências graves ao indivíduo1. Dentre as estratégias de reabilitação, a literatura é vasta a partir da estimulação térmica e gustativa, manobras posturais, gerenciamento de volumes e consistências e exercícios miofuncionais2, mas carece de evidências acerca da utilização de ferramentas tecnológicas para a intervenção e melhor qualidade de vida do paciente. OBJETIVO: Descrever a utilização de técnicas tradicionais aliadas à laserterapia na reabilitação fonoaudiológica pós AVE. METODOLOGIA: No serviço são realizadas avaliações dos aspectos relacionados à mobilidade, tônus e postura dos músculos intrínsecos da língua, bucinador e orbicular da boca, com o manejo de alimentos para melhor observação da função de deglutição dos indivíduos. A aplicação do laser visou a biomodulação da musculatura afetada, com a utilização da luz vermelha para a estimulação de estruturas superficiais (M. Orbicular da boca), infravermelha para estruturas mais profundas (M. Bucinador), além da aplicação simultânea das luzes vermelha e infravermelha para atingir camadas superficiais e profundas (Mm. intrínseca da língua). Para este efeito biomodulador, são preconizadas doses intermediárias (de 4 a 6 J), com aplicação pontual de contato3,4. RESULTADOS: Constatou-se que a utilização dos exercícios mioterápicos de língua (tocar de forma alternada a superfície interna das bochechas, tocar nos quatro cantos da boca, varredura do palato, varredura do palato + estalo de língua); lábios (protrusão labial em isometria isoladamente e associada ao estalo) e bochechas (inflar as bochechas bilateralmente de forma isolada e em associação ao bico-sorriso fechado)5, aliada ao uso da laserterapia, promoveu melhora no padrão postural e funcional da musculatura orofacial e cervical, redução de estase salivar e otimização do processo de deglutição. CONCLUSÃO: Os exercícios tradicionais aliados ao uso do laser, são ferramentas da prática fonoaudiológica que podem ser utilizadas na reabilitação pós AVE.

1. Silvério CC, Hernandez AM, Gonçalves MI. Ingesta oral do paciente hospitalizado com disfagia orofaríngea neurogênica. Rev CEFAC. 2010;12 (16): 964-70.

2. Furkim AM, Sacco AB. Eficácia da fonoterapia em disfagia neurogênica usando a escala funcional de ingestão por via oral (FOIS) como marcador. Rev CEFAC. 2008; 10 (17) : 503-12.

3.MATOS, A.S.; BERRETÍN-FELIX, G.; BANDEIRA, R.N.; LIMA, J. A. S.; ALMEIDA, L. N. A.; ALVES, G. A. S. Laserterapia aplicada à motricidade orofacial: percepção dos membros da Associação Brasileira de Motricidade Orofacial – Abramo. Rev. CEFAC. v.20, n. 1, p. 61-68, Jan. – Fev, 2018.

4.Gendron J, Michael R. Applications of Photobiomodulation Therapy to Musculoskeletal Disorders and Osteoarthritis with Particular Relevance to Canada.

5. Rahal A. Bases da Terapia Miofuncional. In: Tessitore A, Marchesan IQ, Silva HJ da, Berretin-Felix G. Práticas clínicas em motricidade orofacial. Fortaleza: Melo; 2014. p. 147-152.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
776
COMO A VOZ ESPELHA EMOÇÕES: UMA INTERPRETAÇÃO NEUROFISIOLÓGICA DE DADOS DE EXPRESSÃO VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A comunicação de emoções é crucial para a manutenção das relações sociais. Em seres humanos, a voz constitui um dos meios mais importantes de expressão e percepção de emoções, sendo, por isso mesmo, comumente chamada de “espelho da alma”. Mas como de fato a voz espelha emoções? Modelos teóricos de base neurofisiológica, como o proposto por Klaus Scherer, sugerem que a expressão vocal de emoções constitua uma espécie de espelho dos mecanismos neurofisiológicos associados aos diferentes estados emocionais; sob tal perspectiva, características do som vocal estabeleceriam uma relação direta com gestos vocais expressivos, de natureza semelhante à de outros gestos corporais expressivos. Ainda que este modelo realize predições bastante claras a respeito do impacto, sobre a voz, de diferentes ajustes respiratórios e fonatórios associados a diferentes emoções (por exemplo, relativos à pressão subglótica ou à força do movimento de adução das pregas vocais em diferentes emoções), estudos experimentais que testem as hipóteses por ele propostas são ainda bastante raros. Os objetivos deste estudo foram: a) Investigar o efeito de diferentes emoções sobre ajustes fonatórios e formas de onda do fluxo de ar que atravessa a glote (i.e., a fonte glótica) em cantores líricos profissionais; b) Averiguar se os resultados encontrados confirmam as predições do modelo teórico proposto por Klaus Scherer. Método: cantores líricos profissionais de renome cantaram escalas em frases compostas por pseudopalavras balanceadas foneticamente, expressando diferentes emoções. Ouvintes com ou sem formação musical foram solicitados a indicar a emoção que cada uma destas emissões veiculava por meio de uma avaliação perceptivo-auditiva; os resultados desta avaliação confirmaram que as amostras de canto coletadas eram de fato representativas das emoções expressas. Sinais acústicos do som irradiado pela boca, sincronizados a sinais de eletroglotografia, foram analisados por meio de filtragem inversa. A forma da onda glótica, o correspondente espectro acústico da fonte glótica e as características dos ajustes fonatórios associados ao sinal acústico estimado foram analisados utilizando diversos parâmetros, de tempo e de amplitude. Os efeitos das diferentes emoções sobre os ajustes fonatórios e sobre o som da fonte glótica foram investigados usando matriz de correlação, ANOVA e comparações post hoc. A análise dos resultados mostrou relações sistemáticas entre as diferentes emoções e as características dos ajustes fonatórios e da fonte glótica. Raiva e tristeza situaram-se em posições diametralmente opostas num continuum que incluiu dimensões acústicas, relativas às características da fonte glótica, e fisiológicas, relativas às características dos ajustes fonatórios. Emoções caracterizadas pelo aumento de atividade motora e do nível de tensão muscular, como, por exemplo, a raiva, estiveram associadas à maior velocidade da passagem do ar através da glote, maior força de adução das pregas vocais e espectros acústicos com parciais altos mais intensos. Conclusões: a) Diferentes emoções produziram efeitos distintos sobre os ajustes fonatórios e sobre o som da fonte glótica, e de acordo com as intenções expressivas dos cantores; b) Nossos resultados confirmaram as predições do modelo teórico proposto por Klaus Scherer, que sugere que a expressão vocal de emoções espelha mecanismos neurofisiológicos associados à própria emoção expressa.

1. Alku P, Vilkman E. Amplitude domain quotient for characterization of the glottal volume velocity waveform estimated by inverse filtering. Speech Communication. 1996;18(2): 131-138.
2. Patel S, Scherer KR, Björkner E, Sundberg J. Mapping emotions into acoustic space: The role of voice production, Biological psychology 2011;87(1):93-8.
3. Salomão GL. Expressão Vocal de Emoções: Metáforas Sonoras, Fala e Canto. In:Sandra Madureira (Organizadora). Sonoridades. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2016.p.31-43
4. Bänziger T, Hosoya G, Scherer KR. Path Models of Vocal Emotion Communication. PLOS ONE. 2015 [acesso em 06 julho 2020]; Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0136675
5. Scherer KR, Sundberg J, Fantini B, Trznadel S, Eyben F. The expression of emotion in the singing voice: acoustic patterns in vocal performance.J Acoust Soc Am. 2017;142:1805–1815.
6. Sundberg J, Salomão GL, Scherer KR. Analyzing Emotion Expression in Singing via Flow Glottograms, Long-Term-Average Spectra, and Expert Listener Evaluation. J Voice 2019; in press


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1796
COMO LIDAR COM UM PACIENTE DE CÂNCER ORAL EM TRATAMENTO PALIATIVO? - RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: No Brasil, em 2018, foi contabilizada 4.974 mortes devido ao Câncer de Cavidade Oral nos homens e a sua incidência ocupa a 5º posição. A intervenção fonoaudiológica visa trabalhar com as estruturas remanescentes após ressecção para desenvolver compensações. O trabalho pode ser melhor desenvolvido através da adesão do indivíduo ao estabelecer vínculo entre a equipe de saúde e o paciente. O Cuidado Paliativo tem o intuito de prevenir e aliviar o sofrimento do paciente e seus familiares que passam por doenças que acometem a vida, buscando a melhorara da qualidade de vida. OBJETIVO: Descrever a intervenção fonoaudiológica no cuidado de um paciente oncológico paliativo, visando apresentar técnicas pontuais vinculadas a função e o cuidado com o paciente e seus familiares para que haja melhor adesão ao tratamento. MÉTODO: Submetido ao CEP 3033682. Paciente de sexo masculino, 61 anos, trabalhador rural, etilista há 50 anos, encontrava-se com lesão leucoplásica em região lateral esquerda da língua e linfonodomegalia cervical, os exames revelaram tratar de um carcinoma espinocelular de cavidade oral (trígono retromolar) T2N3M0 localmente avançado com fistulização cervical, realizou 35 sessões de radioterapia, uma hemiglossectomia à esquerda que deixou tumor residual e recebeu alta hospitalar com uso de sonda nasoenteral. A intervenção Fonoaudiológica Pré Operatória teve o intuito de estabelecer vínculos, realizar avaliação dos Órgãos Fonoarticulatórios (OFAs) para obter dados comparativos, orientar a respeito das possíveis sequelas cirúrgicas, sendo informado que para minimizá-las seria necessárias sessões de terapia fonoaudiológica. No pós imediato, as estruturas remanescentes foram avaliadas e a orientação sobre higiene oral foi feita. O pós tardio, consistiu em terapias semanais de 45 minutos aproximadamente por 8 semanas, com o objetivo principal de favorecer a alimentação por via oral para retirada de via alternativa. Como objetivo secundário, restabelecer aspectos relacionados à fala. Por isso, foi trabalhado o treino de manobras para deglutição, realização de exercícios isotônicos e isométricos para língua e bucinador e treino articulatório. Sendo importante ressaltar o vínculo criado entre o paciente e os familiares com os profissionais de saúde que foi essencial na completa adesão ao tratamento, além da intervenção da equipe fonoaudiológica com os demais profissionais da saúde para intermediar e facilitar o contato entre a equipe e da equipe com o paciente. RESULTADOS: A preocupação com o tratamento do paciente em cuidados paliativos foi direcionada a tratar sua maior queixa que era relacionada a alimentação o quanto antes. Após 8 semanas de fonoterapia, paciente apresentou significativa melhora na mobilidade de língua e em tônus de bucinador, concomitantemente, obteve-se melhora no processo de deglutição, em consistência pastosa, desenvolveu controle do bolo oral e conseguiu a limpeza total de estase em cavidade oral, sendo possível a retirada de sonda e passagem para via oral exclusiva na consistência pastosa. CONCLUSÃO: O relato mostra a importância da adesão do paciente no sucesso do tratamento. Obtendo o resultado esperado com a melhora das questões relacionadas a deglutição, a fonação e consequentemente, qualidade de vida.

(1) Instituto Nacional Do Câncer - INCA. Estatística de Câncer [acesso em 11 julho 2020]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer
(2) Mendes RF. Análise do impacto na comunicação oral de indivíduos tratados cirurgicamente do câncer na cavidade oral. Belo Horizonte; 2007. [acesso em 11 julho 2020]. Disponível em: http://ftp.medicina.ufmg.br/fono/monografias/2007/robertaferreira_analisedoimpacto_2007-1.pdf
(3) Paro CA, Vianna NG, Lima MCMP. Investigando a adesão ao atendimento fonoaudiológico no contexto da atenção básica. São Paulo: Revista CEFAC; 2013. [acesso em 12 julho 2020]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462013000500029&lng=en
(4) World Health Organization. (n.d.). Who definition of palliative care. [acesso em 12 julho 2020]. Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/


TRABALHOS CIENTÍFICOS
858
COMORBIDADES RELACIONADAS À APRAXIA DE FALA INFANTIL: RESULTADOS PRELIMINARES DE UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Apraxia de fala na Infância (AFI), no desenvolvimento infantil, identifica-se como prejuízo da execução da etapa de planejamento e programação motora, na ausência de comprometimentos neuromusculares. Este distúrbio pode resultar de comprometimentos neurológicos, estar associado a distúrbios neuro-comportamentais complexos ou ter entidade nosológica desconhecida. Além disso, pode ocorrer juntamente com outros diagnósticos. Atualmente, observa-se lacunas importantes relacionadas aos critérios diagnósticos e suas comorbidades, dificultando a investigação fonoaudiológica. Objetivo: A presente revisão objetiva a verificação sistemática na literatura das principais comorbidades associadas à Apraxia de Fala Infantil, explorando suas definições e manifestações, de forma a favorecer a tomada de decisões diagnósticas. Método: A presente revisão sistemática foi conduzida conforme as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). A busca por artigos científicos foi realizada na base de dados Pubmed. Os termos de busca utilizados foram: Comorbidity, Apraxias, Childhood apraxia of speech, Dyspraxia, Speech, e seus entretermos, em inglês. Os critérios de exclusão foram: apresentação de uma definição não confiável do que foi considerado Apraxia de Fala Infantil ou diagnóstico da comorbidade considerada. Foram incluídos todos os estudos cujos sujeitos apresentavam alguma síndrome diagnosticada e apraxia de fala. Os títulos e resumos de todos os artigos foram avaliados pelos investigadores. No estágio do texto integral, três revisores independentes avaliaram os artigos completos e realizaram suas seleções de acordo com os critérios de elegibilidade. Foram utilizados formulários padronizados para coleta dos dados principais de cada estudo. Em todas as etapas, as discordâncias foram resolvidas por consenso. O dado principal coletado foi quanto à ocorrência de comorbidades em sujeitos com AFI. Resultados: A base de dados pesquisada gerou um total de 111 artigos. Após a análise dos títulos e resumos, 12 artigos foram para a etapa de leitura integral do texto. Destes, 8 estudos foram incluídos na presente revisão, dos quais foram extraídos os dados principais para análise e composição dos resultados do presente estudo. Foram encontradas, dentre as comorbidades mais presentes associadas à Apraxia de Fala Infantil, transtornos como Transtorno do Espectro Autista (3 estudos), Epilepsia Rolândica (2 estudos), Síndrome de Landau-Kleffner (1 estudo), Síndrome de Down (1 estudo). As causas genéticas vêm como preditoras da associação entre Apraxia de Fala Infantil e estas comorbidades. Conclusão: Como a Apraxia de Fala Infantil é um distúrbio de manifestação heterogênea, pode se apresentar em comorbidades com distúrbios variados e, muitas vezes, de difícil detecção. As síndromes genéticas são as que mais aparecem associadas à Apraxia de Fala Infantil. Conforme observado nos resultados, faz-se necessário a realização de mais estudos relacionados ao tema, a fim de esclarecer tais aspectos associados à AFI, identificando as características das manifestações clínicas em cada comorbidade correlacionada.

PALAVRAS-CHAVE: Apraxia de Fala Infantil; Comorbidades; Fala e Linguagem.


BALLABAN-GIL K, TUCHMAN R. Epilepsy and epileptiform EEG: association with autism and language disorders. Ment Retard Dev Disabil Res Rev. 2000;6(4):300‐308. doi:10.1002/1098-2779(2000)6:4<300::AID-MRDD9>3.0.CO;2-R.
CHERYL TIERNEY, SUSAN MAYES, SALLY R LOHS, AMANDA BLACK, EUGENIA GISIN, MEGAN VEGLIA. Qual a validade da lista de verificação para transtorno do espectro do autismo quando uma criança apresenta apraxia da fala? J Dev Behav Pediatr. Out 2015; 36 (8): 569-74. PMID: 26114615 DOI: 10.1097 / DBP.0000000000000189.
JENYA IUZZINI-SEIGEL, TIFFANY P. HOGAN E JORDAN R. GREEN. Inconsistência da fala em crianças com apraxia da fala na infância, comprometimento da linguagem e atraso na fala: depende dos estímulos. https://doi.org/10.1044/2016_JSLHR-S-15-0184. Doi: 10.1044/2016_JSLHR-S-15-0184.
KIRAN P MASKI 1 , SHAFALI S JESTE , SARAH J SPENCE. Comorbidades neurológicas comuns em distúrbios do espectro do autismo. Curr Opin Pediatr. Dezembro d11; 23 (6): 609-15. doi: 10.1097 / MOP.0b013e32834c9282.
NIJLAND L, TERBAND H, MAASSEN B. Cognitive Functions in Childhood Apraxia of Speech. Funções Cognitivas na Apraxia da Fala na Infância. J Speech Lang Hear Res. 2015 Jun;58(3):550-65. doi: 10.1044/2015_JSLHR-S-14-0084.
PAL, DEB K. Epilepsia e distúrbios do desenvolvimento neurológico da linguagem. Opinião atual em Neurologia: abril de 2011 - Volume 24 - Edição 2 - p 126-131. doi: 10.1097 / WCO.0b013e328344634a
PAL, D. K. et al. Pleiotropic effects of the 11p13 locus on developmental verbal dyspraxia and EEG centrotemporal sharp waves. Efeitos pleiotrópicos do lócus 11p13 na dispraxia verbal do desenvolvimento e nas ondas agudas centrotemporais do EEG. Genes, Brain and Behavior, v. 9, n. 8, p. 1004-1012, 2010.
SCHUMACHER, Jayna; STRAND, Kristine E .; AUGUSTYN, Marilyn. Apraxia, autismo, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade: temos um novo espectro ?. Jornal de Pediatria do Desenvolvimento e do Comportamento , v. 38, p. S35-S37, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1622
COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ DE DOCENTES UNIVERSITÁRIOS E DA EDUCAÇÃO INFANTIL MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DO PROTOCOLO DE QUALIDADE DE VIDA E VOZ - QVV
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O professor faz parte dos profissionais que utilizam a voz como principal instrumento de trabalho, por esta razão apresentam maior suscetibilidade de desenvolver distúrbios vocais e consequentemente impactos na qualidade de vida. Há aspectos particulares e demandas que caracterizam e distinguem a docência no Ensino Básico e no Superior, apresentando, por exemplo, diferentes graus de cansaço físico, diversidade de tarefas extraclasse ou número de alunos em sala de aula. A Qualidade de vida relacionada à voz pode ser mensurada pelo protocolo de qualidade de vida e voz (QVV), segundo a literatura 1-4. Objetivo: Comparar a qualidade de vida relacionada à voz de professores universitários e da educação infantil através de uma revisão de literatura. Metodologia: Foram utilizadas para a pesquisa as bases de dados Lilacs e Scielo, utilizando os descritores “Voz”, “Qualidade de Vida”, “Docentes”.
Os artigos pré-selecionados passaram por uma análise de seus títulos, resumos e descritores para verificação da adequação ao tema, foram selecionados apenas artigos que analisaram a qualidade de vida relacionada à voz de docentes que lecionam a educação infantil e ensino superior mediante a utilização do protocolo de qualidade de vida e voz (QVV). Resultados: Dos artigos encontrados nas bases de dados, dois deles analisaram a qualidade de vida relacionada voz de docentes do ensino fundamental 1,4 e dois analisaram a qualidade de vida relacionada à voz em docentes que lecionam ao ensino superior 2,3, todos os artigos analisados aplicaram em seus participantes o protocolo de qualidade de vida e voz (QVV). Não foram encontrados artigos que abordassem tal aspecto em professores de educação infantil. De modo geral os estudos evidenciaram maior comprometimento do aspecto físico do protocolo de Qualidade de vida e voz, sendo que a maioria dos docentes avaliou sua voz como boa, apesar de apresentarem dificuldades nos processos de produção vocal bem como falar forte em ambientes ruidosos, incoordenação pneumofônica e dificuldade em desenvolver a profissão por não ser compreendido. Conclusão: A maioria dos docentes avaliou sua voz positivamente apesar de apresentarem sintomas vocais, sendo evidente a dificuldades em perceber e identificar alterações da voz. Faz-se necessário maior número de estudos abordando docentes de diferentes níveis de ensino, para que se possa compreender melhor as peculiaridades e demandas de cada público.

1. Jardim. R, Barreto SM, assunção AA. Condições de trabalho, qualidade de vida e disfonia entre docentes. Cad. Saúde Pública. 2007;23(10):2439-61.

2. Servilha EAM, Roccon PF. Relação entre voz e qualidade de vida em professores universitários. Rev CEFAC. 2009;11(3):440-48.

3. Fabrício MZ, Kasama ST, Martinez EZ. Qualidade de vida relacionada à voz de professores universitários. Rev. CEFAC. 2009;12(2):280-287

4. Ribas TM, Penteado RZ, García-Zapata, MTA. Qualidade de vida relacionada à voz: impacto de uma ação fonoaudiológica com professores. Rev. CEFAC, 2014;16(2):554-65.






TRABALHOS CIENTÍFICOS
1565
COMPARAÇÃO DE MEDIDAS DE FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL EM MULHERES COM MÁS OCLUSÕES CLASSES I E II DE ANGLE (DIVISÃO 1)
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A má oclusão Classe II de Angle (Divisão 1) com aumento do overjet influencia a conformação do esqueleto craniofacial e pode ocasionar reflexos na fala e voz. Ajustes na posição da língua durante a produção das vogais podem modificar o controle da frequência vocal, tendo em vista a relação que existe entre articulação e fonação. A análise de medidas de frequência fundamental (F0) de diferentes vogais na Classe II de Angle (Divisão 1) e a comparação com um grupo com má oclusão Classe I com perfil facial harmônico pode trazer informações sobre a relação entre articulação e fonação neste tipo de desproporção maxilo-mandibular.
OBJETIVO: Comparar medidas de frequência fundamental das sete vogais orais do Português Brasileiro de mulheres com má oclusão Classes I e II (Divisão 1) de Angle.
MÉTODO: Participaram do estudo 60 mulheres entre 18 e 40 anos, divididas em dois grupos de acordo com as seguintes más oclusões segundo a Classificação de Angle: Classe I (n=40) e Classe II, Divisão 1 (n=20). As participantes com Classe I apresentaram relação maxilo-mandibular equilibrada nas três dimensões do espaço, perfil harmônico e pequenas alterações de posicionamento dentário e as com Classe II (Divisão 1) apresentaram overjet entre 4 e 7 milímetros, com média de 5 milímetros. As amostras de fala foram obtidas a partir das gravações de sentenças-veículo: (“Fale____ para mim”), preenchidas com os vocábulos “pápa”, “pépe”, “pêpe”, “pípi”, “pópo”, “pôpo” e “púpu”. Foram extraídos os 10 milissegundos da porção intermediária de cada vogal para estimação da frequência fundamental. O software Praat foi utilizado para gravar, recortar e processar os sinais. Os valores finais contemplaram a média de duas emissões de cada sentença. A análise estatística foi realizada por meio do teste T de Student e o nível de significância adotado foi igual ou menor que 0,05 (5%).
RESULTADOS: Foram observados valores mais graves de F0 na má oclusão Classe II (Divisão 1) nas vogais anteriores [Ԑ] e [e] em relação à má oclusão Classe I.
CONCLUSÃO: Valores de frequência fundamental mais graves nas vogais [Ԑ] e [e] na Classe II Divisão 1 foram atribuídos a uma adaptação na produção destas vogais anteriores realizada pelas mulheres com má oclusão Classe II (Divisão 1). Esses dados podem ser justificados pela redução do espaço anteroposterior inferior da cavidade oral e pelo aumento do overjet apresentado neste tipo de desproporção maxilomandibular, o que pode ter ocasionado ajustes na produção destes sons e contribuído para uma posição de laringe mais baixa e com menor velocidade de vibração das pregas vocais quando comparadas às mulheres com perfil facial harmônico.

1. Nájera SL, Rodríguez FJM, Ledesma AF, Grajeda DI, Jiménez JC, Ruidíaz VC. Pronunciation of phonemes in relation to the degree of malocclusion and position of the incisal edges-lip vermilion border. Rev Mex Ortod.2016;4(4):e217–224.
2.Honda K. Relationship between pitch control and vowel articulation. Haskins Labor Status Report Speech Research. 1983;73:269–282.
3.Shaw JA, Chen W, Proctor MI, Derrick D. Influences of tone on vowel articulation in mandarin Chinese. JSLHR. 2016;59(6):S1566-1574.
4.Sundberg J. Ciência da Voz: Fatos Sobre a Voz na Fala e no Canto. 2a. ed. São Paulo: EdUSP; 2018.
5. Barbosa PA, Madureira S. Manual de Fonética Acústica Experimental. São Paulo: Cortez; 2015.
6. Villanueva P, Morán D, Lizana ML, Palomino HM. Articulación de fones em indivíduos classe esqueletal I, II y III. Ver CEFAC.2009;11(3):423–430.
7. Macari AT, Karam IA, Ziade G, et al. Association between facial length and width and fundamental frequency. J Voice. 2017;31(4):410–415.
8. Johnson NCL, Sandy JR. Tooth position and speech - Is there a relationship? Angle Orthodontist. 1999; 69: 306–310.
9. Viegas F, Viegas D, Serra GS, Ritto F, Simões-Zenari M, Nemr K. Acoustic analysis of fundamental frequency in men with skeletal Class II malocclusion. Int Arch Otorhinolaryngol.2019. 18th Congress of Otorhinolaryngology Foundation, August 29–31, 2019. 9532; p.S161.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2067
COMPARAÇÃO DO ASPECTO SEMÂNTICO EM IDOSOS SAUDÁVEIS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O envelhecimento saudável está relacionado ao baixo risco de doenças e de incapacidades funcionais, bem como um adequado funcionamento da mente e do corpo(1). O aspecto semântico encontra-se prejudicado na linguagem dos indivíduos com patologias neurodegenerativas, por exemplo, a doença de Alzheimer(2), a doença de Parkinson(3) e a Esclerose Lateral Amiotrófica(4). O conhecimento das alterações e modificações no discurso de indivíduos que envelheceram de forma saudável pode ser um passo fundamental para entender os processos neurodegenerativos.
Objetivos: Comparar alterações no aspecto semântico do discurso de idosos saudáveis, ao compreender as alterações das unidades de informação entre as variáveis de idade, sexo e escolaridade.
Métodos: Esta pesquisa transversal, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob protocolo n° 410/2016, foi feita com uma amostra de indivíduos idosos de ambos os sexos, independente da escolaridade e selecionados de um centro de saúde escola. Os sujeitos foram submetidos aos testes de inclusão para serem qualificados a prosseguir na pesquisa, sendo utilizados o Mini Exame do Estado Mental (MEEM)(5), o Teste do Desenho do Relógio(6), o Teste de Fluência Verbal Semântica(7) e o Questionário de Atividades Funcionais de Pffefer(8). Caso não apresentassem comprometimento cognitivo por meio dos testes, solicitou-se aos idosos a descrever oralmente a figura do Roubo de Biscoitos do Boston Diagnostic Aphasia Examination, da segunda edição da versão espanhola(9). A análise das produções emitidas pelos indivíduos foi concretizada com as unidades de informação do aspecto semântico da linguagem(10). Para a comparação, a Análise de Variância com o Teste do Qui-quadrado com nível de significância de 0,05 foi utilizada ao considerar a idade, o sexo e a escolaridade. Além da análise estatística, uma análise qualitativa foi realizada com cada unidade de informação isolada para verificar a influência das variáveis em cada uma das emissões dos sujeitos.
Resultados: O estudo foi realizado com 34 indivíduos, sendo 11 do sexo masculino e 23 do sexo feminino, com a idade variando de 60 a 83 anos e com até 11 anos de escolaridade. Quanto a esta última variável, um participante não cursou ensino regular, 13 participantes cursaram até o ensino fundamental e dez participantes cursaram até o ensino superior. A análise estatística realizada para todas as variáveis e para todos os testes não apresentaram diferença significativa, com exceção do MEEM. No teste MEEM em questão, o sexo feminino apresentou um resultado mais satisfatório do que o sexo masculino, quando ambos apresentaram menor tempo de escolaridade. O sexo masculino se equipara ao sexo feminino quando possuem maior escolaridade. Sobre a análise qualitativa, diferenças entre as unidades de informação foram observadas em todas as variáveis.
Conclusão: Os valores das médias de cada domínio (protagonista, lugar, objeto e ação) não tiveram diferença significativa em relação à idade, ao sexo e à escolaridade. Entretanto, uma análise qualitativa mostrou que há discrepância em relação a emissão das unidades de informação entre essas variáveis. Devido à escassez da literatura nacional encontrada, outras pesquisas devem ser elaboradas para que os resultados possam ser comparados.

(1) Cupertino APFB, Rosa FHM, Ribeiro PCC. Definição de envelhecimento Saudável na Perspectiva de Indivíduos Idosos. Psicol. Refl. Crít. [Internet]. 2007;20(1):81-86. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=18820111.
(2) Giles E, Patterson K, Hodges JR. Performance on the Boston Cookie Theft picture description task in patients with early dementia of the Alzheimer’s type: missing information. Aphasiology [Internet].1996; 10:395-408. DOI:10.1080/02687039608248419.
(3) de Souza R, Cardoso MC. Perfil da fluência verbal em indivíduos com a Doença de Parkinson. RBCEH [Internet]. 1jul.2014;11(1). Disponível em: http://www.seer.upf.br/index.php/rbceh/article/view/3237
(4) Schlindwein-Zanini R, Queiroz L, Claudino L, Claudino R. Aspectos Neuropsicológicos da Esclerose Lateral Amiotrófica: Relato de Caso. Arq Catar de Med [Internet]. 2016 Ago 23; 44(1): 62-70. Disponível em: http://www.acm.org.br/acm/seer/index.php/arquivos/article/view/11.
(5) Brucki SM, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamato IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq. Neuro-Psiquiatr. [Internet]. 2003 Sep; 61( 3B ): 777-781. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2003000500014&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2003000500014.
(6) Shulman KI, Shedletsky R, Silver IL. The chalenge of time: clock-drawing and cognitive function in the elderly. Int J Geriatr Psychiatry. 1986;1(2):135-40. DOI: 10.1002/gps.930010209
(7) Bertolucci PHF, Okamoto IH, Neto JT, Ramos LR, Brucki SMD. Desempenho da populacao brasileira na bateria neurpsicologica do Consortium to Establish a Tegistry for Alzheimer`s Disease (CERAD). Rev. Psiq. Clin 1998; 25(2): 80-83.
(8) Pfeffer RI, Kurosaki TT, Harrah CH Jr, Chance JM, Filos S. Measurement of functional activities in older adults in the community. J Gerontol. 1982 May;37(3):323-9. doi: 10.1093/geronj/37.3.323. PMID: 7069156.
(9) Croisile B, Ska B, Brabant MJ, Duchene A, Lepage Y, Aimard G, et al. Comparative study of oral and written picture description in patients with Alzheimer's disease. Brain Lang. 1996 Apr;53(1):1-19. doi: 10.1006/brln.1996.0033. PMID: 8722896.
(10) Goodglass H, Kaplan E. Evaluacion de la afasia y de transtornos relacionados. Madrid: Panamericana; 1996; 190 p.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
883
COMPARAÇÃO DO CASA ESCORE EM RELAÇÃO AO STOP-BANG COMO PREDITOR PARA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Tese
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: a aparência das bochechas foi identificada como possível preditor para apneia obstrutiva do sono (AOS) no primeiro estudo1 da área utilizando o protocolo de avaliação miofuncional AMIOFE. Com base nesse estudo preliminar o aspecto da aparência das bochechas foi isolado para ser utilizado como triagem em pacientes com queixas de sono e, posteriormente, validado pelo CASA escore. Os preditores tradicionais para AOS são índice de massa corpórea (IMC)2, circunferência do pescoço3, sexo masculino4, idade adulto e, principalmente, idoso5 . O STOP-BANG6 é um questionário e avaliação antropométrica que incluí todos os preditores citados e demais questões objetivas, considerado um dos melhores preditores mundiais para AOS, com fácil e rápida aplicabilidade.
Objetivo: comparar o desempenho do CASA escore em relação ao STOP-BANG como preditor para apneia obstrutiva do sono.
Método: estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o número CAAE 87986218.2.0000.5327. Os sujeitos deste estudo realizaram polissonografia para investigar queixas de sono em uma clínica de sono afiliada ao hospital universitário no qual o presente estudo foi aprovado. Todos os sujeitos que realizaram polissonografia foram triados pelo CASA escore e pelo STOP-BANG. O protocolo CASA escore foi realizado in loco e, posteriormente, analisado por três avaliadores cegados e independentes. O CASA escore avalia tipo e intensidade das bochechas e está sendo validado para sujeitos com AOS. Ao final, os dados de CASA escore e STOP-BANG foram comparados.
Resultados: foram incluídos no estudo 248 sujeitos, com idade entre 18 e 86 anos e média de idade de 45,9±14,9, sendo 146 (59%) homens. Os resultados do STOP-BANG apresentaram predição para índice de apneia-hipopneia por hora de sono (IAH)>5 de sensibilidade de 86%, especificidade de 59%, valor preditivo positivo de 81%, valor preditivo negativo de 67%, acurácia de 77% e curva ROC>0,81. A validação do CASA escore para IAH>5 demonstrou sensibilidade de 88%, especificidade de 47% valor preditivo positivo de 80%, valor preditivo negativo de 61%, acurácia de 76% e curva ROC>0,79. Todos os parâmetros de predição do CASA escore se assemelham aos parâmetros de predição do STOP-BANG.
Conclusão: O CASA escore apresentou bom desempenho como triagem para sujeitos com queixas de sono quando comparado ao STOP-BANG, já estabelecido como excelente preditor. Futuros estudos são necessários para comprovação dos dados.

Referências:
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
761
COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO EM VOCABULÁRIO DE ESCOLARES NA ALFABETIZAÇÃO
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Comparação do desempenho em vocabulário de escolares na alfabetização

1Patrícia do Valle Alves, 2Cláudia Silva
¹Discente da Universidade Federal Fluminense – UFF/Nova Friburgo-RJ
²Docente da Universidade Federal Fluminense – UFF/Nova Friburgo-RJ

Introdução: Dentro do desenvolvimento infantil, em especial no período escolar é esperado que as crianças desenvolvam e ampliem seu vocabulário(1). O vocabulário é o marco inicial da aquisição da linguagem oral e por consequência dificuldade na sua aquisição pode ser um fator determinante para o diagnóstico fonoaudiológico de atraso de linguagem(2). O conhecimento de palavras implica não só em saber o seu significado, mas também na forma de usa-la dentro de uma frase. Dessa forma, para a análise em provas de vocabulário não basta a criança apenas nomear é necessário que ela atribua significado aquilo que é apresentada. Assim, a influência cognitiva associada ao desenvolvimento infantil participa ativamente desse processo(3,4). Objetivo: comparar o desempenho em vocabulário para verificar a competência lexical de escolares com e sem dificuldades na alfabetização. Método: Este estudo possui Comitê de Ética em Pesquisa aprovado sob o protocolo 1.800.368/2016. Como amostra participaram desse estudo 92 escolares pertencentes ao 1º ano do ensino fundamental de uma escola pública, com idades entre 5 anos e 9 meses e 6 anos e 5 meses, divididos em GI (50 escolares sem dificuldades na alfabetização) e GII (42 escolares com dificuldades na alfabetização). Como instrumento de avaliação foi realizado a aplicação do Teste de Linguagem Infantil – ABFW(5), com enfoque na área de vocabulário, para a verificação da competência lexical dos escolares. A avaliação foi composta por nove campos conceituais, apresentados sequencialmente: vestuário (1), animais (2), alimentos (3), meios de transporte (4), móveis e utensílios (5), profissões (6), locais (7), formas e cores (8), brinquedos e instrumentos musicais (9). O teste foi aplicado na escola, de forma individual, em uma sessão com duração média de 30 a 40 minutos. A verificação do vocabulário foi analisada, em relação ao desenvolvimento normal da linguagem, para os aspectos de designação por vocábulo usual (DVU) quando a resposta produzida foi correta, não designação (ND) quando não foi nomeada, e processo de substituição (PS) quando a resposta não foi exata. As análises foram realizadas para a caracterização dos recursos de significação utilizados pela criança quando expostas a uma figura-alvo e solicitada a nomeá-la de forma imediata. Resultados: houve desempenhos estatisticamente significantes na comparação entre GI e GII para todos os campos conceituais com exceção para alimentos, móveis e utensílios, locais e profissões em não designação do vocábulo (ND), para meios de transporte em processos de substituição (PS), e para brinquedos e instrumentos musicais em ND e PS. Conclusão: Conclui-se que houve aproximação entre as médias de desempenho para ambos os grupos em relação a todos os campos conceituais analisados para designação usual do vocabulário (DVU), havendo discrepância em desempenho de GII em relação a GI quanto a não designação do vocábulo (ND) e para os processos de substituições, identificados como processos mais usuais para os escolares com dificuldades na alfabetização.
Palavras-Chave: Vocabulário; Aprendizagem; Linguagem; Desenvolvimento infantil; Fonoaudiologia

1. Barbosa VM, Silva C. Correlation between receptive vocabulary skill, syntactic awareness, and word writing. Rev Cefac. 2020; 22(3): e2420. https://doi.org/10.1590/1982-0216/20202232420
2. Shriberg LD, Kwiatkowski J. Phonological disorders: I: A diagnostic classification system. J Speech Lang Hear Res. 1982; 47(3): 226-41. http://dx.doi.org/10.1044/jshd.4703.226
3. Neefa NE, Müller B, Liebig J, Schaadt G, Grigutsch M, Gunter TC, Wilcke A, Kirsten H, Skeide MA, Kraft I, Kraus N, Emmrich F, Brauer J, Boltze J, Friederici AD. Dyslexia risk gene relates to representation of sound in the auditory brainstem. Dev Cogn Neurosci. 2017, 24:63–71. http://dx.doi.org/10.1016/j.dcn.2017.01.008
4. Monteiro SM, Soares M. Processos cognitivos na leitura inicial: relação entre estratégias de reconhecimento de palavras e alfabetização. Educação e Pesquisa. 2014; 40(2): 449-66. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022014005000006
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1480
COMPARATIVO ENTRE AS EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DA ANÁLISE ACÚSTICA NA RELAÇÃO DO SONAR DOPPLER E ACELERÔMETRO DE CONTATO COMO INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A avaliação constante da disfagia e as medidas terapêuticas resultantes de seu diagnóstico precoce mostram-se efetivas ao reduzir as taxas de complicações clínicas relacionadas à disfunção. Atualmente, com a grande diversidade de métodos auxiliares na avaliação dessas alterações a decisão pela melhor escolha torna-se uma questão conflitante. Diante desse paradigma surge a necessidade de incorporação de métodos com eficácia comprovada cientificamente, que alie alto índice de sensibilidade e especifidade, como forma de unir praticidade, economia e agilidade nesse diagnóstico, proporcionando saúde, bem-estar e qualidade de vida aos pacientes que necessitam de auxílio terapêutico nessa área. A análise acústica da deglutição vem se destacando dentre os métodos auxiliares na identificação da disfagia. Objetivos: Comparar os indicativos de validade diagnóstica da avaliação acústica da deglutição usando dois métodos de captura - ultrassom de efeito Doppler e acelerômetro de contato com análises pelo software DeglutiSom® - como métodos auxiliares na avaliação da disfagia orofaríngea em pacientes neurológicos. Método: Trata-se de um estudo do tipo transversal, não controlado, com amostragem aleatória sistemática, duplo-cego. Foi realizado de forma quantitativa e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas sob número 3.066.XXX. Os pacientes foram encaminhados das unidades de internação e dos ambulatórios de um hospital universitário. Os participantes foram submetidos, concomitantemente, à avaliação com os dois métodos acústicos, o Sonar Doppler e o Acelerômetro de Contato. Além do exame de referência para avaliação da deglutição, a FEES®. Não houve interferência entre os sinais obtidos pelo acelerômetro e pelo dispositivo de ultrassom, visto que operam em faixas de frequências bastante distintas. Foram analisados 116 arquivos, gerados a partir das três consistências oferecidas aos 22 pacientes, que depois de alinhados, recortados e aleatorizados, receberam a avaliação de um profissional com experiência em análise acústica da deglutição. Em relação as queixas na deglutição, 77,3% dos pacientes já relatavam essas alterações e desses, 59,1% mostravam redução no peso corporal desde o início dos sintomas de disfagia. Resultados: O Sonar Doppler evidenciou uma maior discriminação dos pacientes que apresentavam aspiração traqueal, ou seja, diagnosticou corretamente os que apresentavam o sintoma. Porém, quando era necessário diagnosticar corretamente os pacientes sem alterações, o Acelerômetro de Contato mostrou-se mais efetivo. Conclusão: O estudo demonstrou que apesar dos métodos de transdução mostrarem semelhanças, fornecem informações diferenciadas e complementares das alterações da deglutição.

Palavras-chave: Acústica, Disfagia, Efeito Doppler, Estudos de Validação, Transtornos de Deglutição





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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1324
COMPLICAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS DA TRAQUEOSTOMIA PÓS-TRATAMENTO QUIMIORADIOTERÁPICO PARA CÂNCER DE LARINGE: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O câncer de cabeça e pescoço pode acometer qualquer estrutura do trato aerodigestivo superior, sendo eles, cavidade nasal, rinofaringe, cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe. O tratamento pode ocorrer por meio de cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou pela combinação das mesmas a depender do estadiamento e localização do tumor. Na radioterapia para tumores de laringe, uma sequela comum é o edema persistente após três meses, podendo ser necessária a realização de traqueostomia de urgência. A radioterapia, o edema e a traqueostomia causam alterações importantes na fisiologia da deglutição e produção vocal(1-6). Objetivo: Descrever as complicações da traqueostomia, através um caso clínico, para as funções fonoaudiológicas de deglutição e voz, após tratamento radioterápico para câncer de laringe. Método e resultados: o presente estudo teve seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com parecer de número 3.643.971 e o participante assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Paciente do sexo masculino, 49 anos, diagnosticado com câncer de laringe do tipo carcinoma espinocelular, estadiamento T4N0M0. Realizou tratamento de radioterapia. Em seu primeiro atendimento fonoaudiológico, o paciente apresentou queixas de engasgos, odinofagia e consequente perda de peso. Na avaliação da deglutição com líquido pastoso (consistência mel) foi observada elevação laríngea adequada, sem tosse e/ou engasgos, ausculta cervical final limpa, porém referindo dor intensa. Apresentava qualidade vocal rouco-soprosa de grau leve, G1R1B1A0S0I0. Como conduta fonoaudiológica foram realizadas orientações para deglutição, exercícios e manobras para melhora do desconforto ao deglutir. Na avaliação fonoaudiológica após traqueostomia de urgência, o paciente referiu saída de alimento pela traqueostomia em todas as consistências e permaneceu com queixa de odinofagia.. Apresentava qualidade vocal rouco-soprosa de grau moderada, G1R2B2A0S1I0. Na avaliação direta da deglutição com líquido e líquido espessado na consistência pudim, corados com anilina alimentícia azul, para líquidos espessados o paciente apresentou deglutição funcional, com ausência de sinais ou sintomas sugestivos de penetração/aspiração laríngea. Para a consistência líquida, mesmo com manobras facilitadoras de deglutição, controle de volume e velocidade da oferta, apresentou escape pela traqueostomia minutos após. O paciente foi orientado a deixar a dieta por via oral nas consistências líquida-pastosa (pudim) e líquidos espessados (néctar) e quanto a cuidados de postura, controle de volume e velocidade com a oferta da dieta. Conclusão: a realização da traqueostomia após o tratamento de quimioradioterapia aumentou os riscos de disfagia e disfonia, impactando diretamente na qualidade de vida do paciente, fazendo-se necessário o acompanhamento fonoaudiológico e da equipe multiprofissional.

1. GALBIATTI, A. L. S. et al. Câncer de cabeça e pescoço: causas, prevenção e tratamento. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, São Paulo, vol. 79, n.2, mar/abr, 2013.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
2091
COMPORTAMENTO ALIMENTAR DOS INDIVÍDUOS COM OBESIDADE CANDIDATOS À CIRURGIA BARIÁTRICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


COMPORTAMENTO ALIMENTAR DOS INDIVÍDUOS COM OBESIDADE CANDIDATOS À CIRURGIA BARIÁTRICA
Introdução: Segundo os dados do Ministério da Saúde o número de pessoas com obesidade aumentou mais de 67,8% desde 2006 a 2018 gerando impacto tanto na qualidade de vida como nos gastos da saúde pública. O padrão de consumo alimentar vem sendo influenciado pela vida acelerada da sociedade moderna, por isso as grandes indústrias de alimentos produzem quantidade de calorias exageradas e pouco nutritivas em seus produtos, facilitando a ingestão deles, visto que as pessoas podem consumir de forma fácil e rápida o alimento. As principais alterações que podem ser encontradas em pacientes com obesidade são ritmo mastigatório rápido ou até mesmo a escassez da mastigação e grande quantidade de comida na cavidade oral. Deste modo, reconhecendo o aumento considerável de indivíduos que se submetem à cirurgia bariátrica e a relevância que o fonoaudiólogo tem na mudança funcional da mastigação e nos hábitos alimentares, surgiu o interesse em realizar essa pesquisa, buscando compreender e caracterizar o comportamento alimentar de pacientes que irão se submeter a cirurgia bariátrica Objetivo: Caracterizar o comportamento alimentar dos indivíduos com obesidade candidatos à cirurgia bariátrica. Métodos: Estudo realizado no Núcleo do Obeso do Ceará, com pacientes candidatos à gastroplastia, com IMC acima de 30kg/m2 e que aceitaram participar da pesquisa. A coleta de dados ocorreu por meio de questionário publicado contendo dez perguntas sendo objetivas e discursivas sobre o comportamento alimentar obtendo autorização nº 3.849.101 do Comitê de ética da UNIFOR. Resultado: A amostra constou-se de 37 pacientes. 62,2% dos pesquisados mostraram ter obesidade grau II e a procura em realizar a cirurgia bariátrica foi maior na população feminina, 67,6%. Foi evidenciado no comportamento alimentar da maioria desses indivíduos (58,8%) o consumo predominante de alimentos ricos em carboidratos (massas do tipo pizza, lasanha e macarrão e doces). As refeições principais duram menos de 10 minutos, em 56,7%, com o intervalo entre elas de 03 horas ou mais, em 91,8%. Dos entrevistados, 59,4% afirmaram que quase não mastigam e logo engolem e ao se depararem com emoções fortes, tendem a comer, em 78,3% deles. Conclusão: No que diz respeito às preferencias alimentares dos indivíduos pesquisados resultou, em sua maioria, por alimentos de consistência pastosa ou macia ao saber disso evidenciou a resposta do mesmo sobre percepção mastigatória em sua maioria destacaram que só engolem o alimento corroborando com a descrição em literatura sobre algumas características de desordem mastigatória.

1. Ministério da Saúde [Saúde.gov.br]. Brasileiros atingem maior índice de obesidade nos últimos treze anos. [acesso em 06 out 2019]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45612-brasileiros-atingem-maior-indice-de-obesidade-nos-ultimos-treze-a

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9. Canterji MB. Fonoaudiologia e Cirurgia Bariátrica. São Paulo: Editorial Pulso; 2012.

10. Duarte LIN, Whitaker ME. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. São Paulo: Editora Roca; 2014.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
666
COMPORTAMENTO AUDITIVO DE CRIANÇAS COM INFECÇÃO CONGÊNITA PELO ZIKA VÍRUS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A exposição pré-natal ao Zika vírus pode comprometer o neurodesenvolvimento e trazer riscos de déficits no adequado curso da maturação auditiva periférica e central. Nesse contexto, o uso de questionários e checklists auditivos auxiliam no monitoramento e rastreio de alterações no desenvolvimento da função auditiva e, em especial, das habilidades auditivas em crianças pequenas. Objetivo: Analisar o comportamento auditivo, por meio da observação parental, de crianças com infecção congênita pelo Zika vírus, com e sem microcefalia, e comparar com crianças sem evidências de exposição à infecção da mesma faixa etária e com os valores de referência para crianças normo-ouvintes. Método: Estudo do tipo transversal com grupo controle. Participaram 30 crianças, de ambos os sexos, idade entre 33 e 55 meses e sem evidências de perda auditiva periférica (imitanciometria e PEATE-clique dentro da normalidade), sendo: 10 crianças com infecção congênita pelo Zika vírus e microcefalia; 10 crianças com infecção congênita pelo Zika vírus normocefálicas; 10 crianças sem evidências de exposição à infecção e com desenvolvimento típico. Os responsáveis pelas crianças responderam às 35 questões do questionário LittlEars® através do método entrevista. Foram calculados os scores finais e por categoria de resposta. As médias do score final foram comparadas com os valores de referência para crianças normo-ouvintes. Para verificar a presença de diferenças estatísticas entre os grupos nas medidas do questionário foi utilizado o Teste de Kruskal-Wallis e o nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: Nenhuma criança do grupo com microcefalia (100%) atingiu o score final mínimo recomendado pelo questionário para crianças normo-ouvintes. Apenas cinco das crianças com infecção congênita pelo Zika vírus e normocefálicas (50%) alcançaram os valores esperados. Todas as crianças do grupo sem evidências de exposição à infecção (100%) atingiram a pontuação máxima do questionário. Os grupos de crianças com infecção congênita pelo Zika vírus, com e sem microcefalia, obtiveram média de score final inferior aos valores de referência, sugerindo que a infecção pelo Zika vírus pode interferir no desenvolvimento auditivo. Na comparação dos scores entre os grupos foi observada diferença significativa para as médias de score final, score semântico e score expressivo das crianças com microcefalia em relação ao grupo de crianças com infecção congênita pelo Zika vírus normocefálicas e o grupo sem evidências de exposição à infecção, o que sugere que o grupo com microcefalia apresenta desempenho significativamente inferior em comportamentos auditivos associados à interpretação e compreensão do evento sonoro e as respostas de competência linguísticas. Conclusão: De acordo com o questionário, as crianças com infecção congênita pelo Zika vírus, com e sem microcefalia, apresentaram sinais de imaturidade no comportamento auditivo sugestivos de atraso no desenvolvimento auditivo e na aquisição de habilidades auditivas e linguísticas.

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Souza IMP de, Carvalho NG de, Plotegher SDCB, Colella-Santos MF, Amaral MIR do. Triagem do processamento auditivo central: contribuições do uso combinado de questionário e tarefas auditivas. Audiol - Commun Res. 2018;23:1–8.


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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1744
COMPORTAMENTO DAS MEDIDAS DE AUTOAVALIAÇÃO VOCAL E SEUS ASPECTOS ASSOCIADOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os instrumentos de autoavaliação são ferramentas comuns para a mensuração do impacto de um distúrbio vocal na perspectiva do próprio paciente(1). No entanto, diversos estudos apontam que os resultados clínicos de uma avaliação vocal, por vezes, podem não ser compatíveis com as informações referidas pelo próprio paciente acerca da sua voz(2-7). Essa discordância entre a percepção do clínico e do paciente indica que a severidade de um distúrbio vocal, avaliada de forma fisiológica ou perceptiva, não é suficiente para determinar o quão impactante será esse distúrbio para a vida do paciente, já que esta avaliação pode estar relacionada a vários outros fatores inerentes à dinâmica de vida do próprio sujeito(3;8-9). Conhecer, portanto, os aspectos associados ao melhor ou pior resultado de uma autoavaliação vocal é importante para compreender de forma mais abrangente a relação entre a autoavaliação e as demais dimensões da avaliação vocal. Objetivo: Investigar os aspectos associados aos melhores e piores resultados das medidas de autoavaliação vocal nas intervenções fonoaudiológicas, em estudos da literatura científica. Métodos: Foi realizada uma revisão integrativa dos artigos que utilizaram instrumentos de autoavaliação vocal nas bases de dados Scielo, Pubmed e Lilacs a partir dos termos: Voz, Disfonia, Distúrbios da Voz, Questionários, Autoavaliação, Protocolos clínicos, Qualidade de vida, Psicometria, Estudos de validação, Avaliação de resultados e seus correspondentes em inglês. Foram selecionados artigos científicos originais incluindo participantes acima de 18 anos, publicados até o ano de 2016, que utilizaram pelo menos um dos questionários de autoavaliação vocal: Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV), Índice de Desvantagem Vocal (IDV) e Escala de Sintomas Vocais (ESV). Os estudos foram analisados segundo ano, periódico, delineamento, questionário utilizado, método de análise estatística empregado, principais achados. Os aspectos associados às medidas de autoavaliação foram agrupados em categorias para análise quantitativa. Resultados: Foram encontrados 2228 artigos e 159 foram selecionados. Foram analisados estudos de intervenção, como ensaios clínicos randomizados ou não randomizados, e observacionais, como estudo caso-controle, coorte, transversal e séries de casos. Os resultados sugerem que os piores resultados das medidas de autoavaliação vocal estão associados a dados específicos de saúde geral, como câncer de laringe e perda auditiva, e ao uso profissional da voz. Já os melhores resultados associam-se à terapia vocal em suas diversas modalidades e a intervenções médicas variadas, como microcirurgias de laringe, radioterapia e quimioterapia. Conclusão: Terapia vocal, intervenções médicas variadas, dados de saúde geral e o uso profissional da voz são os fatores mais frequentemente associados às mudanças nos resultados das medidas de autoavaliação vocal. A sistematização dessas informações deve contribuir para uma melhor compreensão acerca da percepção da voz e seus impactos, favorecendo a melhor utilização dos questionários de autoavaliação na avaliação do paciente no contexto clínico e epidemiológico.

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5. Hummel C, Scharf M, Schuetzenberger A, Graessel E, Rosanowski F. Objective voice parameters and self-perceived handicap in dysphonia Folia Phoniatrica et Logopaedica. 2010; 62(6): 303-307.
6. Schneider S, Plank C, Eysholdt U, Schützenberger A, Rosanowski F. Voice function and voice-related quality of life in the elderly. Gerontology. 2011; 57(2): 109-114.
7. Castelblanco L, et al. Singing Voice Handicap and Videostrobolaryngoscopy in Healthy Professional Singers. Journal of Voice. 2014; 28(5): 608-13.
8. Ugulino AC, Oliveira G, Behlau M. Disfonia na percepção do clínico e do paciente. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012; 24(2): 113–118.
9. Dassie-Leite AP, Carnevale LB, Lacerda Filho L. Relação entre autoavaliação vocal e dados e dados da avaliação clínica em indivíduos disfônicos. Rev. CEFAC. 2015; 17(1): 44–51.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1349
COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO ALCOÓLICO FETAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF) pode ser definido por um conjunto de manifestações que inclui déficit no crescimento, dismorfismos faciais, alterações estruturais do sistema nervoso central e transtorno do neurodesenvolvimento. Ocorre pelo consumo materno de álcool durante a gravidez1. O TEAF engloba diferentes subgrupos clínicos, sendo a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), a forma mais grave desta condição. A SAF (ORPHA # 1915)2 foi descrita pela primeira vez em 1973, por Jones e Smith3. As características são heterogêneas, pois são decorrentes da variabilidade de fatores como, a quantidade e o padrão de consumo do álcool por gestantes e o período de desenvolvimento fetal em que o feto é exposto ao álcool. Podem apresentar também alterações comportamentais variáveis, como transtorno do déficit de atenção / hiperatividade e de conduta,4. Objetivo: Investigar o comportamento, de crianças e adolescentes com transtorno do espectro alcoólico fetal, segundo a opinião dos pais. Método: Pesquisa submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 3.032.124. Participaram deste estudo 25 crianças e adolescentes (12 meninos e 13 meninas) de 4 a 17 anos com TEAF, de diferentes graus de comprometimento. Foi aplicado o Inventário Child Behavior Checklist for ages 6-18 (CBCL)5, para investigar o comportamento dos participantes, segundo a opinião dos pais. O CBCL contém 118 itens agrupados em comportamentos internalizantes (ansiedade/depressão, isolamento/depressão e queixas somáticas), externalizantes (quebra de regras e agressividade) e totais (ansiedade/depressão, isolamento/depressão, queixas somáticas, quebra de regras, agressividade, problemas sociais, problemas de pensamento e de atenção). Os pais ou responsáveis pelos participantes classificaram a presença ou ausência do comportamento dos seus filhos como “ausente”, “às vezes presente” e “frequentemente presente”. Foi utilizado o software ASEBA-PC, o qual classificou o perfil comportamental de cada participante como não clínico (normal), limítrofe (situação intermediária) ou clínico (maiores alterações comportamentais). Foram realizadas análises descritivas para a análise dos resultados. Resultados: Do total dos participantes, 60% foi analisado na categoria clínica para problemas internalizantes, 24% externalizantes e 36% totais. Além disso, as médias para os problemas de ansiedade/depressão no sexo feminino foi 69 (clínico) enquanto que isolamento/depressão e problemas sociais foram respectivamente 66,85 e 65,92 (ambos limítrofe). Por meio das porcentagens obtidas foi possível perceber que as meninas apresentaram mais problemas comportamentais internalizantes (92,30%), externalizantes (30,76%) e totais (36,15%) do que os meninos (respectivamente 25%, 16,66% e 25%). No sexo feminino as médias para problemas internalizantes e totais foi considerado categoria clínica (respectivamente 69,31 e 65,77), enquanto que os problemas externalizantes foram classificados como não clínico (58,46). Em relação aos meninos as médias para os comportamentos estiveram na categoria não clínica, sendo respectivamente 57,83 para os problemas internalizantes, 57,25 externalizantes e 57,08 totais. Conclusão: De modo geral crianças e adolescentes com transtorno do espectro alcoólico fetal apresentaram alterações comportamentais, segundo opinião dos pais, com mais internalizantes, como a ansiedade e depressão e com maior frequência nas meninas. Os achados comprovaram a presença de alteração de comportamento, segundo a opinião dos pais, em crianças que pertencem ao espectro alcoólico fetal confirmado o fenótipo nesta condição.

1. Riley EP, Infante MA, Warren KR. Fetal Alcohol Spectrum Disorders: An Overview. Neuropsychol Rev. 2011; 21(2):73-80.

2. Orphanet: uma base de dados on-line de doenças raras e medicamentos órfãos. Copyright, INSERM 1999. Disponível em https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?lng=pt&Expert=1915. [Acessado em 05/07/2020].

3. Jones KL, Smith DW. Recognition of the fetal alcohol syndrome in early infancy. The Lancet. 1973; 302(7836):999-1001.

4. MATTSON, S. N. et al. Further development of a neurobehavioral profile of Fetal Alcohol Spectrum Disorders. Alcoholism: Clinical and Experimental Research, New York, v. 37, n. 3, p. 517-528, 2012.

5. Bordin IA, Rocha MM, Paula CS, Teixeira MCTV, Achenbach TM, Rescorla L, et al. Child Behavior Checklist (CBCL), Youth Self-Report (YSR) and Teacher's Report Form (TRF): an overview of the development of the original and Brazilian versions. Cad Saúde Pública. 2013;29(1):13-28.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
305
COMPOSIÇÃO DE CONTOS INFANTIS PARA A PRÉ-ESCOLA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A leitura é uma habilidade essencial para a convivência em sociedade, pois proporciona diversas possibilidades para o contato com novos conhecimentos, além de ser uma habilidade extremamente necessária para os processos de aprendizagem durante toda a vida do indivíduo. Aprender a ler não é um processo simples ou inato aos seres humanos e demanda, na maioria das vezes, de ensino formal para que seja adquirida(1). A aquisição da aprendizagem da leitura não acontece da mesma forma para todas as crianças, esse é um processo longo que tem como base o desenvolvimento de aspectos cognitivos e da linguagem oral. No entanto, habilidades de base podem ser estimuladas e adquiridas anteriormente ao aprendizado da leitura, como a consciência fonológica, que depois servirá como apoio para o desenvolvimento da leitura e da escrita(2,3). De acordo com a literatura, as bases preditoras para o aprendizado da leitura podem ser estimuladas e, portanto, adquiridas desde a pré-escola, com enfoque nos aspectos cognitivos referentes a atenção, processamento de informações visuais e auditivas e a memória. Assim como, aspectos linguísticos também podem ser estimulados enquanto base para a aprendizagem, entre eles, a consciência fonológica, sintática, semântica, pragmática e fonologia(2,4). Objetivo: Elaborar contos infantis para a pré-escola para o desenvolvimento das bases de leitura, mais especificamente da consciência fonológica. Método: Os contos infantis foram elaborados pela pesquisadora, compondo uma coletânea de 24 histórias que abordavam diferentes temáticas, como exemplo, ’O Elefante no Escorregador’. Cada conto teve como enfoque um fonema específico da língua portuguesa e os fonemas-alvo abordados foram /a/, /b/, /k/, /d/, /e/, /f/, /g/, /i/, /ʒ/, /l/, /m/, /n/, /o/, /p/, /r/, /ɾ/, /s/, /t/, /u/, /v/, /ʃ/, /z/, /ɲ/ e, por fim, /ʎ/. As histórias foram construídas com uma média de 95 palavras, classificadas como histórias curtas, compostas por palavras de alta e média frequência em sua maioria e com estruturação silábica simples. A análise das palavras foi realizada por meio da criação de um banco de palavras. Após a elaboração dos contos o material será encaminhado para três juízes para análise de confiabilidade em relação aos aspectos elencados: aplicabilidades para a pré-escola e estrutura textual (gênero textual, seleção das palavras e extensão). Resultados: Até o presente momento foi realizada a primeira e segunda etapas do estudo, em que na primeira foram elaborados os contos infantis como enfoque nos fonemas-alvos mencionado. A segunda etapa concluída foi a elaboração do banco de palavras para a classificação e quantificação das palavras utilizadas nos contos, classificadas por frequência e estruturação silábica. Sendo que a terceira etapa encontra-se em andamento, referente a elaboração do questionário para análise dos juízes. Conclusão: com base no exposto, conclui-se que foi possível elaborar contos infantis com enfoque linguístico em aspectos associados a relação grafema/fonema com fonemas-alvo específicos. No entanto, os mesmos ainda serão analisados para verificar a viabilidade de aplicação no ano escolar selecionado e pretende-se em uma próxima etapa realizar a aplicação com escolares pertencentes a pré-escola.

1. Silva C, Capellini SA. Comparison of performance in metalinguistic tasks among students with and without risk of dyslexia. J. Hum. Growth Dev. 2017; 27(2):198-205. http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.118823.
2. Novaes CB, Mishima F, Santos PL. Treinamento breve de consciência fonológica: impacto sobre a alfabetização. Rev. Psicopedagogia. 2013;30(93):189-200.
3. Furnes B, Samuelsson S. Phonological awareness and rapid automatized naming predicting early development in reading and spelling: Results from a cross-linguistic longitudinal study. Learn Individ Differ. 2011;21(1):85–95. http://dx.doi.org/10.1016/j.lindif.2010.10.005.
4. Santos MJ, Barrera SD. Impacto do treino em habilidades de consciência fonológica na escrita de pré-escolares. Psicologia Escolar e Educacional. 2017;21(1):93-102. http://dx.doi.org/10.1590/2175-3539/2017/02111080.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
448
COMUNICAÇÃO E NEURODESENVOLVIMENTO NA SÍNDROME DE SILVER-RUSSELL: RELATO DE CASOS
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Comunicação e neurodesenvolvimento na Síndrome de Silver-Russell: Relato
de casos
Introdução: A Síndrome de Silver-Russell é uma condição geneticamente
heterogênea que afeta 1 em cada 30.000 a 100.000 crianças 1 . O fenótipo clássico
inclui retardo no crescimento intrauterino e pós-natal, hemihipertrofia, perímetro
cefálico aumentado em relação ao corpo ao nascimento, assimetria de membros,
clinodactilia do quinto dedo, desproporção craniofacial, face triangular, dificuldades
alimentares e baixo índice de massa corporal (IMC) 1-3 . Geralmente apresentam
inteligência em padrão normativo e as dificuldades concentram-se na área motora
global e fala. O diagnóstico clínico é realizado por meio de classificação composta
por pelo menos quatro das seguintes características: peso ao nascer ≤-2Desvio
Padrão, restrição de crescimento pós-natal, macrocefalia relativa, características
faciais, assimetria corporal e dificuldades alimentares 4 . O diagnóstico clínico é
confirmado por meio de testes genético-moleculares.
Objetivo: Apresentar características de comunicação e neurodesenvolvimento de
três participantes do sexo masculino, com diagnóstico da Síndrome de Silver-
Russell.
Métodos: Cumpriram-se princípios éticos (CAE: 42356815.1.0000.5417). A
avaliação constou de sessão de anamnese com responsável e aplicação de:
Observação o Comportamento Comunicativo (OCC), Early Language Milestone
Scale (ELM) e Teste de Screening de Desenvolvimento Denver-II (TSDD-II). A idade
dos participantes variou de 16 a 44 meses (P1 na faixa etária de 16 meses, P2 18
meses e P3 44 meses).
Resultados: A história clínica indicou as principais características necessárias para
o diagnóstico clínico da Síndrome de Silver-Russell, que posteriormente foi
confirmado por geneticista. Na OCC, todos os participantes apresentaram: boa
interação com avaliador; intenção comunicativa, interesse por brinquedos; acataram
ordens simples em contextos imediatos e concretos. P1: Fez uso de gestos não

simbólicos convencionais. Apresentou vocalizações não articuladas. P2: Fez uso de
gestos não simbólicos convencionais, falou apenas mamãe e produziu sons de
protesto (choro e gritos). P3: Apresentou vocalizações não articuladas e articuladas
com entonação da língua (jargão). Poucas palavras isoladas. Apresentou gestos não
simbólicos convencionais; tempo de atenção reduzido. Na ELM, na função auditiva
receptiva apresentaram desempenho compatível com 16, 18 e 28 meses,
respectivamente; na expressiva e 10, 10 e 15 meses. No TSDD-II, verificou-se
desempenho abaixo do esperado para as áreas pessoal-social, motor fino-
adaptativo, motor grosso e linguagem. As habilidades receptivas estão melhores que
a expressiva para todos os participantes.
Conclusão: A Síndrome de Silver-Russell envolve uma ampla variedade de
fenótipos e comorbidades 1-4 . Do ponto de vista do neurodesenvolvimento o atraso
motor é previsto e geralmente está relacionado com a redução da massa muscular e
imaturidades neurofisiológicas cerebrais 2-3 . Também está previsto atraso de fala e
com possibilidade de apraxia de fala e alterações da coordenação motora global 2 .
Neste estudo, os participantes apresentaram alterações do neurodesenvolvimento e
atraso nas habilidades comunicativas, com linguagem receptiva melhor que a
expressiva. Esta síndrome genética é pouco reconhecida e merece ser apresentada
para o reconhecimento da comunidade científica. O acompanhamento terapêutico
destas crianças deve ser realizado por equipe de diferentes especialidades e as
intervenções devem iniciar o mais precocemente possível, com o intuito de reduzir
os efeitos deletérios da síndrome e otimizar o potencial destes indivíduos.

Referências:

1. Miho Ishida New developments in Silver–Russell syndrome and implications
for clinical practice. Epigenomics. 2016 Apr; 8(4): 563–580. Published online
2016 Apr 12.

2. Lai KY, Skuse D, Stanhope R, Hindmarsh P. Cognitive abilities associated
with the Silver-Russell syndrome. Arch Dis Child. 1994 Dec; 71(6): 490–496.

3. Takanobu Inoue, Akie Nakamura, Megumi Iwahashi-Odano, Kanako Tanase-
Nakao, Keiko Matsubara, Junko Nishioka, Yoshihiro Maruo, et al. Contribution
of gene mutations to Silver-Russell syndrome phenotype: multigene
sequencing analysis in 92 etiology-unknown patients Clin Epigenetics. 2020;
Published online 2020 Jun 16.

4. IDEAS PRINCIPALES y RESUMEN del “Diagnóstico y Manejo del síndrome
de Silver–Russell: Primer Consenso Internacional” Para Pacientes, Familiares
y Cuidadores. Resumido por Jennifer B. Salem, Emma L. Wakeling, Deborah
J.G. Mackay, Thomas Eggermann e Irѐne Netchine Traducido por Guiomar
Perez de Nanclares e Isabel Iglesias-Platas
https://silverrussellsyndrome.org/wp-content/uploads/2018/03/MASTER-
SPAIN-Family-Consensus-2-28-18.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1827
COMUNICAÇÃO E SAÚDE MENTAL DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar é uma ação primordial dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Esta atuação tem como um dos seus objetivos ampliar o cuidado aos usuários com ênfase na integralidade e em contrapartida ao modelo médico centrado. Com a crise de saúde global causada pelo novo coronavírus (COVID-19) fez-se necessário que a população em geral, e não só os profissionais de saúde, seguissem critérios de controle estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde como, o isolamento social. Com a implementação da quarentena e a extensão do seu prazo, houveram impactos nas interações sociais tanto para a população como para os profissionais de saúde afetando diretamente a forma como se comunicam. A experiência de um fonoaudiólogo em serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) em plena pandemia pode trazer inúmeros questionamentos e desdobramentos. Ainda mais quando sua inserção no serviço se dá logo após o primeiro decreto de quarentena emitido pelo Estado, como no caso dos Residentes Profissionais em Saúde. Considerando este o profissional em que a comunicação humana é um dos seus objetos de estudo e atuação, é essencial que se aproprie dos novos arranjos de funcionamento excepcional do serviço em meio a quarentena. Contribuindo com um olhar diferenciado sobre os impactos causados na comunicação interpessoal. Objetivo: Apresentar, através de um relato de experiência, o impacto da pandemia na comunicação, socialização e relação interpessoal de equipes multiprofissionais da RAPS de uma região metropolitana do Estado de São Paulo. Metodologia: Para o embasamento teórico deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico não sistemático nas bases de dados BVS e Google Acadêmico. Os descritores utilizados foram: “saúde mental”, “equipe multiprofissional”, “comunicação”, “interação”, “CAPS” e “isolamento social”. Resultados: Durante as reuniões de equipe, é possível observar que nas equipes em que há entrosamento e um bom nível de resolutividade, a comunicação é clara, possibilitando uma gestão coordenada mesmo nas constantes mudanças protocolares. Como também possibilita elaboração de estratégias para a manutenção do bem estar e saúde mental dos profissionais. Já nos serviços em que os profissionais estão em constante nível de alerta, não há clareza na comunicação das necessidades e as estratégias são elaboradas com menor fluidez nas relações. Conclusão: O isolamento social traz impactos diretos na comunicação humana, já que o ser humano é intrinsecamente social (Marx, 1845). O aumento do prazo de isolamento também traz prejuízos para a saúde mental da população em geral. Portanto se faz necessária a criação de arranjos para a manutenção da saúde mental das equipes e melhora da sua comunicação para além de contextos de crise.

PIRES, S. R. de A. Marx e o indivíduo. Serviço social em rev. Londrina, v. 3, n. 1, p.27-37, jul./dez. 2000.

GARRIDO, R. G., RODRIGUES, R. C. Restrição de contato social e saúde mental na pandemia: possíveis impactos das condicionantes sociais. J. Health Biol Sci. v. 8, n. 1, p. 1-9, 2020.

ABUHAB D. Et al. O trabalho em equipe multiprofissional no CAPS III: um desafio. Rev Gaúcha Enferm. Porto Alegre, v. 26, n. 3, p. 369-80, 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1485
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO VERBAL NO TELEJORNALISMO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O profissional que utiliza sua voz como ferramenta de trabalho precisa de alguns ajustes que podem envolver a adequação à própria atuação e a conscientização dos recursos que podem ser utilizados para melhorar a efetividade na transmissão da mensagem. A boa utilização dos recursos disponíveis, adequados às exigências específicas de cada situação de comunicação, resulta na expressividade com a qual uma mensagem é transmitido 1. Nos últimos anos houve grande mudança no formato dos telejornais, e aquele padrão mais estereotipado de apresentador, com voz impostada e certo distanciamento, foi sendo substituído pela necessidade de um profissional que utilizasse a comunicação de maneira natural, marcando um estilo próprio de atuação. Passou-se a valorizar mais a característica pessoal do profissional, e com isso houve a exigência de que, além de tudo, o apresentador e o repórter fossem bons comunicadores 2-4. Neste cenário, a atuação fonoaudiológica demonstra ser essencial a essa categoria, com foco na promoção da saúde e bem-estar vocal e no desenvolvimento da expressividade vocal e corporal, considerada indispensável na formação do jornalista 5.
OBJETIVOS: Descrever as características da expressividade vocal e corporal no telejornalismo; Destacar a importância da atuação fonoaudiológica junto aos repórteres de TV. METODOLOGIA: esta revisão de literatura foi desenvolvida a partir de material já elaborado e constituídos de artigos científicos, monografias e teses contidos nos bancos de dados: Bireme, Scielo, Lilacs, Google Sholar. Incluindo materiais publicados entre os anos de 2005 a 2019. Foram excluídos artigos escritos em língua estrangeira e aqueles fora do recorte temporal da pesquisa. Os seguintes descritores foram utilizados: voz, fonoaudiologia, comunicação, jornalismo e televisão. RESULTADOS: Foram selecionados 45 estudos, incluindo artigos, dissertações e teses, contudo foram incluídos apenas 15 pela relevância apresentada. Os autores preconizam a interação entre recursos vocais e expressividade corporal e a importância do trabalho fonoaudiológico junto aos jornalistas. CONCLUSÃO: evidencia-se que a expressividade do repórter/telejornalista está pautada na utilização dos recursos vocais e não verbais adequados ao relato de notícia. Tais profissionais precisam se ajustar ao novo padrão televisivo, que é tecnológico, interativo e ao mesmo tempo descontraído. Desse modo, atuação fonoaudiológica precisa priorizar a expressividade do repórter como um todo e harmonizar o verbal e o não verbal, buscando com isso, adequar o profissional às novas tendências do telejornalismo.

1. Panico ACB. Expressividade na fala construída. In: Kyrillos LR. Expressividade: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Revinter; 2005. p. 43-56.
2. Kyrillos LCR, Cotes C, Feijó D. Voz e corpo na TV: a fonoaudiologia a serviço da comunicação. Ed. Globo. São Paulo, 2003.
3. Penteado RZ, Gastaldello LM, Silva EC. Mudanças no telejornalismo esportivo e os efeitos na expressividade: estudo dos recursos vocais e não verbais dos apresentadores no programa Globo Esporte. Rev Dist Comun. 2014;26(3):482-92
4. Santos AAL, Pereira EC, Marcolino J, Dassiê-Leite AP. Autopercepção e qualidade vocal de estudantes de jornalismo. Rev CEFAC. 2014;16(2):566-72. 2.
5. Azevedo JBM, Ferreira LP, Kyrillos L. Julgamento de telespectadores a partir de uma proposta de intervenção fonoaudiológica com telejornalistas. Rev CEFAC. 2009;11(2):281-9.
6. Neiva TMA, Gama ACC, Teixeira LC. Expressividade vocal e corporal para falar bem no telejornalismo: resultados de treinamento. Revista CEFAC. 2016, 18(2), 498-507
7. Dias TEC, Martins PC, Teixeira LC, Gama ACC. Análise da variação prosódica em diferentes estilos de reportagens telejornalísticas. Audiol Commun Res.2015; 20(3): 210-4
8. Santos TD, Ferreira Léslie P, Silva MAA. A fonoaudiologia na formação do jornalista: resultados de uma proposta de atuação. Audiol., Commun. Res.2019. 24: e2235.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
996
CONCEPÇÕES ACERCA DA PRANCHA DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA: VISÃO DE UM GRUPO DE FONOAUDIÓLOGOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A oralidade é a modalidade de linguagem priorizada na maioria dos contextos e das relações sociais. Contudo, quando a produção da fala se apresenta, significativamente, limitada ou inviabilizada outras modalidades de linguagem e recursos passam a ser fundamentais para o estabelecimento das relações sociais e, portanto, para a constituição e o desenvolvimento do sujeito (1,2). Dentre os recursos, estratégias e técnicas sistematizados para contribuir com as interações estabelecidas com e por tais pessoas, interessa destacar as denominadas pranchas de comunicação alternativa, uma vez que são as de maior acesso da população e utilizadas com maior recorrência nos diversos contextos sociais. OBJETIVO: Analisar a visão de um grupo de fonoaudiólogos acerca do modo de conceber as pranchas de CA. MÉTODO: Estudo de caráter qualitativo (3)., orientado a partir de uma perspectiva social e histórica da linguagem, foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o parecer de número 498.215/2013. Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foi aplicado e respondido por escrito um questionário semi-estruturado por 11 fonoaudiólogos que atuam com sujeitos com restrições significativas de linguagem oral abordando as concepções acerca da prancha de comunicação alternativa. RESULTADOS: Pode-se apreender duas grandes perspectivas norteadoras das concepções dos fonoaudiólogos acerca das referidas prancha. Prevalece uma visão de tal recurso como instrumento de comunicação e expressão de necessidades, em especial, utilizado para atender as demandas de vida diárias. Consta-se, ainda, com menor recorrência, o entendimento das pranchas como recurso lingüístico mediador das relações sociais, do desenvolvimento / apropriação da linguagem e dos processos de ensino-aprendizagem. CONCLUSÃO: Os resultados apontam que as visões acerca da prancha, respectivamente apresentadas, estão assentadas em concepções de linguagem como código / instrumento e como prática social simbólica e constitutiva das relações sociais e dos sujeitos. Fica evidente a necessidade do implemento de estudos que, com base numa perspectiva teórica sócio-histórica, ofereçam elementos para o desenvolvimento de abordagens teórico-práticas, circunscritas ao contexto fonoaudiológico clínico e/ou educacional, que contribuam para o uso mais efetivo da prancha de comunicação alternativa e para que sujeitos com significativos comprometimentos de fala consigam assumir uma posição de autoria nas interações sociais que estabelecem.

1.BERBERIAN. A. P.; KRÜGER S.; GUARINELLO A. C.; MASSI G. A. A. A produção do conhecimento em fonoaudiologia em comunicação suplementar e/ou alternativa: análise de periódicos. Rev. CEFAC, v.11, Supl2, 258-266, 2009.
2.BERBERIAN, A. P.; CALHETA, P. P. Fonoaudiologia e Educação: práticas voltadas à formação de professores. In: DREUX, FDM et al. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, p. 682-91, 2009.
3. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1998


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1253
CONCORDÂNCIA NA APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO DE RASTREAMENTO PARA DISFAGIA OROFARÍNGEA NO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia orofaríngea (DO) é condição frequente no Acidente Vascular Encefálico (AVE) e pode trazer complicações à saúde com riscos de aspiração laringotraqueal, desidratação, desnutrição, impactando negativamente a qualidade de vida. A DO pode prorrogar o tempo de internação hospitalar e está associada ao aumento de comorbidades, sendo considerada preditor independente para prognósticos desfavoráveis nessa população. Assim, o rastreamento da DO após AVE é essencial e deve ser realizado por meio de instrumentos com evidências de validade e executado por profissionais de saúde treinados(1-5). Objetivo: este estudo teve por objetivo analisar a concordância entre profissionais da área da saúde na aplicação de um instrumento de rastreamento para DO no AVE. Método: Estudo clínico transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa-0877/2013. Participaram como aplicadores do instrumento de rastreamento para DO cinco enfermeiros de um Centro Cardiológico terciário, treinados durante duas horas por um fonoaudiólogo com ampla experiência na área de DO e no referido instrumento. Foi aplicada a versão preliminar do Rastreamento para Disfagia Orofaríngea em Acidente Vascular Encefálico (RADAVE) (6). Esse instrumento possui evidências de validade baseadas no conteúdo e nos processos de resposta e cujo processo de validação segue em andamento. A versão aplicada possui 18 questões divididas em duas etapas. A etapa I está relacionada à observação de fatores preditivos de risco para DO como nível de alerta, histórico de intubação orotraqueal e traqueostomia, desconforto respiratório, histórico de dificuldade de deglutição, questões relacionadas a linguagem, fala, voz, mobilidade de face, lábios e língua bem como deglutição de saliva. A etapa II consta da observação de sinais clínicos indicativos de DO com observação do processo de deglutição. O instrumento foi aplicado em 11 indivíduos adultos cardiopatas com diagnóstico de AVE confirmado por exame de neuroimagem, tomografia ou ressonância magnética. Após intervalo máximo de duas horas, três fonoaudiólogos cegos para os resultados da equipe de Enfermagem aplicaram o mesmo instrumento de rastreamento. Para verificar a concordância entre enfermeiros e fonoaudiólogos foi utilizado o teste de concordância Kappa. Resultados: Em 14 (77,7%) questões houve excelente concordância (Kappa: 0,84 a 1,0), em três questões a concordância foi substancial (Kappa: 0,62 a 0,79) e em uma questão referente a dificuldades de fala e linguagem a concordância foi moderada (Kappa: 0,40). Conclusão: A concordância entre enfermeiros e fonoaudiólogos envolvidos na aplicação da versão preliminar do RADAVE variou de moderada a excelente, sendo excelente na maioria das questões.

1-Smith EE, Kent DM, Bulsara KR, Leung LY, Lichtman JH, Reeves MJ, Towfighi A, Whiteley WN, Zahuranec DB. Effect of Dysphagia Screening Strategies on Clinical Outcomes After Stroke: A Systematic Review for the 2018 Guidelines for the Early Management of Patients With Acute Ischemic Stroke. American Heart Association Stroke Council. Stroke.2018; 49(3): e123-e128.
2-Martino R et al. The Toronto Bedside Swallowing Screening Test (TOR-BSST): development and validation of a dysphagia screening tool for patients with stroke. Stroke. 2009; 40(2): 555-61.
3- Magalhães Junior HV, Pernambuco LA, Lima KC, Ferreira MAF. Screening for oropharyngeal dysphagia in older adults: A systematic review of self-reported questionnaires. Gerodontology. 2018;35:162-9
4- Speyer R. Oropharyngeal dysphagia screening and assessment. Otolaryngol Clin North Am. 2013;46(6):989-1008.
5- Magalhães Junior HV, Pernambuco LA. Screening for oropharyngeal dysphagia. CoDAS. 2015. Mar-Apr; 27(2): 111-2.
6-Almeida TM, Cola PC, Pernambuco LA, Junior HVM, Magnoni CD, Silva RG. Instrumento de rastreio para disfagia orofaríngea no Acidente Vascular Encefálico - Parte I: evidências de validade baseadas no conteúdo e nos processos de resposta. CoDAS. 2017;29(4):01-09.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1732
CONDICIONAMENTO VOCAL E RESPIRATÓRIO: EFEITOS DE INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA E FISIOTERAPÊUTICA EM PROFISSIONAIS DA VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: programas de treinamento muscular vocal e respiratório têm mostrado efeitos positivos na intervenção junto ao profissional da voz1. Este tipo de proposta envolve exercícios e estratégias das áreas da Fonoaudiologia e da Fisioterapia que, ao serem apresentados de maneira integrada, promovem aumento da resistência vocal e respiratória, e melhora no desempenho técnico do profissional da voz. Objetivo: analisar os efeitos de um programa de condicionamento vocal e respiratório baseado em proposta de treinamento muscular no desempenho de profissionais da voz. Método: a pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e aprovada sob o número CAAE: 11109419.9.0000.5482. Todos os participantes leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Trata-se de estudo de intervenção, com participação de três profissionais da voz do sexo masculino (ator, cantor, professor/locutor), com média de idade de 40,3 anos. Dados referentes a aspectos sociodemográficos, respiratórios e otorrinolaringológicos foram coletados. Antes e após a realização do programa denominado Condicionamento Vocal e Respiratório (CVR), os participantes preencheram protocolos de autoavaliação que investigaram a presença de desvantagem vocal (IDV-10)2, fadiga vocal (IFV)3, e sintomas após realização de suas apresentações (EASE-BR)4. Foram gravadas amostras de fala para análise perceptivo-auditiva de parâmetros de qualidade vocal, tempo máximo fonatório, pitch, loudness, ressonância, ataque vocal, coordenação pneumofonoarticulatória, velocidade de fala, modulação e articulação. Em avaliação fisioterapêutica, foram coletados dados quantitativos sobre a força muscular respiratória dos indivíduos com a extração das pressões respiratórias máximas (PImáx e PEmáx), por meio do manovacuômetro, e sobre a resistência muscular respiratória, com a medida da ventilação voluntária máxima (VVM), por meio do espirômetro5. Foram realizados oito encontros semanais, com a execução de exercícios de trato vocal semiocluído (ETVSO)6 e respiratórios com uso do Respiron®3,7. Os exercícios também foram realizados em casa, duas vezes ao dia, com registro sobre conforto vocal e respiratório (nota de 0 a 10) nos momentos pré e pós-realização dos exercícios. Os dados foram analisados de forma descritiva e submetidos a testes estatísticos. Resultados: os escores referentes aos instrumentos IDV-10, IFV e EASE-BR foram menores ao final do programa, evidenciando menor desvantagem e fadiga vocal. As notas dadas ao conforto vocal e respiratório mostraram-se progressivamente melhores no decorrer do programa, com registro de diferença significativa na comparação dos dois momentos (p<0,001)8. Na avaliação de voz, foram percebidos aumento dos tempos máximos fonatórios e manutenção de alguns parâmetros da qualidade vocal. Foi observada melhora na resistência muscular respiratória de forma significativa (p<0,03)9. Houve aumento da força muscular inspiratória (p=0,05) e da força muscular expiratória (p < 0,00), revelando a melhora da dinâmica respiratória na ativação dos músculos para o trabalho vocal10. No relato dos participantes há registro de melhora quanto às condições físicas. Conclusão: o programa CVR registrou melhora global no condicionamento vocal e respiratório, com repercussão positiva no desempenho dos profissionais da voz.

1. Vaiano T, Badaró F. Fisiologia do exercício na clínica vocal. In: Lopes L, Moreti F, Ribeiro LL, Pereira EC, organizadores. Fundamentos e Atualidades em Voz Clínica. Rio de Janeiro: Thieme Revinter; 2019.p.71-79
2. Costa T, Oliveira G. Behlau M. Validação do índice de desvantagem vocal: 10 (IDV-10) para o Português brasileiro. CoDAS. 2013;25(5):482-485.
3. Abou-Rafée M, Zambon F, Badaró F, Behlau M. Fadiga vocal em professores disfônicos que procuram atendimento fonoaudiológico. CoDAS. 2019;31(3): e20180120. DOI: 10.1590/2317-1782/20182018120
4. Rocha BR, Moreti F, Amin E, Madazio G, Behlau M. Equivalência cultural da versão brasileira do protocolo Evaluation of the Ability to Sing Easily. CoDAS. 2014;26(6):535-9.
5. Ruben DR, Richard W, Leo W, and Michael T. Incentive Spirometry. Respir Care. 2011;56(10):1600-160.
6. Antonetti AES, Ribeiro VV, Brasolotto AG, Silverio KCA. Effects of Performance Time of the Voiced High-Frequency Oscillation and Lax Vox Technique in Vocally Healthy Subjects. J Voice. 2020 (in press) .https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2020.04.008
7. Lee HY, Cha YJ, Kim K. The effect of feedback respiratory training on pulmonary function of children with cerebral palsy: a randomized controlled preliminary report. Clin Rehabil. 2014;28:965-971.
8. Paes SM, Behlau M. Efeito do tempo de realização do exercício de canudo de alta resistência em mulheres disfônicas e não disfônicas. CoDAS. 2017;29(1):e20160048. DOI: 10.1590/2317-1782/20172016048
9. Andriollo DB, Bresolin FA, Frigo LF, Cielo CA. Treinamento fisioterapêutico intensivo do centro de força corporal: estudo de uma profissional da voz. Research, Society and Development. 2020;9(3): e146932550. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i3.2550
10. Ray C, Trudeau MD, McCoy S. Effects of respiratory muscle strength training in classically trained singers. J Voice.2018;32(5): 644.e25-644.e34. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2017.08.005


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2033
CONDIÇÕES ACÚSTICAS DE UMA SALA DE AULA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA: ANÁLISES PRELIMINARES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: a elevada prevalência de alteração vocal em professores no exercício docente sinaliza um adoecimento coletivo, sendo o ruído um dos principais fatores associados ao desenvolvimento de um distúrbio de voz relacionado ao trabalho (DVRT)1. Estudos anteriores, em sua maioria, baseiam-se em autorrelatos dos professores sobre as condições de trabalho, fazendo-se necessário definir medidas objetivas de ruído e acústica na presença de sintomas vocais2. Além disso, uma percepção auditiva confortável e clara de uma sala de aula livre de ruído não só melhora a comunicação, como também promove a eficiência do aprendizado3. A norma técnica NBR no. 10.152 (2017)4 estabelece valores recomendados para o nível de ruído residual em salas de aula (35dB para LAeq e 40dB para LASmax). Quanto ao tempo de reverberação (TR) e índice de transmissão de fala (STI) consideram-se, respectivamente, as normas do ANSI/ASA S12.60 (2010)5, o qual sugere até 0,9s na frequência de 125Hz; 0,7s para 250Hz; 0,6s em 500, 1.000 e 2.000 Hz; e 0,5s para 4.000 e 8.000Hz, bem como da IEC 60268-16 (2011)6, que estabelece como boa qualidade de inteligibilidade os valores de 0,6 até 0,75s; sendo qualidade ótima, > 0,75s. Objetivo: investigar as condições sonoras ambientais de uma sala de aula de uma universidade pública. Método: trata-se de estudo exploratório, de caráter qualitativo e descritivo, na qual foi selecionada uma classe de uma universidade pública para investigação das condições acústicas. Consideram-se os indicadores de nível de pressão sonora residual, TR e STI. Realizou-se, incialmente, as medições devidas das dimensões do local e elaboração de sua planta baixa. As aferições do TR e STI foram efetuadas utilizando o software para cálculos de condicionamento EASE. Já os níveis de pressão sonora foram mensurados com o equipamento medidor integrador de pressão sonora, modelo LxT2, fabricante Larson Davis, nas seguintes condições: “ar condicionado ligado com janelas fechadas” (AC) e “ar condicionado desligado com janelas abertas” (JA). Essa pesquisa faz parte de um projeto maior, aprovada pelo Comitê de Ética da instituição de origem sob o número 3.665.180. Resultado: a sala investigada apresentou dimensões de 9,74m x 9,72m x 2,56m. Verificaram-se elevados níveis de pressão sonora, sendo Lmin=50,3dB(A); Leq=50,7dB(A); e Lmax=60,0dB(A), na condição JA; Lmin=56,3dB(A); Leq=57,3dB(A); Lmax=60,4dB(A) para a condição AC. A reverberação, na condição AC, temperatura de 20°C e umidade de 60% foi de 3,24s para a frequência de 250HZ; 2,67s para 500Hz e 2,21s para 2.000Hz. Para o STI, foram encontrados os índices com variação entre 0,31 e 0,38. Conclusão: as condições acústicas da classe em questão estão inadequadas segundo os critérios estabelecidos pelas normas técnicas, especialmente na condição AC. A exposição de professores a ambientes ruidosos e com acústica desfavorável pode resultar em maior esforço e fadiga vocal, favorecendo desenvolvimento de um DVRT, além de ocasionar dificuldades no aprendizado de alunos.

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho – DVRT/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018.



2. Cutiva L C C, Burdorf A. Effects of noise and acoustics in schools on vocal health in teachers. Noise & Health, 17(74), 17–22, 2015.



3. Barrett P, Zhang Y. Optimal Learning Spaces Design Implications for Primary Schools. Relatório do Centro de Pesquisa Salford - Centro para pesquisa e Inovação (SCRI), report n.2 , p.8, outubro de 2009.



4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 2017.



5. AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE, (ANSI). Acoustical Performance Criteria, Design Requirements, and Guidelines for Schools - Part 1: Permanent Schools. United States, 2010.



6. INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION (IEC). IEC 60268-16. International Standard: Sound system equipment – Part 16: Objective rating of speech intelligibility by speech transmission index. Switzerland, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1896
CONFIABILIDADE DO PROTOCOLO DE ANÁLISE ACÚSTICA DA DEGLUTIÇÃO (PAAD) EM PACIENTES COM DOENÇA NEUROLÓGICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia orofaríngea é um sintoma altamente prevalente entre as doenças neurológicas e pode ocasionar complicações como pneumonias aspirativas, desidratação, desnutrição e até óbito. Para avaliação destes pacientes, torna-se essencial à elaboração de protocolos validados, que minimizem os riscos, definam condutas e favoreçam a reabilitação. Toda a proposta de um novo protocolo deve assegurar que seus dados sejam precisos para medir o construto almejado, além de confiáveis quanto à consistência dos itens no tempo e no espaço, com manutenção ou não de reprodutibilidade. Objetivo: Verificar a confiabilidade do Protocolo de Avaliação Acústica dos Sons da Deglutição (PAAD) por meio do método de teste e de reteste e concordância interobservadores, em pacientes com diagnóstico médico de doença neurológica. Métodos: Estudo do tipo transversal, com amostragem aleatória simples, quantitativo e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas sob o nº 2.927.XXX. Foi composto por duas fases: a fase de teste e a fase de reteste, que desenvolveram-se mediante a utilização do PAAD em sua terceira e atual versão. Na fase de teste foram realizadas 24 aplicações do PAAD, por 8 fonoaudiólogos avaliadores na ocasião da avaliação acústica da deglutição. A fase de reteste compreendeu uma nova aplicação do PAAD, a partir de informações armazenadas pelo Software DeglutiSom®, 30 dias após a fase de teste, por 2 fonoaudiólogos avaliadores que fizeram parte da fase de teste, porém, não tiveram acesso às respostas da primeira aplicação que realizaram, para evitar-se qualquer tipo de interferência. Fizeram parte da amostra de avaliados, 24 pacientes de um hospital público, encaminhados das unidades de internação e dos ambulatórios, com diagnóstico médico de doença neurológica, ambos os gêneros, idade igual ou superior a 18 anos, estáveis hemodinamicamente e responsivos para avaliação acústica da deglutição. Destes, 54,2% eram do sexo feminino e 45,8% eram do sexo masculino. A média de idades foi de 64,0 anos e desvio padrão de 17,5. O tempo médio de doença foi de 48,7 dias e desvio padrão de 139,3. Elegeu-se prioritariamente para análise estatística, os seguintes critérios do PAAD: a presença ou não de resíduos e a presença ou não de sinais sugestivos de aspiração laringotraqueal. Resultados: A análise estatística do teste e do reteste por meio do Coeficiente Kappa foi considerado fraco e moderado para os critérios de resíduos e sinais sugestivos de aspiração laringotraqueal respectivamente. Na análise que verificou os critérios por consistência alimentar, o melhor resultado para resíduos foi na consistência “Levemente espessado” com Coeficiente Kappa considerável e para sinais sugestivos de aspiração laringotraqueal foi na consistência “Líquido Ralo”, indicando-o como moderado. Conclusão: A confiabilidade para o critério resíduos na análise estatística geral revelou Coeficiente de Kappa descrito como fraco, porém alcançou valor considerado considerável quando verificado isoladamente por consistência alimentar, indicando melhor confiabilidade.Para o critério sinais sugestivos de aspiração laringotraqueal o Coeficiente de Kappa foi considerado moderado nas duas análises, sugerindo que mais pesquisas qualitativas para este critério são necessárias a fim de indicar quais foram os processos adotados pelos avaliadores.

Palavras chave: Disfagia; Efeito doppler; Estudos de validação.

1) Souza GAD, Silva RG, Cola PC, Onofri SMM. Resíduos faríngeos nas disfagias orofaríngeas neurogênicas. CoDAS, São Paulo. 2019, v. 31, n. 6, e20180160.

2) Padovani AR, Moraes DP, Mangili LD, Andrade CF. Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD). Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12 (3):199-205.

3) Martins, MMB. Proposta de validação de forma e constructo de um Protocolo de Avaliação Acústica da Deglutição. Curitiba, 2017, p. 38 ,40, 41, 42, 49, (Dissertação de mestrado - Universidade Tuiuti do Paraná).

4) Vaz ARC. Protocolo de análise acústica da deglutição, etapa 2: evidência de validade baseada nos processos de resposta, 2020. (Artigo apresentado a banca de dissertação de mestrado - Universidade Tuiuti do Paraná)

5) Pernambuco LA. Prevalência e fatores associados à alteração vocal em idosos institucionalizados com capacidade cognitiva preservada. Natal, 2015, p.75, 80, 85,108,134, (Tese de doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

6) Pernambuco LA, Espelt A, Magalhaes Junior HV, Lima KC. Recomendações para elaboração, tradução, adaptação transcultural e processo de validação de testes em Fonoaudiologia. CoDAS, São Paulo. 2017, v. 29, n. 3, e20160217.

7) Magalhães Junior, HV. Evidências de validade do Questionário autorreferido para rastreamento de disfagia orofaríngea em idosos – RaDI. Natal, 2018, p. 21, 31, 32, 115, (Tese de doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

8) Cunha MC, Almeida OP, Stackfleth R. Principais métodos de avaliação psicométrica da confiabilidade de instrumentos de medida. Rev. Aten. Saúde, São Caetano do Sul. 2016, v. 14, n. 49, p. 98-103.

9) Idssi - International Dysphagia Diet Standardisation Initiative. Complete IDDSI Framework Detailed definitions 2.0. Disponível em: https://iddsi.org/, July 2019.

10) Landis JR, Kock GG. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics. 1977;33 (1):159-74.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1373
CONFIABILIDADE ENTRE AVALIADORES NA ANÁLISE QUANTITATIVA TEMPORAL DA DEGLUTIÇÃO COM UM SOFTWARE ESPECÍFICO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A avaliação da disfagia orofaríngea inclui procedimentos com análise qualitativa e quantitativa da deglutição orofaríngea. A análise quantitativa temporal da deglutição é considerada método robusto para mensurar diferentes parâmetros da fisiologia da deglutição e tem sido aplicada por vários grupos de pesquisa ao longo de pelo menos três décadas. Por outro lado, alguns marcadores para determinados parâmetros da fisiologia da deglutição ainda não são consensuais, há ampla diversidade no uso de softwares e de metodologias de mensuração[1,2]. Objetivo: Este estudo teve por objetivo analisar a confiabilidade entre juízes para medir alguns parâmetros temporais da deglutição usando software específico. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob protocolo 2.671.11/2018. Foram analisados seis bancos de dados sobre análise quantitativa temporal da deglutição orofaríngea e os resultados do teste de confiabilidade aplicado em seis estudos publicados pelo mesmo grupo de pesquisa, separados por consistência de alimento pastosa (nível 2) e consistência líquida (nível 0) conforme preconiza o International Dysphagia Diet Standartisation Initiative (IDDSI), utilizando o mesmo método de mensuração dos tempos da deglutição em cada parâmetro analisado. Para este estudo, a análise quantitativa temporal do tempo de trânsito oral total (TTOT)[3,4], tempo de início de resposta faríngea (IRF)[3] e tempo de trânsito faríngeo (TTF)[5,6] foi mensurada usando o mesmo software, pelo mesmo juiz considerado padrão ouro em todos os estudos e um novo juiz para cada novo estudo. Foi utilizado coeficiente de correlação intra-classe (ICC) com um intervalo de confiança de 95%. Resultados: Foram analisadas 244 imagens de videofluoroscopia de deglutição. Em todas as análises, os ICC foram> 0,75, mostrando excelente concordância. O TTOT para a consistência pastosa mostrou ICC de 0,936 a 1.000 e ICC para a consistência líquida de 0,997 a 1.000. O IRF mostrou para a consistência pastosa ICC de 0,995 a 1.000 e para a consistência líquida ICC de 0,978 a 1.000. O TTF mostrou para a consistência pastosa o ICC de 0,848 a 1.000 e para a consistência líquida ICC de 0,984 a 1.000. Conclusão: A confiabilidade do tempo total de trânsito oral, tempo de resposta faríngea e tempo de trânsito faríngeo utilizando este software específico apresentou excelente concordância entre os juízes.

[1] Molfenter SM, Steele CM. Temporal variability in the deglutition literature. Dysphagia. 2012;27(2):162-177. https://doi.org/10.1007/s00455-012-9397-x

[2] Furkim AM, Silva RG, Vanin G, Martino R. The association between temporal measures of swallowing with penetration and aspiration in patients with dysphagia: A meta-analysis. NeuroRehabilitation. 2019; 44(1):111-129. https://doi.org/10.3233/NRE-182553

[3] Logemann JA, Pauloski BR, Colangelo L, Lazarus C, Fujiu M, Kahrilas PJ. Effects of a sour bolus on oropharyngeal swallowing measures in patients with neurogenic dysphagia. J. Speech. Lang. Hear. Res. 1995; 38(3):556-63. https://doi.org/10.1044/jshr.3803.556

[4] Gatto AR, Cola PC, Silva RG, Spadotto AA, Ribeiro PW, Schelp AO et al. Sour taste and cold temperature in the oral phase of swallowing in patients after stroke. CoDAS. 2013; 25(2):163-7. https://doi.org/10.1590/s2317-17822013000200012

[5] Kendall KA, Leonard RJ. Bolus transit and airway protection coordination in older dysphagic patients. Laryngoscope. 2001;111 (11): 2017-2021. https://doi.org/10.1097/00005537-200111000-00028

[6] Kendall KA, Mckenzie S, Leonard RJ, Gonçalves MI, Walker A. Timing of events in normal swallowing: a videofluoroscopic study. Dysphagia. 2000; 15: 74-83. https://doi.org/10.1007/s004550010004


TRABALHOS CIENTÍFICOS
206
CONHECIMENTO DAS MÃES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM EM CRIANÇAS NASCIDAS PREMATURAS DE MUITO BAIXO PESO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O nascer prematuro trás consigo incertezas sobre o desenvolvimento cognitivo e de linguagem, visto que essa população apresenta maior índice de morbidades à curto e longo prazo no desenvolvimento infantil. Portanto, o conhecimento materno a respeito do desenvolvimento do bebê prematuro na primeira infância é de extrema importância, visto que as mães são os principais agentes de estimulação de seus bebês e o seu conhecimento permitirá uma detecção precoce dos distúrbios de desenvolvimento. Objetivo: Analisar o conhecimento materno sobre o desenvolvimento de linguagem de seus filhos prematuros e de muito baixo peso. Método: Trata-se de um estudo analítico do tipo prospectivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer 2.680.272. O estudo foi realizado em uma maternidade referência na assistência à mulher de alto risco gestacional e bebês de alto risco. A amostra foi constituída por 22 díades mãe-bebê, cujos neonatos nasceram na instituição com idade gestacional entre 28 e 31 semanas e com muito baixo peso no período de abril a novembro de 2018, que aceitaram participar do estudo por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa foi realizada por meio de um questionário estruturado com doze perguntas fechadas direcionadas à mãe sobre o desenvolvimento das habilidades comunicativas e auditivas de seus filhos prematuros. Os dados foram analisados de forma quantitativa por meio do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0, sendo utilizadas medidas estatísticas descritivas de média e desvio padrão. Resultados: Foi possível observar que a amostra caracterizou-se por mães jovens, onde seis (27,27%) pertenciam a faixa etária de 15 à 19 anos de idade e seis (27,27%) possuíam idade entre 20 e 24 anos. Quanto ao grau de instrução, 13 mães (59,09%) não possuíam ensino médio completo. 18 mães (86,36%) quando questionadas sobre conhecimento prévio a respeito do desenvolvimento de fala e audição na infância afirmaram que nunca ouviram falar sobre o assunto. Em uma pergunta sobre o desenvolvimento comunicativo: “Você acha que seu filho vai aprender a falar sozinho (sem estímulos)?”, 10 (45,46%) das mães apresentaram resposta positiva, e na pergunta: “Quando você acha que pode conversar com seu filho?” 16 mães responderam “A partir de um ano de idade”, equivalendo a um elevado percentual de 72,72%. Quanto ao desenvolvimento auditivo, para a pergunta “Você acha importante saber se seu filho está ouvindo?”, todas as mães responderam “Sim”, porém 5 (22,73%) afirmaram não saber reconhecer se seu filho ouve ou não. Conclusão: Diante dos resultados, pôde-se observar a necessidade em ampliar o acesso à informação das mães e de toda família, enfatizando o acolhimento e a orientação permanente quanto à atenção sobre o desenvolvimento das habilidades comunicativas e auditivas dessas crianças de risco. À medida que tais informações sobre esse desenvolvimento fazem parte do conhecimento materno e da família desse bebê, ocorre uma facilitação na identificação de possíveis alterações no curso de sua evolução e na procura pelos serviços de saúde, contribuindo para uma intervenção precoce.

Silva, CAD, Brusamarello S, Cardoso FGC, Adamczyk, NF, Rosa Neto, F. Desenvolvimento de prematuros com baixo peso ao nascer nos primeiros dois anos de vida. Rev. Paul. Pediatr. 2011; 29: 328-35.

da Rocha Neves K, de Souza Morais RL, Teixeira RA, Pinto PAF. Growth and development and their environmental and biological determinants. J Pediatr [Internet]. 2016; 92: 241-50.

de Oliveira Melo MR, de Andrade ISN. Desenvolvimento infantil e prematuridade: uma reflexão sobre o conhecimento e as expectativas maternas. Rev. bras. promoç. Saúde. 2014; 26: 548-53.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2003
CONHECIMENTO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM INFANTIL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A atuação do Fonoaudiólogo Educacional é extensa e contempla tanto os professores, quanto os escolares. Aos primeiros, é possível propor ações desde a verificação dos seus conhecimentos sobre linguagem oral e escrita, por exemplo, até a sua assessoria (ELOI, SANTOS E MARTINS-REIS, 2017). São inúmeras as contribuições do profissional da saúde em âmbito escolar, incluindo encaminhamentos aos serviços especializados, atenção básica, atividades de educação e promoção de saúde, bem como prevenção (KELLY, et.al., 2017). Objetivo: Investigar o conhecimento de um grupo de professores da pré-escola sobre o desenvolvimento da linguagem infantil, pré e pós-orientações fonoaudiológicas. Método: Trata-se de um estudo experimental, quantitativo, de intervenção, avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Fátima (95654518.7.0000.5523). Participaram 20 professoras da rede municipal de uma cidade da Serra Gaúcha/RS, atuantes na educação infantil. Todas elas concordaram em participar do estudo, por meio do termo de consentimento livre e esclarecido. A coleta de dados foi realizada em três fases: 1°) aplicação de um questionário; 2°) orientações fonoaudiológicas e 3°) aplicação do mesmo questionário da primeira fase, pós-orientações. O questionário aplicado foi elaborado pelas autoras deste estudo, baseado em Eloi, Santos e Martins-Reis (2017), com dez questões sobre o desenvolvimento da linguagem infantil. Na segunda fase, foram abordados, por meio de uma palestra, temas ligados ao questionário, tais como desenvolvimento típico da fala, da linguagem e da audição na fase pré-escolar. Os dados obtidos foram tabulados no Excel e submetidos à análise estatística. Foi utilizado o teste de McNemar para amostras relacionadas. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5% (p<0.05). Resultados: A análise do desempenho do grupo de professoras mostrou que apenas duas questões apresentaram escores de acertos significantemente melhores, pós-orientações. Os temas abordados por essas questões foram fala e linguagem. Outras três questões melhoraram ligeiramente seus escores e as demais diminuíram ou mantiveram seus escores obtidos antes das orientações. Quando observado o desempenho individual das participantes, observou-se que a maioria delas melhorou seus escores de acertos pós-orientações fonoaudiológicas. Conclusão: De modo geral, as orientações fonoaudiológicas contribuíram com o conhecimento dos professores sobre o desenvolvimento da linguagem infantil, evidenciando a importância da Fonoaudiologia Educacional. Além disso, reforça a necessidade de um trabalho contínuo no âmbito escolar, incluindo assessoria e consultoria à coordenação pedagógica para a elaboração e inclusão no currículo escolar de práticas voltadas ao desenvolvimento social e à promoção de atenção e cuidado integral dos indivíduos inseridos no contexto educacional (LIMA, et.al., 2015).

ELOI A; SANTOS N; REIS M. Programa fonoaudiológico e formação de professores: avaliação da efetividade. Distúrbios da Comunicação. v.29, n.4, p.759-771, 2017.

KELLY K; CARDOSO, K; FLORES C, MACHADO L. A fonoaudiologia na saúde pública – atenção básica. XV Jornada Científica dos Campos Gerais. Ponta Grossa, 2017.

LIMA B; DELGADO C; LUCENA L; FIGUEIREDO C. Contribuições da realização do diagnóstico institucional para a atuação fonoaudiológica em escolas. Distúrbios da Comunicação. v.27, n.2, p.213-224, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
526
CONHECIMENTO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO SOBRE PERDA AUDITIVA E PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Sabe-se que os limiares auditivos e o processamento auditivo central podem influenciar na aprendizagem, visto que o ensino é majoritariamente ofertado na modalidade expositiva. Os professores nem sempre estão atentos ou sabem identificar os sinais indicativos de que um aluno tem uma perda auditiva (especialmente as unilaterais e de menor grau) ou transtorno do processamento auditivo. Objetivo: relatar a experiência obtida por meio da aplicação de um questionário sobre perda auditiva e Processamento Auditivo Central (PAC), dentro de um projeto de extensão, com professores da educação básica de escolas públicas e privadas com o intuito de avaliar seus conhecimentos e nortear a elaboração de uma cartilha instrucional direcionada a este público. Método: trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência. A amostra, de conveniência, foi composta por 120 professores da rede pública e/ou privada de ensino. Os professores foram convidados via redes sociais a responderem um questionário elaborado no Google Forms. Os dados analisados pelo questionário foram: rede de ensino e etapa na qual lecionam; presença de fonoaudiólogo na equipe escolar; ruídos presentes na sala de aula; contato com aluno que fez ou faz acompanhamento fonoaudiológico; contato com aluno que teve ou tem dificuldade auditiva; identificação de aluno com perda auditiva e seus possíveis comportamentos; conhecimento sobre o PAC; já teve ou tem algum aluno diagnosticado com distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC); dificuldades dos alunos com DPAC e conhecimento acerca da existência de estratégias facilitadoras. Resultado: Os dados apontaram que a maior parte dos professores trabalham na rede pública (67,5%) e lecionam para o fundamental l (50,8%) e não possuem fonoaudiólogo na equipe escolar (95,8 %). Dos professores que responderam ao questionário, 88,3% apontaram a conversa entre alunos como o ruído mais prevalente em sala. Mais da metade relatou ter alunos que fizeram acompanhamento com fonoaudiólogo e que tiveram dificuldade auditiva (65% e 59,2% respectivamente). Desses, 50,8% souberam identificar a necessidade de uma avaliação auditiva. Quanto ao PAC, 51,7% possuíam conhecimento primário sobre o assunto. Apesar de que 42,5% não detectaram sintomas do DPAC em seus alunos, os professores relataram desatenção e/ou agitação, dificuldades de aprendizagem e dificuldade para seguir ordens verbais como possíveis sintomas (68.3%, 90,8% e 98.3% respectivamente). 92,5% consideram a existência de estratégias facilitadoras e mencionaram o apoio visual e a presença de um professor auxiliar como ações benéficas. Conclusão: Tendo por base as respostas ao questionário, foi possível observar que há necessidade de maior divulgação de informações sobre a relação entre o Distúrbio do Processamento Auditivo e a aprendizagem na Educação Básica, assim como a necessidade do fonoaudiólogo na equipe escolar. Ademais, foi verificado grande interesse por parte dos professores em saber mais sobre o PAC (98,3%). Portanto, a elaboração de um material sobre o tema é essencial para sanar as dúvidas dos professores, além de dar suporte para identificação de casos para que sejam feitos encaminhamentos para detecção e, consequentemente, intervenção precoce.

1. Ribeiro RR, Bastos HA. Processamento Auditivo na Escola: como trabalhar pedagogicamente o aluno. 2009;(8):191–5.

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3. Abreu, MJS. O processo de inclusão escolar de alunos com Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC) em escolas públicas de Brasília. Brasília. Dissertação (Programa Strictu Sensu em Psicologia) - Universidade Católica de Brasília; 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1706
CONHECIMENTO SOBRE GAGUEIRA ENTRE ESTUDANTES DA SAÚDE
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A gagueira é um distúrbio da comunicação humana complexo e de difícil descrição, caracterizada por interrupções involuntárias na fala. A identificação de pessoas com gagueira, bem como o conhecimento adequado sobre os principais aspectos desse transtorno durante a formação em saúde são importantes para que as práticas multi e interdisciplinares voltadas à esta população sejam mais eficazes. Objetivo: Verificar o conhecimento sobre gagueira entre estudantes da área da saúde em uma universidade federal brasileira especializada em saúde, além disso, buscou-se identificar diferenças estatisticamente significativas do conhecimento entre os parâmetros "curso de graduação" e "etapa da formação superior" dos respondentes. Método: Trata-se de um estudo transversal descritivo com estudantes regularmente matriculados em curso de graduação na área da saúde, exceto graduandos em Fonoaudiologia, menores de 18 anos e autodeclarados pessoas com gagueira. O instrumento utilizado foi o questionário de “Atenção à Gagueira”, devidamente adaptado e validado no Brasil. Resultados: Dos 108 respondentes, distribuídos em 13 cursos de graduação e estando a maioria cursando entre o terceiro e quarto ano de graduação, 84% afirmaram ter visto ou conhecer pessoas que gaguejam, a resposta mediana dos respondentes foi uma prevalência de gagueira na população ao redor de 10%, enquanto a resposta mediana a respeito do início de aparecimento da gagueira foi ao redor de 4 anos de idade; 63% estimou maior prevalência de gagueira em meninos, porém mais de 80% não apontou maior prevalência em lateralidades, etnias e inteligências (QI); 30,6% acreditam que a causa da gagueira seja orgânica, apesar de 69,4% não relacionarem gagueira com hereditariedade; 59,2% consideraram o uso de aparelho auditivo mais desvantajoso que a gagueira, 93,5% reconhecem a possibilidade de tratamento, sendo que 89,8% consultariam um fonoaudiólogo frente à uma criança de 4 anos de idade que gaguejasse. Não houve diferenças significativas e relevantes entre os parâmetros de curso de graduação e de etapa da formação superior dos estudantes. Conclusão: O conhecimento sobre gagueira entre os futuros profissionais da saúde mostrou-se limitado nos aspectos de prevalência, causa e hereditariedade, além de refletir um conhecimento similar ao leigo e escolarizado, conforme apontado na literatura, reforçando a importância do desenvolvimento de ações de ensino voltadas à temática da gagueira durante a graduação em saúde, bem como de novas pesquisas na área.

1. Jacubovicz R, Gagueira. 6th ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2009.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1739
CONHECIMENTO SOBRE SAÚDE E HIGIENE VOCAL DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS COM E SEM AUTORREFERÊNCIA DE SINTOMAS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O conhecimento sobre saúde e higiene vocal é essencial aos professores universitários1 e, portanto, estudos na área da Fonoaudiologia apontam que estes profissionais aparentam ter maiores conhecimentos sobre a saúde da voz¹. Entretanto, há poucas evidências sobre a voz de docentes do ensino superior²,³, o que dificulta a análise de fatores de risco que podem influenciar na voz desta população. Objetivo: Comparar o conhecimento sobre saúde e higiene vocal de professores universitários com e sem autorreferência de sintomas vocais. Método: Estudo observacional, analítico e transversal com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer n. 1.708.786. Participaram 102 professores universitários, 46 homens e 56 mulheres, com média de idade de 35,12±4,87 anos que responderam à Escala de Sintomas Vocais (ESV)4 e ao Questionário de Saúde e Higiene Vocal (QSHV)5. Os professores foram divididos em dois grupos de acordo com a nota de corte da ESV: um grupo vocalmente saudável com pontuação total de 15 pontos ou menos (G1) e um grupo de sintomas vocais com 16 pontos ou mais (G2). O G1 foi formado por 23 professores (9 mulheres e 14 homens) e o G2 por 79 (47 mulheres e 32 homens). A ESV é composta por 30 itens e o respondente deveria assinalar de zero (nunca) a quatro (sempre) a frequência de ocorrência dos sintomas vocais. Os escores das subescalas e do total foi feito por somatória simples e a nota de corte do protocolo é 16 pontos4. O QSHV possui 31 itens sobre hábitos vocais e seu escore varia de 0 a 31. Os indivíduos deveriam assinalar se consideravam a ação como “positiva”, “negativa” ou “neutra” para a voz. Cada resposta correta equivale a um ponto, e o total foi realizado a partir de somatória simples. Quanto mais próximo a 31 pontos, maior é o conhecimento do indivíduo sobre saúde e higiene vocal, sendo a nota de corte 23 pontos5. Os grupos foram comparados utilizando-se o teste de Mann-Whitney no Statistical Package for the Social Sciences, versão 25.0. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: As médias dos domínios da ESV do G1 foram 4,56 (dp±2,87) para limitação, 0,21 (dp±0,59) para emocional, 4,26 (dp±2,56) para físico e 9,04 (dp±3,30) para a pontuação total, e as médias do G2 foram 19,54 (dp±8,24), 2,68 (dp±3,50), 8,35 (dp±3,59) e 30,58 (dp±12,06) para as pontuações dos domínios limitação, emocional, físico e total, respectivamente. A média do QSHV no G1 foi 25,13 (dp±7,44) e no G2 26,03 (dp±5,68). O G2 apresentou percepção de sintomas vocais, para todos os domínios da ESV, significativamente maior que o G1 (p=0,001) e não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos em relação ao conhecimento sobre saúde e higiene vocal (p=0,621). Conclusão: Professores universitários, independentemente de referirem ou não sintomas vocais, demonstram conhecimento sobre saúde e higiene vocal.

1. Servilha E, Costa A. Knowledge about voice and the importance of voice as an educational resource in the perspective of university professors. Rev CEFAC. 2015;17(1):13-26.
2. Korn GP, Pontes AAL, Abranches D, Pontes PAL. Hoarseness and risk factors in university teachers. J Voice. 2015;29(4):518-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2014.09.008.
3. Paula A L, Cercal GCS, Novis JMM, Czlusniak GR, Ribeiro VV, Leite APD. Perception of fatigue in professors according to the level of knowledge of vocal health and hygiene. Audiol. Commun. Res. 2019;24: e2163. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2163.
4. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale-VoiSS. J Voice. 2014; 28(4):458-68. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2013.11.009.
5. Moreti, FTG. Questionário de Saúde e Higiene Vocal – QSHV: desenvolvimento, validação e valor de corte. [tese doutorado]. São Paulo: UNIFESP, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1540
CONHECIMENTO, ACESSO E ACEITAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS COMPLEMENTARES EM SAÚDE COMO RECURSO TERAPÊUTICO DE AUTOCUIDADO PARA UM GRUPO FAMÍLIA VIRTUAL DE UM CAPSI
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Organização Mundial de Saúde (OMS), através do Programa de Medicina Tradicional vem estimulando há vários anos o uso das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) por seus países membros. As ações da OMS culminaram na elaboração de um documento normativo visando a fortalecer políticas para o uso racional e integrado das terapias não ortodoxas nos sistemas nacionais de atenção à saúde, bem como ao desenvolvimento de estudos para verificar eficácia, segurança e qualidade das PICS em saúde. Devido à pandemia da COVID-19 o CAPSi, através do Grupo Família Virtual, tentou levar o acesso das PICS como estratégia de autocuidado e intervenção centrada na família a fim de diminuir o estresse, medo e ansiedade causados pelo isolamento social. Objetivo: Avaliar o conhecimento, acesso e aceitação das PICS como recurso terapêutico de autocuidado para um Grupo Família Virtual de um CAPSi. Método: Devido à pandemia, foi criado um Grupo Família virtual onde ocorreu a coleta de respostas de um mini questionário através do Google Forms com perguntas para 7 participantes do sexo feminino com perguntas sobre as PICS. Após o questionário encontros semanais online foram realizados com duração de 1 hora via videochamada através de aplicativo de uso frequente e de fácil utilização pelas famílias. Nestes encontros era proposto um momento de aprendizado de uma determinada PICS. O grupo era estimulado a realizar diariamente e anotar as percepções antes e após fazer a prática orientada pelas profissionais. Duas fonoaudiólogas eram responsáveis pela coordenação do grupo e ensino de algumas PICS. Outras vezes, outros profissionais eram convidados para repassar a prática proposta para o dia. Resultados: 85,7% das mães que participaram do Grupo não conheciam as PICS. Nenhuma delas chegou a utilizar as PICS no seu dia a dia. No entanto, todas demonstraram interesse em aprender e realizar este recurso. Conclusão: As PICS podem ser recursos importantes e poderosos para o autocuidado da família de crianças e adolescentes com algum transtorno psicossocial grave sendo uma estratégia para diminuição do estresse e ansiedade causados pela pandemia. O desconhecimento das PICS e a falta de acesso dos familiares e usuários a estas práticas são os principais entraves observados.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
453
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E FUNÇÕES EXECUTIVAS EM ESCOLARES DO 2°ANO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: As funções executivas (FE) são definidas como um conjunto de funções que demandam controle da atenção, planejamento de metas e um comportamento intencional direcionados à realização de objetivos. A relevância das funções executivas justifica a ênfase que os pesquisadores vêm realizando no desenvolvimento de intervenções que melhoram essas habilidades durante a infância, em casa e na escola. A tarefa de consciência fonológica (CF) é condição essencial para que a criança compreenda o sistema alfabético. Por ser uma característica individual associada à capacidade para agir de forma adaptativa, o funcionamento executivo de cada criança pode ser generalizado e observado em diferentes contextos. Assim, nos resultados de processos de avaliação neuropsicológica, as FE e as habilidades metalinguísticas são as mais associadas à dificuldade de aprendizagem.

OBJETIVOS: analisar a influência do gênero nas habilidades de CF e FE em escolares.

MÉTODO: Trata-se de um estudo é quantitativo com coletas de dados transversal. Todos os responsáveis pelos sujeitos assinaram o TCLE e as crianças o TA. A amostra da pesquisa contemplou 18 crianças, com idade de sete anos, estudantes do segundo ano de escolas municipais de ensino fundamental. Foram realizadas entrevistas com os responsáveis, posteriormente as crianças fizeram a triagem fonoaudiológica, composta pelos testes de Exame articulatório, Exame miofuncional orofacial com escores e triagem auditiva. Após a triagem, foram realizados testes com os protocolos de prova de consciência fonológica por escolha de figuras (PCFF) (CAPOVILLA, SEABRA, 2012) e Teste de Hayling infantil (THI) (adaptação para população infantil brasileira por SIQUEIRA, GONÇALVES, HÜBNER E FONSECA, 2016). Como critérios de inclusão, utilizou-se os seguintes critérios: sujeitos devidamente matriculados no 2º ano das escolas pesquisadas, ser membro de uma família monolíngue falante do PB1; crianças de ambos os gêneros; apresentar linguagem compreensiva adequada à idade. As crianças que apresentassem perda auditiva, comprometimento neurológico, emocional e/ou cognitivo, detectável por meio de observação; presença de alterações motoras ou orgânicas orais, ou crianças que tivessem realizado ou estivessem realizando fonoterapia, foram excluídas da pesquisa. Os escolares foram avaliados individualmente, em turno contrário a aula. Utilizou-se o teste de t – Student para comparação das habilidades de consciência fonológica e FE entre os gêneros. O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05).

RESULTADOS: Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os gêneros na análise da Consciência Fonológica (p-valor=0,496) e Funções Executiva (p-valor=0958).

CONCLUSÃO: A variável gênero não se relacionou com FE, corroborando estudo nacional (FERREIRA, ZANINI, SEABRA, 2015), como também não se relacionou com as habilidades de consciência fonológica, concordando com outros estudos (ANDREAZZA-BALESTRIN, CIELO, LAZZAROTTO, 2008; SOUZA et al, 2009; MOURA, CIELO, MEZZOMO, 2009; ROSAL; CORDEIRO; QUEIROGA, 2013), nos quais não foram encontradas distinções no desempenho das habilidades.

Andreazza-Balestrin, C., Cielo, C.A., Lazzarotto, C. (2008) Relação entre desempenho em consciência fonológica e a variável sexo: um estudo com crianças pré-escolares. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol, 13(2),154-60.

Capovilla, FC, Seabra, AG. (2012) Prova de consciência fonológica por escolha de figuras. AG. Seabra e NM Dias (orgs.) Avaliação neuropsicológica cognitiva: linguagem oral. Vol.2. São Paulo: Memnon.

Felício, C.M.D., Folha, G.A., Gaido, A.S., Dantas, M.D.M.M., Azevedo-Marques P D. (2014). Protocolo de avaliação miofuncional orofacial com escores informatizado: usabilidade e validade. Revista Codas, 26(4), 322-7.

Ferreira, L. O., Zanini, D. S., Seabra, A. G. (2015). Executive Functions, Sex, Age and Intelligence. Paidéia, 25(62), 383-391.


Moura, S.R.S., Cielo, C.A., Mezzomo, C.L.(2009) Consciência fonêmica em meninos e meninas. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol,14(2), 205-11.
Rosal Angélica Galindo Carneiro, Cordeiro Ana Augusta de Andrade, Queiroga Bianca Arruda Manchester de. Consciência fonológica e o desenvolvimento do sistema fonológico em crianças de escolas públicas e particulares. Rev. CEFAC [Internet]. 2013 Aug [cited 2020 June 29]; 15(4), 837-846.

Siqueira, L. D. S., Gonçalves, H. A., Hübner, L. C., & Fonseca, R. P. (2016). Development of the Brazilian version of the Child Hayling Test. Trends in psychiatry and psychotherapy, 38(3),164-174.


Souza, A.P.R., Pagliarin, K.C., Ceron, M.I., Deuschle, V.P., Keske-Soares, M. (2009) desempenho por tarefa em consciência fonológica: gênero, idade e gravidade do desvio fonológico. Rev. CEFAC. 2009; 11(4),571-78.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1126
CONSCIÊNCIA SINTÁTICA E NÍVEL DE LEITURA EM ESCOLARES MONOLÍNGUES E BILÍNGUES COM DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O bilinguismo é atualmente um tema globalizado, considerando a demanda mundial de crianças expostas a diferentes culturas. Há o bilinguismo simultâneo - duas línguas adquiridas ao mesmo tempo, e o sequencial - a aquisição da segunda língua se inicia quando a primeira já foi completamente adquirida. A consciência sintática pode estar melhor desenvolvida em crianças bilíngues, visto a maior exigência da compreensão da estrutura linguística da sintaxe em duas línguas. No entanto, a inserção em um ambiente bilíngue dentro da própria escola, naquelas crianças que apresentam dislexia, pode ser cercada por desafios, visto não apenas a necessidade do domínio de duas línguas, mas as limitações do seu neurodesenvolvimento.
OBJETIVO: comparar a consciência sintática e leitura em crianças bilíngues e monolíngues com dislexia do desenvolvimento.
MÉTODO: Estudo de caso, aprovado pelo CEP sob número 1.012.635. Participaram duas crianças bilíngues (S1 e S2) e duas monolíngues (S3 e S4), de mesmo nível socioeconômico, com queixas persistentes de dificuldades em leitura, apesar de intervenção sistemática destes aspectos desde o início da alfabetização. Assim, todos tiveram diagnóstico interdisciplinar de dislexia do desenvolvimento, conforme critérios do DSM-5. Participante 1 (S1): sexo feminino , 9 anos e 5 meses de idade, 3º ano do ensino fundamental (EF). Nasceu na França, porém seus pais são brasileiros e, por esta razão, esteve inserida em um ambiente bilíngue simultâneo desde muito cedo. Aos 3 anos de idade passou a estudar em uma escola francesa bilíngue no Brasil. Participante 2 (S2): sexo masculino, 8 anos e 8 meses de idade, 3º ano do EF, estuda em uma escola bilíngue (inglês – português) desde os cinco anos de idade e está inserido em um contexto bilíngue desde então, tendo, hoje, o inglês como a sua segunda língua. As crianças monolíngues do sexo feminino (S3) e a do sexo masculino (S4) tem o português como língua materna, e não possuem uma segunda língua. O indivíduo S3 encontra-se no 3º ano do ensino fundamental e o S4 no 4º ano do ensino fundamental. Realizou-se avaliação das habilidades de consciência sintática por meio do protocolo de Prova de Consciência Sintática e nível e compreensão de leitura pela Avaliação da Compreensão Leitora de Textos Expositivos.
RESULTADOS: Na prova de Consciência Sintática, de um total de 55 pontos, S1 obteve 51 pontos; S2 obteve 54; S3 obteve 51 e; S4, 35 pontos. Assim, uma criança bilíngue (S2) apresentou melhor desempenho que as monolíngues, outra bilíngue (S1) o mesmo desempenho que uma monolíngue (S3) e melhor que a outra (S4). Com relação ao nível de leitura, observou-se que os monolíngues não realizaram a tarefa devido a grande dificuldade que possuíam para reconhecer letras. Já os bilíngues, encontram-se nos níveis ortográfico (S1) e alfabético da leitura (S2), respectivamente.
CONCLUSÃO: Apesar de o resultado apresentar vantagens das crianças com dislexia do desenvolvimento bilíngues, por esta pesquisa se tratar de um estudo de caso, ainda não se pode generalizar que tenham melhor desempenho para a leitura. Assim, sugere-se que novas pesquisas acerca desta temática sejam realizadas.

Foursha-Stevenson C, Nicoladis E. Early emergence of syntactic awareness and cross-linguistic influence in bilingual children’s judgments. International Journal of Bilingualism 2011;15(4):521-534

Megale AH. Bilinguismo e educação bilíngue – discutindo conceitos. ReVEL. 08,2005; 5(3).

Fávaro FM. A educação infantil bilíngue (português/inglês) na cidade de São Paulo e a formação dos profissionais da área: um estudo de caso. 2009. 199 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.

Butler YG, Hakuta K. Bilingualism and Second language Acquisition. In: Bhatia TK.; Ritchie W.C. The Handbook of Bilingualism. United Kingdom: Blackwell Publishing, 2004.

Jasińska KK, Petitto LA. Age of Bilingual Exposure Is Related to the Contribution of Phonological and Semantic Knowledge to Successful Reading Development. Child Dev. 2018; 89(1):310-331.

Hickmann G, Guimarães S, Hickmann A. Aprendizado bilíngue e linguagem escrita: desenvolvimento de habilidades metalinguísticas. Cad. Pes., 2017; 24(2):156-69.

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Capovilla FC, Capovilla AGS. Prova de Consciência Sintática (PCS). São Paulo: Memnon, 2009.

Saraiva RA, Moojen SMP, Munarski R. Avaliação da Compreensão Leitora de Textos Expositivos. São Paulo: Pearson, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
313
CONSEQUÊNCIAS DO FRÊNULO LINGUAL ALTERADO EM CRIANÇAS: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A língua é um órgão que participa de importantes funções na cavidade oral, como a sucção, a deglutição, a mastigação e a fala. Durante o desenvolvimento embrionário células do freio lingual sofrem apoptose fazendo-o com que se retrai para longe de seu ápice, formando uma prega fibromucosa, chamada frênulo, quando não ocorre a apoptose completa do frênulo, o tecido residual pode comprometer a mobilidade lingual e, consequentemente, as funções orais, podendo levar à anquiloglossia, vulgarmente conhecida como língua-presa, é uma anomalia congênita incomum, mas não rara caracterizada por um freio lingual curto e grosso, resultando em limitações nos movimentos da língua. Objetivo: Apontar as consequências do frênulo lingual alterado em crianças. Metodologia: Trata-se de uma revisão da literatura, realizada no mês de janeiro de 2020, através da seguinte pergunta norteadora: Quais as alterações podem ser encontradas em indivíduos com anquiloglossia? A busca eletrônica ocorreu nas bases MEDLINE/PubMed, BVS, LILACS e SciELO com os descritores, “crianças”, “anquiloglossia” e “fonoaudiologia” e seus equivalentes em inglês e espanhol. Foram adotados como critérios de exclusão: relato de caso, revisão sistemática ou integrativa de literatura, avaliações de protocolo. E como critérios de inclusão artigos que relacionassem a alteração a anquiloglossia e não a outro fator, doença ou disfunção. Resultados: Resultou inicialmente em 30 resultados de trabalhos publicados entre janeiro de 2000 e julho de 2019. Após consultados os critérios restaram 5 artigos publicados entre setembro de 2009 e fevereiro de 2017, dentre eles estão estudos longitudinais e transversais selecionados para a leitura completa. Neles constavam como consequências do frênulo lingual alterado: as alterações de mobilidade da língua, tônus de língua diminuído, língua baixa na cavidade oral durante a produção articulatória, problemas de articulação, alterações fonéticas da fala, como distorção e articulação trancada, maior dificuldade nos movimentos realizados com a língua; modificações no modo de trituração dos alimentos e mais atipias da musculatura perioral durante a mastigação, sucção alterada. Conclusão: Foi verificado que crianças que apresentam a anquiloglossia podem desenvolver diversas consequências que influenciam significativamente no seu desenvolvimento. A privação da movimentação lingual pode comprometer as funções de sucção, mastigação, deglutição, fala e levar ao desmame precoce, o que justifica a realização da avaliação do frênulo no sentido da intervenção precoce favorecendo a amamentação e o desenvolvimento da fala. Dentre os artigos revisados, foi observado que nenhum buscar analisar o paciente em todos esses aspectos citados anteriormente, ou seja, falta na literatura, pesquisas que observam o desenvolvimento do paciente integrando essas consequências.

Suzart DD, Carvalho ARR. Alterações de fala relacionadas às alterações do frênulo lingual em escolares. Rev CEFAC. 2016; 18(6): 1332–1339.
Marcione ESS, Coelho FG, Souza CB, França ECL. Classificação anatômica do frênulo lingual de bebês. RevCEFAC. 2016; 18(5): 1042–1049.
Silva MC, Costa MLVCM, Nemr K, Marchesan, IQ. Frênulo de língua alterado e interferência na mastigação. Rev CEFAC. 2009; 11(suppl 3): 363–369.
Fujinaga CI, Chaves JC, Karkow IK, Klossowski DG, Silva FR, Rodrigues AH. Frênulo lingual e aleitamento materno: estudo descritivo. Aud – Communic Res. 2017; 22(0).
Braga LAS, Silva J, Pantuzzo CL, Motta AR. Prevalência de alteração no frênulo lingual e suas implicações na fala de escolares. Rev CEFAC. 2009; 11(suppl 3): 378–390.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1188
CONSEQUÊNCIAS NEFASTAS DO USO DO TABACO NA GESTAÇÃO: DELINEAMENTO DE ASSOCIAÇÕES
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução:
O tabagismo é uma grande ameaça à saúde pública1, sendo uma das maiores causas de doenças e óbitos no mundo. Quando consumido durante a gestação, o cigarro desencadeia prejuízos que vão além da saúde materna2, podendo trazer consequências para o bebê, seja no período pré, peri ou pós-natal. Mesmo que a mãe não fume ou cesse o hábito durante este período, o fumo passivo, por meio da convivência contínua com outros fumantes, pode causar os mesmos prejuízos3,4. As principais alterações verificadas nos bebês de mães fumantes são prematuridade e baixo peso ao nascer1,5. Tais características, comprovadamente advindas do poder tóxico das substâncias contidas no cigarro, também podem ser fatores agravantes para outras comorbidades6. Do ponto de vista fonoaudiológico, bebês de mães fumantes estão mais propensos a desenvolverem fissura lábio-palatina7,8, dificuldade no aleitamento materno9, perdas auditivas1 e alterações funcionais respiratórias10.

Objetivo:
Verificar a prevalência do uso de tabaco tanto de forma ativa como passiva em gestantes e sua associação com intercorrências pré, peri e pós relatadas pelas informantes.

Metodologia:
Pesquisa transversal com coleta de dados em sala de espera de uma Unidade Básica de Saúde, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem sob número 4.030.937. A obtenção dos dados se deu por meio da realização de um questionário que tinha por objetivo traçar o perfil tabágico da população atendida no local, como diagnóstico para realização de ações de extensão junto à comunidade. Dentre as perguntas dirigidas às usuárias, encontravam-se as de cunho gestacional, que abordavam informações sobre quantidade de gestações, dados antropométricos e de saúde do bebê ao nascimento, intercorrências pré, peri e pós natais e a ocorrência de fumo ativo/passivo durante a gestação e/ou a amamentação.

Resultados:
Foram entrevistadas 35 mulheres, sendo que 14 (40%) declararam fumar no momento da entrevista, 5 (14%) já fumaram e 7 (20%) eram fumantes passivas. 32 (91%) mulheres disseram já ter engravidado, sendo 19 (59%) delas fumantes ativas e/ou passivas. Destas, 13 (68%) declararam estar em uma destas condições durante o período gestacional. Quanto às intercorrências pré, peri e pós-natais, das mulheres que declararam ser fumantes ativas e/ou passivas durante a gestação, 3 relataram intercorrências gestacionais (baixa de plaquetas, diabetes gestacional e dor); 3 relataram prematuridade; 2 relataram baixo peso do bebê ao nascer; e 3 relataram intercorrências da criança ao nascimento. Observou-se alta prevalência de fumo ativo/passivo nas mulheres entrevistadas. Já nas gestantes, verificou-se associação (46%) entre intercorrências pré, peri e pós-natais e a exposição ao fumo no período gestacional.

Conclusão:
É de vital importância a prevenção do fumo ativo/passivo, principalmente por gestantes, a fim de minimizar problemas de saúde nesta população e em seus bebês. Para que isto ocorra, é necessário que os profissionais de saúde mantenham-se treinados em relação ao combate do tabagismo, promovendo, dessa forma, a cessação de maneira espontânea e consciente.

1. Dos Reis, Marcela Aparecida, Pamela Rodrigues da Cunha, and Tainine Ferreira Garcia. "Consequências patológicas para os recém-nascidos advindos de gestantes tabagistas." Enfermagem Brasil 15.5 (2016): 267-272.

2. Leopércio Waldir, Gigliotti Analice. Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação: uma revisão crítica. J. bras. pneumol. [Internet]. 2004 Apr [cited 2020 July 04] ; 30( 2 ): 176-185. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132004000200016&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1806-37132004000200016.

3. Kalayasiri R, Supcharoen W, Ouiyanukoon P. Association between secondhand smoke exposure and quality of life in pregnant women and postpartum women and the consequences on the newborns. Qual Life Res. 2018 Apr;27(4):905-912. doi: 10.1007/s11136-018-1783-x. Epub 2018 Jan 11. PMID: 29327094; PMCID: PMC5876127.

4. Bertani André Luís, Garcia Thais, Tanni Suzana Erico, Godoy Irma. Preventing smoking during pregnancy: the importance of maternal knowledge of the health hazards and of the treatment options available. J. bras. pneumol. [Internet]. 2015 Apr [cited 2020 July 10] ; 41( 2 ): 175-181. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132015000200175&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1806-37132015000004482.

5. Lucchese Roselma, Paranhos David Lemos, Netto Natália Santana, Vera Ivânia, Silva Graciele Cristina. Fatores associados ao uso nocivo do tabaco durante a gestação. Acta paul. enferm. [Internet]. 2016 June [cited 2020 July 09] ; 29( 3 ): 325-331. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002016000300325&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-0194201600045.

6. Wilcox AJ. Birth weight and perinatal mortality: the effect of maternal smoking. Am J Epidemiol. 1993 May 15;137(10):1098-104. doi: 10.1093/oxfordjournals.aje.a116613. PMID: 8317439.

7. Martelli Daniella Reis Barbosa, Coletta Ricardo D., Oliveira Eduardo A., Swerts Mário Sérgio Oliveira, Rodrigues Laíse A. Mendes, Oliveira Maria Christina et al . Associação entre tabagismo materno, gênero e fendas labiopalatinas. Braz. j. otorhinolaryngol. [Internet]. 2015 Oct [cited 2020 July 09] ; 81( 5 ): 514-519. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942015000500514&lng=en. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2015.07.011.

8. Loffredo, L. D. C. M., Souza, J. M. P. D., Freitas, J. A. D. S., & Simões, M. J. S. (2013). Fissura oral e tabagismo. Revista de Odontologia da UNESP, 23(2), 333-337.

9. Machado, J. B., and Maria Helena Itaqui Lopes. "Abordagem do tabagismo na gestação." Sci Med 19.2 (2009): 75-80.

10. Stevani, E. S., Schuertz, K. F., Paim, M. B., Zahra, N. M., & Vaz, R. S. GESTANTES: AS CONSEQUÊNCIAS DO USO DO TABACO PARA O FETO.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1927
CONSTRUÇÃO DA LISTA DE PALAVRAS PARA CRIAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA ESCRITA DE APRENDIZES SURDOS
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO. Para a construção de instrumentos voltados à avaliação de palavras pode-se recorrer a bancos de palavras já validadas ou criar uma lista, considerando como variáveis psicolinguísticas a frequência e extensão. A regularidade da palavra e o público alvo também devem compor as variáveis. Na teoria do processamento da dupla rota, a via fonológica parte da premissa de sujeitos que dominam a língua oral. Para fins deste estudo, a extensão será o critério analisado. Entende-se por extensão da palavra a quantidade de segmentos linguísticos orais (fonemas) ou escritos (grafemas) de uma dada língua. O modelo mais adotado de análise da extensão das palavras nas línguas alfabéticas é o da segmentação silábica. A literatura classifica como curta extensão, as palavras com até duas sílabas e, de longa extensão, palavras com três ou mais sílabas. Contudo, para as pessoas surdas usuárias da língua de sinais, a referência da segmentação sonora, torna-se um elemento de conflito na construção de um banco de palavras, dada a sua rota de processamento ser realizada visualmente.
OBJETIVO. Descrever um modelo de análise de extensão de palavras para fins de elaboração de banco de dados para pessoas surdas usuárias da Língua Brasileira de Sinais.
MÉTODO. Estudo do tipo validação de instrumento, aprovado pelo CEP Nº 294/09. Para construção e validação de um instrumento de avaliação do português escrito percorreram-se diferentes etapas. Como recorte metodológico, será abordado a variável extensão. Assim, a quantidade de letras foi um dos critérios adotados para a análise das 64 palavras do estudo e comparando-as à extensão silábica. Considerando a extensão das palavras mais frequentes no português brasileiro, elaborou-se o seguinte critério: de 1 a 4 letras (pequena=P); de 5 a 7 letras (média=M); igual ou maior que 8 letras (grande=G). Na etapa de validação do construto, restaram 32 itens lexicais, analisados quanto a extensão e frequência. Para tanto, foram aplicadas as estatísticas descritivas para verificação da média, desvio padrão e alfa de Cronbach.
RESULTADO. Todas as monossílabas foram classificadas como pequena extensão silábica. As palavras PÃO/OVO (monossílaba/dissílaba) são classificadas como pequenas. Já AÇÚCAR/MACARRÃO (trissílabas), classificam-se como média e grande extensão. Em OVO/FRALDA (monossílaba/dissílaba), o processamento por rota visual é bem distinto, quando há três letras, classificam-se como pequena e média extensão. Verificou-se que, no conjunto dos itens classificados por quartis, as palavras de pequena extensão (terceiro e quarto quartis) pertenciam aos grupos de menor grau de dificuldade. O alfa global de Cronbach para análise da consistência interna dos dados da amostra foi considerado satisfatório (α=0, 943).
CONCLUSÃO. Em um estudo com pessoas surdas, no qual se adote como referência a quantidade de sílabas, o grau de complexidade estará relacionado ao aspecto sonoro das palavras investigadas. Ao passo que, ao se considerar a extensão em quantidade de letras das palavras, o grau de complexidade irá variar pela ordem da visualidade, ou seja, menos letras, mais fácil o processamento visual. Contudo, não se descarta as exceções, considerando a frequência das palavras.

RAPCSAK, Steven Z.; HENRY, Maya L.; TEAGUE, Sommer L.; CARNAHAN, Susan
D.; BEESON, Pélagie M. Do Dual-Route Models Accurately Predict Reading and
Spelling Performance in Individuals with Acquired Alexia and Agraphia?
Neuropsychologia. June 18; 45(11): 2007, p. 2519–2524.
RAYMUNDO, Valéria P. Construção e validação de instrumentos: um desafio para a
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SIM-SIM, Inês; VIANA, Fernanda L. Para a Avaliação do Desempenho da Leitura.
Lisboa - PT: Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE), 2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
842
CONSTRUÇÃO DE ATIVIDADES DIGITAIS PARA EXTENSÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DISCENTE
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: o advento da tecnologia influencia o modo de vida dos indivíduos, reflexo dessa realidade, são os atuais adultos jovens, chamados de geração Y ou geração polegar1. O uso contínuo dos aparelhos móveis instigou pesquisadores a vincularem a tecnologia ao ensino, de maneira a estimular a aprendizagem dessa geração e torná-la cada vez mais atrativa2. Neste sentido, foi criado um projeto de extensão cujo objetivo é elaborar atividades digitais interativas em voz, voltadas para o ensino de graduação em Fonoaudiologia e para orientação vocal da população geral. Objetivo: relatar a experiência de discentes de Fonoaudiologia na elaboração de atividades digitais para a área da voz. Método: o projeto de extensão é composto por 2 bolsistas e 3 voluntários. As ações do projeto são desenvolvidas de forma presencial e remota. Nas reuniões são debatidos temas da área de voz e como transformá-los em atividades e informações atrativas, que possam complementar e trazer conhecimento e_learning e m_health para a área. Os discentes utilizam softwares variados para criação dos materiais. Os produtos são voltados para alunos de graduação em Fonoaudiologia, pacientes em fonoterapia, profissionais da voz e comunidade em geral. Resultados: as ferramentas criadas em 2020 foram incorporadas ao site oficial do projeto de extensão e estão disponíveis gratuitamente. Os discentes desenvolveram, até o momento, um quiz sobre a saúde vocal com 3 níveis de dificuldade e destinado à população geral, no site GoConqr. Elaboraram um jogo sobre as lesões organofuncionais, programado utilizando as linguagens HTML, CSS e JavaScript e um jogo de Caça-palavras sobre disfonias organofuncionais, no Microsoft PowerPoint. Atualmente os discentes estão organizando um banco de questões em forma de quiz com todas as questões de Fonoaudiologia da área de voz presentes nas provas do ENADE de 2004 à 2019. Conclusão: o projeto estimula os alunos no processo de aprendizagem, estimula habilidades criativas, senso estético, análise crítica, autonomia e melhor assimilação do conteúdo da voz. Os temas abordados complementam o ensino da voz e divulgam a promoção da saúde vocal para a sociedade em geral, por meio de uma linguagem acessível e com ferramentas interativas. Os discentes do projeto são motivados para uma prática fonoaudiológica abrangente e preocupada com a disseminação de informações confiáveis para a população, efetivando seu compromisso social com o ensino e a saúde da voz.

1.Fonseca de Oliveira AR, De Menezes Alencar MS. O uso de aplicativos de saúde para dispositivos móveis como fontes de informação e educação em saúde. RDBCI Rev Digit Bibliotecon e Ciência da Informação. 2017;15(1):234.
2.Vignoli RG, Bortolin S. A biblioteca escolar e as mediações com a geração polegar. Bibl Esc em R. 2014;2(2):45–59.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1350
CONSTRUÇÃO DE UMA CARTILHA INFANTIL PARA OS ATENDIMENTOS FONOAUDIOLÓGICOS E ODONTOLÓGICOS EM TEMPOS DE COVID-19
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Com a chegada do coronavírus ao país, a rotina de todos foi modificada. No cenário atual, com a suspensão de aulas presenciais e a adoção de medidas de isolamento social, pode-se gerar insegurança e ansiedade nas crianças por medo do desconhecido. Além disso, a nova paramentação necessária para os atendimentos Fonoaudiológicos e Odontológicos distância esses profissionais do público infantil, já que a face do profissional fica praticamente coberta. Dessa forma, percebeu-se a necessidade de elaboração de um material que auxilie os responsáveis a esclarecer esse retorno aos atendimentos às crianças, no formato de uma cartilha digital lúdica e informativa. Objetivo: Elaborar uma cartilha digital voltada ao público infanto-juvenil, apresentando os novos Equipamentos de proteção individual (EPIs) dos profissionais da saúde, a fim de reduzir o medo do desconhecido, e explicando o porquê dessa necessidade de maior proteção através de uma leitura lúdica e sensível a esse momento de pandemia. Método: Entre maio e julho de 2020, os componentes de um programa de extensão que conta com alunos de graduação e professores vinculados aos cursos de Desenho Industrial, Fonoaudiologia e Odontologia da instituição, realizaram encontros semanais de forma online para o desenvolvimento da cartilha, tanto o roteiro como a parte gráfica. Sua elaboração conta com duas versões da mesma história, uma com o enredo do personagem principal indo ao consultório Fonoaudiológico e outro com mesmo indo ao consultório Odontológico. Sua distribuição foi pensada para as mídias digitais no momento de marcação da consulta, para possibilitar esse primeiro contato com a nova paramentação, deixando de ser totalmente desconhecida e pensando nas questões de biossegurança necessárias. Resultados: Com linguagem acessível, às crianças e seus responsáveis acompanharão a história de Miguel, um menino de seis anos, que está inseguro para ir ao atendimento Fonoaudiológico e Odontológico devido o cenário atual. No decorrer dessa história, é apresentado ao leitor os novos EPIs destes profissionais, tanto para a sua própria segurança como com a dos pacientes, fazendo com que Miguel imagine ele como um astronauta coberto dos pés a cabeça. O material contém também orientações aos responsáveis de como proceder antes, durante e após o atendimento para minimizar a possibilidade de contaminação pelo novo coronavírus. Conclusão: Com isso, espera-se que a cartilha auxilie a desmistificar e sanar possíveis dúvidas quanto ao retorno destes atendimentos às crianças e seus responsáveis. Já que orientações adequadas sobre o novo coronavírus são essenciais para proteger toda a população.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
354
CONTO DE CORDEL: PROMOVENDO O CONHECIMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON
Relato de experiência
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A Doença de Parkinson (DP), é uma doença neurodegenerativa que atinge os neurônios dopaminérgicos. A diminuição do neurotransmissor dopamina, afeta o movimento, ocasionando tremores, desequilíbrio, rigidez muscular e lentidão dos movimentos, além de comprometimentos cognitivos e emocionais. É uma patologia que requer atuação multiprofissional no seu tratamento, sendo necessária a disseminação de informações para os que convivem com a doença, seus cuidadores e os profissionais da saúde envolvidos na reabilitação. Para tornar o conhecimento sobre essa doença mais acessível foi confeccionado um manual de orientações, publicado em formato de e-book por um programa de extensão. Este foi elaborado com ilustrações e textos sucintos, favorecendo, assim, seu uso no cotidiano. OBJETIVO: Descrever o processo de criação de um cordel na temática da Doença de Parkinson pelos discentes e docentes da graduação em Fonoaudiologia. MÉTODO: Trata-se de um estudo qualitativo do tipo relato de experiência, desenvolvido por extensionistas e docentes do curso de Fonoaudiologia. A criação do material passou pelas seguintes etapas: 1. análise das informações contidas no Manual de orientações; 2. coleta de material teórico complementar das outras áreas da saúde; 3. seleção das informações básicas e primordiais de cada área; 4. construção do texto escrito; 5. adequação para a linguagem de cordel. O vocabulário regional e ilustrações características foram escolhidos para estruturar o corpo do trabalho, formando assim o material: Do Parkinson ao saber: qualidade de vida em conto de Cordel, no formato de literatura popular. RESULTADO: Finalizado o material, o cordel sugere ainda uma maior divulgação do Manual do programa de extensão. Bem como, à posteriori, uma avaliação do produto pelo público alvo, isto é, pessoas com DP, familiares e/ou acompanhantes, para validar a efetividade do formato como meio de divulgação e conhecimento. CONCLUSÃO: A elaboração do produto proporcionou aos estudantes uma ampliação do conhecimento sobre a Doença de Parkinson, tendo em vista a contribuição das outras áreas da saúde. Ao mesmo tempo que aumentou o arcabouço de recursos para conscientização e instrução dos pacientes, por meio da literatura de cordel como ferramenta socioeducativa. Dessa forma, o conteúdo proposto pretende atingir, não apenas os pacientes e cuidadores, mas profissionais de saúde em suas práticas clínicas, além da população em geral, que podem ter acesso a um conteúdo prático sobre a doença.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
968
CONTRIBUIÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO PET INTERPROFISSIONALIDADE - CRIAÇÃO DE GRUPOS NA UBS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O projeto PET Saúde Interprofissionalidade que é desenvolvido na universidade conta com nove cursos: Enfermagem, Farmácia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Psicologia, Nutrição, Odontologia, Fisioterapia e Medicina. E ações em cinco Unidade Básica de Saúde (UBS) resultando em cinco grupos tutoriais. Em nosso grupo tutorial as estudantes propuseram a criação de um Grupo de Prevenção e Promoção à Saúde. Após realização de diagnóstico territorial, reuniões de tutoria com preceptores e tutores. Os encontros versavam sobre os conceitos de: Educação Popular em Saúde; Promoção à Saúde; Interprofissionalidade; Apoio Matricial; Práticas Integrativas e Complementares. Objetivo: 1) ampliar as possibilidades e ferramentas de cuidado às pessoas com diabetes e hipertensão; 2) possibilitar a criação de vínculos entre os usuários, bem como entre usuários, estudantes e profissionais de saúde da UBS; 3) promover um cuidado que dialogue com a realidade do usuário; 4) intervir a partir de uma abordagem multifocal e interprofissional, por meio de um grupo de construção compartilhada e, 5) criar uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica. Método: Trata-se de um Relato de Experiência sobre a realização do Grupo de Prevenção e Promoção à Saúde onde foram convidados cerca de 10 usuários, seguindo os critérios de inclusão de terem diabetes e/ou hipertensão, idade mínima de 40 anos; disponibilidade para ir à UBS às sextas das 14h às 16h. Os convites aos usuários foram feitos a partir de ligações telefônicas, realizadas pelas estudantes do PET-EIP. Cada um dos encontros foi coordenado por uma estudante diferente, mas co-coordenado por todas. Ao final de cada encontro eram realizadas reuniões de avaliação para discutir as principais questões e demandas do grupo. Resultados: Foram realizados seis encontros, de uma à duas vezes ao mês, com as seguintes temáticas: apresentação do grupo; rotina alimentar; organização dos medicamentos; práticas de atividades físicas; alimentação saudável - construção de mini horta em conjunto a produção de temperos - confecção de sal aromático. Em todos os encontros houve intensa troca de conhecimento entre as estudantes e os usuários, que juntos conseguiram propor cuidados condizentes com os contextos dos envolvidos, articulando os diversos saberes presentes. Neste processo de compartilhamento, as acadêmicas de Fonoaudiologia puderam contribuir com suas visões objetivas sobre: comunicação, memória, comportamento, fala, voz, respiração, deglutição e saúde oral dos participantes, em direção a integralidade da atenção à saúde. As estudantes de Fonoaudiologia puderam vivenciar a ação de uma equipe interprofissional. Vale destacar que a presença dos usuários variou levando a equipe a reorganizar as atividades. No entanto, percebeu-se que estava sendo criada uma identidade grupal, que infelizmente, foi interrompida pela pandemia. Conclusão: Verificou-se que, a partir de práticas interprofissionais, pautadas numa lógica colaborativa, dialógica e centrada no sujeito, foi possível romper com a fragmentação do processo de trabalho em saúde e, consequentemente, ampliar a promoção à saúde e diminuir a exposição dos usuários a intervenções com baixa capacidade resolutiva, que pouco consideram o contexto de vida e as complexas necessidades de saúde do sujeito.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. II Caderno de educação popular em saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Parti- cipativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014​

BRASIL. Ministério da Saúde, 2019. Praticas integrativas e Complementares. Disponível em: . Acesso 15 de Jan. de 2020. ​

CZERESNIA, Dina. The concept of health and the difference between prevention and promotion. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 15, n. 4, p. 701-709, Oct. 1999 . Available from . access on 07 Feb. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X1999000400004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
941
CONTRIBUIÇÃO DOS BIOMARCADORES QUANTO À AVALIAÇÃO DA SAÚDE AUDITIVA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O biomarcador é uma base estimável da presença e/ou relevância de algumas condições e/ou alterações do estado de saúde, e caracterizam-se por moléculas, enzimas, proteínas, células típicas, tecidos, genes e/ou hormônios, dentre outros. E, classificam-se em: fisiológicos; físicos; histológicos; anatómicos e bioquímicos1,2. No campo da fonoaudiologia e mais especificamente na área de audiologia, o estudo de medidas de controle, diagnóstico e prognóstico das perdas auditivas tem despontado como um importante campo de estudo, onde a inserção de novas modalidades diagnósticas como a análise de biomarcadores pode configurar como um importante parâmetro para identificação precoce e/ou manejo das patologias, corroborando consequentemente para promoção da saúde auditiva3-5.
OBJETIVO: Sistematizar através da revisão de literatura a existência e utilização, aplicabilidades e contribuição dos biomarcadores na saúde auditiva.
MÉTODO: A pesquisa foi conduzida em três bases de dados eletrônicas (PubMed, ScienceDirect e Periódicos CAPES). A estratégia de busca, seleção e avaliação dos artigos foi conduzida de acordo com as diretrizes do PRISMA e utilizada a seguinte pergunta condutora de acordo com a estratégia PICo para pesquisas não clínicas: Quais são os biomarcadores relacionados a audiologia e perda auditiva? Foram considerados descritores os termos:
“Biomarcadores”, “perda auditiva”, “Fonoaudiologia” e “Surdez”, combinados entre si por meio do operador booleano “AND”. Foram incluídos artigos publicados nos últimos dez anos, incluindo estudos observacionais, coorte e caso controle, transversais, assim como ensaios clínicos que descrevessem o uso e/ou aplicações dos biomarcadores para diagnóstico e/ou análise da cronificação/estadiamento das patologias auditivas. Foram excluídos estudos revisões narrativas, sistemáticas, cartas; editoriais; comentários e relatos de casos.
RESULTADOS: Dos 15 artigos localizados e incluídos inicialmente na fase de análise do título e resumo, dez foram incialmente incluídos para análise do texto completo. Destes apenas três preencheram todos os critérios de inclusão. Dos resultados foi possível verificar todos eram estudos observacionais. Quanto ao objeto de estudo observou-se que os estudos envolviam a avaliação de biomarcadores para perda auditiva, surdez e zumbido. Quanto a classificação do biomarcador, houve predomínio de biomarcadores anatômicos. Quanto a utilização dos biomarcadores, verificou-se em todos os estudos que estes foram utilizados para avaliar sua aplicabilidade como parâmetro voltado ao diagnóstico precoce ou fator de risco a saúde auditiva.
CONCLUSÕES: Com base no que foi abordado a respeito da contribuição dos biomarcadores quanto à avaliação da saúde auditiva, pôde-se demonstrar a abrangência dos tipos de biomarcadores associados às respectivas especificações. Entretanto, nem todas as descrições estudadas, nos trabalhos desenvolvidos, apresentaram favorecimento significativo à área auditiva, como foram os casos da Aldosterona, IGF1 e BDNF. Por fim verificou-se que os biomarcadores analisados constituíram um importante parâmetro para proteção e/ou redução do risco de perda auditiva, porém pesquisas futuras ainda são extremamente necessárias, com vistas ao estabelecimento das principais aplicabilidades dos biomarcadores na saúde auditiva.




1. Califf RM. Biomarker definitions and their applications. Experimental Biology and Medicine,2018;243(3):213-21.

2. Düzenli U, et al., A retrospective analysis of haemotologic parameters in patients with bilateral tinnitus. Eastern Journal of Medicine,2018;23(4):264-68.

3. Miranda VS et al., Evidence-based speech therapy: the role of systematic revisions. Revista CoDAS, 2019;31(2)1-2.

4. Paluch P et al., Early general development and central auditory system maturation in children with cochlear implants-a case series. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology,2019;126:1-12.

5. Paulsen AJ et al., Neuroprotective factors and incident hearing impairment in the epidemiology of hearing loss study. The Laryngoscope,2019;129(9):2178-83.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
303
CONTRIBUIÇÕES DA FONOAUDIOLOGIA NA INTERDISCIPLINARIDADE DO ATENDIMENTO DOMICILIAR AO IDOSO DURANTE A COVID-19 NO MUNICÍPIO DE MACAÉ
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


1. INTRODUÇÃO
O Brasil possui mais de 28 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando 13% da população, sendo considerados idosos de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Segundo dados publicados pelo IBGE em 2018, esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas. Considerando tal perfil demográfico, faz-se necessário olhar atento para a saúde do idoso, proporcionando melhor qualidade de vida e assistência as necessidades nessa fase da vida. O atendimento domiciliar por equipes multidisciplinares tem o objetivo de oferecer cuidados a saúde do paciente na residência e destina-se ao suporte terapêutico. O fonoaudiólogo é integrante da equipe e contribuinte para melhorar o amplo espectro de distúrbios de comunicação e deglutição. Durante a pandemia da COVID-19 fez-se necessário adaptações para a continuidade dos atendimentos fonoaudiológicos domiciliares, priorizando bem estar com segurança para os pacientes e familiares, principalmente com os pacientes disfágicos devido ao risco de internação.
2. OBJETIVO
Relatar a atuação de uma fonoaudióloga em equipe multidisciplinar no atendimento do idoso durante a pandemia da COVID-19 no município de Macaé no Estado do Rio de Janeiro.
3. MÉTODO
Fundamenta-se em um relato de experiência de uma fonoaudióloga atuante no serviço de assistência domiciliar privado no município de Macaé no estado do Rio de Janeiro. O serviço de assistência domiciliar consiste em consultas presenciais de diferentes profissionais de saúde. A equipe é composta por fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e médicos. Os pacientes assistidos são avaliados individualmente por cada profissional e recebem os serviços conforme suas manifestações patológicas e comorbidades. A regularidade escolhida para as visitas ocorre conforme as avaliações realizadas por cada profissional, incluindo o serviço de fonoaudiologia, sendo realizado o Plano Terapêutico Singular (PTS) para cada paciente.
4. RESULTADOS
Com o novo cenário de fundamentais restrições e isolamento social, foi possível vivenciar mudanças durante os atendimentos domiciliares aos idosos, desde o manejo dos pacientes até a biossegurança dos profissionais. Para a fonoaudióloga atuante fez-se necessário, junto aos familiares e demais profissionais, adaptações quanto a quantidade de visitas semanais a residência, revisada no PTS, com a finalidade da continuidade dos atendimentos. A profissional realizou orientações aos familiares quanto a pandemia, esclarecendo dúvidas e concedendo informações sobre o novo Coronavírus SARS-CoV-2. Durante as visitas iniciais foi realizada a apresentação dos equipamentos de biossegurança utilizados pela profissional, bem como as mudanças no manejo dos pacientes e materiais utilizados como estetoscópio e oxímetro. Durante todo período a qualidade dos atendimentos e humanização com segurança foram priorizados.
5. CONCLUSÃO
O fonoaudiólogo vem contribuindo intimamente com a equipe multidisciplinar, a fim de aumentar a qualidade de vida dos idosos. Com a adoção de medidas preventivas adotadas para o atendimento domiciliar, foi possível manter o cuidado dos pacientes, evitando possíveis internações dos idosos no futuro em razão de agravamento do estado de saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1100
CONTRIBUIÇÕES DA TELEFONOAUDIOLOGIA NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DE FONOAUDIÓLOGOS DA REDE PÚBLICA HOSPITALAR EM PERNAMBUCO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A educação permanente em saúde desponta na atualidade com objetivo disseminar as melhores práticas e com isto corroborar no processo de atenção e cuidado integral1,2.Na Fonoaudiologia o aprimoramento profissional constitui uma prática recente, sobretudo em seguimentos onde as ações do fonoaudiólogo demandam maiores esforços, como no atendimento em âmbito hospitalar3. Da mesma forma o uso das tecnologias da informação e comunicação pelos profissionais da saúde da comunicação humana ainda precisa ser ampliado principalmente no tocante ao uso de dispositivos tecnológicos que possam subsidiar o processo de aperfeiçoamento do profissional em serviço.
OBJETIVO: descrever as principais contribuições das ações educativas de Telefonoaudiologia para o processo de educação permanente dos fonoaudiólogos que atuam na rede Hospitalar do Estado de Pernambuco.
MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo, desenvolvido em parceria com um Núcleo Telessaúde. O projeto recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 113359/2015). As ações educativas foram realizadas por docentes e profissionais da fonoaudiologia especialistas nas áreas de motricidade orofacial e disfagia. As sessões educativas foram produzidas e ofertadas ao público através de sessões de videoconferência e posteriormente disponibilizadas (em formato de vídeo) no ambiente virtual de aprendizagem do núcleo de telessaúde. A avaliação sobre as contribuições das ações no processo de educação permanente foi realizada mediante resposta a um questionário online respondido pelo profissional ao final do acesso a ação educativa. Os resultados foram analisados de forma descritiva a partir da análise das frequências percentuais e absolutas.
RESULTADOS: Nas quatro sessões realizadas com temas relacionados a disfagia em crianças e adultos e a deficiência auditiva, houve a participação de 23 fonoaudiólogos, com idade média de 40,9 anos e tempo de formação médio de 17 anos, todos atuavam em hospitais da rede pública estadual há pelo menos dois anos. Dos participantes, 50%, referiram que o projeto é uma ação extremamente relevante a sua formação profissional, o mesmo quantitativo, citou que os temas abordados nas sessões, são frequentemente encontrados em sua prática hospitalar. Do total, 75% referiram que os aprendizados foram muito importantes para sua dinâmica de trabalho. Cerca de 68,6% relataram sentir-se seguros para disseminar as práticas aprendidas. Por fim 100% referiram que a iniciativa e formato do projeto constitui uma importante estratégia para o processo de educação permanente e que o projeto deve continuar ou ser expandido englobando outros temas e áreas da fonoaudiologia hospitalar.
CONCLUSÃO: O fato de todos os participantes evidenciarem a relevância do projeto e expressarem a necessidade de sua continuidade, implica no entendimento de que o uso de tecnologias no processo de educação permanente, além de favorecer o diálogo entre profissionais à busca de novos conhecimentos, possibilita a construção de um espaço para integração dos hospitais na rede de atenção à saúde, pautados na articulação dos saberes das diversas realidades enfrentadas. Assim pode-se concluir que o projeto trouxe contribuições importantes no processo de educação permanente em saúde dos fonoaudiólogos contribuindo para disseminação das práticas relevantes ao trabalho em saúde da comunicação humana no âmbito hospitalar.

1 Carneiro E et al., Telessaúde: dispositivo de educação permanente em saúde. Rev Eletrônica Gestão e Saúde, 2013; 4(2):2365-87.
2 Diniz PRB et al.,Providing telehealth services to a public primary care network: the experience of RedeNUTES in Pernambuco, Brazil. Telemedicine and e-Health,2016;22(8):694-98.
3 Nascimento CMB, et al. Telefonoaudiologia como estratégia de educação permanente na atenção primária à saúde no Estado de Pernambuco. Rev. CEFAC [online],2017;19(3):371-380.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
973
CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO EM DOCÊNCIA EM AUDIOLOGIA NA FORMAÇÃO DO MESTRE EM SAÚDE DA COMUNICAÇÃO HUMANA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O estágio em docência constitui-se uma prática importante no processo de formação do mestre, pois além de preparar e capacitar professores para atenderem as demandas do ensino superior, aprimorando metodologias e práticas em sala de aula e consequentemente a qualidade do ensino oferecido nas universidades desde a pós-graduação. Nesse sentido, o estágio de docência possibilita ao futuro profissional vivenciar os desafios da docência, constituindo-se de experiência relevante na construção da profissão. A Fonoaudiologia pode agregar para que tanto docente como discente, sejam ativos e críticos no processo de ensino-aprendizagem, refletindo no âmbito profissional, científico e social que são indissociáveis.

Objetivo: Descrever a experiência de um estágio docência, descrevendo as vivências nas atividades propostas para o exercício docente na Formação do Mestre em Saúde da Comunicação Humana da UFPE, caracterizando vivências nas atividades propostas para o exercício docente na graduação em Fonoaudiologia no componente curricular de Audiologia.

Método: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, exploratória do tipo relato de experiência, realizado por um mestrando vinculado ao Programa de Pós-graduação em Saúde da Comunicação Humana durante a disciplina em Audiologia III, ministrada para Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco, no período de agosto a novembro de 2019. Os dados foram recuperados a partir da análise de um diário de campo, elaborado durante o desenvolvimento do estágio que teve duração de 15 aulas sendo três hora/aula, distribuídos em 30 e 15 horas teórica e práticas, para trazer a discussão sobre as limitações e potencialidade da experiência.

Descrição das ações desenvolvidas: As atividades de docência incluíram intervenções didáticas com estratégias metodológicas ativas, envolvendo dinâmicas, checklists/fichas resumos, exercícios apoio/fixação de conteúdo, leitura crítica, roda de conversa, resolução de perguntas-problemas sobre casos clínicos fictícios, estudos exploratório técnico, estudo de caso e dirigido, aula prática por meios informatizados, apresentações grupais, construção de planos de aula, participação em aulas teóricas, práticas e atividades avaliativas. Em todas as ações, o mestrando interviu de forma processual, sendo ainda responsável por ministrar uma aula expositiva e dialogada sob supervisão.

Resultados: Percebeu-se que o estágio em docência além de permitir melhor apropriação e associação entre teoria e prática audiológica, favoreceu a troca de experiências e conhecimentos entre alunos, professores e mestrando a respeito da Fonoaudiologia como um todo. No âmbito da formação de mestre, contribuiu para conhecer e praticar novas estratégias de ensino, bem como realizar diferentes reflexões sobre a prática docente-pedagógica na Fonoaudiologia, além de prover o olhar diferenciado e integrador sobre as práticas do ensino e possibilidades inserção fonoaudiológica.

Conclusão: O estágio em docência, a despeito da disciplina ministrada, contribui na formação do Mestre em Saúde da Comunicação Humana, visto que se consistiu uma experiência empírica enriquecedora que contribui na formação profissional docente, à medida que possibilitou: aperfeiçoamento profissional, apropriação de estratégias pedagógicas, consolidação de conceitos e vivência aos desafios inerentes à carreira docente.


ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Pessate. Estratégias de ensinagem. In: ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Pessate. (Orgs.). Processos de ensinagem na universidade. Pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 3. ed. Joinville: Univille, 2007

CHAMLIAN, H. C. Docência na universidade: professores inovadores na USP. Cadernos de pesquisa, n. 118, p. 41-64, 2003.

COSTA-FERREIRA et al. Reabilitação Auditiva: fundamentos e proposições para atuação no SUS. 1ed. Ribeirão Preto: Book Toy, 2017.

ROCHA-DE-OLIVEIRA, Sidinei; DELUCA, Gabriela. Aprender e ensinar: o dueto do estágio docente. Cadernos EBAPE. BR, v. 15, n. 4, p. 974-989, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1776
CONTRIBUIÇÕES DO PET SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE NA FORMAÇÃO DISCENTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A Educação Interprofissional é considerada uma estratégia potente para promover transformações na formação dos profissionais da saúde visando o trabalho colaborativo. Tal estratégia se opõe ao modelo educacional vigente na maiorias das instituições de educação assim como do modelo biomédico hegemônico fortemente presente nos serviços de saúde, em que ambos apresentam limitações para a garantia do cuidado integral ao ser humano a partir de um trabalho colaborativo entre os agentes cuidadores. Foi diante dessa problemática que surge o projeto PET SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE, visando a promoção de mudanças no ensino e uma maior integração ensino-serviço-comunidade numa perspectiva de favorecer a educação e o trabalho interprofissional. OBJETIVO: Descrever a experiência vivenciada por uma estudante integrante do projeto PET SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE do sétimo período do curso de fonoaudiologia. METODOLOGIA: O projeto é composto por profissionais de saúde que fazem parte da rede municipal de saúde da cidade de Natal, docentes e discentes dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Saúde Coletiva e Serviço Social divididos em 5 grupos tutoriais compostos por equipes interprofissionais. O projeto tem se realizado considerando os níveis da aprendizagem interprofissional e o primeiro ano do mesmo se concentrou nos níveis de aproximação e imersão dos petianos junto a temática da inteprofissionalidade. Para tanto foram realizados diversos eventos, como encontros, oficinais, reuniões por GTs com a finalidade de discutir aspectos teóricos conceituais e metodológicos da EIP, assim como as competências específicas dos profissionais, competências comuns e colaborativas. Foram utilizadas metodologias ativas para promover maior participação dos envolvidos através de estudos de caso, troca de experiências e construções de planos terapêuticos interprofissionais. RESULTADOS: O projeto proporcionou vivências e experiências interprofissionais que ainda não são contempladas nos componentes curriculares de todos os cursos de graduação, como na fonoaudiologia, que ainda possui um perfil fragmentado por especialidades, voltado para a atuação em clínicas. Ter conhecimento dos benefícios que a educação e atuação interprofissional proporciona para a formação, usuários e serviços de saúde, despertou o desejo de ser mais ativa e contribuir para reformulação e inserção de componentes curriculares de cunho interprofissional no meu curso. Atualmente a representação estudantil no colegiado do curso e no centro acadêmico, despontou como resultado do estímulo e reflexões advindas do projeto. Compreender e viver a interprofissionalidade na prática tem sido uma rica contribuição para o meu perfil profissional que ainda está em processo de construção. CONCLUSÃO: Por fim, pode-se afirmar que a inclusão de componentes curriculares obrigatórios, optativos e a inserção de discentes e docentes em projetos com práticas e discussões interprofissionais contribuem diretamente para formação e reformulação de um novo modelo de assistência e educação em saúde, proporcionando para os futuros gestores e profissionais da saúde a oportunidade de desenvolverem um perfil de atuação com base nas reais necessidades da população, humanizados e aptos para o trabalho colaborativo.

1.BATISTA NA. Educação interprofissional em Saúde: concepções e práticas. Caderno FNEPAS. 2012; 2(2): 25-8.

2.FERTONANI HP, PIRES DEP, BIFF D, SCHERER MDA. Modelo assistencial em saúde: conceitos e desafios para a atenção básica brasileira. Rev. Ciência & Saúde Coletiva, 2015; 20(6): 1869-1878.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1609
CONVERSANDO VIRTUALMENTE SOBRE AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM: ATENÇÃO E CUIDADO AO SURDO E SEUS FAMILIARES
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: A aquisição de linguagem da criança surda é motivo de grande inquietação e aflição por parte dos pais. O medo de que o filho não consiga se comunicar é um dos primeiros pensamentos que surgem a partir do diagnóstico e muitas vezes esse sentimento é oriundo da compreensão da surdez como falta. Informar sobre as diferentes possibilidades de ver o surdo contribui para escolhas conscientes por parte da família e para minimizar prejuízos pela privação de interação linguística que pode haver. Nesse sentido a atenção prestada a todos os envolvidos é muito importante para que seja possível sanar dúvidas quanto aos aspectos relacionados à este novo universo como também esclarecer sobre habilitação/reabilitação auditiva e diferentes possibilidades na aquisição de linguagem do filho surdo permitindo entendimento mais completo sobre a situação. O presente projeto de extensão atua no acolhimento e informação a familiares de crianças surdas e busca estar próximo a estas de forma a oferecer escuta atenta às dúvidas, angústias e anseios de cada pessoa, acreditando que o acesso a informação é a principal chave para o cuidado em saúde. Objetivo: Refletir sobre possibilidades de acompanhamento virtual no processo de aquisição de linguagem de crianças surdas acolhidas em projeto de extensão. Método: O projeto tem inúmeras frentes de ação e o acolhimento é feito de forma presencial e, também, virtualmente. Em face à pandemia enfrentada no ano de 2020 o contato, neste caso específico, vem acontecendo por vídeo-chamada, gravações de áudio, conversas com a família realizando esclarecimento sobre cursos de Libras, sugestão de brincadeiras, além do envio de vídeos com os sinais do cotidiano e orientações gerais. O canal de diálogo é aberto para sanar as questões que os familiares possam ter, bem como para ouvir seus medos, preocupações e desejos. Desse modo, apresentamos o relato de experiência de aluna extensionista no apoio à família de criança surda acolhida no projeto através de comunicação virtual sobre aquisição de linguagem. Resultados: Observamos que os pais se sentem mais seguros pelo fato de poder compartilhar suas questões baseadas na rotina da educação do filho oportunizado pela interação com a estudante extensionista. Identificamos que mesmo neste momento de distanciamento social e que as pessoas estão impossibilitadas de recorrerem presencialmente aos serviços, o contato virtual vem contribuir de forma significativa para evitar o silenciamento da família com o filho surdo mantendo a interação e promovendo espaço linguístico e lúdico facilitado para a criança. Dentre os aspectos que surgem no diálogo estão, desde dúvidas específicas sobre alguns sinais até como brincar com a criança em face a esta nova rotina e principalmente, na dificuldade em obter atendimentos específicos. Conclusão: O oferecimento de cuidado contínuo e acompanhamento do dia a dia das famílias ouvintes com filhos surdos realizado pelo projeto é importante para que possam ter um maior acesso à informação sobre este novo universo e, principalmente, sobre a aquisição de linguagem da criança surda rompendo muitas vezes a barreira provocada pelo medo do desconhecido devido a circunstância dada pelo diagnóstico.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
707
CORRELAÇÃO DE ACHADOS AUDIOLÓGICOS EM IDOSOS SAUDÁVEIS COM IDOSOS EM TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O envelhecimento caracteriza-se por um declínio funcional de órgãos e tecidos, sendo que as alterações fisiológicas podem potencializar o aparecimento das neoplasias, assim como de alterações no sistema auditivo (1). Diante deste acúmulo de fatores o sistema auditivo destes indivíduos torna-se mais vulnerável aos efeitos colaterais do tratamento antineoplásico (2). As substâncias utilizadas nos tratamentos podem afetar a audição de forma permanente causando a perda auditiva devido a ototoxicidade, que se caracteriza por uma alteração bilateral e simétrica acometendo inicialmente as frequências agudas e posteriormente as frequências graves (3). O cuidado da saúde auditiva e atuação do fonoaudiólogo no setor oncológico junto a equipe multiprofissional permite o rastreio precoce e prevenção em saúde por meio do monitoramento auditivo destes pacientes. OBJETIVO: Comparar os achados audiológicos dos idosos saudáveis e idosos em tratamento oncológico METODOLOGIA: O estudo foi aprovado pelo CEP nº 55351715.9.0000.5546. Participaram da pesquisa 74 indivíduos idosos divididos em dois grupos (G1 e G2). O grupo G1 foi composto por idosos saudáveis e o grupo G2 formado por idosos com diagnóstico de neoplasia em tratamento quimioterápico. Ambos realizaram anamnese, meatoscopia, audiometria tonal e vocal RESULTADOS: Na comparação dos grupos avaliados foi observado a presença de perda auditiva, assim como limiares auditivos dentro da normalidade sendo que foi possível observar porcentagem mais elevada de perda auditiva para o grupo em tratamento oncológico. Os achados elucidaram presença de perda auditiva nos dois grupos do tipo neurossensorial a partir da frequência de 3kHz, com quadro audiológico caraterístico de presbiacusia. Porém, na comparação dos grupos, verificou-se maior porcentagem 75,70% de perda auditiva para o G2, enquanto que G1 apresentou 67,60%, sendo que na comparação das frequências sob teste as de 1 e 6kHz apresentaram diferença estatisticamente significativa. Com relação aos sujeitos que apresentaram limiares auditivos normais nos dois grupos verificou-se limiares mais rebaixados para o G2, caracterizado por uma piora do limiar na frequência de 6kHz. CONCLUSÃO: Os idosos apresentam perda auditiva, sendo caracterizada por alteração neurossensorial, com piora dos achados audiológicos nas frequências de 1 e 6kHz na população oncológica. Desta forma, o monitoramento audiológico na população idosa com neoplasia é uma ferramenta que contribui para o diagnóstico precoce das alterações auditivas, possibilitando a estes um cuidado assistencial integral.

1- Diederichs C, Berger K, Bartels DB. The Measurement of Multiple Chronic Diseases--A Systematic Review on Existing Multimorbidity Indices. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2011;66:301-311.
2 Gygi B, Shafiro V. Auditory and cognitive effects of aging on perception of environmental sounds in natural auditory scenes. J Speech, Lang Hear Res. 2013;56(5):1373–1388.
3-Tropitzsch A, Arnold H, Bassiouni M et al. Assessing cisplatin-induced ototoxicity and otoprotection in whole organ culture of the mouse inner ear in simulated microgravity. Toxicol. Lett. 2014; 227:203–212


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1709
CORRELAÇÃO ENTRE O TEMPO DE FONAÇÃO E FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL EM PROFESSOR UNIVERSITÁRIO: RESULTADOS PRELIMINARES DE MONITORAMENTO DE VOZ.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: a voz é elemento indispensável na prática docente¹. Porém, condições precárias do ambiente e da organização do trabalho estão associadas a alterações vocais em professores², sendo uma ocupação de alto risco para o desenvolvimento de distúrbios da voz³. O desgaste da voz sob condições precárias ocupacionais corrobora para um adoecimento coletivo nessa categoria profissional4, também conhecido como distúrbio de voz relacionado ao trabalho (DVRT)5. Há pouca informação na literatura sobre o uso real da voz ao longo do dia. A partir dessa lacuna, foram desenvolvidos dispositivos denominados dosímetros ou monitores de fonação, com a função de registrar a voz durante o seu uso, o que torna possível a mensuração objetiva da carga vocal6. Objetivo: verificar a correlação entre o tempo de fonação e a frequência fundamental da voz em professor universitário. Método: trata-se de um estudo de caso exploratório, de caráter quantitativo, observacional, do tipo longitudinal, com duração de duas semanas, tendo inicialmente cinco professores de ensino superior de uma universidade pública como objeto de investigação. A pesquisa ocorreu em cinco etapas: assinatura do TCLE; aplicação de questionário; gravação da voz pré-aula; monitoramento vocal durante a aula; gravação de voz pós- aula, sendo a voz monitorada por duas semanas no período matutino por meio do Monitor Portátil de Análise de Fonação, modelo APM 3200, marca KayPentax (USA). Para esta investigação foi considerado o monitoramento da voz, sendo analisado de maneira detalhada o professor com o maior número de horas-aula monitoradas. Utilizaram-se variáveis sociodemográficas, funcionais (carga horária, disciplina, dia da semana que aula era ministrada) e dose de voz. Os dados foram apresentados individualmente por professor, inicialmente de maneira descritiva, sendo expressos em termos de média e desvio-padrão, para as variáveis numéricas e frequência, para as variáveis categóricas. Na sequência, foram correlacionados os dados de dose de voz entre si, sendo aplicado o teste de aleatorização (correlação linear de Spearman) para o professor com maior número de eventos, com a hipótese alternativa sendo a existência de correlação linear positiva entre tempo de fonação e frequência fundamental da voz. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição de origem, sob o número 3.665.180. Resultados: o professor com o maior número de eventos tem 30 anos, é do sexo masculino, ministra a disciplina Filosofia, às segundas e quartas-feiras. Foi encontrada correlação linear positiva (p-valor= 0,043 para o teste de aleatorização) entre as variáveis tempo de fonação (01h22min54s; 01h:40min:55s; 01h:33min:36s; 01h:46min:03s) e média da frequência fundamental (f0=142,3Hz variando entre 130,9 e 149,9Hz). Não houve correlação linear entre os indicadores de dose voz dos cinco professores analisados conjuntamente (p-valor=0,7235). Conclusão: conforme se aumenta o tempo de fonação, eleva-se a f0, ambos indicadores de sobrecarga vocal, um dos fatores de exposição mais consistentes para DVRT. São necessários novos estudos, utilizando-se instrumentos objetivos com uma amostra maior, condições heterogêneas de salas e turnos de aula, a fim de confirmar os resultados desse trabalho.


1. Servilha EAM, Costa ATF. Conhecimento vocal e a importância da voz como recurso pedagógico na perspectiva de professores universitários. Rev. CEFAC. 2015; 17(1): 13-26.
2. Martins RHG, Pereira ERBN, Hidalgo CB, Tavares ELM. Voice Disorders in Teachers. A Review. Journal of Voice. 2014; 28(6): 716-724.
3. Behlau M, Zambon F, Guerrieri AC, Roy N. Epidemiology of voice disorders in teachers and nonteachers in Brazil: prevalence and adverse effects. Journal of Voice. 2012; 26 (5): 9-18.
4. Masson MLV, Ferrite S, Pereira LMA, Ferreira LP, Araujo TM. Em Busca do Reconhecimento do Distúrbio de Voz como Doença Relacionada ao Trabalho: Movimento histórico-político. Ciência e Saúde Coletiva. 2019; 24 (3): 805-816.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho – DVRT / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
6. Nacci A, Fattori B, Mancini V, et al. O uso e o papel do Monitor de Fonação Ambulatorial (APM) na avaliação da voz. ACTA Otorhinolaryngologica Italica. 2013; 33 (1): 49-55.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1079
CORRELAÇÃO ENTRE OS PAR METROS PERCEPTIVOS AUDITIVOS, ACÚSTICOS E A AUTOAVALIAÇÃO VOCAL EM IDOSOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz do idoso pode se apresentar instável, trêmula, hesitante, rouca e fatigável1-3. Essas mudanças podem dificultar a comunicação, levando o indivíduo a se sentir menos capaz e evitar o convívio social, o que pode diminuir sua qualidade de vida4,5. Para nortear o tratamento de alterações vocais nessa população, torna-se relevante uma avaliação vocal efetiva, considerando-se a multidimensionalidade no processo avaliativo1,6,7. Nesta perspectiva, ressalte-se a necessidade de investigar a relação entre os parâmetros perceptivos auditivos, acústicos e autoavaliação vocal em idosos com queixas de voz, considerando-se, inclusive, aspectos como o sexo. Objetivo: Verificar se existe correlação entre os parâmetros perceptivos auditivos, acústicos e de autoavaliação da voz em idosos de diferentes sexos com queixas de voz. Método: Estudo do tipo transversal, analítico e correlacional. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo nº 148234/2017. Realizado em uma instituição que realiza atendimento multiprofissional a idosos, vinculada a uma universidade pública de ensino. Participaram da pesquisa 40 idosos com queixas de voz, com registro no banco de dados de um projeto de extensão voltado para o atendimento ao idoso, no período de 2017 a 2019. Entre as variáveis, foram extraídas do banco de dados medidas perceptivo-auditivas, medidas acústicas da voz, escores de autoavaliação vocal, bem como o sexo dos participantes. O registro dos dados acústicos foram obtidos segundo utilização do software Voxmetria. Para julgamento perceptivo-auditivo, foi utilizado o software Fonoview e as vozes foram julgadas por juízes especialistas em voz. A autoavaliação vocal foi realizada segundo a Escala de Sintomas Vocais. Para análise, foi utilizado o programa SPSS 19.0 para análise descritiva e inferencial das variáveis, além dos testes de correlação de Spearman e o teste de U-Mann-Whitney. Resultados: Em idosos com queixas de voz, parâmetros perceptivo-auditivos e acústicos nem sempre encontram-se alterados, mas é comum o rebaixamento de frequência em mulheres. Em homens, o grau geral de alteração de voz e a rugosidade apresentaram valores mais elevados em relação às mulheres, sendo registradas diferenças. O shimmer também aparece como desviado neste grupo de homens idosos. Há prejuízos na qualidade de vida em voz nessa população, e tem relação com parâmetros perceptivo-auditivos e acústicos. O shimmer foi um parâmetro que se destacou em relação a sua associação com outros parâmetros perceptivo-auditivos, apontando para a falta de controle vibratório de prega vocal nessa população. Conclusão: Parâmetros perceptivo-auditivos, acústicos e de qualidade de vida podem estão alterados em indivíduos com 60 anos ou mais, chamando-se a atenção para o grupo dos homens. A loudness é um parâmetros que tende a ser reduzido com o passar dos anos nessa população. Além disso, idosos com vozes alteradas têm comprometimento na qualidade de vida. Reforça-se a necessidade de investir em políticas públicas que priorizem a saúde da comunicação de idosos, almejando-se um impacto positivo em seu bem estar e qualidade de vida.

1 Aquino FS, Silva MAA, Teles LCS, Ferreira LP. Características da voz falada de idosas com prática de canto coral. CoDAS. 2016; 28(4): 446-453.
2 Rosow DE, Pan DR. Presbyphonia and Minimal Glottic Insufficiency. Otolaryngol Clin North Am. 2019;52(4):617-625.
3 Rapoport SK, Meiner J, Grant N. Voice changes in the elderly. Otolaryngol Clin North Am. 2018; 51(4):759-768.
4 Chiossi JSC, Roque FP, Goulart BNG, Chiari BM. Impacto das mudanças vocais e auditivas na qualidade de vida de idosos ativos. Ciênc Saúde Coletiva. 2014; 19(8): 3335-3342.
5 Wong HY.-K, Ma EP-M.Self-Perceived Voice Problems in a Nontreatment Seeking Older Population in Hong Kong.J Voice. 2020 Jan 3;S0892-1997(19)30594-6.
6 Spazzapan EA, Cardoso VM, Fabron EMG, Berti LC, Brasolotto AG, Marino VCC. Características acústicas de vozes saudáveis de adultos da idade jovem a meia idade. CODAS.2018; 30 (5): 2317-1782.
7 Speyer R, Kim JH, Doma K, CHEN YW, Denman D, Phyland D, et al. Measurement properties of self-report questionnaires on health-related quality of life and functional health status in dysphonia: a systematic review using the COSMIN taxonomy. Qual Life Res. 2019;28(2):283-296. doi:10.1007/s11136-018-2001-6


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1260
CORRELAÇÃO ENTRE RASTREAMENTO DA DISFAGIA OROFARÍNGEA E DO RISCO NUTRICIONAL EM IDOSOS HOSPITALIZADOS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Nos idosos, a redução da capacidade funcional, o processo de envelhecimento e a carga de afecções crônicas resultam em maior necessidade de serviços hospitalares. A hospitalização é um evento complexo e peculiar, além de ser um fator de risco para o declínio funcional das pessoas idosas, sendo vários os fatores que podem influenciar esse resultado, dentro desses, o estado nutricional. A disfagia orofaríngea pode estar associada ao estado nutricional, causando ou agravando a desnutrição. Do ponto de vista teórico e biológico acredita-se que estado nutricional e disfagia orofaríngea são eventos associados. Dessa forma, é importante detectar precocemente idosos hospitalizados em risco nutricional e de disfagia orofaríngea e compreender se existe correlação entre os instrumentos de rastreamento dessas duas condições clínicas. Objetivo: Analisar se existe e qual a magnitude da correlação entre os escores de instrumentos de rastreamento da disfagia orofaríngea e risco nutricional em idosos hospitalizados. Método: Trata-se de um estudo transversal realizado com indivíduos de idade igual ou acima de 60 anos internados em um hospital universitário. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisas em Seres Humanos conforme parecer 2.008.092/17 e CAAE 65872617.0.0000.5183. As características demográficas, socioeconômicas e clínicas foram obtidas por meio de entrevista. Para o rastreamento da disfagia orofaríngea e do risco nutricional foram administrados uma versão preliminar com 11 questões do questionário Rastreamento de Disfagia em Idosos (RaDI) e a Miniavaliação Nutricional (MAN), respectivamente. A análise da correlação entre os instrumentos foi realizada por meio do teste de correlação de Spearman, e para análise de distribuição de médias utilizou-se o teste de Mann-Whitney. O intervalo de confiança foi de 95%. Resultados: A amostra foi composta por 28 idosos com média de 72,18 ± 5,92 anos de idade, sendo 15 (53,6%) do sexo masculino. Metade da amostra referiu, no mínimo, um sintoma de disfagia orofaríngea, sendo que o mais frequente foi engasgo (32,1%). A mediana do escore da MAN (19,75; distância interquartílica = 15,87 - 21,87) indicou que os idosos se encontravam em risco nutricional. Não houve correlação significativa entre RaDI e MAN (p = 0,57), mas o escore da MAN foi significativamente mais baixo nos idosos com queixa de engasgo (p<0,05). Conclusão: Em idosos hospitalizados, não há correlação significativa entre RaDI e MAN. Contudo, o estado nutricional é pior naqueles com queixa de engasgo.

Descritores: Transtornos de deglutição; Deglutição; Idosos; Envelhecimento; Hospital; Triagem; Desnutrição.

Andrade PA, Santos CA, Firmino HH, Rosa COB.The importance of dysphagia screening and nutritional assessment in hospitalized patients. Einstein (São Paulo). 2018; 16(2): eAO4189.

Carvalho TC, Valle AP, Jacinto AF, Mayoral VFS, Boas PJFV. Impact of hospitalization on the functional capacity of the elderly: A cohort study. Rev. bras. geriatr. gerontol. 2018 Apr; 21( 2 ): 134-142.

Miranda AP, Nascimento APR, Nunes SCR. The elderly in the hospital environment, their comorbidities and change in routine during the internment in an emergency. Revista Nursing. 2018; 246 (21): p.2471- 2475.

Rech RS, Goulart BNG, Baumgarten A, Hilgert JB. Swallowing in aging and dentistry. Revista da Faculdade de Odontologia. 2018; 23 (1): p. 77-83.

Rommel N, Hamdy S. Oropharyngeal dysphagia: manifestations and diagnosis. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology. 2015; 13 (1): 49–59.

Santos BP, Andrade MJC, Silva RO, Menezes EC. Dysphagia in the elderly in long-stay institutions – a systematic literature review. Revista CEFAC. 2018; 20 (1): p.123-130.

Silva JL, Marques APO, Leal MCC, Alencar DL, Melo EMA. Factors associated with malnutrition in institutionalized elderly. Rev. bras. geriatr. gerontol.2015; 18 (2): 443-451.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1416
CORRELAÇÃO ENTRE SINTOMAS INDICATIVOS DE DISFAGIA E O IMPACTO DA DOENÇA NO ESTADO DE SAÚDE GERAL EM INDIVÍDUOS COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) considerada progressiva e irreversível, causa frequente de morbidade e mortalidade, é caracterizada por limitações ao fluxo aéreo e tosses hipersecretora, apresentando importantes efeitos sistêmicos. O acometimento pela doença causa alterações na fisiologia respiratória, sendo capaz de gerar alterações na biomecânica da deglutição, na capacidade funcional, e interferindo diretamente na qualidade de diferentes aspectos do estado de saúde do indivíduo.
Objetivo: Correlacionar sinais indicativos de disfagia e o impacto da doença no estado de saúde em indivíduos com DPOC.
Métodos: Estudo de caráter transversal, quantitativo e descritivo, aprovado pelo comitê de ética sob o número 1.967.549. No estudo foram incluídos indivíduos com DPOC, de ambos os sexos, atendidos em um programa de reabilitação pulmonar, avaliados de novembro a dezembro de 2019. O impacto da doença no estado de saúde foi verificado através do questionário COPD Assessment Test (CAT). Sua pontuação varia de zero a cinco em cada um dos oito itens, com total de 40 pontos, pontuações menores representam baixo impacto da doença no estado de saúde. As classificações dos resultados variam de acordo com a faixa dos escores obtidos, sendo CAT 1 (leve), CAT 2 (moderado), CAT 3 (grave) e CAT 4 (muito grave). As questões referentes à disfagia foram verificadas a partir do questionário de sintomas indicativos de disfagia - Questionnaire For Dysphagia Screening (QDS). Composto por 15 questões, tendo cada uma, três opções de respostas que categorizam os sintomas em ausentes, leve (as vezes) e moderados (muitas vezes). Foram adotadas duas formas de análise deste questionário, uma delas considerando a pontuação geral e a outra considerando a presença de pelo menos um sintoma grave para disfagia. Análise estatística baseou-se na descrição das variáveis e na correlação entre os valores absolutos e em escala dos instrumentos pelo Teste Spearmann, através do Software Statistica 7.0. Para a análise por escalas, foram agrupados CAT 1 e 2, bem como CAT 3 e 4.
Resultados: Foram analisados os dados de 37 indivíduos, sendo 21 homens e 16 mulheres, com média de idade de 63,7 anos. Do total dos indivíduos, a mediana de pontos alcançados em resposta ao CAT foi de 20. Destes, cinco (13,5%) apresentaram CAT 1 (leve), 15 (40,5%) apresentaram CAT 2 (moderado), 14 (37,9%) apresentaram CAT 3 (grave) e três (8,1%) apresentaram CAT 4 (muito grave). Com base na análise do QDS, a mediana de pontos alcançada foi de 7. Analisando como sintoma positiva a existência de pelo menos uma resposta grave dos sintomas, 31 (83,7%) dos indivíduos foram selecionados como pacientes com risco para disfagia. A partir da análise de correlação pode-se verificar correlação positiva e moderada entre os valores absolutos/escala CAT e do QDS (p<0,05 e r= 0,45).
Conclusão: A partir das análises feitas, observou-se que quanto pior o relato do indivíduo sobre a sua deglutição, pior o impacto da doença na qualidade de saúde no geral. Tais queixas são crescentes na proporção do agravo da doença, circunstância essa que destaca a relevância da intervenção multidisciplinar entre a Fonoaudiologia e Fisioterapia.

Rodrigues HR, Silva NFA, Melo HCS, Ribeiro MF, Andrade CCF. Capacidade funcional em indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica em uma cidade do alto Paranaíba-MG. Psicologia e Saúde em debate, v. 5, n. 2, p. 68-81, 26 dez. 2019.


Barbosa ATF, Carneiro JA, Ramos GCF, Leite, MT, Caldeira, AP. Fatores associados à doença pulmonar obstrutiva crônica em idosos. Ciência & Saúde Coletiva, 22(1):63-73, 2017. doi: 10.1590/1413-81232017221.13042016.


Chaves RD, Carvalho CRF, Cukier A, Stelmach R, Andrade CRF. Symptoms of dysphagia in patients with COPD. J Bras Pneumol, v. 37, n. 2, p. 176-183, 2011.


Bastos KKRT, Oliveira RCA, Lima WAM, Badaró RR, Costa KIDB, Couto PLS. Correlation between functional capacity and lung capacity in patients with Chronic Obstrutive Pulmonary Disease. J. Health Biol Sci. 2018; 6(4):371-376 doi:10.12662/2317-3076jhbs.v6i4. 1786.p371-376.2018


Freitas A, Chaves J, Krummenauer M, Tomilin B, Ourique F, Fuhr L, et al. Prevalence of COPD diagnosis in patients with ischemic heart disease hospitalized in a university hospital in the countryside of Rio Grande do Sul R Epidemiol Control Infec, Santa Cruz do Sul, 7(1):14-19, 2017. [ISSN 2238-3360]


CAT – COPD Assessment Test [homepage on the Internet]. Middlesex: GlaxoSmithKline Services Unlimited; 2009. Available from: www.catestonline.org


Silva GPF, Morano MTAP, Viana MS, Magalhães CBA, Pereira EDB. Portuguese-language version of the COPD Assessment Test: validation for use in Brazil. J Bras Pneumol. 2013;39(4):402-408


TRABALHOS CIENTÍFICOS
576
CORRELAÇÃO NA PERMEABILIDADE NASAL, PICO DO FLUXO MÁXIMO INSPIRATORIO, FLUXO E RESISTÊNCIA AÉREA NASAL EM CRIANÇAS RESPIRADORAS ORAIS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Vários estudos mostram a importância da avaliação quantitativa na permeabilidade nasal e do estado funcional das vias aéreas superiores para fornecer informações clinicas e diagnosticas em respiradores orais, as quais são de grande interesse para a fonoaudiologia. A comparação entre as medidas dos instrumentos permite quantificar o fluxo aéreo nasal, o fluxo máximo inspiratório e a visibilização e análise da cavidade nasal. Porém, as medidas quantitativas contribuem para o conhecimento da função nasal e da resposta dos efeitos do tratamento abordado. OBJETIVO: Analisar a correlação entre as medidas da aeração nasal, fluxo máximo inspiratório fluxo nasal e resistência aérea nasal, antes e depois da limpeza nasal em crianças com respiração oral. MÉTODO: O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética (parecer nº 3550527). Trata-se de um estudo descritivo analítico, de corte transversal e de caráter quantitativo, com 8 pacientes respiradores orais, de 7 a 10 anos, com avaliação otorrinolaringológica concluída e diagnostico clinico. Os pacientes foram submetidos a avaliação na permeabilidade nasal pela aeração nasal, por meio do espelho milimetrado de Altmann; o pico do fluxo inspiratório nasal pelo Peak Flow e pela Rinomanometria anterior ativa, antes e depois da limpeza nasal foram aplicados novamente os mesmos exames. As correlações foram analisadas usando-se o coeficiente de correlação de Pearson (p<0,05). RESULTADOS: Foram encontradas correlações significativas entre aeração nasal e as variáveis da rinomanometria anterior ativa; fluxo nasal total e resistência nasal total e das cavidades nasais, narina direita (ND) e narina esquerda (NE) antes e depois da limpeza nasal. Correlações significantes no pico do fluxo máximo inspiratório e as variáveis da Rinomanometria anterior ativa; fluxo nasal total e resistência nasal total e das cavidades nasais, narina direita (ND) e narina esquerda (NE) antes e depois da limpeza nasal. Houve correlação significante entre as medidas quantitativas em relação á antes e depois da limpeza nasal de acordo com os exames aplicados da aeração nasal, pico do fluxo inspiratório nasal e rinomanometria anterior ativa. CONCLUSÃO: Crianças respiradoras orais apresentam correlações entre aeração nasal, fluxos máximos inspiratórios e a função respiratória nasal, antes e depois das manobras de massagem e limpeza nasal, corroborando a melhora do uso da técnica de limpeza e massagem nasal e o uso do instrumento das técnicas do espelho milimetrado de Altmann, peak flow inspiratório e a Rinomanometria anterior ativa na avaliação da permeabilidade nasal.



1. Moraes B, Bezerra T. Obstrução Nasal e Síndrome do Respirador Oral. In: Pulso Editorial, editor. Tratado de Motricidade Orofacial. 1a. 2019. p. 483–9.
2. Mendes A, Wandalsen G, Solé D. Objective and subjective assessments of nasal obstruction in children and adolescents with allergic rhinitis. J Pediatr (Rio J). 2012;88(5):389–95.
3. Motta AR, Bommarito S, Chiari BM. myology ? Peak nasal inspiratory flow : uma possível ferramenta para a motricidade orofacial ? 2010;15(7):609–14.
4. Melo F, Cunha DA De, Justino H. AVALIAÇÃO DA AERAÇÃO NASAL PRÉ E PÓS A REALIZAÇÃO DE MANOBRAS DE MASSAGEM E LIMPEZA NASAL Evaluation of nasal aeration before and after the accomplishment of massage and nasal cleanness. 2007;375–82.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1898
CORRELAÇÃO PERCEPTIVO AUDITIVA E ACÚSTICA DE VOGAL SUSTENTADA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Título
Correlação perceptivo auditiva e acústica de vogal sustentada.

Introdução
A disfonia é definida como um distúrbio caracterizado pela qualidade da voz alterada, frequência, intensidade ou esforço vocal que prejudica a comunicação ou reduz a qualidade de vida relacionada à voz (SCHWARTZ, et al. 2009).
Quanto às avaliações fonoaudiológicas da voz, fazem parte a avaliação perceptivo auditiva e a análise acústica computadorizada (NEMR et al, 2005).
Apesar da utilização a análise acústica para a avaliação, a análise perceptivo auditiva ainda é considerada soberana na avaliação da qualidade vocal, embora muita crítica seja feita à sua subjetividade e imprecisão terminológica (GAMA e BEHLAU, 2009).

Objetivo
Verificar se existe correlação entre análises perceptivo auditiva e acústica de vogal sustentada.

Métodos
Esse projeto de pesquisa foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética, com parecer número 2.974.491.
Foram selecionados 100 arquivos de vogal sustentada /Ɛ/ do protocolo do serviço, sendo 50 masculinas e 50 femininas, de indivíduos de 18 a 60 anos.
Os arquivos foram submetidos à análise perceptivo auditiva por três fonoaudiólogos especialistas em voz, que fizeram a análise do grau geral de alteração utilizando o protocolo CAPE-V (Consensus Auditory-Perceptual Evaluation of Voice - American Speech-Language-Hearing Association - ASHA, 2002), considerando a escala proposta por Yamasaki et al 2016, com normalidade até 35,5.
As vozes foram duplicadas aleatoriamente em 30% para verificar a confiabilidade interna de julgamento dos juízes. A análise acústica foi realizada utilizando o programa Vox Metria®, considerando parâmetros vocais que foram avaliados no diagrama do desvio fonatório apresentado pelo mesmo programa. Os mesmos 130 arquivos de vozes foram avaliados. Os dados foram tabulados e correlacionados.
O juíz com maior confiabilidade interna analisou os áudios classificados como alterados por ambas as análises, segundo os protocolos de avaliação vocal CAPE-V e GRBASI (Dejonckere, Remacle & Fresnel-Elbaz et al., 1996).

Resultados
Em relação ao julgamento dos fonoaudiólogos, a confiabilidade externa não foi significante (48,46%) e optou-se por utilizar neste estudo apenas a análise do juiz com maior confiabilidade interna (100%).
De 100 vozes, a análise perceptivo auditiva classificou 117 como alteradas e 13 como normais (90% de disfonia na amostra) e a análise acústica classificou 13 como alteradas e 87 normais (13% de disfonia na amostra). A concordância entre as análises foi de 23%, com valor p <0.0001, segundo o Teste de McNemar's, e Coeficiente Kappa de 0.0327.
As 13 vozes que foram classificadas como alteradas por ambas as análises, foram submetidas novamente à análise perceptivo auditiva pelo juiz mais confiável, segundo os protocolos de avaliação vocal CAPE-V e GRBASI. Os resultados mostram que as duas escalas funcionam em paralelo, com valores convergentes, havendo similaridade e concordância entre os parâmetros avaliados.

Conclusão
Não houve concordância entre análise acústica e análise perceptivo auditiva. Em relação à análise computadorizada, pode-se afirmar que a análise perceptivo auditiva é mais sensível para detecção de alterações vocais. Houve concordância entre os protocolos GRBASI e CAPE-V, de forma que, independente do protocolo de avaliação utilizado, o diagnóstico clínico é o mesmo.

Nemr Kátia, Amar Ali, Abrahão Marcio, Leite Grazielle Capatto de Almeida, Köhle Juliana, Santos Alexandra de O. et al . Análise comparativa entre avaliação fonoaudiológica perceptivo-auditiva, análise acústica e laringoscopias indiretas para avaliação vocal em população com queixa vocal. Rev. Bras. Otorrinolaringol. [Internet]. 2005 Feb [cited 2020 May 13] ; 71( 1 ): 13-17.

Gama Ana Cristina Côrtes, Behlau Mara Suzana. Estudo da constância de medidas acústicas de vogais prolongadas e consecutivas em mulheres sem queixa de voz e em mulheres com disfonia. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2009 [cited 2020 May 12] ; 14( 1 ): 8-14.

Lopes Leonardo Wanderley, Lima Ivonaldo Leidson Barbosa, Azevedo Elma Heitmann Mares, Silva Maria Fabiana Bonfim de Lima, Silva Priscila Oliveira Costa. Análise acústica de vozes infantis: contribuições do diagrama de desvio fonatório. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 Aug [cited 2020 May 14] ; 17( 4 ): 1173-1183.

Pereira Eliane Cristina, Rodrigues Cristina de Oliveira, Silvério Kelly Cristina Alves, Madazio Glaucya, Behlau Mara. Análises perceptivo-auditiva e acústica das vozes de crianças infectadas pelo HIV. CoDAS [Internet]. 2017 [cited 2020 May 13] ; 29( 6 ): e20170022.

Baravieira Paula Belini, Brasolotto Alcione Ghedini, Montagnoli Arlindo Neto, Silvério Kelly Cristina Alves, Yamasaki Rosiane, Behlau Mara. Análise perceptivo-auditiva de vozes rugosas e soprosas: correspondência entre a escala visual analógica e a escala numérica. CoDAS [Internet]. 2016 Apr [cited 2020 May 12] ; 28( 2 ): 163-167.

Behlau Mara. Voz: O livro do especialista: volume II. Rio de Janeiro: Revinter; 2005.

Behlau Mara, Madazio Glaucya, Feijó Deborah, Pontes Paulo. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2001.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
853
CORRELAÇÕES ENTRE A FLUÊNCIA VERBAL E RASTREIO COGNITIVO EM PESSOAS COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica inflamatória crônica, desmielinizante, autoimune, que provoca alterações no funcionamento do sistema nervoso central, acometendo as funções motoras e cognitivas nos indivíduos1. Uma das estratégias de avaliação da cognição é a realização de testes de fluência verbal, que fornece informações acerca da capacidade de armazenamento do sistema de memória semântica, da habilidade de recuperar a informação guardada na memória e do processamento das funções executivas2. Um desses testes é a fluência verbal semântica, referente à evocação rápida de itens de uma mesma categoria semântica3. Objetivo: Correlacionar o desempenho da fluência verbal semântica com o rastreio cognitivo de pessoas com EM. Métodos: É uma pesquisa descritiva, observacional, transversal e quantitativa, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo nº 3.790.065. Foi realizada com 27 indivíduos com diagnóstico médico de EM, 21 mulheres, seis homens, com idades entre 20 e 29 anos, com média de 39,59 anos (±12,46). Os critérios de exclusão foram: pacientes com outras comorbidades, como Acidente vascular cerebral, epilepsia e demência; pacientes com alterações auditivas; pacientes que não completem todas as etapas da coleta dos dados; surto nos últimos três meses; quadro infeccioso ou internação hospitalar nos últimos três meses. A coleta dos dados foi realizada por meio de três instrumentos: protocolo de identificação pessoal, a Bateria breve de rastreio cognitivo (BBRC) e o Montreal Cognitive Assessment (MOCA). A análise dos dados foi realizada de forma quantitativa, descritiva e inferencial, aplicou-se o teste de correlação de Spearman, com diferença estatística de p<0,05. Resultados: Os participantes apresentaram média de diagnóstico médico de 5,3 anos (±4,49). 17 pessoas (63%) relataram queixas de memória. Os participantes tiveram um escore médio na fluência verbal semântica de 15,33 (±3,80). Constatou-se correlação moderada entre o escore da fluência verbal semântica e: 1) na BBRC – a memória incidental (p=0,039), a memória imediata (p=0,001), o aprendizado (p=0,036), a memória tardia (p=0,001) e o reconhecimento (p=0,019); 2) no MOCA – a linguagem (p=0,025), a fluência verbal fonêmica (p=0,017) e a abstração (p=0,003). Conclusão: A fluência verbal possui correlações com o desempenho de pessoas com EM em outros domínios cognitivos. Quanto maior o valor de fluência verbal semântica, melhor o desempenho em rastreios de memória e linguagem na EM.

Descritores: Fonoaudiologia, Esclerose Múltipla, Cognição, Memória, Linguagem


1. Noseworthy JH, Lucchinetti C, Rodriguez M, Weinshenker BG. Multiple sclerosis. N Engl J Med. 2000; 343(13):938-52.
2. Santos I, Chiossi J, Soares A, Oliveira L, Chiari B. Phonological and semantic verbal fluency: a comparative study in hearing-impaired and normal-hearing people. Codas 2014;26(6):434-8. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20142014050.
3. Rodrigues A, Yamashita E, Chiappetta A. Verbal fluency test in adult and elderly: verification of verbal learning. Rev CEFAC; 2008; 10(4): 443-51. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462008000400004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1288
CORRELAÇÕES ENTRE DISTÚRBIOS DO ESPECTRO DO AUTISMO E APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO

O Distúrbio do Espectro do Autismo (DEA), segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5, é um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por inabilidades na comunicação e interação social. As características envolvem atraso no desenvolvimento da linguagem e padrões incomuns de comunicação. (1) A Apraxia de fala na infância (AFI) é um distúrbio de origem neurológica no qual a consistência e a precisão dos movimentos da fala encontram-se prejudicados, na ausência de déficits neuromusculares. Caracteriza-se por erros inconsistentes de consoantes e vogais nas produções repetitivas de sílabas e palavras, co-articulação inadequada na transição de sons entre sons e sílabas e prosódia inapropriada.(2) Crianças com transtornos neurocomportamentais e genéticos complexos, dentre eles o autismo, foram relatados como apresentando AFI.(2) Sugere-se(3) que a dispraxia, déficit generalizado de praxia, pode ser uma característica central do autismo, ou um marcador dos déficits neurológicos subjacentes ao distúrbio.

OBJETIVO

Verificar a ocorrência de Apraxia de Fala da Infância em crianças com DEA.

MÉTODO

Participaram da pesquisa 20 crianças com diagnóstico de DEA com idades entre 4 e 8 anos e 11 meses, que estavam em terapia fonoaudiológica em um serviço de saúde e suas terapeutas, sob aprovação do comitê de ética com o parecer número 3.210.548. Foi aplicado pelas terapeutas o teste Differential Assessment of Autism and Other Developmental Disorders (DAADD)(4), dividido em seis áreas do desenvolvimento: linguagem, pragmática, sensorial, motora, física e comportamental para diferenciação e diagnóstico dos distúrbios de origem neurológica.

RESULTADOS

Dentre as 20 crianças participantes da pesquisa, 18 não pontuaram o item apraxia.
Em relação à linguagem, apenas 2 crianças foram referidas com apraxia e 11 apresentaram linguagem receptiva e habilidades pré acadêmicas proporcionais para a idade. De 20 participantes, 8 apresentaram pouca habilidade de imitação verbal, apenas 3 eram excessivamente animadas para produções verbais e 11 apresentaram declínio abrupto no uso das palavras entre 15 e 24 meses.
Quanto ao aspecto pragmático social, 15 apresentaram falta de brincadeira funcional, 14 com pouca atenção compartilhada e padrão de brincadeira repetitiva, 13 apresentaram contato ocular insuficiente, e 11 brincaram de maneira isolada, 9 manifestaram baixa responsividade para ordens, 8 apresentavam mínima expressão facial. Das 20 crianças, 18 apresentaram dificuldade para prestar atenção e 19 eram afetuosas com os parentes e irmãos.
Na área sensorial, 8 crianças expressaram hipersensibilidade auditiva, 5 tato sensíveis, 6 exibiam interesse em estimulação oral, 10 demostraram resposta mínima a dor, 9 escolhiam padrões alimentares e 6 necessitavam experiências sensoriais sem interrupções.
Os aspectos motores grosso e fino foram caracterizados por 9 crianças com desenvolvimento motor fino inconsistente e 5 expressaram habilidades motoras perceptivas prejudicadas.
O comportamento foi caracterizado por 14 crianças que realizavam explosões verbais, 18 apresentavam resistência para mudanças, 14 transpareciam transições pobres, 10 demonstraram interesse tangencial e 15 apresentam rotina limitada. Dos 20 sujeitos, 4 apresentaram fascinação por funções mecânicas, 18 por vídeo ou televisão e 15 exploravam o ambiente.


CONCLUSÃO

As análises descritas permitem dizer que a ocorrência de AFI no DEA é baixa e subjacente ao transtorno.

1. APA: American Psychiatry Association. DSM -5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed; 2014.

2. American Speech-Language-Hearing Association. Childhood apraxia of speech. 2007. Disponível em: http://www.asha.org/ policy/PS2007-00277.htm

3. Dziuk M, Larson J, Apostu A, Mahone E, Denckla, Mostofsky H. Dyspraxia in autism: association with motor, social, and communicative deficits. Developmental Medicine & Child Neurology 2007, 49: 734–739.

4. Gail J, Lynn K. Differential Assessment of Autism and Other Developmental Disorders (DAADD). East Moline, IL: LinguiSystems; 2003.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
618
CORRELATOS ACÚSTICOS DA PROEMINÊNCIA DO PICO CEPSTRAL-SUAVIZADA E MEDIDAS DE ESPECTRO MÉDIO DE LONGO TERMO COM A AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-AUDITIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A proeminência do pico cepstral-suavizada (PPCs) e medidas de espectro médio de longo termo (EMLT) são uma boa opção para mensurar o sinal acústico em vozes com maior desvio (sinais tipo II e III)1, sendo a primeira (PPCs) uma medida de fonte2,3 e a segunda (EMLT), de fonte-filtro4,5. Ademais, essas medidas permitem a avaliação na fala encadeada, representando melhor o uso vocal cotidiano6,7. Observa-se que até o presente momento, pouco se sabe sobre como essas medidas representam a qualidade vocal. Além disso, métodos mais robustos de mensuração podem fornecer importantes dados para complementar a avaliação vocal.
Objetivo: Verificar se há correlação entre a PPCs, relação alfa e L1-L0 com os parâmetros grau geral, rugosidade, soprosidade e tensão e, determinar qual medida melhor representa a qualidade vocal de indivíduos vocalmente saudáveis e com disfonia comportamental8.
Método: Estudo observacional, transversal e retrospectivo (aprovação ética: 3.284.883). Foram selecionadas de um banco de dados 53 vozes de voluntários vocalmente saudáveis (25 mulheres; 28 homens) e sem queixas vocais (grupo vocalmente saudável–GVS) e 49 vozes de voluntários (29 mulheres; 20 homens) diagnosticados com disfonia comportamental (grupo disfônico–GD), com idades entre 18-50 anos. Vozes de voluntários fumantes, com alterações hormonais, cardíacas, vasculares ou pulmonares foram excluídas. A partir da vogal /a/ sustentada e fala encadeada (contagem 1-10), gravadas em ambiente acusticamente tratado, foram mensuradas a PPCs, relação alfa e L1-L0 com uso do software Praat (versão 6.0.43). Três avaliadores realizaram a avaliação perceptivo-auditiva (grau geral, rugosidade, soprosidade e tensão) com uso de escala visual analógica – análise realizada com a média dos avaliadores. Coeficiente de Correlação de Pearson (p<0,05).
Resultados: No GVS, a análise da vogal revelou: correlação moderada negativa para PPCs x grau geral (p<0,001) e forte negativa para PPCs x soprosidade (p<0,001); e correlação moderada negativa para L1-L0 x soprosidade (p<0,001). As demais correlações observadas relação alfa x tensão (p=0,019), positiva, e L1-L0 x grau geral (p=0,004), negativa, foram fracas. GD: correlação moderada negativa para PPCs x grau geral (p<0,001), forte negativa para PPCs x soprosidade (p<0,001) e moderada negativa para PPCs x tensão (p=0,003); e correlação moderada negativa para L1-L0 x soprosidade (p<0,001). Na contagem, GVS: correlação moderada negativa para PPCs x rugosidade (p=0,001); as correlações negativas PPCs x grau geral (p=0,007), relação alfa x soprosidade (p=0,050) foram fracas. GD: as correlações negativas alfa x rugosidade (p=0,013); L1-L0 x grau geral (p=0,039) e L1-L0 x rugosidade (p=0,049) foram fracas.
Conclusão: A PPCs aparenta ser o melhor preditor de alterações vocais em ambas as populações estudadas, pois foi observada correlação negativa de graus forte e moderado entre os parâmetros grau geral, soprosidade, rugosidade e tensão. No que diz respeito a medida L1-L0, está melhor relacionada ao parâmetro soprosidade por apresentar correlações moderadas, indicando escape de ar na fonação, podendo auxiliar na análise da eficiência fonatória. Considerando os resultados que envolvem a correlação alfa, por apresentar correlações fracas em sua maioria, aconselhamos que essa medida não deve ser analisada isoladamente, sendo necessárias outras avaliações, como a PPCs e a L1-L0, para complementá-la e melhorar sua interpretação.

1. Titze I. Workshop on Acoustic Voice Analysis17-18 fev 1994. Denver (CO): National Center for Voice and Speech; 1995. Disponível em: . Acesso em 20/06/2020.
2. Hillenbrand J, Cleveland R, Erickson R. Acoustic correlates of breathy vocal quality. J Speech Lang Hear Res. 1994;37:769–778
3. Sujitha PS, Pebbili GK. Cepstral Analysis of Voice in Young Adults. J Voice. 2020 in press.
4. Mendonza E, Valencia N, Muñoz J, Trujillo H. Differences in Voice Quality Between Men and Women: Use of the Long-Term Average Spectrum (LTAS). J Voice. 1996;10(1):59-66.
5. Guzmán M, Correa S, Muñoz D, Mayerhoff R. Influence on Spectral Energy Distribution
of Emotional Expression. J Voice. 2013;27(1):129.e1-129.e10.
6. Brinca LF, Batista APF, Tavares AI, Gonçalves IC, Moreno ML. Use of Cepstral Analyses for Differentiating Normal From Dysphonic Voices: A Comparative Study of Connected Speech Versus Sustained Vowel in European Portuguese Female Speakers. J Voice. 2014;28(3):282-286,
7. Lopes LW, Sousa ESS, Silva ACF, Silva IM, Paiva MAA, Vieira VJD et al. Cepstral measures in the assessment of severity of voice disorders. Codas. 2019;31(4):1-8.
8. Behlau M, Zambom F, Moreti F, Oliveira G, Couto Jr EB. Voice Self-assessment Protocols: Different Trends Among Organic and Behavioral Dysphonias. J Voice. 2017;31(1):112.e13-112.e27.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
959
COVID-19, FONOAUDIOLOGIA E SAÚDE MENTAL: A EXPERIÊNCIA DO GRUPO DE TRABALHO EM SAÚDE MENTAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FONOAUDIOLOGIA.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


A COVID-19, doença causada pela cepa viral Coronaviridae (SARS-CoV-2), teve seus primeiros registros no final de 2019 em uma província da China, Hubei. Trata-se de uma doença de alto potencial de disseminação e de produção de mortes. Em 11 de marco de 2020 a COVID-19 como considerada um pandemia e iniciou-se o processo de recomendações de medidas para seu enfrentamento.A situação de incertezas e estudos estão em desenvolvimento, com a perspectiva de conhecer os mecanismos fisiopatológicos que causam o padrão de transmissão, infectividade e morbimartalidade. O distanciamento social foi a principal medida sanitária adotada para a redução da curva de contágio e assistência hospitalar assumiu a linha de frente no cuidado dos pacientes graves por COVID-19.O funcionamento de locais de considerado de riscos, foi suspenso(4). Isso representou a ampliação do Homeoffce para a maioria das categorias profissionais. Para os trabalhadores (as) da saúde, restou a linha de frente, fazendo rigoroso uso de equipamentos de proteção individual e de rotinas biossegurança e quarentena por quatorze dias no caso de contágio pelo SARS-CoV-2.Nesse contexto, a saúde mental tornou-se importante debate sobre as condições necessárias para o estado psíquico que favoreça ao indivíduo ser capaz de desenvolver suas habilidades, mesmo em situações de estresse, sendo produtivo para sua comunidade. Neste artigo é apresentado um relato de experiência de um grupo de trabalho da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia que, no contexto da pandemia de COVID-19, desenvolveu uma série de ações de comunicação e de educação permanente sobre Fonoaudiologia e Saúde Mental. Uma série de Lives sobre COVID-19, Fonoaudiologia e Saúde mental foram realizadas no mês de comemoração da Luta Antimanicomial. Foram encontos, redas de diálogo com especialistas no campo da saúde mental, fonoaudiólogos (as) que atuam da linha de frente da pandemia e pesquisadores da saúde coletiva. O grupo alinha-se como as práticas de saúde mental vinculadas a garantia dos Direitos Humanos e do direito à saúde. Valoriza os princípios e diretrizes do cuidado em redes de atenção à saúde e de base comunitária. No mês de maio de 2020, foram realizadas quatro lives, transmitidas pelas plataformas digitais Instragram e YouTube, tratando de temas relevantes para o período de isolamentos social, como a prazer e sofrimento no cuidado; a saúde mental do fonoaudiólogo(a) na linha de frente da pandemia; a saúde mental dos professores, a ressignificação do trabalho em saúde mental no contexto da COVID-19. Grupo de trabalho mantém sua agenda de ações para o 28 Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia com um fórum de Fonoaudiologia e Saúde Mental e a atividade avanços em saúde coletiva. O presente relato de experiência, contribui para a relevância do trabalho da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, no que se refere à sensibilização para a atuação profissional nas políticas de saúde no Brasil.


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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1171
CRIANÇAS COM AUTISMO: PRÁTICAS COMUNICATIVAS, COMPREENSÃO E DESEMPENHO DIANTE DAS ESTRATÉGIAS DE COMBATE À PANDEMIA CAUSADA PELA COVID-19.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Estratégias como a quarentena e o distanciamento social estão sendo usadas para barrar a transmissão da COVID-19 (1,2). Essas medidas são desafiadoras para as famílias de crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que são afetadas não apenas pelo fechamento das escolas e pelo isolamento social, mas também pela ausência das intervenções de reabilitação e pela implementação das medidas de prevenção sugeridas pela Organização Mundial da Saúde (3,4,5,6,7). OBJETIVO: O presente estudo buscou verificar a associação entre os diferentes graus de comprometimento de crianças com TEA com o nível de práticas comunicativas, compreensão e desempenho em relação às medidas de prevenção contra a pandemia, sob a perspectiva dos cuidadores. MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa descritiva e quantitativa com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CAAE: 31095520.7.0000.8093). Foram abordadas famílias, de diferentes Estados Brasileiros, que possuíam crianças diagnosticadas com TEA e que estavam cumprindo o isolamento social. Os voluntários responderam um questionário online dividido em cinco domínios: Dados gerais; Entendimento sobre a COVID-19; Rotina familiar; Comunicação; e Atendimentos terapêuticos. Para a análise descritiva foram apresentados frequência e porcentagem e as associações entre as variáveis foram investigadas por meio do teste Mann-Whitney. RESULTADOS: A amostra foi composta por 51 respondentes, sendo que 42 tinham crianças do sexo masculino. 58,8% das crianças foram classificadas com TEA de grau leve (GL) e 41,2% com grau moderado/severo (GMS). Segundo os responsáveis, as crianças de GL tendem a compreender melhor as restrições de não sair de casa (p < 0,001) e as de GMS têm maior propensão a pedir insistentemente para sair (= 0,027). Não foram observadas diferenças em relação a gostar de ficar em casa (= 0,107) e expressarem sofrimento por não poderem sair (= 0,123). As crianças de GL receberam maiores explicações que as de GMS sobre as medidas de lavar as mãos frequentemente (< 0,001), higienizar as mãos com álcool em gel (< 0,001), cobrir o nariz ao espirrar (= 0,020), evitar contato próximo com as pessoas (< 0,001), ficar em casa (< 0,001), não tocar os olhos (= 0,040) e fazer uso de máscara (= 0,001). Ainda, as crianças com GL tendem a compreender melhor todas essas medidas (< 0,001), incluindo ainda a de se isolar de pessoas doentes (< 0,003). Por fim, quanto à prática dessas estratégias, ambos os grupos tendem a aceitar lavar as mãos, usar álcool em gel e se isolar das pessoas doentes em níveis semelhantes, porém encontrou-se diferença em cobrir o nariz (= 0,047), evitar contato próximo (= 0,003), ficar em casa (< 0,041), não tocar os olhos (= 0,019) e fazer uso de máscara (= 0,008), com melhor desempenho das crianças com GL. CONCLUSÃO: Crianças com TEA leve tendem a receber maiores explicações e apresentar melhor compreensão quanto às estratégias de combate à COVID-19. Crianças com TEA moderado/severo apresentam maior dificuldade para realizar as medidas de prevenção. Esses achados dão visibilidade aos desafios encontrados pelas famílias de crianças com TEA em cumprir adequadamente as medidas de proteção sanitária.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1465
CRIANÇAS COM IMPLANTE COCLEAR: ESTRESSORES E COPING DE SEUS CUIDADORES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A reabilitação por meio do Implante Coclear (IC) pode trazer benefícios para as crianças e suas famílias em diferentes aspectos. A despeito disso, trata-se de um processo desafiador, devido a fatores como: preocupação com o pós-operatório, queda na qualidade de vida no início dos atendimentos, impacto no bem-estar emocional quando as respostas ao uso do IC ainda não são consistentes, dificuldades comportamentais da criança. Os cuidadores precisam lidar com esses estressores, o que tem sido compreendido como coping e/ou enfrentamento ao estresse. Em uma abordagem motivacional e desenvolvimentista, o coping é compreendido como a forma com que as pessoas mobilizam, modulam, gerenciam e coordenam seus comportamentos, emoções e atenção, ou não o fazem sob estresse. OBJETIVO: Descrever como os cuidadores de crianças usuárias de IC lidam com os estressores relacionados ao processo de reabilitação pela utilização de IC. MÉTODO: Estudo transversal, descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com parecer nº 849.834. Foi composta uma amostra de conveniência de cinco cuidadores de crianças com IC em terapia para reabilitação auditiva em um Hospital Universitário, com tempo de ativação do IC maior que seis meses. Os cuidadores eram mães (n=4) e um pai, com média de idade igual a 35,2 (DP=±6,05). As crianças (3 meninos) tinham média de idade igual a 8,2 (DP=±1,93), usuárias de IC unilateral (n=2) e bilateral (n=3). Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, os cuidadores responderam aos instrumentos: Entrevista semi-estruturada para avaliação de estressores, expectativas e motivação em relação à reabilitação pelo IC, e Escala de Coping, para a avaliação do enfrentamento ao estresse. Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva e análise de conteúdo. RESULTADOS: Os cuidadores apresentaram estressores diversos, especialmente aqueles relacionados à escola (pouca informação sobre manuseio e funcionamento do IC e ambiente ruidoso). Também referiram preocupação com o não entendimento dos interlocutores e preconceito das pessoas. Diante desses estressores, as reações emocionais mais referidas foram tristeza (M=2,0; DP=±0,89) e medo (M=2,0; DP=±1,78). Apesar dessas reações, sentem-se apoiados, competentes e no controle da situação, com respostas aos respectivos itens concentradas em “bastante” e “muito”. As estratégias de enfrentamento ao estresse mais referidas pelos cuidadores foram as adaptativas, com maiores médias de aceitação (M=4,6; DP=±0,89), negociação (M=4,6; DP=±0,54) e busca de informação (M=4,2; DP=±0,89). Quando se analisam as estratégias de enfrentamento ao estresse mal adaptativas, a maior média foi de oposição (M=3,8; DP=1,30). Todos os cuidadores referiram alta motivação (M=10; DP=±0) com a reabilitação auditiva e IC. Somente uma mãe referiu baixa satisfação, gerando uma pontuação média de 8,4 (DP=±3,57). A ampliação da equipe multidisciplinar e a oferta de grupo de pais foram referidos como fatores que podem aumentar a motivação e a satisfação dos cuidadores. CONCLUSÃO: Embora o processo de reabilitação auditiva e IC apresente desafios, os cuidadores têm conseguido regular seu comportamento e emoção, usando estratégias de enfrentamento adaptativas. Esse desfecho adaptativo poderá repercutir positivamente sobre a criança e equipe multidisciplinar, constituindo fator de proteção durante o processo de reabilitação auditiva e uso do IC.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1106
CUIDADORES DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL E DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: RELAÇÃO DA SOBRECARGA E HABILIDADES DE ALIMENTAÇÃO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


CUIDADORES DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL E DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: RELAÇÃO DA SOBRECARGA E HABILIDADES DE ALIMENTAÇÃO

Introdução: A figura dos cuidadores é de grande importância na atenção à saúde de pessoas com limitações físicas ou cognitivas. Tais cuidadores podem ser classificados como formais ou informais. Dentre os sujeitos que necessitam de um cuidador, temos aqueles com paralisia cerebral e/ou com deficiência intelectual. A paralisia cerebral pode afetar de maneira significativa a relação da criança em seu contexto diário, influenciando, assim, a aprendizagem e o funcionamento não só de marcos motores básicos, como também de ações cotidianas. Já a deficiência intelectual se define por relevantes limitações do funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, que pode ser observado nas habilidades práticas, sociais e conceituais. Objetivo: Verificar a sobrecarga dos cuidadores de crianças com paralisia cerebral e deficiência intelectual de uma instituição, bem como suas habilidades de alimentação. Método: Trata-se de um estudo transversal em que fizeram parte cuidadores informais de indivíduos com paralisia cerebral e deficiência intelectual. Os instrumentos utilizados na coleta foram o questionário sobre habilidades de alimentação Feeding and Swallowing Questionnaire, traduzido para o português e o Zarit Burden Interview de sobrecarga do cuidador. Somam-se a tais aspectos as questões relacionadas a marcos da aquisição de alimentação, assim como avaliação da alimentação e intervenção. A coleta de dados foi realizada na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de um município do sul do país e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição sob número CAAE: 80470517.9.0000.012. Resultados: No presente estudo participaram 20 cuidadores de crianças, sendo observada predominância de cuidadores do sexo feminino, assim como a figura materna exercendo o ato de cuidar, com idade acima de 30 anos. O grupo com paralisia cerebral (n=5) possuiu mais dificuldades alimentares características da disfagia do que o grupo com deficiência intelectual (n=15). Observou-se que as dificuldades de alimentação estavam presentes em crianças com paralisia cerebral e deficiência intelectual, no entanto apresentou maior agravo naquelas com paralisia cerebral. Em relação à sobrecarga do cuidador pode-se verificar a presença de escores maiores apresentados por cuidadores de crianças com paralisia cerebral do que àqueles com deficiência intelectual. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre a sobrecarga e os achados relacionados as habilidades de alimentação nas diferentes patologias. Conclusão: O cuidar de crianças com paralisia cerebral é maior do que o cuidado desempenhado com aquelas deficientes intelectuais, podendo estar vinculado às dificuldades nas habilidades de alimentação das crianças com paralisia cerebral.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
298
CUIDADOS AUDITIVOS NA TERCEIRA IDADE: EXPERIÊNCIA DE ESTAGIÁRIOS DE FONOAUDIOLOGIA NA COMUNIDADE
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
De acordo com o Estatuto do Idoso, no Brasil são considerados idosos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos. Com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, tornam-se, cada vez mais, necessários cuidados gerais relacionados à Saúde. Em relação à audição, é importante que os idosos sejam alertados sobre presbiacusia, inteligibilidade de fala, tontura e vertigem, ototoxicidade causada por medicamentos e doenças associadas, que são condições mais comuns nessa faixa etária, além de informados sobre higiene e proteção auditiva.

Objetivo
Relatar uma ação educativa promovida por alunos de graduação em Fonoaudiologia com usuários idosos de uma Unidade de Saúde da Família (USF) do interior do estado de São Paulo.

Método
Este estudo baseia-se em relato de experiência.

Resultados
Após processo de territorialização e levantamento do perfil demográfico e epidemiológico dos moradores da área de abrangência de uma unidade de saúde, que é ambiente de prática de alunos de graduação em Fonoaudiologia, definiu-se o público alvo (usuários idosos e profissionais da equipe multidisciplinar) e o tema da intervenção educativa (AUDIÇÃO). O desafio do grupo de estagiários foi o planejamento e a execução de estratégias dinâmicas que despertassem a atenção do público selecionado. Com esse propósito, foi confeccionado o seguinte material: uma orelha grande em massa de EVA e garrafa pet; um cotonete com tubo de papelão encapado com tecido e algodão; um fone de ouvido de EVA, palito de dente e papel cartão; 30 orelhinhas (folhetos) com orientações impressas; e uma projeção em power point. Foram utilizadas também plaquinhas nas cores verde e vermelho para o jogo de mitos e verdades. A atividade foi iniciada com a apresentação da anatomia da orelha e conversa sobre os cuidados corretos com a higiene (alertando que o uso cotonete não é recomendado pois pode levar à formação de rolha de cera), sobre a proteção auditiva, e sobre os riscos da perfuração timpânica (muitos utilizam grampo de cabelo para limpar o ouvido); em seguida, o bate-papo foi sobre os níveis de inteligibilidade de fala (apresentação dos sons audíveis e não-audíveis), tontura relacionada com a doença de Ménière (assunto trazido por uma das idosas participantes), relação entre doenças e perdas auditivas (com ênfase aos medicamentos ototóxicos). Ao final, foi realizado um jogo de mitos e verdades. As atividades ocorreram na sala de reuniões da unidade e tiveram duração aproximada de 50 minutos.

Conclusão
Os ouvintes se mostraram muito atentos e interessados na oficina; fizeram bastantes perguntas e demonstraram ter um conhecimento anterior sobre diversos assuntos. No fim da oficina, agradeceram toda a equipe e relataram estar extremamente satisfeitos com as informações trazidas. Essa ação foi de suma importância para o estabelecimento de vínculos entre os estudantes e a comunidade.

na


TRABALHOS CIENTÍFICOS
245
CUIDADOS COM O USO DA VOZ PROFISSIONAL FALADA DE DOCENTES UNIVERSITÁRIOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz falada é comumente utilizada durante a comunicação oral, fornecendo ou refletindo informações referentes a aspectos físicos e culturais de cada indivíduo¹. Todo profissional que utiliza a voz falada como instrumento de trabalho merece cuidado e atenção. O professor é uma peça chave nesta categoria. Ele possui uma rotina mais tensa, cansativa e desgastante². Estudiosos relatam que sua carga horária excessiva, ambientes insalubres e relações de conflito entre aluno e professor, são alguns fatores que podem ocasionar um comprometimento da voz. Isso não ocorre de início, mas ao decorrer dos anos de carreira³. A preocupação com a saúde vocal do professor, se dá por ele ser o profissional da voz falada que está mais exposto à riscos. Tais riscos podem ocasionar alterações disso, como forma de precaução, as bases de dados tem investido em trabalhos e pesquisas que giram em torno do cuidado vocal, visando contribuir para que o docente possa ter a sua qualidade vocal preservada⁴. Objetivo: Investigar os cuidados vocais praticados pelos docentes de uma instituição pública de ensino superior. Métodos: Participaram do estudo 50 docentes. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE), foram utilizados dois instrumentos de coleta: questionário sociodemográfico e o Índice de Triagem para Distúrbios da Voz (ITDV)⁵. Os resultados foram expostos em frequência absoluta. Foi realizado o Teste Qui-Quadrado, com nível de significância 5%, para verificação da associação entre possíveis fatores de risco ou hábitos e sintomas vocais mais citados no ITDV. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma instituição de Ensino Superior com CAAE: 04428818.7.0000.0057, sob o parecer número 3.562.059. Resultados: A amostra foi composta, em sua maioria, pelo gênero feminino (76%). Os sujeitos, majoritariamente, negaram tabagismo (96%) e etilismo (76%). Referiram ainda alimentação balanceada (64%), realização de atividade física (64%) e boa qualidade de sono (70%). Com relação aos riscos vocais, grande parte referiu uso vocal por período prolongado (68%), ingestão de água abaixo do ideal (56%) e apresentaram refluxo (60%). Poucos sujeitos obtiveram ITDV alterado (22%,) sendo os sintomas mais relatados: rouquidão, pigarro, tosse seca, garganta seca e cansaço vocal. A análise estatística evidenciou associação estatisticamente significante entre: tabagismo e pigarro (p= 0,044); tabagismo e tosse seca (p= 0,05); refluxo e pigarro (p= 0,05). Conclusão: A população estudada, em sua grande maioria, realizava cuidados vocais. Apesar de terem sido observados riscos vocais importantes, bons hábitos gerais e vocais foram encontrados. Tal fato, provavelmente diminuiu a prevalência de disfonia na referida população.

Palavras- Chaves: docente, ensino, voz, qualidade vocal, cuidados, hábitos, Fonoaudiologia.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
2146
CUIDADOS PALIATIVOS NA FONOAUDIOLOGIA: REVISÃO INTEGRATIVA
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A área de cuidados paliativos vem apresentando maior abordagem da equipe multidisciplinar, visando qualidade de vida ao paciente que apresenta alguma doença que não tenha prognóstico de cura.
Os cuidados paliativos devem, portanto, ser envolvidos por toda equipe multidisciplinar, que unida deve atuar para melhorar o prazer desses pacientes Objetivo: Realizar uma revisão integrativa da literatura sobre os cuidados paliativos na Fonoaudiologia. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura sobre a abordagem fonoaudiológica no campo dos cuidados paliativos. Para nortear a busca na literatura, foi formulada a seguinte questão: “Como a Fonoaudiologia atua com cuidados paliativos?”. a busca foi realizada nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE), US National Library of Medicine National Institutes Health (PubMed), Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Os descritores em Ciências da Saúde (DeCs) utilizados para localização dos artigos, com os limitadores de idiomas inglês, espanhol e português, foram: “Cuidados Paliativos” e “fonoaudiologia”. A busca foi realizada por combinações de dois descritores associados (e/and/y).Os critérios de inclusão inicialmente foram trabalhos inéditos, disponíveis na íntegra, publicados em revistas científicas em português, inglês ou espanhol no período dos últimos cinco anos, descrevendo a atuação fonoaudiológica com cuidados paliativos. Devido ao baixo número de publicações, optou-se por ampliar a busca dentro de um período de 10 anos, considerando as datas de janeiro de 2008 a dezembro de 2018.
Os critérios de exclusão foram trabalhos duplicados e aqueles que não referiram exclusivamente a atuação fonoaudiológica como temática.
A seleção das publicações foi feita seguindo as etapas: busca por estudos nas bases de dados com os descritores associados; seleção do material publicado no período pré-estabelecido; leitura de título e resumo buscando estudos que se relacionassem ao tema proposto; aplicação dos critérios de inclusão e exclusão; leitura completa do material selecionado; e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão.
Todos os artigos foram categorizados considerando as temática e assunto abordado no estudo.
Resultados: Foram encontrados 39 artigos, e desses, 6 atendiam aos critérios de inclusão. Os artigos foram categorizados em subáreas da Fonoaudiologia, bem como quanto ao tipo de estudo, sendo em sua maioria da disfagia. Conclusão: Os estudos, apontam que a Fonoaudiologia associada a área de cuidados paliativos, ainda é bastante recente, com poucas evidências científicas. Pode-se identificar que a contribuição da área auxilia na melhoria da qualidade de vida do paciente em cuidados paliativos.

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AGUIRRE-BRAVO NA, SAMPALLO-PEDROZA R. Fonoaudiologia em los cuidados paliativos. Rev. Fac. Med. 2015;63(20):289-300.
SILVA CLM, BERTONCELO C, BARROS APB, PADOVANI M. Characterization of the communication resources used by patients in palliative care – an integrative reviewRev. CEFAC. 2017; 19(6):879-888
AZEVEDO MJDO. Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em unidades de cuidados paliativos, por causas neurológicas e/ou câncer de cabeça e pescoço. [dissertação] Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2012.
PENTEADO, RZ. A Linguagem no Grupo Fonoaudiológico: potencial latente para a Promoção da saúde. [Dissertação]- Universidade de São Paulo, 2000.
LUCHESI KF, SILVEIRA IC. Cuidados paliativos, esclerose lateral amiotrófica e deglutição: estudo de caso. CoDAS. 2018; (30):5; e20170215.
CARRO CZ, MORETI F, MARQUES PEREIRA JM. Proposta de atuação da Fonoaudiologia nos Cuidados Paliativos em pacientes oncológicos hospitalizados. Distúrbios da Comunicação. 2017; (29): 1, p. 178-184.
BARRETO LPP. Protocolo de consistências alimentares e dietas hospitalares da clínica de cuidados paliativos e oncológicos de um hospital referência em câncer. Universidade do Estado do Pará; 2015
Silva, RP. Avaliação fonoaudiológica do processo de deglutição de pacientes em uma clínica de cuidados paliativos e oncologia, Universidade do Paraná; 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1075
DADOS ELETROGLOTOGRÁFICOS DE IDOSAS SEM LESÕES DAS PREGAS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: No envelhecimento podem ocorrer alterações vocais como a redução da intensidade vocal devido ao arqueamento das pregas vocais, dificuldade no controle muscular da laringe e limitação respiratória1-3. A alteração da produção vocal decorrente desse processo é denominada presbifonia4. O diagnóstico da presbifonia é realizado por meio de exclusão5 e pode ser complementado pela eletroglotografia (EGG). A EGG é um método objetivo, não invasivo, de simples medida utilizado para monitorar a movimentação das pregas vocais durante a fonação. Esse método fornece uma medida indireta do contato das pregas vocais na fonação6. OBJETIVO: analisar a relação da idade com dados eletroglotográficos de idosas sem lesões das pregas vocais. MÉTODO: Estudo transversal, realizado com mulheres idosas com idades entre 60 e 84 anos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – COEP, sob número de parecer 83004518.5.0000.5149. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo ocorreu no Observatório de Saúde Funcional em Fonoaudiologia localizado em uma universidade pública. Para realizar a pesquisa as participantes deveriam cumprir os seguintes critérios de inclusão: mulheres com idade igual ou superior a 60 anos, possuir facilidade de comunicação, capacidade para compreender e executar ordens simples, não ter realizado fonoterapia vocal nos últimos 12 meses. E os de exclusão: presença de diagnóstico otorrinolaringológico de lesões secundárias das pregas vocais, disfonia orgânica e não realização da avaliação laríngea. Para captação dos dados foram colocados de forma simétrica dois eletrodos, limpos e despolarizados com álcool 90%, de forma superficial, nas lâminas das cartilagens tireoideas ao nível das pregas vocais, conectados e diretamente digitalizados no computador. As participantes realizaram uma emissão sustentada da vogal /a/, em frequência e intensidade habituais, no registro modal, de modo prolongado. As medidas eletroglotográficas extraídas foram: frequência fundamental, jitter e quociente de contato. Ao fim da coleta das medidas eletroglotográficas as idosas foram submetidas à avaliação otorrinolaringológica por meio da videolaringoscopia em um período de, no máximo 15 dias, após a coleta inicial. A análise descritiva foi realizada por meio de medidas de tendência central para a idade e as medidas eletroglotográficas. Para correlação dessas medidas com a idade utilizou-se o teste de Spearman’s. Foi considerado para o teste o nível de significância de 5%. RESULTADOS: participaram deste estudo 70 mulheres idosas com média de idade de 69 anos (desvio padrão=5,6). A maioria das participantes é aposentada (90%) e possui ensino médio (31,4%). No que se refere à avaliação laríngea, 68,6% das idosas não apresentam nenhuma alteração laríngea, 22,8% possuem sinais de refluxo laringofaríngeo e 8,6% presbilaringe. A média do quociente de contato foi de 47,86% (desvio padrão=8,25), da frequência fundamental eletroglotográfica 187,27 Hz (desvio padrão=31,70) e do jitter eletroglotográfico 5,82% (desvio padrão=6,93). Ao correlacionar a idade com os dados eletroglotográficos não houve diferença estatisticamente significante em nenhum parâmetro analisado. CONCLUSÃO: Os parâmetros eletroglotográficos: quociente de contato, frequência fundamental e jitter de idosas sem lesões secundárias nas pregas vocais não se modificaram devido às modificações estruturais esperadas das pregas vocais com o avanço da idade.

1. Menezes LN, Vicente LCC. Envelhecimento vocal em idosos institucionalizados. Rev CEFAC. 2007;9(1):90-8.
2. Ahmad K, Yan Y, Bless D. Vocal fold vibratory characteristics of healthy geriatric females: analysis of high-speed digital images. J Voice. 2012;26(6):751-9.
3. Silva TS, Master S, Andreoni S, Pontes P, Ramos LR. Acoustic and long-term average spectrum measures to detect vocal aging in women. J Voice. 2011;25(4):411-9.
4. Siracusa MGP, Oliveira G, Madazio G, Behlau M. Efeito imediato do exercício de sopro sonorizado na voz do idoso. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(1):27-31.
5. Meirelles RC, Bak R, Cruz FC. Presbifonia. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ. 2012;77-81
6. Ma EPM , Love LA. Electroglottographic evaluation of age and gender effects during sustained phonation and connected speech. J Voice. 2010;24(2):146-152.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2108
DANOS AUDITIVOS CAUSADOS POR EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A exposição à pesticidas está cada vez mais frequente na vida do brasileiro, principalmente do trabalhador rural, mas os danos causados pelo veneno podem ser de grande prejuízo. O agricultor, muitas vezes sabendo dos prejuízos futuros, ignora o risco do veneno para obter uma boa colheita. Além de suas implicações para a saúde em geral, os pesticidas também podem ser prejudiciais à audição, ou seja, são potencialmente ototóxicos. A perda auditiva pode ser um dos primeiros sinais do envenenamento causado pela exposição ao produto químico¹. Objetivo: Analisar, a partir de uma revisão de literatura, a exposição de trabalhadores rurais a agrotóxicos e as consequências em forma de perda auditiva. Método: Revisão de literatura sistemática que utilizou como descritores: Fonoaudiologia. Agrotóxico. Audição. Encontraram-se indexados três artigos nas bases de dados Google Acadêmico e Lilacs, seguindo os critérios de inclusão: publicados entre os anos de 2015 a 2020 e aqueles que se encaixaram no tema proposto. Resultados: No estudo 1, na triagem auditiva dos participantes, 31 deles apresentaram perda auditiva bilateral leve a moderada e 12 perda auditiva unilateral, 23 participantes relataram zumbido e 4 se queixaram de coceira e vertigem; 60% da amostra no total apresentaram problemas auditivos¹. No estudo 2, os trabalhadores relatam a presença de tontura, perda auditiva, vômito, e informam saber a importância do uso de EPIs². No estudo 3, foram analisados trabalhadores que tinham exposição ao veneno e trabalhadores que não tinham contato com o agrotóxico. A prevalência de sujeitos que têm percepção de zumbido é maior nos trabalhadores expostos ao produto químico. O sintoma de tontura durante e/ou após a aplicação de agrotóxico foi relatado por 33%, foi realizado o exame de Emissões otoacústicas evocadas transientes e por produto de distorção (EOAPD) e nos resultados os trabalhadores expostos a agrotóxicos “falharam” mais, em ambas as orelhas, que os sem exposição³. Conclusão: Com base nos resultados desses estudos, podemos perceber os danos auditivos causados pelo manuseio do agrotóxico. É de suma importância que haja novas pesquisas sobre o tema, para maiores comprovações em relação à perda auditiva e uso de produtos ototóxicos na agricultura.


DESCRITORES: FONOAUDIOLOGIA. AGROTÓXICOS. AUDIÇÃO.

1. MATTIAZZI, Ângela Leusin et al. Triagem auditiva e atividade de colinesterase entre trabalhadores rurais expostos a pesticidas. Rev. bras. med. trab ;.2019.
2. NORONHA, Marlos Suenney de Mendonça et al. Saúde do trabalhador e fonoaudiologia: percepções de agricultores irrigantes expostos a produtos ototóxicos. Rev. baiana saúde pública, v41, n4., 2018.
3. DE SENA, Tereza Raquel Ribeiro et al. Audição em altas frequências em trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos. Ciênc. saúde coletiva v.24 n.10. 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1949
DEFICIÊNCIA AUDITIVA: O MOMENTO DO DIAGNÓSTICO PELA VISÃO DOS PAIS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A deficiência auditiva é uma afecção com prevalência considerável na população mundial. Os benefícios da intervenção junto ao indivíduo deficiente auditivo mostraram-se mais efetivo quando realizados precocemente. De acordo com estudos, a abordagem precoce possibilita o desenvolvimento adequado da linguagem, independentemente do grau da deficiência auditiva (YOSHINAGA-ITANO, 1998). Diante disso, foi idealizada uma pesquisa para entender a visão das famílias, de crianças portadoras de deficiência auditiva, diante de todo processo. OBJETIVO: O objetivo desse estudo foi caracterizar como foi o momento do diagnóstico da deficiência auditiva e a forma com que estes pais ou responsáveis reconhecem a deficiência auditiva das suas crianças além de identificar se há recorrência de termos para referenciarem à perda auditiva. MÉTODO: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob CAAE n0 93554718.8.0000.5064, e realizada com 20 famílias (pais/avós) de crianças deficientes auditiva que acompanharam o processo de reabilitação dessas crianças. Foi elaborada uma entrevista semi-estruturada que investigou o momento do diagnóstico, se houve dificuldades após este e durante o tratamento. A entrevista buscou identificar aspectos sobre a inserção dos filhos na escola e na sociedade, o relacionamento com toda família que lida com este deficiente e o que acham do acesso ao tratamento na saúde auditiva. Todos os dados foram transcritos e analisados por meio do Iramuteq® um software de análise estatística textual. Para a presente pesquisa propôs-se a análise de Especificidade e Análise Fatorial de Correspondência (AFC), além da Classificação Hierárquica Descendente (CHD) Análise de Similitude. RESULTADOS: Identificou-se que na amostra pesquisada os cuidadores são na maioria do sexo feminino (80%). Do total de entrevistados, 30% receberam o diagnóstico da deficiência auditiva das crianças quando elas tinham entre 6 e 7 anos. A análise de Especificidade e AFC apontou duas ramificações distintas de textos (subcorpus A e B). O subcorpus A retomou palavras sobre as “Condutas” que esses pais tiveram ao saberem do diagnóstico e o subcorpus B os “Aspectos Socio-interacionais”. A CHD por meio do teste de qui-quadrado (p<0,05) confirmou a relação estatística dessas palavras em cada classe, além da associação entre as classes. Pela análise de similitude, foi possível verificar a associação forte entre as sete palavras que mais se destacaram, sendo elas “Não”, “Ter”, “Eu”, “Ela”, “Ele”, “Falar” e “Ir”. CONCLUSÃO: Por meio dessa pesquisa é possível concluir que o momento do diagnóstico da deficiência auditiva trouxe um impacto negativo para essas famílias, o que pode ser comprovado pelo relato dos entrevistados que ainda carregam em seu centro a palavra “Não” com uma negativa, associada a “não ter”, “não falar”, “não”, “ele não”, “ela não”. Destaca-se ainda que nesta pesquisa repete-se a evidência da sobrecarga do sexo feminino nos cuidados em saúde e geral. Sugere-se com esses dados a necessidade de incentivo positivo no momento do diagnóstico, tais como o apontamento claro das alternativas de reabilitação.

1. YOSHINAGA-ITANO C, Sedey AL, Coulter DK, Mehl AL. Language of Early- and Later-identified Children with Hearing Loss. Pediatrics [Internet]. 1998;102(5):1161–71. Available from: http://pediatrics.aappublications.org/lookup/doi/10.1542/peds.102.5.1161
2. MATHERS C, Smith A, Concha M. Global burden of hearing loss in the year 2000. World Heal Organ [Internet]. 2000;(4):1–30. Available from: http://www.who.int/healthinfo/statistics/bod_hearingloss.pdf
3. BEVILACQUA MC, Formigoni G. Audiologia Educacional: uma opção terapêutica para a criança deficiente auditiva. Carapicuiba: Pró-Fono Departamento Editorial; 2000.
4. OLIVEIRA AN de;, Bassi AKZ, Bastos JR de M, Calda M de L, Costa Filho OA, Alvarenga K de F, et al. Levantamento das alterações auditivas na população urbana de Monte Negro-RO. Anais. 2008;
5. DELGADO-PINHEIRO EMC, Cristina R. Interação comunicativa entre pais de crianças e adolescentes deficientes auditivos que utilizam comunicação oral Communicative interaction between parents of hearing impaired children and adolescents that use oral communication Interacción comunicativa en. 2014;26(4):743–51.
6. COLE E. Listening and talking: a guide promoting spoken language in young hearing - impaired children. In: Cole E, editor. Washington, DC: AG Bell Assn For Deaf; 1992. p. 41–65.
7. MEDEIROS MC, Bevilacqua MC. Avaliação da percepção da fala de crianças deficientes auditivas não-oralizadas pela análise de vídeos. Pro Fono. 2002;14(1):73–84.
8. SALVIATI ME. Manual do Aplicativo Iramuteq. UNB - Univ Nac Bras. 2017;93.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1268
DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS PARA ANÁLISE DE MEDIDAS OBJETIVAS DA SUCÇÃO NÃO-NUTRITIVA DE RECÉM-NASCIDOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A sucção é um reflexo motor oral inato do ser humano, fundamental para a alimentação dos recém-nascidos nos primeiros meses de vida e para o desenvolvimento das estruturas do sistema estomatognático. Existem dois tipos de sucção, a não-nutritiva (SNN) e a nutritiva (SN). A SNN é preditiva à sucção nutritiva e traz inúmeros benefícios ao recém-nascido, o que demanda atenção adequada quanto à avaliação desta função. Em 2015 um protótipo de avaliação da sucção não-nutritiva foi desenvolvido e considerando-se que instrumentos de avaliação quantitativa demandam padronização de parâmetros e métodologia de análise dos dados gerados, o presente trabalho foi proposto com esta finalidade. OBJETIVO: Propor uma metodologia de análise dos dados gerados por um instrumento de medição da pressão de sucção não-nutritiva do recém-nascido. MÉTODOS: Foi desenvolvido um estudo observacional analítico, com delineamento transversal considerando os dados coletados de 24 recém-nascidos a termo sem comprometimentos. Foram analisadas três coletas de cada neonato, com duração de 2 minutos e intervalo de 2 minutos entre elas. Os registros foram captados por um equipamento constituído de ponta probatória, conectores e sensor de vácuo e armazenados em um sistema digital. Os parâmetros definidos foram extraídos por meio de um programa desenvolvido em Matlab®. Os resultados foram obtidos pela análise e comparação das variáveis número de grupos de sucção, número de sucções, tempo para iniciar os grupos de sucção, tempo dos grupos de sucção, frequência e período de sucção, número de sucções esporádicas, pressão mínima, média e máxima, número de pausas e tempo de pausas ao nível de confiança de 5%. Foi realizada ainda comparação das análises manual e computadorizada por meio do coeficiente de correlação intraclasse. RESULTADOS: A comparação múltipla entre os três momentos de coleta, mostrou que as diferenças estatísticas significantes ocorreram entre as coletas um e dois e dois e três. Ao se analisar e comparar cada variável separadamente, notou-se que a segunda coleta apresentou: maior número de grupos de sucção, maior número de sucções, menor tempo para iniciar os grupos de sucção, maior tempo de grupos de sucção, menor número de sucções esporádicas, valores de pressão média maiores e com menor desvio padrão, maior número de pausas com tempo de pausas menor. A análise de concordância apresentada por meio do coeficiente de correlação intraclasse, revelou que os dois métodos independentes de avaliação (manual e computadorizado) obtiveram concordância quase perfeita para todos os 12 parâmetros avaliados. CONCLUSÃO: As variáveis número de grupos de sucção, número de sucções, tempo para iniciar os grupos de sucção, tempo dos grupos de sucção, frequência de sucção, número de sucções esporádicas, pressão mínima, média e máxima, número de pausas e tempo de pausas mostram-se relevantes para a avaliação da SNN. É necessária a realização de apenas duas coletas, visto que na primeira parece haver um comportamento de treinamento e a segunda apresenta os melhores achados. O programa em Matlab® mostrou-se viável e eficaz na extração e análise dos parâmetros, apresentando alta concordância quando comparado à avaliação manual.

1. Monguilhott LMJ, Frazzon JS, Cherem VB. Hábitos de sucção: como e quando tratar na ótica Ortodontia x Fonoaudiologia. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2003;8(1):95-104.
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5. Bernbaum JC, Pereira GR, Watkins JB, Peckham GJ. Nonnutritive sucking during gavage feeding enhances growth and maturation in premature infants. Pediatrics. 1983;71(1):41–5.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
129
DEGLUTIÇÃO DE PACIENTES PÓS GLOSSECTOMIA ASSOCIADA À QUALIDADE DE VIDA: REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O câncer de cabeça e pescoço é o quinto mais frequente no mundo. No Brasil, a doença afeta principalmente a população masculina, de cor branca e com faixa etária entre 55 e 60 anos de idade, mais comumente localizado na língua e ventre da língua ou assoalho de boca(1,2). O Câncer bucal tem como principais fatores de risco o álcool e o fumo, e para seu tratamento podem ser indicadas cirurgia, radioterapia e quimioterapia(3,4,5). A conduta terapêutica irá influenciar diretamente no padrão de deglutição do paciente, podendo acarretar diversos prejuízos relacionados com a precisão das funções estomatognáticas(4,5). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(6), sobre a qualidade de vida dos pacientes em relação à deglutição após a realização da glossectomia por meio de uma revisão sistemática. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação baseada no Descritores em Saúde (Decs). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO, ScienceDirect, SCOPUS e Google Acadêmico (cinza). O período de busca dos artigos compreendeu janeiro de 2010 a março de 2020, sem restrição de idioma e localização. Foi realizada avaliação da qualidade dos artigos, na qual se incluía artigos apresentaram nota 6, baseado no protocolo modificado de Pithon et al. (2015)(7). RESULTADOS: Os estudos selecionados(8,9) foram do tipo longitudinal. O tamanho amostral dos estudos envolveu 117(8) e 95(9) pacientes oncológicos, todos sem quaisquer condições prévias que iria afetar a eficiência da deglutição. A idade dos participantes da pesquisa foi compreendida entre 9 e 79 anos de idade para os homens e entre 20 e 78 anos de idade para as mulheres em ambos os estudos, todos diagnosticados com neoplasia de língua e tratados cirurgicamente. O método cirúrgico predominante em ambos os estudos foi glossectomia parcial, realizada em 163 indivíduos no total(8,9). Em um dos estudos foi evidenciado maior comprometimento funcional para o grupo tratado com a glossectomia parcial e quimiorradioterapia adjuvante, quando comparado aqueles tratados apenas com a radioterapia adjuvante. Contudo, os componentes emocionais e funcionais foram os que causaram maiores prejuízos na vida dos indivíduos(8). Já em outro estudo(9), os autores evidenciaram maior comprometimento na fase oral da deglutição, havendo forte relação entre a mobilidade da língua e o movimento epiglótico, sendo observado penetração laringotraqueal em 67% das pessoas com movimentos epiglóticos anormais e a aspiração foi registrada em 42%. CONCLUSÃO: A disfagia influencia diretamente na qualidade de vida de pacientes oncológicos, acarretando problemas na deglutição, fala e convívio social, sendo estes fatores recorrentes em casos de neoplasia de língua tratados com cirurgia, quimioterapia e radioterapia adjuvante.

1. Domingos PAS, Passalacqua MLC, Oliveira ALBM. Câncer Bucal: Um problema de Saúde Pública. Rev Odontol Univ Cid São Paulo. 2014; 26(1): 46-52. Disponível em: http://publicacoes.unicid.edu.br/index.php/revistadaodontologia/article/view/285/182
2. Soares EK, Neto BCB, Santos LPS. Estudo epidemiológico do câncer de boca no Brasil. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2019; 64(3):192-8. Disponível em: https://doi.org/10.26432/1809-3019.2019.64.3.192
3. Vidal AKL, Revoredo ECV. Radioterapia em tumores de boca. Odontologia Clínico-Científica. 2010; 9(4): 295-8. Disponível em: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/occ/v9n4/a03v9n4.pdf
4. Vieira CA. Fonoterapia em glossectomia total - estudo de caso, Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011; 16(4): 479-82. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v16n4/v16n4a19.pdf
5. Vilar CMC, Martins IM. Câncer de cabeça e pescoço. In: Vieira SC, Lustosa AML, Barbosa CNB, Teixeira JMR, Brito LXE, Soares LFM et al. Oncologia Básica. 1ª edição. Teresina, PI: Fundação Quixote; 2012. Páginas 10-23.
6. Moher D, Shamseer L, Clarke M, Ghersi D, Liberati A, Petticrew M, et al. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015;4(1):1-9. doi:10.1186/2046-4053-4-1
7. Pithon MM, Sant'Anna LI, Baião FC, dos Santos RL, Coqueiro Rda S, Maia LC. Assessment of the effectiveness of mouthwashes in reducing cariogenic biofilm in orthodontic patients: a systematic review. J Dent. 2015;43(3):297‐308.
8. Dzioba A, Aalto D, Papadopoulos-Nydam G, Seikaly H, Rieger J, Wolfaardt J, et al. Functional and quality of life outcomes after partial glossectomy: a multi-institutional longitudinal study of the head and neck research network. Journal Of Otolaryngology - Head & Neck Surgery. 2017; 46(1):1-11. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1186/s40463-017-0234-y.
9. Halczy-kowalik L, Sulikowski M, Wysocki R, Posio V, Kowalczyk R, Rzewuska A. The Role of the Epiglottis in the Swallow Process after a Partial or Total Glossectomy Due to a Neoplasm. Dysphagia. 2011; 27(1):20-31. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1007/s00455-011-9332-6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1103
DEGLUTIÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES REABILITADOS COM PRÓTESE BUCOMAXILOFACIAL PÓS CÂNCER DE BOCA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


DEGLUTIÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES REABILITADOS COM PRÓTESE BUCOMAXILOFACIAL PÓS CÂNCER DE BOCA

Introdução: O câncer de boca é sexto câncer mais comum em todo o mundo, com uma estimativa de 275.000 casos anuais1. Uma das consequências da cirurgia é a alteração da porção faríngea entre a cavidade nasal e oral, o que influencia diretamente o funcionamento da fala, deglutição, mastigação e estética facial, tendo forte impacto no comportamento social e na qualidade de vida (QV) do indivíduo2. As próteses bucomaxilofaciais (PBMF) têm a função de melhorar significativamente a QV dos indivíduos nessas situações, além de ser uma modalidade de tratamento apropriada e não invasiva capaz de restabelecer imediatamente a morfologia facial e o funcionamento oral3. Objetivo: O presente estudo verificou a deglutição e a qualidade de vida relacionada à deglutição e à saúde bucal de pacientes que fazem uso de prótese bucomaxilofacial após realização de ressecção de tumor de cavidade oral e/ou orofaringe. Método: Participaram do estudo dez pacientes com diagnóstico de câncer que realizaram ressecção do tumor e utilizavam a prótese como forma de reabilitação. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob número CAAE 63084016.8.0000.0121. Eles foram classificados quanto ao nível de ingestão oral e submetidos aos questionários de qualidade de vida Oral Health Impact Profile e SWAL-QOL. Resultados: Foi possível observar que quatro pacientes se alimentavam por via oral sem restrições, quatro necessitaram de preparo especial ou compensações durante a alimentação, ou seja, alimentos amassados ou liquidificados e dois com restrição de sólidos duros e secos. Houve baixo impacto na QV relacionada à saúde bucal (média = 9,95 ± 7,42) e à deglutição (média = 75,45 ± 21,63), porém, seis pacientes relataram que às vezes sentem incômodo para comer alimentos e cinco relataram que às vezes se sentem pouco à vontade no questionário OHIP-14. Conclusão: A partir dos resultados do presente estudo, foi verificado que a maioria dos pacientes necessitou de preparo especial ou compensações para a alimentação. Houve um baixo impacto da qualidade de vida relacionada à saúde bucal e relacionada à deglutição nos pacientes reabilitados com PBMF, porém, os domínios “dor física” e “desconforto psicológico” foram os mais afetados no questionário de QV relacionado à saúde bucal, e domínio “comunicação”, relacionado à deglutição.


1. Warnakulasuriya S. Global epidemiology of oral and oropharyngeal cancer. Oral Oncol. 2009; 45(4-5): 309-16.
2. Depprich R, Naujoks C, Lind D, Ommerborn M, Meyer U, Kübler N.R., et al. Evaluation of the quality of life of patients with maxillofacial defects after prosthodontic therapy with obturator prostheses. Int J Oral Maxillofac Surg. 2011; 40(1): 71-9.
3. Brandão TB, Vechiato FAJ, Batista VE, Oliveira MC, Santos-Silva AR. Obturator prostheses versus free tissue transfers: A systematic review of the optimal approach to improving the quality of life for patients with maxillary defects. J Prosthet Dent. 2015; 115(2): 247-253.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1407
DEL E COMORBIDADES: UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução
O Distúrbio Específico da Linguagem (DEL) é uma defasagem no desenvolvimento linguístico de crianças cujo desenvolvimento cognitivo ocorre dentro dos padrões. Em 2016, o consórcio CATALISE reuniu 59 especialistas tentando estabelecer um consenso entre profissionais multidisciplinares na tentativa de construir um fenótipo mais específico. Com isso, foram estabelecidos novos aspectos de inclusão, admitindo, agora, comorbidades, além da mudança de nomenclatura para Transtorno do Desenvolvimento Linguístico (TDL).

Objetivo
Discutir, baseando-se na revisão de literatura e resultados de pesquisas, a possibilidade de o DEL estar em comorbidades com três outros distúrbios: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Dislexia e Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Metodologia
Revisão bibliográfica qualitativa e quantitativa composta por 58 textos disponibilizados em disciplina do programa de pós-graduação de estudos da linguagem em uma universidade brasileira.

Resultados e discussão
Crianças com DEL parecem cometer erros de linguagem que claramente destoam do desenvolvimento típico. A linguagem é aqui entendida como competência cognitiva, logo, o termo "específico" aponta para acometimentos do domínio da linguagem, sendo eles sintaxe, morfologia e “gramática-fonológica".
Pesquisas recentes demonstram que algumas crianças com DEL também apresentam déficits adicionais, sugerindo que o distúrbio possa não ser tão específico como pensado(1). Estudos citados por Van Der Lely (2005)(1) apontam para a possibilidade de déficit do input fonológico ou de processamento. A possibilidade de a alteração na criança com DEL ser proveniente de um déficit do processamento fonológico chama a atenção pois problemas no processamento fonológico é marco característico de outro distúrbio: a dislexia.
Também foi estudada a possibilidade de comorbidade do DEL com o TDAH, distúrbio do desenvolvimento neurológico que acomete cerca de 7% de crianças no mundo(2). Apesar de ser um transtorno conhecido por seus sintomas comportamentais (desatenção, hiperatividade e impulsividade), 35% a 50% das crianças com TDAH apresentam níveis significativos de comprometimento linguístico(3,4). Diante disso, dissociar as etiologias que causam esses transtornos ganha complexidade(3). Pesquisas realizadas apontam que apesar de não termos um fenótipo único, temos informação de que os transtornos podem se sobrepor em áreas de processamento de memória de trabalho(2,3).
Já em relação ao TEA, pesquisas apontam que, apesar da gramática e da pragmática serem habilidades independentes, crianças com autismo ou DEL podem apresentar dificuldades em ambas, mesmo que com níveis de comprometimento diferentes(5). Além disso, os questionamentos ganharam força por ambos terem questões de hereditariedade envolvidas, além de exames de imagem cerebral semelhantes.
Os estudos ainda são recentes e em números insuficientes para uma conclusão precisa. Porém é de extrema importância levantar a discussão para uma melhor intervenção nos pacientes que, porventura, apresentem tais quadros.

Conclusão
O DEL - distúrbio de complexa definição - é um transtorno específico da linguagem que interessa diferentes áreas de pesquisa. Diferentes pesquisas e testes conduzidos auxiliam a elaboração de parâmetros mais precisos - propiciando uma intervenção mais específica. Este debate, sob a luz da psicolinguística gerativista, faz clara a importância de mais pesquisas sobre o tema contribuindo serem conduzidas.

1. Van Der Lely HKJ. Domain-specific cognitive systems: Insight from Grammatical-SLI. Trends Cogn Sci. 2005;9(2):53–9.
2. Redmond SM. Differentiating SLI from ADHD using children’s sentence recall and production of past tense morphology. Clin Linguist Phonetics. 2005;19(2):109–27.
3. Hutchinson E, Bavin E, Efron D, Sciberras E. A comparison of working memory profiles in school-aged children with Specific Language Impairment, Attention Deficit/Hyperactivity Disorder, Comorbid SLI and ADHD and their typically developing peers. Child Neuropsychol. 2012;18(2):190–207.
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5. Tomblin B. Co-morbidity of autism and SLI: Kinds, kin and complexity. Int J Lang Commun Disord. 2011;46(2):127–37.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
948
DELINEAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE PACIENTES DISFÁGICOS INTERNADOS EM UMA UTI.
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A unidade de terapia intensiva (UTI) é caracterizada como um elemento dotado de procedimentos complexos com admissão de pacientes potencialmente graves que apresentam necessidades de suporte de vida. A equipe multiprofissional é responsável pela prestação de cuidados a indivíduos internados, sendo o fonoaudiólogo um dos seus principais integrantes. Sabe-se que o paciente hospitalizado apresenta diversas morbidades e comorbidades que acabam piorando o seu quadro clínico trazendo ainda danos às suas atividades funcionais. Em sua maioria, os pacientes que se encontram na UTI são indivíduos fragilizados, clinicamente instáveis, desnutridos e que apresentam prejuízos quanto a sua mobilidade, independência e alimentação. A disfagia é um dos sintomas que pode estar presente nesses pacientes, apresentando alta incidência nos indivíduos internados. Mudanças na biomecânica da deglutição são comuns devido à realização de procedimentos invasivos como intubação orotraqueal prolongada, uso de traqueostomia ou via alternativa alimentar. Devido a essa modificação, sinais como tosse, pigarro, alteração vocal, engasgos e dispneia podem estar associados e presentes antes, durante ou após deglutição. Apesar de não ser definida como doença, a disfagia pode ocasionar sérios prejuízos e complicações clínicas como aumento no período de internação hospitalar, aspiração e penetração laringotraqueal, pneumonia, desnutrição, desidratação, asfixia e em alguns casos morte. A atuação Fonoaudiológica junto a esses pacientes tem como objetivo realizar detecção precoce da disfagia, contribuir na redução de danos à saúde nutricional e pulmonar, promover uma deglutição segura e eficaz, reduzir o tempo de internação e gastos hospitalares. Conhecer as características clínicas presentes no paciente internado na UTI auxilia na garantia de uma prestação de assistência fonoaudiológica mais qualificada e direcionada ao paciente crítico e disfágico. OBJETIVO: Traçar o perfil clínico de pacientes disfágicos internos na UTI de um hospital público de referência. MÉTODO: Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, descritivo e quantitativo. Foram levantadas as fichas dos protocolos de avaliação fonoaudiológica dos pacientes que se encontraram internados na UTI durante o ano de 2019. A amostra consistiu em 90 fichas com dois desses excluídos, resultando numa amostra final de 88 sujeitos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Cerca de 61,36% dos sujeitos da amostra eram do sexo feminino e 38,64% do sexo masculino. Do total, 63,34% dos pacientes tinham mais de 60 anos sendo o mais novo com 17 e o mais velho com 91 anos. Desses, 36,36% apresentaram como um dos motivos de internação doenças respiratórias e 31,82% por doenças cardíacas. Em média 47,73% pacientes precisaram de intubação orotraqueal sendo 35,23% por um período prolongado e 52,27% necessitaram de alguma via alternativa alimentar. Dos pacientes pesquisados 77% apresentaram algum tipo de transtorno na deglutição sendo os sinais clínicos mais presentes a alteração vocal, alteração na mobilidade laríngea e a tosse. Conclusão: O perfil clínico apresentado pela amostra do estudo reforça as condições de fragilidade comuns nos pacientes críticos, assim como evidencia a elevada incidência da disfagia nesse público.

1- SASSI, F.C, et al. Avaliação e classificação da disfagia pós-extubação em pacientes críticos. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro , v. 45, n. 3, e1687, 2018 .
2- HAUSBERGER, C.S., GOMES, R.H.S., LEONOR, V.D, et al. Proposta de protocolo para decanulação realizada por equipe multidisciplinar. Ciência e Cultura, n. 52, p. 11-18, Curitiba, 2016.
3- WERLE, R. W.; STEIDL, E. M. dos S.; MANCOPES, R. Fatores relacionados à disfagia orofaríngea no pós-operatório de cirurgia cardíaca: revisão sistemática. CoDAS, São Paulo , v. 28, n. 5, p. 646-652, Oct. 2016 .
4- PADOVANI, A.R., MORAES D.P., SASSI F.C., ANDRADE C.R.F. Avaliação clínica da deglutição em unidade de terapia intensiva. CoDAS. 2013; 25(1) : 1-7.
5- FURKIM A.M, BARATA L., DUARTE S.T, JÚNIOR J.R.N. Gerenciamento fonoaudiológico da disfagia no paciente critico na Unidade de Terapia Intensiva. In: Furkim AM, Rodrigues KA. Disfagia nas Unidades de Terapia Intensiva. 1 ed. São Paulo: Roca; 2014; p. 111-4.
6- DUNN, K., RUMBACH, A. Incidence and Risk Factors for Dysphagia Following Non-traumatic Subarachnoid Hemorrhage: A Retrospective Cohort Study. Dysphagia 34, 229–239 (2019).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1136
DELINEAMENTOS EXPERIMENTAIS DE SUJEITO ÚNICO: APLICAÇÃO EM INTERVENÇÕES DE FALA, LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)



Introdução: Demonstrar a eficiência de intervenções de fala, linguagem e comunicação é um desafio para fonoaudiólogos que trabalham com crianças e jovens público alvo da educação especial. A utilização de delineamentos experimentais em pesquisas aplicadas parece ser pouco recorrente na área da fonoaudiologia, especialmente, no cenário nacional. No entanto, os delineamentos experimentais podem contribuir como um instrumento de medida de eficácia de intervenções, de forma que a aplicação dos princípios desse tipo de delineamento de pesquisa pode favorecer o desenvolvimento de um profissional “clínico-pesquisador”, aumentando a objetividade e embasamento em evidências na tomada de decisões que norteiam o tratamento(1,2). Diante da impossibilidade de testar os efeitos de uma intervenção com um grupo grande de crianças e jovens, os delineamentos de sujeito único apresentam-se como uma alternativa em que o controle experimental pode ser avaliado com um pequeno número de indivíduos, sendo que cada aprendiz será seu próprio controle, ou seja, os resultados podem ser avaliados a partir de medidas repetidas da habilidade alvo (variável dependente) antes, às vezes durante e após a intervenção (variável independente)(2,3). Objetivo: O objetivo deste trabalho é apresentar a importância da utilização de delineamentos experimentais de sujeito único na prática de fonoaudiólogos que trabalham na reabilitação da linguagem. Método: O presente trabalho trata-se de um ensaio teórico e foi organizado em dois tópicos: 1) Tipos de delineamentos experimentais de sujeito único que podem ser utilizados em intervenções de fala, linguagem e comunicação; e 2) Apresentação de pesquisas realizadas especialmente com crianças e jovens público alvo da educação especial obtidas por meio de uma busca não sistemática, que utilizaram tais delineamentos, correlacionando-as com a prática de avaliação e intervenção do fonoaudiólogo clínico. Resultados: Para trabalhar intervenções de fala, linguagem e comunicação são frequentes os delineamentos de sujeito único do tipo AB, ABA, linha de base múltipla, múltiplas sondagens e tratamentos alternados. Pesquisas encontradas que utilizaram delineamentos de sujeito único para evidenciar a eficácia de tratamento em questões como prosódia na leitura(4), transtornos dos sons da fala(5); habilidades iniciais de alfabetização(6); habilidades gramaticais na comunicação aumentativa e alternativa(7), e desempenho ortográfico(8), demonstraram a aplicabilidade dos delineamentos intrassujeitos na prática clínica fonoaudiológica, facilitando a escolha de abordagens terapêuticas que possam fornecer resultados benéficos ao aprendiz. Conclusão: Os resultados do trabalho contribuem ao apresentar a importância da utilização de delineamentos de sujeito único para respaldar a prática clínica de forma sistemática e com rigor cientifico, garantindo, por exemplo, que os ganhos observados são advindos da intervenção e não efeitos do desenvolvimento ou maturação, por exemplo. A maior utilização deste tipo de delineamento tanto nos estudos científicos quanto na prática clínica fonoaudiológica implicam a instrução desta metodologia para graduandos bem como para pesquisadores em fonoaudiologia, demonstrando não se tratar de relatos de caso, mas intervenções baseadas em evidências.

1. Brobeck TC, Lubinsky J. Using single-subject designs in speech-language pathology practicum. Contemporary Issues in Communication Science and Disorders. 2003; 30(Fall):101-6.

2. Vance M, Clegg J. Use of single case study research in child speech, language and communication interventions. Child Language Teaching and Therapy. 2012; 28(3): 255-58. https://doi.org/10.1177/0265659012457766.

3. Lane, JD, Ledford, JR, Gast, DL. Single-case experimental design: Current standards and applications in occupational therapy. American Journal of Occupational Therapy. 2017; 71(2): 7102300010p1-p9. https://doi.org/ 10.5014/ajot.2017.022210.

4. Calet, N, Pérez-Morenilla, MC, De los Santos-Roig, M. Overcoming reading comprehension difficulties through a prosodic reading intervention: A single-case study. Child Language Teaching and Therapy. 2019, 35(1): 75-88. https://doi.org/10.1177/0265659019826252.

5. Lundeborg Hammarström, I, Svensson, RM, Myrberg, K. A shift of treatment approach in speech language pathology services for children with speech sound disorders–a single case study of an intense intervention based on non-linear phonology and motor-learning principles. Clinical linguistics & Phonetics. 2018, 33(6): 518-531. https://doi.org/10.1080/02699206.2018.1552990.

6. Gyovai, LK, Cartledge, G, Kourea, L, Yurick, A, & Gibson, L. Early reading intervention: Responding to the learning needs of young at-risk English language learners. Learning Disability Quarterly. 2009, 32(3): 143-162. https://doi.org/10.2307/27740365.

7. Lund, SK, Light, J. The effectiveness of grammar instruction for individuals who use augmentative and alternative communication systems. Journal of Speech, Language, and Hearing Research. 2003, 46(5): 1110-1123. https://doi.org/10.1044/1092-4388(2003/087).

8. Nies, KA., Belfiore, PJ. Enhancing spelling performance in students with learning disabilities. Journal of Behavioral Education. 2006, 15(3): 163-170.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
109
DEMANDA DE LINGUAGEM EM UMA COMUNIDADE EM BELÉM DO PARÁ: RESULTADOS DE UMA CAMPANHA SOCIAL
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)
66812440


Introdução: A linguagem é a capacidade que a espécie humana tem para comunicar-se. É por meio da linguagem que expressamos nossos sentimentos, aprendemos noção de tempo, desenvolvemos raciocínio e planejamos nossas atitudes, e um déficit nesse processo de aquisição pode refletir-nos mais variados problemas de aprendizagem, que quando não devidamente tratado acarreta em inúmeros problemas durante todo o desenvolvimento infantil. Para que tenhamos um bom desenvolvimento da linguagem, é importante ressaltar alguns aspectos fundamentais para a aquisição da mesma como: querer falar, ter capacidade para utilizar os mecanismos de fonação, ter inteligência para assimilar a linguagem, e para isso, é importante que tenha a preservação de determinadas áreas cerebrais como por exemplo: Área de Wernike (responsáveis pela compreensão da linguagem), Área temporal (memória e percepção) entre outras importantes áreas. Objetivo: Avaliar e caracterizar indicação de possíveis distúrbios de aquisição da linguagem em crianças moradoras de uma comunidade localizada na região metropolitana de Belém, e encaminhando cada criança de acordo com suas manifestações. Metodologia Mediante revisão do presente trabalho viu-se que o mesmo não se aplica a necessidade da análise do comitê de ética em pesquisa por ser resultados de dados secundários de uma campanha. Trata-se de um estudo transversal quanti-qualitativo, em que foi realizada uma ação social em uma igreja de Belém-PA no mês de março de 2018, o qual teve como objetivo principal, a promoção de ações que gerassem qualidade de vida a comunidade moradora da região, as quais foram divulgadas através da comunidade, e os moradores procuraram de forma voluntária os atendimentos ofertados. “A triagem é a área onde a atuação do fonoaudiólogo é realizada pela aplicação de uma bateria de testes padronizados em cada criança, elaborados pelo próprio fonoaudiólogo, por meio dos quais se verifica a comunicação oral, escrita e outros aspectos relacionados a elas, tendo caráter diagnóstico e preventivo” (PACHECO, 2001). A ação contou com triagens fonoaudiológicas em crianças da comunidade, para a obtenção de possíveis problemas, orientação aos pais ou responsáveis sobre possíveis transtornos do desenvolvimento, encaminhamentos ou terapias, caso necessário. Resultados: A ação social contou com a participação de 14 crianças (100%), sendo 6 do sexo masculino (42,85%) e 8 do sexo feminino (57,14%),com idade entre 3 a 11 anos, onde destes, uma apresentou nasalização de fricativa (7,14%), duas crianças apresentaram posteriorização de fricativa (14,28%), duas apresentaram epêntese (14,28%), 4 apresentaram substituição de líquida (28,27%), 5 apresentaram redução de encontro consonantal (35,71%) e 7 apresentaram apagamento de líquida final (50%). Nenhum pai ou responsável relatou algum tipo de disfunção neurológica que pudesse justificar tais problemas. Conclusão: Esse trabalho demonstra a importância que se tem em levar qualidade de vida para a comunidade e destacar a importância da criação de programas que visem o desenvolvimento da linguagem em crianças, com foco na preservação e informação, mostrando a importância da ação fonoaudiológica nos processos de aquisição da linguagem, proporcionando um melhor desenvolvimento e qualidade de vida.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
413
DEMANDAS FONOAUDIOLÓGICAS DE CANTORES GOSPEL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O canto com o intuito religioso é praticado desde as primeiras civilizações. Atualmente, a música ainda faz parte do cotidiano das igrejas, com o intuito de engrandecer a Deus ou realizar petições. A partir dessas intenções, houve a necessidade de serem criados grupos, corais ou até mesmo o canto solo para que essa prática seja vivenciada pelo cantor e pelos fiéis. OBJETIVO: Identificar e caracterizar as demandas fonoaudiológicas de cantores gospel amadores. MÉTODO: Participaram da pesquisa 65 cantores gospel amadores de 7 igrejas evangélicas de Nova Friburgo. Para realizar a coleta 9 Igrejas receberam o projeto para análise e assinaram a autorização para realização da pesquisa feita por meio do documento intitulado “Termo de Concordância da Instituição”. Para atender o cronograma da pesquisa estabeleceu-se um prazo para a coleta dos dados. Por esta razão 7 Igrejas com todos os cantores gospel amadores membros das respectivas Igrejas participaram da pesquisa. A coleta foi realizada por meio de realização do perfil dos participantes e entrevista semiestruturada. Foi realizada análise estatística descritiva dos dados coletados. RESULTADOS/DISCUSSÃO: Dados do perfil: 68 %, dos participantes são do gênero feminino, os participantes apresentaram idades entre 18 e 68 anos, 70% possuem o ensino médio completo, 65% completaram o ensino superior, 88% não concluíram o ensino fundamental. A maior parte dos participantes utiliza a voz com o canto de 2 a 3 vezes na semana e no período de 10 a 19 anos. 20% dos participantes foram caracterizados como profissionais da voz. Demandas Fonoaudiológicas: 48% dos participantes declararam não conhecer a Fonoaudiologia. 12% dos participantes disseram já ter feito algum tipo de acompanhamento fonoaudiológico. Embora afirmem conhecer cuidados com a voz 54% dos participantes não os praticam e 46% dos participantes afirmam a utilização deste cuidado. 57% dos participantes referiram não praticar preparos vocais antes e depois do canto. A maioria dos participantes relatou realizar aquecimento vocal com a regente responsável pelo coral. A média geral de desvantagens relatadas pelos participantes foi de 7,9 das 21 possibilidades presentes no questionário. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Essa população de modo geral, possui alta probabilidade de desenvolver alterações vocais. As médias de suas desvantagens vocais são consideradas altas. Conhecer as desvantagens vocais dos cantores gospel amadores é fundamental para a atuação fonoaudiológica junto a esse público que demonstrou significativa falta de informações em relação aos cuidados vocais. Conclui-se com este estudo que existe um campo significativo de trabalho voltado para a promoção, prevenção e reabilitação da Saúde Vocal desta população para o Fonoaudiólogo.

ANDRADE, S. R.; FONTURA, D. R.; CIELO, C. A.; Inter-relações entre Fonoaudiologia e canto. Rev. Música Hodie, 7 (1): 83-98. 2007.
BARRETO, T. M. M.; et al. Perfil da saúde vocal de cantores amadores de igreja evangélica. Rev. Soc. Bras, Fonoaudiol.; 16(2): 140-145. 2011.
BEHLAU, M.; REHDER, M. I.; Higiene Vocal para o Canto Coral. Segunda Edição. Rio de Janeiro: Revinter. 2009.
BEHLAU, M.; Voz o Livro do Especialista: Volume 1. Rio de Janeiro: Revinter. 2001.
COLTON, R. H.; CASPER, J. K.; LEONARD, R.; Compreendendo os problemas da voz: Uma Perspectiva Fisiológica no Diagnóstico e Tratamento das Disfonias. Terceira edição. Rio de Janeiro: Revinter. 2010.
COSTA, P. J. B. M.; et al.Extensão vocal de cantores de coros evangélicos amadores. Rev. CEFAC, São Paulo, 8 (1): 96-106, Jan-Mac. 2006.
DASSIE-LEITE, A. P.; DUPRAT, A. C.; BUSCH, R.; Comparação de hábitos de bem-estar vocal entre cantores líricos e populares. Rev. CEFAC, 13 (1): 123-131, Jan-fev. 2011.
FULLER, D. R.; PIMENTEL, J. T.; PEREGOY, B. M.; Anatomia e Fisiologia Aplicada a Fonoaudiologia. 1ª Edição. Barueri: Manoele. 2014.
IBGE- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Características Gerais da População, Religião e Pessoas com Deficiências.Rio de Janeiro, 2010.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
599
DEMANDAS FONOAUDIOLÓGICAS RELATADAS PELA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE UMA CLÍNICA PSIQUIÁTRICA DA REGIÃO SERRANA DO RIO DE JANEIRO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO Atualmente podemos observar que a Reforma Psiquiátrica Brasileira se consolida em dois movimentos simultâneos e igualmente significativos: a construção de serviços substitutivos, com a construção de uma rede humanizada de atenção à saúde mental e que substitua o modelo anterior, centrado na internação hospitalar e a fiscalização e redução progressiva e programada dos leitos psiquiátricos existentes. Pensando no conjunto de experiências já vividas por estes pacientes, faz-se necessária a identificação e o acolhimento de demandas sociais, emocionais e mentais para que de fato seja possível alcançar a ressocialização. Dentre estas demandas a identificação de questões referentes a comunicação e linguagem voz, audição e motricidade orofacial dos sujeitos com transtornos mentais pode contribuir para a aproximação da Fonoaudiologia com instituições que trabalhem com esta população e com o aprofundamento de uma área de pesquisa pouco estudada, proporcionando assim ganhos tanto para as instituições quanto para a formação dos graduandos e profissionais em Fonoaudiologia. OBJETIVO Caracterizar as demandas fonoaudiológicas de pacientes com transtornos mentais internados em uma instituição psiquiátrica. MÉTODO: Participaram do estudo Profissionais da equipe multidisciplinar de uma clínica psiquiátrica da região serrana do Rio de Janeiro. A coleta foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com os profissionais da equipe multidisciplinar que aceitarem participar da pesquisa e os dados foram submetidos a uma análise estatística descritiva e discutidos por meio de categorias. RESULTADOS/DISCUSSÃO: A maioria dos participantes (56%) desta pesquisa são do gênero masculino, com idades entre idades de 41 a 50 anos, a maioria concentrados nas áreas de enfermagem, 18 (52,94%) destes encontram-se a mais de 10 anos neste serviço. A maioria dos participantes referiram a relevância do trabalho em equipe multiprofissional. A maioria dos participantes (31 participantes) referem não conhecer, conhecer pouco ou já ter ouvido falar da Fonoaudiologia e não souberam relatar alterações que poderiam estar ligadas a atuação do Fonoaudiólogo. A maioria (44%) dos participantes da pesquisa afirmaram a importância da participação do Fonoaudiólogo em uma equipe multiprofissional como a entrevistada na pesquisa. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Observamos com os resultados desta pesquisa que há necessidade de maior divulgação da formação e da atuação do Fonoaudiólogo na área da Saúde, principalmente na área da Saúde Coletiva/Saúde Mental. Foram entrevistados profissionais da saúde de diferentes áreas, com experiência de trabalho em outros equipamentos de saúde e mesmo com as diversidades de locais de trabalho as informações sobre o profissional fonoaudiólogo foram muito escassas.

Almeida, B. P.B. Fonoaudiologia e Saúde Mental: atuação do fonoaudiólogo nos Centros de Atenção Psicossocial do Estado de São Paulo. Tese (Doutorado em Fonoaudiologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.

Almeida, B. P.B. Fonoaudiologia e Saúde Mental: experiência em equipe multiprofissional com portadores de transtornos mentais institucionalizados. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

Almeida, B.P.B.; Cunha, M. C.; Souza, L. A. P. Características e demandas fonoaudiológicas de pacientes adultos portadores de transtornos mentais e institucionalizados em um Centro de Atenção Integral à Saúde de São Paulo. Distúrb Comun, São Paulo, 25(1): 27-33, abril, 2013.

Amarante, Paulo. Asilos, Alienados e alienistas: pequena história da psiquiatria no Brasil. In: Psiquiatria social e reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1994.p. 73 – 84.

Amarante, Paulo. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2009.

Amarante, P. (1995). Novos sujeitos, novos direitos: o debate em torno da reforma psiquiátrica. Cadernos de Saúde Pública, 11(3), 491-494.

Amarante, P. O homem e a serpente: outras histórias para a loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996.

Amarante, P. Saúde mental e atenção psicossocial. 2.ed. Rio de Janeiro:Fiocruz, 2008b. 117p.

Amarante, P. Lancetti, A. Saúde mental e saúde coletiva. In: CAMPOS, G.W.S. et al. Tratado de saúde coletiva. São Paulo, Rio de Janeiro: Hucitec, Fiocruz, 2006. p. 615 – 634.

Birman, Joel. Cidadania tresloucada. In: Bezerra B & Amarante P, organizadores. Psiquiatria sem hospício: contribuição ao estudo da reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará; 1992. p. 71-90.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
702
DERMATOGLIFIA E FONOAUDIOLOGIA: UMA INTERAÇÃO NA REABILITAÇÃO DA VOZ DE CANTORES LÍRICOS - UM ESTUDO DE CASO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Dermatoglifia é o estudo científico das impressões digitais. A partir dessas marcas identificam-se fatores psíquicos, fatores somatotípicos e o potencial muscular individual com características, como resistência, velocidade, força e agilidade musculares. de reabilitação vocal do cantor lírico com a Dermatoglifia pode dar valiosa contribuição, pois pode ajudar a identificar as qualidades físicas básicas e a tipologia de fibras musculares do sujeito estudado, favorecendo a elaboração do planejamento de intervenção fonoaudiológica. A alta performance no uso profissional da voz por cantores líricos é considerada como uma expressão artística e para sua execução existem inúmeras exigências de elevada habilidade/capacidade para que se alcance o alto desempenho musical. A voz do sujeito obeso possui características limitantes em virtude da sua condição metabólica. O tecido adiposo depositado na úvula, palato mole, paredes laterais e posterior da faringe, e região posterior de língua pode trazer prejuízo do desempenho de suas funções, como o quadro da síndrome da apneia obstrutiva do sono, a hipoventilação. Isso impacta a voz do sujeito obeso. Objetivo: Desenvolver e aplicar um protocolo de reabilitação vocal baseado no talento muscular genético de uma cantora lírica submetida à cirurgia bariátrica. Métodos: Estudo de caso, tendo como sujeito de pesquisa uma cantora lírica, de 42 anos, que realizou cirurgia bariátrica em 2016 e teve uma redução de 50kg de massa corpórea em 18 meses. Sua queixa é de “perda da qualidade vocal, fadiga vocal e perda de extensão vocal, com redução de tessitura”, após a cirurgia. Foi realizada a identificação do sujeito e de suas queixas da participante, registro da voz por meio do programa Praat, para o cálculo de TMF (/a/, /s/ e /z/), relação s/z; foram aplicados protocolos de autoavaliação voz: Índice de Desvantagem Vocal (IDV) e Qualidade de Vida em Voz (QVV) classificação dentro do padrão de normalidade para IDV < 4,5% e QVV > 98%; avaliação dermatoglífica, realizada pela coleta das impressões digitais em papel branco com o coletor digital (TRODAT – 9094, FingerprintPad); estruturação de protocolo de intervenção fonoaudiológica; Foollow-up fonoaudiológico durante 15 sessões semanais, com 60 minutos de duração, reavaliação, utilizando-se os mesmos protocolos; também foram identificados registros de voz prévios à realização da cirurgia bariátrica para serem utilizados como referencial para os avaliadores e a própria participante. Os dados foram analisados descritivamente, por ocorrência. Resultados: Após a intervenção fonoaudiológica, a única queixa identificada pela participante foi cansanço nos finais das frases e pouca resistência respiratória. Os TMF de /a/, /s/ e /z/ aumentaram e atingiram, respectivamente, 24,5s, 30,0s e 28,0s, definindo uma relação s/z com valor de 1,07s. E os escores dos protocolos IDV e QVV permaneceram os mesmos de antes da intervenção (0% e 100%, respectivamente), sugerindo, mais uma vez, que, a participante não percebia o impacto das alterações relatadas em sua queixa durante sua fala. Conclusão: A Dermatoglifia é uma ferramenta eficaz no processo de elaboração de propostas de reabilitação da voz.

1 - ALMEIDA, et al. Relação dos índices dermatoglíficos com a avaliação isocinética e ergoespirometria. Fitness & performance journal, Nº.2, 2005, págs. 101-106. Rio de Janeiro, RJ: 2005. Disponível em https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2951706. Acesso em 15/02/2020.
2 - GIRALDI, S. Revisão histórica dos dermatóglifos e estudo comparativo entre o método tradicional de impressão palmar com tinta e método de escaneamento digital em um grupo de escolares de Curitiba, Paraná. 2011. Disponível em https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/29324. Acesso em 10/09/2018.
3 - MAGACHO, COELHO, C., Cantores líricos e de musicais, tese. 2017, Disponível em http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/275150/1/DelVecchio_FabricioBoscolo_D.pdf. Acesso em 12/08/2018
4 - DEL VECHIO, Marcadores digito palmares e aptidão física em atletas de judô de elite, Disponível em http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/275150/1/DelVecchio_FabricioBoscolo_D.pdf. Acesso em 15/08/2018.
5 - SOUZA, W. C.; et al.; A importância da dermatoglifia na detecção de talentos no esporte: estudo de revisão. Revista saúde e meio ambiente, Revista Interdisciplinar. Saúde Meio Ambiente. v. 3, n. 1, p. 31-43, jan./jun. 2014. Disponível em http://www.periodicos.unc.br/index.php/sma/article/download/532/. Acesso em 15/09/2018.
6. SOUZA, L. B. R.; et al. Queixa vocal, análise perceptiva auditiva e auditiva da voz de mulheres com obesidade mórbida. ABCD Arq Bras Cir Dig 2015;28(Supl.1):23-25, DOI: /10.1590/S0102-6720201500S100008. Acesso 27/10/2019.
7. BOSSO, J. R. A voz dos pacientes obesos antes e após a Cirurgia Bariátrica: avaliação clínica, vídeolaringoscópica, perceptivo-auditiva e acústica. Tese de Doutorado, Área de: Fonoaudiologia, da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista – UNESP. Botucatu, SP, 2019. Disponível em epositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/182370/bosso_jr_dr_bot_par.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em 27/10/2019.
8.MAGACHO, COELHO, C., Cantores líricos e de musicais, tese. 2017, Disponível em http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/275150/1/DelVecchio_FabricioBoscolo_D.pdf. Acesso em 12/08/2018.
9.MAGACHO, COELHO, C., Cantores líricos e de musicais, tese. 2017, Disponível em http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/275150/1/DelVecchio_FabricioBoscolo_D.pdf. Acesso em 12/08/2018.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1082
DESAFIOS DA MONITORIA ACADÊMICA REMOTA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: A continuidade do semestre acadêmico no período do isolamento social tem proporcionado novas propostas metodológicas educativas que buscam amenizar os prejuízos que a ausência das aulas presenciais pode trazer aos alunos matriculados nas disciplinas teóricas e/ou práticas. A atuação da monitoria acadêmica, neste momento, visa desenvolver a iniciação à docência e a mediação pedagógica com recursos tecnológicos que colaboram com o processo de ensino e aprendizagem, bem como oferecer apoio pedagógico aos alunos, minimizando o sentimento de angustia e a evasão. Além disso, por meio deste processo de ensino-aprendizagem o monitor tem a oportunidade de desenvolver e aprimorar habilidades tais como criatividade, raciocínio clínico, desenvoltura e sensibilidade, maximizando suas experiências acadêmicas durante seu processo de formação. OBJETIVO: Relatar as atividades desenvolvidas na monitoria de um estágio supervisionado durante a suspensão das aulas presenciais da graduação, em razão da crise sanitária causada pelo COVID-19. MÉTODO: A monitoria acadêmica remota foi realizada no estágio de Fonoaudiologia Clínica: Motricidade Orofacial II. Neste estágio os 18 alunos do 7º período da graduação matriculados no primeiro semestre de 2020, supervisionados pelos professores curso, atendem os pacientes com paralisia facial, fissura labiopalatina e disfunção velofaríngea. Para auxiliar no desenvolvimento acadêmico dos alunos o monitor elabora diversas tarefas para estimular o raciocínio clínico, esclarecer dúvidas sobre os procedimentos de avaliação e reabilitação e discutir os casos clínicos. RESULTADOS: Devido a pandemia do COVID-19 as atividades do estágio foram interrompidas, o projeto de monitoria foi reorganizado para a modalidade remota. A primeira atividade desenvolvida nessa modalidade foi a identificação das necessidades de assistência acadêmica dos alunos, como acesso à internet, interesse em participar de atividades on-line, sugestões de temas ou atividades para serem abordados na monitoria sendo elaborado formulário no Google Forms, dos quais responderam 72%. Após o diagnóstico foram elaboradas atividades de revisão do conteúdo programático e esclarecimento de dúvidas via plataforma de videoconferência sob a supervisão das professoras responsáveis pelo estágio e resolução de dúvidas via aplicativo de comunicação. Durante o processo o monitor se deparou com a baixa adesão dos alunos com a monitoria, processo este que é voluntário. Em relação ao desenvolvimento do monitor, a modalidade remota proporcionou novas habilidades e competências, como a informática, processos de comunicação on-line, criatividade, perseverança, além de aprimorar o raciocínio clínico. CONCLUSÃO: A necessidade de se reinventar durante a crise sanitária apresenta desafios extremamente novos e complexos ao ensino superior de forma geral. A monitoria remota da graduação pode desencadear o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades e competências para além da prática fonoaudiológica.

1. Fernandes NC, Cunha RR, Brandão AF, Cunha LL, Barbosa PD, Silva CO, Silva MSA. Monitoria acadêmica e o cuidado da pessoa com estomia: relato de experiência. Rev Min Enferm 2015;19(2):238-41.

2. Souza RO, Gomes AR. A eficácia da monitoria no processo de aprendizagem visando a permanência do aluno na IES. Rev Interdisciplinar do Pensamento Científico 2015;1(2):230-38.

3. Dantas OM. Monitoria: fonte de saberes à docência superior. Rev bras Estud pedagog 2014;95(241):567-89.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
395
DESAFIOS DO TELEATENDIMENTO NA PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A pandemia do Covid-19 declarada pela OMS, evidenciou a necessidade de medidas de prevenção extremas. Sendo o distanciamento social a ação mais impactante no convívio coletivo e na prestação de serviços(1). Assim, algumas práticas profissionais que antes necessitavam ser presenciais, como a área da saúde, precisaram reinventar sua abordagem. Dessa forma, o teleatendimento em Fonoaudiologia surge como uma opção para dar continuidade às intervenções(2). Nessa perspectiva, um projeto de extensão de uma Instituição Pública, adotou o teleatendimento como forma de prestar assistência aos pacientes com Parkinson, devido aos impactos que a doença degenerativa causa na comunicação e qualidade de vida(3, 4). Objetivo: Descrever as dificuldades encontradas durante a prática clínica à distância no período de pandemia. Método: Trata-se de um estudo qualitativo iniciado a partir da recomendação do distanciamento social. Este faz parte de um estudo maior aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de origem, recebendo número de parecer 1.147.584. Para esta pesquisa foi criado um grupo de exercícios via WhatsApp e elaborado um questionário, através do Google Forms, para ser aplicado aos 11 pacientes que aceitaram participar das atividades. O formulário criado pelos extensionistas, contendo perguntas sobre os impactos causados pela pandemia na realização dos exercícios vocais e cognitivos, além da frequência de execução e dificuldades apresentadas na prática destes. Resultados: Dos 11 pacientes do grupo de exercícios, apenas 8 participaram da pesquisa. Após levantamento dos dados, percebeu-se que as principais mudanças na rotina em decorrência ao isolamento, foram alterações na comunicação e atividades diárias. Questionados sobre a prática de exercícios vocais em casa, 50% dos participantes afirmaram que os realizavam. Por meio de uma escala numerada de 0 a 10, indagou-se o quanto as atividades assíncronas, enviadas pelo grupo, trouxeram melhoras na voz deles. Onde foi obtido 42,9% das respostas na faixa de número 5. Evidenciando assim, que os exercícios propostos levaram a resultados aceitáveis. Em uma segunda escala sobre a frequência de realização das atividades 25% das respostas encontravam-se na faixa de número 4. Ainda sobre regularidade, foi perguntado quantas vezes ao dia os exercícios vocais eram realizados. Para 37,5% dos componentes, os exercícios eram realizados 1 vez ou mais por dia, 50% deles realizavam as atividades algumas vezes na semana e 12,5% não realizaram nenhuma vez. Verificado se os integrantes possuíam alguma dificuldade em efetuar as atividades por meio do celular, apenas 2 relataram possuir algum problema. Por fim, caso não conseguissem realizar os exercícios propostos, foi indagado o que os limitavam. As respostas apontam que a acessibilidade foi o maior empecilho. Conclusão: O teleatendimento adotado, neste período, mostrou-se uma boa abordagem complementar para dar continuidade a terapia Fonoaudiológica. Entretanto, desafios voltados à acessibilidade dos pacientes no uso de plataformas tecnológicas, além da inconsistência na execução dos exercícios vocais tornaram-se uma barreira para a eficácia contundente do grupo. Contudo, os resultados foram significativos na melhora da voz dos pacientes, consequentemente, na comunicação e qualidade de vida destes.

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doença pelo coronavírus 2019 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 (Boletim Epidemiológico; 7)
2. Dimer NA, Canto-Soares N, Santos-Teixeira L, Goulart BNG. Pandemia do COVID-19 e implementação de telefonoaudiologia para pacientes em domicílio: relato de experiência. CoDAS, 2020; 32(2).
3. Cruz AN, Beber BC, Olchik MR, Chaves MLF, Rieder CRM, Dornelles S. Aspectos de comunicação oral em pacientes com doença de Parkinson submetidos à Estimulação Cerebral Profunda. CoDAS, 2015; 28(4).
4. Ferreira ACB, Matos MS. Avaliação do impacto da depressão e ansiedade em pacientes com doença de Parkinson. Brasília: Centro Universitário de Brasília, 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
610
DESAFIOS E ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELO PROPET FONOAUDIOLOGIA EM TEMPOS DE COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: As equipes PET (Programa de Educação Tutorial) objetivam contribuir para a formação de profissionais com competências singulares considerando o tripé ensino/pesquisa e extensão. Tais atividades, inseridas em projetos que interligam saúde e educação, proporcionam aos seus integrantes experiências reflexivas, autônomas e práticas dentro da fonoaudiologia. Apesar do contexto histórico da COVID-19, a equipe permanece realizando as atividades, vivenciando desafios consequentes do afastamento social. Dentre as ações propostas pelo Programa em que tornou-se necessário aderir a modalidade à distância, destaca-se o "acolhimento aos calouros do curso de Fonoaudiologia" que tem por objetivo promover apoio aos recém ingressantes e possibilitar integração ao meio acadêmico. OBJETIVO: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo, com o objetivo de relatar os desafios vivenciados pela equipe PROPET, assim como os métodos de superação encontrados para a realização do acolhimento aos ingressantes do curso de Fonoaudiologia 2020. MÉTODO: Foram utilizadas buscas aos planejamentos e relatórios anuais, atas e relatorias produzidas ao longo da construção da equipe PROPET no Curso de Graduação em Fonoaudiologia; sendo esses documentos de caráter público e analisados qualitativamente. RESULTADOS: O acolhimento consistia originalmente em encontros quinzenais de duração de 30 a 40 minutos executados na modalidade presencial. Tais encontros, destinavam-se a discussões e compartilhamento de informações a partir das demandas trazidas pelos calouros. Após a necessidade de medidas de prevenção que atribuíam o distanciamento social, muitos estudantes relataram dificuldades para gerenciar suas inquietudes e apreensões quanto ao início do período letivo, além de observar-se um aumento significativo da evasão estudantil. Com base nisso, identificou-se a necessidade de realizar a ação através de encontros virtuais. No entanto, foram identificados alguns desafios para organização e execução desses encontros online de acolhimento, uma vez que a internet não é uma ferramenta acessível para todos os alunos, ingressantes ou integrantes de projetos e ligas. Tendo em vista a necessidade da melhor aproximação veteranos/calouros, o grupo considerou a criação de redes, ampliando ideias e dividindo tarefas para além do grupo PROPET, unificando a realização do projeto com as Ligas Acadêmicas do Curso e o Diretório Acadêmico. Diante disso, a organização do Acolhimento 2020 ocorreu com a colaboração de todos os envolvidos, em reuniões virtuais. Foram planejados encontros semanais com os ingressantes, com a duração de 1 hora e 30 minutos ao longo de oito semanas consecutivas. As temáticas consideradas a serem abordadas envolvem áreas de estudo e de atuação fonoaudiológica bem como temas que abrangem assistência estudantil e saúde mental dos universitários. CONCLUSÃO: Percebe-se que apesar das mudanças na dinâmica de apresentação da ação, a estratégia configurar-se-á como de suma importância para inclusão dos calouros no ambiente universitário. Além de possibilitar um espaço para compartilhamento de frustrações, medos e desafios enfrentados durante a pandemia, a ação possibilitará a construção de uma rede de apoio de modo a contribuir com a amenização da sobrecarga psíquica e promover interação e pertencimento do recém ingressante no meio acadêmico.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
742
DESAFIOS E SOLUÇÕES ADOTADAS DURANTE A REALIZAÇÃO DE EXAMES AUDITIVOS ELETROFISIOLÓGICOS EM CRIANÇAS COM A SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A Síndrome Congênita associada à infecção pelo Zika Vírus (SCZ) pode trazer risco de danos auditivos, sendo necessária a avaliação e o monitoramento das funções auditivas. Os comprometimentos decorrentes das alterações neurológicas, tornam esta população particularmente difícil de ser avaliada sem sedação durante a realização de exames eletrofisiológicos. Objetivo: Descrever os desafios encontrados e soluções adotadas durante execução de exames eletrofisiológicos da audição em crianças com a SCZ. Metodologia: O relato será realizado com base nas experiências clínicas de pesquisa no Laboratório de Audiologia do Departamento de Fonoaudiologia da UFPE, nas quais foram realizados exames de potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) com estímulo clique e de fala, bem como potencial evocado auditivo cortical (PEAC) nas crianças de 36 a 48 meses, entre os anos de 2018 e 2020. Resultados: Instabilidade postural, alterações no tônus muscular, irritabilidade, choro excessivo e hipersensibilidade foram os padrões que mais interferiram a realização das avaliações eletrofisiológicas. A hiperssensibilidade e irritabilidade dessas crianças geram dificuldades durante a limpeza da pele para posicionamento dos eletrodos, uma vez que elas passam a chorar ininterruptamente até que sejam acalentadas pelas mães e tranquilizem-se para que seja iniciado o exame. Instabilidade postural, alterações no tônus muscular Tais condições prejudicam os registros dos exames, adicionando às respostas auditivas artefatos miogênicos. Estes artefatos podem comprometer a morfologia do traçado e interferem principalmente nas medidas amplitude, que são sensíveis e com maior variabilidade. Para melhor adaptação desta situação, as avaliações eram realizadas com as crianças acomodadas no colo dos seus responsáveis, dentro da cabina acústica, com a luz interna apagada e ambiente silencioso. Durante os procedimentos eram necessárias interrupções para ajustes posturais da criança, a fim de obter o melhor sinal/registro, e acalanto materno nas ocorrências de choro ou irritação. Smartphone e tablet também com filmes infantis e sem som foram posicionados à frente da criança, a fim de distraí-la e acalmá-las durante a realização dos exames, entretanto, devido às diversas comorbidades que a SCZ pode apresentar, algumas crianças que possuem deficiências visuais não conseguem fixar o olhar no filme oferecido aos demais. Além disso, a grande quantidade de consultas e terapias realizadas pelas crianças devido à complexidade clínica e a composição familiar com outros filhos dificultava o comparecimento das mães à pesquisa, resultando em constantes remarcações. Entendendo essas dificuldades a equipe buscou fazer parcerias para fornecer transporte até o laboratório e uma pessoa no local para responsabilizar-se por outras crianças que as acompanhassem. Conclusão: As dificuldades para a realização de exames eletrofisiológicos em crianças com SCZ perpassam tanto a baixa adesão das famílias em participar da pesquisa como as limitações neuropsicomotoras associada às alterações neurológicas. Apesar de todas as dificuldades encontrada é possível e necessário realizar avaliações eletrofisiológicas em crianças com a SCZ , tendo em vista que nessa população os exames objetivos são fundamentais ao diagnóstico audiológico, uma vez que respostas comportamentais são difíceis de serem obtidas nessa população. Sendo indispensável oferecer suporte técnico e social às famílias participantes.

Legatt A. Brainstem auditory evoked potentials: methodology, interpretation and clinical application. In: AMINOFF MJ Aminoff’s Electrodiagnosis in Clinical Neurology, Philadelphia: Saunders-Elsevie. 2012; 6 ed:519–552.


Eickmann SH, Carvalho MDCG, Ramos RCF, Rocha MAW, Linden, V van der, Silva, PFS. Síndrome da infecção congênita pelo vírus Zika. Cad. de Saúde Pública. 2016; 32(7).


Barbosa MHM, Magalhães-Barbosa MC, Robaina JR, Prata-Barbosa A, Lima MAMT, Cunha AJLA. Achados auditivos associados à infecção pelo Zika vírus: uma revisão integrativa. Braz. j. otorhinolaryngol.  [Internet]. 2019;  85( 5 ): 642-663.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
218
DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO RIO DE JANEIRO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


A formação docente expõe desafios críticos como o de prover oportunidades significativas de uso da teoria aliada às práticas relacionadas ao contexto escolar (1-2-3-4). Em se tratando da inclusão de alunos com necessidades complexas de comunicação conhecer a Tecnologia Assistiva (TA) e Comunicação Alternativa (CA) é essencial no processo (3-5-6). O presente estudo teve como objetivo identificar e discutir os desafios do cotidiano escolar inclusivo enfrentados por um grupo de professoras de Atendimento Educacional Especializado (AEE) do Município do Rio de Janeiro em relação a TA e CA. O estudo ocorreu a partir de um curso de formação continuada em serviço sobre TA e CA no ano de 2018, ofertado pela equipe da Oficina Vivencial de Ajudas Técnicas (OVAT), localizada no Instituto Helena Antipoff (IHA – SME RJ). As docentes já haviam participado de uma formação nos anos de 2013 a 2017. A proposta de continuidade do curso foi uma vontade das professoras em manter esse espaço de formação, que foi resultado de uma parceria entre a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a OVAT. Participaram 19 professoras de AEE, 4 professoras especializadas da OVAT, 2 pesquisadoras e 2 auxiliares de pesquisa. A metodologia adotada foi qualitativa e os encontros de formação foram organizados a partir dos interesses e necessidades apontadas pelas docentes. O projeto foi submetido à direção do IHA e ao Comissão de Ética em Pesquisa da UERJ e aprovado (Parecer Coep no336.622 (11/07/2013). Foram utilizados dois instrumentos: diário de campo e filmagens. Todas as sessões foram filmadas e transcritas na íntegra. Posteriormente foi realizada análise de conteúdo dessas sessões. Realizou-se uma leitura de todo o material com estruturação e organização em um texto e após isso a identificação dos temas. Os achados foram organizados em duas categorias: dificuldades para a implementação de recursos de TA e o trabalho junto às famílias, focando não só no aluno e na escola em si, mas também em todo o seu contexto fora dela. Os resultados descrevem as dificuldades de implementação de TA em relação ao comportamento dos alunos, bem como as dificuldades de comunicação e aspectos pedagógicos. Revelam que a maioria destas professoras muitas vezes não possuem apoio para o uso e implementação da TA na escola e/ou casa. Elas também não têm fácil acesso a informações sobre TA, principalmente quando falamos da área da Comunicação Alternativa (recursos que auxiliam o aluno que não possui fala articulada). Quanto ao trabalho junto às famílias é salientada a necessidade de orientação constante. Revelam que os pais e/ou responsáveis muitas vezes impedem que tais recursos sejam utilizados no cotidiano escolar dos filhos por terem um preconceito sobre estes, discutindo e apontando que podem prejudicar o desenvolvimento da fala, por exemplo. Conclui-se, que existe uma necessidade grande de formação na área da TA e que o tema precisa ser discutido dentro e fora da escola, por profissionais e familiares. Combatendo ideias errôneas que acabam tornando-se barreiras para o efetivo uso da TA e principalmente a CA na escola.

1.Glat R, Pletsch M. Estratégias Educacionais Diferenciadas para Alunos com Necessidades Especiais. Rio de Janeiro-RJ: Eduerj, 2013, 200 p.

2.Rossetto E. Formação do professor do atendimento educacional especializado: a Educação Especial em questão. Revista Educação Especial Santa Maria. 2015; 28(51): 103-116.

3.Nunes LROP, Schirmer CR. Salas Abertas: formação de professores e práticas pedagógicas em comunicação alternativa e ampliada nas salas de recurso multifuncionais. Rio de Janeiro: Eduerj, 2017, 344 p.

4.Pinto GU, Amaral MH. Formação docente continuada e práticas de ensino no atendimento educacional especializado. Pro-Posições. 2019; 30: 1-20, e20180032. https://doi.org/10.1590/1980-6248-2018-0032

5.Calheiros DS, Mendes EG, Lourenço GF, Gonçalves AG, Manzini MG. Consultoria colaborativa a distância em tecnologia assistiva para professoras: planejamento, implementação e avaliação de um caso. Pro-Posições. 2019, 30: 1-31. Epub April 18, 2019.https://doi.org/10.1590/1980-6248-2016-0085.

6.Massaro M, Deliberato D. Pesquisas em Comunicação Suplementar e Alternativa na Educação Infantil. Educação & Realidade. 2017; 42(4): 1479-1501. Epub. https://doi.org/10.1590/2175-623662640.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1977
DESAFIOS PARA FONOAUDIOLOGIA: A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO PERMANENTE E UM OLHAR INTERSETORIAL E INTERDISCIPLINAR PARA REABILITAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Acredita-se que o fonoaudiólogo, enquanto profissional da saúde, quando bem informado sobre a área da deficiência visual pode contribuir para que a família e a pessoa com deficiência visual sejam protagonistas de seu próprio cuidado. A Educação permanente é definida como um conjunto de ações educativas que demandam soluções para a transformação das práticas em saúde por meio da contestação coletiva, tendo como base as experiências dos profissionais e buscando atender da melhor forma a demanda dinâmica do setor de saúde1. Trata-se de um interessante recurso para a disseminação de conhecimentos na área da deficiência visual, aliada a interdisciplinaridade e intersetorialidade. Ferramentas que se alinham aos valores instituídos nas diretrizes curriculares nacionais do curso de fonoaudiologia, devendo o fonoaudiólogo possuir uma formação generalista, que permita dominar e integrar os conhecimentos, atitudes e informações necessários aos vários tipos de atuação em Fonoaudiologia2. Objetivo: Discutir a educação permanente como um recurso de formação em saúde conforme os temas e possíveis demandas encontradas nos relatos de profissionais da reabilitação de pessoas com deficiência visual. Método: Trata-se de pesquisa qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com profissionais de reabilitação de um serviço de referência do município estudado. Para construção dos instrumentos, foi realizado pré-teste, que é realizado com o objetivo de conhecer a variável de estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde esta é inserida3. Foi realizada análise do conteúdo para o tratamento dos dados coletados4. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP sob o nº CAAE: 46001215.7.0000.540, parecer nº 1.135.433 e os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Participaram da pesquisa onze profissionais do serviço de reabilitação em deficiência visual. Categorias de análise: a) Desvalorização do profissional de reabilitação; b) Educação permanente e Intersetorialidade. Segundo os profissionais, existe a necessidade de valorização das áreas da reabilitação e seus profissionais e de se investir em ações de educação permanente na reabilitação, levando aos profissionais conhecimentos a respeito da deficiência visual, principalmente a pluralidade da baixa visão e de recursos de tecnologia assistiva, além de amplo conhecimento sobre os sentidos humanos, os quais a fonoaudiologia atua em primeiro plano. Além disso, foi citado o trabalho em Rede, de caráter intersetorial e interdisciplinar, onde os conhecimentos são integrados visando o saber amplo da saúde em prol de garantir os direitos dos brasileiros sem nenhuma distinção e facilitar o acesso à serviços, no caso os de reabilitação. Conclusão: Observa-se que a educação permanente em saúde surge como uma possibilidade de romper com um paradigma da reabilitação fragmentada, superando um desafio ao encontrar um meio de favorecer a integralidade da reabilitação, da saúde e favorecer a inclusão da pessoa com deficiência. Se a educação permanente for desempenhada de forma a manter-se íntima à intersetorialidade e interdisciplinaridade, vê-se então o potencial de uma poderosa ferramenta para o trabalho resolutivo em saúde pública.

1 SILVA, DSJR; DUARTE, LR, Educação Permanente em Saúde [online]. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v.17, n.2, p. 104-105, 2015. [Acesso jul 2020] Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/23470;
2 BRASIL, Resolução CNE/CES 5, de 19 de Fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fonoaudiologia [online]. [Acesso jul 2020] Disponivel em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/diretrizes-curriculares/.
3 PIOVESAN, A.; TEMPORINI, ER, Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. Rev. Saúde Pública [online]. São Paulo, v. 29, n. 4, pp. 318-325, 1995. [Acesso jul 2020] Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v29n4/10.pdf;
4 Bardin, L. (2004). Análise de Conteúdo (4 ed.). Lisboa: Editora 70.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
611
DESAFIOS PARA MANUTENÇÃO DE UMA LIGA ACADÊMICA EM PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: As Ligas acadêmicas são associações estudantis, sem fins lucrativos, coordenadas por um docente, que visam a complementação e aprofundamento da formação acadêmica em uma determinada área. As atividades que compõem a Liga buscam atender os princípios universitários de ensino, pesquisa e extensão. A ideia de criação da Liga de Saúde Mental (LIASMENTAL) surgiu durante a primeira jornada de Fonoaudiologia da Universidade Federal Fluminense em setembro de 2019. A partir disso, demos início a elaboração de um estatuto que foi submetido à aprovação do Departamento do curso. Conquistada a autorização para funcionamento, iniciamos as atividades em novembro de 2019. Com o advento da pandemia e a nova realidade a que fomos submetidos, pensamos em como poderíamos manter o funcionamento de forma remota, unindo os princípios da Liga à nova realidade. Objetivo: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo, com o objetivo de relatar os desafios vivenciados pela LIASMENTAL para a realização de suas atividades de forma online em razão da Pandemia do Novo Coronavírus. Métodos: Para responder ao objetivo, foram utilizados métodos inovadores de pesquisas a saber: utilização de aplicativos. As plataformas utilizadas para a realização dos eventos online da LIASMENTAL foram: Google Meet, (reuniões para organização prévia do evento e as palestras); Instagram e site próprio (canais de divulgação); Sympla (realização das inscrições dos ouvintes); Youtube, (disponibilização das palestras gravadas). Resultado: Para darmos continuidade as nossas ações durante a Pandemia de forma online foram idealizadas o “I Encontro Online da LIASMENTAL”. Neste evento, tínhamos a intenção de promover saúde mental (por meio do ensino) e conhecimento sobre diferentes temas, todos de alguma forma, ligados ao tema da pandemia. Foi desafiador para todas as integrantes da Liga criar um evento de tamanha responsabilidade. O uso das plataformas e a realização do evento em formato online possibilitou maior alcance de público, abrangendo desde a comunidade acadêmica, até ao público externo. Além disso, eventos nesse formato permitem a otimização de tempo para realização das atividades. Porém, junto aos ganhos, vieram as adversidades, como, a questão de alguns dos palestrantes solicitarem a gravação de suas palestras, que a princípio não sabíamos como fazê-la. Outro percalço foi quanto a dependência de terceiros, tanto de outras pessoas quanto de recursos tecnológicos, que nem sempre funcionaram como gostaríamos. Conclusão: Apesar das dificuldades pudemos alcançar os objetivos iniciais de promover um evento com convidados competentes, assuntos relevantes e ensino de qualidade. Obtivemos retornos sublimes quanto a organização e a escolha da temática abordada. Tudo isso foi possível graças ao trabalho em equipe, e o respeito às singularidades de cada um. Conseguimos contornar os desafios que surgiram ao longo desse percurso e pudemos desenvolver habilidades como: gerenciamento e antecipação de problemas, entre outras, que não seriam possíveis realizando somente as atividades da grade curricular comum do curso. A ação promoveu debates acolhedores que puderam contribuir, segundo os relatos dos participantes, na diminuição da sensação de isolamento social e acolhimento de demandas.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1263
DESCONFORTO DO TRATO VOCAL DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE ACORDO COM A AUTORREFERÊNCIA DE SINTOMAS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Professores universitários são profissionais da voz falada e estão suscetíveis a riscos vocais, principalmente pelas condições ambientais e organizacionais de trabalho nas quais estão expostos1,2. Há pouca evidência sobre o nível de risco vocal desta classe docente em específico3. Além disso, a percepção de desconforto durante a produção da voz é um fator que pode interferir no desempenho da atividade laboral de professores, portanto, deve ser investigada4. Objetivo: Analisar a percepção de desconforto do trato vocal de professores universitários de acordo com a autorreferência de sintomas vocais e avaliar a existência de relações entre sintomas vocais e desconforto do trato vocal. Métodos: Estudo transversal, observacional e analítico aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer n. 1.708.786. Participaram 126 professores universitários e foram aplicados um questionário sociodemográfico, a Escala de Sintomas Vocais (ESV)5 e a Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV)6, instrumento de autoavaliação que busca identificar a percepção sensorial de desconforto do trato vocal de acordo com a frequência (_F) e intensidade (_I) de oito sensações, em uma escala de 0 (nunca) a 6 (sempre). Os professores foram classificados em dois grupos de acordo com a nota de corte da ESV: um grupo vocalmente saudável com pontuação total de 15 pontos ou menos (G1) e um grupo de sintomas vocais com 16 pontos ou mais (G2). Dos 126 professores, 71 eram mulheres e 55 homens, com média de idade de 43 anos. O G1 foi formado por 41 professores (23 homens e 18 mulheres), e o G2 por 85 (32 homens e 53 mulheres). Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste de Mann-Whitney e para correlação entre os protocolos foi utilizado o teste de Correlação de Spearman. Todas as análises foram realizadas no Statistical Package for the Social Sciences, em sua versão 25.0. Para a interpretação da magnitude das correlações foi adotada a seguinte classificação: coeficientes de correlação < 0,4 (fraca magnitude), ≥ 0,4 a < 0,5 (moderada magnitude) e ≥ 0,5 (forte magnitude)7. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: As sensações mais referidas tanto pelo G1 como pelo G2, tanto em _F como em _I, foram “secura” (G1_F: 1,32±1,14, G1_I: 1,07±1,04 / G2_F: 2,83±1,41, G2_I: 2,60±1,49), “garganta dolorida” (G1_F: 0,59±0,90, G1_I: 0,61±0,81 / G2_F: 2,38±1,33, G2_I: 2,26±1,39) e “garganta irritada” (G1_F: 0,68±0,77, G1_I: 0,64±0,78 / G2_F: 2,32±1,36, G2_I: 2,35±1,40). O G2 referiu desconforto do trato vocal significativamente maior que o G1 para todas as sensações, tanto em frequência quanto em intensidade com p-valor<0,001 para todas as comparações. Foi encontrada correlação significativa positiva forte entre o ESV e o EDTV tanto em frequência (r=0,705;p<0,001), como em intensidade (r=0,688;p<0,001). Conclusão: Professores universitários com maior referência a sintomas vocais apresentam maiores sensações de desconforto do trato vocal. Conforme aumentam os sintomas vocais, aumentam, também, as sensações de desconforto do trato vocal na população estudada. Tais achados reforçam a urgência de promoção e prevenção vocal para esta classe profissional, com foco em compreender as suas necessidades vocais para auxiliar em suas atividades laborais.

1 Anhaia TC, Klahr PS, Cassol M. Associação entre o tempo de magistério e a autoavaliação vocal em professores universitários: estudo observacional transversal. Rev CEFAC. 2015;17(1):52-7. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620153314.
2 Aparecida E, Servilha M, Manchado P, Cat U, Dunlop JB. Condições de trabalho, saúde e voz em professores universitários. Rev Ciênc Méd. 2008;17(1):21-31.
3 Paula A L, Cercal GCS, Novis JMM, Czlusniak GR, Ribeiro VV, Leite APD. Perception of fatigue in professors according to the level of knowledge of vocal health and hygiene. Audiol. Commun. Res. 2019;24: e2163. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2163.
4 Souza LBR, Pernambuco LA, Lima CR, Santos MM. Desconforto no trato vocal em professores do ensino fundamental. Rev. Ciênc. Méd. Biol. 2015;14(1):36-41.
http://dx.doi.org/10.9771/cmbio.v14i1.12734.
5 Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale-VoiSS. J Voice. 2014; 28(4):458-68. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2013.11.009.
6 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
7 Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady D, Hearst N, Newman TB. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 2a Ed. Porto Alegre: Editora Artmed; 2003.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1833
DESCRIÇÃO CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA NA SÍNDROME DE DRAVET: ESTUDO DE CASO.
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A síndrome de Dravet é uma forma grave de epilepsia, de origem genética associada à mutação no gene SCN1A em 75% dos casos1. É uma síndrome epilética rara, com inicio na infância1,2. Com incidência de 1/20.000 a 1/40.000 nascidos vivos, com prevalência de 7% das epilepsias em crianças menores de três anos afetando mais meninos do que meninas na proporção 2:12,4. É caracterizada pela presença de diferentes tipos de crises convulsivas desencadeadas por diferentes estímulos3. As crianças portadoras desta síndrome podem apresentar atrasos no desenvolvimento cognitivo, problemas de aprendizagem, de coordenação de movimentos, distúrbio de comportamento, hiperatividade, impulsividade e transtorno do espectro autista1,2.
OBJETIVO: Descrever as manifestações clínicas fonoaudiológicas de uma menina de quatro anos com síndrome de Dravet.
METODOLOGIA: Criança foi encaminhada para avaliação fonoaudiológica devido a pouca oralidade. Foram avaliadas as habilidades comunicativas, compreensão da linguagem e simbolismo com o Protocolo de Observação Comportamental (PROC), além do aspecto semântico emissivo e receptivo com o protocolo de Avaliação do desenvolvimento da linguagem (ADL). Os aspectos motores orofaciais foram avaliados utilizando-se do protocolo AMIOFE.
RESULTADOS: O início da epilepsia ocorreu aos seis meses após vacina. Foi diagnosticada com síndrome de Dravet aos dois anos e meio e mutação do gene SCN1A. Apresenta crises de ausência com maior frequência às crises são desencadeadas por luzes, barulho ou quando é repreendida. Faz tratamento medicamentoso para controle das crises com uso de canabidiol. Quanto ao desenvolvimento, suas primeiras palavras foram aos 2 anos 4 meses e andou sem apoio aos 2 anos e 7 meses. A criança comunica-se por meio verbais com palavras isoladas e enunciados de duas palavras, além de meios não verbais através de gestos não simbólicos convencionais (como apontar e negar com a cabeça); apresenta intenção comunicativa, responde ao interlocutor e aguarda seu turno em atividade dialógica, porém com pouca participação e raramente inicia a conversa. Foram observadas as funções comunicativas: instrumental (solicitar objetos), protesto (interromper ação indesejada), interativa (uso de expressões sociais) e nomeação de objetos e raramente realizou a função informativa (comentário espontâneo). Sua linguagem refere-se ao contexto imediato e concreto. Compreende ordens com três ou mais ações. Quanto ao desenvolvimento cognitivo, faz uso convencional de objetos, porém não cria símbolos fazendo uso de objetos substitutos ou gestos simbólicos para representar objetos ausentes e não faz uso da linguagem verbal para relatar o que está acontecendo durante a interação; explora os objetos de forma diversificada, porém sem uma organização dos mesmos.
O aspecto semântico emissivo e receptivo da criança correspondeu a faixa etária de crianças com 2 anos e 6 meses a 2 anos e 11 meses.
Os aspectos motores orofaciais: alteração na mobilidade e tensão dos órgãos fonoarticulatórios (lábios, língua e bochechas), o que contribui para o prejuízo na fala e para sua ininteligibilidade; além de fáceis pouco expressivas.
CONCLUSÃO: Devido a poucos relatos na literatura das manifestações clínicas e fonoaudiológicas desta síndrome seria importante mais análise de casos clínicos para definirmos o tratamento e prognóstico terapêutico frente às alterações fonoaudiológicas encontradas.

1) Liberalesso PBN. Síndromes epiléticas na infância. Uma abordagem prática. Crises residência pediátrica. 2018; 8(1):56-63.
2) Castillo MMM; Morena JC; Martinez PL. Síndrome de Dravet. Revista Clinica Medica Fam. 2014; 7(2):134-136.
3) Rizzutti S; Muszkat M; Vilanova LCP. Epilepsias na infância. Revista Neurociências. 2000; 8(3):108-116.
4) Perez AB; Moreno N. Síndrome de Dravet. Revista de La facultad de Ciencias de La salud. 2015; 19(3):27-30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1932
DESCRIÇÃO DO ACESSO AO SANEAMENTO BÁSICO EM LOCALIDADES RIBEIRINHAS DA REGIÃO AMAZÔNICA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Populações vulneráveis na região amazônica tem sido assistidas pelo Projeto
FOB/USP em Rondônia desde 2002, e todo ano são realizados atendimentos em saúde
desenvolvendo atividades como: ações preventivas, educativas, reabilitadoras e estudos
epidemiológicos.
Objetivo: O estudo tem por objetivo descrever um panorama sobre o acesso ao saneamento
básico da população urbana, rural e ribeirinha que é assistida pelo Projeto de extensão
Universitária.
Métodos: Estudo Observacional que utilizou o banco de dados das expedições do Projeto
FOB/USP em Rondônia realizados nos anos de 2018, 2019 e 2020. Foi questionado ao
voluntário participante as questões sobre acesso a meio de abastecimento água potável, forma
como é descartado os resíduos sanitários (esgoto) e forma como é descartado os resíduos
sólidos (lixo).
Resultados: Os resultados foram obtidos de 337 participantes, sendo 42% residentes na zona
rural, 30% na zona urbana e 28% em áreas ribeirinhas. Para abastecer a residência com água
potável 45% dos moradores da zona urbana captam por meio de rede de abastecimento do
município, 37% captam sua água por poços artesanais, semiartesianos e artesianos, 8% não
souberam ou não quiseram responder. Na zona rural 61,54% dos residentes recorrem ao
abastecimento de água potável através de poços artesanais, caipiras ou cacimbas. Nas áreas
ribeirinhas 61,70% dos participantes tem acesso a rede municipal de abastecimento e 12,77%
buscam em rios, igarapés e afluentes. Em relação ao descarte do esgoto residencial, 54% dos
domiciliados na região urbana faz o despejo em fossas secas feita pelos próprios moradores;
na zona rural esse modo de descarte é realizado por 79,02% dos participantes e nas
localidades ribeirinhas 35,10% realizando esse tipo de despejo. Se tratando de como o lixo é
descartado as zonas rurais e ribeirinhas destacam-se na realização de uma solução arcaica para
tal objetivo, a incineração, que o método mais utilizado pela população participante,
perfazendo um total de 58,45% em relação ao número total da coleta. Para os moradores da
zona urbana o cenário é outro, somente 6% da população queimam seu lixo, pois existe o
município realiza a coleta, sendo que, 82% dos voluntários da zona urbana usufruem do
benéfico. De toda a população participante só 14% relataram ter acesso aos três itens
imprescindíveis do saneamento básico, são eles: rede municipal de abastecimento de água
potável, rede municipal de coleta, tratamento de esgoto e rede municipal de coleta de lixo,
lembrando que os respectivos fornecimentos são de obrigatoriedade de todos os municípios.
Conclusão: No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e
definido pela Lei nº. 11.445/2007, mas os resultados demonstram que a situação é ainda mais
precária na região amazônica se comparadas com os grandes centros urbanos, sendo o
saneamento básico um dos principais fatores para evitar a proliferação de comorbidades na
população.

1. BORJA, P. C. Política pública de saneamento básico: uma análise de recente experiência brasileira. Saúde Soc. São Paulo, v.23, n.2, p.432-447, 2014.

2. LEONETI, A. B.; PRADO, E. L.; OLIVEIRA, S. V. W. B. Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século XXI. rap — Rio de Janeiro, v.45, n.2, p.331-48, 2011.

3. OLIVEIRA, A. N.; CALDANA, M. L. Estudo das interfaces das ações realizadas pelo projeto "FOB-USP em Rondônia": uma experiência para a vida, sob a ótica dos expedicionários e da população de Monte Negro-RO. Universidade de São Paulo, Bauru, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1647
DESCRIÇÃO DOS ASPECTOS FUNCIONAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM PARALISIA CEREBRAL
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
A paralisia cerebral (PC) é a principal causa de incapacidade física na infância¹. Compreende-se por um grupo de desordens permanentes no desenvolvimento dos movimentos e postura, também podem ser acompanhadas de forma primária ou secundária de distúrbios da sensação, percepção, cognição, comunicação, comportamento e por epilepsia ².

Objetivo
Avaliar as habilidades funcionais de autocuidado, mobilidade e função social em crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral.

Método
Foi realizado um estudo epidemiológico transversal aprovado pelo Comitê de Ética com parecer 1.177.455. Foi analisada amostragem de 110 crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral. Foram incluídas crianças com idade entre 6 e 14 anos, diagnóstico de paralisia cerebral CID 10 (G80.0 - G80.9), residentes em Aracaju, e foram excluídos os indivíduos que foram internados 30 dias antes da avaliação. Permaneceram no estudo 110 indivíduos. O instrumento utilizado na avaliação foi o PEDI (Pediatric Evaluation of Disability Inventory) nas dimensões de Autocuidado (73 itens), Mobilidade (59 itens) e Função Social (65 itens) ³. A análise estatística foi realizada através do STATA versão 14.0 (Stata Corp LP, College Station TX EUA).

Resultados
Os escores brutos dos domínios de autocuidado, mobilidade e funcionalidade foram abaixo da média do instrumento, com escores 21(autocuidado), 20 (mobilidade) e 21 (função social), revelando uma alta dependência funcional. Das crianças e adolescentes da pesquisa, 65,45% frequentam rede de ensino, entretanto 34,55% não estudam, sendo um número significante que se encontra fora das redes de ensino.
A quadriplegia foi predominante em 34,55%, o tipo espástico foi de 40%, entretanto 53,64% não souberam responder. Das mães entrevistadas, 50 % não sabiam o grau de Paralisia Cerebral de seus filhos, e 21,82% possuem grau severo. Além de predominância das crianças com PC nas áreas de vulnerabilidade da cidade.
Órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção são utilizados por 74,55%, e 73,64% fazem algum tipo de reabilitação, entretanto 49,09% das mães não sabem se suas necessidades de saúde foram atendidas. Das deficiências associadas: 10% possuem deficiência auditiva, 31,82% possuem deficiência visual, 43,64% tem deficiência intelectual, 59,09% com epilepsia e 29,09% tem distúrbio do comportamento, mesmo com um índice alto de deficiências associadas apenas 39,09% fazem atendimento fonoaudiológico, 40,91% fazem terapia ocupacional, apenas 9,09% possuem atendimento psicológico e 66.36% realizam terapia com fisioterapeuta.

Conclusão
Os dados revelam uma alta dependência funcional na realização das atividades bem como a necessidade de melhoria no diagnóstico de PC, pois a maioria das mães não sabem o grau de PC de seus filhos e outras especificidades da patologia, o que afeta diretamente na reabilitação funcional, além disso a maioria das crianças e adolescentes possuem quadriplegia, além dos fatores de vulnerabilidade associados.


1. BRASILEIRO, Ismênia de Carvalho. MOREIRA, Thereza Maria Magalhães, et al. Atividades e participação de crianças com Paralisia Cerebral conforme a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Revista Brasileira de Enfermagem; 62 (4): 503-11. Brasília, 2009.

2. ROSEMBAUM, Peter. A report: the definition and classification of cerebral palsy. Washington, DC, USA 2006.

3.FONSECA, J. O.; CORDANI, L. K.; OLIVEIRA, M. C. de. Aplicação do inventário de avaliação pediátrica de incapacidade (PEDI) com crianças portadoras de paralisia cerebral tetraparesia espástica. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 16, n. 2, p. 67-74, maio./ago., 2005.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
262
DESCRITORES DE QUALIDADE VOCAL SOPROSA, RUGOSA E SAUDÁVEL NO SENSO COMUM
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os termos soprosidade e rugosidade são frequentemente utilizados por fonoaudiólogos, tanto na clínica como em estudos científicos1,2,3. Contudo, esses verbetes não são usuais para a população em geral e nem para outras especialidades da área da saúde. Sendo assim, mencionar esses termos em terapia ou inseri-los em um questionário de pesquisa para avaliação de aspectos vocais, por exemplo, pode comprometer as respostas dos pacientes, pela incompreensão de seus significados. Objetivo: identificar os termos referidos pela população em geral para a qualidade vocal saudável, rugosa e soprosa. Método: Este estudo recebeu aprovação do comitê de ética em pesquisa (nº 29404219.0.0000.5188). Foi realizado um teste com 50 participantes, acima de 18 anos, sem vínculos acadêmicos ou profissionais com a Fonoaudiologia. A tarefa consistia em ouvir três vozes e defini-las livremente. As vozes foram escolhidas no banco de vozes do laboratório de voz de uma instituição de ensino superior e julgadas por um fonoaudiólogo especialista em voz, com mais de 10 anos de experiência em avaliação vocal perceptivo-auditiva. A primeira voz apresentada era predominantemente soprosa; a segunda, predominantemente rugosa e a terceira, vocalmente saudável (sem desvio da qualidade vocal). Apresentou-se a emissão sustentada da vogal /Ɛ/ e a contagem de 1 a 10. Cada participante deveria responder ao comando: “Ouça essa voz. Com qual termo você a nomearia?”, digitando o termo escolhido em uma linha disposta na tela do PowerPoint. Resultados: Para a voz saudável, o termo que mais se repetiu foi “normal”, usado por dezoito participantes (36%), os demais escolheram termos como: “limpa”, “comum”, “padrão”, “clara”, “límpida”, “firme”, “boa”, “simples”, “som aberto”, “definida”, entre outros. Para a voz rugosa, vinte e cinco participantes (50%) escolheram o termo “rouca” e os demais se dividiram em termos como “ruidosa”, “chiada”, “voz de fumante”, “grave”, “idosa”, “cavernosa”, “anormal”, entre outros termos similares. Para a voz soprosa, vinte e quatro participantes (48%) usaram o termo “cansada”; cinco participantes atribuíram o adjetivo “fraca”; três responderam com o termo “sem fôlego”; houve duas correspondências aos termos “arrastada” e “doente”; e os demais termos apresentados foram semelhantes a estes: “exausta”, “preguiçosa”, “sonolenta”, “fatigada” e afins. Conclusão: Os termos “normal” para voz saudável, “rouca” para voz rugosa e “cansada” para voz soprosa, possibilitam uma percepção mais usual desses parâmetros clínicos de qualidade vocal, para indivíduos alheios à linguagem técnico-científica da Fonoaudiologia.

BEHLAU, M.; AZEVEDO, R.; PONTES, P. Conceito de voz normal e classificação das disfonias. In: BEHLAU, M. Voz: o livro do especialista, 1. Rio de Janeiro: Revinter, 2001a.

LATOSZEK, B. B., MARYN, Y., GERRITS, E., & DE BODT, M. A Meta-Analysis: Acoustic Measurement of Roughness and Breathiness. Journal of Speech Language and Hearing Research, 61(2), 298, 2018.

SIMOES, Marcia; LATORRE, Maria do Rosário Dias de Oliveira. Prevalência de alteração vocal em educadoras e sua relação com a auto-percepção. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.40, n. 6, p. 1013 1018, dez. 2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
674
DESEMPENHO DA LINGUAGEM ESCRITA EM ESCOLARES COM DIFICULDADES EM HABILIDADES SOCIAIS E/OU ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A aprendizagem da leitura e escrita é um processo complexo, mediada por interações com semelhantes e influenciado por fatores intrínsecos e/ou extrínsecos à criança, podendo assim, afetar suas habilidades sociais e promover a ocorrência de comportamentos problemáticos. Alguns estudos indicaram que um repertório amplo de habilidades sociais ainda na fase pré-escolar tem relação a um maior sucesso acadêmico posterior.
OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi analisar o desempenho em escrita de escolares com dificuldades em habilidades sociais e/ou alterações comportamentais, em relação ao tipo de erros ortográficos, aspectos da grafia, e nível de coerência de elaboração textual.
MÉTODOS: Estudo realizado de acordo com as normativas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa obedecendo à resolução 466/2012, e ao Comitê de Ética da Instituição responsável, sob protocolo número 2.791.702. O modelo utilizado foi o de coorte retrospectivo, por amostra de conglomerado, com 42 crianças matriculadas no 4º e 5º ano em escolas da rede municipal no Estado de São Paulo. Foi aplicada uma anamnese com os responsáveis das crianças para obtenção da história pregressa. Em seguida os dados foram coletados, utilizando-se os seguintes instrumentos: Critério de Classificação Econômica (ABEP), Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) e Inventário de Habilidades Sociais (SSRS). A partir dos resultados obtidos no SSRS, as crianças foram divididas em 2 grupos: G1 (n=18, crianças com alterações de habilidades sociais e/ou comportamentais) e G2 (n=24, crianças sem alterações). Todas as crianças foram submetidas à avaliação de escrita por meio da Prova de Escrita de Ditado (Capovilla, 2013) e de uma elaboração espontânea de texto. Foram analisados os erros ortográficos do ditado (Protocolo de Zuanetti et al), aspectos referentes a grafia (Escala de Lorenzini) e nível de coerência da elaboração espontânea (Instrumento de Spinillo e Martins). Para análise de dados foram utilizados estatística descritiva para a caracterização dos grupos, Teste Igualdade de Proporções Entre duas Amostras para variáveis categóricas, e Teste t-student para amostras não pareadas, para variáveis numéricas. O nível de significância adotado foi p<0,05.
RESULTADOS: O resultado do Inventário RAF não demonstrou diferenças significativas entre os grupos. De acordo com os resultados da Avaliação da Grafia não foram observadas diferenças significativas entre os grupos quando comparados por variável numérica. Em relação a erros ortográficos foram observadas diferenças no desempenho dos grupos tanto em análise categórica, quanto análise numérica (p<0,05); a análise estatística demonstrou diferenças significativas entre os grupos, com pior desempenho de G1 (para total de erros e pseudopalavras). No que diz respeito ao nível de coerência, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
CONCLUSÃO: Escolares que apresentaram déficits nas habilidades sociais e/ou comportamentos problemáticos manifestaram pior desempenho em tarefas de ditado com maior ocorrência de erros ortográficos, em relação ao grupo sem alterações. Este fato deve sinalizar maior atenção de educadores e pais.


Bandeira M, Rocha SS, Freitas LC, Del Prette ZAP, Del Prette A. Habilidades sociais e variáveis sociodemográficas em estudantes do ensino fundamental. Psicol. estud. [online]. 2006; 11 (3): 541-549.

Bandeira M, Del Prette ZAP, Del Prette A, Magalhaes T. Validação das escalas de habilidades sociais, comportamentos problemáticos e competência acadêmica (SSRS-BR) para o ensino fundamental. Psic.: Teor. e Pesq. [online]. 2009; (25), 2: 271-282.

Bandeira M, Rocha SS, Pires LG, Del Prette ZAP, Del Prette A. Competências acadêmicas de crianças do Ensino Fundamental: características sociodemográficas e relação com habilidades sociais. Interação em Psicologia, Curitiba, jan./jun. 2006; (10) 1: 53-62

Casali-Robalinho IG, Del Prette ZAP, Del Prette A. Habilidades Sociais como Preditoras de Problemas de Comportamento em Escolares. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília. 2015; (31), 3: 321-330.

Del Prette ZAP, Del Prette A. A. Habilidades sociais e dificuldade de aprendizagem: teoria e pesquisa sob um enfoque multimodal. Em A Del Prette & Z. A. P. Del Prette (Orgs.), Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção (167-206). 2003a. Campinas: Alínea.

Del Prette ZAP, Freitas LC, Bandeira M, Del Prette A. Inventário de habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica para crianças. Casa do Psicólogo. 2016.

Leite KKA, Bittencourt ZZLC, Silva IR. Fatores socioculturais envolvidos no processo de aquisição da linguagem escrita. Rev. CEFAC. 2015 (17), 2:492-501

Lorenzini MV. Uma escala para detectar a disgrafia baseada na escala de Ajuriaguerra. [Dissertação]. São Carlos (SP): Universidade Federal de São Carlos; 1993.

Zuanetti PA, Correa-Schnek AP, Manfredi AKS. Comparação dos erros ortográficos de alunos com desempenho inferior em escrita e alunos com desempenho médio nesta habilidade. Rev. soc. bras. fonoaudiol., São Paulo. 2008; (13), 3: 240-245, 2008.

Zuanetti PA, Novaes CB, Silva K, Mishima-Nascimento F, Fukuda MTH. Principais alterações encontradas nas narrativas escritas de crianças com dificuldades de leitura/escrita. Rev. CEFAC. 2016 Jul-Ago; 18(4):843-853


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1400
DESEMPENHO DE CRIANÇAS DIAGNOSTICADAS COM TEA NA IMITAÇÃO DE MOVIMENTOS ORAIS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Praxis é definida como a capacidade de conceituar, planejar e concluir com êxito ações motoras1. O desempenho em atividades práxicas requer habilidade motora básica, conhecimento de representações do movimento e transcodificação dessas representações em planos de movimento2. Estas habilidades emergem naturalmente à medida que a criança interage no ambiente com objetos e pessoas que apoiam sua capacidade para aprender novas habilidades, por meio da interação, atenção, exploração e imitação2. A imitação é uma função complexa de extrema relevância para mediar transferência de conhecimentos para habilidades e interação3. Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem apresentar déficit em habilidades motoras globais, finas e orais, incluindo dificuldades em suas praxias5-9, para além das características fundamentais do diagnóstico4. Objetivo: Descrever o desempenho de crianças diagnosticadas com TEA na imitação de movimentos orais. Métodos: Este estudo integra uma pesquisa de tradução e adaptação transcultural do instrumento Kaufman Speech Praxis Test (KSPT)10 (CAEE: 94438218.3.0000.5417). Nesta avaliação, utilizou-se a Parte 1 (Nível do Movimento Oral) do KSPT, cujas provas objetivam avaliar os seguintes movimentos, realizados por imitação e/ou sob comando: abrir a boca, produzir voz, protruir a língua, lateralizar a língua para a direita, lateralizar a língua para a esquerda, alternar a lateralização de língua, elevar a língua na papila incisiva, retrair e protruir os lábios ocluídos e alternar retração e protrusão de lábios. O registro de desempenho em cada prova varia entre os seguintes itens: incapaz de executar, realiza varredura oral/faz tentativas imprecisas, apresenta extensão reduzida do movimento, incapaz de separar um movimento do outro e outros. Participaram do estudo 15 crianças (14 meninos) diagnosticados com TEA, de idades entre 24 e 71 meses (média: 54m), que estavam em intervenção fonoaudiológica há 16,4 meses, em média. Da casuística, 46,6% apresentavam inteligibilidade de fala total e 53,4% inteligibilidade de fala parcial, segundo critério do instrumento10. Quanto ao nível de interação/comunicação social (classificação do DSM-54), seis participantes foram classificados em nível 1 (requerendo suporte), cinco foram classificados em nível 2 (requerendo suporte substancial) e quatro foram classificados em nível 3 (requerendo suporte muito substancial). O grupo avaliado apresentou em média 2,74 erros nas 11 provas aplicadas, variando de 0 a 5 erros (da menor para a maior pontuação de incorretos). Os indivíduos que apresentavam inteligibilidade de fala parcial tiveram uma pontuação média de 3 erros, enquanto que os indivíduos com inteligibilidade de fala total apresentaram uma pontuação média de 2,42 erros. A maioria (73,3%) falhou na prova de elevação da língua na papila incisiva e 60% apresentaram erros na prova de alternar retração e protrusão de lábios. Os participantes tiveram sucesso nas provas de abertura da boca, produção de voz, protrusão de língua e controle de saliva. Conclusão: Imitar é uma fragilidade no desenvolvimento de indivíduos com TEA. Assim, é fundamental que se busque identificar, por meio de estudos controlados, em que medida as alterações de fala estão relacionadas a falhas globais em bases neurais da imitação ou de mecanismos práxicos orais especificamente. Esta é uma lacuna apresentada em estudos com indivíduos com TEA2,3.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
289
DESEMPENHO DE ESCOLARES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO EM UM NOVO PROGRAMA ON LINE DE TRIAGEM DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL (AUDBILITY): HÁ CORRELAÇÃO COM O DIAGNÓSTICO?
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Título: Desempenho de escolares com desenvolvimento típico em um novo programa on line de triagem do processamento auditivo central (AudBility): há correlação com o diagnóstico?

Introdução: Métodos eficazes de triagem do processamento auditivo central (PAC) têm sido um desafio na audiologia, pois é necessário contemplar diferentes habilidades auditivas, ser rápido, de baixo custo e de fácil aplicação, visando encaminhar assertivamente crianças de risco para avaliação diagnóstica1,2. O AudBility é um novo programa online de triagem do PAC no cenário brasileiro3.

Objetivo: Analisar se há correlação entre o desempenho de crianças com desenvolvimento típico no Audbility e no diagnóstico do PAC.

Método: Estudo descritivo, analítico, prospectivo de acurácia diagnóstica, de corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética (n.2.294.609). O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pelos pais e a criança assinou o Termo de Anuência. A amostra foi constituída por 96 escolares (média de 7,47 ± 0,97 anos, 50 do sexo feminino), classificados com desenvolvimento típico a partir da anamnese com os pais e questionário respondido pelo professor. A primeira etapa do estudo consistiu na triagem dos escolares em uma escola da Rede Pública de Ensino. Participaram da triagem os escolares que apresentaram resultados normais na meatoscopia e timpanometria. As tarefas auditivas do AudBility correlacionadas com o diagnóstico foram: Localização Sonora (LS), Fechamento Auditivo (FA), Integração Binaural (IB), Figura-fundo (FF), Resolução Temporal (RT) e Ordenação Temporal de frequência (OT-F). Na segunda etapa do estudo as crianças foram avaliadas no Laboratório de Audiologia da Instituição. Compareceram nesta etapa 59 escolares entre 6 e 7 anos e 37 escolares de 8 anos. Os testes clínicos do PAC foram o Masking Level Difference (MLD)4, Teste de Fala no Ruído (FR)5, Teste Dicótico de Dígitos (DD)6, Teste de Identificação de Sentenças Pediátricas com Mensagem Competitiva Ipsilateral (PSI)7, Teste de Detecção de Intervalos Aleatórios (RGDT)8 e o Teste de Padrão de frequência (TPF)- versão Auditec9. Para a análise, realizou-se o cálculo do coeficiente de correlação e do valor de p por meio dos testes de correlação de Pearson ou Spearman.

Resultados: Na faixa etária entre 6 e 7 anos houve correlação estatisticamente significante e positiva, indicando que o aumento de uma das variáveis se associou ao aumento da outra variável em quatro testes de triagem e os respectivos testes de diagnóstico: Triagem FA e Teste FR; Triagem de RT e teste RGDT; Triagem de IB e teste DD; Triagem de FF e teste PSI; Triagem de OT-F e teste TPF. Na faixa etária de 8 anos houve correlação estatisticamente significante e positiva apenas em dois testes, na triagem de IB e teste DD, ambos à orelha esquerda no sexo feminino; e na triagem de OT-F e o teste TPF à orelha direita.

Conclusão: Houve correlação entre triagem e diagnóstico em um maior número de tarefas do AudBility na faixa etária entre 6 e 7 anos quando comparada aos 8 anos. Os achados demonstraram que o AudBility é uma ferramenta importante em ações de triagem escolar contribuindo para o encaminhamento precoce para o diagnóstico do PAC.

1. Bellis TJ. Screening: A Multidisciplinary Approach. In: Bellis TJ. Asssessment and Management of Central Auditory Processing Disorders in the Educational Setting from Science to Practice. 2 ed. Plural Publishing; 2011. p.143-191.

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9. AUDITEC. Evaluation manual of pitch pattern sequence and duration pattern sequence. St. Louis: Auditec; 1997.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2055
DESEMPENHO DE ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL I NA PROVA DE MEMÓRIA LEXICAL ORTOGRÁFICA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Resumo
Introdução: Os domínios cognitivos da atenção, memória, processamento fonológico e processamento visual estão relacionados às capacidades de aprendizagem da leitura e escrita(1). A verificação do desempenho ortográfico dos escolares, mediante o uso combinado do acesso ao léxico ortográfico e a memória operacional fonológica, demanda em primeiro lugar o bom funcionamento das funções executivas(2), memória de input visual mediante a leitura, formação do léxico mental ortográfico, e conhecimento explícito das situações de regras e irregularidades da ortografia(3,4) .
Objetivo: Apresentar resultados normativos da prova de Memória Lexical Ortográfica.
Método: Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e Ciências – FFC/UNESP - Marília - São Paulo sob o protocolo nº. 1070/2009, com apoio da Capes e Fapesp (09/01517-1). Foi aplicada a prova de Memória Lexical Ortográfica (MLO) do Pró-Ortografia: Protocolo de Avaliação da Ortografia para Escolares do Segundo ao Quinto Ano do Ensino Fundamental(5), em todos os participantes da pesquisa de forma individual; 240 escolares do 2º ao 5º ano, 120 de escola particular e 120 de escola pública, de Londrina/PR, sendo 60 escolares de cada ano divididos em oito grupos: GI, GII, GIII, GIV (ensino particular) e GV, GVI, GVII e GVIII (ensino público). Para a aplicação foi dada instrução e realizado um treino. Foi atribuído 1 ponto para cada acerto. Resultados analisados estatisticamente.
Resultados: A comparação entre resultado obtido e esperado, mostrou que o desempenho dos escolares das duas escolas foi menor que o esperado, havendo diferença estatisticamente significante, ligeiramente superior para os escolares da escola pública, não revelando prevalência dos tipos de ensino. Em relação à comparação entre os grupos de ambas as escolas, observou-se diferença estatisticamente significante, indicando que as médias de acerto se tornaram superiores com o aumento da seriação escolar, para todos os grupos das duas escolas. A comparação intergrupos dos pares da escola particular, revelou que os grupos GIII e GIV apresentaram desempenho superior de acertos em relação ao GI, e o GIV em relação ao GII. Na mesma comparação, os resultados da escola pública mostraram o desempenho superior do GVIII em relação aos GV, GVI e GVII; ao passo que o GVII foi superior em relação ao GV. Os escolares do GV também revelaram desempenhos inferiores que os dos GVI.
Conclusão: Os resultados sugerem que possivelmente os escolares não sejam estimulados para desenvolverem a capacidade para refletir sobre a notação ortográfica, entretanto, formas diferentes de ensino, pelos professores de ambas as escolas e da própria metodologia de ensino adotada, parece não trazer, à princípio, problemas para o aumento das médias a cada ano escolar. Muito embora os desempenhos ortográficos tenham melhorado ao aumento da seriação, as médias obtidas pelos escolares encontram-se muito aquém das médias esperadas, sugerindo, talvez, a falta de um ensino explícito das notações ortográficas nas situações de regra e irregularidade, que a aprendizagem da ortográfica requer. Quanto mais investigações dos processos subjacentes à escrita, melhores serão as estratégias educacionais.
Palavras-chave: Avaliação, Educação, Ortografia.

1- Mello CB, Sant’anna B. Funções gnósicas, práxicas e vísuo-construtivas. In: Pantano T, Zorzi JL, organizadores. Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos, SP: Pulso; 2009. p. 61-79.

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3- Batista AO, Capellini SA. A ortografia nas dificuldades de aprendizagem. In: Cerqueira César ABP, Seno MP, Capellini AS, organizadoras. Tópicos em transtornos de aprendizagem: parte VI. São José dos Campos, SP: Pulso; 2018. p. 17-30.

4- Batista AO, Chiaramonte TC, Capellini SA. Compreendendo os transtornos específicos de aprendizagem: compreendendo a disortografia (Vol. 2). Ribeirão Preto, SP: Book Toy; 2019.

5- Batista AO, Cérvera-Mérida J, Ygual-Fernández A, Capellini SA. Pró-Ortografia: Protocolo de Avaliação da Ortografia para Escolares do Segundo ao Quinto ano do Ensino Fundamental. Barueri, SP: Pró-Fono; 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
238
DESEMPENHO DE ESCRITA DE PALAVRAS ISOLADAS E PSEUDOPALAVRAS DE ESCOLARES DO 3º ANO
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


DESEMPENHO DE ESCRITA DE PALAVRAS ISOLADAS E PSEUDOPALAVRAS DE ESCOLARES DO 3º ANO

Introdução: A Portaria nº 867 instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Nesta, o escolar é considerado alfabetizado quando compreende os princípios do sistema alfabético da escrita, reflete a respeito das relações sonoras e gráficas das palavras, reconhece e automatiza as correspondências fonema-grafema1. O conhecimento das estratégias de escrita de palavras utilizadas pelos escolares que estão concluindo o ciclo de alfabetização é fundamental para a prevenção, identificação e tratamento das dificuldades que podem acontecer durante esse processo2.
Objetivo: Analisar o desempenho de escrita de palavras isoladas e pseudopalavras de escolares do 3º ano de escolas públicas municipais de Guaíba/RS.
Método: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 1312410. Participaram deste estudo 146 escolares (75 meninos e 71 meninas) das 15 escolas municipais de ensino fundamental (amostra aleatória e estratificada). Os escolares tinham idade entre 8:2 e 9:8. A avaliação da escrita de palavras e pseudopalavras foi realizada pelo instrumento Prova de Escrita sob Ditado (versão reduzida)3. A avaliação por meio da escrita de palavras e pseudopalavras possibilita identificar como o aluno realiza o processamento da informação por meio da dupla rota de escrita (fonológica e lexical). Os dados foram analisados usando o ambiente R.
Resultados: Do total da amostra, apenas dois escolares (1,4%) foram classificados com desempenho considerado alto; 96 (65,8%), com desempenho médio; 18 (12,3%), com desempenho baixo; e 30 (20,5%) com desempenho muito-baixo. Além disso, observou-se uma grande variabilidade de desempenho dos escolares avaliados, tanto na mesma escola como entre elas. O baixo desempenho de escrita de palavras isoladas e pseudopalavras demonstra que os alunos que estão concluindo o ciclo de alfabetização não consolidaram o processo de alfabetização mesmo estando em conclusão do 3º ano escolar preconizado pelo PNAIC.
Conclusão: Concluiu-se que os escolares com melhores desempenhos na escrita de palavras isoladas e pseudopalavras faziam uso de ambas as rotas (fonológica e lexical). Os escolares com desempenhos insatisfatórios, houve predominância de uma rota sobre a outra, mas não se pode excluir a possibilidade de ambas estarem atuando juntas. A presente alerta para a importância da participação do fonoaudiólogo escolar conjuntamente as equipes escolares nas avaliações diagnósticas institucionais referentes ao desempenho dos alunos do ciclo de alfabetização.


Referências Bibliográficas

1. Brasil. Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012. Institui o pacto nacional pela alfabetização na idade certa e as ações do pacto e define suas diretrizes gerais. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF (Jul 05, 2012). Seção 1, p. 27.

2. Salles JF, Parente MAMP. Avaliação da leitura e escrita de palavras em crianças de 2ª série: abordagem neuropsicológica e cognitiva. Psicol: Reflex Crít. 2007;20(2):220-227.

3. Seabra AG, Capovilla FC. Prova de escrita sob ditado – versão reduzida. In: Seabra AG, Dias NM, Capovilla FC. (Orgs.). Avaliação neuropsicológica cognitiva: leitura, escrita e aritmética. São Paulo: Memnon; 2013. p. 60-72.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
236
DESEMPENHO DE LEITURA E ESCRITA COMPARADO À ESCOLARIDADE E NÍVEL SOCIOECONÔMICO DOS PAIS
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


DESEMPENHO DE LEITURA E ESCRITA COMPARADO À ESCOLARIDADE E NÍVEL SOCIOECONÔMICO DOS PAIS

Introdução: Estudos1,2 apontam que fatores como o nível socioeconômico e escolaridade dos pais parecem influenciar o aprendizado de escolares. Ler e escrever são atividades altamente complexas, dependentes da correlação de processos distintos. O sucesso nas habilidades de leitura e escrita pressupõe ter uma reflexão sobre a fala, o pensar sobre o código alfabético e a capacidade para manejar os mecanismos de conversão grafofonêmica na leitura ou fonografêmica na escrita3.
Objetivo: Analisar o desempenho de leitura e escrita de escolares do 3º ano da rede pública municipal de Guaíba/RS correlacionando ao nível socioeconômico e escolaridade dos pais.
Método: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 1312410. Participaram 76 escolares (41 do sexo feminino e 35 do masculino), com idades entre 8:11 e 9:9. Os pais e/ou responsáveis receberam um questionário da Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa que investigava aspectos socioeconômicos e de escolaridade dos pais. Os particpantes foram avaliados pelos instrumentos: “Tarefa de Leitura de Palavras/Pseudopalavras Isoladas (LPI)”4 e Prova de Escrita sob Ditado (versão reduzida)5. Os dados foram analisados usando o ambiente R.
Resultados: Comparando o total de erros na escrita e a escolaridade dos pais, as análises evidenciaram que não houve diferença, tanto para a escolaridade do pai (p=0.7) quanto para a escolaridade da mãe (p=0.5). Essa mesma tendência também foi observada em relação ao total de erros na escrita quando comparadas ao nível socioeconômico da família (p=0.6). Em relação ao desempenho em leitura percebeu-se uma tendência sutil (fraca) para o nível de escolaridade da mãe. Comparando o total de erros na escrita, total de acertos na leitura e o tempo de leitura ao nível socioeconômico da família, as análises evidenciaram que não houve diferença no total.
Conclusão: Isso demonstra que o desempenho escolar nesta fase pode estar relacionado mais ao ensino formal da leitura e escrita do que ao nível socioeconômico e de escolaridade dos pais. O desempenho de leitura e escrita é desenvolvido a partir das experiências e interações de comunicação durante os anos de escolarização, o terceiro ano é o final do ciclo de alfabetização.



Referências Bibliográficas

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3. Salles JF, Parente MAMP. Relação entre desempenho infantil em linguagem escrita e percepção do professor. Cad Pesq. 2007;37(132):687-709.

4. Salles JF, Piccolo LR, Zamo RS, Toazza R. Normas de desempenho em tarefas de leitura de palavras/pseudopalavras isoladas (LPI) para crianças de 1º ano a 7º ano. Est Pesq Psicol. 2013;13(2):397-419.

5. Seabra AG, Capovilla FC. Prova de escrita sob ditado – versão reduzida. In: Seabra AG, Dias NM, Capovilla FC. (Orgs.). Avaliação neuropsicológica cognitiva: leitura, escrita e aritmética. São Paulo: Memnon; 2013. p. 60-72.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1954
DESEMPENHO DE LEITURA SEGUNDO O PESO AO NASCIMENTO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Desempenho de leitura segundo o peso ao nascimento

Introdução: Muitos problemas relacionados ao aprendizado da leitura seriam causados por déficits em habilidades subjacentes da linguagem(1,2,3) que, por sua vez, podem ser decorrentes da participação de fenômenos ocorridos, ainda, no período gestacional. O baixo peso ao nascimento (BPN) frequentemente é identificado como fator de risco a atrasos e alterações cognitivas da linguagem oral e escrita(4,5,6,7). Portanto, esclarecimentos sobre o papel do peso ao nascer no aprendizado da leitura de escolares do Ensino Fundamental (EF) justificaram esse estudo. Objetivo: Verificar relações entre o desempenho de leitura e o peso ao nascimento de escolares matriculados no início do EF de escolas municipais. Método: Estudo observacional, do tipo coorte concorrente e de análise quantitativa (CEP - CAAE: 65392617.5.0000.5505; Parecer nº 2.034.638). Após os termos de consentimento terem sido assinados, o estudo contou com a participação de 315 escolares (176 meninas) com faixa etária entre 6,0 e 10,9 anos, matriculados da 1ª à 4ª série do EF de escolas públicas municipais. Destas crianças, 180 BPN (<2500g) e 135 com peso >2500g. O peso ao nascer foi tratado como variável de exposição de interesse. Como desfecho de interesse foi considerado o desempenho em leitura (lista de palavras), constatado no Teste de Desempenho Escolar (TDE). A amostra foi organizada em grupos divididos em quartis, segundo o peso ao nascimento (P1: <2170g, P2: entre 2171g e 2450g, P3: entre 2451g e 3150g e P4: >3150g). A análise estatística considerou o Teste Kruskal-Wallis à comparação entre os grupos quanto ao desempenho no TDE (Subteste Leitura). O nível de significância adotado foi 5%. Resultados: Foi verificado que o grupo P1 (<2170g) apresentou desempenho significativamente pior aos demais grupos (P2: entre 2171g e 2450g, P3: entre 2451g e 3150g e P4: >3150g) à comparação do TDE no Subteste Leitura (p =0,036). Conclusão: O peso ao nascimento apresentou repercussão mensurável clinicamente anos depois sobre a leitura dos escolares que participaram do estudo. Esse achado reforça a hipótese de que o baixo peso ao nascimento pode ser considerado um dos fatores responsáveis, posteriormente, pelo comprometimento do desempenho escolar em algumas áreas, como a leitura.

1. Hulme C, Snowling MJ. 2014 The interface between spoken and written language: developmental disorders. Phil. Trans. R. Soc. B 369: 20120395.

2. Uvo MFC, Germano GD, Capellini AS. Desempenho de escolares com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em habilidades metalinguísticas, leitura e compreensão leitora. Rev. CEFAC. 2017; 19(1):7-19.

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4. Scopel RR, Souza VC, Lemos SMA. A influência do ambiente familiar e escolar na aquisição e no desenvolvimento da linguagem: revisão de literatura. Rev. CEFAC. 2012; 14(4):732-741.

5. Nogueira PM, Freitas MJ. Desenvolvimento fonológico em crianças dos 3 anos e 6 meses aos 4 anos e 6 meses de idade nascidas com muito baixo peso. Alfa. 2014; 58(3):677-702.

6. Zerbeto AB, Cortelo FM, Filho EB. Association between gestational age and birth weight on the language development of Brazilian children: a systematic review. J Pediatr (Rio J). 2015; 91:326-32.

7. Zimmerman E. Do infants born very premature and who have very low birth weight catch up with their full term peers in their language abilities by early school age? Journal of Speech, Language, and Hearing Research. 2018; 61:53-65.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
868
DESEMPENHO DO LÉXICO EXPRESSIVO ENTRE OS ESCOLARES DO 1º ANO DO ENSINO PÚBLICO E PRIVADO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: a aquisição do léxico está relacionada à compreensão e produção de vários significados. Esse processo inclui comunicação verbal eficaz entre a criança em crescimento e o mundo ao seu redor, pois eles estabelecem seu próprio dicionário através do contato com o meio ambiente. No processo de desenvolvimento do vocabulário, as crianças podem apresentar desvios no processo de aquisição semântica, pois haverá confusão na concentração das trajetórias de significado. As escolas desempenham um papel fundamental na aquisição de novos conhecimentos, especialmente no processo de aprendizagem, porque as instituições educacionais podem explorar, comparar e aprimorar o conhecimento já adquirido. Objetivo: verificar o desempenho lexical de escolares do 1º ano do ensino público e privado, caracterizando os campos conceituais semânticos comparando-os aos padrões de normalidade, relacionando os campos conceituais da rede pública e privada quanto ao sexo, e correlacionando os campos semânticos quanto à renda. Metodologia: estudo de caráter quantitativo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 1.866.218/2016. Participaram desse estudo 78 escolares com idade de seis anos, matriculados no 1º ano do ensino fundamental, de seis escolas públicas e privadas, cujo os pais consentiram a participação. Para avaliação do desempenho de vocabulário, utilizou-se o teste de vocabulário – ABFW. Resultados: os resultados apresentados, baseiam-se nos valores padrões para cada campo conceitual estabelecidos pelo protocolo ABFW. Do total de escolares participantes do estudo, 55 foram da rede pública e 23 alunos da rede privada, 34 (43,59%) são do sexo masculino e 44 (56,41%) do sexo feminino. Observa-se que dos resultados esperados, houve prevalência, para os campos conceituais: “animais” (100%), “móveis e utensílios” (97,4%) e “meios de transporte” (92,3%), e para “local” (80,8%) e “alimentos” (78,2%) resultados abaixo do esperado. Em relação ao sexo, não há variação nos resultados obtidos. Comparada com a rede pública, em certos campos semânticos, mesmo com um número menor de amostras, a rede privada mostra melhores resultados. Os escolares com renda superior ao salário mínimo obtiveram melhor desempenho do que aqueles com baixa renda. Conclusão: a variante sexo não é determinante para o léxico expressivo, a rede educacional e a renda familiar, são outros critérios a serem observados na aquisição lexical no meio em que está inserida, sendo esse primordial para a expansão do vocabulário.

1. Limongi SCO. Da ação a comunicação: um processo de aprendizagem. Rev Psicopedagogia. 1996;15(56): 24-8.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1299
DESEMPENHO DOS ESCOLARES DO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I EM HABILIDADES PREDITORAS DE LEITURA PRÉ E POS INTERVENÇÃO COM AS FUNÇÕES EXECUTIVAS
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


DESEMPENHO DOS ESCOLARES DO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I EM HABILIDADES PREDITORAS DE LEITURA PRÉ E POS INTERVENÇÃO COM AS FUNÇÕES EXECUTIVAS



Palavras-chave: aprendizagem, leitura, funções executivas.

Introdução
Estudos revelam ampla influência das funções executivas (FEs) sobre o desempenho acadêmico1 relacionando seu desenvolvimento típico diretamente ao sucesso escolar no início da aprendizagem formal e ao longo do seu percurso2. Currículos educacionais e programas de intervenção demonstram melhora em FEs na primeira infância1 , sugerindo ser um dos meios de prevenção do fracasso escolar influenciando nos resultados acadêmicos, relacionando o melhor desempenho nos processos cognitivos a melhorias na prontidão escolar3.
Na literatura encontramos número cada vez maior de pesquisadores interessados no desenvolvimento e implementação de estratégias de remediação das vulnerabilidades neurocognitivas de crianças em risco4;5 .
Nesse contexto surge a necessidade de desenvolver e aplicar modelos alternativos com ênfase nos serviços de intervenção precoce6, alicerçados pela forte fundamentação científica a seu favor6;7 .

Objetivo
Analisar a significância clínica do desempenho dos escolares do 1º. ano do ensino fundamental I em habilidades preditoras de leitura em situação de pré e pós intervenção com as FEs.

Método
Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo número 81064117.5.000.5406.
Amostra inicial de 71 sujeitos, idade de 6 anos a 6 anos e 11 meses, de ambos os sexos, de duas escolas da rede pública (GI e GII) submetida ao protocolo para pré-avalição elaborado para este estudo e o Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura – IPPL7. Completaram a pré-avalição 37 participantes; 18 apresentaram risco para dificuldade de FEs e alteração nas habilidades preditoras de leitura, eleitos para serem submetidos ao programa de intervenção para FEs8 e pós avaliação.

Resultados
Houve melhora confiável nos componentes de função executiva inibição, memória operacional e alternância, para alguns sujeitos e em tarefas de identificação de rima, produção a partir do fonema, memória operacional fonológica (S1,S2,S6), embora o programa não tenha como foco o seu desenvolvimento.

Conclusão
A análise dos resultados revelou melhora no desempenho das habilidades de identificação de rima, produção de palavra a partir de fonema dado e memória operacional fonológica. O programa elaborado mostrou-se com aplicabilidade, podendo ser utilizado por fonoaudiólogos educacionais, psicólogos escolares e educadores como instrumento de intervenção baseada em evidência científica. Em estudo futuro, as limitações serão devidamente controladas.

Referências
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2 Jacobson LA., Williford A P, Pianta R C .The role of executive function in children's competent adjustment to middle school. Child Neuropsychology, 17(3), 255-280; 2011.
3 Cardoso, C D O, Dias N, Senger J, Colling A P C, Seabra A G, Fonseca, R P. Neuropsychological stimulation of executive functions in children with typical development: a systematic review. Applied Neuropsychology: Child, 7(1), 61-81; 2018.
4 Johnsen, S K, Parker, S L, Farah, YN. Providing services for students with gifts and talents within a response-to-intervention framework. Teaching Exceptional Children, 47(4), 226-233; (2015).
5 Compton, D L, Fuchs,D, Fuchs, L S, Bryant, J. D. Selecting at-risk readers in first grade for early intervention: A two-year longitudinal study of decision rules and procedures. Journal of educational psychology, 98(2), 394; 2006.

6 AndradeV, Andrade PE, Capellini SA. Modelo de resposta à intervenção RTI–como identificar e intervir com crianças de risco para os transtornos de aprendizagem. São José dos Campos, SP: Pulso Editorial; 2014.
7 Capellini, SA; César, A B P C, Germano, GD. Protocolo de identificação precoce dos problemas de leitura – IPPL. 1ª. Ribeirão Preto, SP. Booktoy, 2017.
8Alcantara, G. K. Programa de resposta à intervenção (RTI) em segunda camada para desenvolvimento das funções executivas no 1º ano do ensino fundamental I. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho”. Marília, SP; 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
181
DESEMPENHO EM FLUÊNCIA DE LEITURA EM ESCOLARES DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A leitura consiste em um aprendizado complexo que envolve processos neurobiológicos e cognitivos. Está relacionada diretamente ao acesso a informação (grafema/fonema) via memória de trabalho - para a decodificação dos signos e a memória de longo prazo - para a realização de inferências que auxiliam na compreensão do texto(1,2). O processo de decodificação grafema-fonema ocorre a partir de um aprendizado prévio que, ao longo do tempo se torna automático, caracterizando a fluência de leitura. Esta, por sua vez, depende de três fatores principais: acurácia na decodificação, velocidade e prosódia. A acurácia na decodificação das palavras define-se como assertividade e precisão na conversão grafema-fonema. A velocidade está relacionada ao processamento automático, uma vez que a leitura deve ser ritmada de acordo com as pontuações do texto. A prosódia considera aspectos de pausas e entonação durante a leitura, o que pode interferir até mesmo na interpretação do conteúdo textual(3,4). O desenvolvimento da leitura fluente é essencial para escolares do 5º ano, pois nesse período os conteúdos acadêmicos necessitam de maior envolvimento entre leitura fluente e compreensão(5). OBJETIVO: Comparar o desempenho em fluência de leitura dos escolares do 5º ano do ensino público e privado. MÉTODO: Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e experimental. Esta pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa e aprovada sob o protocolo número 2.956.909/2018. Participaram deste estudo 44 escolares do 5° ano do ensino fundamental, de ambos os gêneros, com idade entre 10 e 13 anos, sendo 25 alunos do ensino público e 19 do ensino privado. Os participantes foram submetidos à aplicação da Avaliação do Desempenho em Fluência de Leitura - ADFLU, instrumento composto por uma coletânea de textos narrativos e expositivos(6). A leitura dos textos foi realizada individualmente, em uma sala separada cedida pela escola, em horário de aula, onde os escolares foram instruídos a ler os textos como estão habituados. Realizou-se análise dos seguintes dados: palavras corretas por minuto (PCPM), palavras incorretas por minuto (PIPM), tempo total de leitura (TTL) e velocidade de leitura (VL). Os resultados foram analisados com base estatística, com o objetivo de realizar o levantamento do desempenho das médias obtidas em cada turma. RESULTADOS: Segundo os dados houve diferença na fluência de leitura entre os alunos do ensino público e privado. No ensino público, 48% dos escolares apresentaram média abaixo do esperado quanto à taxa de PCPM, enquanto no ensino privado, apenas 6% apresentou desempenho abaixo da média. Percebe-se que existem mais alterações em velocidade de leitura, ritmo, entonação e erros (adivinhação, substituição, omissão e inversão) nos alunos do ensino público. CONCLUSÃO: conclui-se que a fluência de leitura para escolares pertencentes ao 5º ano do ensino privado está mais avançada se comparada ao ensino público. Foi identificado que os escolares do 5º ano do ensino público apresentaram como principal característica ausência de ritmo e entonação durante a leitura. Contudo, para melhores resultados, tornam-se necessários novos estudos com amostra mais ampla.
Palavras-chave: Fluência, Leitura, Educação Infantil, Aprendizagem.

1. Rasinski TV. Readers who struggle: Why many struggles and a modest proposal for improving their reading. The Reading Teacher. 2017; 70(5): 519-24. doi:10.1002/trtr.1533
2. Santos AAA, Ferraz AS, Rueda FJM. Relações entre a Compreensão de Leitura e as Habilidades Metalinguísticas. Psicol Esc Educ. 2018; 22(2): 301-9. https://doi.org/10.1590/2175-35392018026239
3. Martins MA, Capellini SA. Relação entre fluência de leitura oral e compreensão de leitura. CoDAS. 2019; 31(1): 1-8. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182018244
4. Carretti B, Motta E, Re AM. Oral and written expression in children with reading comprehension difficulties. J Learn Disabil. 2016; 49(1): 65-76. DOI: 10.1177/0022219414528539
5. Stevens EA, Walker MA, Vaughn S. The effects of reading fluency interventions on the reading fluency and reading comprehension performance of elementary students with learning disabilities: a synthesis of the research from 2001 to 2014. J Learn Disabil. 2017; 50(5): 576-90. doi: 10.1177/0022219416638028
6. Martins MA, Capellini SA. Avaliação do desempenho em fluência de leitura (ADFLU). Ribeirão Preto: Book Toy, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1552
DESEMPENHO ESCOLAR E COMPORTAMENTOS SOCIAIS EM ADOLESCENTES
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


DESEMPENHO ESCOLAR E COMPORTAMENTOS SOCIAIS EM ADOLESCENTES

INTRODUÇÃO
Durante a trajetória escolar, os estudantes são expostos a diversos cenários onde é possível a expressão de todo conhecimento adquirido nesse processo. Essa exposição e seus resultados é denominado desempenho escolar (DE).
O aprendizado é multideterminado(1) e, ao longo do percurso escolar, é possível verificar a ocorrência de fatores internos e externos que influenciam direta ou indiretamente o desempenho desses estudantes no processo ensino-aprendizagem. Portanto, o mau desempenho escolar pode ser consequência de múltiplas etiologias(2) de ordem pessoal, familiar, emocional, pedagógica e social que justificam o insucesso do estudante. Dentre os prejuízos do mau desempenho escolar, destaca-se os comportamentos antissociais e agressivos, dificuldades de aprendizagem e isolamento social(3).

OBJETIVO
Analisar a associação entre o DE, idade, sexo, classificação econômica e comportamentos sociais - capacidades e dificuldades - conforme o instrumento Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ-Por), de estudantes matriculados no ensino fundamental.

MÉTODOS
Trata-se de estudo observacional, analítico e transversal. Todos os adolescentes assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) e seus responsáveis o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este projeto possui aprovação do Comitê de Ética, sob o parecer de número 2.422.795.
A casuística foi composta por 124 adolescentes, de ambos os sexos. Como critérios de inclusão foram considerados adolescentes matriculados no ensino fundamental II, com idades entre 11 e 14 anos, que tenham respondido aos questionários propostos e assinado o TALE e seus responsáveis o TCLE. Como critérios de exclusão, adolescentes que não compreenderam o SDQ-Por e apresentam alterações cognitivas, neurológicas ou psiquiátricas que pudessem impedir a realização dessa pesquisa.
A análise do DE foi definida pela média aritmética simples das notas finais obtidas. Os instrumentos utilizados foram apresentados por meio de formulário on-line, Google Forms. Foram realizadas as análises descritiva e bivariada dos dados.

RESULTADOS
Grande parte dos participantes apresentou resultados adequados na análise do escore total do SDQ (dificuldades) e no comportamento pró-social (capacidades). Houve diferença significativa entre as medianas do escore total do SDQ e as categorias, regular/bom e muito bom/excelente, do DE (p=0,021). Observa-se que 47,6% dos estudantes tiveram desempenho regular/bom e, 52,4%, muito bom/excelente. Não houve estudante que apresentou DE insuficiente.
Houve associação entre o DE categorizado com a idade (p=0,001) e o ano escolar (p=0,005). Quanto ao DE contínuo, verificou-se diferença significativa entre o sexo feminino (p=0,018), a idade de 11 anos (valor de p<0,001) e o 6º ano escolar (p=0,002).
A ausência de associação entre o DE e a classificação econômica, pode ser explicada pela homogeneidade da amostra, predominantemente do estrato social A.

CONCLUSÃO
Verificou-se associação entre o DE categorizado com a idade e o ano escolar e com o escore total do SDQ. Quanto ao DE contínuo, houve diferença significativa com o sexo, idade e ano escolar dos adolescentes.
Portanto, os estudantes do sexo feminino, de 11 anos de idade, que cursavam o 6º ano escolar, apresentaram melhor desempenho e os adolescentes com maiores dificuldades de comportamento estavam na categoria mais baixa de classificação do DE.

1. Marturano EM; Pizato ECG. Preditores de Desempenho Escolar no 5º ano do Ensino Fundamental. Psico. 2015;46(1):16-24.
2. Moreira BBG; Martins-Reis VO; Santos JN. Autopercepção das dificuldades de aprendizagem de estudantes do ensino fundamental. Audiol., Commun. Res. 2016;21(e1632).
3. Pizato ECG; Marturano EM; Fontaine AMGV. Trajetórias de habilidades sociais e problemas de comportamento no ensino fundamental: influência da educação infantil. Psicol. Reflex. Crit. 2014;27(1):189-97.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2149
DESEMPENHO NA NARRATIVA ORAL DE CRIANÇAS COM DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA DE GRAU LEVE: DADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dos Transtornos do Neurodesenvolvimento e caracterizado por 3 critérios diagnósticos, a saber: (1) déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais; (2) prejuízos expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social; e (3) padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades. O prognóstico está associado a gravidade do transtorno, a presença ou ausência de deficiência intelectual e grau de comprometimento na linguagem, sendo classificados em nível 1 (leve), 2 (moderado) e 3 (grave)1. As crianças com TEA, apresentam déficit na aquisição e no desenvolvimento da linguagem2. Nesta direção, estudos com a narrativa oral de história em crianças com TEA vêm sendo utilizado para elucidar e explorar as habilidades linguísticas, uma vez que, as habilidades narrativas orais, seja ela autobiográfica ou de histórias podem auxiliar na definição do quadro e indicação terapeutica3. O estudo parte da hipótese que mesmo as crianças com TEA grau leve (nível 1) que são capazes de estruturar frases completas e envolver-se na comunicação, conforme descritas no nível 1 de gravidade do DSM-5, terão prejuízos para desempenhar tarefas de narrativa oral. Objetivo: O presente estudo propõe investigar o desempenho de narrativas orais de histórias na tarefa de compreensão de crianças com diagnóstico de transtorno do espectro do autismo de grau leve (nível 1). Método: Estudo preliminar vinculado a um projeto maior, aprovado pelo Comitê de Ética (parecer no 4.009.785). Participaram 10 crianças com diagnóstico de TEA e QI dentro da normalidade, com idade entre 8 anos a 14 anos e 2 meses. Para investigar o desempenho em tarefa de compreensão da narrativa oral de história será utilizado o Test of Narrative Language (TNL), segunda versão4. Resultados: Dos 10 participantes, 2 atingiram resultados acima da média, enquanto os demais, estão dentro da média. É preciso levar em consideração que as perguntas que compõem as tarefas de compreensão do TNL são, na maioria de natureza não inferencial, o que pode justificar a classificação encontrada na amostra, já que são TEA nível 1. Conclusão: O desempenho dos dados preliminares de 10 crianças com diagnóstico de TEA nível 1, falantes do Português do Brasil foi adequado para a idade cronológica prevista nas tabelas de conversão do manual do TNL-2, a partir dos dados de referência norte-americanos. Os resultados ainda são preliminares, havendo a necessidade de continuidade no estudo e a na realização de análises mais robustas para concluir sobre o desempenho narrativo de crianças com diagnóstico de TEA nível 1 no TNL-2.

1. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.) (DSM V). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing. 2013.
2. Kover S, Edmunds S, WeismeSE. Brief report: Ages of language milestones as predictors of developmental trajectories in young children with Autism Spectrum Disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders; 2016; 46, 2501–2507.
3. Hewitt, LE. Narrative as a Critical Context for Advanced Language Development in Autism Spectrum Disorder. Perspectives of the ASHA Special Interest Groups, 2019v. 4, n. 3, p. 430-437.
4. Gillam RB; Pearson NA. TNL-2: Test of Narrative Language–Second Edition. Rio de Janeiro: Pro-ed. 2017


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1527
DESEMPENHO NA NARRATIVA ORAL DE HISTÓRIAS DE GÊMEOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Os gêmeos monozigóticos (MZ) possuem a mesma carga genética, por isso apresentam fenotipo semelhante e genótipo idêntico. Por sua vez, os gêmeos dizigóticos (DZ) podem ou não apresentar fenotípo semelhante e não apresentam similaridade genética1. Vários estudos têm sido realizados pora melhor compreensão da influência de fatores genéticos e ambientais no desenvolvimento de competências complexas, como a linguagem2. A habilidade para narrar oralmente uma história é influenciada tanto por fatores neurobiológicos quanto sociais e culturais3,4. Nesta direção, o estudo com gêmeos, tem sido considerado um dos modelos neurobiológicos mais robustos para subsidiar teorias a respeito dos fatores genéticos, da contribuição do ambiente, bem como da interação entre eles e o seu impacto sobre os domínios neurodesenvolvimentais², incluindo a linguagem5,6. Objetivo: O presente estudo teve por objetivo investigar o desempenho de gêmeos monozigóticos e dizigóticos em tarefas de compreensão e produção de narrativas orais de histórias. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética (parecer no 2.670.121). Participaram da pesquisa 24 indivíduos, 12 pares de gêmeos, de ambos os sexos, na faixa etária de 4 anos a 15 anos e 11 meses (7 pares MZ e 5 pares DZ). Para a investigação da narrativa oral de história foi utilizada a segunda versão do Test of Narrative Language (TNL)7, traduzido e adaptado para o português brasileiro. O TNL avalia a compreensão e a produção de narrativa oral de histórias, e de certa forma a capacidade da criança para formar e organizar sentenças diante de um tema comum, que ainda envolve habilidades de coesão e memória textual. Para análise de desempenho foi utilizado o escore escalar. O coeficiente de variação foi calculado como medida relativa de variabilidade para explorar a variação intra-grupos. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial. Para comparações entre os grupos (MZ e DZ) foi utilizado o teste de Mann-Whitney, Resultados: Na comparação intra grupos, o grupo MZ apresentou menor variação dos escores quando comparado ao grupo DZ, tanto no escore de compreensão quanto de produção. Observou-se alta dispersão, com coeficientes de variação superior à 15%, tanto para a compreensão quanto para a produção, com valores superiores para o grupo DZ. Na comparação entre os escores escalares de compreensão e de produção entre os grupos MZ e DZ não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes, tanto para a compreensão, quanto para a produção oral de histórias. Conclusão: Diante dos resultados obtidos, sugere-se que o fator genético tem forte influencia na similaridade das respostas (condizentes com a hipótese genética), visto que os gêmeos monozigóticos, apresentaram maior semelhança no desempenho narrativo, quando comparados aos gêmeos dizigóticos. No entanto, é importante mencionar que resultados foram indicativos de alta variabilidade para ambos os grupos (monozigóticos e dizigóticos) o que comprova também a influência de outros fatores, possivelmente ambientais, embora não seja possível estabelecer o quanto cada um desses fatores são determinantes8. No entanto, estes dados devem ser analisados com cautela em função do número reduzido de pares de gêmeos estudados. Estudos futuros poderão ajudar a compreender melhor esta questão.

1. Beiguelman B. Genética de populações humanas. Ribeirão Preto: SBG, 2008.
2. Iacono WG. et al. The utility of twins in developmental cognitive neuroscience research: How twins strengthen the ABCD research design. Developmental cognitive neuroscience. 2018. v. 32, p. 30-42.
3. Spinillo AG, Pinto G. Children’s narratives under diferente conditions: a comparative study. British Journal of Developmental Psychology. 1994. V. 12, 177- 193.
4. Santos M., Farato A. O desenvolvimento da oralidade das crianças na Educação Infantil. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP.2015. 2 (1): 112-133.
5. Tosto MG., Hayiou-Thomas ME, Harlaar N, Prom-Wormley E, Dale PS, Plomin R. The genetic architecture of oral language, reading fluency, and reading comprehension: A twin study from 7 to 16 years. Developmental Psychology. 2017. 53(6), 1115-1129. http://dx.doi.org/10.1037/dev0000297.
6. Rice, ML. et al. Longitudinal study of language and speech of twins at 4 and 6 years: Twinning effects decrease, zygosity effects disappear, and heritability increases. Journal of Speech, Language, and Hearing Research. 2018. v. 61, n. 1, p. 79-93.
7. Gillam RB; Pearson NA. TNL-2: Test of Narrative Language–Second Edition. Rio de Janeiro: Pro-ed. 2017.
8. Kovas Y, et al. Genetic influences in different aspects of language development: the etiology of language skills in 4.5‐year‐old twins. Child development; 2005. v. 76, n. 3, p. 632-651.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2116
DESEMPENHO RECEPTIVO, EXPRESSIVO E VISUAL NA SÍNDROME DE LOWE: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A síndrome de Lowe (OMIM#309000), também conhecida como síndrome Oculocerebrorrenal, foi descrita pela primeira vez em 19521. Esta síndrome é uma condição genética rara, com prevalência de 1 para 500.000 nascidos vivos e herança recessiva ligada ao X. A causa da síndrome está associada a mutações no gene OCRL1, localizado no cromossomo Xq25-26. O diagnóstico genético é confirmado por meio de técnicas moleculares, mas reconhecer as características clínicas são importantes nesse processo. Trata-se de uma condição com prejuízos multisistêmicos e as principais características incluem: (1) comprometimento no sistema nervoso central (hipotonia neonatal, arreflexia, deficiência intelectual, convulsão e alterações comportamentais); (2) comprometimento ocular (catarata congênita e glaucoma) e (3) comprometimento renal (sindrome de Fanconi).1 Por ser uma condição grave com prejuízo no Sistema Nervoso Central são esperados prejuízos nos principais domínios do neurodesenvolvimento (motor, cognição e linguagem)2,3 e prejuízos nutricionais decorrentes de problemas de deglutição4. Objetivo: Descrever o desempenho receptivo, expressivo e visual por meio da aplicação e análise da escala Early Language Milestone Scale (ELM)5 em um caso diagnosticado com a Síndrome de Lowe. Método: Estudo descritivo, de uma criança do sexo masculino com 2 anos e 6 meses de idade cronológica, com diagnóstico genético clínico e molecular da síndrome de Lowe. Na avaliação médica apresentou as seguintes alterações: oculares (catarata crônica e glaucoma), renais (disfunção renal e hipercalciúria), hipersensibilidade nos pés, hipotonia e atraso no desenvolvimento motor. A mãe apresentou a queixa de que seu filho não falava, não engatinhava e não andava. A escala ELM apresenta 3 subdivisões: auditiva expressiva (AE), auditiva receptiva (AR) e visual (V), utilizada para crianças de zero a 36 meses de idade Resultados: A interação comunicativa estabeleceu-se somente por meio de recursos não verbais (comunicação gestual e por expressões faciais) não sendo observado uso da fala. Quanto a habilidade AE, a criança apresenta produção apenas de sons guturais, não sendo capaz de produzir vogal recíproca, balbucio mono ou polissilábico. Durante a testagem direta e observação acidental, não foi observado riso social ou produção de mama/papa. Quanto aos itens da AR, por testagem direta, observou-se que a criança responde de forma não verbal ao som da voz do adulto, porém com tempo de latência aumentada. A criança foi capaz de procurar a fonte sonora, mas não reconheceu sons ambientais e onomatopéias. Também não foi capaz de seguir comandos verbais ou não verbais. Quanto a habilidade visual, demonstra reconhecer os pais e objetos. Por meio de testagem direta e observação acidental, a criança demonstrou ser capaz de seguir visualmente os objetos, piscar para o perigo e iniciar jogos gestuais (bater palmas ao ouvir a música “parabéns”). Apresentou na ELM desempenho equivalente à uma criança de 6 a8 meses de idade. Conclusão: O caso descrito apresentou prejuízo significativo nas habilidades comunicativas. A criança foi capaz de responder apenas à comandos verbais simples e produzir sons guturais. É uma condição genética pouco conhecida entre os fonoaudiólogos, de modo que o conhecimento das características contribuiria para a divulgação do fenótipo e comprovaria a necessidade de atuação multiprofissional.

1. Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM): # 309000- LOWE OCULOCEREBRORENAL SYNDROME; OCRL. [acesso em 06 julho de 2020]. Disponível em: https://www.omim.org/entry/309000
2. Lewis RA, Nussbaum RL, Brewer ED. Lowe Syndrome. R. A. In Pagon, MP, Adam HH. Ardinger SE, Wallace A. Amemiya, L. J. Bean, & K. Stephens (Eds.), GeneReviews(®). Seattle; 2012 (WA)http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1480/
3. Kenworthy L, Park T, Charnas LR. Cognitive and behavioral profile of the oculocerebrorenal syndrome of Lowe. American journal of medical genetics; 1993; 46(3), 297–303. https://doi.org/10.1002/ajmg.1320460312
4. Maia Marta Liliane de Almeida, Val Maria Luiza Dautro Moreira do, Genzani Camila Penteado, Fernandes Fernanda Alves Thomaz, Andrade Maria Cristina de, Carvalhaes João Tomás de Abreu. Síndrome de Lowe: relato de cinco casos. J. Bras. Nefrol. [Internet]. 2010 June [cited 2020 July 13] ; 32( 2 ): 216-222. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002010000200011&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0101-28002010000200011.
5. Coplan J, Gleason JR, Ryan R, Burk MG, Williams ML. Validation of an Early Language Milestone Scale in a High-Risk Population. Pediatrics. nov 1982.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
287
DESENVOLVENDO O AVAZUM: APLICATIVO DE AVALIAÇÃO INTERATIVA DO ZUMBIDO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A revolução científica vem trazendo a sociedade um olhar mais amplo ao lidar com o mundo, proporcionando avanços em todas as áreas, inclusive na saúde. Na Fonoaudiologia, a inovação tecnológica está se tornando umas das principais aliadas em todas as áreas de atuação, seja em processos, produtos ou serviços em saúde. O rápido desenvolvimento e uso generalizado de tecnologias móveis vem expandindo novas oportunidades de atividades em saúde, uma nova era se faz presente, a mobile health (mHealth), mais conhecida como saúde móvel (KEN et al.,2016). Sendo assim, torna-se necessária a inovação no desenvolvimento de uma metodologia efetiva de avaliação do zumbido, com objetividade, interação e principalmente que possa beneficiar os pacientes que sofrem com esse sintoma. OBJETIVOS: Descrever o desenvolvimento do AVAZUM, um aplicativo de avaliação interativa do zumbido. MÉTODO: A abordagem metodológica utilizada é o Design thinking e suas etapas de desenvolvimento: imersão, análise e síntese, ideação, prototipagem e testagem. A etapa de imersão foram observadas problemáticas apresentadas pela avaliação tradicional de zumbido, além da busca de referencial teórico nas bases de dados. Na análise e sintéses foram realizadas buscas no INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial e Google Patents, com o objetivo de verificar a existência de aplicativos registrados coma mesma temática do Avazum. Já na estapa de ideação e prototipagem, o aplicativo foi desenhado e desenvolvido. A etapa da testatgem está sendo realizada no momento. RESULTADOS: Respondendo as questões da ideação o aplicativo foi desenvolvido com as seguintes características: O app contém inicialmente uma tela de cadastro do usuário com email e senha onde poderá ser efetuado o cadastro ou login dos usuários. Após o cadastro será passado para outra etapa do aplicativo, a área de dados sobre os aspectos do sintoma, como se deu o aparecimento e há quanto tempo o usuário percebe o zumbido. Além disso, é nessa etapa que o usuário irá caracterizar o seu sintoma em relação ao tipo e localização de forma interativa com recursos áudios visuais. Logo após terá a sessão sobre os hábitos que pioram ou melhoram a percepção do zumbido, em seguida será a sessão dos sintomas auditivos e extra-auditivos. O próximo passo é a mensuração do incômodo em relação a percepção do zumbido com o auxílio da Escala Visual Analógica, como também a mensuração do incômodo. Após toda avaliação os usuários serão indicados para os profissionais específicos de acordo com os descritores de encaminhamento, além de oferecer dicas e orientações sobre os cuidados do o zumbido. CONCLUSÃO: Devido a avaliação tradicional do zumbido demandar muito tempo de atendimento, além de não ser um método interativo, tornando-se exaustivo tanto para o profissional como para o paciente, como também o grande consumo de papel utilizado em protocolos, viu-se a necessidade do desenvolvimento do AVAZUM. Aplicativo que auxilia na avaliação inicial o zumbido, oferecendo subsídios para o tratamento e atuação interprofissional, além de facilitar o acesso à saúde e fortalecer a atuação fonoaudiológica em zumbido.

Brown T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Elsevier, Rio de Janeiro, 2010.

Juliani JP, Cavaglieri M, Machado RB. Design thinking como ferramenta para geração de inovação: um estudo de caso da Biblioteca Universitária da UDESC. Incid: Revista de Ciência da Informação e Documentação. 2015; 6(2): 66-83.

Ken M, Rachel H. Ellaway, David Topps, Douglas Archibald & Rebecca J. Hogue Mobile technologies in medical education: AMEE Guide. Medical Teacher. 2016; 38(6): 537-549.

Oiticica J & Bittar, RSM. Tinnitus prevalence in the city of São Paulo. Braz J Otorhinolaryngol. 2015; 81(2): 167-176.

Teixeira AR., et al. Influência de fatores e hábitos pessoais na percepção do zumbido. Revista CEFAC. 2016; 18(6): 1310-1315.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
180
DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO EM PREMATUROS DE 34 SEMANAS. ESTUDO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Um dos principais marcos no desenvolvimento infantil é a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, porém existem diversos quadros, como a prematuridade, que podem interferir no seu desenvolvimento. Os fatores biológicos e sociais influenciam no desenvolvimento da criança, podendo prejudicar suas habilidades cognitivas, assim como, o desenvolvimento típico da linguagem. A idade gestacional (IG) é determinante da maturidade fisiológica do recém‐nascido e é considerada o marco clássico de maturidade fetal na 34ª semana de gestação, pois entre a 34ª e 40ª semanas ocorre o aumento exponencial na substância cinzenta e a mielinização na substância branca.

Objetivos: Identificar evidências na literatura acerca do desenvolvimento da linguagem em prematuros nascidos com 34 semanas a 34 semanas e 6 dias de idade gestacional (IG).

Metodologia: Foram realizadas buscas nas bases de dados nacionais: LILACS e nos portais de periódicos CAPES e SciELO. Os descritores foram designados após consulta na base de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS-BVS): “prematuridade”; “linguagem”; “recém-nascido prematuro de 34 semanas”; “desenvolvimento infantil”; “fatores de risco”. A combinação dos termos selecionados foi dividida em dez diferentes pesquisas: cinco realizadas em portal de periódicos e cinco efetuadas em bases de dados nacionais. Foram incluídos artigos entre 2010 e 2018 publicados em língua portuguesa que abordassem a influência da prematuridade no desenvolvimento da linguagem. Os critérios de exclusão foram: publicações em outros idiomas e que relacionassem o desenvolvimento da linguagem em prematuros à outras comorbidades.

Resultados: Diante da interseção dos descritores nas bases de dados consultadas foram identificados 491 artigos, sendo 93 (18,94%) artigos no portal CAPES, 375 (76,37%) artigos na base de dados LILACS e 23 (4,68%) na biblioteca virtual SciELO. Através da leitura dos títulos foram selecionadas 163 publicações, após a verificação dos resumos restaram 16 publicações; com base na leitura da íntegra, inclui-se 7 artigos na presente revisão.
Para a organização e análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo do tipo temática, subdividindo-se em: pré-análise com leitura dos títulos e resumos, exploração dos materiais e categorização e posterior análise dos artigos incluídos.
Foram investigadas informações acerca da influência que a prematuridade tardia (34 semanas de idade gestacional – IG) tem sobre o desenvolvimento da linguagem nos indivíduos, bem como as contribuições efetivas da intervenção e acompanhamento dessas crianças.

Conclusões: Nesse estudo foi possível observar a importância da associação da prematuridade ao histórico do recém-nascido e aos fatores ambientais, tendo sido destacado que a prematuridade por si só não seria fator preponderante para possíveis alterações na aquisição e desenvolvimento da linguagem.
No que se refere ao prematuro tardio, objeto deste estudo, foi identificada escassez de pesquisas, incluindo o impacto no processo envolvido nos aspectos da linguagem, sugerindo ser um segmento de menor atenção, mesmo tendo sido caracterizados diversos fatores de risco associados que poderiam interferir nesses processos.
Portanto, frente aos resultados encontrados nesta revisão, evidencia-se a necessidade de estudos que incluam aspectos do desenvolvimento desta população, assim como as possíveis alterações, favorecendo desta forma o planejamento de intervenções preventivas que facilitem o desenvolvimento global, incluindo da linguagem expressiva e compreensiva.

OLIVEIRA C, Castro L, Silva R, Freitas I, Gomes M, Cândida M. Fatores associados ao desenvolvimento global aos 4 e 8 meses de idade corrigida de crianças nascidas prematuras. J Hum Growth Dev. 2016;26(1):41-7.
SOARES, Ana Cláudia Constant; SILVA, Kelly da; ZUANETTI, Patrícia Aparecida. Variáveis de risco para o desenvolvimento da linguagem associadas à prematuridade. Audiol., Commun. Res., São Paulo, v. 22, e1745, 2017.
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RUGOLO, L. M. S. S.. Manejo do Recém-nascido pré-termo tardio: Peculiaridade e cuidados especiais. São Paulo - SP: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1751
DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO AUDITIVA EM CRIANÇAS COM INDICADORES DE RISCO PARA DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Sabe-se que crianças com IRDA são vulneráveis à perda auditiva adquirida ou de manifestação tardia, o que justifica a necessidade de monitoramento audiológico nos primeiros anos de vida, mesmo com resultado “passa” na triagem auditiva neonatal (TAN). O monitoramento tem como finalidade a identificação precoce de perdas auditivas adquiridas e/ou de manifestação tardia, no entanto, estudos que analisaram o impacto dos IRDA no desenvolvimento da função auditiva propriamente dita ainda são escassos. Objetivo: Analisar o desenvolvimento da função auditiva em crianças com IRDA. Método: Trata-se de um estudo observacional, de caráter transversal, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (parecer 2.446.215). Participaram 37 crianças com faixa etária entre quatro e 35 meses, totalizando 74 orelhas avaliadas. Adotou-se como critérios de inclusão o resultado “passa” na TAN, presença de IRDA isolado ou de forma combinada, desenvolvimento neuropsicomotor normal e avaliação audiológica completa, norteada pelo princípio cross-check, indicando integridade do sistema auditivo (G1) ou alteração do tipo condutiva (G2). As crianças foram avaliadas em sala com tratamento acústico por dois examinadores com experiência em avaliação audiológica infantil, tendo a filmagem como suporte para análise. A pesquisa do desenvolvimento da função auditiva foi realizada com o instrumento guizo, a pesquisa do reflexo cocleopalpebral (RCP) com o agogô e a avaliação comportamental com os seis sons de Ling. Para todos empregou-se a técnica proposta para o teste. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Resultados: Das crianças incluídas, 29 (78,25%) apresentaram integridade da via auditiva (G1) e 8 (21,75%) alteração condutiva, constituindo o G2. Na avaliação do desenvolvimento da função auditiva de localização, 21 crianças (56,75%) tiveram desempenho dentro do padrão normativo para faixa etária e 16 (43,25%) apresentaram atraso no desenvolvimento. Dentre as 16 crianças com atraso na habilidade de localização auditiva, cinco (31,25%) apresentaram alteração condutiva associada e quatro (25%) queixa de atraso na aquisição e desenvolvimento da linguagem oral. Em relação ao RCP, das crianças avaliadas, 15 (40,55%) tiveram ausência de RCP mesmo com integridade do sistema auditivo. Dentre as crianças com alteração no desenvolvimento da função auditiva com o guizo, quatro (25%) também apresentaram resposta qualitativa alterada na avaliação com os sons de Ling. Os IRDAs mais prevalentes nas crianças com alteração das habilidades auditivas foram: prematuridade (81,25%), permanência em UTI acima de cinco dias (68,75%), fototerapia (62,5%), baixo peso (50%) e hiperbilirrubinemia (50%). Do total de crianças com alteração condutiva associada ao atraso na função auditiva, quatro (80%) tiveram no mínimo três IRDAs em comum. Conclusão: Constatou-se elevada ocorrência de atraso no desenvolvimento da função auditiva em crianças com IRDA, mesmo com integridade da via auditiva. Os dados sinalizam a possibilidade de associação dos IRDA à perda auditiva na infância, ao desenvolvimento auditivo e de linguagem oral, o que tende a ser potencializado na co-existência de alterações condutivas. Ressalta-se a importância da avaliação do comportamento auditivo nestas crianças a fim de possibilitar a identificação de alterações auditivas que vão além dos limiares auditivos e da análise da funcionalidade das estruturas, procedendo os encaminhamentos necessários.

Joint Committee on Infant Hearing, & Evelyn, C. (2000). Year 2000 position statement: principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. American Journal of Audiology, 9(1), 9-29.
Marinho, ACA, Pereira, ECDS, Torres, KKC, Miranda, AM e Ledesma, ALL (2020). Avaliação do programa de triagem auditiva neonatal. Revista de Saúde Pública , 54 , 44.
Ferreira, M., & Lima, M. (2019). Acompanhamento do desenvolvimento global de lactentes com indicadores de risco para perda auditiva. Revista dos Trabalhos de Iniciação Científica da UNICAMP, (27), 1-1.
Tavoni, J. R., & Lima, M. C. M. P. (2018). Avaliação do desenvolvimento auditivo, de linguagem e motor em lactentes. Revista dos Trabalhos de Iniciação Científica da UNICAMP, (26).
Carneiro, C. S., Pereira, M. C. C. S., & Lago, M. R. R. (2016). Monitoramento Audiológico em Bebês com Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva. Distúrbios da Comunicação, 28(3).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1381
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DE CRIANÇAS PREMATURAS EXTREMAS AO NASCIMENTO: ORIENTAÇÃO AOS PAIS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: As crianças pré-termo, principalmente os extremos, estão mais propensas a apresentarem diversas alterações e/ou desvios, incluindo o da linguagem. Essas alterações podem ser influenciadas por fatores biológicos e sociais. Neste último aspecto, destaca-se o papel da família com um agente moderador do desenvolvimento. Sendo assim, é fundamental que os pais saibam o que é linguagem e seu processo de aquisição e que estimulem o seu bebê.OBJETIVO: Verificar a percepção dos pais sobre a linguagem de seus filhos antes e depois das orientações sobre o desenvolvimento e estimulação da linguagem. MÉTODO: Esta pesquisa é do tipo transversal e faz parte do projeto de pesquisa “Avaliação do Desenvolvimento da linguagem de crianças prematuras ao nascimento” (CEP 2.326.785/2017). Participaram da pesquisa 21 pais cujas crianças, de 0 a 24 meses de idade corrigida, apresentaram diagnóstico de prematuridade extrema ao nascimento, que nasceram e estiveram internadas no setor de UTI neonatal em um Hospital escola de um município do Interior de São Paulo, que não possuíam alterações neurológicas, auditivas, visuais ou síndromes. O estudo ocorreu em duas etapas: primeiramente, foi realizada uma avaliação da linguagem das crianças através da Escala de Aquisições Iniciais de Fala e Linguagem (EarlyLanguageMilestoneScale - ELM), após esta etapa, foram aplicados dois materiais elaborados para a pesquisa: um livro impresso, contendo os principais marcos do desenvolvimento da linguagem e orientações/sugestões sobre como estimular a criança diariamente, e um questionário, de perguntas abertas e fechadas, que buscava saber sobre o desenvolvimento e a comunicação das crianças avaliadas, sob a percepção dos pais; se estes já tinham recebido orientações quanto ao desenvolvimento geral e da linguagem; se estimulavam os seus filhos; e quais as contribuições que as orientações trouxeram ao conhecimento dos pais. Os dados foram analisados por percentuais descritos.RESULTADOS: Dentre os participantes da pesquisa, apesar de serem prematuros extremos e com muito baixo peso, os mesmos (95,2%) apresentaram desempenho esperado para a idade em todos os aspectos avaliados na escala do ELM.Com a aplicação do questionário após as orientações, foi possível observar que 90,5% dos participantes receberam orientações com relação ao desenvolvimento global do bebê, porém pouco mais da metade deles (52,4%) obtiveram orientações com relação ao desenvolvimento da fala e da linguagem. Mais da metade (76,2%) acreditam que seus filhos estão se desenvolvendo bem; todas as mães relataram possuírem brinquedos em casa e que incentivavam seus filhos a se comunicar. De acordo com as mesmas, 28,6% utilizavam o choro como principal forma de comunicação, seguido da fala e do gesto (como apontar), realizado por 19%. Com relação as impressões que as mães tiveram das orientações realizadas, a totalidade respondeu que aprenderam com as orientações, indicando que as informações transmitidas através da cartilha auxiliarão na rotina diária, e metade das mães disseram que a forma de como estimular o seu filho foi o que mais chamou atenção delas.CONCLUSÃO: Observou-se que a maior parte das crianças do estudo, apresentaram desempenho esperado para a idade com relação à linguagem, e os pais sentiram-se alcançados com as informações transmitidas através das orientações transmitidas.

1. CarnielCZ, Furtado MCC, Vivente JB, Abreu RZ, Tarozzo RM, Cardia SETR, Massei MCI, Cerveira RCF. Influência de fatores de risco sobre o desenvolvimento da linguagem e contribuições da estimulação precoce: revisão integrativa de literatura. Revista CEFAC. 2017; 19(1), 109-118;
2. Almeida J, Rocha J. Caracterização do perfil pragmático de crianças em idade pré-escolar e escolar. Caderno de Comunicação e Linguagem/ Comunicação, Saúde Mental e Psicopatologia.
3. Rechia IC, Oliveira LD, Crestani AH, Biaggio EPV, Souza APR. Efeitos da prematuridade na aquisição da linguagem e na maturação auditiva: revisão sistemática. CoDAS 2016;28(6):843-854.
4. Soares ACC, ACC, Silva K, Zuanett PA. Variáveis de risco para o desenvolvimento da linguagem associadas à prematuridade. AudiolCommun Res. 2017; 22:e1745.
5. Ribeiro CC, Lamônica DAC. Habilidades comunicativas de crianças prematuras e prematuras extremas. Rev. CEFAC. 2014 Mai-Jun; 16(3):830-839.
6. Lamônica DAC, Picolini MM. Habilidades do desenvolvimento de prematuros. Revista CEFAC, vol 11 Supl (2): 145-153.
7. Rugolo LMSS. Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo. J. Pediatria. 2005;81 (1): 101-110.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1953
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E RITMOS BIOLÓGICOS DE LACTENTES NASCIDOS A TERMO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Título: Desenvolvimento da linguagem e ritmos biológicos de lactentes nascidos a termo
Introdução: A linguagem é um sistema de alta complexidade que utiliza símbolos convencionais para expressar diferentes formas de comunicação e cujo desenvolvimento é influenciado por fatores genéticos, diferentes patologias e por fatores ambientais. A qualidade do sono, essencial para funções cognitivas como consolidação da memória e de novas informações ainda não teve sua relação com o desenvolvimento de linguagem investigada em lactentes, apesar da presença de distúrbios de sono já ter sido correlacionada com problemas de aprendizado e de linguagem em crianças e adultos. Nos primeiros meses após o nascimento os lactentes passam grande parte do tempo dormindo o que é necessário para desenvolver seus aspectos fisiológicos e mentais. Porém, não é raro a detecção de problemas de sono nesta fase como por exemplo inquietude durante o sono, despertares e menor tempo de sono noturno. As causas de tais problemas podem ser características intrínsecas de maturação dos ritmos biológicos ou ambientais como alimentação ou exposição a luz. Sendo assim, o desenvolvimento da linguagem de lactentes pode ter relação com os ritmos biológicos incluindo os de atividade e repouso e sono- vigília esperado para a faixa etária. Objetivo: Investigar o desenvolvimento da linguagem e correlacionar com o ciclo sono-vigília em lactentes nascidos a termo. Materiais e Métodos: Foram recrutados 30 indivíduos com idade de 1 ano de ambos os sexos em unidades de saúde municipais. Até o momento com os resultados parciais foram avaliados 10 indivíduos com idade de 1 ano. O desenvolvimento da linguagem foi investigado por meio da Escala de Desenvolvimento Infantil de Bayley (BAYLEY III), a investigação do sono foi realizada por meio do Breve Questionário Sobre Sono na Infância (BQSI). Resultados: Os lactentes avaliados dormem em média 9 ± 0,9 h de sono durante a noite e 2,50 ± 0,8 h durante o dia, sendo que a maioria desses indivíduos (9) apresentam tempo total de sono menor do que o esperado para a idade. Em relação a avaliação da linguagem nos subtestes de comunicação receptiva e expressiva da escala Bayley foi possível verificar que 5 bebês apresentam atraso no desenvolvimento da linguagem expressiva. Conclusão: Como os resultados são parciais, não foi possível identificar até o momento a relação entre a qualidade do sono e o desenvolvimento da linguagem, sobretudo os dados indicam que mesmo em uma população de lactentes nascidos a termo, onde o desenvolvimento da linguagem e qualidade do sono apresenta-se típico, pode haver baixa qualidade de sono e consequentemente atraso no desenvolvimento da linguagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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communicative disorders and variations. American Speech-Language-Hearing Association. ASHA, v. 24, n. 11, p. 949-50, 1982.

MADASCHI, Vanessa et al. Bayley-III Scales of Infant and Toddler Development: Transcultural Adaptation and Psychometric Properties. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 26, n. 64, p. 189-197, 2016 .


NUNES, M. L.; KAMPFF, J.P.R.; SADEH, A. BISQ - Questionnaire for Infant Sleep Assessment: translation into brazilian portuguese. Sleep Sci, v. 5, n. 3, p. 89-91, 2012.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1818
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL EM CRIANÇAS SURDAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL EM CRIANÇAS SURDAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Introdução: O desenvolvimento da linguagem oral em crianças típicas ocorre de maneira natural de acordo com a língua que a mesma é exposta, entretanto, a ausência de experiências auditivas resultante da existência de surdez severa a profunda, influência de forma significante o desenvolvimento da linguagem oral (1,2). Objetivo: Sintetizar sistematicamente as produções bibliográficas sobre a aquisição da linguagem oral em crianças com surdez. Método: Foi realizada uma busca nas bases de dados SCIELO e LILACS, de produções publicadas entre os anos de 2015 e 2020, na língua portuguesa. Os descritores utilizados foram Linguagem e Surdez, sendo excluídas as produções anteriores a 2015, as repetidas nas bases de dados e os artigos de revisão de literatura. Os estudos foram categorizados de acordo com os resultados apresentados. Resultados: Dos 108 artigos encontrados, apenas 11 contemplavam os critérios de inclusão, pois a maioria dos artigos não se referiam ao desenvolvimento da linguagem oral em crianças surdas. Dos artigos contemplados, 5 apresentaram dados acerca do desenvolvimento da linguagem oral e as habilidades auditivas após o implante coclear e/ou o uso do aparelho auditivo, referindo alterações no vocabulário e desempenho escolar baixo nesse público. Além disso, esses estudos relataram que os usuários de implante coclear apresentam desenvolvimento linguístico e educacional inferior ao indivíduo com audição normal, porém melhor que os usuários que usam aparelho auditivo (1,2,9,10). Outros 2 estudos trouxeram a importância da orientação aos pais no processo de reabilitação e os efeitos de oficinas de contar histórias como estratégia eficiente, tendo em vista que é possível dar continuidade a terapia em ambiente familiar (3,4). Mais 2 estudos utilizaram escalas para pesquisar o desenvolvimento auditivo e o perfil da linguagem oral da criança implantada e encontraram que em estruturas mais complexas, como frases, o desempenho foi mais baixo do que no reconhecimento de palavras (5,7). Um artigo evidenciou a importância da avaliação audiológica para auxílio do diagnóstico precoce e outro comparou a comunicação entre sujeitos surdos com diagnóstico precoce e tardio, tendo como resultado que quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o desenvolvimento da linguagem oral (6,8). Os estudos buscaram por variáveis que poderiam influenciar no processo de reabilitação auditiva, como: sexo, reabilitação precoce e tardia, idade, relação familiar e adesão a terapia Fonoaudiológica, as pesquisas apontaram que crianças que tiveram assistência precoce apresentaram melhor desenvolvimento da linguagem oral, independente do sexo, além disso, o convívio familiar e a participação ativa dos familiares corrobora para um melhor prognóstico. Conclusão: Com esses achados, verificou-se que crianças com o diagnóstico de surdez tendem a ter mais dificuldade no desenvolvimento de linguagem. Entretanto, fatores como a intervenção precoce e a contribuição dos familiares, trazem avanços na aquisição da linguagem oral.

1- Ramos Daniela, Jorge João Xavier, Teixeira António, Ribeiro Carlos, Paiva António. Desenvolvimento da linguagem em crianças com implante coclear: terá o gênero alguma influência?. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 Abr [citato 2020 Jul 12] ; 17( 2 ): 535-541.Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000200535&lng=en.
2- Sobreira Ana Carolina de Oliveira, Capo Bianca Maria, Santos Thássia Silva Dos, Gil Daniela. Desenvolvimento de fala e linguagem na deficiência auditiva: relato de dois casos. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 Fev [citado 2020 Jul 12] ; 17( 1 ): 308-317. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000100308&lng=en.
3- Nascimento Gicélia Barreto, Kessler Themis Maria. Efeitos de oficinas de contar histórias com livros infantis realizadas com familiares de crianças surdas. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 Ago [citado 2020 Jul 12] ; 17( 4 ): 1103-1114. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000401103&lng=en.
4- Rabelo Gabriela Regina Gonzaga, Melo Luciana Pimentel Fernandes de. Orientação no processo de reabilitação de crianças deficientes auditivas na perspectiva dos pais. Rev. CEFAC [Internet]. 2016 Abr [citado 2020 Jul 12] ; 18( 2 ): 362-368. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000200362&lng=en.
5- Pedrett Mariana dos Santos, Costa Maria Beatriz Pedrett. Aplicação da Escala RDLS para caracterização do perfil da linguagem oral de crianças usuárias de implante coclear. CoDAS [Internet]. 2019 [citado 2020 Jul 13] ; 31( 5 ): e20180158. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822019000500308&lng=pt.
6- Sato, Luciene M; Moraes, Maria F B Bonadia de; Murano, Emi Z; Isaac, Myriam de L; Loch, Mariana M; Tsuji, Robinson K; Bento, Ricardo F; Pirana, Sulene. Distúrbios da Comunicação em Pacientes Pediátricos ¬ um Algoritmo da Avaliação Audiológica. Rev. Salusvita CEFAC [Internet]. 2019 Ago [citado 2020 Jul 12] ; 38(3): 567-579. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1051377
7- Moretti Claudia Andriguetto Maoski, Ribas Angela, Guarinello Ana Cristina, Rosa Marine Raquel Diniz da. Escala de desenvolvimento auditivo e de linguagem na criança implantada. Audiol., Commun. Res. [Internet]. 2018 out [citado 2020 July 13] ; 23: e1895. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312018000100310&lng=en.
8- Rovere, Natália Caroline; Lima, Maria Cecília Marconi Pinheiro; Silva, Ivani Rodrigues. A comunicação entre sujeitos surdos com diagnóstico precoce e com diagnóstico tardio e seus pares. Distúrb. comun [Internet]. 2019 Mar [citado 2020 Jul 12] ; 30(1): 90-102. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-882726
9- Deperon, Tatiana Medeiros; Figueiredo, Renata de Souza Lima; Leal, Carolina Ferreira; Mendes, Beatriz de Castro Andrade; Novaes, Beatriz Cavalcanti de Albuquerque Caiuby. Audibilidade e desenvolvimento de linguagem oral em crianças com deficiência de audição. Distúrb. comun [Internet]. set. 2018 [citado 2020 Jul 12] 30(3): 551-560. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-995069
10- Penna Leticia Macedo, Lemos Stela Maris Aguiar, Alves Cláudia Regina Lindgren. Habilidades linguísticas e auditivas de crianças usuárias de aparelho auditivo. Braz. j. otorhinolaryngol. [Internet]. 2015 Abr [cited 2020 Jul 13] ; 81( 2 ): 148-157. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942015000200148&lng=en



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2112
DESENVOLVIMENTO DA PROSÓDIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES TÍPICOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Título: Desenvolvimento da prosódia em crianças e adolescentes típicos

Introdução: A prosódia é constituída por aspectos formais (frequência, intensidade e duração)2 e funcionais (emocionais, pragmáticos e gramaticais)3. Em relação ao desenvolvimento típico da aquisição de linguagem, é importante que se investigue tanto a capacidade para interpretar4 quanto a capacidade para expressar5 os aspectos prosódicos pelo falante. Embora compreenda-se a relevância do assunto, poucos testes foram elaborados ou adaptados para o português brasileiro. Objetivo: caracterizar o desenvolvimento das habilidades prosódicas em crianças e adolescentes entre 4 a 17 anos de idade com desenvolvimento típico de linguagem. Metodologia: O estudo foi aprovado em comitê de ética em pesquisa sob número de aprovação 58607616.8.0000.5404. O protocolo de avaliação que foi escolhido para ser aplicado nesse trabalho foi o PEPS-C, em versão português brasileiro, cujos estímulos haviam sido traduzidos, adaptados e validados previamente. Composto por sete provas, o protocolo possui subtestes que avaliam ambas, expressão e recepção, de cada habilidade, a saber: vocabulário, ítens curtos, interação, afeto, ítens longos, segmentação e foco. As provas são compostas por estímulos auditivos e visuais. O teste foi aplicado em 100 sujeitos, separados em 4 grupos etários (grupo I 4-5:11; grupo II 6-9:11; grupo III 10-13:11; grupo IV 14-17:11). Todos os dados foram avaliados estatísticamente, por meio dos softwares Excel, Past 4.01 e SAS University. O nível de significância adotado foi de 5% (0.05). Resultados: a expressão de itens curtos parece ser a primeira habilidade dominada no desenvolvimento, pois as crianças de 4-5;11 anos (grupo 1) atingiram a pontuação exigida nessa prova. A partir dos 6 anos (grupo 2), as crianças são capazes de expressar habilidade de interação e afeto. Na idade entre 10-13;11 anos parece ocorrer um maior desenvolvimento das habilidades prosódicas, uma vez que os sujeitos dessa faixa etária foram capazes de dominar as provas de recepção de itens curtos, recepção de interação, afeto, itens longos, segmentação e foco, além das provas de expressão de itens longos e segmentação. A expressão de foco parecer ser a última habilidade adquirida, uma vez que apenas a partir de 14 anos de idade as crianças apresentaram competência para a execução da prova. Conclusão: Observou-se que o melhor desenvolvimento das habilidades prosódicas ocorre na faixa etária de 10-14 anos. Ainda, quando realizada a comparação entre recepção e expressão, as crianças pareceram desenvolver primeiro o aspecto expressivo.

1. Mannell R. Introduction to prosody theories and models Sydney: Macquarie University; 2007.

2. Roach P. English Phonetics and phonology: A practical course Cambridge Cambridge: University Press; 2000.

3. Peppé S, Martínez-Castilla P, Coene M, Hesling I, Moen I, Gibbon F. Assessing prosodic skills in five European languages: cross-linguistic differences in typical and. International Journal of Speech-Language Pathology. 2010; 12: p. 1-7.

4. Gervain J, Mehler Jacques. Speech perception and language acquisition in the first year of life. Annual review of psychology. 2010; 61: p. 191-218.

5. Nazzi T, Bertoncini J, Mehler J. Language discrimination by newborns: toward an understanding of the role of rhythm. Journal of Experimental Psychology: Human perception and performance. 1998; 24: p. 756.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
726
DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DO DIA DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O RUÍDO (INAD) NA CIDADE DE AA (BB)
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A poluição sonora é um problema de saúde pública mundial. Ela traz repercussões negativas na saúde humana e do meio ambiente, sendo a terceira forma de poluição que mais afeta o planeta. Com isso, o papel de profissionais (técnicos e de saúde) e da sociedade é de buscar a mitigar esse perigo da era moderna. O Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído (International Noise Awareness Day ou apenas INAD) é uma campanha mundial que leva conhecimento para a comunidade. Em AA (BB), existe uma parte do ramo brasileiro da campanha, que anualmente faz atividades de conscientização em toda a cidade, em uma cooperação entre os cursos de Engenharia XX com Fonoaudiologia (da Universidade CC de AA AAA). OBJETIVO: A campanha de conscientização (INAD) objetiva levar conhecimento e assistência fonoaudiológica para a comunidade da cidade de AA (BB). MÉTODO: As atividades desenvolvidas para levar informação são diversas, elas envolvem: palestras em empresas e escolas; participação em eventos da cidade; avalições fonoaudiológicas; medições acústicas (com sonômetro) e utilização de espaços de shopping para chamar a atenção. Todas elas foram desenvolvidas por alunos e professores (dos cursos supracitados). Além disso, algumas tomadas de medição de nível de pressão sonora (NPS) foram feitas em locais selecionados. Em algumas escolas, um adaptador foi utilizado (em conjunto com o sonômetro) para fazer medições qualitativas do volume sonoro em que os alunos estavam sujeitos. RESULTADOS: Uma campanha de conscientização dessa natureza é caracterizada por um trabalho continuado, isto é, desenvolve-se todos os anos e ao longo de cada ano. Todavia, pode-se estimar que há sucesso em levar informação, pois de curiosos a profissionais, existe sempre um grande interesse em compartilhar histórias e tirar dúvidas (sejam elas técnicas, de saúde ou de legislação). Além disso, populares que reportaram dificuldades auditivas, foram recomendados para comparecer aos Centros de Referência Regionais em Saúde do Trabalhador (CEREST). CONCLUSÃO: Neste trabalho são elucidadas as atividades do INAD na cidade AA (BB) nos últimos três anos. Houve um grande envolvimento de diversos alunos (dos dois cursos) da universidade. As comunidades que foram atendidas possuem uma faixa etária variada. Com isso, pode-se levar informações e triagens prévias (quando possível) para todos os locais de atividades.

1. INAD Brasil – INAD – Dia Internacional da Conscientização Sobre o Ruído [Internet]. Inadbrasil.com. 2020 [Acesso em: 6 de junho de 2020]. Disponível em: http://inadbrasil.com/
2. Akal D. Noise Induced Work Places and Noise Related Occupational Risks. Dilsad, Occup Med Health Aff. 2018:1-4.
3. World Health Organization. Environmental Noise Guidelines for the European Region. 2018 [Acesso em: 6 de junho de 2020]. Disponível em: https://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0008/383921/noise-guidelines-eng.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1981
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES DE MEMÓRIA VERBAL EM PRÉ-ESCOLARES COM DESENVOLVIMENTO TÍPICO NASCIDOS NO RIO GRANDE DO NORTE
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: No processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem, a memória desempenha papel fundamental para o aprendizado. A memória de curto prazo (MCP) é importante para processos cognitivos como resolução de problemas, compreensão de linguagem, planejamento e processamento espacial, podendo ser armazenada por um período de segundos a minutos. Com o aumento da idade, há evolução das habilidades relacionadas à memória, melhorando o desempenho em tarefas de repetição. Além disso, fatores como extensão da palavra e organização do sistema fonológico influenciam nesse processo. Para avaliar a MCP, podem ser utilizados testes que visam a repetição de dígitos ou repetição não palavra (RNP). Na RNP usa-se palavra que possui valor estrutural mas não semântico, portanto, é necessário ocorrer representação fonológica e o armazenamento temporário da sequência ouvida. Considerando que a MCP interfere no desenvolvimento da linguagem, a sua incorporação na bateria de avaliação em pré-escolares é de suma importância. Objetivo: Caracterizar o desempenho quantitativo na prova de memória de curto prazo em pré-escolares nordestinos. Metodologia: Trata-se de estudo transversal com amostra de 42 pré-escolares com idade entre 4 e 6 anos, de ambos os sexos, matriculados em uma instituição de ensino pública. Para avaliar a MCP foi utilizado o Teste de Memória de Curto Prazo Fonológica (TMCPF), composto por 40 NP divididas igualmente em grupos mono, di, tri e polissílabas, e compostas apenas pelos fonemas /p, m, k, f, n, t/. A pesquisadora solicitava à criança que escutasse a NP e repetisse a seguir o que havia ouvido. Para análise dos dados foi considerado o índice de acerto em cada extensão da NP e o índice geral, além disso foi realizada uma análise de cada NP. A fim de garantir a fidedignidade dos dados, cada amostra foi analisada de forma independente por duas pesquisadoras previamente treinadas e uma terceira pesquisadora mais experiente analisou a concordância entre as versões, gerando a versão final. Os dados coletados foram submetidos à análise estatística descritiva e inferencial. Resultados: A porcentagem da MCP variou entre 60 e 100, com mediana e intervalo interquartil entre 82,5 e 93,1. A mediana da porcentagem de acertos variou entre 100 para mono e dissílabos e 80 para os polissílabos. A análise dos acertos de acordo com a NP apontou que itens "ni", "mípe", "nitépu", "tefapúmi" e "cofanípe" foram os com menor índice de acertos dentre de sua categoria. Considerando a média de acertos por item foi notado o mesmo padrão observado nos sujeitos: com o aumento da extensão o índice de acertos decai. Conclusão: O desempenho na prova de MCP utilizando NP indicou maiores índices de acertos para NP com menor extensão. Além disso, a análise dos itens com maior ou menor acerto, pode fornecer indicativos de quais são aqueles possivelmente mais sensíveis a alterações no desenvolvimento. Por fim, estudos que têm por objetivo obter valores de referência para a região nordeste são de suma importância para a prática fonoaudiológica, levando em consideração a escassez na literatura abrangendo o desenvolvimento da linguagem em pré-escolares nordestinos.

Lobo FS, Acrani IO, Ávila CRB. Tipo de estímulo e memória de trabalho fonológica. Rev. CEFAC . 2008 Dec; 10( 4 ): 461-470.
D'Esposito M. From cognitive to neural models of working memory. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 2007;362(1481):761-772. doi:10.1098/rstb.2007.2086
Izquierdo I, Myskiw J, Benetti F, Furini CR. Memória: tipos e mecanismos – achados recentes. Rev. USP. 2013 ;(98):9-6.
Mota M. Uma introdução ao estudo cognitivo da memória a curto prazo: da teoria dos múltiplos armazenadores a memória de trabalho. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 17, n. 3, p. 15-21, Dec. 2000 .
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1627
DESENVOLVIMENTO DE JOGOS DIGITAIS INTERATIVOS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE AUDITIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As ferramentas tecnológicas interativas, como os jogos digitais, são cada vez mais utilizadas para a educação em saúde e podem ser uma estratégia educativa para promover a saúde auditiva e a prevenção da perda auditiva e zumbidos (1-3). Objetivo: Desenvolver um aplicativo mobile de jogos interativos, em português, voltado à promoção da saúde auditiva para crianças e jovens. Método: O desenvolvimento dos jogos foi realizado em 5 fases. Na fase 1, uma equipe multiprofissional composta por pesquisadores, especialistas em audiologia e desenvolvedores de jogos digitais foi formada para concepção, estudos e análises. Os princípios do programa Dangerous Decibels foram considerados nessa fase. Na fase 2, os pesquisadores e especialistas em audiologia desenvolveram o roteiro e os desenvolvedores de jogos digitais, percorreram as etapas de conceituação, documentação, fases de cada jogo, arte/animação e programação. Na fase 3, o primeiro protótipo do jogo foi apresentado e foram definidos os ajustes. Na fase 4, foram realizadas as alterações dos elementos apontados na fase 3 e a finalização da versão de demonstração para os testes com os usuários. Na fase 5, foi realizada a preparação para a exportação final do jogo em um aplicativo mobile, que será disponibilizado gratuitamente. Resultados: Foram desenvolvidos oito jogos, sendo eles: 1) “Conserte a orelha do robô”, o jogador terá que pegar as peças corretas para consertar a orelha do robô, aprendendo sobre a anatomia da orelha; 2)“Caminho do som”: o jogador deve observar o caminho do som e organizar os ossículos da orelha, aprendendo sobre seu funcionamento; 3) “Não machuque seu canal auditivo”, o jogador deverá impedir que seus colegas utilizem materiais como cotonete, grampo, tampa de caneta e outros, dentro do canal auditivo, aprendendo que não deve utilizá-los para esse fim; 4) “Qual é o som?”, o jogador terá que descobrir qual a fonte sonora do som escutado e poderá simular a audição de uma pessoa com perda auditiva e outra com audição normal; 5) “Qual som é seguro para sua audição?, o jogador terá que descobrir quais sons são seguros e quais são perigosos para a audição, de acordo com o tempo de exposição e da intensidade do som; 6) “Identifique a distância segura”, o jogador deve identificar qual a distância de um carro, de acordo com a intensidade do som, aprendendo que afastar-se da fonte ruidosa pode proteger a audição; 7)“Evite o zumbido”, o jogador terá que encontrar um amigo que lhe entregue protetores auditivos durante um show de rock, aprendendo que ao usá-lo estará protegendo a audição, além de evitar o zumbido. 8) “Abaixe o volume”, o jogador deverá abaixar o som dos fones de ouvido para um nível seguro para a audição, aprendendo que diminuir o volume é uma das formas de protegê-la. Conclusão: O aplicativo mobile de jogos digitais desenvolvido, poderá ser um recurso educacional interativo, efetivo e acessível para uso em escolas e pela comunidade em geral para a promoção da saúde auditiva e prevenção da perda auditiva e do zumbido.

1. Huang, K. T., Ball, C., Francis, J., Ratan, R., Boumis, J., & Fordham, J. (2019). Augmented versus virtual reality in education: An exploratory study examining science knowledge retention when using augmented reality/virtual reality Mobile applications. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 22(2), 105-110.

2. Khan, K. M., Bielko, S. L., & McCullagh, M. C. (2018). Efficacy of hearing conservation education programs for youth and young adults: a systematic review. BMC public health, 18(1), 1286.

3. Meinke, D. K., & Martin, W. H. (2017). Development of health communications for promotion of safe listening: A review. Make Listening Safe, World Health Organization.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1746
DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM BEBÊS COM SÍFILIS CONGÊNITA NOS PRIMEIROS MESES DE VIDA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: No Brasil em 2018 as taxas de incidência da sífilis congênita foram de 9,0/1.000 nascidos vivos e taxa de mortalidade por sífilis congênita foi de 8,2/100.000 nascidos vivos1. A sífilis na gestação pode acarretar consequências fetais como parto prematuro, óbito ou manifestações congênitas precoces ou tardias como perda auditiva e dificuldade no aprendizado2. O Joint Committee of Infant Hearing3 apresenta a sífilis congênita como fator de risco para a deficiência auditiva, devendo as crianças realizarem acompanhamento audiológico até os dois anos de vida2. Alterações neurológicas são descritas com sintomas da sífilis congênita, podendo gerar comprometimentos no neurodesenvolvimento psicomotor e na fala4,5. Diante das implicações provocadas, monitorar o desenvolvimento do recém-nascido com sífilis congênita, sobretudo nos aspectos cognitivos, de linguagem e motor, é um importante meio de observar possíveis alterações e encaminhá-lo para a intervenção. Objetivo: Avaliar o desenvolvimento cognitivo, de linguagem e motor do bebê em seus primeiros meses de vida através da Escala de Desenvolvimento Infantil Bayley-III. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa n°3.360.991. Foram avaliados 55 bebês recrutados em maternidades públicas e que passaram na triagem auditiva neonatal, com idades entre 22 e 112 dias, divididos em dois grupos. O G1 composto por 29 bebês com sífilis congênita que apresentavam o Veneral Diseases Research Laboratory (VDRL) positivo ao nascimento ou eram bebês com VDRL negativo com mãe positiva neste exame no momento do parto, não tendo recebido tratamento adequado durante o pré-natal1 e G2 com 26 sem fatores de risco para a deficiência auditiva3. Todos os bebês com sífilis congênita receberam tratamento antes da alta hospitalar. Todos os sujeitos realizaram meatoscopia e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico com clique a 80 dB nNA com presença de ondas I-III-V e latências dentro do esperado para a idade. Após a avaliação auditiva, foi aplicada a Escala Bayley-III, subdividida nas escalas cognitiva, de linguagem receptiva e expressiva, motora ampla e fina, baseando-se na observação das reações dos bebês aos diferentes estímulos propostos para a avaliação. O ponto de partida da avaliação correspondeu à idade corrigida do bebê no dia da avaliação. Para a análise, utilizou-se o desempenho no escore escalonado6 entre os grupos. A distribuição dos dados não foi normal segundo análise de Shapiro Wilk. Desta forma, aplicou-se o Teste de Mann-Whitney para comparar os grupos entre os desempenhos nas escalas. Utilizou-se o nível de significância de 5%. Resultados: Foi observado que, ao comparar os escores escalonados da Escala Bayley-III entre os bebês do G1 e do G2, não houve diferença estatisticamente significante em nenhuma das escalas. Conclusão: A sífilis congênita tratada nos primeiros meses de vida não é um indicador de risco para o desenvolvimento infantil (cognição, linguagem e motor).

1 Brasil. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico 2019. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis – DCCI. 2019 Out; Número Especial. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2019/11/boletim_sifilis_2019_internet.pdf

2 Brasil: Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis 2019. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-prevencao-da-transmissao-vertical-de-hiv

3 Joint Committee of Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. Journal of Early Hearing Detection and Intervention 2019; 4(2), 1-44. DOI: 10.15142/fptk-b748

4 Lago EG; Vaccari A; Fiori RM. Clinical features and follow-up of congenital syphilis. Sexually Transmitted Diseases. 2013 February; 40(2). DOI: 10.1097 / OLQ.0b013e31827bd688

5 Verghese VP; Hendson L; Singh A; Guenette T; Gratrix J; Robinson JL. Early childhood neurodevelopmental outcomes in infants exposed to infectious syphilis in utero. The Pediatric Infectious Disease Journal 2018 june; 37(6). DOI: 10.1097 / INF.0000000000001842

6. Bayley N. Bayley Scales of Infant and Toddler Development. 3rd ed. 2006. Psychological Corporation: San Antonio, TX.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1831
DESENVOLVIMENTO MOTOR NO TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Estudos encontraram evidências de déficits motores em escolares com dificuldades(1,2,3). Segundo a literatura, não há razão óbvia para que habilidades motoras e de alfabetização se combinem, mas ambos os déficits podem ser indicativos de um problema subjacente de equilíbrio ou aprendizado processual(4). Objetivo: Este estudo quer contribuir com o conhecimento sobre déficits de desempenho motor e de equilíbrio, caracterizando-os em uma série de casos de crianças com Transtornos Específicos da Aprendizagem.

Método: Estudo aprovado pelo CEP (parecer nº:0142/2020). Todos os participantes e seus responsáveis assinaram o Termo de Conhecimento Livre e Esclarecido. Foram avaliadas 09 crianças, com diagnóstico fonoaudiológico de Transtorno específico de Leitura (F81.0 – CID 10) e Escrita (F81.1 – CID 10), assim caracterizadas e distribuídas: 03 meninos do 3º ano (média: 8,8 anos); 01 menina e 02 meninos do 4º ano (média: 9,5 anos) e 03 meninos do 5º ano (média: 10,43 anos); 08 eram da rede pública de ensino. As avaliações foram individuais; a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM - Rosa Neto, 2012) foi aplicada por uma educadora física, treinada para esse fim. Constaram do protocolo as provas: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, organização espacial e temporal, esquema corporal e lateralidade. Seguiram-se os parâmetros de classificação do desempenho motor e da presença, ou não, de alteração do desenvolvimento, constantes na EDM. Neste estudo não foi investigada a relação idade cronológica/escolaridade e idade motora.

Resultados: Uma criança apresentou a lateralidade cruzada e as demais eram destros completos. Todas as crianças (M=9,5 anos) apresentaram desempenho abaixo do esperado em todas as variáveis avaliadas, sendo os piores escores observados em motricidade fina (M=4,4 anos) e equilíbrio (M=6,1 anos). Quanto à classificação, apenas 01 criança (5º ano) alcançou nível de desenvolvimento normal-baixo com fator risco leve; 03 crianças foram classificadas com desempenho inferior com fator risco moderado; 05 como muito inferior com fator risco grave. Quando comparadas a idade motora e a cronológica, as crianças apresentaram idade negativa de 33 a 51 meses indicativa de atraso motor superior a 02 anos, pelo menos.

Conclusão: Os nove casos com Transtorno específico de leitura e de escrita, apresentaram idade motora geral abaixo da idade cronológica, sobretudo nas tarefas de equilíbrio e motor fino (intimamente relacionados à escrita), em provável associação com os prejuízos apresentados na aprendizagem.

1.Pellegrini, AN. et al. Desenvolvendo a coordenação motora no ensino fundamental. São Paulo: UNESP, 2005. Disponível em: .
2.Okuda PMM, Swardfager W, Ploubidis GB, Pangelinan M, Cogo-Moreira H. Influence of birthweight on childhood balance: Evidence from two British birth cohorts. 2018Março; (130):116-20.- Early Human Development. http://doi.org/10.1016/j.earlhumdev.2018.01.010
3.Okuda PMM, Swargfager W, Lucio PS, Ploubidis GB, Liu T, Pangelinam M, Cogo-Moreira H. The trajectory of balance skill development from childhood to adolescence was influenced by birthweight: a latent transition analysis in a British birth cohort. 2019Maio;(109):12-19 https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2018.12.012
4.Brookman A, McDonald S, McDonald D, Bishop DVM. 2013. Fine motor deficits in reading disability and language impairment: same or different? PeerJ 1:e217 https://doi.org/10.7717/peerj.217


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1812
DESIGUALDADES RACIAIS NO NÚMERO DE INFECTADOS NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O primeiro caso de Coronavírus no Brasil foi notificado no final de fevereiro, e o primeiro registro da doença em Sergipe deu-se no dia 14 de março¹. Desde então, a disseminação deste vírus aconteceu de forma rápida, atingindo no mês de julho a marca de mais de 30 mil casos no estado². No entanto, o processo histórico de colonização do Brasil, marcado pelo uso da mão de obra de pessoas escravizadas e pela negação de direitos básicos a tais povos, determina até hoje discrepâncias internas que estão atreladas as raízes de um sistema escravocrata³. Em nosso país, tal processo de exploração trouxe disparidades no acesso a saúde, na qualidade do atendimento e nos indicadores de saúde como resultado das desigualdades em moradia, trabalho e condições sociais. Dessa forma, sabe-se que a população negra está no centro das iniquidades em saúde, experienciando de maneira mais aguda os efeitos negativos de uma pandemia. OBJETIVOS: Refletir sobre as desigualdades raciais no número de infectados por COVID-19 na população negra. METODOLOGIA: Estudo transversal descritivo com base no boletim epidemiológico² divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe (SES). O boletim em questão refere-se a dados obtidos até o dia 06 de julho de 2020 por meio da síntese de notificações das secretarias de saúde municipais. Foi incluído dados secundários do IBGE a respeito do número de habitantes, IDH e densidade demográfica de Sergipe. RESULTADOS: O estado de Sergipe possui uma estimativa para 2019 de 2.298.696 de habitantes, com densidade demográfica de 94,35 hab/km2 e IDH de 0,6654. No dia 06 de julho de 2020, estavam confirmados 30.718 casos de COVID-19², o coeficiente de incidência para COVID-19 era de 1,315 casos por 100 mil habitantes5. Dentro desse número, a população negra representou 19,9% ou 6.104 de infectados2, números maiores do que qualquer outro grupo de raça/cor infectada. No entanto, cerca de 62,4% ou 19.166 dos infectados tiveram a cor/raça ignorada na ficha de registro individual para o Coronavírus2. CONCLUSÃO: As desigualdades em saúde para a população negra não estão restritas a situação do COVID-19. É preciso garantir equidade para essa parcela da população, levando políticas públicas que os auxiliem, especialmente as comunidades quilombolas, favelas, subúrbios e a população privada de liberdade que estão duplamente expostas as iniquidades em saúde durante uma pandemia. Ademais, o fator cor/raça é uma importante informação frequentemente ignorada na ficha de registro individual para COVID-19. Desta feita, a omissão destes impossibilita a acurácia dos dados, comprometendo o sistema de vigilância, o planejamento de recursos e de medidas de controle, construindo uma barreira para compreensão do real impacto da COVID-19 e a tomada de decisões para redução das disparidades. Nesse cenário, é extremamente necessário que os profissionais de saúde tenham a responsabilidade de não omitir a raça/cor nos dados referentes a infectados, hospitalizações e óbitos.

Barbosa A. Secretaria de Estado da Saúde confirma primeiro caso de coronavírus em Sergipe. G1 SE Online 2020;[acesso em 6 jul. 2020]. Disponível em: https://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2020/03/14/secretaria-de-estado-da-saude-confirma-primeiro-caso-de-coronavirus-em-sergipe.ghtml

Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública. Boletim epidemiológico para atualização Doença sobre o COVID-19. 91º Informe Epidemiológico [Internet] 2020 [acesso em 06 jul. 2020]. Disponível em: todoscontraocorona.net.br/wp-content/uploads/2020/07/Boletim-06.07.2020.pdf

Goes EF, Ramos DO, Ferreira AJF. Desigualdades raciais em saúde e a pandemia da Covid-19. Trabalho, Educação e Saúde [Internet]. 2020 [acesso em 6 Jul de 2020];18(3):1-7. DOI 10.1590/1981-7746-sol00278. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/tes/v18n3/0102-6909-tes-18-3-e00278110.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Cidades e estados. [acesso em 08 de março de 2020.]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/se.html

Observatório de Sergipe. Boletim COVID-19 Sergipe e território nacional – Edição 36. Boletim Epidemiológico [Internet] 2020 [acesso em 06 jul. 2020]. Disponível em: http://docs.observatorio.se.gov.br/wl/?id=9Nl6mPUrZ0856lXVMz1k0qMwOgE1UzPF


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1906
DESIGUALDADES SOCIAIS E A PANDADEMIA DA COVID-19: DISPARIDADES NO NÚMERO DE ÓBITOS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: No dia 07 julho de 2020 o Brasil alcançou a marca de 65.487 mortos pela COVID-19, que ultrapassa a marca de homicídio registrado no ano conhecido como o mais violento do país, 2017. Esse registro impressiona, no entanto, impressiona ainda mais saber que pessoas de raça/cor preta são as maiores vítimas dessa pandemia(1). Ao analisar a história do país, marcada por um desenvolvimento baseado na escravidão de povos de diferentes raças/cores, cultura e religião, se entende o porquê dessa disparidade. Esse processo de exploração trouxe desigualdades no acesso à saúde, na qualidade do atendimento e nos indicadores de saúde como resultado das desigualdades em moradia, trabalho e condições sociais persistentes por séculos(2). No estado de Sergipe, os registros não são diferentes, o número de óbitos e infectados pela COVID-19 nas pessoas de raça/cor preta são maiores que os encontrados em pessoas de raça/cor branca. Uma prova dessa disparidade do acesso à saúde entre essas duas populações é o reconhecimento do Ministério da Saúde, que cria em 2009 a Política Integral de Saúde da População Negra. Tal medida tem como objetivo: promover a saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e nos serviços do SUS(3). Objetivo: Estudar as disparidades exposta no número de óbitos pela COVID-19, entre população de raça/cor preta e branca. Metodologia: Trata-se de um estudo exploratório, que tem como base os dados dos boletins de óbitos apresentados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde do Estado de Sergipe, até o dia 07 de julho de 2020. Resultado: O Estado de Sergipe possui 2,29 milhões de habitantes segundo último dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), datado no ano de 2019. No dia 14 de março de 2020, em Aracaju, foi registrado o primeiro caso confirmado de coronavírus no Estado, logo depois, os primeiros óbitos foram registrados no dia 02 de abril. Dos 31.640 casos de habitantes contaminados pela COVID-19, tem-se um número total de 851 óbitos, destes, 309 eram pessoas de raça/cor preta e 419 tiveram sua raça/cor ignorada. Conclusão: Fica claro, portanto, que não se trata de uma coincidência que as maiores vítimas dessa pandemia sejam pessoas de raça/cor preta, uma vez que são as mesmas que se encontram a margem e com tantas dificuldades de ter acesso aos serviços de qualidade. Por esse motivo, as ações que tem como objetivo diminuir essas desigualdades devem ser intensificadas, principalmente as de saúde. A saúde dessas pessoas é reflexo de uma estrutura que envolve os aspectos socioeconômico e demográfico. Declarar a sua raça/cor é importante para a construção de políticas públicas, pois permite que os sistemas de informação do SUS consolidem indicadores que traduzem os efeitos dos fenômenos sociais e das desigualdades sobre os diferentes segmentos populacionais. Faz-se necessário a identificação de cada pessoa que foi morta pela coronavírus para que medidas precisas sejam tomadas.

Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública. Boletim epidemiológico para atualização Doença sobre o COVID-19. Boletim Epidemiológico [Internet] 2020 [acessado em 07 jul. 2020]. Disponível em: todoscontraocorona.net.br/wp-content/uploads/2020/07/Boletim-07.07.2020.pdf (1)
GOES EF.; RAMOS DO.; FERREIRA AJF. Desigualdades raciais em saúde e a pandemia da Covid-19. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, 2020, e00278110. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00278 (2)
Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS[Internet] 2020 [acessado em 09 jul. 2020]. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao_negra_3d.pdf (3)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1793
DESLOCAMENTO INTERNO DO DISCO ARTICULAR SEM REDUÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução:
A Disfunção temporomandibular (DTM) está estabelecida como um agrupamento de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas. Dentre muitas alterações, destacam-se os desarranjos internos da Articulação Temporomandibular (ATM). Esses acontecem quando há um relacionamento anatômico anormal entre disco, côndilo e eminência articular e envolve, em sua maioria, os deslocamentos do disco articular para a posição anterior à cabeça da mandíbula. Esses deslocamentos podem ser com ou sem redução. No deslocamento anterior do disco com redução (DDCR) há a recaptura deste para a posição de normalidade em boca aberta. Já o deslocamento do disco sem redução (DDSR) está demonstrado quando este permanece deslocado mesmo na posição de abertura máxima da boca. O DDSR está caracterizado pela abertura oral máxima (AOM) de boca limitada com ≤ 35mm, deflexão para o lado afetado no momento de abertura, limitação acentuada da laterotrusão para o lado preservado e dor localizada e/ ou na região da musculatura mastigatória. Objetivo: Descrever as manobras terapêuticas utilizadas no tratamento do DDSR. Metodologia: Esse trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o número 3.349.187. Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de caso. Paciente J.C.D do sexo feminino de 23 anos, compareceu ao serviço de fonoaudiologia com o diagnóstico de DDSR no lado esquerdo (LE), há aproximadamente um mês do início dos sintomas. Relatou fazer uso de medicamentos para relaxamento muscular, prescritos pelo bucomaxilofacial. Foi realizada anamnese e avaliação miofuncional orofacial. À palpação apresentou dor na musculatura mastigatória, na ATM no LE, e dor nos músculos supra e infra hióideos, bem como na região cervical. A AOM inicial de 12 mm e deflexão para o lado esquerdo, ausência de lateralidade direita (LD). Mastigação ineficiente e amplitude mandibular reduzida durante a fala. Referiu ainda, bruxismo em vigília. Na Terapia Miofuncional Orofacial (TMO) foram abordadas as seguintes estratégias: orientação para controle do bruxismo, termoterapia com calor úmido nas regiões de masseter e temporal, alongamento da musculatura elevadora da mandíbula, manobra de recaptura do disco articular, exercícios mandibulares para condicionamento da AOM e treino funcional. Foram realizadas 4 sessões em um intervalo de um mês. Resultados: Após o tratamento fonoaudiológico a paciente apresentou o ganho na dimensão vertical de 34 mm, controle da dor e deflexão, além de melhora na mastigação. A fala foi restabelecida sem um trabalho direcionado, pois acompanhou os ganhos funcionais com a remissão dos sinais e sintomas.
Conclusão: A TMO mostrou-se resolutiva para o caso descrito e, representa uma modalidade terapêutica importante no repertório de tratamento para a DTM.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
838
DESVELANDO A PRECARIEDADE DE POLÍTICAS INCLUSIVAS NA EDUCAÇÃO FORMAL DOS USUÁRIOS DE IMPLANTE COCLEAR
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Implante Coclear (IC) constitui-se na principal tecnologia capaz de devolver a capacidade auditiva às pessoas que possuem perda de grau severo a profundo. A função do IC é transformar os sons do ambiente em estímulos elétricos que são levados para o nervo auditivo, causando a sensação auditiva no indivíduo. No Brasil, todo o processo para a realização e acompanhamento do IC é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tendo sido o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), o primeiro centro credenciado no Estado de Pernambuco. OBJETIVO: Desvelar as dificuldades encontradas pelos responsáveis das crianças usuárias de IC no acesso à educação básica e a falta de integração das políticas públicas de saúde e educação. METODOLOGIA: O presente estudo trata-se de uma análise descritiva da experiência vivenciada pelos responsáveis de escolares usuários de IC no acesso à educação básica, a partir das observações realizadas enquanto assistente social do serviço de implante coclear do IMIP. RESULTADO: Os responsáveis pelos usuários de IC em idade escolar relatam diversas situações relacionadas à inclusão escolar: negativa de vagas, afastamento da criança por não haver professor auxiliar, retirada do IC em sala de aula, dificuldade dos professores no manuseio do IC e desconhecimento sobre esta tecnologia. Nos casos em que o aluno é impedido de frequentar a escola, os órgãos de defesa são notificados, visto que a educação é um direito previsto no Estatuto da criança e do adolescente. Também é frequente a indicação do ensino de Libras, como única possibilidade, conforme premissa da educação inclusiva. O usuário de IC não perde a condição de deficiente auditivo. Em uso do implante, ele tem a possibilidade de restabelecer sua capacidade auditiva e, por consequência, desenvolver a linguagem oral. Por esta razão, a escola deve estar preparada para receber esta criança, propiciando condições favoráveis para a escuta, bem como para a aprendizagem. Apesar do SUS realizar a cirurgia de IC, a política de educação prevê para a educação do surdo no ambiente escolar o uso da Libras. Portanto, parece haver uma desarticulação entre as políticas públicas de saúde e educação, o que tem gerado dificuldades na inclusão escolar, sendo a escola um importante espaço de aprendizagem, sociabilização e interação social. CONCLUSÃO: A partir dos relatos dos responsáveis pelas crianças usuárias de IC, foram desveladas diversas dificuldades no processo de inclusão da criança usuária de IC, desde o ingresso na escola, como a manutenção no espaço, uso do IC e assistência escolar. Tais dificuldades parecem ser reflexo da desarticulação das políticas públicas de saúde e educação, não compreendendo o usuário em sua totalidade, integralidade e, assim, não favorecendo seu desenvolvimento. Fica evidente a necessidade da articulação das políticas e a necessidade de formação dos profissionais de educação sobre o uso e benefícios da tecnologia do IC para que estes possam contribuir no processo de inclusão escolar desta população.

BRASIL. Lei Federal n. 8069, de 13 de julho de 1990. ECA _ Estatuto da Criança e do
Adolescente, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm ,
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BRASIL, Portaria n° 2.776, de 18 de dezembro, de 2014. Disponível em
http://138.68.60.75/images/portarias/dezembro2014/dia19/portaria2776.pdf , acessada
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BRASIL, Portaria n° 2.161 de 17 de julho de 2018. Disponível em
http://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/31890149/do1-2018-07-18-portaria-n-2-
161-de-17-de-julho-de-2018-31890131 , acessada em 10/10/2019.
MAGALHAES, Aracê Maria Magenta et al. Desenvolvimento socioemocional de
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2, p. 103-132,dez. 2007 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
711X2007000200011&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 15 jun. 2020.
TEFILI, Diego et al . Implantes cocleares: aspectos tecnológicos e papel
socioeconômico. Rev. Bras. Eng. Bioméd.,  Rio de Janeiro ,  v. 29, n. 4, p. 414-433, 
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151731512013000400010&ln
g=pt&nrm=iso>. acessos em  16  jun.  2020.  http://dx.doi.org/10.4322/rbeb.2013.039 .
VIEIRA, Sheila de Souza et al . Implante coclear: a complexidade envolvida no
processo de tomada de decisão pela família. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão
Preto , v. 22, n. 3, p. 415-424, jun. 2014 . Disponível em
https://www.scielo.br/pdf/rlae/v22n3/pt_0104-1169-rlae-22-03-
00415.pdf 11692014000300415&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 05 julho. 2020..


TRABALHOS CIENTÍFICOS
559
DIAGNÓSTICO AUDIOLÓGICO EM LACTENTES QUE FALHARAM NA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


DIAGNÓSTICO AUDIOLÓGICO EM LACTENTES QUE FALHARAM NA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL

Introdução: A audição é fundamental para o desenvolvimento global da criança, revelando assim, a importância da triagem auditiva neonatal (TAN) que irá possibilitar um diagnóstico precoce. A triagem auditiva neonatal pode apresentar como resultado PASSOU ou FALHOU. Sendo assim, para os casos em que o resultado apresentado é FALHOU realiza-se o reteste, porém se o resultado permanecer o mesmo é necessário o encaminhamento para o diagnóstico audiológico (DA) até o sexto mês de vida. No DA é possível rever a história familiar, estudar os indicadores de risco para a perda auditiva e realizar procedimentos eletroacústicos e eletrofisiológicos para a detecção de alterações no sistema auditivo. O diagnóstico audiológico precoce possibilita um melhor prognóstico. Objetivo: Analisar os resultados obtidos na etapa de diagnóstico audiológico de crianças que falharam no reteste da triagem auditiva neonatal. Método: Esta pesquisa apresenta caráter experimental, quantitativa, exploratória e laboratorial. Este estudo vincula-se a um projeto maior, intitulado “Estudo da Reflectância de Banda Larga em programa de Saúde Auditiva Neonatal”, aprovado pelo Comitê de Ética da Unicamp, sob protocolo número 932.602. Será realizado nos laboratórios de Audiologia do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação - DDHR da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Os neonatos passarão pela triagem auditiva neonatal e os que obtiverem resultado FALHOU no reteste serão encaminhados para o diagnóstico audiológico, em que procedimentos como anamnese, meatoscopia, EOA, PEATE e imitanciometria serão realizados; em seguida os resultados desses testes serão tabulados e analisados estatisticamente por um profissional da área. Resultados: No período de janeiro a maio de 2020 um total de 207 neonatos permaneceram internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) por no mínimo 48 horas, sendo que 12 foram à óbito. Desse total foram triados 158 (85,41%) dos recém-nascidos e 12 (4,43%) falharam na TAN. Com relação aos indicadores de risco para perda auditiva os mais prevalentes foram permanência em UTI por mais de 5 dias (28,6%), Apgar no 1ºminuto (19%), presença de síndromes (19%), recém-nascido pré-termo (9,5%) pequeno para a idade gestacional (9,5), uso de medicamentos ototóxicos (4,8%), ventilação mecânica (4,8%) e presença de anomalias (4,8%). Tendo em vista o cenário de pandemia, esses neonatos ainda não realizaram o reteste e/ou diagnóstico audiológico por se tratar de uma atividade ambulatorial, porém todos os 7 neonatos estão agendados para vir a realizar o reteste. Conclusão: Tendo em vista o cenário de isolamento social e o fechamento das atividades ambulatoriais é previsto um atraso no diagnóstico das perdas auditivas, o que pode acarretar em um prejuízo no desenvolvimento global desses neonatos, sendo necessário o desenvolvimento de estudos nessa área para avaliar os danos decorrentes da pandemia. Como evidenciado na pesquisa, os recém-nascidos que permanecem em UTIN apresentam uma maior chance de complicações auditivas devido a maior prevalência de indicadores de risco para a perda auditiva, os quais foram descritos pelo Joint Hearing Committee on Infant Hearing.




1. Lewis DR, Marone SA, Mendes BC, Cruz OL, Nóbrega Md. Multiprofessionalcommittee on auditory health: COMUSA. Braz J. Otorhinolaryngol.
2010;76(1):121-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1808-86942010000100020
2. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva neonatal [acessado em 12 de setembro de 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_triagem_auditiva_neonatal.pdf
3. American Academy of Pediatrics, Joint Committee on Infant Hearing. Year 2007 position statement: Principles and guidelines forearly hearing detection and intervention programs. Pediatrics.2007;120(4):898-921. DOI: http://dx.doi.org/10.1542/peds.2007-2333
4. Colella-Santos MF, SartoratoEL, Tazinazzio TG, Françoso MF, Couto CM, Castilho AM, et. al. An auditory health program for neonates in UCU and/or intermediate care settings. 2013; 79(6):709-15.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1592
DIAGNÓSTICO DA PERDA AUDITIVA OCULTA E SEUS ACHADOS CLÍNICOS EM ADULTOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A perda auditiva oculta pode ser definida como uma alteração sináptica entre as células ciliadas da cóclea e as fibras nervosas auditivas. Os achados clínicos dessa patologia ainda permanecem desconhecidos e alguns profissionais ainda possuem dificuldade para diagnosticá-la, uma vez que é necessário saber quais exames audiológicos podem ser realizados para auxílio do diagnóstico. OBJETIVO: Avaliar quais exames podem ser realizados para diagnosticar a perda auditiva oculta e quais são os seus respectivos achados clínicos em adultos. MÉTODO: Revisão integrativa da literatura baseada na seguinte pergunta norteadora: quais exames podem ser realizados para diagnosticar a perda auditiva oculta e quais são seus respectivos achados clínicos em adultos? As bases de dados pesquisadas foram: MEDLINE (via PubMed) e ScienceDirect, além do portal da Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando-se a estratégia de busca: (“Hidden hearing loss”) AND (adults) AND (“cochlear synaptopathy”) AND (diagnosis) AND (“Hearing Tests” OR “Tests, Hearing”), elaborada a partir de MeSHs e termos livres. Foram considerados artigos publicados em quaisquer língua e ano, bem como artigos que utilizaram exames para diagnosticar a perda auditiva oculta em adultos com audiometria dentro do padrão de normalidade. Foram excluídos artigos de revisão de literatura e capítulos de livros. Para uma seleção mais criteriosa, foi criado um protocolo contemplando os seguintes aspectos: tamanho da amostra, tipo de estudo, objetivos, exames utilizados, resultados principais e conclusão. As etapas de busca consistiram na leitura dos títulos, resumos e manuscritos completos. RESULTADOS: A busca resultou em 16 artigos encontrados na MEDLINE (cinco selecionados), 27 na ScienceDirect (dois selecionados) e 10 na Biblioteca Virtual em Saúde (dois selecionados), sendo 25 incluídos após a etapa de títulos e nove incluídos após a leitura de resumos e artigos completos. Observou-se que os exames de Frequency Following Response e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico, mesmo com aumento das amplitudes nas ondas I e V, não demonstraram alterações significativas em cinco artigos selecionados. As Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção não obtiveram resultados significantes em um dos trabalhos. Entretanto, houve diminuição dos reflexos acústicos. Para desencadear os reflexos, utilizou-se medida de banda larga e pressão de 75 a 105 dB. Notou-se uma diminuição na magnitude destes, sendo, em dois estudos, decorrente da exposição ao ruído ao longo da vida e, em um dos estudos, associado ao zumbido. Considerou-se perda sináptica, causa comum que afeta o reflexo e o reconhecimento de fala. Os testes de fala com ruído não obtiveram bom desempenho. Em dois trabalhos, também foi realizada a eletrococleografia, a qual mostrou uma diferença significativa na razão entre os picos da forma de onda gerados pelas células ciliadas versus neurônios cocleares. CONCLUSÃO: Os exames mais utilizados para diagnóstico da perda auditiva oculta encontrados nos artigos analisados foram: audiometria convencional, testes psicoacústicos de fala com ruído, potencial evocado auditivo de tronco encefálico, Frequency Following Response, Emissões Otoacústicas por Produto Distorção, eletrococleografia e pesquisa dos reflexos acústicos. Os principais achados clínicos foram a diminuição ou ausência dos reflexos acústicos, dificuldades na percepção da fala no ruído e alterações na eletrococleografia.

Hall JW, Buss E, Grose JH. Loud Music Exposure and Cochlear Synaptopathy in Young Adults: Isolated Auditory Brainstem Response Effects but No Perceptual Consequences. Trends Hear. 2017;21

Liberman MC, et al. Toward a Differential Diagnosis of Hidden Hearing Loss in Humans. PLoS One. 2016;11(9):e0162726.

Oxenham AJ, Magdalena Wojtczak 1, Jordan A Beim JA, Wojtczak M. Weak Middle-Ear-Muscle Reflex in Humans with Noise-Induced Tinnitus and Normal Hearing May Reflect Cochlear Synaptopathy. ENeuro. 2017 Nov 27;4(6).

Plack CJ, Barker D, Prendergast G. Perceptual consequences of “hidden” hearing loss. Trends Hear. 2014;18:1-11.

Prendergast G, et al. Effects of noise exposure on young adults with normal audiograms II: Behavioral measures. Hear Res. 2017;356:74-86.

Prendergast G, et al. Effects of noise exposure on young adults with normal audiograms I: Electrophysiology. Hear Res. 2017;344:68-81.

Ridley C, et al. Using Thresholds in Noise to Identify Hidden Hearing Loss in Humans. Ear Hear. 2018;39(5):829-844.

Shehorn J, Strelcyk O, Zahorik P. Associations between speech recognition at high levels, the middle ear muscle reflex and noise exposure in individuals with normal audiograms. Hearing Research. 2020;392

Shim HJ, et al. Comparisons of auditory brainstem response and sound level tolerance in tinnitus ears and non-tinnitus ears in unilateral tinnitus patients with normal audiograms. PLoS One. 2017;12(12):e0189157.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
198
DIAGNÓSTICO DE DISFAGIA EM PACIENTES COM QUEIXAS DE VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os distúrbios vocais e os distúrbios da deglutição aproximam-se inicialmente por suas consequências sociais, afetivas e emocionais e, evidentemente, pela localização orgânica de seus processos fisiológicos. A conduta fonoaudiológica deve ser determinada de acordo com as manifestações funcionais do comportamento vocal e/ou da deglutição diagnosticados durante a avaliação com o objetivo de promover modificações e adaptações das funções alteradas1-3. Objetivos: Verificar a ocorrência de disfagia em pacientes com queixas de voz que buscaram o setor de Voz de uma clínica-escola de Fonoaudiologia. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo em banco de dados (Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos - 23081.016945). Foram analisados 473 registros de sujeitos que buscaram atendimento no setor de Voz de uma clínica-escola de Fonoaudiologia, levantando-se os dados relacionados a sexo, idade, profissão, queixa e diagnóstico fonoaudiológico. Realizou-se análise descritiva. Resultados: Dos 473 registros analisados, constatou-se 11 sujeitos com diagnóstico de disfagia (2,32%). Desses 11 sujeitos com disfagia, cinco eram homens (45,45%) e seis eram mulheres (54,54%); as idades estavam entre 45 a 82 anos (média de 61 anos); apenas quatro sujeitos (36,36%) eram profissionais da voz. Com relação às queixas, desses 11 sujeitos com disfagia, sete (63,63%) referiram alterações relacionadas a voz e deglutição, enquanto quatro sujeitos (36,36%) apresentaram apenas queixa de disfonia. Dentre as principais queixas referidas, estavam falta de ar, dificuldade para falar, tosse e engasgos durante a alimentação. Quanto ao diagnóstico fonoaudiológico, todos os 11 sujeitos (100%) foram classificados com Disfonia Orgânica associada à Disfagia Orofaríngea. Desses, dois (18,18%) apresentavam Disfagia Mecânica e nove (81,81%) apresentavam Disfagia Neurogênica. As principais etiologias apresentadas foram Acidente Vascular Cerebral, laringectomia, paralisia de prega vocal e Doença de Parkinson. Conclusão: Na amostra analisada, verificou-se baixa ocorrência de sujeitos com diagnóstico de Disfagia. Todos os 11 pacientes com disfagia apresentaram diagnóstico fonoaudiológico de Disfonia Orgânica associada à Disfagia Orofaríngea, evidenciando relação anatomofuncional entre a disfonia e a disfagia apresentadas. Esse resultado evidencia a importância de o fonoaudiólogo realizar uma avaliação clínica detalhada principalmente no que se refere aos aspectos vocais e laríngeos que podem contribuir na detecção dos distúrbios de deglutição. A atuação conjunta entre as áreas de Voz e Disfagia possibilita o diagnóstico adequado e a escolha de condutas terapêuticas seguras e eficientes.


1. Dragone MLS. Disfonia e disfagia – interface, atualização e prática clínica. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010; 15(4):624-5.

2. Rehder MI, Branco AA. Disfonia e disfagia – interface, atualização e prática clínica. Rio de Janeiro: Revinter; 2011. 224p

3. Santos KW, Scheeren B, Maciel AC, Cassol M. Modificação da voz após deglutição: compatibilidade com achados da videofluoroscopia. CoDAS. 2017; 29(6):e20170004


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1738
DIAGNÓSTICO DE SURDEZ E IMPLANTAÇÃO PRECOCE
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A privação sensorial dos sons proporcionada pela perda auditiva influencia negativamente na aquisição da linguagem oral1, comprometendo o desenvolvimento global do indivíduo, sob diferentes aspectos2,3. A possibilidade de submissão ao Implante Coclear (IC), com encaminhamento fonoterápico precoces podem reverter/minimizar estes comprometimentos, auxiliando no desenvolvimento linguístico, social e emocional da criança4, melhorando sua qualidade de vida. Esses fatores apontam para a relevância dos programas de triagem auditiva, como ponto de partida para a intervenção5. A escolha por uma proposta bilíngue de tratamento passa pelas evidências de que a aquisição de uma língua de sinais, além de garantir acesso à língua natural da comunidade surda, pode auxiliar tanto no domínio de habilidades verbais como na interação com os pares, sejam eles surdos ou ouvintes6.

OBJETIVO: Descrever um caso de atendimento a criança surda dentro de uma proposta bilíngue.

METODOLOGIA: MCP, feminino, 1:8, nascida em Portugal, parto sem intercorrências. Desenvolvimento Neuropsicomotor obedecendo padrões de normalidade. Não tem histórico de surdez na família, com exceção do avô paterno que tem perda auditiva devido a uma otite na infância (sic). Diagnosticada com surdez bilateral neurossensorial de grau profundo em ambas orelhas por meio da Triagem Auditiva Neonatal, retornou ao Brasil e com 10 meses foi submetida ao IC. Após a implantação, foi encaminhada para acompanhamento fonoterápico, com objetivos de auxiliar na adaptação do implante, estimular as habilidades auditivas e conduzir a aquisição da linguagem oral. Paralelamente, por desejo dos pais, foi encaminhada para um grupo de atendimento com vistas à aquisição da LIBRAS, dentro de uma proposta de terapia fonoaudiológica bilíngue, a qual será objeto deste relato de caso.

RESULTADOS: Dada a precocidade do encaminhamento, a proposta terapêutica visou a estimulação global da criança. A intervenção foi iniciada com o estabelecimento do vínculo terapêutico com a paciente, inicialmente em um atendimento em grupo, com outras crianças usuárias de LIBRAS e a família. A terapia atendeu a uma linha de apresentação de campos semânticos, aliando a denominação verbal à apresentação do respectivo sinal, acompanhando o desenvolvimento esperado para a idade cronológica de aquisição da linguagem da criança, com estimulação auditiva, visual e espacial, possibilitando o desenvolvimento de habilidades comunicativas por meio de atividades lúdicas. Como resultado da implantação e intervenção precoces, MCP responde bem à comunicação tanto verbal como gestual, embora ainda não tenha alcançado todas as habilidades auditivas correspondentes à sua idade cronológica. Do ponto de vista da aquisição da língua de sinais, tendo em vista o afastamento vivenciado por conta da pandemia de COVID-19 e sua inserção majoritária em um contexto familiar ouvinte, precisará de mais tempo para ser avaliado.

CONCLUSÃO: Este caso retrata uma situação ideal nem sempre vivenciada em nossa realidade, com histórico de diagnóstico e intervenção precoces, possibilitando à criança o desenvolvimento de suas habilidades linguísticas e comunicacionais dentro do tempo esperado pela estimulação. Além disso, a escolha dos pais por uma proposta bilíngue tem demonstrado que é possível conciliar estimulação verbal e gestual, com possíveis benefícios para a criança, que só poderão ser mensurados com o acompanhamento do caso.

1 - Fortunato Carla Aparecida de Urzedo, Bevilacqua Maria Cecília, Costa Maria da Piedade Resende da. Análise comparativa da linguagem oral de crianças ouvintes e surdas usuárias de implante coclear. Rev. CEFAC [Internet]. 2009 Dec [cited 2020 July 13] ; 11( 4 ): 662-672. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462009000800015&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462009000800015.

2 - Maia Raquel Martins, Silva Maria Adelane Monteiro da, Tavares Patrícia Moreira Bezerra. Saúde auditiva dos recém-nascidos: atuação da fonoaudiologia na Estratégia Saúde da Família. Rev. CEFAC [Internet]. 2012 Apr [cited 2020 July 13] ; 14( 2 ): 206-214. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462012000200003&lng=en. Epub Oct 28, 2011. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000114.

3 - Oliveira Pedro, Castro Fernanda, Ribeiro Almeida. Surdez infantil. Rev. Bras. Otorrinolaringol. [Internet]. 2002 May [cited 2020 July 13] ; 68( 3 ): 417-423. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992002000300019&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0034-72992002000300019.

4 - Souza Luiz C. A. Diagnóstico precoce da surdez infantil e estratégias terapêuticas. Sociedade Brasileira de Pediatria [Internet]. 1995 [cited 2020 July 11] ; 71(2):96-100. Available from:
http://www.jped.com.br/conteudo/95-71-02-96/port.pdf

5 - Silva Luciana Santos Gerosino da, Gonçalves Claudia Giglio de Oliveira. Processo de diagnóstico da surdez em crianças na percepção de familiares e gestores. Audiol., Commun. Res. [Internet]. 2013 Dec [cited 2020 July 11] ; 18( 4 ): 293-302. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312013000400010&lng=en. https://doi.org/10.1590/S2317-64312013000400010.

6- EVANGELISTA, Giuliana Cristina de Melo. Mitos sobre o ensino bilíngue: rodas de conversas com os surdos e familiares em uma escola do DF. 2015. 39 f., il. Monografia (Especialização em Educação em e para os Direitos Humanos no Contexto da Diversidade Cultural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1120
DIFERENÇAS ENTRE CARACTERÍSTICAS VOCAIS DE MULHERES TRANSGÊNERO E CISGÊNERO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é um parâmetro importante na identificação do gênero do falante, em que se atribui um padrão para o homem e para a mulher [1,2]. As pessoas transgênero buscam diversos serviços de saúde para adequar o seu corpo à sua identidade de gênero [3], principalmente as mulheres, as quais apresentam mais dificuldades na busca por uma voz apropriada à sua identidade e que possibilite a passabilidade em meio à sociedade [4]. Para a proposição de medidas de intervenção para uma voz adaptada ao gênero desejado, a avaliação dos diversos parâmetros da voz torna-se essencial. Objetivo: Investigar diferenças entre as características vocais de mulheres transgêneros e mulheres cisgêneros. Método: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde 466/12, com nº CAAE: 09573018.4.0000.5208. O estudo foi realizado com 20 mulheres transgênero e 20 mulheres cisgênero com idade, peso e altura pareados. As participantes foram submetidas à avaliação de parâmetros acústicos, prosódia emocional, autopercepção vocal, além de percepção de gênero por ouvintes leigos. Resultados: As características vocais de mulheres transgênero e cisgênero são diferentes entre os grupos nos parâmetros de F0, GNE, ruído, intensidade, extensão de F0, formantes da vogal /a/ e na prosódia emocional, incluindo a duração e o contorno melódico. Em sua maioria, valores mais elevados foram encontrados na população cisgênero, com exceção do nível de ruído e da intensidade vocal. Ao comparar os grupos considerando a faixa de F0 esperada para vozes femininas (150 a 250 HZ), identificou-se que 45% das mulheres transgênero estão fora dessa faixa. Além disso, a percepção de gênero realizada por ouvintes leigos identifica as vozes de mulheres trans como pertencentes ao gênero masculino, na maioria dos casos. Existe ainda correlação inversamente proporcional entre a satisfação vocal e a F0 de mulheres transgênero, com maior grau de satisfação com a voz entre aquelas que obtiveram médias de F0 mais elevadas. Conclusão: Ainda que executem ajustes vocais, as vozes de mulheres transgênero diferem da de mulheres cisgêneros em parâmetros acústicos, extensão vocal e prosódia, o que repercute na percepção do gênero pelos ouvintes. Chama-se a atenção para a intervenção vocal que tenha como foco não somente em parâmetros acústicos, a exemplo da frequência fundamental, mas também nos aspectos de prosódia e extensão vocal.

[1] Mora E, Cobeta I. Voz en el cambio de género. Patología de la voz Ponencia oficial de la Sociedad Espanola de Otorrinolaringología y Pato-logía Cérvico-Facial Barcelona: Marge Médica Books. 2013;
[2] Behlau M, Voz O. Livro do Especialista, vol. 1. Rio de Janeiro: Revinter. 2001;
[3] Rede Nacional de Pessoas Trans (Brasil). Saúde do homem trans e pessoas transmasculinas, 2018.
[4] Barros AD. A relação entre a voz e expressão de gênero: a percepção de pessoas transexuais. 2017;


TRABALHOS CIENTÍFICOS
703
DIFERENCIAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES LINGUÍSTICAS EM CRIANÇAS COM DIAGNÓSTICO DE DISTÚRBIOS DOS SONS DA FALA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Crianças com atrasos no desenvolvimento fonológico (ADF) referem-se ao subtipo de Distúrbios dos Sons da Fala mais comum na infância acometendo, aproximadamente, 50 a 60% das crianças com essa alteração¹. Embora as manifestações linguísticas das crianças com ADF sejam descritas como sendo similares, ou seja, uso de processos fonológicos persistentes, supõe-se que as crianças com inventários fonético-fonológicos mais reduzidos apresentariam uma maior restrição motora quando comparadas às crianças que apresentam padrões de erros persistentes, mas que não possuem inventários fonético-fonológicos tão restritos. Essas restrições motoras das crianças com inventários reduzidos poderiam ser detectadas por diferentes provas complementares de avaliação motora da fala. Objetivo: Verificar se há diferenças entre as manifestações linguísticas apresentadas por crianças com o chamado atraso de fala, a partir de provas/testes específicos de avaliação motora da fala. Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (nº021301/2018). Foram estudadas 21 crianças de 3 anos e 5 meses à 11 anos de idade com atraso de fala, que apresentam processos fonológicos persistentes mas diferentes inventários fonético e fonológico. Uma análise de Cluster foi realizada previamente para agrupar as crianças conforme o grau de similaridade entre elas. Foram realizados testes/provas motoras da fala, tais como: diadococinesia oral², repetição de palavras multissilábicas³, frase lexical⁴, inconsistência e cálculo da Porcentagem de Consoantes Correta - PCC-r⁵ e Porcentagem Correta de Róticos - PCR. Resultados: A Análise de Clusters agrupou as crianças em dois grandes grupos, com exceção de uma criança que foi excluída da amostra. A partir desses dois grupos, foi realizada a ANOVA de Medidas Repetidas considerando os resultados obtidos em cada uma das provas. Constatou-se um efeito significante apenas para o grupo (F(1,18)= 10,74, p<0,00) e para a interação entre grupo*provas (F(4,72)=3,17; p=0,01). A análise post hoc mostrou que os dois grupos se diferenciaram nas provas de frase lexical e repetição de palavra multissilabica, ambas envolvendo aspectos prosódicos da linguagem. Conclusão: Crianças que apresentam o subtipo ADF, apesar de se caracterizarem como tendo o mesmo padrão linguístico de erro, se diferenciam em relação ao desempenho prosódico, aspecto que deve ser levado em conta tanto no diagnóstico, quanto na caracterização das manifestações linguísticas.

¹ Dodd, B. Differential Diagnosis of Pediatric Speech Sound Disorder. Current Developmental Disorders Reports, [s.l.], v. 1, n. 3, p.189-196, 13 maio 2014. Springer Nature.
² Wertzner, H. F.; Alves, R. R.; Ramos, A. C. O. Análise do desenvolvimento das habilidades diadococinéticas orais em crianças normais e com transtorno fonológico. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, [s.l.], v. 13, n. 2, p.136-142, jun. 2008
³ Preston JL. Unpublished doctoral dissertation. Syracuse University; Syracuse, NY: 2008. Phonological processing and speech production in preschoolers with speech sound disorders.
⁴ Preston, J. L. et al. Limited acquisition and generalisation of rhotics with ultrasound visual feedback in childhood apraxia. Clinical Linguistics & Phonetics, [s.l.], v. 30, n. 3-5, p.363-381, 3 ago. 2015.
⁵ Wertzner, H.F.; Amaro, L.; e Teramoto, S.S. Gravidade do distúrbio fonológico: julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes corretas. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri- SP, V. 17, n. 2, p. 185-194, 2005


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1875
DIFICULDADE ALIMENTAR E AMAMENTAÇÃO NA FENILCETONÚRIA: RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Fenilcetonúria é uma doença rara causada pela deficiência/ausência da enzima responsável por converter o aminoácido fenilalanina em tirosina, diagnosticada pela Triagem Neonatal(1). O tratamento da Fenilcetonúria consiste em uma dieta com restrição para diversos alimentos (ricos em proteína) e na ingestão de fórmula metabólica(2). Neste sentido, estas crianças não costumam ser amamentadas exclusivamente no peito, necessitando de complemento via fórmula metabólica. Sendo assim, entende-se que pacientes com Fenilcetonúria podem estar suscetíveis ao desenvolvimento de dificuldades alimentares(3).

OBJETIVO: Investigar a prevalência de dificuldades alimentares e amamentação em pacientes com Fenilcetonúria.

MÉTODO: Trata-se de um estudo transversal, com amostra de conveniência composta por 22 pacientes diagnosticados com Fenilcetonúria, que estavam em acompanhamento em um hospital de referência no sul do Brasil. Os responsáveis pelos pacientes responderam um questionário eletrônico sobre o comportamento alimentar dos seus filhos. Esse questionário incluiu dados clínicos e demográficos, investigação sobre a prática da amamentação e a Escala Brasileira de Alimentação Infantil (EBAI)(4). Esta escala possui 14 itens que podem ser classificados de 1 a 7 em uma escala de Likert(4). O ponto de corte da escala classifica as dificuldades alimentares a partir de 61 a 65 pontos = indicativo de dificuldade alimentar leve; de 66 a 70 = indicativo de dificuldade moderada; acima de 70 = indicativo de dificuldade grave(4). Este projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (nº 2019/0777). Os dados foram analisados por meio de frequência absoluta e mediana.

RESULTADOS: Dos 22 pacientes, onze eram meninas, com mediana de idade de 6 anos, intervalo interquartil de 3 a 8. A mediana de idade ao diagnóstico de Fenilcetonúria foi de 19 dias de vida. Dezenove pacientes não apresentaram dificuldade alimentar referida pelos cuidadores. Dos 3 pacientes com dificuldades, um apresentava dificuldade leve (escore 65 na EBAI) e os outros dois pacientes apresentaram dificuldade grave (escore >71 na EBAI). Do total de pacientes, dezessete da amostra foram amamentados. Considerando a amostra em subgrupos, observa-se que a mediana de escore da EBAI no subgrupo de crianças amamentadas foi de 50 pontos e nas não amamentadas foi de 54 pontos. Considerando o subgrupo de pacientes com e sem dificuldade alimentar, não observou-se diferença expressiva em relação às variáveis mediana de idade, mediana de idade ao diagnóstico e número de crianças amamentadas, o que mostra que os dados são semelhantes nestes dois subgrupos nesta amostra. Atribui-se a isso, o fato da amostra ser pequena, visto que apenas três pacientes referiram dificuldade alimentar. Além disso, destaca-se que 20 pacientes apresentavam bom controle metabólico.

CONCLUSÃO: O presente estudo identificou baixa prevalência de dificuldades alimentares em crianças com Fenilcetonúria, bem como alta prevalência de crianças que foram amamentadas, reforçando estudos prévios que suportam a possibilidade de amamentação em crianças com diagnóstico de Fenilcetonúria, desde que controlados e acompanhados regularmente por equipe multiprofissional. Observa-se que a amamentação poderia influenciar positivamente o desenvolvimento alimentar, pois o grupo amamentado teve menores escores de dificuldades na alimentação. Destaca-se que este trabalho está em processo de coleta, visando maior número amostral e melhor generalização dos resultados.

1. Brasil. Ministerio da Saude. Clinical protocol and therapeutic guidelines: phenylketonuria. 2019.
2. Blau N, van Spronsen FJ, Levy HL. Phenylketonuria. Lancet. 2010;376(9750):1417-1427. doi: 10.1016/S0140-6736(10)60961-0.
3. Tonon T, Martinez C, Polonia S, Nalin T, MacDonald A, Schwartz IVD. Food Neophobia in Patients With PKU. J Endocrinol Metab. 2019;9(4):108-112. doi: 10.14740/jem581.
4. Diniz PB. Adaptação transcultural e validação da escala Montreal Children´s Hospital Feeding Scale para o português falado no Brasil. Porto Alegre: Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2019. Tese de Doutorado em Ciências Pneumológicas.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1180
DIFICULDADE DO ALUNO SURDO USUÁRIO DE LIBRAS NO ENSINO SUPERIOR: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), assim como toda a língua, tem uma singularidade e especificidade ao nível de desenvolvimento cognitivo, de maturação e de aquisição de regras sociais, resiste às imposições de uma sociedade pensada e construída com base numa cultura ouvinte. Como os surdos precisam se comunicar, assim como os ouvintes, a LIBRAS é primordial para esta comunicação, pois ela é a primeira língua das pessoas surdas. A Lei n.º 10.436/2002, de 24 de abril, assegura às pessoas surdas a LIBRAS como sua primeira língua (L1), devendo os sistemas educacionais garantir o ensino dessa língua¹. Os surdos formam uma comunidade linguística minoritária caracterizada por compartilhar uma língua de sinais e valores culturais, hábitos e modo de socialização próprios. A língua de sinais constitui o elemento identitário dos surdos, e o fato de constituir-se em comunidade significa que compartilham e conhecem os usos e normas de uso da mesma língua, já que interagem cotidianamente em um processo comunicativo eficaz e eficiente².
OBJETIVO: O presente estudo tem a finalidade de descrever através de uma revisão de literatura as dificuldades encontradas pelos alunos surdos usuários de LIBRAS no ensino superior.
MÉTODO: Trata-se de uma revisão de literatura, utilizando os descritores: Inclusão, Ensino Superior, Surdo. Foram selecionados 8 artigos indexados nas bases de dados BVS, Scielo e Google Acadêmico a partir do título e resumo. Mas, escolhidos 3 após a leitura na íntegra no período compreendido entre 2015 e 2020.
RESULTADOS: Com base nos estudos analisados¹²³, alguns problemas enfrentados pelos surdos são referentes ao contato com o professor e com os colegas. Existe uma extrema dificuldade de comunicação entre eles, desta forma, laços sociais não são estabelecidos, não existe um contato integral entre intérprete e surdos². Outros obstáculos enfrentados são referentes à leitura e à escrita, prejudicando, assim, a ampliação dos conhecimentos nesta etapa de estudos. Os estudantes surdos afirmam que alguns professores demonstram preconceitos e não têm informações sobre a surdez. Os professores, por sua vez, destacam que a dificuldade encontrada é a língua, pois a prática bilíngue é ainda inexistente e não reconhecida no ensino superior¹. Uma das maiores preocupações dos professores a partir do processo inclusivo tem sido de como ensinar alunos com deficiências em suas turmas comuns, uma vez que isso requer reformulação de suas práticas pedagógicas. Entretanto, a educação inclusiva tem apontado cada vez mais o princípio de que os professores não devem trabalhar sozinhos, mas sim em equipes³.
CONCLUSÃO: As principais dificuldades encontradas pelos universitários surdos usuários de LIBRAS estão relacionadas à falta de interação, comunicação e aprendizado entre eles, professores e colegas de sala devido ao não conhecimento da língua de sinais. Para que haja uma melhor inclusão entre estes surdos no meio universitário o ideal seria uma parceria entre faculdades, professores, fonoaudiólogos educacionais e intérpretes.

¹ Sanches I, Silva P. A inclusão de estudantes surdos no ensino superior brasileiro: O caso de um curso de Pedagogia. Revista Portuguesa de Educação. 2019;32(1): 155-172.

² V SIPD. XII Congresso Nacional de Educação. 26-29 out 2015. PUCPR:2015

³ Schiavon D. Surdez e inclusão escolar: Uma análise das práticas pedagógicas de professores do ensino fundamental. [publicação online]; 2018 [acesso em 10 jul 2020]. Disponível em: http://revista.fundacaojau.edu.br:8078/journal/index.php/ revista_educacao/article/download/26/18.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1058
DIFICULDADES COM OS SONS DA LÍNGUA: MÉTODOS E COMPORTAMENTOS DE ESTUDANTES DO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO DA REDE DE EDUCAÇÃO MUNICIPAL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A leitura propicia o conhecimento acerca de diversos conteúdos e colabora para a elaboração da escrita, fornecendo direção e organização de uma linha de pensamento(1). Atualmente, é crescente o índice de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita nas escolas, sendo importante salientar que para evidenciar essas habilidades são fundamentais três domínios-chaves no início da alfabetização, são eles a linguagem oral, a consciência fonológica e o conhecimento das letras(2). Uma criança com alguma dessas complicações, é considerada como de risco para revelar uma futura dificuldade na leitura ou na escrita, esses contratempos podem ser duradouros ou temporários e relativamente intensos, contudo, suas consequências podem causar atraso no tempo de aprendizagem, reprovação e baixo rendimento escolar(3-4). A identificação desses obstáculos, deve ser realizada de modo precoce a fim de minimizar ou eliminar os impactos negativos na vida escolar(5). OBJETIVO: Verificar métodos e comportamentos de estudantes do ciclo de alfabetização da Rede de Educação Municipal diante de dificuldades com os sons da língua. MÉTODO: Estudo descritivo e de corte transversal, aprovado sob CAAE: 83216018.9.0000.5208. Participaram da pesquisa 12 professores do ciclo de alfabetização da Rede de Educação Municipal. Inicialmente, foi realizado o rastreio dos alunos que apresentavam dificuldades fonológicas através do histórico de queixa dos professores. Foram selecionados 23 discentes com faixa etária de 7 a 9 anos. Posteriormente, foi utilizado um instrumento de pesquisa contendo 6 alternativas sobre o método de leitura utilizado e o comportamento observado nestes estudantes. Considerando que os professores tivessem mais de uma resposta para um mesmo estudante, registrou-se a base para o cálculo dos percentuais e não o total. RESULTADOS: Quanto ao método de leitura utilizado, observou-se que 42,86% pronunciavam letra/sílaba em voz alta e/ou liam em voz alta, enquanto que 14,28% contavam com a ajuda do professor na leitura. Em relação ao comportamento observado, os professores responderam que 55,60% dos estudantes eram dispersos durante as aulas, 33,33% constantemente tentavam chamar a atenção do professor e colegas e por fim: 11,11% apresentavam dependência para a realização das atividades. CONCLUSÃO: Na população estudada, o índice de necessidade de ler em voz alta, dispersão durante a aula e constância em chamar a atenção do professor e colegas tiveram preponderância. Diante disso, alertando para a necessidade de ações de direcionamento e sensibilização nas escolas e corpos docentes quanto às dificuldades fonológicas para auxiliar quanto às dificuldades fonológicas e quanto ao entendimento do perfil cognitivo linguístico dessa população.

1 – Barreto MHS. A psicopedagogia interventiva em um estudo de caso sobre dificuldade em leitura e escrita [monografia]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba - UFPB; 2018.

2- Lonigan CJ, Purpura DJ, Wilson SB, Walker PM, Clancy-Menchetti J. Evaluating the components of an emergent literacy intervention for preschool children at risk for reading difficulties. J Exp Child Psychol. 2013;114(1):111–30.

3- Lombaldino L. Assessing and differentiating reading and writing disorders: Multidimensional model. 2011. 352 p.

4- Capellini SA, Conrado TABC. Desempenho de escolares com e sem dificuldades de aprendizagem de ensino particular em habilidade fonológica, nomeação rápida, leitura e escrita. Rev Cefac. 2009; 11: 183–93.

5- Lyytinen H, Erskine J, Kujala J, Ojanen E, Richardson, U. In search of a science‐based application: A learning tool for reading acquisition. Scand J Psychol. 2009; 50 (6): 668–75.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2096
DIFICULDADES DE ACESSO DE CRIANÇAS À ASSISTÊNCIA FONOAUDIOLÓGICA: A PERSPECTIVA DE PROFISSIONAIS DE UMA REDE MUNICIPAL DE SAÚDE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A fonoaudiologia é umas das especialidades que se insere na linha de cuidados multidisciplinares voltados à assistência à saúde e que tem papel estratégico na atenção integral à saúde de crianças(1,2,3). A partir disto, é possível afirmar que a fonoaudiologia também ocupa um lugar que permite pensar as necessidades das crianças, especialmente sobre os problemas mais gerais que atingem a elas, dentre os quais as dificuldades de acesso aos serviços da atenção especializada(4). OBJETIVO: Identificar fatores que contribuem para gerar dificuldades e impedimentos no acesso de crianças à assistência fonoaudiológica. MÉTODO: Recorte de uma dissertação de mestrado de abordagem metodológica qualitativa com orientação a analisar a iniciativa de um grupo virtual formado por fonoaudiólogos servidores da rede pública de saúde de um município de grande porte, tendo em vista a utilização da rede virtual por estes profissionais como estratégia para facilitação de acesso de pacientes aos serviços de saúde. Uma das técnicas para produção de dados utilizadas no estudo foi a realização de entrevistas com 14 participantes do grupo que atuam com crianças. As entrevistas foram realizadas entre junho e setembro de 2017, de forma individual e presencial, com base em um roteiro de perguntas de caráter semiestruturado. RESULTADOS: O acesso de crianças à rede especializada do município foi apontado pela maioria dos participantes como difícil, considerando a entrada delas nos serviços de saúde e a continuidade nos tratamentos indicados. A dificuldade de acesso das crianças foi descrita pelos profissionais levando-se em consideração, as queixas apresentadas pelos familiares e a própria experiência no atendimento às crianças. Foram mencionados diversos fatores contribuintes para a promoção de lacunas na rede de atenção à saúde e de barreiras no fluxo de encaminhamentos da população infantil aos serviços de saúde, dentre as quais: a insuficiência do número de fonoaudiólogos nos três níveis de atenção à saúde (primária, secundária e terciária) tendo em vista a alta demanda da população infantil com necessidade de assistência fonoaudiológica; a indisponibilidade na rede municipal de dois serviços diagnósticos importantes para a atuação em fonoaudiologia: a videofluoroscopia e a avaliação do processamento auditivo central(PAC); Além disso, houve a menção a 03 grupos específicos de crianças que se destacam no enfrentamento de obstáculos para o alcance dos cuidados em saúde relativos às habilidades de comunicação humana. São elas: as crianças com transtornos da linguagem oral e escrita, as crianças com Transtorno do Espectro do Autismo e as crianças com condições crônicas complexas de saúde. CONCLUSÃO: Na perspectiva dos fonoaudiólogos entrevistados, ao longo dos últimos anos houve o agravamento das dificuldades enfrentadas pela população infantil, principalmente no que diz respeito ao acesso aos serviços de saúde e ao fluxo entre os diferentes pontos de atenção no município. A combinação entre diferentes fatores e a existência de grande demanda de crianças com necessidade de cuidados de longo prazo não só culmina na formação de filas de espera nos serviços, mas também na peregrinação dessas crianças e consequentemente em sua desassistência.

1. Silva JM, Vilela MBR. Promoção da Saúde da comunicação humana na infância. In: Silva VL, Lima MLLT, Lima TFP, Advíncula KP. A prática fonoaudiológica na atenção primária à saúde. São José dos Campos: Pulso editorial; 2013. p.151-64.

2. Lima TFP, Acioli, RML. A inserção da fonoaudiologia na atenção primária do Sistema Único de Saúde. In: Silva VL, Lima MLLT, Lima TFP, Advíncula KP. A prática fonoaudiológica na atenção primária à saúde. São José dos Campos: Pulso editorial; 2013. p.25-42.

3. Chun RYS. Promoção da saúde e produção do cuidado em fonoaudiologia. In: Fernandes FDM, Mendes BCA, Navas ALPGP. Tratado de fonoaudiologia. 2a ed. São Paulo: Roca; 2009. p. 605-11.

4. Moreira MD, Mota HB. Os caminhos da fonoaudiologia no Sistema Único de Saúde - SUS. Rev CEFAC 2009; 11(3): 516-21.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1233
DIFICULDADES PERSISTENTES DE COMUNICAÇÃO EM IDOSOS USUÁRIOS DE APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva relacionada à idade causa dificuldades na detecção, reconhecimento e compreensão de palavras(1,2). Idosos com presbiacusia podem apresentar percepção de desvantagem auditiva que pode influenciar de forma negativa sua qualidade de vida(3,4). Uma forma de amenizar o impacto da perda auditiva é a utilização de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI)(5,6). No entanto, são altas as taxas de abandono ou uso descontinuado de tais dispositivos, principalmente em função do desempenho aquém das expectativas do usuário, sobretudo em ambientes ruidosos(7). Objetivo: Analisar a percepção de idosos usuários de aparelhos de amplificação sonora individual quanto ao seu desempenho em atividades diárias que envolvem comunicação oral. Metodologia: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa n. 2.725.864 e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A amostra foi composta de idosos que frequentam uma clínica escola de Fonoaudiologia, credenciada ao SUS como um serviço de alta complexidade em Saúde Auditiva, os quais foram caracterizados quanto ao sexo, idade, tempo de uso do AASI, tipo e grau de perda auditiva. Para pesquisar a restrição de participação foi utilizado o questionário Hearing Handicap Inventory for the Elderly- Short (HHIE-S)(8) e algumas questões específicas do questionário LIFE-H 3.1(9), relacionadas a participação dos idosos em atividades que envolvem comunicação oral. Resultados: Participaram da pesquisa 46 idosos com idades entre 61 e 90 anos, média de 75,2 anos, sendo 19 (41%) do sexo feminino e 27 (58%) do sexo masculino, todos com perda auditiva sensorioneural, com grau variando entre moderado e moderadamente severo; 67% são usuários de AASI entre 1 e 10 anos; 48% apresentou percepção de restrição de participação de grau leve a moderado. A restrição de participação tende a aumentar com o aumento da idade, chegando à percepção significativa, mas tende a diminuir com o tempo de uso, pois nenhum dos participantes com mais de 10 anos de uso apresentou percepção significativa. Não houve diferença entre o grau de percepção de restrição de participação e as várias atividades de vida diária investigadas, a não ser o trabalho voluntário, que deixa de ser realizado quando a percepção de restrição é significativa. Atividades de recreação, embora não tenham sido as mais bem pontuadas pelos participantes, não deixam de ser realizadas, independente da restrição de participação apresentada. Conclusão: Apesar do uso de AASI, os idosos mais velhos tendem a apresentar maior grau de percepção de restrição de participação, que diminui à medida que o tempo de uso do AASI aumenta, não havendo diferença entre homens e mulheres. Embora não deixem de participar de atividades que envolvam comunicação oral, o trabalho voluntário deixa de ser realizado com o aumento da percepção de restrição. Ressalta-se a importância de uma da intervenção fonoaudiológica nesta população, de forma a preservar as atividades e intenções de comunicação, com acompanhamento à longo prazo, de forma a manter uma constante motivação de uso e identificação de necessidades individuais.

1- Alhanbali S, Dawes P, Lloyd S, Munro KJ. Hearing Handicap and Speech Recognition Correlate With Self-Reported Listening Effort and Fatigue. Ear & Hearing. 2018;39(3):470–474.
2- Almeida MR, Guarinello AC. Reabilitação audiológica em pacientes idosos. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009, 2(14): 247-55.
3- Camargo C, Lacerda ABM, Sampaio J, Lüders D, Massi G, Marques JM. Percepção de idosos sobre a restrição da participação relacionada à perda auditiva. Distúrb Comum. 2018;30(4): 736-747.
4- Xavier IL, Teixeira AR, Olchik MR, Gonçalves AK, Lessa AH. Triagem auditiva e percepção da restrição de participação social em idosos. Audiol Commun Res. 2018;23:e1867.
5- Luz VB, Ghiringhelli R, Iório MCM. Restrições de participação e estado mental: estudo em novos usuários de próteses auditivas. Audiol Commun Res. 2018;23:e1884.
6- Magalhaes R, Iorio MCM. Avaliação da restrição de participação, em idosos, antes e após a intervenção fonoaudiológica. Rev. CEFAC. 2012; 14(5): 816-825.
7- Blasca WG. Reabilitação Auditiva de Idosos. In: Boéchat EM. et al. Tratado de Audiologia Clínica. 2. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
8- Ventry I, Weinstein B. Identification of elderly people with hearing problems. Asha. 1983;25(7):37-42.
9- Assumpção FSN, Faria-Fortini I, Basílio ML, Magalhães LC, Carvalho AC, Teixeira-Salmela LF. Adaptação transcultural do LIFE-H 3.1: um instrumento de avaliação da participação social. Cad. Saúde Pública. 2016;32(6):e00061015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1199
DIMINUIÇÃO DO CONTROLE INIBITÓRIO EM IDOSOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Controle inibitório representa a habilidade de coordenar atenção, comportamento, pensamento e/ou emoção de modo que se aplique intensa predisposição interna ou estímulo externo evidente para que aja de modo mais apropriado ou adaptado.1 Pesquisas recentes indicam que a formação da inibição pode ser fracionada em processos distintos e possivelmente interdependentes.2 OBJETIVO: Revisar a literatura sobre quais as possíveis alterações do controle inibitório dos idosos. MÉTODO: Optou-se por realizar uma revisão do tipo integrativa e a estratégia de busca, onde a seleção e análise dos artigos foram conduzidas de acordo com as diretrizes do PRISMA. A estratégia PICo foi considerada para formulação da pergunta condutora “como ocorre o controle inibitório em idosos?” A pesquisa dos artigos foi realizada em quatro bases de dados a saber: BVS, Pubmed, Scielo e Scholar Google. Foram combinados os descritores cadastrados no Mesh: Envelhecimento, Controle inibitório, a partir do operador booleano “AND”. A literatura cinza não foi considerada nesta revisão. Os critérios de inclusão para a leitura dos resumos e artigos completos: 1) estudos originais de pesquisa; 2) estudos realizados com pacientes idosos; 3) que mencionasse as possíveis alterações do controle inibitório 4) artigos publicados nos últimos 10 anos. Foram excluídos da análise estudos revisões narrativas, sistemáticas e reanálises; dissertações ou teses; cartas; editoriais; comentários e relatos de casos. RESULTADOS: Dos 16 artigos analisados, 10 foram incluídos na revisão. Houve predomínio de estudos observacionais e estudos comparativos. Quanto ao perfil da amostra analisada, todos os artigos selecionados foram internacionais, a maioria das publicações incluíram pacientes idosos com a faixa etária de 70 anos. Para avaliação das possíveis alterações do controle inibitório o uso de instrumentos padronizados de neuroimagem e neurofuncional foi predominante entre as pesquisas. Observou-se que houve um consenso entre todos os estudos ao afirmar que, de fato existem diferenças bem caracterizadas relacionadas à idade nas respostas comportamentais e neurais às tarefas de controle inibitório, dependendo do córtex frontal inferior direito (IFC), da área motora pré- suplementar (preSMA) e dos gânglios da base. No entanto, também existe um reconhecimento crescente da variabilidade individual no processo de envelhecimento neurocognitivo.3 Apesar disso, também se verificou que o acompanhamento constante do paciente e realização de atividades específicas ao controle inibitório atrelados a terapia trouxeram contribuições significativas para o domínio inibitório. CONCLUSÃO: Apesar do controle inibitório ter variabilidade individual no processo de envelhecimento, existem limitações quanto coordenar atenção, comportamento, pensamento e/ou emoção, devendo estes aspectos constituírem os objetivos da intervenção fonoaudiológica. Assim, considera-se que os estudos voltados ao aprimoramento das práticas terapêuticas, têm implicações críticas para a saúde cognitiva otimizada para a idade como um método viável para melhorar função executiva mais tarde na vida.

1 Mourão Junior et al., integração de três conceitos: função executiva, memória de trabalho e aprendizado. Psic.: Teor. e Pesq. 68(9): 1197-1205.

2 Foss,MP et al., Magnetic resonance imaging and neuropsychological testing in the spectrum of normal aging. Clinics (2013), 68(9):1197

3 James P. Coxon et al., Functional Brain Activation Associated with Inhibitory Control Deficits in Older Adults, Cerebral Cortex (2016) 68(9): 1197-1205


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2078
DISARTRIA X DOENÇA DE PARKINSON: REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A doença de Parkinson é uma patologia neurológica idiopática, lentamente progressiva, causada pela degeneração do sistema extrapiramidal, principalmente da substância negra que se encontra no mesencéfalo, causando a morte das células dopaminérgicas, ocasionando a redução da dopamina, neurotransmissor responsável pelo bom funcionamento das áreas motoras do córtex cerebral(1)Objetivo: Identificar os modelos de terapia fonoaudiológica empregados no tratamento da disartria em portadores da doença de Parkinson. Estratégia de pesquisa: A principal questão relacionada a este estudo se existem modelos de terapia estruturados para terapia da disartria em pacientes com doença de Parkinson e qual a sua aplicabilidade? Conduziu-se uma busca em que foram selecionados estudos publicados desde 2008, usando as palavras chave “speech therapy” and “Parkinson’s disease”, “speaks” and “Parkinson’s disease” or “Parkinson” e “dysarthria” and “Parkinson’s disease” or “Parkinson” nas bases de dados Pubmed e Scielo. Critérios de seleção: Os estudos foram selecionados por dois examinadores de forma independente e um terceiro examinador para julgar os casos duvidosos. Os critérios de inclusão foram: publicações entre 2008 e 2018, estudos originais envolvendo seres humanos, utilização de métodos terapêuticos fonoaudiológicos empregados na reabilitação da disartria em portadores da doença de Parkinson. Os critérios de exclusão foram: artigos de intervenção cirúrgica ou medicamentosa, estudos exclusivos de avaliação da disartria, estudos de caracterização e diagnóstico da disartria de pacientes com Doença de Parkinson. Análise dos dados: As pesquisadoras classificaram os artigos científicos de acordo com o modelo de terapia fonoaudiológica utilizada pelos autores. Logo, foram selecionados estudos referentes a modelos de terapia fonoaudiológica para distúrbios de fala e voz associados à doença de Parkinson, e estudos que fizeram uso de tecnologias para a reabilitação fonoaudiológica de portadores da doença de Parkinson. Resultados: A estratégia de busca resultou em 857 artigos, dos quais apenas 15 preencheram os critérios estabelecidos. As publicações selecionadas para esta revisão, foram analisadas considerando os modelos e técnicas terapêuticas empregadas para tratamento fonoaudiológico identificando os autores e ano de publicação, o nome do artigo e objetivo, o método terapêutico e o resultado do estudo. Conclusão: Nota-se, que na literatura há uma preocupação com a terapia, a reabilitação de fala e voz dos pacientes e os dados normativos em relação aos resultados. Constata-se, que os modelos descritos compreendem prioritariamente a terapia vocal e, ainda, que novas metodologias vêm sendo propostas a fim de facilitar a adesão ao tratamento fonoaudiológico por parte dos portadores da doença de Parkinson por meio de novas tecnologias e reabilitação remota. Entretanto, há grande diversidade nas variáveis estudadas dificultando a comparação dos estudos.

Descritores: Disartria; Doença de Parkinson; Fala; Voz; Fonoterapia; Reabilitação.



REFERÊNCIAS

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3. Narayana S, Fox PT, Zhang W, Franklin C, Robin DA, Vogel D et al. Neural correlates of efficacy of voice therapy in Parkinson's disease identified by performance-correlation analysis. Hum Brain Mapp. 2010; 31 (2): 222-36.

4. Theodoros DG, Hill AJ, Russell TG. Clinical and Quality of Life Outcomes of Speech Treatment for Parkinson's Disease Delivered to the Home Via Telerehabilitation: A Noninferiority Randomized Controlled Trial. Sou J Fala Lang Pathol. 2016; 25 (2): 214-32.

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7. Sauvageau VM, Roy JP, Langlois H, Macoir J. Impact of the LSVT on vowel articulation and coarticulation in Parkinson's disease. Clin Linguist Phon. 2015; 29 (6): 424-40.

8. Wight S, Miller N. Lee Silverman Voice Treatment for people with Parkinson's: audit of outcomes in a routine clinic. Int J Lang Commun Disord. 2015; 50 (2): 215-25.

9. Di Benedetto P, Cavazzon H, Mondolo F, Rugiu L, Peratoner UM, Biasutti E. Voice and choral singing treatment: a new approach for speech and voice disorders in Parkinson's disease. Eur J Phys Rehabil Med. 2009; 45 (1): 13-9.

10. Shih LC, Pele J, Warren A, Kraics L, Prata UM, Vanderhorst V et al. Singing in groups for Parkinson's disease (SING-PD): a pilot study of group singing therapy for PD-related voice/speech disorders. Parkinsonism and Related Disorders. 2012; 18 (5): 548-52.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1626
DISCURSO DE ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SOBRE SUAS RELAÇÕES ESCOLARES
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: O sujeito se constitui na sua relação com o outro e através dela estabelece o processo de aprendizagem e desenvolvimento para inserção na comunidade em que vive significando a si mesmo e ao mundo. Logo, as dificuldades escolares podem estar associadas a fatores sociais, econômicos e raciais que afetam diretamente a organização e modo de vida desses indivíduos na comunidade onde vivem, muitas vezes, gerando restrições ao acesso à escola e educação de qualidade, acesso à saúde e a tratamentos, produzindo impactos diretos em seu rendimento escolar. Outras razões possíveis para as dificuldades na aprendizagem são os transtornos de ordem orgânica, como por exemplo: TDAH, Dislexia e Discalculia. Essas crianças apresentam dificuldades escolares, tendem a serem vistas como incapazes e seu fracasso escolar é atribuído a uma esfera individual. OBJETIVO: O objetivo desta pesquisa foi conhecer e analisar como alunos com dificuldades escolares e de aprendizagem interpretam suas relações com professores, colegas e as dificuldades que vivenciam nas instituições de ensino que frequentam, através dos discursos que produzem em relação à: visão que possuem sobre o processo de aquisição da leitura e escrita ou aprendizagem; visão que outros sujeitos têm de suas dificuldades; a visão que tem de suas dificuldades nesse processo e os sentimentos gerados em decorrência do fracasso escolar e suas repercussões nas suas trajetórias. MÉTODO: A pesquisa foi aprovada sob o número CAAE 20164819.0.0000.5404 pelo Comitê de Ética de uma universidade do interior paulista. Os dados foram coletados através da gravação em áudio de entrevista com os participantes, por meio de questionário semi-estruturado. Foi utilizada a metodologia da Análise do Discurso para fazer a análise dos dados. Ela é de caráter qualitativo, que busca interpretar os sentimentos e reflexões dos sujeitos analisados levando em consideração: os efeitos de memória, da história, as ideologias, as heterogeneidades, a intertextualidade, o cruzamento entre discursos não ditos e/ou os já ditos, ou seja, o objeto é estudado em profundidade. RESULTADOS: Os dados coletados revelaram variações de sentidos nos enunciados em relação à instituição escolar e subjetivos nas relações interpessoais, sendo possível extrair as semelhanças e diferenças apresentadas por cada sujeito a respeito de suas experiências escolares. Nos discursos dos participantes, a escola foi entendida como edificação (prédio) e também como instituição educacional. Nos dois casos foi vista positivamente. Já nas respostas sobre relações interpessoais, houve percepções positivas e negativas, tanto em relação aos amigos quanto aos professores. Em relação dificuldades escolares, os sujeitos reconheceram que possuem limitações ao realizar as atividades. No âmbito familiar, foi retratado apoio dos pais e irmãos. O discurso sobre o bullying se manifestou em apenas um caso, tendo aparecido de forma secundária, sem que o sujeito tivesse tido consciência de que o vivenciou. CONCLUSÃO: Concluiu-se que as dificuldades dos sujeitos são percebidas com base nas dinâmicas estabelecidas entre seus professores, colegas e familiares e a escola. A Análise do Discurso se mostrou ferramenta eficaz por revelar sentimentos sutis da vivência dos sujeitos em relação às suas dificuldades, que são cruciais para os atendimentos fonoaudiológicos.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. 20th ed. São Paulo: Loyola, 1996.
ORLANDI, E. Análise de Discurso. In: ORLANDI, E; LAGAZZI, S. Introdução as ciências da linguagem - Discurso e textualidade. 3th ed. Campinas: Pontes Editores, 2015.
PICCIRILLI, MSS; FREIRE, RMAC. Os sentidos do fracasso escolar no discurso de professores. Distúrbios da Comunicação.2019;31(1); p.128-140.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1688
DISCURSOS E EXISTÊNCIAS: CARTOGRAFIA PERFORMATIVA NA PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM UMA OCUPAÇÃO URBANA
Tese
Saúde Coletiva (SC)


Nesta tese proponho a construção de um estudo a partir da releitura do meu diário cartográfico, gerado pelas afetações experimentadas por mim no território dos prédios abandonados pelo IBG, ocupados por um grupo de pessoas que transformaram o espaço em uma ocupação urbana para moradia.
A partir de uma perspectiva cartográfica, conecto a pesquisa realizada envolvendo o trabalho de campo, as experiências nele vivenciadas, as conversas com os moradores da ocupação, com os moradores do morro da Mangueira, as notícias de portais online e de órgãos oficiais (Ministério Público da União, Ministério Público do Rio de Janeiro e Prefeitura do Rio de Janeiro).
Essas conexões são necessárias para compreender como os moradores da ocupação do IBGE-Mangueira são discursivamente construídos em tais eventos e como eles reconstroem seus discursos e lutas pela sobrevivência ao narrarem suas histórias de vida em diferentes contextos. Considerando as inúmeras afecções, afetações, escrevivências, entextualizações e recontextualizações, o trabalho se desenha metodologicamente pelo caráter processual qualitativo investigativo do método cartográfico.
Em termos teórico-analíticos, esta pesquisa, que entende a linguagem como performance, privilegia a noção de entextualização (BAUMAN & BRIGGS, 1990) para analisar a forma com que diferentes sujeitos e órgãos mobilizam múltiplos recursos semióticos quando performativamente descrevem – e constroem – os moradores da ocupação do IBGE-Mangueira ao falarem sobre eles, ou seja, o foco está na propriedade que esses discursos têm de se descontextualizarem e recontextualizarem, levando componentes de sua história de usos e incorporando elementos dos contextos interacionais criados em sua viagem (ESPÍNDOLA, 2017).
Nas análises realizadas, os processos semióticos destacados das falas dos moradores do morro da Mangueira apontam para discursos de senso comum que desqualificam certos modos de vida que não se enquadram nos padrões de urbanização legítimos da ocupação da cidade, gerando uma segregação socioespacial no território.
Sobre os discursos dos órgãos oficiais, demonstro como a mídia hegemônica brasileira entextualiza o discurso “anti-intervencionista” como princípio ativo da face política ativa do Estado (DARDOT & LAVAL, 2016) com uma parcela da população mais pobre. E ao rastrear os discursos dos moradores do IBGE-Mangueira, traçando as intensidades, as conexões, as possibilidades e potencialidades das vozes, destaco o quanto foi necessário estar atenta para as forças das resistências e para a batalha permanente com que cada morador travava politicamente, socialmente, culturalmente e micropoliticamente para conquistar o reconhecimento das suas reivindicações: uma moradia digna, “um direito de existir e de levar uma vida vivível” (BUTLER, 2015). Por fim, este trabalho provoca reflexões sobre os efeitos das políticas públicas urbanas e habitacionais que vêm sendo implantadas no Brasil ao longo dos séculos, e a urgência da implementação de políticas públicas que cumpram de fato com a universalização do direito à moradia e à cidade de maneira igualitária, sem distinção.

1.BAUMAN, R.; BRIGGS, C. Poetics and Performance as Critical Perspectives on Language and Social Life. In: Coupland, N.; Jaworski (Orgs.) The new Sociolinguistics Reader. New York: Palgrave Macmillan, 1990, p. 607-614.

2. BIONDI, K. Junto e misturado: uma etnografia do PCC. São Paulo: Terceiro Nome/ Fapesp, 2010.

3. BLOMMAERT, J. Discourse. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

4. BORBA, R. A linguagem importa? sobre performance, performatividade e peregrinações conceituais. Cadernos Pagu, n. 43, p. 441-474, jul./ dez. 2014.

5. BOULOS, G. Por que ocupamos? uma introdução à luta dos sem-teto. 4. ed. São Paulo: Autonomia Literária, 2015.

6. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 de março de 2017.

7. BUTLER, J. Vida precária: el poder del duelo y la violência. 1. ed. Buenos Aires: Paidos, 2015.

8. MOITA LOPES, L. P. (Org). Por uma Linguística Aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

9. DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo. São Paulo: Boitempo Editorial, 2016.

10. DELEUZZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1919
DISFAGIA OROFARINGEA NA SÍNDROME DO ENCARCERAMENTO: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Doenças neurodegenerativas, como lesões no tronco cerebral causadas por Acidente Vascular Cerebral(AVC), podem evoluir a Síndrome do Encarceramento(SE)(1). Entre suas manifestações encontra-se paralisia, a qual prejudica deglutição, com preservação das habilidades cognitivas e sensoriais(2). Objetivo: Descrever o relato de caso de um indivíduo com disfagia orofaríngea, portador de SE. Método: Estudo de caso único, sexo masculino, 39 anos, com diagnóstico de SE, histórico de tabagismo, tromboembolismo venoso e ex-usuário de cocaína. Foi assistido em hospital-escola público de uma cidade do interior de São Paulo, em 2017, por Equipe de Fonoaudiologia. Aplicado Protocolo de Avaliação Clínica da Disfagia adaptado pelo próprio hospital, Escala de ingestão oral: “Functional Oral Intake Scale”(FOIS)(3) ao final de cada sessão de atendimento e Escala de Penetração e Aspiração: “Penetration-Aspiration Scale”(PAS)(4) para realização do exame videofluoroscopia da deglutição. Realizada análise descritiva. Comitê de Ética em Pesquisa aprovado pela instituição (número 2.744.628). Resultados: O paciente foi admitido com diagnóstico AVC isquêmico, em seguida apresentou rebaixamento de nível de consciência, sendo necessária a indicação sonda nasoenteral (SNE) como via alternativa de alimentação. Em avaliação clínica de deglutição, observou-se sinais clínicos sugestivos de penetração laríngea e/ou aspiração laringotraqueal para líquidos, sendo iniciada a via oral com alimentos de consistência pastosa (FOIS nível 3 - dependente de via alternativa com consistente via oral de alimento). Após 2 dias houve piora clínica necessitando-se de intubação orotraqueal, com necessidade de dieta exclusiva por SNE (FOIS nível 1 - nada por via oral). 15 dias após, o paciente foi submetido à traqueostomia com ventilação mecânica e confirmado AVC isquêmico de tronco cerebral. O paciente manifestou labilidade emocional, afasia de broca, ausência de movimentação dos membros e sensibilidade preservada, compatível a SE. Com o passar de 2 dias, houve o desmame total da ventilação mecânica, sendo permitido realização de “Blue Dye Test” com resultado negativo, ou seja, ausência de secreção corada em aspirado endotraqueal. Após 4 dias, foi realizado “Blue Dye Test – modificado” em consistência pastosa homogênea com resultado negativo , porém, não foi descartado o risco devido prejuízo em fase oral da deglutição. Houve reabilitação vocal com a oclusão da traqueostomia. No 40º dia, a SNE foi substituída por gastrostomia devido prognóstico ruim e sugerido reintrodução de volume mínimo por via oral na presença de fonoaudiólogo (FOIS nível 2 - dependente de via alternativa e mínima via oral de algum alimento ou líquido), desta forma recebeu alta hospitalar. Em acompanhamento ambulatorial foi realizado videofluoroscopia da deglutição (três ofertas de 5 ml de consistência pastosa homogênea em utensílio colher), sendo verificado alteração em fase oral e faríngea, com presença de aspiração laringotraqueal durante e após deglutição e ausência de tosse e/ou engasgos, sendo diagnosticado disfagia orofaringea silente (PAS nível 8 - contraste passa a glote, com resíduo na subglote mas o paciente não responde), mantendo conduta fonoaudiológica hospitalar. Conclusão: O indivíduo foi diagnosticado com disfagia orofaringea grave, com aspiração laringotraqueal silente. Assistência fonoaudiológica na fase aguda da SE se fez necessária para prevenção de broncoaspiração durante internação hospitalar, minimizando probabilidade de reinternação.

1. Käthner I, Kübler A, Halder S. Comparison of eye tracking, electrooculography and an auditory brain-computer interface for binary communication: a case study with a participant in the locked-in state. J. Neuroeng. Rehabil. 2015;

2. Plum F, Posner JB. The diagnosis of stupor and coma. Philadelphia, PA: FA Davis. 1966;

3. Crary MA, Mann GD, Groher ME. Initial psychometric assessment of a functional oral intake scale for dysphagia in stroke patients. Arch Phys Med Rehab. 2005 Aug; 86(8):1516-20;

4. Rosenbeck JC, Robbins JA, Roecker EB, Coyle JL, Wood JL. A penetration-aspiration scale. Dysphagia. 1996;11(2):93-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1608
DISFAGIAS NO ADULTO: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA EM PROCEDIMENTOS E PROTOCOLOS PARA AVALIAÇÃO.
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A deglutição é uma das funções mais complexas do corpo humano, resulta de mecanismos elaborados e possui diferentes fases. Envolve ações neuromusculares, diversos nervos cranianos, ossos e músculos específicos da face e tronco, resultando em um ato preciso e rápido. A disfagia ou alteração do processo da deglutição ocorre na presença do mau funcionamento dos movimentos de deglutição, pode ser congênita ou adquirida, neurogênica, mecânica, decorrente da idade, psicogênica ou induzida por drogas. Além de ser um grave sintoma, a aspiração é um dos principais indicativos de disfagia, ocorre com a penetração do alimento ou secreção na laringe, pode representar indício de diferentes patologias, levando à aspiração e risco de morte. Objetivo: Identificar e analisar a produção científica fonoaudiológica brasileira, nos últimos quinze anos relacionada a procedimentos e protocolos para avaliação das disfagias neurogênica e mecânica em adultos. Metodologia: Estudo qualitativo, analítico, selecionando-se artigos originais publicados na íntegra, nos últimos quinze anos. Realizaram-se consultas às quatro revistas científicas de fonoaudiologia Rev.CEFAC, Distúrbios da Comunicação, CODAS, ACR, bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scopus (CAPES). Resultados: Foram encontrados 466 artigos, e após teste de relevância, obedecendo-se aos critérios de inclusão, sete estudos foram selecionados para compor a amostra final. Houve concentração de publicações (quatro artigos) na Revista CEFAC. O conteúdo dos estudos selecionados pode ser resumido em: três artigos se tratam das características dos alimentos utilizados em exames de deglutição, um artigo avalia os aspectos videofluoroscópicos que podem gerar alterações na deglutição, dois artigos apresentaram protocolos de avaliação. Os protocolos foram: a.Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia - PARD, onde é avaliado o risco de disfagia, por meio da análise da deglutição com água, com alimentos pastosos, além de classificar o grau de disfagia, contribuindo para complementar a avaliação fonoaudiológica, voltada para disfagia em beira-de-leito e b.Instrumento de Rastreamento para disfagia orofaríngea no Acidente Vascular Encefálico - RADAVE que é um instrumento de rastreio para disfagia orofaríngea em pacientes que tiveram Acidente Vascular Encefálico, desenvolvido para ser aplicado por qualquer profissional de saúde com treinamento na área, com o intuito de encaminhar os pacientes com resultado positivo para uma avaliação específica, com um profissional treinado. Um último artigo tratou especificamente da validade do gerenciamento e identificação do risco de broncoaspiração em pacientes com disfagia orofaríngea realizando a sinalização do leito, sendo assim uma medida eficaz para redução de possíveis danos, que poderiam afetar a segurança do paciente e a qualidade do cuidado no ambiente hospitalar. Conclusão: Evidenciada escassez de publicações brasileiras relacionadas a procedimentos e protocolos para avaliação da disfagia orofaríngea mecânica e neurogênica no adulto, ainda assim, traz contribuições importantes para atuação fonoaudiológica baseada em evidências científicas, no que diz respeito à triagem e rastreio da disfagia, avaliação de risco de disfagia e gerenciamento de aspiração, bem como graduação de severidade da disfagia. Entretanto obtivemos uma predominância em publicações sobre os alimentos utilizados para identificação da disfagia.
Palavras-chave: Disfagia, Deglutição, Neurogênica, Mecânica, Distúrbio, Transtorno.

1. Filho EDM, Gomes GF, Furkim AM. Conceito e Tipos de Disfagia. Manual de Cuidados do Paciente com Disfagia. São Paulo: Lovise. 2000. p. 29 - 31.
2. Moschetti MB. Disfagia Orofaríngea no Centro de Terapia Intensiva. In: Jacobi JS, Levy DS, Silva LMC. Disfagia: avaliação e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter; 2003. p. 209-224.
3. Furkim AM, Santini CRQS. O Gerenciamento Fonoaudiológico nas Disfagias Orofaríngeas Neurogênicas. In: Furkim AM. Disfagias Orofaríngeas. São Paulo: Pró-Fono; 2008. p. 229 - 258.
4. Furkim AM, Santini CRQS. Avaliação Videofluoroscópica das Disfagias. In: Gonçalves MIR, Vidigal MLN. Disfagias Orofaríngeas. São Paulo: Pró-Fono; 2008. p. 189 - 202.
5. Filho EDM, Gomes GF, Furkim AM. Abordagem Clínica e Fonoaudiológica do Paciente Disfágico. Manual de Cuidados do Paciente com Disfagia. São Paulo: Lovise. 2000. p. 33 – 36.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
864
DISFONIAS FUNCIONAIS E ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA DA VOZ: ESTUDO DE ASSOCIAÇÃO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: As disfonias funcionais são relacionadas comumente ao uso intensivo da voz e podem ser classificadas em primárias, secundárias por inadaptações vocais e por alterações psicogênicas(1). Em geral, é possível identificar graus variados de alteração nos parâmetros da voz(1,2) que interferem na qualidade de vida do indivíduo(3,4). Dentre as principais formas de avaliar o grau de alteração vocal, está a análise perceptivo-auditiva que consiste na interpretação de parâmetros vocais por avaliadores treinados(5-7). OBJETIVO: Caracterizar a população com disfonia funcional de um Ambulatório de Laringologia, quanto às queixas vocais, qualidade da voz e conduta realizada e investigar a associação entre os subtipos de disfonia e o grau de alteração vocal. METODOLOGIA: Foram analisados 1465 registros de pacientes, atendidos em um projeto de extensão interdisciplinar, desenvolvido no Ambulatório de Laringologia de um Hospital público, no período de 2010 a 2019, disponíveis no banco de dados do projeto. O preenchimento da escala GRBASI é realizado por, pelo menos, duas fonoaudiólogas, em consenso, no momento da consulta, a partir da emissão de vogal sustentada, fala encadeada e fala espontânea. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos, sob o número do parecer 1.619.520. As informações presentes no banco de dados foram utilizadas para construção de uma planilha com informações sobre a hipótese diagnóstica, as queixas, conduta realizada e resultados da análise perceptivo-auditiva. Para análise de associação entre os diferentes tipos de disfonia funcional e os parâmetros da escala GRBASI utilizou-se o Teste qui-quadrado de Pearson, com nível de significância de 5%. RESULTADOS: Dos 1465 registros analisados, 184 tinham a hipótese diagnóstica de disfonia funcional, dos quais 78,26% correspondem a indivíduos do sexo feminino. Os subtipos de disfonias funcionais, na população estudada, foram distribuídos em 38% nas disfonias funcionais primárias, 40% nas disfonias secundárias por inadaptações anatômicas, 16% nas disfonias secundárias por inadaptações funcionais, e 6% nas disfonias psicogênicas. Em relação às queixas, a rouquidão apareceu em 54,27% dos casos e a fonoterapia foi a conduta mais indicada (76,63% dos casos). Na avaliação perceptivo-auditiva realizada por meio da escala GRBASI, foi possível observar que o grau geral de disfonia se concentra, em sua maioria, em discreto e moderado e está mais relacionado ao parâmetro de rugosidade. Houve associação estatística entre o tipo de disfonia e todos os parâmetros da escala GRABASI, com exceção do parâmetro de instabilidade. Houve associação estatística entre as disfonias funcionais secundárias e o grau moderado de alteração da voz e as disfonias primárias e o grau leve de alteração vocal (p<0,001). CONCLUSÃO: As disfonias funcionais secundárias tiveram maior representatividade nesta população estudada, sendo associadas ao grau moderado de alteração vocal, seguido das disfonias funcionais primárias, associadas ao grau leve de alteração vocal. O sintoma mais presente nas queixas dos indivíduos foi a rouquidão e a fonoterapia foi a conduta mais indicada. O grau geral de disfonia encontra-se entre discreto e moderado e a rugosidade foi o principal parâmetro observado na análise perceptivo-auditiva.

1. Behlau M, Azevedo R, Madazio G. Conceito de voz normal e classificação das disfonias. In: Behlau M. Voz: o livro do especialista. 2ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2008, p.53-84.
2. Whitling S, Lyberg-Åhlander V, Rydell R. Long-time voice accumulation during work, leisure, and a vocal loading task in groups with different levels of functional voice problems. J Voice. 2017; 31 (2): 246e.1-10.
3. H Elhendi W, G Caravaca A, P Santos S, Medición de la discapacidad vocal en los pacientes con disfonías funcionales. Rev. Otorrinolaringol. Cir. Cabeza Cuello. 2012; 72: 145-150.
4. Almeida LNA et al. Características vocais e emocionais de professores e não professores com baixa e alta ansiedade. Audiol Commun Res. 2014; 19 (2): 179-85.
5. Nemr NK, Simões-Zenari M, Cordeiro GF, Tsuji D, Ogawa AI, Ubrig MT, Menezes MHM. GRBAS and Cape-V scales High reliability and consensus when applied at different times. J Voice. 2012; 26 (6): 812-22.
6. Silva RSA, Simões-Zenari M, Nemr NK. Impacto de treinamento auditivo na avaliação perceptivo-auditiva da voz realizada por estudantes de Fonoaudiologia. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012; 24 (1): 19-25.
7. Costa FP, Yamasaki R, Behlau M. Influência da escuta contextualizada na percepção da intensidade do desvio vocal. Audiol Commun Res. 2014; 19 (1): 69-74.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1034
DISFONIAS ORGÂNICAS: AVALIAÇÃO VOCAL E CONDUTA EM ATENDIMENTO INTERDISCIPLINAR
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: As disfonias orgânicas podem ser causadas por alteração com origem nos órgãos fonatórios, como tumores e malformações laríngeas, ou com origem em outros órgãos, como desordens neurológicas e refluxo gastresofágico1,2, cujas alterações vocais podem desencadear queixas variadas que comprometem o bem-estar e qualidade de vida do indivíduo. Considerando a importância da intervenção em casos de disfonias, a análise perceptivo-auditiva é um dos principais métodos empregados pelos fonoaudiólogos para avaliação da qualidade vocal3-6. Objetivo: Caracterizar a população com disfonia orgânica atendida no Ambulatório de Laringologia de uma instituição pública, quanto às patologias laríngeas, qualidade vocal e conduta realizada. Métodos: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Instituição em que foi conduzido, conforme resolução CNS/MS Nº 466/12, sob parecer 1.619.520. Foi utilizado o banco de dados do projeto de extensão vinculado ao projeto de pesquisa aprovado, com registro de 882 pacientes, sendo 223 deles com diagnóstico otorrinolaringológico de lesão orgânica, atendidos no Ambulatório de Laringe. As informações analisadas foram: ocorrência dos tipos das lesões ou alterações orgânicas, grau de alterações na escala GRBASI e quais as condutas seguidas. Resultados: Dos 223 pacientes com diagnóstico de lesões orgânicas, 54,26% eram do sexo feminino e a idade média foi de 51(±18,66) anos. As principais alterações observadas foram: doenças vegetantes (31%), seguidas de doenças inflamatórias (28%). Observou-se que, com relação ao grau geral de alteração vocal, 85,29% dos registros mostraram algum nível de alteração, sendo a rugosidade o parâmetro de maior ocorrência na escala GRBASI, com 77,45% dos registros. A instabilidade foi o parâmetro menos observado, com apenas 3,92% dos registros. Quanto aos graus de alteração na escala, 37,75% corresponderam a alterações vocais moderadas e o parâmetro de rugosidade foi considerado de grau leve, em 33,33% dos casos. A conduta cirúrgica foi a mais indicada (28,95% dos casos) seguida da combinação de tratamentos com 23,25%; a conduta cirúrgica foi também a opção mais recorrente no caso das lesões vegetantes, sendo 66,13% para os casos de câncer e 45,45% para papiloma. Conclusão: A população com disfonia orgânica atendida no Ambulatório de Laringe da instituição estudada foi, em sua maioria, do sexo feminino, com idade média de 51 (±18,66). A disfonia orgânica de maior ocorrência foi a decorrente de lesões vegetantes, seguida de doenças inflamatórias; e os parâmetros perceptivo-auditivos da voz mais alterados foram os relacionados aos diagnósticos de outras patologias e lesões neurológicas. As condutas mais indicadas foram cirurgia e combinação de tratamento para os diagnósticos de lesões vegetantes e lesões neurológicas, respectivamente. Ressalta-se a relevância da interdisciplinaridade entre Fonoaudiologia e Otorrinolaringologia no momento do diagnóstico e na escolha da conduta e dos aspectos epidemiológicos dessa população atendida em um centro de referência regional para o atendimento de pacientes disfônicos.
Palavras–chave: disfonia; distúrbios da voz laringoscopia; qualidade da voz;

1. Behlau M, Azevedo R, Pontes P. Conceito de voz normal e classificação das disfonias. In: Behlau M (org). Voz: O livro do especialista, Rio de Janeiro:Revinter, p 53-76. 2008.

2. Cielo CA et al. Refluxo laringofaríngeo e bulimia nervosa: alterações vocais e larínegas. Rev. CEFAC. 2011; 13 (2): 352-61.

3. Schwartz SR, Cohen SM, Dailey SH, Rosenfeld RM, Deutsch ES, Gillespie MB. et al. Clinical practice guideline: hoarseness (dysphonia). Otolaryngol Head Neck Surg., 2009; 141:1-31.

4. Baravieira PB et al. Análise perceptivo-auditiva de vozes rugosas e soprosas: correspondência entre a escala visual analógica e a escala numérica. CoDAS, 2016; 28 (2): 163-7.

5. Eckley CA, Anelli W, Duprat AC. Sensibilidade e especificidade da análise perceptivo-auditiva da voz na triagem de distúrbios laríngeos. Rev Bras Otorrinolaringol. 2008; 74 (2): 168-71.

6. Martins PC, Couto TE, Gama ACC. Avaliação perceptivo-auditiva do grau de desvio vocal: correlação entre escala visual analógica e escala numérica. CoDAS. 2015; 27 (3): 279-84.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1870
DISLEXIA ADQUIRIDA APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: ANÁLISE DA LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A literatura aponta que acidentes cerebrovasculares seguido por traumatismos cranioencefálico são as principais causas da dislexia adquirida1. O termo dislexia é considerado uma terminologia empregada a um conjunto de dificuldades desde o reconhecimento preciso ou fluente de palavras, problemas de decodificação a dificuldades de ortografia, manifestando-se entre os graus de gravidade leve a severa2. No aspecto geral, ela divide-se em duas ramificações: dislexia do desenvolvimento, em que as dificuldades podem ser observadas desde os primeiros anos escolares perdurando até a fase adulta3; e a dislexia adquirida, este termo é empregado para descrever um distúrbio de decodificação referente à identificação, à compreensão e à interpretação dos símbolos gráficos apresentados a adultos anteriormente habilitados, decorrente de lesões cerebrais podendo ser classificada ainda como de origem periférica ou central4. Objetivo: Investigar a atuação do fonoaudiólogo na dislexia adquirida em adultos e idosos após acidente vascular cerebral (AVC), por meio de uma revisão da literatura. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, com os descritores em saúde (DECS): Dislexia e AVC e/ou AVE, utilizando-se o operador booleano AND e OR, nas bases de dados SciELO e LILACS. Os artigos foram selecionados seguindo critérios de elegibilidade, a saber: a) Presença dos descritores citados em seu título, resumo ou palavras chaves; b) Artigos que correlacionaram atuação do fonoaudiólogo na população alvo: adultos e/ ou idosos c) Artigos em português e/ou inglês; d) Artigos publicados nos últimos 5 anos (2015 a 2020). Os artigos replicados em diferentes bases de dados foram contabilizados apenas uma vez. Resultados: Na busca inicial da revisão de literatura foram encontrados 134 artigos científicos, dos quais 54 achados estavam na base de dados SCIELO e 80 achados na base de dados LILACS. Com base nos critérios de elegibilidade 131 artigos foram descartados, 2 artigos estavam repetidos e apenas 1 artigo de revisão da literatura se adequou aos critérios. Os autores mencionaram que a dislexia adquirida é caracterizada pela perda da capacidade, previamente desenvolvida, em compreender o significado de palavras escritas. A dislexia adquirida pode ser classificada como periférica ou central. A dislexia periférica acontece principalmente por problemas de natureza visual enquanto as dislexias centrais constituem um conjunto de transtornos dos quais os processos resultam em dificuldades que afetam a compreensão e expressão de palavras escritas. Conclusão: Foi observado que existem poucos estudos sobre a atuação do fonoaudiólogo envolvendo a relação da dislexia adquirida nos grupos de adultos e idosos após AVC, visto que, as pesquisas são mais voltadas à dislexia do desenvolvimento. É de suma importância aumentar o número de pesquisas voltadas para esta temática, em especial de estudos clínicos, visando ampliar os conhecimentos de discentes e profissionais da área. Tendo em vista que essa é uma alteração observada com frequência na prática clínica do fonoaudiólogo.

1. Pimentel B, Boff U, Vargas M. Características neuroatómicas y linguísticas en la dyslexia adquirida. Distúrb Comun. 2019; 31(2): 187-95.
2. American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th ed. Washington: American Psychiatric Association; 2014
3. Salles JF, Parente MAMP, Machado SS. As dislexias de desenvolvimento: aspectos neuropsicológicos e cognitivos. Interações. 2004; 9(17): 109-32.
4. Caldeira E, Cumiotto DMLO. Dislexia e disgrafia: dificuldades na linguagem. Rev. Psicopedagogia 2004;21(65):127-34


TRABALHOS CIENTÍFICOS
255
DISLEXIA E PROCESSAMENTO AUDITIVO: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A dislexia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica caracterizada por dificuldades nas habilidades de reconhecimento, codificação e decodificação das palavras que são decorrentes de um déficit no componente fonológico, e ocorrem na ausência de déficits intelectuais, neurológicos e sensoriais (1). Pode-se apresentar em três subtipos: dislexia fonológica, visual e mista. O subtipo fonológico, como tema do estudo, está relacionado a um déficit do processamento fonológico e da informação auditiva gerando dificuldades na decodificação das palavras (2). Decodificar as palavras por meio da relação letra som e organizá-las numa sequência temporal é uma das habilidades do processamento auditivo que garante fluência da leitura (3). Tendo em vista que alterações do processamento auditivo podem influenciar negativamente nos processos de leitura, procurou-se por meio desse estudo buscar evidências de quais habilidades poderiam estar alteradas no processamento auditivo dos escolares com dislexia do subtipo fonológica. OBJETIVO:O presente trabalho tem como objetivo fazer uma revisão sistemática dos principais estudos que abordaram a dislexia do subtipo fonológica e o processamento auditivo entre os anos de 2010 e 2020.METODOLOGIA:A pesquisa foi realizada por meio das bases de dados: SciELO, LILACS, PubMed e Google Acadêmico, utilizando como critérios de inclusão artigos originais de origem nacional e internacional, e periódicos publicados na íntegra entre os anos de 2010 e 2020, que abordassem o tema dislexia e processamento auditivo. Os descritores utilizados foram: “dislexia”, “processamento auditivo” e escolares”, e seus correspondentes na língua inglesa “dyslexia”, “auditoryprocessing” e “schoolchildren”, sendo a busca realizada pela combinação entre os três termos. RESULTADOS: Da totalidade dos estudos encontrados foram tabelados (n=24) por meio dos critérios de inclusão e análise prévia do resumo. Com a análise completa dos textos encontrou-se seis estudos condizentes com a presente pesquisa. Dos seis estudos analisados, a população da amostra era constituída por pelo menos dois grupos, sendo eles um grupo estudo e um grupo controle, onde os testes pudessem ser aplicados para efeito de comparação e verificação das habilidades auditivas alteradas no grupo de estudo. Observou-se que dos seis estudos, quatro relacionaram os déficits de leitura e escrita na dislexia com falhas nas habilidades de processamento temporal, sendo que um deles também encontrou falhas nas habilidades de figura fundo e outro correlacionou déficits nas habilidades temporais com uma má formação cortical. Em outro estudo, foi evidenciado que alterações na codificação e decodificação podem ser decorrentes de déficits na habilidade de percepção dos sons, integração auditiva e memória de curto prazo. Por fim, outro estudo evidenciou que o hemisfério direito contribui para os déficits de processamento auditivo na dislexia. CONCLUSÃO: Pelo levantamento, concluiu-se que a literatura analisada revela evidências de que falhas no processamento temporal auditivo, figura-fundo e memória de curto prazo podem afetar a percepção dos sons da fala trazendo prejuízo de leitura e escrita para escolares disléxicos. Déficits no processamento temporal podem ainda estar relacionados à uma má formação cortical, além da contribuição significativa do hemisfério direito para as alterações das habilidades de Processamento Auditivo na dislexia.

1- APA - American Psychiatric Association. DSM-V: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (5ª Ed.). Porto Alegre: Artmed Editores.2014

2- Galaburda AM, Cestinick L. Dislexia Del desarollo. In: Salles J. F., Haase V.G. & Malloy-Diniz LF. Neuropsicologia do Desenvolvimento: Infância e Adolescência. Porto Alegre: Artmed, 2003.

3- Barreto MASC. Caracterizando e correlacionando dislexia do desenvolvimento e processamento auditivo. Rev. Psicopedagogia 2009; 26 (79): 88-97.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1060
DISPLASIA BRONCOPULMONAR EM RECÉM NASCIDOS E FONOAUDIOLOGIA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A displasia broncopulmonar é uma das principais doenças respiratórias crônica que acomete principalmente os recém-nascidos prematuros. Espera-se nesses pacientes além do desconforto respiratório, refluxo gastroesofágico e obstrução de vias aéreas superiores que dificultam ainda mais as questões alimentares e respiratórias. É necessário que o fonoaudiólogo, como um profissional que atua diretamente em maternidades, tenha aporte teórico para conhecer mais sobre a displasia broncopulmonar, assim como também as suas implicações clínicas. Objetivo: Analisar artigos que abordem diretamente a Fonoaudiologia na displasia broncopulmonar em recém-nascidos. Método: Para a realização deste estudo, buscaram-se artigos relacionados a prática fonoaudiológica na displasia broncopulmonar em recém-nascidos em bancos de dados, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Foram utilizados os descritores displasia broncopulmonar AND fonoaudiologia e seus correspondentes em inglês e espanhol, nos últimos 10 anos (2009 a 2019). Dois investigadores participaram da escolha e revisão dos artigos. Resultados: A partir do cruzamento dos descritores nas bases estudadas, quatro artigos foram identificados, desses, três corresponderam a trabalhos repetidos, restando, logo um texto completo para análise. Segundo a literatura consultada, pacientes recém-nascidos com displasia broncopulmonar necessitam de um maior aporte nas questões de alimentação por via oral que está prejudicada devido á dificuldades na manutenção de energia proveniente do esforço respiratório realizado. O treino realizado para reajuste dos padrões consistiu em: canulamento de língua, promoção de vedamento labial e pressão intra-oral através de pressão no centro da língua e leve movimento de retirada do dedo do terapeuta da cavidade oral do bebê e adequação da sensibilidade. O estudo relata ainda as vias opcionais para a alimentação desses pacientes como, mamadeira e copo, refere que houve maiores dificuldades respiratórias na coordenação sucção, respiração, deglutição nestas duas opções citadas, por esses serem utensílios que promovem maior fluxo de leite. Dentro do próprio artigo já é citado a escassez de estudos que correlacionem a retirada da sonda para a alimentação primordialmente por via oral. Além do objetivo de promover a alimentação via oral, o Fonoaudiólogo deve promover primeiramente o desenvolvimento destes pacientes. Foi observado na pesquisa que na grande maioria, puderam receber aleitamento materno exclusivo na alta hospitalar. Conclusão: Diante da insuficiência de artigos voltados para o tema, faz-se necessário de maiores informações sobre a displasia broncopulmonar e a Fonoaudiologia.

Evangelista D, Oliveira A. Transição alimentar em recém-nascidos com displasia broncopulmonar. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 102-109, mar. 2009.

Thébaud B, Goss K, Laughon M, Whitsett J, Abman S, Steinhorn R, ... & Jobe A Displasia broncopulmonar. Comentários da natureza. Iniciadores de doenças , 5 (1), 78. 2019

Bonadies L, Zaramella P, Porzionato A, Perilongo G, Muraca M, & Baraldi E.. Present and Future of Bronchopulmonary Dysplasia. Journal of Clinical Medicine, 9(5), 1539. 2020.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1181
DISTÂNCIA DO DESLOCAMENTO DO OSSO HIOIDE DURANTE A DEGLUTIÇÃO PÓS LASERTERAPIA E MANOBRA DE MENDELSOHN: RELATO DE CASO.
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A deglutição é uma ação avaliada em fases: oral, faríngea e esofágica1. A fase faríngea é indiretamente influenciada pelo complexo hiolaríngeo, formado pela atividade dinâmica do osso hioide, laringe e faringe, que juntos, através dos movimentos de elevação, anteriorização e sustentação, agem de maneira contrátil na proteção das vias aéreas durante o ato de deglutir2. Logo, alterações nesse complexo podem resultar na presença de sinais ou sintomas disfágicos. Com o objetivo de estimular a elevação laríngea, a manobra de Mendelsohn torna-se uma intervenção terapêutica elegível3,4. Ainda, visando a possibilidade de potencializar o efeito da manobra por meio da bioestimulaçao em região supra-hióidea, é que o laser de baixa potência é associado a execução do exercício5,6. No entanto, os efeitos imediatos desta associação na biomecânica da deglutição ainda não estão bem definidos. Objetivo: Analisar a distância do deslocamento do osso hioide durante a deglutição de diferentes volumes de uma mesma consistência pós laserterapia associada a manobra de Mendelsohn. Método: O relato de caso faz parte de um estudo de intervenção aprovado em comitê de ética, sob o parecer de n° 3.388.959. Para analisar a distância percorrida do osso hióide, do seu ponto de repouso à seu pico máximo, foi utilizado o ultrassom de língua, modelo DP 6600, já para a aplicação do laser foi feito o uso do laser de baixa potência 250mW (3J) em cinco pontos diferentes, organizados por toda região supra-hióidea, com o tempo de 12s em cada ponto. A participante foi submetida inicialmente a avaliação da distância do deslocamento do osso hióide durante a deglutição de 5 e 10 ml de alimento pastoso (Iogurte Vigor), orientada a segurar o conteúdo na cavidade oral e deglutir ao comando do avaliador, momento que a sonda ultrassonográfica estava posicionada verticalmente entre região submandibular e proeminência laríngea; em seguida, foi realizado a aplicação do LBP e manobra de Mendelsohn, sendo esta realizada com 30 repetições, com intervalos de 1min a cada 10 repetições e com 2s de sustentação da manobra, por fim foi realizada a mesma avaliação feita inicialmente. Resultados: Na avaliação inicial, a participante realizou duas deglutições para o volume de 5ml, percorrendo a distância de 0,13mm durante a primeira deglutição e 0,13mm na segunda deglutição; para o volume de 10ml a mesma realizou duas deglutições, sendo observado uma distância de 0,14mm para a primeira deglutição e 0,14mm para segunda. No momento pós laserterapia e manobra de Mendelsohn foi observado apenas uma deglutição para o volume de 5ml, com distância percorrida de 0,14mm. Já para o volume de 10ml a participante manteve duas deglutições, com distância de 0,18mm para a primeira deglutição e 0,16mm para a segunda. Conclusão: Foi observado na participante avaliada, um aumento de até 2mm na distância percorrida pelo deslocamento do osso hióide pós laserterapia e manobra de Mendelsohn.

1. Matsuo K, Palmer JB. Anatomy and physiology of feeding and swallowing: normal and abnormal. Phys Med Rehabil Clin N Am. 2008;19(4):691-707.
2. Costa M. Deglutição & Disfagia: bases morfofuncionais e videofluoroscópicas. Rio de Janeiro: Med Book. 2013.
3. Freitas GS, Mituuti CT, Furkim AM, Busanello-Stella AR, Stefani FM, Arone MMAS et al. Biofeedback eletromiográfico no tratamento das disfunções orofaciais neurogênicas: revisão sistemática de literatura. Audiology - Communication Research. 2016;21: e1671.
4. Inamoto Y, Saitoh E, Ito Y, Kagaya H, Aoyagi Y, Shibata S et al. The Mendelsohn Maneuver and its Effects on Swallowing: Kinematic Analysis in Three Dimensions Using Dynamic Area Detector CT. Dysphagia. 2018; 33(4):419–30.
5. Matos AS, Berretin-Felix G, Bandeira RN, Lima JAS, Almeida LNA, Alves GAS. Laserterapia aplicada à motricidade orofacial: percepção dos membros da Associação Brasileira de Motricidade Orofacial - Abramo. Rev. CEFAC. 2018;20(1):61-8.
6. Souza MV, Silva MO. Laserterapia em afecções locomotoras: revisão sistemática de estudos experimentais. Rev Bras Med Esporte. 2016;22(1):76-82.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2094
DISTÚRBIO DE VOZ RELACIONADO AO TRABALHO: CONHECIMENTO DOS FONOAUDIÓLOGOS DAS REDES PÚBLICAS DA SAÚDE E DA EDUCAÇÃO SOBRE A LEGISLAÇÃO VIGENTE NO ESTADO DE ALAGOAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)



INTRODUÇÃO: Distúrbio da Voz Relacionado ao Trabalho (DVRT) é determinado pelo desvio vocal durante a atuação profissional que comprometa ou diminua a comunicação do trabalhador, podendo ocorrer ou não alteração orgânica da laringe. Conhecer os fatores que desencadeiam o DVRT, os dados sobre o perfil do trabalhador, condições do ambiente, manifestações clínicas são fundamentais para o desenvolvimento de ações com a prevenção e redução de agravos durante o processo de trabalho. A notificação é a comunicação de ocorrência para fins de adoção de medidas de intermédio pertinentes. Além disso, indica riscos aos quais as pessoas estão suscetíveis, contribuindo para a identificação da realidade epidemiológica dos sujeitos, definindo prioridades de intervenção, controlando e enfrentando, de forma integrada e eficiente, os problemas de saúde coletiva relacionados ao trabalho. OBJETIVO: Verificar o conhecimento dos fonoaudiólogos das redes públicas da saúde e da educação de Alagoas sobre o processo de notificação dos DVRTs e sobre a legislação estadual vigente (Lei nº 7.241 2011 e Portaria n. 206 2012), bem como associá-los à idade, tempo de serviço, unidade a qual presta serviço, jornada de trabalho e realização da notificação e a quem notificar. METODOLOGIA: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE: 15365019.4.0000.5011. Trata-se de um estudo transversal de abordagem quantitativa, composto por quarenta e cinco fonoaudiólogos concursados das redes públicas da saúde de Alagoas, que responderam ao questionário elaborado pelos autores contendo dados da situação funcional, do distúrbio de voz relacionado ao trabalho, do processo de notificação e legislação estadual vigente. Na pesquisa foi utilizado o teste qui quadrado. RESULTADOS: A média da idade dos participantes foi de 41 anos, o tempo de atuação profissional em sua maioria possuem mais de 10 anos 82,2% (n=37), 57,7% (n=26) atuam no CER III, 40% (n=18) apresentam jornada de trabalho entre 30 a 40 horas e 31,1% (n=14) não sabem a quem notificar. O conhecimento do DVRT foi a maioria 97,7% (n=44), 93,3% (n=42) afirmaram que sabem o objetivo da notificação, 66,6% (n=30) não têm o conhecimento de como preenche a ficha de notificação, 57,7% (n=26) não conhecem a Lei Estadual e 77,7% (n=35) desconhecem a portaria da notificação. O conhecimento do processo de notificação não teve associação estatisticamente significante com as variáveis: idade, tempo de serviço, unidade a qual presta serviço, jornada de trabalho e realização da notificação. Foi encontrado associação estatisticamente significante do conhecimento do processo de legislação vigente apenas com a variável realização da notificação e a quem notificar com p= 0,011. CONCLUSÃO: Os fonoaudiólogos conhecem o DVRT e o objetivo da notificação, porém muitos não sabem preencher a ficha de notificação, não possuem o conhecimento de como realizar a notificação, desconhecem a legislação vigente como a Lei estadual e a Portaria. Foi encontrado apenas associação estatisticamente significante entre o conhecimento do processo de legislação e a variável realização da notificação e a quem realizar. Dessa forma, necessita de capacitação desses profissionais para a identificação de novos casos do DVRT e desenvolvimento de ações em saúde do trabalhador.


Cerest.Fonoaudiologia na Saúde do Trabalhador. Notificação em fonoaudiologia. [Boletim eletrônico]. Rio de Janeiro, setembro 2010.

Ferreira, L. P, Nakamura, H. Y, Zampiete, E., Constant, A. C., Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho: proposta de uma ficha de notificação individual. Distúrbios da Comunicação. [Internet]. São Paulo. 2018.

Penteado Regina Zanella, Ribas Tânia Maestrelli. Processos educativos em saúde vocal do professor: análise da literatura da Fonoaudiologia brasileira. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2011 junho [citado 2020 13 de julho]; 16 (2): 233-239.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
151
DISTÚRBIOS DA DEGLUTIÇÃO: BIOMARCADORES ASSOCIADOS AO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Os biomarcadores oncológicos apresentam o fundamental papel de definir a composição molecular do câncer e o tipo de mutação que os acometem. Indicadores permitem selecionar um tratamento direcionado aos pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CCP) e, torná-lo mais efetivo nas manifestações decorrentes de distúrbios da deglutição, proporcionando assim maiores possibilidades de recuperação promissora 1,2,3. Observa-se que a fonoaudiologia hospitalar vem se estabelecendo cada vez mais fortemente e que o número também crescente de CCP se traduz como um importante desafio aos fonoaudiólogos neste campo de trabalho. Objetivo: Verificar a associação de biomarcadores relacionados ao câncer de cabeça e pescoço (CCP), visando ponderar sobre causas intrínsecas dos distúrbios de deglutição como diagnóstico para o CCP. Métodos: Revisão sistemática nas bases de dados eletrônicas: PubMed, SciELO, Capes, Scopus e Lilacs utilizando o dicionário MeSH. Os termos utilizados: [(Biomarkers, oral câncer, swallowing, adults)]. Foram incluídos estudos que relacionaram biomarcadores associados ao CCP sem restrição de idioma e localização, que abrangeu o período de março de 2015 a março de 2020 para a análise. Resultados: Foram admitidos três artigos que contemplavam todos os critérios de seleção e que respondia a pergunta norteadora proposta. Estes estudos evidenciaram o uso de biomarcadores, para o auxílio no diagnóstico e tratamento do CCP. Foi realizada a coleta de amostras de sangue para uma posterior comparação e análise de biomarcadores em todos os estudos. Também utilizaram a espectrografia raman com superfície aprimorada (SERS) como um diagnóstico diferencial para o carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço. Indicam também a saliva como biomarcador para o diagnóstico do câncer de boca. Conclusões: É perceptível que o uso de biomarcadores consiste em um importante diferencial no diagnóstico ou tratamento de câncer de cabeça e pescoço. A SERS pode ser utilizada como uma alternativa diagnóstica à histopatologia do câncer de cabeça e pescoço e a implantação do diagnóstico através da análise da proteína salivar torna-se um grande aliado para o diagnóstico precoce e prognóstico e monitoramento do câncer de boca pós-terapia. Desta forma, o fonoaudiólogo pode utilizar mais esta ferramenta para diagnóstico visando o tratamento, além do bem estar dos pacientes atendidos.

Palavras-Chaves: Biomarcadores; Câncer Oral; Adultos; Câncer.

1.SINEVICI, Nicoleta; O’SULLIVAN, Jeff. Oral cancer: Deregulated molecular events and their use as biomarkers. Oral Oncology, [s.l.], v. 61, p.12-18, out. 2016. Elsevier BV.

2.FERRUCCI, Juliana Lopes et al . Comparison between the functional aspects of swallowing and clinical markers in ICU patients with Traumatic Brain Injury (TBI). CoDAS, São Paulo , v. 31, n. 2, e20170278, 2019 .

3. GAVRIELATOU N, Doumas S, Economopoulou P, Foukas PG, Psyrri A. Biomarkers for immunotherapy response in head and neck cancer. Cancer Treat Rev. 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
404
DISTÚRBIOS DO SONO NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Tese
Linguagem (LGG)


DISTÚRBIOS DO SONO NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

Introdução: Crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) apresentam distúrbios no neurodesenvolvimento com a presença de movimentos repetitivos, restritos e estereotipados, além de alterações na comunicação, na interação social e no comportamento. Comumente, os autistas apresentam maior prevalência de distúrbios de sono do que as crianças neurotípicas, o que acarreta em uma série de dificuldades a ser enfrentada e perda de qualidade de vida1. Objetivo: Analisar e compreender os impactos que as alterações no ciclo vigília/sono trazem para o desenvolvimento da aprendizagem, comportamento e comunicação das crianças com TEA. Metodologia: Realizou-se uma revisão da literatura nas bases de dados do SCIELO, PUBMED/MEDLINE e LILACS, analisando os artigos publicados entre os anos de 2010 a 2020, com acesso livre e utilizando os descritores: distúrbios do sono; TEA. Foram encontradas 12 publicações e adotou-se, como critério de inclusão, artigos que se adequavam ao objetivo proposto. Resultado: Atualmente, entre 40% a 80% das pessoas com autismo possuem problemas significativos de sono, principalmente se houver outras comorbidades associadas, como Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), ansiedade, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), problemas gastrointestinais e fobias. Outrossim, os próprios medicamentos, que são utilizados no tratamento, pode trazer prejuízos para o sono. Ademais, uma série de outros fatores como a produção de melatonina, hormônio produzido no cérebro, cuja uma de suas funções básicas é a indução do sono, pode ser reduzida em indivíduos com TEA2. Em 83% dos artigos, o principal distúrbio do sono encontrado foi a insônia, sendo que, alguns indivíduos, ainda tem que lidar com apneia do sono. Esses distúrbios conduzem a uma diminuição da qualidade de vida das pessoas com TEA devido às dificuldades para começar a dormir e permanecer dormindo ser constante, resultando para essa criança em desafios comportamentais e de aprendizagem significativamente mais severos durante o dia. Devido a essas dificuldades enfrentadas durante o período do sono, surgem complicações que afetam no rendimento cognitivo, verbal e motor desses indivíduos, interferindo, também, na terapia fonoaudiólogica e nas demais ações terapêuticas que se fazem necessárias. Conclusão: Conclui-se, que o sono é uma necessidade fisiológica que interfere no desenvolvimento eficaz das habilidades comunicacionais, comportamentais e sociais; além de influenciar nos padrões de comportamento e de aprendizagem. Salientando também que a criança autista que possui algum distúrbio no sono apresentam menos habilidades sociais e atenção compartilhada, além de um aumento nos comportamentos restritos e estereotipada, que outras crianças que não tenham distúrbios do sono3. Entende-se, portanto, que seja feita uma anamnese detalhada, para identificar possíveis alterações no sono, a fim de que se obtenham ganhos bastante funcionais de comportamento e de aprendizagem, promovendo qualidade de vida ao indivíduo com TEA.

Palavras-chave: Distúrbios do sono, autismo.



1.Medina Ortiz, Oscar; Pulido Zambrano, Luis; Colmenares Ortiz, Viviana; Cárdenas Ontiveros, Katia; Sánchez-Mora, Nora. Trastornos y hábitos de sueño en niños y adolescentes con autismo. Caracas: Arch Venez Puer Ped v.73 n.2, jun. 2010.

2.Pin-Arboledas, Gonzalo. EL SUEÑO DEL NIÑO CON TRASTORNOS DEL NEURODESARROLLO. Espanha: Medicina. 79. 44-50, jan.2019.

3. Souders MC, Zavodny S, Eriksen W, et al. Sleep in Children with Autism Spectrum Disorder. Curr Psychiatry Rep. 2017;19(6):34. doi:10.1007/s11920-017-0782-x.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
678
DO PLANEJAMENTO A AÇÃO – ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA A INFECTADOS PELO SARS-COV-2.
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, a COVID-19 apresenta quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a sintomas críticos, nesses casos desenvolvem insuficiência respiratória, choque e falência orgânica, sendo admitidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), necessitando de ventilação mecânica (VM) por intubação orotraqueal (IOT), podendo evoluir com comprometimentos inerentes ao suporte ventilatório e imobilização prolongada, onde a deglutição e comunicação também estão prejudicadas(1). Pacientes pós IOT prolongada podem evoluir com disfagia orofaríngea, devido a trauma orofaríngeo e laríngeo, sensibilidade local reduzida, fraqueza muscular e incoordenação respiração e deglutição(2), necessitando de intervenção fonoaudiológica para minimizar o risco de infecção respiratória por broncoaspiração e restabelecimento da deglutição. Diante do contexto, o atendimento a uma doença de grande poder de contágio, requer planejamento e manejos seguros, uso de equipamento de proteção individual (EPI) com maior rigor e uso de protocolos validados dentro das condições de avaliação, uma vez que exames instrumentais não podem ser utilizados, devido ao risco de contaminação(3). OBJETIVO: Elaborar um plano de ação para atendimento aos pacientes com COVID-19 após IOT prolongada, com observância às normas de segurança para o fonoaudiólogo e o paciente. MÉTODOS: Para isso foi realizada uma busca cuidadosa na literatura especializada visando estabelecer o protocolo clínico a ser utilizado. O plano de ação foi desenvolvido para UTI’s adulto de um complexo hospitalar privado/beneficente. Abrangendo indivíduos com 18 anos ou mais, infectados pelo Sars-Cov-2 confirmado por exame laboratorial, submetido à IOT prolongada e em uso sonda nasoenteral (SNE) como via alternativa de alimentação, apresentando estabilidade clínica e respiratória. RESULTADOS: Os procedimentos foram divididos em duas etapas, uma para avaliação e outra para o acompanhamento. A primeira etapa consistiu do registro de dados como: estado geral de saúde,nível de consciência, medicamentos administrados, parâmetros clínicos e tempo de IOT e de internamento; A segunda etapa consistiu na avaliação anatomofuncional: observação da sensibilidade oral, qualidade vocal, mobilidade das estruturas orofaciais e avaliação funcional da deglutição levando em consideração o risco de contaminação. A investigação da deglutição foi realizada através do protocolo de avaliação de risco para disfagia (PARD), amplamente utilizado na prática clínica e com critérios embasados para liberação segura de dieta por via oral, o PARD ressalta na conduta o uso da escala American Speech-Language-Hearing Association National Outcome Measurement System (ASHA NOMS), essa é uma ferramenta multidimensional projetada para medir tanto a supervisão necessária para ingestão de dieta oral quanto o nível de deglutição, atribuindo números entre 1 e 7(4), auxiliando a terceira etapa que consiste na conduta fonoaudiológica, estabelecida através do nível de deglutição e dados elencados na primeira etapa. CONCLUSÃO: A partir desse protocolo é possível registrar dados importantes para definirmos um plano terapêutico com segurança, levando em consideração a coordenação deglutição e respiração, devido ao comprometimento respiratório. Após sua criação, a rotina vem se desenvolvendo com benefícios para o restabelecimento seguro das funções comprometidas, reduzindo risco de broncoaspiração e favorecendo a ablação da sonda de alimentação, com base em indicadores seguros no contexto da atual pandemia.

Meng Y, Wu P, Lu W, Liu K, Ma K, Huang L et al. Sex-specific clinical characteristics and prognosis of coronavirus disease-19 infection in Wuhan, China: A retrospective study of 168 severe patients. PLoS Pathogens. 2020:28.

Frajkova Z, Tedla M, Tedlova E, Suchankova M, Geneid A. Postintubation dysphagia during covid-19 outbreak- contemporary review. Dysphagia. 2020:28: 1-9.

Ku PKM, Holsinger FC, Chan JYK, Yeung ZWC, Chan BYT, Tong MCF, Starmer HM. Management of dysphagia in the patiente with head and neck cancer during covid-19 pandemis: practical strategy. Head Neck. 2020.

Sassi FC, Medeiros GC, Zambon LS, Zilberstein B, Andrade CRF. Avaliação e classificação da disfagia pós-extubação em pacientes críticos. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. 2018:45(3).




TRABALHOS CIENTÍFICOS
2079
DOENÇA DE PARKINSON X QUALIDADE DE VIDA: PERSPECTIVA DOS CUIDADORES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)



Introdução: Devido ao crescente envelhecimento da população mundial, estima-se que em 2020 mais de 40 milhões de pessoas no mundo terão desordens motoras secundárias, a doença de Parkinson(4), que é a segunda desordem neurodegenerativa mais comum, possui prevalência aproximada de 150 casos por 100.000 indivíduos(2).Diante desse quadro a necessidade de cuidadores torna-se cada vez mais necessária na realidade mundial.
Objetivo: Analisar a qualidade de vida de cuidadores de pacientes com doença de parkinson, e o impacto das funções fonoaudiológicas na vida diária. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o número do parecer 2.740.498. Foram selecionados 3 pacientes do sexo masculino com doença de Parkinson, que estão em atendimento fonoaudiológico na Clínica Escola do Curso de Fonoaudiologia da Universidade de Passo Fundo e que estão em terapia fonoaudiológica para disfagia e disartria. Os cuidadores foram entrevistados de forma individual e a entrevista foi gravada por áudio. Os dados foram coletados por meio de entrevista presencial e semiestruturada, com questões direcionadas aos cuidadores sobre os pacientes, rotina diária e qualidade de vida de ambos. Por meio da coleta de dados, foram analisadas as questões voltadas aos cuidados desses pacientes, referindo-se aos cuidados pessoais, rotina diária, hábitos, aderência à fonoterapia, queixas fonoaudiológicas, demais dificuldades apresentadas e consequentes interferências no cotidiano dos sujeitos e seus cuidadores e, ainda, o impacto da doença no contexto familiar.
Resultados: Foi possível delinear o perfil dos pacientes, e identificar as dificuldades que impactam na vida diária de pacientes e cuidadores, como a interferência das queixas fonoaudiológicas, a adesão ao tratamento fonoaudiológico e demais questões que influenciam no contexto social de ambos. As participantes, denominadas cuidadoras, eram esposas dos pacientes, a idade delas segue a mesma faixa etária dos pacientes com doença de Parkinson. As três cuidadoras dedicam-se integralmente aos cuidados dos maridos e, atualmente a profissão infomada foi Do Lar, porém duas das cuidadoras relataram a necessidade de abandonar do trabalho para dedicar-se totalmente ao esposo. Todas relataram que apresentam dificuldades com o cuidado do paciente, visto que exige muito esforço e paciência.
Conclusões: Os resultados sugerem que as queixas fonoaudiológicas apresentadas pelos pacientes interferem na qualidade de vida desses, e, também, de seus cuidadores. Logo, é imprescindível a presença de orientação para os cuidadores e tratamento fonoaudiológico para os pacientes portadores da doença de Parkinson.

Descritores: Doença de Parkinson; Qualidade de vida; Cuidadores; Pesquisa Qualitativa; Fonoaudiologia.

1. Azevedo LL, Cardoso F. Ação da levodopa e sua influência na voz e na fala de indivíduos com doença de Parkinson. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(1):136-41.

2. Silva JAMG, Filho AVD, Faganello FR. Measurement of quality of life for individuals with Parkinson’s disease through the questionnaire PDQ-39. Fisioter Mov. 2011;24(1):141-6.

3. Sofuwa O, Nieuwboer A, Desloovere K, Willems AM, Chavret F, Jonkers I. Quantitativegait analysis in Parkinson’s disease: comparison with a healthy control group. Arch Phys Med Rehabil. 2005;86:1007-13.

4. Morris ME. Movement Disorders in people with Parkinson disease: A model for physical therapy. Phys Ther. 2000;80(6):578-97.

5. Fahn S, Przedborski S. Parkinsonismo. In: Rowland LP. Tratado de Neurologia. Guanabara Koogan; 2007. p. 768-84.

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8. Guimarães J, Alegria P. O Parkinsonismo. Med Int. 2004;11(2):109-14.

9. Keränen T, Kaakkola K, Sotaniemi V, Laulumaa T, Hapapaniemi T, Jolma T, et al. Economicburden and quality of lifeimpairmentincrease with the severity of PD. Parkinsonism Relat Disord. 2003;9:163-8.

10. Jenkinson C, Peto V, Fitzpatrick R, Geenhall R, Hyman N. Selfreportedfunctioning and well-being in patients with Parkinson´s disease: comparison of the Short-form Health Survey (SF-36) and the Parkinson´s Disease Questionnaire (PDQ-39). Age Ageing. 1995;24:505-9.

11. Lana RC, Álvares LMRS, Nasciutti CP, Goulart FRP, Teixeira LFS, Cardoso FE. Percepção da qualidade de vida de indivíduos com doença de Parkinson através do pdq-39. Rev. bras. fisioter.2007;11(5):397-402.

12. Schrag A, Jahanshahi M, Quinn N. Whatcontributes to quality of life in patients with Pazkinson’s disease? J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2000;69(3):308-12.

13. Gazzoni J, Pedroso KCD, Grolli EB. Avaliação fonoaudiológica funcional em pacientes portadores de doença de Parkinson. Rev CEFAC. 2003;5:223-6.

14. Hassan A, Wu SS, Schimidt P, Malaty IA, Dai YF, Miyasaki JM, et al. What are the issuesfacing Parkinson's disease patients atten years of disease and beyond? Data from the NPF-QII study. Parkinsonism and Related Disorders. 2012;18:10-14.

15. Valcarenghi RV, Alvarez MA, Santos SSC, Siewert JS, Nunes SFL, Tomasi AVR. The dailylives of people with Parkinson's disease. Rev Bras Enferm. 2018;71(2):272-279.

16. Saldert C, Ferm U, Bloch S. Semantic trouble sources and their repair in conversations affected by Parkinson's disease. Int J Lang Commun Disord. 2014;49(6)710-721.

17. Palermo S, Bastos ICC, Mendes MFX, Tavares EF, Santos DCL, Ribeiro AFC. Avaliação e intervenção fonoaudiológica na doença de Parkinson. Análise clínica-epidemiológica de 32 pacientes. Rev. Bras. Neurol. 2009;45(4):17-24.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1403
DUBLAGEM DE PERSONAGENS INFANTIS DE PRINCESAS: ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA DA DUBLAGEM DAS VOZES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz compõe parte importante na construção de um personagem. Personagens de desenhos animados podem ser reconhecidos pelas suas características vocais, cabendo ao dublador a responsabilidade de transmitir por meio da voz as características físicas e psicológicas do papel interpretado. A avaliação perceptivo-auditiva permite analisar por meio de escuta crítica tais características. Sabe-se que a voz possui componentes individuais e sociais, é influenciada pela cultura e meio social, sofrendo modificações ao longo do tempo. Objetivo: Realizar análise perceptivo-auditiva de vozes que dublam personagens de princesas de filmes infantis, estabelecendo-se comparações entre personagens antigas e modernas. Método: O presente estudo analisou amostras dubladas em português de personagens de princesas da Disney Princess e da franquia Frozen (pertencentes à The Walt Disney Company). Foram sorteadas seis dentre as princesas, sendo três consideradas clássicas tradicionais, aquelas cujos filmes foram lançados no século XX, e três princesas cujos filmes foram lançados no presente século XXI, consideradas princesas modernas. Foi elaborado um protocolo para análise perceptivo-auditiva das vozes. Foram editados trechos da fala de cada personagem, retirados dos filmes disponíveis na internet, com tempo médio de edição de dois minutos e dez segundos. As amostras foram misturadas (modernas e clássicas) e receberam números. Foram enviadas via e-mailatrês juízas, fonoaudiólogas com experiência na área de voz, que avaliaram as vozes, em sistema duplo-cego, não sabendo da finalidade de comparação entre as dublagens modernas e clássicas. Foi utilizado roteiro de avaliação para análise perceptivo-auditiva, que envolveu: qualidade vocal e grau global de desvio da voz (GGD), tipo de voz, sistema de ressonância, ataque vocal, pitch, loudness, gama tonal habitual, registros, percepção de velocidade, ritmo de fala e classificação global subjetiva da voz. Resultados: À análise perceptivo-auditiva das amostras das vozes, foi observado que todas elas possuem um sistema de ressonância em equilíbrio, registro modal, articulação de fala precisa e vozes consideradas adaptadas ou neutras (escala GRBAS). Encontraram-se diferenças entre as dublagens das princesas clássicas (antigas) e as modernas a saber: as modernas têm tendência a voz mais tensa (grau leve), ataque vocal isocrômico alternando com brusco, registro modal variando de peito e cabeça e a percepção de velocidade de fala acelerada. Já as princesas clássicas possuem tendência a voz soprosa (grau leve), tipo de voz feminilizada, ataque vocal do tipo isocrômico, gama tonal ampla, registro entre modal médio e de cabeça, e a percepção de velocidade de fala é normal. Conclusão: Encontradas diferenças na composição vocal das dublagens dos personagens de princesas clássicas e modernas, caracterizada por diferenças na qualidade vocal, tipo de voz, ataque vocal, gama tonal de fala, registro de voz e percepção da velocidade da fala. Essas diferenças podem ser atribuídas à época em que os filmes foram lançados e pela representação feminina em cada uma dessas épocas.

Behlau M, Pontes Paulo. Higiene Vocal: Cuidando da Voz. 3º ed. Rio de Janeiro/RJ: Livraria e Editora RevinteR, 2001. p. 01-08.
Lima LG, Rechenberg L. A voz no desenho animado: uma análise descritiva. Distúrbios Comun. São Paulo, 27(4): 741-749, dezembro, 2015.
Sentieiro CS, Damilano G. O uso de recursos vocais sob os olhares dos profissionais da voz: atores, cantores, dubladores, locutores e telejornalistas. Tese de Conclusão de Curso, PUC-São Paulo, 2007
Raize T, Oliveira S, Algodoal J. Atuação fonoaudiológica junto aos dubladores In: Oliveira IB de, Almeida AAF de, Raize T, Behlau M (org). Atuação Fonoaudiológica em Voz Profissional. São Paulo, SP: Roca, 2011. p.117-126.
Morato EM, Ferreira LP. A Voz em Dublagem. In: Ferreira LP, Oliveira IB, Quinteiro FA, Morato EM. Voz Profissional: O profissional da voz. 2. ed.rev. Carapicuiba, SP. P. Pró-Fono, 1998. p. 159-171


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1170
DURAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO EM DIFERENTES CONSISTÊNCIAS PÓS MANOBRA DE MENDELSOHN ASSOCIADA A LASERTERAPIA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A deglutição é uma função motora automática essencial do ser humano. Esse processo consiste no transporte do bolo alimentar da cavidade oral até o estômago(1). Alterações na dinâmica da deglutição em qualquer etapa do trajeto do bolo alimentar, comprometendo e/ou lentificando qualquer uma das fases da deglutição (preparatória, oral, faríngea e/ou esofágica) denomina-se disfagia(2). A disfagia é definida como um sintoma multifatorial que pode aumentar o risco de mortalidade. Indivíduos com disfagia geralmente evoluem com a necessidade de terapia fonoaudiológica e outros tratamentos, sendo a terapia fonoaudiológica um tratamento indicado com o objetivo da melhoria da qualidade de vida de disfágicos(3-5). Neste sentido, os fonoaudiólogos fazem uso de técnicas e recursos como a laserterapia (uso do Laser de Baixa Potência - LBP) e a Manobra de Mendelsohn. A laserterapia não é invasiva e funciona como biomoduladora das funções fisiológicas celulares(6). Já a Manobra de Mendelsohn objetiva a melhoria da elevação laríngea e a abertura do esfíncter esofágico superior (EES)(7,8). OBJETIVO: Verificar a duração da deglutição em diferentes consistências pós manobra de Mendelsohn associada ao laser de baixa potência. MÉTODO: o relato de caso faz parte de um estudo de intervenção aprovado em comitê de ética, sob o parecer de n° 3.388.959. Realizado com uma voluntária do sexo feminino de 37 anos de idade que não possuía quaisquer queixas fonoaudiológicas. Inicialmente, foi efetuada a coleta dos dados pré-intervenção. Para maior precisão do tempo de duração da deglutição, a captação dos dados foi efetuada através de um Ultrassom de Língua (modelo DP 6600), tendo por referência o deslocamento do osso hióide e seu repouso. A participante iniciou fazendo a ingesta de 10, 20 e 100ml do alimento líquido respectivamente. Em seguida, a ingesta de 5 e 10ml do alimento pastoso. Para deglutir a voluntária levava o conteúdo até a boca e esperava o comando do avaliador. Posteriormente, foram realizadas as intervenções. Foi aplicado o LBP 250mW (3J) em cinco pontos diferentes, organizados por toda região suprahioidea, com o tempo de 12s em cada ponto. Em seguida, foi realizada a Manobra de Mendelsohn, com 30 repetições e intervalos de 1min a cada 10 repetições, sendo com 2s de sustentação da manobra. Por fim, foi realizada a captação dos dados de duração da deglutição pós-intervenção. RESULTADOS: Observou-se que os dados da duração total das deglutições pré-intervenção da ingesta da consistência líquida foram: 10ml (1,3s), 20ml (3,97s) e 100ml (12,38s). Os dados pós-intervenção da mesma consistência foram: 10ml (0,88ms), 20ml (2,64s) e 100ml (11,81s). Os dados da duração da deglutição pré-intervenção da ingesta da consistência pastosa foram: 5ml (6,33s) e 10ml (9,2s). Os dados pós-intervenção da mesma consistência foram: 5ml (1,17s) e 10ml (11,1s). CONCLUSÃO: Houve redução da duração da deglutição pós-intervenção nas duas consistências em diferentes volumes, demonstrando que a Manobra de Mendelsohn associada ao uso do LBP 250mW (3J) influenciou na redução do tempo de duração da deglutição em diferentes consistências para a voluntária.

1. Virani A, Kunduk M, Fink DS, McWhorter AJ. Effects of 2 different swallowing exercise regimens during organ-preservation therapies for head and neck cancers on swallowing function. Head & Neck. 2015;37(2):162-170.

2. Promodomo LPV, Angelis EC, Barros ANP. Avaliação clínica fonoaudiológica das disfagias. In: Jotz GP, Angelis EC, Barros APB. Tratado da deglutição e disfagia: no adulto e na criança. Rio de Janeiro: Revinter. 2010; p. 61-7.

3. Boesch RP, Daines C, Willging JP, Kaul A, Cohen AP, Wood RE et al. Advances in the diagnosis and management of chronic pulmonary aspiration in children. European Respiratory Journal. 2006;28(4):847-61.

4. Tutor JD, Gosa MM. Dysphagia and aspiration in children. Pediatric pulmonology. 2012; 47(4):321-37.

5. Barroqueiro PC, Lopes MKD, Moraes AMS. Critérios fonoaudiológicos para indicação de via alternativa de alimentação em unidade de terapia intensiva em um hospital universitário. Revista CEFAC. 2017; 19(2):190-7.

6. Melchior MDO, Machado BCZ, Magri LV, Mazzetto MO. Efeito do tratamento fonoaudiológico após a laserterapia de baixa intensidade em pacientes com DTM: estudo descritivo. CoDAS. 2016; 28 (6): 818-822.

7. Freitas GS, Mituuti CT, Furkim AM, Busanello-Stella AR, Stefani FM, Arone MMAS et al. Biofeedback eletromiográfico no tratamento das disfunções orofaciais neurogênicas: revisão sistemática de literatura. Audiol., Commun. Res. 2016; 21:e1671.

8. Inamoto Y, Saitoh E, Ito Y, Kagaya H, Aoyagi Y, Shibata S et al. The Mendelsohn Maneuver and its Effects on Swallowing: Kinematic Analysis in Three Dimensions Using Dynamic Area Detector CT. Dysphagia. 2018; 33(4):419–30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1345
ECHOSCAN: UM SISTEMA OBJETIVO PARA AVALIAR A FADIGA AUDITIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A fadiga auditiva é considerada uma perda temporária da sensibilidade auditiva que ocorre devido à exposição a agentes otoagressores1. Em longo prazo, a fadiga auditiva pode ser considerada um sintoma precoce para o desenvolvimento da perda auditiva relacionada ao trabalho2. O sistema EchoScan avalia de forma objetiva a fadiga auditiva, testando o reflexo acústico da orelha média com ruído contralateral e permitindo estudar a fisiologia da orelha interna e média em um único conjunto de testes3,4. Objetivo: Verificar a aplicabilidade do Echoscan para a avaliação da fadiga auditiva em trabalhadores expostos a ruído e/ou solventes. Metodologia: O presente projeto foi submetido e aprovado pelo comitê de ética sob o parecer número 3.401.602 e CAEE: 10758719.5.0000.8040. Estudo de caráter transversal quantitativo foi realizado em indústrias gráficas localizadas na região sul do Brasil. Por meio da análise documental das audiometrias, foram selecionados os participantes normouvintes e realizados os seguintes procedimentos no momento pré jornada de trabalho: anamnese, inspeção do meato acústico externo e imitanciometria. Já as avaliações com o EchoScan foram realizadas nos momentos pré e pós jornada de trabalho em sala silenciosa. As avaliações pré jornada foram: DPgram, curva de crescimento das emissões otoacústicas evocadas – produto de distorção (Input/Output curve) e determinação do reflexo acústico da orelha média. Após 6 horas de jornada de trabalho, foi reavaliado o reflexo acústico da orelha média, sendo analisado de acordo com o protocolo do equipamento EchoScan, segundo a equação: Fadiga Auditiva = Limiar do Reflexo estapediano (LR) pós jornada - Limiar do Reflexo estapediano (LR) pré jornada cujos resultados da equação indicam: 1 – Fadiga auditiva: resultado ≥ 9dB; 2 – Possível Fadiga auditiva: resultado 3dB ≤ LRpós-LRpré ≤ 6dB; 3 – Não indicativo de Fadiga auditiva: resultado ≤ 0dB. Resultados: Participaram do estudo 32 trabalhadores normoouvintes, sendo 17 expostos à ruído e solventes (grupo experimental), com média de idade de 32,94 anos e 15 não expostos (grupo controle), com média de idade de 34,66 anos. Os trabalhadores do grupo experimental apresentaram média do resultado do EchoScan de 4,58dB±6,8, sendo o mínimo de resposta -9dB e o máximo 24dB. A média de resposta desse grupo indicou possível fadiga auditiva. Já o grupo controle apresentou média de resposta de -0,6dB±4,56, mínimo -6dB e máximo 9dB, não indicando fadiga auditiva. Conclusão: O EchoScan demonstrou ser uma ferramenta que possibilita a detecção da fadiga auditiva de forma objetiva, sendo indicada sua aplicação na prevenção da perda auditiva relacionada ao trabalho, nos programas de preservação auditiva, especialmente no acompanhamento auditivo de trabalhadores expostos a ruído e/ou agentes ototóxicos.

1-Venet T, Bey A, Campo P, Ducourneau J, Mifsud Q, Hoffmann C, Thomas A, Mouzé-Amady M, Parietti-Winkler C. Auditory fatigue among call dispatchers working with headsets. IJOMEH 2018, 31(2), p. 217-226
2 - DING T, YAN A, LIU K. What is noise-induced hearing loss? British Journal of Hospital Medicine. 2019 Set, 80(9), p.525-529.
3-Campo P, Maguin K, Lataye R. Effects of aromatic solvents on acoustic reflexes mediated by central auditory pathways. Toxicological Sciences, 2007 Jul, 99 (2), p. 582-590.
4-Venet T, Campo P, Rumeau C, Eluecque H, Parrieti-Winkler C. EchoScan: A new system to objectively assess peripheral hearing disorders. Noise and Health, Medknow Publications, 2012, set-out; 14 (60), p.253-259.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
975
EDUCAÇÃO CONTINUADA EM FONOAUDIOLOGIA: UMA PRÁTICA DESENVOLVIDA EM UMA MACRORREGIÃO DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A educação continuada é um meio de aprendizagem sistematizada, uma forma de apoio ao desenvolvimento de competências profissionais e atualização de conhecimentos1. Na área da saúde, a prestação de um atendimento bem-sucedido e de um tratamento eficaz está intimamente relacionada à contínua qualificação profissional2. No caso dos profissionais atuantes nos serviços públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), tal qualificação pode ser ofertada por gestores locais e/ou regionais por meio de momentos de encontro entre pares para aprimoramento dos diversos conteúdos que integram as áreas de conhecimento, visando melhorar o cuidado dispensado aos usuários da rede SUS. Objetivo: relatar a prática de educação continuada em fonoaudiologia em uma macrorregião de saúde do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Método: abordagem descritiva da organização e conteúdos abordados nos dos encontros de educação continuada em fonoaudiologia. Resultado: a proposta de desenvolvimento dos encontros de educação continuada em fonoaudiologia partiu do Núcleo de fonoaudiologia de uma das Coordenadorias Regionais de Saúde pertencentes à referida macrorregião. Iniciaram no ano de 2015 e têm sido destinados aos atuais 38 fonoaudiólogos atuantes no SUS dos municípios de abrangência de uma macrorregional de saúde do RS que contempla 43 municípios. Entre os anos de 2015 e 2019, foram realizados nove encontros, uma média de dois eventos ao ano. As dinâmicas ocorreram por meios de palestras, discussões de casos clínicos e em grupo para estruturação de fluxos de encaminhamento na rede de saúde. Os profissionais que ministraram os encontros foram convidados a fazê-los voluntariamente, tendo participado, neste período, professores universitários, profissionais autônomos e representantes de Conselho de Classe profissional. A seleção dos temas abordados parte do próprio grupo de fonoaudiólogos participantes a partir das suas demandas de trabalho em seus municípios. Os assuntos explanados no período foram: i) mascaramento em audiologia clínica; ii) terapia fonoaudiológica do processamento auditivo; iii) consciência fonológica; iv) fluxo da rede de atendimento de saúde; v) atuação fonoaudiológica em pacientes disfágicos; vi) o papel e a abrangência da atuação fonoaudiológica na rede pública de saúde abordando o trabalho com a realidade municipal e os parâmetros assistenciais; vii) atribuições do fonoaudiólogo na atenção à saúde das pessoas; viii) condições crônicas de saúde e o cuidado em fonoaudiologia nos diferentes níveis do SUS; ix) desenvolvimento infantil em risco; x) abordagens terapêuticas para a dislexia. Formou-se, a partir dos encontros, uma rede de apoio técnico-profissional entre os fonoaudiólogos desta macrorregião, com interação e trocas de informações através de rede social, permitindo um contínuo aprimoramento ao exercício cotidiano da profissão. Conclusão: a prática da educação continuada em fonoaudiologia contribuiu substancialmente para a qualificação técnica de fonoaudiólogos de uma macrorregião de saúde do RS. Segundo relato dos participantes, os temas discutidos impactaram de forma positiva nas suas atuações clínico-assistenciais. Além disso, houve a formação de uma rede de apoio com interação constante entre os membros da categoria.

1. Gatti BA. Análise das políticas públicas para formação continuada no Brasil, na última década. Rev Bras Educ 2008; 13(37):57-70.

2. Batista KBC, Gonçalves OSJ. Formação dos profissionais de saúde para o SUS: significado e cuidado. Saúde Soc 2011; 20(4):884-899.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1186
EDUCAÇÃO E SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM DISFAGIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia representa importante impacto à saúde, podendo incorrer em desnutrição, infecção do trato respiratório e risco de óbito(1,2). O diagnóstico e tratamento dos transtornos da alimentação necessitam de atenção interdisciplinar especializada(3). Em meio à crescente necessidade de assistência na região, o Projeto de Extensão em Disfagia (PED) foi desenvolvido, a fim de oferecer um serviço de referência no tratamento das disfagias de ordem neurogênica, mecânica e psicogênica destinado a crianças, adultos e idosos, com ações vinculadas ao ensino e à pesquisa científica. Objetivo: Relatar a experiência de profissionais e estudantes da saúde, vinculados ao PED em uma universidade pública. Método: O PED foi desenvolvido de março de 2018 a novembro de 2019, em uma clínica-escola (4h/semanais) e em hospital universitário vinculado (4h/semanais), perfazendo 32h mensais. Participaram do projeto: 8 professores do curso de Fonoaudiologia e 2 professores otorrinolaringologistas do curso de medicina; 10 discentes do curso de Fonoaudiologia, 1 Residente em Nutrição e 1 Doutoranda da pós-graduação em odontologia. Foram disponibilizadas duas salas de atendimento e observação, por meio de espelho espião para prática de supervisão. As sessões tiveram duração média de trinta minutos e entre elas, foram discutidos os casos clínicos. Resultados: O PED possibilitou: 1. A reabilitação de 54 indivíduos, triagem de risco em 23 indivíduos, videoendoscopia da deglutição (VED) em 33 pacientes com queixa de disfagia, avaliação nutricional nos pacientes com redução na ingestão alimentar e adaptação de próteses maxilares em 12 pacientes submetidos a maxilectomia, secundária a neoplasia oral. A reabilitação foi realizada por meio de técnicas tradicionais e uso complementar de tecnologias segundo indicação: bandagem elástica, Eletromiografia de superfície, biofeedback eletromiográfico e luz de baixa intensidade; 2. Realização de pesquisa científica vinculada a trabalho de conclusão de curso de graduação, intitulado: “Contribuições da terapia com luz de baixa intensidade para redução da sialorreia em crianças com dano encéfalo crônico”, CAAE/34054920.1.0000.5208; 3. Ampliação do ensino com a prática de discussão de casos clínicos, observação, atendimento dos casos e registros em prontuário, apresentação de seminários e acompanhamento da VED e 4. Promoção da campanha da disfagia e a promoção à saúde por meio da campanha “Semana em Atenção ao dia da Disfagia” que teve o objetivo de difundir o conceito da disfagia, sinais e sintomas, meios diagnósticos e possibilidades de tratamento. As ações aconteceram na Clínica-Escola, enfermarias, hall e serviço de neurologia de um hospital-escola, além de entrevistas na Rádio Universitária e realização do Simpósio em Atenção ao Dia da Disfagia, com o envolvimento de 72 profissionais da área de saúde. Portanto, o PED beneficiou pacientes com diagnóstico de disfagia, o ensino acadêmico, a pesquisa científica e os discentes puderam vivenciar diversas doenças de base, no âmbito multiprofissional possibilitando maior conhecimento e apropriação de créditos curriculares, favorecendo formação integral, com vivência dos métodos de diagnóstico e reabilitação tradicionais e tecnológicos. Conclusão: O PED beneficiou a reabilitação e reintegração social de pessoas com transtornos na deglutição, favoreceu a promoção e prevenção em saúde, fomentou a pesquisa científica, contribuindo com a formação acadêmica em perspectiva integral.

1 Zuercher P, Moret CS, Dziewas R, Joerg C. Schefold JC. Dysphagia in the intensive care unit: epidemiology, mechanisms, and clinical management. Critical Care.2019; 23:103.https://doi.org/10.1186/s13054-019-2400-2.
2 Robertson J et al. People With Intellectual Disabilities and Dysphagia. Disabil Rehabil. 2018; J40(11):1345-1360.
3 Velayutham P et al. Silent Aspiration: Who Is at Risk? Laryngoscope. 2018; 128(8):1952-1957.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1712
EFEITO DA CORRENTE AUSSIE NA VOZ DE MULHERES ADULTAS SEM QUEIXAS: ANÁLISE ACÚSTICA NÃO LINEAR.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução:A análise cepstral é uma alternativa atual e tem sido considerada confiável para avaliações de vozes, se comparada com as medidas tradicionais(1)além de apontar fortes predições de desvio voca(1-3). A estimulação elétrica laríngea vem sendo utilizada na prática clínica fonoaudiológica visando ao relaxamento da região cervical(4-6) e aponta modificação em parâmetros acústicos.Tem-se a hipótese de que após o uso da corrente Aussie de média frequência haverá mudança na qualidade vocal. Objetivo: Comparar os resultados pré e pós aplicação da corrente Aussie na qualidade vocal de mulheres adultas.Metodologia: O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da unidade universitária (parecer número:2.670.186). Participaram 10 mulheres, entre 18 a 30 anos de idade (média = 21,6 anos), sem queixas vocais. Todas foram submetidas a eletroestimulação com corrente Aussie (Frequência de 4kHz; burst de 4 milissegundos; frequência de modulação dos bursts de 100 a 120Hz e intensidade variável entre 1 a180 mA de acordo com o limiar e conforto do voluntário, durante 20 minutos e sentadas confortavelmente. Foram colocados dois pares de eletrodos auto-adesivos, medindo de 3,0cm x 3,0cm, um de cada lado, na região da quilha da laringe(4) e outros dois pares na região cervical nos ventres dos músculos trapézios direito e esquerdo, medindo 5,0cm x 5,0cm. Foram realizadas gravações da vogal /a/ sustentada imediatamente antes e após a aplicação da estimulação elétrica, em cabine acústica, utilizando gravador digital MARANTZ,modelo PMD600 e microfone Sennheiser modelo e395, posicionado a cinco cm de distância da boca da participante. Foi utilizada a medida CPPs (Cepstral Peak Proeminence-Smoothed) para extração da análise acústica não linear, por meio de um script do software PRAAT(7). Foi utilizado o teste de amostras emparelhadas para a comparação entre os dois momentos da intervenção, utilizado para a comparação das vozes entre sexo, nível de significância p<0,05. Resultado: A medida média do CPPs pré intervenção com a corrente Aussie foi 15,929dB e a do momento pós intervenção foi 15,717dB, sem diferença significativa entre os momentos (p=0,728). Os valores de CPPs encontrados neste estudo corroboram a literatura que apontou valores semelhantes para este tipo de emissão em mulheres adultas. Conclusão: A aplicação da corrente Aussie não mostrou efeito imediato na qualidade de mulheres sem queixas vocais. A medida CPPs se mostrou semelhante a valores mencionados pela literatura para mulheres adultas. Estudos mais robustos devem ser realizados, com maior número de participantes e também em mulheres com queixas vocais.



1- Lopes LW et al. Cepstral measures in the assessment of severity of voice disorders. CoDAS 2019;31(4):e20180175

2-Awan SN, Roy N, Dromey C. Estimating dysphonia severity in continuous speech: application of a multi-parameter spectral/cepstral model. Clin Linguist Phon. 2009;23(11):825-41.

3 - Wolfe VI, Martin DP, Palmer CI. Perception of dysphonic voice quality by naïve listeners. J Speech Hear Res.2000;43(3):697-705.

4 – Fabron EMG, Petrini AS, Cardoso VM; Batista JCT, Motonaga SM, Marino VCC. Efeitos imediatos da técnica de vibração sonorizada de língua associada à estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS). CoDAS. 2017; 29: p.e2015311.

5- Santos JKO, Gama ACC, Silvério KKA, Oliveira NFCD. Uso da eletroestimulação na clínica fonoaudiológica: uma revisão integrativa da literatura. Rev CEFAC. 2015; 17(5):1620-32

6- Mansuri B, Torabinejhad F,Jamshidi AA, Dabirmoghaddam P, Gharamaleki BV, Ghelichi L. Transcutaneous electrical nerve stimulation combined with voice therapy in women with muscle tension dysphonia. J Voice,2018.34(3):11-490.

7- Boesma, Paul. Praat: doingphoneticsbycomputer. http://www.praat. org/, 2006..


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1520
EFEITO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NO TRATAMENTO DAS DISFONIAS: REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Estudos demonstram que a Estimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) induz movimentos significativos das pregas vocais e provoca alterações na maioria das características acústicas avaliadas (1,2) e a Estimulação Elétrica Transcutânea (TENS) quando associada ao exercício vocal resulta em sensação de maior estabilidade na emissão vocal e ganho na qualidade vocal (3). No entanto, há necessidade de investigar a efetividade do uso deste recurso para o tratamento das disfonias disponíveis na literatura.
Objetivo: Investigar na literatura o estado da arte sobre qual o efeito da estimulação elétrica no tratamento das disfonias.
Métodos: Foram pesquisadas as publicações indexadas nas bases de dados Medline, LILACS, PubMed, Web of Science e Scielo, de novembro de 2019 à janeiro de 2020 em inglês e português. Foram incluídos artigos originais do tipo experimental com grupo controle abordando o tratamento da disfonia com estimulação elétrica em seres humanos, sem limites de idade, sexo ou raça. Excluímos teses, editoriais, comentários e opiniões, artigos de reflexão, estudos de caso, estudos experimentais com animais, modelos, projetos, relatórios e relatórios técnicos, artigos de revisão, bem como artigos abordando outras alterações que não estavam relacionados à disfonia. Após a busca nas bases de dados foram encontrados 3.537 artigos e após os critérios de inclusão e exclusão 11 artigos foram analisados na íntegra.
Resultados: Os artigos encontrados avaliaram os efeitos na estimulação elétrica neuromuscular (EENM) e da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) nas disfonias causadas por paralisia de prega vocal (n=5), na disfonia espasmódica (n=1), em pacientes com nódulos em pregas vocais (n=4) e nas disfonias comportamentais (n=1). A EENM foi aplicada com finalidade de contração muscular (n=6) e a TENS para promover alívio da dor e relaxamento muscular (n=5). De acordo com a análise metodológica dos artigos por meio da escala PEDro o escore médio foi 5,18 e os estudos foram considerados de alta qualidade (n=3) ou qualidade razoável (n=8). Os resultados indicaram que a estimulação elétrica teve um efeito terapêutico em vários aspectos da disfonia, porém devido ao alto risco de viés e à heterogeneidade dos estudos não é possível estabelecer a efetividade da eletroestimulação no tratamento das disfonias.
Conclusão: A estimulação elétrica tem sido estudada para auxiliar o tratamento de diversos casos de disfonia e embora essa abordagem pareça ser promissora seu uso como terapia de reabilitação convencional no tratamento da disfonia baseado em evidências não pôde ser conclusiva devido à fragilidade metodológica e a heterogeneidade dos estudos.

1. Seifpanahi S, Izadi F, Jamshidi A-A, Shirmohammadi N. Effects of transcutaneous electrical stimulation on vocal folds adduction. Eur Arch Oto-Rhino-Laryngology. 2017;(5).
2. Seifpanahi S, Izadi F, Jamshidi A-A, Torabinezhad F, Sarrafzadeh J, Mohammadi S. Role of the Internal Superior Laryngeal Nerve in the Motor Responses of Vocal Cords and the Related Voice Acoustic Changes. Iran J Med Sci. 2016;41(9):374–81.
3. Fabron EMG, Petrini AS, Cardoso V de M, Batista JCT, Motonaga SM, Mariano VC de C. Immediate effects of tongue trills associated with transcutaneous electrical nerve stimulation ( TENS ). CoDAS. 2017;29(3):1–9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1113
EFEITO DA FOTOBIOMODULAÇÃO NA ATIVIDADE ELÉTRICA, TEMPERATURA SUPERFICIAL DA MUSCULATURA SUPRA E INFRA-HIOIDEA E VOZ DE UMA PACIENTE COM DISFONIA HIPERFUNCIONAL: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A disfonia hiperfuncional é considerada o tipo mais frequente de disfonia ocupacional, sendo caracterizada pela tensão vocal desencadeada pelo desequilíbrio da musculatura do complexo hiolaríngeo1. A terapia inclui tanto a conscientização sobre os hábitos vocais saudáveis quanto técnicas vocais no intuito de corrigir postura, promover relaxamento da musculatura laríngea e região cervical, promover controle respiratório, coaptação glótica eficiente e equilíbrio ressonantal, além da melhora da articulação e redução dos sintomas vocais2,3. Nesse sentido, a fotobiomodulação surge como alternativa para tratamento complementar devido sua ação analgésica, anti-inflamatória e biomoduladora das funções fisiológicas celulares4,5. Objetivo: Relatar o caso de uma paciente com disfonia hiperfuncional submetida à fotobiomodulação e seu desfecho para temperatura, atividade elétrica da região supra e infra-hióidea e voz. Método: Trata-se de um relato de caso de caráter descritivo, aprovado pelo comitê de ética e pesquisa sob o parecer nº 3.436.910. O estudo foi realizado com uma paciente do sexo feminino, 53 anos, professora, com diagnóstico otorrinolaringológico de nódulos vocais. O laser de baixa intensidade (comprimento de onda de 808 nm, potência de 100mW, área 0,043 cm2 e fluência de 139,52 J/cm2) foi aplicado na musculatura extrínseca da laringe (dois pontos em cada hemilaringe) e na musculatura supra-hióidea (quatro pontos distribuídos de forma proporcional entre corpo de osso hioide e as bordas internas do corpo da mandíbula), utilizando a energia de 6J com tempo de irradiação de 60 segundos em cada ponto e energia total de 24J por região, aplicado durante seis sessões (1x/semana) e realizado antes dos exercícios vocais propostos pelo PIRV (Programa Integral de Reabilitação Vocal). A paciente foi avaliada no início do tratamento, na metade e ao final, após concluído as seis sessões. Para tanto, foram avaliadas a temperatura da região cervical pela Termografia, a atividade elétrica muscular pela Eletromiografia de Superfície (EMGs) e a análise perceptivo auditiva e acústica da voz durante emissão da vogal /e/ sustentada e contagem de 20 a 30 pela GRBASI e pela voxmetria, respectivamente. Resultados: Foi observado temperatura média da região cervical de 33,2ºC, sendo a variação da temperatura entre a região supra e a região infra-hióidea de -0,4 pré e de -0,1 pós programa terapêutico. Houve redução nos valores de EMGs (normatizados pela CVM), com simetria entre musculatura infra-hióidea direita e esquerda após término do programa (Infra direito: 8.9%; 5.23%; 2.32% e Infra esquerdo: 4.58%; 4.42%; 2.44%, respectivamente nas avaliações inicial, metade e final do tratamento). Já no que se refere à avaliação perceptivo-auditiva, a paciente apresentou evolução do grau geral da disfonia de moderada para leve e, quanto aos parâmetros acústicos, os valores de Jitter, Shimmer e irregularidade, alterados na avaliação inicial, foram reestabelecidos aos padrões de normalidade após conclusão do tratamento. Conclusão: Houve melhora quanto aos aspectos de temperatura, atividade elétrica muscular (redução e simetria) e parâmetros vocais, sugerindo valor de relevância à aplicação da fotobiomodulação associada à terapia tradicional na evolução do caso.

1.Kosztyła-Hojna B, Kuryliszyn-Moskal A, Rogowski M, Moskal D, Dakowicz A, Falkowski D.The impact of vibratory stimulation therapy on voice quality in hyperfunctional occupational dysphonia. Otolaryngol Pol. 2012; 66(3):219-26.
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4.Gomes CF, Schapochnik A. O uso terapêutico do LASER de Baixa Intensidade (LBI) em algumas patologias e sua relação com a atuação na Fonoaudiologia. DistúrbComum. 2017; 29(3):570-578.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
822
EFEITO DA LASERTERAPIA NO TRATAMENTO DA NEURALGIA DO TRIGÊMEO: RELATOS DE CASOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Neuralgia do Trigêmeo (NT) é uma dor crônica caracterizada por crises frequentes, unilaterais semelhantes a choques elétricos, ardência ou pontada, que percorre à distribuição de uma ou mais divisões do nervo trigêmeo, desencadeada por estímulos não nocivos1. A patologia desenvolve alterações nas funções estomatognáticas referente a fala e a mastigação, resultando em um padrão mastigatório ineficiente e, por vezes, com preferência pelo lado sadio da face. Indivíduos com NT evitam falar já que este é também um fator desencadeante de crise. Há um forte impacto na qualidade de vida, trazendo limitação física e psicossocial2,3. Pode se desenvolver sem causa aparente ou secundário a outros distúrbios4. OBJETIVO: Relatar três casos clínicos de pacientes com diagnóstico de NT submetidos à tratamento com laser de baixa Potência (LBP). METODOLOGIA: Participaram do estudo 3 voluntários que foram submetidos a uma anamnese e aos protocolos OHIP 14 – Questionário de qualidade de vida oral5, EVA – Escala Visual Analógica6, protocolo IDATE – Inventário da Ansiedade Traço-Estado7, SRQ 20 – SELF REPORT QUESTIONNAIRE8. O protocolo de laser consistiu na aplicação de 8 J de dose, com comprimento de onda infravermelho (808 nm) e Potência de 100 mW9. A aplicação foi pontual e de contato, seguindo a anatomia topográfica dos ramos do nervo afetado, a partir do gânglio trigeminal percorrendo o caminho do nervo com distância de 1 cm de um ponto para outro. Foram realizadas 12 sessões, duas vezes na semana. A primeira sessão de avaliação, na sequência, dez sessões de laserterapia finalizando com uma reavaliação. RESULTADOS: Os casos (C1, C2, C3) apresentaram diminuição da dor após tratamento com LBP. Os participantes referiram intensidade de dor 10 no pré-tratamento (pré-T) e no pós-tratamento (pós-T) relataram intensidade de dor 0, conforme a EVA. No teste SRQ 20 as respostas acima de 7 afirmativas demostram alteração e comprometimento emocional, no pré-T todos casos apresentavam altos níveis de alteração emocional (C1=16, C2=9, C3=11) já no pós-T o resultado mostra baixo nível de comprometimento emocional (C1=1, C2=0, C3=3). No protocolo IDATE quando o escore das duas escalas for maior que 41 pontos considera-se o indivíduo com alta ansiedade, no pré-T todos os casos apresentavam alto nível de ansiedade C1 (T=80) (E=80), C2 (T=44) (E=55), C3 (T=60) (E=71) no pós-T os resultados apontaram redução do nível de ansiedade, indicando baixa ansiedade C1(T=30) (E=25), C2 (T=38) (E=39), C3 (T=33) (E=30). No questionário de qualidade de vida oral (OHIP14) quanto maior o escore total, pior é a percepção na qualidade de vida. A soma dos escores podem chegar até o valor máximo de 56 pontos. No pré-T os indivíduos indicam pior percepção da qualidade de vida oral (C1=41, C2=32, C3=43) e no pós-T (C1=9, C2=18, C3=9) todos referem uma melhor percepção da qualidade de vida oral. CONCLUSÃO: O LBP apresentou excelentes resultados nos três casos tratados, reduzindo o nível de dor, melhorando a qualidade de vida, o comprometimento emocional e ansiedade, promovendo a readequação das funções de mastigação e fala.

1. Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition. Cephalalgia 2018;38:1–211.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
274
EFEITO DA MÚSICA SOBRE O CONTROLE AUTONÔMICO CARDÍACO E FLUÊNCIA EM INDIVÍDUOS COM GAGUEIRA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A gagueira é um distúrbio complexo com base neurobiológica, com muitos impactos na vida do falante. A fluência do indivíduo que gagueja pode melhorar com alguns fatores, como o canto, a retroalimentação auditiva atrasada, a leitura em coro entre outros. Sabe-se que, a música tem como efeito característico a ativação do sistema nervoso parassimpático e redução do sistema nervoso simpático, além de redução da frequência cardíaca. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é um método bem reconhecido pela literatura que analisa a regulação cardíaca autonômica. Objetivo: Analisar os efeitos da música sobre a fluência e o controle autonômico da frequência cardíaca em indivíduos com gagueira. Metodologia: Aborda um estudo observacional prospectivo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição (Parecer N° 0385/2011). O estudo foi realizado com 10 indivíduos de ambos os sexos na faixa etária entre 7 a 27 anos com diagnóstico de gagueira do neurodesenvolvimento persistente. Para participar da pesquisa foram estabelecidos os seguintes critérios : diagnóstico fonoaudiológico de gagueira neurodesenvolvimental persistente por profissional especialista da área, sendo que o início do distúrbio deve ter ocorrido na infância para caracterizá-lo como do neurodesenvolvimento, mínimo de 3% de disfluências típicas da gagueira, escore de, pelo menos, 11 pontos no Instrumento de Gravidade da Gagueira (Stuttering Severity Instrument – SSI-3) (RILEY,1994). No primeiro dia eles passaram por uma avaliação da fluência e análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), e em seguida foram expostos á música através do fone de ouvido por 10 minutos e após foi realizado um novo teste de fluência e uma nova variabilidade da frequência cardíaca. No segundo dia eles passaram novamente pelo teste de fluência e análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), e em seguida permaneceram com o fone de ouvido desligado por 10 minutos e após foi realizado um novo teste de fluência e uma nova variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Resultados: Constatou que não houve diferença estatística na comparação entre os parâmetros da fluência: frequências de disfluências típicas da gagueira, outras disfluências e total das disfluências, fluxos de sílabas e de palavras por minuto, entre as amostras de fala pré e pós silêncio, e pré e pós música. Os escores do Instrumento de Gravidade da Gagueira também não revelaram alterações significante nas duas condições analisadas . Não foi encontrado nenhum efeito significante , na raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos RR normais adjacente (RMDSSD), na banda de alta frequência e no desvio-padrão dispersão dos pontos perpendiculares à linha de identidade no plot de Poincaré (SD1) entre as medidas de pré e pós silêncio, e pré e pós música. Conclusão: O estímulo auditivo musical não alterou a VFC nem a fluência, com isso os efeitos do silêncio e da música do estilo clássico foram similares.



Daliri, A; Wieland, EA; Cai, S; Guenther FH; Chang SE. Auditory-motor adaptation is reduced in adults who stutter but not in children who stutter. Developmental Science, v. 21, n. 2 p. 1-11, 2017.
Riley, G. The stuttering severity instrument for adults and children (SSI-4) (4th ed.). Austin, TX: PRO-ED, 2009.
TASK FORCE OF THE EUROPEAN SOCIETY OF CARDIOLOGY AND THE NORTH AMERICAN SOCIETY OF PACING AND ELECTROPHYSIOLOGY. Heart rate variability: standards of measurement, physiological interpretation and clinical use. Circulation, v. 93, n. 5, p. 1043-1065, 1996.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2020
EFEITO DA TÉCNICA COM TUBO DE RESSON NCIA FLEXÍVEL NA GEOMETRIA OROFARÍNGEA E VOZ DE CANTORES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


RESUMO
Introdução: Os exercícios vocais com tubo de ressonância flexível trazem efeitos positivos na voz; porém, o entendimento sobre tais efeitos nos ajustes de trato vocal de cantores pode auxiliar no atendimento a essa população, que necessita manipular as potencialidades de tais ajustes, com menor risco à voz e maior efetividade para o canto1-5. A faringometria acústica é uma técnica quantitativa que permite a avaliação geométrica da cavidade orofaríngea por meio de um sinal acústico refletido após ter sido emitido pelo equipamento para o interior da cavidade oral, por meio de um tubo6. As medidas são analisadas por alterações na intensidade e pelo tempo de chegada da onda reflexa e permite medidas em tempo real da cavidade analisada, sem uso de radiação, pela análise das três dimensões (área, distância e volume), com boa acurácia e reprodutibilidade, além de ser um método não invasivo. Assim, buscou-se verificar o efeito imediato do tubo de ressonância flexível em água sobre a geometria orofaríngea de cantores com e sem sintomas vocais. Método: Sob aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos de uma universidade pública, número de parecer 2.489.740, participaram 10 cantores adultos, divididos em dois grupos: com (n=5) e sem (n=5) sintomas vocais, avaliados por meio da Escala de Sintomas Vocais e pareados por sexo e média de idade. Todos realizaram o exercício do tubo de Ressonância Flexível com a emissão sonorizada e contínua da vogal /u/ em loudness habitual na nota musical Dó3, de forma confortável, por três minutos. Os participantes foram submetidos à análise da geometria orofaríngea por meio da faringometria acústica, pré e pós exercício vocal. Para testagem da normalidade da amostra foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk; para comparação entre os grupos, aplicou-se o Teste t de Student para amostras independentes ou Mann-Whitney, quando a distribuição não era normal e na comparação entre os momentos pré e pós-técnica, o Teste t de Student para amostras relacionadas ou Wilcoxon, quando a distribuição não era normal, sempre considerando o nível de significância em 5%. Resultados: Embora na análise individual dos sujeitos tenham sido encontradas diferenças de até 26,76cm3 após a técnica, nas medidas de volume do trato vocal, na análise da amostra, por grupos, não houve diferença nas variáveis faringométricas estudadas, nem entre os grupos com e sem sintomas e nem entre os momentos pré e pós-técnica. Conclusão: a geometria orofaríngea não foi influenciada pelo exercício com tubo de ressonância flexível em água, nos cantores com e sem sintomas vocais. Considera-se que, em cantores treinados, os efeitos dos exercícios com tubos sobre a geometria orofaríngea sejam detectados após um tempo maior de treino e com variações tonais, o que deve ser considerado em estudos futuros.


1. Badurek ES. et al. Combined Functional Voice Therapy in Singers With Muscle Tension Dysphonia in Singing. J Voice, 2017; 31(4): 509.e23–509.e31.
2. Dargin TC, Searl, J. Semi-Occluded Vocal Tract Exercises: Aerodynamic and Electroglottographic Measurements in Singers. J Voice, 2015; 29(2): 155-64.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1487
EFEITO DA TERAPIA VOCAL ASSOCIADA À TENS EM MULHERES COM DISFONIA COMPORTAMENTAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é utilizada como recurso terapêutico auxiliar na reabilitação de pacientes com disfonia comportamental e seus efeitos têm impacto tanto nos aspectos musculares como nos aspectos vocais (1–6). Entretanto, os estudos prévios não realizaram intervenção vocal associada a estimulação elétrica (2,4–6), avaliaram apenas os aspectos musculares (3) ou fizeram a avaliação após uma única aplicação do estímulo associada ao exercício (1).
Objetivo: O objetivo deste estudo é investigar qual o efeito da terapia vocal associada à TENS em mulheres com disfonia comportamental.
Métodos: O estudo foi aprovado pelo comitê de ética sob n° 2.796.053 e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Trata-se de um ensaio clínico cego randomizado com mulheres com disfonia comportamental de 18 à 60 anos dividas em dois grupos. O grupo experimental recebeu aplicação da TENS associada à terapia vocal de acordo com o Programa Integral de Reabilitação Vocal (PIRV) e o grupo placebo recebeu TENS placebo associada à terapia vocal seguindo o mesmo programa. Todas as participantes realizaram oito sessões de acompanhamento, sendo a primeira e a última sessão de avaliação e seis sessões de terapia. Os desfechos avaliados foram a auto percepção vocal por meio do protocolo Índice de Desvantagem Vocal (IDV-10), avaliação perceptivo auditiva e acústica da voz, avaliação da atividade elétrica da musculatura supra e infra-hioidea e avaliação da temperatura superficial da musculatura supra e infra-hioidea. Foi realizada análise estatística utilizando o software STATA/SE 12.0
Resultados: Um total de 17 pacientes participaram do estudo, sendo oito do grupo experimental e nove do grupo placebo com idade média de 46,1 anos. O índice de desvantagem vocal apresentou redução apenas para o grupo placebo (p=0,002). A avaliação perceptivo auditiva e acústica da qualidade vocal não apresentaram diferença estatisticamente significante em ambos os grupos após a intervenção. Houve redução do percentual da atividade elétrica da musculatura infra-hioidea direita (p=0,036) e esquerda (p= 0,017) para o grupo experimental na emissão da vogal e fala encadeada (p=0,036). Apenas a musculatura infra-hioidea direita na emissão da vogal no grupo experimental teve aumento da temperatura após a intervenção (p=0,027) e houve redução quantitativa na diferença de temperatura entre a região supra e infra-hioidea para o grupo experimental.
Conclusão: A estimulação elétrica associada à terapia vocal promoveu redução da atividade elétrica da musculatura infra-hioidea e equilíbrio da temperatura entre a região supra e infra-hioidea em mulheres com disfonia comportamental.

1. Santos JK de O, Silvério KCA, Diniz Oliveira NFC, Gama ACC. Evaluation of Electrostimulation Effect in Women With Vocal Nodules. J Voice. 2016;30(6):769.e1-769.e7.
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3. Siqueira LTD, Ribeiro VV, Moreira PAM, Brasolotto AG, Guirro RR de J, Silverio KCA. Effects of transcutaneous electrical nervous stimulation (TENS) associated with vocal therapy on musculoskeletal pain of women with behavioral dysphonia: A randomized, placebo-controlled double-blind clinical trial. J Commun Disord [Internet]. 2019;82(4):1–13. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jcomdis.2019.105923
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1975
EFEITO DAS DIVERSAS ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO NA VOZ, FALA E DEGLUTIÇÃO NA ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa e não tem cura1. Afeta o corpo celular do neurônio motor e consequentemente todos os movimentos corporais dos indivíduos acometidos com essa doença2. Não sendo diferente com os movimentos necessários à execução das funções do sistema estomatognático como voz, fala e deglutição, cujas alterações prejudicam a comunicação e a alimentação dos pacientes3. O tratamento da doença é medicamentoso e multidisciplinar, visando o aumento da sobrevida com a melhor qualidade de vida possível para cada caso4. Objetivo: identificar e analisar os artigos que investigaram o efeito dos diversos tratamentos nas funções de voz, fala e deglutição na esclerose lateral amiotrófica. Método: A pergunta de pesquisa foi definida como: os diversos tratamentos causam algum efeito nas funções de voz, fala e deglutição na ELA? Em seguida foram definidos os termos para busca nas bases de dados. Dois pesquisadores independentes realizaram a busca nas seguintes bases de dados: Pubmed, Web of Science, Scopus, ASHA e Cochrane, entre os meses de dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Os termos utilizados na estratégia de busca foram: “amyotrophic lateral sclerosis”, “charcot disease”, “motor neuron disease, amyotrophic lateral sclerosis”, “Lou gehrig disease”, “gehrigs disease”, “ALS”, “speech therapies”, “therapy, speech”, “myofunctional therapy”, “voice training”, “myotherapy orofacial”, “Dysphagia/therapy”, “Dysphonia/therapy”, “Dysarthria/therapy”, “deglutition disorders/therapy”, “voice disorders/therapy”, “speech disorders/therapy”, “drug therapy”, “botulinum toxin”, “velopharyngeal insufficiency/surgery”, “pharyngeal muscles/surgery”, “randomized controlled trial”, “controlled clinical trial”, “randomized controlled trials”, “clinical trial”, “clinical trials”, “comparative study”, “follow-up studies”, “prospective studies”. Para os termos sinônimos, foi utilizado o operador boleano “OR” e para os termos que não eram sinônimos, o “AND”. Foram incluídos artigos primários, de intervenção, realizados em indivíduos adultos com ELA, na língua inglesa e sem restrições quanto ao tempo de publicação. Artigos com doenças associadas, artigos cujo desfecho esteja relacionado à auto-avaliação e à qualidade de vida, teses, dissertações, apenas abstracts disponíveis, estudos de caso, capítulos de livro, artigo de opinião, técnicos e diretrizes, comunicação breve e estudos pré-clínicos não foram incluídos no estudo. Após leitura do título e resumo, 16 artigos seguiram para análise. Resultado: como resultado desta revisão integrativa, 8 estudos não encontraram efeito nas funções de voz, fala e deglutição5;6;7;8;9;10;11;12. A deglutição manteve-se estável14;15. Foi observado melhora nos parâmetros da fala, como redução da frequência de pausa16, melhora na articulação17 e aumento da velocidade de fala16;18, bem como de deglutição17, apenas um estudo referiu melhora nos três parâmetros de voz, fala e deglutição19. Conclusão: observa-se que, segundo a maioria dos estudos, tratamentos medicamentosos não produzem efeito nas funções de voz, fala e deglutição.

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8. Beghi E, Chio A, Inghilleri M, Mazzini L, Micheli A, Mora G. et al. A randomized controlled trial of recombinant interferon beta-1a in ALS. Neurology 2000; 54(2), 469–469. doi:10.1212/wnl.54.2.469
9. Mazzini L, Testa D, Balzarini C, Mora G. An open-randomized clinical trial of selegiline in amyotrophic lateral sclerosis. Journal of Neurology. 1994; 241(4), 223–227. doi:10.1007/bf00863772
10. Meininger V, Bensimon G, Bradley WG, Brooks B R, Douillet P, Eisen A. et al. Efficacy and safety of xaliproden in amyotrophic lateral sclerosis: results of two phase III trials. Amyotrophic Lateral Sclerosis and Other Motor Neuron Disorders. 2004; 5(2), 107–117. doi:10.1080/14660820410019602


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1399
EFEITO DO BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO NAS DISFONIAS COMPORTAMENTAIS: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)
57250000


Introdução: A disfonia é descrita como um distúrbio na comunicação, representado por qualquer alteração na emissão vocal, que dificulte ou impeça a produção natural da voz, devido ao desequilíbrio dos músculos responsáveis pela produção vocal, causando prejuízo ao indivíduo. Quando a etiologia da disfonia está relacionada ao uso vocal incorreto, elas são classificadas como comportamentais. O biofeedback eletromiográfico pode ser aplicado no tratamento das disfonias comportamentais, pois ele permite o registro da atividade elétrica de um músculo ou grupo de músculos, onde o indivíduo visualiza o funcionamento dos músculos, acompanhando de forma simultânea como sua musculatura se comporta em determinada ação. Objetivo: Identificar o efeito do biofeedback eletromiográfico nas disfonias comportamentais. Método: Este estudo trata-se de uma revisão integrativa, fundamentada através da pergunta norteadora “quais os efeitos do biofeedback eletromiográfico nos indivíduos com diagnóstico de disfonia comportamental?”. A pesquisa foi realizada no período entre maio e junho de 2020. A estratégia de busca realizada foi: “Eletromiografia’’ AND “Biofeedback” AND “Disfonia’’ AND “Voz” OR “Distúrbios da Voz". Foram realizadas buscas eletrônicas nas plataformas Biblioteca Virtual em Saúde e Google Scholar, além das bases de dados Scientific Electronic Library Online, Pubmed, Science Direct, Catálogo de Teses e Dissertações - Capes Periódicos e na Biblioteca Virtual Brasileira de Teses e Dissertações. Foram incluídos artigos originais, publicados nos últimos quatro anos, nos idiomas inglês e português. Os critérios de exclusão foram: revisão de literatura, revisão sistemática e artigos que não abordavam a disfonia comportamental. As etapas de análise dos estudos foram realizadas nesta ordem: leitura dos títulos, leitura do resumo e artigos completos. Resultados: Após o cruzamento dos descritores e aplicação dos critérios de inclusão supracitados foram encontrados 44 artigos e 6 teses. Após a aplicação dos critérios de exclusão, leitura dos títulos e resumos, foram encontrados 2 artigos e 4 teses. Entretanto, 3 teses estavam em duplicidade, restando 2 artigos e uma tese, que foram lidos na íntegra. Conclusão: Há indícios, apesar dos poucos estudos, que o Biofeedback Eletromiográfico associado à terapia vocal nas disfonias comportamentais traz um maior equilíbrio funcional da produção da voz, mas não foi possível analisar eficácia na melhora da qualidade vocal, em seu uso individualizado. Entretanto, há melhora da percepção corporal e do controle neuromuscular.

1. Amorim GO, Balata PMM, Vieira LG, Moura TS, Hilton J. Biofeedback em disfonia - progresso e desafios. Braz. j. otorhinolaryngol. [Internet]. 2018 Mar [cited 2020 July 10] ; 84( 2 ): 240-248. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942018000200240&lng=en. https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2017.07.006.

2. Cielo CA, Finger LS, Roman NGe, Deuschle VP, Siqueira MA. Disfonia organofuncional e queixas de distúrbios alérgicos e/ou digestivos. Rev. CEFAC [Internet]. 2009 Set [citado 2020 Jul 06] ; 11( 3 ): 431-439. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462009000300010&lng=pt. https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000300010.

3.Ribeiro, VV. Efeito da terapia vocal associada ao biofeedback eletromiográfico em mulheres com disfonia comportamental: ensaio clínico randomizado, controlado e cego' 10/11/2017 315 f. Doutorado em Fonoaudiologia Instituição de Ensino: USP ( Faculdade de Odontologia de Bauru ), Bauru Biblioteca Depositária: Serviço de Biblioteca e Documentação da FOB/USP. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25143/tde-09052018-212116/fr.php

4. Allen KD. EMG biofeedback treatment of dysphonias and related voice disorders. J Speech Lang Pathol Appl Behav Anal. 2007; 2:149-57. Available from: https://doi.apa.org/fulltext/2014-51866-001.pdf

5. Ribeiro VV, Vitor JS, Honório HM, Brasolotto AG, Silverio KCA. Biofeedback eletromiográfico de superfície para disfonia comportamental em adultos: uma revisão sistemática. CoDAS [Internet]. 2018 [citado 2020 em 30 de junho]; 30 (6): e20180031. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822018000600601&lng=en. Epub 29 de novembro de 2018. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20182018031.

6. Aline NSA,Daniele AC, Patrícia MMB, Sara LSF, Hilton JS. "Eficácia da terapia de voz associada ao Biofeedback Eletromiográfico em mulheres com Disfonia Comportamental: Ensaio clínico duplo-cego randomizado." Distúrbios da Comunicação [Online], 31.2 (2019): 358-361. Web. 2 Jul. 2020.

7. Ribeiro VV , Moreira PAM, Andrade EC, Brasolotto AG, Silverio KCA. Efeito do Biofeedback Eletromiográfico associado a Terapia vocal na qualidade vocal de Mulheres disfônicas: resultados preliminare. In: IV Congresso Brasileiro de Eletromiografia e Cinesiologia: IV Jornada Nacional de Procedimentos Mioterátipicos COBEC; 2016 abril 14-16 São Paulo , Brasil, Ribeirão Preto – SP. 2016, p. 354.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
446
EFEITO DO ENVELHECIMENTO SOBRE A FUNÇÃO VESTIBULAR POR MEIO DO VEMP CERVICAL E OCULAR
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: os potenciais evocados miogênicos vestibulares (VEMP) são respostas eletrofisiológicas que conseguem fornecer informações dos órgãos otolíticos sáculo (cVEMP), utrículo (oVEMP) e do nervo vestibular1. Com o envelhecimento, alterações fisiológicas acontecem no sistema vestibular e estudos revelam a perda de células receptoras vestibulares e aferências primárias, perda de células ciliadas, diminuição do número de células do nervo vestibular e perda de neurônios no núcleo vestibular2,3. Estas mudanças morfológicas podem alterar o funcionamento do sistema vestibular e consequentemente os resultados de exames otoneurológicos4,5. Contudo, a literatura apresenta poucos estudos que relacionam os achados do VEMP com o envelhecimento5. Alguns estudos encontraram diminuição da amplitude de reposta e aumento da latência com o avanço da idade2,3. Entretanto, estes achados apresentam controversas na literatura5. Objetivo: verificar o efeito do envelhecimento sobre a função vestibular por meio do exame VEMP. Métodos: estudo transversal, observacional e analítico. Os procedimentos desta pesquisa foram aprovados pelo Comitê de Ética sob o nº 56877316.1.0000. 5149. A casuística foi composta por 63 indivíduos com a faixa etária entre 20 e 74 anos, de ambos os sexos, sem alterações otoneurológicas prévias autorrelatadas em questionário. Realizou-se a meatoscopia Mikatos® e timpanometria com o equipamento Otoflex 100 Otometrics®. A pele do participante foi preparada com gel para reduzir impedância elétrica antes da colocação de eletrodos e para a realização do VEMP cervical e ocular utilizou-se o equipamento de potenciais evocados auditivos da marca Otometrics®, modelo ICS Chartr EP 200, fones de inserção e eletrodos de superfície e autoadesivos. Os estímulos foram apresentados por meio de fones de inserção modelo ER 3A, com olivas de espuma descartáveis. Foram aceitas respostas obtidas com intensidade de contração muscular entre 50 e 200 µV. Foram aceitos valores de impedância abaixo de 5kOms e utilizado estímulo auditivo tone burst com intensidade inicialmente testada foi 95 dBNAn na frequência de 500Hz, monoaural. O participante foi submetido a, no mínimo, duas estimulações de cada lado, para verificar a replicação do potencial, depois iniciou-se a pesquisa do limiar reduzindo a intensidade do estímulo acústico de 5 em 5 dBNA até a ausência de resposta e considerou-se como limiar a menor intensidade onde foi encontrada resposta e esta replicou-se. A análise estatística foi realizada por meio do programa Statistical Package for Social Scienses (SPSS) versão 20.0, sendo adotado o nível de significância de 5% (p< 0,05), em todas as análises. Resultados: encontrou-se diminuição da amplitude bilateralmente em ambos os exames, aumento dos limiares de resposta no cVEMP e aumento das latências N10 esquerda e P16 direita no oVEMP. Conclusão: neste estudo verificou-se que com o envelhecimento houve diminuição da amplitude de respostas nos exames cVEMP e oVEMP bilateralmente. No exame cVEMP houve aumento do limiar de resposta bilateralmente e no oVEMP verificou-se aumento das latências N10 esquerda e P16 direita com o envelhecimento. Não encontrou-se diferença entre o índice de assimetria em ambos os exames com o aumento da idade.

1. Colebach JG, Halmagyi GM, Skuse NF. Myogenic potentials generated by a click-evoked vestibulocollic reflex. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1994;57:190-7.
2. Ochi K, Ohashi T. Age-related changes in the vestibular-evoked myogenic potentials. Otolaryngol Head Neck Surg. 2003;129:655-9.23.
3. Akin FW, Murnane OD, Tampas JW, Clinard CG. The effect ofage on the vestibular evoked myogenic potential and sterno-cleidomastoid muscle tonic electromyogram level. Ear Hear.2011;32:617-22.24.
4. Ribeiro MBN, Morganti LOG, Mancini PC. Avaliação do efeito da idade sobre a função vestibular por meio do Teste do Impulso Cefálico (v-HIT). Audiol Commun Res. 2019;24:e2209.
5. Macambira YK, Carnaúba AT, Fernandes LC, Bueno NB, Menezes PL. Aging and wave-component latency delays inoVEMP and cVEMP: a systematic review with meta-analysis. Braz J Otorhinolaryngol. 2017;83:475-87.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
205
EFEITO DO MASCARAMENTO SIMULTÂNEO NO LIMIAR ELETROFISIOLÓGICO CORTICAL COM ESTÍMULO DE FALA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A mudança no limiar sonoro na presença de outro estímulo subsequente, como um ruído de fundo, caracteriza um fenômeno chamado “mascaramento temporal”, porém modulações nesse ruído podem gerar uma melhor percepção das pistas acústicas de fala, quando comparado em situações que o ruído é contínuo, caracterizando o efeito de Masking Release, ou Benefício do Mascaramento Modulado (BMM). Objetivo: Analisar o limiar eletrofisiológico cortical com estímulo de fala diante do ruído estável e ruído modulado em jovens-adultos. Método: Trata-se de um estudo analítico transversal e observacional aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer 3.555.712. Participaram 12 indivíduos de 19 a 28 anos, de ambos os sexos e com audição normal. O exame de Potencial Evocado Auditivo Cortical foi realizado com o equipamento Inteligent Hearing Systems – IHS, modelo Opti-Amp 8008. O Potencial Cortical foi evocado com estímulo de fala sintética /ba/ simultaneamente ao ruído Speech Shaped Noise, sendo apresentado nas condições de ruído estável com intensidade forte de 65 dB NPS e ruído modulado em 25Hz, entre intensidades de 30 e 65 dB NPS e com período de modulação de 40 ms. O estímulo de fala /ba/ teve duração de 80 ms e foi calibrado com referência ao dB NPS de um tom contínuo de 1kHz, sendo apresentado em intensidade fixa de 65 dB NPS e taxa de apresentação de 3,8 estímulos por segundo. Eletrodos foram posicionados em Fpz (terra), Cz (positivo) e A1 e A2 (negativos), com impedância ≤ 5 kΩ. O estímulo /ba/ e o ruído foram apresentados de forma monoaural para a orelha direita via fone de inserção (ER2). Foi utilizado ganho de 100.000x e filtros entre 1 e 30 Hz com janela de gravação de 512 ms. O limiar eletrofisiológico foi pesquisado nas condições de ruído estável e ruído modulado, a partir da diminuição da intensidade do estímulo de fala /ba/ de 10 em 10 dB até o desaparecimento do complexo P1 N1 P2. Os dados foram analisados por meio do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0, sendo utilizadas medidas estatísticas descritivas de média, desvio padrão e teste de comparação de Wilcoxon (p-valor <0,005). Resultados: A média do limiar eletrofisiológico para a condição de ruído estável com intensidade forte e na condição de ruído modulado foi de 60,9 (± 3,7) e 49,1 (± 7,3) dB NPS respectivamente, com significância estatística de p=0,003. O BMM foi mensurado a partir da diferença de limiares entre as duas condições de apresentação do ruído, sendo obtido uma média de 11,7 (± 6,3) dB inferior no ruído modulado. Conclusão: A menor média de limiar diante do ruído modulado pode indicar um menor efeito do mascaramento temporal na nesta condição, sendo o BMM uma medida que pode estar relacionada à habilidade de resolução temporal dos indivíduos. Essa medida pode ser apontada como um marcador da capacidade do indivíduo para a percepção da fala no ruído, podendo ser utilizada na avaliação da capacidade de processamento temporal bem em populações com alterações específicas das habilidades auditivas.


Tanner MA, Spitzer ER, Hyzy JP, Grose JH. Masking Release for Speech in Modulated Maskers: Electrophysiological and Behavioral Measures. Ear hear. 2018; 40: 1009-15.

Advincula KP, Menezes DC, Pacifico FA, Costa MLG, Griz, SMS. Efeito da idade no processamento auditivo temporal: beneficio da modulação do mascaramento e efeito do pós-mascaramento. Revista Audiology - Communication Research. 2018; 23.

Maamor N, Billings C. Cortical signal-in-noise coding varies by noise type, signal-to-noise ratio, age, and hearing status. Neurosci Lett. 2017; 636: 258-64.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1519
EFEITO DO MASCARAMENTO TEMPORAL NO FREQUENCY FOLLOWING RESPONSE
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O mascaramento auditivo temporal é uma habilidade do sistema auditivo caracterizado pela modificação do limiar de um som (alvo), na presença de outro competitivo, como por exemplo, o ruído. O efeito mascarante pode acontecer quando o ruído é apresentado antes (forward masking ou pós-mascaramento), após (backward masking ou pré-mascaramento) ou simultaneamente ao som alvo (simultaneos masking ou mascaramento simultâneo). Esses efeitos podem desencadear dificuldades em níveis diferentes na percepção dos sons de fala em ambientes ruidosos, pois mesmo cessado o ruído, o efeito mascarante pode se prolongar por alguns milissegundos. OBJETIVO: Descrever o efeito do mascaramento temporal não simultâneo forward masking no frenquency following response em diferentes populações. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura que teve como pergunta norteadora: “Como se dá o efeito do mascaramento temporal no frequency following response em diferentes populações?”. Foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados MEDLINE (via Pubmed) e SciELO, utilizando-se as seguintes estratégias de busca: frequency following response AND noise AND forward masking, bem como os respectivos termos em português. Foram considerados os artigos em quaisquer línguas, publicados no período de 2010 a 2020 e formato artigo original. Para a seleção e avaliação dos artigos científicos, foram considerados apenas os artigos que correspondam ao objetivo proposto, sendo esta etapa realizada através da leitura de títulos, resumos e artigos completos, respectivamente. RESULTADOS: Foram encontrados 11 artigos nas bases de dados utilizadas. Após a leitura dos títulos, foram selecionados 10 artigos, que tiveram seus resumos analisados, reduzindo a amostra para oito artigos. Após a leitura dos artigos na íntegra, apenas sete foram selecionados para este trabalho. As pesquisas encontradas indicaram que o ruído apresenta grande influência nos registros dos potenciais evocados auditivos, independente da população, do tipo de estímulo ou dos critérios de aquisição que são utilizados. Nos jovens, foi observado um aumento na latência quando o tempo entre o ruído e a sílaba diminui, sendo essa associação mais evidenciada nos picos iniciais do que para os picos mais tardios. Já nos idosos, observou-se respostas evocadas menos robustas quando comparadas às dos jovens, principalmente na onda PZ, com um aumento significativo das latências. A onda PV encontra-se mais alterada decorrente do efeito do pós-mascaramento, sendo nos jovens o aumento da latência dependente da distância entre o ruído e a sílaba. A onda PX não sofre alterações nos jovens, embora nos idosos seja a que mais sofre influência do pós-mascaramento. A onda PY demonstra ser a mais resistente à interferência do ruído nas populações estudadas. CONCLUSÃO: Estudos demonstram que o frequency following response pode fornecer uma medição objetiva do efeito do pós-mascaramento na decodificação da fala, sendo um importante instrumento na avaliação de déficits do processamento temporal.

PALAVRAS-CHAVE: Frequency Following Response. Forward masking.


Filippini Renata, Schochat Eliane. A new paradigm for temporal masking assessment: pilot study. CoDAS [Internet]. 2014 July [cited 2020 July 06]; 26 (4): 302-307.

Grose John H, Menezes Denise C, Porter Heather L, Griz Silvana. Padrões de Período de Mascaramento e Mascaramento Direto para Ruído em Forma de Fala, Orelha e Audição: janeiro / fevereiro de 2016 - Volume 37 - Edição 1 - p 48-54.

Griz SMS, Menezes DC, Angelo Venâncio LG, et al. Effect of Forward Masking on Frequency Following Response as a Function of Age. J Am Acad Audiol. 2020;31(5):317-323.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1330
EFEITO DO OBTURADOR FARÍNGEO NA FALA DE INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO VELOFARÍNGEA APÓS A CORREÇÃO CIRÚRGICA DA FISSURA LABIOPALATINA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A hipernasalidade é o principal sintoma de fala na presença da disfunção velofaríngea (DVF). É considerado sintoma passivo porque pode ser eliminado por meio de um procedimento físico secundário (cirúrgico ou obturador faríngeo). Quando a hipernasalidade não é eliminada após a realização desses procedimentos, poderia ser ela considerada como um sintoma ativo, resultante de um erro articulatório? O presente estudo levanta a hipótese de que pacientes que usam obturador faríngeo podem eliminar a hipernasalidade quando esta for apenas um sintoma passivo, mas quando esta for um sintoma ativo, decorrente de erro de aprendizagem no uso das estruturas velofaríngeas, talvez possa ser melhorada, mas não eliminada apenas com o uso do obturador faríngeo. Objetivo: Descrever o efeito imediato do obturador faríngeo para eliminar a hipernasalidade em indivíduos com fissura de palato operada. Metodologia: O estudo foi constituído por 20 indivíduos, na faixa etária de 11 a 40 anos (média = 24,5 anos), com fissura labiopalatina operada que ficaram com DVF após a palatoplastia primária. Todos tiveram a cirurgia secundária contraindicada por apresentarem pouco ou nenhum movimento de paredes faríngeas, e por esta razão, tiveram indicação para uso de obturador faríngeo. Para comparar os resultados da ocorrência de hipernasalidade de fala nas condições com e sem obturador faríngeo, os participantes tiveram suas amostras de fala gravadas avaliadas (perceptivo-auditiva) por três fonoaudiólogas experientes na avaliação da fala de pacientes com fissura labiopalatina. Também foram comparados os escores de nasalância (obtidos pela nasometria) em ambas condições. Resultados: Sem obturador faríngeo: pela avaliação perceptivo-auditiva das avaliadoras, dos 20 (100%) participantes, 8 (40%) não apresentaram hipernasalidade nas amostras gravadas e 12 (60%) apresentaram. Os escores de nasalância mostraram que dos 20 (100%) participantes,19 (95%) apresentaram escores indicativos de presença de hipernasalidade e 1 (5%) não apresentou. Com obturador faríngeo: pela avaliação perceptivo-auditiva, dos 8 (100%) que não haviam apresentado hipernasalidade sem obturador faríngeo, 3 (37,5%) apresentaram hipernasalidade com a prótese e 5 (62,5%) permaneceram sem hipernasalidade. E, dos 12 (100%) que apresentaram hipernasalidade de fala sem a prótese, 3 (25%) eliminaram a hipernasalidade com a prótese e 9 (75%) não a eliminaram. Os escores de nasalância mostraram que 1 (5%) paciente apresentou ausência de hipernasalidade nas condições sem e com obturador faríngeo. Dos 19 (95%) pacientes que haviam apresentado escores compatíveis com presença de hipernasalidade sem obturador faríngeo, 17 (85%) permaneceram com escores indicativos de hipernasalidade e 2 (10%) passaram a apresentar escores de ausência de hipernasalidade. Conclusão: Em 85% dos casos avaliados a adaptação do obturador faríngeo não foi suficiente para corrigir a hipernasalidade, sendo necessária a indicação da fonoterapia.


Pegoraro-Krook MI. Avaliação da fala de sujeitos que apresentam insuficiência velofaríngea e que utilizam prótese de palato São Paulo [tese]. São Paulo Escola Paulista de Medicina; 1995.

Pegoraro-Krook MI, Aferri HC, Uemeoka E. Prótese de palato e obturadores faríngeos. In: Jesus MSV, Di Ninno CQMS. Fissura labiopalatina: fundamentos para a prática fonoaudiológica. São Paulo: Rocca; 2009.

Bzoch KR. A battery of clinical perceptual tests, techniques and observations for reliable clinical assessment evaluation, and management of 11 categorical aspects of cleft speech disorders. In: Bzoch KR. Communicative disorders related to cleft lip and palate. 5th ed. Austin: Pro-Ed; 2004. cap. 12, p.375-462.
Genaro KF, Yamashita RP, Trindade IEK. Avaliação clínica e instrumental na fissura labiopalatina. In: Ferreira LP, Befi-Lopes DM, Limongi SCO. Tratado de Fonoaudiologia. 2. ed. São Paulo: Roca; 2010. p. 456-77.

Aferri HC. Avaliação das etapas de confecção da prótese de palato em crianças com fissura palatina [dissertação]. Bauru (SP): Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo; 2011.

Dutka JCR, Pegoraro-Krook MI. Avaliação e tratamento das disfunções velofaríngeas. In: Marchesan I, Justino H, Tomé M (Org). Tratado das especialidades em fonoaudiologia. 3ed. São Paulo. Guanabara Koogan. 2014. p. 363-368

Kummer AW, Marshall JL, Wilson MM. Non-cleft causes of velopharyngeal dysfunction: Implications for treatment. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2015;79(3):286-95.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
768
EFEITO DO TREINAMENTO VOCAL COM SOBRECARGA NA AUTOPERCEPÇÃO E NA QUALIDADE VOCAL DE MULHERES COM QUEIXA DE FADIGA VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A fadiga vocal pode ser um sintoma de desequilíbrio vocal, quando associada a comportamentos negativos, pode ser consequência ou causa da disfonia1,2. O impacto que a disfonia incide sob a qualidade de vida do indivíduo não apresenta necessariamente relação direta com o grau de alteração vocal3. A Técnica de Vibração Sonorizada de Língua (TVSL) é uma das mais utilizadas nos treinamentos vocais, pois auxilia no relaxamento laríngeo e melhora a regularidade de vibração das pregas vocais4,5. Acredita-se que o treinamento vocal com TVSL associado a intervalos e sobrecarga controlados pode ajudar no ganho de resistência muscular6,7, amenizando a fadiga vocal7, impactando também na qualidade vocal. Objetivo: analisar os efeitos da TVSL com sobrecarga de intensidade vocal e intervalos controlados, na autoavaliação e qualidade vocal de mulheres com queixas de fadiga vocal. Materiais e métodos: ensaio clínico, randomizado e cego (aprovação ética: 1.959.559; registro REBEC: RBR-44ys9m). Participaram 28 mulheres entre 18 e 44 anos, com queixas de cansaço vocal, sem lesões laríngeas, randomizadas: GE (Grupo Experimental) e GC (Grupo Controle). Todas receberam seis sessões de treinamento vocal, com 12 minutos de execução da TVSL, em pitch habitual. O GE treinou a TVSL com sobrecarga de intensidade vocal (intensidade de treinamento=70% da diferença entre intensidade mais forte e mais fraca na execução da TVSL + intensidade mais fraca), com intervalos controlados: oito séries de 30 segundos intercaladas com repouso (30 segundos)6, totalizando 12 minutos de execução da TVSL. O GC realizou treinamento vocal com 12 minutos de TVSL em loudness habitual, com descanso a cada três minutos de execução da TVSL, sem marcação do tempo de repouso6. Todas responderam o Índice de Fadiga Vocal (IFV)2, o protocolo Qualidade de Vida em Voz (QVV)8, e gravaram a voz (vogal e contagem) para análise acústica (f0, jitter, shimmer, VTI, SPI, NHR) e perceptivo-auditiva (grau geral, rouquidão, soprosidade, tensão e instabilidade, por meio de escala visual analógica), antes e após o treinamento. Aplicou-se teste Anova de medidas repetidas e teste Tukey (p<0,05). Resultados: os domínios “total” (p<0,001), “fadiga e restrição vocal” (p<0,001) e “desconforto físico associado à voz” (p<0,001) do IFV, reduziram significativamente após o treinamento, em ambos grupos, sem diferenças entre eles. Houve redução significante nos domínios “total” (p<0,001), “físico” (p<0,001) e “socioemocional” (p=0,007) do QVV, sem diferenças entre grupos após o treinamento. Na análise perceptivo-auditiva não houve diferença entre os grupos após o treinamento, havendo aumento do grau de tensão vocal (p=0,046) na vogal e aumento do grau geral do desvio vocal (p=0,036) na contagem. A análise acústica também não apontou diferença significativa entre os momentos e grupos, após treinamento. Conclusão: o treinamento com a TVSL aplicada com sobrecarga foi tão efetivo quanto o treinamento vocal tradicional, em mulheres com queixas vocais em relação à fadiga vocal, qualidade vocal e qualidade de vida relacionada à voz. Apesar de haver aumento do desvio do grau geral da qualidade vocal e do grau de tensão, em ambos os grupos, clinicamente foi considerado não relevante por se tratar de desvios dentro da variação de normalidade.

1. WELHAM, N.V.; MCLAGAN, M.A. Vocal fatigue: current knowledge and future directions. J Voice. V. 17, n. 1, p. 21-30, 2003.
2. ZAMBON, F. et al. Equivalência cultural da versão brasileira do Vocal Fatigue Index – VFI. CoDAS, v. 29, n. 2, p. e20150261, 2017.
3. GRILLO, M.H.M.M.; PENTEADO, R.Z. Impacto da voz na qualidade de vida de professore(a)s do ensino fundamental. Pró-Fono Revista de Atualização Científica.; V. 17, n. 3, p. 321-330, 2005.
4. MENEZES, M. H. M.; DUPRAT, A. C.; COSTA, H. O. Vocal and laryngeal effects of voiced tongue vibration technique according to performance time. J Voice. V. 19, n. 1, p. 61-70, 2005.
5. RIBEIRO, V. V. et al. The effect of a voice therapy program based on the taxonomy of vocal therapy in women with behavioral dysphonia. J Voice. V. 33, n. 2, p. 256 -e16; 2019.
6. SILVA, D. P. Proposta de Periodização do Treinamento Vocal (PPTV) com técnica de vibração sonorizada de língua. [Dissertação]. Bauru (SP): Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo; 2016.
7. VITOR, J. S.Treinamento Vocal Periodizado com técnica de vibração sonorizada de língua em mulheres com queixas vocais: ensaio clínico. [Dissertação]. Bauru (SP): Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo; 2018.
8. BEHLAU, M et al. Validação no Brasil de protocolos de auto-avaliação do impacto de uma disfonia. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. V. 21, n. 4, p. 326-336; 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1837
EFEITO DO USO DA MÁSCARA FACIAL NA AUTOPERCEPÇÃO VOCAL DURANTE A PANDEMIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Em 2020 a Organização Mundial de Saúde declarou estado de pandemia, decorrente do vírus Sars-Cov-21 que causa uma doença humana chamada COVID-19. Diversas intervenções não-farmacológicas têm sido recomendadas para conter a transmissão da doença2, dentre as quais encontra-se o uso de máscaras faciais2–4. Atualmente o uso da máscara no Brasil é obrigatório para atividades profissionais e essenciais. A máscara causa atenuação da voz5, o que pode gerar um desequilíbrio na produção vocal decorrente da diminuição da intensidade, do fluxo aéreo inspiratório, e dificuldade de articular e visualizar a articulação da fala. Dessa forma, acredita-se que o uso incorreto da voz associado ao uso da máscara pode gerar esforço, sintomas de fadiga e desconfortos vocais6,7. Diante do novo cenário cuja obrigatoriedade do uso de máscaras pode perdurar por muito tempo, torna-se necessário compreender se há risco vocal com o uso de máscaras a fim de verificar a necessidade de promoção de ações de saúde pública sobre o uso vocal associado à máscara. OBJETIVO: Analisar a autopercepção vocal de indivíduos que estão utilizando a máscara para atividades essenciais e de indivíduos que estão utilizando a máscara para atividades essenciais e para o trabalho durante a pandemia de COVID-19. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, observacional e descritivo (CEP nº 4.024.973). Participaram 467 indivíduos, 346 do sexo feminino e 122 do sexo masculino, com idade média de 36 anos, divididos em: Grupo Atividades Essenciais e Profissionais (GP) – 288 indivíduos que estão utilizando a máscara para atividades essenciais e profissionais durante a pandemia; Grupo Atividades Essenciais (GAE) – 179 indivíduos que estão utilizando a máscara para atividades essenciais durante a pandemia. Todos os participantes responderam os instrumentos Índice de Fadiga Vocal8; Escala de Desconforto do Trato Vocal9; e, autoavaliação da autopercepção de esforço vocal, dificuldades de inteligibilidade de fala, dificuldade de feedback auditivo e dificuldade de coordenação entre fala e respiração (escala de likert de 0 – nunca a 5 – sempre). A resposta deveria considerar o momento com e sem o uso da máscara facial. Foi realizada estatística descritiva e inferencial. RESULTADOS: Os grupos foram homogêneos quanto a idade, sexo, escolaridade, tempo de profissão e carga horária de trabalho. Na comparação intra-grupos, observou-se aumento no esforço vocal, dificuldade de inteligibilidade de fala, e dificuldade para coordenar fala e respiração em ambos os grupos, além de piora do feedback auditivo na condição sem uso da máscara facial para a condição com uso da máscara facial (p<0,001 para todos). Na comparação entre os grupos, houve escores significativamente maiores de sintomas de fadiga vocal nos fatores fadiga e limitação vocal (p=0,001), restrição vocal (p=0,046) e total (p=0,016); de frequência (p<0,001) e intensidade (p<0,001) de desconforto no trato vocal; e de autopercepção da frequência de esforço vocal (p=0,017), dificuldade com inteligibilidade de fala (p=0,003) e dificuldade para coordenar fala e respiração (p=0,003) com o uso da máscara no GP, em relação ao GAE. CONCLUSÃO: A máscara facial aumenta a percepção de sintomas e desconfortos vocais, principalmente em indivíduos que utilizam para atividades profissionais e essenciais.

1. World Health Organization. Novel Coronavirus – China. WHO. https://www.who.int/csr/don/12-january-2020-novel-coronavirus-china/en/. Published 2020. Accessed April 6, 2020.
2. Garcia LP, Duarte E. Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento à epidemia da COVID-19 no Brasil. Epidemiol e Serviços Saúde. 2020;29(2). doi:10.5123/S1679-49742020000200009
3. Yu X, Yang R. COVID-19 transmission through asymptomatic carriers is a challenge to containment. Influenza Other Respi Viruses. April 2020. doi:10.1111/irv.12743
4. Kucharski AJ, Russell TW, Diamond C, et al. Early dynamics of transmission and control of COVID-19: a mathematical modelling study. Lancet Infect Dis. 2020;20(5):553-558. doi:10.1016/S1473-3099(20)30144-4
5. Goldin A, Weinstein B, Shiman N. How do medical masks degrade speech perception? Hear Rev. 2020;27(5):8-9.
6. Balata PMM, Silva HJ, Pernambuco LA, et al. Electrical Activity of Extrinsic Laryngeal Muscles in Subjects With and Without Dysphonia. J Voice. 2015;29(1):129.e9-129.e17. doi:10.1016/j.jvoice.2014.03.012
7. Hocevar-Boltezar I, Janko M, Zargi M. Role of surface EMG in diagnostics and treatment of muscle tension dysphonia. Acta Otolaryngol. 1998;118:739-743.
8. Zambon F, Moreti F, Ribeiro VV, Nanjundeswaran C, Behlau M. Vocal Fatigue Index: Validation and Cutoff Values of the Brazilian Version. J Voice. 2020.
9. Rodrigues G, Zambon F, Mathieson L, Behlau M. Vocal tract discomfort in teachers: Its relationship to self-reported voice disorders. J Voice. 2013;27(4):473-480. doi:10.1016/j.jvoice.2013.01.005


TRABALHOS CIENTÍFICOS
756
EFEITO IMEDIATO DA APLICAÇÃO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS) ASSOCIADA A EXERCÍCIOS VOCAIS NA QUALIDADE VOCAL DE MULHERES DISFÔNICAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A TENS atua na redução de sintomas vocais/laringofaríngeos e dor musculoesquelética nas disfonias comportamentais1. Apesar dessas evidências, existem poucos estudos1-4 que investigaram os seus efeitos na qualidade vocal. Também não há evidência científica quanto a sua ordem de aplicação (antes ou após exercícios vocais), o que pode interferir no resultado do tratamento, pois essa corrente elétrica proporciona forte abalo na musculatura laríngea, podendo diminuir a ativação muscular na execução de exercícios vocais após sua aplicação. Objetivo: Verificar e comparar os efeitos imediatos de duas diferentes ordens de aplicação da TENS: antes e após a execução de exercícios vocais, na qualidade vocal de mulheres com disfonia comportamental. Metodologia: Estudo experimental, prospectivo, cross-over (comitê de ética: 3.288.587). Participaram 30 mulheres (18-50 anos) com lesões laríngeas (cisto com reação contralateral, nódulos vocais ou espessamento mucoso)5 e queixas vocais. Todas gravaram a voz (vogal /a/ sustentada e contagem de 1 a 20) antes/após intervenções. A ordem de aplicação da TENS foi: TENS + exercícios vocais (A) ou exercícios vocais + TENS (B). TENS: 20 min, pulso:200μs, frequência:10Hz, no limiar motor e eletrodos posicionados bilateralmente nas fibras descendentes do músculo trapézio e região submandibular. Exercícios vocais: 20 min, vibração sonorizada de língua, /m/ mastigado, apito de navio, técnica Lax Vox e finger kazoo. As participantes realizaram ambas intervenções com wash-out de uma semana; a primeira intervenção foi selecionada por meio de randomização simples. A análise perceptivo-auditiva avaliou: grau geral, rugosidade, soprosidade e instabilidade da qualidade vocal, por meio de escala visual analógica. As vozes foram analisadas por três juízes, cegos quanto aos grupos e momentos de avaliação. Realizou-se análise acústica dos parâmetros: frequência fundamental (f0), jitter, shimmer, proporção ruído-harmônico (NHR) e índice de fonação suave (SPI). Para comparação intragrupo e intergrupo, foi aplicado o Teste t-pareado (p<0,05). Resultados: Intragrupo: na vogal, verificou-se aumento da soprosidade e diminuição de tensão vocal em A (p<0,001 e p=0,011) e B (p=0,017 e p<0,001), respectivamente, e aumento de instabilidade no grupo B (p=0,033). Na contagem, houve aumento do grau geral (p=0,049), rugosidade (p=0,018) e soprosidade (p=0,013) no grupo A. No grupo B, houve aumento da soprosidade (p<0,001) e diminuição da tensão vocal (p<0,001). Observou-se diminuição da f0 (p=0,002) e aumento de jitter (p=0,028) no grupo B e aumento do SPI em A (p=0,004) e B (p<0,001). Intergrupo: Apenas na contagem, verificou-se maior desvio da soprosidade no grupo B (p=0,041), que também apresentou valor mais elevado de NHR (p=0,001) em relação ao grupo A. Conclusão: Ambas as ordens de aplicação da TENS provocaram diminuição da tensão vocal na vogal sustentada, entretanto, apenas na ordem exercícios + TENS houve diminuição da tensão vocal na contagem. As modificações detectadas pela análise acústica após intervenções, possivelmente são relacionadas à diminuição de tensão vocal em exercícios + TENS. Na ordem exercícios + TENS houve maior desvio da soprosidade e da NHR quando comparada à TENS + exercícios. Assim, sugere-se que exercícios + TENS possa favorecer mais a diminuição da tensão vocal em mulheres com disfonias comportamentais.

1. Silverio KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of application of Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation and Laryngeal Manual Therapy in dysphonic women: clinical trial. J Voice. 2015;29(2):200-8.
2. Santos JK, Silverio KC, Oliveira NFD, Gama AC. Evaluation of Electrostimulation Effect in Women With Vocal Nodules. J Voice. 2016 Nov;30(6):769.e1-769.e7.
3. Conde MCM, Siqueira LTD, Vendramini JE, Brasolotto AG, Guirro RRJ, Silverio KCA. Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS) and Laryngeal Manual Therapy (LMT): Immediate Effects in Women With Dysphonia. J Voice. 2018 May;32(3):385.
4. Mansuri B, Torabinejhad F, Jamshidi AA, Dabirmoghaddam P, Vasaghi-Gharamaleki B, Ghelichi L. Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation Combined With Voice Therapy in Women With Muscle Tension Dysphonia. J Voice. 2018 Dec 7.(18)30360-6.
5. Behlau M, Zambon F, Moreti F, et al. Voice Self-assessment Protocols : Different Trends Among Organic and Behavioral Dysphonias. J Voice. 2016. doi:10.1016/j.jvoice.2016.03.014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1513
EFEITO IMEDIATO DE DOIS EXERCÍCIOS DE TRATO VOCAL SEMIOCLUÍDO NAS MEDIDAS AERODINÂMICAS, ELETROGLOTOGRÁFICAS E DE AUTOAVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO VOCAL EM MULHERES COM E SEM DISFONIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Os exercícios de trato vocal semiocluído (ETVSO) vêm sendo executados desde a década de 60. Porém, nos últimos 15 anos seus efeitos têm sido mais estudados(1). O principal objetivo deles é facilitar a interação não-linear entre fonte e filtro e promover a economia vocal(2-3). A literatura apresenta diversos ETVSO, com especificidades físicas relacionadas ao tipo de oclusão e alongamento do trato vocal, à pressão envolvida e a diversos fatores da fisiologia subjacente(2,4). A maioria desses exercícios não permite fala encadeada concomitantemente à execução, o que dificulta a generalização dos ajustes(5,6). Uma das variantes de ETVSO, com possibilidade de fala, é a fonação em copo(7), porém, faltam evidências científicas sobre seus efeitos. OBJETIVO: Comparar os efeitos imediatos de dois ETVSO nas medidas aerodinâmicas, eletroglotográficas e de autoavaliação da produção vocal em mulheres com e sem disfonia. MÉTODOS: Estudo quasi-experimental aprovado pelo CEP (parecer nº 144-2016). Participaram 30 mulheres, 15 com diagnóstico de disfonia comportamental (GD) e 15 com vozes saudáveis (GVS), alocadas aleatoriamente em dois grupos: 1) exercício de vibração de língua sonorizada e 2) exercício de fonação em copo de isopor de 300 mililitros com uma perfuração no fundo e produção de uma vogal neutra. A frequência fundamental da fala foi autoselecionada individualmente, em emissão sustentada, com frequência e intensidade confortáveis, posteriormente controladas por um sintonizador, para que não houvesse variações entre as medidas pré e pós-exercícios. Os desfechos avaliados antes e após três minutos de exercícios foram: avaliação aerodinâmica do limiar de pressão fonatória (LPF) e o nível de pressão sonora (NPS) com o equipamento Phonatory Aerodynamic System, modelo 6600, Pentax Medical®; avaliação eletroglotográfica do quociente de contato (QC), com o equipamento Electroglottography, modelo D200, Pentax Medical®; autoavaliação da produção vocal ressonante, baseada na auto-percepção da dificuldade em produzir o ajuste, mensurada por meio de uma escala analógica visual de 100 milímetros, sendo a extrema esquerda equivalente a voz muito difícil de ser produzida e não ressonante, e extrema direta voz muito fácil e ressonante. Os dados foram avaliados com ANOVA de medidas pareadas, teste de Tukey e Eta quadrado parcial. RESULTADOS: Houve redução do momento pré para o pós das medidas LPF (p=0,002; η²p=0,324) e do NPS (p=0,010; η²p=0,229), e aumento do QC entre as pregas vocais (p=0,018; η²p=0,197) e da autopercepção de voz fácil e ressonante (p=0,001; η²p=0,352), todos com tamanho de efeito médio, independentemente do grupo e do exercício. O GD apresentou valores significativamente maiores que o GVS no LPF (p=0,008; η²p=0,239), e no NPS (p=0,011; η²p=0,224) com tamanho de efeito médio, independentemente do momento e do exercício. Houve aumento significativo do momento pré para o momento pós na autoavaliação da produção vocal no GD, com tamanho de efeito médio, independentemente do exercício (p=0,002; η²p=0,302). CONCLUSÃO: Os dois ETVSO parecem produzir efeitos imediatos objetivos e subjetivos positivos, com efeito simular. Portanto, o clínico pode escolher qual das duas técnicas é a mais indicada e pode usar a fonação em copo, com fala encadeada, pois produz efeitos semelhantes ao exercício tradicional de vibração de língua sonorizada.

1- Simberg S, Laine A. The resonance tube method in voice therapy: Description and practical implementations. Logop Phoniatr Vocology. 2007;32(4):165-170.

2- Calvache C, Guzman M, Bobadilla M, Bortnem C. Variation on Vocal Economy After Different Semioccluded Vocal Tract Exercises in Subjects With Normal Voice and Dysphonia. J Voice. 2020;34(4):582-589.

3- Croake DJ, Andreatta RD, Stemple JC. Immediate Effects of the Vocal Function Exercises Semi- Occluded Mouth Posture on Glottal Airflow Parameters : A Preliminary Study. J Voice. 2017;31(2):245.e9-245.e14.

4- Cielo CA, Lima JPDM, Christmann MK, Brum R. Semioccluded vocal tract exercises: literature review. Rev CEFAC. 2013;15(6):1679-1689.

5- Frisancho K, Salfate L, Lizana K, Guzman M, Leiva F, Quezada C. Immediate Effects of the Semi-Occluded Ventilation Mask on Subjects Diagnosed With Functional Dysphonia and Subjects With Normal Voices. J Voice. 2020:1-12.

6- Mills R, Hays C, Al-Ramahi J, Jiang JJ. Validation and Evaluation of the Effects of Semi-Occluded Face Mask Straw Phonation Therapy Methods on Aerodynamic Parameters in Comparison to Traditional Methods. J Voice. 2017;31(3):323-328.

7- Rosenberg MD. Using Semi-Occluded Vocal Tract Exercises in Voice Therapy : The Clinician’s Primer. Perspect Voice Voice Disord. 2014;24(2):71-79.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
643
EFEITO IMEDIATO DE TÉCNICA VOCAL ASSOCIADA AO ESTÍMULO AUDITIVO RÍTMICO EM PESSOAS COM PARKINSON
Trabalho científico
Voz (VOZ)
52291165


Efeito imediato de técnica vocal associada ao estímulo auditivo rítmico em pessoas com Parkinson

Introdução: Pessoas com Doença de Parkinson (DP) têm dificuldade de calibração auditiva motora, o que impacta no monitoramento da produção vocal. Então empregar estímulo auditivo associado à terapia vocal poderá beneficiar a voz dessa população. Para tanto, há técnicas que favorecem a competência glótica, como Empuxo que consiste em movimentos de braços com esforço, simultâneos à fonação e que associadas ao estímulo auditivo rítmico propiciam intervenção terapêutica de modo interativo por meio do uso das batidas do metrônomo que podem favorecer ajustes glóticos e gerar mudanças na voz. Objetivos: Verificar o efeito imediato da técnica de empuxo com sons plosivos associada ao uso de estímulo auditivo rítmico na voz de pessoas com doença de Parkinson. Métodos: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFPE tendo o número do parecer: 3.060.851. Participaram 13 pessoas, sendo 7 homens e 6 mulheres, com média de idade de 64,46 anos, e tempo médio de diagnóstico 8,15 anos, distribuídos nos estágios I (7,69%), II (38,46%), III (53,85%) da escala Hoehn e Yahr. A avaliação vocal pré técnica e pós técnica de Empuxo com sons plosivos associada ao estímulo auditivo rítmico consistiu na análise de parâmetros acústicos vocais, a partir do registro da emissão da vogal /ε/ sustentada. Os parâmetros extraídos foram frequência fundamental média (f0), que representa a vibração das pregas vocais em ciclos por segundo, Jitter e shimmer, correspondentes a sinais de perturbação da fonte sonora. Utilizou-se também um questionário de satisfação sobre a realização dessa técnica associada ao estímulo auditivo rítmico de forma imediata. Resultados: Os valores de frequência fundamental média aumentaram e o de perturbação da fonte sonora diminuiu, respectivamente, frequência fundamental média (p=0,04); Jitter (p=0,019). Sobre o questionário de satisfação, 30,77% deles sentiram-se muito satisfeitos e 69,23% satisfeitos com a realização da técnica de empuxo com sons plosivos associada ao estímulo auditivo rítmico. Conclusão: A técnica vocal associada ao estímulo auditivo rítmico propiciou melhora imediata nos parâmetros acústicos da voz dos participantes com doença de Parkinson e a maioria deles sentiu satisfação com a intervenção fonoaudiológica realizada.

1. Cunha JM, Siqueira EC. O papel da neurocirurgia na doença de Parkinson. Revista de Medicina, 2020; 99(1):66-75.

2. Martínez DF. Eficacia de" Lee Silverman Voice Treatment" en personas condisartria hipocinética asociada a la Enfermedad de Parkinson: una revisión,2019.

3. Behlau M, Madazio G, Feijó D, Azevedo R, Gielow I, Rehder MI.Aperfeiçoamento vocal e tratamento fonoaudiológico das disfonias. In: Behlau,M. Voz: o livro do especialista. vol 2. Rio de Janeiro: Revinter, 2005;409-564.

4. Nombela C, Hughes LE, Owen AM, Grahn, JA. Into the groove: can rhythminfluence Parkinson's disease?. Neuroscience & BiobehavioralReviews, 2013;37(10):2564-2570.

5. Trindade MFD. Efeitos dos estímulos auditivos ou visuais na marcha em doentes parkinsónicos: uma revisão bibliográfica (Bachelor's thesis, [sn]), 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
789
EFEITO IMEDIATO DO EXERCÍCIO HUMMING NA VOZ DE PROFISSIONAIS DA COMUNICAÇÃO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução. O humming é um exercício de trato vocal semiocluído (ETVSO) que estimula o início da vocalização e torna mais fácil e eficiente a produção da voz1. São relatados efeitos positivos na ressonância e projeção vocal e na redução do fonotrauma, sendo um exercício bastante utilizado no aprimoramento vocal2. Porém, poucas pesquisas tiveram como propósito analisá-lo3. Objetivo. Verificar o efeito imediato do humming em profissionais da comunicação de uma universidade pública. Método. Estudo transversal experimental (aprovação Comitê de Ética 3.631.447) do qual participaram 36 funcionários, média de idade de 39,9 anos, 55% do sexo feminino. Todos assinaram o termo de consentimento e passaram por gravação de tarefas vocais antes e após a realização do exercício vocal. Foram feitas, após orientação e teste, cinco repetições da técnica com duração de cinco segundos cada2,4,5,6, com silêncio absoluto nos intervalos. A partir da avaliação inicial juízes classificaram o grau de desvio vocal7. Sem conhecimento sobre a amostra (pré ou pós) foram obtidas medidas acústicas de extração automática e aspectos da espectrografia, incluindo classificação por tipo de espectro8,9. A análise estatística para comparação pré e pós considerou inicialmente os dados gerais e depois os participantes em grupos: divisao 1. Por presença ou ausência de alteração vocal; divisão 2. Pela autoavaliação quanto a ser ou não vocalmente mais ativo. Resultados. A maior parte dos profissionais era jornalista, estagiário ou repórter e se auto avaliou como vocalmente mais ativo. Foram classificados sem alterações 44% dos participantes, com alterações leves 50% e com alteração moderada 6%. Na avaliação inicial a maior parte dos aspectos analisados estava dentro da normalidade, o que foi compatível com o fato de que metade da amostra não apresentou alteração e a outra metade apresentou alterações leves. Apenas ruído nas frequências graves, série de harmônicos e tipo de espectro estavam mais alterados no momento pré-técnica. Na análise geral, sem dividir os participantes, observou-se, após o exercício, diminuição da F0 mínima (nos homens), melhora no tipo de espectro e na série de harmônicos, além de diminuição do ruído nas frequências graves, compatível com outros estudos sobre ETVSO1,2,3,6,10. Na comparação entre os grupos pela divisão 1 houve melhora no tipo de espectro e na série de harmônicos e diminuição do ruído nas frequências graves em ambos os grupos corroborando a literatura1,2,3,6,10; além de diminuição da irregularidade no grupo sem alteração vocal como em Ogawa e col. (2014)4. Na divisão 2 houve melhora no tipo de espectro em ambos os grupos e diminuição do ruído nas frequências graves e melhora na série de harmônicos nos participantes vocalmente mais ativos. Conclusão. O exercício humming no protocolo proposto levou a melhoras atribuídas aos ETVSO, principalmente nos aspectos inicialmente mais alterados. Nos homens, nos participantes sem disfonia e naqueles vocalmente mais ativos a melhora foi ainda maior. A partir dos resultados pode-se considerar a diminuição da rugosidade, melhora na projeção vocal e na qualidade vocal como efeitos imediatos do exercício humming, independentemente de os participantes terem ou não alteração vocal e serem ou não vocalmente mais ativos.

1. Iwahashi T, Ogawa M, Hosokawa K, Kato C, Inohara H. The effects of humming on the prephonatory vocal fold motions under high-speed digital imaging in nondysphonic speakers. J Voice. 2017 May;31(3):291-299. doi: 10.1016/j.jvoice.2016.09.008.
2. Andrade PA, Wood G, Ratcliffe P, Epstein R, Pijper A, Svec JG. Electroglottographic study of seven semi-occluded exercises: LaxVox, Straw, Lip-Trill, Tongue-Trill, Humming, Hand-over-mouth, and Tongue-Trill combined with Hand-over-mouth. J Voice 2014; 28(5):589-595. doi: 10.1016/j.jvoice.2013.11.004.
3. Yiu EML, Ho EYY. Short-term effect of humming on vocal quality. Asia Pacific Journal of Speech, Language and Hearing. 2002;7(3):123-137. https://doi.org/10.1179/136132802805576436.
4. Ogawa M, Hosokawa K, Yoshida M, Iwahashi T, Hashimoto M, Inohara H. Immediate effects of humming on computed electroglottographic parameters in patients with muscle tension dysphonia. J Voice. 2014;28(6):733-741. doi: 10.1016/j.jvoice.2014.02.004.
5. Ogawa M, Hosokawa K, Yoshida M, Yoshii T, Shiromoto O, Inohara H. Immediate effectiveness of humming on the supraglottic compression in subjects with Muscle Tension Dysphonia. Folia Phoniatr Logop. 2013; 65:123-128. DOI: 10.1159/000353539.
6. Vlot C, Ogawa M, Hosokawa K, Iwahashi T, Kato C, Inohara H. Investigation of the immediate effects of humming on vocal fold vibration irregularity using electroglottography and high-speed laryngoscopy in patients with organic voice disorders. J Voice. 2017; 31(1):48-56. doi: 10.1016/j.jvoice.2016.03.010.
7. Yamasaki R, Madazio G, Leão SH, Padovani M, Azevedo R, Behlau M. Auditory-perceptual evaluation of normal and dysphonic voices using the Voice Deviation Scale. J Voice 2017;31(1): 67-71. doi: 10.1016/j.jvoice.2016.01.004.
8. Titze IR. Workshop on acoustic analysis. Summary statement. Iowa City: National Center for Voice and Speech, USA; 1995.p. 26-30.
9. Sprecher A, Olszewski A, Jiang JJ, Zhang Y. Updating signal typing in voice: addition of type 4 signals. J Acoust Soc Am. 2010;127(6):3710-6. http://dx.doi.org/10.1121/1.3397477.
10. Cielo CA, Lima JPM, Christmann MK, Brum R. Exercícios de trato vocal semiocluído: revisão de literatura. Rev CEFAC. 2013;15(6):1679-1689. https://doi.org/10.1590/S1516-18462013005000041


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1500
EFEITO IMEDIATO DO TUBO DE RESSONÂNCIA NA VOZ DE CANTORES: ANÁLISE CEPSTRAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os profissionais da voz, sobretudo cantores, estão sempre em busca da boa qualidade e rendimento vocais para manutenção da saúde vocal. Para atingir esses objetivos utilizam técnicas específicas (1). Os exercícios com vocalizes são comumente utilizados por cantores e professores de canto, pois a prática dos vocalizes prepara a voz do cantor para a execução de seu repertório com flexibilidade e musicalidade (2,3). A técnica com os tubos de ressonância, comum na prática fonoaudiológica, diminui o impacto entre as pregas vocais, equilibra as pressões sub e supra glótica e possibilita fonação mais confortável, com menos esforço (4). Objetivo: Verificar se há diferenças nas medidas cepstrais entre o efeito imediato do uso do tubo de ressonância associado a vocalizes e vocalizes realizados de forma isolada, na voz de cantores. Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos, com número do parecer de aprovação 3.197.980. Participaram da pesquisa 30 cantores adultos, na faixa etária de 18 a 45 anos (média de 25,87±5,64) sem alteração laríngea avaliados por videoestroboscopia. Todos os participantes realizaram a técnica com o tubo de ressonância associado a vocalizes e a técnica dos vocalizes de forma isolada, no tempo de três minutos, em momentos diferentes, para que não houvesse interferência de efeito entre os exercícios. Foi extraído o Cepstral Peak Prominence-Smoothed (CPPS) antes e depois dos exercícios vocais. Foi realizada gravação da emissão natural da vogal /ɛ/ em tom e volume habituais antes e após as técnicas. Para a execução da técnica com o tubo de ressonância, optou-se em utilizar o princípio da sobrecarga. O cantor emitiu um sopro sonorizado com a vogal /u/ em vocalizes ascendentes e descendentes no tubo com a extremidade distal imersa profundamente em uma garrafa de plástico de 500ml com 2/3 de água. Na técnica dos vocalizes, o cantor emitiu a vogal /u / em sequência melódica pré-estabelecida. A sequência melódica das escalas do vocalize foi a mesma para os dois momentos da coleta (com e sem fonação em tubos). Para isso, foram elaboradas seis sequências (uma para cada naipe: soprano, mezzosoprano, contralto, tenor, barítono e baixo) A escolha da sequência aplicada a cada cantor foi determinada de acordo seu naipe, conforme classificação vocal estabelecida por seu regente ou professor de canto. Resultados: Aumento do CPPS em homens, mulheres e no total dos cantores após a técnica com o tubo. Ao comparar as duas técnicas, observa-se melhor desempenho nos homens, sendo o valor do CPPS maior após o uso do tubo de ressonância. Conclusão: Há diferenças entre as duas técnicas aplicadas. A fonação em tubos associada a vocalizes ascendentes e descendentes na voz de cantores promoveu melhor organização harmônica da voz que se destacou em relação ao nível de ruído, o que indica maior periodicidade e melhor definição da configuração harmônica. A fonação em tubos associada aos vocalizes otimizaram os resultados em pouco tempo de execução em comparação aos vocalizes realizados de forma isolada.

1. Monteiro JC, Madazio G, Pacheco C, Behlau M. Main reasons that lead popular-music singing teachers to seek speech-language pathology assistance for their students.CoDAS. 2020; 32(2): doi:10.1590/2317-1782/20192018242.

2. Gava Júnior W, Ferreira LP, Andrada e Silva MA de. Support and singing voice: perspective of singing teachers and speech language pathologists. Rev CEFAC. 2010; 12(4): 551-562 doi:10.1590/s1516-18462010005000047.

3. Gish A, Kunduk M, Sims L, McWhorter AJ. Vocal warm-up practices and perceptions in vocalists: A pilot survey. J Voice. 2012; 26(1): e1-e10. doi:10.1016/j.jvoice.2010.10.005.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
845
EFEITO IMEDIATO DOS EXERCÍCIOS VOCAIS SOBRE AS MEDIDAS PERCEPTIVAS E DE FONTE E FILTRO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O distúrbio de voz modifica a qualidade vocal por inferência tanto em nível de fonte (ajustes laríngeos) como de filtro (movimentação e posicionamento dos articuladores)1-3. O exercício vocal auxilia a reabilitação com eficácia no reajuste da configuração glótica e supraglótica. O desafio é compreender o tempo de execução necessário para que o exercício produza mudanças na fonte glótica e no trato vocal em indivíduos com distúrbios de voz4-6. A pergunta desta pesquisa é: o foco de ação primário do exercício vocal selecionado (fonte glótica, acoplamento fonte-filtro ou amplitude de movimentação dos articuladores) determina a sequência de modificações nas medidas de fonte e filtro em função do tempo? O que modifica primeiro em mulheres com nódulos vocais e mulheres sem lesão laríngea, fonte ou filtro? Objetivo: Verificar o efeito imediato dos exercícios vocais sobre medidas perceptivas e acústicas relacionadas à fonte e filtro em mulheres com nódulos vocais e mulheres sem lesão laríngea. Metodologia: Após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (processo nº 2.158.960) foram selecionadas amostras vocais de 12 mulheres com nódulos vocais, alocadas em grupo experimental (GE) e 12 sem lesão laríngea, alocadas no grupo controle (GC). Foram submetidas à gravação da vogal /a/ sustentada e das frases-veículo “Digo papa baixinho”, “Digo pipa baixinho” e “Digo pupa baixinho”, antes da realização dos exercícios e a cada minuto, totalizando 5 minutos de execução e 6 gravações. Os grupos foram organizados assim: 8 mulheres realizaram o exercício de vibração de língua (4 GE e 4 GC); 10 - o exercício com canudo de alta resistência no ar (5 GE e 5GC); e 6 - o exercício de sobrearticulação (3 GE e 3 GC). As medidas acústicas utilizadas para avaliar fonte glótica foram: média da frequência fundamental (f0), desvio padrão de f0 (DP f0), jitter, shimmer, glottal-to-noise excitation (GNE) e cepstral peak prominence Smoothed (CPPS) e medidas de filtro: medidas espectrais das diferenças dos harmônicos H1-H2 (dB) com extração da vogal /a/ sustentada e primeiro (F1) e segundo formante (F2) das vogais /a/ /i/ e /u/. Para análise perceptiva utilizou-se a escala analógico-visual7-10. Para análise dos dados utilizou-se nível de significância de 5% (teste T de Student /Wilcoxon e post hoc de Conover). Resultados: O GE apresentou redução no valor de F2 (p=0,0455) no 5° minuto de exercício de vibração de língua e reduziu GNE (p=0,0142) no 5º minuto de exercício de sobrearticulação. O GC aumentou F1 (p=0,0254) no 5º minuto de exercício com canudo e elevou F0 (p=0,0470) no 5º minuto de exercício de sobrearticulação. Analisando minuto a minuto, GE apresentou aumento no valor do GNE (p=0,0387) no 4º minuto de exercício com canudo e GC apresentou aumento nos valores de F1 (p=0,0204) no 3° minuto de execução com canudo. Conclusão: Mulheres com nódulos apresentam modificações de fonte com melhor efeito no 4º minuto de exercício com canudo, e de filtro no 5° minuto de exercício de vibração. Mulheres sem lesão laríngea apresentam modificações de filtro no 3° minuto e de fonte no 5º minuto de exercício de sobrearticulação.

1- França FP, Almeida AA, Lopes LW. Acoustic-articulatory configuration of women with vocal nodules and with healthy voice. CoDAS. 2019; 31 (6): e20180.

2- Barbosa PA, Madureira S. Manual de fonética acústica experimental: aplicações a dados do português. Cortez editora 2015; 591p.

3- Yamasaki R, Madazio G, Leão SHS, Padovani M, Azevedo R, Behlau M. Auditory-perceptual evaluation of normal and dysphonic voices using the voice deviation scale. J Voice. 2017; 31(1):67-71.

4- Pimenta RA, Dájer ME, Hachiya A, TsujI DH, Montagnoli NA. Parâmetros acústicos e quimografia de alta velocidade identificam efeitos imediatos dos exercícios de vibração sonorizada e som basal. CoDAS. 2013; 25 (6): 577-83.

5- Maxfield L, Palaparthi A, Titze I. New Evidence That Nonlinear Source-Filter Coupling Affects Harmonic Intensity and fo Stability During Instances of Harmonics Crossing Formants. J Voice. 2017; 31 (2): 149-156.

6- Guzman M, Acuña G, Pacheco F, Peralta F, Romero C, Vergara C, Quezada C. The Impact of Double Source of Vibration Semioccluded Voice Exercises on Objective and Subjective Outcomes in Subjects with Voice Complaints. J Voice. 2018; 32 (6): 770.e1-770.e9.

7- Lopes LW et al. Acurácia das medidas acústicas tradicionais e formânticas na avaliação da qualidade vocal. Codas. 2018;30(5) e20170282.

8- Bekerman AL. Uso del análisis acústico en el seguimiento de pacientes con patología vocal: estudio preliminary. Revista Faso Año 24 Nº3 2017.

9- Núñez-Batalla, F., Cartón-Corona, N., Vasile, G., García-Cabo, P., FernándezVañes, L., & Llorente-Pendás, J. L. Validez de las medidas del pico cepstral para la valoración objetiva de la disfonía en sujetos de habla hispana. Acta Otorrinolaringológica Española, 2018.

10- Moreira F S, Gama A C C. Efeito do tempo de execução do exercício vocal sopro e som agudo na voz de mulheres. CoDAS. 2017;29(1): e20160005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1367
EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AO RUÍDO: LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE O ZUMBIDO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O ruído é o agente físico nocivo mais encontrado nos ambientes de trabalho e a exposição a esse agente pode causar diversos malefícios à saúde, ocasionando efeitos negativos relacionados à audição, tais como o zumbido e o incômodo a sons fortes. O zumbido geralmente está associado à perda auditiva, como na perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR), mas em alguns casos pode estar presente também em indivíduos com audição normal, indicando a necessidade de uma investigação mais detalhada. O zumbido representa o som percebido na ausência de um estímulo sonoro externo e pode estar relacionado à depressão e/ou ansiedade, que também são sintomas extra-auditivos da exposição ao ruído. Objetivo: Analisar as características subjetivas do zumbido ocasionado pela exposição ao ruído de indivíduos que responderam a um questionário online. Método: Pesquisa descritiva com análise de variáveis quantitativas e qualitativas. Foram coletados dados referentes à rotina de trabalho, equipamentos de proteção individual, saúde no geral, saúde auditiva, qualidade de vida e bem-estar, por meio de um questionário padronizado, de maneira online, contando com a participação de 74 sujeitos. Resultados: Após a exposição ao ruído, os participantes da pesquisa relataram sentir zumbido, estresse, cansaço, ansiedade, nervosismo, dor de cabeça e sensação de ouvido tampado. O zumbido, foco deste estudo, foi sentido por 23 (31,1%) dos participantes. Com relação ao local percebido do zumbido, os sujeitos poderiam marcar mais de uma alternativa e os resultados mostraram que 14 (60,87%) percebem nas duas orelhas, 5 (21,74%) na orelha direita, 1 (4,34%) na orelha esquerda e 3 (13,04%) na cabeça . Com relação ao timbre do zumbido sentido, 17 (68%) dos participantes relataram ouvir um zumbido agudo, enquanto 3 (12%) sentem um zumbido grave. Além disso, relataram ouvir o zumbido como um apito (16%), como um chiado (8%) ou como um som pulsátil (4%). O relato quanto a frequência da sensação de zumbido variava, sendo percebido especialmente à noite (23%). Conclusão: Conclui-se que parte dos indivíduos que colaboraram com a pesquisa expostos ao ruído relataram a percepção de zumbido em ambas as orelhas, do tipo agudo, parecido com um apito e percebido especialmente a noite. Dessa forma, aponta-se para a necessidade de campanhas nas diversas esferas da sociedade no que se refere às consequências auditivas e extra-auditivas da exposição ao ruído, para que a população esteja consciente sobre este agente e seus possíveis sintomas deletérios. Para que o zumbido não seja desencadeado nos postos de trabalho, fazem-se necessários equipamentos de proteção coletiva e individual contra o ruído, avaliação da audição e de prováveis sintomas associados, tendo em vista a preservação da saúde e da qualidade de vida dos trabalhadores.

Dias A, Cordeiro R, Corrente JE, Gonçalves CGOG. Associação entre perda auditiva induzida pelo ruído e zumbidos. Cad Saúde Pública. 2006;22(1):63-68.

Nunes CP, Abreu TRM, Oliveira VC, Abreu RM. Sintomas auditivos e não auditivos em trabalhadores expostos ao ruído. Rev Baiana de Saúde Pública. 2011;35(3):548-555.

Rosa MRD, Almeida AAF, Pimenta F, Silva CG, Lima MAR, Diniz MFFM. Zumbido e ansiedade: uma revisão da literatura. Rev CEFAC. 2012;14(4):742-754.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
370
EFEITOS DA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES COM VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é uma das doenças mais recorrentes do sistema vestibular periférico1. A VPPB é caracterizada por crises vertiginosas de curta duração, desencadeadas por determinados movimentos cefálicos, que prejudicam a Qualidade de Vida (QV) e o equilíbrio postural2. OBJETIVO: Analisar os efeitos da intervenção fonoaudiológica na QV e no equilíbrio postural em pacientes com VPPB. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional e quantitativo aprovado sob o número 6222.0.000.107-10 pelo Comitê de Ética e Pesquisa. Foram incluídos 25 prontuários de pacientes entre 18 e 60 anos de idade, diagnosticados com VPPB, atendidos no Ambulatório de Equilíbrio do Hospital Universitário da Instituição entre janeiro de 2015 e dezembro de 2019. A amostra foi dividida em dois grupos de acordo com o Canal Semicircular (CSC) afetado: Grupo 1 (G1), pacientes com afecção do CSC posterior (n= 14); e Grupo 2 (G2), pacientes com afecção do CSC lateral (n= 11). Para analisar os efeitos da intervenção fonoaudiológica, foram considerados os resultados obtidos no Dizziness Handicap Inventory (DHI)3, Escala de Equilíbrio de Berg (EEB)4, Dynamic Gait Index (DGI)5 e Timed Up and Go test (TUG)6 antes e após as manobras de reposicionamento canalicular. Foi utilizado o SOFT R PROJECT 3.12 para definição das medidas descritivas e aplicação dos testes de Wicoxon e t pareado com p valor igual ou inferior a 0,05. RESULTADOS: A faixa etária da amostra variou de 21 a 58 anos, com média de idade de 41,3 anos. Cinquenta e seis por cento da amostra apresentou afecção do CSC posterior (G1), enquanto 44% do CSC lateral (G2). No G1, os escores médios do DHI passaram de 42,3 para 12,1 pontos (p=0,00029); da EEB, de 53,7 para 55,0 pontos (p= 0,03); do DGI, de 20,6 para 23,8 pontos (p=0,08); e do TUG, de 9,25 para 7,5 segundos (p= 0,06). No G2, os escores médios do DHI passaram de 43,3 para 6,8 pontos (p=0,0018); da EEB, de 49,1 para 53,5 pontos (p= 0,02); do DGI, de 17,0 para 22,0 pontos (p= 0,06); e do TUG, de 13,0 para 8,75 segundos (p=0,02). CONCLUSÃO: A intervenção fonoaudiológica apresentou efeitos positivos na QV e no equilíbrio postural dos dois grupos de VPPB. O comprometimento da QV passou de moderado para leve ou inexistente no DHI e o equilíbrio funcional esteve dentro da faixa de normalidade na EEB com melhora significativa dos escores em ambos os grupos. O equilíbrio dinâmico e a marcha estiveram alterados no TUG e DGI para o grupo com a afecção do CSC lateral, o que também melhorou após a intervenção.

1. Ribeiro KM, Freitas RV, Ferreira LM, Deshpande N, Guerra RO. Effects of balance Vestibular Rehabilitation Therapy in elderly with Benign Paroxysmal Positional Vertigo: a randomized controlled trial. Disabil Rehabil. 2017;39(12):1198-1206.
2. Power L, Murray K, Szmulewicz DJ. Characteristics of assessment and treatment in Benign Paroxysmal Positional Vertigo (BPPV). J Vestib Res. 2020;30(1):55-62.
3. Castro ASO, Gazzola, JMG, Natour J, Ganança FF. Brazilian version of the Dizziness Handicap Inventory. Pro-Fono. 2007;19(1):97-104.
4. Miyamoto ST, Lombardi Junior I, Berg KO, Ramos LR, Natour J. Brazilian Version of the Berg Balance Scale. Braz J Med Biol Res. 2004;37(9):1411-21.
5. Castro SM, Perracini MR, Ganança FF. Versão brasileira do Dynamic Gait Index. Rev Bras Otorrinolaringol. 2006;72(6):817-25.
6. Podsiadlo D, Richardson S. The timed "Up & Go": a test of basic functional mobility for frail elderly persons. J Am Geriatr Soc. 1991;39(2):142-148.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
771
EFEITOS DA LASERTERAPIA NA FUNÇÃO MASTIGATÓRIA E MOVIMENTOS MANDIBULARES EM INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Disfunção temporomandibular (DTM) é uma alteração complexa que envolve um conjunto de distúrbios que afetam os músculos da mastigação, as articulações temporomandibulares e estruturas associadas, podendo acarretar prejuízos na função mastigatória e movimentos mandibulares. Os principais sinais e sintomas da DTM são: a limitação dos movimentos mandibulares, sensibilidade nos músculos mastigatórios, ruídos articulares, dor orofacial e cefaleia. Dentre os diversos tratamentos que podem ser utilizados na intervenção desta patologia, uma das terapias não invasivas mais utilizadas é o Laser de Baixa Potência (LBP) que vem trazendo resultados satisfatórios pelos benefícios fornecidos aos pacientes com suas ações de analgesia, anti-inflamatória e regenerativa1. OBJETIVO: Realizar uma revisão integrativa sobre os efeitos do LBP na função mastigatória e nos movimentos mandibulares em adultos com DTM. MÉTODOS: A revisão foi conduzida a partir da seguinte pergunta: “Quais os efeitos do laser de baixa potência no desempenho da função mastigatória e nos movimentos mandibulares em adultos com DTM?”. Realizou-se uma busca nas bases de dados Pubmed, Lilacs, Embase, Web of Science, Scopus, Cochrane, Google Scholar e Science Direct. A estratégia de busca utilizada foi: “temporomandibular joint disorders” AND “low level light therapy” OR “low level laser therapy” AND “mastication” OR “mandible”. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, que envolveram adultos diagnosticados com DTM, que realizaram avaliação da função mastigatória e/ou mandibular, e intervenção com LBP. Foram encontrados 96 artigos, sendo nove selecionados. RESULTADOS: Os estudos apontam efeitos distintos, com aumento significativo da amplitude de movimento mandibular, resultados mais precoces e expressivos em indivíduos submetidos a uma maior dose de laser, com avaliações realizadas imediatamente após a primeira, quinta e décima aplicação, assim como cinco semanas após a conclusão das aplicações2. Alguns estudos compararam o uso do laser com outras terapias conservadoras, tais como: exercícios oromiofuncionais, terapia miofuncional orofacial, placa oclusal, toxina botulínica, neuroestimulação elétrica transcutânea, estímulo muscular microelétrico e laser acupuntura, mas aqui serão relatados apenas os efeitos isolados do LBP. Os resultados apontaram efeitos significativos na abertura oral máxima (AOM), mas foram considerados, apenas, os períodos antes e após o tratamento3,4. Outra pesquisa revelou ganhos de amplitude não só na AOM, mas também nos demais movimentos mandibulares como as excursões laterais e protrusão5. Já em outros estudos, que também avaliaram os efeitos antes e após a intervenção, os indivíduos não apresentaram aumento significativo na AOM6 e não foram encontrados resultados significativos em mobilidade e função7. Considerando o efeito imediato, os resultados também são distintos, dois estudos identificaram aumento da AOM8,9. E também verificou-se aumento nas médias dos movimentos mandibulares em todas as avaliações de indivíduos submetidos a laserterapia, porém quando comparado ao grupo placebo, as medidas de AOM não foram significativamente diferentes, mas em alguns momentos após a terapia, movimento protrusivo, lateralidade direita e esquerda da mandíbula foi significativamente maior nos indivíduos que receberam a intervenção10. CONCLUSÃO: Percebe-se uma escassez de estudos que abordem os efeitos do laser na função mastigatória e nos movimentos mandibulares. Além disso, há uma variabilidade grande dos parâmetros de intervenção propostos e do modo de avaliação dos desfechos.


1. Sobral, APT, Godoy, CLH, Fernandes, KPS, et al. Photomodulation in the treatment of chronic pain in patients with temporomandibular disorder: protocol for cost-effectiveness analysis. BMJ Open 2018; 8: e018326.doi: 10.1136/ bmjopen - 2017 - 018326.

2. da Silva MAMR, Botelho AL, Turim CV, Silva AMR. Low Level Laser Therapy as an Adjunctive Technique in the Management of Temporomandibular Disorders. Cranio. 2012 Oct;30(4):264-71.

3. Öz S, Gökçen-Röhlig B, Saruhanoglu A, Tuncer EB. Management of myofascial pain: low-level laser therapy versus occlusal splints. J Craniofac Surg. 2010;21(6):1722-1728.

4. Salmos-Brito JA, de Menezes RF, Teixeira CE, et al. Evaluation of low-level laser therapy in patients with acute and chronic temporomandibular disorders. Lasers Med Sci. 2013;28(1):57-64.

5. Rohlig BG, Kipirdi S, Meric U, Capan N, Keskin H. Masticatory muscle pain and low-level laser therapy: a double-blind and placebo-controlled study. Turk J Phys Med Rehab 2011;57(1): 31‐37.

6. De Carli BM, Magro AK, Souza-Silva BN, et al. The effect of laser and botulinum toxin in the treatment of myofascial pain and mouth opening: A randomized clinical trial. J Photochem Photobiol B. 2016;159:120-123.

7. Machado BC, Mazzetto MO, Da Silva MA, de Felício CM. Effects of oral motor exercises and laser therapy on chronic temporomandibular disorders: a randomized study with follow-up. Lasers Med Sci. 2016;31(5):945-954. doi:10.1007/s10103-016-1935-6

8. Kato MT, Kogawa EM, Santos CN, Conti PCR. Tens and low-level laser therapy in the management of temporomandibular disorders. J Appl Oral Sci. 2006;14(2):130-5.

9. Kogawa EM, Kato MT, Santos CN, Conti PC. Evaluation of the efficacy of low-level laser therapy (LLLT) and the microelectric neurostimulation (MENS) in the treatment of myogenic temporomandibular disorders: a randomized clinical trial. J Appl Oral Sci. 2005;13(3):280-285.

10. Madani A, Ahrari F, Fallahrastegar A, Daghestani N. A randomized clinical trial comparing the efficacy of low-level laser therapy (LLLT) and laser acupuncture therapy (LAT) in patients with temporomandibular disorders. Lasers Med Sci. 2020;35(1):181-192.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2143
EFEITOS DA MÚSICA NA COMUNICAÇÃO DO IDOSO: PANORAMA DAS PESQUISAS BRASILEIRAS REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)




Lígia Silva Pinheiro, Camila de Castro Corrêa

Objetivo: Investigar os efeitos da música na comunicação do idoso, especificamente quanto à estimulação da comunicação, cognição, prosódia, entonação e memória, na literatura científica brasileira, por meio de uma revisão bibliográfica. A voz do idoso e as funções corporais, sofre um declínio por volta de 65 anos. Na senescência, ocorrem alterações naturais fisiológicas, e com o passar dos anos, como consequência, o idoso enfrenta uma série de fatores que desencadeiam alterações na qualidade de vida, como a diminuição das habilidades em se comunicar, falar, cantar, ouvir, deglutir.
Método: A revisão bibliográfica foi realizada nas bases de dados Google Acadêmico, Ibecs, Lilacs e Scielo, utilizamos os seguintes descritores Música AND Fonoaudiologia, Música AND idoso AND reabilitação. Resultado: Por meio das buscas, com o primeiro cruzamento, foram localizados 463 estudos, entretanto 124 cumpriram os critérios de inclusão. Já na segunda busca específica, houve a localização de 63 artigos, 8 foram excluídos por conter temas relacionados a audição, e 3 não estiveram presentes de modo completo on line, sendo 33 lidos na íntegra. Desta forma, resultou de 10 artigos incluídos desta busca. Dentre as diversidades dos temas encontrados, as pesquisas demonstraram uma lentidão no prejuízo funcional da fala, e melhora na sequencialização, verbalização, atenção, entonação, prosódia, e através da estimulação neuronal, a lateralização, sequência lógica, espaço temporal, memória e comportamento. Conclusão: Verificou-se as intervenções fonoaudiológicas somadas a terapia de entonação melódica, auxiliam em condições satisfatórias, como a conexão dos hemisférios direto e esquerdo, Os processos cognitivos musicais no campo da neurociência evoluíram nos últimos anos. A estimulação do campo límbico na maturidade, por meio da música, varia de acordo com cada indivíduo. Estudos da neurociência demostram os efeitos da música no cérebro humano. A música possibilita intervenção dinâmica, favorecendo a saúde, no idoso, estimulando melodias entonadas, ritmos variados, escalas musicais, afim de proporcionar o equilíbrio da circulação sanguínea, os batimentos cardíacos, harmonizando os efeitos fisiológicos nos cuidados paliativos, podendo favorecer e estabelecer uma nova conexão das cinco bases motoras da fala, reabilitação postural respiratória, fala, canto, linguagem, memória, aprendizagem e consequentemente melhorando a função de deglutição. Sugere-se futuros estudos, buscando padronizar protocolos para o acompanhamento do quadro evolutivo da comunicação, a curto e a longo prazo desses possíveis efeitos, amenizando ou retardando os prejuízos ao paciente e familiares.
Palavras Chaves: Música. Comunicação. Idoso. Fonoaudiologia

8. Pederiva PLM, Tristão RM. Música e Cognição. Ciência E Cognição. 2006; 9: 83-90. ISSN 1517-7599.





Sales CA, Silva VA, Pilger C, Marcon SS. A música na terminalidade humana: concepções dos familiares. Rev. Esc.
Enferm. USP. 2011;
Degani M, Mercadante EF. Os benefícios da música e do canto na maturidade. Kairós Gerontologia. 2011;.
Rocha VC, Boggio OS. A música por uma óptica neurocientífica. Per Musi. 2013; 27:132-140. http://www.scielo.br/scielo.
Rodrigues AC, Loureiro M, Caramelli P: Efeitos do treinamento musical no cerébro: aspectos neurais e cognitivos.
Neuropsicologia Latinoamericana. 2013;


TRABALHOS CIENTÍFICOS
269
EFEITOS DA OOAFS COM DOIS TIPOS DE DISPOSITIVOS RESPIRATÓRIOS DE ACORDO COM O TEMPO DE DESEMPENHO EM INDIVÍDUOS VOCALMENTE SAUDÁVEIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A técnica de oscilação oral de alta frequência sonorizada (OOAFS) tem sido utilizada na prática clínica por meio de dispositivos respiratórios como New Shaker® e Shaker Plus®1-3. Seus efeitos ainda são pouco conhecidos e os resultados preliminares sugerem que a técnica pode ser utilizada em um ambiente clínico para tratamento e treinamento da voz. Além disso os estudos publicados que investigaram os efeitos da OOAFS foram realizados apenas no tempo de três minutos e utilizando o dispositivo New Shaker®1-3. Para que o exercício proporcione um bom desempenho da função vocal é necessário que a sua dosagem seja satisfatória para produzir efeitos positivos na voz4,5. Dessa forma é imprescindível que sejam realizados estudos que verifiquem o melhor tempo de execução da OOAFS com os diferentes dispositivos respiratórios, bem como sua segurança em relação à qualidade e conforto vocal. Objetivo: Verificar a segurança e comparar os efeitos imediatos da OOAFS com dois dispositivos respiratórios na autopercepção e qualidade vocal, de acordo com os tempos de execução, em indivíduos vocalmente saudáveis. Método: O estudo foi aprovado pelo CEP sob parecer 3.286.539. Participaram 30 indivíduos (15 mulheres e 15 homens) sem queixa e alteração vocal. Todos realizaram a técnica OOAFS com o dispositivo New Shaker® e Shaker Plus® por três (T3), cinco (T5) e sete minutos (T7). Todos responderam a um questionário que investigou a intensidade dos sintomas laringofaríngeos/vocais e passaram por gravação vocal antes e após execução da OOAFS com cada dispositivo e nos diferentes tempos (para posterior análise perceptivo-auditiva e acústica). Após as execuções da OOAFS, nos diferentes tempos, os participantes responderam um questionário de autoavaliação das sensações vocais, laríngeas, respiratórias e articulatórias. Resultados: Houve diminuição dos sintomas laringofaríngeos "dor ao engolir", "secreção na garganta" e "pigarro" em T3 e aumento de "garganta seca" em T7, para ambos os gêneros e dispositivos. Houve aumento do sintoma "cansaço ao falar" em T3 para ambos os gêneros após OOAFS com dispositivo New Shaker®. Também observamos diminuição do sintoma "falhas na voz" e "tosse seca" após OOAFS Shaker Plus® para homens em T3, e "falhas na voz" para mulheres após OOAFS com New Shaker® em T5. Constatamos diminuição do parâmetro acústico shimmer para mulheres em T5 e, do parâmetro NHR em T7 para ambos os gêneros, independente do dispositivo respiratório. Não houve modificações quanto à analise perceptivo-auditiva da voz e autoavaliação das sensações após OOAFS com os dois dispositivos e para ambos os gêneros. Conclusão: A OOAFS executada com New Shaker® e Shaker Plus® é segura e pode ser utilizada na prática clínica vocal em indivíduos vocalmente saudáveis, respeitando as especificidades de cada gênero e dosagem de acordo com objetivo terapêutico. De forma geral, três minutos de OOAFS parece ser mais indicado para reduzir sintomas laringofaríngeos. Entretanto, executar três minutos de OOAFS com dispositivo New Shaker® pode levar ao aumento do sintoma "cansaço vocal", em ambos os gêneros. A execução da OOAFS por mais tempo (7 minutos) leva à redução de valores NHR em ambos os gêneros e em ambos dispositivos respiratórios.

Saters T. Maroti BD. Ribeiro VV. Siqueira LTD. Brasolotto AG. Silverio KCA. The Voiced Oral High-Frequency Oscillation technique’s immediate effect in individuals with dysphonic and normal voices. J Voice. 2019; 32(4):449-458.

Antonetti AES. Ribeiro VV. Moreira PAM. Brasolotto AG. Silverio KCA. Voiced High-frequency Oscillation and LaxVox: Analysis of Their Immediate Effects in Subjects With Healthy Voice. J Voice. 2019; 33(5): 808.e7–808.e14.

Piragibe PC. Silverio KCA. Dassie-Leite AP. et al. Comparison of the immediate effect of voiced oral high-frequency oscillation and flowphonation with tube of resonance in older adults vocally healthy. CoDAS. 2020; 32(4),1-10.

Menezes MH. de Campos Duprat A. Costa HO. Vocal and laryngeal effects of voiced tongue vibration technique according to performance time. J Voice. 2003;19(1):61-70

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1936
EFEITOS DA TENS NOS MOVIMENTOS MANDIBULARES EM INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A disfunção temporomandibular é o termo utilizado para designar a um grupo de condições musculoesqueléticas e neuromusculares das ATMs, músculos mastigatórios e os demais tecidos associados, tendo como principal sintoma a dor orofacial, que pode resultar na limitação dos movimentos mandibulares1. Uma das ferramentas utilizadas para o tratamento das DTMs é a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), que constitui uma modalidade terapêutica não invasiva, controlada, em que pulsos elétricos aplicados ao sistema nervoso, produzem efeitos miorrelaxantes e analgésicos2. OBJETIVO: Realizar uma revisão integrativa sobre o efeito da Estimulação Nervosa Transcutânea nos movimentos mandibulares em indivíduos adultos com Disfunção Temporomandibular. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, na qual foi conduzida pela pergunta de pesquisa: “Quais os efeitos da TENS nos movimentos mandibulares de indivíduos adultos com DTM. A busca foi realizada nas bases de dados eletrônicas: Pubmed, Lilacs, Cochrone, Web of Science, Scopus e Google Scholar, utilizando-se os descritores ”Transcutaneous Eletric Nerve Stimulation” AND “Temporomandibular joint disorders” AND “mastication” OR “Chewing” em inglês, português e espanhol e suas combinações. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, estudos comparativos e artigos originais que descreveram os efeitos do TENS nos movimentos mandibulares em indivíduos adultos com idade de 18 a 65 anos e com diagnóstico de DTM. RESULTADOS: Utilizando os descritores selecionados, foram encontrados 176 estudos. Após a filtragem por duplicação, idioma e texto completo disponível, restaram 23 trabalhos. Destes, a partir da avaliação de títulos, resumos e metodologia, foram incluídos seis artigos. Nos estudos selecionados, a idade dos sujeitos variou de 18 a 60 anos, com predominância do sexo feminino. Quanto ao tempo de estimulação por sessão, constatou-se uma média de 30 minutos. Todos os artigos incluídos2,3,4,5,6,7 apresentaram resultados significativos para a dor orofacial e sensibilidade muscular, em relação a abertura de boca funcional, quatro estudos verificaram a eficácia do TENS, onde o seu efeito nas relações maxilomandibulares foi de um apreciável aumento do espaço funcional livre, decorrente da melhora do padrão funcional da musculatura elevadora da mandíbula2,3,4,5. Em um desses estudos4, a média da abertura máxima da boca foi estatisticamente significativa para os momentos pré e pós-tratamento, porém, ao comparar as estratégias de intervenção (Ultrassom terapêutico e TENS) entre si, antes e após o tratamento, não foi encontrada significância estatística. Um artigo ainda observou que além da melhora na abertura de boca, houve um ganho na amplitude de movimento articular em relação à protrusão e o desvio lateral da mandíbula. Quando comparada à estimulação nervosa por microcorrente, assim como ao ultrassom terapêutico, a TENS teve efeito inferior para o aumento dos movimentos mandibulares3,4 CONCLUSÃO: Percebe-se que os resultados sobre os efeitos da terapia com TENS nos movimentos mandibulares são controversos, pois alguns estudos mostram que há efeitos sobre o espaço funcional livre, mas quando comparados a outras intervenções, apresenta o efeito igual ou não significativo. Ressalta-se a necessidade para a realização de estudos futuros pelo pequeno número de pesquisas em que o foco principal são os movimentos mandibulares e não a dor orofacial, envolvendo a TENS como modalidade terapêutica.

1. CONTI, P. C. R. et al. Management of painfull temporomandibular joint clicking with different intraoral devices and counseling: a controled study. J. Appl. Oral Sci, Bauru, July, 2015.

2. BASSANTA, A. D. et al. Estimulação elétrica neural transcutânea ("TENS"): sua aplicação nas disfunções temporomandibulares. Rev. Odontol. Univ. São Paulo, v.11, n.2, p.109-116, abr./jun. 1997, DOI: 10.1590/S0103-06631997000200007.

3. SARANYA, B. et al. Comparison of Transcutaneous Electric Nerve Stimulation (TENS) and Microcurrent Nerve Stimulation (MENS) in the Management of Masticatory Muscle Pain: A Comparative Study. Pain Research and Management, Hindawi p.5, 2019, DOI: 10.1155/2019/8291624.

4. RAI, S. et al. Management of myofascial pain by therapeutic ultrasound and transcutaneous electrical nerve stimulation: A comparative study. European Journal of Dentistry, v. 10, Jan-Mar 2016.

5. CARVALHO, A.G.C. et al. Influência da Cinesioterapia e da Estimulação Elétrica Transcutânea (TENS) em portadores de Disfunção Temporomandibular. Rev. Bras. ci. Saúde, 16(s2): 17-24, 2012, DOI:10.4034/RBCS.2012.16.S2.03.

6. ZHANG, Y. et al. Effect of transcutaneous electrical nerve stimulation on jaw movement-evoked pain in patients with TMJ disc displacement without reduction and healthy controls. Acta Odontologica Scandinavica, 2019, DOI: 10.1080/00016357.2019.1707868.

7.CANOSSA, L.A. et al. Aplicação da estimulação elétrica nervosa transcutânea em indivíduos com disfunção temporomandibular: ensaio clínico randomizado. Rev. Pesqui. Fisioter. 2019;9(2):174-178, DOI: 10.17267/2238-2704rpf.v9i2.2283.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1685
EFEITOS DA TERAPIA COM TUBO DE RESSONÂNCIA NA QUALIDADE VOCAL DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa, lenta e progressiva1 com incidência de um a dois a cada 1000 indivíduos2. Estima-se que 90% dos indivíduos com DP apresentam modificações na comunicação oral3, com alterações de fluência, diminuição da velocidade de fala4, redução na intensidade vocal, falta de modulação de frequência, qualidade vocal alterada5-6 e outras alterações que caracterizam a disartria hipocinética. A literatura evidencia que a fonação em tubos de vidro é efetiva em diversos tipos de tratamentos7-9 e pode ser uma forma de tratar os aspectos vocais de indivíduos com DP. Porém faltam estudos que comprovem a efetividade dessa intervenção nessa população. Objetivo: verificar o efeito da terapia vocal com tubo de ressonância nas medidas perceptivo-auditivas e acústicas em indivíduos com Doença de Parkinson. Delineamento do estudo: estudo clínico, controlado e comparativo intrassujeitos. Método: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (parecer número 2.820.942) e todos os participantes assinaram o TCLE. Participaram 14 indivíduos com DP (dez homens e quatro mulheres) e disfonia hipocinética. A média de idade foi de 66,1 anos para homens e 73,75 anos para mulheres. Todos receberam oito sessões de terapia vocal, duas vezes por semana, com duração de 45 minutos cada. A terapia foi baseada em um estudo anterior10, composta por exercícios de trato vocal semiocluído – método fonação em tubo de ressonância (vidro - comprimento 27cm x 9mm de diâmetro), imerso em um recipiente com água. A profundidade do tubo na água variou de 2cm a 9cm, conforme a dificuldade de realização dos exercícios aumentava. As avaliações foram realizadas: inicialmente (M0), 30 dias após M0 (M1) e imediatamente após intervenção fonoaudiológica (M2). As avaliações constaram da mensuração da intensidade vocal, em dB (decibelímetro digital INSTRUTHERM/DEC-470), e gravação vocal da vogal /a/ para análise perceptivo-auditiva do grau geral de desvio da qualidade vocal e análise acústica (proeminência do pico cepstral suavizada - PPC-s, relação alfa e L1-L0). A análise perceptivo-auditiva foi realizada por três juízes, que analisaram as vozes aos pares, de forma randomizada e cega em relação aos momentos de avaliação, sendo que os mesmos deveriam comparar as vozes e julgar a melhor voz, frente ao parâmetro analisado. A análise estatística comparou os momentos M0/M1/M2 - teste ANOVA de medidas repetidas a um critério (intensidade e acústica) e Teste de Igualdade de Proporções (avaliação perceptivo-auditiva) – p< 0,05. Resultados: Constatou-se após intervenção (M0 x M2) em comparação ao período sem intervenção (M0 x M1): aumento da intensidade vocal (p=0,021); diminuição do desvio do parâmetro grau geral da qualidade vocal (p=0,049) e aumento de L1-L0 (p=0,048). Não foram observadas diferenças significantes entre os momentos M1 e M2. Conclusão: A terapia vocal por meio da fonação com tubo de ressonância foi efetiva quanto ao aumento da intensidade vocal e diminuição do desvio do grau geral da qualidade vocal em indivíduos com Doença de Parkinson. A análise acústica de longo termo indicou que pode ter ocorrido melhora da eficiência glótica, diminuindo o escape de ar após a intervenção.

1. MENESES, M. S.; TEIVE, H.A.G. Introdução. In:______. DOENÇA DE PARKINSON
– Aspectos Clínicos e Cirúrgicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. cap. 1,
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2. TYSNES, O. B.; STORSTEIN, A. Epidemiology of Parkinson’s disease. J Neural
Transm, v. 124, n. 8, p. 901–905, ago. 2017.

3. ZARZUR, A. P. et al. Laryngeal electromyography and acoustic voice analysis in
Parkinson’s disease: a comparative study. Braz J Otorhinolaryngol, v. 76, n. 1, p.
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4. JUSTE, F. S.; ANDRADE, C. R. F. Perfil da fluência da fala em diferentes tarefas para
indivíduos com Doença de Parkinson. CoDAS, v. 29, n. 4, e20160130. 2017.

5. TINDALL, L. R, et al. Videophone-delivered voice therapy: a comparative analysis of
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6. PLOWMAN-PRINE, E. K. et al. Perceptual characteristics of Parkinsonian speech: a
comparison of the pharmacological effects of levodopa across speech and non-speech
motor systems. NeuroRehabilitation, v. 24, n. 2, p. 131-144. 2009.

7. SIMBERG, S. et al. The Effectiveness of Group Therapy for Students With Mild Voice
Disorders: A Controlled Clinical Trial. J Voice, v. 20, n. 1, p. 97–109, jun. 2006.

8. VAMPOLA, T. et al. Vocal tract changes caused by phonation into a tube: a case study
using computer tomography and finite-element modeling. J Acoust Soc Am, v. 129,
n. 1, p. 310–315, jan. 2011.

9. PAES, S. M. et al. Immediate effects of the Finnish resonance tube method on
behavioral dysphonia. J Voice, v. 27, n. 6, p. 717–722, nov. 2013.

10. SILVERIO, KCA et al. Resonance Tube Therapy in Parkinson’s Disease: Pilot Study. 2019 Abstracts 48th Annual Simposium The Voice Foundation - Care of the Professional Voice. SLP-P11. Disponível em: https://voicefoundation.org/wp-content/uploads/2019/05/2019-Abstracts_wTitlePage.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1603
EFEITOS DA TERAPIA FONOLÓGICA NO TRATAMENTO INTENSIVO DOS TRANSTORNOS FONOLÓGICOS: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: o uso inadequado de regras fonológicas e as trocas de fonemas pelas crianças é caracterizado como Transtorno Fonológico (TF). A avaliação dos TFs fornece informação a respeito dos aspectos fonológicos (inventário fonético, sistema fonológico, processos fonológicos e traços distintivos) e da gravidade deste. O tratamento dos TFs é gerenciado por modelos terapêuticos de base fonológica, como o Modelo de Ciclos Modificado, ou o Modelo de Estratos por Estimulabilidade e Complexidade de Segmentos, em formato de software (SIFALA), com atividades interativas.
Objetivo: comparar os efeitos da terapia fonológica quanto a aspectos fonológicos em crianças com TF submetidas a diferentes propostas terapêuticas: Grupo 1 (G1), tratado pelo Modelo de Ciclos Modificado; Grupo 2 (G2), tratado pelo Modelo de Estratos por Estimulabilidade e Complexidade de Segmentos com o SIFALA; Grupo 3 (G3), controle ativo, caracterizado pelo Placebo que não recebeu terapia fonológica, utilizava o computador para jogos online na sessão.
Metodologia: Trata-se de um ensaio clínico randomizado simples cego, registrado sob número identificador NCT02935062, que respeitou todas as diretrizes nacionais de saúde, além de ter sido aprovada no Comitê de Ética em pesquisa com o número 28053914.1.0000.5346. Participaram deste estudo 24 crianças com idades entre 4;11 meses e 8;11, sorteadas aleatoriamente para compor os grupos. Foram realizadas avaliações fonológicas específicas. As crianças apresentavam distintas gravidades do TF, assim como variadas alterações no sistema fonológico, as quais não foram consideradas quando sorteados os grupos. Realizou-se tratamento intensivo (três sessões semanais), totalizando 25 sessões. Para estimar os efeitos em cada terapia, foram utilizados o modelo de regressão linear com efeitos mistos e o modelo logístico politômico.
Resultados: o modelo de regressão linear propôs valores significativos para os efeitos da terapia no inventário fonético para G1 (p=0,002) e G2 (p=0,004), considerando que o último se aproximou do número total de sons a serem estabelecidos no inventário (n= 18,50). Em relação ao sistema fonológico, o resultado significativo foi apontado para G1(p=0,022). Quanto à ocorrência dos processos fonológicos, todas as crianças apresentaram redução de ocorrência, além disso, diminuíram os traços distintivos alterados, observados na média dos componentes. A gravidade também diminuiu na maioria das crianças estudadas. A terapia fonológica difere-se em relação às abordagens utilizadas, uma com enfoque em processos fonológicos (do G1) e a outra baseada em traços distintivos e com diferentes estratégias terapêuticas disponibilizadas no software utilizado. No G3 mesmo sem a fonoterapia, o grupo pontuou em alguns aspectos da pesquisa, mas não significativamente para os aspectos fonológicos. Estes receberam fonoterapia após o período de placebo.
Conclusão: Os tratamentos fonológicos ofertados auxiliaram na reabilitação dos TFs. Os grupos tratados foram beneficiados quanto à evolução da fonologia, pois o G1 comparado ao G2 obteve melhores escores relacionado ao aquisição dos sons do sistema fonológico, enquanto o G2 aprimorou o inventário fonético. Isto deve-se ao fato de que as abordagens testadas possuíam diferentes abordagens terapêuticas. O G3 como não recebeu intervenção, não evoluiu significativamente nos aspectos fonológicos. Os efeitos resultantes das terapias fonológicas propostas, auxiliaram na condução do desenvolvimento fonológico das crianças com TF.

Keske-Soares M, Brancalioni AR, Marini C, Pagliarin KC, Ceron MI. Eficácia da terapia para desvios fonológicos com diferentes modelos terapêuticos. Pró-Fono R. Atual.Cient.2008:20(3):395-400
Hodson BW, Paden EP. Targeting intelligible speech: a phonological approach to remediation. San Diego: College-Hill Press; 1983
Brancalioni AR, Keske-Soares M. Efeito do tratamento do desvio fonológico pelo modelo de estratos por estimulabilidade e complexidade dos segmentos com software de intervenção para fala (SIFALA). Rev. CEFAC. 2016;18(1):298-308
McLeod S, Baker E, McCormack J, Wren Y, Roulstone S, Crowe K, Masso S, White P, Howland C. Cluster- Randomized Controlled Trial Evaluating the Effectiveness of Computer-Assisted Intervention Delivered by Educators for Children With Speech Sound Disorders. Journal of Speech, Language and Hearing Research, v.60, p 1891-1910, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1210
EFEITOS DA VOZ ESOFÁGICA NA REABILITAÇÃO VOCAL DE LARINGECTOMIZADOS: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)



Introdução: A laringectomia total é um procedimento cirúrgico criterioso frequentemente utilizado como opção para o tratamento de câncer avançado de laringe, ocasionando diversas mudanças como traqueostoma definitivo, alterações na fonação, olfato, respiração e deglutição. A voz esofágica (VE) é uma alternativa para que o paciente possa voltar a se comunicar, com a proximidade da voz natural, sem aparelhos, manutenções ou utilização das mãos e com melhor custo benefício. A importância de estudar formas de adquirir uma nova voz se dá por ela ser parte da identidade do indivíduo, que manifesta comunicação por meio de sentimentos, emoções e características pessoais. Objetivo: Realizar revisão integrativa de literatura relacionada aos efeitos do uso da VE para reabilitação vocal de laringectomizados totais. Metodologia: Estudo qualitativo, analítico-exploratório, através da seleção de artigos originais brasileiros e estrangeiros (1) envolvendo métodos utilizados para VE, (2) depoimentos de especialistas e sujeitos laringectomizados relacionados à escolha de utilização de VE e (3) estudos que analisaram qualidade de vida após o desenvolvimento da VE. Foi aplicado teste de relevância para verificação de atendimento aos critérios de inclusão e exclusão no sistema de busca de artigos científicos publicados nos últimos dez anos, utilizando os descritores laringe (larynx), reabilitação (rehabilitation), qualidade de vida (quality of life), neoplasias de cabeça e pescoço (head and neck neoplasms) e voz esofágica (speech esophageal) nas bases de dados Medline (PubMed), Scielo e Lilacs. Resultados: Foram selecionados dez artigos abordando a VE como método de reabilitação, qualidade de vida dos pacientes que utilizam a VE e análises visando à melhor qualidade na produção da voz pelo esôfago. A maioria dos participantes envolvidos nos estudos selecionados eram homens (87,24%) com idades entre 37 e 83 anos. Os estudos atestaram eficácia da intervenção fonoaudiológica para desenvolvimento da VE, destacando ser mais satisfatória a terapia em grupo e confirmaram a aquisição da VE como grande influência na recuperação da qualidade de vida dos pacientes. Além disso foi destacado a necessidade de aumento da convicção dos laringectomizados com relação a sua capacidade para dominar a VE. Em relação à qualidade de vida (protocolo QVV) tanto a VE quanto a voz traqueoesofágica apresentam resultados semelhantes e ambas tiveram melhor desempenho, quando comparadas à voz por meio de eletrolaringe. Conclusão: A análise de literatura especializada demonstrou escassez de metodologia e estratégias com verificação de eficácia, para o desenvolvimento da VE. Estudos com laringectomizados totais já apontaram boa recuperação da qualidade de vida desses sujeitos, associadas a escolha adequada do método de reabilitação, atendimento por equipe multidisciplinar, treinamento persistente e com determinação, incentivo e acompanhamento do paciente e seus familiares. Necessidade de mais estudos que discutam a VE, considerando-se as possibilidades de uma voz produzida sem aparelhos, recargas ou manutenções e com liberdade das mãos enquanto se produz a voz.

Descritores: laringe, reabilitação, qualidade de vida, neoplasias de cabeça e pescoço, voz esofágica.

1. Algave DP, LF Mourão. Qualidade de vida em laringectomizados totais: uma análise sobre diferentes instrumentos de avaliação. Rev. CEFAC. São Paulo. 2015. 17(1); 58-70

2. Gadenz CD et al. 2011. Análise da qualidade de vida e voz de pacientes laringectomizados em fonoterapia participantes de um grupo de apoio. Revista Distúrb Comu. São Paulo. 2011. 23(2); 203-215

3. Ţiple C et al. The impact of vocal rehabilitation on quality of life and voice handicap in patients with total laryngectomy. 2016. Research in Medical Sciences. Cluj Napoca. 21;129

4. Chen Q et al. Influence of Collective Esophageal Speech Training on Self-efficacy in Chinese Laryngectomees: A Pretest-posttest Group Study. Current Medical Science. Wuhan. 2019. 39(5); 810-815

5. Tóth A et al. The role of the different neoglottis forms in the development of esophageal voice. Acta Physiologica Hungarica. Debrecen. 2014. 101(3); 291–300

6. Angelis EC, Furia CLB, Mourão LF, Kowalski LP. A Atuação da Fonoaudiologia no Câncer de Cabeça e Pescoço. São Paulo. Lovise. 2000; 230 e 231(28)

7. Tang C.G., Sinclair C.F. Voice Restoration After Total Laryngectomy. Otolaryngologic Clinics of Nourth America. 2015; 48(4): 687-702

8. Hungria H. Laringectomia total simples no câncer da região glótica. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 1980; 46 (3): 202-227. [acesso em maio 2020] Disponível em: http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/print_acervo.asp?id=1811

9. Aprigliano F, Mello LFP. Tratamento Cirúrgico do Câncer da Laringe Análise de 1055 casos. Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol. São Paulo. 2006. 10(1); 36-45, [acesso em maio 2020] Disponível em: http://www.arquivosdeorl.org.br/conteudo/pdfForl/353.pdf

10. Rudolph E, Dyckhoff G, Becher H, Dietz A, Ramroth H. Effects of tumour stage, comorbidity and therapy on survival of laryngeal cancer patients: a systematic review and a meta-analysis. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2011; 268:165-179. [Internet]. [acesso em maio 2020] Disponível em: http://dx.doi.org/10.1007/s00405-010-1395-8. PMid:20957488


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1905
EFEITOS DE ABORDAGEM TERAPÊUTICA FONOLÓGICA E MULTISSENSORIAL EM CASOS DE TRANSTORNOS DOS SONS DA FALA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Os Transtornos dos Sons da Fala (TSF) de base fonológica são denominados desta forma quando há prejuízo linguístico do inventário fonético em idade superior à esperada¹. Quando se tem o diagnóstico de TSF precisa-se de métodos de intervenção terapêuticos que objetivem a adequação do sistema fonológico na terapia fonoaudiológica. No Brasil estes modelos passaram a ser aplicados na década de 90 em falantes do Português Brasileiro (PB) e desde então vem sendo estudados com objetivo de comparações, modificações e ainda, possíveis generalizações². O Método MultiGestos® (MG®)³ que é baseado em onze princípios básicos, contempla todos os fonemas da Língua Portuguesa e apoia-se em pistas multissensoriais, em especial o uso de gestos manuais que são facilitadores para a programação e ampliação da fala, favorecendo na aprendizagem da mesma⁴.

Objetivo: verificar os efeitos do tratamento (inventário fonético, inventário fonológico e gravidade) na terapia fonológica sem e com apoio do MG®, em dois sujeitos com Transtornos dos Sons da Fala (TSF).

Método: A amostra foi selecionada por conveniência, composta por dois sujeitos (uma menina e um menino com TSF do tipo fonológico), pareados conforme a idade (4:8 e 4:10) no início da terapia. Os sujeitos foram submetidos a diferentes abordagens terapêuticas, sendo que S1 recebeu terapia fonológica com a proposta terapêutica “ABAB – Retirada e Provas Múltiplas”, sem apoio do MG®, e o S2 recebeu terapia fonológica com apoio do MG®. Ambos foram avaliados pré e pós-terapia quanto à evolução do sistema fonológico (inventário fonético, inventário fonológico e gravidade).

Resultados: Ambos sujeitos apresentaram evolução tanto no inventário fonético (IF), quanto no fonológico (Ifon) além de melhora da gravidade do TSF. Após a intervenção fonoaudiológica, S1 que apresentava cinco sons ausentes e foi tratado com o fonema /ʒ/ OI, adquiriu o som-alvo tratado e generalizou a produção correta para seu par cognato, o []. S2 apresentava cinco sons ausentes no IF e foi tratado com o som-alvo [ʒ] OM. Adquiriu o som-alvo estimulado e generalizou a produção correta para o fonema /g/, evidenciando generalização para outro som não tratado e para outra classe de sons. Quanto ao Ifon, S2 apresentava sete fonemas ausentes. Ao final da terapia observou a ausência de cinco fonemas. S2 apresentou melhores resultados no inventário fonológico, em 5 sessões de terapia, quando comparado ao S1 – que apresentou o mesmo número de fonemas presentes após a intervenção fonoaudiológica. Quanto ao PCC-R, o sujeito com TSF de maior gravidade, apresentou maior evolução quando comparado ao S1 com apoio do MG®.

Conclusão: após a terapia fonoaudiológica, ambos os sujeitos apresentaram evolução em seus inventários fonéticos e fonológico, além da atenuação da gravidade.

Referências Bibliográficas
1. Sugden E, Baker E, Munro N, Williams AL. Involvement of parents in intervention for childhood speech sound disorders: a review of the evidence. Int J Lang Commun Disord. 2016;51(6):597-625.
2. Gubiani MB, keske- Soares M, Marini CM. Desvio fonológico e alterações práxicas orofaciais e do sistema estomatognático . Rev. CEFAC. 2015; 17(1):134-42.
3. Azevedo CC, Silva LMP. Curso Educação à distância (EaD) MultiGestos. 2020. TechKnowledge Cursos e treinamentos EaD.
4. Cook SW, Goldin- Meadow S. The Role of Gesture in Learning: Do Children Use Their Hands to Change their Minds? Journal of Cognition and Development. 2008; 7, (2).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1063
EFEITOS DE EXERCÍCIOS MIOTERÁPICOS DE LÁBIOS EM INDIVÍDUOS SEM DISTÚRBIOS MIOFUNCIONAIS OROFACIAIS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Motricidade Orofacial (MO) é a área da Fonoaudiologia que compreende o estudo, avaliação, habilitação e reabilitação das funções estomatognáticas, segundo dois modelos terapêuticos básicos: a mioterapia e a terapia miofuncional1. Na área de MO, a efetividade terapêutica foi estudada utilizando-se diversos métodos comparativos, entretanto, o efeito muscular dos exercícios empregados pelos clínicos ainda apresenta evidência científica muito incipiente em relação a frequência e quantidade das séries em que devem ser realizados2. OBJETIVO: Analisar os efeitos obtidos no recrutamento de unidades motoras a partir da execução de exercícios mioterápicos de lábios isoladamente. METODOLOGIA: Através da aplicação de um questionário do Google Docs, foi realizado um levantamento dos exercícios dinâmicos e estáticos mais indicados por dez doutores na área de Motricidade Orofacial. A partir disso, foram eleitos os quatro exercícios utilizados no estudo. A presente amostra foi composta por 20 adultos jovens, submetidos à avaliação miofuncional pela aplicação do protocolo MBGR3 e subdivididos em quatro grupos iguais, com base na proposta de realização dos treinos com exercícios específicos, sendo dois grupos correspondentes aos exercícios isotônicos (Grupo A - Protrusão e Retração Labiais em Alternância e Grupo B – Vibração de Lábios) e dois aos isométricos (Grupo C – Protrusão Labial em Isometria e Grupo D – Explosão Labial). Os exercícios foram realizados duas vezes por dia, durante um período de 15 dias. A coleta dos dados consistiu na medição da atividade elétrica do músculo orbicular da boca, pré e pós-treino com exercícios, utilizando-se a Eletromiografia de Superfície4. A análise estatística foi realizada através dos testes Kolmogorov Smirnov e t-student, admitindo-se significância de 5%. RESULTADOS: Nas análises dos grupos que realizaram treino com exercícios isotônicos, foi observada correlação intragrupo significativa na prova de repouso do grupo B, para o feixe inferior do orbicular. Tal resultado pode ser justificado pela ativação de mecanorreceptores em toda a fibra muscular, pelo estímulo vibratório, possibilitando maior grau de alongamento e flexibilidade da musculatura e da natureza do estímulo proveniente da junção neuromuscular, com a interrupção da transmissão do potencial de ação, reduzindo o tensionamento muscular para o selamento labial5,6. Considerando os exercícios isométricos, observaram-se resultados significativos na correlação intergrupos da prova de mastigação no grupo C, para ambos os feixes musculares, além da correlação intragrupo significativa para o feixe inferior do orbicular na prova de repouso desse mesmo grupo, confirmando os efeitos obtidos com o exercício em questão. Estes resultados podem ser justificados pela natureza constritora do músculo orbicular da boca, que possui fibras do tipo II, ou seja, de transição, com coloração avermelhada e certo grau de resistência à fadiga7, além de apresentar ativação e atuação independentes dos segmentos mediais, laterais, superior e inferior de suas fibras8. Dessa forma, a execução do exercício em isometria ou de forma lentificada se sobressaem ao número de repetições. CONCLUSÃO: Os exercícios mioterápicos que apresentaram efeitos estatisticamente significativos no recrutamento de unidades motoras, a partir do treino realizado, foram a protrusão labial em isometria e a vibração de lábios, com aplicações clínicas para a intervenção em Motricidade Orofacial.

1. Rahal A. Bases da Terapia Miofuncional. In: Tessitore A, Marchesan IQ, Silva HJ da, Berretin-Felix G. Práticas clínicas em motricidade orofacial. Fortaleza: Melo; 2014. p. 147-152.
2.Ferreira TS, Mangilli LD, Sassi FC, Fortunato-Tavares T, Limongi SCO, Andrade CRF.Fisiologia do exercício fonoaudiológico: uma revisão da literatura. J SocBrasFonoaudiol. 2011; 23(3):288-96.
3.Genaro Katia Flores, Berretin-Felix Giédre, Rehder Maria Inês Beltrati Cornacchioni, Marchesan Irene Queiroz. Avaliação miofuncional orofacial: protocolo MBGR. Rev. CEFAC [Internet]. 2009 June [cited 2020 July 04] ; 11( 2 ): 237-255. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462009000200009&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000200009.
4.REGIS, RMFL; NASCIMENTO, GKBO; SILVA, HJ. Protocolo de Avaliação eletromiográfica da musculatura periorbicular e supra-hióidea durante a fala. In: SILVA, HJ. Protocolos de eletromiografia de superfície em fonoaudiologia. Barueri: Copyright, 2013. p. 67-76.
5. J.W. McNamara, S. Sadayappan, Skeletal myosin binding protein-C: An increasingly important regulator of striated muscle physiology, Archives of Biochemistry and Biophysics (2018), doi: https://doi.org/10.1016/j.abb.2018.10.007.
6. ALENCAR, TAMD; MATIAS, KFS. Princípios Fisiológicos do Aquecimento Muscular na Atividade Esportiva. RevBrasMed Esporte – Vol. 16, No3,p. 230-234Mai/Jun, 2010.
7. Tessitore A, Pfelsticker LS, Paschoal JR. Aspectos neurofisiológicos da musculatura facial visando a reabilitação na paralisia facial. Rev. CEFAC. 2008; 10(1): 68-75.
8. Siqueira VCV, Sousa MA, Bérzin F, Casarini CAS. Análise eletromiográfica do músculo orbicular da boca em jovens com Classe II, 1ª divisão, e jovens com oclusão normal. Dental Press J Orthod. 2011;16(5):54-61.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1518
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ E COMUNICAÇÃO PARA ESTUDANTES DE JORNALISMO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A expressividade de fala e a qualidade vocal são instrumentos imprescindíveis para o desempenho profissional dos telejornalistas1, e esses recursos são utilizados para garantir a atenção de quem os assiste, transmitindo a informação com autenticidade, credibilidade e assertividade2,3. Apesar de tamanha exigência, raramente são encontrados subsídios nos cursos de graduação para atender às necessidades dos alunos, os preparando para a inserção no mercado de trabalho4. Desta forma, a realização de um programa de assessoria fonoaudiológica em voz e comunicação para os estudantes de Jornalismo se mostra importante.
OBJETIVO: Verificar a efetividade de um programa de assessoria em voz e comunicação para estudantes de jornalismo.
MÉTODO: Estudo intervencional, descritivo e quantitativo-qualitativo. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem, sob CAAE:12862819.9.0000.5188. Participaram 20 discentes do 6º período do curso de Jornalismo de uma instituição pública de ensino superior, os quais foram submetidos a um programa de assessoria em voz e comunicação. O programa contemplou: avaliação pré-intervenção, quatro oficinas e avaliação pós-intervenção. Os instrumentos aplicados, antes e após intervenção foram: Questionário de Saúde e Higiene Vocal5 e um questionário elaborado pelas pesquisadores sobre comunicação e expressividade. As oficinas abordaram conteúdos teórico-práticos: anatomofisiologia vocal; psicodinâmica vocal; atuação fonoaudiológica no jornalismo e telecomunicação em geral; cuidados com a voz; aquecimento e desaquecimento vocal; expressividade verbal e não verbal; estilos de narração e prosódia; preparação e demandas vocais; recursos comunicativos na narração jornalística. Os dados foram submetidos a análise estatística.
RESULTADOS: Observou-se que houve um aumento significativo nos escores obtidos quando comparados os dois momentos de aplicação do questionário (p=0,004; Z=-2,886; teste de Wilcoxon), apresentando uma média de escore antes das oficinas de 22,60 pontos (DP=8,210) e uma média pós oficinas de 27,85 pontos (DP=2,870). O percentual de indivíduos com escore abaixo do ponto de corte de 23 pontos no momento anterior às oficinas foi de 35%, caindo significativamente para 5% (p=0,043; teste exato de Fisher) após a realização delas. Comparando os dois momentos de aplicação dos questionários, observou-se que o grau de satisfação com a própria voz não alterou significativamente (p=0,208; Z=-1,259; teste de Wilcoxon), porém a autopercepção quanto à expressividade para dar notícias melhorou de forma significativa (p=0,024; Z=-2,263; teste de Wilcoxon), assim como a utilização de recursos não verbais ao dar essas notícias (p=0,017; Z=-2,391; teste de Wilcoxon).
CONCLUSÃO: O programa de assessoria em voz e comunicação é efetivo para o aumento dos conhecimentos em saúde vocal, melhora da expressividade e comunicação dos estudantes de Jornalismo. Os resultados apontaram melhora na utilização de recursos não-verbais e expressividade para dar notícias. Com isto, ressalta-se a importância da intervenção fonoaudiológica em relação aos telejornalistas desde a formação dos mesmos, sendo importante até mesmo a inserção de uma disciplina com essa abordagem – sobre voz e expressividade - na grade curricular, ministrada por uma fonoaudióloga, algo que não havia na instituição desta pesquisa.

1. França M. Voz em telejornalismo: fonoaudiologia e repórteres de TV. Kyrillos LR Fonoaudiologia e telejornalismo: relatos de experiência na rede globo de televisão Rio de Janeiro: Revinter. 2003;3–16.
2. Kyrillos L, Feijó DA, Cotes C. A fonoaudiologia no telejornalismo. In: Ferreira LP, Andrade e Silva MA. Saúde vocal: práticas fonoaudiológicas. São Paulo: Roca; 2002. p. 251-66. 2.
3. Pânico ACB. Comunicação profissional: fonoaudiologia e telejornal. Rev Fonoaudiol. 2005; 18:60.
4. Feijó D. Recursos Vocais in Kyrillos L; Cotes; C, Feijó D. Voz e Corpo na TV: A fonoaudiologia a serviço da comunicação São Paulo: Globo. 2003;67–91.
5. Moreti FTG. Questionário de Saúde e Higiene Vocal/QSHV desenvolvimento, validação e valor de corte. 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
721
EFEITOS IMEDIATOS DA ALTERAÇÃO DA VELOCIDADE DE FALA NA GAGUEIRA INFANTIL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A gagueira é um distúrbio do neurodesenvolvimento¹. caracterizada pela ocorrência de disfluências frequentes e involuntárias no fluxo contínuo da fala. Os indivíduos que gaguejam exibem anormalidades neurais que atrasam a programação motora da fala e, consequentemente, prejudicam o encadeamento das sílabas e das palavras no discurso². Com base nisso, apesar da redução da velocidade de fala ser frequentemente utilizada na terapia para a gagueira³, não foram encontradas evidências dessa técnica na população infantil. OBJETIVO: Verificar os efeitos imediatos da redução da velocidade de fala em crianças com gagueira, além de investigar suas autopercepções relativas à fluência, tensão, inteligibilidade e velocidade no discurso. MÉTODO: O estudo foi aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o parecer no 3.019.713. Participaram 20 crianças de ambos os sexos, que foram divididas em dois grupos conforme o critério da faixa etária e escolaridade estabelecido na pesquisa, sendo: 10 crianças na faixa etária de 3 a 6 anos e 11 meses (Grupo de pré-escolares com gagueira – GPEG) e 10 crianças na faixa etária de 7 a 11 anos e 11 meses (Grupo de Escolares com gagueira – GEG). Todas as crianças foram submetidas à uma breve intervenção para reduzir a velocidade de fala. Ressalta-se que a avaliação e confiabilidade da fluência, cálculo da velocidade de fala, a classificação da gravidade da gagueira e a aplicação do protocolo de autopercepção da fala foram realizadas para a velocidade habitual (pré-intervenção) e lenta (pós-intervenção). A análise estatística intragrupos foi realizada por meio do teste dos Postos Sinalizados de Wilcoxon. RESULTADOS: Ao comparar os resultados obtidos nas duas velocidades de fala investigadas, observa-se que a fala lenta proporcionou com valores significantes: diminuição significativa das disfluências típicas da gagueira e do total de disfluências e, também, no SSI-3, diminuição do escore da frequência e do escore total no GPEG, e de todos os escores do instrumento no GEG. Não houve redução estatística da velocidade de fala das crianças de ambos os grupos. Quanto à autopercepção, as crianças, de ambos os grupos, relataram que a fala tornou-se mais fácil, sem experienciação de tensão e, perceberam, ainda, aumento da inteligibilidade e diminuição da ocorrência da gagueira na fala lenta. CONCLUSÃO: Observou-se os efeitos imediatos da redução da velocidade de fala foram benéficos para as crianças em idade pré-escolar e escolar, uma vez que diminuíram as disfluências típicas da gagueira e o total de disfluências, reduziram os escores do SSI-3 para ambos os grupos, porém, as crianças em idade escolar apresentaram melhores resultados. E, quanto a autopercepção em relação à fala lenta, ambos os grupos relataram que a fala tornou-se mais fácil e inteligível, sem experienciação de tensão e perceberam, ainda, que diminuiu a ocorrência da gagueira.

1. Daliri A, Wieland EA, Cai S, Guenther FH, Chang S. Auditory-motor adaptation is reduced in adults who stutter but not in children who stutter. Dev. Sci. 2017; 21(2): 1-11.
2. Civier O, Bullock D, Max L, Guenther FH. Computational modeling of stuttering caused by impairments in a basal ganglia thalamo-cortical circuit involved in syllable selection and initiation. Brain Lang. 2013; 126(3): 263-278.
3. Yaruss JS. Evaluating and treating school-aged children who stutter. Semin Speech Lang. 2010; 31(4): 262-271.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1012
EFEITOS IMEDIATOS DA FOTOBIOMODULAÇÃO COM LASER DE 660 NM E 808 NM NA FADIGA ELETROMIOGRÁFICA DO MÚSCULO ORBICULAR DA BOCA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO TRIPLO CEGO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O músculo orbicular da boca tem relação direta com o vedamento labial e participa ativamente de funções importantes como respiração, mastigação, deglutição, fala e mímica facial(1). Algumas condições clínicas levam a alterações no músculo orbicular da boca, por exemplo, respiração oral, paralisia facial, hábitos orais deletérios, dentre outras(2-4). Uma das estratégias que pode ser adotada nestes casos, a mioterapia, envolve a realização de exercícios para melhora da força e da coordenação muscular(2). A sustentação de exercícios musculares pode acarretar dores, desconforto e interferência no desempenho motor, o que caracteriza a fadiga muscular(5). Estudos demonstram que o laser de baixa intensidade é capaz de retardar a fadiga na musculatura esquelética corporal(6), porém não existem evidências de que o mesmo ocorra na musculatura orofacial. Objetivo: O objetivo deste estudo foi comparar os efeitos da fotobiomodulação com laser de baixa intensidade nos comprimentos de ondas de 660 nm (vermelho) e 808 nm (infravermelho) no desempenho do músculo orbicular da boca em tarefa de contração sustentada. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico randomizado triplo cego, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE-03142818.9.0000.5096). Participaram do estudo 60 mulheres com idade entre 19 e 43 anos, divididas em quatro grupos. O grupo G1 recebeu irradiação com laser de comprimento de onda de 660 nm (vermelho) em quatro pontos sobre o músculo orbicular da boca, sendo dois no lábio superior e dois no lábio inferior, equidistantes do centro. O grupo G2 recebeu irradiação com laser de comprimento de onda 808 nm (infravermelho) nos mesmos pontos. O Grupo Controle não recebeu a irradiação e o Grupo Placebo foi submetido aos mesmos procedimentos do G1 e G2, porém, o equipamento permaneceu desligado. Os parâmetros da irradiação foram: potência de 100 mW, energia de 4 J por ponto, totalizando 16 J, área do spot de saída de 0,03 cm2, fluência de 133,3 J/cm2, densidade de potência de 3,3 W/cm2. O modo de operação foi contínuo e a aplicação com contato. O sinal elétrico do músculo orbicular da boca foi captado por meio da eletromiografia de superfície, sendo um eletrodo posicionado sobre o lábio superior e outro sobre o inferior. A avaliação eletromiográfica foi realizada antes e após a aplicação do laser, concomitantemente ao exercício de protrusão labial sustentada até o relato da sensação de fadiga. Em cada grupo, foram comparados os momentos pré e pós laser quanto à amplitude do sinal, em RMS e em valores normalizados pelo pico, e ao índice de fadiga eletromiográfica. Este índice foi resultado da divisão da frequência mediana dos cinco segundos finais pela frequência mediana dos cinco segundos iniciais do sinal(7,8). Resultados: A análise comparativa antes e após o uso do laser não indicou diferença com significância estatística, em nenhum dos grupos, para as variáveis pesquisadas, tanto no lábio inferior quanto no superior. Conclusão: Não houve diferença entre os valores de amplitude do sinal eletromiográfico ou entre os índices de fadiga eletromiográfica obtidos antes e logo após fotobiomodulação com comprimentos de onda de 660 e 808 nm, no músculo orbicular da boca.

1. D’Andrea E, Barbaix E. Anatomic research on the perioral muscles, functional matrix of the maxillary and mandibular bones. Surg Radiol Anat. 2006;28(3):261-66.
2. Schievano D, Rontani RMP, Berzin F. Influence of myofunctional therapy on the perioral muscles. Clinical and electromyographic evaluations. J Oral Rehabil. 1999;26:564-9.
3. Romão AM, Cabral C, Magni C. Early Speech therapy intervention in a patient with facial paralysis after otomastoiditis. Rev Cefac. 2015:17(3);996-1003.
4. Valentim AF, Furlan RMMM, Amaral MS, Martins FG. Can orofacial structures affect tooth morphology? In: Akarslan Z, Bourzgui F. Human teeth – key skills and clinical illustrations. London: IntechOpen; 2020.
5. Solomon NP. What is orofacial fatigue and how does it affect function for swallowing and speech? Semin Speech Lang. 2006;27(4):268–82.
6. Alves VNM, Furlan RMMM, Motta AR. Immediate effects of photobiomodulation with low-level laser therapy on muscle performance: an integrative literature review. Rev CEFAC. 2019:21(4);e130-19.
7. Vassão PG, Toma RL, Antunes HKM, Tucci HT, Renno ACM. Effects of photobiomodulation on the fatigue level in elderly women: an isokinetic dynamometry evaluation. Lasers Med Sci. 2016;31:275–82.
8. Souza CG, Borges DT, Macedo LB, Brasileiro JS. Low-level laser therapy reduces the fatigue index in in the ankle plantar flexors of healthy subjects. Lasers Med Sci. 2016;31(9):1949-55.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
477
EFEITOS IMEDIATOS DA LASERTERAPIA NA PERFORMANCE DO MÚSCULO MASSETER
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: a Laserterapia diz respeito a irradiação de tecidos com luz monocromática vermelha ou infravermelha, coerente e colimada. Seus efeitos de biomodulação das funções celulares já são conhecidos, como o efeito analgésico, de reparação tecidual, anti-inflamatório e anti-edematoso, e nos últimos anos a ênfase é nos estudos que investigam os efeitos da laserterapia para a performance muscular, que possui alto nível de evidência, mesmo levando em consideração a heterogeneidade de metodologias no que diz respeito à definição da dosimetria[1-7]. Procurou-se com o presente estudo elucidar os efeitos da laserterapia na musculatura mastigatória no que diz respeito à performance do músculo masseter durante sua função e também aos aspectos estruturais do músculo, levando a evidências científicas sobre o uso dessa tecnologia na prática clínica, como forma de potencializar a reabilitação. OBJETIVO: analisar o efeito imediato da laserterapia na performance do músculo masseter de adultos. Métodos: foram incluídos na pesquisa adultos entre 18 e 39 anos sem queixas de dor ou disfunções para o músculo masseter e/ou ATM. Trata-se de estudo do tipo experimental, analítico, triplo-cego, randomizado. Foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o parecer nº 3.225.374. Todos os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As avaliações do músculo masseter foram realizadas por meio da avaliação da temperatura, tônus, rigidez, elasticidade, espessura, força de mordida e atividade elétrica antes e imediatamente após a aplicação da laserterapia. Os indivíduos foram randomizados em dois grupos placebo: P1 e P2, e dois grupos experimentais: E1 que recebeu 3 Joules de Energia por ponto, e grupo E2 que recebeu 6 Joules de Energia por ponto. O masseter foi irradiado em três pontos uma única vez, bilateralmente. RESULTADOS: Para os grupos placebo, as variáveis espessura à direita (p=0,07) e esquerda (p=0,01), elasticidade à direita (p=0,01) e tônus à esquerda (p=0,07) sofreram modificações, com aumento da espessura e elasticidade e diminuição do tônus, além da atividade elétrica à esquerda durante mastigação à direita (p=0,09) que mostrou tendência à diminuição. Para o grupo E1 houve tendência ao aumento da espessura à esquerda durante contração (p=0,08), da rigidez à direita (p=0,09) e diminuição do tônus à esquerda (p=0,06). No grupo E2, nenhuma das variáveis apresentou modificação para nenhuma das variáveis analisadas. CONCLUSÃO: Como nenhuma variável apresentou alteração após a aplicação de 6 Joules de Energia por ponto, acredita-se que essa quantidade de Energia proporcionou ao músculo masseter uma maior resistência à fadiga e às demais alterações consequentes da contração muscular.

1. Ferraresi C, Hamblin MR, Parizotto NA. Low-level laser (light) therapy (LLLT) on muscle tissue: performance, fatigue and repair benefited by the power of light. Photonics Lasers Med. 2012;1(4):267-86.
2. Sveshtarov V, Nencheva-Sveshtarova S, Grozdanova R, Prodanova K. Superluminous Devices Versus Low-Level Laser for Temporomandibular Disorders. Acta Medica Bulgarica. 2018;45(1):11-5.
3. Alsharnoubi J, Mohamed O. Photobiomodulation effect on children's scars. Lasers Med Sci. 2018;33(3):497-501.
4. Lauriti L, de Cerqueira Luz JG, Agnelli Mesquita-Ferrari R, Fernandes KPS, Deana AM, Tempestini Horliana ACR, et al. Evaluation of the Effect of Phototherapy in Patients with Mandibular Fracture on Mandibular Dynamics, Pain, Edema, and Bite Force: A Pilot Study. Photomed Laser Surg. 2018;36(1):24-30.
5. Vieira K, Ciol MA, Azevedo PH, Pinfildi CE, Renno ACM, Colantonio E, et al. Effects of Light-Emitting Diode Therapy on the Performance of Biceps Brachii Muscle of Young Healthy Males After 8 Weeks of Strength Training: A Randomized Controlled Clinical Trial. J Strength Cond Res. 2019;33(2):433-42.
6. Leal-Junior EC, Vanin AA, Miranda EF, de Carvalho Pde T, Dal Corso S, Bjordal JM. Effect of phototherapy (low-level laser therapy and light-emitting diode therapy) on exercise performance and markers of exercise recovery: a systematic review with meta-analysis. Lasers Med Sci. 2015;30(2):925-39.
7. Nampo FK, Cavalheri V, Dos Santos Soares F, de Paula Ramos S, Camargo EA. Low-level phototherapy to improve exercise capacity and muscle performance: a systematic review and meta-analysis. Lasers Med Sci. 2016;31(9):1957-70.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
478
EFEITOS IMEDIATOS DA LASERTERAPIA NA PERFORMANCE DO MÚSCULO MASSETER
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: a Laserterapia diz respeito a irradiação de tecidos com luz monocromática vermelha ou infravermelha, coerente e colimada. Seus efeitos de biomodulação das funções celulares já são conhecidos, como o efeito analgésico, de reparação tecidual, anti-inflamatório e anti-edematoso, e nos últimos anos a ênfase é nos estudos que investigam os efeitos da laserterapia para a performance muscular, que possui alto nível de evidência, mesmo levando em consideração a heterogeneidade de metodologias no que diz respeito à definição da dosimetria[1-7]. Procurou-se com o presente estudo elucidar os efeitos da laserterapia na musculatura mastigatória no que diz respeito à performance do músculo masseter durante sua função e também aos aspectos estruturais do músculo, levando a evidências científicas sobre o uso dessa tecnologia na prática clínica, como forma de potencializar a reabilitação. OBJETIVO: analisar o efeito imediato da laserterapia na performance do músculo masseter de adultos. Métodos: foram incluídos na pesquisa adultos entre 18 e 39 anos sem queixas de dor ou disfunções para o músculo masseter e/ou ATM. Trata-se de estudo do tipo experimental, analítico, triplo-cego, randomizado. Foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o parecer nº 3.225.374. Todos os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As avaliações do músculo masseter foram realizadas por meio da avaliação da temperatura, tônus, rigidez, elasticidade, espessura, força de mordida e atividade elétrica antes e imediatamente após a aplicação da laserterapia. Os indivíduos foram randomizados em dois grupos placebo: P1 e P2, e dois grupos experimentais: E1 que recebeu 3 Joules de Energia por ponto, e grupo E2 que recebeu 6 Joules de Energia por ponto. O masseter foi irradiado em três pontos uma única vez, bilateralmente. RESULTADOS: Para os grupos placebo, as variáveis espessura à direita (p=0,07) e esquerda (p=0,01), elasticidade à direita (p=0,01) e tônus à esquerda (p=0,07) sofreram modificações, com aumento da espessura e elasticidade e diminuição do tônus, além da atividade elétrica à esquerda durante mastigação à direita (p=0,09) que mostrou tendência à diminuição. Para o grupo E1 houve tendência ao aumento da espessura à esquerda durante contração (p=0,08), da rigidez à direita (p=0,09) e diminuição do tônus à esquerda (p=0,06). No grupo E2, nenhuma das variáveis apresentou modificação para nenhuma das variáveis analisadas. CONCLUSÃO: Como nenhuma variável apresentou alteração após a aplicação de 6 Joules de Energia por ponto, acredita-se que essa quantidade de Energia proporcionou ao músculo masseter uma maior resistência à fadiga e às demais alterações consequentes da contração muscular.

1. Ferraresi C, Hamblin MR, Parizotto NA. Low-level laser (light) therapy (LLLT) on muscle tissue: performance, fatigue and repair benefited by the power of light. Photonics Lasers Med. 2012;1(4):267-86.
2. Sveshtarov V, Nencheva-Sveshtarova S, Grozdanova R, Prodanova K. Superluminous Devices Versus Low-Level Laser for Temporomandibular Disorders. Acta Medica Bulgarica. 2018;45(1):11-5.
3. Alsharnoubi J, Mohamed O. Photobiomodulation effect on children's scars. Lasers Med Sci. 2018;33(3):497-501.
4. Lauriti L, de Cerqueira Luz JG, Agnelli Mesquita-Ferrari R, Fernandes KPS, Deana AM, Tempestini Horliana ACR, et al. Evaluation of the Effect of Phototherapy in Patients with Mandibular Fracture on Mandibular Dynamics, Pain, Edema, and Bite Force: A Pilot Study. Photomed Laser Surg. 2018;36(1):24-30.
5. Vieira K, Ciol MA, Azevedo PH, Pinfildi CE, Renno ACM, Colantonio E, et al. Effects of Light-Emitting Diode Therapy on the Performance of Biceps Brachii Muscle of Young Healthy Males After 8 Weeks of Strength Training: A Randomized Controlled Clinical Trial. J Strength Cond Res. 2019;33(2):433-42.
6. Leal-Junior EC, Vanin AA, Miranda EF, de Carvalho Pde T, Dal Corso S, Bjordal JM. Effect of phototherapy (low-level laser therapy and light-emitting diode therapy) on exercise performance and markers of exercise recovery: a systematic review with meta-analysis. Lasers Med Sci. 2015;30(2):925-39.
7. Nampo FK, Cavalheri V, Dos Santos Soares F, de Paula Ramos S, Camargo EA. Low-level phototherapy to improve exercise capacity and muscle performance: a systematic review and meta-analysis. Lasers Med Sci. 2016;31(9):1957-70.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
137
EFEITOS NEGATIVOS DECORRENTES DOS TRANSTORNOS DO SONO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM INFANTIL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Sabe-se que durante a infância, são comuns os despertares noturnos. Na maioria dos casos, chega-se ao padrão de sono normal durante o crescimento. Isso se deve a diferentes causas, passando pelo processo de amadurecimento das vias cerebrais a condições familiares e socioeconômicas. Quando o padrão normal de sono não é alcançado, ainda na idade infantil, têm-se como consequência, além da sonolência, o temperamento nervoso, dificuldades de aprendizagem e, consequentemente, baixo desempenho escolar. É grande a importância do sono na vida diária, especialmente pensando no desenvolvimento físico e psicológico da criança, e suas influências sobre o comportamento infantil e o aprendizado.
Objetivo: Avaliar a possível correlação dos transtornos com o processo de aprendizagem de crianças em idade escolar.
Métodos: Realizou-se uma revisão integrativa de literatura nas bases de dados MEDLINE, LILACS, IBECS, Index Psicologia – Periódicos técnico-científicos, CUMED, BINACS, SOF - Segunda Opnião Formativa e Cochrane Library, utilizando os seguintes descritores (DescBvs): Transtornos do sono; Aprendizagem, e Criança. Foram considerados critérios de inclusão artigos disponíveis na íntegra e nos idiomas português, inglês e espanhol. Foram considerados critérios de inclusão as publicações datadas nos últimos 10 anos disponíveis na íntegra e nos idiomas português, inglês e espanhol. Foram excluídas as publicações não elaboradas nos idiomas citados, aquelas que não se encaixavam no período delimitado e as publicações que não abordavam o tema proposto pelo trabalho.
Resultados: Foram encontradas 176 publicações, das quais, após leitura de título e resumo e exclusão das duplicatas, 34 foram selecionados por se encaixarem nos critérios de inclusão. Destas, após avaliação da qualidade metodológica, apenas 18 permaneceram para efetivação do trabalho. As publicações mostram que existe um consenso na literatura sobre os efeitos negativos dos transtornos do sono no processo de aprendizagem infantil. As crianças com problemas de aprendizagem, em sua maioria, roncam, têm respiração ruidosa, além de insônia. Isso leva a dificuldades para manter foco, atenção e estado de alerta.
Conclusão: Com a análise das publicações encontradas, ainda que seja um número restrito, permitiu-se concluir que os transtornos do sono influenciam diretamente a aprendizagem das crianças. Entretanto, novos estudos são necessários para quantificar o tamanho do impacto acadêmico que essas crianças sofrem.

Melluso Filho AS. Hipoxemia noturna na infância e reflexos na atividade escolar. In: Reimão R, ed. Sono normal e doenças do sono. São Paulo:Associação Paulista de Medicina;2004. p.82-4.

Gonçalves MF, Reimão R. Sono e rendimento escolar de crianças de 7 a 9 anos. In: Reimão R, org. Sono normal e doenças do sono. São Paulo:Associação Paulista de Medicina;2004. p.269.

Reimão R, Lefèvre AB, Diament AJ. Avaliação populacional de características do sono na infância. J Pediatr (Rio de Janeiro). 1982;53(4):243-8.

Schirmer C, Fontoura DR, Nunes ML. Distúrbios da aquisição da linguagem e da aprendizagem. J Pediatr. 2004;80(2):S95-103


TRABALHOS CIENTÍFICOS
118
EFEITOS OTOTÓXICOS DA HIDROXICLOROQUINA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
88115160


INTRODUÇÃO: Os medicamentos antimaláricos são prescritos há anos por serem de baixo custo e apresentarem um bom desempenho no tratamento de várias doenças do tecido conjuntivo(1), principalmente a hidroxicloroquina (HCQ)(2). No entanto, alguns casos de toxicidade audiovestibular são relatados após o uso deste medicamento(3-6).OBJETIVO: Apresentar evidências científicas, com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(7), sobre os efeitos ototóxicos da HCQ. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada uma combinação de descritores baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e BIREME. O período de busca dos artigos compreendeu janeiro de 2010 a maio de 2020, sem restrição de idioma e localização. RESULTADOS: Foram recuperados 148 artigos com potencial de inclusão, sendo que dois(8,9) responderam a pergunta norteadora que consistiu em buscar evidências dos efeitos ototóxicos da hidroxicloroquina. Esses estudos obtiveram pontuação 11 no protocolo modificado de Pithon et al.(10). A primeira pesquisa(8) selecionada relata o caso de uma paciente do sexo feminino diagnosticada com Lúpus Sistêmico (LS) que foi tratada com HCQ (400mg/dia) por muito anos e apresentou uma perda auditiva súbita bilateral associada à síndrome vestibular. A hipótese foi de perda auditiva devido ao uso de HCQ e o tratamento foi suspenso. Seis meses após diagnóstico da perda auditiva súbita foi constatada regressão da alteração. Após 15 anos tratando o LS com metotrexato associado a glicocorticoides a paciente apresentou dores articulares e o tratamento com HCQ foi reintroduzido na dose de 400 mg/dia, 5 dias por semana. Três meses depois a paciente apresentou síndrome vestibular periférica. Sendo assim, a HCQ foi suspensa novamente, não sendo constatada melhora subjetiva dos limiares auditivos, porém não houve recorrência da síndrome vestibular ou agravamento da perda auditiva. O segundo estudo(9) selecionado aborda o caso de uma paciente do sexo feminino, de 51 anos, diagnosticada com doença mista do tecido conjuntivo e tratada com HCQ (400mg/dia) e esteróides (40 mg/dia de prednisolona com redução gradual para 5 mg/dia e mantido) por um ano. Em terapia, ela se queixou de zumbido e piora gradual da audição no decorrer de seis meses, sendo diagnosticada com perda auditiva sensorioneural leve de origem idiopática. A audiometria tonal liminar (ATL), realizada seis meses após o início do tratamento com HCQ, mostrou uma progressão da perda com uma diminuição de cerca de 20 dB em ambas as orelhas. Ao revisar o histórico de medicamentos, a paciente não utilizou nenhuma medicação com potencial para toxicidade auditiva, exceto a HCQ. O tratamento com HCQ foi interrompido. A ATL foi repetida três meses após a interrupção da medicação e mostrou estabilização da audição com melhora dos limiares. CONCLUSÃO: As alterações audiovestibulares evidenciadas nos estudos sugerem uma possível ototoxicidade causada pela HCQ. A melhora nos exames audiológicos, bem como a regressão da síndrome vestibular após a interrupção do tratamento com HCQ, são argumentos fortes a favor da ototoxicidade causada por este medicamento.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
113
EFEITOS OTOTÓXICOS DO USO DE MEDICAMENTOS ANTINEOPLÁSICOS EM PACIENTES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
88102300


INTRODUÇÃO: Os quimioterápicos à base de platina desempenham papel importante no tratamento do câncer em diversos níveis e são os agentes ototóxicos mais citados quando analisadas evidências científicas, levando à perda auditiva e prejuízos na comunicação social(1,2). Dentre as drogas antineoplásicas, a cisplatina é a mais utilizada, sendo que os efeitos na cóclea podem incluir perda auditiva sensorioneural, bilateral, simétrica e irreversível(3-5). A incidência de perda auditiva em indivíduos tratados com quimioterápicos varia bastante na literatura, dependendo, dentre outros fatores, da dosagem do medicamento(3). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(6), sobre os efeitos ototóxicos do uso de medicamentos antineoplásicos, tais como frequência de ototoxicidade e dose mínima necessária para o desencadeamento destes efeitos. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e BIREME. O período de busca dos artigos compreendeu janeiro de 2010 a maio de 2020, sem restrição de idioma e localização. Foi realizada avaliação da qualidade dos artigos, na qual se incluía artigos apesentaram nota 11, baseado no protocolo modificado de Pithon et al. (2015)(7). RESULTADOS: Os estudos selecionados(8-10) foram do tipo transversal, sendo 2 cortes transversais de uma coorte multicêntrica. O tamanho amostral dos estudos foi bastante heterogêneo, envolvendo 15(8), 451(9) e 168(10) pacientes oncológicos, todos diagnosticados na infância, atendidos entre os anos de 1985 e 2000, no primeiro estudo, e nos dois últimos, foram usados os dados da coorte (Long-term Effects after Childhood Cancer (LATER) group) entre os anos de 1980 a 2012. A idade no diagnóstico variou de 0 a 18,9 anos, divergindo entre os estudos. As doses cumulativas de cisplatina, quando administradas isoladamente, variaram de 45 a 950 mg/m2, as de carboplatina, também foram administradas isoladamente e ficaram entre 104 a 9436 mg/m2 e quando usadas em combinação as doses cumulativas de cisplatina variaram de 80 a 570 mg/m2 e a de carboplatina de 400 a 6043 mg/m2. No estudo de Einarsson et al (2010), percebeu-se que no grupo com deficiência auditiva quatro dos seis indivíduos receberam uma dose cumulativa de cisplatina superior a 400mg/m2, enquanto no grupo com audição normal, apenas três dos nove indivíduos receberam essa mesma dose. A frequência geral de ototoxicidade evidenciada nos estudos variou de 36,3% a 42%, sendo o primeiro valor referente a alterações auditivas evidenciadas após a finalização do tratamento. A ototoxicidade causada pela cisplatina utilizada isoladamente foi de 83,3%(8), 45%(9) e 75,4%(10), e a causada pelo tratamento isolado com carboplatina foi de 17%(9) e 3,3%(10), enquanto a ototoxicidade causada pelo uso associado dos dois medicamentos foi de 16,6%(8), 75%(9) e 21,3%(10). Contatou-se uma deterioração auditiva após o final do tratamento quimioterápico. CONCLUSÃO: Alterações auditivas após o uso de medicamentos antineoplásicos à base de platina foram constatadas, sendo a ototoxicidade causada pela cisplatina a mais evidente. Porém, verificou-se uma importante heterogeneidade quanto à frequência da ototoxicidade e a dose mínima necessária para o desencadeamento destes efeitos.

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3. Liberman PH, Goffi-Gomez MV, Schultz C, Novaes PE, Lopes LF. Audiological profile of patients treated for childhood cancer. Braz J Otorhinolaryngol. 2016;82:623-9.
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6. Moher D, Shamseer G, Clarke M ,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA . Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.
7. Pithon MM, Santos;Anna LI, Baião FC, dos Santos RL, Coqueiro Rda S, Maia LC. Assessment of the effectiveness of mouthwashes in reducing cariogenic biofilm in orthodontic patients: A systematic review. J Dent. 2015;43:297-308.
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9. Clemens E, Vries CHA, Zehnhoff-Dinnesenc A, Tissing JEW, Loonen JJ, Pluijm FMS, et al.Determinants of ototoxicity in 451 platinum-treated Dutch survivors of childhood cancer: A DCOG late-effects study. Europen Journal of Cancer. 2016; 69: 77-85.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
131
EFEITOS OTOTÓXICOS DOS ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS ORAIS: REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: Questões relacionadas ao comportamento feminino, como aumento da escolaridade e a inserção no mercado de trabalho, corroboraram para a modificação populacional, pois se observa um aumento na procura e no consumo dos métodos contraceptivos, com o objetivo de postergar a gravidez(1). O aumento significativo do uso dos contraceptivos hormonais orais por tempo prolongado causa efeitos adversos, dentre os quais se encontram as alterações nos sistemas auditivo e vestibular(2-5). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(6), sobre a associação entre uso de contraceptivos hormonais orais e alterações auditivas e vestibulares em mulheres. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação de descritores baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO, ScienceDirect, SCOPUS e Google Acadêmico como busca cinza. Na busca foram admitas publicações em português, inglês e espanhol, compreendidas entre janeiro de 2013 e maio de 2019. Foi realizada avaliação da qualidade dos artigos, baseada no protocolo modificado de Pithon et al. (2015)(7), sendo 11 a pontuação mínima dos artigos admitidos nesta pesquisa. RESULTADOS: Inicialmente foram selecionados 353 artigos, sendo 351 excluídos por duplicação ou por não responderem os critérios de inclusão ou após análise dos títulos ou abstracts ou, ainda, por não responderem a pergunta norteadora, sendo 2 publicações selecionadas para a pesquisa. Os estudos admitidos(4,5) foram do tipo caso-controle e a pontuação qualitativa média foi de 12,5 pontos. O tamanho amostral dos estudos foi bastante heterogêneo, envolvendo 45(4) e 105(5) mulheres com idades entre 18 a 49 anos. No primeiro estudo(4), a amostra foi dividida em dois grupos (GE e GC), sendo GE constituindo por 30 mulheres em uso de contraceptivo hormonal oral e GC composto por 15 participantes sem uso de hormônios anticoncepcionais ou quaisquer outros tipo de medicamentos. Já no segundo estudo(5), a amostra foi dividida em dois grupos (G1 e G2), todas em uso de contraceptivos hormonais por pelo menos 2 meses. G1 foi composto por 52 mulheres com distúrbio do sistema auditivo e/ou de equilíbrio, e G2 constituído por 53 mulheres sem desordem do sistema auditivo e/ou de equilíbrio. No estudo de El-Zarea et al (2017)(4) a perda auditiva causada pelo uso do contraceptivo hormonal oral foi prevalente em 26% do GE, sendo predominantemente sensorioneural, além de ter sido relatado queixas de zumbido em 20% das participantes deste grupo. Urbaniak et al (2013)(5) encontraram perda auditiva de grau leve a moderado em 20 mulheres do G1, sendo 5,87±16,69% à direita e 3,47±8,14% à esquerda. A vertigem constatada nestas mulheres foi predominantemente central (59,6%), indicando dano labiríntico em 40,4% dos casos. Foi relatado ainda que, após cessar o uso do contraceptivo as participantes apresentaram importante possibilidade de não recuperar as características auditivas anteriores ao uso do medicamento. CONCLUSÃO: O uso de contraceptivos está possivelmente associado a alterações auditivas e vestibulares, tais como perda auditiva, zumbido e vertigem. Sendo assim, faz-se necessária a divulgação de informações a respeito dos efeitos audiovestibulares causados por estes medicamentos.

Rigotti JIR. Transição demográfica. Educ Real. 2012; 2: 467-90.

Mitre EI, Figueira AS, Rocha AB, Alves SMC. Avaliações audiométrica e vestibular em mulheres que utilizam o método contraceptivo hormonal oral. Rev Bras Otorrinolaringol. 2006; 3:350-54.

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Urbaniak J, Zielin´Ska-Bliz´Niewska H, Miłon´sk JI, Pietkiewicz P, Kus´Mierczyk K, Olszewski J. Effects of oral contraceptives on selected parameters of the homeostatic control system in young women having a sudden disorder of the auditory and/or balance system. Eur Arch Otorhinolaryngol Suppl. 2013; 2: 321-26.

Moher D, Shamseer G, Clarke M ,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA . Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.

Pithon MM, Santos;Anna LI, Baião FC, dos Santos RL, Coqueiro Rda S, Maia LC. Assessment of the effectiveness of mouthwashes in reducing cariogenic biofilm in orthodontic patients: A systematic review. J Dent. 2015;43:297-308.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1839
EFEITOS PERCEPTIVOS-AUDITIVOS DE UM TREINAMENTO DE COMUNICAÇÃO ORAL EM LOCUTORES DE UMA RÁDIO UNIVERSITÁRIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: os estudantes dos cursos de comunicação veem nas rádios universitárias a oportunidade de desenvolvimento das competências necessárias ao mercado de trabalho(1-4). OBJETIVO: descrever os efeitos perceptivos-auditivos de um treinamento de comunicação oral em locutores de uma rádio universitária. MÉTODOS: estudo de intervenção com oito participantes(aprovado por CEP sob o nº 2.780.453). Todos os universitários atuantes na rádio foi convidado, excluiu-se aqueles que estavam em terapia vocal concomitante ao estudo e que não assinassem o TCLE. Aplicou-se o Programa de Desenvolvimento da Expressividade para Comunicação Oral(5). Nele, ocorreu oito encontros com duas horas, cada, e moderado pela equipe de pesquisa com momentos de leitura em voz alta e fala encadeada em diferentes emoções; mostra de registros audiovisuais e estratégias para o desenvolvimento da autopercepção da comunicação oral e da saúde vocal. Coletou-se no primeiro e último encontro, o material para avaliação perceptivo-auditiva(APA) em que os participantes liam um texto informativo. Realizou-se a gravação em estúdio isolado acusticamente utilizando microfone Audio-technica modelo AT2020 com filtro anti-puff Shock Mount SH-100 conectados em dois cabos do tipo XLR da Canon-Canon, uma placa de áudio Behringer da linha U-phoria e modelo UMC204 HD. A distância do microfone na altura da boca era ≅5 centímetros. Três fonoaudiólogas, especialistas em voz e com o minimo de 8 anos de experiência na área realizaram APA deste material randomizado e com duplicação das amostras de dois locutores. Dicotomizou-se em leitura A e B, e apenas os pesquisadores sabiam quais momentos as amostras pertenciam. O protocolo para APA originou-se do estudo que propôs o treinamento(5). Utilizou-se o software R versão 3.6.3 para aplicação dos testes estatisticos. Analisou-se a concordância inter/intrajuízes pelo teste múltiplo de Kappa. Devido o baixo valor da concordância intrajuízes, considerou apenas o julgamento da juíza que mostrou maior coeficiência interna, sendo, o valor=1, quase perfeito(almost perfect)(6). Aplicou-se Teste T pareado para comparação das variáveis quantitativas e Teste Wilcoxon para comparação das variáveis qualitativas ordinais, Adotou-se o valor de significância estatística o p≤0,05. RESULTADOS: seis pares de leituras considerou-se diferentes. Dessas, quatro amostras após o treinamento foram julgadas melhor leitura. A associação da voz, fala e interpretação apontou-se como razão da escolha em três leitura sendo a mudança mais evidente, a dicção. Os valores das notas das leituras após o treinamento mostrou-se superior ao período anterior ao treinamento com significância estatistica(p=0,00409). A frequência de vozes com desvio leve no momento inicial era discretamente maior do que no final. A frequência vocal permaneceu inalterável com a maioria na classificação inadequada. A intensidade em ambos os momentos permaneceu majoritariamente parcialmente adequada. A velocidade de fala parcialmente adequada no começo e, no final, em parcialmente adequada e inadequada. As pausas inadequadas reduziram, aumentando a frequência de pausas parcialmente adequada. A modulação mostrou-se, em sua maioria, parcialmente adequada no inicio e final, e as enfâses mais inadequadas em ambos os períodos. CONCLUSÃO: houve baixa diferença dos efeitos na APA no inicio e no final do treinamento, recomenda-se mais investigações com amostras maiores e diferentes instrumentos pesquisando o potencial do treinamento.

1. Mora-Jaureguialde B, Pérez-Rodríguez MA. Blogs como recurso de una radio universitária. El caso de Uniradio-Huelva. Dos Algarves: A Multidisciplinary e-Journal, 31, 15-33. (2017). doi: 10.18089/DAMeJ.2017.31.2.
2. Bernad MS, Martín Pena D, Aldave CG. Análisis de las herramientas de producción radiofónica en las radios universitarias españolas. Cua. Doc. Multimedia 28 (2) 2017: 170-186. doi: 10.5209/CDMU.58341.
3. Ortiz Sobrino, M., Marta-Lazo, C. y Martín-Pena, D. (2016). La formación de competencias profesionales en los estudiantes de Comunicación Social de las emisoras universitarias en España y Portugal: situación y resultados asimétricos. Signo y Pensamiento, 35(68), 35-50. http://dx.doi.org/10.11144/Javeriana.syp35-68.fcpe.
4. Giorgi SM. (2017) Origin and decline of the first university radio web in France, Educational Media International, 54:3, 185-198, DOI: 10.1080/09523987.2017.1384152
5. Fernandes MCMB. Proposta de atuação fonoaudiológica para estudantes de comunicação: Efeitos de dois tipos de treinamento. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana (Fonoaudiologia). São Paulo, 2017.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1019
EFEITOS TERAPÊUTICOS DA FOTOBIOMODULAÇÃO NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A terapia a laser de baixa intensidade para modular as fisiologias celular e tecidual pode ser aplicada a partir de fontes de luz, como o Diodo Emissor de Luz (LED) e a Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação (LASER) de baixa intensidade1. A fotobiomodulação se refere à aplicação de luz a um sistema biológico capaz de induzir um processo fotoquímico, principalmente nas mitocôndrias, com estimulação da produção de energia em forma de adenosina trifosfato (ATP)2, o que pode aumentar o metabolismo celular e produzir efeitos como analgesia3, regeneração de tecidos e cicatrização de feridas4, redução de fadiga muscular5, dentre outros. A Fonoaudiologia começa a despertar o interesse em integrar o grupo de profissionais que fazem uso da fotobiomodulação, por ser um recurso terapêutico não invasivo e sem toxicidade, com resultados promissores. Objetivo: Identificar e sistematizar os principais estudos que abordam a utilização terapêutica da fotobiomodulação nas especialidades da saúde e verificar o impacto destas intervenções nos distúrbios da comunicação humana. Métodos: Foram utilizadas as bases de dados Biblioteca Cochrane, Biblioteca Virtual de Saúde, Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem online (Medline) via PuBmed e Web of Science/ISI. Os descritores utilizados foram “Audiologia”, “Fonoaudiologia”, “Linguagem”, “Sistema Estomatognático”, “Terapia com luz de baixa intensidade” e “Voz” em inglês, português e espanhol e suas combinações, no período entre 2010 e 2020. Foram selecionados artigos originais e com resumos disponíveis que avaliaram efeito terapêutico da fotobiomodulação em diferentes distúrbios tratados pela Fonoaudiologia. Resultados: A amostra consistiu em 23 artigos, a maioria indexada na PubMed. As áreas da Saúde com maior número de publicações foram Fisioterapia e Medicina. O tamanho das amostras variou de um a 99 indivíduos, faixas etárias entre 15 e 77 anos e o comprimento de onda mais aplicado foi o infravermelho. A maioria das pesquisas evidenciou resultados positivos da aplicação da fotobiomodulação, embora, em poucas publicações tenham sido avaliados os efeitos dessa modalidade de tratamento associados a exercícios de reabilitação. Conclusão: A fotobiomodulação traz benefícios em diferentes distúrbios tratados por fonoaudiólogos, no entanto, há grande diversidade metodológica e ausência de protocolos específicos da dosimetria ideal para cada distúrbio.

1. Anders JJ, Arany PR, Baxter GD, Lanzafame RJ. Light-Emitting Diode Therapy and Low-Level Light Therapy Are Photobiomodulation Therapy. Photobiomodul Photomed Laser Surg. 2019;37(2):63-5.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
114
EFETIVIDADE DA ALIMENTAÇÃO NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE TIREOIDE
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
88102300


INTRODUÇÃO: Pesquisas determinaram alguns fatores de risco relevantes para o câncer de tireóide (CT), com exposição em diferentes padrões alimentares, estilos de vida, nutrição em populações distintas(1,2).Estudos relatam que os fatores alimentares desempenham um papel significativo na causa do CT(3,4). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(5) verificando a efetividade da alimentação na prevenção CT. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO, BIREME e SCOPUS. O período de busca dos artigos compreendeu entre janeiro de 2010 até março de 2020, sem restrição de idioma e localização. RESULTADOS: Foram identificados 32 antigos inicialmente, dos quais 8 foram para a avaliação de resumos. Desses, 2 foram excluídos por não responderem a pergunta norteadora. Procedeu-se a leitura na íntegra dos 5 artigos e após a aplicação dos critérios de elegibilidade, 3 estudos(6,7,8) sobre alimentação e prevenção do câncer de tireoide foram objeto da presente análise. Os estudos analisados foram do tipo estudo caso-controle e transversal. No estudo realizado por Clero et al. cerca de 90% dos casos de CT eram em mulheres, 80% dos participantes com CT e 60% dos casos controles estavam com sobrepeso ou obesidade respectivamente. O estudo objetivou comparar a dieta ocidental com a dieta da Polinésia Francesa e não encontraram associação entre um padrão alimentar ocidental e o risco de CT, porém um padrão alimentar polinésio tradicional indicou um considerável risco de desenvolver CT. Na pesquisa de Choi et al. os participantes foram questionados sobre sua frequência de ingestão e tamanho da porção de alimentos específicos consumidos durante o ano anterior, usando o questionário de frequência alimentar validado (QFA). Obtiveram como resultado que um alto consumo de cálcio estava associado a um risco reduzido de CT, porém não observaram associações significativas entre o risco de CT e os outros nutrientes. Destaca-se que Haslam et al. por meio de um questionário de base, consultou dados demográficos, estado de saúde e consumo de peixe e obtiveram que os casos controles (108 participantes) relataram um consumo médio mensal mais alto de peixes, além disso, os casos controles foram mais propensos a ter uma alta ingestão a longo prazo de ômega-3 em comparação com os casos de sujeitos com CT. A ingestão de ômega-3 foi associada a uma menor chance de desenvolvimento de CT. Além disso, a ingestão de bifenilos policlorados (PCBs), ou seja, compostos orgânicos sintéticos, não foi significativamente associada ao desenvolvimento de CT. CONCLUSÃO: Os estudos relataram uma possível associação entre a ingestão de alimentos e a prevenção do CT. Alimentos ricos em iodo podem fornecer um papel protetor contra o CT, porém níveis excessivos de iodo na dieta também podem, de forma negativa, afetar a função da tireoide devido às alterações nos níveis de hormônio da mesma. Os resultados das pesquisas ainda são controversos nas diferentes populações, pois possuem padrões alimentares e estilos de vida variados.

1. Liang J, Zhao N, Zhu C, et al. Dietary patterns and thyroid cancer risk: a population-based case-control study. Am J Transl Res. 2020;12(1):180–190. Published 2020 Jan 15.
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6. Cléro, Énora; Doyon, Françoise; Chungue, Vaïana; Rachéd, Frédérique; Boissin, Jean-louis; Sebbag, Joseph; Shan, Larrys; Bost-Bezenaud Frédérique. Dietary Iodine and Thyroid Cancer Risk in French Polynesia: a case control study. : A Case–Control Study. Thyroid. 2012; 22(4): 422-429.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
2077
EFETIVIDADE DA TERAPIA MIOFUNCIONAL OROFACIAL NA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM) é definida por uma série de alterações funcionais e distúrbios dolorosos que envolvem: a articulação temporomandibular (ATM); músculos mastigatórios; estruturas e tecidos de regiões adjacentes. A etiologia da DTM é complexa e multifatorial. Há fatores que influenciam sua predisposição, aparecimento e continuidade da dor. Quanto à incidência, observa-se em indivíduos de 25 a 45 anos, com maior prevalência em mulheres. Para o diagnóstico da DTM há necessidade de parâmetros precisos. Para o diagnóstico clínico há o ResearchDiagnosticCriteria for TemporomandibularDisorders (RDC/TMD) (Critérios Diagnósticos para Disfunção Temporomandibular); uma nova versão do protocolo (RDC/TMD), denominado DiagnosticCriteria for TemporomandibularDisorders (DC/TMD), com o objetivo de aumentar a sensibilidade e as especificidades do anterior (RDC/TMD); Um parâmetro de identificação da DTM é o Índice de Helkimo (HI); Escala Visual Analógica (EVA), a qual mensura subjetivamente a intensidade da dor através de uma linha horizontal que pontua a dor de 0 a 10; protocolo Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE). Na literatura tenta-se priorizar tratamento conservadores. Em particular, a fonoaudiologia apresenta uma abordagem conservadora, denominada de terapia miofuncional orofacial (TMO), que inclui exercícios miofuncionais orofaciais voltados aos componentes do sistema estomatognático (SE) aumenta a força dos músculos orofaciais; mobilidade de lábios, língua e bochecha; exercícios para mobilidade mandibular. Seu objetivo favorecer a adequação funcional do sistema estomatognático, como a função de mastigação, fala, deglutição e respiração, para que ocorra de modo equilibrado. Além da utilização de orientação e de estratégias que possibilitam a remissão da dor, e a liberdade dos movimentos mandibulares, as quais promovem adequação funcional do SE Objetivo: identificar evidências na literatura a respeito da efetividade da terapia miofuncional orofacial na redução da dor, após a intervenção nos indivíduos com DTM. Método: Trata-se de revisão integrativa da literatura. Os descritores utilizados foram: temporomandibular disorders, myofunctional therapy e myofunctional rehabilitation com os seguintes cruzamentos: “temporomandibular disorders” AND “myofunctional therapy”, “temporomandibular disorders” AND “myofunctional rehabilitation” e “temporomandibular disorders” AND “myofunctional therapy” AND “myofunctionalrehabilitation” nas seguintes plataformas de dados: Pubmed e BVS, a qual engloba as bases LILACS, MEDLINE; e nas bases SciELO e Google Scholar (GS). O levantamento realizado foram os artigos publicados entre 2009 e 2019. Foram excluídos os seguintes artigos: cuja amostra não realizou terapia miofuncional orofacial no tratamento da DTM; realizou terapia miofuncional orofacial na DTM associada à outra patologia fonoaudiológica; ser artigo de revisão, e artigos repetidos em bases de dados diferentes. Resultados: Ao final foram selecionados quatro artigos que seguiam os critérios de inclusão e respondiam a pergunta norteadora da pesquisa. Todos os estudos, n=4, 100%, corroboram que a TMO é uma técnica fonoaudiológica que apresenta eficácia para DTM muscular e articular. Conclusão: Esta revisão evidenciou que a terapia miofuncional orofacial foi eficaz no tratamento de indivíduos com DTM, seja ela aplicada de forma isolada, ou associada a outras técnicas.


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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1230
EFETIVIDADE DA TERAPIA VOCAL ASSOCIADA OU NÃO A HIDRATAÇÃO LARÍNGEA DE SUPERFÍCIE EM IDOSAS: ENSAIO CLÍNICO, CONTROLADO E CEGO.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Estudos apontam que as terapias vocais intensivas apresentam resultados benéficos para a qualidade vocal de idosos(1-5), dentre elas, a terapia intensiva com progressão de intensidade e de frequência de voz e de duração do tempo de fonação(1). Um dos fatores que promove melhora nas características biomecânicas das pregas vocais é a hidratação(6). Desta forma, a terapia vocal intensiva com progressão de intensidade e de frequência de voz e de duração do tempo de fonação associada à nebulização pode trazer melhores condições vocais em idosas. Objetivo: Analisar a autopercepção de sintomas vocais e laringofaríngeos e a qualidade de vida em voz em idosas após a realização da terapia vocal intensiva com progressão de intensidade e de frequência da voz e de duração do tempo de fonação associada e não associada à nebulização das pregas vocais. Método: Este ensaio clínico, randomizado e cego foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 3.123.219). Participaram 18 idosas com queixas vocais, divididas em Grupo nebulização e terapia (GNT), constituído de nove participantes e média de idade de 69,22 anos, e Grupo terapia (GT), com nove participantes e média de idade de 69,67 anos. A casuística foi superior ao número indicado pelo cálculo amostral. Os dois grupos receberam a terapia vocal intensiva com progressão de intensidade e frequência da voz e de duração do tempo de fonação, de 12 sessões, ocorrendo em três semanas consecutivas. O GNT foi submetido à nebulização com 3ml de soro fisiológico (0,9%) no início das terapias. Para a verificação da autopercepção de sintomas vocais e laringofaríngeos e da qualidade de vida em voz foram aplicados o Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV)(7), a Escala de Sintomas Vocais (ESV)(8), o questionário de Sensação de Pigarro e a Escala de Desconforto no Trato Vocal (EDTV)(9). Foram comparados os momentos Pré terapia (Pré) e Pós terapia (Pós) nos grupos e, ainda, comparados os grupos GT e GNT, sendo os testes utilizados: ANOVA de medidas pareadas, Teste de Mann-Whitney e Teste de Wilcoxon. Resultados: As terapias estudadas não provocaram mudanças no QVV, na ESV e no questionário de Sensação de Pigarro, que já apresentavam valores dentro da normalidade no momento Pré. Em contrapartida, na EDTV houve redução na frequência (p=0,027) e na intensidade (p=0,034) de garganta irritada e aumento dos valores da frequência de bolo na garganta (p=0,046) no GT. No GNT não houve mudanças significativas nos parâmetros estudados da EDTV. Conclusão: Não houve mudanças significativas entre os grupos, indicando que a nebulização não influenciou os resultados da autopercepção após a terapia vocal intensiva com progressão de intensidade e de frequência de voz e de duração do tempo de fonação. A EDTV foi o único instrumento de autoavaliação que apontou diferença entre momento pré intervenção e pós intervenção, pois houve aumento da sensação de bolo na garganta após a terapia vocal intensiva para o GT, fato não ocorrido no GNT. Outros estudos devem ser realizados para identificar os resultados da influência da nebulização na autopercepção de idosos.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
253
EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA PACIENTES ADULTOS COM TRAUMA DE FACE E RESTRIÇÃO EM MOBILIDADE MANDIBULAR
Tese
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As fraturas faciais precisam ser tratadas para que o funcionamento adequado das estruturas adjacentes possa ser reestabelecido1. A incidência de disfunção da articulação temporomandibular (DTM) após traumas de face é alta, sendo que a taxa de incidência tende a aumentar gradualmente com o aumento do tempo de seguimento2. A intervenção fonoaudiológica nos casos de fraturas mandibulares envolve o trabalho miofuncional oral e visa restabelecer a mobilidade mandibular, evitando possíveis assimetrias ou limitações funcionais3. Estudos descreveram que pacientes com fraturas faciais apresentam frequentemente déficits em mobilidade mandibular, desempenho ruim na execução de movimentos orofaciais e alterações no desempenho da mastigação e da deglutição2,4,5. Objetivo: Verificar a efetividade de um programa de reabilitação fonoaudiológica para pacientes adultos com trauma de face e restrição na mobilidade mandibular por meio de avaliação clínica da motricidade orofacial e mobilidade mandibular, autopercepção do paciente e avaliação eletromiográfica dos músculos mastigatórios. Métodos: Os 65 participantes deste estudo foram divididos em três grupos: GP1- composto por 24 participantes submetidos à avaliação fonoaudiológica em até um mês após a correção da fratura; GP2- composto por 29 participantes submetidos à avaliação fonoaudiológica de um a três meses após a correção da fratura; GP3 – composto por 12 participantes submetidos à avaliação fonoaudiológica de três meses ou mais após a correção da fratura. Todos os participantes foram submetidos à avaliação constituída pela aplicação de um protocolo clínico para a avaliação da motricidade orofacial (AMIOFE-E)6, da mobilidade mandibular4,5 e de autopercepção dos sinais e sintomas de DTM7. Os participantes foram submetidos ao Programa Terapêutico Fonoaudiológico para Traumas de Face com Restrição em Amplitude Mandibular, com duração de 6 semanas e após a finalização do programa, os pacientes foram reavaliados. Como avaliação complementar, foi realizada a avaliação da musculatura mastigatória pela eletromiografia de superfície em 38% dos participantes dos grupos de pesquisa e em 25 participantes do grupo controle, pareados por idade e sexo. Foram realizadas as provas de repouso, apertamento dentário máximo com máxima intercuspidação e apertamento dentário máximo com roletes de algodão entre os dentes. Resultados: Os resultados indicaram que independentemente do tempo transcorrido entre a correção das fraturas e a intervenção fonoaudiológica, todos os grupos de pesquisa apresentaram melhora significativa em: postura, mobilidade e funções miofuncionais orofaciais, mobilidade mandibular e nos sinais e sintomas de DTM. Em relação à análise eletromiográfica, verificou-se melhora da fisiologia e do desempenho muscular de indivíduos com traumas de face após reabilitação fonoaudiológica. Conclusão: O programa de reabilitação adotado neste estudo mostrou-se eficaz em sua proposta. As diferenças observadas entre os grupos nas avaliações pré-tratamento foram minimizadas após aplicação do programa terapêutico fonoaudiológico.

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2. Junjie Y, Weidong L, Ren L, Min Y. Incidence and risk factors of the temporomandibular joint disorders in the patients without condylar fractures. Med Sci. 2018;34:39-42.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1508
EFICÁCIA DA INTERVENÇÃO PROIFI NO TRANSTORNO DOS SONS DA FALA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: No Transtorno dos Sons da Fala (TSF), as alterações envolvem aspectos relacionados às questões cognitivo-linguístico, de percepção auditiva, e de produção motora, que se apresentam diferentemente e culminam em uma heterogeneidade de manifestações.
A intervenção fonoaudiológica no TSF busca melhorar a inteligibilidade da fala, facilitando a comunicação da criança, envolvendo maior precisão articulatória dos sons, bem como a organização e representação destes frente ao sistema fonológico da língua.
Na literatura, têm sido pesquisadas diversas abordagens de intervenção. Estudos consideram: a heterogeneidade das características no TSF, a alta prevalência encontrada na população e a necessidade de condutas terapêuticas baseadas em evidências científicas. Também são tema de discussão a eficácia e o tamanho do efeito dessas intervenções no TSF.
OBJETIVO: Descrever a eficácia do Programa de Intervenção Fonológica Inicial (PROIFI) em crianças com TSF.
MÉTODO: Pesquisa aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP) CAAE 87068318.2.0000.0065, parecer 2.695.523, com pais/responsáveis que assinaram o TCLE; a criança deu o Assentimento. A pesquisa é prospectiva, randomizada e experimental. Participaram do estudo quatro crianças, ambos os sexos, com idade entre 5:00 e 8:11 anos, submetidas ao PROIFI uma vez/semana.
As avaliações foram realizadas por fonoaudiólogas pós-graduandas. As provas de Fonologia ABFW (Nomeação e Imitação) foram coletadas na avaliação linha de base (A1) e nas reavaliações (A2 e A3), realizadas na 13ª e 19ª semana após o término das intervenções programadas. Foram analisados: Processos Fonológicos (PF), inventário fonético, índices Porcentagem de Consoantes Corretas-Revisada (PCC-R) e Phonological Density Index (PDI).
O PROIFI é uma adaptação de duas versões anteriores do Programa de Estimulação Fonológica (PEF), publicadas em 2015. É composto por 12 sessões de intervenção, tem como objetivo despertar na criança com TSF a percepção auditiva, a propriocepção dos movimentos articulatórios e as regras fonológicas de todos os sons do português brasileiro.
RESULTADOS: Foram analisadas A1, A2 e A3, sendo considerada a análise do número de PF e índices PCC-R e PDI nas provas de Fonologia ABFW. Considerando as quatro crianças, as comparações entre A1, A2 e A3 evidenciaram diferenças significativas para todas as variáveis estudadas (teste de Friedman): Prova de Nomeação PF p-valor 0,023*; PCC-R p-valor de 0,024*); PDI p-valor 0,023*; Prova de Imitação, PF p-valor 0,018*; PCC-R p-valor 0,024*; PDI p-valor 0,032*.
Foi também analisada a porcentagem de melhora para cada uma das variáveis, considerando A1 e A3. Para as quatro crianças, observou-se: Prova de Nomeação: PF de 50 à 100% de melhora, PCC-R de 6,1 à 16,8% de melhora e PDI de 58 à 100% de melhora; Prova de Imitação, PF 100% de melhora, PCC-R de 8 à 16,4% de melhora, e PDI: de 80 à 100% de melhora.
CONCLUSÃO: Os resultados demonstram que há indícios de eficácia do PROIFI, pois houve melhora de todas as crianças nas variáveis analisadas. A ampliação do número de crianças submetidas ao PROFI se faz necessária para obtermos evidências mais robustas de sua eficácia.
Pesquisa financiada pela FAPESP: 2017/19175-6; 2018/15527-8

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
956
EFICÁCIA DA TERAPIA MIOFUNCIONAL OROFACIAL NA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM ACOMPANHAMENTO LONGITUDINAL: ESTUDO PILOTO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


EFICÁCIA DA TERAPIA MIOFUNCIONAL OROFACIAL NA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM ACOMPANHAMENTO LONGITUDINAL: ESTUDO PILOTO

Camila de Castro Corrêa, Cindy Rafaella lira Silva, DanielCambraia Gilson, Simone Ferreira Lopes, Silke Anna Theresa Weber
Centro Universitário Planalto do Distrito Federal, UNIPLAN
Faculdade de Medicina de Botucatu, FMB-UNESP

Introdução: a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)é caracterizada pela obstrução parcial ou total da via aérea superior, diagnosticada pela polissonografia. O tratamento da AOS visa impossibilitar o colabamento das vias aéreas superiores durante o sono (BURGER et al, 2004), entre os quaisa terapia miofuncional orofacial tem demonstrado resultados importantes nos sintomas de sonolência diurna excessiva, na qualidade de vida, e na melhora expressiva do índice de apneia e hipopneia (IAH), porém não há estudos que avaliem estes resultados a longo prazo. Objetivo: Verificar a eficácia da terapia fonoaudiológica miofuncional orofacial na AOS em acompanhamento longitudinal.Métodos: Neste estudo longitudinal, foram realizadas três avaliações: antes, imediatamente após, e 1 ano após o término das 12 sessões terapia fonoaudiológica miofuncional orofacial, sem acompanhamento neste intervalo de tempo.A terapia realizou exercícios orofaríngeos considerando mobilidade, tonicidade dos músculos orofaciais, além da adequação das funções de respiração, mastigação, deglutição e fala. A casuística foi composta por 4 sujeitos adultos, do sexo feminino,com o diagnóstico de AOS. A avaliação nestes três tempos foi realizada por três juízes que receberam treinamento de calibração para atribuição dos aspectos miofuncionais orofaciais. Em seguida, receberam as fotografias e filmagens de todos os sujeitos, nos três momentos distintos da avaliação miofuncional, realizando o julgamento criterioso em reunião, discutindo os achados de modo síncrono. Resultados: Foi observada redução do IAH ao decorrer dos 3 momentos (média do IAH: pré de 11,20±8,91, pós imediato de 10,60±5,34 e pós um ano de 8,00±5,08).Na avaliação miofuncional, os 3 juízes observaram piora no aspecto de língua e lábios para os sujeitos A e B, comparando o período pós imediato e pós um ano. Para bucinadores, os quatro pacientes tiveram piora longitudinal, enquanto para véu palatino e úvula, os sujeitos A,B e C apresentaram piora. Para a deglutição de sólidos houve melhora no sujeito A, o B manteve o desempenho e o C piorou.Ressalta-se que este é um estudo piloto, com reduzida casuística, bem como, com menosparâmetros de avaliação considerados. Há registro de outros parâmetros, como índice de massa corpórea e circunferência cervical, que serão explorados em estudos futuros. Conclusão: Mesmo sendo um estudo inicial, o estudo mostrou elevado risco de recidiva ou piora da tonicidade muscular orofacial, além de piora no processo da deglutição, apesar de manter o IAH em valores similares. Há necessidade de um acompanhamento longitudinal de modo sistemático, visando sustentar as melhoras com a terapia.


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2. Guimarães K. Alterações no tecido mole de orofaringe em portadores de apnéia do sono obstrutiva. J BrasFonoaudiol. 1999; 1(1):69-75.
3. Ieto V, Kayamori F, Montes MI, Hirata RP, Gregório MG, Alencar AM, Drager LF, Genta PR, Lorenzi-Filho G.Effectsoforopharyngealexercisesonsnoring: a randomizedtrial.Chest. 2015 Sep;148(3):683-91.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
498
EFICÁCIA DO PROGRAMA TERAPÊUTICO BASEADO EM EXERCÍCIOS DE TRATO VOCAL SEMIOCLUÍDO NA DISFONIA COMPORTAMENTAL: ESTUDO CLÍNICO RANDOMIZADO E CEGO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os exercícios de trato vocal semiocluído (ETVSO), instrumentos da abordagem fisiológica1, proporcionam melhor interação fonte-filtro com mudanças na impedância e características acústicas do trato vocal, restabelecendo o equilíbrio dos subsistemas da fonação (ressonância-fonação-respiração) nas populações vocalmente saudável e disfônica2,3. Entretanto, poucos estudos4-6 analisaram esses exercícios como programas terapêuticos. Ademais, observa-se que os recursos da aprendizagem sensório-motora7 possam enriquecer o processo terapêutico.
Objetivo: Analisar a efetividade e segurança do programa terapêutico baseado em ETVSO (PT-ETVSO) na qualidade vocal e autoavaliação, comparando-o com os exercícios de função vocal (EFV) e terapia vocal indireta (TVI).
Método: Estudo clínico de equivalência/não inferioridade, randomizado e cego, (aprovação ética: 2.112.148). Após cálculo amostral, 27 participantes (15 mulheres; 12 homens), idades entre 18-50 anos, diagnóstico de disfonia comportamental, ausência de lesões laríngeas e queixas de fatiga vocal após o uso prolongado, foram randomizados em três blocos (Pesquisador-1), cada qual destinado a um tratamento. As variáveis de desfecho avaliadas (Pesquisador-2) antes (momento 1-M1), após (momento 2-M2) e um mês após o tratamento (momento 3-M3) foram: qualidade vocal composta por avaliação perceptivo-auditiva com escala GRBASI8 (grau geral, rugosidade, soprosidade, tensão e instabilidade) e pelas medidas acústicas: frequência fundamental, jitter, shimmer, NHR (vogal /a/), proeminência do pico cepstral-suavizada, relação alfa e L1-L0 (vogal /a/ e contagem de números); autoavaliação composta pelo índice de fadiga vocal (IFV), índice de desvantagem vocal-30 (IDV-30) e escala visual analógica da sensação de economia vocal (sensação de vibração de tecidos moles e duros na região do viscerocrânio e produção vocal sem esforço). Os tratamentos ocorreram duas vezes por semana, totalizando 8 sessões com 35 minutos de duração (Pesquisador-3). O grupo experimental realizou o PT-ETVSO composto pelos exercícios técnica Lax Vox, fonação em tubo com a extremidade livre no ar e firmeza glótica com as seguintes tarefas fonatórias: pitch e loudness habituas, variação do pitch em terça e oitava, messa di voce, acentos de pitch e loudness, glissandos ascendente e descendente (faixa confortável) e melodia “Parabéns à Você”. O grupo de EFV realizou os exercícios e as tarefas fonatórias conforme proposto por Stemple9. No grupo TVI, aplicou-se ferramentas referentes às estratégias de pedagogia e aconselhamento10 no manejo da saúde vocal. Houve cegamento dos pesquisadores para cada etapa. Análise de dados: teste ANOVA de medidas repetidas (p<0,05) e teste Tukey (post-hoc).
Resultados: Cada grupo foi composto por nove participantes (cinco mulheres; quatro homens). A análise perceptivo-auditiva indicou desvio vocal leve para todos os grupos. Não houve diferença clinicamente significante entre grupos e momentos de avaliação quanto à qualidade vocal, considerando-se a análise perceptivo-auditiva e acústica, evidenciando que o PT-ETVSO não proporcionou prejuízos. Todos os grupos reduziram os escores do IFV e IDV-30 em M2, mantendo-os em M3 e a sensação de economia vocal aumentou em M2, reduzindo levemente em M3.
Conclusão: O PT-ETVSO proporciona os mesmos benefícios que os EFV e TVI quanto a qualidade vocal, especialmente quando se trata da autoavaliação da fadiga vocal, desvantagem vocal e sensação de economia vocal. Portanto, o PT-ETVSO é efetivo e seguro para o tratamento da disfonia comportamental leve.

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4.Guzmán M., Callejas C, Castro C, García-Campo P, Lavanderos D, Valladares MJ, et al. Therapeutic effect of semi-occluded vocal tract exercises in patients with type I muscle tension dysphonia. Rev Logop Foniatr Audiol. 2012;32(3):139-146.
5. Kapsner-Smith MR, Hunter EJ, Kirkham K, Cox K, Titze IR. A randomized controlled trial of two semi-occluded vocal tract therapy protocols. J Speech Lang Hear Res. 2015;58(3):535-549.
6. Guzmán M, Jara R, Olavarria C, Caceres P, Ecuti G, Medina F, et al. Efficacy of water resistence therapy in subject diagnosed with behavorial dysphonia: a randomized controlled trial. Jvoice. 2017;31(3):385.e1-385.e10.
7. Verdolini-Marston K, Balota DA. Role of elaborative and perceptual integrative processes in perceptual-motor performance. J Exp Psychol Learn Mem Cog. 1994;20(3): 739-749.
8. Yamaguchi EJ, Imaizumi S, Maruyama H, Haji T. Perceptual Evaluation of Pathological Voice Quality: A Comparative Analysis Between the RASATI and GRBASI scales. Logo Phoniatr Vocol. 2010;35(3):121-128.
9. Stemple JC, Lee L, D’Amico B, Pickup B. Efficacy of vocal function exercises as a method of improving voice production. J Voice. 1994;8(3);271-278.
10. Van Stan JH, Roy N, Awan S, Stemple J, Hillman RE. A taxonomy of voice therapy. Am J Speech Lang Pathol. 2015;24(2):101-125.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1765
EFICÁCIA DO TREINAMENTO AUDITIVO EM CRIANÇAS COM TPAC E TDAH: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A sequência de processos e mecanismos que envolvem as habilidades auditivas necessárias para detecção, análise e interpretação dos sons que ouvimos é chamado de processamento auditivo central.1 Alteração em duas ou mais habilidades auditivas caracteriza o Transtorno de Processamento Auditivo Central (TPAC) que acontece especialmente pela demora em processar informações auditivas e que, ás vezes, nem conseguem ser processadas no cérebro.2 Com isso, a criança tem dificuldade para interpretar o que ouve e não processa claramente a informação, deixando de lado ou entendendo de maneira errada a mensagem obtida.3 O transtorno do processamento auditivo central é um transtorno que pode coexistir com outras doenças como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), levando a comportamentos semelhantes entre ambos.4 Nesse sentido, pelo impacto destas alterações na audição e consequentemente na aquisição da linguagem, comunicação e no âmbito social e educacional, evidencia-se a importância de uma intervenção rápida, através de programas baseados no treinamento auditivo e na melhora do sinal auditivo, os quais propiciam a plasticidade neuronal e a reorganização cortical.5 OBJETIVO: Apresentar as evidências científicas sobre a eficácia do treinamento auditivo em crianças com TPAC e TDAH. MÉTODOS: Estudo com base em revisão integrativa da literatura. As buscas foram realizadas nas bases de dados PubMed, LILACS, SciELO, ScienceDirect, SCOPUS e Google Acadêmico, durante os anos de 2010 a 2020, em português e inglês, com os seguintes descritores: Percepção Auditiva AND Reabilitação AND Audição AND Distúrbios Perceptivos Auditivos; Auditory Perception AND Rehabilitation AND Hearing AND Auditory Perceptual Disorders. Nas bases subsequentes foram adaptados os descritores quando necessário, correlacionados entre si. RESULTADOS: Através da busca foi possível localizar 1.432 artigos, e pelos critérios de inclusão foram selecionados 2 estudos para revisão da literatura. Observou-se que após a realização do treinamento auditivo em crianças com TDAH, estas apresentaram melhora significativa nas habilidades auditivas que se encontraram deficitárias sendo comprovado por meio do reteste pela avaliação comportamental do processamento auditivo e analise eletrofisiológica. CONCLUSÃO: É indispensável determinar a existência do comprometimento nas habilidades auditivas em crianças com TDAH, a fim de traçar estratégias para o tratamento, pela relação entre esse transtorno e o processamento auditivo. Dessa forma, é possível constatar que o treinamento auditivo é eficaz para melhora das habilidades auditivas alteradas em crianças com TDAH.

Descritores: Percepção Auditiva. Reabilitação. Audição. Distúrbios Perceptivos Auditivos.

1. Vilela, N. Indicadores para o transtorno do processamento auditivo em pré-escolares [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina; 2016. doi:10.11606/T.5.2016.tde-18112016-124448.
2. Silva, T. A. G.; Barbosa, J. S. L. Distúrbio do processamento auditivo central: a importância do diagnóstico precoce para o desenvolvimento da criança. Revista Encontro Intern. de Formação de Professores. 2017.
3. Romero, A. C. L. Processamento auditivo comportamental e eletrofisiológico em crianças com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). [Dissertação]. Marilia: Faculdade de Filosofia e Ciências; 2013.
4. Madruga, C. C. Processamento auditivo: avaliação comportamental e eletrofisiológica de crianças e adolescentes com TDAH pré e pós treinamento auditivo. [Dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2014.
5. Silva, T. R.; Dias, F. A. M. Efetividade do treinamento auditivo na plasticidade do sistema auditivo central: relato de caso. Rev. CEFAC. 2014.
6. Santos, V. A.; Araújo, M. E. Beneficios da estimulação auditiva em crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Rev. Interdisciplinar do Pensamento Científico. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
658
EFICÁCIA DO USO DE ESTRATÉGIA DE GAMIFICAÇÃO NA TERAPIA FONOLÓGICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A situação pandêmica causada pelo Covid-19 implicou na suspensão dos atendimentos fonoaudiológicos presenciais, o que levou a uma nova alternativa de atendimento, a saber: o teleatendimento. Tendo em vista que o interesse do público infantil está direcionado para o uso de diversas tecnologias, como uso do computador(1), estratégias de gamificação têm sido adotadas devido a sua capacidade de estabelecer reforços e recompensas em contextos de game e não-game(2,3). Neste âmbito, a gamificação pode ser utilizada como solução tecnológica neste período de distanciamento social. No entanto, não há um consenso sobre o benefício do uso de tais estratégias na terapia fonoaudiológica. Objetivo: O presente estudo objetiva verificar a eficácia da terapia fonológica associada à estratégia de gamificação com o uso do computador no Transtorno Fonológico. Método: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o protocolo nº2.040.322. Participaram do estudo 6 participantes de 4 a 7 anos de idade que apresentavam o processo de substituição de líquidas, randomizados em dois grupos: (G1) submetido à terapia fonológica tradicional (grupo controle - GC); e (G2) submetido à terapia fonológica com uso de estratégia de gamificação mediada por computador (grupo gamificação - GG). A intervenção fonológica compreendeu para ambos os grupos, 16 sessões compostas pelo uso de etapas de percepção e produção de fala, sendo elas: 1) pré-intervenção; 2) explicação do processo fonológico; 3) percepção no outro; 4) percepção em si; 5) produção e 6) pós-intervenção. No processo terapêutico foram utilizadas 30 palavras-alvo e 30 palavras-sondagem. Ao final de cada sessão, foram registrados o desempenho das crianças (% de acerto) para cada etapa terapêutica, a partir das palavras-alvo e palavras-sondagem. Na análise foram consideradas a média de acerto de cada sujeito para cada uma das etapas terapêuticas comparando-as longitudinalmente em função do tipo de intervenção: terapia tradicional vs terapia com uso de estratégias de gamificação. Resultados: A Anova de medidas repetidas só mostrou efeito significante para as sessões (F(7,28)=9,7534,p<0,05), não evidenciando diferença estatística significante para o tipo de intervenção terapêutica nem para interação entre sessões*intervenção. O teste Post Hoc de scheffe mostrou uma diferença estatística entre a pré-terapia e o início da intervenção terapêutica, ou seja, as demais sessões. Conclusão: Ambos os modelos de intervenção (tradicional e gamificação) propiciam melhora no desempenho fonológico da criança a partir da primeira sessão. No cenário de pandemia uma importante implicação terapêutica refere-se à possibilidade do uso de estratégias de gamificação com o uso do computador, via remota, com resultados semelhantes ao de terapia tradicional.


Palavras-chave: Gamificação; Transtorno Fonológico; Líquidas; Clinical trial.

1. Pereira LL, Brancalioni AR, Keske-Soares M. Terapia fonológica com uso de computador: relato de caso. Rev. CEFAC. 2013; 15 (3): 681-688. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462012005000052.

2. Vianna M., et al. Gamification: como reinventar empresas a partir de jogos. 1. ed. Rio de Janeiro: MJVPress. 2013.

3. Deterding S, et al. From game design elements to gamefulness: defining gamification. In: Proceedings of the 15th international academic MindTrek conference: Envisioning future media environments. ACM, 2011.p.9-15.

Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1840
ELABORAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS PARA PREDIZER O FECHAMENTO VELOFARÍNGEO COM BASE NAS CARACTERÍSTICAS DE FALA E SUA CORRESPONDÊNCIA COM AS DIMENSÕES DO ORIFÍCIO VELOFARÍNGEO
Tese
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Indivíduos com fissura labiopalatina podem apresentar alterações de fala específicas decorrentes da disfunção velofaríngea as quais podem auxiliar na classificação da competência velofaríngea.

Objetivo: Elaborar um intrumento para predizer o fechamento velofaríngeo (FVF), baseado na combinação dos sintomas de fala decorrentes da disfunção velofaríngea, aferidas na avaliação perceptivo-auditiva da fala e sua correspondência com a medida objetiva da dimensão do orifício velofaríngeo.

Material e Método: Participaram deste estudo, 62 pacientes, com fissura de palato operada, com idade entre 6 e 45 anos. Os pacientes foram submetidos à avaliação aerodinâmica da fala por meio da técnica fluxo-pressão para classificação do FVF (medida da área velofaríngea) e à gravação audiovisual de amostra de fala. As amostras de fala foram editadas e analisadas por três fonoaudiólogas para classificação dos sintomas: hipernasalidade, emissão de ar nasal audível, classificação da competência velofaríngea, turbulência nasal, fraca pressão consonantal, sintomas ativos não orais-articulação compensatória e mímica facial. A correlação entre as características perceptivas da fala e a classificação do FVF foi feita utilizando-se o coeficiente de correlação de Spearman. Foram desenvolvidos dois modelos estatísticos (discriminante e descritivo exploratório) a fim de predizer a classificação do FVF. A partir do modelo discriminante, funções discriminantes foram determinadas e transpostas para o software Microsoft Excel (editor de planilhas produzido pela empresa Microsoft para computadores). O modelo exploratório estabeleceu critérios com base em hipóteses desenvolvidas a partir dos resultados obtidos no presente estudo, baseando-se na presença e na proporção de cada sintoma de fala em cada categoria de fechamento velofaríngeo determinada pela avaliação aerodinâmica. Os testes de sensibilidade e especificidade foram aplicados a fim de se verificar a aplicabilidade clínica dos modelos.

Resultados: Verificou-se forte correlação entre todos os sintomas de fala e a classificação do FVF. Ambos os modelos mostraram 88,7% de acertos ao predizer o FVF. A sensibilidade e especificidade para o modelo discriminante foi de 92,3% e 97,2%, respectivamente e de, 96,2% e 94,4% para o modelo exploratório, respectivamente.

Conclusão: Foram desenvolvidas e apresentadas dois instrumentos para predizer o FVF a partir dos sintomas perceptivos da fala e a sua correspondência com o fechamento velofaríngeo determinado pela avaliação objetiva. Acredita-se que tais ferramentas contribuirão para o diagnóstico da disfunção velofaríngea na prática clínica.

Scarmagnani RH, Barbosa DA, Fukushiro AP, Salgado MH, Trindade IEK, Yamashita RP. Relationship between velopharyngeal closure, hypernasality, nasal air emission and nasal rustle in subjects with repaired cleft palate. Codas. 2015;27(3):267-72.

Lohmander A, Lundeborg I, Pesson C. SCANTE-The Swedish Articulation and Nasality Test – Normative data and a minimum standard set for cross-linguistic comparison. Clin Linguist Phon. 2017;31(2):137-154.

Castick S, Knight RA, Sell D. Perceptual Judgments of Resonance, Nasal Airflow, Understandability, and Acceptability in Speakers With Cleft Palate: Ordinal Versus Visual Analogue Scaling. Cleft Palate Craniofac J. 2017;54(1):19-31.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
849
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA TREINAMENTO AUDITIVO
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O Processamento Auditivo Central (PAC) refere-se aos mecanismos e aos processos utilizados pelo sistema auditivo, responsáveis por habilidades auditivas processadas pelo Sistema Nervoso Central (SNC). O PAC está diretamente relacionado à discriminação, à percepção e à memória auditiva, competências que são essenciais para a expressão e compreensão da fala, leitura e escrita. Logo, falhas nesse mecanismo podem originar o transtorno do processamento auditivo central (TPAC)¹ ². O treinamento auditivo (TA) é um recurso terapêutico proposto para minimizar as habilidades auditivas alteradas encontradas em indivíduos com TPAC, que consiste em um conjunto de condições acústicas diferentes e tarefas que são indicadas para ativar os sistemas relacionados à audição com o intuito de modificar a base neural dos comportamentos auditivos, gerando uma melhora no desempenho auditivo, sendo possível por meio da plasticidade neural 3,4. Objetivo: Desenvolver estratégias de estimulação para o processamento auditivo com dificuldade gradativa para todas as habilidades auditivas. Métodos: A criação deste material deu-se através de uma disciplina de pesquisa. Para isso, foi realizada pesquisa bibliográfica definindo as habilidades auditivas, a hierarquia de desenvolvimento de cada uma e a graduação de dificuldades das estratégias. Foram selecionados textos, frases e palavras foneticamente balanceados, assim como os estímulos sonoros que possibilitaram a realização de atividades de competição auditiva. Para definir a complexidade das atividades levou-se em consideração a faixa etária e nível de ruído competitivo.
A gravação dos comandos de cada atividade, bem como das estratégias foi realizada em cabine acústica, tendo como apoio o programa Audacity versão 2.4.1. Este programa possibilitou arranjos entre os estímulos sonoros de fundo e de fala e entre as formas de apresentação monótica, dicótica ou diótica, dependendo da habilidade em foco. Como apoio terapêutico para os indivíduos com maior dificuldade foram elaboradas placas ilustrativas com imagens referentes aos estímulos sonoros apresentados em cada atividade. Para o registro do material utilizou-se um CD. Resultados: Foram desenvolvidas 24 atividades, sendo quatro para cada habilidade auditiva. Considerando sua hierarquia, foram distribuídas em: detecção, discriminação, localização (só orelha direita, só orelha esquerda e ambas orelhas), atenção auditiva seletiva e atenção auditiva sustentada, figura-fundo e fechamento auditivo (com e sem ruído). Os estímulos sonoros utilizados incluem sons verbais (segmentos, palavras e frases) e sons não verbais (instrumentos musicais, animais, meios de transporte e tom puro). Conclusão: Este material encontra-se disponível no Laboratório de Comunicação Humana e Funções Orofacias (LCHFO) de uma instituição de ensino superior. As estratégias estão sendo utilizadas para treinamento auditivo, contribuindo para que estudantes com TPAC e dificuldades acadêmicas aprimorem suas habilidades auditivas.

1. Burkhard LF, Rechia IC, Grokoski KC, Ribas LP, Machado MS. Processamento auditivo central e desnutrição infantil: revisão sistemática. Rev Cienc Salud. 2018;8(2):19-25

2. Pereira LD. Avaliação do Processamento Auditivo Central. In: Lopes F. Tratado de Fonoaudiologia. 1a ed. São Paulo. Roca. 1997: 109‑26.

3. Musiek F, Berge B. A neuroscience view of auditory training/stimulation and central auditory processing disorders. In: Masters MG, Stecker NA, Katz J, editors. Central auditory processing disorders – mostly management. Boston: Allyn & Bacon. 1998: 15-32.

4. Melo Â, Mezzomo CL, Garcia MV, Biaggio EPV. Efeitos do treinamento auditivo computadorizado em crianças com distúrbio do processamento auditivo e sistema fonológico típico e atípico. Audiol Commun Res [internet]. 2016 [Acesso em 02 de junho de 2020]; 21: 1683


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1159
ELABORAÇÃO DE FOLHETOS INFORMATIVOS SOBRE A COMUNICAÇÃO DE ESCOLARES: UMA ESTRATÉGIA PARA ALUNOS DE CURSOS DE PEDAGOGIA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Os distúrbios da Comunicação estão muito presentes em crianças em desenvolvimento, e podem e devem ser identificados o mais precocemente possível. O desconhecimento dos professores sobre a comunicação dos escolares pode resultar em estratégias inadequadas em sala de aula e intervenções tardias daquelas crianças com alteração no desenvolvimento. Os problemas vocais também têm alta prevalência entre esses profissionais, que por muitas vezes podem ser evitados, mas são ignorados. As dificuldades dos professores em lidar, de maneira apropriada, com esses escolares e sua saúde vocal, podem ser consequência da deficiência na formação dos alunos de pedagogia. Assim, considera-se muito importante que o fonoaudiólogo esteja inserido nos cursos de formação da Pedagogia, além de sua inserção em ambientes educacionais. Objetivo: Este trabalho teve por objetivo relatar a experiência da construção de folhetos informativos sobre a comunicação dos escolares (linguagem oral/ fala, fluência, leitura e escrita, audição) e dos futuros professores (voz), além de esclarecer sobre o papel do fonoaudiólogo educacional. Método: Os folhetos foram elaborados dentro de um estudo mais abrangente que visava medir o efeito de um programa de capacitação de alunos concluintes do curso de Pedagogia de duas universidades particulares do interior do estado de São Paulo, por meio da oferta de aulas online e entrega de material do apoio. Para a elaboração dos materiais foi realizada uma pesquisa em artigos e livros sobre os seguintes assuntos: Linguagem Oral e Fala, Gagueira, Linguagem Escrita e leitura, Audição, Voz e Fonoaudiologia Educacional. Resultados: Foram elaborados seis folders, um sobre cada tema, sendo: linguagem oral; gagueira; leitura e escrita; audição, voz e Fonoaudiologia Educacional. Em cada dos temas voltados à comunicação do escolar, foram abordados: o desenvolvimento normal e desviante, as características das alterações mais comuns, condutas benéficas e prejudiciais comumente praticadas em sala de aula. No âmbito da Voz e da Fonoaudiologia Educacional, foram apresentadas estratégias de prevenção da saúde vocal; além das possibilidades de atuação dos fonoaudiólogos dentro das escolas. Conclusão: A existência de um material de apoio para consulta rápida pelos alunos de Pedagogia e futuros professores, favorece a fixação do conteúdo ministrado em aulas, além de ser um instrumento de fácil acesso em sala de aula. Desse modo, espera-se que os futuros pedagogos estejam mais preparados para lidar com os escolares, tanto para propor condutas mais adequadas ao desenvolvimento, como para identificar possíveis alterações.


ANGST, O. V. M. et al. Prevalência de Alterações Fonoaudiológicas em pré-escolares da rede pública e os determinantes sociais. Rev. CEFAC (São Paulo). 2015 17(3):727-733.
LONGO, I. A. et al. Prevalência de alterações fonoaudiológicas na infância na região oeste de São Paulo. Codas (São Paulo). 2017 29(6):e20160036.
SANTOS, F. R. dos; DELGADO-PINHEIRO, E. M. C. Relação entre o conhecimento dos professores sobre grau de perda auditiva, dispositivos tecnológicos e estratégias de comunicação. CoDAS (São Paulo). 2018 30(6):e20180037.
ELOI, Márcia Emília da Rocha Assis; SANTOS, Juliana Nunes; MARTINS-REIS, Vanessa Oliveira. Alterações da linguagem oral e escrita na percepção dos professores do ensino fundamental. Rev. CEFAC (São Paulo). 2015 Oct; 17(5):1420-1431.
ABOU-RAFÉE, M. et al. Fadiga vocal em professores disfônicos que procuram atendimento fonoaudiológico. Codas (São Paulo). 2019 31(3):e20180120.
NASCIMENTO, G. B.; TAGUCHI, C. K. Conhecimento de Graduandos de Pedagogia sobre o Processamento Auditivo. Rev. Disturb. Comum. (São Paulo). 2013 Dez;25(3):386-393.
FIGUEIREDO, Luciana; LIMA, I. L. B.; SILVA, H. S. E. Representações dos profissionais da educação acerca do fonoaudiólogo educacional. Rev. Disturb. Comum. (São Paulo). 2018 Mar; 30(1):186-193.
FERNANDES, D. M. Z.; LIMA, M.C. M. P.; SILVA, I. R. A percepção de professores de educação infantil sobre a atuação fonoaudiológica na escola. Rev. Disturb. Comum. (São Paulo). 2017; 29(1): 86-96.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
408
ELABORAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA CONSCIENTIZAÇÃO DA COVID-19
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 que apresenta um quadro clínico diverso, apesar disso algumas pessoas infectadas apresentam-se assintomáticas, aumentando o risco de contaminação¹ ². Com a finalidade de impedir a propagação do vírus foram tomadas medidas preventivas, entre elas está o isolamento social. Nesse contexto, a universidade tem como papel conscientizar acerca dos riscos e reafirmar medidas de prevenção. Para isso, tem como pilar as práticas que promovem a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, favorecendo a relação entre universidade e sociedade, utilizando como instrumento a educação em saúde 3,4. Objetivo: Elaborar materiais didáticos para conscientizar crianças a respeito dos métodos de prevenção da COVID-19, promovendo informações acerca da gravidade da contaminação. Métodos: O projeto de extensão “Fonoaudiologia na promoção da saúde - Respiração Oral” tem como ações permanentes transmitir orientações em relação à respiração oral no âmbito escolar, envolvendo alunos, pais e professores, utilizando como abordagens palestras e oficinas lúdicas. Esporadicamente ocorrem ações pontuais em Unidade Básica de Saúde (UBS) e em estações de metrô, para esses eventos são utilizados como meio informativo palestras e panfletagem. Em decorrência da pandemia que perpassa o mundo, houve a necessidade de adaptação para continuar disseminando informações às crianças. Para isso, foram elaborados materiais didáticos para a prevenção da COVID-19, os quais foram disponibilizados virtualmente por meio das plataformas Google Forms e Dropbox divulgados através das redes sociais. Para ter acesso ao material, o interessado preencheu os formulários disponibilizados pelos links: https://forms.gle/fZDTNjPyHFDysyeF9 e https://forms.gle/vjPnzA378rh9XNpV7 sendo direcionado para pastas no Dropbox para baixar os arquivos em PDF. Resultados: Foram desenvolvidos dois cadernos com ilustrações e linguagem acessível para crianças, sendo um de atividades e outro de brincadeiras. O primeiro é composto por 10 atividades educativas e um gabarito ao final. O segundo é constituído por 7 brincadeiras que contém o passo a passo e os materiais que serão necessários para a realização das brincadeiras. Além disso, ao final do caderno há uma cartilha instrutiva que será utilizada durante a realização das brincadeiras que diz respeito às medidas de prevenção contra COVID-19. Conclusão: Com a elaboração e disponibilização dos materiais didáticos, espera-se o alcance significativo do público infantil para que se tornem conscientes acerca da COVID-19, assim como agentes potencializadores da educação em saúde.

REFERÊNCIAS

1. Brasil, Ministério da Saúde (MS). Coronavírus (COVID-19). 2020. Disponível em: . Acesso em 30 junho 2020.

2. Fórum De Pró-Reitores De Extensão Das Universidades Públicas Brasileiras (FORPROEX). Indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão e a flexibilização curricular: uma visão da extensão. Brasília: MEC/SESu, 2006.

3. Belasco AGS, Fonseca CD. Coronavírus 2020. Rev. Bras. Enferm. [Internet]. 2020 [Acesso em 03 de julho de 2020]; 73(2):2020.
_
4. Boehs AE, Monticelli M, Wosny AM, Heidemann ITSB, Grisotti M. A interface necessária entre enfermagem, educação e saúde e o conceito de cultura. Texto Contexto Enferm [online]. 2007 [acesso em 29 de junho de 2020]; 16(2):307-14.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
286
ELABORAÇÃO DE PRANCHAS COMUNICATIVAS PARA PACIENTES AFÁSICOS INTERNADOS PARA A PROMOÇÃO DA COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR ALTERNATIVA
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Introdução: A afasia é um distúrbio adquirido da linguagem, decorrente de uma lesão cerebral em geral no hemisfério esquerdo, levando a alteração da linguagem que compromete as funções comunicativas do indivíduo, que anteriormente estavam intactas. A afasia tem distintas etiologias, como acidentes vasculares cerebrais (AVC), traumatismos cranioencefálicos e tumores que podem causar a afasia, podendo ser acompanhada de sinais neurológicos, por exemplo: a hemiplegia e distúrbios cognitivos como apraxias, agnosias e amnésias de diferentes ordens e graus de severidade. As afasias podem ser classificadas em oito tipos: afasia de Broca; afasia de Wernicke; afasia de condução; afasia global; afasia transcortical motora; afasia transcortical sensorial; afasia transcortical mista e afasia anômica. De acordo com os numerosos casos de lesões neurológicas adquiridas, faz-se necessário a implantação da comunicação suplementar alternativa (CSA), que é uma área de prática clínica que visa compensar e facilitar, temporária ou permanentemente, padrões de prejuízo e inabilidade de indivíduos com severas desordens expressivas e/ou desordens na compreensão da linguagem oral. A CSA pode ser necessária para indivíduos que demonstrem prejuízo nos modos de comunicação gestual, oral e/ou escrita, é definida como um grupo de componentes integrados, incluindo símbolos, auxílio, estratégias e técnicas usadas por indivíduos para aumentar a comunicação. Objetivo: Elaborar pranchas comunicativas para a promoção da comunicação suplementar alternativa em pacientes afásicos internados. Métodos: Inicialmente foi realizado entrevistas com fonoaudiólogos atuantes no campo hospitalar, em seguida elaborado o diagnóstico técnico cientifico onde foi pesquisado na teoria sobre o uso das pranchas comunicativas, posteriormente foi feito o plano de ação para visualização do projeto e os benefícios que acarretariam, após foi realizado o canvas que indica quais serão os patrocinadores, os meios de comunicação e os gastos necessários para a realização do projeto. Por fim, a produção das pranchas comunicativas. As pranchas se diferenciam de acordo com o tipo das afasias, sendo dividias em pranchas para pacientes com alteração na compreensão e outra para pacientes com alteração na emissão da linguagem oral e ou escrita. Resultados: Foram produzidas pranchas comunicativas para promoção da comunicação de pacientes afásicos internados, para facilitar a comunicação com os familiares e também com a equipe multidisciplinar. As pranchas possuem a versão impressa e digital, sendo incluso o treinamento com as orientações e instruções para a aplicação do material. Conclusão: A elaboração das pranchas específicas para pacientes afásicos é fundamental para facilitar a comunicação e proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente.

Ortiz, K. Distúrbios Neurológicos Adquiridos. São Paulo: 2° Edição. Manole, 2010.
NEVES, C. CATRINI, M. O olhar clínico sobre os fatores prognósticos das afasias. Distúrbios da Comunicação, [S.l.], v. 29, n. 2, p. 208-217, jun. 2017. ISSN 2176-2724. Disponível em: . Acesso em: 01 jun. 2020. doi:https://doi.org/10.23925/2176-2724.2017v29i2p208-217.
Machado, T; Mansur, L. Avaliação e Reabilitação das Afasias: São Paulo: 1°Edição. SBFA, 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
694
ELABORAÇÃO DE PROTOCOLO PARA AVALIAÇÃO DE VOCABULÁRIO EXPRESSIVO DE VERBOS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EM PRÉ-ESCOLARES.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Elaboração de Protocolo para Avaliação de Vocabulário Expressivo de Verbos do Português Brasileiro em Pré-Escolares.

INTRODUÇÃO: O vocabulário é um preditivo universal de desenvolvimento linguístico (Reed, 1994) e alterações deste constituem marcas clínicas de alteração do desenvolvimento da linguagem (Bishop, 1992). A avaliação desta habilidade contribui para diagnósticos mais precisos e, principalmente, para recursos terapêuticos mais eficazes (Lopes e Gândara, 2010). Na literatura nacional, há apenas um teste normatizado para avaliar o vocabulário da categoria gramatical de verbos em crianças pré-escolares (Capovilla, 2011). Faz-se necessário considerar que substantivos e verbos possuem características distintas e que a aquisição lexical de verbos contribui de forma significativa para o desenvolvimento gramatical das crianças típicas e com transtornos de linguagem (Lopes e Cáceres, 2007, Kambanaros, 2013). Este estudo poderá ser utilizado como um instrumento diagnóstico e clínico importante para avaliação de linguagem infantil.

OBJETIVO: Elaboração de um Teste de Vocabulário Expressivo de Verbos, baseado nas características linguísticas do Português do Brasil para crianças em idade pré-escolar.

MÉTODO: Utilizando um corpus do Português do Brasil (Sardinha, 2004) , constituído de 32 milhões de itens lexicais do LexPorBr, foram selecionados 16 Verbos. Estes foram organizados em ordem decrescente de frequência e categorizados em transitivos direto e intransitivos, passíveis de representação em uma figura simples para nomeação. O acesso ao corpus ocorreu a partir do site Linguateca (http://www.linguateca.pt/acesso/corpus.php?corpus=CBRAS), e observado os casos de ocorrência para verbos no infinitivo impessoal. As figuras serão representadas a partir de imagens de fotos coloridas em sites cujos direitos autorais sejam de domínio público e gratuito. Assim, para a busca das imagens, será acessado o site do Google (www.google.com), utilizando-se o comando "ferramentas/Direitos de Uso", escolha dos itens "Marcadas para reutilização" para seleção das fotos que possuem permissão de uso livre. Para a construção do teste, ainda não se fez necessário a aprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa. Tal submissão será realizada na próxima etapa do estudo para a normatização dos dados, pois agora construído o instrumento, pretende-se avaliar crianças em desenvolvimento típico de linguagem com idades entre dois e seis anos.

RESULTADOS e CONCLUSÃO: Até o presente momento, elaboramos o teste de vocabulário expressivo a partir da escolha dos itens verbais mais frequentes na língua, assim como, a seleção de figuras e criação do protocolo de registro. O próximo passo será a normatização dos dados com aplicação do instrumento para efeito de validação.

Bishop DV. The underlying nature of specific language impairment. J Child Psychol Psychiatry. 1992; 33(1): 3-66.

Capovilla FC, Negrão VB, Damázio M. Teste de Vocabulário Auditivo e Teste de Vocabulário Receptivo: validados e normatizados para o desenvolvimento da compreensão da fala dos 18 meses aos 6 anos de idade. São Paulo: Memnon. 2011: 5-17.

Kambanaros M. Does verb type affect action naming in specific language impairment (SLI)? Evidence from instrumentality and name relation. Journal of Neurolinguistics. 2013; 26(1): 160-177.

Léxico do Português Brasileiro – LexPorBr. 2015. [acesso em 10 maio 2020]. Disponível em http://www.lexicodoportugues.com/

Lopes DMB, Cáceres AM, Araújo K. Aquisição de verbos em pré-escolares falantes do português brasileiro. Rev CEFAC. 2007; 9(4): 444-452.

Lopes DMB, Gândara JP. Tendências da aquisição lexical em crianças em desenvolvimento normal e crianças com Alterações Específicas no Desenvolvimento da Linguagem. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2010; 15(2): 297-304.

Reed AV. An Introduction to Children with Language Disorders. Pearson. 1st Edition. 1994

Sardinha BT. Linguística de corpus. Barueri: Manole. 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1495
ELABORAÇÃO DE PROTOCOLOS OPERACIONAIS PADRÃO (POPS) NA PRÁTICA PROFISSIONAL DA FONOAUDIOLOGIA COMO ESTRATÉGIA PARA PROMOVER A SEGURANÇA DO PACIENTE EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: Protocolos são instrumentos significativos para a melhoria dos processos na área da saúde, são empregados a fim de baixar a variação existente entre os processos na prática clínica. Para tentar minimizar ou evitar a ocorrência de danos ao paciente, problemas legais e éticos aos profissionais e descrédito do estabelecimento de saúde pela sociedade é necessário a construção de procedimentos e protocolos assistenciais em saúde, devendo atender aos princípios éticos e legais de cada categoria profissional, considerando-se os preceitos da prática baseada em evidências, às normas e regulamentos do Sistema Único de Saúde, em suas três esferas de gestão e da instituição onde será utilizado. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada na elaboração dos procedimentos operacionais padrão em um hospital público do Distrito Federal. Método: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência e representa uma experiência obtida entre agosto de 2019 a junho de 2020 realizado em um hospital público do Distrito Federal. O processo de elaboração dos POPs deu-se em duas etapas. A primeira consistiu no levantamento de todos os procedimentos operacionais necessários para garantir a qualidade da assistência prestada na Instituição e a decisão de quais profissionais seriam responsáveis pela elaboração desses protocolos, esses profissionais colaboradores da Instituição foram escolhidos conforme suas especialidades e funções desempenhadas na empresa. Na segunda etapa foram realizadas a discussão e revisão dos novos protocolos assistenciais pela coordenação e chefia do serviço e logo após os POPs foram encaminhados ao setor de qualidade, onde são apresentados aos gestores a fim de esclarecer possíveis dúvidas, adequar se necessário, e validar o procedimento. Nesse momento, fizeram-se mudanças e adaptações propostas pela equipe e em seguida foram validados. Resultados: Na Instituição em questão, não existiam POPs referentes a processos decorrentes da prática fonoaudiológica, e o gerenciamento desses procedimentos tornou-se prioridade há menos de um ano, quando a Instituição passou a ser administrada pelo Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do Distrito Federal (IGESDF). Desde então, ações voltadas para a melhoria do exercício em saúde veio se fortalecendo, inclusive com a contratação de mais profissionais, objetivando a melhoria da qualidade da assistência. Protocolos essenciais para o andamento do Serviço de Fonoaudiologia e para segurança do paciente e visando produzir, sistematizar e difundir conhecimentos, implantar a gestão de risco e fomentar a inclusão do tema segurança do paciente entre os colaboradores foram criados e implementados 16 POPs para as áreas: adulto, neo e ped. Conclusão: No decorrer da construção dos POPs, percebeu-se uma mobilização entre os colaboradores da Instituição que possibilitou a identificação dos riscos e dos danos e a incorporação de boas práticas dos cuidados em saúde. No entanto, os fonoaudiólogos precisam entender que a padronização é o caminho mais seguro para a produtividade e competitividade em nível internacional. Assim, percebe-se que o bom desempenho de um serviço está intimamente relacionado com a qualidade de seus próprios processos e o acompanhamento dos resultados desses instrumentos, através de indicadores, pode revelar a eficiência da gestão que está sendo desenvolvida.

Palavras-chave: Fonoaudiologia; Métodos; Protocolos Clínicos;

Sales CB, Bernardes A, Gabriel CS, Brito MFP, Moura AA, Zanetti ACB. Protocolos Operacionais Padrão na prática profissional da enfermagem: utilização, fragilidades e potencialidades. Rev. Bras. Enferm. [Internet]. 2018 Feb [cited 2020 July 13] ; 71( 1 ): 126-134.

Quaglio C, Rached CDA. VALIDAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO: PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DO FREIO LINGUAL COM ESCORES PARA BEBÊS. International Journal of Health Management – Edição nº 1 – Ano: 2019.

Costa ANB, Almeida ECB, Melo TS. Elaboração de protocolos assistenciais à saúde como estratégia para promover a segurança do paciente. REBES, v.8.n1. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1728
ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO FONOLÓGICA ASSOCIADO A LEITURA E A ESCRITA PARA ESCOLARES COM DISLEXIA MISTA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A dislexia refere-se a diferenças de processamentos individuais, frequentemente caracterizados pelas dificuldades apresentadas no início da alfabetização, comprometendo a aquisição da leitura, da escrita e da ortografia. Também podem ocorrer falhas nos processos cognitivos, fonológicos e/ou visuais. A dificuldade de decodificação traz implicações como limitação na leitura de textos de crescente complexidade, diminuição da exposição do leitor a palavras novas, limitação da aquisição de vocabulário e prejudica o desenvolvimento da perícia na compreensão da leitura2. Desta forma, mesmo que se saiba que, para aprender a ler, os escolares precisam desenvolver boas habilidades linguísticas, a leitura também requer uma análise visual de uma matriz de letras ordenada de forma específica como uma palavra familiar e recuperação da representação da palavra na memória3, porém, os programas de intervenção desenvolvidos para sujeitos com dislexia do desenvolvimento no Brasil não utilizam tal referencial, uma vez que a abordagem metafonológica é mais utilizada do que a abordagem que combina estratégias metafonológicas e de acesso ao léxico mental. Objetivo: elaborar um programa de intervenção fonológica associado a leitura e a escrita para sujeitos com dislexia do desenvolvimento e analisar a significância clínica do desempenho dos sujeitos na pré e na pós-testagem. Método: este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesqiuisa, sob número de CAEE 948334182.000.05406, com número de parecer 2.916.381 . Para melhor explicitar como foi realizada a elaboração, aplicação e análise da significância clínica do programa de intervenção fonológica associada a leitura e escrita composto por tarefas de conhecimento do alfabeto, nomeação automática rápida de figuras e palavras, nomeação automática rápida e escrita, leitura de palavras e pseudopalavras, ditado de palavras, correção do ditado, decisão lexical e distinguir se as palavras são iguais ou diferentes. Resultados: foi possível observar que os sujeitos que foram submetidos ao Programa de Intervenção Fonológica associado a leitura e a escrita, diagnosticados com dislexia, apresentaram um desempenho satisfatório durante as sessões do Programa. Conclusão: o programa elaborado mostrou-se eficaz e com aplicabilidade, sendo demonstrado que este programa pode ser utilizado por fonoaudiólogos e fonoaudiólogos educacionais como um instrumento de intervenção baseada em evidência científica que auxilie o desenvolvimento da leitura de escolares com dislexia mista.

1. REID, G. Dyslexia: A practitioner's handbook. John Wiley & Sons, 2016. Doi 10.1002 / 9780470745502
2. CHARD, David J. et al. Predicting reading success in a multilevel schoolwide reading model: A retrospective analysis. Journal of Learning Disabilities. 2008; v(41), 174-188 . Doi https://doi.org/10.1177/0022219407313588
3. BELLOCCHI, Stéphanie et al. Exploring the Link between Visual Perception, Visual–Motor Integration, and Reading in Normal Developing and Impaired Children using DTVP‐2. Dyslexia,2017. v(23),296-315, 2017. Doi https://doi.org/10.1002/dys.1561


TRABALHOS CIENTÍFICOS
622
ELABORAÇÃO E DISPENSAÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS PELO SERVIÇO DE FONOAUDIOLOGIA DE UM HOSPITAL GERAL
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: No contexto hospitalar, faz parte do processo de trabalho do fonoaudiólogo realizar orientações diárias aos pacientes e seus acompanhantes quanto as condições seguras de oferta da dieta por via oral, à execução de exercícios prescritos e instruções de cuidados no momento da alta hospitalar. A equipe de Fonoaudiologia que atende pacientes adultos internados em um hospital universitário de referência no estado de Minas Gerais realizava orientações verbais e por vezes escritas, de forma não padronizada, o que gerava inquietude nos profissionais dada as falhas de comunicação percebidas nesse processo, haja vista permanente rotatividade dos acompanhantes e modificação diária a que são submetidas tais orientações. Diante disso, a equipe se organizou em um processo de trabalho para elaborar documentos institucionais com finalidade educativa, direcionados aos pacientes e seus acompanhantes, no formato de cartilhas, visando reforçar as orientações e solucionar dúvidas na ausência do fonoaudiólogo à beira do leito. Objetivo: Relatar o processo de elaboração e dispensação de cartilhas educativas pela equipe de Fonoaudiologia de um hospital universitário de referência. Métodos: Uma fonoaudióloga da equipe responsabilizou-se pela redação inicial do texto, em linguagem simples e concisa; pela ilustração colorida das cartilhas e pela diagramação do material segundo orientações da Assessoria de Comunicação da instituição. A prévia das cartilhas foi avaliada pelos pares do respectivo serviço quanto ao alcance da finalidade e linguagem apropriada, sendo realizados ajustes conforme as considerações propostas. Resultados: Mediante aprovação da Unidade de Gestão da Qualidade e do Risco, as cartilhas foram publicadas como material institucional, impressas pela Assessoria de Comunicação e se encontram em uso desde fevereiro de 2020. Foram elaboradas cinco cartilhas, referente aos seguintes temas: orientações gerais e individualizadas quanto à oferta por via oral de forma segura, orientações gerais e individualizadas sobre o uso de espessante alimentar, prescrição individualizada de exercícios para paralisia e paresia facial e orientações gerais para alta hospitalar. A dispensação é feita por qualquer profissional da equipe de Fonoaudiologia Adulto, conforme exista a demanda por aquele tipo de orientação. A equipe percebe que o uso das cartilhas tem contribuído para uma maior adesão das orientações pelos acompanhantes. Conclusão: A dispensação de cartilhas educativas contribui para o processo de educação em saúde, pois favorecem a compreensão e os seguimentos das orientações, além de ser um material de baixo custo e de uso prático no ambiente hospitalar.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1654
EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A insuficiência cardíaca (IC) é um distúrbio que acomete o coração, ocasionando o suprimento inadequado de suas necessidades metabólicas. Esse comprometimento tende a reduzir o fluxo sanguíneo por todo o corpo, inclusive para a cóclea, com possibilidade de afetar a orelha interna, causando degeneração coclear. Assim, hipotetiza-se que pacientes com IC podem apresentar alteração das vias auditivas, sobretudo nas células ciliadas da cóclea, refletindo na amplitude das emissões otoacústicas evocadas por estímulos transientes (EOEt) e produto de distorção (EOEPD). A despeito da possível relação da IC com alterações auditivas, a literatura sobre a temática ainda é escassa, principalmente no Brasil. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi averiguar os achados das emissões otoacústicas evocadas de pacientes com diagnóstico de IC. Trata-se de um estudo do tipo observacional, de caráter transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (parecer 2.809.558). A casuística foi composta por 15 sujeitos (30 orelhas), de ambos os sexos, com faixa etária entre 32 e 87 anos de idade (média = 55,93), que apresentavam quadro de insuficiência cardíaca diagnosticada por equipe interdisciplinar, do tipo sistólica (n= 9) ou diastólica (n=6). A severidade dos sintomas e grau do comprometimento foram classificados como classe I (n= 11) ou II (n=4), de acordo com a classificação da New York Heart Association. Inicialmente, os sujeitos foram submetidos à avaliação audiológica básica completa; e posteriormente, realizou-se a pesquisa das EOEt e EOEPD nas faixas de frequências de 1 a 4 kHz e de 1 kHz a 6kHz, respectivamente. Para tanto, utilizou-se o equipamento ILOv6 - Otodynamics, utilizando o protocolo padrão. Para cada banda de frequências registrada, analisou-se a reprodutibilidade para EOEt e a relação sinal/ruído para ambos os procedimentos. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Embora se tenha como limitação do estudo a possibilidade de outros fatores etiológicos associados, como a presbiacusia nos idosos, a configuração audiométrica dos pacientes com perda auditiva não foi característica deste fator causal. Dentre os pacientes avaliados 10 (66,7%) apresentaram limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade, bilateralmente (OMS, 2014). Ao considerar os pacientes com perda auditiva (n= 5), todas foram do tipo sensorioneural e, a de maior grau (severo), foi associada à um caso de cardiomiopatia dilatada multifatorial classe II. Apenas dois indivíduos apresentaram EOE presentes para todas as frequências testadas. Do total de participantes, quatro obtiveram EOE ausentes em todas as frequências nos dois procedimentos, sendo que destes, três apresentaram limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade e curva timpanométrica tipo “A”, sugerindo alterações de células ciliadas externas prévia à modificação dos limiares auditivos, com provável relação com o quadro de IC. Diante do exposto, conclui-se que pacientes com IC podem apresentar perda auditiva ou mesmo alteração de CCE prévia às modificações dos limiares auditivos. Assim, ressalta-se a importância de estudos adicionais que ampliem a casuística e do acompanhamento audiológico dos pacientes com IC, a fim de viabilizar a identificação precoce de alterações audiológicas secundárias ou potencialidades inerentes à condição sistêmica de IC.

Hull RH, Kerschen SR. The Influence of Cardiovascular Health on Peripheral and Central Auditory Function in Adults: A Research Review. American Journal of Audiology. 2010; Vol. 19 (9–16).

Hutchinson KM, Alessio H, Baiduc RR. Association Between Cardiovascular Health and Hearing Function: Pure-Tone and Distortion Product Otoacoustic Emission Measures. American Journal of Audiology. 2010; Vol. 19 (26–35).

Köping M, Shehata-Dieler W, Cebulla M, Rak K, Oder D, Müntze J, et al. Cardiac and renal dysfunction is associated with progressive hearing loss in patients with Fabry disease. PloS ONE. 2017; 12(11): e0188103. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0188103

Sánchez-Prieto Castillo J, López Sánchez FA. Insuficiencia cardíaca. Generalidades. Medicine - Programa de Formación Médica Continuada Acreditado. 2017; 12(35), 2085–2091. https://doi.org/10.1016/j.med.2017.06.001

Scrutinio D, Lagioia R, Ricci A, Et Al. Prediction Of Mortality In Mild To Moderately Symptomatic Patients With Left Ventricular Dysfunction. The Role Of The New York Heart Association Classification, Cardiopulmonary Exercise Testing, Two-Dimensional Echocardiography And Holter Monitoring. Eur Heart J. 1994;15:1089-95.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1009
EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DA CARREIRA PROFISSIONAL NO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Fonoaudiologia prevê dentre as competências e habilidades gerais, a administração e o gerenciamento dos recursos físicos, materiais e de informação, com a finalidade de formar profissionais aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças em equipes de saúde. O planejamento da carreira profissional passa, necessariamente, pelo planejamento da vida, devendo ser construído considerando a indissociabilidade entre o planejamento individual, afetivo e profissional. Para atender a demanda prevista nas DCNs, o Curso de Fonoaudiologia de uma instituição pública do nordeste do Brasil inseriu em sua matriz curricular a disciplina de “Gestão de carreira, tecnologia aplicada à fonoaudiologia e ética profissional”, integralizada no currículo do 6° período, tendo sido ministrada pela primeira vez em 2015. Objetivo: Relatar a experiência na disciplina de “Gestão de carreira, tecnologia aplicada à fonoaudiologia e ética profissional”. Métodos: Trata-se de um relato de experiência de uma acadêmica do 4° ano de fonoaudiologia na disciplina de “Gestão de carreira, tecnologia aplicada à fonoaudiologia e ética profissional” de uma universidade pública do Nordeste. Durante a disciplina de 40h foram abordados semanalmente temas sobre o planejamento profissional (planejamento mínimo, planejamento de vida e dimensionamento da realidade), como realizar este planejamento e carreira acadêmica. Estes conteúdos foram ministrados por meio de aulas expositivas, estudo dirigido, tutorias e troca de experiências com fonoaudiólogos do estado que são empreendedores. Resultados: A disciplina proporcionou a reflexão, desde a graduação, de que ser empreendedor é ser capaz de explorar as oportunidades e protagonizar novos campos e práticas profissionais no âmbito da fonoaudiologia. Além disto, na elaboração do planejamento profissional para curto, médio e longo prazo que cada discente realizou, foi possível pensar na carreira profissional que se almeja, bem como quais metas e caminhos devem ser traçados para esta conquista. Conclusão: a disciplina de “Gestão de carreira, tecnologia aplicada à fonoaudiologia e ética profissional” traz uma proposta inovadora para o currículo, sendo muito bem avaliada pelos discentes e possibilitando o desenvolvimento de competências de comunicação, liderança, capacidade de planejar e a possibilidade de solucionar demandas da sociedade atual na contribuição da saúde e qualidade de vida das pessoas.

1. Sales PA et. al. Panorama da Disciplina de Orientação Profissional no Estado de São Paulo e sua importância no ensino de Fonoaudiologia View of the Professional Guidance Discipline in São Paulo State and its importance to the speech-language pathology student. Rev Inst Ciênc Saúde. 2008, 27(2): 144-7.
2. Sales PA, et. al. Marketing profissional na área de saúde: o fonoaudiólogo no mundo globalizado. Rev Fonoaudiol Brasil. 2005, 3(1): 13-5.
3. Antonello, CS et. al. Projeto pedagógico: uma proposta para o desenvolvimento de competências de alunos do curso de administração, com foco no empreendedorismo. Encontro Anual da Anpad. 2005, 29.
4. CNE. Resolução CNE/CES 5/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1, p. 12.
5. Menezes, PL. Felicidade: um planejamento de vida para fonoaudiólogos. Revista do Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia.2012;53:22-23.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1763
ENCONTROS VIRTUAIS PARA COMPARTILHAR ESTRATÉGIAS E EXPERIÊNCIAS NA TELEFONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Encontros virtuais para compartilhar estratégias e experiências na telefonoaudiologia
Introdução: A quarentena imposta pelo COVID-19 gerou mudança repentina no meio de atendimento dos profissionais de fonoaudiologia de todas as áreas. Muitos fonoaudiólogos tiveram que fechar seus consultórios para manter o distanciamento social. Caso a migração da terapia presencial para a teleconsulta não fosse realizada, muitos pacientes teriam suas sessões interrompidas, impactando negativamente em sua evolução. Além disso, como a maior parte dos profissionais são autônomos, a migração a teleconsulta foi imprescindível para a manutenção da fonte de renda.
Objetivo: Elaborar um evento gratuito para os fonoaudiólogos das diversas áreas da fonoaudiologia compartilharem experiências, estratégias e aprendizados na migração imposta das terapias presenciais para a teleconsulta e fornecer uma rede de apoio para nossa profissão.
Método: Foram convidados 22 profissionais referência em sua área de atuação para participarem como palestrantes de duas semanas de encontros virtuais. Em ambas as semanas a palestra de abertura foi realizada em forma de live pelo instagram para atingir o maior número de pessoas possível e a divulgação e o link para acesso aos encontros foi disponibilizado pelas mídias sociais. A primeira série de encontros foi realizada no início da quarentena de forma síncrona pela plataforma zoom e posteriormente as gravações foram disponibilizadas em um canal do YouTube de forma assíncrona. O intuito da primeira semana foi discutir e compartilhar boas práticas da teleconsulta, estratégias para a adesão dos pacientes, além de sanar dúvidas. A segunda série de encontros foi realizada também de forma síncrona, dessa vez pela plataforma StreamYard com transmissão direta para o canal do YouTube para evitar a limitação técnica de 100 pessoas dentro da plataforma zoom. A segunda semana foi realizada um mês após a primeira com o objetivo de compartilhar a evolução dos casos na telefonoaudiologia e compartilhar novas estratégias de como os profissionais estavam lidando com os desafios da terapia mediada pela tecnologia. Todos os encontros foram divididos por área da fonoaudiologia e tiveram duração de uma hora a uma hora e meia. Os feedbacks de ambas as séries de encontros foram espontâneos e coletados em forma de mensagem escrita pelas mídias sociais e WhatsApp.
Resultados: As duas séries de encontros tiveram uma grande participação dos fonoaudiólogos. Na primeira foram seis encontros totalizando mais de 1.240 visualizações. A segunda foram sete encontros somando mais de 2.000 visualizações. Participaram fonoaudiólogos de todo o país. O feedback das duas séries foi positivo, tanto de quem assistiu, quanto de quem ministrou. Muitos fonoaudiólogos escreveram depoimentos e mensagens agradecendo os encontros, comentando que eles foram cruciais para conseguirem transmitir segurança para os pacientes atuais e conseguirem fazer a migração de forma rápida e eficiente, diminuindo o impacto na evolução do paciente e na questão financeira devido ao isolamento social.
Conclusão: Foi possível realizar um evento gratuito com participação de grande número de profissionais de todo o Brasil. O feedback dos profissionais revelou que a estratégia foi válida para conhecimento da legislação, preparação e segurança relacionada aos atendimentos mediados pela tecnologia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
894
ENFRENTAMENTO AO COVID-19 NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Atenção Primária a Saúde é essencial para o enfrentamento ao Covid-19, através das estratégias de Educação Popular em Saúde, ampliando as ações de promoção e prevenção, por meio de articulações das equipes interdisciplinares da APS. Nessa perspectiva, a Fonoaudiologia desenvolve estratégias de promoção, prevenção e intervenção junto à saúde da comunicação humana, além de orientar a importância da adesão e manutenção das recomendações da Organização Mundial de Saúde. Objetivo: Relatar as vivências do projeto de extensão universitária denominado Enfrentamento ao COVID19: produzir saúde e defender a vida. Método: Trata-se de um projeto de extensão interprofissional que contribui para o enfrentamento ao COVID-19 nos espaços da Atenção Primária a Saúde, articulando ações de educação e saúde, promoção à prestação do cuidado integral à Saúde. As ações são organizadas nos seguintes eixos: comunicação e educação em saúde, cuidado e assistência em saúde, apoio a organização comunitária e acesso a direitos, suporte e escuta a população e às equipes de cuidado ao cuidador. A área de execução do projeto é território de abrangência das Unidades de Saúde da Família de Vila União e Skylab (Distrito Sanitário IV) e Jardim São Paulo (Distrito Sanitário V) da Secretaria de Saúde do Recife. Dentre os participantes, estão os estudantes de graduação, residentes em Saúde da Família, preceptores/as e tutores/as. São desenvolvidas atividades especificas por núcleo, considerando a singularidade de ação do núcleo profissional, e interprofissionais, com participação dos núcleos de saber e prática da Fonoaudiologia, Nutrição, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Odontologia e Serviço social. A cada semana são feitas reuniões para planejamento e execução das atividades, além de reuniões de monitoramento das atividades desenvolvidas pelos graduandos. Resultados: São realizados momentos de discussão teórica entre os núcleos de saber participantes. Os estudantes do núcleo da Fonoaudiologia pesquisam e mostram a importância da atuação fonoaudiológica para o enfrentamento da pandemia de Covid-19, por meio de levantamentos na literatura relacionando a Fonoaudiologia e a Covid-19. Também é realizada produção de materiais educativos com foco na prevenção da Covid-19 e continuidade do cuidado no momento de isolamento social: recursos visuais (cards, folders), audiovisuais (vídeos) e podcasts, também produzidos de forma interdisciplinar em parceria com os demais núcleos profissionais, tendo o público-alvo a população residente em comunidade dos territórios participantes. Conclusão: A interdisciplinaridade traz uma relação de proximidade com os discentes e docentes dos diversos cursos de graduação, residentes, tutores, preceptores, compartilhando as vivências práticas com a comunidade nesse período de pandemia. A ênfase na saúde primária ensina o olhar integral em saúde com o foco nos determinantes sociais, permitindo riqueza na formação profissional em um meio interprofissional. O aprendizado construído ao longo dessa trajetória será repassado adiante, a fim de contribuir para a concepção de uma Fonoaudiologia integral, melhorias na saúde pública e na vida das pessoas.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1941
ENSINO DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA FORMAÇÃO DE FONOAUDIÓLOGOS
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Em diferentes situações clínicas é necessário que o fonoaudiólogo converse com seus pacientes sobre comportamentos que necessitam ser modificados. A Entrevista Motivacional (EM) é uma abordagem de aconselhamento breve, baseada em evidências, diretiva, centrada no paciente, que visa o desenvolvimento da motivação intrínseca para mudança de comportamento, enfocando a exploração e resolução da ambivalência [1]. Dada a efetividade da EM na melhoria de resultados do tratamento em diferentes áreas da saúde, incluindo a fonoaudiologia, alguns autores advogam pela inclusão de seus procedimentos nas atividades de aconselhamento na prática fonoaudiológica [2,3]. Por sua vez, isto implica no processo de ensino e aprendizagem desta abordagem Objetivo: Verificar os resultados relativos ao ensino e aprendizagem da entrevista motivacional na formação profissional de fonoaudiólogos. Método: Estudo de revisão. Os descritores: ensino, entrevista motivacional, fonoaudiologia, audiologia, fala, linguagem, patologia e suas variações, nos idiomas português e inglês, foram combinados e utilizados nas buscas nas bases de dados PubMed, LILACS, IBECS, Scopus, ERIC e Google Acadêmico. Não houve limitação de data de publicação. Os critérios de inclusão foram: estudos com qualquer desenho metodológico, que contivessem relatos de experiência ou dados empíricos sobre o ensino da EM na formação do fonoaudiólogo em nível de graduação ou pós-graduação, publicados no idioma português ou inglês. Resultados: A busca das bases de dados resultou em 6 referências, das quais 1 era repetida, totalizando 5 no final. No Google Acadêmico foram gerados 25 mil resultados, dos quais as primeiras 5 páginas foram analisadas. Após revisão do título e resumo não foram encontradas publicações que obedecessem aos critérios de inclusão. Conclusão: A qualidade do relacionamento entre o fonoaudiólogo e o paciente afeta diretamente os resultados do tratamento. A EM pode ser utilizada no processo reabilitativo para a construção da aliança terapêutica, facilitar o estabelecimento de metas e o envolvimento do paciente no seu próprio cuidado [4,5]. Esta abordagem também se alinha ao modelo biopsicossocial proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino superior na área da saúde no Brasil [6]. O presente trabalho sugere que (a) nacional e internacionalmente, a EM não vem sendo incorporada na formação de fonoaudiólogos, ou, (b) que tais experiências não estão sendo publicadas. Faz-se necessário ampliar o escopo desta pesquisa, incluindo a busca e análise dos projetos político-pedagógicos e das matrizes curriculares dos Cursos de graduação e pós-graduação em Fonoaudiologia.

[1]Miller WR, Rollnick S. Motivational interviewing: Preparing People for Change. 2. ed. New York: The Guilford Press, 1952.
[2]Mcfarlane Lu-Anne. Motivational Interviewing: Practical Strategies for Speech-Language Pathologists and Audiologists. Canadian Journal of Speech-Language Pathology & Audiology . Spring 2012, Vol. 36 Issue 1, p8-16. 9p. 1 Chart.
[3]Johnson CE, Jilla AM, Danhauer JL. Developing Foundational Counseling Skills for Addressing Adherence Issues in Auditory Rehabilitation. National Library of Medicine, 2018 Feb;39(1):13-31. doi: 10.1055/s-0037-1613702. Epub 2018 Feb 7.
[4]Campos PD. Teleaudiologia: análise da comunicação profissional/paciente no processo de seleção e adaptação de aparelhos de amplificação sonora individuais via teleconsulta. Tese (Doutorado em Fonoaudiologia) – Faculdade de Odontologia de Bauru, University of São Paulo, Bauru, 2016.
[5]Beck DL, Harvey MA. Creating Successful Professional-Patient Relationship. Audiology Today, v. set.-out., p. 36-47, 2009.
[6]Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 5, de 19 de fevereiro de 2002. Institui diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Fonoaudiologia. Brasília, DF, 2002.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
341
ENSINO PRÉ-ESCOLAR DE ALUNOS COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: ATUAÇÃO DO PROFESSOR
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A atuação pedagógica dos professores é fundamental para a promoção do sucesso escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)1. Assim, considerando o fortalecimento das políticas inclusivas no Brasil2-3, é válido refletir sobre a prática docente desenvolvida junto a esta população, uma vez que é crescente o número de alunos com TEA nas salas de aulas comuns do ensino regular em nosso país4. Objetivo: verificar a atuação pedagógica no ensino pré-escolar de alunos com o TEA. Metodologia: O estudo obteve autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CAEE: 66897617.0.0000.5417), do Núcleo de Aperfeiçoamento Profissional da Educação Municipal (NAPEM) da Secretaria Municipal de Educação e do Centro de Apoio à Inclusão Escolar (CAIE) da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do município em que foi desenvolvido o estudo. Participaram do estudo 27 professoras de sete escolas de diferentes regiões da cidade e cinco professoras do CAIE, que atuam no ensino infantil (EI), atendimento educacional especializado (AEE) e atendimento especializado (AE) no ensino pré-escolar. Elas responderam questionário, contendo dois blocos: Bloco 1, caracterização do professor quanto a dados pessoais, de formação acadêmica e contexto de ensino atual, com seis questões; e Bloco 2, sobre a atuação propriamente dita com alunos com TEA, com nove questões. Resultados: As participantes, do gênero feminino (100%), apresentaram média de idade de 40,6 anos. A formação acadêmica foi distribuída em Magistério, Pedagogia, Educação Especial e Educação Artística. 84,4% das professoras eram pós-graduadas (lato sensu); 65,6% atuavam no EI, 18,8% na EE e 15,6% no AEE; 87,4% conheciam as características do TEA; 80% das professoras que atuam no AEE receberam laudo diagnóstico de seus alunos com TEA, seguido de 66,7% das professoras da EE e 57,1% das professoras da EI; 78,1% afirmaram observar dificuldades de socialização, comunicação, comportamento e aprendizagem; 15,6% profissionais relataram observar comportamento de agressividade e irritação; 12,5% referiram dificuldades de atenção e concentração e 6,2% mencionaram dificuldades de coordenação motora em seus alunos com TEA. 62,5% afirmaram considerar que seus alunos com TEA apresentam potencial para acompanhar o ensino em escola regular; 68,8% das professoras recebiam orientações de profissionais da equipe de seus alunos com TEA; 78,1% participaram de cursos e palestras com conteúdos voltados para o ensino de alunos com TEA; 28,1% consideram estar aptas para ensinar crianças com TEA; 78,1% afirmaram ser necessário haver alterações e adequações na estrutura de ensino para os alunos com TEA. Conclusão: Os docentes relataram dificuldades e falta de apoio institucional no manejo diário sobre questões de aprendizagem com seus alunos com TEA, com dificuldades para acesso às informações técnicas quanto ao quadro clínico de seus alunos e, principalmente, falta de formação adequada de como promover mudanças curriculares que sejam efetivas para o aprendizado e, principalmente convivendo com as incertezas do sucesso escolar destes alunos. Nesse sentido, há a necessidade de medidas urgentes para que a atuação pedagógica esteja alinhada com as políticas inclusivas que permitam a garantia de que os aprendizes com TEA terão acesso aos aspectos qualitativos da educação5-6-7-8, como previsto em lei.

American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed. Arlington, VA: Author; 2013

Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988. [acesso 2 jul 2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Brasil. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF, jan. 2008a. [Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela portaria n. 555/2007, prorrogada pela portaria n. 948/2007, entregue ao ministro da Educação em 7 de janeiro de 2008]. [acesso 2 jul 2020]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf

Brasil: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Censo Escolar da Educação Básica 2016 – Notas Estatísticas. [acesso 21 jun. 2020]. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/notas_estatisticas_censo_escolar_da_educacao_basica_2016.pdf

Teixeira MN. Conflito Social pela Educação de Qualidade: Uma Reflexão sobre os Sistemas de Avaliação Educacional. InterSciencePlace [periódico na internet]. 2015 [acesso 02 jul 2020]; 2(10): 118-34. Disponível em: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v10n2a7

Neto AOS, Ávila EG, Sales TRR, Amorim SS, Nunes AKF, Santos VM. Educação inclusiva: uma escola para todos. Rev Edu Esp [periódico na internet]. 2018 [acesso 02 jul 2020]; 31 (60): 81-92. Disponível em: https://doi.org/10.5902/1984686X24091

Bernado ES, Christovão AC. Tempo de Escola e Gestão Democrática: o Programa Mais Educação e o IDEB em busca da qualidade da educação. Educ. Real. 2016. [acesso 2 jul 2020]; 41(4): 1113-40. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2175-623660597

Garnica TPB, Cavalheiro GCS, Quaglio EMH, Capellini VLMF. O Saber fazer na Formação de Professores para a Inclusão Escolar: Um Levantamento Bibliográfico. Rev Ens & Pesq. 2016. [acesso 2 jul 2020]; 14(02): 58-87. Disponível em: http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/ensinoepesquisa/article/view/970


TRABALHOS CIENTÍFICOS
814
ENSINO REMOTO E O MOVIMENTO ESTUDANTIL: AÇÕES DE UM DIRETÓRIO ACADÊMICO DE FONOAUDIOLOGIA DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A participação dos estudantes tem importante papel para o direcionamento de ações de formação em Fonoaudiologia. Em recente portaria publicada pelo Ministério da Educação houve a permissão para a substituição de aulas presenciais por aulas em meios digitais no período da pandemia de Covid-19. O Diretório Acadêmico de Fonoaudiologia (Dafon), enquanto entidade de representação estudantil, está a frente das discussões que envolvem o ensino remoto e suas aplicações, levando a voz dos estudantes, de forma organizada e humanizada. Objetivo: Relatar as ações do Dafon acerca do ensino remoto durante a pandemia do Covid-19. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência escrito por integrantes de um diretório acadêmico do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública. O diretório é composto por onze participantes, que se dividem entre a Executiva (Presidente, vice presidente, duas secretarias gerais), onde as ações são deliberadas, e o Pleno (Secretaria de comunicação, assuntos estudantis, acadêmicos, evento, mobilização, combate às opressões e tesouraria), executando as atividades propostas. O DAFON atuou de forma online, pautando questões como: acesso à tecnologia, saúde mental dos estudantes e todos os fatores que permeiam as aulas online, através de elaboração e divulgação de comunicados, organização de reuniões entre a coordenação do curso de Fonoaudiologia e os estudantes, além da criação de formulários para o mapeamento da opinião estudantil, através do aplicativo do Google Forms. Resultados: Foram realizadas cinco reuniões com estudantes, reitoria, coordenação e docentes. A principal queixa apresentada pelos discentes foi a inviabilidade da realização das atividades online, considerando que parte dos graduandos não dispõe de bons aparelhos tecnológicos e/ou bom pacote de dados de internet, além da saúde mental em relação ao contexto familiar e a adequação à nova rotina dentro de casa. O levantamento da opinião estudantil realizado pelo diretório e apresentado aos docentes e coordenação do curso demonstrou que 51,9% dos estudantes apresentaram momentos de ansiedade e 46,3% afirmaram não estar conseguindo ter produtividade durante este período. Para além desses dados, o Dafon elaborou um segundo questionário para mapear o olhar do estudante sobre a aplicação do ensino remoto na Universidade, cerca de 40% acredita que há pontos negativos e positivos, além de explanarem sugestões e opiniões pessoais sobre o assunto. O levantamento da voz dos estudantes foi fundamental para embasar o diálogo junto à gestão universitária e contribuiu positivamente para a compreensão dos docentes a respeito da opinião estudantil sobre o ensino remoto, e caso seja implantado, ser organizado em conjunto com o corpo discente de forma humanizada. Conclusão: É essencial a atuação do Diretório Acadêmico nas Universidades e nos cursos de Fonoaudiologia. O Diretório representa uma ponte de comunicação entre discentes e docentes, além de ser responsável por articular e garantir a defesa e legitimidade dos alunos em todos os processos acadêmicos. O protagonismo do Dafon é fundamental, pois, estreita os laços dos discentes com o corpo docente, desfazendo as barreiras propostas pelo ensino, fortalecendo o movimento estudantil dentro da Universidade.

Ministério da Educação (BR). Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Diário oficial da União. 18 de março de 2020; Edição: 53; Seção: 1; Página: 39. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1097
EPIDEMIOLOGIA DA PARALISIA CEREBRAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES E ASSOCIAÇÃO COM A VULNERABILIDADE EM SAÚDE
Tese
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Paralisia Cerebral (PC) é a principal causa de incapacidade física na infância, no entanto muitos aspectos da PC ainda são inconclusivos e merecem maiores esclarecimentos. A associação da PC com áreas de vulnerabilidade pode ser considerada uma lacuna do conhecimento. Não foram encontrados estudos epidemiológicos populacionais e sistemas de informação sobre a PC no Brasil. Objetivo: Analisar as características epidemiológicas da Paralisia Cerebral em crianças e adolescentes e a associação com a vulnerabilidade em saúde. Métodos: O estudo foi dividido em cinco etapas que envolveram quatro desenhos de pesquisa epidemiológica e uma produção tecnológica. A primeira etapa foi um estudo do tipo metodológico de construção e validação de um indicador sintético de vulnerabilidade em saúde (IVSaúde). Na segunda etapa, foi realizado um estudo epidemiológico do tipo transversal mediante um inquérito na atenção primária sobre a PC em crianças e adolescentes na cidade de Aracaju. Na terceira etapa, foi realizado um estudo ecológico com análise espacial da PC com dados produzidos a partir do inquérito e acrescidos de dados secundários. Na quarta etapa, foi realizado um estudo caso-controle com informações do pré-natal e do nascimento dos casos e controles colhidas nos registros do Sistema de Informações de Nascidos Vivos do Ministério da Saúde do Brasil (SINASC). A quinta etapa constou da produção de um Sistema de Informação para o Monitoramento Epidemiológico da Paralisia Cerebral. Foram utilizadas análises descritivas, análise de componentes principais, análise exploratória de dados espaciais, regressão linear múltipla e regressão logística múltipla. Resultados: Foi obtido consenso para a composição do indicador sintético de vulnerabilidade, validação estatística e aplicabilidade no território de Aracaju. A prevalência da PC entre crianças e adolescentes em Aracaju foi de 1,64/1000, com maior frequência no sexo masculino (56,25%), raça/cor parda ou preta (67,50%), subtipo mais comum bilateral espástica (45,42%), com maior acometimento das comorbidades de epilepsia (48,33%) e da deficiência intelectual (30%). Cinquenta e oito por cento das famílias têm renda familiar de até 1 salário mínimo. Foram encontradas associações da prevalência da PC com áreas de vulnerabilidade em saúde. Os fatores associados foram o baixo peso ao nascer, prematuridade, baixo escore de Apgar, idade materna avançada e anomalias congênitas. O sistema de informação para o registro da PC atendeu as necessidades de armazenamento, banco de dados, interface intuitiva, layout simples, acesso com diferentes níveis e geração de relatórios. Conclusão: A paralisia cerebral em crianças e adolescentes em Aracaju apresenta como característica o subtipo bilateral espástica, prevalência baixa, apesar das disparidades dentro da cidade, maior frequência nos grupos de minorias sociais de raça/cor parda ou preta e nas famílias que vivem na linha da extrema pobreza. A prevalência da PC está associada com as iniquidades sociais contextuais e possui relação de dependência espacial com as áreas de maior vulnerabilidade em saúde. Os fatores associados mais importantes são as anomalias congênitas, baixos escores de Apgar, baixo peso ao nascer e prematuridade. O sistema de informação no modelo de sala de situação se aplica para pesquisa, vigilância, planejamento e avaliação de serviços para a PC.

BRASIL. Introdução à Estatística Espacial para Saúde Pública. Vol. 3. ed. Brasília-DF: Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2007.
BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 77-93, 2007.
CUTTER, S. L.; BORUFF, B. J.; SHIRLEY, W. L. Social Vulnerability to Environmental Hazards n. Social Science Quarterly, v. 84, n. 2, p. 242-261, 2003. Disponível em: . Acesso em: 21 jun. 2016
DOLK, H.; PATTENDEN, S.; BONELLIE, S. et al. Socio-economic inequalities in cerebral palsy prevalence in the United Kingdom: a register-based study. Paediatric and Perinatal Epidemiology, v. 24, n. 2, p. 149-155, 2010. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2018.
DRACHLER, M. de L.; LOBATO, M. A. de O.; LERMEN, J. I. et al. Desenvolvimento e validação de um índice de vulnerabilidade social aplicado a políticas públicas do SUS. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 9, p. 3849-3858, 2014. Disponível em: . Acesso em: 17 mar. 2018.
GRAHAM, H. K.; ROSENBAUM, P.; PANETH, N. et al. Cerebral palsy. Nature Reviews Disease Primers, p. 15082, 2016. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2018.
KAKOOZA-MWESIGE, A.; ANDREWS, C.; PETERSON, S. et al. Prevalence of cerebral palsy in Uganda: a population-based study. The Lancet Global Health, v. 5, n. 12, p. e1275-e1282, 2017. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2018.
MCINTYRE, S.; TAITZ, D.; KEOGH, J. et al. A systematic review of risk factors for cerebral palsy in children born at term in developed countries. Developmental Medicine and Child Neurology, v. 55, n. 6, p. 499-508, 2013. Disponível em: <>. Acesso em: 19 mai. 2015.
OSKOUI, M.; MESSERLIAN, C.; BLAIR, A. et al. Variation in cerebral palsy profile by socio-economic status. Developmental Medicine and Child Neurology, v. 58, n. 2, p. 160-166, 2016.
SOLASKI, M.; MAJNEMER, A.; OSKOUI, M. Contribution of socio-economic status on the prevalence of cerebral palsy: a systematic search and review. Developmental medicine and child neurology, p. 1-9, 2014. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1695
EQUOTERAPIA E INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO LINGUÍSTICA VIA PÉS RÍTMICOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta a comunicação social e a interação1, mas pouco se fala das alterações prosódicas e gramaticais2,3. A equoterapia surge como alternativa de intervenção para desenvolvimento de tais habilidades, parte-se do pressuposto de que o passo do cavalo favorece adequação de ritmo, de forma natural e sem esforço cognitivo4, e a presença do animal facilita as interações sociais da criança5. Conforme atestado na Linguística Sistêmico-Funcional, a prosódia realiza opções semânticas e pragmáticas conjuntamente com as opções gramaticais6. Uma mesma sequência de palavras pode estar associada a diferentes padrões melódicos e rítmicos, correspondendo a diferentes grupos tonais e pés7. OBJETIVO: Tendo isso em vista, este trabalho tem por objetivo realizar uma análise da evolução rítmica e gramatical da fala de crianças com TEA (graus leve e severo via Childhood Autism Rating Scale - CARS)8,9 submetidas a uma intervenção equoterapêutica. MÉTODOS: Foram selecionadas aleatoriamente 2 crianças de um Centro de Equoterapia para participar do experimento, ambas com 6 anos, sendo uma do gênero feminino e outra do masculino. Os responsáveis assinaram termos de autorização a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética com número 14946819.8.0000.8093. As gravações foram realizadas de modo cego seguindo o Protocolo de Observação Comportamental (PROC)10. A intervenção consistiu em 10 sessões com duração de 30 minutos, 1 vez na semana. Foram analisadas as constituições fonológicas e gramaticais das falas: a primeira em pés e sílabas e a segunda em grupos e palavras7. RESULTADOS: A criança com TEA leve apresentou aumento de 7 para 20 orações, de 5 para 21 grupos (de 5 grupos nominais para 15 grupos nominais, 5 grupos verbais, 1 grupo preposicional), de 1 para 1,5 palavras por oração; de 8 para 27 pés e, com fluência típica, de 0 para 6 orações com dois pés, de 0 para 1 oração de três pés, e de 0 para 2 grupos nominais de 2 pés. Houve uma pausa atípica em cada sessão de avaliação, observou-se uma queda proporcional aparente de 12,5% para 3,7%, a qual precisa ser confirmada com mais dados. A criança com TEA severo apresentou aumento de 12 para 22 orações, de 19 para 40 grupos (de 13 grupos nominais para 30 grupos nominais, de 2 grupos preposicionais para 5 grupos preposicionais, 5 conjuntivos, manteve-se com 4 grupos verbais), de 2,25 para 2,68 palavras por oração e de 0 para 5 orações preposicionais; de 19 para 31 pés e, com fluência típica, de 2 para 4 orações com 2 pés, de 0 para 1 grupo nominal com 2 pés, e de 0 para 1 grupo nominal com 4 pés. Houve uma pausa atípica em cada sessão de avaliação, observou-se uma queda proporcional aparente de 5,2% para 3,2%, a qual precisa ser confirmada com mais dados. CONCLUSÃO: Observou-se uma evolução linguística em todas as métricas estudadas. Aponta-se a necessidade de aumentar a amostra, por isso propõe-se estudos futuros.

1. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

2. Martins, A. Avaliação dos Distúrbios da Linguagem no Autismo Infantil. Dissertação (Mestrado em Medicina). Portugal: Universidade da Beira Interior Faculdade de Ciências da Saúde Covilhã; 2011.

3. Zanon, R; Backes, B; Bosa, C. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais. Psic.: Teor. e Pesq. 2014; v. 30: p. 25-33.

4. Associação Nacional de Equoterapia: Curso básico de equoterapia. Brasília: ANDE, 2010.

5. Gabriel, RL. et al. Randomized controlled trial of therapeutic horseback riding in children and adolescents with autism spectrum disorder. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2015; v. 54: p. 541-549.

6. Halliday, MAK. Language Structure and Language Function. In Lyons, J., Ed., New Horizons in Linguistics.Harmondsworth: Penguin, p. 140-165, 1970.

7. Halliday, MAK. Matthiessen, CMIM. Halliday’s Introduction of Functional Grammar. 4ªed. London/New York: Routledge, 2014.

8. Schopler E, Reichler RJ, DeVellis RF, Daly K. Toward objective classification of childhood autism: Childhood Autism Rating Scale (CARS). J Autism Dev Disord. 1980; v.10: p. 91-103.

9. Schopler E, Reichler RJ, Renner BR. The Childhood Autism Rating Scale (CARS) for diagnostic screening and classification in autism .New York: Irvington, 1986.

10. Hage, SRV; Pereira, TC; Zorzi, JL. Protocolo de Observação Comportamental-PROC: valores de referência para uma análise quantitativa. Rev. CEFAC, 2012; v. 14: p. 677-690.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1259
ESCALA DE MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM PARA ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ANÁLISE PSICOMÉTRICA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A motivação para aprender é um construto complexo e multifacetado que está relacionado com a posição interna e consequente atuação do indivíduo para o cumprimento de metas e objetivos, sendo um tema de grande importância para a área da educação por ser um dos agentes responsáveis pelo sucesso escolar (1,2,3,4).

OBJETIVO: Verificar as propriedades psicométricas da Escala de Motivação para a Aprendizagem (EMAPRE) quanto à adequação para estudantes dos anos finais do ensino fundamental e a associação entre a motivação para aprender e aspectos sociodemográficos desta população.

MÉTODO: Trata-se de estudo observacional analítico transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o parecer de número 2.422.795, realizado com 124 adolescentes estudantes do segmento do ensino fundamental II de uma escola de financiamento privado. Foram utilizados os questionários de Caracterização dos participantes, Escala de Motivação para a Aprendizagem (composta pelos domínios Meta-Aprender, Meta Performance-aproximação e Meta Performance-evitação) (5) e o Critério de Classificação Econômica Brasil (6). A análise descritiva das variáveis foi feita por meio de distribuição de frequência absoluta e relativa das variáveis categóricas e síntese numérica das variáveis contínuas e análise fatorial confirmatória pelo método de componentes principais. A análise da consistência interna foi realizada por meio do Alpha (α) de Cronbach e para avaliar as associações entre os domínios da escala de Motivação para Aprendizagem e as variáveis explicativas utilizaram-se os testes de Mann-Whitney e o teste de Kruskal Wallis.

RESULTADOS: Na análise descritiva, observou-se que a maioria dos adolescentes era do gênero feminino (54,0%) e pertencia à classe econômica A (66,9%). A maior mediana na distribuição dos escores foi no domínio Meta Aprender (31,0), seguida dos domínios Meta performance-aproximação (15,0) e Meta performance-evitação (8,0). Na comparação das medianas dos domínios com as variáveis sociodemográficas, não houve associações com significância estatística. Na análise de associação foi identificada para o domínio Meta Aprender, associação linear e inversa com as variáveis idade e ano escolar. Na análise fatorial, os três fatores explicaram 40,56% da variância total na análise dos componentes principais e à rotação Varimax. Os domínios Meta Aprender, Meta Performance-aproximação e Performance-evitação apresentaram Alpha de Cronbach α=0,795, α=0,798 e α=0,801, respectivamente na análise da consistência interna, indicando boa confiabilidade.

CONCLUSÃO: Foi evidenciada a adequação do instrumento para a amostra proposta no estudo e a necessidade de maior investimento e estímulo para pesquisas e estudos que auxiliem o educador na elaboração de estratégias docentes que contribuam para a melhor qualidade motivacional dos alunos para aprendizagem, demonstrando o valor e a utilidade do conhecimento para a vida.


1- de Brito Cunha, N., & Boruchovitch, E. (2012). Estratégias de aprendizagem e motivação para aprender na formação de professores. Interamerican Journal of Psychology, 46(2), 247-253.

2- Monteiro, R. D. M., & Santos, A. A. A. D. (2011). Motivação para aprender: diferenças de metas de realização entre alunos do ensino fundamental. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 2(1), 19-35.

3- Santos, A. A. A. D., Moraes, M. S. D., & Lima, T. H. (2018). Compreensão de leitura e motivação para aprendizagem de alunos do ensino fundamental. Psicologia Escolar e Educacional, 22(1), 93-101.
4- Beluce, A. C., & Oliveira, K. L. D. (2015). Students’ motivation for learning in virtual learning environments. Paidéia (Ribeirão Preto), 25(60), 105-113.
5- Zenorini RDPC, dos Santos AA. Escala de metas de realização como medida da motivação para aprendizagem. Interamerican Journal of Psychology. 2010;44(2):291-8.

6- ABEP: Associação Brasileira de Empresa de Pesquisa [Internet]. São Paulo: Associação Brasileira de Empresa de Pesquisa; 2018. Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB). [cited 2019 Sep 7]. Available from: http://www.abep.org/criterio-brasil.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
829
ESCALA FOTONUMÉRICA PARA ANÁLISE DA ESTÉTICA DA FACE: RESULTADOS PRÉ E PÓS TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO
A atuação fonoaudiológica em estética facial tem como meta atenuar rugas e sinais de envelhecimento faciais (1). Preconiza-se que uma avaliação miofuncional orofacial, uma documentação fotográfica e em vídeo sejam realizadas no início e ao término do processo terapêutico, quando as imagens iniciais e finais são comparadas e o efeito da terapia é observado(2).
Vários autores utilizaram imagens estáticas e dinâmicas para comprovar os efeitos estéticos da terapia fonoaudiológica, porém poucos protocolos propõem uma análise acurada dos resultados (3,4,5).
Dermatologistas validaram escalas fotonuméricas que permitiram classificar a severidade das rugas faciais, escolher o melhor procedimento terapêutico e comprovar os efeitos dos tratamentos dermatológicos (6,7,8,9).
OBJETIVO: descrever, em um caso clínico, a utilização de uma Escala Fotonumérica, constituida por imagens faciais de escalas previamente validadas, para ser utilizada na avaliação pré e pós terapia fonoaudiológica direcionada à estética facial.
MÉTODO: Realizada a documentação fotográfica e em vídeo de cliente, sexo feminino, 54 anos, antes e após a intervenção terapêutica, com duração de nove semanas, constituída de treino das funções orofaciais, associado a exercícios isotônicos e isométricos de alguns grupos musculares orofaciais. Na documentação das imagens, foi mantida a mesma padronização do espaço físico, equipamentos utilizados, posicionamento do paciente, iluminação da sala. Fotografias nas posições frontal, 45º e perfil foram utilizadas para a verificação das rugas estáticas e imagens recortadas de vídeo, para a avaliação das rugas dinâmicas. Algumas imagens faciais das escalas validadas - Validated Assessment Scales for the Upper Face (7), Validated Assessment Scales for the Lower Face (9), Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Facial Fine Lines (6), Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Transverse Neck Lines (8), foram selecionadas e reunidas em um único arquivo contemplando as regiões das rugas frontais, glabelares, periorbitárias e periorais; dos sulcos nasolabial e labiomentoniano; das ptoses palpebral, do contorno da mandíbula e submandibular. Foram atribuídos valores zero à ausência de rugas, sulcos, ptose e 4 à presença acentuada desses sinais de envelhecimento. Uma tabela - Análise Estética da face com Escores - foi elaborada para registro dos valores e os escores foram atribuídos cegamente, sem que houvesse um pareamento das imagens iniciais e finais, por duas fonoaudiólogas especialistas em Motricidade Orofacial, previamente calibradas. Foi estabelecido consenso entre ambas, quando houve discordância com relação a algum aspecto avaliado.
RESULTADOS: constatou-se melhora estética facial como resultado da terapia fonoaudiológica. O escorre final (17) foi inferior ao inicial (20), havendo diminuição em rugas dinâmicas frontais (inicial 3, final 2), glabelares estáticas (inicial 1, final 0), cervicais (inicial 2, final 1). O resultado pode ser visualizado por meio da documentação das imagens.
CONCLUSÃO: A Escala Fotonumérica para análise da Estética da Face, que contempla as diversas regiões faciais, permitiu, no caso clínico apresentado, avaliar os resultados da intervenção fonoaudiológica direcionada para a estética facial. Mesmo que a avaliação por meio de imagens estáticas e dinâmicas seja perceptual/subjetiva, espera-se que essa Escala possa contribuir para que as pesquisas e as avaliações clínicas no campo da Fonoaudiologia em Estética Facial sejam mais pontuais.

1. Frazão Y, Manzi SB. Eficácia da intervenção fonoaudiológica para atenuar o envelhecimento facial. Rev CEFAC. 2012;14(4):755-62.
2. Frazão Y, Manzi S. Atualização em Documentação fotográfica e em vídeo na motricidade orofacial. In: Justino H, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA, Berretin-Felix G, Marchesan IQ organizadores. Tratado de Motricidade Orofacial. São José dos Campos,SP: Pulso; 2019. p. 243-253.

3. Pierotti SR. Atuação fonoaudiológica na estética facial. In: Comitê de Motricidade Orofacial-SBFa. Motricidade orofacial: como atuam os especialistas. São José dos Campos, SP: Pulso; 2004.

4. Tasca SMT. Programa de aprimoramento muscular em fonoaudiologia estética facial (PAMFEF). Barueri: Pró-fono; 2004.

5. Toledo PN. Fonoaudiologia e estética: a motricidade orofacial aplicada na estética da face. São Paulo, SP: Lovise; 2006.

6. Carruthers J, Donofrio L, Hardas B, Murphy DK, Jones D, Carruthers A, Sykes JM, Creutz L, Marx A, Dill S. Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Facial Fine Lines. Dermatol Surg. 2016;42(Suppl 1):S227–S234.

7. Flynn TC, Carruthers A, Carruthers J, Geister TL, Gortelmeyer R, Hardas B, Himmrich S, Kerscher M, de Maio M, Mohrmann C,
Narins RS, Pooth R, Rzany B, Sattler G, Buchner L, Benter U, Fey C, Jones D. Validated Assessment Scales for the Upper Face. Dermatol Surg 2012;38:309–319
8. Jones D, Carruthers A, Hardas B, Murphy DK, Sykes JM, Donofrio L, Carruthers J, Creutz L, Marx A, Dill S. Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Transverse Neck Lines. Dermatol Surg 2016;42(Suppl1): S235–S242.

9. Narins RS, Carruthers J, Flynn TC, Geister TL, Gortelmeyer R, Hardas B, Himmrich S, Jones D, Kerscher M, de Maio M, Mohrmann C, Pooth R, Rzany B, Sattler G, Buchner L, Benter U, Breitscheidel L, Carruthers A. Validated Assessment Scales for the Lower Face. Dermatol Surg 2012;38:333–342


TRABALHOS CIENTÍFICOS
872
ESCALA URICA-VV: NOVA PERCPECTIVA DE INVESTIGAÇÃO DO ESTÁGIO DE PRONTIDÃO EM PACIENTES COM DISFONIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O estágio de prontidão para o tratamento implica na melhor condição para adesão a uma proposta terapêutica. A escala URICA-Voz¹ é utilizada na autoavaliação do estágio de prontidão em pacientes com disfonia e utiliza a Teoria Clássica do Teste (TCT) como modelagem para seu cálculo, que padece de algumas limitações². A Teoria de Resposta ao Item (TRI) pode ser utilizada para buscar evidências de validade da escala URICA-V, pois considera cada item individualmente, sem priorizar domínios para caracterizar o atributo estudado³. Objetivo: Obter evidências de validade da escala URICA-V e estimar as propriedades psicométricas de seus itens a partir da TRI,. Método: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, por meio do protocolo nº 0482/15. Foram avaliados 658 sujeitos que foram alocados em dois grupos: com disfonia (GCD) e vocalmente saudáveis (GVS), de ambos os sexos e acima de 18 anos. Construiu-se um banco de dados digita a partir de informações pessoais, profissionais e as respostas item a item dos pacientes à escala URICA-V. Posteriormente foi realizado o Alfa de Cronbach, a análise fatorial exploratória (AFE); análise fatorial confirmatória (AFC); aplicação da TRI por meio do modelo de Samejima e análise da curva ROC, para obtenção do ponto de corte da escala URICA-V. Resultados: Foi observado que os domínios e alguns itens preestabelecidos na versão original da escala URICA-V não se mantiveram para a população brasileira, como demonstrou a análise da confiabilidade, AFE e AFC. Assim, os itens foram reagrupados em dois domínios: contemplação e manutenção, distribuídos no total de 25 itens que melhor explicaram o instrumento, bem como foram observadas as cargas fatoriais item a item, que foram consideradas adequadas e apresentaram boa consistência interna. Além disso, foi possível observar os itens com maiores valores de dificuldade (b) e discriminação (a), que contribuíram com a apresentação de um novo cálculo, a partir do teta de cada participante. Esses resultados relacionados à dificuldade e discriminação auxiliaram na melhor compreensão clínica em relação ao estágio de prontidão para o tratamento de voz dos disfônicos. Percebeu-se que há uma linha tênue entre os domínios pré-contemplação e contemplação, além de ação e manutenção, por isso os quatro domínios prévios foram reorganizados em dois. Inclusive ampliou a percepção que os disfônicos que se encontravam no estágio de prontidão ação apresentavam estratégias de automonitoramento, uma característica que seria muito comum do estágio manutenção. Em seguida, realizou-se análise da curva ROC, que possibilitou o estabelecimento de um valor de corte para o instrumento, sendo: -0,236. Assim, favoreceu a interpretação de que pacientes tem um indicativo ou não de prontidão para o tratamento de voz. Conclusão: Desenvolveu as etapas de evidências de validade da escala URICA-Voz validada (URICA-VV), um instrumento dentro de uma perspectiva mais contemporânea com a redução da quantidade de itens e domínios. Além disso, obteve-se um novo ponto de corte da estrutura a partir da TRI para mensurar com maior acurácia, sensibilidade e especificidade o estágio de prontidão e diferenciar os indivíduos com e sem disfonia.

1. Teixeira, L. C.; Rodrigues, A. L. V.; Silva, A. F. G.; Azevedo, R.; Gama, A. C.; Behlau, M. Escala URICA-VOZ para identificação de estágios de adesão ao tratamento de voz. CoDAS, v. 25, n. 1, p. 8-15, 2013.

2. Andrade, J. M.; Laros, J. A.; Gouveia, V. V. O uso da Teoria de Resposta ao Item em Avaliações Educacionais: Diretrizes para Pesquisadores. Avaliação Psicológica, v. 9, n. 3, p. 421-35, 2010.

3. Araújo, E. A. C; Andrade, D. F.; Bortolotti, S. L. V. Teoria da Resposta ao Item. Rev Esc Enferm USP 2009; 43(Esp): 1000-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1594
ESCLEROSE MÚLTIPLA REMITENTE-RECORRENTE: INTEGRANDO A AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA, VESTIBULAR E DE NEUROIMAGEM
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune inflamatória crônica que acomete o Sistema Nervoso Central (SNC). Sintomas otoneurológicos, como a tontura e o desequilíbrio corporal, são frequentes nessa população, apesar de queixas referentes à audição não serem comuns. A investigação das funções auditiva e vestibular é importante para avaliar o envolvimento do SNC, uma vez que as lesões características dessa doença podem estar localizadas em áreas centrais, relacionadas aos sistemas auditivo e vestibular.1,2,3,4 Caracterizar os achados audiológicos, vestibulares e de neuroimagem em um caso clínico com diagnóstico de EM. Estudo de caso, com aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa, sob parecer de número 3.547.028, realizado com um adulto do sexo feminino, de 29 anos de idade e diagnóstico de EM do tipo remitente-recorrente há três anos. A participante foi submetida aos seguintes procedimentos: inspeção visual do meato acústico externo, audiometria tonal limiar, logoaudiometria, imitanciometria, pesquisa das emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente (EOAT) e produto de distorção (EOAPD), potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE) e cortical (PEAC), Video Head Impulse Test (vHIT), avaliação clínica e funcional do equilíbrio corporal e, ao exame de ressonância magnética de crânio (RMC). Os resultados do caso clínico foram apresentados de forma descritiva. Obteve-se limiares auditivos normais e curva timpanométrica tipo “A”, bilateralmente. Os reflexos ipsilaterais estavam presentes em ambas as orelhas. Os reflexos contralaterais estavam presentes, exceto na frequência de 4kHz na orelha esquerda e em 2kHz e 4kHz na direita. No registro das EOA, encontrou-se EOAT ausentes em ambas as orelhas, exceto em 4kHz à direita, enquanto as EOAPD, constatou-se presença nas bandas de frequências de 1.4kHz a 6kHz na orelha direita e de 1.0kHz a 4.0kHz, com exceção de 2.8kHz à esquerda. O PEATE mostrou-se dentro dos padrões de normalidade à esquerda, enquanto que à direita, a latência absoluta da onda III e os intervalos interpicos III-V e I-V estavam aumentados. No PEAC, verificou-se as seguintes latências: P1=61ms, N1=111ms e P2=150ms na orelha direita, bem como P1=40ms, N1=82ms e P2=137ms na esquerda. Embora estas estejam dentro dos valores de normalidade, observa-se assimetria importante entre as orelhas. No vHIT, obteve-se ganho diminuído do reflexo vestíbulo-ocular associado a presença de sacadas de refixação para o canal semicircular posterior direito e, assimetria entre os canais posteriores. Foram, ainda, detectadas alterações nos testes clínicos de equilíbrio, que sugerem acometimento central. A RMC revelou lesões à nível de substância branca profunda periventricular, coroas radiadas, centros semi-ovais, interface caloso-septal, ponte e bulbo, sendo estas duas últimas estruturas componentes do tronco encefálico. Embora verificada ausência de perda auditiva periférica, existem alterações da funcionalidade de células ciliadas externas e na via auditiva central. As alterações encontradas nos potenciais evocados auditivos, bem como a presença da disfunção vestibular do tipo mista podem estar relacionadas às lesões detectadas em áreas centrais, cujas funções estão associadas ao desempenho das funções auditivas e vestibulares. Ressalta-se a importância da avaliação integrada e do trabalho interprofissional nos casos de EM.

1. Peñaloza Y, Valdivia M, Poblano A. Lateralization of the Dichotic Digits Test, Central Auditory Processes, and Evoked Potentials in Multiple Sclerosis. J Audiol Otol. 2019;1-5.
2. Di Mauro R, Di Girolamo S, Ralli M, de Vincentiis M, Mercuri N, Albanês M. Subclinical cochlear dysfunction in newly diagnosed relapsing-remitting multiple sclerosis. Mult Scler Relat Disord. 2019;33:55-60.
3. Garg H, Dibble LE, Schubert MC, Sibthorp J, Foreman KB, Gappmaier E. Gaze Stability, Dynamic Balance and Participation Deficits in People with Multiple Sclerosis at Fall-Risk. Anat Rec (Hoboken). 2018;301(11):1852-60.
4. Pavlović I, Ruška B, Pavičić T, Krbot Skorić M, Crnošija L, Adamec I, Habek M. Video head impulse test can detect brainstem dysfunction in multiple sclerosis. Mult Scler Relat Disord. 2017;14:68-71.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1585
ESCOLARIDADE MATERNA, RENDA FAMILIAR E FIGURAS PARENTAIS PRESENTES ASSOCIADAS À LINGUAGEM ORAL DE AMOSTRA EPIDEMIOLÓGICA DE PRÉ-ESCOLARES DE EMBU DAS ARTES (SP)
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO:
Estudos internacionais com pré-escolares demonstraram pontuações menores de vocabulário naqueles advindos de situação de pobreza, ao passo que melhores escolaridades maternas se relacionaram ao aumento do vocabulário e da extensão discursiva(1) de seus filhos, além de inputs auditivos adequados(2), figuras parentais presentes e interações positivas valorizarem este desenvolvimento(3). Diferenças segundo o sexo mostraram que meninos com atraso de linguagem apresentaram um vocabulário expressivo menor dos 18-36 meses(4) e no discurso oral entre 3-4 anos(5). No Brasil, verificamos uma escassez de estudos investigando essas associações em amostras epidemiológicas de pré-escolares(6).

OBJETIVO: analisar associações entre vocabulário expressivo e linguagem oral de pré-escolares com fatores sociodemográficos, bem como sexo, idade e mecanismos auditivos.

MÉTODO:
Pesquisa transversal epidemiológica de amostra randomizada de projeto multidisciplinar(7), aprovada pelo CEP 0899/2016, representando 22,3% do universo de 24 pré-escolas municipais de Embu das Artes-SP. Avaliaram-se 859 pré-escolares, com 4-5 anos, cujos pais/cuidadores foram entrevistados sobre: etnia, idade e escolaridade da criança; grau de instrução; renda familiar mensal; figura parental presente na vida da criança; vocabulário expressivo da criança, rastreado pela Lista de Avaliação do Vocabulário Expressivo/LAVE(8). Realizou-se avaliação direta da linguagem oral com Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem/ADL(9), considerando pontuações global padrão, e dos mecanismos auditivos reflexos e do processamento auditivo(10) (reflexo cócleo-palpebral/RCP e localização sonora/LS, respectivamente). Analisaram-se os dados descritivamente. Investigaram-se associações das variáveis sociodemográficas e do desenvolvimento com o vocabulário e a linguagem global com modelo de regressão linear univariada e multivariada, SPSS 20, módulo “Complex Samples”. Nível de significância: 5%.

RESULTADOS:
Verificou-se 51,6% de meninos, 60,6% não brancos, 70,0% com 5 anos, 62,1% cujos pais tinham grau de escolaridade de Médio-Superior Completo, 66,1% com renda familiar mensal de 1-3 salários mínimos e 92,7% com figura materna e paterna presente.
Efeitos das variáveis consideradas sobre o vocabulário expressivo e a linguagem oral global foram explicados em 13,8% e 19,6%, respectivamente.
Houve efeitos positivos da maior renda familiar mensal (p<0,001) no escore de linguagem (IC 95% = 1,69-2,43) e do sexo feminino (p<0,001) nas pontuações de linguagem (IC 95% = 4,34-5,04) e no vocabulário (IC 95% = 7,83-10,54).
Efeitos negativos nas pontuações de vocabulário e de linguagem (p<0,001) associaram-se com: menor escolaridade do cuidador (IC 95%: LAVE = -14,38 a -7,47; ADL = -5,32 a -3,59); menor renda familiar mensal (IC 95%: LAVE = -10,02 a -3,24; ADL = -9,39 a -6,75); somente uma figura parental presente (IC 95%: LAVE = -23,12 a -12,52; ADL = -4,80 a -2,67); alteração RCP (IC 95%: LAVE = -24,96 a -15,95; ADL = -6,67 a -4,34) e LS (IC 95%: LAVE = -34,97 a -27,82; ADL = -14,42 a -11,67).
A menor escolaridade da criança trouxe efeito negativo no escore da linguagem (IC 95% = -4,68 a -4,02; p<0,001) e ter 4 anos trouxe efeitos positivos no vocabulário (IC 95% = 5,12 a 7,58; p<0,001).

CONCLUSÃO: Fatores sociodemográficos, mecanismos auditivos, idade, escolaridade e o sexo estiveram associados à linguagem oral e ao vocabulário expressivo pré-escolar. A estimulação e experiências positivas são fundamentais, garantindo habilidades necessárias à etapa escolar posterior.

1. Chae Y, Kulkofsky S, Debaran F, Wang Q, Hart SL. Low-SES children’s eyewitness memory: The effects of verbal labels and vocabulary skills. Behav Sci Law. 2014;
2. Canongia MB. Manual de terapia da palavra. 5th ed. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter Ltda; 2005. 884 p.
3. Hsu N, Hadley PA, Rispoli M. Diversity matters: Parent input predicts toddler verb production. J Child Lang. 2017;44(1):63–86.
4. Henrichs J, Rescorla L, Donkersloot C, Schenk JJ, Raat H, Jaddoe VW V., et al. Early Vocabulary Delay and Behavioral/Emotional Problems in Early Childhood: The Generation R Study. J Speech, Lang Hear Res [Internet]. 2013;56(2):553–66. Available from: http://pubs.asha.org/doi/10.1044/1092-4388%282012/11-0169%29
5. Rescorla L, Schwartz E. Outcome of Specific Expressive Language Delay (SELD). In: International Conference on Infant Studies. Washington, DC; 1988.
6. Mariano M, Santos-Junior A, L. Lima J, Perisinotto J, Brandão C, J. Surkan P, et al. Ready for School? A Systematic Review of School Readiness and Later Achievement. Glob J Human-Social Sci [Internet]. 2019 Dec 26;57–71. Available from: https://socialscienceresearch.org/index.php/GJHSS/article/view/3049
7. Caetano SC, Ribeiro MV, Askari M, Sanchez ZM, do Rosário MC, Perissinoto J. An epidemiological study of childhood development in an urban setting in Brazil. Braz J Psychiatry. 2020;
8. Capovilla F, Seabra A. Desenvolvimento linguístico na criança brasileira dos dois aos seis anos: Tradução e estandardização do Peabody Picture Vocabulary Test de Dunn & Dunn e da Language Development Survey de Rescorla. Vol. 1, Ciência Cognitiva: Teoria, Pesquisa e Aplicação. 1997. 353–380 p.
9. Menezes MLN. Avaliação do desenvolvimento da linguagem [Internet]. Pró-Fono, editor. São Paulo; 2004. Available from: https://www.booktoy.com.br/adl-avaliacao-do-desenvolvimento-da-linguagem-1215
10. Pereira LD SE. Processamento auditivo central: manual de avaliação. Lovise, editor. São Paulo; 1997. 99–138 p.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
539
ESPAÇO VOCÁLICO DE MULHERES VOCALMENTE SAUDÁVEIS E COM NÓDULOS VOCAIS PRÉ E PÓS EXERCÍCIOS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O espaço vocálico refere-se à distância/intervalos entre as vogais orais, de acordo com o triangulo acústico formado pelos formantes1,2. Um espaço ampliado pode ser um dos marcadores de maior distintividade acústica entre as vogais, além de permitir inferências acerca da maior amplitude de movimentação dos articuladores na produção das vogais, enquanto a redução do espaço vocálico pode indicar o oposto3-5. Embora a presença de um distúrbio de voz possa comprometer a distintividade vocálica, pouco se sabe sobre a influência dos exercícios vocais sobre tais parâmetros6,7. Dessa forma, será que o foco de ação dos exercícios vocais (fonte glótica, acoplamento fonte-filtro ou amplitude de movimentação dos articuladores)8-10 ocasiona diferentes efeitos sobre o espaço vocálico das vogais orais /a/, /i/ e /u/? Objetivo: Analisar o espaço vocálico de mulheres vocalmente saudáveis e com nódulos vocais antes e após a realização de diferentes exercícios vocais. Metodologia: Participaram do estudo 12 mulheres com nódulos vocais no grupo experimental (GE) e 12 vocalmente saudáveis no grupo controle (GC). Foram submetidas à gravação de fala das frases-veículo: “Digo papa baixinho”, “Digo pipa baixinho” e “Digo pupa baixinho”3, para extração do primeiro (F1) e segundo formante (F2) dos segmentos vocálicos /a/-/i/, /i/-/u/ e /a/-/u/. Os grupos foram divididos aleatoriamente: GE (n=4) e GC (n=4) realizaram exercício de vibração de língua ; GE (n=5) e GC (n=5) o exercício com canudo de alta resistência no ar; GE (n=3) e GC (n=3) o exercício de sobrearticulação. Os exercícios foram realizados durante 5 minutos, com gravação antes e após 5 minutos de exercício. Resultados: Ao realizar a análise do espaço vocálico intragrupo, de acordo com o exercício vocal realizado, houve redução do intervalo de F1 das vogais /a/-/i/ (p=0,0251) e /i/-/u/ (p=0,0498) e de F2 entre as vogais /a/-/u/ (p= 0,0463) e /i/-/u/ (p= 0,0419) no GC, após realização de 5 minutos do canudo de alta resistência. No GE, observou-se redução do intervalo de F2 das vogais /a/-/i/ (p= 0,0274) após vibração sonorizada de língua. Ao realizar a análise intergrupo, observa-se maiores valores dos intervalos de F1 das vogais /a/-/i/ (p= 0,0243) e /i/-/u/ (p = 0,0499) no GC, antes da realização do exercício de canudo de alta resistência, e após o exercício apenas no intervalo /a/-/i/ (p= 0,0351). Observa-se maior valor no intervalo de F2 das vogais /i/-/u/ no GE (p=0,0285) após exercício de vibração de língua. Conclusão: Mulheres com nódulos vocais possuem menor espaço vocálico após 5 minutos de vibração de língua, com relação ao segmento /a/-/i/ (F2), e mulheres vocalmente saudáveis apresentam menor espaço vocálico após 5 minutos de execução do exercício com canudo de alta resistência com relação aos segmentos /a/-/i/ e /i/-/u/ (F1) e /a/-/u/ e /i/-/u/ (F2). No entanto, mulheres com nódulos vocais apresentam menor espaço vocálico em relação às mulheres vocalmente saudáveis, antes e após a realização do exercício de canudo de alta resistência, com relação ao segmento /a/-/i/ (F1); apenas antes deste exercício no segmento /i/-/u/ (F1); e maior espaço vocálico após exercício de vibração de língua, no segmento /i/-/u/ (F2).

1- Dubey AK, Tripathi A, Prasanna SRM, Dandapat S. (2018). Detection of hypernasality based on vowel space area. The Journal of the Acoustical Society of America 2018; 143 (5): 412–417.
2- Yoo SD, Park EJ, Kim HS, Lee JH, Yun DH, Kim DH, Chon JM, Lee SA, Soh YS, Kim Y, Han YR, Yoo MC, Choi KM, Seo YK, Lee DH, Choi YH, Jeong KH, Son JE. Correlations between swallowing function and acoustic vowel space in stroke patients with dysarthria. NeuroRehabilitation 2019; 45 (4): 1-7.
3- Barbosa PA, Madureira S. Manual de fonética acústica experimental: aplicações a dados do português. Cortez editora 2015; 591p.
4- França FP, Almeida AA, Lopes LW. Acoustic-articulatory configuration of women with vocal nodules and with healthy voice. CoDAS. 2019; 31 (6): e20180
5- Naderifar E, Ghorbani A, Moradi N, Ansari H. Use of formant centralization ratio for vowel impairment detection in normal hearing and different degrees of hearing impairment. Logoped Phoniatr Vocol. 2019; 44 (4): 159-165.
6- Whitfield JA, Mehta DD. Examination of Clear Speech in Parkinson Disease Using Measures of Working Vowel Space. J Speech Lang Hear Res. 2019; 62 (7): 2082-2098.
7- Ishikawa K, Nudelman C, Park S, Ketring C. Perception and Acoustic Studies of Vowel Intelligibility in Dysphonic Speech. J Voice. 2020; S0892-1997(19)30304-2.
8- Pimenta RA, Dájer ME, Hachiya A, TsujI DH, Montagnoli NA. Parâmetros acústicos e quimografia de alta velocidade identificam efeitos imediatos dos exercícios de vibração sonorizada e som basal. CoDAS. 2013; 25 (6): 577-83.
9- Maxfield L, Palaparthi A, Titze I. New Evidence That Nonlinear Source-Filter Coupling Affects Harmonic Intensity and fo Stability During Instances of Harmonics Crossing Formants. J Voice. 2017; 31 (2): 149-156.
10- Guzman M, Acuña G, Pacheco F, Peralta F, Romero C, Vergara C, Quezada C. The Impact of Double Source of Vibration Semioccluded Voice Exercises on Objective and Subjective Outcomes in Subjects with Voice Complaints. J Voice. 2018; 32 (6): 770.e1-770.e9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1398
ESTADO NUTRICIONAL E DISFAGIA OROFARÍNGEA APÓS TRATAMENTO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia orofaríngea é uma complicação grave e está fortemente estabelecida na literatura como impacto decorrente do câncer de cabeça e pescoço (CCP), que pode limitar a ingestão oral e levar à perda de peso, atingindo a depleção muscular, onde a falta de orientação nutricional pode manter a desnutrição e/ou levar a obesidade sarcopênica, ficando o paciente susceptível a desenvolver comorbidades. Objetivo: verificar o impacto da disfagia orofaríngea no estado nutricional após o tratamento antineoplásico em pacientes acometidos pelo CCP. Métodos: Realizada busca em Junho/20 nas bases de dados Pubmed, Lilacs, Scielo e Scopus, utilizando os seguintes descritores: "survivors" AND "head and neck neoplasms" AND "deglutition" AND "nutritional status". Foram considerados como critérios de inclusão: estudos que com sobreviventes após o tratamento avaliando o estado nutricional; idiomas português, inglês e espanhol. Foram excluídos estudos que não avaliaram o processo de deglutição e estudos realizados durante o tratamento antineoplásico. Foi realizada a leitura do título, resumo e artigo na íntegra. Os artigos considerados, foram analisados quanto objetivo do estudo, casuística, métodos de avaliação e resultados. Resultados: Foram localizados 06 estudos na Pubmed, 6 estudos na Scopus, 7 estudos na Lilacs e nenhum estudo na base Scielo. Após aplicação dos critérios de inclusão/exclusão e eliminação dos estudos duplicados, consideraram-se cinco artigos 1 2 3 4 5. A análise temática dos estudos tinham como objetivo apresentar o estado nutricional em relação à função da deglutição, avaliar o estado nutricional, verificar o impacto da desnutrição em sobreviventes. O período de publicação foi de 2014 a 2019, nos Estados Unidos (2), Holanda (1), Suécia (1) e Canadá (1). As casuísticas foram: adultos após tratamento ≥ 3 meses, pacientes submetidos a quimio ou radioterapia; variando de 10 a 101 sujeitos. Quanto aos procedimentos para diagnosticar estado nutricional o índice de massa corporal (IMC) foi utilizado em 60%, avaliação das pregas cutâneas 40% utilizou uma triagem nutricional do paciente oncológico, para avaliar distúrbios de deglutição 80% utilizaram a videofluoroscopia, 20% utilizou diagnostico de disfagia anterior. Os resultados mostraram que pacientes possuem uma dieta inadequada devido dificuldade de mastigação e/ou deglutição, evitam alimentos desafiadores e perdem o prazer pela alimentação devido as dificuldades apresentadas, apresentam ingestão qualitativa baseada em grupos de alimentos muito abaixo das recomendações alimentares, a disfunção de deglutição com presença de aspiração está relacionada à perda de peso a longo prazo e IMC reduzido, apesar da alta prevalência de disfunção da deglutição 19% somente dos pacientes tem diagnóstico de desnutrição devido adaptação no processo de alimentação após tratamento4, porém ganho de peso inadequado. Conclusões: Após tratamento do CCP os pacientes apresentam uma dieta desequilibrada em relação às necessidades nutricionais em decorrência das dificuldades de se alimentar e da falta de orientação nutricional. Observou-se a escassez de estudos com acompanhamento da equipe multidisciplinar no processo de reabilitação destes pacientes em fase tardia após o tratamento antineoplásico.

1.Crowder SL, Douglas KG, Pepino MY, Sarma MP, Arthur A. Nutrition impact symptoms and associated outcomes in post-chemoradiotherapy head and neck cancer survivors: a systematic review. J Cancer Surviv 2018 Aug; 12(4): 479-494.
2. Ganzer H, Puglia PR, Gray LB, Murphy BA, Decker RT. The eating experience in long-term survivors of head and neck cancer: a mixed-methods study. Support Care Cancer 2015 Nov; 23(11): 3257-68.
3. Rodriguez AM, Komar A, Ringash J, Chan C, Davis AM, Jones J, et al. A scoping review of rehabilitation for survivors of head and neck cancer. Disabil Rehabil 2019 Aug; 41(17):2093-2107
4. Ottosson S, Lindblom U, Wahlberg P, Nilsson P, Kjellén E, Zackrisson B, et al. Weight loss and body mass index in relation to aspiration in patients treated for head and neck cancer: a long-term follow-up. Support Care Cancer 2014 Sep; 22(9): 2361-9.
5. Van den Berg MGA, Rütten H, Rasmussen-Conrad EL, Knuijt S, Takes RB, Van Herpen CML, et al. Nutritional status, food intake, and dysphagia in long-term survivors with head and neck cancer treated with chemoradiotherapy: a cross-sectional study. Head Neck 2014 Jan; 36(1): 60-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1010
ESTÁGIO EM FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR NO CONTEXTO DA PANDEMIA DO COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Desde o final de 2019 acompanha-se as repercussões provocadas pela pandemia pelo COVID – 19 1, sendo uma dessas a suspensão as atividades de estágio e aulas teóricas em 17/03/20 (Portaria MEC Nº 343) em 01/04/20, a medida Provisória Nº 934, estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo.
OBJETIVO: Relatar a vivência da disciplina estágio em Fonoaudiologia Hospitalar no contexto da pandemia por COVID-19, no curso de Fonoaudiologia de uma universidade de SC.
MÉTODO: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo das experiências vividas, durante a execução das horas práticas do estágio em Fonoaudiologia Hospitalar do primeiro semestre de 2020 2. Ao ser liberado o reinício das atividades de estágio, após o decreto 630 de 1º de junho, foi elaborado um novo cronograma de execução das horas que necessitavam ser complementadas. Esta proposta foi desenvolvida pela responsável pelos estágios no curso e discutida com as professoras orientadoras e estagiárias. Foram realizadas reuniões remotas com as alunas para saber da disponibilidade de translado, e a adesão, de forma voluntária, para o retorno às atividades. As alunas foram redivididas em 3 turmas de no máximo 6 alunas. O hospital que autorizou a realização do estágio trata-se se um hospital universitário infantil de SC.
RESULTADOS: O início das práticas do estágio se deu gradualmente, sendo primeiramente com uma turma, e posteriormente, com as demais. Além disso, as horas foram concentradas em 6 horas/aula para reduzir o número de encontros. Nos dias dos encontros as alunas e a professora encontravam-se inicialmente em uma sala de aula do hospital, respeitando-se o distanciamento de 1,5 a 2 metros entre alunos e professor, além de realizarem o uso de máscara a todo momento. Para os atendimentos a professora acompanhava 2 ou 3 alunas para o setor de internação e as demais permaneciam na sala realizando atividades direcionadas como estudos de caso e produção de Procedimento Operacional Padrão (POP) 3. Apenas eram atendidos pacientes que apresentavam isolamento de contato padrão, ou seja, que não apresentavam riscos de transmissão à qualquer tipo de doença que se deva à contato (tanto com secreções, bem como, contato físico). De forma geral as alunas realizavam triagem fonoaudiológica em todos os lactentes e crianças do setor que estavam classificados como isolamento de contato padrão. Houve baixa ocorrência de disfagia, sendo a maior parte dos atendimentos voltados para aleitamento materno e identificação de pacientes com sinais de alterações de fala, linguagem e motricidade orofacial, e até mesmo queixas auditivas, que foram conduzidas orientados e encaminhados para atendimento fonoaudiológico pós alta hospitalar.
CONCLUSÃO: De forma geral houve menos ocorrência de pacientes com disfagia, mas destaca-se o estágio, mesmo durante a vigência da pandemia proporcionou a vivência do Fonoaudiólogo no campo hospitalar, e as atividades feitas nesse espaço foram coerentes às funções que desempenham os fonoaudiólogos contratados pelas instituições hospitalares, inclusive construindo documentos norteadores de atendimento, os chamados Procedimentos Operacionais Padrão (POP).

1. Velavan TP, Meyer CG. The COVID‐19 epidemic. Tropical Medicine & International Health. 2020;25(3):278-80. https://doi.org/10.1111/tmi.13383
2. Lima, B.P.S.; Vilela, R.Q.V. Características e desafios docentes na supervisão de estágio em fonoaudiologia. Rev. CEFAC. 2014;16(6):1962-71.
3. Nascimento, C. C. L. do, Oliveira, J. das G. C., Silva, B. V. da C., Santos, A. A. M. dos, Tota, J. do S. de S., & Silva, G. H. V. da. (2019). Construção de procedimento operacional padrão para sala de imunização. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 11(9), e389. https://doi.org/10.25248/reas.e389.2019



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1530
ESTÁGIO EXTRACURRICULAR EM FONOAUDIOLOGIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A VIVÊNCIA EM UM AMBULATÓRIO DE NEUROLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: As repercussões clínicas de pacientes com distúrbios neurológicos interferem nos aspectos fonoaudiológicos. Este profissional deve intervir nos distúrbios de memória, fala, voz e deglutição, contribuindo no tratamento destas alterações, resgatando a qualidade física, comunicativa e social do paciente.¹ O estágio extracurricular em um ambulatório de Neurologia proporciona aos estudantes a vivência clínica e a aprendizagem de forma integrada, complementando a formação do estagiário com o treinamento teórico/prático em situação real, formativa e educativa, além de ampliar o olhar humanizado perante o paciente. Para Oliveira e Rodrigues², é na prática que o aluno se sente responsável por suas ações, sentimentos e consequências do que faz e sente. Outro autores³, relatam que para além do conhecimento teórico, o estágio proporciona o conhecimento de humanista, social relativo ao processo de cuidar atrelado a novas formas de pensar e agir em saúde. Objetivo: Relatar a experiência do estágio extracurricular voluntário em Fonoaudiologia em um serviço de referência para atendimento de pacientes com demandas neurológicas. Método: O estágio extracurricular ocorreu entre o período de novembro de 2018 até fevereiro de 2020 e era realizado duas vezes por semana, sendo um dia direcionado para aulas teóricas com enfoque nos distúrbios neurológicos e discussão de casos clínicos e outro para a realização dos atendimentos supervisionados dos pacientes, com posterior discussão dos casos atendidos. A atuação dos estagiários tinha enfoque na disfagia, motricidade orofacial, alterações vocais e nos distúrbios de linguagem como a afasia e disartria. O público atendido pelo ambulatório variava do infantil ao idoso, que reside no estado da Bahia, sendo necessário o estabelecimento de condutas de forma clara e objetiva. A frequência dos pacientes era determinada pela dificuldade de acesso ou demanda dos mesmos. Vale salientar que, por se tratar de um serviço referência no atendimento a pacientes neurológicos, os estagiários tiveram contato com diversos casos clínicos e síndromes pouco exploradas durante a graduação, o que favorece a ampliação da aprendizagem. Resultados: A vivência das acadêmicas em um estágio extracurricular em Fonoaudiologia permitiu a aproximação com a prática profissional, proporcionando maior autonomia e competência técnica/humanizada. A experiência possibilitou desenvolver um olhar crítico e reflexivo capaz de atuar na resolução de problemas das mais diversas esferas, promovendo no sujeito, a integralidade do cuidado e a melhoria na sua qualidade de vida. Não obstante, o suporte profissional fonoaudiológico da instituição agregou à vivência, à medida que fomentou diálogos e discussões que ampliaram o processo de aprendizagem respeitando a ética profissional. Na conexão entre a teoria e a prática, este suporte contribuiu para um aperfeiçoamento profissional na proporção em que se reflete sobre o processo de saúde-doença. Conclusão: O estágio extracurricular possibilita ao estudante o amadurecimento e o crescimento profissional, pois a vivência nesse ambiente o aproxima da prática e das condições de trabalho. Além disso, a presença de estagiários no ambulatório possibilita maior potencial de atendimento para ao serviço, visto que este poderá assistir e acolher mais pacientes.

1. DIAS, R. et al. Resilience of caregivers of people with dementia: a systematic review of biological and psychosocial determinants.Trends Psychiatry Psychother., PortoAlegre, 2015.
2.RODRIGUES, MSP; LEITÃO, GCM. Estágio Curricular Supervisionado com ênfase no desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade.Texto Contexto Enferm. Florianópolis, v. 9, n. 3, p. 216-229, ago./dez. 2000.
3. CARVALHO, YM.; CECCIM, RB. Formação e Educação em Saúde: aprendizados com a saúde coletiva. In CAMPOS, G.W.S. et al. (org.), Tratado de saúde coletiva. Rio de Janeiro, Hucitec; Fiocruz. p.149-182.2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1269
ESTIMULAÇÃO COGNITIVA: ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM GRUPO DE IDOSOS
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A população idosa brasileira deve alcançar 32 milhões de pessoas em 2020. O cenário nacional é desafiador uma vez que o envelhecimento pode acarretar declínio da saúde e da funcionalidade. Os profissionais de saúde, dentre eles o fonoaudiólogo, podem contribuir para um envelhecimento saudável estimulando as competências motoras, cognitivas, afetivas e sociais dos idosos. A estimulação das funções cognitivas em atividades grupais baseando-se em estratégias fundamentadas pelas áreas de Gerontologia, Linguagem, a Saúde Coletiva e Neuropsicologia é uma forma de atuação primária em saúde que o fonoaudiólogo pode realizar junto aos idosos. Objetivo: Descrever as atividades estimulação cognitiva realizadas por alunos e docentes participantes de um Projeto de Extensão do curso de Fonoaudiologia com o objetivo de estimular as funções cognitivas dos idosos da comunidade local. Metodologia: O projeto de Extensão onde as atividades de estimulação cognitiva acontecem, existe a mais de quinze anos. Uma equipe interdisciplinar atua junto aos alunos de graduação e oferece aos idosos da comunidade local 7 horas de atividades semanais. Dentre as atividades, acontecem as aulas de “Ginástica Cerebral” que possuem duração de 90 minutos semanais. As atividades descritas foram realizadas por três estagiárias e uma docente do curso de Fonoaudiologia de agosto de 2018 a julho de 2019. Durante as atividades semestrais, são utilizadas diversas metodologias tais como aulas expositivas dialogadas, seminários, atividades vivenciais, jogos, dentre outros. Os idosos são convidados a participarem ativamente do planejamento das atividades semestrais. As atividades envolvem visitas, passeios, encontro com outros grupos de idosos, apresentações culturais e ações interdisciplinares com outros disciplinas e professores do projeto. Resultados: Para favorecer o aprendizado de novos assuntos, os idosos, organizados em grupo escolhem um tema e desenvolvem metodologias de aprendizagem ativa em grupo, dentre elas: brainstorm, fluxograma e mapa mental. Dentre as atividades de linguagem, podem ser citadas: caça-palavras, jogos de aliteração e rimas, formação de palavras a partir de letras fora de ordem e evocação de palavras do mesmo campo semântico. Estratégias com música para estimular a memória tais como lembrar a letra da música e o cantor a partir de um trecho musical apresentado. Usa-se instrumentos musicais e solicita-se que os idosos repitam os pulsos, ou de olhos fechados identifiquem qual o instrumento foi tocado. De maneira lúdica, jogos que exigem atenção e reação rápida com respostas motoras rápidas Ex: quando o professor fala 1 aturam bate palma; quando fala 2 a turma bate a mão na mesa; no 3 bate o pé no chão; no 4 grita “há’’. A sequência de números vai sendo evocada de forma rápida e aleatória. Durante as atividades os idosos se mostram interessados e ativos. Além da estimulação cognitiva as atividades permitem melhora dos aspectos sociais favorecendo o diálogo e trabalho em equipe com grande troca de conhecimentos entre os participantes. Conclusão: O projeto oportunizou uma rica experiência de atuação fonoaudiológica em atenção primária à saúde aos alunos, além de envolver ações que valorizam o envelhecimento ativo e propiciam a reintegração social dos idosos.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
451
ESTIMULAÇÃO DO HEMISFÉRIO DIREITO NA AUSÊNCIA DE ORALIDADE: ESTUDO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


A linguagem é uma das funções neurocognitivas que desempenha grande papel dentro da comunicação humana, e é por meio dela que podemos compreender e expressar aquilo que sentimos ou pensamos. Neurofisiologicamente, a linguagem é uma reunião de parâmetros Linguísticos e Paralinguísticos, sendo estes organizados entre os dois hemisférios cerebrais, que participam diretamente durante a transmissão e o processamento de uma mensagem, no entanto, essa funcionalidade acontece devido a diversas estruturas que intercomunicam ambos hemisférios, sendo elas áreas de associação e integração de estímulos. Uma das maneiras de fazermos estimulação do hemisfério cerebral direito é através da música, que além de ser considerada um instrumento terapêutico é composta por aspectos que o nosso cérebro processa e reconhece muito bem. Dentro da formação musical podemos encontrar a melodia, harmonia, prosódia e o ritmo, que além de serem majoritariamente localizadas no hemisfério cerebral direito podem ser integralizadas ao hemisfério cerebral esquerdo devido também, a sua vasta conjuntura de formação entre estrofes e harmonia e a própria melodia. Objetivo: o objetivo do presente estudo foi analisar a eficácia de um programa de intervenção fonoaudiológica, baseado no Modelo de Estimulação de Hemisfério Direito, por meio da música, para uma criança com ausência de oralidade. Metodologia: Inicialmente o projeto de pesquisa foi enviado ao Comitê de ética em Pesquisa com Seres, estando registrado sob número CAAE 31670814.3.0000.5546. participou do estudo uma criança do gênero feminino de 6 anos de idade, com ausência de oralidade, que estava na lista de espera para atendimento na área de linguagem infantil. Foi aplicado a anamnese com a mãe, para coletar informações que pudessem justificar a alteração apresentada pela criança. Em seguida, foi aplicado o ABFW para avaliar os aspectos semântico, fonológico e pragmático. Após a avaliação foi realizado o programa de intervenção, com foco na estimulação do hemisfério direito, por meio da música e por fim, foi feita a reavaliação para verificar se houve eficácia no programa de intervenção. Resultados: na avaliação pré-intrevenção a participante apresentou baixo desempenho semântico, bem como morfossintático e pragmático. Após a realizadas de 17 sessões, uma vez por semana de 45 minutos cada, de intervenção com estimulação do hemisfério direito, por meio da música, a participante foi reavaliada para que fosse verificado a eficácia do programa de intervenção. Pode-se observar que por meio da proposta de intervenção a participante apresentou uma melhor reprodução dos aspectos linguísticos e paralinguísticos da linguagem oral, que contribuíram para a efetividade da sua comunicação verbal. Conclusão: Desta forma, a estimulação do hemisfério direito, por meio da música, mostrou-se eficaz para o desenvolvimento da compreensão e expressão da linguagem oral para um caso de ausência de oralidade.

1. Özdemir, E., Norton, A., & Schlaug, G. (2006). Shared and distinct neural correlates of 39 singing and speaking, NeuroImage, 33, 628-635.
2. Aboitiz, F.; Scheibel, A.; Fisher, R.; Zaidel, E. Fiber composition of the human corpus callosum. Brain research, Elsevier, v. 598, n. 1, p. 143–153, 1992.
3. Rocha, A. F. O Cérebro – Um Breve Relato de sua Função. São Paulo: Fapesp, 1999.
4. Jourdaim, R. Música, Cérebro e Êxtase – Como a Música Captura Nossa Imaginação. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.
5. Lent, R. Nossos Dois Cérebros Diferentes. Revista Ciência Hoje. Vol.16 número 94, 1994.
6. Covre, P. (2012). Desenho experimental de caso único: uma alternativa para a avaliação da eficácia em reabilitação neuropsicológica. In J. Abrisqueta-Gomes (Org.), Reabilitação Neuropsicológica: abordagem interdisciplinar e modelos conceituais na prática clínica (343-350). Porto Alegre: Artmed.
7. Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3 (2), 77-101.
8. Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Pró-Fono. 2000; p.41-59.
9. Lamprecht, Regina Ritter et al. Aquisição fonológica do português: perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed, 2004.
10. Reschke-Hernández, Alaine E. History of music therapy treatment interventions for children with autism. Journal of Music Therapy, 48(2), 169- 207, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1413
ESTIMULAÇÃO LINGUÍSTICO-COGNITIVA NA PANDEMIA DA COVID-19
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: A população idosa tem aumentado consideravelmente e com isso as questões relacionadas à saúde e qualidade de vida desse público se tornam cada vez mais relevantes. O declínio cognitivo que ocorre durante a fase de envelhecimento traz impactos que podem prejudicar a independência e socialização desses indivíduos, por isso a importância da estimulação linguística-cognitiva em idosos. O Projeto de Extensão atua em centros de convivência e associação de idosos e consiste na realização de atividades de treino linguístico-cognitivo, assim como palestras sobre estilos de vida para um envelhecimento mais saudável e ativo, cuja finalidade é o esclarecimento e educação no interesse da coletividade. Com a pandemia da COVID-19, foi desenvolvido um website do projeto, que tem como propósito o compartilhamento de atividades de estimulação linguística-cognitiva para que os idosos possam realizar em suas residências durante o período de isolamento. Objetivo: Elaborar atividades de estimulação linguística-cognitiva para idosos alfabetizados e não alfabetizados durante o período de pandemia da COVID-19. Método: Foi escolhida para a criação do website a plataforma Wix, versão gratuita, visto que é um sistema gerenciador de conteúdo intuitivo e de fácil manutenção. A escolha do template foi pensada no perfil do usuário, visando a simplificação do acesso e leitura do conteúdo. O planejamento do blog envolveu a construção e organização dos posts pelos membros do projeto. Sendo assim, os posts são divididos em exercícios de acordo com a escolaridade, além de orientações. Ademais, em cada atividade são eleitos os níveis de dificuldade como fácil, médio e difícil. Resultados: Por meio do relatório de tráfego por localização disponibilizado pelo Wix, de março a junho de 2020, o website foi acessado por indivíduos residentes em 16 estados brasileiros e 02 internacionais (Colômbia e Gana). O Distrito Federal foi o estado em que houve maior número de acessos, precedido do estado Rio de Janeiro, além disso, mostrou maior tempo de permanência, em média trinta minutos. Retornaram ao website 50% dos visitantes de Pernambuco e de Bogotá (Colômbia), 33% dos da Bahia e em torno de 28% dos do Distrito Federal. Em relação ao tipo de dispositivo eletrônico utilizado, em Bogotá (Colômbia) teve-se o maior número de acessos por meio de computador. Os visitantes dos demais estados acessaram principalmente através de dispositivos móveis. Conclusão: As mídias digitais tornaram-se o maior meio de procura de informação nos dias atuais. Logo, o website busca compartilhar estratégias de linguagem para que os idosos não fiquem ociosos e continuem exercitando a mente durante o período de pandemia da COVID-19. Por fim, entendendo-se o momento atual e a importância do treino linguístico-cognitivo, o projeto analisa alternativas para maior visibilidade e acesso ao website, além da interação com a comunidade, principalmente os idosos.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2121
ESTIMULAÇÃO MUSICAL ASSOCIADA À COORDENAÇÃO MOTORA COMO ESTRATÉGIA FACILITADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM INFANTIL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


ESTIMULAÇÃO MUSICAL ASSOCIADA À COORDENAÇÃO MOTORA COMO ESTRATÉGIA FACILITADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM INFANTIL

1Karolyne Lima da Silva, 2Cláudia da Silva
¹Discente da Universidade Federal Fluminense – UFF/Nova Friburgo-RJ
²Docente da Universidade Federal Fluminense – UFF/Nova Friburgo-RJ


Introdução: A alfabetização trata-se de um processo amplo e complexo, por envolver diversas habilidades cognitivas e linguísticas, associadas a exploração do meio ao qual o individuo está inserido. Assim, a alfabetização pode ser favorecida quando o escolar apresenta habilidades previamente adquiridas, como a atenção, memória, planejamento, noção espacial, ritmo e vocabulário.[1] A cantiga de roda, permite a interação e expressão social, pois viabiliza a estimulação das habilidades necessárias para o desenvolvimento cognitivo-linguístico. A coordenação motora quando organizada de modo funcional, contribui diretamente para o aprimoramento da criatividade e de habilidades comunicativas.[2] Objetivo: Verificar a influência da estimulação musical associada à coordenação motora como estratégia facilitadora para a aprendizagem infantil.
Método: O estudo possui Comitê de Ética e Pesquisa aprovado sob o protocolo número 2.855.396 A pesquisa ocorreu em três etapas: avaliação, intervenção e reavaliação. Como amostra foram recrutados 18 escolares, matriculados no 1º ano do Ensino Fundamental I, com idade entre 6 e 7 anos, divididos em: Grupo I Experimental (GIE): composto por 09 escolares submetidos a todas as etapas do estudo, e Grupo II Controle (GIIC): composto por 09 escolares submetidos a avaliação e reavaliação. Para avaliação e reavaliação foram utilizados o Teste de Vocabulário Auditivo, o Teste de Vocabulário Expressivo [3] e sete provas pertencentes ao Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas para escolares em fase inicial de alfabetização [4], sendo elas: escrita do nome, cópia de formas, ditado de dígitos, repetição de palavras, repetição de números, nomeação rápida de figuras e nomeação rápida de números. Para a intervenção foram utilizadas cantigas de roda da coletânea “Cirandas” [5] simultaneamente às atividades gráficas, visando trabalhar a coordenação motora fina e global. As atividades foram selecionadas seguindo uma ordem de complexidade, com aumento gradativo das dificuldades no decorrer das sessões. Resultados: Os escolares do GIE apresentaram diferença estatisticamente significante na análise dos testes de vocabulário auditivo e expressivo indicando aumento dos acertos e diminuição dos erros quando comparados em pré e pós-testagem. Quanto as provas avaliadas pelo Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-linguísticas, na comparação de pré e pós-testagem de GIE e GIC, houve diferença estatisticamente significante na comparação de repetição de palavras, repetição de números e nomeação rápida de figuras em pós-testagem, e nomeação rápida de números em primeira tomada para pré e pós-testagem, tendo GIE apresentado média de desempenho superior aos escolares de GIC, em situação de pós-testagem. Na comparação de pré e pós-testagem para o desempenho dos escolares do GIE, houve diferença estatisticamente significante para as provas de cópia de formas, ditado de dígitos e repetição de palavras. Conclusão: Conclui-se que a estimulação musical associada à coordenação motora, global e fina podem ser utilizadas como estratégias facilitadoras para a aprendizagem em séries iniciais da alfabetização.

[1] Vieira, M. P. et al. Habilidades Necessárias à alfabetização: uma visão pedagógica. IV CONEDU, 2017, acesso 12 de julho de 2020. Disponível em: https://blog.psiqueasy.com.br

[2] Faria, C.A.G., & Santos, R. A utilização da música como ferramenta pedagógica. Revista Eletrônica Cientifica Inovação e Tecnologia, 2017, acesso 12 de julho de 2020, 8(15), E-7392. https://periodicos.utfpr.edu.br/recit

[3] Capovilla, F. C., Negrão, V. B., & Damasio, M. Teste de vocabulário auditivo e teste de vocabulário expressivo. São Paulo: Memnon, 2011.

[4] Silva, C., & Capellini, S. A. Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas para escolares em fase inicial de alfabetização. Ribeirão Preto: Booktoy, 2019.

[5] Chelotti, V. L., & Moraes, Z. R. Cirandas - Uma nova proposta na aprendizagem psicomotora. Rio de Janeiro: Revinter, 2003.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1554
ESTIMULAÇÃO PRECOCE DA ORALIDADE NAS DEFICIÊNCIAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


RESUMO

Introdução: A estimulação precoce pode ser definida como um programa de acompanhamento e intervenção clínico-terapêutica multiprofissional com bebês de alto risco e com crianças pequenas acometidas por patologias orgânicas, buscando o melhor desenvolvimento possível, por meio da mitigação de sequelas do desenvolvimento neuropsicomotor, bem como de efeitos na aquisição da linguagem, na socialização e na estruturação subjetiva, podendo contribuir, inclusive, na estruturação do vínculo mãe/bebê e na compreensão e no acolhimento familiar dessas crianças. Objetivo: Este estudo tem como objetivo observar o processo de aquisição da linguagem de uma paciente com sequelas neurológicas, através de um relato de experiência dos atendimentos fonoaudiológicos da paciente registrados em prontuário único durante o período de 2016 à 2019. Método: trata-se de um relato de experiência dos atendimentos fonoaudiológicos prestados a uma paciente, atualmente com 4 anos e meio, a qual frequenta a instituição APAE Lages desde fevereiro de 2016 e cujo diagnóstico é de Malformação do Sistema Nervoso Central (SNC) com hemisférios cerebelares hipodesenvolvidos associados ao Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) – CID F79-Q 04.3 , realizado por meio de análise da evolução clínica presente no prontuário único da paciente, no qual apresentava amostras de fala da paciente e levava em consideração os níveis de desenvolvimento simbólico e de linguagem. Resultados: Os resultados apontam que o desenvolvimento da linguagem oral e da comunicação melhoram gradativamente a partir da estimulação fonoaudiológica da linguagem, iniciando pela imitação de gestos, imitação de sons onomatopaicos, ampliação do vocabulário e melhora na elaboração de frases e discurso narrativo da paciente, alcançados durante estímulos verbais nas brincadeiras lúdicas propostas e avançando seu grau de desenvolvimento simbólico e repertório verbal. Conclusão: . No presente estudo de caso é possível constatar a importância da estimulação precoce da linguagem oral pelo profissional fonoaudiólogo para o desenvolvimento da comunicação da criança com deficiência intelectual ou alterações neurológicas, seja no estímulo do uso de gestos, seja no estímulo da oralidade. Quanto mais precocemente der início à estimulação da linguagem oral mais eficaz será o desenvolvimento da comunicação, favorecendo deste modo a socialização e a inclusão da criança com sequelas no desenvolvimento neuropsicomotor e desenvolvendo uma comunicação eficaz que as tornem participantes de atividades no meio social.

PALAVRAS-CHAVE: Estimulação Precoce; Linguagem Infantil; Deficiências; Fonoterapia.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes de Estimulação Precoce: Crianças de Zero a 3 anos com Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor – 2016 - http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/novembro/26/Diretrizes-de-estimulacao-

DUARTE, C.P; VELLOSO, R.L. Linguagem e Comunicação de Pessoas com Deficiência Intelectual e suas Contribuições para a Construção da Autonomia. Inc. Soc, Brasília, DF, v.10 n.2 p.88-96, jan/jun 2017. Disponível em: Acesso em: 11 de outubro de 2019.

SANTOS, G.L; PESSOA, J.N. A Importância do Brincar no Desenvolvimento da Criança. 41f. Trabalho de Conclusão de Curso (Pedagogia) – Centro de Educação Curso de Licenciatura em Pedagogia, Universidade Federal da Paraíba, Paraíba-PB, 2015. Disponível em: Acesso em: 12 de outubro de 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1383
ESTIMULAÇÃO PRECOCE NA PRIMEIRA INFÂNCIA E OS BENEFÍCIOS DA CONTRIBUIÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Os primeiros anos de vida da criança é considerado como um período em que ocorrem diversas mudanças importantes e essenciais para o desenvolvimento infantil. As experiências vivenciadas nessa fase têm grande influência ao longo da vida do indivíduo. Um déficit nesse estágio diminui o ritmo do processo de desenvolvimento da criança, provocando uma maior propensão à transtornos psicológicos, motores, sócio-afetivos, cognitivos e de linguagem. OBJETIVO: Retratar a vivência de discentes do curso de fonoaudiologia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, em uma prática do projeto de extensão multidisciplinar intitulado Projeto de Estimulação Precoce na Primeira Infância – PEPPI. MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência que visa descrever a vivência de discentes do curso de fonoaudiologia em uma prática do projeto de estimulação precoce na primeira infância. Os discentes foram divididos em grupos, sendo formados por discente de diversas áreas da saúde, em que foram remanejados para diferentes centros municipais de educação. Cada grupo é responsável por elaborar atividades de estimulação precoce relacionadas a uma temática escolhida. Além de trabalhar com estimulação, também usamos como recurso, temas de grande importância, tais como escovação, meio ambiente, desenhos, escrita e quaisquer outros temas que possam remeter a alguma atividade estimulante, proporcionando educação em saúde, estímulos direcionados e melhor desenvolvimento das habilidades globais da criança. RESULTADOS/DISCUSSÃO: Durante as atividades desenvolvidas, percebeu-se a interação das crianças e a colaboração dos envolvidos, tais como os professores e gestores da escola. O intuito do projeto foi levar, através de atividades lúdicas e educação em saúde, estímulos direcionados, proporcionando um melhor desenvolvimento infantil. Pôde-se perceber o quão importante se faz as atividades desenvolvidas nas escolas e como estas contribui para o desenvolvimento de habilidades essenciais para o desenvolvimento infantil. A inclusão de discentes de outras áreas de atuação, possibilitou uma visão ampliada e multidisciplinar, proporcionando atividades que possam incorporar mais de uma área da saúde, fazendo com que o discente enxergue a criança sob um novo prisma e não apenas em sua área de atuação. CONCLUSÃO: O projeto proporcionou diversos benefícios às crianças, visto que as mesmas receberam estímulos direcionados de acadêmicos de diversas áreas da saúde, possibilitando atividades genéricas, bem como atividades específicas, a depender das necessidades encontradas em cada classe. Através do projeto, também foi possível construir ambientes acolhedores e agradáveis, criação de vínculo sócio-afetivos entre os envolvidos, promovendo as crianças uma estimulação efetiva, através de atividades lúdicas e experiências para com o outro.

Barbosa G. Estimulação Precoce: fundamentos e aspectos essenciais. João Pessoa: Gráfica Unimed; 1999.
Lira MI. Manuales de Estimulacion – Primer Ãno de Vida. Santiago de Chile: Editorial Galdoc Ltda; 1988ª.
Gesell A. A Criança em de 0 aos 5 anos. São Paulo: Martins Fontes; 1985.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1691
ESTIMULAÇÃO PRECOCE NA SURDEZ: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: O momento do estágio é crucial para a conjunção entre teoria e prática. A oportunidade de vivenciar este período em serviço, ou seja, dentro de uma clínica de atendimento já estabelecida, proporciona aos estagiários o confronto de seus conhecimentos com a realidade da terapia, contracenando com outros profissionais tanto da Fonoaudiologia quanto de outras áreas, de forma multidisciplinar, com vistas à assistência das necessidades globais do paciente e sua família. A experiência aqui relatada se refere ao atendimento específico de crianças surdas em fase de aquisição da linguagem dentro de uma proposta de terapia bilíngue, que envolve tanto as técnicas de oralização quanto o desenvolvimento da comunicação por meio da LIBRAS.

Objetivo: Relatar a experiência vivenciada no Estágio Supervisionado de Linguagem Infantil de uma instituição de ensino pública federal realizada em uma Clínica Especializada em Comunicação vinculada a uma escola bilíngue para surdos.

Metodologia: Anualmente, quatro alunos são selecionados para realizarem estágio de linguagem na clínica mencionada, de acordo com seu interesse em aprofundar conhecimentos na área da surdez. O objetivo do atendimento é trabalhar recursos que desenvolvam habilidades de comunicação na criança, independentemente de sua modalidade. São atendidos 12 pacientes, sendo a atuação dividida entre atendimentos individuais e supervisão coletiva, com a presença da preceptora local (fonoaudióloga do serviço com experiência no atendimento a este público) e/ou da supervisora docente. Desta forma, os casos são compartilhados, ampliando as possibilidades de aprofundamento tanto nas situações teóricas quanto práticas envolvidas. Além do contato com outros profissionais da área de Fonoaudiologia que não os docentes, os estagiários tem ainda a oportunidade de estabelecer trocas com a equipe da clínica (otorrinolaringologista, psicóloga, assistente social) e da escola (professores, supervisores e orientadores pedagógicos), assumindo competências de trabalho em equipe com vistas à melhoria da qualidade de vida do indivíduo surdo por meio do trabalho de aquisição e aprimoramento de sua comunicação.

Resultados: A possibilidade de atuar em serviço dentro de uma proposta ainda incipiente na Fonoaudiologia, a proposta bilíngue para tratamento de crianças surdas, proporciona às alunas uma experiência sui generis, que poderá ser um diferencial no seu futuro profissional. O contato com crianças pequenas que, devido à situação da surdez, ainda estão no início do processo de aquisição de linguagem, permite o desenvolvimento de um trabalho voltado para questões que permeiam a estimulação precoce, com ampla participação dos pais que, em muitos casos, ainda estão vivenciando etapas de luto devido ao diagnóstico de surdez. A busca da melhor proposta de tratamento para a criança neste contexto, podendo visualizar de forma concreta a realidade de cada caso, permite ao estagiário que compreenda que não há diretrizes pré-determinadas para estes casos e que o esforço conjunto dos terapeutas e da família irá guiar as escolhas para a criança surda visando o melhor prognóstico possível (linguístico, social, cognitivo e emocional).

Conclusão: O modelo de atuação em serviço no atendimento a crianças surdas dentro de uma proposta bilíngue diferencia a formação dos alunos do Curso de Fonoaudiologia, preparando-os para os desafios de seu futuro profissional.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1726
ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA: NEUROMODULAÇÃO APLICADA A FONOAUDIOLOGIA EM PACIENTES COM DISFAGIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A disfagia consiste em uma ou mais desordens no trajeto do bolo alimentar, desde a cavidade oral até o estômago. Apesar de ocorrer em qualquer faixa etária, doenças neurodegenerativas e/ou de cabeça e pescoço são fatores relacionados à sua maior prevalência [1,2]. A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) trata-se de uma técnica simples, de baixo custo, segura, não invasiva, bem tolerada, e indolor, que é capaz de modular a atividade cerebral, apresentando efeitos terapêuticos. Estudos vem apontando que a ETCC pode fornecer uma maneira útil de promover a recuperação em pacientes disfágicos [3]. OBJETIVO: Determinar a efetividade da eletroestimulação transcraniana por corrente contínua aplicada em pacientes com queixas de deglutição. MÉTODOS: Para a consecução destas revisão sistemática com meta-análise foram analisados estudos originalmente nas línguas Inglesa e Portuguesa, nas bases de dados (ScienceDirect, PubMed e BIREME) dos últimos 10 anos. Incluindo artigos que fizessem a utilização da ETCC no tratamento da deglutição e/ou reabilitação da disfagia em humanos, adultos e/ou idosos que apresentassem distúrbios neurológicos que acometessem a deglutição, bem como, ensaios clínicos controlados e randomizados. Foram excluídas revisões sistemáticas, artigos fora do recorte temporal da pesquisa, sem resultados relevantes sobre diagnóstico e reabilitação da disfagia com o uso da ETCC, estimulação magnética, terapêutica médica (cirurgias teleguiadas, procedimentos invasivos associados, estudos com suplemento medicamentoso); que apresentassem somente exames de imagens, distúrbios alimentares e que não guardassem relação com a temática do trabalho. Foi realizada meta-análise por meio do pacote meta disponível no software estatístico R versão 4.0.2. RESULTADOS: Das referidas bases foram selecionados 206 artigos científicos, dos quais apenas 5 artigos foram relevantes para a síntese qualitativa e 3 para quantitativa. Todos os artigos são: estrangeiros, com data de publicação com média de 5,2 anos (desvio padrão de 2,38 anos) anos de publicação, ensaios clínicos randomizados em pacientes que sofreram AVC (n=5; 100%). A partir da análise qualitativa dos artigos, 80% (n=4) apresentaram resultados positivos com repercussão estatística. A meta-análise levou em consideração a quantidade de participantes (serviu como peso na medida de efeito), independente do desfecho. Levou em consideração, também, o desvio padrão das amostras (grau de variabilidade do que está sendo avaliado entre os indivíduos) e o intervalo de confiança considerado. O (N) dos artigos influenciou nos resultados, sendo direcionada para área de intervenção e apresentando 100% nos modelos de efeitos fixo e modelo de efeitos randomizados. O valor de heterogeneidade foi de (p= 0,96). Em ambos os diamantes houve deslocamento para o lado da estimulação, ou seja, a neuromodulação se mostrou eficaz para o tratamento da disfagia em pacientes pós AVC. CONCLUSÃO: A ETCC é uma ferramenta promissora para o tratamento de pacientes com queixa de deglutição. Os dados sugerem melhora nos casos de disfagia após AVC, permitindo-nos concluir que a abordagem é uma forma útil para o tratamento de reabilitação.

[1] Cuenca RM, Malafaia DT, Souza GD, Souza LR, Motta VP, Lima MR, et al. [Dysphagic syndrome]. ABCD Arq Bras Cir Dig. 2007;20(2):116-8. Review. Portuguese.
[2] SUNTRUP-KRUEGER S. et al. Magneto encephalographic evidence for the modulation of cortical swallowing processing by transcranial direc tcurren tstimulation. Rev. Elsevier, Berlin Germany, v. 83, p.346-354, dezembro, 2013.
[3] George MS, Aston. J. G. No invasive techniques for probing neurocircuitry and treating illness: vagus nerve stimulation (VNS), transcranial magnetic stimulation (TMS) and transcranial direct current stimulation (tDCS). Rev. Neuropsycho pharmacology, Charleston EUA, v.31, n.1, p.301-316, 2010.
[4] Yang EJ et al. Effects of transcranial direct current stimulation (tDCS) on post stroke dysphagia. Rev. Restor Neurol Neurosci, South Korea, v.30, p.303-311, 2012.
[5] Shigematsu T, Fujishima I, Ohno K. Transcranial direct current stimulation improves swallowing function in stroke patients. Rev. Neurorehabil Neural Repair, Tokyo, v. 27, n. 4, p.363-369, 2013.
[6] Yuan Y, Wang J, Wu D, Huang X, Song W. Effect of transcranial direct current stimulation on swallowing apraxia and cortical excitability in stroke patients. Top Stroke Rehabil. 2017;24(7):503-509.
[7] Ahn YH, Sohn HJ, Park JS, et al. Effect of bihemispheric anodal transcranial direct current stimulation for dysphagia in chronic stroke patients: A randomized clinical trial. J Rehabil Med. 2017;49(1):30-35.
[8] SUNTRUP-KRUEGER. et al. Randomized trial of transcranial DC stimulation for post-stroke dysphagia. Rev. Annals of Neurology, Germany, v. 83, n.2, p.328-340, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1391
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DA COVID-19 NO RETORNO DAS ATIVIDADES EM CLÍNICA ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA
Práticas fonoaudiológicas
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia do vírus SARS-CoV-2, causador da Severe Acute Respiratory Syndrome of Coronavirus – COVID-19. Com a pandemia da COVID-19, foi necessário interromper as atividades de ensino em todo o país e, por conseguinte, as atividades assistenciais das Clínicas-Escolas dos cursos da área da saúde. A gravidade da situação e a falta de tratamento exigem que as medidas de prevenção da infecção, a redução da transmissão e o fornecimento de tratamento adequado às pessoas com COVID-19 sejam priorizados. Devido à gravidade da situação e à falta de tratamento da doença, medidas preventivas precisam ser adotas de forma sistemática para garantir a segurança de todos no retorno às atividades. O retorno às atividades deverá ocorrer de maneira gradual, com uso de estratégias sistemáticas de prevenção e controle a longo prazo que garantam a segurança da população e os padrões de qualidade e de biossegurança em diferentes práticas assistenciais. Objetivo: descrever as estratégias utilizadas durante o período da pandemia de COVID-19 para o retorno das atividades acadêmicas e assistenciais em saúde da Clínica Escola de Fonoaudiologia de uma universidade pública brasileira. Método: foi realizado um estudo descritivo, baseado em pesquisa documental. Para embasar as estratégias, foram utilizadas recomendações oficiais de instituições ou organizações nacionais ou internacionais no combate da COVID-19 publicadas entre os meses de março e junho de 2020. O plano estratégico proposto partiu da análise do serviço considerando as dimensões: infraestrutura, recursos materiais, recursos humanos e perfil dos usuários. Os resultados foram apresentados de forma descritiva. Resultados: foram planejadas ações referentes a adaptações na infraestrutura, cuidados com o ambiente, planejamento e implementação da nova rotina de atendimento e protocolo de biossegurança, fundamentadas nas recomendações sanitárias para enfrentamento da situação sanitária publicadas até o momento. O apoio técnico-científico de profissionais do campo da biossegurança foi fundamental na avaliação dos riscos locais e no estabelecimento de medidas de prevenção. Conclusão: a descrição detalhada serve como instrumento norteador para o retorno das atividades com o máximo de segurança possível. Para que sejam eficazes, as estratégias de combate a infecções de qualquer natureza devem levar em consideração, no momento de sua formulação, as particularidades que cada ambiente de assistência à saúde possui. As novas rotinas devem contemplar a realidade socioeconômica local e permitir o cumprimento dos objetivos acadêmicos e sociais da Clínica Escola, mas devem ser revistas em períodos preestabelecidos pelos gestores ou de acordo com a evolução da situação sanitária local.

Organização Pan-Americana de Saúde [https://www.paho.org/]. Folha informativa – COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus) [acesso em 16 jun 2020]. Disponível em https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875

Organização Pan-Americana de Saúde [https://www.paho.org/]. Rapid Assessment of COVID-19 Impact on NCD Programs in the Region of the Americas. [acesso em 16 jun 2020]. Disponível em https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52250/PAHONMHNVCOVID-19200024_eng.pdf?sequence=6

Brasil. Portaria n° 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. Diário Oficial da União. 18 mar 2020. Disponível em http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376

Conselho Federal de Fonoaudiologia [https://www.fonoaudiologia.org.br/]. Recomendação CFFa nº 19, de 19 de março de 2020. [acesso em 11 maio de 2020].Disponível em https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wp-content/uploads/2020/03/Recomendacao_CFFa_19_2020.pdf

Organização Pan-Americana de Saúde [https://www.paho.org/]. Lista de verificación para la gestión de los trabajadores de salud durante la respuesta a la COVID-19. [acesso em 16 jun 2020]. Disponível em file:///C:/Users/karla/Google%20Drive/UFF/ClínicaEscola/Biossegurança/OPSHSSHRCOVID-19200011_spa.pdf

Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (sars-cov-2). [acesso em 25 mai 2020). Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/Nota+T%C3%A9cnica+n+04-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28

Nasreen S, Quadri MD, Beth K, Thielen MD, Serin Edwin Erayil MBB, Elizabeth A Gulleen, Kristina Krohn MD, Deploying Medical Students to Combat Misinformation During the COVID-19 Pandemic, Academic Pediatrics (2020). Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7265844/pdf/main.pdf

Organização Pan-Americana de Saúde [https://www.paho.org/]. Care for health workers exposed to the new coronavirus (COVID-19) in health facilities [acesso em 16 mai 2020]. Disponível em https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52032/PAHOPHEIMCovid1920005_eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Academia Brasileira de Audiologia [https://www.audiologiabrasil.org.br]. Nota Técnica – Recomendações para o retorno da prática em Audiologia. [acesso em 17 jun 2020]. Disponível em https://www.audiologiabrasil.org.br/portal/arquivosfiles/ABA%20nota%20t%C3%A9cnica1%20junho2020.pdf

Academia Brasileira de Audiologia [https://www.audiologiabrasil.org.br]. Nota Técnica – Recomendações para o retorno da prática em Audiologia. [acesso em 17 jun 2020]. Disponível em https://www.audiologiabrasil.org.br/portal/arquivosfiles/ABA%20nota%20t%C3%A9cnica1%20junho2020.pdf



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1894
ESTRATÉGIAS DE REPARO UTILIZADAS NA AQUISIÇÃO DO SISTEMA CONSONANTAL EM DOIS SUJEITOS COM A SÍNDROME DE NOONAN: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A utilização de estratégias facilitadoras durante a aquisição do sistema fonológico é natural é inato à criança, a qual pode usar durante a sua fala, uma sequência ou classe de sons desprovida da propriedade difícil e que são denominados como processos fonológicos (Stampe, 1973). Um dos fatores responsáveis por essa aquisição é o desenvolvimento cognitivo. Espera-se que aos seis anos de idade a criança já tenha adquirido todos processos fonológicos do português brasileiro. A síndrome de Noonan é uma das mais frequentes síndromes de herança mendeliana. Jacqueline Noonan descreveu a síndrome pela primeira vez em 1963 relatando 9 casos com um quadro de estenose valvar associada à estatura baixa, dismorfismo facial e retardo mental. Uma das principais características na Síndrome de Noonan (SN) é a deficiência intelectual que ocorre em grau moderado em 15% a 35% dos pacientes. Objetivo: Descrever o perfil do sistema fonético-fonológico de dois sujeitos (gêmeos) com idade de 6 anos (S1 e S2) encaminhados pelo Ambulatório de Genética Médica da instituição, e tendo como diagnóstico a síndrome de Noonan. Método: Trata-se de um estudo descritivo de ordem transversal de caráter qualitativo e quantitativo. O projeto foi cadastrado na Plataforma Brasil e submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com o CAAE: 13370819.2.0000.5546. Para a constituição do corpus foi utilizado a Avaliação Fonológica da Criança (Yavas et al,1991) com as provas de repetição (Pr) e de nomeação (Pn) composta de 125 palavras. Para a análise dos dados foi usado o número de possiblidades do processo fonológico da referida lista em relação ao número de sua ocorrência determinando assim, o percentual de maior ou igual a 25%. Este critério justifica-se pelo fato de que 75% de produção correta é o nível mínimo para que o som seja considerado adquirido pela criança. Resultados: Os processos que prevaleceram nas amostras são os seguintes: apagamento de líquida final não-Lateral (FSDP) – S1 (Pn 100% e Pr- 89%) e S2 ( Pn- 100% e Pr- 100%); redução de encontro consonantal– S1( Pn- 63% e Pr – 65%) e S2 ( Pn- 87% e Pr- 79%); apagamento de liquida intervocálica não-lateral S1 (Pn 46% e Pr- 23%) e S2 ( Pn- 46% e Pr- 30%); anteriorização de palatal - S1 (Pn 94% e Pr- 94%) e S2 ( Pn- 89% e Pr- 83 %); semivocalização de líquida palatal S1 (Pn 71% e Pr- 71%) e S2 ( Pn- 100% e Pr-100 %); semivocalização de líquida não-lateral -S1 (Pn 38% e Pr- 38%) e S2 ( Pn- 38% e Pr-38 %). Foi possível observar um melhor desempenho na prova de repetição do que na de nomeação bem como como uma similaridade da ocorrência dos processos entre os sujeitos apesar da diferença de percentual. Conclusão: Os resultados demonstraram um atraso no sistema fonético fonológico dos sujeitos indicando que provavelmente os processos fonológicos existentes na Síndrome de Noonam, apesar das alterações miofuncionais características da síndrome, se devem mais ao fato de sua provável deficiência intelectual do que devido a outro tipo de alterações.

Ichikawa CS. Estratégias de reparo utilizadas na substituição de segmento consonantal em portadores da síndrome de Moebius: uma análise otimista. 2008.
Pierpont EI, Tworog-Dube E, Roberts AE. Attention skills and executive functioning in children with Noonan syndrome and their unaffected siblings. Dev Med Child Neurol. 2015;57(4):385–92.
Pierpont EI, Weismer SE, Roberts AE, Tworog-Dube E, Pierpont ME, Mendelsohn NJ, et al. The language phenotype of children and adolescents with noonan syndrome. J Speech, Lang Hear Res. 2010;53(4):917–32.
Sordi C, Santos RN, Silva RC, Silva SM. Síndrome de Noonan e suas implicações para a Fonoaudiologia: Revisão de literatura. In: César CPHAR, Paranhos LR, Sordi C, editors. Coletâneas em saúde: uma abordagem multidisciplinar. Volume X. Uberlândia: Assis; 2019. p. 216.
Stampe D. A dissertation on natural phonology. University of Chicago; 1973.
Yavas M, Hernandorena R, Lamprecht R. Avaliação fonológica da criança. Porto Alegre: Artes Médicas; 1991.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1273
ESTRATÉGIAS MOTIVACIONAIS PRESENCIAIS E A DISTÂNCIA NA EDUCAÇÃO E NA TERAPIA VOCAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: crianças apresentam resistência em realizar as atividades em terapia, por não apresentarem consciência de sua disfonia, prejudicando seu prognóstico1. Neste sentido, diversificar as estratégias na terapia vocal, torna-se importante para a adesão de crianças e adolescentes2. Objetivo: apresentar uma revisão integrativa de literatura sobre estratégias motivacionais presenciais/a distancia na educação/terapia vocal de crianças/adolescentes (seis a 18 anos). Método: A busca foi realizada nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), entre 2004 e 2020, utilizando as palavras-chave teletherapy; telemonitoring; distance counseling; recreation therapy; therapy; voice; dysphonia; child com descritor associado and. Cruzou-se as palavras therapy “and” voice “and” child, dyphonia “and” child, recreation therapy “and” voice “and” child e teletherapy “and” dysphonia “and” child. Resultados: Foram identificados 109 artigos na BVS, selecionados 18, descartados 11 (duplicados) e, na SCIELO, 16 artigos, selecionado um, porém, descartado (duplicado). Após leitura, foram incluídos oito artigos, cujos temas foram categorizados em: 1) Estratégias motivacionais aplicadas in loco: a) terapia – estórias com pistas cognitivas abordando conteúdos sobre hidratação, abuso vocal, falar em forte intensidade, grito, diminuição de tensão, fisiologia de órgãos fonoarticulatórios, articulação, coordenação pneumofonoarticulatória, uso de pausas, discriminação de sons e ressonância3; b) grupos de vivência de voz – realizados em escola infantil, conduzidos por estagiárias em fonoaudiologia, abordando o uso e função da voz no cotidiano, produção da voz, respiração e a produção de fonemas, por meio de desenhos, brinquedos, como línguas-de-sogra e bexiga e teatro2; 2) Estratégias à distância: a) criação de cybertutor de saúde vocal – avaliado por alunos do ensino médio, que participaram do programa de capacitação, com duas aulas presenciais, ministradas por alunos de graduação e pós-graduação em fonoaudiologia, abordando fisiologia da voz e fala, patologias vocais e saúde vocal (como prevenir alterações vocais), com o uso de recursos tecnológicos de vídeo streaming e animações do CD-ROM do Projeto Homem Virtual; acesso ao cybertutor com conteúdos complementares e oficina (de três horas), supervisionada por um professor, sobre Expressividade e Comunicação4; b) vídeos de exercícios individualizados, fornecidos no formato de MP45; 3) Confecção de estratégias motivacionais: a) apresentação de livro de literatura infantil – com conceitos sobre voz/patologia nodular infantil (impresso e digital, com narração de áudio incluída)6; b) projeto de educação para a saúde – programa com enfoque em promoção de saúde vocal para pais e educadores, contendo recursos didáticos, como uma peça de teatro infantil com fantoches, música, pictogramas alusivos ao tema e um guia informativo7; c) seleção e análise de livros clássicos infantis sobre contextos vocais1. Conclusão: A literatura mostrou em maior número, a descrição de atividades envolvendo ações educativas realizadas por alunos de fonoaudiologia2,4 e produção de materiais1,6-7, uma proposta para a educação a distância4 e uma para terapia a distancia5. Estratégias motivacionais contribuem na ampliação do conhecimento, aderência das crianças em terapia, estimula a participação dos pais e a disseminação do saber pelas crianças para a comunidade. Embora as demandas atuais indiquem a necessidade do teleatendimento, há poucos estudos com esta temática em crianças/adolescentes.

1. Oliveira IB, Fernandez ES, Gargantini EP, Bordin SC. Analysis of classic stories as a motivational tool for voice therapy. Distúrbios da Comunicação. 2015 Jun;27(2):318-332.

2. Penteado RZ, Camargo AMD, Rodrigues CF, Silva CR, Rossi D, Silva JTC et al. Vivência de voz com crianças: análise do processo educativo em saúde vocal. Distúrbios da Comunicação. 2007 Ago;19(2): 237-246.

3. Gasparini G, Azevedo R, Behlau M. Experiência na elaboração de estórias com abordagem cognitiva para o tratamento da disfonia infantil. R. Ci. méd. biol. 2004 Jan-Jun;3(1):82-88.

4. Corrêa CC, Martins A, Pardo-Fanton CS, Silva ASC, Barros GTT, Wen CL et al. Activities of interactive teleducation in vocal health based on the young doctor dynamics. Distúrbios da Comunicação. 2012 Dez;24(3):359-368.

5. Braden MN, van Leer E. Effect of MP4 Therapy Videos on Adherence to Voice Therapy Home Practice in Children With Dysphonia Journal of Voice. 2017;31(1):114e.17-114e.23.

6. Dias MR. Cruz CV, Carvalho AR. “Barnabé and his adventure”: A vocal health education project in childhood dysphonia. Distúrbios da Comunicação. 2015 Jun;27(2):293-300.

7. Dias MR, Oliveira AMR, Bastos ACMM. From the throat comes the voice: a vocal health education project. Distúrbios da Comunicação. 2015 Mar;27(1):182-191.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1541
ESTRATÉGIAS MUSICAIS NA REABILITAÇÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A música é considerada umas das expressões e manifestações humanas mais antigas, pois ela é capaz de evocar sensações, lembranças e sentimentos. Todo indivíduo possui uma aptidão musical inicial inata e quanto mais cedo se beneficiar de um ambiente musical rico, mais cedo sua aptidão irá aumentar, sendo assim, a aprendizagem musical pode e deve ser iniciada antes ou desde o nascimento da criança (1). Desta forma, as experiências auditivas que a criança tem nos primeiros anos de vida serão fundamentais para que ela se torne uma boa ouvinte. A Music Learning Theory (MLT) é a única teoria de ensino e aprendizagem musical existente e foi desenvolvida pelo músico Edwin Gordon, nessa teoria a música é transmitida como linguagem de forma estruturada e sequenciada pois, segundo Gordon (2) a aquisição da música acontece de forma similar à aquisição da língua materna. Estudos apresentam uma correlação entre a música, aspectos cognitivos, linguísticos e emocionais (3,4,5,6) em pessoas com deficiência auditiva. Também apontam os efeitos terapêuticos, a melhora na qualidade de vida e o desenvolvimento das habilidades sociais em vários tipos de condições e desordens (7,8,9). Porém, até o momento, não há estudos na literatura que utilizam a música, através da aprendizagem musical, como intervenção em crianças de 0 a 3 anos com deficiência auditiva e, de acordo com Torppa e Huotilainen (10) a música pode ter consequências positivas para a vida dessas crianças. Assim, como é recomendado que a intervenção e reabilitação auditivas ocorram nos primeiros meses de vida da criança, o mesmo é indicado para a aprendizagem musical. O objetivo deste relato de experiência é apontar e descrever estratégias musicais, baseadas na MLT, que podem ser utilizadas no contexto clínico da terapia fonoaudiológica para potencializar o desenvolvimento das habilidades sociais, de fala e linguagem de crianças de 0 a 3 anos de idade com deficiência auditiva. A aula foi ministrada por uma educadora musical durante os atendimentos das crianças em um serviço público de terapia fonoaudiológica, com duração de 45 minutos e teve como modelo de aprendizagem a MLT. A turma foi composta por 3 crianças e seus responsáveis, com idade entre 1 e 3 anos, todas com deficiência auditiva sensorioneural de grau moderado a severo, das quais, duas utilizaram aparelho de amplificação sonora individual e uma havia feito a cirurgia do Implante Coclear, porém ainda não estava ativado. Por se tratar de uma atividade com estímulos novos para essa população, foi observado um envolvimento considerável da criança que estava com o implante desativado, tendo em vista que ela participou de forma ativa realizando todos os movimentos das propostas musicais e tentou reproduzir vocalizações. Tal envolvimento surpreendeu a educadora musical em questão, por conta das condições auditivas dela. A participação das demais crianças também ocorreu de maneira satisfatória e possibilitou a integração entre as mesmas. Com isso concluímos que a atuação do educador musical pode contribuir na promoção dessas habilidades, promover novas metas no processo de reabilitação e gerar a possibilidade de pesquisas futuras.

1- Gordon E. Teoria da Aprendizagem Musical Para Recém Nascidos e Crianças em Idade Pré-Escolar. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; 2000.

2- Gordon E. Quick and Easy Instroductions. Chigado: GIA Publications; 2013.

3- Torppa R et al. Developmental links between speech perception in noise, singing, and cortical processing of music in children with cochlear implants. Music Perception: An Interdisciplinary Journal. 2018; (36.2): 156-174.

4- Rochette F et al. Music lessons improve auditory perceptual and cognitive performance in deaf children. Frontiers in human neuroscience. 2014; (8): 488.

5- Torppa R et al. Interplay between singing and cortical processing of music: a longitudinal study in children with cochlear implants. Frontiers in psychology. 2014; (5): 1389.

6- Torppa R et al. The perception of prosody and associated auditory cues in early-implanted children: The role of auditory working memory and musical activities. International Journal of Audiology. 2014; (53.3): 182-191.

7- Dastgheib S S. Music training program: a method based on language development and principles of neuroscience to optimize speech and language skills in hearing-impaired children. Iranian journal of otorhinolaryngology . 2013;(9): 91-97.

8- Del Prette et al. Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. Petrópolis: Vozes; 2005.


9- Greshan et al. Social Skills Rating System: Manual. USA: Americam Guidance Service; 1990.

10 – Torppa R, Huotilainen M. Why and how music can be used to rehabilitate and develop speech and language skills in hearing-impaired children. Hearing Research. 2019; (6): 108-122.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1856
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NO TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Dormir bem é essencial à homeostase do organismo, contudo, a qualidade do sono pode ser comprometida devido aos Distúrbios do Sono. Sendo, dentre eles, Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) um dos mais cumuns. A abordagem para a Apneia é inicialmente médica, podendo ser cirúrgica ou clínica. E algumas opções de tratamento podem ser associadas, como a terapia fonoaudiológica, que vem demonstrando resultados satisfatórios por ser uma forma segura e não invasiva. Visto que os pacientes com AOS apresentam um comprometimento neuromuscular e/ou estrutural das suas Vias Aéreas Superiores (VAS), resultando em uma redução do tônus muscular e aumento da resistência destas durante o sono. Geralmente utiliza-se na fonoaudiologia estratégias como terapia miofuncional orofacial (TMO), Mioterapia, massagem, limpeza nasal, exercícios e treinos respiratórios. Além disso, pode-se utilizar recursos coadjuvantes como bandagem elástica, laserterapia e eletroestimulação. Objetivo: Identificar quais as estratégias estão sendo utilizadas na fonoterapia para tratar a AOS e quais os recursos adicionais mais utilizados nesse tratamento. Métodos: A pesquisa foi realizada com fonoaudiólogos brasileiros, aos quais foram encaminhados por e-mail um questionário do Google Forms. Que se introduzia com perguntas mais gerais e, depois, se o profissional atendia pacientes com Apneia, se a resposta fosse afirmativa, havia uma terceira etapa de perguntas voltadas a sua intervenção. Ao final da coleta, alcançou-se 24 questionários respondidos. Destes, foram excluídos 7 por não atenderem pacientes com Apneia e 2 por terem enviado o questionário sem marcar todas as respostas necessárias. Após o refinamento, resultaram-se 15 questionários aptos para a construção do estudo. Os dados coletados foram automaticamente categorizados e inseridos em gráficos digitais. Posteriormente foi realizada uma análise de natureza exploratória, descritiva e transversal com abordagem quantitativa. Resultados: O estudo revelou que das estratégias terapêuticas para a Apneia, 100% dos profissionais participantes utilizam a Terapia Miofuncional Orofacial e 60% deles utilizam a Mioterapia, onde são selecionados um grupo de exercícios orofaríngeos personalizados para cada indivíduo com o propósito de se trabalhar os músculos alvos. Já no que diz respeito aos Recursos Coadjuvantes, 20% deles fazem uso da Bandagem e Eletroestimulação, e 6,7% da Laserterapia. Conclusões: Mais da metada dos fonoaudólogos afirmam que utilizam os exercícios tradicionais, e a TMO é a estratégia de maior escolha. O estudo mostra também que quase um terço dos profissionais entrevistados fazem uso de recursos coadjuvantes associados à terapia tradicional para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com queixa de AOS.

CARVALHO G.D. S.O.S. Respirador bucal – uma visão funcional e clínica da amamentação. Lovise. 2003.

GIMENES, M. G. & FÁVERO, M.F. (ORGS.) A teoria do enfrentamento e suas implicações para sucessos e insucessos em psiconcologia, A mulher e o câncer. Livro Pleno. 2000; pp.111-147

GOMES DE MELO, F. M., ANDRADE DE CUNHA, D., SILVA, H. J. da, Avaliação da aeração nasal pré e pós a realização de manobras de massagem e limpeza nasal. Rev. CEFAC. Jul-Set, 2007; v.9, n.3, p. 375-382

GUIMARÃES K. Alterações no tecido mole de orofaringe em portadores da apnéia do sono obstrutiva. J Bras Fonoaudiol. 1999; 1:69-75,

PITTA DBeS, PESSOA A.F; SAMPAIO A.L.L; RODRIGUES R.N; TAVARES M.G; TAVARES P. Oral Myofunctional Therapy Applied on Two Cases of Severe Obstructive Sleep Apnea Syndrome. Int. Arch. Otorhinolaryngol. 2007; v.3, n.11, p. 350-354.

SOARES, E. B. et al. Fonoaudiologia X ronco/apneia do sono. Rev. CEFAC. 2010; vol.12, n.2, pp.317-325.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1822
ESTUDANTE
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Atuação fonoaudiológica no CEREST (relato de experiência) Introdução: Com o avanço do mercado de trabalho nos mais diversos ambientese funções, torna-se cada vez mais frequente acometimentos a saúde do trabalhador tanto no âmbito emocional quanto físico. Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador(CEREST)tem como uma de suas prioridades as ações de vigilância em saúde do trabalhador como articulador das intervenções nas relações entre o processo de trabalho e a saúde (SANCHEZ et al, 2019). Mediante a isso, a fonoaudiologo é um profissional que pode ser acoplado a equipe do CEREST visando a saúde do trabalhador, as ações tem como foco à promoção da saúde, o cuidado e a assistência, além de medidas devigilância das exposições ocupacionais e dos agravos relacionados ao trabalho. Dentre esses agravos, dois comprometem o trabalhador em suas habilidades de comunicação: a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) e os Distúrbios de Voz Relacionados aoTrabalho (DVRT), (GUSMÃO et al, 2018). Objetivo: Apresentar a experiência da atuação fonoaudiológica no CEREST e os acometimentos no ambiente de trabalho. Métodos:Trata-se de um relato de experiência no qual foi realizado uma ação no CEREST localizado na cidade de Lagarto, interior de Sergipe, onde foram abordados alguns acometimentos adquiridos no trabalho com enfoque no PAIR e DVRT, além da atuação fonoaudiológica. Para efetivação da ação foi utilizado estratégias slide, imagens, dinâmica de mitos e verdades e panfletos informativo. Resultados: Ao decorrer da ação, foi perceptível a falta de conhecimento sobre os devidos cuidados no ambiente profissional para preservação da saúde, como a não utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI's), onde um dos presentes relatou que adquiriu PAIR pelo não uso de equipamentos de proteção como os fones protetores. Além dos problemas físicos, os emocionais são bastante presentes nos trabalhadores, seja pela carga excessiva ou pressão dos erros e acertosque acabam interferindo diretamente no ambiente de trabalho, sendo relatado por uma outra participantes os problemas psicológicos que prejudicam tanto sua atividade profissional como pessoal. Além disso, muitos desconhecem seus direitos a respeito das patologias adquiridas no trabalho, devido à falta de orientação acerca dos seus direitos e deveres sofrem consequências indesejadas após anos de exposição. Também foi constatado o desconhecimento da atuação fonoaudiológica na saúde do trabalhador e os cuidados devidos com a saúde vocal e auditiva, sendo cometidos muitos hábitos deletérios no dia a dia como introduzir objetos pontiagudos na orelha como descreveu uma participante. Conclusão: Diante do exposto, através da apresentação explicativa e interação com trocas de experiências, junto ao debate dos direitos e deveres dos trabalhadores e como o fonoaudiólogo atua nessa área, torna-se evidente que deve-se elencar cada vez maisaimportânciadofonoaudiólogonoramoocupacional,ampliandoetornando acessívelasuaatuação.

5 referências


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2006
ESTUDANTE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)



ATUAÇÃO FONOAUDIOLÒGICA NA GERONTOLOGIA

Introdução: O envelhecimento de acordo com SANTOS, FEITOSA et al. é definido como uma manifestação de eventos de cunho biológico que ocorrem durante a vida humana no período da senescência. A classificação de idoso no Brasil ocorre a partir dos 60 anos, onde há uma crescente curva de crescimento dessa população e consequentemente uma maior demanda de profissionais capacitados na área da saúde para atender a esse público, proporcionando uma melhor qualidade de vida. Dentre esses profissionais, se faz necessário cada vez mais o fonoaudiólogo especializado na área da gerontologia para atender as várias manifestações apresentadas nesse público, tanto no processo de senescência como no de senilidade. Objetivo: Compreender a relevância da atuação da fonoaudiologia na área da gerontologia. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico de artigos, nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca virtual em Saúde (BVS), MEDLINE/PubMed e Google Acadêmico. Foram utilizados para busca dos artigos os seguintes descritores e suas combinações na língua portuguesa: gerontologia, fonoaudiologia, senescência e senilidade. Os critérios de inclusão definidos foram: artigos publicados em português e inglês, que retratassem a temática referente à revisão, já os de exclusão foram: artigos em outras línguas e que não tivesse ao menos um dos descritores, assim utilizou-se de 5 artigos para revisão desse estudo. Resultado: A fonoaudiologia possui um papel indispensavél no processo de envelhecimento, pois as manifestações fonoaudiológicas apresentadas por esses indivíduos nessa faixa etária são cada vez mais presentes. Tanto processos naturais biológicos de deterioração das estruturas do corpo humano que causam presbiacusia, presbifonia ou presbifagia, como patologias das mais variadas que interferem na comunicação, a exemplo das demências, acidente vascular encefálico ou acometimentos como traumatismo crânio encefálico são frequentes, exigindo o acompanhamento de uma equipe de profissionais capacitados para proporcionar uma melhor qualidade de vida, ambiente esse que o fonoaudiólogo está inserido. Os cuidados fornecidos para proporcionar uma boa comunicação do idoso com o mundo, se faz necessário para interação social, nessa fase a autonomia e independência para realizar suas atividades de vida diária são de extrema importância para saúde mental e envelhecimento com qualidade. A fonoaudiologia nesse ramo, possui qualificação e competência para atuar na prevenção e promoção do envelhecimento com qualidade de vida, além de poder intervir no processo saúde-doença, realizando avaliação, diagnóstico e terapia desta população. Conclusão: Diante de tais competências, fica evidente a importância do fonoaudiólogo na intervenção na terceira idade. Porém, deve-se buscar mais empenho no quesito de promoção e prevenção, pois o enfoque ainda é maior no tratamento de patologias já estabelecidas, com o olhar ainda pautando o envelhecer visto como adoecer. A ampliação de mais estudos sobre a área também se faz necessária para se aprofundar ainda mais nas possibilidades de intervenção e acompanhamento dos idosos e mostrar que envelhecer é muito mais do que números e que ter qualidade de vida é primordial em qualquer fase da vida.

5 referencias


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1156
ESTUDANTES CONSTRUINDO SUAS PRÓPRIAS VIVÊNCIAS DE ENSINO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O ENEFON
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O movimento estudantil tem caráter significativo na geração e na luta por políticas públicas, caracterizando-se como um intermediário para participação, produção e disseminação destas¹. Além dos Centros e Diretórios Acadêmicos, a entidade de representação nacional dos estudantes de Fonoaudiologia é a Diretoria Executiva Nacional de Estudantes de Fonoaudiologia (DENEFONO)². Ela organiza anualmente o Encontro Nacional dos Estudantes de Fonoaudiologia (ENEFON), construído e idealizado para e por estudantes, promovendo a produção, continuidade e aprofundamento dos conhecimentos acadêmicos de estudantes de Fonoaudiologia. O evento reúne discussões de cunho político, científico e prático do curso e, portanto, da formação do futuro Profissional de Fonoaudiologia, as problemáticas implicadas no processo de formação, e o impacto da conjuntura política, social e cultural da sociedade na atuação da profissão.

OBJETIVO: Descrever a percepção das vivências de estudantes participantes e organizadores do ENEFON em suas edições de 2017, 2018 e 2019.

MÉTODO: Relato de experiência de caráter observacional e descritivo que busca identificar, analisar e compreender a forma que o ENEFON contribui para a formação acadêmica, política e social de estudantes de Fonoaudiologia, a partir das vivências no evento (palestras, assembleia, oficinas, mini-cursos, atividades culturais locais, grupos de discussão e de trabalho), e buscando integrar os acadêmicos que se propõem a participar do encontro.

RESULTADOS: Segundo o Art. 4º da resolução CNE/CES 5 (2002), que dispõe sobre o projeto pedagógico da graduação em fonoaudiologia, atividades complementares devem ser contempladas como forma de mecanismos de aproveitamento de conhecimentos independentes adquiridos pelo estudante. Dentre essas práticas complementares, os encontros/congressos são ferramentas para se alcançar este objetivo³. Nas suas últimas edições, o ENEFON reuniu aproximadamente 400 participantes entre alunos e organização. Em cada espaço construiu-se debates a partir das próprias vivências dos estudantes no processo de formação profissional. Ambientes de interlocução são importantes para o desenvolvimento das funções de liderança, trabalho em grupo e pensamento crítico, competências imprescindíveis à atuação do profissional fonoaudiólogo, coloca o discente como protagonista das ações de impacto e perspectiva na mudança social, além de fomentar o senso crítico-reflexivo diante das demandas dos serviços de saúde e sociedade. A cada edição do evento se torna mais perceptível a consciência que os estudantes desenvolvem acerca da importância da representatividade estudantil, que não deve ser restringida ao conteúdo de sala de aula apenas, mas que deve ser composta por ações extramuros na união de saberes e partilhas de conhecimentos entre os pares. Logo, a organização do ENEFON viabilizou mudanças no perfil dos discentes, através de discussões voltadas à formação acadêmica, política e social.

CONCLUSÃO: O estímulo ao debate e ao relacionamento social entre acadêmicos de instituições e opiniões diferentes, proporcionado pelo ENEFON, contribui com o desenvolvimento crítico e social dos mesmos. Assim, considerando-se que os eventos estudantis proporcionam espaços de interação entre os acadêmicos, favorecem o acesso a novas informações e também os aproxima nas dimensões da assistência, do ensino, na gestão dos serviços de saúde, na pesquisa e a inserção na política. Proporcionando novas ações e possibilidades aos discentes em formação.

1. Lucena NBF, Correia RBF, Telles MWP. Percepção da DENEFONO sobre os impactos da conjuntura política brasileira (2016-2019) no SUS. Rev. Bra. Edu. Saúde, v. 10, n.3, p. 35-41, jul-set, 2020.

2. DENEFONO. Estatuto da Diretoria Nacional dos Estudantes de Fonoaudiologia. 2. ed. João Pessoa, 2017. 13p.

3. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 5, de 19 de fevereiro de 2002. [acesso
em 11 jul 2020]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES052002.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2106
ESTUDO ACÚSTICO DAS CONSOANTES OCLUSIVAS NA FALA DE LARINGECTOMIZADOS TOTAIS COM PRÓTESE TRAQUEOESOFÁGICA.
Tese
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: os falantes alaríngeos desenvolvem adaptações de fala e voz nas esferas respiratória, fonatória, articulatória e ressonantal. As pesquisas tradicionalmente centram-se nas limitações advindas da laringectomia total, com escasso enfoque dos refinamentos de produções de fala e voz (1-5).OBJETIVO: descrever e caracterizar, do ponto de vista acústico, as produções de consoantes oclusivas por falantes alaríngeos com prótese traqueoesofágica (PTE), com foco no ponto de articulação e no contraste de vozeamento. MÉTODOS: participaram do estudo 17 laringectomizados totais com PTE (média: 62 anos de idade) e cinco falantes laríngeos (média: 47 anos de idade). Previamente à análise dos dados coletados, as amostras de fala traqueoesofágica foram classificadas e subdivididas em grupos de acordo com a qualidade do sinal acústico. Cinco falantes laringectomizados totais tiveram amostras classificadas com pontuação superior, compondo o Grupo ALAa; média: 64 anos de idade), outros cinco classificados com pontuação intermediária (Grupo ALAb; média: 57 anos de idade) e um grupo de sete falantes foi eliminado do estudo devido à pontuação inferior (inviabilidade de extração de medidas acústicas). O corpus da pesquisa constituiu-se de audiogravações de três repetições (em ordem aleatorizada) de seis palavras paroxítonas com consoantes oclusivas vozeadas e não vozeadas, inseridas em sentença-veículo. A análise acústica foi conduzida a partir da elaboração de um script, aplicável ao programa Praat versão 6.1.16 , que extraiu um conjunto de 44 medidas relativas à duração, frequência fundamental (f0) e de formantes (F1, F2 e F3), e intensidade de consoantes oclusivas e de vogais adjacentes. Procedimentos de análise estatística descritiva e multivariada foram conduzidos (programas Microsoft Excel e R-statistics). RESULTADOS: considerando-se os pares de consoantes oclusivas por ponto de articulação (bilabiais: [p][b]; alveolares: [t][d]; velares: [k][g]), os percentuais de classificação na análise discriminante foram de 89,29% nos sons bilabiais, de 93,06% nos sons alveolares e de 86,75% nos sons velares. As medidas relevantes para a discriminação do ponto de articulação e contraste de vozeamento referiram-se a: harmônicos, duração das consoantes, F1, F2 e F3 e intensidade nas fases de oclusão e plosão para as bilabiais; harmônicos, f0, F2 e F3 para as alveolares; harmônicos, frequência fundamental, F1, F2 e intensidade na fase de oclusão nas velares. As medidas relevantes para a discriminação do contraste de vozeamento referiram-se a: duração da consoante, intensidade na fase de oclusão, porcentagem de não vozeamento e f0 na parte estável da vogal. DISCUSSÃO: Os achados acústicos revelaram uma vasta gama de mobilizações desenvolvidas pelos falantes alaríngeos na busca do cumprimento da meta de produção de fala articulada e inteligível. Apesar da remoção da laringe e restruturação de todo aparelho fonador após a laringectomia, os resultados permitiram observar que falantes com melhor qualidade de fala revelam índices acústicos similares a falantes laríngeos, diferentemente dos resultados reportados na literatura(6-10). CONCLUSÃO: os falantes alaríngeos usuários de PTE apresentaram características acústicas de produção de consoantes oclusivas muito semelhantes às produzidas pelos falantes laríngeos, especialmente quanto ao ponto de articulação e ao contraste de vozeamento.

1. Cervera T, Miralles JL, Gonzalez-Alvarez J. Acoustical analysis of Spanish vowels produced by laryngectomized subjects. Journal of Speech Language and Hearing Research. 2001;44(5):988-96.
2. van As CJ, Hilgers FJ, Verdonck-de Leeuw IM, Koopmans-van Beinum F. Acoustical analysis and perceptual evaluation of tracheoesophageal prosthetic voice. J Voice. 1998;12(2):239-48.
3. van As-Brooks CJ, Koopmans-van Beinum FJ, Pols LCW, Hilgers FJM. Acoustic signal typing for evaluation of voice quality in tracheoesophageal speech. Journal of Voice. 2006;20(3):355-68.
4. Lundstrom E, Hammarberg B. Speech and voice after laryngectomy: perceptual and acoustical analyses of tracheoesophageal speech related to voice handicap index. Folia Phoniatr Logop. 2011;63(2):98-108.
5. Most T, Tobin Y, Mimran RC. Acoustic and perceptual characteristics of esophageal and tracheoesophageal speech production. J Commun Disord. 2000;33(2):165-80; quiz 80-1.
6. Jongmans P, Hilgers FJM, Pols LCW, van As-Brooks CJ. The intelligibility of tracheoesophageal speech, with an emphasis on the voiced-voiceless distinction. Logopedics Phoniatrics Vocology. 2006;31(4):172-81.
7. Jongmans P, Hilgers FJ, Pols LC, van As-Brooks CJ. The intelligibility of tracheoesophageal speech, with an emphasis on the voiced-voiceless distinction. Logoped Phoniatr Vocol. 2006;31(4):172-81.
8. Cullinan WL, Brown CS, Blalock PD. Ratings of intelligibility of esophageal and tracheoesophageal speech. J Commun Disord. 1986;19(3):185-95.
9. Cuenca MH, Barrio MM. Acoustic markers of prosodic boundaries in Spanish spontaneous alaryngeal speech. Clin Linguist Phon. 2010;24(11):859-69.
10. Miki Saito MKMA. Acoustic Analyses Clarify Voiced-Voiceless Distinction in Tracheoesophageal Speech. Acta Oto-Laryngologica. 2000;120(6):771-7.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
786
ESTUDO AVALIATIVO DO VÍDEO IMPLANTE COCLEAR: CONHECENDO A TECNOLOGIA PELA PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DE INSTITUIÇÃO PÚBLICA FEDERAL BILÍNGUE DE ENSINO PARA SURDOS.
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


O vídeo Implante Coclear: conhecendo a tecnologia(1),foi construído visando atender à significativa demanda de conhecimento sobre a tecnologia assistiva do implante coclear. Distribuído às secretarias estaduais e municipais de educação, deu suporte sobre o tema aos professores de alunos surdos implantados incluídos em salas de aula regulares, além daqueles que atendem a esse público nas escolas bilíngues de surdos. A partir daí, contribuiu também para inserção do tema no debate quanto à construção de uma educação bilíngue de qualidade para o aluno surdo.
Neste sentido, o objetivo do estudo foi avaliar se o conteúdo do vídeo respondeu à demanda pedagógica sobre o que é a tecnologia, auxiliando o professor a lidar de maneira eficaz com o aluno implantado. O estudo foi conduzido mediante aprovação do comitê de ética em pesquisa (nº 3.393.022) e a abordagem metodológica empregada foi centrada em especialistas, que depende basicamente dos conhecimentos específicos de um profissional para julgar uma instituição, um programa, um produto ou uma atividade(2). A metodologia consistiu dos seguintes passos: 1) Entrevista semi-estruturada junto a professores da instituição; 2) Levantamento da literatura científica sobre os indicadores a serem empregados na avaliação de vídeos; 3) Construção e validação do instrumento (técnica, conteúdo e empírica) junto a especialistas da área de surdez; 4) Aplicação do instrumento aos professores da instituição pública federal de ensino para surdos.
O instrumento foi respondido por 52 professores especialistas, ouvintes e surdos e foi conduzido com base em duas questões avaliativas. A primeira se referiu ao conteúdo disponibilizado pelo vídeo e o atendimento às necessidades de conhecimento pelo corpo docente da instituição sobre a tecnologia. Dos 15 itens elaborados, 11 (73,3%) obtiveram um julgamento favorável por mais de 31 professores. A segunda questão avaliou o conhecimento sobre a tecnologia no auxílio ao professor para lidar com o aluno implantado. Os resultados mostraram que dos sete itens relacionados a esta questão, quatro deles atingiram o ponto de corte estabelecido (60%), com julgamento favorável por mais de 33 professores.
As informações insuficientes sobre a tecnologia e perspectivas relacionadas aos professores são reforçadas por alguns trabalhos(3)(4)(5) que retratam a falta de preparo do professor em sala de aula e a pouca orientação a respeito do Implante Coclear.
A conclusão do estudo foi que, na perspectiva dos professores da instituição, o vídeo atende a demanda pedagógica inicial sobre o que é a tecnologia auxiliando o professor a lidar com o aluno implantado. No entanto, revela a necessidade de um aprofundamento em relação à prática com esses alunos, relacionada à língua de instrução da instituição (Libras) e a segunda língua (Língua Portuguesa).


(1) TV INES. Implante coclear: conhecendo a tecnologia. Rio de Janeiro, 2014.
Disponível em: http://tvines.org.br/?p=733. Acesso em: 1 jun. 2018..

(2) Worthen BR; Sanders, JR; Fitzpatrick, JL.Avaliação de programas: concepções e práticas. São Paulo: Gente, 2004. p179

(3) Queiroz EF; Kelman, CA Implicações do implante coclear no processo de aquisição da escrita de uma criança surda. In: Tanaka, E D O (org.) et al. As necessidades educacionais especiais: altas habilidades, transtornos globais do desenvolvimento e deficiências. Londrina: Eduel, 2009.

(4) Costa, JP. A prática docente na inclusão educacional de um aluno surdo com implante coclear. Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro Faculdade de Educação,Universidade Federal do Rio de Janeiro;2015.

(5) Navegantes.Eva. Perceber, pensar e falar: o implante coclear na realidade escolar. 137 f. 2016. Dissertação (Mestrado) .Rio de Janeiro. Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2016.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
460
ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE OS EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO DA LINGUAGEM NA COGNIÇÃO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Estudo exploratório sobre os efeitos da estimulação da linguagem na cognição de idosos institucionalizados.
Introdução: A literatura aborda de forma abrangente como programas de estimulação cognitiva promovem benefícios a residentes de instituições de longa permanência para idosos (ILPIs)1-3. Em relação às habilidades linguísticas, dois estudos de caso único investigaram a eficácia de programas de estimulação de linguagem para a saúde dessa população e identificaram efeitos positivos das intervenções propostas4,5. Considerando essa lacuna, este estudo busca contribuir com novas evidências acerca de propostas terapêuticas efetivas que possam contribuir para práticas de cuidado em saúde que sejam integrais e atendam às necessidades dessa população, promovendo saúde nesses espaços. Objetivo: O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos de um programa de estimulação de linguagem (PEL) na cognição de idosos institucionalizados. Método: Foi realizado um estudo exploratório do tipo série de casos, com 9 idosos residentes em uma ILPI de natureza filantrópica de nosso país. Os participantes foram submetidos a uma avaliação inicial, por meio da Montreal Cognitive Assessment (MoCa)6 e da Bateria Montreal Toulouse de Avaliação da Linguagem – Brasil7. Tais dados permitiram caracterizar o perfil linguístico-cognitivo do grupo estudado e identificar os 5 participantes elegíveis para participar do Programa de Estimulação da Linguagem (PEL). O programa foi realizado durante 11 semanas, em 13 encontros em grupo, na própria ILPI. O PEL teve como finalidade contribuir para a comunicação do idoso institucionalizado e, consequentemente, favorecer seu estado cognitivo, contribuindo para a manutenção de suas habilidades cognitivas e linguísticas. Em até 14 dias após o término do programa, os participantes foram reavaliados com os mesmos instrumentos utilizados na primeira avaliação. Os dados obtidos foram analisados por meio de estatística descritiva. Resultados: Apenas dois participantes aderiram efetivamente ao programa, mas todos os cinco foram reavaliados após seu término. Observou-se que apenas os participantes que aderiam ao PEL obtiveram melhoras no escores do MoCa na reavaliação. Em relação à linguagem, três participantes apresentaram melhora no escore de número de unidade de informação na emissão oral. Dentre esses participantes estavam os dois que aderiram ao programa e um que participou de 38% dos encontros. Já o desempenho dos participantes em compreensão oral manteve-se ou declinou, independentemente da adesão ou não ao PEL. Conclusão: O PEL proposto contribuiu para a melhora no desempenho cognitivo e linguístico (emissão oral) dos residentes que participaram efetivamente do grupo de estimulação. Contudo, não pareceu ter efeito positivo sobre as habilidades de compreensão oral dos participantes. Os resultados obtidos sugerem que a intervenção fonoaudiológica por meio do PEL proposto pode contribuir para a melhora do desempenho cognitivo de idosos institucionalizados.

1. Tavares L. Estimulação em idosos institucionalizados: efeitos da prática de atividades cognitivas e atividades físicas. Florianópolis. Dissertação [Mestrado em Psicologia] – Universidade Federal de Santa Catarina; 2007.
2. Gonçalves C. Programa de estimulação cognitiva em idosos institucionalizados. O portal dos psicólogos 2012 maio 20; p.1-18.
3. Chariglione IPF, Janczura GA. Contribuições de um treino cognitivo para a memória de idosos institucionalizados. Psico USF. 2013;18(1):13-22.
4. Marquete VF. A efetividade da terapia fonoaudiológica no nível discursivo: estudo de caso em distúrbio linguístico-cognitivo. Nova Friburgo. Monografia [Bacharelado em Fonoaudiologia] – Universidade Federal Fluminense; 2017.
5. Silva MCS. O uso de aplicativo na terapia fonaudiológica em um caso de distúrbio cognitivo da comunicação. Nova Friburgo. Monografia [Bacharelado em Fonoaudiologia] – Universidade Federal Fluminense; 2017.
6. Sarmento ALR, Bertolucci PHF, Wajman JR. Montreal cognitive assessment versão experimental brasileira [documento na internet]. Moca Test Inc.: Quebéc; 2007 [acesso em 18 nov 2018]. Disponível em: https://www.mocatest.org.
7. Parente MAMP, Fonseca RP, Pagliarin KC, Barreto SS, Soares-Ishigaki ECS, Hibarer LC et al. Bateria Montreal-Toulouse de Avaliação da Linguagem MTL-Brasil. São Paulo: Vetor; 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
736
ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE SELETIVIDADE ALIMENTAR NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A seletividade alimentar é caracterizada pela recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse pelo alimento (Gonçalves et al, 2013). Nos indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) esse distúrbio geralmente está associado a uma alteração do processamento sensorial: capacidade de registrar, processar, organizar informações sensoriais e executar respostas às demandas ambientais, que podem se manifestar como hipo ou hiper sensibilidade aos estímulos. Mais recentemente alguns estudos têm apontado para a necessidade de se investigar também, as dificuldades motoras orais relacionadas à mastigação e à deglutição, que podem estar associadas à recusa alimentar. Objetivo: Investigar as questões relacionadas à seletividade alimentar em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo e a repercussão desta condição clínica para o fonoaudiólogo. Metodologia: Foram entrevistados 15 fonoaudiólogos com experiência no atendimento de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo. Todos os participantes tiveram que responder ao questionário delineado especificamente para este estudo que constava de 8 questões sobre a caracterização da seletividade alimentar (CEP 0334/2020). Resultados: O tempo médio de experiência clínica dos fonoaudiólogos foi de 12 anos. Do total de pacientes com TEA atendidos no último ano (n=321), 46,4% tiveram menção à seletividade alimentar na anamnese. Sendo o principal motivo o repertório restrito alimentar (81%), seguido de 44,83% de recusa alimentar e 45,06% de ingestão alimentar de um único alimento ou grupo alimentar. Em relação às questões que caracterizavam as alterações sensoriais: 75% dos pacientes apresentou sensibilidade sensorial por relutância à novidade. Quanto à avaliação do sistema estomatognático: 58,5% dos pacientes apresentavam alteração de tônus e 47,8% de mobilidade dos órgãos fono-articulatórios. Em relação à intervenção terapêutica fonoaudiológica: 49% dos pais recebeu orientações fonoaudiológicas específicas às questões de motricidade orofacial. 15% dos pacientes também estiveram expostos à intervenção sensorial e 38% à intervenção comportamental. Conclusões: Foi possível observar que houve um considerável número de pacientes com Transtorno do Espectro do Autismo que apresentaram menção à seletividade alimentar. Esse comportamento esteve associado, em sua maioria, a um repertório alimentar restrito de alimentos. Também pudemos verificar menção às alterações sensoriais, e alterações do sistema estomatognático, como prejuízos de tônus e de mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios.





American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013.

Gonçalves, Juliana de Abreu, Moreira, Emilia Addison M., Trindade, Erasmo Benício S. de M., & Fiates, Giovanna Medeiros R. (2013). Transtornos alimentares na infância e na adolescência. Revista Paulista de Pediatria, 31(1), 96-103.

Bandini, L.G., Curtin, C., Phillips, S., Anderson, E.S., Maslin, M., Must, A. (2017). Changes in Food Selectivity in Children with Autism Spectrum Disorder. J Autism Dev Disord 47, 439–446.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
977
ESTUDO EXPLORATÓRIO: COMPORTAMENTOS COMUNICATIVOS PRESENTES NA INTERAÇÃO MÃE-BEBÊ AOS 9 MESES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O desenvolvimento da comunicação do bebê inicia-se pelo choro, sons vegetativos e/ou guturais no qual por eles, suas necessidades tendem a ser interpretadas e atendidas pelos pais1. A aquisição e desenvolvimento da linguagem, ocorre em duas fases: fase pré-verbal e a fase verbal. É na fase verbal que surgem as primeiras palavras2. Durante o desenvolvimento da linguagem é necessário considerar os aspectos biológicos e ambientais e, principalmente, o papel da mãe e/ou cuidador, pois eles influenciam os comportamentos diádicos, precursores das habilidades comunicativas. Durante a interação mãe-bebê, as crianças podem demonstrar intenção comunicativa, contato ocular, atenção sustentada, entre outros comportamentos, que são importantes para o desenvolvimento da linguagem3-4. Desta forma, as mães precisam estar atentas e precisam saber interpretar estes sinais, para que esse momento de interação seja o mais produtivo possível proporcionando momentos de aprendizagens e interações adequadas para o desenvolvimento de competências comunicativas, iniciadas na fase pré-verbal.
Objetivo: Identificar comportamentos comunicativos presentes durante a interação mãe-bebê aos nove meses
Material e Métodos: Cumpriram-se os princípios éticos (CAEE: 97383118.9.0000.5417). Trata-se de um estudo retrospectivo de corte transversal. Inicialmente foram analisadas 45 filmagens de interação livre de díades mãe-bebê, e após a aplicação dos critérios de exclusão permaneceram 41 filmagens. O estudo foi realizado seguindo as etapas: 1. Análise dos vídeos com objetivo de verificar quais os comportamentos comunicativos estavam presentes; 2. Consulta aos instrumentos e protocolos que avaliam os comportamentos comunicativos, na faixa etária estabelecida; 3. Reanalise os vídeos, verificando se todos os comportamentos pontuados na 1o e 2o etapa estavam presentes; 4. Análise externa: foi realizado um sorteio aleatório, e 20% da amostra foi enviada para avaliadores externos para que pudessem analisar se os comportamentos pontuados na terceira etapa, estavam presentes ou não. O roteiro foi avaliado por três juízes independentes com índice de confiabilidade de 88,89-100%. Foram aplicados os seguintes testes estatísticos: Coeficiente de Correlação de Pearson e Coeficiente Kappa. Resultados: Foram pontuados 31 comportamentos comunicativos, os quais foram divididos e correlacionados quanto a incidência (baixa, média ou alta) e tipologia (interação social com a mãe, exploração e envolvimento com o brinquedo, favorecedores do desenvolvimento, iniciativa do bebê e baixa participação). Houve correlação significativa da alta incidência associada aos comportamentos de interação social com a mãe e de iniciativa do bebê. Conclusão: Os comportamentos comunicativos elencados durante a interação devem ser utilizados como marcadores do desenvolvimento comunicativo aos 9 meses. A identificação da presença ou ausência dos comportamentos comunicativos fornece subsídios para a verificação da trajetória do desenvolvimento da linguagem nesta faixa etária. Medidas preventivas podem ser iniciadas desde a mais tenra infância, voltadas a estratégias para o desenvolvimento normativo da comunicação, ainda em fases pré-verbais, que contribuiria para o processo de aquisição da linguagem. Os juízes do estudo destacaram a clareza na disposição dos comportamentos, possibilitando sua utilização sem treinamento prévio, uma vez que os comportamentos são autoexplicativos. Orientações quanto aos padrões interativos e sua relevância para o desenvolvimento da linguagem são fundamentais para o acompanhamento da trajetória do desenvolvimento comunicativo infantil.

1 - Alva MDM, Kahn IC, Huerta PM, Sánchez LJ, Calixto MJ, Sánchez SMV. Child neurodevelopment: normal characteristics and warning signs in children under five years. Revista Peruana de Medicina Experimental y Salud Pública. 2015;32(3):565-73.
2 - Lamônica DAC, Ferreira-Vasques AT. A linguagem e sua constituição. In: Gianecchini T, Maximino LP (Org). Programa de intervenção práxico-produtivo para indivíduos com transtorno fonológico (Vol.1, 1ª ed., p.4-16), Ribeirão Preto, SP: BookToy, 2018.
3 - Loi EC, Vaca KEC, Ashland MD, Marchman, VA, Fernald A, Feldman HM. Quality of caregiver-child play interactions with toddlers born preterm and full term: Antecedents and language outcome. Early Human Development. 2017;115:110-117.
4 - Stolt S, Korja R, Matomaki J, Lapinleimu H, Haataja L, Lehtonen L. Early relations between language development and the quality of mother-child interaction in very-low-birth-weight children. Early Human Development. 2014;90(5):219-25.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1814
ESTUDO LONGITUDINAL SOBRE A ALIMENTAÇÃO DE LACTENTES A TERMO SAUDÁVEIS: QUEIXAS E ACHADOS CLÍNICOS DE ALTERAÇÕES NAS FUNÇÕES SENSÓRIO MOTORAS ORAIS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
71919180


Introdução: recém-nascidos e lactentes saudáveis, sem intercorrências clínicas que interfiram no processo de amamentação, podem apresentar movimentos orais atípicos durante a mamada, acarretando dificuldades na amamentação (Marques e Melo, 2008; Fujimore et al., 2010). Na literatura já se encontra definida a fisiologia das funções envolvidas na alimentação, fisiologia esta que deve ser compreendida e servir de base para todo o raciocínio clínico do profissional fonoaudiólogo (Miller et al. 2003; Barlow, 2009; Kühn et al., 2014). No entanto, ainda há a necessidade de fornecer critérios clínicos para nortear a assistência fonoaudiológica, obtidos com base na prática baseada em evidências (por meio de instrumentos de avaliação clínica padronizada). Objetivo: analisar o desempenho alimentar de neonatos a termo saudáveis assistidos durante os seis primeiros meses de vida em um hospital escola do XX, correlacionando-se os achados clínicos de alteração no sistema sensório motor oral com a fisiologia esperada. Métodos: trata-se de um estudo longitudinal, descritivo, com amostra por conveniência, que acompanhou 30 lactentes a termo, desde recém-nascidos até os seis meses de vida. A coleta de dados foi realizada após a aprovação do hospital e do Comitê de Ética em Pesquisa da XXX (CAAE 97572918.9.0000.8093). As crianças foram avaliadas nas datas que completavam o aniversário mensal, respeitando-se uma tolerância de no máximo cinco dias antes ou após esta data. Foi utilizado protocolo fonoaudiológico padronizado para a realização das avaliações (Protocolo PAD-PED – Flabiano-Almeida et al., 2014). A alimentação foi avaliada por meio da classificação da deglutição e dos sinais clínicos alterados do sistema sensório motor oral identificados durante a aplicação do instrumento, considerando-se seu guia instrucional. Resultados: o tempo de internação médio ao nascimento foi superior ao período preconizado pelo Ministérios da Saúde, indicando que alguns recém-nascidos apresentaram intercorrências ao nascimento (dificuldade de alimentação foi o diagnóstico de internação que prevaleceu dentre os elencados como negativos). Houve prevalência de alimentação por meio do aleitamento materno exclusivo; por livre demanda, durante os meses estudados. Houve diferença estatisticamente significante do desempenho/respostas dos lactentes em relação aos meses nas variáveis: 1) queixas relativas à alimentação; 2) uso de medicamentos; 3) consistências alimentares introduzidas; 4) quantidade de alimento; 5) intercorrências durante a alimentação; 6) tônus de língua; 7) dentes; 8) frequência de deglutição de saliva; 9) reflexo de procura; 10) pega/preensão; 11) relação frequência de sucções por deglutição; 12) pausas; e 13) tempo de alimentação. Foi possível identificar que as respostas observadas na amostra deste estudo estão em conformidade com a literatura arbitrada da área, sendo possível a correlação destes achados com a fisiologia esperada do desenvolvimento do sistema sensório motor oral e geral dos lactentes. Conclusão: os resultados deste estudo permitem que uma atenção mais especializada possa ser aplicada ao público alvo. Foi possível fornecer informações sobre as dificuldades encontradas e as suas relações com o desenvolvimento motor oral de lactentes. Políticas públicas locais e nacionais podem ser encorajadas e incorporadas com base nos resultados aqui descritos.

Barlow SM. Oral and respiratory control for preterm feeding. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg. 2009;17(3):179–186.

Flabiano-Almeida FC, Bühler KEB, Limongi SCO. Protocolo para avaliação clínica da disfagia pediátrica (PAD-PED). Editores Científicos: Claudia Regina Furquim de Andrade e Suelly Cecilia. Olivan. Barueri: Revista: Pró-Fono, 2014. 33p.

Fujimori E, Nakamura E, Gomes MM, Jesus LA, Rezende MA. Aspectos relacionados ao estabelecimento e à manutenção do aleitamento materno exclusivo na perspectiva de mulheres atendidas em uma unidade básica de saúde. Interface. 2010;14(33):315-327.

Kühn D, Miller S, Schwemmle C, Jungheim M, Ptok M. Infantile Swallowing. Laryngo-Rhino-Otol 2014; 93:231-6.

Marques MCS, Melo, AM. Amamentação no alojamento conjunto. Rev. CEFAC. 2008;10:2:261-71.

Miller JL, Sonies BC, Macedonia C. Emergence of oropharyngeal, laryngeal and swallowing activity in the developing fetal upper aerodigestive tract: An ultrasound evaluation. Early Hum Dev. 2003;71:61-87.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
893
ESTUDO SOBRE A PREVALÊNCIA DE ZUMBIDO EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional é uma realidade no mundo todo, sendo no Brasil, um processo que vem acelerando a cada ano. Com esse crescimento, perdas auditivas causadas por envelhecimento (presbiacusia) e queixas de zumbido, são cada vez mais comumente relatadas. Dessa forma, estudos apontam que há um aumento constante na incidência de zumbido com o avanço da idade, de forma que o impacto na qualidade de vida desses indivíduos, pode variar desde um pequeno incômodo em ambientes silenciosos a quadros incapacitantes, trazendo prejuízos físicos, mentais e/ou emocionais. MÉTODO: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, construída a partir do questionamento de qual a prevalência de zumbido em idosos. A construção deste estudo foi realizada por meio da busca bibliográfica nacional e internacional indexada nas seguintes bases de dados: Periódico CAPES, Scielo, Medline, LILACS e PubMed, utilizando os seguintes descritores em português: zumbido AND idoso AND prevalência, zumbido AND idoso AND perda auditiva, e zumbido AND idoso AND avaliação. E em inglês: tinnitus AND aged AND prevalence, tinnitus AND aged AND hearing loss, e tinnitus AND aged AND evoluation. Os critérios de inclusão dos artigos foram: artigos publicados nos periódicos com texto completo disponível gratuitamente, em português e em inglês e que abordassem a temática nos últimos dez anos. Para a seleção dos artigos, foi realizada inclusão após a leitura do título, seguida pelo resumo e por fim, a leitura dos artigos completos. Os artigos duplicados foram excluídos e a análise foi realizada por meio de uma planilha do Excel, que apresentava os seguintes dados: título, ano, autores, país, objetivo, método, resultados, conclusão e nível de evidência. OBJETIVO: Buscar na literatura nacional e internacional, artigos que mencionaram a prevalência de zumbido na população idosa. RESULTADOS: Foram encontrados 8.794 artigos, dos quais sendo 41 artigos da Scielo, 3.431 artigos do Periódico CAPES, 3178 artigos da Medline, 176 artigos da LILACS e 984 artigos da PubMed. De acordo com os critérios de elegibilidade, 7.514 artigos foram excluídos, selecionando-se 120 para leitura completa, dos quais vários encontravam-se em duas ou mais bases de dados, o que gerou a quantidade final foi de 19 artigos para análise. CONCLUSÃO: Desta forma, esse estudo evidenciou que o zumbido tem alta prevalência, principalmente em idosos, e pode estar geralmente associado a outras comorbidades. No entanto, apesar da alta incidência e do impacto na qualidade de vida dessa população, ainda existem muitas lacunas a serem esclarecidas, como prevenção, diagnóstico eficaz, intervenção e reabilitação.

1. Ferreira GC, Costa LD, Muller MD, Costa MJ. Queixa de zumbido e alterações de saúde. Distúrb Comun 2017;29(4):711-719.

2. Boger ME, Barreto MASC, Sampaio ALLA. A perda auditiva no idoso e na vida psicossocial. Revista Eletrônica Gestão & Saúde 2016;7(1):407-412.

3. Ferreira LMBM, Júnior ANR, Mendes EP. Caracterização do zumbido em idosos e de possíveis transtornos relacionados. Rev Bras Otorrinolaringol 2009;75(2):245-248.

4. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. OMS divulga metas para 2019: desafios impactam a vida de idosos [acesso em 3 jul 2020]. Disponível em: www.sbgg.org.br

5. Martinez C, Wallenhorst C, McFerran D, Hall DA. Incidence rates of clinically significant tinnitus: 10-year trend from a cohort study in England. Ear Hear. 2015;36(3):69-75.

6. Gibri PCD, Melo JJ, Marchior LLM. Prevalência de queixa de zumbido e prováveis associações com perdas auditivas, diabetes mellitus e hipertensão arterial em pessoas idosas. CoDAS 2013;25(2):176-180.

7. Oiticica J, Bittar RS. Tinnitus prevalence in the city of São Paulo. Brazilian J Otorhinlolaryngology 2015;81(2):167-176.

8. Stohler NA, Reinau D, Jick, SS, Bodmer D,Meier CR. A study on the epidemiology of tinnitus in the United Kingdom. Clinical Epidemiology 2019;11: 855-871.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1700
ESTUDOS DE CASO DO EFEITO DA EQUOTERAPIA NOS MEIOS COMUNICATIVOS DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Desde seus primórdios a humanidade é atraída pelo cavalo1. Diante dessa relação, surge uma modalidade terapêutica, chamada equoterapia. Esta é um método terapêutico interdisciplinar que tem o cavalo como intermediador para o desenvolvimento biopsicossocial do praticante2. Estudos realizados a partir da intervenção em equoterapia para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) demonstram resultados favoráveis no que diz respeito ao funcionamento social3, a funcionalidade da equoterapia pode ser explicada pela experiência sensorial no montar a cavalo, na movimentação rítmica da andadura e na personalidade do cavalo4. Que como consequência, a forma na qual a criança se comunica pode ser direta e positivamente afetada a partir dessa interação homem-cavalo. Mas há uma grande lacuna referente à comunicação e principalmente ao uso dos meios comunicativos. O TEA é caracterizado por déficits na comunicação e interação social, percebe-se alterações nos aspectos funcionais da linguagem5. A expressão desta se dá por atos comunicativos, que manifestam-se a partir dos seguintes meios: verbal, aqueles que envolvem pelo menos 75% dos fonemas da língua, vocal, são todas as outras emissões produzidas e gestual, sendo os movimentos de rosto e corpo6. Em crianças com TEA é comum a predominância do meio comunicativo gestual em detrimento do meio verbal e vocal7,8, isso implica na redução da capacidade de manter uma comunicação funcional. OBJETIVO: Analisar o uso dos meios comunicativos de 2 crianças com TEA após intervenção em equoterapia. MÉTODO: Foram selecionadas 2 crianças da lista de espera do Centro de Equoterapia, de grau severo, mensurado via Childhood Autism Rating Scale-CARS9, com 5 e 9 anos de idade. Os responsáveis assinaram termos de autorização e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética com número 14946819.8.0000.8093. As gravações foram realizadas com base no Protocolo de Observação Comportamental (PROC)10, de maneira cega, em pré e pós intervenção. Esta ocorreu em 10 sessões de 30 minutos, 1 vez por semana. A análise dos meios comunicativos foi realizada a partir do Teste de Linguagem Infantil (ABFW) parte D6. RESULTADOS: A criança de 5 anos de idade apresentou aumento do uso de meios comunicativos após intervenção, de 0 para 4. Houve uma evolução de 0 para 2 meios gestuais, de 0 para 1 meio verbal e de 0 para 1 meio vocal. A criança de 9 anos de idade, apresentou uma maior ocorrência no uso dos meios comunicativos após intervenção, de 4 para 8. Houve uma evolução no meio verbal de 0 para 1, de 3 para 6 no meio gestual e por fim uma reorganização no uso dos meios combinados, onde o meio vocal/gestual foi substituído pelo meio verbal/gestual em 1 ocorrência. CONCLUSÃO: Houve evolução no uso dos meios comunicativos após a intervenção em equoterapia nas crianças estudadas.

1. Frewin, K.; Gardiner, B. New age or old sage? A review of equine assisted psychotherapy. The Australian journal of counselling psychology, 2005.
2. Associação Nacional de Equoterapia: Curso básico de equoterapia. Brasília: ANDE, 2010.
3. Bass, MM.; Duchowny, CA.; Llabre MM. The Effect of Therapeutic Horseback Riding on Social Functioning in Children With Autism. J Autism Dev Disord, 2009.
4. Roslyn, M.; Stefan E.; Martyn, P. ‘It just opens up their world’: autism, empathy, and the therapeutic effects of equine interactions. Anthropology & Medicine, 2018.
5. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
6. Fernandes, FDM. Pragmática (Parte D). In: Andrade, CRF.; Berfi-Lopes, DM.; Fernandes, FDM.; Wertzner, HF. ABFW - Teste de linguagem infantil nas áreas da fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Carapicuíba: Pró- Fono, 2000.
7. Fernandes F. Aspectos funcionais da comunicação terapeuta-paciente na terapia da linguagem de autistas. Pró-Fono, 1997.
8. Fernandes FD. Perfil comunicativo, desempenho sociocognitivo, vocabulário e meta-representação em crianças com transtornos do espectro autístico. Pró-Fono, 2003.
9. Schopler, E.; Reichler, RJ.; DeVellis, RF.; Daly, K.; Toward objective classification of childhood autism: Childhood Autism Rating Scale (CARS). J Autism Dev Disord. v. 10. 1980.
10. Hage SRV.; Pereira TC.; Zorzi JL. Protocolo De Observação Comportamental –PROC: Valores De Referência Para Uma Análise Quantitativa. Rev. CEFAC. 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1514
ESTUDOS PARA UMA PROPOSTA DE BIOFEEDBACK DE SUAVIZAÇÃO E PROLONGAMENTO DA FALA DA PESSOA QUE GAGUEJA
Tese
Linguagem (LGG)


Os distúrbios da fluência têm sido evidenciados por inúmeros estudos que reiteram sua complexidade e multidimensionalidade1. Pesquisas de neuroimagem modificam conceitos sobre este transtorno2,3 e apontam as intervenções motoras da fala como as abordagens com maior comprovação científica4,5. Recursos tecnológicos têm-se mostrado clínica e economicamente eficientes para garantir a aquisição de novos automatismos motores de fala6,7. Os avanços da ciência da computação e as ciências fonéticas8,9 fornecem subsídios para análise acústica da fala viabilizando a tecnologia de biofeedback da fala. O presente estudo, aprovado sob o número CAAE 66039616.4.0000.5482, teve como objetivo desenvolver uma proposta de modelagem da fluência da pessoa que gagueja (PQG) por meio de feedback de representação visual dos sons da fala. Para tanto, foram realizados dois estudos, com os respectivos objetivos: (1) análise de dados fisiológicos, acústicos e perceptivos da fala de PQG; e (2) desenvolvimento de uma proposta de estratégias de modelagem da fluência como banco de estímulos para o desenvolvimento de um recurso tecnológico de biofeedback de representação visual dos sons da fala durante a execução de exercícios de suavização e prolongamento. No estudo 1, foram analisadas amostras de fala de 10 PQG do grupo de pesquisa (GP) a partir de duas coletas, uma realizada antes e outra imediatamente após um experimento de intervenção breve de modelagem da fluência. As amostras da primeira coleta foram comparadas a amostras de 10 falantes fluentes do grupo controle (GC), pareadas por sexo e idade. As análises foram conduzidas por meio fisiológico (medidas indiretas de pressão subglótica), acústico (medidas do ExpressionEvaluator) e perceptivo (roteiro Vocal Proifle Analysis Scheme). Os resultados serviram de base para o desenvolvimento do estudo 2, que contemplou: análises de softwares e sites; desenvolvimento de arcabouço de estímulos de palavras; estrutura de requisitos a serem implementados no software; e gravações de amostras de fala suavizadas prolongadas, analisadas acusticamente para determinar parâmetros de feedback de alvos de modelagem da fluência do software. Foi possível concluir que as características de naturezas perceptiva e acústica da fala das PQG revelam particularidades em relação àquelas do GC. A aplicação imediata da intervenção breve de modelagem de fluência implicou em variações nos padrões de fala, com tendência à diminuição do esforço. Esta diminuição foi expressa por medidas fisiológicas de pressão subglótica, acústicas do domínio de f0 e intensidade, e perceptivas infra e supraglóticas. Tais achados justificam os requisitos incorporados à proposta de biofeedback de modelagem de fala esboçada. O desafio de natureza interdisciplinar inerente deste estudo foi alcançado, congregando pesquisadores das áreas da linguística, fonoaudiologia, design gráfico e ciências da computação que levaram em conta as questões da PQG e da acessibilidade e usabilidade da plataforma. Os resultados respaldam um trabalho integrado de concepção de sistema para biofeedback com a incorporação de estímulos de fala, cujas medidas de intensidade e duração puderam colaborar ao desenvolvimento de um protótipo, em formato de estrutura gamificada, viabilizando a possibilidade da construção de um recurso de estimulação estruturada e frequente dos aspectos de suavização e prolongamento da modelagem da fluência da fala às PQG.


1. Yairi E, Ambrose NG. Epidemiology of stuttering: 21st century advances. Journal of Fluency Disorders 2013; 38: 66-87.

2. Chang SE., Angstadt M, Chow HM, Etchell AC, Garnett EO, Choo AL, et al. Anomalous network architecture of the resting brain in children who stutter. Journal of Fluency Disorders 2018; 55: 46-67.

3. Koenraads SPC, El Marroun H, Muetzel RL, Chang SE, Vernooij MW, Jong RB, et al. Stuttering and gray matter morphometry: A population-based neuroimaging study in young children. Brain and Language 2019 Jul; 194: 121-131.

4. Kell CA, Neumann K, Kriegstein K, Posenenske C, Gudenberg, AW, EULER H, et al. How the brain repairs stuttering. Brain 2009; 132: 2747-276.

5. Neumann K, Euler HA, Kob M, Gudenberg AW, Giraud AL, Weissgerber T, et al. Assisted and unassisted recession of functional anomalies associated with dysprosody in adults who stutter. Journal of fluency disorders 2018; 55: 120-134.

6. Ingham RJ, Kilgo M, Ingham JC, Moglia R, Belknap H, Sanchez T. Evaluation of a stuttering treatment based on reduction of short phonation intervals. Journal of Speech, Language and Hearing Research 2001; 44: 1229-1244.

7. Euler HA, Gudenberg AW, Jung K, Neumann K. Computergestützte Therapie bei Redeflussstörungen: die langfristige Wirksamkeit der Kasseler Stottertherapie (KST). (Computer-assisted therapy for speech-disfluency: The long-term effectiveness of the Kassel Stuttering Therapy (KST)). Sprache Stimme Gehör 2009; 33(4): 193-201.
8. Barbosa P, Madureira S. Manual de fonética acústica experimental: aplicações e dados do português. São Paulo: Cortez; 2015.

9. Barbosa P. Prosódia. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1022
ÉTICA E ALTERIDADE NA FORMAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA: EXPERIÊNCIA DA TRANSVERSALIZAÇÃO DE POLÍTICAS AFIRMATIVAS NA MATRIZ CURRICULAR
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: o processo de formação dos profissionais de saúde se baseia em um novo modelo pautado nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, além das Diretrizes Curriculares Nacionais-DCN, com ênfase em propostas pedagógicas que possibilitem formação compatível com a construção coletiva para uma atenção integral nos serviços de saúde. A inserção curricular de forma obrigátoria das temáticas relativas à políticas de equidade, tratando o diferente para que possa haver igualdade, permite uma formação para a superação de situações de iniquidade provocadas pelo preconceito com determinados grupos sociais. Sob a ótica do cuidado, faz-se necessário o entendimento de alguns conceitos e a desconstrução dos próprios preconceitos dos discentes, futuros profissionais para a criação de um espaço amplo e acolhedor para os usuários, garantindo os direitos de acesso à saúde pública com respeito e qualidade. Diante desta necessidade de formação, o Curso de Fonoaudiologia de uma instituição pública do nordeste do Brasil inseriu em sua matriz curricular o módulo de conhecimento, “Ética, Alteridade e Diversidade no Cuidado em Saúde”, integralizada no currículo do 3° período, tendo sido ministrada pela primeira vez em 2014. OBJETIVO: relatar a experiência da disciplina de “Ética, Alteridade e Diversidade no Cuidado em Saúde” para a formação em fonoaudiologia. MÉTODOS: o trabalho relata a experiência vivenciada na unidade curricular de “Ética, Alteridade e Diversidade no Cuidado em Saúde” pertencente ao Eixo Processo de Trabalho. Trata-se de uma unidade curricular interdisciplinar, que visa a interprofissionalidade, com discentes de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional, com atividades teóricas e práticas. O aporte teórico foi desenvolvido ao longo da unidade curricular, com a ressignificação de conceitos preexistentes a partir de experiências de contato interpessoal. Os discentes puderem realizar aulas de campo junto às populações contempladas pelas políticas de equidade do SUS, como a de saúde da População LGBTT+, para lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgêneros, a de saúde integral das populações indígenas, a de saúde da população negra, incluindo povos de terreiros e quilombolas, e a de povos ciganos. Rodas de conversa com representantes das populações em questão também foram utilizadas, quando não era possível as idas ao campo. RESULTADOS: O estudo sobre as políticas de equidade curricularizadas traz avanços na superação de processos e práticas que excluíam e ainda excluem grupos étnico-raciais, de orientação sexual não normativa e gênero não binário. Foi perceptível que a experiencia provocou diversas inquietações e impactou profundamente nos discentes, proporcionando uma autorreflexão crítica. Conhecer diferentes espaços de discussão permitiu um confronto teórico x prático das políticas de equidade, o que gerou nos discentes uma ressignificação de conceitos e um processo de sensibilização no olhar e na produção de cuidado com essas populações. CONCLUSÃO: A experiência de troca entre os discentes e representantes dessas populações proporcionou um diferencial na formação acadêmica, visto que permitiu promover momentos de reconstrução de conceitos, esclarecimento de dúvidas e fortalecimento das políticas de ações afirmativas pautadas no princípio da equidade e respeito às diferenças.

Não se aplica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1393
EVASÃO ESTUDANTIL NO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA: ÍNDICES, MOTIVOS E POLÍTICA INSTITUCIONAL.
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Um dos problemas que se mantém ao longo de anos nas Instituições de Ensino Superior, e em todos os cursos, é a evasão estudantil. A evasão é um problema internacional com impacto no resultado dos sistemas educacionais privado pelas perdas de receita que pode representar e no ensino público, refletindo no retorno que a comunidade espera da universidade, levando a importantes desperdícios sócio econômicos. Objetivo: estudar os índices de evasão anual média e as motivações relatadas pelos estudantes culminantes a este evento no curso de Fonoaudiologia de uma Universidade Pública a partir de 2003. Métodos: estudo descritivo, retrospectivo. O levantamento dos dados deu-se pela análise documental dos registros da seção de graduação da instituição através da lista de ingressantes (matrículas confirmadas/ano, até o ano de formatura daquela turma. Não foram considerados para o cálculo os estudantes que caíram de turma ou trancamento total de matrícula. Foi realizado o levantamento documental do total de estudantes desligados ou que solicitaram desligamento, entrevistas realizadas no centro de apoio ao ensino e pedagógico e formulário de desligamento que é padronizado pela unidade. Para o cálculo básico da evasão, neste estudo foi utilizada a fórmula proposta por Filho et al. (2007): E(n) = 1 – [ M(n) – I(n) ] / [ M(n-1) – C(n-1)], onde fazendo a comparação entre o número de alunos que estavam matriculados num determinado ano, subtraídos os concluintes, com a quantidade de alunos matriculados no ano seguinte, subtraindo-se deste último total os ingressantes desse ano. Resultados: 53 estudantes desligaram-se do curso de Fonoaudiologia da instituição, destes 53 alunos, 45 (85%) são do sexo feminino, 46 (87%) eram solteiros, 13 (24,5%) recebiam algum tipo de Bolsa (auxílio moradia, tutoria científico), 47 (89%) eram originais de municípios do estado de São Paulo e 52 (98%) alegou que não se identificava com o curso no momento da desistência . O índice de evasão anual do curso de 2003-2019 variou entre 1% - 17%. Conclusão: fatores relacionados à questões sócio-econômicas, vocacionais, institucionais, pessoais, de saúde e familiares podem motivar a saída precoce do aluno do curso. No presente estudo, a afinidade e receio pela falta de reconhecimento da profissão são os principais fatores que levaram à desistência do curso de fonoaudiologia dessa Universidade Pública.

Brasil. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Sinopses do ensino superior. Censos do ensino superior. Disponível em: www.inep.gov.br.

Brasil BC, Gomes E, Teixeira MRF. O ensino de fonoaudiologia no brasil: retrato dos cursos de graduação. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, 2019; 17(3):e0021443

Lobo e Silva Filho RL, Motejunas PR, Hipólito O, Lobo MBCM. A evasão no ensino superior brasileiro. Cadernos de Pesquiisa. 2017; 37(132):641-659.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1911
EVIDÊNCIAS DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NAS AFASIAS, DISARTRIAS E APRAXIAS - REVISÃO DA LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A literatura afirma que os distúrbios da comunicação mais prevalentes em em adultos e idosos são, respectivamente, as afasias, as disartrias e as apraxias de fala. As afasias correspondem a alterações de linguagem provocadas por dano cerebral que afeta a expressão/recepção da linguagem1, além afetar diversos aspectos na vida do sujeito2. A disartria, por sua vez, resulta da fraqueza, paralisia e até incoordenação da musculatura da fala, enquanto a apraxia é compreendida por uma alteração fonético-motora que se apresenta em distorções segmentais e prosódicas temporais e espaciais, intra e inter-articuladores, ou seja, não há prejuízo ou disfunção primária no processamento de informações sensoriais ou da linguagem3.

Objetivos: Investigar a atuação fonoaudiológica nos casos de afasia, apraxias e disartria em adultos e idosos, através de uma revisão da literatura.

Metodologia: Foi realizado um estudo de revisão da literatura a partir da busca de artigos em língua portuguesa e/ ou inglesa publicados nas bases de dados: SCIELO e LILACS, com os descritores em ciências da Saúde (DeCS), em português e inglês, utilizados para a localização dos artigos foram: Fonoaudiologia e Afasia; Fonoaudiologia e Apraxia e Fonoaudiologia e Disartria, utilizando o operador booleano AND. Os artigos foram selecionados seguindo critérios de elegibilidade, a saber: a) Presença dos descritores citados em seu título, resumo ou palavras chaves; b) Estudos que abordassem terapia fonoaudiológica no público alvo; d) Artigos em português e/ou inglês; e) Artigos publicados nos últimos 5 anos (2015 a 2020). Os artigos replicados em diferentes bases de dados foram contabilizados apenas uma vez.

Resultado: Na busca inicial da revisão de literatura foram encontrados 40 artigos científicos, dos quais 7 achados estavam na base de dados SCIELO e 33 achados na base de dados LILACS. Com base nos critérios de elegibilidade, 21 artigos foram descartados, 9 artigos estavam repetidos e 10 artigos se encaixaram nos critérios. Os autores mencionaram que a terapia para essas alterações é mais efetiva quando são analisadas as áreas do cérebro que foram prejudicadas porque assim os resultados são mais específicos, além de que o planejamento terapêutico é construído com base nas dificuldades e nas necessidades diárias e funcionais do indivíduo. Pessoas com distúrbios neurológicos adquiridos na comunicação necessitam de reabilitação que envolve um longo período de terapia fonoaudiológica, com média de 12 meses. Ter afasia e apraxia da fala foi estatisticamente associado à um maior tempo de reabilitação. Enquanto ter disartria foi associado estatisticamente a um menor tempo de terapia.

Conclusão:Com base na pesquisa, podemos observar que ainda há poucos estudos sobre a atuação do fonoaudiólogo nestas área. O fonoaudiólogo é um dos principais profissionais na reabilitação das afasias, apraxia e disartrias, sendo ele um dos com maior efetividade em suas terapias, além de toda terapia ser construída voltada ao dia a dia do paciente. Por este motivo, é necessário aumentar o acervo de publicações sobre terapia nas afasias, disartrias e apraxia visando direcionar e incentivar pesquisas futuras voltadas para a construção de instrumentos e terapias.

1-Camila N, Melissa C. O olhar clínico sobre os fatores prognósticos das afasias. Distúrbios da Comunicação. [Internet]. 2017 Jun [citado 2020 em 12 de julho]; 29(2): 208-17. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/30617

2-Bahia Mariana Mendes, Chun Regina Yu Shon. Repercussão da comunicação suplementar e/ou alternativa na afasia não fluente. Rev. CEFAC [Internet]. 2014 Feb [cited 2020 July 13]; 16(1): 147-160. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000100147&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620146612.

3-Cera ML, Romeiro TPP, Mandrá PP, Fukuda MTH. Variables associated with speech and language therapy time for aphasia, apraxia of speech and dysarthria. Dement. neuropsychol. [Internet]. 2019 Mar [citado em 12 de julho de 2020];13(1): 72-7. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-57642019000100072&lng=en. https://doi.org/10.1590/1980-57642018dn13-010007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2075
EVIDÊNCIAS DE USO DO THYROIDECTOMY- RELATED VOICE AND SYMPTOM QUESTIONNAIRE (TVSQ) ANTES E APÓS TIREOIDECTOMIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Doenças como nódulos benignos ou malignos e bócios multinodulares afetam o funcionamento da glândula tireoide e podem ser tratadas por meio de tireoidectomia parcial ou total1,2. Sintomas relacionados à alterações de voz e deglutição são frequentemente referidos antes e após tireoidectomia3,4, porém não costumam ser rastreados de forma consistente por meio de instrumentos com adequadas propriedades diagnósticas e psicométricas. Para auxiliar a preencher essa lacuna, pesquisadores sul-coreanos desenvolveram o Thyroidectomy- Related Voice and Symptom Questionnaire (TVSQ), um questionário de fácil e rápida aplicação composto por 20 itens utilizado para rastrear indivíduos com sintomas de alterações de voz e/ou deglutição que necessitam ser encaminhados para confirmação diagnóstica tanto no pré como no pós-operatório de tireoidectomia5. OBJETIVO: Sintetizar as evidências de uso do TVSQ no rastreamento de alterações de voz e deglutição antes e após tireoidectomia. MÉTODO: Levantamento realizado de junho a julho de 2020 nas bases de dados PubMed/Medline e Scopus (Elsevier) com os descritores "Thyroidectomy-Related Voice Questionnaire"; “Thyroidectomy- Related Voice and Symptom Questionnaire”; “TVSQ”; "TVQ" e "thyroidectomy". Os critérios de elegibilidade foram: estudos pertencentes ao eixo temático; disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol; pesquisas em humanos que responderam o TVSQ antes ou após tireoidectomia total ou parcial; estudos do tipo ensaio clínico randomizados ou não randomizados, coorte, caso controle ou transversais. Após a leitura dos títulos, resumos e textos completos, houve a exclusão daqueles que não estavam de acordo com os critérios de inclusão. Verificou-se o ano da publicação, local de realização da pesquisa processo de aplicação do questionário, o perfil dos pacientes, a quais exames instrumentais o TVSQ foi comparado e os principais resultados. RESULTADOS: Dos 31 artigos iniciais, 11 abordaram o uso do TVSQ, foram publicados entre 2012 a 2020 e realizados na Coréia do Sul. O ano de 2020 (n=4) registrou maior número de publicações, seguido por 2018 (n=3). O questionário foi aplicado antes e após a tireoidectomia. Seis estudos tinham amostra formada por ambos os sexos, três apenas com mulheres e os demais não informaram. Os escores do TVSQ foram comparados com os resultados das análises acústica (n=8), perceptivoauditiva (n=7) e exames instrumentais. Os resultados principais mostraram que o TVSQ apresentou altas correlações com outros questionários validados e com os parâmetros analisados nos exames. Além disso, nos seis estudos que verificaram sensibilidade e especificidade do TVSQ, os indicadores variaram, respectivamente, entre 68% e 84,2% e entre 71% e 87,8%. Oito estudos usaram o TVSQ para monitorar as queixas de voz e deglutição ao longo do tempo e o instrumento foi capaz de detectar significativas mudanças na voz e deglutição. CONCLUSÃO: As evidências atuais indicam que o TVSQ é um instrumento que reúne propriedades psicométricas e diagnósticas para o rastreamento de alterações vocais e de deglutição antes e após tireoidectomia.


1. Barros ACS, Xavier ÉM, Reis IS, Carvalho PRB, Oliveira RS, Pacheco FK, et al. Farmacêutico bioquímico: uma abordagem voltada para o TSH e doenças da tireoide. Saúde e Desenvolv Hum. 2018;6(1):67.
2. Nam IC, Park YH. Pharyngolaryngeal symptoms associated with thyroid disease. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg. 2017;25(6):469–74.
3. Cruz JS dos S da, Lopes LW, Alves GA dos S, Rodrigues D de SB, Souza DX de, Costa BI da, et al. Frequência combinada de queixas relacionadas à deglutição e voz antes da tireoidectomia. Audiol - Commun Res. 2019;24.
4. de Araújo LF, Lopes LW, Silva POC, Perrusi VJF, Farias VL de L, Azevedo EHM. Sensory symptoms in patients undergoing thyroidectomy. Codas. 2017;29(3):10–5.
5. Hwang YS, Shim MR, Kim GJ, Lee DH, Nam IC, Park JO, et al. Development and Validation of the Thyroidectomy-Related Voice and Symptom Questionnaire (TVSQ). J Voice [Internet]. 2020; Available from: https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2020.04.028
6. Kim SY, Park JO, Bae JS, Lee SH, Hwang YS, Shim MR, et al. How Can We Predict the Recovery from Pitch Lowering After Thyroidectomy? World J Surg [Internet]. 2020; Available from: https://doi.org/10.1007/s00268-020-05628-6
7. Chun BJ, Bae JS, Chae BJ, Park JO, Nam IC, Kim CS, et al. The therapeutic decision making of the unilateral vocal cord palsy after thyroidectomy using thyroidectomy-related voice questionnaire (TVQ). Eur Arch Oto-Rhino-Laryngology. 2015;272(3):727–36.
8. Kim CS, Park JO, Bae JS, Lee SH, Joo YH, Park YH, et al. Long-Lasting Voice-Related Symptoms in Patients Without Vocal Cord Palsy After Thyroidectomy. World J Surg [Internet]. 2018;42(7):2109–16. Available from: https://doi.org/10.1007/s00268-017-4438-0
9. Kwon HK, Cheon Y Il, Shin SC, Kim GH, Lee YW, Sung ES, et al. Clinical Significance of the Preoperative Thyroidectomy-Related Voice Questionnaire Score in Thyroid Surgery. J Voice. 2020;
10. Chun BJ, Bae JS, Chae BJ, Hwang YS, Shim MR, Sun D Il. Early postoperative vocal function evaluation after thyroidectomy using thyroidectomy related voice questionnaire. World J Surg. 2012;36(10):2503–8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1102
EVOCAÇÃO DE PALAVRAS POR PISTA FONOSSILÁBICA EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


As tarefas de eliciação lexical a partir de pistas fonológicas devem ter como parâmetros a frequência, a familiaridade, o grau de concretude/imageabilidade da palavra, entre outros critérios como concordância do nome do objeto à sua representação e à sua complexidade visual no caso de serem utilizados materiais como figuras, desenhos, fotografias, entre outros¹. OBJETIVO: Considerando-se a escassez de materiais de terapia com estímulos que considerem tais variáveis, quando o critério é fonológico, e ainda, que dentro do processamento fonológico, alguns pacientes com síndromes específicas (por exemplo pacientes com afasia) têm maior facilidade com o processamento silábico², os objetivos deste estudo foram: identificar quais são as sílabas que mais facilmente eliciam palavras e obter uma lista de palavras mais recorrentes/frequentes iniciadas com cada uma das sílabas do português-brasileiro. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal. A amostra foi constituída por 60 indivíduos adultos saudáveis de alto letramento que preencheram os critérios de saúde pré-estabelecidos, obtidos através de um questionário. A média de idade dos participantes foi de 20,48 anos e DP= 3,83. Foi realizada a tarefa de eliciação lexical e foi dado um tempo máximo de dois minutos para cada um dos dezesseis grupos silábicos do português. Os grupos silábicos foram dados por escrito. Quando um fonema pode ser representado por mais do que um grafema em sílaba inicial, essas sílabas foram dadas junto na folha de respostas. As sílabas foram randomizadas nas folhas de respostas para evitar a interferência de cansaço ao longo da coleta. A análise dos dados consistiu no levantamento estatístico das sílabas que mais provocaram a evocação de palavras bem como das palavras mais evocadas em cada grupo. RESULTADOS: Foi possível identificar 15 agrupamentos silábicos com frequências de ocorrência estatisticamente distintas e, obter as palavras mais frequentes dentro de cada grupo silábico. Os três grupos que mais eliciaram palavras foram: o grupo 1 composto pelas sílabas [CA] e [MA], o grupo 2, composto pelas sílabas [PA], [GA] e [BA], e o grupo 3 pelas sílabas [FA], [RE], [LA], [CO], [BO], [PE] e [VE], enquanto que o Grupo 15, correspondente às sílabas que eliciaram menos palavras, é composto pelas sílabas [ZI] e [ZA]. Diversos estudos de modelos de produção de palavras³, sugerem estágios de recuperação da forma (fonológico) e do significado da palavra (semântico), além do processamento pós-lexical, sendo rara a identificação de que as dificuldades decorram de um único nível de comprometimento⁴. As estratégias de reabilitação são escolhidas com base nas manifestações e nas dificuldades observadas⁵, sendo necessária a criação de materiais terapêuticos que estimulem o processamento fonológico mas que ao mesmo tempo considerem as variáveis que interferem na eliciação lexical. CONCLUSÃO: Este estudo obteve as sílabas e as palavras mais frequentes em cada grupo silábico do português. Os resultados deste estudo possuem aplicabilidade clínica, uma vez que tais palavras poderão ser utilizadas em materiais terapêuticos de reabilitação dos transtornos de linguagem.

1. Cuetos, FV. ANOMIA – La dificultad para recorder las palavras. Madrid: Tea Ediciones; 2003.

2. White KK, Abrams L. Does priming specific syllables during tip-of-the-tongue states facilitate word retrieval in older adults?. Psychol Aging. 2002;17(2):226-235.

3.Nickels, L. Theoretical and methodological issues in the cognitive neuropsychology of spoken word production. Aphasiology. 2002;16, 3–19;

4. Nickels, L; Howard, D. When the words won't come: relating impairments and models of spoken word production; Journal Aspects of Language Production. 2000; 01, 115-142.

5. Best, W., Greenwood, A., Grassly, J., Herbert, R., Hickin, J.; Howard, D. Aphasia rehabilitation: Does generalization from anomia therapy occur and is it predictable? A case series study. Cortex. 2013;49, 2345–2357.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1065
EVOLUÇÃO DO PERFIL DAS FUNÇÕES PRAGMÁTICAS APÓS INTERVENÇÃO EM EQUOTERAPIA: ANÁLISE PRELIMINAR
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A equoterapia é um método terapêutico que surge da relação entre homem e cavalo, a partir da prática de intersubjetividade que aparece no cruzamento das fronteiras das espécies1. A equoterapia possui evidências científicas no que diz respeito à melhora das funções sociais em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA)2, mas ainda há lacunas no quesito comunicação e principalmente no que se refere às funções comunicativas3. As funções comunicativas são utilizadas para que o falante expresse intenção de comunicar-se com o outro4, caso haja falha nesse processo, a funcionalidade torna-se comprometida. No caso de crianças autistas este processo está em prejuízo, com isso podem ser observadas dificuldades comunicativas, como para iniciar e manter uma interação social, há déficit na comunicação verbal e não verbal, dificuldade em ajustar o comportamento e ausência de interesse por pares5. OBJETIVO: Verificar a evolução das funções comunicativas após intervenção em equoterapia em crianças com TEA. MÉTODO: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética com número 14946819.8.0000.8093. Participaram do estudo duas crianças com TEA, ambas com 6 anos de idade, de grau leve e severo, mensurado via Childhood Autism Rating Scale - CAR6. Os responsáveis assinaram termos de autorização. Para avaliação das funções pragmáticas foi utilizada uma gravação em vídeo do Protocolo de Observação Comportamental (PROC)7, aplicado por avaliadores cegos, em pré e pós intervenção. A intervenção ocorreu em 10 sessões de 30 minutos, 1 vez por semana. As variáveis deste estudo foram as seguintes funções comunicativas: instrumental, protesto, informativa, nomeação, heurística, narrativa e interativa. RESULTADOS: A criança de grau leve apresentou aumento na frequência do uso das funções comunicativas, de 12 para 20 ocorrências. A função instrumental obteve evolução de 3 para 5 usos, em nomeação houve um aumento de 4 para 8, a informativa evoluiu de 5 para 6 usos, a função heurística aumentou em ocorrência de 0 para 1. Sua pontuação final no PROC para as questões acima mencionadas subiu de 4 para 7 pontos. A criança de grau severo apresentou após a intervenção uma evolução no uso das funções comunicativas de 0 para 3 funções presentes. Houve um aumento de 0 para 2 funções instrumentais, de 0 para 4 funções de nomeação, de 0 para 1 informativa. Sua pontuação final no PROC para as questões acima mencionadas subiu de 0 para 4 pontos. CONCLUSÃO: Diante disso, observou-se que a intervenção foi favorável no que diz respeito ao aprimoramento da utilização das funções comunicativas pragmáticas das crianças com TEA em questão. No entanto, faz-se necessário a realização de um ensaio clínico, a fim de aumentar o número de participantes e generalizar os resultados obtidos.

1 Malcolm R, Ecks S, Pickersgill M. ‘It just opens up their world’: autism, empathy, and the therapeutic effects of equine interactions. Anthropology & medicine. 2018; 25(2): 220-234.

2 Borgi M, Loliva D, Cerino S, Chiarotti F, Venerosi A, Bramini M, Nonnis E, Marcelli M, et al. Effectiveness of a standardized equine-assisted therapy program for children with autism spectrum disorder. Journal of autism and developmental disorders. 2016; 46(1): 1-9.

3 Grandgeorge M, Hausberger M. Autisme, médiation équine et bien-être. Bulletin de l'Académie Vétérinaire de France. 2019.

4 Hage SRV, Resegue MM, Viveiros DCS, Pacheco EF. Análise do perfil das habilidades pragmáticas em crianças pequenas normais. Pró-Fono- Rev de Atualização Científica. 2007; 19(1): 49-58

5 American Psychiatric Association. Manual diagnóstico estatístico de transtorno mentais: DSM-5. 5a ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 52-53.

6 Schopler E, Reichler RJ, DeVellis RF, Daly K. Toward objective classification of childhood autism: Childhood Autism Rating Scale (CARS). J Autism Dev Disord. 1980; 10: 91-103.

7 Hage, SRV; Pereira, TC; Zorzi, JL. Protocolo de Observação Comportamental-PROC: valores de referência para uma análise quantitativa. Rev. CEFAC, 2012; 14: 677-690.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1696
EVOLUÇÃO TERAPÊUTICA EM PACIENTE COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA EQUOTERAPIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


RESUMO

INTRODUÇÃO: Através dos sentidos, o tato, a audição, o olfato e o paladar, a criança com cegueira congênita vivência o mundo. Muitas vezes isso ocorre, sem uma adequada e completa experiência sensorial. Com o tato a criança passa a criar as formas e as coisas que a cercam no seu dia a dia, e com a audição, consegue perceber a distância, localização. Sendo que tudo isso é feito pela visão em pessoas sem nenhuma deficiência visual. Considerando os atrasos que a ausência de visão causa, a intervenção da Terapia Ocupacional e da Fonoaudiologia, tornam-se mediadores essenciais para o desenvolvimento da criança com cegueira. Na abordagem interdisciplinar, cada profissional aprende um pouco das outras áreas, sendo que todos trabalham juntos, é uma troca de saberes que favorecem o paciente.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa e descrita através de relato de caso. A pesquisa foi coletada no centro de equoterapia de Lages/SC e também no banco de dados da instituição e dos prontuários da paciente. OBJETIVO: Este trabalho trata-se de um relato de experiências vivenciadas, com uma paciente com cegueira congênita e agenesia do corpo caloso, durante os atendimentos de Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia, usando a Equoterapia como recurso terapêutico, bem como relatar o suas evoluções nas habilidades funcionais e da linguagem oral com Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, além de evidenciar a importância de um trabalho interdisciplinar para que essas evoluções ocorram.
RESULTADOS: Obtiveram melhoras significativas nos atendimentos clínicos, em relação a fala, tato, e a autoconfiança da paciente, na motricidade fina e ampla bem como na interação com os terapeutas, na deambulação e na pronuncia de palavras. CONCLUSÃO: Assim, pode-se concluir que a equoterapia para crianças cegas contribui bastante para a evolução clínica dos mesmos, sendo de fundamental importância a disponibilidade deste recurso nas instituições que prestam atendimentos às pessoas com deficiência. Através deste estudo pode-se constatar o quanto a equoterapia facilitou as nossas intervenções, terapêutica ocupacional e fonoaudiológica. As dificuldades, tornaram-se em ganhos quase imperceptíveis ao longo do trabalho. As evoluções foram bastante significativas e motivadoras. Percebeu-se que as vivências da paciente, tornaram-se mais prazerosas, tanto nas sessões de equoterapia quanto nos atendimentos clínicos.


PALAVRAS-CHAVE: deficiência visual; equoterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia

MADEIRA, Karin Hamerski. Práticas do trabalho interdisciplinar na saúde da família: um estudo de caso. Dissertação de mestrado. Itajai, 2009.

SANTIN, Sylvia; SIMMONS, Joyce Nesker. Problemas das crianças portadoras de deficiência visual congênita na construção da realidade. Visual Impairment and Blindness, Toronto, Canadá. 1977

BOTELHO, L. A. A. . A causística da Equoterapia no programa de reabilitação da Fundação Selma. In Coletânea de Trabalhos, 1. Congresso Brasileiro de Equoterapia (pp. 149-150). Brasília, DF: ANDE/BRASIL, 1999.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1152
EXAME DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR E DA CONDIÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL NA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM) está relacionada a múltiplas manifestações clínicas que envolvem alterações e dor nos músculos da mastigação, na articulação temporomandibular (ATM) e em estruturas associadas (Ferreira et al., 2014). O diagnóstico é multifatorial e o tratamento interdisciplinar. É de extrema relevância que fonoaudiólogos sejam capacitados para examinar as relações maxilo-mandibulares, a ATM, a postura de estruturas do sistema estomatognático e as funções orofaciais em indivíduos com sinais e sintomas de DTM. O tratamento miofuncional orofacial de pacientes acometidos por DTM agrega benefícios importantes aos tratamentos conservadores ao contribuir para a estabilidade dos resultados, uma vez que as funções orofaciais alteradas podem ser um fator perpetuante da DTM.
Objetivo: Capacitar alunos do Curso de Fonoaudiologia para realizar exame específico da ATM e avaliação miofuncional orofacial em pacientes com sinais e sintomas de DTM por meio de ações de extensão universitária.
Métodos: As capacitações foram desenvolvidas por meio de aulas teóricas e práticas em quatro semestres nos anos de 2017, 2018 e 2019, com a participação de 13 alunos do Curso de Fonoaudiologia. Os participantes avaliaram pacientes com sinais e sintomas de DTM sob tutoria de uma cirurgiã-dentista e de duas fonoaudiólogas. No segundo semestre do ano de 2019, houve a participação de uma aluna do Curso de Odontologia, a qual ficou responsável pela avaliação clínica específica da ATM. O protocolos utilizados foram o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores - AMIOFE (De Felício et al., 2012) e parte do protocolo RDC/TMD (Dworkin; LeResche, 1992). Os pacientes com necessidades de tratamento foram encaminhados para clínicas da Faculdade de Odontologia da UFRGS especialmente para a Clínica de Desordem Temporomandibular e Dor Orofacial e/ou para a Clínica de Fonoaudiologia da mesma instituição.
Resultados: No período das capacitações, 46 pacientes foram avaliados. Dentre eles, 19 foram encaminhados para tratamento exclusivamente odontológico, 17 para tratamento odontológico e fonoaudiológico, 4 somente para terapia fonoaudiológica. Outros 4 pacientes, que já utilizavam placa interoclusal, foram encaminhados para revisão odontológica e receberam orientações fonoaudiológicas. Dois pacientes não apresentaram necessidades de encaminhamentos e receberam somente orientações. Um folder com esclarecimentos sobre a DTM e orientações de manejo da condição foi confeccionado e distribuído a todos os indivíduos avaliados.
Conclusão: A partir dos dados das avaliações clínicas realizadas, os alunos demostraram capacidade para o planejamento de uma conduta frente à hipótese diagnóstica. As ações de extensão trouxeram benefícios tanto aos alunos quanto aos pacientes portadores de DTM.

Ferreira CL, Machado BC, Borges CG, Rodrigues Da Silva MA, Sforza C, De Felício CM. Impaired orofacial motor functions on chronic temporomandibular disorders. J Electromyogr Kinesiol. 2014;24(4):565-71.
De Felício CM, Medeiros AP, de Oliveira Melchior M. Validity of the 'protocol of oro-facial myofunctional evaluation with scores' for young and adult subjects. J Oral Rehabil. 2012;39:744-53.
Dworkin SF, LeResche L. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: review, criteria, examinations and specifications, critique. J Craniomandib Disord. 1992;6(4):301-55.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
150
EXPECTATIVA DOS ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA FRENTE AO PRIMEIRO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


RESUMO
Introdução: O estágio supervisionado é entendido como uma etapa primordial de formação, por ser o momento inicial de contato e conhecimento das diversas expressões de habilidades, técnicas e procedimentos da profissão. Nos estágios os alunos costumam ser assistidos por supervisores responsáveis por orientar, direcionar, mediar e proporcionar a aplicação dos aprendizados adquiridos durante o período acadêmico do aluno na prática, onde ocorrem as principais complicações. Objetivo: investigar e verificar as expectativas dos alunos de Fonoaudiologia do UNIPLAN perante o primeiro estágio supervisionado. Método: Tratou-se de um estudo prospectivo, transversal e qualitativo. Participaram do estudo 23 alunos matriculados no 5º semestre do curso de graduação em Fonoaudiologia do UNIPLAN. Os acadêmicos responderam ao questionário a respeito da preparação teórica e a expectativa em relação ao estágio curricular. Os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo de maneira qualitativa. Resultado: Os estudantes relataram que a capacitação acadêmica para iniciar o estágio foi boa ou regular e sentem-se inseguros e ansiosos por isso. Alguns alunos comentaram de modo mais profundo acerca da importância do estágio e disseram que é neste momento que eles acreditam ter oportunidade de serem corrigidos, orientados, adquirir confiança, noção prática, melhorar o raciocínio clínico, aprender, tirar dúvidas, se sentirem seguros e mais assertivos. Conclusão: Os alunos consideram o estágio importante para a sua formação, relatam fatores positivos como ajudar e melhorar a qualidade de vida do paciente. Contudo, se preocupam com o seu preparo teórico e prático, o que pode gerar sentimentos negativos.

A intersetorialidade, como uma estratégia essencial para a viabilização do estágio supervisionado, será fundamental para o currículo por se constituir como um processo particular de aprendizagem que pressupõe uma estreita relação entre as instâncias acadêmicas e as organizações de prática da Fonoaudiologia, com uma implicação mútua entre a aprendizagem teórica e a intervenção concreta nas situações materiais. Haja vista a capacidade de fazer fluir, de forma coletiva e universalizada, o planejamento, a execução e o controle das ações previamente formuladas.9

A primeira atuação prática vai muito além de um simples cumprimento das exigências acadêmicas. Tem grande importância no desenvolvimento da competência profissional e da autonomia emocional. Logo, o presente estudo teve o objetivo de investigar e verificar as expectativas dos alunos de Fonoaudiologia do UNIPLAN perante o primeiro estágio supervisionado.

1 Teixeira V, Souza L, Fantini L, Ferreira L. Formação do Fonoaudiólogo: avaliação discente em supervisão clínica. Revista Distúrbios da Comunicação. 2009 [acesso em 16 mai 2020] v. 21, n. 3, São Paulo. Disponível em: [https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/6897/4989]
2 Queiroz M. Teixeira C, Braga C, Almeida K, Pessoa R, Almeida R, Mesquita T, Muniz M. Estágio curricular supervisionado: percepção do aluno-terapeuta em fonoaudiologia no âmbito hospitalar. Rev. CEFAC. 2013 [acesso em 15 mai 2020] v. 15, n. 1, São Paulo. Disponível em: [https://www.scielo.br/pdf/rcefac/v15n1/aop_62-11.pdf]
3 Moreira S. Descrição de Algumas Variáveis em um Procedimento de Supervisão de Terapia Analítica do Comportamento. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2003 [acesso em 16 abr 2020] v. 16, n. 1, Porto Alegre. Disponível em: [https://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16807.pdf]
4 Bosquetti, L; Braga, E. Reações comunicativas dos alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio curricular. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2008; v: 42; n.4; 1980-220x.
5 Mandrá, P, Kuroishi, R, Gomes, N, Alpes, M. Percepção de estudantes de Fonoaudiologia sobre a Supervisão Clínica. Revista Distúrbios da Comunicação. 2019; v. 31; n. 2.
6 Projeto Pedagógico do Curso, 2019 [Acesso em 10 de nov. de 2019]. Disponível em [https://www.uniplandf.edu.br/].
7 Pimenta S, Lima M. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poíesis. 2006 [acesso em 16 mai 2020]. v. 3, n. 3 São Paulo. Disponível em: [https://www.revistas.ufg.br/poiesis/article/view/10542/7012].
8 Martins I, Moraes C. A contribuição do supervisor de estágio na formação; 2016 [acesso em 15 mai 2020]. Disponível em: UEL.com.br Campo Grande.
9 Magalhães, R, Bodsteins, R. Avaliação de iniciativas e programas intersetoriais em saúde: desafios e aprendizados. Ciência e Saúde Coletiva. 2009; v. 14; n. 3; 1678-45618 - Casate, J, Corrêa, A. Vivências de alunos de enfermagem em estágio hospitalar: subsídios para refletir sobre a humanização em saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2006; v. 40; n. 3; 1980-220x.
10 Scalabrin I, Molinari A. A importância da prática do estágio supervisionado nas licenciaturas. Rev. Unar, Araras, 2013 [acesso em 16 mai 2020]. Disponível em [https://www.scielo.br/pdf/rcefac/v15n1/aop_62-11.pdf]
11 Clark, D, Beck, A. Terapia cognitiva para os transtornos de ansiedade. Editora eletrônica – Roberto Carlos Moreira Vieira; 2012.
12 Padovani R, Neufeld C, Maltoni J, Barbosa L, Souza W, Cavalcanti H, Lameu J. Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. 2014 [acesso em 16 mai 2020]. 10, n. 1, Rio de Janeiro. Disponível em: [http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872014000100002&lng=pt&nrm=iso]. acessos em 22 maio 2020. [http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20140002].
13 Melo A, Soares A, Faria R. Análise da ansiedade dos acadêmicos de enfermagem no enfrentamento ao primeiro estágio supervisionado da universidade do vale do paraíba; 2007 [ascesso em 15 mai 2020]. Disponivel em: inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/saude/inic/INICG00646_01O.pdf.
14 Casate, J, Corrêa, A. Vivências de alunos de enfermagem em estágio hospitalar: subsídios para refletir sobre a humanização em saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2006; v. 40; n. 3; 1980-220x.
15 Barreto, M; Barletta, J. A supervisão de estágio em psicologia de estágio em psicologia clínica sob as óticas do supervisor e do supervisionado. [Publicação na web]; 2010. Acesso em 15 de março de 2020. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/301675000_A_SUPERVISAO_DE_ESTAGIO_EM_PSICOLOGIA_CLINICA_SOB_AS_OTICAS_DO_SUPERVISOR_E_DO_SUPERVISIONANDO
16 Valsecchi E, Nogueira M. Comunicação professor-aluno: aspectos relacionados ao estágio supervisionado. Ciência, Cuidado e Saúde. 2002 [acesso em 15 mai 2020] v. 1, n. 1, Maringá. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/5684/3608
17 Trindade L, Vieira M. O aluno de medicina e estratégias de enfrentamento no atendimento ao paciente. Revista Brasileira de Educação Médica. 2013 [acesso em 16 mai 2020] v.37, n. 2, Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbem/v37n2/03.pdf
18 Maftum M, Stefanelli M, Mazza V. O processo de relação terapêutica entre aluno de enfermagem e paciente. Cogitare Enferm. 1999 [acesso em 15 mai 2020]. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/44854/27281

19 Benjamin, A. A entrevista de ajuda. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes; 2001.
20 Oliveira D, Kottel A. Determinantes comportamentais e emocionais do processo ensino-aprendizagem. Caderno Intersaberes 2016 [acesso em 15 mai 2020] v. 5, n.6, p.1-12. Disponível em: https://www.uninter.com/cadernosuninter/index.php/intersaberes/article/view/379/379
21 Carvalho, M, Pellosso, S, Valsecchi E, Coimbra, J. Expectativas dos alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em hospital. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 1999; v.32; n.2; 1980-220x.
22 Carvalho, R, Farah, O, Galdeani, L. Níveis de ansiedade de alunos de graduação em enfermagem frente à primeira instrumentação cirúrgica. Rev. Latino-americana de Enfermagem. 2004. v. 12; n. 6; 1518-8345.
23 Benito, G; et al. Desenvolvimento de competências gerais durante o estágio supervisionado. Revista brasileira de enfermagem. 2012; v. 65; n. 1; 0034-7167.
24 Gonçalves, R. Expectativa dos universitários do curso de fisioterapia frente aos primeiros estágios Prático e a reflexão da participação na preparação para o estágio prático. Ensaios e Ciência Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde.2011; v. 15; n. 1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
172
EXPECTATIVA DOS ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA FRENTE AO PRIMEIRO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


RESUMO
Introdução: O estágio supervisionado é entendido como uma etapa primordial de formação, por ser o momento inicial de contato e conhecimento das diversas expressões de habilidades, técnicas e procedimentos da profissão. Nos estágios os alunos costumam ser assistidos por supervisores responsáveis por orientar, direcionar, mediar e proporcionar a aplicação dos aprendizados adquiridos durante o período acadêmico do aluno na prática, onde ocorrem as principais complicações. Objetivo: investigar e verificar as expectativas dos alunos de Fonoaudiologia do UNIPLAN perante o primeiro estágio supervisionado. Método: Tratou-se de um estudo prospectivo, transversal e qualitativo. Participaram do estudo 23 alunos matriculados no 5º semestre do curso de graduação em Fonoaudiologia do UNIPLAN. Os acadêmicos responderam ao questionário a respeito da preparação teórica e a expectativa em relação ao estágio curricular. Os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo de maneira qualitativa. Resultado: Os estudantes relataram que a capacitação acadêmica para iniciar o estágio foi boa ou regular e sentem-se inseguros e ansiosos por isso. Alguns alunos comentaram de modo mais profundo acerca da importância do estágio e disseram que é neste momento que eles acreditam ter oportunidade de serem corrigidos, orientados, adquirir confiança, noção prática, melhorar o raciocínio clínico, aprender, tirar dúvidas, se sentirem seguros e mais assertivos. Conclusão: Os alunos consideram o estágio importante para a sua formação, relatam fatores positivos como ajudar e melhorar a qualidade de vida do paciente. Contudo, se preocupam com o seu preparo teórico e prático, o que pode gerar sentimentos negativos.

Palavras-Chave: Fonoaudiologia; Estágio Clínico; Estudantes; Expectativa.
É possível que uma base teórica bem desenvolvida, unida às competências de conhecimento, habilidades e atitudes dos estudantes e professores fortaleça as emoções envolvidas na etapa de estágio acadêmico do curso de Fonoaudiologia. Depreende-se que etapas isoladas como apreensão dos conteúdos ou apoio do professor, não desenvolvem as habilidades profissionais desejadas, é preciso uma interação de todas as partes e autonomia

Os alunos consideram o estágio importante para a sua formação, relatam fatores positivos como ajudar e melhorar a qualidade de vida do paciente. Contudo, se preocupam com o seu preparo teórico e prático, o que pode gerar sentimentos negativos.
A fim de sobressair às expectativas e dificuldades citadas, o papel do supervisor é fundamental. No entanto, as habilidades e conhecimentos adquiridos ao longo do curso e da vida pessoal se complementam e se apoiam mutuamente, maturando o futuro profissional.
Por fim sugere-se que a realização de novas pesquisas, verifique a visão dos alunos após o primeiro contato com o estágio supervisionado.

Referência
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3 Moreira S. Descrição de Algumas Variáveis em um Procedimento de Supervisão de Terapia Analítica do Comportamento. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2003 [acesso em 16 abr 2020] v. 16, n. 1, Porto Alegre. Disponível em: [https://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16807.pdf]
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11 Clark, D, Beck, A. Terapia cognitiva para os transtornos de ansiedade. Editora eletrônica – Roberto Carlos Moreira Vieira; 2012.
12 Padovani R, Neufeld C, Maltoni J, Barbosa L, Souza W, Cavalcanti H, Lameu J. Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. 2014 [acesso em 16 mai 2020]. 10, n. 1, Rio de Janeiro. Disponível em: [http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872014000100002&lng=pt&nrm=iso]. acessos em 22 maio 2020. [http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20140002].
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14 Casate, J, Corrêa, A. Vivências de alunos de enfermagem em estágio hospitalar: subsídios para refletir sobre a humanização em saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2006; v. 40; n. 3; 1980-220x.
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17 Trindade L, Vieira M. O aluno de medicina e estratégias de enfrentamento no atendimento ao paciente. Revista Brasileira de Educação Médica. 2013 [acesso em 16 mai 2020] v.37, n. 2, Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbem/v37n2/03.pdf
18 Maftum M, Stefanelli M, Mazza V. O processo de relação terapêutica entre aluno de enfermagem e paciente. Cogitare Enferm. 1999 [acesso em 15 mai 2020]. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/44854/27281

19 Benjamin, A. A entrevista de ajuda. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes; 2001.
20 Oliveira D, Kottel A. Determinantes comportamentais e emocionais do processo ensino-aprendizagem. Caderno Intersaberes 2016 [acesso em 15 mai 2020] v. 5, n.6, p.1-12. Disponível em: https://www.uninter.com/cadernosuninter/index.php/intersaberes/article/view/379/379
21 Carvalho, M, Pellosso, S, Valsecchi E, Coimbra, J. Expectativas dos alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em hospital. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 1999; v.32; n.2; 1980-220x.
22 Carvalho, R, Farah, O, Galdeani, L. Níveis de ansiedade de alunos de graduação em enfermagem frente à primeira instrumentação cirúrgica. Rev. Latino-americana de Enfermagem. 2004. v. 12; n. 6; 1518-8345.
23 Benito, G; et al. Desenvolvimento de competências gerais durante o estágio supervisionado. Revista brasileira de enfermagem. 2012; v. 65; n. 1; 0034-7167.
24 Gonçalves, R. Expectativa dos universitários do curso de fisioterapia frente aos primeiros estágios Prático e a reflexão da participação na preparação para o estágio prático. Ensaios e Ciência Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde.2011; v. 15; n. 1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
345
EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS DE FONOAUDIOLOGIA EM ATIVIDADES REALIZADAS REMOTAMENTE EM PACIENTES COM PARKINSON DURANTE A PANDEMIA
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: A Doença de Parkinson é uma patologia de caráter crônico e progressivo, caracterizada por perda de neurônios dopaminérgicos. As características mais observadas são rigidez muscular, tremores, bradicinesia e alterações posturais. Além destas quatro principais, há alteração de memória, cognição, propensão a depressão, entre outras. Essas alterações, podem comprometer o desempenho de atividades diárias, da comunicação e restringir a participação social desses indivíduos. Desse modo, o acompanhamento por um Fonoaudiólogo torna-se imprescindível para garantir uma melhor qualidade de vida. Entretanto, com a pandemia de Covid-19, houve interrupção das intervenções, comprometendo a continuidade da terapia. Nessa perspectiva, um Projeto de Extensão, considerou como opção para dar sequência às intervenções, a telessaúde assíncrona, para auxiliar os pacientes neste período de isolamento social. Objetivo: Descrever as atividades remotas desenvolvidas em um Projeto de Extensão, durante o período de pandemia de Covid-19. Métodos: Foi criado um grupo via WhatsApp para envio assíncrono de atividades em vídeos. Participaram da produção das atividades 4 extensionistas e 2 docentes. As atividades foram destinadas a 11 pacientes de ambos os sexos, na faixa etária de 50 a 72 anos, no período de abril a junho de 2020. Os exercícios propostos visavam estimular a voz, fala, expressão facial e articulação, como também, a cognição e memória. As orientações das atividades ocorreram duas vezes por semana, sempre no horário da manhã e ao final de cada vídeo era solicitado aos pacientes um feedback da realização da atividade proposta. Resultados: A adaptação tanto dos pacientes quanto dos estudantes mostrou-se dificultosa, uma vez que, a adesão às atividades não foi fácil por parte dos participantes da extensão. Fatores como, indivíduos sem acesso ao grupo, que não enviavam o feedback ou até mesmo que não realizavam os exercícios propostos acabavam por desmotivar os extensionistas. A falta de recursos, bem como domínio tecnológico acabou por mostrar-se outro problema, dado que, alguns pacientes necessitavam das atividades, mas não possuíam acesso a aparelhos com internet. Ou seja, nem todos os que precisavam foram beneficiados. No entanto, o grupo, tornou-se eficaz, uma vez que, aqueles que tiveram oportunidade de acessar os materiais disponíveis, puderam dar continuidade a terapia, recebendo estímulo para se manter ativo durante o período relatado. Conclusão: O grupo de atividades por WhatsApp foi uma boa alternativa para dar continuidade à rotina de exercícios e estimular a comunicação, a cognição e memória dos pacientes com Parkinson, promovendo assim, a qualidade de vida e retardando piora do quadro clínico. Ao mesmo tempo em que mostrou a necessidade de adaptação por parte dos extensionistas e docentes quanto à oferta de atividades remotas. Embora o grupo tenha se mostrado uma alternativa para que eles se mantivessem ativos, tornou-se importante para pensar sobre o que poderia ser melhorado, quais as necessidades e o que deveria ser feito para mantê-los motivados a realizar as atividades propostas e então assegurar uma rotina ativa e eficaz.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1421
EXPERIÊNCIA DO CONSULTÓRIO NA RUA NA GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade) é um programa de reorientação profissional que visa unir à teoria a prática e formar profissionais mais aptos as necessidades dos usuários e do Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos campos de prática dos discentes é o Consultório na Rua (CnR), que possui uma equipe multiprofissional. Seu objetivo é acolher, atender, acompanhar e desenvolver ações junto a Atenção Básica, bem como inserir na rede de saúde e de políticas públicas a população que se encontra em situação de rua, visando ampliar o acesso e a sua reinserção na comunidade. Objetivo: Relatar a experiência de uma acadêmica de fonoaudiologia pertencente ao PET - Saúde/Interprofissionalidade da vivência com a equipe do CnR. Método: Trata-se de um relato de experiência que ocorreu no período de maio a agosto de 2019, no cenário do CnR, localizado no II Distrito Sanitário de Maceió/AL. Nesse período, acadêmicas de fonoaudiologia e enfermagem acompanharam a equipe do CnR, no qual foi realizado o perfil epidemiológico dos usuários por meio do seu recadastramento. Em seguida, foi possível participar de ações como a entrega de preservativos e de águas, limpeza e curativo de feridas, receituário e entrega de medicamentos, educação em saúde com orientações sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis e acompanhamento de pré natal. Além disto, foi realizada uma visita a casa de apoio familiar, no qual observou-se o ambiente e a relação dos usuários uns com os outros, e também foram feitas marcações de consultas e exames. Resultado: O perfil epidemiológico encontrado da população em situação de rua era composto por crianças até adultos, usuários de drogas, portadores de doenças crônicas, fumantes e gestantes. A partir destes dados, pode-se realizar um planejamento estratégico junto a equipe que atendesse as necessidades da população, saindo do campo de tratamento da doença para abranger o conceito ampliado de saúde. Também houve a possibilidade de observar e entender a importância do território em que habitam, identificando os principais desafios e dificuldades enfrentadas pela equipe do CnR para a efetivação do cuidado em saúde com esta população. A vivência neste cenário possibilitou o desenvolvimento de um olhar humanizado centrado no cuidado integral ao usuário, visto que as pessoas que se encontram em situação de rua tem necessidades inerentes a outros usuários, bem como os mesmos direitos ao acesso nos serviços de saúde. Nesse sentido, foi possível compreender que o CnR possibilita a visibilidade das demandas da população em situação de rua, sempre visando a atenção integral na perspectiva da redução de danos e da clínica ampliada. Conclusão: A experiência no CnR possibilitou a discente conhecer a Política Nacional para a Inclusão Social da População em Situação de Rua na prática, mostrando a importância do cuidado integral ao usuário em situação de rua , suas reais necessidades e a potencialidade ao cuidado com a equipe interprofissional.

Campos A. População de rua: um olhar da educação interprofissional para os não visíveis. Saúde Soc. 2018 v.27, n.4, p.997-1003.

Silva MLL. Trabalho e população em situação de rua no Brasil. São Paulo: Cortez. 2009

Vale AR, Vecchia MD. O cuidado à saúde de pessoas em situação de rua: possibilidades e desafios. Estudos de Psicologia. 2019. 24(1), 42-51.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1488
EXPERIÊNCIAS DE FORMAÇÃO DE UM ALUNO CEGO DE FONOAUDIOLOGIA EM PRÁTICA DE ATENDIMENTO DE UMA PESSOA COM GAGUEIRA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A inclusão de pessoas com deficiência em cursos de ensino superior da área da Saúde constitui desafio permanente implicando o enfrentamento de várias barreiras, sejam, atitudinais, por exemplo da comunidade acadêmica frente ao aluno com deficiência; arquitetônicas quanto a instalações e edificações dos campi; de acesso às informações e materiais educativos, dentre outras. Nos Cursos de Graduação da Saúde têm-se buscado a formação de profissionais generalistas e preparados para a resolução de problemas, de forma que os graduandos passam por disciplinas práticas que visam a integração ensino-serviço, utilizando-se metodologias ativas de ensino. Não foram encontradas na literatura experiências na graduação de Fonoaudiologia com alunos cegos, tendo em vista sua inclusão na formação e práticas de integração ensino-serviço. Trata-se de experiência de formação extremamente rica e inédita no cenário nacional, que motivou a apresentação deste relato. Particularmente, apresenta-se um recorte da formação voltada à prática de atendimento da gagueira. Objetivo: Relatar a experiência de um aluno cego na graduação de fonoaudiologia em atividades práticas com pessoa com gagueira. Método: Trata-se de relato de experiência do próprio aluno, a partir de registros pessoais escritos ao longo da graduação e particularmente, do atendimento de gagueira, incluindo memórias da supervisão do processo terapêutico com monitores e docentes envolvidos. Resultados: Desde sua entrada na graduação de uma universidade pública de uma cidade do interior de São Paulo, o Curso de Fonoaudiologia buscou capacitar os docentes, propiciar monitores para auxiliar nas disciplinas, equipamentos adaptados além de treinamento de locomoção para o aluno. Professoras especialistas em Deficiência Visual (DV) participaram ativamente no seu processo de inclusão no curso de Fonoaudiologia. No último ano da graduação, em 2019, o aluno realizou por dois semestres, o atendimento de uma pessoa com gagueira. Para tanto, o aluno contou, além da supervisão docente com a monitoria de uma doutoranda, fonoaudióloga com expertise em DV, para planejamento e adaptação de materiais e das estratégias terapêuticas tais como, o aluno utilizar os sentidos remanescentes como facilitadores, impressão de textos específicos em Braille, modificações do espaço da sala de atendimento. De início, o aluno se sentiu pouco preparado para atender esse paciente. Contudo, no decorrer do processo, relata ir adquirindo maior confiança, com o apoio e diálogos constantes com a supervisora, a monitora além das professoras especialistas em DV. Destaca-se, ainda, que desde o início, manteve-se conversas com o paciente, um jovem adulto, que ao longo do processo, pontuou estar bastante satisfeito com o atendimento do estagiário. Cabe notar que, no segundo semestre, começou-se a trabalhar com o paciente o processo de alta terapêutica, dada a evolução alcançada desde atendimentos anteriores por outros estagiários. O paciente antecipou a alta terapêutica por questões de trabalho, referindo ter alcançado as metas desejadas. Conclusão: Tal relato apresenta e ressalta a importância da infraestrutura institucional oferecida, e principalmente, da equipe de apoio para fortalecimento do aluno, que com independência e autonomia obteve resultados positivos, não somente para sua formação, como também, principalmente, alcançou ganhos significativos para o caso de gagueira atendido.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
100
EXPRESSIVIDADE APLICADA AO CANTO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A expressividade é um recurso comunicativo que pode ser utilizado sob as formas verbal e não verbal, sendo útil para conferir subjetividade, bem como atribuir emoção àquilo que está sendo dito e causar impacto no interlocutor. Por vezes, utilizamos somente a forma não verbal da comunicação, confirmando que ao longo da história demos significado aos nossos gestos e expressões, tornando-os independentes e responsáveis pela transmissão de informações por si só(1). Ao estender estas reflexões para o campo da arte, podemos entender que o corpo não se mantém alheio à música: ainda que haja escassez na literatura envolvendo a temática é possível entender que há uma grande relação entre o corpo e a música, seja na perspectiva da ergonomia e da saúde do trabalhador (2, 3, 4, 5), seja na perspectiva estética, cujo foco é a beleza e a harmonia dos recursos corporais utilizados na performance. Deste modo, compreendemos o quão importante é o envolvimento da Fonoaudiologia nas discussões sobre a linguagem corporal, afinal, esta ciência se ocupa dos processos comunicativos em geral e, assim sendo, não pode desvencilhar a díade corpo-voz(6). Objetivo: Investigar a avaliação da expressividade na voz cantada pelos fonoaudiólogos, bem como o uso recursos expressivos por cantores populares. Método: Tratou-se de um estudo observacional, descritiva, transversal e quantitativa composta por 24 sujeitos: 13 cantores populares e 11 fonoaudiólogos especialistas em Voz. Foram aplicados questionários sociodemográfico e sobre expressividade. Utilizou-se distribuição percentual para análise dos dados e Teste Qui-Quadrado para avaliar associação entre variáveis (p≤0,05). Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética de uma Instituição de Ensino Superior com CAAE 05347018.7.0000.0057, sob número de parecer 3.307.417. Resultados: Os fonoaudiólogos entrevistados, majoritariamente, tinham mais de dez anos de atuação na área de voz (90,9%) e os estilos musicais que prevaleceram nas demandas de fonoterapia foram Música Popular Brasileira (MPB) (13,7%), Gospel (13,7%) e Forró (13,7%). Todos os fonoaudiólogos (100%) afirmaram avaliar expressão corporal, ao passo em que (72,7%) disseram se atentar às ênfases e pausas dos clientes cantores. Um alto percentual deles (90,9%) também referiu avaliar curva melódica, expressões faciais e uso de gestos na execução musical. Os cantores, majoritariamente, relataram ter acompanhamento fonoaudiológico (92,3%) e consideraram adequada sua postura (69,2%), recursos gestuais (76,9%), expressão corporal (76,9%), expressões faciais (69,2%) e meneios de cabeça (69,2%), bem como a aplicação de ênfases e pausas (92,3%). Não houve significância estatística na associação dos estilos musicais com as variáveis expressão corporal (p=0,408), expressão facial (p=0,626), ênfases e pausas (p=0,202), uso de gestos (p= 0,408), postura adequada (p=0,626) e meneios de cabeça (p=0,550). Conclusão: Os fonoaudiólogos atuantes na clínica da voz cantada consideraram relevante avaliar os recursos expressivos. Os cantores relataram fazer o uso de recursos expressivos, sendo possível inferir que se adequam a eles conforme sua performance. Mesmo com a ausência de significância estatística na associação entre estilo musical e recursos expressivos, pôde-se perceber que cada contexto musical requer um perfil expressivo do cantor.

1. Almeida ATMCB de, Cavalcante MCB. A multimodalidade como via de análise: contribuições para pesquisas em aquisição de linguagem. Letrônica. 2017; 10(2): 526-537.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
729
EXPRESSIVIDADE: RECURSOS VOCAIS E NÃO-VERBAIS UTILIZADOS PELOS TERAPEUTAS DA ALEGRIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: a assistência direcionada à crianças hospitalizadas tem como prioridade minimizar o desconforto psicológico e físico vivenciado pelas crianças e seus familiares. Neste contexto, surge o trabalho dos chamados “palhaços da alegria”, como forma alternativa de humanização através da arte. Nesta interação entre palhaço e paciente, os recursos vocais e não-verbais exercem papel relevante. Objetivo: caracterizar a expressividade oral e corporal dos integrantes do Projeto de Extensão Terapeutas da Alegria de uma Universidade da Região da Foz do Rio Itajaí – SC, identificando os recursos vocais e não verbais utilizados durante intervenção no ambiente hospitalar. Métodos: foram observados 7 integrantes do projeto, por meio de análise de gravações em vídeo, disponíveis na internet. Por se tratar de um estudo que utiliza informações de domínio público, dispensa a aprovação do CEP. Para avaliação da expressividade oral e corporal de cada sujeito, foi utilizado a avaliação perceptivo auditiva dos recursos vocais e a avaliação perceptivo-visual dos recursos não-verbais. Os resultados da análise foram registrados no Protocolo de Avaliação da Expressividade Oral e Corporal desenvolvido para esta pesquisa, baseado no protocolo de Avaliação de Expressividade Oral1,2,3; Protocolo de Avaliação da Expressividade4 e nas Categorias Funcionais de Gestos Comunicativos5. Este protocolo apresenta os parâmetros empregados para análise dos recursos vocais e não-verbais e a impressão geral da expressividade. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, com distribuição de frequência simples e relativa. Resultados: nos aspectos de recursos vocais, a predominância foi para o tipo de contorno nivelado, todos compatíveis com semântica veiculada, emoção e o grau de formalidade do contexto. No item ritmo e velocidade de fala a predominância foi variação, e as pausas apresentaram maior percentual para “escassa”. No item “ênfase”, as características “excessivas” e “restritas” obtiveram maior percentual. Todos os analisados fazem uso dos gestos categorizados como “emblemas” e “reguladores”, seis utilizaram os gestos “ilustradores” e cinco fizeram uso de “manifestações afetivas”. Os resultados obtidos a partir da análise da expressividade oral e corporal dos integrantes do Terapeutas da Alegria, possibilitou a elaboração de um quadro contendo o padrão de expressividade esperado na atuação do palhaço inserido em ambiente hospitalar, com ênfase em pacientes infantis. Por não haver na literatura trabalhos sobre o tema, houve a necessidade de criar um parâmetro que permitisse a análise dos resultados. Na impressão geral da expressividade, quatro dos sete analisados foram inadequados ao contexto comunicativo. Conclusões: observa-se a necessidade de pesquisas sobre a expressividade de palhaços em hospitais e realização de oficinas e formações sobre expressividade para os voluntários do Projeto Terapeutas da Alegria.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
553
EXPRESSÕES FACIAIS EMOCIONAIS: RECONHECIMENTO E NOMEAÇÃO POR PRÉ-ESCOLARES DE UMA REDE PÚBLICA DE ENSINO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A competência emocional, que é a habilidade de identificar, reconhecer, nomear e regular as emoções1, favorece a socialização dos indivíduos2. É pela interação social que as compreendem as emoções dos outros, incluindo a face, a voz e a postura corporal3, sendo que dos três aos seis anos de idade há o início de tais habilidades, tornando-se, no decorrer do desenvolvimento, emocionalmente competente4. No entanto, a habilidade para utilizar a musculatura orofacial para expressar emoções está presente desde o nascimento5. Estudos avaliando o reconhecimento e a nomeação das emoções são escassos no Brasil e devem ser incentivados para a melhor compreensão das expressões faciais emocionais. Objetivo: Avaliar o reconhecimento e a nomeação das expressões faciais emocionais em pré-escolares. Método: O estudo foi transversal, observacional e descritivo, envolvendo 38 pré-escolares entre três e seis anos, subdivididos em dois grupos (3-4 e 5-6), com dezenove participantes em cada grupo, sendo 22 meninas (57,89%) e dezesseis meninos (42,11%), que foram solicitados a reconhecer e nomear expressões faciais emocionais relacionadas à alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa, aversão e ironia, além de avaliar a facilidade do teste. Para tanto, seus responsáveis consentiram na participação da pesquisa. Os pré-escolares que apresentaram dificuldades nas tarefas solicitadas participaram de oficinas para tal finalidade. Resultados: De forma geral, a maioria dos pré-escolares reconheceu (65,79%) melhor as expressões faciais testadas do que as nomeou corretamente (48,86%). As emoções mais facilmente reconhecidas, em ordem decrescente, foram a alegria (97,37%), a raiva (92,11%), o medo (68,43%), o nojo (63,16%), a tristeza (63,15%) e a surpresa (60,52%), sendo que a ironia (15,79%) foi a expressão com menor percentual de reconhecimento. As mais facilmente nomeadas foram: alegria (94,74%), tristeza (84,21%) e raiva (78,93%). Já as que apresentaram maiores percentuais de erros na nomeação foram a ironia (100%), o nojo (73,69%), o medo (73,64%) e a surpresa (65,79%). As crianças maiores obtiveram maiores acertos do que as menores tanto no reconhecimento quanto na nomeação. Conclusão: As expressões faciais emocionais foram mais facilmente reconhecidas do que nomeadas, sendo que a alegria, a tristeza e a raiva foram facilmente identificadas e nomeadas pelos participantes, embora as crianças entre cinco e seis anos tenham apresentado maior facilidade no teste do que as entre três e quatro anos. Outro aspecto que parece acompanhar o desenvolvimento da linguagem, diz respeito ao reconhecimento preceder à nomeação e, dentre as expressões faciais emocionais testadas, a ironia foi a emoção facial que os pré-escolares apresentaram maior índice de erros, evidenciando que o seu reconhecimento deva ocorrer após os seis anos de idade.

1. Paludo S. Expressão das emoções morais de crianças em situação de rua (mestrado). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2004.
2. Argolo FC. Avaliação da capacidade de profissionais da saúde mental para identificar emoções através de comportamento não verbal (monografia). Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2014.
3. Nelson NL, Russell JA. Preschoolers’ use of dynamic facial, bodily, and vocal cues to emotion. Journal of experimental child psychology. 2011;110(1):52-61.
4. Saarni C. Emotional development in childhood. Encyclopedia on early childhood development. 2011. p. 1-7.
5. Field TM, Woodson R, Greenberg R, Cohen D. Discrimination and imitation of facial expression by neonates. Science 1982;218:179–81.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1192
EXTENSÃO COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Pesquisas que analisaram a tendência de amamentação no Brasil entre os anos de 1975 e 2013 apontam avanços relevantes no que diz respeito à essa prática, e as políticas de promoção ao aleitamento materno implementadas entre 1981 e 2012 estão entre as principais responsáveis por esse resultado. Apesar disso, o país ainda não alcançou o esperado pela Organização Mundial da Saúde e enfrenta um processo de estagnação no que diz respeito às pesquisas sobre esse tema. Nesse contexto, entendendo-se a relevância social das iniciativas de extensão que promovem a integração ensino-serviço-comunidade, este é um dos eixos da formação acadêmica que pode ser um instrumento para alavancar a promoção do aleitamento materno no país. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência discente na promoção do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em um projeto de extensão realizado em um hospital universitário. Metodologia: Inicialmente foi elaborado um roteiro contemplando os principais temas dentro do aleitamento materno exclusivo, que passou por avaliação em conjunto com a coordenação do setor materno-infantil do hospital, visando aperfeiçoamento da abordagem considerando o perfil das mães atendidas pela instituição. Foram aprovadas as temáticas que abordavam os benefícios do AME para o binômio mãe-bebê e as características, tipos e benefícios do leite materno. As ações foram realizadas em dois dias, utilizando-se como estratégia desenvolver junto às gestantes e puérperas a dinâmica de mitos e verdades estruturada visando uma comunicação horizontal que proporcionasse uma troca de experiências entre os acadêmico e as mães, respeitando as crenças e concepções trazidas por elas e esclarecendo suas dúvidas. As abordagens foram realizadas nas enfermarias da maternidade do hospital, cada uma delas abrigando e acolhendo ao todo quatro mulheres. Resultados: Ao todo 48 mulheres foram abordadas e vivenciaram a dinâmica do mitos e verdades sobre o aleitamento materno. Durante as ações foram observadas importantes interações e trocas por meio da dinâmica que possibilitou um aprendizado tanto para os estudantes quanto para as mães. Ao final de cada ação foi realizado um registro de experiência para que o hospital e também a coordenação do projeto tivessem conhecimento da efetividade das atividades realizadas. Conclusão: Entender as necessidades relacionadas à promoção do aleitamento materno no Brasil permite traçar estratégias de enfrentamento que possibilitem suas resoluções. Nessa perspectiva, ferramentas como a extensão universitária e sua atuação no interior dos serviços pode proporcionar um desenvolvimento em diversos aspectos da sociedade, assim como dos alunos em formação, já que permite aplicação dos conhecimentos teórico-científicos na prática da atuação junto à comunidade.

1 - Venancio SI. Panorama do aleitamento materno no mundo e no Brasil. In: Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Promoção, proteção e apoio ao Aleitamento materno: evidências científicas e experiências de implementação. São Paulo: Instituto Saúde; 2019. p 55-75.

2 - Rodrigues ALL, Costa CLNA, Prata MS, Batalha TBS, Neto IDFP. Contribuições da extensão universitária na sociedade. Caderno de Graduação-Ciências Humanas e Sociais-UNIT-SERGIPE. 2013;1(2)141-148.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
488
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, INTERDISCIPLINARIDADE E NOVAS PERSPECTIVAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A extensão universitária, apesar do propósito singular de interlocução com a sociedade, pode e deve ser palco para o desenvolvimento de pesquisas, ensino e inovações. A colaboração para a formação preocupada com os problemas da comunidade, a disseminação da produção da informação e o reforço do conhecimento científico empírico e tecnológico, considerando as reais necessidades sociais, éticas e políticas, caracterizam o tripé acadêmico ensino-extensão-pesquisa. Trata-se de uma associação indispensável para a formação de um profissional crítico. Nessa perspectiva, a experiência desse projeto envolve as temáticas sobre traumatismos faciais, desproporções maxilomandibulares, cirurgia ortognática, apneia obstrutiva do sono, e disfunções temporomandibulares (DTM)/dor orofacial. Com um perfil interdisciplinar compreende ações voltadas ao discente, ao aprimoramento do ensino, à pesquisa e à comunidade por meio de atividades no campo da atenção básica e assistência. OBJETIVO: Relatar experiência do projeto de extensão, vinculado ao curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública do Nordeste. METODOLOGIA: O projeto conta com a participação de discentes de Fonoaudiologia e Odontologia de universidades públicas e privadas, alunos de pós-graduação, docentes do curso de Fonoaudiologia e de instituições parceiras. Participam, também, colaboradores externos fonoaudiólogos e cirurgiões dentistas. A extensão realiza serviços voltados para a comunidade por meio de atendimentos fonoaudiológicos, na área de Motricidade Orofacial, com um protocolo de 12 sessões. Os atendimentos das especialidades DTM e dor orofacial, Odontologia do Sono e cirurgia buco-maxilo-facial são realizados nas instituições parceiras. A avaliação dos usuários é realizada sistematicamente com a utilização de instrumento padrão. Integram as atividades: discussões de casos e seminários, desenvolvimento de pesquisas, elaboração e execução de campanhas públicas. RESULTADOS: No ano de 2019, foram atendidas 57 pessoas. Realizou-se duas campanhas públicas, em 2019 e 2020 relacionadas ao sono e seus distúrbios, vinculadas à Associação Brasileira do Sono. Ainda em 2019, realizou-se um simpósio multidisciplinar de abrangência regional. Nos últimos 12 meses, a extensão desenvolveu diversas produções como: artigos completos publicados em periódicos (2); capítulos de livros publicados (2); resumos expandidos publicados em anais de congressos (2); resumos publicados em anais de congressos (4); apresentações de trabalho em congressos e conferências (23) e trabalhos de conclusão de curso e iniciação científica (6). CONCLUSÃO: O ensino e a pesquisa foram fortalecidos pela diversidade do conhecimento científico envolvido e pela geração de publicações técnico-científicas. Os benefícios obtidos para a comunidade foram efetivos. Por fim, projeto de extensão possibilitou, aos graduandos e pós graduandos, a vivência do trabalho interdisciplinar, principalmente entre as áreas Fonoaudiologia e Odontologia, bem como o amadurecimento da experiência do atendimento ao público.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1162
FADIGA E DESVANTAGEM VOCAL NA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DE POSSÍVEIS PROBLEMAS VOCAIS EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Professores, quando comparados a outros profissionais da voz falada, têm aproximadamente duas vezes mais risco de experimentarem distúrbios da voz1. Os sintomas vocais mais frequentes em professores universitários são fadiga vocal, rouquidão, cansaço ao falar e ardência na garganta2,3. Em nossa realidade, muitos professores universitários apenas autorreferem queixas vocais quando são questionados de forma pontual e com exemplos de situações. Observa-se, em muitos casos, dificuldade por parte do docente na identificação dos sintomas e das sensações vocais a que está exposto. Objetivo: Identificar se, na ausência de queixa vocal, professores universitários autorreferem fadiga e desvantagem vocal quando utilizados protocolos específicos para essa investigação, correlacionar os protocolos utilizados e verificar se há diferença entre os sexos. Métodos: Estudo transversal, observacional e analítico aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob parecer n. 1.708.786. Participaram 126 professores universitários sem queixas vocais prévias e foram aplicados um questionário sociodemográfico, o Índice de Fadiga Vocal (IFV)4 e o Índice de Desvantagem Vocal reduzido (IDV-10)5. A análise dos resultados foi feita pelo pacote estatístico Statistical Package for Social Sciences em sua versão 24.0. Foi realizado o estudo de relação entre as variáveis. O teste para Normalidade empregado foi o Teste de Kolmogorov-Smirnov e todas as variáveis submetidas a esse teste apresentaram não-normalidade; logo, o tratamento não-paramétrico foi aplicado utilizando-se o teste de Correlação de Spearman. Para a interpretação da magnitude das correlações foi adotada a seguinte classificação dos coeficientes de correlação: coeficientes de correlação < 0,4 (correlação de fraca magnitude), ≥ 0,4 a < 0,5 (de moderada magnitude) e ≥ 0,5 (de forte magnitude)6. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: Dos 126 professores, 71 eram mulheres e 55 homens, com média de idade de 43 anos. As medianas obtidas nos fatores 1, 2 e 3 do IFV foram respectivamente, 14, 3,5 e 9. A mediana obtida no IDV-10 foi 3. Houve correlação positiva forte entre os fatores 1 (r=0,652, p<0,001) e 2 (r=0,585, p<0,001) do IFV com o IDV-10, e correlação positiva fraca (r=0,211, p<0,018) entre o fator 3 e o IDV-10. Não houve diferença entre os sexos tanto para o IFV quanto para o IDV-10. Conclusão: Os professores universitários, apesar de não mencionarem queixa vocal quando questionados, apresentaram escores para os fatores 1, 2 e 3 do IFV mais elevados do que indivíduos vocalmente saudáveis e não referiram desvantagem vocal. Não houve diferença estatística entre os sexos e houve associação estatística forte entre os fatores 1 e 2 do IFV com o IDV-10, demonstrando uma tendência de que quanto maior a referência em relação à fadiga vocal, há chance de impacto em termos de desvantagem vocal. Tais achados reforçam a necessidade de promoção e prevenção vocal na população estudada e nos atentam para a possibilidade de os professores universitários estudados estarem expostos a problemas vocais, porém somente identificarem suas queixas quando submetidos a uma investigação aprofundada.

1. Behlau M, Zambon F, Guerrieri AC, Roy N. Epidemiology of voice disorders in teachers and nonteachers in Brazil: prevalence and adverse effects. J Voice. 2012;26(5):665.e-9-18.

2. Depolli GT, Fernandes DNS, Costa MRB, Coelho SC, Azevedo EHM, Guimarães MF. Fatigue and Vocal Symptoms in University Professors. Dist. Comun. 2019;31(2):225-33.

3. Cercal GCS, Paula ALD, Novis JMM, Ribeiro VV, Leite APD. Vocal fatigue in professors at the beginning and end of the school year. CoDAS. 2020;32(1):e20180233.

4. Zambon F, Moreti F, Nanjundeswaran C, Behlau M. Cross-cultural adaptation of the Brazilian version of the Vocal Fatigue Index – VFI. CoDAS. 2017;29(2):1-6.

5. Costa T, Oliveira G, Behlau M. Validation of the Voice Handicap Index: 10 (VHI10) to the Brazilian Portuguese. CoDAS. 2013;25(5): 482-5.

6. Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady D, Hearst N, Newman TB. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 2a Ed. Porto Alegre: Editora Artmed; 2003.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
901
FADIGA, ESFORÇO E DESCONFORTO VOCAL EM PROFESSORES APÓS ATIVIDADE LETIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O uso prolongado da voz associado a fatores de risco individuais, ambientais e de organização do trabalho pode contribuir para elevar a ocorrência de disfonia em professores1. Tais circunstâncias tendem a provocar um aumento de esforço vocal2 na sua comunicação em sala de aula. Além disso, uma carga horária elevada associada a essas circunstâncias pode favorecer de sobremaneira um quadro de fadiga vocal.3 Um dos primeiros sintomas de que a produção vocal não está sendo saudável é a presença de um ou mais sintomas de desconforto no trato vocal, possivelmente resultante de esforço excessivo com relação à produção vocal4. Objetivo: Investigar a fadiga vocal e sua relação com a sensação de esforço fonatório e desconforto no trato vocal de professores pré e pós uma semana de atividades letivas. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer nº. 3.466.642). Participaram 40 professoras, com média de idade de 32 anos, com queixa de fadiga vocal. Foram aplicados diversos procedimentos no início e fim de uma semana regular de trabalho: Índice de Fadiga Vocal–IFV5, Escala Borg6 e Escala de Desconforto do Trato Vocal–EDTV7; foi também coletada uma amostra da voz para análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal. Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial, utilizando o software SPSS 25.0. Resultados: As professoras lecionavam para o Ensino Infantil e Fundamental l, na rede Pública, o tempo médio de magistério foi de 9 anos e cinco meses e o número médio de alunos por sala foi de 17,38. Comparando-se os dados dos dois momentos de coleta, não houve mudanças no esforço fonatório (p=0,916), na frequência (p=0,912) e na intensidade do desconforto no trato vocal (0,088), valores esses na faixa da normalidade. Os resultados da análise da fadiga vocal foram mais complexos: no domínio fadiga e limitação vocal (11,23 no pré e 13,30 no pós) e desconforto físico (3,95 no pré e 5,60 no pós) os escores nos dois momentos foram acima da nota de corte do protocolo, ou seja, compatíveis aos dos indivíduos disfônicos; já na restrição vocal (3,40 no pré e 4,73 no pós), observou-se piora no final da semana docente e, embora tivesse havido alguma recuperação vocal com o repouso, ela não está na faixa da normalidade no momento pré (5,28) e nem no pós uma semana de atividade letiva (3,83). A análise de correlação revelou que quanto maior é a sensação de fadiga vocal, maior é a percepção de esforço fonatório (p=0,003); mais frequente é a sensação de aperto (p=0,014), secura (p=0,002), garganta dolorida (p=0,043), sensível (p=0,002) e garganta irritada (p<0,001), e mais intensas as sensações de desconforto no trato vocal: aperto (p=0,033), secura (p=0,005), coceira (p=0,018), garganta sensível (p=0,004) e irritada (p=0,001). Conclusão: Professores percebem aumento de fadiga vocal, sem mudanças no esforço fonatório e desconforto de trato vocal após uma semana de aula. Quanto maior é a percepção de fadiga vocal, maior é a sensação de esforço e desconforto fonatório. Esforço, desconforto e fadiga devem ser explorados individualmente.


1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho – DVRT / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
2. Seligmann SE. Desgaste mental no trabalho dominado.1994.
3. Ceballos AGC, Carvalho, FM, Araujo TM, Reis EJFB. Avaliação perceptivo-auditiva e fatores associados à alteração vocal em professores. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2011; 14 (2): 285-295.
4. Rodrigues G, Zambon F, Mathieson L, Behlau M. Vocal tract discomfort in teachers: its relationship to self-reported voice disorders. Journal of Voice. 2013; 27 (4): 473-480.
5. Zambon F, Moreti F, Veis VR, Nanjundeswaran C, Behlau M. Vocal Fatigue Index: Validation and Cutoff Values of the Brazilian Version. Journal of of Voice 2020 /submitted/
6. Baldner EF, Doll E, Vanmersbergen MR. A review of measures of vocal effort with a preliminary study on the establishment of a vocal effort measure. Journal of Voice. 2015; 29 (5): 530-541.
7. Mathieson L, Hirani SP, Epistein R, Baken RJ, Madeira L, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. Journal of Voice. 2009; 23(3): 353-366.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1071
FALANDO SOBRE A DOAÇÃO DE LEITE MATERNO EM TEMPOS DE COVID-19.
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução
O leite materno é considerado padrão-ouro para alimentação do recém-nascido. Atualmente, o Brasil possui 224 bancos de leite funcionando com a missão de promover a saúde da mulher e da criança, mediante a integração e construção de parcerias com órgãos federais, estaduais e municipais, iniciativas privadas e a sociedade. Contudo, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano relatou que houve queda nas doações em 2020. Em Porto Alegre, um dos hospitais com banco de referência brasileira, informou que o número de coletas está 40% menor do que o habitual. Portanto, o projeto de extensão criou um material para promover a doação de leite materno em tempos de Covid-19.

Objetivo
O objetivo deste trabalho é descrever o material produzido pelo projeto de extensão, com o intuito de levar informação à população e incentivar a doação de leite materno, bem como a proteção e promoção do aleitamento materno durante a pandemia.

Métodos
Alunas extensionistas buscaram em artigos científicos e em órgãos de saúde como o Ministério da Saúde e da Educação, informações sobre especificidades da doação de leite materno durante a pandemia. Em seguida, foram levantadas as informações a serem abordadas e qual a melhor forma de apresentá-las com o intuito de informar às mães, familiares e responsáveis, visto que devido a pandemia de Coronavírus as orientações presenciais do projeto tiveram que ser canceladas com objetivo de amenizar a contaminação.

Resultados
Criou-se uma cartilha abordando a importância do leite materno, a relevância da doação de leite materno, bem como o passo a passo de como ordenhar e armazenar o leite, de forma higiênica e segura, e de como realizar a doação. A divulgação do mesmo, ocorreu em formato pdf, através de redes sociais do projeto e contatos do whatsapp. De acordo com a página do Instagram, no período de sete dias, houve, em média, um alcance de 139 pessoas, sendo majoritariamente formado por mulheres na faixa entre 18 e 24 anos, residentes na cidade de Porto Alegre.

Conclusão
A mobilização social é vital para atingir a missão da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano de promover e apoiar o aleitamento materno e a doação de leite humano. Sendo assim, o material produzido pelas discentes proporciona aos internautas, acadêmicos e profissionais da área de saúde, informações atualizadas e alinhadas com as diretrizes oficiais promovendo a disseminação de informações claras e seguras sobre a doação de leite materno.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
617
FALHA NA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL: LATERALIDADE DA ALTERAÇÃO E OCORRÊNCIA DE INDICADORES DE RISCO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A ocorrência da perda auditiva na criança ao nascimento é extremamente grave para o desenvolvimento infantil e em virtude disso e a incidência de casos, a realização da triagem auditiva neonatal com a pesquisa dos indicadores risco é extremamente importante. Este último, ocorre para orientar, não só o diagnóstico, como também o monitoramento audiológico da população com maior risco da manifestação tardia da perda auditiva ou de alterações do processamento auditivo, que consequentemente vão trazer prejuízos ao desenvolvimento da linguagem. A perda auditiva congênita mais frequente é a bilateral, no entanto, estudos mostram prevalência de perda auditiva unilateral e assimétrica de 1,4% e 3,7%. Objetivo: Analisar a lateralidade da alteração na triagem auditiva de neonatos e a ocorrência de indicadores de risco para a audição. Metodologia: Estudo transversal realizado no banco de dados de programa de triagem auditiva neonatal de um hospital público terciário. Os dados referem-se aos resultados da triagem auditiva de neonatos, atendidos desde a implantação do serviço (fevereiro/2015) até o mês em que foi feito a presente análise (maio/2019) encaminhados para o diagnóstico audiológico por resultados insatisfatórios. Foram identificadas 337 encaminhamentos, totalizando assim a amostra. Os dados analisados descritivamente compreendeu a lateralidade da alteração (uni ou bilateral), o tipo e quantidade de indicadores de risco para audição apresentados. Resultados: Dos 337 resultados alterados identificados no banco de dados, 48% (n=162) apresentaram alteração unilateral e 52% (n=175) bilateral; Em ambos os grupos a maioria dos recém-nascidos apresentou indicadores de risco para a audição, sendo mais frequente a ocorrência de um, dois ou três indicadores. Quanto ao tipo de indicador, o uso de ototóxicos, permanência em unidade de terapia intensiva e uso de ventilação mecânica ocorreu com maior frequência no grupo com alteração bilateral, sendo 68,6%, 49,7% e 30,6% enquanto na alteração unilateral foi de 59,8%, 38,9% e 17,9% respectivamente. Conclusão: Conclui-se que o resultado insatisfatório na triagem auditiva neonatal é bilateral em 52% do recém-nascidos e unilateral em 48%. Tanto na alteração unilateral quanto na bilateral há ocorrência de indicadores de risco para a audição, tais como o uso de ototóxicos, permanência em unidade de terapia intensiva e ventilação mecânica, no entanto na alteração bilateral, esses indicadores são mais frequentes.

Amado, B.; Almeida, EOC; Berni, OS. Prevalence of deafness risk indicators in newborns in a São Paulo upcountry materninty hospital. Rev. CEFAC [online]. 2009, vol.11, suppl.1, pp.18-23. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-18462009005000020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 1-19 p

Gouveia et al. Perda auditiva unilateral e assimétrica na infância. Rev CoDAS. 32(1); 2020. DOI: 10.1590/2317-1782/20192018280



TRABALHOS CIENTÍFICOS
249
FALHA NAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS E NEONATOS PEQUENOS PARA A IDADE GESTACIONAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Os neonatos classificados como Pequenos para a Idade Gestacional (PIG) são aqueles cujo peso de nascimento, em relação a idade gestacional, está abaixo do percentil 10 da curva de crescimento. Este fato, constantemente está associado à Restrição de Crescimento Intra-uterino (RCIU), devido a inúmeras causas durante a gestação, fatores genéticos ou ambientais (1,2). Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE) detectam alterações auditivas de origem coclear, no entanto, as EOAE podem ter interferências em seu resultado pelas condições do meato acústico externo, presença do vérnix, difícil controle do ruído externo no local de exame e a possibilidade de sutil imaturidade do sistema auditivo em prematuros (3). Os recém – nascidos (RN) que mais apresentaram falha em programas de Triagem Auditiva Neonatal (TAN) são os PIG, podendo estar associado, ou não, a outros fatores de risco (4). Os PIG são considerados neonatos com alto potencial para desenvolver alterações do desenvolvimento neuropsicomotor, de linguagem, audição e aprendizagem(1,2,3,4). Nesse sentido, a detecção e monitoramento auditivo é de suma importância devido o primeiro ano de vida ser fundamental para a evolução da criança, considerando ser um período crucial para a maturação do Sistema Auditivo Central (SAC) (5). Objetivo: Estimar a associação entre falha nas emissões otoacústicas e neonatos PIG. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e analítico, realizado com neonatos do estado de Santa Catarina, entre o período de janeiro de 2017 e dezembro de 2019. Foram testados dois desfechos: Falha nas Emissões Otoacústicas Evocadas por Estímulo Transiente (EOET) na orelha direita (passa; falha) e na orelha esquerda (passa; falha). A variável PIG (não; sim) foi a variável de exposição principal deste estudo. Participaram deste estudo apenas os neonatos que realizaram as EOET. As análises foram ajustadas pelas covariáveis idade materna, sífilis congênita, HIV e permanência em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por mais de cinco dias. Foram estimadas as odds ratio (OR) brutas e ajustadas por meio da análise de regressão logística, no software Stata 14. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) CAAE: 85345518.2.0000.0121. Resultados: Participaram deste estudo 20.433 recém-nascidos. A maioria das mães possuía entre 18 e 29 anos de idade (61,9%). Dentre os neonatos, 232 apresentavam sífilis congênita (1,1%), 321 eram pequenos para a idade gestacional (1,6%), 112 apresentava HIV (0,6%) e 421 neonatos necessitaram ficar na UTI (2,1%). Com relação as EOET, houve falha em 1,1% da amostra na orelha direita (n=211) e em 1% na orelha esquerda (n=205). Na análise ajustada, neonatos PIG apresentaram 4,43 vezes mais chance de falhar nas EOET da orelha esquerda, quando comparados aos neonatos que não eram PIG (IC95%:2,49-7,89; p<0,001). Também se observou associação na orelha direita (OR: 4,37; IC95%:2,46-7,76; p<0,001). Conclusão: Houve associação entre falha nas EOET e neonatos PIG. Para alcançar o diagnóstico e a intervenção precoce, são necessários investimentos em políticas públicas visando a valorização e fortalecimento da triagem auditiva em todo o Brasil.

1. Angrisani RMG et al., Caracterização eletrofisiológica da audição em prematuros nascidos pequenos para a idade gestacional. Revista CoDAS. 2013; 25(1):22-8.
2. Angrisani RG, Diniz EMA, Azevedo MF, Matas CG. A influência da proporcionalidade corporal em crianças nascidas pequenas para a idade gestacional: estudo da maturação da via auditiva. Audiology - Communication Research. 2015;20(1):32-9.
3. Diniz JB, Carvalho SAS, Ferreira DBC, Ramos CV, Bassi IB, Resende LM. Análise das emissões otoacústicas evocadas por produto de distorção em neonatos prematuros. Revista CEFAC. 2014;16(1):92-8.
4. Cibin BC, Pichelli T, Sanches SGG, Carvallo RMM. Concordância entre Emissões Otoacústicas e Potencial Evocado de Tronco Encefálico (automático) em neonatos. Revista Distúrbio da Comunicação. 2013;25(3): 368-374.
5. Luiz C, Garcia M, Perissinoto J, Goulart A, Azevedo M. Relação entre as habilidades auditivas no primeiro ano de vida e o diagnóstico de linguagem em prematuros. Revista CEFAC. 2016;18(6):1316-1322.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
898
FAMÍLIA E FONOAUDIÓLOGO NA TELECONSULTA DA CRIANÇA COM TEA
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO A linguagem e fala são aspectos relevantes na interação social e as dificuldades nessa área estão presentes na maioria das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Assim, faz-se necessário o suporte terapêutico à família e ou à criança mesmo à distância. OBJETIVO: Relatar alguns efeitos da teleconsulta em fonoaudiologia em crianças com TEA durante a pandemia. MÉTODO: Após recomendações publicadas e vídeo aulas disponibilizadas pelo SBFa foram iniciadas as teleconsultas no final de março de 2020. Esse relato faz referência aos pacientes sob responsabilidade desta profissional nessa época, num ambulatório municipal de saúde. Todas têm diagnóstico ou suspeita de TEA, acompanhadas por neurologista, e atraso no desenvolvimento da linguagem e fala. Nos primeiros contatos que ocorreram em março os pais foram informados sobre a forma de atendimento, bem como negociados os detalhes envolvidos. 25% das famílias aderiram à teleconsulta e mantêm-na regularmente. As demais não aderiram por motivos variados, desde falta de demanda inicial, desinteresse na forma on-line, incompatibilidade de horários, etc. O contato por telefone foi o mais acessível às famílias, possibilitando teleconsultas síncronas, eventualmente assíncronas por aplicativo. As crianças tinham de 2,8 a 5,5 anos de idade em março. Iniciou-se a escuta dessas mães que relataram as situações e dificuldades do dia-a-dia. As queixas iniciais foram agitação psicomotora, irritabilidade, choro, dificuldade no sono e alimentação, além das dificuldades de expressão e comunicação. O objetivo inicial da teleconsulta foi auxiliar a família a minimamente (re)organizar uma rotina diária e manter os ganhos terapêuticos até então. As orientações foram o foco do trabalho devido a falta de recurso tecnológico das famílias e ou critério terapêutico para interação direta com a criança. Tais orientações relacionaram-se principalmente à melhoria da linguagem e comunicação entre mãe (principal cuidador) e a criança. Em média cada família recebeu 1 atendimento quinzenal ou semanal. RESULTADOS: Os relatos das mães após 3 meses de teleconsultas periódicas referem-se a: melhora na atenção compartilhada, melhora na compreensão do contexto pela criança e também compreensão da criança pela família, melhora da criança para atender aos chamados e comandos simples, aumento da intenção comunicativa, melhora na interação com a família, ampliação do brincar (com procura de um ou mais membros da família), participação mais efetiva e consistente no diálogo (tanto com respostas não-verbais como verbais), aumento de vocalizações e fala (alguns passaram de palavras isoladas para frases de 2 ou 3 palavras), melhora na alimentação (ampliação do cardápio, aceitação para provar alimentos novos, regulação fome/saciedade), relação mais afetiva com membros da família, além de regularização do sono/vigília, diminuição de episódios de irritabilidade, crises e birras e aumento na participação nas tarefas da casa e no autocuidado. CONCLUSÃO: Conclui-se que através da teleconsulta pôde-se construir com a família situações comunicativas mais eficientes, dinâmicas e consistentes. Essa forma de atendimento cumpre alguns itens a que se propõe e supera algumas expectativas, embora haja ainda um longo percurso de aprimoramento.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2129
FATORES ASSOCIADOS À DISFAGIA EM PACIENTES ATENDIDOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE REFERÊNCIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)



Introdução: A Unidade de terapia Intensiva (UTI) requer atenção multiprofissional especializada, pois é um serviço hospitalar destinado a pacientes em situação clínica grave, de risco clínico ou cirúrgico¹. Determinadas condições clínicas, associadas às doenças de base, podem favorecer as limitações funcionais para ingestão oral², sendo os sinais de disfagia comuns em pacientes atendidos na UTI. A identificação dos fatores associados a essa disfunção pode favorecer a compreensão dos mecanismos fisiopatológicos e a implementação da conduta fonoaudiológica³. Objetivo: Conhecer a frequência e os fatores associados à disfagia em pacientes atendidos em uma unidade de terapia intensiva. Método: Estudo de corte transversal, retrospectivo, realizado na Unidade de terapia intensiva geral adulto de um Hospital universitário de referência, por meio do levantamento e análise das informações dos prontuários de pacientes atendidos pelo serviço de fonoaudiologia, no período de janeiro a dezembro de 2017. Os prontuários incompletos e/ou inconsistentes foram excluídos do estudo. A análise dos dados foi realizada por meio dos Softwares STATA/SE 12.0 e o Excel 2010. Para verificação de associação, foram realizados os testes qui-quadrado e o teste exato de Fisher para as variáveis categóricas adotando-se o nível de significância de 5%. A pesquisa teve início após aprovação do Comitê de ética e pesquisa da instituição. Resultados: Foram levantados 159 prontuários, destes, 81 foram excluídos por não atenderem aos critérios de elegibilidade do estudo. Por fim, 78 prontuários foram incluídos na pesquisa. Na população estudada, 65,5% apresentaram disfagia, sendo a maioria do sexo masculino (60,3%), dentre esses com sinais de disfagia foram encontradas associações em pacientes que fizeram uso de suporte ventilatório (p=0,044), intubação orotraqueal (IOT) (p=0,003), traqueostomia (p=0,023), cuff insuflado (p=0,021), ausculta cervical positiva (p<0,001), infecção de trato respiratório (ITR) (p=0,019), ausência de reflexo de proteção das vias aéreas (p=0,003), uso de drogas vasoativas e sedação (p=0,003) Conclusão: A frequência de disfagia é comum entre pacientes internados na UTI e atenção especial deve ser dada àqueles que são submetidos à IOT, TQT, suportes ventilatórios, fazem uso de drogas vasoativas ou sedativos, têm ITR, ausência de reflexo de proteção das vias aéreas e ausculta cervical alterada. A ausência de dados/registros nos prontuários representou indicador de fragilidade no estudo, sendo esse dado importante para melhoria do registro hospitalar.

Ministério da Saúde - portaria n° 895 [acesso em 31 d março de 2017]. Disponível em: www.lex.com.br/legis_27367984_PORTARIA_N_895_DE_31_DE_MARCO_DE_2017.raspe

Furkim A. M. et al. : gerenciamento fonoaudiológico da distância no paciente crítico na unidade de terapia intensiva. São Paulo:Roca; 2014; 111-126.

Padovani A R, Andrade C R F. Perfil funcional da deglutição em unidade de terapia intensiva. 2007; 358-362.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
352
FATORES ASSOCIADOS À UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE REABILITAÇÃO AUDITIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Deficiência Auditiva (DA) pode ser considerada uma das mais devastadoras para o convívio social do indivíduo (1), interferindo de forma direta no desenvolvimento da linguagem, fala e aprendizagem (2). Pesquisadores apontam que em adultos e idosos a DA pode associar-se ao declínio cognitivo e a depressão (3,4). O acesso aos serviços de reabilitação auditiva pode minimizar as dificuldades e as desvantagens impostas, tendo em vista a disponibilização de recursos tecnológicos, sendo fundamental à esta população. No Brasil, a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) tem buscado instituir pontos de atenção e articulação entre os serviços na atenção básica, especializada e hospitalar, a fim de ampliar o acesso aos serviços de reabilitação auditiva (5). No entanto, destaca-se que na atenção especializada encontram-se as maiores iniquidades, comprometendo o acesso integral à saúde . Desta forma, conhecer os fatores associados à utilização dos serviços de reabilitação auditiva com dados de base populacional são fundamentais na construção de estratégias de reorientação da rede. Objetivo: Analisar os fatores associados à utilização de serviços de reabilitação auditiva em uma amostra brasileira. Método: Estudo transversal realizado com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS - 2013), uma pesquisa de base populacional. Participaram deste estudo apenas indivíduos que referiram possuir deficiência auditiva no momento da entrevista (n=3.373). A variável dependente/desfecho foi a “reabilitação auditiva” (não frequenta; frequenta), coletada por meio da pergunta “frequenta algum serviço de reabilitação devido à deficiência auditiva?”. As variáveis independentes foram: sexo (masculino; feminino), idade em anos completos (≤ 10; 11 a 17; 18 a 59; ≥ 60), cor da pele (branca; preta; parda; outros), tipo de deficiência (congênita; adquirida) e grau de limitação pela deficiência para atividades habituais (não limita; um pouco; moderadamente; intensamente). As variáveis categóricas foram representadas por frequências absolutas e relativas. Também aplicou-se o teste de hipóteses qui-quadrado de Pearson, no software Stata 14.0. A PNS foi aprovada pela CONEP sob o número 10853812.7.0000.0008. Resultados: Com relação à caracterização da amostra, observou-se maior proporção de indivíduos do sexo masculino (54,7%), com idade maior ou igual a 60 anos (50,4%) e de cor da pele branca (46,2%). A maioria referiu DA adquirida (85,2%) e que esta não limitava as atividades diárias (36,8%). Apenas 6,5% daqueles que referiram deficiência auditiva afirmaram frequentar algum serviço de reabilitação. Após o teste de hipóteses, verificou-se maior prevalência do desfecho em indivíduos com idade menor ou igual a 10 anos (20,5%), quando comparado às demais categorias etárias (p<0,001). Também observou-se maior proporção de utilização de serviços de reabilitação entre o sexo feminino (7,9%) (p=0,003), em indivíduos com DA congênita (13,4%) (p<0,001) e que referiram limitação intensa (9,1%) (p=0,006). Conclusão: Destaca-se a pequena porcentagem de indivíduos que afirmaram frequentar algum serviço de reabilitação, mesmo referindo deficiência auditiva. Estes serviços são mais frequentados por crianças (idade ≤10 anos), sexo feminino, DA congênita e grau intenso de limitação. A ampliação do acesso à atenção especializada nos serviços de reabilitação auditiva é essencial para a garantia da integralidade do cuidado ao deficiente auditivo.

1. Sales C, Resende L, Amaral C. Auditory rehabilitation in adults: results of a training program. Revista CEFAC. 2019;21(5).
2. Cruz M, Oliveira L, Carandina L, Lima M, César C, Barros M et al. Prevalência de deficiência auditiva referida e causas atribuídas: um estudo de base populacional. Cadernos de Saúde Pública. 2009;25(5):1123-1131.
3. Amieva H, Ouvrard C, Meillon C, Rullier L, Dartigues J. Death, Depression, Disability, and Dementia Associated With Self-reported Hearing Problems: A 25-Year Study. The Journals of Gerontology: Series A. 2018;73(10):1383-1389.
4. Dawes P, Emsley R, Cruickshanks K, Moore D, Fortnum H, Edmondson-Jones M et al. Hearing Loss and Cognition: The Role of Hearing Aids, Social Isolation and Depression. PLOS ONE. 2015;10(3):e0119616.
5. Portaria no 793, de 24 de abril de 2012. Institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde .


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1940
FATORES ASSOCIADOS AO RESULTADO DA REABILITAÇÃO VOCAL COM PRÓTESE TRAQUEOESOFÁGICA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A laringectomia total é a cirurgia indicada para casos de tumores localmente avançados da laringe ou hipofaringe que não são adequados para laringectomia parcial. Ela inclui a ressecção de todas as estruturas laríngeas e associadas, desde a parte superior do osso hióide e epiglote até os anéis traqueais. Como sequela imediata da cirurgia, ocorre a perda da voz laríngea e a reabilitação vocal destes pacientes pode ser realizada através de três métodos: a voz esofágica, a laringe eletrônica e a prótese traqueoesofágica (PTE)¹. A PTE é considerada o padrão ouro na reabilitação vocal dos laringectomizados totais, pois este método mimetiza a fisiologia normal, utilizando o ar pulmonar para a fonação quando o estoma é ocluído, gerando um bom resultado vocal². A literatura afirma que a PTE proporciona a possibilidade de fonação imediata (treino menos complexo e maior taxa de aprendizado), maior loudness, melhor inteligibilidade e maior tempo máximo de fonação. Apesar disso, o sucesso da reabilitação depende de múltiplos fatores. A avaliação de populações usuárias de PTE é imprescindível para descrever os fatores determinantes que diferenciam indivíduos com bons resultados funcionais e complicações impeditivas de fonação³.

OBJETIVO: Identificar a população e os fatores determinantes para boa fonação de pacientes submetidos à laringectomia total e reabilitados com PTE.

MÉTODO: Estudo de coorte retrospectivo, realizado com 111 pacientes reabilitados com PTE, no período de 2006 à 2015, no Instituto Nacional do Câncer no Rio de Janeiro. Foi realizada busca de dados clínicos e sociodemográficos por meio do prontuário físico e eletrônico.

RESULTADO: A média de idade foi de 66,53% (+-9,71) anos, mediana de 66 anos e amplitude de 46-96 anos. O índice de PTE secundária foi de 88,35%, devido a motivos que incluem o tempo de terapias adjuvantes e comorbidades médicas. A ausência de complicação foi de 44,95% e o granuloma aparece como primeira causa de complicação do shunt, ocorrendo em 34,86% dos casos. O uso de lidocaína foi necessário em 12,61% dos casos e realizaram fonoterapia 98,19% dos pacientes. Apenas dois (2) pacientes não realizaram a fonoterapia após a punção da PTE. Estes indivíduos apresentaram diversas complicações impeditivas de intervenção e preditoras da retirada do dispositivo fonatório. Do total da amostra, apenas 5,4% não apresentaram fonação após a colocação da PTE, mostrando uma taxa de 94,6% de sucesso na reabilitação com este método.

CONCLUSÃO: A reabilitação vocal com prótese traqueoesofágica em pacientes laringectomizados totais, apesar de apresentar uma alta taxa de sucesso e ter grandes vantagens, é um método de alto custo e que não é adequado para todos os perfis de pacientes. Necessita-se de estudos que descrevam o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes elegíveis à colocação de PTE, e os fatores determinantes de uma reabilitação com bons resultados funcionais.

1. Remacle M, Eckel HE. Surgery of Larynx and Trachea. Springer; 2010.
2. Takeshita et al. Correlação entre voz e fala traqueoesofágica e pressão intraluminal da transição faringoesofágica. v. 22, n. 4. Pró-Fono R. Atual. Cient.; 2010.
3. van Sluis KE, van der Molen L, van Son RJJH, Hilgers FJM, Bhairosing PA, van den Brekel MWM. Objective and subjective voice outcomes after total laryngectomy: a systematic review. Eur Arch Otorhinolaryngol; 2018.
4. Lorenz KJ. Rehabilitation after Total Laryngectomy-A Tribute to the Pioneers of Voice Restoration in the Last Two Centuries. Front Med (Lausanne); 2017.
5. Aguiar-Ricz LN, Fouquet ML. Técnicas fonoterápicas em fononcologia - Voz em Laringectomia parcial, subtotal e total. In Marchesan IQ, Silva HJ, Tomé MC (Org.). Tratado das especialidades em fonoaudiologia. São Paulo: Guanabara Koogan; 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1798
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO DISTÚRBIO VOCAL RELACIONADO AO TRABALHO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Saúde do Trabalhador é um campo de atuação do Sistema Único de Saúde, o qual, promove ações de vigilância, promoção, prevenção e reabilitação à saúde para aqueles que sofreram danos desencadeados pelas condições de trabalho1. Com isso, notou – se a extrema importância de englobar os Distúrbios de Voz Relacionados ao Trabalho (DVRT), sendo este inserido na categoria II e III de Schilling2. Diante do exposto, é notável a importância de identificar os fatores que estão relacionados aos distúrbios vocais relacionados ao trabalho para subsidiar as medidas de prevenção que o empregador deve adotar, assim como respaldar os direitos dos funcionários previstos em lei, que desde 1990, o Ministério da Saúde procura relacionar às doenças e aos agentes causais, com a Lei 8080/90 onde institui ações de assistência e de vigilância à saúde do trabalhador3. Objetivos: Identificar os fatores de risco associados a DVRT e verificar os sintomas mais frequentes. Metodologia: Foi realizado um estudo de revisão sistemática, com os descritores em saúde (DECS): DVRT e Trabalho; Distúrbio de Voz e trabalho utilizando-se o operador booleano AND, nas bases de dados SciELO, LILACS e Periódicos CAPES. Os artigos foram selecionados seguindo critérios de elegibilidade, a saber: a) Presença dos descritores citados em seu título, resumo ou palavras chaves; b) Artigos que correlacionassem as queixas vocais e o trabalho c) Artigos em português, inglês e/ou espanhol; d) Artigos publicados nos últimos 5 anos (2015 a 2020). Os artigos replicados em diferentes bases de dados foram contabilizados apenas uma vez. Resultados: A busca resultou em 148 artigos, 18 na base de dados da SciELO, 21 encontrados na LILACS e 109 no Periódicos CAPES, sendo que 120 foram excluídos por não terem relação com o assunto, ou estarem repetidos, dessa forma apenas 28 atenderam os critérios e foram inclusos. O público alvo da pesquisa foram homens e mulheres, com a média de idade entre 20 e 66 anos, na grande maioria docentes pela ocorrência de múltiplos sintomas vocais autorreferidos em relação ao trabalho. As alterações vocais consequentes do uso ocupacional da voz comumente relatadas, manifestaram-se através de sintomas auditivos, sendo o mais relatado: rouquidão, e sensoriais que foram: garganta seca, tosse, ardor, dor na garganta, cansaço ao falar, esforço ao falar. Esses sintomas apresentaram-se diretamente ligados ao uso intensivo da voz, estresse, poeira, exposição ao barulho e carga horária de trabalho elevada. Conclusão: Os fatores de risco mais associados ao DVRT foram o ambiente e a jornada de trabalho, considerando também o tempo de exercício da profissão, enquanto os sintomas vocais mais relatados foram: rouquidão, seguido de garganta seca, tosse, ardor, dor na garganta, cansaço ao falar e esforço ao falar. Portanto pode-se concluir que, o DVRT é uma condição que, atualmente, apresenta-se frequente tanto como motivo de absenteísmo, afastamentos prolongados do trabalho, como também, em algumas situações mais complicadas poderão levar a incapacidade laboral.

1. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho. Protocolo de Complexidade Diferenciada. Brasília: MS; 2011.

2. Masson Maria Lúcia Vaz, Ferrite Silvia, Pereira Luiz Marcello de Almeida, Ferreira Léslie Piccolotto, Araújo Tânia Maria de. Em busca do reconhecimento do distúrbio de voz como doença relacionada ao trabalho: movimento histórico-político. Ciênc. saúde coletiva. 2019 24 (3): 805-816. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232019000300805&lng=en https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.00502017.

3. Ferracciu Cristiane Cunha Soderini, Almeida Marcia Soalheiro de. O distúrbio de voz relacionado ao trabalho do professor e a legislação atual. Rev. CEFAC [Internet]. 2014 Apr [cited 2020 July 13];16 (2): 628-633. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000200628&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-0216201425112.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1410
FATORES PROGNÓSTICOS PARA RECIDIVA E MORTALIDADE DOS PACIENTES COM CÂNCER DE BOCA: REVISÃO DE LITERATURA.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A incidência do câncer de boca tem aumentado em todo mundo, tornando-se um problema de saúde pública. Este tumor é predominante no sexo masculino, frequentemente a partir da quinta década de vida(1-3). Apesar da etiologia multifatorial, há fatores que influenciam no comportamento do tumor e consequentemente no prognóstico da doença(4-5). Objetivo: Revisar na literatura fatores prognósticos relacionados ao paciente, ao tratamento e ao tumor que interferem na variação do tempo de recidiva e mortalidade de pacientes com câncer de boca. Métodos: Realizou-se uma revisão de literatura em outubro de 2018 por três revisores, através das bases de dados PubMed, SciELO, LILACS, Cochrane Library, ScienceDirect e Embase, usando as palavras-chaves: Neoplasias bucais, prognóstico, recidiva, mortalidade, e seus equivalentes em inglês. Foram selecionados 950 artigos publicados entre 2014 e 2018. A primeira etapa de seleção das produções foi realizada mediante a leitura e a análise dos títulos e resumos de todos os artigos identificados, e exclusão de artigos duplicados. Após essa triagem inicial, na segunda etapa, procedeu-se à leitura na íntegra dos estudos selecionados, a qual possibilitou que outros textos também fossem excluídos por não atenderem à proposta da revisão, por fim, os artigos selecionados foram sintetizados em uma planilha para que pudessem orientar as análises descritivas dos estudos selecionados. Resultados: Da totalidade de pesquisas encontradas, doze artigos atenderam aos critérios de elegibilidade. Todos os estudos foram de caráter retrospectivo e mais da metade foram conduzidos no continente Americano. Os estudos apresentaram média de idade entre os participantes, de 60 anos. O Carcinoma escamo celular foi o tipo histológico presente em todos os estudos, com relação a localização, a língua, o assoalho de boca e a gengiva foram as regiões mais acometidas. A maioria dos diagnósticos foram em estágios avançados da doença, apresentados por T3, T4 e estágio IV, submetidos à cirurgia, radioterapia e quimioterapia, isoladamente e/ou concomitantemente, apresentando uma taxa de sobrevida livre de doença de 63,3% em 5 anos. Conclusão: Os fatores prognósticos que influenciam a mortalidade e recidiva nos cânceres de boca, segundo o estudo, são a idade avançada, diagnóstico de Carcinoma Escamocelular, diagnóstico tardio, metástase de linfonodo cervical, margens cirúrgicas positivas, localização do tumor e fatores como o tabagismo. Diante disto, torna-se necessária aplicação de políticas públicas e ações de prevenção à doença oncológica em cavidade oral.

1. Deusdedit MB, Telles PJ, Cruz AF, Lacerda JCT, Resende RG. Análise da prevalência de carcinoma de células escamosas da cavidade bucal no Serviço de Estomatologia do Hospital Metropolitano Odilon Behrens em Belo Horizonte, Minas Gerais. Arq. Odontologia, Belo Horizonte. Out/dez. 2016; 52(4): 182-187.
2. Carli ML, Santos SL, Pereira AAC, Hanemann JAC. Características clínicas, epidemiológicas e microscópicas do câncer bucal diagnosticado na Universidade Federal de Alfenas. Revista Brasileira Cancerologia. 2009; 55(3):205-11.
3. Melo LC, Silva MC, Bernardo JMP, Marques EB, Leite ICG. Perfil epidemiológico de casos incidentes de câncer de boca e faringe. RGO – Rev. Gaúcha Odontol. 2010; 58 (3): 351-55.
4. Andrade JOM, Santos CAST, Oliveira MC. Fatores associados ao câncer de boca: um estudo de caso-controle em uma população do Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2015; 18(4).
5. INCA. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil/ Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva - Rio de Janeiro: INCA, 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1312
FECHAMENTO DE FÍSTULA FARINGOCUTÂNEA COM NITRATO DE PRATA E REABILITAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO APÓS LARINGECTOMIA TOTAL: UM RELATO DE CASO
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A fístula é uma das maiores complicações no pós-operatório das laringectomias totais (LT), podendo levar ao aumento da permanência hospitalar, início tardio de tratamentos oncológicos complementares e retardo na reintrodução da dieta oral. O fechamento da fístula faringocutâncea (FFC) deve ser tratado como prioridade, visto seus impactos na vida do sujeito(1-2). Os procedimentos podem ser cirúrgicos e não-cirúrgicos, sendo pouco relatado na literatura o uso do nitrato de prata a 1% nessas intervenções, principalmente na região de cabeça e pescoço(3). Objetivos: Descrever a experiência da reabilitação da deglutição em um caso clínico de fístula faringocutânea após LT; Relatar a experiência do fechamento de fístula faringocutânea após LT com nitrato de prata. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de caso, desenvolvido em um hospital de referência em atendimento oncológico no estado de Pernambuco. Paciente JCSG, 53 anos, sexo masculino, hipertenso, sem histórico de tabagismo e etilismo, com queixas iniciais de disfonia e dispnéia. Ao exame foi diagnosticado com tumor na laringe, apresentando lesão extensa em prega vocal e paralisia de hemilaringe a direita, T4aN0Mx. Não foram observadas células neoplásicas em duas biópsias analisadas, sendo considerado, pelo comportamento tumoral, a indicação da LT e esvaziamento cervical recorrencial à direita. Assim, após biópsia da peça cirúrgica foi confirmado tumor do tipo condrossarcoma bem diferenciado. Foi utilizado anilina comestível azul para identificação de fístula na região cervical. Resultados: A primeira avaliação da deglutição ocorreu no 10º dia pós-operatório, evidenciando FFC em nível de estoma traqueal, mantendo-se com fístula nesta localização pelos quinze dias seguinte. O paciente foi orientado sobre as medidas de restrição alimentar por via oral – mantendo uso de sonda nasoenteral (SNE) exclusiva –, bem como a evitar a deglutição de saliva e movimentação cervical associado ao uso do curativo compressivo. Observou-se melhora da cicatrização local, porém com nova fístula em região central de pescoço um mês após a cirurgia. Em decorrência da persistência da FFC foi indicado pelo médico assistente o uso tópico do nitrato de prata no local da fístula, senda esta demarcada pelos profissionais do serviço. Paciente retorna ao serviço, 15 dias após indicação medicamentosa e reforço das orientações fonoaudiológicas, com fechamento de fístula completo, sem evidência ao teste do líquido corado de azul (200 ml), sendo liberado dieta exclusiva por via oral até consistência liquida-pastosa. Paciente apresentou lesão cicatricial superficial no local determinado pelo uso do medicamento. Conclusão: Houve maior resposta de cicatrização da fístula faringocutânea após início do nitrato de prata concomitante as orientações fonoaudiológicas, com fechamento completo de fístula e reintrodução da via oral após 15 dias de tratamento.

1. Cecatto SB, Soares MM, Henriques T, Monteiro E, Moura IFP. Fatores preditivos para desenvolvimento da fístula faringocutânea: revisão sistemática,. Braz. j. otorhinolaryngol. [Internet]. 2014 Apr [cited 2020 July 13] ; 80( 2 ): 167-77. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942014000200167&lng=en. https://doi.org/10.5935/1808-8694.20140034.
2. Placer-Galan C, Aguirre-Allende I, Enriquez-Navascues JM. Irrigação local com nitrato de prata, uma abordagem não cirúrgica para fístula anal persistente. J. Coloproctol. (Rio J.) [online]. 2019, 39(1): 90-3. ISSN 2317-6423. https://doi.org/10.1016/j.jcol.2018.10.004.
3. Tsou YA, Hua CH, Lin MH, Tseng HC, Tsai MH, Shaha A. Comparison of pharyngocutaneous fistula between patients followed by primary laryngopharyngectomy and salvage laryngopharyngectomy for advanced hypopharyngeal cancer. Head Neck. 2010;32:1494-50


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1387
FENÔMENOS DE VISUALIZAÇÕES: EXPRESSIVIDADE ORAL DE YOUTUBERS BRASILEIROS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os youtubers são comunicadores que estão em constante ascensão e que vêm se destacando na mídia por conseguirem conquistar uma legião de seguidores. Objetivo: Descrever e investigar padrões e particularidades da voz e da comunicação de youtubers brasileiros. Método: Estudo de caráter descritivo, qualitativo e quantitativo realizado por meio de análise perceptivoauditiva e acústica da emissão natural da fala do próprio sujeito. Os materiais utilizados foram dois vídeos produzidos por cada uma das duas youtubers selecionadas, adultas jovens (denominadas de Y1 e Y2) sobre os temas “relacionamentos” e “autoestima”, totalizando quatro vídeos analisados. Foram analisados trechos de vinte segundos de cada vídeo, considerando como início os dez segundos anteriores à metade do vídeo até os dez segundos posteriores deste mesmo ponto. A partir do software Praat, as amostras de fala foram segmentadas em Unidades Vogal-Vogal (unidades VV), que representam mais robustamente o ritmo da fala no português brasileiro. Além disso, um conjunto de parâmetros fonético-acústicos como frequência fundamental média (f0), mínima e máxima, taxa de elocução, intensidade e unidades VV foram extraídos. A análise perceptivoauditiva foi feita por consenso entre dois juízes utilizando a partitura da fala. Resultados: Os parâmetros analisados foram comparados e constatamos que Y1 apresentou velocidade de fala menor que Y2, considerando o número de unidades/VV por segundo, evidenciando que Y2 produz uma unidade VV/s a mais que Y1. A f0 média estava adequada para ambas, porém Y2 apresentou menor extensão vocal (Y1=354,2 Hz, Y2= 321,4 Hz). A partitura da fala mostrou que Y2 utilizou menos níveis, variando predominantemente entre dois e três níveis de cinco níveis possíveis, enquanto Y1 utiliza mais níveis, variando na maior parte dos trechos entre três e quatro níveis, reforçando um maior uso de sua extensão vocal por Y1 comparado à Y2. Ademais, Y2 apresentou episódio de afonia, enquanto que Y1 apresentou mais utilização do recurso de ênfase, segundo os juízes. Apesar disso, ambas utilizam da variação da velocidade, pitch, loudness e prolongamento de vogal como recurso de ênfase em diversos momentos. Verificou-se presença de cortes de edição nos vídeos, que diminuem ainda mais as pausas silenciosas no discurso. Conclusão: Há pontos de semelhança e de diferença na fala das youtubers estudadas. Entre as diferenças, observa-se ritmo de fala variável e extensão vocal, entre as semelhanças, observa-se uso recorrente de mudança de pitch, loudness e velocidade de fala como recurso de ênfase. O ritmo de fala, a exclusão das pausas silenciosas (cortes no vídeo), além de produção de ênfase recorrente caracterizam a comunicação das youtubers como muito dinâmica e repleta de recursos expressivos.

Viola, I., Ferreira, L.P. Dez tópicos sobre expressividade oral para o fonoaudiólogo: uma proposta de debate. In: Madureira, S. Sonoridades: a expressividade na fala, no canto e na declamação. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2016. P. 119-136.

Ditscheiner, E.S., Constantini, A.C., Mourão, L.F., Ferreira, L.P. Análise perceptiva e acústica da dublagem de diferentes personagens e atores: estudo de caso. Rev. Distúrbios da Comunicação [revista em internet] 2012 dezembro. [acesso 5 de junho de 2020]; 24(3). Disponível em: https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/13156/0.

Barbosa, P.A. Incursões em torno do ritmo da fala. Campinas: Editora Pontes/FAPESP; 2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
676
FILME COMO DISPARADOR DE REFLEXÃO CRÍTICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O isolamento social devido à pandemia do COVID-19 trouxe alguns desafios, tais como a desmotivação e aumento das taxas de evasão de alunos, tratando-se aqui do curso de graduação em Fonoaudiologia. Pensando nesta problemática, criou-se o projeto de extensão universitária denominado “CinePLAN”, com o objetivo de envolver e motivar os alunos de graduação em Fonoaudiologia, favorecendo o enfrentamento ao isolamento social, para a continuidade do semestre letivo. Objetivo: Descrever a idealização e concretização do projeto de extensão CinePLAN voltado à estimulação de reflexão crítica por meio de filmes. Métodos: O projeto de extensão CinePLAN é de autoria de uma docente do curso de Fonoaudiologia, que conta com mais duas docentes de apoio na organização e alunos do curso de graduação em Fonoaudiologia. A equipe de alunos é rotativa, sendo renovada a cada encontro. Em toda nova edição, ocorrem reuniões para a escolha do filme e dos profissionais que serão os debatedores e discutirão o tema central do filme, baseados em suas experiências. A equipe é responsável pela divulgação do evento, elaboração da lista de inscrição e certificados. Os encontros ocorrem quinzenalmente por meio da plataforma Zoom. No dia do evento, cada graduando organizador é responsável por realizar uma atividade: explicação sobre o projeto, sinopse detalhada do filme elegido, apresentação dos debatedores, organização das dúvidas e, por fim, os ouvintes são convidados a participarem da organização da edição seguinte. Resultados: O I CinePLAN ocorreu no dia 17 de abril, com debate sobre o filme “O milagre da cela 7”. Foi organizado por 9 pessoas, tendo 4 debatedores (fonoaudióloga, psicóloga, advogada e um policial), e o total de 133 ouvintes. O II CinePLAN ocorreu no dia 08 de maio, sobre “Um senhor estagiário”, com 9 organizadores, 83 ouvintes e 3 debatedores (fonoaudióloga, empresária e administrador). O III CinePLAN aconteceu dia 22 de maio, com discussão do filme “Intocáveis”, organizado por 12 pessoas, com 127 ouvintes e 3 debatedores (fonoaudióloga, técnico em enfermagem e fisioterapeuta). O IV CinePLAN aconteceu em 19 de junho, sobre o filme “O menino que descobriu o vento”, organizado por 12 pessoas, com 90 ouvintes e 3 debatedores (técnica em enfermagem/fonoaudióloga, fisioterapeuta e meteorologista). Foi possível atingir o objetivo de se trazer os conhecimentos pessoais e profissionais dos debatedores, convergindo para as temáticas dos filmes propostos. Até o presente momento foram realizadas 4 edições, alcançando, ao todo, 511 inscritos. Observou-se crescente interesse na participação dos graduandos como ouvintes e como organizadores. Conclusão: O projeto mostrou-se positivo para estimular a troca de informações e experiências entre alunos, professores e profissionais convidados. O estímulo aos estudos tem papel fundamental em momentos como este de pandemia, tanto no âmbito universitário quanto no social. As edições realizadas até o momento demonstraram que existem muitas dúvidas sobre a atuação multiprofissional com apoio da fonoaudiologia em diversas situações.

Jutil T, Jutil A. Deal with It. Name It': the diagnostic moment in film. Med Humanit 2017 march; 43: 185-191

Oliveira PMP, Mariano MR, Reboucas CBA, Pagliuca LMF. Uso do filme como estratégia de ensino-aprendizagem sobre pessoas com deficiência: percepção de alunos de enfermagem. Esc. Anna Nery [onine]. 2012; 16(2): 297-305.

Leão MF, Oliveira EC, Pino JCD, Macedo DA. O FILME COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO PARA PROMOVER OS ESTUDOS DE QUÍMICA ANALÍTICA E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA. Rev. Destaques Acadêmicos. 2013; 5(4): 328-337.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1189
FÍSTULA FARINGOCUTÂNEA EM LARINGECTOMIA TOTAL DE RESGATE: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: embora a quimioradioterapia ofereça um bom controle locorregional em tumores localizados na laringe, exceto em casos avançados, muitos pacientes ainda evoluem com doenças recorrentes que requerem laringectomia total de resgate (LTR)1. A fístula faringocutânea (FFC) é uma complicação comum e problemática no pós-operatório imediato (média de aparecimento de 12 dias) após a LTR2-4, podendo aumentar o tempo de internamento hospitalar, os riscos de infecção, adiar a reintrodução da alimentação por via oral e etc. Diversas são as possibilidades de intervenção para fechamento da FFC: tratamento conservador (curativo, antibióticoterapia), fechamento primário, retalho miofascial do peitoral ou tecido livre interposto5. Objetivo: relatar a experiência fonoaudiológica em um caso de laringectomia total de resgate com fístula faringocutânea. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de caso, desenvolvido em um hospital de referência em atendimento oncológico no estado de Pernambuco. Paciente LJS, 73 anos, sexo masculino, diabético, hipertenso, tabagista e etilista por 50 anos, diagnosticado com tumor de laringe, do tipo carcinoma espinocelular, T3N0M0, submetido em 2018 a 38 sessões de radioterapia e quimioterapia com carboplatina (não foi realizado cisplatina devido à função renal limítrofe). Em 2020 foi identificado recidiva de doença, sendo proposto laringectomia total de resgate, evoluindo no 7º dia pós-operatório com fístula faringocutânea de caráter salivar de 13 mm. Resultados: Na primeira avaliação fonoaudiológica a nível ambulatorial paciente fazia uso de via alternativa exclusiva para alimentação – SNE (sonda nasoenteral) – apresentando edema em região de face/cervical, fibrose submandibular, radiodermite e saída de conteúdo salivar por fístula faringocutânea. Foi orientado a não deglutir saliva, manter SNE exclusiva, evitar movimentos cervicais de esforço e retornar para acompanhamento fonoaudiológico semanal. Para o tratamento da fístula foi sugerido pelo cirurgião que o acompanha, o uso tópico da colagenase no 28º dia pós-abertura de FFC, duas vezes ao dia, associado ao curativo compressivo em região cervical. Após 14 dias de tratamento medicamentoso o paciente evoluiu com liberação de dieta mista (SNE + via oral líquida pastosa na consistência mel), com início de dieta exclusiva por via oral, na consistência líquida à pastosa, sete dias após. O tempo total para fechamento da FFC foi de 42 dias. Conclusão: Após orientações fonoaudiológicas associadas à intervenção medicamentosa, tornou-se possível a progressão de dieta oral de forma segura e em menor tempo.

1. Wakisaka N, Murono S, Kondo S, Furukawa M, Yoshizaki T. Post-operative pharyngocutaneous fistula after laryngectomy. Auris Nasus Larynx. 2008; 35(2): 203-8.
2. White HN, Ouro B, Sweeny L, Carroll WR, Magnuson JS, Rosenthal EL. Assessment and incidence of salivary leak following laryngectomy. Larygoscope. 2012; 122 (8): 1796-9.
3. Busoni M, Deganello A, Gallo O. Pharyngocutaneous fistula following total laryngectomy: analysis of risk factors, prognosis and treatment modalities. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2015; 35(6): 400-5.
4. Bohannon IA, Carroll WR, Magnuson JS, Rosenthal EL. Closure of Post-Laryngectomy Pharyngocutaneous Fistulae. Head Neck Oncol. 2011; (3): 2.
5. Patel UA, Moore BA, Cera M, Rosenthal E, Sweeny L, Militsakh ON et al. Impact of Pharyngeal Closure Technique on Fistula After Salvage Laryngectomy. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2013; 139(11): 1156-62.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1802
FLUÊNCIA E GRAVIDADE DA GAGUEIRA EM ESCOLARES QUE GAGUEJAM FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A gagueira é o principal e mais comum distúrbio da fluência1, e também um dos mais prevalentes distúrbios desenvolvimentais na infância2. A avaliação da função comunicativa em pessoas que gaguejam deve considerar uma análise quantitativa (frequência de disfluências) e qualitativa (caracterização da tipologias das disfluências). Outra medida utilizada e recomendada pela literatura é a velocidade de fala (fluxos de palavras e sílabas por minuto), que indica a produtividade comunicativa3. Apesar da relevância destas medidas, nenhuma investigação foi encontrada na literatura compilada que caracterizasse os parâmetros da fluência em escolares que gaguejam quanto as medidas qualitativas e quantitativas. Objetivo: Caracterizar os parâmetros da fluência e a gravidade da gagueira em escolares que gaguejam falantes do português brasileiro. Metodologia: Pesquisa de caráter experimental e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição (Parecer N°4.009.752). Participaram 48 escolares com diagnóstico de gagueira do neurodesenvolvimento persistente, de ambos os sexos. Os critérios de inclusão foram: idade entre 7 a 11 anos e 11 meses; ser falante nativo do português brasileiro, apresentar diagnóstico de gagueira por profissional especialista da área; mínimo de 3% de Disfluências Típicas da Gagueira (DTG); e pelo menos, 11 pontos no Instrumento de Gravidade da Gagueira (Stuttering Severity Instrument, SSI-4, Riley, 2009)4, o que equivale a uma gagueira leve. Os procedimentos da pesquisa foram: avaliação da fluência e classificação da gravidade da gagueira. Resultados: Os dados mostraram que a idade média foi de 8,63 anos, sendo 85,50% do sexo masculino e 14,50% do sexo feminino, ou seja, razão masculino:feminino de 5,85:1. A média de disfluências típicas da gagueira foi de 8,48%, sendo a repetição de palavra monossilábica a mais frequente, e a menos prevalente foi a intrusão. Os escolares apresentaram uma média de 6,79% de outras disfluências, sendo a hesitação a mais frequente, e a repetição de frase a menos prevalente. A média do fluxo de sílabas por minuto foi de 151,59 e a média do fluxo de palavras por minuto foi de 88,25. Em relação a gravidade da gagueira, 41,66% apresentou gagueira leve, 29,16% gagueira moderada, 27,08% gagueira grave e 2,10% muito grave. Conclusão: O perfil da fluência em escolares com gagueira se caracterizou por manifestar maior prevalência de disfluências típicas da gagueira em relação às outras disfluências, e com velocidade de fala reduzida em relação aos pares fluentes. O grupo foi predominantemente do sexo masculino. Este estudo apresenta implicações científicas e clínicas relevantes. Novos estudos são necessários no sentido de comparar o perfil da fluência dos escolares que gaguejam com os pré-escolares e adolescentes e adultos. O fonoaudiólogo precisa se atualizar a respeito da temática, tendo em vista, por exemplo, do fato de que alguns clínicos não consideram a repetição de palavra monossilábica como uma disfluência típica da gagueira, o que pode prejudicar o diagnóstico e o processo terapêutico. Os prejuízos observados na comunicação dos escolares podem acarretar consequências sociais, afetivas e cognitivas, por isso, uma terapia direcionada à melhora da fluência poderá prevenir o desenvolvimento de outras manifestações clínicas.


1- Whitfield, JA. et al. Fluency adaptation in speakers with Parkinson disease: a motor learning perspective. International Journal of Speech-Language Pathology, v. 30, p. 1-9, 2017.
2- Onslow, M; O´Brian, S. Management of childhood stuttering. Journal of Paediatrics and Child Health, v. 49, n. 2, p. E112-115, 2013.
3- Logan, KJ. et al. Speaking rate characteristics of elementary-school-aged children who do and do not stutter. Journal of Communication Disorders, v.44, p.130-147, 2011.
4- Riley, G. The stuttering severity instrument for adults and children (SSI-4) (4th ed.). Austin, TX: PRO-ED, 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1753
FLUXO DE PALAVRAS EM CRIANÇAS COM TEA APÓS INTERVENÇÃO EM EQUOTERAPIA: ANÁLISE DE CASOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A investigação do fluxo de palavras produzidas por indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em equoterapia é importante, visto que essa prática favorece a diminuição de alterações presentes na fala1, porém, pesquisas sobre equoterapia no campo fonoaudiológico são escassas2. Essa intervenção terapêutica não convencional, por intermédio do cavalo como agente pedagógico e de inserção social3, proporciona uma maior aproximação entre o indivíduo e o terapeuta4, além de contribuir para o aparecimento da fala5. Este trabalho possui um diferencial no que se refere à prática terapêutica e ao objetivo, visto que na população em questão, os estudos estão focados em pragmática6. OBJETIVO: Quantificar o número de palavras por minuto das crianças com TEA após intervenção em equoterapia. MÉTODO: Foram selecionadas 5 crianças da lista de espera de um centro de equoterapia para participar do estudo (de graus leve, moderado e severo, mensurados via Childhood Autism Rating Scale - CARS7, com idade de 5, 6 e 7 anos . A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética com número 14946819.8.0000.8093 e os responsáveis assinaram os termos necessários para participação. As gravações foram realizadas a partir dos parâmetros estabelecidos pelo Protocolo de Observação Comportamental (PROC)8, aplicado por avaliadores cegos às condições do estudo. A intervenção consistiu em 10 sessões com duração de 30 minutos, 1 vez na semana. As análises ocorreram a partir do cálculo da taxa de palavras por minuto, como preconiza o Teste de Avaliação Infantil ABFW9. RESULTADOS: Na criança 1 de grau moderado, 5 anos, a taxa de palavras por minuto aumentou de 1,4 para 6; Na criança 2 de grau severo, 6 anos, a taxa de palavras por minuto aumentou de 5,4 para 11,8; Na criança 3 de grau moderado, 7 anos, a taxa de palavras por minuto aumentou de 13,2 para 16,2; Na criança 4 de grau severo, 6 anos, a taxa de palavras por minuto aumentou de 0 para 1,4; Na criança 5 de grau leve, 6 anos, a taxa de palavras por minuto aumentou de 34,8 para 39. CONCLUSÃO: Os resultados do estudo demonstram que a equoterapia somada a terapia fonoaudiológica promovem a melhora na produção do fluxo de palavras nos praticantes com TEA em questão. No entanto, são necessários estudos com um número maior de participantes para generalização dos resultados.


1.DOTTI, J. Terapia e Animais. São Paulo: Noética Editora, 2005. p.23-179.
2.Andrade DB de. Abordagem fonoaudiológica na equoterapia no atendimento de crianças com distúrbios de linguagem oral : estudo de casos clínicos. 2010;
3.Da Porciúncula Dias L, Cauduro V, da Rosa L, Cunha A. Centro De Equoterapia Easa/Unicruz: Projeto De Inclusão Social. Available from: www.tede.ucdb.br.
4.Navarro, P. R. Fonoaudiologia no contexto da Equoterapia com crianças autistas: uma reinterpretação a partir da Neurolinguística Discursiva. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, v. 60, n. 2, p. 489-506, mai-ago, 2018.
5.Malcolm R, Ecks S, Pickersgill M. ‘It just opens up their world’: autism, empathy, and the therapeutic effects of equine interactions. Anthropology & medicine. 2018; 25(2): 220-234.
6.Miilher LP, Fernandes FDM. habilidades pragmáticas, vocabulares e gramaticais em crianças com transtornos do espectro autístico. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(4):309-14.
7.Schopler E, Reichler RJ, DeVellis RF, Daly K. Toward objective classification of childhood autism: Childhood Autism Rating Scale (CARS). J Autism Dev Disord. 1980; v.10: p. 91-103.
8.Hage SRV, Resegue MM, Viveiros DCS, Pacheco EF. Análise do perfil das habilidades pragmáticas em crianças pequenas normais. Pró-Fono- Rev de Atualização Científica. 2007; 19(1): 49-58
9.ANDRADE, C.R.F.; Béfi-Lopes,D.M.; Fernandes, F. D. M.; Wertzner, W. H. (2011). ABFW: Teste de linguagem infantil nas áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática. (2a ed.rev,ampl e atual.) Barueri (SP): Pró-Fono.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1624
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO NO PACIENTE COM COVID-19 E RISCO PARA DISFAGIA NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Estamos diante de uma pandemia do vírus respiratório Coronavírus (COVID-19), cujos sintomas são variáveis, podendo incluir desde tosse, dor de garganta, febre e dispnéia. Nos casos mais graves, o indivíduo evolui com pneumonia e necessita de intubação orotraqueal por tempo prolongado. A fonoaudiologia insere-se no processo de atendimento desses pacientes pelos diversos fatores de risco para disfagia, incluindo tempo de intubação maior 48h, incoordenação entre respiração e deglutição e fraqueza muscular. Perante a necessidade de adaptações do momento atual, estabeleceu-se novas práticas fonoaudiológicas a fim de organizar a equipe de fonoaudiologia e médica, uniformizando o conhecimento, considerando que o Hospital de Clínicas de Porto Alegre é referência para atendimento de casos graves de COVID-19.
OBJETIVO: Demonstrar a criação de um fluxograma com critérios específicos elegidos pelo serviço para atendimento do paciente com COVID-19 e risco para disfagia em um Centro de Tratamento Intensivo.
MÉTODO: Baseado em evidências científicas e pareceres/recomendações dos órgãos de classe até o momento, foram elaboradas adaptações da rotina de avaliação e conduta já estabelecidas nas práticas assistenciais ao paciente com disfagia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foi elaborado um fluxograma para guiar a equipe no atendimento desses pacientes pós extubação, incluindo critérios mínimos e fatores de risco para broncoaspiração, determinando o melhor momento da avaliação e intervenção fonoaudiológica. Após liberada dieta por via oral, foram realizadas as recomendações específicas da consistência mais segura, bem como sinais de alerta para risco de broncoaspiração.
RESULTADOS: O fluxograma para avaliação da via oral do paciente COVID-19 inicia-se com os critérios mínimos para elegibilidade do paciente direcionado à avaliação fonoaudiológica (24h pós extubação, estabilidade respiratória e cardíaca, estado de consciência alerta). Em caso positivo, direciona-se a identificação de outros fatores de risco para broncoaspiração (história prévia de disfagia, uso de traqueostomia, idade superior a 60 anos, história pregressa de doença neurológica, pulmonar e câncer de cabeça/pescoço). E em caso negativo, sugere-se manter via alternativa de alimentação e aguardar apresentar os critérios mínimos para avaliação fonoaudiológica. Após a liberação da via oral, orientou-se cuidados para prevenção da aspiração (posicionamento, auxílio ao paciente e estado alerta). Também foi apontada no fluxo a suspensão de via oral na presença de alterações durante e após a oferta de via oral (alterações respiratórias e no estado de consciência, tosse e/ou engasgo).
CONCLUSÃO: A partir da elaboração do fluxograma verificou-se aplicação funcional do mesmo entre equipe fonoaudiológica e médica, decidindo o melhor momento para avaliar o paciente com COVID-19 e risco de disfagia. Dessa forma, observou-se que todos os pacientes foram avaliados na ocasião adequada e sem expor o profissional desnecessariamente. A adaptação das práticas demonstrou-se efetiva sem impacto negativo para o paciente no manejo da disfagia, com evolução em relação a segurança da alimentação oral, repercutindo favoravelmente na recuperação da insuficiência respiratória. Também é importante ressaltar que até o presente momento não tivemos nenhum profissional afastado pela doença.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
837
FLUXOGRAMA PARA AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO FONOAUDIOLÓGICO A PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS COM COVID-19.
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A COVID-19 afeta diferentes pessoas de diferentes maneiras. Indivíduos infectados com sintomas graves da doença necessitam de suporte adequado a nível hospitalar, caso evolua para a fase crítica e insuficiência respiratória aguda ocorre a transferência para unidade de terapia intensiva (UTI) necessitando de ventilação mecânica (VM) por intubação orotraqueal, sucedendo difícil desmame da VM é indicada a traqueostomia, sendo esse procedimento associado ao aumento da produção de aerossóis e maior risco de transmissão do vírus. A atuação fonoaudiológica nesses pacientes visa restabelecimento das funções de deglutição e fonação, executando procedimentos que envolvem a geração de aerossóis, como intervenção em cuff, aspiração de vias aéreas, treino da fala e coordenação deglutição/respiração, oferecendo um alto risco de contaminação para os profissionais envolvidos. Por esta razão, observou-se a necessidade de estabelecer um fluxograma para avaliação e acompanhamento desses pacientes buscando minimizar a exposição a contaminação de toda equipe. Objetivo: Elaborar fluxograma para iniciar avaliação e acompanhamento fonoaudiológico em indivíduos traqueostomizados com diagnóstico confirmado de Covid-19. Métodos: Para o estabelecimento dos critérios foi realizada uma busca no banco de dados da pubmed, utilizando os seguintes descritores tracheostomy AND Covid-19, tracheostomy covid, estando embasado na literatura científica; o período para iniciar a intervenção fonoaudiológica foi discutido em reunião multidisciplinar junto a comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) da instituição, pois ocorreu indisponibilidade de realizar dois testes de PCR em 24 h para confirmar negativação da doença, estimando redução de carga viral e consequentemente menor risco de transmissão. Resultados: O seguinte fluxograma foi formulado para sujeitos maiores de 18 anos, internados em UTI, de acordo com os critérios: solicitação pela equipe médica somente após 25 dias de internamento, apresentando estabilidade clínica, escala de Glasgow a partir de 14 ponto, onde o sujeito apresenta bom nível de consciência, colaborando com a reabilitação; sinalização da equipe de fisioterapia constando aspectos referentes a descontinuidade da ventilação mecânica a pelo menos 48h, estabilidade respiratória, frequência respiratória até 30rpm e hiposecretividade; e por último, acionamento da avaliação fonoaudiológica pela equipe de enfermagem por sistema digital de informação ou aplicativo. Após esses critérios ocorrerá avaliação fonoaudiológica, e de acordo com os achados, será traçado o plano terapêutico. O equipamento de proteção individual (EPI), deve ser utilizado durante toda o período de intervenção. Não atingindo os critérios elegíveis, a equipe de fonoaudiologia discute o caso e aguarda novo acionamento, após melhora do quadro clínico e estando incluso nas especificações supra citadas. Conclusão: Após a implantação do fluxograma, observou-se ganhos referentes à solicitações médicas em tempo oportuno, minimizando os riscos de contaminação da equipe pela aerolização gerada na intervenção fonoaudiológica, possibilitando uma prestação de serviço com prognóstico mais favorável para o reestabelecimento da comunicação verbal e deglutição. As decisões de decanulações tornaram-se mais objetivas, favorecendo a interdisciplinaridade, otimizando melhora do estado geral e contribuindo para alta hospitalar.

Rovira A, Dawson D, Walker A, Tornari C, Dinham A, Foden N, Surda P, et al. Tracheostomy care and decannulation during the COVID-19 pandemic. A multidisciplinary clinical practice guideline. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2020 Jun 17:1-9.

Smith D, Montagne J, Raices M, Dietrich A, Bisso IC, Las Heras M, et al. Tracheostomy in the intensive care unit: Guidelines during COVID-19 worldwide pandemic. Am J Otolaryngol. 2020 Jun 1;41(5)

McGrath BA, Brenner MJ, Warrillow SJ, Pandian V, Arora A, Cameron TS, et al. Tracheostomy in the COVID-19 era: global and multidisciplinary guidance. Lancet Respir Med. 2020 May 15;8(7):717-25.

Mattioli F, Fermi M, Ghirelli M, Molteni G, Sgarbi N, Bertellini E, et al.
Tracheostomy in the COVID-19 pandemic. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2020 Jul;277(7):2133-2135.

Abel P David AP , Russell MD, El-Sayed IH , Russell MS. Tracheostomy Guidelines Developed at a Large Academic Medical Center During the COVID-19 Pandemic. Head Neck 2020. Jun;42(6):1291-1296.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1698
FLUXOGRAMA PARA AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA AO PACIENTE ONCOLÓGICO INTERNADO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA - COVID-19.
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: o novo coronavírus (SARS-CoV-2/ COVID-19), é um vírus transmitido por contágio através de gotículas e aerossóis de secreção, associado a diversos comprometimentos a saúde como febre, tosse e dificuldade para respirar, sendo necessários, em alguns casos, os cuidados intensivos na unidade de terapia intensiva (UTI). Além disso, sabe-se que, pessoas com doenças crônicas, como o câncer, são mais vulneráveis a estes quadros. A depender da gravidade, alterações respiratórias podem impactar na biomecânica da deglutição, principalmente na fase oral-faríngea, levando a piora da condição respiratória e até mesmo ao óbito. Logo, a indicação da avaliação fonoaudiológica deve ser precisa, a fim de minimizar a exposição do profissional ao vírus. Objetivo: desenvolver um fluxograma de indicação para avaliação fonoaudiológica em pacientes oncológicos internados em uma UTI especializada em covid-19. Método: este é um estudo proposicional de um fluxograma baseado na literatura e prática clínica de um hospital referência em oncologia. As bases de dados visitadas foram PubMed e BVS, sem restrição de idioma, entre os anos de 2018 e 2020. Os critérios para indicação da avaliação fonoaudiológica foram estabelecidos por meio dos fatores de risco para broncoaspiração, análise do sítio tumoral, via de alimentação, nível de consciência, quadro respiratório e carga viral da doença. Resultados: Foram elaborados dois documentos: o primeiro, com cunho informativo sobre os fatores de risco à disfagia, visava o conhecimento dos profissionais envolvidos na indicação da avaliação fonoaudiológica; o segundo referia-se aos sinais de penetração/aspiração laringotraqueal e medidas preventivas de broncoaspiração. A partir disso, os profissionais avaliavam a presença ou não de sinais sugestivos de broncoaspiração, e em casos onde não havia risco foi sugerida a liberação da via oral seguindo as orientações preventivas. Quando havia risco para broncoaspiração, seguiam-se três subdivisões: 1) pacientes suspeitos de covid-19, se em uso de via alternativa de alimentação e clinicamente estável, mantê-la exclusivamente até saída do resultado do exame, e, em caso de dieta por via oral, solicitar o parecer fonoaudiológico; 2) nos casos com teste positivo e em dieta por via oral, foi orientada a indicação de sonda nasoenteral (SNE) e seguir medidas preventivas de broncoaspiração até 14 dias após início dos sintomas ou até negativar virulência, sendo necessária avaliação fonoaudiológica em casos de impossibilidade de passagem de SNE; 3) em pacientes negativos comprovadamente para o vírus, a orientação foi de solicitar parecer fonoaudiológico. Para os pacientes laringectomizados totais estáveis e sem fístula foi sugerida a liberação direta da via oral, por não apresentarem risco de aspiração. Conclusão: O fluxograma foi um norteador para as decisões de saúde voltadas aos pacientes oncológicos acompanhados na UTI covid-19, com possíveis alterações na biomecânica da deglutição. Foram elencados critérios essenciais à boa prática assistencial e com isso, foi possível oferecer os cuidados integrais ao paciente comprometido por uma doença crônica e uma doença viral agravante, além de oferecer indicações precisas para atuação do fonoaudiólogo e sua segurança individual.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
777
FONOAUDIOLOGIA COMPUTACIONAL: HABILITAÇÃO DE FONOAUDIÓLOGOS NA CRIAÇÃO DE JOGOS E CAPTURA COGNITIVA INTELIGENTE
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


A Fonoaudiologia Computacional é a fonoaudiologia que trabalha com os recursos da informática e da computação e proporciona ao fonoaudiólogo a utilização de recursos computacionais para atuação no contexto sociotécnico atual. A habilitação de um Fonoaudiólogo tradicional para atuação como Fonoaudiólogo Computacional consiste no desenvolvimento da capacidade de abstração lógica de problemas associando-os à padrões de fácil observação. Isto exige uma formação neuropedagógica abstracionista que contemple o conhecimento de todas as etapas que a cognição é capaz de atingir. Quando se considera a interação entre as áreas de saúde e educação, a complexidade aumenta devido às diferenças e semelhanças destas áreas. Nesse sentido, a informática pode constituir uma ponte, facilitando e mediando a integração. A proposta da formação metaprocessual direcionada aos Fonoaudiólogos aproxima o ambiente tecnológico do ambiente da saúde/educação, contemplando perspectivas que o computador pode oferecer como ferramenta facilitadora do processo de avaliação/intervenção fonoaudiológica. Nesta pesquisa, realizamos experimentos para comprovar a real possibilidade do profissional entender e utilizar essas tecnologias a seu favor. Isto possibilita intervenções de acordo com as particularidades de cada indivíduo além da captura de dados fornecendo ao terapeuta/educador o acompanhamento do cuidado continuado. A habilitação lógico linguística metaprocessual é o principal foco da Fonoaudiologia Computacional, pois confere ao profissional a apropriação do pensamento lógico computacional de forma metacognitiva. A apropriação acontece no processo de construção dos games inteligentes. Games inteligentes são baseados em princípios neurocientíficos capazes de registrar e acessar as reações cognitivas dos
jogadores. Estes jogos possuem marcadores observáveis que formam pontos em diversos níveis de gradiente. Para execução deste estudo utilizou-se a metodologia de pesquisa-ação. O principal resultado obtido com esta experiência foi o processo
sustentável de formação tecnológica de profissionais que não pertencem às ciências exatas. Este estudo atesta a eficácia e qualidade do processo investigado. Os games inteligentes e as ferramentas de intervenção criadas pelos próprios fonoaudiólogos possibilitaram uma nova maneira de observar a captura da cognição. Utilizamos neste estudo a inserção do Pensamento Lógico Computacional como ferramenta terapêutica e educacional. Por isso, a Fonoaudiologia Computacional introduz uma nova forma terapêutica, habilita diferentes competências nos indivíduos e resulta em um impacto cognitivo significativo para o profissional e para a sociedade.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1804
FONOAUDIOLOGIA E A VARIAÇÃO LEXICAL INFANTIL: REFLEXÃO INICIAL DA ANÁLISE PROTOTÍPICA DE VARIANTE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


As categorias de maior produção no desenvolvimento inicial do vocabulário são, respectivamente, substantivos, verbos, adjetivos e advérbios. A frequência, a familiaridade e a extensão das palavras, além dos estímulos ambientais, são fatores que interferem no desenvolvimento lexical. Ao descrever o desenvolvimento lexical, podemos nos atentar para as questões de categorização e em como essa categorização favorece o armazenamento e manuseio dos vocábulos. Entende-se que categorizar é agrupar categorias específicas no cérebro. Agrupamos (na Linguagem) as palavras específicas em seus respectivos campos semânticos devido às suas características, e a este processo dá-se o nome de categorização. Em busca de uma interface Linguística e Fonoaudiologia, o objetivo deste trabalho foi analisar a variação lexical dos vocábulos do teste ABFW de determinada variante do português e eleger os membros prototípicos das categorias elencadas pelo teste, considerando os efeitos sociais e culturais de cada região sobre a categorização. Para isso, foi realizado o teste de vocabulário do ABFW com 32 crianças com idade média de 8,5 anos. Os processos de substituição foram analisados de acordo com a frequência da produção e pela “escala prototípica” confeccionada para este trabalho. Os dados foram analisados de acordo com os critérios estabelecidos pelo protocolo. Para essa pesquisa, comparou-se o desempenho da amostra de 8,5 anos com os valores de 6 anos de idade (idade máxima do teste) preconizados pelo protocolo. Na análise descritiva foi realizada uma distribuição de frequência das variáveis categóricas envolvidas no estudo e análise das medidas de tendência central e de dispersão das variáveis contínuas. Foi realizado um rastreio dos processos de substituição feitos pelas crianças para uma melhor descrição da variação lexical, bem como a análise prototípica dos vocábulos na variante pesquisada. Para analisar os “protótipos da variedade de fala infantil” de cada elemento lexical dentro de cada campo semântico do teste para estabelecer um protótipo da fala infantil, optou-se neste estudo por utilizar a frequência das designações lexicais para estabelecer em qual nível da escala prototípica o elemento lexical de acordo com a imagem apresentada se encontra. Para este estudo, foi elaborada uma escala prototípica relacionada à frequência de designações realizadas pelas crianças da seguinte forma: Não prototípico 0%, Menos prototípico 1 a 20%, Baixo prototípico 21 a 40%, Médio prototípico 41 a 60%, Alto prototípico 61 a 80%, Mais prototípico 81 a 100%. Foram realizados e analisados o total de 362 processos (média de 11,3 por criança), os campos semânticos “alimentos”, “profissões”, “meios de transporte” e “vestuário” apresentaram maior número de substituições. Os vocábulos “carro de polícia” e “vaso” foram considerados protótipos da variedade da fala capixaba em detrimento dos vocábulos “viatura” e “privada” preconizados pelo teste de vocabulário do ABFW. Conclui-se que, na amostra pesquisada, as designações de vocábulos usuais estabelecidas pelo teste ABFW variam dos protótipos lexicais apresentados na fala infantil da variante pesquisada. Portanto, entende-se a importância de pesquisas regionais que favoreçam a avaliação clínica fonoaudiológica lexical eficaz e diretiva e que englobe as diversas variações e seus usos na fala.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1890
FONOAUDIOLOGIA E AÇÕES DE PROMOÇÃO, PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Atenção Básica (AB) é caracterizada por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que englobam a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde por meio de tecnologias de alta complexidade e baixa densidade ¹,². Responsável pelas questões inerentes à comunicação e funções estomatognáticas, o fonoaudiólogo atuante na AB pode contribuir e fortalecer as ações de promoção à saúde, prevenção de agravos e educação em saúde. Objetivo: relatar as experiências vivenciadas no estágio obrigatório de Saúde Coletiva do curso de Fonoaudiologia, através das atividades de promoção, prevenção e educação em saúde. Método: análise retrospectiva das ações de promoção e educação em saúde, realizadas durante o estágio obrigatório de saúde coletiva, ocorrido entre julho e outubro de 2018, em uma Unidade de Saúde da Família (USF) de João Pessoa/PB. Foram realizadas ações em alusão à Campanha Agosto Dourado na USF, buscando a conscientização da população sobre a importância da amamentação; à Campanha do Dia da Atenção à Respiração Oral em uma escola de ensino fundamental, com o intuito de explicar aos estudantes o que era a respiração oral, como identificar um respirador oral e realizar as devidas orientações; à Campanha Setembro Amarelo na USF, com o intuito de falar sobre o suicídio; ao Dia das Crianças em um Centro de Referência em Educação Infantil, visando conscientizar as crianças quanto ao uso da chupeta; além de ação numa escola de ensino fundamental com foco na avaliação oromiofuncional, de linguagem oral e escrita nos discentes; e matriciamento junto a equipe de Agentes Comunitários de Saúde, com o objetivo de explanar sobre a atuação do fonoaudiólogo no Núcleo Ampliado de Saúde da Família. Resultados: As práticas realizadas evidenciam a importância da Fonoaudiologia no contexto da AB, bem como suas contribuições no fortalecimento da atenção integral ao usuário. Contudo, foi observada uma demanda Fonoaudiológica suprimida na AB, devido à lacunas no conhecimento sobre a atuação do fonoaudiólogo pela equipe da USF e da comunidade. Ressalta-se ainda, a importância da territorialização e matriciamento como instrumentos essenciais para a consolidação da Fonoaudiologia dentro da equipe que compõe a AB. Conclusão: Identificou-se a necessidade de ampliação das discussões sobre as ações da Fonoaudiologia no campo da Saúde Coletiva ainda na graduação, com o objetivo de fortalecer a ciência na AB, assim como reforçar a importância da atuação do fonoaudiólogo junto a equipe da AB.

1. Lavras C. Atenção primária à saúde e a organização de redes regionais de atenção à saúde no Brasil. Saude soc. 2011, vol.20, n.4, p.867-874.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1539
FONOAUDIOLOGIA E ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO DE BAIXO PESO: VIVÊNCIA DISCENTE HOSPITALAR
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A visita técnica consiste em uma atividade na qual os alunos dirigem-se a um setor específico, dentro de uma instituição, conduzidos pelo professor e/ou profissional designado pela instituição. Tem como finalidade o desenvolvimento de um conjunto determinado de aprendizagens e a aproximação entre teoria e prática. No contexto da formação do fonoaudiólogo, é importante a identificação e compreensão da totalidade das atividades desenvolvidas, em instituições, sendo uma das estratégias a realização de visitas técnicas aos serviços. No primeiro semestre de 2108, foram realizadas visitas numa unidade neonatal de um hospital público da capital de Alagoas, no Nordeste do Brasil, quando alunos da disciplina de Bases do Desenvolvimento Humano I, do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública desse estado, tiveram a oportunidade de associar a teoria à prática, no que se refere à Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso (Método Canguru). Objetivo: Relatar vivência de estudantes durante realização de visitas técnicas, num hospital público de Alagoas. Método: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo relato de experiência, que permitiu relatar vivência de alunos que cursaram a disciplina de Bases do Desenvolvimento Humano I, em 2018. As visitas ocorreram semanalmente, na Unidade Neonatal de um hospital público de Alagoas. Os alunos podiam permanecer, na unidade, até duas horas, com o compromisso de respeitar as normas do hospital. O propósito era associar a teoria à prática, no que se refere ao ciclo 1 de vida, com ênfase ao Método Canguru. Além disso, perceber fatores que podem influenciar o desenvolvimento humano. Nas visitas, pôde-se verificar a dinâmica do cuidar do binômio mãe-bebê e alguns procedimentos considerados indispensáveis, como alimentação utilizando-se métodos alternativos, como copinho, translactação e relactação. Resultados: As visitas facilitaram a aproximação entre a teoria trabalhada em sala de aula e a prática, proporcionando uma sensibilização quanto à importância dos processos de implantação e implementação do Método Canguru, o que gerou reflexões sobre as observações realizadas. A relevância do fonoaudiólogo dentro desse contexto foi considerada pelo grupo discente fundamental, já que favorece positivamente o desenvolvimento, na detecção precoce, por exemplo, de perdas auditivas. As atividades realizadas, durante as visitas, reafirmaram a importância da intervenção interprofissional. Foi possível constatar que a teoria se refletiu na experiência prática e que sua eficácia é iminente à produção do cuidado humanizado. Conclusão: As visitas técnicas foram consideradas como uma ferramenta que favoreceu a associação da teoria à prática. Os discentes consideraram as visitas uma metodologia de ensino capaz de contribuir para sua formação profissional. A atuação fonoaudiológica foi percebida como muito importante em relação a esclarecimentos, estimulação e alimentação no ciclo 1 de vida. Junto à equipe interdisciplinar, o fonoaudiólogo pode contribuir efetivamente no desenvolvimento geral.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1976
FONOAUDIOLOGIA E CENTRO DE TESTAGEM E ACONSELHAMENTO IST’S/AIDS :RELATO DE EXPERIENCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)



INTRODUÇÃO: De acordo com o Ministério da Saúde (MS) a mais de vinte anos foi implantado os primeiros Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) no Brasil o que marcava um compromisso do Programa Nacional de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) e Aids com a promoção do acesso da população brasileira ao diagnóstico e à prevenção do HIV e das demais IST’s na rede pública de saúde. Esses serviços trouxeram inovações importantes para a prática dos serviços de saúde, como a possibilidade de realização da testagem de forma anônima e a instituição do aconselhamento como sua atividade central. Depois de um tempo foi observada a necessidade de testagem das hepatites virais, a qual se juntou a mais uma função do CTA. OBJETIVO: Observar o manejo clínico das testagens rápidas MÉTODO: Em meados de 2019, meu estágio em redes foi no CTA de Jaboatão dos Guararapes em Pernambuco. RESULTADOS: São realizados 4 exames por meio da Testagem Rápida (TR), o de HIV, Sífilis e Hepatite B e C. O processo da chegada do usuário até a saída do mesmo é dividida em 3 momentos, quais são: Pré- aconselhamento: esse momento é quando se preenche a ficha de anamnese e a partir desse momento já se pode observar se o mesmo está apto para realizar a testagem. Testagem: Após a anamnese o usuário é encaminhado para uma sala a qual um profissional capacitado está a sua espera para realizar a coleta do seu sangue, depois aguarda alguns minutos pelo seu resultado. Pós- aconselhamento: O estando resultado pronto o usuário é chamado numa fechada, para garantir o sigilo, e lhe é explicado o resultado sendo positivo para o HIV, é feito um contra teste de marca diferente da primeira, sempre falando a esse cidadão que é necessário fazer para confirmar ou não. Se o contra teste der positivo ele é encaminhado para o SAE e lá ele realiza todo o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), se der positivo para a sífilis, ocorre o manejo clínico da doença. E se der alguma das hepatites ele é encaminhado para um Hospital de referência em Hepatites para iniciar o tratamento. Se o resultado for negativo para as 4 IST’s testadas, conversamos com o usuário sobre a importância do uso da mandala de prevenção. CONCLUSÃO: Neste tempo que passei no CTA, vi que a maior ocorrência de IST’S é a sífilis, e que muitas vezes é acometida por uma gestante, e que pelo MS, gestante que obteve resultado positivo para sífilis, inicia o tratamento imediatamente. O que diminui o risco de passagem pro feto, pois a literatura relata que sífilis congênita é uma das causas de perda auditiva em bebes, por conta dos medicamentos ototóxicos. A fantasia que faço desse equipamento de saúde é que ele tem sido um meio de diminuir essas infecções conscientizando a população, sendo um dos locais que fornecem meios de proteção, como também sendo um equipamento que trata e previne de riscos futuros.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1978
FONOAUDIOLOGIA E CORONAVÍRUS: UM OLHAR AMPLIADO PARA A PROTEÇÃO E O CUIDADO INTEGRAL AOS BEBÊS PRÉ-TERMOS
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: Em dezembro de 2019, uma nova cepa de Coronavírus originou um surto, que teve início em Wuhan, na China. Em março de 2020, o coronavírus 2019 estava em caráter pandêmico, alastrando-se pelo mundo. Busca-se ainda um tratamento eficaz para a doença, contudo o foco tem sido o desenvolvimento de antivirais e vacinas, além das medidas preventivas de higienização das mãos, uso máscaras e isolamento social. As vias de transmissibilidade da doença incluem transmissão através de tosse, espirro e perdigotos e transmissão por contato com mucosa oral, nasal e dos olhos. Para os recém-nascidos, em especial os pré-termos, as alternativas de prevenção não proporcionam segurança, sendo contra-indicada a utilização de máscara, devido ao risco de asfixia, e álcool na pele do bebê, pelo risco de intoxicação. Objetivo: Relatar a criação e utilização de face-shield em bebês pré-termos após a alta hospitalar em uma maternidade de Pernambuco, 2020. Método: Trata-se de uma experiência, qualitativa, realizada em uma maternidade pública de Pernambuco, com o início em abril de 2020 e vigora atualmente. O face shield ou escudo facial é uma proteção facial, que diminui o risco de exposição a agentes infecciosos aos bebês. A proteção é constituída por uma armação em torno de uma viseira transparente semi-flexível, que protege toda região da face e pescoço, e elástico para o ajuste adequado ao perímetro cefálico do bebê. O face shield foi confeccionado por uma fonoaudióloga da maternidade e teve o aprovação do núcleo de segurança do paciente. Resultado: a criação dos escudos faciais despertou o interesse das mães, como alternativa para mitigar os riscos de contaminação por coronavírus na saída do hospital. É sabido que as condições de biossegurança no ambiente hospitalar têm maior controle, gerando nas mães muita angústia e medo no momento da alta, devido à maior susceptibilidade dos bebês pré-termos às infecções. Nesse cenário, o face shield colaborou para atenuar o sentimento de insegurança das genitoras, pois o escudo atua como uma barreira que impede que gotículas de saliva ou aerossóis entrem em contato com o rosto dos bebês, garantindo maior proteção. Atualmente, o face shield faz parte dos insumos ofertados pela maternidade no processo de alta, estimando-se que cerca de 300 bebês já tenham recebido o escudo facial. Nesse momento da alta, as mães também são orientadas a higienizar o escudo, utilizá-lo somente com a supervisão de um adulto e quando houver a necessidade de sair de casa para consultas médicas ou vacinação, uma vez que o recomendando é que a criança não saia de casa. Considerou-se que a Fonoaudiologia, núcleo profissional capacitado para intervir nas estruturas orofaciais, deve atuar em cenários que vão além da reabilitação e que envolvem desde prevenção de agravos à saúde ao cuidado ampliado e integral. Conclusão: A criação e utilização de face-shield em bebês pré-termos trouxe à luz outra perspectiva de atuação fonoaudiológica, pautada na capacidade da Fonoaudiologia em ampliar seus olhares no cuidado integral aos recém-nascidos, colocando-se como profissão atenta às medidas de segurança do paciente e controle de contaminação pelo coronavírus.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
763
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL: RELATO DE UMA OFICINA ELABORADA E APLICADA EM ESCOLARES DO MATERNAL
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
As crianças na educação infantil encontram-se em pleno desenvolvimento de suas habilidades. Trata-se de um período de rápidas e significativas transformações: biológicas e cognitivas. Um ambiente repleto de estímulos e qualidades interativas tende a potencializar o processo de aprendizagem. Por esse motivo, a Fonoaudiologia na educação tem se mostrado bastante útil, tanto para os alunos quanto para os professores e familiares. Dentre as estratégias lúdicas, comumente utilizadas por fonoaudiólogos nesses ambientes, encontram-se as oficinas, que possibilitam interações abertas e dinâmicas entre os escolares e os fonoaudiólogos na construção de conhecimentos.

Objetivo
Relatar um oficina desenvolvida por alunos de Fonoaudiologia em um Centro de Educação Infantil (CEI) do interior do estado de São Paulo.

Método
Este estudo baseia-se em relato de experiência.

Resultados
Inicialmente, definiu-se o público alvo, que foi constituído por quatro turmas do Maternal, com idades entre dois anos e quatro meses e três anos, no turno da manhã, às segundas feiras, no período entre 26 de agosto e 9 de setembro de 2019. Em seguida, foi elaborada uma oficina para esse público, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento de aspectos cognitivos, linguísticos e sociais, como ampliação de vocabulário (cores e quantidade), respeito às regras do grupo, compreensão, atenção, autonomia, autoconfiança, assimilação e coordenação motora, por meio de uma história interativa denominada “As famílias de bolinhas e as crianças da floresta”, elaborada pela discente Andrea Gracindo, com o seguinte enredo: as bolinhas saíram de suas casas pela manhã e foram brincar com crianças na floresta; após brincarem o dia todo, elas tinham de voltar para a casa, mas se perderam no caminho. Solicitou-se, então, que as crianças ajudassem as bolinhas a voltarem para as suas respectivas casas. Essa história foi contada pelos estagiários, de modo a manter a atenção dos educandos. Durante a contação, foi solicitado às crianças que colocassem as bolinhas dentro das casinhas, obedecendo um padrão de cor e sequência (bolinhas azuis na casa azul, bolinhas amarelas na casa amarela, e bolinhas vermelhas na casa vermelha, uma criança por vez).
As casinhas e as personagens "bolinhas" foram confeccionadas por todos os estagiários, utilizando-se caixas de papelão envoltas em papel cartonado colorido, cola quente, caneta esferográfica preta, EVA, tinta guache e 24 bolinhas de isopor (2,5mm diâmetro) pintadas nas cores primárias (azul, amarelo e vermelho).

Conclusão
As crianças se mostraram inicialmente inibidas, principalmente as que estavam com idade mais próxima de 2:4 anos (comportamento esperado, segundo os educadores). Contudo, houve uma boa relação e interação entre os estagiários e as crianças durante a realização da oficina; algumas crianças não conseguiram realizar a atividade corretamente e foram ajudadas pelos próprios colegas. Os educadores, por sua vez, gostaram muito da atividade; mostraram-se extremamente receptivos e abertos para novas propostas. Essa ação facilitou o estabelecimento de vínculo entre a equipe de Fonoaudiologia e os educandos/educadores.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1872
FONOAUDIOLOGIA E GESTÃO EM SAÚDE: CONTRIBUIÇÕES DE VIVÊNCIAS EXTENSIONISTAS DE UM PROJETO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) objetiva compor o sistema de prática no ensino-serviço entre docente, discente, profissional/equipe de saúde com base nos recursos oferecidos pelo serviço. Suas ações são constituídas por eixos - ou áreas de trabalho - sendo: Inovações Curriculares, Educação Permanente em Saúde, Gestão do Cuidado, Gestão de Tecnologias da informação e comunicação e Territorialização. De acordo com a Norma Operacional Básica de 1996, Gestão é o ofício de gerir um sistema de saúde, seja municipal, estadual ou nacional com ações em coordenar, articular, negociar, planejar, acompanhar, controlar, avaliar e auditorar. Dessa forma, o trabalho interprofissional entra como prática colaborativa que disponibiliza meios para que o corpo discente alcance a prática em saúde, bem como a melhoria do funcionamento profissional em campo e a corroboração no enfrentamento de desafios administrativos. OBJETIVO: Relatar a vivência de graduandas do curso de fonoaudiologia na gestão em saúde de uma secretaria municipal a partir do projeto PET Saúde. MÉTODO: O trabalho relata a experiência vivenciada por graduandas do curso de fonoaudiologia em práticas do projeto PET-Saúde/Interprofissionalidade dos eixos de Educação Permanente em Saúde e Tecnologias de Informação e Comunicação em Saúde, sobre diversos temas, tais como: levantamento das necessidades de formação e desenvolvimento de trabalhadores das unidades participantes do projeto, análise epidemiológica de dados do município através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), mapeamento e conhecimento das tecnologias em saúde disponíveis para prática de educação em saúde, realização de formação continuada, construção de linha de cuidado em saúde das doenças crônicas não transmissíveis, criação do Fórum de experiências exitosas do projeto e organização dessas na plataforma MOODLE e elaboração de recursos expositivos (vídeos, folders e slides). As práticas foram realizadas semanalmente na Secretaria Municipal de Saúde nos setores de Coordenação-Geral de Desenvolvimento de Recursos Humanos (CGDRH) e Coordenação Geral de Análise de Situação de Saúde. RESULTADOS: as práticas junto à gestão da Secretaria promovidas pelo projeto extensionista PET-Saúde/Interprofissionalidade possibilitou uma visão geral e completa quanto às condições funcionais dos setores. Equiparar-se de capacitação, comunicação interdisciplinar e de habilidades para a resolução de problemas são pontos indispensáveis para o bom funcionamento de uma equipe multiprofissional e, consequentemente, obtenção dos avanços necessários na reorientação da formação profissional durante a estruturação do saber em saúde. Ademais, o acompanhamento das condições do ensino-serviço dentro das unidades de saúde foi indispensável para a elaboração dos recursos, visto que as propostas oferecidas foram delineadas à partir da realidade e das condições apresentadas para que a melhoria do serviço em saúde fosse alcançada. CONCLUSÃO: a compreensão do funcionamento administrativo em saúde nas suas nuances de possibilidades e dificuldades puderam traçar como se dá o ensino-serviço na saúde das unidades, bem como permitiram o estreitamento dos laços entre equipe multiprofissional e estudantes de graduação, visando as melhorias nos serviços ofertados aos usuários.

MINISTÉRIO DA SAÚDE – NORMA OPERACIONAL BÁSICA – SUS/1996. In: COSEMS-RJ – Manual do Gestor – Construindo o SUS no Rio de Janeiro. 1999. 150p.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2026
FONOAUDIOLOGIA E MEDICINA DE FAMÍLIA : UMA PARCERIA QUE FUNCIONA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser coordenadora do cuidado, realizando acompanhamento longitudinal e integral de sua população adscrita. Para que cumpra com efetividade o seu papel é relevante que os profissionais que nela atuam compreendam as possibilidades de atuação de diferentes profissionais. Desde 2018 um projeto de extensão de fonoaudiologia comunitária que tem sede em uma unidade básica de saúde (UBS) universitária no sul do Brasil , busca desenvolver trabalho interprofissional e implementar tecnologias disruptivas leves relacionadas à Fonoaudiologia para aplicação no Sistema Único de Saúde, principalmente na atenção primária. Através da integração e cooperação da fonoaudiologia e da medicina de família e comunidade, são discutidas e solucionadas demandas relacionadas a comunicação e a deglutição, nas diversas etapas da vida.
Objetivo: Relatar a experiência de inserção de equipe fonoaudiológica no apoio à decisão de médicos atuantes na atenção primária à saúde.
Método: As atividades são desenvolvidas em uma UBS, com o apoio da equipe multidisciplinar e médicos de família. A equipe de fonoaudiologia atua como generalista em suporte, orientação e atendimentos ambulatoriais e visitas domiciliares. O público que recebe o serviço faz parte da área de cobertura da unidade, encaminhados pelas equipes da Saúde de Família e pediatria. No atendimento é preconizado o acompanhamento de residente ou preceptor que encaminhou o usuário, para discussão do caso clínico quando necessário. Os atendimentos são organizados em impressão diagnóstica e prognóstico, o tratamento consiste na orientação de acordo com a demanda individual de cada paciente. Os retornos para monitoramento são quinzenais ou mensais, conforme o caso. As altas costumam ocorrer em período não superior a 90 dias, o que é abaixo do tempo médio de tratamento fonoaudiológico.
Resultados: Os distúrbios de fala e escrita são as queixas mais presentes na população infantil e para os adultos tratam-se alterações na deglutição, fala e voz especialmente aos agravos neurológicos, como casos pós-acidente encefálico.
Conclusão: A atuação interprofissional tem sido proveitosa para pacientes, estudantes e profissionais de todas as áreas envolvidas. Todos se beneficiam de uma visão e discussão mais abrangente de cada caso, situação e encaminhamentos mais efetivos. Entretanto, a limitação de recursos físicos e humanos pode ser um limitador para a manutenção e seguimento desse tipo de trabalho conjunto.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
810
FONOAUDIOLOGIA E QUALIDADE DE VIDA NA VELHICE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O envelhecimento é inerente à vida, comum a toda a humanidade, portanto, natural¹. Entretanto, a velhice vem assumindo uma conotação negativa, que diz respeito ao entendimento simplista que toma as pessoas idosas como incapazes de atender às expectativas de produção e acumulação de capital próprias de uma sociedade de consumo, na qual apenas o novo é valorizado. Assim, ainda que a sociedade atual potencialize a longevidade, tomando-a como conquista, nega aos velhos o seu valor e importância social². Distanciando-se do entendimento de que existe tratamento capaz de interromper o envelhecimento, políticas públicas³,4 demandam a formação de profissionais que trabalhem com a amplitude das vivências, próprias do processo de envelhecer. Pela pertinência da atuação fonoaudiológica voltada à qualidade de vida junto à população idosa e considerando que o número de pesquisas fonoaudiológicas voltadas ao envelhecimento vêm crescendo nos últimos anos, ressalta-se a importância de realizar uma revisão integrativa para conhecer e analisar estudos primários que associam velhice, qualidade de vida e fonoaudiologia. Objetivo: Conhecer, por meio de uma revisão bibliográfica, como a fonoaudiologia trabalha com a qualidade de vida da população idosa. Método: Trata-se de estudo de natureza bibliográfica, do tipo sistemático e integrativo, realizado nas bases de dados Scopus e Lilacs. Os descritores utilizados envolveram os termos ‘velhice’, ‘qualidade de vida’ e ‘fonoaudiologia’, combinados com o boleano “and”. Foram selecionados os textos que atenderam aos seguintes critérios: artigos científicos disponíveis eletronicamente, desenvolvidos no contexto brasileiro, publicados no período entre 2009 e 2019. Resultados: 9 artigos foram selecionados, todos envolvidos com melhora da qualidade de vida, após intervenções clínicas, ressaltando auto-confiança e positividade vinculada à fala, mastigação e aparência facial; melhora nos domínios físicos e psíquicos relacionados a audição; melhora na comunicação de idosos com baixa visão. Porém, nenhum estudo voltou-se à qualidade de vida a partir de histórias de vida, empoderamento e autonomia de pessoas idosas. Conclusão: Levando-se em conta as possíveis limitações decorrentes das bases de dados consultadas e dos critérios de inclusão especificados, foi possível perceber a necessidade de ampliar o foco da pesquisa do trabalho clínico fonoaudiológico, para além dos sintomas fonoaudiológicos, mas que também se voltem para as histórias de vida das pessoas mais velhas. Há que se desenvolver estudos e pesquisas em que o trabalho clínico, para além do foco na dificuldade, possa dar voz ao sujeito em aspectos que tocam sua qualidade de vida.

1.WILLIG, Mariluci Hautsch. As histórias de vida dos idosos longevos de uma comunidade: o elo entre o passado e o presente. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2012.
2.SCHNEIDER, Rodolfo Herberto; IRIGARAY, Tatiana Quarti. O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 25, n. 4, p. 585-593, Dec. 2008.
3.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
4.BRASIL. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
174
FONOAUDIOLOGIA E SAÚDE MATERNO INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA OFICINA DE GESTANTES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE FLORIANÓPOLIS
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Durante a gestação é necessária a realização do pré-natal adequado e acompanhamento por uma equipe multidisciplinar. A atuação da fonoaudiologia perante a saúde materno infantil pode envolver as orientações sobre cuidados pré-natais, ligados à prevenção e/ou diagnóstico precoce de agravos, esclarecimentos sobre fatores de risco, questões ligadas ao aleitamento materno e estimulação da linguagem. Além disso, o trabalho realizado com gestantes é uma das possibilidades de aproximação do fonoaudiólogo com a comunidade. Destaca-se ainda, que o município de Florianópolis não conta com a participação destes profissionais na Atenção Primária à Saúde (APS), sendo a atuação das acadêmicas do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da região e suas supervisoras, extremamente importante para todos os usuários. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada em uma oficina de gestantes em um Centro de Saúde (CS) do município de Florianópolis, como parte de um estágio obrigatório na área da Saúde Coletiva. Método: A oficina ocorreu em Janeiro de 2020. Foi divulgada por meio de panfletos, cartazes e telefonemas. Além disso, os profissionais da Equipe de Saúde da Família (ESF) convidaram as gestantes durante as consultas pré-natais. As acadêmicas realizaram rodas de conversa sobre as temáticas: desenvolvimento do bebê durante a gestação; fatores de risco para perda auditiva; testes realizados na maternidade; dúvidas sobre amamentação, desenvolvimento da audição e da linguagem e; estimulação infantil. Foram utilizados equipamentos audiovisuais. Ao final, foi aplicado um questionário semiestruturado para conhecer a satisfação com a oficina, características sociodemográficas das participantes e conhecimento sobre a atuação do fonoaudiólogo. Foram fornecidos panfletos informativos sobre a atuação da fonoaudiologia e sorteada uma cesta com produtos de higiene para o bebê entre as gestantes que compareceram. Resultados: Participaram 6 gestantes da oficina, com média de 31 anos (dp=3,79) de idade e com tempo de gestação entre 6 e 38 semanas. Houveram questionamentos sobre todos os assuntos abordados, demonstrando o interesse e curiosidade das participantes. Todas referiram ótima satisfação com a oficina e sugeriram a realização de mais encontros. Além disso, quatro gestantes não conheciam o trabalho do fonoaudiólogo e duas conheciam por familiares terem realizado terapia de linguagem. Conclusão: Instruir as gestantes sobre os aspectos fonoaudiológicos abordados na oficina foi uma estratégia efetiva de prevenção e promoção à saúde. As gestantes passaram a conhecer melhor o trabalho da fonoaudiologia. Além disso, apesar de todos os esforços para a elaboração de um encontro com temas pertinentes, é necessário repensar novas estratégias para maior adesão da população alvo.

não se aplica


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1707
FONOAUDIOLOGIA E SAÚDE MENTAL: EXPERIÊNCIA DO GRUPO COMUNICAR NO CAPS III DO MUNICÍPIO DE ABREU E LIMA – PE.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Fonoaudiologia e Saúde Mental: experiência do Grupo Comunicar no CAPS III do município de Abreu e Lima – PE.

INTRODUÇÃO: Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) fazem parte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e são constituídos por equipe multidisciplinar que presta serviços de saúde de caráter aberto e comunitário às pessoas com sofrimento ou transtorno mental. A fonoaudiologia tem, como objeto de estudo, a comunicação humana e os processos que a tornam possível, como a linguagem, a cognição, a fala, a audição e também suas variações e desordens. Pensando na comunicação como instrumento de socialização, o fonoaudiólogo pode contribuir ativamente para a reabilitação psicossocial nestes serviços.

OBJETIVO: Relatar a experiência de atividade grupal no CAPS III do município de Abreu e Lima - PE

MÉTODO: Este relato de experiência foi desenvolvido através de observação e análise das atividades realizadas no Grupo Comunicar e das evoluções em Livro de Registro num período de 01 ano (2019), com o objetivo de analisar a contribuição deste Grupo no processo de reabilitação psicossocial. Foi realizado no CAPS III do município de Abreu e Lima - PE, que atende um público específico de usuários de ambos os sexos, a partir dos 14 anos, que apresentam sofrimento ou mental. O serviço funciona na modalidade 24h e atende por demanda espontânea ou encaminhada de outros serviços. No CAPS III são oferecidas atividades individuais e grupos terapêuticos, um destes é o Grupo Comunicar,adaptado de Grupo desenvolvido no Doutorado da fonoaudióloga mediadora. A proposta do Grupo é desenvolver ou aperfeiçoar as habilidades comunicativas importantes para o relacionamento interpessoal, além de propor mais um espaço para acolhimento e escuta. Este grupo foi realizado pela fonoaudióloga 2 vezes por semana, com duração de 60 minutos cada encontro, tendo como público, os usuários do serviço que aceitassem participar. No Comunicar, foram estimulados os processamentos linguísticos/comunicativos como: discurso, léxico-semântico, prosódia e pragmática por meio de estratégias específicas e diretivas para as determinadas finalidades. O programa terapêutico do Grupo constou de atividades de narração de histórias (discurso), jogos de relação semântica e evocação lexical (léxico-semântica), canto e dramatização de cenas (prosódia) e jogos de metáfora e fala indireta (pragmática). Ao final das atividades, a música era utilizada como instrumento facilitador da interação social e do desempenho comunicativo.

RESULTADOS: Observou-se melhora nas habilidades comunicativas dos que participaram frequentemente, principalmente nos aspectos pragmáticos (uso da linguagem nos contextos sociais, como percepção de metáforas e ironias) e prosódico (entonação linguística e emocional). A participação nos grupos promoveu um aumento de vínculo com a mediadora e com os demais colegas, o que, por si só, já facilitava a interação interpessoal.

CONCLUSÃO: Apesar da heterogeneidade do Grupo em relação a faixa etária, escolaridade e transtornos, foi possível adaptar as atividades e adquirir resultados satisfatórios, principalmente dos que frequentavam assiduamente. A atuação fonoaudiológica no CAPS, além de contribuir para reinserção social do indivíduo em sofrimento mental, alertou a equipe quanto as diversas possibilidades que a comunicação pode trazer para o usuário e contribuir para a sua qualidade de vida.

1. Barbosa CG, Meira PRM, Nery JS, Gondim BB. Epidemiological profile of the users of a Psychosocial Care Center Rev Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2020; 16(1): 1-8.
2. Lipay MS, Almeida EC. A fonoaudiologia e sua inserção na saúde pública. Rev Ciênc Méd. 2007;16(1): 31-41.
3. Santos AE, Pedrão LJ, Zamberlan-Amorin NE, Carvalho AMP, Bárbaro AM. Communicative behavior of individuals with a diagnosis of schizophrenia. Rev Cefac. 2014;16(4): 1283-93.
4. Joyal M, Bonneau A, Fecteau S. Speech and language therapies to improve pragmatics and discourse skills in patients with schizophrenia. Psychiatry Res. 2016; 240(30):88-95.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1768
FONOAUDIOLOGIA E SAÚDE VOCAL DO TRABALHADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM REDE DE RÁDIO E TELEJORNALISMO EM MANAUS (AM)
Relato de experiência
Voz (VOZ)


A Fonoaudiologia pode e deve atuar na promoção de saúde vocal de profissionais dentro de seu ambiente de trabalho, dentre
aqueles que utilizam a voz como instrumento básico em sua profissão, encontra-se os radialistas e jornalistas. Este trabalho consiste em um relato de experiência vivenciada em uma em rede de rádio e telejornalismo em Manaus (AM), durante a disciplina de estágio supervisionado III do curso de graduação em Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte (UNINORTE) no período de fevereiro a junho de 2019. O objetivo deste estudo foi caracterizar a atuação do estagiário na promoção de saúde vocal para profissionais da voz do setor de rádio e telejornalismo, a evolução dos pacientes durante período em terapia, assim como relatar as perspectiva e desafios encontrados pelos discentes, optou-se por uma abordagem qualitativa registrando-se, por parte das estagiárias-pesquisadoras, suas impressões pessoais, através da técnica de observação sistemática para conseguir informações de determinados aspectos da realidade, bem como através dos relatórios diários e dados das fichas avaliativas para registro evolutivo do paciente. O período de atuação em campo de estágio iniciou-se com a realização de triagem em funcionários da empresa, para isso foi aplicado o protocolo do Índice de Desvantagem Vocal – IDV, a fim de avaliar a desvantagem causada por algum problema na voz falada, a abordagem dos funcionários foi realizada em grupo, tendo conduta fonoaudiológica estabelecida após anamnese e avaliações específicas. Ao todo foram atendidos quatro pacientes, todos com hipótese diagnóstica fonoaudiológica de Aprimoramento Vocal, para as estagiárias este campo iniciou-se como um desafio, com sentimentos de boas expectativas, incertezas e ansiedade, alguns dos obstáculos que surgiram foram a pouca demanda para atendimento (funcionários relatavam falta de tempo ou interesse em realizar terapia), e a falta de compromisso com as sessões terapêuticas. Gradativamente com o decorrer do estágio tornou-se mais claro o papel que fonoaudiólogo tem para com a garantia da saúde vocal do profissional da voz dentro de seu setor de trabalho, o ganho de segurança perante o paciente e seu processo terapêutico fez-se mais evidente, fazendo com que fosse um período bem mais proveitoso e benéfico tanto para as terapeutas quanto para os pacientes.

COTES, C.; KYRILLOS, L. Expressividade no telejornalismo: novas perspectivas. In: OLIVEIRA, I. B.; ALMEIDA, A. A.; RAIZE, T.; BEHLAU, M. (Orgs.). Atuação fonoaudiológica em voz profissional. São Paulo: GEN/Roca, 2011.

NEIVA, T.; GAMA, A. C.; TEIXEIRA, L. Expressividade vocal e corporal para falar bem no telejornalismo: resultados de treinamento. São Paulo: CEFAC, 2016.

ARAÚJO, R.; MÜLLER, M. Nossa voz: Manual prático de treinamento vocal. Rio de Janeiro: Revinter, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
884
FONOAUDIOLOGIA E SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAOS): REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A apneia do sono é caracterizada pela interrupção intermitente do fluxo de ar por um período maior que dez segundos e pode ser central, decorrente da ausência de movimento respiratório toracoabdominal durante a pausa respiratória; obstrutiva, devido ao colapso da Via Aérea Superior (VAS) associado à presença de movimento respiratório toracoabdominal e mista, que é iniciada por um episódio respiratório central, tornando-se obstrutiva quando surge movimento toracoabdominal, porém, ainda sem fluxo aéreo. A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é caracterizada por episódios repetitivos de oclusão parcial ou completa das vias respiratórias durante o sono, levando à redução da ventilação (hipopneias), ou paradas completas da ventilação (apneias), correlacionados a microdespertares, tendo como consequências a sonolência excessiva diurna, ocorrência de doenças cardiovasculares e ronco, entre outras. Objetivo: Realizar revisão integrativa de literatura em Fonoaudiologia sobre a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono para caracterizar os procedimentos em avaliação miofuncional orofacial e a eficácia da intervenção fonoaudiológica. Método: Realizada revisão integrativa de literatura, de caráter qualitativo, descritivo e analítico. A busca das publicações foi efetuada por meio de consultas às quatro revistas científicas de fonoaudiologia, Revista CEFAC, Distúrbios da Comunicação, ACR e CoDAS, e às bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Através do uso dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Apneia Obstrutiva do Sono” e “Síndromes da Apneia do Sono” como principais, combinados com os demais por meio do operador booleano “and”, e de Testes de Relevância I e II, formulados para atendimento aos critérios de inclusão, foram selecionados e analisados artigos científicos originais e estudos de casos, publicados na íntegra, em português, entre os anos de 2005 e 2019. Resultados: Foram encontrados 1.845 artigos nas bases de dados, sendo 14 pertencentes às quatros revistas brasileiras de fonoaudiologia. Para compor a amostra final, foram selecionados cinco artigos. Os estudos mostraram que a fonoaudiologia é importante no tratamento da SAOS, inicialmente, através da avaliação miofuncional orofacial, proposta, nos casos desta revisão, pelo Protocolo de Avaliação Fonoaudiológica para SAOS, que deve ser analisado juntamente a outros procedimentos, numa visão multidisciplinar. E, a partir dos resultados avaliativos, é realizado o planejamento da intervenção fonoaudiológica. Estudos que verificaram a eficácia da terapia fonoaudiológica na SAOS apontam melhora nos aspectos miofuncionais orofaciais e no sono dos indivíduos e, consequentemente de seus companheiros, o que gerou melhora qualidade de vida, sendo esta um parâmetro avaliativo de eficácia. Conclusão: A terapia miofuncional orofacial está caracterizada como eficaz para o tratamento da SAOS, em função de resultados positivos associados à melhora da qualidade de vida. No entanto, foi comprovada também a escassez de publicações relacionando a fonoaudiologia com SAOS, desde a avaliação até a intervenção, o que evidencia a necessidade de mais estudos nessa área, para que a atuação fonoaudiológica na SAOS possa ser aperfeiçoada.
Palavras-chave: Apneia Obstrutiva do Sono; Síndromes da Apneia do Sono; Obstrução das Vias Respiratórias; Qualidade de Vida; Protocolos; Fonoaudiologia e Terapia Miofuncional.

1. Guimarães KCC. Apnéia e ronco: tratamento miofuncional orofacial. São José dos Campos: Pulso, 2009.
2. Miranda VSG, Buffon G, Vidor DCGM. Perfil miofuncional orofacial de pacientes com distúrbios do sono: relação com resultado da polissonografia. São Paulo: CoDAS, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822019000300302&lang=pt.
3. Matsumura E, Tonisi GABR, Vecina ALC, Inocêncio LB, Guimarães KCC, Nemr NK. A percepção do acompanhante e do indivíduo com ronco / saos antes e após fonoterapia. São Paulo: Rev. CEFAC, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000300907&lang=en.
4. Kronbauer KF, Trezza PM, Gomes CF. Propostas fonoaudiológicas ao paciente roncador. São Paulo: Distúrb. Comun., 2013. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/14930/11138.
5. Silva LMP, Aureliano FTS, Motta AR. Atuação fonoaudiológica na síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono: relato de caso. São Paulo: Rev. CEFAC, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462007000400009.
6. Pitta DBS, Pessoa AF, Sampaio ALL, Rodrigues RN, Tavares MG, Tavares P. Terapia Miofuncional Oral Aplicada a Dois Casos de Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono Grave. São Paulo: Arq. Int. Otorrinolaringol., 2007. Disponível em: http://arquivosdeorl.org.br/conteudo/pdfForl/452.pdf.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1587
FONOAUDIOLOGIA E TECNOLOGIA A SERVIÇO DA SAÚDE DA COMUNICAÇÃO HUMANA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: Na atualidade o crescimento e desenvolvimento das tecnologias, sobretudo as computacionais, possibilitaram ao ser humano vivenciar diversas experiências, tais tecnologias também auxiliam as práticas voltadas para diversas áreas, incluindo-se as ciências da saúde, dentro dos processos interventivos, no apoio diagnóstico, em processos terapêuticos e no gerenciamento e educação em saúde1,2,3. Na Fonoaudiologia, é crescente a incorporação de tecnologias direcionadas a prevenção, promoção de saúde e reabilitação em saúde da comunicação humana e nesse sentido, justifica-se a necessidade de identificar quais os recursos tecnológicos digitais fonoaudiológicos estão disponíveis para utilização na clínica fonoaudológica.
OBJETIVO: Apresentar através da revisão de literatura integrativa quais os recursos tecnológicos digitais criados para uso no processo de avaliação e/ou reabilitação fonoaudiológica.
MÉTODO: Uma revisão integrativa da literatura foi conduzida, sendo a estratégia de busca, seleção e análise dos artigos guiada pelas diretrizes do PRISMA. Utilizou-se a estratégia PICo para elaboração da pergunta condutora em estudos não clínicos: Quais são os recursos tecnológicos digitais disponíveis para a fonoaudiologia? A busca foi conduzida em três bases de dados a saber: BVS, PubMed e Periódicos CAPES. Foram utilizados os descritores cadastrados no Mesh: “Fonoaudiologia”, “Software”, “Tecnologia” e “Recursos Tecnológicos”. Optou-se por utilizar a estratégia snowball para recuperação de dados e a literatura cinza não foi considerada. Foram definidos como critérios de inclusão: artigos que detalhassem o processo de criação e aplicação do recurso digital, pesquisas desenvolvidas por profissionais de áreas correlatas não foram consideradas, bem como estudos que apenas descrevessem o uso de recursos digitais.
RESULTADOS: Dos 21 artigos, 11 foram incluídos na revisão, dos estudos verificou-se que a maioria foram criados nos últimos dez anos e foram desenvolvidos tendo como público alvo crianças. A maioria dos recursos eram destinados a distúrbios da comunicação na área de linguagem e motricidade orofacial, Cinco dos onze selecionados, eram destinados ao processo de avaliação. Sobre a classificação do recurso, quatro dos onze estudos incluídos constituíram aplicativos para smartfone. De um modo geral os autores relataram sucesso e satisfação do público alvo a partir do uso dos recursos e a grande maioria dos pesquisadores referenciam que os dispositivos tecnológicos podem ser considerados ferramentas potentes no diagnóstico, avaliação controle, reabilitação e promoção da saúde da comunicação humana.
CONCLUSÃO: Conclui-se que o uso de recursos tecnológicos digitais na Fonoaudiologia vem crescendo e se consolidando nos últimos anos, mas que ainda existe a necessidade de ser estimulada com vistas a contribuir para o crescimento do arsenal de recursos interativos que podem ser utilizados para melhoria e promoção da saúde da comunicação humana da população.

1Caminha, VL, et al. Tecnologia Assistiva e seus recursos no trabalho com crianças com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) no projeto ADACA. Revista Iberoamericana de Psicología: Ciencia y Tecnología. 2018;11(3):91-98.

2Lucena, G, Cidrim, L, Madeiro, F. Um aplicativo para estimulação da memória visual em crianças disléxicas por meio do jogo de palavras cruzadas. Brazilian Symposium on Computers in Education (Simpósio Brasileiro de Informática na Educação-SBIE). 2017, p. 685.

3Querino Filho, LC, Capellini, AS, Oliveira, CMC. Aplicativos móveis para análise de problemas de fala. Revista eF@ tec, 2013;3(2).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1425
FONOAUDIOLOGIA E TERAPIA DA FALA: HISTÓRICO DAS PROFISSÕES NO BRASIL E EM PORTUGAL
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução:
Brasil e Portugal, embora possuam línguas semelhantes, atribuíram denominações diferentes para algumas profissões, como é o caso da Fonoaudiologia, no Brasil, e da Terapia da Fala, em Portugal. Atualmente, o modelo de profissão em Portugal tem duas denominações, Terapeuta da Fala e Audiologista, assim como em diversos outros países. Por outro lado, o Brasil seguiu um modelo de atuação diferente, unindo as atribuições do Terapeuta da Fala e do Audiologista em uma mesma profissão denominada Fonoaudiologia, tal como acontece em todos os quatro países que são membros efetivos do MERCOSUL e que possuem graduação equivalente. De um modo geral, a maioria das descrições referentes à evolução dessas profissões no mundo é de relatos publicados nos Estados Unidos da América. Pensando nos relatos em língua portuguesa (brasileira e europeia), as perguntas que nortearam o presente estudo foram: “Quais as semelhanças e diferenças no processo histórico de regulamentação da Fonoaudiologia, no Brasil, e da Terapia da Fala, em Portugal? Como se apresenta a produção bibliográfica publicada em revistas na última década, referente à história destas profissões?”.

Objetivo:
Apresentar o histórico das profissões Fonoaudiologia e Terapia da Fala no Brasil e em Portugal.

Método:
O presente trabalho trata de uma revisão de literatura dos artigos publicados nos últimos 10 anos, em revistas científicas brasileiras e portuguesas, sobre o perfil histórico das profissões Fonoaudiologia e Terapeuta da Fala em ambos os países. Para o levantamento dos artigos foram realizadas pesquisas on-line em buscadores e bibliotecas digitais. Para o processo de seleção foram aplicados alguns critérios de inclusão (A) e de exclusão (B), a saber: (A) ter sido publicado entre 2008-2018, ser artigo científico publicado em revista científica, estar disponível para livre acesso, ser escrito em português brasileiro ou europeu; (B) não se adequar aos critérios de inclusão anteriormente descritos, apresentar histórico referente apenas a uma área específica da profissão, não corresponder às perguntas norteadoras do presente estudo.

Resultado:
O estudo foi composto por seis artigos, sendo cinco brasileiros e um português. Os achados permitiram reunir as informações sobre: (a) o perfil histórico dessas profissões em seus respectivos países; (b) a atuação profissional em ambos os países, incluindo as competências e especialidades; (c) contextos profissionais regionais. Foi realizado um comparativo nos dados levantados e notou-se que a origem das profissões, em ambos os países, deu-se em período similar, na década de 1960, e que ambas se originaram através de necessidades relacionadas às áreas de Medicina e Educação/Pedagogia. Ainda, observou-se que ambas as profissões reúnem o conhecimento que advém de várias ciências, tais como médicas e biológicas, comportamental, da linguagem e da comunicação.

Conclusão:
Há uma escassez de estudos quando considerada a temática do histórico profissional da Fonoaudiologia no Brasil e da Terapia da Fala em Portugal. Por se tratar de profissões relativamente recentes, nota-se que elas se encontram em desenvolvimento, consolidação e expansão.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1667
FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL COM ALUNOS DO 6º ANO EM ESCOLA PÚBLICA DE SERGIPE: AÇÃO INTERDISCIPLINAR ENTRE SAÚDE E EDUCAÇÃO
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO
Este relato de experiência faz parte de um dos planos de trabalho do projeto de extensão intitulado “Fonoaudiologia Educacional- ação interdisciplinar entre educação e saúde”. A ação extensionista permite uma formação técnica e cidadã do estudante fornecendo subsídios para a inserção do aluno no contexto da Fonoaudiologia educacional, onde em especifico nesta ação procuramos atender a demanda de uma escola pública do estado de Sergipe. A ação ocorreu durante o ano de 2018/2019.

OBJETIVO
Promover atividades de estimulação das habilidades auditivas e fonológicas com alunos do 6º ano do Ensino fundamental II com queixas de dificuldades de aprendizagem.

MÉTODO
O modelo metodológico adotado apresenta como principal característica a ação conjunta entre a Fonoaudiologia e docentes da escola. Desta forma, participaram da ação os professores da disciplina de português do 6º ano, alunos do Curso de Fonoaudiologia orientados por um professor do departamento. Os professores da respectiva escola, a partir de uma avaliação de desempenho, criaram um grupo de apoio para as crianças que apresentaram baixo rendimento de leitura e escrita e algum tipo de queixa quanto à aprendizagem. É importante ressaltar que esses alunos, em sua maioria, vieram de escolas públicas próximas a escola atual. Uma das atividades realizadas pelos alunos participantes do grupo de apoio de português, era a compreensão de leitura. Para seleção do grupo de alunos para a ação da Fonoaudiologia, foi utilizado como critério a avaliação de desempenho realizada pelos professores de português da série. O desenvolvimento da ação foi realizado individualmente com 10 alunos indicados pelos professores de português. As atividades foram realizadas semanalmente durante seis meses e as habilidades trabalhadas foram: atenção auditiva, discriminação auditiva, memória auditiva e figura-fundo auditiva, síntese silábica, segmentação silábica, rima e aliteração. As atividades foram inseridas em palavras, frases e textos aumentando o nível de dificuldade gradativamente.

RESULTADOS
Os resultados foram observados e discutidos qualitativamente através de reflexões feitas pelos professores de português durante os encontros semanais, os quais perceberam uma melhora significativa no desempenho de leitura de alguns alunos.

CONCLUSÃO
Esta dinâmica permitiu trocas de conhecimento entre áreas afins, interação de modelos e conceitos complementares, apontando que o trabalho e parceria coletivos são possíveis e a Fonoaudiologia educacional pode e deve ser inserida e discutida dentro do projeto didático.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2065
FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A educação brasileira vem avançando quanto às políticas da educação infantil, considerando os aspectos da neurociência para o desenvolvimento integral da criança. No entanto, a qualidade da educação infantil depende de muitos fatores, dentre eles o desenvolvimento cognitivo e linguístico para o ingresso na alfabetização. Dentre estas habilidades destacam-se a leitura, escrita, consciência fonológica, nomeação automática rápida, a memória fonológica, o processamento auditivo e processamento visual. Diante disso, se faz necessário a inserção do fonoaudiólogo educacional nas escolas. O fonoaudiólogo educacional possui conhecimentos necessários para o melhor desempenho comunicativo, auxiliando no processo de aprendizagem escolar. Objetivo: Realizar uma revisão narrativa na literatura brasileira buscando produções científicas sobre a atuação do fonoaudiólogo educacional na educação infantil. Métodos: A revisão de literatura foi realizada nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (PubMed) e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Os descritores utilizados foram: “fonoaudiologia”, “educação infantil”, “aprendizagem”, “pré-escolares” e “escrita”. Os critérios de inclusão adotados foram os artigos originais, em português, no período entre 2010 a 2020, que investigassem a atuação do fonoaudiólogo na educação infantil. Resultados: Foram encontrados 751 artigos e destes apenas quatro foram incluídos na análise. Observa-se que os estudos trazem a atuação do fonoaudiólogo educacional e o pouco conhecimento dos docentes sobre a inserção desse profissional nas equipes multiprofissionais. Dentre a atuação do fonoaudiólogo destaca-se a importância da estimulação das habilidades metafonológicas, especialmente a rima, neste nível de educação o fonoaudiólogo deve conhecer as políticas de educação atuais e outras diretrizes voltadas a área da educação. Outras habilidades também devem ser desenvolvidas, como por exemplo a nomeação automática rápida e a memória fonológica, que fazem parte do processamento fonológico. O desenvolvimento destas habilidades permite que as crianças estejam mais preparadas para ingressar na alfabetização. Conclusão: A literatura reforça a importância do fonoaudiólogo estar inserido na equipe multidisciplinar para facilitar a aprendizagem na educação infantil. Nota-se que os escolares nesse nível educacional precisam de um suporte cognitivo-linguistico para o seu desenvolvimento. As políticas para a educação infantil precisam avançar, norteando a prática profissional dentro do contexto escolar, tais políticas favorecem o processo de inclusão do profissional, essa inclusão caracterizam a importância da interlocução entre as áreas da Fonoaudiologia e da Educação.

CARLINO FC, DENARI F, COSTA MPR. Programa de orientação fonoaudiológica para professores da educação infantil. Rev. Distúrb Comun, São Paulo, 23(1): 15-23, abril, 2011

CELESTE, Letícia Corrêa et al. Mapeamento da fonoaudiologia educacional no Brasil: formação, trabalho e experiência profissional. CoDAS, São Paulo, v. 29, n. 1, e20160029, 2017.

ROSAL AGC, CORDEIRO AAA, SILVA AC, SILVA RL, QUEIROGA BAM. Contribuições da consciência fonológica e nomeação seriada rápida para a aprendizagem inicial da escrita. Rev. CEFAC. 2016 Jan-Fev; 18(1):74-85

OLIVEIRA JP, SCHIER AC. suportes para a atuação em fonoaudiologia educacional Rev. CEFAC. 2013 Mai-Jun; 15(3):726-730



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2147
FONOAUDIOLOGIA EM EQUIPE MULTIDISCIPLINAR: ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UM HOSPITAL DE RETAGUARDA NA CAPITAL DO RIO GRANDE DO SUL
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Hospitais de retaguarda visam dar continuidade ao tratamento iniciado em outros hospitais, liberando leitos de emergências e permitindo cuidado continuado, por vezes relacionados às necessidade de reabilitação e/ou cuidados paliativos. A atuação fonoaudiológica nesses locais é vista cada vez mais como essencial, uma vez que os pacientes necessitam de cuidados multidisciplinares que envolvem funções como deglutição e comunicação, sendo o fonoaudiólogo o profissional apto a tratá-las.

Este tem como objetivo descrever a experiência da inserção da equipe de fonoaudiologia desde o início das operações da instituição, no ano de 2018, até o momento atual.

A equipe de fonoaudiologia é composta por duas fonoaudiólogas pós graduadas na área hospitalar, responsáveis pelos setores de cuidados prolongados, retaguarda clínica e cuidados intensivos. A equipe multiprofissional é composta por psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas, médicos, enfermeiros entre outros. Inaugurado em 2018, o hospital é relativamente novo e iniciou os trabalhos com um forte conceito de atuação multidisciplinar, onde a fonoaudiologia pôde se inserir e evidenciar resultados positivos quando iniciada a intervenção fonoaudiológica precocemente.

As fonoaudiólogas participam de rounds em todos os setores, discutindo e orientando as equipes quanto aos cuidados durante a oferta de alimentos para pacientes disfágicos, cuidados com traqueostomias, apresentação das alterações de comunicação e maneiras de abordar os pacientes por elas afetados. A equipe de nutrição ajusta as dietas no sistema conforme a sugestão de consistência (e por vezes volume) do fonoaudiólogo, sendo a liberação realizada pela equipe médica, que faz a solicitação de acompanhamento fonoaudiológico via sistema conforme avaliação da necessidade. Fonoaudiólogos e fisioterapeutas atuam no processo de decanulação de pacientes, cada profissional atuando quanto a suas especificidades, tornando visíveis resultados positivos na recuperação dos internados. A equipe de psicologia consegue atuar de maneira mais efetiva em casos onde pacientes apresentam alterações na linguagem compreensiva e expressiva quando ocorre o diálogo entre fonoaudiólogos e psicólogos. Todas as equipes atuam de maneira multidisciplinar, sendo a fonoaudiologia uma equipe atuante em discussões entre profissionais de diferentes áreas.

A fonoaudiologia hospitalar tem um amplo espectro de atuação, sendo sua atuação em cuidados prolongados decisiva na desospitalização segura de pacientes internados, sendo a reabilitação da deglutição por vezes fator de redução do tempo de internação, bem como o processo de decanulação que é otimizado quando realizada a reabilitação fonoaudiológica. A atuação em hospital de retaguarda, quando realiza por equipe multidisciplinar com condutas alinhadas, tem como benefício promover conforto ao paciente, reduzir tempo de internação em centros de cuidados intensivos e internações prolongadas. No presente relato houve benefício para instituição e para as equipes pelo início da atuação de todas as equipes quando inaugurado o hospital, promovendo um ambiente de trocas e cooperação entre profissionais, sendo o fonoaudiólogo visto como essencial pelos resultados demonstrados em um espaço de tempo relativamente curto.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
322
FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: ANÁLISE DE INSERÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO DE AMPLIAÇÃO DE LEITOS DE UTI COVID19 E DE VENTILADORES MECÂNICOS.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: a pandemia de Covid19 impôs mudanças na oferta de Atenção de Alta Complexidade que resulta de fatores conjunturais. O acesso ao leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tornou-se um debate público complexo. A Fonoaudiologia Hospitalar é marcada pela atuação em equipes interprofissionais e multidisciplinares em leitos hospitalares para o suporte de proteção da via aérea inferior e a adequação de alterações no padrão ventilatório, com vistas à coordenação entre as funções de deglutição, respiração, fala, voz e linguagem. O paciente de Covid19 grave é de risco expressivo típicos de alterações da deglutição, decorrentes de intubação orotraqueal que favorece a penetração e a aspiração laríngeas pelo insuficiente fechamento laríngeo que pode agravar para pneumonias e comprometimentos pulmonares letais. O número de fonoaudiólogos no Sistema Único de Saúde (SUS) é pouco conhecido e sua inserção em hospitais pode representar a redução de letalidade e de custo nas internações. O presente estudo se propôs a analisar a inserção do fonoaudiólogo hospitalar no Sistema Único de Saúde, no contexto da pandemia de Covid19 e sua relação com a implantação de leitos de UTI adulto II Covid19, UTI pediátrica Covid19 e ventiladores mecânicos por regiões geográficas. Método: estudo exploratório, descritivo, tomando como unidades de análise as regiões geográficas do Brasil. Foram analisados dados do Ministério da Saúde, no período de maio de 2019 a maio 2020. Neste caso, não se aplicam as resoluções sobre ética em pesquisa com seres humanos. Os dados foram transpostos para o Excel; foram elaboradas planilhas, considerando o número de fonoaudiólogos inseridos em: Hospital Geral (HG), Hospital Especializado (HE) e Hospital Dia (HD). Estimou-se a variação percentual (VP) do número de fonoaudiólogos hospitalares, a necessidade de fonoaudiólogos 1/10.000habitantes e calculo de razão de leitos e de ventiladores por fonoaudiólogos. Resultados: há no Brasil 6.928 hospitais, sendo 76% Hospital Geral, 14% de Hospitais Especializados e 10% Hospitais Em 2019 a inserção era de 4.979 fonoaudiólogo e 5.301 em maio de 2020, aumento de 322 fonoaudiólogo em um ano (6,5%). As regiões sudeste e nordeste são as que mais concentram fonoaudiólogos em ambiente hospitalar (n=2.649; n=1105), seguidas pela região sul e centro oeste (n=6091; n=491). A maior inserção percentual foi nas regiões centro-oeste e nordeste. Predomina o Hospital Geral com maior inserção. A inserção acompanha a implantação de leitos de UTI para Covid19 e a aquisição de ventiladores mecânicos. Discussão: os resultados situam a fonoaudiologia hospitalar no contexto da pandemia de Covid19, afirmando a fonoaudiologia nas práticas de saúde coletiva da atenção de alta complexidade. Persistem desigualdades regionais de acesso à assistência, principalmente nos casos que necessitam de suporte avançado de vida, diagnóstico, avaliação e terapia fonoaudiológica em disfagia, voz e linguagem. Conclusão: a pandemia e Covid19 impôs reorganização ao sistema de saúde, com ênfase na implantação de leitos de UTI e ventilação mecânica. A fonoaudiologia hospitalar se consolida como prática social no enfrentamento da Covid19. Persiste a desigualdade de fonoaudiólogos no Brasil, sendo necessária a contínua discussão sobre o acesso e a equidade.

1. World Health Organization. Oxygen sources and distribution for COVID-19 treatment centres: interim guidance, 4 April 2020. Geneva: World Health Organization; 2020.
2. Sarkar J, Chakrabarti P. A machine learning model reveals older age and delayed hospitalization as predictors of mortality in patients with COVID-19. medRxiv 2020; 30 mar. https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2 020.03.25.20043331v1.
3. Zhang T, McFarlane K, Vallon J, Yang L, Xie J, Blanchet J, et al. A model to estimate bed demand for COVID-19 related hospitalization. medRxiv 2020; 26 mar. https://www.medrxiv. org/content/10.1101/2020.03.24.20042762v1.
4. IHME COVID-19 Health Service Utilization Forecasting Team; Murray C. Forecasting COVID-19 impact on hospital bed-days, ICU- days, ventilator-days and deaths by US state in the next 4 months. medRxiv 2020; 30 mar. https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2 020.03.27.20043752v1.
5. Waldman A, Shaw A, Ngu A, Campbell S. Are hospitals near me ready for coronavirus? Here are nine different scenarios. ProPublica 2020; 17 mar. https://projects.propublica.org/ graphics/covid-hospitals.
6. Moghadas SM, Shoukat A, Fitzpatrick MC, Wells CR, Sah P, Pandey A, et al. Projecting hospital utilization during the COVID-19 out-breaks in the United States. Proc Natl Acad Sci U S A 2020; 117:9122-6.
7. Verhagen MD, Brazel DM, Dowd JB, Kashnitsky I, Mills M. Predicting peak hospital demand: demographics, spatial variation, and the risk of “hospital deserts” during COVID-19 in England and Wales, 2020. OSFPreprints 2020; 27 mar. https://osf.io/g8s96/.
8. Walker PGT, Whittaker C, Watson O, Baguelin M, Ainslie KEC, Bhatia S, et al. The
9 Castro MC, Carvalho LR, Chin T, Kahn R, Franca G, Macário EM, et al. Demand for hospitalization services for COVID-19 patients in Brazil. medRxiv 2020; 1 abr. https://www.me drxiv.org/content/10.1101/2020.03.30.20047 662v1.
10. Silva Diêgo Lucas Ramos e, Lira Fabrício Osman Quixadá, Oliveira Julio Cesar Cavalcanti de, Canuto Marisa Siqueira Brandão. Atuação da fonoaudiologia em unidade de terapia intensiva de um hospital de doenças infecciosas de Alagoas. Rev. CEFAC [Internet]. 2016 Feb [cited 2020 June 30]; 18( 1 ): 174-183. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000100174&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-0216201618112015.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1256
FONOAUDIOLOGIA NA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR - REVISÂO DE LITERATURA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
04162001


Introdução: Esta pesquisa se propõe a realizar reflexões sobre o trabalho da Fonoaudiologia na Assistência Domiciliar.
Em realidade, o atendimento domiciliar parece ter sido a primeira prática de cuidado em saúde e, assim, precursora da própria medicina. O desenvolvimento da ciência e da tecnologia constituíram e levaram a assistência à saúde para espaços específicos à assistência à saúde, especialmente os hospitais, por serem espaços que concentram recursos para a prestação dos cuidados, com ambientes preparados para controlar a assepsia e mitigar os riscos de contágio. Entretanto, como as práticas de saúde são fortemente ligadas à questões sociais, políticas e econômicas, há limites da necessidade e das possibilidades à institucionalização formal do cuidado em hospitais, o que se explica por muitas razões, entre elas as variações históricas das sociedades e da economia mundial, que impõem adaptação a tais transformações. Fatos estes que podem responder o porquê deste “retorno formal” da continuidade do cuidado no domicílio e a Fonoaudiologia participa intensamente deste processo.
Objetivo: Esta pesquisa se propõe a realizar reflexões sobre o trabalho da Fonoaudiologia na Assistência Domiciliar, por meio de uma revisão de literatura nacional.
Método: Levantamento bibliográfico nas bases de dados LILACS, PubMed e Scielo, utilizando as palavras chaves: atenção domiciliar, atendimento domiliciar, home care, e visita domiciliar, em conjunto com o termo Fonoaudiologia. E descritores: Fonoaudiologia e Assistência Domiciliar; Home nursing and Speech, Language and Hearing Sciences; Home calls and Speech, Language and Hearing Sciences. * Os descritores em inglês foram usados somente para o screening de localização de artigos, optou-se neste momento por analisar a literatura nacional.

Resultados/Discussão: A pesquisa gerou ao final um levantamento total de apenas dez artigos. Destes, a grande maioria (oito) relatam sobre experiências no Sistema Único de Saúde (SUS), e, neste universo, cinco se voltam para as visitas domiciliares realizadas na Atenção Básica do SUS pelos fonoaudiólogos integrantes do programa. Alguns estudos são indiretos por se debruçarem na percepção de usuários ou agentes de saúde (2) sobre as visitas e a atuação Fonoaudiológica (3), a continuidade do cuidado (1), somente dois artigos citam as empresas particulares de atendimento, contudo, não reflexionam sobre as relações de trabalho ou como se dá a terapêutica neste setting, os estudos se voltaram para a construção de protocolos de orientação e o levantamento de perfil de usuários dos serviços.

Conclusão: Os estudos corroboram que há potência neste campo de atuação Fonoaudiológica, contudo, poucos trabalhos na área, principalmente no que se refere as empresas de Home Care privadas.
A referência a dados da pesquisa acima é aqui apresentada por reforçar a pertinência de mais estudos fonoaudiológicos nessa área, em direção a estabelecer o estado da arte do Atendimento Fonoaudiológico Domiciliar.
Certamente, um contorno científico sobre essa atuação ajudará na produção de conhecimento de nossa área, entendendo os processos em que o profissional da Fonoaudiologia participa e, consequentemente, podendo aprimorar sua atuação nesses contextos.

MIINISTÉRIO DA SAÚDE. Atendimento Domiciliar. Acesso eletrônico realizado 16/10/2018: http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/melhor-em-casa-servico-de-atencao-domiciliar/atencao-domiciliar.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Melhor em Casa. Acesso eletrônico realizado 16/10/2018: http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/melhor-em-casa-servico-de-atencao-domiciliar/melhor-em-casa.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 11 do Ministério da Saúde e da ANVISA, de 26 de janeiro de 2006, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam Atenção Domiciliar.
MOLINI-AVEJONAS D.R.; ABOBOREIRA M.S.; COUTO M.I.V.; SAMELLI A.G. Inserção e atuação da Fonoaudiologia nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. CoDAS 2014;26(2):148-54.
Oliveira KFP, Pereira AS, Zeigelboim BS, Santos RS. Atenção à disfagia orofaríngea no home care: gerenciamento fonoaudiológico. Estudo de validação de aparência e conteúdo de um manual de orientação. Rev. CEFAC. 2018 Set-Out; 20(5):640-647.
PICHON-RIVIERE, E. O processo Grupal. Martins Fontes, São Paulo, 1988
SANTANA L.; FERNANDES A.; BRASILEIRO Â.G.; ABREU A.C. Critérios para avaliação Clínica Fonoaudiológica do paciente traqueostomizado no leito hospitalar e internamento domiciliar. Rev. CEFAC. 2014 Mar-Abr; 16(2):524-536.
SILVA S.L.B; MUSSE, R.I.P.; NEMR, K. Assistência domiciliar na cidade de Salvador-BA: possibilidade de atuação fonoaudiológica em Motricidade Orofacial Rev. CEFAC. 2009 Jan-Mar; 11(1):94-10.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
199
FONOAUDIOLOGIA: INTERVENÇÃO NA SAÚDE, SEGURANÇA E TRABALHO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
A Saúde do Trabalhador é uma área da Saúde Coletiva que tem como objeto de estudo e intervenção a relação trabalho-saúde. O enfoque desta área é o processo de trabalho, buscando a apreensão dos fenômenos individuais e coletivos, com abordagens transdisciplinares.
Segurança e Saúde são ciências diferentes, ou seja, cada uma possui seus instrumentos de intervenção, porém, ambas são igualmente reguladas pelas Normas Regulamentadoras. Segundo a Norma Regulamentadora 17 (NR 17), que fala sobre a Ergonomia, as condições de trabalho precisam respeitar as características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente. Essas condições incluem aspectos relacionados ao mobiliário, aos equipamentos, às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir diversas doenças como depressão e hipertensão. Em alguns casos, também podem ser usadas como tratamentos paliativos em algumas doenças crônicas.

Objetivo
Identificar as não conformidades presentes no ambiente de trabalho, e consequentemente, atuar na Saúde do Trabalhador e na Saúde e Segurança do Trabalho.

Método
O projeto foi desenvolvido em uma rádio universitária pertencente a uma instituição pública do Brasil. O grupo, composto por 5 (cinco) integrantes, foi dividido com o intuído de realizar as ações quatro vezes por semana. O projeto contou com a participação de estudantes do curso de Fonoaudiologia e Enfermagem.
Inicialmente, foi aplicado o CHECKLIST PARA AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES ERGONÔMICAS EM POSTOS DE TRABALHO E AMBIENTES INFORMATIZADOS (Couto, 2014). Na análise, foram observados layout, cadeiras, mesas, teclados, telas de computadores e mouses. Foi realizada, também, uma avaliação do ambiente de trabalho, a fim de observar ruído, temperatura e iluminação.
Foram desenvolvidas como Práticas Integrativas e Complementares em Saúde a meditação e o Reiki, associada a exercícios de relaxamento e de respiração. Tais práticas foram realizadas sob supervisão da orientadora do projeto. As atividades aconteciam nos postos de trabalho e ao ar livre, com duração média de 15 minutos.

Resultados
Diante da aplicação do checklist, foi possível observar não conformidades como falta de apoio para os pés, cadeiras sem rodízio e regulador, borda da mesa em quina viva entre outras. As não conformidades presentes nos postos de trabalho limitam uma prática laborativa saudável. Alguns trabalhadores relatam que o mobiliário, em especial as cadeiras, interfere na atividade laboral, visto que o mecanismo de regulagem de altura, quando existente, não funciona adequadamente, fazendo com os pés fiquem pendurados.
Com relação as PICS e aos exercícios de relaxamento e respiração, os trabalhadores relatam melhoras na qualidade de vida, que refletem na atividade profissional. Alguns trabalhadores comentam que antes das atividades eles trabalhavam desmotivados, mas agora, os quinze minutos de relaxamento fazem muita diferença no seu dia a dia.

Conclusão
A atuação da Fonoaudiologia na área da Saúde do Trabalhador assim como a realização das PICS no ambiente de trabalho favorece uma qualidade de vida mais saudável aos trabalhadores.

Mendes R, Dias EC. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de Saúde Pública [Internet]. 1991 [acesso em 20 Jun 2020];25(5):341-349. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rsp/1991.v25n5/341-349/pt
BRASIL. Ministério da Economia. Norma Regulamentadora Nº 17 – Ergonomia, 2015. Disponível em: http://www.trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-17-ergonomia.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. 2ª ed. Brasília, DF. 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1887
FONOAUDIOLOGIA: MOTRICIDADE OROFACIAL COM ÊNFASE NA ESTÉTICA FACIAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A Motricidade Orofacial é uma das especialidades da Fonoaudiologia. Dentre outros focos de atuação dessa especialidade, a estética facial possui o objetivo de reequilibrar as estruturas e funções estomatognáticas, e promover consequentemente o rejuvenescimento e a harmonia facial de forma natural e não invasiva. Segundo o Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), por meio da Resolução CFFa nº 352, 5 de abril de 2008, a atuação em Motricidade Orofacial com finalidade estética visa avaliar, prevenir e equilibrar a musculatura da mímica facial e/ou cervical, buscando a simetria e a harmonia das estruturas envolvidas no movimento e na expressão, com resultados estéticos. A terapia oromiofuncional com finalidade estética possui o objetivo de proporcionar simetria, harmonia facial e cervical, além de proporcionar ao indivíduo a sensação de bem estar com a sua autoimagem. A face é a parte mais expressiva do corpo e as contrações musculares da face são realizadas por cerca de 80 músculos faciais. Por meio da musculatura facial se expressam emoções que são realizadas de acordo com o estado emocional do indivíduo como alegria, tristeza, raiva, susto e dor. Um dos fatores externos que causam o envelhecimento facial é o uso exagerado e repetitivo desta musculatura, na qual o fonoaudiólogo está apto para atuar diretamente e indiretamente. Objetivo: Discutir a importância da fonoaudiologia na estética facial. Métodos: Trata-se de uma revisão da literatura com publicações nacionais e internacionais, datadas entre 2002 a 2020. Foram utilizados os descritores: estética, envelhecimento da pele, fonoterapia e rejuvenescimento. As pesquisas foram realizadas no período de fevereiro a maio de 2020, através de livros, artigos, dissertações, monografia e tese, disponíveis nos bancos de dados Google acadêmico, Scielo, Portal de periódicos, Scinapse, Biblioteca virtual em saúde e Lilacs. Foram encontrados 22 artigos, 2 livros, 2 dissertações, 1 tese e 1 monografia. Resultados: Através da literatura foi verificado que os resultados mais citados da atuação fonoaudiológica na área da estética facial foram: suavização de linhas de expressão facial, face mais descansada e harmônica. Conclusão: A fonoaudiologia estética é uma proposta alternativa no mercado estético, a qual proporciona a suavização de linhas das expressões faciais por meio da terapia miofuncional orofacial, visando melhorar primordialmente as funções estomatognáticas e a musculatura da face.

1. Pavez A, Silva TM. Fonoaudiología y estética facial: experiencia de Brasil en la atención primaria de salud. Rev. Chilena de Fonoaudiología. 2015 nov; 14:45-54.

2. Silva NL, Vieira VS, Motta AR. Eficácia de duas técnicas fonoaudiológicas da estética facial no músculo orbicular dos olhos: estudo piloto. Rev. CEFAC. 2010;12(4).

3. Takacs AP, Valdrighi V, Assencio-Ferreira VJ. Fonoaudiologia e estética: unidas a favor da beleza facial. Rev. CEFAC. 2002 abr; 4(2):111-16.

4. Smith, AM, Ferris T, Nahar VK, Sharma M. Non-Traditional and Non-Invasive Approaches in Facial Rejuvenation: a brief review. Cosmetics 2020, 7(1). DOI https://doi.org/10.3390/cosmetics7010010

5. Almeida PIA. Fonoaudiologia Estética Facial: bases para o aprimoramento miofuncional. Rio de Janeiro: Revinter; 2008.

6. Borsel JV, De Vos MC, Bastiaansen K, Welvaert J, Lambert J. The effectiveness of facial exercises for facial rejuvenation: a systematic review. Aesthetic Surgery Journal. 2014; 34(1):22-7.

7. Franco MZ, Scattone L. Fonoaudiologia e Dermatologia: um trabalho conjunto e pioneiro na suavização das rugas de expressão facial. Fono Atual. 2002 out; 5(22):60-6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1433
FONOTERAPIA EM GRUPO NAS AFASIAS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Caracterizada por alterações de processos linguísticos de significação, de origem articulatória e discursiva, a afasia é resultado de lesão focal adquirida no sistema nervoso central, em áreas responsáveis pela linguagem. As alterações linguísticas observadas nesses casos podem ou não estar associadas a prejuízos de outros processos cognitivos. O processo de intervenção fonoaudiológica na afasia envolve a seleção da abordagem terapêutica mais apropriada para determinado tipo de alteração, fase de recuperação e participação dos pacientes na vida social, considerando os recursos cognitivos e pragmáticos de cada indivíduo, assim como as necessidades e objetivos individuais. No que se refere à recuperação, são identificadas três fases: 1) fase aguda (0 a 4 semanas), de ativação; 2) pós-aguda (inicial: 1-6 meses e tardia: 6 meses a um ano de evolução), podendo ocorrer grandes avanços clínicos com terapia específica; e 3) crônica, período de consolidação social. A partir dessa classificação da afasia em fases, a intervenção fonoaudiológica pode ser realizada individualmente ou em grupo, visando exercícios ativos direcionados à linguagem verbal. No contexto das afasias, a terapia em grupo propícia situações de práticas discursivas e esquemas interativos que ultrapassam a díade de terapeuta/paciente. OBJETIVO: Realizar uma revisão bibliográfica sobre fonoterapia em grupo para sujeitos afásicos, abrangendo produções dos últimos dez anos. MÉTODO: Trata-se de uma revisão bibliográfica, tendo como questão norteadora: “Existem publicações científicas sobre fonoterapia em grupo nos casos de afasia, nos últimos dez anos?”. Para isso, foi realizado um levantamento nas bases de dados: Scielo, Lilacs e PubMed. Foram selecionados e analisados artigos científicos publicados entre 2009 e 2019. RESULTADOS: Foi encontrado um número restrito de artigos referente ao tema proposto, no período estabelecido, somando um total de cinco estudos. Observou-se que a maior parte dos artigos disponibilizados na literatura aborda fonoterapia em grupo referente a outras áreas da fonoaudiologia, tais como voz, aprendizagem e reabilitação auditiva. CONCLUSÃO: Apesar da escassez de publicações, todos os estudos selecionados destacaram a importância e os benefícios que a fonoterapia em grupo proporciona ao sujeito afásico. Essa terapêutica lhe propicia a construção de uma identidade própria, por meio de mecanismos que estimulam a sua comunicação, de forma que esse sujeito se sinta acolhido e inserido no meio social.

1. Coudry MIH. Diário de Narciso: Discurso e Afasia. São Paulo: Martins Fontes; 2001.

2. Springer L.Therapeutic Approaches in Aphasia Rehabilitation. In: Stemmer B, Whitaker H. [Eds.]HandbookofNeuroscienceofLanguage. London: Elsevier,2008.

3. Peña-CasanovaJ. Afasias e área da linguagem: fundamentos. In: Peña-Casanova J,Pamies MP. Reabilitação da afasia e transtornos associados. Reabilitação da afasia e transtornos associados. Barueri: Manole, 2005.


4. Leite APD, Panhoca I. A constituição de sujeitos no grupo terapêutico fonoaudiológico: identidade e subjetividade no universo da clínica fonoaudiológica. RevDistComun. 2003; 15[2]:289-308.

5. Santana AP.Grupo terapêutico no contexto das afasias.DistComun. 2015; 27[1]:4-15.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
544
FORMAÇÃO DO CANTOR: A PROMOÇÃO DA SAÚDE PARA ALÉM DA VOZ
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Este estudo é oriundo de uma dissertação de mestrado, publicado em formato de artigo em 2019. A pesquisa foi realizada em duas universidades públicas do Rio de Janeiro e teve como objetivo a investigação das práticas de promoção da saúde de cantores nos cursos de bacharelado em Música (habilitação canto).

METODOLOGIA

A coleta de dados se deu através de análise documental, com investigação dos projetos político pedagógicos das universidades e da legislação na qual se basearam; observação participante, através de diário de campo, totalizando setenta horas de observação em disciplinas ministradas aos cantores, além de oito horas de observação de espetáculos produzidos e apresentados por discentes e docentes das instituições; e entrevistas estruturadas, direcionadas aos discentes e aos informantes-chave (categoria que compreendia docentes, membros da coordenação do curso e cantores que tivessem alguma relação com a universidade).
O recrutamento dos discentes ocorreu através de convite por meio de correio eletrônico, tendo como critério de elegibilidade estar cursando o bacharelado ao momento da pesquisa. Quanto aos informantes-chave, os mesmos foram recrutados através da Técnica Snowball.
Para a análise das entrevistas, aplicou-se o método da Teoria Fundamentada, realizando-se a codificação das ideias temáticas em busca de uma aproximação das falas transcritas com os contextos observados.

RESULTADOS

Observou-se que ambos os projetos político pedagógicos possuem disciplinas voltadas para a promoção da saúde vocal dos cantores discentes. A existência destas disciplinas foi um fator ressaltado pelos informantes-chave como prática de promoção de saúde. No entanto, por parte dos discentes, manifestaram-se insatisfações com relação a estas disciplinas seja pela insatisfação com a abordagem da mesma, seja pela curta duração das disciplinas ofertadas com esta finalidade.
Observou-se ainda, a relação de confiança entre discentes e docentes quanto às orientações quanto à saúde vocal; a dificuldade de acesso dos discentes a atendimento especializado (otorrinolaringologia, fonoaudiologia, etc); a insatisfação em relação a infraestrutura das universidades, podendo acarretar em agravos à saúde dos cantores; e o desejo de maior aproximação com os cursos de saúde, especialmente para suporte aos alunos através de parcerias com a fonoaudiologia e a psicologia; e a pouca abordagem quanto a promoção da saúde em outros aspectos que não vocais (auditivos, emocionais, físicos e etc).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por serem ambientes de aprendizado e desenvolvimento, acredita-se que as universidades seriam espaços privilegiados para a promoção da saúde dos cantores durante o processo de formação. Este estudo nos leva a refletir sobre como as práticas de promoção da saúde vem sendo ofertadas aos cantores nas universidades. Os resultados encontrados nos levam a compreender que a saúde vocal tem sido o foco principal das práticas de promoção da saúde voltadas a este coletivo. Os demais fatores capazes de afetar a saúde dos cantores, no entanto, parecem não estar sendo observados da mesma forma.
Conhecer a especificidade que envolve o ofício e a saúde ocupacional dos cantores faz-se necessário para que novas práticas de promoção da saúde, de caráter mais integrador, capazes de pensar no indivíduo como um todo, possam ser elaboradas e aplicadas, beneficiando este coletivo.





[1] Buss PM, Filho AP. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, 2007; 17(1):77-93
[2] Kreutz G, Ginsborg J, Williamon A. Health-promotion behaviours in conservatoire students. Psychology of music, 2009; 37(1):47-60
[3] Kwak PE, Stasney CR, Hatway J, Minard CG, Ongkasuwan J. Knowledge, experience and anxieties of young classical singers in training. Journal of voice, 2014; 28(2):191-195
[4] Mendes MH, Morata TC. Exposição profissional à música: uma revisão. Rev. sociedade brasileira de fonoaudiologia, 2007; 12(1):63-69
[5] Panebianco-warrens CR, Fletcher L, Kreutz G.Health-promotion behaviours in south american music students: a replication study. Psychology of musica, 2015; 43(6):779-792
[6] Costa CP. Saúde do músico: percursos e contribuições ao tema no Brasil. Opus, 2015; 21(3):138-208


TRABALHOS CIENTÍFICOS
998
FORMAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E/OU ALTERNATIVA (CSA): VISÃO DE EDUCADORES INSERIDOS NA REDE PÚBLICA DE ENSINO
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: Recursos, estratégias e procedimentos relativos ao campo da Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) podem contribuir para as interações estabelecidas entre professores e alunos com significativas restrições de oralidadel(1-2). Considerando que a Fonoaudiologia desempenha papel importante nos estudos em torno da linguagem, em especial, de pessoas com as referidas restrições, destaca-se a importância de parcerias entre fonoaudiólogos e educadores em torno de conhecimentos teórico-metodológicos que promovam o uso efetivo da CSA no desenvolvimento da linguagem e dos processos de ensino-aprendizagem(3). OBJETIVO: Analisar a visão de professores acerca de concepções em torno da Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA), bem como os modos de interação estabelecidos com seus alunos com restrições de oralidade, após a realização de um curso de formação continuada, fundamentado numa perspectiva sócio-histórica. MÉTODO: Esse estudo exploratório de natureza qualitativa exploratória, foi aprovado pelo Comitê de Ética, sob parecer de número 498.215/2013. Participaram do mesmo 20 professores inseridos na rede pública de Educação da região metropolitana de Curitiba inseridos no ensino regular e especial e no atendimento educacional especializado que atuam com alunos com restrições de fala. O objetivo da formação continuada foi o de promover e aprofundar conhecimentos sobre o processo de apropriação de linguagem, bem como sobre a CSA, enquanto recurso linguístico-semiótico que pode promover as interações entre alunos e professores. O instrumento de coleta de dados foi um questionário semiestruturado aplicado em dois momentos, ou seja, no início e ao final da formação. Tal instrumento continha questões referentes à identificação dos participantes, os modos de interação com seus alunos com restrições de fala e a concepção de CSA. Para abordar os resultados foi adotada a análise de conteúdo. RESULTADOS: Quanto aos modos de interações estabelecidas entre professores e alunos com restrições de fala destaca-se que, em alguns casos, foi indicado mais de um modo, extrapolando o percentual de 100%. Dentre os modos citados, antes e depois da realização da referida formação, pode-se notar uma mudança, ou seja, antes da formação 60% dos participantes referiu ocorrer a partir da linguagem corporal e após 45%; antes 35% a partir de recursos pictográficos e após 80% e antes 30% a partir da oralidade e após 25%. Com relação às concepções dos professores acerca da CSA, antes da realização da formação, 75% a concebia enquanto código-instrumento de comunicação e 20% como prática social de natureza simbólica, constitutiva do sujeito, após a formação os percentuais em relação a primeira abordagem foi 55% e a segunda 45%. CONCLUSÃO: Os resultados apontam para mudanças de visões dos professores acerca dos modos de interações estabelecidos com seus alunos e das concepções de CSA evidenciando, assim, o impacto da formação continuada nas práticas pedagógicas. A formação, quando orientada a partir de uma perspectiva sócio-histórica e comprometida com a dimensão teórica-prática, promoveu um maior entendimento acerca dos diferentes aspectos envolvidos com as interações dialógicas estabelecidas entre professor e aluno e, portanto, com o uso de recursos de CSA nos processos de ensino-aprendizagem.

1.CARNEVALE, L. B. et al. Comunicação Alternativa no contexto educacional: conhecimento de professores. Rev Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 19, n. 2, p. 243-256, 2013.

2-KRÜGER, S.. A comunicação suplementar e/ou alternativa: atividade semiótica promotora das interações entre professores e alunos com oralidade restrita. 2016...230f.Tese (Doutorado)- Universidade Tuiuti do Paraná.,Programa de Mestrado e Doutorado em Distúrbios da Comunicação, 2016.

3- DE CARVALHO DAUDEN, A. T. Os práticos do Diálogo – a construção de saberes em Fonoaudiologia. Distúrbios da Comunicação, São Paulo, v. 18, n. 3, p.417- 419, 2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1023
FORMAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA: CONTRIBUIÇÕES DE VIVÊNCIAS EXTENSIONISTAS DE UMA LIGA ACADÊMICA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: no campo da saúde, as Ligas emergiram da necessidade de combater a alta prevalência de agravos à saúde no início do século XX. Após anos de estudos e contribuições, seguindo modificações e documentações, atualmente, as Ligas incorporam e buscam a prática do princípio da indissociabilidade entre os eixos de ensino, pesquisa e extensão, assumindo um caráter extracurricular e complementar. OBJETIVO: descrever vivências de graduandos proporcionadas por reuniões e ações da Liga Acadêmica de Fonoaudiologia Hospitalar. METODOLOGIA: o trabalho relata a experiência vivenciada em reuniões de capacitação e ações de Educação em Saúde sobre diversos temas transversais da área de fonoaudiologia hospitalar, tais como: Cuidados da semana de atenção à terceira idade e semana de atenção à disfagia, ação de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço, dia mundial do acidente vascular cerebral, entre outros. O cronograma foi organizado para realizar uma ação ou uma atividade prática após cada reunião de capacitação. Durante as reuniões foram utilizados recursos audiovisuais, artigos acadêmicos e recursos terapêuticos, estimulando sempre a realização da pesquisa acadêmica. Para as ações de educação em saúde, foram utilizados recursos visuais como folders, adesivos, cartilhas expositivas e cartazes, com o intuito de atrair a atenção dos participantes e facilitar o compartilhamento de conhecimentos. RESULTADOS: notou-se que as atividades extensionistas dentro da liga acadêmica reforçaram o conhecimento teórico e prático dos participantes durante as ações, campanhas e reuniões, demonstrado nas esquematizações dos recursos, materiais e discursos apresentados. Esses momentos tornam-se demasiadamente determinantes na formação acadêmica, considerando as diversas possibilidades de aprendizado fornecidas, desde o conhecimento prático até a oportunidade de vivenciar o processo ensino-aprendizagem em uma construção junto à população. Foi perceptível que o engajamento dos participantes influencia diretamente no retorno esperado, podendo notar um conhecimento limitado do público, quanto aos assuntos abordados em ações. Destacamos ainda que muitas vezes, os locais no qual as ações foram realizadas não foram favoráveis, trazendo como consequência um fluxo de pessoas reduzido. Apesar dessa dificuldade, as ações atingiram seus objetivos e levaram informação tanto para o público geral quanto ao grupo de risco, como foi o caso das ações de Atenção à Disfagia e do dia Mundial do AVC (Acidente Vascular Cerebral). Além disso, a utilização dos recursos visuais produzidos auxiliaram para uma boa interação entre os participantes e os ligantes responsáveis pela ação, facilitando a compreensão e aprendizagem da temática abordada. Ademais, a elaboração de recursos e o planejamento de atividades, dentro dos espaços da liga acadêmica, estimulou a criatividade e pensamento terapêutico destes estudantes, auxiliando para obtenção de um resultado positivo nas intervenções e práticas terapêuticas. CONCLUSÃO: as atividades proporcionadas pela liga acadêmica trouxeram inúmeras contribuições para os acadêmicos que dispõem dessa experiência. Muitos atributos trazidos por esses espaços fomentam a fixação do conteúdo teórico e a associação com a prática profissional, a facilidade para elaboração de recursos terapêuticos, a acessibilidade comunicativa e a visão crítica para desenvolver atividades de educação em saúde que resultem na melhoria do funcionamento do sistema de saúde e na sensibilização da comunidade.

Não se aplica


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2110
FORMAÇÃO HÍBRIDA PARA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA FISSURA LABIOPALATINA: ENSINO REMOTO E ESTÁGIO PRÁTICO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


TÍTULO: Formação híbrida para atuação fonoaudiológica na Fissura Labiopalatina: ensino remoto e estágio prático
INTRODUÇÃO: A integração do uso das “Tele Tecnologias” e diversas atividades na área da saúde recebe como definição o termo Telemedicina (TM) ou Telessaúde (TS) (5). Devido ao contexto da COVID-19 houve a necessidade de normativas e regulamentação relacionadas ao uso de tecnologias digitais, marcando a expansão das aplicações das atividades da TS (1). A Teleducação Interativa (Educação Digital Multicompetências), sendo uma dessas atividades, compete em aplicar recursos digitais e interativos com o fim de favorecer a aprendizagem ou disseminar amplamente conhecimentos para atualização profissional (6). Assim, a iniciativa do uso da Teleducação, sob a perspectiva dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), passou a modificar a interação das escolas e seus alunos, sendo integrada à modelos pedagógicos e conteúdos bem planejados (3,4).
OBJETIVO: Desenvolver conteúdo didático em um AVA a fim de preparar alunos do 4º ano do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, para atuar e realizar o estágio prático em Fissura Labiopalatina (FLP).
MÉTODO: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - FOB/USP (CAAE: 23688119.5.0000.5441). Os alunos tiveram acesso programado ao AVA durante o período de 1 mês e os conteúdos incluídos abordaram os distúrbios da comunicação na FLP e a avaliação instrumental da função velofaríngea para fala. Os conteúdos foram organizados e disponibilizados em um ambiente virtual da Instituição envolvendo atividades síncronas e assíncronas. O material incluiu: vídeos pré-existentes, aulas gravadas, materiais instrucionais para download em formato de artigos, manuais e acesso à sites, interações com reflexões sobre os aspectos abordados por meio de fóruns de discussão, e questionários sobre os assuntos abordados.
RESULTADOS: O material disponibilizado incluiu atividades previstas para um total de 45 horas de carga horária a qual pode ser explorada em 30 dias. Alguns encontros ocorreram em formato síncronos (quando o aluno deveria estar disponível para realizar a atividade num horário pré-estipulado juntamente com os professores e demais alunos) e outra parte da maioria da carga horária ocorreu em formato assíncrono (quando o aluno pode realizar a atividade de acordo com sua disponibilidade pessoal). Todos os alunos efetivaram a carga horária, participando e acessando todo o conteúdo, inclusive respondendo 5 fóruns e 3 questionários. A avaliação dos resultados será apresentada em formato quanti-qualitativo. O resultado efetivo da aprendizagem somente poderá ser mensurado quando os alunos retornarem ao Campus para as práticas presenciais oferecidas nos estágios.
CONCLUSÃO: O desenvolvimento das ferramentas da TS se mostra fundamental em um mundo cada vez mais tecnológico. Em situações inesperadas, como a atual pandemia, a Teleducação oportuniza a aprendizagem e favorece o preparo do formando para uma futura atuação prática.

(1) CAETANO, Rosângela et al. Desafios e oportunidades para telessaúde em tempos da pandemia pela COVID-19: uma reflexão sobre os espaços e iniciativas no contexto brasileiro. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 5, e00088920, 2020.
(2) CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Recomendação CFFa nº 22, de 26 de junho de 2020. Dispõe sobre a realização de disciplinas práticas e estágios nos cursos de Fonoaudiologia enquanto durar a situação de pandemia da doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Disponível em: . Acesso em: 13/07/2020.
(3) FINLEY, J.P. et al. A national network for the tele-education of canadian residents in pediatric cardiology. Cardiol Young 2001; 11: 526–531.
(4) JASPERS, M.W., et al. The International Partnership in Health Informatics Education. Stud Health Technol Inform. 2004;107 (Pt 2) 884-8.
(5) WEN, C.L. Telemedicina do presente para o ecossistema de Saúde Conectada 5.0. Instituto de Estudos de Saúde Suplementar - IESS. 2020.
(6) WEN, C.L. Telemedicina e as perspectivas de uma realidade próxima em educação, assistência e pesquisa. Anais da Academia Nacional de Medicina; Vol. 188 (3), 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
217
FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


No Brasil, mais especificamente nos últimos 20 anos, a área da Comunicação Alternativa (CA) vem ganhando espaço nos círculos acadêmicos e nas escolas comuns com a inclusão crescente de alunos com necessidades complexas de comunicação. Com isso se evidencia a necessidade urgente de formação dos professores que irão atuar com esses alunos no espaço escolar regular (1-2-3). Porém são poucas a Instituições de Ensino Superior com cursos da área educacional e clínica que ofertam em seus currículos disciplinas que abordem o tema da Tecnologia Assistiva (TA) e CA, cabendo então, uma reflexão sobre a formação dos docentes que não têm acesso ao conhecimento de áreas fundamentais para sua atuação (4-5). Esses dados expõem a necessidade de que sejam incluídos na sua capacitação conhecimentos teórico-práticos sobre recursos e serviços de TA e CA. Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência sobre a disciplina eletiva Tópicos Especiais: Linguagem e Comunicação Alternativa, oferecida pelo curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (6). O relato aborda a metodologia utilizada que parte de estudos de caso, problematizando situações reais onde o graduando precisa explorar e discutir os aspectos dos casos, fazendo relações teórico-práticas buscando resolver as questões identificadas. As soluções dos problemas culminam com a descrição de estratégias de comunicação e interação e com o desenvolvimento de material didático adaptado ou especialmente desenvolvido pelos discentes para alunos com necessidades complexas de comunicação, usuários ou potencialmente usuários de CA. Serão descritos os conteúdos abordados pela disciplina, os recursos de TA e CA utilizados durante as aulas, os recursos desenvolvidos pelos graduandos e as estratégias de comunicação pensadas para o uso dos recursos. Os resultados desse estudo relatam as impressões dos alunos sobre a disciplina e como foram impactados pelo aprendizado, pelas possibilidades de reinventar as práticas de ensino, a elaboração do material didático adaptado e como pensam em utilizar todo o aprendizado em suas práticas quando estiverem em sala de aula. A CA pode tornar-se uma ferramenta valiosa para o educador e o aluno. Quando o aluno consegue se expressar e compreender, ele se sente acolhido no ambiente escolar. Por isso o contexto escolar deve se adaptar para recebê-lo. Conclui-se que a formação dos professores deve ser uma questão primordial para que a educação inclusiva seja possível, já que ele será o mediador nos processos de aprendizagem, interação e comunicação no contexto escolar (6-7). Se esse professor, durante sua formação, foi orientado sobre as possibilidades de adaptação do currículo, sobre como acolher o aluno, a interagir e a se comunicar com ele, estará apto para receber esse aluno que não será apenas integrante da escola e sim incluído, sendo protagonista de seu processo de aprendizagem, e a CA é a ferramenta que possibilitará essa inclusão.

1.Chun RYS. Comunicação Suplementar e/ou Alternativa: abrangência e peculiaridades dos termos e conceitos em uso no Brasil. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2009; 21(1):69-74.

2.Massaro M, Deliberato D. Pesquisas em Comunicação Suplementar e Alternativa na Educação Infantil. Educação & Realidade. 2017; 42(4):1479-1501.

3.Deliberato D, Nunes LROP, Walter CCF. Linguagem e Comunicação Alternativa: caminhos para a interação e comunicação. In: Almeida MA, Mendes E. (Org.). A escola e o público alvo da Educação Especial: apontamentos atuais. 1ed.Marilia: Marquezine & Manzini/ABPEE; 2014. p. 197-210.

4.Nunes LROP, Walter CCF, Schirmer CR. Comunicação alternativa e inclusão escolar. In: Shimazaki EM, Pacheco E. (Org.). Deficiência e inclusão escolar. 2ed. Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá; 2018. p.45-77.

5.Schirmer CR. Comunicação Alternativa e formação inicial de professores para a Escola Inclusiva. [tese] Rio de Janeiro: Programa de Pós Graduação em Educação Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2012.

6.Marinho MS. Linguagem e Comunicação Alternativa na formação docente. [monografia] Rio de Janeiro: Faculdade de Educação Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2018.

7.Nunes LROP, Walter CCF. A Comunicação Alternativa para além das Tecnologias Assistivas. Archivos Analíticos de Políticas Educativas /Education Policy Analysis Archives. 2014; 22 (83):1-15.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1042
FORMANTES VOCÁLICOS NO FALAR SERGIPANO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


FORMANTES VOCÁLICOS NO FALAR SERGIPANO
Introdução: O Brasil possui uma população diversificada, composta por inúmeros povos, culturas, regiões e condições sociais. Esse conjunto de fatores confere características diferentes ao falar dos indivíduos, resultando nos variados sotaques existentes no país. O avanço tecnológico tornou possível, através de softwares no computador, estudar essas variações a partir de um método objetivo: a análise acústica. O parâmetro de análise em questão são os formantes vocálicos (F1 e F2), frequências em que os articuladores provocam ressonância – a vibração natural do trato vocal. Esses formantes, nas vogais, têm ligação com a amplitude do movimento e o posicionamento dos articuladores: F1 refere-se à movimentação da língua e mandíbula no eixo vertical, para cima e para baixo; F2 refere-se à movimentação da língua no eixo horizontal, para a frente e para trás. Objetivo: Determinar os formantes e a área do espaço vocálico das vogais produzidas por falantes sergipanos. Método: Trata-se de um estudo observacional, descritivo e analítico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o no. CAAE 16400119.6.0000.5546/Parecer 3.588.189. Foi realizado com 54 participantes, 20 do sexo masculino e 34 do sexo feminino, com idades entre 18 e 53 anos (idade média: 21,6; DP: 5,38). Todos os participantes foram convidados a gravar três frases-veículo (“digo rato baixinho”, “digo rito baixinho” e “digo rude baixinho”), gravadas em uma sala silenciosa com gravador digital profissional TASCAM 40DR. As vogais /a/, /i/ e /u/ foram recortadas das frases e as medidas dos formantes foram extraídas automaticamente com o software Praat. Com os valores dos formantes, foi construído o triângulo vocálico e calculada a área do espaço vocálico. Estatística (descritiva e analítica) foi utilizada para o tratamento dos dados. Resultados: Para os participantes homens foram obtidos os seguintes valores médios para os formantes F1 e F2, respecticamente: vogal /a/ (625, 1293); vogal /i/ (273, 2163) e vogal /u/ (312, 1069). Para as mulheres: vogal /a/ (921, 1614); vogal /i/ (367, 2650) e vogal /u/ (372, 952). Comparados homens e mulheres, observam-se diferenças significativas para todas as medidas. Os valores médios encontrados são semelhantes a outros estudos para o português brasileiros. As diferenças entre homens e mulheres determinam uma distinção importante na área do espaço vocálico: 200,14Hz2 para os homens e 475,51 Hz2 para as mulheres. Conclusão: Os formantes vocálicos observados nos falantes sergipanos assemelham-se aos formantes descritos para outros falantes do português brasileiro. Considerando que há uma estreita relação entre os valores dos formantes e os gestos articulatórios, pode-se concluir que as mulheres apresentam maior amplitude na movimentação dos articuladores.

Freitag RMK. Sociolinguística no/do Brasil. Cad. Estud. Linguíst. 2016; 58(3): 445-60.
Barbosa PA, Madureira S. Manual de fonética acústica experimental: aplicações a dados do português. São Paulo: Cortez. 2015.
Kent RD, Read C. Análise acústica da fala. São Paulo: Cortez. 2015.
Boersma P, Weenink D. Praat: doing phonetics by computer (versão 6.0.21). Software. Disponível em: http://www.praat.org.
Miranda IN, Meireles A. Descrição acústica das vogais tônicas da fala capixaba. Letras de hoje. 2012; 47(3): 325-32.
Escudero P, Boersma P, Rauber AS, Bion, RA. A cross-dialect acoustic description of vowels: Brazilian and European Portuguese. The Journal of the Acoustical Society of America. 2009, 126(3): 1379-93.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
791
FÓRUM TEMÁTICO: ESTRATÉGIA DE INTERAÇÃO REMOTA E AVALIAÇÃO PROCESSUAL DE APRENDIZAGEM
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


FÓRUM TEMÁTICO: estratégia de interação remota e avaliação processual da aprendizagem

Introdução: No atual cenário, faz-se necessário lidar com os vários desafios que educadores enfrentam para manter o vínculo com alunos de graduação em atividades remotas. Ao pensar em criar alternativas que pudessem atenuar as dificuldades enfrentadas por alunos e professores, faz-se necessário repensar as necessidades e criar alternativas para supri-las. Os fóruns temáticos são ferramentas que destinam-se a promoção de debates sobre temas de interesse úteis para estimular o conhecimento de educandos. Objetivo: Relatar a experiência de uso da ferramenta 'fórum temático', no curso de Fonoaudiologia de uma faculdade do interior de Minas Gerais. Outros objetivos foram promover a discussão de conteúdos programáticos, tirar dúvidas e usar ativamente os recursos interacionais para avaliação e o suprimento das necessidades de aprendizado dos alunos. Método: Os fóruns temáticos visaram a promoção de debates sobre temas nas disciplinas: Desenvolvimento da linguagem escrita, Educação e (Re) habilitação do deficiente auditivo, Motricidade orofacial: avaliação e terapia, Voz: avaliação e terapia, Libras e Fonoaudiologia hospitalar por meio de casos clínicos e conteúdos complementares, publicados pelo professor responsável em uma plataforma disponibilizada pela instituição de ensino superior. Os fóruns eram abertos após as aulas remotas síncronas. Os alunos tinham o prazo de uma semana para as respostas de modo que pudessem realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, que era retomado na aula seguinte, para a resolução de dúvidas e a interação com as respostas dos colegas. Resultados: A estratégia facilitou a interação, mesmo que de modo remoto, entre professores e alunos, principalmente, por ter sido introduzida nos primeiros momentos em que a pandemia foi deflagrada. As respostas disponibilizadas eram analisadas pelos professores, que enviavam comentários sobre as respostas de modo a dirimir as dúvidas existentes sobre o conteúdo proposto. Os fóruns mostraram-se importantes ferramentas para a avaliação docente contínua da aprendizagem dos alunos, antes da avaliação formal. Conclusão: A estratégia contribuiu para manter ativa a interação entre professores e alunos e obter o feedback dos resultados alcançados sobre a aprendizagem. De certo modo, a ferramenta atenuou os efeitos produzidos pela falta das aulas presenciais e revelou ser uma metodologia eficaz para auxiliar os professores a entenderem as demandas dos alunos.

Palavras-chave: Fonoaudiologia. Ensino. Aprendizagem online.


BEZERRA, B. G. Usos da linguagem em fóruns de Ead. Revista Investigações, Pernambuco, Vol. 24, n. 2, p. 108-128, 2011. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Resolução CFFa nº 427, de 1º de março de 2013. Dispõe sobre a regulamentação da Telessaúde em Fonoaudiologia e dá outras providências. Brasília: CFFa, 2013. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2020.
MERCADO, L. P. L. (org.). Fundamentos e práticas na educação a distância. Maceió: EDUFAL, 2009. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1250
FOTOBIOMODULAÇÃO ASSOCIADA A TERAPIA MIOFUNCIONAL OROFACIAL NA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Indivíduos que possuem Disfunção Temporomandibular (DTM) são acometidos por uma variedade de manifestações envolvendo dor orofacial, limitação nos movimentos mandibulares, ruídos articulares, otalgia, além de dificuldades na fala, mastigação e deglutição(1). Dessa forma, há influência direta e negativa destes problemas sob a saúde física e mental dos pacientes, afetando suas atividades escolares, profissionais e sociais; levando até mesmo a um desequilíbrio afetivo e cognitivo(2). Sendo assim, ocorre repercussão na qualidade de vida (QV) dessas pessoas de forma danosa e, sobretudo, na qualidade de vida relacionada com a saúde oral (QVRSO) com maior comprometimento a depender da gravidade da DTM(3). Objetivo: Analisar o impacto da qualidade de vida relacionada à saúde oral de indivíduos com disfunção temporomandibular, antes e após o tratamento de fotobiomodulação associada a terapia miofuncional orofacial, bem como verificar possível correlação entre o grau de dor orofacial e a autopercepção desse impacto. Método: Estudo do tipo ensaio clínico randomizado, controlado e cego, com participação de 34 voluntários, distribuídos aleatoriamente em dois grupos: G1, que recebeu o tratamento de Terapia Miofuncional Orofacial (TMO) associada a Fotobiomodulação – fazendo aplicação bilateral do laser de baixa intensidade, equipamento Pulse Line da marca IBRAMED. Já o G2, foi tratado pela TMO associada ao laser inativo. Primeiro, aconteceu a avaliação fonoaudiológica, do grau da dor orofacial pela Escala Visual Analógica (EVA) e o impacto da qualidade de vida relacionada com a saúde oral (QVRSO) pelo questionário Oral Health Impact Profle – Short form (OHIP-14)(4). Os dados obtidos passaram por análise estatística descritiva e inferencial. Foi adotado o nível de significância de 0,05 (95%). Resultados: “Dor física”, “desconforto psicológico”, “limitação física” e “limitação psicológica” foram os aspectos que mais impactavam negativamente a QVRSO. Os indivíduos do G1 apresentaram respostas positivas para o tratamento de TMO associada ao laser ativo, como também os do G2, para a intervenção sem o laser. Observou-se também correlação positiva e de grau forte para EVA e escore total do OHIP-14 entre os grupos ao fim do tratamento. Conclusão: Houve melhora da QVRSO tanto no grupo de laserterapia associada a TMO como no grupo com o laser placebo. O domínio de limitação funcional após o tratamento, foi significativamente melhor no grupo controle em comparação ao grupo experimental. Houve correlação positiva e forte entre a melhora do grau da dor e autopercepção da QVRSO.

1. Rodrigues CA, Magri LV, Melchior MO, Mazzetto MO. Avaliação do impacto na qualidade de vida de pacientes com disfunção temporomandibular. Rev. Dor. São Paulo, 2015 jul-set;16(3):181-5.

2. Trize DM, Calabria MP, Franzolin SOB, Cunha CO, Marta SN. A disfunção temporomandibular afeta a qualidade de vida?. Einstein (São Paulo). 2018;16(4):1-6.

3. Paulino MR, Moreira VG, Lemos GA, Da Silva PLP, Bonan PRF, Batista AUD. Prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em estudantes pré-vestibulandos: associação de fatores emocionais, hábitos parafuncionais e impacto na qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva. 2018; 23(1):173-186.

4. Oliveira B.H.; Nadanovsky P. Psychometric properties of the Brazilian version of the Oral Health Impact Profile-short form. Community Dent Oral Epidemiol. v. 33, p.307–314. 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
659
FRENOTOMIA EM BEBÊ COM A SÍNDROME DE BECKWITH-WIEDEMANN: RELATO DE CASO CLÍNICO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A síndrome de Beckwith-Wiedemann é uma afecção genética causada por uma alteração no braço curto do cromossomo 11 (11p15), manifestando-se por diversas características, havendo uma tríade que se destaca entre as demais: onfalocele (hérnia umbilical congênita), gigantismo e macroglossia (1, 2). Objetivo: Descrever caso clínico da referida síndrome nos momentos pré e pós-frenotomia. Método: Pesquisa documental, retrospectiva, realizada por meio do estudo do prontuário de bebê com a síndrome de Beckwith-Wiedemann e aprovada no Comitê de Ética (CAAE 20786719.1.0000.5546). Paciente do sexo feminino, acompanhada pelos ambulatórios de Genética, Fonoaudiologia e Odontologia, compareceu aos nove meses na clínica-escola de Fonoaudiologia, onde foi realizada a avaliação do frênulo da língua por meio do Protocolo de Avaliação do Frênulo de Língua com Escores para Bebês (3) em dois momentos, pré-cirúrgico e dois meses após a frenotomia. Resultados: Na primeira avaliação foi revelada onfalocele, macroglossia em grau leve e anquiloglossia. Sobre a amamentação a mãe relatou que o tempo entre as mamadas era reduzido, que sua filha mamava um “pouquinho” (segundo informações colhidas) e logo dormia e que costumava morder o mamilo. No exame clínico, foi observado que os lábios estavam abertos durante o repouso; a posição da língua durante o choro era baixa e a ponta da língua estava em formato de “coração”. Foi possível visualizar o frênulo de língua com a manobra de elevação e posteriorização da língua; sendo observado que a espessura do frênulo era delgado; com fixação do frênulo no ápice da língua e sua inserção entre as carúnculas. Na avaliação funcional, não foi possível realizar a prova de sucção não nutritiva e na observação da sucção nutritiva no peito materno, a paciente realizou poucas sucções com pausas longas, configurando escore total de 16 pontos no teste. Dessa forma, a paciente foi encaminhada para frenotomia, que foi realizada quando a paciente tinha 1 ano e 4 meses. Após a realização do procedimento cirúrgico, foi realizada reavaliação fonoaudiológica (com 1 ano e 6 meses), utilizando o mesmo protocolo (3), sendo referido pela responsável uma melhora na amamentação, além de ter sido constatada a presença de movimentos laterais, protração, elevação e retração da língua, melhora da sucção, bem como maior visibilidade da macroglossia, obtendo-se dessa vez escore total de cinco pontos. Conclusão: o teste da linguinha deve ser realizado em recém-nascidos e na presença de anquiloglossia a cirurgia precisa ocorrer antes da alta hospitalar, a fim de evitar dificuldades nas funções estomatognáticas. Pode-se concluir que a frenotomia foi eficiente, permitindo melhoras nos aspectos anatomofuncionais da língua.

Palavras-chave: Síndrome de Beckwith-Wiedemann; Anquiloglossia; Freio Lingual; Cirurgia.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
575
FRÊNULO LINGUAL ALTERADO E SUAS IMPLICAÇÕES NA AMAMENTAÇÃO
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A língua é um órgão muscular e sensorial¹, mesmo que tenham sulcos que possibilitem sua livre movimentação uma região continua aderida ao ápice por meio de uma prega conjuntiva fibrodensa – o frênulo lingual. Durante a fase embrionária suas células sofrem apoptose, mas no momento em que há interferência nesse processo algumas condições podem ser estabelecidas, como a anquiloglossia, caracterizada pelo encurtamento do frênulo lingual.² Decorrente disso, alguns fatores podem interromper a nutrição neonatal, como o caso do frênulo lingual alterado por influenciar de forma negativa na pega da mama, na sucção, na deglutição e no desenvolvimento do sistema estomatognático. O leite materno é um fluído composto por anticorpos que proporcionam imunidade ao bebê com benefícios a curto e longo prazo, fundamental em seu desenvolvimento.³
Objetivo: Relacionar o frênulo lingual alterado com a amamentação, identificando e descrevendo suas implicações.
Método: Relato de experiência como estudante extensionista em 02 projetos que atuam em conjunto realizando o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês de 0 a 2 anos; complementados por artigos encontrados na base de dados da PubMed e SciELO utilizando descritores como anquiloglossia, aleitamento materno e frênulo lingual.
Resultados: Durante os atendimentos é possível analisar que os bebês com diagnóstico de anquiloglossia eram os que apresentavam outras disfunções orofaciais. Nos mais velhos era notória uma “readaptação” dos métodos de sucção, os quais aconteciam por meio de gestos compensatórios; segundo a literatura, o esforço muscular realizado durante o aleitamento é uma preparação para as funções mastigatórias em que os movimentos realizados sucessivamente estariam estimulando o desenvolvimento desses músculos.4 Em segundo plano, havia presença de mães que desejavam realizar o desmame pois com a restrição lingual havia prevalência de mordidas em seus mamilos causando fissuras e dores, razões frequentes para o abandono da amamentação.5 Além disso as dificuldades na pega da mama, na coordenação respiratória, no ganho ponderal e no vínculo mãe-bebê pelo desmame também foram presentes, em sua maior parte desencadeados pela anquiloglossia.
Conclusão: Diante experiência, uma das dificuldades oriundas da anquiloglossia foi o desmame precoce, fator que pode interferir no futuro daquela criança visto que a ausência do leite materno tem sido associada a diversas doenças na infância como a obesidade, diabetes e baixa imunidade.6 Sobretudo, as mães que decidem manter o aleitamento materno se queixam por uma difícil amamentação, apresentando engasgos, tossidos, perda ponderal e ineficiência respiratória. Sendo assim, os casos de frênulo lingual alterado influenciaram na permanência e/ou eficiência da amamentação prejudicando não só a saúde do bebê à curto e longo prazo, mas também o seu importante vínculo maternal.

¹ ANATOMIA ONLINE. A língua. Disponível em: . Acesso em: 01 de julho de 2020.

² Katchburian E, Arana V. Histologia e embriologia oral: texto, atlas, correlações clínicas. 3. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012

³ UNICEF BR. Aleitamento materno. Disponível em . Acesso em 26 de junho de 2020

4 Trawitzki LVV, Anselmo-Lima WT, Melchior MO, Grechi TH, Valera FCP. Aleitamento e hábitos orais deletérios em respiradores orais e nasais. Rev. Bras. Otorrinolaringol. [Internet]. 2005 Dec [cited 2020 July 06] ; 71( 6 ): 747-751. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992005000600010&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72992005000600010.

5 Araújo OD, Cunha AL, Lustosa LR, Nery IS, Mendonça RCM, Campelo SMA. Aleitamento materno: fatores que levam ao desmame precoce. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2008 Aug [cited 2020 July 06] ; 61( 4 ): 488-492. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672008000400015&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672008000400015.

6 Gomes MM, Rebelo SPL. Aleitamento materno e a prevenção da doença alérgica: uma revisão baseada na evidência. Rev Port Med Geral Fam [Internet]. 2019 Jun [citado 2020 Jul 06] ; 35( 3 ): 203-209. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732019000300005&lng=pt. http://dx.doi.org/10.32385/rpmgf.v35i3.12095.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1362
FREQUÊNCIA DE ALTERAÇÕES CLÍNICAS DA DEGLUTIÇÃO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O idoso é mais suscetível à disfagia orofaríngea (DO) e às complicações associadas, podendo ser mais vulneráveis os idosos residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), devido as condições impostas pela institucionalização. Objetivo: Verificar a frequência de alterações clínicas da deglutição e fatores associados em idosos institucionalizados. Método: Trata-se de estudo observacional, transversal, descritivo e quantitativo. A amostra foi composta por 73 idosos, média de idade de 80 (DP±7,49) anos, sendo 60 (82,2%) mulheres, residentes nas ILPIs sem fins lucrativos no período de janeiro a outubro de 2019. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos com parecer número 2.932.981 e CAAE 93116618.6.0000.5292. Coletou-se dados sociodemográficos, econômicos, de saúde geral e foram aplicados os seguintes instrumentos: Rastreio de Alterações de Deglutição em Idosos (RaDI), avaliação clínica da deglutição pelo Método de Exploração Clínica Volume-Viscosidade (MECV-V) e classificação do nível de funcionalidade da ingestão oral pela Functional Oral Intake Scale (FOIS). A frequência de alteração clínica da deglutição foi determinada pelo resultado do MECV-V. Cada variável independente foi submetida inicialmente à análise bivariada por meio do Teste do qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher, a fim de identificar aquelas com maior associação com o desfecho do MECV-V. Para testar a influência das variáveis e identificar os fatores associados ao desfecho, foi realizada análise de regressão logística múltipla, considerando as variáveis com valor de p menor que 0,20 para inclusão no modelo. Utilizado nível de significância de 5%. Resultados: A frequência de alterações clínicas da deglutição foi de 63% (n=46). O modelo de regressão logística múltipla revelou que a chance do idoso institucionalizado apresentar alteração clínica da deglutição aumenta 8% a cada aumento de 1 ano na idade, a diminuição na ingesta alimentar aumenta em aproximadamente 4 vezes (máximo de 14.75) a chance de apresentarem resultados negativos no MECV-V. Os idosos que foram classificados nos níveis mais baixos (4,5 e 6) da escala FOIS, apresentam quase 11 vezes (máximo de 37.12) mais chances de obter alterações na deglutição. Conclusão: A frequência de alterações clínicas da deglutição é elevada e está associada à idade, diminuição da ingesta alimentar e funcionalidade da ingestão oral.

1 Magalhães Júnior HV. Evidências de validade do questionário autorreferido para rastreamento de disfagia orofaríngea em idosos – RaDI. [tese de doutorado]. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde; 2018.
2 Rofes L, Arreola V, Mukherjee R, Clavé P. Sensitivity and specificity of the Eating Assessment Tool and the Volume-Viscosity Swallow Test for clinical evaluation of oropharyngeal dysphagia. Neurogastroenterol Motil. 2014; 26(9): 1256–65.
3 Clave P, Arreola V, Romea M, Medina L, Palomera E, Serra-Prat M. Accuracy of the volume-viscosity swallow test for clinical screening of oropharyngeal dysphagia and aspiration. Clinical Nutrition. 2008; 27:806-15.
4 Crary MA, Mann GD, Groher ME. Initial psychometric assessment of a functional oral intake scale for dysphagia in stroke patients. Arch Phys Med Rehabil. 2005 aug;86(8):1516-20.
5 Rofes L, Arreola V, Clavé P. The Volume- Viscosity Swallow Test for Clinical Screening of Dysphagia and Aspiration. Nestlé Nutr Inst Workshop Ser. 2012;72:33–42.
6 López MIF, Gollarte JFG, Trelis JJB, Vidal OJ. Detección de disfagia en mayores institucionalizados. Rev Esp Geriatr Gerontol. 2012;47(4):143–47.
7 Sallés CFG. Prevalencia de disfagia orofaríngea en ancianos institucionalizados y su relación con síndromes geriátricos. Revista de Logopedia, Foniatría y Audiología. 2018.
8 Logemann JA. et al. Aging effects on oropharyngeal swallow and the role of dental care in oropharyngeal dysphagiaOral Diseases, 2013.
9 Park Y, et al. Prevalence and associated factors of dysphagia in nursing home residents. Geriatric Nursing. 2013;34(3):212–17.
10 Tamura BK, Bell CL, Masaki KH, Amella EJ. Factors associated with weight loss, low BMI, and malnutrition among nursing home patients: a systematic review of the literature. J Am Med Dir Assoc. 2013;14:649-55.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1420
FREQUÊNCIA DE TABAGISMO EM MULHERES TRANSEXUAIS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O tabagismo é classificado pela Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) como um dos transtornos mentais e comportamentais associados ao uso de substâncias psicoativas.(1) Estima-se que o tabaco seja responsável por cerca de 55 doenças.(2) Entre as consequências advindas do uso do tabaco estão as alterações vocais.(3) A frequência de tabagistas a nível mundial é considerada alta. No Brasil, uma pesquisa de 2019 concluiu que o percentual de fumantes com 18 anos ou mais é de 9,8% com prevalência maior entre os homens (12,3%) em relação às mulheres (7,7%). (4) A prevalência do tabagismo varia em análises de diferentes grupos sejam eles profissionais, sociais ou mesmo de saúde devido a diferença de vulnerabilidade para o consumo. OBJETIVO: Verificar a frequência de tabagismo em mulheres transexuais. MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional transversal, realizado com mulheres transexuais com 18 anos ou mais e tempo mínimo de apresentação como mulher de seis meses. Os dados foram coletados de forma online por meio de questionário autoadministrado, no período de outubro de 2018 e abril de 2019, apoiado na amostragem “bola de neve”. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o parecer de número 2.689.576. Todas as participantes concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram coletados dados sociodemográficos, incluindo idade, estado civil e escolaridade e de autopercepção vocal em que as mulheres transexuais deveriam classificar sua voz atual como feminina, neutra ou masculina. Também foram coletados dados sobre tabagismo segundo o questionamento “Considerando como fumante quem já fumou pelo menos 100 cigarros, ou 5 maços, na vida, você se classifica como:”, no qual as participantes se classificaram como não fumante, ex-fumante ou fumante atual. RESULTADOS: Participaram do estudo 24 mulheres transexuais. A idade média das participantes foi de 28,2 anos (DP = 6.5 / mínimo = 21 e máximo = 48); 83,3% eram solteiras, 12,5% casadas/com companheiro(a) e 4,2% separada/divorciada; 54,2% possui escolaridade menor ou equivalente ao ensino médico completo e 45,8% cursam ou já cursaram ensino superior. Em relação a autopercepção vocal, 37,5% das mulheres transexuais consideraram a voz atual como feminina, 50% como neutra e 12,5% como masculina. Das 24 participantes 37,5%(9) relataram que fumam atualmente, 20,83% (5) se consideram ex-fumantes e 41,67% (10) não fumam e nunca fumaram. CONCLUSÃO: A frequência de tabagismo em mulheres transexuais foi considerada alta e maior do que a média nacional de tabagismo na população encontrada na literatura. A mensuração pode subsidiar políticas de combate e prevenção ao tabagismo e deve ser estendida em âmbito nacional. É importante a realização de estudos que visem analisar as influências do tabagismo na voz e autopercepção vocal de mulheres transexuais.

1. World Health Organization. The ICD-10 classification of mental and behavioural disorders: Clinical descriptions and diagnostic guidelines. Geneva: Switzerland. 1992.

2. U.S. Department of Health and Human Services. The Health Consequences of Smoking: 50 Years of Progress. A Report of the Surgeon General. Atlanta, GA: U.S. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention, National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, Office on Smoking and Health, 2014. Printed with corrections, January 2014.

3. Behlau M. Voz: o livro do especialista. Vol I. Rio de Janeiro: Revinter; 2001.

4. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019 : vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico : estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. [acesso em 10 jul 2020]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/27/vigitel-brasil-2019-vigilancia-fatores-risco.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2021
FREQUÊNCIAS DOS DOIS PRIMEIROS FORMANTES DE MULHERES COM MÁ OCLUSÃO CLASSE II DE ANGLE (DIVISÃO 1)
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Diversas ferramentas podem ser utilizadas para investigar aspectos articulatórios, sendo a análise acústica um instrumento que permite detalhar essa inter-relação. Pesquisas que investigam parâmetros acústicos de vogais em indivíduos com más oclusões de acordo com a Classificação de Angle ainda são restritas, sobretudo no Português Brasileiro. A má oclusão Classe II de Angle (Divisão 1) com aumento do overjet é uma desproporção maxilo-mandibular que pode influenciar a emissão dos sons, em especial das consoantes [s] e [z], no entanto, dados sobre a produção das vogais ainda são incipientes.
OBJETIVO: Investigar medidas de frequências dos dois primeiros formantes (F1 e F2) de todas as sete vogais orais do Português Brasileiro em mulheres com má oclusão Classe II (Divisão 1) de Angle e comparar com os dados de mulheres com má oclusão Classe I com perfil facial harmônico.

MÉTODO: A amostra da pesquisa foi composta por 20 mulheres com Classe II (Divisão 1) com medidas de overjet entre 4 a 7 milímetros (média de 5 milímetros) e 40 mulheres com Classe I com perfil harmônico, relação maxilo-mandibular equilibrada nas três dimensões do espaço e pequenas alterações de posicionamento dentário. Para estimação dos valores de F1 e F2, as amostras de fala foram gravadas a partir de repetições de sentenças-veículo: (“Fale____ para mim”), preenchidas com os vocábulos “pápa”, “pépe”, “pêpe”, “pípi”, “pópo”, “pôpo” e “púpu”. Foram extraídos os 10 milissegundos da porção intermediária de cada vogal para estimação das medidas. Todos os procedimentos da análise acústica foram realizados com o software Praat. Os valores finais foram médias de duas emissões de cada sentença. A análise estatística foi realizada por meio do teste T de Student e o nível de significância adotado foi igual ou menor que 0,05 (5%).

RESULTADOS: Os valores de F1 não apresentaram distinções entre os grupos estudados. As diferenças estatísticas entre medidas de F2 foram observadas em todas as vogais posteriores [ᴐ], [o] e [u], sendo mais altas na Classe I em comparação à Classe II Divisão 1.

CONCLUSÃO: Embora tenha existido a expectativa inicial de observação de maior número de distinções nas frequências dos formantes entre as más oclusões estudadas, uma vez que estas possuem relação direta com a anatomia e conformação do trato vocal, os resultados demonstraram diferenças apenas nas medidas de F2 que se relacionam com a constrição da língua no sentido anteroposterior. Valores mais baixos na Classe II (Divisão 1) indicam uma constrição de língua mais posterior na cavidade oral na emissão das vogais. Esses achados podem ser atribuídos ao menor espaço no sentido anteroposterior da mandíbula, que pode ter contribuído para uma constrição de língua mais posterior na produção destas vogais. O número reduzido de diferenças entre F1 e F2 nas más oclusões analisadas apontam para uma provável capacidade de adaptação do trato vocal humano para fazer ajustes na produção da fala diante de alterações estruturais do complexo maxilo-mandibular presentes na Classe II Divisão 1.




1. Prado DGA, Filho HN, Berretin-Felix G, Brasolotto AG. Speech articulatory characteristics of individuals with dentofacial deformity. J Craniofac Surg. 2015 Sep;26(6):1835–9.
2. Hassan T, Naini FB, Gill DS. The effects of orthognathic surgery on speech: A review. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65(12):2536–2543.
3. Martinelli RLC, Fornaro EF, Oliveira CJM, Ferreira LMDB, Rehder MIBC. Correlações entre alterações de fala, respiração oral, dentição e oclusão. Rev CEFAC. 2011;13(5):17–26.
4.Sundberg J. Ciência da Voz: Fatos Sobre a Voz na Fala e no Canto. 2a. ed. São Paulo: EdUSP; 2018.
5. Barbosa PA, Madureira S. Manual de Fonética Acústica Experimental. São Paulo: Cortez; 2015.
6. Villanueva P, Morán D, Lizana ML, Palomino HM. Articulación de fones em indivíduos classe esqueletal I, II y III. Ver CEFAC.2009;11(3):423–430.
7. Kent RD, Vorperian HK. Static measurements of vowel formant frequencies and bandwidths: A review. J Commun Disord. 2018 Jul - Aug;74(July- august):74–97
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9. Lee AS, Whitehill TL, Ciocca V, Samman N. Acoustic and perceptual analysis of the sibilant sound /s/ before and after orthognathic surgery. J Oral Maxillofac Surg. 2002 Apr;60(4):364–72.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1637
FUNÇÃO AUDITIVA E COMUNICATIVA DE IDOSOS COM PRESBIACUSIA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A audição é uma habilidade refinada que está presente desde o nascimento dos seres humanos e o entendimento da fala é um dos aspectos mais importantes das funções auditivas. Esse reconhecimento se dá por diversas pistas, podendo ser elas, acústicas, linguísticas, semânticas e circunstanciais sendo afetado pelo ambiente em que o ouvinte está exposto, pela acuidade auditiva do ouvinte e pela voz e fluência verbal do falante. Idosos com perda auditiva decorrente ao envelhecimento (presbiacusia) queixam-se de dificuldade de compreensão de fala no ruído e podem apresentar respostas fora dos padrões de normalidade nos testes auditivos corticais e testes de reconhecimento de fala no ruído. Objetivo: Verificar se há correlação entre as respostas eletrofisiológicas auditivas e os testes de reconhecimento de fala no ruído de idosos presbiacúsicos. Método: Trata-se de um estudo analítico e transversal, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o número n.º 02848918.2.0000.5406. Participaram do estudo oito idosos que apresentem perda auditiva relacionada ao envelhecimento, com idade entre 65 e 80 anos Todos os participantes foram submetidos aos testes de potencial evocado auditivo cortical com estímulo verbal, teste de reconhecimento de sentenças no ruído. A normalidade dos dados foi realizada pelo teste de Shapiro-Wilk. Na correlação entre os componentes do Potencial evocado auditivo cortical P1, N1, P2, N2 e P3a e o limiar de reconhecimento de sentenças no ruído e o índice percentual de reconhecimento de sentenças no ruído do teste de sentenças em português, foram aplicados o teste de correlação de Pearson para distribuições paramétricas e o teste de correlação de Spearman para distribuições não-paramétricas. Resultados e Conclusão: Os valores médios do teste do potencial auditivo cortical foram: P1 = 68, 18 ms; N1 = 93, 17 ms; P2 = 136,89 ms; N2 = 181,65 ms e P3a = 250, 88 ms e do teste de reconhecimento de sentenças no ruído foi limiar médio de 61 dB e índice de reconhecimento de 73,7%. Não houve diferença estatística dos dados (Teste Pearson p> 0,05), sendo assim, não houve correlação entre o teste de fala no ruído e os componentes do potencial evocado cortical P1, N1, P2, N2 e P3a dos idosos presbiacúsicos desta pesquisa. O estudo está em andamento e sua ampliação do tamanho da amostra ainda se faz necessária para o teste confiável da hipótese do estudo.

COSTA, M. Listas de sentenças em português: apresentação e estratégias de aplicação na audiologia. [s.l.] Santa Maria: Palloti, 1998.

GÜRKAN, S. et al. Comparison of Cortical Auditory Evoked Potential Findings in Presbycusis with Low and High Word Recognition Score. Jounal of the American 59 Academy of Audiology, 2019.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1453
FUNÇÃO VOCAL, SINAIS E SINTOMAS PODEM SER UTILIZADOS COMO PARÂMETROS PARA TRIAGEM VOCAL EM PROFESSORES?
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O trabalho do professor exige alta demanda vocal, o que contribui para que esses profissionais apresentem elevada prevalência de alterações de voz(1), maior ocorrência de sintomas vocais quando comparados com a população em geral(2), além de buscarem tratamento com um alto número de sintomas(3). A triagem na área de voz mostra-se importante para auxiliar a identificar indivíduos em risco para distúrbios vocais, contribuir para estudos de grandes populações e para mapear condições específicas de uso da voz, garantindo que estes profissionais, caso apresentem distúrbios vocais iniciais, possam ser encaminhados para diagnóstico antes que tenham impacto negativo em seu desempenho no trabalho(4). OBJETIVO: Verificar se a percepção do professor a respeito da sua função vocal e o relato da presença de sinais e sintomas podem ser considerados parâmetros eficientes para a triagem vocal de professores. MÉTODOS: Estudo aprovado pelo CEP (nº 745.268, de 04/08/2014) com 440 sujeitos: 330 professores e 110 indivíduos do grupo controle (GC), submetidos aos procedimentos: preenchimento de questionário de identificação e caracterização pessoal e as versões em português brasileiro do Índice de Função Glótica (IFG)(5) e Lista de Sinais e Sintomas Vocais (LSS)(2), além da gravação de uma vogal /ɛ/ sustentada e fala encadeada com contagem de 1 a 10 para avaliação perceptivoauditiva da voz. RESULTADOS: No escore total do IFG, a pontuação dos professores é maior que a do GC (professores=2,99; GC=1,62; p=0,001), ocorrendo também em três das quatro questões do instrumento (questão 1: p=0,001; questão 2: p<0,001; questão 4: p=0,006). Professores apresentaram maior ocorrência dos sinais e sintomas: cansaço ou mudança na voz (p=0,006), problemas para cantar ou falar baixo (p=0,011), voz monótona (p<0,001) e esforço para falar (p<0,001), relacionando mais os sintomas ao uso vocal no trabalho que o GC (p<0,001). Professores apresentaram correlação regular entre a avaliação perceptivoauditiva da vogal sustentada e da fala encadeada (r=59,4, p<0,001); correlação péssima tanto entre o IFG e a avaliação perceptivoauditiva da vogal sustentada (r=15,2, p=0,006) quanto da fala encadeada (r=11,9, p=0,030); correlação ruim entre a LSS e a avaliação perceptivoauditiva da vogal sustentada (r=21,8, p<0,001) e da fala encadeada (r=21,9, p<0,001) e correlação boa entre os instrumentos de autoavaliação LSS e IFG (r=74,0, p<0,001). Já para o GC, houve correlação boa entre o desvio vocal na avaliação da vogal sustentada e da fala encadeada (r=60,3, p<0,001); correlação péssima entre o IFG e a avaliação perceptivoauditiva, tanto da vogal sustentada (r=19,9, p=0,037) quanto da fala encadeada (r=16,9, p=0,077); não houve correlação entre a LSS e a avaliação perceptivoauditiva da vogal sustentada (r=12,9, p=0,180); houve correlação péssima entre a LSS e avaliação preceptivoauditiva de fala encadeada (r=19,4, p=0,042) e correlação regular entre os instrumentos de autoavaliação LSS e IFG (r=44,9, p<0,001). CONCLUSÃO: A associação do IFG e LSS, de forma exclusiva, não se mostrou efetiva para identificar professores com desvio vocal, não sendo indicado seu uso, de forma isolada, na triagem vocal de professores. Devido a multidimensionalidade da voz humana, estes instrumentos devem ser associados a outras formas de avaliação da voz.

1- Roy N, Merrill RM, Thibeault S, Parsa RA, Gray SD, Smith EM. Prevalence of voice disorders in teachers and the general population. J Speech Lang Hear Res. 2004;47(2):281-93.

2- Behlau M, Zambon F, Guerrieri AC, Roy N. Epidemiology of voice disorders in teachers and nonteachers in Brazil: prevalence and adverse effects. J Voice. 2012;26(5):665.e9-18

3- Zambon F, Moreti F, Behlau M. Coping strategies in teachers with vocal complaint. J Voice. 2014;28(3):341-8.

4- Ghirardi AC, Ferreira LP, Giannini SP, Latorre MR. Screening index for voice disorder (SIVD): development and validation. J Voice. 2013;27(2):195-200.

5- Madazio G, Moreti F, Zambon F, Vaiano T, Behlau M. Adaptação cultural e linguística da versão brasileira do Glottal Function Index – GFI. [Apresentado no 21º Congresso Brasileiro e 2º Ibero-Americano de Fonoaudiologia; 2013 Set 22-25; Porto de Galinhas, PE].


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1077
FUNCIONALIDADE E TRANSTORNOS DA LINGUAGEM E DA FLUÊNCIA: REVISÃO DA LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Este estudo refere-se à revisão da literatura acerca da relação entre a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde(1) (CIF) e Linguagem na Fonoaudiologia. A CIF é uma proposta da Organização Mundial de Saúde (OMS) que tem base em um modelo biopsicossocial. Em Fonoaudiologia, a CIF tem um papel importante para a análise dos transtornos da comunicação por nos informar os efeitos sobre o indivíduo em relação a seu corpo físico, social e pessoal, permitindo uma intervenção direcionada que engloba o que o circunda e vai além das implicações próprias do distúrbio(2). Objetivo: Identificar as evidências científicas do uso da CIF na caracterização de funcionalidade de pacientes com transtornos da linguagem e da fluência, considerando o modo como tem sido aplicada e visando explorar estratégias de aplicação. Método: A estratégia de pesquisa foi fazer um levantamento de literatura nacional e internacional com buscas realizadas nas bases BVS, PubMed e Portal de Periódicos da CAPES. A pergunta norteadora da pesquisa foi: qual a utilização da CIF na caracterização da funcionalidade de pacientes com transtornos da comunicação, da linguagem e/ou da fluência? O delineamento do trabalho foi definido com base em recomendações nacionais(3) e internacionais(4). A busca na literatura se dividiu em seis etapas, sendo elas a delimitação do problema de pesquisa, a seleção das bases de dados e demais fontes de informação para busca dos estudos, o planejamento e a elaboração das estratégias de busca, o registro da busca e a avaliação dos resultados, o relato do processo de busca, e a seleção, avaliação e síntese dos achados. Os critérios de seleção incluem artigos publicados até setembro de 2019 em português, inglês ou espanhol, com grau de recomendação A e B e níveis de evidência 1, 2 e 3, segundo o nível de evidência científica por tipo de estudo publicado na tabela de nível de evidência por Oxford Centre (5) que abordassem a relação entre CIF e Fonoaudiologia. Os dados foram analisados por meio da leitura dos títulos e resumos de maneira independente por duas pesquisadoras seguida de reunião de consenso com a terceira pesquisadora para definição dos artigos que seriam selecionados e lidos na íntegra. Resultados: Foram encontrados 257 artigos que se restringiram a 35 após os filtros, critérios de inclusão e exclusão, sendo 9 nacionais e 26 internacionais. Quanto ao delineamento foi observado que a maioria dos artigos incluídos referiam-se a revisão de literatura. A predominância da produção científica identificada foi relativa à utilização da CIF para analisar restrições a participação e limitações dos diversos transtornos de linguagem e fala nos pacientes acometidos. Outros temas recorrentes foram o uso da CIF para analisar ferramentas de avaliação, criar novos instrumentos, e como acompanhamento do processo terapêutico e verificação de sua eficácia. Conclusão: A CIF tem sido empregada para distintos fins no âmbito da linguagem, assistindo o atendimento ao paciente desde a anamnese até a medição de avanços na terapia, tendo como prisma a caracterização de sua funcionalidade.

1. Yaruss JS, Quesal R. Stuttering and the International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF): An update. J Commun Disord. 2004 jan-fev;37(1):35-52. https://doi.org/10.1016/S0021-9924(03)00052-2.
2. Organização Mundial da Saúde. Como usar a CIF: Um manual prático para o uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Versão preliminar para discussão. Genebra. Outubro de 2013.
3. Braga M, Melo M. Como fazer uma revisão baseada na evidência. Rev Port Clin Geral. 2009;25(6):660-6. http://dx.doi.org/10.32385/rpmgf.v25i6.10691.
4. Berwanger O, Suzumura EA, Buehler AM, Oliveira JB. Como avaliar criticamente revisões sistemáticas e metanálises. Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(4):475-80. https://doi.org/10.1590/S0103-507X2007000400012.
5. OCEBM Levels of Evidence Working Group*. "The Oxford 2011 Levels of Evidence". Oxford Centre for Evidence-Based Medicine. [Internet] 2011 [acesso em 18 maio 2020]. Disponível em: http://www.cebm.net/index.aspx?o=5653.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
549
FUNÇÕES ORAIS DE PACIENTES EM TRATAMENTO ORTODÔNTICO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As funções orais como mastigação, respiração e deglutição desempenhadas pelas estruturas rígidas e moles da cavidade oral e regiões circunvizinhas são de grande importância para o ser humano. Se a presença de alterações físicas na cavidade oral pode gerar modificações nas funções orais, a presença de aparelhos ortodônticos também podem acarretar modificações na respiração, mastigação, deglutição e fala. Objetivo: Investigar alterações de respiração, mastigação, deglutição e fala em usuários de aparelhos ortodônticos. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa quantitativa de caráter transversal. O estudo foi realizado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer de número 3.573.530, ano 2019. A coleta dos dados desta pesquisa foi realizada em uma clínica escola de odontologia de uma instituição privada. Para a realização do estudo utilizou-se o protocolo MBGR, adaptado pelas pesquisadoras. A clínica escola de odontologia apresenta em seus bancos de dados 69 pacientes em tratamento ortodôntico, porém participaram desse estudo apenas 21 pacientes de ambos os sexos e com idades que variavam entre 10 e 55 anos, pois estes seguiram os critérios de inclusão desse estudo: usuários de aparelhos ortodônticos que realizam manutenção periodicamente na clinica escola de odontologia. A coleta de dados aconteceu no dia e horário pré-agendado para a manutenção ortodôntica. Os pacientes foram orientados acerca da pesquisa a ser realizada, sobre cada procedimento e funções a serem avaliadas como: mastigação, deglutição, respiração e fala. Resultados: Na função respiratória verificou-se que 85,7% dos sujeitos apresentaram respiração oronasal. Na função mastigatória 81,0% apresentaram incisão pelos dentes anteriores; 95,2% apresentaram fechamento sistemático com velocidade adequada; 61,8% dos sujeitos apresentaram padrão mastigatório unilateral direito. Na avaliação da deglutição habitual de sólido e de líquido não foram encontradas atipias na deglutição dos sujeitos, pois 92,5% apresentaram contração do músculo orbicular adequado; 76,2% dos sujeitos apresentaram ausência de contração do músculo mentual e não foi possível observar a postura da língua durante o ato de deglutir. Mas, após a deglutição as pesquisadoras perguntaram onde a língua do paciente tocava durante o ato de deglutir: 85,7% dos sujeitos informaram que a língua tocava a papila incisiva. Na avaliação da função de fala um sujeito (4,8%) apresentou distorção do fonema /s/ de forma sistemática e outro sujeito (4,8%) apresentou omissão do fonema /r/ palatal de forma sistemática. Conclusão: Conclui-se que os pacientes em tratamento ortodôntico possuem alterações nas funções de respiração e mastigação.
Palavras-chave: Mastigação, Deglutição, Respiração, Fala, Ortodontia.


Douglas CR. Fisiologia da Deglutição. In: Douglas CR. Fisiologia normal e patológica aplicada à odontologia e fonoaudiologia. São Paulo; 1998. p. 273-8.

Junior PA; Sousa JEP. Utilização do aparelho expander para correção das atresias maxilares. Rev Dental Press. 2007; 6(5): 69-75.

Genaro KF, Berretin-Felix G, Rehder MIBC, Marchesan IQ. Avaliação miofuncional orofacial: protocolo MBGR. Rev. CEFAC. 2009 Abr-Jun; 11(2):237-255.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1841
GAMIFICAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA FONOAUDIOLOGIA: UM RELATO DE CASO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


As metodologias ativas são meios de ensino inovadores utilizados pelos docentes a fim de promover aos alunos a potencialização de seu aprendizado. Essas metodologias são capazes de estimular o pensamento crítico, autonomia, curiosidade e resoluções de problemas no meio onde se encontram(1). As Instituições de Ensino Superior, têm utilizado as Metodologias Ativas para possibilitar esse perfil mais autônomo e protagonista do estudante em relação ao seu aprendizado(2). Com isto, os professores podem desenvolver métodos para abordar os conteúdos em sala de aula de maneira a problematizar suas práticas do saber(3). Em uma perspectiva de metodologias problematizadoras temos a gamificação, que é definida como “um método baseado em jogos para envolver as pessoas, motivar ações, promover o aprendizado e resolver problemas”(4). Já a gamificação de conteúdos é um processo que, nas mais diversas situações, acrescenta os elementos lúdicos dos jogos e promove engajamento e motivação dos envolvidos na atividade(5).
O objetivo deste trabalho é gamificar o conteúdo de uma disciplina e verificar a percepção dos alunos de Fonoaudiologia quanto ao uso da gamificação no ensino e aprendizagem.
Trata-se de um estudo exploratório do tipo intervenção pedagógica aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma Instituição de Ensino Superior. Participaram da pesquisa 22 alunos de Fonoaudiologia que elaboraram dois jogos de tabuleiro do conteúdo bimestral da disciplina de Saúde da Criança e do Adolescente. Os jogos foram utilizados na avaliação parcial dos alunos que também responderam um questionário acerca do uso da gamificação como metodologia ativa. Os resultados da confecção dos jogos, do desempenho dos alunos na avaliação bem como a percepção dos alunos acerca da gamificação foram satisfatórios. Os resultados da percepção dos alunos acerca do uso da gamificação mostraram que em relação à estrutura do método a maioria classificou como “bom” (31,3%) e “muito bom” (45,4%), sobre os materiais utilizados (jogos de tabuleiro) a maioria dos alunos respondeu que foram “bom” (26,3%), “muito bom” 36,3%) e “ótimo” (22,7%). Quanto a aplicação da gamificação as respostas foram classificadas em (31,8% bom, 18,1% muito bom e 50% ótimo). Em relação a aceitação dos discentes no uso da gamificação a maioria das respostas foram classificadas entre bom e ótimo (26,3% e 40,9%, respectivamente). Os alunos relataram que a gamificação proporcionou maior aprendizado do conteúdo, sendo o índice “bom” representado por 36,6% das respostas, “muito bom” 36,3% e “ótimo” 16,6%. Já a utilização do método tradicional, obteve “regular” em 13,6% das respostas, “bom” em 26,6%, “muito bom” em 18,1% e “ótimo” em 4,5%.
Conclui-se que o efeito do uso de gamificação do conteúdo é pertinente no curso de Fonoaudiologia e que a percepção dos alunos em relação a gamificação foi positiva. O engajamento dos alunos na elaboração do jogo proporcionou bom desempenho acadêmico nas avaliações. Além disso, observou aprovação dos alunos quanto a estrutura da gamificação utilizada, sua aplicação, relação da metodologia com o aprendizado e a relação da metodologia com o processo de inclusão do aluno em sala de aula.

1. BORGES, T.S.; ALENCAR, G. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante do ensino superior. Cairu em Revista; n. 4, p. 1 19-143, 2014.
2. BERBEL, N. A. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n 1, p. 25-40, Jan./Jun. 2011.
3. FUJITA, J.A.L.M. et al . Uso da metodologia da problematização com o Arco de Maguerez no ensino sobre brinquedo terapêutico. Revista Portuguesa de Educação, Braga , v. 29, n. 1, p. 229-258, jun. 2016.
4. KAPP, K. M. The Gamification of Learning and Instruction: Game methods and strategies for training and education. San Francisco: Pfeiffer, 2012.
5. PESSI, I.G. Gamificação como estratégia pedagógica na formação do pedagogo. 2018. 142 f. Dissertação - Mestrado Profissional em Educação e Novas Tecnologias, 2018. Disponível em: .


TRABALHOS CIENTÍFICOS
803
GEOMETRIA OROFARÍNGEA E DEGLUTIÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE MAXILAR: ESTUDO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Estima-se que mais de 15 mil novos casos de câncer em cavidade oral serão registrados até o fim do ano de 2020 [1]. Quando acomete a maxila, uma das principais abordagens no tratamento do paciente oncológico é a maxilectomia [2][3][4], técnica cirúrgica que consiste na remoção total ou parcial da estrutura e está relacionada a importantes comprometimentos para as funções estomatognáticas e morfologia do trato orofaríngeo [5]. Alterações funcionais nas diferentes fases da deglutição podem ser observadas na videoendoscopia da deglutição [5], enquanto a faringometria acústica é um recurso utilizado na mensuração do trato orofaríngeo e pode tornar-se um exame complementar na avaliação da deglutição, uma vez que mudanças anatômicas causadas por doenças e tratamentos podem explicar alterações na função [6][7]. OBJETIVO: Descrever a deglutição, a geometria orofaríngea e as consequências funcionais do uso da prótese maxilar em pacientes maxilectomizados. MÉTODO: Trata-se de um estudo de caso realizado em uma universidade pública e em um hospital oncológico de referência. Foi constituída por três etapas principais: 1) anamnese, 2) exame faringométrico e 3) videoendoscopia da deglutição, das quais participaram 3 pacientes maxilectomizados usuários de prótese maxilar, tendo 62, 53 e 25 anos de idade, respectivamente. Estes foram submetidos aos exames com e sem uso de prótese. Foram excluídos aqueles com doença oncológica e/ou neurológica ativa. A pesquisa foi realizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e aprovada pelo comitê de ética e pesquisa sob o parecer de número 61748316.2.0000.5205 considerando a resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). RESULTADOS: Todos os sujeitos apresentaram escape prematuro posterior e resíduos faríngeos sem o uso da prótese, alterações consideradas como marcadores de risco para penetração e aspiração laringotraqueal. Com exceção do comprimento da cavidade oral, os valores das variáveis faringométricas tendem a reduzir diante da colocação da prótese de forma a se aproximarem dos valores considerados normais. CONCLUSÃO: O uso da prótese obturadora em pacientes maxilectomizados favoreceu a adequação das medidas orofaríngeas de forma a se aproximar do que é encontrado em indivíduos saudáveis. Como consequência, a organização das estruturas envolvidas nas funções estomatognáticas proporcionou melhora importante na deglutição dos pacientes, contribuindo para a redução de riscos para broncoaspiração e possíveis infecções.

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2019.
2. CARVALHO, A.C.G.S. et al. Reabilitação bucal imediata após maxilectomia parcial: relato de caso. Rev. cir. traumatol. buco-maxilo-fac, v. 9, n. 2, p. 33-38, 2009.
3. MIRACCA R.A.A., SOBRINHO J.A., GONÇALVES A.J. Reconstrução com prótese imediata pós maxilectomia. Rev Col Bras Cir, v. 34, n. 5, p. 297-302, 2007.
4. SHIBAYAMA R. et al. Reabilitação protética de paciente maxilectomizados: relato de caso. Rev. Odontol. Araçatuba (Online), v. 37, n. 2, p. 9-14, 2016.
5. DEDIVITIS R.A., SANTORO PP, ARAKAWA-SUGUENO L. Manual prático de disfagia. Thieme Revinter Publicações LTDA, 2017.
6. MOLFENTER, S.M. The reliability of oral and pharyngeal dimensions captured with acoustic pharyngometry. Dysphagia, v. 31, n. 4, p. 555-559, 2016.
7. GELARDI, M. et al. A faringometria acústica: correlações clínico-instrumentais nos distúrbios do sono. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 73, n. 2, 2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1920
GESTÃO DE UMA UBS TRADICIONAL FRENTE À PANDEMIA DE COVID-19
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
Em janeiro de 2020, foi divulgado o código genético do agente etiológico causador de tipo de pneumonia de etiologia até então indefinida. Surge uma nova doença: SARS-COV2. Com isso, inicia-se a estruturação dos serviços de saúde em vários países para assistência e cuidado. A transmissão foi considerada comunitária no Brasil em 12 de março, um dia após a declaração da OMS do estado de Pandemia. Em São Paulo, Coordenação de Atenção à Saúde lançou recomendações para a Rede Básica Municipal Frente à Pandemia que orientou serviços de saúde para acolhimento e assistência desses e outros agravos sensíveis a atenção básica.
Objetivo
Descrever atendimentos e ações realizadas em UBS Tradicional da zona oeste da cidade de São Paulo, gerenciada por uma fonoaudióloga, entre 16 de março a 30 de junho de 2020.
Método
Trata-se de relato de experiência. Foram feitas reuniões presenciais com todos os membros da equipe de saúde para acertar o fluxo de atendimento aos pacientes sintomáticos respiratórios, demais casos que não poderiam sofrer com a descontinuidade do atendimento.Foram também discutidos e adotados outros dispositivos de atendimento, como teleconsulta e telemonitoramento. A equipe discutiu e programou ações de promoção e prevenção de saúde no território, relacionadas ao enfrentamento da COVID-19. Todo planejamento e execução das ações respeitou normas de biossegurança.
Resultados
Foram atendidos presencialmente 195 (100%) casos com queixas respiratórias e/ou síndrome gripal. Foram coletadas 59 (30%) amostras laboratoriais, sendo 6 (10%) com resultado inconclusivo, 30 negativos (51%) e 23 (29%) positivo para COVID-19.
Todos foram reavaliados presencialmente no segundo ou quarto dia da sintomatologia, dependendo da existência ou não de comorbidades, conforme protocolo do município. 1 caso necessitou de transferência para referência hospitalar. Após 14 dias de telemonitoramento, todos os casos foram reavaliados presencialmente e receberam alta. Não foi registrada nenhuma complicação. Vale ressaltar que nenhum dos profissionais envolvidos na assistência direta e coleta das amostras laboratoriais dos pacientes suspeitos de COVID-19 foi contaminado. Outras 570 pessoas foram acompanhadas no período por outros agravos. 41% era do gênero masculino e 59% feminino. 35% (N=203) acima de 60 anos, 10% (N=57%) abaixo dos 20 anos e 55% com faixa etária de 21 a 59 anos. 24% (N= 138) apresentavam doença crônica não transmissível. Destes, 80%, (N=111) era hipertenso, 20% diabéticos (N=27). A maior demanda desta população foi a renovação de prescrição médica (64%, N=88). 3,5% do total de atendidos, com queixas de saúde mental (N=20), demandando renovação de prescrição de medicamentos controlados. 0,7%(N=4) eram casos oncológicos.44% (N=251) apresentou queixas de dores, problemas gastrointestinais, infecções urinárias. Realizadas 11% (N=60) de consultas pré-natal, 6,6%(N=38) consultas ginecológicas, 0,8% (N= 5) consultas puerperais e 9,4% (N= 54) consultas pediátricas. 798 pessoas foram beneficiadas em 28 ações extramuro, focadas no enfrentamento à COVID-19 e imunização contra influenza.
Conclusão
Sendo a Atenção Primária à Saúde porta de entrada do SUS, é imprescindível que serviços se reorganizem para enfrentar a pandemia, sem desassistência. É necessário assegurar a transversalidade das ações, centradas na demanda da comunidade e apoiada na longitudinalidade do cuidado. Com isso a atenção primária cumpre seu papel garantindo acesso à saúde.

n/a


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1723
GESTÃO POR TELEFONE COMO TECNOLOGIA DE CUIDADO E ACOLHIMENTO AO SURDO
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Introdução: Acolhimento é o momento de receber o indivíduo no serviço para entendimento de suas particularidades, troca de informações e início da construção de respostas. Está descrito pela Política Nacional de Humanização (PNH) e é uma prática de atenção e cuidado à saúde. Este projeto de extensão visa promover acolhimento, informar e oferecer apoio à familiares de crianças surdas às queixas e demandas desenvolvendo ações de assistência inicialmente através da escuta e do diálogo. A gestão por telefone a partir do acolhimento ao usuário constitui-se numa ferramenta para o acompanhamento da criança e/ou familiar após o atendimento presencial, potencializando tempo, encurtando distâncias e facilitando o acesso ao profissional de saúde. Objetivos: Compreender a ferramenta de gerenciamento por telefone no acolhimento aos surdos e familiares. Descrição das ações desenvolvidas: O projeto assume como perspectiva o atendimento à familiares de surdos sem a necessidade de agendamento prévio, disponibilizando atenção às demandas sempre que solicitado. Em face às perspectivas de atuação assumidas e também, porque a população atingida é do interior do estado, se realiza o acompanhamento dos usuários via telefone mantendo o vínculo com as famílias atendidas e ao mesmo tempo, atuando proativamente no desenvolvimento das crianças surdas. Assim, após o primeiro atendimento, o projeto inicia o gerenciamento com as famílias através da ligação por telefone, vídeo chamada ou mensagens de texto/áudio via whatsapp. Estas ações se prestam ao aconselhamento periódico sem determinação de quantidade de contatos, adequando à necessidade da família, retomando assuntos já discutidos relacionados à educação, saúde, relação familiar, interação linguística (língua de sinais/oralidade) e/ou dispositivos de amplificação sonora individual e implante coclear além de sanar dúvidas e novas demandas que possam surgir. Resultados: A gestão por telefone, como estratégia de acolhimento, iniciou em 2019. Desde então mantemos 12 famílias em acompanhamento e as principais situações compartilhadas são: dúvidas sobre o uso da língua de sinais, a procura por instituições que realizem atividades idealizadas para as crianças surdas, esclarecimentos sobre o funcionamento dos dispositivos eletrônicos de reabilitação auditiva, auxílio para explorar brincadeiras que promovam integração das crianças e seus familiares, etc. Observamos certo estranhamento em relação ao atendimento não presencial e dificuldades na manutenção do diálogo com algumas famílias, que por vezes é bastante restrito a respostas curtas e pouca participação além do que é solicitado, requerendo uma abordagem mais específica, o que implica em obstáculo na aplicação dessa estratégia. No entanto, os resultados obtidos superam as adversidades vivenciadas nesta experiência nova para os usuários e para os estudantes extensionistas atuantes na ação. Conclusão: A experiência da gestão por telefone mostra-se positiva, pois promove a continuidade do acolhimento e a manutenção do diálogo/vínculo através do uso da tecnologia de forma simples e econômica, possibilitando um cuidado integral sem determinação de duração específica. Também, proporciona o acesso facilitado aos pacientes ao diminuir as distâncias virtualmente. As dificuldades encontradas podem ser superadas com uma melhor adequação da abordagem à família acompanhada, o que implica diretamente em ações mais produtivas com a criança surda.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1815
GRAU DE QUANTIDADE DE FALA E DE INTENSIDADE VOCAL DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS COM E SEM AUTORREFERÊNCIA DE SINTOMAS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O aumento da intensidade vocal e a quantidade de fala no exercício da docência aumenta a probabilidade de o professor desenvolver sintomas e problemas vocais1. Objetivo: Comparar o grau de quantidade de fala e de intensidade vocal de professores universitários com e sem autorreferência de sintomas vocais. Métodos: Estudo observacional, analítico e transversal com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (parecer n. 1.708.786). Participaram 102 professores universitários, 46 homens e 56 mulheres, com média de idade de 35,12±4,87 anos. Os professores foram divididos em dois grupos de acordo com a nota de corte da ESV2: um grupo vocalmente saudável com pontuação total de 15 pontos ou menos (G1) e um grupo de sintomas vocais com 16 pontos ou mais (G2). O G1 foi formado por 23 professores (9 mulheres e 14 homens) e o G2 por 79 (47 mulheres e 32 homens). Foram aplicados a Escala de Sintomas Vocais (ESV)2 e o "Teste de grau de quantidade de fala e grau de intensidade de voz" (TGQFGIV) adaptado3 composto por dois itens, quantidade de fala (QF) e intensidade de voz (IV) em situação de voz habitual e no trabalho, respondidos numa escala de até sete pontos, sendo “1.Pessoa quieta não falante e que fala muito baixo” e “7.Pessoa extremamente falante e que fala muito alto” e a pontuação é feita por somatória simples3. A ESV é composta por 30 itens e o respondente deveria assinalar de zero (nunca) a quatro (sempre) a frequência de ocorrência dos sintomas vocais. A pontuação das subescalas e do total foi feito por somatória simples e a nota de corte é 16 pontos2. Os grupos foram comparados utilizando-se o teste de Mann-Whitney no Statistical Package for the Social Sciences, versão 25.0. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: As médias obtidas na ESV pelos participantes do G1 foram 4,56(dp±2,81) para limitação, 0,22(dp±0,59) para emocional, 4,26(dp±2,50) para físico e 9,04(dp±3,24) para a pontuação total, e as médias do G2 foram 19,54(dp±8,19), 2,68(dp±3,48), 8,35(dp±3,57) e 30,58(dp±11,99) para os domínios limitação, emocional, físico e total, respectivamente. As médias obtidas pelo G1 para QF foram 4,65(dp±1,09) para situação habitual e 4,47(dp±1,06) para laboral e as médias para IV foram 4,96(dp±1,27) para situação habitual e 4,83(dp±1,051) para laboral. As médias obtidas pelo G2 na QF foram 4,18(dp±1,26) e 4,21(dp±1,29) para situação habitual e laboral, respectivamente; para IV foram 5(dp±1,16) e 4,93(dp±1,20) para habitual e laboral, respectivamente. O G2 apresentou percepção de sintomas vocais, para todos os domínios da ESV, significativamente maior que o G1 (p=0,001) e houve diferença estatisticamente significante entre os grupos apenas na QF em situação habitual (p=0,022). Para IV habitual, QF e IV laboral não houve diferença entre os grupos (p=0,191, p=0,712 e p=0,997, respectivamente). Conclusão: Professores universitários, independentemente de referirem ou não sintomas vocais, não apresentam diferença quanto ao grau de quantidade de fala em situação laboral e intensidade de voz em situação laboral e habitual. Professores que não referem sintomas vocais apresentam maior quantidade de fala em situação habitual.

1 – Luchesi KF, Mourão LF, Kitamura S, Nakamura HY. Vocal Problems at Work: prevention in the teaching practice according to the teacher’s view. Saúde Soc. 2009;(18)4:673-681. https://doi.org/10.1590/S0104-12902009000400011.

2 – Padilha MP, Moreti F, Raize T, Sauda C, Lourenço L, Oliveira G, Behlau M. Grau de quantidade de fala e intensidade vocal de teleoperadores em ambiente laboral e extralaboral. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(4):385-90. https://doi.org/10.1590/S1516-80342012000400004.

3 – Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale-VoiSS. J Voice. 2014; 28(4):458-68. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2013.11.009.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
499
GRUPO DE CONVIVÊNCIA EM AFASIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS EM FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A afasia é um distúrbio adquirido da linguagem secundário à uma lesão cerebral. A principal etiologia é o Acidente Vascular Encefálico (AVE), podendo ser ocasionada também por outros danos ao hemisfério cerebral esquerdo, responsável pela linguagem na maioria das pessoas.[1] As alterações na linguagem, oral e escrita, podem afetar drasticamente a relação do paciente com seu ambiente social, ocupacional e familiar, trazendo como consequência o isolamento social, barreiras nas relações interpessoais, comprometimentos mentais e emocionais, inadequação nas habilidades da vida cotidiana, dificuldade ou incapacidade de retornar ao trabalho e correspondente falta de independência. Estes aspectos atuam diretamente na qualidade de vida do indivíduo.[2-5] Nessa perspectiva, o Grupo de Convivência em Afasia (GCA) de uma universidade pública, visa, além da reabilitação dos pacientes, a possibilidade de reintegrá-los à comunicação social, à medida que esse processo auxilia na expressão comunicacional de forma adaptada. Objetivos: Descrever as atividades desenvolvidas pelo Grupo de Convivência em Afasia (GCA) de uma universidade pública. Metodologia: Participaram do GCA 12 pacientes e seus acompanhantes, com faixa etária entre 34 e 67 anos, sendo seis do sexo feminino, no período de março a dezembro de 2019, com encontros semanais de duas horas coordenados por 2 professoras que orientam um grupo de 5 extensionistas nas atividades realizadas. Os encontros funcionaram com debates de temas específicos, dinâmicas de grupos, atividades lúdicas e musicoterapia que visavam à interação dos integrantes por meio da realização de ações focadas na comunicação do grupo e seus comprometimentos. Diante das dificuldades apresentadas pelos pacientes, desenvolveram-se atividades de adaptação, conscientização, incentivo ao uso da linguagem oral, gráfica e dos sistemas de comunicação alternativa e/ou suplementar para resgatar a habilidade comunicacional dos afásicos, junto aos alunos do curso de Fonoaudiologia e aos acompanhantes/familiares dos pacientes. Resultados: Os relatos dos participantes comprovaram a melhora na comunicação e socialização dos indivíduos do grupo. Eles trouxeram depoimentos sobre aceitação e segurança para se comunicar e consequentemente, interagir socialmente, visto que as experiências compartilhadas permitem trocas afetivas, psicossociais, cognitivas e linguísticas, bem como o exercício das habilidades de conversação, percepção, atenção, memória, observação e promoção da autonomia dos mesmos. Observou-se ainda que a convivência junto aos acompanhantes/familiares também foi importante pois, por meio da troca com outros pacientes, foi possível propiciar mais possibilidades comunicativas com os afásicos e a conscientização da importância de levar os estímulos físicos e comunicacionais para além do grupo. Para os alunos, o grupo tem proporcionado a experiência clínico-terapêutica de forma peculiar, uma vez que é preciso compreender as necessidades e limitações do paciente com afasia e seus aspectos linguísticos, sociais e subjetivos para melhor atendê-los. Assim, os estudantes atuaram como mediadores na comunicação e interação com os pacientes promovendo a inclusão dos mesmos, criando vínculos afetivos que tornaram-se essenciais no processo terapêutico. Conclusão: O GCA tem promovido avanços na comunicação e nas funções psicossociais dos pacientes do grupo em variados aspectos. Além disso, serve como instrumento de aprendizagem e troca de conhecimento para os acadêmicos participantes, visando uma formação acadêmica mais consistente.

1. Fontanesi RO, Schmidt A. Intervenções em afasia: uma revisão integrativa. Rev. CEFAC, 2016 Jan-Fev; 18(1): 252-262.

2. Hilari K, Byng S, Lamping DL, Smith SC. Stroke and aphasia quality of life scale-39 (SAQOL-39). Evaluation of acceptability, reliability and validity. STROKE 2003; 34(8):1944-50.

3. Pagliarin K, Oliveira C, Silva B, Calvette L, Fonseca R. Instrumentos para avaliação da linguagem pós -lesão cerebrovascular esquerda. Revista CEFAC 2013; 15(2): 444-454.

4. Le Dorze G, Salois-Bellerose É, Alepins M, Croteau C, Hallé M-C. A description of the personal and environmental determinants of participation several years post-stroke according to the views of people who have aphasia. APHASIOLOGY 2014; 28: 421–439.

5. Ribeiro Lima R, Rose ML, Lima HN, Guarinello AC. Socio-demographic factors associated with quality of life after a multicomponent aphasia group therapy in people with sub-acute and chronic post-stroke aphasia. APHASIOLOGY 2020; 1-16.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1154
GRUPO DE TRABALHO DE FONOAUDIOLOGIA EM SAÚDE MENTAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Fonoaudiólogo em Saúde Mental está cada vez mais inserido nos equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), onde o trabalho multidisciplinar é central. Suas ações integram desde o atendimentos específicos de núcleo profissional como também das ações de saúde mental e clínica ampliada. Neste sentido, o Grupo de Trabalho específico aos profissionais de Fonoaudiologia que atuam em saúde mental, possibilita um ambiente onde os pares possam dialogar e refletir sobre as ações que vêm sendo feitas em diferentes serviços (públicos e privados), acolhimento e amparo de angústias, potencializador de boas práticas, facilitador na criação de estratégias individuais e coletivas, posicionamento coletivo frente a imprevistos e situações adversas, e fortalecer a categoria profissional. OBJETIVOS: Relatar a experiência de um Grupo de Trabalho de Fonoaudiologia em Saúde Mental entre o período de Junho de 2014 a Junho de 2020. METODOLOGIA: Os dados foram coletados a partir do levantamento das pautas mais recorrentes nas reuniões e nos trabalhos apresentados em eventos científicos em nome deste grupo de trabalho. Os encontros ocorreram mensalmente, com duração de duas horas, tendo participação média de seis fonoaudiólogos. No total, 13 fonoaudiólogos que atuavam em distintos pontos da RAPS, participaram ao menos uma vez das reuniões. RESULTADOS: Todos os participantes contribuíram com temas pertinentes no Campo de Saúde Mental, ao Núcleo da Fonoaudiologia e a interseção entre estes. Os Fonoaudiólogos puderam expressar de forma livre e espontânea o que desejavam compartilhar com os demais nos dias dos encontros. Sobre os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os procedimentos dos fonoaudiólogos foram condizentes aos pelo Ministério da Saúde, tais como: acolhimento; matriciamento da atenção básica, especializada, urgência e emergência; articulação de rede intra e intersetorial; atendimentos individuais, de grupo e de familiares; visitas domiciliares; práticas corporais e expressivas; atenção à crise; promoção de contratualidade; fortalecimento de protagonismo; redução de danos; acompanhamento em serviço de residência terapêutica e de caráter transitório; ações de reabilitação psicossocial. Também foi citada como ação dos participantes o auxílio no diagnóstico diferencial dos casos atendidos. Este grupo possibilitou apresentações de trabalhos e publicações em eventos científicos, com um total de nove apresentações de pôster e quatro apresentações orais, sendo nos principais eixos: (Re)significações da Terapia Fonoaudiológica na Saúde Mental; Habilidades comunicativas na inclusão social além do CAPS; Apoio Matricial da Fonoaudiologia no compartilhamento de cuidado de crianças e adolescentes em sofrimento psíquico em âmbito escolar; Processo histórico da Fonoaudiologia no Brasil e a Fonoaudiológica atual; Métodos, abordagens terapêuticas e estimulação precoce para Tratamento de Transtorno do Espectro Autista (TEA); Relação do Fonoaudiólogo com os usuários de Saúde Mental, gestão, supervisão, preceptoria, universidade, serviços da RAPS e serviços municipais; Fonoaudiólogo em Saúde Mental em momento de Pandemia de Sars CoV 2 (COVID 19). CONCLUSÃO: O grupo foi um espaço de motivação e fortalecimento entre os pares, divulgação do campo de trabalho da Fonoaudiologia em Saúde Mental para outras categorias profissionais e um disparador para busca de conhecimento coletivo dentre tantos procedimentos, não saberes, inseguranças e desafios nessa área de atuação.

ALMEIDA, B.P.B.A, CUNHA, M.C., SOUZA, L.A.P. Fonoaudiologia e saúde mental: atendimento em grupo a sujeitos institucionalizados com transtornos mentais. Revista Internacional de Humanidades Médicas, 2015. 4 (2): 143-157.

ARCE, V.A.R. Fonoaudiologia e Saúde Mental: Reorientando o trabalho na perspectiva da atenção psicossocial. Rev. CEFAC. 2014 Mai-Jun; 16(3):1004-1012.

Recomendação Nº 040, de 18 de Maio de 2020. Conselho Nacional de Saúde. Ministério da Saúde. http://conselho.saude.gov.br/recomendacoes-cns/1181-recomendacao-n-040-de-18-de-maio-de-2020 Acesso em 01/07/2020.

Portaria 854 de 22 de Agosto de 2012. Atendimentos nos Centros de Atenção Psicossocial: Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde. Ministério da Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2012/prt0854_22_08_2012.html . Acesso em 05/07/2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1535
GRUPO FAMÍLIA VIRTUAL: PERCEPÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE O AUTOCUIDADO DAS MÃES E O CUIDADO DE CRIANÇAS COM TEA INSERIDAS EM UM CAPSI
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado pelo comprometimento qualitativo em diversas áreas do desenvolvimento apresentando prejuízos ou alterações significativas em dois eixos principais: nas habilidades de interação e comunicação social e a presença de comportamentos restritos e estereotipados. Várias pesquisas vêm apontando que as estratégias de enfrentamento, as percepções de estresse diante do filho com autismo e de como a comunidade compreende o filho são diferenciadas, identificando maior estresse nas mães em vários domínios de suas vidas em comparação aos pais, por serem responsáveis pelo cuidado direto da criança e por estarem à frente de pressões sociais e em um número maior de tarefas intensas e prolongadas. Grande parte das mães dedica-se ao cuidado direto da criança, alterando ou abandonando muitas vezes sua carreira profissional para direcionar seu tempo na coordenação das terapias, no cuidado das demandas da casa e das atividades de vida diária da criança. Objetivo: Sensibilizar as mães da importância da prática do autocuidado para cuidar melhor do filho. Método: Devido à pandemia da COVID-19, a atividade presencial do Grupo Família, prática comum em um CAPSi, foi suspensa. No entanto, como estratégia, foi criado um Grupo Família Virtual através de um aplicativo de videochamada escolhido pelo fácil acesso e vasta utilização pelas mães. No início deste Grupo foi realizado um miniquestionário com 3 questões sobre o autocuidado. Participaram do grupo 7 mães. 2 fonoaudiólogas coordenaram as atividades e discussões do grupo formado. Resultados: Sobre o que é autocuidado observou-se que 2 mães não sabiam o significado real desta palavra. No entanto, a maioria opinou sobre olhar para si e cuidar de si, cuidar do corpo e mente, da alimentação, lazer e religião. Sobre o que elas realizam de autocuidado, 2 confundiram como cuidado com o filho, 3 citaram a prática de exercícios físicos e 2 responderam que realizam outras atividades de bem-estar como fazer artesanato, assistir séries e ler a Bíblia. Sobre a relação do autocuidado da mãe com o cuidado do filho, 2 não entenderam esta relação, mas a maioria afirmou haver uma relação direta entre cuidar de si e cuidar melhor do filho. Entretanto, reconhecem que cuidam mais do filho do que de si próprias. Ao falarem sobre a importância da participação no Grupo Família Virtual foi colocado que através deste há uma maior interação com pessoas que vivenciam situações semelhantes, ajuda a tirar dúvidas, dá apoio, direção de como aprender a se cuidar, recebe orientações de profissionais de como lidar com o filho. Conclusão: Há uma percepção clara da maioria das mães da importância do autocuidado para assim cuidar melhor do filho. No entanto, ainda existe dificuldade em entender o que realmente é autocuidado e de como realizar diariamente esta prática, sem sentir que não está priorizando o cuidado com o filho.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1006
GRUPO FOCAL NOS ATRASOS DE FALA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Segundo Ribeiro et al (2012, p.545), a fonoaudiologia construiu seu campo de atuação pautado no modelo tradicional da medicina, isto é, em terapias e atendimentos individuais. Entretanto, com o avanço das propostas na área de linguagem, foi observado que o vínculo terapêutico estabelecido na terapia grupal focal pode favorecer o avanço da mesma, ao melhorar a adesão do paciente ao atendimento. De acordo com o interacionismo, (De Lemos, 1999), a interação é a condição necessária para que o processo de aquisição da linguagem ocorra e o diálogo é tomado como unidade de análise. A fala inicial da criança é marcada pela incorporação de fragmentos de enunciados de sua mãe, que é considerada seu interlocutor privilegiado. Para que isso ocorra, é necessário que haja a interação entre esses sujeitos. Alguns autores apontam que o atraso no desenvolvimento de fala/linguagem prevê parâmetros, evolução e trajeto típicos do processo de aquisição da linguagem, porém com um ritmo mais lento do que nas demais crianças. A hipótese deste trabalho é de que o ritmo de desenvolvimento pode estar também relacionado à interação. Objetivo: Apresentar os benefícios do atendimento grupal focal de 4 crianças com atrasos de fala/linguagem e de seus mães/pais também em grupo. Método: O estudo é uma pesquisa qualitativa, transversal e de caráter descritivo, aprovada pelo comitê sob o CAAE 15423019.5.0000.5404. A coleta de dados ocorreu numa clínica escola de uma universidade do interior paulista. Os participantes foram 4 crianças com queixas de atrasos de fala/linguagem. A faixa etária foi de 2;6 (dois anos e meio) até 4 anos de idade. Houve a filmagem de 12 sessões grupais semanalmente com as crianças e 2 quinzenais com os responsáveis. As sessões foram posteriormente transcritas (transcrição larga) e analisadas. Resultados: A principal dificuldade das crianças era atraso de fala/linguagem, e após as sessões, 2 das 4 crianças obtiveram grande avanço no desenvolvimento linguístico e de comunicação com pares. As outras duas crianças foram encaminhadas para atendimento psicológico por apresentarem risco para o desenvolvimento da linguagem. Nas sessões de atendimento com os pais foram tratados aspectos como: infantilização das crianças, influência do perfil comunicativo dos pais, e benefício do grupo de cuidadores. Após a realização do grupo de pais sobre sessões hábitos deletérios e infantilização, as crianças demonstraram desempenho em retirada da fralda e chupeta e autonomia na hora da alimentação. Sobre o perfil comunicativo dos pais foi possível perceber que o tempo de interação com a Internet e mídias sociais causava um impacto na atenção que eles dispensavam à criança. Ademais, o tempo de exposição midiática da criança também afetava o diálogo delas para com os pais, dessa forma foram abordados os aspectos relacionados a um perfil mais comunicativo dos pais, isto é, demonstrar interesse pelo que a criança fala, e sustentar um diálogo. Conclusão: O grupo desenvolvido também se mostrou muito proveitoso, pois a relação que se estabelece entre uma criança e outra é também diferente da relação que se estabelece entre terapeuta e paciente.

Crestani AH, Moraes AB, Souza ANP, Análise da associação entre índices de risco ao desenvolvimento infantil e produção inicial de fala entre 13 e 16 meses. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 Fev [citado 2020 Jul 10] ; 17( 1 ): 169-176. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000100169&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620153514.
Wiethan FM, Souza ANP, Klinger EF. Abordagem terapêutica grupal com mães de crianças portadoras de distúrbios de linguagem. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2010 [cited 2020 July 10] ; 15( 3 ): 442-451. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-80342010000300021&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1516-80342010000300021.
Ribeiro VV, Panhoca I, Dassie-Leite AP, Bagarollo MF. Grupo terapêutico em fonoaudiologia: revisão de literatura. Rev. CEFAC [Internet]. 2012 June [cited 2020 July 06] ; 14( 3 ):544 552. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462012000300018&lng=en. Epub Dec 05, 2011. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000131.
Lemos, Claudia. Sobre o interacionismo. Rev Letras de Hoje, , 1999 v. 34, n. 3, p. 11-16.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
704
GRUPO TERAPÊUTICO COM CUIDADORES DE PACIENTES AFÁSICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: Os impactos sociais provocados pela afasia na vida de um sujeito dizem respeito a mudanças significativas no ambiente familiar, empregatício, de lazer e das relações interpessoais em geral. A literatura aponta que os sujeitos afásicos têm como principal mediador o cuidador, que muitas vezes, realiza essa função sem a devida capacitação, acarretando desgaste físico e sobrecarga mental em ambos. Então, os impactos na qualidade de vida do cuidador interferem no processo de reabilitação e influenciam processo de reorganização da pessoa cuidada. A terapia fonoaudiológica em conjunto revela-se como um local para reflexões, permite a identificação das diferenças e o apoio nas experiências de outros para que cada um, dentro das suas limitações e possibilidades, façam (re)significações acerca da sua problemática. Portanto, o acolhimento ao cuidador num grupo terapêutico constitui-se num importante espaço para promoção da saúde, reinserção no contexto social e no resgate da singularidade dos indivíduos. Objetivo: Relatar o processo de acolhimento desenvolvido com os cuidadores de afásicos. Descrição do caso: O grupo terapêutico foi constituído por cinco familiares de sujeitos afásicos, mediado por três estagiárias e uma supervisora docente, ocorreu na Clínica Escola de Fonoaudiologia da Universidade do Estado da Bahia, durante o semestre letivo de 2018.2. Foram realizados dez encontros com frequência semanal, com duração de cinquenta minutos cada. Os temas das discussões foram definidos a partir das demandas que surgiram no decorrer das reuniões, e os mais recorrentes foram: a desfiguração da identidade do cuidador no processo de cuidado, o comprometimento da autonomia do afásico e o conceito de cura. Discussão do caso: A primeira pauta para discussão surgiu durante a dinâmica de apresentação do grupo, quando ficou perceptível que os cuidadores de afásicos pouco falaram sobre suas próprias vidas. Logo, as reuniões seguintes tiveram o objetivo de despertar nos cuidadores a iniciativa de falar sobre seus gostos, rotina e preferências. Estudos mostram que os cuidadores precisam refletir sobre a sua identidade para que não se percam nos desafios do processo de cuidado e que o grupo terapêutico pode ser um instrumento fundamental para o resgate da identidade. A segunda questão começou a ser pensada quando, em uma das dinâmicas foi solicitado que os cuidadores listassem suas metas de vida; na maioria das respostas esteve presente a ideia de cura, que se encontrava deturpada e relacionada à concepção de voltar a ser o que era antes. A seguir, foi possível aprofundar-se na temática, discutir opiniões, provocar reflexões e compartilhar vivências, o que possibilitou uma visão crítica baseada na análise de que curar é criar para si novas normas de vida. No que se refere à concepção do cuidador em relação à autonomia do sujeito afásico, foi incitada uma reflexão que evidenciou a existência de estratégias usadas no intuito de facilitar o processo de comunicação, mesmo diante dos desafios que permeiam o resgate da independência desses indivíduos. Conclusão: Os cuidadores precisam de cuidado e o grupo terapêutico se configura como uma ferramenta de suporte e acolhimento indispensável para o desenvolvimento saudável dos envolvidos nesse processo.

Di Giullio RM; Chun RYS. Impacto da afasia na perspectiva do cuidador. Distúrb Comun 2014;26(3):541-549.

Santana AP. Grupo terapêutico no contexto das afasias. Distúrb Comun 2015;27(1):4-15.

Panhoca I; Leite APD. A constituição de sujeitos no grupo terapêutico fonoaudiológico–identidade e subjetividade no universo da clínica fonoaudiológica. Distúrb Comun 2003;15(2):289-308.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
311
GRUPO TERAPÊUTICO COM PACIENTES AFÁSICOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)
40170130


Introdução: A afasia se caracteriza por alterações de processos linguísticos de significação de origem articulatória e discursiva. Produz uma sintomatologia na fala que é muitas vezes representada por uma sensação de perda de “vez e voz” dentro da sua própria linguagem. As dificuldades de linguagem levam a alguns afásicos a evitarem situações cotidianas, o que pode acarretar em isolamento social. Assim, uma das estratégias práticas na clínica fonoaudiológica que vise à retomada de independência e subjetividade do sujeito é a de grupo terapêutico. A terapia fonoaudiológica em grupo é considerada muito benéfica, pois permite a construção conjunta de conhecimento entre os sujeitos e as trocas de experiências, modificando a visão dos indivíduos e ressignificando as percepções a partir da sua condição. Objetivo: Discutir o impacto da terapia em grupo na recuperação da identidade enquanto sujeito autor do próprio discurso. Métodos: O grupo terapêutico foi constituído por sujeitos afásicos, mediado por estudantes de Fonoaudiologia e uma supervisora docente e ocorria em uma Clínica Escola. Foram realizados nove encontros com frequência semanal, sendo que cada um desses teve duração de trinta minutos. Os temas das discussões foram definidos a partir das demandas que surgiram gradualmente, dos gostos pessoais de cada paciente, como autonomia e identidade. Algumas das estratégias utilizadas foram: jogos de dominó e bingo e assuntos diversos para debate. Resultados e discussão: As discussões sobre autonomia e identidade surgiram durante a dinâmica de apresentação do grupo, quando alguns afásicos trouxeram a questão de não conseguir mais realizar atividades antes cotidianas, como o ato de ir no supermercado e de escrever. As reuniões seguintes tiveram o objetivo de propiciar a recuperação da autoria do próprio discurso pelos sujeitos afásico, com estratégias diversas, como em um encontro onde os pacientes realizaram uma peça teatral no contexto cotidiano para solicitar um ônibus. A segunda questão começou a ser pensada quando, em uma das dinâmicas foi solicitado que os afásicos falassem sobre o que eles gostam de realizar e o que mais fazem com frequência. Metade dos pacientes demonstraram interesse em discutir e comentar sobre jogos como bingo e dominó, a partir disso foram realizadas reuniões para que eles trouxessem os jogos e explicassem como se joga. Outra metade, demonstrou interesse em conversar sobre novelas, logo os estudantes também procuraram saber mais sobre esse tópico para discussão. Os sujeitos que participaram do grupo terapêutico se sentiram mais acolhidos e por meio da terapia em grupo, muitas vezes, conseguiram participar ativamente das atividades propostas, pois cada um procurava ajudar e acolher ao outro. Conclusão: O grupo terapêutico propiciou um lugar de troca de aprendizados e de interações, criando laços afetivos entre os pacientes e estudantes, favorecendo na recuperação da identidade e independência.

Lier-De Vitto MF, Fonseca SC, Landi R. Vez e voz na linguagem: o sujeito sob efeito de sua fala sintomática. Rev. Kairós. 2007;10(1):19-34.
Santana AP, Guarinello AC, Fernandes D. O grupo terapêutico-fonoaudiológico nas afasias. In: Mancopess R, Santana AP, organizadores. Perspectivas na Clínica das Afasias: o sujeito e o discurso. São Paulo: Santos; 2009.
Santana AP. Grupo terapêutico no contexto das afasias. Rev. Distúrbios Comun. 2015;27(1):4-15.
Senhorini G, Santana APO, Santos KP, Massi GA. O processo terapêutico nas afasias: implicações da neurolinguística enunciativo - discursiva. Rev. CEFAC. 2016;18(1):309-322.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1639
GRUPO TERAPÊUTICO: PROPOSTA DE HUMANIZAÇÃO NO SUS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


GRUPO TERAPÊUTICO: PROPOSTA DE HUMANIZAÇÃO NO SUS

Introdução: O usuário quando busca o serviço de saúde espera ser acolhido e atendido em sua demanda.1 O acolhimento é uma das diretrizes da Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde – SUS. Como ferramenta de intervenção na qualificação de escuta e construção de vínculo, pressupõe mudanças na relação entre profissional/usuário e sua rede social, o que leva ao reconhecimento do usuário como sujeito e participante ativo no processo de produção de saúde.2 A discussão em grupo é uma estratégia de saúde coletiva, de promoção da saúde. A abordagem grupal de mães e pais pode minimizar ou até resolver o comprometimento de linguagem da criança, além de ter efeito na diminuição da fila de espera para o atendimento fonoaudiológico.3 Vivências e sentimentos compartilhados entre membros do grupo, conduzidos pelos mediadores, auxiliam na incorporação de mudanças de comportamentos familiares, beneficiando os indivíduos com alteração de linguagem.4 Objetivo: Apresentar o grupo terapêutico de familiares de crianças com alterações linguísticas a partir da análise de relatos dos mesmos sobre as mudanças ocorridas na relação com a criança. Métodos: Pesquisa qualitativa tipo estudo de caso aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número 553.517. Foram selecionados 10 familiares de 10 crianças com idade entre 21-51 meses, inscritas na fila de espera do SUS para fonoterapia com queixa de não falar ou falar pouco, porém, apenas 5 mães participaram do estudo. Foram realizadas anamnese, filmagem da brincadeira entre responsável e criança, orientação sobre a abordagem terapêutica grupal, e obteve-se a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O grupo foi composto por 5 mães-alvo, 2 mães não-alvo (mediadoras) e terapeuta. A abordagem terapêutica ocorreu uma vez por semana com duração média de duas horas cada um dos 9 encontros. As sessões basearam-se na concepção histórico-cultural5,6, perspectiva de grupo7 e proposta Hanen8. Discutiram-se: como e por que as crianças comunicam-se; níveis de desenvolvimento linguístico; atitudes de esperar, escutar e observar a criança; estratégias facilitadoras da comunicação; dinâmica conversacional; uso da rotina para a apropriação da linguagem; importância da brincadeira e como potencializá-la; uso de livros, artes e músicas. Foram incluídos observação e discussão dos vídeos da brincadeira entre adulto e criança. A coleta de dados foi realizada mediante a transcrição ortográfica de vídeo-gravações das sessões, da qual recortes da dinâmica grupal foram selecionados e analisados pela diretriz microgenética9. Resultados: Acolhimento das mães de crianças com alterações de linguagem por terapeuta e grupo. Percepção materna sobre a relação existente entre a intervenção do adulto como parceiro da criança na brincadeira e o desenvolvimento linguístico infantil. Novo cenário histórico-cultural construído pelo par adulto-criança, novo modo de acolhimento dos filhos pelas mães. Mudanças no comportamento relacional/comunicativo entre familiar e criança. Desenvolvimento da linguagem infantil. Conclusão: A abordagem grupal com mães de crianças com alterações de linguagem é viável e efetiva, respondendo de forma ética e resolutiva à demanda dos usuários. A proposta transdisciplinar em saúde coletiva é inovadora ao posicionar fonoaudiólogo e mães não-alvo como mediadores do grupo terapêutico.

1 Russo DAS. Avaliação qualitativa da utilização do grupo terapêutico de familiares no desenvolvimento de crianças com alterações de linguagem [dissertação]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense; 2019. 2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Série B. Textos Básicos de Saúde. 2ª ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. 44p. 3 Moreira MD. A orientação fonoaudiológica a pais e a capacitação da linguagem de seus filhos [dissertação]. Santa Maria (RS): Universidade Federal de Santa Maria; 2007. 4 Santos JLFD, Montilha R C I. Grupo de familiares de indivíduos com alteração de linguagem: o processo de elaboração e aplicação das atividades terapêuticas. Rev CEFAC 2016; 18(1):184-197. 5 Vygotsky LS. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes; 1991. 6 Vygotsky LS. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7ª ed. Cole M, John-Steiner V, Scribner S, Souberman E, organizadores. Cipolla Neto J, Barreto LSM, Afeche SC, tradutores. São Paulo: Martins Fontes; 2007. 7 Machado MLCA. Grupo de Linguagem Escrita: Uma proposta de intervenção fonoaudiológica [dissertação]. Curitiba (PR): Universidade Tuiuti do Paraná; 2007. 8 Pepper J, Weitzman E. It takes two to talk: a practical guide for parents of children with language delays. 4a ed. Canada: The Hanen Centre; 2004. 9 Góes MCR. A abordagem microgenética na matriz histórico-cultural: uma perspectiva para o estudo da constituição da subjetividade. Cad CEDES 2000; 20(50):9-25.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1808
GRUPOS DE LISTA DE ESPERA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM SAÚDE PÚBLICA NA PREFEITURA MUNICIPAL DE OSÓRIO / RS
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO
Dentre os princípios do SUS, temos a equidade e o acesso universal. Por outro lado, temos uma demanda de pacientes para fonoterapia que não são supridas pela quantidade de profissionais atuantes. Diante disto, medidas que acelerem o tratamento e diminuam o tempo do paciente em lista de espera são importantes.
Ao realizar triagens fonoaudiológicas, nos deparamos com a angústia frequente que é quando o tratamento irá iniciar. Foi pensando nisto, em otimizar nossos atendimentos, que iniciamos os Grupos de Lista de Espera.

OBJETIVO
Diminuir a lista de espera para fonoterapia.
Orientar os cuidadores quanto à estimulação adequada da criança em casa e da importância da participação destes no processo.
Reverter uma patologia fonoaudiológica inicial, alterar ou retardar a evolução dos casos.

MÉTODO
O paciente inicialmente passa por uma Triagem Fonoaudiológica, onde é realizada a anamnese, avaliação inicial, encaminhamentos para outras especialidades e orientações para estimulação em casa. Após, são encaminhados para a Lista de Espera para atendimento individual ou em grupo, conforme a patologia e necessidades individuais. Cabe ressaltar que são atendidos casos de todas as áreas fonoaudiológicas e idades. Desta forma, começamos a ter muitos pacientes em lista de espera.
Dentre as ações da fonoaudióloga no NASF, houve a criação de grupos de cuidadores destas crianças que aguardavam atendimento. Para a formação dos grupos foi observado a faixa etária e patologia.
Inicialmente, tivemos a formação de um grupo mensal de familiares e/ou cuidadores de crianças com atraso de linguagem até 5 anos. Durante a realização, foi observado que muitas mães traziam a criança junto e acabavam não prestando muita atenção nas orientações, sendo necessário a mudança na configuração dos atendimentos.
Iniciou-se, então a realização em dois grupos: uma das fonoaudiólogas fica com os pais / cuidadores, enquanto a outra fonoaudióloga, em sala ao lado, com as crianças.
Durante as atividades com os pais, estes são orientados quanto às condutas a serem modificadas, formas de estimulação em casa, com orientações gerais e específicas para cada criança. Temos a participação ativa destes na discussão das condutas e das tarefas que responsabilizam-se a realizar.
No grupo das crianças é viabilizada uma melhor avaliação e conduta terapêutica. Ao final dos atendimentos, são correlacionados os achados do grupo de pais e das crianças, o que norteia os próximos encontros.

RESULTADOS
Com o êxito do primeiro grupo, outros foram criados, sendo 2 grupos de atraso de linguagem e 2 de alterações de fala, com encontros mensais que ocorreram de abril a dezembro de 2019. Novos encontros foram suspensos momentaneamente devido às restrições da covid-19.
Esta forma de atuação mostrou-se capaz de diminuir a lista de espera, uma vez que muitos pacientes receberam alta durante a realização destes e outros tiveram melhora significativa nos padrões de linguagem e fala.
CONCLUSÃO
A partir desta experiência, constatamos que a participação dos pais e cuidadores torna-se mais integrada e efetiva, baseando-se no fato de que estavam estimulando seus filhos em casa, sob orientação fonoaudiológica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1944
GRUPOS VIRTUAIS DE ORIENTAÇÕES DE ESTIMULAÇÃO E REABILITAÇÃO DURANTE O DISTANCIAMENTO SOCIAL
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou pandemia devido ao novo Coronavírus¹. Desde então, medidas preventivas foram implementadas para reduzir o contágio, incluindo o distanciamento social. No Brasil, muitos serviços de saúde tiveram as atividades suspensas ou reestruturadas para que os usuários continuassem a ser assistidos. Diante disso, o Conselho Federal de Fonoaudiologia recomendou a adoção do atendimento remoto 2,3. Assim, alternativas foram pensadas para manutenção do acompanhamento de pacientes em reabilitação. Foram planejados grupos virtuais para monitoramento desses pacientes, promovendo orientações aos usuários e responsáveis em relação aos cuidados no combate ao coronavírus e orientações relacionadas a áreas específicas da saúde e demandas trazidas por eles. Objetivos: Relatar o contexto de surgimento e funcionamento de grupos virtuais de orientações durante a pandemia do COVID-19 em um Centro Especializado em Reabilitação que fornece reabilitação física, intelectual e auditiva. Método: Os grupos foram formados de acordo com as demandas das clínicas do serviço. Para as clínicas de atendimento ao adulto foram estruturados grupos de orientações multiprofissionais voltados aos pacientes com Lesão Medular e Doença de Parkinson, considerando a similaridade das demandas. Em relação às clínicas pediátricas, considerou-se que a maioria dos pacientes estavam realizando atendimento individual nas demais áreas, decidindo-se pela criação de um grupo único para orientações de estimulação unindo os pais de usuários com perda auditiva e distúrbios do neurodesenvolvimento associados à Epilepsia e Microcefalia. As orientações foram facilitadas por materiais produzidos no contexto das atividades do programa da residência multiprofissional da instituição, por preceptores e residentes. As relacionadas com orientações fonoaudiológicas foram repassados através de vídeos, folders, cartilhas e infográficos, abordando estratégias de enfrentamento ao COVID-19, bem como orientações para a realização de exercícios e atividades de estimulação. O feedback às terapeutas acontece por meio de relatos escritos, vídeos e fotos da realização das atividades. Resultados: Os atendimentos virtuais em grupo acontecem semanalmente, durante uma hora e trinta minutos, em dia e horário fixos. Para as atividades, os terapeutas prepararam o material de acordo com o tema proposto em equipe, considerando as demandas dos participantes. Em seguida, inserem o material e descrevem o objetivo da atividade no grupo virtual. Durante o momento, há trocas de informações, observação dos exercícios realizados pelo usuário através de imagens, possibilidade de sanar dúvidas e compartilhar orientações e vivências. Os participantes mostram engajamento nas atividades, porém, observam-se dificuldades que vão além da compreensão das orientações repassadas, relacionadas ao acesso a provedores de internet e equipamentos tecnológicos de qualidade, e disponibilidade para respostas síncrona. Entretanto, a realização do telemonitoramento facilita o acompanhamento do usuário neste período, favorecendo que as habilidades estimuladas anteriormente continuem sendo reproduzidas. Conclusão: Em tempos tão desafiadores, com o enfrentamento à pandemia, os atendimentos virtuais se tornam recursos imprescindíveis para troca de informações e repasse de orientações, sem expor o paciente a riscos desnecessários. Também permitem que, sob supervisão, os usuários das clínicas continuem a tomar condutas voltadas para as necessidades apresentadas a fim de mantê-los ativos e saudáveis, promovendo melhora na qualidade de vida.

1. Organização Mundial de Saúde [homepage na internet]. Organização Mundial de Saúde declara pandemia do novo coronavírus [acesso em 03 de julho de 2020]. Disponível em: https://www.unasus.gov.br/noticia/organizacao-mundial-de-saude-declara-pandemia-de-coronavirus

2. Conselho Federal de Fonoaudiologia [homepage na internet]. Nota de esclarecimento sobre a cobertura da telefonoaudiologia [acesso em 03 de julho de 2020]. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/2020/04/nota-de-esclarecimento-sobre-a-cobertura-da-telefonoaudiologia/

3. Brasil. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 427, de 1º de março de 2013.
Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_427_13.htm


TRABALHOS CIENTÍFICOS
401
GUIA DE INFORMAÇÕES PARA PACIENTES FISSURADOS
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A fissura lábio palatina é uma má formação congênita, que ocorre pelo fechamento incompleto do lábio e/ou palato, que se dá por predisposição genética e/ou fatores ambientais. De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), a fissura labiopalatal atinge 1 em cada 650 nascimentos no Brasil. Essa condição pode trazer à criança riscos e complicações em todo seu desenvolvimento, uma delas é alteração na sucção e deglutição, devido à baixa pressão intra oral, alterações na respiração e no desenvolvimento da fala, uma vez que são aspectos onde pode haver prejuízos recorrentes. As fissuras podem ser classificadas da seguinte maneira: Fissuras pré-forame incisivo, Fissuras transforame incisivo, Fissuras pós-forame incisivo, Fissura submucosa, Fissuras raras de face. Objetivo: Elaborar um projeto de Guia de informações onde vise prestar o tele atendimento personalizado, bem como a realização de palestras voltadas a assuntos que vão de diagnóstico até mesmo a tratamentos dos pacientes com fissura. Métodos: Foi realizado consultas técnicas de profissionais fonoaudiólogos especialistas na área hospitalar, para melhor conhecimento das dificuldades encontradas nos atendimentos, principalmente nessa época em que estamos vivendo, de pandemia. Diante dos achados juntamente com estudos da literatura sobre o assunto, foi pensando um programa que tivesse em seu desenvolvimento ações relacionadas a um guia de orientação com os seguintes temas: O que é a fissura, etiologia, classificação, comorbidades, consequências, desenvolvimento da criança, auxílio médico, cirurgias e atendimento multidisciplinar, bem como cuidados com limpeza e massagens. Por fim foi pensado também em tele atendimentos semanais através do vídeo chamadas por aplicativo com a família do paciente. Será confeccionado e entregue um kit contendo itens de higiene, como algodão, cotonete, água boricada e luvas. Será entregue materiais que auxiliem na alimentação, como mamadeiras, chuquinhas e mamadeira de colher e uma cartilha que ensina de maneira prática e de fácil entendimento os cuidados que se devem ter. Resultados: O projeto foi idealizado com o intuito de que famílias se sintam apoiadas através dos tele atendimentos, e com o Guia de Informações para o esclarecimento de pais, familiares e até mesmo profissionais, que acompanhe o desenvolvimento desses pacientes, deixando-os mais tranquilos quanto aos cuidados fornecidos às crianças, seguros e confortáveis com a realização de cada etapa passada por eles em meio ao processo de reabilitação do paciente. Conclusão: Conclui-se então que o Guia de Informações para Pacientes Fissurados vêm como um auxiliar na orientação principalmente dos pais que necessitam de ajuda e orientação nos cuidados de seus filhos, com o intuito também de trazer informação de forma coerente, segura e de fácil acesso.

MONLLEÓ, I. L., et all MANUAL DE CUIDADOS DE SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA COM FENDA ORAL. Campinas: Projeto Crânio Face, 2014. 23 p.

ARARUNA, R.C., et all. Alimentação da criança com fissura de lábio e/ou palato – um estudo bibliográfico. Rev.latino-am.enfermagem, RibeirãobPreto, v. 8, n. 2, p. 99-105, abril 2000.

TRETTENE, A. S., et all. Doubts of caregivers of children with cleft lip and palate on postoperative care after cheiloplasty and palatoplasty. Revista da Escola de Enfermagem da Usp, [s.l.], v. 48, n. 6, p. 993-998, dez. 2014. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0080-623420140000700005.

SPINA, V., et all. Classificação das fissuras lábio-palatinas: sugestão de modificação. Ver. Hosp. Clin. Fac. Med. São Paulo 1972; 27:5-6.

FILHO, O. G. S., et all. Classificação das fissuras labiopalatinas: breve histórico, considerações clínicas e sugestão de modificação. Ver. Brasil 1992; 82:59-65


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1438
GUIA LÚDICO COMO FERRAMENTA DE AUXILIO EM ESTÁGIO FONOAUDIOLÓGICO: PRIMEIRAS ETAPAS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


TÍTULO
Guia Lúdico como ferramenta de auxilio em estágio fonoaudiológico: Primeiras etapas do processo de criação

INTRODUÇÃO
O brincar ressignifica a vivência da criança, estruturando seu pensamento por meio do lúdico. A atividade lúdica proporciona à criança o desenvolvimento das competências motoras, mentais, sociais e criativas que irão auxiliá-las nos processos de ensino-aprendizagem, garantindo aquisições cognitivas importantes por meio da realização de uma atividade prazerosa. Por este motivo, muitas vezes o fonoaudiólogo utiliza estratégias lúdicas na prática clínica, a fim de garantir novos engramas neuronais necessários à terapia por meio de uma atividade agradável para a criança. Contudo, a utilização do lúdico nem sempre é intuitiva por parte do adulto e, em se tratando de sua utilização na clínica fonoaudiológica, é imprescindível que a escolha da brincadeira esteja intimamente relacionada com o objetivo da terapia e as possibilidades de cada paciente. Com o objetivo de proporcionar esta reflexão e vivência sobre o lúdico desde o início da formação profissional, foi idealizada uma proposta dentro do programa de iniciação à docência (PID) de uma universidade pública federal.

OBJETIVO
Construir, de forma coletiva, um guia lúdico que pudesse subsidiar a prática clínica dos futuros fonoaudiólogos, em especial durante os estágios.

MÉTODO
A metodologia de execução do PID prevê a interrelação do projeto com as disciplinas do Curso. Assim, foram selecionadas, de acordo com o interesse da equipe, as disciplinas do eixo de linguagem infantil, uma vez que a prática clínica nesta área tem utilizado o lúdico de diferentes formas em suas diversas proposições. A primeira etapa do processo foi o levantamento de necessidades dos alunos matriculados em estágio, visto que suas demandas poderiam refletir as ações específicas propostas nas demais disciplinas do Curso. Após, foi criada uma ferramenta de registro que pudesse dar conta de diferentes aspectos relatados como importantes a partir do levantamento realizado para a apresentação uniforme das atividades. Esta ficha de transcrição foi testada pela equipe e foi realizado um piloto para averiguar sua pertinência e adequação. A ideia da proposta é utilizar este material para difusão e coleta de atividades lúdicas de acordo com os objetivos de cada disciplina.

RESULTADOS
As etapas de construção do modelo da ferramenta de registro (ao todo, nove) resultaram na proposição de uma ficha com os seguintes itens: nome da atividade; domínios linguísticos a serem trabalhados; demais aspectos a serem trabalhados; público alvo; objetivo do jogo; material necessário; número de participantes; descrição da atividade; possibilidades de adaptação; modo terapêutico; sugestão de figuras. Alguns jogos foram transcritos pela equipe para estas fichas, levando em consideração os conteúdos específicos trabalhados nas disciplinas vinculadas ao projeto. Estes jogos serão apresentados e vivenciados pelos alunos, que terão como tarefa adequar brincadeiras conhecidas a esta proposição.

CONCLUSÃO
O processo de construção da ficha, além do seu propósito, permite refletir sobre o diferencial na qualidade do brincar, uma vez que ampliamos seu objetivo e o trazemos para a terapia fonoaudiológica. Propor uma atividade lúdica, expondo seu objetivo e capacidade de domínios a serem trabalhados, amplia a visão do estagiário em Fonoaudiologia e contribui para o seu desenvolvimento profissional.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
254
HÁ UM TEMPO IDEAL PARA EXECUÇÃO DO EXERCÍCIO VOCAL COM TUBO DE LÁTEX SUBMERSO EM ÁGUA?
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O efeito dos exercícios de trato vocal semiocluído em cantores vem sendo investigado em diversas pesquisas (1–5). A prescrição dos exercícios para treinamento e reabilitação vocal leva em consideração os princípios da fisiologia do exercício e as suas variáveis frequência, duração, intensidade e progressão dos exercícios (6–9). O tempo de duração de um exercício vocal é essencial pois, se for inferior ao necessário pode tornar o treinamento pouco efetivo, e se tiver uma duração exagerada pode causar uma sobrecarga e levar a fadiga vocal (10). Objetivos: Investigar o efeito imediato do exercício com tubo flexível de látex em cantores amadores após um, três, cinco e sete minutos. Objetivos específicos: investigar após cada série a autopercepção dos cantores em relação as mudanças, sensações e efeito geral do exercício; a autopercepção do esforço vocal; as possíveis mudanças nos parâmetros acústicos da voz; as possíveis mudanças na percepção da qualidade vocal. Método: Pesquisa quantitativa e de intervenção, com amostra selecionada por critério de conveniência e pela técnica snow ball. Participaram da pesquisa 29 cantores amadores (14 mulheres e 15 homens) que realizaram o exercício com tubo de látex após um, três, cinco e sete minutos. Foi feita a gravação da voz antes e imediatamente após cada série e foi aplicado questionário de autoavaliação de mudanças, sensações na voz e sensação de esforço após cada série, além de extração de um conjunto de parâmetros acústicos e avaliação perceptivoauditiva. Foi realizada análise estatística inferencial e adotado p-valor 0,05. Resultados: Foram criados dois grupos para análise: grupo de mulheres (GM) e grupo de homens (GH). A autoavaliação vocal apresentou aumento significativo das mudanças e sensações negativas após sete minutos de execução do exercício no GM. A avaliação perceptivoauditiva indicou que as vozes foram percebidas mais vezes como iguais após o primeiro minuto de execução, quando comparadas com o momento pré-exercício e como melhores no terceiro e quinto minuto para o GM. Parâmetros acústicos não apresentaram diferença significativa. Conclusão: A realização do exercício com tubo flexível de látex promoveu efeitos imediatos na voz como a melhora da qualidade vocal percebida após três e cinco minutos na análise para as mulheres. Os resultados sugerem que a indicação do tempo de execução do exercício com tubo de látex na clínica vocal, deve levar também em consideração a autoavaliação principalmente em relação a autopercepção das mudanças e sensações na voz, atentando-se ao princípio da individualidade da fisiologia do exercício.

1. Guzman M, Laukkanen AM, Krupa P, Horáček J, Švec JG, Geneid A. Vocal tract and glottal function during and after vocal exercising with resonance tube and straw. J Voice. 2013;27(4):523.e19-523.e34.
2. Dargin TC, Searl J. Semi-occluded vocal tract exercises: Aerodynamic and electroglottographic measurements in singers. J Voice. 2015;29(2):155–64.
3. Fadel CBX, Dassie-Leite AP, Santos RS, Dos Santos CG, Dias CAS, Sartori DJ. Immediate effects of the semi-occluded vocal tract exercise with LaxVox® tube in singers. Codas. 2016;28(5):618–24.
4. Gonçalves DMDR, Odagima RKY, Vaiano TCG, Amin E, Behlau M. Efeito imediato da fonação em tubo de silicone em cantores gospel. CoDAS. 2019;31(6):e20180117.
5. Cardoso NSV, Lucena JA, Gomes A de OC. Immediate Effect of a Resonance Tube on the Vocal Range Profile of Choristers. J Voice. 2019;
6. Saxon K, Berry S. Vocal Exercise Physiology: Same Principles, New Training Paradigms. Vol. 66, Journal of Singing. 2009. p. 51.
7. Hoch M, Sandage MJ. Exercise Science Principles and the Vocal Warm-up: Implications for Singing Voice Pedagogy. J Voice. 2018;32(1):79–84.
8. Sandage MJ, Hoch M. Exercise Physiology: Perspective for Vocal Training. J Sing. 2018;74(4):419–25.
9. Johnson AM, Sandage MJ. Exercise Science and the Vocalist. J Voice. 2019; Available from: https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2019.09.007
10. Menezes MHM, Ubrig-Zancanella MT, Cunha MGB, Cordeiro GF, Nemr K, Tsuji DH. The relationship between tongue trill performance duration and vocal changes in dysphonic women. J Voice. 2011;25(4).



TRABALHOS CIENTÍFICOS
529
HABILIDADE DE ORDENAÇÃO E DE RESOLUÇÃO TEMPORAL EM INDIVÍDUOS COM GAGUEIRA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A gagueira é um distúrbio do neurodesenvolvimento de predominância genética apresentando como manifestação rupturas no fluxo da fala. O processamento auditivo temporal é fundamental para que o indivíduo decodifique e detecte mudanças sutis no sinal acústico em função do tempo e para que ocorra uma fala fluente é necessário que o tempo esteja adequado. O processamento temporal é dividido em subprocessos, dentre os quais destaca-se as habilidades de resolução temporal e de ordenação temporal. A resolução temporal está associada ao reconhecimento dos sons da fala, mudanças na duração, pausas e velocidade da silabas sendo de grande importância para o feedback auditivo e, a ordenação temporal se refere ao processamento de dois ou mais estímulos em sua ordem de ocorrência no tempo, habilidade relevante na percepção de fala. Portanto, investigar estas habilidades auditivas em indivíduos com gagueira é de fundamental importância para a melhor compreensão deste transtorno. Objetivo: Caracterizar o desempenho de escolares com gagueira nos testes que avaliam as habilidades auditivas de ordenação temporal e de resolução temporal. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 71371017.0.0000.5406). Participaram 46 escolares com o diagnóstico de gagueira, de ambos os sexos, com idade variando de 7 a 12 anos de idade. Para a participação da pesquisa, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: idade entre 7 e 12 anos; diagnóstico de gagueira por profissional especialista da área; mínimo de 3% de Disfluências Típicas da Gagueira (DTG); e pelo menos, 11 pontos no Instrumento de Gravidade da Gagueira (Stuttering Severity Instrument, SSI-4, Riley, 2009), o que equivale a uma gagueira leve. Os procedimentos da pesquisa foram: (1) avaliação da fluência; (2) avaliação audiológica básica e, (3) avaliação das habilidades auditivas de resolução temporal por meio do teste Random Gap Detection Test- RGDT e de ordenação temporal pelo Teste de Padrão de Frequência (TPF) e Teste de Padrão de Duração (TPD). Os resultados da avaliação foram analisados de forma inferencial. Resultados: A análise dos dados mostrou que 22 (47,82%) escolares apresentaram alteração no RGDT, 33 (71,73%) no TPF e 29 (63,04%) no TDP. Verificou-se ainda que os escolares de 7 anos de idade apresentaram maior índice de alteração (63,16%) na habilidade de resolução temporal e, que os de 8 anos na de ordenação temporal (85,71%). Conclusão: Nesta população observou-se que a maioria dos escolares avaliados apresentaram alteração em todos os testes de processamento temporal, provavelmente devido ao fato de que a gagueira é classificada como um distúrbio temporal diretamente relacionado ao tempo de produção da fala podendo ocasionar falha na percepção dos intervalos acústicos prejudicando então a percepção do tempo entre pistas sonoras.

Celeste, L.C.; Martins- Reis, V.O. The impact of a dysfluency environment on the temporal organization of consoants in stuttering. Audiology Communication Research, v. 20, n. 1, p. 10-17, 2015.
Pereira, L.D. Sistema auditivo e desenvolvimento das habilidades auditivas. In: LÉSLIE, P.F.; BEFI-LOPES, D.M; LIMONGI, S.C.O. (Org.). Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Editora Roca, 2004. p. 547-52
Riley, G. The stuttering severity instrument for adults and children (SSI-4) (4th ed.). Austin, TX: PRO-ED, 2009.
Santos, J.L.F.; Parreira, L.M.M.V.; Leite, R.C.D. Habilidades de ordenação e resolução temporal em crianças com desvio fonológico. Revista CEFAC, v.12, n.3, p.371-6, 2010.
Terto, S.S.M.; LEMOS, S.M.A. Aspectos temporais auditivos: produção de conhecimento em quatro periódicos nacionais. Revista CEFAC, v. 13, n. 5, p. 926-36, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
836
HABILIDADES AUDITIVAS COMO PREDITOR DA CONFIABILIDADE DE JUÍZES NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A avaliação perceptivoauditiva é o principal procedimento de avaliação vocal utilizado pelo fonoaudiólogo e por possuir caráter subjetivo, está sujeita a fatores que comprometem a confiabilidade dos juízes na avaliação. É importante compreender como essas limitações podem afetar as decisões clínicas e oferecer sugestões para a melhoria dos métodos perceptivos. O Processamento Auditivo Central (PAC) refere-se a maneira como o cérebro reconhece e entende a informação auditiva. É um conjunto de habilidades auditivas realizadas pelo sistema nervoso central responsáveis pela: localização do som; discriminação auditiva; reconhecimento de padrões e aspectos temporais da audição, incluindo resolução, mascaramento, integração e ordenação temporais; desempenho auditivo com sinais acústicos competitivos e degradados. Na literatura, são escassos os estudos que consideram o processamento da informação auditiva como um fator de influência na avaliação perceptivoauditiva.

Objetivo: Determinar se existe associação entre as habilidades auditivas e a confiabilidade dos julgamentos do grau de desvio vocal e os graus de rugosidade e soprosidade, bem como avaliar se tais habilidades são preditoras da confiabilidade dos juízes na avaliação perceptivoauditiva.

Métodos: Esta pesquisa foi aprovada em CEP com parecer nº 508200/13. A amostra foi composta por 20 graduandos do curso de Fonoaudiologia, com média de idade de 20,8 anos. Os voluntários foram submetidos a avaliação audiológica básica (Imitanciometria e Audiometria), a avaliação do PAC e posteriormente realizaram a avaliação perceptivoauditiva de 44 vozes (vogal /ɛ/ sustentada) balanceadas quanto ao sexo, grau e tipo de desvio vocal. Após 15 dias os voluntários reavaliaram as vozes, para análise da confiabilidade intra-avaliador. Os voluntários foram classificados como “baixo” e “alto” desempenho para as habilidades auditivas de acordo com os padrões de normalidade de cada teste. O Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) foi calculado para análise da confiabilidade dos juízes a partir das duas sessões de avaliação. Para comparação das médias do CCI em função do desempenho dos ouvintes nos testes de PAC utilizou-se o teste t de student. Por fim, utilizou-se um modelo de regressão beta pra identificar se as habilidades auditivas foram preditoras da confiabilidade dos juízes na avaliação perceptivoauditiva do Grau Geral (GG), Grau de Rugosidade (GR) e Grau de Soprosidade (GS).

Resultados: Houve diferença entre a média do CCI para o parâmetro GG entre os juízes que obtiveram alto desempenho nas habilidades de resolução temporal e interação binaural em relação aos que apresentaram baixo desempenho para estas habilidades. O modelo de regressão beta indicou que o desempenho nas habilidades resolução temporal e interação binaural exercem influência sobre o CCI de cada avaliador para o GG. Baixo desempenho para as habilidades de resolução temporal e interação binaural reduzem a probabilidade de confiabilidade em 2,8 e 3,6 vezes, respectivamente.

Conclusão: Existe associação entre as habilidades de resolução temporal e interação binaural e a confiabilidade dos juízes na avaliação do grau de desvio vocal. Juízes com baixos desempenhos para essas habilidades mostram menos confiabilidade nas avaliações do grau de desvio vocal. Além disso, a resolução temporal e a interação binaural são preditores e explicam 42,7% da variabilidade na confiabilidade das avaliações da grau de desvio vocal.

Kent RD. Hearing and Believing: Some Limits to the Auditory-Perceptual Assessment of Speech and Voice Disorders. Journal ajslp. 1996 ago; 5:7-23.

Souza BO, Gama ACC. Apoio visual do traçado espectrográfico: impacto na confiabilidade da análise perceptivoauditiva da voz por avaliadores inexperientes. Distúrbios Comun. 2015; 27:479-486.

Eadie TL, Baylor CR. The effect of perceptual training on inexperienced listeners judgments of dysphonic voice. J Voice. 2006; 20:527-544.

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Eadie TL, Kapsner H, Rosenzweig J, Waugh P, Hillel Um, Merati Uma. The Role of Experience on Judgments of Dysphonia. J. Voice. 2010; 24(5):564-573 http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2008.12.005.

Ramos JS, Feniman MR, Gielow I, e Silverio KCA. Correlation between Voice and Auditory Processing. J. Voice. 2018 nov; 32(6):25-36. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2017.08.011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2139
HABILIDADES COGNITIVO-LINGUÍSTICAS EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES ANTES E APÓS INTERVENÇÃO EDUCATIVA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Pesquisas têm buscado compreender as complexas relações entre cognição, linguagem e aprendizagem. Neste escopo, uma especial atenção tem sido dada à educação infantil devido à sua importância para o desenvolvimento da criança e para que uma série de competências cognitivo-linguísticas importantes para a futura aprendizagem da leitura e escrita sejam estimuladas. Tais competências têm sido amplamente investigadas nas séries iniciais do ensino fundamental, havendo uma carência de estudos que as explorem no período da pré-escola. Objetivo: Investigar habilidades cognitivo-linguísticas em crianças pré-escolares, antes e após a realização de uma intervenção educativa. Método: Trata-se de estudo exploratório, de abordagem quantitativa. A pesquisa foi submetida ao comitê de ética da instituição de origem com o no CAAE: 146307190.0000.8807 e aprovada com o parecer no 4.148.247. O estudo foi realizado em uma escola da rede pública municipal da cidade do Recife, com duas turmas da educação infantil, totalizando 40 escolares (turma A e B). As crianças foram avaliadas por meio de uma adaptação do instrumento IPPL- (Protocolo de identificação precoce dos problemas de leitura), que inclui a avaliação de habilidades metafonológicas, conhecimento de vogais, conhecimento das consoantes, conhecimento do alfabeto, produção de rima, identificação de rima, segmentação silábica, produção de palavras, síntese silábica, identificação de som inicial, memória operacional fonológica, nomeação automática rápida/tempo, nomeação automática rápida/acertos, leitura silenciosa e compreensão auditiva. Na sequência, foram realizadas nove intervenções coletivas, utilizando materiais baseados em recursos práticos publicados por fonoaudiólogos que atuam na área de fonoaudiologia educacional, com vistas ao desenvolvimento das mesmas habilidades. Por fim, as crianças foram reavaliadas com o mesmo instrumento. Resultados: Mediante os resultados, na avaliação pré intervenção, as crianças apresentaram bastante dificuldade nas provas de produção e identificação de rima. Já nos resultados pós intervenção, os dados estatísticos de correlação (diferença significativa) foram observados avanços nas seguintes habilidades para a turma A: Conhecimento do alfabeto, Identificação de rima, Produção de palavras, Identificação de som inicial, Memória operacional fonológica e Leitura silenciosa. Já a turma B foram: Conhecimento das consoantes, Conhecimento do alfabeto, Identificação de rima, Segmentação silábica, Produção de palavras, Identificação de som inicial e Compreensão auditiva. Os resultados pré e pós intervenção indicam que a maioria das crianças obtiveram melhoria no desempenho dessas habilidades avaliadas com ênfase nas citadas.
Conclusão: Mediante os resultados animadores, observa-se a importância e necessidade de propostas de intervenções educativas pelos professores, sob orientação fonoaudiológica, a fim de estimular e propiciar um maior desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas em pré-escolares.

MALUF, M.R; CARDOSO-MARTINS, C. (Orgs.) Alfabetização no século XXI. Como se aprende a ler e escrever. Porto Alegre: Ed Penso/ Artmed, 2013.

FLETCHER, J. M.; VAUGHN, S. Response to Intervention: Preventing and Remediating Academic Difficulties. Child Dev Perspect., v.3, n.1, p.30-37, 2009.

FUCHS, D.; FUCHS, L. S. Introduction to Response to Intervention: What, why, and how valid is it? Reading Research Quarterly, v.41, p.93-99, 2006.

SILVA, C.; CAPELLINI, S.A. Eficácia do programa de remediação fonológica e leitura no distúrbio de aprendizagem. Pró-Fono Rev Atual Cient.,v.22, n.2, p.131- 138, 2010.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
273
HABILIDADES COMUNICATIVAS DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento, sendo caracterizado por dificuldades persistentes na comunicação e na interação social, e padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades1. Sabe-se que o comprometimento na comunicação e na linguagem é uma das características mais marcantes2. Entre as alterações linguísticas encontradas nas crianças com TEA, destaca-se ausência ou atraso do desenvolvimento da linguagem oral; falha ao iniciar ou manter a troca comunicacional; ecolalia e jargões; prosódia atípica no discurso; reversões de pronomes; dificuldades na compreensão do sentido figurado da linguagem, metáforas, ironias e alusões3. OBJETIVO: Descrever as habilidades comunicativas de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo e verificar a relação destas habilidades com idade e intervenção fonoaudiológica com uso de Comunicação Alternativa. MÉTODO: Participaram da pesquisa, onze crianças com TEA, entre dois a sete anos de idade, atendidas na Clínica-Escola de Fonoaudiologia. Para a avaliação do perfil funcional da comunicação, foi utilizado o protocolo ACOTEA – Avaliação da Comunicação no Transtorno do Espectro do Autismo. Após duas sessões com jogos e brinquedos para estabelecer as situações comunicativas, os terapeutas responderam as trinta e seis questões fechadas do protocolo relacionadas à comunicação (expressão, compreensão e comportamento social). Além disso, foram coletadas informações quanto à idade e se a criança já tinha sido submetida a intervenção fonoaudiológica com Comunicação Ampliada e Alternativa (CAA). RESULTADO: Seis crianças tinham entre dois a quatro anos de idade e cinco entre cinco a sete anos; cinco crianças já tinham sido submetidas a dez meses de terapia fonoaudiológica com CAA. Dez foram classificadas com autismo moderado e uma com autismo severo, de acordo com o resultado do ATEC (Autism Treatment Evaluation Checklist). Foi constatado que 83,3% das crianças da faixa etária de dois a quatro anos não brincavam funcionalmente (p= 0,028) e não apresentavam habilidade de atenção compartilhada (p-0,015). Além disso, 100% das crianças não expressavam interesse em outras pessoas, não solicitavam objetos que não estivessem à vista, não faziam perguntas, não utilizavam frases com quatro ou mais palavras e não respeitavam turnos e nem mantinham uma conversa. 90,9% não utilizavam expressões sociais, 72,7% apresentavam dificuldade em brincar engajado com o outro, 100% não cumprimentavam pessoas, 72,7 % não imitavam, 72,7% protestavam, 81,8% sorriam, 54,5% expressavam incômodo e 90,9% expressavam comodidade. Referente as crianças que já tinham sido submetidas à intervenção fonoaudiológica com CAA, a habilidade de atenção compartilhada foi a única variável com associação significativa (p= 0,028), em que 80% das crianças que tinham sido submetidas à terapia, apresentaram atenção compartilhada, enquanto as que não tinham participado de intervenção com CAA responderam negativamente à questão. CONCLUSÃO: De acordo com os resultados, foram observados nas crianças de todas as faixas etárias, déficits nas habilidades expressivas (pragmáticas e morfossintáticas) e em habilidades relacionadas à interação com o ambiente. Além disso, foi possível observar que a intervenção fonoaudiológica com CAA trouxe benefícios para o desenvolvimento da atenção compartilhada.


1. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5° ed, Porto Alegre: Artmed, 2014.

2. MIILHER, L. P.; FERNANDES, F. D. M. Habilidades pragmáticas, vocabulares e gramaticais em crianças com transtornos do espectro autístico. Pró-Fono Rev. de Atualização Científica. 2009; 21; 4; 309-314.

3. GADIA, C. A.; TUCHMAN, R.; ROTTA, N. T. Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento. Jornal de pediatria. 2004; 80; 2; 83-94.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1903
HABILIDADES COMUNICATIVAS E DA QUALIDADE DO SONO NA SINDROME DEL22Q11.2: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A síndrome da deleção do 22q11.2 (OMIM # 608363)1 é um distúrbio do neurodesenvolvimento decorrente de uma exclusão heterozigótica do cromossomo 22 na região q11.2, com perda de aproximadamente 40 genes, com incidência de 1: 3000/4000 nascidos vivos. O fenótipo desta condição é heterogêneo, desse modo, há uma variabilidade no espectro, no qual podem apresentar alterações faciais (e.g.,fissura palatina, implantação baixa de orelhas), problemas oculares (e.g., estrabismo), transtornos neurológicos (e.g., crises convulsivas), alterações cardíacas, insuficiência velofaríngea, distúrbios nutricionais (e.g., hipocalcemia), alterações endocrinológicas (e.g., hipotireoidismo, retardo de crescimento), transtornos psiquiátricos, podendo ou não apresentar alteração cognitiva e distúrbios do sono. Mais especificamente na área fonoaudiológica, essa síndrome apresenta comprometimento na comunicação e na aprendizagem1-3. Objetivo: Descrever as habilidades comunicativas e a qualidade do sono de um caso com diagnóstico da Síndrome del22q11.2 com queixa de dificuldade para acompanhar tarefas acadêmicas universitária e excesso de sonolência diurna. Método: Estudo descritivo, de um adulto do sexo masculino com 19 anos e 7 meses, diagnosticado com a síndrome del22q11.2., com Quocieficiente Intelectual dentro dos padrões de normalidade. Para a avaliação da habilidade comunicativa foi utilizado roteiro específico. Para complementar a avaliação da linguagem, foi aplicado o Test of Narrative Language segunda versão3. Para análise da qualidade do sono foi realizada polissonografia. Resultados: Quanto aos aspectos da linguagem, o indivíduo apresentou habilidades adequadas nos aspectos sintático, semântico e fonológico. Quanto aos aspectos da pragmática realizou com facilidade tarefas simples como a manutenção e a troca de turno na conversação. Entretanto, apresentou dificuldade para compreender inferências e linguagem figurada, assim como para organizar a estrutura da narrativa oral, comprovando alterações em habilidades mais complexas. Em relação aos aspectos de fala, foi avaliado os parâmetros de qualidade vocal, articulação e fluência, nesse contexto o indivíduo demonstrou baixa amplitude articulatória, incoordenação pneumofonoarticulatória, e voz monótona e hipernasal. Na escrita e na leitura, dificuldade quanto a pontuação e acentuação, além de demonstrar dificuldade para interpretar e produzir textos complexos. Nos aspectos do sono foi observado aumento do percentual de sono de ondas lentas (N3) e do percentual de sono REM, aumento no número de despertares, índice de apnéia/hipopnéia (IAH) por eventos obstrutivos e centrais de grau leve, dessaturação da oxi-hemoglobina relacionada aos eventos respiratórios e ronco presente. Conclusão: O indivíduo com o diagnóstico de síndrome del22q11.2 apresentou fenótipo que inclui dificuldade no desempenho de tarefas que requerem esquemas cognitivos complexos, como a narrativa oral e escrita e apresenta dificuldade em compreender deduções a partir de informações que não estão explícitas. As alterações refletem na habilidade comunicativa do indivíduo, com prejuízo na habilidade social (pragmática) da linguagem. Sob outra perspectiva, os resultados da polissonografia sugerem comprometimento também na qualidade do sono que geralmente interfere no desempenho nas habilidades sociais e acadêmicas e, consequentemente em sua qualidade de vida. Esta é uma condição genética muito peculiar e que deve ser amplamente divulgada para fonoaudiólogos e tratados de forma interdisciplinar.

1. Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM): # 608363-CHROMOSOME 22q11.2 DUPLICATION SYNDROME;22q11.2. [acesso em 06 julho de 2020]. Disponível em:http://omim.org/entry/608363

2. Santos AO, Rossi NF, Tandel MCFF, Richieri-Costa A, Giacheti CM. Aspectos da fluência em tarefa de narrativa oral na síndrome del22q11.2: Fluency aspects of oral narrative task in del22q11.2 syndrome. Aspectos da fluência em tarefa de narrativa oral na síndrome del22q11.2. CoDAs.2016;28(4):373-378.

3. Rosa R F M, et al. Síndrome de deleção 22q11.2: compreendendo o CATCH22. Síndrome de deleção 22q11.2: compreendendo o CATCH22. Rev. paul. pediatr. 2009 June ; 27( 2 ): 211-220.

4. Gillam RB; Pearson NA. TNL-2: Test of Narrative Language–Second Edition. Rio de Janeiro: Pro-ed. 2017.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
337
HABILIDADES COMUNICATIVAS NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO POR MEIO DO USO DA COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
58045070


INTRODUÇÃO: Indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) além dos déficits sociais apresentam prejuízos em sua comunicação, esta pode se desenvolver tanto de forma verbal, quanto não verbal. Um dos recursos disponíveis que podem auxiliar no desenvolvimento de habilidades comunicativas funcionais nestes indivíduos é a comunicação aumentativa e alternativa. OBJETIVO: Realizar uma revisão integrativa acerca do TEA e a promoção das habilidades comunicativas por meio de uso de comunicação aumentativa e alternativa. MÉTODO: Primeiramente foi delimitado uma pergunta de pesquisa para nortear a busca: A comunicação aumentativa e alternativa favorecem as habilidades comunicativas de crianças com TEA?. Diante desta problemática, foi realizada uma busca no mês de junho de 2020 ao Portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) onde foram encontrados estudos na base de dados MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), sendo utilizado o marcador booleano “and” e os seguintes descritores: “Autism Spectrum Disorder”, “Communication Aids for Disabled” e "communication". Ainda, a palavra “communication” foi substituída por “language” em todas as correlações. Os trabalhos selecionados atenderam aos seguintes critérios: artigos científicos e disponíveis online na íntegra, que versassem sobre a temática estudada e publicada no intervalo temporal dos últimos 10 anos. Com a filtragem mediante os critérios de inclusão foram obtidos 63 artigos. Após a leitura dos títulos e resumos, foram excluídos 50 estudos que não correspondiam à proposta da pesquisa, resultando em 13 artigos. Em seguida, foi realizada a leitura dos textos na íntegra para discussão dos resultados. RESULTADOS: A partir da análise das publicações selecionadas foi realizada uma correlação entre a comunicação de crianças com TEA e o uso da comunicação aumentativa e alternativa. Os estudos versavam tanto sobre dispositivos de alta tecnologia quanto de baixa tecnologia. A maioria dos estudos encontrados de baixa tecnologia abordavam o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS). Os estudos que abordaram o PECS apontaram um efeito positivo do uso desse sistema nas habilidades sócio-comunicativas de crianças com TEA1, 2. Um dos estudos associou a intervenção precoce e o uso de comunicação aumentativa e alternativa com PECS. Os resultados demonstraram que tal intervenção favorece o desenvolvimento da linguagem oral em crianças com TEA nos primeiros anos de vida3. Também foi encontrado um estudo com dispositivos de alta tecnologia, apontando que os participantes usuários destes dispositivos possuem uma habilidade para adquirir repertórios verbais mais rapidamente4. Foi perceptível que ao tratarmos do TEA, um transtorno com grande impacto no repertório social, é extremamente importante o uso de métodos que favoreçam o desempenho comunicativo destes indivíduos. CONCLUSÃO: Os estudos analisados demonstraram que a comunicação aumentativa e alternativa se mostrou eficaz para desenvolver e ampliar as habilidades comunicativas de indivíduos com TEA. Sugere-se a continuidade de pesquisas nesta área, principalmente no Brasil, uma vez que a maioria dos artigos foi publicação internacional.


1- Lerna A, Esposito D, Conson M , Massagli, A. Long‐term effects of PECS on social–communicative skills of children with autism spectrum disorders: a follow‐up study.   International Journal of Language & Communication Disorders. 2014; 49 (4): 1-8. DOI: https://doi.org/10.1111/1460-6984.12079


2- Lerna A, Esposito D, Conson M , Russo L, Massagli A. Social–communicative effects of the Picture Exchange Communication System (PECS) in Autism Spectrum Disorders. Int J Lang Transtorno Comunitário. Sep-Out 2012; 47 (5): 609-17. DOI: 10.1111 / j.1460-6984.2012.00172.x

3- Fortea-Sevilla M, Escandell-Bermúdez M, Castro-Sánchez J , Martos-Pérez J.Desarrollo temprano del lenguaje en niños pequeños con trastorno del espectro autista mediante el uso de sistemas alternativos. Rev Neurol. 2015; 60 (1): 31-5. DOI:https://doi.org/10.33588/rn.60S01.2014566

4- Lorah E , Parnell A, Whitby P et al. A Systematic Review of Tablet Computers and Portable Media Players as Speech Generating Devices for Individuals with Autism Spectrum Disorder. J Autism Dev Disord. 2015; 45 : 3792-3804. DOI: https://doi.org/10.1007/s10803-014-2314-4





TRABALHOS CIENTÍFICOS
1038
HABILIDADES DO DESENVOLVIMENTO EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE WEST: ESTUDO DE PRONTUÁRIO.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Síndrome de West(SW) é uma encefalopatia epiléptica no início da vida associada a espasmos infantis, anormalidades na eletroencefalografia interictal, incluindo alta amplitude, fundo desorganizado com picos epiléticos multifocais (hipsarritmia), constituído por um padrão altamente caótico caracterizado por picos multifocais e ondas lentas de alta tensão e comprometimentos do desenvolvimento neurológico1,2. Aproximadamente 64% dos pacientes têm etiologias estruturais, metabólicas, genéticas ou infecciosas e, no restante, a etiologia é desconhecida2. O diagnóstico da síndrome é realizado pela presença da tríade: espasmos, hipsarritmia e declínio do desenvolvimento neurológico1-6. A incidência varia de 2 a 3,5/10.000 nascidos vivos, com início no primeiro ano de vida em 90% dos casos3-5. O mau prognóstico sobre a natureza intratável das convulsões e o grave déficit neurológico é registrado em crianças com malformação do desenvolvimento cortical5. Objetivo: Descrever habilidades do desenvolvimento de 14 indivíduos na faixa etária de 18 meses a 8 anos e 9 meses com diagnóstico da Síndrome de West, por meio de análise de prontuário de uma clínica escola. Métodos: Cumpriram-se princípios éticos (CAE: 42356815.1.0000.5417). A avaliação constou de sessão de anamnese com responsável e aplicação dos instrumentos: Observação o Comportamento Comunicativo (OCC), Early Language Milestone Scale (ELM)7 e Teste de Screening de Desenvolvimento Denver-II (TSDD-II)8. Resultados: Os resultados apontaram para graves transtornos no desenvolvimento em todas as áreas. Todos os participantes tiveram as crises iniciais entre primeiro e sexto mês de vida (média 4,9 meses), e o diagnóstico da SW não ocorreu de imediato. As famílias relataram dificuldades para controle das crises (refratárias). Foram comuns queixas de refluxo e disfagia (sonda gástrica: 42,8%) e atraso global do desenvolvimento (100%). Na OCC observou-se prejuízos nas habilidades atencionais com tempo de atenção reduzido, pobreza nas habilidades expressivas (ausência de fala e/ou sons); ELM: As áreas auditiva receptiva, auditiva expressiva e visual estavam extremamente prejudicadas em todas as crianças, com desempenho médio no primeiro, segundo ou terceiro trimestre de vida, para todas as habilidades. No TSDD-II, o desempenho estava aquém do padrão normativo para sua faixa etária em todas as habilidades avaliadas. Na área motora grossa e motora fina-adaptativa houve influência do quadro motor geral (64,28% não apresentavam controle cervical e/ou de tronco); os escores obtidos na área pessoal-social e de linguagem também apresentaram atraso significativo. Conclusão: A infância é uma fase crítica no desenvolvimento de habilidades cognitivas, linguísticas e sociais, e estas são responsáveis por sustentar o progresso para habilidades mais avançadas1-3. As atividades epileptiformes na SW compromete a plasticidade dos circuitos neuronais, e resulta em repercussões cognitivas, motoras, linguísticas e sociais graves e duradouras, principalmente quando o diagnóstico e início do tratamento não são precoces1-6. O processo terapêutico deve ser realizado por equipe multiprofissional, com objetivo de diminuir os efeitos deletérios causados pela síndrome, minimizando a perda de habilidades e promovendo melhoria do desempenho nas diferentes áreas do desenvolvimento. Estudos adicionais são necessários, na busca de tecnologias que possam aumentar evidências metodológicas de reabilitação para benefícios destes indivíduos e suas famílias1,6.

1. Salar S, Solomon L. Moshé, Aristea S. Galanopoulou A. Metabolic etiologies in West syndrome. Epilepsia Open. 2018;3(2): 134–166.

2. Berg AT, Chakravorty S, Koh S, Grinspan ZM,. Shellhaas RA, et al. Why West? Comparisons of clinical, genetic and molecular features of infants with and without spasms. PLoS One. 2018;13(3): e0193599.

3. Wheless JW, Gibson PA, Rosbeck KL, Hardin M, O’Dell C, Whittemore V, Pellock JM. Infantile spasms (West syndrome): update and resources for pediatricians and providers to share with parents BMC Pediatr. 2012;12: 108.

4. Paciorkowski AR, Thio LL, Dobyns WB.A genetic and biologic classification of infantile spasms Pediatr Neurol. 2011;45(6): 355–367.

5. Fosi T, Chu C, Chong WK, Clark C, Scott RC, Boyd S, et al. Quantitative magnetic resonance imaging evidence for altered structural remodeling of the temporal lobe in West syndrome Epilepsia. 2015;56(4): 608–16.

6.Nariai H, Duberstein S, Shinnar S. Treatment of Epileptic Encephalopathies: Current State of the Art J Child Neurol. 2018; 33(1): 41–54.

7. Coplan J. The early language milestone scale. Austin: Pro-Ed, 1983.

8. Frankenburg, WK. et al. Denver-II training manual. Denver: Denver Developmental Materials; 1992.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1735
HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM ADULTOS E IDOSOS ALFABETIZADOS E NÃO ALFABETIZADOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A consciência fonológica assume papel importante para a aquisição da linguagem escrita, quando se fala de sistema alfabético, onde há relação fonema-grafema (COSTA, 2012). Trata-se de uma habilidade em refletir e manipular os sons da fala, envolvendo diferentes níveis: silábico, intrassilábico e fonêmico (SCHERER, 2012). A consciência fonológica é uma das habilidades preditoras para a alfabetização, assim como também é incrementada por esse processo, caracterizando-se por uma via de mão dupla. OBJETIVO: Comparar o desempenho em tarefas de consciência fonológica entre adultos e idosos alfabetizados e não alfabetizados. MÉTODO: Trata-se de um estudo do tipo observacional, individual e transversal. Participaram, por conveniência, 16 adultos e idosos de ambos os sexos, na faixa etária de 46 a 79 anos. Eles foram divididos em dois grupos com oito participantes cada um: G1 - Indivíduos não alfabetizados (participantes do projeto Educação para Jovens e Adultos) e G2 – Indivíduos alfabetizados (participantes de um projeto de uma Instituição de Ensino Superior, que permite que idosos alfabetizados participem de grupos disciplinas de graduação na universidade). Para a coleta de dados foi utilizado um questionário sócio demográfico, com questões incluindo nome dos participantes, idade, sexo, grau de escolaridade, naturalidade, ocupação, renda média familiar, e tempo de frequência escolar. Além disso, os participantes foram submetidos à avaliação da consciência fonológica, através do Instrumento de Avaliação Sequencial de Consciência Fonológica – CONFIAS (MOOJEN, et.al., 2015). Os dados obtidos foram organizados em tabelas do Excel e analisados de forma descritiva. O projeto desse estudo foi submetido ao Comitê de Ética da Faculdade Fátima e foi aprovado (13397619.7.0000.5523). RESULTADOS: Comparando a média de pontuação geral nas tarefas silábicas, os sujeitos alfabetizados atingiram média de acertos igual a 37,4 (93,4%), enquanto os indivíduos não alfabetizados apresentaram média de 29,0 (72,5%). Já no desempenho das tarefas fonêmicas, foi possível verificar uma diferença importante no desempenho entre os dois grupos, onde os sujeitos alfabetizados atingiram média de acertos igual a 23,8 (79,2%), enquanto os indivíduos não alfabetizados apresentaram média de 12,4 (41,3%). Quanto ao resultado total de acertos no CONFIAS, é possível observar que os indivíduos alfabetizados apresentaram média e porcentagem de acertos evidentemente maior, de 61,1 (87,3%), comparado ao grupo de sujeitos não alfabetizados, com 41,4 (59,1%). CONCLUSÃO: Os dados apresentados neste estudo reforçaram a importância que a consciência fonológica exerce sobre o processo de alfabetização e vice versa, já que os adultos e idosos alfabetizados apresentaram porcentagens de acertos maiores nas tarefas aplicadas. O nível fonêmico, como esperado, foi aquele que mostrou maior discrepância entre os grupos, com maior porcentagem de acertos obtida pelo grupo alfabetizado.

COSTA, Renata Gomes. Consciência fonológica em adultos da EJA. 2012. 151p. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Instituto d e Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.

MOOJEN S. et al. CONFIAS Consciência Fonológica: Instrumento de Avaliação Sequencial. 4ª edição. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2015.

SCHERER, Ana Paula Rigatti. Consciência Fonológica na Alfabetização Infantil. In: LAMPRECHT R. R., BLANCO-DUTRA A. P., SCHERER A. P. R., BARRETO F. M., BRISOLARA L. B., SANTOS R. M., ALVES U. K. - Consciência dos sons da língua: Subisídios teóricos e práticos para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua inglesa. 2ª edição. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1316
HABILIDADES FONOLÓGICAS EM CRIANÇAS COM FISSURA LABIOPALATINA: O USO DO PEEPS ADAPTADO PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Crianças com fissura labiopalatina podem apresentar alterações de fala nos aspectos fonéticos e fonológicos(1). Para a avaliação das alterações fonológicas, em particular, faz-se necessário o uso de protocolos específicos. Autores norte-americanos elaboraram o protocolo Profiles of Early Expressive Phonological Skills (PEEPS), delineado para comparar perfis de crianças em desenvolvimento entre os 18 e 36 meses de idade(2). O PEEPS foi adaptado para o Português Brasileiro (PEEPS:BP) por nosso grupo para avaliar as habilidades fonológicas de crianças com fissura de palato, como parte de um projeto internacional financiado pelo National Institutes of Health (NIH-USA)(3).

Objetivo: O presente estudo foi desenvolvido para comparar as habilidades fonológicas de crianças com e sem fissura labiopalatina, com idade entre 18 e 36 meses, utilizando o teste PEEPS:BP.

Método: Foram avaliadas, prospectivamente, 48 crianças controle, sem fissura labiopalatina (GC), 26 do gênero masculino, idade entre 18 e 36 meses (28±6m) e, 33 crianças com fissura labiopalatina operada (GF), 17 do gênero feminino, idade entre 18 e 35 meses (27±5m). Não foram incluídas crianças com evidências de síndrome, perda auditiva sensorioneural e falantes multilíngues, e, no caso do GC, crianças com alterações de fala evidentes. Todos foram submetidos ao teste PEEPS:BP, com gravação audiovisual, composto por 36 vocábulos, eliciados pela apresentação de brinquedos de borracha/plástico, contemplando ponto e modo articulatório de consoantes da língua portuguesa, assim como as diferentes estruturas silábicas e os fonemas surdos e sonoros. Após aplicação do teste, foi realizada transcrição fonética de todos os vocábulos por dois fonoaudiólogos com experiência na área. Para as discordâncias foi realizada análise por consenso. As transcrições foram tabuladas, sendo analisados os seguintes parâmetros: número de consoantes produzidas no inventário fonético nas posições inicial/medial e final; acurácia, pela porcentagem de consoantes corretas (PCC) em cada modo articulatório (plosivas, fricativas, africativas, nasais e líquidas) e no total da produção das consoantes; produção dos diferentes pontos articulatórios (labial, alveolar, velar e palatal); e a porcentagem de alterações de fala (omissão, substituições oral e nasal). Na comparação dos grupos foi utilizado o Teste t, para um nível de significância de 5%.

Resultados: Observou-se que o GF apresentou valores inferiores aos observados no GC em todos parâmetros avaliados (p<0,05), exceto nas substituições orais, denotando prejuízo significativo da fala no GF. Resultados semelhantes foram observados em crianças falantes do inglês americano, em estudo que também utilizou o PEEPS(4).

Conclusão: Os resultados mostram que crianças com fissura labiopalatina apresentam déficit nas habilidades fonológicas e que o protocolo PEEPS-BP possibilita a avaliação em idade precoce e, portanto, a adoção também precoce de melhor conduta para o tratamento da fala.

1. Genaro, KF, Fukushiro, AP, Suguimoto, MLFCP. Avaliação e tratamento dos distúrbios da fala. In: Trindade, IEK, Silva Filho, OG. Fissuras labiopalatinas: uma abordagem interdisciplinar. São Paulo: Santos; 2007. p. 109-22.
2. Stoel-Gammon C, Williams AL. Early phonological development: creating an assessment test. Clin Linguist Phon. 2013;27(4):278-286.
3. Scherer, NJ et al. Intervenção precoce na fala de crianças com fissura labiopalatina. 2019. [acesso em 13 jun 2020]. Disponível em: http://projetointerkids.hrac.usp.br/.
4. Scherer NJ, Williams L, Stoel-Gammon C, Kaiser A. Assessment of Single-Word Production for Children under Three Years of Age: Comparison of Children with and without Cleft Palate. Int J Otolaryngol. 2012;2012:724214.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1711
HABILIDADES LINGUÍSTICAS E METALINGUÍSTICAS DE UM SUJEITO COM SÍNDROME DE DOWN
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Síndrome de Down (SD) é um distúrbio genético no cromossomo 21 que pode causar atrasos no desenvolvimento da linguagem oral e escrita (1). Por isso, pode-se observar algumas dificuldades dessas pessoas para a aprendizagem da escrita em virtude do desenvolvimento tardio da linguagem oral, hipotonia dos órgãos fonoarticulatórios trazendo prejuízos para aquisição dos pontos de articulação dos fonemas, atraso no desenvolvimento da consciência fonológica e problemas na memória operacional fonológica (2,3). Dessa forma, o objetivo do presente estudo é descrever o perfil de habilidades linguísticas e metalinguísticas de um sujeito com síndrome de Down. Método: Trata-se de um estudo de caso de uma paciente com síndrome de Down, 37 anos de idade. A pesquisa é do tipo descritiva, observacional e de caráter quantitativa e qualitativa, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem sob o parecer nº 3.171.041. A participante da pesquisa respondeu à aplicação de oito instrumentos: Anamnese; Questionário de Capacidades e Dificuldades, utilizado para rastreio de problemas de saúde mental infantil; Observação do Comportamento Comunicativo, que objetiva avaliar as habilidades comunicativas; Teste de Vocabulário por Figuras USP e ABFW vocabulário, que avaliam a competência lexical receptiva e expressiva; Prova do Discurso Narrativo Informal, realizada através da análise do discurso narrativo; Teste de Nomeação Automática, instrumento que avalia a nomeação seriada e, por fim, o Instrumento de Avaliação da Consciência Fonoarticulatória. Resultados: A paciente teve aquisições motoras e de fala tardias, apresenta dificuldade nas habilidades psicomotoras, além de déficits de comportamento. Com o rastreio de problemas de saúde mental, observou-se sintomas emocionais, problemas de conduta, hiperatividade e problemas de relacionamento não esperados, já o comportamento pró-social esteve dentro dos padrões de normalidade. Para a análise do comportamento comunicativo foi possível observar que a paciente consegue se comunicar de forma eficiente, no entanto, a maior parte das interações são apresentadas em situações restritas de interesse próprio. Nas provas que avaliam as habilidades comunicativas, para a nomeação de imagens apresentadas, apresentou uma quantidade alta de processos de substituição e para análise da linguagem compreensiva apresentou 81,5% dos vocábulos dados corretamente. Diante da prova de consciência fonoarticulatória, apesar da paciente ter revelado déficits para identificar a imagem fonoarticulatória a partir do som, apresentou uma destreza tanto na identificação da imagem fonoarticulatória a partir da palavra, quanto na produção do som e da palavra a partir da imagem fonoarticulatória. Para o discurso narrativo, apresentou discurso descritivo e enumerativo, sem organização temporal e para coesão textual apresentou conexão conceitual, relacionando as imagens com suas respectivas funções dentro da narrativa. Na avaliação de nomeação seriada apresentou habilidade em reconhecer as cores, letras e os objetos, porém não conseguiu nomeá-los rapidamente como pedido no teste e apresentou dificuldade em reconhecer os números e não os nomeou. Conclusão: A paciente possui uma boa compreensão verbal e um bom comportamento comunicativo, assim como relativa destreza voltada à consciência fonoarticulatória. Pode ampliar, contudo, as habilidades de vocabulário, discurso narrativo e nomeação seriada, aspectos que certamente serão estimulados em terapia fonoaudiológica.


1.Regis MS, Lima ILB, Almeida LNA, Alves GAS, Delgado IC. Estimulação Fonoaudiológica da Linguagem em crianças com Síndrome de Down. Rev CEFAC. 2018; 20(3): 271-280.

2.Pelosi MB, Silva RMP, Santos G, Reis NH. Atividades lúdicas para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita para crianças e adolescentes com Síndrome de Down. Rev Bras Ed Esp. 2018; 24(4): 535-550.

3.Barby AAOM, Guimarães SRK. Desenvolvimento de Habilidades Metafonológicas e Aprendizagem da leitura e da escrita em alunos com Síndrome de Down. Rev Bras Ed Esp. 2016; 22(3): 381-398.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1337
HABILIDADES PERCEPTO-VISO-MOTORAS E PRODUÇÃO DE ESCRITA MANUAL DE ESCOLARES COM TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM.
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução Dificuldades com a escrita manual podem interferir na execução dos processos de composição durante o ato de escrever. Atender conscientemente aos processos de escrita durante a produção de textos pode sobrecarregar a memória operacional, interferindo em outros processos de escrita, tais como o planejamento e elaboração de ideias. (1). Tais dificuldades podem ser observadas em escolares com transtornos de aprendizagem, os quais são caracterizados por apresentarem dificuldades abrangentes, como falhas de processamentos auditivo, de fala, leitura básica, compreensão de leitura, cálculo aritmético, raciocínio matemático e expressão escrita (2). Por terem manifestações persistentes ao longo da vida (2-3), e como a escrita manual exige domínio da percepção visual e das habilidades motoras finas, isso reforça a necessidade de investigação do perfil desta população. Objetivo: O objetivo deste estudo foi de caracterizar as habilidades percepto-viso-motoras, de leitura e escrita de escolares com Transtornos de Aprendizagem com bom desempenho acadêmico. Método: Participaram 56 escolares, de ambos os sexos, na faixa etária de 8:0 a 11:11 anos e meses de idade, de 3o ao 5o ano do Ensino Fundamental I, que frequentam ensino público municipal. Os escolares foram divididos nos seguintes grupos: GI (28 escolares como diagnóstico de Transtornos de Aprendizagem); GII (28 escolares com bom desempenho, os quais foram extraídos de banco de dados). Como procedimentos, foram utilizados a Escala de Disgrafia (4), o Teste de Desenvolvimento da Percepção Visual (DTVP-III) (5), Avaliação da proficiência motora Bruininks– Oseretsky (BOT-2)(6). Resultados Os resultados foram analisados estatisticamente. Houve diferença significante entre GI e GII para os subtestes de coordenação olho–mão, cópia, Closura Visual e classificações de somatória para integração viso-motora, percepção visomotora reduzida e percepção visual geral para DTVP-3, sendo que a maioria dos escolares de GI apresentaram desempenho classificado como abaixo da média, pobre e muito pobre. Houve diferença significante entre GI e GII nas provas de Precisão Motora Fina e Controle Manual Fino e para a classificação do desempenho para Precisão Motora Fina, Integração Motora Fina e Controle Manual Fino para o BOT-2, sendo que a maioria dos escolares de GI apresentaram desempenho classificado como muito abaixo da média e abaixo da média. Os escolares de GI apresentaram menor média quando comparados a GII para ambos os procedimentos. Houve diferença significante entre GI e GII na escala de disgrafia para Linhas Descendentes e/ou Ascendentes, Irregularidade de Dimensão, Más Formas e pontuação total dos itens avaliados. Conclusão Conclui-se que para os escolares de GI a habilidade de closura visual contribui para a falhas em integração viso-motora e Precisão Motora Fina e, impactando no controle manual fino. Além disso, podemos inferir que falhas na percepção de closura visual pode acarretar falhas na precisão, planejamento, execução do movimento e legibilidade de escrita manual dos escolares de GI. Destaca-se a necessidade de atuação fonoaudiológica e as implicações sócio-educacionais desta população.

1 Graham S, Harris K, Fink B. Is handwriting causally related to learning to write? Treatment of handwriting problems in beginning writers. J. Educ. Psychol. 2000;92(4):620-633.
2 Lyon GR et al. Rethinking learning disabilities. In: Finn CE, Rotherdham RAJ, Hokanson CR (Eds). Rethinking special education for a new century. Washington, DC: Thomas B, Fordham Foundation and Progressive Policy Institute; 2001. p.259-87.
3 Cortiella C, Horowitz SH. The state of learning disabilities: Facts, trends and emerging issues. New York: National center for learning disabilities; 2014. p.2-45.
4 Lorenzini MV. Uma escala para detectar a disgrafia baseada na escala de Ajuriaguerra. [Dissertação]. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR); 2003.
5 Hammil D, Pearson Ν and Vores J. Developmental test of visual perception examiner's manual. 3rd ed. Austin, TX: Pro-Ed; 2014
6 Bruininks RH, Bruininks BD. Bruininks-Oseretsky Test of Motor Proficiency [with Student Booklet]. Pearson, Incorporated. Second edition (BOT-2). Minnesota: Pearson, 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
128
HABILIDADES PRÁXICAS EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O desenvolvimento da linguagem é um evento contínuo que necessita de influências externas e fatores biológicos para o seu progresso. Em crianças Transtorno do Espectro Autista e/ou com alterações neuromotoras, este início da aquisição acaba sendo prejudicado devido ao déficit existente em cada um dos distúrbios1-3. Crianças com AFI possuem dificuldades na comunicação, bem como as pessoas com TEA, porém com enfoques diferentes. A fala da criança com AFI poderá ser interpretada pelo ouvinte com inteligibilidade prejudicada, já que a emissão do som da fala é prejudicada devido ao planejamento motor alterado. Além desta condição neuromotora, a comunicação também acontece de forma corporal, onde é possível perceber por meio do esforço que a pessoa faz para emitir fala e pelo tateio ao tentar articular os sons. Junto a isto, um episódio que é comum entre TEA e AFI são os atrasos de linguagem expressiva. Objetivo: Considerando a necessidade de compreender como se dá as manifestações linguísticas-cognitivas nas crianças que apresentam TEA e AFI associadas, a fim de direcionar diagnósticos e intervenções fonoaudiológicas mais precisas e eficazes, este estudo trata de uma investigação as habilidades oromotoras em crianças com Transtorno do Espectro Autista. Métodos: em consonância com o tema, os descritores foram [(Autism Spectrum Disorder) AND (Apraxia) AND (Children)] e [(Transtorno do Espectro Autista) AND (Apraxia) AND (Criança)], como palavras-chave para a busca de literatura, esses foram inseridos nas bases de dados eletrônicos, Medline (Pubmed), LILACS, SciELO, Cochrane Library durante o período de 2008 até Maio de 2019. Não houve restrições quanto à língua e ao período. Foram estudos randomizados que relacionam o Transtorno do Espectro Autista, a Apraxia de Fala em crianças ou adolescentes de 2 a 12 anos de idade. Inicialmente, 164 estudos foram encontrados, após algumas etapas de triagem (título, repetição, leitura completa e resumos) resultando em 1 artigo. Resultados: crianças com Transtorno do Espectro autista podem apresentar déficits no desempenho motor orofacial, porém ainda não existe um consenso na literatura. Os dados incluíram informações sobre as características demográficas dos pacientes incluídos no estudo, tipo de estudo, avaliações realizadas, componentes avaliados e resultados obtidos. Conclusão: Faz-se necessário investigar as habilidades oromotoras das crianças diagnosticadas e não diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista4-5. Sugere-se que mais estudos, especialmente com crianças falantes do português brasileiro, que investiguem especificidades das habilidades oromotoras em crianças com supeita ou diagnóstico com TEA, contribuindo para planos terapêuticos mais eficazes.


1.Pinto VFF, Maciel DMMA. Interações professora - criança em uma sala de recursos: caminhos para a co-construção da aprendizagem. Psicologia Escolar e Educacional. 2019;23:e191758.
2.Catrini M, Lier-Devitto MF. Apraxia of speech and language delay: the complexity of diagnosis and treatment of symptomatic children. Codas. 2019;31(5):1-6.
3.Keske-Soares M, Uberti LB, Guabiani MB, Guabini MB, Ceron MI, Pagliarin KC. Performance of children with speech sound disorders in the dynamic evaluation of motor speech skills. Codas. 2018;30(2):e20170037.
4.Anjos CCJS, Araújo RO, Calheiros AKM, Rodrigues JE, Zimpl SA. Psychomotor profile of children with Autism Spectrum Disorder in Maceió/AL. Revista. Port: Saúde e Sociedade. 2017;2(2):395-410.
5.Almeida-Verdu ACM, Giacheti CM, Lucchesi FM, Freitas GR, Rillodutka JC, Rovaris JÁ et al. Apraxia and speech production: effects of verbal relations’ strengthening. Rev. Cefac. 2020;17(3):974-83.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
369
HABILITAÇÃO DAS HABILIDADES AUDITIVAS DE UMA PACIENTE USUÁRIA DE IMPLANTE COCLEAR UNILATERAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
55610015


Introdução: A surdez congênita pode ocorrer por diversos fatores, sendo os mais comuns doenças adquiridas pela mãe na gravidez e fatores hereditários. Com o surgimento do implante coclear (IC), a terapia fonoaudiológica tem focado no desenvolvimento e reabilitação das habilidades auditivas de detecção, discriminação, reconhecimento e compreensão de sons verbais e não verbais. O desenvolvimento dessas habilidades no pós operatório é de extrema importância para a (re)habilitação da linguagem oral do usuário, convívio social e pessoal. Objetivo: Relatar a experiência da terapia fonoaudiológica de uma paciente usuária de implante coclear unilateral, com enfoque nas habilidades auditivas de detecção e discriminação. Metodologia: Trata-se de um relato de caso de um paciente do sexo feminino, 7 anos de idade, perda auditiva sensorioneural profunda bilateral congênita, estudante (jardim II) e fala ininteligível, atendida em uma clínica escola em Recife. A cirurgia de implante coclear foi realizada em dezembro de 2015, na orelha esquerda. Foram realizadas estratégias terapêuticas para a promoção da detecção e discriminação auditiva para sons verbais e não verbais, utilizando instrumentos musicais e a fala. A menor apresentava comportamento impulsivo, dificultando a realização de atividades que exigiam atenção, portanto, foram executados treinos de resposta ao estímulo auditivo vocal, com enfoque no nome da paciente, como forma de trabalhar conjuntamente a função executiva de controle inibitório. Os atendimentos consistiam na apresentação dos estímulos durante a realização de atividades lúdicas. Paralela a fonoterapia, a criança começou a ter aulas da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) uma vez que aos 7 anos não tem ainda uma língua definida. Resultados: No início dos atendimentos, foi observado que a menor não havia desenvolvido a primeira habilidade auditiva (detecção), quando questionada, a responsável relatou que a paciente recebia acompanhamento, durante esses cinco anos, em terapia em grupo e não havia obtido os resultados esperados, por isso a busca por uma nova equipe terapêutica. Após a intervenção fonoaudiológica individual, a paciente conseguiu identificar e discriminar o som de três instrumentos musicais, apresentados em sequência e/ou alternados, sendo eles: tambor, apito e pau de chuva. Apresentou dificuldade em identificar o número de repetições de cada instrumento, mas, por outro lado demonstra mais atenção e foco durante as atividades. Em relação às aulas de LIBRAS, foi observada a contribuição da língua no processo de aquisição da linguagem, ajudando na execução das atividades no ambiente terapêutico. Conclusão: O uso do implante coclear pode oferecer uma melhor qualidade de vida ao paciente, principalmente quando realizado no período de desenvolvimento infantil. Destaca-se que apenas o uso do IC não garante ao surdo o acesso às informações auditivas quando não acompanhado de intervenção terapêutica adequada, como foi o caso da paciente em tela. Com o início da vida escolar, a reabilitação proporciona resultados positivos que transcendem o setting terapêutico. Logo, percebe-se que a partir do acompanhamento fonoaudiológico, foi possível observar uma evolução em relação aos aspectos comunicativos e auditivos da paciente, como o desenvolvimento da habilidades auditivas de detecção e discriminação, além da melhora na interação social e atenção quando realizadas as atividades.

Gonçalves DU, Mancini P. Vieira, ABC. Doenças infecciosas e perda auditiva. Rev Med Minas Gerais 2010; 20(1): 102-106.
Scaranello CA. Reabilitação auditiva pós implante coclear.Medicina (Ribeirão Preto) 2005: 38 (3/4): 273-278.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1966
HIPERNASALIDADE APÓS O AVANÇO CIRÚRGICO DA MAXILA EM INDIVÍDUOS COM FISSURA LABIOPALATINA: ANÁLISE EM 432 CASOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O avanço cirúrgico de maxila (AM) modifica a musculatura orofacial, induzindo novas respostas adaptativas. Em indivíduos com fissura labiopalatina (FLP), o AM pode contribuir para o aparecimento da hipernasalidade, o sintoma de fala mais característico da presença de disfunção velofaríngea. Sabe-se que o grau de mobilidade do músculo levantador do véu palatino é um dos fatores que influencia o aparecimento da hipernasalidade PÓS-AM. No entanto, outras causas relacionadas ao aparecimento deste sintoma de fala necessitam ser investigadas. No Laboratório de Fisiologia da Instituição, exames clínicos e instrumentais PRÉ e PÓS-AM são realizados de rotina para diagnosticar possíveis desordens oromiofuncionais e nortear as condutas terapêuticas, além de conduzir estudos para avaliar os resultados terapêuticos institucionais.

Objetivo: Investigar a ocorrência do aparecimento de hipernasalidade em indivíduos submetidos ao AM pela equipe de cirurgiões bucomaxilofaciais ao longo de 20 anos.

Métodos: Análise retrospectiva da hipernasalidade por meio da determinação dos escores de nasalância de 432 pacientes com FLP reparada, de ambos os sexos, com idade entre 16 e 45 anos (24±13), operados no período de 1996 a 2016, sendo 88 operados pelo cirurgião “A”, 155 pelo cirurgião “B”, 39 pelo cirurgião “C” e 155 pelo cirurgião “D”. Somente foram incluídos no estudo indivíduos sem síndromes e/ou outras anomalias craniofaciais relacionadas à FLP, com trespasse oclusal horizontal ≤0mm, que realizaram a nasometria antes e após o AM e cujos valores de nasalância (correlato acústico da nasalidade) foram indicativos de ausência de hipernasalidade antes da cirurgia (≤27%). A análise da diferença dos valores de nasalância PRÉ e PÓS-AM foi realizada por meio do Teste de Wilcoxon. A proporção de sujeitos operados que passaram a apresentar hipernasalidade após o AM foi analisada por meio do Teste Kruskal-Wallis. Os testes consideraram o nível de significância a 5%.

Resultados: O valor médio da nasalância PRÉ-AM foi de 14(±7)%, confirmando a ausência de hipernasalidade em todos os pacientes. Após o AM, 36% (155/432) dos pacientes passaram a apresentar escores indicativos de hipernasalidade, cujo valor médio de nasalância foi de 38(±8)%. Destes, 17% (26/155) foram operados pelo cirurgião “A”, 31% (48/155) pelo cirurgião “B”, 8% (13/155) operados pelo cirurgião “C” e 44% (68/155) pelo cirurgião “D”. A análise dos dados mostrou diferença significante tanto entre os escores médios PRÉ e PÓS-AM (p<0,001), quanto para a proporção de indivíduos que apresentaram piora da fala após o procedimento cirúrgico (p=0,028).

Conclusão: Os resultados da avaliação instrumental mostraram o aparecimento da hipernasalidade após o AM em parcela dos casos. Proporções semelhantes do sintoma pode ser observado entre três cirurgiões, sugerindo que os resultados de fala dos pacientes operados pelo quarto cirurgião podem ter sofrido influência do tipo de procedimento realizado para anteriorização da maxila. Estudos estão sendo conduzidos com o objetivo de identificar fatores relacionados à técnica cirúrgica que possam contribuir para o desenvolvimento da insuficiência velofaríngea.


Kudo K, Takagi R, K Kodama Y, Terao TA, Saito I. Evaluation of speech and morphological changes after maxillary advancement for patients with velopharyngeal insufficiency due to repaired cleft palate using a nasometer and lateral cephalogram. J Oral Maxillofac Surg Med Pathol. 2014:26(1):22-27.

Medeiros-Santana MNL, Araújo BMAM, Fukushiro AP, Trindade IEK, Yamashita RP(2020). Avanço cirúrgico de maxila e ressonância de fala: comparação entre os tipos de fissura. CoDAS. 2020;32(4).

Medeiros-Santana MNL, Perry JL, Yaedú RYF, Trindade-Suedam IK, Yamashita RP. Predictors of velopharyngeal dysfunction in individuals with cleft palate following surgical maxillary advancement: clinical and tomographic assessments. The Cleft Palate-Craniofacial Journal. 2019;56(10):1314-1321.

Trindade IEK, Yamashita RP, Suguimoto RM, et al. Effects of orthognathic surgery on speech and breathing of subjects with cleft lip and palate: acoustic and aerodynamic assessment. Cleft Palate Craniofac J. 2003;40(1):54-64.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1364
HIPOSSALIVAÇÃO EM IDOSOS E SUA RELAÇÃO COM A MASTIGAÇÃO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A senescência é o processo natural de envelhecimento que ocasiona modificações funcionais e estruturais ao organismo(1). Dentre estas, a hipofunção das glândulas salivares desencadeia redução do fluxo salivar (hipossalivação), interferindo diretamente na preparação e transporte do bolo alimentar(1,2). A sensação de boca seca (xerostomia) é considerada um dos principais indícios da presença de hipossalivação, podendo estar associada a fatores como o envelhecimento e a polifarmácia(3,4). Objetivo: Identificar sintomas de hipossalivação em idosos da comunidade e verificar sua relação com a mastigação. Metodologia: Trata-se de um estudo seccional aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição. A amostra foi composta por 196 indivíduos de ambos os sexos, com idade ≥60 anos, recrutados por conveniência em quatro centros de convivência de referência para idosos. Os dados foram coletados através do Questionário sobre xerostomia como instrumento de rastreio de hipossalivação(5) e o de Rastreamento de alterações mastigatórias em idosos (RAMI)(6), ambos validados para rastreio epidemiológico. Na análise dos dados foram aplicadas as estatísticas descritiva e analítica, utilizando os testes Correlação de Spearman e Tendência Linear. Foi considerado nível de significância de 95%. Resultados: A média de idade da amostra foi de 68,95 (±5,95), com idade mínima de 60 e máxima de 87 anos, sendo 29 (14,8%) do sexo masculino e 167 (85,2%) feminino. Os idosos relataram sentir a boca seca durante a noite ou assim que acordam (61,7%), acordar frequentemente à noite com sede (39,3%), sentir a boca seca durante o dia (29,6%) e durante as refeições (29,1%), sentir pouca quantidade de saliva na boca durante a maior parte do tempo (28,1%), ter dificuldades para engolir os alimentos (16,8%), mascar chicletes ou balas para aliviar a sensação de boca seca (9,2%) e ter sensação de queimação em sua língua (8,7%). Houve associação (≤0,001) entre “sentir a boca seca durante as refeições” e apresentar dificuldade ao triturar o alimento, esforço ao mastigar, e sentir incômodo durante a mastigação. Observou-se uma correlação positiva de grau moderado (rho= 0,442; p<0,001) entre os questionários, onde os resultados são diretamente proporcionais, indicando que quanto maior a pontuação no Questionário sobre xerostomia como instrumento de rastreio de hipossalivação, maior será o resultado final do RAMI. Confirmando a relação direta entre uma menor produção de saliva e pior mastigação do idoso. Conclusão: Os sintomas de hipossalivação mais frequentes foram sentir a boca seca durante a noite ou assim que acordam, seguidos de acordar frequentemente à noite com sede, sentir a boca seca durante o dia e durante as refeições. Por fim, verificou-se relação entre a presença de sintomas de hipossalivação e alterações mastigatórias.

1.Cardoso MCAF. Sistema estomatognático e envelhecimento: associando as características clínicas miofuncionais orofaciais aos hábitos alimentares [dissertação]. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2010.

2.SALGADO BB, CARVALHO IM. Fisiologia salivar do idoso [monografia]. Minas Gerais: Universidade de Uberaba, Curso de Odontologia; 2017.

3.Cavalcanti RVA, LIMA KC. Sistema Estomatognático na senescência. In: Silva HJ, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA, Berretin-Felix G, Marchesan IQ. (Org.). Tratado de Motricidade Orofacial. 1ed. São José dos Campos/SP: Pulso, 2019. p.145-157.

4. Cavalcanti RVA, Amaral AKFJ. Atenção da Motricidade Orofacial na senescência. In: Silva HJ, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA, Berretin-Felix G, Marchesan IQ. (Org.). Tratado de Motricidade Orofacial. 1ed. São José dos Campos/SP: Pulso, 2019. p.209-219.

5. Carvalho HN. Acurácia de um questionário sobre xerostomia como instrumento de rastreio de hipossalivação [dissertação]. Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba; 2018.

6. Cavalcanti RVA, Magalhães Junior HV, Pernambuco LA, Lima KC. Screening for masticatory disorders in older adults (SMDOA): An epidemiological tool. Journal of Prosthodontic Research. 2020; 64:243-249.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
662
HISTORIAÇÃO: OS EFEITOS DA OFICINA COM ADOLESCENTES NA FORMAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Centro de Atenção Psicossocial à infância e a adolescência (CAPSi) – é um serviço de referência para a atenção psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS) e caracteriza-se como espaço de acolhimento, tratamento e de (re)inserção social de crianças e adolescentes com sofrimento psíquico, visando o fortalecimento dos laços sociais, familiares e comunitários, tendo como princípio o cuidado integral e humanizado, sob a lógica do trabalho em equipe interprofissional¹. O Capsi Brasileirinhos, integra, no serviço, estagiários de diferentes instituições de ensino, como os estagiários do Curso de Fonoaudiologia. Crianças e adolescentes em sofrimento psicossocial tendem a apresentar sintomas na linguagem, caracterizados por dificuldades de interação dialógica, que podem interferir no seu desenvolvimento e participação social. O fonoaudiólogo juntamente com outros profissionais realizam práticas de cuidado, acolhimento e atendimento com crianças, adolescentes e suas famílias. Para que este tratamento seja bem sucedido, é necessária a elaboração de um planejamento terapêutico singular (PTS) que tem participação dos membros da equipe da instituição, da criança e do adolescente. O PTS é o instrumento de planejamento e avaliação que acompanha o usuário durante sua passagem pelo Capsi, nele estão contidas informações referentes ao profissional de referência do usuário, bem como a história clínica, familiar e pregressa, além do genograma e o ecomapa, como também as indicações sobre oficinas que participará e/ou atendimentos em grupo ou individuais.OBJETIVO: Descrever os efeitos da experiência de formação profissional vivenciada na oficina HistoriAção, como parte das atividades do estágio obrigatório em Fonoaudiologia institucional no CAPSi. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de experiência sobre a oficina HistoriAção, realizada durante o segundo semestre de 2019, com os adolescentes do CAPSi. O grupo foi construído em conjunto com a equipe objetivando dar espaço de fala/voz aos adolescentes a partir da contação ou criação de histórias. A cada semana era estabelecido o contrato de convivência entre os adolescentes. As estratégias comunicativas utilizadas alternavam o discurso oral e o escrito. Os instrumentos utilizados eram a voz dos participantes, bem como o uso de jogos. RESULTADO: O grupo HistoriAção permitiu que as discentes observassem diferentes práticas profissionais, que enriqueceram sua formação referente ao aprendizado em um trabalho em equipe. Durante o grupo de conversação as estagiárias puderam entender que o contato entre os adolescentes era favorável em relação a evolução de seu tratamento, já que um dos principais objetivos era ajudá-los no (re)ingresso à comunidade. Neste estágio as discentes puderam colaborar com o prontuário transdisciplinar, que fortalece o diálogo entre os profissionais envolvidos no tratamento. O contato com os adolescentes promoveu uma transformação na forma de pensar e acolher os usuários e reforçou a importância do cuidado interprofissional para o progresso no planejamento terapêutico singular do usuário. CONCLUSÃO: O estágio no CAPSi proporcionou às estagiárias a prática do trabalho em equipe e de verificar os efeitos da oficina no apaziguamento do sofrimento psíquico e da abertura discursiva e dialógica. Observou-se que o papel do fonoaudiólogo está presente no ouvir o outro e na mediação de possíveis conflitos dialógicos.

1.Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria Nº 3.088,de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União 2011; dez 26.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
282
I SIMPÓSIO NACIONAL DA FONOAUDIOLOGIA “OPORTUNIDADES APÓS A GRADUAÇÃO POR DIFERENTES PERSPECTIVAS”: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Eventos científicos auxiliam na formação do fonoaudiólogo. No ano de 2020, houve um obstáculo para a realização de atividades presenciais devido ao isolamento social pela pandemia do COVID-19.
Objetivo: Apresentar o relato de experiência da organização de um simpósio online por um Centro Acadêmico, que visou explorar as possibilidades profissionais após a graduação.
Método: Estudo qualitativo caracterizado por relato de experiência da organização do I Simpósio Online da Fonoaudiologia por meio de um canal da plataforma YouTube, com o seguinte tema: “Oportunidades após a graduação por diferentes perspectivas - empreendedorismo, residência, mestrado, área hospitalar e concurso”. Houve a aprovação do colegiado do curso de graduação, e posterior realizaram-se sete reuniões com a equipe, composta por 10 membros de um Centro Acadêmico (CAFONO) de uma universidade pública, responsável por planejar, organizar e executar cinco lives. Dividiu a equipe em: 3 pessoas para confeccionar e enviar os certificados; 1 organizou a programação; 1 acompanhou os comentários na live; 2 na lista de presença; 1 pessoa responsável pela inscrição; 2 pessoas na divulgação. Como palestrantes, foram convidados fonoaudiólogos graduados em 6 universidades federais do país, dos estados da Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Santa Catarina, São Paulo e Pernambuco.
Resultados: Foram recebidas 1.414 inscrições para participação no evento, com presença efetiva, em média, de 57,21%. No primeiro dia, foi abordado o tema “Empreendedorismo” que contou com cinco palestrantes os quais falaram sobre o processo de abertura da empresa bem como a importância de conhecer outros profissionais da área da saúde para que se possam indicar pacientes. No segundo dia, o tema apresentado foi “Residência” com participação de seis palestrantes que falaram sobre os estudos necessários para se passar na residência, discorreram sobre a carga horária e o meios de enriquecer o currículo acadêmico para facilitar a aprovação na residência. Por conseguinte, no terceiro dia foi ministrado, ainda, com seis palestrantes abordagens acerca do “Mestrado”, foram dados exemplos de como começar um projeto, sua relevância desde a graduação, assim como, escolher bem o orientador do projeto. No quarto dia, o assunto transmitido foi “Área hospitalar”, com seis palestrantes que discorrem sobre o convívio dentro dos hospitais, bem como a importância de se aproveitar os estágios e realizar cursos na área hospitalar durante a graduação. Por fim, no quinto dia, o tema foi “Concurso público”, com cinco palestrantes, os quais falaram da importância de se estudar o SUS (Serviço Único de Saúde) e outras áreas como; Direito Constitucional, Direito Administrativo, Leis Trabalhistas, Língua Portuguesa e Raciocínio Lógico. Falaram sobre a importância de se conhecer o edital e da relevância de se trabalhar em equipe multidisciplinar.
Conclusão: Dessa forma, o I Simpósio Online de Fonoaudiologia destacou diferentes realidades e opções de atuação no mercado de trabalho, ressaltando a necessidade e possibilidade de realização de mais eventos na modalidade online com temáticas voltadas para a atuação fonoaudiológica para que promova maior disseminação, integração e união da profissão e dos discentes do país.

González Sanz JD, Barquero González A. Simulacro de congreso científico como entrenamiento en competencias comunicativas en enfermería. Rev. iberoam. educ. invest. enferm.2012; 2(4): 20-28.

Sanna MC. Atualização profissional: forma de construir a própria história e a da profissão. Nursing. 2015; 18(215): 967-967.

Santos AAA, Oliveira KL, Joly AMCR, Suehiro ACB. I Congresso Nacional de Psicologia Ciência e Profissão: o que tem sido feito na psicologia educacional. Psicol. esc. educ. 2003; 7(2): 135-144.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1157
IDENTIFICAÇÃO DA PERDA AUDITIVA EM TRABALHADORES POR MEIO DA AUDIOMETRIA AUTOMATIZADA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: a capacidade de ouvir abre portas para a comunicação entre as pessoas, entretanto, a perda da audição (P.A.) pode acarretar em diversas mudanças no comportamento e na qualidade de vida do indivíduo, afetando inclusive as dimensões psicológicas, sociais e físicas. Diante disso, destaca-se a importância do diagnóstico precoce a fim de minimizar os riscos e prevenir dos problemas futuros. Objetivo: avaliar a efetividade da audiometria automatizada na detecção da perda auditiva em adultos em comparação com os resultados da audiometria convencional. Método: a casuística foi constituída por 100 trabalhadores adultos. Foram realizados: um questionário demográfico e ocupacional; inspeção visual a fim de verificar a condição do meato acústico externo e a triagem timpanométrica (Ero-San Maico); em seguida, os procedimentos para ATL foram realizados. A triagem automatizada via iPad foi desenvolvida pela Dra. King Chung de Northern Illinois University, que levou em consideração a padronização do software e do hardware – já que existe uma consistência na saída (tensão) do fone, possibilitando que a calibração feita em um dado dispositivo seja transferida para qualquer outro dispositivo Apple. Os sons correspondem às oitavas de frequências entre 250 a 8000 Hz. Dessa maneira, os estímulos foram apresentados via fone de inserção, calibrados segundo a norma ANSI. O sistema emprega o paradigma da escolha forçada de três figuras: superior, inferior ou “sem som”. Ato contínuo, foram dadas as orientações de como prosseguir aos participantes, e com o propósito de verificar a compreensão das ordens, estes realizaram um treino antes do teste propriamente dito. Dessa maneira, permitiu reduzir o número de acertos ao acaso, melhorando a fidedignidade do teste. A ATL, da forma convencional foi realizada em todos os participantes. A duração do processo todo foi registrada. Resultado: os resultados do estudo randomizado evidenciaram 93,46% de concordância entre os dois instrumentos – convencional e automatizado, com o registro de tempo entre 20 a 30 min; não houve diferenças nos níveis mínimos de respostas e ambos estão de acordo com o autorrelato sobre queixa auditiva. Conclusão: Conclui-se que a triagem auditiva automatizada foi efetiva, sendo indicada para programas de identificação de perda auditiva em adultos, onde o acesso ao diagnóstico e custo de os equipamentos são um valor impeditivo.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
717
IDENTIFICAÇÃO DE CONTRASTES ENTRE AS OBSTRUINTES POR CRIANÇAS COM E SEM TRANSTORNO FONOLÓGICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Resumo: Embora o Transtorno Fonológico (TF) não apresente uma etiologia bem definida, alguns estudos têm buscado identificar fatores que possam estar associados à ocorrência desta alteração. Dentre esses fatores, destacam-se aqueles relacionados ao domínio perceptivo-auditivo, seja relativo ao processamento auditivo, seja relativo ao desempenho das crianças em tarefas de discriminação. Entretanto, poucos são os estudos relacionando a ocorrência do TF com tarefa de identificação fonêmica. Objetivo: Investigar o desempenho perceptivo-auditivo de crianças com e sem TF em uma tarefa de identificação entre as obstrutintes, comparando a acurácia perceptivo-auditiva e o tempo de reação e, ainda, verificar se a acurácia perceptivo-auditiva é dependente da classe fônica. Espera-se que o desempenho das crianças com TF seja menos acurado e mais laborioso comparativamente ao desempenho das crianças com desenvolvimento típico e, ainda, que a classe das fricativas apresente menor acurácia do que a classe das plosivas. Metodologia: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o protocolo nº 67549317.5.0000.5406. Foram selecionadas 62 crianças, sendo 41 com diagnóstico de transtorno fonológico e 21 com desenvolvimento fonológico típico, pareadas entre si de acordo com gênero e idade. O estímulo utilizado no experimento consistiu em gravações típicas de palavras familiares que constituem pares mínimos, contrastando os fonemas fricativos e plosivos. O estímulo acústico foi apresentado às crianças via auditiva de forma binaural e elas precisaram escolher e indicar qual a gravura correspondente ao estímulo acústico apresentado, dentre duas possibilidades dispostas na tela de um computador. Tanto a acurácia, quanto o tempo de reação das crianças foram controlados pelo software PERCEVAL. Uma análise estatística foi conduzida para verificar uma possível diferença entre os grupos no tocante à acurácia perceptiva-auditiva e ao tempo de reação, bem como uma diferença entre a classe fônica. Resultados: A ANOVA de medidas repetidas mostrou, para a porcentagem de acertos, um efeito significante entre os grupos (experimental e controle), mas não para classe fônica e nem para interação entre grupo e classe. Na porcentagem de erros, não foram encontrados efeitos significantes para grupo, classe fônica e interação entre grupo e classe. Na análise do tempo de reação, tanto dos acertos quanto dos erros, não houve significância estatística para as classes, grupos de crianças e nem para a interação entre grupo e classe. Conclusão: Crianças com TF apresentam pior acurácia quando comparadas às crianças com desenvolvimento fonológico típico em tarefa de identificação de contrastes obstruentes, embora não sejam mais laboriosas para a tomada de decisão na tarefa perceptual.

Palavras-chave: Transtorno fonológico. Percepção. Avaliação

1. BERTI, Larissa Cristina et al. Desempenho perceptivo-auditivo de crianças na identificação de contrastes fonológicos entre as oclusivas. J Soc Bras Fonoaudiol, v. 24, n. 4, p. 348-54, 2012.

2. Berti LC. PERCEFAL - Instrumento de percepção de fala. In: I Simpósio Internacional do Grupo de Pesquisa "Avaliação da Fala e da Linguagem" - Perspectivas Interdisciplinares em Fonoaudiologia, 2011 set 29-out 01; Marília

3. Bird, J., & Bishop, D. (1992). Perception and awareness of phonemes in phonologically impaired children. European Journal of Disorders of Communication, 27, 289–311.

4. Broen, P. A., Strange, W., Doyle, S. S., & Heller, J. H. (1983). Perception and production of approximate consonants by normal and articulation-delayed preschool children. Journal of Speech and Hearing Research, 26(4), 601–608

5. CAUMO, Débora Tomazi Moreira; DA COSTA FERREIRA, Maria Inês Dornelles. Relação entre desvios fonológicos e processamento auditivo Relationship between phonological disorders and auditory processing. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 14, n. 2, p. 234-240, 2009

6. RVACHEW, Susan; JAMIESON, Donald G. Perception of voiceless fricatives by children with a functional articulation disorder. Journal of Speech and Hearing Disorders, v. 54, n. 2, p. 193-208, 1989

7. SUSSMAN, Joan E. Perception of formant transition cues to place of articulation in children with language impairments. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, v. 36, n. 6, p. 1286-1299, 1993


TRABALHOS CIENTÍFICOS
510
IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS DE BRONCOASPIRAÇÃO EM PACIENTES PEDIÁTRICOS HOSPITALIZADOS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A deglutição é um processo altamente complexo, responsável pelo transporte do bolo alimentar da cavidade oral até o estômago¹. Qualquer alteração neste processo que comprometa a segurança e eficácia da alimentação por via oral é chamada de disfagia. A disfagia orofaríngea (DOF) é o distúrbio de deglutição mais comum em pediatria. A aspiração é uma consequência importante da DOF, podendo levar a problemas respiratórios como sibilância recorrente, pneumonias de repetição, alterações graves da função pulmonar, fibrose pulmonar e morte². A identificação precoce da disfagia por um fonoaudiólogo é de extrema importância para prevenir e minimizar sequelas, e deve ter alta prioridade nas práticas de cuidado em saúde³. Objetivo: Identificar os riscos de broncoaspiração em pacientes de 0 a 03 anos de idade internados em um hospital pediátrico. Métodos: Trata-se de um estudo em campo, quantitativo, descritivo e transversal, do tipo levantamento de dados. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com CAAE número 04019718.4.0000.5177, em janeiro de 2019 e submetido a revista Distúrbios da Comunicação em abril de 2020, na qual encontra-se em processo de avaliação. Foram incluídos no estudo crianças com idade entre 0 a 03a 11m e 29d e admitidos nas enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) durante o período da pesquisa no Hospital onde o estudo foi realizado e que apresentassem estabilidade do quadro clínico. Foram excluídos do estudo pacientes que não estavam acompanhados dos pais ou responsáveis. A coleta dos dados foi realizada nos meses de abril a agosto de 2019. A análise estatística ocorreu de forma quantitativa através de software estatístico SPSS para Windows versão 20.0. O teste estatístico utilizado foi o teste Qui-Quadrado de Pearson considerando o intervalo de confiança de 95% e a significância estatística de 5% (p-valor < 0,05). Resultados: Os riscos de broncoaspiração estiveram presentes em 28 (35%) das 80 crianças avaliadas. Para classifica-los foram considerados os sinais observados na avaliação da deglutição como: vedamento labial, tempo de trânsito oral, escape extraoral do alimento, coordenação sucção/respiração/deglutição, sonolência e/ou irritabilidade durante alimentação, tosse, entre outros. Também foram levados em consideração os diagnósticos e estado de saúde geral do paciente, fatores estes que foram essenciais para a avaliação dos riscos. Os diagnósticos que apresentaram maior significância estatística (p* = 0,0001) quando correlacionados com o risco de broncoaspiração foram a doença do refluxo gastroesofágico 13 (46,4%) e as cardiopatias 10 (35,7%). Conclusão: Conclui-se que os riscos de broncoaspiração podem estar presentes na população pediátrica e também estão associados a diversos problemas de saúde, como as alterações cardíacas, respiratórias, gástricas e neurológicas, o que pode acarretar sérios comprometimentos à saúde do paciente. Dessa forma, a identificação e prevenção desses riscos são de extrema importância e demandam atenção dos profissionais da saúde, comunidade científica e população em geral. Vale ressaltar que a literatura ainda é bastante limitada quando se trata de estudos que investiguem os riscos de broncoaspiração na população pediátrica e que são necessários mais estudos que abordem o tema, visando a prevenção destes riscos e minimizando as consequências dos mesmos.




1. Mendell DA, Logemann JA. Temporal sequence of swallow events during the oropharyngeal swallow. J Speech Lang Hear Res,2007;50(5):1256-71.

2. Farias MS, Maróstica PJC, Chakr VCB. Disfagia orofaríngea e complicações pneumológicas na infância. Bol Cient Pediatr.2017;06(1):9-13.

3. Martino R, Mcculloch T. Therapeutic intervention in oropharyngeal dysphagia. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology,2016;13(11):665.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
403
IDENTIFICAR O ENTENDIMENTO SOBRE SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA NA VISÃO DOS MEMBROS DE UMA COMISSÃO PERMANENTE DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Atenção Primária à Saúde pensada e defendida como estratégia de fortalecimento do sistema de saúde, centraliza-se em ações integradas, resolutivas e na continuidade do cuidado. As ações em saúde mental na Atenção Primária à Saúde caminham numa mesma direção gradativamente desde o desdobrar dos movimentos da Reforma Sanitária e da Luta Antimanicomial, ambas envolvidas na premissa de uma reestruturação do cuidado em saúde. Objetivo: Compreender, sob a ótica de uma Comissão Permanente de Integração Ensino-Serviço, o entendimento sobre saúde mental dos membros de uma Comissão Permanente de Integração Ensino-Serviço, no contexto da Atenção Primária à Saúde. Método: A pesquisa foi realizada com uma das Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço da região Sul do país. Realizou-se pesquisa ação participante de abordagem qualitativa, ancorada no Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire como referencial teórico-metodológico, ocorrido em três momentos: investigação temática, codificação/descodificação e desvelamento crítico. Foram realizados quatro Círculos de Cultura com duração aproximada de 90 minutos cada, no período de julho a novembro de 2018. Além disso utilizou-se de um diário de campo para registrar os saberes e observações apreendidas ao longo dos encontros. Os Círculos de Cultura foram registrados através de áudio e imagem. A pesquisa encontra-se aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, protocolo 2.814.859. Resultados: Os encontros contaram com a participação de 21 representantes, sendo dezoito mulheres e três homens, com idades entre 25 a 49 anos, a formação/atuação em maior destaque foi a enfermagem; o profissional com maior tempo de representação municipal na Comissão está há 14 anos e com relação ao tempo de trabalho na Atenção Primária à Saúde, o membro com maior tempo, atua há 26 anos.
Foi possível observar que os participantes possuíam uma visão negativa do cuidado primário em Saúde Mental, sobretudo, trouxeram a falta de recursos de todos os aspectos e, isto parece afetar na operacionalização deste cuidado. Percepção vinculada também a um entendimento destes profissionais de que, embora, as mudanças advindas das Reformas, Psiquiátrica e Sanitária, o cuidado ainda é médico-centrado e patologizante. Os participantes demonstraram insegurança e desconhecimento técnico, enfatizando diagnósticos em Saúde Mental. Como potencialidade, pontuaram a disponibilidade que apresentam para a escuta e diálogo com os usuários do serviço e com a equipe de saúde, ao articular as demandas que chegam em suas unidades. Conclusão: Diante desse contexto e diálogos realizados, os participantes se propuseram a ressignificar e propor transformações em sua realidade a partir das vivências dos Círculos de Cultura. O grupo salientou a importância de legitimar o espaço da Comissão, possibilidades de realizar educação permanente, e necessidade da busca por conhecimento em Saúde Mental. Assim, ressignificaram seus referenciais e ações para o enfrentamento ao cuidado patologizante e curativista.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.

Wenceslau LD, Ortega F. Saúde mental na atenção primária e Saúde Mental Global: perspectivas internacionais e cenário brasileiro. Interface (Botucatu). 2015;19 (55):1121-32.

Frateschi MS, Cardoso CL. Práticas em saúde mental na atenção primária à saúde. Psico. 2016;47(2):159-68.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A Atenção Primária e as Redes de Atenção à Saúde.Conselho Nacional de Secretários de Saúde.Brasília: CONASS, 2015.

Heidemann ITSB, Dalmolin IS, Rumor PCF, Cypriano CC, Costa MFBNA, Durand MK. Reflexões sobre o itinerário de pesquisa de Paulo Freire: contribuições para a saúde. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [acesso em 2019 nov 18]. ;26(4): e0680017. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/tce/v26n4/0104-0707-tce-26-04-e0680017.pdf.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
421
II EXPOSIÇÃO DE ATIVIDADES TERAPÊUTICAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)
55610015


Introdução: A terapia fonoaudiológica com abordagem infantil pode ser vista como um desafio para muitos terapeutas, já que requer criatividade e inovações das atividades propostas. Sabe-se que para obter sucesso nos atendimentos fonoaudiológicos, é necessária a colaboração e participação dos pacientes na terapia. Para que isso ocorra faz-se necessário o uso de atividades lúdicas que se adequem as faixas etárias e aos objetivos propostos para a terapia. Objetivo: Desenvolver materiais terapêuticos cognitivo-linguísticos pelos estudantes de graduação em Fonoaudiologia, buscando compartilhar seus benefícios para a clínica-escola. Metodologia: Os recursos terapêuticos foram produzidos por uma turma do sexto período do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública do nordeste, em outubro de 2019. Teve-se como público alvo os pacientes de 2 a 6 anos atendidos na clínica escola, nas áreas de voz e linguagem. As atividades foram desenvolvidas a partir dos objetivos estabelecidos para os atendimentos de cada paciente, visando estimular a linguagem, a coordenação motora fina, memória sequencial, assim como melhorar os aspectos vocais dos menores. Foram utilizados para a confecção das atividades, materiais como papelão, botões coloridos, canetas hidrocor, papel emborrachado, velcro, fio de lã e bastões de cola quente. Resultados: Foram criados os seguintes jogos: tabuleiro das cores, alinhavo e sorvetão. Durante a construção dos aparatos voltados para a terapia infantil, observou-se a possibilidade de utilizar instrumentos de fácil acesso e custo benefício para a realização dos mesmos. Percebeu-se, também, que o processo de confecção dos recursos terapêuticos é uma etapa de muita importância durante os estágios, uma vez que estimula a criatividade do terapeuta, proporciona a autonomia de construir seus próprios recursos, de estar incluso de forma mais intensa na terapia e de criar um vínculo terapeuta-paciente. Ainda, proporciona a oportunidade de adaptar atividades para cada paciente, visto que os mesmos reagem de formas diferentes a estímulos iguais. Além disso, quando se constrói atividades pensando nas necessidades específicas de cada criança, nota-se que os objetivos são alcançados de formas muito mais rápidas e satisfatórias. Conclusão: Conclui-se que a construção dos materiais foi de extrema significância para o aprendizado e processo terapêutico na clínica escola. Constata-se também, que a colaboração do paciente impacta diretamente no prognóstico do mesmo. Essa relação tende a ser fortalecida quando estratégias terapêuticas são traçadas levando em consideração o lúdico e as preferências da criança. Além disso, percebe-se que ao tornar o setting terapêutico mais agradável e próximo do paciente, os objetivos propostos são alcançados, trazendo maior evolução para o quadro geral da criança.

Nascimento CL, Batista CG, Rolim GS, Moraes ABA de. Colaboração e participação de crianças no atendimento fonoaudiológico. Ciência & Saúde Coletiva, 2011, 16(10):4169-4179.
Novaes APDC. A importância do jogo e do brincar em terapia fonoaudiológica. Rev CEFAC. 2000; 2(2):45-54.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
660
IINFECÇÃO PELO ZIKA VÍRUS E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA AMAMENTAÇÃO: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A infecção pelo ZIKV causa diversas sequelas, gerando desafios no seu enfrentamento. Dessa forma, há a necessidade de ampliação do conhecimento sobre seus impactos, para que os órgãos e profissionais especializados possam realizar uma assistência adequada às pessoas infectadas e seus familiares. Objetivo: Buscar evidências na literatura acerca da relação entre a amamentação e a infecção pelo Zika vírus. Método: O estudo foi realizado por meio de revisão integrativa de literatura. Inicialmente determinou-se a pergunta clínica “O Zika vírus pode ser transmitido aos recém-nascidos via amamentação por mães infectadas?”, sendo posteriormente feita a pesquisa em bancos de dados eletrônicos (Lilacs, Scielo, PubMed e Google Scholar, até a página cinco de busca), a partir dos unitermos “Zika vírus”, “amamentação” e “recém nascido” , sites governamentais brasileiros (Ministério da Saúde e FIOCRUZ) e site internacional (World Health Organization), sem restringir o ano de publicação e idioma, sendo incluídos os estudos que tratassem do respectivo vírus e amamentação e excluídos aqueles que fugissem da temática pretendida. Após a leitura dos títulos e resumos dos artigos pelos revisores, aqueles que responderam à pergunta clínica e aos critérios de elegibilidade foram lidos na íntegra, sendo realizada a síntese do estudo por meio de análise qualitativa. Resultados: Os órgãos nacionais seguem as normativas da Organização Mundial da Saúde (1) quanto à orientação para puérperas infectadas pelo Zika vírus e amamentação, sendo que as orientações tem o intuito de evitar a desnutrição infantil devido ao alto número de óbitos abaixo da faixa dos 5 anos (2). Além disso, a literatura ressaltou que os bebês que nascem com a síndrome congênita do Zika vírus já estão infectados pelo vírus, recomendando a introdução e permanência do aleitamento materno como estratégias para melhorar a saúde materno-infantil e a díade mãe-bebê. Outro aspecto a ser mencionado diz respeito à presença do RNA do vírus no leite materno, porém sem a sua replicabilidade celular (3, 4, 5, 6, 7), sugerindo assim a manutenção do aleitamento materno a essa população. Conclusão: A amamentação materna tem sido recomendada aos bebês infectados pelo Zika vírus apesar da presença do RNA do respectivo vírus no leite materno, No entanto, há insuficiência de dados para sua contraindicação, os benefícios são maiores que seus riscos e há a necessidade de maiores evidências científicas sobre o assunto.

Descritores: 1. Zika Virus; 2. Aleitamento Materno; 3. Lactente;

1. Organização Mundial da Saúde. Amamentação no contexto do Vírus Zika. Genebra: WHO, 2016.
2. Organização Mundial da Saúde. Estratégia global para alimentação de lactentes e crianças de primeira infância. Genebra: WHO; 2003.
3. Besnard M, Lastere S, Teissier A, Cao-Lormeau V, Musso D. Evidence of perinatal transmission of Zika virus, French Polynesia, December 2013 and February 2014. Euro Surveill. 2014;19(13):20751.
4. Blohm GM, Lednicky JA, Márquez M, Branco SK, Loeb JC, Pacheco CA, et al. Complete Genome Sequences of Identical Zika virus Isolates in a Nursing Mother and Her Infant. Genome Announc. 2017;5(17): e00231-17.
5. Dupont-Rouzeyrol M, Biron A, O'Connor O, Huguon E, Descloux E. Infectious Zika viral particles in breastmilk. Lancet. 2016;387(10023):1051.
6. Cavalcanti MG, Cabral-Castro MJ, Gonçalves JLS, Santana LS, Pimenta ES, Peralta JM. Zika virus shedding in human milk during lactation: an unlikely source of infection?. Int J Infect Dis. 2017;57:70-2.
7. Sotelo JR, Sotelo AB, Sotelo FJB, Doi AM, Pinho JRR, Oliveira RC, et al. Persistence of Zika virus in breast milk after infection in late stage of pregnancy. Emerg Infect Dis . 2017;23(5): 856-857.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2016
IMERSÃO DE GRADUANDOS DE FONOAUDIOLOGIA EM UM SERVIÇO DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A Audiologia teve um grande avanço que estimulou o crescimento do número de procedimentos audiológicos1 e aumentou a demanda por profissionais qualificados e com experiência para ingressar no mercado de trabalho. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde², 10% da população mundial possui algum déficit auditivo. O estágio supervisionado propicia ao aluno a oportunidade de aplicar seus conhecimentos e oferece um campo de atuação para o exercício de suas habilidades3. Além dos estágios, outras experiências com a prática clínica propiciam mais horas de treino e podem contribuir para uma maior segurança na atuação do graduando. Objetivo: Descrever  a experiência de participantes de um estágio extracurricular voluntário em um Serviço de Atenção à Saúde Auditiva. Métodos: O projeto foi criado em maio de 2018 pelas docentes do núcleo de Audiologia do Departamento de Fonoaudiologia da instituição de ensino e pela fonoaudióloga do SASA da mesma instituição, com o objetivo de proporcionar aos graduandos uma experiência de imersão no campo de atuação em Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI) e, ao mesmo tempo, diminuir o tempo de espera para os usuários para o atendimento. Os estágios ocorrem aos sábados, durante os plantões da fonoaudióloga do Hospital, que supervisiona os discentes durante as 10 horas de duração do estágio. Os graduandos atendem cerca de vinte pacientes por sábado. Os participantes mais experientes realizam tutoria dos atendimentos dos participantes menos experientes, até que estejam aptos a atender individualmente. Durante os atendimentos são realizados os seguintes procedimentos: avaliação e diagnóstico audiológico (audiometria tonal limiar, logoaudiometria, imitanciometria e demais exames necessários ao caso); pré moldagem; seleção, adaptação e avaliação do ganho do AASI; e acompanhamento periódico do usuário. Resultados: Houve um aumento expressivo no número de usuários atendidos e uma redução importante do tempo de espera pelos atendimentos quando comparados com os dados anteriores ao início dos estágios. Antes do projeto, a média era de 11 pacientes por sábado, dando um total de 198 indivíduos atendidos no serviço por ano. Com o início do estágio supervisionado, a média passou para 20 pacientes atendidos por sábado. No ano de 2019, o estágio supervisionado aconteceu em 18 sábados, realizando o atendimento de 360 pacientes. Após participar dos atendimentos, os voluntários relataram uma melhora importante de suas habilidades, de sua confiança em relação à prática da Audiologia, ao acolhimento do paciente, ao raciocínio clínico, e, principalmente, em relação à execução e à interpretação de exames audiológicos. Os graduandos que cumpriram maior carga horária prática relataram maior evolução de suas habilidades, maior domínio do conhecimento e segurança para realizar atendimentos individuais e completos. Conclusão: Os estágios extracurriculares são importantes no processo de formação acadêmica, uma vez que complementam e enriquecem as vivências obtidas durante a graduação. Esta experiência proporcionou aos discentes uma oportunidade de aprimorar as habilidades necessárias para os atendimentos de usuários de AASI, além de promover a relação entre os conhecimentos teóricos e práticos, favorecendo um aprendizado diferenciado em Audiologia.

1. Melo TM, Alvarenga KF. Capacitação de profissionais de saúde na área de saúde auditiva: revisão sistemática. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2009;14(2):280-6.
2. Word Health Organization. Deafness and hearing impairment. Fact Sheet nº 300; march 2006. Disponível em: http://www.who.int/ mediacentre/factsheets/fs300/en/index.html
3. BARBOSA, Marcelo Werneck. Um panorama da pesquisa em disciplinas de Estágio Supervisionado em cursos superiores à distância no Brasil.Rev. EaD em foco. 2018; 8(1): e686.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1652
IMPACTO DA COVID-19 NOS ESTUDANTES DE FONOAUDIOLOGIA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA – DADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: No dia 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).¹ Até a data de 13 de julho, foram confirmados no mundo 13.141.440 casos.² No Brasil, um dos países com transmissão comunitária da COVID-19, dados apontam para 1.867.841 casos e 72.234 mortes pela doença.³ Em nosso estado, assim como em outros entes federativos, diversas medidas foram tomadas a fim de evitar um possível colapso dos sistemas de saúde público e privado, sendo o distanciamento social a mais abrangente. Em 17 de março de 2020 a universidade suspendeu as aulas presenciais, aderindo ao distanciamento social indicado pelo governo do estado. Objetivo: Analisar dados preliminares dos estudantes de Fonoaudiologia que participaram da pesquisa “Concepções, Vivências e práticas dos estudantes da Saúde Durante a Pandemia da COVID-19”. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, transversal dos dados preliminares referentes aos estudantes do curso de Fonoaudiologia que participaram da pesquisa “Concepções, Vivências e práticas dos estudantes da Saúde Durante a Pandemia da COVID-19” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob o número: CAAE 3152952O.0.0000.5060. A coleta de dados foi realizada por aplicação de um questionário online e para análise das frequências utilizou-se o programa Microsoft Excel 2016. Resultados: O curso de Fonoaudiologia de nossa universidade possui 213 estudantes matriculados, destes, 35,2% (n=75) responderam o questionário. A amostra estudada foi representativa do primeiro ao nono período e demonstrou ser um grupo eminentemente feminino (88%, n=66), jovem (média 22,2 anos) e distribuídos de forma igualitária na declaração de raça/cor: 48% brancos e 48% pretos e pardos. A maioria possui renda familiar abaixo de 3 salários mínimos (67,9%, n=51) e quase metade recebe algum auxílio da universidade (45,3%, n=34). Quanto a contaminação pelo novo coronavírus 14,6% (n=11) acharam que se infectaram. Um número significativo de estudantes (54,6%, n=41) informaram ter algum familiar ou pessoa próxima infectada e que destes 53,6% (n=22) faleceram em decorrência da COVID-19. Conclusão: Até a presente data os dados preliminares da pesquisa já demonstram um forte impacto na saúde física e mental dos estudantes de Fonoaudiologia, levando a necessidade de desenvolvimento de redes de apoio e acolhimento na universidade focadas tanto na saúde física e mental como de assistência social.

1: BBC [homepage na internet]. Coronavirus: A visual guide to the pandemic [acesso em: 13 jul 2020]. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-51235105>.
2: Worldometer [homepage na internet]. COVID-19 coronavirus pandemic [acesso em: 13 jul 2020]. Disponível em: https://www.worldometers.info/coronavirus/?utm_campaign=homeAdvegas1?. .
3: Ministério da Saúde [homepage na internet]. Painel coronavírus [acesso em 13 jul 2020]. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1824
IMPACTO DA LASERTERAPIA NO CONTROLE DA MUCOSITE ORAL E HIPOFARÍNGEA NO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO: RELATO DE CASOS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


IMPACTO DA LASERTERAPIA NO CONTROLE DA MUCOSITE ORAL E HIPOFARÍNGEA NO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO: RELATO DE CASOS

Introdução: O câncer de cavidade oral pode afetar lábios e região intra-oral, onde pode acometer gengiva, mucosa jugal, palato duro e língua. A intervenção cirúrgica e a radioterapia, são os tratamentos mais preconizados(1). A mucosite é o efeito colateral mais comum da radioterapia, sendo caracterizada pela inflamação da mucosa afetada em graus variáveis, podendo impactar diretamente na deglutição do paciente, causando odinofagia e, como consequência, desidratação e perda de peso (2). A laserterapia é utilizada para auxiliar no controle da mucosite possuindo ação anti-inflamatória, analgésica e bioestimuladora da cicatrização das lesões da mucosa, possibilitando a melhora da deglutição desses indivíduos(3). Objetivo: Este estudo verificou os efeitos da laserterapia sobre a mucosite e na deglutição de indivíduos com câncer de cavidade oral e hipofaringe submetidos à radioterapia. Método: Participaram deste estudo quatro pacientes diagnosticados com câncer de cavidade oral ou hipofaringe e que realizaram tratamento antineoplásico através da radioterapia associado ou não à quimioterapia. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob parecer 1.939.138. Para a laserterapia intra-oral, utilizamos o protocolo que preconiza uso de luz vermelha (λ660nm), com potência de 100mW, 5 segundos por ponto, em 54 pontos da mucosa oral, 3 vezes por semana. Para o tratamento da mucosite hipofaríngea, utilizou-se um protocolo com uso de luz infravermelha (λ808nm), potência 100mw, 40 segundos por ponto, em 4 pontos distribuídos ao longo do ventre anterior do músculo esternocleidomastoídeo, no espaço correspondente ao trígono carotídeo, bilateral, três vezes por semana(4). Os participantes foram avaliados através da classificação do grau da mucosite preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nível de dor com a Escala Visual Analógica (EVA), nível de ingestão oral com o recordatório alimentar Functional Oral IntakeScale (FOIS) e avaliação clínica da deglutição com o protocolo Avaliação Segura da Deglutição (ASED). As avaliações foram realizadas antes, durante e no término do tratamento oncológico. Resultados: Três pacientes relataram piora na dor da mucosite, com o avançar da radioterapia, mesmo com os protocolos utilizados. Em relação à ingestão oral, dois melhoraram ou mantiveram os resultados e um apresentou melhora da dor, o restante manteve ou piorou. Em um dos casos analisados, foi observado que a aplicação da laserterapia proporcionou diminuição do grau da mucosite oral, diminuição da dor e melhora na ingestão oral. Em todos os casos houve a manutenção da via oral durante o tratamento, sem necessidade de via alternativa, apesar dos efeitos adversos da radioterapia, fato este de extrema importância. Conclusão: No presente estudo, em um dos casos analisados, foi observado que a aplicação da laserterapia proporcionou diminuição do grau da mucosite oral e, consequentemente, diminuição da dor e melhora na ingestão oral. O estudo apresenta limitações em função do número reduzido de participantes e sua heterogeneidade, o que impede a generalização dos resultados.

1. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro : INCA, 2019.
2. Bressan V, Stevanin S, Bianchi M, Aleo, G, Bagnasco A, Sasso L. The effects of swallowing disorders, dysgeusia, oral mucositis and xerostomia on nutritional status, oral intake and weight loss in head and neck cancer patients: a systematic review. Cancer treatment reviews. 2016; 45: 105-119. https://doi.org/10.1016/j.ctrv.2016.03.006
3. Kubrak C, Olson K, Jha N, Scrimger R, Parliament M, McCargar L. Clinical determinants of weight loss in patients receiving radiation and chemoirradiation for head and neck cancer: A prospective longitudinal view. Head & neck. 2013; 35: 5, 695-703, 2013. http://dx.doi.org/10.1002/hed.23023.
4. Ghidin GP. Aplicação de laser de baixa potência para analgesia de odinofagia causada por radioterapia de cabeça e pescoço: estudo anatômico e relato de casos clínicos. 2018. Monografia (Especialização) - Residência em Odontologia Hospitalar, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1928
IMPACTO DA PERDA AUDITIVA EM IDOSOS NÃO USUÁRIOS DE APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A população de idosos no Brasil tem crescido rapidamente nos últimos anos. De acordo com dados do IBGE, 2018, os idosos chegarão a compor 25,5% da população em 2060. A perda auditiva relacionada à idade é um processo natural, mas que pode levar ao isolamento social, definido como um número limitado de relações efetivas e/ou um sentimento de não pertença do idoso ao seu meio social (1,2). No entanto, estudos mostram que perdas auditivas semelhantes podem causar diferentes dificuldades comunicativas, bem como percepções variáveis sobre a restrição de participação (3-7).
Objetivo: Analisar a restrição de participação de idosos com perda auditiva, não usuários de aparelhos de amplificação sonora individual.
Método: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa n. 2.725.864 e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi desenvolvido em uma clínica escola de Fonoaudiologia, credenciada ao SUS como um serviço de alta complexidade em Saúde Auditiva. Para pesquisar a restrição de participação foi aplicado o questionário HHIE-S (Hearing Handicap Inventory for the Elderly- Short) e algumas questões específicas do questionário LIFE-H 3.1, sobre a participação dos idosos em atividades diárias que envolvem comunicação oral.
Resultados: Participaram da pesquisa 27 idosos (40,7% homens e 59,3% mulheres), com idade entre 60 e 95 anos (média de 73 anos e seis meses) com perda auditiva neurossensorial bilateral variando de grau leve a grau severo, sendo a maioria de grau moderado (44,5% na orelha direita e 48,1% na esquerda); 59,2% apresentou percepção de restrição de grau leve a moderado, 33,3% com percepção significante e somente dois idosos (7,4%) não referiram percepção, sendo que a escala social teve pior resultado em todas as percepções de restrição. Os piores resultados na escala social foram em relação a não ouvir a fala cochichada (88,8%) e dificuldades para ouvir a TV/rádio (81,4%). Na escala emocional os piores resultados evidenciam a frustração/insatisfação ao conversar com pessoas da família (59,2%) e sentir-se prejudicado em função da perda auditiva, relatado por 48,1% dos idosos. Não houve relação entre idade e grau de restrição e nem entre sexo e grau de restrição, embora mais mulheres tenham referido restrição significativa que os homens. 37,0% não realiza atividades de recreação e 51,8% não faz trabalho voluntário. Não houve relação entre a percepção de restrição de participação e o envolvimento dos idosos em atividades que envolvem comunicação oral, porém os itens recreação e trabalho voluntário foram os que obtiveram piores pontuações.
Conclusão: Os idosos percebem a restrição de participação decorrente da perda auditiva, principalmente em relação às situações sociais. Apesar disso, e das dificuldades enfrentadas, continuam a intenção de comunicação, talvez devido ao fato de fatores emocionais não causarem muita interferência. Desse modo, sugere-se a elaboração de estratégias de intervenção junto a estes idosos, estimulando a adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual e realizando acompanhamento contínuo para evitar o uso descontinuado ou seu abandono, a fim de promover situações de interação social. Acredita-se que a abordagem efetiva do fonoaudiólogo resultará em grande impacto na vida desses idosos.
Palavras-chaves: Idoso; Perda Auditiva, Fonoaudiologia.

1. Magalhães R, Iório MCM. Avaliação da restrição de participação, em idosos, antes e após a intervenção fonoaudiológica. Rev. CEFAC. 2012; 14(5): 816-825.
2. Heffernan E, Habib A, Ferguson AM. Evaluation of the psychometric properties of the social isolation measure (SIM) in adults with hearing loss. International Journal of Audiology. 2019; 58(1): 1-8.
3. Soncine F, Costa MJ, Oliveira TMT. Perfil Audiológico de Indivíduos na faixa etária entre 50 e 60 anos. Fono Atual. 2004; 7(28): 21-9.
4. Calais LL, Borges, ACLC, Baraldi GS, Almeida LC. Queixas e preocupações otológicas e as dificuldades de comunicação de indivíduos idosos. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2008; 13(1): 12-19.
5. Almeida MR, Guarinello AC. Reabilitação audiológica em pacientes idosos. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009, 2(14): 247-55.
6. Oliveira CG, Lüders D. Restrição de Participação de Idosos com Deficiência Auditiva, não usuários de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual: Uma Revisão Integrativa. Revista Tuiuti: Ciência e Cultura. 2020; 6(60): 281-455.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
170
IMPACTO DA RADIAÇÃO NA MOBILIDADE LARÍNGEA E NA FUNÇÃO DE DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A laringe tem como função primária a respiração, mas desenvolveu a fonação como função secundaria, além de participar no mecanismo de proteção das vias aéreas inferiores durante o processo de deglutição. O câncer de cabeça e pescoço causa grande impacto na função da deglutição e em pacientes submetidos a radioterapia e/ou quimioterapia é comum observar fibroses em tecidos moles da faringe e laringe.
Objetivo: Analisar os efeitos da radioterapia e/ou quimioradioterapia na mobilidade laríngea, na função e na fase faríngea da deglutição de pacientes tratados de câncer de cabeça e pescoço.
Métodos: A pesquisa foi desenvolvida por meio de uma revisão de literatura com estratégia PECOS que utilizou como fonte de busca a biblioteca virtual PubMed e a BVSalud, usando-se nas buscas o cruzamento entre as palavras chaves: "laryngealelevation" AND "radiation" AND "dysphagia". O critério de inclusão utilizado foi estudos que levassem em consideração a mobilidade laríngea e deglutição em pacientes irradiados ou após quimioradioterapia, já o critério de exclusão foram artigos que tinham como foco o estudo de pacientes cirúrgicos em câncer de cabeça e pescoço ou redução da mobilidade laríngea em outras patologias. Resultados: A busca na BVSalud resultou na localização de 10 trabalhos e na Pubmed 2.143 artigos. Após aplicação dos critérios de inclusão, seguindo a PECOS foram incluídos 7 artigos. A fase faríngea da deglutição pós-tratamento apresentou maiores alterações, dentre elas, estase em valécula, redução da elevação laríngea e atraso no início da deglutição faríngea, seguida de aumento do resíduo oral. Os parâmetros encontrados que mais influenciam a mobilidade laríngea foram a redução da elevação ou excursão laríngea, a disfunção dos músculos da língua ou da base da língua, a redução da contração faríngea e a diminuição da eversão da epiglote. Fatores como topografia, modalidade de tratamento, e dose de radiação podem impactar diretamente a redução da elevação laríngea e consequentemente aumentam o risco para resíduo, penetração e/ou aspiração silenciosa.
Conclusão: O tratamento da radioterapia associada ou não a quimioterapia para preservar o órgão afetado com o câncer de cabeça e pescoço resulta em alterações principalmente na fase faríngea da deglutição e a diminuição da mobilidade laríngea resulta em risco para resíduo e broncoaspiração, sendo assim, é de extrema importância a avaliação fonoaudiológica em pacientes irradiados.

• Carcinomas. RevAssocMedBras(1992). 2005 Mar-Apr;51(2):93-9. Portuguese. doi: 10.1590/s0104-42302005000200016. Epub 2005 Jun 7. PMID: 15947822.

• Cintra AB, Vale LP, Feher O, Nishimoto IN, Kowalski LP, Angelis EC. Deglutição após quimioterapia e radioterapia simultânea para carcinomas de laringe e hipofaringe [Swallowingafterchemotherapyandradiotherapy for laryngealandhypopharyngeal
• Lopes, R. B., Júnior, J. J. V., de França, M. M. C., de Sousa, G. A., de Sousa, E. A. R., & Mendes, E. M. (2020). PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES ORAIS DA RADIOTERAPIA DE CABEÇA E PESCOÇO: REVISÃO DE LITERATURA. Revista de Odontologia Contemporânea, 4(1), 68-74.

• Hosseini P, Tadavarthi Y, Martin-Harris B, Pearson WG Jr. Functional Modules of Pharyngeal Swallowing Mechanics. Laryngoscope InvestigOtolaryngol. 2019 May 10;4(3):341-346. doi: 10.1002/lio2.273. PMID: 31236469; PMCID: PMC6580054.

• Marandas P, Hartl DM, Charffedine I, Le RA, Schwaab G, Luboinski B. T2 laryngeal carcinoma with impaired mobility: subtypes with therapeutic implications. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2002 Feb;259(2):87-90. doi: 10.1007/s004050100409. PMID: 11954939.

• Smith, R. V., Kotz, T., Beitler, J. J., &Wadler, S. (2000). Long-term swallowing problems after organ preservation therapy with concomitant radiation therapy and intravenous hydroxyurea: initial results. ArchivesofOtolaryngology–Head &NeckSurgery, 126(3), 384-389.

• Wall LR, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ. Physiological changes to the swallowing mechanism following (chemo)radiotherapy for head and neck cancer: a systematic review. Dysphagia. 2013 Dec;28(4):481-493. doi: 10.1007/s00455-013-9491-8. PMID: 24078216.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1110
IMPACTO DA TERAPIA HORMONAL EM HOMENS TRANS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A transexualidade é definida como uma questão de identidade de gênero. Não se relaciona com sexualidade e sim com o sentimento de pertencimento ao gênero oposto ao estabelecido no nascimento. O homem transgênero reivindica o seu direito de ser reconhecido socialmente como homem.[1] A transformação do corpo das pessoas trans apresenta-se em grande magnitude e para o alcance de tais objetivos são utilizados diversos métodos, incluindo o uso de hormônios.[2] Para os homens trans, a terapia hormonal traz muitas mudanças desejadas, como a interrupção da menstruação e o desenvolvimento de pelos faciais e corporais num padrão masculino, além de favorecer a diminuição do pitch vocal.[3] No entanto, são encontradas na literatura referências que evidenciam restrições vocais em homens trans, mesmo com o uso da testosterona,[4, 5] abrindo espaço para a atuação fonoaudiológica. Objetivo: avaliar os efeitos do uso da testosterona na voz de homens transgêneros. Método: estudo qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética nº 3.303.803. Realizado com 12 homens transgêneros com idade média de 24,9 anos que responderam a um questionário incluindo questões referentes ao uso da testosterona e o impacto da hormonização na voz. As questões foram: (1) tempo de uso do hormônio; (2) percepção de mudança na voz; (3) mudanças percebidas (falta de ar/dificuldade em respirar; cansaço ao falar/fôlego curto; perda de controle da voz/voz instável ou falhando; voz rouca; voz mais grossa, voz mais forte/potente; perda de volume da voz/dificuldade para controlar o volume, dificuldade para cantar. Resultados: o tempo médio de uso do hormônio foi de 1 ano e 8 meses, com o mínimo sendo de 1 mês e o máximo de 6 anos. Todos os participantes relataram haver alguma mudança em suas vozes. Dentre as mudanças encontradas na voz no decorrer do uso da testosterona, a opção perda de controle da voz, voz instável ou falhas na voz foi a mais marcada (11 participantes). A mudança do pitch vocal em decorrência da hormonização com testosterona pode ser percebida, normalmente, por volta do 9º ou 12º mês de tratamento hormonal, podendo levar até dois anos para acontecer efetivamente.[6] Nesse estudo, 8 dos 12 participantes perceberam a voz mais grossa. Os quatro participantes restantes podem ainda estar vivenciando o intervalo de tempo de transição da voz referido anteriormente. Cinco dos 12 participantes relataram voz rouca e dificuldade para cantar. Outros três marcaram as opções cansaço ao falar/fôlego curto e perda de volume/dificuldade para controlar o volume da voz. Dois participantes também relataram uma voz mais forte/mais potente após a hormonização. Conclusão: todos os homens transgêneros relataram alguma mudança em suas vozes em decorrência da terapia hormonal, sendo as mais comuns à instabilidade vocal, alteração do pitch e rouquidão. Dessa forma, foi evidenciado que apenas a terapia hormonal não é suficiente para estabelecer uma voz satisfatória durante o processo de transição de gênero, confirmando a importância da terapia fonoaudiológica para os homens trans.

[1] Jesus JG. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília:[s. n.], 2012.

[2] Rocon, P. C. et al. Dificuldades vividas por pessoas trans no acesso ao Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 21(8):2517-2525, 2016.

[3] Seal LJ. A review of the physical and metabolic effects of cross-sex hormonal therapy in the treatment of gender dysphoria. Annals of clinical biochemistry, v. 53, n. 1, p. 10-20, 2016.

[4] Azul D. Transmasculine people's vocal situations: a critical review of gender‐related discourses and empirical data. International Journal of Language & Communication Disorders, v. 50, n. 1, p. 31-47, 2015.

[5] Azul D, Nygren U, Södersten M, Neuschaefer-rube C. Transmasculine people's voice function: A review of the currently available evidence. Journal of Voice, v. 31, n. 2, p. 261. e9-261. e23, 2017.

[6] SEAL LJ. A review of the physical and metabolic effects of cross-sex hormonal therapy in the treatment of gender dysphoria. Annals of clinical biochemistry, v. 53, n. 1, p. 10-20, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1045
IMPACTO DAS PRÓTESES AUDITIVAS ANCORADAS AO OSSO NA PERCEPÇÃO DE FALA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Os aparelhos de amplificação sonora individual (AASI) são adaptados na maioria dos casos de perda auditiva, contudo, alguns indivíduos não conseguem beneficiar-se com estes dispositivos por questões anatômicas, processos alérgicos, infecciosos ou limitações da amplificação¹. Para estes casos, as próteses auditivas ancoradas no osso (PAAO) podem ser soluções pertinentes no processo de reabilitação². Ainda são necessários estudos que avaliem o processo de adaptação das PAAO e os seus resultados, principalmente no que se diz respeito à literatura nacional, devido à escassez de estudos abordando a temática. Objetivo: verificar a influência dos resultados tonais auditivos obtidos com as PAAO, transcutâneas e percutâneas, na percepção de fala. Métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob protocolo de número 3.490.345. Foram analisados 30 prontuários de acometidos por malformações de orelha ou otite média crônica recorrente: 14 transcutâneos: 8 Masculino e 6 Feminino, a média de idade 12,7 anos, 13 DA Condutiva e 1 Mista; e 13 percutâneos, destes: 3 Masculino e 16 Feminino, a média de idade neste grupo foi de 23,3 anos, 8 DA Condutiva e 8 DA Mista. Foram avaliadas as médias nas frequências de 500 Hz a 4000 Hz, o reconhecimento de fala no silêncio (LRSS) e a relação sinal/ruído (LRSR), por meio de listas de sentenças gravadas³, nas situações sem a prótese, na ativação, no primeiro mês (pós 1) e no terceiro mês (pós 2) após a ativação. Resultados: Houveram diferenças estatisticamente significativas ao comparar os resultados sem a prótese e a partir da ativação em todas as situações (P<0,001), entre os grupos para as frequências de 3kHz e 4kHz (P= 0,012 e p=0,002); pós 1 (P=0,002 e P<0,001); e pós 2 (P=0,006 e P<0,001) e (S/R) no momento da ativação com melhores resultados no grupo percutâneo (p=0,019). Conclusão: As Próteses Auditivas Ancoradas ao Osso percutâneas, possibilitaram melhores respostas para as frequências altas, porém este achado não influenciou o (LRSS) em ambos os grupo; contudo, na situação de ruído tal habilidade parece ser comprometida pelas frequências altas, uma vez que o grupo percutâneo apresentou resultados estatisticamente melhores na S/R no momento da ativação do dispositivo.

1. Jardim IS, Neto RB, Costa OA. Próteses Auditivas Cirurgicamente Implantáveis de Orelha Média In: Boéchat et. al. Tratado de Audiologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2015; Cap.45.

2. Gawecki W et al. Surgical, functional and audiological evaluation of new Baha Attract system implantations. Eur Arch Otorhinolaryngol, [2019]; 2016;273(10):3123-3130. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5014880/

3. Costa MJ. Lista de sentenças em português: apresentação e estratégias de aplicação na audiologia. Santa Maria: Pallotti; 1998; p. 26-36.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
718
IMPACTO DE FATORES COMUNICACIONAIS NA AUTOPERCEPÇÃO AO FALAR EM PÚBLICO EM UNIVERSITÁRIOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A ansiedade ao falar em público (AFP), considerada um subtipo de ansiedade social, atinge uma parcela considerável da população, chegando a uma prevalência de 64% em estudantes universitários[1,2]. Ela afeta a habilidade de criar e compreender mensagens comunicacionais, além de, muitas vezes, favorecer uma autoavaliação negativa, podendo prejudicar nas esferas pessoal e profissional de um indivíduo[1,3]. Indivíduos acometidos pela AFP ficam apreensivos nesse contexto devido a uma elevada percepção dos padrões sociais (expectativas e metas sociais)[4], comprometendo a qualidade da sua comunicação.

OBJETIVO: Verificar a influência de fatores comunicacionais na autopercepção do rendimento comunicativo ao falar em público em universitários.

MÉTODO: Tratou-se de um estudo observacional transversal prospectivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem sob número 2.729.273. Foram convidados a participar estudantes de Instituições de Ensino Superior no Brasil, sendo incluídos os que assentiram em participar, e excluídos aqueles que forneceram informações incorretas e/ou incompletas. Os participantes receberam convite via e-mail ou redes sociais e preencheram um formulário eletrônico elaborado na plataforma Google Forms. O formulário continha questões sociodemográficas, sobre autopercepção como bom falante, sobre qualidade na comunicação, timidez, e a Escala para Autoavaliação ao Falar em Público (SSPS), validada para o Português Brasileiro. Utilizou-se o teste ANOVA de uma via com post-hoc de Tukey para comparar os escores da SSPS com as demais variáveis. Adotado valor de p≤0,05 como estatisticamente significativo. As análises estatísticas foram realizadas no SPSS, versão 25.0.

RESULTADOS: A amostra foi composta por 1688 estudantes, com idade entre 18 e 61 anos, média de 24,0±5,74 anos, sobretudo por mulheres (n=1103), caucasianos (n=827) e estudantes de universidades públicas (n=1555). Em relação à timidez, participantes muito tímidos (n=520) obtiveram média de 22,23 pontos na SSPS, enquanto não-tímidos (n=189) alcançaram média de 38,67 pontos (p<0,001). Quanto à qualidade da comunicação, participantes com grandes dificuldades para se expressar (n=65) tiveram média de 20,09 na SSPS, contrastando com a média de 36,91 daqueles que consideravam conseguir expressar-se com facilidade (n=387; p<0,001). Sobre a autopercepção como bom comunicador, aqueles que não se consideravam bons comunicadores (n=391) obtiveram média de 22,03 na SSPS versus 39,26 daqueles que se consideravam bons comunicadores (n=180; p<0,001). Os valores médios são inferiores aos obtidos em outros estudos para bons falantes[5], mas similares aos da validação feita com estudantes universitários para o português brasileiro[6].

CONCLUSÃO: Os achados apontam para a importância de uma boa autopercepção da comunicação para que se tenha uma autopercepção positiva ao falar em público.

1. Bodie GD. A Racing Heart, Rattling Knees, and Ruminative Thoughts: Defining, Explaining, and Treating Public Speaking Anxiety. Communication Education. 2010; 59(1):70-105.
2. Marinho ACF, Medeiros AM, Gama ACC, Teixeira LC. Fear of Public Speaking: Perception of College Students and Correlates. J Voice. 2017;31(1). DOI: 10.1016/j.jvoice.2015.12.012
3. Daly JA, McCroskey JC, Ayres J, Hopf T, Ayres DM. Avoiding communication: Shyness, reticence, and communication apprehension. Cresskill, NJ: Hampton. 1997.
4. Moscovitch DA, Hofmann SG. When Ambiguity Hurts: Social Standard Moderate Self-appraisals in Generalized Social Phobia. Behaviour Research and Therapy. 2007; 45:1039–1052.
5. Ugulino ACN, Behlau M. Autoavaliação do comportamento comunicativo ao falar em público das diferentes categorias profissionais [Tese]. São Paulo: UNIFESP; 2014. 67 p.
6. Osório Fl, Crippa JA, Loureiro SR. Aspectos Cognitivos do falar em público: validação de uma escala de autoavaliação para universitários brasileiros. Rev Psiq Clin. 2012; 39(2):48-53.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1729
IMPACTO DO DIAGNÓSTICO EM FAMILIARES DE SUJEITOS COM SÍNDROME DE DOWN: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: a Síndrome de Down (SD) trata-se de uma desordem genética, causada por trissomia no cromossomo 21, que pode apresentar manifestações orgânico-clínicas, cognitivas e linguísticas, como atraso de desenvolvimento geral e de linguagem, cardiopatia congênita, obesidade, hipotonia, problemas neurológicos e alterações auditivas/visuais(1). A constituição de sujeitos com SD pode ser comprometida pelas deficiências funcionais, o que interfere na sua saúde e qualidade de vida, bem como pelas marcas de incapacidades relacionadas à presença da síndrome, afetando suas interações sociais, como as que ocorrem no contexto familiar. Quanto a esse contexto, ressalta-se que, durante a gestação, familiares criam expectativas de que o bebê nascerá saudável e sem problema de qualquer natureza. Caso algum problema ocorra, familiares tendem a viver um luto pela perda de um bebê esperado e imaginado(2). Tal fato pode interferir no olhar sobre esse bebê, sobre sua posição na família e, portanto, nas relações estabelecidas com as pessoas que fazem parte dessas relações(3). Nesse sentido, ressalta-se que os efeitos decorrentes do diagnóstico de SD podem prejudicar a qualidade das relações familiares e, desse modo, a constituição e o desenvolvimento do sujeito diagnosticado. Objetivo: analisar parte do conhecimento publicado acerca do impacto do diagnóstico de SD em familiares. Método: trata-se de uma revisão integrativa, a partir de artigos científicos publicados, no período de 2000 a 2020, em revistas da área da Fonoaudiologia - Communication Disorders Audiology and Swallowing (CoDAS), CEFAC e Distúrbios da Comunicação (DIC), bem como em plataformas de revisas científicas nas bases de dados Scielo e PubMed. Para tanto, foram elencados os seguintes descritores: Síndrome de Down, Down Syndrome, Diagnóstico, Diagnosis, Família, Family, Cuidadores, Caregivers. Resultados: foram encontrados 134 artigos, dos quais 71 foram descartados por abordarem temas distintos dos propostos para este trabalho. Do total de 63 artigos selecionados, verificou-se que 36 apresentaram temas relacionados a diagnóstico, família e linguagem. Entretanto, desses artigos selecionados, apenas dez ocuparam-se com questões acerca do processo de diagnóstico para a família, pautando a constituição do sujeito na e pela linguagem e na escuta dessa família em relação ao diagnóstico e ao sujeito diagnosticado. Constatou-se que a maioria das publicações científicas selecionadas neste trabalho não estava voltada à escuta no que se refere ao impacto do diagnóstico de SD para familiares, mas priorizavam orientações frente a esse diagnóstico referentes a dificuldades anatomofuncionais/clínicas, bem como cognitivas e linguísticas, assinalando, dessa forma, os aspectos fora do padrão de normalidade e não as potencialidades e singularidades do sujeito com SD. Conclusão: este estudo aponta para a necessidade do implemento de pesquisas multidisciplinares que enfoquem os efeitos subjetivos/sociais que o diagnóstico de SD pode exercer no sujeito e em seus familiares, a complexidade envolvida com tal problemática e possibilidades de enfrentamento da mesma.

1. MOREIRA, L.M.A.; EL-HANI, C.N.; GUSMAO, F.A.F. A síndrome de Down e sua patogênese: considerações sobre o determinismo genético. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 22, n. 2, p. 96-99, June, 2000.

2. CAMARGO, M.M.; SILVA, M.F.F; CUNHA, M.C. Impacto do diagnóstico de Síndrome de Down em mães e suas repercussões em relação ao desenvolvimento de linguagem das crianças. Distúrb Comun, São Paulo, 24(2): 165-172, 2012.

3. SANTANA, A.P.; SANTOS, K.P.A perspectiva enunciativo-discursiva de Bakhtin e a análise da linguagem na clínica fonoaudiológica. Bakhtiniana, São Paulo, 12(2): 174-190, Maio/Ago, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
343
IMPACTO DO FONOAUDIÓLOGO NO PROCESSO DE DECANULAÇÃO NO COVID-19
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
04145011


A população infectada por corona vírus (COVID-19) apresentou indivíduos sintomáticos e assintomáticos. Os sintomáticos apresentaram em sua maioria, temperatura corporal elevada, tosse seca e cansaço (CARVALHO, 2020). Na forma mais grave e aguda do vírus, ocorre um maior desequilíbrio do aparelho respiratório, com um maior período de internação, e por isso dar-se a necessidade do suporte ventilatório seja intubação orotraqueal e até a traqueostomia. A IOT acontece quando ocorre a obstrução ou dificuldade de utilização das vias aéreas superiores. Pode ser considerada prolongada ou não, isso vai depender se for superior à 48 horas. A Traqueostomia é realizada após a intubação orotraqueal, caso o paciente crítico, requeira a VM (ventilação mecânica) por tempo indeterminado, porém, são encontradas alterações estruturais e funcionais após essas intercorrências, impactando na produção da voz e na capacidade de engolir corretamente. É possível que a traqueostomia impacte de forma prejudicial nos pacientes com SARS-COV2, e os mesmos apresentem complicações no momento da deglutição. A presença da cânula e do cuff (corpos estranhos), o enrijecimento dos músculos na região do pescoço, a diminuição da sensibilidade, são possíveis determinantes para Disfagia. A participação fonoaudiológica no protocolo de decanulação dar-se pelos pacientes necessitarem de uma potencialização das funções: respiração, deglutição e comunicação, após o período de traqueostomia. Objetivo: Verificar a eficiência do fonoaudiólogo no processo de decanulação e caracterizar a deglutição e os aspectos da comunicação em pacientes traqueostomizados e com diagnóstico de COVID-19. Método: Estudo restrospectivo e prospectivo, do tipo observacional longitudinal, que avaliou a contribuição e eficiência do fonoaudiólogo no processo de decanulação bem como caracterizar a deglutição de pacientes COVID-19 positivos. Avaliados e classificados de acordo com o grau de gravidade da Disfagia e de acordo com a escala funcional FOIS e ASHA. Resultados: Participaram do estudo 12 indivíduos, divididos em 2 grupos G1= 18-59 anos; G2= >60 anos, 58% do G1 e 42% do G 2, sendo 7F e 5M. 100% COVID-19 e Traqueostomizados com indicação de decanulação. O tempo médio de dias de intubação até a realização de traqueostomia foi de 19 dias; e de 11 dias para para avaliação Fonoaudiológica após a realização da TQT. 100% com FOIS e ASHA inicial nível 1. Após o programa terapêutico fonoaudiológico, 50% com FOIS final nível 6, 42% nível 7 e 8% nível 5. Para a escala ASHA 75% com nível 7, 17% nível 6 e 8% nível 5. A média de tempo de tratamento Fonoaudiológico foi de 10 dias para retirada de Via alternativa de alimentação e de 9 dias para decanulação. Todos os pacientes utilizaram dispositivo válvula fonatória e de deglutição durante todo o processo de intervenção. Conclusão: O Fonoaudiólogo é imprescindível na composição da equipe multiprofissional de decanulação com o objetivo do restabelecimento da alimentação, retirada da traqueostomia de forma segura ampliando os scores funcionais e favorecendo melhores desfechos clínicos além de contribuir na minimização do tempo de internação hospitalar.

MAH, John Wesley et al. Improving Decannulation and Swallowing Function: A Comprehensive, Multidisciplinary Approach to Post-Tracheostomy Care. 2016.
COSTA, Cintia Conceição et al. Decanulação: atuação fonoaudiológica e fisioterapêutica. Distúrb. Comun. Vol.28(1), pp. 93-100, 2016.
GREIG, Lucy et al. Position Statement: Tracheostomy Management. NZSTA. 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
201
IMPACTO DO TREINAMENTO MUSCULAR INSPIRATÓRIO NA DINÂMICA DE DEGLUTIÇÃO DE PACIENTES PÓS AVE
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução

O Treinamento Muscular Respiratório (TMR) tem sido utilizado para melhora da segurança e eficácia da deglutição (1). A maioria dos estudos avaliam o impacto do treinamento muscular expiratório (TME) (2,3,4) nesta função, havendo poucas informações sobre o treinamento muscular inspiratório (TMI) .

Objetivo
O objetivo desse estudo é identificar os efeitos (TMI) na biomecânica da deglutição de indivíduos após AVC.

Métodos

Trata-se de um ensaio clínico randomizado e controlado, duplo cego. Incluídos sujeitos após 6 meses de AVC, idade entre 18 e 80 anos, avaliados em relação à Pressão Inspiratória Máxima (Pimax) e deglutição, através da videofluoroscopia. Após estas avaliações, foram divididos em Grupo Controle (GC) e Grupo Experimental (GE), e todos os indivíduos foram submetidos ao TMI 5 vezes por semana, 15 minutos, duas vezes ao dia, por 6 semanas. O GE realizou o treinamento com carga inicial de 50% da Pimáx, sendo a carga aumentada semanalmente. O GC realizou o treinamento com carga mínima.

As variáveis quantitativas e qualitativas relacionadas à deglutição foram avaliadas por um avaliador cego antes e imediatamente após o TMI, através da escala Functional Dysphagia Scale Using Videofluoroscopic Swallowing Study in Stroke Patients.

Resultados

O GC controle foi composto por 8 indivíduos do sexo feminino e 3 do sexo masculino; o GE foi composto por 9 indivíduos do sexo feminino e 1 do sexo masculino (Prova de Fisher χ²(1)= 1,01; p =0,59), semelhantes em relação ao sexo. Também não houve diferença estatística quanto à idade dos indivíduos no GC e GE (Prova de Fisher χ²(1)= 1,17; p =0,35).

Na análise qualitativa do grupo como um todo, comparando ao dados pré e pós treino, foram observadas mudanças nos seguintes aspectos: organização do bolo, resíduo em cavidade oral, disparo do reflexo de deglutição e elevação laríngea, no entanto, foi observada diferença estatisticamente significativa somente quanto à organização do bolo- Prova de Wilcoxon: Z=-2,24, p=0,025¹. Quando comparado o GC com o GE, não houve diferença estatisticamente significativa na análise qualitativa.

Em relação à análise quantitativa, foi observada redução estatisticamente significativa dos tempos em segundos de todas as consistências testadas (sólido, pastoso e líquido fino), quando comparado o grupo como um todo no pré e no pós treino. No entanto, assim como na análise qualitativa, não foi observada diferença estatisticamente significativa na redução dos tempos de trânsito oral e trânsito faríngea quando comparado o GE com o GC.

Conclusão

Foram observadas mudanças na biomecânica da deglutição dos indivíduos após realização dos exercícios inspiratórios, principalmente em relação à organização do bolo em cavidade oral, tempo de trânsito oral e tempo de trânsito faríngeo.
No entanto, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nestas mudanças quando comparados os GE e GC.

Os resultados sugerem, portanto, que há impacto dos exercícios inspiratórios na dinâmica da deglutição, porém não mostram diferenças neste impacto quando comparado o treino com carga progressiva (GE) e o treino com carga mínima (GC), o que pode estar relacionado ao reduzido número de indivíduos em cada grupo.

Faz-se necessária a realização de estudos com maior número de indivíduos para melhor evidenciar o impacto do TMI na função de deglutição.


1- Machado et al. Efeitos do exercício muscular respiratório na biomecânica da deglutição de indivíduos normais. 2015

2- Brooks, Emma. Mc Loughlin & Nova Shields. Expiratoty muscle strenght improves swallowwing and respiratory outcomes in people with dysphagia: a systematic review. 2017

3- Park et al. Effects of expiratory muscle strenght training om oropharyngeal dysphagia in subacute stroke patients: a randomised controlled trial. 2016

4- Hegland et al. Rehabilitation of swalowing and cough functions folowing stroke: an expiratory muscle strength training trial. 2016


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1681
IMPACTO PSICOSSOCIAL EM PACIENTES COM QUEIXA DE ZUMBIDO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O zumbido, também denominado como tinnitus, é uma sensação sonora percebida pelo sujeito, na ausência de um estímulo sonoro externo. Apesar da percepção do zumbido ser nas orelhas ou na cabeça, ele nem sempre é acompanhado por uma perda auditiva, pois muitos indivíduos acometidos por esse sintoma apresentam uma audição normal. O zumbido causa uma sensação incômoda em muitas das pessoas acometidas e isso interfere em suas vidas. Este sintoma acomete milhões de indivíduos de todas as classes, e gêneros e é considerado o terceiro pior sintoma, atrás apenas das tonturas e das dores crônicas. Segundo dados norte-americano o zumbido afeta cerca de 15% da população. O THI é um questionário adaptado culturalmente para a aplicação na população brasileira, com o objetivo de avaliar os prejuízos da QV em pacientes com zumbido. OBJETIVO: Avaliar o impacto psicossocial do zumbido em pacientes atendidos em um laboratório de audição e equilíbrio do interior de Sergipe. MÉTODO: Trata- se de uma pesquisa quali-quantitativa de análise documental com dados secundários. Houve a investigação do protocolo Tinnitus Handicap Inventory (THI), de 15 pacientes atendidos em um ambulatório no interior do Nordeste entre os meses de dezembro de 2018 a maio de 2019, que responderam ao Inventário do Zumbido no momento do acolhimento. A pesquisa teve como critérios de inclusão prontuários de pacientes com queixa de zumbido, com ou sem perda auditiva, sendo excluído prontuários com dados incompletos que impossibilitassem a coleta de informações. RESULTADOS: A amostra constou-se por 10 pacientes com queixa de zumbido, tendo eles média de idade apresentada entre 22 a 76 anos. Do total da amostra, 40% (n=4) apresentam perda auditiva e 60% (n=6) não possuem perda auditiva. Dos pacientes sem perda auditiva no THI, 33,3% (n=2) apresentaram grau desprezível, 16,7% (n=1) grau moderado, 16,7% (n=1) grau severo e 33,3% (n=2) grau catastrófico. Os pacientes com perda auditiva no THI, 25% (n=1) apresentaram grau leve e 75% (n=3) grau moderado. CONCLUSÃO: Os pacientes avaliados nesta pesquisa apresentaram prejuízo maior na qualidade de vida, sendo identificado como maior impacto o aspecto emocional. Como evidenciado na literatura, verificamos que o impacto do zumbido foi mais significativo em indivíduos que não são acometidos com a perda auditiva quando se comparados aos que possuem o diagnóstico de perda auditiva.

1. Bertuol B, Scremin ALX, Marques PM, Ferreira L, Araújo TM, Biaggio EPV. Zumbido, qualidade de vida e questões emocionais de sujeitos usuários de próteses auditivas. Rev. Distúrb Comum. 2018; 30(1):80-89.
2. Arizola A., Teixeira HG., Ribeiro A. Impacto do zumbido em idosos praticantes e não praticantes de exercícios físicos. Rev. ConScientia e Saúde, 2015; 14(1):80-88.
3. Vieira PP, Marchori LLM, Melo JJ. Estudo da possível associação entre zumbido e vertigem. Rev. CEFAC. 2010; 12(4):641-645.
4. Evaluating tinnitus in industrial hearing loss prevention programs. Int Tinnitus J. 2008;14:152-8.
5. Crocetti A, Forti S, Ambrosetti U, Del Bo L. Questionnaires to evaluate anxiety and depressive levels in tinnitus patients Otolaryngology. Head and Neck Surgery. 2009; 140: 403-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2123
IMPACTOS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA PARA A APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA EM CRIANÇAS USUÁRIAS DE PRÓTESES AUDITIVAS: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Na geração atual muitas crianças com deficiência auditiva são equipadas com aparelhos auditivos ou implantes cocleares e apresentam atraso na aquisição da linguagem oral, acarretando em dificuldades para o desenvolvimento da leitura e escrita, podendo ocorrer um impacto negativo na criança. Sendo assim, a necessidade de conhecer esses impactos poderá contribuir para a busca de melhores resultados a partir do uso dos aparelhos auditivos. Um dos aspectos do desenvolvimento da linguagem é aprender palavras e saber interpretá-las, um processo de aprendizagem complexo e que de certa forma a perda auditiva pode acarretar prejuízos no desenvolvimento do aprendizado do indivíduo. A deficiência auditiva apresenta altos índices de prevalência e traz grandes prejuízos para o desenvolvimento da linguagem, necessitando de diagnóstico e intervenção fonoaudiológica precoce, de forma que amenize os impactos da doença e possam desenvolver a fala, leitura e escrita. Objetivo: objetivou-se realizar uma revisão integrativa da literatura com o intuito de investigar os impactos da perda auditiva para a aprendizagem da leitura e da escrita em crianças usuárias de próteses auditivas. Método: Foi realizada uma busca em bases de dados nacionais e internacionais, sendo elas: Scielo, Lilacs, PubMed e Medline, considerando os descritores “perda auditiva”, “prótese auditiva”, “implante coclear”, “leitura” e “escrita” com os operadores booleanos and e or, norteado pela seguinte questão: “qual o impacto da perda auditiva para o aprendizado da leitura e escrita em crianças usuárias de próteses auditivas ou implante coclear?”. Resultados: Identificou-se 155 artigos, e desses, 12 foram excluídos por duplicidade e 60 por não serem de livre acesso, sendo selecionado após a leitura dos resumos e artigos na íntegra um total de 17 estudos que correspondiam aos critérios de inclusão, os quais foram separados em três eixos temáticos, sendo eles: leitura e/ou escrita em crianças usuárias de IC, Leitura e/ou escrita em crianças usuárias de AASI e leitura e/ou escrita em crianças usuárias de AASI e IC. Conclusão: As produções científicas encontradas evidenciam que crianças usuárias de IC ou AASI podem sofrer impacto negativo no desenvolvimento da leitura e da escrita, quando não há uma intervenção precoce e acompanhamento fonoaudiológico adequado, ademais, crianças com alto grau de perda auditiva podem adquirir consciência fonológica, quando reabilitadas por meio de próteses auditivas de forma apropriada e precocemente.


1. Ching TYC, Cupples L. Phonological Awareness at 5 years of age in Children Who Use Hearing Aids or Cochlear Implants. Perspectives On Hearing And Hearing Disorders In Childhood, [s.l.], v. 25, n. 2, p. 48-59, set. 2015. American Speech Language Hearing Association. http://dx.doi.org/10.1044/hhdc25.2.48. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4768820/. Acesso em: 9 maio 2020.

2. Penna LM, Lemos SMA, Alves CRL. The lexical development of children with hearing impairment and associated factors. Codas, [s.l.], v. 26, n. 3, p. 193-200, jun. 2014. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/201420130046. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2317-17822014000300193&script=sci_arttext&tlng=pt . Acesso em: 10 maio 2020.

3. Penna LM, Lemos SMA, Alves CRL. Auditory and language skills of children using hearing aids. Brazilian Journal Of Otorhinolaryngology, [s.l.], v. 81, n. 2, p. 148-157, mar. 2015. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.05.034. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1808869414001256?via%3Dihub. Acesso em: 15 maio 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
995
IMPACTOS DO COVID- 19 NA ROTINA DOS ATENDIMENTOS HOSPITALARES EM FONONCOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: A pandemia provocada pelo vírus COVID-19 impactou vários aspectos da vida humana. No âmbito laboral, profissões relacionadas a área da saúde enfrentam readequações de rotinas, a fim de fortalecer os processos em prol da segurança de todos. Os fonoaudiólogos atuam, reabilitando pacientes com alterações de deglutição e comunicação, e a abordagem terapêutica pode produzir aerossóis e outros agentes de contaminação.
Objetivo: Relatar a experiência de uma equipe de fonoaudiologia atuante em um hospital oncológico do sul do país em tempos de pandemia por COVID-19.
Método: Trata-se de um relato de experiência. A equipe de fonoaudiologia em questão atende pacientes oncológicos, acompanhados pela equipe de cirurgia de cabeça e pescoço. O perfil dos atendimentos abrange uso de traqueostomia, ressecções de estruturas da cavidade oral, orofaringe e laringe (parciais ou totais), disfagias orofaríngeas, disfonias, entre outros.
Resultados: A intervenção fonoaudiológica requer contato facial próximo ao paciente com manipulações intra e extra orais, demonstração e execução de exercícios, ou oferta de dieta gerando risco ao profissional. No contexto pandêmico foram impostas adaptações ao trabalho fonoaudiológico, tanto no atendimento a beira do leito quanto ambulatorial. Além do uso habitual de luvas, atualmente é necessário utilizar máscaras N95 e face shield em todos os atendimentos, fato que dificulta a compreensão por parte dos pacientes devido ao abafamento da voz do terapeuta, impossibilidade de leitura labial e de demonstração de exercícios para terapia. Houve uma adaptação de postura por parte da equipe quanto ao posicionamento na hora de manipular o paciente, evitando colocar-se em frente ao mesmo durante a realização de técnicas que estimulem a produção de secreção e/ou tosse. A pandemia também teve impacto na periodicidade dos atendimentos e no número de novos pacientes, ambos diminuíram consideravelmente. Uma agenda de teleatendimento foi criada pela Instituição e casos de gerenciamento tem sido direcionados para essa modalidade a fim de diminuir a exposição dos profissionais e pacientes. Conclusão: É evidente que a situação de saúde atual do mundo trouxe muitas mudanças adaptativas, a todas as rotinas de atendimento na área da saúde e cabe a cada profissional ser capaz de se reinventar. A equipe discute diariamente a efetividade das medidas de proteção já adotadas e sempre que necessário propõe e adota novas condutas. O compromisso com a saúde e bem estar geral tem sido o foco, prezando sempre pela segurança do paciente sem desassistir suas necessidades no que diz respeito a terapia fonoaudiológica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
612
IMPLANTAÇÃO DE UM MANUAL DE ROTINA PARA FONOAUDIÓLOGOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE DO IDOSO DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE MINAS GERAIS
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Um dos primeiros cenários de prática do fonoaudiólogo residente em Saúde do Idoso de um Hospital Universitário de referência no estado de Minas Gerais é a internação hospitalar, no qual realizam avaliação e reabilitação de pacientes idosos com foco nas áreas de disfagia (orofaríngea), motricidade orofacial e comunicação oral. Nesta modalidade de treinamento em serviço, qualificam sua atuação na Saúde do Idoso, desenvolvendo práticas profissionais críticas, éticas e humanísticas. Comumente, a Residência é a primeira oportunidade de inserção no mercado de trabalho após a graduação, sendo importante um cuidado maior na integração do jovem profissional a um serviço de alta complexidade tecnológica. Desse modo, é importante que as informações sobre o processo de trabalho e as rotinas do serviço sejam oferecidas não só verbalmente na prática diária, mas também documentadas, de modo a permitir a consulta quando necessário. Diante disso, as fonoaudiólogas preceptoras elaboraram um manual de integração a ser fornecido na acolhida no cenário de prática. Objetivo: Relatar as etapas de implementação de um manual com informações relacionadas à rotina do serviço de Fonoaudiologia em âmbito hospitalar para fonoaudiólogos residentes multiprofissionais em Saúde do Idoso. Método: Levantou-se e descreveu-se as principais rotinas inerentes ao processo de trabalho na internação hospitalar voltado ao público adulto, que foram reunidas em um manual, que por sua vez foi aprovado pelas instâncias institucionais superiores. Resultados: O manual contém informações sobre o material obrigatório de trabalho; rotina das dietas orais; do gerenciamento das solicitações de avaliação fonoaudiológica; do atendimento à beira do leito e seu registro em prontuário; controle dos pacientes atendidos por meio de instrumento próprio do serviço. O primeiro contato com o cenário se dá na reunião de acolhida ao residente, na qual ele recebe o manual, um documento que o orienta em seu progresso técnico-prático, roteiro de evolução em prontuário e outros materiais informativos. É procedida a leitura presencial dos documentos, para esclarecimento de dúvidas. O residente também é orientado a acessar os protocolos e instruções de trabalho publicadas pela Fonoaudiologia e demais serviços da instituição. Esta prática foi iniciada na entrada de novas residentes em março de 2020, sendo averiguado, na percepção das preceptoras, redução no tempo de assimilação das rotinas, quando comparada às experiências de turmas anteriores. Conclusão: A disponibilização de um manual com informações relacionadas à rotina do serviço de Fonoaudiologia em âmbito hospitalar para fonoaudiólogos residentes foi uma experiência exitosa na percepção das preceptoras, pois viabilizou melhor adaptação na sua inserção na prática diária do serviço.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1308
IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE APOIO À AMAMENTAÇÃO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: EXPERIÊNCIA DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O aleitamento materno vem se mostrando como um fator importante na promoção de saúde e prevenção de agravos à saúde da criança e da mãe, demonstrando potencial de diminuição de doenças respiratórias e diarreicas na atenção básica de saúde além de promover o desenvolvimento sensório motor oral adequado e uma vida adulta saudável no futuro. Sendo assim, se vê a necessidade do estímulo dessa prática no território adscrito das famílias na atenção primária à saúde como forma de aproximá-las e sensibilizá-las para os benefícios dessa prática. Objetivo:Implantar o serviço de suporte à amamentação e oferta do teste da linguinha na unidade básica de saúde alocada para o turno prático da residência multiprofissional. Método: Foi realizada a pesquisa bibliográfica e referencial onde os parâmetros adotados no atendimento foram os preconizados pelo Ministério da saúde no Caderno de Atenção Básica nº 23 - Saúde da Criança - Aleitamento materno e Alimentação Complementar (BRASIL, 2015) e o Protocolo de avaliação do frênulo Lingual de bebês (Martinelli, 2015). Os atendimentos foram realizados em uma sala da unidade de saúde todas as sextas feiras exceto período de férias e feriados, com duração média de 1 hora e retorno agendado ou acompanhamento após encaminhamento quando necessário em avaliação com família e equipe. Foram ofertadas consultas individuais, consultas compartilhadas com outras profissionais e teste da linguinha às famílias usuárias de uma área de saúde, abordadas nas consultas de pré natal a partir do segundo trimestre e nas salas de vacina após o nascimento da criança. Além dos usuários que surgiram da demanda espontânea, foram realizados agendamentos advindos de encaminhamentos internos e externos e visitas domiciliares de puerpério. Resultados: Os atendimentos realizados a partir da demanda de saúde da população foram Atendimento de pré parto: realizados no terceiro trimestre de gestação e abarcando princípios básicos de amamentação, principais dificuldades e os malefícios do uso de bicos artificiais, orientações escritas e aulas práticas treinando mãe, pai e familiares no cuidado em relação ao manejo da criança e técnicas de postura e posicionamento de acordo com as necessidades e tipo de mamilo da mãe; atendimento primário pós parto: manejo da amamentação e dificuldades pós apojadura além do teste da linguinha no retorno do RN com 7 dias de vida; atendimento de retorno ao trabalho: adequação da introdução alimentar saudável, ordenha, armazenamento e oferta do leite materno a fim de cumprir a orientação do Ministério da saúde de aleitamento materno exclusivo até os seis meses e complementar até dois anos ou mais; e atendimento secundário por demanda espontânea: avaliação do frênulo lingual e labial de crianças maiores cujas mães buscavam atendimento por motivo de amamentação ou não. Conclusão: a implantação do serviço foi realizada de forma exitosa alcançando o objetivo inicial e conseguindo ofertar os serviços para a demanda encontrada na unidade básica de saúde.

COSTA, Felipe dos Santos et al. Promoção do aleitamento materno no contexto da Estratégia de Saúde da Família. Revista Rede de Cuidados em Saúde , [s. l.], v. 13, ed. 1, 1 jul. 2019. Disponível em: http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/rcs/article/view/5546/2949. Acesso em: 10 jul. 2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE (BRASIL). Cadernos de Atenção Básica nº 23: SAÚDE DA CRIANÇA Aleitamento Materno e Alimentação Complementar, [S. l.], 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf. Acesso em: 10 jul. 2020.

MARTINELLI, Roberta Lopes de Castro et al . Protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 14, n. 1, p. 138-145, Feb. 2012 . Available from . access on 10 July 2020. https://doi.org/10.1590/S1516-18462012000100016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
479
IMPLANTAÇÃO DO TESTE DA LINGUINHA EM HOSPITAL PRIVADO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O Protocolo de Avaliação do Frênulo da língua em bebês possibilita padronizar os achados anatômicos do frênulo lingual e seu impacto nas funções de sucção e deglutição durante a amamentação. Esse protocolo serviu de base para a Lei Nº 13.002 de 20 de Junho de 2014, publicada em Diário Oficial, onde torna obrigatório sua realização em todos os recém-nascidos nas maternidades e hospitais do país como parte integrante da Triagem Neonatal. Desta forma, os profissionais do serviço de fonoaudiologia do hospital foram capacitados, sendo implementado, no ano de 2015, a realização do teste da linguinha como protocolo de triagem neonatal, tornando o referido hospital, pioneiro na prestação desse serviço, na rede privada da cidade, almejando integrar, enriquecer e prestar uma assistência ampla e de excelência. Objetivo: Descrever a implantação do Teste da Linguinha como triagem neonatal em um hospital privado. Métodos: Relato de experiência descritivo sobre a implantação do teste da linguinha na maternidade de um hospital privado. Foi estruturado pela equipe de Fonoaudiologia um projeto para implantação do Teste da Linguinha apresentado a diretoria médica para anuência, formulação de fluxograma, com a rotina do serviço e responsabilidade da equipe multidisciplinar, elaboração de folder explicativo sobre sua importância. Após aprovação do hospital, deu-se início a aplicabilidade dos testes da linguinha em todos os recém-nascidos da maternidade, divulgação e feedback diários a equipe multidisciplinar, com discussão clínica dos casos. Os testes da linguinha com escore duvidoso são encaminhados para reteste, que é agendado retorno em consultório na própria maternidade, já os testes com escore alterado são encaminhados ao serviço de odontologia sistêmica do hospital para realização de frenotomia. Resultados: Um dos grandes resultados foi a adesão dos pediatras, seguido pelo entendimento do benefício do teste. Bem como, aceite e satisfação dos pais, como também, no diagnóstico precoce de anquiloglossia. Os dados mostraram crescente curva de testes realizados ano após ano, com apenas 153 testes em 2015, 711 em 2019 e, somente no primeiro semestre de 2020 já foram realizados 400 testes. Houve maior divulgação da importância da realização do teste da linguinha na triagem neonatal, minimizando possível interferência de frênulo lingual nas funções estomatognáticas e desmame precoce.
Conclusão: Podemos concluir que o trabalho realizado pela equipe de Fonoaudiologia, na implantação do Teste da Linguinha, trouxe clareza à equipe médica sobre seu objetivo e importância; agregou valor à maternidade do complexo hospitalar e, principalmente, repercutiu positivamente no diagnóstico precoce da anquiloglossia minimizando seu impacto como um todo.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2101
IMPLANTE COCLEAR APÓS MENINGITE MENIGOCÓCICA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O implante coclear (IC) é uma prótese eletrônica parcialmente implantável no osso temporal e na cóclea. É usada na reabilitação auditiva de pacientes com deficiência auditiva de grau severo e profundo, de etiologias variadas, que tem pouco ou nenhum benefício com Aparelho de Amplificação Auditiva Individual (AASI). Essa prótese cirurgicamente implantável substitui a função do órgão de Corti e estimula eletricamente as células ganglionares e terminações nervosas do nervo auditivo. Desse modo, é possível que pacientes que não possuem ganho auditivo com o uso de AASI, tenham acesso ao reconhecimento de sons da fala, que melhorando sua comunicação. A meningite é a principal causa de deficiência auditiva sensorioneural adquirida, na maioria dos casos ocorre de forma bilateral, simétrica e descendente. Também, pode apresentar ao mesmo tempo déficit motor, distúrbio visual, sérias alterações na linguagem oral já adquirida e/ou em estágio de aquisição, déficit vestibular e déficit de atenção e incapacidade para aprendizagem. No que se refere à incidência, é mais comum no sexo masculino e em criança abaixo dos cinco anos e também pode trazer além das questões relatadas, implicações quanto ao desenvolvimento social e emocional dos sujeitos afetados. OBJETIVO: Relatar os resultados da audição e de linguagem oral e compreensão com implante coclear em adulto com surdez pós meningite meningocócica. MÉTODO: Estudo descritivo da experiência da realização de IC em usuário pós meningite meningocócica atendido em um hospital de referência do estado de Pernambuco, através de revisão de prontuário. DISCUSSÃO: A reabilitação auditiva dos pacientes pós-meningite deve ser realizada o mais precocemente possível, devido ao risco da instalação do processo de ossificação coclear, que pode ocorrer já nas primeiras 72 horas após a infecção. A casuística desta pesquisa constitui-se de um adulto EMB, 37 anos, sexo feminino, diagnosticada com perda auditiva sensorioneural de grau profundo bilateral, decorrente de meningite meningocócica e ganho funcional com AASI insatisfatório bilateralmente e nos testes de fala, tanto em conjunto aberto quanto em conjunto fechado, apresentou índice de reconhecimento de fala abaixo de 30%. No que se refere ao estado geral clínico não apresenta nenhuma alteração ou doença pré-existente. A cirurgia do IC foi realizada após 17 anos de surdez, na orelha esquerda, com inserção parcial dos eletrodos. O dispositivo inserido foi o modelo SONATA TI 100+ compressed da MED-EL. Após 40 dias realizou-se a ativação dos eletrodos do implante coclear, com o processador OPUS 2. A paciente encontra-se com 5 eletrodos ativados. O nível mínimo de resposta auditiva em campo aberto mostrou limiares com média de 30 dBNa e índice de reconhecimento de fala em formato aberto de 86%. CONCLUSÃO: Embora a ossificação da orelha interna não tenha permitido a inserção total dos eletrodos na cóclea, aparentemente não influenciou no resultado auditivo como também melhora na habilidade de percepção de fala. A realização do IC trouxe como benefícios a inclusão no mundo do trabalho, na convivência social e melhor interação com o grupo familiar, minimizando os prejuízos trazidos pela falta de audição e distanciamento social.

Bevilacque, M. C. Moret, A. L.M., Orozimbo, A. C., Nascimento, L. T., Banhara, M. R. Implantes Cocleares em crianças portadores de deficiência auditiva decorrente de meningite. Rev. Bras Otorrino, 2003;69(6):760-4 [internet].2020 [cited 2020 Julho 06] Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-72992003000-60000 6
Simões, A.M., Silva, L.F., Oliveira, G.G., Monteiro, A.R., Moura, J.E., Peixoto, M.C., Ribeiro, C.A. Implantação coclear por surdez pós-meningite bacteriana versus surdez congenita- Comparação de desempenhos. Rev. Portiguesa de Otorrino e cirurgia cérvico-facial, dez 2013 vol 51(4): 219-225
Britto, F.C.C. Avaliação do Resultado de implante coclear em perdas auditivas pós-meningite.2017. 219p. Dissertação (Mestrado em Ciências Otorrinolaringológicas e Base do Crânio). Univervidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 2017 Disponível em: http:// repositorio.unifesp.br/handle/11600/50337


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2103
IMPLANTE COCLEAR: UMA POSSIBILIDADE DIANTE DE MÚLTIPLAS DEFICIÊNCIAS
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A surdez pode trazer como consequência a dificuldade de interação e comunicação aos indivíduos. No caso de perdas auditivas de grau severo a profundo, atualmente, a indicação é o Implante coclear (IC). Estima-se que os centros de referência em IC possuem de 25 a 50% de sua população com deficiências associadas além da surdez, dentre essas está à cegueira. As pessoas com deficiência auditiva tendem a se isolar socialmente acarretando em problemas como depressão, ansiedade, dificuldades de inserção em atividades laborativas e educacionais, fazendo da surdo-cegueira uma deficiência devastadora na vida social. Objetivo: Relatar os benefícios na inclusão social trazidos pela realização de Implante Coclear em usuário com múltiplas deficiências. Método: Estudo descritivo da experiência da realização de IC em usuário, 35 anos, sexo masculino, com múltiplas deficiências, atendido em um hospital de referência do estado de Pernambuco, através de revisão de prontuário. Resultado/ Discussão: Paciente compareceu ao ambulatório de implante coclear com queixa de perda auditiva iniciada aos 30 anos. Teve o diagnóstico de diabetes aos 6 ano de idade sem realizar os tratamentos adequados, quando em 2008 perdeu a visão e, após um ano tornou-se renal crônico. Em 2014 realizou transplante renal, após dois anos apresentou ferimento de membro inferior evoluindo em sepse que resultou em amputação do membro, nesse momento fez uso de antibióticos ototóxicos que trouxe como conseqüência a perda auditiva sensorioneural de grau severo bilateral, sem ganho funcional satisfatório com uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), nos testes de percepção de fala, em conjunto fechado, não compreendia 20% dos estímulos apresentados bilateralmente. Como consequência trazida pelas múltiplas deficiências, especialmente pela auditiva, o usuário antes da realização do IC tinha se distanciado do convívio social, familiar e não tinha condições de exercer atividades laborais. O mesmo gostava de frequentar a igreja, cantar músicas e trabalhava com vendas sendo muito ativo e autônomo em sua vida. Como estratégia de estabelecer comunicação, a família criou um método utilizando toques, recortes de letras e símbolos, de forma que conseguiam minimamente estabelecer interação. Realizou cirurgia de IC em abril de 2018 na orelha esquerda, com inserção total dos eletrodos, telemetria de impedâncio e resposta neural com respostas satisfatórias, trinta dias após, foi realizada ativação do componente externo, nesse momento, usuário já compreendeu a fala em conversa espontânea. Nos retornos, os ganhos funcionais com IC, apresenta limiares em torno de 30dBnan e apresenta 100% nos testes de fala em conjunto aberto. Conclusâo: Após a realização do implante coclear, percebeu-se uma significativa melhora na vida deste usuário, voltou a trabalhar e se sentir produtivo, frequentar a igreja e a interagir de maneira mais efetiva com a família e amigos. O mesmo ficou mais independente inclusive se comunicando com a equipe por conta própria através de aplicativo de mensagem. Através desse relato de experiência é possível perceber o benefício do IC na vida dos usuários do dispositivo com múltiplas deficiências, tanto na questão auditiva, quanto nos aspectos psicossociais que envolvem os mesmos.

Cunha, J.C, Cendon, R.V., Nohana, P. Tcnologia assistida para indivíduos surdo-cego. Jornal Brasileiro de Neurociência – JBNC. 20(1), 53-72, 2009.
Cavalcanti, T. C. Há surdos e surdos: corpo e controvérsias no caso do implante coclear. 2011. 82 f. Monografia (Bacharel em Ciências Sociais) – Universidade de Brasília, Brasília, 2011.
Cordeiro B. B., Banhara M R, Mendes CMC. Ganho auditivo e influência do tempo de provação na percepção de fala em usuários de implante coclear. Audiol., Commun. Res. [internet] 2020 [cited 2020 June 25] ; 25: e2282. Disponível em: https:// doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2282





TRABALHOS CIENTÍFICOS
2085
IMPLEMENTAÇÃO DE PRANCHAS DE COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA NO AMBIENTE HOSPITALAR EM TEMPOS DE COVID-19
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: Devido à gravidade dos sintomas respiratórios provocados pela COVID-19, grande parte dos pacientes que internam em hospitais, necessitam utilizar ventilação mecânica durante um tempo que pode chegar até 30 ou 40 dias e isso impacta na comunicação do paciente, podendo provocar ansiedade, estresse e frustração. Com isso, o projeto de extensão multidisciplinar Com Acesso da UFRGS desenvolveu pranchas hospitalares de comunicação alternativa, que foi construído com um vocabulário específico considerando as principais necessidades do paciente com a COVID-19. Estas pranchas foram entregues para diversos Hospitais do Brasil, sendo um deles o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), referência de atendimentos COVID no Rio Grande do Sul.
Objetivos: Descrever a experiência de implementação e uso das pranchas hospitalares de comunicação alternativa pelo Serviço de Fonoaudiologia do HCPA.
Método: Apresenta-se como estratégia metodológica o relato de experiência a partir da vivência e treinamento de fonoaudiólogas do Serviço de Fonoaudiologia nas unidades de CTI, emergência e internação de abril à julho de 2020.
Resultados: Verificou-se que as pranchas de comunicação alternativa ainda eram pouco conhecidas no ambiente hospitalar, sendo necessário um treinamento para toda equipe de fonoaudiólogos do Serviço, bem como para todos os residentes do programa multidisciplinar “Adulto Crítico”, contendo profissionais das áreas de enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, psicologia e serviço social, estas inseridas nas unidades de UTI e Emergência. Estes treinamentos foram realizados de forma virtual, através da plataforma Google Meet, oferecidos por uma das fonoaudiólogas que também participou na criação do projeto das pranchas hospitalares.
Conclusão: Através da análise dos relatos de experiência, foi possível verificar a importância e a necessidade de treinamento sobre uso das pranchas para os profissionais que trabalham diretamente no cuidado com pacientes com dificuldade comunicativa. Verificou-se a necessidade de estender o acesso a esses recursos não só para pacientes com COVID-19, mas também em pacientes com lesões decorrentes de traumatismo cranioencefálico, acidente vascular cerebral, doenças degenerativas, câncer de cabeça e pescoço, podendo o uso da prancha ser temporário ou definitivo em diferentes casos. Outro ponto importante foi a ideia de utilizar pictogramas, a qual facilitou o uso com pacientes não alfabetizados e também para a ala pediátrica. Outro ponto referido foi a fácil higienização dos materiais, que foram plastificados, o que permitia a limpeza com álcool a qualquer momento. Por fim, a equipe verificou que mesmo o paciente estando em situação de vulnerabilidade de saúde, com a comunicação oral comprometida, o recurso auxiliou e possibilitou sua participação no processo de tomada de decisões, melhorando seu conforto e bem-estar geral.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1623
IMPLEMENTAÇÃO DE TELEFONOAUDIOLOGIA EMERGENCIAL NA PANDEMIA DO COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE UNIVERSITÁRIA
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Dentre os desafios trazidos pela pandemia da COVID-19, a reestruturação da relação entre os usuários e os prestadores de serviços de saúde demandou o uso de tecnologias de telessaúde para manter o acesso à saúde em período de distanciamento social controlado (Rio Grande do Sul, 2020). A telessaúde contribui para diminuir a necessidade de encontros presenciais, além da redução do risco de agravos e/ou comorbidades associadas à suspensão da fonoterapia neste período.
Objetivo: Descrever a experiência de implementação emergencial de telefonoaudiologia para seguimento aos atendimentos ambulatoriais de fonoaudiologia durante a pandemia do COVID-19.
Método: Em março de 2020, o atendimento presencial de um projeto de extensão, desenvolvido em uma unidade básica de saúde (UBS), que funciona em ambiente de ensino junto a um hospital universitário, foi suspenso devido à pandemia. No total, 25 usuários estavam em acompanhamento pela equipe de fonoaudiologia naquela data. Realizou-se o levantamento das queixas, idade e situação quanto ao tratamento fonoaudiológico , tendo sido classificados em: “tratamento” (atendimento de fonoterapia pelo menos quinzenalmente), “monitoramento” (revisão em até 3 meses) e “para discutir” (caso houvesse alguma dúvida em relação as possibilidades anteriores). Após este levantamento, a equipe de fonoaudiologia discutiu todos os casos com propósito de confirmar/revisar as classificações. Adotou-se como critério de exclusão para o teleatendimento usuários que ainda não estavam aptos para receber alta da fonoterapia, mas manifestavam baixo comprometimento com os exercícios domiciliares e baixo risco de agravo no quadro clínico e, devido a isso, já estavam em pausa terapêutica. Neste primeiro momento, 17 pacientes foram considerados elegíveis para telefonoaudiologia, sendo 12 para teleatendimento e 5 para monitoramento.
Resultados: Os pacientes foram contatados individualmente e comunicados sobre a suspensão dos atendimentos presenciais devido à pandemia e, em caráter emergencial, seria disponibilizado teleatendimento fonoaudiológico via vídeochamada telefônica, usando aplicativo da rotina dos pacientes e de fácil manuseio. Os teleatendimentos foram realizados por acadêmicas de fonoaudiologia e supervisionados por fonoaudiólogas, de forma síncrona, acompanhando o atendimento por áudio, com a anuência dos pacientes. O teleatendimento varia entre 20 e 60 minutos, conforme a demanda, a periodicidade seguiu semelhante à do atendimento presencial: variando entre quinzenal, mensal ou trimestral, conforme o caso. A discussão dos casos é realizada por videochamada, em um dia e turno específicos para tal. O registro das evoluções ocorre no documento eletrônico compartilhado entre a equipe, é redigido pelo estagiário, revisado pela fonoaudióloga responsável do caso e adicionado no sistema de prontuários eletrônicos da UBS, por acesso remoto.
Conclusão: Nesses três primeiros meses de experiência de teleatendimento na atenção primária, esta tem se mostrado um recurso equiparável ao atendimento presencial. Contudo, cada caso deve ser avaliado quanto à adequação para atendimento nesta modalidade, pois muitas variáveis estão envolvidas na viabilidade da telefonoaudiologia, assim como na fonoterapia presencial. Além disso, aspectos como disponibilidade de internet e recursos de informática apropriados à disposição do paciente e do profissional para esse tipo de abordagem são elementos fundamentais para manutenção dos padrões de qualidade e efetividade obtidos no atendimento presencial.

1. Rio Grande do Sul. Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio Grande do Sul [Internet]. Modelo de distanciamento controlado. [acesso 10 de junho de 2020]. Disponível em https://distanciamentocontrolado.rs.gov.br/
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde [Internet]. Boletim Epidemiológico 7 – COE Coronavírus. [acesso 10 de junho de 2020]. Disponível em https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/2020-04-06-BE7-Boletim-Especial-do-COE-Atualizacao-da-Avaliacao-de-Risco.pdf
3. Boldrini P, Kiekens C, Bargellesi S, Brianti R, Galeri S, Lucca L, et al. First impact on services and their preparation. “Instant paper from the field” on rehabilitation answers to the Covid-19 emergency. Eur J Phys Rehabil Med. 2020 PMid:32264667.
4. Negrini S, Kiekens C, Bernetti A, Capecci M, Ceravolo MG, Lavezzi S, et al. Telemedicine from research to practice during the pandemic. “Instant paper from the field” on rehabilitation answers to the Covid-19 emergency. Eur J Phys Rehabil Med. 2020. PMid:32329593

5. Harzheim E, Chueiri PS, Umpierre RN, Gonçalves MR, Siqueira ACDS, D’Avila OP, et al. Telessaúde como eixo organizacional dos sistemas universais de saúde do século XXI. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2019;14(41):1881. http://dx.doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1881.
6. Kruse CS, Karem P, Shifflett K, Vegi L, Ravi K, Brooks M. Evaluating barriers to adopting telemedicine worldwide: A systematic review. J Telemed Telecare. 2018;24(1):4–12.
7. Santos AF, Fonseca D So, Araujo LL, Procópio CSD, Lopes EA, Lima AMLD, et al. Incorporation of Information and Communication Technologies and quality of primary healthcare in Brazil. Cad Saude Publica. 2017;33(5):14. PMid:28640330.
8. Chaet D, Clearfield R, Sabin JE, Skimming K. Ethical Practice in Telehealth and Telemedicine. J Gen Intern Med. 2017;32(10):1136–40. https://doi.org/10.1007/s11606-017-4082-2


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1074
IMPLEMENTAÇÃO DO TESTE DA LINGUINHA EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE PERNAMBUCO
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: o Teste da Linguinha tornou-se obrigatório em todas as maternidades/hospitais brasileiros após a promulgação da Lei Federal 13.002 de 2014. A Triagem Neonatal do Frênulo Lingual permite que o profissional identifique a anquiloglossia precocemente, anomalia congênita que interfere na amamentação e, mais tarde, nas funções orofaciais. Objetivo: relatar a experiência da implementação do Teste da Linguinha em uma maternidade pública de Pernambuco. Método: trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, vivenciado entre 2018 e 2020 em uma maternidade pública de Pernambuco. A experiência foi pautada na avaliação do frênulo lingual de recém-nascidos do hospital, realizada na unidade neonatal e alojamento conjunto por fonoaudiólogos do serviço. Foi utilizado o Protocolo de Triagem do Frênulo Lingual, Teste da Linguinha, em que os escores indicam normalidade, dúvida ou alteração dos frênulos linguais para bebês. Quando alterados, os frênulos recebem intervenção por frenotomias, realizadas por profissionais capacitados. Resultados: a implementação do serviço de triagem do frênulo lingual iniciou em 2018, de maneira assistemática e centrada apenas na unidade neonatal por uma fonoaudióloga. Em 2019, a ficha da triagem do teste da linguinha foi inserida no sistema de prontuário eletrônico expandindo o serviço para os demais setores da maternidade. Além da avaliação do frênulo lingual, os fonoaudiólogos acompanham o desempenho durante a amamentação, observando a interferência do frênulo alterado. Observa-se também os aspectos anatomofisiológicos da mama (mamilo e apojadura), condições clínicas do bebê e aspectos do sistema estomatoglossognático. Um dos indicadores, embora subjetivo, do impacto do Teste da Linguinha na maternidade é a maior atenção das demais equipes multiprofissionais à triagem do frênulo, solicitando parecer da Fonoaudiologia ainda na sala de parto. Ressalta-se que a maternidade conta com um Banco de Leite Humano, espaço onde o fonoaudiólogo também é acionado para melhor avaliar a interferência do frênulo na amamentação, matriciando a equipe técnico-assistencialmente. Para assegurar o aleitamento materno exclusivo e prevenir possíveis disfunções orais após a alta hospitalar, Pediatras e Dentistas do serviço foram capacitados por especialistas de uma universidade federal do estado. Essa equipe está apta para realizar cirurgia do frênulo na maternidade, possibilitando ainda a reavaliação imediata no desempenho da amamentação e funções orais. Para os procedimentos das frenotomias, três kits cirúrgicos foram organizados por odontopediatras contendo a instrumentação necessária. Estima-se que, ao longo desses anos, foram triados aproximadamente mil frênulos linguais e um considerável número de frenotomias foram realizadas. Quando há dúvida ou não é possível realizar a frenotomia antes da alta, os pacientes são encaminhados para um serviço de referência. O resultado do teste é entregue para a mãe e/ou responsável, além de ficar arquivado no prontuário do paciente. Conclusão: a implementação do Teste da Linguinha permitiu identificar e realizar intervenções/prevenções nos recém-nascidos diagnosticados com anquiloglossia reduzindo o risco de disfunções orais e desmame precoce posteriormente. Desta forma, a triagem do frênulo lingual tornou-se parte do processo de avaliação clínica dos bebês pela equipe multiprofissional neste serviço público.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1015
IMPLICAÇÕES AUDIOLÓGICAS DA COVID-19: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
88034380


INTRODUÇÃO: O Coronavírus, causador da pandemia global, pertence a uma família de vírus (CoV). O Novo Coronavírus recebeu a denominação de SARS-CoV-2 pela Organização Mundial da Saúde e a doença que ele provoca tem a denominação de COVID-19. A transmissão das pessoas infectadas acontece através das gotículas expelidas por meio de espirros, tosses e até mesmo a fala, que podem contaminar superfícies e objetos, que posteriormente contamina outras pessoas que tocaram nesses locais e levaram as mãos aos olhos, nariz, boca ou outras áreas mucosas do corpo. Os sintomas mais comuns são: febre, tosse, dispneia, mialgia, dor de cabeça, diarreia, rinorreia e dor de garganta. Certas infecções virais podem danificar as estruturas auditivas, causando perda auditiva sensorioneural. Devido ao grande número de infectados pela COVID-19 no mundo, a investigação dos possíveis efeitos dessa doença nas estruturas auditivas se faz necessária. OBJETIVO: Realizar um levantamento da literatura nacional e internacional sobre os impactos da infecção por coronavírus no sistema auditivo. MÉTODO: Revisão integrativa com pesquisa de artigos indexados nas bases de dados Bireme, PubMed, Scopus e Web of Sciences. Critérios de inclusão: artigos em português e em inglês que tinham como tema a infecção por coronavírus e seus efeitos no sistema auditivo. Critérios de exclusão: informações de livros e/ou capítulos, cartas ao editor, artigos de revisões e de relatos de experiência. Para a estratégia de busca, foi utilizada a combinação dos seguintes descritores em português e em inglês, respectivamente: “Infecções por coronavírus”, “Audição”, “Perda auditiva”, “Coronavirus infections”, “Hearing”, “Hearing Loss”. RESULTADOS: Dos 43 artigos encontrados, dois abordaram o tema proposto e 41 foram excluídos pelos seguintes motivos: 14 eram duplicatas, 23 não relacionaram a COVID-19 à audição, dois eram cartas aos editores, um era artigo de revisão e um era relato de experiência. O primeiro estudo avaliou 20 pacientes que testaram positivo para COVID-19, com idades entre 20 a 50 anos, por meio da audiometria tonal liminar e emissões otoacústicas os autores observaram aumento significativo dos limiares auditivos por via aérea nas frequências de 4000, 6000 e 8000 Hz, com menor amplitude de resposta no exame de emissões nos pacientes contaminados. Concluíram que a COVID -19 afetou as estruturas auditivas ainda de forma assintomática, porém mais pesquisas são necessárias. O segundo estudo relatou o caso de uma paciente de 35 anos de idade com COVID-19 assintomática, sem comorbidades e que apresentou otalgia e zumbido. Na audiometria tonal liminar foi encontrado perda auditiva do tipo condutiva de grau leve à direita com curva timpanométrica do tipo B deste lado. CONCLUSÃO: Os estudos incluídos mostraram diferentes relações da COVID-19 com a audição, com possíveis acometimentos nas estruturas sensoriais e mecânicas do sistema auditivo. Nosso conhecimento sobre o COVID-19 é limitado e mais estudos sobre seu real impacto no sistema auditivo são necessários.

1 - Rothan HA, Byrareddy SN. The epidemiology and pathogenesis of coronavirus disease (COVID-19) outbreak. J Autoimmun. 2020; 109: 102433.
2 - Mustafa MWM. Audiological profile of asymptomatic Covid-19 PCR-positive cases. Am J Otolaryngol. 2020; 41: 102483
3 - Fidan V. New type of coran virus induced acute otites media in adult. Am J Otolaryngol. In press 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1040
IMPLICAÇÕES DA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA EMERGÊNCIA DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A Fonoaudiologia de caráter emergencial baseia-se na avaliação do sistema estomatognático e funções neurovegetativas do paciente, principalmente identificando alterações da deglutição. A atuação, neste âmbito, é de caráter precoce para determinar a via de alimentação e as consistências mais seguras para consumo por via oral, e, quando possível, inicia-se a reabilitação. A equipe multiprofissional, na qual está incluído o profissional fonoaudiólogo, cada vez mais, inserida nas rotinas de urgências e emergências, tem o objetivo de integralizar e otimizar os cuidado ao paciente. No entanto, com o avanço da pandemia da COVID-19, os fluxos e rotinas de trabalho, nessas unidades, foram reformuladas a fim de promover maior segurança aos pacientes e profissionais de saúde.
Objetivo: descrever as principais alterações no caráter dos atendimentos fonoaudiológicos em uma emergência destinada a pacientes sem suspeita ou diagnóstico da COVID-19.
Método: relato das práticas fonoaudiológicas a partir da análise dos dados relativos aos atendimentos realizados de março a junho de 2019, em comparação ao mesmo período em 2020.
Resultados: Observou-se diminuição significativa de pacientes atendidos no ano de 2020 (35,7%), após implementação das mudanças dos fluxos e critérios de atendimentos aos pacientes no Serviço de Emergência em função da COVID-19. Essa diminuição ocorreu pelos critérios institucionais de contingência estabelecidos como a redução dos pacientes admitidos na emergência, diminuição do tempo de permanência nas unidades do serviço, além da adaptação de processos de trabalho fonoaudiológico, reformulados de acordo com as normas de contingência. No ano de 2019, o maior volume de atendimentos era de primeira avaliação, seguidos por atendimentos de gerenciamento e terapia. Em 2020, no mesmo período, devido à pandemia, a intervenção fonoaudiológica foi direcionada para as primeiras avaliações ou ainda para as reavaliações e atendimentos desde que acarretando alguma alteração da conduta fonoaudiológica inicialmente estabelecida. Com isso, além da diminuição significativa de avaliações iniciais, houve também diminuição dos atendimentos de gerenciamento ou terapêuticos no período. No que diz respeito às condutas fonoaudiológicas, não houve incremento no número de pacientes com necessidade de uso de via alternativa de alimentação, indicando que o nível de severidade das alterações após a avaliação fonoaudiológica verificado em 2020 foi semelhante ao encontrado no mesmo período 2019, entretanto percebeu-se uma maior indicação de restrição às consistências liberadas por via oral, ou seja, em uma conduta mais conservadora possivelmente associada à necessidade de restrição do número de atendimentos.
Conclusão: A intervenção fonoaudiológica junto ao Serviço de Emergência, mesmo frente à pandemia da COVID-19, segue com o objetivo de intervir precocemente para diminuir os riscos de complicações respiratórias por aspiração pulmonar. Devido ao novo fluxo de atendimentos aos pacientes, a intervenção fonoaudiológica sofreu algumas modificações, em seu processos de trabalho que refletiram, principalmente, em relação à restrição de consistências consumidas por via oral. A longo prazo, será necessário observar o impacto dessas mudanças considerando a diminuição do número de pacientes atendidos neste serviço e seu reflexo na demanda fonoaudiológica em outras áreas do hospital.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1255
IMPLICAÇÕES DOS PROCESSOS RELACIONAIS PARENTAIS NAS ALTERAÇÕES DE LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
04162001


Introdução: Este trabalho se propõe a entender e identificar problemáticas em relação ao desenvolvimento das habilidades linguísticas e sua relação com a interação mãe e filho e o meio em que o sujeito vive. É comum na clínica o fonoaudiólogo se deparar com grande demanda de crianças sem alterações nos sistemas visuais ou auditivos, com cognição preservada, maturação neurológica adequada e sem patologia de base; e mesmo assim, apresentar ausência ou alteração de linguagem, levando a pensar que essas alterações podem estar relacionadas ao ambiente que a criança está inserida, podendo ter co-relação entre problemas alimentares e de linguagem oral pelo ponto de vista biopsiquíco, por exemplo, esses sintomas também podem ter origem nas relações familiares, por isso mostra-se relevância a análise das literaturas
Objetivo: Este estudo tem como objetivo levantar na literatura em Fonoaudiologia estudos sobre as relações entre família e paciente e como isso pode influenciar no desenvolvimento da linguagem oral quanto na eficácia da terapia.
Método: Levantamento bibliográfico nas bases de dados LILACS e PubMed, e nos bancos de dados de teses e dissertações da PUC-SP e USP dos últimos dez anos; no total foram selecionados 12 estudos para a pesquisa.

Resultados/Discussão: Na maioria dos estudos encontrados, houve uma análise significativa de melhora quando aplicado a intervenção junto aos pais por meio de protocolos. As pesquisas nos mostram que, quando os responsáveis passam a entender o mecanismo da linguagem e aprendem a identificar as dificuldades dos filhos, estes podem contribuir significativamente para a melhoria do desenvolvimento da linguagem dessas crianças. Grande parte dos estudos mostrou também que a mudança no comportamento dos pais resulta em efeitos positivos na linguagem dos filhos, realçando a importância do acolhimento, treinamento e participação destes pais na terapia. Além disso, os estudos mostraram que os recursos ambientais e a escolaridade parental influenciam no desenvolvimento da linguagem infantil, não só o ambiente familiar, como também o ambiente escolar e os recursos deste.

Conclusão: Os estudos corroboram que há interrelação na dinâmica familiar e a alteração no desenvolvimento da linguagem oral, evidenciando positivamente a importância da participação ativa dos pais durante a fonoterapia para o aumento do nível de linguagem da criança. Conforme visto neste estudo, os autores citados nos resultados defendem a importância do ambiente familiar para a contribuição no avanço da comunicação e sua interface na educação. Vimos que as crianças quando estão expostas à um ambiente facilitador podem apresentar menos alterações de linguagem. Quando comparada a teoria com a prática clínica, é possível observar os efeitos benéficos que a relação parental tem sob os resultados da fonoterapia.
Apesar dos resultados apresentados, o número de artigos encontrados de análise qualitativa foi muito baixo, indicando que há poucas pesquisas sobre, assim sendo, abriu-se o estudo de para teses e dissertações, este fato mostra que há necessidade de mais estudos qualitativos com o mesmo objetivo e fica em aberto para futura pesquisa aprofundada.


BOYSSON-BARDIES, Bénédicte. Como a fala surge na criança. Rev. bras. psicanál v.43 n.1 São Paulo mar. 2009.
VIGOTSKY, Lev. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes (1° edição 1987).
CARVALHO, Amanda et al. Desenvolvimento da linguagem e sua relação com comportamento social, ambientes familiar e escolar: revisão sistemática. CoDAS vol.28 no.4 São Paulo July/Aug. 2016.
TABILE, Ariete; JACOMETO, Marisa. Fatores influenciadores no processo de aprendizagem: um estudo de caso. Rev. psicopedag. vol.34 no.103 São Paulo, 2017.
PAULA, João. Estilos parentais, inteligência emocional e o enfant terrible – relações, implicações e reflexões. Rev. Enf. Ref. vol.serIII n°.8 Coimbra dez. 2012.
MACHADO, Fernanda; CUNHA, Maria; PALLADINO, Ruth. Doença do refluxo gastroesofágico e retardo de linguagem: estudo de caso clínico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2009 jan-mar;21(1):81-3.
PALLADINO, Ruth. Reflexões sobre a investigação de linguagem em crianças pequenos. R. Distur. Comum., São Paulo, 1(1): 1 – 11, jan/mar. 1986.
SOUZA, Valquíria; DOURADO, Jordana; LEMOS, Stela. Fonologia, processamento auditivo e educação infantil: influências ambientais em crianças de 4 anos a 5 anos e 11 meses. Rev. CEFAC [online]. 2015, vol.17, n.2, pp.512-520.
SOUZA, Marina et al. Ordenação temporal simples e localização sonora: associação com fatores ambientais e desenvolvimento de linguagem. Audiol., Commun. Res. [online]. 2015, vol.20, n.1, pp.24-31.
GONÇALVES, Bianca. Programa de acompanhamento a pais na intervenção fonoaudiológica em linguagem infantil. 2012.183 f. Dissertação (mestrado em fonoaudiologia) - Faculdade de odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 2012.
RIBEIRO, Marcia. Proposal of differentiated care to parents of children with complaints of language alterations. 2011. 211 f. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.
SANTOS, Patrícia. Dispositivo de cuidado no Núcleo de Apoio à Saúde da Família: experimentação com um grupo de pais. 2018. 67 f. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1935
IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO PRÁTICA NA SAÚDE COLETIVA PARA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A Saúde Coletiva como uma grande área de conhecimento e atuação multidisciplinar foi construída na interface dos conhecimentos produzidos pelas ciências biomédicas e sociais. Um de seus objetivos é investigar quais são os determinantes da produção social das doenças que possam estar presentes em determinada localidade, para iniciar o processo de organização e planejamento dos serviços de saúde. Na Atenção Primária em Saúde, a prestação do cuidado é uma das atividades que tem como foco estimular os usuários à responsabilidade pelo cuidado, gerando o compartilhamento de conhecimentos em prol da saúde. Ao considerar as necessidades dos usuários frente as suas especificidades, as Estratégias Saúde da Família (ESF) atuam na realização da educação em saúde, cuja atuação em escolas, realização de salas de espera e grupos de convivência, podem auxiliar tanto na prevenção de doenças como na promoção da saúde. OBJETIVO: Relatar uma experiência acadêmica vivenciada na disciplina de Saúde Coletiva II, frente à realização de atividades de prevenção de doenças e promoção de saúde. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência acadêmica vivenciado no sétimo semestre, 2019/1, na disciplina de Saúde Coletiva II, pelo Curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública. Foram realizadas abordagens semanais, as atividades foram divididas em quatro áreas de atuação, que incluíram uma ESF, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) além de uma Escola de educação fundamental. Os temas trabalhados em cada localidade acima citada, foram escolhidos a partir de diálogos entre as acadêmicas, a docente supervisora, enfermeira da unidade de saúde, diretora do CAPS e Coordenadora pedagógica da Escola. Em cada área de atuação os temas consideraram a realidade da população. As atividades realizadas variaram entre salas de espera na ESF com temas sobre a importância do teste da orelhinha e linguinha, desenvolvimento da linguagem e motor das crianças; Nos grupos de mulheres e idosos no CAPS, foram abordados temas como, hipertensão, diabetes, menopausa, câncer, entre outros; E atividades de educação em saúde na escola que incluíram temáticas como, bullying, sexualidade, futuro profissional e preconceito. RESULTADOS: As atividades desenvolvidas durante o estágio contribuíram para a formação profissional dos estagiários de fonoaudiologia, uma vez que possibilitou a vivência prática como profissionais da saúde na atuação multidisciplinar na atenção básica. Durante a vivência dos estagiários, constatou-se também a importância de conhecer a atuação prática dessa área de atuação fonoaudiológica, visto que durante a formação profissional é essencial que haja oportunidade de atuar diretamente no Sistema Único de Saúde. Além de promover a oportunidade de atuação multiprofissional, retirando a visão tecnicista de atuação profissional, o que possibilitou a redefinição do conceito de atividade clínica fonoaudiológica. Assim, a oportunidade de vivenciar a atuação multiprofissional na atenção básica trabalhando temas de educação e promoção de saúde foram determinantes para promover segurança profissional. CONCLUSÃO: As experiências dos estagiários frente a prática clínica de atuação na saúde coletiva foram fundamentais durante o processo de ensino-aprendizagem, evidenciando a importância da atenção básica para promoção da saúde, pois proporcionou uma vivência única em cada ação, onde as estagiárias puderam conduzir as atividades primando pela coletividade e interesses de cada campo de estágio.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1191
IMPORTÂNCIA DA FLEXIBILIDADE COGNITIVA NOS IDOSOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: As funções executivas (FE), comumente conhecidas como funções cognitivas complexas, são definidas como processos cognitivos de controle e integração, relacionados à execução de um comportamento orientado a objetivos. Essas funções se referem às habilidades necessárias para o estabelecimento de metas e objetivos, planejamento e execução de tarefas, regulação comportamental e a correção de possíveis erros.¹ As FE principais consistem em controle inibitório, incluindo atenção seletiva : pensar antes de agir, resistir a tentações, resistir a distrações e manter o foco; memória de trabalho : mantendo as informações em mente e mentalmente trabalhando com elas, como explorar mentalmente as relações entre idéias e fatos, atualizar seu pensamento ou planejamento e flexibilidade cognitiva: ser capaz de se ajustar às demandas ou prioridades alteradas, tirar proveito de oportunidades repentinas ou superar problemas inesperados.² OBJETIVO: O presente estudo objetiva indicar possíveis melhorias na flexibilidade cognitiva através de tratamentos não farmacológicos, por meio de estudos sobre o tema. MÉTODOS: Foi realizada uma revisão integrativa na literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scielo, utilizando os descritores funções executivas, flexibilidade cognitiva e cognitive flexibility, elderly, exercises. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Selecionou-se 6 artigos publicados entre os anos de 2015 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses, 3 escolhidos após a leitura na íntegra. RESULTADOS: Observou-se através dos artigos pesquisados¹²³ os idosos participantes de treinos das funções executivas, eles afirmaram que sentiram-se beneficiados e instigados a buscarem por mais atividades de estímulo cognitivo. Desse modo, o treino cognitivo trouxe contribuição para o engajamento e a procura ativa de exercícios mentais, necessários para aumentar a reserva cognitiva e, assim, promover o envelhecimento cognitivo saudável. ¹ Seis estudos examinaram os benefícios da atividade aeróbica versus um grupo controle ativo. Todos os seis eram em adultos mais velhos (a maioria dos indivíduos tinha> 60 anos). Quatro desses seis estudos (67%) não encontraram nenhum benefício da FE em exercícios aeróbicos. Todos exibimos funções executivas melhores quando estamos felizes, calmos, descansados, em boa forma física e sentimos apoio social. Qualquer programa que aprimore essas coisas e reduza os que prejudicam as FE (como sentir-se sozinho), deve ser melhor para melhorar as FE. Outro estudo aponta que é necessário criar exercícios específicos para cada indivíduo, porque, devido ao seu estilo de vida e influências genéticas, cada indivíduo reage de maneira diferente a um treinamento, maior intensidade exige mais atenção à atividade física e menos a processos cognitivos. A atividade física intensa, sem um acompanhamento específico, pode prejudicar o idoso em termos de redução de reações, atenção seletiva e flexibilidade para executar tarefas, ou podendo ter resultado negativo.³ CONCLUSÃO: A realização de treino cognitivo traz benefícios para o desempenho em tarefas que exigem as FE. Notamos que a flexibilidade cognitiva é importante ser trabalhada com os idosos até mesmo através de aparelhos eletrônicos, mas devemos atender às particularidades de cada um, dentro do seu contexto social.

1- Ribeiro, I. B., Bosqui, P., Bernardo, L. D., & Raymundo, T. M. (2020). Treino de funções executivas com idosos sem déficit cognitivo: uma intervenção da Terapia Ocupacional. Revista Kairós-Gerontologia, 23(1), 143-160. ISSNprint 1516-2567. ISSNe 2176-901X. São Paulo (SP), Brasil: FACHS/NEPE/PUC-SP
2- Diamond A. Effects of Physical Exercise on Executive Functions: Going beyond Simply Moving to Moving with Thought. Acesso em 12 de jul 2020. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4437637/
3- Tivadar B K. Physical activity improves cognition: possible explanations. Acesso em 12 de jul2020. Disponível em https://link.springer.com/article/10.1007/s10522-017-9708-6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
665
IMPORTÂNCIA DA INICIATIVA ESTUDANTIL PARA ORGANIZAÇÃO DE EVENTO ONLINE DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A pandemia novo coronavírus (SARS-CoV-2), responsável pela patologia COVID-19, acarretou diversas mudanças no cotidiano da população mundial. Por esta razão, considerando o novo cenário decorrente da pandemia e com a necessidade de estabelecer o isolamento social, as unidades de ensino superior foram diretamente afetadas e com isso, passaram a ter seus calendários e aulas suspensas por tempo indeterminado. Nesse período de isolamento social, houve uma diminuição substancial nas atividades acadêmicas e, consequentemente, aumentou-se a carência por atividades que pudessem cumprir o papel de ensino a distância. Nesse contexto, a liga acadêmica de fononcologia organizou um ciclo de palestras na modalidade online. Sua finalidade foi de aproximar o meio acadêmico-científico, com um caráter educativo voltado para temática da atuação fonoaudiológica no cenário atual, visando promover a construção do saber científico de cada participante. OBJETIVO: Relatar a importância do ensino-aprendizagem apoiado em eventos online como forma de construção do conhecimento em meio a pandemia. MÉTODO: O evento online foi organizado e planejado pela equipe da liga acadêmica de fononcologia através de reuniões remotas. Inicialmente foi realizada uma busca por alternativas de plataformas online para as transmissões, por fim foi selecionado o Google Meet®. Os critérios de escolha foram a quantidade de vagas disponíveis para participantes, gratuidade e o nível de complexidade para manipulação da mesma. Realizou-se os convites aos palestrantes e após a confirmação dos mesmos, marcou-se um treinamento no Google Meet®, para orientar sobre o uso do programa e para melhor organização da apresentação no dia da palestra. A realização das inscrições foi feita pela plataforma de eventos Sympla e, as mesmas foram abertas na semana anterior ao evento, pelo link de acesso ao formulário de inscrição que ficou disponibilizado no site da liga. O participante no ato da inscrição informava o e-mail, para o qual, no dia do evento, era encaminhado o link de acesso a palestra. RESULTADOS: O ciclo de palestras online mostrou-se com um grande potencial, pois, abrangeu 379 participantes (profissionais e estudantes) distribuídos nas 5 palestras com temáticas voltadas para a fonoaudiologia. Além disso, contou com a participação de 11 palestrantes sendo 10 fonoaudiólogas e 1 psicóloga. No final do ciclo, o relato dos participantes revelou o quão importante foi participar do evento, pois as temáticas debatidas foram de extrema importância para a construção do saber científico e, além disso, promoveu a aproximação do meio acadêmico com a comunidade. CONCLUSÃO: A iniciativa da liga acadêmica de fononcologia impactou de forma positiva nas atividades dos participantes, fazendo com que cada um conseguisse aprender sobre a temática, mesmo que de forma remota. Ademais, a experiência de organizar e promover um evento online desenvolveu habilidades e competências comunicativas e colaborativas nos integrantes da liga. A otimização e diversificação dos eventos na modalidade online no cenário atual de pandemia e isolamento social são um desafio para continuidade no processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Fonoaudiologia, Educação em Saúde, Educação a Distância, COVID-19.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
920
IMPORTÂNCIA DA MOTRICIDADE OROFACIAL NA CONFIRMAÇÃO DA VOZ TRANSGÊNERO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução

Para o transgênero a voz pode “trair” a apresentação visual, ou tornar-se um obstáculo para aceitação social, sendo assim, quanto melhor estiver esta voz adaptada a identidade de gênero melhor será a qualidade de vida do indivíduo. Ambos os sexos têm padrões de ressonância, velocidade, intensidade, “pitch”, “loudness” entre outras características que as diferem.1
A ressonância da voz é favorecida pela abertura de boca, movimentação dos lábios, da língua, véu palatino, paredes da faringe e a posição da laringe, atuando como filtro, com os movimentos das estruturas do trato vocal, os ajustes são feitos de forma curta ou longa. Cada indivíduo usará os ajustes musculares específicos a necessidade ou forma de falar e ou cantar.2
O indivíduo transgênero é aquele que nasce com sexo biológico masculino mas tem a percepção mental do sexo oposto e vice-versa, isso acontece porque a diferenciação sexual do indivíduo acontece na gestação, começando pelos órgãos sexuais e depois pelo cérebro. Nos meninos, a concentração de testosterona atinge um pico entre a metade do segundo mês até o fim do terceiro mês de gestação, causando o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos; nas meninas, a ausência deste pico de testosterona resulta em órgãos sexuais femininos. Já a diferenciação do cérebro entre linhas masculinas e femininas só ocorre na segunda metade da gestação, onde um novo pico de testosterona masculiniza o cérebro do feto ou a ausência desse pico resulta em um cérebro feminino.3
As transgêneros femininas são as que mais se submetem as intervenções cirúrgicas buscando adaptar o corpo a necessidade da mente, a face feminina tem contornos mais arredondados, mais curta, tendência de ser menor tamanho se comparável ao rosto masculino. As cirurgias de feminização fazem parte ca complexa transformação do indivíduo. Fazem parte destas intervenções o aumento de bochechas, ostetomia de zigomático, genioplastia, rinoplastias, elevação de lábios inferior, preenchimento labial, remanejamento dos complexos maxilo-mandibulares, remodelação da testa e dos contornos das órbitas.4

Objetivo: explicitar a importância da relação entre motricidade orofacial e voz no trabalho fonoterápico de confirmação da voz transgênero.

Métodos: foi realizada uma busca na literatura em três bases de dados: PubMed; Journal of Voice; Portal de Periódicos CAPES. A busca abrangeu o período de 2010 a 2020 e foram incluídos artigos com validação experimental, que discutiam técnicas de terapia ou instrumentos de avaliação.

Resultados: A busca resultou em 1512 publicações. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 31 artigos. Após análise detalhada dos resumos selecionados e priorização da discussão de elementos de motricidade orofacial, 9 artigos foram escolhidos para análise crítica. Todos os artigos selecionados contribuíram para esclarecer a questão de pesquisa.

Conclusão: A motricidade orofacial tem papel fundamental na confirmação da voz transgênero.

Referências:

1. Schmidt JG, Goulart BNG, Dorfman MEKY, Kuhl G, Paniagua LM. O desafio da voz na mulher transgênero: autopercepção de desvantagem vocal em mulheres trans em comparação à percepção de gênero por ouvintes leigos. Rev. CEFAC. 2018 Jan-Fev;20(1):79-86.
2. Sousa DJG. Puberfonia e as alterações da voz na adolescência: revisão da literatura [dissertação]. Lisboa: Universidade de Lisboa. Faculdade de Medicina. Clínica Universitária de Otorrinolaringologia; 2017.
3. Castellanos-Cruz L, Bao AM, Swaab DF. Sexual identity and sexual orientation. Hormones, Brain, and Behavior. 2017;5:279-290.
4. Varginha ES, Nunes CP. Cirurgia de feminização facial em pacientes transgêneros. Revista de Medicina de Família e Saúde Mental. 2019;1(1):109-120



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1458
IMPORTANCIA DA PRÁTICA CLÍNICA OTONEUROLÓGICA DURANTE A GRADUAÇÃO
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
57380800


INTRODUÇÃO: As alterações do equilibro corporal, tonturas e náuseas, ocorrem quando existe conflito de informações entre as estruturas sensoriais, provocando falhas nos reflexos responsáveis pelo equilíbrio. Pacientes com queixas como vertigem, alterações de equilíbrio, hipoacusia e zumbido são candidatos a uma avaliação otoneurológica que se constitui pela anamnese, exame otorrinolaringológico, investigação audiológica e avaliação funcional do sistema vestibular. O objetivo dessa avaliação consiste em identificar se existe algum distúrbio dos sistemas relacionados com o equilíbrio, diferenciá-los entre centrais e periféricos, grau de acometimento, etiologia e prognóstico. OBJETIVO: Descrever as ações realizadas nas atividades no estágio supervisionado obrigatório na área de avaliação e diagnóstico otoneurológico. MÉTODO: Foram realizados atendimentos semanais, durante o período de fevereiro a julho de 2019, onde os estagiários realizaram atendimentos a pacientes acompanhados em um serviço de diagnóstico audiológico público. Participam desse grupo de estágio, como avaliadores, quatro alunas do último ano. Os alunos realizaram, semanalmente, anamneses, manobras de diagnóstico, vectoeletronistagmografia, elaboração de conclusão de exames e relatórios que auxiliaram no fechamento do diagnóstico médico. Ao final dos atendimentos eram realizadas discussões sobre os sintomas apresentados por cada paciente, assim como estratégias de aperfeiçoamento da realização da avaliação otoneurológica, elaboração e intepretação dos resultados apresentados nos exames. RESULTADOS: As atividades desenvolvidas durante o estágio contribuíram para a formação profissional dos estagiários de fonoaudiologia, uma vez que possibilitou a vivência prática como avaliadores durante a realização da avaliação otoneurológica em pacientes com sintomas vestibulares. Durante a vivência dos estagiários, constatou-se também a importância de conhecer a atuação prática dessa área de atuação fonoaudiológica, visto que diversas universidades a grade curricular não contam com a avaliação e diagnóstico vestibular como componente obrigatória em seu currículo, o que inviabiliza a experiência durante a graduação, tornando essa área mais restrita pela falta de conhecimento e oportunidade de atuar enquanto estagiários. Assim, a oportunidade de atuar como avaliador pode promover segurança e satisfação dos estagiários. CONCLUSÃO: A experiência dos estagiários frente a prática clínica de atuação otoneurológica favoreceu durante o processo de ensino-aprendizagem, evidenciando a importância do atendimento prático durante a graduação, contribuindo para a formação integral dos estagiários, e o retorno disso para a universidade é um ensino mais efetivo e produção científica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1678
IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE NOS PROJETOS POPULACIONAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Título: IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE NOS PROJETOS POPULACIONAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Introdução: As práticas integrativas e complementares em saúde vêm sendo cada vez mais exploradas como sendo medidas suplementares a prática em saúde, visto que englobam a interdisciplinaridade e fogem do estilo tecnológico e biomédico que muitas vezes é focado apenas no processo saúde-doença do paciente. É importante que o profissional de saúde saiba identificar a necessidade de um trabalho alternativo de práticas contínuas ligadas aos sujeitos portadores de necessidades que vão além das biológicas, e que essa aprendizagem venha desde sua formação universitária. As PICS trazem uma visão holística da saúde sendo utilizadas como forma de reduzir uma série de acometimentos, principalmente relacionados a saúde mental, como: estresse, ansiedade, dor e sintomas depressivos. Diversas são as atividades a elas relacionadas, porém na experiência em questão o foco foram as práticas corporais e meditativas. Objetivo: Relatar a experiência positiva dos discentes do curso de Fonoaudiologia em relação às PICS durante o projeto de extensão em Saúde Coletiva. Método: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência. As atividades foram desenvolvidas com uma comunidade ribeirinha de pescadores e marisqueiras localizada no município de Itaporanga D’ajuda (SE). Resultados: Percebeu-se a importância da implementação das PICS especialmente por estabelecerem uma compreensão inovadora no quesito promoção de saúde, além de englobar o indivíduo em sua totalidade, fugindo do olhar voltado apenas ao processo saúde-doença. Além disso, as práticas trouxeram relaxamento e bem estar, tendo em vista o trabalho árduo dessa população e os estresses na vida diária. A inserção das PICS também contribuiu para uma maior integralidade da atenção a saúde, pois conseguiu levar informações relevantes que estimularam mudanças nos hábitos de vida e comportamentos. Os indivíduos também afirmavam se sentir melhor fisicamente e psicologicamente, causando melhorias no humor e na qualidade do sono, além de se sentirem cada vez mais incluídos no campo de prática, favorecendo relações afetivas mais fortes com os profissionais. No geral, muitas foram as contribuições para a construção e articulação dos saberes em saúde dentro do cotidiano dos atores envolvidos. Conclusão: As estratégias realizadas geraram participação ativa no processo de saúde, e mostrou as possibilidades de outras formas do fazer, aprender e cuidar da saúde. Os achados contribuem para a discussão sobre ampliação de oferta das PICS junto a projetos populacionais, visto os benefícios dessas práticas na sociedade, na integralidade do cuidado e consequentemente na melhoria da qualidade de vida.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1855
IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DOS PROFESSORES ALFABETIZADORES SOBRE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A Consciência fonológica é uma habilidade que pode levar a criança a refletir sobre sua própria língua, ou seja, uma capacidade metalinguística, onde a criança estabelece relações entre fonemas e grafemas, que será fundamental na decodificação, contribuindo assim, à aquisição do princípio alfabético. O professor alfabetizador precisa compreender a importância da Consciência fonológica e todos aspectos envolvidos que podem contribuir no processo de alfabetização. Objetivos: Descrever a importância do conhecimento dos professores sobre a consciência fonológica no processo de alfabetização. Porém observa-se na formação do professor poucos conhecimentos relacionados à temática. Método: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, baseada em artigos científicos e livros que abordam sobre a temática. Resultados: Um bom desenvolvimento nas habilidades de leitura e escrita depende das condições extrínsecas e intrínsecas depositadas sobre a criança, e é nesse processo que se evidencia a importância de se trabalhar a consciência fonológica, uma vez que ela é um pré-requisito para o desenvolvimento das habilidades pretendidas. Levando em consideração esses aspectos, descreve-se a importância de se abordar a consciência fonológica não apenas no contexto escolar, mas também na formação de professores. Alguns autores, descrevem que para que a consciência fonológica se desenvolva, devem-se levar em consideração algumas habilidades importantes, tais como a detecção do som, a manipulação e análise dos fonemas e, posteriormente, a capacidade de segmentar palavras em unidades menores, como a sílaba, e a discriminação dos fonemas que as constituem. E que a consciência fonológica exerce um papel significativo no processo de aprendizagem, uma vez que é responsável por fazer o aluno voltar-se para os sons da fala para fazer a correspondência gráfica. É de fundamental importância o aluno compreender que cada letra possui um som, e que ao juntar esses sons podem-se formar palavras, constitui-se um método facilitador para a alfabetização, dai a necessidade e importância do trabalho do professor neste contexto. Outros autores ainda salientam que no decorrer da alfabetização, a criança passa por uma série de etapas, sendo elas compreender que as letras possuem seu valor sonoro, entender a posição da letra no espaço gráfico, diferenciar o traçado dos grafemas e discriminá-los visualmente, identificar a sílaba, desenvolver a capacidade de reconhecer onde a palavra começa e termina, segmentar as palavras em unidades menores que a compõem e descobrir que as palavras se diferem na fala e na escrita. Conclusão: Os professores são de extrema importância para o desenvolvimento da Consciência Fonológica, pois são eles os responsáveis em desenvolver essa competência no ambiente escolar, a partir das experiências propostas e planejadas para que as crianças desenvolvam uma relação entre fonemas e grafemas, contribuindo no processo de alfabetização.

Cárnio Maria Silvia, Vosgrau Jéssica Sales, Soares Aparecido José Couto. O papel da consciência fonológica na compreensão leitora. Rev. CEFAC [Internet]. 2017 Sep [citado 2020 13 de julho]; 19 (5): 590-600. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462017000500590&script=sci_arttext&tlng=pt Acesso: 11-07-2020

MARTINS, C.A.M.S.; GUIDOTTI, V. Contribuições da consciência fonológica no processo de alfabetização. Revista Maiêutica. v.4, n.1, p.41-58, 2016.

Rodrigues, Pauliana do Nascimento, & Postalli, Lidia Maria Marson. (2019). Habilidades de consciência fonológica promovidas pelo ensino de leitura e escrita. Psicologia Escolar e Educacional. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572019000100324&lang=pt


SANTOS, M.J.; BARRERA, S.D. Impacto do treino em habilidades de consciência fonológica na escrita de pré-escolares. Psicologia Escolar e Educacional. v.21, n.1, p.93-102, Jan-Abr, 2017

ZORZI, J.L. Alterações ortográficas nos transtornos de aprendizagem. In: MALUF, M. I. Aprendizagem: tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. Rio de Janeiro: Vozes, São Paulo: ABPp, p.144-162, 2006.

Zuanetti Patrícia Aparecida, Schneck Andréa Pires Corrêa e Manfredi Alessandra Kerli da Silva. Consciência fonológica e desempenho escolar. Rev. CEFAC [Internet]. 2008 [citado 2020 13 de julho]; 10 (2): 168-174. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462008000200005
Acesso: 11-07-2020



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1745
IMPORTÂNCIA DO CONTROLE INIBITÓRIO NOS UNIVERSITÁRIOS: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O controle inibitório, é um dos componentes das funções executivas, é considerado essencial em nossas vidas. Tal função nos permite resistir a distratores e focar nossa atenção no que é realmente relevante para cumprir tarefas do dia a dia¹ ². Possui desenvolvimento tardio, na verdade os componentes das funções executivas são aprimorados de forma não homogênea ao longo da infância e tendem a atingir a maturidade durante a adolescência, a exemplo das habilidades de controle da atenção, do aumento da velocidade do processamento e do próprio controle inibitório. Ele é uma função de controle cognitivo, responsável por inibir tendências inapropriadas de respostas a determinados estímulos³ 4 5. OBJETIVO: Verificar as possíveis características do controle inibitório nos universitários. MÉTODO: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scielo, utilizando os descritores: controle inibitório, funções executivas, cognitivo, Universitários. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Selecionou-se 5 artigos publicados entre os anos 2006 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses 5 foram escolhidos após a leitura na íntegra. RESULTADOS: Observou-se que ao pesquisamos sobre o descritor Controle inibitório, mostrou que as funções executivas abrangem uma grande variedade de processos cognitivos complexos que coordenam a atividade neural de forma a produzir comportamentos orientados ao cumprimento de objetivos. Foi notado que 50% dos universitários entre 18 e 24 anos, tem alguma alteração nas suas funções executivas ou amostraram dificuldades após realizar alguns testes, como: verbal (teste de Stroop) e motor (teste de Tempo de Reação – TR). Estudos de prevalência apontam para a porcentagem aproximada de 60% dos indivíduos pediátricos diagnosticados com TDAH que persistem com os sintomas na fase adulta. A maioria dos jovens apresentam alguma déficit de atenção no decorrer do seu crescimento, o que pode contribuir com o surgimento de respostas inapropriadas. CONCLUSÃO: Por fim, acredita-se que este estudo possa contribuir para a melhor compreensão das especificidades cognitivas e comportamentais dos universitários e com isso melhorar a qualidade de vida durante este período tão importante da vida.


¹ Campos NMR; Santos GHC; Teixeira RV. Maturação e controle inibitório: Implicações para o processo de seleção de talentos. Edições Desafio Singular, 2019 abr. 15 (3), 128-133..
² Saldanha RKF. A relação entre o bilinguismo e o controle inibitório: Um resumo dos estudos realizados com adultos e idosos. XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação. Porto Alegre 2015 out. 11 (11), 1-12.
³ Santosa LELE, Oliveira FDCP. Avaliação neuropsicológica de universitários com queixas de desatenção: um estudo de caso. Revista Facitec, Rio de Janeiro, 2017 nov. 11 (19), 1- 11.
4 Capovilla AGS. Desenvolvimento e validação de instrumentos neuropsicológicos para avaliar funções executivas. Revistas Científicas da América Latina, Ribeirão Preto 2006 dez. 5 (2), 239-241.
5 Salazar M, Seabra AG. Correlações entre funções executivas afetos e habilidades sociais em estudantes universitários. XIV Jornada de Iniciação Científica, São Paulo, 2018 mai. 1 (1), 1-15.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1980
IMPORTÂNCIA DO PAPEL DO PROFESSOR NA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DA OTITE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A otite média é uma das doenças infecciosas mais comuns nas crianças, é definida como uma inflamação da orelha média que pode ser causada por diversos fatores: infecção (viral ou bacteriana), alergias, problemas ambientais e, em alguns casos, problemas sociais. A otite média serosa é o tipo mais comum de infecções em crianças até os oito anos de idade, quando as crianças entram na escola o aumento desse tipo de infecção ocorre com mais frequência, quando o tratamento não é feito corretamente, na maioria das vezes pode ocasionar uma perda leve, que é suficiente para interferir no processo de aquisição da linguagem e no aprendizado da criança. Objetivo: O presente estudo tem o objetivo de descrever a importância da identificação precoce dos sinais de otites e alterações auditivas em crianças pelos professores. Método: Para a realização da pesquisa, utilizou-se como fonte bibliográfica, artigos científicos e livros que abordam sobre a temática. Resultados: A audição é fundamental para o desenvolvimento da linguagem, que é um fator importante na interação social da criança, esse tipo de perda auditiva tem passado despercebida em grande parte dos casos. É de suma importância que o professor tenha um olhar atento diante de situações que a criança não dê as respostas esperadas, como por exemplo, quando o professor chama a criança e ela não atende, irritação no ouvido, erros durante o ditado, dificuldade para recontar uma história, são sinais que devem ser investigados e podem está relacionado há uma alteração auditiva causada pela otite. No processo de desenvolvimento infantil, a audição é necessária, pois desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da linguagem e no desenvolvimento cognitivo da criança e consequentemente no processo de ensino e aprendizagem. Os processos auditivos interferem diretamente na recepção e na decodificação da informação, agindo sobre a percepção dos aspectos acústicos, temporais e sequenciais dos sons e em consequência da compreensão da fala. Dessa forma, as dificuldades em quaisquer dessas habilidades podem acarretar atrasos no desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem da leitura e da escrita em sala de aula. A alteração na qualidade da audição na criança a propicia além de sentir dificuldade para ouvir, que a mesma tenha dificuldade para perceber a riqueza dos detalhes que uma informação sonora pode trazer, podem também trazer limitações importantes na comunicação e na aprendizagem. É Importante ressaltar que durante o processo de aprendizagem, faz-se necessário que a mensagem emitida pelo professor seja recebida de forma clara pelo aluno. Em uma situação, desfavorável, em que há competição entre a fala do professor e os demais ruídos, o desempenho escolar pode sofrer interferência. Conclusão: O papel do professor na identificação precoce das otites é fundamental não somente para encaminhamentos para intervenção, mas também para prevenir a perda auditiva e seus prejuízos no desenvolvimento infantil e principalmente nas adaptações de estratégias para facilitar o desenvolvimento da aprendizagem e da consciência fonológica dos escolares.


1- BALBANI, Aracy P.S. ; MONTOVANI, Jair C. Impacto das otites médias na aquisição da linguagem em crianças. Jornal de Pediatria RJ, 2003, vol.79, n.5, p.391-396. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/jped/v79n5/v79n5a05.pdf. Acesso 08-07-2020.
2- GATTO, Cladi Inês ; TOCHETTO, Tania Maria. Deficiência auditiva infantil: implicações e soluções. Rev. CEFAC, 2007, vol.9, n.1, p.110-115. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcefac/v9n1/v9n1a12.pdf. Acesso: 08-07-2020.

3- KATZ, J., TILLERY, K. L. An introducing to auditory processing. In: Lichtig, I., Carvallo, R. M. Audição abordagens atuais. Carapicuíba: Pró-Fono; 1997.p.119-43.

4- OLIVEIRA, Pedro; CASTRO, Fernanda; RIBEIRO, Almeida. Surdez infantil. Rev. Bras. Otorrinolaringol, 2002, vol.68, n.3, p.417-423. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rboto/v68n3/10400.pdf. Acesso 09-07-2020.

5- PINHEIRO, Fábio Henrique; CAPELLINNI, Simone Aparecida. Desenvolvimento das habilidades auditivas de escolares com distúrbio de aprendizagem, antes e após treinamento auditivo, e suas implicações educacionais. Rev. Psicopedagogia. Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Vol. 26. Edição 80, 2009.

6- SILVA, Denísia Raquel de Carvalho; SANTOS, Lílian Marinho dos; LEMOS, Stela Maris Aguiar; CARVALHO, Sirley Alves da Silva; PERIN, Renata Martinelli. Conhecimentos e práticas de professores de educação infantil sobre crianças com alterações auditivas. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol, v.15, n.2, p.197-205, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rsbf/v15n2/09.pdf. Acesso 10-07-2020.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1580
IMPRESSÕES PROSÓDICAS DAS EMOÇÕES BÁSICAS POR ESPECIALISTAS EM VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A importância da expressão emocional por meio da comunicação falada perpassa por meio da intenção do discurso, é fundamental para um poderoso sistema de reconhecimento por parte do ouvinte1. Julgamentos pela voz podem influenciar as interações sociais, a escolha de parceiros, líderes e até mesmo opções como consumidores2,3. OBJETIVO: Analisar se fonoaudiólogos especialistas em voz identificam emoções expressas na produção vocal, e como eles avaliam as características vocais prosódicas de acordo com a variação das emoções. MÉTODO: Estudo observacional transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem, sob número 3304419. Participaram 38 fonoaudiólogos especialistas em voz. Foram excluídos os que não responderam a análise da tarefa proposta. A média de idade foi de 41,0 (±11,7) anos, com variação entre 25 e 64 anos. A maioria foi composta por mulheres, do Estado da Paraíba e São Paulo, com Mestrado, com mais de 10 anos de formação e atuação na área de voz. Tiveram como tarefa a avaliação de 16 amostras vocais: vozes masculinas e femininas representando as seis emoções básicas (alegria, tristeza, medo, raiva, tédio e nojo) e emissão neutra, perfazendo 14 amostras de fala, com mais 10% de repetição para a confiabilidade. Os áudios foram compostos pela emissão da mesma frase em alemão "Em sete horas estará na hora." que compunham o banco de vozes “German Emotional Speech”4. Os fonoaudiólogos foram solicitados a identificarem qual era a emoção básica expressa em cada áudio, além de avaliarem aspectos prosódicos, como pitch, loudness, articulação, velocidade de fala (VF), modulação da frequência (MF), pausa, incoordenação pneumofonoarticulátoria (ICPFA) e fluência. Foi realizada análise estatística descritiva e inferencial a partir do teste Qui-quadrado para verificar a associação entre variáveis. RESULTADOS: Observou-se que 78,9% (n=30) detectaram de forma correta a emoção expressa nos áudios. A emoção com a maior taxa de acerto foi raiva (89,5%; n=34). Maior parte descreveu que as vozes foram classificadas da seguinte forma: alegria pitch agudo, loudness forte, articulação adequada, VF adequada/acelerada, MF adequada/excessiva e pausa silenciosa ausente. Tristeza pitch grave, loudness fraca, articulação travada, VF lenta, MF monótona e pausa silenciosa presente. Medo pitch adequado, loudness fraca, articulação travada, VF acelerada, MF adequada e pausa silenciosa presente. Raiva pitch agudo, loudness forte, articulação exagerada, VF acelerada, MF excessiva e pausa silenciosa ausente. Tédio pitch grave, loudness adequada, articulação travada, VF adequada, MF monótona e pausa silenciosa presente. Nojo pitch adequado, loudness adequada, articulação adequada, VF adequada, MF adequada e pausa silenciosa ausente. A ICPFA e fluência não foram parâmetros sensíveis na diferenciação das emoções, exceto a ICPFA que esteve presente no medo. Independente dos fonoaudiólogos especialistas terem avaliado vozes em outro idioma, tiveram uma taxa de acerto alta e classificaram as vozes com alta confiabilidade interjuiz. CONCLUSÃO: Percebeu-se que fonoaudiólogos especialistas em voz têm taxa de acerto alta na detecção das emoções expressas pela voz. As vozes variam e apresentam características marcantes do ponto de vista prosódico de acordo com as emoções. Pitch, loudness e medidas de ritmo são os parâmetros que mais diferenciam as emoções.

1. Scherer KR. Vocal Communication of Emotion: A Review of Research Paradigms. Speech Communication. 2003:40(1):227–56.
2. Klofstad CA, Anderson RC, Peters S. Sounds like a winner: voice pitch influences perception of leadership capacity in both men and women. P Roy Soc B-Biol Sci. 2012;279:2698–2704.
3. Tigue CC, Borak DJ, O'Connor JJM, Schandl C, Feinberg DR. Voice pitch influences voting behavior. Evol Hum Behav. 2012;33: 210–216.
4. Burkhardt F, Paeschke A, Rolfes M, Sendlmeier W, Weiss B. A Database of German Emotional Speech, in Proc. INTERSPEECH. 2005. pp. 1517–1520.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1574
INCAPACIDADE FUNCIONAL E PERDA AUDITIVA AUTORREFERIDA: ESTUDO EPIFLORIPA IDOSO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O envelhecimento populacional tem sido avaliado por várias métricas, das quais vale destacar a avaliação dos efeitos negativos experimentados em função da longevidade, incluindo perda de condições físicas, mentais e cognitivas (1). Isso porque as ações voltadas à saúde da pessoa idosa não devem se restringir à meta de prolongar anos à vida, mas de garantir qualidade de vida, manutenção da capacidade funcional e autonomia (2). Uma das habilidades que declinam em função do envelhecimento é a perda auditiva e suas implicações sociais (isolamento social e perda de autonomia) merecem atenção (3). As Atividades de Vida Diária (AVD) envolvem tarefas rotineiras e de cuidado de si mesmo, tais como: tomar banho, preparar refeições, vestir-se, ir ao banheiro, andar, tomar seus medicamentos, andar próximo de casa (4). A relação estado funcional e perda auditiva vem sendo objeto de estudo há alguns anos (5,6). Estabelecer a relação entre estas variáveis é peça chave para a criação de estratégias e aprimoramento de políticas públicas que visem melhorar a saúde e bem-estar da população idosa. Objetivo: Estimar a associação entre perda auditiva autorreferida e dependência funcional em idosos de acordo com o sexo. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, realizado com dados do inquérito do EpiFloripa Idoso 2017-2019, uma pesquisa sobre as condições de vida e saúde da população idosa ( ≥ 60 anos) da cidade de Florianópolis, SC. A variável dependente foi a incapacidade funcional (nenhuma AVD; uma ou mais AVD) e a variável de exposição principal foi a perda auditiva autorreferida (não; sim). As análises foram estratificadas por sexo e ajustada pelas covariáveis faixa-etária, escolaridade, renda familiar em salários mínimos, diabetes, hipertensão, acidente vascular encefálico, comprometimento cognitivo, deficiência visual e quedas. Foi realizada análise de regressão logística no software Stata 14, respeitando-se o peso amostral e complexidade dos dados. O estudo EpiFloripa 2017-2019 foi aprovado como uma emenda do EpiFloripa 2013/14 pelo Comitê de Ética em Pesquisa com CAAE nº 16731313.0.0000. Resultados: Participaram deste estudo 1.333 idosos, sendo 63,7% mulheres. A maioria (69,2%) possuía incapacidade funcional para uma ou mais AVD e 29,1% referiu perda auditiva. Após ajustar as análises para fatores de confusão, mulheres com perda auditiva apresentaram 3,42 (IC95%:1,66-7,03) vezes mais chance de possuir dependência funcional, quando comparados aos indivíduos sem perda auditiva. Não foi observada associação entre os homens. Conclusão: Observou-se associação entre perda auditiva e incapacidade funcional em idosos do sexo feminino. Estes dados remetem à necessidade de ações direcionadas à esta população, com o intuito de minimizar os riscos que podem ser ocasionados pela deficiência auditiva.

1. Chang AY, Skirbekk VF, Tyrovolas S, Kassebaum NJ, Dieleman JL. Measuring population ageing: an analysis of the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet Public Health 2019; 4: e159–67.
2. Costa E, Nakatani A, Bachion M. Capacidade de idosos da comunidade para desenvolver Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária. Acta Paulista de Enfermagem. 2006;19(1):43-48.
3. Davis A, et al. Aging and Hearing Health: The Life-course Approach. The Gerontologist, 2016, Vol. 56, No. S2.
4. Ramos L, Andreoni S, Coelho-Filho J, Lima-Costa M, Matos D, Rebouças M et al. Perguntas mínimas para rastrear dependência em atividades da vida diária em idosos. Revista de Saúde Pública. 2013;47(3):506-513.
5. Crispim K, Ferreira A. Prevalência de deficiência auditiva referida e fatores associados em uma população de idosos da cidade de Manaus: um estudo de base populacional. Revista CEFAC. 2015;17(6):1946-1956.
6. Hogan A, O’Loughlin K, Miller P, Kendig H. The health impact of a hearing disability on older people in Australia. J Aging Health. 2009;21(8):1098-111.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
780
INCIDÊNCIA DE PERDA AUDITIVA EM COZINHA DE UM HOSPITAL ESCOLA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O ruído é um tipo de som que provoca efeitos nocivos à saúde do ser humano e é considerado o agente físico mais nocivo no ambiente laboral1. A exposição contínua ao ruído pode causar perda auditiva e em ambientes de trabalho, como restaurantes e hospitais, cozinhas industriais expõem os trabalhadores a níveis de ruídos elevados2. O Ministério da Saúde estima que no Brasil cerca de 25% da população exposta ao ruído tenha perda auditiva em algum grau3. Objetivo: verificar a existência de correlação entre a presença de ruído no ambiente de trabalho e a incidência de perda auditiva nos funcionários de cozinha de um hospital-escola. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer de número 2.774.043/2018. Os dados foram coletados por meio de anamnese e audiometria tonal realizada nos funcionários com atividades na cozinha industrial e feita medições do nível de ruído na cozinha. Para medição foi utilizado o decibelímetro modelo IMPAC IP-130 com o tempo variando de 05 em 05 minutos, em quatro posições laterais e no centro. Realizadas todas na mesma semana e em dias consecutivos, por volta das 9h da manhã, horário, relatado pelos funcionários como de maior nível de ruído. Os dados foram tabulados e analisados estatisticamente, utilizando medidas como média e desvio padrão e análise de correlação entre variáveis, através do coeficiente de correlação de Pearson. Resultados: A população estudada foi predominantemente feminina, 83,3% com uma média de idade de 45,9 anos. Obteve-se que a maior parte dos funcionários tem até 07 anos de serviço e que 90% dos participantes dessa pesquisa apresentaram pelo menos um dos oito fatores de risco listados (otorréia, otalgia, labirintite, pressão alta, diabetes, cirurgia na orelha, trauma craniano e trauma acústico). Em relação aos sintomas auditivos, 40% queixaram-se de tontura e 66,6% de zumbido. Dentre os funcionários que apresentaram zumbido, 75% relataram zumbido de tons agudos e 25% de tons graves. Em relação à perda auditiva, 46,7% dos funcionários entrevistados apresentaram algum tipo de perda em pelo menos uma das orelhas, seja ela condutiva, sensorioneural, mista ou restrita a uma determinada frequência4. Observou-se nesse estudo que 36,7% dos participantes apresentaram perdas características de exposição a elevados níveis de pressão sonora, determinada pelo tipo de perda associado com a curva audiométrica3. Conclusão: Os resultados obtidos mostram uma incidência de 36,7% de resultados sugestivos de PAIR e evidenciaram uma correlação moderada entre o tempo de exposição ao ruído e a incidência de perda auditiva, além de mostrar que a presença de outros fatores de risco associados com o ruído pode contribuir para alterações auditivas.

1. Boger ME, Barreto MASC. Zumbido e perda auditiva induzida por ruído em trabalhadores expostos ao ruído ocupacional. Gestão e Saúde. 2015, 6(2): 1321-1333.
2. Quintilio MSV, Alcaras PAS, Martins LS. Avaliação do ruído ocupacional em um restaurante num município do Mato Grosso do Sul. In: Colloquium Exactarum. 2013. 27-32.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Perda auditiva induzida por ruído (Pair). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. 40 p. (Saúde do Trabalhador: Protocolos de Complexidade Diferenciada, n. 5; Série A. Normas e Manuais Técnicos). ISBN 85-334-1144-8. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/protocolo-perda-auditiva-induzida-ruido-pair.
4. Silman S, Silverman CA. Basic audiologic testing. In: SILMAN, S.; SILVERMAN, C. A. Auditory diagnosis: principles and applications. San Diego: Singular Publishing Group; 1997. P.: 44-52


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1205
INCIDÊNCIA DE RISCO PARA DISTÚRBIO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM INDIVÍDUOS DIAGNOSTICADOS COM TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A toxoplasmose é uma doença que tem como agente etiológico o protozoário Toxoplasma gondii (1) podendo ser transmitido pela mãe contaminada para seu bebê via placentária durante o período de gestação (2). Observa-se na literatura nacional, a prevalência de alterações auditivas em 20% dos casos de toxoplasmose congênita (3). Como as infecções congênitas podem ser consideradas fatores de risco não só para a alteração auditiva periférica, mas também para alterações centrais, é importante avaliar o sistema auditivo de forma abrangente. O processamento auditivo central (PAC) é o conjunto de processos e mecanismos que ocorrem no sistema auditivo em resposta a um estímulo sonoro, responsáveis pela localização, discriminação, lateralização, reconhecimento padrões auditivos e interpretar eventos sonoros (4). O uso de questionários comportamentais possibilita extrair informações qualitativas que podem estar relacionadas a Distúrbios do Processamento Auditivo (DPA) e auxiliar na triagem de possíveis alterações do processamento auditivo em crianças diagnosticadas com Toxoplasmose Congênita. Objetivo: Verificar a predisposição para alterações auditivas centrais em crianças e adolescentes diagnosticados com toxoplasmose congênita. Verificar se a incidência de risco observada na população com Toxoplasmose Congênita difere da população em geral de mesma faixa etária. Método: Trata-se de um estudo observacional analítico transversal aprovado pelo comitê de ética da instituição (parecer 3.085.362). Para triar possíveis alterações de DPAC, foi definido um protocolo de atendimento para esses adolescentes. Foram incluídos no estudo, crianças de 12 a 14 anos, diagnosticadas com toxoplasmose congênita e tratadas precocemente, acompanhadas longitudinalmente e que compareceram durante um período de 4 meses para o acompanhamento anual. Durante a consulta foram realizados os exames de audiometria e imitanciometria a fim de descartar alterações auditivas periféricas e de orelha média, e também foram aplicados dois questionários comportamentais: Fisher (5) e Scale of Auditory Behaviors (SAB) (6). Estes testes servem como triagem para investigar a presença de sinais e sintomas indicativos de alterações auditivas centrais (7). Os resultados obtidos a partir da aplicação dos questionários foram comparados aos achados em crianças de mesma faixa etária da população geral, observados na literatura. Resultados: O questionário Fisher foi aplicado em 81 adolescentes, sendo que destes, 19 apresentaram pontuação superior a sete (23,45%), indicando fator de risco para DPAC. O questionário SAB, por sua vez, foi inserido na coleta posteriormente ao Fisher, e devido ao período de quarentena, foi aplicado somente em 50 adolescentes, que já haviam respondido ao questionário SAB. Destes, 9 (18%) apresentaram score inferior a 35 pontos, havendo a necessidade de avaliação do PAC. Destes 9 indivíduos, quatro (8%), apresentaram score inferior a 30 pontos, sendo indicativo de alteração do PAC. A incidência de resultados inferiores a 35 pontos, encontrada na literatura, indicando alterações do PAC, é de 5,8% (6). Conclusão: Com base nos achados, foi observada maior incidência de risco para DPAC em crianças diagnosticadas com Toxoplasmose Congênita do que a população geral.

1. Splendore A 1908. Un nuovo protozoa parassita deconigli incontrato nelle lesioni anatomiche d'une malattia che ricorda in molti punti il Kala-azar dell'uoma. Nota preliminare pel. Rev Soc Sci Sao Paulo 3: 109-112.
2. Mitsuka-Breganó R, Lopes-Móri FM, Navarro IT Toxoplasmose Adquirida na Gestação e Congênita: vigilância em saúde, diagnóstico, tratamento e condutas. Londrina: EDUEL, 2010.
3. Andrade GMQ, Resende LM, Goulart EMA, Siqueira AL, Vitor RWA, Januario JN. 2008. Deficiência auditiva na toxoplasmose congênita detectada pela triagem neonatal. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia.1: 21-28.
4. American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). 1995. Central auditory processing: current status of research and implications of clinical practice. Rockville.
5. Cibian AP, Pereira LD. Utilização de questionário no monitoramento dos resultados do treinamento auditivo. Distúrbios Comun. São Paulo, 2015. 27(3):466-478.
6. Nunes CL, Pereira LD, Carvalho de GS. Scale of auditory behaviors and auditory behavior tests for auditory processing assessment in Portuguese children. CoDAS, 25 (2013), pp. 209-215.
7. Silva PPL da, Zanchetta S. Adaptação e validação do Amsterdam Inventory Auditory Disability and Handicap (AIADH) para o português brasileiro [Internet]. Resumos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. 2015 ;Available from: https://uspdigital.usp.br/siicusp/siicPublicacao.jsp?codmnu=7210.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1017
INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA DISFAGIA EM IDOSOS DURANTE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Dentre as doenças crônicas não transmissíveis prevalentes nos idosos, destaca-se o câncer¹, que demanda um tratamento complexo², podendo acarretar modificação na eficiência e segurança da deglutição. A identificação precoce desses transtornos da deglutição previne o aparecimento de outras complicações clínicas³. Objetivo: Analisar a incidência e fatores de risco para disfagia em idosos em tratamento oncológico. Método: Estudo de coorte em idosos com diagnóstico recente de câncer, acompanhados em dois hospitais de referência no Brasil. Aprovado pelo comitê de ética e pesquisa sob o número 4412-14. Foram excluídos os pacientes com neoplasia maligna do trato digestivo e cabeça e pescoço; pacientes que já haviam iniciado o tratamento oncológico e que tinham disfagia no baseline do estudo; pacientes com alteração das frequências respiratória, cardíaca e/ou da saturação de oxigênio durante a avaliação. A deglutição foi avaliada pelo Water Swallowing Test (WST)4, Avaliação de Segurança da Deglutição (ASED)5 e caracterizada pela Functional Oral Intake Scale (FOIS)6. No baseline, avaliaram-se 126 idosos, classificando a deglutição em normal, suspeita ou alterada. Os que possuíam deglutição suspeita ou alterada (n=11; 8,7%) foram submetidos a uma avaliação detalhada, encaminhados ao ambulatório de fonoaudiologia para acompanhamento e excluídos da pesquisa. Os que apresentaram deglutição normal (n=115) no baseline do estudo foram contatados via telefone, decorridos doze meses da avaliação inicial. Foram identificados 26 óbitos e três perdas no seguimento. Sendo assim, 86 idosos foram submetidos aos mesmos instrumentos da avaliação inicial. Todos os procedimentos de coleta foram realizados por duas avaliadoras treinadas, com experiência em disfagia e conhecimento das escalas utilizadas no estudo. Considerou-se como variável independente as características clínicas coletadas em prontuário. A análise foi descritiva. Na avaliação dos fatores de risco para disfagia, utilizou-se regressão logística univariada e múltipla, considerando significante p<0,05. Resultados: Dos 86 idosos, 52,3% era do sexo masculino e possuíam idade ≤ 70 anos (61,6%). 37,2% apresentaram tumor nos órgãos genitais masculinos, 18,6% na mama feminina e 17,4% nos órgãos digestivos. Em relação ao estadiamento clínico, 62,8% apresentaram doença inicial ao diagnóstico (estadios 0, I e II). No seguimento, 66,3% dos pacientes foram submetidos à cirurgia e 53,5% à radioterapia como forma de tratamento oncológico. Foram observadas recidivas em 10,5% e metástase em 17,4%. A incidência de casos suspeitos de disfagia foi 19,8%. Cerca de 76,5% apresentaram deglutições múltiplas nas consistências pastosas e/ou líquidas para realizar clearence da região faringolaríngea. No modelo final de risco, verificou-se que cada ano a mais na idade aumenta em 11% o risco de disfagia (p=0,014) e as mulheres têm 4,7 vezes mais risco de disfagia que os homens (p=0,016). Conclusão: Observou-se elevada incidência de casos suspeitos de disfagia entre idosos com câncer avaliados, que apresentaram, em sua maioria, deglutições múltiplas para realizar clearence da região faringolaríngea, necessitando de ajustes na alimentação. Constatou-se também associação entre a incidência de casos suspeitos de disfagia ao avanço da idade e o sexo feminino.

1 Marosi C; Köller M. Challenge of cancer in the elderly ESMO. 2016; 1(3):1-6.
2 Estapé T. Cancer in the Elderly: Challenges and Barriers. Asia-Pacific Journal of Oncology Nursing. 2018; 5(1):40–2.
3 Di Pede C, Mantovani ME, Del Felice A, Masiero S. Dysphagia in the elderly: focus on rehabilitation strategies. Aging Clinical and Experimental Research. 2016; 28(1):607–17.
4 Wu MC, Chang YC, Wang TG, Lin LC. Evaluating swallowing dysfunction using a 100-ml water swallowing test. Dysphagia. 2004; 19(1):43-7.
5 Furkim AM, Duarte ST, Sória FS, Sampaio RS, Nunes MCA, Wolff GS et al. Evaluación clínica de las disfagias orofaríngeas. In: Susanibar F, Marchesan I, Parra D, Dioses A. Tratado de evaluación de Motricidad Orofacial y áreas afines. Madrid: EOS; 2014.
6 Crary MA, Mann GD, Groher ME. Initial psychometric assessment of a functional oral intake scale for dysphagia in stroke patients. Arch Phys Med Rehab. 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1055
INCLUSÃO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NA MATRIZ CURRICULAR: EXPERIÊNCIA DE GRADUANDOS EM FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: Com a finalidade de ampliar e assegurar direitos a comunidade surda, a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, reconheceu a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como forma de comunicação e expressão da comunidade surda, assim como o direito de inclusão em diversos espaços. Todos os profissionais de saúde devem garantir o acesso desta população aos serviços, no entanto, cabe ao fonoaudiólogo apresentar estratégias de reabilitação auditiva e desenvolvimento da linguagem para essa comunidade. Assim, esse profissional atua desde o diagnóstico até o acompanhamento familiar e terapêutico. Nesse sentido, de forma a atender o Decreto 5.626, de 2005, que em seu artigo 3º, especifica a inclusão da disciplina de Libras nos cursos de Fonoaudiologia, que uma universidade pública do Nordeste inseriu em sua matriz curricular, as disciplinas de “Libras I e II”, no 2º e 5º períodos, respectivamente. OBJETIVO: relatar a experiência da disciplina de Libras na formação em fonoaudiologia. MÉTODOS: o trabalho relata a experiência vivenciada nas unidades curriculares de “LIBRAS I e II” pertencentes ao Eixo Desenvolvimento Humano, Fisiopatologia Clínica e Práticas Profissionais. A imersão a LIBRAS foi realizada em contato direto com a língua, por meio de atividades ministradas por uma professora surda, pedagoga licenciada em Letras Libras, com a presença ou não de uma intérprete em Libras. Cada disciplina possui 40h em sua carga horária, em que se discutem conceitos básicos no estudo da Língua de Sinais, para a comunicação com o surdo, recepção e emissão da língua de Sinais, aspectos linguísticos e teóricos da Libras na disciplina de Libras I. Já na disciplina de Libras II os discentes aprendem quanto a classificadores de Libras, técnicas de tradução da Libras/português/Libras, expressão corporal e facial e sua gramática. As atividades ocorrem por meio de aulas expositivas, oficinas, apresentações de seminários em libras, práticas de vocabulários e diálogos, bem como rodas de conversa com membros da comunidade surda. RESULTADOS: A inclusão da LIBRAS na matriz curricular favorece a aquisição de competências e habilidades na formação profissional do graduando. Nota-se que as disciplinas incentivam os discentes a realizar uma autorreflexão sobre empatia, inclusão, acessibilidade e sobre a importância da fonoaudiologia para a vida do seu paciente. É a partir da identificação e a necessidade de se incluir na comunicação com essa comunidade, que os discentes se aproximam da língua. Destaca-se o fato desta disciplina ser ofertada por uma docente surda, que faz grande diferença no processo de ensino-aprendizagem, ressaltando e respeitando seu lugar de fala, e não o substituindo por uma pessoa ouvinte que ensina Libras. Além disto, os estagiários tem a oportunidade de ressignificar conceitos e visualizar a aplicação desses conteúdos na prática profissional, ao atenderem pacientes surdos. CONCLUSÃO: A sensibilização com a comunidade surda desde o início da graduação favorece grandemente o desempenho acadêmico nos espaços da audiologia clínica e educacional. A inclusão dessa temática promove o fortalecimento das políticas de acessibilidade e práticas profissionais pautadas no princípio da equidade e ética do cuidado.

Não se aplica


TRABALHOS CIENTÍFICOS
97
INDICADOR DE RISCO PARA PERDA AUDITIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
01223010


Introdução: Bebês que nascem com deficiência auditiva são privados de contato com o mundo sonoro, levando a diversas consequências na sua qualidade de vida. Por tal razão, a Triagem Auditiva Neonatal (TAN) se faz importante, pois permite a detecção de possíveis alterações auditivas em neonatos e lactentes, possibilitando o diagnóstico e a intervenção precoce da perda auditiva. Recém-nascidos com indicador de risco e sem indicador de risco para deficiência auditiva (IRDA) devem ser avaliados em programa de Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU). Objetivos: Conhecer o principal indicador de risco para perda auditiva em neonatos submetidos ao programa de triagem auditiva neonatal de acordo com a literatura analisada. Métodos: Trata-se de um estudo bibliográfico, realizado através de ampla busca nas bases de dados Scielo e Lilacs, sendo constituído da análise de 36 obras científicas publicadas nos últimos 10 anos sobre os IRDA considerados pelo Joint Committe Hearing on Infant (2007). Resultados e Discussão: No levantamento realizado foram selecionadas 36 publicações, das quais 11 não realizaram o programa de triagem auditiva neonatal (31%), todavia foram incluídos no estudo por serem relevantes a discussão, na qual foram utilizadas publicações para debater sobre o tema do ponto de vista teórico sobre os indicadores de risco para deficiência auditiva e 25 pesquisas que realizaram o programa de triagem auditiva neonatal (69%), abrangendo 22 artigos de pesquisas (88%) e 3 teses de mestrados (12%) compondo então a análise descritiva desta pesquisa. Nestes pôde-se identificar que os anos de maior publicação foram os cincos anos seguintes a aprovação da LEI Nº 12.303, de 2 de agosto de 2010 que dispõe sobre a obrigatoriedade de realização do exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas de forma gratuita em todos os hospitais e maternidades, nas crianças nascidas em suas dependências. Dos indicadores de risco observados nas pesquisas os mais prevalentes foram: permanência em UTI Neonatal (72%), o uso de medicamentos ototóxicos (64%), prematuridade (60%), ventilação mecânica (48%) e peso inferior a 1.500g (40%). Conclusão: Quanto à identificação do Indicador de Risco para Deficiência Auditiva com maior prevalência nas publicações dos indicadores de risco observados nas pesquisas o mais prevalente foi permanência em UTI Neonatal. Assim é preciso que os profissionais que atuam com neonatos, lactentes e crianças estejam atentos quanto à orientação da população sobre os IRDA e seus riscos à audição. Por tanto se faz importante que o setor público providencie mais centros de excelência em diagnóstico e intervenção em saúde auditiva.

Amado B, Almeida E, Berni P. Prevalência de Indicadores de Risco para Surdez em Neonatos em uma Maternidade Paulista. São Paulo: Rev CEFAC, v.11, 18-23, 2009.

Bertoldi P, Manfred A, Mitre E. Análise dos resultados da triagem auditiva neonatal no município de Batatais. Medicina (Ribeirão Preto, Online.) 2017;50(3):150-7.

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Brasil. Presidência da República Casa Civíl. Lei nº 12.303, de 2 de agosto de 2010. Dispõe sobre a obrigatoriedade de realização do exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas. Diário Oficial da União, Brasília, 2 de agosto de 2010; 189o da Independência e 122o da República.

Montenegro P, Libório S. Programa de Triagem Auditiva Neonatal das Maternidades do Município do Rio de Janeiro. Núcleos de Atenção Integral ao Recém-Nascido de Risco- SMS-RJ, sábado, 26 de março de 2016.

Onoda R, Azevedo M, Santos A. Triagem Auditiva Neonatal: ocorrência de falhas, perdas auditivas e indicadores de riscos. Brazilian Journal of otorhinolaryngology 77 (6) novemBro/DezemBro 2011.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1934
INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO PRÉ-LINGUÍSTICO EM CRIANÇAS IMPLANTADAS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O monitoramento das habilidades auditivas e de linguagem de crianças com deficiência auditiva usuárias de dispositivos eletrônicos possibilita análises quali e quantitativas, contribuindo na determinação de estratégias apropriadas de intervenção. Diversos instrumentos abordam os fatores que determinam tais habilidades, muitos deles particularizando a percepção da família em relação ao desenvolvimento de linguagem da criança. Tais instrumentos trazem informações cruciais sobre os primeiros marcos do desenvolvimento. Esses indicadores de desenvolvimento são baseados no desempenho médio e não podem ser utilizados para predizer um resultado exato obtido pela criança com o uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) ou o implante coclear (IC). No entanto, seu uso auxilia os profissionais a se familiarizar com a sequência do desenvolvimento das habilidades e o tempo que a criança leva para desenvolvê-las. Objetivo: caracterizar os marcadores clínicos do desenvolvimento pré-linguístico de crianças implantadas até os 24 meses de idade. Método: Estudo realizado em conformidade com os princípios éticos da instituição, por meio da análise documental dos prontuários de crianças atendidas em um serviço público de IC. Os dados coletados foram os escores obtidos com a aplicação da escala PRoduction Infant Scale Evaluation (PRISE) em todos os acompanhamentos de cada criança no serviço até o momento o qual a pontuação máxima (100%) foi atingida, bem como as categorias de linguagem. Os intervalos analisados foram: pré-cirúrgico, ativação dos eletrodos, 3, 6, 9, 12, 18 e 24 meses de uso do dispositivo. Outras informações como dados demográficos e caracterização da população estudada foram analisadas. Resultados: Estudo em andamento. Os resultados preliminares indicaram que as crianças implantadas unilateralmente (n=11) atingiram o escore máximo do instrumento entre os 9 e 12 meses após a ativação dos eletrodos. Uma criança pontuou 100% aos 6 de uso do IC e uma atingiu o escore máximo aos 18 meses. Na etapa pré-cirúrgica, todas as crianças apresentaram a pontuação 0% na escala PRISE. Em relação às Categorias de Linguagem, no período pré-cirúrgico as crianças apresentaram a Categoria 1 e, após a cirurgia e ativação dos eletrodos, apresentam as Categorias 1, 2 e/ou 3. Já em relação a etiologia, 5 crianças apresentaram deficiência auditiva caracterizada como causa idiopática, 3 por hereditariedade, 2 por meningite e 1 congênita. Das 11 crianças, 8 eram meninas e 3 meninos. Além disso, a idade na cirurgia variou entre os 10 meses e 01 ano e 10 meses de idade. Conclusão: Os resultados evidenciaram que as habilidades pré-linguísticas foram adquiridas ao longo do primeiro ano de uso do IC para os casos analisados. A escala PRISE monitora indiretamente o desenvolvimento auditivo da criança usuária de IC por meio do desenvolvimento pré-linguístico, nessa perspectiva, os escores obtidos na escala podem ser utilizados como indicadores clínicos de desenvolvimento quando analisados em uma população maior de crianças implantadas.

1. Castiquini EAT, Bevilacqua MC. Escala de integração auditiva significativa: procedimento adaptado para a avaliação da percepção da fala. Revista de Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2000;(4): 51-60.

2. Comerlatto MPS. Habilidades auditivas e de linguagem de crianças usuárias de implante coclear: análise dos marcadores clínicos de desenvolvimento. [tese (Doutorado em Ciências)]. São Paulo: Faculdade de da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo; 2015.

3. Kimura MYT. Adaptação da escala do "Production Infant Scale Evaluation" (PRISE) para a língua portuguesa. [dissertação (Mestrado em Ciências Médicas)]. Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2013.

4. Kishon-Rabin L, Taitelbaum-Swead RIKI, Segal O. Prelexical infant scale evaluation: From vocalization to audition in hearing and hearing impaired infants. Clinical management of children with cochlear implants. 2009;325-368.

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6. Moretti CAM, Ribas A, Guarinello AC, Rosa MRD da. Escala de desenvolvimento auditivo e de linguagem na criança implantada. Audiol – Commun Res. 2018;(10):1-5.

7. Stefanini MR, Morettin M, Zabeu JS, Bevilacqua MC, Moret ALM. Parental perspectives of children using cochlear implant. CoDAS. 2014;(6):487 – 493.

8. Novaes BCAC, Versolatto-Cavanaugh MC, Figueiredo RSL LIMA, Mendes BCA. Fatores determinantes no desenvolvimento de habilidades comunicativas em crianças com deficiência auditiva. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012;(4):327-34


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2002
INDICADORES DE RISCO PARA DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM GESTANTES DE UM AMBULATÓRIO DE HOSPITAL FILANTRÓPICO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução
A privação sensorial dos sons proporcionada pela perda auditiva influencia negativamente na aquisição da linguagem oral1 e tais prejuízos tornam-se agravados quando o diagnóstico e a intervenção sobre o problema são tardios2. A realização da (TAN) e o monitoramento auditivo de bebês com Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA)3 são capazes de detectar precocemente alterações auditivas e consequentemente minimizar os impactos sobre o desenvolvimento da criança.

Objetivo
Identificar a ocorrência de fatores de risco para deficiência auditiva em gestantes que realizam acompanhamento pré-natal em um ambulatório de um hospital filantrópico.

Método
Pesquisa aprovada pelo CEP sob nº 3.899.799. Amostra aleatória composta por 20 gestantes acima de 18 anos, que aguardavam em sala de espera para consulta pré-natal. As gestantes foram abordadas individualmente e participaram de a uma entrevista dirigida que continha questões elaboradas pelas pesquisadoras, e que abordavam questões socioeconômicas, de saúde geral, ocorrência de IRDAs no decorrer da gestação, além do conhecimento a respeito da Triagem Auditiva Neonatal (TAN). Após a entrevista, os dados foram transferidos e organizados em uma planilha de dados do Excel e analisados, buscando-se verificar a ocorrência de IRDAs nessa população, assim como o conhecimento sobre a Triagem Auditiva Neonatal (TAN), realizada rotineiramente nesse serviço.

Resultado
Analisando as respostas da entrevista, 17 (85%) das 20 gestantes da amostra apresentaram pelo menos um dos indicadores de risco para deficiência auditiva, sendo que destas, 14 (70%) apresentaram associação de até 3 indicadores de risco. Entre as gestantes, 10 (50%) apresentaram IRDAs relacionados à ingestão de fármacos, entre elas, 4 (20%) consumiam medicamentos para combate à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Quanto à ingestão de entorpecentes (lícitos ou ilícitos), entre eles tabaco e álcool, 4 (20%) gestantes fumaram em algum momento da gravidez, 2 (10%) costumam fazer uso de álcool e 2 (10%) fizeram uso de outras drogas.
Quanto à presença de infecções neonatais, 14 (70%) gestantes as apresentaram, entre elas 5 (25%) eram soropositivas para HIV, demonstrando então, ser a infecção perinatal de maior prevalência na amostra. Além desta, as infecções congênitas do grupo TORCHS (Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes Simples e Sífilis) também apareceram, 2 (10%) gestantes contraíram toxoplasmose e 2 (10%) sífilis. Além destas infecções, foi relatada a presença de 5 (25%) mulheres com hipertensão, mas apenas 2 (10%) destas necessitavam de auxílio medicamentoso para tal. No que se refere ao “Teste da Orelhinha”, na totalidade da amostra, apenas 10 (50%) conheciam a TAN e destas, 9 (45%) julgavam o teste como importante. Quanto aos locais nos quais as gestantes tiveram conhecimento do teste, majoritariamente teve acesso a este por meio do hospital, sendo este número representado por 7 (35%) gestantes, o restante soube através de outros meios.

Conclusão
A partir dos dados apresentados, nota-se que grande parte da amostra possuía indicadores de risco, sendo importante o esclarecimento da importância do acompanhamento efetivo desses bebês após a triagem auditiva neonatal. Além disso, verifica-se que metade tinha conhecimento da TAN, reforçando a importância de orientar e informar sobre a realização do teste durante o pré-natal.

Fortunato Carla Aparecida de Urzedo, Bevilacqua Maria Cecília, Costa Maria da Piedade Resende da. Análise comparativa da linguagem oral de crianças ouvintes e surdas usuárias de implante coclear. Rev. CEFAC [Internet]. 2009 Dec [cited 2020 July 13] ; 11( 4 ): 662-672. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462009000800015&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462009000800015.

Maia Raquel Martins, Silva Maria Adelane Monteiro da, Tavares Patrícia Moreira Bezerra. Saúde auditiva dos recém-nascidos: atuação da fonoaudiologia na Estratégia Saúde da Família. Rev. CEFAC [Internet]. 2012 Apr [cited 2020 July 13] ; 14( 2 ): 206-214. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462012000200003&lng=en. Epub Oct 28, 2011. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000114.

American Academy of Pediatrics. Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 position statement: principles and guideslines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. 2019; 4(2): 1–44 DOI: 10.15142/fptk-b748
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Lewis Doris Ruthy, Marone Silvio Antonio Monteiro, Mendes Beatriz C. A, Cruz Oswaldo Laercio Mendonça, Nóbrega Manoel de. Comitê multiprofissional em saúde auditiva: COMUSA. Braz. j. otorhinolaryngol. (Impr.) [Internet]. 2010 Feb [cited 2020 July 13] ; 76( 1 ): 121-128. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942010000100020&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1808-86942010000100020.

Griz Silvana Maria Sobral, Silva Adriana Ribeiro de Almeida e, Barbosa Camila Padilha, Menezes Denise Costa, Curado Nathália Raphaela Pessôa Vaz, Silveira Ana Karollina da et al . Indicadores de risco para perda auditiva em neonatos e lactentes atendidos em um programa de triagem auditiva neonatal. Rev. CEFAC [Internet]. 2011 Apr [cited 2020 July 13] ; 13( 2 ): 281-291. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462011000200011&lng=en. Epub July 23, 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462010005000071.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2109
INDICADORES DE RISCO PARA DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA PRIMEIRA INFÂNCIA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Os indicadores de risco para deficiência auditiva (IRDA) podem ocorrer nos períodos pré, peri e pós-natal e sua identificação é fundamental para o acompanhamento audiológico e escolha de protocolo da triagem auditiva neonatal (TAN). O Joint Committee on Infant Hearing (2019), classificou os IRDA em doze fatores de acordo com esses períodos de ocorrência citados anteriormente, recomendando um tempo específico para o diagnóstico e frequência de monitoramento auditivo2. Nesse contexto, a TAN é de extrema importância para viabilizar a detecção precoce da deficiência auditiva em neonatos e lactentes na primeira infância, com ou sem IRDA, sendo a primeira etapa do programa de saúde auditiva, no entanto, para neonatos e lactentes com IRDA, o protocolo da TAN é diferente, realizando-se de imediato o teste de Potencial Auditivo de Tronco Encefálico, devido a maior ocorrência de perdas auditivas retrococleares. Assim, essa revisão buscou conhecer os estudos publicados sobre os IRDA, visto que sua presença na infância pode levar ao surgimento de perdas auditivas tardias e/ou à sua progressão se existente desde o nascimento e a importância da realização da TAN. O objetivo do estudo foi analisar a prevalência dos indicadores de risco para deficiência auditiva na primeira infância, evidenciando a importância da triagem auditiva neonatal e do diagnóstico audiológico precoce. Trata-se de uma revisão integrativa norteada pelo seguinte questionamento: “Quais os principais indicadores de risco para deficiência auditiva que estão sendo evidenciados pelos diferentes tipos de estudos na primeira infância?”. Foi realizado uma busca nas bases de dados LILACS, MEDLINE e Scielo, com a estratégia de busca “Fatores de risco AND audição AND deficiência auditiva OR perda auditiva AND criança AND prevalência”. Foram incluídas publicações que abordassem o tema da pesquisa nas línguas inglesa e espanhola, nos últimos 10 anos e excluídos estudos com a faixa etária das crianças acima dos sete anos, artigos que não abordaram o tema proposto, pertencer às categorias de publicações “teses”, “estudo de caso” e “artigo de opinião”. A análise foi realizada por três etapas, sendo: seleção por leitura do título e resumo, exclusão de artigos repetidos e leitura na íntegra dos estudos que atingiram o objetivo da pesquisa. Foram encontrados 242 artigos no total. Destes, foram analisados 26 estudos que respondiam à pergunta norteadora, com maior número de publicações na MEDLINE. Quanto aos IRDA, o uso de medicação ototóxica foi citado em oito artigos (30,77%), e na sequência apontou-se sete artigos (26,92%) de permanência em UTI, cinco artigos (19,23%) de histórico familiar, dois (7,69%) referentes a hiperbilirrubinemia, dois (7,69%) relacionadas às anomalias craniofaciais, um artigo (3,85%) sobre a meningite pneumocócica e um estudo (3,85%) sobre infecções congênitas. Pôde-se concluir que dos IRDA encontrados na pesquisa, o medicamento ototóxico foi o que mais prevaleceu. No entanto, existe um número baixo de artigos que abordem outros indicadores de risco nas bases de dados pesquisadas, sendo importante estudos mais aprofundados que incluam outros sítios de pesquisa. A pesquisa também permitiu compreender a relevância da TAN para diagnosticar precocemente a perda auditiva em neonatos e sua associação com os IRDA.

1. Silva AA da, Bento DV, Silva LNFB. Ocorrência dos indicadores de risco para a deficiência auditiva em um centro de saúde do Rio Grande do Sul. Audiol Commun Res 2018 Sep; 23: 1-7.
2. Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. [internet]. 2019. 4(2): 1-44. Disponível em: https://digitalcommons.usu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1104&context=jehdi
3. Pinto JD, Ferreira L, Temp DA, Dias V, Rohers DE, Biaggio EPV. Evasion of Newborn Hearing Screening retest: relation with risk factors for hearing impairment. Rev CEFAC 2019 Sep; 21(4): e2519.
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5. Marinho ACA, Pereira ECS, Torres KKC, Miranda AM, Ledesma ALL. Avaliação de um programa de triagem auditiva neonatal. Rev Saúde Pública 2020; 54: 44.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1859
INDICADORES DE RISCO PARA DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA PRIMEIRA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Os indicadores de risco para deficiência auditiva (IRDA) podem ocorrer nos períodos pré, peri e pós-natal e sua identificação é fundamental para o acompanhamento audiológico e escolha de protocolo da triagem auditiva neonatal (TAN). O Joint Committee on Infant Hearing (2019), classificou os IRDA em doze fatores de acordo com esses períodos de ocorrência citados anteriormente, recomendando um tempo específico para o diagnóstico e frequência de monitoramento auditivo. Nesse contexto, a TAN é de extrema importância para viabilizar a detecção precoce da deficiência auditiva em neonatos e lactentes na primeira infância, com ou sem IRDA, sendo a primeira etapa do programa de saúde auditiva, no entanto, para neonatos e lactentes com IRDA, o protocolo da TAN é diferente, realizando-se de imediato o teste de Potencial Auditivo de Tronco Encefálico, devido a maior ocorrência de perdas auditivas retrococleares. Assim, essa revisão buscou conhecer os estudos publicados sobre os IRDA, visto que sua presença na infância pode levar ao surgimento de perdas auditivas tardias e/ou à sua progressão se existente desde o nascimento e a importância da realização da TAN. O objetivo do estudo foi analisar a prevalência dos indicadores de risco para deficiência auditiva na primeira infância, evidenciando a importância da triagem auditiva neonatal e do diagnóstico audiológico precoce. Trata-se de uma revisão integrativa norteada pelo seguinte questionamento: “Quais os principais indicadores de risco para deficiência auditiva que estão sendo evidenciados pelos diferentes tipos de estudos na primeira infância?”. Foi realizado uma busca nas bases de dados LILACS, MEDLINE e Scielo, com a estratégia de busca “Fatores de risco AND audição AND deficiência auditiva OR perda auditiva AND criança AND prevalência”. Foram incluídas publicações que abordassem o tema da pesquisa nas línguas inglesa e espanhola, nos últimos 10 anos e excluídos estudos com a faixa etária das crianças acima dos sete anos, artigos que não abordaram o tema proposto, pertencer às categorias de publicações “teses”, “estudo de caso” e “artigo de opinião”. A análise foi realizada por três etapas, sendo: seleção por leitura do título e resumo, exclusão de artigos repetidos e leitura na íntegra dos estudos que atingiram o objetivo da pesquisa. Foram encontrados 242 artigos no total. Destes, foram analisados 26 estudos que respondiam à pergunta norteadora, com maior número de publicações na MEDLINE. Quanto aos IRDA, o uso de medicação ototóxica foi citado em oito artigos (30,77%), e na sequência apontou-se sete artigos (26,92%) de permanência em UTI, cinco artigos (19,23%) de histórico familiar, dois (7,69%) referentes a hiperbilirrubinemia, dois (7,69%) relacionadas às anomalias craniofaciais, um artigo (3,85%) sobre a meningite pneumocócica e um estudo (3,85%) sobre infecções congênitas. Pôde-se concluir que dos IRDA encontrados na pesquisa, o medicamento ototóxico foi o que mais prevaleceu. No entanto, existe um número baixo de artigos que abordem outros indicadores de risco nas bases de dados pesquisadas, sendo importante estudos mais aprofundados que incluam outros sítios de pesquisa. A pesquisa também permitiu compreender a relevância da TAN para diagnosticar precocemente a perda auditiva em neonatos e sua associação com os IRDA.


1. Silva AA da, Bento DV, Silva LNFB. Ocorrência dos indicadores de risco para a deficiência auditiva em um centro de saúde do Rio Grande do Sul. Audiol Commun Res 2018 Sep; 23: 1-7.
2. Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. [internet]. 2019. 4(2): 1-44. Disponível em: https://digitalcommons.usu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1104&context=jehdi
3. Pinto JD, Ferreira L, Temp DA, Dias V, Rohers DE, Biaggio EPV. Evasion of Newborn Hearing Screening retest: relation with risk factors for hearing impairment. Rev CEFAC 2019 Sep; 21(4): e2519.
4. Ministério da Saúde (Brasil). Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal [internet]. Brasília, DF; 2012. [acesso em 10 de maio de 2020]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_triagem_auditiva_neonatal.pd
5. Marinho ACA, Pereira ECS, Torres KKC, Miranda AM, Ledesma ALL. Avaliação de um programa de triagem auditiva neonatal. Rev Saúde Pública 2020; 54: 44.
6. Barboza ACS, Resende LM, Ferreira DBC, Lapertosa CZ, Carvalho SAS. Correlação entre perda auditiva e indicadores de risco em um serviço de referência em triagem auditiva neonatal. Audiol Commun Res 2013; 18(4): 285-292.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
473
ÍNDICE DE FUNÇÃO GLÓTICA OBTIDO POR MEIO DA VIDEOQUIMOGRAFIA DIGITAL DA LARINGE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


TÍTULO: Índice de Função Glótica obtido por meio da videoquimografia digital da laringe
INTRODUÇÃO: O Comitê de Foniatria da Sociedade Europeia de Laringologia sugere um protocolo para avaliação da disfonia considerando seu aspecto multidimensional: avaliação vocal (perceptivo-auditiva e acústica da voz); laríngea; medidas aerodinâmicas; avaliação da autopercepção da disfonia (1). Na avaliação laríngea, a videolaringoscopia de alta velocidade é um procedimento que permite a visualização de cada ciclo glótico e estabelece a avaliação videoquimográfica digital, que é representada por um grande número de parâmetros que caracterizam o ciclo glótico (2). O índice numérico é uma forma de síntese desses parâmetros, através de ferramentas estatísticas. OBJETIVO: Elaborar um Índice de Função Glótica – IFG, a partir de parâmetros da videoquimografia digital, captados pelo exame de videolaringoscopia de alta velocidade de mulheres sem e com alterações laríngeas e vocais de etiologia comportamental. MÉTODO: estudo de delineamento observacional transversal (COEP: 73545417.7.0000.5149). A amostra foi composta por 92 mulheres, destas 55 apresentaram alterações laríngeas e vocais (G1) (± 29,01 anos) e 37 sem alterações laríngeas e vocais (G2) (±26,37 anos), entre 18 a 45 anos. As principais alterações laríngeas encontradas no G1 foram nódulos vocais, cistos vocais, fendas médio posterior, dupla, paralela, vasculodisgenesia e lesão polipóide. A avaliação vocal foi realizada por consenso por três fonoaudiólogos especialistas, por meio da análise perceptivo-auditiva da vogal /a/ em frequência e intensidade habituais, e classificação através do grau geral da disfonia, onde G0 indicou qualidade vocal neutra e G 1 a 3 qualidade vocal alterada. A avaliação laríngea foi realizada por meio da videolaringoscopia de alta velocidade, realizada por dois médicos otorrinolaringologistas. As imagens laríngeas foram obtidas pela gravação da emissão da vogal /i/, em frequência e intensidade habituais e por meio do programa da KayPentax® para análise da videoquimografia digital. Os parâmetros analisados foram abertura máxima, média e mínima, frequência de abertura da prega vocal direita e da esquerda, amplitude de abertura da prega vocal direita e da esquerda e fechamento glótico. A construção do IFG se deu, primeiramente, pela escolha do ponto médio da glote para análise, uma vez que as lesões que acometem o terço médio das pregas vocais são mais prevalentes (3). Para elaboração do IFG foi realizada regressão logística pelo programa estatístico MINITAB 19. RESULTADOS: A regressão logística deste estudo contou com duas etapas, sendo a etapa 1 análise de todas as variáveis, constatando que as variáveis abertura máxima, fechamento glótico e intercepto apresentaram maior correlação e que o modelo proposto encontrou-se bem ajustado (p=0,794) (4); na etapa 2, as três variáveis selecionadas foram analisadas para criação do IFG, novamente o modelo se mostrou bem ajustado(p=0,198) (4). O IFG foi definido por IFG=e^(8,1318-0,2941AbMax-0,0703FechGlo)/1+e^(8,1318-0,2941AbMax-0,0703FechGlo). CONCLUSÃO: O IFG apresenta valor de corte igual a 0,71, onde ≥0,71 representam alteração laríngea, enquanto valores <0,71 determinam laringes normais. A probabilidade de acerto é de 81,5%, sensibilidade 76,4%, especificidade de 89,2%. O IFG otimiza o diagnóstico laríngeo, permitindo a melhor definição do tratamento fonoterápico nos casos de disfonia comportamental, potencializando o prognóstico na clínica vocal.

1. Dejonckere PH, Bradley P, Clemente P, Cornut G, Crevier--Buchman L, Friedrich G, Heyning VDEP, Remacle M, Woisard V. A Basic protocol for functional assessment of voice pathology, especially for investigating the efficacy of (phonosurgical) treatments and evaluating new assessment techniques: guideline elaborated by the Committee on Phoniatrics of the European Laryngological Society (ELS). Eur Arch Otorhinolaryngol. 2001;258(2):77-82.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
468
ÍNDICE DE QUALIDADE VOCAL INFANTIL: MODELO MULTIPARAMÉTRICO DE AVALIAÇÃO
Trabalho científico
Voz (VOZ)



Introdução: A qualidade vocal é analisada a partir de medidas subjetivas, como a avaliação perceptivo-auditiva, e de forma objetiva com medidas acústicas da voz. O avanço da tecnologia tornou possível o processamento digital dos sinais acústicos e a extração de dados numéricos, tornando a avaliação vocal mais completa e precisa (1). A utilização de índices para analisar a qualidade vocal permite que diferentes medidas acústicas possam se correlacionar, possibilitando que todos os paramentos extraídos sejam analisados em conjunto, auxiliando no diagnóstico de alterações vocais. São descritos na literatura dois índices para medir a qualidade vocal da população adulta: o Dysphonia Severity Index (2); e o Acoustic Voice Quality Index (3). Não se observa na literatura estudos que aplicam índices na avaliação vocal infantil, capazes de analisar o padrão vocal da população pediátrica. Objetivo: desenvolver o Índice de Qualidade Vocal Infantil (IQVI), a partir de medidas acústicas da voz. Método: pesquisa observacional analítica transversal aprovada pelo Comitê de Ética de Pesquisa (22174813.1.0000.5149). Participaram da pesquisa 322 crianças sem alteração vocal, sendo 142 do sexo masculino com idade média de 8,31 anos (DP=1,29) e 180 do sexo feminino, com idade média de 8,42 anos (DP=1,21). Para a definição de ausência de disfonia foi considerado, na avaliação perceptivo-auditiva da fala encadeada, o parâmetro grau geral da disfonia igual a zero. A avaliação foi realizada por uma fonoaudióloga com mais de 10 anos de experiência (concordância Kappa de 72,7%). Para a análise acústica foi gravada a emissão da vogal /a/ de forma habitual no sistema MDVP da Kay Pentax® em computador com placa de som e microfone condensador unidirecional. A análise acústica constou da extração dos parâmetros de Frequência Fundamental (Hz), Jitter (%), Shimmer (%), Quociente de perturbação de frequência (%), Quociente de perturbação de amplitude (%), Proporção harmônico ruído (dB), Soft Phonation Index (SPI), e Tempo máximo de Fonação (seg). Para a elaboração do IQVI foi realizada a Análise Estatística Multivariada de Componentes Principais utilizando o software de análise estatística MiniTab 18. Resultados: Na análise final a variância total explicada pela primeira componente foi de 55%, pela segunda de 25,1%, pela terceira 12% e pela quarta 7,2%, o que resultou na determinação de duas componentes principais, que juntas representaram 80,1% da variância total do vetor original padronizado, com quatro parâmetros acústicos. O IQVI ficou representado: Primeira componente (PC1) = 0,588 x (NHR) + 0,538 x (Jitter) + 0,601 x (Shimmer) – 0,051 x (TMF); e Segunda Componente (PC2) = 0,085 x (NHR) + 0,039 x (Jitter) – 0,033 x (Shimmer) + 0,995 x (TMF). Foi definido como valor ideal da PC1, que indica a qualidade vocal, o valor de -2,59. A segunda componente, capaz de analisar o fator respiratório da voz, foi definido com o valor ideal de -1,36. Conclusão: O Índice de Qualidade Vocal Infantil (IQVI) é capaz de representar a qualidade vocal da criança e servir como objeto de avaliação vocal pediátrica. A primeira componente tem a capacidade de representar a qualidade vocal e a segunda o padrão respiratório.


1. Spazzapan EA, Marino VCC, Cardoso VM, Berti LC, Fabbron EMG. Características acústicas da voz em diferentes ciclos da vida: revisão integrativa da literatura. Rev. CEFAC; 2019: 21(3): e15018.
2. Wuyts FL, De Bodt MS, Molenberghs G, Remacle M, Heylen L, Millet B, et al. The dysphonia Severity Index: An Objective Measure of Vocal Quality Based on a Multiparameter Approach.JSHR. 2000; 43(3): 796-809.
3. Englert M, Lima L, Constantini AC, Latoszek BB, Maryn Y, Behlau M. Acoustic Voice Quality Index - AVQI para o português brasileiro: análise de diferentes materiais de fala. CoDAS; 2019: 31(1), e20180082.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1306
INDISSOCIABILIDADE ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO FONOAUDIÓLOGO: RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO DE COMBATE AO TABAGISMO.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O tabagismo é uma das maiores causas de morte evitáveis em todo mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Os prejuízos causados pelo consumo do tabaco perpassam a barreira do fisiológico, se instalando também em questões psicossociais, cognitivas e financeiras. O trabalho no combate ao tabagismo deve se centrar em todo o escopo do sistema de saúde e educacional, sendo realizado de forma multidisciplinar, buscando tanto a cessação como a prevenção quanto à entrada no vício.

Objetivo: Apontar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão como ferramenta de formação profissional promovida por meio da ação de um projeto de extensão de combate ao tabagismo.

Metodologia: Em relação à extensão, realizam-se ações junto à comunidade nos locais atendidos pela universidade. Tais ações centram-se na prevenção, por meio da disseminação da informação, e na reabilitação, em atendimento a grupos para cessação do tabaco, em cooperação com profissionais da saúde locais. As ações de pesquisa ocorrem com o intuito de definir o diagnóstico da população e guiar as ações de extensão, mas, também, de forma mais abrangente, a partir das questões levantadas pelos voluntários do projeto, alunos do Curso de Fonoaudiologia, sobre o tabaco e sua interferência nas questões de saúde geral e fonoaudiológica da população. Tais ações refletem no ensino, sendo as situações vivenciadas e pesquisadas a base para a confecção de materiais específicos para as disciplinas do curso sobre o tema tabagismo.

Resultados: A atuação do projeto iniciou tímida na comunidade que, apesar de receber a proposta com entusiasmo, não dispunha das condições necessárias para realização das ações. Aos poucos, com delineamento do diagnóstico e ajuste das propostas com a sociedade local, foi possível alcançar, em 2019, a criação de um grupo de combate ao tabagismo. O grupo é fruto do trabalho conjunto realizado entre os integrantes do projeto e os profissionais de saúde e educação locais. O projeto atua no grupo mensalmente, com uma palestra sobre os malefícios causados pelo cigarro, em especial aqueles que se relacionam com as questões fonoaudiológicas, interligada à proposta de quatro encontros semanais com diferentes profissionais e acompanhamento posterior pela equipe de saúde para garantia do apoio nos casos de cessação (ou não). Neste momento, também são recolhidas informações que servem de base para as pesquisas realizadas pelo grupo, devidamente aprovadas, que buscam traçar o perfil fonoaudiológico dos indivíduos tabagistas. Em relação ao ensino, as experiências vivenciadas na extensão alertaram para o fato de que o tema tabagismo nem sempre é considerado nas diversas disciplinas do curso, apesar das alterações fonoaudiológicas causadas pelo tabaco, o que estimulou a proposta do um projeto de inserção do assunto em diferentes disciplinas, que já vem colhendo bons resultados.

Conclusão: A atuação em extensão promovida pela academia é de extrema relevância tanto para a comunidade como para o profissional em formação, que entende, por meio da indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão, que suas ações acadêmicas podem refletir em melhoria de qualidade de vida para a população, sendo que sua experiência junto a esta modifica seu fazer acadêmico.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1649
INFÂNCIA PANDÊMICA E O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM. O QUE ESPERAR NA ERA COVIDIANA?
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A humanidade ao longo dos séculos foi acometida por diversas pandemias e as crianças sempre sofreram consequências secundárias à essas situações. A luta pela sobrevivência era primordial e, nas épocas pós pandemia. Destacam-se dificuldades escolares, sócio emocionais devido ao luto causado pela pandemia da gripe espanhola. Observou-se, em atendimentos no Sistema Único de Saúde, como o uso de máscaras na atual pandemia parece gerar dificuldades de interação e de desenvolvimento da linguagem em crianças pequenas de uma comunidade carente assistida pelo PSF em Camaçari – Bahia. Metodologia: Estudo de série de casos mediante corte transversal. Foram analisados 35 prontuários de famílias (de crianças de 1 a 3 anos, sem distúrbios do desenvolvimento), atendidas no programa de saúde da criança dentro da estratégia saúde da família. Todos os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido, a pesquisa foi aprovada pelo CEP-UFBA pelo no 201220. Não há conflito de interesses entre os autores Resultados. 25 famílias apresentavam queixa de atraso no desenvolvimento da linguagem, dificuldades emocionais, e labilidade comunicativa após o uso constante de máscaras por familiares em casa. Destas, 14 famílias apresentavam queixa de tristeza, angustias, crises de ansiedade. Assim, necessitamos de estudos com escopo fidedigno e de maior base epidemiológica para ter uma dimensão real dos déficits de linguagem pós covid, especialmente devido ao isolamento social prolongado. Conclusão: Na era covidiana o uso de máscaras e a longa quarentena para tentar conter o avanço do coronavirus no país poderá ocasionar sequelas de médio e longo prazo que precisam ser identificadas e avaliadas para antecipar e/ ou minimizar as consequências. Na faixa de idade de 1 a 3 anos, o curto período 3 meses de quarentena, mostra que a pandemia pode ter grande efeito no desenvolvimento das crianças, como atestam as dificuldades apresentadas no levantamento realizado até o momento. Entre as sequelas estão o déficit linguístico, comportamental e de escolarização. Estudos longitudinais são esperados para retratar tais efeitos pós covid.

Guimarães SRK. Desenvolvimento da linguagem oral e escrita. 2008. 1a Edição. Editora URPR.
Piaget, Jean. Seis estudos de Psicologia. 25ª edição. Editora Forense Universitária, 2012.
De Francisco Shapovalova N, Donadel M, Jit M, Hutubessy R. A systematic review of the social and economic burden of influenza in low- and middle-income countries. Vaccine. 2015;33(48):6537-6544.
Honigsbaum M. Spanish influenza redux: revisiting the mother of all pandemics. Lancet. 2018;391(10139):2492-2495. doi:10.1016/S0140-6736(18)31360-6.
Brackeen TC. Spanish Influenza. J Natl Med Assoc. 1919;11(4):146-148.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
581
INFLUÊNCIA DA COMUNICAÇÃO DE LÍDERES NO CENÁRIO DA GESTÃO EM SAÚDE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A comunicação é a provocação de significados comuns numa relação dialógica, com utilização de signos e símbolos, permeados pela intencionalidade de quem comunica e tem sido muito valorizada nas organizações de saúde, nas relações interprofissionais, bem como na prestação do cuidado ao paciente, família e/ou comunidade (1,2). Comunicar é estabelecer empatia. Isso significa assumir o papel do seu interlocutor na busca de uma ação comunicativa. Assim, comunicar-se requer a compreensão do outro e de si mesmo (3).
Com mundo cada vez mais globalizado e com alterações nos processos de trabalho, nota-se que as organizações de saúde reconhecem a necessidade de adotar ações com maior flexibilidade, menor rigidez das hierarquias, gestão mais horizontalizada e participativa, com amplo acesso à informação e exigências de habilidades comportamentais. É fundamental o alinhamento às mudanças e transformações evidenciadas nas relações de trabalho, nas novas demandas de mercado e nos modelos de gestão contemporâneos (4,5). Estudo revelou que a maioria dos problemas dos sistemas de saúde são decorrentes da fragilidade das lideranças e sua comunicação com liderados. Faz-se necessário ampliar evidências científicas na perspectiva da liderança e comunicação, tendo em vista que são competências estratégicas que corroboram com melhores performances (2,6).
Objetivo: avaliar a relação entre competência comunicativa das lideranças e performance de equipes de saúde.
Método: Trata-se de estudo de escopo ,conforme método de revisão proposto pelo Instituto Joanna Briggs(7). Foram incluídos na amostra artigos publicados em português, inglês e espanhol, publicados entre 2010 e 2019. A busca ocorreu nas bases de dados: LILACS, MEDLINE por meio do portal PUBMED e para a literatura cinza foi adotado como base de dados o Google Acadêmico, durante o período de 02/01/2020 a 30/01/2020.Descritores foram baseados de acordo com os Desc ritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH), e palavras-chave. Para cada estratégia de busca e suas combinações empregaram-se os operadores booleanos: AND, OR e NOT, conforme segue: liderança; comunicação; desempenho profissional; organizações de saúde, trabalho em equipe, performance.
Resultados: 12 estudos constituíram amostra, sendo 92% (N=11) artigos científicos e 8% (N=1) tese de doutorado. Quanto aos desenhos de estudo, 92% (N=11) eram descritivos e 8% (N=1) revisão sistemática. Em relação aos desfechos, 50% (N-6) relacionou a comunicação diretamente ao papel da liderança, 17% (N=2) estavam relacionados à governança, 17% (N=2) à empatia. 8% (N=1) discutiu à comunicação relacionada às técnicas de feedback e 8% (N=1) pautou discussão na questão das barreiras de comunicação. A comunicação da liderança foi mencionada nos estudos com destaque entre as competências gerenciais, considerando a importância dos aspectos relacionais implicados nos processos de trabalho, além do foco técnico e específico inerente à produção e gestão do cuidado.
Conclusão: Conclui-se que a competência comunicativa é fundamental para líderes de serviços de saúde. Quanto melhor essa habilidade do líder, melhor será o resultado dos liderados, maior será o engajamento da equipe,o que na área da saúde confere conotação de maior qualidade e melhor produção do cuidado.

1 Andrade-Vasconcelos R, Caldana G, Lima E, Silva L, Bernardes A, Silvia C. Communication in the relationship between leaders and lead in the context of nursing. Journal of Nursing UFPE on line [Internet]. 2017 Sep 30; [Cited 2020 Jul 6]; 11(11): 4767-4777.

2 Santos RO. A importância da comunicação no processo de liderança. Rev. Adm. Saúde .2018 jul. – set. 2018 18 (72).

3 KYRILLOS, L.; SARDENBERG, C. A.; Comunicação e Liderança, São Paulo: Contexto, 2019.

4 Bernardes A, Cummings G, Évora YDM, Gabriel CS. Contextualização das dificuldades resultantes da implementação do Modelo de Gestão Participativa em um hospital público. Rev. Latino-Am. Enfermagem nov.-dec. 2012;20(6):10


5 Coriolano-Marinus Maria Wanderleya de Lavor, Queiroga Bianca Arruda Manchester de, Ruiz-Moreno Lidia, Lima Luciane Soares de. Comunicação nas práticas em saúde: revisão integrativa da literatura. Saude soc. [Internet]. 2014 Dez [citado 2020 Jul 06] ; 23( 4 ): 1356-1369.

6-Ghiasipour M, Mosadeghrad AM, Arab M, Jaafaripooyan E. Leadership challenges in health care organizations: The case of Iranian hospitals. Med J Islam Repub Iran. 2017;31:96.

7 Joanna Briggs. Institute. The Joanna Briggs Institute reviewers' manual 2015: Methodology for JBI scoping reviews; 2015.Disponível em: http://joannabriggs.org/assets/docs/sumari/Reviewers-Manual_Methodology-for-JBI-Scoping-Reviews_2015_v2.pdf





TRABALHOS CIENTÍFICOS
1414
INFLUÊNCIA DA EXPERIÊNCIA DO OUVINTE E DA TAREFA DE FALA NA ACURÁCIA DA AVALIAÇÃO PERCEPTIVO AUDITIVA DA QUALIDADE VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: As pesquisas que envolvem acurácia no diagnóstico clínico, analisam a capacidade de um determinado teste de discriminar uma condição ou desfecho específico. Na rotina da clínica vocal fonoaudiológica a análise perceptivo-auditiva, apesar de sua subjetividade, é o principal padrão de referência para avaliar vozes quanto a presença ou ausência de distúrbio vocal. Vários fatores podem influenciar na análise perceptivo-auditiva da voz, tais como, experiência do juiz, tipo de tarefa de fala avaliada e a escala utilizada para mensuração. Entretanto, ainda há muitas dúvidas sobre o papel desses fatores na análise perceptiva da qualidade vocal. Objetivo: investigar a influência da experiência do juiz e da tarefa de fala sobre a acurácia da análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal. Metodologia: Esta pesquisa foi aprovada pelo CEP da instituição de origem, com o parecer de no 52492/2012. participaram do estudo 22 juízes divididos em quatro grupos: fonoaudiólogos especialistas em voz, fonoaudiólogos generalistas, estudantes de graduação com experiência na análise perceptivo-auditiva e alunos de graduação sem experiência, além disso a pesquisa também contou com 2 juízes com expertise na área de voz. Os sujeitos avaliaram a qualidade vocal predominante e a intensidade do desvio vocal de uma amostra de 44 vozes. Diversas tarefas de fala foram utilizadas, são elas: vogais sustentadas /a/ e /Ɛ/, frases do CAPE-V, contagem de números e fala semi-espontânea. As tarefas de fala foram apresentadas aos juízes separadas por blocos, isto é, cada bloco era composto por uma tarefa de fala específica. Foram utilizadas duas escalas de mensuração, a analógica visual e a escala numérica. Dentre os 2 juízes com expertise em voz participantes dessa pesquisa, elegeu-se o que apresentou a maior confiabilidade intra-avaliador como referência para esse estudo. Resultados: O grupo composto por fonoaudiólogos especialistas foi o que apresentou as melhores taxas de acurácia na análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal. A tarefa de fala vogal /Ɛ/ foi a que apresentou os maiores valores de acurácia em todos os grupos em relação ao juiz de referência. De modo geral, a escala numérica obteve maiores valores na taxa de acurácia da análise perceptivo-auditiva em comparação a escala visual. Conclusão: houve influência da experiência do ouvinte e da tarefa de fala elencada, sobre a acurácia da análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal.

Barsties B, Maryn Y. The influence of voice sample length in the auditory-perceptual judgment of overall voice quality. J Voice 2016; 31: 202-210
• Oates J. Auditory-perceptual evaluation of disordered voice quality: proscons and future directions. Folia Phoniatr Logop. 2009;61(1):49-56.
• Eadie TL, Kapsner M, Rosenzweig J, Waugh P, Hillel A, Merati A. The role of experience on judgments of dysphonia. J Voice. 2010 Sep;24(5):564-73.
• Kent R. D, Read C. Análise acústica da fala. (1993). Traduzidopor MEIRELES, A.R. The Acoustic analysis of speech. 1º ed. São Paulo: Cortez, 2015.
• Kent RD: Hearing and believing: some limits to the auditory-perceptual assessment of speech and voice disorders. Am J Speech Lang Pathol 1996;5:7–23.
• Lima Silva MFB, Madureira S, Rusilo LC, Camargo Z. Vocal quality assessment: methodological approach for a perceptive data analysis. Rev. CEFAC. 2017 Nov-Dez; 19(6):831-841
• Lopes LW, Simoes LB, Silva JD, Evangelista DS, Ugulino ACN, Silva POC, Vieira JF. Accuracy of Acoustic Analysis Measurements in the Evaluation of Patients With Different Laryngeal Diagnoses. J Voice. 2017 May;31(3):382.e15-382.e26.
• Patel S, Shrivastav R. – Perception of dysphonic vocal quality: some thoughts and research update. Perspectives on voice and voice disorders. 2007. Jul,; 17:3-6 (ASHA SID-3).
• Yamasaki R, Madazio G, Leão SHS, Padovani M, Azevedo R, Behlau M. Auditory-perceptual Evaluation of Normal and Dysphonic Voices Using the Voice Deviation Scale. J Voice. 2017; 31(1):67-71.
• Yiu, ML, Chan KM, Mok RS. Reliability and confidence in using a paired comparison paradigm in perceptual voice quality evaluation. Clin Linguist Phon.. 2007. 21(2), 129–145.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1606
INFLUÊNCIA DA EXPERIÊNCIA DO OUVINTE E DA TAREFA DE FALA NA AVALIAÇÃO PERCEPTIVO AUDITIVA DA QUALIDADE VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A qualidade vocal é um fenômeno perceptual por natureza. Na rotina da clínica fonoaudiológica a análise perceptivo-auditiva da voz, apesar de sua subjetividade, ainda é considerada o padrão de referência na avaliação vocal. Vários fatores podem influenciar na análise perceptivo-auditiva da voz, como por exemplo, a experiência do juiz, treinamento auditivo, tipo de tarefa de fala avaliada (vogal sustentada, contagem de números, frases, leitura de texto, fala espontânea) e a escala utilizada para mensuração. Entretanto, ainda há muitas dúvidas no que tange o papel desses fatores na análise perceptivo da qualidade vocal. Objetivo: analisar a influência da experiência do ouvinte e do tipo de tarefa de fala sobre a análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal. Metodologia: Esta pesquisa foi aprovada pelo CEP da instituição de origem, com o parecer de no 52492/2012. Participaram do estudo 22 juízes divididos em quatro grupos: fonoaudiólogos especialistas em voz, fonoaudiólogos generalistas, estudantes de graduação com experiência na análise perceptivo-auditiva e alunos de graduação sem experiência. Os sujeitos avaliaram a qualidade vocal predominante e a intensidade do desvio vocal de uma amostra de 44 vozes. Diversas tarefas de fala foram utilizadas, sendo elas: vogais sustentadas /a/ e /Ɛ/, frases do CAPE-V, contagem de números e fala semi-espontânea. As tarefas de fala foram apresentadas em duas modalidades. Na primeira, os juízes avaliavam as tarefas de fala separadamente, isto é, todas as vogais /a/, todas as vogais /Ɛ/ e assim sucessivamente. No segundo momento, as tarefas de fala eram expostas aos juízes de forma interligada. Foram utilizadas duas escalas de mensuração, a analógica visual e a escala numérica. Resultados: os grupos formados por fonoaudiólogos generalistas e por alunos de graduação com treinamento, apresentaram os melhores índices de confiabilidade inter-avaliadores. A tarefa de fala “Frases do CAPE-V” foi a que apresentou a melhor confiabilidade entre todas as tarefas. Não houve diferenças na confiabilidade da análise perceptivo-auditiva entre vogal /a/ e vogal /Ɛ/. De modo geral, a escala analógica visual obteve maior confiabilidade entre os juízes quando comparada com a escala numérica. Conclusão: houve influência da experiência do ouvinte e da tarefa de fala elencada na confiabilidade da análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal. Palavras-chave: análise perceptivo auditiva; tarefa de fala; experiência; confiabilidade

• Barsties B, Maryn Y. The influence of voice sample length in the auditory-perceptual judgment of overall voice quality. J Voice 2016; 31: 202-210
• Oates J. Auditory-perceptual evaluation of disordered voice quality: proscons and future directions. Folia Phoniatr Logop. 2009;61(1):49-56.
• Eadie TL, Kapsner M, Rosenzweig J, Waugh P, Hillel A, Merati A. The role of experience on judgments of dysphonia. J Voice. 2010 Sep;24(5):564-73.
• Kent R. D, Read C. Análise acústica da fala. (1993). Traduzidopor MEIRELES, A.R. The Acoustic analysis of speech. 1º ed. São Paulo: Cortez, 2015.
• Kent RD: Hearing and believing: some limits to the auditory-perceptual assessment of speech and voice disorders. Am J Speech Lang Pathol 1996;5:7–23.
• Lima Silva MFB, Madureira S, Rusilo LC, Camargo Z. Vocal quality assessment: methodological approach for a perceptive data analysis. Rev. CEFAC. 2017 Nov-Dez; 19(6):831-841
• Lopes LW, Simoes LB, Silva JD, Evangelista DS, Ugulino ACN, Silva POC, Vieira JF. Accuracy of Acoustic Analysis Measurements in the Evaluation of Patients With Different Laryngeal Diagnoses. J Voice. 2017 May;31(3):382.e15-382.e26.
• Patel S, Shrivastav R. – Perception of dysphonic vocal quality: some thoughts and research update. Perspectives on voice and voice disorders. 2007. Jul,; 17:3-6 (ASHA SID-3).
• Yamasaki R, Madazio G, Leão SHS, Padovani M, Azevedo R, Behlau M. Auditory-perceptual Evaluation of Normal and Dysphonic Voices Using the Voice Deviation Scale. J Voice. 2017; 31(1):67-71.
• Yiu, ML, Chan KM, Mok RS. Reliability and confidence in using a paired comparison paradigm in perceptual voice quality evaluation. Clin Linguist Phon.. 2007. 21(2), 129–145.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1069
INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM NEONATOS DE RISCO NA INTRODUÇÃO DE DIETA VIA ORAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Prematuridade e baixo peso são considerados fatores de risco para o recém-nascido (RN) e podem interferir na aceitação de dieta plena por via oral (VO), levando à necessidade de uso de vias alternativas de alimentação, como a sonda enteral(1–3). O RN prematuro pode apresentar alteração nas habilidades motoras orais(1,4), necessitando da intervenção fonoaudiológica(3–6) para aprimorar a mobilidade e tonicidade da musculatura orofacial, favorecer adequação do sistema estomatognático(2,5,7) e de suas funções(8,9), a fim de estabelecer dieta VO segura. OBJETIVO: Investigar a introdução de dieta via oral em RNs de risco, que utilizaram ou não sonda enteral para alimentação, conforme intervenção fonoaudiológica recebida. MÉTODO: Estudo retrospectivo, transversal, analítico, realizado em uma maternidade pública de referência do nordeste brasileiro, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa CAAE n° 0198.0.107.000-11. Foram analisados 150 prontuários de RNs e levantados dados sobre: sexo, tipo de parto, Apgar, pesos (ao nascer e alta hospitalar), Idade Gestacional ao Nascimento - IGN, Idade Gestacional corrigida – IGc (início VO e alta), tempo de internação, intervenção fonoaudiológica, uso de sonda enteral, modo de oferta de dieta no primeiro dia VO. Os RNs foram distribuídos quanto ao uso de sonda em G1 (N=107, com sonda) e G2 (N=43, sem sonda); e divididos conforme intervenção fonoaudiológica em GF (N=91, com intervenção) e GC (N=59, sem intervenção). As variáveis categóricas foram descritas por frequência absoluta e relativa percentual, as contínuas por mediana e intervalo interquartil. Utilizado teste Mann-Whitney. RESULTADOS: Os RNs apresentaram as seguintes classificações (em medianas): IGN = 34 semanas, peso nascimento = 1920g, tempo de internação = 11 dias, Apgar 1º minuto = 8. Sobre o modo de oferta de dieta no primeiro dia VO, RNs alimentados no seio materno representaram 96% da população estudada; seguidos daqueles que receberam copo como complemento (79,3%); copo como forma principal (28%); e mamadeira (9,3%). Quanto ao uso de sonda, G1 e G2 apresentaram diferenças significativas, respectivamente, quanto: Apgar (8; 9), peso nascimento (1760g; 2075g), peso alta (1915g; 2090g), IGN em semanas (33,1; 35,4), IGc para iniciar VO em semanas (35; 35,7), menores em G1; tempo de internação em dias (16; 7) e percentual de recebimento de intervenção fonoaudiológica (70,1%; 37,2%), maiores em G1. Com relação à intervenção fonoaudiológica, houve diferenças entre GF e GC, respectivamente quanto: peso nascimento (1750g; 2105g), peso alta (1915g; 2180g), IGN em semanas (33; 35,3), IGc para iniciar VO em semanas (34,7; 35,9), menores em GF; dias de internação (16; 8) e uso de mamadeira (14,3%; 1,7%), maiores em GF. CONCLUSÃO: O uso de sonda enteral esteve relacionado ao aumento do tempo de internação, enquanto a intervenção fonoaudiológica impactou na introdução de alimentação por VO mais precocemente, mesmo considerando RNs com piores fatores de risco.

1. Lima AH, Côrtes MG, Bouzada MCF, Friche AA de L, Lima AH, Côrtes MG, et al. Preterm newborn readiness for oral feeding: systematic review and meta-analysis. CoDAS [Internet]. 2015 Feb [cited 2020 Jun 18];27(1):101–7. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822015000100101&lng=en&tlng=en
2. Cavalcante SEA, Oliveira SIM de, Silva RKC e, Sousa CP da C, Lima JVH, Souza NL de. Habilidades de recém-nascidos prematuros para início da alimentação oral. Rev da Rede Enferm do Nord [Internet]. 2018 Sep 26;19. Available from: http://periodicos.ufc.br/rene/article/view/32956/pdf
3. Yamamoto RC de C, Prade LS, Bolzan G de P, Weinmann ARM, Keske-Soares M, Yamamoto RC de C, et al. Readiness for oral feeding and oral motor function in preterm infants. Rev CEFAC [Internet]. 2017 Aug [cited 2020 Jun 18];19(4):503–9. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462017000400503&lng=en&tlng=en
4. Yamamoto RC de C, Prade LS, Berwig LC, Weinmann ARM, Keske-Soares M, Yamamoto RC de C, et al. Parâmetros cardiorrespiratórios e sua relação com a idade gestacional e nível de habilidade de alimentação oral de recém-nascido pré-termo. CoDAS [Internet]. 2016 Dec 12 [cited 2020 Jun 18];28(6):704–9. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822016000600704&lng=pt&tlng=pt
5. Otto DM, Almeida ST de, Otto DM, Almeida ST de. Desempenho da alimentação oral em recém-nascidos prematuros estimulados pela técnica treino de deglutição. Audiol Commun Res [Internet]. 2017 [cited 2019 May 9];22(0). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312017000100305&lng=pt&tlng=pt
6. Medeiros AMC, Ramos BKB, Bomfim DLSS, Alvelos CL, Silva TC da, Barreto ID de C, et al. Tempo de transição alimentar na técnica sonda-peito em recém-nascidos baixo peso do Método Canguru. CoDAS [Internet]. 2018 May 17;30(2). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822018000200306&lng=pt&tlng=pt
7. Alves YVT, Santos JC de J, Barreto ID de C, Fujinaga CI, Medeiros AMC. Full term newborns in non-nutritive suction evaluationand their relation on feeding performance. Rev Bras Saúde Matern Infant [Internet]. 2019 Sep;19(3):621–30. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292019000300621&tlng=en
8. Basso CSD, Arroyo MA da S, Saes MABF, Beani L, Maia AB, Lourenção LG. Breastfeeding rate and speech-language therapy in the Kangaroo Method. Rev CEFAC [Internet]. 2019;21(5). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462019000500509&tlng=en
9. Medeiros AMC, Santos JC de J, Santos D de AR, Barreto ID de C, Alves YVT, Medeiros AMC, et al. Acompanhamento fonoaudiológico do aleitamento materno em recém-nascidos nas primeiras horas de vida. Audiol Commun Res [Internet]. 2017 Nov 27 [cited 2019 Jul 13];22(0). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312017000100339&lng=pt&tlng=pt


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2097
INFLUÊNCIA DA MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO ALTERADOS SOBRE AS CARACTERÍSTICAS ALIMENTARES DE CRIANÇAS RESPIRADORAS ORAIS.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO
A respiração é uma função vital feita normalmente por via nasal, este modo de respiração protege as vias aéreas e permite o desenvolvimento adequado do complexo crânio-facial, estando associado a funções normais de mastigação, deglutição, postura da língua e lábios. Ocorrendo qualquer obstrução na passagem de ar, o indivíduo é levado a respirar pela boca. Alguns sistemas são relatados como prejudicados em respiradores orais, como o olfativo e gustativo, ocasionando redução do apetite e escolha dos alimentos pela consistência, levando a alterações nutricionais e alimentares, como também a, postura da língua e lábios, deglutição e mastigação.
OBJETIVO
Observar a influência da mastigação e deglutição alterados sob as características alimentares de crianças respiradoras orais.
METODOLOGIA
O estudo é descritivo, observacional, de corte transversal. A pesquisa foi realizada em uma Clínica escola da Universidade Federal de Pernambuco. A amostra foi por conveniência com crianças na faixa etária de 7 a 12 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico fonoaudiológico de respiração oral. A alteração da deglutição e mastigação foram avaliados através do Protocolo de Sinais e Sintomas da Respiração Oral (PISSRO), sendo um total de 12 crianças com ambas alterações. As escolhas alimentares foram avaliadas através do Registro diário de consistência e textura da alimentação – RDCTA, (CUNHA E SILVA, 2012), onde são coletadas informações sobre os tipos de alimentos normalmente consumidos nas refeições da criança, em que textura, em que consistência e outras características que podem estar vinculadas a respiração oral. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, parecer 94056318.0.0000.5208.
RESULTADOS
No que se refere às características alimentares do grupo analisado (n=12), fora analisado que todo grupo 12 (100%) apresentou preferência por ingestão de líquidos durante a refeição para facilitar a ingestão, e quanto a consistência dos alimentos, observou-se que em todas as respostas 12 (100%) foram que os alimentos eram consumidos em sua consistência normal, sem preferência por alimentos moles.
CONCLUSÃO
Observou-se no grupo estudado, que a alteração da mastigação e deglutição não influenciam na escolha do alimento pela consistência, porém todos faziam ingestão de líquidos durante a alimentação para facilitar a deglutição ou mastigação .

Cunha D, et al. A respiração oral em crianças e suas repercussões no estado nutricional. Rev. CEFAC [online]. 2007, vol.9, n.1, pp.47-54. ISSN 1516-1846. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-18462007000100007.
Cunha D, Silva G, Silva H. Repercussões da respiração oral no estado nutricional: por que acontece?. Arquivos Int. Otorrinolaringol.[online]. 2011, vol.15, n.2, pp.223-230.  https://doi.org/10.1590/S1809-48722011000200016.
Canuto M, Moura J, Anjos C. Preferência alimentar de respiradores orais de uma escola de ensino fundamental. Rev. CEFAC [online]. 2016, vol.18, n.4, pp.811-817. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620161841716
 
 


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1479
INFLUÊNCIA DA SARCOPENIA NOS PARÂMETROS VOCAIS PERCEPTIVOS, ACÚSTICOS E AERODINÂMICOS DE IDOSOS: ANÁLISE PRELIMINAR.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O Brasil envelhece de forma rápida e intensa, o que representa uma transformação social, da expectativa da saúde e qualidade de vida dos idosos. Tal fato gera a necessidade de cuidados de saúde de forma integral e centrada no idoso a fim de maximizar a sua funcionalidade e bem-estar. O envelhecimento e a sarcopenia podem promover mudanças morfofisiológicas nas funções de voz, mas faltam dados na literatura capazes de distinguir os efeitos resultantes da sarcopenia propriamente dita daqueles decorrentes do envelhecimento. Objetivo: Comparar os parâmetros vocais, acústicos e aerodinâmicos entre idosas sarcopênicas e não sarcopênicas. Métodos: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (n° 4.081.589). Participarão 60 idosas que serão alocadas em dois grupos, conforme avaliação médica da sarcopenia (GE: 30 sarcopênicas, GC: 30 não sarcopênicas) pertencentes ao Ambulatório de Geriatria e encaminhadas à Divisão de Cirurgia de Cabeça e Pescoço de um Hospital Público Universitário para avaliação médica laríngea, respeitando-se os critérios de inclusão pré-estabelecidos. Em seguida, cada participante será submetida à coleta de material de voz para avaliação perceptivo-auditiva, registro e captura dos parâmetros vocais e aerodinâmicos, por meio do Sistema Aerodinâmico Fonatório (SAF) Modelo 6600 (KayPentax®) e análise acústica que será realizada utilizando-se do Multi-Dimensional Voice Program (MDVP) do software Computerized Speech Lab Modelo 6103 (KayPentax®). Resultados Parciais: Foram coletados dados de quatro participantes, não sarcopênicas, com média de idade de 73,5 anos (60-85 anos), sendo obtidos até o momento: relação s/z médio de 0,94 (0,51-1,54), intensidade habitual média de 54,72dB (53,3-64,0dB), frequência fundamental (f0) média de 216,63Hz (169,28-257,25Hz), quociente de perturbação do pitch (PPQ) médio de 1.25% (0,13-2,40%), frequência do tremor (Fftr) médio de 3,99Hz (3,73-4,25Hz) e para proporção harmônico ruído (NHR), a média foi 0.20n (0,12-0,37n). Quanto ao Sistema Aerodinâmico Fonatório, foram identificados os valores de Duração do fluxo de ar expiratório médio de 5,28s (2,7-10,99s), Máximo de pressão sonora fonatória médio de 78,83 dB (64,76-88,94dB), Tempo de fonação médio de 9,72s (6,79-13,23s) e para a Média da pressão sonora fonatória, foi encontrada média de 72,91dB (65,33-78,78dB). Conclusão: com base na análise preliminar, idosas não sarcopênicas apresentaram relação s/z, frequência fundamental (f0), frequência do tremor (Fftr), duração do fluxo de ar expiratório e a média da pressão sonora fonatória dentro dos valores de referência para idade e sexo.

Easterling C. Does an Exercise Aimed at Improving Swallow Function Have an Effect on Vocal Function in the Healthy Elderly? Dysphagia. 2008 Sep;23(3):317-26.

Martins RHG, Pessin ABB, Nassib DJ, Branco A, Rodrigues AS, Matheus SMM. Aging Voice and the laryngeal muscle atrophy. Laryngoscope. 2015 Nov;125(11):2518-21.

Mau T, Jacobson BH, Garrett CG. Factors Associated With Voice Therapy Outcomes in the Treatment of Presbyphonia. Laryngoscope. 2010 Jun;120(6):1181-7.

Rapoport SK, Menier J, Grant N. Voice Changes in the Elderly. Otolaryngol Clin North Am. 2018 Aug;51(4):759-768.

Simões, CCS. Relações entre as alterações históricas na dinâmica demográfica brasileira e os impactos decorrentes do processo de envelhecimento da população. Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais; 2016.

Takano S, Kimura M, Nito T, Imagawa H, Sakakibara K, Tayama N. Clinical analysis of presbylarynx- Vocal fold atrophy in elderly individuals. Auris Nasus Larynx. 2010 Aug;37(4):461-4.

Tellis CM, Rosen C, Close JM, Horton M, Yaruss JS, Verdolini-Abbott K, Sciote Cytochrome C Oxidase Deficiency in Human Posterior Cricoarytenoid Muscle. J Voice. 2011 Jul;25(4):387-94.

Thomas LB, Harrison AL, Stemple JC. Aging thyroarytenoid and limb skeletal muscle: lessons in contrast. J Voice. 2008 Jul;22(4):430-50.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1967
INFLUÊNCIA DAS POSTAGENS DO PROGRAMA AUDIOLOGIA NA ESCOLA - EDUCAÇÃO CONTINUADA E SAÚDE AUDITIVA DURANTE A QUARENTENA DA COVID-19
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Segundo o Ministério da Saúde (2009), a escola é um importante espaço para o desenvolvimento de um programa de educação para a saúde, sendo cenário ideal para ações do Programa de Extensão Audiologia na Escola: educação continuada e saúde auditiva. Com a chegada do novo coronavírus, determinando, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença Covid-19 e o agravamento de casos da doença no Brasil, o estado de quarentena foi instalado em todo o território, suspendendo atividades escolares e universitárias. A família coronavírus é conhecida por causar infecções respiratórias em seres humanos, já foi responsável por grandes epidemias, e em 2020 foi a causadora de uma pandemia (LANCET, 2020). O bom desenvolvimento da função auditiva com estimulação adequada para o aperfeiçoamento das habilidades auditivas, assim como ações de prevenção da perda auditiva são indispensáveis, mesmo diante do atual cenário de quarentena e isolamento social. Portanto, os cuidadores das crianças tomam um papel importante de promover esse desenvolvimento, nesse momento. O déficit em quaisquer mecanismos auditivos afeta a função de reconhecimento de estímulos verbais e não verbais, assim como a fala e a linguagem (ASHA, 1996). Nesse intuito, as plataformas digitais tornaram-se um mecanismo de atenção primária em saúde viável e prático, mesmo que limitado. Objetivo: Verificar a influência e alcance das postagens realizadas na plataforma digital Instagram. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Brasília, conforme os pareceres de número 2.406.617 e 2.109.866. A pesquisa foi realizada mediante formulário online da plataforma Formulários Google, no qual foram levantadas informações como: idade, sexo, escolaridade e opiniões sobre as publicações do perfil no Instagram. Todos os participantes da pesquisa responderam que estavam cientes do uso de dados para a realização deste trabalho, sem nenhuma divulgação de dados pessoais. Resultados: Com base nas 43 respostas do formulário, averiguou-se que o público integra sujeitos de ambos os sexos, sendo a grande maioria do sexo feminino, com idade entre 17 e 45 anos, escolaridade variando de Ensino Fundamental incompleto a pós-graduação. Dos 43 participantes, 19 relataram conhecer a página do projeto no instagram por meio da faculdade e 18 por meio de amigos, 26 mencionaram que compartilham as postagens diárias e 29 que há influência das publicações em seu dia a dia. Além disso, observou-se interesse em distintas publicações, sendo “mitos e verdades sobre a audição” e “qual a música?” as postagens mais citadas na pesquisa. Ao fim, a grande maioria fez críticas positivas sobre as postagens realizadas e deram sugestões para publicações futuras. Conclusão: Através do questionário, foi possível perceber que as plataformas digitais e redes sociais têm sido bastante utilizadas durante o período de pandemia, tendo em vista que as interações nesses portais aumentaram de forma significativa. Dessa forma, a importância de levar informação através destes tem sido cada vez mais evidente, e a interação gerada através de publicações mais dinâmicas mostram-se agradáveis de serem realizadas e chamam mais atenção dos seguidores da plataforma, abarcando todos os sexos e idades variadas.

Fazito, Ludmila Teixeira; Lamounier, Joel Alves; Godinho, Ricardo Neves; Melo, Maria do Carmo Barros de. Triagem auditiva neonatal e o diagnóstico precoce das deficiências auditivas na criança . Rev. méd. Minas Gerais;18(4,supl.3):S61-S66, dez. 2008

Schow, Ronald & Seikel, John & Chermak, Gail & Berent, Matthew. (2001). Central Auditory Processes and Test Measures: ASHA 1996 Revisited. American journal of audiology. 9. 63-8. 10.1044/1059-0889(2000/013).

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na escola / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 96 p. : il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Cadernos de Atenção Básica ; n. 24)

Silva MED. Jogos e brincadeiras na educação infantil:o lúdico como ferramenta de estimulação da aprendizagem. Rio Grande do Norte: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Parnamirim, 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia).

OMS. Doença de coronavírus 2019 (COVID-19): relatório de situação. World Health Organization. 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1577
INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS SEXO E FAIXA ETÁRIA SOBRE AS MEDIDAS FORMÂNTICAS EM FALANTES DE UMA CAPITAL BRASILEIRA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A língua pode ser definida como um fenômeno social e cultural. As variações linguísticas devem ser mensuradas e sistematizadas, a partir de um levantamento estatístico de ocorrências das variáveis na fala dos indivíduos da comunidade[1]. Nesse sentido tem-se a analise acústica que é tida como de caráter instrumental, onde extrai-se as medidas físicas que reportam a condição e refletem o comportamento de fatores segmentais e suprassegmentais, fruto de configurações específicas do aparato fonatório, com a preocupação de na maioria dos casos, correlacionar com os achados de natureza sociais (faixa etária, sexo, entre outros)[2]. Pode-se adotar a perspectiva que afirma que a análise acústica propicia a interferência a respeito dos movimentos que resultaram no sinal sonoro analisado que, por sua vez, permitirá o detalhamento dos mecanismos que levaram à sua produção e também a características que afetam diretamente sua percepção [3]. Objetivo: O objetivo desse estudo é investigar a influência das variáveis sociais (sexo e faixa etária) sobre as médias das Frequências Formânticas (F1, F2 e F3) em falantes de uma capital brasileira. Método: Os informantes dessa pesquisa perfizeram um total de 39 falantes, sendo 16 homens e 23 mulheres, distribuídos nas faixas etárias (15-25 anos / 26-49 anos / + 50 anos). Os informantes gravaram um roteiro que constava de emissão da vogal [Ɛ] sustentada; logo após gravaram as frases-veículo com as vogais orais do Português Brasileiro (PB). Todas as produções foram extraídas e editadas através do software Praat e tabulados no Microsoft Excel 2010. Os testes estatísticos para avaliação das hipóteses foram extraídos a partir do Software SPSS, sendo esses os seguintes: os testes não-paramétricos (Mann Whitney e Kruskal Wallis). Resultados: Os principais resultados obtidos com os testes demonstraram que existe diferença estatística entre as médias das frequências formânticas e a variável sexo, sendo que as mulheres apresentam maiores médias em comparação com os homens. Já no que se refere a diferença entre as frequências formânticas e a variável faixa etária, encontrou-se valores maiores de média para o grupo pertencente a faixa etária de +50 anos em relação aos demais. Conclusão: Conclui-se que houve diferença estatística entre o grupo de vozes femininas e masculinas no que diz respeito às frequências formânticas das vogais ( [a] F1, F2 e F3; vogal [Ɛ] F1, F2 e F3; vogal [e] F1 e F2; vogal [i] F1, F2 e F3; vogal [ɔ] F3 e vogal [u] F2). Ao correlacionar esses achados com os ajustes articulatórios teremos que os falantes do sexo feminino apresentaram mandíbula mais abaixada, posição de língua mais anteriorizada e um maior estreitamento da cavidade oral em relação ao grupo de falantes do sexo masculino. A faixa etária + 50 anos apresentou maior relevância em relação as demais em ambos os sexos (vogal [Ɛ] F1 e F3; vogal [e] F3; vogal [i] F3; vogal [ɔ] F2 e vogal [o] F1 e F2). Ao relacionar tais dados com os possíveis ajustes articulatórios, teremos que esses informantes apresentaram mandíbula mais abaixada, posição de língua mais anteriorizada quando comparadas as demais faixas etárias.

1. LABOV W. Padrões Sociolinguísticos. Trad.: Marcos Bagno; Marta Scherre e Caroline Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008 [1972].

2. GONCALVES CS, BRESCANCINI CR. Considerações sobre o papel da Sociofonética na comparação forense de locutores. Language and Law, 2014.

3. PESSIN ABB. A voz do idoso: características clínicas, endoscópicas, vocais e morfológicas. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Medicina de Botucatu, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1969
INFLUÊNCIA DE CARACTERÍSTICAS PERI-NATAIS NA IMPEDÂNCIA DO PEATE-A EM RECÉM-NASCIDOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A triagem auditiva neonatal (TAN) é recomendada em todo ser humano nascido vivo, consistindo na realização dos exames de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE) e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico Automático (PEATE-A). O PEATE-A tem como objetivo avaliar a integridade neurofisiológica das vias auditivas centrais e é menos sensível ao vérnix e as condições de orelha média. Este é o recomendado na TANU em recém-nascidos (RN) classificados como alto risco para a deficiência auditiva (DA) ou com resultado alterado nas EOAE. Na prática, a realização do PEATE-A em RN nas maternidades e unidades neonatais demandam de algumas dificuldades, principalmente para a obtenção do valor ideal de impedância necessária para a realização do teste, visto é necessário realizar a limpeza da pele que exige extremo cuidado devido a pele sensível do RN, do contrário este teste pode ter um período de tempo prolongado de realização. OBJETIVO: verificar a influência das horas de vida e tipo de parto na obtenção da impedância ideal para realização da TAN com PEATE-A. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, transversal, aprovada pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos sob o número 2.286.553/2017, fazendo parte de um estudo sobre neuropatia auditiva em RN de baixo risco para a DA. Foram incluídos 180 RN sem indicadores de risco para deficiência auditiva (IRDA), entre 24 e 48 horas de vida de ambos os sexos, atendidos no programa de TAN, no período de outubro de 2017 a janeiro de 2019 de um hospital referência do estado de Rondônia. Para inclusão no estudo a genitora e/ou responsável pelo RN assinou o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e, em seguida, submeteu-se a uma breve entrevista. Também foi realizada a consulta ao prontuário do RN para exclusão de possíveis indicadores IRDA de acordo com as diretrizes da TAN. Para análise estatística utilizou-se o teste qui-Quadrado para medir a relação/comparação do eletrodo com as demais variáveis qualitativas de idade gestacional (IG), peso, horas de vida e tipo de parto. O teste de igualdade de duas proporções foi utilizado para caracterizar a distribuição da frequência relativa (percentuais) das variáveis qualitativas e quantitativas. RESULTADOS: Obteve-se média de idade gestacional de 39 semanas, peso médio de 3330kg e de 35 horas de vida no momento da realização da TAN. Verificou-se também que a maioria dos RN nasceram a termo, com peso adequado, parto cirúrgico, sendo submetidos à TAN com mais de 24 horas de vida. Buscou-se constatar a influência das variáveis horas de vida, peso ao nascer, IG e tipo de parto na obtenção da impedância ideal dos eletrodos de superfície, no entanto os resultados não demonstraram relação destas. CONCLUSÃO: Com base nos dados obtidos neste estudo, verificou-se que a obtenção da impedância para realização do PEATE-A em RN de baixo risco para deficiência auditiva na infância não é influenciada pelo peso ao nascer do RN, IG, horas de vida e tipo de parto.

Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

Joint Committee on Infant Hearing. Year 2000 position statement. Principles and guidelines for early detection and intervention programs. Am J Audiol. 2000; 9(1):9-29.

Basseto MCA. Triagem auditiva em neonatos. In: Campiotto AR, Levy C, Redondo MC, Anelli W, Lopes Filho O. Tratado de fonoaudiologia. Ribeirão Preto: Tecmedd; 2005. p. 223-33.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1356
INFLUÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO E DA INTRODUÇÃO ALIMENTAR NA MASTIGAÇÃO DE CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A mastigação é a função mais importante do sistema estomatognático, pois favorece o crescimento e desenvolvimento musculoesquelético orofacial. É dependente de aprendizado e exposição a condições externas como aleitamento materno, introdução alimentar e hábitos orais. Primeiros movimentos mastigatórios são irregulares, mal coordenados e adaptativas nas crianças. Com o desenvolvimento, tem-se um padrão mastigatório, que ocorre de forma bilateral, alternado e com lábios fechados. Assim, tem-se por objetivo geral verificar a possível influência do aleitamento materno e da introdução alimentar na mastigação infantil, levando em consideração o tempo de aleitamento materno, idade para introdução alimentar com suas diferentes consistências e hábitos orais deletérios. Métodos: Os responsáveis assinaram os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a participação dos envolvidos na pesquisa. Participaram do estudo os responsáveis de 11 crianças, com idade entre 2 e 4 anos, por meio da aplicação de um questionário para coleta de dados sobre aleitamento materno, introdução alimentar, entre consistências e preferências, hábitos orais e recusa de alimentos que exijam mastigação vigorosa, para posterior interação entre as variáveis. Resultados: Com relação a amamentação, verificou-se que, 63,3% dos responsáveis receberam orientações sobre aleitamento materno, tendo a prática de aleitamento materno sido feita em 81,8% das crianças. Constatou-se uso da chupeta e mamadeira em 45,6% e 72,7%, respectivamente, com prevalência de oferta realizada já nos primeiros dias de vida. Nenhuma criança apresentou sucção digital. Alimentação em papa foi ofertada a partir dos seis meses em 81,8% e a sólida a partir dos oito meses em 54,5%. Quanto a preferência por consistência, verificou-se 69,2% para alimentos macios. Somente 27,2% apresentaram recusa de alimentos que exijam mastigação vigorosa. Foram encontradas interações mínimas significativas entre as variáveis. Conclusão: Os resultados demonstraram-se relevantes, sendo possível constatar a prática de aleitamento materno em grande parte da amostra, bem como a duração mínima recomendada. Foram encontrados altos índices da presença e introdução precoce de hábitos deletérios na população estudada. Quanto à alimentação, os resultados evidenciaram a introdução alimentar no período preconizado, principalmente da consistência pastosa. A preferência por alimentos macios destacou-se no estudo, instigando maior atenção, uma vez que o prolongamento dessa consistência pode interferir nas funções estomatognáticas. Houve predomínio para não recusa de alimentos que exijam mastigação vigorosa. Os resultados interativos demonstraram-se baixa significância, não sendo possível encontrar influência do aleitamento materno, hábitos orais deletérios e introdução alimentar para mastigação das crianças.

Bianchini EMG. Mastigação e ATM. In: Marchesan IQ. Fundamentos em Fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro, Editora. Guanabara Koogan S. A: 1998, p. 37-38
Corrêa MSNP. Odontopediatria na primeira infância. 3ª edição. São Paulo, Santos: 2010
Takaoka, L. Odontopediatria: a transdisciplinaridade na saúde integral da criança. São Paulo, Ed Manole: 2016


TRABALHOS CIENTÍFICOS
360
INFLUÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO PARA PREVENÇÃO DE OTITE MÉDIA NA PRIMEIRA INFÂNCIA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


TÍTULO: Influência do Aleitamento Materno para Prevenção de Otite Média na Primeira Infância.

INTRODUÇÃO: A otite média (OM) é definida como uma inflamação da orelha média que pode apresentar sinais e sintomas não específicos sendo uma das causas mais comuns de atendimento médico pediátrico. O leite materno possui diversas substâncias biologicamente ativas que auxiliam no sistema imunológico do lactente e na prevenção de doenças. Estudos afirmam que o aleitamento materno exclusivo, com posicionamento correto é capaz de reduzir em 50% os episódios de otite média em lactentes, quando comparado com crianças alimentadas exclusivamente com leite de outra origem.

OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi identificar e analisar os benefícios do aleitamento materno, em especial o aleitamento materno exclusivo, e sua relação com a prevenção de otite média na primeira infância.

METODOLOGIA: A pesquisa trata-se de uma revisão de literatura narrativa. As buscas foram realizadas em quatro bases de dados bibliográficas: MEDLINE, LILACS, PubMed e SciElo. Foram selecionados trabalhos nos idiomas português e inglês que foram publicados nos últimos 10 anos.

RESULTADOS: A busca retornou 340 artigos, dos quais 8 se enquadraram nos critérios de inclusão. Os estudos selecionados afirmam que quando ocorre a introdução precoce de outros alimentos que não seja o leite materno, o lactente sofre carência imunomoduladora, pois, o leite humano contém substâncias biologicamente ativas exclusivas, que possuem efeito imunomodulador, anti-inflamatório, bioativos e antimicrobiano, agentes que fornecem prevenção de otite média aos bebês enquanto sistema imunológico amadurece. Essas substâncias protegem contra patógenos bacterianos, apoiam o crescimento de bactérias comensais e inibe a capacidade de ligação de bactérias patogênicas a células epiteliais.

CONCLUSÃO: Os achados concluem a relação benéfica do aleitamento materno na prevenção de otite média, evidenciando que o aleitamento materno exclusivo possui fatores protetivos mais efetivos quando comparado com a amamentação mista ou amamentação com leite de outra origem. Entretanto, não há informações suficientes que relatem a faixa etária que essa proteção ocorre, devido a carência de estudos científicos que abordam esse tema,

1. Organização Pan-Americana da Saúde:Aleitamento materno nos primeiros
anos de vida salvaria mais de 820 mil crianças menores de cinco anos em
todo o mundo. [publicação online]; 2018 [acesso em 14 set 2019]. Disponível
em:https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id
=5729:aleitamento-materno-nos-primeiros-anos-de-vida-salvaria-mais-de-820-
mil-criancas-menores-de-cinco-anos-em-todo-o-mundo&Itemid=820

2. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde - Saúde da Criança.
Aleitamento Materno e Alimentação Complementar - 2ª edição; Cadernos de
Atenção Básica, no 23. Brasília: 2015.

3. Neto WC. Otite média. [publicação online]; [acesso em 14 set 2019].
Disponível em https://forl.org.br/Content/pdf/seminarios/seminario_34.pdf

4. Pereira, Maria Beatriz Rotta; Ramos, Berenice Dias. Otite média aguda e
secretora. J. pediatr. (Rio J.); 74(sup.1): S21-S30, nov.-dez. 1998. Disponível
em:http://www.jped.com.br/conteudo/98-74-s21/port.pdf

5. Brasil. Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016 Estatuto da Criança e do
Adolescente, Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2016/Lei/L13257.htm

6. Lima-Gregio Aveliny Mantovan, Calais Lucila Leal, Feniman Mariza Ribeiro.
Otite média recorrente e habilidade de localização sonora em pré-escolares.
Rev. CEFAC.2010 Dez; 12(6): 1033-1040. Epub 23-Abr-2010.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462010005000025.

7. Ladomenou F, Moschandreas J, Kafatos A, Tselentis Y, Galanakis E.
Protective effect of exclusive breastfeeding against infections during infancy: a
prospective study - Arch Dis Child. 2010 Dec;95(12):1004-8. doi:
10.1136/adc.2009.169912. Epub 2010 Sep 27.

8. Abrahams SW, Labbok MH. Breastfeeding and Otitis Media: A Review of
Recent Evidence - Curr Allergy Asthma Rep. 2011 Dec;11(6):508-12. doi:
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9. Li R, Dee D, Li CM, Hoffman HJ, Grummer-Strawn LM. Breastfeeding and risk
of infections at 6 years. Pediatrics. 2014;134 Suppl 1(Suppl 1):S13–S20.
doi:10.1542/peds.2014-0646D
16

10. Bowatte G et. al. Breastfeeding and childhood acute otitis media: a systematic
review and meta-analysis - Acta Paediatr. 2015 Dec;104(467):85-95. doi:
10.1111/apa.13151.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
782
INFLUÊNCIA DO COMPORTAMENTO MATERNO NAS HABILIDADES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL AOS 3 MESES DE IDADE
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O desenvolvimento infantil se constitui em um processo contínuo e multifatorial (1,2). Neste contexto, a interação face a face nos primeiros meses de vida possibilita a criança adquirir experiências que lhe permitirão desempenhar papel de interlocução com seu ambiente e a sensibilidade materna tem sido apontada como um elemento central para compreensão da aquisição e desenvolvimento das habilidades do desenvolvimento infantil (1,3-5). A autorregulação infantil é desenvolvida na relação com o ambiente e se configura por respostas aos estímulos e pelas aprendizagens obtidas com estas experiências (3-6). O nascimento pré-termo é considerado um fator de risco para o desenvolvimento infantil e, além disso, o parto antecipado é considerado um evento traumático para a família, o que pode alterar os padrões de parentalidade e os níveis de sensibilidade materna (1,6-10).
Objetivo: Verificar a qualidade da díade mãe-bebê, a sensibilidade materna e os processos de autorregulação infantil e sua influência no desenvolvimento das habilidades motora grossa, motora fina-adaptativa, pessoal-social e de linguagem de crianças nascidas prematuras e a termo, aos três meses de idade.
Método: (CEP: 90550318.4.0000.5417). Foram avaliadas 54 díades, divididas em dois grupos: 21 díades de crianças nascidas prematuras (GE) e 33 com crianças nascidas a termo, avaliadas aos 3 meses de idade, considerando a idade corrigida para as crianças nascidas prematuras. Os instrumentos utilizados foram: Face-to-Face Still-Face, Child-Adult Relationship Experimental Index (CARE-Index) e Teste Screening do Desenvolvimento de Denver-II. Para análise das variáveis os seguintes métodos estatísticos foram utilizados: Teste-T de amostras independentes, Teste Qui-quadrado de Pearson, ANOVA e Test Post Hoc de Tukey.
Resultados: Na comparação entre os grupos não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes no padrão de autorregulação e na qualidade de interação mãe-bebê. O padrão de autorregulação de orientação social negativo foi prevalente para ambos os grupos. A sensibilidade materna apresentou correlação negativa significante com o controle materno e com a compulsão infantil e correlação positiva com a cooperação infantil. Na comparação entre o CARE-Index com os padrões de autorregulação, verificou-se que a sensibilidade materna foi superior no grupo de orientação social positiva e o controle materno maior no padrão de autoconforto. Foram encontradas diferenças estatisticamente significante com as habilidades pessoal-social e de linguagem, ao comparar o desempenho de GE e GC.
Conclusões: Os resultados deste estudo refletem sobre o comportamento materno como interferente no desenvolvimento infantil, de maneira que estabelecem a relação entre o comportamento materno e os padrões de autorregulação do bebê observados aos três meses. A autorregulação se desenvolve posteriormente em funções complexas como atenção, planejamento e controle em situações de estresse, o que é fundamental para o desenvolvimento sóciocognitivo e aquisição de outras habilidades imprescindíveis para as relações sociais, como a linguagem, bem como para aprendizagem. Nesta amostra o padrão de autorregulação negativo foi prevalente em ambos os grupos evidenciando a necessidade de se compreender e auxiliar nas práticas parentais para favorecer o desenvolvimento. Déficits nas áreas de linguagem e pessoal-social foram observados nas crianças pré-termo mesmo com a correção da idade, demonstrando a vulnerabilidade do desenvolvimento nestas crianças.

1. ZERBETO AB, CORTELO FM, FILHO ÉBC. Association between gestational age and birth weight on the language development of Brazilian children: a systematic review. Jornal de Pediatria (Versão em Português). 2015; 91(4):326–332.

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4. SERRADAS A, TADEU B, SOARES H, FUERTES MGG. Estudo da sensibilidade materna em díades de risco biológico, ambiental e acumulado. Evidências em intervenção precoce. 2016: 20–36.


5. SEIXAS Í, BARBOSA M, FUERTES MGG. Contributos para a auto-regulação do bebé no Paradigma Face-to-Face Still-Face. Analise Psicologica. 2017; 35, (4):469–485.

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7. FERNÁNDEZ MEDINA IM, GRANERO-MOLINA J, FERNÁNDEZ-SOLA C, HERNÁNDEZ-PADILLA JM, ÁVILA MC, RODRÍGUEZ MDML. Bonding in neonatal intensive care units: Experiences of extremely preterm infants’ mothers. Women and Birth. 2018; 31 (4):325–330.

8. ZIETLOW AL, NONNENMACHER N, RECK C, DITZEN B, MULLER M. Emotional stress during pregnancy – Associations with maternal anxiety disorders, infant cortisol reactivity, and mother–child interaction at pre-school age. Frontiers in Psychology.2019;10: 1–15


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10. JONG M, VERHOEVEN M, HOOGE ITC, MAINGAY-VISSER ARPGF, SPANJERBERG L, VAN BAAR AL. Cognitive fuctioning in toddlerhood: The role of gestacional age, attention capacities and maternal stimulation. Developmental Psychology. 2018; 54(4):648–662


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1828
INFORMATIZAÇÃO EM SAÚDE: IMPLANTAÇÃO DA “ÁREA DO PACIENTE” NO SISTEMA INTEGRADO DE SAÚDE
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
57052070


INTRODUÇÃO: O Centro Especializado em Reabilitação (CER) caracteriza-se pelo atendimento ambulatorial especializado que realiza diagnóstico; avaliação; orientação; estimulação precoce e atendimento especializado em reabilitação; e concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva. Pode ser composto por até quatro modalidades de reabilitação, sendo elas: auditiva, física, intelectual e visual. Para a modalidade de reabilitação auditiva, uma das exigências é uma sala para seleção e adaptação de aparelho de amplificação sonoro individual (AASI), onde são realizados pré-moldagem; teste; regulagem; revisão; orientação sobre utilização e manuseio; e manutenção dos aparelhos auditivos. Para o teste de aparelhos auditivos, o usuário experimenta alguns modelos e a escolha é feita através do critério de maior inteligibilidade de fala. Então, o serviço realiza a compra junto ao fabricante de aparelhos auditivos, e este envia o produto para o serviço. Em seguida, o paciente é informado por ligação telefônica sobre a chegada dos aparelhos auditivos e orientado a marcar uma consulta para recebimento. No entanto, mesmo após a chegada de tecnologias assistivas, nem sempre era obtido o contato através de chamadas telefônicas. Essa dificuldade na comunicação prolongava o tempo de espera para o paciente, além de ocupar o espaço físico do serviço com o armazenamento das tecnologias assistivas. Para facilitar a troca de informações de saúde pode-se contar com a informatização, que encurta distâncias e tempo. O Sistema Integrado de Saúde (SIS), utilizado pelos profissionais, possibilita o total controle, integração, faturamento e gestão do atendimento a partir de prontuários eletrônicos dos atendimentos ambulatoriais, atendendo todas as normas e exigências do Sistema Único de Saúde (SUS). OBJETIVO: Descrever a prática exitosa em um Centro Especializado em Reabilitação através da implantação da “Área do Paciente” no Sistema Integrado de Saúde da instituição para facilitar a troca de informação entre profissionais e usuários. MÉTODO: Foi realizada a implantação de uma área on-line para consulta à informação destinada aos usuários do serviço, possibilitando-os acompanhar quando seus aparelhos e moldes auditivos estão disponíveis para recebimento. Para isso, foi criado o link “Área do Paciente” no site do Sistema Integrado de Saúde da instituição. No dia da realização do teste de aparelhos, o usuário recebia orientações sobre como acessar o site e consultar a disponibilidade utilizando o número de Cadastro de Pessoa Física. Quando os aparelhos e/ou moldes estão com o status “disponível”, o usuário pode realizar a marcação para recebimento através do contato telefônico disponibilizado no site. RESULTADOS: A implantação possibilitou agilidade no processo de recebimento de moldes e aparelhos para os usuários do Sistema Único de Saúde de um Centro Especializado em Reabilitação no município de Maceió. Visto tal benefício, como o serviço também possui modalidade de reabilitação física e disponibiliza cadeiras de rodas aos usuários, a consulta à informação sobre elas também foi disponibilizada. A implantação on-line não substitui o contato telefônico, pois alguns usuários não possuem meios para acessar o site. CONCLUSÃO: A implantação da “Área do Paciente” no Sistema Integrado de Saúde mostrou-se positiva tanto para o usuário e serviço se saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1656
INOVAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ATUAÇÃO EM ESPAÇO COLABORATIVO (COWORKING) PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Semestralmente diversos novos profissionais chegam ao mercado de trabalho com sede de colocar em prática os aprendizados obtidos durante a graduação. As opções de atuação destes profissionais muitas vezes não incluem concursos, ou empregos com estabilidade, ou carteira assinada, por exigirem muitas vezes experiência. Abrir um consultório, ter um espaço próprio para desenvolver uma carreira, e crescer profissionalmente é o sonho de muitos profissionais recém-saídos das Universidades, porém esse sonho fica limitado devido a necessidade de alto investimento financeiro, dificilmente disponível para este público. Uma alternativa que vem crescendo no País é o uso de espaços compartilhados, conhecido como Coworking. Pouco descritos na literatura Brasileira, o Coworking para profissionais da saúde já é uma realidade encontrada em diversas cidades, e apresenta uma série de vantagens ao profissional. Redução de custos fixos, flexibilidade maior qualidade na jornada de trabalho, troca de informações entre os profissionais da equipe, trabalho integrado entre profissionais buscando maior eficiência no tratamento do paciente, vínculo entre a equipe, sustentabilidade, entre outros.
OBJETIVO: Descrever a experiência e a otimização de consultórios através de uso compartilhado de espaços por profissionais da área da saúde.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência.
RESULTADOS: Sempre em busca de mais público, divulgação, e pacientes em nosso estabelecimento passamos por diversas fases de adaptação, e remodelação da nossa clínica. Atendimentos ocupacionais, aluguel de consultório fechado, parcerias com escritórios de medicina do trabalho. Foram necessários nesta caminhada a busca por cursos, formação e conhecimento, realização de campanhas beneficentes, participação em eventos solidários do município, até atingirmos o molde que aplicamos atualmente. Somos duas Fonoaudiólogas, e um administrador, sócios da clínica, e possuímos uma secretária. Após 9 anos de atuação na área da saúde, atualmente nossa equipe conta com mais de 20 profissionais de diferentes especialidades da área da saúde, além de um administrador, que passou a desempenhar com mais profissionalismo as atividades relacionadas aos espaços colaborativos.
Possuímos uma estrutura que conta com 8 consultórios mobiliados, e duas sala de espera. Os profissionais atuam, desde um turno semanal, até turno integral. As cobranças, agendamentos são realizados pela secretaria e acertados com os profissionais ao final de cada turno de trabalho. Cada profissional é responsável por trazer o seu material particular de trabalho. Possuímos site, Facebook, Instagram e realizamos divulgação gratuita de toda a equipe.
CONCLUSÃO: O momento que estamos vivendo de uma pandemia, exige que todos encontremos uma maneira de renovação, na administração, no atendimento ao paciente, nos recursos utilizados durante os atendimentos, e nas carreiras profissionais. Espaços compartilhados são uma excelente opção para cidades que não apresentam uma alta demanda em especialidades muito específicas, ou ainda para profissionais com agenda mesclada em diferentes cidades, sem exigir um investimento financeiro muito alto do profissional para montagem e manutenção do consultório.

REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Claúdia. A História do Ambiente de Trabalho em Edificios de Escritórios, um Século de transformações. Editora C4 São Paulo, 2007.
CALDEIRA, V. A evolução da arquitetura de escritórios. Idéias de Arquitetura 10. São Paulo, 2013.
ORLANDI, D. Coworking in brazil. Deskmag. Recuperado em 15 out. 2014


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1634
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA UMA AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA E NEUROCOMPORTAMENTAL INTEGRADA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Na perspectiva de inovação e melhoria de qualidade na atenção à saúde, a Fonoaudiologia tem usado como recurso cada vez mais aplicativos e softwares. Estudos¹ apontam que pelo menos um em cada cinco pacientes da clínica fonoaudiológica está usando um dispositivo móvel. Nesse contexto, os aplicativos possuem seu uso comum como recurso para otimizar a interface terapeuta-paciente e aspectos específicos da terapia, tornando-a mais atrativa e com potencial engajador, principalmente para o público infantil. No entanto, ainda há carência de instrumentos digitais para rastreio comportamental e neurodesenvolvimental que auxiliem na intervenção dos transtornos fonoaudiológicos e permita objetivamente sua classificação. Assim, os encaminhamentos acabam, geralmente, sendo baseados em impressões subjetivas acerca do comportamento da criança. O objetivo deste estudo foi desenvolver um aplicativo para efetivar com base em critérios objetivos e integrados, a função de rastreio neurocomportamental contribuindo para integrar a avaliação fonoaudiológica. Método: Foi utilizada a abordagem do Design Thinking², cumprindo as etapas de definição do problema, ideação e prototipagem do aplicativo. O desenvolvimento do instrumento teve por base os marcadores descritos dos manuais diagnósticos, selecionadas e adaptadas questões do instrumento de rastreio comportamental internacionalmente utilizado, o Child Behavior Checklist (CBCL)³’⁴, em sua versão adaptada, com 127 questões e o cruzamento de informações com outras escalas, como a SNAP-IV⁵, ARSR-18⁶, M-CHAT⁷, CARS⁸, e o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V)⁹. Resultados: O aplicativo foi estruturado e direcionado ao profissional fonoaudiológo para ser utilizado como instrumento de rastreio neurocomportamental através da possibilidade de aplicação de escalas comportamentais associada a captura de imagens, que direciona o avaliador para a câmera do seu dispositivo móvel, permitindo fazer o registro de imagens que serão encaminhadas para a nuvem virtual. Também possibilita que este ao finalizar a avaliação comportamental no aplicativo tenha o feedback em forma de gráfico que de acordo com as respostas do paciente apontará quais transtornos são mais comuns às questões selecionadas. Além de possuir, a partir dos instrumentos para rastreio comportamental, uma lista de 45 marcadores comportamentais¹⁰ descritos oficialmente nos manuais diagnósticos como o DSM-V e nas escalas de avaliação comportamental da criança, que servirão de apoio na construção de encaminhamentos e diagnósticos interprofissionais. Dessa forma, podemos promover uma avaliação fonoaudiológica e neurocomportamental integrada, padronizada e cientificamente embasada. Conclusão: O desenvolvimento do app permitirá adotar instrumentos para rastreio neurocomportamental validados ou cientificamente adaptados para integrar a clínica fonoaudiológica de grande importância para que o serviço tenha um diálogo estreito com outros serviços de saúde da infância além de permitir a documentação do atendimento clínico, auxiliar no diagnóstico e na avaliação da eficácia do tratamento proposto. Além disso, utilizar as tecnologias para armazenamento e gerenciamento de dados é essencial para um serviço mais sustentável, prático, acessível e eficaz.

1- Dunham G. The Future at Hand: Mobile Devices and Apps in Clinical Practice. Asha Leader. 2011 Abr; 16(4):4.
2- Brown T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
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9- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
574
INSERÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UMA ANÁLISE DO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


A pandemia de Covid-19 impôs mudanças na oferta de Atenção de Alta Complexidade (ACC) que resulta de fatores conjunturais1,2. O acesso ao leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tornou-se um debate público complexo2. A Fonoaudiologia Hospitalar é marcada pela atuação em equipes interprofissionais e multidisciplinares em leitos hospitalares para o suporte de proteção da via aérea inferior e a adequação de alterações no padrão ventilatório, com vistas à coordenação entre as funções de deglutição, respiração, fala, voz e linguagem3. O paciente de Covid-19 grave é de risco expressivo típicos de alterações da deglutição, decorrentes de intubação orotraqueal4,5 que favorece a penetração e a aspiração laríngeas pelo insuficiente fechamento laríngeo que pode agravar para pneumonias e comprometimentos pulmonares letais6. O número de fonoaudiólogos no Sistema Único de Saúde (SUS) é pouco conhecido e sua inserção em hospitais pode representar a redução de letalidade e de custo nas internações. O presente estudo analisou a inserção do fonoaudiólogo na ACC do SUS no contexto da pandemia de Covid-19, a partir de dados do Departamento de Informática do Ministério da Saúde (DATASUS), no período de maio de 2019 a maio de 2020. Neste caso, não se aplicam as resoluções sobre ética em pesquisa com seres humanos. Os dados foram transpostos para o Excel; foram elaboradas planilhas, considerando o número de fonoaudiólogos inseridos em: Hospital Geral (HG), Hospital Especializado (HE) e Hospital Dia (HD). Estimou-se a variação percentual (VP) do número de fonoaudiólogos na ACC, a necessidade de fonoaudiólogos 1/100.000habitantes8 e o indicador de Inserção na ACC Brasil (InserFOSUS = n. de fonoaudiólogos x 100.000/população no período)9, por regiões entre maio de 2019 e maio de 2020. Os resultados apontam a inserção de fonoaudiólogos em dispositivos da ACC, num total de 5.031 fonoaudiólogos hospitalar. Há maior inserção de fonoaudiólogos se dá nas regiões Sudeste (n=2.649; 50%) e Nordeste (n=1.105; 21%). Quanto aos tipos de hospitais, verifica-se que a inserção acontece 83% em HG, seguido por 15% em HE e 2% em HD. As regiões Centro-Oeste e Nordeste apresentam variação para mais na inserção (n=61, 14,2%; n=104, 10,4%), respectivamente. A região Nordeste ampliou a inserção de fonoaudiólogos em HG (n=18; 7,9%), enquanto nas regiões sul e norte, houve redução (n=4; 25,8%; n= 8; 4,4%), respectivamente. Apesar disso, identifica-se o aumento de fonoaudiólogos na ACC (n=322; VP de 6,5%)7. Mantém-se a significativa necessidade de fonoaudiólogos na ACC SUS (n=15.714). O indicador InserFOHSUS Brasil variou levemente de 0,38 para 0,39 no período, sendo que na região nordeste aumentou de 0,40 para 0,43. Os resultados podem está relacionados a implantação de leitos de UTI para enfrentamento da Covid-19 como medida para conter os óbitos. Os resultados apontam para o reconhecimento da Fonoaudiologia como uma profissão necessária ao cuidado relacionado ao suporte de vida avançado3,4,5,6, sendo a área da disfagia e seus dispositivos ferramentas para a atuação em leitos de hospitais (alta complexidade)1,4,5,6. Importa mais pesquisas sobre o tema e acompanhar mudanças nos indicadores relacionadas à prática e inserção da Fonoaudiologia no Brasil.

1 Noronha KVMS, Guedes GR, Turra CM, Andrade MV, Botega L, Nogueira D et al. Pandemia por COVID-19 no Brasil: análise da demanda e da oferta de leitos hospitalares e equipamentos de ventilação assistida segundo diferentes cenários. Cad. Saúde Pública [Internet]. 2020 [cited 2020 June 29] ; 36( 6 ): e00115320. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2020000605004&lng=en. Epub June 17, 2020. https://doi.org/10.1590/0102-311x00115320.

2. Assis MMA, Jesus WLA. Acesso aos serviços de saúde: abordagens, conceitos, políticas e modelo de análise. Ciênc Saúde Colet [serial on the internet]. 2012 [cited 2020 Jun 28];17(11):2865-75. Available from: http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n11/ v17n11a02.pdf.
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7 Lessa Fábio José Delgado, Miranda Gabriela Morais Duarte. Fonoaudiologia e Saúde Pública. In: Britto ATB de (Org.). Livro de Fonoaudiologia. São Jose dos Campos: Pulso Editorial, 2005.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
571
INSERÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE NO BRASIL: UMA ANÁLISE DO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


A Atenção Básica em Saúde (ABS) é um campo de práticas de cuidado em expansão Sistema Único de Saúde (SUS). A ABS tem potencial de resolução de até 80% dos problemas de saúde da população1, 2. A Fonoaudiologia é uma profissão fundamental na ABS, por atuar no cuidado durante os diferentes ciclos de vida. A portaria nº 18/01/2019 do Ministério da Saúde3, modificou a ABS, sendo considerados como estabelecimentos da ABS, o posto de saúde, o centro de saúde/unidade básica, a unidade mista, a unidade móvel fluvial e a unidade móvel terrestre. O presente estudo teve o objetivo de analisar a inserção do fonoaudiólogo na ABS, no contexto da pandemia de Covid19. Trata-se de uma contribuição para os estudos de cenários de força de trabalho para saúde3, 4, 5, em particular, a inserção na ABS do SUS6, 7. Foram realizadas buscas de dados no portal da saúde do Departamento de Informática do Ministério da Saúde (DATASUS), no período de maio de 2019 a maio de 2020 e a estimativa populacional do Tribunal de Contas da União para 2019, no site do IBGE. Esses dados são públicos e não é necessária a autorização prévia para o acesso, porque as pessoas não são identificadas, estando preservadas a privacidade e a confidencialidade. Neste caso, não se aplicam as resoluções sobre ética em pesquisa com seres humanos. Os dados foram transpostos para o Excel; foram elaboradas planilhas por regiões geográficas, considerando o número de fonoaudiólogos inseridos em: Academia da Saúde (AS), Centro de Apoio a Saúde da Família (CASF), Centro de Saúde/Unidade Básica de Saúde (CS/UBS), Unidade Mista (UM) Unidade Móvel Fluvial, (UMF), Unidade Móvel Terrestre (UMT). Estimou-se a variação percentual (VP) do número de fonoaudiólogos na Atenção Básica, a necessidade de fonoaudiólogos e o indicador de Inserção na AB Brasil (InserFONOBR = n.º de fonoaudiólogos x 100.000/população no período), por regiões entre maio de 2019 e maio de 2020. Os resultados apontam a inserção de fonoaudiólogos em todos os dispositivos da AB, num total de 3.269. Predomina nas regiões Sudeste (n=1.549; 47%) e Nordeste (n=936; 29%)5, 6, 7, 8. Destacam-se a presença da fonoaudiologia na AS, sendo a região sul com maior inserção (n=7; 33%), seguida da Sudeste (n=5; 28%); há registro de 2.865 fonoaudiólogos em CS/UBS (sudeste n=1.502; 53%; nordeste n=660; 23%). A inserção em CASF é maior na região nordeste (n=248; 71%), seguida pela região sudeste (n=32; 9%). Apesar disso, identifica-se a redução de fonoaudiólogos na AB (n=119; VP de -3,48%), mantém-se a significativa necessidade de fonoaudiólogos no Brasil (n=21.014,71)4, 5. O indicador de inserção variou de 1,61 para 1,56 no período. Isto pode estar relacionado à pandemia de Covid-19 uma vez que a partir de março de 2020 houve abertura de leitos em hospitais (alta complexidade). Contudo, existem mudanças introduzidas na Política Nacional de Atenção Básica que apontam para a necessidade de estudos aprofundados sobre o acesso à fonoaudiologia. Não se exaurem outras possíveis análises. Torna-se fundamental acompanhar mudanças nos indicadores relacionadas à prática e inserção da Fonoaudiologia no Brasil.

1. Lavras Carmen. Atenção primária à saúde e a organização de redes regionais de atenção à saúde no Brasil. Saúde soc. [Internet]. 2011Dec [acesso em: 2020, jun. 24]; 20(4): 867-874. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902011000400005&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902011000400005.
2. Starfield Barbara. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde; 2002.
3. Ministério da Saúde. Portaria nº 18 de 07 de janeiro de 2019.
Estabelece regras para o cadastramento das equipes da Atenção Básica no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), conforme diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica. Disponível em: http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/58548868/do1-2019-01-10-portaria-n-18-de-7-de-janeiro-de-2019-58548579. Acesso em 24 jun. 202
4. Lessa FJD, Miranda GMD. Fonoaudiologia e Saúde Pública. In: Britto ATB de (Org.). Livro de Fonoaudiologia. São Jose dos Campos: Pulso Editorial, 2005.
5. Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA, Rodrigues M. Phonoaudiological care in the SUS: expanding access and the challenge of overcoming inequalities. Rev. CEFAC. 2015;17(1):171-9.
6. Santos JAP, Arce VAR, Magno LD, Ferrite S. Provision of Speech, Language and Hearing services in the public municipal healthcare network in the state capital of Northeast Brazil. Audiol. Commun. Res. 2017;22e:1665. doi. org/10.1590/2317-6431-2015-1665.
7. Viégas LHT, Meira TC, Santos BS, Mise YF, Arce VAR, Ferrite S. Fonoaudiologia na Atenção Básica no Brasil: análise da oferta e estimativa do déficit, 2005-2015. Rev. CEFAC [Internet]. 2018 Maio [citado 2020 Jun 24]; 20( 3 ): 353-362. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462018000300353&lng=pt. https://doi.org/10.1590/1982-021620182031918.
8. Brenda S, Mise YF, Arce VAR, Ferrite S. Fonoaudiologia na Atenção Básica no Brasil: análise da oferta e estimativa do déficit, 2005-2015. Rev. CEFAC [Internet]. 2018 Maio [acesso em: 2020 Jun. 24]; 20 (3): 353-362. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462018000300353&lng=pt. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620182031918.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1052
INSTAGRAM COMO FERRAMENTA PARA EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE
Práticas fonoaudiológicas
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A Campanha de Fonoaudiologia Hospitalar é realizada anualmente como marcador do Dia Nacional de Atenção à Disfagia. Diante da pandemia da Covid-19, medidas de distanciamento social foram necessárias e a Campanha idealizada pelos docentes e realizada pelos discentes do curso de fonoaudiologia foi divulgada e mediada pelas mídias sociais do curso.
Objetivo: Relatar o desenvolvimento da Campanha de Fonoaudiologia Hospitalar, realizada por alunos do sétimo e oitavo períodos do curso de Fonoaudiologia, intermediada e divulgada nas redes sociais do curso. Métodos: Aproximadamente 25 alunos se dividiram em 5 grupos. O planejamento das ações da Campanha da Fonoaudiologia Hospitalar foi realizada durante as supervisões de estágio e das aulas teóricas da disciplina de Fonoaudiologia Hospitalar. Cada equipe foi responsável por gerar conteúdos relacionados à prevenção e orientação sobre sinais, sintomas e intervenções nas alterações no processo de deglutição, à atuação fonoaudiológica no ambiente hospitalar e ao papel do fonoaudiólogo no combate à Covid-19. Para a implementação da Campanha, os alunos realizaram levantamento bibliográfico, busca ativa de profissionais que se disponibilizaram a gravar relatos acerca do tema abordado, desenvolveram layouts informativos e vídeos com relatos próprios. As diferentes ferramentas para interação, como postagens de imagens e vídeos no mural (feed de notícias), publicações em formato de história (stories), transmissões ao vivo foram utilizadas para disseminação da informação produzida. As postagens eram realizadas diariamente e os conteúdos produzidos foram supervisionados pelos docentes das disciplinas.
Resultados: As publicações realizadas no perfil do Instagram auxiliaram no processo de ensino aprendizagem, uma vez que os alunos foram instigados a buscar informações para produção de conteúdo. Além da busca por referências bibliográficas para embasamento teórico do conteúdo produzido, as habilidades de expressão escrita, produção oral, interação social, por meio de um ambiente de colaboração dos alunos, foram estimuladas como recurso complementar na formação dos alunos. As etapas de planejamento e implementação da Campanha geraram alto engajamento dos alunos e disseminação da informação através do potencial pedagógico da rede Instagram. Conclusão: A execução da Campanha online de Fonoaudiologia Hospitalar pelos alunos gerou resultados positivos à medida que promoveu interação com outros profissionais da área e com a comunidade. Além disso ofereceu oportunidade de aprendizagem através dos processos de reflexão, pesquisa, experimentação, criação e produção de material digital, além de gerar senso de responsabilidade social na divulgação de informações sobre a atuação fonoaudiológica em Disfagia nos casos de Covid-19. O desenvolvimento do trabalho esteve alinhado às transformações tecnológicas que se tornam essenciais ao novo contexto de ensino e aprendizagem.

Não se aplica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1673
INSTRUMENTO COMPUTACIONAL PARA PREDIZER O FECHAMENTO VELOFARÍNGEO COM BASE NAS CARACTERÍSTICAS DE FALA E SUA CORRESPONDÊNCIA COM AS DIMENSÕES DO ORIFÍCIO VELOFARÍNGEO.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Indivíduos com fissura labiopalatina podem apresentar alterações de fala específicas decorrentes da disfunção velofaríngea.

Objetivo: Elaborar um instrumento computacional para predizer o fechamento velofaríngeo (FVF), baseado na combinação dos sintomas de fala decorrentes da disfunção velofaríngea, aferidas na avaliação perceptivo-auditiva da fala e sua correspondência com a medida objetiva da dimensão do orifício velofaríngeo.

Material e Método: Participaram deste estudo, 62 pacientes, com fissura de palato operada, com idade entre 6 e 45 anos. Os pacientes foram submetidos à medida da área velofaríngea e classificação do FVF por meio da técnica fluxo-pressão e à gravação audiovisual de amostra de fala. O material de fala consistiu na repetição de 12 sentenças compostas por 12 consoantes de pressão (consoante alvo) faladas no idioma português do Brasil. As amostras de fala foram editadas e, posteriormente, analisadas por três fonoaudiólogas para classificação dos sintomas, de acordo com o seguinte critério: hipernasalidade (1 = ausente, 2 = leve, 3 = moderada, 4 = grave), classificação da competência velofaríngea (0 = competente, 1 = marginal, 2 = incompetente), turbulência nasal, emissão de ar nasal audível, fraca pressão consonantal, sintomas ativos não orais-articulação compensatória (0 = ausente ou 1 = presente) e mímica facial (1 = movimento somente de nariz ou terço superior da face, 2 = movimento acentuado de nariz ou terço superior da face, 3 = movimento de nariz e terço superior da face). A correlação entre as características perceptivas da fala e a classificação do FVF foi feita utilizando-se o coeficiente de correlação de Spearman. Foi desenvolvido um modelo estatístico discriminante a fim de predizer a classificação do FVF. A partir deste modelo, funções discriminantes foram determinadas e transpostas no software Microsoft Excel (editor de planilhas produzido pela empresa Microsoft para computadores). Os testes de sensibilidade e especificidade foram aplicados a fim de se verificar a aplicabilidade clínica do modelo.

Resultados: Verificou-se forte correlação entre todos os sintomas de fala e a classificação do FVF. O modelo discriminante mostrou 88,7% de acertos ao predizer o FVF. A sensibilidade e especificidade para o modelo discriminante foi de 92,3% e 97,2%, respectivamente.

Conclusão: Foi desenvolvido e apresentado um instrumento para predizer o FVF a partir dos sintomas perceptivos da fala e a sua correspondência com o fechamento velofaríngeo determinado pela avaliação objetiva. Acredita-se que esta ferramenta contribuirá para o diagnóstico da disfunção velofaríngea na prática clínica.

Scarmagnani RH, Barbosa DA, Fukushiro AP, Salgado MH, Trindade IEK, Yamashita RP. Relationship between velopharyngeal closure, hypernasality, nasal air emission and nasal rustle in subjects with repaired cleft palate. Codas. 2015;27(3):267-72.

Lohmander A, Lundeborg I, Pesson C. SCANTE-The Swedish Articulation and Nasality Test – Normative data and a minimum standard set for cross-linguistic comparison. Clin Linguist Phon. 2017;31(2):137-154.

Castick S, Knight RA, Sell D. Perceptual Judgments of Resonance, Nasal Airflow, Understandability, and Acceptability in Speakers With Cleft Palate: Ordinal Versus Visual Analogue Scaling. Cleft Palate Craniofac J. 2017;54(1):19-31.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
628
INSTRUMENTOS AVALIATIVOS DA LINGUAGEM ORAL EM ADULTOS PÓS TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


O Traumatismo Cranioencefálico (TCE) é um dos principais problemas de saúde pública mundial. É definido como qualquer agressão proveniente de forças externas capazes de comprometer de forma anatômica e/ou funcional estruturas do crânio ou componentes do sistema nervoso central.(1) As causas mais comuns são acidentes automobilísticos, agressões físicas e quedas. (2)
Segundo Prado, Ramos e Vale(3) as incapacidades resultantes do TCE podem ser divididas em três categorias: físicas (podendo ser visuais e/ou motoras), comportamentais/emocionais (perda da autoconfiança, irritabilidade e agressão) e cognitivas (diminuição da memória, dificuldade de aprendizagem e alterações na comunicação) .
Considerando que há uma vasta possibilidade de diferentes distúrbios da comunicação de origem neurológica, é importante que o Fonoaudiólogo ao atuar com esta população tenha conhecimento sobre os métodos mais recentes de investigação clínica bem como os avanços teóricos sobre as relações entre lesão-sintoma, linguagem e fala.
Objetivo: Verificar quais são os instrumentos mais recentes de investigação clínica, bem como as principais sequelas relacionadas à linguagem oral em sujeitos adultos que sofreram TCE.
Método: Por meio de uma revisão de literatura realizada a partir das bases de dados Scielo, Lilacs e Medline, com os seguintes descritores em português e inglês: “Lesão Cerebral Traumática” combinado com “Linguagem”, “Afasia” e “Transtornos da Comunicação” seguiu-se etapas de seleção e análise crítica dos periódicos encontrados.
Critérios de seleção: Foram incluídos estudos originais que abordassem a avaliação da linguagem oral e/ou comunicação na população adulta pós TCE, sendo estes publicados no idioma português ou inglês, nos últimos dez anos (entre 2009 e 2019) e excluídos os artigos que não se enquadravam dentro do período de publicação e idiomas pré-estipulados, estudos sobre reabilitação, de único caso, validação de protocolos, com sujeitos de pesquisa infanto-juvenil ou idosos, assim como outras lesões neurológicas.
Análise dos dados: Foi criado um fichamento protocolar contemplando os dados mais relevantes dos estudos, tais como: autores, título, ano de publicação, objetivos, métodos utilizados, principais resultados e conclusão.
Resultados: Foram encontrados 319 artigos, sendo 60 duplicados (encontrados nas diferentes bases de dados), restando 259 para serem analisados. Destes 259 artigos, 174 foram excluídos pelo título e 67 pelo resumo, totalizando 18 artigos. Após a leitura na íntegra destes 18 artigos, 9 foram excluídos por não responderem ao objetivo de estudo deste trabalho, resultando em 9 trabalhos para compor a revisão de literatura.
Conclusão: Os achados demonstraram que é um assunto pouco estudado no Brasil, com disparidade entre idade dos sujeitos, lateralidade e gravidade da lesão. Entretanto, pode-se encontrar informações relevantes, as quais demonstraram que indivíduos adultos com TCE tiveram pior desempenho principalmente nas tarefas de compreensão e produção verbal, habilidade pragmática prejudicada, além de o discurso narrativo apresentar taxa mais lenta do que o de indivíduos típicos. Foi possível identificar, ainda, que a Bateria de Comunicação de Avaliação (ABaCo), a Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação (Bateria MAC) e o Instrumento de avaliação neuropsicológica Breve (NEUPSILIN), são comumente utilizados para avaliar estes sujeitos.

1. Magalhães ALG, Souza LC, Faleiro RM, Teixeira AL, Miranda AS. Epidemiologia do traumatismo cranioencefálico no Brasil. Rev Bras Neurol. 2017; 53(2):15-22.
2. Santos AM, Sousa ME, Lima LO, Ribeiro NS, Madeira MZ, Oliveira AD. Perfil epidemiológico do trauma cranioencefálico. Rev Enferm UFPE online [Internet]. 2016 [acesso em 2019 Jul 30]; 10(11):3960-8. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem.
3. Prado FC, Ramos JA, Valle JR. Atualização terapêutica –urgência e emergência. 3ª ed- São Paulo: Artes Médicas; 2018.
4. Talarico TR, Venegas MJ, Ortiz KZ. Perfil populacional de pacientes com distúrbios da comunicação humana decorrentes de lesão cerebral, assistidos em hospital terciário. Rev. CEFAC. 2011; 13(2): 330-339. DOI: 10.1590/S1516-18462010005000097.
5. Fonseca RP, Parente MAMP, Côte H, Ska B, Joanette Y. Bateria MAC – Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação. São Paulo: Pró-Fono; 2008.
6. Soares ECS, Ortiz KZ. Influence of schooling on language abilities of adults without linguistic disorders. Sao Paulo Med J. 2009; 127(3):134-9. DOI: 10.1590/S1516-31802009000300005.
7. Bosco FM, Parola A, Sacco K, Zettin M, Angeleri R. Communicative-pragmatic disorders in traumatic brain injury: The role of theory of mind and executive functions. Brain and Language. 2017; 168:73-83. doi: DOI: 10.1016/j.bandl.2017.01.007.
8. Byom L, Turkstra LS. Cognitive task demands and discourse performance after traumatic brain injury. Int J Lang Commun Disord. 2016; 52(4):501-13. DOI: 10.1111/1460-6984.12289.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
788
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM FORMATO DIGITAL EM MOTRICIDADE OROFACIAL: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A constante evolução e crescimento da tecnologia oferece diversos benefícios na área da fonoaudiologia, auxiliando os profissionais nos processos de diagnóstico e tratamento dos distúrbios relacionados1. Considerando que a realização da avaliação miofuncional orofacial é essencial para se obter o diagnóstico e o prognóstico adequado dos distúrbios miofuncionais, assim como para se estabelecer metas apropriadas para a reabilitação dos pacientes2, o desenvolvimento de protocolos eletrônicos favorece a utilização dos mesmos na prática clínica. Protocolos em formato digital simplificam a coleta, o acesso e o armazenamento de dados, possibilitam a troca de informações entre os profissionais e instituições, de forma instantânea e segura, otimizam o tempo de atendimento e contribuem para pesquisas cientificas, além de aumentarem a produtividade e a organização administrativa3,4.
Objetivo: identificar, na literatura, os instrumentos de avaliação em Motricidade Orofacial, que atualmente estão disponibilizados em plataformas digitais.
Metodologia: A revisão do presente estudo foi realizada em duas etapas considerando artigos publicados e instrumentos digitais disponibilizados nos últimos 10 anos, que abordassem avaliação da motricidade orofacial, nas línguas português e inglês. A primeira etapa incluiu busca a artigos nacionais e internacionais, monografias, dissertações, teses e relatos de casos, publicados nos bancos de dados das bases SciELO, Google Acadêmico, Pubmed, Scopus e BVS, utilizando os seguintes descritores: protocolo, fonoaudiologia, software, avaliação, aplicativo, protocolo informatizado e miofuncional orofacial. A segunda etapa, incluiu a pesquisa de instrumentos de avaliação digitais existentes na internet, porém não divulgados por meio de publicações cientificas, através do site Google e nas plataformas Play Store e App Store. O processo de seleção do material da primeira etapa foi realizado por meio da análise dos títulos e resumos e, posteriormente, os artigos selecionados foram lidos na íntegra e analisados. Na segunda etapa da revisão, foram analisados o título e o conteúdo dos sites e aplicativos, sendo incluídos aqueles que apresentaram compatibilidade com os critérios de inclusão da presente revisão.
Resultado: A primeira etapa resultou na seleção de dois artigos, em que foram apresentados os instrumentos informatizados de avaliação Miofuncional orofacial: Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Informatizado4 e Software para Classificação Miofuncional na Clínica Fonoaudiológica5, ambos desenvolvidos em língua portuguesa do Brasil, sendo que apenas o primeiro foi validado. Na segunda etapa foi encontrado apenas um aplicativo voltado a avaliação do frênulo lingual em bebes, intitulado Tongue Tie App6, em língua inglesa, disponível em: https://tongetieapp.com/pt/.
Conclusão: Foi possível constatar a escassez de instrumentos informatizados, softwares e aplicativos direcionados para a avaliação miofucional orofacial. Considera-se, que mais pesquisas devam ser realizadas para desenvolvimento e criação de protocolos informatizados, na forma de softwares e aplicativos para mídias móveis, o que poderá favorecer amplamente as pesquisas e práticas clínicas.


1. dos Santos KW, Trindade CS, Fernandes RA, Vidor DCGM. Utilização de softwares em pesquisas científicas de fonoaudiologia. Journal of Health Informatics. 2012; 4(2):58-8.

2. Genaro KF, Berretin-Felix G, Rehder MIBC, Marchesan IQ. Avaliação miofuncional orofacial: protocolo MBGR. Rev CEFAC. 2009;11(2):237-55.

3. Treml CJ. Protocolo eletrônico de coleta de dados clínicos em fisioterapia nas doenças do joelho. Curitiba. Dissertação [Mestrado em Clínica Cirúrgica] - Universidade Federal do Paraná; 2008.


4. Felício CM, Folha GA, Dantas MMM, Azevedo-Marques PM. Computerized protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores: usability and validity. CoDAS. 2014;26(4):322-7.

5. Santos C, Amaral AKFJ, Soares JFR. Software para Classificação Miofuncional na Clínica Fonoaudiológica. Journal of Health Informatics. 2016; 8(5):157-63.


6. Tongue Tie App [acesso em 02 jul 2020]. Disponível em: https://tongetieapp.com/pt/





TRABALHOS CIENTÍFICOS
663
INSTRUMENTOS DE TRIAGEM EM CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: a consciência fonológica é definida como a capacidade de pensar, refletir e manipular conscientemente os sons da língua. Isso inclui a percepção do comprimento das palavras, similaridade entres elas, manipulação silábica e fonêmica. O adequado desenvolvimento da consciência fonológica implica em um melhor desempenho da habilidade leitora dos escolares. Dificuldades no desenvolvimento da consciência fonológica têm sido associadas aos transtornos de aprendizagem, principalmente da leitura, em especial a dislexia do desenvolvimento. Esta refere-se a um transtorno específico de aprendizagem de origem neurológica caracterizada por leitura imprecisa ou lentificada, dificuldade em compreensão leitora, em expressão escrita e ao uso adequado da ortografia. Assim, os instrumentos para identificação de prejuízos nesta habilidade são de suma importância para o diagnóstico e intervenção precoce. Objetivo: identificar e analisar os instrumentos usados para rastreio da consciência fonológica em pré-escolares e escolares. Método: trata-se de uma revisão sistemática de literatura, guiada pela seguinte pergunta de pesquisa: “quais instrumentos de rastreio em consciência fonológica são utilizados em pré escolares e escolares em início de alfabetização?”. As bases de dados nacionais e internacionais ERIC, PubMed, CAPES, SciElo e LILACS foram pesquisadas utilizando os descritores da MeSH, Thesaurus e os Descritores em Ciências da Saúde. Para analisar o nível de evidência foi utilizado o ASHA Levels of Evidence. Os artigos foram analisados considerando o nome do instrumento, faixa etária, habilidades avaliadas, amostra e nível de classificação de evidência. Resultados: foram encontrados inicialmente 2.105 estudos dos quais, após a leitura dos seus respectivos títulos, 137 foram escolhidos para leitura dos resumos. A partir disso, 34 estudos foram lidos na íntegra, dos quais 27 foram excluídos por não serem compatíveis com os seguintes critérios de inclusão: artigos originais que abordassem o desenvolvimento, validação ou aplicação de instrumentos de triagem em consciência fonológica, publicados entre janeiro de 2014 e outubro de 2019, nos idiomas português, inglês ou espanhol. Resultou então em uma amostra de doze artigos, com um total de nove diferentes instrumentos de triagem, sendo oito em inglês, um em português brasileiro e um em holandês: Dutch Dyslexia Screening Test, Dynamic Indicators of Basic Early Literacy, Dynamic Screening of Phonological Awareness, Emergent Literacy Skills, Phonological Awareness Literacy Screening for Kindergarten, Phonological Awareness Literacy Screening for Grades 1 through 3, Computer-based Phonological Awareness Screening and Monitoring Assessment, Teste de Identificação de Sinais de Dislexia, Early Literacy Screener. Os instrumentos priorizaram escolares em alfabetização, maior parte das tarefas utilizadas envolveram as habilidades de segmentação fonêmica, exclusão silábica e fonêmica, rima e identificação de fonema inicial. Quanto ao nível de evidência, dez estudos receberam classificação nível III e dois nível IIb. Conclusão: há escassez na literatura mundial referente aos instrumentos de rastreio da consciência fonológica. Os estudos concentram-se em instrumentos direcionados a falantes do inglês, todos submetidos a validação, identificando indivíduos de risco para alteração no aprendizado da escrita e tem como público alvo pré-escolares e escolares durante o processo de alfabetização. Desta forma, esses instrumentos trazem a possibilidade de um diagnóstico precoce, principalmente para crianças de risco para dislexia do desenvolvimento.

Alves R, Nakano T, Lima R, Ciasca S. Identifying signs of dyslexia test: evidence of criterion validity. Paidéia. 2018;28:e2833.

Alves R, Lima R, Salgado-Azoni C, Carvalho M, Ciasca S. Identifying signs of dyslexia test: the construction process. Estudos de Psicologia. 2016;32(3): 383-93. http://dx.doi.org/10.1590/0103-166X2015000300004

Bailet L, Zettler-Greeley C, Lewis K. Psychometric profile of an experimental Emergent Literacy Screener for preschoolers. Sch Psychol Q. 2018.33(1):1120-36. https://doi.org/10.1037/spq0000222


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1761
INSTRUMENTOS REAIS OU SINTETIZADORES? ESTÍMULOS SONOROS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO MUSICAL DE USUÁRIOS DE DISPOSITIVOS AUDITIVOS AUXILIARES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O constante aprimoramento da tecnologia do AASI e do IC resultou na melhora da compreensão da fala pelos seus usuários e despertou o interesse de pesquisadores acerca da escuta musical deste público (1,2). Ademais, a perspectiva de que a música desempenha um papel relevante na qualidade de vida das pessoas contribuiu para o avanço de testes para avaliação da percepção musical de pessoas com deficiência auditiva nas últimas duas décadas (3-6). Entretanto, características específicas dos elementos musicais e diferenças nas faixas dinâmicas da fala e da música exigem atenção diferenciada para estas duas ocorrências.
Objetivo: Revisar na literatura estudos que abordam como são originados os estímulos sonoros utilizados nos testes de percepção musical realizados com usuários de dispositivos auditivos auxiliares.
Método: Foram selecionados 16 estudos observacionais, publicados entre 2002 e 2019, indexados em bases de pesquisa, que relataram protocolos de testes de percepção musical em usuários de AASI e de IC e cumpriram os critérios de inclusão. Foram destacados dos estudos os dados demográficos dos participantes e a estratégia de geração dos estímulos sonoros: sons produzidos por instrumentos reais, e posteriormente digitalizados, ou sons produzidos por sintetizadores.
Resultados: Participaram dos testes analisados 385 usuários de dispositivos auditivos auxiliares, com uma variação de nove a 49 participantes. A média etária dos participantes dos testes foi de 5,5 a 64,7 anos, com discreta predominância do gênero feminino (56%). Quanto ao tipo de dispositivo utilizado, 81% dos testes foi conduzido com usuários de IC e os demais com usuários de AASI ou estimulação bimodal (7,8). A geração de estímulos sonoros sintetizados para a composição das amostras, que variaram entre sequências sonoras específicas, acordes, trechos de melodia e melodias com variações de instrumentos ou de tonalidades, prevaleceu em 75% dos testes de percepção musical analisados. Convém apontar que os sintetizadores alteram a estrutura dos tons durante sua geração (9,10) e provocam um impacto negativo no produto utilizados nos testes, circunstância que pode prejudicar os resultados, principalmente àqueles relacionados aos elementos pitch, melodia, harmonia e timbre. Com efeito, há um agravamento deste fato em função dos algoritmos e filtros que regem as prescrições de AASI e de IC por reduzem a faixa dinâmica da audição e dificultarem a percepção dos elementos musicais.
Conclusão: Apesar do mérito dos pesquisadores em reconhecer a importância da apreciação musical na rotina deste público e voltar a atenção para a avaliação da percepção musical dos usuários de dispositivos auditivos auxiliares, os autores desta revisão integrativa ponderam que a qualidade das amostras utilizadas em vários protocolos não é a ideal. Desse modo, são mais convenientes as gravações realizadas com instrumentos musicais reais, para posterior digitalização, que podem garantir a qualidade do material de teste e, consequentemente, uma melhor avaliação da percepção musical.
Palavras chave: música; avaliação; perda auditiva; amplificação sonora individual, implante coclear.

1. Chasin M, Hockley NS. Some characteristics of amplified music through hearing aids. Hear Res. 2014; 308:2-12.
2. Looi V, McDermott H, McKay C, Hickson L. Music perception of cochlear implant users compared with that of hearing aid users. Ear Hear. 2008;29(3):421-434.
3. Kang R, Nimmons GL, Drennan W, et al. Development and validation of the University of Washington Clinical Assessment of Music Perception test. Ear Hear. 2009;30(4):411-418.
4. Kirchberger MJ, Russo FA. Development of the adaptive music perception test. Ear Hear. 2015;36(2):217-228.
5. Nimmons GL, Kang RS, Drennan WR, et al. Clinical assessment of music perception in cochlear implant listeners. Otol Neurotol. 2008;29(2):149-155.
6. Uys M, van Dijk C. Development of a music perception test for adult hearing-aid users [published correction appears in S Afr J Commun Disord. 2012 Dec; 59:26]. S Afr J Commun Disord. 2011; 58:19-47.
7. Bartov T, Most T. Song recognition by young children with cochlear implants: comparison between unilateral, bilateral, and bimodal users. J Speech Lang Hear Res. 2014;57(5):1929-1941.
8. Prentiss SM, Friedland DR, Nash JJ, Runge CL. Differences in Perception of Musical Stimuli among Acoustic, Electric, and Combined Modality Listeners. J Am Acad Audiol. 2015;26(5):494-501.
9. Boeckmann-Barthel M, Ziese M, Rostalski D, Arens C, Verhey JL. Melody and chord discrimination of cochlear implant users in different pitch ranges. Cochlear Implants Int. 2013;14(5):246-251.
10. Brockmeier SJ, Fitzgerald D, Searle O, et al. The MuSIC perception test: a novel battery for testing music perception of cochlear implant users. Cochlear Implants Int. 2011;12(1):10-20.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
888
INTEGRAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O trabalho na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) oferece tratamento específico e intensivo para o paciente crítico. A equipe multiprofissional adentra-se nesse meio, para que as diferentes áreas do conhecimento se complementem visando à segurança do paciente e minimizando complicações decorrentes da internação. Nesse contexto, a Fonoaudiologia está cada vez mais presente e reconhecida junto à equipe, visando a otimização da comunicação, a prevenção à broncoaspiração, o desmame de via alternativa de alimentação e, consequente, aceleração da alta hospitalar e diminuição da morbidade. Pensando nisso, o Programa de Residência Multiprofissional em Terapia Intensiva forma e qualifica profissionais de saúde, desenvolvendo competências profissionais, clínica, técnico-operacional e relacional, para uma assistência que prioriza o atendimento humanizado. Além disso, preocupa-se em promover uma formação integrada, crítica, reflexiva e multiprofissional. OBJETIVO: Relatar a experiência da equipe de fonoaudiologia na residência multiprofissional em Terapia intensiva. MÉTODOS: A residência multiprofissional em Terapia Intensiva se fez numa parceria entre um hospital de grande porte, a Universidade Federal do Estado e a Secretaria de Saúde. Tem duração de 2 anos, em regime de tempo integral e carga horaria total de 5.760 horas; 20% referente à atividades teóricas e 80% a atividades práticas. São 13 vagas distribuídas nas seguintes áreas: enfermagem, nutrição, fisioterapia, farmácia, odontologia, psicologia e fonoaudiologia. Os residentes realizam rodízios em UTI’s de diferentes perfis: semi-intensiva, neurológica, geral, pós cirúrgica, cardiológica, nefrológica, pediátrica e neonatal. A maior parte das atividades são realizadas em conjunto/grupo (visitas a beira leito nas UTI’s; apresentações de seminários multiprofissionais; aulas teóricas de eixo comum), visando estimular o trabalho em equipe e a visão integrada da assistência. No âmbito individual, o residente realiza, junto a preceptora, atendimentos a beira leito, estimulando o conhecimento de forma prática e baseada na metodologia ativa de ensino. Além disso, são realizados clubes de revista, seminários e estudos de casos, contemplando assuntos do eixo específico da fonoaudiologia. A avaliação do desempenho do residente é realizada de forma sistemática e utiliza de instrumentos que contemplem os atributos cognitivos, atitudinais e psicomotores. RESULTADOS: O programa de residência multiprofissional em terapia intensiva trouxe para as equipes de UTI a disseminação da visão integrativa e multidisciplinar do cuidado ao paciente crítico. No âmbito da fonoaudiologia observamos benefícios para a equipe do hospital, com a constante busca por conhecimento e maior incentivo de produção científica. Para a classe fonoaudiológica, o surgimento de mais uma possibilidade de especialização; construindo aprendizado a partir da prática e abrindo oportunidades de inserção no mercado de trabalho. CONCLUSÃO: A complexidade do ambiente de UTI exige constante atualização profissional. O Programa de Residência Multiprofissional em terapia intensiva possibilita a formação de profissional humanizado, capaz de avaliar, reabilitar e tomar decisões reconhecendo a importância da interdisciplinaridade. A integração da fonoaudiologia nessa residência agregou tanto ao programa, como aos setores assistenciais envolvidos, equipe e classe fonoaudiológica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
263
INTEGRAÇÃO DE PISTAS EM TAREFA DE PERCEPÇÃO DE FALA DE FRICATIVAS DESVOZEADAS EM CRIANÇAS COM E SEM TRANSTORNO FONOLÓGICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: McGurk e McDonald(1) inauguraram uma nova perspectiva para o entendimento sobre a percepção da fala, reportando a importância da informação visual associada às pistas de ordem acústica. Desde então, estudos apontam para a natureza multimodal no processo de percepção da fala(2,3).No Português Brasileiro não existem estudos sobre a integração de pistas no processo de percepção da fala, tampouco sobre a integração dessas pistas audiovisuais em crianças com TF. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi comparar o desempenho de crianças com e sem TF na tarefa de percepção multimodal envolvendo pistas auditivas e visuais em fricativas desvozeadas. Assumindo que o transtorno fonológico poderia estar associado a uma capacidade prejudicada de integrar informação fonológicas de duas fontes de modalidade(4,3), supõe-se que crianças com TF apresentem pior desempenho na integração de pistas audiovisuais em relação às crianças sem TF. Método: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o protocolo nº15416819.6.0000.5406. Participaram 30 crianças, sendo 15 diagnosticadas com transtorno fonológico com acometimento na classe das fricativas (GE) e 15 com desenvolvimento típico de fala (GC). Os estímulos apresentados consistiram em gravações em áudio e vídeo da produção de sílabas com padrão silábico simples: / f /, / s / e / ʃ / no contexto da vogal / a /. Foi utilizado o software Opensesame(5) para a elaboração da tarefa de percepção multimodal, envolvendo a apresentação de estímulos apenas por via auditiva; (2) a apresentação dos estímulos apenas por via visual; e (3a) apresentação simultânea dos estímulos auditivos e visuais de forma congruente; (3b) apresentação simultânea dos estímulos auditivos e visuais de maneira incongruente. Na análise foram consideradas as porcentagens de respostas corretas e o respectivo tempo de reação nas diferentes condições de apresentação dos estímulos; enquanto para os estímulos incongruentes foi considerada a % de preferência perceptiva e o tempo de reação. Resultados: A Anova de medidas repetidas mostrou efeito estatisticamente significante para o grupo, para as condições de apresentação dos estímulos, assim como para interação entre grupo*condição. O teste Post-hoc de Duncan´s mostrou pior acurácia para a condição de apresentação visual isolada somente para o grupo de crianças com transtorno fonológico. Na análise do estímulo audiovisual incongruente, a anova de medidas repetidas mostrou efeito significante para as condições e para a interação entre grupo*condições . O teste Post Hoc de Duncan´s mostrou que ambos os grupos privilegiaram o estímulo auditivo na condição incongruente. Em relação ao tempo de reação, Anova de Medidas Repetidas mostrou efeito significativo para grupo e condição. Crianças com TF apresentaram maior tempo de reação em relação as crianças típicas. O teste Post-Hoc de Duncan’s mostrou maior tempo de reação para condição visual em ambos os grupos. Conclusão: Crianças com TF apresentaram pior desempenho e maior tempo de reação na tarefa de percepção multimodal, sugerindo dificuldades na integração das informações fonológicas de fontes bimodais, principalmente advindas da condição visual. Uma importante implicação terapêutica refere-se à necessidade de se integrar a pista visual no trabalho de percepção de fala com crianças com TF.

Apoio: À Fundação de Auxílio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo (2019/12749-2).


1.MCGURK H , MACDONALD J. Hearing lips and seeing voices. Nature. 1976; 624(5588):746-748.

2. SEKIYAMA K, TOHKURA Y. Inter-language differences in the influence of visual cues in speech perception. Journal of Phonetics. 1993; 21(4): 427-444.

3. DODD B, Mcintosh B, Erdener D; Burnham D. Perception of the auditory‐visual illusion in speech perception by children with phonological disorders. Clinical Linguistics & Phonetics. 2008; 22(1): 69:82.

4. DESJARDINS RN, ROGERS J, WERKER JF. An exploration of why preschoolers perform differently than do adults in audiovisual speech perception tasks. Journal of Experimental Child Psychology. 1997; 66(1): 85-110.

5. MATHÔT S, SCHREIJ D, THEEUWES J. OpenSesame: An open-source, graphical experiment builder for the social sciences. Behavior Research Methods. 2012; 44(2): 314-324.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1208
INTENCIONALIDADE: UMA INVESTIGAÇÃO DE MARCAS PROSÓDICAS E EXTRALINGUÍSTICAS NA ESCRITA DE PANFLETOS PROMOCIONAIS DE BANCOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O escritor, ao confeccionar um panfleto, que pode ser definido como um “texto publicitário curto, impresso em folha avulsa, com distribuição corpo a corpo feita em locais de grande circulação”1, voluntariamente faz uso do princípio da interlocução, que veicula a ideia de que o escritor, ao escrever, visa um leitor. Parte da premissa de que é necessário ser objetivo e destacar aquilo que pretende comunicar. Ou seja, sublinha sua produção textual com fortes marcas de sua intencionalidade, cujo propósito é conduzir o leitor aos seus objetivos finais. Por definição, intencionalidade é um termo relacionado ao modo como o emissor utiliza-se de recursos (coerência na construção textual, mecanismos de coesão, outros fatores de textualidade) para a construção de seu texto, com o propósito de levar o receptor a captar as pistas marcadas no texto e conduzi-lo a alcançar o sentido pretendido pelo emissor2. OBJETIVO: Analisar a intencionalidade através dos recursos prosódicos e extralinguísticos existentes nos panfletos bancários de instituições do Brasil. MÉTODO: Trata-se de um estudo bibliográfico, descritivo comparativo e de abordagem indutiva. Foi realizado utilizando panfletos de três instituições bancárias brasileiras, um de cada instituição bancária diferente. Após a seleção dos panfletos, os dados coletados foram analisados visando identificar recursos prosódicos e extralinguísticos ali existentes. Partes do material dos panfletos foram escaneadas com vistas a apresentar ao leitor, de forma clara, as ocorrências identificadas. Foram utilizadas as designações P1, P2 e P3 para descrever panfletos, sorteados aleatoriamente, e sem nenhuma relação com qualquer indicador de mercado financeiro. Esta pesquisa não foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa por tratar-se de um estudo que envolve material impresso de domínio público e não estar relacionada a seres humanos. RESULTADOS: Os três panfletos analisados apresentaram marcas prosódicas na escrita3,4, quando, ao destacar o conteúdo que se pretendia, realçavam as palavras do texto em negrito, levando o leitor a ter uma ideia mais imediata da mensagem. Nos panfletos um e três (P1 e P3) foram usados recursos extralinguísticos5 como imagens, fontes de cores variadas, formas sobrepostas, dando a ideia de cartão de recado. Esses recursos usados deram maior ênfase6 à mensagem, levando o leitor a uma melhor compreensão da mesma. Outro recurso importante usado nos panfletos, com destaque ao P3 foi o linguístico, através dos marcadores de interatividade, os quais têm intenção de favorecer a interação entre interlocutores, no caso, escritor/leitor. Vê-se, então, a intencionalidade7 bem marcada nas expressões (estamos, convidamos, junto com a gente) usadas no panfleto. CONCLUSÃO: conclui-se que, dos três panfletos, há presença de marcas extralinguísticas em dois. Há marcas prosódicas nos três, mas em especial em um deles, visualiza-se também a presença de recursos linguísticos, os quais são componentes de intencionalidade que visam a atrair a atenção do leitor.

1. Costa SR. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica; 2008.
2. Koch IV.; Travaglia LC. A coerência textual. 8. ed. São Paulo: Contexto; 1997.
3. Brazil D. The communicative value of intonation in English. Birmingham: English Language Research (Discourse Monographs Series, 8), 1985.
4. Chacon L. Ritmo da escrita: uma organização do heterogêneo da linguagem. São Paulo: Martins Fontes; 1998.
5. Marcuschi LA. A oralidade no contexto dos usos linguísticos: caracterizando a fala. In: MARCUSCHI, L. A.; DIONÍSIO, A. P. (Org.). Fala e escrita. Belo Horizonte: Autêntica; 2005. p 57-84.
6. SAUSSURE, F. Cours de linguistique générale. France: Normandie Roto Impression s.a.; 1997.
7. MARCUSCHI, L. A. nove teses para uma reflexão sobre a valorização da fala no ensino de língua a propósito dos “parâmetros curriculares no ensino de língua portuguesa de 1ª a 4ª série do 1º grau menor”. Textos de aulas (2002).



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1296
INTENSIDADE VOCAL E MEDIDAS ACÚSTICAS LINEARES E NÃO LINEARES: INFLUÊNCIA NA CONFIABILIDADE E USO CLÍNICO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Reconhecidamente, a intensidade vocal da emissão do paciente durante a avaliação clínica da voz pode influenciar nos resultados das medidas acústicas e no próprio julgamento perceptivo-auditivo da qualidade vocal, mascarando ou amplificando o desvio presente. No entanto, a maioria dos estudos encontrado analisa apenas o desempenho de medidas isoladas, em geral, baseados em modelos lineares de produção vocal. Por sua vez, com o desenvolvimento de medidas multivariadas, torna-se importante investigar a influência da intensidade vocal sobre diferentes medidas acústicas a partir de um mesmo conjunto de sinais, possibilitando também a compreensão da confiabilidade e potencial de uso clínico da avaliação vocal a partir de tarefas de intensidade. Objetivo: Verificar se há associação entre a intensidade vocal e medidas acústicas baseadas em modelos lineares e não lineares em pacientes com e sem distúrbio de voz, bem como investigar a confiabilidade dessas medidas em função da intensidade nesses grupos. Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo CEP da instituição de origem, com o parecer de no 52492/2012. Participaram 347 indivíduos adultos, 59 sem distúrbio de voz e 288 com distúrbio de voz. Foram coletas amostras da vogal /ɛ/ sustentada em intensidade fraca (50-69 dB NPS), habitual (70-79 dB NPS) e forte (>79 dB NPS), mensurados com um medidor de pressão sonora. Foram extraídas medidas acústicas de frequência fundamental (f0), nível de pressão sonora (SPL) e 17 medidas baseadas em modelos lineares e não lineares. Utilizou-se coeficiente de correlação intraclasse (CCI) para comparar as medidas obtidas de acordo com a intensidade. Resultados: Em relação aos valores relacionados ao SPL, os grupos diferem apenas em intensidade forte e na variabilidade da intensidade. Houve diferenças entre as medidas acústicas lineares e não lineares entre os grupos em cada intensidade investigada. Todas as medidas acústicas diferiram entre as intensidades em ambos os grupos. A maioria das medidas não lineares e a proporção harmônico-ruído (PHR) demonstraram CCI aceitável (>0,40) no grupo com distúrbio, enquanto apenas a dimensão de correlação (D2) e o primeiro mínimo da função de informação mútua (PM) foram aceitáveis no grupo sem distúrbio. Conclusão: Há associação entre a intensidade da emissão vocal e as medidas acústicas baseadas em modelos lineares e não lineares em pacientes com e sem distúrbio de voz. Em geral, as medidas lineares mostram melhora na regularidade/periodicidade do sinal com o aumento da intensidade, enquanto as medidas não lineares apresentam variações diferentes dependendo da intensidade da emissão. O comportamento das medidas lineares e não lineares é diferente entre os grupos estudados nas tarefas de intensidade e pode ser utilizado como índice clínico de funcionamento laríngeo. A intensidade da emissão influencia a confiabilidade das medidas de forma diferente entre os grupos estudados.

Awan SN, Giovinco A, Owens J. Effects of Vocal Intensity and Vowel Type on Cepstral Analysis of Voice. J Voice.2011;26(5):670.
Brockmann-Bauser M, Drinnan MJ. Routine acoustic voice analysis: time to think again? Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg.2011;19:165–170.
Brockmann-Bauser M, Bohlender JE, Mehta DD. Acoustic perturbation measures improve with increasing vocal intensity in individuals with and without voice disorders. J Voice. In Press 2017.
Brockmann-Bauser M, Van Stan JH, Sampaio MC, Bohlender JE, Hillman RE, Mehta DD. Effects of vocal intensity and fundamental frequency on cepstral peak prominence in patients with voice disorders and vocally healthy controls. J Voice. In press, 2019.
Brockmann-Bauser M. Improving Jitter and Shimmer Measurements in Normal Voices. Idstein: Schulz-Kirchner Verlag; 2012.
Brockmann M, Storck C, Carding PN, Drinnan MJ. Voice loudness and gender effects on jitter and shimmer in healthy adults.J Speech Hear Res. 2008;51:1152–1160.
Orlikoff RF, Kahane JC. Influence of mean sound pressure level on jitter and shimmer measures.J Voice.1991;5:13-119.
Sulter AM, Albers FW. The effects of frequency and intensity level on glottal closure in normal subjects. Clin Otolaryngol Allied Sci.1996;21:324–327.
Sampaio MC, Bohlender JE, Brockmann-Bauser M. Fundamental frequency and intensity effects on cepstral measures in vowels from connected speech of speakers with voice disorders. J Voice. In press, 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
546
INTERAÇÃO ENTRE DOMÍNIO MOTOR AMPLO E DE LINGUAGEM NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO TÍPICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O desenvolvimento infantil constrói-se sobre pilares fundamentais, também denominados domínios. Dentre eles tem-se o motor e o de linguagem, que emergem gradualmente de complexas cascatas de interações biológicas e físicas. Para o conhecimento do desenvolvimento típico de uma criança, deve-se formar o conhecimento sobre os traços de desenvolvimento motor amplo e refinado, e também a aquisição de linguagem especialmente o componente fonológico, refletido em termos de produção oral.
Objetivo: Apresentar uma revisão integrativa de literatura, a qual sintetizou estudos que avaliaram algum processo de interação entre componentes do desenvolvimento motor amplo e da linguagem oral, especialmente a aquisição das primeiras produções de fala, em um processo de desenvolvimento típico em crianças de zero a 36 meses de idade.
Metodologia: O presente estudo foi delineado enquanto revisão integrativa da literatura, em que, a busca nas bases de dados ocorreu no período de setembro a outubro de 2019. O método da revisão será descrito de acordo com as etapas destinadas a revisão, sejam elas: Identificação, Screening, Elegibilidade e Inclusão dos artigos. Essa busca foi conduzida em bases eletrônicas (PubMed, Scopus e Web of Science) e de forma manual a partir das referências de estudos afins. Foram elaborados construtos a fim de delinear a pesquisa e a busca pelos artigos. Os construtos foram pensados em relação aos seguintes critérios: a) Construto relacionado à criança: child OR infant OR early. b) Construto relacionado ao desenvolvimento global: development OR acquisition OR skills OR abilit*. c) Construto relacionado a linguagem/fala: speech OR language OR phonolog* OR speech-sound OR articulat. d) Construto relacionado ao movimento/motor: movement OR motor OR fine-motor OR coordination. e) Construto relacionado à normalidade: typic* OR normal. f) Construto patologia (realizado para exclusão com o booleano AND NOT) disturb* OR disord* OR difficult* OR syndrom*. g) Construto adulto (para exclusão): adult. Realizada a comparação do screening entre as pesquisadoras, foi realizada a leitura dos artigos na íntegra para verificar se havia relação direta com o objetivo da revisão.
Resultados: De acordo com os resultados verificados sistematicamente na literatura, encontrou-se seis estudos publicados entre os anos de 2001 e 2015, os quais foram integrados em uma análise crítica por pares. Os estudos selecionados não oferecem um consenso que, provavelmente, pode ser explicado pela heterogeneidade metodológica, especialmente marcada pelo restrito número amostral, diversidade de objetivos, instrumentos e métodos de análise, notadamente marcada por a variável de desfecho ser centrada em escores gerais do domínio, ou marcos pontuais. Estes últimos parecem ser mais específicos em sinalizar o componente de interação que se reflete no domínio como um todo. Nesse complexo processo interacional, o desenvolvimento motor parece influenciar para o desenvolvimento da linguagem oral, especialmente nas primeiras produções de fala, favorecendo maior exploração do ambiente e gerando maior resposta comunicativa, especialmente de pais e cuidadores.
Conclusão: Sugerem-se novos estudos que comparem marcos de desenvolvimento num paralelo entre os domínios, com delineamento longitudinal e análise multivariada, a fim de aproximar-se da relação antecedente-consequente que melhor explicaria esse processo de interação, o qual ainda não está completamente elucidado.

MEDINA ALVA, M. D. P. et al. Neurodesarrollo infantil: características normales y signos de alarma en el niño menor de cinco años. Rev Peru Med Exp Salud Publica, v. 32, n. 2, p. 565-573, 2015
WALLE, E. A.; CAMPOS, J. J. Infant language development is related to the acquisition of walking. Developmental Psychology, v. 50, n. 2, p. 336-348, 2014
HODGSON, J. C.; HUDSON, J. M. Speech lateralization and motor control. Progress in Brain Research, v. 238, p. 145- 178, 2018


TRABALHOS CIENTÍFICOS
929
INTERAÇÃO: EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE DA COMUNICAÇÃO HUMANA PARA COMUNIDADE
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A promoção da saúde e educação em saúde são práticas indissociáveis, ao passo que ambas andam juntas no processo de trabalho dos profissionais de saúde, e devem envolver os sujeitos no processo1. Nesse contexto, diversas áreas do conhecimento, dentre elas a fonoaudiologia, passam a perceber que a atitude normativa e prescritiva, sem envolvimento da comunidade, encontra-se em processo de falência. E assim, a procura novas formas de aproximação, sensibilização e comunicação com a população parecem ser pontos importantes à promoção da saúde2. Uma das formas mais efetivas de se promover saúde inclui oferta de ações educativas em grupos, que além de favorecer a troca de informações e conhecimentos, tende a impulsionar os sujeitos para transformações das condições ambientais, sociais e organizacionais do seu trabalho e da sua vida3.
OBJETIVO: relatar a experiência da implantação de um processo de educação e promoção em saúde da comunicação humana, através de ações no âmbito da sala de espera na Clínica Escola de Saúde.
MÉTODO: Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência. O público-alvo do estudo, incluiu a população de usuários da Clínica. O processo de implantação foi dividido em três etapas. Para a pesquisa foi desenvolvido um instrumento de avaliação da satisfação pelo público, criados pelas pesquisadoras. A análise dos dados foi efetivada mediante construção e alimentação de um banco de dados. No tratamento dos dados foram utilizadas técnicas de estatística descritiva.
RESULTADOS: Duas ações foram realizadas. As temáticas trabalhadas foram saúde da comunicação humana e saúde vocal, ambas trabalhadas através da exposição de vídeo, onde os participantes foram estimulados a dialogar com os estudantes sobre o tema. O público alvo total presente foi de 17 indivíduos, destes 82,4% eram do gênero feminino. 70% dos participantes eram idosos. De um modo geral o público reagiu de forma satisfatória e referiram querer participar de novas ações. Todos os entrevistados reportaram que concordam com a continuidade do projeto e recomendariam as ações para seus amigos e colegas. Por fim todos os entrevistados relataram que ações como estas são de extrema importância e que pretendem colocar em prática as ações aprendidas.
CONCLUSÃO: O projeto possibilitou aos acadêmicos do curso de Fonoaudiologia, uma maior compreensão sobre seu papel de cidadãs e futuras profissionais de saúde. Além disso verificou-se que a proposta elucidou a criação de um espaço factível a socialização dos saberes técnico-científico e popular e possibilitou aos alunos uma maior compreensão sobre seu papel na efetivação do cuidado em saúde da comunicação humana, por meio da educação participativa, no qual usuários, familiares e profissionais trabalham juntos para proteger, promover e recuperar a saúde.

1 Abrocesi S, Pacheco VC. O ensino da educação em saúde como ferramenta essencial para a criação de ambientes favoráveis à saúde. Redes-Revista Interdisciplinar do IELUSC,2020;2:151-60.
2 Pagnoncelli DS et al. Ação de promoção de saúde com grupo de gestantes em unidade básica de saúde–enfoque fonoaudiológico. FAG JOURNAL OF HEALTH (FJH),2019;1(1):50-68.
3 Feitosa ALF et al. Sala de espera: estratégia de educação em saúde no contexto da atenção básica. Revista Brasileira de Educação e Saúde, 2019;9(2)67-70.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
260
INTERCÂMBIO EDUCACIONAL INTERNACIONAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O intercâmbio acadêmico permite que o aluno tenha contato com uma pluralidade de pensamentos, visões de mundo, tendências científicas e diversos modos de pensar(1). Além disso, possibilita trocas de crenças, informações e culturas, promovendo a integração entre essas culturas e pessoas diferentes(3). Com isso, proporciona vantagens além do campo acadêmico, como o pessoal e profissional(2). Para a Fonoaudiologia, um dos cursos que abre vagas para intercâmbio de estudantes de graduação é o curso Terapia da fala da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto, em Portugal. Objetivo: O objetivo deste relato é descrever a experiência acadêmica do intercâmbio no curso de Terapia da fala da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto. Descrição das ações desenvolvidas: O intercâmbio foi realizado por uma aluna do terceiro ano do curso de uma universidade pública federal e ocorreu no semestre 2019/2020 (setembro-fevereiro). Com relação as disciplinas, ou “Unidades Curriculares” (UC) a serem cursadas, essas foram eleitas de acordo com a grade curricular da Universidade de origem no Brasil, escolhendo assim aquelas que trariam conhecimentos adicionais. Foram então selecionadas: Perturbações Linguística no Adulto; Discussão de Casos e Bases Perceptivas para a Comunicação. O Curso tem duração de quatro anos, semelhante ao Brasil. Todas essas disciplinas são ministradas no terceiro ano do curso. Com relação as atividades realizadas, primordialmente, deram-se ao acompanhamento das aulas e participação de trabalhos em grupo. Na UC de Discussão de Casos, há análise de casos em grupo e foi possível aprender o raciocínio clínico utilizado pelos Terapeutas de Fala. Resultados: A experiência acadêmica possibilitou um maior contato com bibliografias estrangeiras (inglês e espanhol), assim como novos conhecimentos e visões de protocolos e raciocínio clínico. A disciplina Discussão de casos foi a que houve maior dificuldade no processo de aprendizagem, pois era um apanhado geral de todo conhecimento ministrado no curso até o momento, que utilizavam protocolos e abordagens diferentes. No intercâmbio foi possível aperfeiçoar a visão biopsicossocial ao cuidar do outro, viabilizando o olhar para todas as áreas e não apenas para o transtorno. Um olhar mais crítico também foi aguçado para algumas posturas profissionais, acadêmicas e pessoais Além das questões acadêmicas, a experiência de intercâmbio enraizou em outros âmbitos da vida, como a vida pessoal, em que foi realizável a construção de novos ciclos de amizades de vários países, permitindo assim, conhecimento de outras culturas. O intercâmbio oportunizou o enfrentamento de desafios, adaptação a novas culturas e promoção da capacidade de liderança e de gerenciamento de crises, como, por exemplo, gerenciar as dificuldades iniciais de interação com colegas portugueses, decorrente da diversidade cultura. Considerações finais: O intercâmbio permitiu ampliação do modo de compreensão do mundo, bem como o de ser brasileira e de ver a Fonoaudiologia. Assim, foi observado que houve um processo de aprendizagem com ampliação de horizontes, conhecimento de novas culturas, aperfeiçoamento acadêmico, proporcionando significativas experiências em diversos âmbitos da vida (acadêmica, profissional e pessoal) com excelentes contribuições para o futuro âmbito profissional.

1. Périco FG, Gonçalves RB. Intercâmbio acadêmico: as dificuldades de adaptação e de readaptação. Educ. Pesqui., 2018;44.
2. Stallivieri L. O processo de internacionalização nas instituições de ensino superior. Educação Brasileira: Revista do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, 2002;24(48):35-57.
3. Tamião TS, CavenaghI AJ. O Intercâmbio cultural estudantil na cidade de São Paulo. Revista do Instituto de Ciências Humanas, 2013;8(9):40-49.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
243
INTERFACE ENTRE HÁBITOS VOCAIS E DADOS DERMATOGLÍFICOS DE DOCENTES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é um instrumento de trabalho fundamental para atuação do professor. Nesta prática, fatores externos, hábitos vocais e/ou relacionados à saúde podem interferir na produção vocal¹. A predisposição genética muscular pode ser analisada pela Dermatoglifia, que consiste na identificação das características da impressão digital, considerada um marcador genético associado ao perfil de aptidão aeróbica, anaeróbica ou mista de um indivíduo².O perfil anaeróbico é caracterizado pela velocidade de contração muscular e o aeróbico pela resistência e coordenação motora³. Objetivo: verificar a associação entre hábitos vocais e perfil dermatoglífico referidos por docentes de uma instituição pública de ensino superior. Métodos: Estudo observacional transversal quantitativo com 49 professores. Foram aplicados questionário sociodemográfico e o Índice de Triagem para Distúrbios da Voz (ITDV)⁴, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As impressões digitais foram coletadas por meio do scanner Watson Mini da Integrated Biometric plugado a um laptop Lenovo BM5K8TM1. Utilizou-se o protocolo de Cummins e Midlo⁵, para posterior análise. Foi realizado o teste Qui-Quadrado, com nível de significância 5%, para verificação da associação entre hábitos e o perfil dermatoglífico. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer de número 3.562.059. Resultados: A amostra foi composta, em sua maioria, pelo gênero feminino (76%) com a média de idade de 44,67 anos. Quanto a ingestão de água, foi verificado que 84,4% dos professores do perfil anaeróbico e 25% do perfil aeróbico não faziam consumo adequado (p=0,005). 77,8% dos anaeróbicos e 75,5% dos aeróbicos negaram etilismo (p=0,898). Com relação ao tabagismo, 25% dos sujeitos aeróbicos afirmaram fumar, enquanto que apenas 2,2% dos anaeróbicos referiram o mesmo hábito (p=0,027). 100% dos profissionais com perfil aeróbico e 60% do grupo anaeróbico afirmaram não ter refluxo (p=0,112). No que se refere prática de atividade física 75% dos sujeitos com perfil aeróbico e 62,2% dos anaeróbios relataram praticar algum tipo de atividade física (p=0,611). Em paralelo a isso, 100% dos sujeitos com perfil aeróbico e 84,4% dos anaeróbicos informaram não conversar durante a prática de exercícios físicos (p=0,394). Quanto ao hábito de gritar, 22,2% dos indivíduos de perfil anaeróbico afirmaram ter este hábito, enquanto nenhum participante de perfil aeróbico o relatou (p=0,291). Referente ao sono, 100% dos profissionais com perfil aeróbico e 66,7% do perfil anaeróbico afirmaram ter uma boa qualidade de sono (p=0,166). Conclusão: Foram observadas associações estatisticamente significantes entre o perfil dermatoglífico com ingestão de água e tabagismo. Apesar dos profissionais com perfil aeróbico apresentarem maior frequência de tabagismo, esse grupo apresentou uma quantidade de sujeitos dez vezes menor que a do perfil anaeróbico. Estes últimos, os quais apresentam menor resistência muscular, apresentaram frequências mais altas de hábitos nocivos a voz, dentre eles, o baixo consumo de água, presença de refluxo, hábito de gritar, menos prática de atividade física e qualidade de sono ruim. Tais fatores, associados a uma menor resistência, podem ser potencializadores no desenvolvimento de disfonias nessa população.

Palavras-Chaves: docente, ensino, voz, cuidados, hábitos, Fonoaudiologia.

1. Silva GJ, Almeida AA, Lucena BTL, Silva MFBL. Sintomas vocais e causas autorreferidas em professores. Rev CEFAC. 2016; 18(1): 158-166.

2. Coelho CM. Cantores líricos e musicais: dados dermatoglíficos e acústicos. São Paulo. Tese [Doutorado em linguística aplicada ao estudos da linguagem] - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2017.

3. Coelho CM; Fernandes Filho, J ; Camargo, ZA. Dermatoglifia e qualidade vocal. In: Camargo ZA. Fonética clínica: 20 anos de liaac. Pulso Editorial; 2016. p. 211-224.

4. Ghirardi ACAM, Ferreira LP, Giannini SPP, Latorre MRDO. Screening index for voice disorder (SIVD): development and validation. Rev Journal of voice : official journal of the Voice Foundation. 2013; 27(2):195-200.

5. Cummins H, Midlo C. Fingerprints, palms and sole. New Dover ed. Integral e corr. New York: Dover Publ; 1961.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1895
INTERFERÊNCIA DA RESPIRAÇÃO ORAL NO APRENDIZADO ESCOLAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A respiração é uma das funções vitais mais importantes do nosso organismo e devemos ficar sempre atentos à forma como é realizada. A respiração oral acontece geralmente quando o indivíduo apresenta obstrução nas vias áreas superiores, sendo dificultada a realização da respiração pelo nariz, utilizando a boca como um conduto passivo, que dependendo do grau de dificuldade pode tornar-se crônica. Esses indivíduos podem apresentar alterações patológicas, estruturais, funcionais, posturais, oclusais e comportamentais. Uma respiração alterada contribui para o desenvolvimento de outras alterações, como lábios entreabertos, hiperfunção da musculatura mentual ao realizar o vedamento labial, alterações no seu crescimento e desenvolvimento craniofacial sendo propenso a problemas ortodônticos como:alterações em sua mordida, mordida cruzada, mordida aberta, projeção dos incisivos, entre outras. É possível notar também um aumento na flacidez na musculatura facial, aumento na altura da face, lábio inferior com eversão, palato atrésico e ogival. Possivelmente também se encontram alterações de fala como o ceceio anterior ou lateral. Os distúrbios respiratórios trazem grandes consequências à criança que está em processo de aprendizagem. Esta fase inicial é importante durante o processo de ensino da criança, no qual acontece o processo de aquisição e desenvolvimento das habilidades cognitivas. É comum a criança com distúrbios respiratórios desenvolverem dificuldades de memorização, problemas com aprendizado e dificuldades cognitivas. Por esse motivo a respiração oral torna-se um problemas mais preocupantes de saúde pública na atualidade. Considerando as consequências que ela pode ocasionar em qualquer indivíduo, busca-se compreender suas interferências na criança, em especial quando se encontra durante o processo de aprendizagem escolar. Objetivo: Relacionar respiração oral às dificuldades de aprendizagem em escolares. Método: Foi realizada uma revisão bibliográfica de literatura sem restrições em relação ao ano e ao idioma. Foram considerados os seguintes descritores: “Respiração bucal”, “Aprendizagem”, “Respiração”, “Deficiências da aprendizagem”, em português e inglês, norteados pela seguinte questão: “quais interferências a respiração oral pode trazer ao processo de aprendizagem?”. A pesquisa foi desenvolvida entre o período de fevereiro a maio de 2020 e para sua construção foram encontrados 30 artigos, utilizados 24 e descartados 6 artigos, como critérios de inclusão foi utilizado artigos sobre o tema proposto e descartados os artigos duplicados e estudos que não se incluíam na temática escolhida, com bases de dados eletrônicos scielo, google acadêmico, Lilacs e Pub med. Resultados: Através da literatura verificou-se que a memória, atenção e concentração são aspectos fundamentais dentro do processo de aprendizagem escolar, e são comumente afetadas diante da respiração oral, e suas etiologias. Conclusão: Conclui-se que pode ocorrer um declínio no processo de aprendizagem de escolares com respiração oral, pelo fato desta irregularidade respiratória interferir nos processos neurais responsáveis pela atenção e motivação, podendo dificultar a aquisição do conhecimento.

1. Cunha DA, Silva GAP, Motta MEFA, Lima CR, Silva HJ. A respiração oral em crianças e suas repercussões no estado nutricional. Rev CEFAC. 2007 jan-mar; 9(1):47-54.

2. Menezes VA, Leal RB, Pessoa RS, Pontes RMS. Prevalência e fatores associados à respiração oral em escolares participantes do projeto Santo Amaro-Recife, 2005. Rev Bras Otorrinolaringol. 2006;72(3):394-9.

3. Nishimura CM, Gimenez SRML. Perfil da fala do respirador oral. Rev. CEFAC. 2010;12(3):505-8.

4. Di Francesco RC. A influência dos distúrbios respiratórios na dificuldade de aprendizagem. Rev. Psicopedagogia. 2003; 20(63):228-33.

5. Chedid KAK, Di Francesco RC, Junqueira PAS. A influência da respiração oral no processo de aprendizagem da leitura e escrita em crianças pré-escolares. Rev. Psicopedagogia. 2004; 21(65):157-63.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
514
INTERFERÊNCIA DO RUÍDO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ACADÊMICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM PROJETO INTEGRADOR
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
76804824


Introdução: A qualidade acústica das salas de aulas e a quantidade de ruído produzido nesse ambiente, principalmente nas disciplinas de projeto integrador (PI) onde o ruído está diretamente relacionado à própria atividade acadêmica vivenciada em grupos, expõem os alunos a esse risco que, na maioria das vezes, desconhecem seus malefícios. Um ambiente de ensino ruidoso interfere no processo de atenção e concentração do aluno, além de dificultar a audibilidade e compreensão da voz do professor. Objetivo: Relatar a experiência de professores e acadêmicos do curso de Fonoaudiologia durante prática de PI sobre a interferência do ruído no processo de aprendizagem acadêmica. Método: Trata-se de um relato de experiência durante prática da disciplina de PI vivenciada pelos acadêmicos do 5º período de Fonoaudiologia. Para a realização do estudo, foi escolhida uma sala de aula onde é ministrada a disciplina de PI para a turma com maior quantitativo de alunos. Os alunos responderam a um questionário elaborado para esta finalidade sobre a percepção do ruído nesse ambiente especifico de ensino, sua interferência no processo de aprendizagem e a presença de efeitos auditivos e não-auditivos associados à exposição ao ruído. Foi realizada também a medição dos níveis de pressão sonora em pontos distintos durante todo o horário de aula, sem interferir no seu andamento, no turno da manhã, sendo possível verificar as intensidades mínima e máxima do ruído produzido. Para a medição do ruído foi utilizado um decibelimetro da marca Instrutherm, modelo DEC-460. Resultados: Participaram dessa pesquisa 58 alunos, com idade entre 17 e 39 anos, de ambos os sexos, sendo 70,6% do sexo feminino (n=41). A presença do ruído foi percebida por 100% dos acadêmicos. Para 79,3% dos alunos (n=46) o ruído interfere na concentração durante a aula de PI. Com relação a inteligibilidade de fala, 16 alunos (27,5%) referiram dificuldade em compreender a fala do professor e de seus colegas de grupo devido à presença de ruído em sala. Os sintomas não auditivos mais referidos pelo alunos foi o cansaço excessivo (77,5%), irritabilidade (48,2%) e dor de cabeça (43,1%). Constatou-se uma intensidade máximo de 96dB(A) de ruído produzido durante a aula da disciplina de PI, estando esse valor em desacordo com os limites aceitáveis de ruído de acordo as normas NR-17 e NBR-10152, que preconizam valores de 40 dB(A), para conforto acústico em ambientes diversos, e de 50 dB(A), o nível sonoro aceitável para atividades em salas de aula. Diante dos resultados obtidos, visando a importância da promoção de saúde auditiva, foi elaborado um vídeo voltado para a orientação e conscientização sobre os efeitos do ruído no processo de aprendizagem destinado, principalmente, aos acadêmicos e professores de PI, por se tratar de uma disciplina baseada em uma concepção interacionista de ensino, através de metodologias ativas, onde prevalece a prática dialógica em grupos de alunos, tornando essa disciplina, inevitavelmente, ruidosa. Conclusão: O nível de pressão sonora mensurado durante aula da disciplina de PI, ultrapassa o nível preconizado pela legislação nacional, interferindo negativamente no processo de aprendizagem acadêmica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1835
INTERFERÊNCIA DOS MEDICAMENTOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON NA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A terapia medicamentosa é uma das opções de tratamento para a doença de Parkinson. Os medicamentos são usados com a finalidade de retardar a evolução da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente (Henrichsmann e Hempel, 2016). Porém, seu uso não é isento de riscos, e alguns dos seus efeitos podem ser indesejado e levar danos aos pacientes, estes malefícios também podem interferir na terapia fonoaudiológica. (Gerszt Baltar e Oda, 2014).
Objetivo O propósito deste estudo foi identificar e correlacionar as reações adversas aos medicamentos utilizados no tratamento da Doença de Parkinson e descritas na literatura com possíveis alterações na deglutição e comunicação.
Método: Revisão da literatura para relacionar as reações adversas aos medicamentos usados no tratamento da doença de Parkinson presentes na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais que apresentam a bula no bulário eletrônico da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária na terapia fonoaudiológica. As reações adversas identificadas foram classificadas quando ao grau de interferência para atuação deste profissional, classificadas de acordo com Silva et al (2008), nas seguintes categorias: grau 0 – sem interferência, grau 1 - leve, grau 2 - moderada, grau 3 - grave, grau 4 - muito grave, I - impossibilidade de atendimento fonoaudiológicos.
Resultados: Foram analisados 10 fármacos utilizados no tratamento e controle de sintomas da doença de Parkinson, a saber: Levodopa/ Carbidopa, Levodopa/ Benserazida, Bromocriptina, Pramipexol, Entacapona, Selegilina, Amantadina, Biperideno, Triexifenidil, Clozapina. Todos os medicamentos afetam direta ou indiretamente a dinâmica da deglutição ou o processo de comunicação dos pacientes com Doença de Parkinson, e apresentaram reações adversas descritas que foram classificadas possuírem interferências mais brandas (grau1), como por exemplo, alterações de comportamento, ou mais graves (grau 4), como xerostomia. A maioria dos fármacos apresentaram tontura e hipotensão ortostática (postural) como reação adversa, o que pode aumentar o risco de queda do paciente durante o atendimento fonoaudiológico. Alterações do comportamento, depressão e reações como sonolência são comuns e podem tornar o paciente menos colaborativo à terapia. Outras reações adversas identificadas na literatura que podem ser causadas pelos medicamentos são sintomas que muitas vezes não se distinguem dos da própria doença, como manifestações disfágicas.
Conclusão: É indubitável que o fonoaudiólogo conheça as reações adversas dos medicamentos usados na doença de Parkinson, pois esse conhecimento pode contribuir com a segurança do paciente e condução da terapia fonoaudiológica.


Henrichsmann M, Hempel G. Impact of medication therapy management in patients with Parkinson's disease. Int J Clin Pharm. 2016;38(1):54-60.
Gerszt PP, Baltar CR, Santos AE, Oda AL. Interferência do Tratamento Medicamentoso Imediato e Tardio na Doença de Parkinson no Gerenciamento da Disfagia. CEFAC. 2014;16(2):604-19.
Silva AP, Araújo JL, Souza VC, Takiuti VO, Silva AM, Farias LP, Gonçalves MdeJ, Salcedo PHT. A farmacovigilância na reabilitação fonoaudiológica de pacientes com doenças neurológicas. Mundo da Saúde. 2008:32(2):229-37.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1183
INTERPROFISSIONALIDADE NA FORMAÇÃO DISCENTE NO CONTEXTO DA ABORDAGEM AO ADOLESCENTE
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: a extensão é um dos pilares da formação acadêmica e proporciona um intercâmbio de experiências que democratizam o processo de assistência e colaboram para a consolidação dos conhecimentos teóricos-científicos¹⁻². Nessa perspectiva, o Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET Saúde) propõe a interprofissionalidade como eixo norteador, corroborando para o processo formativo de profissionais capacitados para enfrentar os diferentes contextos de vida e saúde da população brasileira no Sistema Único de Saúde³. Nesse contexto, pensar uma abordagem holística da saúde do adolescente se faz necessário, pois o processo saúde-doença nessa faixa etária é permeado por comportamentos, convicções e questionamentos que constituirão a formação pessoal e social desse indivíduo. Dessa forma, o grupo tutorial descrito neste trabalho tem como preocupação a vinculação dessa população aos serviços de saúde, visando sua participação ativa como protagonista de sua própria história. Objetivo: relatar a experiência de um grupo tutorial no primeiro ano do PET Saúde Interprofissionalidade. Metodologia: inicialmente, para delineamento do perfil social e de saúde do adolescente, foi realizado o levantamento de dados pelo  sistema de prontuários do centro de saúde referência. Posteriormente, um questionário com 32 temas relacionados à promoção da saúde e qualidade de vida foi aplicado aos pais, visando entender a percepção dos mesmos em relação às temáticas. Reuniões semanais de estudo e discussão de artigos, cursos e palestras sobre controle social, aspectos conceituais da adolescência, marco legal⁴, metodologias ativas de ensino, equipamentos sociais de assistência ao adolescente, educação popular em saúde, matriciamento e educação interprofissional em saúde compuseram o referencial teórico que embasou as práticas desenvolvidas. A partir disso, o grupo  realizou: ação de promoção da saúde em um centro socioeducativo, apresentação do projeto na comissão local de saúde - envolvendo a comunidade - e em dinâmica coletiva com os profissionais do centro de saúde, além da elaboração de proposta de sensibilização dos Agentes Comunitários de Saúde sobre o perfil do adolescente atendido pelo serviço. Resultados: foi possível identificar o perfil do adolescente caracterizado por situação de vulnerabilidade social com modificações de contexto familiar. Em relação ao questionário aplicado aos pais, vários temas propostos tiveram aprovação, com exceção dos relacionados à menstruação, sexualidade e gênero, gravidez, uso de preservativos, violência sexual e consumo consciente, que apresentaram percentual de reprovação significativo. Com a experiência no centro socioeducativo, o grupo pode colocar em prática um modelo de intervenção com o público adolescente baseado em metodologias ativas e assim desenvolver habilidades de comunicação horizontal, escuta ativa e manejo de atividades modulado pelo feedback da interação. Conclusão: as experiências descritas aqui constituem um projeto ainda em andamento e que espera ao final alcançar a aproximação efetiva do adolescente com o centro de saúde, proporcionando um avanço quanto às questões de saúde desse público, e a construção de competências a partir da interação e do compartilhamento de habilidades e saberes relacionados à formação discente, propiciando o amadurecimento e o desenvolvimento de um construto coletivo que favoreça o trabalho em equipe e conduza a uma mudança de olhar sobre o processo saúde-doença.

1 - Gadotti M. Extensão universitária: para quê. Instituto Paulo Freire. 2017.

2 - Moita FMGS, Andrade FCB. Ensino-pesquisa-extensão: um exercício de indissociabilidade na pós-graduação. Rev. Bras. Educ. 2009;14(41)269-280.

3 - Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial nº 421, de 3 de março de 2010. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde) e dá outras providências. Diário Oficial União. 2010.

4 - Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. - Marco legal: saúde, um direito de adolescentes. Ministério da Saúde. (Série A. Normas e Manuais Técnicos), Brasília; 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
848
INTERVENÇÃO CENTRADA NA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA: REVISÃO SISTEMÁTICA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A habilitação auditiva centrada na família é ponto chave para o saudável desenvolvimento linguístico das crianças com deficiência auditiva, de acordo com a literatura (1,2). Ainda assim, é necessário que se busque evidências científicas sobre a efetividade desta proposta terapêutica. Objetivo: avaliar se a intervenção centrada na família produz efeito no desenvolvimento da linguagem de crianças com deficiência auditiva. Método: estudo de revisão sistemática cuja busca foi realizada em seis bases de dados (Cochrane, LILACS, PsycINFO, PubMed, Scopus, Web of Science) e na literatura cinzenta (Google Scholar, Open Gray), sem restrição do idioma ou ano de publicação. Para o critério de elegibilidade, dois revisores independentes selecionaram estudos que possuíssem grupo controle e/ou comparassem os testes pré e pós intervenções centradas na família para melhorar a comunicação e o desenvolvimento da linguagem em crianças com deficiência auditiva. A pesquisa foi realizada em duas fases. Na primeira fase, os dois revisores, individualmente, leram títulos e resumos das referências coletadas, elencando estudos que se enquadravam nos critérios de inclusão. Posteriormente, os mesmos dois revisores, na segunda fase, executaram a leitura na íntegra dos estudos incluídos na fase um, para seleção final. O estudo contou com a participação de um expert, em sua última etapa. O risco de viés foi avaliado pelas ferramentas ROBINS-I (3) para ensaio clínico não randomizados e Cochrane Colaboration (4) para estudo clínicos randomizados. A análise do nível de evidência foi realizada pelo GRADE (5). Resultados: Dos 1466 estudos avaliados, cinco foram incluídos para análise qualitativa (6-10). O risco de viés dos estudos randomizados foi classificado como baixo (6,7), enquanto os não randomizados apresentaram moderado risco de viés em virtude do delineamento da metodologia de intervenção não ter sido completamente descrito (8-10). Quanto ao nível de evidência, dois estudos foram classificados como nível alto (6,7) e três como moderado, em decorrência da metodologia imprecisa, heterogeneidade e risco de viés moderado (8-10). Os estudos variaram entre si quanto ao modelo das intervenções centradas na família. As terapias encontradas nas pesquisas foram: Programa Parental Muenster (MPP) (9), Terapia de Interação Pais-Filhos (PCIT) (10), intervenção guiada por videofeedback (8) e Programa de Intervenção Precoce (6,7). Em todas elas, os resultados quanto à interação e comunicação família-criança foram benéficos, com medidas de linguagem ou inventários com as famílias indicando melhora na linguagem da criança (6-10). Conclusão: A intervenção com foco nas famílias, independentemente de seu modelo, potencializa o desenvolvimento linguístico das crianças com deficiência auditiva.

1. Ekberg K, Scarinci N, Hickson L, Meyer C. Parent-directed commentaries during children's hearing habilitation appointments: a practice in family-centred care. International Journal of Language & Communication Disorders. 2018;53(5):929-946.
2. McCarthy M, Leigh G, Arthur-Kelly M. Telepractice delivery of family-centred early intervention for children who are deaf or hard of hearing: A scoping review. Journal of Telemedicine and Telecare. 2018;25(4):249-260.
3. Sterne J, Hernán M, Reeves B, Savović J, Berkman N, Viswanathan M et al. ROBINS-I: a tool for assessing risk of bias in non-randomised studies of interventions. BMJ. 2016;:i4919.
4. Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions [Internet]. Handbook-5-1.cochrane.org. 2020 [cited 7 July 2020]. Available from: http://handbook-5-1.cochrane.org/
5. GRADE handbook [Internet]. Gdt.gradepro.org. 2020 [cited 7 July 2020]. Available from: https://gdt.gradepro.org/app/handbook/handbook.html#h.svwngs6pm0f2
6. 6 – Khoshakhlag H, Behpajooh A, Afrooz, G, Azad I. The Effect of Early Family Centered Psychological and Educational Interventions on the Cognition and Social Skills Development in Children with Hearing Loss. J. Appl. Environ. Biol. Sci., 2014; 4(12)76-84.
7. Roberts M. Parent-Implemented Communication Treatment for Infants and Toddlers With Hearing Loss: A Randomized Pilot Trial. Journal of Speech, Language, and Hearing Research. 2019;62(1):143-152.
8. Lam-Cassettari C, Wadnerkar-Kamble M, James D. Enhancing Parent-Child Communication and Parental Self-Esteem With a Video-Feedback Intervention: Outcomes With Prelingual Deaf and Hard-of-Hearing Children. Journal of Deaf Studies and Deaf Education. 2015;20(3):266-274.
9. Glanemann R, Reichmuth K, Matulat P, Zehnhoff-Dinnesen A. Muenster Parental Programme empowers parents in communicating with their infant with hearing loss. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology. 2013;77(12):2023-2029.
10. Costa E, Day L, Caverly C, Mellon N, Ouellette M, Wilson Ottley S. Parent–Child Interaction Therapy as a Behavior and Spoken Language Intervention for Young Children With Hearing Loss. Language, Speech, and Hearing Services in Schools. 2019;50(1):34-52.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
304
INTERVENÇÃO COM A ORTOGRAFIA NATURAL PARA ERROS NA ESCRITA MANUAL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A escrita é o resultado de um ato motor complexo, fruto de associações cognitivas, que não só representa o que falamos, assim como exige uma formalidade e a aplicação de signos e regras específicas da língua. Dessa forma, a escrita motora torna-se o resultado de um processo amplo e sistemático, aprendido via ensino formal(1). Estudos referem que a consciência fonológica, exposição a leitura e a forma impressa da palavra tem influência direta com a diminuição dos erros ortográficos, sendo que a evolução do conhecimento ortográfico, acontece principalmente entre o terceiro e o quarto ano de escolarização(2,3). Assim, a consciência da escrita/ortografia não se dá apenas pela exposição as letras pelos escolares, faz-se necessário atividades reflexivas, onde o aluno consiga compreender as regras e não apenas usa-las de forma aleatória. Objetivo: verificar a eficácia da intervenção com os erros de ortografia natural em escolares do 3º ao 5º ano do ensino fundamental. Método: Esta pesquisa trata-se de um estudo quantitativo, de campo exploratório e experimental. Participaram deste estudo 34 escolares de 3°, 4º e 5° ano do ensino fundamental, de ambos os gêneros, com idade entre 9 e 15 anos, pertencentes a uma escola de ensino público. Os escolares foram distribuídos em seis grupos: Grupo I: 6 escolares do 3° ano com dificuldades ortográficas; Grupo II: 6 escolares do 3° ano sem dificuldades ortográficas; Grupo III: 5 escolares do 4° ano com dificuldades ortográficas; Grupo IV: 5 escolares do 4° ano sem dificuldades ortográficas; Grupo V: 6 escolares do 5° ano com dificuldades ortográficas; Grupo VI: 6 escolares do 5° ano sem dificuldades ortográficas. Os alunos foram avaliados com a Escala de Avaliação da Escrita(4), a Prova de Escrita sob Ditado de Palavras(5) e Ditado Soletrado(6), a partir das avaliações foram selecionados os escolares para participar da intervenção. O critério de análise usado nas três provas, para avaliar o tipo de erro cometido foi baseado na classificação dos erros ortográficos. A intervenção foi composta por um total de quatro sessões, sequenciais e graduais, sendo realizada uma sessão a cada encontro, em que foram trabalhadas tarefas de leitura e treinamento metafonológico, conforme proposto no módulo 1 do programa seguido(3). Resultados: Após a intervenção houve a diminuição nos erros de ortografia natural nos grupos de alunos que possuíam dificuldades ortográficas, porém também houve a diminuição nos erros de ortografia arbitrária, mesmo não sendo o enfoque. A exposição e a reflexão acerca da escrita podem ter contribuído de forma significativa na produção ortográfica dos alunos. Conclusão: Conclui-se que para que a aquisição ortográfica ocorra de maneira efetiva, é necessário auxiliar o escolar, possibilitando situações didáticas que o estimulem a refletir e gerar hipóteses de escrita até sua automatização, para que ele construa um pensamento mais reflexivo acerca da produção correta das palavras.

1. Rosa CC, Gomes E, Pedroso FS. Aquisição do sistema ortográfico: desempenho na expressão escrita e classificação dos erros ortográficos. Rev Cefac. 2011. 14(1): 39-45. https://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000087

2. Donicht G, Ceron MI, Keske-Soares M. Erros ortográficos e habilidades de consciência fonológica em crianças com desenvolvimento fonológico típico e atípico. CoDAS. 2019; 31(1): e20170212. DOI: 10.1590/2317-1782/20182018212

3. Sampaio MN, Capellini AS. Intervenção ortográfica em escolares com e sem dificuldades de escrita. Revista Quadrimestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. 2015; 19(1): 105-5. http://dx.doi.org/10.1590/ 2175-3539/2015/0191808

4. Lorenzini MV. Uma escala para detectar a disgrafia baseada na escala de Ajuriaguerra. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia), Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 1993.

5. Pinheiro AMV. Avaliação cognitiva das capacidades de leitura e de escrita de crianças nas séries iniciais do ensino fundamental- AVACLE: Relatório Final Global e Integrado de atividades desenvolvidas, submetido ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Psicologia, 2003.

6. Batista AO, Cevera-Mérida JF, Ygual-Fernández A, Capellini SA. Pro-ortografia: Protocolo de avaliação da Ortografia para escolares do 2° ao 5° ano do Ensino Fundamental. São Paulo: Editora Pró-fono, 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1472
INTERVENÇÃO EDUCATIVA EM SAÚDE AUDITIVA REALIZADA POR ADOLESCENTES EDUCADORES DO PROGRAMA DANGEROUS DECIBEL BRASIL: RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Dangerous Decibels® é um programa de promoção de saúde a auditiva para crianças e adolescentes com objetivo de prevenir perdas auditivas e zumbido provocado por exposição a sons intensos. O uso do programa Dangerous Decibels® por adolescentes é uma estratégia promissora em saúde auditiva, pois uma vez desenvolvidas entre pares, facilita o entendimento e a interiorização de conhecimentos pelos colegas que participam da intervenção1, 2. OBJETIVO: Avaliar a intervenção educativa em saúde auditiva realizada por adolescentes educadores do programa Dangerous Decibels Brasil (DDB)3. MÉTODO: Esse estudo é parte de uma ampla pesquisa que está sendo realizada sobre o uso do programa Dangerous Decibels® por adolescentes educadores. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa nº 97569018.4.0000.8040 e todos os envolvidos assinaram o Termo de Assentimento/Consentimento Livre e Esclarecido. Foram capacitados pelo Programa DDB três adolescentes (um do sexo masculino e dois do sexo feminino), estudantes do ensino médio profissionalizante para que, sob supervisão de uma profissional da saúde (pesquisadora), aplicassem o treinamento em sala de aula do programa Dangerous Decibels à seus pares, também alunos do ensino fundamental e médio profissionalizante de um colégio estadual do Paraná. Cada um dos adolescentes, educadores DDB, aplicou o treinamento em sala de aula para respectivamente 48, 45 e 50 pares. Para avaliação da intervenção, os pares que receberam o treinamento em sala de aula, responderam um questionário antes e imediatamente após a intervenção. RESULTADOS: Participaram do treinamento em sala de aula ministrado pelos adolescentes educadores DDB, 143 pares, alunos do mesmo colégio estadual. Ocorreram diferenças significavas antes e após a intervenção, todas com p<0,05. Sobre o conhecimento dos participantes em relação aos hábitos que podem prejudicar a audição, antes da intervenção, 58% afirmou que o uso de fones de ouvido e MP3 players podem prejudicar a audição. Após a intervenção, 93% afirmou isso. O mesmo ocorreu com frequentar shows (antes 53,8% - após 90,2%). Em relação à estratégias para proteger-se dos sons altos: afastar-se de sons altos (antes 75,5% – após 91,6%), utilizar protetores auriculares (antes 19,6% - após 95,8%), passar menos tempo próximo a sons intensos (antes 65,7% - após 91,6%). Sobre o prejuízo acarretado por sons altos: entender o que dito em um grupo (antes 23,8% - após 60,1%), conseguir um emprego (antes 19,6% - após 83,2%) e entender o que é dito em sala de aula (antes 7,7% - após 67,8%). Antes da intervenção, 63,6% dos participantes afirmaram que sons altos danificam as pequenas células do ouvido e após a intervenção, 95,1% tinham esse conhecimento. CONCLUSÃO: A intervenção em saúde auditiva realizada pelos adolescentes educadores DDB à seus pares demonstrou-se uma estratégia efetiva para transmissão de conhecimentos relacionados ao impacto negativo da exposição aos sons altos para a audição, bem como às melhores estratégias que podem ser utilizadas para protegerem-se. O protagonismo juvenil aflora na escola e produz mudanças positivas para a saúde não apenas dos adolescentes, como também de suas famílias, pois os mesmos atuam como fonte transmissora de conhecimento.

Welch D, Reddy R, Hand J, Devine IM. Educating teenagers about hearing health by training them to educate children. Int J Audiol. 2016;55(9):499-506. doi:10.1080/14992027.2016.1178859
MARTIN, W. H.et al. 2013. Randomized trial of four noise-induced hearing loss and tinnitus prevention interventions for children. Int J Audiol., Feb;52 Suppl 1:S41-9. 2013.
Programa Dangerous Decibels Brasil https://www.audiologiabrasil.org.br/ddbrasil/


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1164
INTERVENÇÃO EM CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO EM CRIANÇAS DE BAIXA RENDA DO 1° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Brasil possui dados preocupantes com relação ao desempenho de estudantes em provas de leitura. A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) de 2016, aponta que 54,73% dos alunos do 3° ano do Ensino Fundamental I apresentaram desempenho insuficiente em leitura (1). Habilidades linguísticas do processamento fonológico, vocabulário e reconhecimento de letras são consideradas como preditoras para o sucesso na leitura (2). Estudos mostram melhora no desempenho de crianças no processo de aprendizagem da leitura, quando submetidas a intervenções no ambiente escolar que estimulam habilidades preditoras de leitura (3,4). Objetivo: verificar a efetividade de uma intervenção em consciência fonológica e vocabulário em escolares de baixa renda. Método: Trata-se de um estudo longitudinal, interventivo, retrospectivo e documental. Participaram 53 crianças de classe socioeconômica C e D (5), com idades entre 6 anos e 1 mês e 7 anos e 4 meses, de ambos os sexos, matriculadas regularmente em uma escola municipal. As crianças foram distribuídas em grupo intervenção (GI): 28 escolares submetidas à intervenção associada ao ensino formal de alfabetização; e grupo controle (GII): 25 não expostos ao processo interventivo, mas que receberam o ensino de alfabetização no contexto escolar. Aprovado pelo Comitê de Ética sob o número 2.440.976. Os instrumentos utilizados para avaliação antes e após a intervenção foram: “Consciência Fonológica Instrumento de Avaliação Sequencial’ (CONFIAS) (6), “Teste de Nomeação Automática Rápida” (RAN) (7) e Identificação das Letras “PROLEC – Provas de Avaliação dos Processos de Leitura” (8). A intervenção estimulou habilidades silábicas da consciência fonológica e vocabulário, aplicado pelo professor e pesquisador, no total de 15 sessões, realizadas 3 vezes por semana, com duração de 60 minutos, no horário escolar e foram utilizadas estratégias lúdicas e multissensoriais. Resultados: para comparar a média de desempenho do grupo GI em dois momentos, foi utilizado o teste de Wilcoxon que demonstrou uma diferença estatisticamente significativa (p<0,05), no confias silábico (p<0,001), fonêmico (p=0,006) e total (p<0,001)l; RAN dígitos (p=0,004), letras (0,014) e objetos (0,046) e PROLEC (p<0,001), revelando que após o programa de intervenção juntamente com a educação formal, houve melhora nas habilidades para esse grupo. Na comparação entre os dois momentos pré e pós para o grupo GII, houve diferença estatisticamente significante no Confias total (p=0,001) e PROLEC (p<0,01). Considerando que este grupo não foi submetido a intervenção, considera-se que possivelmente o suporte formal educacional favoreceu a melhora no desempenho destes escolares nessas habilidades. CONCLUSÃO: as crianças obtiveram melhoras tanto em consciência fonológica como em identificação de letras em ambos os grupos, porém o GI obteve ganhos na nomeação automática rápida, que é a habilidade de acesso ao léxico mental, considerada um forte preditor para a fluência de leitura (9). Crianças de famílias de baixa renda apresentam incidência maior de falha na leitura (1-10). Sendo assim, demonstra-se relevante a intervenção precoce nas habilidades preditoras da leitura no ambiente escolar, especialmente para aquelas em condições educacionais e sociais mais vulneráveis.

1- Brasil; Ministério da Educação-MEC; Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-INEP; Diretoria de Avaliação da Educação Básica-DAEB. Relatório SAEB/ANA 2016 Panorama do Brasil e dos Estados. Brasilia; 2018.
2-National Early Literacy Panel. Developing early literacy: report of the national early literacy panel. A scientific synthesis of early literacy development and implications for intervention. Washington: National Institute for Literacy, 2009.
3-Dyson H, Solity J, Best W, Hulme C. Effectiveness of a small-group vocabulary intervention programme: evidence from a regression discontinuity design. Int J Lang Commun Disord. 2018;53(5):947–58.
4- van Druten-Frietman L, Strating H, Denessen E, Verhoeven L. Interactive Storybook-Based Intervention Effects on Kindergartners’ Language Development. J Early Interv. 2016; 38(4):212–29. Available from: http://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1053815116668642

5- ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa [Internet]. São Paulo:
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa; 2015. Critério Brasil 2015 e
atualização da distribuição de classes para 2016. [citado em 2020 jun 27].
Disponível em: .

6-Moojen S, Lamprecht R, Santos RM, Freitas GM, Brodacz R, Siqueira M et al. CONFIAS Consciência Fonológica: Instrumento de Avaliação Sequencial. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.
7-Araujo GFS, Ferreira TL, Ciasca SM. Rapid Automatized Naming in 6 and 7 years old students. Revista CEFAC, 2016;18(2):392-398.
8-Capellini SA, Oliveira AM, Cuetos F. PROLEC: provas de avaliação dos processos de leitura. 3 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.
9-Georgiou GK, Parrila R, Padadopoulos TC. The anatomy of the RAN-reading relationship. Read Writ. 2016 nov.; 29(9):1793-1815.
10-Piccolo LR, Arteche AX, Fonseca RP, Grassi-Oliveira R, Salles JF. Influence of family socioeconomic status on IQ, language, memory and executive functions of Brazilian children. Psicol. Reflexo. Crit. Porto Alegre. 2016;29(9): 2-10.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
564
INTERVENÇÃO EM LEITURA EM UMA CRIANÇA COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO E DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A “dupla-excepcionalidade” (DE) é caracterizada como a presença de capacidades superiores ou alto desempenho concomitantemente a deficiências ou condições incompatíveis a essas capacidades. Um exemplo disso são casos de crianças que possuem altas habilidades associadas a transtornos do neurodesenvolvimento, como a dislexia do desenvolvimento. OBJETIVO: Comparar o desempenho nas tarefas de processamento fonológico e leitura pré e pós remediação fonológica de uma criança com DE. MÉTODO: Trata-se de um relato de caso clínico, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da instituição de origem, número 1.012.635, referente ao processo avaliativo e interventivo das habilidades do processamento fonológico e de leitura de uma criança de 9 anos de idade do 3° ano do Ensino Fundamental (escola privada). Foi realizada avaliação interdisciplinar neuropsicológica e fonoaudiológica e, após o diagnóstico, a criança iniciou a intervenção em leitura. Na avaliação fonoaudiológica foram aplicados: Consciência Fonológica pelo Instrumento de Avaliação Sequencial - CONFIAS, Memória de Trabalho Fonológica - Teste de repetição de não palavras e dígitos, acesso ao léxico mental - Teste de Nomeação Automática e Protocolo de Avaliação da Compreensão Leitora de Textos Expositivos. A intervenção em remediação fonológica foi realizada em 18 sessões com duração de 40 minutos cada, duas vezes por semana, baseada na tese de Salgado (2010). RESULTADOS: Na avaliação, a criança apresentou desempenho abaixo do esperado para sua faixa etária na consciência fonológica, principalmente no nível fonêmico, no total obteve 49 de 70 pontos. No acesso ao léxico mental (RAN), o resultado foi abaixo da média em cores (60 segundos) e acima da média em objetos (62 segundos), dígitos (37 segundos) e letras (37 segundos). Quanto à memória de trabalho fonológica, ficou abaixo da média na repetição de não palavras (66 de 80 pontos) e dígitos de ordem inversa (4 de 24), e acima da média nos dígitos na ordem direta (20 de 28). Na leitura, observou-se velocidade lentificada, silabada, sem compreensão do texto, caracterizando nível alfabético. Após a intervenção, a criança apresentou os seguintes resultados: na consciência fonológica pontuou 57 acertos de 70 e a melhora foi observada principalmente no nível de fonema. Na memória de trabalho fonológica, permaneceu abaixo da média em não palavras (69 de 80 pontos), porém avançou em dígitos, ficando acima da média na ordem direta (24 de 28) e inversa (12 de 24). No acesso ao léxico mental, o desempenho permaneceu abaixo da média em dígitos (41 segundos) e objetos (59 segundos), e na média em letras (29 segundos) e cores (56 segundos). Na reavaliação da leitura, a criança estava no nível de leitura ortográfico, com leitura fluente e com adequada compreensão. CONCLUSÃO: Diante dos resultados expostos, conclui-se que indivíduos com DE mostram características diferentes daqueles com dislexia isolada, visto que houve evolução significativa na consciência fonológica, memória de trabalho fonológica, mas principalmente no nível de leitura, após a remediação fonológica, o que não é comum somente na dislexia em pouco tempo de exposição. Fica explícito que as altas habilidades associadas ao quadro da dislexia favoreceu a superação das suas dificuldades.

1. Salgado CA. Programa de remediação fonológica, de leitura e escrita em crianças com dislexia do desenvolvimento. [Dissertação] Campinas(SP): Universidade Estadual de Campinas; 2005.
2. Moojen S, Lamprecht R, Santos RM, Freitas GM, Brodacz R, Siqueira M et al. CONFIAS Consciência Fonológica: Instrumento de Avaliação Sequencial. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.
3. Hage SRV, Grivol MA. Desempenho de crianças normais falantes do português em prova de memória de trabalho fonológica. CCL. 2008;1(1):61-72.
4. Ferreira TL, Capellini SA, Ciasca SM, Tonelotto JMF. Desempenho de escolares leitores proficientes no teste de nomeação automatizada rápida – RAN. Temas Sobre Desenvolvimento. 2003;12(69):26-32.
5. Silva PB, Mecca TP, Macedo EC. Teste de Nomeação Automática – TENA: Manual. São Paulo: Hogrefe; 2018.
6. Vilario-Rezende D, Fleith DS, Alencar EMLS. Desafios no diagnóstico de dupla excepcionalidade: um estudo de caso. Revista de Psicologia 2016;34(1):61-84.
7. Alves RJR, Nakano TC. A dupla-excepcionalidade: relações entre altas habilidades/superdotação com a síndrome de Asperger, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e transtornos de aprendizagem. Rev psicopedag. 2015;32(99):346-360.
8. Saraiva RA, Moojen SMP, Munarski R. Avaliação da Compreensão Leitora de Textos Expositivos. São Paulo: Pearson, 2015.
9. Nakano TC, Siqueira LGC. Revisão de publicações periódicas brasileiras sobre superdotação. Rev Educ Espec 2012;25(43):249-266.
10. Capellini SA, Cavalheiro LG. Avaliação do nível e velocidade de leitura em escolares com e sem dificuldade na leitura. Temas sobre Desenvolvimento 2000;9(51):5-12.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
462
INTERVENÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA NA APRAXIA DA FALA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Apraxia de Fala na Infância é um grave distúrbio motor que afeta a habilidade da criança em produzir e sequencializar os sons da fala da forma que seria comum à sua idade. A precisão e coordenação articulatória são fundamentais para alcançar níveis mais elevados para a efetivação da comunicação oral, por meio da fala, que é o ato motor do pensamento, sendo esse organizado em ponto e moto articulatório. Os movimentos de lábios e mandíbula apresentam mudanças significativas nos primeiros anos de vida, continuando seu refinamento até depois dos seis anos, o que influencia significativamente a aquisição dos sons da fala. O termo CAS refere-se a todas as apraxias que se manifestam na infância, dessa forma, unifica os estudos quanto aos procedimentos de avaliação e tratamento, sendo então recomendado preferivelmente aos termos alternativos DAS e DVD. O CAS é uma desordem neurológica dos sons da fala na infância, que decorre da ausência de precisão e consistência dos movimentos articulatórios, sem déficits neuromusculares. A alteração está no impedimento de planejar e programar a sequência de movimentos, o que resulta em erros na produção dos sons da fala, tendo prejuízos também na prosódia, que sofre uma compensação. Objetivo: o objetivo do presente estudo foi descrever e analisar o tratamento fonoaudiológico em uma criança com alterações fonético-fonológicas, baseado no Modelo de Estimulação do ponto e modo articulatório. Metodologia: Inicialmente o projeto de pesquisa foi enviado ao Comitê de ética em Pesquisa com Seres Humanos, estando registrado sob parecer nº 718045, participou do estudo uma criança do gênero masculino de 5 anos de idade, com alteração fonético-fonológica, que estava na lista de espera para atendimento na área de linguagem infantil. Foi aplicado a anamnese com a mãe, com o objetivo de coletar informações que justificassem tais alterações. Em seguida, a criança foi avaliada pelo ABFW para obter uma amostra das substituições e omissões apresentadas pelo participante. Com os dados dos processos fonológicos inexistentes, observou-se a necessidade de avaliar a apraxia da fala, verificando assim os movimentos articulatórios apresentados. Após a avaliação foi realizado o programa de intervenção, por meio da estimulação e conscientização do ponto e modo articulatório dos fonemas e por fim, foi feita a reavaliação para verificar se houve eficácia no programa de intervenção. Resultados: na avaliação pré-intervenção o participante apresentou processos fonológicos não existentes, além de imprecisão articulatória. Após a realizadas de 12 sessões, uma vez por semana de 45 minutos cada, o participante foi reavaliado para que fosse verificado a eficácia do programa de intervenção. Pode-se observar que, devido a muitas variáveis, o participante não obteve evolução satisfatória. Conclusão: Dessa forma, conclui-se que há necessidade de aumentar o número de sessões semanais, bem como trabalhar a conscientização dos familiares sobre a importância de estar presente e trabalhando junto para melhores resultados.

1. Odell KH, Shriberg LD. Prosody-voice characteristics of children and adults with apraxia of speech. Clin Linguist Phon. 2001;15(4): 275-307.
2. Payao LMC, Lavra-Pinto B, Wolf CL, Carvalho Q. Características clínicas da apraxia de fala na infância: revisão de literatura. Let Hoje. 2012; 47(1): 24-9.
3. Scarpa E.M, Svartman FF. Entoação e léxico inicial. Veredas [online]. 2012 [acesso em:18.06.2014]; Esp..:38-52. Disponível em: https://veredas.uf jf.emnuvens.com.br/veredas/article/ view/186/150.
4. De Lemos CTG. Interacionismo e aquisição de linguagem. D.E.L.T.A. 1986; 2(2): 231-48.
5. Ortiz KZ. Alterações da fala: disartrias e dispraxias. In: Ferreira LP, Befi-Lopes DM, Limongi SCO, organizadoras. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p. 304-14.
6. De Lemos CTG. Das vicissitudes da fala da criança e de sua investigação. Cad. Estud. Linguíst. 2002; 42: 41-69.
7. Dronkers N, Ogar J. Brain areas involved in speech production. Brain. 2004; 127(7): 1461-2.
8. Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Pró-Fono. 2000; p.41-59.
9. Martins FC, Ortiz KZ. Proposta de protocolo para da avaliação da apraxia de fala. Fono Atual. 2004; 30:53-61.
10. Shriberg LD, Aram DM, Kwiatkowski J. Developmental apraxia of speech: I. Descriptive and theoretical perspectives. J Speech Lang Hear Res. 1997;40(2):273-85. Comment in: J Speech Lang Hear Res. 1998;41(4):958-63.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1388
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA COM PARKINSONIANOS EM TEMPOS DE COVID-19 - RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: Os participantes do projeto eram atendidos semanalmente durante as reuniões da associação que participam, quando recebiam atenção individual e em grupo nas diversas áreas da Fonoaudiologia (linguagem, voz, disfagia). Os extensionistas, alunos do 4º ao 7º semestre, participavam do planejamento e execução dos atendimentos, das atividades conjuntas com os demais profissionais (fisioterapeuta, musicista, orientação de cuidadores) e da discussão de material científico. Devido à pandemia da COVID-19, as atividades presenciais foram suspensas e houve a necessidade de adaptações tendo em vista a necessidade da manutenção do acompanhamento. O uso das ferramentas síncronas e assíncronas permite a interação, no entanto, a utilização de plataformas gratuitas e de fácil manuseio e o encaminhamento de atividades que mobilizem o grupo são condições para que o acesso e o interesse seja estimulado e mantido. Objetivo: Descrever a utilização de atividades não presenciais com os participantes com DP de um projeto de extensão universitária no período de isolamento social devido à pandemia do coronavírus para a manutenção do vínculo e redução das perdas terapêuticas. Método: As atividades passaram a ser desenvolvidas por meio de mídias sociais e aplicativos de comunicação/reunião, que tanto os membros e seus cuidadores/familiares como o grupo da Fonoaudiologia pudessem acessar rápida e facilmente. Para manutenção da rotina, aos sábados, vídeos com orientações para os participantes e cuidadores/familiares, desafios cognitivos e um jornal de informações, elaborado pelos extensionistas, com notícias sobre a DP, curiosidades e quizzes passaram a ser enviados. Os desafios deveriam ser respondidos no grupo de comunicação da Associação, por escrito, estimulando a participação de todos. Resultados: Indivíduos de ambos os sexos entre 62 e 81 anos com autonomia para o uso das ferramentas propostas participam das atividades. As atividades apresentadas como jogos, músicas e desafios aumentam adesão e interação dos participantes e aqueles que estimulam a competição mobilizam o grupo e são mais bem aceitos. Os vídeos devem ter no máximo 6 minutos e podem conter até 5 exercícios dentre aqueles já trabalhados em encontros anteriores, mantendo-se as praxias já desenvolvidas. O grupo de Fonoaudiologia fica à disposição dos participantes para solucionar dúvidas e acompanhar virtualmente o desenvolvimento das atividades propostas. A utilização de plataformas com abertura de links é limitante à participação de alguns membros devido à faixa etária e domínio da tecnologia. Estamos em fase de implantação: (1) do feedback por telefone, por ser o meio de mais fácil contato com os participantes, e (2) do teleatendimento para questões individuais e específicas, ambos para aumentar a aproximação e manter o vínculo com a equipe, estimular o engajamento do grupo, acompanhar o desenvolvimento das atividades e as condições de comunicação e alimentação dos participantes. Conclusão: A mudança no formato do atendimento trouxe grande desafio à equipe para a manutenção da adesão dos participantes às atividades de atenção e promoção de saúde e tem se mostrado uma forma acessível de se manter o vínculo terapêutico e o suporte aos familiares e cuidadores.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
555
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA E ORTODÔNTICA EM APNEIA DO SONO: ESTUDO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As interrupções respiratórias são chamadas de síndrome da apneia obstrutiva do sono e causam múltiplas consequências diurnas. A terapia fonoaudiológica associada à parceria com ortodontia miofuncional orofacial é o início da resolução dos problemas dos sujeitos com síndrome de apneia obstrutiva do sono que procuram o tratamento. Atualmente têm-se aparelhos de diversos modelos, entretanto este estudo apresenta o modelo TMJ-MBV da marca Myobrace, que busca a abertura das vias aéreas pelo aumento da dimensão vertical e avanço mandibular. Objetivo: verificar a eficácia da terapia fonoaudiológica no tratamento de um paciente com apneia de grau grave, usuário do aparelho modelo TMJ - MBV da marca Myobrace. Metodologia: Estudo de caso descritivo, baseado na análise de prontuário, avaliação e intervenção terapêutica de um voluntário do sexo masculino, 67 anos, com diagnóstico de apneia de intensidade grave. Este relato de caso foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado sob o número 4.035.354. Foram realizadas avaliações ortodônticas e fonoaudiológicas utilizando a adaptação do protocolo MBGR. Diante dos achados da avaliação fonoaudiológica foi elaborado um plano terapêutico que buscava propiciar ao paciente relaxamento cervical e da musculatura supra-hióidea, melhora na aeração nasal, adequação do posicionamento e força de língua, fortalecimento dos músculos do palato mole e sua mobilidade, aumento de força da musculatura mastigatória, treino da mastigação bilateral alternada e abaixamento do osso hióide. O tratamento fonoaudiológico foi realizado semanalmente, durante três meses consecutivos, tendo como um dos objetivos diminuir o número de apneias e adequar os aspectos anatomorfológicos e anatomofuncionais dos órgãos fonoarticulatórios. Resultados: Em um novo exame polissonográfico, realizado após os três meses de intervenção fonoaudiológica o paciente ainda apresentou apnéia, porém com intensidade moderada. Foram realizados exercícios isotônicos, isométricos e isocinéticos em 24 sessões, sendo observada diminuição da apneia. Conclusão: O uso do aparelho intraoral TMJ-MBV da Myobrace associado à terapia miofuncional orofacial, diminuiu o número de apneias e de microdespertares durante o sono, modificando o padrão da apnéia de grave para moderado.
PALAVRAS-CHAVE: Apneia do sono; Fonoterapia; Polissonografia.

Soares EB, Pires JB, Menezes MA, Santana SKS, Fraga J, Fonoaudiologia X ronco/apneia do sono. Rev. CEFAC. 2010 Mar-Abr; 12(2):317-325.
Genaro KF, Berretin-Felix G, Rehder MIBC, Marchesan IQ. Avaliação miofuncional orofacial: protocolo MBGR. Rev. CEFAC. 2009 Abr-Jun; 11(2): 237-255.
Ieto V. Efeitos da terapia miofuncional orofacial sobre o ronco e a qualidade de sono em pacientes com ronco primário e apneia obstrutiva do sono leve a moderada [tese]. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo; 2014.
Mancini MC, Aloe F, Tavares S. Apneia do sono em obesos. Arq Bras Endocrinol Metab. 2000, 44(1).
Guimarães K. Alterações no tecido mole de orofaringe em portadores de apneia obstrutiva do sono. J Bras Fonoaudiol. 1999; 1:69-75.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2014
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES COM DISFAGIA MECÂNICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O termo disfagia mecânica denota a dificuldade no processo de deglutição, decorrente de anormalidades em estruturas ou movimento da cavidade oral. É um dos distúrbios mais encontrados em pacientes acometidos por câncer de cabeça e pescoço, decorrente de mudanças estruturais ocasionadas pelo tumor, agravando-se pelo efeito de quimioterápicos e radioterápicos¹. OBJETIVO: evidenciar estratégias fonoaudiológicas e instrumentos utilizados na intervenção de pacientes disfágicos decorrentes do câncer de cabeça e pescoço. METODOLOGIA: Revisão de literatura integrativa subsidiada pela seguinte questão: ‘’Como tem sido a intervenção fonoaudiológica em paciente com disfagia por câncer de cabeça e pescoço?’’. A pesquisa foi realizada nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online, Biblioteca Virtual em Saúde e Public Medicine Library, utilizando as palavras-chave: Câncer de cabeça e pescoço, Disfagia e Fonoaudiologia, correlacionadas através do operador booleano “AND”. A busca nas bases foi realizada no mês de agosto de 2019 por três pesquisadoras separadamente. Os critérios de inclusão foram artigos publicados no período de 2014 a 2018, escritos em inglês, português e/ou espanhol, disponíveis na íntegra e que respondessem a pergunta norteadora. Foram excluídos estudos em duplicidade e revisões de literatura. RESULTADOS: Foram encontrados, 968 artigos, em português, inglês e espanhol, sendo 82 na Scientific Eletronic Library Online; 17 na Public Medicine Library e 869 na Biblioteca Virtual em Saúde. Após aplicação dos critérios foram considerados 5 artigos. Evidenciou-se a importância fonoaudiológica durante e após o tratamento oncológico, em indivíduos disfágicos, com aplicabilidade de exercícios de deglutição individualizados e modificações na dieta¹; sobrecarga muscular progressiva, incluindo dobra no queixo e abertura da mandíbula²; manobras de limpeza faríngea, manobras posturais e de proteção de vias aérea3; exercícios para fortificar grupos musculares isolados usados na deglutição, como o fortalecimento de língua e para aumentar e melhorar a eficiência, segurança, alcance e a coordenação da função de deglutição4. Os instrumentos apresentados na literatura como relevantes na atuação e elaboração do plano fonoterapêutico foram: Terapia Comportamental Cognitiva com Terapia de Deglutição (CB-EST)¹, Questionário de Disfagia M. D. Anderson (MDADI)³, a estimulação elétrica neuromuscular (EENM)4, LSS (Lista de Sinais e Sintomas Vocais)5, protocolos IFG (índice de função gótica)5 e ESV (escala de sintomas vocais)5, auxiliando os pacientes com disfagia e consequentes alterações vocais5. CONCLUSÃO: A intervenção fonoaudiológica apresenta ênfase em reabilitação estrutural favorecendo tônus e mobilidade, modificação da consistência alimentar e uso de manobras posturais e protetivas. Os instrumentos utilizados auxiliam no acompanhamento dos aspectos emocionais, alimentares e vocais e não como proposta avaliativa da deglutição em si; embora as estratégias descritas apresentem a finalidade de favorecer deglutição segura e eficiente.

1 - Patterson JM, Fay M, Exley C, McColl E, Brecksons M, Deary V. Feasibility and acceptability of combining cognitive behavioural therapy techniques with swallowing therapy in head and neck cancer dysphagia. BMC cancer, 2018 Jan 2;18(1):1.

2 - Kraaijenga SAC, Molen LVD, Stuiver MM, Takes RP, AL-mamgani A, Brekel MWMVD, Hilgers FJM. Efficacy of a novel swallowing exercise program for chronic dysphagia in long‐term head and neck cancer survivors. Head & neck, 2017 Oct;39(10):1943-1961.

3 - Andrade MS, Gonçalves AN, Guedes RLV, Barcelos CB, Slobodticov LDS, Lopes SAC et al. Correlation between swallowing-related quality of life and videofluoroscopy after head and neck cancer treatment. CoDAS, 2017 Mar; 29( 1 ):

4 - Langmore SE, McCulloch TM, Krisciunas GP, Lazarus CL, Daele DJV, Pauloski BR, et al . Efficacy of electrical stimulation and exercise for dysphagia in patients with head and neck cancer: A randomized clinical trial. Head & neck, 2016 Apr;38 Suppl 1(Suppl 1):E1221-31.

5 - Moreti F, Morasco-Geraldini B, Claudino-Lopes SA, Angelis EC. Sinais, sintomas e função vocal em indivíduos com disfagia tratados de câncer de cabeça e pescoço. Audiol., Commun. res, 2018;23:e1873.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1054
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA AMAMENTAÇÃO DE RECÉM-NASCIDOS COM ENCEFALOPATIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A encefalopatia hipóxico-isquêmica corresponde a um prejuízo neurológico no neonato causado por um evento hipóxico-isquêmico que causa comprometimentos a longo prazo. A encefalopatia pode estar associada à disfagia decorrente de reflexo de sucção fraco ou ausente de bebês, comprometendo o comportamento alimentar. É importante salientar que o aleitamento materno exclusivo traz importantes benefícios nos primeiros 6 meses de vida e que a privação pode gerar consequências para o neonato. Objetivo: Extrair informações a cerca da atuação fonoaudiológica na disfagia presente nesta população. Métodos: Revisão integrativa usando os descritores encephalopathy AND newborn AND breast-feeding AND speech therapy AND dysphagia nas bases de dados: Medline, Pubmed e Web of Science, nos últimos 10 anos (2010 - 2020). Dois investigadores participaram do processo de seleção dos artigos. Foram selecionados dois artigos da base de dados Pubmed, nenhum outro artigo foi encontrado na base de dados Medline e Web of Science, foram excluídos apresentação de pôsteres e revisões. Resultados: Dos dois artigos selecionados, um relatava sobre um protocolo de avaliação da dificuldade alimentar que compreendeu avaliação do domínio morfológico-funcional; das habilidades motoras orais reflexivas; sinais de estresse ou desorganização; e outras características clínicas afim de identificar comprometimentos biomecânicos da deglutição e alimentação de bebês com distúrbios do desenvolvimento neurológico. Mostrou ser um bom instrumento para auxiliar na identificação de fatores que influenciam nas habilidades motoras orais em recém-nascidos com risco de distúrbios de deglutição. Já o segundo estudo, relatou as dificuldades específicas da amamentação de um recém-nascido com exposição leve a encefalopatia e ao HIV. A ausência de reflexos de sucção bem como a incapacidade do neonato em manter um estado adequado afetou a alimentação. Os principais aspectos importantes da amamentação nesse RN são tônus muscular, controle motor oral, e estado inadequados, segundo a literatura, esses aspectos podem levar a um alinhamento incorreto, influenciando nas dificuldades alimentares, relata ainda sobre envolvimento precoce do fonoaudiólogo no tratamento, mas não discute sobre como se deu a atuação na reabilitação nesta população, que foi o principal objetivo desta revisão. Além disso o próprio estudo traz uma limitação relacionada á descrição de apenas um bebê, destaco ainda também que a associação com o HIV pode ter influenciado nas respostas do comportamento alimentar desse RN. Conclusão: Mais pesquisas necessitam ser realizadas a fim de explanar e enriquecer a literatura sobre a intervenção fonoaudiológica nestes pacientes para assim embasar profissionais desta área, tendo em vista a atuação na população neurológica especificamente nos encefalopatas.

Krüger E, Kritzinger A, Pottas L. Breastfeeding and swallowing in a neonate with mild hypoxic-ischaemic encephalopathy. S Afr J Commun Disord. 2017 May 22;64(1):e1-e7. doi: 10.4102/sajcd.v64i1.209. PMID: 28582997; PMCID: PMC5843037.

Cavallini A, Provenzi L, Sacchi D, Longoni L, & Borgatti, R. The Functional evaluation of eating difficulties scale: study Protocol and Validation in Infants with Neurodevelopmental Impairments and disabilities. Frontiers in Pediatrics, v. 5, p. 273, 2017

Tann C, Martinello K, Sadoo S, Lawn J, Seale A, Vega-Poblete M, ... & Gravett M.Neonatal encephalopathy with group B streptococcal disease worldwide: systematic review, investigator group datasets, and meta-analysis. Clinical Infectious Diseases, v. 65, n. suppl_2, p. S173-S189, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
542
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA RECUSA ALIMENTAR DE LACTENTE COM DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) tem sido identificada como uma condição médica associada a problemas de alimentação 1. Caracterizado por fluxo retrogrado e repetido de conteúdo gástrico para o esôfago, atingindo algumas vezes, a faringe, a boca e as via aéreas superiores, o refluxo gastroesofágico (RGE), é frequente em crianças e caracterizado por regurgitações 2,3. As crianças com DRGE apresentam hipersensibilidade oral, contribuindo para aversão de estímulos táteis nesta região e recusa de alimentos 4. Também é observado maior prevalência de problemas alimentares de ordem comportamental e estomatognática nestas 5. Comportamentos de irritabilidade, náusea e aversão, assim como hipersensibilidade oral, podem ser definidos como falta de experiência, ocasionando percepção alterada dos receptores orais 6. OBJETIVO: Relatar a prática da intervenção fonoaudiológica na recusa alimentar de uma lactente com DRGE. MÉTODO: A vivência ocorreu entre os meses de outubro a novembro de 2019, em um hospital público localizado na cidade de Salvador-BA. A paciente possuía dois meses, nascida a termo, histórico de regurgitações desde o 12º dia de vida, em uso prolongado de oxigênio com difícil desmame. Apresentava síndrome da abstinência neonatal, devido uso de antipsicóticos pela genitora durante e após gestação, sendo contraindicado aleitamento materno, e admitida em uso de sondanasoenteral. Na avaliação fonoaudiológica foi observado reflexo de procura ausente, estase salivar em cavidade oral, esboços de sucção com reflexo de gag exacerbado e anteriorizado em região de ponta de língua, irritabilidade quando toque em lábios, hipersensibilidade oral, regurgitações, deglutição de saliva assistemática e ausculta cervical não ruidosa. Realizada terapia visando adequar hipersensibilidade oral e posteriorização do reflexo de gag para introdução alimentar, propiciando experiências sensoriais de cheiro, sabor, texturas, temperatura e maior percepção oral. Foram utilizados fórmula láctea, temperatura fria e ambiente, cotonete, estimuladores orais com diferentes texturas, dedo enluvado, bico de mamadeira, bem como as mãos da lactente como forma de autoestimulação sensorial oral. Ressalta-se que, em algumas abordagens a paciente apresentou expressão facial sugestiva de dor ao deglutir, o que foi resolvido após administração de medicação antirrefluxo conforme prescrição médica, atuando na diminuição da algia decorrente do RGE. RESULTADOS: Foi observado após 15 dias de atendimento duas vezes ao dia, com abordagem sensorial e estimulação motora oral, melhor aceitação do estímulo em boca e toque em língua, bem como uma relação mais prazerosa com a região oral, levando as mãos a boca com mais frequência de forma independente. Tais respostas possibilitaram a função de sucção sem disparo do reflexo de gag e regurgitações, e a avaliação funcional da deglutição, com o utensílio mamadeira em que a lactente demonstrou apresentar deglutição funcional, favorecendo a transição da dieta enteral para a via oral. CONCLUSÃO: O trabalho sensorial e a estimulação motora oral mostraram-se favoráveis para o tratamento da hipersensibilidade oral decorrente da DRGE, permitindo a via oral segura e prazerosa.

1- DINIZ, P.B. - Recusa Alimentar na Infância - O que a Fonoaudiologia tem a dizer e a contribuir. In: LEVY, D.S. & ALMEIDA, S.T. - Disfagia Infantil, Thieme Revinter, 2018. p85-95.
2- VAKIL N, ZANTEN S, KAHRILAS P et al. - The Montreal defin of gastroesophageal reflux disease: a global evidence-based consensus. Am J Gastroenterol. 2006;101:1900-20.
3- NORTON, R.C.;PENNA, F.J. - Refluxo gastroesofágico. J Pediatr 2000;76(Supl.2):S218-224.
4- MORAIS, M.B.;CRUZ,A.S.;SADOVSKY A.D.;BRANDT,K.G.;EPIANIO, M.;TOPOROVSKI, M.S. et al.- Regurgitação do lactente (Refluxo Gastroesofágico Fisiológico) e doença do refluxo gastroesofágico em Pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria - Documento Científico - Departamento de Gastroenterologia Pediátrica;2017 [cited 2018 May 20]. Available from:http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20031cDocCient_ _Regurg_lactente_RGEF_e_RGE.pdf.
5- MEIRA, R.R.S. Refluxo gastroesofágico: uma demanda da clínica pediátrica e a intervenção da Fonoaudiologia. In: MARCHESAN, I.Q.;ZORZI, J.L.;GOMES, I.C.D. (Org). Tópicos em Fonoaudiologia. São Paulo: Lovise, 1998. v.4, cap. 31, p.479-87.
6- DRENT, L.V.;PINTO, E.A.L.C. - Problemas de alimentação em crianças com doença do refluxo gastroesofágico. Pró-fono Revista de Atualização Científica, Barueri(SP), v.19, n.1,p.59-66, jan-abr.2007.
7- DUCA, A.P. - Deglutição em crianças com refluxo gastroesofágico: avaliação clínica fonoaudiológica e análise videofluoroscópica. Ribeirão Preto, 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1242
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS DISFONIAS DE CANTORES POPULARES E ERUDITOS: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Certamente a voz cantada é a forma mais natural e antiga de se fazer música, e de modo profissional, por inúmeros artistas. Esses artistas precisam realizar ajustes laríngeos de maior ou menor complexidade, pois o estilo de canto impacta a interpretação de uma canção. Assim, para os cantores o conhecimento a respeito da inter-relação entre ciência e arte, é de suma importância para o adequado aperfeiçoamento da voz cantada. A falta de preparo e orientação fonoaudiológica, pode favorecer o aparecimento de sintomas e sinais de distúrbios vocais, principalmente relacionados ao uso inadequado ou abusivo da voz, podendo ser uma população suscetível para desenvolver às disfonias. Objetivo: Realizar revisão integrativa de literatura em atuação fonoaudiológica junto a cantores populares e eruditos, identificando-se impactos na desvantagem vocal. Métodos: trata-se de uma revisão integrativa de literatura, de caráter quanti-qualitativo, analítico-descritivo, consultando-se as bases de dados: “Scientific Electronic Library” (SciELO) e “Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde” (LILACS). Foram selecionados artigos originais publicados na íntegra, voltados a intervenção fonoaudiológica realizada com cantores populares e eruditos, publicados entre os anos 2010 a 2019. A seleção obedeceu a teste de relevância, para verificação de atendimento ou não aos critérios de inclusão. Resultados: Selecionados oito estudos que abordam intervenção fonoaudiológica junto aos profissionais do canto popular e erudito, referências a desvantagem vocal na voz cantada, protocolos de autoavaliação em qualidade de vida. Dos oito artigos selecionados para o trabalho (54%) eram cantores do gênero feminino apresentando queixas vocais com destaque para disfonia. O impacto da dificuldade/problema vocal interfere de formas diferentes nos dois gêneros musicais, quando relacionados com a queixa vocal e o tempo de atuação profissional. Percebeu-se que protocolos de autoavaliação específicos para a voz cantada, Índice de Desvantagem Vocal no Canto Moderno (IDCM) e Índice de Desvantagem Vocal no Canto Clássico (IDCC) mostraram ser importantes não apenas para a identificação de problemas, mas como ferramenta para a compreensão essencial de como esses sujeitos relacionam a voz com a atividade ocupacional. O estudo que investiga dor em cantores, conclui que há relação entre a presença de dor corporal e presença de problemas vocais, com necessidade de parar de cantar. Em relação à intervenção fonoaudiológica com cantores populares, percebe-se que estes profissionais apresentaram redução da desvantagem vocal após terapia fonoaudiológica; aquecimento e desaquecimento vocal específico para cantores mostram-se eficazes e preparam o sujeito como um todo para cantar. Conclusão: A população de cantores é considerada de risco para desenvolvimento de problemas vocais e a intervenção fonoaudiológica tanto individual como em grupo de cantores mostrou eficácia. Os protocolos de investigação de qualidade de vida em voz quando específicos à voz cantada subsidiam a melhor compreensão de como os cantores relacionam a voz com sua atividade ocupacional. Espera-se que novos estudos sejam realizados para determinar a eficácia da atuação fonoaudiológica, inclusive o impacto dessa intervenção na qualidade de vida do canto popular ou erudito.

Descritores: Voz, Canto, Disfonias, Música, Treinamento da Voz, Fonoaudiologia.

1. Dias CAS. Voz cantada: perfil dos cantores e a inter-relação com a fonoaudiologia. Curitiba, PR. Tese [Doutorado em Distúrbios da Comunicação] – Universidade Tuiuti do paraná, 2016. Disponível em: https://tede.utp.br/jspui/bitstream/tede/1264/2/VOZ%20CANTADA.pdf

2. Silva FF, Moreti F, Oliveira G, Behlau M. Efeitos da reabilitação fonoaudiológica na desvantagem vocal de cantores populares profissionais. Audiol Commun Res. 2014; 19(2): 184-201. https://doi.org/10.1590/S2317-64312014000200015

3. Lopes W, Lima I. Características vocais de cantores populares da cidade de João Pessoa. Rev Bras Ciências da Saúde. 2014;18(1):21-6. http://dx.doi. org/10.4034/RBCS.2014.18.01.03

4. Moreti F, Rocha C, Borrego MCM, Behlau M. Desvantagem vocal no canto: análise do protocolo Índice de Desvantagem para o Canto Moderno - IDCM. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011;16(2):146-51. http://dx.doi.org/10.1590/ S1516-80342011000200007

5. Rossi-Barbosa LAR, de Souza JEM, & Barbosa-Medeiros, MR. Desvantagem vocal em cantores líricos. Distúrbios da Comunicação 2018; 30(3), 500-509. https://doi.org/10.23925/2176-2724.2018v30i3p-500-509

6. Sales CS, Silva SPD, & Medeiros AMD. Desvantagem vocal em cantores populares. Audiology-Communication Research. 2019;24.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2018-2057

7. Loiola-Barreiro CM, & Silva MAA. Índice de desvantagem vocal em cantores populares e eruditos profissionais. In CoDAS. 2016;(Vol. 28, No. 5, pp. 602-609). https://doi.org/10.1590/2317-1782/20162015226

8. Fadel CBX, Dassie-Leite AP, Santos RS, Santos Junior CGD, Dias CAS, & Sartori DJ. Efeitos imediatos do exercício de trato vocal semiocluído com Tubo LaxVox® em cantores. In CoDAS 2016;(Vol. 28, No. 5, pp. 618-624). https://doi.org/10.1590/2317-1782/20162015168

9. Rocha C, Moraes M, & Behlau M. Dor em cantores populares. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2012;24(4), 374-380. https://doi.org/10.1590/S2179-64912012000400014

10. Moreti F, Ávila MEB, Rocha C, Borrego MCM, Oliveira G, & Behlau M. Influência da queixa e do estilo de canto na desvantagem vocal de cantores. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2012;24(3), 296-300. https://doi.org/10.1590/S2179-64912012000300017


TRABALHOS CIENTÍFICOS
902
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS PRESBIFONIAS: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Com o aumento da longevidade por conta do crescimento da expectativa de vida no Brasil, nota-se uma ampliação na demanda de pacientes idosos que necessitam de atendimento fonoaudiológico, para minimizar as modificações vocais causadas pelo envelhecimento. Devido ao processo de envelhecimento da laringe nota-se diminuição da articulação, força, velocidade e estabilidade da voz, essas mudanças podem causar o que é denominado presbifonia. Presbifonia é o nome designado ao processo de envelhecimento natural da voz humana e pode ser notada a presença de rouquidão, soprosidade, tremor e pouca projeção vocal. OBJETIVO: Realizar revisão integrativa de literatura relacionada a intervenção fonoaudiológica na presbifonia publicada nas quatro principais revistas brasileiras de fonoaudiologia, referente aos últimos quinze anos. METODOLOGIA: Estudo analítico descritivo em que foram realizadas consultas às quatro revistas científicas de fonoaudiologia Rev. CEFAC, Distúrbios da Comunicação, CoDAS, ACR, bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura. Utilizados os seguintes descritores em português com combinações entre si, por meio do operador booleano AND: disfonia, idoso, voz, treinamento da voz, qualidade da voz e fonoaudiologia. A seleção dos artigos foi realizada por meio de teste de relevância para obediência aos critérios de inclusão e exclusão, elaborados de forma a atender ao objetivo da presente revisão. Seguindo-se um fluxograma de seleção, ao final, após a leitura na íntegra dos estudos a amostra final resultou em seis artigos. RESULTADOS: Dos seis estudos selecionados quatro foram artigos originais e dois relatos de casos. Um estudo foi publicado em 2011 e os demais a partir de 2014 (dois deles em 2020). Os artigos selecionados abrangeram um total de 95 participantes, sendo 68 (71,57%) do gênero feminino e 27 (28,42%) do gênero masculino, com idades entre 60 a 93 anos. As propostas de terapias vocais para presbifonia estão voltadas para: verificação de eficácia de exercícios vocais como sopro sonorizado com tubo de ressonância, e, exercícios de trato vocal semiocluído (ETVSO); método intensivo de terapia vocal, programa vocal cognitivo e proposta de terapia vocal com progressão de intensidade, frequência e duração do tempo de fonação. CONCLUSÃO: Constatou-se haver escassez de publicações, porém os estudos publicados afirmam eficácia na reabilitação vocal para presbifonia, o que revela a pertinência do trabalho fonoaudiológico na melhora da comunicação do idoso. Destaca-se a concentração de publicação de estudos nos últimos seis anos, o que revela preocupação mais recente da fonoaudiologia em relação ao tema.



Descritores: disfonia, idoso, voz, treinamento da voz, qualidade da voz.

1. Piragibe PC, et al. Comparação do impacto imediato das técnicas de oscilação oral de alta frequência sonorizada e sopro sonorizado com tubo de ressonância em idosas vocalmente saudáveis. CoDAS [Internet]. 2020 [acesso em 2020 mar. 16]; 32(4): e20190074. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822020000400303

2. Fabron EMG, et al. Terapia vocal para idosos com progressão de intensidade, frequência e duração do tempo de fonação: estudo de casos. CoDAS [Internet]. 2018 [acesso em 2020 mar. 16]; 30(6): e20170224. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822018000600402&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

3. Santos SB, et al. Verificação da eficácia do uso de tubos de ressonância na terapia vocal com indivíduos idosos. Audiol. Commun. Res. [Internet]. 2014 [acesso em 2020 mar. 16]; 19(1):81-87. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312014000100014&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

4. Siracusa MGP, et al. Efeito imediato do exercício de sopro sonorizado na voz do idoso. J. Soc. Bras. Fonoaudiol. [Internet]. 2011 [acesso em 2020 mar. 16]; 23(1):27-31. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-64912011000100008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

5. Nemr K, et al. Programa vocal cognitivo aplicado a indivíduos com sinais de presbilaringe: resultados preliminares. CoDAS [Internet]. 2014 [acesso em 2020 mar. 16]; 26(6):503-508. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2317-17822014000600503&script=sci_arttext&tlng=pt

6. Godoy JF, et al. Método intensivo de terapia vocal para idosos. Audiol. Commun. Res. [Internet]. 2020 [acesso em 2020 mai. 20]; 25:e2098. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2317-64312020000100600&script=sci_arttext#:~:text=O%20tratamento%20vocal%20com%20o,nos%20aspectos%20lar%C3%ADngeos%20dos%20idosos

7. Menezes LN, Vicente LCC. Envelhecimento vocal em idosos institucionalizados. Rev. CEFAC [Internet]. 2007 [acesso em 2020 mar. 15]; 9(1):90-98. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462007000100012

8. Santanna IW. Influência do exercício físico nas modificações laríngeas e vocais associadas ao envelhecimento [dissertação] [Internet]. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2006. [acesso em 2020 mar. 15]. Disponível em: http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/2756/1/386534.pdf

9. Gampel-Tichauer D. Envelhecimento e voz: características principais e repercussão social [dissertação] [Internet]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2007. [acesso em 2020 mar. 15]. Disponível em: https://leto.pucsp.br/bitstream/handle/12514/1/Gampel.pdf

10. Soyama CK, et al. Qualidade vocal na terceira idade: parâmetros acústicos de longo termo de vozes femininas e masculinas. Rev. CEFAC [Internet]. 2005 [acesso em 2020 mar. 16]; 7(2):267-279. Disponível em: http://www.revistacefac.com.br/edicoes/revista/revista72/Artigo%2015.pdf




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1483
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR: O PAPEL DA EXTENSÃO DO RASTREIO DE DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM AO APRIMORAMENTO DA APRENDIZAGEM
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: O processo de alfabetização depende do adequado domínio da linguagem oral, entre outros fatores. Porém, um grande número de alunos chega à escola com alterações e atrasos no desempenho linguístico. Uma alfabetização malsucedida traz consequências à vida do educando, sendo necessário intervir para o estímulo e aprimoramento das habilidades de linguagem de crianças em idade escolar. A detecção e a intervenção precoces podem reverter essa situação, garantindo uma aprendizagem segura, prazerosa e construtiva.

OBJETIVOS: Desenvolver habilidades de linguagem oral e escrita de alunos do ensino fundamental, por meio da atuação de um projeto de extensão, contribuindo para o processo de alfabetização.

METODOLOGIA: A intervenção, que ocorre desde 2017 em uma escola pública municipal, é realizada com estudantes das séries iniciais por meio da vivência de atividades lúdicas consonantes às práticas acadêmicas curriculares. Iniciou com uma etapa de diagnóstico para traçar o perfil linguístico dos alunos e identificar lacunas que pudessem ser sanadas pela atuação junto à escola. Aplicou-se uma bateria de protocolos que determinou o desempenho dos alunos nas áreas de vocabulário, discriminação fonológica, desempenho fonológico, consciência fonológica e escrita. A partir disso, selecionaram-se as áreas de intervenção, tendo em vista os resultados obtidos e os conteúdos específicos desenvolvidos em cada etapa de progressão escolar. A atuação do projeto em 2018 e 2019 obedeceu à proposta inicial: avaliação - intervenção - reavaliação. A intervenção é realizada semanalmente por alunos voluntários do Curso de Fonoaudiologia. A fim de se verificar a efetividade das ações, foi desenvolvido um projeto de pesquisa associado à ação de extensão, aprovado pela instituição de origem sob o nº 3.647.518. Antes da atuação local, os alunos são treinados em reuniões realizadas na universidade. Os professores são convidados a participar da atividade junto com a turma, e estimulados a desenvolver atividades semelhantes durante a semana.

RESULTADOS: Decorridos três anos de atuação interdisciplinar, o projeto faz parte da rotina escolar. O diagnóstico atingiu 311 crianças das séries iniciais do ensino fundamental, com a aplicação de 710 protocolos. Os resultados foram compilados e geraram relatórios para traçar as diretrizes das ações do projeto, apresentados aos professores, à equipe diretiva da escola e à equipe do projeto. Casos individuais são discutidos e encaminhados, por intermédio dos pais, para avaliação e acompanhamento fora do âmbito escolar. A partir dos dados analisados, foram propostas oficinas lúdicas de forma preventiva e coletiva, que são planejadas e testadas pelo grupo de voluntários, objetivando trabalhar as habilidades selecionadas para cada nível de escolaridade. Até o momento foram realizadas 144 oficinas com as diferentes turmas. A intervenção obtém bons resultados, atingindo docentes e pais/responsáveis ao proporcionar a melhoria na qualidade de ensino, a estimulação do desenvolvimento da criança e a orientação em como auxiliá-la no processo de aquisição da linguagem.

CONCLUSÃO: O diagnóstico é parte fundamental da ação extensionista e, com o acompanhamento da efetividade das ações, estabelece a indissociabilidade pesquisa-extensão. O projeto beneficia a comunidade, promovendo, além da ação de extensão, pesquisas que colaboram para o fomento de evidências na área da Fonoaudiologia.

1. Capovilla FC, Negrão VD, Damàzio M. Teste de Vocabulário Auditivo e Teste de Vocabulário Expressivo: validados e
normatizados para o desenvolvimento da compreensão da fala dos 18 meses aos 6 anos de idade. São Paulo: Memnon;
2011.
2. Seabra AG, Dias NM. Avaliação Neuropsicológica Cognitiva: Linguagem Oral. Vol 2. São Paulo: Memnon; 2012.
3. Yavas M, Hernandorena CLM, Lamprecht RR. Avaliação fonológica da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
4. Bueno TG, Vidor DCGM, Alves ALS. Protocolo de avaliação fonológica infantil - PAFI: projeto piloto. Verba Volant, v. 1, no
1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2010.
5. Seabra AG, Dias NM, Capovilla FC. Avaliação Neuropsicológica cognitiva: leitura, escrita e aritmética. Vol 3. São Paulo;
Memnon; 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1885
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NOS ASPECTOS ATENCIONAIS EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma alteração global do desenvolvimento, resultante de uma perturbação ainda no processo embrionário que não se manifesta com traços físicos1. Dentre as alterações apresentadas no TEA, estão àquelas voltadas para a comunicação/interação e, outros aspectos cognitivos tais como a atenção2. O contato visual, a habilidade de sentar e de esperar são aspectos considerados neste estudo como pertinentes à atenção. O contato visual é um dos aspectos importantes durante a interação e a comunicação, pois favorece o aprendizado de outras habilidades com mais complexidade como a imitação e até atendimento à instruções3. A habilidade de sentar traz consigo a viabilização da aprendizagem de outros contextos mais complexos como leitura, escrita e a matemática3. Subsequentemente, a habilidade de esperar promove o comportamento mais adequado mediante as situações do cotidiano que requerem esta função. Seja em uma fila, em um transporte, no preparo do alimento, em uma consulta, dentre outras situações3. OBJETIVO: Verificar a efetividade da estimulação das habilidades atencionais de crianças com diagnóstico de TEA. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de caso, com a participação de duas crianças (uma do sexo masculino, outra do sexo feminino), ambas com quatro anos de idade. A coleta de dados foi realizada durante a prática de estágio curricular em Fonoaudiologia, em que foi realizada a intervenção fonoaudiológica durante dez sessões para com uma das crianças e sete sessões para com a outra. As sessões de estimulação à habilidade de atenção foram baseadas no instrumento desenvolvido por Gomes e Silveira2, voltado para as habilidades de sentar, esperar e contato visual, momento em que foi feito o registro do tempo e das ações, conforme o referido protocolo. Para a análise dos dados foi verificada a evolução da criança conforme os registros e os critérios referidos nos protocolos usados. Este estudo recebeu parecer de aprovação ética sob o nº 3.497.187. RESULTADOS: Ainda que ambos os participantes tenham diagnóstico de TEA, apresentaram diferenças inerentes ao Espectro; que por sua vez, não se padroniza. A habilidade de contato visual teve melhora gradativa em ambos, bem como na habilidade de permanecer sentados; enquanto que na habilidade de esperar, houve alterações significativas com o avanço das sessões. A intervenção fonoaudiológica aos aspectos atencionais foi efetiva e trouxe benefício aos participantes da presente pesquisa, com evolução no tempo de contato visual em ambos os participantes de nenhum segundo para 8 segundos a partir da oitava sessão com o participante do sexo feminino, que participou de número maior de sessões. As crianças aumentaram o tempo de permanência sentado tanto para esperar, quanto para executar uma atividade específica. Houve ganhos não somente nas três habilidades alvos, mas também em outros níveis cognitivos interligados às habilidades atencionais. CONCLUSÃO: Verificou-se a efetividade no estímulo aos aspectos atencionais em terapia de linguagem, pois, estas foram evoluindo a cada sessão impactando positivamente na capacidade comunicativa. Assim, foi verificada a eficácia dos estímulos às habilidades atencionais de contato visual, sentar e esperar em crianças com TEA.



1. Nascimento MIC et al. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais-DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed; 2014.

2. Gomes CGS; Silveira AD. Ensino de Habilidades básicas para Pessoas com Autismo: Manual para Intervenção Comportamental Intensiva: 1. Ed. Curitiba: Editora Appris; 2016.

3. Marín RFJ. Relação entre os testes de atenção concentrada (TEACO-FF) e de atenção dividida (AD). Psicologia Argumento, v. 28, n. 62, nov. 2017. ISSN 1980-5942. Disponível em: . Acesso em: 13 dez. 2020.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1813
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA APROPRIAÇÃO DA LEITURA E ESCRITA DE SUJEITOS COM SÍNDROME DE DOWN EM CONTEXTO ESCOLAR
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Síndrome de Down (SD) é caracterizada como uma condição genética ocasionada pela presença de um cromossomo extra, Trissomia do cromossomo 21, que acarreta um déficit no desenvolvimento da linguagem, mas que pode ser desenvolvida por meio de estimulação eficaz¹ ². A inserção do fonoaudiólogo educacional apoiado às novas tecnologias educacionais e metodologias ativas é de extrema importância nesse cenário³. É necessário uma olhar diferenciado aos indivíduos com SD em contexto escolar, visto a necessidades de apoio escolar para o aprendizado da leitura e escrita e de incentivo à socialização dentro e fora da sala de aula⁴. Objetivo: Analisar a contribuição da Fonoaudiologia para o empoderamento de jovens e adultos com SD por meio da apropriação da linguagem oral e escrita em contexto escolar. Método: Estudo do tipo observacional, descritivo e com caráter qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos (prot. nº 0386/15), no qual se delineou e descreveu os processos de aquisição de leitura e o nível de escrita alfabética dos jovens com SD. A pesquisa contou com a participação de 15 indivíduos jovens e adultos com SD de ambos os gêneros, com idade entre 15 e 27 anos, letrados e não alfabetizados, de uma escola de ensino regular (EJA) da região Nordeste do Brasil. Por meio de métodos e técnicas pedagógicas embasados no conhecimento da fonoaudiologia acerca da consciência fonológica, foram aplicadas atividades planejadas, utilizando-se de narrativas orais e ditados ilustrados, no qual foram observados aspectos direcionados ao processo de leitura e escrita na relação de identificação de letras e na análise do “Nome ou som das letras”. A análise ocorreu a partir do progresso em ambiente escolar, contemplando a evolução qualitativa de cada indivíduo com o direcionamento e adaptações cabíveis por meio do PROLEC e BNCC com descrições da sondagem do nível da Linguagem Escrita. Resultados: Após a realização das atividades foi possível observar que, dos 15 participantes, apenas 10 se dispuseram favoráveis ao trabalho realizado com ditado ilustrado e utilização do gênero narrativa orais. A partir da utilização do PROLEC, da BNCC e da interação e integração dos educandos em sala de aula, foi traçado o seguinte perfil individual dos educandos no processo de leitura na identificação de sons e letras: Competência Consolidada; Competência em Construção; e Encontra-se em Processo, juntamente com a indicação do nível da linguagem escrita: Pré-silábico, Silábico com valor sonoro correspondente para vogais, Silábico com valor sonoro correspondente para consoantes, Silábico Alfabético, Alfabético e Alfabético Ortográfico. Dessa forma, a nível observacional foi possível observar uma melhora no que diz respeito à noção de interação e integração dentro de sala de aula, reconhecimento de diferentes gêneros textuais, melhora na expressão e comunicação, tão qual, no desenvolvimento dos processos de atenção e memória. Conclusão: Foi possível constatar que o trabalho realizado com escolares com SD embasados no conhecimento fonoaudiológico acerca da consciência fonológica e letramento proporcionam melhorias no processo de ensino e aprendizagem dos mesmos à nível de leitura e escrita.


1. Barbosa TMMF et al. Contribuições da Fonoaudiologia na inserção de pessoas com síndrome de Down no mercado de trabalho. CoDAS. 2018; 30(1): e20160144.

2. Regis MS, et al. Estimulação fonoaudiológica da linguagem em crianças com síndrome de Down. Rev. CEFAC. 2018; 20(3):271-280.

3. HAAS C. Narrativas e percursos escolares de jovens e adultos com deficiência: “Isso me lembra uma história”. Dissertação [Mestrado em Educação ] - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2013.

4. Silva ID. Práticas de letramento nas famílias de duas crianças com síndrome de Down. Educação Pública. 2020; 20(18). Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/18/praticas-de-letramento-na-familia-de-duas-criancas-com-sindrome-de-down


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1553
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA POR TELEATENDIMENTO EM UM CASO DE DISFONIA PÓS INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL POR COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Voz (VOZ)


Introdução: Sabe-se que o processo de intubação orotraqueal pode causar lesões na laringe. Nos casos graves de Covid-19 a intubação se faz necessária para que haja assistência ventilatória mecânica aos pulmões. Das complicações mais relatadas na literatura por uso do tubo, seja pelo tempo de intubação ou pelo calibre, a paralisia ou paresia de pregas vocais e a presença de granuloma em processo vocal são frequentemente descritas.
Objetivo: Descrever a evolução inicial de um caso de disfonia pós intubação por internação de Covid-19 realizado exclusivamente por teleatendimento.
Método: Paciente do sexo masculino, 47 anos, em internação por Covid-19, após dez dias de intubação orotraqueal evoluiu com disfonia. As questões relacionadas à disfagia foram acompanhadas durante o período de hospitalização e o paciente não apresentava queixas de deglutição na entrevista inicial. Em avaliação otorrinolaringológica presencial por nasofibrolaringoscopia complementada com telelaringoestroboscopia observou-se prega vocal direita imóvel em posição paramediana com discreto arqueamento, presença de pequeno granuloma em processo vocal à esquerda, constrição ântero-posterior e medialização da prega vestibular à esquerda. Em avaliação fonoaudiológica inicial verificou-se disfonia intensa com presença de rouquidão, aspereza, soprosidade, astenia (G3 R3 B2 A1) e tempo máximo de fonação (TMF) reduzido (3 segundos). Iniciou fonoterapia por teleatendimento duas vezes por semana com ênfase em exercícios vocais para coaptação glótica e maximização da mobilidade da onda mucosa das pregas vocais, utilizando-se de exercícios de empuxo leve com plosivas, /b/ prolongado e exercícios diversos de trato vocal semi-ocluído (ETVSO). Os ETVSO utilizados foram: canudos de diferentes calibres, fricativas sonoras, vibração sonorizada de lábios, firmeza glótica e som nasal. Os exercícios foram realizados em tom modal, em glissandos e com mudanças posturais de cabeça.
Resultados: Paciente apresentou melhora importante da qualidade vocal (G1 R1 B1 S1) e do TMF (16 segundos) após 5 sessões de fonoterapia, assim como melhor desempenho nas atividades de fala cotidiana. Optamos em não realizar extração de medidas acústicas da voz devido a presença de sinal acústico aperiódico (grau 3 da alteração vocal inicial) e pelas gravações terem sido realizadas via gravador digital do celular. A nova avaliação otorrinolaringológica por telelaringoestroboscopia após as sessões realizadas evidenciou importante melhora na mobilidade da prega vocal direita, ausência de arqueamento, constrição ântero-posterior e medialização da prega vestibular à esquerda e aumento do granuloma em processo vocal à esquerda. Com a melhora da coaptação glótica, o foco atual da fonoterapia está sendo promover uma voz mais eficiente, com redução da tensão e do ataque vocal e maior suavização à fonação, objetivando a resolução do granuloma.
Conclusão: O paciente apresentou melhora importante da voz depois de 5 sessões de fonoterapia por teleatendimento, que se mostrou efetivo para essa primeira fase do tratamento fonoaudiológico. As avaliações otorrinolaringológicas presenciais antes e depois da melhora vocal se mostraram extremamente importantes e indispensáveis para a condução da fonoterapia, bem como para a escolha das técnicas vocais apropriadas para o caso.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1836
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA, ODONTOLÓGICA E NUTRICIONAL NA DISFAGIA DECORRENTE DE CÂNCER DE OROFARINGE: RELATO DE CASO.
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO
O Carcinoma Espinocelular (CEC) pode ser localizado na cavidade oral, faringe e laringe, estruturas responsáveis pela deglutição, sendo o tratamento principal para esse tipo de câncer a radioterapia isolada, concomitante à cirurgia, e/ou quimioterapia. Porém, a radioterapia geralmente apresenta efeitos colaterais como a mucosite oral, xerostomia e hipossalivação e disfagia(1).
A disfagia é definida como dificuldade de engolir, sendo a videofluoroscopia padrão ouro para o diagnostico(2), resultando na alteração na consistência da dieta e um prolongamento das refeições. O agravamento da disfagia pode contribuir para baixa ingestão alimentar via oral e consequente perda de peso, levando a desnutrição e aumento da mortalidade, necessitando da atuação interdisciplinar para proporcionar alimentação segura e eficiente, nutrição e qualidade de vida(3).

OBJETIVO
Relatar a intervenção interdisciplinar fonoaudiologia, odontologia e nutrição em um caso diagnosticado com CEC.

MÉTODOS
Os dados analisados foram coletados do prontuário de uma Clínica-Escola, com autorização prévia assinada pelo sujeito deste caso. Paciente de 52 anos, com diagnóstico de CEC de amigdala esquerda. Foi submetida à retirada cirúrgica da amigdala, 4 sessões de quimioterapia e 36 sessões de radioterapia. As terapias de suporte incluíram laserterapia para a mucosite oral durante a radioterapia, e após o final da terapia antineoplásica teve início a intervenção fonoaudiológica e nutricional.

RESULTADOS
A queixa funcional inicial foi engasgo, escape nasal do alimento e perda de peso. De acordo com as avaliações realizadas, a paciente apresentou: ausência de fluxo salivar com e sem estímulo (assialia); grande problema de deglutição (EAT-10=34); nível 5 de ingestão oral (FOIS); impacto muito negativo na qualidade de vida (Swal-Qol=90); disfagia leve a moderada (escala DOSS) e nível 5 na consistência líquida (Escala de Penetração e Aspiração de Rosenbek) ao exame de videofluoroscopia. Tambem foi observado quadro de desnutrição, (IMC = 17,08 kg/m2), baixa ingestão de frutas, verduras, legumes e alta ingestão de leite, segundo recordatório alimentar de 24 horas.
As intervenções em disfagia concentram na remediação do comprometimento físico das estruturas afetadas pela radiação(4). A fonoterapia abordou melhora da mobilidade e aumento da força de língua, ejeção do bolo alimentar, proteção das vias aéreas inferiores e promoção da limpeza da faringe após a deglutição por meio do direcionamento da força da língua na deglutição (antes realizada com apertamento dentário), resultando em melhora significativa da deglutição e relato de conforto alimentar pela paciente. A intervenção nutricional contribui para o bom prognóstico(5), com a introdução de uso de suplemento alimentar hiperproteico e hipercalórico nas refeições, dieta na consistência pastosa adicionado de módulo de proteína 2 vezes ao dia(12g), bem como lubrificação dos alimentos, resultando em melhora da ingestão alimentar e ganho de peso (300g no período de 22 dias). O uso da laserterapia estimula atividade mitocondrial atuando como analgésicos e reparadores da lesão mucosa (6).
No final da intervenção a paciente apresentou recidiva do câncer e iniciou nova quimioterapia.

CONCLUSÃO:
A intervenção interdisciplinar durante e após a terapia antineoplásica, permitiu aumento da ingestão alimentar e ganho de peso da paciente, mesmo no momento da recidiva do CEC.


1 Kweon S, Koo BS, Jee S. Change of Swallowing in Patients With Head and Neck Cancer After Concurrent Chemoradiotherapy. Ann Rehabil Med. 2016;40(6):1100-1107.

2 Romero RG, Ros Arnal I, Montañés MJR, Calahorra JAL, Alonso CJ, Hernadez BI et al. Evaluation of dysphagia. Results after one year of incorporating videofluoroscopy into its study. An Pediatr (Barc). 2018;89(2):92-97.

3 Oh J, Liu A, Tran E, Berthelet E, Wu J, Olson RA et al. Association between nutritional risk index and outcomes for head and neck cancer patients receiving concurrent chemo‐radiotherapy. Wiley Periodicals, Inc. 2020;1 -11.

4 Van Daele DJ, Langmore SE, Krisciunas GP, Lazarus CL, Pauloski BR, McCulloch TM et al. The impact of time after radiation treatment on dysphagia in patients with head and neck cancer enrolled in a swallowing therapy program. Head Neck. 2019;41(3):606-614.

5 Bao X, Liu F, Lin J, Quin C, Lin C, Fa C et al. Nutritional assessment and prognosis of oral cancer patients: a large-scale prospective study. BMC Cancer 20, 146 (2020).

6 Reolon LZ, Rigo L, Conto F, Cé LC. Impacto da laserterapia na qualidade de vida de pacientes oncológicos portadores de mucosite oral. Rev. odontol. Unesp 2017; 46( 1 ): 19-27.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
444
INTERVENÇÃO INDIVIDUAL E EM GRUPO DE CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO: MODELO DE OPOSIÇÕES MÁXIMAS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


As crianças e os adultos se comunicam, principalmente pela linguagem oral, sendo esta constituída por aspectos fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos. A fonologia é um aspecto da linguagem que se refere ao modo como os sons se organizam e funcionam dentro de uma língua. A terapia com base fonológica busca a reorganização do sistema de sons, uma das abordagens que podem ser utilizadas no tratamento do desvio fonológico é o Modelo de oposições máximas onde refere que a seleção dos sons-alvo se baseia nos erros fonêmicos da criança relativos ao alvo. Objetivo: Comparar a eficácia da intervenção individual e em grupo com base no Modelo de Oposições Máximas para Desvio Fonológico. Método: Inicialmente o projeto de pesquisa foi enviado ao Comitê de ética em Pesquisa com Seres Humanos, registrado sob número CAAE 31670814.3.0000.5546. A autorização do responsável pelos participantes da pesquisa foi solicitada mediante esclarecimento, leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, condição imprescindível para participação no estudo. Participaram 4 crianças diagnosticadas com Desvio Fonológico de grau leve, com idade de seis anos a seis anos e 11 meses, do sexo masculino. Inicialmente foi realizada a entrevista com os pais/responsáveis e as crianças foram submetidas à avaliação da linguagem de modo a obter o inventário fonético fonológico - ABFW e avaliação audiológica. Em seguida as crianças foram filmadas em situação estruturada de interação de maneira a obter uma amostra de fala espontânea e caracterizar o grau de inteligibilidade de fala. Os participantes apresentaram processos fonológicos não esperados para a idade, sendo esses os sons alvos trabalhados em terapia por meio do modelo de oposições máximas. Os participantes foram selecionados aleatoriamente para seguirem da terapia individual e em grupo, que ocorreram uma vez na semana, com duração de 50 min, totalizando 12 sessões. Resultados: Mostraram que após as 12 sessões, aqueles que faziam parte do grupo de intervenção, obtiveram total aquisição dos fonemas trabalhados. Enquanto o participante da terapia individual, obteve quase a totalidade da aquisição dos sons trabalhados, observando-se apenas a aquisição parcial do fonema /v/. Dentre as crianças que estava no grupo terapêutico todas apresentaram total aquisição dos fonemas trabalhados. Tendo, a presença de um fator essencial para esse resultado, como o prazer na convivência em grupos que é característico do homem, podendo esse ser um fato que motive a participação dos sujeitos nas terapias grupais. Os participantes podem desenvolver vínculo de amizade para com os demais participantes do grupo, sentindo-se, assim, acolhidos. Ao longo das sessões, por meio do vínculo terapêutico, eles passam melhor adesão e com maior facilidade as atividades terapêuticas propostas. Conclusão: O Modelo de Oposições Máximas mostrou-se efetivo tanto na terapia individual quanto em grupo, apresentando rápida aquisição dos fonemas, melhorando a inteligibilidade de fala e desempenho comunicativo.

1. Cero M I, keske-soares M. Terapia fonológica: a generalização para outra posição na palavra. Santa Maria – RS Abr-Jun; Rev CEFAC. 2009.

2. Mota HB, Keske-Soares M, Bagetti T, Ceron MI, Filha Melo MGC. Análise comparativa da eficiência de três diferentes modelos de terapia fonológica. Pró-Fono. 2007; 19(1):67-74.

3. Mota, HB, Keske-Soares M, Ferla A, Zasso LV, Dutra LV. Estudo comparativo da generalização em três modelos de terapia para desvios fonológicos. Saúde, Santa Maria, v. 28, n. 1 e n. 2, p. 36-47, jan.-dez. 2002.

4. Wertzner HF, Amaro L, Teramoto SS. Gravidade do distúrbio fonológico: julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes corretas. Pró-Fono. 2005; 17(2):185-94.

5. Wertzner HF, Pagan LO, Galea DES, Papp ACCS. Características fonológicas de crianças com transtorno fonológico com e sem histórico de otite média. Ver Soc Bras Fonoaudiol. 2007; 12(1):41-7.

6. Spíndola RA, Payão LMC, Bandini HHM. Abordagem fonoaudiológica em desvios fonológicos fundamentada na hierarquia dos traços distintivos e na consciência fonológica. Rev CEFAC. 2007; 9(2):180-9.

7. Ceron MI, Keske-Soares M. Terapia fonológica: a generalização dentro de uma classe de sons e para outras classes de sons. Rev CEFAC. 2008; 10(3):311-20.

8. Payão LMC. Desvios fonológicos em crianças da Educação Infantil: uma análise a partir da hierarquia dos traços distintivos. In: Denilda Moura, organizador. Os desafios da língua: pesquisas em língua falada e escrita. Maceió: Edufal. 2008;1: 341-3.

9. Tavares JG, Payão LMC. Análise da fala de uma criança com desvio fonológico: estudo de caso clínico. J Bras Fonoaudiol. 2006; 6(24): 51-9.

10. Wertzner HF, Pagan LO, Gálea DES, Papp ACCS. Características fonológicas de crianças com transtornos fonológicos com e sem histórico de otite média. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007; 12(1): 41-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2087
INTERVENÇÕES EM HABILIDADES COGNITIVO-LINGUÍSTICAS EM PRÉ-ESCOLARES
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: O processo de aquisição das habilidades de leitura e escrita (alfabetização) não deve iniciar apenas no ensino fundamental, visto que muitas habilidades preditoras necessitam ser estimuladas e desenvolvidas desde a fase de educação infantil, principalmente em sua etapa final, a pré-escola. Sendo assim, é de suma importância o investimento em recursos e estratégias didáticas para pré-escola que promovam o desenvolvimento de habilidades cognitivo-linguísticas preditoras do sucesso na aprendizagem da leitura e escrita. Tais investimentos além de prevenirem o surgimento de diversas dificuldades escolares, poderão servir como estratégia de identificação precoce dos problemas de aprendizagem. Objetivo: Verificar se uma intervenção baseada em habilidades cognitivo-linguísticas pode promover o desenvolvimento dessas habilidades em pré-escolares, na perspectiva das educadoras responsáveis pelas turmas. Método: Trata-se de estudo de intervenção educativa, de abordagem qualitativa. A pesquisa foi registrada no comitê de ética da instituição de origem com o no CAAE: 146307190.0000.8807 e aprovada por meio do parecer no 4.148.247. Foram realizadas nove intervenções coletivas em duas turmas da educação infantil V, entre os meses de setembro a novembro de 2019, em uma escola pública municipal de Recife, com a participação da professora e dos pesquisadores em sala de aula. Os materiais utilizados nas intervenções foram baseados em recursos práticos publicados por fonoaudiólogos que atuam na área de fonoaudiologia educacional, e envolviam basicamente estímulos a habilidades metalinguísticas, percepção auditiva e visual, dentre outras. As habilidades metalinguísticas exploradas durante as intervenções foram: produção e identificação de rimas, aliteração, segmentação e síntese silábica e produção e identificação de palavras. Resultados: Inicialmente foi observado que as turmas não tinham desempenhos idênticos, sendo uma delas um pouco melhor que a outra. Também foi observado que a professora da turma mais evoluída se engajava mais nas atividades. De acordo com os relatos das educadoras responsáveis pelas duas turmas, as crianças obtiveram uma melhora no desempenho das atividades escolares conduzidas no decorrer do semestre, ou seja, ambas as turmas evoluíram, mas a diferença entre elas manteve-se até o final das intervenções. Além disso, conforme a intervenção avançava, as crianças demonstravam maior interesse e participação nas atividades propostas. Os pesquisadores também observaram maior facilidade na identificação de sentenças, rimas, aliteração e demais atividades apresentadas nas intervenções. Foi possível identificar crianças que possuíam mais dificuldades em ambas as turmas, o que sugere que essas crianças precisam de um olhar e acompanhamento mais atento. A equipe pedagógica foi alertada sobre isso. Conclusão: Ficou notório que tanto a participação eficaz e empenhada por parte dos educadores bem como a intervenção fonoaudiológica em parceria com a equipe pedagógica contribui para a aprendizagem de crianças pré-escolares, tornando a aquisição das habilidades cognitivo-linguísticas um procedimento possível de ser facilitado nesta etapa de ensino.

BERBERIAN, Ana Paula et al . Análise do conhecimento de professores atuantes no ensino fundamental acerca da linguagem escrita na perspectiva do letramento. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 15, n. 6, p. 1635-1642, Dec. 2013.

CORREA, Kelli Cristina do Prado; MACHADO, Maria Aparecida Miranda de Paula; HAGE, Simone Rocha de Vasconcellos. Competências iniciais para o processo de alfabetização. CoDAS, São Paulo , v. 30, n. 1, e20170039, 2018.

ROSAL, A. G. C., CORDEIRO, A. A. A., SILVA, A. C. F., SILVA, R. L., & QUEIROGA, B. A. M. Contribuições da consciência fonológica e nomeação seriada rápida para a aprendizagem inicial da escrita. Rev. CEFAC, v. 18, n. 1, p. 74-85, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
733
INTERVENÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS NAS FUNÇÕES DE FALA E DEGLUTIÇÃO EM PESSOAS COM DOENÇA DE HUNTINGTON: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A Doença de Huntington (DH) é uma doença neurodegenerativa(1), cuja principal manifestação são os movimentos coreicos que caracterizam a doença(2). Esses movimentos são irregulares, espasmódicos, de curta duração, causando comprometimentos motores(3), resultando em quadros de disartria e disfagia. Alterações linguístico-cognitivas também podem ser encontradas em tais quadros. Conhecer as propostas de intervenções fonoaudiológicas e sua eficácia no gerenciamento das alterações de fala e deglutição de pessoas com DH, presentes na literatura, é uma etapa importante para a produção de novos conhecimentos nesse âmbito. Objetivos: Sistematizar as propostas de intervenção fonoaudiológica empregadas no cuidado de pessoas com DH, em relação à fala e à deglutição. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura(4). Os descritores utilizados nesta pesquisa foram: “Huntington Disease”, “Chorea”, “Rehabilitation”, “Speech, Language and Hearing Sciences”, “Speech”, “Deglutition”, “Speech Disorders”, “Deglutition Disorders” e “Dysarthria”, em inglês, português e espanhol. Realizou-se a busca nas bases de dados SciELO, PubMed, LILACS, Web of Science e Portal de Periódicos Capes. Foram incluídas publicações em português, inglês ou espanhol, disponíveis na íntegra e que contemplavam o tema investigado. Considerando a escassez de estudos, foram incluídas publicações de qualquer ano. Foram excluídas as publicações repetidas e/ou que não se enquadravam nos critérios de inclusão. Para a seleção dos estudos incluídos nesta revisão, foi efetuada a leitura criteriosa dos títulos, resumos e palavras-chave de todas as publicações, por um avaliador. As dúvidas levantadas foram discutidas com um segundo avaliador. Para a interpretação dos resultados obtidos, os estudos selecionados foram lidos na íntegra e suas principais informações foram extraídas, a partir de uma ficha adaptada(5). Os dados encontrados foram sistematizados e analisados. Resultados: Um total de 431 artigos foram encontrados, destes, 12 foram elegíveis. Metade dos artigos incluídos eram revisões de literatura, das quais três eram revisões narrativas, e apenas um dos estudos era um ensaio clínico randomizado. Destes, 58,3% dos artigos incluídos abordaram intervenções relacionadas à fala e 100% abordaram a deglutição. Em 41,6% dos artigos desta revisão, as intervenções foram apenas citadas, impossibilitando que sejam replicadas em outras pesquisas que investiguem sua eficácia terapêutica ou por parte do clínico. Os estudos que envolveram participantes contemplaram 128 pessoas com DH no total, variando de 2 a 40 participantes por estudo, com idade entre 21 e 82 anos. Somente um estudo avaliou o grau da DH e inclui pacientes entre os estágios 1 e 2. Houve grande diversidade das intervenções entre os estudos. Em geral, as propostas terapêuticas para fala e deglutição abrangeram orientações, intervenções diretas e indiretas. Conclusão: Apesar do aumento da produção científica sobre o tema na última década, ainda são poucos os estudos sobre o tema, metade dos quais são revisões com predomínio de revisões narrativas. Futuros ensaios clínicos aleatorizados devem ser realizados com as intervenções terapêuticas sistematizadas nesta e em outras revisões com o mesmo objetivo, a fim de que sejam investigadas sua eficácia a longo prazo. A descrição dos programas terapêuticos investigados é fundamental para tornar possível sua aplicação na prática clínica de cuidado fonoaudiológico a pessoas com DH.

1. Gil-Mohapel JM, Rego AC. Doença de Huntington: Uma Revisão dos Aspectos Fisiopatológicos. Rev Neuro. 2011; 4(19):724-34.
2. Fernández M, Grau C, Trigo P. Impacto de laenfermedad de Huntington en la familia. [Internet] An. Sist. Sanit. Navar. 2012; 35(2): 295-307.
3. Spitz M. Doença de Huntington e outras Coreias. HUPE. [Internet]. 2010; 9(1):9-9.
4 . Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. [Internet] Texto Contexto Enferm. 2008; 17 (4):758-764.
5 . Ursi ES. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: revisão integrativa da literatura. Catálogo USP. [Internet]. 2005; 130p.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1305
INTERVENÇÕES FONOLÓGICAS EM CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O conhecimento fonológico de um sistema linguístico, tanto normal como desviante, ocorre gradualmente durante o processo de aquisição, sendo que a maioria das crianças podem apresentar como resultado do amadurecimento desse conhecimento um sistema condizente com o input recebido do grupo linguístico ao qual pertence. O desvio fonológico é caracterizado por alterações que ocorrem na fala da criança, em que esta realizará uma produção inadequada dos fonemas, bem como o uso inadequado das regras fonológicas da língua. A intervenção fonológica envolve a estimulação de habilidades cognitivo-linguísticas e se propõe a oferecer subsídios para verificar as possibilidades da fala alterada ou em defasagem da criança. Objetivo: A presente pesquisa visa descrever, por meio de uma revisão sistemática da literatura, os tipos de intervenção fonológica para os casos de desvios fonológicos poderão ser mais eficientes. Método: a revisão sistemática foi conduzida conforme as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). A busca por artigos científicos foi conduzida por dois pesquisadores independentes nas bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO, Cochrane Library e Scopus. A pesquisa foi realizada com os descritores [(Phonological disorders) or (Phonological impairment) or (Speed sound disorders) or (Articulation Disorders) or (Language and Hearing Sciences) and (Speech Therapy) or (Speech Intervention) or (Phonological treatment) or (Phonological Intervention)].inseriir o periodo, sem restrição de idioma e localização Resultados: Pautados nos descritores propostos, as bases de dados utilizadas geraram um total de 721 artigos. Após a análise dos critérios de inclusão e exclusão propostos nesta pesquisa totalizaram sete artigos, sendo seis admitidos para discussão e análise. Conclusão: Todos os modelos empregados nos estudos selecionados apresentaram como objetivo a reorganização do sistema fonológico de crianças com DF e concluíram ter havido eficácia no tratamento após período de intervenção fonológica. Além disso, as crianças apresentaram diversos tipos de generalizações pós-terapia, diminuindo a ocorrência de processos fonológicos, estratégia comum durante a aquisição dos sons da fala, principalmente em casos de DF. Destaca-se, também, a participação, o envolvimento e o interesse da família foram aspectos considerados para o progresso mais efetivo da terapia.

PALAVRAS-CHAVE: Linguagem Infantil. Linguagem. Transtornos da Articulação. Terapia da Linguagem. Aquisição da linguagem.

1. Dias RF, Mezzomo CL. Efeitos da estimulação de habilidades em consciência
fonológica na reorganização do sistema fonológico: relato de caso: relato de caso.
Distúrbios da Comunicação. 2018;30(2):266-77.

2. Brancalioni AR, Keske-Soares M. Efeito do tratamento do desvio fonológico pelo
modelo de estratos por estimulabilidade e complexidade dos segmentos com software de
intervenção para fala (SIFALA). Revista Cefac. 2016;18(1):298-308.

3. Melo RM, Dias RF, Mota HB, Mezzomo CL. Imagens de ultrasonografia de língua pré
e pós terapia de fala. Revista Cefac. 2016;18(1):286-97.

4. Barberena LS, Mota HB, Keske-Soares M. As mudanças fonológicas obtidas pelo
tratamento com o modelo ABAB-Retirada e Provas Múltiplas em diferentes gravidades do
desvio fonológico. Revista Cefac. 2015;17(1):44-51.

5. Giacchini V, Mota HB, Mezzomo CL. Variáveis relevantes no processo terapêutico
para a aquisição do onset complexo na fala de crianças com desvio fonológico. Revista
Cefac. 2015;17(1):17-26.

6. Ceron MI, Bonini JB, Keske-Soares M. Progresso terapêutico de sujeitos submetidos a
terapia fonológica pelo modelo de oposições múltiplas: comparação do progresso
terapêutico. Revista Cefac. 2015;17(3):965-73.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1805
INTERVENÇÕES INTERDISCIPLINARES NO ATENDIMENTO ON-LINE – RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Há alguns meses enfrentamos a pandemia causada pelo Covid-19 e os impactos abarcam as diversas esferas da sociedade exigindo esforços e adaptações. A criação de novas formas de contato para enfrentar o distanciamento físico imposto pela pandemia tornou-se emergente diante no cenário atual (Jerusalinsky, 2020) .Somos uma equipe interdisciplinar de saúde mental composta por fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e pediatras que funciona no âmbito público vinculado a uma universidade. Nosso olhar clínico sobre as questões mentais da infância abarca a complexidade que é inerente ao ser humano, ou seja, consideramos que uma disciplina apenas não dá conta dos percalços do existir (Zornig, 2008). Nosso objetivo é promover experiências que ajudem a criança a constituir-se como sujeito dono de si e capaz de enredar a aquisição de suas funções instrumentais de linguagem, psicomotricidade, jogo e cognição na direção de ampliar seu repertório de experiências criativas na relação da criança com os outros e com o ambiente por meio de intervenções individuais, grupais e familiares. Com o afastamento geográfico imposto pela pandemia do COVID 19, o atendimento online se configurou como alternativa para manter a proximidade e o cuidado com nossos pacientes garantindo a proteção da saúde física e psíquica das famílias e dos profissionais envolvidos no cuidado. No contexto de trabalho em saúde mental, o atendimento hoje configurado como online encontra menções em periódicos científicos e publicações internacionais desde a década de 50 (Saul,1951). Neste serviço de saúde mental, passamos por momentos iniciais breves de suspensão para reflexão até o estabelecimento do atendimento integralmente online e adesão de, praticamente, 100% das famílias. Pretendemos, aqui, analisar as peculiaridades do nosso atendimento junto às crianças e suas famílias durante os impasses impostos pelo isolamento e mostrar a potência dos atendimentos online. Para tanto, traremos, como vinheta ilustrativa, um relato de caso de uma criança de um ano de 2 anos e 8 meses com comprometimentos motores e de linguagem, atendido online em uma perspectiva interdisciplinar por uma fonoaudióloga, uma psicóloga e por uma fisioterapeuta desde o início da pandemia até o presente momento. Este enquadre permitiu a continuidade no seu processo terapêutico com avanços significativos nas áreas afetadas.


Jerusalinsky, J. (2020). Ser bebê, criança e adolescente na pandemia: cuidar e educar nas encruzilhadas entre a estruturação psíquica e o risco e covid-19. Revista Crianças, Peças soltas, junho: 1-9.
Saul LJ. A note on the telephone as a technical aid. Psychoanal. Q. 1951;20:287-290.
ZORNIG, S. A corporeidade na clínica: algumas observações sobre a clínica dos primórdios. In: Tempo Psicanalítico, v. 40, n. 2. O que o corpo pode em psicanálise. Rio de Janeiro: SPID, 2008.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
802
INTUBAÇÃO E A FUNÇÃO DE DEGLUTIÇÃO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A deglutição é uma das funções do sistema estomatoglossognático, que utiliza, em média, 30 pares de músculos e 06 pares de nervos cranianos1. A alteração dessa função é conhecida como disfagia, e pode ser classificada quanto ao seu tipo e grau. Nos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva, quando precisam ser intubados e apresentam disfagia, a primeira intervenção é o fortalecimento da musculatura da deglutição1. Sendo assim, a literatura associa o distúrbio de deglutição a intubação, pois existem fatores no processo de intubação que podem desencadear disfagia2-6. Objetivo: Analisar quais os principais fatores relacionados a intubação que interferem na função da deglutição. Método: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, utilizando-se os descritores: Tracheostomy, Dysphagia, Deglutition, Deglutition Disorders, correlacionados por meio do boleano AND e Intubation, Dysphagia, Deglutition, Deglutition Disorders também relacionados utilizando AND; nas bases de dados: Scielo, PubMed e ScienceDirect, na tentativa de responder a pergunta norteadora: “Existem fatores relacionados a intubação que podem interferir na deglutição?” Foram incluídos artigos originais dos últimos cinco anos, que respondessem a pergunta norteadora. As etapas de seleção dos artigos foram: leitura do título, leitura do resumo e leitura do artigo na íntegra. Resultados: Considerando o primeiro critério supracitado, foram encontrados 312 artigos, sendo 7 na Scielo, 151 na PubMed e 154 na ScienceDirect. Após a leitura dos títulos, restaram 28 artigos, após a leitura do resumo, restaram 22 artigos. Entretanto, 4 artigos estavam em duplicidade, restando 18 para a leitura na íntegra, destes 2 na Scielo, 12 na Pubmed e 4 na ScienceDirect. Os estudos apontam que para cada hora de intubação, as chances de disfagia aumentam 1,7%, e que há uma relação significante entre o aumento da idade, tempo de decanulação, comprimento da cânula, duração da internação e a alteração da função de deglutição e/ou disfagia2-4,7-8. Conclusão: Os estudos mostraram que a idade acima de 55 anos e o tempo de intubação orotraqueal ou traqueostomia são fatores diretamente relacionados as alterações de deglutição e possibilidade de ocorrência da disfagia. Portanto, esta disfagia mecânica não seria necessariamente ocasionada pela intubação, mas pelos determinantes idade e tempo de intubação; levando-nos a questionar que talvez o causador da disfagia nestes casos seja a alteração natural da biomecânica da deglutição originadas destes fatores.

1. Jorge ESO, Olga HO, Lyda ERC, Diana RR. Patients with swallowing problems after mechanical ventilation and tracheostomy, results of swallowing therapy in the ICU: “case series”. Acta Colombiana de Cuidado Intensivo. 2015 July–September;13(3) e215-e219. Available from:https://doi.org/10.1016/j.acci.2015.06.004

2. Patrick ZMD, Noëlle VS, Céline MMD, David BMD, Roman A , Joerg CSMD. Fatores de risco para disfagia em pacientes de UTI após ventilação mecânica invasiva. CHEST - Pré-Prova Diário. [revista em Internet] 2020 de junho [acesso 05 julho 2020]. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0122726215000531.

3. Jesse HMS, Nicholas ZMS, Susan LTPhD. Disfagia pós-extubação em populações pediátricas: incidência, fatores de risco e resultados. The Journal of Pediatrics, agosto 2019, páginas 126-133.el. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0022347619302434.

4. Bartella AK, Kamal M, Berman S, Steiner T, Frölich D, Hölzle F, Lethaus B. Role of Swallowing Function of Tracheotomised Patients in Major Head and Neck Cancer Surgery. J Craniofac Surg. 2018 Mar;29(2):e122-e124. doi: 10.1097/SCS.0000000000004099. PMID: 29084116.
5. Streppel M, Veder LL, Pullens B, Joosten KFM. Swallowing problems in children with a tracheostomy tube. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2019 Sep;124:30-33. doi: 10.1016/j.ijporl.2019.05.003. Epub 2019 May 16. PMID: 31154120.

6. Ceriana P, Carlucci A, Schreiber A, Fracchia C, Cazzani C, Dichiarante M, et al. Changes of swallowing function after tracheostomy: a videofluoroscopy study. Minerva Anestesiol. 2015 Apr;81(4):e389-e97. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25220547/. PMID: 25220547.

7. Sassi FC, Medeiros GC, Zambon LS, Zilberstein BA, Claudia Regina F. Avaliação e classificação da disfagia pós-extubação em pacientes críticos. Rev. Col. Bras. Cir. [Internet]. 2018 [cited 2020 July 06] ; 45( 3 ): e1687. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912018000300161&lng=en. Epub July 23, 2018. https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20181687.

8. Tsai MH, Ku SC, Wang TG, Hsiao TY, Lee JJ, Chan DC, Huang GH, Chen CC. Swallowing dysfunction following endotracheal intubation: Age matters. Medicine (Baltimore). 2016 Jun;95(24):e3871. doi: 10.1097/MD.0000000000003871. Erratum in: Medicine (Baltimore). 2016 Aug 07;95(31):e5074. PMID: 27310972; PMCID: PMC4998458.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
487
INVESTIGAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS EM GENES CANDIDATOS NA FLUÊNCIA VERBAL E NA PERCEPÇÃO MUSICAL
Tese
Saúde Coletiva (SC)


RESUMO

TÍTULO
INVESTIGAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS EM GENES CANDIDATOS NA FLUÊNCIA VERBAL E NA PERCEPÇÃO MUSICAL

INTRODUÇÃO
As funções cognitivas são habilidades de nosso cérebro que podem ser divididas em grandes grupos como: memória, atenção, linguagem, percepção e funções executivas. Cada função cognitiva abrange domínios cognitivos diferentes que, por sua vez, também estabelecem relações entre si. Entre os domínios cognitivos estão a fluência verbal (linguagem) e a musicalidade (percepção). A fluência verbal é uma tarefa cognitiva complexa que envolve processos linguísticos, mnésicos e executivos. A musicalidade descreve os processos mentais que constituem o comportamento e a percepção musical. Ambos os domínios cognitivos necessitam de estímulo e treino para serem desenvolvidos, nesses processos a interação gene e ambiente tem papel fundamental.

OBJETIVO
O objetivo desta pesquisa foi de investigar as influências de polimorfismos de sete genes candidatos na fluência verbal e na musicalidade: FOXP2, AVPR1A, SLC6A4, COMT, ITGB3, DRD2 e DRD4.

MÉTODO
O estudo foi conduzido de acordo com as diretrizes da Declaração de Helsinque e um termo de consentimento, pela participação na pesquisa, foi assinado por cada participante. A pesquisa foi realizada com 236 jovens universitários, de ambos os sexos, estudantes de diferentes áreas, de universidades públicas e particulares de Curitiba/PR, com idade entre 18 e 35 anos, que responderam a um questionário com informações pessoais. Na sequência, foram submetidos à coleta de sangue para extração de DNA por salting out e posterior genotipagem com a tecnologia SEQUENOM. Os participantes responderam aos testes de Fluência Verbal (FV) e de Percepção Musical (KARMA, 2007). Em seguida, foi realizada a prática de um coral composto por participantes que se voluntariaram para tal evento.

RESULTADOS
Os resultados, depois da prática do coral, mostraram associações dos domínios cognitivos fluência verbal e musicalidade com os seguintes polimorfismos: para a variável dependente "Percepção" o rs4936270 do gene DRD2 e o rs6980093 do gene FOXP2 apresentaram p=0,03674 e p=0,02418, respectivamente. Para a variável "Articulação" no tempo de emissão da vogal /a/ o SNP rs10877968 do gene AVPR1A apresentou p=0,04953 e o rs7799109 do gene FOXP2 com p=0,02993. No tempo de emissão da vogal /u/ o rs1076560 do gene DRD2 demonstrou um valor de p=0,0441, o rs10877968 do gene AVPR1A demonstrou p=0,0495 na emissão do fonema /s/ e o rs4646316 do gene COMT apresentou p=0,0354.

CONCLUSÃO
Foram observados e testados os seguintes polimorfismos dos seguintes genes FOXP2 – rs 7784315, rs 7799109, rs 6980093; AVPR1A – rs 3803107, rs 10877968, rs 10877969, rs3021529; SLC6A4 - rs 140701, rs 4583306, rs 2020936; COMT– rs 737864, rs 4646316, rs 4680; ITGB3 – rs15908, rs 4642, rs12600603; DRD2– rs 4936270, rs 1079597, rs 1076560; e DRD4, rs 3758653, rs 11246234. Foram encontradas associações com as variáveis da maioria dos genes, exceto com o gene DRD4.
Portanto, nossa hipótese sobre a associação de polimorfismos genéticos nos dois domínios cognitivos foi em parte esclarecida pelos dados obtidos através dos cálculos das regressões multivariadas. Porém, estudos adicionais são necessários para elaborar a relação entre genética e os dois domínios cognitivos, musicalidade e fluência verbal.

REFERÊNCIAS

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LEVITIN, D. J. What does it mean to be musical? Neuron, v.73, n.4, p.633-637, 2012.

MARIATH, L. M.; SILVA, A. M.; KOWALSKI, T. W.; GATTINO, G. S.; ARAUJO, G. A.; FIGUEIREDO, F. G.; TAGLIANI-RIBEIRO, A.; ROMAN, T.; VIANNA, F. S. L.; SCHULER-FACCINI, L.; SCHUCH, J. B. Music genetics research: Association with musicality of a polymorphism in the AVPR1A gene. Genetics and Molecular Biology, v.40, n.2, p..421-429, 2017.

PERETZ. I. Music, language and modularity framed in action. Psychologica Belgica, v.49, n.2-3, p.157-175, 2009.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
905
INVESTIGAÇÃO DE DIFICULDADE DE DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é definida pela presença de episódios recorrentes de obstrução das vias aéreas superiores, em nível faríngeo, durante o sono, causando diminuição do fluxo aéreo 1. Há relatos de associação entre AOS e disfagia 2, uma vez que o impacto causado pelo ronco na musculatura faríngea pode acarretar em alteração no reflexo da deglutição em pacientes com AOS3 e consequentemente desencadear esta alteração. Objetivo: Avaliar a deglutição de pacientes com AOS e traçar o perfil do grupo avaliado. Método: Foram incluídos 21 indivíduos que realizaram o exame de polissonografia no período de abril/2018 a abril/2019 em um ambulatório de Pneumologia de um Hospital privado de caráter filantrópico, com idade entre 18 e 80 anos, e que tinham diagnóstico de Apneia Obstrutiva do Sono. A pesquisa foi aprovada pelo CEP da Instituição sob número 3300676. Foram coletados dados gerais por meio de anamnese e após, foi aplicado o protocolo Viscosity Swallow Test (V-Vst) para avaliar a deglutição. Foram excluídos os indivíduos que relataram possuir doenças neurológicas associadas que pudessem comprometer seu desempenho nos testes propostos. Resultados: A média de idade foi de 60 anos. Houve predomínio do sexo feminino (57,14%); 38,10% dos pacientes apresentaram grau leve de AOS, 33,33% grau moderado e 28,57% grau grave. A média de tempo de diagnóstico de AOS foi de 11,25 meses. Os pacientes apresentaram uma média de IMC de 33,53, indicando sobrepeso; 47,61% relataram ter refluxo, 71,42% relataram ter hipertensão arterial e 38,09% apresentaram queixa de deglutição. Sobre o protocolo aplicado (V-Vst) 20% dos pacientes não apresentaram alterações de segurança e eficácia, 65% apresentaram alterações de eficácia e 15% dos pacientes apresentaram alterações de segurança e eficácia. Conclusão: A maioria dos indivíduos avaliados eram idosos, com sobrepeso, hipertensão, refluxo e AOS moderada ou grave. A avaliação de deglutição apresentou resultados com predomínio de alterações no processo, indicando um alerta à atenção destes indivíduos com diagnóstico de AOS por parte dos profissionais da saúde. Os resultados ainda são preliminares e maiores investigações necessitam aprofundar o conhecimento na área. Dito isto, é importante mencionar que os Fonoaudiólogos atuantes na reabilitação do paciente com AOS tenham conhecimento acerca da importância de avaliar a deglutição e, quando confirmada a disfagia, seguir o tratamento para promover melhor qualidade de vida para esses pacientes.

1. Santos Lauanda Barbosa dos, Mituuti Cláudia Tiemi, Luchesi Karen Fontes. Atendimento fonoaudiológico para pacientes em cuidados paliativos com disfagia orofaríngea. Audiol., Commun. Res. 2020; 25: e2262.
2. Bassi Daiane, Furkim Ana Maria, Silva Cristiane Alves, Coelho Mara Sérgia Pacheco Honório, Rolim Maria Rita Pimenta, Alencar Maria Luiza Aires de et al. Identificação de grupos de risco para disfagia orofaríngea em pacientes internados em um hospital universitário. CoDAS. 2014 Feb; 26(1): 17-27.
3. Padovani Aline Rodrigues, Moraes Danielle Pedroni, Sassi Fernanda Chiarion, Andrade Claudia Regina Furquim de. Avaliação clínica da deglutição em unidade de terapia intensiva. CoDAS. 2013; 25(1): 1-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1366
INVESTIGAÇÃO SOBRE A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS FONOAUDIÓLOGOS NO TEMA ALEITAMENTO MATERNO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


O aleitamento materno (AM) possui inúmeros benefícios, colabora no estado nutricional da criança, no desenvolvimento cognitivo e emocional, acarretando benefícios a longo prazo, podendo implicar na saúde física e psíquica da mulher, por isso, não devemos restringir apenas ao ato de nutrir¹. No entanto, a falta de informação ainda é um dos principais fatores para o desmame precoce, informações estas que devem ser oferecidas desde o pré-natal³. Estratégias para a promoção do AM estão sendo utilizadas para aumentar as taxas de AM, pois ainda continuam abaixo do esperado, deste modo, os profissionais de saúde assumem papel fundamental a reversão deste quadro. É importante que o profissional de saúde esteja preparado para atender as demandas geradas durante esse processo, garantindo conhecimento técnico adequado, sem ocupar o papel de protagonista, o qual pertence a mulher. O conhecimento não deve ser restringido apenas ao técnico, pois é necessário ter um olhar atento aos aspectos emocionais, a cultura familiar e a rede de apoio oferecida a mulher, sempre promovendo lugar de escuta, valorização e empoderamento¹ ². O objetivo do trabalho foi investigar especificamente a formação dos profissionais fonoaudiólogos no tema aleitamento materno. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa, sob parecer 3.388.084. Trata-se de um estudo descritivo realizado a partir do levantamento bibliográfico, utilizando documentos oficiais disponibilizados pelas instituições de ensino, diretrizes, matrizes curriculares e documentos dos órgãos de classes profissionais. Foi realizado um questionário on-line voltado para profissionais fonoaudiólogos que lecionam no tema aleitamento materno, desta forma, foi enviado para todas as instituições brasileiras que oferecem o curso de Fonoaudiologia presencial, totalizando 72 instituições. O questionário possui duas etapas, ambas com perguntas abordando exclusivamente o AM. A primeira foi constituída por treze perguntas voltadas a formação recebida durante a graduação do profissional participante e na segunda etapa, foram nove questões voltadas para a formação oferecida no curso de Fonoaudiologia da Instituição de Ensino Superior em que atua. Como critério de inclusão apenas profissionais fonoaudiólogos que atuam com aleitamento materno poderiam responder o questionário. A pesquisa teve a contribuição de cinco juízes, fonoaudiólogos que atuam com aleitamento materno. Nesta pesquisa participaram 23 instituições. Em relação a formação recebida no tema aleitamento materno pelos fonoaudiólogos participantes, apenas 61% tiveram aulas teóricas abordando o tema, enquanto, apenas 52% teve aulas práticas supervisionadas. Em relação às instituições em que atuam, o tema aleitamento materno é abordado em disciplinas teóricas em 96% das instituições e 86% em disciplinas práticas supervisionadas. Em relação a formação dos fonoaudiólogos é notório o aumento da carga horária destinada ao conteúdo aleitamento materno. Entretanto, quando analisado os documentos oficiais das instituições, não foi possível analisar a carga horária específica destinada para o aleitamento materno em cada instituição. O fonoaudiólogo é um dos profissionais que pode estar auxiliando no AM, por isso, além da formação outros cursos e atualização constante são importantes.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
GODOI, V. C. A amamentação sob a ótica das profissionais da saúde: saberes e práticas do processo. 2015. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário, Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO, Irati.
NABETE, K. M. C. MENEZES, R. K. S. AOYANA, E. A. LEMOS, L. R. As principais consequências do desmame precoce e os motivos que influenciam esta prática. ReBIS [Internet]. 2019; 1(4):24-30.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1830
INVESTIGAÇÕES SOBRE A CONFIDENCIALIDADE DAS INFORMAÇÕES E OS ASPECTOS BIOÉTICOS NO USO DA TELEFONOAUDIOLOGIA: RESULTADOS PARCIAIS
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Antes da pandemia, a telessaúde era definida pelo uso de tecnologias para possibilitar cuidados em saúde nas situações em que a distância era um fator crítico. No entanto, diante das medidas de distanciamento social, a concepção de telessaúde se modificou. Atualmente, a saúde conectada é definida pelo fornecimento de serviços de saúde de qualidade de forma não presencial, por meio de tecnologias interativas, de informação e telecomunicação, sistemas computacionais, telemetria e biossensores¹. Com a pandemia, a telefonoaudiologia se tornou não apenas uma opção de atendimento, como também a recomendação do CFFa², com as publicações das Recomendações nº 18 B (revogada)³ e nº 20 de 23 de abril de 2020², que permitem o uso da teleconsulta e telemonitoramento em caráter emergencial enquanto durar a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), uma vez que a Resolução nº 427/20134 não permitia a teleconsulta para avaliação clínica, prescrição diagnóstica ou terapêutica, com cliente e fonoaudiólogo à distância. Diante deste cenário, este estudo investigou a confidencialidade e o sigilo na telefonoaudiologia em tempos de COVID-19, sob a aprovação do CEP (CAAE 24547018.0.0000.5417). Foram enviados, um questionário online do Google Forms, por meio de e-mail e mídias sociais (WhatsApp e Instagram), para 71 fonoaudiólogos de todo o país. O questionário, composto por 26 questões, abordaram, estado, área de atuação, confidencialidade e sigilo. Das 38 respostas coletadas, 50% foram descartadas. Os participantes eram de diferentes estados do país, sendo 15,8% nordeste, 78,9% sudeste e 5,3% do sul. Quanto às características de trabalho, as áreas de atuação predominantes foram Motricidade Orofacial (57,89%), Linguagem (52,63%) e Audiologia (52,63%), e os locais de trabalho foram as clínicas particulares (68,42%), seguido do atendimento à domicílio (36,84%) e dos ambulatórios de especialidades (26,32%). Com relação a frequência da utilização da telefonoaudiologia, 42,11% disseram que a utilizam diariamente, 42,11% semanalmente, 5,26% quinzenalmente. Sobre os tipos de serviços prestados, os mais frequentes foram teleconsultas (84,21%), telemonitoramento (47,37%) e teleconsultorias (36,84%). Para a realização dos mesmos, 50% dos profissionais afirmam que seus sistemas possuem sistema de criptografia, 31,8% acesso com senha, 27,3% certificação digital, 18,1% desconhecem as medidas de segurança ou utilizam sistemas que não possuem nenhuma. Quanto à assinatura de um termo de contrato pelo cliente que o deixa ciente da plataforma a ser utilizada no serviço, 59,1% disseram que sim e 40,9% que não. Na questão relacionada à regulamentação da prática fonoaudiológica em saúde conectada, 81,8% disseram que sim. A telefonoaudiologia é uma nova realidade. Mesmo com o aumento das discussões sobre as práticas seguras, éticas e legais em saúde conectada, advindas com a pandemia, muitos profissionais possuem dificuldades em aplicá-las em sua rotina. Dessa forma, a partir destes resultados preliminares, conclui-se a necessidade de formação e capacitação para a oferta de telefonoaudiologia, assim como, o desenvolvimento de protocolos que norteiem o cuidado remoto com segurança e eficácia.

1.Wen, CL. Telemedicina do presente para o ecossistema de saúde conectada 5.0. São Paulo [Internet]. 2020 Disponível em: https://www.iess.org.br/cms/rep/Telemedicina_Chao.pdf.

2.Fonoaudiologia. Conselho Federal. Recomendação CFFa nº 20 [texto da Internet]. Dispõe sobre o uso da Telefonoaudiologia durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2) Brasília (DF): Conselho Federal de Fonoaudiologia; 2020 Abr 23. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/2020/04/nova-recomendacao-prorroga-o-prazo-de-telefonoaudiologia/

3.Fonoaudiologia. Conselho Federal. Recomendação CFFa nº 18-B [texto da Internet]. Brasília (DF): Conselho Federal de Fonoaudiologia; 2020 Mar 17. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wp-content/uploads/2020/03/Recomendacao_CFFa_18B_2020.pdf

4.Fonoaudiologia. Conselho Federal. Resolução nº 427. Dispõe sobre a regulamentação da Telessaúde em Fonoaudiologia e dá outras providências. Brasília (DF): Conselho Federal de Fonoaudiologia; 2013 Mar 1. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_427_13.htm#:~:text=Resolu%C3%A7%C3%A3o%20CFFa%20n%C2%BA%20427%2C%20de,1981%20e%20pelo%20Decreto%20n.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1107
INVESTIGANDO A EXTENSÃO MÉDIA DE FALA DE CRIANÇAS COM TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é caracterizado por déficits persistentes na comunicação e interação social e por um repertório restrito de interesses e atividades¹. Considerando que a ausência ou atraso de fala são sinais de alerta e que podem significar indícios de um percurso de desenvolvimento linguístico bastante atípico e crônico, o objetivo deste estudo foi investigar a extensão média de fala de crianças com TEA. Método: Trata-se de um transversal (CEP 0715/2019). A amostra foi constituída por 44 crianças, sendo quarenta e dois do gênero masculino e dois, do feminino, na faixa etária de 2 a 5 anos (média = 4 anos; dp = 1,1). Para obtenção da extensão média de fala utilizamos a Avaliação do Comportamento Vocal do ASIEP-2 (Autism Screening Instrument for Educational Planning – 2)², que avalia a extensão de fala por meio do balanceamento do número de balbucio e total de palavras produzidas pela criança em sessão de avaliação lúdica com a presença de adulto familiar. Essas sessões foram filmadas e posteriormente, foram transcritas as emissões espontâneas produzidas pelas crianças, utilizando-se o software ELAN³: ferramenta que possui recursos para sincronização e coordenação temporal e espacial de modalidades de naturezas distintas: verbal e não verbal; que facilitam a visualização e anotação dos recursos interacionais desencadeados em situações de interlocução. Para delinearmos os perfis cognitivo e adaptativo das crianças também foram aplicados pela equipe multidisciplinar: o Teste SON-R 2½-7⁴ para avaliação do quociente intelectual e o Autism Behavior Checklist (ABC)⁵ ⁶ para mensurarmos o grau de severidade dos comportamentos não-adaptativos. Resultados: Foram transcritos em média, 25 minutos de sessão de avaliação de cada criança. A extensão média de fala foi de 0,86 (dp = 1,08). Quanto ao perfil cognitivo todos os valores de quociente intelectual estiveram na faixa inferior (QI médio=63; dp=14,7). Verificamos ainda, índices elevados de comportamentos não-adaptativos (média do ABC Total = 87; dp = 29,8). Conclusão: Verificamos índice médio de extensão de fala bastante reduzido das crianças da amostra. Esses resultados nos fazem refletir sobre a importância da avaliação dos marcadores de desenvolvimento linguístico e do delineamento de condutas terapêuticas assertivas e eficazes direcionados às crianças com TEA.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1829
ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS E ASPECTOS DA LINGUAGEM DE CRIANÇAS COM SÍNDROME CONGÊNITA PELO ZIKA VÍRUS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As condições de vida e saúde de crianças com microcefalia pela Síndrome Congênita pelo Zika vírus (SCZV)1 constituem importante questão de Saúde Pública no país, desde seu surgimento em 20152,3. Tais crianças apresentam alterações de neurodesenvolvimento4, com impactos na vida familiar5,6, que implicam cuidados multi e interdisciplinares, dentre eles a fonoaudiologia. Houve grande desenvolvimento de pesquisas2-7, contudo, estudos da assistência à saúde necessitam ser mais explorados para aprofundar o conhecimento dos impactos no desenvolvimento de linguagem e da interação dessas crianças bem como os caminhos percorridos, isto é, os itinerários terapêuticos7 dos familiares em busca de assistência à saúde desde o conhecimento do diagnóstico à assistência à saúde e educação necessárias. Objetivos: Conhecer os itinerários terapêuticos e os impactos no desenvolvimento de linguagem e de interação na percepção de familiares de crianças com SCZV de uma cidade da região metropolitana de Salvador/BA. Método: Estudo descritivo, transversal, de abordagem qualitativa, aprovado pelo CEP sob n. 3.141.259, CAEE 87390318.2.0000.5404. A amostra compõe-se de oito familiares de crianças com SCZV nascidas entre julho de 2015 e janeiro de 2016. Foram gravados, transcritos e analisados vídeos de entrevistas com os familiares. Estabeleceram-se eixos temáticos, mediante critérios de repetição e relevância: conhecimento e impacto do diagnóstico, busca e suporte no cuidado em saúde e inclusão educacional, além da repercussões no desenvolvimento de linguagem e interação das crianças. Resultados: O conhecimento do diagnóstico de microcefalia associada a SCZV ocorreu depois do parto para a maioria dos familiares, dependendo do período de nascimento, pois a associação entre microcefalia e SCZV estabeleceu-se em final de 2015. Todos receberam orientação e encaminhamentos especializados, principalmente, por profissionais da rede pública de saúde da cidade e de Salvador. A maioria das crianças foi encaminhada para diferentes especialidades, após o recebimento do diagnóstico, inclusive tendo prioridade no atendimento emergencial. Alguns participantes referiram angústia com o recebimento do diagnóstico e relataram mudanças na dinâmica e vida familiar, falta de orientação especializada, longa espera para cadeira de rodas e dificuldades de acesso às instituições especializadas pela distância e falta de transporte. As entrevistadas relataram dificuldades de inclusão educacional por falta de auxiliares de sala. A maioria apontou o apoio de parentes e amigos. Quanto à linguagem e interação, a maioria dos familiares relatou dificuldades em entender a criança ou saber se ela compreende. Referem que a maioria das crianças usa formas próprias de comunicação como choro, movimentos corporais e vocalizações. Das experiências de interação, a mais frequente envolve conversar com a criança sendo, em geral, a mãe a principal interlocutora. Conclusão: Os achados evidenciam os itinerários terapêuticos dessas famílias, com impacto na vida familiar e as dificuldades enfrentadas pelas repercussões no neurodesenvolvimento das crianças e a busca pela assistência. Os resultados representam grande contribuição para formulações de políticas públicas que atendam às necessidades dessas crianças e apontam para a relevância do olhar direcionado para dificuldades de comunicação, interação e do atendimento especializado na área.

Palavras-chave: Infecção por Zika vírus, Microcefalia, Assistência à Saúde.

1. Teixeira GA, Dantas DNA, Carvalho GAFL, Silva AN, Lira ALBC, Enders BC. Análise do conceito síndrome congênita pelo Zika vírus. Ciênc. saúde coletiva. 2020, 25(2):567-574.
2. Garcia LP. Epidemia do vírus Zika e microcefalia no Brasil: emergência, evolução e enfrentamento. Texto para discussão. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília, Rio de Janeiro: Ipea, 2018.
3. ZIKALAB. Manual técnico: Laboratório de formação do trabalhar de saúde no contexto do vírus Zika. 2018. 182p. Disponível em http://ipads.org.br/zikalab/img/manual2018-v3.pdf. Acesso em 13/07/2018.
4. Silva AAA, Ganz JSS, Sousa PS, Doriqui MJR, Ribeiro MRC, Branco MRFC et al. Early growth and neurological outcomes of infants with probable congenital Zika virus syndrome. Emerging Infectious Diseases, 2016; 22(11): 1953-56.
5. Brunoni D, Blascovi-Assis SM, Osório AAC, Seabra AG, Amato CAH, Teixeira MCTV et al. Microcefalia e outras manifestações relacionadas ao vírus Zika: impacto nas crianças, nas famílias e nas equipes de saúde. Ciênc. saúde coletiva. 2016, 21(10):3297-3302.
6. Kotzky K, Allen JE, Robinson LR, Satterfield-Nash A, Bertolli J, Smith C et al. Depressive symptoms and care demands among primary caregivers of young children with evidence of congenital Zika virus infection in Brazil. J Dev Behav Pediatr. 2019, 40(5):344-353.
7. Scott RP, Lira LC, Matos SS, Souza FM, Silva ACR, Quadros MT. Itinerários terapêuticos, cuidados e atendimento na construção de ideias sobre maternidade e infância no contexto da Zika. Interface (Botucatu). 2018, 66: 673-684.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2115
JOGOS DIGITAIS E O USO DO FONE DE OUVIDO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O ouvido humano é um órgão muito sensível que dá a possibilidade de perceber e interpretar ondas sonoras em uma ampla gama de frequências é um dos primeiros órgãos a estarem completamente formados, estando em funcionamento na 15ª semana de gestação, porém na fase adulta algumas práticas inadequadas podem afetar a saúde auditiva, com o objetivo de identificar e expor os riscos, estudantes do segundo período do curso de Fonoaudiologia promoveram uma com a intenção de promover informações que ajudassem os estudantes da área de jogos digitais a melhorarem a qualidade de vida no que se refere a saúde auditiva. Objetivo: relatar experiência....Metodologia: a experiência foi planejada por discentes do curso de Fonoaudiologia de uma universidade privada, em 2019. Através da apresentação aos discentes de Jogos Digitais da mesma universidade, que ocorreu em único momento e com duração de 40 minutos. Informações relevantes sobre os níveis adequados de volume para o ouvido, além do tempo de utilização e cuidados na escolha do fone, foram os temas escolhidos pelos discentes de Fonoaudiologia. A apresentação se deu no modelo teórico e prático, através de exposição oral e jogo de perguntas em que os discentes de Jogos Digitais pudessem interagir com auxílio de placas, cujos significados eram verdadeiro ou falso. Outros temas surgiram durante a interação, tais como: hábitos de vida saudáveis, uso adequado de fones de ouvidos, ricos do uso inadequados do mesmo , uso e abuso dos cotonetes, além da prevenção e detecção de fatores de risco para doenças, como surdez irreversível. Durante apresentação, foi realizada uma pesquisa para medir se os alunos tinham práticas adequadas antes do conhecimento dos riscos. E o que pretendiam fazer diante do conhecimento que haviam adquirido. Resultado: o resultado do questionário apresentado trouxe a informação de que a maioria dos discentes da graduação em Jogos Digitais tinham hábitos que os colocavam expostos a riscos, tanto de infecção por falta de higienização e cuidado, quanto por exposição ao ruído por longo período durante o dia. Observou-se, ainda que a maior parte dos discentes referiram a adoção de uma mudança imediata do comportamento inadequado à audição, apresentando interesse em promover saúde na aplicação do conteúdo à profissão, a fim de contribuir com outros profissionais de Jogos Digitais no desenvolvimento de seus trabalhos sem prejuízos à saúde auditiva. Conclusão: a experiência teve suma importância uma vez que foi identificado que todos sem exceção, não tinham um conhecimento aprofundado da importância da higienização de aparelhos de fone de ouvido, e dos riscos que corriam ao escutarem músicas acima do volume permitido.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1294
JULGAMENTO PERCEPTIVO E VISUAL DE FRICATIVAS CORONAIS A PARTIR DE IMAGENS ULTRASSONOGRÁFICAS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O ultrassom de fala tem sido utilizado para auxiliar na terapia fonoaudiológica, permitindo que obtenham-se imagens do movimento da língua feitas durante a produção da fala do sujeito sujeito, sendo essas informações adicionais sobre a articulação envolvida nesse processo. Desta forma, a análise fonológica tradicional, feita pelo profissional fonoaudiólogo, aliadas aos parâmetros acústicos e articulatórios possibilitaria a análise mais minuciosa dos contrastes fônicos, além de permitir a comparação entre os espectrogramas de falantes típicos e atípicos1,2,3,4,5. Objetivo: Comparar os vídeos ultrassonográficos de sons fricativos produzidos por crianças com desenvolvimento fonológico típico, atípico e adultos por meio de uma escala visual analógica (EVA), buscando analisar se três juízes com experiência na área observam diferenças articulatórias entre as produções dos sujeitos. Métodos: Seis participantes foram separados em três grupos: Grupo DF - duas crianças com processos fonológicos de anteriorização de fricativas (/ʃ/→ [s]), (ambos com setes anos), grupo CT - duas crianças com desenvolvimento típico da linguagem (com oito e nove anos) e grupo AD - dois adultos (com 21 e 28 anos), todos falantes do Português Brasileiro. Foram gravados vídeos das imagens ultrassonográficas que captavam o movimento da língua na produção dos sons alvos inseridos nas palavras /´sapo/, /´sika/, /´suko/, /´∫ave/, /´∫ike/ e /´∫uva/, estes foram organizados e avaliados por três juízes, pautados numa Escala visual analógica (EVA), sendo um formulário que consiste em uma linha numerada de zero a 100 na qual foi estabelecido que o valor entre zero e 50 indicariam movimentação maior da parte anterior da língua e de 50 a 100, movimentação da parte posterior da língua. Após a obtenção desses valores, atribuído às produções dos participantes por cada um dos juízes, foi calculada média das três repetições por sujeitos, média para cada um dos três grupos considerando os diferentes contextos vocálicos. Resultados: Observou-se que, para dois dos juízes, houve diferença significativa entre as palavras produzidas por crianças com DF e típicas quando comparadas as palavras em contextos vocálicos /i/ e/u/, sendo as produções destas crianças /∫/→[s] e /s/→[s], respectivamente, mas não para palavras acompanhadas de /a/. Quando comparados os dados de crianças com DF e adultos, verificou-se significância (p-valor < 0,05) em contexto vocálico de /u/6,7,8,9.Conclusão: Os juízes detectaram diferenças articulatórias entre as produções típicas e atípicas infantis, além de diferenciação também quanto às produções dos adultos, embora a avaliação clínica oitiva tradicional classifique como semelhantes. Essa análise revela a presença de contrastes encobertos nas produções atípicas infantis e reafirma a importância das imagens ultrassonográficas aliada a avaliação clínica, pois permite maior detalhamento das produções.

Palavras-chave: Linguagem. Ultrassonografia. Transtornos da articulação. Fala. Criança.

1. Vassoler AMO. COORDENAÇÃO GESTUAL NA PRODUÇÃO DE ENCONTROS
CONSONANTAIS EM CRIANÇAS COM DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM TÍPICO E
ATÍPICO. Tese (Doutorado) - Curso de Estudos Linguísticos, Universidade Estadual Paulista, São
José do Rio Preto, 2016.

2. Marques TF, Seara, Lazzarotto-Volcão C. A EMERGÊNCIA DA LÍQUIDA LATERAL /L/ NA FALA
DE UMA CRIANÇA: UMA ANÁLISE LONGITUDINAL. Matraga. 2017;24(41):365-392. DOI:
http://dx.doi.org/10.12957/matraga.2017.28509.

3. Lima FLCN, Silva CEE da, Silva LM da, Vassoler AMO, Fabbron EMG, Berti LC. Ultrasonographic
analysis of lateral liquids and coronal fricatives: judgment of experienced and non-experienced
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4. Melo RM, Mota HB, Berti LC. Acoustic and articulatory parameters during the production of the
contrast between alveolar and velar stops: typical and phonological disorder data. Audiology -
Communication Research. 2017;22:1-10. DOI:http://dx.doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1732.

5. Melo RM, Dias RF, Mota HB, Mezzomo CL. Ultrasound images of the tongue prior and post
speech therapy. Rev. CEFAC. 2016;18(1):286-297. DOI: 10.1590/1982-0216201618114515

6. Silva TC. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 6th ed.
São Paulo: Contexto;2002

7. Francisco DT. Contorno de língua na produção do /s/ e /?/ na fala de adultos e crianças com
e sem transtorno fonológico. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências da Reabilitação. São
Paulo, 2015.

8 . Wertzner HF, Francisco DT, Pagan-Neves LO. Tongue contour for /s/ and /?/ in children with
speech sound disorder. Codas. 2014;26(3):248-251. DOI:http://dx.doi.org/10.1590/2317-
1782/201420130022.

9. Bressmann T, Thind P, Uy C, Bollig C,Gilbert RW, Irish JC. Quantitative threedimensional
ultrasound analysis of tongue protrusion, grooving and symmetry: Datafrom 12 normal speakers and
apartial glossectomee. Clin Linguist Phon. 2005;19:573-588.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1933
LASER DE BAIXA POTÊNCIA NO TRATAMENTO DO ZUMBIDO DECORRENTE DA DTM
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A laserterapia vem sendo utilizada no tratamento da DTM na promoção de analgesia, ação anti-inflamatória e bioestimulação, proporcionando a melhora dos movimentos mandibulares e diminuição da dor orofacial. Ao utilizar esse recurso terapêutico, estudos observaram também um alívio no sintoma do zumbido de pessoas com DTM, desse modo vem-se estudando como a laserterapia pode trazer benefícios aos pacientes com zumbido. Objetivo: o estudo pretende analisar a ação da Terapia Miofuncional Orofacial e da laserterapia, combinadas e isoladamente, sobre o zumbido decorrente de Disfunções Temporomandibulares (DTM). Método: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. A pesquisa é do tipo descritivo e foi caracterizado como uma série de casos. Foram estabelecidos como critérios de elegibilidade: zumbido subjetivo (auto-referido) uni ou bilateral, com ocorrência de mais de uma vez por semana há pelo menos seis meses e presença de DTM com dor à palpação em no mínimo três grupos musculares. Os critérios de exclusão foram: a realização de outro tratamento para o zumbido ou para a DTM; gravidez, presença de otite externa e/ou otite média, presença de cera impactada, membranas timpânicas perfuradas, canais auditivos colapsados, outro fator justificante do zumbido ou que impedisse a aplicação da laserterapia na região. Foi realizada triagem seguida da aplicação do termo de consentimento livre e esclarecido. Os protocolos utilizados foram: Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders para avaliar a disfunção temporomandibular; Tinnitus Handicap Inventory e Escala Visual Analógica para analisar o zumbido. Participaram do estudo nove sujeitos, divididos em três grupos. O grupo um recebeu terapia miofuncional orofacial e laserterapia, o grupo dois recebeu terapia miofuncional orofacial e laser placebo e o grupo três recebeu somente a laserterapia. Foi aplicada laserterapia infravermelha, nos grupos um e três, através de Arsenieto de Gálio-Alumínio. Os pontos de irradiação foram: músculo temporal anterior, articulação temporomandibular, músculo masseter e intra-auricular. Resultados: Os três grupos apresentam características semelhantes de incômodo do zumbido, observáveis através da EVA e do THI. Foram realizados os testes Anova e post hock sidac e observou-se que o grupo um, submetido à terapia de motricidade orofacial e laser, apresentou melhores resultados nos protocolos avaliados, seguido pelo grupo três, submetido apenas à laserterapia. Observou-se que houve diferença entre pré e pós-tratamento nos resultados da EVA e do THI - Total, Funcional e Catastrófico, mas sem variação no THI Emocional. Foi visto que nos grupos um e trêshouve uma diminuição do incômodo do zumbido e do impacto negativo deste sintoma nos participantes após a laserterapia, o mesmo não foi observado no grupo dois, que não recebeu laser. Conclusão: a Terapia Miofuncional Orofacial e a laserterapia proporcionaram uma diminuição do incômodo causado pelo zumbido em pacientes com Disfunção Temporomandibular. A laserterapia pode ser uma aliada da terapia fonoaudiológica tanto no aspecto musculas como na modulação do sintoma do zumbido de pessoas com DTM.

1. Matos AS, Berretin-Felix G, Bandeira RN, Lima JAS, Almeida LNA, Alves GÂS. Laser therapy applied to orofacial motricity: perception of members of the Brazilian Orofacial Motricity Association – Abramo. Rev. CEFAC. 2018;20(1): 61-8.


2. Catão MHCV, Oliveira OS, Costa RO, Carneiro VSM. Evaluation of the Efficacy of Low-Level Laser Therapy (LLLT) In The Treatment of Temporomandibular Disorders: a randomized clinical trial. Rev. CEFAC. 2013;15(6):101-12.


3. Felício CM, Melchior MO, Silva MAMR. Effects of Orofacial Myofunctional Therapy on Temporomandibular Disorders. The Journal of Craniomandibular & Sleep Practice. 2014; 249-59.

4. Melchior MO, Machado BCZ, Magri LV, Mazzetto MO. Efeito do tratamento fonoaudiológico após a laserterapia de baixa intensidade em pacientes com DTM: estudo descritivo. CoDAS. 2016; 818-22.

5. Pizolato RA, Freitas-Fernandes FS, Gavião MBD. Anxiety/depression and orofacial myofacial disorders as factors associated with TMD in children. Braz Oral Res., 2013, Mar-Apr;27(2):155-62.

6. Barreto DC, Barbosa ARC, Frizzo ACF. The relationship among temporomandibular dysfunction and hearing alteration. Rev. CEFAC. 2010;12(6): 1067-76.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
202
LEITURA E EQUILIBRIO CORPORAL: AVALIAÇÃO, CORRELAÇÃO E TREINAMENTO
Tese
Linguagem (LGG)


O domínio do equilíbrio corporal é apontado como tendo influência sobre a habilidade de leitura(1,2,3), incluindo os períodos iniciais do desenvolvimento, quando a criança inicia o aprimoramento motor, até quando suas demandas exigem atividades sensoriais e cognitivas mais específicas(4).O objetivo deste estudo foi caracterizar o desempenho em leitura e equilíbrio corporal (EC) de escolares; correlacionar esses resultados; elaborar programa de treinamento do EC para crianças e aplicá-lo em escolares com resultados inferiores em avaliações de leitura e testes vestibulares. Este trabalho seguiu a regulamentação da resolução 466/2012, e foi registrado no Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição de origem sob o número de aprovação 87637718.3.0000.5346. Participaram 40 escolares do terceiro ano do Ensino Fundamental de escola pública, média de oito anos e um mês. No estudo 1 caracterizou-se a leitura a partir da Leitura de Palavras Isoladas(5), Teste de Fluência de Leitura(6) e Avaliação da Compreensão da Leitura Textual(7). No estudo 2 caracterizou-se o EC realizando as provas oculomotoras da Vectoeletronistagmografia Computadorizada e Potencial Evocado Miogênico Vestibular cervical (cVEMP) e ocular (oVEMP), correlacionando-se os resultados com as avaliações de leitura. No estudo 3 elaborou-se programa de treinamento do EC, partindo da seleção de estudos que propuseram reabilitar a função vestibular, identificando protocolo e/ou estratégia, público alvo, número/tempo de sessões, número /tempo de repetição e duração do programa. No estudo 4 aplicou-se este programa em escolares com desempenhos inferiores nas avaliações de leitura e testes vestibulares. Para análise estatística utilizou-se o programa computacional Statistica 9.1, os testes não-paramétricos Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para comparação entre grupos, e os fatores de Person e Spearman para as correlações. Encontrou-se prevalência da queixa de leitura lenta, havendo heterogeneidade nas avaliações de leitura, com escores variados tanto em leitura de palavras como em compreensão textual (de déficit importante até a normalidade), e variação de zero a 45 acertos na fluência. Houve correlação entre todas as habilidades de leitura, e dissociação entre leitura de palavras e compreensão. A queixa otoneurológica prevalente foi cefaleia; as provas oculomotoras com variação foram calibração e sacádico vertical, rastreio pendular horizontal e vertical. Todos os escolares apresentaram resposta no cVEMP, ao contrário do oVEMP, ausente em alguns casos. Identificou-se correlação entre leitura e algumas provas oculomotoras e o Potencial Evocado Miogênico Vestibular (principalmente ocular). Elaborou-se programa de treinamento do EC para público infantil, com sessões de trinta minutos duas vezes por semana, totalizando 14 sessões, distribuídas em oito semanas. A aplicação deste programa mostrou impacto variável no pós-treinamento, tanto nas avaliações de leitura, como nos testes vestibulares. Concluiu-se que houve correlação entre as habilidades de leitura, e dissociação entre leitura de palavras e compreensão, confirmando que elas têm demandas distintas; as provas oculomotoras verticais foram mais difíceis que as horizontais, e estiveram mais correlacionadas às avaliações de leitura e ao potencial evocado miogênico vestibular, especialmente o ocular; o programa de treinamento do equilíbrio corporal mostrou-se viável de ser aplicado em crianças, impactando de forma variável tanto nas avaliações de leitura como nos testes vestibulares dos escolares.

1. Novalo ES et al. A afecção vestibular infantil: estudo de orientação espacial. Rev CEFAC, v.9, n.4, p.: 519-531, 2007.
2. Pereira AB et al. Cervical vestibular evoked myogenic potentials in children. Braz J Otorhinolaryngol., v.81, p.:358-62, 2015.
3. Perez MLD et al. Sintomas Otoneurológicos em Escolares. Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, v.6, n.2, p.: 48-53, 2014.
4. Fonseca V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.
5. Salles JF, Picollo LR, Miná CS. Anele 1 Avaliação Neuropsicológica de Leitura e Escrita, LPI avaliação de leitura de palavras e pseudopalavras isoladas: para crianças de 1º ao 7º ano do ensino fundamental. São Paulo: Vetor, 2017.
6. Justi CNG, Roazzi A. A contribuição de variáveis cognitivas para a leitura e a escrita no português brasileiro. Psicol. Reflex. Crit. v.25, n.3, p.: 605-14. 2012 Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722012000300021. Acesso em: 19 set 2017.
7. Salles JF, Parente MAMP. Processos Cognitivos na leitura de palavras em crianças: Relações com Compreensão e tempo de leitura. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.15, n.2, p.321-331, 2002.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1279
LEITURA E ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Diante da expansão de acesso/ingresso de grupos populacionais no ensino superior ocorrida no Brasil nas últimas décadas, diferentes áreas do conhecimento têm dedicado esforços na tentativa de analisar problemáticas envolvidas com as condições restritas de leitura e escrita de alunos inseridos nesse nível de ensino que comprometem uma participação ativa/crítica na formação acadêmica/profissional (¹-²). É necessário o implemento de estudos que sistematizem abordagens teóricas e metodológicas que contribuam para o enfrentamento das referidas problemáticas. Objetivo: Analisar parte da produção científica veiculada em periódicos nacionais das áreas da saúde e da educação acerca das condições de letramento dos acadêmicos que não atendem às demandas do ES, enfocando: concepções teóricas de linguagem escrita que os fundamentam; como abordam práticas de leitura e escrita que não atendem as referidas demandas e a que atribuem tal problemática. Método: Estudo de abordagem qualitativa, trata-se de uma revisão integrativa que permite apreender conhecimentos acumulados, bem como, lacunas acerca do fenômeno pesquisado³. O corpus consiste em 18 artigos selecionados nas bases de dados LILACS, PubMed e ERIC. Os resultados foram organizados em 3 eixos: 1) concepções acerca da linguagem escrita; 2) manifestações de leitura e escrita que não atendem às demandas acadêmicas; 3) atribuições relacionadas às referidas manifestações Resultados: Quanto às concepções de linguagem escrita que fundamentam os artigos, 50% a concebem como código/instrumento de comunicação e expressão e 50% como prática social constitutiva do sujeito. Referente às condições de leitura, 50% dos artigos referem dificuldades/limitações relacionadas à compreensão e 44,4% à interpretação. Quanto aos problemas de escrita, 55,5% apontam dificuldades em relação à dimensão discursiva, 38,8% relacionadas aos aspectos textuais e 27,7% normativos/gramaticais, Conclusão: O estudo aponta para diferentes manifestações de leitura e escrita consideradas problemáticas, bem com, para os motivos/determinantes associados às mesmas, de acordo com o referencial teórico adotado. Foi possível perceber que estudos que concebem a linguagem como instrumento tendem a referir aspectos normativos/gramaticais e os que a concebem como prática social, além dessa dimensão, analisam aspectos discursivos e textuais envolvidos com as práticas de leitura e escrita dos acadêmicos. Os resultados apontam para a necessidade do implemento de estudos, de caráter multidisciplinar, comprometidos com a análise dos determinantes educacionais, econômicos, culturais e lingüísticos relacionados a essa problemática e que, desse modo, possam oferecer elementos para a superação da mesma e, portanto, para a democratização do ES no Brasil.

1. LITENSKI, A.C.L. Processos de subjetivação em práticas de letramento acadêmico: oficina com estudantes de psicologia da UFPR. 2016.
2.SMEP 2015. Mapa do ensino superior no Brasil. Disponível em:http://convergenciacom.net/pdf/mapa-ensino-superior-brasil-2015. Acesso em 22 de junho de 2020.
3.MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. de C. P.; GALVÃO, C. M. Revisãointegrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidênciasnasaúde e naenfermagem.Texto&contextoenfermagem, Santa Catarina, v. 17, n. 4, p. 758-764, 2008.Disponível em:http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=71411240017. Acessoem: 13 jun. 2020



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1583
LETRAMENTO ACADÊMICO NO ENSINO SUPERIOR – PRÁTICAS REALIZADA COM ALUNOS: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O Ensino Superior (ES) é o mais alto nível de instrução na sociedade contemporânea, sendo que nesse nível de formação, a autonomia e a capacidade de desenvolver um pensamento mais crítico reflexivo, são, ou deveriam ser, seus principais objetivos. Porém cabe o questionamento, como desenvolver a autonomia e um pensamento mais crítico sem as condições necessárias para ler e escrever? Só é possível discutir essa pergunta quando entende-se que as condições de leitura e escrita são elementos fundamentais para o direito a educação[1], no caso desse trabalho, daqueles que frequentam o ensino superior. Já de início, é preciso discutir a respeito dos gêneros do discurso acadêmico e das condições de produção desses mesmos por alunos universitários[1,2,3,4]. A partir disso estudos vêm discutindo as questões da acessibilidade no Ensino Superior, sendo que muitos desses explicitam que as dificuldades ou a falta de acesso ao letramento acadêmico, podem ser um agravante para a participação efetiva dos alunos durante sua vida acadêmica [1,3,5]. Objetivo: analisar a produção do conhecimento acerca das pesquisas e/ou práticas de extensão relacionadas ao letramento acadêmico realizadas com e sobre alunos que frequentam o Ensino Superior. Metodologia: Revisão integrativa, que abrangeu artigos completos, disponíveis em Língua Portuguesa, avaliados por pares a respeito dos temas: pesquisas e práticas de extensão realizadas na universidade com e sobre alunos acerca do letramento acadêmico no período de 2009 a 2019. Resultados: dentre os 10 artigos analisados foi possível verificar que em três deles foram desenvolvidas práticas de extensão com os alunos e que as práticas longitudinais apresentaram resultados mais favoráveis do ponto de vista dos alunos. Em sete artigos foram realizadas pesquisas sobre os alunos. Desses, seis ancoram-se em uma perspectiva social de linguagem e letramento e três destacam as dificuldades dos alunos no uso da leitura e da escrita na universidade. Apenas dois artigos destacam o papel da universidade nas práticas de letramento com alunos. Conclusão: Destaca-se a importância da produção do conhecimento acerca do letramento com alunos que frequentam a educação superior. Cabe às universidades realizarem mais pesquisas que tenham como foco ações longitudinais acerca do letramento de seus alunos.
Descritores: Letramento e Ensino Superior; Letramento acadêmico; Ensino Superior e letramento.

[1] PÔRTO, Thiago Mathias. Acessibilidade e Letramento: Práticas com alunos na universidade. 2020. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação) – Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, Paraná, 2020. Disponível em:https://tede.utp.br/jspui/handle/tede/1762. Acesso: 2020.
[2] FRANCO, Sandra Aparecida Pires; MOLINARI, Andressa Cristina. A leitura e a escrita na Universidade. Revista Eletrônica Pesquisa Educacional. Santos, SP, v. 05, n. 10, p. 276-294, 2013.
[3] ALMEIDA, Fernanda dos Santos; FIGUEREIDO, Joana Gomes Ndos Santos. Letramento no Ensino Superior: uma reflexão acerca do letramento na formação docente. In:Anais do simpósio internacional de letras e linguística, 3., 2013, Uberlândia. Anais SILEL. Uberlândia, MG, Brasil, 2013.
[4] MOTTA, Írilde Luiza de Oliveira Murari. Dificuldades de escrita dos alunos do Ensino Superior: uma análise das narrativas escritas dos alunos da Faculdade Eduvale. Revista Cientifica Eletrônica de Ciências Sociais Aplicadas da Eduvale. São Lourenço, MT, v. 03, n. 5, p. 1-14, 2010.
[5] PAN, Mirian Aparecida Graciano de Souza; LITENSKI, Andriele de Lima. Letramento e identidade profissional: reflexões sobre leitura, escrita e subjetividade na universidade. Revista Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, SP, v. 22, n. 3, p.527-534, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1884
LETRAMENTO FUNCIONAL NA TERAPIA DE VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: o letramento funcional em saúde (LFS) caracteriza-se pela capacidade na qual os indivíduos obtêm e interpretam informações básicas e realizam a planejamento de ações para adequação da saúde1-6. O LFS satisfatório favorece um papel ativo do indivíduo em seu processo de tratamento7,8 O conhecimento e discussão sobre o letramento funcional em saúde da voz traz contribuições relevantes para as terapias vocais. Objetivo: analisar a associação do nível de letramento funcional em saúde vocal (LFSV) com as variáveis sexo, idade, profissão, escolaridade, número de sessões de fonoterapia e conhecimento da causa do problema de voz em pacientes com disfonia. Método: estudo observacional transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, parecer no1.913.189. Participaram do estudo 90 pacientes em tratamento para disfonia de um ambulatório de referência em Fonoaudiologia. Os critérios de inclusão foram: ter acima de 18 anos de idade, saber ler e escrever, estar em terapia de voz e ter realizado, no mínimo, cinco sessões de fonoterapia. Foram excluídos pacientes com alterações neurológicas ou cognitivas que comprometessem a compreensão do instrumento do estudo. O instrumento de investigação foi um questionário, no qual se aferiu os dados sociodemográficos (sexo, idade, profissão, nível de escolaridade), número de sessões de fonoterapia, conhecimento sobre a causa do problema de voz e utilizou-se um teste, adaptado pelos pesquisadores, para determinar o Letramento Funcional em Saúde Vocal. Os resultados foram comparados por meio da análise descritiva das variáveis categóricas e medidas de tendência central e a dispersão das variáveis contínuas. Foram utilizados os seguintes testes estatísticos na análise univariada: (a) Teste de Shapiro-Wilk, usado para verificar a normalidade da distribuição das variáveis contínuas. (b) Qui-quadrado, para comparar os grupos com LFSV inferior e superior quanto às variáveis categóricas sociodemográficas. (c) Mann-Whitney, para comparar os grupos com LFSV inferior e superior quanto às variáveis “idade” e ‘‘número de sessões de fonoterapia’’. Resultados: os participantes apresentaram mais dificuldades para responder às questões relacionadas à produção vocal e comportamentos benéficos à saúde vocal. Houve associação entre maior LFSV com as variáveis: ser profissional da voz (p<0,01), ter ensino superior (p<0,01) e conhecer a causa da disfonia (p<0,03). Conclusão: os fatores ser profissional da voz, ter ensino superior e conhecer a causa do problema de voz estão associados a um maior letramento funcional em saúde vocal. Os dados reforçam a importância de considerar o LFSV no planejamento e condução do tratamento das disfonias.


1. World health organization -WHO. The Nairobi call to action for closing the implementation gap in health promotion. Sétima Conferência Internacional Sobre Promoção da Saúde. Nairobi, 2009.
2. World health organization - WHO. Health promotion glossary. Geneva: WHO, 1998: 10.
3. Adams RJ, Stocks NP, Wilson DH, Hill CL, Gravier S, Kickbusch I, Beibly JJ. Health literacy: a new concept for general practice? Aust Fam Physician 2009; 38(3):144-147.
4. World health organization – WHO. Health literacy: the solid facts. Regional Office for Europe.: WHO, 2013.
5. Passamai MPB, Sampaio HAC, Dias AMI, Cabral LA. Letramento funcional em saúde: reflexões e conceitos sobre seu impacto na interação entre usuários, profissionais e sistema de saúde. Interface (Botucatu.) 2012; 16(41):301-314.
6. Selden, CR, Zorn, MR, Ratzan, S, Parker, RM. Health literacy. Bethesda, MD: National Library of Medicine, 2000.
7. Ishikawa H, Yano E. Patient health literacy and participation in the health-care process. Health Expect. 2008; 11(2): 113-122.
8. Sorensen K, Van den Broucke S, Fullam J, Doyle G, Pelikan J, Slonska Z, Brand H, European CHLP: Health literacy and public health: a systematic review and integration of definitions and models. BMC Public Health. 2012;12(1):1-13.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
434
LETRAMENTO PARA TODOS: AÇÕES DE LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE E APRENDIZAGEM
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O processo de aprendizagem e o desempenho escolar representam impacto para o indivíduo ao longo de sua vida, refletindo resultados profissionais, pessoais e social¹. Por estas razões, é fundamental garantir que o potencial de desenvolvimento de uma criança seja alcançado, isso só torna possível quando todos os envolvidos nas etapas estão capacitados para intervir com os escolares². Favorecer a educação e o desenvolvimento infantil é estratégia importante para evolução de todas as populações, e esta promoção começa com a conscientização e preparação de todos os envolvidos neste processo.
OBJETIVO: Descrever a experiência e as atividades realizadas por um grupo de alunos de um projeto de extensão sobre leitura, aprendizagem e seus transtornos.
MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência de um projeto de extensão, composto por uma docente coordenadora, uma aluna de pós graduação e oito alunos da graduação do curso de Fonoaudiologia. Dentre as atividades do projeto os alunos divulgaram informações cientificamente fundamentadas sobre o letramento, processo de aprendizagem e possíveis transtornos de aprendizagem por meio de ações informativas, guias práticos, site e perfis em redes sociais. As ações informativas sobre letramento funcional foram realizadas com professores, profissionais da saúde, pais e estudantes da rede pública de ensino. As ações com as crianças abrangeram atividades interativas, musicais e dinâmicas com estimulação das habilidades do processamento fonológico. Para os professores e pais, realizou-se rodas de conversa com dicas de potencialização das habilidades de leitura e escrita. Com os profissionais dos centros de saúde foram realizadas discussões sobre diagnóstico dos diferentes quadros relacionados à aprendizagem, orientações e ajustes educacionais. Foram elaborados guias práticos (e-books de distribuição gratuita) com os temas: “dislexia”, “leitura fluente”, “consciência fonológica”, “estimulação da leitura no dia a dia” e “transtorno de aprendizagem”. A construção do site objetivou disseminar informações sobre a importância da leitura e promover dicas para a potencialização das habilidades de leitura e escrita. As mídias sociais tiveram como principal finalidade realizar postagens interessantes que despertasse a atenção do público.
RESULTADOS: Após as atividades realizadas os alunos puderam observar que as ações nas escolas levaram para os profissionais conteúdos informativos de forma interessante e dinâmica. Observaram resultados positivos na roda de conversa com os pais, com bastante participação e esclarecimento de dúvidas. As rodas de conversa com os profissionais dos centros de saúde foram momentos importantes de troca de informação e aprendizagem. No site e plataformas online os alunos abordaram diversos temas inerentes ao processo de aprendizado e também seus transtornos. Observou-se que as redes sociais e o site são meios interessantes de propagar informações para pessoas de vários lugares do Brasil, levando informação rápida, importante e de forma lúdica. Para os alunos, estas práticas foram fundamentais para a formação, possibilitando um novo olhar e possibilidades da atuação fonoaudiológica além da clínica.
CONCLUSÃO: Por meio das ações nas comunidades e do uso das mídias sociais como divulgação de conteúdo, os envolvidos no projeto construíram conhecimento, aprenderam com a vivência na comunidade e compreenderam as demandas familiares para construir futuras intervenções mais abrangentes.



1. Tabile AF, Jacometo MCD. Fatores influenciadores no processo de aprendizagem. Rev. Psicopedagogia 2017; 34(103): 75-86.
2. Siqueira CM, Gurgel-Giannetti J. Mau desempenho escolar: uma visão atual. Rev. Associação Médica Brasileira. vol. 57; 2011. pg 78-87.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
443
LETRAMENTO, ENVELHECIMENTO E HISTÓRIAS DE VIDA: UM ESTUDO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: nas últimas décadas o número de pessoas idosas, no Brasil, cresceu rapidamente e já indica 14% da população1, tornando-se necessário considerar a qualidade de vida e a autonomia dessa parcela populacional. Para ampliar a reflexão acerca do bem estar das pessoas mais velhas, a Organização das Nações Unidas aprovou o Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento Ativo, o qual ressalta que os governos devem enfrentar o envelhecimento, concretizando as potencialidades dos idosos, no século XXI2. E, nesse sentido, estudos indicam que a promoção de um envelhecimento saudável depende de programas de educação e integração social, voltados a práticas de oralidade, de leitura e de escrita3. De acordo com Barcelos 20154, atividades de letramento não se restringem a (de)codificações de palavras e frases, mas, abrangem o uso concreto da linguagem, em diferentes contextos sociais. Essas atividades podem levar pessoas mais velhas a perceber que escrever também é um ato de interação e reconhecimento não só por parte dos outros como de si mesmos, ampliando assim o seu convívio social. Objetivo: compreender a influência que a leitura e a escrita têm na qualidade de vida, na ótica de pessoas idosas. Método: o estudo é de caráter qualitativo, pautado na Análise do Conteúdo, e se configura como um estudo de caso. Envolve a participação de duas pessoas idosas que se interessaram em narrar, por escrito, partes de suas histórias de vida. São duas mulheres reconhecidas pelos nomes fictícios: Camélia, de 87 anos e Jordana, de 72 anos. Ambas participaram, durante dois anos, de um programa de extensão universitária, na cidade de Curitiba, voltada ao letramento de pessoas idosas. Nesse programa, foram convocadas a relatar, oralmente, fatos que marcaram a infância e adolescência, bem como a fase adulta e a velhice. Além disso, leram diversos textos relacionados aos assuntos discutidos no decorrer do programa e, também, escreveram relatos pessoais, retratando suas histórias de vida, as quais foram publicadas em forma de e-books. Ao final, foram convidadas a responder a uma entrevista semiestruturada, cujos dados são apresentados na sequência. Resultados: Jordana e Camélia são viúvas, aposentadas e vivem sozinhas. Elas são acompanhadas na Clínica de Fonoaudiologia de uma Universidade, situada no sul do Brasil, por apresentarem perda auditiva. Camélia completou ensino superior e Jordana não conclui o ensino fundamental. Para ambas, a atividade da leitura viabiliza o saber, é fonte de conhecimento e sem tal atividade é impossível viver bem. Para Camélia, a escrita permite que ela aflore o que há dentro dela, além de mantê-la lúcida. E, de acordo com a Jordana, a escrita permite que ela se expresse para o outro e para si mesma. Conclusão: Para as participantes da pesquisa, atividades de leitura e de escrita, tomadas como interação, são relevantes para manter a qualidade de vida no processo de envelhecimento, indicando a preponderância que programas voltados à promoção de letramento podem assumir no processo de envelhecimento.

1. ALVES, JED. O envelhecimento populacional no Brasil, II Congresso Nacional de Envelhecimento Humano (CNEH), em Curitiba, 22 a 24 de novembro de 2018.
2. Organização Mundial da Saúde (OMS). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: OPAS, 2005
3. MASSI, Giselle. et al. Práticas de letramento no processo de envelhecimento;2010.
4. Barcelos AMF. Letramento emocional no ensino de línguas. In: Toldo C, Sturm L, organizadores. Letramento: práticas de leitura e escrita. Campinas (SP): Pontes Editores; 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1244
LEVANTAMENTO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM PERIÓDICOS NACIONAIS RELACIONADA À COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA E O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno neurobiológico caracterizado por prejuízos na interação social, comunicação e no comportamento. A Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) é um recurso para minimizar os prejuízos comunicativos encontrados nesses indivíduos. Objetivo: Investigar a produção científica nacional referente aos sistemas de Comunicação Aumentativa e Alternativa e o Transtorno do Espectro Autista. Metodologia: Foi realizado o levantamento dos artigos por meio das bases de dados CAPES, LILACS e SciELO. Os descritores utilizados foram "autismo", "transtorno autístico", “comunicação”, "comunicação alternativa", "comunicação suplementar", "comunicação não verbal", "comunicação aumentativa", “sistemas de comunicação alternativos e aumentativos” e suas combinações. Os critérios de inclusão abrangeram artigos publicados entre 2010 e 2020, na íntegra, com a temática CAA como objeto de estudo associado ao TEA ou como recurso estratégico na intervenção junto a esse público. Já os critérios de exclusão foram artigos que possuíam acesso apenas ao resumo, arquivos repetidos nas bases de dados ou que não se relacionavam diretamente com o objetivo da investigação. Resultados: foram identificados 226 artigos, porém somente 18 estavam diretamente relacionados à pergunta de pesquisa. Houve aumento significativo de publicações a partir de 2015. Sobre os desenhos de pesquisa percebeu-se uma predominância de delineamentos experimentais, porém, a variabilidade metodológica inviabilizou a realização de meta-análise dos resultados encontrados. As amostras de 12 trabalhos foram compostas por um número restrito de sujeitos: entre um e seis participantes, o que se justifica pelo caráter individualizado das pranchas, além de questões éticas expressas na falta de ganhos do grupo controle em comparação ao grupo experimental. Outro fator estaria relacionado com as rotinas operacionais, marcadas pela inviabilidade em se homogeneizar um grupo expressivo de participantes. 14 categorias profissionais foram encontradas dentro do grupo de pesquisadores da temática proposta, sendo o fonoaudiólogo o profissional participante da maioria dos trabalhos, o que se dá devido à sua importante contribuição para os aspectos comunicativos e de linguagem dos indivíduos com TEA. Dentre as formas de CAA que se apropriam de recursos pictográficos, o Picture Exchange Communication System – Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) foi expressivamente o mais utilizado nas publicações. Entretanto, destaca-se a possibilidade de flexibilização e adaptação do protocolo, uma vez que sistemas rígidos são eficazes para o início da oralidade, porém, são ineficientes para estimulação de outras habilidades cognitivas da linguagem. A construção dos aspectos dialógicos e implementação da CAA deve estar pautada em uma série de variáveis como contexto ambiental, parceiros conversacionais, habilidades cognitivas, neuromotoras, sensoriais, linguísticas, bem como fatores socioeconômicos, psíquicos e emocionais. A família e o professor são integrantes fundamentais para o sucesso da estratégia. A alta Tecnologia da informação para a CAA é emergente e necessita de mais pesquisas. Conclusão: A Fonoaudiologia é extremamente necessária na implementação da CAA em indivíduos com TEA, uma vez que é o profissional que possui domínio do desenvolvimento da linguagem. Estudos futuros são necessários para descrever os processos de implantação e avaliar a eficácia da CAA no TEA.

Gonçalves TM, Pedruzzi CM. Levantamento de protocolos e métodos diagnósticos do transtorno autista aplicáveis na clínica fonoaudiológica: uma revisão de literatura. Rev CEFAC [publicação online]; 2013. [acesso em 18 maio 2020]; 15(4): 1011-1018. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462013000400031&lng=en.

Gomes RC, Nunes DR. Interações comunicativas entre uma professora e um aluno com autismo na escola comum: uma proposta de intervenção. Rev Educ Pesqui. [publicação online]; 2014. [acesso em 22 maio 2020]; 40(1): 143-161. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022014000100010&lng=en.

Nunes, DR Nunes Sobrinho, FP. Comunicação alternativa e ampliada para educandos com autismo: considerações metodológicas. Rev Bras Educ. Espec. [publicação online]; 2010. [acesso em 22 maio 2020]; 16(2): 297-312. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382010000200010&lng=en.

Rhea P. Interventions to Improve Communication. Rev Child Adolesc Psychiatr Clin N Am. 2008; 17(4): 835-56.

Cesa CC, Mota HB. Comunicação aumentativa e alternativa: panorama dos periódicos brasileiros. Rev CEFAC. [publicação online]; 2015. [acesso em 22 maio 2020]; 17(1): 264-269. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000100264&lng=pt.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
636
LEVANTAMENTO DO CONHECIMENTO DOS FONOAUDIÓLOGOS SOBRE O CAMPO DA AUDITORIA EM SISTEMA DE SAÚDE E NA FONOAUDIOLOGIA.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Auditoria em saúde é uma das ferramentas de qualidade de eficiência comprovada voltada para aprimorar um sistema de gestão em saúde. Contudo, na Fonoaudiologia, que embora apresente uma regulamentação específica para essa área por meio da Resolução nº 455/2014, percebe-se que essa prática ainda não é bem difundida entre os fonoaudiólogos. Objetivo: Descrever o conhecimento dos profissionais da Fonoaudiologia acerca das atribuições Auditoria nos Sistemas de Saúde com ênfase na prática fonoaudiológica. Métodos: Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, composta por uma amostra de conveniência de profissionais fonoaudiólogos, de ambos os sexos e com registro ativa nos respectivos Conselhos Regionais de Fonoaudiologia, sendo o tempo mínino de atuação na área igual ou superior a um ano. A participação de todos foi voluntária e ocorreu por intermédio da aplicação de um questionário online, disponibilizado via hiperlink, compartilhado em meios digitais e redes sociais. A coleta das informações durou três meses e participaram da pesquisa 181 profissionais Fonoaudiólogos. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia sob o parecer número 3.474.536/2019. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Resultados: Houve a participação de profissionais de todas as regiões do país, tempo de formação variando de 1 a mais de 15 anos de formados. Destes, 41,4% atuam no serviço privado, 23,2% no serviço público e 35,4% em ambos os serviços. Quando questionados sobre a presença de algum componente curricular sobre auditoria na formação, 93,9% disseram que não. No quesito conhecer o que é auditoria em sistemas de saúde, 40,3% afirmaram saber o que é, 59,7% afirmaram não conhecer. Sobre saber qual a finalidade da auditoria no sistema de saúde, 53% afirmaram saber e 47% negaram ter conhecimento sobre. Quando questionado a participação em serviços de auditoria, 92,8% disseram nunca ter tido contato. Sobre a resolução do CFFa acerca da atuação do Fonoaudiólogo em auditoria, 61,9% afirmaram desconhecer e 38,1% afirmaram conhecê-la e sobre conhecer o que seria auditoria em Fonoaudiologia, 74,1% disseram não conhecer sobre enquanto 26% afirmaram conhecer a atuação na área. Conclusão: O presente achado demonstra que, embora a auditoria em Fonoaudiologia seja uma prática regulamentada pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, os profissionais desconhecem essa área, bem como as atribuições e práticas da auditoria, situação que pode comprometer a qualidade dos serviços em Fonoaudiologia e otimização desses recursos, uma vez que atualmente quem audita os serviços fonoaudiológicos são outros profissionais sem o conhecimento técnico necessário.

BRASIL. Resolução n.455, de 30 de outubro de 2014. Dispõe sobre auditoria em Fonoaudiologia e dá outras providências. Brasília, 2014. Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa).

RICARDINO, Á.; CARVALHO, L., N. Revista Contabilidade & Finanças – USP. Breve Retrospectiva do desenvolvimento das atividades de auditoria no Brasil. Disponível em: Acesso em: 20 de jan. 2019.

RIBEIRO, L. Auditoria em Saúde. In: Especialização em Auditoria e Gestão em Saúde. Universidade Tuiuti, Curitiba- PR, 2009.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1703
LIBRAS COMO L3: VIVÊNCIAS DE UMA DISCENTE DE FONOAUDIOLOGIA CABO-VERDIANA.
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


TÍTULO: Libras como L3: vivências de uma discente de Fonoaudiologia cabo-verdiana
INTRODUÇÃO. Bilinguismo em línguas orais são consideradas práticas comuns,
como em Cabo Verde, onde naturalmente o crioulo cabo-verdiano e português são
falados em parte do país. Os programas de intercâmbios educacional entre países
ampliaram o quantitativo de estrangeiros, também aqui no Brasil. Assim, o bilinguismo
nas instituições de ensino superior é uma realidade. Mas, diante de uma língua de
sinais de um país estrangeiro, como pensar em estratégias de aprendizagem diante de
uma realidade cultural desconhecida? O presente relato discorre sobre as
experiências de participação em uma pesquisa de uma estudante de Fonoaudiologia,
com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), como terceira língua (L3). OBJETIVO.
Relatar como a participação de uma estudante cabo-verdiana, em uma pesquisa,
potencializou a aprendizagem da Libras como L3. MÉTODO. O estudo é do tipo relato
de experiência, a partir de pesquisa aprovada, CAAE N° 11868919.6.0000.5208.
Como retrospectiva de base para a L3, compreende-se a relevância das disciplinas
curriculares de Libras do curso de Fonoaudiologia. Na primeira, estudou-se conceitos
básicos sobre pessoa surda, historicidade, cultura e identidade e construções básicas
em Libras; na segunda, conceitos de aquisição típica das línguas de sinais e
introdução à área da saúde; e, na terceira disciplina, a Libras aplicada à
Fonoaudiologia. Foram desenvolvidas diferentes estratégias, com conteúdos teórico-
práticos, que despertaram cada vez mais interesse ao estudo da língua. Embora a
aprendizagem da Libras tenha se dado, principalmente, pela práticas didático-
pedagógica dos professores, houve um investimento pessoal ao acessar conteúdos
em língua de sinais pela internet. Novas oportunidades surgiram com a participação na
pesquisa que tinha a Libras como mediação para intervenções fonoaudiológicas
bilíngues. Houve constantes trocas de conhecimento por parte dos estudantes mais
experientes e a interação com os participantes surdos, com idades e interesses
heterogêneos, colaborou sobremaneira com a apropriação da Libras. RESULTADOS.
As primeiras aulas de Libras foram muito especiais em diversos aspectos. Foi possível
perceber que, em diversos países do mundo, tinham lacunas que impediam as
pessoas surdas de terem seus direitos exercidos, ainda que, muitas vezes, já
garantidos por lei. Como diferencial, foi a oportunidade de ter um professor substituto
surdo ministrando conteúdos específicos para a Fonoaudiologia. Estava posta uma
condição de necessidade comunicacional professor/aluno. A participação na pesquisa
foi uma imersão linguística e veio consolidar a base de aprendizado na Libras. Em
alguns meses, já era possível mediar a comunicação em Libras entre surdos e
ouvintes não fluentes, na ausência do colaborador intérprete de língua de sinais.
Pode-se observar uma grande mudança de um perfil inseguro, para uma usuária que,
gradualmente, passava a entender os níveis mais complexos da Libras. O mais
importante, possibilitando às pessoas surdas o acesso aos bens científicos da
Fonoaudiologia por meio de uma língua em comum, a Libras. CONCLUSÃO: O
contato com diferentes pessoas surdas possibilitou um olhar além de uma
impossibilidade de audição. Ali estavam pessoas, com suas necessidades, limitações,
individualidades. Aprender Libras como L3 foi muito mais que uma nova língua, foi um
despertar para o mundo e ver o quanto a Fonoaudiologia é necessária para a Libras.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
296
LIGA ACADÊMICA DE FONONCOLOGIA NA UNIVERSIDADE PÚBLICA: CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E PROMOÇÃO DE SAÚDE.
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: As ligas acadêmicas são associações científicas desenvolvidas exclusivamente por iniciativa estudantil, que visam promover ações de ensino, pesquisa e extensão, contribuindo para a formação integral do profissional de saúde. A liga realiza o diálogo entre a universidade e a comunidade, de modo que o conhecimento científico possa alcançar a população por meio da promoção de saúde. Sobretudo na fononcologia, área pouco abordada na graduação, de grande interesse dos alunos e de conhecimento restrito pela população em geral tornou-se necessário a criação de uma liga acadêmica que visa suprir essa lacuna. OBJETIVO: Descrever a experiência de uma liga acadêmica de fononcologia e sua influência na formação do profissional fonoaudiólogo. MÉTODO: Criada em 2018, atualmente é composta por dez discentes de diversos períodos da graduação, dois fonoaudiólogos colaboradores e um professor orientador. Na vertente de ensino, realizam-se aulas internas em subgrupos visando compartilhar o conhecimento e debater temas de interesse. Além disso, em duplas, elaboram-se postagens com conteúdos relacionados à fononcologia, disfagia e cuidados paliativos para as mídias sociais. Na pesquisa, os membros desenvolvem trabalhos para apresentações em eventos nacionais e artigos científicos. Quanto à extensão, a liga propõe-se a organizar eventos acadêmicos-científicos gratuitos para graduandos e profissionais. Assim como, realiza campanhas para a comunidade relacionadas à promoção de saúde e prevenção de doenças, como: incentivo à doação de sangue, conscientização sobre o câncer e dia do fonoaudiólogo. RESULTADOS: A liga acadêmica de fononcologia foi a primeira a ser fundada no curso de fonoaudiologia e no instituto de saúde e, portanto, vem atuando ativamente de forma precursora desde então. Sua prática incentivou o surgimento de outras ligas em diferentes áreas, como: audiologia, saúde mental e linguagem infantil. Ao longo de 2 anos de formação o grupo realizou 21 ações de ensino e extensão, dentre elas: 7 palestras presenciais/mesas redondas, 6 palestras online, 7 campanhas para a população e uma jornada acadêmica de fonoaudiologia. Nessas ações, participaram 56 profissionais como palestrantes e aproximadamente um público de 5.200 pessoas, sendo 800 participantes nos eventos científicos e cerca de 4.400 pessoas nas campanhas. Em diferentes redes socais a liga acadêmica produziu materiais informativos na forma de fluxo contínuo. Na pesquisa foram apresentados 13 trabalhos em congressos em diferentes locais do Brasil. CONCLUSÃO: A liga acadêmica possibilitou ao integrante desenvolver competências de suma importância, tanto para o âmbito acadêmico quanto para sua futura trajetória profissional. Dessa forma, percebe-se que as principais habilidades desenvolvidas foram: independência, autonomia, trabalho em equipe, resolução de conflitos, senso de liderança, escrita científica, senso de responsabilidade social, empatia e integração com a comunidade. Acredita-se que a população e a universidade se beneficiaram com a implementação da iniciativa estudantil, dando margem para a disseminação de um conhecimento relacionado ao autocuidado e saúde pública.
Palavras-chave: Fonoaudiologia, Oncologia, Educação em Saúde, Promoção da Saúde.

Não se aplica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1742
LIGA DE FONONCOLOGIA DURANTE A PANDEMIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO
Em dezembro de 2019 foi identificado um novo vírus capaz de infectar humanos,
altamente transmissível na província de Wuhan na China. Esse vírus que ficou
conhecido como novo coronavírus ou COVID-19 e se alastrou pelo mundo. Em
razão de sua alta transmissibilidade por meio de gotículas e aerossóis no mundo
inteiro, medidas para reduzir a transmissão foram adotadas e, entre elas, o
distanciamento social. (1) Com a suspensão das atividades acadêmicas presenciais, a
liga do curso de Fonoaudiologia precisou ressignificar as ações educacionais e de
saúde por meio de ferramentais digitais, mantendo a proteção de todos e
acolhimento da equipe, dos profissionais e da comunidade.

OBJETIVO
Relatar as estratégias adotadas pela liga de fonoaudiologia para viabilizar a
realização de suas ações de ensino, extensão e pesquisa em meio a pandemia do
COVID-19.

METODOLOGIA
Relato de experiência descritivo e observacional.

RESULTADO
Com a adoção de medidas de prevenção da infecção pelo novo coronavírus, a liga
intensificou nos últimos três meses as suas ações através das redes sociais. As
ações realizadas ocorrem visando: o desenvolvimento de material informativo de
fácil acesso e compreensão; divulgação de novas medidas adotadas OMS, MS e do
governo regional na prevenção do coronavírus; divulgação de estratégias para o
enfrentamento do período de distanciamento social; criação de lista de transmissão
em aplicativo de mensagens para transmitir informações a pacientes sem amplo
acesso às redes sociais, duas vezes por semana, contendo exercícios físicos,
explicações sobre COVID-19 e sugestões de cuidados pessoais através de textos e
vídeos; intensificação das ações de ensino e pesquisa com os integrantes da liga
por meio da realização de cursos online, leitura e discussão de artigos, bem como
elaboração de resenhas e realização de estudos dirigidos; teleatendimentos com
atividades semanais de orientações e canto com os pacientes Laringectomizados
Totais, e pacientes dos ambulatórios da unidade de alta complexidade em oncologia
e da cirurgia de cabeça e pescoço. Concomitante a esses trabalhos realizados,
notou-se a necessidade de promover atividades práticas voltadas ao entretenimento
como forma de manutenção da saúde mental diante do contexto vivido, portanto, foi
criado o quadro “Boas Práticas”, em uma rede social, cujo objetivo é publicar,
semanalmente, atividades de distração para os seguidores, como meditar, fazer
artesanato e cozinhar. Para manter as ações e fomentar atividades integrativas que
contemplam a construção do conhecimento, realizou-se o planejamento e execução
das vendas de rifas que, no período de isolamento social, ocorreram de maneira
remota. Através dessa atuação foi possível obter um ganho financeiro e contribuir
com doações para o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI’s)
aos profissionais de saúde de um Hospital Universitário da região, considerando
que, com a pandemia pelo novo coronavírus, houve escassez desses insumos.
Além disso, foram destinados recursos para a compra de um chip para viabilizar a
linha de transmissão já mencionada.

CONCLUSÃO
A liga nesse contexto tem despertado a criatividade e o senso investigativo de seus
membros para desenvolver estratégias cientificamente embasadas para assegurar a
melhor assistência a comunidade envolvida.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1139
LINGUAGEM E FISSURA LÁBIO/PALATINA NA LITERATURA FONOAUDIOLÓGICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: a fissura lábio/palatina (FL/P) é uma malformação orofacial congênita, de etiologia multifatorial, que se estabelece precocemente na vida intrauterina. No mundo, a cada dois minutos e meio nasce uma criança com FL/P(1) e, no Brasil, um bebê a cada 650 nascidos vivos. No que se refere ao desenvolvimento da modalidade de linguagem oral da criança com FL/P, distúrbios articulatórios e vocais podem ocorrer diante de alterações orgânicas e fisiológicas relacionadas à malformação orofacial(2). Quanto à modalidade escrita, comumente, verifica-se que alterações articulatórias resultam em problemas na aprendizagem/linguagem escrita(3). Nessa linha de argumentação, possíveis problemas de aprendizagem ficam centralizados nos próprios sujeitos com FL/P, restringindo tais problemas a suas questões biológicas. Assim, são desconsideradas questões discursivas, subjetivas e sociais, imprescindíveis no processo de apropriação da linguagem escrita(4). Objetivo: analisar o que a literatura da área fonoaudiológica discorre sobre as modalidades oral e escrita da linguagem em sujeitos com FL/P, verificando se há preponderância de uma modalidade sobre a outra. Método: foi realizada uma revisão sistemática integrativa da literatura, tendo em vista artigos científicos publicados na língua portuguesa, sem restrições quanto a ano de publicação, em revistas voltadas, em especial, à área fonoaudiológica: Communication Disorders Audiology and Swallowing (CoDAS), Revista CEFAC e Revista Distúrbios da Comunicação (DIC). Para tanto, foram elencados os seguintes descritores: quanto aos disponíveis para fissura, fissura palatal e fenda labial; no que se refere à busca voltada à linguagem oral, distúrbios da fala, transtornos da articulação, barreiras de comunicação e fala; quanto à busca voltada à linguagem escrita, transtorno de aprendizagem específico, escolaridade, ensino fundamental e médio, baixo rendimento escolar, leitura e escrita manual. Resultados: dos 19 artigos selecionados, constatou-se que: seis (31%) voltavam a atenção à produção articulatória; outros sete (37%), para a produção vocal; cinco (27%) revelavam resultados de intervenções físicas em qualidades de fala/voz; apenas um artigo (5%) contemplou aspectos relacionados à linguagem escrita. Portanto, é possível afirmar que as produções nacionais que associam linguagem à FL/P, voltam-se, em sua maioria, para modalidade oral da linguagem e sua interface anatomofuncional, sobretudo, no que se refere à qualidade vocal e à produção de sons da fala(5). Conclusão: nos quadros de FL/P, a produção acadêmico-científica fonoaudiológica está centralizada em aspectos orgânicos e fisiológicos diante da fissura, ressaltando os cuidados biomédicos. É notória a necessidade de pesquisas que corroborem com subsídios para a prática clínica na FL/P, sob o olhar de uma concepção que, além de fatores anatomofuncionais, considerem o contexto psicossocial que envolve, de maneira geral, o sujeito com FL/P, que se constitui por meio da linguagem, na interação com o outro, que fala, que escreve e que lê.

1. RIBEIRO, E. M.; MOREIRA, A. S. C. G. Atualização sobre o tratamento multidisciplinar das fissuras labiais e palatinas. Rev Bras Prom Saúde. 18:31-40, 2005.

2. PRUDENCIATTI, S. M.; TABAQUIM, M. L. M. Pré-competências para a aprendizagem de leitura e escrita de crianças com fissura labiopalatina. Universidade de São Paulo, Bauru, 2015.

3. NUNES, C.; FROTA, S., MOUSINHO, R. Consciência fonológica e o processo de aprendizagem de leitura e escrita: implicações teóricas para o embasamento da prática clínica fonoaudiológica. Rev CEFAC. São Paulo, v. 11, n. 2, p. 207-2012, 2009.

4. SIGNOR, F. R. C; BERBERIAN, A. P.; SANTANA, A. P. A medicalização da educação: implicações para a constituição do sujeito/aprendiz. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 43, n. 3, p. 743-763, Sept. 2017.

5. TONOCCHI, R. Oralidade e escrita: o processo de escrita de sujeitos portadores de fissura lábio-palatina [Dissertação Mestrado] - Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1851
LINGUAGEM E MEMÓRIA EM PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ALZHEIMER: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A doença de Alzheimer (DA) é a demência mais recorrente nos idosos, categorizando-se como uma doença degenerativa, progressiva e irreversível resultante da perda de células cerebrais que compromete o desempenho cognitivo do portador.1,4 O declínio cognitivo crescente e irreversível com inúmeros déficits cognitivos caracteriza as principais manifestações primárias na DA, que afetam primeiramente a memória.2 Esta perda progressiva prejudica o paciente em suas atividades cotidianas e o seu desempenho social e ocupacional.3 Dessa forma, consequentemente, outras funções cognitivas são afetadas como a aprendizagem e a linguagem, com redução na aquisição de novas informações e uma piora progressiva.2 Objetivo: Descrever achados na literatura relacionados às alterações de linguagem e memória nos pacientes com diagnóstico de Alzheimer. Métodos: Estudo com base em revisão integrativa da literatura. As buscas foram realizadas nas bases de dados SciELO, LILACS, PubMed, ScienceDirect, SCOPUS e Google Acadêmico. Foram aceitos artigos em português e inglês, dos últimos cinco anos (período de 2015 a 2020), utilizando os seguintes descritores: Memória AND Linguagem AND Alzheimer; Memory AND Language AND Alzheimer; nas bases subsequentes foram adaptados os descritores quando necessário, correlacionados entre si. Os resumos dos artigos obtidos na busca inicial foram lidos para verificação dos critérios de inclusão. Os selecionados foram lidos integralmente. Resultados: A busca eletrônica inicial apontou 317 artigos, dos quais foram excluídos 312 pela análise do resumo e 4 foram selecionáveis para este estudo após a sua leitura completa. Observou-se que a DA traz as alterações de memória como principal prejuízo, assim como o predomínio de déficits no subsistema declarativo, em especial o episódico, prejuízo da memória de curto prazo e operacional, como também da flexibilidade no pensamento. Na linguagem, destacam-se alterações na semântica, redução de iniciativa e intenção comunicativa, limitação de vocabulário, dificuldade para ler e escrever, de entender ideias e fornecer informações coerentes, perdas das funções cognitivas e funções executivas, baixa capacidade de resolução de problemas entre outros. Em estágios avançados evidencia-se completo mutismo atrelado a diversas modificações como apraxias e agnosias. Conclusão: As alterações decorrentes da Doença de Alzheimer ocasionam uma série de comprometimentos na memória, na comunicação e na qualidade de vida dos indivíduos.


Descritores: Cognição. Memória. Linguagem. Alzheimer. Fonoaudiologia.

1 Assis, C. R. C. Qualidade de vida de idosos com Alzheimer: um estudo de correlação. [Dissertação]. Rio de janeiro: Universidade Federal Fluminense. 2017.
2 Araújo, A. G. D.; Lima, D. O.; Nascimento, I. P.; Almeida, A. A. F.; Rosa, M. R. D. Linguagem em idosos com doença de Alzheimer: uma revisão sistemática. Revista CEFAC. 2015.
3 Caetano, L. A. O.; Silva, F. S.; Silveira, C. A. B. Alzheimer, sintomas e grupos: uma revisão integrativa. Vínculo. 2017.
4 Guimarães, C. H. S.; Malena, L. M. A.; Limborço-Filho. M.; Marins, F. R. Demência e a doença de Alzheimer no processo de envelhecimento: fisiopatologia e abordagem terapêutica. Revista Saúde em Foco. 2018.
5 Fernandes, J. S. G.; Andrade M. S. Revisão sobre a doença de Alzheimer: diagnóstico, evolução e cuidados. Rev. Psic., Saúde & Doenças [Internet]. 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1169
LINGUAGEM E NEURODESENVOLVIMENTO NA SÍNDROME DE PRADER-WILLI: RELATO DE CASOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
17120001


Introdução: A Síndrome de Prader-Willi (SPW) é um distúrbio de impressão genômica no desenvolvimento neurológico com falta de expressão de genes herdados da região paterna do cromossomo 15q11-q13, geralmente das deleções paternais de 15q11-q13 (60%) ou da disomia materna uniparental 15 ou ambas 15s da mãe (35%)1-3. As características são anormalidades endócrinas em virtude da insuficiência hipotalâmica, hipofisária e dificuldades físicas, comportamentais e intelectuais complexas. Afeta 1 em cada 15.000 a 30.000 indivíduos2. A história clínica inclui: movimentos fetais diminuídos, baixo peso no nascimento; letargia, choro fraco; hipotonia severa; ADNPM; dificuldade de sucção e deglutição, pouco ganho de peso nos primeiros meses de vida; ganho peso rápido entre nos primeiros 6 anos; traços faciais distintivos: dolicocéfalo, diâmetro bifrontal diminuído, olhos amendoados, boca pequena, lábio superior fino e cantos curvados para baixo; deficiência intelectual; hipogonadismo; puberdade tardia; hiperfagia; alteração comportamental; distúrbios do sono; estatura baixa; hipopigmentação de pele e cabelo; mãos e pés pequenos; osteoporose; diabetes mellitus do tipo 2; alto limiar de dor; variações na temperatura corporal e distensão abdominal1-4. A hiperfagia inicia em fase pré-escolar e levará a obesidade mórbida se não controlada5. Sã previstos distúrbios comportamentais e psiquiátricos, incluindo acumulação, inflexibilidade de pensamento e comportamentos repetitivos e perseverativos; birras, labilidade emocional. O perfil cognitivo inclui rigidez cognitiva, déficits atencionais; falha no processamento das informações auditivas e visuais, distúrbios de linguagem com vocabulário reduzido, simplicações sintáticas e alterações pragmáticas3-7. Objetivo: Apresentar as características de neurodesenvolvimento e linguagem de 3 crianças com Síndrome de Prader-Willi. Metodologia: Projeto aprovado (CAAE: 42356815.1.0000.5417). A avaliação constou de sessão de anamnese e aplicação da Escala de Desenvolvimento Comportamental de Gesell e Amatruda (EDCGA)9 e Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem (ADL)10. Quanto a idade cronológica: P1: 4a10m; P2: 5a3m; P3: 5a11m). Resultados: Na anamnese foi possível levantar no histórico, a trajetória de desenvolvimento prevista na síndrome quanto ao atraso no neurodesenvolvimento, queixas comportamentais e principalmente a hiperfagia, conforme descreve a literatura1-7 e durante os procedimentos de avaliação foram verificadas as principais características fenotípicas da síndrome1-4. Na EDCGA, todas as áreas avaliadas não estavam compatíveis com a idade cronológica. As áreas de linguagem, adaptativa, pessoal-social e motora (grosseiro e delicado), estavam mais comprometidas, respectivamente, para todos os participantes. No ADL os escores apontaram para distúrbio severo de linguagem para todos os participantes, com a linguagem receptiva com pontuação maior que a expressiva. Conclusão: A Síndrome de Prader-Willi possui fenótipos físicos e comportamentais específicos e, conhecer este quadro sindrômico é fundamental para o manejo terapêutico4,5. O acompanhamento terapêutico deve ser realizado por equipe multiprofissional e a intervenção deve ser iniciada o mais precocemente para minimizar as alterações e dificuldades encontradas, principalmente quanto ao desenvolvimento da linguagem, aprendizagens e comportamentos.

1. Butler MG, Miller JL, Forster J. Prader-Willi Syndrome - Clinical Genetics, Diagnosis and Treatment Approaches: An Update.Curr Pediatr Rev. 2019;15(4): 207–244.

2, Griggs JL, Sinnayah P, Mathai ML. Prader–Willi syndrome: From genetics to behaviour, with special focus on appetite treatments. Neurosci Biobehav Rev. 2015;59:155-72.

3. Mackay J, McCallum Z, Ambler GR, Vora, K Nixon G, Bergman P. et al. Requirements for improving health and well‐being of children with Prader‐Willi syndrome and their families. J Paediatr Child Health.2019;55(9):1029–1037.

4. Holland AJ, Aman LCS, Whittington JE. Defining Mental and Behavioural Disorders in Genetically Determined Neurodevelopmental Syndromes with Particular Reference to Prader-Willi Syndrome. Genes (Basel) 201910(12): 1025 37.

5. Cataletto M, AnguloM, Hertz G, Whitman B. Prader-Willi syndrome: A primer for clinicians. Int J Pediatr Endocrinol.;2011(1): 12.

6.Lukoshe A. Hokken-Koelega AC, van der Lugt A, White T. Reduced Cortical Complexity in Children with Prader-Willi Syndrome and Its Association with Cognitive Impairment and Developmental Delay. PLoS One.2014;9(9):e107320.

7. Dykens EM, Hunt-Hawkins H & Roof E. Cognitive and adaptive advantages of growth hormone treatment in children with Prader-Willi syndrome. J Child Psychol Psychiatry. 2016; doi:10.1111/jcpp.12601.

8. Gesell A. Gesell e Amatruda diagnóstico do desenvolvimento: avaliação e tratamento do desenvolvimento neuropsicológico do lactente e da criança pequena, o normal e o patológico. 3.Ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

9. Menezes MLN. A construção de um instrumento para avaliação do desenvolvimento da linguagem – ADL: idealização, estudo piloto para padronização e validação [tese]. Rio de Janeiro (RJ): Fundação Oswaldo Cruz; 2003.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1002
LINGUAGEM ESCRITA E PESSOAS COM TEA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Considerando que pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) apresentam particularidades significativas quanto ao desenvolvimento e uso das modalidades de linguagem oral e escrita, chama atenção a escassez de estudos que abordam essas temáticas. Para o implemento desses estudos, interessa apreender um panorama geral do conhecimento científico já produzido capaz de evidenciar tendências e lacunas em relação aos modos de abordar processos de apropriação, desenvolvimento e ensino-aprendizagem da linguagem escrita por parte de tais pessoas(1-3). Objetivo: Este estudo objetiva analisar parte da produção do conhecimento científico publicada em periódicos nacionais, relacionada a linguagem escrita no contexto de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). Método: Trata-se de uma revisão integrativa de caráter quanti-qualitativo. Para a delimitação do corpus de análise foram selecionados artigos nacionais publicados em língua portuguesa em periódicos indexados nas bases de dados eletrônicos Lilacs e Scielo, entre o período de 2010 e 2020. Para análise dos artigos científicos selecionados foram considerados os seguintes aspectos: enfoque na leitura e/ou escrita, concepção de linguagem escrita, participantes, contexto institucional. Resultados: Dos 11 artigos que compõe o corpus, encontramos temáticas que enfocam especificamente a escrita (70%), somente a leitura (70%) e a escrita/leitura (30%). Com relação à concepção de linguagem escrita que fundamenta tais artigos, houve predominância de uma perspectiva de linguagem enquanto instrumento de comunicação e expressão (90%) e, com menor recorrência, como uma prática social, de natureza simbólica e constitutiva dos sujeitos (10%). Quanto aos participantes referidos nos artigos constam crianças e adolescentes com TEA (100%), com primazia de crianças em idade escolar; bem como, professores (40%) e seus familiares (20%). Quanto aos contextos institucionais abordados, constam escola pública/regular (40%), clínicas das áreas da fonoaudiologia e psicologia (40%) e familiar (10%). Conclusão: Os resultados encontrados apontam para o fato de que a concepção de linguagem escrita como código e/ou instrumento fundamenta parte significativa dos artigos analisados. A pequena recorrência de artigos pautados na concepção sócio/histórica da linguagem escrita aponta para a necessidade do implemento de estudos que, orientados por tal perspectiva, abordem as dimensões discursiva, textual e normativa desta modalidade de linguagem. Além disso, fica evidente a necessidade de estudos cujo domínio de investigação esteja circunscrito a aspectos relacionados à leitura e escrita envolvendo jovens e adultos com TEA, bem como seu contexto familiar.

1. Nunes DRDP, Walter EC. Processos de leitura em educandos com autismo: Um estudo de revisão. Revista Brasileira de Educacao Especial. 2016.
2. Menotti ARS, Domeniconi C, Benitez P. Atividades aplicadas pelos pais para ensinar leitura para filhos com autismo. Psicol Esc e Educ. 2019;
3. Bernardino LMF. A importância da escrita na clínica do autismo. Estilos da Clin. 2015;


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2100
LINGUAGEM RECEPTIVA E EXPRESSIVA DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O transtorno de linguagem (TL) é uma condição do neurodesenvolvimento que apresenta alterações na compreensão e/ou na produção da linguagem falada1,2. A aplicação de testes formais para a avaliação da linguagem tem sido utilizada como auxílio diagnóstico3,4 e fornece informações que permitem comparações de desempenho entre o grupo de crianças com diagnóstico de TL em diferentes habilidade (e.g., receptivas e expressivas da linguagem) .e também comparação com o grupo de crianças com desenvolvimento típico de linguagem3,4 Objetivo: Investigar as habilidades receptivas e expressivas da linguagem de pré-escolares diagnosticados com TL e compará-las a crianças com desenvolvimento típico de linguagem. Método: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Etica em Pesquisa da Instituição onde foi realizada (#2070230). Seguindo os critérios éticos, foram selecionadas 30 crianças, sendo 10 com diagnóstico de TL, de ambos os sexos, subdivididas em 2 grupos de acordo com a faixa etária, cinco crianças com idade cronológica de quatro a quatro anos e 11 meses e cinco crianças com idade cronológica de cinco a cinco anos e 11 meses, para o Grupo Amostral I (GAI); e o Grupo Comparativo (GC) composto por 20 crianças seguindo o mesmo critério do grupo amostral, com o intuito de compará-los por idade e sexo. Para avaliação das habilidades receptiva e expressiva da linguagem falada foi aplicada a versão brasileira do Preschool Language Assessment Instrument, segunda edição (PLAI-2)4,5. Esse instrumento também possui uma análise complementar sobre os comportamentos interferentes que ocorrem durante o processo avaliativo, são esses: apáticos - sem resposta, resposta tardia e falar baixo; impetuosos – ações extras, falar execessivamente, falar alto e o total acumulativo de comportamentos 4,5. Os dados dos grupos foram comparados tanto nas medidas de caracterização de desempenho receptivo e expressivo da linguagem, quanto na avaliação comportamental 4,5, 6. Resultados:. O desempenho da linguagem falada nas crianças com TL, quando comparadas às típicas no PLAI-2, foi inferior nas duas faixas etárias estudadas (de quatro anos a quatro anos e 11 meses e de cinco a cinco anos e 11 meses) tanto nas habilidades receptivas quanto nas expresivas da linguagem, com desempenho inferior na habilidade expressiva, quando comparada à receptiva. No que se refere aos dados comportamentais, mostraram que as crianças com TL apresentaram comportamentos interferentes em maior escala quando comparado com crianças com desempenho típico de linguagem, ou seja, escores superiores para as variáveis sem resposta, ações extra e total acumulativo de comportamentos. Este dado vai de encontro com a literatura que mostra que crianças com alterações no desenvolvimento da linguagem geralmente também apresentam alterações de comportamento 7,8,9. Conclusão: Este estudo indicou que o PLAI-2 foi capaz de diferenciar os grupos investigados, confirmou e complementou o diagnóstico clínico e, ainda nos mostrou diferenças entre os escores de recepção e expressão, nas duas faixas etárias do grupo amostral, onde a recepção foi melhor que a expressão da linguagem. Nos aspectos comportamentais, as crianças com TL apresentaram maior pontuação para comportamentos interferentes, corroborando com a literatura. Sugere-se o aumento da amostra para achados mais robustos sobre o tema.


REFERÊNCIAS

1. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS: DSM-5. 5. ed. Arlington: American Psychiatric Association; 2013.

2. AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION - ASHA. Definitions of communication disorders and variations [internet]. Disponivel em: http://www.asha.org/docs/html/RP1993-00208.html Rockville: American Speech Language-Hearing Association; 2007. [acesso de 2020].

3. AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION - ASHA. Language. 1982. Disponível em: < http://www.asha.org/policy/RP1982-00125.htm >. [acesso Março de 2020].


4. BLANK, M.; ROSE, S.A.; BERLIN, L.J. Preschool Language Assessment Instrument – Second Edition: PLAI-2. Austin: PRO-ED, 2003.

5. CAPUTTE AJ, ACCARDO PJ. Language Assessment. In: Caputte AJ, Accardo PJ, editors. Developmental and Disabilities in Infancy and Childhood. Baltimore: Paul H Brookes Publishing Co.; 1991. p. 165-79.


6. LINDAU, T. A. Adaptação transcultural do Preschool Language Assessment Instrument (PLAI-2) em falantes do português brasileiro com desenvolvimento típico de linguagem. 2014. 127 f. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília, 20 de fevereiro de 2014.

7. GIACHETI C. M.; ROSSI, N. F. Diagnóstico fonoaudiológico dos distúrbios da comunicação. Pró-Fono: Revista de Atualização Científica, Carapicuíba, v. 20, p. 4-6. 2008. Suplemento.


8. LINDAU, T. A.; ROSSI, N. F.; GIACHETI, C. M. Cross-cultural adaptation of Preschool Language Assessment Instrument: Second Edition. CoDAS, v. 26, p. 428- 433, 2014 (a).

9. SOARES, T.M. Desempenho de pré-escolares com queixa de distúrbios da comunicação no Preeschool Language Assessment Instrument (PLAI-2). 2016. 90 f. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília, 25 de abril de 2016



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1168
LISTA DE SENTENÇAS PARA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA FALA:UMA NOVA PROPOSTA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A compreensão da fala é considerada o aspecto mais importante a ser medido na função auditiva, sendo essencial para a integração social dos indivíduos (1). A aproximação da Fonoaudiologia com a Linguística desenvolveu técnicas para diagnosticar precocemente alterações da linguagem dos indivíduos, bem como para desenvolver protocolos de avaliação da compreensão da fala. O campo de processamento da fala na Engenharia vem evoluindo constantemente, contribuindo com recursos tecnológicos que possibilitaram aprimorar, padronizar e automatizar testes utilizados na área audiológica (2). Por meio dessa relação ocorreu um grande avanço na avaliação da percepção da fala. Contudo, analisando a literatura nacional, verificou-se que na prática clínica atualmente há poucas opções de testes que utilizam sentenças para avaliar o reconhecimento de fala (3,4,5).Com o intuito de disponibilizar para a prática clínica um novo teste de reconhecimento de fala, foram analisados bancos de fala do português brasileiro. Um banco de fala muito conhecido nacionalmente foi desenvolvido por Alcaim (6) e adaptado por Seara (7). Este banco de fala tem balanceamento fonético, sendo constituído por 35 fonemas com ocorrência total de 20.178 fonemas ao longo das sentenças. Objetivo: atualizar uma lista de sentenças para avaliar o reconhecimento de fala para adultos. Método: A pesquisa foi de caráter observacional, transversal e analítico, sendo. A mesma foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição ( CAAE: 2.313.890). Foi analisado e atualizado um banco de fala composto por 200 sentenças, distribuídas em 20 listas balanceadas foneticamente, desenvolvido por Alcaim (6) e adaptado por Seara (7).A análise das sentenças passou por duas etapas de revisão para atualização. Na primeira etapa do estudo, foi enviado um questionário online para 60 juízes analisarem as sentenças do banco de fala em relação aos parâmetros de familiaridade, significado e previsibilidade. Os juízes eram linguistas e reabilitadores auditivos com experiência na avaliação de percepção de fala. Para análise da consistência interna do questionário foi aplicado coeficiente Alfa de Cronbach. Na segunda etapa da pesquisa as sentenças foram revisadas por três juízes para verificar se as mesmas estavam de acordo com os critérios indicados pela literatura para construção de sentenças. Resultado: Foram analisadas as respostas de 15 juízes que preencheram todo o questionário. Verificou-se que a concordância encontrada na análise das sentenças em relação aos parâmetros de previsibilidade (0,986) e familiaridade e significado de sentença (0,960) foi alto. Foram consideradas 71 sentenças para serem modificadas na primeira etapa, sendo a previsibilidade o parâmetro que teve maior ocorrência de modificação. Na segunda etapa, foram identificadas mais 28 sentenças passíveis de modificação, sendo que a presença de nome próprio foi o critério mais frequente. Conclusão: Foi possível atualizar as sentenças sendo o parâmetro de previsibilidade o mais apontado pelos juízes na primeira fase do estudo. Já na segunda etapa foi a exclusão de nomes próprios . Concluiu-se que a maioria das modificações realizadas nas sentenças deste estudo possibilitou a criação de um material para auxiliar na padronização da avaliação de percepção de fala para normo ouvintes e indivíduos com perda auditiva.



1. Sbompato, A. F., Corteletti, L. C. B. J., Moret, A. de L. M., & Jacob, R. T. de S. Hearing in Noise Test Brazil: standardization for young adults with normal hearing. Braz J Otorhinolaryngol. 2015; 81(4), 384–388.
2. Grimm G, Kollmeier B, Hohmann V. Spatial Acoustic Scenarios in Multichannel Loudspeaker Systems for Hearing Aid Evaluation. J Am Acad Audiol. 2016; 27(7): 557-566.
3. Costa MJ. Listas de Sentenças do Português. 1ª ed. Santa Maria: Pallotti, 1998. 48 p.
4. Valente SLO. Elaboração de listas de sentenças construídas na língua
portuguesa [Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica; 1998.
5. Melo RC et al. Hearing in Noise Test (HINT) em português brasileiro: critérios de interpretação de respostas. Rev. Codas. 2016; 29(1): 1-7.

6. Alcaim A, Solewicz JA, Moraes JA. Frequência de ocorrência dos fones e listas de frases foneticamente balanceadas no português Falado no Rio de Janeiro. Rev. da Sociedade Brasileira de Telecomunicações. 1992; 7(1): 23-41.
7. Seara IC. Estudo estatístico dos fonemas do português falado na capital de Santa Catarina para elaboração de frases foneticamente balanceadas [Dissertação]. Florianópolis: Curso de Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina, 1994.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1213
LOCALIZAÇÃO SONORA EM INDIVÍDUOS COM PERDA AUDITIVA UNILATERAL: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva unilateral é caracterizada pela perda de audição em uma orelha com limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade na orelha contralateral. Dessa forma, em consequência da assimetria entre as informações que são enviadas pelo sistema auditivo periférico ao córtex auditivo, o processamento auditivo central destes indivíduos pode apresentar alterações, principalmente relacionadas a localização sonora e percepção de fala no ruído (1). Objetivo: Verificar o desempenho de indivíduos com perda auditiva unilateral em testes de localização sonora, por meio de uma revisão na literatura. Métodos: A revisão integrativa foi conduzida de acordo com Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). Estudos que avaliaram o desempenho de pacientes com perda auditiva unilateral nos testes de localização sonora foram pesquisados nas bases de dados PubMed/MEDLINE, EMBASE, LILACS, Web of Science, Scopus e LIVIVO. Os estudos foram avaliados quanto à elegibilidade por uma revisora, quanto aos seus objetivos, métodos e resultados encontrados. Resultados: Um total de 2.586 estudos foram encontrados nas bases de dados citadas, no dia 23 de maio de 2020, e destes, 769 foram excluídos devido a duplicação. Foi realizada leitura de 1.817 títulos e resumos, dos quais foram selecionados 28 artigos para leitura na íntegra e 19 foram excluídos porque não obedeciam aos critérios de inclusão e exclusão para esta revisão. Foram incluídos nove estudos nesta revisão, dois realizados com amostras de crianças (2,3) e o restante com adultos (4–10), dos quais os testes variaram quanto ao número de caixas de som utilizadas, ângulo entre a disposição das caixas, bem como ao estímulo utilizado para avaliação. Dois testes realizaram a avaliação com estímulo sonoro em cinco direções (guizo) (3,9). O número de caixas de som utilizadas variou entre cinco (7), nove (4), 12 (10), 13 (2) e 15 (6) caixas de som e um estudo, foi realizado com uma caixa de som acoplada em um aro circular e monitorada por um computador, com a possibilidade de incidência do som em 63 posições diferentes (8). O ângulo da distância entre as caixas de som foi de 2.5º (8), 10º (6), 15º (2,10), 30º (4) e 45º azimute (5,7). Quanto aos estímulos utilizados, encontrou-se palavras (6,7) (monossílabas e espondaícas), tom puro (2) e ruído (4,5,8). Alguns testes foram realizados nas frequências de 500Hz e 3000Hz (2,4). Encontrou-se nestes estudos que o desempenho de indivíduos com perda auditiva unilateral em testes de localização sonora se mostrou inferior em relação aqueles com audição normal. O uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (9), CROS bone-conduction (8) e implante coclear (5,10), podem ser benéficos para melhora dessa habilidade, embora um estudo aponte que não houve diferença na habilidade de localização com o uso do dispositivo (8). Conclusão: Na maioria dos estudos encontrados, indivíduos com perda auditiva unilateral apresentam desempenho inferior na habilidade auditiva de localização sonora. Observou-se variabilidade nos resultados encontrados quanto ao benefício na habilidade de localização sonora com uso de dispositivos de amplificação em pacientes com perda auditiva unilateral.


1. Pupo AC, Barzaghi L, Boéchat EM. Intervenção fonoaudiológica nas perdas auditivas unilaterais em crianças. In: Boéchat EM, Menezes PL, Couto CM do, Frizzo ACF, Scharlach RC, Anastasio ART, editors. Tratado de Audiologia. 2nd ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2015. p. 470–7.
2. Bess FH, Tharpe AM, Gibler AM. Auditory Performance of Children with Unilateral Sensorineural Hearing Loss. Ear Hear [Internet]. 1986 Feb;7(1):20–6. Available from: http://journals.lww.com/00003446-198602000-00005
3. Nishihata R, Vieira MR, Pereira LD, Chiari BM. Processamento temporal, localização e fechamento auditivo em portadores de perda auditiva unilateral. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(3):266-73.
4. Hol MKS, Bosman AJ, Snik AFM, Mylanus EAM, Cremers CWRJ. Bone-Anchored Hearing Aids in Unilateral Inner Ear Deafness: An Evaluation of Audiometric and Patient Outcome Measurements. Otol Neurotol [Internet]. 2005 Sep;26(5):999–1006. Available from: http://journals.lww.com/00129492-200509000-00028
5. Grossmann W, Brill S, Moeltner A, Mlynski R, Hagen R, Radeloff A. Cochlear Implantation Improves Spatial Release From Masking and Restores Localization Abilities in Single-sided Deaf Patients. Otol Neurotol [Internet]. 2016 Jul;37(6):658–64. Available from: http://journals.lww.com/00129492-201607000-00008
6. Firszt JB, Reeder RM, Holden LK. Unilateral Hearing Loss. Ear Hear [Internet]. 2017;38(2):159–73. Available from: http://journals.lww.com/00003446-201703000-00005
7. Cañete OM, Purdy SC, Brown CRS, Neeff M, Thorne PR. Impact of Unilateral Hearing Loss on Behavioral and Evoked Potential Measures of Auditory Function in Adults. J Am Acad Audiol [Internet]. 2019 Jul 25;30(07):564–78. Available from: http://www.thieme-connect.de/DOI/DOI?10.3766/jaaa.17096
8. Agterberg MJH, Snik AFM, Van de Goor RMG, Hol MKS, Van Opstal AJ. Sound-localization performance of patients with single-sided deafness is not improved when listening with a bone-conduction device. Hear Res [Internet]. 2019 Feb;372:62–8. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0378595517303040
9. Mondelli MFCG, Santos MDM dos, Feniman MR. Unilateral hearing loss: benefit of amplification in sound localization, temporal ordering and resolution. CoDAS [Internet]. 2020;32(1):e20180202. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822020000100304&tlng=en
10. Galvin JJ, Fu Q-J, Wilkinson EP, Mills D, Hagan SC, Lupo JE, et al. Benefits of Cochlear Implantation for Single-Sided Deafness. Ear Hear [Internet]. 2019;40(4):766–81. Available from: http://journals.lww.com/00003446-201907000-00002


TRABALHOS CIENTÍFICOS
770
LUDICIDADE NA TERAPIA DE MOTRICIDADE OROFACIAL
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A sucção é considerada a primeira atividade coordenada do sistema estomatognático e é classificada em duas formas: nutritiva e não nutritiva. A sucção nutritiva visa a alimentação e nutrição do indivíduo. A sucção não nutritiva é representada pelo hábito de sucção digital, de chupeta ou outro objeto e quando este persiste por um período superior aos dois anos de idade, torna-se um hábito oral deletério. Sabendo que os hábitos orais deletérios ocasionam piora da qualidade de vida na infância e adolescência, realizou-se trabalho terapêutico direcionado a remissão desse hábito. Objetivos: descrever a intervenção fonoaudiológica para retirada de hábitos orais deletérios através da ludicidade durante as aulas práticas da disciplina de Avaliação e métodos clínicos do sistema miofuncional orofacial e cervical do Curso de Fonoaudiologia de uma universidade do sul do Brasil. Métodos: uma paciente do sexo feminino, seis anos de idade, foi encaminhada pela UBS do seu bairro à Clínica de Fonoaudiologia da universidade por apresentar hábito de sucção digital, respiração oral e desvio fonético em encontros consonantais. No decorrer das sessões terapêuticas foram adotados exercícios isométricos e isotônicos para adequação da tensão e mobilidade das estruturas miofuncionais visando ganho de oclusão labial, além de atividades que proporcionavam a adequação do ponto articulatório de diferentes fonemas. Por tratar-se de uma criança que necessitou de motivação durante a terapia, foram criadas estratégias lúdicas para a execução dos exercícios e retirada dos hábitos orais. Optou-se pelos recursos de musicalização e contação de história com inserção de fantoches. O recurso de musicalização foi utilizado com o objetivo de facilitar o aprendizado e memorização dos exercícios miofuncionais. As histórias eram adaptadas para a paciente, dando a entender que o problema do personagem principal era a sucção digital e que os fantoches seriam seus auxiliadores, pois eles deveriam ficar em suas mãos durante os períodos de repouso/sono. Resultados: a forma como trabalhou-se na intervenção fonoaudiológica se mostrou válida e eficaz, uma vez que a paciente aderiu com facilidade a terapia. Na sessão seguinte à entrega dos fantoches a paciente relatou que parou com o hábito de sucção digital. Na quinta sessão após o início da intervenção fonoaudiológica, notou-se melhora na tensão da musculatura facial e oclusão labial da paciente. Conclusão: a ludicidade proporciona vivencias prazerosas que permitem a liberdade de ações, naturalidade e consequentemente, prazer que é difícil encontrar em processos de reabilitação e tratamento. Portanto, o uso terapêutico da ludicidade no trabalho fonoaudiológico em motricidade orofacial, assim como demais áreas, com crianças, é de extrema importância para facilitar a interação do terapeuta/paciente e fazer com que este possa aderir melhor ao tratamento proposto.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1770
MANEJO CLÍNICO EM AFASIA NO TRATAMENTO AO PACIENTE COM QUEIXAS DE DISFAGIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)




Introdução: A afasia pode ser definida como um distúrbio da linguagem que apresenta alteração no conteúdo, na forma e no uso, em decorrência a uma lesão no sistema nervoso central (SNC), tem etiologias diversas, entre elas o AVE. O paciente acometido por uma lesão neurológica pode apresentar,além da afasia, a disfagia que é caracterizada pela dificuldade em deglutir, sendo ocasionado por alterações no processo de deglutição, sendo as doenças neurológicas uma das causas mais comuns da apresentação desse sintoma. A investigação clínica nos casos neurológicos devem incluir avaliação de disfagia e afasia, tendo em vista que a flutuação do estado de consciência ou das funções cognitivas pode prejudicar a aprendizagem que favoreça a deglutição(1,4) . Objetivo: O presente estudo tem como objetivo realizar análise sobre o manejo clínico em pacientes afásicos que apresentam queixas de disfagia. Metodologia: Este estudo é uma revisão de literatura, no qual, se realizou a busca em bases de dados Lilacs, PubMed e Scielo com os descritores: Disfagia AND Afasia e Disphagia AND Aphasia. Os filtros utilizados foram está entre o período de 2010 a 2020, os trabalhos poderiam ser em inglês, português ou espanhol. Foram selecionados os estudos que relatassem a correlação entre afasia e disfagia no adulto ou no idoso. Dentre os 63 trabalhos encontrados apenas 17 foram inclusos nos critérios pré-estabelecidos. Dos 17 trabalhos selecionados 5 eram revisão sistemática, 2 relatos de caso e 10 pesquisa de campo. Resultados: Foi observado nos estudos que a doença que mais acomete os indivíduos causando disfagia e afasia é o AVE (acidente vascular encefálico). As pesquisas mostraram que a correlação entre disfagia e afasia ocorrem, uma vez que, o sistema nervoso Central não trabalha de maneira isolada e suas funções (como deglutir e falar) estão dispersas em várias localidades e quando ocorre a lesão em algum lugar do cérebro, várias funcionalidades podem estar comprometidas e por isso é importante que não faça a avaliação e intervenção de apenas uma função, mas que deva ser incluído a de linguagem também. Conclusão: Diante do exposto, esta revisão integrativa constatou um novo olhar sobre a correlação entre as queixas de deglutição, vulgo disfagia, e afasia, de modo que, não há como tratar pacientes disfágicos sem tratar dos distúrbios da comunicação, mais especificamente, afasia, visto que, a cognição do sujeito exige que tanto esse sintoma já citado, bem como, o distúrbio em questão, sejam tratados simultaneamente, favorecendo assim um tratamento completo e eficaz e, consequentemente, será oferecida uma melhor qualidade de vida ao indivíduo. Por isso, esse tema deve ser mais discutido, contudo, notou-se que há escassez de trabalhos com esse tema de extrema relevância.

1. Ortiz Karin Zazo, Marinelli Milena Ribeiro. Investigação da queixa de disfagia em pacientes afásicos. Rev. CEFAC [Internet]. 2013 Dez [citado 2020 13 de julho]; 15 (6): 1503-1511. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462013000600013&lng=en.

2. Hye Yeon Lee, Min Jeong Kim, Bo-Ram Kim, Seong-Eun Koh, In-Sik Lee, Jongmin Lee. Acute Pseudobulbar Palsy After Bilateral Paramedian Thalamic Infarction: A Case Report.
Ann Rehabil Med. 2016 ago [ citado 2020 13 de julho];40 (4): 751–756. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5012989/

3. Arthur Lau, Eno-Obong Essien, Irene J. Tan. Herpes zoster senoidal. Zoster Sine Herpete Masquerading as Central Nervous System Vasculitis. Cureus. 2020 Mar [ citado 2020 13 de julho]; 12(3): e7231. Disponível em: https://www.cureus.com/articles/28656-zoster-sine-herpete-masquerading-as-central-n

4. Furkim Ana Maria, Sacco Andréa Baldi de Freitas. Eficácia da fonoterapia em disfagia neurogênica usando a escala funcional de ingestão por via oral (FOIS) como marcador. Rev. CEFAC [Internet]. 2008 Dez [citado 2020 Julho 13] ; 10( 4 ): 503-512. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462008000400010&lng=en.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
974
MANUAIS DE APLICAÇÃO DE PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: na avaliação fonoaudiológica diferentes aspectos devem ser observados para que o processo seja satisfatório, permitindo um diagnóstico correto e um bom processo interventivo. Dentre os avanços científicos apresentados nessa área, destaca-se o desenvolvimento de protocolos e manuais de aplicação que auxiliem no processo diagnóstico fonoaudiológico, possibilitando a padronização das avaliações e análise dos resultados, tanto na prática clínica, como em pesquisas acadêmicas [1]. Objetivo: verificar, na literatura, quais protocolos de avaliação em fonoaudiologia apresentam manuais de aplicação. Método: foi realizado o levantamento das informações a partir de uma revisão da literatura, na qual foi desenvolvida uma busca de artigos em bases de dados como Lilacs, Biblioteca Virtual em Saúde - BVS e Scielo, além do Catálogo de Teses e Dissertações – CAPES, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD e Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. Durante a pesquisa foram utilizados os seguintes termos: Protocolos AND Avaliação AND Deglutição, Protocolos AND Avaliação AND Linguagem, Protocolos AND Avaliação AND Linguagem Infantil, Protocolos AND Avaliação AND Linguagem Escrita, Protocolos AND Avaliação AND Fala, Protocolos AND Avaliação AND Fluência, Protocolos AND Avaliação AND Audição e Protocolo AND Avaliação AND Motricidade Orofacial. Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: textos completos em português, inglês ou espanhol que abordam em seu conteúdo protocolos de avaliação em fonoaudiologia que apresentam manuais de aplicação. Os critérios de exclusão foram: artigos que não incluíam instrumentos de avaliação fonoaudiológico com manuais de aplicação. Resultados: foram encontrados 11 protocolos que apresentam manuais de aplicação, sendo 8 na área da linguagem [2-8], (Protocolo de Observação Comportamental – PROC, PROLEC – Provas de Avaliação dos Processos de Leitura, ABFW - Teste de Linguagem Infantil, Teste de Desempenho Escolar – TDE, Avaliação da Compreensão Leitora, Avaliação do desenvolvimento da linguagem – ADL, Ditado Balanceado de Moojen e Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-linguísticas), 1 referente à avaliação em Motricidade Orofacial [9] (PAOF - Protocolo de Avaliação Facial), 1 relacionado à avaliação clínica da disfagia pediátrica (PAD-PED – Protocolo de avaliação clínica da disfagia pediátrica) [10] e 1 refere-se à avaliação do Processamento Auditivo Central (Testes auditivos comportamentais para avaliação do processamento auditivo central). Conclusão: o número de protocolos de avaliação fonoaudiológica que possuem manual de aplicação é reduzido, correspondendo, na maior parte, a instrumentos de avalição da área da linguagem. Sendo assim, deve-se considerar a importância do desenvolvimento de manuais, tendo em vista a relevância dos mesmos para a padronização da aplicação e análise dos dados coletados, possibilitando processos diagnósticos e terapêuticos mais efetivos.


1. Zem-Mascarenhas SH, Cassiani SHB. Desenvolvimento de um software educacional para o ensino de enfermagem pediátrica. Rev Latino-Am- Enfermagem. 2001;9(9):13-8
2. Zorzi JL.; Hage, SRV. PROC – Protocolo de observação comportamental: avaliação de linguagem e aspectos cognitivos infantis. 1a ed. São José dos Campos (SP): Pulso Editorial; 2004.
3. Andrade CR, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner FH. ABFW teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. São Paulo; Pró-fono. 2011.
4. Stein LM. (1994). TDE - Teste de Desempenho Escolar: manual para aplicação e interpretação. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.
5. Saraiva RA, Moojen SMP, Munarski R. Avaliação da compreensão leitora de textos expositivos. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2006.
6. Menezes ML. ADL- Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem. Rio de Janeiro, 2004.
7. Moojen SMP. A Escrita Ortográfica na Escola e na Clínica – teoria, avaliação e tratamento. Avaliação do desempenho alfabético-ortográfico: ditado balanceado (DB). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011
8. Capellini AS, Smythe I, Silva C. Protocolo de avaliação de habilidades cognitivo- linguísticas: livro do profissional e do professor. 1. ed. Marília: Fundepe; 2012. 116 p.
9. Teixeira, APS. Protocolo de Avaliação Orofacial: Um contributo para a sua revisão e validação [dissertação]. Lisboa (PT): Escola Superior de Saúde do Alcoitão; 2005.
10. Almeida FCF, Bühler KEB, Llimongi SCO. Protocolo de avaliação clínica da disfagia pediátrica (PAD-PED). Barueri: Pró-fono; 2014. 34 p.







TRABALHOS CIENTÍFICOS
424
MAPEAMENTO AUDIOLÓGICO DE CONDUTORES URBANOS EXPOSTOS A RUÍDOS OCUPACIONAIS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: As situações normais de vida diária estão associadas à presença de ruídos competitivos e exposições repetidas a sons intensos pode causar uma Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), caracterizada por ser do tipo neurossensorial, irreversível e progressiva. A urbanização contínua tem contribuído para que os níveis de ruído venham aumentando, colocando em risco a saúde auditiva de motoristas de ônibus. Objetivo: Mapear a prevalência de perda auditiva em motoristas, comparando com idade e tempo de serviço. Método: Trata-se de um estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número de parecer 2.642.766. O estudo é epidemiológico, com corte transversal, realizado em uma empresa de transporte coletivo na cidade de Maceió/AL. Foram avaliadas audiometrias, admissional e periódica de 80 motoristas com idade entre 18 e 60 anos, do gênero masculino, com no mínimo cinco anos de trabalho na função e que possuíam exames atualizados. Para análise dos dados, foram avaliadas três audiometrias de cada motorista (admissional e duas periódicas) e foi observado se ocorreu agravamento ou desencadeamento de perda auditiva. As informações dos dados coletados foram armazenadas em banco de dados Microsoft Excel para a análise estatística pelo teste de kruskal-wallis e estatística descritiva. Resultados: Observou-se que a prevalência de PAIR na população estudada foi de 71,23 e 71,5%, sendo superior com a literatura pesquisada, que apresentou uma variação de 12,5% a 49%. A associação entre os casos sugestivos de PAIR e a idade merece destaque, visto que a prevalência de perda auditiva se elevou à medida que aumentou a faixa etária e o tempo de atividade na empresa. Constatou-se também que a incidência dos casos sugestivos de PAIR se eleva a partir dos seis anos de atividade na empresa, independente de quanto tempo a mais eles estejam exercendo a profissão em relação aos trabalhadores com menos tempo de atividade. Nas fichas funcionais não foram referidas nenhuma queixa auditiva dos motoristas e levando em consideração que mais de 70% das audiometrias apresentaram alterações auditivas, faz-se necessário a implementação de um programa de conservação auditiva, a fim de evitar o desencadeamento ou agravamento de perdas auditivas, assim como os efeitos extra-auditivos causados pela exposição a ruídos intensos e contínuos. Conclusão: A análise das audiometrias dos motoristas evidenciou o aumento da prevalência de PAIR dentro das empresas de ônibus em comparação aos estudos anteriores na literatura, sinalizando que o ambiente ruidoso de trabalho está contribuindo para o agravo a saúde do trabalhador.

1. Boger ME et. al. A influência do espectro de ruído na prevalência de Perda Auditiva Induzida por Ruído em trabalhadores. Braz. j. otorhinolaryngol. 2009, 75(3): 328-334.
2. Coser PL et al. Reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído em indivíduos portadores de perda auditiva induzida pelo ruído. Rev. Bras. Otorrinol. 2000, 13(4): 685-691.
3. Guerra MR et al. Prevalência de perda auditiva induzida por ruído em empresa metalúrgica. Rev. Saúde Pública. 2005, 39(2): 238-244.
4. Lacerda A et al. Achados audiológicos e queixas relacionadas à audição dos motoristas de ônibus urbano. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010, 15(2): 161-166.
5. Lopes CA. Perda Auditiva Ocupacional: Audiometria Tonal X Audiometria de Altas Frequências. Arq. Int. Otorrinolaringol. 2009, 13(3): 293-299.
6. Lopes AC et al . Prevalência de perda auditiva induzida por ruído em motoristas. Int. Arch. Otorhinolaryngol. 2012, 16(4): 509-514.
7. NR, Norma Regulamentadora Ministério do Trabalho e Emprego. NR-7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. 2009. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-07.pdf.
8. Regis ACFC, Crispim KGM, Ferreira AP. Incidência e prevalência de perda auditiva induzida por ruído em trabalhadores de uma indústria metalúrgica, Manaus - AM, Brasil. Revista CEFAC. 2014, 16(5): 1456-1462.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1791
MARKETING DIGITAL NO PERÍODO DE CORONAVÍRUS DENTRO DE UMA LIGA ACADÊMICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS.
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Liga acadêmica é uma entidade criada e organizada por acadêmicos, docentes e profissionais que apresentam interesses em comum, entre seus objetivos, possui disseminar informações e manter estudos de toda ordem na área da motricidade orofacial e suas interfaces multidisciplinares com o intuito de aproximar os acadêmicos do público externo. Diante da pandemia de Coronavírus, o marketing digital ganhou força, podendo ser definido como um conjunto de táticas que objetivam atrair os internautas, através da criação e publicação de conteúdos, tornando-se uma ferramenta fundamental. Portanto, a rede social se tornou uma aliada para disseminar informações seguras e claras.

Objetivo: Descrever o marketing digital no período de coronavírus dentro de uma liga acadêmica.

Método: A liga é coordenada por uma docente fonoaudióloga com experiência no âmbito hospitalar e clínico, e dispõe de outros docentes e profissionais colaboradores e têm como membros, dez alunos da fonoaudiologia e um aluno da odontologia. Estes alunos são distribuídos em três comissões (pesquisa, marketing e extensão), de acordo com seus interesses. Durante a pandemia de Covid-19, o marketing digital ganhou força, com o intuito de disseminar informações e manter estudos de toda ordem na área da motricidade orofacial e suas interfaces multidisciplinares com o intuito de aproximar os acadêmicos do público externo Dessa forma, foram analisadas, através dos dados do instagram, as primeiras 20 publicações produzidas durante o período de pandemia.

Resultados: Criou-se postagens abordando temas relacionados à motricidade orofacial e informações seguras sobre coronavirus com o intuito de informar a população aos cuidados que devem ser tomados, de acordo com a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e o Ministério da Saúde e Educação. Segundo a página do Instagram com 811 seguidores, no período de 16 semanas, houve, em média, um alcance de 160,6 pessoas e com um desvio padrão de 181,9, sendo majoritariamente formado por mulheres entre 18 e 34 anos residentes da cidade de Porto Alegre.

Conclusão: A informação correta desempenha papel importante na sociedade atual e, através do marketing digital que a liga acadêmica disseminou assuntos relacionados com a fonoaudiologia e a atual pandemia do Covid-19. Portanto, o conteúdo produzido pelos discentes proporciona aos internautas, acadêmicos e profissionais da área da saúde informações atualizadas e alinhadas a respeito da motricidade orofacial e prevenção ao Coronavírus promovendo a disseminação de informações claras e seguras.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1265
MÁXIMAS CONVERSACIONAIS DE GRICE: O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO EM ENUNCIADOS DE PESSOAS COM AFASIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Definida como uma alteração da linguagem que compromete a expressão e recepção do código simbólico da linguagem oral e/ou escrita, causada por lesão neurológica, a afasia se manifesta, geralmente, em indivíduos adultos1. Diante do comprometimento em linguagem oral e escrita, a afasia traz consigo impactos à identidade da pessoa, à afetividade e ao papel social do sujeito, impactos estes que irão trazer repercussões sobre a qualidade de vida da pessoa acometida pela afasia2 e, em última instância, sobre a o papel social. Dentre os estudos que se voltam para a aplicabilidade de teorias e conjuntamente se comprometem em considerar o contexto social, encontra-se a teoria das máximas conversacionais de Grice3, que atenta para as condições que regem a conversação. O tema para a pesquisa volta-se para a investigação do Princípio da Cooperação, mediante o uso das máximas conversacionais de Grice, em enunciados de sujeitos afásicos durante as sessões de fonoterapia direcionadas para a reorganização da linguagem do afásico. OBJETIVO: Investigar o Princípio da Cooperação em conversações de sujeitos afásicos, durante as sessões de terapia fonoaudiolágica. MÉTODO: Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico com método de procedimento descritivo comparativo e método de abordagem indutivo em que foram utilizados os resultados publicados de uma dissertação de mestrado sob o título “A entoação no processo de (re) organização da linguagem: um estudo de caso em afasia”4, que apresenta os dados de uma análise a partir de atividades envolvendo o uso de variados gêneros textuais, dos quais foram selecionados cinco para compor o corpus deste estudo. Os diálogos entre paciente e terapeuta foram transcritos preservando os dados prosódicos, resguardando-se da notação original. Por se tratar de uma pesquisa com corpus levantado a partir de um material já divulgado e de domínio público, não houve necessidade de submissão para apreciação em comitê de ética em pesquisa com seres humanos. RESULTADOS: Os achados revelam que o Princípio da Cooperação foi observado em todos os recortes investigados, mesmo diante da quebra de máximas, as quais foram verificadas em todos os recortes que deram origem aos dezesseis trechos de conversações discutidos. Tanto o sujeito afásico quanto a fonoaudióloga provocam inferências de maneira a supor que estão seguindo ou violando máximas. Quanto à quebra de máximas em enunciados do sujeito afásico, ficou caracterizado que, estas estão bem associadas às desordens na linguagem próprias da afasia. Contudo, verificou-se que a quebra de máximas não compromete a cooperação entre falantes, do contrário, gera a implicatura que propicia alcançar o sentido da enunciação com base no contexto. CONCLUSÃO: O Princípio da Cooperação com suas máximas de qualidade, quantidade, relação e modo, bem como as submáximas, foram praticados involuntariamente nas conversações terapêuticas voltadas para a reorganização da linguagem do afásico. Assim, propõe-se que este seja mais um recurso a ser utilizado para subsidiar o processo de restabelecimento comunicativo, interativo e, por conseguinte, de reinserção social do sujeito afásico.

1. Coudry MI. Diário de Narciso – Discurso e Afasia. São Paulo: Martins Fontes; 1988.
2. Morato EM. As quarelas da semiologia das afasias. In.: Morato EM. (Org.). A semiologia das afasias: perspectivas linguísticas. São Paulo: Cortez; 2010. p. 23-47.
3. Grice HP. Lógica e conversação. In.: Dascal M. (org.). Fundamentos metodológicos da linguística (IV). Tradução de João Wanderley Geraldi. Campinas: Unicamp; 1982.
4. Moura CSC. A entoação no processo de (re)organização da linguagem: um estudo de caso em afasia. 2012. 106, [4] f. Dissertação (mestrado) - Universidade Católica de Pernambuco. Recife; 2012.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
697
MEDICAMENTOS OTOTÓXICOS E SISTEMA AUDITIVO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: a audição é extremamente importante para o processo de aperfeiçoamento da comunicação humana, uma vez que, o desenvolvimento da aquisição da linguagem oral, da cognição, da aprendizagem e da socialização estão diretamente atrelados a integridade anatômica e funcional do sistema auditivo(1, 2). Dessa forma, a audição é importante para o desenvolvimento social do indivíduo. Tendo em vista que, nos últimos anos houve uso indiscriminado de medicamentos para melhorar a saúde da população, torna-se indispensável entender o funcionamento destes e seus efeitos colaterais que podem repercutir negativamente nas estruturas do sistema auditivo e, consequentemente, interferir no desenvolvimento e na qualidade de vida das pessoas(3). Objetivo: analisar os principais medicamentos ototóxicos e suas implicações no sistema auditivo. Metodologia: trata-se de uma revisão de literatura, de artigos nacionais e internacionais pertinentes ao assunto, dos últimos dez anos, acessados eletronicamente nas bases dados PUBMED, Periódico CAPES e SciELO. Tendo como descritores, "medicamento", "perda auditiva" e "ototóxicos", extraídos do Medical Subject Headings (MeSH) e no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Resultados: foram encontrados 107 artigos dos quais, apenas 13 foram selecionados, por se enquadrarem nos critérios de inclusão do estudo. Os principais medicamentos referidos nos estudos com teor ototóxico ao sistema auditivo foram: aminoglicosídeos, tombramicina, furosemida, gentamicina, amicacina e vancomicina. A principal alteração encontrada foi a perda auditiva sensório neural nas frequências de 6 e 8 kHz, de acordo com os estudos, essa alteração pode ser potencializada se houver a associação com outros medicamentos ototóxicos. Os estudos também trazem a relação do tempo de uso dos medicamentos, a integridade prévia do sistema auditivo e a presença de exposição dos participantes das pesquisas em lugares ruidosos, como fatores potencializadores dos efeitos ototóxicos e, consequentemente, da perda auditiva. Conclusão: pesquisas demonstram, a partir de evidências clínicas, que a associação dos medicamentos citados, podem causar perda auditiva, principalmente quando associado a outros fatores de risco. Nota-se, também, a necessidade de mais estudos voltados para identificação de medicamentos com efeitos ototóxicos para o sistema auditivo, bem como, estudos que expliquem melhor o processo fisiopatológico da ototoxicidade relacionada a tais medicamentos, dessa forma, sugere-se mais pesquisas com desenho metodológico bem definido e amostras mais expressivas e homogêneas.

Borges LC, Salomão NMR. Aquisição da linguagem: considerações da perspectiva da interação social. Rev Psi: Reflex e Crit. 2003; 16(2): 327-336 (1).
Camara MF E S, Azevedo MF de, Lima JW de O, et al. Efeito de fármacos ototóxicos na audição de recém-nascidos de alto risco. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010; 15(3): 376-82 (2).
Oliveira JAA de, Canedo DM, Rossato M. Otoproteção das células ciliadas auditivas contra a ototoxicidade da amicacina. Rev Bras Otorrinolaringol. 2002; 68(1): 7-13 (3).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1278
MEDIDA DE FLUÊNCIA DE LEITURA EM ESCOLARES COM DISLEXIA DO SUBTIPO MISTA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A dislexia é definida na literatura como um distúrbio específico de aprendizagem de origem neurobiológica, que se caracteriza por dificuldades na fluência e na exatidão do reconhecimento de palavras, que consequentemente vão resultar em problemas de compreensão de leitura(1). A dislexia é dividida em três subtipos, sendo eles: fonológico, visual e mista(2). É necessário que o leitor desenvolva de maneira adequada três habilidades para ser considerado fluente, essas habilidades são: acurácia em decodificar palavras, velocidade (processamento automático) e prosódia(3). Os escolares que chegam ao final do Ensino Fundamental sem fluência de leitura podem ter consequências negativas, tanto no aprendizado do conteúdo acadêmico dos próximos anos escolares quanto na desmotivação para a leitura. A fluência de leitura ainda é pouco estudada no Brasil, mas inúmeras questões relacionadas a fluência tem sido estudadas por pesquisadores do mundo todo pelo impacto da fluência no desempenho global do escolar e não apenas na leitura(4). Objetivo: caracterizar a fluência de leitura em escolares com dislexia do subtipo mista. Método: este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 1.836.827. Participaram desse estudo 10 escolares matriculados regularmente no 3º ao 5º ano no Ensino Fundamental I de escolas públicas municipais, com diagnóstico de dislexia do subtipo misto. Como procedimento foram utilizados três textos da mesma complexidade textual do ADFLU (Avaliação do desempenho em fluência de leitura)(5) para leitura em voz alta. Os dados da leitura foram analisados utilizado o programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences), em sua versão 25.0. Resultado: Analisando o desempenho dos escolares com dislexia do subtipo misto nas três leituras orais, quando realizada comparação de palavras corretas por minutos e palavras incorretas por minutos, foi possível verificar que estes escolares apresentaram maior número de leitura de palavras corretas por minuto quando comparado com a leitura de palavras incorretas. Conclusão: este estudo permitiu caracterizar e comparar a leitura de palavras lidas corretas e incorretamente por minutos de escolares com dislexia do subtipo mista, oferecendo assim um parâmetro de análise que pode ser utilizado de avaliação e intervenção com fluência de leitura. No entanto, é necessário investigar e realizar outras comparações para compreender melhor o impacto da fluência de leitura no ensino-aprendizagem, no desempenho acadêmico e no desenvolvimento global dos escolares.
Palavras-chave: Leitura. Fluência de leitura. Dislexia.

1. Lyon GR, Shaywitz SE, Shaywitz BA. A definition of dyslexia. Annals of dyslexia. 2003; 53.1: 1-14
2. Galaburda AM, Cestnick L. Dislexia del desarrollo. Revista de Neurología, 2003; v. 36:3-0.
3. Puliezi S, Maluf MR. A fluência e sua importância para a compreensão da leitura. Psico-USF. 2014;19(3):467-75.
4. Rasinski TV. Readers who struggle: why many struggle and a modest proposal for improving their reading. Read Teach. 2017;70(5):519-24.
5. Martins MA, Capellini SA. ADFLU – Avaliação do desempenho em fluência de leitura. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1964
MEDIDAS ACÚSTICAS EM INDIVÍDUOS COM BAIXA E ALTA ANSIEDADE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A ansiedade pode ser identificada como normal ao apresentar caráter transitório ou patológica ao apresentar respostas mais duradouras e intensas aos estímulos ansiogênicos1,2. Os sintomas da ansiedade podem causar alterações momentâneas nas estruturas responsáveis pela produção da voz e na respiração, que poderá impactar na emissão e resultar em um quadro de disfonia3. A disfonia por sua vez pode acarretar em maior comprometimento emocional4,5,6,. Este estudo se faz importante trazer evidências científicas da influência das emoções no desenvolvimento e/ou manutenção de uma disfonia. Assim, acredita-se que as medidas acústicas podem ser fortes aliadas para detectar marcadores de ansiedade na voz. Objetivo: Analisar medidas acústicas lineares e cepstral das vozes de indivíduos com baixa e alta ansiedade além de verificar a relação entre os parâmetros acústicos e o grau de ansiedade. Método: Participaram 347 voluntários de ambos os sexos, divididos em dois grupos de acordo com o grau de ansiedade-traço: grupo com baixa ansiedade (BA, n=190), com média de idade de 43,44 (DP=15,16) anos, e grupo com alta ansiedade (AA, n=157), com média de 39,85 (DP= 15,50) anos. Utilizou-se o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) para autoavaliação da ansiedade e coletou-se amostras vocais para realização de análise acústica da voz: desvio padrão (DP) e média da frequência fundamental (F0), jitter, shimmer, correlação jitter x shimmer, irregularidade vibratória, extracion glotal noise (GNE), ruído e cesptral peak prominence smoothed (CPPS). Realizou-se análise estatística descritiva e inferencial a partir do teste Mann-Whitney para comparação das médias dos grupos e teste de correlação de Spearman para correlacionar as variáveis. Resultados: O grupo AA apresentou maiores médias das medidas de (F0), jitter e ruído, e menores médias do GNE e CPPS quando comparado ao BA. O jitter e CPPS do AA apresentaram valores fora dos padrões de normalidade, tais valores estão relacionados a falta de controle de vibração das pregas vocais e a presença de sinais vocais aperiódicos, disfônicos,respectivamente. Foi encontrada correlação negativa moderada significante entre a medida de CPPS e o IDATE Traço e correlação positiva muito fraca entre F0 e IDATE-Traço. Conclusão: As medidas acústicas F0, jitter, ruído, GNE e CPPS diferenciam pessoas com BA e AA. Há correlação negativa entre o CPPS e IDATE-Traço e correlação positiva entre F0 e IDATE-Traço.


1.ZAMIGNANI, D. R.; BANACO, R. A. Um panorama analítico-comportamental sobre os transtornos de ansiedade. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 7, n. 1, p. 77-92, 2005.
2.SPIELBERGER, C.D.; et al. The state-trait anxiety inventory: test manual. California: Consulting Psychologist Press, 1970.
3.SOUZA, O.C.; HANAYAMA, E.M. Fatores psicológicos associados a disfonia funcional e a nódulos vocais em adultos. Rev CEFAC, v.7, n.3, p. 388-97, 2005.
4.ALMEIDA, A.A.F.; BEHLAU, M.; LEITE, JR. Correlação entre ansiedade e performance comunicativa. Rev Soc Bras de Fonoaudiol, São Paulo, v.16(4), p.384-9, 2011
5.SINKIEWICZ, A.; JARACZ, M.; MACKIEWICZ-NARTOWICZ, H.; et al. Affective Temperament in Women With Functional Aphonia. J Voice, v. 27, n. 1, 2013.
6.MIRANDA, A.F.D. Ansiedade e depressão em indivíduos com disfonias funcionais e organofuncionais. [Dissertação]. Faculdade de Odontologia de Bauru, Bauru, 2014.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1295
MEDIDAS CEPSTRAIS NA AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DO DESVIO VOCAL EM DIFERENTES TAREFAS DE FALA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


MEDIDAS CEPSTRAIS NA AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DO DESVIO VOCAL EM DIFERENTES TAREFAS DE FALA

INTRODUÇÃO: A análise acústica complementa a avaliação perceptivo-auditiva e laríngea. A validação das medidas acústicas dependerá da sua capacidade na representação do desvio da qualidade vocal percebido auditivamente, assim como os mecanismos fisiológicos subjacentes à produção vocal. Nos indivíduos disfônicos, os sinais de voz podem oscilar de quase periódicos a completamente aperiódicos, de modo que a complexidade de um sinal com grande desvio pode comprometer a confiabilidade das medidas tradicionais baseadas em modelos lineares. A análise cepstral é uma alternativa para avaliação de sinais com maior desvio, pois determina a f0 e produz estimativas de aperiodicidade e ruído aditivo sem a identificação de limites de ciclo individuais. É a medida de maior sucesso para mensuração objetiva da qualidade vocal e recomendada pela American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) como medida acústica eficaz para avaliar a quantidade de ruído e a qualidade global da voz. Válida e confiável em contextos de vogais sustentadas e fala. Entretanto, há dúvidas quanto o melhor tipo de tarefa a ser utilizada como base da avaliação, pois a escolha entre o uso de vogais sustentadas ou fala encadeada pode influenciar no julgamento perceptivo do avaliador, tornando o resultado questionável. OBJETIVO: Verificar a existência de correlação entre as medidas cepstrais e a intensidade do desvio vocal em diferentes tarefas de fala em indivíduos com queixa vocal. MÉTODO: É uma pesquisa descritiva, avaliada e aprovada pelo comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de origem, com o parecer de número 52492/12. Foram utilizadas 873 amostras da vogal /é/, contagem de 1 a 10 e frases do Protocolo CAPE-V de indivíduos de ambos os gêneros, com queixa vocal. Utilizou-se uma escala analógico-visual para análise perceptivo-auditiva das vozes quanto à intensidade do desvio vocal (GG), graus de rugosidade (GR), soprosidade (GS) e tensão (GT), incluindo-se a qualidade vocal predominante (rugosa, soprosa ou tensa). O Cepstral Peak Prominence-Smoothed (CPPS) foi extraído de cada uma das tarefas. RESULTADOS: Houve diferença dos valores do CPPS, em todas as tarefas de fala, entre os grupos com e sem desvio vocal e entre as diferentes intensidades e tipos de desvio vocal. Entre os grupos com e sem lesão laríngea houve diferenciação no CPPS vogal e CAPE-V. Os valores de CPPS vogal diferenciaram vozes rugosas x soprosas, rugosas x tensas e soprosas x tensas. O CPPS vogal se correlacionou de modo negativo e forte com o GG e negativo moderado com GR e GS. O CPPS contagem apresentou correlação negativa moderada com GG e GR. CPPS CAPE-V obteve correlação negativa moderada com o GG, GR e GS. CONCLUSÃO: Existe associação entre a presença de desvio vocal, a qualidade vocal predominante e o CPSS em todas as tarefas de fala. Há associação entre presença de lesão laríngea e o CPPS nas tarefas de vogal e frases do CAPE-V. O GG, GR e GS apresentam correlação de moderada a forte com o CPPS vogal e CPPS CAPE-V.

REFERÊNCIAS

1. Lopes LW, Cavalcante DP, Costa PO. Intensidade do desvio vocal: integração de dados perceptivo-auditivos e acústicos em pacientes disfônicos. CoDAS. 2014; 26 (5): 382-88.

2. Kim GH, Lee JS, Lee CY, Lee YW, Bae IH, Park HJ, Lee BJ, Kwon SB. Effects of Injection Laryngoplasty with Hyaluronic Acid in Patients with Vocal Fold Paralysis. Osong Public Health Res Perspect. 2018; 9 (6): 354−61.

3. Awan SN, Roy N. Acoustic Prediction of Voice Type in Women with Functional Dysphonia. Journal of Voice. 2005; 2 (19): 268–82.

4. Lopes LW, Alves GAS, Melo LM. Evidência de conteúdo de um protocolo de análise espectrográfica. Rev. CEFAC. 2017; 19 (4): 510-28.

5. Awan SN, Roy N, Jetté ME, Meltzner GS, Hillman RE. Quantifying dysphonia severity using a spectral/cepstral-based acoustic index: Comparisons with auditory-perceptual judgements from the CAPE-V. Clinical Linguistics & Phonetics. 2010; 24 (9): 742–758.

6. Riesgo CAF, Nöth E. What Makes the Cepstral Peak Prominence Different to Other Acoustic Correlates of Vocal Quality. Journal of Voice. 2019.

7. Awan SN, Solomoon NP, Helou LB, Stojadinovic A. Spectral-Cepstral Estimation of Dysphonia Severity: External Validation, Annals of Otology. Rhinology and Laryngology. 2013; 122 (1): 40-8.

8. Yamasaki R, Madazio G, Leão SHS, Padovani M., Azevedo R, Behlau M. Auditory-perceptual evaluation of normal and dysphonic voices using the voice deviation scale. J Voice. 2016: 31 (1): 67-71.

9. Lopes LW, Sousa ESS, Silva ACF, Silva IM, Paiva MAA, Vieira VFD, Almeida AA. Medidas cepstrais na avaliação da intensidade do desvio vocal. CoDAS. 2019; 31(4): 1-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
557
MEDIDAS DA AERAÇÃO NASAL E FLUXO MÁXIMO INSPIRATÓRIO EM CRIANÇAS COM RESPIRAÇÃO ORAL PRÉ E PÓS MANOBRAS DE LIMPEZA E MASSAGEM NASAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Respiração Oral é caracterizada pela substituição do padrão correto de respiração nasal por um oral ou misto. O modo respiratório oral pode causar alterações na postura e desequilíbrio das funções estomatognáticas. As alterações orofaciais mais encontradas são de boca aberta ou entreaberta; lábio superior curto e hipotônico, dentre outros. O Peak Nasal Inspiratory Flow (PNIF) é um método quantitativo de mensuração do pico de fluxo inspiratório, composto por uma máscara que mensura a velocidade máxima alcançada pelo ar na inspiração forçada. Fazem parte do acervo de procedimentos fonoaudiológico as manobras de limpeza e massagem nasal, que permitem adaptar a função respiratória o mais próximo possível da normalidade. Essas manobras proporcionam uma melhor interpretação dos resultados e permitem comparar a relação de áreas nasais paramétricas. OBJETIVO: Investigar a associação entre as medidas da aeração nasal e parâmetros nasais do Peak Nasal Inspiratory Flow em crianças com respiração oral pré e pós manobras de limpeza e massagem nasal. MÉTODO: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o nº 355527. Trata-se de um estudo observacional analítico transversal, no qual foram selecionadas 8 crianças com idade entre 7 a 10 anos apresentando diagnóstico de respiração oral, com avaliação otorrinolaringológica e diagnóstico clínico concluído. Utilizou-se o questionário “Índice de Identificação dos Sinais e Sintomas da Respiração Oral” que é eficaz para o diagnóstico clínico da respiração oral em pesquisas e práticas clínicas. Após isso, foram realizadas as avaliações da aeração nasal e permeabilidade nasal, sendo utilizado o espelho nasal milimetrado de Altmann e o pico do fluxo inspiratório nasal. Em seguida, executou-se as manobras de limpeza e massagem nasal com soro fisiológico. Ao término, foram utilizados novamente o espelho de Altmann e o PNIF para comparar os resultados. Resultados: Segundo o questionário de Identificação dos Sinais e Sintomas da Respiração Oral, as crianças apresentaram respostas maiores que 70%, sendo o diagnóstico de respiração oral caracterizado como funcional. Os valores obtidos pelas medianas na quantificação da aeração nasal total foram de 13,54 antes da limpeza e 14,92 depois da limpeza nasal, com significância da área de aeração nasal (T<3*). Na cavidade nasal esquerda, os valores encontrados foram de 4,455 antes da limpeza e 5,685 depois da limpeza, com significância (T<1*). Os valores obtidos pelas medianas no Fluxo Nasal Máximo Inspiratório Total foram de 60,0 antes da limpeza e 67,50 após a limpeza, com significância de T<0,00*. Na cavidade nasal direita, 42,50 antes e 47,50 depois da limpeza, com significância de T<3,00*. Na narina direita, os valores encontrados foram de 47,50 antes da limpeza e 50,0 após a limpeza nasal, com significância de T<4*. Conclusão: Notou-se aumento da aeração nasal no fluxo nasal máximo inspiratório após manobra de limpeza nasal.

1. Santos ECB dos, Silva HJ da, Correia ARC, Portella PR de LG, Cunha DA da. Quantitative evaluation of tongue pressure in children with oral breathing. Rev CEFAC. 2019;
2. Veron HL, Antunes AG, Milanesi J de M, Corrêa ECR. Implicações da respiração oral na função pulmonar e músculos respiratórios. Rev CEFAC. 2016;
3. Melo FMG de, Cunha DA de, Silva HJ da. Avaliação da aeração nasal pré e pós a realização de manobras de massagem e limpeza nasal. Rev CEFAC. 2007;
4. Costa M da, Valentim AF, Becker HMG, Motta AR. Achados da avaliação multiprofissional de crianças respiradoras orais. Rev CEFAC. 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
711
MEDIDAS DE RESULTADOS DOS TRATAMENTOS FONOAUDIOLÓGICOS APLICADOS EM PACIENTES COM FISSURAS LABIOPALATINA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A fissura labiopalatina ocorre entre 1:700 nascidos vivos e é a má formação congênita com maior índice. Apesar de muitos estudos relatarem o tratamento para estes pacientes, pouco se sabe sobre a efetividade do tratamento fonoaudiológico. Objetivo: investigar estudos sobre o tratamento fonoaudiológico em pacientes com fissura labiopalatina, avaliando o método e a eficácia das técnicas empregadas. Método: Foi realizado um levantamento entre setembro e dezembro de 2019 em diferentes bases de dados: BIREME, Pubmed, Scielo e Web of Science, com delimitação temporal dos últimos 10 anos, utilizando as palavras-chave: Cleft palate and speech therapy; Cleft palate and cleft lip and articulation disorders; Cleft palate and cleft lip and speech treatment; Cleft palate and language and speech and therapy. Foram incluídos os estudos que investigaram e descreveram os tratamentos fonoaudiológicos em paciente com fissura labiopalatina. Foram excluídos estudos publicados a mais de 10 anos, em línguas que não o Português e o Inglês, artigos que não permitiram o acesso ao texto na íntegra e os repetidos por sobreposição das palavras-chave, estudos de caso e/ou revisão bibliográfica e artigos que não eram compatíveis com o tema. Resultados: Foram localizados 7084 artigos, que após seguir os critérios de inclusão e exclusão resultaram em 29 artigos. Destes, 69% não apresentaram grupo controle, 72% apresentaram idade variável entre os participantes (criança, adolescentes e adultos), 62% apresentaram indicadores claros na comparação pré e pós tratamento, 55% descreveram precisamente o tratamento de forma que fosse possível replicá-lo, 76% não compararam o tratamento com um padrão ouro. Quanto ao tipo de abordagem terapêutica, 52% apresentaram abordagem direta, 41% abordagem envolvendo a família e 7% não tinham informações. Conclusão: Foi observada grande variabilidade na metodologia adotada pelos estudos, não sendo possível determinar os melhores métodos e a eficácia das técnicas empregadas. Apesar de ser um tema já muito discutido, poucos são os trabalhos que possuem um método claro, objetivo e com grupo controle.

Bessell A, Sell D, Whiting P, Roulstone S, Albery L, Persson M, et al. Speech and Language Therapy Interventions for Children With Cleft Palate: A Systematic Review. Cleft Palate Craniofac J. 2013 Jan;5V0(1):e1-e17.

Marshall J, Goldbart J, Pickstone C, Roulstone S. Application of systematic reviews in speech-and-language therapy. Int J Lang Commun Disord, May–june 2011, Vol. 46, No. 3, 261–272.

Freitas JAS, Neves LT, Almeida ALPF, Garib DG, Trindade-Suedam YK, Yaedú RYF, et al. Rehabilitative treatment of cleft lip and palate: experience of the Hospital for Rehabilitation of Craniofacial Anomalies/USP (HRAC/USP) – Part 1: overall aspects. J. Appl. Oral Sci. vol.20 no.1 Bauru Jan./Feb. 2012. Print version ISSN 1678-7757.

Nagarajan N, Savitha VH, Subramaniyan B. Communication disorders in individuals with cleft lip and palate: An overview. Indian J Plast Surg 2009; 42(S 01): S137-S143.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1482
MEDIDAS PERCEPTUAIS, ACÚSTICAS E DE AUTOAVALIAÇÃO DIFERENCIAM INDIVÍDUOS COM ALTA E BAIXA ANSIEDADE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A ansiedade é uma reação natural relacionada a uma sensação de perigo iminente1. Ela pode se apresentar como normal ou patológica a depender dos sintomas, frequência e intensidade apresentados pelo indivíduo2. A reatividade muscular desencadeada em situações de luta ou fuga, pode provocar alterações na produção vocal3-7. Diante disso, este estudo se faz importante para dimensionar esferas da influência das emoções, sobretudo da ansiedade, no desenvolvimento de uma disfonia. Objetivo: Detectar quais medidas perceptuais, acústicas e de autoavaliação da voz diferenciam uma população com alta e baixa ansiedade, além de verificar se há relação entre os parâmetros vocais e o grau de ansiedade, e se o sexo pode interferir nesse processo. Métodos: Este estudo teve a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, número 1.084.193. Participaram 229 voluntários de ambos os sexos, divididos em dois grupos de acordo com o grau de ansiedade-traço: grupo com baixa ansiedade (BA, n=115), com média de idade de 44,42 (±16,17) anos e alta ansiedade (AA, n=114) com média de 38,59 (±16,28) anos. Os dados foram coletados a partir dos seguintes instrumentos de autoavaliação: Escala de Sintomas vocais (ESV) e Inventário de Ansiedade Traço Estado (IDATE), além da coleta de amostras de fala a partir da emissão de vogal /E/ sustentada para posterior avaliação perceptivoauditiva e análise acústica. A perceptivoauditiva foi realizada por juízes especialistas em voz por meio da Escala Analógico-Visual (EAV). Os dados foram analisados a partir de estatística descritiva e inferencial a partir do teste de comparação de médias Mann-Whitney e Correlação de Spearman. Resultados: O AA apresentou valores significativamente maiores no escore total da ESV, no parâmetro de instabilidade da avaliação perceptivoauditiva, além de maior média nos parâmetros acústicos de jitter e shimmer ao comparar com o BA. Ao comparar as médias dos homens com BA e AA, viu-se que os homens do AA apresentaram maior média em todos os domínios da ESV, instabilidade, além do jitter e shimmer. Em relação às mulheres, ocorreu maiores médias para todos os domínios da ESV, exceto o emocional, e jitter para o AA. Ao comparar homem versus mulher dentro do BA, observou-se maior média de ansiedade-traço, de todos os domínios da ESV e F0 para mulheres, porém maior shimmer nos homens. Na comparação de homens e mulheres do AA, houve maior média na F0 das mulheres e maior média no shimmer para os homens. Foi encontrada uma correlação positiva moderada entre sintomas vocais e medidas de jitter com ansiedade traço e estado. O sexo pôde diferenciar algumas características vocais, com destaque à F0 e às medidas de perturbação, como o shimmer. Assim, viu-se que indivíduos que apresentaram maior ansiedade-traço referiram mais sintomas relacionados à restrição ocasionada por alguma dificuldade de comunicação e apresentaram valores alterados das medidas acústicas indicativas de desvio vocal. Conclusão: O AA apresenta maiores valores em algumas medidas perceptuais, acústicas e de autoavaliação da voz, sendo alguns desses valores maiores para os homens. Foi encontrada uma correlação positiva entre ansiedade-traço e ansiedade-estado com sintomas vocais e medida acústica de jitter.

1.Braga JEF, Pordeus LC, Silva ATMC, Pimenta FCF, Diniz MFM, Almeida RN: Ansiedade patológica: bases neurais e avanços na abordagem psicofarmacológica. R Bras Ci Saúde 2010;14(2):93-100.
2.Zamignani, D. R., & Banaco, R. A. (2005). Um panorama analítico-comportamental sobre os transtornos de ansiedade. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 7(1), 77-92.
3.Almeida LNA, Lopes LW, Costa DB, Silva EG, Cunha GMS, Almeida AAF: Características vocais e emocionais de professores e não professores com baixa e alta ansiedade Audiol Commun Res. 2014;19(2):179-85.
4.Almeida AAF, Behlau M, Leite JR: Correlação entre ansiedade e performance comunicativa. Rev Soc Bras Fonoaudiol 2011;16(4):384-9.
5.Cassol, M., Reppold, C. T., Ferrão, Y., Gurgel, L. G., & Almada, C. P. (2010). Análise de características vocais e de aspectos psicológicos em indivíduos com transtorno obsessivo-compulsivo Analysis of vocal characteristics and psychological aspects in individuals with obsessive-compulsive disorder. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 15(4), 491-6.
6.Costa DB, Lopes LW, Silva EG, Cunha GMS, Almeida LNA, Almeida AAF: Fatores de risco e emocionais na voz de professores com e sem queixas vocais. Rev. CEFAC 2013;15(4):1001-10.
7.Seifert E, Kollbrunner J: Stress and distress in non-organic voice disorders. Swiss Med. Wkly 2005;135(27/28): 387-97.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
200
MEDIDAS RESPIRATÓRIAS DE MULHERES COM QUEIXAS DE DISFAGIA E DISFONIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A laringe humana realiza as funções de proteção das vias aéreas, respiração e fonação¹. A coordenação pneumofonoarticulatória consiste na interrelação harmônica das forças expiratórias, mioelásticas da laringe e da articulação, e a coordenação temporal entre os eventos da deglutição e da respiração é essencial para prevenir a aspiração pulmonar2,3. Objetivos: Verificar as medidas de Capacidade Vital e Tempo Máximo de Fonação de mulheres com queixas de disfonia e disfagia. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo em banco de dados (Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos - 23081.016945). Foram selecionados os registros de sujeitos que buscaram atendimento no setor de Voz de uma clínica-escola de Fonoaudiologia, utilizando-se como critério de inclusão ser do sexo feminino e a presença de queixa de disfagia e disfonia. Analisaram-se os dados relacionados à idade, profissão, queixas e as medidas de Capacidade Vital e Tempo Máximo de Fonação da vogal /a:/. Para aferir o Tempo Máximo de Fonação, as participantes foram orientadas a realizar uma inspiração máxima e sustentar a vogal /a/ até o final da expiração em pitch e loudness habituais por três vezes, considerando-se o maior valor cronometrado. Como padrão de normalidade para o sexo feminino no Tempo Máximo de Fonação de /a:/, utilizou-se o intervalo de 15 a 25 s, valores abaixo desse intervalo foram indicativos de escape aéreo à fonação e valores acima foram indicativos de hiperfunção glótica². Para a coleta da Capacidade Vital, foi realizada a espirometria com espirômetro seco de Barness. As pacientes foram orientadas a realizar uma inspiração máxima, seguida de uma expiração máxima no bocal do espirômetro por três vezes com oclusão nasal e três vezes sem oclusão, considerando-se o maior valor obtido. A medida mínima de Capacidade Vital esperada é de 2100 ml para o sexo feminino, sendo considerado indicativa de comprometimento respiratório quando inferior a esse valor². Realizou-se análise descritiva. Resultados: Do total de 473 registros, selecionaram-se os de 18 mulheres, com idades entre 21 e 70 anos (média 53 anos), sendo sete (38,88%) profissionais da voz e 11 (61,11%) não profissionais da voz, todas com queixa de disfonia e disfagia. A Capacidade Vital média do grupo foi de 1900 ml. A média do grupo para o Tempo Máximo de Fonação da vogal /a:/ foi de 6,35 s. Conclusão: Na análise dos registros deste grupo de mulheres com queixas de disfonia e disfagia, a maioria não utilizava a voz profissionalmente, e houve Tempo Máximo de Fonação e Capacidade Vital abaixo do esperado, sugerindo comprometimento respiratório e escape aéreo à fonação. Alterações no padrão respiratório podem influenciar a coordenação entre deglutição e respiração, sendo o sincronismo dessa coordenação essencial para a proteção adequada da via aérea inferior³. Ainda, a função pulmonar diminuída pode estar associada à redução dos tempos máximos de fonação e da eficiência fonatória, gerando as queixas relacionadas a disfonia e disfagia.

1. Valim MA, Santos RS, Macedo F, Evaldo D, Abdulmassib EMS; Serrato MRF. A relação entre o tempo máximo de fonação, frequência fundamental e a proteção de vias aéreas inferiores no paciente com disfagia neurogênica. Arq Int Otorrinolaringol. 2007; 11(3):260-266.

2. Behlau MS. Voz: o livro do especialista. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2013. 348p.

3. Chaves RD, Carvalho CRF, Cukier A, Stelmach R, Andrade RF. Sintomas indicativos de disfagia em portadores de DPOC. J Bras Pneumol. 2011; 37(2):176-


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1018
MEDIDAS VOCAIS QUE DETECTAM A DEPRESSÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A depressão é um transtorno psiquiátrico que ocasiona uma condição clínica grave, pois afeta pensamentos, humor, comportamento e saúde física dos indivíduos1. Ao contrário de um sentimento de tristeza, que é de curto prazo, este transtorno de humor pode durar semanas, meses e até anos, variando de acordo com sua gravidade2. O diagnóstico muitas vezes é desafiador, visto requer treinamento e experiência intensiva3. Com o avanço da tecnologia, práticas mais objetivas de avaliação cresceram dentro da área da saúde mental com um crescente desenvolvimento de marcadores4. Alterações prosódicas de fala são percebidas em indivíduos com depressão e já sinalizam ser um marcador natural5. Objetivo: Analisar a utilização de medidas vocais e métodos de avaliação da voz na detecção da depressão. Métodos: Revisão integrativa da literatura, realizada no período de maio a julho de 2018, a partir de descritores e a seguinte estratégia de busca (“depression)” AND (“voice” OR “speech” OR “acoustics”), pesquisados nas bases de dados da PubMed, Lilacs, SciELO, PsycoInfo, Periódicos Capes e Cochrane Library. Os critérios de elegibilidade para seleção dos estudos foram: artigos completos publicados em periódicos e/ou anais de eventos científicos, sem restrição de idiomas e ano de publicação; descritores citados em seu título, resumos e palavras-chave; apresentar utilização de métodos de avaliação multidimensional da voz (medidas acústicas, aerodinâmicas, perceptivoauditivas, autoavaliação e exame laríngeo) e possuir amostra com diagnóstico de depressão. A estratégia de busca foi realizada por dois pesquisadores independentes e um terceiro julgava os artigos que gerassem opiniões divergentes. As informações extraídas dos artigos foram: 836. Resultados: Foram localizados 836 artigos, a partir da leitura de títulos e resumos restaram 79 artigos selecionados. As pesquisas tiveram ascensões entre 2007 e 2018, publicados principalmente nos Estados Unidos da América e em maior proporção pelo periódico Transactions on Biomedical Engineering- IEEE. Estudos observacionais e experimentais foram empregados, com destaque ao tipo caso-controle. O diagnóstico de depressão se baseou com maior frequência pelo Manual Estatístico de Diagnóstico e Saúde Mental-DSM seguido dos instrumentos de avaliação Hamilton Rating Scale for Depression – (HAM-D) e Beck Depression Index (BDI). O método de avaliação da voz utilizado na maior parte dos artigos foi a análise acústica do qual foram extraídas as principais medidas vocais frequência fundamental (F0), perturbação da F0 (jitter e shimmer), ruído, medidas espectrais e cepstrais. Conclusão: Os resultados obtidos com esta revisão permitem identificar que as medidas vocais são precisas para detectar e discriminar entre indivíduos com e sem o transtorno, predizer o diagnóstico e servir como instrumento para monitorar a evolução ou remissão durante um tratamento de depressão.

1. American Psychiatric Association. DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2014.

2. Alghowinem S, Goecke R, Wagner M, Epps J, Breakspear M e Parker P. From Joyous to Clinically Depressed: Mood Detection Using Spontaneous Speech. Associação para o Avanço da Inteligência Artificial, 2012.
3. Quatieri TF and Malyska N. Vocal-Source Biomarkers for Depression: A Link to Psychomotor Activity. In: 13th Annual Conference of the International Speech Communication Association, September 9-13, 2012, Portland, OR, USA. INTERSPEECH, 2012; P. 1059-1062.
4. Morales MR, Scherer S, Levitan R. A Cross-modal Review of Indicators for Depression Detection Systems. In: Proceedings of the Fourth Workshop on Computational Linguistics and Clinical Psychology, Association for Computational Linguistics, august 2017, Vancouver, Canadá. Association for Computational Linguistics, 2017. P.1-12.

5. Cummins N, Scherer S, Krajewski J, Schnieder S, Epps J, Quatieri TF, A review of depression and suicide risk assessment using speech analysis. Speech Comunication. 2015; 71:10-49.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1292
MELHORES MEDIDAS ACÚSTICAS PARA DISCRIMINAR SUJEITOS COM E SEM DESVIO DE QUALIDADE VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Um dos maiores desafios para clínicos e pesquisadores da área de Voz é definir o melhor conjunto de medidas acústicas para avaliar e monitorar a qualidade vocal. Objetivo: Identificar o melhor conjunto de medidas acústicas com maior precisão para discriminar indivíduos com e sem desvio de qualidade vocal e verificar a correlação dessas medidas com o grau geral do desvio vocal (GG). Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo CEP da instituição de origem, com o parecer de no 52492/2012. Foi utilizada uma amostra da vogal sustentada /ɛ/ de 541 sujeitos, incluindo 489 pacientes disfônicos e 52 indivíduos vocalmente saudáveis, ambos com diagnóstico confirmado pelo exame visual laríngeo. Três fonoaudiólogos realizam o julgamento perceptivo-auditivo das amostras vocais, utilizando uma escala analógico-visual de 100 mm. Obtivemos 36 medidas acústicas, incluindo medidas de perturbações de f0 e amplitude, medidas de filtragem inversa, espectrais (baseada em espectros de Fourier e LPC, e baseada em cepstra), medidas não lineares e análise de tempo-frequência por Hilbert-Huang Transform (HHT). Foi utilizada análise discriminante quadrática e as medidas de acurácia, sensibilidade e especificidade para investigar o poder discriminatório dessas medidas. O coeficiente de correlação de Pearson foi utilizado para verificar a presença e a força da correlação entre as medidas acústicas e o GG. Resultados: Apenas a combinação de duas medidas (amplitude ponderada pela frequência e a energia da quinta decomposição do modo intrínseca) do HHT apresentou resultado acima de 90%, sendo considerado um excelente desempenho, com altos valores de sensibilidade e especificidade. Além disso, essas medidas apresentaram correlação moderada a forte com o GG. As demais medidas apresentaram desempenho classificado como bom, com acurácia entre 80 e 90%. A combinação do Cepstral Peak Prominence (CPP), índice de variabilidade de amplitude (AVI) e sPPQ (quociente de período suavizada) apresentou o segundo melhor desempenho. No entanto, essas medidas apresentaram uma correlação de fraca a moderada com o GG. O CPP foi a única medida isolada que obteve desempenho > 70%, com correlação negativa moderada com o GG. Conclusões: As medidas baseadas no HHT apresentam o melhor desempenho para discriminar indivíduos com e sem desvio de qualidade vocal e possuem uma correlação negativa de moderada a forte com o GG. O CPP demonstra ser a melhor medida acústica isolada estudada. Esse achado confirma todas as recomendações da literatura atual.

Eadie TL, Doyle PC. Classification of dysphonic voice: acoustic and auditory-perceptual measures. J Voice. 2005;19:1–14.
Costa WCA, Costa SLNC, Assis FM, Neto BGA. Classificação de sinais de vozes saudáveis e patológicas por meio da combinação entre medidas da análise dinâmica não linear e codificação preditiva linear. Revista brasileira de engenharia biomédica. 2013;29(1):3-14.
Costa WCA. Dynamic non-linear analysis of voice signals for detection of laryngeal disorders [Thesis]. Federal University of Campina Grande; 2012.
Hill CA, Ojha S, Maturo S, Maurer R, Bunting G, Hartnick CJ. Consistency of voice frequency and perturbation measures in children. Otolaryngol. Head Neck Surg.2013;148(4):637–641.
Jiang JJ, Zhang Y, McGilligan C. Chaos in voice, from modeling to measurement. J Voice. 2006;20:2–17.
Lopes LW, Vieira VJD, Behlau M. Performance of different acoustic measurements to discriminate individuals with and without voice disorders. In: Abstract Program. 47th Annual Symposium Care of the Professional Voice; 2018; Philadelphia, United States of America. 2018. p.13.
Lopes LW, Vieira VJD, Costa SLNC, Correia SEN. Behlau M. Effectiveness of Recurrence Quantification Measures in Discriminating Subjects With and Without Voice Disorders. Journal of Voice. 2018. In press:1−13.
Patel RR, Awan SN, Barkmeier-kraemer J, Courey M, Deliyski D, Eadie T, Paul D Švec, JG, Hillman R. Recommended protocols for instrumental assessment of voice: American speech language-hearing association expert panel to develop a protocol for instrumental assessment of vocal function. AJSLP. 2018;1-19.
Zhang Y, Jiang JJ, Wallace SM, Zhou L. Comparison of nonlinear dynamic methods and perturbation methods for voice analysis. J Acoust Soc Am. 2005; 118:2551-60.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
136
MEMÓRIA EM CRIANÇAS COM ALTERAÇÃO DA QUALIDADE DE SONO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O sono possui várias vantagens fisiológicas para os seres, sua má qualidade pode afetar vários aspectos um desses é o cognitivo. Já que o sono tem importância para a consolidação da memória. Objetivo: Analisar a relação da qualidade do sono e da memória de trabalho em crianças. Métodos: Foi realizado uma busca na literatura por meio da plataforma Portal de Periódicos da CAPES, SciELO, ScienceDirect, Lilacs, Pubmed, Medline e Google Academics. Sendo utilizadas as palavras-chave por meio de cruzamentos “Qualidade de Sono” AND “Memória de Trabalho” AND “Memória”. Como critérios de inclusão, foram admitidos artigos que trouxessem avaliação da qualidade de sono, por meio de questionários, e da memória de trabalho, buscando relacionar essas duas variáveis. Resultados: Foram localizados 658 artigos, selecionando 22 artigos, que ressaltaram a importância do sono para a reorganização neural e estabilidade corporal, implicando em consequências diretas para os aspectos cognitivos como a consolidação de memória que tem papel fundamental na aprendizagem. Desta forma, a privação do sono, causada por distúrbios do sono é um dos principais fatores que prejudicam a qualidade do sono, em que a necessidade da quantidade de sono irá depender da idade do indivíduo, em que pode aumentar caso haja privação do sono, sendo que crianças precisam de uma quantidade de sono maior que adultos. A qualidade do sono influencia o desempenho da memória de trabalho que permite que seu sistema codifique, armazene e gerencie informações podendo manter estas por tempos variáveis, em que irá depender da utilidade da informação para o indivíduo. Além disso, a memória de trabalho possui um papel importante de aquisição, consolidação e evocação de outras memórias podendo ser declarativas ou não. Conclusão: A literatura demonstrou que a privação do sono é um dos principais modificadores da qualidade do sono, em que está pode influenciar na memória e impactar no desenvolvimento infantil, sendo que alguns destes são os processos de linguagem e aprendizagem, em que de acordo com pesquisadores a memória é um dos principais fatores para o mau desempenho de crianças em fase escolar, além de ser um dos principais indicadores para queixas de aprendizagem. Contudo, mesmo com artigos dados coletados da literatura, ressalta-se que foram pouco estudos localizados específicos sobre o tema, necessitando-se assim de novas pesquisas que correlacionem qualidade do sono e memória de trabalho em crianças.

1. Grivol MA, Hage SRV. Phonological working memory: a comparative study between different age groups. Rev. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2011; 23(3):245-51.
2. Magalhães F, Mataruna J. Medicina da noite: sono. Editora FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 2007;103-120. ISBN 978-85-7541-336-4.
3. Mazzarotto, Ingrid HE, Kolb, et al. Encaminhamentos escolares de crianças com dificuldades na escrita: uma análise da posição adotada pela família. Rev. CEFAC. 2016; Vol.18, n.2, pp.408-416. ISSN 1516-1846.
4. Mourão Júnior CA, FARIA NCF. Memory. Psychology/ Psicologia Reflexão e Crítica. 2015; 28(4), 780-788.
5. Valle LELR, Valle ELR, Reimão R. Sono e aprendizagem. Rev. Psicopedagogia. 2009; 26(80): 286-90.
6. Uehara E, Fernandez JL. Um panorama sobre o desenvolvimento da memória de trabalho e seus prejuízos no aprendizado escolar. Rev. Ciências e Cognição. 2010; Vol 15 (2): 031-041.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1148
METODOLOGIA ATIVA DE ENSINO: EXPERIÊNCIA DE DOCENTES DA GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A metodologia ativa de ensino coloca o aluno como personagem principal e sujeito ativo no processo de aprendizado, e seu objetivo é incentivar a comunidade acadêmica a desenvolver capacidade de absorção de conteúdos de maneira autônoma e participativa. Segundo Barbosa [1], nas últimas décadas, o perfil do aluno apresentou grandes mudanças assim como a escola, que precisou se adequar a um contexto socioeconômico restritivo impondo expectativas elevadas de desempenho. Segundo Roman et al. [2], as metodologias ativas possibilitam uma leitura e intervenção consistente sobre a realidade, permitem a articulação entre a universidade, o serviço e a comunidade, e valorizam os responsáveis pelo processo de construção coletiva e seus diversos conhecimentos. Há necessidade, por parte das ciências da saúde, de modificar o método de ensino tradicional, a fim de formar profissionais capazes de reconstruir o conhecimento e não somente apresentar o que foi assimilado de maneira automática e não analisada.
Objetivo: Verificar a experiência de docentes do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública sobre o uso da metodologia ativa no ensino superior.
Método: O estudo de caráter quantitativo e qualitativo, teve como participantes docentes da graduação em fonoaudiologia, com coleta de dados por meio de questionário autoaplicável online. Para a análise dos dados quantitativos utilizou-se a estatística básica, por meio de medidas de resumo dos formulários da plataforma Google. Para os dados qualitativos, utilizou-se a análise de conteúdo, que para Bardin [3], trata-se de técnicas de inspeção das comunicações com mecanismos sistemáticos e diretos de caracterização das questões das mensagens. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade conforme resolução 466/2012, CAAE 93673718.5.0000.5404, parecer nº 2.810.686.
Resultados: Entre 34 docentes convidados a participar do estudo, 20 responderam aos questionários. Os achados demonstraram que 10 participantes da pesquisa utilizam a Metodologia Ativa de Ensino, justificando maior retenção de conhecimento, colocando o aluno como foco do aprendizado. Dentre esses docentes, 6 relataram dificuldades em suas experiências, como: resistência por parte dos alunos, falta de infraestrutura na universidade e a transição entre um fazer tradicional e a abordagem de novas metodologias.
Entre os docentes que não a utilizam, as justificativas foram desconhecimento ou experiência insuficiente e infraestrutura inadequada.
Conclusão: Verificou-se que 41% dos docentes convidados a participar não responderam ao questionário e, dos que participaram, 50% utilizam o método citado, demonstrando que há necessidade para o curso de Fonoaudiologia de aproximar e estimular os docentes no uso de novas ferramentas para a construção coletiva do conhecimento e, consequentemente, melhor aprendizado. Além disso, foi possível conhecer a participação de alguns professores do curso de Fonoaudiologia na implementação de novos métodos e as dificuldades desse processo de reformulação no ensino e no aprender.

1- Barbosa EF; De Moura DG. Metodologias ativas de aprendizagem na educação profissional e tecnológica. Boletim Técnico do Senac, v. 39, n. 2, p. 48-67, 2013.
2- Roman C et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem no processo de ensino em saúde no Brasil: uma revisão narrativa. Clinical & Biomedical Research, v. 37, n. 4, 2017.
3- Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições, v. 70, 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2025
METODOLOGIA ATIVAS NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS CONCEITOS DE ANATOMIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


O presente texto trata de um relato de experiência vivenciado por alunas do primeiro ano, do curso de Bacharelado em Fonoaudiologia, na disciplina de Anatomofisiologia da Fonação e da Audição. A atividade ocorreu em sala de aula com o objetivo de confecção de um crânio, dividida em três grupos cada um dos grupos ficou responsável pela produção de uma parte (Neurocrânio, viscerocrânio e mandíbula). Foram utilizados materiais de artesanato (baixo custo e fácil manipulação): massa de biscuit de diversas cores, tinta guache, cola branca, atlas de anatomia. Todos os estudantes participaram da atividade na sala de aula, sendo estimulada a cooperação durante todo o processo, além de registar com fotos antes, durante e depois das confecções, no qual todos interagiram, observando o trabalho de cada grupo, tornando bastante dinâmica a ação. A experiência proporcionou a interação entre os todos os colegas de classe, pois promoveu o debate entre si. Com a apresentação para o coletivo de cada grupo por vez, os conhecimentos do tema trabalhado foram mais facilmente absorvidos. É importante ressaltar que a compreensão das relações (suturas) entre os ossos e a participação de cada osso nas funções estomatognáticas, foi muito mais fácil por meio da construção prática da peça anatômica. E a interação professor-estudante, na qual conforme os discentes iam produzindo a peça, as dúvidas iam surgindo e sendo discutidas em coletivo, de forma que outros discentes que tivesse a mesma dúvida tinham a oportunidade de dirimi-la. Importante ressaltar que a metodologia proposta pela professora também fez uma diferença no que diz respeito ao aprendizado, pois houve a abertura de um espaço para troca de informações de forma equânime, de tal maneira que todos participaram e contribuíram. Foi possível perceber que as informações compreendidas nesta atividade influenciaram positivamente na compreensão em outras disciplinas do bloco, sendo bastante significativo no decorrer do período. Além da materialização em si da aprendizagem em forma de biscuit, foi deixado em cada um dos discentes a sensação de satisfação em cada peça construída. Após a conclusão da confecção das partes pelos grupos, cada um apresentou sua parte explicando-a para os demais alunos. Esta metodologia ativa adotada pela professora na qual os alunos mostraram o seu conhecimento, sobre o assunto previamente estudado, tornou mais fácil o aprendizado e compreensão do conteúdo. Entendemos assim que o conhecimento é construído de maneira mais precisa em conjunto, nessa relação professor/estudante e estudante/estudante no qual a experiência firma a aprendizagem de maneira interativa e até divertida, quebrando um pouco a visão tradicional de ensino e estreitando o laço docente/discente.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
271
METODOLOGIAS ATIVAS/EXPERIENCIAIS DE APRENDIZAGEM COMO FACILITADORAS NO ENSINO EM FONOAUDIOLOGIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: A busca por melhores desempenhos acadêmicos tem levado docentes a repensarem sobre o processo de aprendizagem e buscarem de novos métodos que possam contribuir no desenvolvimento. Com isso, uso de metodologias ativas de aprendizagem mostra cada vez mais difuso e efetivo no meio acadêmico (SOUZA et al., 2016). Na Fonoaudiologia, Carmo et al. (2014) destaca que é indiscutível a relevância do uso dessas metodologias no que diz respeito à formação profissional, pois, no momento em que o discente se encontra diante problemáticas, estas semelhantes as que serão enfrentadas na vida profissional, o mesmo experimenta diferentes possibilidades de atuação e isso contribuirá nas suas tomadas de decisões enquanto profissional o que favorece a mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes para resolução de situações. OBJETIVOS: Relatar metodologias utilizadas para dinamizar e facilitar o processo de aprendizagem nas monitorias das unidades curriculares de Acústica e Psicoacústica e Linguagem Oral II. MÉTODO: As aulas foram ministradas nas monitorias das unidades curriculares de Acústica e Psicoacústica e Linguagem Oral II do curso de Fonoaudiologia, contendo o número total de 40 discentes do período inicial e 30 discentes do 5° período, nas salas de aula e clínica escola de Fonoaudiologia no Centro de Ciências da Saúde. As atividades buscaram atingir o objetivo geral de analisar a implicação dos princípios físicos e biofísicos para a Fonoaudiologia, bem como , avaliações e intervenções fonoaudiólogicas nas afasias, demências e disfluências, com interação dos monitores e docentes responsáveis pelas disciplinas. RESULTADOS: Foram realizadas 10 sessões de monitorias por semestre em ambas as disciplinas. As monitorias subsidiaram os estudantes fortalecendo e solidificando a aprendizagem, com ênfase nos aspectos críticos observados durante a aula nas quais foram utilizadas metodologias como: Simulações, droug and drop, prática experiencial, team based learning e estações de aprendizagem que foram aplicadas de diferentes formas, sendo utilizadas uma ou mais por aula. Além disso, foram utilizados recursos digitais para avaliação formativa do processo de aprendizagem como Plickers e Simon app. Sendo este ultimo aplicativo desenvolvido pelo monitor da disciplina, com a função de estabelecer tarefas a serem realizadas pelos estudantes e fornecer feedback destas, segundo os objetivos de aprendizagem propostos. Assim tendo como principais resultados a colaboração e participação de todos os discentes envolvidos. CONCLUSÃO: Diante a experiência vivenciada pelos monitores no decorrer de suas aulas, as metodologias ativas se apresentaram como grandes aliadas no processo de aprendizagem funcionando como ferramentas de ensino, sendo de grande importância destacar sua relevância na implementação de novas metodologias visando melhores resultados acadêmicos.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1670
MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE FALA NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA: ESTUDO PRELIMINAR
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O diagnóstico fonoaudiológico atualmente envolve instrumentos de avaliação padronizados, cuja finalidade é claramente definida para o público-alvo para o qual foram projetados1. Para avaliar a fala, um dos aspectos que o(a) fonoaudiólogo(a) deve verificar é a capacidade ou não de produzir determinado som e como o faz2. A avaliação é de extrema importância para a reabilitação fonoaudiológica adequada3-4 nesses casos. Objetivo: investigar quais métodos e instrumentos de avaliação de fala estão sendo utilizados por fonoaudiólogos clínicos do Brasil. Método: Essa pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número 3.912.480. Um questionário online foi elaborado na plataforma Google Forms® para que fonoaudiólogos clínicos respondessem sobre a avaliação de fala. Esse questionário foi encaminhado para todos os contatos das autoras durante o mês de julho/2020. Ele continha perguntas acerca da formação, área de atuação, a frequência da realização de avaliações de fala na clínica. Caso a resposta a esta última pergunta não fosse negativa, os fonoaudiólogos respondiam sobre qual era o predomínio do seu público-alvo (crianças, adolescentes ou adultos), se costumavam utilizar instrumentos e/ou métodos específicos de avaliação e qual método eles acreditavam ser melhor para obter dados de fala do paciente. A análise das respostas foi realizada pela própria plataforma onde o questionário estava hospedado. Resultados: Os resultados preliminares indicaram que 174 fonoaudiólogos responderam ao questionário. Deste número, 94,9% respondeu que realiza avaliação de fala frequentemente ou esporadicamente na sua clínica. A partir desta porcentagem, 88,5% indicou que utiliza um instrumento para avaliar a fala, sendo 27,4% a Avaliação Fonológica da Criança (AFC), 57,3% o Teste de Linguagem Infantil ABFW e 21,3% outras avaliações, como por exemplo, PROC, REALFA e o MBGR. Os fonoaudiólogos que responderam que não utilizam uma avaliação formal para fala relataram que 95,4% utiliza a fala espontânea, 88% nomeação de figuras, 71,3% repetição de palavras e 43,5% imitação de palavras. 95,8% respondeu que acredita que o melhor método de avaliação da fala é a fala espontânea, 94% referiu que é a nomeação de figuras e 71,5% a repetição de palavras. Além disso, 57% referiu que não utiliza o mesmo método de avaliação para criança, adolescente e adulto, e que geralmente utiliza fala espontânea, repetição de palavras e frases e utilizam figuras adequadas à faixa etária. Conclusão: Com os resultados preliminares, pode-se concluir que a avaliação de fala nas clínicas fonoaudiológicas é mais realizada em crianças, por meio do instrumento ABFW. De acordo com os fonoaudiólogos, os melhores métodos de avaliação da fala é a fala espontânea, nomeação de figuras e repetição de palavras.

1 Ceron MI. Instrumento de Avaliação Fonológica (INFONO): Desenvolvimento e estudos psicométricos. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015.
2 Paul R. Language Disorders from Infancy through Adolescence: Assessment and Intervention. St Louis, Mosby, 1995, pp 288–290.
3 Abou-Elsaad T, Baz H, El-Banna M. Developing an articulation test for Arabic-speaking school-age children. Folia Phoniatr Logop. 2009, 61(5):275-82.
4 McLeod S, Verdon S. A review of 30 speech assessments in 19 languages other than English. Am J Speech Lang Pathol. 2014;23(4):708-23.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1032
MICROCIRURGIA LARÍNGEA: OCORRÊNCIA E QUALIDADE VOCAL APÓS TRATAMENTO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A integridade da mucosa das pregas vocais é fundamental para uma boa qualidade de voz, sendo importante a compreensão do processo de recuperação e flexibilidade da mucosa após as microcirurgias laríngeas1,2. A interação entre o médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo interfere no prognóstico do tratamento a partir da seleção dos melhores métodos de diagnóstico e de reabilitação da função fonatória3. Para a determinação de qual conduta seguir, de acordo com a patologia, visando a integridade e saúde da mucosa, preservando ou recuperando uma boa qualidade vocal, é imprescindível a avaliação bem documentada. A análise acústica tem a vantagem de poder quantificar a análise da voz, auxiliando nessa documentação e acompanhamento dos casos4. Quando é feita uma cirurgia, tal avaliação deve ser feita em ambos os períodos pré e pós-cirúrgicos, pois analisa o sucesso cirúrgico, a candidatura do paciente para a terapia da voz e se há necessidade de outras intervenções. Objetivo: Identificar a ocorrência de encaminhamentos para microcirurgia laríngea de pacientes atendidos em um Ambulatório de Laringologia hospitalar e analisar acusticamente a voz desses pacientes, nos momentos pré e pós-cirurgia. Método: Este projeto foi aprovado, sob o número 1.619.520, no Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos, conforme resolução CNS/MS No 466/12. Dos 350 pacientes atendidos entre 2012 e 2019, foram selecionados os registros vocais, realizados nos momentos pré e pós-cirúrgico, dos pacientes encaminhados para microcirurgia laríngea. Para comparação entre os resultados acústicos pré e pós microcirurgia, utilizou-se o Teste t-Sudent para amostras relacionadas e, quando a distribuição não foi normal, o Teste não paramétrico Wilcoxon. Resultados: Com relação à ocorrência, 27,43% dos pacientes receberam indicação para microcirurgia laríngea, no período estudado. Dentre esses pacientes, 12,5% possuíam os registros acústicos das avaliações pré e pós cirúrgicas, com idades variando entre 27 e 54 anos, (média de 42 anos ± 8,99), sendo a maioria do sexo feminino (58,33%). A despeito de não terem sido encontradas diferenças, pela análise da amostra, entre os valores médios do pré e pós-cirúrgico, na análise individual observou-se que 57,1% dos sujeitos aumentaram a frequência fundamental (f0), 42,9% diminuíram o desvio padrão da f0 e o jitter, 57,1% diminuíram o valor do shimmer e da irregularidade, 71,4% aumentaram o glottal-to-noise excitation ratio (GNE) e diminuíram o ruído glótico. Conclusão: O encaminhamento para microcirurgia não foi o de maior ocorrência, no período estudado, indicando que condutas conservadoras foram as mais adotadas. Quanto à análise acústica da voz, a maioria dos pacientes apresentaram melhora dos parâmetros relacionados à condição glótica, após a microcirurgia laríngea. Este trabalho enfatiza a importância dos registros vocais para acompanhamento dos resultados de intervenção nos indivíduos disfônicos.
Palavras-chave: Qualidade da Voz; Distúrbios da Voz; Microcirurgia; Mucosa Laríngea

1. Joshi A, Johns MM. Current Practices for Voice rest recommendations after phonomicrosurgery. Laryngoscope.2018; 128:1170–5.
2. Chen W, Woo P, Murry T. Vocal Fold Vibration Following Surgical Intervention in Three Vocal Pathologies: A Preliminary Study. J Voice. 2017; 31 (5): 610-4.
3. Macedo CAC, Macedo ED, Malafaia O, Catani GSA, Ido JM, Stahlke Jr HJ. The role of speech therapy in patients who underwnt laryngeal microsurgery due to phonotraumatic lesions and lesions unrelated to phonotrauma. Int Arch Otorhinolaryngol. 2014; 18 (2): 132-5.
4. Araújo SA et al. Normatização de medidas acústicas da voz normal. Rev Bras Otorrinolaringol. 2002; 68 (4): p.540-4.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2068
MÍDIAS SOCIAIS NO ENSINO EM FONOAUDIOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


O uso de mídias sociais como ferramenta de ensino é debatida nos textos de metodologias ativas de ensino e, por esse recurso ser tão popular e de grande aceitação na atual geração, a proposta pode impactar positivamente o propósito do protagonismo e engajamento do estudante. O instagram é uma rede social gratuita, de grande alcance, com a proposta de postagem com fotos e uso de palavras-chave (#hashtags). Além disso, oferece a possibilidade de interação síncrona (lives) entre a conta e seus seguidores. A proposta da criação da conta do instagram para o curso de Fonoaudiologia foi iniciativa dos estudantes, no início da pandemia da covid-19 e o projeto de abertura e organização desta conta, institucionalmente, foi organizado com o propósito de aproximar a comunidade acadêmica da Fonoaudiologia (estudantes e professores), proporcionar oportunidades de atualização nos diferentes assuntos relacionados à Fonoaudiologia, aumentar o alcance da atuação do curso na região, oportunizar interação entre os atores do curso e a comunidade no qual está inserido e, trazer aos estudantes a oportunidade do uso de ferramentas interativas no seu processo de formação. A mídia social contribui para o desenvolvimento de competências relacionadas a análise critica de conteúdos, tomada de decisão, manejo de situações não previstas, organização de contextos, de conteúdos e planejamento. Além disso, oferece oportunidades de resolução de conflitos, críticas, engajamento, e, ainda, os conteúdos ofertados, propriamente ditos. O grupo de trabalho do instagram é composto por três estudantes e um docente. Apenas o grupo tem acesso ao canal como administradores e todas as responsabilidades, inclusive éticas e legais, são admitidas por esse grupo. Na sua estrutura, o canal apresenta uma série de quadros, que foram propostos para cumprir com os objetivos educacionais descritos. São eles: (a) Aluno Convida, no formato de transmissão ao vivo (live), onde o estudante convida um profissional (fonoaudiólogo ou não) para uma conversa sobre sua atuação; (b) Fono Responde, no formato entrevista gravada, perguntas são coletadas ao longo de uma semana, aproximadamente, e um(a) fonoaudiólogo(a) é convidado para respondê-las em uma entrevista. As perguntas são de um tema específico e o convidado é sempre alguém com experiência na área; (c) Bate-Papo, também no formato entrevista gravada, onde um fonoaudiólogo egresso do curso de Fonoaudiologia da instituição,comenta sobre seus tempos de estudante e sobre sua carreira; (d) Dia a dia, no formato destaques, ou seja, conjunto de fotos arquivadas, onde todos as marcações do canal por estudantes do curso, interagindo com o seu momento na instituição, são armazenadas; (e) Me formei, e agora?, no formato de transmissão ao vivo (live), um fonoaudiólogo é convidado para compartilhar sua carreira - suas decisões de pós-graduação, as diferenças de pós-graduação, concursos públicos, carreira docente e; (f) Professor Convida, no formato transmissão ao vivo, um professor convida um estudante de Fonoaudiologia para contar sua escolha e suas experiências no curso. O instagram proporcionou aproximação entre os estudantes, otimizou suas habilidades interacionais e interdisciplinares, contribuiu para o desenvolvimento de perfil crítico e melhorou sobremaneira o engajamento dos estudantes nas atividades complementares propostas pelo curso.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2011
MINDFULNESS COMO TRATAMENTO PARA O ZUMBIDO: REVISÃO DE ESCOPO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: Mindfulness é a habilidade de observar emoções, sensações ou cognições, momento a momento, de maneira não julgadora, a fim de gerenciar, propositadamente, o momento presente e sustentar essa atenção ao longo do tempo. Muitos estudos vêm demonstrando a utilização da prática da atenção plena, em diversas enfermidades e sintomas, como fibromialgia e dor crônica. O zumbido é um sintoma sensorial-perceptivo de alto impacto sobre o bem-estar e qualidade de vida, é frequentemente, comparado à dor. A prática da atenção plena vem mostrando resultados promissores no manejo de diversos sintomas, entre eles, o zumbido crônico. OBJETIVO: Realizar uma revisão de escopo sobre a mindfulness como tratamento para zumbido. METODOLOGIA: Realizou-se busca eletrônica e manual no dia 17 de abril de 2020. A busca eletrônica foi realizada nas bases de dados: PUBMED, Cochrane Library, EMBASE, Science Direct, SCOPUS, Lilacs, PsycINFO, OpenGrey, Grey Literature e Google Scholar. A busca manual foi realizada por meio do Proquest para teses e dissertações, anais de Congressos Internacionais da área, e ainda foi feita busca na lista de referências de artigos elegíveis (Figura 1). Três blocos temáticos de palavras-chave foram utilizados na busca 1) “Tinnitus”, 2) “Mindfulness” e 3) “Randomized Controlled Trial”. Os critérios para inclusão de estudos nesta revisão sistemática foram: 1) Estudos com adultos que apresentam zumbido subjetivo crônico; 2) estudos que usaram a atenção plena para o tratamento do zumbido. A seleção dos estudos foi realizada em dois momentos de forma independente por dois pesquisadores e as discrepâncias foram resolvidas por um terceiro pesquisador. RESULTADOS: Foram encontrados através da estratégia de busca, nas 8 base de dados pesquisadas, um total de 456 estudos. Foram removidas as duplicatas e excluídos artigos que não se enquadravam na estratégia PICOS usada nesta revisão. Desse modo, 31 estudos foram selecionados para a leitura completa. Apenas 3 estudos tinham relevância de evidência científica significativa, pos eram ensaios clínicos randomizados. CONCLUSÃO: foi possível concluir que a mindfulness é uma terapia eficaz para o tratamento do zumbido crônico na população adulta, no entanto são necessárias mais pesquisas com amostras maiores e mais estudos controlados randomizados, comparando a mindfulness com outros tipos de terapia.

Jennifer J. Gans & Patricia O’Sullivan & Vallena Bircheff Mindfulness Based Tinnitus Stress Reduction Pilot Study: A Symptom Perception-Shift Program.; Springer Science+Business Media New York 2013)

Rauschecker JP, May ES, Maudoux A, Ploner M. Frontostriatal Gating of Tinnitus and Chronic Pain. Trends Cogn Sci. 2015;19(10): 567-578.

Langguth B, Kreuzer PM, Kleinjung T, De Ridder D. Tinnitus: causes and clinical management. Lancet Neurol. (2013) 12:920–30. doi: 10.1016/S1474-4422(13)70160-1

(Mindfulness-Based Cognitive Therapy for Chronic Tinnitus: Evaluation of Benefits in a Large Sample of Patients Attending a Tinnitus Clinic Laurence McKenna,1 Elizabeth M. Marks,1,2 and Florian Vogt1. EAR & HEARING, VOL. XX, NO. XX, 00–00) Mar/Apr 2018;39(2):359-366.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1950
MODELO DE RESPOSTA À INTERVENÇÃO DE ESCOLARES DE RISCO PARA OS PROBLEMAS DE LEITURA.
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: O modelo de resposta à intervenção (RTI) é utilizado como uma forma de identificar precocemente os escolares de risco para os problemas de aprendizagem e fornecer intervenções baseadas em evidências científicas. O RTI¹ é dividido em 1º camada: rastreio universal e intervenção coletiva em sala de aula com o professor; 2º camada: intervenção suplementar e remediativa (específica aos que não responderam a intervenção em sala de aula) e por fim, a 3º camada: intervenção individual. OBJETIVO: aplicação e avaliação da eficácia do Modelo de Resposta à Intervenção das habilidades fonológicas necessárias a aprendizagem da leitura num sistema de escrita alfabético. MÉTODO: foi realizado pelo Setor de Fonoaudiologia do Departamento de Orientação e Promoção (DOP/Pró-Escolar) da Secretaria de Educação da Prefeitura de Mogi das Cruzes. O modelo proposto consistiu no rastreio universal individual (pré-testagem) de todos os 181 alunos do 2º ano do ensino fundamental de uma escola municipal de Mogi das Cruzes, com a utilização do teste IPPL - Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura². A aplicação dos testes contou com a colaboração das 14 fonoaudiólogas do DOP/Pró-Escolar. Posteriormente foi realizado o RTI – 1º camada, com a participação coletiva de todos os alunos (os que passaram e os que não passaram no rastreio), com a utilização do PRIPROF-T: Programa de Resposta à Intervenção Fonológica Associado à Correspondência Grafema-Fonema com Tutoria ao professor³. Após a realização da 1º camada foi realizado um novo rastreio com a utilização do teste inicial, mas desta vez, apenas com os alunos que foram identificados como de “risco” para os problemas de leitura na pré-testagem. Desta forma, os alunos que não passaram neste novo rastreio, foram trabalhados em grupos menores, pelas professoras, com uma intervenção suplementar e remediativa (2º camada). Após este período foi realizado um novo rastreio e os alunos que novamente não responderam as intervenções em grupo foram os que realmente demonstraram a necessidade de um atendimento individual (3º camada). RESULTADOS: Das 181 crianças avaliadas na pré-testagem, 127 foram consideradas de “risco” para os problemas de leitura. Após a realização da 1º camada, foram reavaliados 123 alunos e 36 foram considerados de risco. Observou-se uma melhora em todas as habilidades avaliadas, principalmente nas relacionadas aos fonemas, sendo que na leitura de palavras e pseudopalavras (LPPP) ocorreu uma melhora de 140% (média de palavras lidas corretamente na pré-testagem era de 9 e na pós testagem foram 21). Depois da intervenção em grupo dos alunos da 2º camada, 34 foram reavaliados e 15 continuaram sendo considerados de “risco” aos problemas de leitura. Nesta camada a melhora da LPPP foi de 146%, aumentando a média de 4 para 9 na pós-testagem. CONCLUSÃO: Provou-se com a realização do projeto que trabalhar na prevenção, identificação e intervenção de escolares de risco para os problemas de leitura em início de alfabetização, foi eficaz para os escolares do 2º ano do ensino fundamental, comprovado pela melhora das habilidades fonológicas em situação de pós-testagem em comparação à pré-testagem, minimizando também o número de encaminhamentos para o DOP/Pró-Escolar.

1. Andrade OVCA, Andrade PE, Capellini SA. Modelo de Resposta à Intervenção – RTI: Como identificar e intervir com crianças de risco para os transtornos de aprendizagem. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2014.
2. Capellini SA, César ABPC, Germano GD. Protocolo de Identificação Precoce dos problemas de leitura – IPPL. Ribeirão Preto: Book Toy, 2017.
3. Capellini SA, Fukuda MTM. PRIPROF-T – Programa de Resposta à Intervenção Fonológica Associado à Correspondência Grafema-Fonema com Tutoria ao Professor. Ribeirão Preto: Book Toy, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1909
MODELO DE RESPOSTA À INTERVENÇÃO: ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA COLETIVO PARA ESCOLARES COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO

Há muito tempo descreve-se sobre a alta incidência de dificuldades escolares, evidenciadas pelo baixo rendimento acadêmico nas escolas Brasileiras, manifestando sinais desde muito cedo, nos primeiros anos do ensino fundamental e se perdurando muitas vezes até o ensino médio. O instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP e o Programa de Avaliação Internacional de Alunos – PISA (Programme for InternationalStudentAssessment) apresentam vastos dados que comprovam o baixo desempenho escolar no Brasil (1, 2).
É preciso saber o que funciona na educação e para esse conhecimento é necessário a implementação de práticas baseadas em evidências .Na literatura internacional é amplamente descrito os modelos de resposta à intervenção, denominados RTI (do inglês Response tointervention ou Responsiveness-to-Intervention), cujo objetivo é favorecer o acesso a instrução de qualidade para todos os escolares utilizando intervenções empiricamente validadas e possibilitando a identificação precoce das dificuldades e transtornos de aprendizagem e de atenção (3, 4).
O RTI é definido como um programa de estimulação composto por 3 camadas que, no início é implementado dentro da escola, com todos os escolares da sala de aula, finalizando com encaminhamentos para intervenções individuais de acordo com a necessidade de cada aluno (5, 6).
A escolha do tema e da população deste estudo está embasada nos estudos de Bradley e Bryant(1983), Silva e Capellini(2010), Lundberg, Frost&Petersen, (1988) que evidenciaram que crianças que fazem pré-escola e/ou têm contato com leitura e escrita em casa, se saem melhor no processo de alfabetização. Segundo eles as habilidades adquiridas na pré-escola é um fator importante no sucesso escolar (7,8,9).
A hipótese deste estudo está pautada no fato de que a elaboração e a aplicação de um programa de intervenção coletivo com as habilidades fonêmicas e fonológicas pode auxiliar no desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas necessárias para o desenvolvimento da leitura e da escrita.

OBJETIVO
Aplicar um programa de intervenção coletivo para escolares com dificuldades de aprendizagem com base no Modelo de Resposta à Intervenção (RTI) para verificar a sua eficácia.

MÉTODO
Participaram da pesquisa 20 escolares do 3º ano do ensino fundamental do Distrito Federal, de ambos os gêneros, com idade entre 9 e 10 anos. Sendo divididos em grupo experimental (Ge) e grupo controle (Gc).

O estudo foi composto por pré-testagem, intervenção e pós-testagem. Na pré e pós testagem foi utilizado o Teste de Desempenho Cognitivo-linguístico. Foram realizadas 17 sessões de intervenções baseadas em habilidades metalinguísticas.


RESULTADO

Os resultados das médias observadas na habilidade de leitura antes da intervenção foi de 31,00 e após a intervenção foi de 46,50.
No ditado a média antes foi 6,10 e após foi 10,60.


CONCLUSÃO

As habilidades de leitura, de escrita e de consciência fonológica apresentaram diferença estatisticamente significante. Com isso nós verificamos que o programa de RTI baseado nas habilidades metalinguísticas são primordiais para o desenvolvimento da leitura e escrita.


1. Ministério da Educação (BR), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, Resultados dos indicadores educacionais do Censo Escolar 2019. Brasília: Ministério da Educação, 2019. [acesso em 2019 junho 30]. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/indicadores-educacionais
2. PISA 2018 (OCDE). Resumo de resultados nacionais do PISA 2018. [acesso 2020 julho 09].Disponível em:https://www.oecd.org/pisa/publications/PISA2018_CN_BRA.pdf
3. Tan F. Response to Intervention (RTI) Model. The TESOL Encyclopedia of English Language Teaching,. 2018;1(FirstEdition): 1- 6.

4. Ross feldman. RTI action network A program of the national center for learning disabilities. [Online]. Availablefrom: www.rtinetwork.org[Accessed 23 August 2018].

5. Milburn TF, lonigan, CJ, Phillips BM. DETERMINING RESPONSIVENESS TO TIER 2 INTERVENTION IN RESPONSE TO INTERVENTION.The elementary school journal. 2017;118(Number 2): 310-334.

6. Fletcher JM, Stuebing KK, Barth AE, Denton CA (2012). Agreement and coverage of indicators of response to intervention: A multi-method comparison and simulation. Paper presented at the 20th annual meeting of the Pacific Coast Research Conference, San Diego, CA, February 4, 2012.

7. Bradley L, Bryant PE. Categorizing sounds and learning to read - a causal connection. Nature. 1983;301(1): 419-421.

8. Silva C, Capellini SA. Eficácia do programa de remediação fonológica e leitura no distúrbio de aprendizagem. Pró-Fono R. Atual. Cient. [Internet]. 2010 June [cited 2018 Aug 01]; 22(2):131-138.Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010456872010000200011&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S010456872010000200011.

9. Lundberg I, Frost J, Petersen O.P. Effects of an extensive program For stimulating phonological awareness in preschool children. Reading ResearchQuarterly. 1988;23(1): 264-284.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
389
MONITORAMENTO AUDITIVO DE LACTENTES PROVENIENTES DA ENFERMARIA CANGURU
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Os recém-nascidos prematuros e/ou baixo peso podem apresentar riscos para a audição e seu desenvolvimento o que faz dessa população candidatos a realização do monitoramento audiológico. O monitoramento possibilita o diagnóstico precoce e consequentemente a possibilidade de se intervir em tempo para que o desenvolvimento dessas crianças possam ocorrer de forma semelhante ao de outras crianças. O Método Canguru fundamenta-se na capacidade de reduzir as complicações apresentadas por recém-nascidos prematuros e/ou baixo peso e ainda nos benefícios que proporciona a maturação do sistema neuropsicomotor. Objetivo: Caracterizar os recém-nascidos prematuros provenientes da Enfermaria Canguru de um hospital público quanto aos aspectos socioeconômicos e demográficos, ocorrência de indicadores de risco para deficiência auditiva e desenvolvimento auditivo aos seis meses. Metodologia: Estudo longitudinal com amostragem piloto, aprovado sob o número 3.705.292/2019, no qual participaram 25 lactentes provenientes da Enfermaria Canguru do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro que passaram na triagem auditiva neonatal no período de novembro de 2019 a fevereiro de 2020. A coleta foi realizada em dois momentos, sendo o primeiro nas dependências da Enfermaria Canguru por meio de uma entrevista com a genitora e análise do prontuário do lactente. O segundo momento ocorreu no dia da avaliação auditiva (Avaliação instrumental, audiometria tonal infantil com reforço visual e timpanometria), aos 6 meses de vida. Os dados foram analisados quanto a frequência relativa das características socioeconômicas e demográficas das genitoras (idade, escolaridade, local de residência, estado civil e renda familiar) e características dos recém-nascidos (sexo, peso ao nascer, idade gestacional, indicadores de risco para a deficiência auditiva e o resultado da triagem auditiva neonatal). Até o momento da análise parcial dos dados, em virtude da suspensão das pesquisas de campo devido as medidas de contenção a Covid-19 no município, somente 04 lactentes haviam realizado a avaliação auditiva aos 6 meses de vida. Resultados: A maioria das genitoras tem idade entre 15 e 35 anos (96%), residem na capital (64%), são solteiras (52%), estudaram por mais de nove anos (88%) e informaram renda familiar de um salário mínimo (68%). Os lactentes deste estudo foi predominantemente do sexo masculino (56%), nasceram pré-termo (96%), apresentaram peso inferior a 2.500g ao nascer (92%), tiveram três indicadores de risco para deficiência auditiva (32%), sendo mais comum o uso de ototóxicos (80%) seguido da permanência em unidade de cuidado intensivo neonatal (64%). Dos 25 participantes da pesquisa, quatro realizaram o monitoramento auditivo aos seis meses de idade e todos apresentaram resultados compatíveis com a normalidade. Conclusão: A maioria das mães de recém-nascidos provenientes da Enfermaria Canguru são solteiras, tem idade entre 15 e 35 anos, frequentaram a escola por mais de nove anos e tem renda familiar de um salário mínimo. Os lactentes provenientes da enfermaria canguru do presente estudo são predominantemente do sexo masculino, prematuros, apresentam peso inferior a 2.500g, todos apresentam indicador de risco para deficiência auditiva, sendo a maioria três indicadores e o mais frequente o uso de medicamentos ototóxicos. Os bebês que finalizaram todas as etapas do estudo apresentam desenvolvimento auditivo normal.

BOECHAT EM. Plasticidade do sistema auditivo quanto a sensibilidade auditiva para tons puros e respostas para fala na deficiência auditiva neurossensorial [Tese Doutorado]. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção humanizada ao Recém-Nascido: Método Canguru - manual técnico – 3. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2017. 342. p.

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LEWIS DR et al. Comitê multiprofissional de saúde auditiva – COMUSA. 1st ed. Braz J Otorhinolaringol; 2010 Fevereiro. 121-128 p. 76 vol

OLIVEIRA MCB. Caracterização das habilidades auditivas de crianças nascidas prematuras: um estudo longitudinal. Natal: UFRN, 2018.51p.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1730
MONITORAMENTO DA COMPENSAÇÃO VESTIBULAR POR MEIO DO VIDEO HEAD IMPULSE TEST APÓS A RV: RELATO DE CASOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução. Dentre os testes instrumentais que permitem avaliar a função vestibular, destaca-se o Video Head Impulse Test (vHIT), como um instrumento de avaliação do reflexo vestíbulo-ocular (RVO) à alta frequência, de forma rápida e objetiva, sem ocasionar desconforto ao paciente(1). Fornece ainda, informações para o diagnóstico e o monitoramento da função vestibular, de modo dinâmico(2). Tradicionalmente, as pesquisas desenvolvidas para avaliar a efetividade da Reabilitação Vestibular (RV) são fundamentadas por testes clínicos e subjetivos, evidenciando uma lacuna em relação à avaliação objetiva do sistema vestibular. A literatura(3) indica a importância do emprego de testes objetivos e sua comparação com testes funcionais e subjetivos, o que motivou o desenvolvimento deste estudo. Objetivo. Comparar a evolução do ganho do RVO, por meio do vHIT, pré e pós reabilitação vestibular, em casos de disfunção vestibular periférica. Metodologia. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da instituição envolvida, sob número de parecer 2.809.558. Trata-se do relato de três casos clínicos, caracterizados de forma descritiva. Os participantes foram submetidos aos seguintes procedimentos: assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, anamnese fonoaudiológica, avaliação clínica do equilíbrio corporal e exame vHIT, pré e pós RV. A RV realizou-se de forma personalizada(4,5), por meio da associação de exercícios de protocolos tradicionais associados ao emprego da realidade virtual, na qual foram utilizados estímulos sacádicos, optocinéticos e de rastreio visual, apresentados no óculos de realidade virtual Gear VR da marca Samsung, modelo SM-R323. Resultados. A amostra constituiu-se exclusivamente de indivíduos do sexo feminino, com média de idade de 59,3 anos. Acerca dos resultados obtidos na avaliação clínica do equilíbrio corporal, observou-se em situação pré RV, alterações nos testes Romberg Sensibilizado e Passos de Fukuda na condição de olhos fechados, que foram normalizados em situação pós tratamento. Em relação aos resultados do vHIT, constatou-se, pré RV, média de ganho do RVO reduzida para os canais semicirculares (CSCs) anterior esquerdo (0,62º/s) e posterior direito (0,60º/s) com aumento da assimetria nos canais anteriores (27%) e posteriores (35%), bem como a presença de sacadas corretivas. Após a intervenção, observou-se aumento dos valores de ganho do RVO para CSCs afetados, condizente com padrões de normalidade e redução da assimetria entre os CSCs, nos três casos estudados e, extinção ou diminuição de ocorrência das sacadas compensatórias nos CSCs afetados. Conclusão. Conclui-se que o vHIT foi um instrumento útil para monitorar de forma objetiva, a evolução do ganho do RVO, após o tratamento de RV e evidenciou sinais sugestivos de ocorrência da compensação vestibular, com a melhora sintomatológica das queixas apresentadas e redução da dependência visual nos três casos estudados.

1. Macdougall, HG; Mcgarvie, LA; Halmagyi, GM; Curthoys, IS; Weber, KP. The Video Head Impulse Test (vHIT) Detects Vertical Semicircular Canal Dysfunction. Plos One. 2013; 8(4):1-10.
2. Luis L. vHIT (Video Head Impulse Test) como teste de avaliação vestibular. In: Maia FCZ, Albernaz PLM, Carmona S. Otoneurologia Atual. 1. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2014.
3. Evangelista ASL, Cordeiro ESG, Nascimento GFF, Gazzola JM, Araújo ES, Mantello EB. Atuação fonoaudiológica na reabilitação vestibular com o uso de tecnologias: revisão integrativa da literatura. Rev. CEFAC [Internet]. 2019; 21(6): e2219. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-0216/20192162219.
4. Muniz LF, Mariotto LDF, Buriti AKL, Costa Filho OA. Planos Terapêuticos Fonoaudiológicos (PTFs) para reabilitação vestibular em grupos de adultos e idosos. In: KIDA A. S. B.; SOARES A. D.; MOURÃO A. M. Planos Terapêuticos Fonoaudiológicos (PTFs). Org. Pró-fono. Barueri, São Paulo. 2015; Cap. 54, p. 403-412.
5. Manso A, Ganança MM, Caovilla HH. Vestibular rehabilitation with visual stimuli in peripheral vestibular disorders. Braz. j. otorhinolaryngol. 2016;82(2):232-241. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2015.05.019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1676
MONITORAMENTO DA COMPREENSÃO DE LEITURA POR TAREFA DE DETECÇÃO DE INCONSISTÊNCIAS: MEDIDAS ONLINE E OFFLINE
Tese
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Compreender implica construir modelo mental coerente com o texto lido, a partir da meta traçada pelo leitor. Neste processo, diferentes níveis hierárquicos de representação do texto são elaboradas, com base em competências cognitivas e linguísticas de baixa e alta ordem de processamento1,2,3. A detecção de quebras de coerência durante a leitura é essencial para que o leitor possa manter a coerência textual, integrar ideias que se apresentam e elaborar modelo de situação adequado, monitorando, assim, sua leitura4,5,6,7. Para avaliar de modo abrangente os processos do monitoramento da compreensão de leitura, a combinação de métodos online e offline possibilitariam a identificação dos estágios em que o leitor pode falhar6. Objetivo: Caracterizar escolares brasileiros do 5º ano do Ensino Fundamental a partir do monitoramento da compreensão de leitura, segundo o procedimento online e offline, e o perfil de habilidade cognitivo-linguísticas. Método: Estudo prospectivo, transversal (CAAE: 33421614.5.0000.5505 / Parecer: 816.822). Avaliaram-se 77 alunos (49 meninas) matriculados no 5º ano do Ensino Fundamental de escolas da rede pública e particular de São Paulo. Todos foram avaliados e selecionados pelo valor de taxa de leitura oral de texto mínima de 91 p.p.m.. A avaliação do monitoramento da compreensão de leitura foi realizada a partir de tarefa de detecção de erros em texto narrativo: Duas reestruturações sintáticas e duas não-palavras substituíram elementos correspondentes originais do texto9,10. Foi solicitado que lessem o texto oralmente para responder às questões. A avaliadora computou as hesitações, erros, lexicalizações, autocorreções, repetições e retificações durante a leitura (detecção online). Os escolares foram questionados, ao final da leitura, se identificaram algo de estranho ou errado no texto (detecção offline), resultando nos grupos: Grupo Detecção: escolares que identificaram, ao menos, uma das quatro modificações inseridas. Grupo Não Detecção: escolares que não identificaram nenhuma das modificações inseridas no texto. Também foi avaliada a compreensão de leitura e suas habilidades preditoras2: compreensão oral, vocabulário, conhecimento sintático, memória e fluência de leitura. As comparações entre os grupos de detecção foram feitas por meio de testes de Mann-Whitney ou Teste t, segundo análise da distribuição da amostra. Para avaliar a associação conjunta das habilidades investigadas e das variáveis de detecção foi ajustado um modelo de regressão logística e nominal (nível de significância fixado em 0,05). Resultados: Observou-se maior número de repetições na leitura das reestruturações sintáticas (online) no grupo “Detecção” (p=0,013), e também nas tarefas de Compreensão de Leitura - modelo de situação (p=0,010) e escore total (p=0,014), Vocabulário (p=0,003; p=0,003; p=0,014), Competência sintática (p=0,047) e Fluência de leitura – taxa (p=0,013) e acurácia (p=0,007). A tarefa de Compreensão oral - conexão textual (p=0,019) mostrou média superior do grupo “Não detecção”. Não foram observadas diferenças nas tarefas de memória. Conclusão: A detecção de inconsistências de nível estrutural em texto narrativo mostrou-se presente no 5º ano e, com menor frequência, observou-se a aplicação de estratégias de reparação da quebra de coerência durante a leitura. As habilidades cognitivo-linguísticas mostraram-se essenciais tanto para a compreensão de leitura quanto para a detecção de inconsistências que interferiram na representação mental do texto.

1- Kintsch W. Comprehension: A paradigm for cognition. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1998
2- Kim YS. Language and cognitive predictors of text comprehension: Evidence from multivariate analysis. Child development. 2015; 86(1):128-144.
3- Sánchez ME. Compreensão e Redação de Textos: Dificuldades e Ajudas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
4- Myers JL, O'Brien EJ, Albrecht JE, & Mason, RA. Maintaining global coherence during reading. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition. 1994; 20(4), 876.
5- Van der Schoot M.; Reijntjes A.; Van Lieshout, EC. How do children deal with inconsistencies in text? An eye fixation and self-paced reading study in good and poor reading comprehenders. Reading and Writing, v.25, n.7, p.1665-1690, 2012.
6- Kinnunen R, Vauras M, & Niemi P. Comprehension monitoring in beginning readers. Scientific studies of Reading. 1998;2(4), 353-375.
7- Kim YSG, Vorstius C, Radach R. Does online comprehension monitoring make a unique contribution to reading comprehension in beginning readers? Evidence from eye movements. Scientific Studies of Reading. 2018; 22(5):367-383.
8- Helder A, Van Leijenhorst L, van den Broek, P. Coherence monitoring by good and poor comprehenders in elementary school: Comparing offline and online measures. Learning and Individual Differences. 2016; 48, 17-23.
9- Oakhill J, Hartt J, Samols D. Levels of comprehension monitoring and working memory in good and poor comprehenders. Reading and writing. 2005; 18(7-9): 657-686.
10- Bueno GJ, Carvalho C, Avila CRB. Capacidade de monitoramento da compreensão leitora no Ensino Fundamental. CoDAS. 2017;29(3).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
507
MONITORAMENTO DE ESCOLARES DURANTE A PANDEMIA CAUSADA PELO COVID-19: ESTUDO PRELIMINAR DO ACOMPANHAMENTO DURANTE O PERÍODO DE ESTRATÉGIA DE DISTANCIAMENTO SOCIAL.
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução

O distanciamento social foi adotado em diferentes estados do Brasil como medida preventiva de combate ao COVID-19¹, o que levou ao fechamento de escolas e o aprendizado escolar precisou mudar de cenário².
Estudos mostram que as famílias não estão conseguindo lidar totalmente com o ensino educacional à distância³,4. Em estudo realizado na República Tcheca observou-se que o tempo médio de atividades é de 2-4 horas, no entanto em casa os pais só estão conseguindo auxiliá-los na metade desse tempo³. Entretanto, apesar da falta de tecnologia e das dificuldades para o ensino das atividades escolares em casa, os pais preferem manter o distanciamento social³. Com isso as escolas precisam desenvolver estratégias e adaptações curriculares que minimizem os impactos educacionais 5, como exemplifica estudo da Nigéria 6.

Objetivo

Verificar as mudanças impostas pelo isolamento social (alteração na rotina, forma de acompanhamento escolar e alteração de renda da família) em escolares do 2º ano do Ensino Fundamental.

Método

O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Nº 27357619.0.0000.8093.

Os cuidadores principais de 19 escolares de uma escola pública do Distrito Federal, responderam ao Questionário Monitoramento COVID-19 (elaborado pelas autoras) por meio de entrevista telefônica. O questionário conta com 18 questões sobre:suspensão das aulas; renda familiar nesse período; como a criança está lidando com o isolamento social e as informações sobre as medidas de prevenção; rotina e os comportamentos da criança durante o isolamento; e impacto na aprendizagem.

Para análise das respostas foram utilizadas tabelas de frequência.

Resultados

As aulas foram suspensas pelo governo do DF e 100% dos responsáveis concordaram com a suspensão e explicaram para as crianças sobre o isolamento social. Entretanto, 26,3% não compreendem o motivo de não poder sair de casa. A maioria das crianças insiste em pedir para sair de casa (63,2%), mas uma minoria sofre por não poder sair (31,6%).
Em relação à renda, 12 dos 19 entrevistados (63%) referem diminuição da renda familiar, dos quais apenas seis foram contemplados com o programa de renda mínima do governo.
De maneira geral, os pais explicaram todas as medidas de segurança que devem ser usadas na prevenção do COVID-19, sendo que todos fizeram por meio de conversas; 5,3% por meio de desenhos; 42,1% de vídeos; e 36,8% de brincadeiras.
Quanto ao acesso às aulas, 21,1% referem que o filho está tendo aula por meio de tecnologia da comunicação em casa com duração de até 1h por semana. Dos escolares que não estão tendo aula por tecnologia, 58% das crianças estão fazendo atividades por iniciativa dos pais.
Em relação à aprendizagem, 47,4% relataram piora no desempenho da criança. Da mesma forma, perceberam piora no comportamento (26,3%) e no sono (31,6%).

Conclusão
Apesar de preliminares, os resultados apontam para mudanças na rotina das famílias que se refletem no aprendizado, comportamento e sono. A diminuição da renda da maioria das famílias, sem o recebimento de auxílio do governo é um sério agravante, visto que muitas crianças de famílias de baixa renda têm parte da alimentação garantida pela escola.

Referências


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2. Distrito Federal. Decreto nº 40.539, de 19 de março de 2020. Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do novo coronavírus, e dá outras providências. Diário Oficial do Distrito Federal. 2020 mar. 19; Seção 1 p.1.

3. Brom C, Lukavský J, Greger D, Hannemann T, Straková J, Švaříček R. Mandatory Home Education during the COVID-19 Lockdown in the Czech Republic: A Rapid Survey of 1st-9th Graders’ Parents. PsyArXiv Preprints, 2020 [02 de julho de 2020]; 14. Disponível em: https://psyarxiv.com/fbhn3/. Doi.org/10.31234/osf.io/fbhn3.

4. Jianping X. Practical Exploration of School-Family Cooperative Education during the COVID-19 Epidemic: A Case Study of Zhenjiang Experimental School in Jiangsu Province, China. SSRN, 2020 [acesso 02 de julho de 2020]; 8. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/Papers.cfm?abstract_id=3555523.
Doi.org/10.2139/ssrn.3555523.

5. Oliveira HV, Souza FS. Do Conteúdo Programático ao Sistema de Avaliação: Reflexões Educacionais em Tempos de Pandemia (Covid-19). Boletim de Conjuntura, 2020 [02 de julho de 2020]; 2 (5): 12. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/article/view/OliveiraSouza.
Doi.org/10.5281/zenodo.3753654.

6. Awofala AOA, Lawal RF, Isiakpere BJ, Arigbabu AA, Fatade AO. COVID-19 Pandemic in Nigeria and Attitudes towards Mathematics Homeschooling among Pre-Tertiary Students. NOJEST, 2020 [02 de julho de 2020]; 14. Disponível em: http://jepa.unilag.edu.ng/index.php/nojest/article/view/915.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2038
MONITORIA DE AUDIOLOGIA DURANTE O DISTANCIAMENTO SOCIAL PARA CONTROLE DA PANDEMIA DE COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
31744310


Introdução: A incorporação das tecnologias de informação e comunicação na rotina da sociedade viabilizou maneiras de produzir, difundir e adquirir conhecimento rapidamente e sem barreiras geográficas. As ferramentas digitais nunca foram tão importantes quanto neste momento da progressão da CoViD-19, que causou a suspensão das atividades presenciais e levou a monitoria a lançar mão da internet para alcançar os discentes. OBJETIVO: Relatar a experiência de uma atividade remota de monitoria de audiologia, para graduandos de um curso de Fonoaudiologia, durante o distanciamento social para controle da pandemia de COVID-19. MÉTODO: A atividade, facultativa, foi organizada de forma lúdica, jovial e atrativa pelo núcleo de Audiologia do projeto de monitoria do Departamento de Fonoaudiologia de uma instituição de ensino superior, de março a julho de 2020. Para participar era necessário estar matriculado em qualquer período do curso e manifestar interesse via e-mail. A proposta consistiu na análise de nove casos clínicos fictícios em três etapas que continham três fases. A cada fase eram enviados três casos e os participantes tinham 48 horas para responder os exercícios propostos.As questões referentes aos casos clínicos eram correspondentes ao tema de cada etapa: 1ª) anamnese e meatoscopia; 2ª) audiometria tonal e vocal, mascaramento e imitanciometria; e 3ª), PEATE, EOAT e EOAPD. Os discentes tinham acesso ao auxílio da monitora da disciplina para conclusão das tarefas. Ao final de cada etapa foi realizado um encontro online via Google Meets, com duração média de 2:30h, conduzido por dois docentes do curso, a monitora e uma fonoaudióloga especialista em Audiologia membro de um CREFONO. Durante cada encontro eram realizadas discussões sobre respostas e dúvidas dos discentes. Antes da primeira etapa e após a última cada participante respondeu uma autoavaliação sobre sua segurança e conhecimento teórico. Os graduandos foram identificados por códigos e enviaram as atividades por um e-mail compartilhado para evitar identificação e garantir a imparcialidade na correção. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva RESULTADOS: Inscreveram-se 75 alunos de todos os períodos do curso, o que indica uma adesão expressiva. A evasão total foi de 28,9%, com maior volume de abandono concentrado na transição entre a fase um e dois (48,2%). Houve um aumento na procura da monitora durante as atividades. Os alunos que mais buscaram por suporte foram os que ainda não cursaram disciplinas de Audiologia. Os participantes relataram que a atividade proporcionou aquisição de novos conhecimentos e promoveu antecipação do contato dos alunos com a área. As demandas dos discentes fizeram com que a monitora buscasse novas informações e ampliasse seus conhecimentos. O aumento no volume das monitorias individuais auxiliou na identificação das dúvidas e estreitou o vínculo monitor-aluno, o que pode ter favorecido maior conforto para expor dúvidas. CONCLUSÃO: A mudança na forma de realizar a monitoria aumentou o engajamento dos alunos, propiciou um novo espaço para discussões de dúvidas e estimulou a busca por novos conhecimentos. As ações desenvolvidas contribuíram para o processo ensino/aprendizagem no ambiente remoto e impulsionou a integração entre os alunos de diversos períodos do curso.

1. ZANOTELLI ICR. Professores do ensino superior frente às novas tecnologias: usos e desusos do computador e da internet no cotidiano de trabalho. Psicol. clin. [online]. 2009:21(2) p.489.

2.Costa C, Alvelos H, Teixeira L. Motivação dos alunos para a utilização da tecnologia wiki: um estudo prático no ensino superior. Educ. pesqui. 2013;39(3):775-90.

3. Tanner, KD. Classroom sound can be used to classify teaching practices in college science courses. Rev. PNAS. 2017.114:(12).3085-90

4. Caveião C, Peres AM, Zagonel IPS, Amestoy SM, Meier MJ. Teaching-learning tendencies and strategies used in the leadership development of nurses. Rev. Bras. Enferm. 2018; 71(4):531-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
314
MONITORIA EM AUDIOLOGIA I: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A monitoria acadêmica tem sua potencialidade pedagógica reconhecida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) desde a década de 1960, sendo uma estratégia que contribui com uma formação diferenciada. Conforme os monitores, com suporte do professor, auxiliam no aprendizado dos colegas, a monitoria pode proporcionar um canal dialógico entre esses atores e vir a favorecer os processos de ensino-aprendizagem. Objetivo: Apontar os principais recursos utilizados e dificuldades encontradas na Monitoria em Audiologia I. Metodologia: Utilização de experiência participativa na monitoria da matéria de Audiologia I, nos semestres de 2019.1 e 2019.2, em duas instituições de ensino superior, uma universidade privada e uma universidade pública, respectivamente. Relato de experiência: Durante a monitoria da matéria de Audiologia I, realizada no semestre de 2019.1, do curso de Fonoaudiologia na universidade privada, foi possível observar o desenvolvimento dos alunos do segundo período, já em 2019.2, do curso de fonoaudiologia da universidade pública os alunos cursavam o quarto período. Ambas as turmas estavam matriculadas na matéria: Audiologia I, na qual tiveram o contato com os assuntos: Audiometria tonal, Logoaudiometria, Imitanciometria e Audiometria infantil, e a Técnica de Mascaramento. Muitos alunos apresentaram dúvidas sobre a aplicação de exames e associação dos resultados com alguns tipos de disfunção de Orelha externa, média e interna, a técnica de Mascaramento se destacou como sendo o assunto de maior dificuldade dos alunos. Para auxiliá-los era oferecido a monitoria com carga horária semanal de 12 horas, onde era possível ajudar a esclarecer as dúvidas dos alunos, com atividades tanto práticas, na universidade pública os alunos tinham contato com os equipamentos audiológicos de cada assunto, na medida que se era eram estudados, já na universidade privada não foi possível esse contato com os equipamentos, pois a instituição não dispusera dos mesmo no momento, quanto teóricas, que baseavam-se em reapresentação do conteúdo e exercícios para serem resolvidos e esclarecidos. Destaca-se ainda que os alunos consideraram a uso de aplicativos de mensagens instantâneas como ferramentas essenciais para tirar o esclarecimento de dúvidas com o monitor. Conclusão: Diante das experiências, pode-se afirmar que a vivência da monitoria melhorou o desempenho dos alunos na disciplina de Audiologia I e o uso de metodologias ativas mostrou-se relevante para a transmissão e a consolidação do conhecimento.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1286
MONITORIA EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O projeto de monitoria do curso de graduação em Fonoaudiologia visa promover a iniciação à docência dos monitores, graduandos em Fonoaudiologia, assim como a minimizar a retenção e a evasão do ensino superior, atendendo à chamada interna da Pró-Reitoria de Graduação. A equipe de monitoria é formada por 10 alunos, que encontram-se entre o 7º e 10º períodos da graduação, e que, ao longo deste intervalo/semestre, realizaram atividades diversificadas. As atividades planejadas e aprovadas no projeto inicial foram adaptadas para atender a necessidade do distanciamento social instaurado pelo avanço da Covid-19 no país, sendo realizadas de forma remota, diversificando o modelo de ensino com o uso de tecnologias digitais. O uso de tais ferramentas, além de aprimorar as formas tradicionais de ensino, expõe os alunos a novos e diferentes jeitos de aprender(1). OBJETIVO: Relatar a experiência da equipe de monitoria de um curso de graduação em Fonoaudiologia durante o período de distanciamento social e suspensão das atividades presenciais. MÉTODO: A equipe se empenhou em conhecer as principais necessidades e sugestões dos estudantes para o aprendizado em cada disciplina, levantando dificuldades e demandas por meio de formulários online e reuniões preparatórias com os professores orientadores. Foram elaborados materiais de apoio diversificados, como apresentações, revisões, tutoriais escritos e em vídeos, além de atividades dinâmicas e integradoras - como um intensivo de Audiologia e uma gincana(2) - que envolveram alunos de todos os períodos. Os materiais e as atividades foram divulgados e transmitidos por meio das redes sociais(3) (Instagram e Whatsapp), além de conteúdos importantes para a formação profissional, como: publicações, lives e orientações diversas acerca da Fonoaudiologia e da Covid-19. RESULTADOS: Essa experiência foi importante para o grupo de monitores pois exigiu criatividade e um trabalho em equipe mais coeso. Conseguimos alcançar um número maior de alunos pelas redes sociais, além de informar, ensinar e propagar temas e conhecimentos sobre a Fonoaudiologia para toda a comunidade acadêmica. Os formulários online foram essenciais para embasar a elaboração das atividades dos monitores, permitindo conhecer de modo aprofundado os perfis de cada período e adaptar a monitoria às suas particularidades. Assim como os materiais escritos e os vídeos serão fundamentais no apoio às atividades acadêmicas, sejam elas remotas ou presenciais, uma vez que incentivam os alunos a buscarem novos conhecimentos e a retomarem matérias estudadas. Enquanto alunos da graduação experienciando a iniciação à docência em meio digital, percebemos que a incorporação de ferramentas digitais pode contribuir de forma positiva para o ensino e a aprendizagem. Além disso, incluí-las na didática torna as atividades mais dinâmicas e interativas. CONCLUSÃO: O uso de ferramentas digitais como mediadoras da educação é um excelente dispositivo para maior aproveitamento das diversas modalidades de ensino e um importante aliado no decorrer da formação acadêmica e profissional, principalmente neste momento de distanciamento social.

1. Strachan R, Aljabali S. Investigation into Undergraduate International Students' Use of Digital Technology and Their Application in Formal and Informal Settings. International Association for Development of the Information Society (2015).
2. Lee JJ, Hammer J. Gamification in Education: What, How, Why Bother?. Academic Exchange Quarterly. (2011). 15. 1-5.
3. Ramos ERLG, Souza FB, Melo MMDC. Incorporação das tecnologias de informação e comunicação na integração ensino-serviço dos cursos de saúde de uma universidade pública. Revista da ABENO (2018) 3. 159-168


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2137
MORTE E LUTO EM NEONATOLOGIA: PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Os Cuidados Paliativos Neonatais (CPN) são intervenções focadas no recém-nascido (RN) e na sua família, baseada em cuidados totais prestados em situações nas quais a cura não é expectável, podendo iniciar-se em combinação com os cuidados curativos, mas também depois da morte com o processo de luto. Diante do cenário tecnológico nas Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), implementar os Cuidados Paliativos Neonatais (CPN) nessas unidades reveste-se de extrema relevância, uma vez que houve aumento exponencial da taxa de sobrevivência de Recém-Nascidos (RN) com doenças que ameaçam a vida, particularmente para os de muito baixo peso e muito baixa idade gestacional1. Nesse sentido, quanto mais RN com doenças sobrevivem, mais atenção e cuidado esse público precisará. Objetivo: descrever a percepção de profissionais de saúde sobre morte e luto em neonatologia. Método: estudo qualitativo, descritivo exploratório. Fizeram parte deste estudo 14 profissionais de saúde da Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo) um hospital-maternidade público do estado da Bahia. A coleta de dados foi realizada de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020. Os critérios de inclusão foram: profissionais da saúde da UCINCo com tempo de efetivo exercício de, no mínimo, doze meses e concordar e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE. Os dados foram sistematizados e analisados com base na Análise do Conteúdo de Bardin. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Geral Roberto Santos sob o parecer nº 3.582.801. Resultados: Emergiram 2 categorias: 1) O lidar com a morte e o luto e 2) sofrimento conjunto: bebê, família e equipe de saúde. Evidencia-se que há falta de formação em cuidados paliativos, dificuldade de lidar com o processo de morte, não aceitação profissional e da família ao ser decidido CPN. O emocional dos profissionais entrevistados é afetado frente à decisão de CPN e o vínculo estabelecido entre profissional-bebê-família interfere em decisão ética no final de vida em neonatologia. Conclusão: Há esforços para prestação dos CPN com qualidade, porém existem dificuldades para lidar com a morte neonatal e o sofrimento dos familiares do RN, por isso, faz-se importante que o profissional de saúde, que presta assistência ao RN fora de possibilidade de cura, tenha contato teórico-prático com o tema Cuidados Paliativos quer seja no processo de graduação, quer seja por meio de formação continuada, possibilitando, assim, melhor enfrentamento da morte e do luto neonatal.

1. IAHPC. Global Consensus based palliative care definition. (2018). Houston, TX: The International Association for Hospice and Palliative Care. Acesso em 28 de janeiro de 2020. Disponível em: https://paliativo.org.br/wp-content/uploads/2019/02/Artigo-de-Katterine-Pettus.pdf.
2. World Health Organization. Fact sheet nº 402: Palliative care. [Internet]. jul 2015. Disponível em .
3. Atlin A, Carter B. Creation of a neonatal end-of-life palliative care protocol. Jornal de Perinatologia. 2002; 22:184-95. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11948380.
4. Soares C, Rodrigues M, Rocha G, Martins A, Guimarães H. Fim de Vida em neonatologia: Integração dos cuidados paliativos. More than medication: perinatal palliative care. Acta Med Port 2013 Jul-Aug;26(4):318-326. Disponível: https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/viewFile/2100/3693.
5. Ferreira Alves, Ana Maria, Rabelo França, Maria Lucimeyre, Melo, Anna Karynne, Entre o nascer e o morrer: cuidados paliativos na experiência dos profissionais de saúde. Revista Brasileira em Promoção da Saúde [Internet]. 2018;31(1):1-10. Citado em 02 jun 2020. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=40854841016
6. Costa, AP, Poles K, Silva, AE. Formação em cuidados paliativos: experiência de alunos de medicina e enfermagem. 2016. Rev. Interface. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/2016nahead/1807-5762-icse-1807-576220150774.pdf
7. Ferreira Alves, Ana Maria, Rabelo França, Maria Lucimeyre, Melo, Anna Karynne, Entre o nascer e o morrer: cuidados paliativos na experiência dos profissionais de saúde. Revista Brasileira em Promoção da Saúde [Internet]. 2018;31(1):1-10. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=40854841016.
8. Organização Mundial de Saúde (OMS). Medicina paliativa, 2002. Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/definitions. Acesso em 02 abril de 2019.
9. Kilcullen M, Ireland S. Palliative care in the neonatal unit: neonatal nursing staff perceptions of facilitators and barriers in a regional tertiary nursery. BMC Palliative Care. 2017; 16(32):1-12
10. aunders, C. Foreword – Oxford textbook of palliative medicine. In: Clark, D. Cicely Saunders: selected writings. New York: Oxford University Press, 2006. p. 1958-2004


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2144
MOTIVAÇÕES E AVALIAÇÕES DE PESSOAS IDOSAS QUE BUSCAM ATENDIMENTO CLÍNICO FONOAUDIOLÓGICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Tendo vista as políticas públicas brasileiras, a
Fonoaudiologia vem conduzindo ações com propósito de oferecer serviços
pautados na atenção universal integral à saúde da pessoa idosa1
. Nesse
contexto, ressalta-se que a participação social, como pilar organizativo do SUS,
tem fundamentado pesquisas voltadas a qualificar os serviços públicos,
enfatizando o protagonismo dos usuários, na medida em que voltam a atenção
às percepções e caraterísticas dos próprios sujeitos que fazem uso dos
serviços de saúde2
. Para garantir a participação social na qualificação das
políticas públicas, serviços de saúde precisam conhecer os idosos que
buscam atendimento fonoaudiológico, para orientar decisões relacionadas à
intervenção e à resolubilidade do serviço prestado. Objetivo: O presente
trabalho objetiva identificar o perfil societário de pessoas idosas que buscam
atendimento em uma Clínica de Fonoaudiologia (vinculada ao SUS e situada
na região Sul do país), apresentar os motivos que levam essas pessoas a
buscar tal atendimento, delineando a avaliação que fazem do mesmo.
Metodologia: A pesquisa, de caráter descritivo, contou com a participação de
105 idosos, que responderam a um questionário, o qual permitiu caracterizá-los
quanto à idade, ao sexo, ao estado civil, ao grau de instrução, a fontes e
valores de rendas. Do total de 105 pessoas, 24 participantes responderam à
uma entrevista semiestruturada que se constituiu de questões abertas e
fechadas, por meio das quais os idosos explicitaram aspectos relacionados à
motivação para o atendimento na clínica e avaliação desse atendimento. O
questionário e a entrevista foram realizados individualmente, sendo registrados
em gravador ifhone 8x e depois transcritos integralmente. Resultados: Sobre a
faixa etária, a maioria dos participantes tem mais de 70 anos, com prevalência
do sexo masculino. No que se refere ao estado civil, 57,1% é casado ou vive
em união estável. Além disso, 78,1% cursou o ensino fundamental, 82,9% dos
participantes são aposentados e 49,5% vive com até 4 salários mínimos.
Apenas 14,3% residem sozinhos. Em relação ao atendimento clínico, 95,8%
dos idosos afirma que o motivo pela busca de tal atendimento está vinculado a
dificuldades na audição, 50% avalia esse atendimento como bom e ótimo e
50% não quis ou não soube tecer comentários avaliativos sobre os serviços
prestados na clínica de Fonoaudiologia. Conclusão: Os dados produzidos
podem direcionar ações capazes de favorecer o atendimento desses usuários
idosos, considerando que a maioria apresenta níveis restritos de escolarização,
baixa renda e queixas relacionadas a problemas auditivos. Uma vez que o SUS
é um sistema que se apoia no conceito de cidadania e participação social,
constitui um desafio empreender esforços para que pessoas idosas tenham
acesso universal e integral à saúde, incluindo melhores condições de educação,
trabalho e renda. Além disso, convém ressaltar a necessidade de
fortalecimento desses usuários, não apenas em seus aspectos biológicos, mas,
sobretudo como cidadãos capazes de avaliar os serviços de saúde e de eleger
modos mais saudáveis de lidar com a própria vida

1. Miranda GM, Mendes AC, Silva AL, Rodrigues M. Assistênciafonoaudiológica no sus:a ampliação do acesso e o desafio de superação das desigualdades. Rev. CEFAC. 2015;17(1):71-79.
2. Cunha JT,MassiG,GuarinelloAC,Pereira FM. A percepção dos usuários de um Centro de Atendimento vinculado ao SUS: enfoque fonoaudiológico baseado na promoção da saúde. CoDAS. 2016;28(4):417-428.
3. Santiago LM, Graça CL, Rodrigues MC, Santos GB. Caracterização da saúde de idosos numa perspectiva fonoaudiológica. Rev. CEFAC. 2016;18(5):1088-1096.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1549
MOTRICIDADE OROFACIAL E DISFAGIA: ANÁLISE DE TESES DEFENDIDAS POR FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: a pós-graduação tem um papel importante uma vez que é responsável pela produção da ciência, tecnologia e inovação do setor produtivo. A sociedade como um todo tem um impacto direto no bem estar social em razão de que normalmente os achados se tornam políticas públicas. Na Fonoaudiologia, constata-se que a progressiva ampliação do número de doutores tem contribuído para maior quantidade e qualidade de pesquisas brasileiras. Soma-se a isso, a possibilidade da consolidação da área e a internacionalização dos envolvidos.
Objetivo: investigar o perfil das teses de fonoaudiólogos brasileiros titulados doutores, que analisaram questões relacionadas a Motricidade Orofacial e Disfagia.
Método: revisão bibliométrica realizada a partir de coleta de teses de doutorado de fonoaudiólogos brasileiros, no site da Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 03 de abril de 2018, considerando as variáveis: instituição de ensino, área/programa, tempo entre a graduação e término do doutorado, relação entre número de especialistas e doutores titulados. A análise contou com descrição numérica e percentual dos dados.
Resultados: Das 1.125 teses defendidas por fonoaudiólogos (1976-2017), 151 trataram de temas relacionados a Motricidade Orofacial (63,06%) e Disfagia (37,94%), respectivamente. Levando em consideração o tempo de reconhecimento dessas áreas (Motricidade Orofacial em 1996 e Disfagia em 2010), a Disfagia evoluiu mais rapidamente. As teses foram defendidas em sua maioria em programas relacionados a Ciências da Saúde (68,3%) pertencentes a Instituições do Ensino Superior Federais (43,3%). Considerando a divisão em Comitês dos Departamentos Científicos da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, nota-se que as teses sobre Motricidade Orofacial tendem a tratar de questões presentes em adultos (45%) e as de Disfagia, as neurológicas (60%). No intervalo de tempo entre a graduação e o doutorado, a Motricidade Orofacial mostra um período maior (10 a 15 anos depois da graduação) sobre a Disfagia (4 a 10 anos). A prevalência de especialistas em relação a doutores é notória tendo a Motricidade Orofacial 95% de especialistas enquanto que a Disfagia conta com 87%.
Conclusão: em que pese os avanços na pesquisa fonoaudiológica no Brasil, ainda são números modestos considerando o tempo de reconhecimento da profissão e a quantidade de profissionais. Entende-se que há uma necessidade premente de incentivo e militância acadêmica, maiores investimentos de políticas públicas e reconhecimento da importância desta ciência para a sociedade.


FERREIRA, Léslie Piccolotto et al. Fonoaudiólogos Doutores no Brasil: perfil da formação no período de 1976 a 2017. CoDAS [online]. 2019, vol.31, n.5, e20180299. Epub Oct 14, 2019. ISSN 2317-1782. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20192018299.
Marchelli PS. Formação de doutores no Brasil e no mundo: algumas comparações. Rev Bras Pós-Graduação. 2005;2(3):7-29.
Hanson ML, Barret RH. Fundamentals of orofacial myology. Springfield IL: Charles C. Thomas; 1988; Parra D, Macedo A. Historia de la Motricidad Orofacial en Latinoamérica. In: Susanibar F, Parra D, Dioses A. (Coord.). Motricidad Orofacial: Fundamentos basados en evidencias. Madrid, EOS, 2013.; Marchesan I. Breve histórico do comitê de motricidade orofacial. Comitê de Motricidade Orofacial - SBFa Motricidade Orofacial: como atuam os especialistas Comitê de MO - SBFa. Pulso Editorial: São José dos Campos, 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
818
MUDANÇAS VOCAIS ACÚSTICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: ANÁLISE CEPSTRAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Medidas acústicas não lineares têm sido utilizadas para analisar ondas acústicas do tipo III e tipo IV, pertencentes às vozes com maior grau de disfonia(1,2). Dentre estas medidas, a medida CPPS (Cepstral Peak Prominence Smoothed) tem se mostrado mais confiável em relação às medidas de perturbação e ruído derivadas da análise acústica tradicional em estudos de vozes disfônicas(3). Valores altos de CPPS indicam vozes com maior periodicidade e menor ruído(4). Os estudos que fazem uso da análise cepstral têm priorizado analisar as mudanças vocais em vozes patológicas(3,5). Poucos estudos investigaram vozes saudáveis, considerando idade e sexo, a fim de estabelecerem valores normativos para este tipo de análise. Objetivo: Investigar mudanças da produção da voz de crianças e adolescentes por meio da análise cepstral e verificar diferenças entre sexos. Método: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (0657/2013 e no1.054.283/2015). Foram incluídas 271 gravações (128 do sexo feminino e 131 do sexo masculino) pertencentes a crianças e adolescentes de 5 a 18 anos sem queixas vocais. As vozes foram julgadas como neutras por três fonoaudiólogas experientes por meio da avaliação perceptivoauditiva e divididas em seis grupos etários: 5 a 7 anos (G1); 8 a 9 (G2); 10 a 11 (G3); 12 (G4); 13 a 15 (G5) e 16 a 18 anos (G6). Foi analisada a emissão sustentada da vogal /a/ por meio da medida CPPS extraída pelo software PRAAT. Foi aplicado o teste Two-Way ANOVA, para verificar o efeito de sexo, idade e interação sexo*idade seguido do Post-Hoc de Bonferroni. Para comparação entre os sexos dentro de cada faixa etária foi realizado o teste t student para amostras independentes. Resultados: A análise apontou efeito principal significante para grupo (p=0,00), sexo (p=0,00) e interação entre grupo*sexo (p=0,019). Para o sexo masculino, adolescentes de G5 e G6 apresentaram medidas de CPPS maiores do que as apresentadas por G1, G2 e G3 (p≤0,001) e G6 também apresentou valores maiores que G4 (p≤0,001). Não houve diferenças entre as faixas etárias para o sexo feminino. Diferenças entre os sexos ocorreram a partir da idade de 12 anos, com valores de CPPS mais altos para os meninos do que para as meninas (p≤0,01). Conclusão: Mudanças vocais que ocorrem da infância a adolescência são refletidas na medida acústica CPPS somente no sexo masculino com valores maiores para as idades de 13 a 15 anos e 16 a 18 anos. Entre sexos, meninos apresentam maiores valores de CPPS do que as meninas sendo as diferenças entre sexos observadas após 12 anos.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1123
MULHERES TRANSEXUAIS COM MAIORES EXPERIÊNCIAS NEGATIVAS RELACIONADAS À VOZ APRESENTAM MAIS SINTOMAS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Trabalho científico
Voz (VOZ)
01323050


Introdução: A transexualidade descreve a condição em que uma pessoa se identifica com um gênero que se difere do atribuído ao nascimento (1). O termo “mulher transexual” é usado para pessoas que foram designadas como do gênero masculino ao nascer, mas que se reconhecem e se manifestam como pertencentes ao gênero feminino (2). Essa incongruência de gênero, quando associada a fatores individuais, como a aceitação social e física, pode apresentar uma alta taxa de Transtorno Mental Comum (TMC) (3). O TMC é caracterizado por sintomas depressivos, estado de ansiedade e um conjunto de queixas somáticas inespecíficas (4). Neste contexto, acredita-se que a adoção de comportamentos comunicativos e a aquisição de uma voz apropriada ao gênero reconhecido, podem influenciar significativamente na aceitação social e na autoimagem de pessoas transexuais (5). Objetivo: Verificar a associação entre autopercepção vocal e suspeição de TMC em mulheres transexuais. Métodos: Estudo observacional transversal incluindo 24 mulheres transexuais adultas, com tempo mínimo de apresentação como mulher de seis meses. A amostragem dos sujeitos foi apoiada na técnica “Bola de Neve”. Para coleta de dados foram utilizados dados sociodemográficos e de saúde, questionário Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) (6) e o Transsexual Voice Questionnaire (TVQ:MtF) (7). Os dados sociodemográficos e de saúde foram: idade, estado civil, escolaridade, tabagismo, realização de fonoterapia, utilização de hormônios e realização de Cirurgia de Redesignação Sexual (CRS). O SRQ-20 foi utilizado para a avaliação da suspeição de TMC e o TVQ:MtF para avaliar a autopercepção de dificuldades relacionadas à voz e impactos psicossociais. Os dados foram analisados descritiva e estatisticamente por meio dos testes exato de Fisher e Mann-Whitney, ambos com nível de significância de 5%. Resultados: A idade média das participantes deste estudo foi de 28,2 anos (DP = 6,5 / mínimo = 21 e máximo = 48); 83,3% eram solteiras; a maior parte (41,7%) tinham ensino médio completo; e a maioria (95,83%) não realizou a CRS. Todos os sujeitos afirmaram utilizar hormônios; 37,5% eram tabagistas; 4,2% haviam realizado fonoterapia; e o número médio de anos de experiência no papel feminino foi de 8,8 anos (DP = 7,2). O escore médio do TVQ:MtF foi de 55,4 pontos (DP = 4,3). Verificou-se, por meio do SRQ-20, a prevalência de suspeição de TMC em 58,3% das participantes. O resultado do estudo indicou que a insatisfação comunicativa em mulheres transexuais, devido a voz incongruente com o gênero reconhecido, está associada à suspeição de TMC como depressão e ansiedade (p<0,001). Conclusão: Mulheres transexuais com maior insatisfação comunicativa e experiências negativas relacionadas à voz apresentam mais sintomas de ansiedade e depressão. Embora mais pesquisas sejam necessárias, os resultados indicam a necessidade de ações preventivas e terapêuticas interprofissionais direcionadas à assistência de mulheres transexuais. Logo, é essencial ampliar a atuação da Fonoaudiologia e investir na formação de profissionais que abordem a saúde dessa população de forma integral, reduzindo os impactos da voz incongruente e da autoimagem não reconhecida, para que a comunicação deste grupo não esteja associada ao sofrimento, diminuição da participação social e relações interpessoais.

1. Winter S, Diamond M, Green J, et al. Transgender people: health at the margins of society. Lancet. 2016;388(10042):390-400.
2. Mueller SC, De Cuypere G, T’Sjoen G. Transgender Research in the 21st Century: A Selective Critical Review From a Neurocognitive Perspective. Am J Psychiatry. 2017;174(12):1155-1162.
3. Dhejne C, Van Vlerken R, Heylens G, Arcelus J. Mental health and gender dysphoria: A review of the literature. Int Rev Psychiatry. 2016;28(1):44-57.
4. Senicato C, Azevedo RCS, Barros MBA. Transtorno mental comum em mulheres adultas: identificando os segmentos mais vulneráveis. Cien Saude Colet. 2018; 23(8):2543-54.
5. McNeill EJM. Management of the transgender voice. J Laryngol Otol. 2006;120(7):521-523.
6. Mari JJ, Williams P. A validity study of a Psychiatric Screening Questionnaire (SRQ-20) in primary care in city of São Paulo. Brit J Psychiatry. 1986;148:23-6.
7. Santos HHANM, Aguiar AGO, Baeck HE, Van Borsel J. Translation and preliminary evaluation of the Brazilian Portuguese version of the Transgender Voice Questionnaire for male-to-female transsexuals. CoDAS. 2015;27(1):89-96.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1874
MULTILINGUISMO E SÍNDROME DO X FRÁGIL: RELAÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO NA/PELA LÍNGUA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Os compêndios médicos destacam na Síndrome do X Frágil (SXF), também conhecida como Síndrome de Martin-Bell, as alterações cognitivas, somáticas e linguísticas, caracterizadas por um quadro de deficiência mental, distúrbio de comportamento e de linguagem, que, por vezes, podem ser confundida com o diagnóstico de autismo. No entanto, afastamos nosso olhar dos aspectos clínicos e nos posicionamos diante da heterogeneidade da linguagem, objetivando discutir a constituição da linguagem de uma criança diagnosticada com SXF, inserida em um contexto multilíngue a partir da identificação pela língua. Propomos pensar a enunciação do sujeito nas línguas, inserida num contexto de imigração, levando em consideração a constituição híbrida, heterogênea e conflituosa de identidade, lembrando que o sujeito não é qualquer falante, mas é um sujeito que enuncia do lugar entre-línguas, portanto, é um sujeito marcado por deslocamentos, estranhamentos, encontros e desencontros na língua. Nesse sentido, para responder às questões sobre sujeito e linguagem, trazemos à baila o campo teórico da Linguística da Enunciação de Émile Benveniste (2005; 2006), e consideramos nas discussões sobre a aquisição da linguagem a perspectiva de Silva (2009), que explica o fenômeno a partir da interface língua, linguagem e sujeito. Apresentamos alguns dados, a título de exemplos ilustrativos, para discutir a relação língua e identidade na constituição da linguagem do sujeito, onde podemos observar as marcas do elo entre a linguagem e o sujeito durante o seu processo de constituição. No decorrer das discussões, o ato da instauração das crianças na/pela linguagem foi discutida a partir dos recortes enunciativos, coletados nos momentos da experiência dos processos de constituição das crianças autistas em estudo, como sujeitos da linguagem no processo multilíngue a partir de relações de identificação na/pela linguagem. O falante produz uma história de suas enunciações, por meio da qual constitui sua língua materna e o sistema de representações de sua cultura, estabelecendo-se, deste modo, como sujeito da linguagem. As análises sugerem que apesar das irregularidades na linguagem do sujeito diagnosticado com SXF, devemos nos afastar da visão reducionista da patologia e considerar que os sintomas na linguagem são marcas do processo enunciativo do sujeito e que é preciso se identificar com a língua para se constituir nela e dessa forma se fazer sujeito na/pela linguagem.
Palavras-chave: Síndrome do X frágil. Aquisição da linguagem. Enunciação. Identidade e língua materna.

BENVENISTE, Èmile. Problemas de linguística geral I. 5ª ed. Trad. Maria da Glória Novak e Maria Luisa Neri. Campinas: Pontes, 2005.
_____________, Èmile. Problemas de linguística geral II. 2ª ed. Trad. Eduardo Guimarães et al. Campinas: Pontes, 2006.
DERRIDA, Jaques. O monolinguismo do outro: ou a prótese de origem. Trad. F. Bernardo. Porto: Campo das letras, 2001.
ECKERT-HOFF, Beatriz; CORACINI, Maria José.(Org.) Escrit(ur)a de si e alteridade no espaço papel-tela: alfabetização, formação de professores, línguas materna e estrangeira. Campina: Mercado de letras, 2010.
FERREIRA JÚNIOR, José Temístocles. A criança autista na/pela linguagem: da categoria de pessoa à singularidade do sujeito no processo de enunciação. Tese de doutorado em letras. João Pessoa: UFPB/CCHLA, 2014.
HARGEMAN, Randi. Jenssen.; HARGEMAN, Paul. J. Fragile X syndrome: diagnosis, treatment and research. 3ª ed. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2002.
Haupt Berne, 2008.
MELMAN, Charles. Imigrantes: incidências subjetivas das mudanças de língua e país. Trad. Roseana Pereira. São Paulo: Escuta, 1992.
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. Trad. Antonio Chelini, José Paulo Paes, Izidoro Blikstein. 28ª ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
SCARPA, Ester Mirian. O lugar da holófrase nos estudos de aquisição da linguagem. Cadernos de estudos linguísticos. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 51(2), p. 187-200, 2009.
SCHWARTZMANN, José Salomão (et al). Autismo infantil. São Paulo: Memnon, 1995.
SILVA, Carmem Luci da. A criança na linguagem: enunciação e aquisição. Campinas: Pontes, 2009.
_______, Carmem Luci da. A instauração da criança na linguagem: princípios para uma teoria enunciativa em aquisição da linguagem. Tese de doutorado. UFRS: Porto Alegre: 2007. SILVA, Saulo Albino da. As interferências subjetivas da língua materna no processo de aquisição da língua francesa: entre a captura e a resistência. Mestrado em ciências da linguagem. Recife: UNICAP, 2012.
SURREAUX, Luiza. Milano. Linguagem, sintoma e clínica em clínica de linguagem. Tese de doutorado. Porto Alegre: PPGL/UFRGS, 2006.
TEIXEIRA, Marlene. Análise de discurso e psicanálise: elementos para uma abordagem do sentido no discurso. 2ª ed. Porto Alegre: Edipucrs, 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1470
MÚSICA COMO PROFISSÃO: QUANDO A PERDA AUDITIVA E O ZUMBIDO ENTRAM EM CENA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A música vem se tornando alvo de preocupação de diversos especialistas, pois, assim como o ruído, quando em forte intensidade pode acarretar perdas auditivas irreversíveis, intolerância a sons intensos e zumbido, fato que pode levar o músico ao fim da sua carreira1-5. Objetivo: Analisar o perfil auditivo e a ocorrência de zumbido em músicos da região sul do Brasil. Método: Estudo transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, n°1.164.278. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, responderam a um questionário fechado e realizaram audiometria tonal convencional. Resultados: Participaram desse estudo 135 sujeitos com idade entre 18 e 58 anos (média de 35,1 anos; mediana de 34,5 anos), sendo 25 (18,51%) do sexo feminino e 110 (81,48%) do sexo masculino. O tempo de prática instrumental variou de dois a 41 anos (média de 18,6 anos e mediana de 18 anos). Dentre os 135 músicos, 26 (19,2%) apresentaram limiares auditivos superiores a 25dBNA em uma ou ambas as orelhas e em uma ou mais frequências na faixa de 3000 a 6000 Hz. A prevalência do sintoma zumbido foi de 51,11%, sendo a maioria temporário, mais prevalente na faixa etária de 18 a 25 anos (76,66%), entre os músicos que tocam instrumentos amplificados (85,7%) e entre os que têm de dois a sete anos de prática instrumental. Os participantes foram divididos em três grupos para análise, sendo G1 composto por 41 estudantes de graduação em música; G2 com 65 músicos de uma banda da polícia militar e G3 com 29 músicos de uma orquestra sinfônica. Os três grupos apresentaram piores médias dos limiares tonais na frequência de 6000 Hz. A média de idade dos estudantes foi de 25,4 anos e o tempo médio de prática instrumental de 11,3 anos; não apresentaram perda auditiva, mas foi o grupo com maior prevalência de zumbido (73,2%). A média de idade dos músicos da banda foi de 36,7 anos e o tempo médio de prática instrumental de 20,1 anos; 24,6% apresentou perda auditiva e foi o grupo com menor prevalência de zumbido (35,4%). Os músicos da orquestra são os mais velhos (idade média de 47,7 anos) e com maior tempo médio de prática musical (24 anos), sendo que 55,2% apresentou queixa de zumbido. Conclusão: Os três grupos de músicos apresentaram piores médias dos limiares tonais na frequência de 6000 Hz, que piora à medida que a idade e o tempo de prática musical aumentam. O sintoma zumbido foi mais prevalente entre os participantes mais jovens, que tocam instrumentos amplificados e com menos tempo de prática instrumental, fato relevante, que deve ser amplamente estudado. Mediante esse cenário, torna-se fundamental que o fonoaudiólogo, engajado em programas de preservação auditiva, considere as especificidades de cada músico quanto às características do seu instrumento e à sua exposição sonora durante a prática individual, em grupo e em apresentações. Em relação ao estudante de música, é importante, ainda, entender como o processo de formação do futuro músico interage com fatores de risco que podem comprometer sua audição.

1- Di Stadio A, Dipietro L, Ricci G, et al. Hearing Loss, Tinnitus, Hyperacusis, and Diplacusis in Professional Musicians: A Systematic Review. Int J Environ Res Public Health. 2018;15(10):2120.
2- Dinakaran T, D RD, Rejoy Thadathil C. Awareness of musicians on ear protection and tinnitus: A preliminary study. Audiol Res. 2018;8(1):198. doi: 10.4081/audiores.2018.198. PMID: 29910861; PMCID: PMC5985467.
3- Lüders D, Gonçalves CGO, Lacerda ABM, Silva LSG, Marques JM, Sperotto VN. Occurrence of tinnitus and other auditory symptoms among musicians playing different instruments. Int. tinnitus j. 2016;20(1):48-53.
4- Lüders D, Gonçalves CGO, Lacerda ABM, Schettini SRL, Silva LSG, Albizu EJ, Marques JM. Audição e qualidade de vida de músicos de uma orquestra sinfônica brasileira. Audiol Commun Res. 2016;21:e1688.
5- Schmidt JH, Paarup HM, Bælum J. Tinnitus Severity Is Related to the Sound Exposure of Symphony Orchestra Musicians Independently of Hearing Impairment. Ear Hear. 2019;40(1):88-97.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
669
MÚSICA NA REABILITAÇÃO: A EXPERIÊNCIA DO USO DE MÚSICA COMO INTERVENÇÃO EM CRIANÇAS COM ATRASO NEUROPSICOMOTOR
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Introdução: A música é uma linguagem ao qual toda criança tem acesso, desde que seja pelo ritmo, som e vibração, além disso a música também pode ser uma brincadeira que se sustenta no compartilhar e no estar junto, em que se divide os sons, as batidas e em que a criança se reconhece. Portanto, esse trabalho visa apresentar a experiência do atendimento a criança com atraso neuropsicomotor em um Centro Especializado em Reabilitação com uso de música como forma de intervenção. Objetivo: Auxiliar a criança com deficiência física e/ ou intelectual na reabilitação e habilitação; promovendo melhora no desenvolvimento psíquico, no relacionamento consigo e com outro, na percepção de corpo, melhora no comportamento, melhora no desenvolvimento, aumento de vocabulário e na intenção comunicativa. Método: É realizado uma vez por semana em grupo, com participação de psicóloga, terapeuta ocupacional e fonoaudióloga, com crianças de 2 à 5 anos com atraso do desenvolvimento neuropsicomotor no qual é iniciado com apresentação de músicas infantis, após é utilizado instrumentos infantis que são oferecidos aos pacientes, e em algumas sessões é acompanhada de violão para que a criança se sinta instigada a perceber o ambiente, dê sentido aos mesmos, e cante junto com as músicas à sua maneira e possibilidade. O grupo está ativo desde 2016 ao qual cada grupo tem de 3 a 6 participantes com duração de 1 hora de atendimento, 1x por semana com média de 24 sessões. Resultados: As crianças que participaram dos grupos se mostraram mais ativas, melhorando aspectos motores, cognitivos, percepção do outro, do som em volta e tendo um aumento expressivo da intenção comunicativa, promovendo assim um desenvolvimento adequado para a sua condição. A música foi aceita tanto pelos pacientes quanto pelas famílias que se utilizavam desse recurso como forma de estimulação, ou seja, a família também mostra compreensão do processo e a importância de utilizar ferramentas lúdicas para a estimulação em casa. Conclusão: A música dentro de um serviço de reabilitação se mostra uma estratégia lúdica interessante como forma de intervenção com a criança, do mesmo modo que a fonoaudiologia dentro de um serviço de saúde tem um papel importante no trabalho interdisciplinar, principalmente no que se diz respeito ao atendimento da criança com atraso no seu desenvolvimento, em que não se pode apenas intervir em um aspecto, mas sim de maneira global, o que auxilia no seu processo de habilitação/reabilitação. Sendo assim, as experiências inovadoras dentro da reabilitação pela equipe multiprofissional se mostram necessárias e de extrema importância para o desenvolvimento integral da criança.

SANTOS, Joseilda Soares dos Santos. Pessoas com deficiências: Uma breve analise sobre o centro de reabilitação de pessoas portadoras de deficiência (CERPPOD)-PATOS/PB. 2012. 40f. [Monografia]. Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2012.
Pitanga FSM, Simão RCA. Compreendendo a reabilitação: visão de uma equipe interdisciplinar. O Mundo da Saúde. 2001;25(4):355-7.
Barbosa, Maria Luiza Santos. Musica e Linguagem: Breve revisão de literatura. Anais do III Simpom. Simposio Brasileiro de pós-graduandos em música. 2014, p.386-393.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1682
NARRADORES ESPORTIVOS BRASILEIROS DE FUTEBOL: CONGREGAÇÃO DE AJUSTES DE QUALIDADE VOCAL E DE ELEMENTOS DE DINÂMICA VOCAL
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: características prosódicas, especificamente nesta ocasião a contemplar a qualidade e dinâmica vocal de narradores esportivos em transmissões de jogos de futebol pelos meios de comunicação televisivos, têm engendrado interesse pela repercussão em expressividade a apreciação do público telespectador1-3. Nesta ocasião estamos a evidenciar diferentes condições de ajustes de trato vocal a congregar a esfera laríngea (ajustes fonatórios), supralaríngea (ajustes articulatórios) e de tensão muscular (ajustes de tensão) nesta população4. Objetivos: descrever correlatos de dados perceptivo-auditivos da qualidade vocal, dinâmica vocal de brasileiros narradores esportivos de jogos da Copa do Mundo Fifa de Futebol masculino de 2018. Método: estudo analítico-transversal para análise da qualidade vocal de amostras audiogravadas de locução de narradores esportivos falantes do português brasileiro, por meio de julgamento perceptivo-auditivo de natureza fonética referentes a ajustes de qualidade vocal e elementos da dinâmica vocal - VPAS-PB4. O corpus deste estudo foi selecionado na plataforma digital aberta globoesporte.com. Destarte, por serem arquivos sonoros congregado em plataformas de streaming de livre acesso, não demandou submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. Selecionou-se onze narradores esportivos que atuaram na emissora brasileira oficial da copa do mundo 2018 e os trechos de áudio de um mesmo lance dos jogos de futebol - sendo o momento escolhido para a análise os trinta segundos antecedentes e trinta segundos posteriores ao momento do gol. Análises perceptivo-auditivas por meio do VPAS-PB foi realizada por juíza treinada ao uso do referido instrumento. Resultados: O modelo fonético evidenciou graus de ajustes conforme pressupostos de susceptibilidade e combinabilidade entre as esferas glótica, supraglótica e de tensão muscular adotados por esta população. Ajustes de diminuição de extensão de articuladores e hipertensão muscular e laríngea associados a taxa de elocução rápida, em elementos de dinâmica vocal, aprazaram e coincidiram em diferentes locutores à narração das cenas precedentes ao momento de gol da partida de futebol. Seguidamente, em ocasião de narrativa em comemoração ao gol, lábios estirados, mandíbula aberta, elevação de laringe mostraram-se implicados em aumentados de loudness e pitch. Condições de mobilizações a aumentar grau de ajustes e tensão muscular nas distinções entre os dois momentos analisados (que antecedem e que precedem o momento do gol na partida) são significativamente evidenciados. Conclusão: Correlatos estatísticos revelaram agrupamentos de ajustes de qualidade vocal e de elementos de dinâmica vocal a indicarem possibilidades de plasticidade do aparelho fonador concernentes às correspondências de combinações, a caracterizar a fala desta população em situação de mobilizações em prol de diferentes momentos e condições de produção de fala. Continuidade destes estudos permitirão futuras correlações com instrumentos que agreguem entendimentos acerca de apreciação a contemplar detalhamentos sobre a expressividade deste grupo.

1. Penteado RZ, Gastaldello LM, Da Silva EC. Mudanças no telejornalismo esportivo e os efeitos na expressividade: estudo dos recursos vocais e não-verbais dos apresentadores no programa globoesporte. Distúrbios da Comunicação. 2014;26(3).

2. Azevedo JBM, Ferreira LP, Kyrillos LR. Julgamento de telespectadores a partir de uma proposta de intervenção fonoaudiológica com telejornalistas. Revista CEFAC. 2009;11(2):281-289.

3. Borges AF. Locução Radiofônica de Gols na Copa do Mundo 2014: análise de sentidos atribuídos por interlocutores. São Paulo: PUC São Paulo, 2016.

4. Camargo Z, Madureira S. Voice quality analysis from a phonetic perspective: Voice profile analysis scheme (VPAS) profile for Brazilian Portuguese. In: Proc. 4th International Conference of Speech Prosody.2008:57-60.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1557
NATIVOS ENTRE NATIVOS: ESPECIALIZAÇÕES ACÚSTICAS DE FALANTES COM TROCAS REFERENTES AO TRAÇO DE SONORIDADE
Tese
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Contrastes fonêmicos podem ser percebidos pelos bebês nos primeiros meses de vida. Experimentos com bebês envolvendo sinais de fala com variações de voice onset time sinalizam que a categorização do traço de sonoridade é feita precocemente. Sendo assim, considerando que a percepção categórica universal é provavelmente inata, por que algumas crianças apresentam falhas na categorização de alguns traços após o período de aquisição e apresentam trocas na fala? OBJETIVO: verificar as características acústicas na produção de fones em indivíduos que apresentam trocas na fala no traço de sonoridade. MÉTODO: 423 participantes de 9 a 12 anos foram avaliados na escola com teste de escrita de Zorzi (2003). Desses, 66 apresentaram trocas na escrita e/ou na fala referentes ao traço de sonoridade e foram avaliadas com teste de fala ABFW. Restaram 10 crianças com alterações na fala no traço de sonoridade - Grupo Desvio (GD) e 8 sem alterações de fala - Grupo Controle (GC). Foram excluídos participantes com perda auditiva, sinistros, déficits cognitivos, uso de medicação neurológica. Os participantes foram submetidos a audiometria tonal e ao Teste do PAC com as provas: LS, TMSV, TMSNV, SSW, Teste Padrão de Duração, Teste Padrão de Frequência e Gap In Noise Test e os resultados analisados com teste Chi-quadrado de Pearson. Em seguida, realizaram um Teste de produção: Power Point com evocação de palavras em frase veículo. Dois quadros de palavras com contraste no traço de sonoridade foram elaborados para este estudo. As gravações foram analisadas no programa PRAAT para verificar características acústicas de oclusivas e fricativas quanto à duração total e relativa e do voice onset time (VOT) total e VOT relativo de oclusivas e comparar os dois grupos. Os resultados foram analisados por meio do teste U de Mann-Whitney (p≤ 0,05). RESULTADOS: o Teste do PAC apontou diferenças significativas entre os grupos apenas nos testes SSW, Teste Padrão de Duração, Teste Padrão de Frequência. Na análise acústica observamos diferenças significantes na duração de oclusivas com tendência ao aumento da duração das oclusivas não vozeadas em relação às vozeadas em GC e GD. No entanto, a diferença significativa se deu apenas no GC. O resultado se repetiu na duração relativa. A análise do VOT apontou aumento do VOT absoluto no GD em oclusivas vozeadas e redução do VOT absoluto em oclusivas não vozeadas. O VOT relativo apresentou diferenças significantes entre os grupos apenas em oclusivas não vozeadas. Neste caso, houve redução do VOT relativo no GD em relação ao GC. Quanto as fricativas verificamos tendência ao aumento da duração das fricativas não vozeadas em relação às vozeadas nos dois grupos, com a diferença significativa entre fricativas vozeadas e não vozeadas apenas no GC em todos os contextos de tonicidade. O mesmo foi encontrado na análise da duração relativa. CONCLUSÃO: falantes do PB com alteração no traço de sonoridade demonstraram padrão acústico distinto no que se refere a duração de oclusivas e de fricativas e no voice on set time.

BRITTO, A. T. O estudo do contraste do vozeamento em sujeitos com e sem desvio fonológico. Belo Horizonte: PUCMG, 2010.Tese.
CHOMSKY, N. Rules and representations. New York: Columbia University Press, 1981.
CRISTOFOLINI, C. Gradiência na fala infantil: caracterização acústica de segmentos plosivos e fricativos e evidências de um período de “refinamento articulatório.”Florianópolis: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2013. Tese.
LADEFOGED, P.; JOHNSON k. A course in Phonetics.Standford: Cengage Learning, 2014.
LISKER, L.; ABRAMSON, A. S. A cross-language study of voicing in initial stops: Acoustical measurements. Word Journal Of The International Linguistic Association. 1964; 20; 384–422.
LOFREDO-BONATTO, M. T. R. VOZES INFANTIS: A Caracterização do Contraste de Vozeamento das Consoantes Plosivas no Português Brasileiro na Fala de Crianças de 3 a 12 anos. São Paulo: PUC, 2007. Tese.
PEREIRA, L.D.; SCHOCHAT, E. Processamento auditivo central – Manual de avaliação. São Paulo: Pró-Fono, 2010.
ZORZI, J.L. Aprendizagem e distúrbio da Linguagem escrita: questões clinicas e educacionais. Porto Alegre: Artemed, 2003.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1916
NECESSIDADES DE SAÚDE EM FONOAUDIOLOGIA: BREVE REVISÃO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As necessidades estão presentes em toda a sociedade, fazem parte da vida cotidiana e podem ser expressas como desejos ou carências. Dessa forma podemos dizer que a saúde é um desejo, pois os indivíduos a manifestam de formas diversas, de acordo com suas experimentações diárias, sua cultura, suas crenças. E também é uma carência, na medida em que é atribuída ao Estado para que sejam satisfeitas, na forma de políticas, ações e serviços de saúde. Para Stotz 1 as necessidades de saúde (NS) estão no nível das necessidades sociais mais gerais. São construídas social e historicamente e espelham as mediações da prática social dos sujeitos, individuais e coletivos que, em interação com o centro da sociedade civil, lutam pela saúde. Mendes2 afirma que as NS são geradas no contexto das relações que os seres humanos estabelecem entre si para se reproduzirem como sujeitos e como sociedade. Originam-se nas relações de reprodução social em que os sujeitos se desenvolvem como seres sociais. Assim a produção do cuidado pode ser entendida como processo dialógico, na medida em que usuário e trabalhador encontram-se, em um determinado momento, com determinadas expectativas e conhecimentos a oferecer. Objetivo: Esse estudo tem como objetivo analisar estudos que abordem as NS em fonoaudiologia nas várias esferas do SUS. Método: Artigo resultante de revisão de literatura sobre as NS em fonoaudiologia. com os descritores: fonoaudiologia e necessidades e demandas de serviços de saúde. Resultados: Após a exclusão dos duplicados e da leitura dos títulos e resumos dos artigos foram incluídos 26 para a análise. Quanto aos serviços estudados, observamos clínicas/hospitais escola, serviços de média complexidade, alta complexidade, centro de saúde, caracterização da rede de serviços de uma região e discussões sobre políticas específicas. Importante destacar que 2 artigos analisam a Política Nacional de Saúde Auditiva (PNSA), um em âmbito nacional, discutindo a implantação da política e outro apresenta dados sobre a rede de saúde auditiva de um estado. Os dois analisam fluxos e oferta de serviços e procedimentos em saúde auditiva com a PNSA como norteadora.3,4 Além da PNSA outros 3 artigos trazem a atuação da fonoaudiologia na Atenção Básica (AB) para discussão, com apresentação de dados sobre cobertura, acesso e número de profissionais, concluindo que, apesar da evolução na oferta de profissionais, principalmente por causa da criação do NASF, a oferta ainda é menor do que o necessário e mal distribuída pelo País.5,6,7 Por fim um artigo discorre sobre a atuação da fonoaudiologia na urgência e emergência, com dados sobre número de profissionais por estado.8 Conclusão: Os dados levantados na revisão, oferecem uma visão particular, de serviços isolados e da atuação desses no plano local, uma visão parcial e inicial sobre as dificuldades e potencialidades da rede de cuidados. Apresentar a caracterização de serviços é ferramenta importante para auxiliar os gestores na organização e planejamento de saúde, como número de serviços, de profissionais, entre outros, assim como apostar na composição de redes, na ampliação do conceito de saúde.

1.Stotz, EN. Necessidades de saúde mediações de um conceito (contribuições das ciências sociais para fundamentação teórico-metodológica de conceitos operacionais da área de planejamento em saúde) 1991. Tese. Escola Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro.

2.Mendes, RB.G. Práticas de saúde: processos de trabalho e necessidades. Centro de Formação de Trabalhadores em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde. Cadernos CEFOR 1992. São Paulo.

3. Silva LSG, Gonçalves CGO, Soares VMN. Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva: um estudo avaliativo a partir da cobertura de serviços e procedimentos diagnósticos. CoDAS 2014;26(3):241-7.

4. Maciel FJ, Januário GC, Henriques CMA, Esteves CC, Silva MA, Carvalho SAS, Lemos SMA. Indicadores de saúde auditiva em Minas Gerais – um estudo por macrorregião. ACR 2013;18(4):275-84276.

5. Viégas LHT, Meira TC, Santo BS, Mise YF, Arce VAR, Ferrite S. Fonoaudiologia na Atenção Básica no Brasil: análise da oferta e estimativa do déficit, 2005-2015. Rev. CEFAC. 2018 Maio-Jun; 20(3):353-362.

6. Sousa MFS, Nascimento CMB, Sousa FOS, Lima MLLT, Silva VL, Rodrigues M. Evolução da oferta de fonoaudiólogos no SUS e na atenção primária à saúde, no Brasil. Rev. CEFAC. 2017 Mar-Abr; 19(2):213-220.

7. Rech et al. Oferta de fonoaudiologia e atenção primária em saúde no Brasil: uma análise baseada no desenvolvimento socioeconômico. CoDAS 2019;31(1):1-6.

8. Karrie NC, Valeriana CG. Fonoaudiologia nos serviços de urgência e emergência do Brasil: série histórica de 2005 a 2011. Distúrb Comun, 2012; Abril; 24(1):69-75.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
334
NEOPLASIAS MALIGNAS DE LÁBIO, CAVIDADE ORAL, FARINGE E LARINGE: DISTRIBUIÇÃO DE INTERNAÇÕES, UNIDADES ONCOLÓGICAS E FONOAUDIÓLOGOS POR REGIÕES BRASILEIRAS ENTRE 2013 E 2018
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Câncer de cabeça e pescoço é o termo utilizado para descrever neoplasias malignas localizadas no trato aerodigestivo superior incluindo cavidade oral, faringe e laringe. Em 2018, a estimativa de novos casos disponibilizada pelo Instituto Nacional do Câncer foi de 14.700 para cavidade oral e 7.670 de laringe para ambos os sexos. Para um tratamento adequado, faz-se necessária a atuação de equipe multidisciplinar capaz de fornecer um diagnóstico adequado e reabilitação de acordo com as demandas de cada indivíduo, bem como estabelecimentos de saúde qualificados para o recebimento do paciente oncológico. O fonoaudiólogo é um profissional indispensável no processo de reabilitação em câncer de cabeça e pescoço, uma vez que está habilitado a atuar nas áreas de voz, disfagia, motricidade orofacial e linguagem tanto no pré-operatório quanto no pós-operatório. Objetivo: Quantificar as internações por tipo de câncer de cabeça e pescoço, número de fonoaudiólogos do SUS e estabelecimentos públicos oncológicos, por regiões brasileiras, no período entre 2013 e 2018. Métodos: Pesquisa quantitativa de caráter epidemiológico descritivo observacional, realizada com estatísticas oficiais disponibilizadas nas plataformas oficiais do SUS: Site do Instituto Nacional do Câncer, para os dados referentes ao número de estabelecimentos públicos de segmentos oncológicos no Brasil; e DATASUS (SIHSUS e CNES), para o número de internações e número de Fonoaudiólogos por região. Os dados de estabelecimentos, internações e fonoaudiólogos foram comparados, por região do Brasil e analisados utilizando percentual descritivo. Resultados: Com relação aos índices de internação por neoplasia maligna de laringe, os dados apontaram a região Sudeste com a maior concentração (49%), enquanto a região Norte apresentou 2,78% das internações. No que diz respeito às neoplasias malignas de lábio, cavidade oral e faringe, novamente a região Sudeste se destacou como responsável por 48% das internações, seguida da região Sul com 21,7%. A região Norte aparece, novamente, em último lugar com 2,4%. Em relação aos estabelecimentos públicos de segmentos oncológicos do SUS, de 301 estabelecimentos listados na plataforma do Instituto Nacional do Câncer, 47,8% estavam localizados na região Sudeste e apenas 3,6% na região Norte. Por fim, quanto aos profissionais fonoaudiólogos atuantes no SUS, a região Sudeste obteve números equivalentes à 50,32% destes, enquanto a região Norte apresentavou apenas 5,16%. Conclusão: A região Sudeste possui quase metade do número de internações e estabelecimentos oncológicos, além de número exponencialmente maior de profissionais fonoaudiólogos, o que pode indicar que a mesma esteja mais preparada para receber e atender o paciente com câncer, se comparada às outras regiões. Em contrapartida, a região Norte encontra-se em último lugar em todos os parâmetros analisados. Evidenciou-se distribuição desigual de estabelecimentos oncológicos do SUS e profissionais fonoaudiólogos entre as regiões do Brasil, o que pode ser fator determinante para a grande concentração de internações na região Sudeste do país.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
227
NERVOSISMO E EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A RUÍDO: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL COM TRABALHADORES BRASILEIROS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O ruído é reconhecidamente o agente mais comum dentre os fatores de risco ocupacional, podendo ocasionar a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) (1,2). Contudo, a exposição a ruído não acarreta ao indivíduo apenas intercorrências auditivas (zumbido, otalgia, intolerância a sons intensos, diminuição da inteligibilidade de fala) (2,3,4), mas também as não auditivas (estresse, irritação, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, problemas cardiovasculares). Dentre essas últimas, a irritabilidade, também referida como perturbação ou nervosismo, tem sido cada vez mais citada em estudos internacionais e nacionais, à medida que apresenta diferentes implicações à saúde, a partir da sensibilidade do indivíduo ao ruído (2,5,6,7,8,9). Diante de temáticas importantes como a associação entre exposição ocupacional a ruído e efeitos não auditivos, a possibilidade da realização de pesquisas que utilizem dados de base populacional, como a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – 2013 podem trazer informações importantes e que reflitam em novos e atentos olhares a questão. Objetivo: Estimar a associação entre nervosismo e exposição ocupacional a ruído em trabalhadores brasileiros. Método: Trata-se de um estudo transversal realizado com dados do inquérito da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) - 2013, uma pesquisa de representatividade nacional. Participaram trabalhadores com idade maior ou igual a 18 anos. A variável dependente foi o nervosismo (não; sim) e a exposição principal foi a exposição ocupacional a ruído (não; sim), coletada por meio da pergunta “Pensando em todos os seus trabalhos, o(a) Sr(a) está em exposição a ruído (barulho intenso) que pode afetar a sua saúde?”. Foi aplicada a análise de regressão logística no software Stata 14, respeitando-se os pesos amostrais e complexidade dos dados. A análise foi ajustada pelas covariáveis sexo, idade, raça e uso de aparelhos auditivos. A PNS foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), em 8 de julho de 2013, sob o no 10853812.7.0000.0008. Resultados: Participaram deste estudo 36.442 trabalhadores. A maioria era do sexo masculino (53,4%), possuía entre 18 e 39 anos de idade (54,4%) e maior proporção da amostra era de cor da pele parda (48,5%). Apenas 0,1% dos indivíduos fazia uso de aparelhos auditivos e 33,8% referiram nervosismo. A exposição a ruído foi referida por 30,5% da amostra. Na análise ajustada, trabalhadores expostos a ruído em ambiente ocupacional apresentaram 3,40 vezes mais chance de referir nervosismo, quando comparados aos indivíduos não expostos a ruído (IC95%:3,12-3,71) (p<0,001). Conclusão: Observou-se associação entre nervosismo e exposição a ruído ocupacional em trabalhadores brasileiros, destacando a importância no estabelecimento do cuidado não somente da saúde auditiva, mas da saúde mental dessa população, assim como reforça a necessidade de intensificar o desenvolvimento e a aplicação de ações preventivas no ambiente ocupacional.

1. Dias A, Cordeiro R, Corrente J, Gonçalves C. Associação entre perda auditiva induzida pelo ruído e zumbidos. Cadernos de Saúde Pública. 2006;22(1):63-68.
2. Fiorini A. Efeitos Não Auditivos do Ruído (Tratado de Audiologia). 2nd ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2015.
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4. Penna de Azevedo Bernadi A. Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair). Brasília: Editora Ms; 2006.
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6. Silva Ferreira A. Percepção do ruído hospitalar em funcionários de uma maternidade do município de São Bernardo do Campo [Mestrado]. Percepção do ruído hospitalar em funcionários de uma maternidade do município de São Bernardo do Campo; 2013.
7. Cecilia Gelardi V. Esforço de escuta e fadiga: estudo em pilotos de radiopatrulha aérea expostos ao ruído [Doutorado]. Pontifícia universidade católica de são paulo; 2019.
8. Oliveira R, Santos J, Rabelo A, Magalhães M. The impact of noise exposure on workers in Mobile Support Units. CoDAS. 2015;27(3):215-222.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1384
NÍVEIS E RAZÕES COMUNICATIVAS DE PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A paralisia cerebral (PC) é uma encefalopatia não progressiva causada por alterações ocorridas na fase inicial do desenvolvimento cerebral¹. Gera comprometimentos na motricidade, tônus e postura dos acometidos em diferentes tipos e graus, geralmente associados a distúrbios sensoriais, perceptivos, cognitivos, comportamentais e de comunicação². A estimulação da linguagem nestes pacientes costuma produzir bons resultados³, auxiliando na obtenção da autonomia e na melhoria da qualidade de vida, por meio do incremento das habilidades comunicativas através da interação com seus pares4. Para que estes procedimentos tenham êxito desejado, é imprescindível que o fonoaudiólogo tenha acesso a avaliações fidedignas que, aliadas à observação criteriosa do caso e à comparação com o desenvolvimento da linguagem, possam traçar o planejamento terapêutico adequado para cada caso5.
Objetivo: Descrever os níveis e razões comunicativas de um grupo de pacientes com diagnóstico de PC atendidos em uma instituição filantrópica especializada.
Material e Métodos: Pesquisa transversal e prospectiva aprovada pelo CEP da instituição de origem sob nº 3.930.053. Participaram da pesquisa alunos de uma escola de educação especial, de 0 a 24 anos, com diagnóstico de PC; sendo excluídos pacientes cujos dados de avaliação ficaram incompletos. Os pacientes incluídos foram identificados com base nos dados disponíveis nos prontuários. A avaliação fonoaudiológica sobre habilidades de linguagem foi realizada pela aplicação do Protocolo Matrix Communication6, em que os respondentes foram os professores dos pacientes, uma vez que os mesmos convivem na instituição por longos períodos de tempo. É uma ferramenta online e gratuita, que visa avaliar os níveis comunicativos de indivíduos com deficiências, inclusive graves e múltiplas. A matriz é dividida em sete níveis de desenvolvimento dos estágios da comunicação: comportamento pré-intencional (Nível I), comportamento intencional (Nível II), comunicação não-convencional (Nível III), comunicação convencional (Nível IV), símbolos concretos (Nível V), símbolos abstratos (Nível VI) e linguagem (Nível VII) e o protocolo preconiza que a criança tem quatro razões para se comunicar: rejeitar algo, obter algo, de forma social, ou de forma informativa. A avaliação foi conduzida por duas pesquisadoras após treinamento para uniformidade na forma de aplicação.
Resultados: Foram avaliados 80 indivíduos com mediana de idade de 13 anos (intervalo interquartil, 9 - 17). Destes, 48 (60%) eram do sexo masculino. No que se refere aos níveis de comunicação, observa-se um declínio da curva de respostas afirmativas com aumento da complexidade, identificando que as crianças da amostra estão em níveis mais primários no processo comunicativo, independentemente de questões referentes à idade ou nível educacional. Uma análise das porcentagens de respostas verificadas em cada nível ilustra este comportamento: Nível I (85,42%), Nível II (75,94%), Nível III (61,41%), Nível IV (31,25%), Nível V (7,65%), Nível VI (23,75%), Nível VII (21,84%). Quanto às razões comunicativas, também foi observado um padrão de predominância de utilização, considerando a média de ocorrência no comportamento comunicacional: Rejeitar (31,93%), Obter (30,22%), Social (28,77%), Informação (18,14%).
Conclusão: Identificou-se que indivíduos com PC estão em níveis mais primários no processo comunicativo, independentemente de idade e do nível educacional, e que a principal razão para se comunicarem e para rejeitar algo.

1. Zanini, G., Cemin, N. F., & Peralles, S. N. (2017). Paralisia cerebral: causas e prevalências. Fisioterapia em Movimento, 22(3).

2. Rosenbaum, P., Paneth, N., Leviton, A., Goldstein, M., Bax, M., Damiano, D., ... & Jacobsson, B. (2007). A report: the definition and classification of cerebral palsy April 2006. Dev Med Child Neurol Suppl, 109(suppl 109), 8-14.

3. Schirmer Carolina R., Fontoura Denise R., Nunes Magda L.. Distúrbios da aquisição da linguagem e da aprendizagem. J. Pediatr. (Rio J.) [Internet]. 2004 Apr [cited 2020 July 10] ; 80( 2 Suppl ): 95-103. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572004000300012&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0021-75572004000300012.

4. Lamônica, D. A. C. (2008). Estimulação de linguagem de crianças com paralisia cerebral. Lamônica DAC. Estimulação da linguagem: aspectos teóricos e práticos. São José dos Campos: Pulso, 163-77.

5. O'Connor, S., & Pettigrew, C. M. (2009). The barriers perceived to prevent the successful implementation of evidence‐based practice by speech and language therapists. International journal of language & communication disorders, 44(6), 1018-1035.

6. Rowland, Charity. Matriz de comunicação: especial para pais/Charity Rowland; [tradução Miriam Xavier Oliveira]. -- 1.ed. -- São Paulo: Grupo Brasil, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2069
NON-INVASIVE BRAIN STIMULATION (NIBS) E A REABILITAÇÃO NOS DISTÚRBIOS MOTORES DE FALA: O QUE DIZ A LITERATURA?
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Tecnicamente os NIBS podem ser divididos conforme relação na geração do disparo do potencial de ação neuronal: 1) técnicas promovem uma indução direta da atividade dos neurônios; 2) técnicas que moderam a atividade de disparo dos neurônios. A primeira categoria inclui técnicas como a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), que fornece breves e fortes pulsos eletromagnéticos por meio de uma bobina (com formatos variados). Já a segunda categoria não é capaz de gerar potencial de ação nas regiões neuronais alvo, mas é eficaz, principalmente, através da modulação do potencial da membrana em repouso. OBJETIVO: Avaliar a efetividade do uso dos NIBS no tratamento fonoaudiológico dos distúrbios neurológicos de fala[1]. METODOLOGIA: Para a pesquisa dos artigos foi considerada a base de dados Cochrane. Infere-se que a Cochrane possui grande abrangência por abrigar diversos outros portais de buscas; como: Pubmed, Embase, CT.gov, ICTRP. Foi utilizado o recurso de busca simples (recursos da ferramenta) – Somente termos MeSH ou somente sinônimos: doença X intervenção X tipo de estudo. Sendo escolhida a forma de pesquisa: (tDCS OR TMS) AND (Alzheimer OR Parkinson OR Stroke). As patologias escolhidas(Mesh= termos em inglês) possibilitam diversas formas de atuação fonoaudiológica; como: linguagem (oral e escrita), deglutição, fala, voz, motricidade orofacial, audição e equilíbrio; além de terem atuação reconhecida pela clínica e pela academia desde a organização regimentar da Fonoaudiologia. Os critérios de seleção e exclusão de artigos foram incluídos artigos: envolvessem áreas que interessem ou estejam dentro do escopo de atuação e/ou especialidade da Fonoaudiologia, realizados em humanos, nos últimos 5 anos, títulos e resumos ambíguos foram enviados para a revisão de texto completo, afim de não excluir erroneamente os estudos em potencial. Todos os idiomas foram incluídos. É importante notar que os estudos não foram excluídos se os sujeitos receberam uma combinação de intervenções terapêuticas (isto é, estimulação cerebral não invasiva simultânea e outra intervenção secundária). Isso ocorre porque, embora a estimulação emparelhada apresente uma variável confusa, os pesquisadores estão em um estado de equilíbrio clínico sobre o tratamento de pacientes com estimulação transcraniana por corrente contínua sozinhos e são eticamente obrigados a fornecer alguma outra forma de tratamento para os participantes. Além disso, a estimulação cerebral não invasiva raramente é usada sozinha e a inclusão de estímulos emparelhados aumenta o tamanho da amostra e permite maior generalização. RESULTADOS: Para a área de Fala foram selecionados 4 artigos[2,3,4,5]. Dentre os artigos selecionados, 100% (n=4) apresentaram relevância estatística no tocante aos itens avaliados na base motora da fonação. O tratamento de apraxias e disartrias foi beneficiado com as correntes selecionadas, sendo 75% (n=3) a ETCC sendo eleita. Metade dos estudos elegeram pacientes com AVC e a outra metade elegeram pacientes com Parkinson. Houve divergência quanto às áreas de aplicação, sendo M1 a mais frequente (córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo). Apesar de o desenho dos estudos ser o mesmo (ECR), não foi possível aplicar metanálise devido a heretogeneidade do desfecho (medidas de mensuração das patologias (escalas). CONCLUSÃO: Os NIBS demonstraram ser efetivos no tratamento dos distúrbios neurológicos motores de fala.



[1] LEFAUCHEUR, Jean-Pascal et al. Evidence-based guidelines on the therapeutic use of transcranial direct current stimulation (tDCS). Clinical Neurophysiology. Volume 128, Issue 1, 2017, Pages 56-92, ISSN 1388-2457. Acesso em 02 Mai 2020. Disponível em .

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[4] WANG, J. et al. Effects of Transcranial Direct Current Stimulation on Apraxia of Speech and Cortical Activation in Patients With Stroke: a Randomized Sham-Controlled Study. American journal of speech-language pathology. 2019. 1‐13. Acesso em 05 Mai 2020. Disponível em .

[5] BRABENEC, L. et al. Effects of non-invasive brain stimulation of the superior temporal gyrus on motor speech disorder in Parkinson's disease. European journal of neurology. 2017, 24, 478p. Acesso em 05 Mai 2020. Disponível em < https://doi.org/10.1016/j.clinph.2018.01.030>.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
987
NOVO MÉTODO DE REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA O PACIENTE COM DOENÇA DE PARKINSON COM BASE NO RITMO, COMPASSO E MUSICALIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: O ritmo e a música modulam a atividade cerebral provocando a liberação de dopamina no estriado e estimulam a atividade de regiões, como: cerebelo, amígdala, região parietal e núcleo pedunculopontino1. Pesquisadores referem que intervenções baseadas em ritmo e música pode tornar-se terapia coadjuvante para doença de Parkinson (DP)2, induzindo efeitos positivos sobre regiões associadas à doença e/ou facilitando mecanismos compensatórios3,4. Objetivo: Descrever um novo método de reabilitação fonoaudiológica com base no ritmo, compasso e musicalidade em pacientes com DP. Método: Esse protocolo foi elaborado e desenvolvido numa clínica-escola durante extensão universitária de ensino público em parceria com um programa de extensão de um Hospital-universitário e grupo de pesquisa. A intenção de usar a música surgiu de estudos, sobre ritmo e cadência musical para auxiliar a marcha de pacientes com DP, desenvolvidos pela coordenadora do programa de extensão. Entendendo que a música possibilita a melhora de processos cognitivos, aprendizagem motora, expressão emocional e a motivação de atividades5, foi elaborado um protocolo para uso do ritmo e compasso musical para a marcação da sequência-velocidade de execução de exercícios isotônicos e isométricos para músculos orofaciais, visando ganhos na mobilidade e controle motor; exercícios vocais para ativar músculos elevadores do véu palatino, adutores das pregas vocais e elevadores da laringe. Sendo assim, foi escolhida uma música com ritmo de rock melódico, ligeiramente acelerada e com baixa variação na velocidade (Feel invencible da banda Skiller). Ao término da música, as sessões foram sempre finalizadas com a deglutição com esforço de saliva e a escolha dos exercícios tomou como base estudos prévios6,7,8. Resultados: Seis pacientes com DP foram submetidos ao método no período de março a dezembro de 2019. Os atendimentos aconteceram em dois grupos com 3 pacientes cada e horários distintos. A primeira etapa consistiu na apresentação e tradução da música, pois o seu tema é o pensamento positivo e forte, filosofia trabalhada no método Lee Silverman9, visando com isso ganhos na motivação do pensamento fale-forte. A segunda etapa correspondeu ao treino com a realização de palmas no ritmo e compasso (batida da música), verificado o aprendizado, os pacientes passaram a executar o acompanhamento da batida da música com os exercícios propostos. A terceira etapa, os pacientes foram treinados e orientados a seguir em casa os exercícios propostos no e-book desenvolvido pelo programa de extensão especificamente para os pacientes com DP; baixarem a música e realizar os exercícios acompanhando a batida da mesma. A cada encontro os pacientes demonstraram vozes mais fortes na avaliação perceptivo-auditiva e redução nas queixas na deglutição. Conclusão: O novo método de reabilitação fonoaudiológica com base no ritmo, compasso e musicalidade em pacientes com DP foi desenvolvido para oferecer cadência na execução dos exercícios. Durante sua elaboração foi observado adesão satisfatória dos pacientes. Sendo necessário o desenvolvimento de projetos de pesquisa para realização de estudos de eficácia terapêutica.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1956
NOVOS PARÂMETROS DE ANÁLISE DO POTENCIAL EVOCADO MIOGÊNICO VESTIBULAR PARA AVALIAÇÃO DE ADULTOS E IDOSOS NORMAIS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A grande maioria das análises de potenciais evocados está restrita à latência e amplitude, e seus intervalos interpicos, sendo análises ordinárias que não consideram a morfologia da onda. Porém, existem outras possibilidades de análise, mais profundas, como a análise de novos parâmetros no domínio do tempo e as análises no domínio das frequências, que irão considerar não apenas os picos da onda, mas sua morfologia, o que pode aumentar a sensibilidade da avaliação dos potenciais miogênicos vestibulares para o diagnóstico de alterações do equilíbrio. Objetivo: Comparar os resultados dos potenciais miogênicos vestibulares entre adultos e idosos no domínio do tempo, com a avaliação de outros parâmetros como slope e área, e, no domínio das frequências. Método: Estudo observacional, ecológico e transversal, com dados coletados a partir de um trabalho anterior e maior, com a utilização dos mesmos critérios, cuidados éticos e procedimentos já feitos no trabalho. Foram adotados como critérios de inclusão, de acordo com os grupos: Grupo 1) Adultos sem alteração de equilíbrio: idade entre 18 e 40 anos; sistema auditivos e vestibulares normais; Grupo 2) Idosos sem alteração de equilíbrio: idade acima de 60 anos; sistema auditivos e vestibulares normais. E foram excluídos os indivíduos com alterações na orelha externa e/ou mau funcionamento na orelha média; alterações na timpanometria; ausência de reflexos acústicos, limiares tonais acima de 25 dBNA; doenças neurológicas ou neoplásicas corticais com alterações de equilíbrio. Após a realização do exame de Potencial Evocado Miogênico Vestibular (VEMP), foi feita uma análise de dados mais profunda através do cálculo de análise de domínio do tempo (slope, área, ângulo, slope diagonal, área integral, área total, interação binaural, análise do tempo de assimetria, análise de convergência) e das frequências (Transformada de Fourier). Todos os dados, já coletados, foram analisados por meio do aplicativo Smart Tools Evoked Potentials, no qual foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia e Audição (LATEC) da UNCISAL. A normalidade das amostras foi realizada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov e de acordo com a normalidade da amostra foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis, sendo o valor de alfa considerado significativo quando menor que 0,05 e o valor de beta estabelecido de 0,1. Resultados: Foram encontrados os resultados das médias de latência e dos seus respectivos desvios padrão, para as componentes de onda do cVEMP, adquiridos no músculo gastrocnêmico. O teste estatístico ANOVA demostrou que existem diferenças estatisticamente significativas para os componentes P1, N1, P2 e P3 entre os grupos de adultos e idosos normais (p<0,01). O teste de post hoc de Bonferroni confirmou diferenças significativas para a latência de P2, entre o grupo de adultos e o grupo de idosos normais (p=0,034), com valor de p 0,031. Conclusão: Conclui- se que há diferença entre as análises ordinárias (latência e amplitude) e as novas análises (domínio do tempo e das frequências) dos potenciais evocados, quando comparados os grupos de adultos e idosos. Sendo as ferramentas desenvolvidas e testadas úteis para análise de outros bancos de dados e para aplicação em outros exames e seus respectivos potenciais.


1. MENEZES, Pedro et al. Tratado de Eletrofisiologia Para a Auiologia. 1 edição. São Paulo: Booktoy, 2018.
2. OLIVEIRA, Augusto. Desenvolvimento de um novo método para avaliação e acompanhamento da evolução de idosos com alterações de equilíbrio. 2019. 88 f. Tese (Doutorado em Biotecnologia em Saúde) – Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Alagoas, 2019.
3. MENEZES, Pedro. Desenvolvimento de um dispositivo capaz de registrar e analisar potenciais evocados auditivos nos domínios do tempo e das frequências. 2008. 116 f. Tese (Doutorado em Física Aplicada à Medicina e Biologia) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, São Paulo, 2008.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
631
O ACADÊMICO E O LÚDICO: UMA INTERCESSÃO PARA O APRENDIZADO
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: Diante da pandemia e do fechamento temporário das universidades, o ensino remoto vem sendo aconselhado para minimizar os impactos causados na educação. Neste cenário, é necessário que haja a disponibilização de ferramentas que possam conectar professores e alunos. A percepção dessa realidade culminou na consolidação de um projeto previamente pensado, utilizando plataformas digitais, visando a construção de ferramentas versáteis e facilitadoras para o ensino-aprendizagem, podendo ser utilizados tanto em aulas presenciais quanto à distância. O conteúdo foi pensado para utilizar uma linguagem menos formal que a dos livros didáticos, sempre buscando uma visão mais objetiva e próxima mais da prática da Audiologia. Acreditamos que um vocabulário simples e a abordagem lúdica facilitam o acesso e a compreensão do conteúdo. OBJETIVO: Elaboração de um material didático em plataforma digital para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem de forma presencial e/ou remota. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca numa biblioteca de saúde, visando ao levantamento de informações dos livros de audiologia disponíveis, com o objetivo de observar a metodologia e a didática utilizada além de coletar sugestões para o conteúdo. Foram construídos módulos que abordaram os conteúdos fundamentais para o estudo da audiologia clínica. A cada módulo teórico estarão anexados links de arquivos multimídia com vídeos explicativos de procedimentos e vídeos karaokê contendo paródias de música conhecidas da população em geral, que auxiliarão na fixação dos conteúdos. Além disso, um módulo extra, disponibiliza exercícios com questões de concurso e provas da graduação, aplicadas em anos anteriores. Os vídeos foram gravados na Clínica escola de uma universidade, sendo posteriormente editados em um aplicativo. O material será submetido à avaliação de três professores de audiologia e de três alunos da graduação de Fonoaudiologia, com o objetivo de chancelar o conteúdo e aprimorá-lo com sugestões. RESULTADOS: Foi desenvolvido um site para abrigar todo conteúdo teórico que inclui anatomia e fisiologia da audição, audiometria tonal e vocal, mascaramento, testes acumétricos e imitanciometria. Concomitantemente, um canal no youtube foi criado para permitir que os usuários carreguem e assistam aos links dos vídeos que integram o material audiovisual. CONCLUSÃO: Embora o material tenha sido desenvolvido a partir da ementa de uma disciplina de um curso de fonoaudiologia específico, acreditamos que o conteúdo poderá auxiliar discentes de fonoaudiologia de todo o Brasil. A divulgação e disponibilização deste material didático não visa aferição de lucro entre os possíveis usuários, destinando-se de forma irrestrita a todos que se interessarem pelo seu conteúdo. É um material complementar de estudo, de revisão e fixação dos conteúdos, portátil e útil como consulta, não pretende, portanto, substituir os livros base recomendados na ementa de quaisquer disciplinas. É pretensão dos autores alimentar e expandir continuamente o conteúdo a fim de aprimorar os arquivos.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1128
O ACESSO À TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE UMA CIDADE DO INTERIOR DE SÃO PAULO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Ainda interpretada como restrita à especialidade(1), a inserção do Fonoaudiólogo na Atenção Básica (AB) tem enfrentado dificuldades para uma atuação plena, seja com a dificuldade das equipes de profissionais em identificar demandas fonoaudiológicas ou quanto à dificuldade de adesão dos próprios usuários à fonoterapia(2),(3). Essa realidade contribui para as dificuldades de acesso da população a este serviço, compreendendo que o acesso se fundamenta na relação do sistema de saúde aos fatores individuais e comunitários(4), sendo que as dificuldades quanto ao grau de utilização dos serviços são resultado de uma complexa rede de fatores(5). Objetivo: Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil dos usuários com queixas fonoaudiológicas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e analisar o acesso à terapia fonoaudiológica. Método: Trata-se de pesquisa quantitativa, com uma amostra de 171 pacientes atendidos por residentes de fonoaudiologia, no período de Maio 2013 a Fevereiro de 2020, em uma UBS, campo de práticas da Residência Multiprofissional em Saúde da Criança/Adolescente. Os dados foram coletados de uma planilha constituída para organização do serviço prestado e foram obtidas frequências (absolutas e percentuais) das variáveis categóricas e medidas descritivas (média, desvio padrão, mínimo, mediana e máximo) das variáveis quantitativas. Para avaliar a relação entre variáveis categóricas e contínuas (quantitativas) foi utilizado teste de Mann-Whitney. O nível de significância adotado para o estudo foi de 5%. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 31606620.2.0000.5404). Resultados: Observou-se que houve predomínio de usuários do sexo masculino, 105 (67.31%), e de crianças na faixa etária entre os 4 e 6 anos de idade, 50 (34.62%). A UBS foi o serviço responsável pela maior parte dos encaminhamentos, totalizando 105 (67.74%) crianças encaminhadas, predominantemente pelo pediatra, que encaminhou 84 (53.85%) dos casos. A segunda maior frequência de origem dos encaminhamentos foi da escola, 26 (16.67%) crianças. As principais queixas fonoaudiológicas foram: distúrbio fonológico - 45 (28.85%), atraso de linguagem - 45 (28.85%) e distúrbio fonológico associado à dificuldades de leitura e escrita - 13 (8.33%). Em relação às variáveis que caracterizam o acesso, observou-se que o tempo médio em fila de espera foi de 182.38 dias, desvio padrão 253.02, mediana 78.0, mínimo 0, máximo 1.066. Dezesseis (36.36%) pacientes foram convocados, mas não compareceram ao primeiro atendimento fonoaudiológico (acolhimento). Após o acolhimento, 67 (95.71%) iniciaram fonoterapia na própria UBS, dentre os casos que foram incorporados pelo atendimento dos fonoaudiólogos residentes. Do total de casos atendidos (acolhimento e fonoterapia), 39 (25%) foram desligados por faltas e 26 (16.67%) por alta fonoaudiológica. Não houve correlação estatisticamente significante entre o tempo de fila de espera e não ter comparecido ao acolhimento. Conclusão: Houve dificuldade de acesso à fonoaudiologia caracterizado, principalmente, pelo elevado tempo em fila de espera e por dificuldades de adesão, como o não comparecimento quando convocado para acolhimento ou pelo desligamento por faltas após iniciada a fonoterapia. A discussão destes achados com os profissionais da UBS e a ampliação de fonoaudiólogos para atuar na AB pode auxiliar na superação dos problemas encontrados.

1. Soleman C, Martins CL. O trabalho do fonoaudiólogo no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) - Especificidades do trabalho em equipe na atenção básica. Rev CEFAC. 2015;17(4):1241–53.
2. Nascimento CL, Nakamura HY. Fonoaudiologia no Sistema Único de Saúde do Estado de São Paulo Speech , Language and Hearing Sciences in the SUS in São Paulo state. Distúrbios da Comun. 2018;30(1):179–85.
3. Sousa M de FS de, Nascimento CMB do, Sousa F de OS, Lima MLLT de, Silva V de L, Rodrigues M. Evolução da oferta de fonoaudiólogos no SUS e na atenção primária à saúde, no Brasil. Rev CEFAC. 2017;19(2):213–20.
4. Thiede M, Akewengo P, McIntyre D. Explorando as dimensões do acesso. In: McIntyre D, Mooney G, editors. Aspectos econômicos da equidade em saúde. 1st ed. Rio de Janeiro: FioCruz; 2014. p. 137–61.
5. Travassos C, Martins M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde. Cad Saude Publica. 2004;20(suppl 2):S190–8.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
840
O ACESSO DO ESCOLAR USUÁRIO DE IMPLANTE COCLEAR À EDUCAÇÃO BÁSICA NO PERÍODO DE PANDEMIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A situação de pandemia decretada em decorrência da Covid-19 trouxe consigo a necessidade de medidas urgentes de restrição social como forma de conter o avanço de contágio deste vírus. Tais medidas afetaram a sociedade em geral e vários serviços tiveram que adaptar-se a esta nova realidade para continuidade da oferta de suas atividades. Uma das áreas mais afetadas foi a educação que teve suspensa as aulas em 16 de março de 2020 a partir do decreto do Governo do Estado de Pernambuco nº 48810/2020, e estando até o presente momento ainda sem previsão de retorno. Como estratégia para a continuidade das atividades escolares, a utilização de plataforma remota se apresentou como possibilidade viável, possibilitando aos alunos da rede privada de ensino básico a continuidade do ano letivo. OBJETIVO: Descrever as dificuldades encontradas pelos usuários de implante coclear no acesso à educação na pandemia Covid-19. MÉTODO: O presente estudo trata-se de uma análise descritiva da experiência vivenciada pelos usuários de implante coclear (IC) no acesso à educação durante a pandemia de Covid19. RESULTADOS: Nos atendimentos realizados aos usuários de implante coclear (IC) e seus responsáveis, acompanhados em um hospital credenciado do Estado de Pernambuco, foi possível observar que a metodologia de ensino remoto, utilizada na educação, trouxe dificuldades de adaptação por parte da maioria dos escolares usuários de IC e, consequentemente, de desempenho nas atividades acadêmicas. Os responsáveis narraram esta vivência e expressaram grande angústia diante da situação. Dentre as situações citadas, destacam-se a dificuldade em acompanhar as aulas em ambiente virtual, dificuldade em aprender os conteúdos, falta de interação na sala de aula, materiais educacionais inadequados e ainda falta de intérprete de Libras. Alguns escolares, não dispuseram dos recursos tecnológicos necessários para acessar as aulas nesta modalidade, em virtude da situação socioeconômica familiar. Os escolares do ensino público foram fortemente prejudicados não tendo tido acesso à educação na vigência da pandemia. Os responsáveis narraram ainda retrocessos em aprendizagens já obtidas no desempenho escolar e no uso do IC. CONCLUSÃO: O estudo evidenciou grande fragilidade da política de educação no atendimento às especificidades dos usuários de IC que mesmo dispondo de boa capacidade auditiva com o uso do equipamento, não possuem as mesmas condições de ouvintes naturais.

BRASIL, Portaria n° 2.776, de 18 de dezembro, de 2014. Disponível em
http://138.68.60.75/images/portarias/dezembro2014/dia19/portaria2776.pdf,
acessada em 22/09/2019.
BRASIL. Lei Federal n. 8069, de 13 de julho de 1990. ECA _ Estatuto da Criança e
do Adolescente, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm,
acessado em 20/10/2019.
BRASIL, Portaria n° 2.161 de 17 de julho de 2018. Disponível em
http://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/31890149/do1-2018-07-18-portaria-n-2-
161-de-17-de-julho-de-2018-31890131, acessada em 10/10/2019.
Pernambuco, Decreto Nº 48810 DE 16/03/2020, altera o Decreto nº 48.809, de 14 de
março de 2020, que regulamenta, no Estado de Pernambuco, medidas temporárias
para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional
decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019, conforme previsto na Lei
Federal nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Disponível em
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=390754.
SANTOS, F. R. ; CARRIT, E. M.; PINHEIRO, D. Relação entre o conhecimento dos
professores sobre grau de perda auditiva, dispositivos tecnológicos e estratégias de
comunicação, 2018. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/codas/v30n6/2317-1782-
codas-30-6-e20180037.pdf, acessado em 16/09/2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
598
O ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO INTERATIVO COMO POTENCIALIZADOR DO PROCESSO TERAPÊUTICO INFANTIL
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Introdução: A linguagem é um produto social onde o sujeito atua sobre a realidade, se relaciona com os outros e modifica o mundo. A linguagem tem a função de intercâmbio social, pois é por meio dela que o indivíduo se expressa, compreende, descobre, constrói as suas experiências e se constitui como sujeito. Proporcionar a interação com seus pares norteia a prática fonoaudiológica pautada na estrutura do objeto da linguagem e possibilita a evolução do eu como ser social no desenvolvimento infantil.
Objetivo: Relatar a experiência da atuação fonoaudiológica em atendimento interativo na clínica pediátrica.
Método: Entende-se por atendimento fonoaudiológico interativo a sessão de fonoterapia onde mais de um atendimento acontece simultaneamente no mesmo espaço físico. Diferentemente de um atendimento em grupo - onde temos um fonoaudiólogo e vários pacientes - no atendimento interativo temos, na mesma sala clínica, de 2 a 4 pacientes interagindo entre si e cada um com seu fonoaudiólogo fazendo as intervenções específicas e individualizadas. Pensando em proporcionar a relação e o contato entre as crianças, desenvolvemos uma sala lúdica ampla com recursos terapêuticos diversificados que pudessem motivar os pacientes e, ao mesmo tempo, ser um ambiente rico para a estimulação de linguagem e interação social. Neste ambiente, oferecemos um momento diferenciado, que oportuniza a interação, a oralidade e o acolhimento, fugindo dos padrões de atendimentos tradicionais. A relação de interpessoalidade e convívio potencializa os efeitos terapêuticos mostrando as diferentes possibilidades de linguagem quando a criança se apropria do seu lugar de fala e estabelece o diálogo como função comunicaiva.
Resultado: Neste modelo de atendimento, os pacientes têm a possibilidade de perceber a sua linguagem, suas atitudes e a si mesmo pelo movimento de uma outra pessoa, provocando uma reciprocidade determinante no processo terapêutico. O grupo funciona como um meio facilitador onde a linguagem pode ser estimulada em sua amplitude, pois possibilita maior desenvolvimento linguístico e social. Com recursos terapêuticos diversificados para desenvolver e estimular as habilidades de linguagem em todos os seus aspectos, o atendimento fonoaudiológico interativo proporciona às crianças a possibilidade de interagir com seus pares. Essa interação mediada pelo fonoaudiólogo favorece o desenvolvimento infantil e contribui para a efetividade do trabalho clínico.
Conclusão: Para que ocorra o desenvolvimento pleno e efetivo da linguagem, é preciso que seja criada a necessidade de uso, o que é, por si só, inerente ao funcionamento de um grupo de crianças enquanto contexto terapêutico e atividade social. Desse modo, o atendimento fonoaudiológico interativo poderá contribuir e potencializar os ganhos no processo terapêutico.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2047
O AUDIOVIRTUAL COMO FERRAMENTA AVALIATIVA EM TEMPOS DE ENSINO REMOTO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Em tempos de pandemia o ensino superior e, aqui inclui-se o ensino da audiologia, precisa se reinventar, encontrar novas soluções para velhos problemas. A avaliação da aprendizagem não tem o objetivo de exclusão e, sim de inclusão, buscando a melhoria de todos os educandos. Assim, a avaliação torna-se parte do processo de ensino e tem o potencial de destacas os pontos fortes e fracos do processo pedagógico, permitindo uma constante readequação de conteúdos e metodologias, com vistas a maximização da qualidade formativa. Se a avaliação da aprendizagem em tempos de ensino presencial já apresentava certas dificuldades, em tempos de ensino remoto essas dificuldades ganharam uma dimensão maior. O audiômetro virtual idealizado originalmente para auxiliar os professores no ensino da audiologia, passa atualmente por um processo de aprimoramento, com a inclusão de resposta do paciente simulada por um algoritmo que foi criado especificamente para este fim. O objetivo deste trabalho consiste em apresentar o VirtuAudio aprimorado com a proposta de uma ferramenta em potencial para a avaliação em disciplinas de audiologia em tempos de ensino remoto. A metodologia envolveu a fase de aprimoramento do VirtuAudio com intuito possibilitar o uso da ferramenta na realização de audiometrias simuladas com a escolha de 30 pacientes fictícios com diferentes achados audiométricos, incluídos em um banco de dados interno (embarcado). A linguagem de programação utilizada foi a Visual Basic 6 e o audiômetro referencial foi o modelo AD229b. Todas as modificações e adequações foram realizadas a fim de promover maior qualidade à ferramenta na perspectiva avaliativa. A primeira proposta de utilização consiste em disponibilizar ao estudante, de forma gratuita, uma versão completa em recursos mas limitada em número de pacientes embarcados, que serviria de ponto de partida. O professor por sua vez, de posse da ferramenta com a versão completa, tem a viabilidade de enviar aos alunos o paciente virtual que os mesmos atenderiam. Uma segunda possibilidade é ter um paciente embarcado diferente para cada aluno favorecendo a avaliação individualizada e contínua ao longo da disciplina, ou um arquivo encriptado e, portanto, invisível para os alunos, que traria os limiares a serem avaliados. A ferramenta inclui o audiograma para registro do resultado, assim, o estudante pode encaminhar ao docente por meio de um print para conferência do diagnóstico. Um recurso adicional é o envio do vídeo de execução da audiometria propriamente dita, com possibilidade da análise das frequências avaliadas, intensidade inicial do exame, estímulo escolhido em função dos sintomas apresentados na anamnese, tempo de apresentação do estímulo e outros aspectos que ampliam a possibilidade de avaliação, de certa forma “prática”, sem deixar de ser remota. Outra possibilidade adicional é a avaliação de forma síncrona por meio de compartilhamento de tela. Conclui-se que a utilização da ferramenta VirtuAudio é promissora como instrumento de avaliação da aprendizagem, representando uma solução possível como apoio para resolver algo desafiador no ensino remoto da audiologia, a avaliação. A ferramenta têm potencial como instrumento tanto para a avaliação formativa quanto somativa, a depender do planejamento.

1. Machado FC, Lima MFWP. O uso da tecnologia educacional: um fazer pedagógico no cotidiano escolar. Sci. Cum Ind. 2017; 5(2):44-50. http://dx.doi.org/10.18226/23185279.v5iss2p44.
2. Lee J, Lim C, Kim H. Development of an instructional design model for flipped learning in higher education. Education Tech Research Dev. 2017. 65:427–53. doi: 10.1007/s11423-016-9502-1.
3. Lee K. Everyone already has their community beyond the screen: reconceptualizing online learning and expanding boundaries. Education Tech Research Dev. 2018; 66:1255–68. https://doi.org/10.1007/s11423-018-9613-y.
4. Melo ECA, Enders BC, Basto ML. Plataforma PEnsinar®: ferramenta de aprendizagem para o ensino do processo de enfermagem. Rev. Bras. Enferm. 2018; 71(4):1613-21. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0411.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
846
O CANTINHO DA CRIANÇA: UMA ESTRATÉGIA DE VÍNCULO NAS UBS
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A atenção Básica compete à vigilância e o estímulo do crescimento e desenvolvimento infantil, e é através do serviço de puericultura que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) fazem o acompanhamento do público infantil. Na vivência da equipe Nasf-AB, observou-se que mesmo as crianças que mais frequentam este serviço, normalmente apresentam certa resistência para entrar na UBS. Entendendo que o vínculo é uma estratégia importante, que garante a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado, sendo a garantia da efetivação das ações em saúde, fazer do serviço de saúde um ambiente acolhedor pode repercutir positivamente no cuidado e na vinculação. OBJETIVO: Promover um espaço de acolhimento para o público infantil que frequenta a UBS, vinculando-o ao serviço. MÉTODO: Através de reunião com a equipe de saúde da família, a equipe Nasf-AB diante do observado, propôs a criação do cantinho da criança. A equipe tinha a opção de concordar ou não com a implantação da proposta. Quando a equipe básica concordava com a implantação da estratégia, definia-se o local onde o cantinho iria ficar na unidade, seguido do levantamento dos materiais e recursos necessários. Esses recursos são: mesinha, cadeira, brinquedos, livros, lápis, decoração infantil, dentre outros que a equipe julgava importante. Os materiais e recursos necessários foram disponibilizados pelas equipes envolvidas, pela secretaria de saúde do município e pelos próprios usuários que fizeram doação de brinquedos e livrinhos infantis. Após o levantamento dos materiais, agendava-se um dia para a inauguração do cantinho. A inauguração ocorria em um turno do dia, na unidade. As crianças e seus responsáveis eram convidados a participar. No dia da inauguração, as equipes (eSF e NASF) faziam uma fala para os pais e as crianças sobre a importância de manutenção, cuidado e zelo com o espaço criado. Em seguida, cortava-se uma faixa simbólica do cantinho e as crianças e pais eram divididas em grupos para participar de atividades infantis como, oficina de música, brincadeiras tradicionais, oficina de brigadeiro, oficina de slime, oficina de jogos, cineminha, dentre outras. Normalmente, quando havia espaço, optou-se pela estruturação do cantinho na recepção da unidade, um local movimentado e que possibilitava o monitoramento pelo responsável. RESULTADOS: Após a implantação do cantinho da Criança nas UBS, observou-se maior motivação por parte das crianças em frequentar o serviço. Observou-se também que aquele momento de espera até a consulta tornou-se agradável, além de ser um momento de interação entre as crianças que estavam na UBS. Os relatos dos pais, também demonstraram que as crianças agora pedem para ir a unidade brincar, revelando que o serviço também é um local promotor de saúde e bem-estar. Após a inauguração, as crianças reconheciam os profissionais presentes no serviço, facilitando, assim, as intervenções. CONCLUSÃO: A estratégia de implantação do Cantinho da Criança mostrou-se um potencial para a intervenção em saúde, e, promoção de vínculo e bem-estar.

1. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria Nº 1.130, de 5 de agosto de 2015. Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 2015.
2. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria no. 2.436 de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 2017.
3. Barbosa MIS, Bosi MLM. Vínculo: um conceito problemático no campo da Saúde Coletiva. Physis. 2017 Dec; 27 (4): 1003-1022.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
766
O CONCEITO DE PAR EDUCATIVO COMO PARTE DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL.
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Os estudos sobre aprendizagem assim como o estudo de técnicas que auxiliem nos processos de avaliação de habilidades e competências voltadas para o desempenho de escolares perpassa diversas áreas do conhecimento, profissões e abordagens epistemológicas. O processos de avaliação de escolares com algum tipo de alteração de rendimento escolar, deficiência ou transtorno de aprendizagem se tornaram áreas específicas de diferentes áreas, como a Psicologia e a Fonoaudiologia. A presença de equipes multiprofissionais no processo de avaliação de escolares foi uma solução encontrada para potencializar o processo de testagem, assim como, na construção de estratégias terapêuticas e adequações pedagógicas. A Psicopedagogia como uma área de estudos interdisciplinar sobre aprendizagem apresenta alguns paradigmas e técnicas que podem contribuir com este processo de avaliação da aprendizagem de maneira multidisciplinar, por exemplo com o conceito de Par Educativo. O Par Educativo surge de uma técnica avaliativa psicopedagógica chamada Desenho do Par Educativo ou Técnica do Par Educativo, que busca por meio de um desenho levantar indícios sobre a percepção do estudante sobre a aprendizagem e os possíveis mediadores deste processo. Está técnica permite refletir sobre os atores envolvidos no processo de aprendizagem sob a ótica do aluno. Por se tratar de uma técnica de uso não exclusivo de nenhuma área, auxilia na reflexão sobre a percepção individual do escolar enquanto estudante e suas vivências acadêmicas. Objetivo: Esta pesquisa teve por objetivo compreender as possíveis contribuições da vinculação com a aprendizagem manifesta sob o conceito do Par Educativo, promovendo uma reflexão sobre o trabalho multiprofissional de avaliação de escolares utilizando a Psicopedagogia como uma área de acolhimento de diferentes áreas, dentre elas a Fonoaudiologia. Metodologia: realizou-se um levantamento bibliográfico de cunho qualitativo, por meio de pesquisa em bases científicas correlacionando os buscadores: Psicopedagogia, Par Educativo, Aprendizagem. Resultados: Após a análise dos materiais selecionas, foi possível compreender como ainda o estudo do termo Par Educativo, assim como da própria técnica, apesar de muito tempo de sua criação ainda é pouco explorado. A maioria de publicações voltadas ao tema são produzidas em língua portuguesa e espanhola, compatível com as regiões onde se desenvolvem estudos de Psicopedagogia. Conclusões: A testagem com características mais subjetivas não pode ser esquecida durante um processo de avaliação, justamente por conter nuances que podem contribuir na seleção de testes e provas que poderão dar continuidade neste processo de maneira mais eficaz e eficiente, principalmente ao se colocar enquanto construto de uma área interdisciplinar como a Psicopedagogia. A avaliação realizada em equipe multiprofissional pode se beneficiar, por exemplo, ao perceber qual a percepção do estudante sobre a aprendizagem, a função da mesma e consequentemente a adesão do aluno aos desfechos implementados posteriormente. Ao valorizar-se a subjetividade e identificação do aluno com a aprendizagem viabiliza-se sua atuação efetiva em seu processo de ensino-aprendizagem.

Chamat LSJ. Relações Vinculares e aprendizagem: um enfoque psicopedagógico. São Paulo: Vetor; 1997.
Silva GP, et al. Par Educativo – a Manifestação do V ínculo com a Aprendizagem. Vínculo [Internet]. 2016 junho [cited 2020 Jun 1];12(1):46-55. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-24902016000100005&lng=pt&nrm=iso
Sakai JDMC, et al. Desempenho escolar e a relação professor-aluno por meio do teste do par educativo. Boletim de Psicologia [Internet]. 2012 dez [cited 2020 Jun 1];62(137):221-238. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-59432012000200009
Visca J. Técnicas proyectivas psicopedagógicas y las pautas gráficas para su interpretacíon. 3. ed. Buenos Aires: Visca & Visca Editores; 2010.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1556
O CONHECIMENTO DO CÂNCER NA INFÂNCIA E O IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O tratamento antioneoplásico gera diversos efeitos colaterais e na população infantil se torna mais drástico uma vez que as crianças estão em pleno desenvolvimento. É comum alterações auditivas, náusea, queda de cabelo dentre outros que impactam no desenvolvimento escolar e geram mudanças no cotidiano da criança e da família. Desta forma, o fonoaudiólogo, como membro de uma equipe multiprofissional deve atuar na melhoria da qualidade de vida dos pacientes e responsáveis, orientando-os quanto aos efeitos do tratamento e a como estimular o desenvolvimento das crianças. OBJETIVO: Estudar o conhecimento dos pais acerca do câncer infantil e as implicações no cotidiano das crianças. MATERIAL E MÉTODO: Trata-se de um estudo com corte transversal de inquérito, com pais/ responsáveis de crianças oncológicas de um Hospital Público de Aracaju/SE. Todos os procedimentos éticos foram seguidos e a pesquisa foi aprovada pelo CEP nº. 92774918.1.0000.5546. Participaram 20 responsáveis, sendo que foi aplicado um questionário adaptado pelas pesquisadoras, a partir do material proposto no estudo de Nair et al., (2017), composto por 30 perguntas fechadas, com foco na história pregressa da doença, tipos de tratamentos utilizados e respostas de atitude em relação ao conhecimento dos efeitos colaterais, implicações no cotidiano da criança e aspectos emocionais desencadeados durante processo terapêutico. RESULTADOS: A maioria dos participantes eram mães, as quais mencionaram ter conhecimento da duração do tratamento (60%) e dos efeitos colaterais (95%). 85% das entrevistadas desconhecem a presença de perda auditiva em decorrência do tratamento. 55% das crianças não sabem do problema de saúde que possuem, porém 70% dos pais relatam que é importante que as crianças saibam do real estado de saúde. 65% das mães se preocupam com a eficácia do tratamento e com os efeitos colaterais, sendo que a maioria (85%) se preocupam com o futuro das crianças. Apenas 15% brinca fora de casa e 50% frequentam a escola, sem regularidade. CONCLUSÃO: Verificou-se que os pais relataram ter conhecimento a respeito da neoplasia e os efeitos colaterais decorrentes do tratamento, porém o medo relacionado a doença é relatado. O cotidiano infantil também é afetado, o que demonstra a importância de uma equipe multiprofissional atuante, a fim de reduzir as implicações no desenvolvimento infantil decorrente do processo de adoecimento e tratamento.


BARROS, L. F. et al. Estudo de revisão da qualidade de vida e câncer infanto juvenil. Revista Rede de Cuidados em Saúde, v. 10, n. 1, p. 1–13, 2017.

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NAIR, M.; LIDIYA T PAUL; PT, L.; PARUKKUTTY, K. Parents’ Knowledge and Attitude Regarding Their Child’s Cancer and Effectiveness of Initial Disease Counseling in Pediatric Oncology Patients. Indian Journal of Palliative Care, v. 23, n. 4, p. 317–20, 2017.

RODRIGUES, K. E.; DE CAMARGO, B. Diagnóstico precoce do câncer infantil: responsabilidade de todos. Revista da Associação Médica Brasileira (1992), v. 49, n. 1, p. 29–34, 2003.

SHETH, S. et al. Mechanisms of Cisplatin-Induced Ototoxicity and Otoprotection. Frontiers in Cellular Neuroscience, v. 11, n. October, p. 1–12, 2017.





TRABALHOS CIENTÍFICOS
1962
O CONHECIMENTO DAS MÃES SOBRE O RESULTADO DO TESTE DE APGAR
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


O CONHECIMENTO DAS MÃES SOBRE O RESULTADO DO TESTE DE APGAR

Introdução: O teste Apgar é um método de avaliação do recém-nascido (RN), realizado no 1º minuto de vida e repetido no 5º minuto, sendo às vezes realizado também no 10º minuto de vida do bebê. ¹ A avaliação verifica as funções vitais do neonato: frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, irritabilidade reflexa e coloração. A estes aspectos são atribuídas notas de 0, 1 ou 2 pontos, somando um total de 10 pontos. ². As mães precisam ter clareza sobre o assunto, devido a sua responsabilização para a promoção de saúde e qualidade de vida seus filhos. Pois um índice de Apgar baixo pode ser indicativo de alterações no desenvolvimento infantil, que podem ocorrer desde a primeira infância e perdura por toda vida, prejudicando seu rendimento escolar e necessitando de atendimento especializado e qualificado. ³ Objetivo: Investigar o conhecimento das mães com relação ao teste de Apgar. Metodologia: Foi aplicado um questionário elaborado pela pesquisadora e orientadora, contendo 08 questões sobre diferentes aspectos relacionados ao teste Apgar. Participaram da pesquisa 47mães, sendo que 22 mães foram excluídas por nunca terem ouvido falar sobre o teste e não poderiam fornecer informações a este respeito. Sendo então consideradas para o estudo apenas 25 mães. Resultado: Foi possível observar que o dado mais relevante do conhecimento foi em relação à utilidade do teste, sendo conhecida por 92% das mães. Outro dado importante, diz respeito aos objetivos deste teste, 88%. Revelando que as mães do estudo têm conhecimento sobre o teste Apgar, em número significativo perante a análise estatística. Conclusão: Apesar de o estudo evidenciar que a maior parte das mães detêm informações importantes sobre o teste de Apgar, nota-se também uma parcela de mães que o desconhecia. Em consequência desse dado, o presente estudo reforça a necessidade dos médicos nas consultas periódicas de pré-natal, ampliar a difusão de informações sobre a realização, utilidade e objetivos do teste aos pais, pois esta avaliação traz aspectos importantes sobre a saúde do RN, contribuindo para sua qualidade de vida e desenvolvimento biopsicossocial e acadêmico.


Palavras chave: Apgar. Conhecimentos. Fonoaudiologia.

1. Campiotto. A.R; et al. Novo tratado de fonoaudiologia. Trabalho fonoaudiológico em unidade neonatal. 3. ed. São Paulo: Karin GutzInglez, 2013.
2. Oliveira, T. G. de et al. Escore de Apgar e mortalidade neonatal em um hospital localizado na zona sul do município de São Paulo. São Paulo. Vol. 10, n.1, p.8-22, 11 jan. 2012.
3. Carvalho, Patrícia Ismael de et al. Fatores de risco para mortalidade neonatal em coorte hospitalar de nascidos vivos. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília. Vol.16, n. 3, p. 185-194, set. 2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1918
O CONHECIMENTO DO DOCENTE SOBRE A FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: O profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional, além de conhecer as políticas de educação, os programas, projetos e ações do processo de aprendizagem, deve também atuar em parceria com os educadores visando contribuir para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem escolar; melhoria da qualidade de ensino; aprimoramento da comunicação oral e escrita; identificação de situações que dificultem o sucesso escolar e elaboração de programas que aperfeiçoem o processo de ensino-aprendizagem(1). Os educadores representam um papel importante no desenvolvimento educacional, suas atitudes podem afetar significativamente o desempenho dos alunos na sala de aula. Emerge deste contexto, portanto, a participação do fonoaudiólogo educacional, sendo fundamental para a orientação dos profissionais escolares no que se refere à elaboração de estratégias que incentivem as habilidades comunicativas dos alunos e à identificação precoce de distúrbios do desenvolvimento(2). Os professores têm uma grande demanda em sua atividade profissional, então há grande interesse em desenvolver e utilizar medidas de resultados baseados na percepção do sujeito(3). Objetivo: Neste sentido, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão bibliográfica para sintetizar as informações publicadas a respeito do conhecimento do docente sobre a atuação do fonoaudiólogo educacional. Método: Efetivou-se uma busca das informações nas bases de dados PubMed, LILACS e SciELO, por meio dos seguintes descritores: “fonoaudiologia”, “docentes” e “educação”. Os critérios de inclusão foram artigos originais, no idioma português, publicados na íntegra, dos últimos dez anos (2010-2020). Resultados: Observou-se que os professores possuem pouco conhecimento e entendimento a respeito da função que o fonoaudiólogo pode exercer dentro da escola, mesmo presenciando a atuação desse profissional no mesmo ambiente de trabalho. Percebe-se nos relatos das pesquisas que o fonoaudiólogo, ou é um profissional desconhecido, ou aquele que trabalha com a audição e com a fala, ou ainda alguém que vai auxiliar no trabalho com o aluno surdo, mas que também pode exercer seu papel junto aos profissionais da escola, não só com os alunos que apresentam alguma dificuldade. Verificou-se que a maioria dos participantes reconhece a importância da atuação desse profissional no contexto escolar, principalmente no que se refere ao suporte ao atendimento educacional especializado. Entretanto, sua figura ainda foi fortemente associada à reabilitação. Além disso, notou-se despreparo relatado pelos docentes em acontecimentos como: não atentar-se à qualidade da comunicação/oratória durante a ministração das aulas; desconhecimento a cerca do desenvolvimento da linguagem oral e escrita; entraves na identificação da normalidade e dos problemas de fala das crianças; dificuldade em determinar adaptações curriculares e modificações didáticas para os alunos com necessidades expressivas. Conclusão: As possibilidades de atuação da Fonoaudiologia Educacional com os professores são amplas, mas a incompreensão dos mesmos impede o ganho de força e amplitude nos reflexos dessa união. A importância do papel do professor na percepção e maneira de lidar com alterações em seus alunos ressalta a necessidade da inserção do fonoaudiólogo em seu ambiente, para assessorar e capacitar esse profissional para as situações atípicas. Faz-se necessário também que os fonoaudiólogos busquem meios para expor suas contribuições para educação.

1- Conselho Federal de Fonoaudiologia (Brasil). Resolução CFFa nº 387, de 18 de setembro de 2010. Atribuições e competências do profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional. Diário Oficial da União 14 out 2010; Seção 1. . [acesso 2020 jul 12]; Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_387_10.htm
2- Silva LK, Martins-Reis VO, Maciel TM, Ribeiro JKBC, Souza MA, Chaves FG. Gagueira na escola: efeito de um programa de formação docente em gagueira. CoDas 2016; 28(3): 261-268.
3- Ribas TM, Penteado RZ, García-Zapata MTA. Qualidade de vida relacionada à voz de professores: uma revisão sistemática exploratória da literatura. Rev. CEFAC 2014; 16(1): 294-306.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1915
O DESAFIO DA TRANSDISCIPLINARIDADE NA EXECUÇÃO DE UMA OFICINA SARAU NUM CENTRO DE CONVIVÊNCIA
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A transdisciplinaridade é a soma de saberes e práticas de diversas profissões com o intuito de abranger da forma mais ampla possível a complexidade do ser humano. É um grande desafio para a equipe em um Centro de Convivência e Cooperativa (CECCO) cuja vocação é ampla, e transcende a inclusão social propriamente dita.
As oficinas nos CECCOs são ferramentas que contemplam as mais variadas facetas do desenvolvimento humano. Congregam a todos, sendo estruturada pela heterogeneidade dos participantes tendo como fator de agregação das pessoas na convivência o desejo despertado pelo tipo de atividade a ser desenvolvida.
Desde 2009, um dos CECCOs em São Paulo desenvolve a OFICINA SARAU LITERÁRIO, POÉTICO E MUSICAL objetivando: Realizar o resgate da cultura musical, poética e literária presente na história de cada participante e em sua identidade enquanto grupo; Incentivar a apreciação da cultura regional e a manifestação artística individual, valorizá-la, recuperando, assim, a autoestima e o desenvolvimento de seus talentos artísticos, criatividade e potencialidade; Favorecer a inclusão social por meio da performance artística.
O objetivo deste relato é apontar a transdisciplinaridade dessa oficina com base na descrição da metodologia de trabalho e dos resultados observados.
Método: A oficina ocorre mensalmente no regime de portas abertas com média de 70 pessoas. Utiliza-se a linguagem artística em diversas expressões nas apresentações individuais e/ou coletivas. A cada final de encontro é realizado um momento de convivência entre os participantes, com o compartilhamento de alimentos e músicas. A população possui heterogeneidade de idade, gênero, condição econômica, com ou sem vulnerabilidade social. Os profissionais, inclusive o fonoaudiólogo, atuam na coordenação do encontro e como facilitadores dando o suporte com os instrumentos, sustentando a atividade dialógica ou executando as performances em parceria com os participantes. São feitos registros assistemáticos das oficinas por meio de fotos e filmagens e a frequência é registrada por escrito.
Resultados: Observou-se por meio dos depoimentos dos participantes e da aferição do aumento da frequência, que, ao entrar em contato com essas tradições e manifestações é feito um resgate da própria história do sujeito, suas memórias e vivências individuais e sociais. O fato de poderem se expressar e o retorno do aplauso do público, ou a escuta do outro propiciam o resgate da autoestima e o deslocamento de uma posição de anonimato e exclusão, vivida em seu cotidiano, para um protagonismo.
Discussão e conclusões:
Os resultados dessa oficina apontam para uma transdisciplinaridade no modo de atuação dos profissionais, pois, visam a oferecer o melhor ambiente possível para que o participante expresse sua potencialidade artística e criativa. Atuam protegendo-o de sua própria autocrítica, das próprias inseguranças, de acreditar ser limitado. Ao mesmo tempo, algo do específico de cada profissional pode emergir em intervenções pontuais. O Sarau torna-se um catalizador de outras oficinas que são diversas e executadas por diferentes profissionais, cujo resultado se expressa nas performances dos participantes; e um ato político, já que dá vez e voz a um discurso de parte invisível da população.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1118
O DESAFIO DO DIAGNÓSTICO NOS TRANSTORNO DOS SONS DA FALA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A EXPERIÊNCIA DE TERAPEUTAS DA FALA E FONOAUDIÓLOGOS
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO
Transtornos dos Sons da Fala (TSF) é um termo genérico utilizado para descrever uma variedade de dificuldades ao nível das produções dos sons da fala e representa um dos diagnósticos mais prevalentes no âmbito das alterações de comunicação em crianças. As crianças com TSF apresentam um risco acrescido de dificuldades socioemocionais, linguísticas e acadêmicas.
Estas crianças representam um grupo heterogêneo podendo apresentar características distintas, em termos de gravidade, etiologia, tipo de erros, envolvimento de outros aspetos linguísticos e até na forma como respondem à intervenção, fazendo com que o estabelecimento do diagnóstico diferencial represente um enorme desafio para os Terapeutas da Fala (TFs) e Fonoaudiólogos.
Atualmente, não existe um sistema de classificação universalmente aceite, mas sim vários sistemas de classificação, assentes em diferentes tipos de critérios de análise, tais como a etiologia, o perfil linguístico ou até nos níveis subjacentes das dificuldades apresentadas.

OBJETIVO
Descrever a experiência de TFs e Fonoaudiólogos quanto ao estabelecimento do diagnóstico diferencial em TSF.

MÉTODO
Foi elaborado um questionário para recolher informações por parte de TFs e Fonoaudiólogos, com experiência no atendimento de crianças com TSF, utilizando uma ferramenta digital. O questionário foi divulgado através dos endereços de e-mail dos profissionais e esteve disponível durante dois meses. Foi efetuada uma análise descritiva dos resultados, utilizando o programa estatístico IBM SPSS, versão 24. Obtiveram-se 186 respostas (100 TFs; 86 Fonoaudiólogos). Este trabalho foi realizado no âmbito do projeto de investigação de uma estudante de Fonoaudiologia em intercâmbio numa Universidade Portuguesa.


RESULTADOS
Questionados acerca dos sistemas de classificação que utilizam para o estabelecimento do diagnóstico, TFs e Fonoaudiológos indicam o DSM-V como o sistema mais utilizado (21,1% e 40,5%, respetivamente). Pese embora este resultado, é de realçar que uma percentagem importante dos Fonoaudiólogos (31,6%) refere não utilizar nenhum sistema de classificação, comparativamente com os seus homólogos TFs (16,35%). Em relação à frequência com que surgem os diferentes subtipos de TSF na prática clínica, o diagnóstico mais frequente é o de transtorno/distúrbio fonológico (92,3% para TFs; 62% para Fonoaudiólogos), seguido do diagnóstico de distúrbio articulatório/fonético (68,2% para TFs; 56,9% para Fonoaudiólogos). A Dispraxia Verbal do Desenvolvimento (DVD)/Apraxia de Fala na Infância (AFI) é o quadro menos frequente para os profissionais dos dois países. Contudo, destaca-se a diferença entre as respostas dos TFs e dos Fonoaudiólogos (4,8% vs 20,25% respetivamente).

CONCLUSÃO
O recurso a um sistema de classificação dos TSF que seja universalmente aceite é um passo importante quer para clínicos quer para investigadores, pois permitirá uma uniformização conceitual, promovendo um melhor entendimento das características de cada caso e um planejamento mais adequado da intervenção terapêutica, com vista a uma maior eficácia do tratamento.
Ainda que o transtorno fonológico seja o quadro mais frequente, ele é mais frequentemente diagnosticado por TFs do que por Fonoaudiólogos, numa porcentagem próxima ao que é reportado por Bárbara Dodd para o inglês. Já o diagnóstico de DVD/AFI, afasta-se bastante dos números apresentados por Dodd (<1%), em especial se forem consideradas as respostas dadas pelos Fonoaudiólogos.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1408
O DESENVOLVIMENTO DE RECURSO INTERATIVO VIRTUAL PARA APRENDIZAGEM ATIVA DO MASCARAMENTO CLÍNICO.
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O sistema de aprendizagem vem sofrendo muitas alterações ao longo do tempo. Sua tradicional metodologia, que tem o ensino centrado na figura do professor como detentor do conhecimento e aluno apenas como receptor é deixada de lado, para que o surgimento de novas indagações, críticas, autonomia e inovações possam gerar tantas transformações andragógicas como novas perspectivas no processo de aprendizagem das instituições de ensino superior. Para a formação em saúde é essencial que a capacidade de autonomia seja desenvolvida, pois os futuros profissionais necessitarão de competência para exercer cargos de liderança, administração e gerenciamento, solucionando os mais variados problemas no âmbito da Saúde de forma criativa, rápida, individual e/ou coletiva, humanizada e que promovam benefícios aos usuários (1). Diante disso, observando os estudos sobre o mascaramento clínico ao longo de sua história, é perceptível que o mesmo possui características desafiadoras para quem se dispõe, a inicialmente, desvendar suas técnicas e métodos por ser um dos procedimentos clínicos referidos pelos estudantes na prática audiológica. A habilidade para realizar mascaramento possui sua relevância na fidedignidade do diagnóstico audiológico e precisa ser aplicado de forma efetiva (2). Objetivo: Nesta proposta, este estudo tem como objetivo, expor o desenvolvimento de recurso interativo virtual para o treino da realização de mascaramento clínico. Método: Para isso, foi utilizada a abordagem metodológica do Design Thinking (DT), que se baseia em técnicas e ferramentas centradas no usuário, pensadas e analisadas em etapas por designers para que se possa solucionar desafios reais através de criatividade e inovação (3). Como mencionado, o DT possui etapas das quais foram seguidas: Imersão, Ideação, Prototipação e Desenvolvimento. Na primeira etapa a equipe interprofissional foi conduzida ao aprofundamento no assunto, compreender o problema e o contexto. Na etapa de Ideação, a equipe foi levada a trazer soluções aos problemas citados na etapa anterior, tendo como objetivo principal a criação de ideias inovadoras a partir do Brainstorming. Na prototipagem a ideia selecionada como solução é desenvolvida para posterior teste de usabilidade e lançamento do produto desenvolvido no mercado. Resultados: Foi desenvolvido como recurso interativo virtual, um E-book, com conteúdo significativo sobre mascaramento clínico, em sistema de gamification, associado a um aplicativo para treino de habilidades em mascaramento clínico, com uma linguagem dialógica, interativa e intuitiva, apresentando ilustrações, textos, referências, exercícios, casos clínicos, questionários e outros para auxiliar o aprendizado ativo. Conclusão: Pode-se concluir que o desenvolvimento de novos recursos ocorreu no intuito de promover autonomia e envolvimento significativo na aprendizagem, facilitando a aquisição de conhecimento do mascaramento clínico.

1. Garcia MBO, Oliveira MM, Pantier AP. Interatividade e Mediação na Prática de Metodologia Ativa: o Uso da Instrução por Colegas e da Tecnologia na Educação Médica. Rev Bras Educ Médica. 2019; 43(1): 87-96.
2. Alvarenga KF, Corteletti LCBJ. O Mascaramento na Avaliação Audiológica: um guia prático. São José dos Campos: Pulso; 2006.
3. Souza CLC, Silva C. An Experimental Study of the Use of Design Thinking as a Requirements Elicitation Approach for Mobile Learning Environments. Clei Eletronic Journal (CEJ). 2015; 18(1): 1-18.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2004
O DIA MUNDIAL DA VOZ SOB PERSPECTIVA DE ESTUDANTES DE FONOAUDIOLOGIA E COMUNICAÇÃO SOCIAL
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: Compreendendo a importância da educação em saúde, a campanha nacional da voz tem alcançado diversos públicos desde seu início, que no Brasil, ocorreu em 1998. Tal projeto tem beneficiado milhares de pessoas, possibilitando a prevenção dos distúrbios vocais que podem trazer prejuízos sociais bem como financeiros quando trata-se dos profissionais da voz. OBJETIVOS: Promover a conscientização sobre a importância da voz; Divulgar o dia mundial da voz; Orientar sobre saúde vocal e os processos fisiológicos da produção da voz; Discutir as relações da produção vocal e a importância dela no processo de interação comunicacional dialógica. MÉTODO: Por meio da exposição de materiais como banners, vídeos, exposição dialogada dos tópicos elencados. Realizou-se a distribuição de panfletos auto explicativos objetivando firmar as orientações oferecidas a todos os visitantes. Por meio de uma dinâmica em formato de “quiz” foi possível esclarecer os mitos e verdades sobre a voz. As atividades foram realizadas à livre demanda e em fluxo contínuo. Esta atividade foi proposta como parte da culminância do conteúdo discutido nas disciplinas de Avaliação e Diagnósticos Fonoaudiológico em Voz e Metodos Terapêuticos. Incentivar a disseminação do conhecimentos pelos estudantes da disciplina e promover a criatividade na execução das atividades propostas de forma lúdica também é faz parte no processo de formação da gradução. RESULTADOS: Os graduandos do segundo ano do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ensino Superior do Piauí (FAESPI) realizaram atividades em alusão ao dia mundial da voz visando esclarecer sobre os cuidados vocais para os discentes do curso de jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Foi realizado circuito com as seguintes estações: orientação sobre anatomofisiologia do órgãos da fonação e a interrelação entre os diversos aparelhos do corpo humano (oral e em libras); classificação das disfonias e processo de saúde-doença; cuidados pré, peri e pós uso profissional da voz de futuros profissionais da comunicação. Os alunos foram divididos em grupos para abordar vários temas como: aspectos anatomofisiológicos da fonação, distúrbios vocais e saúde vocal. CONCLUSÃO: Quanto mais cedo for a exposição das áreas de atuação da Fonoaudiologia para as outras áreas afins, mais forte é o laço desenvolvido entre as profissões e, maior é a necessidade de atuação multiprofissional para melhor desempenho das atividades ocupacionais futuras.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1668
O DISCURSO NARRATIVO DE CRIANÇAS AUTISTAS NO SETTING TERAPÊUTICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


O desenvolvimento do discurso narrativo é apontado como um percurso do processo de aquisição da linguagem da criança, este se configura em fases como protonarrativas, primeiras tentativas de narrar, narrativa primitiva e narrativa propriamente dita, a criança torna-se um narrador [1]. Este estudo tem o objetivo de mostrar a construção da narrativa de duas crianças autistas. O mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa conforme o parecer do CAAE n. 26715114.4.0000.554 e os responsáveis pelos sujeitos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. O alicerce metodológico são os princípios epistemológicos da pesquisa-ação colaborativa [2]. Como fundamento teórico os estudos mais recentes da narrativa infantil. Foi construído um grupo com duas crianças, um menino de 10 anos de idade e uma menina de 8 anos de idade, ambos atendidos semanalmente por três acadêmicos em fonoaudiologia. Nos atendimentos as narrativas foram construídas mediantes as histórias tradicionais (Chapeuzinho Vermelho, Os três porquinhos, Guliver, e Menina Bonita do Laço de Fita). As sessões filmadas e as amostras de fala transcritas em relatórios e analisadas de acordo o protocolo da narrativa, construído com base nos fundamentos teóricos de Perroni, esses dados analisados a luz da perspectiva dessa estudiosa e de outros estudos que corroboram com esses dados. Em seguida fez-se a construção de uma visualização gráfica personalizada utilizando o software estatístico R, para ilustrar a evolução no desenvolvimento do discurso narrativo de cada sujeito. Os resultados apontam a necessidade do papel ativo do adulto (neste caso o terapeuta) para a construção do discurso narrativo nos sujeitos com alteração na linguagem, o uso de histórias de enredos fixos que tenham uma maior circulação, estratégias que aproximem esses sujeitos ao universo linguístico e a dinâmica grupal. Esses aspectos fizeram emergir em sujeitos com prejuízos linguísticos a estrutura narrativa, os quais também foram encontrados nas pesquisas [3], [4], [5] e [6] corroborando com achados deste trabalho. Conclui-se que os contos tradicionais capturaram as crianças, de tal modo que os escritos ilustrados nas páginas dos livros recebem voz e são recontados nas cenas terapêuticas. Estes reverberam no percurso de aquisição da linguagem de cada sujeito. As narrativas são frutos de um percurso longínquo que ainda tem muito a estruturar, tem o seu próprio modo de se configurar, pois os sujeitos aqui divergem em vários aspectos dos apresentados por ela, porém se aproximam quanto os mecanismos de construção da narrativa e da necessidade de aquisição da linguagem.

Palavras chaves: Narrativa; Linguagem; Criança; Fonoaudiologia.


1. PERRONI MC. Desenvolvimento do discurso narrativo. São Paulo: Martins Fontes;1992.
2. BARBIER R. A pesquisa ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Liber Livro Editora; 2007.
3. PACHECO MC. Um estudo da narrativa de crianças com atraso no desenvolvimento global. Tese (Doutorado em Educação). Piracicaba, SP: Universidade Metodotista de Piracicaba; [publicação online]; 2006 [Acesso em 03 de março de 2019] Disponível em: https://www.unimep.br/phpg/bibdig/aluno/visualiza.php?cod=203.
4. CAMARGO EA A. (2012). Construção Conjunta de narrativas no processo de inclusão escolar. Comunicação, ano19-n1. ISSN impresso 0104-8481. ISSN eletrônico 2238-121x. Piracicaba, SP, jan-jun, 2012, p.129-140. [publicação online]; 2012 [Acesso em 07 de março de 2019] Disponível em:https://www.metodista.br/revistas/revistasunimep/index.php/comunicacoes/article/view/1191.
5. GUERRA AM. (2004). O discurso narrativo em crianças com Síndrome de Down. Dissertação (Mestrado em ciências da linguagem). Universidade Católica de Pernambuco, Recife, PE, [publicação online];2004 [Acesso em 02 de março de 2019] Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/5493/5493.PDF.
6. CAVALCANTI MS. (2016). Desenvolvimento do discurso narrativo de crianças de três anos de idade a partir de reconto de história. Trabalho de conclusão de curso de pedagogia. Universidade Estadual da Paraíba, PB. [publicação online];2016. [Acesso em 07 de março de 2019.] Disponível em:http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/123456789/10298?mode=ful l.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1115
O EFEITO DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NA AUTOPERCEPÇÃO VOCAL DE HOMENS TRANSGÊNERO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: o atendimento à população trans não é recente no Brasil, mas, a cada ano, observa-se um aumento da demanda para o tratamento fonoaudiológico. O fonoaudiólogo possui importante papel no processo de despatologização da transexualidade, sendo primordial sua participação em equipes multiprofissionais ou em intervenções individuais.[1] A voz é um aspecto importante para a expressão de gênero do indivíduo, e pode ser interpretada como masculina ou feminina pelo ouvinte.[2] Neste contexto, a avaliação vocal de pessoas transgêneros é essencial, sendo importante mapear, inclusive, como as características vocais estão relacionadas à autopercepção vocal. A importância de conhecer características da voz de homens transgêneros e como impactam na sua vida é essencial para a elaboração de políticas públicas direcionadas a essa população.[3] Objetivo: analisar o efeito autorreferido da terapia fonoaudiológica de homens trans. Método: estudo qualitativo, realizado com quatro homens trans com idade média de 24 anos. Aprovado pelo Comitê de Ética nº 3.303.803. Foi utilizado o questionário de autoavaliação vocal para transexuais – TVQ [4], adaptado para homens trans, aplicado nos momentos pré e pós terapia fonoaudiológica. A pontuação máxima do TVQ (120) indica autopercepção vocal negativa e a pontuação mínima (30), indica autopercepção vocal positiva. Utilizando os escores totais dos questionários foi possível determinar o nível de insatisfação vocal de cada participante e a possível evolução desse aspecto após a terapia fonoaudiológica. A fonoterapia abordou exercícios de relaxamento/alongamento corporal; massagem cervical e abaixamento da laringe; respiração; fonte glótica/estabilidade e resistência glótica. Resultados: no momento pré-terapia fonoaudiológica todos os participantes apresentaram pontuações de maior insatisfação vocal com os escores de P1-105, P2-96, P3-71 e P4-73. Após a terapia fonoaudiológica, houve uma diminuição significante no escore de três participantes. P1, P2 e P3 passaram para a categoria de pouca insatisfação vocal com 50, 32 e 53 pontos, respectivamente. O único que não apresentou mudanças significativas após a terapia foi o P4, com a pontuação de 73. Para o P1, os aspectos vocais que tiveram uma melhor evolução foram a confiança quanto ao uso da voz e melhora do convívio social entre amigos e familiares. Já o P2, apresentou melhora quanto à diminuição do esforço para usar a voz e o aumento da confiança com a voz. O principal aspecto de melhora após a terapia fonoaudiológica referido por P3 está relacionado com a identidade de gênero e o pitch, por meio de uma voz mais grave e, por consequência, adequada a sua identidade de gênero. Apesar da ausência de resultados vocais após a terapia fonoaudiológica, o P4 referiu mudanças em questões isoladas como o fato de não sentir-se desconfortável ao falar em público, com os amigos, vizinhos ou familiares por conta da sua voz. Conclusão: é possível identificar os efeitos positivos que a Fonoaudiologia proporciona na terapia com transgêneros, principalmente na capacidade de autopercepção vocal, que auxilia tanto em estratégias terapêuticas, como para a satisfação vocal do indivíduo em relação a seu gênero.

[1] Dornelas R, Granzotti RBG, Leite, AFDS, Silva Kl. A redesignação vocal em pessoas trans. In: CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2017.

[2] Azul D, ARNOLD A, Neuschaefer-Rube C. Do transmasculine speakers present with gender-related voice problems? Insights from a participant-centered mixed-methods study. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, v. 61, n. 1, p. 25-39, 2018.

[3] Dornelas R, Guedes-Granzotti RB, Souza AS, Jesus AKBD, Silva KD. Qualidade de vida e voz: a autopercepção vocal de pessoas transgênero. Audiology-Communication Research, v. 25, 2020.

[4] Dacakis G, Davies S, Oates JM, Douglas JM, Johnston JR. Development and preliminary evaluation of the transsexual voice questionnaire for male-to-female transsexuals. Journal of Voice, v. 27, n. 3, p. 312-320, 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2057
O EFEITO DIFERENCIAL DA RECOMPENSA MONETÁRIA NO PLANEJAMENTO MOTOR DA DEGLUTIÇÃO E NA PROTEÇÃO DA VIA AÉREA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O uso de estratégias de feedback (visual, verbal ou tátil) é reconhecido por influenciar de uma forma positiva o processo de reabilitação, facilitando as percepções do paciente sobre seus movimentos durante o processo de deglutição, e melhorando o aprendizado motor para uma nova tarefa. Evidências mostram que, além do feedback, a expectativa por uma recompensa influencia a performance humana e age como um poderoso motivador. Objetivo: Examinar o efeito da recompensa monetária no tempo de reação do fechamento do vestíbulo laríngeo (trFVL) durante a execução da manobra de fechamento do vestíbulo laríngeo voluntário (FVLv), onde o sujeito inicia a deglutição e prolonga o FVL por 2 segundos. O trFVL foi a variável de desfecho do estudo, pois indica planejamento motor. Métodos: O estudo foi aprovado pelo Institutional Review Board (IRB) sob o número 201600618; 40 adultos saudáveis participaram de três sessões (Dia 1, 7, 14; videofluoroscopia realizada em cada um dos dias). Cada participante executou duas tarefas alternadas: a) deglutição e b) deglutição com FVLv (recompensa recebida apenas se realizada corretamente). Para manipular o controle motor do FVLv, os participantes foram randomizados em 4 grupos: 1) tentativa surpresa com recompensa; 2) tentativa surpresa controle; 3) tempo de preparo com recompensa; 4) tempo de preparo controle. Nos grupos de “tentativa surpresa”, algumas ordens para deglutir foram modificadas de forma inesperada por ordens para realizar o FVLv. Nos grupos “tempo de preparo”, o tempo preparatório antes da ordem para realizar o FLVv foram randomicamente modificados durante o estudo (1; 1,5 e 2 seg). Todos os participantes completaram aproximadamente 40 tentativas durante as três sessões, com feedback sobre sucesso ou não das tentativas para realizar o FVLv. Apenas os grupos “recompensa” (1 e 3) avançaram no ganho monetário diante da realização do FVLv corretamente, enquanto o desempenho dos grupos “controle” não teve influência no ganho financeiro. Resultados: A presença da recompensa prolongou o tempo de reação no grupo “tentativa surpresa”, porém reduziu o trFVL nos grupos que tiveram o tempo de preparo para a realização do FVLv modificado (3 e 4 – ambos com p=0,001). Conclusão: A recompensa financeira pode modificar o planejamento motor da deglutição e a proteção da via aérea, a depender da ordem utilizada e da dificuldade de execução.

Gajda K; Sülzenbrück S; Heuer H. Financial incentives enhance adaptation to a sensorimotor transformation. Exp Brain Res. 2016 Oct;234(10):2859-68.

Mir P; Trender-Gerhard I; Edwards MJ; Schneider SA; Bhatia KP; Jahanshahi M. Motivation and movement: the effect of monetary incentive on performance speed. Exp Brain Res. 2011 Apr;209(4):551-9.

Humbert IA; Christopherson H; Lokhande A; German R; Gonzalez-Fernandez M; Celnik P. Human Hyolaryngeal Movements Show Adaptive Motor Learning During Swallowing. Dysphagia. 2013 Jun;28(2):139-45.

Hikida T; Morita M; Macpherson T. Neural mechanisms of the nucleus accumbens circuit in reward and aversive learning. Neurosci Res. 2016 Jul;108:1-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1145
O EFEITO DO TREINAMENTO AUDITIVO ACUSTICAMENTE CONTOLADO EM PACIENTES COM TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
57052070


INTRODUÇÃO: O Processamento Auditivo Central envolve os mecanismos do sistema auditivo responsáveis pela detecção, análise, associação e interpretação das informações sonoras verbais ou não verbais, fundamentando habilidades ou competências auditivas.(1) O Transtorno do Processamento Auditivo Central ocorre quando existe alteração no processamento da informação auditiva de forma adequada, ocasionado por uma dificuldade em uma ou mais habilidades auditivas. O indivíduo pode detectar as informações sonoras que chegam através da audição normalmente, mas interpreta-os incorretamente.(2) Esse transtorno pode ser identificado a partir de exames comportamentais e eletrofisiológicos.(3) No treinamento auditivo acusticamente controlado o profissional utiliza um conjunto estratégias que auxiliam nos mecanismos necessários para a compreensão dos sons e potencializa os efeitos da plasticidade do sistema nervoso auditivo central, habilitando ou reabilitando o processamento das informações auditivas.(4) OBJETIVO: Sintetizar e analisar conhecimentos sobre a eficácia do treinamento auditivo acusticamente controlado em pacientes com Transtorno do Processamento Auditivo Central. MÉTODO: Trata-se de uma revisão integrativa que buscou responder a seguinte pergunta: "Quais os efeitos do treinamento auditivo acusticamente controlado em pacientes com Transtorno do Processamento Auditivo Central?". A busca de artigos foi realizada nas bases de dados Medline (Via Pubmed), Web of Science, SciELO e LILACS, utilizando os descritores (DeCS e MeSH) através do algoritmo de busca: “(Auditory perception OR Hearing Disorders) AND (Neuronal Plasticity) AND (Acoustic Stimulation)”. Foram considerados como critérios de inclusão: artigos que abordassem o efeito do treinamento auditivo acusticamemte controlado em pacientes com Transtorno do Processamento Auditivo Central. Não houve restrição de idiomas ou data de publicação. Foram considerados como critérios de exclusão: artigos que utilizaram animais, artigos repetidos em bases de dados diferentes, teses, relatos de caso e outras revisões. RESULTADOS: Dos 613 títulos encontrados a partir das buscas nas referidas bases de dados; 586 foram excluídos pela leitura dos títulos; 15 foram excluídos pela leitura dos resumos; restando 12 artigos para leitura na íntegra, após esta, sete artigos foram excluídos; resultando em cinco artigos selecionados para esta revisão. CONCLUSÃO: O treinamento auditivo acusticamente controlado promove melhores resultados de latência e amplitude na avaliação eletrofisiológica, aumento do desempenho comportamental e melhor desenvolvimento das habilidades de processamento temporal em pacientes com Transtorno e do Processamento Auditivo Central.

1. ASHA – American Speech-Language-Hearing Association. Task force on central auditory processing consensus development. Central auditory processing: current status of research and implications for clinical practice. Technical report. 1996: 147-61.
2. Pereira KH. Manual de orientação: transtorno do processamento auditivo. DIOESC editora; 2014.1 ed. Florianópolis, Brasil.
3. Santos TS, Mancini PC, Sancio LP, Castro AR, Labanca L, Resende LM. Achados da avaliação comportamental e eletrofisiológica do processamento auditivo. Audiol Commun Res. 2015; 20(3):225-32.
4. Musiek FE, Berge BE. How electrophysiologic tests of central auditory processing influence management. In: Bess F. Children with hearing impairment: contemporary trends. Nashville, TN: Vanderbilt Bill Wilkerson Center Press, 1998: 145-162.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1645
O EFEITO IMEDIATO DA CORRENTE AUSSIE NA DOR CERVICAL E NA ANÁLISE ACÚSTICA DA VOZ.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A eletroestimulação (EE) laríngea tem sido descrita como uma forma de obtenção de resultados rápidos na terapia vocal(1-3). A corrente Aussie é descrita na literatura da reabilitação(4), e os achados encontrados apontam que ela é mais confortável ao paciente(5), entretanto, não há estudos na fonoaudiologia com sua utilização, demonstrando a necessidade de maior aprofundamento em sua aplicação clínica. Objetivo: Analisar o efeito imediato do uso da corrente Aussie na dor cervical e na qualidade vocal de indivíduos sem queixas vocais. Método: Projeto aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da unidade universitária (parecer número: 2.670.186). Participaram 30 mulheres com idade média de 21,6 anos, sem queixas vocais. As participantes foram divididas de forma randomizada em três grupos: Grupo Aussie (GA), Grupo TENS (GT) e Grupo Repouso (GR). As participantes do GA foram submetidas à aplicação da corrente Aussie por 20 minutos (4 KHz; burst de 4 ms com frequência de 100 a 120Hz e intensidade variável de 1 a 180 mA), mantidas sentadas confortavelmente; as participantes do GT foram submetidas à aplicação da corrente TENS (10 Hz, pulso de 250 µs), por 20 minutos, nas mesmas condições de conforto das participantes do GA. Para os dois grupos, foram utilizados três pares de eletrodos autoadesivos, um par medialmente na laringe, um de cada lado, na direção da quilha da laringe(1) e os outros dois pares na região cervical, nos ventres dos músculos trapézios direito e esquerdo. As participantes do GR foram mantidas em repouso por 20 minutos, sem a aplicação dos eletrodos e das correntes de eletroestimulação. Nos momentos pré e pós a intervenção, dos três grupos, foram realizadas gravações da emissão sustentada da vogal /a/ de cada participante, para análise acústica da voz que foi realizada por meio do software PRAAT(6), pelos parâmetros: Frequência fundamental (F0), Jitter (local), Shimmer (local), Noise-to-harmonics ratio (NHR) e Harmonics-to-noise ratio (HNR); foi realizada também, autoavaliação da dor cervical por meio de escala visual analógica de 100mm, e avaliação do limiar de dor, utilizando um Dinamômetro manual digital. Resultado: Na análise acústica, houve diferença significante na medida de F0 na comparação entre os momentos pré e pós, para os três grupos, tornando-se elevada após a intervenção realizada, sendo que a maior mudança ocorreu no GT. A F0 é uma medida sensível a mudanças após a realização de exercícios que elevam a quantidade de vibração das pregas vocais(7-9). O resultado não esperado foi a elevação da F0 no GR. Na autoavaliação da dor e na avaliação da medida da dor muscular não houve diferença estatisticamente significativa entre os momentos pré e pós. Conclusão: O efeito imediato da corrente Aussie não provocou mudanças na análise acústica da voz, na autoavaliação da dor e na medida de dor muscular, quando os três grupos foram comparados. Na comparação entre os momentos pré e pós, a F0 tornou-se elevada após a intervenção realizada nos três grupos. Novas pesquisas devem ser desenvolvidas para melhor compreensão do efeito dessas correntes de eletroestimulação com mudanças de população e tempo de aplicação.

1- Fabron EMG, Petrini AS, Cardoso VM; Batista JCT, Motonaga SM, Marino VCC. Efeitos imediatos da técnica de vibração sonorizada de língua associada à estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS). CoDAS. 2017; 29(3):e20150311.

2- Santos JKO, Gama ACC, Silvério, KKA, Oliveira NFCD. Uso da eletroestimulação na clínica fonoaudiológica: uma revisão integrativa da literatura. Rev. CEFAC. 2015;17(5):1620-1632.

3- Mansuri B, Torabinejhad F, Jamshidi AA, Dabirmoghaddam P, Vasaghi-Gharamaleki B, Ghelichi L. Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation Combined With Voice Therapy in Women With Muscle Tension Dysphonia. J Voice. 2018;34(3):490.

4- Ward AR, Oliver WG. comparison of the hypoalgesic efficacy of low-frequency and burstmodulated kilohertz frequency currents. Phys Ther. 2007; 87(8): 1053-1063. 77.

5- Ward AR, Lucas-Toumbourou S, McCarthy B. A comparison of the analgesic efficacy of medium frequency alternating current and TENS. Physiotherapy. 2009; 95(4): 280–288.

6- Boersma P, Weenink D. Praat: Doing phonetics by computer (Version 5.3.56).(computer program). Retrieved 17 May 2007. Disponível em: . Acesso 26 nov. 2019.

7- Menezes MHM, Ubrig-Zancanella MT, Cunha MGB, Cordeiro GF, Nemr K, Tsuj DH. The relationship between tongue trill performance duration and vocal changes in dysphonic Women. J Voice. 2011; 25(4): 167-75.

8- Hoffmann CF, Cielo CA, Christmann MK. Efeitos da técnica finger kazoo conforme o tempo de execução. Distúrb Comum. 2017; 29(3): 510-518.

9- Oliveira AG. Efeito imediato da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) associada à Lax Vox na voz, dor e atividade elétrica muscular de mulheres disfônicas: estudo clínico, randomizado e cego. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo– Bauru, 2017; 196 p.: il.; 31cm.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
942
O ENSINO DA METODOLOGIA CIENTÍFICA NOS CURSOS DE FONOAUDIOLOGIA DO BRASIL
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: os conhecimentos em Metodologia Científica (MC) são imprescindíveis para a formação acadêmica, pois dão sustentação à visão crítica necessária para o aprofundamento científico, especialmente na área da saúde¹. Muitos estudantes enfrentam dificuldades para a escrita do trabalho de conclusão de curso (TCC)² e consideram que a MC é importante apenas para a realização deste componente curricular. No entanto, o estudo do método é imprescindível para a compreensão das pesquisas e análise de confiabilidade, a fim de propiciar a adoção de decisões clínicas baseadas em evidências e em estudos com execução confiável. Objetivo: descrever o ensino de MC nos cursos de Fonoaudiologia do Brasil. Métodos: trata-se de um estudo documental, do tipo descritivo, realizado por meio de uma busca no site e-MEC, plataforma online do Ministério da Educação³, para identificação dos cursos de Fonoaudiologia existentes no Brasil. Na sequência, foram acessados os websites das instituições de ensino superior (IES) que oferecem o curso, para obtenção e posterior análise das matrizes curriculares. Em seguida, foram selecionadas todas as disciplinas obrigatórias que envolviam o ensino de MC, sendo incluídas, neste estudo, apenas as informações dos cursos ativos e presenciais que disponibilizam a matriz curricular e excluídas as disciplinas específicas sobre o TCC. Por serem dados públicos, extraídos de websites, a submissão ao comitê de ética em pesquisa não foi necessária. Os dados foram analisados de forma descritiva considerando carga horária (CH) total do conteúdo, semestre(s) de oferta, tipo de IES e região do país. Resultados: foram identificados 134 cursos de Fonoaudiologia no Brasil. No entanto, foram incluídos 74 cursos, após aplicação dos critérios de elegibilidade. Destes cursos, 12 não oferecem disciplina de MC (duas IES públicas e dez privadas). Assim, foram analisadas 113 disciplinas ofertadas em 60 cursos, sendo 61 disciplinas de 37 IES privadas e 52 disciplinas de 23 IES públicas. A CH total variou entre 20h-345h. Nas IES privadas, a CH total variou entre 40h-128h e, nas IES públicas, entre 30h-345h. No geral, a média de CH total foi de, aproximadamente, 44h. A média foi de 43h nas públicas e 44,3h nas privadas. Em relação ao ano de oferta, 39,72% são oferecidas no primeiro ano; 18,44% no segundo; 24,11% no terceiro; 16,31% no quarto e 1,42% no quinto ano de curso. Nas instituições públicas, a distribuição das disciplinas foi: 43,33% no primeiro ano; 16,67% no segundo; 18,33% no terceiro; 20% no quarto e 1,67% no quinto ano. Já nas instituições privadas, 37,04% são ofertadas no primeiro; 19,75% no segundo; 28,4% no terceiro; 13,58% no quarto e 1,23% no quinto ano. Em relação à CH média por região, percebeu-se destaque da Região Norte (média de 52h), seguida do Sudeste (51h), Nordeste (46h), Centro-Oeste (45h) e Sul (43h). Conclusão: os cursos brasileiros de Fonoaudiologia oferecem, em média, 44h de MC. As disciplinas são localizadas, especialmente, no primeiro ano, mas destaque-se a quantidade de disciplinas de MC ofertadas no terceiro ano, próximo ao desenvolvimento do TCC. As IES do norte brasileiro são as que oferecem maior CH em MC na formação em Fonoaudiologia.

1. Rodrigues F, Ramos A. Metodologia Científica: análise e reflexão sobre a percepção dos graduandos. International Journal of Education and Teaching; 2(1): 47-60.

2. Wanzeler LB, Pantoja ACR, Mercês DS, Santos BJC, Nogueira MA, Lopes TMR et al. A pesquisa científica sob o olhar dos acadêmicos de enfermagem. Revista Eletrônica Acervo Saúde; 12(2): 1-10.

3. Brasil. Ministério da Educação. Portaria nº. 21, de 21 de dezembro de 2017. Dispõe sobre o sistema e-MEC, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação, avaliação e supervisão da educação superior no sistema federal de educação e o cadastro nacional de cursos e instituições de educação superior cadastro e-MEC. Diário Oficial da União 22 dez 2017; Seção 1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1878
O ERRO E SINTOMA NA SUA RELAÇÃO COM A POSIÇÃO DO TERAPEUTA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Clínica de Linguagem proposta por Lier-De Vitto surgiu a partir do Projeto Aquisição, Patologia e Clínica de Linguagem no LAEL/PUCSP, o qual se volta para as Patologias de Linguagem, reconhecendo as especificidades das produções sintomáticas da fala/escrita. A preocupação com as patologias e produções sintomáticas da fala/escrita anda junto com a teorização do Interacionismo, uma vez que suspendem a noção de sujeito aprendiz e enfrentam a fala da criança, aproximando-se da Linguística e da Psicanálise para explicar as concepções de língua e sujeito (Lier-De Vitto e Andrade, 2008). O termo Clínica de Linguagem é utilizado em oposição à Fonoaudiologia Tradicional, para demarcar diferenças teóricas e clínicas inseridas no interior de cada contexto clínico. A Clínica Fonoaudiológica Tradicional adota uma concepção de linguagem vista como sinônimo de comunicação, desconsiderando que o sujeito é constituído na e pela linguagem. Para a Clínica de linguagem o sintoma acontece quando “a fala produz “efeito” de patologia na escuta dos falantes (e, muitas vezes, na do próprio sujeito)” (Lier-De Vitto, 2006). Objetivo: discutir a posição de terapeuta diante da fala/leitura/escrita de crianças em atendimento fonoaudiológico, levando em consideração os conceitos de sintoma, erro, patologia. Método: Trata-se de um recorte de pesquisa desenvolvida como dissertação de mestrado aprovada sob o nº 56915016.1.0000.5404 pelo CEP de uma universidade pública do interior paulista. Nela discutiu-se a distinção entre sintoma e erro, destacando as avaliações de seis crianças participantes da pesquisa. Foram realizados doze atendimentos grupais com dois trios de crianças (quinzenalmente) e três grupos de pais com os respectivos responsáveis legais (mensalmente). De acordo com os pressupostos metodológicos da teorização interacionista, a pesquisa apresentou caráter qualitativo, cujas sessões foram filmadas e transcritas pela pesquisadora e fonoaudióloga. Em seguida, os dados foram analisados à luz da proposta Interacionista, que fundamenta a clínica de linguagem (Lier-DeVitto, Arantes, Andrade et al). Para teorização Interacionista, o erro marca o funcionamento da língua no sujeito, pois revela um distanciamento em relação à fala do outro e a sua própria fala, deixando em evidência a língua enquanto funcionamento (Ferreira, 2011). Resultados: nota-se que a fonoaudióloga destacou os erros de escrita na própria ficha de avaliação, demonstrando uma preocupação com a gramática e com a norma padrão. Foram encontrados erros de acentuação, pontuação, concordância, ortográficos, trocas de consoantes sonoras por surdas e, principalmente marcas de oralidade na escrita. Conclusão: grifar e destacar os erros foram observados em todos os textos escritos ou ditados realizados na avaliação, demonstrando o uso do arsenal da linguística das formas para descrever o erro, observando o posicionamento de cunho pedagógico da terapeuta frente aos erros apresentados pelas crianças. Arantes (2009) afirma que a aplicação aparatos descritivos na fonoaudiologia tem sido habitual e recobre o acontecimento clínico, sendo um exemplo de mau encontro entre a Fonoaudiologia e a Linguística, muito frequente na fonoaudiologia tradicional. Destaca-se, entretanto, que a leitura feita em voz alta pela terapeuta do texto com erros de cada participante, possibilitou verificar o movimento que os participantes fizeram ao estranharem ou não suas produções.

Lier–De Vitto M.F. Patologia da linguagem: sobre as “vicissitudes das falas sintomáticas”. Aquisição, patologias e clínica da linguagem. São Paulo: EDUC, FAPESP, 2006, p. 182-200
Lier-de Vitto MF; Andrade L. Considerações sobre a interpretação de escritas sintomáticas de crianças. Estilos clin. Jun. 2008 [acesso em 23 set.2017]; 13(24): [17p]. Disponívelem:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282008000100005&lng=pt&nrm=iso.
Arantes L. Diagnóstico de linguagem: sobre os efeitos das falas sintomáticas. Anais do SILEL. Volume 1. Uberlândia: EDUFU, 2009.
Ferreira HM. A relação entre criança/língua/escrita: uma leitura numa perspectiva interacionista. Ver. Alpha, nov. 2011[acesso em 07 maio 2017] UNIPAM (12):[19p]. Disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:uxlyG23B7MoJ:alpha.unipam.edu.br/documents/18125/25386/a_relacao_entre_crianca_lingua_escrita.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br


TRABALHOS CIENTÍFICOS
481
O FONOAUDIÓLOGO ATUANTE NAS IDENTIFICAÇÕES FACIAIS FORENSES NO CONTEXTO BRASILEIRO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
84450000


Introdução:
A identificação facial metodologicamente define-se como a ciência forense capaz de estabelecer, descrever e comparar as características semelhantes e divergentes das faces humanas em relação às mensurações e análises das classificações morfológicas e antropométricas. Mediante a atual demanda judiciária brasileira por conhecimentos específicos aplicados foi possível a disposição atuacional de determinados profissionais, entre estes destaca-se o Fonoaudiólogo, em conformidade com a Resolução do Conselho Federal de Fonoaudiologia CFFa nº 214/1998, como perito judicial e/ou assistente técnico. A área que abrange o conhecimento teórico-prático científico fonoaudiológico para a respectiva atuação é a Motricidade Orofacial, segundo a Resolução CFFa nº 320/2006, esta competência fundamenta-se nas pesquisas, prevenção, tratamento e desenvolvimento dos aspectos estruturais e funcionais das regiões orofaciais e cervicais. A verificação do processo identificatório do réu deve ser realizado por especialistas, com minucioso conhecimento anatomofisiológico, utilizando como ferramenta auxiliar os softwares antropométricos para concluir seus laudos e pareceres técnicos.1, 2
Objetivo:
Relatar os cursos preparatórios e capacitatórios realizados por Fonoaudiólogos para atuar no âmbito das identificações faciais forenses.
Método:
O projeto desta pesquisa corresponde ao nº 3.974.805, aprovado mediante análise do Comitê de Ética em Pesquisas, representando-se como resultado parcial do Trabalho de Conclusão de Curso. Preliminarmente designou-se aos participantes selecionados os objetivos e os procedimentos adotados com a respectiva pesquisa, para os possíveis assentimentos ao termo de consentimento do estudo, posteriormente todos assinaram o termo. Os instrumentos adotados a pesquisa foram conduzidos através do e-mail e da ferramenta Google Forms, em virtude das diferentes regiões brasileiras que os participantes situam-se.
Inicialmente selecionaram-se 12 Fonoaudiólogos, no entanto, um desses participantes foi excluso, não correspondendo ao segundo critério de elegibilidade exposto a seguir, sendo assim, a amostra dos integrantes correspondeu-se a 11 especialistas forenses. Os critérios de inclusão para a composição da amostra baseavam-se em:
I. Atuar um ano ou mais como perito e/ou assistente técnico no âmbito das identificações faciais;
II. Realizar a análise Foto-antropométrico (comparação/verificação das medidas orofaciais).
Resultados:
Salienta-se que os cursos constatados percentualmente a seguir foram apontados por cada integrante, designando-se todos os cursos realizados para efetivar as identificações faciais de forma segura e fidedigna.
Cursos Porcentagem
Perícia forense 33,33%
Prosopografia 18,52%
Aprimoramento em Motricidade Orofacial 14,81%
Extensão em Motricidade Orofacial 7,41%
Análise e edição em imagens 7,41%
Ciências forenses 3,70%
Especialização em Motricidade Orofacial 3,70%
Reconhecimento facial 3,70%
Comparação facial 3,70%
Especialização em áudio e imagens forenses 3,70%
A verificação facial é complexa e considerada subjetiva, além disto, os softwares possuem limitações operacionais, nota-se a importância de especializações para resultados identificatórios éticos e exatos. Analisou-se que não houve unanimidade nos cursos apontados.3
Conclusões:
Com base nos questionários, analisaram-se as especializações que possibilitaram as atuações dos integrantes da pesquisa no respectivo âmbito forense, como resultado, sugere-se aos profissionais e estudantes da área que possuem interesse nas identificações faciais forenses dar seguimento aos cursos preparatórios e capacitatórios, para agregar conhecimento, direcionamento, exatidão e ética em suas práticas, evitando assim processos penais inexatos.

1 DE AZEVEDO JF, RESENDE RV. Prosopografia: estudo comparativo das medidas antropométricas de imagem padrão e questionada em sujeitos conhecidos. Rev CEFAC. 2014, 16(1): 202-213.
2 DE PAIVA LAS, MELANI RFH, OLIVEIRA SVT. Identificação humana através da sobreposição de imagens. Rev Saúde, Ética & Justiça. 2005, 10(1-2): 1-5.
3 REHDER MI, CAZUMBÁ LF, CAZUMBÁ M. Prosopografia: identificação facial. In: DE AZEVEDO JF. Identificação de falantes: uma introdução à fonoaudiologia forense. Rio de Janeiro: Revinter, 2015. P. 225-240.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
919
O FONOAUDIÓLOGO COMO RESIDENTE MULTIPROFISSIONAL EM SÍNDROMES E ANOMALIAS CRANIOFACIAIS – RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Residência, como modalidade de pós-graduação é desenvolvida por meio da parceria entre Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais, Municipais e Hospitais-escola. O objetivo dessa formação é qualificar os profissionais para atuarem em equipes multidisciplinares no Sistema Único de Saúde. O Programa de Residência Multiprofissional em Síndromes e Anomalias Craniofaciais conta com a Fonoaudiologia como a categoria profissional que atua nas seguintes áreas: distúrbios de fala e audição nas fissuras labiopalatinas, fonoterapia intensiva para os distúrbios de fala relacionados à fissura palatina, gerenciamento das disfunções orofaciais em síndromes e anomalias craniofaciais, acompanhamento e interpretação de exames objetivos da função velofaríngea, serviço de prótese de palato, laboratório de fisiologia e prevenção e intervenção nos distúrbios de alimentação. OBJETIVO: O objetivo do presente relato é compartilhar a experiência de formação do Fonoaudiólogo como pós-graduando pela residência multiprofissional em síndromes e anomalias craniofaciais em um hospital de referência na área.RESULTADOS: A inserção do fonoaudiólogo residente na atuação em síndromes e anomalias craniofaciais ocorre no período de dois anos, e conta com atividades teóricas de núcleo comum a outras categorias profissionais, bem como atividades teóricas e práticas específicas para a Fonoaudiologia. O hospital de referência cumpre seu propósito de promover ações multi e interdisciplinares entre os pós-graduandos. Em seu cotidiano, proporciona ao fonoaudiólogo a troca de conhecimentos e experiências em atendimentos com seus preceptores e docentes responsáveis, pesquisas e técnicas terapêuticas, além de permitir que o profissional complemente sua formação em diagnóstico, orientação ao paciente e seus familiares, realize atendimentos ambulatoriais e acompanhe a assistência prestada durante o pré e pós-cirúrgico de pacientes com síndromes e anomalias craniofaciais advindos de todo o país. A prática multidisciplinar acontece de variadas formas, como as interconsultas entre os profissionais do hospital, aulas que fazem parte do núcleo comum de todas as categorias profissionais, auxílio nas orientações a profissionais de outras instituições e discussões de casos clínicos em reunião de equipe. O intercâmbio de conhecimentos multidisciplinares ocorre com diversas áreas e especialidades de profissionais de saúde, como o cirurgião plástico, otorrinolaringologista, odontólogo, psicólogo, nutricionista, enfermeiro, geneticista, assistente social, dentre outros.CONCLUSÃO: A Residência Multiprofissional com enfoque em Síndromes e Anomalias Craniofaciais para a área da Fonoaudiologia representa uma estratégia enriquecedora para o processo de formação em saúde, principalmente no que se refere ao aprendizado da atuação em equipes multidisciplinares, além da capacitação nos cuidados deste grupo de pacientes.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
270
O FONOAUDIÓLOGO EDUCACIONAL E A FORMAÇÃO DOCENTE EM METODOLOGIAS ATIVAS/EXPERIENCIAIS DE APRENDIZAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: Excelência escolar tem sido a grande preocupação das instituições de ensino atuais, entretanto, a resistência de parte dos docentes sobre a inserção de novas metodologias que expõe os discentes como protagonistas do processo de aprendizagem, bem como o tradicionalismo rígido dos sistemas de ensino, ofusca e dificulta o desenvolvimento educacional. Em contrapartida, estudos relatam que docentes que utilizam de metodologias ativas de aprendizagem apresentam resultados como ampliação do conhecimento dos discentes, assiduidade e interação dos mesmos em ambiente educacional. Além disso, tais metodologias tem sido comuns no ambiente educacional, visto que, a formação do discente necessariamente deve contemplar o desenvolvimento de suas múltiplas habilidades, domínio de habilidades tradicionais, domínio de habilidades de aprendizagem e inovações, além da interação entre teoria e sua aplicabilidade prática em situações cotidianas. Sendo essencial que os estudantes aprendam, explicitamente, pensamento crítico, resolução de problemas, comunicação eficaz, colaboração, criatividade e inovação para garantir que estejam bem preparados para a vida profissional. Neste contexto, o professor para facilitar a aprendizagem profunda e significativa, deve promover sessões de aprendizagem nas quais os estudantes estejam ativos no processo. OBJETIVOS: Apresentar o relato de experiência da fundamentação de docentes do ensino infantil sobre as bases conceituais, experimentação de modelos e formas de avaliação para a utilização sistematizada e coerente das Metodologias Ativas. MÉTODO: O workshop foi realizado em uma escola de ensino infantil e fundamental I da rede pública do estado da Paraíba, situada na cidade de João Pessoa. O público alvo foram 18 professores do primeiro ao quinto ano e sala de educação especial (AEE). RESULTADOS: Foram realizados dois workshops com duração média de 3 horas cada, em que foram abordados os seguintes tópicos: A teoria dos 5Es de aprendizagem ( BYBEE, 2013), team based learning, estações de aprendizagem, recursos digitais e avaliações de aprendizagem utilizando metodologias ativas. Durante todo workshop os professores estiveram imersos em um ambiente guiado por metodologias ativas, em que foi possível contemplar as metodologias facilitadoras de aprendizagem na teoria e prática. Ao término das oficinas foram aplicados questionários para verificação do rendimento da temática abordada e satisfação em relação ao workshop. CONCLUSÃO: É notória a necessidade da oferta de formação sobre tópicos relacionados à aprendizagem para docentes de escolas e universidades, visto que, muitos destes apresentam dificuldades para compreensão do processo de aprendizagem, bem como tais aspectos podem apresentar defasagem durante o processo de formação, além disso, esta experiência vem reafirmar a importância do Fonoaudiólogo Educacional atuar com práticas voltadas aos docentes no cenário acadêmico.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1607
O FONOAUDIOLÓGO EM TEMPOS DE PANDEMIA POR CORONAVÍRUS (COVID-19): VIVÊNCIAS SOB A ÓTICA DA RESIDÊNCIA EM TERAPIA INTENSIVA – UTI
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: A pandemia do Sars-CoV-2, é a sexta emergência de saúde pública mundial declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar do referido Hospital Geral no Estado da Bahia não ser hospital de campanha, para ser suporte aos atendimentos de COVID-19, em março iniciou sua organização emergencial, registrando casos confirmados entre pacientes e profissionais, chegando atualmente a mais de oitocentos profissionais de saúde afastados positivos para o vírus. O fonoaudiólogo é o profissional responsável pela reabilitação de funções vitais, do sistema estomatognático de pacientes acometidos pelo coronavírus, tendo sua atuação primordial dentro das Unidades de Terapia Intensiva - UTI. Objetivo: Relatar a experiência da atuação, dentro de um rodízio de residência em UTI, frente a pandemia mundial do COVID-19. Métodos: Trata-se de um estudo de fenomenologia, com vista as experiências da atuação em um Hospital Geral da Bahia, dentro de UTIs, durante a pandemia por coronavírus. Dos Fonoaudiólogos autores, um como residente (R1) em Terapia Intensiva – UTI e outro como preceptor do programa de residência, ambos membros de um serviço de Fonoaudiologia, do hospital. A atuação relatada foi realizada entre março-junho de 2020, dentro das unidades, frente aos atendimentos tanto de pacientes suspeitos e positivos
para coronavírus quanto portadores de outras comorbidades. Resultados: Nos momentos iniciais os desafios diários foram lidar com a sensação de falta de segurança ao profissional de saúde que permeavam desde a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), a reorganização de rotinas dos próprios atendimentos, até cada definição se o Hospital atenderia os casos confirmados de COVID-19 ou se os pacientes seriam regulados para hospitais de campanha, a fim de preservar os demais pacientes e profissionais do hospital. Nesse momento a atuação fonoaudiológica e solicitações de avaliações foram de pouca demanda, o que demonstrava ser reflexo da necessidade de entendimento e amadurecimento da atuação hospitalar fonoaudiológica por toda equipe de saúde, não obstante as emoções e
angustias eram afloradas a cada plantão em que se encontrava paciente suspeito ou confirmado nas UTIs. Ao longo dos dias e meses as solicitações por atendimento fonoaudiológico foram aumentando, simultaneamente com o crescimento da curva de casos de COVID-19, as discussões entre a equipe da atuação fonoaudiológica, frente as novas necessidades, continuaram diante ao medo das manipulações de secreções presentes nas limpezas orais, tosses, aspirações, manejos de pacientes traqueostomizados que fazem parte das práticas de atendimentos, sendo realizadas redefinições contantes nas rotinas
fonoaudiológicas. O hospital continua, até os dias atuais, se reorganizando. A sensação de medo, angustias é incertezas perduram; entretanto percebe-se que aos poucos o que era novo e desconhecido está se tornando cotidiano diante de uma curva crescente de casos. Conclusão: Após análise relatada, pode-se perceber o desafiador trabalho do profissional nas UTIs, principalmente, durante a pandemia e o quanto é essencial a permanência e funcionamento dos serviços, a fim de prestar a melhor assistência possível aos pacientes, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no período.

Coronavirus 2019‐nCoV, CSSE. Coronavirus 2019‐nCoV Global Cases by Johns Hopkins CSSE. (Available from: https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/opsdashboard/index.html#/bda7594740fd40299423467b48e9ecf6)

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1638
O FONOAUDIÓLOGO INSERIDO NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA EM PERNAMBUCO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Partindo da formação acadêmica do profissional de saúde que muitas vezes, vem de um modelo biomédico, fragmentado e especializado. A residência multiprofissional em saúde da família (RMSF) vem com a proposta de uma formação que vai além desse modelo, e que com a atuação multiprofissional garante a assistência à saúde de forma integral e que é construída respeitando todos os princípios do SUS. E a inserção do Fonoaudiólogo nesse contexto é de grande importância para sua formação e experiência pessoal e profissional sempre vendo o paciente com integralidade. OBJETIVO: Descrever a rotina de residentes da Fonoaudiologia na residência multiprofissional em saúde da família em Recife. MÉTODOS: A seleção para RMSF engloba profissionais de diversas áreas e promove cenários de aprendizagem configurados nas Redes de Atenção à Saúde, tendo a atenção básica como espaço privilegiado. Tem duração de 2 anos e o campo de prática são em unidades básicas de saúde (UBS) e o Fonoaudiólogo junto a outros profissionais como Fisioterapeuta, Assistente Social, Psicólogo, Nutricionista, Educador físico, Farmacêutico, Terapeuta Ocupacional formam a equipe de NASF-AB residentes, sob preceptoria, capacitando para atuarem: na atenção básica, no cuidado integral à saúde das pessoas, das famílias, de comunidades, e na gestão do trabalho, com enfoque multiprofissional, fortalecendo o desenvolvimento do trabalho em equipe de maneira interdisciplinar. E sempre tendo como foco promover a integralidade da atenção à saúde e o compromisso com a promoção, proteção e recuperação da saúde, reduzindo o risco de doenças. Na prática, nós Fonoaudiólogos, realizamos atendimentos individuais em alguns momentos, mesmo não sendo o foco, mas para orientações e promoção da saúde; atendimentos compartilhados com outros profissionais como Enfermeiros, como exemplo na consulta de pré-natal e durante a puericultura; Criação e participação em grupos terapêuticos; Ações na comunidade e na sala de espera sobre diversos assuntos; participação de reuniões da gestão e de planejamento estratégico da equipe e discussão de casos; Projeto terapêutico singular para algum caso que demande um olhar mais aprofundado. RESULTADOS: Foi observado na prática, que o fonoaudiólogo é um profissional importante na composição da equipe multiprofissional, pois proporciona uma visão ampliada das atividades por ela realizada, como atendimentos compartilhados possibilitando a formação uma clínica ampliada que busca interação de várias abordagens possibilitando o manejo eficaz de acordo com a complexidade de cada caso, de modo a garantir a formação fundamentada na atenção integral, multiprofissional e interdisciplinar. CONCLUSÃO: A presença constante de residente Fonoaudiólogo na equipe resultou no aumento da capacidade da equipe de resolver e/ou enfrentar os problemas de saúde do usuário, pois, eram vistos como apoio na prestação do cuidado, por meio da troca de conhecimentos, pela resolução e tomada de decisão para a realização do cuidado em saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
358
O IMPACTO DA INSERÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL MATERNO-INFANTIL
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As residências multiprofissionais em saúde são uma modalidade de pós graduação para profissionais de diferentes áreas na modalidade ensino em serviço[1]. O fonoaudiólogo está inserido em diversas equipes de residência, com sua atuação voltada para os aspectos da comunicação e deglutição[2,3]. No eixo de residência relacionado ao público materno e infantil, o fonoaudiólogo exerce sua função na equipe promovendo o cuidado com o desenvolvimento infantil, amamentação e a disfagia. Objetivo: Este trabalho visa apresentar a importância do residente em fonoaudiologia, no contexto materno-infantil, para a melhora da atenção ao paciente pediátrico, sobretudo relacionado à amamentação. Método: Estudo de caráter documental, quantitativo, retrospectivo e comparativo entre dados setoriais de atendimentos realizados pelo serviço de fonoaudiologia no que tange ao público materno-infantil, com aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa CAAE: 2 31674920.2.0000.5342. Levando em consideração os atendimentos relacionados à amamentação, comparou-se o período entre os meses de abril a dezembro de 2018 e 2019, onde em 2018 não havia o programa de residência e em 2019 ano de início do Programa de Residência Multiprofissional Materno-Infantil/Neonatologia em um hospital filantrópico de grande porte ao norte do Rio Grande do Sul. Desenvolvimento: Os pacientes internados em pediatria ou maternidade apresentam motivos distintos de internações e recebem atendimentos de diversas áreas profissionais. A amamentação compreende uma atuação multiprofissional, porém apresenta maior afinidade com algumas áreas, como a fonoaudiologia e a enfermagem. A atuação fonoaudiológica com recém-nascidos termos visa uma alimentação segura e eficiente promovida por meio da coordenação entre o sugar/deglutir/respirar[4]. No ano de 2018, o setor de fonoaudiologia realizou, com o público materno-infantil, um total de 802 atendimentos sendo apenas 1,12% voltados a amamentação. No ano de 2019, totalizaram-se 867 atendimentos e destes, com a inserção da residência multiprofissional materno-infantil, o aumento do número de atendimentos realizados, nesta área, foi de 8,1% destes, 15,37% relacionados diretamente a amamentação. O aumento expressivo se justifica pela maior disponibilidade do fonoaudiólogo residente com foco na área especifica, diferenciando-se da realidade em alguns centros hospitalares, onde o fonoaudiólogo atua de modo generalista. Além disso, os dados denotam, o reconhecimento dos outros profissionais com relação a especificidade da avaliação fonoaudiológica da motricidade orofacial e deglutição, quando este está inserido nas discussões multiprofissionais. Conclusão: O fonoaudiólogo, no âmbito da amamentação, é reconhecido por sua atuação na transição de vias alimentares com o recém-nascido prematuro. Embora seja amplamente divulgado em meio científico, com relação a amamentação dos recém-nascidos termos são necessárias mais pesquisas sobre a importância do trabalho deste profissional.

1- Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (Brasil). Resolução nº 2, de 13 de abril de 2012. Diretrizes Gerais para os Programas de Residência Multiprofissional e em Profissional de Saúde. Diário Oficial da União 16 abr 2012: Seção I.
2- Brasil. Presidência da República, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº. 6965, de 9 de dezembro de 1981. Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Fonoaudiólogo, e determina outras providências [Internet]. Brasília, DF; 1981. [acesso em 2020 nov. 9]. Disponível: http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.96 5-1981?OpenDocument
3- Conselho Federal de Fonoaudiologia (Brasil). Resolução nº 492, de 7 de abril de 2016. Regulamentação da Atuação do Profissional Fonoaudiólogo em Disfagia. Diário Oficial da União 18 de abril de 2016: Seção I.
4- CALCIOLARI RCB. O IMPACTO DA HIPOGLICEMIA TRANSITÓRIA NEONATAL NO DESEMPENHO DA SUCÇÃO DE RECÉM-NASCIDO A TERMO [tese de doutorado]. São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1788
O IMPACTO DA JUDICIALIZAÇÃO NO BRASIL EM RELAÇÃO À CIRURGIA DO IMPLANTE COCLEAR NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O termo “judicialização da saúde” é relativamente recente no Brasil, o qual possui como marco cronológico a Lei 9.313/96 que dispõe sobre distribuição gratuita de medicamentos aos portadores do HIV e doentes de AIDS (BARROSO, 2009). Por judicialização da saúde é possível entender que o usuário no anseio de ter suas necessidades supridas, acaba buscando seu direito à saúde, constitucionalmente garantido, por meio do Poder Judiciário (SANTOS et al., 2018). É notório que efetivar a contento o Direito à Saúde a todas as pessoas, conforme previsão da Constituição Federal de 1988 é uma tarefa hercúlea. Nessa situação, muitas vezes o Judiciário acaba sendo a derradeira alternativa de muitos indivíduos para obtenção de um medicamento, tratamento ou cirurgia (BRASIL, 1988). Ao considerar que a judicialização tem sido um meio de acesso à saúde para alguns cidadãos, surge o questionamento se a ação do Poder Judiciário está presente na rede de saúde auditiva quando considerado o IC ( GOMES, 2014). Não foram encontrados na literatura pesquisada, estudos que tenham tido como foco analisar o impacto da ação do Judiciário na política de saúde auditiva no Brasil, ao considerar o implante coclear. Objetivo: descrever o impacto da Judicialização na realização da cirurgia de Implante Coclear (IC) no Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS), incluindo o serviço público e a saúde suplementar. Metodologia: foi realizado um levantamento de acórdãos de todos os Tribunais Nacionais e a Jurisprudência Dominante voltados à cirurgia do IC no SUS no período de 2007 a 2019 por meio da Plataforma Jusbrasil. Resultados: foram encontrados um total de 995 processos relacionados ao IC. Destes, 265 processos foram trazidos em duplicidade pela Plataforma Jusbrasil e 283 processos tratavam-se de solicitações genéricas requeridas pelo usuário de IC, como por exemplo, aposentadoria por invalidez, concessão de benefícios, acidente de trabalho, dentre outros.Desta forma, 447 processos estavam voltados à reabilitação, sendo que 231 processos contemplavam a manutenção do IC e 216 a solicitação da cirurgia do IC, unilateral ou bilateral. Ao considerar que o enfoque do presente estudo está na cirurgia do IC, unilateral ou bilateral, os dados se referem a um total de 216 processos. Inicialmente, constatou-se que 166 (76,8%) eram solicitações para o IC unilateral e 50 (23,1%) para IC bilateral. A judicialização foi observada nos Estados mais ricos e o sistema jurídico tem demonstrado coerência em suas decisões, visto que a Tutela Antecipada foi confirmada com a decisão final favorável em todos os casos em que o cidadão, por meio de documentos, demonstrou a necessidade e urgência do procedimento. Conclusão: mesmo após a regulamentação do Ministério da Saúde no ano de 1999 para IC unilateral e no ano de 2014 para IC bilateral, e pela ANS no ano de 2012 para IC unilateral e bilateral a Judicialização está presente para que o cidadão que busca assistência à saúde, menor de idade e adulto, tenha acesso ao seu direito constitucionalmente garantido.

Palavras-chave: Implante Coclear. Direitos Civis. Direito à Saúde. Política Pública.Judicialização da Saúde.

Brasil. [Constituição (1988)].Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

Barroso LR. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial. Belo Horizonte: JurispMineira; a. 60, n° 188, p. 29-60, jan./mar. 2009.

GOMES, F. F. C. et al.Acesso aos procedimentos de média e alta complexidade no Sistema Único de Saúde: uma questão de judicialização. Rio de Janeiro : Cad Saúde Pública; v. 30, n. 1, p. 31-43, jan. 2014.

SANTOS, E. C. B. et al. Judicialização da saúde: acesso ao tratamento de usuários com diabetes mellius. Florianópolis: Texto Contexto – Enferm; v. 27, n. 1, e0800016, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2009
O IMPACTO DAS DIFERENTES TAXAS DE ESTIMULAÇÃO SOBRE AS RESPOSTAS DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO EM IDOSOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O envelhecimento acarreta em mudanças significativas na saúde de alguns indivíduos, dentre elas, as alterações auditivas, que se caracterizam como uma das maiores causas de isolamento social. Nesta perspectiva, o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico constitui-se de uma importante avaliação auditiva. Para que uma análise eficaz aconteça, nesse exame, é necessário que todos os parâmetros estejam ajustados adequadamente, sobretudo, a quantidade de estímulos por segundo apresentada ao sistema auditivo. Dessa forma, diferentes taxas de estimulação podem ser usadas para comparar a morfologia dos registros e, a partir disso, favorecer a maior eficácia do exame. OBJETIVO: Comparar as respostas do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico com estímulo clique em diferentes taxas de estimulação em idosos. MÉTODO: Trata-se de um estudo analítico observacional transversal, aprovado sob parecer de número 1.774.284. O estudo teve como critérios de inclusão pessoas de 60 a 75 anos de ambos os sexos, com audição normal (até 25 dBNA) ou até perda leve (26 a 40 dBNA), que apresentassem conduto auditivo livre de obstruções, presença de reflexos acústicos, PEATE clique com sem alterações e sem alterações neurológicas. Os critérios de exclusão foram alterações de orelha externa e/ou mau funcionamento de orelha média, presença de cirurgias na orelha e mais de três infecções de ouvido no ano corrente, uso de medicação ototóxica, presença de alterações cócleo-vestibulares, além de presença de alterações sistêmicas que contribuam para doenças cócleo-vestibulares, como a diabetes e hipertensão arterial, e também, presença de alterações cognitivas e/ou de comportamento. Os participantes foram submetidos à otoscopia, audiometria, imitanciometria e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico em quatro diferentes taxas de estimulação (14.1, 21.1, 26.7 e 27.7 estímulos/segundo). Foram realizadas estatísticas descritivas e analíticas das latências e amplitudes nas quatro condições de teste utilizando-se o teste T de Student para análise entre pares e o Anova one-way com avaliação Pos Hoc/Bonferroni para as quatro situações de avaliação. RESULTADOS: Três idosos com média de idade de 63 anos foram avaliados, sendo duas mulheres e um homem, totalizando a análise de seis orelhas. Observou-se, pela comparação das taxas de 14.1 e 26.7 estímulos/segundo, diferença estatisticamente significante da onda V, evidenciando menor latência em 14.1 estímulos/segundo. Também foram observadas maiores amplitudes das ondas I, III e V quando os exames foram realizados com menores taxas de estimulação, tanto na comparação por pares quanto na comparação entre as quatro condições. Entretanto, ressalta-se a importância de estudos com maior número de participantes e, inclusive, com comparações entre grupos de diferentes faixas etárias. CONCLUSÃO: Ao comparar as respostas do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico com estímulo clique em diferentes taxas de estimulação em idosos, constatou-se que a diminuição da taxa resultou em diminuição da latência da onda V e no aumento das amplitudes das ondas I, III e V, o que favoreceu a morfologia dos traçados.

Costi BB, et al. Perda auditiva em idosos: relação entre autorrelato, diagnóstico audiológico e verificação da ocorrência de utilização de aparelhos de amplificação sonora individual. Revista Kairós Gerontologia. 2014;17(2):179-192.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1635
O IMPACTO DO COVID-19 NO SISTEMA AUDITIVO E VESTIBULAR DE INDIVÍDUOS INFECTADOS: REVISÃO RÁPIDA DA LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Título: O impacto do COVID-19 no sistema auditivo e vestibular de indivíduos infectados: revisão rápida da literatura
Introdução: O SARS-CoV-2, denominado hoje COVID-19, é uma nova pandemia, ou seja, uma enfermidade epidêmica amplamente disseminada, causada por um novo coronavírus que se iniciou em uma província da China e hoje se espalhou pelo mundo. Os sintomas clínicos dos pacientes incluem febre, tosse, fadiga, entre outros. Idosos e pessoas com doenças subjacentes são suscetíveis à infecção e propensas a resultados graves, que podem estar associados à síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Diversas infecções virais podem causar perda auditiva, sendo capaz de danificar diretamente as estruturas da orelha interna, induzir respostas inflamatórias que causam esse dano, ou até mesmo podem aumentar a susceptibilidade de infecção bacteriana ou fúngica, levando à perda auditiva, que geralmente é sensorioneural, embora perdas auditivas condutivas e mistas possam ser vistas após infecção por vírus. A recuperação da audição após essas infecções pode ocorrer de forma espontânea. Perdas auditivas súbitas, ou seja, uma perda repentina da audição, também são observadas em infeções virais. Ainda, há relatos de efeitos ototóxicos de medicamentos que estão sendo testados para o tratamento do COVID-19, como a cloroquina e a hidroxicloroquina, que podem causar danos às estruturas da orelha interna, podendo se manifestar por meio de lesões variáveis nas células ciliadas sensoriais cocleares, perda das células de suporte e até mesmo atrofia da estria vascular, que resultam em perda auditiva, zumbido e/ou desequilíbrio.
Objetivo: O presente estudo visou realizar uma revisão rápida da literatura para identificar a relação do coronavírus com a perda auditiva ocasionadas pelo COVID-19 e as manifestações auditivas ou vestibulares em indivíduos infectados, ou pelo tratamento medicamentoso.
Método: Houve levantamento da literatura nacional e internacional, publicada nos idiomas Inglês, Espanhol ou Português, utilizando-se as bases de dados MEDLINE, LILACS, IBECS e ISI (Web of Science), de 01 de dezembro de 2019 a 12 de julho de 2020.
Resultados: Estudos analisados mostraram que a perda auditiva pode ocorrer em casos leves ou sem sintomas de COVID-19. Os pesquisadores especularam que a neuroinvasão da SARS-CoV-2 também pode envolver centros auditivos no cérebro, como o lobo temporal ou o tronco encefálico. O dano no sistema auditivo secundário por infecções virais é normalmente intracoclear, porém, alguns vírus podem afetar o tronco encefálico auditivo. Com relação ao tratamento, os medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina foram relacionados à manifestação de perda auditiva neurossensorial e/ou zumbido e/ou desequilíbrio, podendo ser temporária ou permanente, além de poder causar ototoxidade com o uso prolongado. Assim, relatos de perda auditiva, zumbido ou desequilíbrio por pacientes que utilizaram a medicação devem ser observados.
Conclusão: Vários estudos estão sendo realizados para entender a relação entre a infecção pelo novo COVID-19 e as manifestações nos sistemas auditivo e vestibular, e algumas constatações positivas já foram publicadas, como perda auditiva, sintomas vestibulares e efeito ototóxico medicamentoso. Estudos com elevada evidência científica são necessários para investigar os mecanismos da ação do coronavírus na audição e equilíbrio, incluindo os efeitos temporários.

1. Almufarrij I, Uus K, Munro KJ. Does coronavirus affect the audio-vestibular system? A rapid systematic review. Int J Audiol. 2020;59(7):487-491.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1571
O IMPACTO DO USO DE MÁSCARA FACIAL NA COMUNICAÇÃO ORAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A surdez é caracterizada pela perda parcial ou total da capacidade de percepção normal dos sons(1). A limitação sensorial imposta pela surdez interfere na efetividade da comunicação oral, favorecendo o aparecimento de déficits nas habilidades linguísticas de compreensão e expressão de fala(2,3,4). Por conta disso, esses sujeitos precisam adquirir aptidões específicas para superar essas dificuldades, tanto do ponto de vista da articulação dos sons, como da compreensão da fala, por meio da leitura orofacial (LOF)(5). A LOF é uma importante ferramenta para a compreensão do que é dito pelos falantes(6,7). Na atual pandemia de COVID-19, com a necessidade de utilização de máscaras como forma de evitar o contágio pelo vírus(8), as pessoas com deficiência auditiva se veem impossibilitadas de realizar LOF, dificultando a comunicação.

OBJETIVO: Levantar dados na bibliografia que possam auxiliar a mensurar o comprometimento da compreensão de fala por sujeitos com deficiência auditiva levando em consideração o uso de máscaras imposto pela pandemia de COVID-19, a fim de propor soluções para este problema.

MÉTODO: Realizou-se levantamento bibliográfico envolvendo artigos empíricos e de revisão que discutissem sobre surdez, surdez e seu impacto na comunicação oral, importância da LOF para comunicação de pessoas com deficiência auditiva e impacto do uso de máscara na comunicação oral dessas pessoas. Os materiais selecionados foram lidos e deles retiradas evidências que mostrassem a importância da LOF para a comunicação de pessoas com deficiência auditiva, relacionando-a com o uso de máscara no contexto atual de pandemia.

RESULTADOS: A LOF está entre as estratégias que auxiliam na comunicação oral, sendo utilizada por ouvintes e por pessoas com deficiência auditiva(9). A LOF pode ser impossibilitada devido à utilização de máscaras, pois elas não permitem a visualização dos gestos articulatórios do sujeito falante(7,8). Tendo em vista a necessidade do uso de máscaras por conta da pandemia de COVID-19, as pessoas com deficiência auditiva são diretamente afetadas, dificultando sua comunicação. Além disso, a máscara pode atenuar até 12 dB da fala, sendo as frequências mais acometidas entre 2.000 e 7.000Hz(10), comprometendo também a compreensão daqueles que ouvem. Além das questões de atenuação de volume na área da fala e de impossibilidade de realização de LOF, o uso de máscaras impede a completa visualização das expressões faciais, outro importante elemento de comunicação, especialmente para usuários de língua de sinais. Uma possível solução para este problema seria a utilização de máscaras com visor transparente na região da boca ou de protetores faciais sem máscara, utensílios cuja comprovação de eficiência na proteção contra o COVID-19 ainda não está bem estabelecida.

CONCLUSÃO: Apesar da necessidade de prevenção do COVID-19 pelo uso de máscaras, evitando o risco de contaminação tanto do profissional quanto do paciente, é notória a dificuldade de comunicação que se estabelece nestes casos, principalmente para pessoas com deficiência auditiva. Urge pensar em propostas que contemplem solução adequada para esta situação, com estudos sobre a eficácia preventiva das soluções apresentadas, a fim de abalizar seu uso.

1. Moretti CAM, Ribas A. Desenvolvimento de linguagem e sua relação com a perda auditiva. Tuiuti: Ciência e Cultura. 2016;52:83-95.
2. Oliveira LN, Goulart BNG, Chiari BM. Distúrbios de linguagem associados à surdez. Journal of Human Growth and Development. 2013;23(1):41-45.
3. Melo ED, Monteiro TR, Garcia VL. Oral language of hearing impaired adolescents: phonoaudiological evaluation and teachers report. Rev. CEFAC. 2015 Ago;17(4):1288-1301. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201517421614.
4. Penna LM, Lemos SMA, Alves CRL. Habilidades linguísticas e auditivas de crianças usuárias de aparelho auditivo. Braz. j. otorhinolaryngol. 2015 Abr; 81(2):148-157. https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.05.034.
5. Beier LO, Pedroso F, Costa-Ferreira MID. Benefícios do treinamento auditivo em usuários de aparelho de amplificação sonora individual - revisão sistemática. Rev. CEFAC. 2015 Ago;17(4):1327-1332.
6. Dell'Aringa AHB, Adachi ES, Dell'Aringa AR. A importância da leitura orofacial no processo de adaptação de AASI. Rev. Bras. Otorrinolaringol. [Internet]. 2007 Fev;73(1):101-105. https://doi.org/10.1590/S0034-72992007000100016.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1864
O MANEJO ADEQUADO DE ALIMENTAÇÃO EM BEBÊS COM FISSURA LÁBIO PALATAL (FLP) – REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O aleitamento natural é possível em crianças com fissura de lábio e/ou palato, sendo que a técnica da alimentação vai proceder conforme a área acometida e a complexidade da fissura, além das condições de saúde geral em que a criança se apresenta. A compreensão por parte dos profissionais da saúde e familiares em relação às maiores dificuldades alimentares de bebês com Fissura Lábio Palatal (FLP) bem como, o manejo adequado para a oferta da alimentação natural ou alternativa, pode contribuir para otimização dos métodos e recursos, visando a intensificação dos benefícios nutricionais e funcionais que a amamentação natural pode trazer a essa população. Objetivo: Identificar o manejo adequado de alimentação em bebês com Fissura Lábio Palatal (FLP) através da revisão de literatura acerca do assunto. Metodologia: Incluíram-se nessa revisão 08 artigos, nacionais e internacionais, localizados por meio das bases de dados do Google-acadêmico, SciELO, e Portal de Pesquisa da BVS, entre os anos de 2009 a 2019. Foram selecionados apenas estudos de caso clínicos e estudo de coorte, com metodologias de manejo de alimentação em bebês com FLP. Resultados: Os artigos selecionados nessa revisão abordavam os métodos de alimentação em bebês com FLP, que devem ser adaptados de acordo com a complexidade da fissura. No que se refere aos métodos e utensílios mencionados nos artigos encontrados, a utilização da colher (3), copo/xícara (2), sonda (1), paladai (2) e mamadeira com bico ortodôntico (1) são indicados para fissuras que comprometem o palato, uma vez que a capacidade de produzir pressão negativa intraoral necessária para a obtenção do leite diretamente do seio da mãe não é alcançada devido ao escape de ar nasal, e nos casos de fissuras labiais isoladas, não foram encontrados artigos que indicassem adaptações com utensílios ou outros métodos de amamentação para esse tipo de fissura, evidenciando que é possível o aleitamento exclusivo em seio materno para bebês com fissura labial isolada, limitada apenas pela dificuldade de selamento labial, podendo inclusive não apresentar nenhum impedimento. Conclusão: Por meio dos resultados foi possível verificar que o aleitamento materno é recomendado para todos os bebês com FLP, contudo, o que irá determinar se o aleitamento em seio materno será possível e efetivo ou não, sem interferir negativamente na saúde do bebê, é a área atingida e o grau de extensão da fissura que o recém-nascido apresenta.
Palavras-chave: Aleitamento Materno. Alimentação Artificial. Fenda Labial. Fissura Palatina. Métodos de Alimentação.

1. ALTMANN, E.B.C. et al. Fissuras labiopalatinas. In: PACHI, P.R. Aspectos pediátricos. 4. ed Carapicuiba: Pró-fono Departamento Editoral, 1997.
2. AMSTALDEN L.G.M.; LOPES, V. L. G. S. Fenda de Lábio e ou Palato: Recursos para a Alimentação Antes da Correção Cirúrgica. Rev. Ciênc. Med., Campinas, 15(5):437-448, out. 2006. Disponível em: . Acesso em: 24 out. 2019.

3. BATISTA, Luciana Rodrigues V.; TRICHES, Thaisa Cezária; MOREIRA, Emília Addison M. Desenvolvimento bucal e aleitamento materno em crianças com fissura labiopalatal. Rev. Paul Pediatr., São Paulo, v.29, n.4, p.674-679, 2011. Disponível em: . Acesso em: 24 out.2019.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Campanha do aleitamento materno: “Semana Mundial de Amamentação (SMAM)”, 2019. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2019.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde. 2.ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 184 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica; n. 23). Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2019.

6. BURIANOVA, I. et al. Breastfeeding After Early Repair of Cleft Lip in Newborns With Cleft Lip or Cleft Lip and Palate in a Baby-Friendly Designated Hospital. J Hum Lact; 33(3): 504-508, 2017 Aug. Disponível em: . Acesso em: 24 out. 2019

7. DI NINO, CQMS, Moura D, Raciff R, Machado SV, Rocha CMG, Norton RC, et al. Aleitamento materno exclusivo em bebês com fissura de lábio e/ou palato. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011;16:417-21. Disponível em: . Acesso em: 24 out.

8. HRAC-USP, Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de São Paulo. Etapas e condutas terapêuticas – Fissuras Labiopalatinas, Anomalias Craniofaciais, saúde Auditiva, Síndromes. Elaboração – Equipe de Reabilitação HRAC- USP; 7º edição. 2018. Disponível em: . Acesso em: 24 out. 2019.


9. RAVI, BK.; PADMASANI LN.; HEMAMALINI, AJ.; et al. Weight Gain Pattern of Infants with Orofacial Cleft on Three Types of Feeding Techniques. Indian J Pediatr (2015) 82: 581. Disponível em: . Acesso em: 24 out. 2019.

10. SOUSA MLB. Orientações da equipe multidisciplinar para os pais de crianças com lábio leporino e/ou fenda palatina: proposta de uma tecnologia educativa. Belém: Fundação Santa de Misericórdia do Pará, 2016. Disponível em: . Acesso em: 24 out. 2019.






TRABALHOS CIENTÍFICOS
1001
O MANEJO DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS COM NECESSIDADE DE REINTERVENÇÃO CIRÚRGICA: RELATO DE CASO.
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: Devido a anatomia complexa, as cirurgias de reconstrução na região de cabeça e pescoço costumam ser difíceis1,2. Por esse motivo, podem haver complicações levando a necessidade de reintervenção cirúrgica em alguns casos, fato esse que pode atrasar o processo de reabilitação fonoaudiológica das funções e estruturas comprometidas ainda na primeira intervenção, no que diz respeito a deglutição e fonação.
Objetivo: Relatar o caso de um paciente oncológico, com diagnóstico de fibroma ossificante, submetido a diversas intervenções cirúrgicas devido a complicações no processo de cicatrização.
Métodos: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética sob parecer 3.109.023. Trata-se do caso de um paciente do sexo masculino com 41 anos. A intervenção cirúrgica inicial nesse caso de fibroma ossificante - lesão fibro-óssea benigna3 - foi uma mandibulectomia parcial com retalho microcirúrgico de fíbula e traqueostomia. Nos 25 dias seguintes da cirurgia foram necessárias 3 novas intervenções, sendo elas: 1) retirada de retalho de fíbula (musculatura) com desbridamento; 2) retirada de seguimento de fíbula com desbridamento e confecção de retalho peitoral; e 3) desbridamento de tecido desvitalizado e ressutura de retalho de peitoral. O paciente seguiu em acompanhamento fonoaudiológico desde a primeira intervenção, com foco no processo de reabilitação da fonação e deglutição, fato esse que pareceu auxiliar para evitar um retrocesso ou perda total da reabilitação já em andamento.
Resultados: O foco inicial da terapia foi no manejo da saliva, a seguir foram iniciados exercícios de mobilidade e sensibilidade das estruturas remanescentes e treino de via oral com adequação da consistência alimentar. Por fim foi realizado o processo de oclusão da traqueostomia com objetivo de breve retirada da mesma. Quarenta e cinco dias após a última intervenção cirúrgica, com terapia fonoaudiológica intensiva, o paciente já estava sem traqueostomia, sem uso de sonda nasoentérica, com condições de dieta normal e ainda em processo de adaptação da fala devido ao comprometimento permanente das estruturas.
Conclusão: O acompanhamento fonoaudiológico realizado desde o primeiro momento pós cirúrgico, associada ao acompanhamento médico foi decisivo para que o processo de reabilitação fosse breve e efetivo. No que diz respeito a fonação, o progresso da terapia foi grande, houve adaptações das estruturas remanescentes e o paciente demonstra satisfação com seu nível de comunicação atual. O caso enfatiza a importância da intervenção precoce e contínua da fonoaudiologia nesse tipo de caso.

1. Gobbo M, Bullo F, Perinetti G, Gatto A, Ottaviani G, Biasotto M, Tirelli G. Características terapêuticas e diagnósticas associadas a modificações nos resultados da qualidade de vida entre um e seis meses após cirurgia de grande porte para câncer de cabeça e pescoço. Braz. j. otorhinolaryngol 2016 set-out; 82(5):548-557
2. Lima MFMB, Maricevich JBBR, Sá JZ, Kawamura K, Anlicoara R. Reconstrução de mandíbula com retalho livre de fíbula: série de casos. Rev. Bras. Cir. Plást. 2020;35(1):23-27
3. Silveira DT, Cardoso FO, BJA, Cardoso CAA, Manzi FR. Fibroma ossificante: relato de caso clínico, diagnóstico imaginológico e histopatológico e tratamento feito. Rev Bras de Ortop 2016 jan-fev; 51(1):100-104.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1786
O NOVO CORONAVÍRUS E O USO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL: MUDANÇA DE PARADIGMA?
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A pandemia por conta do novo coronavírus (2019-nCoV), levantou questionamentos sobre a questão de segurança predominante aos profissionais da saúde em relação a contaminação com o uso inadequado ou mesmo a escassez de equipamentos de proteção individual (EPI). OBJETIVO: Relatar a influência do uso de EPI durante a pandemia no novo Coronavírus. MÉTODO: Esta pesquisa foi uma revisão de literatura do tipo integrativa, retrospectiva, quantitativa. Os artigos foram separados e analisados conforme título e resumo que remetem a temática pesquisada, fluxograma PRISMA. Foram considerados como os critérios de inclusão e exclusão: artigos científicos completos, publicados nos últimos 6 meses, com estudos que contivessem informações relacionadas ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI) no atendimento dos pacientes diagnosticados com o novo Coronavírus. RESULTADOS: A seleção e localização de estudos foram determinados por meio de pesquisa no site eletrônico Science Direct com os seguintes descritores: “Personal Protective Equipment” AND “2019 novel coronavirus” OR “COVID-19” OR “SARS-CoV-2” OR “2019-nCoV” OR “2019-nCOV2” OR “SARS-CoV-2”. A busca foi direcionada a artigos dos últimos seis meses, considerando os descritores já mencionados, foram encontrados 296 artigos, após a leitura dos mesmos apenas 26 apresentavam pesquisas condizentes aos dados a serem analisados, e depois de uma leitura seletiva, 09 artigos foram relevantes e selecionados para a presente pesquisa. Para a desinfecação de artigos de EPI’s os resultados mostraram que os métodos mais promissores são aqueles que usam vapor de peróxido de hidrogênio, radiação ultravioleta, calor úmido, calor seco e gás ozônio. Água com sabão, álcool, imersão em água sanitária, óxido de etileno, radiação ionizante, microondas, alta temperatura, autoclave ou vapor não são totalmente recomendados. Ye et al. [1] e Wu et al. [2] consideraram os EPi’s seguros, mas o ambiente de atuação da equipe de saúde é potencialmente contaminante. A convergência para os pontos de maior infecção foram: computador (e periféricos como impressoras, teclados, mouse), botões da máquina de água, telefone e os botões do dispensador desinfetantes para as mãos. Cada área analisada foi classificada de acordo com zonas e níveis de contaminação. Wen et al. [3] elencou os fatores negativos que os EPIS adicionais, por conta do novo coronavirus, oferecem durante a realização de neurocirurgia, cuja precisão deve ser máxima. Desde desidratação até dificuldades na comunicação efetiva como vozes abafadas, e redução no nível sensorial de audição resultantes de múltiplas camadas de EPIS. Pensando nesta dificuldade da operacionalização do manejo na execução dos serviços de saúde de anestesiologia, Ericson et al. [4] desenvolveu um capacete pneumático, leve e translucido, altamente confortável e seguro para utilização. Amendola et al. [5] ratifica que o uso da máscara de procedimento possui valores superiores a 97% de filtração das impurezas, enquanto apenas as máscaras fabricadas com três camadas constituído principalmente por TNT (material de tecido não tecido) é capaz de atingir valores superiores a 95% (1–9). CONCLUSÃO: Apesar de haver pouca homogeneidade nos achados, a experiência dos profissionais de saúde ao redor do mundo colabora para a melhoria desse processo de assistência durante a pandemia do novo Coronavírus.


[1] Ye Guangming et al. Environmental contamination of SARS-CoV-2 in healthcare premises. Journal of Infection. 2020, ISSN 0163-4453. Acesso em Junho 2020. Disponível em: .


[2] Wu Songjie, Wang Ying, Jin Xuelan, Tian Jia, Liu Jianzhong, Mao Yiping. Environmental contamination by SARS-CoV-2 in a designated hospital for coronavirus disease 2019. American Journal of Infection Control, 2020, ISSN 0196-6553. Acesso em Junho 2020. Disponível em: .


[3] Wen Jun et al. Lessons from China When Performing Neurosurgical Procedures During the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Pandemic. World Neurosurgery, Volume 138, 2020, Pages e955-e960, ISSN 1878-8750. Acesso em Junho 2020. Disponível em .


[4] Erickson Melissa M, Richardson Eric S, Hernandez Nicholas M, Bobbert Dana W., Gall Ken, Fearis Paul. Helmet Modification to PPE With 3D Printing During the COVID-19 Pandemic at Duke University Medical Center: A Novel Technique. The Journal of Arthroplasty. Volume 35, Issue 7, Supplement, 2020, Pages S23-S27, ISSN 0883-5403. Acesso em Junho 2020. Disponível em:< https://doi.org/10.1016/j.arth.2020.04.035>.


[5] Amendola Luca, Saurini Maria Teresa, Girolamo Francesco Di, Arduini Fabiana. A rapid screening method for testing the efficiency of masks in breaking down aerossol. Microchemical Journal. Volume 157, 2020, 104928, ISSN 0026-265X. Acesso em Junho 2020. Disponível em .


[6] Forrester Joseph D, Nassar Aussama K, Maggio Paul M, Hawn Mary T. Precautions for Operating Room Team Members During the COVID-19 Pandemic, Journal of the American College of Surgeons, Volume 230, Issue 6, 2020, Pages 1098-1101, ISSN 1072-7515. Acesso em Junho 2020. Disponível em .


[7] Fillingham Yale A., Grosso Matthew J., Yates Adolph J., Austin Matthew S. Personal Protective Equipment: Current Best Practices for Orthopedic Teams. The Journal of Arthroplasty. Volume 35, Issue 7, Supplement. 2020, Pages S19-S22, ISSN 0883-5403. Acesso em Junho 2020. Disponível em .


[8] Liu Yu et al., Emergency management of nursing human resources and supplies to respond to coronavirus disease 2019 epidemic. International Journal of Nursing Sciences. Volume 7, Issue 2, 2020, Pages 135-138. ISSN 2352-0132. Acesso em Junho 2020. Disponível em

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[9] Wu Huai-liang, Huang Jian, Zhang Casper J.P., He Zonglin, Ming Wai-Kit. Facemask shortage and the novel coronavirus disease (COVID-19) outbreak: Reflections on public health measures, E Clinical Medicine. Volume 21, 2020, ISSN 2589-5370. Acesso em Junho 2020. Disponível em < https://doi.org/10.1016/j.eclinm.2020.100329>.


[10] Rubio-Romero Juan Carlos, Pardo-Ferreira María del Carmen, Torrecilla-García Juan Antonio, Calero-Castro Santiago. Disposable masks: Disinfection and sterilization for reuse, and non-certified manufacturing, in the face of shortages during the COVID-19 pandemic. Safety Science. Volume 129, 2020, 104830, ISSN 0925-7535. Acesso em Junho 2020. Disponível em < https://doi.org/10.1016/j.ssci.2020.104830>.






TRABALHOS CIENTÍFICOS
437
O OLHAR DO IDOSO SOBRE A AUDIÇÃO: PROMOÇÃO DA SAÚDE POR MEIO DO ITINERÁRIO DE PESQUISA FREIREANO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A promoção de saúde atua como um processo que capacita indivíduos e a comunidade para uma melhor qualidade de vida e relação social. Dentre tais indivíduos temos aqueles que estão em processo de envelhecimento.. Com o envelhecimento esperam-se algumas alterações que fazem parte deste processo. Dentre estas modificações podem ocorrer dificuldade na audição, a qual pode comprometer a qualidade de vida e sua autonomia levando o idoso a sofrer mudanças no seu cotidiano. A compreensão do significado real e da percepção sobre o envelhecimento através do olhar do idoso permite o planejamento da promoção e prevenção da saúde, possibilitando aos profissionais de saúde propor atividades que visam à manutenção da autonomia e independência. Objetivo: Compreender a percepção dos idosos sobre as dificuldades auditivas associadas ao envelhecimento. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo com idosos participantes de uma Universidade Aberta da Terceira Idade de um município do sul do país. Como abordagem metodológica, utilizou-se o Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire conduzido por meio de Círculos de Cultura. O itinerário freireano é composto de três etapas, intimamente interligadas sendo elas a investigação temática, codificação e descodificação, e desvelamento crítico. Para caracterização do grupo foram realizadas questões sociodemográficas.. Foram incluídos sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos, independentemente do sexo, que voluntariamente aceitaram participar da presente pesquisa. O projeto trata-se de uma extensão de um projeto maior que se encontra aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos por meio do parecer 2.941.383. Resultados: Ao longo dos Círculos de Cultura, realizou-se a investigação temática por meio de debates e reflexões a partir dos quais, os participantes expressaram por escrito e verbalmente suas percepções acerca da audição. Os temas geradores foram codificados e descodificados gerando categorias como: “Percepção das mudanças”, “Medo do isolamento”, “Dificuldade de aceitação”, “Fisiologia da audição”, “Superação das dificuldades”. O desvelamento crítico deu-se a partir do preenchimento da escala subjetiva de faces, onde observou-se que a maioria dos sujeitos percebe atualmente sua satisfação com audição de qualidade regular. A partir de então, muitos demonstraram interesse em realizar exames auditivos, para monitorar suas habilidades auditivas. Conclusão: Através dos Círculos de Cultura foi possível ampliar conhecimentos a respeito da saúde auditiva da população idosa e contribuir para melhora na qualidade de vida dos participantes. Percebeu-se interesse e engajamento dos idosos sobre o tema abordado suscitando diálogos e reflexões acerca das dificuldades cotidianas relacionadas à perda auditivas e impactos nas relações sociais decorrentes da privação auditiva.

DIAS J, COSTA CS, LACERDA CS, ALVES M. O envelhecimento da população brasileira: uma análise de conteúdo das páginas da REBEP. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2006; 9(2): 7-24.

FREITAS MC, QUEIROZ TA, SOUSA JAV. O Significado Da Velhice E Da Experiência De Envelhecer Para Os Idosos. Revista da Escola de Enfermagem da Usp. 2010;44 (2):407-12.
HEIDEMANN ITSB, DALMOLIN IS, RUMOR PCF, CYPRIANO CC, COSTA MFBN, DURAND MK. Reflexões Sobre O Itinerário De Pesquisa De Paulo Freire: Contribuições Para A Saúde. Texto & Contexto - Enfermagem. 2017; 26(4): 1-8.

VILANOVA JR, ALMEIDA CPB, GOULART BNG. Distúrbios Fonoaudiológicos Autodeclarados E Fatores Associados Em Idosos. Revista Cefac. 2015;17(3): 720-6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1529
O PAPEL DA FONOAUDIOLOGIA EM SERVIÇOS E INSTITUIÇÕES DE REABILITAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL EM BARCELONA – CATALUNHA – ESPANHA (2020)
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A visão é um dos sentidos responsáveis pela maior parte de informação recebida pelo ambiente, informações estas que permitem ao sujeito se perceber com, pelo e no mundo1, 2. Sabe-se que para o desenvolvimento humano a imitação é uma das ações essenciais para a aprendizagem de novas habilidades, sendo a visão principal via sensorial que permite essa aprendizagem3, 4. Sendo assim, a perda da visão causa impactos importantes em todo desenvolvimento do indivíduo e em suas relações com a família e outros grupos sociais2. Acredita-se que a fonoaudiologia sendo a área de conhecimento responsável por atuar diretamente às relações humanas e comunicação é fundamental para o desenvolvimento de habilidades comunicativas e de linguagem de pessoas com deficiência visual5,6,7. Em Barcelona há 26.192 pessoas com deficiência visual de um total de 439.199 de pessoas com algum tipo de deficiência8. Logo, este estudo se justifica pela necessidade de conhecer aspectos relativos à reabilitação de pessoas com deficiência visual dentro de uma perspectiva interdisciplinar e intersetorial, considerando a atuação conjunta de diferentes profissionais incluindo a fonoaudiologia. OBJETIVO: Conhecer o papel da fonoaudiologia em serviços e instituições de reabilitação de pessoas com deficiência visual em Barcelona – Catalunha – Espanha. MÉTODO: Estudo de caráter qualitativo descritivo de parceria internacional entre universidade brasileira e espanhola. Para compor a amostra de sujeitos participantes do estudo utilizou-se de técnica de bola de neve (snowball sampling) onde por meio de cadeias de referência os participantes são convidados e recrutados para responder ao estudo9. Para a coleta de dados utilizou-se de entrevistas semiestruturada que devido à pandemia do COVID-19 foram realizadas por vídeo-chamadas. Para análise dos dados foi utilizada técnica de análise de conteúdo10. Os participantes tiveram acesso ao Termo de Consentimento via Formulário Google declarando seu interessante em participar do estudo em formato virtual. Pesquisa aprovada sobre nº CAAE: 46001215.7.0000.5404. RESULTADOS: Os resultados apresentados nesse momento são parte de um estudo mais amplo realizado na Espanha, não sendo passíveis de generalizações. Os dados refletem a percepção e conhecimento de 6 profissionais de diferentes instituições e serviços de reabilitação de pessoas com deficiência visual no município de Barcelona. Segundo os relatos dos participantes a fonoaudiologia na Espanha não está diretamente envolvida com a reabilitação de pessoas com deficiência visual. A fonoaudiologia está mais envolvida com a área escolar e de desenvolvimento infantil em serviços particulares. Mesmo áreas como surdocegueira não tem um envolvimento direto da fonoaudiologia. A atuação da fonoaudiologia é vista como complementar à reabilitação de pessoas com deficiência visual, a fim de atender demandas não diretamente relacionada à dificuldade visual. CONCLUSÃO: Foi possível observar a necessidade de ampliar a atuação da fonoaudiologia para além da atuação complementar à comprometimentos não visuais, pois verificou-se que não há um trabalho direto da fonoaudiologia à reabilitação de pessoas com deficiência visual. Sendo tal profissão vista como área relacionada estritamente às dificuldades de fala, audição e desenvolvimento escolar. Observou-se, também, a necessidade de ampliar postos de trabalho à fonoaudiologia em serviços públicos.

Referências:
1. Gaete MIL, Lira RPC, Moraes LFL, Vasconcelos MSL, Oliveira CV. Associação entre a necessidade de prescrição de correção óptica e outras doenças oculares em crianças na idade escolar. Arq. Bras. Oftalmol. [periódico na internet]. 2007 [acesso em 24 jul 2019]; 70(6): [aproximadamente 4 p.].
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abo/v70n6/a12v70n6.pdf
2. Oliveira CAS, Hisatomi KS, Leite CP, Schellini AS, Padovani CR, Padovani CRP. Erros de refração como causas de baixa visual em crianças da rede de escolas públicas da regional de Botucatu - SP. Arq. Bras. Oftalmol. [periódico na internet]. 2009 [acesso em 03 dez 2018]; 72(2): [aproximadamente 5 p.]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27492009000200012
3. Vigotsky LS. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Organização de Michel Cole; Tradução de José Cipolla-Neto. 7. ed. São Paulo, SP: Martins Fontes/Selo Martins; 2007.
4. Moura MLS de, Ribas AFP. Imitação e desenvolvimento inicial: evidências empíricas, explicações e implicações teóricas. Estudos de Psicologia, [periódico na internet]. 2002 [acesso em 03 dez 2018], 7(2): [aproximadamente 8 p.]. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/epsic/v7n2/a02v07n2.pdf
5. Monteiro MMB, Montilha RCI. Intervenção fonoaudiológica e deficiência visual: percepções de profissionais de equipe interdisciplinar. Medicina (Ribeirão Preto) [periódico na internet]. 2010 mar [acesso em 31 mar 2018]; 43(1): [aproximadamente 9 p.]. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/160
6. Fernandes AC, Montilha RCI. The comprehensive evaluation in speech therapy for people with visual impairments: a case report. Rev. CEFAC. [serial on the internet]. 2015 [acesso 10 de março de 2018]; 17(4): [about 8 p.]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n4/en_1982-0216-rcefac-17-04-01362.pdf
7. Fernandes AC, Rodriguez Martin D, Bittercourt ZZLC, Gasparetto MERF, Montilha RCI. La participación de la familia en el desarrollo escolar y social del adolescente con discapacidad visual: abordaje terapéutico grupal. RIAI [Internet]. 1 de junho de 2020 [acesso 10 de julio de 2020];6(2):14-6. Disponível em: https://revistaselectronicas.ujaen.es/index.php/riai/article/view/5541
8. Generalitat de Catalunya. Persones reconegudes legalment com a discapacitades segons el tipus de discapacitat. Instituto de Estadística de Cataluña [Internet]. [acesso em 10 de julho de 2020]. Disponível em: https://www.idescat.cat/pub/?id=regdis&n=443&lang=es
9. ALBUQUERQUE, EM de et al. Avaliação da técnica de amostragem respondent-driven sampling na estimação de prevalências de doenças transmissíveis em populações organizadas em redes complexas [Tese de Doutorado - Online]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; s.n; [Acesso 10 de junho de 2020] 2009. 99 p. ilus, tab, graf. Disponível em: http://bvssp.icict.fiocruz.br/pdf/Albuquerqueemm.pdf
10. Bardin, L. (2004). Análise de Conteúdo (4 ed.). Lisboa: Editora 70.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
593
O PAPEL DA FONOAUDIOLOGIA NA CAPACITAÇÃO DE COPEIROS E TÉCNICOS EM NUTRIÇÃO E DIETÉTICA DE UM HOSPITAL GERAL DE REFERÊNCIA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: Na busca da atuação fonoaudiológica interdisciplinar e integral, encontramos nos profissionais da Nutrição, parceiros para o alcance da dieta oral mais segura e eficaz para os pacientes, principalmente naqueles casos em uso de via alternativa de alimentação. Além do nutricionista clínico, o técnico em Nutrição e Dietética e o copeiro hospitalar também apoiam o fazer fonoaudiológico, principalmente quando estão cientes do impacto que as consistências alimentares podem gerar para a segurança da deglutição. Pelo seu protagonismo na distribuição das dietas orais, contribuem na elaboração do cardápio ao coletar informações junto aos usuários quanto à satisfação e à aceitabilidade da dieta. Para fortalecimento da colaboração entre essas equipes, a Equipe de Fonoaudiologia Adulto de um Hospital Universitário de referência no estado de Minas Gerais realizou no mês de março de 2020, ciclo de capacitação sobre Disfagia orofaríngea para copeiros e técnicos em Nutrição, dada a rotatividade dos profissionais, contratados por empresa terceirizada para fornecimento de refeições na instituição. Objetivo: Relatar o planejamento e execução de uma capacitação breve em Disfagia para copeiros e técnicos em Nutrição e Diétetica. Métodos: As fonoaudiólogas da equipe definiram como objetivos da ação apresentar os riscos envolvidos no fornecimento de alimentos não padronizados na dieta prescrita e instruir a interpretação das prescrições de dieta oral sugeridas pela equipe de Fonoaudiologia. A proposta foi apresentada à coordenação do Serviço de Nutrição e Dietética, que concordou e auxiliou na organização da ação, convocando o público-alvo total de 49 profissionais das categorias copeiro hospitalar e técnicos em Nutrição do plantão diurno, para participação na ação de 1 hora de duração. Os participantes foram divididos em cinco turmas, com média de 10 participantes. Resultados: A oficina foi estruturada de modo a contemplar breve explicação verbal do conceito de distúrbio da deglutição, seguida de apresentação de vídeo mostrando as etapas fisiológicas da deglutição; ingestão de três alimentos de consistências diferentes (água - líquido, iogurte - pastoso e biscoito - sólido) para demonstrar as diferenças entre os alimentos e como as consistências interferem na segurança na deglutição; prática com as prescrições de dieta oral sugeridas pela Fonoaudiologia, para interpretação de quais alimentos poderiam ser fornecidos sem maiores implicações para a segurança da deglutição. Após a oficina, os profissionais foram submetidos a avaliações anônimas de assimilação de conteúdo e de reação ao evento, no que tange ao seu conteúdo, atuação do instrutor e eleição de pontos fracos e fortes. 93% dos participantes acertaram no mínimo 66% das questões. De modo geral, os participantes aprovaram tanto o conteúdo quanto o formato da ação de capacitação, com sugestões de que mais momentos como esse ocorressem. Conclusão: Ação de capacitação, na temática da Disfagia, para copeiros hospitalares e técnicos em Nutrição pode ser uma estratégia para reduzir não conformidades no fornecimento das dietas orais, de forma corretiva e preventiva, principalmente se realizadas periodicamente para alcance de novos colaboradores. Contribui ainda com processos para segurança do paciente e qualidade do serviço de saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1335
O PAPEL DO FONOAUDIÓLOGO COMO CURADOR DE UMA REDE SOCIAL: AS POSSIBILIDADES QUE O INSTAGRAM TRAZ NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O uso de abordagens de tecnologias digitais estimulam a maior interação nos processos de aprendizagem, dialogando e fortalecendo de forma articuladas disseminações de reflexões empíricas, e uma das redes sociais que mais estimulam esta interação é o Instagram. É possível crer que o diferencial desta rede social tem sido o que afirma como participação do usuário-interator, do espect-ator, que é o sujeito que envolve-se ativamente no  processo  comunicacional contemporâneo e enquanto possibilitador de uma revolução cultural contemporânea tem revolucionado as formas de produzir e consumir as informações. Todavia, o uso do Instagram, quando objetivado à promoção de saberes acadêmicos, não pode ser vinculado de maneira indiscriminada. Objetivo: Nesta perspectiva analisou-se o papel do fonoaudiólogo na curadoria quanto a discussão e produção de saberes e verdades em uma perspectiva acadêmica. Metodologia: Trata-se de um estudo de natureza bibliográfica de cunho qualitativo e quantitativo, vinculada ao Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A pesquisa faz parte o projeto nº 31503-Intitulado “A TECNOLOGIA DIGITAL E A CULTURA DA CONVERGÊNCIA NA COMPOSIÇÃO DE UMA TÍPICA ENUNCIAÇÃO ESTÉTICA EM CONTEXTO DE APRENDIZAGEM MÓVEL”,devidamente registrado na Plataforma Brasil. Apresenta o programa BYOD que está sendo estudado pelo grupo de pesquisa na UFRGS, promovendo edições do curso de extensão que tem como objetivo fomentar a criação de aplicativos móveis por professores e alunos, utilizando os conceitos apresentados pela UNESCO(2014). Resultados: os estudos que foram analisados em sua grande parte revelaram a insipiência que ainda existe dentro ao retratar estudos originais na confecção e criação de materiais educativos na área da saúde considerando a curadoria como um processo necessário na saúde. Estes estudos trazem à superfície a pouca informação sobre o que é a curadoria, e como atual a curadoria na cultura digital e no campo da saúde. Discussão: A presença de um curador tem apresentado grande importância nas estratégias pedagógicas facilitando a aprendizagem e apoiando o ensino. Sendo necessários no campo das redes sociais. Pesquisas identificaram vários problemas relacionados com as discussões online, tais como limitada participação estudantil, inadequada análise crítica de ideias partilhadas, falta de motivação, empenho, tempo e uma ausência de comunicação efetiva. Conclusão: A presença de um curador tem apresentado grande importância nas estratégias pedagógicas facilitando a aprendizagem e apoiando o ensino. A curadoria tem sido uma estratégia pedagógica utilizada para superar a falta de motivação e comunicação assim como, outras dificuldades com a interação humana como é observado nas redes sociais como é o caso do Instagram.










1. BEAGRIE, 2006. BEAGRIE, Neil. Digital curation for science, digital libraries, and individuals. International Journal of Digital Curation, Edinburgh, UK, vol. 1, n. 1, p. 3-16, 2006.

2. BOLL, C.I. Os Dispositivos... in CORÁ, E,J (Org.). Reflexões Acerca da Educação em Tempo Integral. Porto Alegre: Evangraf, 2014.

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4. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
5. _______. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

6. CASTILHO, C. A. V. O Papel da Curadoria na Promoção do Fluxo de Notícias em Espaços Informativos Voltados para a Produção e Conhecimento. 2015. 155f. Tese (Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

7. CORREIA, Ana-Paula. AS MÚLTIPLAS FACETAS DA CURADORIA DE CONTEÚDOS DIGITAIS. Revista Docência e Cibercultura, [S.l.], v. 2, n. 3, p. 14-32, jan. 2019. ISSN 2594-9004. Disponível em: . Acesso em: 24 jun. 2020. doi:https://doi.org/10.12957/redoc.2018.36884.

9. DALLAS, C. An Agency-oriented Approach to Digital Curation Theory and Practice. In: INTERNATIONAL CULTURAL HERITAGE INFORMATICS MEETING (ICHIM07), 2007, Toronto. Proceedings... Toronto: Archives & Museum Informatics. 2007. Disponível em: . Acesso em: 05 mai. 2020.

9. FAVERO, R. V. M. A cultura dos usos das redes na academia: um olhar de professores universitários, brasileiros e italianos, sobre o uso das mídias sociais na docência.2016. 210 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, Programa de Pós- Graduação em Educação, Porto Alegre, 2016.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1325
O PAPEL DO FONOAUDIÓLOGO EM UMA ESTRATÉGIA EDUCACIONAL PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RECIFE: CONHECENDO AS ANOMALIAS CRANIOFACIAIS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


O papel do Fonoaudiólogo em uma Estratégia Educacional para Agentes Comunitários de Saúde no município do Recife: Conhecendo as Anomalias Craniofaciais

As anomalias craniofaciais constituem um grupo diverso e complexo de defeitos congênitos. A despeito disto, essas anomalias impõem um significativo impacto sobre a qualidade de vida do indivíduo e de toda a sua família. Nesse contexto surge a estratégia de educação continuada como um meio de propiciar assistência os agentes comunitários de saúde que conhecem profundamente a realidade local. Objetivo: avaliar os objetos de aprendizagem de uma estratégia de educação continuada, segundo a visão de uma equipe de agentes comunitários de saúde em uma Unidade de Saúde da Família. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo corte transversal, descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa. O presente estudo foi desenvolvido em uma Unidade de Saúde da Família (USF) da Prefeitura Municipal do Recife, Pernambuco. A população deste estudo foi composta por agentes comunitários. O nível de escolaridade referido pelos participantes foi desde a educação básica (Ensino fundamental completo) até ensino superior. O estudo foi realizado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira- IMIP, sob o número 4971-15 e cada entrevista foi conduzida somente após o esclarecimento dos objetivos da pesquisa e consentimento do participante, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As ações realizadas durante o projeto foram divididas em etapas pedagogicamente fundamentadas. A Etapa nº 1 referiu-se ao levantamento do material bibliográfico para ampliação da fundamentação teórica e pedagógica referente a produção da estratégia de tele-educação para os agentes comunitários de saúde, enquanto que a Etapa nº 2 objetivou elaboração do material didático e pedagógico para estratégia de tele-educação quanto à capacitação dos agentes comunitários de saúde. A Etapa nº 3 fez alusão a Coleta de dados referentes ao conhecimento prévio dos agentes de saúde da família antes do início da estratégia de tele-educação enquanto que na Etapa nº 4 Iniciou-se a aplicação da estratégia de tele-educação para os ACS. Resultados e Discussão: 187 respostas obtidas antes da estratégia de educação continuada, apenas 37 (19,7%) das respostas obtidas refletiam o conhecimento prévio, arregrado do conhecimento quanto à temática exposta. Ao fim da estratégia, houve uma mudança no padrão das respostas. De 37 (19,7%) para 168 (89,8%) para as respostas assertivas que refletem um aumento no nível de conhecimento, e em comparação as respostas que refletem desconhecimento a queda foi de 150 (80,3%) para 19 (10,2%), sendo este aumento estatisticamente significante (Teste de McNemar: p < 0.001.). Conclusão: Através do uso de objetos de aprendizagem pode-se se conclui que a estratégia de tele-educação foi uma ferramenta válida e aceita pelos ACS e que pode ser utilizada em programas de capacitação para as anomalias craniofaciais, uma vez que possibilitou a exposição e discussão do conteúdo de forma dinâmica, propiciando aos ACS o conhecimento necessário sobre as anomalias craniofaciais, possibilitando-os realizar ações de promoção, prevenção da saúde e fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde.

1. Brasil. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília (DF): 1997.

2. Araújo MRN; Assunção RS. Atuação do Agente Comunitário de Saúde da Promoção da Saúde e na Prevenção de Doenças. Rev. Bras. Enferm. 2004; 57:19-25.

3. Brasil. O trabalho do agente comunitário de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

4. Brasil. Monitoramento da implantação e funcionamento das equipes de saúde da família no Brasil. Brasília (DF): 2002.

5. Borstein, VJ; Stotz, EN. Concepções que integram a formação e o processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: uma revisão da literatura. Rev. Ciên. Saúde Coletiva. 2008; 13: 259-268.

6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção á Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, Série Pactos pela Saúde 2006; v. 4. 2007.

7.Nunes, M.O; Trad, LB; Almeida, BA, Homem; CR; Melo, MCIC. O agente comunitário de saúde: construção da identidade desse personagem híbrido e polifônico. Rev. Cad Saúde Pública. 2002; 18:1639-46.

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9.Word Health Organization. Global strategies to reduce the health-care burden of craniofacial anomalies. Geneva: Word Health Organization; 2002.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
551
O PAPEL DO VÍCULO TERAPÊUTICO NA PRÁTICA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: os diferentes vínculos, que um sujeito estabelece ao longo de sua vida estão diretamente associados às primeiras relações estabelecidas com as pessoas que estão ao seu redor. A autoimagem, instaurada na relação estabelecida com seus cuidadores, embasa os seus relacionamentos futuros, explicitando um padrão de vínculo que o sujeito estabelece em outras interações interpessoais significativas¹. Nessa direção, cabe refletir sobre vínculo terapêutico, ou seja, sobre a relação que se constrói entre uma pessoa que está na posição de terapeuta, o fonoaudiólogo, e uma pessoa que busca atendimento clínico². Pois, tal vínculo permite que o terapeuta auxilie o paciente no movimento de ressignificação de suas queixas e sintomas, na medida em que são escutadas e acolhidas. A terapia, é um processo de escuta, em que a relação vincular se baseia, a partir da ação entre interlocutores que constroem/descontroem suas produções discursivas. E nesse processo, para além da técnica, o clínico pode dar espaço para que o sujeito reelabore a suas relações vinculares e história de vida³. Objetivo: 1)compreender o papel que o vínculo terapêutico para fonoaudiólogos que desenvolvem atividades clínicas, a partir de um questionário, aplicado em âmbito de estudo piloto; 2) verificar a eficácia do questionário e a tangibilidade das questões. Método: foi enviado questionário a fonoaudiólogos residentes na cidade de Curitiba. Os dados coletados são organizados por meio da Análise do Conteúdo, o qual pauta-se em um conjunto de técnicas que analisam produções textuais, considerando aspectos objetivos e subjetivos4. Os critérios de inclusão consideraram fonoaudiólogos inscritos no CRFa 3ª região. Foram excluídos profissionais que não realizam atendimento clínico. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética: 88408718.8.0000.8040. Resultados: os fonoaudiólogos, de forma geral, responderam ao questionário sem evidenciarem dúvidas com relação às perguntas que lhes foram dirigidas. Para eles, o vínculo é relevante, pois constitui-se como a “chave” para o atendimento, em função da confiança que se estabelece entre terapeuta e usuário. As palavras - interação, confiabilidade e alteridade - foram usadas por pelos participantes para explicitar os sentidos que atribuem ao vínculo terapêutico. Conclusão: o vínculo terapêutico é indispensável para a prática clínica, na visão dos profissionais participantes. O instrumento utilizado mostrou-se adequado, indicando a viabilidade da aplicação do questionário para compreender o papel que o vínculo terapêutico assume na clínica fonoaudiológica.

1. Dalbem JX; Dell'Aglio, DD. Teoria do apego: bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento. Arq. bras. psicol. v.57 n.1 Rio de Janeiro jun. 2005.
2. Bastarrica TG. A concepção da transferência na clínica fonoaudiológica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
3. Dalpiaz SL. Linguagem, transferência, clínica: as relações entre o saber e o fazer na clínica dos distúrbios de linguagem. niversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto alegre, 2018.
4. BARDIN L. Análise de conteúdo. 2ª reimp. da 1ª edição de 2011. São Paulo: Edições 70, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1750
O POTENCIAL EVOCADO MISMATCH NEGATIVITY (MMN) E ESTÍMULOS VOCAIS: ESTUDOS DE IDENTIFICAÇÃO DO FALANTE, DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA E TRAÇOS EMOCIONAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Os potenciais relacionados a eventos (ERP) auditivos apresentam-se úteis para a investigação sobre o processamento cognitivo de informações auditivas. A Mismatch Negativity (MMN) é um potencial evocado que reflete a memória auditiva envolvida na detecção de alterações no aspecto acústico (frequência, intensidade, duração e timbre) do sinal, a partir da comparação do som percebido com um modelo do som prototípico armazenado temporariamente1. Dessa forma, quanto maior a diferença entre o som percebido e o som armazenado na memória de trabalho, maior a MMN em termos de latência e amplitude. Nesse contexto, a MMN é um ERP importante para investigação de diferentes aspectos envolvidos na percepção de fala02. OBJETIVO: Revisar e analisar os estudos que relacionam os estímulos vocais e a MMN, a fim de se verificar o estado da arte das pesquisas com potenciais evocados e a voz humana. MÉTODO: Foram revisados 68 artigos científicos selecionados através da base de dados PubMed, a partir das palavras-chave: Voice AND Mismath Negativity OR MMN. Os estudos foram selecionados com base nos seguintes critérios de inclusão: i. publicações realizadas nos últimos 20 anos, ii. artigos em inglês, espanhol ou português e iii. acesso ao artigo completo. Como critérios de exclusão, foram excluídos artigos que não relacionassem a MMN e estímulos vocais. RESULTADOS: Os estudos indicam que os principais geradores da MMN estão localizados nas regiões frontal e temporal do córtex, em destaque o sulco temporal superior2-4. A MMN manifesta-se como um potencial frontocentral negativo entre 150 e 300 ms a partir da detecção de um estímulo diferente dentre estímulos repetitivos5. As pesquisas apontam que a MMN pode ser provocada por meio de alterações na frequência (pitch), duração (VOT) e em estímulos de fala desviantes (traços fonéticos)6,7. As informações emocionais (felicidade, tristeza, raiva e medo) contidas no discurso, possuem relação com o aumento da intensidade e do ruído nos estímulos, também desencadeando potenciais MMN robustos1,8. Em geral, os estímulos para definição de identidade do falante, discriminação auditiva e traços emocionais por meio da percepção auditiva se restringem aos fonemas isolados como /a, e/ e pares como /pa, ba/, /ta, da/. Para os sons não vocais, os estudos utilizam tons neutros e/ou sintetizados9,10. CONCLUSÃO: A MMN permite alcançar um entendimento neurofisiológico da percepção auditiva, da memória sensorial, da detecção de alterações e da atenção auditiva passiva. Os estudos encontrados não consideraram estímulos com ênfase na qualidade vocal do falante, mas sim, em aspectos fonéticos e prosódicos. Portanto, pesquisas que preencham esta lacuna são necessárias para uma melhor compreensão do processamento auditivo da fala desviante/disfônica.

01- Titova N, Naatanen R. Preattentive voice discrimination by the human brain as indexed by the mismatch negativity. Neuroscience Letters. 2001 Jun; 308 (3): 63-65.

02- Colin B, Radeu M, Soquet A, Deltenre P. Generalization of the generation of an MMN by illusory McGurk percepts: voiceless consonants. Clinical Neurophysiolog. 2004 Mar; 115 (4): 1989–2000.

03- Schirmer A, Simpson E, Escoffier N. Listen up! Processing of intensity change differs for vocal and nonvocal sounds. Brain Research. 2007 Aug; 1176 (2): 103-112

04- Sussman E, Steinschneider M. Attention effects on auditory scene analysis in children. Neuropsychologia. 2009 Dec; 43 (6): 771-785.

05- Hawco CS, Antones J, Todd J, Ferretti T, Keough D. ERP correlates of online monitoring of auditory feedback during vocalization. Psychophysiology. 2009 Sep; 46 (7): 1216-1225.

06- Fisher DJ, Labelle A, Knott VJ. Alterations of mismatch negativity (MMN) in schizophrenia patients with auditory hallucinations experiencing acute exacerbation of illness. Schizophrenia Research. 2012 Jun; 13 (5): 237-245.

07- Chobert J, François C, Velay JL, Besson M. Twelve Months of Active Musical Training in 8- to 10-Year-Old Children Enhances the Preattentive Processing of Syllabic Duration and Voice Onset Time. Cerebral Cortex. 2012 Dec; 12 (06): 13-24.


08- Hung AY, Ahveninen J, Cheng Y. Atypical mismatch negativity to distressful voices associated with conduct disorder symptoms. Journal of Child Psychology and Psychiatry. 2013 Sep; 54 (9): 1016-1027

09- Hestvik A, Durvasula K. Neurobiological evidence for voicing underspecification in English. Brain e Language. 2016 Dec; 152 (16): 28-43.

10- Oron A, Szelag E, Nowak K, Dacewicz A, Szymaszek A. Age-related differences in Voice-Onset-Time in Polish language users: An ERP study. 2019 May; 193 (18): 18-29.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1834
O PROCESSO DE ALIMENTAÇÃO DOS PACIENTES EM TRATAMENTO ONCOLÓGICO NO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Estas células, por se dividirem rapidamente tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo, podendo acometer as regiões de cabeça e pescoço. O tratamento oncológico frequentemente gera efeitos adversos, bem como deformidades estruturais sendo comum tais alterações no câncer de cabeça e pescoço. O tratamento para os pacientes com câncer nessa região gera sequelas físicas, emocionais e psicológicas. Os sujeitos sofrem com a tensão da incerteza da sobrevivência, angústia da dificuldade de comunicação e deglutição, bem como comprometimento estético em virtude da localização do tumor. OBJETIVO: Estudar o perfil de deglutição e/ou alimentação dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço em tratamento radioterápico (RT) e/ou quimioterápico (QT). MATERIAL E MÉTODO: Trata- se de um estudo retrospectivo quantitativo e qualitativo de pacientes acompanhados no ambulatório de fonoaudiologia em um Hospital Público de Sergipe. Foram seguidos todos os preceitos éticos e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número 92772318.8.0000.5546. A coleta de dados foi realizada em 52 evoluções coletadas nos prontuários dos pacientes. Para isso, foi realizado o preenchimento da ficha de registro de dados composta por identificação do paciente, hábitos nocivos à saúde, localização do tumor, estadiamento e tratamento antineoplásico, bem como dados da avaliação fonoaudiológica (Escala Funcional de Ingestão por Via Oral (FOIS) 2005 e Escala de Severidade da Disfagia (DOSS) de O’Neil et al 1999 ). RESULTADOS: Houve maior incidência de sujeitos do gênero masculino, sendo a maior parte residente na capital. A maioria dos pacientes realizou RT concomitante a QT, e menos da metade apresentou metástase. Na escala DOSS verificou-se com maior incidência disfagia leve/moderada, e na escala FOIS os pacientes se alimentavam por via oral total com múltiplas consistências, porém observou-se necessidade de preparo especial para facilitar o processo de deglutição. CONCLUSÃO: Os pacientes que fazem tratamento quimioterápico e/ou radioterápico apresentam dificuldades na alimentação, que cursa com disfagia em leve/moderada.

AQUINO, R. C. A. DE et al. Alterações fonoaudiológicas e acesso ao fonoaudiólogo nos casos de óbito por câncer de lábio, cavidade oral e orofaringe: um estudo retrospectivo. Revista CEFAC, 2016.

CASATI, M. et al. Epidemiologia do câncer de cabeça e pescoço no Brasil: estudo transversal de base populacional. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço, 2012.

CINTRA, A. B. et al. Deglutição após quimioterapia e radioterapia simultânea para carcinomas de laringe e hipofaringe. Revista da Associacao Medica Brasileira, 2005.

DE MELO ALVARENGA, L. et al. Epidemiologic evaluation of head and neck patients in a university hospital of Northwestern São Paulo State. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 74, n. 1, p. 68–73, 2008.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Estatísticas de câncer | INCA - Instituto Nacional de Câncer.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; organização Mario Jorge Sobreira da Silva. [s.l: s.n.].

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Estimativa Incidência de Câncer no Brasil - Biênio 2018-2019. [s.l: s.n.].

ROLIM, A. E. H.; DA COSTA, L. J.; RAMALHO, L. M. P. Repercussões da radioterapia na região orofacial e seu tratamento. Radiologia Brasileira, v. 44, n. 6, p. 388–395, 2011.

SAWADA, N. O.; DIAS, A. M.; ZAGO, M. M. F. O efeito da radioterapia sobre a qualidade de vida dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Revista Brasileira de Cancerologia, 2006.

SOUZA, J. A.; FORTES, R. C. Qualidade de Vida de Pacientes Oncológicos: Um Estudo Baseado em Evidências Life Quality of Oncological Patients: An Evidence-Based Study. Revista de Divulgação Científica Sena Aires Julho-Dezembro, 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1733
O PROJETO PALAVRAS QUE CURAM: UM CUIDADO HOLÍSTICO AO PACIENTE HOSPITALIZADO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: As consequências da hospitalização afetam diretamente a rotina do paciente e de suas famílias. Dentre as estratégias para melhor cuidado do paciente durante esta fase, apresenta-se o movimento Slow Medicine, que considera a relação paciente/equipe de saúde como central, na qual as reais necessidades dos pacientes necessitam ser conhecidas, sendo a promoção e prevenção as principais abordagens. Este movimento sustenta-se por meio de uma tríade filosófica: sobriedade, respeito e justiça, isto é, a sobriedade implica afirmar que o quantitativo não deve ser o sinônimo de excelência, mas sim prezar pela qualidade em cada serviço prestado. Já o respeito, remete a necessidade e importância do vínculo terapêutico entre o paciente e a equipe de saúde, visto que, “sem respeito, sem relações; sem relações, sem alianças; sem alianças, sem o cuidado adequado” Por fim, , a justiça que culminará em um trabalho pautado no cuidado devido para os pacientes que solicitam e necessitam de serviços nas unidades hospitalares. OBJETIVO: Apresentar o desenvolvimento e aplicação do Projeto Palavras que curam como estratégia Slow Medicine de maior escuta e cuidado nas abordagens terapêuticas das equipes de Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional de um hospital. MÉTODO: O Projeto foi apresentado e aprovado pela Gerência Multidisciplinar e à Coordenação de Educação Continuada de um hospital de referência em Cardiologia e Neurologia. Os colaboradores do hospital foram convidados para elaborar cartas e depositar nos postos de coleta da própria unidade hospitalar, a partir da seguinte orientação: Deseje ânimo e coragem para os pacientes deste hospital. As cartas endereçadas com o nome do paciente foram somadas ao montante recolhido. Todas as cartas foram organizadas pelas equipes de Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional e entregues como comemoração do Dia do Fonoaudiólogo em 2019. RESULTADOS: Foram distribuídas 100 cartas aos pacientes alocados nas enfermarias e urgências Cardiológica e Neurológica (Adulto e Pediátrico) e nas Unidades de Terapia Intensiva. Os fonoaudiólogos e Terapeutas Ocupacionais leram e direcionaram os acompanhantes para participar desta fase da ação. O projeto estimulou as funções mentais globais e específicas como a memória, atenção, percepção, disposição, orientação temporal e melhorias no aspecto emocional dos pacientes e acompanhantes, maximizou a linguagem expressiva oral e assim facilitou a participação fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional no processo saúde-doença, favorecendo na melhor comunicação com os pacientes e acompanhantes. O Projeto repercutiu de forma positiva entre os meios de comunicação da região (Radio e Tv) e abrangeu todos os setores em que tinham pacientes internados. CONCLUSÃO: O Projeto Palavras que Curam tornou-se uma estratégia de maior vínculo terapêutico dos fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais e de cuidado humanizado na unidade hospitalar, por parte de toda a equipe multidisciplinar.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1542
O RESIDENTE FONOAUDIÓLOGO EM SAÚDE COLETIVA: CAPACITAÇÃO PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE A SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) define Pessoa com Deficiência (PcD) aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas . Pessoas com Deficiências são públicos de atuação para a fonoaudiologia, pois necessitam de serviços de reabilitação nas áreas de linguagem e audiologia. Os serviços de Saúde para Pessoa com Deficiência são organizados em linhas de cuidado, ampliando as possibilidades de equidade e do cuidado integral, o que se constitui as Redes de atenção à Saúde. A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência possui como propósitos gerais, um amplo leque de ações que vai desde a proteção e prevenção de agravos da saúde, passando pela reabilitação e inclusão da pessoa com deficiência em todas as esferas da vida social. OBJETIVOS: Relatar experiência do planejamento e realização de capacitação para Agentes Comunitários de Saúde (ACS), sobre o conceito Saúde da Pessoa Com Deficiência, por profissionais de Saúde residentes em Saúde Coletiva e Saúde da Família. MÉTODO: Diversos fatores contribuíram para a formação de profissionais de Saúde sobre o conceito deficiência, dentre eles a ampliação da acessibilidade dos serviços de Saúde para Pessoas com Deficiências. A capacitação foi planejada e organizada por profissionais residentes (Fonoaudióloga, profissional de educação Física,nutricionista, enfermeira, Sanitarista e psicóloga), que estavam atuando na coordenação de Educação Permanente da Secretária de Saúde de um município no Estado de Pernambuco, aconteceu nos dias 27 e 28 do mês de julho de 2019, com o objetivo de esclarecer conceitos e definições sobre Deficiências. As atividades foram divididas em grupos de acordo com o tipo de deficiência: Deficiência auditiva, física, intelectual e visual. Os grupos foram ministrados por profissionais convidados com experiência e conhecimentos sobre cada tipo de deficiência.Foram capacitados 83 agentes comunitários de Saúde, todos os participantes realizaram avaliação do conhecimento, no formato pré e pós teste. Na oportunidade foi disponibilizado pela equipe de organização, um instrumento para notificação dos casos de Pessoas com deficiência no território de cada ACS, com intuito de construir um perfil de Pessoas com Deficiência no Município. RESULTADOS: Poucos ACS´s demonstraram conhecimento sobre a Rede de cuidados a Pessoas com Deficiências, classificação das deficiências e assuntos específicos de acessibilidade em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para pessoas Surdas e Braile para Cegos. Os agentes comunitários de Saúde se demonstram satisfeitos com a capacitação e interessados em buscar conhecimentos na área, para melhor atender a população. CONCLUSÃO: A educação permanente é uma política estratégica do SUS, que busca capacitar os profissionais de Saúde com o objetivo de fortalecer os serviços e ampliar a oferta do cuidado com qualidade a população, a capacitação foi efetiva tanto por formar profissionais a respeito de um tema pouco abordado, que é a Saúde da Pessoa com Deficiência, e o aprimoramento nas práticas de residentes em Saúde, quanto ao conhecimento sobre gestão em Saúde.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
972
O RISCO DE TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL EM CRIANÇAS RIBEIRINHAS DA ILHA DO COMBU - PA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A audição envolve a participação de redes de neurônios complexas que atuam de diferentes formas no processamento dos sons ao longo das vias auditivas centrais. Diferentes perturbações resultam em manifestações diversas do Transtorno do Processamento Auditivo Central, que por sua vez, acarretam em diversas outras alterações no desenvolvimento global do indivíduo. Objetivo: O objetivo da presente pesquisa foi identificar o percentual de crianças ribeirinhas da Ilha do Combu, que apresentam risco para o Transtorno do Processamento Auditivo Central. Método: A pesquisa realizada foi do tipo transversal quantitativa, realizada por meio de questionário, anamnese e triagem simplificada do processamento auditivo central. Foram triadas 16 crianças com idades entre 8 a 10 anos, sendo 6 crianças do sexo masculino e 10 crianças do sexo feminino, independentemente de cor, condições socioeconômicas ou raça, com ou sem queixa de dificuldades auditivas e escolares. A triagem constituiu-se pelos testes de memória sequencial verbal, memória sequencial não-verbal ou instrumental e o teste de localização sonora em cinco direções (direta, esquerda, frente, atrás e acima da cabeça). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, de acordo com a resolução CNS CEP/CONEP 466/12 sob o número CAAE: 97746018.0.0000.5173. Resultados: No resultado da triagem simplificada do processamento auditivo central que foi realizada nas crianças, observa-se 5 (31,25%) crianças que não apresentam risco ao transtorno do processamento auditivo central, ou seja, passaram na triagem, e 11 (68,75%) crianças que apresentam-se em risco para o transtorno do processamento auditivo central, ou seja, falharam na triagem, evidenciando que a maioria das crianças triadas (68,75%) apresentou falha numa análise geral da triagem realizada, incluindo-se no grupo de risco para o transtorno do processamento auditivo central. Conclusão: De acordo com o resultado da triagem simplificada do processamento auditivo central realizada, observa-se que a maioria das crianças participantes da pesquisa (68,75%) se inclui no grupo de risco ao transtorno do processamento auditivo central, e um fator de pré-disposição é o banho intenso nos rios, sem cuidados com a saúde auditiva, que é parte do cotidiano das crianças ribeirinhas da ilha do Combu.

Palavras-chave: Triagem Auditiva. Ribeirinhos. Audição Ribeirinhos. Perda Auditiva. Transtorno do Processamento Auditivo Central. Ilha do Combu.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
798
O RISCO VOCAL EM ADVOGADOS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: ANALISAR INFORMAÇÕES PARA PREVENIR PROBLEMAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O advogado exerce atividades privativas da advocacia em assessorias, consultorias e direção jurídica dos processos, exigindo alta demanda vocal, sujeitos a risco vocal. OBJETIVO: Identificar e analisar os fatores de risco vocal em advogados do município Rio de Janeiro. MATERIAL E MÉTODOS: É um estudo transversal de abordagem quantitativo-qualitativa. Foram analisados 72
advogados. A coleta e análise de dados foi feita no primeiro semestre de 2020, com advogados do município do Rio de Janeiro. Todos os participantes preencheram um questionário de identificação e os protocolos Índice de Função Glótica (IFG), Escala de Sintomas Vocais (ESV), Questionário de Dores Corporais (QDC) e Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV) via Google Forms, além de receberem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) por e-mail. A análise de dados foi realizada com o software SPSS 25.0. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial. Para as análises estatísticas inferenciais, considerou-se um nível de significância de 5% em todas as análises inferenciais. RESULTADOS: A amostra foi composta com predominância do gênero feminino,
com média de idade de 42 anos e 9 meses, onde a maioria não possui outra ocupação que necessite uso vocal além da advocacia, sendo mais frequentes os sintomas de rouquidão, pigarro, cansaço vocal e esforço para falar. Através da escala de dores corporais, a mais recorrente foi dores nas costas/coluna, cabeça, garganta e ATM/mandíbula. Constatou-se também que pessoas com mais de 20
anos de atuação possuem escores mais altos na comparação das variáveis de autoavaliação (p=0,001) e sintomas vocais de domínio físico (p=0,037), comparado a pessoas com atuação de 5 a 10 anos. CONCLUSÃO: Com base nos dados analisados, quanto à autoavaliação, sinais e sintomas relacionados à disfonia e dores, conclui-se que 44,44% dos participantes, apresentam risco vocal.

Palavras-chave: Voz. Disfonia. Sinais e Sintomas. Riscos Ocupacionais.
Fonoaudiologia.

Chitguppi C, Raj A, Meher R, Rathore PK. Speaking and Nonspeaking Voice
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
799
O RISCO VOCAL EM CANTORES DE ALTA PERFORMANCE: ANALISAR INFORMAÇÕES PARA PREVENIR PROBLEMAS.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Os cantores de alta performance têm a habilidade de entregar, por um período prolongado, resultados significativos, mensuráveis e sustentáveis ao público em que se proponha servir. São pessoas que fazem uso vocal excessivo ou em forte intensidade, sujeitos a diversos riscos vocais. OBJETIVO: Identificar e analisar fatores de risco vocal em cantores de alta performance. MATERIAL E MÉTODO: Trata-se de um estudo transversal de abordagem quantitativa/qualitativa. Foram analisados 50 cantores de alta performance. A coleta e análise de dados foi feita no primeiro semestre de 2020, com cantores de alta performance em diferentes estilos musicais. Todos os participantes preencheram um questionário de identificação e os protocolos Índice de Função Glótica (IFG), Escala de Sintomas Vocais (ESV), Questionário de Dores Corporais (QDC) e Escala Desconforto do Trato Vocal (EDTV), além de assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), este enviado para o e-mail do participante após o aceite no Google Form. A análise de dados foi realizada com o software Statistica Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial. Para as análises estatísticas inferenciais, adotou-se um nível de significância de 5% (p < 0,05). RESULTADOS: Participaram do presente estudo 50 cantores de alta performance com idade média de 28 anos e quatro meses, sendo 28 do sexo feminino e 22 do sexo masculino, onde 35 deles possuem outra ocupação que utilizem a voz, sendo o pigarro e o cansaço vocal os sintomas mais presentes. Na escala de dores corporais a prevalência foi de dor de cabeça, dor na garganta, dor na nuca, dor nos ombros, dor na coluna/costas e dor no peito. Foi constatado também que cantores de alta performance com queixa e problemas na voz apresentaram maior pontuação na escala de desconforto vocal quanto à frequência p= 0,021 e intensidade p= 0,026. CONCLUSÃO: Com base nos dados analisados, quanto à autoavaliação, sinais e sintomas relacionados à disfonia e dores, conclui-se que 50% dos analisados apresentam indicativo de algum risco vocal, sendo os principais pigarro e cansaço vocal.

Palavras-chave: Voz. Disfonia. Sinais e Sintoma. Autoavaliação. Fonoaudiologia

Devadas U, Kumar PC, Maruthy S. Prevalence of and Risk Factors for Self- Reported Voice Problems Among Carnatic Singers. J Voice. 2018;34(2):303e1- 303e15.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
800
O RISCO VOCAL EM PROFISSIONAIS DO BACKING VOCAL: ANALISAR INFORMAÇÕES PARA PREVENIR PROBLEMAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O Backing vocal são as vozes de apoio do cantor principal ou solista, que dão suporte e executam arranjos vocais mais elaborados, em suas performances e nos estúdios. Devido à grande demanda de shows e turnês, ficam sujeito a diversos riscos vocais. OBJETIVO: Identificar e analisar os fatores de risco vocal em Profissionais do Backing vocal. MATERIAL E MÉTODO: É um estudo transversal de abordagem quantitativo-qualitativa. Foram analisados 80 Backing Vocals. A coleta e análise de dados foram feitas no primeiro semestre de 2020. Todos os participantes preencheram um questionário de identificação e os protocolos Índice de Função Glótica (IFG), Escala de Sintomas Vocais (ESV), Questionário de Dores Corporais (QDC) e Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV) presencialmente, além de assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A análise de dados foi realizada com o software SPSS 25.0. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial. Para as análises estatísticas inferenciais, adotou-se um nível de significância de 5% (p < 0,05). RESULTADOS: Trata-se de uma população predominantemente do gênero feminino, sendo 43 do gênero feminino e 37 do gênero masculino, com média idade de 28 anos e 5 meses, onde 70% deles possuem outra ocupação que utilizem a voz, sendo a rouquidão, cansaço vocal e pigarro os sintomas mais presentes. Através na escala de dores corporais, a prevalência foi de dor na cabeça, dor na garganta, dor na coluna e dor para falar. Foi constatado também que os Profissionais do backing vocal do gênero feminino apresentaram escores significativamente maiores na autoavaliação vocal (p= 0,042) que os do sexo masculino. CONCLUSÃO: Com base nos dados analisados, quanto à autoavaliação, sinais e sintomas relacionados à disfonia e dores, conclui-se que a 58,75% dos analisados apresenta risco vocal, sendo os principais: rouquidão, cansaço vocal e pigarro.

Palavras-Chave: Voz. Disfonia. Sinais e Sintoma. Dor. Protocolos. Autoavaliação. Riscos Ocupacionais. Fonoaudiologia.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
375
O SABER E O FAZER FONOAUDIOLÓGICO EM CASOS DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: o Brasil está entre os países com maiores índices de violências contra crianças e adolescentes. Denúncias de violências contra crianças correspondem a 58% das ligações recebidas pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Desse total, 37,6% dos casos referem-se a situações de negligência, 23,4% vinculam-se a violências psicológicas, 22,2% a violências físicas e 10,9% a violências sexuais1. Sobre o atendimento prestado a vítimas de violência, em âmbito familiar, convém considerar que os serviços de saúde são uma das principais portas de entrada2. Para escutar, acolher e ressignificar histórias de pessoas envolvidas em situações de violência familiar, o profissional da área da saúde precisa refletir e se apropriar de conhecimentos capazes de lhe dar suporte para atuar e intervir de maneira efetiva. É necessário que esse profissional tenha condições de garantir ajuda à vítima e a toda sua família, abandonando a tendência de incriminar e marginalizar ainda mais as pessoas envolvidas, inclusive aquela que agride. Por isso, não basta que o profissional apenas identifique os casos, ele deve estar preparado para conduzir cada situação, amenizando a culpa e a vergonha familiar3. Nesse sentido, a clínica fonoaudiológica constitui-se como um espaço propício para identificar e trabalhar as alterações na linguagem, voz e motricidade oral de crianças e adolescentes, vítimas de violência intrafamiliar4. Objetivo: analisar, a partir de revisão integrativa da literatura, o conhecimento que fonoaudiólogos clínicos têm acerca da violência intrafamiliar e de como atuam diante de tal situação. Metodologia: a busca bibliográfica foi realizada nas bases de dados LILACS e MEDLINE, sendo considerados artigos publicados em língua portuguesa, nos períodos de janeiro de 2000 a julho de 2019. Resultados: foram encontradas apenas três pesquisas publicadas5, 6, 7, indicando que o conhecimento desse profissional está relacionado à notificação de situações de violência aos órgãos públicos. No que se refere à conduta adotada pelos fonoaudiólogos, nessas situações, foi citado o contato com a família para investigar a veracidade do relato da criança ou adolescente, bem como o encaminhamento do caso ao serviço social ou ao psicólogo. Conclusão: essa revisão integrativa ressalta o despreparo do fonoaudiólogo no enfrentamento de situações de violência intrafamiliar, apontando para a necessidade de ampliação de pesquisas que abordem essa temática.

1. Brasil. Ministério dos Direitos Humanos. Balanço geral 2011 a 1º sem 2018 - crianças e adolescentes disque 100. Brasília-DF. 2018.

2. Penso MA, Almeida TMC, Brasil KCT, Barros CA, Brandão PL. O atendimento a vítimas de violência e seus impactos na vida de profissionais da saúde. Temas em Psicologia - 2010, Vol. 18, n 1, 137-152.

3. Noguchi M.S., Assis S.G. (2003). Fonoaudiologia e violência intrafamiliar contra crianças: identificação de casos e prevenção. Pró Fono - Revista de Atualização Científica, vol. 15, n 2, (pp.199-206).

4. Noguchi MS. O dito, o não dito e o mal-dito o fonoaudiólogo diante da violência familiar contra crianças e adolescentes [Tese de doutorado]. Rio de Janeiro: Escola nacional de saúde pública – fundação Oswaldo Cruz. Junho de 2005.

5. Acioli RML, Lima MLC, Braga MC, Pimentel FC, Castro AG. Violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes: identificação, manejo e conhecimento da rede de referência por fonoaudiólogo em serviços públicos de saúde. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 11 (1): 21-28 , 2011.

6. Noguchi MS, Assis SG, Santos NC. Entre quatro paredes: atendimento fonoaudiológico a crianças e adolescentes vítimas de violência. Ciência & Saúde Coletiva, 9(4):963-973,2004.

7. Noguchi MS, DE Assis SG, Malaquias JV. Ocorrência de maus-tratos em crianças: formação e possibilidade de ação dos fonoaudiólogos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 1, p. 41-48, jan.-abr. 2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1353
O SEGUIMENTO AMBULATORIAL DA CRIANÇA DE RISCO COMO EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM FONOAUDIOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O projeto de extensão universitária no seguimento ambulatorial da criança de risco proporciona uma das primeiras experiências práticas aos estudantes e colabora para a consolidação do conhecimento teórico, capacitando-os para o atendimento ambulatorial. Neste contexto, destaca-se o projeto de extensão, de um hospital da rede pública da região sudeste, onde é realizado o acompanhamento longitudinal do desenvolvimento de crianças nascidas pré-termo e se estende até os sete anos de idade. Objetivo: Relatar a experiência proporcionada por uma atividade de extensão e sua importância para a formação prática dos estudantes. Métodos: Trata-se de relato de experiência de estudantes de graduação do curso de fonoaudiologia, vinculadas a um projeto de extensão, o qual é composto por uma docente coordenadora do projeto, quatro fonoaudiólogas, sendo uma doutoranda em neurociências, três mestrandas em ciências fonoaudiológicas, uma estudante do oitavo período e oito do quarto período. O relato foi baseado no período de atendimento de janeiro a junho de 2020, os quais foram realizados às quartas-feiras, das 13h30min às 17h30min, pelos estudantes, com participação das pós-graduandas e professora. Na primeira consulta é realizada anamnese e avaliação por meio do Roteiro de Observação de Comportamentos de Crianças de 0 a 6 anos, adotado também nas consultas posteriores, e que permite acompanhar o desenvolvimento da linguagem, audição e cognição. Na anamnese são coletados dados referentes à gestação, ao perfil do paciente e da família. Durante o atendimento, são feitas orientações aos responsáveis sobre o desenvolvimento infantil e em casos necessários são realizados encaminhamentos para avaliações especializadas. Devido ao cenário pandêmico atual, os atendimentos foram interrompidos no primeiro semestre de 2020. No entanto, as atividades do projeto permanecem ativas, por meio de encontros remotos destinados a discussão de artigos que visam a instrumentalização das estudantes acerca dos novos recursos de avaliação que serão incorporados no serviço. Resultados: A vivência da assistência nos primeiros períodos do curso proporcionada pelo projeto evidenciou a relevância da extensão no aprendizado. Além disso, representou um marco na formação e preparação para a entrada nos estágios curriculares, ao auxiliar na consolidação da teoria e enriquecimento do aprendizado clínico-prático. A prática ambulatorial contribuiu para a compreensão da assistência e cuidado ao paciente, dos serviços de promoção e prevenção à saúde além do desenvolvimento das habilidades interpessoais. Ainda foi possível observar que a experiência clínica promoveu o exercício do trabalho e dinâmica em grupo, a atuação na sala de espera, assim como o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao entendimento e respeito às frustrações e desafios pessoais. No entanto, o isolamento social em decorrência da COVID-19, inviabilizou o prosseguimento do projeto. Os encontros passaram a ser realizados quinzenalmente, de forma remota, entre os integrantes e mostraram-se essenciais à continuidade do aprendizado teórico que auxiliarão no retorno aos atendimentos em futura situação de normalidade. Conclusão: O projeto de extensão no seguimento ambulatorial da criança de risco, além de ser um serviço necessário à comunidade assistida, contribui de forma ímpar para a formação prática acadêmica e para o desenvolvimento de habilidades fundamentais para a atuação profissional.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
639
O TRABALHO DO FONOAUDIÓLOGO INSERIDO EM UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA RESIDÊNCIA EM SAÚDE DA FAMILÍA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A residência multiprofissional em saúde da família é uma pós graduação lato sensu que tem como característica o aprendizado em serviço. A atuação do fonoaudiólogo inserido na ESF baseia-se na promoção em saúde, prevenção e reabilitação dos agravos fonoaudiológicos com um olhar generalista, conhecimento técnico cientifico das demandas encontradas dentro do território, um cuidado diferencial para os usuários, enxergando não só a patologia, mas sim todos os determinantes que contribuem para o adoecimento do corpo e da mente. OBJETIVO: Descrever a atuação do fonoaudiólogo e o trabalho multiprofissional em uma equipe de saúde família. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência de natureza qualitativa. Para descrição das atividades, estas foram classificadas em atuação uniprofissional e multiprofissional. RESULTADOS: O grupo multiprofissional de residentes em saúde da família é composto por um fonoaudiólogo, um farmacêutico e um enfermeiro, inseridos em uma equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF). Para que o trabalho multiprofissional acontecesse de maneira concisa e pontual, a territorialização foi o primeiro passo e, a partir dela, foram extraídos todos as informações e dados necessários acerca do território. Em seguida, a equipe, de forma conjunta, organizou um planejamento estratégico situacional com todos os problemas encontrados e discutiu estratégias para minimizar seus efeitos. A partir daí, a equipe dividiu-se proporcionando atividades de educação em saúde, grupos terapêuticos, sala de espera, elaboração de materiais, atendimentos multiprofissionais, elaborações de campanhas e capacitações. Para a organização do trabalho específico do fonoaudiólogo, após identificar os principais agravos, foi elaborado um POP (Protocolo Operacional Padrão) que permitiu padronizar o serviço oferecido na unidade básica de saúde. O POP inicia-se com o acolhimento das demandas, partindo de qualquer profissional atuante na ESF, em seguida eram realizadas anamneses e avaliações que permitissem identificar a queixa e chegar ao diagnóstico fonoaudiológico para, a partir dele, direcionar o encaminhamento do caso, seja para acompanhamento fonoaudiológico dentro da unidade ou encaminhamentos para referência ou outros profissionais, solicitações de exames e orientações acerca do caso. Também foram realizadas visitas domiciliares, atendimentos em grupos terapêuticos, participação e acompanhamento de pacientes assistido pelo HIPERDIA (Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos) ampliando o cuidado multidisciplinar, atuação na consulta de puericultura com foco no desenvolvimento neuropsicomotor e amamentação, promovendo uma assistência global na primeira infância. CONCLUSÃO: O cuidado ampliado em saúde abrange práticas que devem estar presentes na rotina de um profissional de ESF. O diálogo com território e a compreensão do conceito global de saúde permitem um trabalho mais completo. Há várias nuances na atenção básica que contemplam a inserção do fonoaudiólogo e reforçam a sua importância nesse contexto de saúde. A residência em saúde da família é o espaço ideal para que o desenvolvimento dessas atividades esteja presente na formação do fonoaudiólogo, com o objetivo de reafirmar seu compromisso com sistema único de saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
661
O USO DA COERÊNCIA E DA COESÃO POR CRIANÇAS SURDAS E OUVINTES EM PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Estudos(1-3) demonstram que muitas crianças surdas apresentam várias dificuldades no processo de apropriação da língua escrita. Além disso, vários estudos(5,6) acerca desse processo baseiam-se somente em aspectos lexicais e gramaticais da língua escrita, em detrimento de aspectos textuais, como a coerência e a coesão. A coesão é entendida como uma ferramenta para chegar a coerência textual, é realizada por meio das conexões entre as sentenças. Já a coerência, é reconhecida como uma propriedade mais global dos textos, é aquilo que dá sentido. A análise das estratégias de coerência e coesão usadas por crianças surdas e ouvintes pode oferecer, tanto para professores quanto para fonoaudiólogos, uma nova perspectiva de trabalho com a língua escrita direcionada para outros modos de intervenção que vão além dos aspectos lexicais e gramaticais. Objetivo: Esse estudo investigou o uso da coerência e da coesão em textos narrativos produzidos por crianças surdas e ouvintes. Método: Esse é um estudo quali-quantitativo, transversal, analítico. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética sob o seguinte protocolo LCS/PR/BSc/17-18/07. Participaram do mesmo 35 crianças surdas e 49 crianças ouvintes que frequentavam o início do Ensino Fundamental I em 25 escolas localizadas no sul da Inglaterra. Um pesquisador mostrou para cada criança individualmente uma figura colorida com ilustrações de uma cena de pirataria e solicitou que cada criança escrevesse uma pequena narrativa sobre a cena. A análise foi feita a partir da leitura das narrativas escritas de cada criança. A foi analisada a partir da contagem das marcas linguísticas explicitas nos textos das crianças, tais como, estratégias de referenciação, progressão temática e conectivos textuais. Já a coerência foi analisada a partir de uma escala genérica proposta por Bachman(6), a partir da qual os textos narrativos foram ranqueados de 1 a 5, sendo 1 – sem coerência e 5 – totalmente coerente. Resultados: As estratégias de referenciação mais usadas em ambos os grupos foram anáforas nominais e anáforas pronominais e não houve correlação significativa entre os dois grupos. As estratégias de conexão mais usadas em ambos os grupos foram as lógico semânticas, especialmente as palavras “e” (and), “então” (then) e “porque” (because). Além disso, notou-se que 37% das crianças surdas usaram conectivos argumentativos discursivos, tais como “tão” (so) e “mas” (but) e 26% usaram conectivos de conteúdo, como “era uma vez”. Contrastivamente, 70% das crianças ouvintes usaram conectivos de conteúdo e 29% usaram conectivos argumentativos discursivos. Novamente não encontrou-se significância no uso dos conectivos entre os dois grupos. Com relação a coerência, mais da metade das narrativas produzidas pelas crianças surdas foram classificadas como coerência limitada ou moderada, já as narrativas das crianças ouvintes foram analisadas como moderadas ou quase totalmente coerentes. Conclusão: A surdez pode comprometer seriamente a apropriação da escrita das crianças surdas, então trabalhar com a escrita com essa população pode ser um desafio, o uso de estratégias que levem em conta outros aspectos da língua escrita, tais como os textuais e os discursivos é fundamental para o processo de apropriação desta modalidade de linguagem.

1- Harris, M., Terlektsi, E., & Kyle, F.E. Concurrent and longitudinal predictors of reading for deaf and hearing children in primary school. Journal of deaf studies and deaf education. 2017, 1(1): 233-242.
2- Guarinello, A.C., Massi, G., Berberian, A.P., Tonocchi, R. & Valentin, S.M.L. Speech language group therapy in the context of written language for deaf subjects in Southern Brazil. Deafness & Education International. 2017, 1-1: 1-11.
3- Kronenberger, W.G., Colson, B.G., Henning, S.C. & Pisoni, D.B. Executive functioning and speech-language skills following long-term use of cochlear implants. Journal of deaf studies and deaf education. 2014, 19: 456-470.
4- Arfe, B. & Boscolo, P. Causal Coherence in Deaf and Hearing Students' Written Narratives, Discourse Processes. 2006, 42(3): 271-300.
5- Arfé, B. & Perondi, I. Deaf and hearing students’ referential strategies in writing: What referential cohesion tells us about deaf students’ literacy development. First Language. 2008, 28(4): 355.374.
6- Bachman, L. F. The development and use of criterion-referenced tests of language ability in language program evaluation. In K. Johnson (Ed.), The second language curriculum, (pp. 242-58). Cambridge: Cambridge University Press, 1989.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1484
O USO DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E A QUALIDADE DE VIDA DE FAMILIARES DE CRIANÇAS COM AUTISMO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) facilita a comunicação e interação de sujeitos com algum impedimento ou dificuldade na produção oral. Tem sido utilizada como recurso em intervenção de linguagem para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de forma eficaz. Estudos apontam que a aplicabilidade da CAA fora do espaço terapêutico se reflete no aumento da qualidade de vida familiar (1,2). Portanto, para que essa aplicabilidade ocorra, assim como a manutenção do comportamento adequado da criança, é importante o bem estar parental (3). Objetivo: Investigar o impacto da intervenção fonoaudiológica com uso de CAA, na qualidade de vida da família de crianças com TEA, de acordo com a percepção das mães. Metodologia: Trata-se de um recorte de uma pesquisa sobre intervenção fonoaudiológica em crianças com TEA com uso da CAA. É um estudo qualitativo, com três mães de crianças com TEA, minimamente verbais, com idade entre 2 e 4 anos, as quais se submeteram a um período de intervenção que variou entre 12 e 36 meses, com sessões individuais semanais e encontro semestral das famílias com foco na adesão ao tratamento e uso da CAA fora do ambiente terapêutico. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas individuais com as mães, compostas por quatro perguntas norteadoras relacionadas a qualidade de vida da família após uso da CAA pela criança. Resultados: As mães afirmaram que a intervenção auxiliou no processo de aceitação do diagnóstico do filho. Afirmaram também, que o uso da CAA e as orientações dos terapeutas possibilitaram mudanças significativas na comunicação e interação social da criança. Sobre as modificações quanto as habilidades comunicativas, relataram ser perceptível o desenvolvimento da linguagem oral, a ampliação do vocabulário expressivo com intenção comunicativa, além do aumento no uso de iniciativas e respostas. Perceberam ainda, diminuição de birras e comportamentos inadequados e maior participação em atividades sociais, contribuindo para redução do estresse e ansiedade familiar, possibilitando um maior convívio social e ampliação das redes de apoio aos familiares. As mudanças no comportamento comunicativo, de acordo com a percepção das mães, influenciaram positivamente o relacionamento da criança com todos os membros da família, o que impactou na qualidade de vida da criança e materna. Sobre as mudanças do bem estar materno elas ressaltaram maior bem-estar físico e mental, melhora no relacionamento com o parceiro, menor estresse e ansiedade. Conclusão: A intervenção fonoaudiológica com uso de CAA em crianças com TEA, promoveu o desenvolvimento da comunicação funcional nessas crianças com consequente melhoria na interação social e qualidade de vida da criança, assim como dos seus familiares. As principais mudanças se referem ao bem estar físico e mental materno, ampliação do suporte social e melhora nas relações intra e interfamiliares. Todas as mães relacionam essas mudanças com o uso da CAA por meio do projeto, e mostram satisfação com a generalização do uso fora do espaço terapêutico.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1167
O USO DA ELETROESTIMULAÇÃO NA REABILITAÇÃO DAS DISFONIAS: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A reabilitação vocal é fundamental no tratamento das disfonias, principalmente as que envolvem causas comportamentais, pois dependem diretamente da terapia vocal. É reconhecido que o modelo de trabalho fonoaudiológico, comumente utilizado nas reabilitações vocais, tem foco holístico e sintomático, combinando de maneira organizada uma variedade de abordagens com diversas visões filosóficas. Ao explorar opções tecnológicas que favoreçam esta reabilitação convencional, a eletroestimulação aparece como um recurso que sugere benefícios importantes para atuação fonoaudiológica. Objetivo: Investigar a aplicabilidade e efetividade da eletroestimulação como recurso terapêutico no tratamento fonoaudiológico das disfonias por meio de revisão bibliográfica Método: Para realizar a revisão foram utilizadas as bases de dados: MEDLINE/PubMed, LILACS e Scielo. Os descritores utilizados foram “eletroterapia”, “estimulação elétrica nervosa transcutânea”, “estimulação elétrica”, “disfonia”, “distúrbios da voz”, “terapia por estimulação elétrica”, “qualidade vocal”, “transcutaneous electrical”, "electrical stimulation”, “dysphonia”, “voice disorders”, ”electrical stimulation therapy” e “voice quality” em português e inglês, respectivamente, no período de 2008 a 2020. Resultados: De 50 estudos encontrados foram selecionados 14. A maior parte deles foram publicados no ano de 2016 e 2017, com prevalência de estudos nacionais (64,7%). As diferentes aplicações investigadas foram em disfonias comportamentais (42,8%), disfonias orgânicas (14,3%), indivíduos saudáveis (21,4%) e presbifonia (7,1%) e a análise dos artigos selecionados apontou um aumento expressivo de ensaios clínicos que avaliaram o efeito da eletroestimulação na musculatura laríngea e cervical por meio de exames objetivos. Conclusão: A eletroestimulação mostrou-se eficaz como uma ferramenta coadjuvante a terapia holística convencional, especialmente no tratamento das disfonias comportamentais, pois apresentou benefícios satisfatórios no relaxamento muscular e diminuição da dor musculoesquelética. No entanto, mesmo com o número crescente de pesquisas, é necessário desenvolver estudos aplicados em diferentes patologias e protocolos de terapia padronizados.

Palavras-chave: Estimulação elétrica transcutânea; estimulação elétrica neuromuscular; fonoaudiologia; disfonia; distúrbios vocais.

1. Ruotsalainen J, Sellman J, Lehto L, Verbeek J. Systematic review of the treatment of functional dysphonia and prevention of voice disorders. Otolaryngol Head Neck Surg. 2008; 138(5): 557‐565.

2. Behlau M, Azevedo R, Pontes P. Conceito de voz normal e classificação das disfonias. In: Behlau M. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2001. cap. 2. p. 53-84.

3. Schwartz SR, Cohen SM, Dailey SH, et al. Clinical practice guideline: hoarseness (dysphonia). Otolaryngol Head Neck Surg. 2009;141: S1‐S31.

4. Low J, Reed A. Electrotherapy explained: principles and practice. 4ª ed. EUA: Butterworth-Heinemann, 2006.

5. Santos JKO et al. Uso da eletroestimulação na clínica fonoaudiológica: uma revisão integrativa da literatura. Rev. CEFAC. 2015; 17 (5); 1620-1632.

6. Santos JKO, Silverio KCA, Oliveira NFCD, Gama ACC. Evaluation of Electrostimulation Effect in Women With Vocal Nodules. [artigo científico]. Journal of voice, 2016; 30(6):769-1,7.

7. Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et. al. Estimulação elétrica nervosa transcutânea em mulheres disfônicas. [Artigo científico]. Pró- Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set;20(3): 189-94.

8. Seifpanahi S, Izadi F, Jamshidi AA, Shirmohammadi N. Effects of transcutaneous electrical stimulation on vocal folds adduction. [Artigo cientifico]. 2017; European Archives of Oto-Rhino- Laryngology, 274 (9).

9. Conde MCM, Siqueira LTD, Vendramini JE, Brasolotto AG, Guirro RRJ, Silverio KCA. Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS) and Laryngeal Manual Therapy (LMT). [artigo cientifico]. Journal of voice, 2018; 32 (3), 385, 17-25.

10. Law T, Lee KS, Wong RWM, Leung Y, Ku PKM, Wong EWY, et. al. Effects of electrical stimulation on vocal functions in patients with nasopharyngeal carcinoma. The laryngoscope, (2016); 127 (5), 1119-1124.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1862
O USO DA ESCALA MULTIDIMENSIONAL DO CANSAÇO (PEDSQL) NA AVALIAÇÃO DO CANSAÇO AUDITIVO EM CRIANÇAS/ADOLESCENTES COM PERDA AUDITIVA UNILATERAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O cansaço é um sintoma comum em nossa sociedade, no entanto alguns indivíduos, especialmente aqueles com deficiência podem senti-lo de forma mais acentuada e grave. Desta forma, acredita-se que crianças com perda auditiva unilateral também apresentam fadiga, uma vez que seus sinais binaurais são diminuídos, podendo afetar áreas como educação, reconhecimento de fala no ruído, habilidades cognitivas e de linguagem. Diversas avaliações em diferentes grupos de crianças já foram realizados, sejam elas crianças com desenvolvimento típico em ambiente escolar ruidoso,crianças usuárias de Implante Coclear, ou com deficiência auditiva usuárias de Aparelho de Amplificação Sonora Individual unilateral ou bilateral. No entanto há uma escassez de literatura na avaliação do esforço auditivo em crianças com PA unilateral.
Objetivo: este trabalho teve como propósito comparar as respostas de crianças com perda auditiva neurossensorial unilateral e seus pais sobre esforço auditivo e verificar se, caso presente, este esforço é amenizado pelo uso de AASI. Materiais e Métodos: A amostra foi composta por 13 pacientes, com idades de 7 a 16 anos, diagnosticados com deficiência auditiva unilateral sensorioneural, de grau severo e profundo e seus responsáveis, foram convidados a responderem a escala PedsQL™ 4.0, versão validada para o português brasileiro, nos momentos de pré e pós adaptação de AASI. Todas as crianças já eram usuárias de AASI, contudo, para participação da pesquisa, uma nova seleção e adaptação de aparelhos foram realizadas com algoritmo -Speech Guard- de modo a favorecer o reconhecimento de fala no ruído. Resultados: Não houveram diferenças significativas entre os grupos de acordo com as análises estatísticas, tanto pra análise das respostas dos pais em relação aos filhos, quanto em relação as crianças nos diferentes momentos. Conclusão: O estudo demonstrou que apesar das crianças com perda auditiva unilateral relatarem mais cansaço que seus pais, estes percebem maior melhora após a adaptação do aparelho auditivo do que seus filhos, mesmo não sendo possível constatar significância nos resultados obtidos. Desta forma, acredita-se que tanto o aconselhamento adequado para os pais e as crianças, quanto o acompanhamento do profissional audiologista possa mudar esse quadro quando trata-se de crianças com PA unilateral. Desta forma, mais estudos sobre o assunto, incluindo um aconselhamento melhor elaborado e com uma população mais abrangente é necessário.

Boksem MA, Tops M. Mental fatigue: Costs and benefits. Brai.n Res Rev. 2008;59:
125–39.
Gold JI, Mahrer NE, Yee J, Palermo TM. Pain, Fatigue, and Health-related Quality
of Life in Children and Adolescents with Chronic Pain. Clin J Pain. 2009;25(5):407-
12.
Hicks CB, Tharpe AM. Listening effort and fatigue in school- age children with and
without hearing loss. J Speech Lang Hear Res. 2002;45:573–84.
McGarrigle R, Munro KJ, Dawes P, Stewart AJ, Barry JG, Amitay S. Listening effort
and fatigue: What exactly are we measuring? A British Society of Audiology
Cognition in Hearing Speacial Interest Group, ‘white paper’. Int J Audiol. 2014;
53:433-45


TRABALHOS CIENTÍFICOS
485
O USO DA FOTOBIOMODULAÇÃO NOS MÚSCULOS DA CABEÇA E PESCOÇO: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A fototerapia ou fotobiomodulação diz respeito a aplicação da luz de baixa potência, podendo ser LED (Light Emitting Diode) ou LASER (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation), para diversos tratamentos, devido à sua ação biomoduladora das funções celulares, podendo promover analgesia, modulação da inflamação e edema, reparação tecidual e, mais recentemente, estudos já mostram o efeito para a performance muscular. Considerando o grupo muscular situado na cabeça e pescoço, a literatura até o momento foca na atuação da fotobiomodulação em indivíduos com disfunção temporomandibular, bruxismo, pontos de tensão e dor miofascial [1-6]. Apesar de ser um recurso cada dia mais utilizado, é importante sistematizar o conhecimento sobre como é utilizada a laserterapia nos músculos da cabeça e pescoço e definir protocolos de irradiação. OBJETIVO: o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão integrativa da literatura sobre o uso da fotobiomodulação nos músculos de cabeça e pescoço. MÉTODOS: Foi realizada revisão integrativa para a identificação de produções que respondessem a pergunta norteadora: qual o uso da fotobiomodulação na musculatura de cabeça e pescoço?, nas seguintes bases de dados: PubMed, Scopus, Web of Science, LILACS e SciELO. A pesquisa ocorreu entre junho e agosto de 2019. Os descritores utilizados foram Terapia com Luz de Baixa Intensidade, Fototerapia, Músculo Masseter, Músculos Mastigatórios, Língua, Palato, Boca, Pescoço, Músculos do Pescoço, Músculos Faciais e seus respectivos termos em inglês. Não houve limitação de ano de publicação e idioma. Para os resultados foi elaborado quadro com autores, ano; país; objetivo; participantes e grupos; as avaliações realizadas; parâmetros dosimétricos; protocolo de aplicação; resultados obtidos. RESULTADOS: Foram encontrados 2377 artigos, sendo selecionados 94 para leitura completa, dos quais 50 foram excluídos, totalizando 44 artigos incluídos. As publicações incluídas datam de 2003 a 2018. O Brasil foi o país que mais publicou sobre o tema. Quanto aos objetivos, 79,5% dos estudos (n=35) pesquisaram o efeito analgésico da fotobiomodulação, e desses, 62,8% (n=22) eram relacionados à DTM articular ou muscular. A heterogeneidade dos estudos impossibilita a definição de protocolos dosimétricos. CONCLUSÃO: A fotobiomodulação tem sido utilizada na musculatura de cabeça e pescoço principalmente para o tratamento da dor proveniente de disfunções temporomandibulares. Não existe um protocolo de aplicação que defina os parâmetros dosimétricos a serem utilizados, resultando em heterogeneidade de metodologias e de resultados encontrados.

1. MELCHIOR, M. O. et al. Efeito do tratamento fonoaudiológico após a laserterapia de baixa intensidade em pacientes com DTM: estudo descritivo. Revista CoDAS. v. 28, n. 6, p. 818-22, 2016.
2. GOMES, C.F.; SCHAPOCHNIK, A. O uso terapêutico do LASER de baixa intensidade (LBI) em algumas patologias e sua relação com a atuação na fonoaudiologia. Revista Distúrbios da Comunicação. v. 29, n. 3, p. 570-8, 2017.
3. NAMPO, F. K. et al. Low-level phototherapy to improve exercise capacity and muscle performance: a systematic review and meta-analysis. Lasers in medical science, v. 31, n. 9, p. 1957-1970, 2016.
4. XU, G. et al. Low-level laser therapy for temporomandibular disorders: a systematic review with meta-analysis. Pain Research and Management, v. 2018, 2018.
5. SALGUEIRO, M. C. C. et al. Evaluation of muscle activity, bite force and salivary cortisol in children with bruxism before and after low level laser applied to acupoints: study protocol for a randomised controlled trial. BMC complementary and alternative medicine, v. 17, n. 1, p. 391, 2017.
6. MAGRI, L. V. et al. Effectiveness of low-level laser therapy on pain intensity, pressure pain threshold, and SF-MPQ indexes of women with myofascial pain. Lasers in medical science, v. 32, n. 2, p. 419-428, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1963
O USO DA ROBÓTICA NA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento infantil que compromete a linguagem como um todo, desse modo é primordial a intervenção fonoaudiológica, que pode fazer o uso de diferentes tecnologias para melhorar os aspectos de linguagem, da comunicação verbal e não verbal, aspectos cognitivos e interação social. Objetivo: analisar a eficácia do uso da robótica na intervenção fonoaudiológica em crianças com Transtorno do Espectro Autista. Métodos: Trata-se de um estudo de caso, através de uma pesquisa de campo, de intervenção, de caráter qualitativo, longitudinal e experimental, O estudo foi realizado com uma criança, de 5 anos de idade, do sexo masculino, que possui gravidade leve do TEA e é atendida na Clínica Escola de Fonoaudiologia de uma Instituição de Ensino Superior. A coleta, foi realizada em treze sessões de terapia fonoaudiológica, durante trinta minutos cada. Foram três sessões de avaliação, utilizando o Protocolo de Observação Comportamental – PROC e a Extensão Média de Enunciados. Foram realizadas cinco sessões com o uso do robô, idealizado em formato de carrinho, para realizar tarefas com o comando de voz, se movendo e acendendo de luzes de led coloridas. As atividades envolviam a associação das cores com imagens, obedecendo os objetivos estabelecidos para cada sessão. Após esse período foram realizadas cinco sessões sem o uso do robô, para o momento de reavaliação utilizando os mesmos protocolos iniciais. Os dados foram analisados qualitativamente, a partir da análise descritiva do resultado e dos registros das sessões de terapia. Resultados: Foram avaliadas as habilidades comunicativas, compreensão verbal e aspectos do desenvolvimento cognitivo pré e pós-terapia fonoaudiológico e foi observado um aumento nos escores das habilidades comunicativas e desenvolvimento cognitivo. Além disso, verificou-se que houve a manutenção do comportamento comunicativo infantil após a retirada do robô da sessão fonoaudiológica. Houve um avanço nos aspectos de comunicação oral, principalmente no trabalho com palavras e enunciados, habilidades cognitivas e interação social. Em relação a avaliação da morfossintaxe, utilizando a extensão média de enunciados – palavras, constatou-se um aumento do desempenho comunicativo expressivo da criança após o uso do robô e que foi ampliado nas sessões sem o robô. Conclusão: O uso da robótica como auxílio na terapia fonoaudiológica em crianças com Transtorno do Espectro Autista é eficaz para a evolução dos aspectos de comunicação, habilidades cognitivas e habilidades de interação social. Além disso, houve a manutenção das habilidades linguístico-cognitivas com a retirada do robô da sessão fonoaudiológica e ocorreu a ampliação da morfossintaxe infantil.

1. Centers for Disease Control and Prevention. (CDC) Prevalence of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 8 Years - Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network. 2014.
2. American Psychiatric Association (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM 5. Tradução de Maria Inês Correa Nascimento et al; revisão técnica Aristides Volpato Cordiolo. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 2014.
3. Bagarollo MF, Panhoca I. A Constituição da Subjetividade de Adolescentes Autistas: Um Olhar Para As Histórias de Vidas. Rev. Bras. Ed. Esp. 2010; 16(2):231-50.
4. Aresti-Bartolome N, Garcia-Zapirain B. Technologies as support tools for people with autism spectrum disorder: a systematic review. Int J Env Res Public Health. 2014.
5. Pennisi P, Tonacci A, Tartarisco G, Billeci l, Ruta l, Gangemi S, Pioggia G. Autism and social robotics: a systematic review. Autism Res., 2015.
6. Boucenna S, Narzisi A, Tilmont E, Muratori F, Pioggia G, Cohen D, Chetouani M. Interactive technologies for autistic children: a review. Cognitive Computing. (2014); 6 (4), pp. 722-40.
7. Clabaugh C, Becerra D, Deng E, Ragusa G, Matario M. Month-long, In-home Case Study of a Socially Assistive Robot for Children with Autism Spectrum Disorder. HRI’18 Companion. Chicago, USA; 2018.
8. Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª. ed. São Paulo: Atlas S/A; 2002.
9. Hage Simone Rocha de Vasconcellos, Pereira Tatiane Cristina, Zorzi Jaime Luiz. Protocolo de Observação Comportamental - PROC: valores de referência para uma análise quantitativa. Rev. CEFAC. 2012; 14(4):677-90.
10. Santos Maria Emília, Lynce Sofia, Carvalho Sara, Cacela Mariana, Mineiro Ana. Extensão média do enunciado-palavras em crianças de 4 e 5 anos com desenvolvimento típico da linguagem. Rev. CEFAC [Internet]. 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
603
O USO DA TÉCNICA ISBAR NA TRANSFERÊNCIA DE CUIDADOS ENTRE FONOAUDIÓLOGOS DAS UNIDADES DE INTERNAÇÃO ADULTO EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A transição de cuidados é um momento crítico dentro da rotina hospitalar, pois a comunicação entre os profissionais durante esta deve ocorrer da forma mais eficaz possível, visando redução de efeitos adversos e descontinuidade da assistência. Com o intuito de melhorar essa prática, podem ser adotadas ferramentas padronizadas para a transferência de cuidados. A técnica ISBAR, cuja a sigla corresponde aos itens de Identificação (Identify), Situação (Situation), Antecedentes (Background), Avaliação (Assessment) e Recomendações (Recommendation), tem seu uso orientado por relevantes organizações internacionais por ser padronizada, simples e de fácil adaptação ao contexto institucional de serviços médicos e de reabilitação, como é o caso da Fonoaudiologia. Objetivo: Relatar o uso da técnica ISBAR na transferência de cuidados pela equipe de Fonoaudiologia atuante nas unidades de internação adulto em hospital universitário de referência do estado de Minas Gerais. Métodos: Desde março de 2020, três das quatro profissionais do serviço de Fonoaudiologia do referido hospital encontram-se em escala de plantão de 12x60 horas, de forma que houve a demanda da inclusão de uma ferramenta visando a transferência de cuidados de maneira mais uniforme, englobando também informações precisas e pertinentes. O uso da técnica ISBAR foi elencada devido à orientação do seu uso na instituição e já tendo sido assimilado à rotina de outras equipes. Além disso, as fonoaudiólogas também já haviam sido capacitadas para sua utilização pela chefia da Unidade de Clínica Médica. Para execução da técnica no contexto do serviço, foi criado um documento digitalizado e de acesso a todos os membros contendo os itens do ISBAR. Este é preenchido pelo profissional plantonista ao término de suas atividades diárias. São incluídos os pacientes que foram avaliados a cada plantão e, para àqueles que seguiram em acompanhamento, os itens de Avaliação e Recomendações são revisados sistematicamente após cada atendimento. Resultados: A inserção da técnica ISBAR na comunicação da equipe de Fonoaudiologia dentro do contexto de internação hospitalar ocorreu sem adversidades e de formas a não sobrecarregar a rotina de trabalho. Seu uso foi considerado como um fator facilitador na transferência dos cuidados para os profissionais que darão sequência aos atendimentos no plantão seguinte, uma vez que as informações de maior relevância aos casos e as propostas de intervenção, bem como outras sugestões, encontram-se sintetizadas na ferramenta. Impressões pessoais, dados discutidos verbalmente com outros membros do corpo clínico e de difícil localização no prontuário institucional também foram ressaltados nas descrições feitas, tornando mais ágil a assimilação das informações necessárias à continuidade da assistência. Foi verificada, de fato, uma comunicação mais eficaz e direcionada aos pontos mais significativos de cada caso. Conclusão: A utilização da técnica ISBAR mostrou-se adequada a realidade da equipe, propiciando uma comunicação mais assertiva e facilitando a transferência de cuidados entre os plantões da equipe de Fonoaudiologia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
359
O USO DA TELEREABILITAÇÃO EM UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA EM AFASIA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A afasia é um distúrbio de linguagem adquirido após danos cerebrais. As pessoas com afasia podem ter dificuldades na expressão e compreensão da fala, leitura e escrita (1). Devido aos danos na linguagem, o papel do fonoaudiólogo é fundamental para a restauração dessas habilidades e para a formação de novas sinapses nesses pacientes (2). Em função da pandemia ocasionada pelo novo Coronavírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o isolamento social, por isso, as atividades presenciais de um grupo de convivência em afasia de uma universidade pública não puderam continuar. Dessa forma, para contribuir com a estimulação e manutenção das funções linguísticas, o grupo decidiu fazer o uso da telereabilitação (3) de forma assíncrona. Os alunos da extensão desenvolveram um site onde os pacientes podem ter acesso a diversas atividades que eram realizadas no grupo presencialmente, como: musicoterapia, método das boquinhas, atividades de percepção visual, memória, fluência verbal, sequência lógica e leitura. Objetivo: Investigar o nível de aceitação dos pacientes de um grupo de convivência em afasia de uma universidade pública em relação à telereabilitação. Método: Trata-se de um estudo quantitativo, pertencente a um estudo mais amplo aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da instituição de origem, sob número CAAE: 28363920.3.0000.520. Dos 12 integrantes do grupo, 10 participaram desta pesquisa onde foi aplicado um questionário elaborado através do Google Forms. Nele, foram indagados a frequência de acompanhamento das atividades do site, se os exercícios oferecidos de forma remota ajudaram, quais as dificuldades encontradas e, se o mês de conscientização da afasia foi benéfico. Resultados: Através da análise dos dados obtidos foi possível contabilizar 10 participantes na pesquisa. No que se refere ao acompanhamento do blog, todos responderam que acompanharam nestes três últimos meses. Quanto à frequência de realização das atividades, 60% dos participantes respondeu que acompanha “às vezes”. A respeito de conseguirem realizar as atividades, prevaleceu a resposta “Sim”. Quando questionados de quem receberam ajuda para realizar as atividades, grande parte respondeu “Não preciso” (33.3%), seguido pelas respostas “Pai/mãe” (22.2%), “Marido ou esposa” (22.2%), e “Filho(a)” (22.2%). Acerca das principais dificuldades nas atividades online, as mais comuns foram: “Dificuldade em utilizar o celular ou computador” (40%), “Desmotivação” (40%), e “Dificuldade de realização dos exercícios sem apoio presencial” (40%). Todos os participantes responderam que os exercícios ajudam mesmo de longe. Por último, foi perguntado como o mês de conscientização da afasia ajudou, e grande parte respondeu que “Ajudou porque me motivou” (40%) e “Ajudou porque conheci locais que trabalham com afasia” (30%). Conclusão: Embora parte dos pacientes tenham referido algumas dificuldades nas atividades online, pode-se afirmar que houve um nível satisfatório de adesão em relação ao site. Além disso, a telereabilitação mostra-se de importante utilidade no período de quarentena vivenciado pela sociedade, pois, assim, os pacientes afásicos, que necessitam da terapia fonoaudiológica para recuperar as funções linguísticas, não ficam desamparados e têm seu progresso terapêutico menos prejudicado.

1. Altmann R, Silveira A, Pagliarin K. Intervenção fonoaudiológica na afasia expressiva: revisão integrativa. Audiol, Commun, 2019. [acesso 01 de julho de 2020]; 24. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312019000100505&tlng=pt
2. Oliveira LMS. Abordagem fonoaudiológica na investigação dos aspectos neurolinguísticos da afasia de Broca. Belém: Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, 2009. Dissertação (Mestrado).
3. Pinheiro I, Santos D. Telereabilitação no tratamento de disfunções neurológicas: revisão narrativa. Revista Scientia. 2016;1(1):96-106.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1195
O USO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO E RINOMETRIA ACÚSTICA NA ANÁLISE DA DIMENSÃO INTERNA NASAL NA PRESENÇA DE FISSURA LABIOPALATINA E DEFICIÊNCIA MAXILAR: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As fissuras labiopalatinas (FLP) constituem a malformação craniofacial congênita de maior prevalência na face humana. O fechamento cirúrgico primário do lábio e palato, que visa restaurar a forma e a função pode impactar negativamente no crescimento da maxila e, consequentemente, na morfofisiologia nasal, levando a deformidades como desvio de septo e hipertrofia das conchas nasais, além da atresia maxilar. Essas alterações reduzem as dimensões internas da cavidade nasal e aumentam a resistência ao fluxo aéreo respiratório, podendo alterar o modo respiratório e prejudicar o desempenho das demais funções orofaciais. Para complementar o diagnóstico das impressões clínicas, técnicas instrumentais permitem determinar objetivamente as dimensões internas nasais. A tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC), considerada padrão ouro, tem sido utilizada para avaliar indivíduos com FLP. Assim como a TCFC, a rinometria acústica (RA) também permite a avaliação da cavidade nasal, porém, sem oferecer riscos à saúde do paciente, de forma não invasiva, uma vez que as medidas são realizadas utilizando uma onda incidente que é refletida pela cavidade nasal. Objetivo: Demonstrar o uso da TCFC e da RA na determinação dos volumes da cavidade nasal, em caso de indivíduo com FLP e atresia maxilar, com indicação para tratamento ortodôntico. Método: Indivíduo adolescente com FLP unilateral reparada e atresia maxilar, submetido à TCFC e RA, para fins de tratamento ortodôntico, sendo a cavidade fornecida pela TCFC reconstruída em 3D, por quatro vezes, por meio do programa de pigmentação semi-automática Dolphin Imaging 11.8. Duas das quatro medidas foram realizadas por um avaliador menos experiente (AV1) e as outras duas por um avaliador mais experiente (AV2), em dois momentos diferentes. Resultados: Os valores volumétricos obtidos nas aferições tridimensionais das imagens tomográficas foram 7,75cm3, 8,23cm3 , 8,25cm3 e 8,15cm3 para o primeiro e segundo momento dos avaliadores AV1 e AV2, respectivamente, com médias 7,99cm3 e 8,2 cm3 e a medida obtida pela RA foi de 8,64cm3. Conclusão: É possível concluir que, no caso avaliado, os volumes aferidos foram semelhantes entre as duas técnicas, com tendência a valores levemente maiores na RA. O uso de ambas as técnicas se mostrou eficaz na análise das dimensões internas nasais. Tais resultados serão confirmados em um número maior de pacientes com FLP.

1. Murray JC. Gene/environment causes of cleft lip and/or palate. Clin Genet 2002;61(4):248-56.
2. Freitas JAS, Neves LT, Almeida ALPF, Garib DG, Trindade-Suedam IK, Yaedú RYF, et al. Rehabilitative treatment of cleft lip and palate: experience of the Hospital for Rehabilitation of Craniofacial Anomalies/USP (HRAC/USP) - Part 1: overall aspects. J Appl Oral Sci 2012;20(1):9-15
3. Bertier CE, Trindade IEK, Silva Filho OG. Cirurgias primárias de lábio e palato. In: Trindade IE, Silva Filho OG. Fissuras labiopalatinas: uma abordagem Interdisciplinar. São Paulo: Ed. Santos; 2007. p.73-86.
4. Bertier CE, Trindade IEK. Deformidades nasais: avaliação e tratamento cirúrgico. In: Trindade IE, Silva Filho OG. Fissuras labiopalatinas: uma abordagem Interdisciplinar. São Paulo: Ed. Santos; 2007. p. 87-107
5. Hilberg O, Pedersen OF. Acoustic rhinometry: recommendations for technical specifications and standard operating procedures. Rhinol Suppl 2000;16:3-17.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2122
O USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS NO COTIDIANO DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por apresentar déficits persistentes na comunicação e interação social, acompanhados por manifestações comportamentais de padrões repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de interesses e atividade1. O afeto, a presença, o contato visual são fontes naturais de estímulos e preditores essenciais para o desenvolvimento da comunicação e habilidades cognitivas e sociais, não podendo ser substituídos por telas e tecnologias, visto que o uso de mídias por crianças na primeira infância está cada vez mais frequente2-3. Objetivo: Analisar o uso de dispositivos eletrônicos no cotidiano de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Método: O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de origem, sob o número 3.520.561. Trata-se de uma pesquisa de campo, quantitativa, observacional, transversal e de caráter descritivo. Participaram da pesquisa 20 díades, cada uma composta por uma criança com TEA e sua mãe/pai. Foi utilizado um questionário elaborado pelos pesquisadores para coleta de dados da dinâmica familiar. A coleta de dados foi realizada em meio digital. A análise estatística foi realizada por meio do software R, versão 4.0.0. Em todas as análises estatísticas, foi adotado o nível de significância de 5%. Resultados: A maioria das crianças é do sexo masculino 80% (n=16), 12 crianças (60%) eram do nível 1, enquanto oito crianças (40%) eram do nível 2 de gravidade do TEA. Em relação à modalidade de comunicação 55% (n=11) são não verbais. E observou-se que 80% (n=16) das crianças apresentaram algum comportamento problema, sendo a hiperatividade o mais relatado 35% (n=7). A idade média do pai era de 37,9 anos (±7,28) e da mãe de 35,2 anos (±5,42). A maioria dos pais apresentou grau de escolaridade em nível superior, o que correspondeu a 55% (n=11) dos investigados. Constatou-se que todos os participantes ficam expostos a telas por no mínimo uma hora por dia, chegando até a uma exposição de mais de quatro horas diárias, equivalentes a 25% (n=5) dos pesquisados. Quanto ao tipo de entretenimento nos dispositivos eletrônicos, 85% (n=17) dos pesquisados indicou que as crianças assistem a vídeos no Youtube, enquanto 45% (n=9) deles indicaram que esses conteúdos são exibidos em mais de um idioma. Conclusão: Os dados encontrados nessa pesquisa contrariam as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que preconiza limitar o tempo de telas ao máximo de 1 hora diária, sempre supervisionado pelos cuidadores para crianças com idades entre 2 e 5 anos. Muitas vezes essa exposição se torna uma prática frequente, ocasionada pela sobrecarga familiar e regulação das crianças com TEA. Portanto o uso de telas deve ser consciente e orientado. Sendo assim, é necessário orientar os pais quanto á estimulação adequada, que é essencial a interação pais e crianças, brincadeiras, contato afetivo e tempo de tela.

1. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed.Artmed; 2014.

2. Buchweitz A. Desenvolvimento da linguagem e da leitura no cérebro atualmente: neuromarcadores e o caso da predição J. Pediatr. 2016; 92 (3): 8-13.

3. Strasburguer,V. Should babies be watching and using screens? The answer is surprisingly complicated. Acta Paediatrica. 2015;104 (10): 967-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1708
O USO DE MEDICAMENTOS PARA DOENÇAS SISTÊMICAS E QUALIDADE DO SONO EM PACIENTES COM ZUMBIDO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O zumbido é definido como uma percepção consciente de um som na ausência de estimulação sonora externa e que pode causar prejuízos na qualidade de vida de quem o possui (1). Os distúrbios do sono em pacientes com zumbido podem atingir de 25 a 77% desta população, destacando-se como principal alteração do sono a ocorrência de insônia em 50% dos pacientes com zumbido grave. Também deve-se salientar que a gravidade do zumbido se correlaciona com o incidência de distúrbios do sono (2–4). Considerando este panorama e a associação importante de doenças sistêmicas com a ocorrência do zumbido e de distúrbios respiratórios obstrutivos do sono, deve-se ponderar esses achados com o uso de medicação para diabetes e hipertensão arterial, por exemplo (5-7). Objetivo: Analisar se há relação entre o uso de medicação para doenças sistêmicas e gravidade do zumbido, qualidade do sono, insônia, sonolência diurna e risco para apneia obstrutiva do sono em pacientes com zumbido. Métodos: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos da instituição onde o estudo foi realizado sob CAAE: 17516219.6.0000.8040, parecer número 3.468.738. A casuística foi composta por 17 adultos e idosos com idade média de 59,7±17,6 anos, dos sexos feminino (n=11) e masculino (n=6), com queixa de zumbido contínuo há mais de um mês e em uso de medicação para doenças sistêmicas. Os instrumentos utilizados para autoavaliação do sono foram: questionário Tinnitus Handicap Inventory (THI), Índice de Gravidade de Insônia, questionário de qualidade de sono de Pittsburgh, escala de sonolência de Epworth e questionário STOP-Bang. Teste estatístico utilizado: Teste de Fisher. Resultados: Em relação ao autorrelato de utilização de medicação, oito sujeitos relataram que não estavem em uso de medicação, cinco utilizavam apenas uma medicação regularmente, dois sujeitos utilizavam duas medicações, um utilizava cinco medicações diferentes e um indivíduo fazia uso de seis medicamentos. Em relação ao objetivo da medicação, três medicações eram para colesterol, uma para doença hepática, cinco para hipertensão arterial, dois anti-depressivos, uma para hipotireoidismo, uma que utilizava melatonina (indução ao sono). Nas comparações as escalas de todos os testes e o uso ou não de medicação observou que não houve relação entre o uso de medicamentos para doenças sistemáticas e os questionários THI (p= 0,2945), Índice de gravidade de insônia (p= 0,5681), Pittsburgh (p= 0,2412), Epworth (p= 0,6647) e STOP-Bang (p= 0,1638). Ressalta-se o número reduzido de participantes desse estudo e sugere-se a aplicação em amostra com maior número de participantes. Conclusão: Não houve relação entre uso de medicação para doenças sistêmicas e a gravidade do zumbido, qualidade do sono, insônia, sonolência diurna e risco para apneia obstrutiva do sono em pacientes com zumbido. Ressalta-se a importância de novos estudos nesta temática, ampliando a casuística para se investigar possíveis interações medicamentosas com o zumbido e aspectos do sono.

1. Langguth B, Kreuzer PM, Kleinjung T, De Ridder D. Tinnitus: causes and clinical management. Lancet Neurol [Internet]. 2013 Sep;12(9):920–30. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1474442213701601
2. Fioretti A, Fusetti M, Eibenstein A. Association between sleep disorders, hyperacusis and tinnitus: Evaluation with tinnitus questionnaires. Noise Heal [Internet]. 2013;15(63):91–5. Available from: http://www.noiseandhealth.org/text.asp?2013/15/63/91/110287
3. Folmer LR, Griest SE. Tinnitus and Insomnia. Am J Otolaryngol. 2000;21(5):287–93.
4. Riga M, Papadas T, Werner JA, Dalchow C V. A Clinical Study of the Efferent Auditory System in Patients With Normal Hearing Who Have Acute Tinnitus. Otol Neurotol [Internet]. 2007 Feb;28(2):185–90. Available from: https://insights.ovid.com/crossref?an=00129492-200702000-00006
5. Li J, Zhang Y, Fu X, Bi J, Li Y, Liu B, Zhang L. Alteration of auditory function in type 2 diabetic and pre-diabetic patients. Acta Otolaryngol. 2018 Jun;138(6):542-547.
6. Liu XL, Wang J, Hong ZJ, Zhongshan MF. A preliminary study on the correlation between obstructive sleep apnea hypopnea syndrome and chronic tinnitus. Lin Chung Er Bi Yan Hou Tou Jing Wai Ke Za Zhi. 2018 Apr;32(8):575-578
7. Teixeira LS, Oliveira CAC, Granjeiro RC, Petry C, Travaglia ABL, Bahmad F Jr. Polysomnographic Findings in Patients With Chronic Tinnitus. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2018 Dec;127(12):953-961


TRABALHOS CIENTÍFICOS
971
O USO DE METODOLOGIAS PARA REDUÇÃO DE PROTOCOLOS/INSTRUMENTOS NA ÁREA DA SAÚDE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A literatura demonstra que instrumentos/protocolos reduzidos a partir de uma versão desenvolvida, inicialmente, de forma ampliada, são ferramentas práticas e rápidas para se obter diagnóstico, possibilitando, em alguns maior viabilidade de aplicação. Objetivo: Investigar quais são os processos metodológicos para reduzir um protocolo/instrumento na área da saúde. Método: foi realizado uma pesquisa de artigos que descreveram reduções de protocolos/instrumentos na área da saúde, através de uma busca na base de dados Pubmed com a seguinte estratégia de pesquisa: "development"[tw] AND ("short form"[tw] OR "short forms"[tw]), também foi realizado buscas no Google Acadêmico com as seguintes palavras-chaves para a recuperação de informações: “versão reduzida”, “protocolo”, “instrumentos”. Foram incluídos artigos que descreviam a redução de protocolos utilizados na área da saúde, publicados nos últimos 15 anos. Os critérios de exclusão foram: artigos que não estivessem diretamente relacionados a área saúde. Resultados: no processo de busca foram identificados 2.216 artigos na base de dados pesquisada, após a leitura de títulos e quando necessários, leitura dos resumos, foram excluídos 2.023, restando 31 artigos para leitura na íntegra e aplicação dos critérios de inclusão. Desta forma, 24 artigos foram selecionados para análise. Após a leitura da metodologia dos artigos selecionados foi observado que os trabalhos executaram a redução de protocolos/instrumentos de forma diferenciada com suas particularidades, todavia, apresentaram algumas semelhanças na metodologia como o uso da Teoria de Resposta ao Item (TRI) [1,2,3,4], pela análise de Rasch [5] e análise de Mokken, conhecida como TRI Não Paramétrica [6], sendo que outro método estatístico encontrado foi Análise Fatorial Exploratória [7,8], e por fim, foi observado também o uso da metodologia Delphi [9], que envolve um grupo de especialistas em um processo para obter consenso. Conclusão: Nos artigos analisados, os estudos apresentaram metodologias diferentes, mas com alguns tópicos semelhantes, principalmente em relação ao método TRI e técnicas estatísticas específicas.

1. Austin EJ, Saklofske DH, Smith MM. Development and Validation of Two Short Forms of the Managing the Emotions of Others (MEOS) Scale. Front. Psychol. 2018 Jun 14; 9:974.
2. Olatunji BO, Ebesutani C, Sawchuk CN, McKay D, Kleinknecht RA. Development and Initial Validation of the Medical Fear Survey–Short Version. Assessment. 2012 Sep. 2011;19:318-336.
3. Del Toro CM, Bislick LP, Comer M, Velozo C, Romero S, Gonzalez Rothi LJ, Kendall DL. Development of a Short Form of the Boston Naming Test for Individuals With Aphasia. American Speech-Language-Hearing Association. 2011;54:1089-1100.
4. Mårland C, Lubke G, Degl’Innocenti A, Råstam M, Gillberg C, Nilsson T, Lundström S. The development of a brief screener for autism using item response theory. BMC Psychiatry [Internet]. 2019;19:337.
5. Hibbard JH, Mahoney ER, Stockard J, Tusler M. Development and Testing of a Short Form of the Patient Activation Measure. Health Services Research. 2005;40:1918-1930.
6. Lee CP, Chen Y, Jiang K-H, Chu C-L, Chiu Y-W, Chen J-L, Chen C-Y. Development of a short version of the Aging Males’ Symptoms scale: Mokken scaling analysis and Rasch analysis. The Aging Male [Internet]. 2016;19:117-123.
7. Maïano C, Morin AJS, Monthuy-Blanc J, Garbarino J-M, Ninot G. Development and validity of a very short form of the Eating Disorder Inventory. Comprehensive Psychiatry. 2016;65:141-149.
8. Lin Y-H, Pan Y-C, Lin S-H, Chen S-H. Development of short‐form and screening cutoff point of the Smartphone Addiction Inventory (SPAI‐SF). Int J Methods Psychiatr Res. 2016;26.
9. Wong ELY, Coulter A, Hewitson P, Cheung AWL, Yam CHK, Lui S, Tam WWS, Yeoh E. Patient Experience and Satisfaction with Inpatient Service: Development of Short Form Survey Instrument Measuring the Core Aspect of Inpatient Experience. PLoS ONE. 2015.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2007
O USO DE PROTOCOLOS PARA AVALIAÇÃO DA ESCRITA POR SURDOS NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


O USO DE PROTOCOLOS PARA AVALIAÇÃO DA ESCRITA POR SURDOS NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA

INTRODUÇÃO: Desde o início da construção do Fonoaudiólogo como profissional da comunicação, o trabalho junto a pessoas surdas foi realizado de forma a privilegiar a comunicação e a interação social dessa população. Nos últimos anos, principalmente após a promulgação da Lei 10.436/02 e o Decreto 5.626/05, abordando a importância do bilinguismo para surdos, com a Língua Portuguesa como segunda língua, de preferência da sua modalidade escrita, a abordagem com esse objetivo passou a ser o alvo mais constante do trabalho fonoaudiológico. atendimento. OBJETIVO: Compreender quais protocolos são usados para avaliação da escrita de surdos na clínica fonoaudiológica. MÉTODO: a fim de atingir esse objetivo, foi realizada uma revisão de literatura, de forma integrativa, com buscas nas seguintes bases de dados: BVS, SciELO e Google Acadêmico, sem intervalo de tempo específico. Foram encontrados o total de 107 estudos através do cruzamento dos seguintes descritores: Fonoaudiologia, surdez, avaliação e escrita. Desses, após a leitura do título, foram eliminados 98 e após a leitura do resumo, outros 4 estudos. Sendo assim, após a leitura integral dos textos foram escolhidos 5 estudos para compor a pesquisa. RESULTADOS: Dos 5 estudos selecionados, todos relatam a atuação fonoaudiológica, seja por meio de triagens, avaliações de linguagem ou intervenção com sujeitos dentro do espectro da surdez voltado para as questões da escrita. Ficou evidente que na clínica fonoaudiológica, ao realizar a avaliação da escrita de surdos, são usados, na maioria das vezes protocolos gerais, usados com ouvintes e usuários do português como primeira língua, não havendo o olhar linguístico sobre a apropriação da língua escrita como segunda língua. Foram utilizados, pelos estudos selecionados, os seguintes protocolos-teste: Prova de Consciência Fonológica (PCF) com figuras, para avaliar a habilidade em manipular os sons da fala de crianças³; Teste de Nomeação de Figuras por Escolha (TNF2.1-Escolha) para avaliar a habilidade de escolher palavras escritas ao nomear figuras, e analisa processos quirêmicos, ortográficos e semânticos envolvidos⁴; Protocolo de Avaliação de Leitura e Escrita⁵, que avalia o nível alfabético e as habilidades dos estudantes em leitura e escrita. Apenas dois protocolos foram encontrados com o foco voltado exclusivamente para surdos: o PADEPAS - Protocolo de Avaliação do Desempenho da Escrita de Palavras por Aprendizes Surdos, usado para compreender o desempenho na escrita de surdos, com no mínimo o terceiro ano do Ensino Fundamental 1 completo e sinalizadores da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS⁶. O protocolo Avaliação das Habilidades Comunicativas e de Linguagem, foi elaborado para aplicação com crianças surdas entre 3 a 6 anos de idade7. CONCLUSÃO: percebe-se que trabalho fonoaudiológico com os pacientes surdos é relevante no desenvolvimento da comunicação principalmente nos aspectos relacionados a linguagem, através da triangulação LIBRAS – Escrita - Oralidade, com a intervenção fonoaudiológica focando na comunicação mais eficaz e inclusão social. Porém, é notório que muitos protocolos utilizados na clínica fonoaudiológica não estão focados na avaliação especifica de surdos, sem considerar suas particularidades linguísticas e a modalidade visuoespacial.


[1] Brasil. Lei nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Diário Oficial da União 24 abr 2002.
[2] Brasil. Decreto n.º 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União 22 dez 2005.
[3] Souza EC, Bandini HHM. Programa de treinamento de consciência fonológica para crianças surdas bilíngues. Paidéia. 2007; 17(36): 123-135.
[4] Capovilla FC, Capovilla AGS, Mazza CZ, Ameni R, Neves, MV. Quando alunos surdos escolhem palavras escritas para nomear figuras: paralexias ortográficas, semânticas e quirêmicas. Rev. Bras. Ed. Esp. 2006; 12 (2): 203-220.
[5] Alves DC, Cárnio MS. Protocolos para avaliação de leitura e escrita. São Paulo: Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 1999. [Protocolo não publicado].
[6] Di Donato A. Desempenho da Escrita de Palavras do Português por Aprendizes Surdos: construção e validação de protocolo. Distúrb. Comun. 2013; 25(2): 311.
[7] Barbosa FV, Lichtig I. Protocolo do perfil das habilidades de comunicação de crianças surdas. Rev Est Linguagem. 2014; 22 (1): 95-118.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1663
O USO DE REDES SOCIAIS NO COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTOS EM AUDIOLOGIA CLÍNICA.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


O USO DE REDES SOCIAIS NO COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTOS EM AUDIOLOGIA CLÍNICA.

INTRODUÇÃO
O uso de tecnologias e de metodologias ativas no ensino vêm ganhando espaço em relação à métodos convencionais. Como forma de se adequar a essa realidade e devido a necessidade de se incluir materiais de apoio didático às disciplinas do eixo de audiologia de um curso de Fonoaudiologia, foi desenvolvido um programa de iniciação à docência que, por meio da construção de vídeos educativos abordando questões teórico-práticas da audiologia, auxilia o ensino e a aprendizagem dessa área. Métodos inovadores associados ao uso de redes sociais têm se tornado excelentes ferramentas para o compartilhamento de conhecimentos, principalmente frente a tempos de pandemia que impossibilitaram a troca de conhecimentos de modo presencial e alavancaram o uso da tecnologia no ensino à distância. Dessa forma, com o intuito de dar continuidade ao projeto e ao engajamento dos alunos e auxiliar seu aprendizado, surgiu a necessidade de adequação a essa situação de excepcionalidade. Assim, o meio proposto foi a utilização das redes sociais para divulgação e troca de conhecimentos.

OBJETIVO
Elaborar materiais relacionados à audiologia clínica para serem compartilhados em redes sociais, mais especificamente nas plataformas Instagram e Facebook, e assim dar continuidade ao ensino em audiologia clínica.

MÉTODO
Foram criados uma página no Facebook e um perfil no Instagram para compartilhamento de materiais relacionados à audiologia. Primeiramente, é feita uma busca na literatura para o embasamento teórico. Após, é elaborado o texto e a imagem para a divulgação de cada assunto. Os textos possuem linguagem acessível para todos os públicos e as artes sempre muito ilustrativas. Depois é feita a postagem nas redes sociais. Para além dessa proposta, também são desenvolvidas postagens em formato de vídeos, cujo conteúdo é mais dinâmico e ilustrativo. São realizadas também, quinzenalmente, vídeos ao vivo (Lives) no perfil, nas quais são abordados diferentes assuntos da audiologia clínica com a presença de profissionais convidados com especialização e/ou prática clínica na área, permitindo, dessa forma, uma maior interação com o público, remotamente, podendo sanar dúvidas em tempo real.

RESULTADOS
Em alguns meses após a criação das páginas nas redes sociais Instagram e Facebook, observou-se o aumento do engajamento com outros usuários de ambas as plataformas. Verificou-se, também, a evolução das interações com os seguidores das plataformas. Atualmente, o perfil na rede social Instagram encontra-se com 564 seguidores, número que cresce a cada dia. Dentre os seguidores, é possível observar a presença de alunos de graduação e profissionais da Fonoaudiologia. Além disso, a plataforma do Instagram permite a análise demográfica dessa população, que é composta majoritariamente por mulheres (90%) e contempla indivíduos entre 17 a 65 anos, sendo a faixa mais prevalente a de 25-35 anos de idade (36%).

CONCLUSÃO
Conclui-se que a utilização das redes sociais vem demonstrando ser um excelente veículo para compartilhamento de conteúdos didáticos, promovendo engajamento e adesão de estudantes e profissionais e permitindo dar continuidade à disseminação de conhecimentos e aprendizados, mesmo durante o isolamento social.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1794
O USO DE SOFTWARES EM PESQUISAS CIENTÍFICAS DE FONOAUDIOLOGIA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: A informática, entendida como estudo do tratamento da informação por meio dos sistemas de computação(1) permeia, hoje, qualquer área de trabalho. Com a saúde, a informática estabeleceu uma relação que vem se aprimorando ao longo do tempo, integrando as duas áreas interdisciplinarmente, com o objetivo de gerenciar e comunicar dados que irão auxiliar no processo de conhecimento e tomada de decisão nos níveis individual e populacional(2). Especificamente em relação à Fonoaudiologia, área da saúde que trata o escopo deste artigo, tem-se verificado uma profunda modificação nas suas formas de trabalho e campos de atuação desde sua consolidação, em 1981(3). Neste processo de transformação, a busca pela inovação por meio da inserção de recursos tecnológicos ao fazer fonoaudiológico vem se consolidando cada vez mais(4).

OBJETIVO: Fazer um levantamento bibliográfico a respeito da utilização e da aplicabilidade de softwares em artigos científicos publicados na área da Fonoaudiologia no período de 2011 a 2019.

METODOLOGIA: Revisão integrativa da literatura, composta por 5 etapas: 1) formulação da questão da pesquisa, 2) coleta de dados/definições sobre a busca da literatura, 3) extração das informações, 4) avaliação dos dados e 5) apresentação e interpretação dos resultados. A pergunta norteadora deste trabalho foi: “O que há na literatura a respeito da utilização e aplicação de softwares abrangendo pesquisas fonoaudiológicas?” A coleta de dados foi realizada em artigos publicados nas revistas brasileiras especializadas em Fonoaudiologia. Foram analisadas as edições disponíveis online nos sites dos periódicos no período de 2011 a 2019. A seleção ocorreu da seguinte forma: para cada um dos artigos se utilizou ferramenta de busca online pesquisando os termos “software”, “aplicativo”, “jogo”, “programa”, “computador” e “sistema” no texto. A partir desta leitura, foram incluídos no estudo as pesquisas que fizessem uso de softwares/aplicativos com atuação e/ou aplicação na área de avaliação ou terapia fonoaudiológica. Foram excluídos todos os artigos que não mencionaram a utilização de softwares com estes objetivos e aqueles que evidenciaram o uso de softwares como ferramentas complementares da análise dos dados, como por exemplo, programas de análise estatística.

RESULTADOS: Dos artigos pesquisados nos periódicos, 87% apresentaram algumas das palavras-chaves selecionadas para a busca. A partir da leitura dos resumos, somente 29% destes foram incluídos na pesquisa, uma vez que atendiam aos critérios de elegibilidade definidos. A área da Fonoaudiologia que fez maior utilização de softwares no período pesquisado foi a de “voz” e o software mais frequente foi o PRAAT (análise de parâmetros acústicos). Foi possível observar um crescimento de publicações com o uso dessas tecnologias com o passar dos anos. A revista que mais apresentou estudos com a utilização destas ferramentas foi a ACR, representando 52% dos estudos incluídos.

CONCLUSÃO: A utilização de tecnologias da informação vem crescendo no campo fonoaudiológico, tanto na prática clínica como nas pesquisas, como comprova este estudo. Os resultados apontam para a inter relação entre as áreas de Fonoaudiologia e Informática, com necessidade de o profissional fonoaudiólogo estar atento para as inovações proporcionadas pela tecnologia no seu campo de atuação.

1. Marçula M, Benini-Filho PA. Informática: Conceitos e Aplicações. Brasil: Érica, 2005. 406 p. (1);
2. Colicchio TK, Del Fiol G, Cimino JJ. Health information technology as a learning health system: Call for a national monitoring system Learn Health Sys. 2020;4:e10207;
3. Brasil. Lei nº. 6965, de 9 de dezembro de 1981;
4. Santos KW, Trindade CS, Fernandes RA, Vidor DCGM. Utilização de Softwares em Pesquisas Científicas de Fonoaudiologia. J. Health Inform. 2012 Abril-Junho; 4(2):55-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1721
O USO DO INSTRUMENTO CHILDREN’S COMMUNICATION CHECKLIST (CCC-2) NO RASTREIO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: As alterações de qualquer aspecto da linguagem acarretam prejuízos na comunicação e consequentemente na interação1. Sendo esta uma das características que definem o transtorno do espectro autista (TEA), alterações na comunicação social e interação2. Os prejuízos no aspecto pragmático é uma manifestação constante nestas crianças3,4,5. Bishop desenvolveu o instrumento de rastreio Children’s Communication Checklist (CCC-2) para identificar alterações em 10 aspectos comunicativos, principalmente o aspecto pragmático (1. discurso, 2. sintaxe, 3. semântica, 4. coerência, 5. iniciação inadequada, 6. linguagem estereotipada, 7. uso de contexto, 8. comunicação não verbal, 9. relações sociais e 10. interesses)6.
OBJETIVO: Verificar a capacidade discriminativa do instrumento de rastreio Children’s Communication Checklist (CCC-2) em crianças e adolescentes com desenvolvimento normotípico e com diagnóstico de TEA.
MÉTODO: A empresa PEARSON cedeu o uso do questionário do Children’s Communication Checklist – 2 Brasilian Research edition. 40 pais de crianças e adolescentes, de ambos os sexos, entre quatro a 16 anos, se prontificaram a responder o questionário, após conhecer os objetivos da pesquisa. Foram divididos em dois grupos: 20 no grupo comparativo (GC), formado por sujeitos com desenvolvimento normotípico e 20 no grupo com TEA (GTEA), formado por sujeitos com diagnóstico realizado pelos médicos psiquiatras do serviço de psiquiatria da infância e adolescência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SPQIA-TEA- HCFMRP). As entrevistas ocorreram de forma individualizada em sala do próprio serviço, após aprovação do comitê de ética em pesquisa e da assinatura do TCLE. Os pais responderam a 70 perguntas sobre o comportamento comunicativo de seus filhos referente a 10 áreas comunicativas, dando valores de 0 a 3 conforme a freqüência do comportamento comunicativo. A análise dos dados forneceu duas medidas, o General Communication Composite (GCC) que diferencia os grupos com alteração na comunicação (itens 1 a 8) e o Social Interaction Difference Index (SIDI) que indica se há prejuízo no aspecto pragmático da linguagem (itens 9 e 10). Foi utilizada a normatização em Inglês americano, pois o CCC-2 não foi validado para o Português brasileiro.
RESULTADOS: A análise da variância ou ANOVA referente às médias dos escores do GCC bruto, GCC padronizado e GCC percentil entre os dois grupos (GC e GTEA) indicaram uma diferença estatisticamente significante onde p< 0,001, nos três escores. A média do escore GCC bruto, GCC padronizado e GCC percentil no GC foram respectivamente: 84,90 (DP 8,42), 105,10 (DP 7,97) e 62,05 (18,49) e no GTEA: 57,20 (DP 17,54), 82,35 (DP 13,34) e 19,30 (DP 19,62) respectivamente. A curva Roc do GCC bruto, GCC padronizado e GCC percentil apresentaram sensibilidade de 85% e especificidade de 90% nos três escores. A ANOVA referente às médias do SIDI entre os grupos apresenta p=0,005, a média do escore SIDI do GC 2,35 (DP 7,38) contra a média do GTEA - 5,10 (DP 8,38). A curva Roc apresentou sensibilidade de 50% e especificidade de 95%.
CONCLUSÃO: O instrumento CCC-2 mostrou-se eficaz para discriminar as alterações comunicativas de crianças e adolescentes com TEA daqueles com desenvolvimento normotípico, principalmente com relação à pragmática.

1. Fernandes FDM. Terapia de linguagem em crianças com transtorno do espectro autista. In: Ferreira LP; Beffi-Lopes DM; Limongi SCO Organizadores. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Editora Rocca: 2004. p 941-53.
2. American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5ª Ed.) Porto Alegre: Artmed, 2014.
3. Bishop DVM. Development of the Children’s Communication Checklist (CCC): A method for assessing qualitative aspects of communicative impairment in children. Journal child psychology and psychiatry. 1998; 39(6):879-89.
4. Perissinoto J. Diagnóstico de linguagem em crianças com transtorno do espectro autista. In: Tratado de fonoaudiologia. Org Ferreira LP; Beffi-Lopes DM; Limongi SCO. Ed. Rocca, 2005; 74:933-40.
5. Volkmar F; Siegel M; Woodbury-Smith M; King B; Maccraken J; State M. Pratice parameter for the assessment and treatment of children and adolescent with autism spectrum disorder. Journal of the American academy of child and adolescent psychistry. 2014; 53(2):237-57.
6. Norbury CF; Nash M; Baird G; Bishop DVM. Using a parental checklist to identify diagnostic groups in children with communication impairment: a validation of the Children’s Communication Checklist-2. Journal of language and communication disorders. 2004; 39(3): 345-364.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
110
O VALOR DIAGNÓSTICO DA AVALIAÇÃO SIMPLIFICADA DO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM PACIENTE COM PARKINSON
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
68230000


Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa de caráter progressivo, que possui como principais manifestações clínicas o comprometimento motor, postural e presença de tremores de repouso. Além desses, infere-se que o Transtorno de Processamento Auditivo Central (TPAC) também possa compor o quadro de manifestações dos pacientes parkinsoniano. Sendo assim, o profissional fonoaudiólogo é membro atuante na equipe multidisciplinar para reabilitação e melhora no desempenho das atividades de vida diária dessa população. Objetivo: relatar os achados do PAC de um paciente com DP. Metodologia: Estudo quantitativo de caráter transversal, tendo como técnica de pesquisa o Estudo de Caso. Apresentação do Caso: J.E.M.L., 53 anos, diagnosticado com DP há 12 anos, faz uso de Prolopa (250mg), Akineton (2mg) e Sifrol (0,25mg) e encontra-se no estágio 3 da classificação de Hoehn e Yahr Modificada, relatou durante a anamnese dificuldade de memória, sem outro sinal que sugerisse alteração do PAC. O paciente foi submetido à avaliação simplificada do PAC, tendo sido realizado o teste de memória auditiva verbal e não-verbal, localização sonora em 5 direções e discriminação auditiva com pares mínimos. Resultados: O paciente apresentou resultados satisfatórios nos testes de memória auditiva verbal e discriminação auditiva com pares mínimos, porém no teste de memória auditiva não-verbal errou 1 das 3 sequências apresentadas. No teste de localização sonora errou 2 das 5 direções apresentadas, apontando sempre para frente quando o estímulo auditivo fora apresentado acima e atrás da cabeça. Conclusão: Embora o paciente tenha relatado apenas uma queixa, encontraram-se na avaliação simplificada resultados sugestivos de TPAC o que poderia ser confirmada na aplicação da bateria completa do PAC. Algumas questões podem ler levadas em consideração, a saber: será que todos paciente com DP possui TPAC? Será o TPAC pode ser considerado uma co-associação da DP? Sendo o PAC um conjunto de habilidades sofisticadas que exigem grande funcionamento do SNC, não poderá esse ser um elemento para diagnóstico diferencial dentro da síndrome parkinsoniana? Evidencia-se, então, a necessidade de mais estudos que correlacionem as alterações do PAC em pacientes com DP a fim de enriquecer os aportes teóricos e otimizar a assistência prestada a pacientes acometidos por esta doença.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1394
OBSERVAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DA EXPRESSIVIDADE DO PROFISSIONAL DA VOZ FALADA: UMA PROPOSTA DE ROTEIRO
Tese
Voz (VOZ)


A expressividade tem estado presente no cotidiano da Fonoaudiologia brasileira há bastante tempo (1). Os fonoaudiólogos, em sua maioria, fazem uso de instrumentos não validados para a avaliação da expressividade, em suas pesquisas de intervenção junto a profissionais da voz (2). A falta de descrição detalhada e a não padronização dos procedimentos utilizados dificultam a comparação entre os estudos e o levantamento de dados mais robustos (3). Dentre as pesquisas fonoaudiológicas que tem se debruçado sobre a expressividade dos profissionais da voz, chama atenção a falta de sistematização e consenso de parâmetros presentes nos instrumentos utilizados para avaliá-la. Objetivo: desenvolver e avaliar a aplicabilidade de um roteiro fonoaudiológico de observação da expressividade do profissional da voz. Métodos: a tese foi desenvolvida por meio de três estudos. O Estudo 1 teve como objetivo identificar, por meio de revisão da literatura, como é estudada a expressividade do profissional da voz e quais parâmetros são abordados nos estudos. No Estudo 2 o objetivo foi elaborar um Roteiro Fonoaudiológico de Observação da Expressividade para o profissional da voz falada; e o Estudo 3 foi dividido em três momentos, a saber: Momento 1 com observação de profissionais da voz de forma não-diretiva por parte de juízes especialistas, Momento 2 quando a observação deles foi diretiva e subsidiada por um roteiro, e Momento Reteste, que concluiu a sua aplicabilidade. Resultado: no Estudo 1 a revisão de literatura apontou que são poucos os trabalhos que discutem, de forma ampliada, como foi realizada a avaliação da expressividade do profissional da voz. Dos 41 trabalhos encontrados no levantamento apenas cinco apresentavam na íntegra os instrumentos utilizados nas pesquisas. No Estudo 2 foi elaborada a versão inicial do Roteiro Fonoaudiológico de Observação da Expressividade RoFOE, que contemplou 28 parâmetros divididos em duas subcategorias: observação inicial da comunicação, com seis parâmetros; e observação da expressividade com 22. O Estudo 3, no Momento 1 os juízes apresentaram uma média de seis parâmetros de observação por profissional avaliado. No Momento 2 com uso do Roteiro proposto a média aumentou para 27,14 parâmetros por observação, e na fase reteste finalizou com a média de 27,29 parâmetros. Conclusão: o Roteiro Fonoaudiológico de Observação da Expressividade para o profissional da voz falada registrou relevante nível de aplicabilidade e reprodutibilidade e alto coeficiente de estabilidade de consistência interna.


1. Ferreira LP. Expressividade – A trajetória da Fonoaudiologia Brasileira. In: Kyrillos L (org). Expressividade: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Revinter; 2005. p. 1-14
2. Viola IC, Ferreira LP. A avaliação da expressividade oral e corporal. XVI Seminário de Voz da PUC-SP; jun 2007; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, São Paulo, Brasil.
3. Santos TD, Andrada e Silva M. Voice professionals’ non-verbal communication: what has it been researching in speech language pathology? Rev. CEFAC. 2016;18(6):1447-55.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
212
OCORRÊNCIA DE QUEIXAS EM SITUAÇÕES COTIDIANAS DE ESCUTA EM INDIVÍDUOS COM AUDIÇÃO NORMAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Sabe-se que, para que haja a compreensão da mensagem é necessário o uso de habilidades auditivas que vão além da detecção. Indivíduos com audição normal podem ser prejudicados em situações cotidianas de comunicação nas quais a relação sinal/ruído for desfavorável e interferir negativamente na inteligibilidade de fala, por exemplo1. Um dos métodos mais utilizados atualmente na avaliação subjetiva da percepção auditiva é o uso de questionários de autoavaliação2,3. Objetivo: Verificar a ocorrência de queixas em situações cotidianas de escuta em indivíduos adultos com audição normal. Metodologia: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas sob parecer n° 3.757.898. Após assinatura do TCLE, realizou-se entrevista inicial para coleta dos dados pessoais, clínicos e ocupacionais. Na sequência, realizou-se a inspeção do meato acústico externo, timpanometria e pesquisa dos limiares auditivos por via aérea nas frequências de 250Hz a 8000Hz, para aplicação dos critérios de inclusão pré-estabelecidos. Após, sem saber o resultado de sua avaliação audiológica, os participantes responderam, de próprio punho, ao questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ)– versão brasileira4, que inclui a investigação de dificuldades em diferentes situações cotidianas de escuta e é composto por 49 questões. Resultados: A amostra foi composta por 21 participantes (16 do sexo feminino e 05 do sexo masculino), com idades variando de 20 a 44 anos (média de 25 anos). Todos os participantes apresentavam audição normal em ambas as orelhas. Os participantes apresentaram menores pontuações nas questões relativas às situações de competição sonora e nas que abordavam situações nas quais havia a necessidade de localizar a fonte sonora à distancia. Realizando-se a análise das respostas de cada participante, somente dois deles pontuaram o máximo (dez) em todas as perguntas das três áreas do questionário. Ao mesmo tempo, dois dos indivíduos que não apresentaram limiares auditivos aumentados em nenhuma frequência pesquisada na audiometria, obtiveram média de resultados abaixo de 5,0 no questionário. Conclusão: Indivíduos com audição normal não estão livres das queixas relacionadas a percepção auditiva da fala em situações reais de escuta. O fato de os participantes deste estudo não apresentarem alterações auditivas de ordem periférica aponta para a necessidade de realização de outras avaliações para determinação do fator causal das queixas apresentadas.



1. Ziegler, JC. Perch-George, C. et al. Speech perception in noise déficits in dyslexia. 2009; 12:732-45
2. Santiago,LM. Novaes, CO. Auto-avaliação da audição em idosos. Revista CEFAC. 2009; Vol. 11, N. 1. Pag. 98-105.
3. Sindhusake, D. Mitchell, P. Smith, W. et al. Validation of self-reported hearing loss. The Blue Mountains Hearing Study. International jornal of Epidemiology. Dec.2001; Vol. 30. Issue 6. Pag. 1371-1378.
4. Gonsalez EC de M, Almeida K de. Adaptação cultural do questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) para o Português Brasileiro. Audiol - Commun Res. 2015;


TRABALHOS CIENTÍFICOS
522
OCORRÊNCIA DE ZUMBIDO E FATORES ASSOCIADOS EM ADULTOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O zumbido crônico afeta de 10 a 15% da população adulta1 e essa prevalência aumenta com o avançar da idade2. Cerca de 1 a 2% desses indivíduos sentem um prejuízo grave na sua qualidade de vida3 e o zumbido mais severo ocorre em cerca de 2,4% dos casos na população4. A literatura é controversa a respeito dos fatores associados ao zumbido, como perda auditiva, exposição a níveis elevados de pressão sonora e estresse. É relevante conhecer esses fatores para o planejamento de ações educativas, a fim de conscientizar a população sobre possíveis fatores de risco para o zumbido e, desse modo, promover mudanças de comportamento, conscientização e prevenção.
Objetivo: Determinar a ocorrência de zumbido e fatores associados em adultos jovens.
Método: Estudo com delineamento observacional, de corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer nº 3.183.841. Participaram adultos pertencentes à comunidade de uma instituição pública de ensino superior. Os participantes responderam um questionário online, por meio da ferramenta Google Docs, sobre dados sociodemográficos, de saúde, audição e estilo de vida. Os participantes que referiram zumbido responderam perguntas específicas relativas a este sintoma.
Resultados: Foram entrevistados 271 indivíduos, sendo 202 (74,54%) do gênero feminino e 69 (25,46%) do masculino, com idade entre 18 a 59 anos (média de 23,25 anos). A maioria dos participantes eram solteiros (92,96%), estudantes (88,47%) e com renda familiar de três ou mais salários mínimos (75,09%). O zumbido foi relatado por 52 indivíduos (19,19%). A queixa auditiva mais frequente foi a dificuldade auditiva em ambientes ruidosos (60,89% (n=165). Quanto aos hábitos auditivos, 254 participantes fazem uso diário de fones de ouvido e destes, 33,47% utilizam esses dispositivos em forte intensidade. Quanto ao estilo de vida, 55,72% participantes referiram ingestão de café, 67,69% relataram ingerir bebida alcoólica, sendo que desses, 97,98% ingerem de forma ocasional; 8,12% referiram tabagismo e 50,18% relataram prática de exercícios físicos. O problema de saúde mais prevalente foi o transtorno metabólico (14,39%). Apesar de haver um baixo percentual de pessoas com diagnóstico de transtorno mental, 76,01% (n=206) consideram-se ansiosas, e 27,67% (n=75) deprimidas; 78,97% (n=214) se sentem estressadas e 34,69% (n=94) têm algum tipo de fobia. Os medicamentos mais utilizados foram os contraceptivos (17,34%) e psicotrópicos (14,02%). Ao compararmos a ocorrência de sintomas emocionais, ingestão de café e açúcar, uso de fones de ouvido e celular e atividades físicas nos indivíduos com e sem queixa de zumbido, não observamos diferença estatisticamente significante.
Conclusão: A prevalência da queixa de zumbido nos adultos estudados foi de 19,19% e os fatores mais prevalentes nessa amostra foram a dificuldade para escutar em ambiente ruidoso e sintomas de ansiedade e estresse. No entanto, os participantes sem queixa de zumbido apresentaram esses fatores em proporção semelhante.

1 - Rammo R, Ali R, Pabaney A, Seidman M, Schwalb J. Surgical Neuromodulation of Tinnitus: A Review of Current Therapies and Future Applications. Neuromodulation: Technology at the Neural Interface. 2019;22(4):380-7.

2 - Smit JV, Janssen MLF, Schulze H, Jahanshahi A, Van Overbeeke JJ, Temel Y, et al. Deep brain stimulation in tinnitus: Current and future perspectives. Brain Research.2015;1608:51-65.

3 - Araneda R, De Volder AG, Deggouj N, Philippot P, Heeren A, Lacroix E, et al. Altered top-down cognitive control and auditory processing in tinnitus: evidences from auditory and visual spatial stroop. Restorative neurology and neuroscience. 2015;33(1):67.

4 - Smit JV, Janssen MLF, Schulze H, Jahanshahi A, Van Overbeeke JJ, Temel Y, et al. Deep brain stimulation in tinnitus: Current and future perspectives. Brain Research.2015;1608:51-65.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
601
OCORRÊNCIA DOS INDICADORES DE RISCO PARA A DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM NEONATOS E LACTENTES DE UM HOSPITAL DO RIO GRANDE DO SUL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: a triagem auditiva neonatal tem como objetivo a detecção precoce da deficiência auditiva. Embora a recomendação seja a realização desta de modo universal, a identificação dos indicadores de risco é fundamental para que se faça o acompanhamento audiológico desses bebês e para a escolha dos protocolos/ exames de cada programa. Os indicadores são: preocupação dos cuidadores em relação a atrasos na audição, fala, linguagem ou no desenvolvimento; histórico familiar de perda auditiva permanente na infância, casos de consanguinidade, permanência na UTI por mais de cinco dias, ou qualquer uma das seguintes ocorrências, independentemente da permanência: ventilação extracorpórea ou assistida, exposição a medicamentos ototóxicos ou diuréticos de alça, hiperbilirrubinemia com exsanguíneo transfusão, anóxia perinatal grave, apgar neonatal de 0 a 4 no primeiro minuto ou de 0 a 6 no quinto minuto, peso ao nascer inferior a 1500g, infecções congênitas, anomalias craniofaciais envolvendo orelha e osso temporal, síndromes genéticas que usualmente expressam perda auditiva, distúrbios neurodegenerativos, infecções bacterianas ou virais pós-natais, traumatismo craniano e quimioterapia.
Objetivo: verificar a ocorrência dos indicadores de risco para a deficiência auditiva em bebês em um programa de triagem auditiva neonatal de um hospital do Rio Grande do Sul.
Método: foi realizado um levantamento do banco de dados dos bebês nascidos nessa instituição que realizaram a triagem auditiva neonatal no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2019.
Resultados: A amostra foi composta por 731 bebês com presença de pelo menos um indicador em sua história clínica. A maior ocorrência foi o indicador uso de ventilação extracorpórea ou assistida em todos os anos analisados. No ano de 2017 a ordem de maior ocorrência foi: uso de ventilação (117), uso de medicação ototóxica (97) e permanência em UTI por mais de cinco dias (79). No ano de 2018 foi: uso de ventilação (149), uso de medicação ototóxica (99) e infecções congênitas (88). Já em 2019 foi: uso de ventilação (140), permanência em UTI por mais de cinco dias (79) e infecções congênitas (78).
Conclusão: com este estudo foi possível identificar os indicadores mais recorrentes da população atendida neste hospital, sendo eles: uso de ventilação extracorpórea ou assistida, uso de medicação ototóxica, permanência em UTI por mais de cinco dias e infecções congênitas. Deste modo, devemos ficar atentos a estes indicadores a fim de manter o acompanhamento audiológico desses pacientes. Bem como, pode-se pensar em estratégias de prevenção de saúde, com o objetivo de reduzir alguns indicadores, como, por exemplo, divulgar a importância na adesão ao pré-natal para as gestantes.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 32 p.
Griz SMS et al. Indicadores de risco para perda auditiva em neonatos e lactentes atendidos em um programa de triagem auditiva neonatal. Rev. CEFAC, 2011; 13(2): 281-91.
Joint Committee on Infant Hearing. Year 2007 position statement: principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. 2007; 120 (4): 898-921.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2056
OFERTA DE APLICATIVOS DE DISFAGIA E MOTRICIDADE OROFACIAL NAS PLATAFORMAS DE DOWNLOAD
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Com a crescente popularização das plataformas digitais, é inegável a participação da tecnologia como recurso facilitador das relações humanas. Esse aparato tecnológico ganha valor estratégico no campo da saúde, com foco principal nas necessidades do usuário/paciente. Todo esse aparato tecnológico ganha valor estratégico no que tange às atualizações do conhecimento no campo da saúde, desde a prática clínica à conduta terapêutica, com foco principal nas necessidades do usuário/paciente, permitindo otimizar esses processos com mais praticidade independente do tempo e espaço [1]
A utilização de softwares é comum e benéfica dentro da clínica fonoaudiológica [2,3], no entanto, a área da Fonoaudiologia no Brasil dispõe de muitos caminhos a serem explorados¹. Faz-se necessária a atualização sobre a oferta de aplicativos para download visando conhecer suas características e objetivos.
O estudo objetiva identificar os aplicativos que podem ser utilizados por fonoaudiólogos na prática clínica da disfagia e motricidade orofacial, disponíveis na língua portuguesa em plataformas de download para smartphones e tablets que tenham relação com a ciência fonoaudiológica e seu fazer clínico claros na descrição.
Foi pesquisado por avaliação cega, entre março e maio de 2019, nas respectivas plataformas de download de aplicativos: Microsoft Store, App Store e a Play Store. As palavras chave: fonoaudiologia/ reabilitação/ disfagia/ engolir/ motricidade orofacial e os descritores para as pesquisas foram: fonoaudiologia/ disfagia/ motricidade orofacial/ tecnologia/ aplicativos. Os critérios de inclusão foram somente aplicativos em língua portuguesa, que tenham relação com a ciência fonoaudiológica e seu fazer clínico claros na descrição; sendo excluídos aplicativos em outros idiomas e que não tenham relação com a ciência fonoaudiológica, duplicação de achados.
Percebe-se uma dificuldade em encontrar aplicativos em Motricidade Orofacial (14,7%) e Disfagia (1,5%), com objetivos e público-alvo definidos e possibilidade de utilização durante de (20%) a avaliação, (60%) terapia, orientação (20%). Quanto aos desenvolvedores, existem poucas informações nas plataformas pesquisadas sobre o embasamento científico ou a existência de um fonoaudiólogo na equipe .Atualmente existem poucos aplicativos disponíveis nas plataformas de download voltados para as áreas de Motricidade Orofacial, e principalmente Disfagia; portanto sugere-se para pesquisas futuras o desenvolvimento de tecnologias nesse campo de trabalho, oferecendo aplicativos com conteúdo seguro que venham a contribuir para um melhor cuidado.

1- Santos CM, Dias JD, Mascarenhas SH. Mobile Applications developed for the health sectir no Brazil: An integrative literature review. Rev Min Enferm. 2014 april/june; 18(2): 471-478
2-Berberian A, Massi G, Guarinello A. Linguagem escrita: referenciais para a clínica fonoaudiológica. São Paulo: Plexus; 2002
3- Santos KW, Fernandes RA, Ferreira GG, Trindade CS, Vidor DCGM.Use of Softwares for Speech Language Pathologists in Rio Grande do Sul. J. Health Inform. 2015 April-June; 7(2):42-6
4- A year in review: Mobile Hightlights of 2018 (cited December 21, 2018). Available from: https://www.appannie.com/en/insights/market-data/a-year-in-review-mobile-highlights-of-2018/


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1694
OFICINA DA VOZ
Relato de experiência
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO

A voz é um importante instrumento para a comunicação verbal, e é utilizada por grupos de profissionais como o principal meio de trabalho. Dentre eles, enquadram-se os professores que com demandas vocais intensas necessitam de cuidados diários. O desempenho vocal adequado propicia ao mesmo uma boa comunicação, eficácia na transmissão do conhecimento, favorecimento no processo ensino-aprendizagem, melhorias na autoestima e autoconfiança, bem como prevenção contra distúrbios relacionados à voz. O que deixa claro a importância do docente conhecer a fundo sua ferramenta de trabalho e como cuidá-la da melhor forma.
Outro ponto crucial a ser abordado, é sobre a importância da Fonoaudiologia para a voz do professor. Sabendo que o fonoaudiólogo é o profissional responsável pela promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos, inclusive da voz.

OBJEITIVO GERAL

Abordar sobre a promoção e prevenção da saúde vocal dos professores de uma Escola Municipal de Ensino, em Contagem Minas Gerais.

OBJETIVO ESPECÍFICO

Levar conhecimento sobre a atuação fonoaudiológica na área da voz, abordar, de forma didática, sobre anatomofisiologia da voz, expor a problemática quanto ao uso vocal de maneira inadequada, e propor exercícios de aquecimento e desaquecimento vocais aos profissionais da educação.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo realizado por graduandas do Curso de Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, com professoras que lecionam em uma Escola Municipal da cidade de Contagem-MG. Foi realizado o projeto “Oficina Da Voz” que consistiu em dois encontros, sendo o primeiro com participação de 22 professoras, e o segundo encontro com a participação de 19 professoras. É válido lembrar, que no segundo dia houve um número inferior de professoras, devido à carga horária de trabalho que impossibilitou a presença de algumas. A coleta dos dados se deu pela aplicação de questionários estruturados com o objetivo de primeiramente identificar como as professoras cuidavam da voz, e em um segundo momento com o intuito de perceber se após os dois encontros houve mudanças relativas aos cuidados diários com a voz.

RESULTADOS

O projeto Oficina da Voz foi de grande valia, visto que houve a concretização de todos os objetivos traçados, que foram abordar sobre a promoção e prevenção da saúde vocal com professores de uma Rede Municipal de Ensino, levando estes a um pensar coletivo sobre a importância dos cuidados com a voz.
Conclui-se também, que os resultados do projeto foram positivos, pois possibilitou a nós graduandas e palestrantes, aplicar conhecimentos adquiridos em sala de aula, buscar através de referenciais teóricos informações ainda não sabidas, ter maior contato com a prática profissional, adquirir conhecimentos e experiências, conhecer as reais demandas da população alvo, e por fim, propiciar benefícios à população estudada. É imprescindível dizer ainda, que os resultados tanto qualitativos como quantitativos do projeto, reafirmam dados da literatura e a importância e interlocução da Fonoaudiologia e a voz do professor.

BEHLAU, M; PONTES,  P . Higiene Vocal: Cuidando  da Voz. 3.ed. Rio de Janeiro:  Revinter, 2001.

CIELO, Carla Aparecida; SCHWARZ Karine. Planos Terapêuticos Fonoaudiológicos. Barueri: Pró-Fono, 2015.
PINHO, Sílvia Maria Rebelo. Manual de Higiene Vocal para Profissionais da Voz. Carapicuiba: Pró-Fono , 1997.

RODRIGUES, Gabriela; BEHLAU, Mara; PEDROSA, Vanessa. Saúde Vocal:
Profissionais da voz. Disponível em: . Acesso: 25 mar, 2018.

Rodrigues G; Vieira VP; Behlau M. Saúde vocal. São Paulo: Centro de Estudos da Voz; 2011. Disponível em: http://www.cevfono.com. Acesso: 23 mar, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
283
OFICINA DE LINGUAGEM ORAL PARA PAIS E/OU RESPONSÁVEIS DE CRIANÇAS NO PSF
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O Sistema único de saúde (SUS) é considerado um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo. É composto por um conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta das fundações mantidas pelo poder público. A Estratégia Saúde da Família (ESF) busca promover a qualidade de vida da população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação, uso de tabaco, dentre outros. A proximidade da equipe de saúde com o usuário permite que se conheça a pessoa, a família e a vizinhança. Isso garante uma maior adesão do usuário aos tratamentos e às intervenções propostas pela equipe de saúde. A elevada ocorrência de diversas patologias relacionadas à comunicação na população infantil, faz com que a inserção do fonoaudiólogo junto às equipes seja fundamental para promover, prevenir, reabilitar e aperfeiçoar o desenvolvimento da linguagem oral. Objetivo: Propor exercícios e atividades que os pais possam implementar na rotina diária para o estímulo da linguagem oral. Método: Inicialmente foi realizado um planejamento mensal com a equipe de trabalho do posto de saúde do bairro Água Vermelha em Várzea Grande-MT e os estagiários do curso de fonoaudiologia de uma instituição de ensino superior. Para que a oficina de estimulação acontecesse utilizamos de livros para a contação de história e brinquedos recicláveis. Durante a oficina com os pais e responsáveis orientamos que ficassem em grupo, foi apresentado uma tabela do desenvolvimento típico das crianças, entregue um cronograma com ideias de brincadeiras, posteriormente realizamos a contação de histórias. Resultados: Foi orientado aos pais como podem auxiliar na fase do aprendizado, apresentado exemplos de brincadeiras e brinquedos que podem ser feitos sem custo, demonstrado como brincar, e o que foi utilizado para a produção do brinquedo e como podem ativar a aprendizagem, e por fim foi representado a melhor forma de contar uma história de modo que a criança esteja sendo motivada se comunicar. Conclusão: A realização da oficina permitiu aos pais e responsáveis a consciência de que a família, o ambiente e o profissional de fonoaudiologia trabalham em conjunto em prol do desenvolvimento da criança.

RELLY, Caroline Diefenthaeler et al. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE–REVISÃO DE LITERATURA. FAG JOURNAL OF HEALTH (FJH), v. 1, n. 1, p. 212-231, 2019.
PAIM, Jairnilson. O que é o SUS. SciELO-Editora FIOCRUZ, 2009.
ARANTES, Luciano José; SHIMIZU, Helena Eri; MERCHÁN-HAMANN, Edgar. Contribuições e desafios da Estratégia Saúde da Família na Atenção Primária à Saúde no Brasil: revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, p. 1499-1510, 2016.
SANTOS, Weslley da Silva dos; ENUMO, Carolina Semiguen. INSERÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA SAÚDE PÚBLICA: REVISÃO SISTEMÁTICA. 2019.
MOREIRA, Mirna Dorneles; MOTA, Helena Bolli. Os caminhos da fonoaudiologia no Sistema Único de Saúde-SUS. Revista Cefac, v. 11, n. 3, p. 516-521, 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1863
OFICINA DE VOZ PARA CANTORES: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é produzida pelo trato vocal, a partir de um som básico gerado na laringe, o chamado “buzz” laríngeo. A partir das mudanças de conformação desse trato e de suas estruturas ressonadoras, acontecem modulações de intensidade, frequência, tonalidade, projeção, respiração e tempo máximo de fonação. No canto, estas ações são programadas de acordo com as frases musicais e intervalos, com variações de entrada e saída de ar de acordo com a emoção e a mensagem a ser transmitida. Objetivo: Relatar a experiência de um processo educativo com uma oficina de voz com cantores profissionais e amadores. Método: Análise retrospectiva de uma oficina de promoção da saúde vocal com dez cantores, que tinham perfil de canto lírico, canto popular ou canto coral. A oficina, realizada na Universidade Federal da Paraíba em João Pessoa/PB, teve duração de duas horas e foi dividida em dois momentos: no primeiro foi realizada a abordagem indireta com os temas: Introdução a anatomofisiologia da voz, voz e emoção, hábitos e cuidados vocais, voz e canto, e psicodinâmica vocal; no segundo momento foi realizada a abordagem direta com realização de exercícios vocais de aquecimento e desaquecimento vocal. Durante o encontro foi entregue um roteiro da oficina, para que os participantes acompanhassem todos os momentos, e também foi entregue uma garrafa de água para estimular a hidratação dos cantores. Resultados: A partir das práticas desenvolvidas na oficina, foi possível aos cantores conhecer mais sobre a fisiologia dos órgãos responsáveis pela produção vocal, assim como a função de cada um, e como usá-los para produzir uma voz cantada sem esforços, sensibilizando-os a melhor cuidar da sua voz, assim como, acerca dos malefícios do abuso vocal no presente, tendo em vista que tais atitudes podem comprometer a voz no futuro, por isso a importância de realizar exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal, de respiração e manter uma saúde vocal adequada foi enfatizada no decorrer da oficina. Conclusão: Portanto, a oficina possibilitou trocas relevantes para a melhoria da performance vocal dos cantores participantes. Desta forma, cumpriu seu objetivo no momento em que oportunizou a troca de saberes entre os profissionais envolvidos e o aperfeiçoamento da voz cantada no contexto da saúde vocal.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
847
OFICINA DO BRINCAR: LUDICIDADE COM PROPOSTA DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) constituído por uma equipe multidisciplinar, presta assistência as Unidades Básicas de Saúde (UBS). Entre as competências desta equipe, está a realização de visitas domiciliares (VD). Nas VD realizadas a crianças com atraso no desenvolvimento, para orientar cuidadores e familiares, notou-se que grande parte dessas crianças passam muito tempo frente a telas eletrônicas e que o brincar não é compartilhado e estimulado na família. Sabendo que o brincar auxilia no desenvolvimento sensório-motor e cognitivo, bem como nas habilidades sociais e de comunicação dos sujeitos, torna-se imprescindível a inserção desta atividade nos contextos familiar, escolar e social da criança. É através do “faz de conta” e da simulação de situações sociais que as crianças aprendem a modular seu comportamento e desenvolver a linguagem pra melhor interação entre os pares. Diante do observado, a equipe Nasf-AB propôs as UBS a realização da Oficina do Brincar. OBJETIVO: Estimular o brincar e orientar pais e responsáveis sobre a importância do brincar no desenvolvimento infantil. MÉTODO: A Oficina do Brincar é planejada e executada junto às equipes de Saúde da Família (eSF) que o Nasf-AB acompanha. O momento era realizado em um turno do dia, onde uma quantidade de criança delimitada e seu responsável, dependendo do espaço que a UBS disponibilizava foi convidada a participar. Ocorre da seguinte forma: Os profissionais participantes eram divididos em dois grupos. Um grupo brincava com as crianças e o outro, ficava com os responsáveis em outro espaço, orientando-os sobre a importância do brincar. Nos momentos finais da oficina, os pais eram convidados a participarem das brincadeiras. RESULTADOS: As brincadeiras realizadas possibilitaram maior interação das crianças entre si e com o profissional, o que permite que este último faça uma observação dos aspectos do desenvolvimento infantil. Esses momentos constituíram-se de relevante importância em nossa prática clínica, permitindo motivar e orientar os pais sobre a importância do brincar, bem como através da aproximação e interação detectar alterações como: Transtorno de linguagem, disfonia infantil, dificuldade de aprendizagem, atraso no desenvolvimento de linguagem, alteração de comportamento. Também foi possível acolher relatos e dúvidas dos pais quanto à dificuldade de brincar com os filhos, muitos por não reconhecer o potencial disto para desenvolvimento e outros por não saber brincar, relatando pouca vivência do brincar quando crianças. O cenário descrito ampliou a nossa percepção com relação ao real contexto e seus desdobramentos na saúde e no desenvolvimento infantil. CONCLUSÃO: A Oficina do brincar refletiu positivamente em nossa prática profissional, revelando-se como um recurso potente de promoção e prevenção à saúde, de detecção e encaminhamentos em situações de atrasos de desenvolvimento, além de proporcionar mudanças saudáveis no ambiente familiar, percebidas através do feedback dos familiares. Possibilitou momentos de alegria e socialização, trocas e conhecimento, mostrando-se ser um recurso aliado para estimulação do desenvolvimento infantil, para detecção precoce e para promoção de vínculo com o serviço.

1. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria no. 2.436 de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 2017.
2. de Souza AJ. Considerações sobre o brincar: porque os brinquedos auxiliam e podem influenciar nos processos de aprendizado. RAE [Internet]. 28fev.2020 [citado 5jul.2020];2:e2126.
3. Bolzan RS; Chagas C M; Dotto FR. A importância do brincar no processo da aprendizagem. Braz. J. of Develop. 2020 jan; 6 (1): 4029-4038.
4. Lima RAO; Moraes AJAB. Contribuições da brincadeira de faz de conta para o desenvolvimento da linguagem oral das crianças na educação infantil. Extensão em Revista. 2019 mar. 77-82.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2099
OFICINA ONLINE DE VOZ PARA CANTOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: O canto é uma das diversas formas de manifestações artísticas e os cantores são profissionais que utilizam a voz como forma de expressão. Na fala e no canto são utilizados os mesmo órgãos fonoartoculatórios, porém no canto há uma maior exigência das potencialidades vocais, sendo necessário maior controle da respiração, maior amplitude das frequências e intensidades vocais, melhor exploração da ressonância no trato vocal, para a associação de forma harmoniosa aos ritmos musicais (2). Segundo Behlau, Azevedo e Pontes, os profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, são mais propensos a desenvolverem distúrbios vocais, portanto esses profissionais necessitam de um maior acompanhamento e de orientações mais detalhadas. Para atender às necessidades dos cantores o curso de Fonoaudiologia oferece as Oficinas de voz para profissionais da voz que tem como finalidade desenvolver no aluno habilidades para a realização de orientações e aconselhamento aos profissionais da voz e levar a estes últimos noções sobre a anatomofisiologia da voz e fala, mitos e verdades sobre voz, aquecimento e desaquecimento fisiológicos para uso profissional da voz e hábitos saudáveis para promoção da saúde vocal. Devido às atuais circunstâncias geradas pela pandemia relacionada ao COVID-19, alguns cenários sofreram mudanças, dentre eles as relações sociais. Dessa forma, com o impedimento de aglomerações em espaços geográficos as instituições educacionais substituíram as atividades presenciais em atividades remotas. Assim, as oficinas de voz para profissionais da voz foram realizadas de forma oline. Objetivo: Relatar a experiência da Oficina de Voz para Cantores oferecida de forma online devido ao isolamento físico ocasionado pelo COVID-19. Método: A inscrição foi realizada por meio do formulário google forms. A oficina online de voz e canto foi realizada por quatro estudantes do 4° ano de Fonoaudiologia sob supervisão da professora responsável, teve 4 encontros com duração de duas horas, que abordaram os temas de produção vocal, aquecimento e desaquecimento vocal e saúde vocal. Todos os encontros aconteceram por meio da plataforma Google Meet. Após a oficina foi enviado formulário pelo google forms para avaliação das atividades e da plataforma. Resultado: Participou da Oficina uma cantora profissional, com 32 anos, estilo gospel, com experiência de canto desde a infância. Os conteúdos ministrados foram considerados “muito relevantes”, uma os encontros e as atividades foram classificadas como “ótimas”; a plataforma utilizada e a organização das oficinas também foram caracterizadas como “ótimas”. Ao final dos encontros a cantora se considerou capaz de realizar o aquecimento e o desaquecimento vocal individualmente e acredita conseguirá incorporar os conteúdos abordados na sua rotina e manter a saúde vocal. Conclusão: A oficina online de voz para cantor obteve o êxito em formar o aluno segundo suas habilidades propostas, as ações de orientação e aconselhamento, realizados de forma online, atingiram o propósito de oferecer de forma didática e proveitosa os conhecimentos para a participante.

1- António Moreira J, Schlemmer E. Por um novo conceito e paradigma de educação digital online. Rev. UFG [Internet]. 13 de maio de 2020 [citado 6 de julho de 2020];20(26). Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/63438
2- Behlau, M., Pontes P., Moreti F.; Higiene Vocal: cuidando da Voz- 5° ed.- Rio de Janeiro:Revinter, 2017.
3- ANDRADE, Simone Rattay; FONTOURA, Denise Ren da; CIELO, Carla Aparecida. Inter-relações entre fonoaudiologia e canto. Vol. 7 - Nº 1 – 2007
4- Cordeiro T.N. da Silva. A importância do conhecimento de higiene vocal para os profissionais da voz. Rev. Cientifica Mulridisciplinar UNIFLU, v.4, n. 2 (2019).
5- Behlau M, Pontes P, Azevedo R. Voz – O livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2004. 2, Conceito da voz normal e classificação das disfonias; p. 53-73.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2064
OFICINA ONLINE DE VOZ PARA PROFESSORES: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: A pandemia COVID-19 impediu aglomerações nas instituições educacionais, que por sua vez, transformou a modalidade pedagógica física em digital durante o isolamento físico¹. Dessa forma, os projetos de extensão, como a oficina de voz para professores, foram realizados por meio das tecnologias de informação para compartilhamento de conhecimentos no setor da saúde, o que compreende a Telessaúde ou saúde conectada². Objetivo: Relatar a experiência da “Oficina Online de Voz para Professores” oferecida de forma online devido ao isolamento físico ocasionado pelo COVID-19. Método: A oficina ocorreu de forma online, por meio da plataforma Google Meet, de fácil acesso, ministrada por três discentes do 4°ano do curso de Fonoaudiologia sob supervisão da professora responsável. Foram abertas cinco vagas, o número reduzido de participantes, foi intencional para permitir o acompanhamento individualizado de cada um. As inscrições foram pelo formulário do Google Forms disponibilizado nas redes sociais, que continha questões relacionadas à identificação dos participantes, exercício da docência, hábitos de vida e aspectos de sua voz. A Oficina ocorreu em quatro encontros de duas horas onde foram abordados temas sobre produção vocal, aquecimento e o desaquecimento vocal, mitos e verdades sobre a voz, saúde vocal e a expressividade. As práticas de aquecimento e desaquecimento vocal foram realizadas em todos os encontros, a fim de promover vivência e fixação. Foi fornecido um material sobre o conteúdo abordado na oficina em formato de e-book para que pudessem recordar e consolidar o conhecimento aprendido. Após o último encontro, foi enviado formulário Google Forms para avaliação da metodologia, da plataforma usada e dos conteúdos discutidos no decorrer da oficina, bem como da autonomia para a realização do aquecimento e do desaquecimento vocal. Resultados: A Oficina de Voz para Professores obteve cinco inscritos, de três cidades do estado de São Paulo, sendo quatro do gênero feminino e um do gênero masculino, variando de 19 a 58 anos, porém uma participante não conseguiu concluir pela dificuldade de conexão com a internet. Durante os encontros, foi possível verificar o engajamento dos professores, participando em todas as atividades, manifestando suas opiniões e esclarecendo suas dúvidas. Os dados obtidos mostraram que 100% consideraram os conteúdos abordados “relevantes”, destes 50% indicaram ser “muito relevante”. Quanto à avaliação geral dos encontros e atividades realizadas 100% apontaram como sendo “ótimo”. Sobre a plataforma utilizada 75% expôs como sendo “boa” e 25% qualificou como sendo “ótima”. Quanto a organização da oficina, 100% salientaram como “ótima”. Por fim, 100% afirmaram que estão preparados para realizar o aquecimento e o desaquecimento de forma individual. Conclusão: A Oficina online de voz para professores realizada com quatro professores de diferentes cidades oportunizou a disseminação do conhecimento apesar da condição de isolamento social. Os conteúdos que foram apresentados e vivenciados são ferramentas importantes para a promoção da saúde vocal e para a capacitação para realização das práticas de aquecimento e desaquecimento vocais. Além dos benefícios para os professores participantes, os alunos puderam aprimorar seus conhecimentos sobre voz e aprender sobre a prática com profissionais da voz.

1. António Moreira J, Schlemmer E. Por um novo conceito e paradigma de educação digital online. Rev. UFG [Internet]. 13 de maio de 2020 [citado 6 de julho de 2020];20(26). Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/63438

2. Wen Lung C. Telemedicina e Telessaúde: ­ Um panorama no Brasil. Opinião Informática Pública [Internet]. 2008; [citado 06 de julho de 2020]; 10 (2): 7­-15. Disponível em: http://www.ip.pbh.gov.br/ANO10_N2_PDF/telemedicina_telesaude.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1544
OFICINAS DE EXPRESSIVIDADE COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Oficinas de expressividade com crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista
Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm dificuldades em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial, gestos e postura corporal para se engajar em interações sociais.Tais dificuldades sãoalvos de intervenções terapêuticas em contexto clínico para ensinar habilidades e promover mudanças de comportamento. Uma vez que as habilidades sejam consideradas adquiridas após certo período de prática pela pessoa com TEA é necessário que o suporte técnico seja estendido para outros contextos, a fim de que as mesmas habilidades sejam colocadas em prática socialmente, já que falhas no processo de generalização são previstas nestes quadros.Tomando este aspecto em consideração, pesquisas têm demonstrado os efeitos de intervenções em grupos de pessoas com TEA, realizadas em contextos não clínicos, como o teatro. Alguns resultados apontam para efeitos positivosno processamento facial, na consciência e cognição social dos participantes com TEA. O objetivo deste trabalho é descrever a realização de oficinas de expressividade realizadas com crianças e adolescentes com TEA. Os cinco participantes do sexo masculino tinham idades variando entre 10 anos e um mês e 14 anos e dois meses na data de início dos encontros. Todos se comunicavam verbalmente, sendo quedois com necessidade de suporte substancial quanto à comunicação social/interação e três com necessidade de algum suporte (utilizando-se a classificação do DSM-5).Os objetivos das oficinas foram, em síntese: ampliar o repertório de movimentos corporais,expressões faciais e variações prosódicas da fala, fortalecer o contato visual, otimizar abertura articulatória, estimular o exercício de habilidades de comunicação social, a imaginação e o pensamento criativo, desenvolver habilidades interacionais com pares, estimular funções executivas – especialmente resolução de problemas, foco na tarefa e flexibilidade cognitiva – e resistência à frustração.Foram realizados 14 encontros semanais consecutivos de duas horas, num espaço de 60 metros quadrados, destinado a aulas de teatro.Os encontros foram coordenados pela fonoaudióloga clínica dos participantes e as atividades foram conduzidas por um ator e uma atriz amadores, experientes em Artes Dramáticas. As atividades eram realizadas nesta sequência: (1) acolhimento dos participantes, (2) aquecimento corporal, (3) aquecimento vocal, (4) treino de habilidades específicas, (5) avaliação e reflexão, (6) desaquecimento e (7) despedida.Foram usadas estratégias como dança circular, improviso, declamação, criação de personagem, exercícios rítmicos, contação de histórias, leituras, rodas de conversa edramatização de situações sociais. No antepenúltimo encontro os participantes registraram seus depoimentos em vídeos, individualmente, sobre a trajetória nas oficinas.Os relatos apontaram: evolução na expressão corporal e melhora da própria fala (n=4), melhor domínio vocal (n=3), melhor consciênciadas próprias articulações corporais (n=2),sensação de calma após as atividades (n=2)e de se sentir mais desinibido (n=2).Indicações únicas apontaram desenvolvimento do raciocínio, melhora da percepção espacial, do controle respiratório, do contato visual e da leitura. Os relatos indicam variados benefícios alcançados com as oficinas. Com isso, vale recomendar a realização de estudos controlados que explorem atividades em grupo em ambientesnão clínicos, especialmente o teatro,parase esclarecer em que medida a oportunização de vivências terapêuticas em outros espaços sociais favorecem o desenvolvimento desta população.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
235
OFICINAS DIGITAIS DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES DO ENSINO BÁSICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: a Fonoaudiologia teve o seu surgimento na educação, sendo que inicialmente a atuação no âmbito escolar era exclusivamente voltada à identificação e tratamento de desvios linguísticos. Atualmente a Fonoaudiologia Educacional tem como um de seus principais objetivos a melhora da qualidade do ensino, podendo desenvolver programas de formação docente. O Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia Comunitária e Institucional, obedecendo ao decreto nº 525, de 23 de março de 2020 do Estado de Santa Catarina, que instituiu a quarentena devido a pandemia do COVID-19, reestruturou suas ações, passando a organizar suas atividades para o meio digital. Assim, oferecemos oficinas de formação para professores, em áreas que tangem a atuação fonoaudiológica. Objetivo: descrever a experiência vivenciada na realização de oficinas digitais de formação para professores do ensino básico durante o Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia Comunitária e Institucional do Curso de Fonoaudiologia de uma universidade do sul do Brasil. Métodos: o referido estágio foi realizado no 1° semestre de 2020, em uma escola da rede municipal de educação de Itajaí-SC. Inicialmente foi desenvolvido um plano de ação contendo estratégias para nortear a atuação dos estagiários na instituição. Obedecendo ao decreto que instituiu a quarentena devido a pandemia do COVID-19, as visitas presenciais à escola foram interrompidas e o estágio foi transferido para o meio digital. Diante desta situação, visando o cumprimento da carga horária de estágio, assim como o aprendizado dos alunos, decidiu-se realizar oficinas de formação com temáticas que agregassem na otimização do processo de ensino/aprendizagem dos professores. Foram realizadas 3 oficinas através da plataforma BlackBoard, com as seguintes abordagens: saúde vocal (foi trabalhado anátomo-fisiologia vocal, Distúrbios de Voz Relacionados ao Trabalho - DVRT, aquecimento e desaquecimento vocal e mitos e verdades sobre a voz); consciência fonológica e habilidades auditivas (foi abordado conceitos e estratégias para trabalhar consciência fonológica nos aspectos de rima, aliteração, sílaba, fonemas, além de habilidades auditivas); desenvolvimento infantil (esta oficina foi ofertada aos professores de educação infantil, sendo abordado os marcos do desenvolvimento, principalmente o desenvolvimento de linguagem e estratégias para estimulação das crianças. Todas as oficinas contaram com apresentação de slides para apoio visual e exercícios por meio de vídeos e demonstração prática realizada pelos estagiários virtualmente. Resultados: as oficinas de formação abrangeram um grupo considerável de professores que se mostraram atentos e dispostos a aprender, compartilhando suas experiências profissionais com os acadêmicos e colegas de trabalho. Foi perceptível o interesse dos professores em trocar conhecimentos e conhecer novas estratégias que auxiliarão no aprendizado dos seus alunos. Com a atuação do estágio por meio das oficinas digitais, foi possível desenvolver uma parte das estratégias planejadas. Entretanto, sentiu-se falta do contato presencial com os alunos e profissionais da instituição. Apesar disso, o trabalho realizado propiciou rica troca de conhecimentos. Conclusão: as experiências vivenciadas durante a realização das oficinas contribuíram de forma significativa para a formação dos acadêmicos na área da fonoaudiologia educacional. Além disso, verificou-se que as capacitações digitais direcionadas aos professores da educação básica, foi um excelente recurso para a aproximação entre fonoaudiologia e educação.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2105
OLFATO, DEGLUTIÇÃO E FUNCIONALIDADE DE INGESTÃO POR VIA ORAL EM IDOSAS INSTITUCIONALIZADAS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Com o avançar da idade ocorre declínio na capacidade olfativa secundário a danos cumulativos nos receptores sensoriais e alteração na responsividade neural1,2. As mudanças fisiológicas próprias do envelhecimento também ocorrem no sistema sonsório-motor oral, causando alterações na deglutição, processo denominado presbifagia3. O olfato participa ativamente durante a alimentação, seja na fase antecipatória, percebendo o cheiro do alimento e estimulando a salivação, seja na fase oral, auxiliando na percepção sensorial do bolo2. Objetivo: Analisar a relação entre olfato, deglutição e funcionalidade da ingestão oral em mulheres idosas institucionalizadas. Método: Foi realizado um estudo descritivo, de corte transversal, com 20 idosas residentes em uma Instituição de longa permanência, faixa etária entre 69 e 97 anos. Foi realizada avaliação do olfato por meio de teste psicofísico de soluções aquosas apresentadas em tiras de papel filtro embebidas. Foi avaliada a identificação de nove odores (erva-doce, morango, hortelã, eucalipto, limão, canela, café, coco e rosa) e discriminação de concentração de três odores (morango, hortelã e café). A classificação do olfato, mediante os resultados da avaliação, foi realizada de acordo com a seguinte pontuação: nenhum acerto – anosmia; um a seis acertos - hiposmia; sete a doze acertos – normosmia. Essa avaliação segue modelo de método psicofísico utilizado em outras pesquisas4 5. A deglutição foi avaliada clinicamente através do Protocolo de Avaliação de Risco da Deglutição (PARD)6, e a ingestão oral através da Escala funcional de ingestão oral (FOIS)7. Para análise de associação foi aplicado o teste exato de Fisher. A concordância entre os protocolos FOIS e PARD foi obtida por meio do índice de Kappa. O nível de significância foi de 5%. A pesquisa teve início após aprovação do comitê de ética em pesquisa envolvendo seres humanos. Resultados: Quase metade das idosas n=9 (45%) apresentaram alteração olfativa, sendo sete classificadas com hiposmia e duas com anosmia. A porcentagem de erros no teste de discriminação de concentrações (26,7%) foi menor em comparação com o teste de identificação de odores (52,7%). Dentre as idosas, n=9 (45%) apresentaram ingestão oral alterada, restrições alimentares, compensações, necessidade de modificações na consistência dos alimentos e o aumento no tempo de refeição. Houve discreto predomínio de idosas com deglutição normal e dieta total por via oral sem alterações (FOIS 7). Ao compararmos os achados do olfato com a classificação da deglutição e da ingesta oral não houve associação significativa. O PARD e a FOIS apresentaram concordância substancial. Conclusão: o olfato, apesar de participar em vários aspectos da alimentação, não está diretamente associado à classificação da deglutição avaliada pelo PARD e alterações na ingesta oral conforme escala FOIS, porém, pesquisas futuras devem ser realizadas, considerando as nuances metodológicas desse estudo, para melhor esclarecimento da relação entre olfato e deglutição.

1. Doty, RL. Age-Related Deficits in Taste and Smell. Otolaryngol Clin North Am. 2018; 51(4):815–25.

2. Högerle C. Riech-und geschmacksstörungen haben gravierende folgen. MMW Fortschr Med. 2019; 161(17):48-52.

3. Fernandes RG, Melo PED. Desenvolvimento e análise de guia de identificação e orientação sobre sinais e sintomas da presbifagia. Distúrb Comun. 2019; 31(4): 597-621.

4. Moura RGF. Caracterização do Olfato e do Paladar em Crianças com Rinite Alérgica e Rinologicamente Normais. Recife. Dissertação (Mestrado em Saúde da Comunicação Humana).Universidade Federal de Pernambuco; 2014.

5. Lima SJH. Características do olfato de pacientes pré e pós-tratamento cirúrgico para hemorragia subaracnóidea aneurismática. Recife. Dissertação (Mestrado em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento). Universidade Federal de Pernambuco; 2016.

6. Padovani AR, Moraes DP, Mangili LD, Andrade CRF. Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD).Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(3):199-205.

7. Crary MA, Giselle DC, Groher ME. Initial psychometric assessment of a functional oral intake scale for dysphagia in stroke patients. Arch Phys Med Rehabil. 2005; 86(8):1516-20.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
527
ORTOGRAFIA DOS FONEMAS /L/ E /ɾ/ EM POSIÇÕES COMPLEXAS NA ESCRITA INFANTIL.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Na literatura fonoaudiológica, muitas vezes erros ortográficos são vistos como sintomas ou como atraso no percurso da alfabetização. No entanto, assumimos que os erros são, na verdade, tentativas de acertos, podendo marcar conflitos da criança com o sistema ortográfico. Dessa forma, buscamos verificar a ortografia de dois dos fonemas que remetem à classe das consoantes líquidas do PB – a saber, /l/ e /ɾ/ – nas posições silábicas de ataque complexo e coda simples em produções textuais de crianças do 1º ano do ciclo I do ensino fundamental (EF). OBJETIVOS: (a) observar a relação entre acertos e erros; (b) dentre os erros, observar quais seriam os seus tipos mais frequentes; e (c) verificar a possível influência do acento na ocorrência de erros na ortografia desses fonemas. MÉTODO: Para tanto, separamos todas as ocorrências dos fonemas /l/ e /ɾ/ na posição de ataque complexo e de coda simples1 e as categorizamos em acertos e erros. Estes, por sua vez, foram classificados como omissão, substituição ou transposição, seguindo categorização da literatura2. Em seguida, distribuímos os erros conforme ocorressem na sílaba tônica ou nas sílabas átonas de cada palavra escrita. RESULTADOS: em relação ao primeiro objetivo, encontramos, na segunda posição de ataque silábico, 95 possibilidades de registro, sendo 91 acertos (95,8%) e 4 erros (4,2%). Na coda, foram 415 possibilidades – 325 acertos (78,4%) e 90 erros (21,6%). Dentre os erros, no ataque complexo, todos corresponderam a omissões. Já na coda, as omissões prevaleceram (68,8%), seguidas das substituições (25,5%) e das transposições. Por fim, em relação ao terceiro objetivo, observamos que os erros apareceram, em sua maioria, em sílabas átonas nas duas posições. Na posição de ataque complexo, 75% dos erros apareceram na sílaba átona, enquanto 25% apareceram na sílaba tônica. Na posição de coda silábica, 82,1% dos erros foram encontrados nas sílabas átonas, enquanto 17,9% foram encontrados nas sílabas tônicas. CONCLUSÃO: Esses resultados sugerem que as crianças já apresentam considerável domínio ortográfico dos fonemas estudados pelo fato de aparecem mais acertos do que erros na sua ortografia. No entanto, quando comparamos as posições, podemos observar falta de estabilidade ortográfica desses fonemas na posição de coda silábica, que pode ser explicada pelo fato de essa posição da sílaba ser a mais fraca fonética e fonologicamente. Os resultados mostraram, ainda, a gradiência entre os tipos de erros, demonstrando que não podemos analisar os diferentes tipos de erro como sendo de mesma natureza. Por fim, observamos que a maior ocorrência dos erros nas sílabas não acentuadas pode se justificar pelo fato de as crianças projetarem características que detectam na fala para a escrita. Assim, como as sílabas átonas são produzidas com menor força muscular e apresentam menor energia, consequentemente sua percepção é desfavorecida3, fato que possivelmente leve as crianças a identificarem com maior dificuldade suas características, aumentando a ocorrência de erros nessa posição quando comparada àquela verificada em sílabas tônicas4,5,6.

SELKIRK E. O. The syllable. The structure of phonological representations. Dorddrecht: Foris; 1982; p. 337-379.

CHACON, L.; PEZARINI, I. Gradiência na correspondência fonema/grafema: uma proposta de caracterização do desempenho ortográfico infantil, 2017.

CAGLIARI, L. C. Elementos de fonética do português brasileiro. São Paulo: Paulistana, 2009.

Vaz S, Pezarini IO, Paschoal L, Chacon L. Characteristics of the acquisition of sonorant consonants orthography in Brazilian children from a São Paulo municipality. CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2015; 27(3): 230-235.

Paschoal LA, Pezarini IO, Vaz S, Chacon. Characteristics of fricatives consonants orthography in Brazilian children. Communication Research. 2014; 19(4): 333-337.

Amaral AS, Freitas MCC, Chacon L, Rodrigues LL. Omissão de grafemas e características da sílaba na escrita infantil. Revista CEFAC. 2011; 1-10


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1489
OS DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DE ATIVIDADE REMOTAS NO INCENTIVO À DOCÊNCIA DE ALUNOS DA GRADUAÇÃO.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: A monitoria acadêmica oferece apoio pedagógico aos alunos, esclarece dúvidas relacionadas a teoria e a prática(1), e visa diminuir a evasão escolar(2). Ademais, permite o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem(1), em que o monitor aprimora seu aprendizado, criatividade, raciocínio, compreensão e sensibilidade, aumentando suas experiências acadêmicas, praticando um papel próximo à docência(2,3). OBJETIVO: Descrever a monitoria de um estágio supervisionado durante a suspensão das aulas da graduação, em razão da crise sanitária, e seu impacto no incentivo dos monitores à docência. MÉTODO: O estágio de Fonoaudiologia Clínica: Avaliação e Diagnóstico visa realizar a avaliação fonoaudiológica de crianças e adolescentes, a formulação das hipóteses diagnósticas e da conduta de cada caso. Os atendimentos são realizados pelos alunos do 9º período da graduação e, posteriormente, discutidos com as supervisoras. Os monitores auxiliam os alunos no esclarecimento de dúvidas e nos procedimentos avaliativos, acompanham o desenvolvimento das atividades, discussões e elaboração de relatórios. Com a suspensão do estágio devido à pandemia da COVID-19, a monitoria foi reestruturada para o âmbito remoto, sendo elaborados tutoriais em formato de vídeos, sobre os procedimentos no qual os alunos apresentam dificuldades mais relevantes na prática. Para a execução dos vídeos foram realizadas reuniões preparatórias com as supervisoras, definição da temática, elaboração de roteiro preliminar sobre os assuntos abordados, discussão dos roteiros e sua aprovação, e, por fim, a produção, gravação e edição dos vídeos. RESULTADOS: De maio a julho de 2020 foram produzidos oito tutoriais em formato de vídeos que se referem aos procedimentos fonoaudiológicos, os quais incluíram protocolos de avaliação do desenvolvimento da linguagem, do desenvolvimento lexical, da consciência fonoarticulatória, de aspectos cognitivos da linguagem e da compreensão leitora, e, outros dois vídeos teóricos sobre a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), relacionados aos seus aspectos conceituais e a sua aplicação prática na Fonoaudiologia. Durante o processo de criação dos tutoriais, os monitores se depararam com dificuldades relacionadas aos processos de produção e edição dos vídeos, sendo necessária preparação específica e aquisição de conhecimentos de diversas áreas, como a utilização de softwares, design gráfico, além de dificuldades quanto à performance comunicativa e expressividade para os vídeos. No que tange aos aspectos didáticos, a nova metodologia de trabalho adotada, proporcionou aos monitores o desenvolvimento de habilidades interdisciplinares. Além disso, a percepção das diversas formas de elaboração e fluidez do raciocínio lógico têm favorecido reflexões quanto ao entendimento do processo didático como um todo e no seu aprimoramento. CONCLUSÃO: Os novos desafios vivenciados pelo ensino superior durante a pandemia, especialmente, a monitoria da graduação em estágio supervisionado, apresentou particularidades no desenvolvimento de suas atividades e permitiu a incorporação de aprendizados interdisciplinares, que podem auxiliar na realização das atividades práticas desenvolvidas regularmente na disciplina. Entretanto, tais atividades não substituem a experiência presencial, que necessitam de uma relação próxima com os pares envolvidos neste processo e precisam ser vivenciadas diretamente.

1. Fernandes NC, Cunha RR, Brandão AF, Cunha LL, Barbosa PD, Silva CO, Silva MSA. Monitoria acadêmica e o cuidado da pessoa com estomia: relato de experiência. Rev Min Enferm 2015;19(2):238-41.
2. Souza RO, Gomes AR. A eficácia da monitoria no processo de aprendizagem visando a permanência do aluno na IES. Rev Interdisciplinar do Pensamento Científico 2015;1(2):230-38.
3. Dantas OM. Monitoria: fonte de saberes à docência superior. Rev bras Estud pedagog 2014;95(241):567-89.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1771
OS DESAFIOS NO TELEMONITORAMENTO PELO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE E O USO DE TECNOLOGIAS LEVES COMO MEDIDA DE ENFRENTAMENTO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho (PET-Saúde) contribui na promoção da educação interprofissional e o trabalho colaborativo junto às equipes das unidades de saúde do município, pertencentes ao Distrito Docente Assistencial (DDA) de uma Universidade Federal da região sul. Em meio ao desenvolvimento das ações deste programa para 2020, a pandemia do Coronavírus se deflagrou e as ações em andamento do Programa foram reorganizadas frente ao contexto inédito de enfrentamento do vírus. O foco do trabalho voltou-se para a elaboração e implementação do projeto de Telemonitoramento de usuários com sintomas respiratórios. Diversos desafios previsíveis, como os intrínsecos à metodologia de assistência à distância e relacionados principalmente à incidência da doença passaram a ser cotidianamente abordados. Outros, como os fenômenos psicossociais-econômicos- culturais aflorados em função da necessidade de isolamento domiciliar, distanciamento e a prevenção de contaminação por parte dos usuários afetados, tornaram-se prementes. O cenário da pandemia tem se mostrado absolutamente novo e único para os profissionais de saúde e para a população e, com ele, percebe-se que o complexo conceito de saúde extrapola o estado físico de saúde individual e valorizando muito as tecnologias exercidas na Atenção Primária à Saúde (APS) para promoção e prevenção.OBJETIVO: Abordar os desafios encontrados no telemonitoramento exercido pelos participantes do PET-Saúde. MÉTODO: Compilar as vivências dos participantes do PET-Saúde no Telemonitoramento de usuários que obtiveram diagnóstico clínico de Infecção viral não especificada (CID B34.9) e que foram notificados por Unidades de Saúde como casos suspeitos de COVID-19, através de dispositivos móveis capazes de realizar ligações e acesso ao aplicativo Whatsapp®. RESULTADOS: A complexidade da pandemia tem mostrado que as tecnologias leves utilizadas na APS, como, por exemplo, as tecnologias relacionais que envolvem o vínculo, a escuta ativa, responsabilidade e a gestão são fundamentais para o enfrentamento desse tipo de situação. Além disso, o trabalho colaborativo interprofissional é capaz de amparar e amenizar as dificuldades encontradas nas relações com os usuários e com a equipe, tornando o trabalho mais prazeroso e efetivo. O excesso de informação ao alcance dos usuários interfere no cuidado e nos desfechos, tornando a confiança estabelecida entre, não somente do usuário com o profissional, mas também dos familiares e comunidade com o profissional, essencial para o sucesso do cuidado. Percebemos que o contato telefônico ou via Whatsapp não é valorizado por alguns usuários, enquanto outros facilita e promove um ótimo vínculo. Em relação ao trabalho das equipes (bolsista, tutor e preceptor), uso do aplicativo agilizou e tornou o trabalho mais efetivo. A adaptação das equipes de saúde ao telemonitoramento, assim como o auxílio aos bolsistas e a organização, flexibilidade, agilidade na resolução de problemas e gestão para o projeto são imprescindíveis.
CONCLUSÃO: O trabalho colaborativo e interprofissional é visionário quando se trata de superar desafios. As tecnologias leves utilizadas pelos profissionais da saúde são ferramentas factíveis para o enfrentamento de crises de saúde e seus obstáculos no atendimento.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
931
OS EFEITOS DA ESCRITA DIGITAL E ESCRITA À MÃO NA PRODUÇÃO ESCRITA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Os efeitos da Escrita Digital e Escrita à Mão na produção escrita

INTRODUÇÃO: Com a evolução das tecnologias, a escrita digital, está sendo cada vez mais utilizada, principalmente por sua facilidade e rapidez de uso, fazendo a escrita manual se tornar uma segunda opção, principalmente para as novas gerações que são expostas desde os primeiros anos de vida a computadores, tablets, laptops e celulares. Por outro lado, há evidências de que mostram a importância que a escrita à mão tem sobre o desenvolvimento da habilidade de escrita, tanto da codificação de palavras como da elaboração escrita. Mesmo assim há controvérsias sobre o impacto do uso frequente da escrita digital no desenvolvimento das habilidades de escrita, sobretudo da ortografia, na população de adolescentes. Este estudo tem o objetivo de comparar o desempenho e os efeitos da escrita, em escrita digital e escrita manual. MÉTODO: Para alcançar os objetivos propostos foi realizada uma revisão da literatura sobre desempenho da produção escrita, nas modalidades de escrita digital e manual. Foi realizado um levantamento dos artigos nas bases de dados cientificas publicados nos últimos 10 anos, em português e inglês, com a combinação dos termos “escrita digital” e “escrita manual” ou “escrita à mão” e seus correspondentes em inglês (“typing” or “keyboard writing” and “writing” or “handwriting”). A busca foi realizada por meio do formulário avançado, em todos os índices, com os artigos ordenados por relevância nas seguintes bases de dados: Scielo, PubMed, ScienceDirect, SAGE journals e Google Scholar. RESULTADOS: a partir dos critérios de seleção de estudos comparativos entre as modalidades de escrita manual e digital foram selecionados 10 artigos. Dos 10, 8 artigos investigaram a produção escrita de jovens adultos universitários. Os artigos apresentaram um consenso de que a escrita manual trás maior benefícios para as habilidades cognitivas como a memória e para a elaboração de texto, e que existe maior atividade cerebral quando utilizamos esta modalidade de escrita. Já a escrita digital mostrou ser melhor para registro quantitativo de informações, para os aspectos de edição e reorganização de textos. CONCLUSÃO:A escrita manual contribui para a estimulação das habilidades de produção escrita e favorece o aprendizado, a partir do registro das informações.

1. Carrie B. Fried. In-class laptop use and its effects on student learning. Computers and Education. 2008 [acesso em 2019 março 12]; 50 (3): 906 - 914. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0360131506001436

2. Palmis et al. The impact of spelling regularity on handwriting production: A coupled fMRI and kinematics study. Cortex. 2019 [acesso em 2019 junho 11]; 113: 111 - 127. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0010945218304039

3. Pam A. Mueller and Daniel M. Oppenheimer. The Pen Is Mightier Than the Keyboard: Advantages of Longhand Over Laptop Note Taking. Psychological Science. 2014 [acesso em 2019 março 7]; 25 (6): 1159 -1168. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0956797614524581

4. Santos MTM, Navas ALGP. Transtornos de Linguagem Escrita: teoria e prática. 2. Ed. São Paulo: Manole; 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1336
OTITES MÉDIAS RECORRENTES E ALTERAÇÕES NO SISTEMA AUDITIVO NERVOSO CENTRAL
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A privação auditiva provocada pelas otites médias nos primeiros anos de vida pode ocasionar alterações na maturação das vias auditivas centrais devido à flutuação na audição provocada por episódios recorrentes da doença(1,2). A partir disso, recomenda-se o encaminhamento de crianças com histórico significativo de otite média precoce ou outras condições que resultem em privação sensorial para avaliação do processamento auditivo central (PAC)(3). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas, com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(4), sobre a relação entre otites médias recorrentes e alterações no sistema auditivo nervoso central. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO, BIREME e Scopus. Foram admitidos artigos publicados entre janeiro de 2010 e junho de 2020, sem restrição de idioma e localização. Foi realizada a avaliação da qualidade dos artigos, baseada no protocolo modificado de Pithon et al. (2015)(5), a fim de evitar vieses na seleção das publicações, sendo 6 a pontuação mínima dos estudos admitidos nesta pesquisa. RESULTADOS: Inicialmente foram selecionados 163 artigos, restando 158 após exclusão por repetição; em seguida, os títulos foram analisados e 60 trabalhos não atenderam aos critérios de inclusão propostos para esta pesquisa, resultando em 98 artigos. Posteriormente, 94 artigos foram excluídos por abstracts e 4 trabalhos foram analisados na íntegra, sendo que três foram admitidos para esta pesquisa. O primeiro estudo(6) não encontrou evidências que sugiram que o histórico de otite média com efusão (OME) afete a resolução temporal após a recuperação dos limiares tonais. Em consonância, os resultados do segundo estudo(7) sugerem que a otite média aguda recorrente não afeta a integridade da via auditiva central ou a codificação sonora, no entanto pode levar a uma discriminação anormal dos estímulos sonoros, mesmo quando a entrada auditiva periférica está normal. Em contrapartida, os resultados da terceira pesquisa(8) confirmam a hipótese de que a perda auditiva flutuante pode afetar o processamento auditivo central durante períodos críticos, visto que os resultados dos testes aplicados (Gap in Noise e Teste Dicótico de Dígitos) diferiram significativamente entre as crianças com histórico de OME e as crianças do grupo controle. CONCLUSÃO: Ainda não há consenso a respeito da existência e/ou permanência de alterações no sistema auditivo nervoso central decorrentes de otites médias recorrentes, porém evidências mais atuais apontam a ocorrência de alterações na via auditiva central atribuíveis à privação sensorial causada pelas referidas afecções de orelha média. Torna-se essencial o conhecimento da relação entre estes agravos para a atenção à saúde da criança.

1. Gravel JS, Roberts JE, Roush J, Grose J, Besing J, Burchinal M, et al. Early otitis media with effusion, hearing loss, and auditory process at school age.
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3. American Academy of Audiology. Clinical Practice Guidelines: Diagnosis, treatment and management of children and adults with central auditory processing disorder; 2010. [acesso 24 de junho de 2020]; Disponível em: https://audiology-web.s3.amazonaws.com/migrated/CAPD%20Guidelines%208-2010.pdf_539952af956c79.73897613.pdf.
4. Moher D, Shamseer L, Clarke M, et al. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015;4:1.
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7. Haapala S, Niemitalo-Haapola E, Raappana A, Kujala T, Suominen K, Kujala T, et al. Effects of recurrent acute otitis media on cortical speech-sound processing in 2-year old children. Ear and hearing. 2014; 35: 75-83.
8. Khavarghazalani B, Farahani F, Emadi M, Hosseni Dastgerdi, Z. Auditory processing abilities in children with chronic otitis media with effusion. Acta oto-laryngologica. 2016; 136: 456-59.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
506
OTOPROTEÇÃO DA N-ACETILCISTEÍNA E VIA DE MODULAÇÃO DA APOPTOSE EM CÉLULAS CILIADAS EXTERNAS DE RATOS TRATADOS COM CISPLATINA
Tese
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: a cisplatina causa danos ao sistema auditivo por meio da formação de espécies reativas de oxigênio que causam lesões e podem conduzir a célula à apoptose1. A N-acetilcisteína (NAC) é uma substância antioxidante precursora na síntese da glutationa intracelular, a qual atua como um sequestrador endógeno de radicais livres2. A proteína Bcl-2 faz parte do sistema de defesa celular, ligando-se às moléculas pró-apoptóticas na tentativa de inibir sua atividade lesiva3. Objetivos: investigar o mecanismo de otoproteção da NAC e a via de modulação da apoptose através da análise da expressão da enzima glutationa peroxidase (GSH-Px) e da proteína Bcl-2 em células ciliadas externas (CCE) de ratos tratados com cisplatina; avaliar a função auditiva de ratos sob efeito de diferentes doses de cisplatina e NAC. Método: pesquisa experimental, de caráter prospectivo, multicêntrico e com grupo controle. Aprovação pela Comissão de Ética em Experimentação Animal sob protocolo nº 103/2012. Realizaram-se dois experimentos (A e B), sendo o primeiro com um período experimental de cinco dias e o segundo de três dias. Cada experimento foi composto por quatro grupos, submetidos aos protocolos: grupo A1 (controle negativo): solução fisiológica 0,9%, via intraperitoneal, no mesmo volume correspondente à dose de cisplatina; grupo A2 (controle positivo): 100mg/Kg/dia de NAC, via oral por gavagem; grupo A3 (ototóxico): 3mg/Kg/dia de cisplatina via intraperitoneal; grupo A4 (ototóxico com otoproteção): 100 mg/Kg/dia de NAC via oral por gavagem, uma hora antes da administração de 3 mg/Kg/dia de cisplatina via intraperitoneal; grupo B1 (controle negativo): solução fisiológica 0,9% via intraperitoneal no mesmo volume correspondente à dose de cisplatina (8mg/Kg/dia); grupo B2 (controle positivo): 300 mg/Kg/dia de NAC via oral por gavagem; grupo B3 (ototóxico): 8 mg/Kg/dia de cisplatina via intraperitoneal; grupo B4 (ototóxico com otoproteção): 300 mg/Kg/dia de NAC via oral por gavagem, uma hora antes da administração via intraperitoneal de 8 mg/Kg/dia de cisplatina. Os animais do experimento A realizaram otoscopia, emissões otoacústicas evocadas produto de distorção (EOAPD) e potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) 24 horas antes e 24 horas depois da administração dos fármacos. Os animais do experimento B também foram submetidos a este protocolo, além de terem suas bulas timpânicas removidas e suas cócleas preparadas para a avaliação anatômica com microscopia eletrônica de varredura e imunofluorescência para a marcação da enzima GSH-Px e da proteína Bcl-2. Resultado: No experimento A, não houve diminuição significativa da relação sinal-ruído das EOAPD, porém houve aumento significativo do limiar eletrofisiológico do PEATE nos grupos A3 e A4. No experimento B, verificou-se que: não houve aumento significativo do limiar eletrofisiológico do PEATE; as CCE mantiveram-se anatomicamente íntegras; a enzima GSH-Px apresentou imunomarcação ausente no grupo B1 e presente nos grupos B2, B3 e B4; a proteína Bcl-2 apresentou imunomarcação ausente em todos os grupos. Conclusão: a função auditiva foi mais prejudicada com exposição a uma subdose de cisplatina durante um período mais prolongado; a via de modulação da apoptose nas CCE de ratos tratados com cisplatina está relacionada com a expressão da enzima GSH-Px e não expressão da proteína Bcl-2.

1 Casares C, Ramírez-Camacho R, Trinidad A, Roldán A, Jorge E, García-Berrocal JR. Reactive oxygen species in apoptosis induced by cisplatin: review of physiopathological mechanisms in animal models. Eur Arch Otorhinolaryngol 2012; 269(12):2455–2459

2 Riga MG, Chelis L, Kakolyris S, Papadopoulos S, Stathakidou S, Chamalidou E, et al. Transtympanic injections of N-acetylcysteine for the prevention of cisplatin-induced ototoxicity: a feasible method with promising efficacy. Am J Clin Oncol 2013; 36(01):1–6

3 Taylor RC, Cullen SP, Martin SJ. Apoptosis: controlled demolition at the cellular level. Nat Rev Mol Cell Biol 2008; 9(3):231–241


TRABALHOS CIENTÍFICOS
126
OTOTOXIDADE DO USO DA HIDROXICLOROQUINA EM PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A ototoxicidade da hidroxicloroquina(HCQ) é uma complicação grave que prejudica as atividades funcionais e a qualidade de vida dos pacientes e pode aparecer após períodos de uso relativamente curtos e em doses baixas(1,2), sendo constata em alguns estudos realizados com indivíduos tratados para Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)(1,3-5). Perda auditiva após terapia prolongada com HCQ(1,6), bem como efeitos ototóxicos em indivíduos submetidos a HCQ por curto espaço de tempo(2,7) já foram relatados na literatura, porém não há consenso quanto a reversibilidade desta alteração, que se mostrou reversível em alguns estudos(2,7) e irreversível em outros(1).OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(8)sobre a ototoxicidade da HCQ em pacientes com LES. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação de descritores baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e BIREME, sem restrição de período, idioma e localização.RESULTADOS: Foram encontrados 315 artigos com potencial de inclusão, sendo que apenas um artigo respondeu a pergunta norteadora que consistiu em verificar se o uso da hidroxicloroquina interfere no sistema auditivo de pacientes com Lúpus. Esse estudo obteve pontuação onze (alta qualidade) no protocolo modificado de Pithon et al.(9).O estudo selecionado(10) foi desenvolvido por pesquisadores da Medical University of Lodz (Polônia) com objetivo de avaliar os distúrbios do sistema auditivo em pacientes com LES, do qual participaram 65 sujeitos, sendo 35 (33 mulheres e dois homens) diagnosticados com LES e 30 indivíduos sem LES e otologicamente saudáveis, pareados por idade e sexo. Foi constatado que sintomas otológicos são prevalentes entre os pacientes com LES e o envolvimento do sistema auditivo deve ser considerado um dos elementos do quadro clínico desta patologia. Os resultados evidenciaram que os principais sintomas auditivos referidos foram a vertigem (71,4,%) e o zumbido (40%), sendo a perda auditiva relatada por 17,1% dos sujeitos com LES. Os pacientes com LES apresentaram limiares auditivos médios significativamente mais baixos do que os grupo controle em várias frequências. Além disso, médias mais longas de latência do PEATE foram observadas no grupo de pacientes com LES em comparação ao controle. Dez pacientes (28,6%) desenvolveram perda auditiva sensorioneural simétrica, sendo que em nove a alteração acometeu as altas frequências (a partir de 2000Hz) e em um paciente a alteração envolveu também as frequências médias. Dos pacientes que desenvolveram perda auditiva, 80% realizavam tratamento com difosfato de cloroquina. Foi encontrada correlação positiva significativa entre os limiares auditivos por condução aérea e a duração do LES, porém não foi observada relação entre nível auditivo e gravidade da doença. CONCLUSÃO: Ainda há divergências sobre a relação causal entre perda auditiva e o uso da HCQ no tratamento do LES. A melhora no quadro audiológico após a interrupção do tratamento ainda é o argumento mais forte a favor da ototoxicidade da HCQ.


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2. Khalili H, Dastan F, Manshadi S. A case report of hearing loss post use of hydroxychloroquine in a HIV-infected patient. Daru Journal Of Pharmaceutical Sciences. 2014; 22(1): 1-4.
3. Cecatto; Garcia, R; Costa, K.; Anti, Sônia M. A.; Longone, E; Rapoport, P.; Perda auditiva sensorioneural no lúpus eritematoso sistêmico: relato de três casos. : relato de três casos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 2004; 70(3): 398-403.
4. Roverano S, Cassano G, Paira S, Chiavarini J, Graf C, Rico L, Heredia C. Asymptomatic Sensorineural Hearing Loss in Patients With Systemic Lupus Erythematosus. J Clin Rheumatol 2006.
5. Lim SC; Tang SP. Hydroxychloroquine-induced ototoxicity in a child with systemic lupus erythematosus. Int J Rheum Dis. 2011, 14:e1–e2. doi:10.1111/j.1756-185x.2010.01582.x.
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8. Moher D, Shamseer G, Clarke M,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA . Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.
9. Pithon MM, Santos;Anna LI, Baião FC, dos Santos RL, Coqueiro Rda S, Maia LC. Assessment of the effectiveness of mouthwashes in reducing cariogenic biofilm in orthodontic patients: A systematic review. J Dent. 2015;43:297-308.
10. Maciaszczyk, K; Durko, T; Waszczkowska, E; Erkiert-Polguj, A; Pajor, A. Auditory function in patients with systemic lupus erythematosus. Auris Nasus Larynx. 2011; 38 (1): 26-32.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
368
PACIENTES QUEIMADOS E A RELAÇÃO COM A FONOAUDIOLOGIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Sabemos que segundo a bibliografia as queimaduras podem ser definidas como uma lesão nos tecidos orgânicos, são acidentes comuns e se devem a diversas causalidades, categorizadas como físicas (subdivididas em térmicas, elétricas e radioativas) e químicas (1,2,6). A atuação fonoaudiológica nessa situação dá-se através da reabilitação de funcionalidade principalmente nas áreas de Motricidade Orofacial e Disfagia, pois pacientes com queimaduras em suma podem apresentar dificuldades em realizar as funções de mastigação, deglutição e de articulação da fala (5,6).

OBJETIVO: Comparar as informações encontradas na bibliografia sobre a atuação fonoaudiológica em pacientes queimados e estabelecer pontos em comum sobre essa relação caso encontrados nos artigos.

MÉTODO: Análise de artigos pesquisados sobre o tema nas bases do PubMed e SciELO, além de referências gerais encontradas e publicações na temática ‘queimados fonoaudiologia’, ‘queimaduras fonoaudiologia’ e ‘reabilitação queimados’. Foi feita análise e comparação de artigos selecionados nos seguintes tópicos: causas retratadas, principais achados fonoaudiológicos e terapias empregadas.

RESULTADOS: Quando iniciamos a leitura sobre os artigos apenas dois se referem as causas mais comuns que levam o paciente queimado ao atendimento, sendo segundo Magnani et al. (2019) de 16 pacientes retratados na pesquisa, 14 tiveram queimaduras por agente térmico (1), e segundo Rodrigues JMC et al.(2010) de 10 pacientes, 6 tiveram queimaduras por agente físico, especificadas em térmicas e elétricas (4). Todos os artigos reunidos para estudo apresentavam principais achados que impactam na atuação fonoaudiológica no paciente queimado, é de consenso para os autores que alterações de sucção, mastigação, deglutição e fala são comumente presentes e necessários de intervenção, considerando também a alteração anatomofuncional das estruturas que estará presente, salienta-se mais especificamente a dificuldade para oclusão oral (1,2,5), limitação nas expressões faciais ou de mímica (2,3,5) e dificuldade para intubação (1,2). Falando sobre reabilitação e terapias empregadas, novamente segundo Magnani et al. (2019) porém em outra produção, cita-se que o tratamento comumente encontrado seria o emprego de terapias miofuncionais, sendo realizados exercícios e alongamentos para o restabelecimento funcional (2,7,8). Segundo Toledo (2001) também se referencia terapias miofuncionais por meio do emprego de manobras específicas para equilíbrio funcional (3). Ramos EML et al. (2009) também apoia o emprego de terapias miofuncionais, mas fala especificamente sobre o treino de exercícios isométricos e técnicas de fricção (5).

CONCLUSÃO: Vemos que segundo os autores temos em suma o paciente queimado que chega ao atendimento fonoaudiológico com causalidade de lesão por agentes físicos, mais especificamente agentes térmicos. Os autores chegam em completo consenso quando se fala sobre achados fonoaudiológicos e terapias empregadas, tendo em seus achados alterações funcionais de movimentação das estruturas de cabeça e pescoço e fala, deglutição e mastigação, e em terapias a reabilitação funcional dessas mesmas estruturas através de exercícios miofuncionais.

1. “Correlação entre escalas de avaliação da cicatrização e as alterações miofuncionais orofaciais em pacientes com queimaduras de cabeça e pescoço” Magnani et al. CoDAS 2019;31(5):e20180238 DOI: 10.1590/2317-1782/20182018238

2. “Reabilitação motora orofacial em queimaduras em cabeça e pescoço: uma revisão sistemática de literatura” Magnani et al. Audiol Commun Res. 2019;24:e2077 DOI: 10.1590/2317-6431-2018-2077

3. “Atuação Fonoaudiológica em Pacientes Quiemados Uma proposta Clínca” Toledo, Paula Nunes – São Paulo, s. n., 2001.

4. “O perfil fonoaudiológico do paciente portador de queimaduras de cabeça e pescoço internado no hospital de pronto socorro de porto alegre/RS” Rodrigues JMC et al. Rev Bras Queimaduras. 2010;9(1):14-20.

5. “Tratamento fonoaudiológico em queimadura orofacial” Ramos EML et al. Rev Bras Queimaduras. 2009;8(2):704.

6. “Novo tratado de fonoaudiologia” Otacílio Lopes Filho; Alcione Ramos Campiotto [et al.].- 3. ed. Barueri, SP : Manole, 2013. – “Queimaduras: intervenção fonoaudiológica” Paulo Eduardo Damasceno Melo (914-919)

7. “Full thickness facial burns: outcomes following orofacial rehabilitation. Burns.” Clayton NA, Ward EC, Maitz PKM. 2015;41(7):1599- 606. http://dx.doi.org/10.1016/j.burns.2015.04.003. PMid:25979798.

8. “Orofacial contracture management: currente patterns of clinical practice in Australian and New Zealand adult burn units. J Burn Care Res.” Clayton NA, Ellul G, Ward EC, Scott A, Maitz PK. 2016;38(1):204-11. http://dx.doi.org/10.1097/BCR.0000000000000351.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1050
PADRÃO DE DEGLUTIÇÃO DE IDOSAS PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Objetivo: Comparar o padrão de deglutição de idosas praticantes e não praticantes de atividade física e a associação da idade com alterações no processo de deglutição. Método: Estudo transversal, de caráter quantitativo, foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde na cidade de Maracanaú, município do estado do Ceará (CE), Brasil, região metropolitana de Fortaleza desenvolvido no período de fevereiro a junho de 2020.Para o presente estudo, a amostra foi obtida por conveniência pelos pesquisadores, visto que a unidade possui grupos com público da terceira idade e a pesquisa seria mais fidedigna. O estudo foi realizado com idosas, cadastradas e usuárias da Unidade Básica de Saúde, praticantes e não praticantes de atividade física. A avaliação foi realizada através do Protocolo de Avaliação da Deglutição, adaptado a partir do protocolo de Anamnese e Avaliação utilizado no Ambulatório de Disfagia do serviço de Fonoaudiologia do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI). Foram avaliados 20 indivíduos do gênero feminino com idade entre 60 a 80 anos, sendo 10 praticantes de atividade física e 10 que não praticavam nenhum tipo de exercício. Foram avaliados idade, queixas relacionadas a deglutição, tempo de prática de atividade física, tempo de cada refeição diária e foram avaliados os seguintes aspectos: tônus e mobilidade de lábios, língua, bochechas e mandíbula, sensibilidade intraoral e extraoral. Foram incluídos idosas com idade a partir de 60 anos, moradoras da região e que praticasse alguma atividade física e que não praticasse nenhuma atividade física. Os critérios de exclusão foram idosas com histórico de doenças neurológicas e alérgicas aos alimentos apresentados. Os participantes foram convidados a participar da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados: Quanto a avaliação da deglutição foi observado que, tanto para o grupo de idosas sedentárias como para as não sedentárias, há alteração em etapas do processo de deglutição, evidenciando para o trânsito oral aumentado e pigarro. Alteração de tônus foram observadas nos dois grupos de idosas. Conclusão: O presente estudo constatou que o padrão dos órgãos fonoarticulatórios e de deglutição de idosas praticantes de atividade física, é melhor comparado a idosas não praticantes com idades similares. Com base nos achados, os resultados da pesquisa evidenciam a importância de que a prática de atividade física retarda os efeitos das alterações decorrentes da idade. O estudo torna-se relevante para a promoção e prevenção e para o incentivo ao envelhecimento saudável e ativo, como praticando atividades físicas.

Moraes MPI, Sousa IAFC, Vasconcelos T. Relação entre a capacidade funcional e mobilidade com a prática de atividade física em idosos participantes de uma associação. Ciênc Saúde. 2016;9(2):90-5.
Jales MA, Cabral RR, Silva HJ, Cunha DA. Características do sistema estomatognático em idosos: diferenças entre instituição pública e privada. Rev CEFAC, 2005;7(2):178-87
Marchesan, Irene Queiroz. Distúrbios da motricidade oral. In: Russo, Ieda Pacheco. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. p. 83-99.
Cattoni DM. Alterações da mastigação e deglutição. In: Ferreira LP, Befi-Lopes DM, Limongi SCO. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p. 277-90
Picoli T. S; Figueiredo L. L; Patrizzi L. J. Sarcopenia e envelhecimento. Fisioter. mov. [periódicos na Internet]. Curitiba July/Sept. 2011 [acesso em 21 Ago 2016]; v.24, n.3. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-51502011000300010


TRABALHOS CIENTÍFICOS
861
PADRÃO MASTIGATÓRIO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE TOTAL BIMAXILAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A mastigação pode ser caracterizada como a ação de morder, triturar e pasteurizar o alimento¹. É considerada a função mais importante do sistema estomatognático, pois corresponde à fase inicial do processo digestivo e tem como objetivo a degradação mecânica dos alimentos². O edentulismo provoca mudanças na relação maxilomandibular e nas estruturas ósseas acarretando um desequilíbrio neuromuscular, sendo necessário a utilização de próteses dentárias para restabelecer as funções estomatognáticas³ gerando também um benefício estético. No entanto, o período de adaptação da nova prótese pode desenvolver modificações no padrão mastigatório, devido ao desconforto durante a alimentação, podendo reduzir significativamente a eficiência mastigatória4. Objetivo: Caracterizar o padrão mastigatório em indivíduos usuários de prótese dentária total removível. Metodologia: Trata-se de estudo comparativo longitudinal, composto por 15 voluntários de ambos os sexos, com faixa etária entre 50 e 82 anos e média de idade 63,73 anos, com desvio padrão de 7,67. Aprovada pelo Comitê de ética em pesquisa, sob o número do parecer 578.993 (novo parecer após emenda – 2.008.819) e CAAE: 22202513.3.0000.5292. Foram utilizados os critérios de inclusão, indivíduos totalmente edêntulos há mais de um ano, usuários de próteses totais bimaxilares e com necessidade de novas próteses. Como critérios de exclusão, sujeitos com deficiência intelectual e/ou motora, que realizaram terapia fonoaudiológica para adaptação da prótese. As avaliações foram realizadas em três períodos, com a prótese antiga bimaxilar total removível, três meses após instalação da nova prótese e dois anos depois da confecção da nova prótese. Para a avaliação da função mastigatória foi utilizado o mini pão francês (25 gramas), solicitou-se ao participante a mastigação de cinco porções do pão, de forma habitual, descartando a primeira e a última porção para a análise. Verificou-se o padrão mastigatório, no qual foi contabilizado o número de ciclos de cada lado realizados nas três porções. Em seguida por meio da regra de três, considerando o valor total igual a 100%, selecionou-se o maior valor entre os dois lados e calculou-se a porcentagem que este representava. Destacando os seguintes padrões: unilateral - 66% ou mais dos ciclos mastigatórios de um mesmo lado (direito ou esquerdo), bilateral menos de 66% dos ciclos mastigatórios5. Os resultados foram apresentados sob a forma descritiva. Resultados: De acordo com os dados desta amostra, verificou-se respectivamente entre a avaliação inicial, três meses e dois anos o padrão mastigatório unilateral 5 (33,3%), 6 (40,0%), 3 (20,0%), e o padrão mastigatório bilateral 10 (66,7%), 9 (60,0%), 12 (80,0%). Conclusão: O padrão mastigatório bilateral apresentou maior frequência entre os períodos avaliados, destacando a avaliação de dois anos.



1. Apolinário RMC, Moares RB, Motta AR. Mastigação e dietas alimentares para redução de peso. Rev CEFAC. 2008 abr-jun;10(2):191-9.

2. Nascimento JE, Magalhães TA, Souza JGS, Sales MSM, Nascimento CO, Lopes Júnior CEX, Ferreira EF, Martins AMEBL. Associação entre o uso de prótese dentária total e o tipo de serviço odontológico utilizado entre idosos edêntulos totais. Ciênc. saúde coletiva. 2019 set;24(9):3345-56.

3. Andrade RA, Cunha MD, Reis AMCS. Análise morfofuncional do sistema estomatognático em usuários de prótese total convencional do Centro Integrado de Saúde – CIS. Rev CEFAC. 2017 set-out;19(5):712-25.

4. Goiato MC, Bannwart LC, Moreno A, Dos Santos DM, Martini AP, Pereira LV. Quality of life and stimulus perception in patients' rehabilitated with complete denture. J Oral Rehabil. 2012 jun;39(6):438-45.

5. Kalil MTA, Cavalcanti RVA, Kalil MV, Bianchini EMG. Protocolo de avaliação miofuncional orofacial para usuários de Próteses dentárias total e parcial removível. In: Pernambuco LA, Silva HJ, Souza LBR, Magalhães Júnior HV, Cavalcanti RVA, editors. Atualidades em Motricidade Orofacial. Rio de Janeiro: Revinter; 2012.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1517
PARALISIA CEREBRAL: RELAÇÃO ENTRE O DESENVOLVIMENTO MOTOR E COGNITIVO COM A DISFAGIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A Paralisia Cerebral (PC) decorre de uma lesão não progressiva no cérebro imaturo1. As manifestações frequentes são os distúrbios de motricidade, além de alterações secundárias como episódios convulsivos, distúrbios de comportamento, comunicação, audição, visão, doenças do trato digestório e de outros sistemas2-3. A função deglutitória é responsável pelo transporte do alimento da cavidade oral para o estômago através de atividades voluntárias e reflexas da musculatura e dos nervos envolvidos, exercendo papel fundamental na proteção das vias aéreas4-5. Enquanto, a disfagia é entendida como comprometimento de qualquer componente da fase preparatória, oral ou faríngea da deglutição e está presente em 99% nos casos de crianças com PC2,6,7. OBJETIVO: Verificar a relação do desenvolvimento motor e cognitivo com alterações deglutitórias em crianças portadoras de PC de um a seis anos de idade, atendidas em uma clínica de reabilitação pediátrica de Santa Catarina. MÉTODO: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer número 3.138.919 e teve como população alvo crianças na faixa etária de um a seis anos de idade, que possuíam o diagnóstico médico de PC e encontravam-se em atendimento com fonoaudiólogo e fisioterapeuta. A amostra alcançada foi de sete pacientes, sendo cinco (71,5%) do gênero masculino e dois (28,5%) do gênero feminino com média de idade de 2 anos e 3 meses. Foram utilizados o Protocolo de Avaliação da Disfagia Infantil e a triagem Developmental Screening Test (Denver), sendo o primeiro aplicado para avaliar a deglutição e integridade dos aspectos miofuncionais e o segundo para verificar os aspectos motores e cognitivos. Além disso, foi realizada a avaliação do tônus muscular por meio de protocolo próprio para verificar o grau comprometimento motor, possibilitando a classificação da tipologia da PC. RESULTADOS: Dos pacientes avaliados, pode-se afirmar que houve maior prevalência da classificação topográfica quadriplégica com tônus muscular hipertenso e alterações miofuncionais presentes com associação de disfagia, apresentando assim menor possibilidade de alimentação por via oral. Observou-se que tanto os aspectos motores quanto cognitivos encontravam-se alterados, permitindo verificar que um maior comprometimento neurológico implica diretamente na função motora e cognitiva, que por sua vez acarreta prejuízos deglutitórios como a disfagia severa. CONCLUSÃO: Entende-se que qualquer afecção neurológica irá acarretar prejuízos no seu desempenho. Por essa razão, hipotetiza-se que o local e extensão da lesão neurológica estão diretamente relacionados ao comprometimento motor e cognitivo, os quais colaboram para instalação de disfagia. Desta forma, conclui-se que quanto maior o comprometimento neurológico, maior será o grau de disfagia.

1 Sampaio J, Campos MA, Afonso CA. A importância da alimentação em paralisia cerebral. Rev. Acta Port Nutr. 2015;1(3): 22-5.
2 Gomes AF. Associação da função motora grossa com disfagia, aspectos nutricionais e qualidade de vida de crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral. Santa Maria: Universidade Franciscana, 2018. Dissertação de Mestrado em Fonoaudiologia.
3 Caramico-Favero DCO, Guedes ZCF, Morais MB. Food intake, nutritional status and gastrointestinal symptoms in children with cerebral palsy. Rev. Arq Gastroenterol. 2019;55(4):352-7.
4 Pansarini AC, Sassi FC, Mangilli LD, Fortunato-Tavares T, Limongi SCO, Andrade CRF. Deglutição e consistências alimentares pastosas e sólidas: revisão crítica de literatura. Rev. Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(3):357-62.
5 Tubero AL. Disfagia o que é? Guia de informação e orientação dos distúrbios da deglutição. 1ª ed. São Paulo; 2014.
6 Brauer C. Manual de Disfagia: guia de deglutição para profissionais da saúde e famílias de pacientes disfágicos. 1ª ed. São Paulo: Pró Fono; 2001.
7 Hirata GC, Santos RS. Rehabilitation of oropharyngeal dysphagia in children with cerebral palsy: a systematic review of the speech therapy approach. Rev. Otorhinolaryngol. 2012;1(3):396-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
911
PARÂMETROS ACÚSTICOS DA VOZ COMO PREDITORES DA DEPRESSÃO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os transtornos depressivos de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) se caracterizam pela presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente toda a parte funcional indivíduo1.Por ser uma doença com grande prevalência mundial, torna-se de grande preocupação para a saúde pública, inclusive por sua complexa caracterização clínica2. A existência de medidas vocais sensíveis que identifiquem indivíduos com depressão pode auxiliar no diagnóstico médico e tratamento psicoterápico, pois se constitui em um método simples, rápido e sem elevados custos financeiros3. Objetivo: Analisar se parâmetros acústicos da voz são discriminantes e preditores vocais em pacientes com e sem depressão. Métodos: Este é um estudo observacional do tipo caso- controle e recebeu aprovação do comitê de ética em pesquisa com seres humanos da instituição de origem (nº2.763.644/18). Participaram 144 indivíduos, 54 pacientes com diagnóstico psiquiátrico de depressão, grupo caso (GCA) e 90 sem diagnóstico de depressão, grupo controle (GCO). Foram aplicados os instrumentos Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), Beck Depression Inventory (BDI) e a Escala de Sintomas Vocais (ESV). Coletou-se a vogal sustentada /e/ para a extração de medidas acústicas: média, moda e desvio padrão (DP), frequência fundamental (F0), jitter, shimmer, glottal to noise excitation (GNE), cesptral peak prominence-smoothed (CPPS) e declínio espectral a partir do software PRAAT (v.5.3.84) e VoxMetria. Na análise dos dados foram realizadas estatística descritiva e inferencial por meio do software R (v.3.4.1.). Nesta última, foi elencado o teste de associação Qui-Quadrado para avaliar a associação entre as variáveis e um modelo de Regressão Linear Múltipla para analisar quais parâmetros acústicos da voz poderiam ser preditores da depressão. Resultados: Houve diferença entre os parâmetros acústicos que discriminou o GCA e GCO. O GCA obteve médias maiores no jitter, shimmer e DP da F0 do que ao comparar com o GCO; porém o GCA apresentou valores menores no GNE, CPPS e o declínio espectral quando comparados ao GCO. Houve associação significativa entre o BDI e o jitter, shimmer, GNE e CPPS, assim como existiu associação entre CPPS e a classe dos antidepressivos utilizada. O modelo de regressão linear múltipla mostrou que jitter e CPPS foram as variáveis que influenciaram o desfecho depressão a partir do BDI. Isto é, viu-se que o jitter e shimmer são medidas preditoras da depressão e podem ser utilizadas como um recurso aliado no processo de avaliação desta condição clínica psiquiátrica. Assim, verificou-se que ciência vem avançando na contribuição de ferramentas mais objetivas para auxiliar na prática clínica de avaliação da depressão e que marcadores acústicos relacionados à voz, captados por meio de recursos computacionais, conseguem diferenciar pessoas com e sem esse transtorno de humor. Conclusão: Os parâmetros acústicos são capazes de discriminar pacientes com e sem depressão e estiveram associados ao estado clínico da depressão a partir do BDI, assim como o uso de psicotrópicos da classe dos antidepressivos com o CPPS. O jitter e CPPS são medidas acústicas que conseguem predizer o estado clínico da depressão a partir do BDI.

1. American Psychiatric Association. DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2014.
2. Gonçalves AMC, Teixeira MTB, Gama JRA, Lopes CS, Silva GA, Gamarra CJ, Duque KCD, Machado MLSM. Prevalence of depression and associated factors in women covered by Family Health Strategy. J Bras Psiquiatr. 2018; 67(2):101-9
3. Cummins N, Scherer S, Krajewski J, Schnieder S, Epps J, Quatieri TF, A review of depression and suicide risk assessment using speech analysis. Speech Comunication. 2015; 71:10-49.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1223
PARÂMETROS DE AQUISIÇÃO DO FREQUENCY FOLLOWING RESPONSE COM ESTÍMULO DE FALA EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O frequency following response (FFR) é uma avaliação eletrofisiológica capaz de mostrar o processamento do som no cérebro através da medida da sincronia neural evocada pelo estímulo de fala (1,2). É uma avaliação promissora em diferentes faixas etárias, incluindo crianças. Além da normatização do padrão das respostas é preciso entender os parâmetros de coleta para os exames, nesta faixa etária, para uma melhor adequação e seleção dos mesmos. Objetivo: Verificar os parâmetros utilizados para a aquisição do frequency following response em crianças até 24 meses de idade através de uma revisão sistemática. Método: Este trabalho seguiu as recomendações do PRISMA(3) e foi registrado no Open Science Framework. Foi realizada a busca, por dois revisores independentes, em seis bases de dados, LILACS, Livivo, psycINFO, PubMed, Scopus, Web of Science. Além de buscas na literatura cinzenta, Google Scholar, Open Grey, Proquest Dissertations and Theses, buscas manuais nas referências bibliográficas dos artigos incluídos e consulta a especialistas para indicar estudos adicionais. Não foi aplicada restrição da data de publicação e idioma. Foram incluídos estudos com crianças até 24 meses de idade e com estímulo de fala para a aquisição do FFR em pelo menos uma orelha. Resultados: Foram identificados um total de 459 estudos, sendo que 15 cumpriram os critérios de elegibilidade. Foram extraídos os dados sobre estímulo, taxa de apresentação, janela, número de varreduras, filtro online, orelha estimulada e condição do exame. Todos os estudos foram publicados na língua inglesa, entre os anos de 2010 e 2020. Os estudos incluídos são de coorte e transversais, realizados na China, EUA, Brasil, Espanha e Índia. 14 estudos avaliaram crianças de 0 a 12 meses, desses, 10 tiveram em suas amostras crianças recém nascidas, sendo a faixa etária mais representada nos estudos e um estudo avaliou crianças na faixa etária de 12 a 24 meses. No que diz respeito ao risco de viés sete foram classificados como baixo risco, sete como moderado risco e um como alto risco. Conclusão: Existe um consenso no uso de alguns parâmetros de aquisição do FFR com estímulo de fala, como a polaridade alternada, a taxa de amostragem de 20.000 Hz, o estímulo sílaba /da/ sintetizada e estímulo de 40 ms de duração. Apesar desses parâmetros terem um consenso os resultados mostram a falta de um protocolo único estabelecido para a aquisição de dados para a coleta do frequency following response com estímulo de fala em crianças na faixa etária investigada.

1. Johnson KL, Nicol TG, Kraus N. Brain stem response to speech: A biological marker of auditory processing. Ear Hear. 2005;26(5):424–34.
2. Krizman J, Kraus N. Analyzing the FFR: A tutorial for decoding the richness of auditory function. Hear Res [Internet]. 2019;382:107779. Available from: https://doi.org/10.1016/j.heares.2019.107779
3. Zorzela L, Loke YK, Ioannidis JP, Golder S, Santaguida P, Altman DG, et al. PRISMA harms checklist: Improving harms reporting in systematic reviews. BMJ. 2016;352.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
147
PARÂMETROS DE NORMALIDADE DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DA INFÂNCIA A SENESCÊNCIA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O uso das medidas antropométricas para avaliação miofuncional orofacial é um recurso que viabiliza o estabelecimento de um diagnóstico mais preciso, bem como contribui para a realização do planejamento terapêutico em motricidade orofacial. Objetivo: Compilar parâmetros de normalidade das medidas antropométricas da infância a senescência. Método: A revisão integrativa buscou trabalhos nas bases de dados BVSalud e repositórios de Universidades, com os seguintes cruzamentos: “medidas AND antropométricas AND facial”; “medidas AND facial”; medidas AND paquímetro AND facial”. Como critérios de inclusão, o trabalho deveria trazer medidas realizadas diretamente na face humano com um paquímetro, sendo excluídos trabalhos que faziam menção às medidas realizadas por meio de fotografias ou em programas tridimensionais. Foram analisadas as seguintes medidas: terço superior da face (tr-g), terço médio da face (g-sn) , terço inferior (sn-gn) e largura da face (zy-zy), Analisou-se as medidas separando por faixa etária: G01 - do nascimento aos 12 anos (infância), G02 - dos 13 aos 17 anos (adolescência), G03 - 18 aos 59 anos (adulto) e G04 - acima de 60 (senescência). Resultados: Foram encontrados 412 artigos e 67 teses, sendo incluídos, ao todo, 21 trabalhos. Em relação às medidas dos terços superior, médio, inferior e largura de face no G01 foram encontradas, respectivamente, as médias (em milímetros-mm) para o sexo feminino/masculino: 30,76/30,67; 26,38/27,63, 30,11/31,88 e 80,9/81/9, estudos apresentaram resultados para as crianças de 7 a 11 anos, feminino/masculino em relação aos terços faciais: 55,17/55,62; 51,44/51,44 e 57,72/59,64 e não apresentaram medidas para largura facial. No G02 não foram encontradas pesquisas que abordassem os resultados desassociados ao tipo facial. No G03, considerando o sexo feminino/masculino, obteve-se a média de: 58,73/59,56; 60,25/64,21, 59,12/66,01 e 127,51/138,02. Não foi encontrado literatura referente às medidas antropométricas para senescência. Conclusão: A partir desse estudo, concluiu-se que a literatura apresenta parâmetros diversificados em relação a normalidade sendo importante, para facilitar a rotina clínica do fonoaudiólogo, a reunião desses valores.


1. Junqueira Junior AA. Análise antropométrica facial de um grupo de adultos jovens brasileiros saudáveis por meio da técnica da estereofotogrametria: estudo piloto [Internet]. [Ribeirão Preto]: Universidade de São Paulo; 2014. Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/58/58133/tde-07022014-135551/
2. Souza PJS de. Uso da simulação por tecnologia no ensino da análise facial em fonoaudiologia [Internet]. [Bauru]: Universidade de São Paulo; 2017. Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25143/tde-16082017-190642/
3. Medeiros AMC, Santos KCF, Santi V do N, Santos FB, Sereno BR de S, Santana ARS de, et al. Medidas antropométricas orofaciais em recém-nascidos a termo. CoDAS [Internet]. 2019;31(6). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822019000600303&tlng=pt
4. Cattoni DM, Fernandes FDM. Medidas antropométricas orofaciais de crianças paulistanas e norte-americanas: estudo comparativo. Pró-Fono Rev Atualização Científica [Internet]. 2009 Mar;21(1):25–30. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-56872009000100005&lng=pt&tlng=pt

5. Berwig LC, Marquezan M, Trevisan ME, Chiodelli L, Rubim A de BP, Corrêa ECR, et al. Medidas antropométricas faciais de adultos segundo diagnóstico do modo respiratório e o sexo. Rev CEFAC [Internet]. 2015 Dec;17(6):1882–8. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000801882&lng=pt&tlng=pt


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1216
PARÂMETROS VOCAIS, PALPAÇÃO MUSCULAR E AUTOPERCEPÇÃO DE SINTOMAS VOCAIS, DOR E FADIGA VOCAL EM MULHERES COM DISFONIA POR TENSÃO MUSCULAR
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: a disfonia por tensão muscular (DTM) é caracterizada por tensão excessiva da musculatura extrínseca e intrínseca da laringe, que associada a diversos fatores etiológicos, causa um distúrbio vocal de origem funcional. O diagnóstico da DTM é baseado em história clínica, autorrelato do paciente e exame físico clínico do paciente por fonoaudiólogo e médico otorrinolaringologista (1,2). Apesar de a DTM ser amplamente discutida na clínica vocal, a relação causa-efeito entre tensão muscular extrínseca e distúrbios da voz ainda permanece um desafio e pesquisas futuras ainda são necessárias para maior esclarecimento sobre a comparação de diversos instrumentos avaliativos utilizados rotineiramente na clínica vocal, comparando com resultados de mulheres vocalmente saudáveis. Objetivo: identificar sinais e sintomas de disfonia, analisando e comparando parâmetros vocais, palpação da musculatura perilaríngea, autopercepção de sintomas vocais, fadiga vocal e dor muscular em mulheres com disfonia por tensão muscular (DTM) e em mulheres vocalmente saudáveis. Métodos: estudo transversal com 45 mulheres (23 com DTM e 22 controles), mediana de idade similar entre os grupos. A avaliação fonoaudiológica e otorrinolaringológica determinaram o diagnóstico de DTM. Todas as participantes responderam aos protocolos Escala de Sintomas Vocais (ESV) (3), Índice de Fadiga Vocal (IFV) (4) e Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) (5,6). Elas também foram avaliadas pelo exame de palpação da musculatura perilaríngea (2), avaliação perceptivo-auditiva (escala GRBAS) (7) e análise acústica da voz. A amostra de fala incluiu vogais “a”, “i” e “é” sustentadas e fala encadeada, gravada em ambiente silente, e submetida à avaliação perceptivo-auditiva por três juízes cegados com boa concordância intra-avaliador (pelo menos 82%) e interavaliador (coeficiente Kappa de 0,9389 para o parâmetro “G” da escala GRBAS). Na análise acústica, a frequência fundamental, jitter, shimmer, ruído glótico e tempos máximos de fonação foram extraídos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de origem (parecer número 2.661.198). A análise estatística foi feita pelo SPSS 18.0, utilizando-se os testes Qui-quadrado, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis com nível de significância de 5%. O teste Q de Cochran e o coeficiente Kappa foram utilizados para a análise da concordância dos juízes na avaliação perceptivo-auditiva da voz. Resultados: O grupo DTM apresentou piores resultados na ESV (p<0.001), na IFV (p<0.001) e no QNSO (p≤0.025), além de maior resistência à palpação e posição vertical de laringe alta. Os parâmetros perceptivo-auditivos e acústicos da voz também apresentaram maior desvio na DTM, com valores estatisticamente significantes, exceto para a frequência fundamental. Não houve relação entre sintomas vocais, fadiga ou dor com o grau geral da disfonia no grupo DTM, indicando sintomas importantes em desvios vocais leves ou moderados. Conclusão: mulheres com DTM apresentaram aumento de sintomas vocais, fadiga vocal, dor muscular, resistência à palpação e parâmetros vocais desviados quando comparadas às mulheres vocalmente saudáveis. O fonoaudiólogo deve decidir, por meio do uso de estratégias de raciocínio clínico, qual(is) o(s) protocolo(s) e recursos de avaliação mais indicados para o caso específico do paciente com disfonia por tensão muscular.

1. Verdolini K, Rosen CA, Branski RC. Classification Manual for Voice Disorders-I. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates; 2005. p. 3–26.
2. Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23:353–66.
3. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural adaptation, validation, and cutoff values of the Brazilian version of the Voice Symptom Scale-VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-68.
4. Zambon F, Moreti F, Nanjundeswaran C, Behlau M. Cross-cultural adaptation of the Brazilian version of the Vocal Fatigue Index – VFI. CoDAS. 2017;29(2):e20150261.
5. Pinheiro FA, Tróccoli BT, Carvalho CV. Validação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Rev Saúde Pública. 2002;36:307-12.
6. Silverio KCA, Siqueira LTD, Lauris JRO, Brasolotto AG. Dor musculoesquelética em mulheres disfônicas. CoDAS 2014;26(5):374-81.
7. Hirano M. Clinical examination of voice. New York: Springer Verlag, 1981.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
573
PARTICIPAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO PET-SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) visa educar pelo trabalho, impulsionar e qualificar a integração ensino-serviço-comunidade, envolvendo docentes, estudantes de graduação e profissionais de saúde para o desenvolvimento de atividades na rede pública de saúde, de maneira que as necessidades dos serviços sejam fonte de produção de conhecimento e pesquisa em temas e áreas estratégicas do Sistema Único de Saúde (SUS) ¹.
Segundo a Organização Mundial da Saúde² a educação interprofissional acontece quando duas ou mais profissões adquirem conhecimento sobre o outro, com outro, para então, melhora nos resultados em saúde e assim, efetiva colaboração entre si. Sendo essa, a principal proposta da nona edição do Pet-Saúde, nominado de Pet-Saúde Interprofissionalidade.
OBJETIVO: Relatar a vivência de uma acadêmica do curso de fonoaudiologia de uma universidade de Santa Catarina como bolsista do Pet-Saúde Interprofissionalidade.
MÉTODO: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo das experiências vividas, durante dezoito meses nos anos de 2019 e 2020, por uma acadêmica do 7º período de fonoaudiologia, que participava do PET-Saúde, como bolsista desenvolvendo suas atividades com carga horária de oito horas semanais.
RESULTADOS: O grupo do Pet-Saúde, em que a acadêmica estava inserida, tem como objetivo inserir os acadêmicos da área da saúde no dia a dia do SUS. As atividades elaboradas visam garantir o acesso dos acadêmicos da área da saúde em vivências no SUS, através de inserções organizadas pelos preceptores, que são profissionais da Atenção Primária a Saúde (APS) do munícipio da universidade em que o projeto aconteceu. Essas inserções aconteceram nas disciplinas de Saúde Coletiva que vão do primeiro ao quinto período dos cursos da Escola de Ciências da Saúde. Essas disciplinas são interprofissionais, isto é, são ministradas com acadêmicos dos onze cursos da área de saúde. Propiciando aos acadêmicos as mais variadas experiências, relacionadas ao SUS, como por exemplo, inserções para conhecer o território e seus determinantes sociais, vivências de algumas ferramentas da APS como acolhimento, genograma/ecomapa, aplicação de atividades de educação em saúde e etc. A ação do Pet-Saúde marca a trajetória acadêmica propiciando experiências únicas. A oportunidade de trabalhar em equipe, com diferentes áreas, garante uma formação interprofissional e assim, vivenciar práticas colaborativas com diferentes atores. As inserções são feitas em conjunto, nos cursos de Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia.
CONCLUSÃO: As ações desenvolvidas pelo Pet-Saúde pretendem oferecer um profissional de saúde mais qualificado e preparado com habilidades para identificar, atenuar, resolver as necessidades de saúde e, e principalmente, capaz de trabalhar em equipe de forma interprofissional desempenhando com maior eficácia e efetividade as competências específicas, comuns e colaborativas. Sendo assim, compreende-se que enquanto acadêmica de fonoaudiologia participar do Pet-Saúde Interprofissional estreita o conhecimento teórico e prático sobre saúde coletiva e trabalho interprofissional. Tornando assim, a acadêmica mais capacitada para trabalhar competências colaborativas sendo algumas: melhor comunicação entre os profissionais, identificação e reconhecimento dos papéis profissionais elevando o respeito entre as categorias profissionais, etc. Características imprescindíveis para trabalhar em equipe de forma interdisciplinar.

¹Farias-Santos B C S, Noro L R A. PET-Saúde como indutor da formação profissional para o Sistema Único de Saúde. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2017 Março [acesso em 05 de julho de 2020] ; 22( 3 ): 997-1004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232017002300997&lng=en.

²Organização Mundial da Saúde. Marco para ação em educação interprofissional e práticas colaborativas [Internet]. Genebra: OMS; 2010 [acesso 24 de junho de 2020]. Disponível em: http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=3019: marco-acao-educacao-interprofissional-pratica-colaborativa&Itemid=381.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
664
PARTICIPAÇÃO SOCIAL DE IDOSOS BRASILEIROS COM PERDA AUDITIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)



INTRODUÇÃO: Dentre os desafios que o envelhecimento populacional traz para a sociedade, na área da saúde salientam-se as doenças crônico-degenerativas, como a deficiência auditiva, que acomete cerca de 33% de indivíduos acima de 60 anos. Tal deficiência impacta negativamente a comunicação, cognição, aspectos sócio-emocionais e qualidade de vida (QV) dos indivíduos afetados(1). Um dos dispositivos, que tem eficiência no tratamento da maioria das deficiências auditivas neurossensoriais (DANS), é o aparelho de amplificação sonora individual (AASI) oferecido gratuitamente à população brasileira pelo sistema público de saúde. Ainda assim, a taxa de adoção do AASI no país é de apenas 5%(2), bem menor que a já modesta média mundial de 33%(2), em vista disso é determinante identificar as variáveis individuais e socioambientais que contribuem para esta estatística. Uma dessas variáveis que contribui para as altas taxas de abandono ou uso descontinuado do AASI relaciona-se ao desempenho aquém das expectativas do usuário idoso, sobretudo em ambientes ruidosos, o que faz com que muitos usuários não usem o aparelho conforme as recomendações e acabem por diminuir sua participação social(3). OBJETIVO: Analisar a participação social de idosos, com perda auditiva usuários e não usuários de AASI. MÉTODO: Esta pesquisa realizada em uma Clínica de Fonoaudiologia credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) localizada no sul no Brasil, foi aprovada pelo comitê de ética e pesquisa com o CAAE:90111318.4.0000.8040. Trata-se de uma pesquisa transversal, quanti-qualitativa, analítica. Para a coleta de dados foram aplicados três instrumentos nos dois grupos (Grupo 1 – 30 idosos com perda auditiva usuários de AASI e Grupo 2: 30 idosos com perda auditiva não usuários de AASI). O primeiro era um questionário sócio demográfico, e o segundo e o terceiro eram instrumentos certificados internacionalmente que visam a análise da participação social: são eles: Hearing Handicap Inventory for the Elderly – Screening (HHIE-S) e The Assessment of Life Habits (LIFE H 3.1). RESULTADOS: Os resultados parciais demonstram que, inicialmente, não houve diferenças significativas entre os dois grupos no que se refere a participação social quando utilizado o instrumento LIFE H 3.1. Com relação ao HHIE-S não houve relação e/ou associação estatisticamente significante entre a restrição de participação em atividades de vida diária e grau de perda, ou seja, a pontuação obtida na aplicação do questionário está acima da média sendo maior em quase (10%) no grupo que utiliza aparelho auditivo. CONCLUSÃO: O uso do AASI deveria melhorar a participação de idosos com perda auditiva, porém até o presente momento, não encontrou-se diferenças significativas entre os idosos que usam AASI e os que não usam. Espera-se a partir da análise futura dos dados desta pesquisa em andamento (2019-2022), perceber se existem diferenças e similaridades na participação social da população idosa com perda auditiva usuária e não usuária de AASI, a partir disso pretende-se compreender os determinantes do uso ou não uso deste dispositivo para que se possa propor ações mais efetivas com os usuários que causem um impacto na sua qualidade de vida e participação social.

1-WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Deafness and hearing loss Fact sheet N°300 Updated February 2014. Available from: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs300/en/

2-IDATA RESEARCH. Brazil Market for Hearing Devices and Batteries 2015 (Forecasted to 2021) – MedSuite. Disponível em: https://idataresearch.com/product/brazil-market-for-hearing-devices-and- batteries-2015-forecasted-to-2021-medsuite/.

3-ABRAMS HB, KIHM J. An Introduction to MarkeTrak IX: A New Baseline for the Hearing Aid Market. Hearing Review. v.22, n.6, 16, 2015.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1490
PENETRAÇÃO LARÍNGEA E ASPIRAÇÃO LARINGOTRAQUEAL NO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO DE HEMISFÉRIO DIREITO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma disfunção neurológica aguda, de origem vascular, sendo a segunda principal causa de morte e a terceira principal causa de incapacidade em âmbito mundial1. A disfagia orofaríngea é um sintoma caracterizado pela alteração na biomecânica da deglutição2 e frequente em indivíduos pós-AVE. Sabe-se que a videoendoscopia da deglutição (VED) é um dos exames objetivos que avalia os parâmetros da fase faríngea da deglutição3,4 e que indivíduos com lesão neurológica no hemisfério direito apresentam acometimento nesta fase5. Objetivo: Este estudo teve por objetivo comparar a ocorrência de penetração laríngea e aspiração laringotraqueal em indivíduos pós-AVE com lesão de hemisfério direito, em diferentes consistências alimentares e tempo de lesão. Método: Estudo clínico, descritivo e retrospectivo, parte de um projeto de pesquisa de autores dessa instituição (CEP n º 0177/2009). Realizada análise dos exames de VED de indivíduos com diagnóstico de AVE com lesão de hemisfério direito confirmado por exame neurológico e por imagem (tomografia computadorizada ou ressonância magnética) e que realizaram o processo diagnóstico para disfagia em um centro de referência no período de 2015 a 2019. Foram incluídos 18 exames de VED de indivíduos pós-AVE, sendo 8 referentes a AVE com tempo de lesão entre 1 a 6 meses (Grupo I = GI) e 10 indivíduos com lesão após 6 meses (Grupo II = GII). Para esse estudo analisou-se a presença de penetração laríngea e aspiração laringotraqueal (PAL) por juiz experiente em VED e foram analisadas as consistências de alimentos padronizadas em pastoso (volumes de 5ml e 10 ml) e líquido ralo (volumes de 5ml e 10 ml) equiparadas a normatização e terminologia pelos níveis 2 e 0, respectivamente, baseando-se no International Dysphagia Diet Stardartization Initiative (IDDSI)6,7. Resultados: Verificou-se que 2 (25%) dos indivíduos do GI apresentaram PAL para o nível 2 (consistência pastosa) no volume de 5ml e no GII também 2 (20%) dos indivíduos apresentaram PAL para nível 2 (consistência pastosa), porém com a oferta dos volumes de 5ml e 10ml. Quanto ao nível 0 (consistência líquida rala), apenas 1 (12,5%) dos indivíduos do GI apresentaram PAL e 2 (20%) dos indivíduos do GII apresentaram PAL para o volume de 5 ml. Conclusão: A frequência de PAL foi baixa para ambas as consistências de alimento e independente dos tempos de lesão, sendo que os indivíduos com menos tempo de lesão apresentaram PAL com volumes menores de alimento quando comparados aos indivíduos com mais tempo de lesão neurológica.

1. World Health Organization (WHO). Global Health Estimates. Geneva. 2012. Disponível em: . Acesso em: 04 abril 2020.
2. Kumaresan A, Alagesan J, Vijayaraghavan R, Arunachalam R, Abraham M, Geetha M. Determinants of dysphagia following stroke. Ethiopian Journal of Health Development. 2019; 33: 1-6.
3. El Solh A, Okada M, Bhat A, Pietrantoni C. Swallowing disorders post orotracheal intubation in the elderly. Intensive Care Med. 2003; 29: 1451-45.
4. Flaksman H, Ron Y, Ben-David N, et al. Modified endoscopic swallowing test for improved diagnosis and prevention of aspiration. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2006; 263: 637-40.
5. Jang S, Yang HE, Yang HS, Kim DH. Lesion characteristics of chronic dysphagia in patients with supratentorial stroke. Ann Rehabil Med. 2017;41:225–30.
6. Cichero JAY, Steele CM, Duivestein J, Clave P, Chen J, Kayashita J et al. The need for international terminology and definitions for texture modified foods and thickened liquids used in dysphagia management: foundations of a global initiative. Curr Phys Med Rehabil Rep. 2013;1:280–91.
7. Cichero JA, Lam P, Steele CM, Hanson B, Chen J, Dantas RO, et al. Development of International Terminology and Definitions for Texture-Modified Foods and Thickened Fluids Used in Dysphagia Management: The IDDSI Framework. Dysphagia 2017; 32(2):293-314.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1972
PERCEPÇÃO AUDITIVA DA VOZ NA IDENTIFICAÇÃO DO GÊNERO DE PESSOAS TRANS E SUA RELAÇÃO DADOS VOCAIS E HORMONAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A transexualidade é a discrepância entre a identidade de gênero e o sexo atribuído ao seu nascimento 1. O processo de (trans)formação da voz é uma das características importantes para a construção de identidade 2,3. Muito estudos consideram que a adequação da F0 é suficiente para a identificação correta de gênero pela voz 3–5. Porém, há muitas características vocais que contribuem para a identificação auditiva do gênero 3,6,7. OBJETIVO: Analisar a percepção auditiva da voz na identificação do gênero de pessoas trans, e associar essa percepção às características da frequência fundamental da voz e de dosagens séricas hormonais de testosterona dos homens trans. MÉTODOS: Estudo transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer nº 3.060.994). Participaram 119 indivíduos: 58 transgêneros (27 mulheres transgêneros e 31 homens transgêneros) e 61 cisgêneros (31 do sexo feminino e 30 do sexo masculino). A gravação vocal de todos os dados que compõem o banco foi realizada de forma padronizada. Foram realizadas gravações de vogal sustentada, fala espontânea e fala encadeada. Foi realizada análise acústica da voz e extração da F0 (vogal é). Os valores da F0 foram classificados como dentro ou fora da faixa de normalidade para o gênero 8. Foram coletados valores de testosterona dos homens trans, que também foram classificados como dentro ou fora da normalidade para o gênero 9. As amostras de voz de fala encadeada e espontânea passaram por análise da percepção auditiva por 20 juízes que identificaram a voz como sendo de um homem ou de uma mulher. As respostas dos juízes foram classificadas em correta (gênero identificado pelo juiz correspondia ao gênero identificado pelo sujeito) ou incorreta (gênero identificado pelo juiz não correspondia ao gênero identificado pelo sujeito). RESULTADOS: Homens e mulheres trans tiveram maior ocorrência de identificações de gênero incorreta pelos juízes, quando comparados aos homens e mulheres cis (p<0,001 em todos os cruzamentos), tanto nas amostras encadeadas quanto espontâneas. Quando a F0 do(a) participante esteve dentro da faixa de normalidade, houve associação da identificação auditiva correta no grupo de mulheres cis (p=0,007 emissão encadeada; p=0,009 emissão espontânea) e homens cis (p=0,025; p=0,025, respectivamente). Quando a F0 esteve fora da faixa de normalidade, na amostra de contagem e fala espontânea, foi observada associação entre identificação auditiva incorreta no grupo de mulheres trans (p=0,002; p=0,003, respectivamente) e homens trans (p<0,001; p=0,001, respectivamente), e identificação auditiva correta e o grupo de mulheres cis (p=0,002; p=0,003, respectivamente) e homens cis (p<0,001; p=0,001, respectivamente). Não houve associação entre a classificação do nível de dosagem sérica de testosterona e a identificação gênero pelos juízes. CONCLUSÃO: Homens e mulheres transgêneros são comumente identificados como sujeitos do gênero oposto ao que se caracterizam. A F0 não é determinante para a identificação da voz como feminina ou masculina nesse grupo. Resultados dos valores de testosterona também não determinam a identificação correta do gênero na avaliação perceptivo-auditiva de homens trans.

1. Nygren U, Nordenskjöld A, Arver S, Södersten M. Effects on Voice Fundamental Frequency and Satisfaction with Voice in Trans Men during Testosterone Treatment—A Longitudinal Study. J Voice. 2016;30(6):766.e23-766.e34. doi:10.1016/j.jvoice.2015.10.016
2. Hancock AB, Krissinger J, Owen K. Voice Perceptions and Quality of Life of Transgender People. J Voice. 2011;25(5):553-558. doi:10.1016/j.jvoice.2010.07.013
3. Hancock A, Colton L, Douglas F. Intonation and Gender Perception: Applications for Transgender Speakers. J Voice. 2014;28(2):203-209. doi:10.1016/j.jvoice.2013.08.009
4. Davies S, Papp VG, Antoni C. Voice and Communication Change for Gender Nonconforming Individuals: Giving Voice to the Person Inside. Int J Transgenderism. 2015;16(3):117-159. doi:10.1080/15532739.2015.1075931
5. Meister J, Hagen R, Shehata-Dieler W, Kühn H, Kraus F, Kleinsasser N. Pitch Elevation in Male-to-female Transgender Persons—the Würzburg Approach. J Voice. 2017;31(2):244.e7-244.e15. doi:10.1016/j.jvoice.2016.07.018
6. Wolfe VI, Ratusnik DL, Smith FH, Northrop G. Intonation and Fundamental Frequency in Male-to-Female Transsexuals. J Speech Hear Disord. 1990;55(1):43-50. doi:10.1044/jshd.5501.43
7. Gelfer MP, Schofield KJ. Comparison of acoustic and perceptual measures of voice in male-to-female transsexuals perceived as female versus those perceived as male. J Voice. 2000;14(1):22-33. doi:10.1016/S0892-1997(00)80092-2
9. Brambilla DJ, Matsumoto AM, Araujo AB, McKinlay JB. The Effect of Diurnal Variation on Clinical Measurement of Serum Testosterone and Other Sex Hormone Levels in Men. J Clin Endocrinol Metab. 2009;94(3):907-913. doi:10.1210/jc.2008-1902



TRABALHOS CIENTÍFICOS
268
PERCEPÇÃO AUDITIVA DE RUGOSIDADE E SOPROSIDADE POR MULHERES DISFÔNICAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: No estudo da relação entre a produção e a percepção da voz, um dos desafios é compreender quais os parâmetros acústico-auditivos da qualidade vocal são passíveis e salientes para serem monitorados no controle auditivo-motor da voz1,2,3. Compreender como os indivíduos disfônicos percebem e/ou monitoram o desvio da qualidade vocal é importante para verificar a importância da inclusão de treinamento auditivo no processo de reabilitação vocal. Objetivo: Investigar a percepção auditiva de mulheres disfônicas quanto aos parâmetros de rugosidade e soprosidade na qualidade vocal. Métodos: Este estudo recebeu aprovação do comitê de ética em pesquisa (nº 29404219.0.0000.5188). Participaram 22 mulheres disfônicas, as quais, para cumprimento dos critérios de elegibilidade, preencheram a ficha de triagem vocal, responderam o questionário “Escala de Sintomas Vocais”, realizaram gravação da voz durante emissão da vogal “é” sustentada, cujo grau de desvio foi examinado por meio da avaliação perceptivo-auditiva e acústica; além disso, submeteram-se ao exame de audiometria, para determinar seus limiares auditivos. Para os testes de percepção, foram realizadas cinco tarefas: 1) apresentação de 32 estímulos isoladamente, de forma aleatória, sendo oito vozes saudáveis e 24 desviadas (em graus leve, moderado e intenso), para serem classificadas em voz normal ou desviada; 2) as participantes ouviram vozes soprosas e saudáveis, devendo discriminar a presença ou ausência de soprosidade; 3) o mesmo procedimento indicado no item anterior foi aplicado às vozes rugosas; 4) apresentação de 12 vozes soprosas, em 6 pares com graus de desvio adjacentes (saudável-leve, leve-moderado, moderado-intenso), repetidas aleatoriamente por três vezes cada par, utilizando-se script do PRAAT, solicitando-se que as participantes discriminassem qual das duas vozes do par apresentado era mais soprosa; 5) o mesmo procedimento indicado no item anterior foi aplicado às vozes rugosas. Resultados: Houve diferença significante na proporção do número de erros e acertos (p<0,05) com relação à presença do desvio vocal (rugosidade e soprosidade), sendo a maioria das vozes desviadas (57,38%) identificadas como normais. Houve diferença significante na proporção do número de erros e acertos com relação aos graus de rugosidade, sendo a maioria (72,22%) das vozes rugosas com grau leve identificadas como normais. Houve diferença significante na proporção do número de erros e acertos no tocante aos graus de soprosidade, sendo grande parte das vozes soprosas com grau leve (44,94%) e moderado (50,50%) identificadas como normais. Conclusões: A maioria das vozes desviadas (rugosas e soprosas) são identificadas como normais por mulheres disfônicas. Apenas as vozes com maior grau de desvio são identificadas corretamente como desviadas. As mulheres disfônicas demonstram menor habilidade na percepção da rugosidade em grau leve. E menor capacidade de percepção da soprosidade nos graus leve e moderado.

PERKELL, J. S. Movement goals and feedback and feedforward control mechanisms in speech production. Journal of Neurolinguistics, 2012, 25(5), p. 382–407.

GUENTHER, F. H., & VLADUSICH, T. A neural theory of speech acquisition and production. Journal of Neurolinguistics, 25(5), 2012, p. 408–422

STEPP, C. E., LESTER-SMITH, R. A., ABUR, D., DALIRI, A., PIETER NOORDZIJ, J., & LUPIANI, A. A. Evidence for Auditory-Motor Impairment in Individuals With Hyperfunctional Voice Disorders. Journal of Speech Language and Hearing Research, 60(6), 2017, p. 1545.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
438
PERCEPÇÃO AUDITIVA E DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM ORAL APÓS CIRURGIA DE IMPLANTE AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Nos casos de perda auditiva de grau profundo em que não há a indicação do uso do implante coclear, pode-se analisar a indicação do Implante de Tronco Encefálico (Auditory Brainstem Implant – ABI). O ABI foi desenvolvido para restaurar alguma audição favorável em pacientes diagnosticados com neurofibromatose tipo 2 (NF-2), com ossificação coclear após meningite e crianças com ausência ou má formação de cóclea e/ou nervo auditivo1-2. O dispositivo chegou ao Brasil em 20053. Objetivo: Verificar os resultados relacionados à percepção auditiva da fala e desenvolvimento de linguagem oral de usuários de ABI. Métodos: Realizou-se uma revisão integrativa de literatura. A busca foi realizada nas bases de dados BVSalud, PubMed, SciELO e Google Acadêmico, utilizando-se os descritores em português e em inglês: implante auditivo de tronco encefálico (auditory brainstem implantation), linguagem (language), audição (hearing) e percepção auditiva (auditory perception). Foram incluídos estudos dos últimos cinco anos realizados com usuários de ABI e excluídos estudos de revisão de literatura. Resultados: No total, foram encontrados 8780 estudos. Destes, foram selecionados 64 estudos pelo título. Após leitura dos resumos, realizou-se leitura na íntegra de 35 estudos e, por fim, 28 estudos atenderam aos critérios pré-estabelecidos e foram incluídos nesta revisão. A maior parte dos estudos incluídos foi publicada em 2019. Dos 28 estudos, 21 foram realizados somente com crianças, seis com crianças e adultos e um somente com adultos. Com relação às crianças, os resultados demonstraram que a maioria torna-se capaz de perceber alguns sons ambientais, algumas tornam-se capazes de reconhecer vocábulos, porém poucas atingem o reconhecimento de frases. Além disso, há uma evolução lenta quanto ao desenvolvimento das habilidades auditivas, com quase nenhuma evolução no primeiro ano, diferente da evolução que ocorre quando utiliza-se o implante coclear. Um dos estudos concluiu que o desempenho de crianças com ABI sem outras comorbidades pode ser equiparado ao de uma criança usuária de implante coclear que apresente outras comorbidades além da deficiência auditiva. Os resultados são parecidos em indivíduos adultos, sendo que a minoria consegue alcançar reconhecimento de vocábulos em conjunto aberto. Um estudo concluiu que 1/3 dos adultos pode vir a deixar de utilizar o ABI. Um outro estudo relatou que os usuários não eram capazes de discriminar vozes diferentes, não evoluindo a habilidade de discriminação auditiva. Quanto à linguagem oral, observa-se pouco ou nenhuma evolução, com somente vocalizações ou palavras isoladas. Todos os autores foram unânimes em indicar a utilização de linguagem de sinais e/ou algum tipo de comunicação visual para os usuários de ABI. Conclusão: O ABI pode ser uma opção de tratamento para indivíduos que não podem receber o implante coclear por algum motivo. No entanto, os resultados de percepção auditiva são lentos, sendo que a maior parte dos usuários desse dispositivo não avança para o reconhecimento auditivo em conjunto aberto. Além disso, é recomendado que usuários de ABI façam uso de algum método visual para se comunicarem, já que não há o prognóstico de desenvolvimento de linguagem oral.

1. Silva BCS, Moret ALM, Silva LTN, Costa OA, Alvarenga KF, Comerlatto MPS. Glendonald Auditory Screening Procedure (GASP): marcadores clínicos de desenvolvimento e compreensão auditiva em crianças usuárias de Implante coclear. CoDAS. 2019; 31(4).
2. Bento RF, Neto RVB, Tsuji RK, Gomes MQT, Goffi-Gomwz MVS. Implante auditivo de tronco cerebral: técnica cirúrgica e resultados auditivos precoces em pacientes com neurofibromatose tipo 2. Rev Bras Oorrinolaring. 2008; 74(5):647-51.
3. . Marlebi AS. Implante auditivo de tronco encefálico em pacientes com perda auditiva neurossensorial profunda por meningite e ossificação coclear total bilateral. Tese(doutorado)-Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1806
PERCEPÇÃO AUDITIVA E VISUAL: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)



INTRODUÇÃO: O processamento auditivo central corresponde a uma série de mecanismos e processos que sucedem no tempo, permitindo ao indivíduo a realização da análise acústica e metacognitiva dos sons, tais como: localização e lateralização, discriminação auditiva, reconhecimento de padrões auditivos, aspectos temporais da audição que incluem: resolução, mascaramento, integração e ordenação temporal, desempenho auditivo com sinais acústicos competitivos e degradados1. A percepção da alteração do som dentro de um determinado período de tempo, refere-se à habilidade de perceber ou diferenciar estímulos auditivos, sendo definido como processamento auditivo temporal2. Nessa habilidade, está envolvida a competência para processar aspectos sensoriais, visuais e sonoros e que variam com o tempo, compreendendo os processos de discriminação, coordenação e integração2. A noção de tempo bem como todas as outras informações sobre coisas, lugares e eventos que nos cercam, são adquiridas e processadas através de uma habilidade básica que é a percepção , ou seja, um processo de aquisição de informações e conhecimentos que podem acontecer de forma auditiva, visual e sensório-motora3. Já o processamento temporal da informação visual depende da percepção de movimento e contraste3. O sistema magnocelular dorsal media o sequenciamento temporal ao registrar a amplitude e a ordem das mudanças de atenção do movimento dos olhos, estabelecendo o tempo de cada fixação ocular, além do direcionamento dos movimentos sacádicos1. A avaliação e estimulação sensorial das vias auditivas e visuais vem sendo alvo de vários estudos na comunidade cientifica OBJETIVO: Verificar o referencial teórico da relação entre percepção auditiva e visual. MÉTODO: Estudo com base em revisão da literatura. As buscas foram realizadas nas bases de dados SciELO, LILACS, PubMed, para os anos de 2007 a 2020, português e inglês, com os seguintes descritores: percepção visual AND percepção auditiva, perception visual AND perception auditory. RESULTADOS: Através da busca foi possível localizar 458 artigos e pelos critérios de inclusão foram selecionados 3 artigos para a revisão da literatura. Observou-se que tanto o sequenciamento auditivo quanto visual dependem do sistema transiente que é mediado pelos neurônios do sistema magnocelular. Esse sequenciamento bem sucedido depende da acurácia de tempo das vias auditivas e visuais que se integram no tálamo. Desempenhando, portanto, um papel vital no controle da atenção visual para a leitura, contribuindo para o rápido e preciso reconhecimento da letra em cada sequenciamento dentro da palavra. CONCLUSÃO: Ressalta-se, a estreita relação entre percepção auditiva e visual, assim como a importância dessa integração para a sua proficiência. Portanto, diante dos estudos é possível identificar a associação entre as vias auditivas e visuais visando utilizar de maneira mais eficaz ambas as vias como meio de acesso à informação e aprendizagem, seja para alfabetização, orientação e mobilidade, entre outras áreas específicas do trabalho multidisciplinar.

Descritores: Percepção auditiva. Percepção visual. Audição.

1 Fiore Adriana dos Santos. A relação do processamento visual e processamento temporal em crianças com dificuldade de leitura e escrita. 2019. 62 f. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia, Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019.

2 Garcia Ana Carla Oliveira, Vilhena Douglas de Araújo, Guimarães Márcia Reis, Pinheiro Ângela Maria Vieira, Momensohn-Santos Teresa Maria. Associação entre processamento temporal auditivo e visual na habilidade de leitura. Rev. CEFAC [Internet]. 2019 [cited 2020 July 06] ; 21( 5 ): e6119

3 Pina Vera Márcia Gonçalves da Silva. Processamento temporal: sua importância para aprendizagem da leitura. Constr. Psicopedag, São Paulo, v.20, n. 20, p.20-34, 2012


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1979
PERCEPÇÃO DA ANSIEDADE NA FALA E AVALIAÇÃO PROSÓDICA POR FONOAUDIÓLOGOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A produção da voz é um processo complexo que envolve o controle de vários mecanismos reguladores, que irão organizar, planejar e executar, de forma coordenada, os movimentos dos músculos envolvidos nesse ato ¹. A voz comunica a identidade e as emoções de uma pessoa, desde a infância e durante toda vida, o som de nossas vocalizações expressa nossas emoções². Objetivo: Avaliar a percepção da ansiedade na fala e medidas prosódicas por profissionais fonoaudiólogos. Métodos: Pesquisa aprovada em Comitê de Ética e Pesquisa com número 2.763.644/18. A amostragem do estudo foi composta por 14 fonoaudiólogos de diversas áreas de atuação, com média de idade de 30,77 (±9,94) anos. O encargo dos juízes foi analisar 15 áudios de voluntários, com tarefa de fala espontânea. Os áudios foram padronizados em relação ao tempo em 10 segundos. Foi desenvolvido um protocolo com os dados sociodemográficos, a percepção de ansiedade na voz e avaliação prosódica, que continha os aspectos relacionados ao pitch, loudness, velocidade de fala, modulação de frequência, pausa silenciosa durante a fala, incoordenação pneumofonocoarticulatória e fluência. Para classificação dos voluntários da tarefa de fala em Alta e Baixa Ansiedade foi utilizado o escore da escala Traço do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)³. Para a análise dos dados foi realizada estatística descritiva com frequências e porcentagens para analisar a taxa de acertos dos juízes, ou seja, quando o juiz julgou que havia ansiedade na fala e o voluntário apresentou alta ansiedade no IDATE Traço. Utilizou-se o teste de Alfa Cronbach, para analisar a confiabilidade dos juízes e o Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) para verificar a concordância entre os juízes, utilizando nível de significância de 0,05. Resultados: Nota-se que maior parte dos juízes eram do sexo feminino (78,6%), com especialização (36,7%), sendo a grande maioria com especializados em áreas divergentes da voz (35,7). A fidedignidade na percepção da ansiedade na tarefa de fala foi considerada como substancial para fonoaudiólogos (0,70). A taxa de acertos sobre o comparecimento de ansiedade na fala dos juízes fonoaudiólogos foi de 52,1%, isso significa que é possível identificar características de ansiedade durante a fala de um indivíduo, mesmo sem experiência em análise científica da fala. Os maiores índices de concordância entre os fonoaudiólogos foram dos aspectos de pitch (0,80; p-valor= 0,05) e loudness (0,63; p-valor= 0,00). Portanto, é notória a percepção da ansiedade pelos juízes, a partir da amostra de voz e fala. Conclusão: Verificou-se a possível percepção da ansiedade em tarefa de fala espontânea por profissionais fonoaudiólogos, e os seguintes parâmetros prosódicos de pitch e loudness são os que apresentam melhor concordância para o grupo de juízes.

1. Martinez CC, et al. Quality of life and anxiety related to voice disorders: Systematic review. Estudos de Psicologia ,2015, v. 32, n.3,p.511-518.
2. Souza OC, Hanayama, EM. Fatores psicológicos associados a disfonia funcional e a nódulos vocais em adultos. Revista CEFAC 2005, v. 7, n. 3, p. 388-397.
3. Biaggio AMB, Natalício L, Spielberger CD. Desenvolvimento da forma experimental em português do inventário de ansiedade traço-estado (IDATE) de Spielberger. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada 1977, v. 29, p. 31-44.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1866
PERCEPÇÃO DA ANSIEDADE NA FALA PELA POPULAÇÃO LEIGA NA ÁREA DE FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A prosódia refere-se às características suprassegmentares da fala, sendo caracterizada por modulações das pistas acústicas, como frequência, intensidade, ritmo, entre outras¹. Indivíduos com ansiedade podem apresentar alterações na produção vocal e fala, dentre elas, mudança no pitch, articulação, velocidade da fala e incoordenação pneumofonoarticulatória²,³. Assim, é possível observar que indivíduos ansiosos podem apresentar alterações prosódicas. Objetivo: Avaliar a percepção da ansiedade por meio da fala pela população leiga. Métodos: Pesquisa observacional transversal, aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa com número 2.763.644/18. Participaram do estudo 51 voluntários com idade média de 25,94 (±9,37) anos, caracterizados como população leiga, pois não têm formação na área de Fonoaudiologia. Os juízes avaliaram 15 áudios de voluntários, com duração de 10 segundos de fala espontânea. Os voluntários que gravaram o áudio foram classificados em alta e baixa ansiedade por meio do escore da escala Traço do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)⁴. Foi desenvolvido um instrumento para avaliação da prosódia, que abordava os dados sociodemográficos, a percepção de ansiedade na voz e os aspectos prosódicos, como o tom da voz (relativo ao pitch), volume (loudness), abertura da boca (articulação), velocidade de fala, variação do tom (modulação da frequência), pausa durante a fala, desequilíbrio entre respiração e fala (incoordenação pneumofonocoarticulatória) e gagueira (fluência). O instrumento foi criado com intuito que a população leiga conseguisse avaliar aspectos prosódicos. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva com frequências e porcentagens, no qual foi descrito a taxa de acertos dos juízes, ou seja, quando o voluntário apresentou alta ansiedade no IDATE Traço e o juiz julgou que este apresentava ansiedade na fala. Utilizou-se o teste de Alfa Cronbach e o Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) para analisar a confiabilidade e a concordância dos juízes, respectivamente, utilizando nível de significância de 5%. Resultados: A maioria dos juízes leigos era do sexo feminino (74,5%) e com ensino superior incompleto (52,9%). A taxa de acerto dos juízes leigos sobre a presença da ansiedade na fala dos voluntários foi de 54,4%. Isso significa que a maioria dos juízes identificou características de ansiedade durante a fala de um indivíduo, ou seja, o juiz avaliou de forma correta quando o voluntário tinha alta ou baixa ansiedade, mesmo sem experiência em análise científica da fala. Houve confiabilidade forte (0,74) entre os juízes sobre a percepção da ansiedade na fala, ou seja, mesmo os indivíduos que não possuíam formação em Fonoaudiologia, conseguiram perceber a presença de ansiedade na fala. Houve concordância significante entre os juízes em todos os aspectos prosódicos avaliados, sendo o parâmetro volume da voz o de maior índice (0,86; p-valor<0,001), seguido de frequência (0,85; p-valor<0,001). Assim a ansiedade pode ser percebida na fala, principalmente após a análise do pitch e da loudness. Conclusão: Observou-se que juízes leigos na área de Fonoaudiologia podem perceber a ansiedade após a escuta de uma tarefa de fala espontânea. Observa-se que os leigos apresentam concordância em todos parâmetros prosódicos, sendo as medidas relacionadas à frequência e intensidade as que apresentam melhores concordâncias.

1 Banse R, Scherer KR. Acoustic profiles in vocal emotion expression. Journal of personality and social psychology 1996, v. 70, n. 3, p. 614.
2 Almeida AAF, Behlau M, Leite JR. Correlação entre ansiedade e performance comunicativa. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 2011, v. 16, n.4, p.384-386.
3 Souza OC, Hanayama, EM. Fatores psicológicos associados a disfonia funcional e a nódulos vocais em adultos. Revista CEFAC 2005, v. 7, n. 3, p. 388-397.
4 Biaggio AMB, Natalício L, Spielberger CD. Desenvolvimento da forma experimental em português do inventário de ansiedade traço-estado (IDATE) de Spielberger. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada 1977, v. 29, p. 31-44.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1616
PERCEPÇÃO DA DIRETORIA EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE FONOAUDIOLOGIA (DENEFONO) SOBRE OS IMPACTOS DA CONJUNTURA POLÍTICA BRASILEIRA (2016-2019) NO SUS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: o movimento social se constitui como forma de sensibilizar a sociedade sobre as opressões, sendo um espaço de construção de saberes¹. Um dos maiores envolvidos nos movimentos sociais são os estudantes, tornando o movimento estudantil um dos sujeitos sociopolíticos que sustentam bandeiras pela garantia dos direitos sociais da população, como o direito à saúde. Por isso, compreender os diferentes contextos de mobilização, torna-se fundamental para identificar a sustentabilidade política que esses atores proporcionam às diferentes pautas sociais do país². Objetivo: analisar a percepção da (DENEFONO) sobre os impactos da conjuntura política brasileira (2016-2019) no SUS. Método: estudo qualitativo, tipo estudo de caso, cujo cenário é a entidade representativa sem fins lucrativos DENEFONO. A coleta de dados ocorreu nos dias 24 a 28 de julho de 2019, durante o Encontro Nacional Estudantes de Fonoaudiologia (ENEFON), em Recife/PE, na Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Participaram da pesquisa 5 estudantes de graduação do curso de fonoaudiologia, membros da DENEFONO gestão 2018/2019. Os dados foram produzidos através da realização da técnica do grupo focal³ e analisados utilizando o método de Análise de Conteúdo4. CEP de registro 3.361.271. Resultado: Quatro categorias de análise foram identificadas: 1. O papel da entidade que representa o estudante de fonoaudiologia no Brasil, que é de representar os estudantes em nível nacional, denunciar ameaças nacionais contra a educação e saúde, sensibilizar os acadêmicos quanto aos direitos, deveres e firmar parcerias com os Centros Acadêmicos (C.A.) e Diretórios Acadêmicos (D.A.); 2. Compreensão dos membros da DENEFONO sobre a conjuntura política do país no período 2016 a 2019, no qual referem o golpe sofrido pela presidenta Dilma Rousseff no ano de 2016, a conjuntura do Governo Temer, e aprovação da Emenda Constitucional 95 (EC 95), que entendendo que estes fatos foram consequência da crise política e econômica que se arrastava desde os protestos de junho de 2013; 3. Posicionamento político da DENEFONO no período 2016-2019, tendo os estudantes contextualizado que a DENEFONO retomou suas atividades no ano de 2015 após um período sem funcionamento e gestão e, desde então, o papel da entidade tem sido de mobilizar os estudantes, mostrando a importância do movimento estudantil, enquanto estudantes e futuros profissionais. Entretanto, os sujeitos da pesquisa não deixam claro quais os posicionamentos da entidade durante o período de 2016 a 2019, 4.Impactos da conjuntura política 2016-2019 para a Fonoaudiologia e o SUS, onde os participantes da pesquisa afirmam que a consequência das questões macro políticas para o sistema público de saúde é o sucateamento do SUS e o descaso com os profissionais de saúde, além de provocar uma dificuldade de inserção do fonoaudiólogo no Sistema Único de Saúde (SUS) e consequente cobertura limitada do acesso aos serviços desta área. Conclusão: Este estudo evidencia que os sujeitos participantes da DENEFONO expressam a necessidade de luta pelo SUS e contra o seu sucateamento. Entretanto, a atuação política da entidade ainda se encontra incipiente, com poucas deliberações e ações de caráter coletivo em defesa do SUS, da universidade pública e de uma sociedade mais justa.

¹ Gohn, M. G. Sociologia dos movimentos sociais. São Paulo: Cortez Editora; 2014a.

² Sanfelice, J. L. A une na resistência ao golpe de 1964 e à ditadura civil-militar. São Paulo: Revista Simbio – Logias; dez. 2015. P.127-143.

³ Backes, D.; Colomé, J. S.; Erdmann, R. H. Grupo focal como técnica de coleta e análise de dados em pesquisas qualitativas. V. 04. São Paulo: O Mundo da Saúde; 2011. P.438-442.

4 Bandin, L. Análise de Conteúdo. Lisboa; 1977.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1546
PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA COM RELAÇÃO A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM AÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada para o usuário do Sistema Único de Saúde, e tem como estratégia principal a equipe de Saúde da Família (eSF), atuando nos Centros de Saúde (CS).1,2 A eSF pode ser composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, e agentes comunitários de saúdes, de acordo com as necessidades do território. Para aumentar a oferta de ações em saúde na APS em 2008 foram criados os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), com a possibilidade de inclusão do Fonoaudiólogo na equipe.3,4 Objetivo: Conhecer e analisar a percepção dos profissionais da Equipe da Saúde da Família a respeito da atuação do Fonoaudiólogo em ações de promoção de saúde, dentro da APS. Método: Trata-se de um estudo transversal de caráter qualitativo, utilizando como técnica de produção de dados a entrevista semi-estruturada. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade. Resultados: Para participar da pesquisa foram selecionados os Centros de Saúde (CS) de cada distrito do Município que apresentassem o maior número de eSF cadastradas. A amostra foi composta por 11 profissionais, todas do gênero feminino. Observou-se que as ações realizadas nos CS pelas eSF em sua maioria foram atividades em grupo, com diferentes faixas etárias e temas diversos, sendo eles: saúde bucal, atividade física (aqui também incluído o grupo de caminhada); tabagismo; artesanato; auriculoterapia; gestante, orientação nutricional, saúde metal/psicologia e de mães e bebês. Os participantes relatam que, além da participação em grupos, o fonoaudiólogo pode atuar realizando visitas domiciliares, consultas, matriciamento, qualificação das referências e contra-referências, realizar ações e campanhas com a comunidade, atuar na sala de espera, entre muitas outras. Apesar de todos os participantes apontarem que o fonoaudiólogo pode contribuir com ações de promoção de saúde na APS, 4 (quatro) deles não responderam de que forma essa contribuição poderia acontecer. Dos 11 entrevistados apenas 2 responderam que nunca encaminharam paciente para atendimento/avaliação fonoaudiológica e o principal motivo para o encaminhamento foi a dificuldade de fala em crianças. Além disso, a importância do trabalho fonoaudiológico é percebida pelos profissionais da APS, mas observamos desconhecimento, no que diz respeito à sua atuação, o que pode estar relacionado à falta de capacitação da eSF em ações e/ou cursos de educação continuada que poderiam esclarecer e instruir esses profissionais a identificar e melhor orientar a população. Conclusão: O estudo apontou que os profissionais da eSF reconhecem as contribuições da fonoaudiologia em ações de promoção em saúde na APS, apesar de alguns não apresentarem conhecimento de como poderá ser realizada essa contribuição. A presença do fonoaudiólogo é requerida em grupos realizados no Centro de Saúde, com temas variados, o que abre um leque de oportunidades de ação, com esse profissional reforçando ações sejam específicas ou compartilhadas, do núcleo de conhecimento ou de âmbito geral, e o enfoque dessa atuação dependerá das características epidemiológicas e populacionais do território onde ele atua.

1. Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Atenção Primária e Promoção da Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2011.

2. Brasil, Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Editora Ms, 2012. 114 p. ISBN 978-85-334-1939-1.

3. Cesar, Santos CS, Andrade JS, Sordi C. Promoção da Saúde e Fonoaudiologia: possibilidades de atuação. In: Paranhos LR, Sordi C, César CPHAR, organizadores. Coletâneas em saúde. São José dos Pinhais: Editora Plena; 2016. 4v. p.61-70.

4. Soleman CA; Martins CL. O trabalho do fonoaudiólogo no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) - especificidades do trabalho em equipe na atenção básica. Revista Cefac, [s.l.], v. 17, n. 4, p.1241-1253, ago. 2015. FapUNIFESP (SciELO).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
486
PERCEPÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL ACERCA DA ASSISTÊNCIA FONOAUDIOLÓGICA NA SAÚDE DO IDOSO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Título: Percepção da equipe multiprofissional acerca da assistência fonoaudiológica na saúde do idoso

Introdução: Para que o processo de envelhecimento aconteça de forma saudável, é necessária a concretização de políticas públicas de saúde que visem alcançar tal objetivo1. Na senescência, definida como este processo natural de envelhecimento2, é comum que os aspectos comunicativos que envolvem as funções orofaciais e de produção vocal, apresentem-se alterados3. Portanto, o Fonoaudiólogo é o profissional responsável por promover e reabilitar a saúde de idosos que possuem alterações destes aspectos, inclusive com uma áres direcionada para a especialização destes profissionais, a Gerontologia. Sua atuação se faz importante em equipes multiprofissionais que diagnosticam e reabilitam condições que atingem esta população4. OBJETIVO: O presente estudo tem como objetivo avaliar a percepção dos profissionais da atenção secundária acerca da atuação do fonoaudiólogo na saúde do idoso. MÉTODO: Trata-se de um estudo de natureza quantitativa. O mesmo foi aprovado por Comitê de ética em Pesquisa, através de Parecer de número 2.304.748. O local foi um Centro de Atenção Integral a saúde do idoso, onde foi aplicado um questionário acerca do conhecimento dos profissionais sobre a atuação fonoaudiológica nesta população. Participaram do estudo 17 profissionais, entre eles farmacêuticos, assistentes sociais, enfermeiros, médicos, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas. A coleta de dados foi realizada por meio da análise dos questionários de acordo com todos os aspectos éticos previstos pela Resolução Nº 466/12 do CNS/MS. A tabulação dos dados foi realizada através do software Microsoft Office Professional Plus 2010, e a análise dos dados foi realizada através do Microsoft Excel 2010. RESULTADOS: Quando questionados sobre a frequência de idosos que necessitam de avaliação e acompanhamento fonoaudiológico 94,12% dos profissionais afirmaram que os idosos do serviço necessitam de intervenção. Sobre a realização de encaminhamentos para a área de Fonoaudiologia 82,35% dos entrevistados relataram que já realizaram encaminhamento. Porém, alterações como afasia, déficits de memória e alterações de equilíbrio apresentaram baixos índices de conhecimento sobre a atuação fonoaudiológica. Conclusão: Foi concluído que os profissionais discernem sobre a atuação fonoaudiológica na saúde do idoso, que fazem encaminhamento para a área, porém com algumas ressalvas, já que intervenção fonoaudiológica em alterações como a afasia, por exemplo, não são do conhecimento dos profissionais participantes deste estudo.

1. LIMA, TJV; ARCIERI, RM; GARBIN, CAS; MOIMAZ, SAS. Humanização na Atenção á Saúde do Idoso. Saúde Soc. São Paulo, v.19, n.4, p.866-877, 2010. Disponível em:

2. CIOSAK, SI. Senescência e senilidade: novo paradigma na atenção básica de saúde. Rev. esc. enferm. USP [online].2011, vol.45, n.spe2, pp.1763-1768.ISSN 0080-6234. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000800022.


3. REIS, RM; COSTA, FM; CARNEIRO, JA and VIEIRA, MA. O papel do fonoaudiólogo frente a alterações fonoaudiológicas de audição, equilíbrio, voz e deglutição: uma revisão de literatura. Rev. CEFAC [online]. 2015, vol.17, n.1, pp.270-276. ISSN 1516-1846. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620158414.

4. BILTON TL, COUTO EAB. Fonoaudiologia em gerontologia. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, et al. Tratado de geriatria e gerontologia. 2ª.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p.118-9; 1170-79.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
746
PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO SONO DE ESCOLARES DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Em dezembro de 2019 surgiu o Corona Vírus Disease (COVID-19), uma mutação do vírus SARS-CoV-2, que rapidamente foi disseminado e infectou milhões de pessoas, atingindo a classificação de pandemia(1). As alterações na rotina e nos costumes habituais têm sido rápidas e sem precedentes. O isolamento social é uma das medidas obrigatórias para atenuar a propagação da doença. Contudo, embora necessário, tem se apresentado como um fator contribuinte para comprometimento da qualidade do sono. A população juvenil teve como principal mudança o uso integral de ferramentas on-lines para realização de aulas e atividades acadêmicas(2). O sono é uma função biológica essencial para o funcionamento harmônico do sistema nervoso(3). Nesse sentido, uma má qualidade de sono entre jovens escolares durante o período da pandemia pode ocasionar aumento da agressividade, sentimentos de angústia e ansiedade, desmotivação, menor habilidade de resolução de problemas, dificuldade de compreensão, além da piora no rendimento escolar(4). Objetivo: Descrever as mudanças na percepção da qualidade de sono de adolescentes em relação às atividades pedagógicas durante a pandemia da COVID-19. Método: Trata-se de análise preliminar de um estudo observacional analítico, de corte transversal. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob CAAE: 95204518.0.0000.5208. A coleta de dados está em curso e vem sendo realizada em quatro escolas da rede privada do ensino da Região Metropolitana do Recife. Até o presente momento, 40 adolescentes, sendo 17 meninos e 23 meninas, em idade variando entre 13 a 18 anos integraram a pesquisa e responderam a um questionário eletrônico da plataforma Google Docs. Para participar da pesquisa deveriam estar cursando o nono ano do ensino fundamental ou uma das três séries do ensino médio. Os participantes responderam perguntas referentes à dados de identificação, saúde geral, mudanças do sono, desempenho acadêmico e motivação para executar as atividades pedagógicas durante a pandemia. Os dados foram expressos através de frequências absolutas e percentuais e analisados descritivamente. Resultados: Foi possível identificar que todos os alunos assistem aulas remotas no período da manhã, por cinco dias da semana. Metade dos alunos referiram percepção de piora na qualidade do sono durante o período de pandemia. Apesar de 50% (n=20) dos alunos relatarem não perceber mudanças na qualidade do sono, 19 deles também relatam se sentirem cansados durante as aulas remotas com algum tipo de frequência. Dos 40 voluntários 39 relatam terem hábitos noturnos prejudiciais à qualidade do sono, entre eles os mais apontados foram: uso aparelhos eletrônicos, assistir televisão e ingestão de alimentos pesados próximo à hora de dormir. Em relação à motivação para os estudos, 60% dos alunos indicaram que houve declínio durante o período de pandemia. Conclusão: Verifica-se impacto negativo na qualidade do sono e impactos na disposição para realização das atividades acadêmicas, descrito pelos adolescentes durante o isolamento social em decorrência a pandemia da COVID-19. Considerando a importância do sono saudável para a aprendizagem, sugere-se a continuidade do estudo, bem como análises inferenciais para investigação das associações e correlações das variáveis envolvidas nesse processo.
Palavras-Chave: Doença pelo novo Coronavírus 2019-nCoV; Privação de Sono; Adolescentes.

1 World Health Organization. (2020). Coronavirus disease (COVID-19) situation dashboard. Geneva: Author.

2 LEE, S.A. Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19 related
anxiety, Death Studies. v. 44, n.7, p. 393-401. 2020.

3 MAGALHÃES, F; MATARUNA, J. Sono. In: JANSEN, JM., et al., orgs. Medicina da noite: da cronobiologia à prática clínica [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007, pp. 103-120.

4 MALLOY- DINIZ, L.F. et al. Saúde mental na pandemia de COVID-19: considerações práticas multidisciplinares sobre cognição, emoção e comportamento. Rev. Debates em Psiquiatria.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1021
PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA A RESPEITO DO USO DA METODOLOGIA ATIVA DE ENSINO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A formação de profissionais de saúde, historicamente, tem sido pautada no uso de metodologias tradicionais. A metodologia ativa de ensino (MA) visa incluir o aluno na construção de sua aprendizagem, ele é incentivado a refletir, criticar e expor ideias para o professor e seus pares, adquirindo as habilidades necessárias para sua prática profissional. O curso de graduação em fonoaudiologia da Unicamp tem duração de 4 anos e conta com a disciplina FN 304 que atua nas relações interpessoais e dinâmicas de grupo investindo em práticas de MA. Para essa disciplina, o professor e os alunos contam com o apoio do Programa para Estágio Docente (PED). Objetivo: Conhecer a opinião de alunos do curso de fonoaudiologia da Unicamp a respeito da MA utilizada na disciplina FN 304 - Relações Interpessoais e Dinâmica de Grupo. Método: Estudo de caráter quantitativo e qualitativo. Foi realizado um questionário online semiestruturado com alunos do terceiro e quarto anos do curso de Fonoaudiologia. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp sob CAEE nº93673718500005404. Para análise dos dados utilizou-se medidas de resumo (estatística descritiva) dos dados quantitativos e análise de conteúdo para os dados qualitativos. Resultados: Participaram da pesquisa 42 alunos, sendo 21 do quarto ano e 21 do terceiro ano. Verificou-se que 64,9% dos alunos do terceiro ano e 71,48 dos alunos do quarto ano referiram conhecimento prévio sobre a MA. Em relação ao impacto da MA, observou-se que 38,45% dos alunos do terceiro ano e 53,32% dos alunos do quarto ano disseram que a MA impactou diretamente na forma de lidar com a história do paciente para além de sua queixa, visto que as atividades grupais desenvolvidas nos estágios exigem a escuta ativa do aluno enquanto terapeuta em formação, atuando de forma continente para com possíveis sentimentos que ocorram no campo grupal. Todos os alunos (100%) referiram a importância do aluno de pós-graduação como apoio docente na disciplina. Segundo percepção dos alunos do curso de fonoaudiologia, o PED têm impacto significativo na disciplina e na aquisição do conhecimento para a prática clínica e atuação com grupos durante o curso, mas também para sua formação profissional. Considerações: A formação em fonoaudiologia exige a utilização da MA, visto que com após a conclusão do curso ocorrerão problemas reais que não haverá orientação de um supervisor. Os resultados deste estudo reforçam a MA possibilita ao estudante a ressignificação da sua forma de aprender, onde, com a supervisão adequada, aprenderá a solucionar problemas reais que poderá ter contato em seu futuro profissional. Também observou-se que o Programa de Estágio docente tem-se apresentado como estratégia inovadora para a formação docente de alunos de pós-graduação e também para a formação de alunos de graduação.

PEREIRA, DBD et al. Nova Metodologia Ativa no Ensino aprendizagem na disciplina de Habilidades em comunicação. Anais do Workshop de Boas Práticas Pedagógicas do Curso de Medicina, Varzea Grande, v.1 (2018).
DORNELAS, R et al. Metodologias Ativas: Uma experiência na Fonoaudiologia. Distúrbios da Comunicação, [S.l.], v. 26, n. 4, dez. 2014. ISSN 2176-2724.KLUG, MA;
PERALTA, NS. Tutorías universitarias. Percepciones de estudiantes y personal tutor sobre su uso y funcionamiento. Educare, Heredia , v. 23, n. 1, p. 319-341, Apr. 2019.
RODRIGUES, Maria Dilene da Silva et al . Transtorno de Ansiedade Social no Contexto da Aprendizagem Baseada em Problemas. Rev. bras. educ. med., Brasília , v. 43, n. 1, p. 65-71, Mar. 2019.
Bardin, Lawrence. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Editora 70, 2004. 223 p. ISBN 9724412148 (broch.).
MINAYO, MCS.; SANCHES, O. Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade?. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 9, n. 3, p. 237-248, Sept. 1993.
PIOVESAN, AE; TEMPORINI, ER. Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. Rev. Saúde Pública. 1995, 29(4): 318-325


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1536
PERCEPÇÃO DE DISCENTES DO NORDESTE SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DA SAÚDE COLETIVA NO CURRÍCULO DE FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A criação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), em 2001, trouxe mudanças ao modelo pedagógico hegemônico de ensino superior, tendo como objetivo oferecer uma formação que contemple os princípios do SUS(1,2). Segundo as DCNs, a formação do fonoaudiólogo deve ser com perfil profissional voltado a atuar no SUS, de forma generalista, humanista, crítica e reflexiva(3). Na fonoaudiologia, a Saúde Coletiva é um campo que contribui na construção de estratégias de planejamento e gestão em saúde, com vistas a intervir nas políticas públicas, bem como atuar na atenção à saúde(4). OBJETIVO: Analisar a percepção de discentes sobre as contribuições da Saúde Coletiva no currículo de fonoaudiologia de Instituição de Educação Superior públicas do Nordeste. METODOLOGIA: Pesquisa qualitativa, estudo de caso, que toma como objeto a formação em Saúde Coletiva nos cursos de fonoaudiologia de IES do Nordeste que assinaram a carta de anuência para participação no presente estudo. Participaram da pesquisa sete discentes informantes-chave indicados por docentes que atuam na área da Saúde Coletiva das IES cenários do estudo. Foram realizadas sete entrevistas, as quais foram gravadas em áudio e transcritas. Os dados coletados foram analisados utilizando-se da Análise de Conteúdo(5). Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer de número 3.735.493, atendendo as orientações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. RESULTADOS: A análise dos dados produzidos permitiu identificar a percepção dos estudantes de fonoaudiologia das IES públicas do Nordeste sobre as contribuições da Saúde Coletiva no currículo, relatando como essa área influencia numa formação com o perfil voltado a atuar no SUS, proporcionando um olhar ampliado à saúde. Foram identificadas três subcategorias de análise: componentes curriculares ofertados pela Saúde Coletiva, que proporcionam o embasamento teórico responsável por conhecer e direcionar a atuação fonoaudiológica no SUS; vivência práticas vinculadas ao SUS, em ambientes como o NASF e Clínica Escola vinculadas ao SUS, por exemplo, possibilitando a inserção na rede pública e experiências envolvendo a interdisciplinaridade; e participação em movimentos estudantis, como o Núcleo Docente Estruturante (NDE) e Centros Acadêmicos, estimulando discussões sobre o projeto-pedagógico e elaborações de ações junto aos docentes e outros cursos. CONCLUSÃO: Este estudo permitiu analisar as contribuições da Saúde Coletiva, através das três subcategorias identificadas: componentes curriculares, vivências práticas vinculadas ao SUS e estímulo a participação estudantil. Demonstrou, portanto, que a Saúde Coletiva contribui na formação de um profissional com perfil voltado para atuar no SUS, pois direciona a atuação do discente baseada no conhecimento ao sistema de saúde e uma prática com ênfase na perspectiva de integralidade, reconhecimentos dos determinantes sociais e atenção à saúde.

Poletto PR, Jurdi APS. A experiência de revisão das matrizes curriculares em um projeto pedagógico inovador: caminhos para fortalecer a educação interprofissional em Saúde. Interface (Botucatu). 2018; 22(Supl. 2):1777-86.

Costa DAS, Silva RF, Lima VV, Ribeiro ECO. National curriculum guidelines for healthprofessions 2001-2004: ananalysisaccordingto curriculum developmenttheories. Interface (Botucatu). 2018; 22(67):1183-95.

CNE. Resolução CNE/CES 5, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fonoaudiologia. Diário Oficial da União, 4 mar 2002; Seção 1.

Conselho Federal de Fonoaudiologia (Brasil). RESOLUÇÃO nº 320, de 17 de fevereiro de 2006. Dispõe sobre as especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 17 fev 2006; Seção 1.

Minayo, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14ª ed. São Paulo: Hucitec; 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1119
PERCEPÇÃO DE FADIGA EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE ACORDO COM A AUTORREFERÊNCIA DE SINTOMAS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A escassa literatura sobre voz de professores universitários aponta que a organização do trabalho e hábitos pessoais são riscos para o desenvolvimento de sintomas vocais1, mesmo que em menor probabilidade que outras classes docentes2. A fadiga vocal é um dos sintomas por eles apresentados3. Objetivo: Analisar a percepção de fadiga vocal em professores universitários de acordo com a autorreferência de sintomas vocais. Métodos: Estudo transversal, observacional e analítico aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer n. 1.708.786. Participaram 126 professores universitários e foram aplicados um questionário sociodemográfico, a Escala de Sintomas Vocais (ESV)4 e o Índice de Fadiga Vocal (IFV)5. A ESV é composta por 30 itens e o respondente deveria assinalar de zero (nunca) a quatro (sempre) a frequência de ocorrência dos sintomas vocais. O escores das subescalas e do total foi feito por somatória simples. O IFV contém 19 itens, subdivididos em três fatores: 1.fadiga e restrição vocal, 2.desconforto físico associado à voz e 3.recuperação da fadiga com repouso. Os participantes responderam em uma escala de 5 pontos, em que zero indicava “nunca” e quatro indicava “sempre”. O cálculo foi feito por somatória simples. Para os fatores 1 e 2 quanto maior o escore, maior é a percepção de fadiga; para o fator 3, quanto maior o escore, maior é a percepção de recuperação com repouso vocal. Os professores foram classificados em dois grupos de acordo com o valor de corte da ESV: um grupo vocalmente saudável com pontuação total de 15 pontos ou menos (G1) e um grupo de sintomas vocais com 16 pontos ou mais (G2). Dos 126 professores, 71 eram mulheres e 55 homens, com média de idade de 43 anos. O G1 foi formado por 41 professores (23 homens e 18 mulheres), e o G2 por 85 (32 homens e 53 mulheres). Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste de Mann-Whitney e a análise foi realizada no Statistical Package for the Social Sciences, em sua versão 25.0. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: A média obtida na ESV pelos participantes do G1 foi de 5,18(dp±3,49) para limitação, 0,05(dp±0,21) para emocional, 3,93(dp±2,71) para físico e 9,16(dp±4,24) para a pontuação total, e a média do G2 foi de 19,96(dp±7,04), 2,18(dp±3,16), 8,62(dp±3,07) e 30,77(dp±10,24) para as pontuações dos domínios limitação, emocional, físico e total, respectivamente. A média do G1 para os fatores 1, 2 e 3 do IFV foram, respectivamente, 7,70(dp±6,49), 1,02(dp±1,53) e 6,52(dp±4,54), e para o G2 foram 17,05(dp±7,20), 5,68(dp±3,72) e 8,70(dp±3,00). O G2 apresentou percepção de sintomas vocais, para todos os domínios da ESV, significativamente maior que o G1 (p<0,001), assim como maior autopercepção de fadiga vocal (fatores 1 e 2 do IFV) (p<0,001) e maior recuperação da fadiga com repouso vocal (fator 3 do IFV) (p=0,014). Conclusão: Professores universitários com maior autorreferência a sintomas vocais apresentam maior autopercepção de fadiga e restrição vocal e desconforto físico associado à voz, assim como referem maior recuperação da fadiga com repouso vocal.

1 Paula A L, Cercal GCS, Novis JMM, Czlusniak GR, Ribeiro VV, Leite APD. Perception of fatigue in professors according to the level of knowledge of vocal health and hygiene. Audiol. Commun. Res. 2019;24: e2163. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2163.

2 Korn GP, Pontes AAL, Abranches D, Pontes PAL. Vocal tract discomfort and risk factors in university teachers. J Voice. 2016;30(4):507-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2015.06.001.

3 Depolli GT, Fernandes DNS, Costa MRB, Coelho SC, Azevedo EHM, Guimarães MF. Fatigue and Vocal Symptoms in University Professors. Dist. Comun. 2019;31(2):225-33.

4 Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale-VoiSS. J Voice. 2014; 28(4):458-68. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2013.11.009.

5 Zambon F, Moreti F, Nanjundeswaran C, Behlau M. Cross-cultural adaptation of the Brazilian version of the Vocal Fatigue Index – VFI. CoDAS. 2017;29(2):1-6. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20172015261.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2043
PERCEPÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES SOBRE HIGIENE VOCAL E USO DA VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Entre os profissionais da voz, os professores se destacam por apresentarem riscos ao desenvolvimento de alterações vocais1, por conta da alta demanda vocal e fatores correspondentes às condições de trabalho2. É de conhecimento científico que mais da metade dos docentes já tiveram ou possuem alguma alteração vocal3. Professores são de uma população amplamente estudada, porém os futuros docentes são ainda pouco estudados em sua percepção sobre uso da voz e comunicação e, estudantes universitários de cursos de licenciatura em pedagogia, possuem maior incidência de sintomatologia vocal quando comparados com estudantes de outros cursos de graduação4. OBJETIVO: Identificar o conhecimento de futuros professores sobre saúde vocal, bem como associá-lo às variáveis: sexo, idade, ano de graduação, atividade ocupacional, uso extra da voz e se recebeu orientação prévia sobre saúde vocal. MÉTODOS: Estudo observacional, analítico e transversal, aprovado pelo CEP (nº 3.282.389, de 24/04/2019). Foi realizado com 264 alunos matriculados em cursos de licenciatura da UNICENTRO, Campus Irati/PR, os quais preencheram presencialmente um questionário com perguntas sobre dados sociodemográficos, atividade ocupacional, uso extra da voz e se já recebeu orientações sobre saúde vocal anteriormente; além dos protocolos Questionário de Saúde e Higiene Vocal (QSHV)5 e Escala de Sintomas Vocais (ESV) 6. RESULTADOS: Participaram do estudo alunos matriculados em sete cursos de licenciatura, com idades entre 16 e 47 anos, média de idade de 21,87 anos. A pontuação total do QSHV foi 21,89, valor considerado abaixo da média esperada. Dos 264 participantes 63,25% são mulheres (n = 167) e 36,36% são homens (n = 97) sendo que o grupo feminino teve média de escore total no QSHV de 21,57 e o grupo masculino obteve média de resultado do escore total de 22,56. Quanto ao ano de graduação, 26,89% estão no primeiro ano (n = 71), 36,36% estão no segundo ano (n = 96), 18,18% estão no terceiro ano (n = 48) e 18,56% estão no quarto ano (n = 49). Em relação à comparação entre o Escore Total do QSHV e as variáveis analisadas, observou-se resultado estatisticamente significante na comparação com o ano de graduação (p=0.001). Nos achados referentes à correlação entre escores totais do QSHV e as variáveis idade e escores totais do ESV, resultados significantes foram observados entre o escore total do QSHV e variável idade (p=0.019).CONCLUSÃO: Os achados do presente estudo mostraram que os estudantes de licenciatura desconhecem procedimentos relacionados à higiene e saúde vocal. Esse estudo tem a intenção de agregar mais informações sobre o tema na literatura, considerando que os futuros professores e seus conhecimentos sobre saúde e higiene ainda são pouco estudados na área da Voz. Faz-se necessário ter maior conhecimento acerca dessa população para que se possa pensar em ações primárias voltadas para agregar conhecimento sobre saúde e higiene vocal e, consequentemente, prevenir problemas vocais em médio e (ou) longo prazo.

1. SLIWINSKA-KOWALSKA M; NIEBUDEK-BOGUSZ E; FISZER M; LOSSPYCHALSKA T; KOTYLO P; SZNUROWSKA-PRYZGOCKA B; MODRZEWSKA M. The prevalence and risk factors for occupational voice disorders in teachers. Folia Phoniatr. Logop 2006; 58: 85-101
2. GIANNINI SPP. A saúde do professor da rede pública de São Paulo: fatores associados à disfonia. [Tese de Doutorado] Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.
3. GONÇALVES CGO; PENTEADO, RZ; SILVÉRIO, KCA. Fonoaudiologia e saúde do trabalhador: a questão da saúde vocal do professor. Saúde em Revista. 2005; 7(15):45-51.
4. SIMBERG S, LAINE A, SALA E, Rönnemaa A. Comparison of the Prevalence of Vocal Symptoms Among Teacher Students and Other University Students. Journal of Voice. Vol. 18, No. 3, PP 363-368. 2004.
5. MORETI, Felipe Thiago Gomes. Questionário de Saúde e Higiene Vocal/QSHV desenvolvimento, validação e valor de corte. [Tese de Doutorado] Universidade Federal de São Paulo, 2016.
6. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-Cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale - VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-68.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1886
PERCEPÇÃO DO INDIVÍDUO NÃO-DISFÁGICO SOBRE SUA DEGLUTIÇÃO PÓS MANOBRA DE MENDELSOHN E LASERTERAPIA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A deglutição é uma ação motora automática caracterizada por ser uma função essencial do ser humano. Seu objetivo é o transporte do bolo alimentar da cavidade oral até o estômago, permitindo também a limpeza da orofaringe e hipofaringe(1). Esse processo envolve diversos grupos musculares que constituem a base e assoalho de língua, sendo responsáveis pela elevação do osso hioide e laringe, além da depressão mandibular. Déficits musculares podem acarretar disfagia, um quadro que reflete problemas, como aspiração e doenças pulmonares, impactando diretamente na qualidade de vida e bem-estar dos indivíduos(2). Tendo em vista as dificuldades apresentadas por disfágicos, a terapia fonoaudiológica para deglutição é um tratamento indicado(3,4). Logo, perceber como funciona a biomecânica da deglutição por meio da autopercepção poderá proporcionar um maior suporte à terapia fonoaudiológica da deglutição, auxiliando no engrama desta ação. Objetivo: Descrever a percepção de indivíduos não disfágicos sobre sua deglutição pós laserterapia e manobra de Mendelsohn. Método: O relato de caso faz parte de um estudo de intervenção, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o parecer n° 3.388.959. A amostra foi formada por voluntários que pontuaram escore > 91 no protocolo AMIOFE versão reduzida, que tinham idade entre 20 e 40 anos, não apresentavam alteração oclusal e/ou disfunção temporomandibular, tampouco estavam em tratamento dermatológico. O voluntário 1 foi submetido a laserterapia e a manobra de Mendelson, já o voluntário 2 realizou apenas a manobra. Os participantes foram orientados a observar aspectos de sua deglutição (força, velocidade e esforço para engolir) durante a avaliação ultrassonográfica da deglutição de diferentes consistências e volumes, assim como, a levar o conteúdo à boca e esperar o comando do avaliador para deglutir. Em seguida, foram realizadas as intervenções: no voluntário 1, a aplicação do laser de baixa potência 250mW (6J) em cinco diferentes pontos, distribuídos por toda região suprahioidea, com tempo de 24s em cada ponto e manobra de Mendelsohn, 30 vezes, com 1 minuto de descanso a cada 10 repetições, com sustentação de 2s para cada execução; no voluntário 2, foi aplicado laser placebo nos mesmos pontos do grupo anterior e realizada a manobra de Mendelsohn seguindo o mesmo protocolo. Ao final, os participantes eram submetidos ao mesmo protocolo de avaliação ultrassonográfica da deglutição e relatavam suas percepções aos pesquisadores. Resultados: O voluntário 1 relata grande melhoria para a deglutição do líquido e do pastoso, observando ganho de força, melhora na capacidade de deglutir um maior volume e menos esforço. O voluntário 2 não relatou mudanças em relação à deglutição de líquido, apenas menor esforço para a deglutição do pastoso. Conclusão: o voluntário submetido a laserterapia e manobra de Mendelsohn percebeu mudanças imediatas nos aspectos de força, velocidade e esforço para deglutir ambas consistências e diferentes volumes, já o voluntário submetido apenas a manobra de Mendelsohn, a mudança percebida foi um menor esforço para deglutir o alimento pastoso.

1. Virani A, Kunduk M, Fink DS, McWhorter AJ. Effects of 2 different swallowing exercise regimens during organ-preservation therapies for head and neck cancers on swallowing function. Head & Neck. 2015;37(2):162-170.

2. Padovani AR, Moraes DP, Mangili LD, Aandrade CRF. Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD). Rev Soc Bras Fonoaudiologia. 2007; 12(3):199-205.

3. Freitas GS, Mituuti CT, Furkim AM, Busanello-Stella AR, Stefani FM, Arone MMAS et al. Biofeedback eletromiográfico no tratamento das disfunções orofaciais neurogênicas: revisão sistemática de literatura. Audiology - Communication Research. 2016; 21: e1671.

4. Inamoto Y, Saitoh E, Ito Y, Kagaya H, Aoyagi Y, Shibata S et al. The Mendelsohn Maneuver and its Effects on Swallowing: Kinematic Analysis in Three Dimensions Using Dynamic Area Detector CT. Dysphagia. 2018; 33(4):419–30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1461
PERCEPÇÃO DO USO DA BANDAGEM TERAPÊUTICA POR MULHERES SEM QUEIXA FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Nos últimos anos, as técnicas de bandagem elástica tiveram um desenvolvimento significativo nos processos de reabilitação em diferentes profissões, entre elas a Fonoaudiologia. A aplicabilidade da bandagem elástica terapêutica está baseada no uso como auxiliar terapêutico, proporcionando um processo de reabilitação mais efetivo. A bandagem trata-se de um estímulo externo, fixado na pele do músculo alvo que se deseja estimular, e busca promover estímulos constantes e duradouros. Cada indivíduo possui um nível de tolerância e aceitação para a estratégia, o que influencia no uso da mesma. Objetivo: Verificar a percepção sobre o uso de bandagem em uma população de mulheres sem queixa fonoaudiológica. Método: Foram analisadas as impressões de mulheres, entre os 19 e 25 anos de idade, sobre a aplicação e o uso da bandagem elástica terapêutica. Para excluir as queixas fonoaudiológicas, as mesmas passaram por questionário prévio. A bandagem utilizada foi da marca Therapy Tex ®, cor da pele, aplicada sem tensão na região da musculatura supra-hióidea, como complemento à terapia fonoaudiológica, por uma semana. As informações foram coletadas por meio do Questionário de Apreciação do Método Therapy Taping® (MORINI JR, 2018) e contemplaram os seguintes aspectos: Teste de Conforto Geral, relacionado ao estado de comodidade ao usar a bandagem; e o Teste de Juízos Subjetivos que avalia a percepção dos indivíduos sobre a cor, a textura, a aplicação e o tempo de aplicação, assim como as modificações positivas e limitações na higiene. Resultados: Participaram oito mulheres, com média de idade de 21 anos. Duas participantes, não completaram o protocolo e, por isso foram excluídas da amostra. Os motivos para suspensão foram reação alérgica com coceira intensa na região já no primeiro dia de aplicação e retirada da bandagem pela participante, sem reposição ou explicação do motivo. O estado de comodidade do uso da bandagem foi considerado muito cômodo ou bastante cômodo em 33% da amostra (duas participantes); e extremamente cômodo ou cômodo por 16,65% (uma participante). Em relação ao Teste de Juízos subjetivos, 83,3% (cinco participantes) da amostra consideraram a cor utilizada como cômodo e muito cômodo, e apenas 16,65% (uma participante) referiu algum incômodo. A textura e a aplicação da fita, bem como o tempo de aplicação foram percebidos como muito cômoda/rápida por 83,3% das participantes (cinco participantes). Todas as participantes perceberam modificações positivas em relação ao uso de bandagem e não experimentaram limitações quanto à higiene na área de aplicação. Cinco participantes precisaram trocar a mesma, sendo duas no quarto dia e três no sexto dia, devido as pontas estarem desfiando e descolando. Três participantes também referiram coceira nas primeiras 24 horas após a colocação, mas sem necessidade de retirada. Conclusão: Pode-se perceber que as participantes demonstraram, de modo geral, impressões positivas sobre o uso da bandagem. Ainda assim, mesmo com critérios metodológicos padronizados, pode-se perceber diferentes processos de adaptação e processamento sensorial reforçando que o conforto é uma variável subjetiva e o estímulo fornecido proporciona graus de tolerância diferentes em cada indivíduo.

Selva F, Pardo A, Aguado X, Montava I, Gil-Santos L, Barrios C. A study of reproducibility of kinesiology tape applications: review, reliability and validity. BMC Musculoskelet Disord. 2019; 20: 153-165.

Morini Jr. Bandagem Terapêutica: conceito de estimulação Tegumentar. São Paulo: Ed. Roca; 2012.

MORINI JR, N. Técnicas de Aplicações do Método Therapy Taping ®. 84 diapositivo, 2018.

Matheus JP, Zille RR, Gomide LB, Lemos TV, Carregaro RL, Shimano AC. Comparison of the mechanical properties of therapeutic elastic tapes used in sports and clinical practice. Phys Ther Sport. 2017; 24:74–78.

Kase K. Illustrated Kinesio-taping. In: 4a ed. Tokyo: Keni-Kai; 1994.

Kase K, Wallis J, Kase T. Clinical therapeutic applications of the Kinesiotaping method. 2nd ed. Tokyo: Ken Ikai; 2003.

Morris D, Jones D, Ryan H, Ryan CG. The clinical effects of Kinesio®Tex taping: a systematic review. Physiother Theory Pract. 2013; 29:259-270.

Benlidayi C, Salimov F, Kurkcu M, Guzel R. Kinesio Taping for temporomandibular disorders: Single-blind, randomized, controlled trial of effectiveness. J Back Musculoskelet Rehabil. 2016; 29:373-380.

Mezzedimi C, Livi W, Spinosi MC. Kinesio Taping in dysphonic patients. J Voice. 2017; 3:589-593.

Mezzedimi C, Spinosi MC, Mannino V, Ferretti F, Al-Balas H. Kinesio Taping Application in Dysphonic Singers. J Voice. 2018;18:30318-30328.

Sordi C, Araujo B, Cardoso L, Correia L, Oliveira G, Silva S, et al. Elastic bandage as a therapeutic resource for the control of sialorrhea: an analysis of its efficacy. Distúrbios da Comunicação. 2017; 29:663-672


TRABALHOS CIENTÍFICOS
865
PERCEPÇÃO DO USO DA TECNOLOGIA EM TEMPOS DE PANDEMIA POR UM GRUPO DE LARINGECTOMIZADOS TOTAIS
Relato de experiência
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O câncer de cabeça e pescoço exige tratamento qualificado e especializado no diagnóstico, tratamento e reabilitação. Tratando-se dos pacientes laringectomizados, além dos atendimentos presenciais individuais, grupos de apoio também podem ajudar. Neste momento de pandemia, que prioriza o isolamento social, a tecnologia pode auxiliar através de grupos virtuais de mensagens vindo ao encontro das necessidades deste público. OBJETIVO: Descrever a percepção dos participantes de um Grupo de Apoio ao Laringectomizado, do sul do país, sobre a importância do contato através de rede social, durante a pandemia COVID-19. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência sobre um grupo de apoio ao laringectomizado total, do tipo operativo terapêutico, de ajuda mútua/somático, aberto e homogêneo, coordenado por uma equipe multiprofissional. Habitualmente os encontros são realizados de maneira semanal, com escuta de demandas, troca de experiências entre os participantes e com a realização de exercícios fonoaudiológicos e fisioterapêuticos, orientações nutricionais e musicoterapia. Há cerca de 1 ano foi criado um grupo virtual na plataforma WhatsApp visando a troca de mensagens entre os participantes ao longo da semana e para manter a comunicação com os que moram distante e não conseguem comparecer semanalmente. No atual contexto da pandemia, onde o isolamento se faz necessário, as atividades presenciais do grupo foram suspensas e a rede social passou a ser a única forma de contato entre os pacientes e profissionais. Para monitorar e qualificar o cuidado na percepção dos participantes foi elaborado um questionário com perguntas que abordaram o acompanhamento deste apoio virtual. Algumas das questões abordaram: opinião sobre o grupo virtual, a influência do grupo na motivação e estado de ânimo, além da realização de exercícios e cuidados com a COVID-19. RESULTADOS: O grupo virtual conta com 33 pacientes, sendo 23 com participação ativa. Destes, apenas 8 (34,7%) responderam ao questionário. Com relação a opinião sobre o grupo virtual 62,5% consideraram “ótimo” e 37,5% consideraram “bom”. Todos os participantes acreditam que o contato por meio do grupo de mensagens ajuda na realização dos exercícios propostos e motivou nos cuidados em relação à COVID-19 (100%), assim como auxilia no estado de ânimo (87,5%). Ademais, percebem também, através do contato com outros participantes, que existe a possibilidade de recuperar a comunicação oral (62,5%) e que as orientações de cuidados com a traqueostomia também ajudam muito (62,5%). CONCLUSÃO: A tecnologia auxilia na aproximação dos indivíduos e, na impossibilidade dos encontros presenciais foi uma forma de manter o grupo ativo e participativo contribuindo também no reforço dos cuidados específicos ao laringectomizado e principalmente com relação a COVID-19, uma vez que são considerados grupo de risco.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1409
PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DE FONOAUDIOLOGIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA VISUALIDADE LINGUÍSTICA DE SURDOS BILÍNGUES NOS EQUIPAMENTOS MUSEAIS
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A Fonoaudiologia tem como um de seus principais pilares de atuação a linguagem. Para contribuir com o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem da criança surda, deve-se utilizar diferentes estratégias que respeitem a singularidade em suas diferentes modalidades linguísticas. Considerando a importância da língua de sinais como primeira língua (L1) para sujeitos surdos, entende-se que as experiências que norteiam a vida desses sujeitos acontecem, essencialmente, por meio das interações viso-espaciais. Assim, a fomentar a construção de competências e habilidades cognitivas e linguísticas, a partir de vivências significativas em espaços visualmente estimulantes, faz-se fundamental. Nesta perspectiva, o espaço museal torna-se um equipamento social importante, também como estratégia para construção das narrativas, fundamentais para o processo de escrita do Português como segunda língua (L2). OBJETIVO: Relatar as percepções dos acadêmicos de Fonoaudiologia, em uma extensão universitária, sobre o desenvolvimento da visualidade linguística dos sujeitos surdos, através dos espaços museais, auxiliando no processo do aprimoramento da escrita. MÉTODO: O relato foi descrito com base nas experiências e percepções dos acadêmicos de Fonoaudiologia que participaram da extensão realizada em uma clínica-escola de Fonoaudiologia de uma instituição pública, que ocorreu nos anos entre 2017 e 2019. Participaram das intervenções cinco pessoas surdas, uma professora do curso de Fonoaudiologia, dois intérpretes de Libras e sete estudantes que atuaram como facilitadores no processo de aquisição do português escrito como segunda língua (L2). Foram realizadas visitas a três museus de destaque da cidade, mediados em Libras. A partir das visitas, as intervenções fonoaudiológicas foram desenvolvidas visando o aprimoramento do português. RESULTADOS: Tendo em vista a riqueza de elementos visuais na composição do acervo dos museus, contendo históricos e culturais que acrescentaram valor social e subjetivo às produções dos participantes. O envolvimento emocional que demarcaram as visitas facilitando o processo de retomada de memórias afetivas geradas nas experiências vivenciadas nos espaços museais, favorecendo a correlação entre o elemento textual escrito e objetos e ambientes mencionados. Além disso, o desenvolvimento de atividades lúdicas durante as intervenções fonoaudiológicas, adequadas para idade dos participantes, com base nos elementos visuais encontrados nos museus e a apresentação de suas palavras correspondentes, colaboraram para a fixação dos conteúdos gramaticais e sintáticos desenvolvidos pelos surdos com auxílio dos facilitadores. CONCLUSÃO: Durante as práticas vivenciadas ao longo do projeto de extensão acadêmica do curso de Fonoaudiologia, com foco na atuação com indivíduos surdos sinalizadores, os discentes tiveram a oportunidade de partilhar e apreender conhecimentos que os ajudaram em suas práticas, enquanto futuros profissionais humanizados e atentos às necessidades específicas do outro. E, por fim, os espaços museais passam a constituir um novo repertório de aprimoramento da comunicação para todos os atores da ação extensionista.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1511
PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA SOBRE A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As práticas pedagógicas nas diversas áreas de conhecimento caracterizam-se pela sua fragmentação e excessiva especialização, resultado do isolamento das disciplinas. A EIP destaca-se como um tema emergente no campo da saúde, sendo constituinte de uma ampla reforma do modelo de formação profissional e de atenção à saúde, com consequente reformulação dos conceitos de educação em saúde. A educação interprofissional (EIP) na área da saúde contribui para qualificação profissional e integralidade no cuidado do paciente, priorizando o trabalho em equipe e a integração dos agentes envolvidos por meio de um compromisso ético e respeito às especificidades de cada profissão1. Embora muitas publicações científicas citem a relevância da EIP na área da saúde, pouco se encontra na literatura sobre o relacionamento entre a Medicina e a Fonoaudiologia2,3. Objetivo: Apresentar e discutir as percepções dos alunos do último ano de graduação em Medicina de uma universidade pública referente à atuação da Fonoaudiologia. Metodologia: A pesquisa tem abordagem quantitativa que descreve e explora reflexões baseadas na análise das respostas advindas de um questionário eletrônico aplicado em 2019. Resultados: Houve a participação de 34 acadêmicos, com idade entre 23 e 32 anos, sendo 71% do gênero feminino e 29% do gênero masculino. Os participantes da pesquisa, de modo geral, reconhecem adequadamente onde o fonoaudiólogo pode atuar, com destaque para a atuação em Home care, clínicas particulares, hospitais e Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF). Apenas 6 dos participantes indicaram a presença do fonoaudiólogo como integrante de Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Unidades de Urgências e Emergências. Os participantes apresentaram alguns equívocos sobre conhecimentos referentes à atuação do fonoaudiólogo, além de classificarem a experiência de EIP como deficitária em sua formação acadêmica. Como limitações do estudo, salienta-se uma amostra de conveniência pequena, por causa da dificuldade da aplicação do questionário de forma presencial. Dessa forma, é possível a existência de vieses de interpretação de texto, por diferença de nomenclaturas utilizadas durante a formação dos acadêmicos de Medicina ou de momento de encaminhamento dos pacientes dos casos clínicos. Conclusões: Para que os novos profissionais possam atuar na promoção e prevenção da saúde e beneficiar a população, oportunidades de EIP precisam ser abordadas na graduação em saúde. Essa mudança na formação se faz necessária uma vez que a análise das respostas dos participantes mostra alguns equívocos no que diz respeito aos conhecimentos referentes à atuação do fonoaudiólogo e do encaminhamento adequado dos pacientes. Além disso, a percepção dos entrevistados sobre a falta de ensinamentos de EIP e do relacionamento com a Fonoaudiologia durante o curso é outro dado de extrema relevância. Ações como: matérias ou atuações conjuntas entre os estudantes das áreas; jornadas acadêmicas abrangendo integralidade na área da saúde com a participação dos estudantes de todas as áreas; e palestras interprofissionais podem ser eficazes na promoção da educação interprofissional.

1. Ely L, Toassi RFC. Integração entre currículos na educação de profissionais da Saúde: a potência para educação interprofissional na graduação. Interface-Comunicação, Saúde, Educação. 2018; 22:1563-1575.

2. Rabelo BGR, Salomão LM, Carnivali PA, Leite ICG. Algumas considerações sobre o grau de conhecimento dos pediatras sobre questões fonoaudiológicas. Fono Atual. 2004; 7(27):4-10.

3. Maximino LP, Ferreira MV, Oliveira DT, Lamônica DAC, Feniman MR, Spinardi ACP, Lopes-Herrera SA. Conhecimentos, atitudes e práticas dos médicos pediatras quanto ao desenvolvimento da comunicação oral. Revista CEFAC. 2009; 11(2): 267-273.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1550
PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE O USO DE MAPA CONCEITUAL NO ENSINO DA AVALIAÇÃO DA DISFAGIA INFANTIL: RESULTADOS PRELIMINARES.
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A utilização do mapa conceitual na aprendizagem estimula a visualização da interdependência conceitual, subsidia o planejamento terapêutico, promove o pensamento reflexivo, a resolução de problemas e a síntese de definições. Alguns autores argumentam a possibilidade de utilização dos mapas conceituais no processo ensino-aprendizagem nas áreas da saúde, tendo em vista o grande desafio dos discentes no desenvolvimento do raciocínio lógico para levantamento de hipóteses diagnósticas durante a resolução de diferentes casos clínicos¹.Para o diagnóstico de disfagia é necessária uma detalhada avaliação clínica, que tem por objetivo o entendimento da dinâmica da deglutição, complementada por exames objetivos a fim de verificar possíveis alterações anatômicas ou funcionais². Portanto, o aprendizado da mesma de forma dinâmica e detalhada é de suma importância.

Objetivo: Verificar a percepção dos discentes sobre o uso de mapa conceitual no ensino da avaliação da disfagia infantil.

Método: Através de um programa de iniciação à docência em uma universidade do sul do Brasil foi proposto como atividade de ensino em uma disciplina preparatória para as práticas no ambiente hospitalar, a construção de um mapa conceitual relacionado a um protocolo de avaliação clínica da disfagia pediátrica. Devido ao ensino estar ocorrendo de modo remoto, foram dadas instruções sobre a atividade de forma remota, além de encaminhado um vídeo instrutivo sobre como elaborar o mapa conceitual. Para análise da proposta junto aos discentes da intervenção, foi aplicado um questionário online com perguntas relacionadas a percepção dos mesmos sobre a criação e futura utilização dos mapas.

Resultados: Até o momento participaram da atividade seis discentes. Todos responderam que as instruções para realização da tarefa auxiliaram plenamente na realização da mesma, que a construção do mapa auxiliou na compreensão das etapas da avaliação clínica além de contribuir para conhecer e entender melhor o protocolo mesmo que ainda sem uma vivência com o mesmo, 66,7% acredita que o mapa conceitual criado será útil no futuro estágio supervisionado em fonoaudiologia hospitalar com ênfase em pediatria, 66,7% também referiu que a atividade contribui para a sua compreensão do processo de avaliação da deglutição infantil, mesmo que ainda sem aula teórica sobre o tema.

Conclusão: Os discentes identificam que o mapa conceitual contribui para o aprendizado. Assim, se pretendemos um novo modelo de ensino superior em que o aluno seja sujeito e construtor de sua aprendizagem e que visualize a atividade dialógica como produtora de conhecimento, a proposta da utilização de mapas conceituais representa uma estratégia pedagógica que possibilita a criação de um ensino significativo, estabelecendo-se um novo tipo de pensamento operacional dependente das relações cognitivas e efetivas para o processo de ensino-aprendizagem³. Os mapas conceituais se vinculam a um modelo de educação com características bem demarcadas, como: ser centrado no aluno e não apenas no professor; atender ao desenvolvimento de destrezas e não se conformar apenas com a repetição memorística da informação por parte do estudante; pretender o desenvolvimento harmonioso de todas as dimensões da pessoa e não apenas as intelectuais₄.

1. Bittencourt Greicy Kelly, Schaurich Diego, Marini Maiko, CrossettiI Maria da Graça. Aplicação de mapa conceitual para identifi cação de diagnósticos de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem [Internet]. 2012 Jan 27 [cited 2020 Jul 10]; DOI https://doi.org/10.1590/S0034-71672011000500025. Available from: https://www.scielo.br/pdf/reben/v64n5/a25v64n5.pdf

2. Araújo Araújo BCL, Motta MEA, Castro AG, Araújo CMT, et al., editors. Disfagia. Avaliação clínica e videofluoroscopia no diagnóstico de disfagia na encefalopatia crônica da infância.; 2014; Radiol Bras.; 2014 [cited 2020 Jul 7]. Available from: https://www.scielo.br/pdf/rb/v47n2/pt_0100-3984-rb-47-02-84.pdf

3. Júnior Valter Carabetta. A Utilização de Mapas Conceituais como Recurso Didático para a Construção e InterRelação de Conceitos. Revista Brasileira de Educação Médica [Internet]. 2013 May 20 [cited 2020 Jul 8];:441-447. DOI https://doi.org/10.1590/S0100-55022013000300017. Available from: https://www.scielo.br/pdf/rbem/v37n3/17.pdf

4. Souza, Nadia Aparecida de, Boruchovitch, Evely. Mapas conceituais: estratégia de ensino/aprendizagem e ferramenta avaliativa. Educação em Revista [Internet]. 2010 Dec 01 [cited 2020 Jul 9];26:195-218. DOI https://doi.org/10.1590/S0102-46982010000300010. Available from: https://www.scielo.br/pdf/edur/v26n3/v26n3a10.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2134
PERCEPÇÃO DOS PAIS DE CRIANÇAS RIBEIRINHAS SOBRE O RISCO PARA O TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Um hábito comum em comunidades ribeirinhas é o banho intenso nos rios que cercam as moradias. Uma das causas do Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) são as otites recorrentes na primeira infância. O excesso de banho em rios, praias e mar, associado a resíduos dessa água na orelha, podem gerar infecções e evoluir para diversas outras alterações, como por exemplo, o próprio TPAC. Objetivo: Investigar a percepção dos pais de crianças ribeirinhas sobre o risco para o Transtorno do Processamento Auditivo Central. Método: A pesquisa realizada foi do tipo transversal qualitativa, realizada na Ilha do Combu-PA, por meio da triagem simplificada do processamento auditivo central nas crianças e da aplicação do questionário Fisher’s auditory problems checklist (QFisher) nos pais, que relaciona o processamento auditivo central com as atividades do cotidiano, trazendo questões objetivas sobre o comportamento auditivo dos indivíduos alvo e correlacionando com as manifestações de dificuldades nesses comportamentos no dia a dia. Foram triadas 16 crianças com idades entre 8 a 10 anos, sendo 6 crianças do sexo masculino e 10 crianças do sexo feminino e responderam ao questionário 16 pais e/ou responsáveis. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, de acordo com a resolução CNS CEP/CONEP 466/12 sob o número CAAE: 97746018.0.0000.5173. Resultados: Os resultados da pesquisa indicam que o total de crianças em risco para o transtorno do processamento auditivo central na percepção dos pais é de 8 (50%) crianças, enquanto que a triagem do processamento auditivo central indica 11 (68,75%) crianças, e o total de crianças fora do risco para o transtorno do processamento auditivo central na visão dos pais corresponde a 8 (50%) crianças, enquanto que na triagem do processamento auditivo central indica apenas 5 (31,25%) crianças. Conclusão: Comparada a percepção pais com o resultado da triagem do processamento auditivo central, conclui-se que os resultados se mostram insuficientes para uma eficiente detecção de alterações no comportamento auditivo das crianças por parte dos pais, uma vez que os dados coletados quando comparados ao resultado da triagem tornam-se discrepantes, o que caracteriza um desconhecimento da causa por parte deles e um possível aumento do risco e da inclusão de novos indivíduos a tal grupo.

Alcatrás PAS, Altomare NV, Corazza MC, Lustrosa SS. Triagem do Processamento Auditivo em Escolares. Colloq Vitae. 2017;9(1):58-65.

Balbani APS, Montovani, JC. Impact of otitis media on language acquisition in children. Jornal de Pediatria. 2003;79:391-396.

Cibian AP, Pereira LD. Utilização de Questionário no Monitoramento dos Resultados do Treino Auditivo. Revista Distúrbios da Comunicação. 2015;27(3):470-482.

Emmanuel DC. The Auditory Processing Battery: Survey of Common Practices. Journal of the American Academy of Audiology. 2002;13(2):93-117.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1275
PERCEPÇÃO DOS PAIS SOBRE CARACTERÍSTICAS VOCAIS, COMUNICATIVAS, COMPORTAMENTOS VOCAIS ABUSIVOS E COMPORTAMENTO SOCIAL DE CRIANÇAS COM E SEM DISFONIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: crianças, por vezes, não apresentam consciência da dimensão de seu problema vocal e de seus prejuízos causados em sua qualidade de vida1, por isso, o apoio dos pais no processo terapêutico é fundamental. Todavia, muitos pais não apresentam conhecimento sobre comportamentos prejudiciais para a saúde vocal2 e, não conseguem identificar as alterações vocais de seus filhos3. Objetivo: apresentar uma revisão integrativa da literatura sobre a percepção dos pais em relação às características vocais e comunicativas, comportamentos vocais infantis considerados abusivos e, sobre comportamentos sociais de crianças com e sem disfonia. Método: Foi realizada busca nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), entre 2006 e 2020. Foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Voice; Dysphonia; Child; Parent-Child Relations, com descritor associado and, cruzando-se as palavras Dysphonia “and” Child “and” Parent-Child Relations. Resultados: Foram identificados 23 artigos na BVS, selecionados 17 e excluídos cinco (duplicados) e, na SCIELO, oito, sendo selecionados dois, porém, descartados (duplicados). Dos 12 artigos restantes, sete foram incluídos, pois descreveram as características vocais, comunicativas e comportamentos vocais abusivos, além de comportamentos sociais alterados. Foram organizadas as seguintes categorias: 1) Percepção dos pais de crianças sem disfonia: a) Características vocais e suas relações com a personalidade: volume de voz aumentado4-6 e voz mais aguda, associada a traços de agitação e inquietação5; b) Comportamentos vocais abusivos e considerados de risco para a disfonia: gritar, imitar vozes4-7, apresentar alergia4 e assistir televisão em alto volume6. 2) Percepção dos pais de crianças disfônicas: a) Características comunicativas abusivas: falar com esforço, falar em ambiente ruidoso, falar muito rápido8; b) Comportamentos sociais alterados: problemas de relacionamento e depressão9-10. Conclusão: Há uma grande variedade de características vocais relatadas pelos pais e muitas, relacionadas à personalidade da criança. Além disso, pais de crianças disfônicas relataram maior ocorrência de características prejudiciais à voz8 e comportamentos sociais alterados9-10. Os pais de crianças vocalmente saudáveis, também descrevem alguns comportamentos vocais que consideram abusivos, entretanto, a maior parte dos pais mostrou satisfação com o som da voz de seus filhos4-5. A percepção dos pais sobre as características vocais e comunicativas abusivas e as alterações vocais que podem ser desencadeadas, por consequência do mau uso da voz, além de problemas de relacionamento, em seus filhos, é importante para que estes incentivem as crianças em terapia, para a promoção de qualidade de vida e de uma comunicação mais saudável para as crianças.

1. Ribeiro LL, Paula KMP, Behlau M. Qualidade de Vida em Voz na População Pediátrica: validação da versão brasileira do Protocolo Qualidade de Vida em Voz Pediátrico. CoDAS. 2014;26(1):87-95.

2. Lu D, Yiu EML, Pu D, Yang H, Ma EPM. Parental knowledge, attitudes, andpracticesabout vocal hygiene for theirchildren in Chengdu, a cityfrom China. Medicine. 2019;98(16):1-9.

3. Paixão CLB, Siqueira LTD, Coelho AC, Brasolotto AG, Silverio KC. Há concordância entre pais e filhos quanto a seus comportamentos vocais?. Distúrbios da Comunicação. 2015;27(4):750-759.

4. Takeshita TK, Aguiar-Ricz L, Isaac ML, Ricz H, Anselmo-Lima W. Comportamento vocal de crianças em idade pré-escolar. Arq Int. Otorrinolaringol. 2009;13(3):252-8.

5. Fritsch A, Oliveira G, Behlau M. Opinião dos pais sobre a voz, características de comportamento e de personalidade de seus filhos. Rev. CEFAC. 2011; 13(1):112-122.

6. Pascotini FS, Ribeiro VV, Haeffner SBL, Cielo CA. Percepção dos pais acerca do comportamento e características vocais de crianças. Distúrbios da Comunicação. 2015 Jun;27(2):281-287.

7. Camargo-Gomes AO, Lima SJH, Silva JFD, Lucena JA. Hábitos vocais infantis em um Lar de Assistência e Educação: percepção de pais e educadores. Distúrbios da Comunicação. 2016;28(4):649-657.

8. Paixão CLB, Silvério KCA, Berberian AP, Mourão LF, Marques JM. Disfonia infantil: hábitos prejudiciais dos pais interferem na saúde vocal de seus filhos? Rev. CEFAC. 2012; 14(4):705-713.

9. Reis-Rego A, Santos PH, Santos G, Santos PC, Dias D, Freitas SV et al. Behavioral Profile of Children With Vocal Fold Nodules – A Case-control Study. Journal of Voice. 2019;33(4):584e.1-584e.4.

10. Lima L, Behlau M. Emotional/Behavioral Indicators in Children and Adolescents with and without vocal problems: Self-Evaluation and Parental Evaluation. Journal of Voice. In press 2020 Jan. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2019.12.025.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1281
PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ACERCA DOS CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Os cuidados paliativos envolvem toda doença que ameaça a vida. Ofertado ao paciente quando não há mais possibilidade de cura da doença de base, mas sendo imprescindível tratar comorbidades e melhorar a qualidade de vida do paciente ao longo do curso da doença até o processo de final de vida. Em geral, compõem-se de uma equipe multidisciplinar que esses cuidados são realizados de forma integral, a qual deverá ser formada minimamente por enfermeiro, psicólogo, médico, assistente social, farmacêutico, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, dentista e assistente espiritual. A percepção destes profissionais acerca de sua atuação reflete nas atividades praticadas diariamente no hospital, é através da consciência em relação às necessidades sociais e do conhecimento científico, que haverá o aperfeiçoamento das atuações. Objetivo: analisar a percepção dos profissionais da saúde sobre a sua atuação em cuidados paliativos, através de revisão de literatura. Metodologia: A pesquisa ocorreu nas bases de dados SciELO e LILACS. Foram utilizados os descritores “Cuidados paliativos”, “Percepção” e “Equipe de assistência ao paciente”, os quais foram pesquisados de forma combinada. Como critérios de inclusão foram considerados artigos escritos em português, inglês e espanhol, publicados nos últimos 10 anos disponíveis gratuitamente na íntegra. Com o intuito de buscar adequação e reunir o máximo de conhecimento sobre o tema abordado, realizou-se uma análise e de forma descritiva a síntese dos artigos encontrados. Resultados: Foram encontrados na literatura em sua grande maioria artigos que tratam da percepção dos enfermeiros, devido ao fato de o enfermeiro ser o profissional em contato direto com paciente. Os estudos evidenciaram a relevância do vínculo estabelecido entre os profissionais da equipe, família e paciente, para um melhor cuidado integral e humanizado, da mesma maneira que revelam a dificuldade de aceitação da terminalidade de vida por parte desses profissionais. Já os artigos relacionados à percepção dos cuidados paliativos segundo a visão da equipe multidisciplinar em geral, retratam defasagem na formação acadêmica dos profissionais para saber lidar com o paciente em fase terminal, causando assim uma série de sentimentos adversos nos profissionais não preparados. Além da falta de integração entre a equipe de saúde. Conclusão: Grande parte dos participantes citaram a importância do cuidado humanizado, porém é notável a dificuldade em reconhecer a morte como um processo natural, assim como obstáculos para o empoderamento nas decisões perante o caso do paciente.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidados paliativos; Equipe de assistência ao paciente; Percepção; Doente Terminal.


Silveira MH, Ciampone MHT, Gutierrez BAO. Percepção da equipe multiprofissional sobre cuidados paliativos. Rev. Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro, 2014; 17(1): 7- 16.

Alcantara EH, Almeida VL, Nascimento MG, Andrade MBT, Dázio EMR, Resck ZMR. Percepção dos profissionais da equipe de enfermagem sobre o cuidar de pacientes em cuidados paliativos. Rev. de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro. 2018;8: e2673, 1-7.

Cavalcanti ÍMC, Oliveira LO, Macêdo LC, Leal MHC, Morimura MCR, Gomes ET. Princípios dos cuidados paliativos em terapia intensiva na perspectiva dos enfermeiros. Rev Cuidarte. 2019; 10(1): e555, 1-10.

Ferreira JMG, Nascimento JL, Sa FC. Profissionais de saúde: um ponto de vista sobre a morte e a distanásia. Rev. bras. educ. med., 42(3), 87-96.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
152
PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE UNIDADE INTENSIVA NEONATAL SOBRE DOENÇAS REEMERGENTES: OLHAR DA FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O perfil epidemiológico da população brasileira, anterior à promulgação do Sistema Único de Saúde (SUS)1, se caracterizava pela elevada prevalência de Infecções Sexualmente Transmissíveis e endemias rurais2. Após a implementação do SUS, ocorreu redução da morbimortalidade por estas doenças, concomitante com o aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis3. No entanto, doenças como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, vírus herpes simples ainda persistem como um grave problema de saúde pública, sendo denominadas como doenças reemergentes4. Quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem vários desfechos neonatais adversos, envolvendo distúrbios audiológicos5. A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é considerada como um serviço indispensável para a sobrevida desses recém-nascidos. Assim, nessas unidades o conhecimento e as condutas devem ser embasados na integralidade e na humanização da atenção, visando acolhimento numa perspectiva humanizada e multiprofissional6. Objetivo: Verificar o entendimento dos profissionais da UTIN acerca de doenças reemergentes e verificar os aspectos que contribuem e influenciam no conhecimento e uso das práticas pelos profissionais no setor. Métodos: Estudo transversal e quantitativo. Foi aplicado um questionário com estrutura auto-respondido com profissionais da UTIN em um hospital universitário na região sul do Brasil, no período entre novembro a dezembro de 2019. Os dados foram organizados em planilhas do programa Microsoft Excel e analisados no software Stata 14.0 (StataCorp, College Station, TX, USA). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) CAAE: 85345518.2.0000.0121. Resultados: Participaram do estudo 40 profissionais, em sua maioria técnicos de enfermagem (32,5%) e enfermeiros (22,5%), além de residentes de nutrição (12,5%), fonoaudiólogos (7,5%), nutricionistas (7,5%), médicos (5%), residentes de medicina (5%), fisioterapeutas (2,5%), psicólogos (2,5%), e terapeuta ocupacional (2,5%). Destes 39 (97,5%) eram do sexo feminino com idade média de 40 (dp=7,9) anos. Em relação ao tempo de trabalho, 32,5% relatou entre cinco a dez anos e especificamente em UTIN, 30% estão há menos de cinco anos, enquanto 10% dos profissionais já haviam trabalhado em outra UTIN. Quando analisado o conhecimento dos profissionais em relação às doenças reemergentes, a maioria (40%) citou clamídia, seguida por febre amarela (32,5%), dengue (12,5%), HIV/Aids (10% e sarampo (5%). Sobre o conhecimento quanto ao diagnóstico destas, a grande maioria (97,5%) mencionou não ter conhecimento e 100% afirmou não ter conhecimento sobre o tratamento. A maioria dos profissionais (77,5%) consideram-se aptos a trabalhar de maneira interdisciplinar no tratamento das doenças reemergentes, afirmam que a incidência dessas doenças na UTIN é inferior a 25% e que a maior causa de mortalidade neste setor é devido a prematuridade (85%). Quando questionados quanto à relação entre doenças reemergentes e mortalidade, a maioria (83,5%) acredita nessa relação. Quanto ao trabalho humanizado, todos os profissionais relataram realizar a inserção dos pais/responsáveis na unidade, orientação sobre amamentação e orientar sobre a importância do monitoramento na atenção. Conclusão: Os resultados sugerem que os profissionais que trabalham na UTIN tem conhecimento a respeito de algumas das doenças reemergentes mais prevalentes nos últimos anos, porém vale ressaltar que há uma fragilidade em relação ao diagnóstico e tratamento destas doenças.

1. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica da Saúde. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, set. 1990.
2. Teixeira MG, Costa MCN, Paixão ES, Carmo EH, Barreto FR, Penna GO. Conquistas do SUS no enfrentamento das doenças transmissíveis. Ciência & Saúde Coletiva. 2018;23(6):1819-1828.
3. Waldman EA, Sato APS. Path of infectious diseases in Brazil in the last 50 years: an ongoing challenge. Revista de Saúde Pública. 2016;50:1-18.
4. Ishikawa ÉKS, Gomide LMM. Doenças emergentes e reemergentes: um problema do passado que persiste no presente. Revista InterSaúde. 2019;1(1):59-72.
5. Torres FL, Gontijo EEL, Silva MG, Castro AM. Fatores de risco associados a toxoplasmose gestacional nas Unidade Básicas de Saúde dos setores Vila Nova e Sevilha de Gurupi, Tocantins Brasil. Revista Cereus. 2014;6(3):1-16.
6. Gomes MFP, Silva NS, Capellini VK, Santos MS. Conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre o cuidado humanizado em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Revista de Atenção à Saúde. 2017;15(52):38-42.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
869
PERCEPÇÃO DOS SUJEITOS SOBRE A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA EQUIPE DE ATENDIMENTO À CIRURGIA BARIÁTRICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A fonoaudiologia, embora não faça parte de todas as equipes de acompanhamento ao paciente submetido à cirurgia bariátrica, tem um papel fundamental no seu atendimento1,2, devido à possibilidade de inadequações nas funções do sistema estomatognático, como mastigação e deglutição, tanto no pré como no pós-cirúrgico3,4. Objetivo: Analisar a percepção dos sujeitos, em preparação ou que já tenham realizado Cirurgia Bariátrica (CB), sobre a importância do acompanhamento e atuação da Fonoaudiologia na equipe de atendimento multiprofissional. Metodologia: Estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem sob nº 3.215.580, dado pela aplicação de perguntas abertas elaboradas pelas autoras, em uma clínica particular que conta com equipe de atendimento multiprofissional. Foram entrevistados 31 sujeitos, sendo as perguntas aplicadas em três momentos distintos: antes da primeira consulta fonoaudiológica (13 sujeitos), antes da consulta fonoaudiológica pré-operatória (8 sujeitos) e antes da consulta fonoaudiológica de pós-operatório de três meses (10 sujeitos). Os resultados foram analisados quantitativamente por meio de estatística descritiva, através das porcentagens de ocorrência e das médias, e qualitativamente, com a utilização do método de análise de conteúdo 5, 6, 7. Resultados: Na primeira consulta com a fonoaudióloga os participantes foram questionados sobre seu conhecimento da atuação fonoaudiológica no processo de pré e pós operatório de CB. 46% (6) sujeitos relataram que no pré-operatório o fonoaudiólogo vai trabalhar aspectos relativos à mastigação, quantidade de alimento ingerido e velocidade mastigatória, enquanto no pós-operatório 38% (5) acreditam que o fonoaudiólogo vai continuar trabalhando a alimentação e 15% (2) acreditam que soma-se a esse trabalho orientações sobre entalos e engasgos. Na consulta pré-operatória, quando os sujeitos foram questionados sobre a importância das orientações fonoaudiológicas já recebidas a partir da primeira consulta e subsequentes, 100% (8) relataram estas terem sido extremamente importantes, e sobre essas orientações terem melhorado a forma como se alimentam; 88% (7) salientaram que houve modificação na forma como se alimentavam após as orientações fonoaudiológicas, enfatizando adequação na velocidade de alimentação, na capacidade mastigatória e melhora dos aspectos relativos ao sono e à respiração. No período pós operatório de três meses, 90% (9) dos sujeitos relataram que as orientações fornecidas pelo fonoaudiólogo nesse período são extremamente importantes e apenas um sujeito relatou que são significantes. Conclusão: Apesar de inicialmente os sujeitos não demonstrarem tanto conhecimento sobre a atuação fonoaudiológica na equipe, puderam relacionar o trabalho à adequação de aspectos relativos à alimentação. Após o primeiro contato com o fonoaudiólogo ficou evidente o impacto das orientações recebidas. O papel do fonoaudiólogo na equipe multiprofissional pode ser percebido de forma positiva pelos pacientes, uma vez que demonstrou resultado no comportamento alimentar durante o processo da cirurgia.

1. Silva, Angela Silveira Guerra; Tanigute, Christiane Camargo; Tessitore, Adriana. A necessidade da avaliação fonoaudiológica no protocolo de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica. Revista CEFAC. 2014; 16(5): 1655-1668.
2. Rocha, Ana Cláudia Andrade; Conceição, Natália Oliveira de Souza; Toni, Laura Davison Mangilli. Mastigação e deglutição em indivíduos com obesidade indicados à realização de cirurgia bariátrica/gastroplastia-estudo piloto. Revista CEFAC. 2019; 21(5).
3. Silva, Marcia Manuella Menezes; Tavares, Thaíza Estrela; Pinto, Vivianne de Sá Ribeiro. A relação entre a apneia e hipopneia obstrutiva do sono, respiração oral e obesidade com enfoque no tratamento fonoaudiológico: um estudo bibliográfico. Distúrbios da Comunicação. 2015; 27(2).
4. Santos, Andréa Cavalcante dos; Silva, Carlos Antonio Bruno da. Eletromiografia de superfície de músculos masseteres e temporais com percentual de uso durante a mastigação em candidatos à gastroplastia. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo). 2016; 29: 48-52.
5. Campos, Claudinei José Gomes et al. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista brasileira de enfermagem, 2004.
6. Cavalcante, Ricardo Bezerra; Calixto, Pedro; Pinheiro, Marta Macedo Kerr. Análise de conteúdo: considerações gerais, relações com a pergunta de pesquisa, possibilidades e limitações do método. Informação & Sociedade: Estudos. 2014; 24(1): 13-18.
7. Campos, Claudinei José Gomes; Turato, Egberto Ribeiro. Análise de conteúdo em pesquisas que utilizam metodologia clínico-qualitativa: aplicações e perspectivas. Revista brasileira de enfermagem, 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
715
PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA SOBRE A INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


TÍTULO: Percepção dos usuários de prótese dentária sobre a intervenção fonoaudiológica.

INTRODUÇÃO: O equilíbrio do sistema estomatognático se dá pela presença e harmonia entre as estruturas ósseas dentárias, inervações e grupos musculares que juntos atuam nas funções de respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala. Para isto, é necessária uma boa saúde oral, com a presença de dentes saudáveis, porém a falta de cuidados com a higiene oral pode levar a deterioração dos dentes ou até mesmo perda dentária¹. A prótese parcial removível ou a prótese total são opções para reabilitar o paciente, devolvendo melhor funcionalidade e harmonia facial, uma vez que estas próteses estejam bem adaptadas. Assim o paciente desdentado sofrerá influência de uma nova programação muscular para se adequar ao padrão mastigatório e articulatório, bem como a deglutição por meio do processo de aprendizagem após a instalação da prótese dentária². Já que o cérebro estava habituado às compensações geradas pela ausência dos dentes ou pelo costume da prótese antiga³. Deste modo, a terapia miofuncional orofacial, tem o propósito de possibilitar maior funcionalidade das estruturas e funções estomatognáticas, retomando o equilíbrio na postura oral, evitando o abandono do uso da prótese por dificuldades na adaptação⁴ ou que surjam compensações. Através da interdisciplinaridade⁵ entre Fonoaudiologia e Odontologia, os profissionais explanam o compartilhamento dos conhecimentos e experiências em prol do paciente. Como hipótese acredita-se que a intervenção fonoaudiológica impacta positivamente nas estruturas e funções da mastigação, deglutição e fala dos usuários de prótese dentária bimaxilar ou parcial removível.

OBJETIVO: Caracterizar a percepção dos usuários de próteses dentárias sobre sobre a intervenção fonoaudiológica.

METODOLOGIA: Pesquisa quantitativa, de análise documental, descritiva e retrospectiva, através da análise de 10 prontuários de adultos e idosos, ambos os sexos, com idade entre 32 e 77 anos, usuários de prótese dentária total ou parcial removível, que receberam intervenção fonoaudiológica na clínica escola do curso de Odontologia – Unifor, de agosto à dezembro de 2019 durante a confecção das próteses dentárias. A coleta de dados ocorreu em fevereiro de 2020. Os dados foram analisados e digitados no Programa Microsoft Excel 20019 versão 2002, através da estatística descritiva, posteriormente foram apresentados sob a forma de gráficos e tabelas.

RESULTADOS: Verificou-se que 70% da população estudada são mulheres, usuárias de prótese total superior e parcial removível inferior, com idade superior a 60 anos e 80% usavam prótese dentária há mais de 20 anos. Após a intervenção fonoaudiológica, 90% referiram não sentir mais dificuldades para comer, 80% não sentiram mais cansaço ao mastigar, 100% mastigam bilateral e 90% não sentem mais dor ou desconforto na boca. Observou-se também, percepção nas mudanças relacionados à mastigação, dor e desconforto na boca, 70%, assim como melhora na musculatura e mobilidade das estruturas estomatognáticas, 80%. Não foram observadas diferenças significantes das respostas entre usuários de prótese total e parcial removível.

CONCLUSÃO: A percepção dos usuários de prótese dentária mostrou-se relevante em relação às queixas relacionadas à mastigação, dor ou desconforto na boca, assim como cansaço ao se alimentar. Houve melhora nos aspectos de tônus e mobilidade após a terapia fonoaudiológica.

1. Montenegro FLB, Marchini L, Brunetti RF, Manetta CE. A importância do bom funcionamento do sistema mastigatório para o processo digestivo dos idosos. São Paulo: Revista Kairós [Internet]. 2007 [acesso em 2019 Ago 19];10(2):245-257. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/viewFile/2601/1655
2. Silva HJ, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA, Felix GB, Marchesan IQ. Tratado de Motricidade Orofacial. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2019.
3.Bianchini EMG, Cavalcanti EVA. Verificação e análise morfofuncional das
características da mastigação em usuários de prótese dentária removível. São Paulo: Revista CEFAC [Internet]. 2008 [acesso em 2019 Ago 19];10(4):490-502. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v10n4/v10n4a09
4.Alencar YMG, Curiati JAE. Envelhecimento do Aparelho Digestivo. São Paulo: Editora Atheneu; 2006.
5.Fazenda ICA. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro. São Paulo: Edições Loyola [Internet]. 2013 [acesso em 2019 Ago 19];10(6):54. Disponível em: https://www.pucsp.br/gepi/downloads/PDF_LIVROS_INTEGRANTES_GEPI/livro_integracao_interdisciplinaridade.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1602
PERCEPÇÃO MATERNA ACERCA DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM EM CRIANÇAS DE DOIS A 24 MESES DE IDADE AVALIADAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Os primeiros anos de vida são um período crítico no qual ocorrem um rápido desenvolvimento cerebral, sendo a comunicação dos pais com seus filhos um fator determinante para a performance cognitiva da criança. Especificamente, a mãe pode ser considerada coautora no desenvolvimento de linguagem devido a sua posição central na construção de uma relação sócio-emocional com o filho. As mães que apresentam maior percepção sobre o desenvolvimento infantil interagem com seus filhos de maneira mais positiva e apresentam maior probabilidade de fornecer estímulo cognitivo a seus filhos. As evidências sobre a chance de a criança sofrer prejuízos em seu desenvolvimento ser influenciada pelos determinantes sociais e de saúde reforça a importância de ações voltadas à promoção da saúde materno-infantil a famílias em situação de risco e vulnerabilidade social. O rastreamento do desenvolvimento da linguagem por meio da percepção materna pode contribuir em ações exitosas na atenção primária. Objetivo: Investigar a percepção materna em relação ao desenvolvimento da linguagem tendo como referência recepção, emissão e aspectos cognitivos. Métodos: Trata-se de um estudo observacional analítico transversal desenvolvido no período de julho e dezembro 2009, com crianças de dois a 24 meses pertencentes a duas Unidades Básicas de Saúde, sendo a amostra constituída por 466 crianças, de ambos os sexos. A percepção materna acerca do desenvolvimento da criança foi obtida por meio de pergunta direta dirigida à mãe e a avaliação do desenvolvimento da linguagem da criança foi realizada por meio do instrumento Roteiro de Observação de Comportamento de crianças de 0 a 6 anos. Para a classificação do desenvolvimento das crianças foram considerados os dados obtidos pela Caderneta de Saúde da Criança e pelo Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no contexto da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância. Os testes Qui-quadrado de Pearson e o Exato de Fisher foram utilizados para as análises de associação e, para comparação entre os grupos, utilizou-se o teste não-paramétrico de Kruskal Wallis. O estudo cumpriu as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição responsável, sob o parecer ETIC410/09. Resultados: Houve concordância entre a percepção da mãe e o desenvolvimento do filho quando este se encontrava atrasado, evidenciando que é mais perceptível para a mãe caracterizar um desenvolvimento atrasado do que identificar um desenvolvimento normal ou com um possível atraso. Em relação ao desenvolvimento de linguagem houve associação entre o perfil de emissão e a percepção materna em uma das Unidades Básicas de Saúde e na amostra geral, sugerindo que para a mãe é mais observável o atraso no componente emissivo da linguagem, enquanto que o componente receptivo nem sempre é identificado Conclusão: A percepção da mãe acerca do desenvolvimento da linguagem de seus filhos se mostrou um instrumento importante para complementar a avaliação de linguagem das crianças no âmbito da atenção básica.

1. Chung EO, Fernald LCH, Galasso E, Ratsifandrihamanana L, Weber AM. Caregiver perceptions of child development in rural Madagascar: a cross-sectional study. BMC Public Health. 2019; 19: 1256.
2. Spann MN, Bansal R, Hao X, Rosen TS, Peterson BS. Prenatal socioeconomic status and social support are associated with neonatal brain morphology, toddler language and psychiatric symptoms. Child Neuropsychol. 2020; 26(2):170-188.
3. Kisa YGD, Aktan-Erciyes A, Turan E, G€Oksun T. Parental use of spatial language and gestures inearly childhood. British Journal of Developmental Psychology. 2019; 37, 149–167.
4. Dirks E, Stevens A, Kok S, Frijns J, Rieffe C. Talk with me! Parental linguistic input to toddlers with moderate hearing loss. Journal of Child Language. 2020; 47:186–204.
5. Huang K-Y, Caughy MOB, Genevro JL, Miller TL. Maternal knowledge of child development and quality of parenting among white, African-American and Hispanic mothers. J Appl Dev Psychol. 2005; 26(2):149–70.
6. Grusec JE. Socialization processes in the family: social and emotional development. Annu Rev Psychol. 2011; 62:243–69.
7. Chiari BM, Basilio CS, Nakagawa EA, Cormedi MA, Silva NSM, Cardoso RM, Parreira VEW. Proposta de sistematização de dados da avaliação fonoaudiológica através da observação de comportamentos de criança de 0 a 6 anos. Pró-Fono (Online). 1991; 3(2):29-36.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1182
PERCEPÇÃO MUSICAL APÓS IMPLANTE COCLEAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O implante coclear (IC) representa um dos avanços tecnológicos mais significativos na área de bioengenharia. Apesar disso, os sistemas de implante coclear existentes geralmente fornecem informações auditivas inadequadas sobre sons musicais complexos para que seus usuários desfrutem totalmente desse tipo de experiência auditiva1,2,3. Considerando a percepção musical, a qual exige um processamento muito mais refinado para a discriminação de aspectos como melodia, timbre, intensidade e duração; supõe-se que esta percepção será ainda mais difícil para o paciente implantado, sendo importante investigar esse fenômeno.
OBJETIVO: Revisar a literatura sobre a percepção musical em indivíduos submetidos a implante coclear.
MÉTODO: Optou-se por realizar uma revisão do tipo integrativa e a estratégia de busca, seleção e análise dos artigos foi conduzida de acordo com as diretrizes do PRISMA. A estratégia PICo foi considerada para formulação da pergunta condutora “Como ocorre a percepção musical em indivíduos submetidos a implante coclear? A pesquisa dos artigos foi realizada em quatro bases de dados a saber: PubMed, BVS, ScienceDirect e Periódicos CAPES. Foram combinados os descritores cadastrados no Mesh: percepção auditiva; implante coclear; estimulação acústica; vertigem, a partir do operador booleano “AND”. A literatura cinza não foi considerada nesta revisão. Os critérios de inclusão para a leitura dos resumos e artigos completos: 1) estudos originais de pesquisa; 2) estudos realizados com pacientes em qualquer faixa etária; 3) que mencionassem a avaliação da percepção musical através de entrevista e/ou instrumentos ou exames; 4) artigos publicados nos últimos 10 anos. Foram excluídos da análise estudos revisões narrativas, sistemáticas e reanálises; dissertações ou teses; cartas; editoriais; comentários e relatos de casos.
RESULTADOS: Dos 56 artigos analisados, 35 foram incluídos na revisão. Houve predomínio de estudos observacionais e estudos comparativos. Quanto ao perfil da amostra, a maioria das publicações incluíram pacientes adultos com pelo menos um ano de realização do implante. Para avaliação da percepção musical o uso de instrumentos padronizados foi predominante entre as pesquisas. Houve um consenso entre todos os estudos ao afirmar que de fato indivíduos implantados apresentam experiências de percepção musical reduzidas quando comparados a indivíduos ouvintes e de que os usuários de implantes tendem a classificar a qualidade dos sons musicais como menos agradável do que os ouvintes com audição normal. Apesar disso também se verificou que o acompanhamento constante do paciente e a realização de ajustes no implante atrelados a terapia com estímulos musicais trouxeram contribuições significativas a percepção musical.
CONCLUSÃO: Apesar do implante coclear contribuir significativamente na reabilitação da função auditiva, existem limitações quanto a percepção de sons não lexicais, sobretudo nas habilidades de identificação de diferentes padrões rítmicos, tons, instrumentos e algumas músicas, devendo estes aspectos constituírem os objetivos da intervenção fonoaudiológica. Assim considera-se que os estudos voltados ao aprimoramento das tecnologias envolvidas no implante coclear devem continuar na tentativa de promover um padrão mais adequado da percepção musical e que programas de treinamento auditivo devem ser criados especificamente para fornecer aos usuários de implantes uma experiência satisfatória da escuta musical.

Araújo, SRS, et al. Caracterização da percepção musical em usuários de implante coclear. Audiology-Communication Research. 2018;23.

Lima, JP, Iervolino, SMS, Schochat, E. Habilidades auditivas musicais e temporais em usuários de implante coclear após musicoterapia. CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2018.

Tefili, D, et al. Implantes cocleares: aspectos tecnológicos e papel socioeconômico. Revista Brasileira de Engenharia Biomédica. 2013;29(4).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
394
PERCEPÇÃO MUSICAL EM USUÁRIOS DE APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL E IMPLANTE COCLEAR: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Percepção musical é o processo de compreender, organizar e interpretar características fundamentais e estruturais na música, incluindo altura, ritmo, melodia e timbre. Pessoas com audição normal percebem com precisão essas características, no entanto, para pessoas com deficiência auditiva, a percepção musical é significativamente prejudicada devido à reduzida capacidade de utilizar totalmente a estrutura temporal fina, diminuição da discriminação e baixa seletividade de frequências. E mesmo com o uso de aparelhos de amplificação sonora individual ou implantes cocleares, estudos têm demonstrado que estes dispositivos não satisfazem seus usuários quando o objetivo é apreciar a música. Objetivo: Revisar publicações científicas na literatura em relação à percepção musical em usuários de aparelhos de amplificação sonora individual e/ou implante coclear ao utilizarem seus dispositivos. Metodologia: Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura, em que foi realizado o levantamento e análise de pesquisas publicadas na Biblioteca Virtual em Saúde – BIREME, que reúne as bases de dados LILACS e MEDLINE, tendo como pergunta de pesquisa “Como é a percepção musical de indivíduos com deficiência auditiva ao usarem aparelhos de amplificação sonora individual e/ou implante coclear?”. A elaboração se deu em seis etapas: definição da questão de pesquisa, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão com a busca na literatura, definição das informações a serem extraídas dos estudos, avaliação dos estudos incluídos, interpretação dos resultados e síntese dos dados. Resultados: foram encontrados 146 estudos e com base nos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 30 estudos para leitura na íntegra. Destes, 16 foram incluídos como objeto de estudo por apresentarem aspectos que respondiam à questão norteadora desta revisão. Entre os 16 estudos, seis foram publicados nos Estados Unidos, três no Canadá, um na África do Sul, um no Brasil, um na Coréia do Sul, um na Alemanha, um na Austrália, um no Reino Unido e um na China. O levantamento dos dados permitiu verificar respostas de 793 participantes, sendo 579 (73%) usuários de AASI, 183 (23%) usuários de IC e ainda, 31 (4%) usuários de adaptação bimodal. Destes, 730 (92%) eram adultos e 63 (8%) eram crianças, sendo 368 (46%) do sexo feminino e 311 (39%) do sexo masculino, e alguns estudos não mencionaram o gênero de outros 114 (14%) indivíduos. A análise permitiu observar considerável dificuldade de usuários de AASI e usuários de IC nas habilidades de timbre, pitch e melodia e bom desempenho em tarefas relacionadas ao ritmo. Os estudos que compararam os resultados com ouvintes normais revelaram que os usuários de AASI e os usuários de IC percebem o ritmo de modo semelhante aos indivíduos com audição normal Conclusão: A percepção musical em usuários de AASI e usuários de IC é prejudicada quando comparados à indivíduos com audição normal. Todavia, usuários de AASI mesmo apresentando dificuldades, evidenciam melhor desempenho que usuários de IC.

ADAMS, D. AJIMSHA, K. M. BARBERÁ, M. T. GAZIBEGOVIC, D. GISBERT, J. GÓMEZ, J. ZAROWSKI, A. Multicentre evaluation of music perception in adult users of Advanced Bionics cochlear implants. Cochlear Implants Int. 2014; 15(1), 20-26.
CAI, Y. ZHAO, F. ZHENG, Y. Musical perception mechanisms and their changes in people with hearing loss. Hear. Balance Commun. 2013; 11 (4), 168-175.
CHASIN, M. HOCKLEY, N. S. Some characteristics of amplified music through hearing aids. Hearing research. 2014; v. 308, p. 2-12.
GALVIN, J. J. FU, Q.J. Effect of bandpass filtering on melodic contour identification by cochlear implant users. J Acoust Soc Am. 2011;129(2): EL39-44.
LIMB, C.J. ROY, A.T. Technological, biological, and acoustical constraints to music perception in cochlear implant users. Hear Res. 2014, 308:13‐26.
LOOI, V. TEO, E.R. LOO, J. Pitch and lexical tone perception of bilingual English–Mandarin-speaking cochlear implant recipients, hearing aid users, and normally hearing listeners. Cochlear Implants International. 2015; 16: sup3, S91 -S104.
MADSEN, S.M.K. MOORE, B.C.J. Music and Hearing Aids. Trends in Hearing, 2014; 18:2331216514558271.
MENEZES, P. L. NETO, S. C. MOTTA, M. A. Biofísica da Audição. São Paulo: Editora Lovise, 2005.
MOORE, B. The roles of temporal envelope and fine structure information in auditory perception. Acoustical Science and Technology. 2019; 40. 61-83. 10.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1359
PERCEPÇÃO REFERIDA DE FALA, VOZ E DEGLUTIÇÃO EM INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é uma patologia neurológica, crônica e progressiva relacionada à degeneração dos gânglios basais. É definida pelos sinais cardinais de rigidez, acinesia, bradicinesia, tremor de repouso, instabilidade postural e alterações na fala, voz e deglutição. As alterações da voz e da fala na DP formam um conjunto chamado de disartria ou disartrofonia hipocinética, que acomete cerca de 75 a 90% dos indivíduos com DP. Outra alteração importante que pode surgir no conjunto de sintomas da doença é a dificuldade na deglutição dos alimentos. Nos indivíduos com DP, esta dificuldade é decorrente do fato de não conseguirem realizar os movimentos necessários de forma coordenada e rápida. Objetivo: Identificar a autopercepção do impacto nos domínios de fala, deglutição e saliva, bem como o risco de disfagia em pacientes com Doença de Parkinson. Método: Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa (número 0661/2017). Participaram desta pesquisa, 56 idosos com diagnóstico de Parkinson idiopático que realizam atendimento em uma instituição multidisciplinar para indivíduos com DP. Foram aplicados dois questionários, denominados Radboud Oral Motor Inventory for Parkinson’s Disease – ROMP (cujo objetivo é a identificação da autoavaliação do controle da fala, deglutição e saliva em pacientes com DP) e Swallowing disturbance questionnaire (SDQ-DP), desenvolvido para rastreio de disfagia nestes indivíduos. Resultados: A idade média dos participantes foi de 71 anos, com maior frequência de indivíduos do sexo masculino, escolaridade de ensino superior (44,6%) e grau mediano de 2,0 na escala Hoehn e Yahr (H&Y). O domínio de maior impacto evidenciado pelo questionário ROMP foi o de fala, com mediana de 13 pontos; além disso, este domínio também se mostrou mais afetado, de acordo com a autopercepção destes pacientes, conforme o grau na escala H&Y aumentava. Houveram mais queixas de fala no sexo masculino do que no feminino. Já o domínio de deglutição obteve correlação positiva com a idade dos participantes do estudo. A porcentagem de risco para disfagia do SDQ-DP foi de 23,2% e 10,7% da presente amostra passou por algum episódio de infecção respiratória no último ano. Conclusão: O domínio considerado de maior impacto pela autopercepção dos pacientes com DP foi o de fala, seguido pelo de saliva e de deglutição, respectivamente. Ainda, cerca de 23,2% dos pacientes, apresentaram risco para o desenvolvimento de disfagia no decorrer da doença.


1. Souza CFM, Almeida HCP, Sousa JB, Costa PH, Silveira YSS, Bezerra JCL. A Doença de Parkinson e o Processo de Envelhecimento Motor: Uma Revisão de Literatura. Rev Neurocienc. 2011;19(4):718-723.
2. Ferreira FV, Cielo CA, Trevisan ME. Força muscular respiratória, postura corporal, intensidade vocal e tempos máximos de fonação na Doença de Parkinson. Rev. CEFAC. 2012;14(2):361-368.
3. Dias AE, Limongi JCP. Tratamento dos distúrbios da voz na doença de Parkinson: o método Lee Silverman. Arq. Neuro-Psiquiatr. 2003;61(1):61-66. doi:http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2003000100011.
4. Gasparim AZ, Jurkiewicz AL, Marques JM, Santos RS, Marcelino PCO, Junior FH. Deglutição e Tosse nos Diferentes Graus da Doença de Parkinson. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2011;15(2):181-188.
5. Presotto M, Olchik MR, Kalf JG, Rieder CRM. Translation, linguistic and cultural adaptation, reliability and validity of the Radboud Oral Motor Inventory for Parkinson's Disease – ROMP questionnaire. Arq. Neuro-Psiquiatr. 2018; 76(5):316-323.
6. Ayres A, Ghisi M, Rieder CRM, Manor Y, Olchik MR. Tradução e adaptação cultural do swallowing disturbance questionnaire para o português-brasileiro. Rev. CEFAC. 2016;18(4):828-834.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1686
PERCEPÇÃO SUBJETIVA DA QUALIDADE SONORA EM ADULTOS IMPLANTADOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O implante coclear (IC) tem se mostrado eficaz ao promover benefícios auditivos e psicossociais proporcionando melhora efetiva na qualidade de vida aos indivíduos com deficiência auditiva. No entanto, essa tecnologia, embora aprimorada, apresenta limitações em determinadas situações comunicativas. Avaliar o desempenho auditivo de usuários de IC em diversos contextos de percepção de fala, bem como medir o grau de satisfação destes indivíduos em relação à qualidade sonora advinda deste dispositivo é extremamente importante.
Objetivo: O presente estudo visou buscar na literatura científica qual a percepção subjetiva de adultos pós-linguais implantados em relação à qualidade do som e sua relação com a percepção da fala.
Método: Foi realizada uma revisão integrativa, sendo pesquisados artigos que apresentassem intervenções ou estudos mostrando o benefício do implante coclear na qualidade de vida do adulto implantado. Os artigos selecionados foram pesquisados nas bases de dados Scielo, Lilacs, Medline e Pubmed. Foram utilizados os seguintes descritores e suas combinações nas línguas portuguesa e inglesa: cochlear implantation (implante coclear), adult (adulto), questionnaire (questionário), speech perception (percepção da fala), outcome assessment (avaliação de resultados). Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos publicados em português, inglês e espanhol; artigos na íntegra que retratem a temática referente à revisão integrativa e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos dez anos.
Resultados: Foram localizados 12 estudos na base de dados Scielo, 13 na Lilacs, 387 na Medline e 454 na Pubmed. Após aplicação dos critérios, eliminação de artigos duplicados e análise de títulos e resumos, consideraram-se 64 artigos para análise.
Conclusão: A revisão integrativa de literatura demonstrou que há diferentes instrumentos padronizados em variados idiomas que investigam a qualidade sonora subjetiva com o IC e a aplicação dos mesmos é associada à qualidade de vida e percepção da fala com o dispositivo. OS estudos indicaram que o IC traz benefício e satisfação tanto para adultos como para idosos. Outro fator evidenciado foi a correlação entre a satisfação do usuário e os resultados na percepção da fala. Tal aspecto ressalta a importância da investigação combinada entre métodos objetivos e subjetivos, possibilitando obter uma imagem abrangente do desempenho auditivo em adultos implantados.

Corina disse de Angelo T, Lima Mortari Moret A, Alves da Costa O, Tabanez Nascimento L, de Freitas Alvarenga K. Qualidade de vida em adultos usuários de implante coclear. 28a ed. CoDas. São Paulo; 2016.

Faissola Caporali P, Souza Vieira S, Maria Santos Z, Maria Chiari B, Aparecida Caporali S, Cristina Bucuvic É. Tradução e Adaptação Transcultural para o Português Brasileiro do Questionário Índice de Qualidade Sonora de Implantes Auditivos - (HISQUI19). 28a ed. CoDas. São Paulo; 2016.

Faria de Sousa A, Vieira Couto M, Martinho-Carvalho A. Qualidade de vida e implante coclear: resultados em adultos com perda auditiva pós-lingual. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 2018; (84): 4.


Soares Granço F, Freitas Fernandes N, Morettin M, Alves Costa Filho O, Cecília Bevilacqua M. Uma relação entre percepção da fala e grau de satisfação entre usuários adultos de implantes cocleares. 17a ed. Arquivos Internacionais de Otorrinolaringologia. São Paulo; 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2037
PERFIL CLÍNICO DE PREMATUROS SUBMETIDOS À INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PRECOCE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O nascimento pre-termo é um importante problema de saúde pública. Uma vez que, este evento pode trazer graves consequências, sendo a maior delas a chance de morte no período neonatal. A prematuridade, o baixo peso ao nascer e a hospitalização prolongada são fatores que contribuem para o atraso do desenvolvimento infantil. Esses prematuros possuem risco de apresentar distúrbios, dada a imaturidade da função respiratória, circulatória e gastrointestinal. Tendo em vista a imaturidade e as dificuldades apresentadas pelo pre-termo, faz-se necessário um acompanhamento diferenciado que garanta a sobrevivência e a qualidade de vida dos recém-nascidos de risco. Desta forma, o acompanhamento fonoaudiológico oferece diversos benefícios para os bebês de alto-risco, entre eles: a estimulação da interação mãe – bebê, a transição mais rápida da alimentação por gavagem para a alimentação por via oral, promoção do aleitamento materno; a reorganização dos estados de vigília do bebê em função dos ciclos de sono, fome e estados de atenção como uma maturação neurológica mais rápida e consequentemente a antecipação da alta hospitalar, em muitos casos. Objetivo: Traçar o perfil clínico fonoaudiológico e os efeitos das intervenções fonoaudiológicas precoces de amamentação e alimentação dos recém-nascidos prematuros, verificando a eficácia da intervenção fonoaudiológica precoce no desenvolvimento dos recém-nascidos pré-termo e a relação com o tempo de alta hospitalar. Métodos: Trata-se de um estudo de uma série de casos, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos sob o nº 1.692.730, realizado no período de abril a novembro de 2016, do qual participaram 12 recém-nascidos prematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um Hospital de referência para gestação de alto risco do interior de Pernambuco. Realizou-se coleta de dados no prontuário dos recém-nascidos, das informações referentes às evoluções fonoaudiológicas. Os dados foram tabulados em planilha Excel, onde foram analisadas as variáveis qualitativas e as variáveis quantitativas. Resultados: Dos 12 recém-nascidos pré-termo do estudo, 50% eram do gênero feminino e 50% do gênero masculino. A média do peso ao nascer dos recém-nascidos era 1851,33±503,24 g, e a idade gestacional de 32,41±2,90 semanas. Nas últimas evoluções fonoaudiológicas, 100% dos recém-nascidos apresentavam reflexos orais de sucção e deglutição presentes. Tanto na estimulação da sucção não-nutritiva quanto na sucção nutritiva, os reflexos estavam presentes e com bom desempenho funcional. Na evolução do peso, houve um maior ganho de peso quando analisado a 1ª e a última evolução fonoaudiológica. A mediana de atendimento fonoaudiológico foi de 8 dias, e a mediana de internação hospitalar total foi de 14 dias. Conclusão: Os resultados desse estudo indicam que a fonoaudiologia com a intervenção precoce tem uma atuação importante na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, favorecendo o desenvolvimento Sensório Motor Oral dos recém-nascidos, possibilitando alimentação por via oral em seio materno de forma segura e eficaz, maior ganho de peso e menor tempo de internação hospitalar dos prematuros internados nesta unidade.

Balbi B, Carvalhaes MABL, Parada CMGL. Tendência temporal do nascimento pré-termo e de seus determinantes em uma década. Cienc Saúde Coletiva. 2016;21(1):233-41.
Ottoni ACS, Grave MTQ. Avaliação dos sinais neurocomportamentais de bebês pré-termo internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Rev Ter Ocup. 2014; 25(2):151-8.
Medeiros AMC, Sá TPL, Alvelos CL, Novais DSF. Intervenção fonoaudiológica na transição alimentar de sonda para peito em recém-nascidos do Método Canguru. Audiol Commun Res. 2014;19(1):95-103.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2135
PERFIL COGNITIVO-LINGUÍSTICO NA CARDIOPATIA CONGÊNITA INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: Crianças com cardiopatia congênita passam por cirurgias logo no início de sua vida e, por consequência, são submetidos a longos períodos de internação hospitalar o que interfere no seu desenvolvimento. Além disso, somam-se fatores relacionados aos aspectos genéticos e neuroevolutivo do próprio quadro clínico. Objetivo: Comparar o desenvolvimento cognitivo-linguístico de uma criança com cardiopatia congênita pelo coração univentricular, pré e pós intervenção por equipe multidisciplinar. Método: É uma pesquisa do tipo qualitativa, exploratória e descritiva, realizada por meio de um estudo de caso de uma criança do sexo masculino com 4 anos de idade que realizou 2 cirurgias cardíacas, uma intra-uterina e outra após ao nascimento. Foram utilizados testes de psicopedagógicos e exames psicomotores como Teste da Figura Humana Florence Goodenough (1975), Execução e compreensão do simbolismo – Estruturas Rítmicas – Mira Stambak (1972) ,Teste de Imitação de Gestos Lateralidade – HEAD, Avaliação Neuropsicológica Cognitiva – Atenção e funções executivas, Linguagem Oral , Leitura, Escrita e Aritmética (2012), assim como, conceitos pedagógicos de imitação, seriação, correspondência e conservação; para a avaliação das habilidades comunicativas foi utilizado o PROC (2004). Após quatro meses de intervenção, foram reaplicados os mesmos testes. Resultado: Nas primeiras avaliações foram observadas inadequações em todos os aspectos psicopedagógicos e obteve escore total de 159 no PROC, indicando escores abaixo das normativas nos testes aplicados. Após 4 meses de acompanhamento interdisciplinar realizados por uma fonoaudióloga e uma psicopedagoga, o paciente foi reavaliado com os mesmos testes e foi possível observar ganhos funcionais consideráveis no seu perfil cognitivo linguístico, pois nos critérios psicopedagógicos evoluíram para adequados à sua faixa etária e quanto aos aspectos fonoaudiológico houve aumento do seu escore total para 172 no PROC. Conclusão: É essencial e fundamental o acompanhamento interdisciplinar da criança com cardiopatia congênita na direção de ajudar a criança na construção de um bom funcionamento cognitivo-linguístico uma vez este aspecto interfere diretamente na qualidade de vida da criança, assim como, nas capacidades escolares e no domínio psicossocial.
Palavras Chaves: Cardiopatia Congênita; Desenvolvimento Infantil; Multidisciplinaridade

Gaynor JW, Stopp C, Wypij D, Andropoulos DB, Atallah J, Atz AM, et al. Neurodevelopmental outcomes after cardiac surgery in infancy. Pediatrics (2015) 135(5):816–25. doi:10.1542/peds.2014-3825
SEABRA,G.Alessandra,& Dias,M. Natália & CAPOVILLA, C.Fernando. Leitura,escrita e aritmética. Ed. Memnon, vol III, 2012.
ZORZI, J; HAGE, S. PROC – Protocolo de Observação Comportamental: Avaliação da Linguagem. Ed. Pulso, vol I, 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1705
PERFIL DA DEGLUTIÇÃO DOS PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO SERVIÇO AMBULATORIAL DE FONOAUDIOLOGIA NO PERÍODO DE COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: Com o novo cenário clínico em detrimento da pandemia do Coronavírus 2019 (SARS-CoV-2), também conhecido por COVID-19, se reinventar foi necessário(1). Logo, os atendimentos a nível ambulatorial tiveram que se adequar às novas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), visando o distanciamento social e critérios de elegibilidade para atendimento fonoaudiológico(2). O paciente oncológico de cabeça e pescoço, por estar mais suscetível a desnutrição e risco broncoaspirativo por disfagia mecânica, pode desenvolver formas mais graves da infecção, merecendo um olhar mais criterioso na seleção dos pacientes passíveis ao atendimento fonoaudiológico(3-4). Objetivo: Descrever o perfil da deglutição de pacientes oncológicos atendidos a nível ambulatorial em período de COVID-19. Método: Estudo descritivo transversal desenvolvido em um centro de referência em Oncologia no Estado de Pernambuco. Os dados extraídos dos atendimentos foram registrados e armazenados em uma planilha Excel.2010 pelos fonoaudiólogos da instituição entre o período de 11 de maio à 30 de junho de 2020. Os participantes foram descritos com base no diagnóstico, tratamento oncológico e Escala Funcional de Ingestão por Via Oral (FOIS) no momento da primeira avaliação fonoaudiológica. Resultados: O perfil foi constituído por 36 pacientes, sendo 24 homens e 12 mulheres. Destes, 17 possuíam diagnóstico oncológico de tumor (TU) de laringe, cinco de boca, quatro de maxila, quatro de tireoide, quatro de orofaringe e dois de língua. Para os 17 pacientes com TU de laringe, nove realizaram laringectomia total, dos quais seis evoluíram com fístula faringocutânea no pós operatório classificados em Nível 1 da FOIS, dois apresentaram FOIS 2 e um FOIS 5 no momento da avaliação. Um realizou cricohioidoepiglotopexia (FOIS 2) e sete apenas tratamento com radioterapia e/ou quimioterapia (um indivíduo FOIS 1, dois FOIS 3 e três FOIS 5). Todos os oito pacientes diagnosticados com TU de boca realizaram pelveglossomandibulectomia (três apresentando FOIS 2 e dois FOIS 3) e, quanto aos tumores de maxila, todos realizaram maxilectomia parcial (um FOIS 3, dois FOIS 5 e um FOIS 6). Já para os tumores de tireoide, a tireoidectomia total foi o tratamento escolhido (dois apresentando FOIS 6 e dois FOIS 7). No que se refere aos tumores de orofaringe, todos foram submetidos ao tratamento com radioquimioterapia (FOIS 01, FOIS 2, FOIS 4 e FOIS 05) e, para os tumores de língua, ambos realizaram a glossectomia parcial (um FOIS 3 e um FOIS 5). Conclusão: Observou-se um maior número de tumores de laringe seguido por tumores de boca, sendo a laringectomia total e a pelveglossomandibulectomia os procedimentos mais recorrentes nesse período e, no que se refere à escala FOIS, houve predomínio de via alternativa de alimentação (SNE) exclusiva ou associada à via oral, justificando a importância da avaliação e acompanhamento fonoaudiológico destes pacientes.

1.Choon-Huat Koh G, Hoenig H. How should the rehabilitation community prepare for 2019-nCoV? Arch Phys Med Rehabil. 2020;101(6):1068-71

2.Conselho Federal de Fonoaudiologia. Recomendação CFFa nº 19, 19 de mar.2020. Disponível em: < https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/>

3. Rebouças LM, Callegaro E, Gil GOB, Silva MLG, Maia MAC, Salvajoli JV. Impacto da nutrição enteral na toxicidade aguda e na continuidade do tratamento dos pacientes com tumores de cabeça e pescoço submetidos a radioterapia com intensidade modulada. Radiol Bras. 2011 Jan/Fev;44(1):42–46.

4.Cintra AB, Vale LP, Feher O, Nishimoto IN, Kowalski P, Angelis EC. Deglutição após quimioterapia e radioterapia simultânea para carcinomas de laringe e hipofaringe. Rev Assoc Med Bras. 2005; 51(2):93-9.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1412
PERFIL DA FALA DE CRIANÇAS ENTRE SEIS E 12 ANOS COM ALTERAÇÃO DE FRÊNULO LINGUAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A variação anatômica da morfologia do frênulo pode causar limitação no movimento da língua, levando a um desequilíbrio entre a estabilidade e a mobilidade1. A restrição da mobilidade da língua está relacionada ao desempenho das praxias linguais2-4, dificultando as funções orais4-6 e, dentre elas, a fala4,6-8. Objetivo: Investigar as características da fala de crianças entre seis e 12 anos que apresentam alteração do frênulo da língua. Método: Este estudo teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob nº 2.383.064. Um consentimento informado por escrito dos responsáveis e das crianças foi obtido para participação no estudo. Trata-se de um estudo transversal em que foram avaliadas foram avaliadas 34 crianças falantes do português brasileiro da região sul, de ambos os sexos. O diagnóstico da alteração de frênulo lingual foi realizado por meio dos resultados da aplicação do Protocolo de Avaliação do Frênulo de Língua9. Foi utilizada a prova de fala do referido protocolo9, acrescido da descrição das estratégias de reparo. A avaliação foi registrada em imagens e vídeos, com auxílio em câmera digital Canon® PowerShot SX240HS colocada a um metro de distância da criança. Foi realizada análise perceptivo-auditiva dos dados de fala, por dois juízes, sendo as discordâncias resolvidas pela decisão de um terceiro juiz. Os dados foram analisados descritivamente através de distribuições percentuais. Resultados: Das 34 crianças da amostra, 20 (58,8%) eram do sexo masculino e 14 (41,2%) do sexo feminino, com média de idade de 8,7±2,2 anos. O frênulo classificado como curto foi observado em 10 (29,4%) crianças, o curto e anteriorizado em 21 (61,8%) e a anquiloglossia em três (8,8%) participantes. As distorções foram observadas em todas as crianças da amostra. A maioria das crianças apresentou distorções nas consoantes alveolares [ɾ], [s] e [t] e grupos consonantais com [ɾ]. Entre as demais características analisadas, foi observada redução da abertura de boca. A principal estratégia de reparo utilizada foi a redução de encontro consonantal, seguida da não-realização da líquida não-lateral em posição de coda. A coocorrência de alterações fonéticas e fonológicas foi mais frequente nas crianças com frênulo curto e anteriorizado. Conclusão: A maior frequência de alterações de fala foram as de origem fonética, no entanto, estratégias de reparo também foram observadas.

1. Mills N, Pransky SM, Geddes DT, Mirjalili SA. What is a tongue tie? Defining the anatomy of the in-situ lingual frenulum. Clin Anat 2019; 32:749-761.
2. Braga LAS, Silva J, Pantuzzo CL, Motta AR. Prevalência de alterações no frênulo lingual e suas implicações na fala de escolares. Rev CEFAC 2009; 11(3):378-390.
3. Silva MC, Costa MLVCM, Nemr K, Marchesan IQ. Lingual frenulum alteration and chewing interference. Rev CEFAC 2009; 11:363-369.
4. Nascimento IM, Silva LCS, Amaral MS, Motta AR, Furlan RMMM. Associação entre os aspectos da avaliação clínica da língua realizada em crianças. Audiol Commun 2019;24:e2079.
5. Tsaousoglou P, Topouzelis N, Vouros I, Sculean A. Diagnosis and treatment of ankyloglossia: A narrative review and a report of three cases. Quintessence Int 2016; 47:523-534.
6. Marchesan IQ. Lingual frenulum: classification and speech interference. Int J Orofacial Myology 2004; 30:31-38.
7. Cuestas G, Demarchi V, Corválan MPM, Razetti J, Boccio C. Tratamiento quirúrgico del frenillo lingual corto en niños. Arch Argent Pediatr 2014;112(6):567-570.
8. Suzart DD, Carvalho ARR. Speech disorders related to alterations of the lingual frenulum in schoolchildren. Rev CEFAC 2016; 18(6):1332-1339.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1653
PERFIL DA HABILIDADE SINTATICA NA SÍNDROME DE NOONAN: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A síndrome de Noonan (SN) é uma síndrome autossômica dominante que apresenta incidência estimada entre 1:1.000 a 1:2.500 nascidos vivos. A princípio a síndrome foi descrita por Jacqueline Noonan, que relatou nove pacientes (três do sexo feminino) com estenose valvar pulmonar associada à baixa estatura, dismorfismo facial e retardo mental moderado. É verificado que em 15% a 35% dos pacientes apresentam grau moderado de retardo mental e dificuldade de aprendizagem que requerendo acompanhamento especial em 26% dos casos. Contudo, a maioria dos indivíduos com a SN (85%) demonstra boa qualidade de vida e integração social. OBJETIVO: Coletar e analisar os dados linguísticos no campo sintático de dois sujeitos (gêmeos) com idade de 6 anos (S1 e S2), tendo como diagnóstico a SN encaminhados pelo Ambulatório de Genética Médica da instituição. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo de ordem transversal de caráter quantitativo e qualitativo. O projeto foi cadastrado na Plataforma Brasil e submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com o CAAE: 13370819.2.0000.5546. Foi utilizada a Prova de Consciência sintática (PCS) normatizada e validade por Capovilla e Capovilla (2006), que consiste em 4 testes: julgamento gramatical, correção gramatical, correção gramatical de frases com incorreções gramatical e semântica e Categorização de palavras. Foi realizada em dois momentos com um intervalo de seis meses entre as aplicações. A média esperada para a idade estudada é de 37,57 dos 55 pontos do protocolo na íntegra. RESULTADOS: Com relação aos dados da primeira aplicação temos: Julgamento gramatical S1-15 e S2– 9 pontos; Correção gramatical S1- 8 e S2- 0 ponto; Correção gramatical de frases com incorreções gramatical e semântica S1-8 e S2- 0 ponto; e por último Categorização de palavras S1 e S2 0 ponto. Na segunda aplicação realizada após seis meses os sujeitos apresentaram como resultados: Julgamento gramatical S1- 12 e S2 -13 pontos; Correção gramatical S1: 9 e S2 – 4 pontos; Correção gramatical de frases com incorreções gramatical e semântica S1-7 e S2- 5 pontos; e Categorização de palavras S1- 6 e S2- 5 pontos. Ambos apresentaram melhores escores na segunda aplicação mesmo sendo realizada sem nenhuma facilitação. S1 obteve 31 pontos na primeira aplicação e 34 pontos na segunda aplicação dos 55 pontos da prova. Mesmo estando abaixo da média geral para a idade, S1 mostrou uma evolução satisfatória. Os resultados de S2 indicaram uma diferença significativa entre a primeira aplicação e a segunda. Na primeira aplicação S2 obteve 09 pontos e na segunda 27 dos 55 pontos da prova com uma diferença de 18 pontos. Essa diferença de pontuação obtida por S2 entre o intervalo das aplicações poderia ser justificada de uma forma qualitativa. CONCLUSÃO: Foi obtido diferença significativa no desempenho dos sujeitos. Apesar de serem irmãos gêmeos com a mesma síndrome e apresentarem alterações genéticas que contribuem para o comprometimento cognitivo, um dos irmãos apresentou escores superiores ao outro, o qual provavelmente, terá maior facilidade na aprendizagem escolar, visto que as características individuais e comportamentais dos sujeitos podem ter influência considerável para a diferença obtida nos escores.

1. Mendez HMM, Opitz JM, Reynolds JF. Noonan syndrome: A review. Am J Med Genet [Internet]. 1985 Jul;21(3):493–506. Available from: http://doi.wiley.com/10.1002/ajmg.1320210312
2. Shaw AC, Kalidas K, Crosby AH, Jeffery S, Patton MA. The natural history of Noonan syndrome: a long-term follow-up study. Arch Dis Child [Internet]. 2007 Mar 10;92(2):128–32. Available from: http://adc.bmj.com/cgi/doi/10.1136/adc.2006.104547
3. Silva SM. Perfil das Habilidades Linguísticas na Síndrome de Noonan, Monogr TCC – Univ Fed Sergipe. 2020.
4. Sordi C, Santos RN, Silva RC, Silva SM. Síndrome de Noonan e suas implicações para a Fonoaudiologia: Revisão de literatura. In: César CPHAR, Paranhos LR, Sordi C, editors. Coletâneas em saúde: uma abordagem multidisciplinar. Volume X. Uberlândia: Assis; 2019. p. 216. No preolo




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1914
PERFIL DAS TESES DA ÁREA DA LINGUAGEM DEFENDIDAS POR FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Introdução: para fortalecer uma profissão é imprescindível que sua prática esteja vinculada a estudos científicos1. Nessa perspectiva, o doutorado é o curso de pós-graduação que permite que os profissionais possam se dedicar a uma pesquisa aprofundada sobre um determinado tema com objetivo de solucionar problemas relevantes para a sociedade, além de contribuir com o conhecimento acadêmico e o progresso científico2. Objetivo: caracterizar o perfil dos fonoaudiólogos brasileiros e de suas respectivas teses defendidas na área de linguagem entre os anos de 1976 e 2017. Método: trata-se de estudo documental retrospectivo, do tipo exploratório, que contou com análise de banco de dados utilizado para o artigo de Ferreira et al. (2019)3, que teve como objetivo investigar, no grupo de fonoaudiólogos brasileiros titulados doutores, as variáveis sexo, ano de defesa da tese, tipo e localização da instituição de ensino, inserção do programa em que a tese foi desenvolvida e temática da mesma. Desses dados, a seleção da amostra teve, como critério de elegibilidade, teses defendidas na área de Linguagem, entre 1976 e 2017, num total de 395 teses. Para este estudo, foram estabelecidas como variáveis, com relação ao pesquisador, sexo e tempo entre o término da graduação e a defesa da tese; quanto a tese, caracterização da instituição em que foi defendida, considerando tipo, região geográfica e área de conhecimento estabelecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. As temáticas foram analisadas, em um primeiro momento, de acordo com as subáreas de atuação da Fonoaudiologia na áreas da Linguagem estabelecidas e reconhecidas como Comitês pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia - SBFa; e, em um segundo momento, foram agrupadas em quatro categorias, a saber: estudos que fazem uso de instrumentos de avaliação nos seus métodos (A1); estudos que têm o objetivo de propor instrumentos avaliativos (A2); estudos que fazem uso da terapia em seus métodos (T1); e estudos que têm objetivo de construir programas de intervenção ou métodos terapêuticos (T2). Resultados: a maioria dos doutores da área da Linguagem são do sexo feminino (94%) e defendeu sua tese em até 10 anos após a graduação (35%). A maior parte das teses foram defendidas instituições públicas (76%), situadas na região Sudeste (67,7%), em programas da área da Linguística, Letras e Artes (42,5%). Quanto a temática desenvolvida, a maioria é sobre Linguagem oral e escrita na infância e adolescência (57,6%) com propostas relacionadas a avaliação (60,7%). Conclusão: os fonoaudiólogos interessados em projetos de doutorado devem estar atentos para as necessidades da área da Linguagem, focalizando suas temáticas para pesquisas que envolvam a faixa etária de adultos e idosos e análise de propostas terapêuticas.

1 BARATA, RB. Desafios da editoração de revistas científicas brasileiras da área da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 24(3):929-939, 2019
2 VAGARINHO, JP. Como identificar a originalidade num artigo científico ou numa tese de doutoramento? Educar em Revista, Curitiba, Brasil, v. 35, n. 73, p. 181-207, jan./fev. 2019
3 FERREIRA, Léslie Piccolotto et al. Fonoaudiólogos Doutores no Brasil: perfil da formação no período de 1976 a 2017. CoDAS. 2019; 31(5): e20180299


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1672
PERFIL DE ATUAÇÃO DOS DOCENTES FONOAUDIÓLOGOS DE SAÚDE COLETIVA DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICAS (IES) DO NORDESTE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A fonoaudiologia tem sido considerada uma das profissões com maiores potenciais de ascensão da atualidade, com inúmeras possibilidades de atuação, a exemplo da docência, que possui papel fundamental na formação de futuros profissionais. (1,2). O docente possui como base para desenvolver o Projeto Político Pedagógico do Curso as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que descrevem as competências essenciais a serem trabalhadas durante a formação(3.) Tendo em vista que a fonoaudiologia ainda possui um perfil centrado na atuação clínica, torna-se necessário uma reorientação formativa, visando uma maior aproximação entre a formação e as reais necessidades de saúde da população(4). OBJETIVO: Identificar o perfil de atuação dos docentes fonoaudiólogos efetivos de saúde coletiva das Instituições de Educação Superior Públicas (IES) do Nordeste. METODOLOGIA: Análise documental, que teve como fonte de dados os currículos da Plataforma Lattes dos docentes fonoaudiólogos das IES públicas do Nordeste. Foram identificados 19 docentes, utilizando a técnica Snow Ball, onde um docente contactado indicou os demais docentes da área de saúde coletiva da sua IES. A análise dos dados foi realizada através de uma matriz com as variáveis: instituição que leciona, instituição e ano de graduação, maior titulação, título da tese ou dissertação, artigos de maior relevância, projetos de pesquisa e extensão cadastrados nos anos de 2019-2020 e área de atuação registrada no Lattes. As teses ou dissertações foram categorizadas em: Clínica Fonoaudiológica, Saúde Pública/Saúde Coletiva, e outros. Os projetos de pesquisa e extensão, e as publicações dos docentes apresentaram as categorias: Clínica Fonoaudiológica, Saúde Pública/Saúde Coletiva, Clínica Fonoaudiológica e Saúde Pública/Saúde Coletiva e outros. Os dados presentes na matriz de análise foram tratados estatisticamente, formando um banco de dados, gerando posteriormente, estatísticas descritivas. RESULTADOS: A amostra foi composta por 19 docentes, 14 (73,7%) do sexo feminino e 5 (26,3%) masculino que lecionam atualmente nas instituições UFPE 4 (21,1%), UFPB 4 (21,1%), UFBA 3 (15,8%), UFRN, UFS ARACAJU, UFS LAGARTO e UNCISAL, ambas com 2 (10,5%). Destes, 10 (52,6%) se graduaram em IES públicas e 9 (47,4%) privadas, sendo 15 (78,9%) na região Nordeste e 4 (21,1%) Sudeste, com predomínio entre os anos 2001-2010 (63,2%). Quanto à pós-graduação, identificou-se que 12 (63,2%) deles possuem doutorado e 7 (36,8%) mestrado, suas teses ou dissertações foram desenvolvidas predominantemente na área de Saúde Pública/Saúde Coletiva (68,4%). No que se refere ao registro das publicações de maior relevância 12 (63,2%), projetos de pesquisa 9 (47,4%) e projetos de extensão 10 (52,6%) o tema de Saúde Pública/Saúde Coletiva foi a mais prevalente. Em se tratando da área de atuação, a categoria mais utilizada foi “Fonoaudiologia e Saúde Coletiva” 9 (47,4%), seguida por 5 (26,3) que informaram áreas fora do escopo estudado na pesquisa. CONCLUSÃO: Dentre os docentes participantes da pesquisa, em sua maioria eles são doutores com suas teses/dissertações, projetos de pesquisa/extensão e publicações de maior relevância desenvolvidas na área de Saúde Pública/Saúde Coletiva demonstrando que há uma busca de qualificações e fortalecimento na área da Saúde Pública/Saúde Coletiva, beneficiando assim a aproximação do ensino aos serviços e demandas do SUS.

1.DAMIANCE PRM, PANES VBC, CALDANA ML, BASTOS JRM. Formação acadêmica para o SUS X Competência pedagógica do formador: algumas considerações para o debate. SALUSVITA. 2016; 35(3): 453-474.

2.CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Áreas de competência do fonoaudiólogo no Brasil. 8º Colegiado - Gestão 2004/2007 - Documento Oficial - 2ª Edição - Março/2007.

3.CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. RESOLUÇÃO CNE/CES 5, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fonoaudiologia. 2002; Brasília: Diário Oficial da União.

4.BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação Pró-saúde: Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde / Ministério da Saúde, Ministério da Educação. 2007; Brasília: Editora do Ministério da Saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
281
PERFIL DE ESCRITA MANUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A escrita manual é uma habilidade que deve ser aprendida durante a alfabetização, pode ser entendida como o principal meio de registro da linguagem oral e é a primeira forma de codificar a língua(1). A escrita manual possui formas diferentes de produção a depender do tipo de letra que se utilizada, dentre elas a letra bastão e a cursiva são as mais referenciadas(2). O aprendizado da escrita manual está associado a vários processos motores e cognitivos que são desenvolvidos ao longo da primeira e da segunda infância, entre eles podemos citar o controle motor fino, integração visomotora, planejamento motor, propriocepção, consciência sensorial dos dedos, percepção visual, atenção sustentada, memória, relação letra/som e o processamento visual da informação(3). A alteração no traçado da letra pode caracterizar a disgrafia, que afeta especificamente a escrita manual, interferindo principalmente na legibilidade da letra, agravando-se de acordo com o aumento da demanda escolar. Objetivo: Traçar o perfil da escrita manual de escolares do 3º ao 5º ano do ensino fundamental I, visando identificar a incidência da disgrafia. Método: Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado sob o protocolo número 2.956.909/2018. Participaram 133 escolares de 3°, 4º e 5° ano do ensino fundamental, de ambos os gêneros, com idade entre 9 e 12 anos, pertencentes ao ensino público, distribuídos em: Grupo I (GI): 41 escolares do 3° ano; Grupo II (GII): 43 escolares do 4° ano; e Grupo III (GIII): 49 escolares do 5° ano. Para a coleta da amostra de escrita todos os participantes foram submetidos a aplicação da Escala de Avaliação do traçado da Escrita(4). A aplicação foi realizada no segundo semestre letivo, de forma coletiva, com duração média de 20 minutos em cada ano escolar. Os critérios de análise das respostas foram a presença ou não de Linhas Flutuantes, Linhas descendentes e/ou ascendentes, Espaço irregular entre as palavras, Letras retocadas, Curvaturas e angulações das arcadas dos m, n, v, u, Pontos de junção, Colisões e aderências, Movimentos bruscos, Irregularidade de dimensão, e Más formas. Resultados: Os resultados foram analisados e tabulados em planilha do Excel para a somatória dos pontos obtidos na amostra de escrita de cada escolar. A classificação foi realizada com base no estudo original para a elaboração da escala de disgrafia, no qual desempenhos igual ou superior a 8,5 classifica disgrafia. Assim, os resultados indicaram 31 escolares (75%) do GI, 32 (74%) do GII e 29 (59%) do GIII como disgráficos. Desses escolares 9 apresentaram pontuação máxima de 9,5 em GI, 14 em GII e 5 em GIII, indicando que o último grupo foi o que apresentou maior índice de alunos com pontuações mais altas para a classificação da disgrafia. Conclusão: Torna-se possível concluir que a disgrafia persiste nos anos escolares, sendo uma característica superior à média dos alunos submetidos a avaliação. Sugerindo ainda maiores pontuações para o 5º ano quando comparado ao 3º, supostamente devido as maiores demandas em escrita.

1. Cardoso MH, Capellini SA. Identificação e caracterização da disgrafia em escolares com dificuldades e transtornos de aprendizagem. Distub Comum. 2016; 28(1): 27-37, 2016.

2. Pellegrini AM, Neto SS, Hiraga CY, Dantas LE, Alleoni BN, Gama DT, Rocha PRH, Fraiha AL. O Padrão de Escrita Manual nas Primeiras Séries do Ensino Fundamental: Fatores Determinantes da Qualidade da Escrita. Núcleos de ensino. 2010; 111- 124.

3. Rodrigues SD, Castro MJMG, Ciasca SM. Relação Entre Indícios De Disgrafia Funcional E Desempenho Acadêmico. Rev CEFAC. 2009; 11(2): 221-7.

4. Lorenzini MV. Uma escala para detectar a disgrafia baseada na escala de Ajuriaguerra. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia), Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 1993.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1664
PERFIL DE ESTIMULAÇÃO DA NEUROMODULAÇÃO APLICADA A FONOAUDIOLOGIA EM PACIENTES COM DISFAGIA.
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A deglutição é uma ação complexa e por ser um processo pelo qual o alimento é transportado da boca até o estômago, baseia-se em uma tarefa neuromuscular, sendo processada em várias regiões do cérebro, qualquer anormalidade dentro do desenvolvimento neural ou anatômico podem levar a distúrbios da deglutição (disfagia). A atuação do fonoaudiólogo ocorre desde a estabilização do quadro, ainda na internação hospitalar, podendo perdurar até o atendimento domiciliar1, 2,3. Atualmente, com estudos mais avançados no campo do tratamento da disfagia, estão sendo utilizadas técnicas não invasivas como a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC), que tem se destacado como uma ferramenta alternativa para o manejo de diferentes desordens neurológicas. OBJETIVOS: Descrever a configuração da programação de ETCC em distúrbios de deglutição; elencar o perfil dos pacientes com distúrbios de deglutição nos artigos selecionados. MÉTODOS: Para a consecução destas revisão sistemática foram analisados estudos originalmente nas línguas Inglesa e Portuguesa, nas bases de dados (ScienceDirect, PubMed e BIREME) dos últimos 10 anos, sendo um estudo de revisão sistemática com metanálise. Incluindo artigos que fizessem a utilização da ETCC no tratamento da deglutição e/ou reabilitação da disfagia em humanos, adultos e/ou idosos que apresentassem distúrbios neurológicos que acometessem a deglutição, bem como, ensaios clínicos controlados e randomizados. Foram excluídas revisões sistemáticas, artigos fora do recorte temporal da pesquisa, sem resultados relevantes sobre diagnóstico e reabilitação da disfagia com o uso da ETCC, estimulação magnética, terapêutica médica (cirurgias teleguiadas, procedimentos invasivos associados, estudos com suplemento medicamentoso); que apresentassem somente exames de imagens, distúrbios alimentares e que não guardassem relação com a temática do trabalho. RESULTADOS: Das referidas bases foram selecionados 206 artigos científicos, dos quais apenas 5 artigos foram relevantes para a síntese qualitativa e 3 para quantitativa. Todos os artigos são: estrangeiros, com data de publicação com média de 5,2 anos (desvio padrão de 2,38 anos) anos de publicação, ensaios clínicos randomizados em pacientes que sofreram AVC (n=5; 100%). A modalidade de estimulação usada por todos os autores foram do tipo Anodal (n=5; 100%), a ETCC apresenta efeitos que dependem da polaridade usada. Em todos os estudos foram observados que os participantes tiveram disfagia aguda pós-avc. Fato este que ocorreu no estudo dos cinco autores (100%), ou seja, corrente excitatória (tipo anodal) por 20 minutos diários. A partir da maior frequência encontrada nos estudos, sugere-se a determinação dos seguintes parâmetros na ETCC em pacientes com AVC: modalidade de estimulação do tipo anodal, em região do córtex motor compatível com representação da faringe, com intensidade da corrente de 1 mA, duração de 20 minutos por dia, em média de 10 sessões. CONCLUSÃO: É possível que a ETCC seja uma ferramenta promissora para o tratamento de pacientes com queixa de deglutição, considerando os parâmetros apresentados.

[1] Steenhagen CHVA, Branco, ML. Deglutição e envelhecimento: enfoque nas manobras facilitadoras e posturais utilizadas na reabilitação do paciente disfágico. Rev. Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3. p. 89-100, 2006.
[2] Logemann JA. Evaluation and treatment of swallowing disorders. Austin: Pro-ed Inc.; 1983.
[3] Cuenca RM, Malafaia DT, Souza GD, Souza LR, Motta VP, Lima MR, et al. [Dysphagic syndrome]. ABCD Arq Bras Cir Dig. 2007;20(2):116-8. Review. Portuguese.
[4] Yang EJ et al. Effects of transcranial direct current stimulation (tDCS) on post stroke dysphagia. Rev. Restor Neurol Neurosci, South Korea, v.30, p.303-311, 2012.
[5] Shigematsu T, Fujishima I, Ohno K. Transcranial direct current stimulation improves swallowing function in stroke patients. Rev. Neurorehabil Neural Repair, Tokyo, v. 27, n. 4, p.363-369, 2013.
[6] Yuan Y, Wang J, Wu D, Huang X, Song W. Effect of transcranial direct current stimulation on swallowing apraxia and cortical excitability in stroke patients. Top Stroke Rehabil. 2017;24(7):503-509.
[7] Ahn YH, Sohn HJ, Park JS, et al. Effect of bihemispheric anodal transcranial direct current stimulation for dysphagia in chronic stroke patients: A randomized clinical trial. J Rehabil Med. 2017;49(1):30-35.
[8] SUNTRUP-KRUEGER. et al. Randomized trial of transcranial DC stimulation for post-stroke dysphagia. Rev. Annals of Neurology, Germany, v. 83, n.2, p.328-340, 2018.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1947
PERFIL DE PACIENTES HOSPITALIZADOS COM INDICAÇÃO DE AVALIAÇÃO DE DEGLUTIÇÃO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A Disfagia é a dificuldade em deglutir o alimento ingerido do trajeto da orofaringe até o estômago¹. Esta alteração pode ocorrer em qualquer etapa do trânsito do bolo alimentar desde a fase oral até a fase faríngea². Tem como principais causas os distúrbios de ordem neurológica, mecânica, psicológica e do envelhecimento. A avaliação da deglutição permite que sejam identificados sinais e alterações³ , que indicarão a equipe multiprofissional a necessidade de tratamento e prevenção de complicações. Objetivo: Analisar as avaliações de pacientes hospitalizados e traçar o perfil destes indivíduos. Métodos: Estudo transversal retrospectivo (CEP:3125527), realizado através da análise dos Protocolos de Avaliação em Disfagia Orofaríngea, aplicados na internação SUS de um hospital privado de caráter filantrópico de Porto Alegre. Resultados: Foram analisados 85 prontuários. Destes 58% eram do sexo feminino. Notou-se que a média de idade foi de 60,20 anos. O diagnóstico médico mais frequente foi AVC isquêmico (30%). No momento da avaliação, 67,12% dos pacientes estavam acompanhamos, 51,67% estavam fazendo uso de sonda e 20,97% relataram já fazer uso de sonda antes da internação. Foi questionado se o paciente possuía problemas de deglutição antes da internação e 63,99% informaram que sim, sendo que 28,33% relataram ter presença de tosse ou engasgo durante a alimentação. Em relação a dificuldade em se alimentar com alguma consistência, 14,29% relataram sentir dificuldades com alimentos sólidos, 7,14% com líquidos e 5,36% com pastoso. Na avaliação da deglutição, 25% dos pacientes apresentaram deglutição lenta em pastoso, 20% em líquido e 20,69 % em sólido. As conclusões das avaliações indicaram deglutição normal ou disfagia leve em 21,05% dos pacientes, disfagia moderada em 19,30%, disfagia leve em 14,04%, e disfagia grave em 5,26%. Conclusão: A maioria dos pacientes eram mulheres, com predomínio de idosos, com queixa previa de deglutição e fazendo uso de sonda. O AVC foi a patologia mais frequente entre os pacientes avaliados. Na avaliação fonoaudiológica, houve maior frequência de pacientes com disfagia leve. A avaliação e o diagnóstico precoce são importantes para identificar dificuldades e alterações que podem influenciar negativamente no processo de hospitalização e fornecem possibilidades para a promoção de uma melhor qualidade no processo de alta.

1. Santos Lauanda Barbosa dos, Mituuti Cláudia Tiemi, Luchesi Karen Fontes. Atendimento fonoaudiológico para pacientes em cuidados paliativos com disfagia orofaríngea. Audiol., Commun. Res. 2020; 25: e2262.
2. Bassi Daiane, Furkim Ana Maria, Silva Cristiane Alves, Coelho Mara Sérgia Pacheco Honório, Rolim Maria Rita Pimenta, Alencar Maria Luiza Aires de et al. Identificação de grupos de risco para disfagia orofaríngea em pacientes internados em um hospital universitário. CoDAS. 2014 Feb; 26(1): 17-27.
3. Padovani Aline Rodrigues, Moraes Danielle Pedroni, Sassi Fernanda Chiarion, Andrade Claudia Regina Furquim de. Avaliação clínica da deglutição em unidade de terapia intensiva. CoDAS. 2013; 25(1): 1-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1411
PERFIL DE PREMATUROS EM ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO EM UM AMBULATÓRIO DE FOLLOW UP
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Tendo em vista os riscos de saúde eminentes ao nascimento prematuro, essa população tem sido estudada devido às chances de comprometimento do desenvolvimento e necessidade de cuidados especializados1. A prestação de serviço à saúde requer conhecimento do perfil epidemiológico e assistencial da população atendida, possibilitando atendimento otimizado e adaptado às demandas dos pacientes2. Visto isso, conhecer o perfil de crianças pré-termos é necessário para detecção e intervenção precoce dos prováveis distúrbios3. Objetivo: analisar o perfil de prematuros atendidos pela equipe de Fonoaudiologia em um ambulatório de follow up, segundo aspectos assistenciais, clínicos e sociodemográficos e a associação com dados peri e pós-natais. Metodologia: Trata-se de estudo observacional analítico transversal realizado por meio da análise de prontuários de crianças prematuras aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob número CAAE 19604819.6.0000. Os prontuários analisados foram provenientes do setor de Fonoaudiologia de um ambulatório multidisciplinar de follow up de pré-termos de um hospital universitário da região sudeste, o qual realiza o acompanhamento de prematuros desde o nascimento até sete anos de idade. A faixa etária da amostra foi de um a 24 meses. Os dados foram coletados da anamnese aplicada aos responsáveis no período de maio de 2009 a novembro de 2019. A anamnese contemplou três eixos: a) dados sociodemográficos; b) aspectos clínicos; c) aspectos assistenciais. Foram realizadas análise descritiva e de associação, a qual utilizou-se os testes Qui-quadrado de Pearson e Kruskal-Wallis, adotando o valor de p ≤ 0,05 para significância estatística. Resultados: Foram analisados 749 prontuários e observou-se distribuição similar entre os sexos feminino e masculino (49,8% e 50,2%, respectivamente) e que a maior parte apresentou prematuridade moderada a tardia (45,8%). Referente aos dados sociodemográficos verificou-se que a maioria dos pais (58%), apresentou ensino médio completo com renda familiar de até dois salários mínimos (60%). A maioria das famílias relatou residir em casa própria (69%), com saneamento básico (96%) e eletricidade (99%). Referente aos aspectos clínicos, observou-se significância estatística (p≤0,001) na associação da idade gestacional com as variáveis “peso ao nascimento”, “estatura” e “perímetro cefálico” mostrando maior mediana para prematuros extremos. Observou-se significância estatística (p≤0,044), entre bebês nascidos com prematuridade moderada a tardia e a variável “realização de pré-natal”. Houve significância estatística (p≤0,001) na associação da idade gestacional com as variáveis “tipo de parto”, “uso do método canguru”, “alimentação na alta”, “drogas ototóxicas”, “hemorragia intracraniana”, “sepse” e “icterícia”. Em relação aos aspectos assistenciais verificou-se que a maioria dos bebês (99,9%) realizou o Teste Guthrie com resultado adequado (95,3%). Da mesma forma referente à realização da TANE (79,9%) com resultado adequado (89,4%). Quanto à Avaliação do frênulo da língua, 82,8% das famílias não responderam ao questionamento. Conclusão: foi possível observar que prematuros extremos são mais susceptíveis a apresentar baixo peso ao nascimento, menor estatura e perímetro cefálico, além de complicações pós-natais e maior necessidade de cuidados intensivos. Ressalta-se a importância de entender o perfil dessa população, uma vez que apresentam fatores de risco para comprometimento do desenvolvimento. Dessa forma possibilita assistência humanizada e personalizada.


1. Beleza LDO, Ribeiro LM, Paula RAP, Guarda LEDA, Vieira GB, Costa KSF. Perfil de recém-nascidos de risco atendidos por enfermeiros em seguimento ambulatorial: estudo de coorte retrospectiva. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 2019;27.
2. Ahishakiye A, et al. Developmental Outcomes of Preterm and Low Birth Weight Toddlers and Term Peers in Rwanda. Ann Glob Health. 2019; 17:85(1):147.
3. Nascimento GB, Kessler TM, Souza APR, Costa I, Moraes AB. Indicadores de risco para a deficiência auditiva e aquisição da linguagem e sua relação com variáveis socioeconômicas, demográficas e obstétricas em bebês pré termo e a termo. CoDAS 2020;32(1):e20180278.





TRABALHOS CIENTÍFICOS
1787
PERFIL DE VOCABULÁRIO DE CRIANÇAS INGRESSANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O domínio da linguagem exige compreensão de um conjunto complexo de sistemas que se relacionam e interagem entre si. Uma alteração em algum deles pode implicar prejuízo em outro(1). Por isso, medidas de vocabulário têm sido apontadas em diversos estudos como preditoras do nível de linguagem da criança(2), uma vez que sua aquisição depende convergência de fatores linguísticos e extra-linguísticos(3). O processo de aquisição do vocabulário se dá precocemente, com as primeiras palavras surgindo por volta dos 12 meses de idade(3,4); aos 2 anos ocorre a “explosão de vocabulário” e, a partir daí, muitas novas palavras são incorporadas ao léxico infantil(5). Esse desenvolvimento depende de estimulação e interação familiar, exposição a mídias, contexto socioeconômico, cultural e escolar(3,6). O ingresso na escola é um marco na expansão do vocabulário(7), desempenhando papel importante no processo de alfabetização(8). Contudo, algumas crianças ingressam na escola com dificuldades em expressar e compreender as palavras, as quais podem acarretar prejuízos na aprendizagem escolar(8).

Objetivo: Traçar o perfil de vocabulário de crianças ingressantes no ensino fundamental de uma escola pública municipal, bem como analisar os erros e substituições realizadas, com intuito de inferir possíveis motivações para sua ocorrência.

Método: Trata-se de um estudo de perfil de caráter transversal, aprovado pelo CEP da instituição de origem sob nº 3.647.518. Participaram do estudo crianças de 1º ano de uma escola pública municipal, que aceitaram participar do estudo e foram autorizadas por seus responsáveis. Foram excluídas crianças com alterações que pudessem impactar nos resultados, identificadas através de análise da ficha escolar. A avaliação do vocabulário se deu meio do Teste de Vocabulário Expressivo (TVExp-100o)(9). O protocolo foi aplicado por estudantes de fonoaudiologia sob supervisão, individualmente, em sala silenciosa cedida pela escola. Consiste de um bloco com 100 figuras em preto e branco que devem ser identificadas e verbalizadas pela criança; o avaliador anota as respostas. Os dados foram compilados em planilhas Excel e analisados quanto à pertinência da denominação utilizada, não denominação ou substituição realizada.

Resultados: Foram avaliadas 68 crianças. Identificou-se 80% de acertos, 14,7% de substituições e 5,3% de não designações. Dentre os acertos constatou-se que 86,5% das palavras foram produzidas corretamente, 10% apresentaram alterações fonológicas e 0,9% foram produzidas com pista visual. Dentre as substituições, 73,83% das ocorrências mantinham relação semântica com o alvo, sendo as palavras-alvo substituídas por co-hipônimos (36,36%), hiperônimos (12,39%) ou hipônimos (3,2%) em mais da metade dos casos, ou por palavras com outro tipo de relação semântica (18,88%). 15,79% das substituições apresentaram motivação visual, 1,10% fonética e em 9,29% dos casos a palavra foi substituída por um item sem relação.

Conclusão: Os resultados apontam necessidade de análise minuciosa pelo fonoaudiólogo, o qual deve estar atento não só ao resultado quantitativo, mas também para diferentes respostas que podem levar a um melhor entendimento do processo de desenvolvimento vocabular da criança. Este olhar aponta para a importância da atuação do fonoaudiólogo no ambiente escolar, de forma multidisciplinar, orientando e prevenindo alterações de linguagem que venham a comprometer o desempenho dos alunos.

1. Cáceres-Assenço, Ana Manhani; Ferreira, Sandra Cristina Araújo; Santos, Anabela Cruz; Befi-Lopes, Debora Maria. Aplicação de uma prova brasileira de vocabulário expressivo em crianças falantes do Português Europeu. CoDAS. 2018;30(2): e20170113. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182017113.
2. Misquiatti, Andréa Regina Nunes; Nakaguma, Patrícia Gondo; Brito, Maria Cláudia; Olivati, Ana Gabriela. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev. CEFAC. 2015; 17(3): 783-791. https://doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
3. Brancalioni, Ana Rita; Zauza, Alessandra; Karlinski, Camila Durante; Quitaiski, Larissa Fernanda; Thomaz, Maristela de Fátima Oliveira. Desempenho do vocabulário expressivo de pré-escolares de 4 a 5 anos da rede pública e particular de ensino. Audiol., Commun. Res. 2018; 23: e1836. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1836.
4. Armonia, Aline Citino; Mazzega, Laís Carvalho; Pinto, Fernanda Chequer de Alcântara; Souza, Aline Cristina Rocha Fiori de; Perissinoto, Jacy; Tamanaha, Ana Carina. Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. Rev. CEFAC. 2015; 17( 3 ): 759-765. https://doi.org/10.1590/1982-021620156214.
5. SOUZA, Marcelle Stella de Lima. Desempenho de pré-escolares potiguares em tarefas de vocabulário expressivo e narrativa. 2018. 43 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fonoaudiologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Fonoaudiologia. Natal, RN, 2018. http://monografias.ufrn.br/handle/123456789/7635
6. Guaresi , Ronei; Oliveira, Janaina; Oliveira, Elizama; Teixeira, Luziene. A Consciência Fonológica e o Vocabulário no Aprendizado da Leitura e da Escrita na Alfabetização. Revista (Con)textos Linguísticos. 2017; 11(18). https://bityli.com/1zQFs
7. Tibério, Cinthia Dileine Ruzzante. Vocabulário receptivo de crianças de 2 a 6 anos de idade: uma análise com o Teste de Vocabulário por Imagens Peabody. 2017. 78 f. Dissertação (Mestrado em Educação: Psicologia da Educação) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da Educação, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017. https://tede2.pucsp.br/handle/handle/19830
8. Santos , Luzia do Nascimento dos. Vocabulário de Crianças Ribeirinhas de uma Escola do Ensino Público. 2017. 24 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fonoaudiologia) - Centro Universitário São Lucas de Porto Velho, Departamento de Fonoaudiologia. Porto Velho, RO, 2017. Acesso em 09/07/2020 https://bityli.com/COpZt
9. CAPOVILLA, F. C.; NEGRÃO, V. D.; DAMÁZIO, M.; Teste de Vocabulário Auditivo e Teste de Vocabulário Expressivo: validados e normatizados para o desenvolvimento da compreensão da fala dos 18 meses aos 6 anos de idade. São Paulo: Memnon; 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
545
PERFIL DERMATOGLÍFICO DE CANTORES POPULARES E SUA ASSOCIAÇÃO COM SINTOMAS VOCAIS.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Dermatoglifia determina o potencial muscular do indivíduo através da análise do tipo de desenho na impressão digital (1), podendo este ser: Arco (A), Presilha (L) ou Verticilo (W). O perfil dermatoglífico pode ser classificado em aeróbico ou anaeróbico. O primeiro apresenta mais resistência e coordenação motora, enquanto que o segundo mais força e velocidade de contração (2). Estudos referem que queixas como rouquidão, pigarro, desconforto e dor após canto, são comuns entre cantores populares (3,4), principalmente no sexo masculino (4). Estudiosos relatam que possivelmente isso se deve ao fato das mulheres terem mais noções de saúde vocal (4). A autoavaliação vocal revela informações sobre a percepção do indivíduo relacionado ao seu problema de voz, e é importante para quantificar o impacto da alteração da voz na vida do indivíduo (4). Problemas vocais em cantores podem causar um grande impacto vocal e emocional, manifestado por percepção de desvantagem no canto ou dificuldades em manter a qualidade vocal (3).

Objetivo: Associar sintomas vocais autorreferidos ao perfil dermatoglífico de cantores populares.

Métodos: Estudo observacional quantitativo, com 30 cantores populares. Foi aplicado questionário sociodemográfico, o Índice de Triagem para Distúrbios da Voz (ITDV)⁵ e coletadas impressões digitais utilizando o scanner Watson Mini da Integrated Biometric conectado a um laptop Lenovo BM5K8TM1. A análise das digitais ocorreu seguindo o protocolo de Cummins e Midlo6. Aplicou-se o teste Qui-Quadrado para averiguar a associação entre cansaço vocal, rouquidão, pigarro e dor ao falar e sintomas vocais geral do ITDV com perfil dermatoglífico. O nível de significância foi de 5%. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer número 3.562.059.

Resultados: A população estudada era composta por 46,7% de indivíduos do sexo masculino e 53,3% feminino, com média de 32 anos de idade. A média do tempo de profissão era 14 anos e da carga horária laboral semanal era 15 horas. 66,7% dos indivíduos possuíam perfil dermatoglífico do tipo anaeróbico, enquanto 33,3% aeróbico. Quanto ao cansaço vocal, 40% dos aeróbicos e 45% dos anaeróbicos relataram o sintoma (p= 0,794). Relacionado ao pigarro, 80% dos aeróbicos e 70% dos anaeróbicos queixaram-se (p= 0,559). Dentre os aeróbicos, 60% referiram rouquidão, enquanto que, dos anaeróbicos, 40% (p= 0,301). Referente à dor ao falar, 10% dos aeróbicos e 15% anaeróbicos relataram o sintoma (p= 0,704). Em relação ao ITDV geral, 40% dos aeróbicos e 40% dos anaeróbicos apresentaram indicativo de alteração vocal (p= 1,000).

Conclusão: Não foi encontrada associação estatisticamente, entre o perfil dermatoglífico e os sintomas vocais analisados. Contudo, observou-se que os sujeitos com perfil dermatoglífico anaeróbico apresentaram maior prevalência nas variáveis cansaço e dor ao falar, o que pode ser justificado pelo seu perfil de maior uso de força e baixa resistência. Já o perfil aeróbico apresentou maior prevalência dos sintomas vocais rouquidão e pigarro, que podem estar associados aos cuidados com a voz realizados por esse grupo. Porém, deve-se também considerar a existência da limitação em relação ao baixo “n” amostral, principalmente dos aeróbicos, fator que pode ter interferido nos resultados.

1. Coelho, CM. Cantores líricos e de musicais: dados dermatoglíficos e acústicos. 2017. 133 f. Tese (Doutorado) - Curso de Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, Fonoaudiologia, Pontifício Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017.

2. Minamoto Viviane Balisardo. Classificação e adaptações das fibras musculares: uma revisão. Fisioterapia e pesquisa, v. 12, n. 3, p. 50-55, 2005.

3. Silva Fernanda Ferreira da, Moreti Felipe, Oliveira Gisele, Behlau Mara. Efeitos da reabilitação fonoaudiológica na desvantagem vocal de cantores populares profissionais. Audiol., Commun. Res. [Internet]. 2014 June [cited 2020 June 19] ; 19( 2 ): 194-201

4. Zimmer Valquíria, Cielo Carla Aparecida, Ferreira Fernanda Mariotto. Comportamento vocal de cantores populares. Rev. CEFAC [Internet]. 2012 Apr [cited 2020 June 27] ; 14( 2 ): 298-307.

5. Ghirardi ACA, Ferreira LP; Giannini SPP; Latorre MRDO. Screening Index for Voice Disorder (SIVD): Development and Validation. J. Voice. 2013; 27(2): 195-200.

6. Cummins H, Midlo, C. Fingerprints, palms and soles. New Dover ed. Integral e corr. New York: Dover Publ; 1961


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1129
PERFIL DESENVOLVIMENTAL DO PROCESSAMENTO FONOLÓGICO EM ESCOLARES BILÍNGUES PORTUGUÊS-FRANCÊS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O processamento fonológico é constituído por três habilidades fundamentadoras: consciência fonológica, acesso ao léxico mental e memória de trabalho fonológica. Uma das grandes vantagens observadas no bilinguismo quanto à consciência fonológica foram baseadas na “Cross-Language Transfer Theory” (teoria de transferência de linguagem cruzada). Pesquisas sugerem que o desempenho de consciência fonológica de crianças bilíngues é melhor comparada a de crianças monolíngues.
MÉTODO: Estudo transversal, descritivo e quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número de parecer 3.232.732 e o CAAE 45619.4.0000.5292. A pesquisa foi realizada com estudantes do 1° ao 3° ano do ensino fundamental, em uma escola bilíngue francesa. A amostra foi incluída por conveniência. Participaram 15 crianças, divididas em três grupo: GI - 5 crianças do 1º ano; GII - 5 crianças do 2º ano; GIII - 5 crianças do 3º ano. As avaliações foram realizadas em quatro sessões individuais de sessenta minutos. Foram avaliadas as seguintes habilidades: consciência fonológica, memória de trabalho fonológica, acesso ao léxico mental. Para a análise de dados foi utilizado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis em conjunto com post-hoc de Dunn foram utilizados para a comparação entre os grupos, considerando o intervalo de confiança de 95% e o nível de significância de 0,05.
RESULTADOS: Na comparação entre os grupos, a análise foi realizada por meio do teste de Kruskal-Wallis demonstrando diferença significativa (<0,005) nos seguintes componentes do processamento fonológico: CONFIAS fonema (0,035), CONFIAS total (0,037) e RAN objetos (0,022). Não houve diferença significativa para memória de trabalho fonológica, RAN dígitos, RAN cores e RAN letras. Para averiguar a diferença intragrupos, foi utilizado o post-hoc de Dunn, verificando os seguintes resultados: no subteste fonema do Confias, houve diferença significativa (P<0,005) entre 3º e 1º ano (p=0,034); CONFIAS total, entre o 3° e 2º ano (p=0,038). Desta forma, o 3º ano obteve melhor desempenho no subteste do fonema e no CONFIAS total. Enquanto que no RAN objetos foi encontrada diferença entre 1º e 3º ano (0,018), dessa vez o primeiro obteve o melhor desempenho.
CONCLUSÃO: Esse estudo evidenciou que a exposição de uma segunda língua ao longo dos anos iniciais do ensino fundamental pode ser benéfica para o desenvolvimento da consciência fonológica que evoluiu no avançar dos anos escolares, com melhor desempenho do terceiro ano nesta habilidade. Entretanto, notou-se que os escolares do 3º ano levaram maior tempo para acessar o léxico mental, especificamente na tarefa objetos. Dessa forma, faz-se necessário a realização de estudo com maior número amostral para averiguar o desempenho de bilíngues no acesso ao léxico, uma vez que a literatura aponta um aumento na precisão e rapidez nessa habilidade ao longo do processo de ensino-aprendizagem, o que não foi averiguado no referido estudo.


1- Silva RRA, Balbino EMS, Souza TNU, Costa RCC. Processamento fonológico: comparação entre crianças com e sem transtorno fonológico. Distúrb Comun. 2018; 30(4): 637-646.

2- Romanelli BMB. Desempenho na escrita do português de crianças bilíngues cuja língua materna é o francês [Dissertação]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2007. 252 p.

3- Hickmann GM, Guimarães SRK, Hickmann AA. Aprendizado bilíngue e linguagem escrita: desenvolvimento de habilidades metalinguísticas. Cadernos de Pesquisa 2017; 24(2): 156-169.

4- Moojen S, Lamprecht R, Santos RM, Freitas GM, Brodacz R, Siqueira M et al. CONFIAS Consciência Fonológica: Instrumento de Avaliação Sequencial. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.

5- Core C, Scarpelli C. Phonological development in young bilinguals: Clinical Implications. Seminars in speech and language. 2015; 36(2).

6- Hage SRV, Grivol MA. Desempenho de crianças normais falantes do português em prova de memória de trabalho fonológica. CCL. 2008;1(1):61-72.

7- Silva PB, Mecca TP, Macedo EC. Teste de Nomeação Automática – TENA: Manual. São Paulo: Hogrefe; 2018.

8- Ferreira TL, Capellini SA, Ciasca SM, Tonelotto JMF. Desempenho de escolares leitores proficientes no teste de nomeação automatizada rápida – RAN. Temas Sobre Desenvolvimento. 2003;12(69):26-32.

9- Minervino CASM, Dias EB. Teste de habilidades preditoras da leitura: normas de habilidade para crianças. Aval. psicol. 2017 Out; 16(4): 415-425.

10- Nobre APMC, Hodges LVSD. A relação bilinguismo-cognição no processo de alfabetização e letramento. Ciências e Cognição 2010;15(3):180-191.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
347
PERFIL DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO DE GÊMEOS COM A SÍNDROME DE NOONAN: RELATO DE CASOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A síndrome de Noonan (SN) é resultado de uma mutação monogênica de herança autossômica dominante, que se apresenta clínica e geneticamente de forma heterogênea, principalmente em relação ao dismorfismo facial, à cardiopatia congênita e à estatura (1). A face típica da síndrome de Noonan é caracterizada por sua forma triangular, hipertelorismo ocular, ptose palpebral, fissura palpebral externa desviada para baixo, implantação baixa e rotação incompleta do pavilhão auricular, com espessamento da hélice auricular, micrognatia e pescoço curto ou alado (2). As características faciais típicas da SN podem estar presentes desde o nascimento (3). Objetivo: Descrever o sistema estomatognático de gêmeos com a síndrome de Noonan. Método: Anamnese e avaliação miofuncional orofacial do sistema estomatognático realizados a partir do protocolo MBGR(4), com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 13370819.2.0000.5546) e dos familiares. O estudo é de caráter transversal, qualitativo, descritivo e por envolver uma ação resultante dos diagnósticos obtidos na proposta avaliativa dos menores (orientações, encaminhamentos e terapias propriamente ditas), considera-se este estudo como uma pesquisa-ação. Os casos clínicos dos irmãos gêmeos de sete anos, sexo masculino, casamento de pais consanguíneos, sem casos similares na família com diagnóstico genético confirmado surgiram na clínica-escola de Fonoaudiologia através do encaminhamento feito pelo ambulatório de Genética Médica do Departamento de Medicina. Resultados: Ambos pacientes apresentam face típica caracterizada por assimetria facial, orelhas em abano e com implantação baixa, testa larga, assimetria corporal, face longa, lábios volumosos, má oclusão (mordida aberta anterior), mobilidade alterada de lábios e língua, tonicidade normal, respiração oronasal, mastigação ineficiente, fechamento labial assistemático, mastigação ruidosa, contrações musculares não esperadas de orbiculares da boca e mentual, com movimentos de cabeça, deglutição adaptada e alterações fonético-fonológicas na fala, sendo que um dos irmãos apresenta quadro de alteração na fala pior que o outro e mastigação unilateral crônica enquanto o outro, bilateral alternada. Frente aos resultados obtidos, foi realizado o encaminhamento para terapia fonoaudiológica e orientação aos familiares. Conclusão: Pacientes com a síndrome de Noonan podem apresentar distúrbio miofuncional orofacial secundário às alterações craniofaciais decorrentes do quadro clínico genético, envolvendo as funções orais como a respiração, a mastigação, a deglutição e a fala.

Palavras-chave: Síndrome de Noonan, Fonoaudiologia, Motricidade Orofacial, Avaliação.

1. Aracena A. Manejo de síndromes malformativos. Rev. chil. pediatr. 2004;75(4):383-9.
2. Ferreira L, et al. Variabilidade do fenótipo de pacientes com síndrome de Noonan com e sem mutações no gene PTPN1. Arq Bras Endocrinol Metab. 2007;51(3):450-6.
3. Malaquias A, et al. Síndrome de Noonan: do fenótipo à terapêutica com hormônio de crescimento. Arq Bras Endocrinol Metab. 2008;52(5):800-8.
4. Genaro KF, et al. Avaliação miofuncional orofacial: protocolo MBGR. Revista CEFAC. 2009;11(2):237-55.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
426
PERFIL DOS EGRESSOS DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA EM UM CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MATO GROSSO – ANÁLISE DOS ÚLTIMOS 10 ANOS
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: O fonoaudiólogo é um profissional da área da saúde que atua com pesquisa, orientação, perícias, prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento fonoaudiológico. A abrangência da formação profissional do fonoaudiólogo permite que atue em áreas distintas, tais como, audiologia, linguagem, motricidade orofacial, fonoaudiologia hospitalar, voz e saúde coletiva. Contudo, pouco se sabe da situação profissional dos egressos em fonoaudiologia, principalmente no Estado de Mato Grosso.
Objetivo: Analisar a trajetória dos egressos de um curso de fonoaudiologia no Mato Grosso, em relação aos aspectos socioeconômicos e demográficos, a continuidade dos estudos, educação continuada, empregabilidade, bem como a área de atuação.
Métodos: Foram convidados a participar do estudo os fonoaudiólogos formados em uma instituição de ensino superior de Várzea Grande, entre 2008 e 2018. O convite foi feito através de uma carta enviada por e-mail ou redes sociais, usando também recursos como o Googleforms, junto com o Termo de Consentimento Livre Esclarecido e um questionário o qual os indivíduos deveriam preencher com perguntas relativas a sua jornada profissional após a graduação, sendo submetido e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 14550910.7.0000.592 sob o protocolo de pesquisa no 3.441.813).
Resultados: A partir da análise dos dados ficamos conhecendo a trajetória profissional dos alunos egressos da Fonoaudiologia, em que observamos uma avaliação positiva sobre a formação acadêmica do curso de graduação. A média de idade encontrada foi de 30,62 anos, sendo 96% do sexo feminino. Observamos que os egressos do Curso de Fonoaudiologia continuam estudando através de pós graduações e procuram escolher cursos seguindo a demanda do mercado. Os resultados mostraram pouca dificuldade na inserção do mercado de trabalho, sendo que quanto ao vínculo empregatício a pesquisa mostrou que 72% dos fonoaudiólogos então em empresas privadas, com jornada de trabalho acima de 30 horas. A maioria dos egressos estão trabalhado na área de audiologia, linguagem e fonoaudiologia hospitalar e apresentando uma média salarial de 4 salários mínimos, mostrando também que 38% dos egressos continuam se aperfeiçoado, Já em relação aos conceitos sobre seus professores do curso de fonoaudiologia , a pesquisa mostra que a 58% estão satisfeito.
Conclusão: O presente trabalho buscou traçar um perfil do fonoaudiologia graduado no Centro Universitário de Várzea Grande. Ao analisar os questionários respondidos pudemos verificar que os egressos do curso de Fonoaudiologia do UNIVAG são predominantemente do gênero feminino tendo como maior área de atuação nas áreas de audiologia, linguagem e fonoaudiologia hospitalar, atuando em mais de dois lugares ao mesmo tempo, com jornada de trabalho que varia entre 20 e 40 horas semanais, sendo que a maioria atua 40 horas, com renda entre 3 a 4 salários mínimos mensais e consideram-se satisfeitos com a profissão. Em relação ao curso como um todo, sua infraestrutura, professores e coordenação, a maioria afirma ser bom e ótimo.


BRASIL. Resolução CNE/CES n. 5, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fonoaudiologia. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES052002.pdf

BRASIL. Resolução CFC n. 305, de 06 de março de 2004. Código de Ética da Fonoaudiologia. Disponível em: http://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wpcontent/uploads/2013/07/codeport.pdf

Conselho federal de Fonoaudiologia. https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/numero-por-regiao/

Conselho Federal de Fonoaudiologia, Brasília, 2014. RESOLUÇÃO CFFa nº 453, de 26 de setembro de 2014.Disponível emhttp://www.fonoaudiologia.org.br/cffa.

Gattoni AWD. A inserção do fonoaudiólogo no mercado de trabalho de Belo Horizonte [dissertação]. Belo Horizonte (MG): FEAD – Centro de gestão empreendedora; 2008.

Silva DGM, Sampaio TMM, Bianchini EMG. Percepções do fonoaudiólogo recém-formado quanto a sua formação, intenção profissional e atualização de conhecimentos. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(1):47-53.

TEIXEIRA, L.C. et al. Trajetória profissional de egressos em fonoaudiologia. Rev. CEFAC, São Paulo, v.15,n.6, p.1591-1600,Nov-Dez.2013.

UNIVAG CENTRO UNIVERSITÁRIO. Projeto pedagógico institucional. Várzea Grande – MT,2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1659
PERFIL DOS PACIENTES ATENDIDOS PELO SERVIÇO DE FONOAUDIOLOGIA DE UM HOSPITAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DE BELO HORIZONTE
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A inserção do fonoaudiólogo dentro da equipe multidisciplinar no ambiente hospitalar mostra-se cada vez mais importante, pois este é o profissional apto e legalmente habilitado para realizar avaliação, diagnóstico e tratamento das disfagias e distúrbios de comunicação. A disfagia, por ser a alteração que apresenta maior demanda deste profissional, requer avaliações precisas e cada vez mais precoces a fim de evitar complicações e diminuir custos com a permanência do indivíduo no leito hospitalar. Além da disfagia, alterações de comunicação também são encontradas em pacientes internados e necessitam de atenção para adequada identificação e encaminhamento para reabilitação. Pesquisas que investigaram o perfil de pacientes internados com risco para disfagia, identificaram prevalência do sexo masculino e maior acometimento de idosos acima de 60 anos. Sabe-se que a idade não necessariamente acarreta perda da capacidade funcional de deglutição, porém quando associada a outros fatores, principalmente doenças crônicas, neurológicas e degenerativas, pode ocorrer o declínio da funcionalidade alimentar. OBJETIVOS: traçar o perfil dos pacientes atendidos pelo serviço de fonoaudiologia de um hospital de urgência e emergência de Belo Horizonte quanto à idade, sexo, diagnóstico médico, diagnóstico fonoaudiológico da deglutição e ocorrência de outras alterações fonoaudiológicas. MÉTODO: trata-se de estudo do tipo descritivo transversal retrospectivo, realizado nos setores de internação de adultos e idosos de um hospital de Belo Horizonte, no período de abril a junho de 2019. Foi utilizado um formulário de coleta de dados para registro de dados extraídos dos prontuários dos pacientes atendidos pelo serviço. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, acima de 15 anos e que apresentaram alguma demanda para avaliação fonoaudiológica. Foram excluídos pacientes com dados incompletos. Após a coleta, os dados foram armazenados em planilha eletrônica e analisados de forma descritiva e analítica. RESULTADOS: foram analisados os prontuários de 420 pacientes, dos quais 67,86% eram idosos, 55,48% do sexo masculino e, a maioria, atendidos nos setores Unidade de Acidente Vascular Encefálico(UAVC) e Centros de Terapia Intensiva(CTI). Houve predomínio do diagnóstico médico de doença neurológica das quais o motivo de admissão mais frequente foi o Acidente Vascular Encefálico e a comorbidade predominante a hipertensão arterial sistêmica. No diagnóstico fonoaudiológico da deglutição, observou-se maior ocorrência de disfagia neurogênica (54,76%) e grau de disfagia de deglutição funcional (32,14%) e disfagia leve (21,19%), de acordo com a classificação de PARD. Verificou-se também associação com significância estatística entre a faixa etária idosa, diagnóstico médico de doença neurológica e disfagia do tipo neurogênica. O grau de disfagia também apresentou relação estatística com o setor e diagnóstico médico. CONCLUSÃO: o perfil da população estudada é caracterizado por indivíduos idosos, do sexo masculino, com diagnóstico de doença neurológica e algum grau de alteração da deglutição.


1. ANDRADE, Patrícia Amaro et al. Importância do rastreamento de disfagia e da avaliação nutricional em pacientes hospitalizados. Einstein, São Paulo, v. 16, n. 2, p.1-6, set. 2018.

2. BARONI, Anna Flávia Ferraz Barros; FABIO, Soraia Ramos Cabette; DANTAS, Roberto Oliveira. Risk factors for swallowing dysfunction in stroke patients. Arq.Gastroenterol., São Paulo , v. 49, n. 2, p. 118-124, June 2012.

3. Barroqueiro Priscila Carneiro, Lopes Monique Kelly Duarte, Moraes Alba Maria Soares. Critérios fonoaudiológicos para indicação de via alternativa de alimentação em unidade de terapia intensiva em um hospital universitário. Rev. CEFAC, 2017 Mar [cited 2020 Jan 18] ; 19( 2 ): 190-197.

4. BASSI, Daiane et al . Identificação de grupos de risco para disfagia orofaríngea em pacientes internados em um hospital universitário. CoDAS, São Paulo , v. 26, n. 1, p. 17-27, Feb. 2014 .

5. BERTONCELLO, K.C.G.; CAVALCANTI, C.D.K.; ILHA, P. Análise do perfil do paciente como vítima de múltiplos traumas. Cogitare Enfermagem. 2012, n. 17, v. 4, p. 717-723.

6. Coelho, B. R. P. I., Coelho, L. P. I., Sousa, E. Z. T., Costa, A. V. S. M., da Silva Souza, A. T., & Mendes, C. F. (2019). ANÁLISE DA DEMANDA FONOAUDIOLÓGICA DE UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM CARDIOPNEUMOLOGIA. SANARE-Revista de Políticas Públicas. 2019, 18(1).

7. Clavé, P., Shaker, R. Dysphagia: current reality and scope of the problem. Nat Rev Gastroenterol Hepatol 12, 259–270 (2015) doi:10.1038/nrgastro.2015.49

8. DEDIVITIS, Rogério A.; SANTORO, Patricia P.; SUGUENO, Lica Arakawa. Manual prático de disfagia: Diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2017.

9. FARIA, Karla Cristina Freitas et al . Perfil do paciente atendido pela fonoaudiologia na unidade de urgência e emergência de um hospital universitário. Audiol., Commun. Res., São Paulo , v. 18, n. 4, p. 308-313, Dec. 2013.

10. FURKIM, Ana Maria; SACCO, Andréa Baldi de Freitas. Eficácia da fonoterapia em disfagia neurogênica usando a escala funcional de ingestão por via oral (FOIS) como marcador. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 10, n. 4, p. 503-512, Dez. 2008.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1680
PERFIL DOS PACIENTES COM CÂNCER DE LARINGE ATENDIDOS EM HOSPITAIS DE REFERÊNCIA NO ESPÍRITO SANTO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O câncer de laringe representa 25% dos tumores de cabeça e pescoço, com uma incidência mais alta em homens acima de 40 anos e estimativa de 7.650 novos casos no Brasil para os anos 2020 a 2022 (INCA, 2020). Os principais fatores etiológicos consistem no consumo de álcool e tabaco, sendo o tipo histológico mais frequente o carcinoma epidermóide. As modalidades de tratamento incluem cirurgia, radioterapia e a quimioterapia. As funções desempenhadas pela laringe: fonatória; respiratória e proteção das vias aéreas durante a deglutição ficam comprometidas, em diferentes níveis, e impactam na qualidade de vida dos pacientes, o que gera afastamentos laborais e consequente custos aos cofres públicos, sobretudo em estadios mais avançados.
Objetivo: Traçar o perfil dos pacientes com câncer de laringe atendidos em hospitais de referência do Estado do Espírito Santo.
Métodos: Trata-se de estudo longitudinal, prospectivo, no período de 2011-2015, no qual foram incluídos 353 indivíduos com diagnóstico confirmado de câncer de cabeça e pescoço, sendo 34 indivíduos diagnosticados com câncer de laringe (C32.0, C32.1, C32.2, C32.3, C32.8 E C32.9). Dados clínico-demográficos de sexo, raça, idade, estadiamento clínico (sistema TNM), sítio do tumor primário, tratamento e exposição a fatores de risco foram obtidos durante avaliação médica e análise de prontuários. Os pacientes foram acompanhados por um período de até 60 meses. A sobrevida global (SG) foi calculada pelo método de Kaplan-Meier. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob registro n° 0318/2011.
Resultados: A laringe representou 8,7% entre os cânceres de cabeça e pescoço no Estado do ES. A maioria dos casos foram do sexo masculino (91,2%), pardos (55,9%), com idades superiores a 45 anos (97,1%). O uso de tabaco e o consumo de bebidas alcóolicas foi observado em 94,1% e 97% dos casos, respectivamente. Os sítios mais acometidos foram: glote (67,6%), seguida de supraglote (23,5%). O estadiamento III foi o mais frequente, ocorrendo em 35,3% dos casos. O tratamento mais preconizado foi a radioterapia em 41,2% dos pacientes. Não foram observadas significância na análise de sobrevida global (p=0,093) entre a variável estadiamento no grupo analisado.
Conclusão: A ocorrência de câncer de laringe na população estudada foi de 8,7%. Os homens acima de 45 anos representaram a maioria dos casos, com predomínio do diagnóstico em estádios avançados. Este estudo revela a necessidade de ações voltadas à detecção precoce do câncer de laringe a fim de reduzir os casos em estadios avançados e consequente impacto nos fatores prognósticos e qualidade de vida.

Podestá OPG, Peres SV, Salaroli LB, Cattafesta M, Podestá JRV, Zeidler SLVV, et al. Consumption of minimally processed foods as protective factors in the genesis of squamous cell carcinoma of the head and neck in Brazil. PLoS ONE 2019 Jul; 14(7): 1-19.

Innocentini LMAR, Teixeira AH, Casemiro LA, Andrade MC, Ferrari TC, Ricz HMA, et al. Laryngeal Cancer Attributable Factors and the Influence on Survival Rates: A Single Brazilian Institution Experience. Int Arch Otorhinolaryngol 2019; 23: 299–304.

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019; 120. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf

Rezende LFM, Lee DH, Louzada MLC, Song M, Giovannucci E, Eluf-Neto J. Proportion of cancer cases and deaths attributable to lifestyle risk factors in Brazil. Cancer Epidemiology. 2019 Abr; 59: 145-157.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1823
PERFIL DOS PACIENTES ENCAMINHADOS PARA REABILITAÇÃO VESTIBULAR EM UM PROJETO DE EXTENSÃO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A tontura pode ser caracterizada como uma percepção imprecisa do movimento, de moda à refletir alterações na integração das informações sensoriais que auxiliam o controle do equilíbrio corporal(1). Descrita como a terceira queixa mais prevalente nos pacientes adultos ou idosos, que buscam os serviços de saúde de forma recente(2). Resulta de alterações centrais ou periféricas, que podem desencadear no indivíduo, sinais e sintomas que afetam diretamente na sua qualidade de vida(3). Dessa forma, o conhecimento do perfil clínico dos pacientes atendidos trazem informações importantes na confirmação do diagnóstico e delineamento da intervenção apropriada(4). OBJETIVO: Caracterizar o perfil clínico dos pacientes atendidos em um serviço fonoaudiológico de extensão em reabilitação vestibular (RV). MÉTODO: Estudo aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição envolvida, sob número de parecer 2.809.558. Trata-se de um estudo retrospectivo, no qual foram incluídos os prontuários de pacientes de um projeto de extensão, ligado à uma Clínica Escola de Fonoaudiologia, encaminhados para RV, no ano de 2019, que tenham realizado anamnese completa. Foram então analisados 36 prontuários, sendo coletadas informações a respeito dos dados sociodemográficos e clínicos, como idade, sexo, queixa prevalente com tempo de duração, sintomas associados, fatores desencadeantes e agravantes da queixa e, comorbidades apresentadas pelos pacientes. Os dados foram analisados e descritos em termos de medidas descritivas básicas e categóricas. RESULTADOS: Dos pacientes atendidos, 55.6% eram do sexo feminino e 44.4% do sexo masculino, com média 56.9 anos de idade, variando entre 18 a 85 anos. O tempo médio de duração da queixa otoneurológica apresentada foi de 12 meses. As principais queixas relatadas foram a vertigem (58.3%), o desvio de marcha (55.5%), desequilíbrio (50%) e a sensação de cabeça zonza (41.6%). Quanto aos fatores desencadeantes/agravantes, o principal fator descrito foi abaixar e levantar (66.6%), seguido do movimento de girar a cabeça (61%) e virar para os lados (52.7%). Com referência às manifestações auditivas associadas, o zumbido foi relatado por 72.2% dos pacientes. Dentre as comorbidades que predominaram na amostra estão a hipertensão arterial sistêmica (47.2%), alterações visuais (44.4%), alterações cervicais (13.8%) e a diabetes mellitus (11.1%), sendo que 61.1% dos pacientes apresentavam mais de uma comorbidade associada. Ressalta-se que estas variáveis prevalecentes cursam, na maior parte dos casos, com a presença das disfunções vestibulares de origem periféricas, principal diagnóstico funcional recebido neste serviço, referente aos candidatos encaminhados para RV. CONCLUSÃO: Concluiu-se que o perfil predominante dos pacientes atendidos em 2019, no projeto descrito, foi do sexo feminino, com média de idade de 56 anos, queixa associada de tontura do tipo rotatória, desencadeada ou agravada pela mudança de posição cefálica e/ou do corpo. A principal comorbidade associada à tontura foi a hipertensão arterial sistêmica e o zumbido foi um sintoma auditivo mais relatado. Essa caracterização dos pacientes que necessitam de intervenção fonoaudiológica, na área vestibular, faz-se necessária para a melhoria e estruturação do serviço, pois permite direcionar terapêuticas interdisciplinares específicas, bem como sugerir áreas de enfoque para a capacitação dos discentes e profissionais envolvidos.

1. Ganança MM, Caovilla HH, Munhoz MSL, Silva MLG. Condutas na vertigem. São Paulo: Moreira Jr. Gr. Editorial; 2004.

2. Martins TF, Mancini PC, Sousa LM, Santos JN. Prevalence of dizziness in the population of Minas Gerais, Brazil, and its association with demographic and socioeconomic characteristics and health status. Braz J Otorhinolaryngol. 2017; 83; 29-37.

3. Ganança MM. Vestibular disorders in the elderly. Brazilian Journal of Otorhinolaryngoly. 2015; 81(1); 4-5.

4. Lima CL, Cutolo MB, Paulino C, Betoni PV, Souza MV, Costa VSP. Queixas Psicológicas Relacionadas com as Disfunções Vestibulares em Pacientes Atendidos em um Ambulatório de Reabilitação Vestibular. Rev. Equilíbrio Corporal Saúde. 2015; 7(2); 37-40.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2066
PERFIL ELETROMIOGRÁFICO DOS MÚSCULOS MASSETERES E GRUPO MUSCULAR SUPRA-HIÓIDEO EM INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON.
Tese
Disfagia (DIS)


Introdução: A doença de Parkinson é caracterizada pela presença de rigidez muscular, tremor, bradicinesia, acinesia, e alterações posturais, e se torna mais debilitante à medida que progride. Os distúrbios da deglutição são altamente prevalentes entre os indivíduos com doença de Parkinson, podem estar presentes em qualquer fase desta função e frequentemente se apresentam subclinicamente. Estes indivíduos apresentam alto índice de penetração e aspiração silentes de alimento, aumentando consideravelmente o risco de infecção respiratória e a probabilidade de óbito A eletromiografia de superfície, exame não invasivo que registra graficamente a resultante dos potenciais de ação dos músculos em contração, mostrando a ativação do sistema neuromuscular, pode ser uma ferramenta útil para detectar alterações no estado de contração dos músculos envolvidos na função da deglutição desses indivíduos. Objetivo: identificar o potencial elétrico dos músculos masseteres e grupo muscular supra hioideo na contração isométrica voluntária máxima e durante a deglutição de diferentes volumes e consistências alimentares, averiguando ainda a duração da contração muscular durante esta função em indivíduos com e sem doença de Parkinson e sua modificação de acordo com o estágio motor da doença. Métodos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o nº 843.706. Trata-se de um estudo observacional e de delineamento transversal, no qual trinta indivíduos com doença de Parkinson (Grupo doença de Parkinson) e trinta saudáveis (Grupo Comparação) foram avaliados através da eletromiografia de superfície, onde os valores médios do potencial elétrico dos músculos masseteres e grupo muscular supra hioideo foram obtidos na contração isométrica voluntária máxima e durante a função de deglutição. A eletromiografia de superfície foi realizada com o equipamento MIOTOOL 400® de 4 canais, do fabricante MIOTEC (Porto Alegre, Brasil), com filtro Passa Banda (20-500Hz). Resultados: observou-se que o potencial elétrico do músculos masseteres grupo muscular supra hioideo foi significativamente menor no Grupo de Doença de Parkinson na contração isométrica voluntária máxima e durante a deglutição de todas as consistências e volumes avaliados. O tempo de contração muscular foi maior nos indivíduos com doença de Parkinson, mas sem significância estatística. Além disso, o potencial elétrico muscular tende a reduzir e a duração da contração muscular tende a aumentar, de acordo com os estágios de Hoehn e Yahr. Conclusão: o potencial elétrico dos músculos masseteres grupo muscular supra hioideo está reduzida na contração isométrica voluntária máxima e durante a função de deglutição em indivíduos com doença de Parkinson.

1. Pernambuco LA, Cunha DA, Silva HJ. Protocolo para avaliação do sinal eletromiográfico dos músculos masseter e supra-hióideos durante a deglutição. In: Silva HJ. Protocolos de eletromiografia de superfície em fonoaudiologia. Barueri (SP): Pró-Fono; 2013. p.39-49.
2. Glendinning DS, Enoka RM. Motor unit behavior in Parkinson's disease. Phys Ther. 1994;74(1): 61-70.
3. Umemoto G. Impaired food transportation in Parkinson’s disease related to lingual bradykinesia. Dysphagia. 2011; 26(3):250-5.
4. Argolo N, Sampaio M, Pinho P, Melo A, Nóbrega AC. Videofluoroscopic predictors of penetration-aspiration in Parkinson's disease patients. Dysphagia. 2015;30(6):751-8.
5. Mamolar Andrés S, Santamarina Rabanal ML, Granda Membiela CM, Fernandéz Gutiérrez MJ, Sirgo Rodriguéz P, Álvarez Marcos C. Swallowing disorders in Parkinson´s disease. Acta Otorrinol Esp. 2016;68(1):15-22.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2074
PERFIL ELETROMIOGRÁFICO E DINÂMICA OROFARÍNGEA DA DEGLUTIÇÃO DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: na doença de Parkinson a disfagia pode ser encontrada em todas as fases da deglutição. Durante a videofluoroscopia da deglutição (VDG), é possível observar algum tipo de alteração nesta função em 100% dos casos. A aspiração dos alimentos pode aparecer antes mesmo do indivíduo perceber que tem dificuldade para deglutir devido ao fato destes indivíduos apresentarem penetração e aspiração silentes, o que aumenta o risco de infecção respiratória e a probabilidade de óbito. Objetivo: caracterizar o potencial elétrico e a duração da contração dos músculos masseteres e grupo muscular supra hioideo, de acordo com as alterações funcionais da dinâmica orofaríngea da deglutição em indivíduos com doença de Parkinson. Método: este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o nº 843.706. Trata-se de um estudo observacional e de delineamento transversal, no qual trinta indivíduos com doença de Parkinson foram avaliados por meio de estudo videofluoroscópico da deglutição e eletromiograma de superfície dos músculos masseteres grupo muscular supra hioideo durante a deglutição de diferentes consistências e volumes alimentares. A eletromiografia de superfície foi realizada com o equipamento MIOTOOL 400® de 4 canais, do fabricante MIOTEC (Porto Alegre, Brasil), com filtro Passa Banda (20-500Hz). Resultados: indivíduos de ambos os sexos, com idade superior a 50 anos, apresentaram uma diminuição no potencial elétrico dos músculos avaliados em todas as biomecânicas prejudicadas dos estágios oral e faríngeo, exceto na penetração laríngea, onde o potencial elétrico muscular foi aumentado durante a ingestão da amostra líquida. O potencial elétrico muscular foi reduzido com mais frequência durante a ingestão de líquido semilíquido e espessado. Houve forte correlação positiva, estatisticamente significante, entre a duração da contração dos músculos avaliados e a duração do tempo de trânsito oral; correlação positiva moderada, estatisticamente significante, entre a duração da contração do grupo muscular supra hioideo e o tempo de trânsito faríngeo; correlação positiva fraca, sem significância estatística entre a duração da contração dos pares musculares avaliados e a duração do estágio faríngeo. Conclusão: o potencial elétrico dos músculos masseteres e do grupo supra-hióideo é modificado de acordo com a presença de distúrbios da deglutição do estágio oral e do estágio faríngeo de certas consistências e volumes. Além disso, os tempos de trânsito oral, a duração do estágio faríngeo e a transição faríngea foram correlacionados com a duração da contração dos músculos masseteres e do grupo supra-hióideo.


1. Potulska A, Friedman A, Królichi L, Spychala A. Swallowing disorders in Parkinson's disease. Parkinsonism Rel Disord. 2003;9(6):349-53.
2. Nóbrega, AC, Rodrigues B, Melo A. Is silent aspiration a risk factor for respiratory infection in Parkinson's disease patients?. Parkinsonism Rel Disord. 2008;14(8):646-8.
3. Rodrigues B, Nóbrega AC, Sampaio M, Argolo N, Melo A. Silent saliva aspiration in Parkinson's disease. Mov Disorders. 2011; 26(1):138-41.
4. Belo LR. Lins SC, Cunha DA, Lins O, Amorim CF. Eletromiografia de superfície da musculatura supra-hióidea durante a deglutição de idosos de idosos sem doenças neurológicas e idosos com doença de Parkinson. Rev CEFAC. 2009;11(2):268-80.
5. Pernambuco LA, Cunha DA, Silva HJ. Protocolo para avaliação do sinal eletromiográfico dos músculos masseter e supra-hióideos durante a deglutição. In: Silva HJ. Protocolos de eletromiografia de superfície em fonoaudiologia. Barueri (SP): Pró-Fono; 2013. p.39-49.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
391
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ATENDIDOS NA CLÍNICA DE FONOAUDIOLOGIA DA UNAMA ENTRE 2017 E 2018: UMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O acidente vascular encefálico (AVE) é a principal causa de incapacidade neurológica grave, segundo a Organização Mundial da Saúde, é descrito por sinais de distúrbio focal ou global da função cerebral de evolução rápida, durando mais de 24 horas, ou ocasionando a morte sem outra causa aparente, além daquela de origem vascular1. A atuação do fonoaudiólogo, associada a uma equipe multiprofissional, na avaliação e no gerenciamento de alterações provocadas pelo AVE, é de fundamental importância para a recuperação do paciente2 Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico fonoaudiológico dos pacientes acometidos por Acidente Vascular Encefálico (AVE) atendidos na Clínica de Fonoaudiologia da Universidade da Amazônia (CLIFA/UNAMA). Métodos: O presente trabalho se baseou na investigação e análise de informações de prontuários de pacientes acometidos por AVE atendidos na CLIFA. O estudo teve delineamento transversal de abordagem quantitativa e foi iniciado após aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 22522819.9.0000.5173). A etapa de coleta de dados foi realizada por meio do acesso dos pesquisadores aos prontuários de atendimentos dos pacientes, utilizando um formulário como instrumento de coleta. Foram incluídos no estudo pacientes acometidos por AVE atendidos entre os anos de 2017 e 2018, de qualquer faixa etária, raça, gênero ou mesmo mecanismo de lesão. O instrumento de coleta de dados registrou achados associados a repercussões clínicas referentes às funções de fala, voz, deglutição, motricidade orofacial e audição, como consequências do AVE. Além das informações sobre alterações fonoaudiológicas, foram registradas informações referentes a gênero, cor, idade e procedência. Os dados foram tabulados e gráficos foram gerados a partir do software Microsoft Excel 2010®, para uma melhor percepção dos resultados do trabalho, os dados foram apresentados através de uma análise estatística descritiva. Resultados: Foram selecionados e incluídos neste estudo 9 prontuários, sendo 1 de 2017 e 8 de 2018. Os achados revelaram que o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos na CLIFA acometidos pelas sequelas de AVE é de pessoas predominantemente do sexo masculino, com média de idade de 66 anos, procedentes do município de Belém, portadores de alterações de fala seguidas de problemas cognitivos e de deglutição, dados compatíveis com outros trabalhos semelhantes3. Um outro dado que foi encontrado foi a grande quantidade de informações omitidas nos prontuários e prontuários mal preenchidos. Conclusão: O presente trabalho determinou um perfil epidemiológico de pacientes atendidos no serviço de reabilitação fonoaudiológica da CLIFA entre 2017 e 2018, como sendo de pessoas idosas (acima de 65 anos), brancas, com comprometimento de funções de fala, alterações cognitivas e disfagias. A melhor compreensão do perfil fonoaudiológico de pacientes atendidos em serviços de reabilitação promove maior eficiência nos atendimentos e maiores benefícios à coletividade dos pacientes.

1. Sacco RL. Patogênese, classificação e epidemiologia das doenças vasculares cerebrais. In: Rowland LP. Tratado de neurologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. p. 251-65.
2. Gatto AR, Rehder MIBC. Comparação entre queixas de deglutição e achados videofluoroscópicos no paciente pós Acidente Vascular Encefálico. Rev CEFAC 2006;8:320-7.
3. Nunes MCA, Jurkiewicz AL, Santos RS, Furkim AM, Massi G, Pinto GSA et al . Correlação entre a lesão encefálica e a disfagia em pacientes adultos com acidente vascular encefálico. Int. Arch. Otorhinolaryngol. 2012 Sep. 16( 3 ): 313-321


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1852
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E AUDIOMÉTRICO DOS PACIENTES ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Dentre as deficiências humanas que prejudicam o convívio social, a perda auditiva pode ser considerada como uma das mais incapacitantes, pois interfere diretamente na aprendizagem, linguagem, fala e consequentemente na comunicação interpessoal. A Epidemiologia é um estudo que permite observar e analisar a saúde da população de diversas maneiras, que vão da abordagem biologicista à determinação social do processo saúde-doença. Através de métodos quantitativos e qualitativos se verifica a ocorrência de determinadas patologias em populações humanas, sobretudo, objetivando traçar estratégias preventivas e interventivas no controle do surgimento ou irrompimento do processo patológico. O levantamento epidemiológico da prevalência da perda auditiva no Brasil é um dado em construção, já que existe uma escassez de elementos estatísticos específicos. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico e audiométrico dos usuários atendidos na Clínica-escola de uma faculdade do interior de Minas Gerais. Metodologia: Trata-se de um estudo documental analítico descritivo, retrospectivo de corte transversal. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer CAAE - 30203920.3.0000.8147 que autorizou a dispensa do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Os critérios de inclusão compreenderam prontuários de pacientes que realizaram exames de audiometrias tonal e vocal entre 2014 e 2019, e que informasse o sexo; idade; origem do encaminhamento (profissional, ou iniciativa do próprio paciente); naturalidade e parecer fonoaudiológico. Foram excluídos os prontuários que não continham as informações citadas ou que não estavam dentro do período estabelecido. Os dados foram coletados e tabulados no software Microsoft Excel®, processados e analisados através do software Statistical Package for Social Science® (SPSS) versão 20. Foram utilizados o teste exato de Fisher, e o método de Monte Carlo, adotando o nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: A amostra foi composta por 815 prontuários, destes, 57,9% (472) eram do sexo feminino e 42,1% (343) do masculino. Em relação a faixa etária, observou-se média de idade de 38,9 anos, variando entre seis e 94 anos, com predominância de indivíduos adultos com idade entre 30 e 59 anos, 30,8% (251). A média de atendimentos por ano foi de 135,8, sendo que maior número ocorreu no ano de 2016, 23,5% (192). A ocupação mais declarada foi de estudante, 32,4% (264). Um número expressivo de participantes apresentou perda auditiva 55,6% (454), destes, 80% (365) bilateral; 66,3% (240) simétrica. O tipo de perda predominante foi a sensório-neural, presente em 43,7% (180) na orelha direita, e 46% (188) na esquerda. Em relação ao grau, hegemonicamente fora obtido valor leve em 48% (155) à direta, e 47,3% (149) à esquerda. Houve frequência estatisticamente significativa (p<0,001) de idosos com perdas do tipo sensório-neural na orelha direita (119) e na esquerda (110), O fonoaudiólogo foi o profissional que mais realizou encaminhamentos para o serviço audiológico da clínica-escola 36,6% (298). Conclusão: O presente estudo demonstrou um número expressivo de indivíduos com perda auditiva predominantemente do tipo sensórioneural, além de considerável acometimento em sujeitos com idade acima dos 59 anos, revelando assim a necessidade de programas de reabilitação auditiva para esse público.

Palavras-chave: Audição. Epidemiologia. Planejamento em saúde. Perda Auditiva.

Cacciatore F, Napoli C, Abete P, Marciano E, Triassi M, Rengo F. Quality of life determinants and hearing function in an elderly population: Osservatorio Geriatrico Campano Study Group. Gerontology. 1999; 45:323-8.

Bonita R, Beaglehole, R, Kjellström T. Epidemiologia básica. 2. ed. Juraci AC, tradutor. [livro online]. São Paulo: Santos; 2010. [acesso em 20 mar 2020]. Disponível em https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43541/9788572888394_por.pdf.

Skalinski LM. Epidemiologia e epidemiologia crítica: considerações sobre diferentes estilos de pensamento. [Dissertação de Mestrado online]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2008. [acesso em 20 mar 2020]. Disponível em https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/91726/258982.pdf.

Gondim LM, Balen SA, Zimmermann KJ, Pagnossin DF, Fialho IM, Roggia SM. Estudo da prevalência e fatores determinantes da deficiência auditiva no município de Itajaí, SC. Braz. j. otorhinolaryngol. [publicação online]. 2012 [acesso em 20 mar 2020]; 78(2): 27-34. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942012000200006&lng=en.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1419
PERFIL FONOAUDIOLÓGICO DE PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A paralisia cerebral (PC) é considerada um distúrbio motor do desenvolvimento, causado por uma lesão cerebral que pode ocorrer na vida intra-uterina ou no nascimento. Alguns fatores de risco para a PC consistem no nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, icterícia grave e má nutrição intra-uterina. Os sinais e sintomas podem ser percebidos logo nos primeiros meses de vida, apresentando desordens motoras acompanhadas por alteração da sensação, percepção, cognição, comunicação, comportamento, epilepsia e sistema musculoesqueléticos. Após receber o diagnóstico, esse paciente deverá ser acompanhado por alguns profissionais, entre eles o fonoaudiólogo, que será o terapeuta responsável por atuar nas queixas e dificuldade destes pacientes. Os distúrbios fonoaudiológicos nesses pacientes costumam ser complexos, comprometendo a comunicação e o reflexos motores do sistema estomatognático, podendo também, influenciar na alimentação1,2,3,4. Objetivo: Analisar e traçar o perfil fonoaudiológico de pacientes com paralisia cerebral. Método: As buscas por artigos científicos foram realizadas por dois pesquisadores independentes nas bases de dados Lilacs, Medline (Pudmed), Scopus e SciELO. Foram incluídos na pesquisa artigos relacionados ao perfil fonoaudiológico de paciente com paralisia cerebral referentes ao período de 2010 a 2020, sem restrição de idioma e localização. Foram excluídas revisões de literatura, revisão sistemática, mata-análise intervenções ou processo de randomização pouco claros, mal descritos ou somente no formato de resumos. Resultados: Na busca inicial foram selecionados 23 artigos e após a exclusão por duplicidade, título, leitura de resumo e integral, foram admitidos nove artigos para esta pesquisa. Os estudos evidenciaram que a atuação fonoaudiológica no processo terapêutico, tem como principal objetivo minimizar os riscos no ato de mastigar e deglutir os alimentos, os quais podem causar a disfagia. Destaca-se que foram abordados assuntos relacionados ao desenvolvimento psicomotor na PC, recursos terapêuticos fonoaudiológicos na reabilitação desses pacientes, atuação fonoaudiológica na escola para pacientes com PC e reabilitação auditiva na literatura avaliada. Salienta-se a importância da equipe multiprofissional, contando principalmente com o apoio do fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. Além disso, é importante destacar o papel fundamental da família antes, durante e após as sessões de terapia, pois é ela que dará continuidade às terapias realizadas no centro de reabilitação.
Conclusão: Sabe-se que o profissional de fonoaudiologia pode atuar em todos os ciclos de vida do paciente com PC, bem como, oferecendo suporte da mastigação, deglutição, fala, comunicação e nas dificuldades na linguagem deste paciente. Evidencia-se que ainda são encontrados poucos estudos em que citam o fonoaudiólogo como parte da equipe de terapia dos pacientes com paralisia cerebral. Desta forma, a caracterização dessa demanda possibilitará salientar a importância da atuação do fonoaudiólogo junto a equipe multidisciplinar.

1. César CPHAR, Guedes-Granzotti RB, Silva K, Dornelas R, Pellicani A, Sordi C, Domenis DR. Atuação fonoaudiológica na Paralisia Cerebral. In: Sordi C, Nahsan FPS, Paranhos LR, organizadores. Coletâneas em saúde. São José dos Pinhais: Editora Plena. 2015; 2: 47-64
2. Castellano GB, Freire RMAC. O diagnóstico fonoaudiológico na paralisia cerebral: o sujeito entre a fala e a escuta. Ágora: Estudo em Teoria Psicanalítica, 2014;17(1):117-34.
3. Chabrier S, Pouyfaucon M, Chatelin A, et al. From congenial paralysis to post-early brain injury developmental condition: Where does cerebral palsy actually stand?, 2019;(19)30113-7.
4. Appleton RE, Gupta R. Cerebral palsy: not always what it seems. Arch Dis Child. 2019;104(8):809-814.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2118
PERFIL FONOAUDIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NO SETOR DE CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)



Introdução: A extensão universitária “Serviço de Fonoaudiologia na Disfunção Craniomandibular Apneia Obstrutiva do Sono” ocorre no Hospital Universitário (HU) e na Clínica de Cirurgia tem como objetivo atender os pacientes encaminhados pelo Serviço de Dor Orofacial da universidade, residência da cirurgia bucomaxilofacial e demanda espontânea. Os acometimentos envolvem diversas patologias, tais como: Disfunção temporomandibular e Dor orofacial (DTM e DOF), Anquilose temporomandibular, traumas de face, deformidades dentofaciais, apneia obstrutiva do sono (AOS), paralisia facial e outros. A equipe de atendimento é composta por cirurgiões bucomaxilofaciais, residentes de cirurgia, especialistas em DTM e DOF, fonoaudiólogos, professores e estudantes de fonoaudiologia. Esse grupo garante aos pacientes um atendimento especializado de intervenções conservadoras ou cirúrgicas direcionadas a necessidade dos mesmos. Objetivo: Relatar o perfil fonoaudiológico dos pacientes atendidos no Serviço de Fonoaudiologia na Disfunção Craniomandibular Apneia Obstrutiva do Sono”. Metodologia: Esse trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o número 3.349.187. Trata-se de um estudo analítico observacional retrospectivo, no qual foram coletadas informações dos prontuários dos pacientes que receberam atendimento no período de julho a dezembro de 2019. Os dados foram transcritos em planilha própria do Excel, e analisados por meio de média e porcentagem. Resultados: O banco de dados foi composto por 57 pacientes. Nos protocolos foi observada uma maior prevalência do sexo feminino (37), a maioria dos pacientes residem na capital do estado (75,44% da amostra) e 24, 56% do interior do estado E cidades vizinhas. Foram 75,44% encaminhados pelo setor de cirurgia bucomaxilofacial e 24,56% Servico de DTM e DOF do HU. O diagnóstico de maior prevalência é o de DTM 63,16%, seguidos de: 12,28% de trauma de face, 5,26% de cirurgia ortognática, 1,75% de anquilose, 10,54% de ronco e apneia, 1,75 de eminectomia e 5,26% luxação. O número médio de atendimentos foi de 8 sessões por paciente, em um período de dois meses. Durante este período de tempo contabilizamos 42,11% de altas dos pacientes e 12,28% abandonaram o tratamento quando se sentiram melhores do quadro clínico, 8,77% houve a descontinuidade do tratamento pela distância de sua residência, 5,26% foram transferidos para a clínica escola 31,58 continuam em atendimento. Além disso, como também aos pacientes, um restabelecimento funcional do sistema estomatognático em um período mais curto de tempo, trazendo melhora na qualidade de vida dos mesmos. Conclusão. A definição do perfil fonoaudiológico dos pacientes atendidos no HU poderá auxiliar no planejamento de ações e qualificação da equipe multiprfissional.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1095
PERFIL FONOAUDIOLÓGICO E NUTRICIONAL DE PACIENTES DISFÁGICOS PÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM UM HOSPITAL PÚBLICO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Indivíduos com Acidente Vascular Cerebral (AVC) podem apresentar disfagia, com riscos de engasgos, deficiências nutricionais, sendo necessário avaliação e acompanhamento da equipe interdisciplinar para avaliar alteração de consistência (ou mesmo uso de terapia alternativa) visando a segurança alimentar e recuperação ou manutenção do estado nutricional(1).

Objetivo: Analisar o perfil fonoaudiológico e nutricional, na admissão e na alta hospitalar, de indivíduos acometidos por AVC (trombolisados e não trombolisados) diagnosticados com disfagia orofaríngea, em um hospital público.

Metodologia: Estudo transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), número 97404718.9.0000.5417, com autorização e assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelo responsável do participante na admissão de um hospital público. Foi realizada avaliação fonoaudiológica em até 48h, sempre após a definição médica de terapia trombolítica(2) ou não, e na alta hospitalar, utilizando a Escala Funcional de Alimentação- FOIS(3) (que classifica o nível de deglutição de I a VII, definindo a via alternativa de alimentação exclusiva como nível I, até o nível de consistência alimentar sem restrições como nível VII). Foi utilizada a ferramenta NRS 2002(4), fórmula de Chumlea(5) (1988) para obter peso e altura estimados, calculado o Indice de Massa Corporal e grau da patologia de base para ser estimado o risco nutricional.

Resultados: Foram analisados os dados de 42 indivíduos admitidos com AVC, diagnosticados com disfagia, mediana de idade em 66,5 anos. Na admissão hospitalar, a maioria classificou-se na escala FOIS em nível IV (71,42% da amostra), seguido dos níveis V (16,66%) e nível I (11,90%). Pela mesma escala na alta hospitalar, a maioria classificou-se em nível V (45,23%), seguido dos níveis IV (28,57%), VII (14,28%) e I (11,90%). Destes, apenas 38% (n=16) foram submetidos à medicação trombolítica, sendo que dentro deste percentual, a maioria dos pacientes apresentou condições para alimentação por via oral, assim como no grupo dos pacientes não trombolisados, correspondendo a 62% (n=26), sendo que com exceção de um paciente, todos também apresentavam condições para alimentação por via oral. Analisando o perfil nutricional (classificados pelo IMC conforme a idade), 28 indivíduos eram do sexo masculino: 21,42% acima do peso, 10,71% abaixo do peso e 67,85% eutróficos. 14 indivíduos eram do sexo feminino: 35,71% acima do peso, 7,14% abaixo do peso e 57,14% eutróficos.

Conclusão: Observou-se que houve mudança do perfil de deglutição dos pacientes, sendo que os indivíduos que se alimentavam por via alternativa passaram a se alimentar por via oral após a terapia trombolítica, e os que não foram trombolisados também apresentaram melhora, porém não com um nível tão bom pela FOIS. Em relação ao estado nutricional, os participantes da pesquisa apresentaram-se, na maioria, dentro dos padrões de referência (contradizendo estudos encontrados na literatura).

Palavras-chave: AVC, Disfagia Orofaríngea, Avaliação Fonoaudiológica, Estado Nutricional


Referências
1. Saito, T., Hayashi, K., Nakazawa, H., et al A Significant Association of Malnutrition with Dysphagia in Acute Patients. Dysphagia. 2018; 33:258–265.
2. Pedra EFP, Pontes VL, Mourão AM, Braga MA, Vicente LCC. Pacientes pós-AVC com e sem trombólise: análise da deglutição na fase aguda da doença. Codas. 2020; 32(1):1-6.
3. Souza BB et al. A dieta para disfagia – descrição de acordo com a severidade. Nutrição e disfagia – guia para profissionais. Curitiba: Nutroclínica, 2003.
4. Kondrup, J. et al. Nutritional Risk Screening (NRS 2002): A New Method Based on na Analysis of Controlled Clinical Trials. Clin Nutr. 2003; 22(3): 321-36.
5. Chumlea WC, Roche AF, Steinbaugh ML. Estimating stature from knee height for persons 60 to 90 years of age. J AmGeriatric Soc. 1985;33(2):116-20.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1101
PERFIL NEUROLINGUÍSTICO DO PACIENTE COM HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL (HPN)
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN) é uma síndrome caracterizada pela dilatação ventricular, alteração da marcha, incontinência urinária e comprometimento cognitivo. Para diagnóstico e conduta, a literatura preconiza o exame preditivo denominado TAP TEST, no qual o paciente é avaliado por equipe multidisciplinar antes e após a retirada de líquido cefalorraquiano (LCR) por meio de punção lombar. Resultados positivos do TAP TEST tornam o paciente candidato a derivação ventrículo-peritoneal. A literatura nacional e internacional aborda os aspectos cognitivos alterados na HPN, sem, contudo, contemplar as habilidades neurolinguísticas dessa população. A avaliação neurolinguística integra aspectos fonéticos, fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos e suas relações com as demais funções executivas e cognitivas. Compreender o status neurolinguístico do paciente com HPN, norteará a reabilitação fonoaudiológica, assim como contribuirá nas intervenções multiprofissionais.
OBJETIVOS: Delinear o perfil neurolinguístico do paciente com Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN).
MÉTODOS: Neste estudo-piloto foram avaliados 26 pacientes idosos do Grupo de Hidrodinâmica Cerebral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Destes, 58% do sexo masculino e 42% do sexo feminino, com moda de idade de 78 anos e moda de escolaridade de 4 anos, 92% destros e 8% sinistros. Para a realização da avaliação neurolinguística foi utilizada a Bateria Montreal Tolouse (MTL Brasil) e o Token Test versão reduzida. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva.
RESULTADOS: As habilidades de compreensão oral e escrita de palavras e frases, nomeação escrita, leitura e ditado de números, reconhecimento de partes do corpo e noções de direita e esquerda se mostraram alteradas em 14% dos pacientes. Em nomeação oral, escrita sob ditado e compreensão escrita de texto, 28% dos pacientes apresentou dificuldades. Já quanto a compreensão oral de frases, 86% apresentou comprometimento, de modo que quanto maior a extensão da frase e/ou complexidade linguística, pior o desempenho. Mais da metade da amostra (57%) apresentou alteração na compreensão oral de texto. O discurso narrativo oral e escrito produzido a partir de prancha de discurso, se mostrou alterado em 100% desta população. Os pacientes emitiram fragmentos de uma narrativa, tangenciando o tema, sem, contudo, conseguirem integrá-la. Falharam tanto nem relação à microestrutura, que trata das proposições individuais e das informações imprescindíveis à compreensão do tópico, quanto na macroestrutura, que é a conformação geral do discurso. A ocorrência de circunlóquio como apresentada, pode estar relacionada à dificuldade de acesso lexical.
CONCLUSÃO: Embora os pacientes com diagnóstico de HPN geralmente sejam capazes de manter uma conversação em nível básico, em avaliação formal, foram observadas limitações na elaboração e na compreensão do discurso oral e escrito que podem passar despercebidas na conversação informal. Como perdem parte das informações, os sujeitos poderão não conseguirem compreender e/ou expressar suas ideias plenamente em situações de comunicação. Os achados tornam os pacientes com HPN elegíveis para o processo de reabilitação neurolinguística e evidencia a importância da avaliação fonoaudiológica nos protocolos de TAP TEST.
DESCRITORES: linguagem, neurolinguística, hidrocefalia de pressão normal, HPN.

Sindorio, Carmela, et al. "Neuropsychological assessment in the differential diagnosis of idiopathic normal pressure hydrocephalus. An important tool for the maintenance and restoration of neuronal and neuropsychological functions." Trends in Reconstructive Neurosurgery. Springer, Cham, 2017. 283-288.

Lopes, Maria Izabel Romão, et al. "Development of the Brazilian Portuguese version of the “Grading scale for idiopathic normal pressure hydrocephalus”: cross-cultural adaptation, reliability and validity." Arquivos de neuro-psiquiatria 76.10 (2018): 692-696. Pereira, Renan M., et al. "Performance of the fixed pressure valve with antisiphon device SPHERA® in the treatment of normal pressure hydrocephalus and prevention of overdrainage." Arquivos de neuro-psiquiatria 74.1 (2016): 55-61.

Mendes, Gabriel André Silva, Matheus Fernandes de Oliveira, and Fernando Campos Gomes Pinto. "The Timed Up and Go Test as a diagnostic criterion in normal pressure hydrocephalus." World neurosurgery 105 (2017): 456-461.

American Speech-Language-Hearing Association. Introduction to evidence-based practice [Internet]. Rockville: ASHA; 2004 [cited 2019 Jan 15]. Available from: https://www.asha.org/research/ebp/introduction-to-evidence-based-practice/

Mansur LL, Radanovic M. Neurolinguística: princípios para a prática clínica. São Paulo: EI-Edições Inteligentes, 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1692
PERFIL SOCIOECONÔMICO E EDUCACIONAL DE MÃES DE BEBÊS COM SÍFILIS CONGÊNITA EM MATERNIDADES PÚBLICAS DE UMA CAPITAL DO NORDESTE: RESULTADOS PARCIAIS DE UM ESTUDO DE CASO-CONTROLE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O combate à Sífilis Congênita tem sido tratado como prioridade pelos gestores dos entes federativos do Brasil pelos potenciais impactos ao desenvolvimento infantil, à saúde da mulher, à família, sociedade e ao sistema de saúde [1,2]. Sabe-se que fatores socioeconômicos e educacionais podem influir na forma como doenças atingem os diversos estratos da sociedade, sendo tais informações relevantes para delineamento de políticas públicas e para a determinação de ações no acompanhamento destes bebês que apresentam indicador de risco para a deficiência auditiva [2,3]. Objetivo: Verificar se a escolaridade e o nível socioeconômico das mães são determinantes correlacionados à presença da sífilis congênita em bebês. Método: Trata-se de um estudo observacional do tipo caso-controle, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição sob o n. 3.360.661. Foram avaliadas 70 mães recrutadas de maternidades públicas de uma capital do Nordeste brasileiro e alocadas em dois grupos pareados de acordo com a idade no momento do parto (entre 15 a 36 anos): 35 mães no grupo estudo (GE) que tiveram o diagnóstico (sendo ou não recidiva) de sífilis no momento do parto com teste Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) positivo e o grupo controle (GC) formado por 35 mães que no momento do parto o teste VDRL foi negativo e não tiveram histórico na sua caderneta de gestantes de sífilis na gestação. Os bebês das mães do GC não apresentavam nenhum indicador de risco para deficiência auditiva [4]. Os dados foram obtidos através da aplicação e análise de um protocolo prévio de anamnese constituído por dados referentes à escolaridade, estado civil, idade, histórico da sífilis, da gestação e do nascimento do bebê, do acesso ao prontuário na maternidade e da aplicação da escala da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) [5], que é uma ficha padrão de classificação socioeconômica realizada com base nos domicílios, que visa medir o poder de compra da população. Foram estabelecidos três estratos socioeconômicos: alto, médio e baixo para análise socioenconômica. No nível educacional as mães de ambos os grupos foram classificadas do ensino fundamental incompleto ao ensino superior completo. Utilizou-se o teste de Shapiro Wilks para analisar a distribuição da normalidade dos dados e, em seguida, o teste Qui-quadrado adotando-se significância de 5%. Resultados: Não foram evidenciadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos quanto ao nível socioeconômico e educacional. Conclusão: O nível socioeconômico e a escolaridade das mães não são determinantes correlacionados à presença da sífilis congênita em bebês. Estes dados deverão ser confirmados com o aumento da amostra.

[1] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. (2018). Boletim Epidemiológico de Sífilis. [publicação online]; 2018 [acesso em 20 jun 2020]. Disponível em http://www.aids.gov.br/system/tdf/pub/2016/66163/boletim_sifilis_04122018.pdf

[2] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. (2019). Boletim Epidemiológico de Sífilis. [publicação online]; 2019 [acesso em 20 jun 2020]. Disponível em https://www.saude.gov.br/images/pdf/2019/outubro/30/Boletim-S--filis-2019-internet.pdf

[3] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. (2012). Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. [publicação online]; 2012 [acesso em 20 jun 2020]. Disponível em https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/field_generico_imagens-filefield-description_69.pdf

[4] The Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. The Journal of Early Hearing Detection and Intervention. 2019;4(2):1–44. [acesso em 20 jun 2020]. Disponível em https://digitalcommons.usu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1104&context=jehdi

[5] Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. (2018). Critério de Classificação Econômica Brasil. Alterações na aplicação do Critério Brasil, válidas a partir de 16/04/2018. [publicação online]; 2018 [acesso em 20 jun 2020]. Disponível em http://www.abep.org/criterioBr/01_cceb_2018.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
569
PERMEABILIDADE NASAL ATRAVÉS DA AERAÇÃO NASAL E RINOMANOMETRIA ANTERIOR ATIVA EM CRIANÇAS RESPIRADORAS ORAIS ANTES E DEPOIS MANOBRAS DE MASSAGEM E LIMPEZA NASAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A respiração oral é uma adaptação do padrão respiratório normal e pode ter variadas etiologias como fatores genéticos, hábitos orais inadequados e obstrução nasal. Na presença da obstrução nasal, a permeabilidade pode ser reduzida e a respiração nasal substituída pela respiração oral. Os instrumentos quantitativos podem auxiliar na avaliação da permeabilidade nasal uma vez que documentam de forma padronizada a obstrução nasal, permitindo comparações nas possíveis alterações e características da função nasal que interferem na permeabilidade nasal e, consequentemente, no modo respiratório. Entretanto, os instrumentos podem ajudar na decisão sobre o tipo de terapia a ser introduzido, assim como monitorar a eficácia dessa intervenção, seja clínica ou cirúrgica. OBJETIVO: Avaliar a associação entre as medidas da aeração nasal e parâmetros nasais da rinomanometria anterior ativa em crianças respiradoras orais (RO) antes e depois das manobras de massagem e limpeza nasal. MÉTODO: O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética (parecer nº 3550527). Trata-se de um estudo descritivo analítico, de corte transversal e de caráter quantitativo, com 8 pacientes respiradores orais, de 7 a 10 anos, com avaliação otorrinolaringológica concluída e diagnóstico clínico. Aplicou-se o questionário “Índice de Identificação dos Sinais e Sintomas da Respiração Oral” e a permeabilidade nasal foi avaliada pela aeração nasal, por meio do espelho milimetrado de Altmann; e pela função nasal, aferida a rinomanometria do tipo anterior ativa com os parâmetros do fluxo aéreo nasal e resistência aérea nasal em cada narina utilizando a pressão de 150 Pascal (Pa)., antes e depois da limpeza nasal foram aplicados novamente os mesmos exames. Foram comparados os resultados pelo teste de Wilcoxon pareado, verificou as diferenças na mediana dos resultados de aeração nasal e os parâmetros do fluxo aéreo nasal e resistência aérea nasal nos momentos pré e após manobras de massagem e limpeza nasal, com um p<0,05 indicando significância estatística. RESULTADOS: Em relação ao Questionário para identificação dos sinais e sintomas da respiração oral, a classificação do modo respiratório total em crianças apresentou respostas superiores a 70%, o que constitui que a respiração oral prevaleceu como diagnóstico funcional. Observaram-se os valores das medianas obtidas da quantificação da aeração nasal total em ambas cavidades nasais foram (m=13,54) antes e (m=14,92) depois da limpeza nasal, com aumento significante da área de aeração nasal (T<3*) e na narina da cavidade nasal esquerda (m=4,455000) antes e (m= 5,685000) depois da limpeza nasal, com aumento significante da área de aeração nasal (T<1*). Não houve diferenças significantes nos parâmetros do fluxo aéreo nasal e resistência aérea nasal, antes e depois da limpeza e massagem nasal. CONCLUSÃO: As medidas de aeração nasal mostraram sensibilidade à técnica de limpeza e massagem. Após da limpeza e massagem nasal não foram observadas mudanças significativas nas medidas do fluxo aéreo nasal e resistência aérea nasal nas crianças respiradoras orais.


1. Chung Leng Muñoz I, Beltri Orta P. Comparison of cephalometric patterns in mouth breathing and nose breathing children. Int J Pediatr Otorhinolaryngol [Internet]. 2014;78(7):1167–72. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ijporl.2014.04.046
2. Wandalsen GF. Correlation between nasal resistance and different acoustic rhinometry parameters in children and adolescents with and without allergic rhinitis. 2012;78(6):81–6.
3. Melo A, Camargo A, Cunha D, Andrade R, Justino H. Mudança nas áreas nasais em crianças com respiração oral após a limpeza e massagem nasal. 2016;28(6):770–7.
4. Mendes A, Wandalsen G, Solé D. Objective and subjective assessments of nasal obstruction in children and adolescents with allergic rhinitis. J Pediatr (Rio J). 2012;88(5):389–95.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1985
PERSPECTIVAS EPIDEMIOLÓGICAS SOBRE A DISFAGIA OROFARÍNGEA EM IDOSOS INDEPENDENTES DA COMUNIDADE
Tese
Saúde Coletiva (SC)


A disfagia orofaríngea (DO) representa um importante indicador de saúde. As estimativas de prevalência e de incidência de DO em idosos independentes da comunidade ainda não estão estabelecidas no panorama mundial, sendo que a presença de doenças crônicas e neurológicas contribui para a variabilidade destes dados. Considerando a lacuna existente na literatura sobre as estimativas epidemiológicas desta população esta tese objetiva estimar a prevalência, incidência, fatores associados e de risco da DO por intermédio de dois artigos inéditos. O artigo um objetivou estimar a prevalência e os fatores associados à DO em idosos independentes da comunidade através de revisão sistemática e metanálise. A revisão foi conduzida nas bases de dados eletrônicas MEDLINE, EMBASE, Scopus, Web of Science, entre outras. A prevalência de DO foi agrupada por metanálise de proporções. As medidas de associação foram agrupadas por metanálise geral, usando a transformação logit de Razões de Chances/Prevalências e o erro padrão foi estimado pelo intervalo de confiança de 95%. Os resultados demonstram que a prevalência estimada de DO no panorama mundial foi de 25,93% (IC95%:19,89-33,04%). A prevalência foi significativamente diferente entre os países, porém não difere entre os métodos de avaliação. As análises ajustadas demonstram que principalmente as alterações biológicas e fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, sexo, condições de saúde (doenças crônicas, doenças neurológicas e número de medicamentos), saúde bucal (número de dentes funcionais e xerostomia) e questões psicológicas (depressão), foram os fatores associados significativos da disfagia orofaríngea. Concluiu-se que importantes fatores já estão descritos na literatura e devem ser considerados, otimizando assim o atendimento ao idoso. A alta prevalência encontrada reforça a importância de medidas de prevenção, promoção e diagnóstico/reabilitação precoce, representando prioridade nos cuidados de saúde. O artigo dois objetivou analisar se os comprometimentos da função nervosa periférica sensório-motora estão associados a um maior risco de comprometimento da deglutição em idosos. Trata-se de uma coorte retrospectiva com dados do grupo Health, Aging and Body Composition Study. Foram acompanhados 607 idosos, com média de idade de 75,8(±2,67) anos. No baseline deste estudo todos os idosos foram submetidos a testes que investigaram a integridade nervosa periférica e a autopercepção de dificuldades na deglutição. Foram mantidos no seguimento apenas aqueles que não autoreportaram dificuldades. Uma década depois estes idosos foram investigados quanto a autopercepção de dificuldades na deglutição. A análise ajustada dos dados foi realizada utilizando uma abordagem teórica hierárquica estimadas por regressão logística (Razões de Chances (RCs)). Os seus resultados demonstram que a incidência de alterações na deglutição foi de 108 (17,8%). O modelo final ajustado demonstrou que os comprometimentos do nervo periférico associados ao comprometimento da deglutição foram dormência (RC=4,67; IC95%:2,24-9,75) e baixa velocidade de condução do nervo motor (RC=2,26; IC95%:1,08-4,70). Concluiu-se que os comprometimentos iniciais da velocidade de condução do nervo motor e os sintomas de dormência nas pernas ou nos pés estão associados a uma maior probabilidade de dificuldades na deglutição na década seguinte em idosos da comunidade, destacando importantes marcadores clínicos e subclínicos.

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3. Diamant NE (1996) Firing up the swallowing mechanism. Nat Med 2:1190–1191. DOI: 10.1038/nm1196-1190
4. Ertekin C, Aydogdu I (2003) Neurophysiology of swallowing. Clin Neurophysiol 114:2226–2244. https://doi.org/10.1016/S1388-2457(03)00237-2
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1311
PESQUISA, EXTENSÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO EM AÇÕES NO PROGRAMA DE SAÚDE AUDITIVA DO ESCOLAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Consoante à Organização Mundial de Saúde (OMS)1, mundialmente, 34 milhões de crianças vivem com dificuldades auditivas, acarretando implicações diretas na vida acadêmica2. O processo de identificação dessas dificuldades contribui em diagnósticos e intervenções necessárias, diminuindo os prejuízos à população e/ou sociedade. Objetivo: Relatar a experiência das atividades de pesquisa e extensão voltadas a identificação e educação em saúde auditiva no ambiente escolar com contribuição de pesquisadora internacional. Método: Relato de experiência de ações desenvolvidas em escola pública (Macaíba/RN) de agosto a setembro de 2019 (primeira etapa) e março de 2020 (segunda etapa), com alunos do 1º ao 9º ano. Na primeira etapa, realizada 8 horas por dia durante 10 dias, houve a participação de 53 voluntários - alunos da graduação, pós-graduação, docentes e pesquisadora internacional – realizando-se pesquisa referente às condições auditivas dos escolares (audiometria tonal, imitanciometria, emissões otoacústicas e avaliação otorrinolaringológica, além da aplicação de um sistema de audiometria automatizada no ipad). Embasado nos resultados da primeira etapa, realizou-se a segunda durante ação cadastrada para o evento “Ouvir por toda a vida: Dia Mundial da Audição 2020”, proposta pela OMS3, com a participação de três alunos da graduação, quatro da pós-graduação e um docente. Realizou-se quatro atividades com os escolares sobre: (1) higienização das orelhas, (2) intensidade sonora e seus impactos à audição, (3) conscientização auditiva utilizando Cocleanny - manequim com decibelímetro acoplado - desenvolvida a partir do cookbook do Programa Dangerous Decibels³, permitindo verificar as intensidades de uso dos fones de ouvido, (4) uso da Alexa (assistente virtual da Amazon) programada para responder perguntas sobre a audição. Realizou-se roda de conversa com os professores sobre essas questões, adicionando os principais sinais e sintomas de alterações auditivas e como implicam no desempenho acadêmico. Resultados: Na primeira etapa, participaram 294 escolares identificando-se três dados mais prevalentes: orelhas com obstrução por cerume, autorrelato de uso excessivo de fones de ouvido em volume máximo e de presença de zumbido. Esta etapa permitiu um diagnóstico situacional que subsidiou a elaboração das ações de intervenção realizadas na segunda etapa com toda a equipe escolar, atingindo aproximadamente 400 alunos e 25 professores. Os escolares demonstraram interesse e compreensão sobre os cuidados em saúde auditiva abordados. Os professores relataram o uso excessivo de fone de ouvido pelos alunos e como o ruído ambiental dificulta a compreensão dentro da sala de aula. Ademais, constataram que os projetos conscientizaram alguns alunos, que, a partir das orientações, modificaram o comportamento para reduzir o ruído nos horários de aula, além dos professores adotarem medidas facilitadoras durante as aulas, favorecendo a compreensão da informação. Conclusão: Esta experiência no contexto escolar demonstrou que ações de pesquisa e extensão são indissociáveis, pois as duas possibilitaram que as necessidades encontradas nessa população pudessem ser minimizadas com estratégias de educação em saúde. A integração entre alunos de graduação e pós-graduação com a inserção, na primeira etapa, de pesquisadora internacional trouxe impactos em situação real de aprendizado da língua inglesa, bem como aos alunos e professores da rede pública de ensino.

1. Worl Health Organization. Who global estimates on prevalence of hearing loss. 2018 [acesso em 25 mar 2020]. Disponível em: , Acesso em: 25 mar. 2020.
2. Reem, E. Prevalência de perda auditiva leve em escolares e sua associação com o desempenho escolar. Int. Arco. Otorrinolaringol. São Paulo 2020; 24(1): e93-e98. DOI: https://doi.org/10.1055/s-0039-1695024
3. Worl Health Organization. World hearing day 2020: Hearing for life. Disponível em: https://www.who.int/news-room/events/detail/2020/03/03/default-calendar/world-hearing-day-2020-hearing-for-life. Acesso em: 01 de mar 2020.
4. Dangerous decibels. Jolene cookbook. Disponível em: http://dangerousdecibels.org/jolene/cookbook/. Acesso em: 01 mar 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
688
PESQUISAS EMPÍRICAS DE TELEFONOAUDIOLOGIA NA LINGUAGEM INFANTIL: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
18650000


Introdução: a prática com a telessaúde vem se desenvolvendo de forma rápida e crescente, alastrando-se por vários países, e seu conceito ultrapassa os limites de videoconferência (1). Diversas ferramentas têm sido usadas, como a teleconsultoria, o telediagnóstico e o telemonitoramento (2). No Brasil, após a declaração da Organização Mundial de Saúde, em 30 de janeiro de 2020, foi decretado estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em função do agente coronavírus (2019-nCoV) (3,4). Dentre as recomendações adotadas pelo ministério da Saúde no Brasil para amenizar o impacto da disseminação do novo vírus em nível nacional está o distanciamento social(5), e neste contexto, a telefonoaudiologia passou a ser uma alternativa viável, desde que seu exercício profissional obedeça à Resolução do Conselho Federal de Fonoaudiologia nº 427, que define a Telessaúde em Fonoaudiologia como o uso de tecnologias de informação e comunicação para teleconsultoria, segunda opinião formativa, teleconsulta, telediagnóstico, telemonitoramento e teleducação com o aumento da qualidade, equidade e eficiência dos serviços prestados por esses recursos(6). Embora, discussões acerca da prática de telefonoaudiologia na linguagem infantil apontem indicativos de satisfação por parte dos clientes (7,8), faz-se necessário, investigar sua efetividade. Objetivo: investigar os estudos de telefonoaudiologia na área de linguagem infantil. Metodologia: para atender ao objetivo proposto, empregou-se o método de revisão integrativa. Foram consultadas as bases de dados Scielo, Lilacs, MEDLINE/Pubmed, e DEDALUS com as seguintes combinações de palavras-chave: “Telefonoaudiologia”, “Telehealth”, “Speech-Language Pathology”, “Child language”, “language assessments”. Os trabalhos encontrados nas bases de dados foram selecionados em três etapas. Em um primeiro momento, as pesquisas foram selecionadas pelos títulos e resumos direcionados para linguagem infantil. Em seguida, foram selecionados os artigos específicos obedecendo aos critérios de seleção, e por fim, procedeu-se à leitura do texto, integralmente. Resultados: a busca das palavras-chave nas bases de dados nos últimos 10 anos, considerando a telefonoaudiologia na área de linguagem infantil, com a combinação das palavras chaves resultou, inicialmente, em 42 trabalhos, sendo encontradas 1 na base de dados Scielo, 40 na Pubmed e 0 na Lilac, que não já não constava na base Pubmed, e 1 artigo na base DEDALUS. O procedimento de seleção dos artigos, considerando os critérios de inclusão, conduziu a um número final de 13 artigos da base de dados PUBMED/MEDLINE. O maior número de publicações selecionadas foi do ano de 2018 (n = 4). Os estudos variaram quanto aos países em que foram desenvolvidos, envolvendo 3 locais diferentes: Austrália (n = 6), EUA (n = 6); Índia (n = 1). Foram observadas 8 Pesquisas de intervenção fonoaudiológica envolvendo a linguagem infantil por meio de telefonoaudiologia, e 5 pesquisas de avaliação fonoaudiológica envolvendo a linguagem infantil na mesma modalidade. Conclusão: diversos artigos envolvendo pesquisas empíricas na prática de telefonoaudiologia de linguagem infantil são encontrados na literatura científica indicando a viabilidade desta prática, apesar de limitações quanto aos recursos tecnológicos. A telefonoaudiologia na linguagem infantil é apontada como promissora na resolução de dificuldades de acesso remoto ou na complementação do atendimento presencial.

1. Lucena AM, Couto EAB, Garcia VS, Alkmim MBM, Marcolino MS. Teleconsultorias de fonoaudiologia em um serviço público de telessaúde de larga escala. Rev. CEFAC. 2016; 18 (6): 1395-1403.

2. Marcolino MS et al. A Rede de Teleassistência de Minas Gerais e suas contribuições para atingir os princípios de universalidade, equidade e integralidade do SUS - relato de experiência. R. Eletr de Com Inf Inov Saúde. 2013; 7(2):1-21.

3. Nascimento CMB, Lima MLLT, Sousa FOLS, Novaes MA, Galdino DR, Silva ECH et al. Telefonoaudiologia como estratégia de educação permanente na atenção primária à saúde no Estado de Pernambuco. Rev. CEFAC. 20017; 19 (3): 371-80.

4. ASHA: American Speech and Hearing Association. Professional issues in telepractice for speech-language pathologists. [cited 2020 Jun 10]. Available from: http://www.asha.org/docs/html/PI2010-00315.html

5. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. DOENÇA PELO CORONAVÍRUS 2019. Bol Epidemiol. 2020 Abr 09. Disponível em.: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/09/be-covid-08-final-2.pdf

6. Ekberg S, Danby S, Theobald M, Fisher B, Wyeth P. Using physical objects with young children in 'face-to-face' and telehealth speech and language therapy [published correction appears in Disabil Rehabil. 2019; 41(23): 1664-1675.

7. Crutchley S, Campbell M. TeleSpeech Therapy Pilot Project: Stakeholder Satisfaction. International journal of telerehabilitation [Internet]. 2010; 2(1):23-30.

8. Fairweather GC, Lincoln MA, Ramsden R. Speech-language pathology teletherapy in rural and remote educational settings: Decreasing service inequities. Int J Speech Lang Pathol. 2016;18(6):592-602.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
823
PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DO UM INSTRUMENTO DE RASTREIO EPIDEMIOLÓGICO PARA O BRUXISMO
Tese
Motricidade Orofacial (MO)


De acordo com o consenso internacional atualizado, o bruxismo é uma atividade muscular mastigatória que pode ocorrer durante o sono (caracterizada como rítmica ou não-rítmica) e/ou vigília (caracterizada como contato repetitivo ou sustentado com os dentes e/ou o empurrar da mandíbula). Em indivíduos saudáveis, o bruxismo não deve ser considerado um distúrbio, mas um comportamento que pode ser prejudicial ou protetor, considerando vários resultados de saúde (LOBBEZOO; AHLBERG; RAPHAEL; WETSELAAR et al., 2018; MELO; DUARTE; PAULETTO; PORPORATTI et al., 2019).
Entre os adultos, a prevalência de bruxismo de vigília (BV) varia entre 22 a 30%, sendo de 1 a 15% para o bruxismo do sono (BS), com etiologia de caráter multifatorial para ambos os bruxismos. Embora os aspectos psicossociais pareçam ter alguma influência sobre o bruxismo de vigília, a ativação do sistema nervoso central/autônomo pode ser o principal fator envolvido na gênese do BS (MELO; DUARTE; PAULETTO; PORPORATTI et al., 2019).
Atualmente, a classificação para a avaliação diagnóstica do bruxismo é dividida em possível, provável e definitiva, com o possível bruxismo sono/vigília sendo baseado apenas no autorrelato positivo do indivíduo (LOBBEZOO; AHLBERG; RAPHAEL; WETSELAAR et al., 2018; MANFREDINI; AHLBERG; AARAB; BRACCI et al., 2020). No entretanto, esse sistema é apenas uma proposta e poderia até ser difícil adaptar-se ao conhecimento atual sobre a baixa validade clínica dos pontos de corte para avaliar a presença ou ausência de BS e BV clinicamente relevantes (MANFREDINI; AHLBERG; AARAB; BRACCI et al., 2020).
Há escassez de estudos de base epidemiológica, segundo (MANFREDINI; WINOCUR; GUARDA-NARDINI; PAESANI et al., 2013), que tenham metodologia homogênea e baixo viés de diagnóstico relacionados ao bruxismo. As falhas internas com relação ao diagnóstico autorrelatado, segundo os autores, se deve ao fato de a totalidade dos dados ser derivada de estudos baseados em questionários abrangentes contendo principalmente um único item relacionado ao bruxismo, de modo que a especificidade e a homogeneidade entre os critérios dos estudos para diagnosticar bruxismo foram motivos de preocupação.
Na revisão guarda-chuva mais recente sobre o bruxismo (MELO; DUARTE; PAULETTO; PORPORATTI et al., 2019), os dados de prevalência em adultos foram extraídos da única revisão sistemática de prevalência publicada em 2013 por Manfrendini e colaboradores (MANFREDINI; WINOCUR; GUARDA-NARDINI; PAESANI et al., 2013). Dessa forma, atualmente ainda não se dispõe de um questionário considerado padrão-ouro para o diagnóstico autorreferido para o bruxismo e os dados mais recentes acerca da prevalência, em verdade, são de estudos não atuais, de metodologia heterogênea e com alto viés diagnóstico.
Assim, a necessidade de medidas autorreferidas de bruxismo poderão tornar as pesquisa mais precisas. A heterogeneidade metodológica aliada à falta de um padrão diagnóstico autorreferido trazem prejuízos na interpretação e confiabilidade dos dados obtidos pelos estudos epidemiológicos sobre o bruxismo. Partindo deste pressuposto, este estudo tem por objetivo planejar e desenvolver a primeira versão de um instrumento de rastreio epidemiológico de bruxismo, sendo considerado a primeira etapa para sua construção, o que poderá proporcionar uma padronização do diagnóstico do bruxismo e, dessa forma, aumentar a confiabilidade e a validade dos estudos.

LOBBEZOO, F.; AHLBERG, J.; RAPHAEL, K. G.; WETSELAAR, P. et al. International consensus on the assessment of bruxism: Report of a work in progress. J Oral Rehabil, v. 45, n. 11, p. 837-844, 2018.

MANFREDINI, D.; AHLBERG, J.; AARAB, G.; BRACCI, A. et al. Towards a Standardized Tool for the Assessment of Bruxism (STAB)-Overview and general remarks of a multidimensional bruxism evaluation system. J Oral Rehabil, v. 47, n. 5, p. 549-556, May 2020.

MANFREDINI, D.; WINOCUR, E.; GUARDA-NARDINI, L.; PAESANI, D. et al. Epidemiology of bruxism in adults: a systematic review of the literature. J Orofac Pain, v. 27, n. 2, p. 99-110, 2013.

MELO, G.; DUARTE, J.; PAULETTO, P.; PORPORATTI, A. L. et al. Bruxism: An umbrella review of systematic reviews. J Oral Rehabil, v. 46, n. 7, p. 666-690, Jul 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
871
PLANEJAMENTO MOTOR NA FALA E NA ALIMENTAÇÃO
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Crianças seletivas alimentares são descritas como crianças bastantes rigorosas com o que vão comer, normalmente limitam seu repertório alimentar em no máximo 30 alimentos e podem repetir a comida por vários dias seguidos. Já os transtornos motores de fala (TMF) são falhas que ocorrem na transcodificação (planejamento e/ou programação) ou execução da fala. A desordem não ocorre em nível representacional do som, mas sim, em níveis que envolvem o planejamento motor de fala. Ainda são escassos os estudos que investigam a relação entre a seletividade alimentar e os transtornos de fala.

Objetivo: investigar a relação entre planejamento motor nos TMF e a seletividade alimentar.

Método: foram analisados os vídeos e os protocolos de avaliação aplicados de uma criança com 2:5 anos em diferentes momentos: relacionado à alimentação (1:1) e relacionado à fala e linguagem com 2:1. Os protocolos foram preenchidos por uma das autoras desse estudo (S.F.), em avaliação presencial da criança. Os vídeos foram analisados e pontuados pelas duas autoras. A criança foi diagnosticada no primeiro momento com seletividade alimentar, para o qual recebeu tratamento, e no segundo momento com transtorno motor de fala (estando em terapia diagnóstica).

Resultados: Durante as avaliações foi possível observar sobre o planejamento motor: relacionado ao controle mandibular – alimentação: havia abertura aumentada para realizar a mastigação ou amassamento e movimentos dessincronizados para a mastigação diagonal; na fala, observou-se também pobre controle mandibular, com gradação de abertura alterada, indicando dificuldade no controle vertical para a fala. Sobre o controle labial, para alimentação notou-se mobilização de grupos musculares inadequados no momento de sorção, tanto na colher, quanto no canudo; já na fala observou-se ausência de contato labial e dificuldade no plano horizontal na retração e protrusão de lábios. No controle de dissociação lábio, mandíbula e língua, notou-se que para alimentação ocorriam poucas mastigações diagonais, sendo em sua maioria realizada a mastigação vertical em bloco mandíbula/lábios, na fala também não apresentava movimentos independentes de lábios e mandíbula. No controle lingual para alimentação observou-se presença de movimentos ântero-posteriores, sem lateralização, na fala conseguia emitir alguns fonemas nas posições anterior, médio-posterior e posterior (i, t, d, s, e, E, a, o, u, k), porém sem muita precisão articulatória. Para o controle respiratório, em ambos os aspectos avaliados, a criança não apresentava alterações. Ao avaliar tônus em ambos os momentos observou-se uma hipotonia leve em bucinadores e orbicular de boca. Dos reflexos apenas o reflexo de gag anteriorizado estava presente inicialmente.

Conclusão: os resultados apresentados pela criança demonstram forte relação entre os planejamentos motores de fala e alimentação em diferentes momentos, de modo a persistir ao longo do desenvolvimento. Com isso, sugere-se novos estudos, avaliando a correlação entre os transtornos de fala e a os quadros de seletividade alimentar em diferentes amostras, para confirmação dessa hipótese, e delineamentos futuros.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
326
PLANOS DE MELHORIAS NOS PROCESSOS FONOAUDIOLÓGICOS ASSISTENCIAIS NA UNIDADE HOSPITALAR: INTERVIR PARA CUIDAR
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)
04145011


A Fonoaudiologia Hospitalar cada vez mais apresenta uma conquista nesse mercado de trabalho e vem se destacando como parte integrante e da linha de frente nos processos assistências dentro dessa estrutura de Saúde. Além da mão de obra qualificada no trabalho com as Disfagias e com as alterações da Comunicação e Cognição, o fonoaudiólogo precisa garantir espaço para Gestão qualificada, proporcionando melhores condições de trabalho, ampliando as possibilidade de atuação, contribuindo para o melhor desenvolvimento estratégico da instituição maximizando a segurança e a qualidade da assistência prestada. Objetivo: evidenciar a importância da construção de ferramentas para realização das auditorias nos processos Fonoaudiológicos permitindo ações de melhorias e impactando na adesão profissional a assistência segura.Método: As Auditorias realizadas a partir de planilha de Verificação de dados coletadas nos prontuários, planilhas padronizadas e construídas institucionalmente através da ferramenta do “Google Forms” além das visitas In loco. Foram coletados dados referente a composição dos processos realizados no tratamento dos pacientes acompanhados pelo setor da Fonoaudiologia, tais como: Orientações Fonoaudiológicas realizadas tanto no contexto da Deglutição quanto da comunicação; Acompanhamentos X Orientações realizadas ao paciente e familiares referente ao tratamento; Utilização das adaptações com a alimentação X Orientações realizadas e entregues no leito; Frequência de atendimento fonoaudiológico X conformidade de acordo com a escala de gravidade funcional; Número de planejamento educacionais necessários X prescrito e necessidade de melhorias de Processos e quais Métodos de Melhorias empregados. Resultados: 94 prontuários auditados e auditorias In Loco realizadas. 81,9% com conformidade na realização das orientações Fonoaudiológicas ao paciente e 18,1% não conforme; Exercícios terapêuticos de Deglutição realizados e prescritos com 39,4% de conformidade e 31,9% não conforme e 28,7% não necessitavam de exercícios. Para Comunicação, 48,9% dentro da conformidade esperada, 10,6% não conforme e 40,4% sem necessidade. Em relação as adaptações dos líquidos com a utilização de espessante, observado 22,3% dos pacientes orientados e prescritos de acordo com o fluxo fonoaudiológico, 6,4% prescrição não conforme. 71,3% dos pacientes não necessitavam de espessante para alimentação. Em relação ao quadro de comunicação multiprofissional instalado a beira-leito, 63,8% tinham as orientações Fonoaudiológicas prescritas, 30,9% não prescritas e 5,3% sem necessidade de acesso ao quadro. Em relação a frequência de atendimento estabelecida pós avaliação fonoaudiológica de acordo com a escala de gravidade de O’Neil para deglutição e ASHA FACS para Comunicação, 52,1% conforme, 13,8% não conforme e 34% sem necessidade de terapia Direta somente com monitoramento. A partir desses dados Observou-se que em 68% dos casos havia necessidade de Ações com planos de Melhorias e assim traçados a partir de PDCA (método interativo de gestão de quatro passos, utilizado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos), traçando ferramentas para utilização no desfecho e desenvolvimento da segurança e qualidade. Observado adesão e melhorias em 94% dos processos assistenciais Fonoaudiológicos. Conclusão: A auditoria interna é um instrumento de fiscalização e controle, que realiza o gerenciamento das informações e ações realizadas ao paciente. A Fonoaudiologia deve seguir tais abordagens para melhor desfecho oferecido ao paciente e as instituições da Saúde.


Marques JEO e Lima CB. PARTICIPAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA AUDITORIA EM SAÚDE PARTICIPATION OF THE PHYSIOTHERAPIST IN THE HEALTH AUDIT. Temas em Saúde, Vol. 17, Nº2, João Pessoa, 2017. Disponível em: http://temasemsaude.com/wp-content/uploads/2017/08/17208.pdf

Furkim AM, Nascimento Junior JR. Gestão e Gerenciamento em disfagia Orofaríngea In Marchesan IQ, Silva HJ, Tome
MC. Tratado de especialidades em Fonoaudiologia. 1ªed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2014. p58.

ANDRADE FB, SICHESKI SJ. Auditoria interna hospitalar: Uma atividade de apoio à tomada de decisão Hospital audit: An activity in support of decision-making process. Revista Spacios. Vol. 38 (Nº 24) Año 2017. Pág. 13.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1876
PODER DISCRIMINATÓRIO DE UM PROTOCOLO DE AUTOAVALIAÇÃO VOCAL REDUZIDO NA TRIAGEM DE INDIVÍDUOS DISFÔNICOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A produção vocal tem influência no desempenho comunicativo do falante, tendo em vista que é um importante instrumento de interação social e, para alguns, um instrumento de trabalho. Quando esta não alcança sua finalidade de transmissão da mensagem verbal e emocional, pode existir um distúrbio vocal, que por sua vez, acarretará impactos negativos na qualidade de vida do indivíduo(1,2). Sabendo que a voz compreende uma série de aspectos em sua produção e desempenho, é indispensável que sua avaliação ocorra a partir de diversos tipos de análises, que contemplem uma investigação multidimensional, a partir dos parâmetros: avaliação laringológica, análise acústica, avaliação perceptivoauditiva, avaliação aerodinâmica e autoavaliação vocal(3). Apesar de essenciais, os dados obtidos através da análise clínica da voz, realizada pelo especialista, não são capazes de sozinhos mensurarem a real dimensão de um distúrbio vocal, pois não viabilizam informações completas em relação à percepção do paciente quanto às limitações impostas nas suas atividades diárias. Sendo assim, considerando a autoavaliação do paciente acerca do seu distúrbio vocal, é possível mensurar o impacto que esta exerce em sua vida, no que diz respeito aos aspectos pessoais, sociais, culturais e profissionais de cada um(4). Desse modo, tanto a perspectiva do clínico, quanto a do paciente são primordiais e complementares para o diagnóstico de um distúrbio vocal. Objetivo: Avaliar a eficácia do Protocolo Reduzido de Autoavaliação Vocal na Classificação de pacientes disfônicos para procedimentos de triagem vocal. Métodos: Estudo quantitativo, transversal e documental. Participaram 143 indivíduos com presença de queixa e distúrbio vocal, sendo 124 adultos e 19 idosos, 108 do sexo feminino e 35 do sexo masculino, distribuídos quanto a faixa etária, sexo, profissão, severidade do distúrbio vocal e diagnóstico laríngeo. Para a coleta de dados foram observados dados referentes à questões pessoais, profissionais e diagnóstico laríngeo e observadas as respostas aos itens dos protocolos IDV (Índice de Desvantagem Vocal) (“Sinto que tenho que fazer força para a minha voz sair”) e da ESV (Escala de Sintomas Vocais) (“Minha voz é rouca?” – adaptado), nos quais compõem o instrumento “Protocolo De Apoio À Tomada De Decisão Para Classificação Da Disfonia Com Base Em Dados Autorreferidos”. Foi realizada uma análise estatística descritiva para análise dos resultados, com utilização do modelo de regressão logístico. Aceito pelo Comitê de Ética com o parecer de número: 3.470.951. Resultados: O modelo de decisão global para identificação de indivíduos disfônicos apresentou uma taxa de acerto com um índice geral baixo para a amostra utilizada nesse estudo. Em uma análise descritiva, foi possível observar que, em determinados casos, o modelo global apresenta melhores índices de acerto em relação à sua média geral. E a categoria que apresentou o maior índice de assertividade foi a das disfonias neurológicas e distúrbios vocais de grau intenso (80% dos casos). Conclusão: O protocolo avaliado apresentou uma taxa de acerto baixa para amostra estudada. Algumas características influenciaram positivamente na assertividade da regra de decisão, principalmente o diagnóstico laríngeo, demonstrando que o modelo é mais assertivo para os casos de disfonias neurológicas.

1. Behlau M, Azevedo R, Pontes P. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2001.
2. Roy N et al. Epidemiology of Voice Disorders in the Elderly: Preliminary Findings. The Laryngoscope. 2007;117(4):628-33.
3. Dejonckere PH, Bradley P, Clemente P, Cornut G, Buchman LC, Friedrich G, et al. A basic protocol for functional assessment of voice pathology, especially for investigating the efficacy of (phonosurgical) treatments and evaluating new assessment techniques. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2001;258(2):77-82.
4. Ugulino AC, Oliveira G, Behlau M. Disfonia na percepção do clínico e do paciente. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2012;24(2):113-2.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1122
PONTO DE VISTA E EXPECTATIVA DE PAIS COM FILHOS DIAGNOSTICADOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO MATRICULADOS EM ESCOLAS REGULARES E ESPECIAIS.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é descrito pela American Psychiatric Association (APA), no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5 como um Transtorno do Neurodesenvolvimento, no qual prejudicam a interação social, o indivíduo apresenta padrões restritos e repetitivos de comportamento, esses déficits aparecem durante o desenvolvimento da criança. Causando prejuízo social e profissional e a sua gravidade é dada conforme o prejuízo social do individuo1.
Em um estudo nacional, os próprios professores relataram estar despreparados para receber alunos com TEA e a necessidade de mais estudos na área. Além de sentir dificuldade em se comunicar com outros profissionais ou acolher as famílias2.
Por isso muitas vezes essas crianças acabam ficando por menos tempo em sala de aula, por muitas vezes os pais serem chamados ou preferirem buscar antes do horário de saída. Por não acreditarem que estas crianças estão sendo beneficiadas socialmente ou em habilidades acadêmicas3.

Objetivo
O objetivo deste trabalho foi saber o ponto de vista e a expectativa de pais com crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de 5 a 12 anos, matriculados em escola regular (pública e privada) ou em escola especial.

Método
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa, com o parecer de número 3.033.110.
Participaram desta pesquisa 22 pais de pacientes em atendimento no Laboratório de Investigação nos Distúrbios do Espectro do Autismo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (LIF-DEA USP), com diagnóstico de TEA de 5 a 12 anos, que estão matriculados em escola regular (pública ou privada) ou em escola especial.
Os pais de pacientes responderam a dois questionários com 31 perguntas de múltipla escolha e dissertativas presencialmente no LIF-DEA USP aplicados pelos respectivos terapeutas.

Resultados
Dos 22 questionários respondidos, em 20 os pais responderam que acreditam que os filhos conseguirão concluir o ensino médio, 13 responderam que a criança não possui nenhum professor que atua com TEA, 15 afirmaram acreditar que a criança ingressará em uma faculdade futuramente.
Somente 6 acreditam que o filho(a) não terá dificuldade entrar no mercado de trabalho, 20 acreditam que o mercado de trabalho não está preparado para pessoas com TEA e apenas 4 conhecem programas que inserem pessoas com TEA no mercado de trabalho.
Conclusão
Os estudos mostram que os pais estão insatisfeitos com educação oferecida, porém mostrem-se esperançosos quanto ao futuro de seus filhos.

1. APA: American Psychiatry Association. DSM -5: manual diagnóstico eestatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed; 2014.
2. PIMENTEL, Ana Gabriela Lopes et al. A perspectiva de professores quanto ao trabalho com crianças com autismo. Audiology-Communication Research, v. 19, n. 2, p. 171-178, 2014.
3. CAMPOS, Larriane Karen de; FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda. Perfil escolar e as habilidades cognitivas e de linguagem de crianças e adolescentes do espectro do autismo. CoDAS, São Paulo , v. 28, n. 3, p. 234-243, June 2016 . Available from . access on 17 Sept. 2018. Epub June 16, 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
380
POSICIONAMENTO DO BEBÊ DURANTE A AMAMENTAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM A OCORRÊNCIA DE OTITE MÉDIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução:
Muito se discute sobre os benefícios da amamentação, e nos últimos anos, estudos mostraram que o aleitamento materno é um ato que corrobora com a redução da mortalidade na infância. A amamentação, também favorece o desenvolvimento facial da criança, tal como outras características relacionadas ao desenvolvimento sensoriomotor oral.
Para mais, estudos destacam que a amamentação pode ser um fator benéfico e preventivo à manifestação da otite média. Essa condição acomete frequentemente crianças, e pode ser assintomática. Além disso, seu diagnóstico é difícil, considerando as características anatômicas dos bebês.
Todavia, ainda existe um aspecto da amamentação que gera divergências. Este ponto é o posicionamento que a mãe deve adotar ao amamentar seu filho, pois, considerando o aspecto anatômico da tuba auditiva do bebê, a utilização de um posicionamento horizontalizado, supostamente, pode favorecer a entrada de leite materno pela tuba auditiva e ser um facilitador para a ocorrência de uma otite média.

Objetivo: Analisar as produções científicas nos últimos 20 anos que abordam a relação entre o posicionamento do bebê durante o aleitamento materno e a ocorrência de otite média.

Método:
Realizou-se uma busca em maio de 2020 de artigos publicados a partir do ano de 2000, nas bases de dados PubMed/MEDLINE e SciELO. Foram excluídos outros tipos de revisões ou trabalhos que se referiram a crianças maiores de 2 anos de idade e que possuíam algum fator de risco. Os artigos selecionados deveriam responder a pergunta norteadora: “a postura da criança de até 2 anos de idade durante o aleitamento é fator de risco para a otite média?”
Para tornar possível esta busca foram utilizados os cruzamentos “Breastfeeding” and “Otitis media”; “Breastfeeding” and “posture”; “Bottle Feeding” and “otitis media” e “Bottle Feeding” and “posture” na base de dados PubMed/MEDLINE e SciELO. Por fim, foram aplicados os filtros de texto completo livre; de 2000 a 2020 nos idiomas, português, espanhol e inglês.

Resultados:
Foram incluídos nesta revisão integrativa três artigos relevantes. O primeiro revelou que devido ao número de mães recrutadas não foi possível estabelecer associação entre o posicionamento do bebê e a existência de IVAS. Mas, mesmo considerando o acometimento da orelha média por leite materno, devido ao posicionamento, os seus aspectos protetores evitariam as inflamações. Em contraponto, outro estudo traz como resultado que, independente do tipo de alimentação, a posição horizontalizada pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de infecções relacionadas a orelha média. O terceiro trabalho selecionado se opõe ao primeiro estudo salientando que, independente das propriedades do leite materno, quando utilizado um posicionamento horizontal na amamentação, pode-se ter o desencadeamento da otite média.

Conclusão:
Apesar do aleitamento materno ser reconhecido como um ato benéfico, ainda existem divergências na literatura sobre a relação entre o posicionamento durante a amamentação e a ocorrência de otite média.

Toma TS, Rea MF. Benefícios da amamentação para a saúde da mulher e da criança: um ensaio sobre as evidências. Cad Saúde Pública. 2008; 24(2): 235-246.

Andrade ISN. Aleitamento materno e seus benefícios: primeiro passo para a promoção saúde. RBPS. 2014; 27(2): 149-150.

Sabirov A, Casey JR, Murphy TF, Pichichero ME. Breast-feeding Is Associated With a Reduced Frequency of Acute Otitis Media and High Serum Antibody Levels

Francesco RCD, Barros VB, Ramos R. Otite média com efusão em crianças menores de um ano. Rev Paul Pediatr. 2016; 34(2): 148- 153.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
215
POSSIBILIDADES DA FONOAUDIOLOGIA NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE COLETIVA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO
A Saúde Coletiva é um campo da Fonoaudiologia desde a publicação da Resolução CFFa nº 320, de 17 de fevereiro de 2006, que definiu sua atuação junto as políticas públicas e nas ações de promoção, prevenção e educação em saúde, permitindo ao profissional se especializar nesta área. A Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva é uma modalidade de Pós-Graduação lato sensu teórico-prática com duração de dois anos, cujo objetivo é treinar profissionais para utilização de instrumental teórico-conceitual e prático da Saúde Coletiva em equipes multiprofissionais na identificação dos determinantes de saúde das populações, vigilância, avaliação, planejamento e gestão em saúde.

OBJETIVO
Relatar a atuação de uma fonoaudióloga durante o primeiro ano da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva no município do Rio de Janeiro.

MÉTODO
Trata-se de um relato de experiência de uma fonoaudióloga no primeiro ano da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva. A prática no primeiro ano de residência ocorre em dois espaços: atenção primária e atenção hospitalar. Durante seis meses, a residente atuou no Serviço de Epidemiologia e Avaliação (SEAV) de um hospital universitário, diretamente na Vigilância do Câncer em um Registro Hospitalar de Câncer (RHC); e seis meses em uma Coordenadoria da Atenção Primária (CAP), na gestão local do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Paralelamente ao serviço, 20% do curso de Residência é dedicado à carga teórica a fim de subsidiar a atuação prática no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). No primeiro ano as disciplinas cursadas foram epidemiologia, bioestatística, sistemas de informação, saúde ambiental e do trabalhador e ciências sociais e humanas em saúde.

RESULTADOS
Com a atuação em uma Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva, foi possível vivenciar, enquanto fonoaudióloga, o trabalho na gestão e vigilância em saúde. A prática nos serviços foi potencializada com o aporte teórico discutido em sala de aula nas disciplinas do programa de residência, permitindo a articulação entre o serviço e a academia. A experiência no RHC proporcionou o desenvolvimento de pesquisas em oncologia, debate sobre políticas públicas envolvendo o diagnóstico e tratamento do câncer e as possibilidades de gestão a partir do uso de bancos de dados como o RHC. Durante a experiência na CAP foram desenvolvidas iniciativas de avaliação do NASF-AB com construção e análise de indicadores e participação nas ações de supervisão no território. Também houve a oportunidade de participar da Planificação da Atenção Primária a Saúde (APS) com o tema Segurança do Paciente na APS; participação em eventos relacionados a APS; e participação em comitês para investigação de óbitos maternos e infantis do território da CAP.

CONCLUSÃO
A inserção em uma Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva permitiu uma visão ampla do escopo de atuação da fonoaudiologia no sistema de saúde público para além da assistência, com vivências na gestão e vigilância em saúde; compreensão da organização, políticas e diretrizes do SUS; uso do instrumental da Saúde Coletiva como aporte teórico-metodológico para a prática no serviço; e pluralidade de experiências em serviços de saúde, fomentando uma formação integral em saúde.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1051
POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA EM PACIENTES INTERNADOS COM COVID-19
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A comunicação eficaz, clara, objetiva e respeitosa traz benefícios para o atendimento em saúde(1), tendo, paciente e familiares, direito a informações sobre seu estado e os riscos relacionados(2), bem como de expressar suas vontades, participando de forma ativa da recuperação(3). Porém, há situações de comportamento não assertivo por parte do profissional e/ou de vulnerabilidade comunicacional do paciente(4,5) que resultam em comunicação inadequada e potencialmente devastadora, interferindo no prognóstico de melhora(6). A situação vivenciada atualmente com os casos de coronavírus explicitaram aspectos de vulnerabilidade comunicacional que encontraram na Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA) uma importante estratégia de intervenção para habilitação da comunicação desses pacientes, reforçando o trabalho fonoaudiológico nas equipes de atendimento intensivo nos casos de COVID-19.
OBJETIVO: Subsidiar as equipes clínicas quanto à utilização da CSA no ambiente hospitalar, em especial nos quadros de coronavírus, e, consequentemente, reforçar o papel do fonoaudiólogo na equipe de atendimento intensivo, como o profissional habilitado a orientar sua utilização.
MÉTODO: Realizou-se levantamento bibliográfico envolvendo artigos empíricos e de revisão que versassem sobre comunicação, comunicação no ambiente hospitalar, direito do paciente à comunicação, comunicação assertiva em saúde, formas alternativas de comunicação e utilização da CSA em diferentes contextos. Os materiais selecionados foram lidos e deles retiradas evidências que pudessem justificar e fortalecer o uso de CSA no ambiente hospitalar em casos de pacientes impedidos de se comunicar devido aos procedimentos necessários em situações graves de infecção pelo COVID-19, experiência já relatada na prática clínica com sucesso durante o período de pandemia que estamos vivenciando.
RESULTADOS: O quadro clínico gerado pela infecção advinda do COVID-19 pode levar cerca de um quarto dos infectados à situação de vulnerabilidade comunicacional(4,5), e a atuação do fonoaudiólogo no manejo desta condição direciona-se para estratégias de intervenção que possam ampliar ou substituir temporariamente sua expressão verbal, com possibilidade de implementação da CSA. Sua utilização no contexto hospitalar contribui de forma significativa para o bem-estar do paciente(7), promovendo melhor interação com a equipe cuidadora. Inclui o uso de gestos, quadros de figuras/palavras e mensagens em dispositivos móveis para auxiliar a comunicação, devendo levar em conta o perfil linguístico do indivíduo. Um recurso acessível de CSA são as pranchas de comunicação: folha de papel plastificada, para devida higienização, e individual, com pictogramas referentes a objetos e ações do contexto do paciente, e alfabeto distribuído em linhas e colunas para soletração de palavras. A comunicação se dá pela indicação dos pictogramas e/ou das letras, de acordo com a possibilidade de cada paciente (apontamento ou varredura). Permite ao paciente expressar-se de maneira efetiva e, à equipe, verificar se ele está compreendendo as informações sobre seu estado de saúde, permitindo-lhe que tome decisões a respeito de sua evolução.
CONCLUSÃO: A CSA configura-se importante estratégia comunicativa para pacientes críticos. Ao proporcionar uma comunicação efetiva, melhora o processo de recuperação, sendo possível atender as demandas do paciente. A efetividade de comunicação proporcionada pelo uso deste instrumento neste contexto de internação hospitalar pode relacionar-se com melhor prognóstico, influenciando na diminuição das taxas de readmissão e de internação hospitalar.

1. Grilo AM. Relevância da assertividade na comunicação profissional de saúde-paciente. Psicologia, Saúde & Doenças. 2012;13(2):283-297. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862012000200011&lng=pt&tlng=pt.
2. Ministério da Saúde (Brasil). PORTARIA Nº 1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009. Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html.
3. The Joint Commission. Advancing effective communication, cultural competence and patient and family centered care: a roadmap for hospitals, 2010. Available from: 4. Zaqueu VF. A vulnerabilidade comunicativa do paciente em contexto hospitalar e a comunicação suplementar e/ou alternativa. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, [S. l.], 2018.
5. McGrath BA, Brenner MJ, Warrillow SJ, Pandian V, Arora A, Cameron TS et al. Tracheostomy in the COVID-19 era: global and multidisciplinary guidance. The Lancet. 2020. DOI:https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30230-7
6. Dithole KS, Thupayagale-Tshweneagae G, Akpor OA, Moleki MM. Communication skills intervention:promoting effective communication between nurses and mechanically ventilated patients. BMC Nurs. 2017;16:74. DOI: 10.1186/s12912-017-0268-5
7. American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). AAC and COVID-19: Ventilator Use May Necessitate Alternative Methods of Communication for Patients in Acute Care, 2020. Available from: https://www.asha.org/public/aac-and-covid-19-ventilator-use-may-necessitate-alternative-methods-of-communication-for-patients-in-acute-care/


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1187
POSSÍVEIS FATORES ASSOCIADOS A SOBRECARGA DO CUIDADOR DE CRIANÇAS COM MICROCEFALIA DECORRENTES DE INFECÇÃO INTRAUTERINA PELO ZIKA VÍRUS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A microcefalia é uma malformação congênita em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada sendo caracterizada por um perímetro cefálico inferior a 2 desvios-padrão em relação aos valores de referência normal. São inúmeros fatores que provocam o não crescimento cerebral, mas a infecção pelo Zika vírus foi o agente causador mais recente a ser determinado. A identificação do vírus no fluido amniótico, na placenta e no cérebro de recém-nascidos, demonstra um neurotropismo do vírus pelo cérebro em desenvolvimento, resultando em alterações no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) das crianças que nascem com essa infecção. Diante disso, esses bebês se tornam dependentes do cuidador, que é a pessoa que irá prestar o serviço, com ou sem remuneração, de cuidados higiênicos, auxiliam na alimentação, administrando medicação e estimulando-o com as atividades reabilitadoras, interagindo, assim, com a equipe terapêutica. Porém estas atividades poderá gerar uma carga que pode provocar impactos negativos na qualidade de vida do cuidador. Objetivo: Investigar os fatores associados ao grau de sobrecarga dos cuidadores de bebês com a Síndrome Congênita do Zika vírus. Método: Trata-se de um estudo transversal exploratório aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer no. 2.891.388). Foram incluídos os cuidadores primários, que não recebem remuneração, de crianças com idade superior a um ano de idade e com diagnóstico médico de microcefalia decorrente de infecção intrauterina pelo vírus da Zika. Para avaliação da sobrecarga foi utilizado o questionário de Zarit e para o levantamento do perfil socioeconômico foi utilizado o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) que trata-se de um instrumento que permite a categorização segundo padrões ou potencias de consumo, no qual são pontuados o grau de escolaridade do chefe da família e os itens de posse de conforto no lar. Resultados: Participaram da pesquisa nove cuidadores, todas do gênero feminino sendo oito com grau de parentesco mãe, e uma avó. Oito delas apresentaram sobrecarga moderada e 1 moderada a severa. Quanto aos dados socioeconômicos a maioria das famílias (66,6%) se encontram em classe D-E, que de acordo com o questionário aplicado representa a classe menos favorecida. Conclusão: Foi possível observar que os cuidadores apresentaram sobrecarga no cuidado, que pode estar relacionado ao atraso significante do desenvolvimento neuropsicomotor das crianças agravado pelo baixo nível socioeconômico dessas famílias. Diante disso, justificaria a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar voltado também para o cuidador, visto que é um público carente em informações e orientações acerca de como melhorar sua qualidade de vida dentro da rotina do cuidado e família.

BRASIL, Ministério da Saúde. Vigilância em Saúde. Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia e/ou alterações do sistema nervosa central. 2º ed. Brasília. 2016.

Cabral CM, Nobrega MEB, Leite PL, Souza MSF, Teixeira DCP, Cavalcante TF, et al. Descrição clínico-epidemiológica dos nascidos vivos com microcefalia no estado de Sergipe. Rev. Epidemiol. Serv. Saúde. 2015; 26(2); 245-254.

Botelho ACG, Neri LV, Silva MQF, Lima TT, Santos KG, Cunha RMA, Chagas ACS, et al. Infecção congênita presumível por Zika vírus: achados do desenvolvimento neuropsicomotor – relato de casos. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant. 2016; 16 (1); 45-50.

Araújo JS. Perfil dos cuidadores e as dificuldades enfrentadas no cuidado ao idoso, em Ananindeua, PA. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2013; 16(1); 149-158.

Scazufca M. Versão brasileira da escala Burden Interview para avaliação de sobrecarga em cuidadores de indivíduos com doenças mentais. Rev Bras Psiquiatr.2002;24(1):12-7.

Associação brasileira de empresas de pesquisa. Critério Brasil: Critério de Classificação Econômica Brasil 2015: PNAD 2013. Disponível em:


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1361
POSSÍVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE ZUMBIDO E VERTIGEM
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução
O zumbido, também denominado acúfeno ou tínitus, é considerado como um sintoma comum na clínica otorrinolaringológica e pode ser definido como a percepção de sons na ausência de estímulo sonoro externo a percepção de som(1) sem sua presença no meio ambiente e consiste de uma sensação definida como ilusória, que pode ser caracterizada como barulho (ruído da chuva, do mar, de água corrente, de sinos, insetos, apitos, chiado, campainha, pulsação e outros), esta sensação pode ser contínua ou intermitente, apresentar diferentes características tonais, ser intensa ou suave, além de ser percebida nos ouvidos ou na cabeça(2).
A vertigem, por sua parte, é considerada um dos sintomas mais comuns entre adultos, podendo interferir na qualidade de vida dos pacientes que apresentam este sintoma. O dano ao sistema vestibular é a causa orgânica mais comum da vertigem(3).
O zumbido e a vertigem são sintomas comuns na prática clínica e podem ocorrer independentemente ou simultânea, como sintomatologia da síndrome de Menière, além de estar associados a dor de cabeça, deficiência auditiva, alterações circulatórias e metabólicas, limitando as atividades rotineiras do indivíduo(3). Na literatura não existe suficiente evidência cientifica da possível relação entre os dois sintomas otológicos, verificando-se a sua prevalência e associação em um mesmo indivíduo normouvinte.

Objetivo
Verificar a possível relação entre zumbido e vertigem.
Metodologia
Estudo observacional aprovado pelo comitê de ética: 45794715.4.0000.5417 e número de parecer: 1.198.851 em que foram analisados dados de 45 pacientes com avaliação audiológica. Foram considerados critérios de inclusão diagnostico audiológico com deficiência auditiva, com queixa de zumbido e vertigem. E excluídos pacientes normouvintes com afecções otológicas, metabólicas, neurológicas, cardiovasculares, farmacológicas, odontológicas e/ou psicológicas. Os dados foram tabulados para análise descritivo.

Resultados
Na análise dos dados 13,33 % dos pacientes apresentam perda auditiva, zumbido bilateral e vertigem; 4,44% perda auditiva, vertigem e tontura; 20% perda auditiva, zumbido bilateral e tontura e 22,22% perda auditiva, zumbido bilateral sem vertigem e/ou tontura. Os resultados permitem observar porcentagens importantes de pacientes com perda auditiva e queixa do zumbido e vertigem.
A correlação da perda auditiva (uni ou bilateral) com o zumbido pode ser justificada se considerarmos que a perda auditiva é o fator desencadeante do zumbido. Portanto, foi observada correlação positiva entre achados audiológicos, vestibulares e zumbido, considerando que o zumbido pode ser a primeira manifestação de um processo patológico labiríntico, estando presente antes da provável presença de sintomas vestibulares e/ou auditivos(2).

Conclusão
No presente estudo foi encontrado um 20% dos pacientes com queixa do zumbido bilateral, assintomáticos em relação a vertigem, mas apresentando como queixa a tontura, indicando existência de predomínio de alterações sugestivas de síndrome vestibular.

Referências bibliográficas
1. Oiticica J, Bittar RSM. Tinnitus prevalence in the city of São Paulo. Braz J Otorhinolaryngol. 2015;81(2):167–76.
2. Orfão CAS, Bonaldi LV, De Lemos M, Floriano SL. Vestibular Findings in Tintiitus Patients. Braz J Otorhinolaryngol. 2016;82(6):213–6.
3. Vieira PP, Marchori LL de M, Melo JJ. Estudo da possível associação entre zumbido e vertigem. Rev CEFAC. 2010;12(4):641–5.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2076
POTENCIAL COGNITIVO EM CRIANÇAS COM ALTERAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
05812030


Introdução: Diversos estudos têm encontrado comprometimento no P300 em crianças com distúrbios de aprendizagem, tendo como principal justificativa o possível comprometimento de habilidades do processamento auditivo. No entanto, o P300 sofre influências de aspectos cognitivos, muitas vezes não verificado nas avaliações audiológicas. Acredita-se que a avaliação cognitiva associada à análise do P300 nesta população possa auxiliar na precisão da análise, assim como no diagnóstico diferencial e no direcionamento terapêutico.
Objetivo: Analisar os resultados do P300 com relação ao gênero em crianças com alterações de leitura e escrita comparadas com crianças com desenvolvimento típico.
Método: PEALL realizado com estímulo Tone Burst (TB) e de Fala em 24 crianças, com idades entre oito e 11 anos, sendo que 12 apresentavam alterações de leitura e escrita com diagnóstico fonoaudiológico (Grupo Estudo-GE) e 12 apresentavam desenvolvimento típico (Grupo Controle-GC). Os participantes foram pareados por idade e gênero. Todas as crianças apresentavam limiares auditivos normais e quociente intelectual acima de 80 verificado por meio do WISC-IV.
Resultados: Com relação à análise dos valores médios de latência, não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre GE e GC para os estímulos. Para amplitude, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, sendo que GC apresentou respostas maiores que GE para estímulo TB (p=0,033), mas principalmente para estímulo de Fala (p=0,006).
Na comparação entre os gêneros, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes no GE para latência e amplitude com estímulo TB. Com relação à latência, verificou-se que crianças do gênero feminino apresentaram valores médios menores que do masculino (p=0,010) e, com relação à amplitude, apresentaram valores médios maiores (p=0,007). No GC, também foram encontrados valores médios de latência menores (p=0,142) e valores médios de amplitude maiores (p=0,156) para gênero feminino.
Para o estímulo de Fala, o mesmo comportamento de respostas melhores para o gênero feminino foi encontrada para os valores médios de latência e amplitude, mas sem diferenças estatisticamente significantes. Para latência foram encontrados p-valores no GE de p=0,805 e no GC de p=0,218. Para os valores de amplitude foram encontradas tendência à diferença significante tanto no GE como no GC (p=0,092 e p=0,059).
Neste estudo, crianças com alterações de leitura e escrita apresentaram pior desempenho em relação à amplitude, sendo que a amplitude está correlacionada, por alguns autores, com a magnitude das respostas no córtex auditivo. Além disso, foi possível verificar uma tendência de respostas melhores do P300 para o gênero feminino. Acredita-se que estudos mais numerosos devam ser realizados para melhor compreensão desta complexa diferença. No entanto, pesquisas anteriores revelam que o processamento do estímulo acústico possa ser mais lento no gênero masculino.
Conclusão: Na análise do P300 em crianças com alterações de leitura e escrita em comparação com crianças com desenvolvimento típico, todas com QI dentro da normalidade, verificou-se diferença estatisticamente significante entre os grupos em relação à análise da amplitude do P300 tanto para o estímulo TB como o de Fala. Com relação à análise do gênero, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes no GE para valores de latência e amplitude do P300 com estímulo TB.

Billings CJ, Tremblay KL, Stecker GC, Tolin WM. Human evoked cortical activity to signal-to-noise ratio and absolute signal level. Hear Res. 2009; 254(1–2):15–24
Boéchat EM. Plasticidade do Sistema Auditivo Nervoso Central. São Paulo. Tratado de Fonoaudiologia 2008, Roca; Cap 161:51-56.
Engelmann L, Ferreira MIDC. Avaliação do Processamento auditivo em crianças com dificuldades de aprendizagem. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(1):69-74.
Kraus N., McGee T., Carrell T., Sharma A., Micco A, Nicol T. Speech-evoked cortical potentials in children J Am Acad Audiol, 4 (1993), pp. 238-248.
McPherson DL. Late Potentials of the Auditory System (Evoked Potentials). San Diego: Singular Publishing Group; 1996.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
616
POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO AUTOMÁTICO E HIV CONGÊNITO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um retrovírus, responsável pelo desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)(1). A associação entre infecção pelo HIV e deficiência auditiva vem sendo investigada na literatura e demonstrado que, a perda auditiva coclear e/ou sensorioneural podem ser associadas muitas vezes pela infecção do vírus, infecções oportunistas e com os efeitos do uso dos medicamentos ototóxicos utilizados na terapia antirretroviral altamente ativa (HAART)(1,2,3). Estudos(4,5,6) com o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) relataram que neonatos com diagnóstico de HIV congênito podem apresentar alterações eletrofisiológicas. Diante disso, destaca-se a importância do diagnóstico precoce de alterações auditivas em crianças, visando evitar a privação sonora no período de maior neuroplasticidade do sistema auditivo. Objetivo: Analisar a associação entre a falha no Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico Automático (PEATE-A) e neonatos diagnosticados com HIV congênito. Métodos: Estudo transversal, retrospectivo e analítico, realizado com neonatos do estado de Santa Catarina, entre o período de janeiro de 2017 e dezembro de 2019. Foram testados dois desfechos: Falha no PEATE-A na orelha direita (passa; falha) e na orelha esquerda (passa; falha). A variável HIV (não; sim) foi a variável de exposição principal deste estudo. Também analisou-se a covariável idade materna em anos completos (≤ 17; 18 a 29; 30 a 39; ≥ 40). Participaram deste estudo apenas os neonatos que realizaram PEATE-A. Foi aplicado o teste de hipóteses Qui-Quadrado de Pearson e as análises foram conduzidas no software Stata@, versão 14.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) CAAE: 85345518.2.0000.0121. Resultados: Participaram deste estudo 980 recém-nascidos. A maior parte das mães possuía entre 18 e 29 anos de idade (54,7%). Dentre os neonatos, 5% (n=49) apresentavam HIV congênito diagnosticado. Com relação aos resultados do PEATE-A, observou-se falha em 7,2% da amostra na orelha direita (n=70) e em 6,6% na orelha esquerda (n=65). Após o teste de hipóteses, destaca-se que houve maior prevalência falha no PEATE-A (orelha direita) em neonatos com HIV (14,3%), quando comparados aos neonatos sem HIV (6,7%), sendo esta diferença estatisticamente significante (p=0,0043). O mesmo ocorreu na orelha esquerda (p=0,025). Conclusão: O estudo encontrou associação entre falha no PEATE-A (orelhas direita e esquerda) e neonatos com HIV. Para promover o diagnóstico e a intervenção precoce, são necessários investimentos em políticas públicas visando a valorização e fortalecimento da triagem auditiva no Brasil, bem como a conscientização das mães para o adequado acompanhamento durante a gestação.

1. Padilha MAD, Maruta ECS, Azevedo MF. Ocorrência de alterações auditivas em lactentes expostos à transmissão vertical do HIV. Audiology - Communication Research. 2018;23:e1965.
2. Buritil AKL, Oliveira SHS, Muniz LF. Perda auditiva em crianças com HIV/AIDS. Revista CoDAS. 2013;25(6):513-520.
3. Assuiti LFC, Lanzoni GMM, Santos FC , Erdmann AL, Meirelles BHS. Hearing loss in people with HIV/AIDS and associated factors: an integrative review. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. 2013;79(2):248-55.
4. Matas CG, Silva SM, Marcon BA, Gonçalves IC. Manifestações eletrofisiológicas em adultos com HIV/AIDS submetidos e não submetidos à terapia anti-retroviral. Pro Fono. 2010;22(2):107-12.
5. Palacios GC, Montalvo MS, Fraire MI, Leon E, Alvarez MT, Solorzano F. Audiologic and vestibular findings in a sample of Human Immunodeficiency Virus type-1-infected Mexican children under Highly Active Antiretroviral Therapy. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology. 2008;72(11):1671–81.
6. Christopher N, Edward T, Sabrina BK, Agnes N. The prevalence of hearing impairment in the 6 months-5 years HIV/AIDS-positive patients attending paediatric infectious disease clinic at Mulago Hospital. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology. 2013;77(2): 262-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1781
POTENCIAL RELACIONADO A EVENTOS PARA SINAIS DESVIANTES: MISMATCH NEGATIVITY (MMN)
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Os Potenciais Relacionados a Eventos (ERPs) são potenciais elétricos produzidos em resposta a estímulos externos, como por exemplo, a percepção auditiva. A Mismatch Negativity (MMN) é um ERP gerado automaticamente, mesmo na ausência de atenção consciente, a partir de um estímulo auditivo desviante1. A MMN apresenta uma distribuição topográfica frontocentral começando no pico da onda N1 e se sobrepondo ao componente P2, ela dura aproximadamente 100-250ms após o onset do estímulo. OBJETIVO: Investigar a relação entre a MMN e as pesquisas clínicas na área fonoaudiológica. MÉTODO: Foram revisados 10 artigos científicos encontrados através da base de dados internacionais PubMed e Scielo. Os estudos foram selecionados com base nos seguintes critérios de inclusão: i. Publicações realizadas nos últimos 15 anos, ii. Artigos em inglês, espanhol ou português e iii. Acesso ao artigo completo. Como critérios de exclusão, foram excluídos artigos que não correlacionassem o MMN em populações clínicas na área de fonoaudiologia. RESULTADOS: Os estudos revisados apontam uma relação direta entre a percepção da fala e a amplitude da MMN, em pacientes com implante coclear e ouvintes sem aparelhos de amplificação sonora2,3. Os Indivíduos afásicos (acometimento na compreensão) apresentam ausência da MMN, sugerindo uma relação desta patologia com a capacidade de percepção e de estímulos desviantes com variações fonéticas e prosódicas. Crianças com dificuldades fonéticas apresentam diminuição na amplitude e o aumento da latência da MMN, comparando-as com outras da mesma idade escolar e sem alterações na percepção nos sons da fala. Estes resultados sugerem que a MMN cumpre um papel importante na detecção de estímulos desviantes por meio da aprendizagem de fonemas4. A MMN é a medida de discriminação mais precoce, podendo ser captada até mesmo em recém-nascidos, tornando-se um dado pertinente para a triagem precoce de dificuldades auditivas5,6. CONCLUSÃO: Os estudos da MMN indicam que o sistema auditivo central realiza operações cognitivas complexas, no entanto, para que a MMN se torne um recurso útil para o cotidiano clínico fonoaudiológico, ela deve ser capaz de mensurar de forma confiável, amostras maiores de indivíduos saudáveis e com diferentes patologias na área, a partir de métodos aprimorados para a análise dos sinais.

01- Näätänen R, Jacobsen T, Winkler I. Memory based or afferent processes in Mismatch Negativity(MMN): A review of the evidence. Psychophysiology, 2005 Jun; 42 (3):, 25–32.

02- Groenen P, Snik A, Broek P. On the clinical relevance of Mismatch negativity: Results from subjects with normal hearing and cochlear implant users. Audiology and Neuro-Otology. 1999 May; 1 (2): 112-124.


03- Kelly AS, Purdy SC, Thorne PR. Electrophysiological and speech perception measures of auditoryProcessing in experienced adult cochlear implant users. Clinical Neurophysiology. 2005 Jan; 116 (5): 1235-1246.

04- Kraus N, McGee TJ, Carrell TD, Zecker SG, Nicol TG, SKoch DB. Auditory Neurophysiologic Response and discrimination déficits in children with learning problems. Science. 1997 Jun; 273(15): 971-973.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
508
POTENCIALIDADES E NECESSIDADES DA REDE DE CUIDADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM UMA COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) no âmbito do Sistema Único de Saúde foi instituída pela Portaria GM/MS nº 793/2012 (atual Portaria de Consolidação nº 3/2017, Anexo VI)1 com a finalidade de ampliar o acesso, qualificar o atendimento, articular e integrar os serviços de saúde e demais recursos do território na atenção às pessoas com deficiênca (PcD) temporária ou permanente, progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou contínua. A Rede integra os componentes de Atenção Básica; de Atenção Especializada em Reabilitação (auditiva, física, intelectual e visual), Ostomias e Múltiplas Deficiências; de Atenção Hospitalar e de Urgência e Emergência2. Na região de uma Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) do Rio Grande do Sul, a RCPD oferta: reabilitação, ostomias, tratamentos em outras unidades da Federação, co-financiamento de fraldas descartáveis e assistência odontológica. OBJETIVO: apresentar as principais potencialidades e necessidades da RCPD na região desta CRS. MÉTODO: descrever e analisar a operacionalização da RCPD. RESULTADOS: como potencialidades que geraram impacto no processo de trabalho dedicado à RCPD, destacam-se: a) a habilitação, junto ao Ministério da Saúde, do Centro Especializado em Reabilitação física e intelectual (2015), sanando uma importante carência assistencial da região atendendo uma média de 1.780 usuários mensalmente; b) a formação do Grupo Condutor Regional (2016) composto pelos representantes municipais e pelos coordenadores regionais da RCPD, cumprindo-se, principalmente, os objetivos de implementar diretrizes clínicas (Mapa Assistencial da RCPD) e protocolos de regulação (Protocolo de Regulação de acesso à RCPD no âmbito do SUS), bem como de acompanhar as ações de atenção à saúde em cada componente da RCPD; c) a descentralização da função de regulação de acesso aos procedimentos de média complexidade da RCPD para as CRS (2017), o que tem permitido apropriação da gestão do cuidado pelos gestores da CRS. Como necessidades da RCPD, destacam-se: a) o mapeamento das PcD por território de saúde para o conhecimento da realidade local e desenvolvimento de estratégias direcionadas à prevenção, promoção e recuperação da saúde3; b) a ampliação do número de vagas de acesso à reabilitação auditiva (por expressiva demanda reprimida de usuários com deficiência auditiva); c) o acesso à reabilitação visual ocorrendo na região da referida CRS, pois este acontece, atualmente, na região noroeste do Estado (gerando inacessibilidade ao tratamento em função da longa distância a ser percorrida pelos usuários). CONCLUSÃO: muitos avanços já foram alcançados desde que a RCPD foi instituída. No entanto, em virtude dela ter um caráter dinâmico de atuação (usuários circulam por diversos setores da saúde e a prestação de serviço precisa ser frequentemente avaliada), suas necessidades e os processos de trabalho, também dinâmicos, são constantes. Ainda há um caminho longo a ser percorrido em direção à excelência da assistência prestada, especialmente no que tange ações de prevenção e promoção de saúde, que impactariam diretamente na redução dos agravos evitáveis. Ainda, a possibilidade de um único ponto de atenção para todas as modalidades de reabilitação favoreceria o processo terapêutico, em especial dos usuários com deficiências múltiplas.

1. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as redes do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União. 28 set 2017;Seção 1.

2. Campos MF, Souza LAP, Mendes VLF. A rede de cuidados do Sistema Único de Saúde à saúde das pessoas com deficiência. Interface, Comunicação, Saúde e Educação. 2015;19(52):207-210.

3. Rio Grande do Sul (Estado). Plano estadual de saúde: 2016/2019. Porto Alegre: Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul; 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
589
POTENCIALIZANDO A FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL DO FONOAUDIÓLOGO: EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA A SAÚDE PET- SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: De acordo com a Diretriz Curricular Nacional (DCN) o fonoaudiólogo deve ser um profissional de formação generalista, crítica, humanista e reflexiva. As políticas indutoras como o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET- Saúde/ Interprofissionalidade, surge como uma estratégia de formação e reorientação profissional nos cursos de ensino superior, visando aproximar a teoria da prática, promovendo a integração entre o ensino, serviço e a comunidade, com o propósito de potencializar a formação em saúde e formar profissionais mais capacitados e adequados as reais necessidades dos usuários, da comunidade e do Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo: Relatar a experiência de uma acadêmica sobre a contribuição do PET-Saúde/Interprofissionalidade na formação do fonoaudiólogo. Método: Trata-se de um relato de experiência da acadêmica do 3º ano de fonoaudiologia ocorrido no período de março de 2019 a março de 2020 numa universidade estadual do Nordeste. O PET - Saúde/Interprofissionalidade desta universidade divide-se em cinco eixos de trabalho com a participação dos cursos de fonoaudiologia, terapia ocupacional, enfermagem, medicina e fisioterapia. Durante este período foram realizadas atividades de caráter interprofissional desde o cuidado na Atenção Primária a Saúde até as práticas no âmbito da gestão. Nas Unidades Básicas de Saúde foi possível vivenciar a territorialização, o planejamento estratégico situacional nas reuniões de equipe, bem como a realização de atividades de educação em saúde, como a sala de espera. Já no Consultório na Rua foi possível o acompanhamento da equipe, auxiliar no cuidado aos usuários em situação de rua e traçar o perfil epidemiológico daquela população. Além disto, a vivência de distintas atividades na Atenção especializada, desde compreender suas atribuições, seus desafios, realizar o monitoramento das metas qualitativas junto aos prestadores contratualizados até a compreensão das demandas judiciais neste âmbito. Além das atividades no campo citadas acima, ocorreram reuniões mensais entre todos os participantes do programa para compartilhamento de experiências e educação permanente. Resultado: O PET - Saúde/ Interprofissionalidade proporcionou a vivência em experiências enriquecedoras nos diversos cenários de atuação da saúde coletiva, incentivando as práticas interprofissionais numa nova perspectiva de aprendizagem, diferente das práticas exercidas nas graduações de saúde. Além disto, o programa permiti o desenvolvimento e aprimoramento de competências para a prática interprofissional colaborativa como: comunicação interprofissional, dinâmica de equipe, liderança colaborativa, cuidado centrado na família e usuários. Também foi possível compreender a importância do território para a efetivação do cuidado e como ele pode influenciar no processo saúde-doença da população. Conclusão: O PET- Saúde/Interprofissionalidade constitui-se como um grande potencializador para a formação do fonoaudiólogo, visto que foi possível compreender a necessidade do trabalho de acordo com as demandas da população, bem como a importância da prática interprofissional frente a complexidade do cuidado e em busca de melhores resultados na atenção à saúde.

Telles MW, Arce VAR. Formação e PET-Saúde: experiências de estudantes de fonoaudiologia na Bahia. Rev. CEFAC. 2015 Maio-Jun; 17(3):695-706.

Trenche MCB, Oliveira RB, Pupo AC. Formação profissional em Fonoaudiologia: o relato de experiência de uma estudante no Programa de Educação pelo Trabalho - PetSaúde - Saúde Mental. Distúrb Comum. 2015 Setembro 27(3): 608-619.

Miranda FBG, Mazzo A, Pereira Junior GA. Avaliação de competências individuais e interprofissionais de profissionais de saúde em atividades clínicas simuladas: scoping review. Interface comunicação, saúde e educação. 2018 22(67):1221-34.

Trenche MCB, Padovani M, Anhoque CF, Garcia VL. Políticas Indutoras: Formação Profissional em Fonoaudiologia. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1138
PRÁTICA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM CENTRO DE REABILITAÇÃO.
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O Estágio Supervisionado é o momento de reunir todo conhecimento teórico adquirido ao longo da formação e relacioná-lo com a prática. É nesse período que a experiência clínica vivenciada, aliada à possibilidade de troca com os colegas e supervisores, contribui para construção de um profissional mais preparado para os desafios da terapia. O Curso de Fonoaudiologia no qual estamos inseridas proporciona, durante o estágio em linguagem infantil, a vivência de atendimento em serviço, ou seja, dentro de uma instituição estabelecida que recebe o futuro fonoaudiólogo para que atue na realidade dos profissionais locais. A experiência aqui relatada ocorre em um centro de reabilitação que reúne clínica multiprofissional e escola no atendimento a bebês, crianças e adolescentes com deficiências múltiplas.
OBJETIVO: Relatar a experiência vivenciada durante o estágio supervisionado em linguagem em um centro de atendimento a pessoas com múltiplas deficiências.
MÉTODO: Anualmente quatro estagiários são selecionados para atuação neste local, de acordo com seu interesse em estabelecer contato com a população atendida. Eles conhecem o local e o fonoaudiólogo responsável (que irá atuar como preceptor, ao lado do supervisor docente), bem como os demais profissionais da equipe. São também apresentados à estrutura do local e aos casos dos pacientes que irão atender ao longo do ano. O centro de atendimento é composto por uma Escola de Ensino Especial e uma clínica de reabilitação, que conta com fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais, que atendem tanto aos alunos como pacientes externos. O planejamento terapêutico com os pacientes atendidos pelo serviço de Fonoaudiologia está centrado na estimulação global e na reabilitação de distúrbios da linguagem, por meio da avaliação das habilidades comunicativas e da intervenção a partir da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA).
RESULTADOS: A vivência experienciada no local permite o acompanhamento de doze pacientes em intervenções semanais, sendo a atuação dividida entre atendimentos propriamente ditos, realizados de forma individual, e a supervisão, em grupo, com acompanhamento da preceptora e/ou da supervisora, proporcionando troca, reflexão e aprofundamento dos casos atendidos. A atuação fonoaudiológica com este público específico proporciona experiência prática de avaliação e intervenção em linguagem em temas tratados muito vezes de forma superficial durante a formação. A rotina de atendimento aproximou o grupo de instrumentos de avaliação específicos, como a Matriz de Comunicação, protocolo utilizado para a avaliação inicial, direcionamento da conduta terapêutica e reavaliação, dentro das especificidades de cada paciente. Outro ganho com o atendimento se refere ao trabalho com CAA, uma vez que a maioria dos pacientes requerem estímulos de linguagem tanto receptiva como expressiva. Mais do que isso, a possibilidade de assistência a pacientes com múltiplas deficiências gera na formação do futuro profissional uma preocupação com dois aspectos extremamente importantes: a visão integral do paciente e a troca do fonoaudiólogo com a equipe, visando melhoria da qualidade de vida da criança.
CONCLUSÃO: A oportunidade de atuação em um centro de atendimento a pessoas com deficiências múltiplas enriquece a formação acadêmica em Fonoaudiologia, experiência que seria inacessível sem uma conexão entre a academia e os serviços.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1807
PRÁTICA CURRICULAR EM TRIAGEM DE FALA E VOZ: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM PROJETO SOCIAL
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A Congregação Holística da Paraíba - Escola viva Olho do Tempo é uma instituição sem fins lucrativos que existe há mais de quinze anos, possui certificação OSCIP e é credenciada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, tem como finalidade a preservação de olhos d’água, uma vez que, no território onde ela funciona existem oito nascentes, além disso, também atende crianças e adolescentes da região difundindo princípios éticos, preservação ambiental, autoconhecimento e apropriação social e cultural da região1. A escola acolhia, no ano vigente desta ação, 130 crianças de 6 a 17 anos, moradores de 8 comunidades, das quais, algumas urbanas, rurais e quilombolas do vale do Gramame, na cidade de João Pessoa. As atividades realizadas no local têm por base a pedagogia griô, educação popular e holística. Os estudantes do curso de Fonoaudiologia da instituição de origem foram convidados pela direção da escola para realizar uma prática curricular de triagem na ONG, que fomentasse o desenvolvimento de práticas extensionistas coletivas no projeto social. Objetivo: Nesse sentido, este relato objetivou analisar a triagem fonoaudiológica realizada no projeto social, como prática curricular na graduação em Fonoaudiologia. Metodologia: Para a realização da triagem foi realizada a separação dos discentes em duplas para uma acomodação confortável em salas disponibilizadas pela ONG, dessa forma iniciou-se os atendimentos das crianças e adolescentes presentes. A fala foi triada por meio: do protocolo ABFW – Teste de Fonologia, nas provas de nomeação e repetição; observação dos OFA’S (órgãos fonoarticulatórios), com observação do tônus e mobilidade das estruturas, além de verificação da parte interna da cavidade oral; e, por fim, coleta de amostra de vogal sustentada /E/ e contagem de 1 a 20, para análise perceptivo-auditiva da voz. Resultado: A triagem foi executada com aproximadamente 40 sujeitos, sendo esses, crianças e adolescentes que frequentavam a escola nos turnos da manhã e tarde. Após a análise dos relatórios elaborados pelos graduandos, foi verificada a necessidade de referenciar 17 crianças para atendimentos fonoaudiológicos na clínica escola de Fonoaudiologia da instituição de origem, sendo 1 encaminhamento para o setor de voz, 2 para o de motricidade orofacial e 14 para o de linguagem. 16 discentes da graduação puderam comparecer à prática curricular e relataram satisfação em conseguir colocar em prática o aprendizado visto até então por teoria em sala de aula e principalmente, pelo contato mais próximo com o paciente. Além disso, essa ação possibilitou o desenvolvimento de ações extensionistas no projeto social com todos os escolares, não só os referenciados à clínica-escola. Conclusão: As práticas curriculares são estratégias importantes, visto que mobilizam os conteúdos explorados em classe e motivam os estudantes a continuar a estudar e a se aperfeiçoar, visto que os colocam em vivências de atuação profissional. A triagem fonoaudiológica no projeto social contribuiu para o enriquecimento do estudo do processo de avaliação da voz e fala, e beneficiaram os estudantes, a ONG e a população assistida.

1. http://www.olhodotempo.org.br/home/


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2073
PRÁTICA DE DISCENTES EM FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)



INTRODUÇÃO: A Fonoaudiologia Educacional é uma área de atuação do fonoaudiólogo que tem como objetivo a promoção, prevenção e intervenção de alterações que possam afetar o ensino e a aprendizagem. A prática do fonoaudiólogo educacional na educação infantil, prevista nas diretrizes do Conselho Federal de Fonoaudiologia, assim como em outros níveis educacionais, é voltada para toda a comunidade educacional (professores, gestores, pais, estudantes etc.). Pensando especificamente no estudante, as ações fonoaudiológicas realizadas na educação infantil considera a premissa de que nesta fase as crianças estão vivendo o momento de aquisição das habilidades linguísticas, motoras, sensoriais etc., assim a premissa é que estes pequenos devem ser estimulados para evitar alterações na aprendizagem. A vivência prática de discentes de Fonoaudiologia no âmbito educacional vem fortalecer o aprendizado em sala de aula e oportunizar a experiência prática. OBJETIVOS: Analisar quais os objetivos da prática discente em Fonoaudiologia Educacional na educação infantil e se estes foram alcançados. MÉTODO: Quanto ao tipo de pesquisa, trata-se de um relato de experiência no ensino. O estudo é fruto da vivencia prática realizada em uma escola da rede privada de ensino de uma das grandes capitais do nordeste, com a população de crianças da educação infantil do turno da tarde, supervisionada pela docente do componente curricular de Fonoaudiologia Educacional. A coleta dos dados ocorreu no período de 5 a 26 de novembro de 2019, durante três encontros, com duração de três horas cada um. A análise reflexiva dos dados obtidos durante a vivência busca responder ao objetivo deste estudo. Este não foi submetido à apreciação ética, por se tratar de um relato de experiência. RESULTADOS: Durante três semanas os discentes organizaram atividades com objetivo de promoção e prevenção de saúde na educação de alunos, professores e voltada para a gestão escolar daqueles envolvidos na educação infantil. As atividades programadas foram: saúde auditiva; hábitos deletérios e roda de conversa com as professoras, a psicóloga e a diretora. As atividades de saúde auditiva e hábitos deletérios tiveram participação ativa das crianças, com uso de músicas e apoio visual. A interação com as professoras, psicóloga e diretora, com informações sobre a atuação do fonoaudiólogo na escola foi essencial para cumprir o objetivo voltado para a promoção e prevenção de alterações dos aspectos relacionados à audição, linguagem (oral e escrita), motricidade oral e voz que podem afetar o ensino e a aprendizagem. CONCLUSÃO: Os objetivos com a experiência prática em Fonoaudiologia Educacional foram: 1) Oportunizar aprofundamento no ensino/aprendizagem dos discentes de Fonoaudiologia, uma vez que estes tiveram que planejar e executar ações práticas na escola, o que ampliou a visão meramente teórica e 2) proporcionar a intervenção educacional, por meio de promoção e prevenção de saúde educacional na educação infantil. Assim, é pertinente concluir que os objetivos previamente planejados foram alcançados e trouxeram benefícios aos discentes de Fonoaudiologia tanto quanto à comunidade escolar.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1551
PRÁTICA DE ENSINO POR SIMULAÇÃO: O USO DO ROLER PLAY PARA A APRENDIZAGEM NO ESTÁGIO EM SAÚDE COLETIVA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: aprender (a aprender) é uma habilidade humana que pressupõe o erro como ação inerente ao processo de apropriação de saberes. Essa crença está orientada pela perspectiva da avaliação formativa que considera que o aprendiz vai reestruturando o seu conhecimento por meio das atividades que executa. Isto posto, percebe-se que novas práticas de ensino são demandadas aos docentes, a fim de oportunizar aos estudantes vivências mais próximas do real, sendo o roler play um dos métodos possíveis, ao possibilitar a imersão e a experiência vivida. OBJETIVO: relatar a experiência de docente e discentes na utilização de roler play como estratégia de aprendizagem para o cuidado em saúde. MÉTODO: relato da experiência de aprendizagem adotada na disciplina de Estágio Supervisionado em Saúde Coletiva (ESC) do curso de Fonoaudiologia. Duplas de estudantes eram constituídas, de forma a simular situações da prática fonoaudiológica no cotidiano da atenção básica. Enquanto uns representavam, outros assistiam à dramatização na sala de observação (espelhada) na clínica-escola, cenário utilizado para tal atividade e simulavam um ambiente de atendimento (consultório). As duplas decidiam entre si quem interpretaria o fonoaudiólogo e quem faria o papel de usuário/profissional da unidade de saúde da família (USF). Era solicitado àquele que atuasse como fonoaudiólogo que se munisse de algum meio para registrar o que julgasse importante, como queixa/real problema trazido pelo outro em cena e que definisse quais condutas a serem tomadas. Ao outro (usuário/outro profissional), era solicitado que escolhesse uma das áreas da Fonoaudiologia em que se sentia mais confortável em relação aos saberes da mesma e selecionasse uma temática/agravo para apresentar ao “colega-profissional”. Após cada cena executada, todos se dirigiam à uma sala comum, na qual processávamos o que havia acontecido no episódio representado, sobretudo, destacando as emoções e sentimentos percebidos durante a simulação, bem como condutas adotadas e o porquê daquelas e não outras, e demais impressões. Logo após, iniciava-se mais uma rodada de casos, de forma que todos pudessem ocupar o lugar do “estudante-profissional”, “estudante-usuário/outro profissional”, “estudante-observadores”. RESULTADOS: os casos encenados foram construídos com o auxílio da docente, considerando-se as necessidades de cuidado indicadas pelo perfil dos usuários assistidos pela USF. O Role Play proporcionou interação entre a docente e discentes no momento inicial do estágio, o qual costuma vir acompanhado por sentimento de insegurança em atender ao usuário sem lhe causar danos, reduzindo quadros de ansiedade. Ademais, esse método suscitou aos participantes habilidades específicas para a prática fonoaudiológica (atos e procedimentos) e a integração entre os saberes aprendidos até então durante o curso, bem como habilidades comuns e colaborativas, em função da aprendizagem se dar também na dimensão coletiva. CONCLUSÃO: o Role Play (prática de ensino de simulação) possibilitou a identificação de habilidades necessárias para uma prática profissional centrada no usuário, guiada por um processo de tomada de decisão acertado, com protagonismo estudantil/liderança, colaboração entre os pares, a serem desenvolvidas, aprendidas durante a realização do estágio pelos estudantes que vivenciaram essa experiência. Ressalta-se que tais habilidades encontram-se alinhadas àquelas constantes nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para Fonoaudiologia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1651
PRÁTICA DE EXTENSÃO: CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NA ESCOLA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO

O Projeto foi realizado por graduandas do 4º período do curso de Fonoaudiologia em uma escola Municipal na cidade de Contagem-MG com crianças que estão passando pelo processo de alfabetização. Contou com a participação de 21 alunos do 1º ano do ensino fundamental com idades entre 6 e 7 anos.
Sabendo da importância da consciência fonológica no processo de alfabetização, somado as queixas da professora da turma em relação as dificuldades dos alunos com os aspectos que envolvem a consciência fonológica, as graduandas aplicaram atividades em prol do processo de alfabetização.
O Projeto teve como objetivo trabalhar a consciência fonológica de forma lúdica, com auxílio de jogos e brincadeiras que envolveram: identificação de rimas, contagem de sílabas, contagem de fonemas e combinação de fonemas iniciais.

OBJETIVOS

Melhorar a percepção global da extensão das palavras, das semelhanças fonológicas, e da segmentação e manipulação das sílabas e fonemas, além de desenvolver a capacidade de se ater a própria linguagem e a fala, analisando os fonemas, sílabas e palavras.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

ATIVIDADES INDIVIDUAIS

- “Separando as sílabas”: cada criança recebeu uma folha com imagens e nome das figuras, separou o nome da figura em sílabas e contou quantas sílabas e quantos fonemas havia em cada palavra
- “Atividade da letra inicial”: cada criança recebeu uma folha com diversas imagens e um alfabeto móvel, e relacionou o alfabeto móvel à primeira letra da imagem que constava na atividade.
- “Vamos rimar”: cada criança recebeu uma folha com figuras e circulou as figuras que rimam.
- “Complete a Palavra”: cada criança recebeu uma atividade impressa com figuras e seus respectivos nomes escritos de forma incompleta, onde completou a letra que estava faltando na palavra.

ATIVIDADES COLETIVAS

- “Descobrindo rimas do poema”: as crianças identificaram as rimas do poema que foi escrito no quadro.
- “Dado com sílabas”: foi feita uma dinâmica de roda. Cada criança jogou o dado, que continha várias sílabas, e pensou em uma palavra que continha a sílaba que tirou, sendo elas finais ou iniciais, expondo a palavra ao grupo.
- “Amarelinha dos sons”: as crianças participaram de um jogo de amarelinha em que no lugar dos números que são utilizados convencionalmente na brincadeira, tinham letras. As crianças formaram palavras a partir das letras.
- “Canta com a gente”: com o auxílio de instrumento musical, as idealizadoras do projeto apresentaram uma música para as crianças, contendo diversas rimas.

RESULTADOS

As dificuldades dos alunos foi na formação de rimas, na combinação de fonemas inicias e também nos conceitos da palavra fonema e letra. Outras dificuldades menos comuns foram em relação ao campo semântico e formação de palavras através de sílabas. No final da prática foi entregue um certificado para cada criança presente, constatando a participação no projeto.
O projeto foi de grande valia, visto que propiciou benefícios para a população alvo, permitiu às graduandas maior aproximação da prática profissional, uma externalização de conhecimentos aprendidos no ambiente acadêmico, bem como incitou a procura do tema em bases científicas ampliando o conhecimentos das discentes na área.

BIGOCHINSKI, Elenita; ECKSTEIN, Manuela Pires Weissböck. A importância do trabalho com a consciência fonológica para a aprendizagem da leitura e da escrita. Opet. Disponível em: . Acesso em: 04 set, 2018.

Censo Escolar. Rede Municipal em Jenny de Andrade Faria. 2017. Disponível em: . Acesso em: 30 set, 2018.

Censo Escolar. Em Jenny de Andrade Faria. 2017. Disponível em: . Acesso em: 30 set, 2018.

GONÇALVES, Thaís dos Santos; NEVES, Thaíla Affonso Pimenta; NICOLIELO, Ana Paola; CRENITTE, Patrícia Abreu Pinheiro; LOPES-HERRERA, Simone Aparecida. Habilidades de consciência fonológica em crianças de escolas pública e particular durante o processo de alfabetização. Scielo. Disponível em: . Acesso em: 04 set, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1178
PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM SETOR DE DOENÇAS INFECTOPARASITÁRIAS INFANTIL DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Em março de 2020, surgiu uma virose com sinais e sintomas gripais, que afeta o trato respiratório superior, ocasionando a tosse ou dispneia, causando pneumonias e podendo contribuir para instalação da disfagia. Essa pandemia trouxe desafios e necessidades de adaptação em diversas frentes, principalmente atualização das formas de trabalho em âmbito hospitalar. Na população infantil existe a frequente presença de comorbidades como patologias oncológicas, neurológicas, baixo peso ou até a própria idade, o que agrava ainda mais o quadro clínico infantil. Levando em consideração a alta transmissibilidade e a exposição do fonoaudiólogo a aerossóis e secreções, em alguns casos é necessário criar um fluxo de atendimento fonoaudiológico. OBJETIVO: Descrever o fluxo de atendimento fonoaudiológico realizado em um setor de doenças infectos parasitárias infantil no período da Pandemia por covid-19, em uma instituição de referência no combate ao vírus. MÉTODO: O atual trabalho foi elaborado mediante a realização de práticas de fonoaudiólogas, contidas em um fluxograma, criado pelas profissionais e analisadas no período de dois meses, sendo estas práticas padronizadas de acordo com a recomendação do conselho federal da profissão. Este fluxograma dá-se início com a atuação multiprofissional, sendo identificados os pacientes que necessitam da atuação fonoaudiológica (ficha de triagem). Quando esta não é passível de resolução de forma indireta (orientações ou recomendações), inicia-se o processo de atendimento direto, sempre obedecendo as normas de paramentação dos equipamentos de proteção individual, cumprindo-se apenas procedimentos necessários, e que evitem ao máximo, a geração de aerossóis, orientando o responsável pelo paciente, sendo finalizada pela desparamentação e registro no prontuário do paciente. Ainda é realizada a devolutiva do atendimento realizado à equipe do setor, mantendo-os informados sobre o trabalho fonoterapêutico e fomentando o processo de cuidado de caráter interdisciplinar. RESULTADOS: Observou-se que o fluxograma trouxe resultados na condução dos casos acompanhados e na segurança do fonoaudiólogo, e foi identificado pela equipe como um bom fluxo para evitar contaminações e na reabilitação dos casos que necessitem de atendimento direto. CONCLUSÃO: Diante disso, foi possível observar que a execução do fluxograma associada às recomendações de biossegurança, bem como, a atuação profissional apenas quando necessário, foram efetivas durante o período da pandemia analisado.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2005
PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM TELEATENDIMENTO PARA AFASIA
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)



Introdução:A reabilitação intensiva da afasia é determinante para o melhor prognóstico das sequelas de fala e linguagem. Em uma realidade de pandemia, o teleatendimento foi uma alternativa para manter o processo de reabilitação, conforme resolução nº427 do CFFa, regulamentando a telessaúde em Fonoaudiologia neste período. Estudos de teleatendimento em afasia indicam que os ganhos terapêuticos podem ser equivalentes à pratica presencial, mantendo a adesão e satisfação dos pacientes, além de citarem a prática virtual como possibilidade de alcance de pacientes que residem distantes dos centros de reabilitação e de aumento da intensidade de treinamento.Objetivo: Descrevera experiência da prática em teleatendimento de um paciente com afasia. Método: A prática foi realizada com um paciente de 24 anos, sexo masculino, treze anos de escolaridade, destro. Em abril de 2019, durante uma cirurgia de malformação artério-venosa, sofreu AVCi, com lesão lesão extensa corticossubcortical em hemisfério esquerdo. Como sequela funcional apresentou afasia global, com evolução para afasia de Broca e apraxia de fala grave, além da hemiparesia à direita.O paciente iniciou reabilitação fonoaudiológica em clínica particular em janeiro de 2020, com frequência de duas vezes por semana. No entanto, a assiduidade do paciente foi reduzida, pois residia em outro município, com necessidade de locomoção por transporte público e dependência de familiar. Devido às dificuldades, o paciente interrompeu o tratamento fonoaudiológico no final de fevereiro. Não apresentou evolução significativa neste período. Com o início da pandemia por Covid-19 em março de 2020 e liberação do teleatendimento, o paciente foi contatado para retorno às sessões de forma remota. Foi utilizada plataforma zoom e as sessões foram realizadas diariamente. A reabilitação teve foco na apraxia de fala, com estimulação conjunta da linguagem. Foi utilizada abordagem fonético-fonológica adaptada, baseada na Terapia dos Oito Passos (Rosenbek e col., 1973). Os estímulos foram inicialmente monossilábicos e com fonemas anteriores, com o aumento progressivo da complexidade fonêmica, distanciamento dos pontos e extensão das palavras. Abordagem multimodal foi empregada com tarefas de complementação de frases, mudança de tempo verbal, ordenação sintática de frases e nomeação de figuras, treinos de compreensão oral, leitura e escrita.Resultados: O desempenho do paciente foi analisado pela Bateria Montreal-Toulouse avaliação da linguagem (Parente et al., 2016), com avaliação em janeiro e reavaliação em julho de 2020, com os seguintes resultados (em % de acertos pré e pós teleatendimento): linguagem automática (0% para 83%); discurso oral (0 palavras para 4 palavras); nomeação oral (0% para 30%); fluência verbal (0 palavras para 7 palavras); compreensão oral de palavras (63% para 68%), compreensão escrita (38% para 54%), repetição de palavras (0% para 45%), leitura em voz alta de palavras (0% para 17%), praxias não verbais (79% para 83). Conclusão: A prática do teleatendimento para reabiltação da afasia possibilitou maior frequência de terapia e adesão do paciente, promovendo melhora do quadro de fala e linguagem.


Weidner K, Lowman J. Telepractice for Adult Speech-Laguage Patohology Services: A Systematic Review. Perspectives of the ASHA Special Interest Groups. 2020; Vol 5: 326-338.

Rosenbek JC, Lemme ML, Ahern MB, Harris EH, Wertz RT. A treatment for apraxia of speech in adults. J Speech Hear Disord. 1973;38(4):462-472. doi:10.1044/jshd.3804.462

Darley, F. L., Aronson, A. E., & Brown, J. R. (1975). Motor speech disorders. Philadelphia, PA: Saunders.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
525
PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM UMA UNIDADE DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) DE UM HOSPITAL DE SALVADOR.
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidades no mundo1 e a principal causa de morte no Brasil2. Decorrente de lesão vascular, levando ao surgimento súbito de um déficit neurológico, que pode ser AVC isquêmico (AVCi) ou hemorrágico (AVCh)3-5. A depender da região lesionada, o indivíduo pode ter repercussões fonoaudiológicas a nível de linguagem ou a nível estrutural e/ou funcional do sistema estomatognático (mastigação, deglutição, respiração e fala)5,6. OBJETIVO: Descrever a atuação prática fonoaudiológica em uma unidade fechada para tratamento de AVC, em um hospital público de Salvador. MÉTODO: A atuação se deu em um hospital público de Salvador-BA, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusiva para casos de AVC (UAVC), na qual o indivíduo ao dar entrada, é avaliado de forma multidisciplinar (medicina, enfermagem, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição, psicologia e terapia ocupacional) com o objetivo conjunto de auxiliar na evolução clínica e cognitiva. Em geral, a unidade de AVC acolhe um público amplo, que varia de jovens a idosos. A avaliação fonoaudiológica é voltada para verificação de alterações de linguagem, assim como de motricidade orofacial (MO), voz e disfagia. Utiliza-se um protocolo adaptado que permite identificar de forma eficiente tais repercussões. Para linguagem, são analisadas as seguintes habilidades: compreensão, expressão/fluência, nomeação e repetição. Se detectadas afasias, segue-se a classificação atualmente mais utilizada, que é a de Boston, que divide as afasias em fluentes e não fluentes7,8. Para voz é feita análise da qualidade vocal do indivíduo. Quando identificadas disfagias, estas são classificadas pela Escala FOIS – Functional Oral Intake Scale9, a qual gradua a disfagia em níveis específicos. São calculados e analisados também a quantidade de ingestão por via oral, geralmente pela equipe de nutrição. A avaliação fonoaudiológica a beira leito, é feita após admissão do indivíduo na unidade, assim como sempre que solicitada pela equipe médica. Se realizada trombólise, esta avaliação é feita após 24horas do procedimento. Se na admissão na unidade, o paciente não possuir os critérios necessários para abordagem fonoaudiológica, a equipe médica poderá solicitar esta, quando houver melhora do quadro clínico ou ainda para reintrodução de via oral (VO). RESULTADOS: A atuação fonoaudiológica precoce, e fixa na unidade, proporciona a avaliação e identificação das alterações bem como a terapêutica necessária para cada indivíduo de forma individualizada. O principal acometimento fonoaudiológico observado é a disfagia, seguida de repercussões motoras, de linguagem e de voz. No que se refere a linguagem, casos de afasia são mais comuns, seguidos de disartria e apraxia. Foi possível a evolução para VO segura da maioria dos sujeitos internados na unidade, bem como respostas satisfatórias quanto MO e as habilidades de linguagem perdida ou diminuídas, para seguimento a nível ambulatorial. CONCLUSÃO: É possível perceber neste espaço a valorização da fonoaudiologia, assim como a identificação e intervenção ainda na fase aguda do AVC, com melhores prognósticos (a depender da lesão). Dessa forma, o trabalho fonoaudiológico apresenta-se mais favorável ao indivíduo quando este profissional é inserido como pertencente a equipe interdisciplinar mínima de uma unidade especializada em AVC.

1. MONTEIRO, Marianna Braga Noronha; SAMPAIO, MANUELA ALBUQUERQUE. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES COM DISFAGIA PÓS AVC. 2014.
2. VASCONCELOS, GLYCIA ARAÚJO DE et al. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DE PACIENTES DISFÁGICOS PÓS AVC EM LEITO HOSPITALAR. 2014.
3. NASCIMENTO, Agretes Soares do. Qualidade de vida relacionada a deglutição em vítimas de acidente vascular cerebral. 2017.
4. HONORI, Fabíola A.; CARVALHO, Pedro H. B. Dança de Salão, AVC e Imagem corporal. In. ___________. Dança de Salão: instrumento para a qualidade de vida através do conhecimento da autoimagem e da autoestima. Faculdade Metodista Granbery, Juiz de Fora, Minas Gerais: 2007.
5. GUEDES, Maria Heloisa Rita de Souza; LABIGALINI, Ana Paula Vila. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA FRENTE AO ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR EM SUJEITOS ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL. 2017.
6. ROWLAND, Lewis P. MERRITT. Tratado de Neurologia. 11. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2007.
7. GONDIM, Manuela Pierotte Luz et al. AFASIAS FLUENTES E NÃO FLUENTES: ABORDAGEM TERAPÊUTICA. Anais 2 Encontro Internacional de Pesquisadores-Esporte, Saúde, Psicologia e Bem-Estar, p. 57, 2010.
8. DA SILVEIRA, Victor Luiz. Letras, linguagem e neurociência: um panorama evolutivo da neurolingüística.
9. FURKIM, Ana Maria; SACCO, Andréa Baldi de Freitas. Efficacy of speech therapy in neurogenic dysphagia using functional oral intake scale (FOIS) as a parameter. Revista CEFAC, v. 10, n. 4, p. 503-512, 2008.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1274
PRÁTICAS CLÍNICAS FONOAUDIOLÓGICAS E EDUCACIONAIS VOLTADAS A PESSOAS COM TEA: REVISÃO INTEGRATIVA.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Considerando a escassez de pesquisas que abordam a linguagem escrita nos contextos clínico e educacional destinado a pessoas com TEA, faz-se necessário sistematizar os estudos a fim de identificar como parte do conhecimento acadêmico vem abordando práticas clínicas fonoaudiológicas e educacionais1,2,3. OBJETIVO: Analisar como parte do conhecimento acadêmico aborda procedimentos clínicos fonoaudiológicos e educacionais voltados ao desenvolvimento e à aprendizagem da escrita de pessoas com TEA, no período de 2010 a 2020. MÉTODO: Trata-se de uma revisão integrativa de caráter quanti-qualitativa que buscou selecionar e analisar artigos publicados em periódicos indexados em bases de dados nacionais e internacionais. Para o levantamento bibliográfico, realizou-se a busca nas bases Lilacs e Scielo. A partir dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 14 artigos que passaram a compor o corpus de análise deste estudo. Para análise dos mesmos, foram enfocados os seguintes aspectos: concepções de linguagem, práticas clínicas e/ou educacionais, contextos institucionais e modalidade de pesquisa. RESULTADOS: Dos 14 artigos que compõe o corpus, 71,42% dos artigos são produzidos na área da Fonoaudiologia e 28,57% da área da pedagogia. No que diz respeito à concepção teórica, houve predominância daquelas que abordam a linguagem escrita como prática social e constitutiva dos sujeitos (64,28%); acompanhada daqueles que a concebem como código/instrumento de comunicação (35,72%). No que se refere às práticas, houve prevalência das práticas clínicas fonoaudiológicas (57,15%) sobre as práticas educacionais (42,85%). No que diz respeito ao contexto institucional, houve predomínio de pesquisas em escolas públicas com ensino regular (42,85%), seguida de escola especial (21,43%) e na clínica fonoaudiológica (35,72%). Entre as modalidades de pesquisas, houve predominância de estudos qualitativos (57,14%), sobre estudos quantitativos (35,71) e estudos quanti-qualitativos (7,15%). CONCLUSÃO: A maioria dos artigos foram desenvolvidos por fonoaudiólogos em escolas de ensino regular de forma qualitativa. Os resultados apontam para a necessidade do implemento de estudos que ofereçam elementos para análise rigorosa particularidades que fazem parte dos processos de desenvolvimento e aprendizado da linguagem escrita de pessoas com TEA e, desse modo, para a sistematização de procedimentos que contribuam para a promoção de tais processos.

Palavras-chave: transtorno autístico, educação, fonoaudiologia, linguagem escrita, TEA.


1- Berberian, A. P. ; Bortolozzi, K. B. ; Massi, G. ; Biscouto, A. ; Enjiu, A.J. ; Oliveira, K.F.P. . Análise do conhecimento de professores atuantes no ensino fundamental acerca da linguagem escrita na perspectiva do letramento. REVISTA CEFAC , v. 15, p. 1635-1642, 2013.

2- Smolka, A. L. B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo. 13. Ed., São Paulo: Cortez, 2012.

3- Vieira, S.K. A produção do conhecimento e a clínica fonoaudiológica voltadas à linguagem escrita a partir da abordagem sócio – histórica. 2019. 96 f. Dissertação( Mestrado em Distúrbios da Comunicação) - Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1149
PRÁTICAS DE TELESSAÚDE EM UM PROJETO DE EXTENSÃO: PERCEPÇÃO DE UM GRUPO DE DISCENTES DE FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Diante da atual pandemia associada ao novo coronavírus (COVID-19), planos contingenciais foram viabilizados no intuito de conter a disseminação do vírus, dentre os quais se inclui o isolamento social. Essa situação exigiu da população grandes adaptações1. Na área Educacional, tais planos envolveram a substituição de atividades presenciais pelas remotas, mediadas por Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)2,3. Assim, as atividades desenvolvidas nesse projeto de extensão foram realizadas em duas modalidades de Telessaúde, o Telemonitoramento assíncrono e a Teleducação 4,5, visando o acompanhamento à distância dos pacientes que estavam em atendimento no projeto, bem como dar continuidade às ações de ensino-aprendizagem. Objetivo: Apresentar a percepção de um grupo de discentes sobre a experiência com atividades remotas de um projeto de extensão para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Metodologia: O estudo é um relato de experiência, cujos sujeitos são nove discentes de graduação em Fonoaudiologia que participam da extensão e que, até o presente momento, participaram de oito encontros de teleducação, no Google Meet, que ocorreram semanalmente, para discussão de artigos científicos e supervisão dos casos. Realizaram ainda, o telemonitoramento assíncrono com as famílias das crianças com TEA. Para coleta dos dados, foi elaborado um questionário no Google Forms com questões abertas e fechadas relacionadas à rotina, processo de aprendizagem e experiência dos alunos nas atividades da extensão durante o isolamento social. Resultados: Os alunos participantes cursavam 3º, 5º e 7º períodos. Todos relataram mudanças na rotina e no comportamento nos dias de reuniões da extensão, tais como: reorganização da rotina do sono e atitudes que promoviam a aprendizagem antes, durante e depois da reunião de supervisão. Do primeiro ao oitavo encontro, 55,6% dos extensionistas responderam que não houve mudança na disponibilidade/interesse para a realização das atividades e 44% responderam que houve mudança, decorrentes dos impactos biopsicossociais gerados pela pandemia. Quanto às contribuições da extensão na vida pessoal, acadêmica e profissional, os discentes enfatizaram questões de aprendizagem sobre aspectos teórico-práticos, além de promoção da saúde mental. Quanto aos benefícios às famílias assistidas, 88,9% dos alunos responderam que o telemonitoramento assíncrono foi positivo por acolher as dificuldades decorrentes da pandemia e oferecer orientações sobre como lidar com tais dificuldades, além de possibilitar a continuidade das ações do projeto, como a promoção do desenvolvimento da comunicação funcional, além da manutenção do vínculo terapeuta e família. Sobre os desafios da prática do telemonitoramento assíncrono, os discentes destacaram que o formato assíncrono deixa lacunas na comunicação advinda das famílias, pois o intervalo entre orientação dos terapeutas e feedback dos pais gera omissão de algumas informações. A sobrecarga de atividades diárias também dificulta o feedback dos pais. Conclusão: De acordo com a percepção dos discentes, as atividades desenvolvidas de forma remota contribuíram para o crescimento pessoal, acadêmico e futuro profissional dos extensionistas, possibilitando a aquisição de conhecimento e adaptação à nova realidade imposta. Também relataram que o telemonitoramento assíncrono promoveu suporte aos pais e pacientes com TEA, favorecendo o bem estar da pessoa com autismo e de seus familiares.

1. Vercelli LCA. Aulas remotas em tempos de Covid-19: a percepção de discentes de um programa de mestrado profissional em educação. Revista @mbienteeducação. 2020;13(2):47-60.

2. Bezerra IMP. State of the art of nursing education and the challenges to use remote tecnologies in the time of corona virus pandemic. J Hum Growth Dev.2020; 30(1):141-147.

3. Werneck GL; Carvalho MS. A pandemia de COVID-19 no Brasil: crônica de uma crise sanitária anunciada. Cad. Saúde Pública [online]. 2020. [acesso 06 de julho de 2020], 36(5): e00068820. Disponível em: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/csp/artigo/1036/a-pandemia-de-covid-19-no-brasil-cronica-de-uma-crise-sanitaria-anunciada.

4. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução n. 427, de 1º de março de 2013. Dispõe sobre a regulamentação da Telessaúde em Fonoaudiologia e dá outras providências. Diário Oficial da União. 05 mar 2013; Seção 1:158.

5. Leitão, GG de S et al. Ações educativas em saúde da comunicação humana: contribuições da telessaúde na atenção primária. Rev. CEFAC. 2018; 20(2):182-190.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1314
PRÁTICAS EDUCATIVAS SOBRE DISFAGIA NA UNIDADE DE REABILITAÇÃO EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Em pacientes hospitalizados, a rápida identificação dos disfágicos está relacionada à redução do risco de pneumonia, menor tempo de permanência hospitalar e melhor relação custo-eficácia, resultante da diminuição dos dias de internação.Devido à importância e necessidade de uma prática clínica cautelosa principalmente com os disfágicos, muitas vezes poderá haver falhas na administração/manejo de medicação via oral/enteral como também, durante a oferta da alimentação por via oral que podem a vir comprometer o estado clínico e potencializar o risco de ocorrência para eventos adversos, além de contribuírem para o aumento dos custos hospitalares e do tempo da internação. OBJETIVOS: Relatar a experiência de colaboradoras da Fonoaudiologia, nas práticas educativas sobre disfagia, administração/manejo da medicação por via oral/enteral em pacientes disfágicos, às equipes de enfermagem e cuidadores, fomentando o fortalecimento na segurança do paciente em um Hospital Universitário. MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, acerca de práticas educativas sobre disfagia. Em formato de rodas de conversas, foram realizadas discussões em grupo, nas quais houve o compartilhamento de conhecimentos prévios multiprofissionais. Foram utilizadas as estratégias: dinâmica com questionário de múltipla escolha, discussão de folders e lançamento de painéis ilustrativos distribuídos pelo hospital. Em outro momento houve palestra com recursos multimídia e distribuição de folders para os acompanhantes e pacientes, elencando as orientações quanto à dificuldade de deglutir e oferta segura de alimentação por via oral aos cuidadores, as ações aconteceram no período de setembro de 2019 a janeiro de 2020 em um Hospital Universitário. RESULTADOS: As práticas aconteceram com encontros pré-estabelecidos e planejados com a participação de 48 colaboradores nos postos de internações desta Instituição, tendo a participação efetiva de 19 enfermeiros e 29 técnicos em enfermagem e, 39 cuidadores se fizeram presente na palestra. A participação foi interativa e o resultado foi positivo diante das práticas, respondendo aos objetivos propostos mediante a reação satisfatória dos colaboradores e cuidadores. Considerou-se que as práticas educativas foram exequíveis e as experiências foram exitosas, mas apontaram para a necessidade de uma educação em saúde constante, pois foram ações que possibilitaram uma reflexão crítica-analítica, de autonomia e fortalecimento de ações de segurança do paciente. CONCLUSÃO: Nesta perspectiva que ações direcionadas são transformadoras na educação em saúde e estas necessárias, de maneira a buscar as lacunas de conhecimento destes atores envolvidos.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1720
PRÁTICAS FONOAUDIOLÓGICAS JUNTO À EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA DERMATOMIOSITE JUVENIL
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A dermatopolimiosite juvenil é uma miopatia autoimune rara na infância [1], com incidência entre dois a quatro casos por milhão [2-6], com início de ocorrência entre 5 e 10 anos de idade [5,6], sendo o sexo feminino mais afetado [4,5,7]. A apresentação clínica é variada, havendo fraqueza muscular proximal, com pápulas de Gottron e heliotropo como sinais patognomônicos, podendo haver envolvimento de outros sistemas do corpo humano [8]. A disfagia é comum nestes casos devido ao comprometimento da musculatura estriada orofaríngea envolvida na deglutição [9], acometendo até cerca de 40% das crianças [10].
Objetivo: Relatar a adequação das práticas fonoaudiológicas estabelecidas em um paciente diagnosticado com dermatomiosite juvenil.
Método: Paciente do sexo masculino, 8 anos de idade, acompanhado pelo ambulatório de Reumatologia desde os 4 anos devido ao diagnóstico de dermatomiosite juvenil, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Histórico de diversas internações por broncopneumonia, faringite aguda, febre, edema, desnutrição. Na última internação, paciente precisou ficar internado em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) por choque cardiogênico e insuficiência respiratória, necessitando de intubação orotraqueal. Paciente avaliado pela equipe de fonoaudiologia em diversos momentos distintos, sendo necessário organizar a prática da assistência de acordo com o contexto da doença desde processo de avaliação até às estratégias terapêuticas.
Resultados: Diante da ausência de evidências das práticas fonoaudiológicas, nesta doença, estabeleceu-se avaliação e seguimento moldadas para às necessidade da dermatomiosite juvenil. Na primeira avaliação clínica da deglutição em 2018, (paciente com 5 anos), obteve-se impressão diagnóstica de deglutição funcional com compensações, sem sinais de aspiração. Ao longo da evolução da doença observou-se piora do quadro clínico geral, bem como do padrão de deglutição. Em 2019, paciente começou a apresentar sinais clínicos sugestivos de penetração/aspiração para consistência sólida, confirmados em exame de videofluoroscopia. Para os achados das consistências líquida e líquida engrossada não foram encontrados penetração e/ou aspiração, porém com estase significativa, estabelecendo-se a impressão diagnóstica de disfagia moderada a grave e contra-indicando parcialmente a via oral. Em 2020 paciente apresentou progressão da doença e instabilidade clínica, sendo internado na UTIP e necessidade de traqueostomia. Após alta da UTIP, realizou-se reavaliação da deglutição e observou-se piora significativa da disfagia, com presença de sialorreia e secreção salivar peri-traqueostomia, contra-indicando totalmente dieta por via oral. Ao final desta internação, diversas condutas foram definidas em conjunto com a equipe médica e multidisciplinar, como indicação de via alternativa de alimentação a longo prazo e terapia indireta para deglutição de saliva em conjunto com o fisioterapeuta devido à baixa tolerância à desinsuflação do cuff e plano de adaptação de válvula fonatória.
Conclusão: A prática fonoaudiológica na dermatomiosite juvenil requer revisão constante das estratégias terapêuticas, uma vez que o curso da doença afeta diretamente o processo de deglutição. Faz-se necessário estabelecer rotinas e práticas específicas com reavaliações sistemáticas e discussão com equipe médica e assistencial.


Banker BQ, Victor M. Dermatomyositis (systemic angiopathy) of childhood. Medicine (Baltimore) 1966; 45:261.
Oddis CV, Conte CG, Steen VD, Medsger TA Jr. Incidence of polymyositis-dermatomyositis: a 20-year study of hospital diagnosed cases in Allegheny County, PA 1963-1982. J Rheumatol 1990; 17:1329.
Pelkonen PM, Jalanko HJ, Lantto RK, et al. Incidence of systemic connective tissue diseases in children: a nationwide prospective study in Finland. J Rheumatol 1994; 21:2143.
Symmons DP, Sills JA, Davis SM. The incidence of juvenile dermatomyositis: results from a nation-wide study. Br J Rheumatol 1995; 34:732.
Mendez EP, Lipton R, Ramsey-Goldman R, et al. US incidence of juvenile dermatomyositis, 1995-1998: results from the National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases Registry. Arthritis Rheum 2003; 49:300.
Gardner-Medwin JM, Dolezalova P, Cummins C, Southwood TR. Incidence of Henoch-Schönlein purpura, Kawasaki disease, and rare vasculitides in children of different ethnic origins. Lancet 2002; 360:1197.
Pachman LM, Abbott K, Sinacore JM, et al. Duration of illness is an important variable for untreated children with juvenile dermatomyositis. J Pediatr 2006; 148:247.
Ramanan AV, Feldman BM. Clinical features and outcomes of juvenile dermatomyositis and other childhood onset myositis syndromes. Rheum Dis Clin North Am 2002; 28:833.
Hunter K, Lyon MG. Evaluation and management of polymyositis. Indian J Dermatol. 2012;57:371-374.
Neto NSR, Goldenstein-Schainberg C. Dermatomiosite juvenil: revisão e atualização em patogênese e tratamento. Rev. Bras. Reumatol. 2010; 50:299-312.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
657
PRECEPTORIA REMOTA A FONOAUDIÓLOGOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS COMO ALTERNATIVA DE TREINAMENTO NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE CORONAVÍRUS
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


Introdução: No combate à disseminação do novo Coronavírus, diversas instituições consideraram grupos de profissionais como sendo vulneráveis, que foram afastados das atividades assistenciais e direcionados ao teletrabalho. Esta situação contemplou uma profissional da equipe de Fonoaudiologia atuante no público adulto, em um hospital universitário de referência. As profissionais desta equipe exercem função de preceptoria aos fonoaudiólogos residentes multiprofissionais em Saúde do Idoso, que por sua vez, foram submetidos a mudança da escala diária de 12x12 horas para 12x36 horas, em atendimento às orientações de isolamento social. As condições supracitadas precipitaram na instituição da preceptoria remota, ofertada pela fonoaudióloga afastada aos residentes no momento em que estão fora do ambiente prático hospitalar, sendo esta uma modalidade inovadora, apropriada para o contexto de distanciamento social. Objetivo: Relatar a experiência da preceptoria remota para fonoaudiólogos residentes em Saúde do Idoso. Métodos: A preceptora criou grupo em um aplicativo de mensagens para facilitar a comunicação com as residentes. O primeiro envio foi a apresentação da preceptoria remota e seu funcionamento. A partir do dia 23/03 a 15/04/2020, as residentes diariamente receberam mensagens de conteúdo teórico, nos temas relacionados a atuação fonoaudiológica hospitalar: anamnese; circuito neuronal da cognição, aferência e eferência; grandes grupos de pacientes neurológicos e tipos de fibras dos nervos cranianos trigêmeo, facial, glossofaríngeo, vago e hipoglosso. As residentes também respondiam tarefa por e-mail, que era avaliada individualmente pela preceptora. Após avaliação de todas as respostas, a preceptora enviava no grupo um compilado das respostas que melhor atenderam à tarefa, somadas as suas considerações, para enriquecimento do conteúdo. As atividades envolveram a relevância dos dados colhidos em anamnese; o impacto cognitivo na deglutição; avaliação sensorial e de nervos cranianos à beira leito e alterações da deglutição nos grandes grupos neurológicos. Outras tarefas envolveram a construção de cinco casos clínicos em patologias diferentes, para enriquecimento do raciocínio clínico no que tange aos achados esperados nas ordens da cognição, comunicação, motricidade orofacial e deglutição, além da construção da conduta, objetivos terapêuticos e estratégias de reabilitação para o caso. Entre os dias 15/04 a 05/06/2020, a preceptora passou a alternar a construção dos casos clínicos com o envio de cinco publicações em língua portuguesa dos últimos cinco anos, com texto completo, extraídas do motor de busca Pubmed, na temática da patologia dos casos clínicos. Por meio de mensagem, eram apontados o objetivo do estudo, referencial teórico, métodos, resultados e a limitações apontadas pelos autores. A preceptoria remota se encerrou com o retorno às atividades assistenciais presenciais da profissional. Resultados: As residentes responderam anonimamente a um formulário de avaliação desta nova estratégia e de forma unânime, relataram que tanto a construção do caso clínico quanto o compilado das respostas contribuíram para o desenvolvimento do raciocínio clínico e para ampliação do olhar na prática. Conclusão: Apesar de não ser uma forma convencional de treinamento, a estratégia de preceptoria remota alcançou resultados positivos ao integrar a teoria e a prática e gerar novos saberes, estabelecendo ainda uma relação recíproca e colaborativa na construção de novos conhecimentos.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
913
PRESSÃO DE LÍNGUA EM USUÁRIOS DE PRÓTESE TOTAL BIMAXILAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A expectativa de vida vem aumentando a cada ano, junto a ela o aumento do índice de idosos1. O envelhecimento é um processo natural, caracterizado pela perda da tonicidade muscular, aumento de gordura e a diminuição dos órgãos e tecidos2. Sendo assim, a pressão de língua é de fundamental importância para que as funções de mastigação, deglutição e fala sejam exercidas de forma satisfatória3. No processo de envelhecimento, a língua encontra-se atrofiada devido o crescimento do tecido conectivo e do depósito de gordura, ocasionando a perda de tônus e da mobilidade4, interferindo nas funções estomatognáticas, em especial nos usuários de prótese total bimaxilar removível devido as condições estruturais e de adaptação da nova prótese. Objetivo: Comparar a pressão de língua em indivíduos usuários de prótese total bimaxilar. Metodologia: Trata-se de estudo comparativo longitudinal, composto por 15 voluntários, com faixa etária entre 50 e 82 anos de ambos os sexos. Aprovada pelo Comitê de ética em pesquisa, sob o número do parecer 578.993 (novo parecer após emenda – 2.008.819) e CAAE: 22202513.3.0000.5292. Foram utilizados os critérios de inclusão, indivíduos totalmente edêntulos há mais de um ano, usuários de próteses totais bimaxilares e com necessidade de novas próteses. Como critérios de exclusão, sujeitos com deficiência intelectual e/ou motora, que realizaram terapia fonoaudiológica para adaptação da prótese. Para a avaliação da pressão máxima isométrica da língua utilizou-se o Iowa Oral Performance Instrument (IOPI), o exame foi realizado com a prótese, em três períodos, com a prótese antiga bimaxilar total removível, três meses após instalação da nova prótese e dois anos depois da confecção da nova prótese, nas regiões anteromediana e posteromediana da língua. O procedimento foi aplicado 3 vezes, com intervalo de 30 segundos. Posicionou-se o bulbo entre o dorso da língua e o palato duro (regiões anteromediana e posteromediana)5, sem os dentes em oclusão, em seguida solicitou-se ao participante para pressionar o bulbo com o máximo de força durante 3 segundos. Prevaleceu o maior valor do pico pressórico entre as três medidas obtidas. De acordo com o manual do aparelho, considerou-se o valor médio de normalidade segundo a idade. Os indivíduos entre 40 – 60 anos, a média foi de 63 KPa e foram considerados como alterados abaixo de 43 KPa, e para os indivíduos com 60 anos ou mais a média foi de 57 KPa e foram considerados como alterados abaixo de 37 KPa. Os resultados foram apresentados sob a forma descritiva. Resultados: De acordo com dados da amostra constatou-se respectivamente entre a avaliação inicial, três meses e dois anos na região anterior com prótese, como adequado 10 (66,7%), 8 (53,3), 7 (46,7%) e alterado 5 (33,3%), 7 (46,7%), 8 (53,3%); na região média com prótese, como adequado 11 (73,3%), 9 (60,0%), 7 (46,7%) e alterado 4 (26,7%), 6 (40,0%), 8 (53,3%). Conclusão: Conclui-se que a pressão da língua apresentou diminuição nos períodos de três meses e após dois anos, tanto na região anterior como na região média.

1. Teixeira MCTV, Franchin ABB, Durso FA, Donati LB, Facin MM, Pedreschi PT. Envelhecimento e rejuvenescimento: um estudo de representação social. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2007; 10(1):49-72.

2. Silva NL, Vieira VS, Motta AR. Eficácia de duas técnicas fonoaudiológicas da estética facial no músculo orbicular dos olhos: estudo piloto. Rev CEFAC. 2010;12(4).

3. Motta AR, Las Casas EB, César CC, Bommarito S, Chiari BM. Caracterização da força da língua por meio de medidas objetivas: Characterization of tongue strength via objective measures. Rev CEFAC. 2017 jan-fev;19(1): 82-9.

4. Magalhães Junior HV, Tavares JC, Magalhães, AAB, Galvão, HC, Ferreira MAF. Caracterização da pressão da língua em idosos: Characterization of tongue pressure in the elderly. Audiol Commun Res. 2014 oct-dez; 19(4):375-9.

5. Adams V, Mathisen B, Baines S, Lazarus C, Callister R. Reliability of Measurements of Tongue and Hand Strength and Endurance Using the Iowa Oral Performance Instrument with Healthy Adults. Dysphagia. 2014;29(1):83–95.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2155
PRESSÃO E RESISTÊNCIA DE LÁBIOS E LÍNGUA EM RESPIRADORES ORAIS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A respiração fisiológica do ser humano é de modo nasal, e possibilita ao indivíduo que o ar ao passar pelo nariz, sofra os processos de purificação filtração, aquecimento e umidificação até chegar aos pulmões. As consequências ocasionadas pela respiração oral variam de acordo com a frequência em que a mesma ocorre, e pode levar a alterações na articulação da fala, na mastigação e deglutição, e má oclusão dentária, acarretando o comprometimento da musculatura orofacial, incluindo os lábios, língua, palato e mandíbula que pode se dar devido ao mau posicionamento das estruturas durante a respiração. Não existe um método considerado padrão para mensuração de pressão e resistência de língua e lábios. Ambos podem ser medidos de forma quantitativa ou qualitativa, sendo a qualitativa a forma mais utilizada pelos profissionais da Fonoaudiologia. Contudo a avaliação feita de forma perceptiva pode gerar divergências de opiniões, especialmente quando o profissional tem pouca experiência clínica. Por outro lado, a avaliação quantitativa oferece o valor exato da pressão executada pelo paciente, tendo como o aparelho mais utilizado o Iowa Oral Performance Instrument por ser de fácil manuseio, não invasivo, e fornece dados numéricos acerca da pressão e resistência de língua e lábios. Tendo em vista a importância do posicionamento lingual e oclusão labial para as funções vitais do sistema estomatognático, e a escassez de estudos abordando este tema, entende-se que novas pesquisas sejam necessárias para compreender o comportamento das medidas de pressão e resistência de língua e lábio e conhecimento das dificuldades de crianças respiradoras orais nestes quesitos. Objetivo: Medir e analisar a pressão e resistência de língua e de lábios em respiradores orais utilizando o instrumento Iowa Oral Performance Instrument (IOPI). Método: Trata-se de um estudo de corte transversal, observacional. Participaram deste estudo vinte crianças respiradoras orais, de ambos os sexos, na faixa etária de 7 a 12 anos. A pesquisa foi aprovada pela Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) sob o número: 2.921.487. Para avaliação da pressão de lábios e língua, foi realizada utilizando o aparelho Oral Performance Instrument (IOPI). Resultados: Nas provas de medição da pressão de língua e lábios, os participantes do sexo masculino obtiveram uma média superior ao sexo feminino. Todavia, a diferença não foi de grande magnitude. Conclusão: Os valores achados em relação a pressão e resistência de lábios e língua foram inferiores aos encontrados na literatura, ainda assim, a média de pressão e resistência de língua e lábios se mostrou superior no sexo masculino.

LIMA, Ana Carollyne Dantas de et al. ALTERAÇÕES SENSORIAIS EM RESPIRADORES ORAIS: REVISÃO SISTEMÁTICA BASEADA NO MÉTODO PRISMA. Rev. paul. pediatr., São Paulo, v. 37, n. 1, p. 97-103, jan. 2019

PEREIRA, Tiago Costa; FURLAN, Renata Maria Moreira Moraes; MOTTA, Andréa Rodrigues. Relação entre a etiologia da respiração oral e a pressão máxima da língua. CoDAS, São Paulo, v. 31, n. 2, e20180099, 2019.

MOURA, K.I.S.; CUNHA, D.A. Avaliação quantitativa da pressão de língua em crianças com respiração oral. Anais do XXIII Conic, VII Coniti e IV Enic UFPE – 2015.

CUNHA, Daniele Andrade da et al. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA PRESSÃO DE LÍNGUA EM ADOLESCENTES COM RESPIRAÇÃO ORAL. Anais do 22º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia – 2014.

IOPI Northwest. Iowa oral performance instrument: user's manual. Carnation: IOPI Northwest; 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2090
PRESSÃO E RESISTÊNCIA DE LÍNGUA EM LARINGECTOMIZADOS TOTAIS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: O laringectomizado total (LT) pode apresentar alterações na fase preparatória e oral da deglutição¹, que pode ser atribuída ao manejo cirúrgico no tocante a musculatura extrínseca da língua, a cicatriz pós-operatória na base de língua², efeitos da radioterapia3,4 como também, a reconstrução da neofaringe que impõe uma alta resistência à passagem do bolo alimentar, sendo necessário que a base de língua realize mais pressão para passagem do bolo alimentar5. Nesse sentido, é possível supor que em LT não apenas a base de língua, mas também sua porção oral necessita exercer mais esforço compensatório repetidas vezes, para sobrelevar as dificuldades impostas pela ausência de estruturas com as quais a língua mantinha relações funcionais antes da cirurgia. Contudo, a literatura disponível é escassa em relação a essa hipótese. Da mesma forma, as pesquisas também não evidenciam o comportamento das medidas isométricas da porção oral da língua nessa população que são medidas essenciais para uma deglutição funcional6.
OBJETIVO: Comparar a Pressão Isométrica Máxima de Língua (PIML) e a Resistência Isométrica durante a Pressão de Língua (RIPL) entre laringectomizados totais e não laringectomizados, assim como relacionar essas medidas com a avaliação clínica e autoavaliação da deglutição em laringectomizados totais. MÉTODO: Este é um estudo descritivo, transversal e observacional aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos (3.171.414/19). A amostra foi dividida em um grupo experimental (GE) de 20 indivíduos submetidos a laringectomia total (idade média = 65.85 anos ± 9.842) e um grupo controle (GC) de 20 voluntários saudáveis (idade média = 65.85 anos ± 9.366), controlados quanto a idade e sexo. Ambos os grupos foram submetidos a avaliação clínica da deglutição e mensuração da PIML e RIPL das regiões anterior e dorsal da língua por meio do dispositivo portátil Iowa Oral Performance Instrument (IOPI®), sempre realizada pelo mesmo fonoaudiólogo, com experiência clínica. Os pacientes do GE responderam a versão traduzida e adaptada para o português brasileiro do Swallow Outcomes After Laryngectomy Questionnaire (SOAL). Todas as análises estatísticas foram realizadas por meio do software PSPP. RESULTADOS: As RIPL anterior e dorsal de língua foram significativamente menores no GE (p=<0,001; p= 0,002, respectivamente). Não houve diferenças na PIML entre os grupos ou entre as categorias da avaliação clínica e da autoavaliação. Entretanto, entre os laringectomizados totais, as RIPL anterior e dorsal de língua foram significativamente mais altas na presença de alteração na deglutição de líquido.A RIPL da região dorsal foi menor entre os que referiram diminuição da quantidade de refeição. CONCLUSÃO: A RIPL é menor em laringectomizados totais em comparação aos não laringectomizados. No entanto, a pressão isométrica máxima das regiões anterior e dorsal da língua não apresentam diferenças.Quando relacionada à função de deglutição a RIPL na região dorsal é menor nos que relatam ter diminuído a quantidade de alimento nas refeições e é maior nas duas regiões avaliadas nos que tem alterações para deglutir líquido fino.

1. Morandi, J.C.; Capobianco, D.M.; Arakawa-Sugueno, L. et al. Análise videofluoroscópica da deglutição após laringectomia total. Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça Pescoço. 2014; 43(3):116-19.
2. Landera, M.A.; Lundy, D.S.; Sullivan, P.A. Dysphagia After Total Laryngectomy. American Speech-Language-HearingAssociation (ASHA). 2010; 19(2): 39-44.
3. Lazarus, C.L.; Logemann, J.A.; Pauloski, B.R. et al. Swallowing disorders in head and neck cancer patients treated with radiotherapy and adjuvant chemotherapy. The Laryngoscope. 1996; 106(11):57-66.
4. Rogus-Pulia, N.M.; Larson, C.; Mittal, B.B. et al. Effects of Change in Tongue Pressure and Salivary Flow Rate on Swallow Efficiency FollowingChemoradiation Treatment for Head and Neck Cancer. Dysphagia. 2016; 31:687–96.
5. Zenga, J.; Goldsmith, T.; Bunting, G. et al. State of the art: Rehabilitation of speech and swallowing after total laryngectomy. Oral Oncology. 2018; 86: 38-47.
6. Ono, T.; Hori, K.; Tamine, K. et al. Evaluation of tongue motor biomechanics during swallowing: from oral feeding models to quantitative sensing methods. Japanese Dental Science Review. 2009; 45(2):65–74.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
764
PREVALÊNCIA DA EXPOSIÇÃO AO RUÍDO EM TRABALHADORES DE SANEAMENTO, ELETRICIDADE E GÁS NA BAHIA (2014-2018)
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O ruído ocupacional, considerado um problema de saúde pública, é responsável por 16% dos casos de perda auditiva em adultos no mundo(1–3). Estudos internacionais apontam que, em comparação com outros ramos de atividade, “eletricidade e gás” e “água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação” (saneamento) apresentam elevadas proporções de trabalhadores expostos, com pouca redução nos níveis de intensidade de ruído ocupacional entre 1979 e 2013(4,5). Contudo, são escassos os estudos nacionais que abordam as condições de trabalho nesses ramos de atividade. OBJETIVO: Estimar a prevalência da exposição ao ruído entre trabalhadores de saneamento, eletricidade e gás na Bahia, entre 2014–2018. MÉTODOS: Estudo epidemiológico cuja população compreendeu todos os trabalhadores de empresas dos ramos de atividade de saneamento, eletricidade e gás que contrataram o Departamento Regional da Bahia do Serviço Social da Indústria, SESI-Bahia, entre os anos de 2014–2018, para realização do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). A exposição ao ruído foi definida a partir de avaliação qualitativa empregada no PPRA, considerando-se expostos aqueles classificados com risco alto, que corresponde à intensidade igual ou superior ao nível de ação (80 dB(A)/8 horas)(6). Foram estimadas a prevalência, as razões de prevalência (RP) e respectivos intervalos de confiança (IC95%) segundo as variáveis sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade e sub-ramos de atividade (classes da Classificação Nacional de Atividades Econômicas, CNAE). Estudo aprovado pelo comitê de ética da instituição na qual foi realizado, sob número de parecer 2.799.221/2018. RESULTADOS: Foram identificados 4.280 trabalhadores, dos quais 77,0% (n=3.297) atuavam no ramo de saneamento e os demais (23,0%; n=983) no ramo de eletricidade e gás. Neste último não foram identificados trabalhadores classificados como expostos ao ruído com risco alto, enquanto no ramo de saneamento os trabalhadores expostos somavam 20,9%. As análises posteriores foram, então, realizadas apenas para o ramo de saneamento. Entre os homens, a proporção de expostos ao ruído foi de 25,8%, em contraste com 1,2% entre as mulheres (RP=21,14; IC95%=10,59-42,23). A prevalência de exposição ao ruído foi também maior entre os indígenas ou amarelos (48,1%) e entre pretos ou pardos (21,4%) quando comparados com os brancos (10,5%) (RP=4,61; IC95%=2,86-7,42 e RP=2,05; IC95%=1,54-2,72, respectivamente), aumentou com a idade (p-tendência<0,0001) e de modo inversamente proporcional ao nível de escolaridade (p-tendência<0,0001). Entre os sub-ramos de atividade, a maior prevalência de exposição foi observada para trabalhadores da “captação, tratamento e distribuição de água” (40,9%). CONCLUSÃO: Nesta população, no ramo de saneamento, um em cada cinco trabalhadores estavam expostos ao ruído, enquanto não havia trabalhadores expostos no ramo de eletricidade e gás. No saneamento, os trabalhadores mais comumente expostos eram do sexo masculino, indivíduos mais velhos, não-brancos e com menor escolaridade. Embora restritos às empresas que contrataram o SESI-Bahia, esses achados contribuem para o conhecimento científico sobre as condições de trabalho nos ramos de saneamento, eletricidade e gás, e reforçam a necessidade de que programas de prevenção da perda auditiva considerem as suas especificidades.

1. WHO Europe. WHO Europe GBD Data and statistics [Internet]. Occupational health. 2017 [cited 2018 Nov 20]. Available from: http://www.euro.who.int/en/health-topics/environment-and-health/occupational-health/data-and-statistics
2. De Almeida SIC, Albernaz PLM, Zaia PA, Xavier OG, Karazawa EHI. História natural da perda auditiva ocupacional provocada por ruído. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 2000;46(2):143–58. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302000000200009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
3. WHO. Global health risks: mortality and burden of disease attributable to selected major risks [Internet]. Who. Geneva: WHO; 2009. 62 p. Available from: https://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/global_health_risks/en/
4. Sayler SK, Roberts BJ, Manning MA, Sun K, Neitzel RL. Patterns and trends in OSHA occupational noise exposure measurements from 1979 to 2013. Occup Environ Med. 2019;76(2):118–24.
5. Tak SW, Davis RR, Calvert GM. Exposure to hazardous workplace noise and use of hearing protection devices among us workers-NHANES, 1999-2004. Am J Ind Med. 2009;52(5):358–71.
6. BRASIL. Norma Regulamentadora N° 9, de 09 de abril de 08 de junho de 1978. Programa De Prevenção De Riscos Ambientais. Portaria MTb n.o 871 [Internet]. Portaria MTb n.o 3.214, de 08 de junho de 1978 Brasil; 2017 p. 1–13. Available from: http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR09/NR-09-2016.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1888
PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES FONOLÓGICAS NA FALA DE CRIANÇAS DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O processo de aquisição da linguagem tem seu período crucial na infância¹. Considerando um desenvolvimento típico, o sistema fonológico do indivíduo está completo entre 5 e 7 anos, assemelhando-se, assim, à fala adulta². Uma alteração no padrão de normalidade da linguagem pode gerar sérias consequências, comprometendo o desenvolvimento de outras áreas³, incluindo o processo de alfabetização, uma vez que o término desse período de desenvolvimento coincide com o ingresso na escola. Crianças que dominam o sistema fonológico corretamente estão mais aptas para aplicar essas regras na escrita⁴. No entanto, estudos apontam que muitas crianças em idade escolar ainda apresentam alterações/atrasos no domínio da língua oral, o que interfere na aquisição da escrita e, consequentemente, no processo de ensino-aprendizagem como um todo(5).
Objetivo: Verificar a presença de alterações fonológicas na fala de crianças do 2º ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal, a fim de delinear a incidência deste quadro, bem como sua caracterização, com vistas a contribuir para o diagnóstico e a prevenção/superação destes distúrbios por meio de ações de extensão.
Metodologia: Trata-se de um estudo de campo, transversal, prospectivo, de caráter qualitativo-quantitativo e de perfil descritivo, realizado após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem, sob nº 3.647.518. Foram incluídos todos os alunos matriculados no segundo ano da escola, exceto aqueles que apresentassem alguma patologia que pudesse interferir no resultado da avaliação, de acordo com consulta realizada à ficha escolar do aluno. Em seguida, aplicou-se o Protocolo de Avaliação Fonológica Infantil (PAFI)(6), por um estudante de fonoaudiologia treinado, sob supervisão. O protocolo consiste de vinte e cinco figuras que contemplam todos os sons do português brasileiro em todas as posições silábicas possíveis; o avaliador deve mostrá-las, uma a uma, para a criança, que deverá dizer o nome da ilustração que visualiza. O registro de fala foi gravado para posterior transcrição fonética. A análise foi realizada com base nos processos fonológicos.
Resultados: Cerca de um terço das crianças avaliadas apresentaram alterações fonológicas em sua fala. Este número é alarmante, tendo em vista que, de acordo com a faixa etária das crianças (média de 7,3 anos ±0,6), o sistema fonológico já deveria estar completo. Os processos fonológicos mais prevalentes na amostra foram Redução de Encontro Consonantal (46%), Substituição de Líquida (26%) e Apagamento de Líquida Final não-lateral (12%). As classes de sons mais comprometidas foram as líquidas (86%), seguidas das plosivas e fricativas (ambas 8%).
Conclusão: Verificou-se alto índice de ocorrência de alterações fonológicas nos alunos do 2º ano avaliados, com prevalência de processos fonológicos que envolvem a classe das consoantes líquidas, em especial em relação aos encontros consonantais (onsets complexos), envolvendo tanto o apagamento como a substituição desses sons. Os resultados apontam para a necessidade de intervenção fonoaudiológica, tanto de forma preventiva, com a promoção de ações de extensão, como de reabilitação, para casos específicos identificados que foram encaminhados para terapia fora do âmbito escolar, contribuindo, desta forma, para o processo de ensino-aprendizagem.

1 – CERON, Marizete I., GUBIANI, Marielda B., OLIVEIRA, Camila R., GUBIANI, Marieli B., SOARES, Márcia K. Ocorrência do desvio fonológico e de processos fonológicos em aquisição fonológica típica e atípica. CoDAS vol.29 no.3 São Paulo, 08 de maio de 2017. Disponível em Acesso em 12/04/2020.
2- MOURA, Paula. Marcos do desenvolvimento infantil. Paula Moura Fonoaudióloga. Disponível em http://paulamourafono.com.br/wp-content/uploads/2018/02/MARCOS-DO-DESENVOLVIMENTO-INFANTIL.pdf Acesso em 09/05/2020.
3- LINARD, Arnaldo M., SILVA, Loiva G. S., Gonçalves, Francisca V., Batista, Eraldo C. A estimulação da fala no desenvolvimento das competências cognitivas e comunicativas da criança. Revista Mundi, 2019. Disponível em Acesso em 09/07/2020.
4- QUADRIO, A. C. Ensino de Língua Portuguesa: Teorias e práticas. Cap. 2, Sujeitos de desenvolvimento típico e atípico na construção da escrita. 1ª edição. Rio de Janeiro. Gramma, 2018.
5- CERON, Marizete I., GUBIANI, Marielda B., OLIVEIRA, Camila R., GUBIANI, Marieli B., SOARES, Márcia K. Ocorrência do desvio fonológico e de processos fonológicos em aquisição fonológica típica e atípica. CoDAS vol.29 no.3 São Paulo, 08 de maio de 2017. Disponível em Acesso em 12/04/2020.
6 - BUENO, Tatiana Garbin; VIDOR, Deisi Cristina Gollo Marques e ALVES, Ana Luisa Sant’Anna. Protocolo de avaliação fonológica infantil - PAFI: projeto piloto. Verba Volant, v. 1, nº 1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2010.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1351
PREVALÊNCIA DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM MÚSICOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Disfunção temporomandibular (DTM) é um conjunto de sinais e sintomas relacionados à articulação temporomandibular e/ou músculos mastigatórios e estruturas associadas. Sua etiologia é multifatorial e se relaciona com hábitos parafuncionais, traumas e fatores psicossociais (Donnarumma, 2010). Os músicos podem ser um grupo de risco para o desenvolvimento/agravamento da DTM, considerando a estrutura e funcionalidade do instrumento, bem como os fatores psicossociais envolvidos na prática. (Kok, 2018).
Objetivo: Determinar a prevalência de disfunção temporomandibular em músicos.
Metodologia: Uma revisão sistemática foi realizada. Os artigos foram pesquisados nas bases de dados eletrônicas: LILACS, LIVIVO, PubMed (incluindo Medline), Scopus e Web of Science, além das buscas na literatura cinzenta Google Scholar, OpenGrey, Proquest Dissertations e Thesis, como também a consulta aos especialistas. Além disso, foram examinadas as listas de referências bibliográficas dos estudos relevantes para identificação de artigos potencialmente elegíveis. Não foram aplicadas restrições da data de publicação, idioma ou status de publicação. Os estudos foram selecionados por duas avaliadoras independentes, que também extraíram os dados e avaliaram a qualidade metodológica dos estudos. A revisão sistemática foi reportada conforme o guideline PRISMA-P-“Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analysis Protocols” (2015) e a análise de risco de viés foi realizada utilizando uma lista de verificação crítica da Joanna Briggs Institute Critical Appraisal Checklist (2016) para estudos de prevalência. Essa revisão está registrada no PROSPERO (International Prospective Register of Systematic Reviews) sob o número de protocolo CRD42019133277.
Resultados: A partir da busca inicial, um total 658 estudos foram selecionados. Após leitura dos títulos e resumos, bem como da aplicação dos critérios de inclusão, 13 artigos foram selecionados para análise qualitativa. Em relação ao tamanho da amostra, houve uma variação de 31 a 1470 participantes. Os meios diagnósticos da DTM observados nos estudos foram protocolos padronizados, bem como entrevistas, exames clínicos e radiografias. No que diz respeito ao risco de viés, 2 (15%) estudos apresentaram alto risco de viés, enquanto 5 (38%) moderado e 6 (46%) baixo risco de viés. É importante destacar que, a qualidade geral das evidências nos estudos, bem como as distintas metodologias utilizadas, diferentes critérios de diagnóstico e tamanhos inadequados de amostra, corroboram para grandes níveis de heterogeneidade na síntese dos resultados.
Conclusão: A prevalência de DTM em músicos, nesta revisão sistemática, variou de 29% à 89%.

Donnarumma MDC, Muzilli CA, Ferreira C, Nemr K. . Temporomandibular Disorders: signs, symptoms, and multidisciplinary Revista CEFAC. 2010, 12(5)(2), 788–794.
Kok LM, Groenewegen KA, Huisstede BMA, Nelissen RGH, Rietveld ABM, Haitjema S. The high prevalence of playing-related musculoskeletal disorders (PRMDs) and its associated factors in amateur musicians playing in student orchestras: A cross sectional study. PLoS ONE. 2018 13(2), 1–12.
Moher D, Shamseer L, Clarke M, Ghersi D, Liberati A, Petticrew M, et al. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P). Syst Rev . 2015; 4(1), 1.
The Joanna Briggs Institute (JBI). Checklist for Randomized Controlled Trials. Joanna Briggs Institute. 2016.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1845
PREVALÊNCIA DE DOR OROFACIAL EM ADULTOS COM FISSURA LÁBIO PALATINA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A dor orofacial refere-se a qualquer tipo de dor na área delimitada pelos olhos e pelas mandíbulas inferiores, incluindo a cavidade oral[1] podendo irradiar-se para diferentes regiões anatômicas do crânio, face e região cervical[2]. Formas debilitantes de dor orofacial, como as disfunções temporomandibulares (DTM) estão associadas a dor persistente na região da articulação temporomandibular, região periauricular e músculos da cabeça. Sua etiologia é multifatorial e resulta de uma complexa interação entre variáveis biológicas, psicológicas, sociais e ambientais [3,4]. Os distúrbios funcionais em indivíduos fissurados podem comprometer estas estruturas e os numerosos mecanismos de dor orofacial, particularmente desordens temporomandibulares dolorosas (DTM-P), podem estar relacionados a essas condições. OBJETIVOS: Estimar a prevalência de dor orofacial crônica em indivíduos com FL/P e avaliar seu impacto em função da intensidade e incapacidade relacionadas à dor. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo observacional com amostra aleatória intencional de indivíduos fissurados (n = 80). Dois questionários foram aplicados: triagem para DTM da Academia Americana de Dor Orofacial (AAOP) e a Escala de Dor Crônica Gradual (GCPS). O teste qui-quadrado foi utilizado para associação entre categorias (œ=5%). Para fins de análise, FL/P foram dicotomizadas “unilateral”/“bilateral”, o GCPS foi categorizado “sem dor nos seis meses anteriores”, “baixa incapacidade” e “ alta incapacidade ". As associações entre o questionário AAOP e o GCPS foram avaliadas por análise bivariada. As análises não paramétricas do escore do questionário AAOP quanto ao tipo de fissura e idade e escore AAOP em relação ao grau de dor crônica (GCPS) pelo teste de Kruskall-Wallis. Resultados: Da amostra inicial de 209 indivíduos um total de 80 preencheram os critérios de inclusão; destes 53,8% masculinos (n = 43) e 46,3% femininos (n = 37), com idade de 28,72 (± 11,42) anos. Destes, 75% (n = 60) responderam afirmativamente uma das perguntas do questionário da AAOP . Os resultados foram significativos para a pergunta "Você está ciente de ruídos nas articulações da mandíbula?" em relação ao tipo de fissura (p = 0,007) com RR = 0,596 (0,398 - 0,891) de fissura unilateral. Em relação ao sexo, houve diferença estatisticamente significante em duas questões: “Sua mandíbula fica“ presa ”,“ travada ”ou“ sai do lugar?” (p = 0,032) com RR = 0,507 (0,405 - 0,633) masculino em relação ao feminino e “Você costuma ter dores de cabeça, dor de garganta ou dentária?” (p = 0,044) também com risco relativo masculino em relação ao sexo feminino RR = 0,602 (0,417 - 0,870). O questionário de dor crônica (GGPS). As respostas foram categorizadas em: sem dor, Grau I e II (baixa incapacidade - baixa intensidade e baixa incapacidade - alta intensidade;) e Grau III e IV (alta incapacidade - moderadamente limitante e alta incapacidade - severamente limitante). Nas análises bivariadas, não houve diferenças estatisticamente significantes em relação ao tipo de CL / P (p = 0,323) ou ao gênero (p = 0,823). Conclusões: a investigação da dor orofacial deve fazer parte da rotina dos serviços que trabalham com pacientes com FL/P e deve ser orientada a procurar atenção especializada para esta dor.

Van Deun L, de Witte M, Goessens T, et al. Facial Pain: A Comprehensive Review and Proposal for a Pragmatic Diagnostic Approach. Eur Neurol. 2020 Mar 27:1-12.
Miyawaki S, Takada K. Incisor crossbite and repaired unilateral cleft lip and palate: changes in jaw movement and temporalis muscle activity before and after edgewise treatment--case report. The Cleft palate-craniofacial journal : official publication of the American Cleft Palate-Craniofacial Association. 1997 Nov;34(6):533-7.
Marcusson A, List T, Paulin G, et al. Temporomandibular disorders in adults with repaired cleft lip and palate: a comparison with controls. Eur J Orthod. 2001 Apr;23(2):193-204.
. Szyszka-Sommerfeld L, Matthews-Brzozowska T, Kawala B, et al. Electromyographic Analysis of Masticatory Muscles in Cleft Lip and Palate Children with Pain-Related Temporomandibular Disorders. Pain Res Manag. 2018;2018:4182843.
Paradowska-Stolarz A, Kawala B. Occlusal disorders among patients with total clefts of lip, alveolar bone, and palate. Biomed Res Int. 2014;2014:583416.
Reny de Leeuw GDK. Guidelines for Assessment, Diagnosis, and Management (American Academy of Orofacial Pain). 6th Edition ed. 2018.
Von Korff M, Dworkin SF, Le Resche L. Graded chronic pain status: an epidemiologic evaluation. Pain. 1990 Mar;40(3):279-91.
Mossey PA, Little J, Munger RG, et al. Cleft lip and palate. Lancet (London, England). 2009 Nov 21;374(9703):1773-8591.
Yilmaz HN, Ozbilen EO, Ustun T. The Prevalence of Cleft Lip and Palate Patients: A Single-Center Experience for 17 Years. Turk J Orthod. 2019 Sep;32(3):139-144.
Shapira Y LE, Kuftinec MM, Borell G. The Distribution of Clefts of the Primary and Secondary Palates by Sex, Type, and Location.pdf. Angle Orthod. 1999;69(6):523‐528. .








33. Kim KS, Son WS, Park SB, et al. Relationship between chin deviation and the position and morphology of the mandible in individuals with a unilateral cleft lip and palate. Korean J Orthod. 2013 Aug;43(4):168-77.


36. Smarius B, Loozen C, Manten W, et al. Accurate diagnosis of prenatal cleft lip/palate by understanding the embryology. World J Methodol. 2017 Sep 26;7(3):93-100.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
582
PREVALÊNCIA DE QUEIXAS DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM MUSICISTAS DA CIDADE DE BRUMADINHO - MG
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: a disfunção temporomandibular (DTM) tem etiologia multifatorial, sendo que inúmeros fatores podem contribuir para o aparecimento dos sinais/sintomas relacionados ao sistema estomatognático1. Os musicistas são considerados suscetíveis ao desenvolvimento de DTM, podendo sua prática apresentar-se como um fator de iniciação, predisponente ou perpetuante2.A prática instrumental por tempo prolongado, o alto grau de desempenho exigido, a rigorosa técnica individual e o formato específico de cada instrumento musical podem levar os profissionais a, muitas vezes, ultrapassarem seu limite fisiológico, conferindo uma alta prevalência de lesões musculoesqueléticas em músicos3. Objetivo: investigar a ocorrência de queixas de disfunção temporomandibular (DTM) em musicistas da cidade de Brumadinho (MG). Método: estudo transversal observacional analítico aprovado pelo Comitê de ética sob o nº 2.840.100 realizado com 48 adultos, de ambos os sexos, com idade a partir de 18 anos. Os participantes foram divididos em três grupos: grupo experimental de instrumentistas de corda (GEC) e de sopro (GES) e grupo controle (GC). Foi aplicado o Protocolo para Determinação dos Sinais e Sintomas de Desordens Temporomandibulares para Centros Multiprofissionais (ProDTMmulti)4,5 e um questionário que investigou a rotina dos indivíduos. Os dados dos três grupos foram comparados por meio de análise estatística com nível de significância de 5%. Resultados: dentre os participantes 39,6% relataram espontaneamente alguma queixa (sinal/sintoma) de DTM, sendo a mais prevalente dor no masseter bilateralmente. O GC apresentou menor prevalência de queixa espontânea. Quando questionados sobre a presença de sinais/sintomas de DTM verificou-se diferença entre os grupos quanto à queixa de ruído e quanto ao padrão mastigatório (p<0,05). Apenas no repouso foi observada diferença em dor no pescoço e na sensação de plenitude auricular. Em relação aos hábitos orais deletérios, foi encontrada diferença quando associados à presença de queixa e aos grupos, sendo maior a prevalência no GES (p<0,05). Verificou-se associação entre queixa de DTM e dor muscular na face, dor muscular na face durante a atividade musical, dor muscular na face após atividade musical, dor de cabeça, dor de cabeça após atividade musical e hábitos orais deletérios. Os participantes relataram não ter conhecimento prévio sobre DTM. Conclusão: os musicistas de sopro e cordas da cidade de Brumadinho – MG não têm conhecimento sobre a DTM, embora apresentem queixas.

Palavras-Chave: Transtornos da Articulação Temporomandibular, Dor facial, Músculos da Mastigação, Música, Fonoaudiologia.

1. Okeson JP. Bell´s orofacial pains the clinical management of orofacial pain. 6th edition: Quintessence Publishing; 2005.
2. Neto JM, Almeida C, Bradasch ER, Corteletti LCB, SIlvério KL, Pontes MMA, Marques JM. Ocorrência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em músicos. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(3):362-6.
3. Subtil MML, Bonomo LMM. Avaliação fisioterapêutica nos músicos de uma orquestra filarmônica. Per Musi. 2012;25:85-90.
4. Felício CM, Mazzetto MO, Silva MA, Bataglion C, Hotta TH. A preliminary protocol for multi-professional centers for the determination of signs and symptoms of temporomandibular disorders. Cranio. 2006;24(4):258-64.
5. Felício CM, Melchior MO, Silva MA. Clinical validity of the protocol for multi-professional centers for the determination of signs and symptoms of temporomandibular disorders. Part II. Cranio. 2009;27(1):62-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1811
PREVALÊNCIA DE SENSIBILIDADE SENSORIAL AUDITIVA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE REFERÊNCIA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um distúrbio neurodesenvolvimental complexo de incidência notavelmente alta, que é caracterizado por padrões de comportamentos repetitivos e estereotipado, déficits na comunicação e interação, apresentando hiper/hiporreatividade a estímulos sensoriais. Pesquisas recentes sugerem que a incidência de TEA na população em geral é de 1 criança em cada 68, chegando a 1 em 42 para meninos.1As anormalidades sensoriais são um dos sintomas mais prevalentes do TEA, relatados em até 87% dos indivíduos.2 A integração de informações entre os diferentes sentidos é essencial na construção de representações perceptivas saudáveis representando um dos elementos básicos para a construção de habilidades cognitivas, havendo a necessidade do correto processamento das informações sensoriais advindas de nosso sistema nervoso periférico. A falha em construir uma representação perceptiva precisa e significativa do mundo exterior provavelmente implicará em déficits de ordem superior, dificultando a interação com o meio ambiente.3A hipersensibilidade auditiva pode ser observada quando há um desconforto auditivo frente a estímulos de baixa a média intensidade ou a determinadas frequências, geralmente agudas. Estudos de processamento auditivo e percepção em TEA mostram um padrão de dificuldades que se manifestam à medida que aumenta a complexidade das informações auditivas.4,5 Utilizando medidas subjetivas, como um questionário aplicado aos pais, é possível mensurar se há existência de alguma anormalidade na sensibilidade auditiva, visto que os a maioria dos sintomas são constatados por observação clínica. Este trabalho teve como objetivo analisar os achados de um questionário aplicado aos pais de crianças e adolescentes com diagnóstico de TEA sobre hipersensibilidade auditiva de seus filhos e mensurar a prevalência de queixa de hipersensibilidade auditiva em um ambulatório de referência de um hospital universitário. Métodos: É um estudo transversal e observacional, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número 77900517.2. A amostra foi composta por 99 crianças e adolescentes de ambos os sexos, sendo 3 meninas e 96 meninos com
Idade 8,9 ± 2,7 (média ± DP anos) em um ambulatório de neuropediatria e autismo em um Hospital Universitário. Todos os pais dos indivíduos responderam um questionário com 7 itens a respeito de dados gerais, informações sobre audição e hipersensibilidade auditiva, linguagem, comportamentos comuns, terapias realizadas e interesses. Resultados: Verificou-se que para N = 99, há uma média de 91,92 % para crianças e jovens com TEA com queixa de hipersensibilidade auditiva e 8,08 % de crianças e adolescentes sem hipersensibilidade auditiva. Conclusão: Constatou-se a alta prevalência de hipersensibilidade auditiva em crianças e adolescentes com TEA em um ambulatório de referência, em conformidade com análise da literatura explorada.

1.Baum SH, Stevenson RA, Wallace MT. Behavioral, Perceptual, and Neural Alterations in Sensory and Multisensory Function in Autism Spectrum Disorder. Prog Neurobiol. 2015; 134: 140–160.
2 . Le Couteur A, Rutter M, Lord C, Rios P, Robertson S, Holdgrafer M, McLennan J. Autism diagnostic interview: a standardized investigator-based instrument. J Autism Dev Disord. 1989;19(3):363-87
3 . Lord C. Follow - up of two - year - olds referred for possible autism. J Child Psychol Psychiatry . 1995;36(8):1365-82.
4. Stevenson RA, Segers M, Ferber S, Barense MD, Wallace MT. The impact of multisensory integration deficits on speech perception in children with autism spectrum disorders. Front Psychol. 2014; 5: 379.
5. O'Connor K. Auditory processing in autism spectrum disorder: a review. Neurosci Biobehav. 2012;36(2):836-54.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1238
PREVALÊNCIA DE SINTOMAS ATIVOS DA DISFUNÇÃO VELOFARÍNGEA EM INDIVÍDUOS COM FISSURA LABIOPALATINA DA REGIÃO AMAZÔNICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Indivíduos com fissura labiopalatina (FLP), mesmo após o fechamento cirúrgico primário do palato, podem apresentar disfunção do mecanismo velofaríngeo. A presença de comunicação entre as cavidades oral e nasal durante a produção da fala resultará no surgimento de sintomas que podem prejudicar o processo de comunicação oral 1. Os sintomas comuns são hipernasalidade, emissão de ar nasal, ronco nasal e fraca pressão intraoral, denominados sintomas passivos da fala. Sintomas ativos da fala também são comumente observados nesses pacientes. As articulações compensatórias encontram-se nesta categoria e são caracterizadas por compensações motoras durante a produção da fala. Devido à falta da pressão intraoral, o indivíduo substitui o ponto articulatório correto de um som por outro ponto articulatório no trato vocal. Golpe de glote, fricativa faríngea, fricativa nasal e posterior, plosiva faríngea, são exemplos de sintomas ativos 2, 3. Objetivo: Verificar a prevalência de sintomas ativos da disfunção velofaríngea dos indivíduos com FLP reparada, da Região Amazônica, atendidos em serviço público do Estado do Amazonas. Métodos: Estudo desenvolvido na instituição pública do Estado do Amazonas, responsável pelos atendimentos de pacientes com FLP da Região Amazônica, localizada na cidade de Manaus-AM, com a anuência do responsável pela instituição e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 76186117.4.0000.5441). Os participantes foram recrutados aleatoriamente e avaliados durante seus atendimentos ambulatoriais de rotina, no período de outubro de 2017 a janeiro de 2019. Participaram do estudo, 420 indivíduos com FLP operada sem outras anomalias craniofaciais associadas, de diferentes etnias, ambos os sexos, com idades entre 4 e 57 anos. Os indivíduos foram submetidos à gravação de fala em sistema de áudio, com amostra de fala composta por sentenças padronizadas e fala espontânea4. As amostras foram julgadas por três fonoaudiólogos experientes na avaliação da fala de indivíduos com FLP. Os sintomas ativos da fala foram classificados em ausente ou presente, independentemente da quantidade de sons alterados. O escore final foi obtido pelo consenso entre os três avaliadores. Resultados: Verificou-se presença dos sintomas ativos da fala em 57% (238/420) dos indivíduos. Conclusão: A partir dos resultados obtidos no presente estudo foi possível concluir que a maioria dos indivíduos com FLP operada, da Região Amazônica, apresentou alterações de fala, caracterizada pela presença de sintomas ativos da disfunção velofaríngea. Entendendo que essas alterações implicam na alteração da inteligibilidade de fala e consequente prejuízo na comunicação oral, medidas como aumento no número de fonoaudiólogos especializados, programa de prevenção de alterações de fala, terapia fonoaudiológica intensiva, treinamento especializado aos profissionais da região e manutenção dos acompanhamentos podem favorecer esses resultados, além das cirurgias primárias em idade adequada.

1. Meier JD, Muntz HR. Velopharyngeal dysfunction evaluation and treatment. Facial Plast Surg Clin North Am. 2016; 4(4):477-485.
2. Genaro KF, Fukushiro AP, Suguimoto MLFCP. Avaliação e Tratamento dos distúrbios da fala. In: Trindade IEK, Silva Filho OG, organizadores. Fissuras labiopalatinas: uma abordagem interdisciplinar. São Paulo: Editora Santos; 2007.p.109-22.
3- Ma L, Shi B, Li Y, Zheng Q. Velopharyngeal function assessment in patients with cleft palate: perceptual speech assessment versus nasopharyngoscopy. J Craniofac Surg. 2013; 24(4):1229-1231.
4. Dutka JCR. Brasilcleft: uma força-tarefa nacional para o gerenciamento dos resultados da correção da fissura labiopalatina. Revista Comunicar. 2014; 61:12


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1573
PREVALÊNCIA DE ZUMBIDO E DE SINTOMAS ASSOCIADOS EM CRIANÇAS USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Pesquisas prévias quanto a epidemiologia do zumbido em crianças são divergentes e fundamentalmente importantes, com destaque para a população pediátrica, usuária de implante coclear, com vistas ao desenvolvimento de medidas interventivas. Objetivo: Estimar a prevalência e a caracterização do zumbido e investigar sintomas associados em crianças usuárias de implante coclear multicanal uni ou bilateral. Método: Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo CEP, parecer nº 1.572.291. Participaram 70 crianças, de ambos os sexos, de 5 a 12 anos de idade, com perda auditiva sensorioneural bilateral de grau profundo, usuárias de implante coclear uni ou bilateral, regularmente matriculadas em um Serviço público de saúde auditiva. As crianças foram entrevistadas por meio de questões que abordaram assuntos como hipersensibilidade auditiva, exposição a nível elevado de pressão sonora, presença de queixa de zumbido e queixas vestibulares. Além disso, seus pais e/ou responsáveis responderam a um questionário, o qual é composto por sete questões abertas referentes aos dados audiológicos de seus filhos. Os dados do estudo foram analisados de maneira descritiva e a prevalência de zumbido foi estimada por meio de frequências relativas (porcentagem). Resultados: Observou-se uma prevalência da percepção do zumbido em 10 crianças (14,3%), sendo que 4 delas (5,7%) apresentam incômodo. Contudo, das 70 crianças entrevistadas, 32 (45,7%) apresentaram incômodo com os sons ambientais, 24 (34,3%) desconforto e 15 (21,4%) a associação dos mesmos. Adicionalmente, todas as crianças já estiveram em locais com nível de pressão sonora elevado, seja por música alta ou fogos de artifícios, sem apresentar quaisquer prejuízos. Neste estudo, 30 crianças (43%) apresentaram sintomas vestibulares no momento em que “brincam no parque”, com maior frequência em brinquedos giratórios. Também foram constatados que 12 crianças (17,1%) apresentaram sintomas vestibulares idênticos, enquanto viajavam de carro ou ônibus, bem como o relato de três crianças (4,3%) com sintomas vestibulares diferentes, por exemplo, vertigem em lugares altos, tontura seguida de queda, desequilíbrio para andar de bicicleta, episódios de sincope e vertigem. Quanto à impressão dos familiares, 72,8% (n=51) referiram alterações nas percepções dos sons para as crianças, em relação às suas próprias percepções dos sons do cotidiano e 57,1% (n=40) referiram apresentar alterações em suas autopercepções. Neste estudo, 10% (n=7) das crianças fazem uso de medicação contínua e 4,2% (n=3) apresentaram mais de três episódios de alteração de orelha média nos últimos 12 meses. Conclusão: A prevalência de zumbido em crianças usuárias de implante coclear foi de 14,3% (n=10) e de incômodo em 5,7% (n=4), com maior prevalência do sintoma em ambas as orelhas (50%) e a sua supressão em 80% das crianças mediante o uso do dispositivo eletrônico. Como sintomas associados, encontrou-se o incômodo com os sons, o desconforto com os mesmos e a associação de ambos, além dos sintomas vestibulares. Todas as respostas foram precisas e consistentes, portanto, faz-se possível e importante a investigação de queixas auditivas e vestibulares em crianças implantadas.

Coelho CB, Sanchez, TG, Tyler RS. Hyperacusis, sound annoyance, and loudness hypersensitivity in children. Prog Brain Res. 2007;166:169-78.

Coelho CB, Sanchez TG, Tyler RS. Tinnitus in children and associated risk factors. Prog Brain Res. 2007;166:179-91.

Chadha NK, Gordon KA, James AL, Papsin BC. Tinnitus is prevalent in children with cochlear implants. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2009;73(5):671-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2132
PREVALÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EM CRIANÇAS EXPOSTAS AO ZIKA VÍRUS NO ESTADO DE PERNAMBUCO.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A microcefalia é uma anomalia em que o Perímetro Cefálico (PC) é menor que dois ou mais desvios-padrão (DP) do que a referência para o sexo, a idade ou tempo de gestação¹ que ficou evidente em 2015 quando devido um surto de infecção pelo Zika Vírus houve um aumento no número de casos de crianças com microcefalia congênita. Problemas com a alimentação dessas crianças foram identificadas e há poucos dados sobre o aleitamento materno para essa população² ³. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou o aleitamento exclusivo até o sexto mês de vida do bebê, com continuidade até dois anos de vida também nessa população, mas a prevalência de aleitamento no Brasil encontra-se em torno de 32%. OBJETIVO: Descrever a prevalência do aleitamento materno (AM) de crianças com infecção congênita do zika vírus com e sem microcefalia. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa do tipo transversal com abordagem quantitativa desenvolvido com 114 mães de crianças com infecção congênita pelo zika vírus, sendo 58 com microcefalia e 56 sem microcefalia, entrevistadas durante a pesquisa de coorte realizada pelo MERG (Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia). Os dados coletados constaram sobre a realização do aleitamento materno e o tempo de aleitamento materno entre os dois grupos. O tempo de aleitamento materno foi dividido em dois momentos o primeiro de 0-4 meses e acima de quatro meses para avaliar o início da fase cortical da deglutição; e conforme a recomendação do ministério da saúde que recomenda aleitamento até o sexto mês. RESULTADOS: Do total de entrevistadas 78,9% realizaram o aleitamento materno. Quando comparamos os grupos, observamos que 82,5% das mães sem microcefalia e 75,5% das crianças com microcefalia realizaram aleitamento materno. Na análise do tempo de aleitamento materno dos dois grupos 50% realizaram o aleitamento até o quarto mês e 69,3% realizaram até o sexto mês de vida. Analisando os grupos individualmente, observamos que o grupo com microcefalia realizou o aleitamento por mais tempo que o grupo sem microcefalia em ambos os períodos. No período de 0-4 meses encontramos um percentual de 59,6% de mães com crianças com microcefalia que aleitaram mais que as sem microcefalia (40,4%). No período de 0-6 meses vimos que 54,4% das mães de crianças com microcefalia realizaram o aleitamento materno. CONCLUSÃO: Ambos os grupos de mães (com e sem microcefalia) apresentaram uma prevalência de AM mais alta que a do Brasil. Levando em consideração que as mães com microcefalia tiveram um acompanhamento de perto de vários profissionais da área de pediatria o incentivo ao aleitamento materno, a alta prevalência de aleitamento materno em ambos os grupos demonstra que o incentivo ao aleitamento e acompanhamento próximo das equipes de saúde favorecem as políticas de saúde materno-infantil.

1- Miranda-Filho DB, Martelli CM, Ximenes RA, Araujo TV, Rocha MA, Ramos RC, et al. Initial description of the presumed congenital Zika syndrome. Am J Public Health.2016;106:598–600.
2- OMS. Amamentação no contexto do vírus Zika. Orientações provisórias.25 de Fevereiro de 2016. WHO/ZIKV/MOC/16.5
3- Santos FS et al. Aleitamento materno de crianças com microcefalia por zika vírus. Research, Society and Development, v. 9, n. 6, e150963692, 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1925
PREVALÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EM RECÉM-NASCIDOS INTERNADOS EM UTI NEONATAL: O PAPEL DO FONOAUDIÓLOGO JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Perante o crescimento e a abrangência da fonoaudiologia, a atuação dessa profissão na área hospitalar tem se ampliado nos últimos anos e desta maneira, outras atribuições passaram a fazer parte da atividade do fonoaudiólogo nesse local. No contexto neonatal destacam-se como propósitos o trabalho para o desenvolvimento e adaptações dos reflexos orais para propiciar a deglutição segura, além de incentivar e promover o aleitamento materno (1, 2), favorecer o vínculo mãe bebe (3), o desenvolvimento da linguagem e comunicação de forma ampla. Portanto, o fonoaudiólogo é o profissional com olhar único para o mecanismo funcional que abrange as funções orofaciais, auditivas e de linguagem, sendo necessário em ambiente hospitalar e nas unidades de terapia intensiva e neonatal. Juntamente com a equipe multidisciplinar possibilitará práticas e atitudes adequadas para o favorecimento o apoio a amamentação (4), visto que o aleitamento materno é a forma mais natural e segura de alimentar um recém-nascido e sua duração pode ser favorecida ou restringida por fatores distintos (5). Objetivo: Verificar a prevalência e tipo de aleitamento recebido por recém-nascidos (RNs) internados em UTI Neonatal, no momento da alta hospitalar, fatores relacionados a esta ocorrência e a atuação do fonoaudiólogo neste ambiente. Método: Estudo de coorte retrospectivo de dados de prontuários de recém-nascidos assistidos em unidade de terapia intensiva neonatal de hospitalar privado, na cidade de Joinville-SC, no período de janeiro a dezembro de 2018. A análise das variáveis foi realizada de forma qualitativa e quantitativa. Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo CEP, com número do parecer 2.275.627/ 2017. Resultados: Foram analisados 130 prontuários de RNs e após critérios de exclusão 112 registros considerados válidos. A média de idade gestacional de nascimento foi de 34 semanas e 1 dia, peso de 2211 gramas e período médio de internação de 28 dias. Em relação ao gênero, verificou-se ocorrência semelhante com 50% (n=56) do gênero masculino. Dentre as justificativas para a internação e permanência em UTI Neonatal, verificou-se que 76,1% eram recém-nascidos pré-termos (RNPT). Dos recém-nascidos a termo (RNT), as causas de encaminhamento e internação em UTI Neonatal foram alterações respiratórias em 59%, hipoglicemia em 18,5% e síndromes e malformações congênitas em 7,4%. Quanto a ocorrência do aleitamento na alta hospitalar, 72,3% dos RNs estavam em aleitamento materno exclusivo; 25% em aleitamento materno misto e 2,7% em aleitamento artificial e 95% dos bebês receberam atendimento fonoaudiológico. Conclusão: O aleitamento materno exclusivo foi o tipo de alimentação mais prevalente na alta hospitalar e a fonoaudiologia esteve presente, juntamente com equipe multidisciplinar, na atuação de estratégias de apoio, suporte e orientações quanto a amamentação em UTI Neonatal. Sugere-se necessidade da continuidade dos estudos que evidenciem as características e a efetividade das ações dirigidas aos RNPTs em relação ao aleitamento materno, bem como evidenciar os principais fatores envolvidos desse processo, a fim de manutenção e proposição de ações para a transição alimentar e desenvolvimento global dos RNs com fatores de risco.


1-Castelli Carla Thamires Rodriguez, Almeida Sheila Tamanini de. Avaliação das características orofaciais e da amamentação de recém-nascidos prematuros antes da alta hospitalar. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 Dec [cited 2020 July 11] ; 17( 6 ): 1900-1908. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000801900&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620151768415.

2-Lemes Esther Ferreira, Silva Thais Helena Marçal Morais, Correr Aline de Morais Arieta, Almeida Elizabeth Oliveira Crepaldi de, Luchesi Karen Fontes. Estimulação sensoriomotora intra e extra-oral em neonatos prematuros: revisão bibliográfica. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 June [cited 2020 July 11] ; 17( 3 ): 945-955. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000300945&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620159414.


3- Medeiros Andréa Monteiro Correia, Sá Thalyta Prata Leite de, Alvelos Conceição Lima, Novais Deborah Sabina Farias. Intervenção fonoaudiológica na transição alimentar de sonda para peito em recém-nascidos do Método Canguru. Audiol., Commun. Res. [Internet]. 2014 Mar [cited 2020 July 11] ; 19( 1 ): 95-103. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312014000100016&lng=en. https://doi.org/10.1590/S2317-64312014000100016.

4-Soares Jeyse Polliane de Oliveira, Novaes Lívia Fernanda Guimarães, Araújo Cláudia Marina Tavares de, Vieira Ana Cláudia de Carvalho. Amamentação natural de recém-nascidos pré-termo sob a ótica materna: uma revisão integrativa. Rev. CEFAC [Internet]. 2016 Feb [cited 2020 July 13] ; 18( 1 ): 232-241. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000100232&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620161819215.

5-Silva Patrícia Keitel da, Almeida Sheila Tamanini de. Avaliação de recém-nascidos prematuros durante a primeira oferta de seio materno em uma uti neonatal. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 June [cited 2020 July 11] ; 17( 3 ): 927-935. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000300927&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620159614.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1873
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS AFETADAS PELA COVID-19: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A complicação mais comum e grave em pacientes com COVID-19 é a insuficiência respiratória hipoxêmica aguda ou a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), que requer terapias de oxigênio e ventilação. Alguns desses pacientes críticos necessitaram de intubação e ventilação invasiva (1). OBJETIVO: Integrar os achados das alterações estomatognáticas dos pacientes acometidos pela COVID-19 à intervenção Fonoaudiológica. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão integrativa, descritiva e retrospectiva. Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos que tratem sobre a covid-19, dinâmica respiratória e aspectos fonoaudiólogicos de deglutição e fonação, artigos do tipo carta ao editor e relato de experiência também serão inclusos, devido a atualidade do tema principal abordado. Os critérios de exclusão: artigos puramente farmacológicos sobre covid-19, ou que enfoquem apenas na população pediátrica, sobre genética da COVID-19, doenças ou acometimentos que não estejam diretamente ligados a alterações estomatognáticas de respiração, fonação e deglutição além de artigos do tipo revisão sistemática. Foi realizado um levantamento de dados em bases eletrônicas como (Science Direct, Cochrane, BIREME, Scielo). Os descritores utilizados são: (“COVID-19” OR “SARS-CoV-2”) AND (“Deglutution Disorders” OR Dysphonia OR Respiration OR Pulmonary Ventilation). RESULTADOS: Identificou-se 1147 publicações elegíveis, sendo a maioria publicações internacionais, após a leitura do resumo, estudos que se mostraram duplicados, que fugiam da temática principal proposta e que apresentavam metodologia e revisões sistemáticas, foram excluídos respeitando os critérios e de inclusão e exclusão desta pesquisa. A amostra final foi composta por 05 artigos. Dentre os estudos selecionados, três são do tipo carta ao editor, dois relatos de casos e uma pesquisa quantitativa descritiva. A principal função estomatognáticas afetada pela COVID-19 foi a respiração (60%;n=3), em seguida a fonação descrita em dois estudos, e a deglutição descrita por um estudo. Estes estudos evidenciam uma relação de causa e efeito da COVID-19 com as alterações estomatognáticas, principalmente no que diz respeito as funções de respiração, deglutição e fonação. O sistema respiratório tem sido o mais afetado, as funções de deglutição e fonação são diretamente prejudicadas devido as intervenções terapêuticas que veem sendo necessárias para se preservar a vida. Na unidade de terapia intensiva (UTI) estima-se que 76% dos pacientes admitidos evoluíram para a intubação orotraqueal, dos quais pelo menos 56% já haviam recebido ventilação não invasiva. Sabe-se que a oferta contínua de alto fluxo de oxigênio influencia na hidratação da mucosa da prega vocal. O aspecto vocal foi um dos parâmetros comparados entre os pacientes com COVID-19, persistindo no grupo dos disfônicos sintomas mais graves de: tosse, dor no peito, expectoração pegajosa, fadiga, náusea, vômito, dispnéia, disfagia, dor de ouvido, dor de face, dor de garganta e obstrução nasal. Houve associações significativas entre a gravidade da disfonia, disfagia e tosse. Ressalta-se que o padrão respiratório restritivo repercute no TMF, pressão subglótica e na capacidade vital CONCLUSÃO: A COVID-19 apresenta alterações nas funções respiração, fonação e deglutição, além da alta repercussão negativa na comunicação, portanto o fonoaudiólogo é o profissional que deve estar atendo as tais alterações a fim de traçar a terapêutica mais eficaz.

(1) Meng L, Haibo Q, Li W, Ai Y, Xue Z, Guo Q, Deshpande R, et al. Intubation and Ventilation amid the COVID-19 Outbreak: Wuhan’s Experience. Anesthesiology: The Journal of the American Society of Anesthesiologists. [2020] JUN;132(6):1317-1332. DOI https://doi.org/10.1097/ALN.0000000000003296. Available from: https://anesthesiology.pubs.asahq.org/article.aspx?articleid=2763453

(2) Sztajnbok J, Maselli-Schoueri M, Mendes L, Sousa CR, Cordeiro CM, Borges LC, Malaque CM. Prone positioning to improve oxygenation and relieve respiratory symptoms in awake, spontaneously breathing non-intubated patients with COVID-19 pneumonia. Respiratory Medicine Case Reports [Internet]. [2020] May [cited 2020 Jun 15];30 DOI https://doi.org/10.1016/j.rmcr.2020.101096. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2213007120302409?via%3Dihub

(3) Ucpinar BA, Sahin C, Yanc U. Spontaneous pneumothorax and subcutaneous emphysema in COVID-19 patient: Case report. . Journal of Infection and Public Health [Internet]. [2020] JUN [cited 2020 Jun 15];13(6):887-889. DOI https://doi.org/10.1016/j.jiph.2020.05.012. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1876034120304780?via%3Dihub

(4) Geier MR, Geier DA. Respiratory conditions in coronavirus disease 2019 (COVID-19): Important considerations regarding novel treatment strategies to reduce mortality. Medical Hypotheses [Internet]. [2020] ABR [cited 2020 Jun 15];140:109760. DOI https://doi.org/10.1016/j.mehy.2020.109760. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0306987720307659?via%3Dihub

(5) Mattei A, Bretèque BA, Crestani S, Buchman LC, Galant C, Hans S, et al. Guidelines of clinical practice for the management of swallowing disorders and recent dysphonia in the context of the COVID-19 pandemic. . European Annals of Otorhinolaryngology [Internet]. [2020] May [cited 2020 Jun 15];137(3):173-175. DOI https://doi.org/10.1016/j.anorl.2020.04.011. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1879729620301010?via%3Dihub

(6) Lechien JR, Chiesa-Estomba CM, Cabaraux P, Mat Q, Huet K, Harmegnies B, et al. Features of Mild-to-Moderate COVID-19 Patients With Dysphonia. Jornal of Voice [Internet]. [2020] JUN [cited 2020 Jun 15]; DOI https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2020.05.012. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0892199720301831?via%3Dihub



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1939
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NA DEGLUTIÇÃO DECORRENTES DA DOENÇA DE ALZHEIMER: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurológica, progressiva e irreversível, que deteriora gradativamente o nível cognitivo do indivíduo, atingindo também a capacidade funcional.5,9 Ela se configura como uma das maiores causas de demência e acometem mais idosos na faixa de 60 a 80 anos.5,9 A DA apresenta etiologia multifatorial, tais como fatores genéticos, idade, fatores ambientais, fatores emocionais e hábitos de vida.2,5 Dentre os impactos funcionais mais predominantes na patologia, está a disfagia, sintoma que leva o indivíduo a riscos eminentes de broncoaspiração e consequentemente a riscos de vida.3,6,7 Alguns artigos elencam as principais alterações relacionadas à DA, porém, ainda são escassos os trabalhos que reúnam os principais achados na deglutição desses pacientes.8 Com base nisso, o presente trabalho visa identificar a partir da revisão de literatura, as principais alterações na deglutição decorrentes da doença de Alzheimer, a fim de contribuir com o avanço científico acerca do tema e proporcionar informações aos profissionais que atuam junto a esse público. Objetivo: Identificar as principais alterações na deglutição decorrentes da doença de Alzheimer. Metodologia: Trata-se de uma revisão da literatura, a partir de artigos publicados nas bases de dados SciELO, LILACS e Periódicos CAPES, disponibilizados online gratuitamente, utilizando os descritores - Alzheimer AND deglutição; Disfagia AND Alzheimer; Dysphagia AND Alzheimer. Como critério de inclusão, foram escolhidos trabalhos na língua portuguesa e inglesa, do período de 2015 a 2020, que abordasse em seu resumo as alterações na deglutição decorrentes da doença de Alzheimer, sendo realizado em seguida, leitura dos artigos completos. Resultados: A partir da busca nas bases de dados, obteve-se o resultado de 90 artigos relacionados ao tema, sendo excluídos 80 por não estarem nos critérios de inclusão e selecionados 10 após análise detalhada. Nos artigos analisados foram elencadas como alterações na deglutição dos pacientes com Alzheimer: Alterações de sensibilidade orofaringolaríngea (sendo estas as mais frequentes) – atraso no disparo da deglutição, hiposensibilidade laríngea, rebaixamento do reflexo de tosse, atraso no disparo da fase faríngea e acúmulo de resíduos em valécula glossoepiglótica; Alterações de mobilidade de órgãos fonoarticulatórios e laríngea - trânsito oral aumentado, rebaixamento laríngeo, diminuição da elevação e mobilidade da base da língua e mandíbula; Alterações de tônus e força - fraqueza faríngea. Os estudos apontam ainda que, os déficits geram riscos ainda maiores de penetração e aspiração laríngea. Conclusão: Conclui-se que as alterações de sensibilidade orofaringolaríngea, alterações de mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios e laríngea e alterações de tônus e força são as principais alterações na deglutição decorrentes da doença de Alzheimer.


Descritores: Alzheimer; Deglutição; Disfagia.

1 Da Silva AEF. Modelação de um Software para Análise Qualitativa e Quantitativa da Deglutição Orofaríngea por Videofluoroscopia. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2017. Dissertação do Mestrado em Informática. Disponível em: https://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/103782/2/189361.pdf.
2 Da Silva AJ, Feitoza SN, Barros B, de Melo G, Almeida L, Lisbôa G. Vivências do familiar cuidador da pessoa com alzheimer sob a ótica da enfermagem. Revista de Enfermagem Atual [revista em internet], 2020 junho. [citado 5 jul. 2020];92(30). Disponível em: https://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/608/637.
3 Dias MC, Vicente LCC, Friche AAL, Ribeiro EG, Motta AR. Tempo de trânsito oral na demência de Alzheimer. Audiology Communication Research [Internet], 2018 outubro. [citado 04 de jul. 2020]; 23: e1900. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312018000100309&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.
4 Goes VF, Mello-Carpes Pâmela B, Oliveira LO, Hack J, Magro M, Bonini JS. Evaluation of dysphagia risk, nutritional status and caloric intake in elderly patients with Alzheimer's. Revista Latino-Americano de Enfermagem [Internet], 2014 abril. [citado 06 jul. 2020]; 22(2): 317-324. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411692014000200317&script=sci_arttext&tlng=es.
5 Machado APR, Carvalho IO, Rocha Sobrinho HM da. Neuroinflamação na Doença de Alzheimer. Revista Brasileira Militar de Ciências [revista em internet], 2020 fevereiro. [citado 5 jul. 2020];6(14). Disponível em: https://rbmc.emnuvens.com.br/rbmc/article/view/33/27.

6 Mastroianni PC, Forgerini M. Drug administration adjustments for elderly patients with dysphagia: A case report. Dementia e neuropsychologia. [Internet], 2018 mar [citado 06 jul. 2020]; 12(1): 97-100. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-57642018000100097.
7 Pinheiro, DR. Demência: aspectos da alimentação e deglutição e suas relações com cognição e sintomas neuropsiquiátricos. Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências da Vida, 2017. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Saúde. Disponível em: http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/bitstream/tede/1003/2/DEBORAH%20RODRIGUES%20PINHEIRO.pdf.
8 Rech R, de GB, Baumgarten A, Hilgert J. Deglutição no envelhecimento e a odontologia. Revista da Faculdade de Odontologia [revista em internet], 2018 agosto. [citado 6jul.2020]; 23(1). Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rfo/article/view/8508/114114221.
9 Santos KRS, Barbosa V, Aoyama EA, Lemos LR. Aspectos característicos da Neuropatia no Portador da Doença de Alzheimer [revista em internet], 2020. [citado 05 jul. 2020]; 2(1):70-6. Disponível em: https://revista.rebis.com.br/index.php/rebis/article/view/340/107.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1357
PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL E DISFONIA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


RESUMO
Objetivo: relacionar o processamento auditivo central e as disfonias.
Método: trata-se de uma revisão literatura, sobre a relação entre o processamento auditivo central e a disfonia. Para a pesquisa bibliográfica foram utilizadas as bases de dados: pubmed e scielo, usando como critério de inclusão: artigos originais, trabalho de conclusão de curso, teses e dissertações, disponíveis em inglês e português no período de 2000 a 2020, considerando um período suficiente de publicações. Excluíram-se capítulos de livros e resumos de congressos. A análise de dados deu-se por meio da leitura dos títulos e resumos dos artigos, quando selecionados, submetidos à leitura do texto completo. Resultados: foram encontrados a partir dos descritores, 776 artigos, sendo 739 na plataforma scielo e 37 na pubmed, onde 760 foram excluídos após a leitura do título e resumo e 10 excluídos após a leitura completa do artigo. Restando 06 artigos, da plataforma scielo para a análise. Conclusão: os indivíduos disfônicos apresentaram desempenho inferior quando comparados aos não disfônicos, em sua grande maioria, nos testes que envolvem as habilidades de ordenação temporal.

INTRODUÇÃO
A Fonoaudiologia é a ciência que tem como objeto de estudo a comunicação humana, em todas as suas dimensões. Considerando a voz como uma ferramenta fundamental da comunicação humana, o uso indevido eventualmente poderá ocasionar algumas alterações em sua produção.
Os distúrbios na produção vocal, chamados de disfonias, podem surgir de forma súbita ou gradual, com caráter transitório ou permanente, dependendo do tipo de lesão e/ou distúrbio funcional que afete as estruturas envolvidas na emissão vocal2.
Segundo a classificação de Behlau e Pontes (2008) as disfonias podem ser classificadas em orgânicas, funcionais e organofuncinais. As disfonias orgânicas independem do uso da voz que podem ser causadas por variados processos, por alterações com origem nos órgãos da comunicação ou por doenças com origem em outros órgãos e aparelhos. Os quadros funcionais são desordens do comportamento vocal (uso incorreto da voz, inadaptações vocais e alterações psicogênicas). As organofuncionais tem base funcional com lesões secundárias, representando uma evolução da disfonia funcional3.
A audição se constitui em sentido importante para o monitoramento de um padrão vocal adequado. Para que se tenha uma boa voz, no mínimo, é preciso saber ouvi-la4. A discriminação de palavras exige a extração de informações de vários estágios de processamento do sinal acústico ao longo das vias auditivas. Além disso, exige uma complexa interação dos órgãos sensoriais e outros processos, como atenção, memória, cognição e linguagem5. A avaliação do Processamento Auditivo Central (PAC) pode ser feita por meio de testes auditivos comportamentais e eletrofisiológicos, onde os testes comportamentais avaliam diversas habilidades auditivas e os testes eletrofisiológicos avaliam a resposta do sistema auditivo por meio de medidas elétricas6.
Alguns estudos7-8 mostram que pode haver uma relação entre Processamento Auditivo Central e as disfonias, em relação aos parâmetros acústicos da voz, como: frequência, intensidade e duração. Se o indivíduo apresenta dificuldades para identificar e discriminar um dos parâmetros acústicos da voz, isto poderia se configurar como uma justificativa para o processo terapêutico não evoluir9.


1. CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Contribuições do fonoaudiólogo educacional para seu município e sua escola. CFFa, 2015. [Acesso em: 09 out. 2019]. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wp-content/uploads/2015/04/cartilha-fono-educacional-20151.pdf.
2. Anelli W, Busch R, Lavaissiéri P, Duprat AC, Eckley CA, Bannwart SFD. Avaliação vocal. In: LOPES FILHO, Otacílio et al. Novo tratado de fonoaudiologia. 3ª. ed. Barueri: Manole; 2013. p. 635-650.
3. Behlau M, Azevedo R, Pontes P. Conceito de voz normal e classificação das disfonias. In: Behlau M. (Org.). Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2008. p. 53-84.
4. Ishii C, Arashiro PM, Pereira LD. Ordenação e resolução temporal em cantores profissionais e amadores afinados e desafinados. Pro Fono Revista de Atualização Científica. Barueri (SP). Set-dez, 2006; v. 18, n. 3, p.285-292.
5. Frota S. Fundamentos teóricos do sistema auditivo central. In: Marchesan IQ, Silva HJ, Tomé MC. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. 1ª. Ed. [Reimpr.] - São Paulo: Roca; 2016.
6. Pereira LD, Frota S. Avaliação do processamento auditivo / Testes comportamentais. In: Boéchat EM, Menezes PL, Couto CM, Frizzo ACF, Scharlach RC, Anastasio ART. Tratado de Audiologia. 2ª ed. - Rio de Janeiro: Santo; 2015.
7. Kalil D. Avaliação do Processamento Auditivo Central em Disfônicos. (Monografia de Especialização) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 1995.
8. Pereira FR. Avaliação dos processos auditivos temporais em adultos disfônicos funcionais. (Monografia de Especialização)– Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 1998.
9. Buosi MMB, Ferreira LP, Momensohn-Santos TM. Auditory perception of teachers with voice disorders. Audiol Commun Res, São Paulo. Jun. 2013; v.18, n. 2, p. 101-8.
10. Arnaut MA, Agostinho CV, Pereira LD, Weckx LLM, Avila CRB. Auditory processing in dysphonic children. Braz. j. otorhinolaryngol. Jun. 2011; Vol. 77, n.3, p. 362-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1810
PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL E GAGUEIRA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A gagueira pode ser dividida em tipos: Gagueira Neurogênica, Psicogênica e Gagueira do Desenvolvimento. Durante a fase de aquisição e desenvolvimento da linguagem a criança, entre 2 anos e 4 anos, pode apresentar disfluências, as quais duram em média 6 meses, e em alguns casos, principalmente quando há fatores genéticos, essa gagueira tende a se prolongar durante toda a vida tornando-se congênita e sendo denominada de gagueira do desenvolvimento¹.
O processo da comunicação oral se dá através da relação entre o sistema nervoso e o auditivo. O som entra pela orelha, é conduzido pelo meato acústico até a membrana timpânica e através da vibração dos ossículos o impulso elétrico passa para cóclea e é enviado ao nervo auditivo até chegar ao córtex cerebral. Na área de Wernicke, o som é percebido, decodificado e comparado com informações já armazenadas para interpretação do significado. Após este processo, as informações são enviadas para a área de Broca onde haverá a ativação do sistema motor para a produção da fala².
Existem estudos que mostram uma relação da gagueira com o distúrbio do processamento auditivo central. Visto que, para que haja uma fala fluente é necessário que o sistema de simbólico e de sinais estejam em perfeita harmonia. Levando em consideração que, para eles, a forma com que as informações auditivas são processadas e percebidas são fundamentais para a compreensão das dificuldades na linguagem expressiva, que inclui a gagueira³.
O estudo trata-se de revisão de literatura, cujo objetivo do foi correlacionar o processamento auditivo central e a gagueira através de uma revisão de literatura utilizando bases de dados como Scientific Electronic Library Online e Biblioteca Virtual em Saúde, os descritores usados foram: “fonoaudiologia”, “processamento auditivo”, “gagueira”, “fluência”, “audição”. Os critérios de inclusão, para esta pesquisa, foram artigos originais, teses de mestrado e/ou doutorado, escritos na língua portuguesa e/ou inglesa. Já os critérios de exclusão foram resumos simples de congresso e capítulos de livros.
Após a realização da pesquisa nas bases de dados foram encontrados 301 artigos, sendo 107 plataforma SciELO e 194 na plataforma BVS. Do total apresentado, 286 foram excluídos após a leitura do título e resumo e 11 foram excluídos após a leitura completa do artigo, visto que era relevante para a pesquisa apenas os trabalhos de análise quantitativa.
Com a análise dos dados obtidos é possível perceber que os indivíduos com gagueira apresentam alteração do processamento auditivo central em todos os artigos selecionados.

1. Oliveira, Breila Vilela de et al. Familial persistent developmental stuttering: genetic perspectives. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 17, n. 4, p. 489-494, 2012.
2. Vitto, MMP; Feres MCLC. Distúrbios da comunicação oral em crianças. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 38, n. 3/4, p. 229-234, 2005
3. Silva R da; Oliveira CMC de; Cardoso ACV. Aplicação dos testes de padrão temporal em crianças com gagueira desenvolvimental persistente. Rev. CEFAC, p. 902-908, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
418
PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL NA FISSURA LABIOPALATINA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O desenvolvimento das habilidades auditivas, que compõem o processamento auditivo central (PAC), ocorrem a partir da experienciação do mundo sonoro nos primeiros anos de vida.1 O distúrbio do processamento auditivo central refere-se à dificuldade no processamento perceptual da informação no Sistema Nervoso Central, demonstrado por um baixo desempenho em uma ou mais habilidades auditivas.2 Crianças que nascem com fissura labiopalatina podem apresentar alterações fonoaudiológicas, relacionadas à audição, devido à frequente alteração na formação e funcionamento do músculo tensor do véu palatino.3 Consequentemente, estas crianças estão mais propensas ao acúmulo de fluido na orelha média, devido ao mau funcionamento do mecanismo de abertura e fechamento da tuba auditiva e não incomum, levam às alterações de processamento auditivo central em consequência dos períodos de privação auditiva. Objetivo: Verificar relação entre fissura labiopalatina e alteração do processamento auditivo central. Métodos: Estudo quantitativo e qualitativo sobre trabalhos científicos que relacionaram a fissura e alterações do PAC. A busca foi realizado nas bases de dados BVSalud e Google acadêmico, utilizando o cruzamento dos descritores “processamento auditivo central” AND “fissura labiopalatina”, tendo como inclusão artigos que abordaram a alterações do processamento auditivo central em crianças com fissura, com até 12 anos de idade, e como exclusão artigos que verificaram a relação da linguagem com a fissura e aplicação dos procedimentos em adultos. Resultados: Foram localizados 1255 trabalhos científicos, dos quais após a leitura dos títulos e resumos, sendo 11 efetivamente incluídos nesta presente revisão. Dando enfoque à fissura labiopalatina, a principal razão para ocorrer distúrbios no processamento auditivo central se dá devido ao funcionamento da tuba auditiva, causando assim uma obstrução da tuba auditiva e pressão negativa da orelha média, além de persistência de otite média secretora. Esta alteração otológica é mais frequente nas fissuras transforame e pós-forame incisivo, já que estas afetam palato duro e palato mole.4 Nas avaliações audiológicas, observa-se que frequentemente as crianças apresentaram histórico de de otite média aguda, ocorrendo também em alguns casos a presença de alguma perfuração na membrana timpânica. Notou-se também que crianças com fissura labiopalatina apresentam limiares de fusão auditiva significantemente maiores do que crianças sem esta malformação.5 Verificou-se altos índices de alterações nas habilidades do processamento auditivo central. No estudos incluídos, as habilidades auditivas alteradas em crianças com fissura labiopalatina foram: figura-fundo para sons verbais, ordenação temporal e localização sonora.
Conclusão:
Apesar de poucos estudos sobre a relação entre fissura labiopalatina em crianças e o distúrbio do processamento auditivo central, a literatura faz referência a alteração das habilidades de figura-fundo para sons verbais, ordenação temporal e localização sonora para esta população investigada.



1- Azevedo MF, Pereira LD, Vilanova LC, Goulart AL. Avaliação do processamento auditivo central: identificação de crianças de risco para alteração de linguagem e aprendizado durante o primeiro ano de vida. In: Marchesan IQ, Bolaffi C, Gomes CD, Zorzi JL, editores. Tópicos de Fonoaudiologia. São Paulo: Lovise; 1995. p. 447-62.
2- American Speech-Language-Hearing Association. 2005. (Central) Auditory Processing Disorders. Available at http://www.asha.org/members/deskref-journals/deskref/default.
3- Hélias J et al. Early detection of hearing loss in children with cleft palates by brain-stem auditory response. Arch Otolaryngol Head Neck Surg 1988; 114
4- Silva DP, Dornelles S, Paniagua LM, Costa SS, Collares MVM. Aspectos Patofisiológicos do Esfíncter Velofaríngeo nas Fissuras Palatinas. Arq Int Arch Otorhinolaryngol. 2008;12(3):426-35.
5- Cassab TV, Zorzetto NL. Teste da fusão auditiva-revisado (AFT-R) em crianças com fissura labiopalatina. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia. 2006, 24(4):272-76.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
467
PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: PREVALÊNCIA DO GÊNERO PARA O RISCO DO TRANSTORNO, EM ESCOLARES DOS MUNICÍPIOS DE BAIÃO E IGARAPÉ-MIRI.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O processamento auditivo central tem função importante no desenvolvimento de fala e de linguagem, por esse motivo, o prejuízo das habilidades auditivas envolvidas no processamento central pode contribuir, de alguma maneira, para problemas de aprendizado de fala, de leitura e de escrita. Objetivo: Identificar alunos de risco para o transtorno do processamento auditivo central, observando a prevalência do gênero dos participantes nos resultados obtidos. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional transversal, em escolas públicas localizadas nos municípios de Baião e Igarapé-Miri, no nordeste do Pará. Participaram dois professores e 57 alunos, 29 alunos na escola A e 28 alunos na escola B, do 4º ano do ensino fundamental I, faixa etária entre 9 e 11 anos de idade, sendo 32 participantes do sexo masculino (56,1%) e 25 participantes do sexo feminino (43,9%). A coleta de dados ocorreu através da triagem do processamento auditivo central, aplicada nos alunos para identificar aqueles que necessitam de avaliação para fins diagnósticos do transtorno do processamento auditivo central. Estudo aprovado pelo comitê de ética sob parecer nº 2.710.146/2018. Resultados: Verifica-se nesta pesquisa que não há discrepância de resultados entre os gêneros, sendo que dos 32 participantes do sexo masculino (56,1%), 17 alunos (53,1%) passaram na triagem do processamento auditivo central e 15 alunos (46,8%) falharam; do total de 25 participantes do sexo feminino (43,9%), 12 alunas (48%) passaram na triagem e 13 alunas (52%) falharam. No Teste de Localização Sonora em cinco direções, 27 alunos do sexo masculino (84,4%) passaram no teste e 5 alunos (15,6%) falharam, no que se refere ao gênero feminino 22 alunas (88%) passaram no teste e 3 alunas (12%) falharam. No Teste de Memória Sequencial de Sons Verbais, 23 alunos (71,9%) passaram no teste e 9 alunos (28,1%) falharam, quanto ao gênero feminino, 16 alunas (64%) passaram no teste e 9 alunas (36%) falharam. No Teste de Memória Sequencial de Sons Não Verbais 27 alunos (84,4%) passaram no teste e 5 alunos (15,6%) falharam, em relação gênero feminino, 21 alunas (84%) passaram no teste e 4 alunas (16%) falharam. Conclusão: Não foi identificado discrepância estatisticamente significante entre os gêneros.

Palavras-chave: fonoaudiologia, processamento auditivo central, gênero.

Caumo Débora Tomazi Moreira, Ferreira Maria Inês Dornelles da Costa. Relação entre desvios fonológicos e processamento auditivo. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2009;14(2).

Colella-Santos Maria Francisca, et al. Triagem auditiva em escolares de 5 a 10 anos. Revista CEFAC. 2009 Out/Dec;11(4).

Pereira Liliane Desgualdo. Processamento auditivo central: Abordagem Passo a Passo. 2. ed. São Paulo: Ed. Lovise; 1997. 51-53 p.

Zilliotto Karin Neves, et al. Distúrbios de fala e desordens do processamento auditivo: Relato de caso. Distúrbio da comunicação. 2002 junho;13(2):308.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1346
PROCESSAMENTO AUDITIVO E DESEMPENHO ESCOLAR EM CRIANÇAS ENTRE 8 E 12 ANOS.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Segundo Northern e Down (2002), a audição é fundamental para o desenvolvimento normal da linguagem e é por meio dela que a criança entra em contato com o mundo sonoro e com as estruturas da língua, como a comunicação oral e escrita. Alterações nas vias auditivas podem comprometer as vias auditivas centrais, com posterior prejuízo no processamento auditivo, responsável por detectar, localizar e discriminar o som, além do reconhecimento da mensagem acústica. Para Pereira et al (2002), esses prejuízos podem resultar em alterações, como a falta de atenção auditiva, prejudicando posteriormente o desempenho escolar, uma vez que essas habilidades são importantes para a aquisição de aspectos acústicos e fonéticos dos padrões linguísticos, essenciais no processo de aprendizagem. Essas alterações podem ser nomeadas de Transtornos do Processamento Auditivo Central (TPAC), o qual, segundo Simon e Rossi (2006), muitas vezes estão associadas com as dificuldades escolares.
Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre o desempenho escolar e as habilidades auditivas de crianças na faixa etária entre 8 e 12 anos, além de analisar o desempenho escolar e a habilidade de figura-fundo para sons verbais, e o processamento temporal (resolução e ordenação temporal), considerando o sexo masculino e feminino e a faixa etária.
Sujeitos e Métodos: Foi aplicado o Teste de Desempenho escolar (TDE), na Escola Estadual Físico Sérgio Pereira Porto, a Avaliação Audiológica Básica e Avaliação comportamental do Processamento Auditivo (Teste Dicótico de Dígitos (TDD), Teste Padrão de Frequência (TPF) e o Teste Gaps in Noise (GIN), em 40 crianças de 8 a a 12 anos. Após isso, elas foram divididas em dois grupos: grupo queixa e grupo controle. Os dados foram analisados estatisticamente e comparados.
Resultados: Encontrou-se pior desempenho escolar das crianças que não tiveram bom resultado nos testes de processamento auditivo e as crianças que tiveram um bom desempenho no teste de desempenho escolar, obtiveram resposta positiva e normal no teste de processamento auditivo.
Conclusão: A atuação fonoaudiológica no ambiente escolar é fundamental, visando à identificação precoce de possíveis dificuldades escolares e possíveis Transtornos do Processamento auditivo. Devem ser consideradas medidas educativas e preventivas, como a triagem auditiva em escolares, principal meio de identificar alterações auditivas que podem prejudicar o desenvolvimento pedagógico e interferir no processo de aprendizagem.

NORTHERN J.L, DOWNS M.P. Audição na infância. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S. A.; 2002.

PEREIRA L.D, NAVAS A.L.G.P, SANTOS A.L.G.P. Processamento Auditivo: Uma abordagem de associação entre a audição e a linguagem. Manole, cap. 3, p. 75-95, Barueri, 2002.

SIMON, L.F e ROSSI A.G. Triagem do processamento auditivo em escolares de 8 a 10 anos. Psicologia Escolar Educação, v.10, n.2, Campinas, dez., 2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1194
PROCESSAMENTO FONOLÓGICO E LEITURA EM CRIANÇAS COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DE ESCOLAS BILÍNGUES PORTUGUÊS- INGLÊS: RELATOS DE CASOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Crianças expostas precocemente a uma língua estrangeira podem desenvolver influências positivas com relação a algumas habilidades de linguagem. O bilinguismo é bastante comum em alguns países do mundo, cuja interação entre pessoas das mais diversas origens linguísticas ocorre de forma rápida, fácil e acessível. No entanto, quando se considera este contexto em crianças com dificuldade de aprendizagem, os déficits apresentados na primeira língua poderão ser transferidos para o aprendizado do segundo idioma. OBJETIVO: caracterizar o desempenho em processamento fonológico e leitura em três crianças com dificuldade de aprendizagem de escolas bilíngues português brasileiro-inglês. MÉTODO: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição de origem sob o número 1.012.635. Trata-se de relatos de casos clínicos, referente ao processo de avaliação das habilidades do processamento fonológico e de leitura de três crianças. A primeira (S1) com 8 anos do 2º ano do ensino fundamental (EF); S2 com 8 anos e do 3º ano do EF e S3 com 8 anos de idade, no 3º ano do EF; todos com pelo menos dois anos de exposição à escola bilíngue, especialmente na alfabetização, com queixas de dificuldade de aprendizagem. Foram apresentados dados de avaliação das habilidades: consciência fonológica pelo CONFIAS, memória de trabalho fonológica por meio da prova de repetição de não palavras e dígitos, acesso ao léxico mental (TENA e RAN), nível e compreensão de leitura pelo Protocolo de Avaliação da Compreensão Leitora de Textos Expositivos. RESULTADOS: O indivíduo S1 apresentou desempenho adequado na habilidade de consciência fonológica. Na prova de memória de trabalho fonológica, ficou acima da média em dígitos na ordem direta e abaixo da média em pseudopalavras e dígitos na ordem inversa. Quanto ao acesso ao léxico mental, apresentou desempenho abaixo do esperado em todos os subtestes. Com relação a leitura, encontra-se na transição logográfica-alfabética. S2 apresentou desempenho adequado na consciência fonológica e na memória de trabalho fonológica. Já no acesso ao léxico mental, obteve resultado aquém do esperado. Quanto a leitura, observou-se que encontra-se no nível alfabético. Por fim, S3 apresentou desempenho adequado nas habilidades de consciência fonológica e acesso ao léxico mental. Na memória de trabalho fonológica, ficou abaixo da média em pseudopalavras e dígitos na ordem inversa, e na média em dígitos na ordem direta. Na leitura, encontra-se na transição entre os níveis alfabético e ortográfico. Ademais, os três participantes demonstraram dificuldades na fluência da leitura oral, bem como na compreensão leitora. CONCLUSÃO: As crianças apresentaram desempenho aquém do esperado em habilidades do processamento fonológico, no nível de leitura e na compreensão leitora. Estes resultados podem contribuir para um diagnóstico diferencial de possível transtorno ou dificuldade escolar, bem como implicações clínicas e educacionais em decorrência de fatores extrínsecos ao processo de aprendizagem em ambiente bilíngue. O estudo destes três casos revela características do processamento fonológico e de leitura em crianças bilíngues português-inglês com dificuldade escolar.

1. Flores BTM. Bilinguismo. Textura, Canoas. 2005;7(12):79-89.
2. Souza LBR, Leite AGC. Profile of phonological awareness in bilingual and monolingual children. CoDAS. 2014;26(1):61-7.
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6. Hage SRV, Grivol MA. Desempenho de crianças normais falantes do português em prova de memória de trabalho fonológica. CCL. 2008;1(1):61-72.
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9. Silva PB, Mecca TP, Macedo EC. Teste de Nomeação Automática – TENA: Manual. São Paulo: Hogrefe; 2018.
10. Ferreira TL, Capellini SA, Ciasca SM, Tonelotto JMF. Desempenho de escolares leitores proficientes no teste de nomeação automatizada rápida – RAN. Temas Sobre Desenvolvimento. 2003;12(69):26-32.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1358
PROCESSAMENTO FONOLÓGICO, VOCABULÁRIO, CONSCIÊNCIA SINTÁTICA E LEITURA EM ESCOLARES MONOLÍNGUES E BILÍNGUES: ESTUDO COMPARATIVO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Nos dias de hoje, com uma maior globalização das fronteiras culturais entre países, é comum uma pessoa aprender outras línguas após a aquisição da língua materna. ESte conceito é denominado exposição sequencial de uma segunda língua. Ainda há poucos estudos brasileiros a respeito da exposição do bilinguismo no processo de alfabetização e os efeitos no desenvolvimento linguístico-cognitivo de crianças neste período. Assim, a pergunta de pesquisa deste estudo é se há diferenças de desempenho em escolares em início de alfabetização bilíngues e monolíngues. OBJETIVO: comparar o desempenho de crianças bilíngues e monolíngues em tarefas de processamento fonológico, vocabulário, consciência sintática e leitura no início da alfabetização. MÉTODOS: Estudo transversal, descritivo e quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob número de parecer 3.232.732 e CAAE 45619.4.0000.5292. Participaram 15 crianças do 1° ano do ensino fundamental, subdivididos em 3 grupos de 5 crianças cada: (a) G1: crianças bilíngues (Português - Inglês); (b) G2: crianças bilíngues (Português - Francês); (c) G3: crianças monolíngues (Português). As avaliações foram realizadas em 4 sessões individuais com aplicação dos seguintes protocolos e suas habilidades: consciência fonológica - CONFIAS, memória de trabalho fonológica - teste de repetição de não palavras, nomeação automática rápida - RAN, vocabulário receptivo - TVUSP, consciência sintática - PCS e leitura de palavras e pseudopalavras - LPI. Para a análise inferencial foi utilizado o teste não paramétrico de Kruskal- Wallis conjuntamente com o post-hoc de Dunn, considerando o intervalo de confiança de 95% e o nível de significância de 0,05. RESULTADOS: Observou-se diferenças estatisticamente significantes nas habilidades de consciência fonológica fonêmica (p= 0,035) e total (p=0,037); na nomeação automática rápida de dígitos (p=0,038) e objetos (p=0,022). O G2 apresentou melhor desempenho na prova de dígitos (p=0,017) e objetos (p=0,001). Ao comparar a média de desempenho dos três grupos na memória de trabalho fonológica de pseudopalavras e nos subtestes de dígitos em ordem direta e inversa, G1 apresentou melhor média em pseudopalavras (78,80 pontos) e dígitos em ordem direta (m= 17,80). Enquanto G2 e G3 apresentaram melhor desempenho na prova de dígitos em ordem inversa (m= 9,20). O vocabulário encontra-se compatível com escolares do 2º ano do ensino fundamental I (m= 96-115), sendo o G2 acima da média (m= 118). Em relação à consciência sintática todos os grupos apresentaram média aproximada de 45 pontos. Assim, o desempenho foi compatível com 2o ano (m= 30-45). Houve diferença significativa na leitura de palavras e pseudopalavras total (p=0,036), o G1 apresentou melhor desempenho (p=0,035). CONCLUSÃO: Houve diferenças significativas intergrupos monolíngue-francês e inglês-francês nas habilidades de consciência fonológica e nomeação automática rápida de dígitos; intergrupos monolíngues-inglês e monolíngue-francês na nomeação automática rápida de objetos e leitura de palavras e pseudopalavras. Assim, este estudo verificou que a exposição a uma segunda língua de forma sequencial, torna as crianças mais sensíveis aos sons da língua, com possíveis benefícios em algumas habilidades do processamento fonológico, com repercussão positiva na leitura.



1- Hickmann GM, Guimarães SRK, Hickmann AA. Aprendizado bilíngue e linguagem escrita: desenvolvimento de habilidades metalinguísticas. Cadernos de Pesquisa 2017; 24(2): 156-169.
2-Swanson HL , Orosco MJ, Kudo M . Does Growth in the Executive System of Working MemoryUnderlie Growth in Literacy for Bilingual Children With and Without Reading Disabilities? J Learn Disabil. 2017 Jul/Aug;50(4):386-407.
3- Brancalioni AR, Bogoni AP, Silva DP, Giacchini V. A comparative study on phonological acquisition
and performance in phonological awareness by children exposed to a bilingual or monolingual family environment. CEFAC. 2018;20(6):703-714.
4- Moojen S, Lamprecht R, Santos RM, Freitas GM, Brodacz R, Siqueira M et al. CONFIAS Consciência Fonológica: Instrumento de Avaliação Sequencial. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.
5- Hage SRV, Grivol MA. Desempenho de crianças normais falantes do português em prova de memória de trabalho fonológica. CCL. 2008;1(1):61-72.
6- Ferreira TL, Capellini SA, Ciasca SM, Tonelotto JMF. Desempenho de escolares leitores proficientes no teste de nomeação automatizada rápida – RAN. Temas Sobre Desenvolvimento. 2003;12(69):26-32.
7-Capovilla AGS, Capovilla FC. Prova de Consciência Sintática (PCS): Normatizada e validada para avaliar a habilidade metassintática de escolares de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental. São Paulo:Memnon, 2006.
8-. Capovilla F. Teste de vocabulário por figuras USP - TVFUSP. 1a ed. São Paulo:
9- Salles et al. Normas de desempenho em tarefa de leitura de palavras/pseudopalavras isoladas (LPI) para crianças de 1º ano a 7º ano. Estudos e Pesquisas em Psicologia. 2010; 13(2): 397-419.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1736
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE FERRAMENTA DIGITAL PARA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A criação de uma ferramenta computacional com jogabilidade é capaz de facilitar o tratamento de crianças com alterações de linguagem por ser de fácil acesso, prático e com capacidade de retornar um feedback do desenvolvimento de forma instantânea, podendo então servir como um recurso adicional a prática profissional do Fonoaudiólogo. Objetivo: O objetivo do estudo foi o desenvolvimento de uma ferramenta digital para desktop com uma série de atividades de discriminação sonora de pares mínimos com interface de fácil entendimento, de modo a balancear diversão no aprendizado. O estudo exigiu a interlocução entre as duas áreas envolvidas: computação e fonoaudiologia. Método: Etapas anteriores ao desenvolvimento da ferramenta: revisão da literatura sobre os aspectos fonoaudiológicos envolvidos para se ter as informações a respeito dos componentes necessários para a implementação da ferramenta. Consulta a um especialista da área da fonoaudiologia para construir a ferramenta computacional com jogabilidade capaz de englobar os conceitos trabalhados pelos fonoaudiólogos sem reduzir o aprendizado. Aprovação do estudo pelo comitê de ética da instituição sede da pesquisa. Aplicação de um questionário a 18 fonoaudiólogos para saber a preferência quanto ao equipamento eletrônico para o desenvolvimento da ferramenta. Desenvolvimento da ferramenta: implementação da ferramenta computacional utilizando a ferramenta de desenvolvimento Unity. Estabelecimento dos requisitos funcionais e não funcionais. Restrições quanto a configuração mínima do equipamento eletrônico. Elaboração da ferramenta considerando criação dos cenários e figuras, dos áudios e da jogabilidade. Implementação do programa e detalhes do código fonte. Etapas posteriores ao desenvolvimento da ferramenta: testes de usabilidade, aplicação de um questionário a 15 fonoaudiólogos que se dispuseram a conhecer a ferramenta e avaliar não somente o jogo, mas também, a possibilidade de ele ser usado como ferramenta auxiliar na prática clínica. Resultados: Os resultados obtidos nos testes e questionários respondidos pelos fonoaudiólogos retrataram a importância e o potencial que a ferramenta computacional possui nesse cenário de intervenção fonoaudiológica. De acordo com os comentários feitos, a ferramenta tem caráter intuitivo, um design chamativo e foi capaz de trabalhar a discriminação sonora de pares mínimos de forma divertida. A ferramenta conseguiu propor um ambiente de jogabilidade adequado na visão dos fonoaudiólogos por ser intuitivo e lúdico; e os efeitos sonoros e áudios foram avaliados de forma positiva. O design da interface, cenários e figuras, foram bem conceituados. Apesar dos testes retornarem resultados em sua maioria positivos, alguns pontos merecem atenção e melhorias. Questões como jogabilidade repetitiva e grau de dificuldade das fases muito variada sem uma divisão estruturada, são exemplos de problemas que necessitam de atenção. Conclusão: A ferramenta possui potencial para ser utilizada em ambiente de intervenção fonoaudiológica como software auxiliar de aprendizado.

Aguiar, L. H. F. (2017) “Uma Ferramenta para Definição de Níveis para Jogos 2D por
meio de Curvas de Terreno no Unity”, https://www.cin.ufpe.br/~tg/2017-1/lhfa-tg.pdf, 10 out. 2019.
Costa, F. J. Mensuração e desenvolvimento de escalas: aplicações em administração.
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Dias, R. F. e Mezzomo, C. L. (2016) “Terapia fonoaudiológica para os desvios
fonológicos com base na estimulação de habilidades em consciência fonológica”, https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/25425, 05 out. 2019.
Freitas, A. M. A. (2015) “Consciência Fonológica: A utilização de jogo digital como
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Goldstone, W. (2009) “Unity Game Development Essentials”, Packt Publishing,
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Savoldi, A., Ceron, M. I., Soares, M. K. (2013) “Quais são as melhores palavras para
compor um instrumento de avaliação fonológica?”, https://www.scielo.br/pdf/acr/v18n3/a09v18n3.pdf, 12 jun.2020.
Silva, R.R.A.S., Balbino, E.M.S., Souza, T.N.U., Costa, R.C.C. (2018)
“Processamento fonológico: comparação entre crianças com e sem transtorno fonológico”, https://revi stas.pucsp.br/dic/article/view/35329/0, 09 out. 2019.
Wertzner, H.F, Pagan-Neves, L.O e Alves R.R (2012) “Pró-Fono. Planos terapêuticos
Fonoaudiológicos”, Pró-Fono, Barueri, p. 9-17.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1440
PROCESSO DE REABILITAÇÃO EM DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS – EXPERIENCIA DE ESTAGIÁRIOS DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)
57380800


INTRODUÇÃO: As doenças que afetam a função cerebral são classificadas como distúrbios neurológicos, esses distúrbios ocorrem quando algo está anormal durante a execução das atividades cerebrais, células musculares e nervos responsáveis pela transmissão de impulsos que garantem a comunicação entre o sistema nervoso central e os órgãos. Esses distúrbios podem ter origem congênita ou adquiridos ao longo da vida como resultado de uma lesão traumática, infecção grave e disfunções cerebrais. O paciente com doença neurológica adquirida ou congênita pode apresentar diversas alterações fonoaudiológicas, que podem afetar as estruturas musculares responsáveis pela fala, voz, além dos aspectos corticais envolvidos na audição e linguagem. Além de frequentemente apresentarem questões emocionais e sociais associadas aos distúrbios. OBJETIVO: Descrever as ações realizadas nas atividades no estágio supervisionado obrigatório na área de atuação integrada em distúrbios neurológicos adquiridos ou congênitos em adultos MÉTODO: O estágio supervisionado obrigatório na área de atuação integrada em distúrbios neurológicos adquiridos ou congênitos em adultos, promoveu o atendimento fonoaudiológico individual para pacientes adultos com alterações na voz, fala/linguagem, deglutição e motricidade orofacial decorrentes de patologias neurológicas. Participam desse grupo de estágio, como terapeutas, quatro alunas do último ano. Os alunos realizaram, semanalmente, os atendimentos e supervisão em grupo. Os atendimentos ocorriam individualmente, uma ou duas vezes por semana, a duração das sessões de fonoterapia foi de 40 minutos, os alunos contaram com o apoio das supervisoras, que assistiam aos atendimentos por um visor (espelho-espião), após autorização dos pacientes. Ao final dos atendimentos ocorria a supervisão, entendido pelos estagiários como um espaço decisivo na formação do aluno, pois foi durante esse momento que os estagiários puderam articular estratégias entre teoria e a prática clínica. RESULTADOS: As atividades desenvolvidas durante o estágio contribuíram para a formação profissional dos estagiários de fonoaudiologia, uma vez que possibilitou a vivência prática como terapeutas durante o processo de reabilitação em voz, linguagem/fala, e motricidade orofacial em pacientes portadores de distúrbios neurológicos congênitos e sequelas de doenças como Acidente Vascular Cerebral, Esclerose Lateral Amiotrófica e Traumatismo Craniano Encefálico. Durante a vivência dos estagiários, constatou-se também a importância da experiência em visualizar após as sessões de terapia o processo de evolução de déficits, aquisição e recuperação de habilidades, o que proporcionou a melhora do desempenho funcional e a consequente devolução da autoconfiança e independência dos pacientes, assim como a promoção da segurança e satisfação dos estagiários. CONCLUSÃO: A experiência dos estagiários frente a prática clínica de pacientes no processo de reabilitação de distúrbios neurológicos, auxiliou e favoreceu durante o processo de ensino-aprendizagem, evidenciando a importância do atendimento prático durante a graduação, contribuindo para a formação integral dos estagiários.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1537
PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE LISTA DE PALAVRAS PARA AVALIAÇÃO DA ESCRITA NO ENSINO FUNDAMENTAL I.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Nos sistemas de escrita alfabética, o aprendizado da ortografia depende, inicialmente, da adequação do processamento fonológico, que fundamentará a associação fonema-grafema. Outras habilidades metacognitivas subjacentes à escrita permitirão a adequada percepção de padrões fonotáticos que ancoram o aprendizado das regras grafotáticas e somarão informações morfológicas, para o aprendizado da correta ortografia. Isso mostra o quão complexo pode ser esse aprendizado. Instrumentos de avaliação da escrita devem ser analisados quanto às propriedades psicométricas. Objetivo: Estudar, por meio da Teoria de Resposta ao Item (TRI) e de análise de variância, uma lista de palavras isoladas para avaliar a escrita de escolares brasileiros do 2º ao 5º ano do EF. Método: Estudo prospectivo de corte transversal, aprovado pelo CEP (nº 38406/2011). Uma lista de 73 palavras de alta frequência foi ditada a 275 crianças (amostra randomizada) do 2º ao 5º ano do EF da rede pública e particular de ensino. Após a correção dos ditados, a análise do grau de dificuldade e discriminação dos itens eliminou 52 deles (extremamente fáceis ou difíceis e com graus extremos de discriminação). A análise dos tipos de erros foi realizada com as 21 palavras restantes. Para testar a invariância do instrumento ao longo dos anos escolares, foi conduzida a análise fatorial multigrupo considerando-se os itens comuns a todos os anos escolares. Para a análise do ano escolar, agruparam-se 2º e 3º anos (Grupo 1) e 4º e 5º anos (Grupo 2), pois a amostra de cada ano foi insuficiente para análises separadas. Resultados: Quanto à análise dos itens, das 21 palavras restantes, observaram-se 11 (52,38%) com grau médio de discriminação (de 0,65 a 1,34); 09 (42,85%) com baixo grau de discriminação (de 0,35 a 0,64) e 01 com grau de discriminação muito baixo (de 0,01 a 0,34). À análise do grau de dificuldade das palavras foram observados os resultados: 08 palavras (38,09%) mostraram grau de dificuldade moderado (de -1,0 a +1,0), 08 (38,09%), grau fácil de dificuldade (de -1,0 a -2,0), 04 (19,04%) grau muito fácil (de -2,0 a -3,0;) e 01(4,76%) mostrou grau de dificuldade extremamente fácil (>3,0). À análise das invariâncias configural e escalar da lista de 21 palavras, observou-se que o TLI mostrou bom ajuste do modelo quando se considerou o ano escolar. Considerando-se a análise multigrupos para a escolaridade, o p-valor mostrou diferença estatisticamente significante (p=0.043) para Grupos 1 e 2 quando se analisaram as palavras. Ou seja, as crianças dos Grupos 1 e 2 responderam sistematicamente de forma diferente. Portanto, os desempenhos dos grupos não podem ser comparados. Investigou-se também, a Curva de Informação Total para a avaliação do constructo. Dois pontos foram observados: 1) o pico de informações foi alcançado por crianças com habilidades moderadas; 2) a quantidade de informação é quase duas vezes maior para crianças do Grupo 2 em comparação com o Grupo 1. Conclusão: A lista de 21 palavras mostrou-se adequada para avaliar a escrita de escolares do 2º ao 5º ano do EF, porém seu padrão de invariância não se ajustou a todos os anos escolares.

1 - Arnaut MA, Avila CRB, Hackerott MMS. Entre a ortografia e a patologia. São Paulo: Anais IP/PUC;2010.

2- Arnaut MA, Hackerott MMS, Cogo-Moreira H, Avila CRB. Analyse psychometric des items de la dictée (mot et syntagme nominal): Théorie dês réponse aux items. Paris: Writing Research Across Boarders: Anais; 2014a.

3- Arnaut MA, Hackerott MMS, Bueno GJ, Nepomuceno PF, Avila C.B. Erros de base fonológica na escrita: codificação de surdas e sonoras, segmentação e juntura vocabular. CoDAS. 2014b;14(3):13-25.

4- Batista AO. Desempenho Ortográfico de escolares do 2º ao 5º ano: proposta de elaboração de um protocolo de avaliação de ortografia [tese]. Marília (SP): UNESP: Universidade Estadual Paulista; 2011.

5- Bigarelli, JFP, Avila CRB. Habilidades ortográficas e de narrativa escrita no ensino fundamental: características e correlações. J. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2011;23(3): 237-247.

6- Cagliari LC. Aspectos teóricos da ortografia. In: Silva, M. Ortografia da língua portuguesa. São Paulo: Editora Contexto; 2014.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1174
PROCESSOS FONOLÓGICOS E VARIANTES LINGUÍSTICAS EM PRÉ-ESCOLARES DE BAIXA RENDA DE UMA CIDADE NORDESTINA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Processos fonológicos são simplificações que podem ocorrer durante o desenvolvimento fonológico típico que a criança busca para adequar a produção do sistema-alvo ao seu sistema fonológico. Essas modificações podem ocorrer relacionadas a diferentes classes naturais, posições prosódico-silábico-lexicais marcadas ou em virtude de semelhanças no nível intra-segmental e segmental (1). Os processos tendem a desaparecer ao longo do desenvolvimento fonológico, porém é importante destacar que existem variantes linguísticas que podem permanecer em decorrência de aspectos regional, cultural e/ou social que o indivíduo está inserido(2,3,4).Objetivo: descrever os processos fonológicos em pré-escolares de baixa renda de uma cidade do nordeste.Método: trata-se de um estudo observacional, transversal, retrospectivo e documental. Participaram 93 crianças de ambos os sexos, com idades entre 5 anos e 6 anos e 11 meses, estudantes do nível IV da educação infantil nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 2.440.976. As idades foram distribuídas em dois grupos: GI - crianças entre 5 anos – 5 anos e 11 meses e GII- crianças entre 6 anos – 6 anos e 11 meses; 83 (89,2%) crianças encontravam-se na faixa etária de 6 anos a 6 anos e 11 meses. Os processos fonológicos foram analisados a partir dos resultados obtidos na Prova de Fonologia (Parte A) do ABFW - Teste de Linguagem Infantil (5), foram considerados produtivos aqueles com escore acima de 25% - valor de referência do teste. Foi realizada análise descritiva das variáveis categóricas por meio das frequências absolutas (n) e relativas (%).Resultados: 47 crianças (50,5%) são do sexo masculino e 46 (49.5%) do feminino e não foram encontradas diferenças dos processos em relação a esta variável. Os processos fonológicos produtivos que ocorreram com maior frequência, tanto na nomeação (N) quanto na imitação (I) foram: simplificação de consoante final (SCF) – N: 32 (34,4%) I: 7 (7,5%) e simplificação do encontro consonantal (SEC) – N: 21 (22,6%) I: 20 (21,5%). Os processos de simplificação de líquida, encontrado em 7 crianças (7,5%) e frontalização de palatal, encontrado em 1 criança (1,1%)%, já não são esperados para a faixa etária em que elas se encontram, enquanto que os processos de SCF e SEC ainda são esperados de acordo com o instrumento. Dentre esses processos, foi observado que alguns apontam para variações dialetais, tais quais, posteriorização para palatal na coda medial (ex: pasta - paʃta), omissão do fonema R (ex: cortina - cotina) ou substituição do fonema R pela semivogal w (ex: garfo - gawfu) também na coda.Conclusão: processos fonológicos mais presentes foram SCF e SEC, os quais ainda são esperados para a idade estudada(5,6,7). Entretanto, foram observadas variações em segmentos silábicos, especialmente na coda, demonstrando ter influência da variante linguística. Algumas crianças apresentaram processos fonológicos não esperados para a idade, uma possível justificativa pode estar relacionada ao nível socioeconômico, pois estudos demonstram que crianças de baixa renda podem apresentar prejuízos no nível fonológico (8,9). É importante conhecer e considerar as variantes linguísticas na análise fonológica, ressaltando a análise qualitativa de um instrumento.

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3- Gutierres A, Filho AAD. O efeito de Fatores Sociais sobre Restrições Linguísticas na Análise Fonológica de um Processo Variável. Rev.Diadorim. 2018;20(2):255–79. Available from: https://revistas.ufpr.br/abralin/article/view/42491/25787
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
841
PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS DOCENTES FONOAUDIÓLOGOS BRASILEIROS: UM ESTUDO NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR
Tese
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A produção científica brasileira é resultado de pesquisas realizadas principalmente em universidades públicas, especialmente no que se refere à publicação de artigos científicos(1). Objetivo: Avaliar a produção científica dos docentes fonoaudiólogos vinculados a cursos de Fonoaudiologia de instituições de ensino superior públicas brasileiras. Método: Trata-se de uma pesquisa documental e descritiva, com análise a partir de uma abordagem quantitativa(2,3). Como o estudo utilizou dados secundários e não realizou pesquisa com seres humanos, não houve necessidade de aprovação em comitê de ética em pesquisa. Identificaram-se os 24 cursos vinculados a instituições de ensino superior públicas e solicitou-se o nome dos docentes vinculados a eles. Utilizou-se o software Scriplattes para extração e análise dos dados relacionados à produção de artigos científicos, capítulos de livro e livros, no período de 2014 a 2018, a partir de dados disponíveis no currículo da Plataforma Lattes dos 383 docentes. Foram identificados, ainda, os periódicos nos quais ocorreram as publicações, com as respectivas avaliações Qualis e indexações ao Journal Citation Reports e a base de dados Scopus. Resultados: Os docentes publicaram 2711 artigos científicos, 965 capítulos de livro e 130 livros. Destaca-se os anos de 2014 e 2015, nos quais foram produzidos em colaboração cerca de 10% dos artigos e capítulos de livro e 22% dos livros. Considerando o total de produções, o curso que mais produz está na região sudeste. No que se refere à produção de artigos, um curso da região sul aparece na liderança, com 328 artigos publicados. Verificou-se que os artigos foram publicados em 525 diferentes periódicos, porém a produção se concentra em um número menor de revistas, visto que os dez periódicos que possuem o maior número de artigos publicados, juntos, são responsáveis por 59,24% do total de produção do período. Desses periódicos, apenas um é internacional, evidenciando uma tendência por publicações em periódicos brasileiros(4-9). No que diz respeito à avaliação dos periódicos, todos estão classificados segundo o Qualis/CAPES, enquanto apenas quatro possuem indexação ao Journal Citation Reports e sete à base Scopus. Os quatro periódicos em que os docentes analisados mais publicam são revistas específicas da área, que possuem grande reconhecimento na Fonoaudiologia, o que pode explicar a grande concentração de artigos encontrada neste estudo, evidenciando uma tendência de encaminhamentos de trabalhos a estas revistas(7). Conclusão: A produção científica dos docentes fonoaudiólogos é caracterizada principalmente pela publicação de artigos científicos, com participação ativa da maioria das regiões do país na produção científica da área. Os periódicos escolhidos pelos docentes para divulgação de seus estudos, em sua maioria, não possuem indexação a bases de dados internacionais e estão no estrato B do Qualis/CAPES. Como as instituições públicas possuem papel fundamental na produção científica do país, pode-se considerar que os resultados obtidos nesta tese representam a Fonoaudiologia brasileira como um todo. Percebe-se uma necessidade deste campo de melhorar a visibilidade de seus estudos, para que as pesquisas desenvolvidas possam atingir a prática clínica e níveis mais elevados de produção científica.

1 Oliveira EFT, Gracio MCC. Indicadores bibliométricos em Ciência da Informação: análise dos pesquisadores mais produtivos no tema estudos métricos na base de dados Scopus. Perspect Ciênc Inf. 2011; 16(4): 16-28.

2 Gerhardt TE, Silveira DT. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS; 2009.

3 Gil AC. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6.ed. São Paulo: Atlas; 2008.

4 Braga MER, Chiari BM, Goulart BNG. Produção bibliográfica em artigos, livros e capítulos de livros de um programa de pós-graduação em fonoaudiologia: análise de indicadores bibliométricos. Distúrb Comun. 2014; 26(1): 118-130.

5 Almeida ECE, Guimarães JA. Brazil’s growing production of scientific articles: how are we doing with review articles and other qualitative indicators? Scientometr. 2013; 97(2): 287-315.

6 Glänzel W, Leta J, Thijs B. Science in Brazil. Part 1: a macro-level comparative study. Scientometr. 2006; 67(1): 67-86.

7 Herculano RD, Norberto AMQ. Uma análise percentual dos artigos de periódicos publicados pelos docentes de Fonoaudiologia da Universidade de São Paulo. Medicina. 2009; 42(3): 372-378.

8 Herculano RD, Norberto AMQ. Comparison of scientific bibliographic productivity in undergraduate courses of speech-language and hearing science at Universidade of São Paulo using the Hirsh’s index. J App Sci. 2009; 9(22): 4095-4098.

9 Leta J. Brazilian growth in the mainstream science: The role of human resources and national journals. J Scientometric Res. 2012; 1(1): 44-52.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2060
PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM TELEFONOAUDIOLOGIA: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A prestação de serviços de saúde à distância, por meio das tecnologias de informação e comunicação (TICs) é uma megatendência na área da saúde, acelerada em função da pandemia da COVID-19 (1). O Conselho Federal de Fonoaudiologia alterou a Resolução CFFa 427/2013 (2) por meio de recomendações (3-4) que possibilitaram a ampliação das atividades de telefonoaudiologia, entretanto permanece a necessidade deste método ser realizado de forma ética, segura e com qualidade. É de importância que os fonoaudiólogos conheçam as evidências disponíveis nesta área, para tomarem decisões clínicas mais assertivas.
OBJETIVO: verificar a produção científica relativa à teleconsulta em Fonoaudiologia nas áreas de Audiologia, Linguagem, Voz, Disfagia e Motricidade Orofacial.
MÉTODO: Revisão integrativa. Foi realizada a busca nas bases de dados Pubmed e Biblioteca Virtual em Saúde combinando-se as palavras-chave e variações TELE*, AUDIOLOGIA, LINGUAGEM, VOZ, DISFAGIA, MOTRICIDADE OROFACIAL e FONOAUDIOLOGIA, em português e inglês. Foram incluídos artigos publicados em qualquer data, nos idiomas português e inglês, que contivessem dados empíricos ou relato de experiências sobre teleconsultas em fonoaudiologia, na íntegra.
RESULTADOS: Após remoção de duplicados e aplicação de critério de seleção foram analisados 170 trabalhos, publicados entre 1998 a 2020, sendo a maioria publicadas nos últimos 10 anos por grupos dos Estados Unidos e Austrália. Somente doze publicações eram brasileiras. Foram encontrados trabalhos nas diferentes áreas de especialidade analisadas, sendo a maioria concentrada nas áreas de Audiologia (38%) e Linguagem (32%). Além disso, foram encontrados 16 trabalhos não especificados por área ou com combinação de mais de uma especialidade. Na Audiologia (n=65), as teleconsultas foram realizadas para identificação e diagnóstico audiológico e reabilitação auditiva incluindo ajustes de dispositivos eletrônicos para a deficiência auditiva. Na Linguagem (n=55), publicaram-se propostas de avaliação e terapia de linguagem para escolares, crianças com autismo, apraxia e síndromes, adultos com afasia, disartria, doenças neurológicas, entre outros. Na disfagia (n=22) as publicações se voltaram à avaliação instrumental da deglutição, principalmente a videofluoroscopia. A maioria das produções na área da Voz (n=10) enfocou a terapia vocal e na área de Motricidade Orofacial (n=2) foram publicados um programa de terapia e recomendações gerais para especialistas. De maneira geral realizaram-se estudos de viabilidade, com poucos participantes.
CONCLUSÃO: Existe uma discrepância do número de publicações sobre teleconsulta fonoaudiológica entre as áreas de especialidade, provavelmente derivada das particularidades destas áreas e limitações das TICs. Ressalta-se, para futuras pesquisas, a importância de potencializar a produção científica brasileira em teleconsulta de acordo com a realidade nacional, incluir medidas de resultados (ex: satisfação dos pacientes e profissionais) e que tenham maior validade externa.


1.Organização Mundial da Saúde. OMS afirma que COVID-19 é agora caracterizada como pandemia. [publicado na web]; 2020 acesso em 05 de julho de 2020. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6120:oms-afirma-que-covid-19-e-agora-caracterizada-como-pandemia&Itemid=812
2. Brasil. Resolução CFFa nº 427, de 1 de março de 2013. Dispõe sobre a regulamentação da Telessaúde em Fonoaudiologia e dá outras providências. Conselho Federal de Fonoaudiologia. 1 mar 2013.
3. Brasil. Resolução CFFa nº 18-B, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre o uso da Telefonoaudiologia durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). Conselho Federal de Fonoaudiologia. 17 de março de 2020.
4. Brasil. Recomendação CFFa nº 20, de 23 de abril de 2020. Dispõe sobre o uso da Telefonoaudiologia durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). Conselho Federal de Fonoaudiologia. 23 abr 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
431
PRODUÇÃO VOCAL DE ATORES PROFISSIONAIS: MEDIDAS ESPECTROGRÁFICAS DE LONGO TERMO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A avaliação da qualidade vocal se dá por meio de análises perceptivo-auditiva e acústica. Assim como a avaliação perceptivo-auditiva deve ser feita de modo global[1], estudos mostram que a melhor forma de investigar os correspondentes acústicos na voz de atores é a espectrografia de longo termo (LTAS)[2]. Usando esse método, todavia, poucos estudos compararam vozes de atores e atrizes, sendo a maioria composta por grupos com atores ou atrizes isoladamente[3-5]. A investigação de medidas acústicas de longo termo entre atores e atrizes e as possíveis correlações entre essas medidas pode aprofundar a compreensão sobre produção vocal desses profissionais.
OBJETIVO: Investigar medidas espectrográficas vocal usando LTAS em atores e atrizes sem queixa a partir da gravação de poesia em duas loudness (habitual e aumentada), verificar possíveis correlações entre as medidas espectrográficas e possíveis associações com a produção vocal.
MÉTODOS: Tratou-se de estudo transversal observacional. Participaram 39 atores, sendo 20 homens e 19 mulheres. A média de idade foi de 35,1 anos (entre 25 e 53 anos) para atores e 31,5 anos (entre 23 e 40 anos) para atrizes. Atores e atrizes tinham em média, respectivamente, 8,8 anos e 7,2 anos de experiência profissional. Todos os participantes gravaram duas amostras de poesia previamente escolhida pelo pesquisador em loudness habitual e aumentada, a partir de instrução detalhada. Por meio do software Praat foram extraídas as seguintes medidas de LTAS para ambas intensidades: Frequência Fundamental de fala (SFF), L1-L0, Proporção Alpha e Pressão sonora geral da amostra (Leq.)[6, 7]. Todas as medidas foram comparadas por sexo e loudness e por interação entre as variáveis sexo-loudness. Por fim, foram feitas correlações entre as medidas extraídas para loudness habitual e aumentada tanto para sexo feminino, como sexo masculino.
RESULTADOS: Diferenças foram encontradas em todas as medidas em relação ao sexo dos participantes quanto ao loudness. Duas medidas (SFF e Proporção Alpha) se diferenciaram na interação entre as variáveis sexo-loudness. Para o sexo masculino, tanto em loudness habitual quanto aumentada houve correlação entre Leq e SFF. Houve correlação entre L1-L0 e Leq. somente em loudness aumentada para o sexo feminino
CONCLUSÃO: Foram encontradas diferenças em relação ao sexo e loudness nas medidas estudadas. Foram observados valores mais elevados em mulheres, especialmente em loudness aumentada. Quanto às correlações encontradas, para o sexo masculino, quanto maior a frequência fundamental, maior o loudness; para o sexo feminino, L1-L0 esteve correlacionado ao Leq. na intensidade aumentada, achados esses indicativos de um modo de fonação mais tenso.

1. Bele IV. Reliability in perceptual analysis of voice quality. Journal of Voice. 2005;19(4):555-73.

2. Guzman M, Ortega A, Olavarria C, Muñoz D, Cortés P, Azocar MJ, et al. Comparison of Supraglottic Activity and Spectral Slope Between Theater Actors and Vocally Untrained Subjects. J Voice. 2016;30(6):767.e1-.e8.

3. Pinczower R, Oates J. Vocal projection in actors: The long-term average spectral features that distinguish comfortable acting voice from voicing with maximal projection in male actors. Journal of Voice. 2005;19(3):440-53.

4. Master S, De Biase N, Chiari BM, Laukkanen AM. Acoustic and perceptual analyses of Brazilian male actors' and nonactors' voices: Long-term average spectrum and the "Actor's Formant". Journal of Voice. 2008;22(2):146-54.

5. Master S, De Biase NG, Madureira S. What About the "Actor's Formant" in Actresses' Voices? Journal of Voice. 2012;26(3):E117-E22.

6. Guzman M, Correa S, Muñoz D, Mayerhoff R. Influence on spectral energy distribution of emotional expression. J Voice. 2013;27(1):129.e1-.e10.

7. Master S, Guzman M, Azocar MJ, Munoz D, Bortnem C. How Do Laryngeal and Respiratory Functions Contribute to Differentiate Actors/Actresses and Untrained Voices? Journal of Voice. 2015;29(3):333-45.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1902
PROEMINÊNCIA DO PICO CEPSTRAL (CPP) EM MULHERES COM EDEMA DE REINKE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO:Muitas medidas acústicas são utilizadas para avaliação e acompanhamento do paciente com distúrbio vocal, dentre essas as medidas cepstrais. A Proeminência do Pico Cepstral (Cepstral Peak Proeminence – CPP) são medidas extraídas por meio da análise acústica do sinal vocal, medidos por avaliação perceptiva-auditiva¹. A CPP mede o grau de periodicidade do sinal vocal acima dos ruídos presentes nas emissões de vogal sustentada e fala encadeada, com resultados em decibels². Recentemente, a American Speech-Language and Hearing Association (ASHA) publicou recomendações para a clínica vocal que envolvem a extração do cepstrum (análise cepstral) como medida acústica a ser considerada no protocolo de avaliação, por sua robustez³. OBJETIVO:Obter dados de CPP de mulheres com edema de Reinke, comparando-os com os obtidos por mulheres sem queixas vocais, analisando correlações entre os resultados do CPP e dados do grau do edema e grau geral do desvio vocal na análise perceptivo-auditiva.
MÉTODOS:Estudo observacional, analítico, transversal, aprovado pelo CEP sob número 221.401. Participaram 58 mulheres, com idades entre 44 e 77 anos (média= 56,3), que se dividiram em dois grupos: Grupo Pesquisa (GP): 29 mulheres com diagnóstico ORL de edema de Reinke; Grupo Controle (GC): 29 mulheres sem queixas vocais. Grupos semelhantes quanto à faixa etária (p = 0,76). Foram gravadas amostras da vogal sustentada (é) e contagem de números de 1 a 10. A partir delas, foram realizadas as extrações dos CPPs (vogal e números, separadamente). Além disso, foi realizada análise perceptivo-auditiva (APA) por uma fonoaudióloga especialista em voz, que analisou o grau geral do desvio vocal em escala numérica de três pontos (0 ausência de desvio; 1 desvio discreto; 2 moderado; e 3 intenso) que também assinalou se, diante de uma situação de triagem, a participante passaria, considerando as duas amostras. Os dados de CPP foram correlacionados com dados da APA e dados referentes ao grau do edema (1,2 ou 3) apresentado pela participante.
RESULTADOS:Os resultados de CPP nas amostras encadeadas (números) diferenciaram mulheres do GP (7,97) e do GC (9,82) (p <0,001). No CPP da emissão sustentada, os grupos foram semelhantes (14,89 GP;15,76 GC; p = 0,24). Especificamente em relação ao GP, houve correlação negativa forte entre CPP vogal (r=-0,61; p<0,001) e CPP números (r=-0,65; p<0,001) e a variável grau do edema, sendo que quanto maior o grau, menores os valores de CPP. Houve correlações negativas moderadas entre CPP vogal e CPP números e o grau geral do desvio vocal tanto da vogal quanto dos números ( valores de r entre -0,53 e -0,58; p<0,001 para todos os cruzamentos).
CONCLUSÃO:A medida de proeminência de pico cepstral (CPP) com amostra de contagem de números diferencia mulheres com Edema de Reinke de mulheres sem queixas vocais, mas a mesma medida em amostra de emissão de vogal não permite tal diferenciação. Quanto maior o grau do edema e o grau geral do desvio vocal na avaliação perceptivo-auditiva, menores são os resultados da CPP em mulheres com Edema de Reinke. Assim, tal medida se mostra útil para o acompanhamento da evolução terapêutica dessas pacientes na clínica vocal.

1. Maryn Y, Weenink D. Objective dysphonia measures in the program praat: smoothed cepstral peak prominence and acoustic voice quality index; J Voice.2015;29:35–43.
2. Hillenbrand J, Cleveland RA, Erickson RL. Acoustic correlates of breathy vocal quality. J Speech, Lang Hearing Res.1994;37:769–778.
3. Patel, RR, Awan, SN, Barkmeier-Kraemer, J., Courey, M., Deliyski, D., Eadie, T.,Hillman, R. (2018). Protocolos recomendados para avaliação instrumental da voz: Painel de especialistas da American Speech-Language-Hearing Association para desenvolver um protocolo para avaliação instrumental da função vocal. American Journal of Speech-Language Pathology, 27 (3), 887.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
346
PROGRAMA DA SAÚDE VOCAL PARA PROFESSORES DA REDE ESTATUAL DE ENSINO DE MATO GROSSO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz representa uma das ferramentas fundamentais no desenvolvimento do trabalho de algumas profissões, entre essas, o professor. A categoria da docência é considerada uma das mais acometidas com distúrbios da voz, evidenciando muitos sintomas vocais como pigarro, rouquidão, fadiga vocal, ardência ou dor em região laríngea, dificuldades em manter a voz, falta de volume e alteração na projeção vocal. A combinação de uso prolongado da voz e fatores individuais, ambientais e de organização do trabalho contribui para elevar a prevalência de queixas vocais, gerando situações de afastamento e incapacidade no trabalho. Para evitar o surgimento do distúrbio de voz relacionado ao trabalho, o treinamento vocal é o fundamental aliado do professor. O treinamento da voz pode proporcionar uma melhor qualidade e saúde vocal, prevenindo assim, futuros distúrbios em professores. Objetivo: Analisar as triagens vocais de professores da rede de educação Estatual de Mato Grosso após um curso de capacitação em saúde vocal. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo de análise de dados secundários, no qual foram analisadas as triagens vocais de professores da rede de educação do Estado de Mato Grosso, participantes do curso de capacitação em saúde vocal que foi realizado entre o primeiro e segundo semestre de 2019. Resultados: 146 (48,66%) triagens vocais de um total de 300 foram incluídas no estudo. A média de idade foi de 39,29 anos (DP=8,38 anos), a média do tempo de docência de 11,66 anos (DP = 7,97 anos), a média de carga horária semanal de 28,63 horas (DP = 11,21 horas) e a média de quantidade de alunos foi de 24,21 alunos por turma (DP = 7,18 alunos). Quanto aos níveis de ensino, 30,82% (45) dos professores informaram que lecionam no ensino fundamental I, 36,99% (54) no ensino fundamental II e 32,19% (47) no ensino médio. 45,21% (66) referiram que a voz mudou depois da docência. Foi verificado que o ambiente de trabalho limpo foi um fator de proteção para a rouquidão (p-valor = 0,033) e o ambiente poeirento um agravante para a rouquidão (p-valor = 0,010). Contudo, após o treinamento vocal observou-se um aumento da significativo da percepção da tensão ao falar (p-valor=0,014), podendo estar relacionada com maior autopercepção do indivíduo sobre o próprio corpo. Além disso, após o treinamento vocal houve uma avaliação de significativa de qualidade vocal agradável (p-valor= 0,001). Conclusão: Conclui-se que o treinamento vocal proporcionou uma maior percepção da tensão corporal e aumento da descrição de voz agradável, sendo fundamental para a promoção da saúde vocal e prevenção das disfonias em professores.

ANHAIA TC, GURGEL LG, VIEIRA RH, CASSOL M. Intervenções vocais diretas e indiretas em professores: revisão sistemática da literatura. Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre – UFCSPA – Porto Alegre (RS), Brasil, 2013. Disponível em: www.scielo.br/pdf/acr/v18n4/20.pdf

ARAÚJO, T M; REIS, E J F B; CARVALOH, F M; PORTO, L A; REIS, I C; ANDRADE, J M. Fatores associados a alterações vocais em professoras. Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csp/2008.v24n6/1229-1238/pt/
ALMEIDA, L N A; LOPES, L W; COSTA, D B; SILVA, E G; CUNHA, G M S; ALMEIDA, A A F. Características vocais e emocionais de professores e não professores com baixa e alta ansiedade. Universidade Federal da Paraíba – UFPB – João Pessoa (PB), Brasil, 2014. AudiolCommun Res, 2014. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?pid=S2317-64312014000200179&script=sci_arttext

BEHLAU M., PONTES P. Higiene vocal: cuidando da voz. Rio de Janeiro: Revinter, 2009.
BEHLAU, M. (org.). Voz: O livro do especialista. Rio de Janeiro – RJ: Revinter, Vol. II, p.333, RJ, 2005.

Behlau M, Zambom F, Guerrieri AC, Roy N. Epidemiologyof voice disorders in teachersandnonteachers in Brazil: prevalenceand adverse effects. J Voice. 2012.

FERREIRA, L. et al. Voz do professor: fatores predisponentes para o bem-estar vocal. São Paulo, 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
691
PROGRAMA DE AQUECIMENTO E DESAQUECIMENTO VOCAL PARA PROFISSIONAIS DA VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Para diversos profissionais a voz é instrumento principal de trabalho e seu uso pode diferir de acordo com a profissão. Estes profissionais estão mais propensos às alterações da voz e, quando amadores, as queixas podem ser consideravelmente mais recorrentes. O maior risco está presente entre cantores, consultores, professores, advogados, pastores, operadores de telemarketing, vendedores e profissionais de saúde. Preparar a voz, aquecer a voz antes do uso profissional e desaquecê-la, pode prevenir problemas vocais. Os exercícios de aquecimento vocal podem ser divididos em dois grupos, técnico e fisiológico. O aquecimento técnico geralmente é usado por professores de canto e outras áreas com intuito de trabalhar aspectos técnicos como ajuste vocal, respiração e timbre. O aquecimento fisiológico normalmente é realizado por fonoaudiólogos e tem por objetivo proporcionar condições fisiológicas adequadas evitando fadiga durante ou após a performance vocal. É sabido que algumas informações difundidas na população de profissionais da voz não têm procedência científica. E informações quanto à saúde vocal são muitas vezes desconhecidas pela maioria destes profissionais causando impacto negativo a curto e longo prazo. A prática do aquecimento e desaquecimento vocal tem importância descrita em estudos internacionais. O fonoaudiólogo é considerado referência quando se trata de orientação aos profissionais da voz. Objetivo: Verificar o impacto de um programa de aquecimento e desaquecimento vocal em profissionais da voz. Métodos: Antes e após a realização do estudo 26 participantes responderam um questionário online sobre hábitos vocais e aos protocolos de autoavaliação da voz Índice de Desvantagem Vocal-10 (IDV-10), Escala de Sintomas Vocais (ESV) e Questionário de Performance Vocal (QPV) e tiveram suas vozes registradas para avaliação perceptivoauditiva (APA) e análise acústica. Todos receberam orientação para uso das sequências de aquecimento e desaquecimento por oito semanas consecutivas. Os resultados foram comparados com um nível de significância de 95%. Resultados: Houve diferenças nos parâmetros relação s/z e soprosidade no grupo, com maior impacto no grupo feminino. Após a intervenção, todos os protocolos sugeriram impacto positivo das sequências propostas com redução em seus escores. Na APA os valores para o parâmetro soprosidade (grupo: p=0,01; gênero feminino p=0,02) foram diferentes e, apenas o parâmetro grau geral (G) aumentou entre os homens. A média da relação s/z apresentou diferença (p=0,04), com redução de 10%. Enquanto a média de tempo máximo fonatório, frequência fundamental e proporção harmônico-ruído aumentaram e de jitter e shimmer diminuíram. Conclusão: A utilização de sequências de aquecimento e desaquecimento vocal influencia beneficamente na qualidade vocal e na qualidade de vida dos profissionais que as utilizam. O programa básico de aquecimento e desaquecimento foi efetivo para as vozes de diferentes profissionais, mostrando também que as sequências preparam a voz para demandas mais intensas de uso, mas não possuem papel terapêutico. E a orientação promove mudança de hábitos e conscientização quanto à saúde vocal.

1. Ribeiro VV, Frigo LF, Bastilha GR, Cielo CA. Vocal warm-up and cool-down: systematic review. Rev CEFAC. 2016;18(6):1456-1465. doi:10.1590/1982-0216201618617215
2. Portillo MP, Rojas S, Guzman M, Quezada C. Comparison of Effects Produced by Physiological Versus Traditional Vocal Warm-up in Contemporary Commercial Music Singers. J Voice. 2018;32(2):200-208. doi:10.1016/j.jvoice.2017.03.022
3. Dassie-Leite AP, Duprat A de C, Busch R. A comparison between vocal habits of lyric and popular singers. Rev CEFAC. 2010;13(1):123-131. doi:10.1590/S1516-18462010005000118
4. Moorcroft L, Kenny DT. Singer and Listener Perception of Vocal Warm-Up. J Voice. 2013;27(2):258.e1-258.e13. doi:10.1016/j.jvoice.2012.12.001
5. Masson M, Loiola C, Fabron E, Horigüela M. Vocal Warm-up and Cool-Down on Pedagogy Students. Distúrb Comun. 2013;25(2):177-185.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
796
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO DA WIKIPÉDIA COMO METODOLOGIA ATIVA DE APRENDIZAGEM E FERRAMENTA DE COLABORAÇÃO COLETIVA EM AUDIOLOGIA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A Wikipédia é o quarto site mais visitado do mundo e está disponível em 306 diferentes línguas, contando com mais de 50 milhões de artigos. Um estudo publicado na revista Nature indicou que a acurácia das informações contidas na Wikipédia era igual ou superior à da tradicional Encyclopaedia Britannica. Citações da Wikipédia em artigos científicos têm crescido ao longo do tempo, assim como revistas de alto impacto se tornaram mais referenciadas na enciclopédia digital. O Programa de Educação da Wikipédia foi criado em 2010 e incentiva a adoção de atividades de expansão do conteúdo científico na plataforma por programas de graduação e pós-graduação. Objetivo: Avaliar o impacto do uso da ferramenta Programs & Events Dashboard para o Programa de Educação da Wikipédia na cobertura dos tópicos relacionados à audiologia e sua eficácia enquanto metodologia ativa de aprendizagem. Método: A avaliação foi realizada pela busca das palavras-chave “audição”, “acústica”, “audiologia” e “auditivo” nos 15 idiomas correspondentes às maiores Wikipédias em termos de quantidade de artigos: inglês, cebuano, sueco, alemão, francês, holandês, russo, italiano, espanhol, polonês, samarenho, vietnamita, japonês, chinês e português. A pesquisa ocorreu por meio do recurso Programs & Events Dashboard, desenvolvido pela Wikimedia Foundation e disponível pelo WMF Cloud Services. Resultados: Seis tópicos em audiologia foram encontrados no Dashboard nos seguintes idiomas: inglês, português, espanhol, italiano, sueco e francês. Foram quatro os registros de atividades na Wikipédia em Inglês (Congressional Committees and Hearings Wikipedia Edit-a-thon, Wikipedia Edit-a-Thon 4 Hearing Health, Wiki4WorldHearingDay2019, International Conference of Auditory Display Edit-a-thon 2017) e três na Wikipédia em Português (Edit-a-Thon for World Hearing Day 2019, Audiologia Educacional e Reabilitação Auditiva, GEA - Grupo de Estudos em Audiologia). As versões em italiano, francês, espanhol e sueco abrigaram apenas um evento cada. O tópico com o mais alto nível de atividade corresponde ao evento global Wiki4WorldHearingDay2019, promovido pelo National Institute for Occupational Safety and Health, International Society of Audiology, American Academy of Audiology, World Health Organization, dentre outros. Essa atividade ocorreu simultaneamente nas Wikipédias dos seis idiomas referidos e resultaram na adição de 74.000 palavras em 7 artigos criados e 90 expandidos, contabilizando 1.130 edições realizadas por 66 usuários registrados, gerando em torno de 2.800.000 visualizações. Vinte e um arquivos de mídia foram carregados na Wikimedia Commons. Comparativamente, os seis eventos resultaram em 117.855 palavras adicionadas a 17 artigos criados e 249 expandidos em um total de 1.831 edições feitas por 140 usuários registrados e 3.404.589 novas visualizações. Sessenta e três arquivos foram carregados na Wikimedia Commons. Conclusão: O elevado número de visualizações após as intervenções dos usuários indica o grande potencial da Wikipédia para a aprendizagem combinada como ferramenta de colaboração coletiva. Ao utilizar a Wikipédia para criação de conteúdo científico, os estudantes envolvem-se em uma atividade de metodologia ativa de aprendizagem, na qual atuam como agentes do próprio processo de aprendizado.

Edit-a-Thon for World Hearing Day 2019 — Programs & Events Dashboard [Internet]. outreachdashboard.wmflabs.org. 2020 [cited 6 July 2020]. Available from: https://outreachdashboard.wmflabs.org/courses/International_Society_of_Audiology/Edit-a-Thon_for_World_Hearing_Day_2019

Education program [Internet]. En.wikipedia.org. 2020 [cited 6 July 2020]. Available from: https://en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Education_program

Estatísticas da Wikipédia - Tables - português [Internet]. Stats.wikimedia.org. 2020 [cited 6 July 2020]. Available from: http://stats.wikimedia.org/PT/TablesWikipediaPT.htm

Giles J. Internet encyclopaedias go head to head. Nature. 2005;438(7070):900-901.

Página principal [Internet]. Pt.wikipedia.org. 2020 [cited 6 July 2020]. Available from: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pagina_principal

Programs & Events Dashboard - Meta [Internet]. Meta.wikimedia.org. 2020 [cited 6 July 2020]. Available from: https://meta.wikimedia.org/wiki/Programs_%26_Events_Dashboard

Statistics [Internet]. En.wikipedia.org. 2020 [cited 6 July 2020]. Available from: https://en.wikipedia.org/wiki/Special:Statistics

Wiki4WorldHearingDay2019 - Meta [Internet]. Meta.wikimedia.org. 2020 [cited 6 July 2020]. Available from: https://meta.wikimedia.org/wiki/Wiki4WorldHearingDay2019


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1783
PROGRAMA DE FLUÊNCIA DE LEITURA ORAL EM GRUPO: TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Programa de Fluência de Leitura Oral em grupo: tradução e adaptação

Perante a crise vivida na educação brasileira demonstrada pelos baixos índices de desempenhos em leitura dos escolares nos sistemas de avaliações tanto nacionais quanto internacionais1-5 e as evidências científicas demonstradas por meio de revisões da literatura sobre a importância da fluência para uma boa compreensão na leitura traz um alerta para a importância de programas interventivos que podem auxiliar no desenvolvimento da fluência e compreensão da leitura6-8. Desta forma, o objetivo do estudo foi de traduzir e adaptar um programa de fluência de leitura para escolares 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental I para aplicação em grupo. Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e foi realizado após a aprovação do mesmo sob o número 3.490.290, CAAE 14642819.2.0000.5406. Foi realizada a tradução e adaptação do manual do programa9 e de seus materiais de implementação com base em propostas de pesquisadores que apresentam técnicas para guiar a adaptação de instrumentos psicológicos de uma cultura para outra a fim de diminuir os vieses da cultura da qual o instrumento original provém10. Foram realizados os seguintes procedimentos: tradução inicial; síntese; retro-tradução; revisão por um comitê e realização de um pré-teste (estudo piloto). Os escolares participantes do estudo piloto foram selecionados por meio de um rastreio com a avaliação da fluência de leitura oral e foi utilizada a tabela de referência proposta pelo programa de fluência. Os escolares verificados como de risco no rastreio foram divididos em quatro grupos, de acordo com o desempenho, para aplicação do programa: Grupo “Rosa”: dois escolares do 3° ano, Grupo “Verde”: dois escolares do 4° ano, Grupo Amarelo: três escolares do 4° ano e Grupo “Laranja”: três escolares do 5° ano. O Programa HELPS-PB para grupos foi implementado por aproximadamente três vezes por semana com duração de 35 a 45 minutos por sessão, por dez sessões de intervenção. O programa traduzido e adaptado foi implementado por aproximadamente três vezes por semana com duração de 35 a 45 minutos por sessão. Todos os grupos receberam dez sessões de intervenção (duração média de um mês de aplicação). Cada participante da aplicação do programa respondeu, de forma independente, uma escala de aceitabilidade de três itens. Após o estudo piloto, pôde-se concluir que houve viabilidade de implementação em 3 vezes na semana; o tempo previsto de uma sessão completa foi de 45 a 50 minutos; a aplicação do piloto também demostrou que os escolares não apresentaram nenhuma dificuldade de compreensão quanto aos comandos e instruções das atividades; e os escolares demonstraram contentamento e divertimento frente aos prêmios que ganharam, com o ganho de bônus de estrelas e até mesmo com o uso do cronômetro. Com a aplicação do estudo piloto, foi possível traduzir e adaptar um programa de fluência de leitura para escolares 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental I, sendo a intervenção viável para aplicação em grupo dentro da rotina escolar.

1. Brasil. Ministério da Educação. Avaliação nacional da alfabetização (ANA): documento básico, Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 2013; 20 p.
2. ______. Ministério da Educação. Relatório 2013-2014, Vol. 2. Análise dos resultados, Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 2015; 124 p.
3. ______. Ministério da Educação. Resultados. Sistema de Avaliação da Educação Básica. Edição 2015, Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 2016; 49 p.
4. ______. Ministério da Educação. Cartilha SAEB 2017, Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 2017; 18 p.
5. OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Brasil no PISA 2015: análises e reflexões sobre o desempenho dos estudantes brasileiros. São Paulo: Fundação Santillana. 2016.
6. Kostewicz DE et al. A review of fixed fluency criteria in repeated reading studies. Reading Improvement. 2016; 53(1): 23-41.
7. Stevens EA, Walker MA, Vaughn S. The effects of reading fluency interventions on the reading fluency and reading comprehension performance of elementary students with learning disabilities: a synthesis of the research from 2001 to 2014. J Learn Disab. 2017; 50(5): 576-590.
8. Lee J, Yoon SY. The effects of repeated reading on reading fluency for students with reading disabilities: a meta-analysis. J Learn Disab. 2017; 50(2): 213-224.
9. Cassepp-Borges V, Balbinotti MAA, Teodoro MLM. Tradução e validação de conteúdo: uma proposta para a adaptação de instrumentos. In: Pasquali L. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010: 506-520.
10. Begeny JC et al. Initial evidence for using the Helps Reading Fluency Program with small instructional groups. SPF. 2012; 6(3):50-63.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
989
PROGRAMA DE FONOTERAPIA INTENSIVA E CORREÇÃO DE ARTICULAÇÃO COMPENSATÓRIA DO TIPO OCLUSIVA GLOTAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
17012180


Introdução: A oclusiva glotal é um dos tipos de articulação compensatória mais comumente encontrada em indivíduos com fissura labiopalatinas (TROST-CARDAMONE, 2004). As articulações compensatórias são alterações de fala decorrentes da tentativa do indivíduo com fissura palatina/disfunção velofaríngea de gerar pressão intraoral para a produção das consoantes de alta pressão, como as oclusivas e fricativas, realizando a produção das consoantes em articulatórios atípicos (PETERSON-FALZONE et al., 2006). Essas alterações se iniciam por causa da alteração estrutural, mas podem passar a fazer parte do sistema fonológico do indivíduo da criança (RUSSEL; GRUNWELL, 1993). A fonoterapia, preferencialmente a intensiva, é a opção de tratamento para correção das articulações compensatórias quando presentes nestes indivíduos, uma vez que eles são expostos a uma grande quantidade de sessões de terapia em um menor período de tempo, favorecendo a correção das ACs (LIMA et al., 2007; PAMPLONA et al., 2009; BISPO et al., 2011; SKIDMORE, 2012; MELO et al., 2013; DOBBELSTEYN et al., 2014; PRATHANEE et al., 2014). Objetivo: Investigar a influência de um programa de fonoterapia intensiva (PFI) sobre a ocorrência da oclusiva glotal (OG) na fala de indivíduos com fissura palatina. Material e Métodos: Gravações de amostras de fala de 37 indivíduos, de ambos os sexos (média de idade = 19 anos), com fissura palatina ou labiopalatina operada, antes e depois de terem sido submetidos a um PFI (duração de 3 semanas, com 3 sessões diárias, totalizando 45 sessões no período). Para comparação dos resultados, as amostras de fala de gravadas de cada paciente, antes e depois do PFI, foram avaliadas por três fonoaudiólogas experientes na avaliação da fala de indivíduos com fissura labiopalatina, quanto à presença e ausência de OG. As amostras foram constituídas por 6 frases, cada qual com recorrência das seis consoantes oclusivas do Português (p, t, k, b, d, g), totalizando 24 consoantes-alvo. Resultados: Pré-PFI, 36 dos 37 pacientes apresentaram OG, totalizando 325 consoantes-alvo. Após o PFI, desses 36 (100%) pacientes, 5 (14%) conseguiram corrigir a OG em todas as consoantes-alvo; 4 (11%) não apresentaram mudança e 27 (75%) apresentaram redução da ocorrência de OG. A comparação dos resultados pré e pós-PFI mostrou significância estatística para as consoantes p, t, k d (Mc Nemar p<0,05). Conclusão: O PFI teve influência sobre a ocorrência da oclusiva glotal na fala de indivíduos com fissura palatina, sendo esta menor após a intervenção.

Bispo NHM, Whitaker ME, Aferri HC, Neves JDA, Dutka JCR, Pegoraro-Krook MI. Speech therapy for compensatory articulations and velopharyngeal function: a case report. J Appl Oral Sci. 2011;19(6):679-84.

Dobbelsteyn C, Bird EKR, Parker J, Griffiths C, Budden A, Flood K et al. Effectiveness of the corrective babbling speech treatment program for children with a history of cleft palate or velopharyngeal dysfunction. Cleft Palate Craniofac J.

Lima MDRF, Leal FB, Araújo SVS, Ferreira E. Atendimento fonoaudiológico intensivo em pacientes operados de fissura labiopalatina: relato de casos. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(3):240-6.

Melo DP, Ramalho MSSC, Perillo VCA, Rodrigues LCB. Terapia fonoaudiológica intensiva e fissura de palato: relato de caso. Rev. CEFAC. 2013;15(4):1019-24.

Pamplona MC, Ysunza A, Perez G, Vergara S. Summer school speech therapy for children with cleft palate and language disorder. Gac Méd Méx. 2009;145(6):475- 79.

Peterson-Falzone SJ, Trost-Cardamone JE, Karnell MP, Hardin-Jones MA. The clinician’s guide to treating cleft palate speech. St. Louis: Mosby. 2006. p.17-37.

Prathaneel B, Makarabhirom K, Jaiyong P, Pradubwong S. Khon Kaen: a community-based speech therapy model for an area lacking in speech services for clefts. Southeast Asian J Trop Med Public Health. 2014;45(5):1182-95.

Russel, Grunwell P. Speech disorders in children with cleft lip and palate. In: Grunwell P (ed). Analysing cleft palate speech. Whurr Publisher. London. 1993.p. 19-47.

Skidmore E. Critical review: what are the effects of intensive speech therapy intervention for speech outcomes in children with cleft lip and palate? University of Western Ontario: School of Communication Sciences and Disorders. 2012;1:1-6.

Trost-Cardamone JE. Diagnosis of specific cleft palate speech error patterns for planning therapy or physical management needs. In: Bzoch KR editor. Communicative disorders related to cleft lip and palate. 5. ed. Austin: Pro-Ed; 2004.p.464-89.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1611
PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EDUCACIONAL COLETIVO NO MODELO DE RESPOSTA À INTERVENÇÃO (RTI) PARA ESCOLARES DE RISCO PARA DISLEXIA: ESTUDO PILOTO
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Autores: Melissa Pinotti Marguti, Alexandra Beatriz Portes de Cerqueira César, Simone Aparecida Capellini.
Título: Programa de intervenção educacional coletivo no Modelo de Resposta à Intervenção (RTI) para escolares de risco para dislexia: estudo piloto

Introdução: A Dislexia refere-se a diferenças de processamentos individuais, frequentemente afetando a aquisição da leitura, escrita e ortografia, podendo também ocorrer falhas nos processos cognitivos, fonológicos e /ou visuais1. A literatura internacional referiu que as habilidades metafonológicas junto com o princípio alfabético são habilidades preditoras para o desenvolvimento da leitura, e escolares que apresentam déficits nestas habilidades no início de alfabetização são considerados de risco para a dislexia2. A identificação de escolares de risco para o desenvolvimento da leitura no início da alfabetização permite a intervenção educacional antes que prejuízos significantes na aprendizagem se manifestem, assim, o escolar possa ter um prognostico melhor em relação ao seu grupo-classe3,4. Objetivos: apresentar um estudo em duas fases, o objetivo da fase 1 foi elaborar um programa de intervenção educacional coletivo no modelo de resposta à intervenção (RTI) em segunda camada para escolares de risco para dislexia. A fase 2 teve como objetivo realizar o estudo piloto para verificar a significância clínica do programa coletivo que foi elaborado na fase 1 em situação de pós testagem. O estudo foi realizado após aprovação do Comitê de Ética sob o protocolo número 0663/2013. Método: Participaram da fase 2, quatro escolares de ambos os sexos, com idade de 6 anos e 11 meses a 7 anos e 11 meses. Para a elaboração do programa de intervenção foi realizado levantamento bibliográfico nas bases Scielo e Pubmed sobre as habilidades descritas nos programas de resposta à intervenção coletivos; descrição das tarefas com os objetivos descritos; tempo de duração para realização das tarefas e número de sessões realizadas nos programas. O programa foi composto pelas habilidades: conhecimento da letra-som, conhecimento da silaba, segmentação silábica, segmentação fonêmica, adição silábica, adição fonêmica, subtração silábica, subtração fonêmica, substituição silábica, substituição fonêmica, combinação silábica e combinação fonêmica. Os estímulos visuais e linguísticos utilizados foram selecionados a partir do banco de imagens e de palavras extraído de textos de livros didáticos de Língua Portuguesa. Todos os escolares foram submetidos a aplicação do Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura em situação de pré e pós testagem e ao programa de intervenção em sessões coletivas de 50 minutos. Resultados: a análise dos resultados do estudo piloto foi realizada por meio do Método JT. Houve mudança positiva confiável nas habilidades de conhecimento do alfabeto, segmentação silábica, produção de palavra a partir de um fonema dado, análise fonêmica e compreensão auditiva a partir de figuras. Conclusão: Como resultado da fase 1 deste estudo foi possível elaborar um programa coletivo de intervenção baseado no modelo de resposta à intervenção (RTI) para desenvolvimento do princípio alfabético e das habilidades metafonológicas. Os resultados do estudo piloto realizado na fase 2 deste estudo revelou que o programa elaborado apresentou significância clínica para escolares de risco para dislexia.

1. REID, Gavin. Dyslexia: A practitioner's handbook. John Wiley & Sons, 2016.
2. BOLLMAN, Kerry A.; SILBERGLITT, Benjamin; GIBBONS, Kimberly A. The St. Croix River education district model: Incorporating systems-level organization and a multi-tiered problem-solving process for intervention delivery. In: Handbook of response to intervention. Springer, Boston, MA, 2007. p. 319-330.
3. CAPELLINI, S. A.; CERQUEIRA-CÉSAR, A. B. P.; GERMANO, G. D. Early Identification of Reading Problems: Preliminary Study with Students of 1st Grade. Procedia-Social and Behavioral Sciences, v. 174, p. 1351-1355, 2015.
4. NAVAS, A. L. G. P. Por que prevenir é melhor que remediar quando se trata de dificuldades de aprendizagem. In: Alves LM, Mousinho R & Capellini S (Org). Dislexia: novos temas, novas perspectivas. Rio de Janeiro: Wak Editora. 2011, v I. P. 41-53.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1087
PROGRAMA DE REABILITAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO
Relato de experiência
Disfagia (DIS)



Introdução: A gravidade das repercussões da disfagia na saúde do paciente com Doença de Parkinson (DP), impõe a necessidade de abordagem multiprofissional especializada. Com esse fim, o programa de reabilitação da deglutição (PRD) foi implantado em uma unidade de referência no atendimento à DP, vinculado a um projeto de extensão universitária e grupo de pesquisa. Objetivo: Relatar as atividades de um PRD em pacientes com DP e seu impacto na assistência à saúde, ensino e pesquisa científica. Métodos: As atividades dessa extensão foram realizadas em uma clínica escola de Fonoaudiologia de uma instituição de ensino e contou com a participação de docentes e discentes de fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia. As ações ocorreram no período de março a dezembro de 2019, com carga horária de quatro horas semanais, total de dezesseis horas mensais. Dez pacientes com DP do Hospital Universitário, com queixas na deglutição foram encaminhados e atendidos pelo serviço de reabilitação fonoaudiológica dessa extensão e em torno de 55 participaram de palestras, orientações no evento em atenção ao dia da disfagia ocorrido no mês de março e conheceram o e-book desenvolvido pelo referido programa. Essa ação teve a colaboração de 2 docentes e 5 discentes do curso de fonoaudiologia. Resultados: Inicialmente os discentes participaram de seminários, treinamentos de protocolos, abordagens terapêuticas para assim, assistirem os pacientes com a supervisão constante dos professores responsáveis e/ou colaboradores. O PRD consistiu na realização de exercícios fonoterápicos, com ênfase na disfagia e suas interfaces com os desvios vocais e a disartria, visando minimizar os riscos de broncoaspiração e consequente infecção respiratória. Sendo assim, orientações também foram feitas quanto à forma, temperatura, consistência, velocidade de ingestão oral, postura corporal e manobras de facilitação e proteção das vias aéreas inferiores. Além disso, os pacientes e cuidadores foram treinados na realização de exercícios em seus domicílios seguindo o e-book desenvolvido pelo programa de extensão ao qual essa ação está vinculada. Como destaque na reabilitação dos pacientes com DP, houve o emprego da música para marcação do ritmo e velocidade na execução dos exercícios isotônicos e isométricos, o que tornou as sessões mais interessantes e prazerosas. Os pacientes com DP, também, foram assistidos pela fisioterapia e terapia ocupacional no hospital-universitário da mesma instituição de ensino superior público, possibilitando a interdisciplinaridade. Em relação às atividades voltadas à pesquisa foi desenvolvido o projeto intitulado: “Repercussões da Laserterapia Associada à Fonoterapia Convencional na Deglutição de Pacientes com Doença de Parkinson”, em fase de submissão ao comitê de ética. Conclusão: Acredita-se que essa extensão trouxe benefícios na formação de graduandos, pois possibilitou a interação dos mesmos com pacientes com DP no contexto prático/clínico. Trouxe benefícios a esses pacientes com ou sem queixas na deglutição devido as palestras, orientações e reabilitação propriamente dita.





TRABALHOS CIENTÍFICOS
759
PROGRAMA DE REDUÇÃO DE BULBO FARÍNGEO E FONOTERAPIA INTENSIVA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
17012180


Introdução: Um programa de redução do bulbo faríngeo associado a um programa de fonoterapia intensiva (PRB/PFI) pode estimular o aumento do movimento das paredes faríngeas e, com isso, diminuir o tamanho do gap velofaríngeo, em preparação para a cirurgia secundária (BLAKELEY, 1960, 1964; DUTKA, 2012). O PRB/PFI envolve o trabalho interdisciplinar do cirurgião dentista, que fará os desgastes no bulbo faríngeo, e do fonoaudiólogo que o orientará na realização das reduções e que fará as fonoterapias do paciente. Objetivo: Relatar os resultados do caso de uma paciente com fissura palatina operada que participou de um PRB/PFI. Relato de Caso: Trabalho aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (parecer nº 3.673.818). Participou deste trabalho, uma moça de 19 anos de idade, que usava obturador faríngeo desde os 7 anos por apresentar gap velofaríngeo grande e pouco movimento de paredes faríngeas (o que contraindicava a cirurgia secundária). Com o bulbo faríngeo a paciente apresentava fala normal. Embora estivesse satisfeita com sua fala, ela tinha o desejo de fazer a cirurgia secundária e descartar o uso da prótese, e, quando soube que havia a possibilidade de diminuir o seu gap velofaríngeo decidiu se engajar no PRB/PFI. O critério utilizado em cada redução é fazer com que os desgastes feitos no bulbo, milímetro a milímetro, desestabilize o fechamento velofaríngeo, deixando-o inconsistente para a fala (que neste momento passa a ser hipernasal). Entretanto, à medida que a paciente evolui com as sessões de fonoterapia, a meta é fazer com que volte a alcançar o fechamento velofaríngeo consistente com o bulbo faríngeo menor, normalizando a ressonância de fala. Quando isso ocorre, uma nova redução no bulbo é realizada associada às sessões de fonoterapia. Assim, esta paciente foi submetida a um total de 35 sessões de terapia, de 45 minutos cada, em um período de 3 semanas, durante o qual foram feitas duas reduções no seu bulbo faríngeo (a primeira foi feita antes de iniciar as sessões de terapia, de 20mm de extensão que tinha o seu bulbo, este passou para 15 mm e após 14 sessões de fonoterapia, este foi reduzido novamente e passou a ter 10mm). Antes, após cada redução e após a última sessão de fonoterapia, a paciente foi submetida à avaliação perceptivo-auditiva de fala, à nasoendoscopia e à nasometria, cujos resultados comprovaram os efeitos da redução do bulbo na função velofaríngea e na ressonância de fala, mostrando que ao final do programa, a paciente conseguiu permanecer com ressonância de fala normal (com o bulbo faríngeo bem menor), passando então a obter melhor prognóstico para cirurgia secundária por ter conseguido reduzir consideravelmente o seu gap velofaríngeo. Seis meses após o PRB/PFI a paciente passou por uma nova avaliação de fala e nasoendoscópica, mantendo os resultados alcançados. Conclusão: O PRB/PFI mostrou-se eficaz na diminuição do gap velofaríngeo, mantendo a fala da paciente normal com o uso do bulbo faríngeo em tamanho reduzido, melhorando o prognóstico para a realização da cirurgia secundária.

1 Blakeley RW. Temporary speech prosthesis as an aid in speech training. Cleft Palate Bull. 1960; 10: 63-65.
2 Blakeley RW. The complimentary use of speech prostheses and pharyngeal flaps in palatal insufficiency. Cleft Palate J. 1964; 12:194-8.
3. Dutka JCR, Uemeoka E, Aferri HC, Pegoraro-Krook MI, Marino VC. Total obturation of velopharynx for treatment of velopharyngeal hypodynamism: case report. Cleft Palate Craniofac J. 2012;49(4):488-93.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1644
PROGRAMA DE SAÚDE AUDITIVA INFANTIL: PRIMEIROS PASSOS PARA A ARTICULAÇÃO COM A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A Organização Mundial de Saúde estima 34 milhões de crianças no mundo com deficiência auditiva. A proporção de perda auditiva por causas evitáveis é de cerca de 60%, ampliando para 75% em países de baixa e média renda. Portanto, o diagnóstico e a intervenção precoces são fundamentais para minimizar os impactos inerentes à essa condição. Um sistema de referência e contra-referência ineficaz somado à restrita adesão das famílias às diferentes etapas do programa de saúde auditiva infantil dificulta tanto a prevenção quanto a identificação e tratamento das perdas auditivas na idade ideal. Assim, a OMS e o Ministério da Saúde têm recomendado a articulação com a atenção primária em saúde, tendo o Agente Comunitário de Saúde (ACS) um papel de suma importância nesta proposta. Considerando a problemática exposta e o fato do programa de saúde auditiva infantil na atenção primária à saúde ainda não ser realidade nas diversas localidades do país, o objetivo deste estudo foi verificar a execução prática do ACS numa proposta de articulação do programa de saúde auditiva infantil na atenção primária. Trata-se de um estudo longitudinal, com aprovação do comitê de ética (CAAE: 98129718.8.0000.5292). Participaram 21 ACS de duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) que realizaram previamente uma capacitação online autoinstrucional em saúde auditiva infantil disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS (AVASUS) do Ministério da Saúde. Após a capacitação, os ACS foram orientados a colocar em prática o aprendizado obtido, utilizando um questionário previamente validado que aborda os marcos do desenvolvimento da audição e da linguagem, contendo perguntas de acordo com a idade da criança. Se a família respondesse “não” para a pergunta “Seu filho ouve bem?” ou dois meses consecutivos para as demais perguntas, os ACS realizavam o encaminhamento para avaliação audiológica infantil. Foi avaliada a percepção dos ACS utilizando um questionário de satisfação, indicando os pontos positivos e negativos de sua atuação. Adicionalmente, realizou-se um levantamento de dados sobre o quantitativo de crianças existentes na área de cobertura, acompanhada e quantas foram encaminhadas para avaliação. Os 21 ACS iniciaram o acompanhamento a partir do mês seguinte à capacitação. Constatou-se um quantitativo de 153 crianças na faixa etária de zero a dois anos cadastradas. Além das crianças na faixa etária proposta, em decorrência de queixas auditivas e de linguagem os ACS ampliaram o acompanhamento para idades superiores. Quanto ao encaminhamento, 13 crianças foram identificadas pelos ACS, sendo seis para avaliação audiológica infantil e sete para Triagem Auditiva. Três crianças com idades acima de dois anos. No questionário de satisfação, 100% dos ACS relataram pontos positivos sobre o aprendizado e sobre a facilidade na aplicação. Nos pontos negativos, foram elencados o pouco tempo para muitas atividades atribuídas ao profissional. Portanto, a atuação dos ACS vinculada à atenção primária pode ampliar o quantitativo de crianças para monitoramento auditivo e/ou resgatar aquelas com perda de seguimento desde a etapa da Triagem Auditiva Neonatal podendo dar seguimento ao diagnóstico e intervenção de crianças com deficiência auditiva e possibilitar maior acesso da população aos serviços de saúde.

World Health Organization. Deafness and hearing loss [Internet]. 2019. [cited 2020 Jun 05]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/deafness-and-hearing-loss.

Silva ARA, da Silveira AK, Curado NR, Griz SMS. Acompanhamento em Programas de Saúde Auditiva Infantil: Uma Revisão Integrativa. Rev. CEFAC. 2014;16(3):992-1003.

Alvarenga KF, Bevilacqua MC, Melo TM, Lopes AC, Moret ALM. Participação das Famílias em Programas de Saúde Auditiva: um Estudo Descritivo. Rev. soc. bras. fonoaudiol. 2011;16(1):49-53.

Alvarenga K de F, Araújo ES, Melo TM de, Martinez MAN, Bevilacqua MC. Questionário para monitoramento do desenvolvimento auditivo e de linguagem no primeiro ano de vida. CoDAS. 2013;25(1):16–21.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
692
PROGRAMA DE TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA INTENSIVA EM CASO DE PACIENTE COM FISSURA DE PALATO SUBMUCOSA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
72115950


INTRODUÇÃO: A fissura de palato submucosa (FPS) é uma malformação craniofacial congênita(1). A etiologia é multifatorial, pois engloba uma combinação de fatores ambientais, genéticos e epigenéticos(2,3). O diagnóstico da FPS muitas vezes é tardio, sendo que a falta de alerta para características anatômicas evidentes pode ser um dos motivos que o justificam(3). As manifestações anatômicas da FPS são a úvula bífida, diástase muscular e entalhe ósseo na região posterior do palato duro(4). Um fator relevante desse tipo de fissura de palato é que ela se diferencia da outras devido a integridade da mucosa oral do palato(1), porém o mecanismo velofaringeo pode não realizar a função adequadamente caracterizando a disfunção velofaríngea (DVF)(5,6). A terapia intensiva foi aplicada neste caso devido a possibilidade de fechamento velofaríngeo apresentada por uma paciente com fissura de palato submucosa não operada. OBJETIVO: Relatar um programa de fonoterapia intensiva para reabilitação de fala, descrever os processos terapêuticos e comparar a produção da fala antes e depois da terapia. MÉTODO: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa CAAE 03333118.4.0000.8093, parecer número 3.067.282. O caso apresentado é de uma paciente de 13 anos com FPS que participou de um programa de fonoterapia intensiva. Para comparação de resultados foram realizadas avaliação clínica e instrumental com nasofibroscopia com prova terapêutica, filmagem da fala e o cálculo de porcentagem de consoantes de corretas (PCC) no início e fim da terapia. O programa constituiu em 60 sessões de terapia fonoaudiológica, durante quatro semanas consecutivas. Foram três sessões diárias, de segunda a sexta-feira com duração mínima de 30 minutos e máxima de 45 minutos, com intervalos de uma hora e meia entre as sessões. A paciente foi instruída a realizar treinos diários em casa. RESULTADOS: Na avaliação nasofibroscópica, a estrutura anatômica da paciente permitiu o fechamento velofaríngeo funcional, mesmo com as alterações da fissura submucosa. Após fonoterapia intensiva não houveram golpes de glote nos fonemas /p/ e /k/, e plosiva faríngea no fonema /t/, articulações compensatórias que a paciente apresentava pré fonoterapia. A ressonância que era antes hipernasal leve tornou-se equilibrada. Pré fonoterapia apresentou emissão de ar nasal em /b/, /f/, /s/, /∫/, /l/ e na vogal /i/, as quais não foram observadas pós-terapia. Não apresentou mais distorções em /l/ isolado e em encontros consonantais e nem ceceio anterior. Permaneceu realizando mímica facial associada. A alteração na inteligibilidade de fala classificada moderadamente grave passou a ser levemente alterada sendo confirmada pelo cálculo do PCC. Ao fim do programa de terapia intensiva o fechamento velofaríngeo foi sistematizado. CONCLUSÃO: os processos terapêuticos e estratégias utilizadas proporcionaram sucesso terapêutico na comparação da produção da fala antes e depois terapia intensiva. Sendo assim, observou-se que a fonoterapia intensiva proporcionou evolução rápida e eficaz para a paciente deste caso.

1. Miguel HC, Genaro KF, Trindade IEK. Avaliação perceptiva e instrumental da função velofaríngea na fissura de palato submucosa assintomática. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2007 Jan-Abr; 19(1):105-112.

2. Aquino SN, Paranaíba LMR, Martelli DRB, Swerts MSO; Barros LM; Bonan PRF, et al. Estudo de pacientes com fissuras lábio-palatinas com pais consanguíneos. Braz J Otorhinolaryngol. 2011;77(1):19-23.

3. Sales SAG, Santos ML, Machado RA, Dias VO, Nascimento JE, Swerts MSO, Martelli Júnior H, et al. Incidence of bifid uvula and its relationship to submucous cleft palate and a family history of oral cleft in the Brazilian population. Braz J Otorhinolaryngol. 2018;84(6):687-690

4. Sommerlad BC, Mehendale FV, Birch MJ, Sell D, Hattee C, Harland K. Palate repaired revisited. Cleft Palate Craniofac. J., Chapel Hill, 2002;39(3):295-307.

5. Bispo NHM, Whitaker ME, Aferri HC, Neves JDA, Dutka JCR, Pegoraro-Krook MI. Speech therapy for compensatory articulations and velopharyngeal function: a case report. J. Appl. Oral Sci. 2011;19(6):679-684.

6. Picinato-Pirola M; Coelho AC. Fonoterapia na Fissura Labiopalatina. In: Melissa Picinato-Pirola; Verônica Fernandes Ramos; Christiane Camargo Tanigute; Angela Silveira Guerra Silva; Irene Queiroz Marchesan; Adriana Tessitore; Hilton Justino da Silva; Giédre Berretin-Felix. (Org.). Terapia em Motricidade Orofacial: Como eu faço. 1ed.São José dos Campos: Pulso Editorial, 2019, v. 1, p. 136-149.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1471
PROGRAMA DE TERAPIA VOCAL E DE FALA PARA DEFICIENTES AUDITIVOS E USUÁRIOS DE IMPLANTE COCLEAR
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O sistema auditivo é componente imprescindível para o desenvolvimento e a manutenção da qualidade vocal. Alterações de audição antes do desenvolvimento da linguagem oral, podem interferir na construção de ajustes adequados e no uso dos órgãos envolvidos na produção de voz e fala pela ausência de feedback auditivo. As alterações vocais na surdez geralmente estão relacionadas à respiração, fonação, ressonância, articulação e prosódia.
Objetivo: Apresentação de um programa de terapia vocal e de fala para indivíduos com surdez pré-lingual que receberam o implante coclear para restabelecimento do feedback auditivo na fase adulta.
Método: Este programa de terapia trata-se de um protocolo estendido proposto para adultos usuários de implante coclear (IC) e com uso da linguagem oral, com aprovação da comissão de Ética e Pesquisa sob o número: 796.438. O programa de terapia propõe intervenção mínima de 24 sessões estruturadas, individuais e semanais, com objetivo de estabelecer ajustes motores necessários à reestruturação do padrão de fonação e da fala. Foi desenvolvido a partir de estudo anterior já publicado; na avaliação da voz (protocolo CAPE-V) e leitura de frases veículos para análise da fala. É recomendada a realização de exame laringológico prévio e limiares auditivos com IC melhores que 40 dBHL nas frequências de fala. O programa é constituído de exercícios de trato vocal semi-ocluído – ETVSO sendo gradativamente aumentados em dificuldade (tom modal e glissandos) e duração (minutos) ao longo das sessões; uso de incentivador respiratório - ® Respiron para o abaixamento da laringe e elevação do palato mole; /b/ prolongado; treinamento dos fonemas plosivos e fricativos (ponto e modo articulatório) com auxílio da espectrografia (programa FonoView), e atividades vocais para prosódia e flexibilidade vocal com treinamento de velocidade de fala, pausas, ênfases e diferentes entonações.
Resultados: Os ETVSO utilizados são: tubo flexível na água, canudos de diferentes calibres e resistências, fricativas surdas e sonoras, vibração sonorizada de lábios e língua, firmeza glótica e sons nasais que balanceiam a energia e aumentam a interação fonte e filtro, trabalham o direcionamento do fluxo aéreo, a coordenação pneumo-fono-articulatória, mobilização da onda mucosa das pregas vocais, o controle da pressão e tensão durante o processo de fonação. Os exercícios favorecem também os ajustes ressonantais, a frequência da voz quando alterada e a estabilidade vocal. A terapia dirigida dos fonemas mostrou-se importante para a melhora das consoantes vozeadas e na inteligibilidade de fala, sendo comum essa alteração na surdez em diversos graus. A espectrografia mostrou-se eficiente como recurso para o feedback visual imediato durante o treinamento dirigido dos fonemas e para a demonstração de variações melódicas nas atividades de prosódia.
Conclusão: O protocolo abrange a qualidade vocal e o foco de ressonância, que estão intimamente ligados aos aspectos articulatórios e de inteligibilidade de fala, sendo necessária essa abordagem global para melhora do padrão de comunicação dos indivíduos com surdez pré-lingual, especialmente aqueles implantados tardiamente. O aumento no número de sessões pode ser adaptado de acordo com o tempo de aprendizado do novo engrama vocal, da produção de fala, das automatizações necessárias, considerando-se o limite terapêutico.

Barzaghi L, Barbosa K, El Malt SM. Deficiência de audição e contraste de vozeamento em oclusivas do português brasileiro: análise acústica e perceptiva. Distúrb Comum. 2007;19(3):343-55.
- Behlau M, Madazio G, Andrade D, Azevedo R, Gielow I, Rehder MI. Aperfeiçoamento vocal e tratamento fonoaudiológico nas disfonias. In: Behlau MS, organizadores. Voz: O livro do especialista. São Paulo: Revinter; 2005. v.2.
- Coelho AC, Brasolotto AG, Fernandes ACN, de Souza Medved DM, da Silva EM, Júnior FB. Auditory-Perceptual Evaluation of Voice Quality of Cochlear-implanted and Normal-hearing Individuals: A Reliability Study. J Voice. 2017;31(6):774.e1-774.e8.
- Cysneiros HRS, Leal MC, Lucena JA, Muniz LF. Relação entre percepção auditiva e produção vocal em implantados cocleares: uma revisão sistemática. Codas. 2016;28(5):634-9.
- Das B, Chatterjee I, Kumar S. Laryngeal aerodynamics in children with hearing impairment versus age and height matched normal hearing peers. ISRN Otolaryngol. 2013;2013:394604.
- Guzman M, Laukkanen AM, Krupa P, Horacek J, JG Svec, Geneid A. Vocal tract and glottal function during and after vocal exercising with resonance tube and straw. J Voice. 2013;27(4):523.e19-34.
- Selleck MA, Sataloff RT. The impact of auditory system on phonation: a review. J Voice. 2014;28(6):688-93.
- Titze IR. Voice training and therapy with a semi-occluded vocal tract: rationale and scientific underpinnings. J Speech Lang Hear Res. 2006;49(2):448–59.
- Ubrig MT. A influência do feedback auditivo e da reabilitação vocal em indivíduos com surdez pré-lingual após o implante coclear [Tese]. [São Paulo]: Universidade de São Paulo; 2018. 125 p.
- Ubrig MT, Tsuji RK, Weber R, Menezes MHM, Barrichelo VMO, da Cunha MGB, Tsuji DH, Goffi-Gomez MVS. The Influence of Auditory Feedback and Vocal Rehabilitation on Prelingual Hearing-Impaired Individuals Post Cochlear Implant. J Voice. 2019 Nov;33(6):947.e1-947.e9. doi: 10.1016/j.jvoice.2018.07.004. Epub 2018 Aug 31.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
399
PROGRAMA FONOAUDIOLÓGICO DE ASSISTÊNCIA A DISFAGIA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A fonoaudiologia é a ciência que cuida de todo o processo de comunicação humana e seu desenvolvimento, analisando os padrões normais de aquisição e desenvolvimento psicossocial da linguagem, audição, voz e fala. O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para realizar a avaliação, o diagnóstico funcional e o tratamento fonoaudiológico das disfagias, assim como o gerenciamento destas no recém-nascido, na criança, no adolescente, no adulto e no idoso. A disfagia é uma alteração na deglutição, caracterizada por doenças neurológicas, como Doença de Parkinson, Acidente Vascular Encefálico (AVE), Doença de Alzheimer, também podendo ser proveniente de alterações estruturais, em decorrência de tumores e traumas. Portanto, cabe ao profissional fonoaudiólogo prescrever a consistência alimentar, volume, ritmo de oferta e aplicação de técnicas como manobras de proteção de vias aéreas, manobras posturais, exercícios envolvendo as estruturas orofaciais e outras orientações, necessárias para administração da dieta via oral de forma segura, sempre contando com o apoio de uma equipe multidisciplinar. Objetivo: Criar um programa fonoaudiológico de assistência a Disfagia em hospitais. Metodologia: Foi criado um programa pensado nas dificuldades encontradas pelos profissionais especialistas, que foram entrevistados por nos pesquisadores. Dentre as propostas idealizadas estão as atividades voltadas na realização de mini cursos com enfoque na intervenção da Disfagia, de maneira prática e dinâmica, através de uma plataforma online, que disponibilizará 6 módulos, composto de 6 vídeo aulas de 30 minutos. Também será proposto a realização de palestras com participação de fonoaudiólogos a fim de facilitar o desempenho dos profissionais de saúde envolvidos nessa área. Contaremos com um suporte de supervisão clínica de casos com a finalidade de discutir as melhores opções de reabilitação a partir dos casos clínicos atendidos. Resultados: O programa foi pensado com o intuito de facilitar as condições de atendimento dos pacientes disfásicos, melhorando a acessibilidade a quem precisa do atendimento fonoaudiológico, reconhecimento prévio das ações que necessitam ser tomadas para os cuidados com a disfagia e com o foco principal na qualidade de vida desses pacientes. Conclusão: Conclui-se que realizando de forma dinâmica os atendimentos e melhorando a eficácia da reabilitação, este programa poderá propiciar uma melhora na qualidade de vida tanto dos pacientes com Disfagia quanto na facilidade e segurança de atendimentos pelos profissionais envolvidos, contribuindo assim para o seu bem estar social.

AMARAL, Ana Cláudia Fernandes et al . Fonoaudiologia e nutrição em ambiente hospitalar: análise de terminologia de classificação das consistências alimentares. CoDAS, São Paulo , v. 27, n. 6, p. 541-549, Dec. 2015 . Available from . access on 04 July 2020. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20152015059.

SANTOS, Lauanda Barbosa dos; MITUUTI, Cláudia Tiemi; LUCHESI, Karen Fontes. Atendimento fonoaudiológico para pacientes em cuidados paliativos com disfagia orofaríngea. Audiol., Commun. Res., São Paulo , v. 25, e2262, 2020 . Available from . access on 04 July 2020. Epub Apr 17, 2020. http://dx.doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2262.

STEENHAGEN, Claudia Helena Vigné Alvarez de; MOTTA, Luciana Branco da. Deglutição e envelhecimento: enfoque nas manobras facilitadoras e posturais utilizadas na reabilitação do paciente disfágico. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro , v. 9, n. 3, p. 89-100, Sept. 2006 . Available from . access on 04 July 2020. Epub Oct 24, 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1809-9823.2006.09037


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1493
PROGRAMA RTI – IMPLEMENTAÇÃO EM UMA CIDADE DO INTERIOR DO PARANÁ
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Durante alguns anos de trabalho junto à educação foi possível perceber algumas dificuldades em relação à alfabetização e à intervenção com os alunos com dificuldades. Eram visualizados alunos de séries avançadas sem avaliações e diagnósticos corretos ou encaminhamentos em massa de alunos das séries iniciais par avaliação psicopedagógica e fonoaudiológica. Com este panorama, pensou-se em um projeto piloto de RTI – Resposta à Intervenção em sete escolas municipais de uma cidade do interior do Paraná, com tutoria semanal de fonoaudiólogo educacional. No ano de 2019 o programa foi implementado em todas as escolas municipais. No modelo RTI, inicialmente todas as crianças recebem instrução acadêmica baseada em evidências. Aqueles que não progridem de acordo com o esperado são selecionados para receber apoio educacional e continuam a ser monitorados. A resposta positiva ou melhora do desempenho (medido em pré e pós testagem) é considerada como responsividade adequada ao passo que a ausência de melhora ou melhora insignificante é considerada não responsividade ou baixa responsividade. Este aluno é encaminhado para terceira camada em atendimento individual e é candidato a avaliação multidisciplinar.
Objetivo: Implementar a primeira camada do RTI de rastreio universal e intervenção coletiva em sala de aula em todas as 17 escolas municipais. Realizar tutoria semanalmente sobre as estratégias a serem desenvolvidas na primeira camada e discutir sobre a importância destas atividades no ambiente escolar.
Método: Para a implementação do RTI no município foi utilizado o Protocolo de identificação precoce dos problemas de leitura – IPPL para avaliação dos alunos e o Programa de Resposta à intervenção fonológica associado a correspondência Grafema-Fonema com tutoria ao professor – PRIPROF-T. Os professores das turmas de 1° ano compareciam para tutoria no início da semana. O fonoaudiólogo educacional repassava as informações e maneira de executar as estratégias, bem como realizava um link da estratégia, mais a BNCC e o planejamento bimestral, além de discutir as estratégias da semana anterior. As estratégias eram desenvolvidas três vezes durante a semana. A pré e pós testagem foi realizada pelo professor regente com auxílio da coordenação pedagógica. Nestes momentos em que o professor se ausentava para aplicação do IPPL foi fornecido estagiário de pedagogia para conduzir as atividades em sala de aula.
Resultados: O RTI foi realizado com 545 alunos de 1° ano. Deste total, 354 (65%) se encontravam em classificação “sob atenção” para um possível transtorno de aprendizagem. Após aplicação da primeira camada, este número diminuiu para 88 (17%), dado encontrado na literatura, corroborando com a eficácia do programa. O RTI foi incluído no planejamento bimestral das turmas de 1° ano.
Conclusão: Pode-se concluir que o programa RTI teve sua eficácia comprovada, refinando os alunos com dificuldades de aquisição de leitura. Estes alunos foram encaminhados para a segunda camada de caráter suplementar e remediativo no mesmo turno de aula, a ser realizado pela professora de Sala de Recursos Multifuncional. O RTI se torna aliado na identificação precoce da Dislexia e possibilita uma melhor organização dos serviços públicos de avaliação multidisciplinar.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1955
PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: A FORMAÇÃO DO ESTUDANTE DE FONOAUDIOLOGIA EM AÇÕES EMANCIPADORAS
Práticas fonoaudiológicas
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


A articulação interinstitucional e comunitária é um preceito básico da Extensão Universitária. Neste sentido, além de cumprir um importante papel social, cumpre um propósito acadêmico cada vez mais imprescindível: formar profissionais mais sensíveis e comprometidos com as necessidades da sociedade e com sua transformação.
A atuação do Fonoaudiólogo na escola, especialmente no que se refere à Educação Básica, cada vez mais se consolida como um campo de grande demanda. O Programa Saúde na Escola, instituído em 2007, traz um grande desafio à formação do Fonoaudiólogo, uma vez que suas diretrizes visam à articulação entre redes para alcance de ações em saúde nas comunidades; educação permanente; fomento de espaços de autonomia e cidadania; construção de ambientes saudáveis; valorização dos recursos disponíveis; construção de ações compartilhadas de monitoramento e a promoção de tópicos como alimentação saudável, respeito à diversidade, cultura da paz, mediação de conflitos, incentivo ao cuidado de si, do outro e do meio ambiente, direitos sexuais e reprodutivos, inclusão social e direitos humanos.
Exige, desta forma, um profissional capaz de conectar-se a outros saberes, ciente da complexa gama de fatores que envolvem uma demanda escolar aparentemente específica como, por exemplo, uma dificuldade no processo de alfabetização ou um afastamento docente por disfonia.
A noção epistemológica sobre saúde e educação que marca este Programa valoriza o papel dos determinantes sociais no processo saúde-doença, reconhecendo os limites dos serviços de atuarem isoladamente. Em relação à educação, considera que deva proporcionar o desenvolvimento humano em sua plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e reconhecendo as diferenças. Para tanto, deve fazer parte do processo educativo a percepção das dificuldades, sofrimentos e potencialidades dos alunos, professores e comunidade, em colaboração com as equipes de saúde.
A partir desta demanda de formação profissional e social, constituiu-se um Programa de Extensão envolvendo saúde e educação. Conta com a participação de professores e bolsistas de diferentes cursos de graduação da Universidade: Fonoaudiologia, Fisioterapia, Medicina, Psicologia, Nutrição, Serviço Social, Educação Física, Relações Públicas, profissionais de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) e escolas pertencentes ao seu território. A dinâmica do trabalho dos alunos de graduação envolve o acompanhamento das demandas das escolas, atuando em duplas e trios (de diferentes núcleos de saberes), planejando as ações de forma conjunta, balizada pelas demandas discutidas em reuniões gerais, que envolvem a escola, os profissionais de saúde de referência para a escola, os alunos de graduação e docentes responsáveis pela Extensão. Atuam em um papel mais amplo e menos nuclear de saberes, construindo uma verdadeira ação de promoção de saúde que pode contemplar oficinas, rodas de conversa, atividades lúdicas, cursos de formação e educação permanente
Nesta ação transdisciplinar diferentes saberes foram desafiados a buscar um olhar comum e colaborativo para o desenvolvimento de ações de promoção de saúde no contexto escolar, possibilitando aos futuros Fonoaudiólogos uma formação mais integral e capaz de lidar com a complexidade do trabalho em equipe e na articulação intersetorial, compreender e protagonizando situações certamente presentes em seu futuro profissional.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1246
PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES DA FONOAUDIOLOGIA EM UMA CIDADE DO SERTÃO PARAIBANO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O programa Saúde na Escola (PSE) é conceituado pelo Ministério da Saúde como resultante de uma atuação integrada, entre o referido ministério e o da Educação, com a finalidade de ampliar ações específicas do setor da saúde à comunidade escolar da rede pública de ensino, compreendendo: Ensino Fundamental, Ensino Médio, Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e Educação de Jovens e Adultos (EJA) [1]. As ações realizadas pela Fonoaudiologia no ambiente escolar são imprescindíveis, bem como é necessário que haja uma parceria entre os fonoaudiólogos e os demais profissionais que atuam na educação, tal como enfatizado por alguns autores[2,3]. O fonoaudiólogo ao atuar na prevenção e promoção da saúde em âmbito escolar, colabora para o estabelecimento da instituição escolar como um espaço de compartilhamento de práticas saudáveis. Objetivo: Discutir acerca das ações em Fonoaudiologia, realizadas no PSE, no município de Monte Horebe - PB. Método: Avaliou-se as atividades, ocorridas no período compreendido entre 2017 e 2019. As ações eram acordadas previamente entre a Secretaria de Educação, a Secretaria de Saúde, Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e a Fonoaudióloga contratada pelo munícipio, sendo realizadas reuniões, para elencar as necessidades e demandas da comunidade escolar e nortear as possíveis ações. Resultados: Ocorreram, anualmente, atividades de triagem junto as escolas que compunham o AEE (Atendimento Educacional Especializado). Somente no primeiro ano (2017), foi possível a realização de Triagem Auditiva Escolar com equipamento de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs) e em todos os anos foram adotados o protocolo de nomeação, presente no ABFW[4] e um protocolo próprio, adaptado às necessidades de uma avaliação composta por tópicos que abrangem as principais áreas da Fonoaudiologia. Ao fim das triagens, eram realizadas orientações aos pacientes ou responsáveis e direcionamento ao atendimento ambulatorial de Fonoaudiologia, quando necessário. Em 2018, realizou-se uma ação de Saúde Vocal, junto a professores de uma das escolas do município. A atividade iniciou com palestra, abarcando inicialmente a anatomofisiologia da voz, psicogênese da voz, voz do professor, mitos e verdades em saúde vocal, hábitos nocivos e benéficos à saúde vocal e ainda, realizou-se uma oficina com instrução de exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal; ao término desta, foram esclarecidas as dúvidas dos participantes. Já no ano de 2019, realizou-se uma palestra junto a professores de todo o município, com enfoque nas áreas de atuação do fonoaudiólogo e alterações fonoaudiológicas, mais frequentes em escolares, considerando os públicos da educação infantil e do EJA. Ao término desta atividade foi aberto o espaço para discussão e esclarecimento de dúvidas. Conclusão: As ações realizadas pelo PSE, proporcionaram um estreitamento das relações entre escola e setor de saúde, bem como viabilizaram um novo olhar acerca da Fonoaudiologia. Dessa forma, foi possível o aumento do número de encaminhamentos ao atendimento ambulatorial em Fonoaudiologia, bem como um diálogo positivo, junto à profissionais da educação, considerando também as suas necessidades e demandas.

1- Brasil. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n.24. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na escola / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. –Brasília: Ministério da Saúde; 2009.

2- Maranhão PCS, Pinto SMPC, Pedruzzi CM. Fonoaudiologia e educação infantil: uma parceria necessária. Rev. CEFAC [Internet]. 2009; 11(1):59-66.

3- Pereira S, Santos JN, Nunes MA, Oliveira MG, Santos TS, Martins-Reis VO. Saúde e Educação: uma parceria necessária para o sucesso escolar. Rev. CoDAS [Internet]. 2015. 27(1), 58-64

4- Andrade CRF, Béfi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertnez HF. ABFW – Teste de Linguagem Infantil nas áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática. Carapicuíba, Pró-fono, 2000.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
562
PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: FORTALECENDO A INTERSETORIALIDADE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Este relato de experiência é oriundo de um projeto de intervenção municipal, apresentado como trabalho de conclusão de curso da especialização “Educação Permanente - Saúde e Educação em uma perspectiva integradora”, promovida pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ). O presente projeto teve como objetivo o fortalecimento da intersetorialidade e do Programa Saúde na Escola (PSE) em um município do estado do Rio de Janeiro.

PERCURSO VIVENCIADO
Para a construção coletiva do projeto de intervenção municipal foram realizadas micro intervenções sob a perspectiva da Educação Permanente em Saúde. Os encontros contaram com a participação da equipe do PSE e de educadores da rede municipal de educação. Foram utilizadas metodologias ativas de ensino-aprendizagem, privilegiando o protagonismo dos sujeitos em realizarem uma análise crítica da realidade. Através das micro intervenções foi possível a delimitação de nós críticos, elencados como: dificuldade de sensibilização dos educadores da rede municipal de ensino ao PSE, pouca aproximação da equipe de Saúde junto aos educadores e a dificuldade em se incorporar temas da Saúde no cotidiano dos escolares.
Através de reflexões coletivas acerca destes nós determinou-se o problema central: a falta de articulação entre a equipe do PSE e os educadores das escolas pactuadas.

PROJETO DE INTERVENÇÃO
O projeto de intervenção municipal foi organizado com base em propostas que possibilitem uma maior participação dos educadores das escolas pactuadas e uma maior aproximação com a equipe PSE: o convite a participação do educador na reunião inaugural do PSE; uma reunião dos profissionais do PSE com os professores no primeiro dia de visita à escola; realização da Semana da Saúde, com apoio do PSE; e a realização de encontros semestrais para abordagem de temas pertinentes a saúde do escolar e para estímulo da participação da escola como promotora de saúde (Conexão PSE – Construindo o Saber).

AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
Para avaliação e acompanhamento da qualidade do projeto, optou-se pela utilização de três indicadores (Adesão dos educadores às atividades propostas, Cobertura dos encontros do Conexão PSE - Construindo o Saber e Qualidade destes encontros), além de uma avaliação coletiva por parte dos profissionais do PSE. A avaliação coletiva deverá ser realizada ao final do ano letivo e terá como objetivo avaliar as potencialidades das ações propostas no projeto, assim como o andamento das mesmas, permitindo a discussão dos processos de trabalho, a avaliação e/ou modificação do projeto, apoiando-se na utilização dos indicadores de monitoramento para nortear a reflexão crítica do coletivo de trabalho.

RESULTADOS ESPERADOS

A elaboração deste projeto de intervenção, realizada através da Educação Permanente em Saúde, proporcionou ao PSE repensar seus processos de trabalho e, coletivamente, refletir sobre os desafios e a governabilidade para geração de mudanças.
Acreditando-se na Educação Permanente em Saúde como ferramenta capaz de buscar fortalezas nas subjetividades e na importância da intersetorialidade para a coesão das inúmeras compartimentalizações de nossas realidades, espera-se que a implementação deste projeto possa alcançar os objetivos propostos e, quiçá, inspirar outros trabalhadores à reflexão de seus processos de trabalho, buscando a resolução de problemas através da cogestão e problematização do cotidiano.

[1] Camozzato VC, Costa MV. A educação permanente e as impermanências da educação. Educar em revista, edição especial 2017 jun; 1:153-169.
[2] Souza MC, Esperidião MA, Medina MG. A intersetorialidade no programa saúde na escola: avaliação do processo político-gerencial e das práticas de trabalho. Rev. ciência & saúde coletiva 2017; 22(6):1781-1790.
[3] Silva LA, Leite MT, Pinno C. Contribuições das comissões de integração ensino-serviço na educação permanente em saúde. Rev. trabalho, educação e saúde 2014 maio-ago; 12(2):403-424.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
667
PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA JOVENS: DESENVOLVIMENTO DO PROTOCOLO DA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Revisão Integrativa é definida como aquela em que se obtêm conclusões de estudos a partir de resumos de pesquisas anteriores1. A abordagem permite a inclusão de metodologias diversas, como estudos experimentais e não-experimentais2. Este estudo apresenta o desenvolvimento de um protocolo de uma revisão integrativa. Esta revisão tem como objetivo analisar programas de educação em saúde para jovens em escolas, considerando metodologias e resultados, para verificar a possibilidade de aprimoramento por meio da tecnologia. Dessa forma, norteará a criação de um modelo conceitual para projetos de Educação em Saúde voltados ao Empreendedorismo Social.

OBJETIVO: Desenvolver o protocolo que a revisão integrativa deverá seguir para que tenha um alto rigor metodológico.

MÉTODO: Está sendo utilizado o PRISMA3, porém por ser um checklist para Revisões Sistemáticas, itens relacionados à meta-análise e protocolo foram adaptados. Nesta revisão não haverá meta-análise e na Revisão Integrativa o protocolo não é registrado, porém, será um guia fundamental para o desenvolvimento da revisão. A elaboração do protocolo baseou-se em modelo do PROSPERO4.

RESULTADOS: A questão norteadora foi: Quais são os programas de educação em saúde desenvolvidos para jovens em escolas? Para sua elaboração, utilizou-se o PICOS5:
● P (população): adolescentes que receberam as capacitações;
● I (intervenção): programa de capacitação de educação em saúde nas escolas;
● C (comparação): alunos que não receberam a capacitação e comparação entre as estratégias;
● O (desfecho): aumento do conhecimento dos jovens sobre o tema do programa;
● S (tipo de estudo): qualitativos e quantitativos.
A definição da estratégia de busca foi assessorada por uma bibliotecária. Estabeleceu-se as bases de dados PUBMED, LILACS, SCOPUS e EMBASE. Os termos de busca resultam da combinação dos seguintes elementos do PICOS5, e o operador booleano AND, sendo P AND I:
P: (“students” OR “student”) AND (“adolescent” OR “adolescents” OR “adolescence” OR “teen” OR “teens” OR “teenager” OR “teenagers”)
I: “health education” AND (“schools” OR “school” OR “secondary schools” OR “secondary school”)
No LILACS, a busca deverá ser realizada também em português: (“estudantes” OR “estudante”) AND (“adolescente” OR “adolescentes” OR “adolescência” OR “jovem” OR “jovens” OR “juventude”) AND “educação em saúde” AND (“escolas” OR “escola” OR “instituições de ensino”)
Serão contempladas literaturas em português, inglês e espanhol, entre 2010 e 2020, considerando:
● Critérios de inclusão: artigos que descrevem os programas desenvolvidos em educação em saúde em escolas para adolescentes.
● Critérios de exclusão: estudos secundários, protocolos não aplicados, artigos que não descrevem a metodologia de desenvolvimento, ou que não estejam relacionados ao tema.
Para controle de viés, deve-se utilizar o gerenciador de referências Mendeley, a seleção dos estudos e extração dos dados ser realizada por três revisores e um quarto revisor para desempate. Como instrumento de avaliação de viés metodológico, deve-se utilizar o JBI Manual for Evidence Synthesis6. Deve-se realizar análise descritiva dos dados.

CONCLUSÃO: O processo foi definido detalhadamente. A revisão integrativa no âmbito de Programas de Educação em Saúde para Jovens deverá segui-lo. A próxima etapa engloba o desenvolvimento da revisão, iniciando com as buscas para seleção dos estudos e extração e análise dos dados.

1- Broome ME. Integrative literature reviews for the development of concepts. In: Rodgers BL, Knafl KA, editors. Concept development in nursing: foundations, techniques and applications. Philadelphia (PA): W.B Saunders Company; 2000. p.231-50.

2- Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs [Internet]. 2005 [cited 2020 Jun 24];52(5):546-53. Available from: https://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03621.x

3- Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG; PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. Ann Intern Med [Internet]. 2009 [cited 2020 Jun 24];151(4):264-9. Available from: https://doi.org/10.7326/0003-4819-151-4-200908180-00135 doi:10.7326/0003-4819-151-4-200908180-00135

4- Bowman C, Branjerporn G, Stapelberg C, Reyes NJD, Kamara M, Tyag N, et al. The impact of viral epidemics/pandemics on mental health service use: an integrative review. PROSPERO: International prospective register of systematic reviews [Internet]. 2020 [cited 2020 Jun 24]. CRD42020183075. Available from: https://www.crd.york.ac.uk/prospero/display_record.php?ID=CRD42020183075

5- Galvão TF, Pereira MG. Systematic reviews of the literature: steps for preparation. Epidemiol. Serv. Saúde [Internet]. 2014 Mar [cited 2020 Jun 28];23(1): 183-184. Available from: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742014000100018&lng=en.

6- Aromataris E, Munn Z, editors. JBI Manual for Evidence Synthesis. JBI [Internet] 2020 [cited 2020 Jul 2]. Available from: https://synthesismanual.jbi.global https://doi.org/10.46658/JBIMES-20-01


TRABALHOS CIENTÍFICOS
396
PROJETO DE ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ÁREA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Na construção civil, a saúde e a segurança, sempre foram temas muito discutidos e pertinentes, pois é uma das áreas que ocupa o nível máximo dentro do limite de avaliação de risco. Dentro de um canteiro de obra o trabalhador está exposto a uma série de ruídos e a perda auditiva total ou parcial tem levado muitos trabalhadores a se afastarem do trabalho em decorrência da falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e do Equipamento de Proteção Coletiva (EPC). É possível verificar que um dos riscos ambientais mais eminentes na construção civil é o ruído, os acidentes do trabalho são o maior agravo à saúde dos trabalhadores brasileiros, pois constituem um importante problema de saúde pública, não apenas em países em desenvolvimento, como também em países desenvolvidos. Diferentemente do que o nome sugere sobre o acidente de trabalho, eles não são eventos fortuitos ou acidentais, mas sim, fenômenos socialmente determinados e preventivos. Objetivo: O objetivo do presente projeto integrador, visa alertar e orientar acerca da necessidade do uso adequado e continuo do Equipamento de Proteção Individual (EPI) e do Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) como medida preventiva. Métodos: Serão utilizados aparelhos, como, audiômetro e otoscópio e será aplicado questionários para uma avalição prévia de como está a audição dos funcionários expostos a ruídos excessivos. Com os exames audiométricos e anamnese feitos em horários diferentes, será possível verificar se o ruído presente no ambiente é contínuo, sendo assim, a análise da falta dos EPI’s, de modo intermitente pode causar sérios danos à saúde no âmbito geral do trabalhador. Resultados esperados: Com base nos resultados da anamnese e avaliação auditiva dos cinquenta funcionários que serão examinados, tem de a ser verificado o nível de exposição e as longas de trabalho que o trabalhador pode ser exposto, podendo ultrapassar a capacidade de ruídos que o ser humano pode ficar exposto, fazendo com que os números de trabalhadores com problemas auditivos se torne grandes, gerando abstenções e licenças na empresa. A partir disso, deve ser encaminhado para um profissional Fonoaudiólogo cada trabalhador de acordo com suas necessidades de tratamento. Conclusão: Conclui-se que, grande índice de afastamento e abstenções trabalhistas por acidentes ou problemas auditivos, muitas das vezes podem ser evitados ou minimizado se fizer o uso correto dos mesmos (EPI e EPC) de acordo com as atividades realizada no local de trabalho, melhorando seu rendimento ao perceber que a empresa zela pela melhoria contínua de seu ambiente de trabalho e de sua saúde. O empregador terá o reconhecimento em forma de maior produtividade do trabalhador e melhoria no clima organizacional.

Dwyer T. Life and death at work. Industrial accidents as a case of socially produced error. New York: Plenum Press; 1991.
Tsai SP, Bernacki EJ, Dowd CM. The relationship between work-related and non-work-related injuries. J Community Health 1991;16:205-12.
Ribeiro Ana Maria Dutra, Câmara Volney de M.. Perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora em trabalhadores de manutenção de aeronaves de asas rotativas. Cad. Saúde Pública [periódico na Internet]. 2006 Jun [citado 2008 Ago 31] ; 22(6): 1217-1224. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.com.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
372
PROJETO DE ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO SETOR DE TELEMARKETING
Práticas fonoaudiológicas
Voz (VOZ)


Introdução:O telemarketing faz parte do setor terciário da economia e é uma das atividades que vem ocupando maior espaço no mercado a cada ano. Telemarketing, callcenter, central de atendimento ou teleatendimento são alguns dos termos utilizados para referir-se à atividade, que consiste em um local onde se concentra o relacionamento com os clientes, seja ele realizado através de telefone, e-mail, web site ou outra tecnologia. Para os profissionais de telemarketing, que tem a voz como instrumento de trabalho, fatores como temperatura do ar condicionado e ventilação inadequada podem também relacionar-se ao desenvolvimento de sintomas vocais preocupantes. Se não tratados esses sintomas, como voz cansada e rouca ao final do dia, dor de garganta e garganta seca, podem ocasionar lesões nas pregas vocais, tais como nódulos, pólipos, entre outras alterações estruturais. É possível, portanto, identificar riscos básicos (físicos e emocionais) com relação aos agravos da saúde desses profissionais. Assim, o setor de telemarketing requer uma política integrada de gestão para proporcionar melhores condições de trabalho. A solução mais efetiva para minimizar tantos males passa necessariamente pela prevenção. Objetivo: Propor um projeto de atuação fonoaudiológica no setor de telemarketing de uma universidade particular, especificamente com aspectos relacionados à voz, respiração e postura corporal, a fim de prevenir disfonias vocais. Metodologia: será realizada uma visita técnica para conhecer o setor e o perfil dos teleoperadores; em seguida, serão feitas triagens para conhecer o desempenho da saúde vocal dos teleoperadores. Com base nisso, serão propostos treinamentos para execução de aquecimento e desaquecimento vocal, incluindo exercícios de respiração e correção da postura corporal. Serão entregues cartilhas com exercícios e dicas vocais e cartões de atividades, para contribuir na melhoria da saúde vocal diária dos teleoperadores. Resultados esperados: Com base nas triagens vocais, reconhecer se há disfunção vocal ou não e, se houver, propor encaminhamentos para profissionais específicos conforme necessidade, como também reduzir os sintomas vocais e queixas dos atendentes, oferecer melhor qualidade vocal, com uma rotina de exercícios de aquecimento e desaquecimento, visando melhor comunicação com os clientes. Demonstrar os avanços obtidos com relação à saúde vocal, apresentar resultados finais obtidos na melhoria da saúde vocal dos teleoperadores. Conclusão: Concluímos que a atuação do fonoaudiólogo no setor de telemarketing é de suma importância, pois contribuirá para otimizar o rendimento dos funcionários e propiciará bem-estar vocal, com orientações sobre aquecimentos vocais. Assim, proporcionará meios para uma comunicação efetiva, clara e de forma saudável.

BEHLAU, Mara (org.). Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. Volume 1. Pág. 28
BEVILACQUA, Maria Cecília. et.al. Tratado de audiologia. São Paulo: Santos, 2011. 880p.

CONFECON. Disponível em https://www.cofecon.org.br/2020/02/04/artigo-o-setor-de-servicos-e-a-produtividade-
no-brasil/ . Acesso em 10 de maio de 2020.

DINO. Disponível em https://www.terra.com.br/noticias/dino/em-crescimento-setor-de-telemarketing-depende-do-
uso-correto-dos-headsets,014d06f4981c8e213321a973b9c8a54bu9xzpfgz.html. Acesso em 10 de maio de 2020.

JAMIL, G. L.; SILVA, F. B. Call Center e Telemarketing. Rio de Janeiro: Axcel Books do Brasil Editora, 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
261
PROJETO DE ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA VOLTADA PARA CENTRAL DE ATENDIMENTO AOS ESTUDANTES
Práticas fonoaudiológicas
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A Central de Atendimento ao Estudante (CAE) é uma rede de atendimento que oferece para os estudantes as diversas funções de atendimento. A atividade principal é o atendimento via telemarketing e pessoalmente, em que é realizado através de telefones, e-mails, sites entre outras tecnologias usadas nesse setor de trabalho que consiste na interação entre os funcionários e os alunos. Sendo assim, a voz nesta atividade profissional pode sofrer um desgaste devido a fatores como ventilação inadequada, temperatura do ar, grande quantidade de fala, aglomerações relacionam e outros fatores de riscos para a voz. Assim, se os fatores de riscos à voz se não foram prevenidos, podem levar a instalação de sintomas prejudiciais a voz, como rouquidão, falhas na voz e cansaço ao falar. Os problemas vocais possuem característica progressiva, se agravando com o tempo podendo ocasionar o distúrbio de voz relacionado ao trabalho (DVRT). Portanto, há necessidade da implementação de projetos de conservação vocal voltado para os profissionais que atuam nas CAEs. OBJETIVO: Elaborar um projeto de treinamento vocal para os funcionários da CAE de uma instituição de ensino superior particular, a fim de prevenir o distúrbio de voz relacionado ao trabalho. MÉTODOS: Foram feitas consultas técnicas dos fonoaudiólogos especialistas na área da voz, para conhecer a condição de trabalho e as características vocais do profissional que atua na Central de Atendimento ao Estudante. Em seguida foi feita uma pesquisa da literatura sobre treinamentos de voz profissional. Por fim, foi elaborada um projeto de capacitação vocal. Para a produção do projeto foi feito um diagnóstico técnico científico, modelo de negócios – CANVAS e um plano de ação. RESULTADOS: Foi produzido um projeto de prevenção e promoção de saúde vocal para os trabalhadores da CAE de uma universidade particular, sendo composto por 4 horas de treinamento a ser aplicado em um final de semana. O treinamento é composto de orientações sobre a voz, bons hábitos vocais, aquecimento vocal, desaquecimento vocal e kit de saúde vocal. CONCLUSÃO: Conclui-se que a elaboração de um projeto de conservação da saúde vocal será fundamental para proporcionar melhor condição de trabalho e de saúde para os profissionais da uma central de atendimento de uma instituição de ensino superior.

CIELO, Carla A.; BEBER, Barbara C. Saúde vocal do teleoperador. Distúrbios da Comunicação, v. 24, n. 1, 2012.
FERREIRA, Léslie Piccolotto. DVRT: dos Consensos de Voz Profissional ao Protocolo de Complexidade Diferenciada no SUS. Fonoaudiologia na Saúde do Trabalhador, v. 7, 2012.
OLIVEIRA, Fabiana et al. FONOAUDIÓLOGOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR. In: 13º Congresso Internacional Rede Unida. 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2088
PROJETO DE EXTENSÃO DIVERSIDADES: VISIBILIDADE E GARANTIA DE DIREITOS
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


O presente trabalho visa sistematizar as experiências vivenciadas pela equipe do Projeto de extensão da Universidade de Passo Fundo (UPF) Diversidade de Gêneros: Visibilidade e Garantia de Direitos, vigente a partir do ano de 2017. O grupo de trabalho é composto por discentes e docentes de diferentes cursos, da fonoaudiologia, serviço social, psicologia e medicina. Desta forma, foi proporcionada uma inter e multidisciplinaridade nas ações do projeto. Os objetivos principais do trabalho de extensão foram: Desenvolver atividades de cunho educativo, em âmbito local e regional, visando contribuir para a construção de uma cultura de respeito à diversidade sexual e defesa dos direitos da população LGBTT. Desencadear processos de sensibilização e formação junto à comunidade acadêmica da UPF sobre a questão da diversidade sexual.
Desenvolver ações interdisciplinares voltadas para à garantia do direito à saúde dos pacientes transexuais atendidos pelo Ambulatório da saúde LGBTT do município de Passo Fundo.
Estabelecer mediações institucionais e interinstitucionais visando a ampliação da escolarização dos usuários do Ambulatório, bem como de suas condições de empregabilidade.
Oferecer oportunidades de acompanhamento vocal, respeitando o espectro de gênero. O projeto desenvolve-se a partir de dois eixos:
Eixo 1: voltado para atividades realizadas no ambulatório de Identidade de Gênero, com foco na atenção à população transexual e seus familiares.
Atividades a serem desenvolvidas:
• Atendimento da medicina, fonoaudiologia, psicologia, em sessões de caráter individual ou grupal.
• Formação de grupos (de pacientes e de familiares) conduzidos pela psicologia, serviço social e demais áreas.
• Trabalho de formação e discussão junto a equipe.
Eixo 2: voltado para as atividades realizadas em diferentes espaços sociais, como a UPF, escolas e mídias da região.
Atividades a serem desenvolvidas:
• Atividades de formação para a comunidade acadêmica da UPF (professores, funcionários e estudantes).
• Elaboração de campanhas informativas sobre diversidade sexual dirigidas à defesa e promoção dos direitos da população LGBTT (campanhas específicas para escolas e IES e, também, campanhas mais gerais).
• Oficinas, salas temáticas, seminários, cine-fórum e ações coletivas.

CONCLUSÃO
Como observado, a realidade vivenciada pela população transexual no Brasil exige intervenções de caráter interdisciplinar e intersetorial, demandando que seja acionado o diálogo entre as diferentes áreas do saber, bem como entre as diferentes políticas públicas. No que tange à questão da voz e comunicação, aqui trabalhada, percebe-se o quanto o conhecimento mais específico do campo da saúde é indissociado do conhecimento social e cultural.
Pautar a problemática é o primeiro passo para dar visibilidade ao problema e encontrar soluções que dão voz a população excluída, garantido o acesso aos direitos básicos de cidadania.
É necessário enquanto acadêmicos dos cursos da área da saúde a proposição do debate em torno de um currículo que contemple a formação em saúde na sua totalidade, debatendo temas relacionados com a diversidade de gênero por meio de um olhar interdisciplinar que amplie a concepção de saúde em direção a uma formação integral.

ABGLT. Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Secretaria de Educação. Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2015: as experiências de adolescentes e jovens lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em nossos ambientes educacionais. Curitiba: ABGLT, 2016.
ARÁN, Márcia. (2009) A psicanálise e o dispositivo da diferença sexual. In: Revista Estudos feministas. V.17 n.3/2009. Florianópolis, CCE/CFH- UFSC. p.653- 673.
BALZER, C.; LAGATA, C.; BERREDO, L. 2,190 murders are only the tip of the iceberg – An introduction to the Trans Murder Monitoring project. TMM annual report 2016. TvT Publication Series, Vol. 14, 2016.
BULTYNCK, Charlotte et al. Self-perception of voice in transgender persons during cross-sex hormone therapy. The Laryngoscope, [s.l.], v. 127, n. 12, p.2796-2804, 21 jul. 2017. Wiley. http://dx.doi.org/10.1002/lary.26716. .
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BRASIL. Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Secretaria Especial de Direitos Humanos. Relatório de Violência Homofóbica no Brasil: ano 2013. Brasília, 2016.
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MISKOLCI, R. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias, Porto Alegre, ano 11, nº 21, p. 150-182, 2009.
PINHEIRO, M. V. (IN)VISIBILIDADE LGBT: práticas e desafios na EJA Revista Escritos e Escritas na EJA | N. 7 | 2017.1| |93

VASCONCELOS, Michele; SEFFNER, Fernando. A pedagogia das políticas públicas de saúde: norma e fricções de gênero na feitura de corpos. Cadernos Pagú (UNICAMP. Impresso), v. 44, p. 261-297, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1897
PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: PROMOÇÃO DA SAÚDE NA REGIÃO AMAZÔNICA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O termo promoção de saúde, firmado pela carta de Ottawa,
contempla um conjunto de estratégias que envolvem a temática da saúde em
prol da melhoria da qualidade de vida, redução de vulnerabilidade e dos riscos
à saúde, relacionados aos seus determinantes e condicionantes. Ao visar o
empoderamento de indivíduos e coletividade, os projetos de extensão
universitária vêm intervindo em comunidades socialmente carentes, na busca
da universalidade da assistência à saúde e também com a sólida pretensão de
melhorar cenários de vulnerabilidade. Objetivo: Descrever as experiências
fonoaudiológicas vivenciadas durante projeto de extensão em região
amazônica. Método: O projeto de extensão universitária de uma Universidade
Pública Estadual do Estado de São Paulo, oficialmente denominado “Projeto
FOB-USP em Rondônia”, desenvolve seus trabalhos relacionados ao ensino,
pesquisa e extensão desde 2002, com expedições duas vezes ao ano, para
município de Monte Negro e em comunidades ribeirinhas do estado de
Rondônia. As equipes expedicionárias são compostas por professores,
funcionários, graduandos e pós graduandos dos cursos de fonoaudiologia,
odontologia e medicina. Até o presente momento foram realizadas 39
expedições ao município de Monte Negro e 8 expedições para a comunidade
ribeirinha de Calama. Participaram do projeto 789 alunos de graduação dos
cursos de Odontologia, de Fonoaudiologia e de medicina, além
de 276 alunos dos cursos de pós-graduação (Mestrado e Doutorado da
Universidade), dentre eles, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos,
advogados, cirurgiões-dentistas e fonoaudiólogos.Resultados: As atividades
de extensão têm permitido sintetizar o processo educativo, cultural e científico,
ao articular-se com o ensino e a pesquisa. O resultado dessa interação
evidencia-se na construção entre os saberes científico e popular ao
potencializar mudanças tanto para as comunidades envolvidas, quanto
pessoais e profissionais para os alunos e docentes participantes. As ações de
Educação em Saúde desenvolvidas visam à participação do usuário na
responsabilização pela sua própria saúde e pela saúde da comunidade em que
residem, ampliando a compreensão do processo saúde-doença. A atenção à
demanda trazida pela população e o processo de empoderamento têm sido
atendidos mesmo diante da necessidade de atividades reabilitadoras e ou
curativas. Conclusão: As ações se sustentam nas diretrizes do Sistema Único
de Saúde integrando o tripé ensino, pesquisa e extensão e vão ao encontro
dos aspectos inerentes à Promoção da Saúde, diante de condições de trabalho
adaptadas pelos expedicionários às necessidades locais.

1. CARTA DE OTTAWA. In: 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde. Ottawa, Canadá; 1986. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf . Acesso em
20 jan. 2020.

2. FRANCO, E.C. et al. Promoção da saúde da população ribeirinha da região
amazônica: relato de experiência. Rev. CEFAC. São Paulo, v. 17, n. 5, p.1521-
1530, out. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-
18462015000501521&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 11 fev.2019.
DOI: https://doi.org/10.1590/1982-0216201517518714.

3. GOULART, B.N.G. et al. Fonoaudiologia e promoção da saúde: relato de
experiência baseado em visitas domiciliares. Rev CEFAC. São Paulo, v.12,
n.5, p.842-9, out. 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n5/164-09.pdf. Acesso em: 17 fev. 2020.

4. CALDANA, M.L. et al. Faculty-led humanitarian outreach in Brazil. The hearing
j. LOCAL, v.72, n. 12, p. 16-17, dec. 2019. Disponível em:
https://journals.lww.com/thehearingjournal/Fulltext/2019/12000/Faculty_Led_Hu
manitarian_Outreach_in_Brazil.5.aspx. Acesso em: 10 fev. 2020.DOI:
10.1097/01.HJ.0000616128.47995.4a


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1175
PROJETO DE HUMANIZAÇÃO EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DURANTE O PERÍODO DE PANDEMIA PELO COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A pandemia de COVID-19 no Brasil teve início em 26 de fevereiro de 2020 e trouxe desafios e necessidades de adaptação em diversas frentes, principalmente atualização das formas de trabalho em âmbito hospitalar. Diversos acometimentos físicos, psíquicos, mentais e emocionais foram surgindo no decorrer dessa pandemia, em pessoas acometidas pelo vírus, familiares e profissionais da saúde, que necessitaram equilibrar o receio do contagio com a carga horária de trabalho para atender a alta demanda de casos. Os atendimentos hospitalares de rotina como ambulatórios, cirurgias e internamentos foram suspensos, e substituídos por acolhimento de triagem, unidades de terapia intensivas e enfermarias, todas seguindo normas de prevenção e um processo de paramentação e desparamentação, com equipamentos de proteção individual, bastante preciso. Diante de tais necessidades, profissionais foram reorganizados para setores com atendimento de pacientes com COVID-19 ou admitidos, e treinados para realizar plantões no combate ao vírus. Neste cenário de pandemia um conjunto de profissionais da saúde e residentes de um hospital universitário de Pernambuco tiveram a iniciativa de criar um projeto voluntário, nomeado “projeto Comvida HUOC”, com a intenção de acolher de forma humanizada os profissionais de saúde, pacientes acometidos pelo novo vírus e seus familiares, bem como viabilizar momentos de leveza e esperança ao ambiente hospitalar que se encontrava tão tenso. OBJETIVO: Descrever um relato de experiência de uma residente de fonoaudiologia em um projeto de humanização no hospital universitário durante período de Pandemia pelo COVID-19. MÉTODO: o projeto citado foi realizado de março a junho deste ano, e envolvia diversas práticas: 1- A telecomunicação, em que profissionais da saúde realizavam ligações diárias aos familiares de pacientes internados, emitindo a situação clinica destes, 2- A distribuição de lanches com frases motivacionais aos profissionais, sendo efetuado através da arrecadação de doação de empresas alimentícias, ou da iniciativa de pessoas e de pequenos empreendedores, 3- Arrecadação de insumos, equipamentos de proteção individual (toucas, máscaras e capotes) sendo direcionados para o suporte hospitalar, bem como para famílias de pacientes com classe social mais baixa, junto a distribuição de kits de higiene. RESULTADOS: Foram identificados diversos benefícios por meio deste projeto, sendo considerados o acolhimento e a melhora da saúde mental entre os profissionais, a arrecadação de diversos insumos, equipamentos de proteção, e de comunicação, bem como um suporte informativo para familiares e pacientes, além da distribuição de mais quinhentos lanches diários aos profissionais do hospital. CONCLUSÃO: O projeto foi uma experiência muito positiva para os profissionais envolvidos na execução, agregando de forma humanizada à sua atuação, bem como, avaliado de forma essencial para melhor enfrentamento deste período de pandemia pelos profissionais, pacientes e familiares beneficiados.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
532
PROJETO INTEGRADOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A INFLUENCIA DO RUÍDO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ACADÊMICA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
76804824


Introdução: Para uma aprendizagem eficiente, são necessários momentos de concentração, onde a atenção esteja voltada diretamente para o conteúdo apresentado, porém, em um ambiente ruidoso esse processo torna-se deficitário. Inevitavelmente, a sala de aula é um ambiente que sofre interferência do ruído, principalmente quando são realizadas atividades em grupos, a exemplo da disciplina de projeto integrador (PI) que exercita a capacidade de comunicação, tornando-se fonte geradora de ruído, contribuindo para o baixo aproveitamento de alunos e professores. Objetivo: Relatar a experiência de professores e acadêmicos do curso de Fonoaudiologia durante prática de PI sobre a influência do ruído no processo de ensino e aprendizagem. Métodos: Trata-se de um relato de experiência durante prática da disciplina de PI. Foi escolhida uma sala de aula onde é ministrada a disciplina de PI para a turma com maior quantitativo de alunos. Também participou o professor da disciplina, que responderam a um questionário elaborado para esta finalidade. Por desempenharem atividades distintas, os questionários aplicados foram diferentes, porém, ambos referem-se sobre a presença de sintomas não auditivos associados à exposição ao ruído, sua interferência nas atividades acadêmicas e condições acústicas da sala de aula. Foi realizada a medição do nível de ruído da sala utilizando o decibelimetro Instrutherm DEC-460, tendo sido realizada três vezes em pontos diferentes da sala, durante o período de aula, no turno da noite. Resultado: Dos 65 alunos matriculados na disciplina de PI, apenas 17 participaram deste estudo, estando os outros 48 ausentes no dia da coleta de dados. A idade dos alunos variou entre 19 e 50 anos e a presença do ruído foi percebida por 100% dos acadêmicos e também pelo professor. Para 82,3% dos alunos (n=14) o ruído interfere na concentração durante a aula de PI, sentindo dificuldade em compreender a fala do professor devido à presença de ruído em sala. 10 alunos (58,8%) sentem-se prejudicados com relação ao seu aprendizado devido a interferência do ruído durante a aula. E 70,5% dos alunos (n=12), consideram a acústica da sala desfavorável, sendo esta também a percepção do professor entrevistado. Os sintomas não auditivos mais referidos pelo alunos foi o cansaço mental (64,7%), irritabilidade (47,0%), insônia (41,1%) e dor de cabeça (23,5%). Com relação ao professor, o mesmo refere que o barulho realizado na sua aula prejudica o seu trabalho, afetando sua saúde, precisando elevar sua voz fazendo o esforço vocal. A sala de aula em questão apresentou a intensidade máxima de 87 dB(A), considerado acima dos limites aceitáveis de ruído de acordo as normas NR-17 e NBR-10152, preconizando valores de 40 dB(A) para conforto acústico em ambientes diversos, e 50 dB(A) o nível aceitável para atividades educativas. Como ferramenta de conscientização, um vídeo foi produzido com orientações para a comunidade acadêmica a respeito do ruído em sala de aula. Conclusão: O nível de ruído elevado produzido na sala de PI é percebido tanto pelo professor quanto pelos alunos e influencia negativamente no processo de ensino e aprendizagem acadêmica.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
917
PROJETO JOVEM DOUTOR: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O Projeto Jovem Doutor foi lançado em 2007, e suas ações foram desenvolvidas em localidades como São Paulo, Tatuí, Bauru, Manaus, Parintins, Maceió, Vitória, entre outras1. É um programa que tem como proposta incentivar jovens do Ensino Médio e Superior a desenvolverem atividades para promover a melhora da qualidade de vida de uma comunidade necessitada2. As temáticas abordadas são selecionadas de acordo com as necessidades das comunidades, criando elos de responsabilidade3. Esta revisão é uma das etapas para a elaboração de um modelo conceitual para projetos de Educação em Saúde voltados ao Empreendedorismo Social.

OBJETIVO: Analisar os recursos utilizados nos programas do Projeto Jovem Doutor, e verificar a possibilidade de aprimoramento por meio da tecnologia.

MÉTODO: A questão norteadora foi: Quais são as etapas e recursos utilizados no Projeto Jovem Doutor?
Como estratégia de busca estabeleceu-se as bases de dados PUBMED, LILACS, EMBASE e SCOPUS, Portal de Periódicos CAPES, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP e literatura cinzenta Google Scholar, sem restrição de idioma ou período, considerando:
● Critérios de inclusão: artigos, teses e dissertações que descrevam os recursos utilizados no desenvolvimento do projeto;
● Critérios de exclusão: estudos secundários, que não descrevam o projeto ou recurso utilizado para capacitação.
Buscou-se os termos “young doctor project” no PUBMED, EMBASE e SCOPUS; “young doctor project” OR “projeto jovem doutor” no LILACS, Portal de Periódicos CAPES e Google Scholar; “young doctor” ou “jovem doutor” em título ou “young doctor” ou “jovem doutor” em resumo na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. Encontrou-se 215 resultados. Foram excluídas as duplicações e aplicados os critérios de inclusão e exclusão após leitura do título e resumo. Portanto, foram selecionados 14 estudos para análise dos dados.

RESULTADOS: Entre os temas abordados nos estudos, aproximadamente 35,72% eram sobre saúde auditiva; 7,14% saúde vocal; 14,3% SAHOS; 7,14% muda vocal e hábitos vocais saudáveis; 7,14% saúde auditiva e saúde vocal; 7,14% fissura labiopalatina; 7,14% síndromes genéticas; 7,14% orientação nutricional e 7,14% amamentação. As séries escolares dos Jovens Doutores variam entre o 7º ano do Ensino Fundamental, e Ensino Médio. Apesar das especificidades de cada edição, o Projeto Jovem Doutor capacita os alunos por meio das etapas presencial, à distância e ação social, quando os jovens multiplicam o conhecimento para a escola e/ou comunidade. Ademais, é necessário preparar o conteúdo antes de iniciarem as capacitações. Os recursos utilizados nos projetos foram palestras, oficinas, textos, jogos, dinâmicas, dramatização, materiais gráficos, bonecas pedagógicas, telejornal, música, dança, poesia, debate, show de talentos e jogral. Os recursos tecnológicos utilizados foram TV, PowerPoint, recursos audiovisuais, Cybertutor, Moodle, Projeto Homem Virtual, weblog, redes sociais e CD-ROM. Ressalta-se que nem todas as estratégias foram utilizadas em todas as edições. Todos os projetos foram avaliados e proporcionaram a construção do conhecimento sobre o tema em questão.

CONCLUSÃO: Nota-se que os projetos utilizaram tecnologias e obtiveram resultados positivos. Com a abordagem do Design Thinking, é possível estabelecer estratégias para inserção de novos recursos, como impressões 3D, aplicativos, gamificação em todas as etapas, e oficinas com esses temas.

1- Silva D, Abreu e Lima L, Cara L, Wen C. Projeto Jovem Doutor: o aprendizado prático de estudantes de medicina por meio de atividade socioeducativa. Rev. Med. (São Paulo) [Internet]. 2017 Jun 9 [cited 2020 Jun 28];96(2):73-0. Available from: http://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/119445

2- Wen CL. Considerações sobre o Jovem Doutor. Jovem Doutor [Internet] [2007?] [cited 2020 Jun 28]. Available from: https://jovemdoutor.org.br/programa/consideracoes-sobre-o-jovem-doutor/

3- Wen CL. Telemedicina e Telessaúde: Inovação e Sustentabilidade. In: Mathias I, Monteiro A, organizators. Gold book [recurso eletrônico]: inovação tecnológica em educação e saúde. [recurso eletrônico].Rio de Janeiro: EdUERJ; 2012. [cited 2020 Jun 28] p. 86-104. Available from: http://www.telessaude.uerj.br/resource/goldbook/pdf/5.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1165
PROJETO PILOTO “CORAÇÃO NA ARTE”: A ARTE COMO PROVEDORA DE BEM-ESTAR EM PACIENTES CARDIOPATAS DO HOSPITAL GERAL DE CUIABÁ - MT
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
O ambiente hospitalar é normalmente associado a um lugar de tratamento e cuidado, mas também gerador de sofrimento para os pacientes (Valladares, 2003).
A arte em hospitais tem por finalidade colaborar em prol da continuidade ou do resgate do desenvolvimento criativo, assegurar a expressão dos sentimentos e dar suporte a eles, contribuir para o resgate da autonomia e promover uma relação harmoniosa com o ambiente hospitalar, contribuindo para a saúde mental e fisica. (Valladares, 2003) .COmo também é uma ferramenta de humanização que proporciona ao paciente a oportunidade de expressão pessoal, abrindo espaço para atividades lúdicas que camuflam o cotidiano hospitalar. (Araujo, et al., 2019)

Objetivo
O Projeto Coração na Arte, visa contribuir para a redução da ociosidade e melhora da qualidade de vida, reduzindo o estresse resultante do processo de internação dos pacientes/cuidadores internados.

Método
O projeto foi desenvolvido uma vez por semana. Nos casos em que houve interesse, foi entregue aos pacientes um termo de consentimento livre e esclarecido, no qual assinaram declarando estar cientes quanto ao objetivo do projeto autorizando sua exibição, como também as imagens dos mesmos (nos casos de vídeos) em congressos, televisão, jornais, exposições e redes sociais. Em seguida, uma tela com as tintas pinceis e copos com água, para lavagem dos pinceis, foi entregue aos pacientes. A arte a ser pintada foi de livre escolha. Solicitamos também que cada paciente relatasse de forma escrita ou por vídeo a sua experiência ao realizar a atividade.

Resultados
A pintura auxilia no campo comunicativo, permitindo a expressão dos sentimentos, contribuindo no aperfeiçoamento da coordenação motora (motricidade fina) em adultos e desenvolve as habilidades lógicas, estimula a memória, propicia a criatividade e a imaginação. Aa falas transcritas demostrou que o período de internação se tornasse mais leve, provocando diferentes sentimentos:

P1: “Quando as fonoaudiólogas chegaram aqui eu não estava me sentindo bem, estava com muita dor no peito, tão mal e vou fazer a cirurgia. E elas vieram me trazer alegria, a dor do meu peito saiu, foi uma terapia e eu agradeço por essa oportunidade”.

P2: “Foi um momento de tranquilidade, de prazer por estar fazendo alguma coisa, por mais simples que seja, é prazeroso. Tudo que a gente faz com amor e carinho, sempre é gratificante”.

P3: “Pra mim foi divertido né? Fico muito contente e enquanto isso vou aprendendo a pintar. Agradeço a vocês a oportunidade!”

P4:“Ah, eu fazendo este desenho me distraiu um pouco a mente né? E como visto aqui na pintura a saudade de casa, onde eu desejo estar”.

Considerações Finais
O projeto piloto segue em andamento e será replicado nas demais unidades do Hospital Geral de Cuiabá - MT. Durante a execução, foi possível verificar que a pintura em telas alcançou os objetivos propostos, minimizando o estado de preocupação que surge com a doença e a hospitalização, estimulando a criatividade e a autoestima, amenizando a tensão, diminuindo o estresse provocado pelo ambiente hospitalar e incentivando o diálogo entre os demais colegas de quarto e profissionais, contribuindo para a qualidade de vida durante o processo de internação e reabilitação.






ANTONELLI, M.C.Q.: Vivenciando a arte e a criatividade na instituição: Oficina de Pintura. Rev. Saberes Univ. Campinas, SP, v.1, n1, p63-67, mar. 2016.

ARAUJO, B.V.;et al. :Sensibilizarte: Relato de experiêcia de arteterapia na humanização hospitalar: Interfaces - Revista de Extensão da UFMG, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p.01-591 jan./jun. 2019

VALLADARES, A.C.; CARVALHO, A.M.P.: A arte terapia e o desenvolvimento do comportamento no contexto de hospitalização, Rev. Esc. Enf.; 2006; 40 (3): 305-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
880
PROMOÇÃO DA AMAMENTAÇÃO NO PERÍODO PRÉ-NATAL
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A amamentação é uma estratégia natural para promoção do vínculo e do afeto entre mãe e bebê, além de ser uma forma de proteção e de nutrição para a criança. Amamentar é a intervenção mais econômica e eficaz para redução da morbimortalidade infantil e proporciona grande impacto na saúde da dupla mãe-bebê, bem como na vida em sociedade. A intenção de amamentar durante a gestação influencia fortemente tanto no início quanto na duração do aleitamento materno. As orientações prestadas durante a assistência pré-natal são essenciais para decisão da mulher de amamentar. Por conta disso, o projeto de extensão “Falando em Amamentação” realiza ações com grupos de gestantes, levando informações corretas a essas mulheres e promovendo a amamentação.

OBJETIVO: Descrever as ações que o projeto de extensão “Falando em Amamentação” desenvolve com grupos de gestantes em um ambulatório de ginecologia e obstetrícia de Porto Alegre.

MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência. As ações do projeto acontecem semanalmente no ambulatório de ginecologia e obstetrícia de um hospital privado de caráter filantrópico em Porto Alegre. As gestantes são abordadas enquanto aguardam pela consulta pré-natal. As orientações ocorrem em formato de roda de conversa, em que se incentiva a troca de experiências e o diálogo entre as gestantes e as acadêmicas. Durante as ações se discute benefícios de amamentar, pega e posicionamento na amamentação, hábitos orais, extração manual e armazenamento do leite materno e Teste da Orelhinha. Utilizam-se bonecas, mamas didáticas e imagens para facilitar a compreensão do assunto. As mulheres também são convidadas a preencher um questionário, que permite caracterizar a população atendida.

RESULTADOS: Em 2019, 108 gestantes foram orientadas, com idade entre 16 e 44 anos (média de idade de 30,3±6,2 anos). 75,9% das gestantes já tinham outros filhos, 30,6% não haviam recebido orientações sobre amamentação no pré-natal e 80,6% relataram ter desejo de amamentar o novo filho. A maioria das mulheres demonstrava muito interesse em receber as informações sobre amamentação e participava ativamente nas discussões, compartilhando suas vivências e dificuldades. As principais dúvidas e preocupações apresentadas pelas mulheres durante as ações, eram relacionadas a extração manual e o armazenamento do leite materno no retorno ao trabalho, o desmame precoce, os problemas na pega e o “leite fraco”.

CONCLUSÃO: As orientações para promoção da amamentação durante a gestação são essenciais para o sucesso dessa prática, pois é nesse período que as mulheres estão construindo suas opiniões a respeito da amamentação e apresentam dúvidas sobre o tema. É importante que todas as dúvidas sejam esclarecidas antes do parto e as mulheres sejam apoiadas, evitando que elas desistam de amamentar ou passem por dificuldades durante a amamentação de seus filhos. A partir disso, conclui-se que ações realizadas pelo projeto são exitosas, pois levam informações corretas sobre aleitamento materno para as mulheres durante a gestação, um período que é crucial para a decisão de amamentar.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1951
PROMOÇÃO DA SAÚDE AUDITIVA NA ESCOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A exposição abusiva à níveis de pressão sonora elevados podem trazer prejuízos auditivos, ocasionando problemas de saúde e repercussões negativas na qualidade de vida do indivíduo. A perda auditiva na população jovem vem crescendo, principalmente por suas atividades de lazer, pela exposição a níveis sonoros elevados em shows, bares, e até mesmo com seus dispositivos sonoros, como fones de ouvido1. Por este motivo, é importante destacar a relevância de ações de preventivas voltadas à promoção da saúde auditiva, em prol da conscientização desses jovens sobre seus hábitos e o quanto eles podem impactar negativamente em sua qualidade de vida2. Objetivo: Descrever a vivência dos graduandos em Fonoaudiologia em uma escola durante o estágio supervisionado em saúde pública. Método: Trata-se de um relato de experiência realizada durante o estágio em saúde pública, que ocorreu no período de fevereiro a junho de 2019 em parceria com uma Unidade de Saúde da Família localizada na cidade de João Pessoa, Paraíba. A fim de promover a saúde auditiva, foi realizada uma ação em uma escola de rede pública próxima a USF, com palestras educativas acerca da importância da audição, sobre a higienização adequada da orelha, hábitos auditivos inadequados, os impactos negativos que esses hábitos podem causar, os aparelhos auditivos, além dos cuidados que se deve ter para conservar ao máximo a audição. Resultados: As palestras foram realizadas em turmas do ensino fundamental e médio. No primeiro momento foram abordados assuntos acerca das grandes áreas da fonoaudiologia e em seguida a palestra foi direcionada para a área da audiologia em busca da promoção e prevenção da saúde auditiva desses jovens. O foco da discussão foi expor a principal causa da perda auditiva nos jovens, que se dá atualmente devido a exposições frequentes a elevados níveis de pressão sonora, seja por uso dos fones de ouvido ou por outro tipo de amplificação1,3, esses níveis são considerados elevados e prejudiciais à saúde auditiva quando ultrapassam o limite de 85 dB e o período de oito horas por dia3. Foram elencados os sintomas auditivos mais recorrentes após o uso de estéreos pessoais que podem sugerir um risco para a audição dos jovens, tais como: zumbido, plenitude auricular, diminuição da audição e tontura1,3,4. Também foram expostos os modelos de aparelhos de amplificação sonora individual, aparelhos estes que são utilizados por indivíduos com perda auditiva. Ressalta-se que os alunos mantiveram-se atentos e interagiram durante toda a palestra, confrontando as informações com situações corriqueiras do dia a dia. Conclusão: A partir dessa experiência foi possível entender a importância de um fonoaudiólogo no âmbito educacional e na atenção básica. É de grande importância proporcionar conhecimento para os alunos sobre o campo de atuação do fonoaudiólogo, e os cuidados que os mesmos devem ter com a sua audição. Foi possível enriquecer o aprendizado referente a prática vivenciada durante toda a abordagem.


1. Santana BA, Alvarenga KF, Cruz PC, Quadros IA, Jacob-Corteletti LCB. Prevenção da perda auditiva no contexto escolar frente ao ruído de lazer. Audiol., Commun. Res. 2016; 21: e1641.

2. França AG, Lacerda ABM. Promoção da saúde auditiva: estratégias educativas desenvolvidas por estudantes do ensino médio. Distúrb Comun., 2014; 26(1): 365-372.

3. Correa BM, Silveira AF, Bonfante D, Costa MJ, Biaggio EPV. Hábitos e queixas auditivas de adolescentes usuários de estéreos pessoais. Rev. CEFAC, 2016; 18(2): 348-354.

4. Lacerda ABM, Gonçalves CGO, Zocoli AMF, Diaz C, Paula K. Hábitos auditivos e comportamento de adolescentes diante das atividades de lazer ruidosas. Rev. CEFAC. 2011; 13(2): 322-329.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1819
PROMOÇÃO DA SAÚDE AUDITIVA: ANÁLISE DA RETENÇÃO DA INFORMAÇÃO POR MEIO DA INTERPRETAÇÃO DE DESENHOS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Organização Mundial de Saúde destacou que dentre as diversas causas da deficiência auditiva, 75% são passíveis de prevenção ao considerar a perda auditiva na infância em países de baixa e média renda e podem ser evitadas com o apoio de ações na saúde pública. Diante desse cenário, o desenvolvimento de intervenções destinadas à promoção da saúde auditiva e prevenção dos agravos, principalmente em localidades com indicadores socioeconômicos e culturais desfavoráveis, torna-se crucial. Nesse contexto, surgiu a proposta dos ‘Doutores mirins’, uma ação educativa em saúde auditiva destinada à capacitar crianças para atuarem como multiplicadores do conhecimento no Rio Grande do Norte.Objetivo: Analisar a retenção de informação expressa em desenhos após ação de promoção de saúde auditiva. Método: Trata-se de uma intervenção educativa em saúde auditiva com aprovação do Comitê de Ética (parecer: 2.481.013). Participaram 83 crianças de ambos os sexos, matriculadas em duas escolas municipais de Natal/RN. A casuística foi subdividida em três grupos: 27 crianças de 4 a 5 anos, matriculadas no nível III do ensino infantil (G1), 38 crianças de 5 a 6 anos, matriculadas no nível IV do ensino infantil (G2) e 18 crianças com idade média de 8 anos, matriculadas no 3º ano do ensino fundamental (G3). As intervenções ocorreram em dois encontros com intervalo de uma semana e duração de cerca de 2 horas cada: 1º encontro: destinado à exposição dos conteúdos sobre anatomia e fisiologia da audição, tipos e graus das perdas auditivas, tratamento e prevenção da deficiência auditiva. Além disso, contou com a leitura da cartilha “Zobo uma viagem pela audição” validada previamente⁴, materiais lúdicos e atividades interativas; 2º encontro: valeu-se de um teatro de fantoches sobre a importância de inclusão de pessoas com deficiência auditiva. Foi solicitado a todos os participantes a elaboração de desenho livre sobre o que entenderam e lembravam das informações. Para o G1 e G2 a análise foi de retenção imediata, ou seja, logo após a finalização do 2º encontro, já para o G3 realizou-se a análise da retenção de informação após exatos dois meses da ação educativa. Foi realizada uma análise qualitativa dos desenhos sob a perspectiva fenomenológica por profissional da área da psicologia, com ampla experiência em saúde auditiva. Resultados: Dos desenhos dos três grupos emergiram sete categorias temáticas principais: Anatomofisiologia da audição, Perda Auditiva, Uso do ‘cotonete’, Bullyng, Ruído como causa de perda auditiva, Cuidados com a audição e Importância da audição. Para o G3 notou-se maior nível de informações retidas mesmo após dois meses e os desenhos incluíram também frases que sinalizaram uma ampla assimilação de informações. Conclusão: Pelos desenhos compreendeu-se que as crianças assimilarem informações de grande relevância para a prevenção de agravos e a promoção da saúde auditiva. Para as crianças de forma geral significou algo novo e de interesse, revelando potencialidade na multiplicação do conhecimento. Assim, ressalta-se que ações similares podem ser estimuladas e aderidas desde os primeiros níveis da educação, promovendo maior autonomia com a saúde e multiplicação do conhecimento.

World Health Organization. Deafness and hearing loss. 2020. Disponível em: (Acessado em: 17 jun.2020).
Dias WC, Paschoal MR, Cavalcanti HG. Análise da cobertura da triagem auditiva neonatal no Nordeste brasileiro. Audiology-Communication Research. 2017; 22.
Paschoal MR, Cavalcanti HG, Ferreira M F. Análise espacial e temporal da cobertura da triagem auditiva neonatal no Brasil (2008-2015). Ciência & Saúde Coletiva. 2017; 22:3615-3624.
Rosa BC, Alvarenga K de F, Jacob LCB, Berretin-Felix G. Validação da cartilha como ferramenta educativa para alunos do ensino fundamental: audição. Anais. 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2044
PROMOÇÃO DA SAÚDE DA COMUNICAÇÃO HUMANA EM TEMPOS DE COVID-19:AÇÕES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
52291165


Introdução: O enfrentamento da pandemia de Covid-19 constitui grande desafio (tanto para a população quanto para os sistemas de saúde, exigindo uma reorganização operacional orientada pelas demandas prioritárias da população). A Atenção Primária à Saúde representa importante estratégia para as ações de prevenção da infecção pelo coronavírus e continuidade do cuidado dos agravos de saúde durante o isolamento social, entre elas estão as ações da Fonoaudiologia, que são fundamentais nesse processo. A estratégia de isolamento social implementada pelo Ministério da Saúde no combate a Covid-19 impactou na rotina das ações regulares da equipe de saúde da família nas comunidades, exigindo novos métodos para manutenção da educação em saúde, promoção e prevenção de doenças adequados a essa nova realidade. Objetivo: Apresentar estratégias de promoção da saúde da comunicação humana realizadas durante pandemia de Covid-19. Método: Este estudo caracteriza-se como um relato de experiência das ações realizadas pelo núcleo de Fonoaudiologia, vinculadas a uma residência multiprofissional em saúde da família com foco na continuidade da promoção e cuidado da saúde da comunicação humana durante a pandemia de Covid-19. Foram realizadas ações de produção e divulgação de material educativo: 02 cards, 01 folder, 05 cartilhas e 02 podcasts, com temáticas relacionadas à Covid-19 e à Fonoaudiologia contendo orientações, recomendações e dicas de estimulações para diversas faixas etárias. Os materiais produzidos abordam desde protocolo de limpeza pessoal e de objetos para entrada em casa até orientações de prevenção da disfagia nos idosos, passando pelos passos de higienização das mãos como estratégia de prevenção de prevenção à infecção pelo coronavírus, dicas de estimulação da linguagem infantil - com brincadeiras, músicas, atividades educativas para serem desenvolvidas em domicílio - e métodos / condutas a serem seguidas de acordo com a apresentação dos principais sintomas da Covid-19, entre eles a ageusia e a anosmia. A elaboração dos materiais foi realizada por residentes, tutoras e preceptoras e a divulgação foi realizada por meio dos aplicativos Whatsapp e Instagram. Os materiais foram enviados para os Agentes comunitários de Saúde e a partir destes o material foi repassado de forma virtual para os comunitários. Resultados: A linguagem empregada nos materiais aproximou o profissional de Fonoaudiologia dos usuários no contexto de isolamento social. A apresentação dos materiais facilitou a aproximação com a comunidade por conter imagens e cores atrativas, além de linguagem acessível, com redução de termos técnicos. Verificou-se que as estratégias empregadas para realizar a promoção da saúde foram além dos muros/barreiras da unidade de saúde, conseguindo atingir os usuários do serviço SUS nas suas casas, sendo a tecnologia e os aplicativos de redes sociais o veículo de divulgação.Conclusão: com base na experiência obtida é possível perceber que a Fonoaudiologia vinculada ao serviço do Núcleo de Atenção à Saúde da Família exerce papel essencial na Atenção Primária à Saúde, uma vez que continua ancorada nos princípios de proteção da saúde, na prevenção e controle de doenças e sendo capaz de colaborar estrategicamente com a redução do risco de transmissão da doença durante o enfrentamento da Covid-19.

Descritores: Infecções por Coronavírus; Atenção Primária à Saúde; Fonoaudiologia


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1575
PROMOÇÃO DA SAÚDE MATERNO INFANTIL NO BANCO DE LEITE HUMANO: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O aleitamento materno (AM) é a forma mais natural e segura de alimentação para as crianças no período de seis meses até os dois anos de idade. Devido as suas propriedades nutricionais e imunológicas, a amamentação protege contra diversos agravos, e proporciona um crescimento e desenvolvimento saudável. O Banco de Leite Humano (BLH) tem como objetivo a promoção, proteção e apoio ao AM. OBJETIVO: Apresentar um relato de experiência sobre a atuação fonoaudiológica no BLH no Hospital Universitário de xxx/xx. MÉTODO: Estudo descritivo do tipo relato de experiência. No período de outubro de 2019 a janeiro de 2020, as atividades de promoção da saúde materno infantil foram executadas por três alunas do Curso de Fonoaudiologia da xxx, com a participação de uma equipe qualificada formada pela professora fonoaudióloga responsável, três enfermeiras e uma médica. Semanalmente, foram realizados três momentos: 1. Observação: Da díade mãe-bebê durante a situação de AM, sem intervenção ou auxilio por parte dos profissionais. 2. Intervenção fonoaudiológica: Era realizada no momento do manejo do AM, enfocando as dificuldades visualizadas no momento de observação. 3. Autonomia da díade na situação do AM. Nos casos que eram observados alterações na função da sucção e na oferta da dieta por via oral, a equipe realizava as orientações sobre o manejo do AM, e das técnicas de alimentação - Técnica do Copo e do ‘Finger-feeding”. Evitou-se a orientação do uso de chupeta e mamadeira, para não ocorrer a confusão de bicos e o desmame precoce. Além disso, era realizado orientações sobre desenvolvimento da linguagem, fala e audição. Quando ocorria a necessidade de uma intervenção especializada, o BLH agendava um horário para um acompanhamento semanal. Após cada sessão, a evolução clínica era realizada no prontuário eletrônico da lactante. Os dados observados das nutrizes e do bebê foram anexados em tabela para futuras pesquisas. RESULTADOS: Dentre as 19 (100%) lactantes que procuram o BLH, oito (42,10%) foram por demanda espontânea, seis (31,5%) foram encaminhadas pelo pediatra e, cinco (26,3%) estavam internadas no hospital do estudo Vale a pena destacar, que a ação de promoção de saúde materno infantil, desmistificou as práticas que foram consolidadas pelo "senso comum" pela família, que influenciam de forma negativa no AM, como: oferta de outros líquidos (leite industrializado, água e chá), uso de bicos artificiais e, a aplicação de pomadas na fissura mamilar. De um modo geral, observou-se menos casos de desmame precoce e um aumento na doação de leite materno. Houve mudança na visão dos alunos em relação as habilidades no acolhimento das mães, na atenção cuidadosa à escuta sobre a amamentação, e foi possível observar a importância do cuidado integrado de Fonoaudiologia, Enfermagem e Medicina. CONCLUSÃO: Apoiar a prática do AM, vai além das orientações sobre as vantagens e duração da amamentação. Se faz necessário buscar a confiança materna frente ao ato de amamentar, e orientar a rede de apoio da lactante. É de grande relevância o cuidado integrado da equipe qualificada do BLH para um atendimento humanitário e eficiente.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
489
PROMOÇÃO DA SAÚDE VOCAL NAS MÍDIAS SOCIAIS EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: as ações extensionistas proporcionam geração de novos conhecimentos e interferências positivas no campo acadêmico e na sociedade1,2. A divulgação de práticas extensionistas é relevante para que se possa discutir o caráter transformador da extensão, como parte integrante da formação acadêmica dos alunos de graduação3. Com o atual contexto mundial da pandemia, se fez necessário a construção de formas alternativas para a continuidade das ações extensionistas em voz, e superação da barreira do isolamento social. Objetivo: relatar a experiência discente de um projeto de extensão, na elaboração e divulgação de ações virtuais de promoção de saúde vocal, em tempos de pandemia. Método: relato de experiência de dez discentes de graduação em Fonoaudiologia de uma universidade brasileira. A proposta didática da extensão instigou os discentes a construírem novos formatos de ações voltados aos cuidados com a voz. Como estratégias foram elaboradas e divulgadas uma semana de publicações para a Semana da Voz 2020. Inicialmente elaborou-se uma identidade visual para as publicações vinculadas ao nome do projeto, e em cada dia da semana foi proposto uma temática, dividida entre conceitos básicos de voz, produção vocal, patologias laríngeas, amigos e inimigos da voz, orientações sobre aquecimento e desaquecimento vocal, orientações para o uso da voz em lives e home office, curiosidades sobre voz, material didático voltado aos pais e ao público infantil, como cartilhas digitais, sugestão de livros, sites e vídeos, em homenagem ao dia mundial da voz. Todo o conteúdo foi ilustrado e adaptado pelos discentes para uma comunicação acessível e atrativa. O público alvo das ações foi a comunidade em geral, incluindo profissionais da voz e crianças. As plataformas digitais utilizadas foram o Instagram e o Facebook, onde foram realizadas postagens de conteúdos por meio de imagens e vídeos, além de transmissões ao vivo (lives). Resultados: durante a semana da voz os integrantes realizaram três lives pelo Instagram, com a participação de fonoaudiólogas convidadas, e desenvolveram 36 arquivos digitais disponibilizados nas plataformas. Ao final da semana foi possível contabilizar um alcance de 485 perfis, 514 interações e 755 visitas às mídias do projeto. As publicações atingiram usuários dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O planejamento, a elaboração e a realização das atividades remotas propiciaram a integração dos discentes, mesmo à distância, e possibilitaram o desenvolvimento de habilidades de síntese e adaptação de conteúdos para uma comunicação virtual com a comunidade, estimulando a criatividade e proatividade dos discentes. Conclusão: em tempos de pandemia, com a instituição de medidas de segurança para evitar a proliferação do vírus, a extensão investiu na criatividade para vencer o distanciamento físico e criou novos caminhos para interagir com a comunidade. A experiência reforçou o compromisso social frente a uma crise mundial, beneficiou a população e ofereceu possibilidades de aprimoramento e crescimento aos discentes. A atuação ativa e participativa de todos contribuiu para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de competências, além do compromisso com a responsabilidade ética e profissional no ambiente virtual.

1.Rodrigues ALLR, Prata MS, Batalha TBS, Costa CLNAC, Neto IFPN. Contribuições da extensão universitária na sociedade. Cadernos de Graduação. 2013; 1(16):141-148.

2.Silva AFL, Ribeiro CDM, Silva JAG. Pensando extensão universitária como campo de formação em saúde: uma experiência na Universidade Federal Fluminense, Brasil. Interface. 2013;17(45):371-384.

3. Santos JHdeS, RochaBF, Passaglio K. Extensão Universitária e Formação no Ensino Superior Revista Brasileira de Extensão Universitária. 2016; 7(1):23-28 .


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1521
PROMOÇÃO DE SAÚDE VOCAL EM UM AMBULATÓRIO DE SAÚDE INTEGRAL PARA TRAVESTIS E TRANSEXUAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Práticas fonoaudiológicas
Voz (VOZ)


Introdução: Cada dia é maior a demanda nas clínicas e hospitais, em busca do serviço fonoaudiológico, por parte de indivíduos, que buscam a adequação da sua voz ao gênero por eles pretendido. Sabe-se que o indivíduo transexual possui a plena convicção de não pertencer ao seu sexo biológico[1,2]. Com isso rejeita o próprio corpo e suas características genitais, muitas vezes com inúmeros processos cirúrgicos e hormonais, que na maior parte das vezes realiza-se de maneira distante de um profissional e um centro especializado em tal procedimento. Podendo trazer prejuízos que vão desde o desenvolvimento de hábitos nocivos a saúde vocal, até o desenvolvimento de uma alteração vocal. A não conformidade da voz com o gênero, pode acarretar sentimentos de inadequação, repercutindo no bem estar do indivíduo transexual. Em uma abordagem de promoção da saúde integral das pessoas trans, devem ser considerados fatores relacionados ao papel da voz e da comunicação atreladas a expressão de gênero[3]. Logo, faz se necessária a realização de ações de promoção de saúde vocal para essa população, que cada vez mais procura o auxilio da Fonoaudiologia. Objetivo: realizar uma ação de promoção da saúde vocal, junto à transexuais e travestis atendidos em uma ação em Alusão ao Dia Mundial da Voz. Método: A ação foi realizada em 2016, por discentes e docentes do Departamento de Fonoaudiologia de uma universidade federal, junto à usuários de um ambulatório integral de saúde para transexuais e travestis. Tal ambulatório é composto por profissionais, como: médico psiquiatra, psicólogo, assistente social e fonoaudiólogo. Realizou-se ações de promoção da saúde vocal, através da entrega de material informativo, oficina com os indivíduos atendidos pelo ambulatório e encaminhamentos para avaliação fonoaudiológica. Resultados: Contamos com a participação de 20 indivíduos na oficina, dentre esses, discentes e docentes do curso de Fonoaudiologia, profissionais do serviço de atendimento integral à transexuais e travestis, bem como os usuários. Iniciamos a ação com uma dinâmica, a fim de demonstrar a importância da voz e sua relação com a identidade do sujeito. Além disso, tentamos deixar esclarecidos os mecanismos biológicos da voz de ambos os gêneros. Logo após, apresentamos os hábitos nocivos à saúde vocal, que podem ser desenvolvidos ao longo da vida. Nesse momento foram solucionadas todas as dúvidas dos presentes, frente esses hábitos, que por diversas vezes podem ser adotados, sem que haja a plena noção do risco de desencadeamento ou agravamento de alterações vocais. Ao término da ação entregamos um material informativo sobre a voz e sua relação intrínseca com a identidade, tema da Campanha da Voz do ano de 2016. Conclusão: Constatamos a participação ativa, tanto dos usuários, quanto da equipe multiprofissional que compõe o ambulatório. Pudemos perceber que essa experiência além de possuir um caráter informativo e também preventivo, contribuiu com a valorização dos indivíduos, a atenção integral à saúde.

1-Benjamin H. The Transsexual Phenomenon. Nova York: The Julian Press, Inc. Publishers, 1966.
2- Caste PH. La métarmorphose impensable. Essai sur le transsexualisme et l’ identité personelle. Paris: Galimard; 2003
3- Barros AD. A relação entre a voz e expressão de gênero: a percepção de pessoas transexuais. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Brasília-DF: Universidade de Brasília, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1257
PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM INFANTIL A PARTIR DO LÚDICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O desenvolvimento infantil se trata de um processo multideterminado, que requer atenção devido à sua complexidade. Para que haja um cuidado integral e plena aquisição das habilidades globais da criança é necessário esforços por parte dos envolvidos nessa atividade, sejam trabalhadores (saúde e/ou educação), família, instituições (não) governamentais, dentre outros, orientados por informações adequadas. Pensando nessa complicação e considerando que a extensão universitária proporciona a articulação do conhecimento científico advindo do ensino e da pesquisa, foi idealizado o Projeto Cirandar, cujas ações alinharam-se ao eixo III da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), que versa sobre a promoção e acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral, sobretudo aos cinco primeiros anos de vida da criança. OBJETIVO: Relatar a experiência vivenciada em uma ação extensionista voltada à promoção da linguagem de crianças do Maternal I/II. MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido em um centro de referência de educação infantil (CREI) assistido por uma das unidades de saúde da família (USF) do distrito sanitário V de João Pessoa, parceira do Cirandar. Em um primeiro momento foi realizado o diagnóstico institucional com a observação e caracterização das dimensões de infraestrutura do local, assim como a dinâmica dos profissionais da educação. Para isso, foram realizadas visitas ao local durante três semanas consecutivas, o que resultou na observação da rotina diária e necessidades das turmas supracitadas. A partir de então, foi elaborado uma ação com intuito de impulsionar a linguagem, de forma lúdica, com a criação de teatro de fantoches como recurso. RESULTADOS: Participaram da ação 30 crianças. A estória utilizada abordou o meio ambiente, temática baseada no projeto pedagógico da instituição. O roteiro da estória além de estimular a linguagem também promoveu a sensibilização das crianças sobre a preservação do meio ambiente e a reciclagem consciente do lixo. Os fantoches serviram como uma forma rica de animar e conquistar as crianças para a atividade proposta, assim como aos professores, encorajando a interação em todo o momento. Através desse recurso conseguimos instigar a criatividade, além do raciocínio lógico (treinando o começo, meio e fim de uma estória) e ampliação do vocabulário. Outrossim, os fantoches permitiram estimular a imaginação e ajudar as crianças a se expressarem por meio dos personagens criados, despertando a observação e atenção dos pequenos, exercitando a memória a inteligência e organizar as ideias e pensamentos. CONCLUSÃO: A experiência relatada possibilitou ao estudantes participantes (Fonoaudiologia, Farmácia e Odontologia) vivenciar um trabalho colaborativo entre si e entre os setores da saúde e educação. O contato com a instituição de educação infantil e consequente assessoria realizada, quanto à temática do desenvolvimento da linguagem das crianças, proporcionou uma rica troca de experiência com os profissionais da educação que notaram como o brincar, presente na rotina das crianças, oferece a compreensão do lúdico como dispositivo para o desenvolvimento infantil saudável, pleno e mediado pela linguagem. Além disso, fortaleceu a articulação entre a USF e o CREI e a realização de ações contínuas junto à essa população.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2052
PROPOSTA DE ACOLHIMENTO PARA ACESSO A ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO AMBULATORIAL EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO DE ALTA COMPLEXIDADE.
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A implantação de programas de acolhimento no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) vem se mostrando um dispositivo potente para a facilitação e humanização do acesso aos serviços de saúde(1,2). Na Fonoaudiologia, o acolhimento também tem se apresentado como estratégia promissora para melhorar o acesso dos usuários aos serviços, permitindo melhor gerenciamento da porta de entrada e das filas de espera(3,4). Pretende-se, neste trabalho, descrever o período inicial de implantação da prática de acolhimento fonoaudiológico em um hospital universitário pediátrico de alta complexidade da cidade do Rio de Janeiro. O público alvo deste hospital compreende a faixa etária de 0 a 13 anos.
Objetivo: Apresentar uma proposta de acolhimento às famílias que buscam assistência fonoaudiológica ambulatorial em um hospital pediátrico de alta complexidade, devido a grande demanda para tal.
Método: Foi iniciada implantação de acolhimento em janeiro de 2019 pela equipe de fonoaudiologia, a fim de melhorar o gerenciamento da alta demanda de solicitações de avaliação. Foram realizadas 21 reuniões para grupos de até 20 responsáveis. No segundo semestre de 2019 foi acrescentada a proposta de consultas individuais para triagem dos casos. Assim, realizou-se anamnese e orientações no mesmo dia. Durante a marcação os responsáveis foram informados a não levarem as crianças, de forma a ficarem mais à vontade nesse processo. Na reunião foram abordados assuntos como a atuação fonoaudiológica e a forma como o serviço de fonoaudiologia está estruturado no hospital, contemplando atuações na alimentação, deglutição, linguagem, desenvolvimento infantil e aprendizagem. Ao final do encontro, dependendo do caso, foi agendada a avaliação fonoaudiológica no próprio serviço, ou realizado o redirecionamento para a rede SUS.
Resultados: O período analisado até o presente momento para controlar a adesão a essa prática foi de janeiro a dezembro de 2019. Foram agendados 346 responsáveis, dos quais 189 compareceram. Assim, aproximadamente 54,62% das famílias foram acolhidas e tiveram orientações e direcionamentos para suas crianças. Esses pacientes apresentavam diversas patologias de base, dentre as quais: Encefalopatia Crônica Não-Progressiva, Hidrocefalia, Microcefalia, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno do Espectro do Autismo, Síndrome de Down, Síndrome de West, Síndrome de Willians, Déficit Intelectual, entre outras.
Conclusão: Com base nessa experiência de um ano de implantação do programa de acolhimento, observa-se que tem sido uma estratégia rica e proveitosa, não só para organização da grande demanda do serviço, mas também para orientação e escuta direcionada às famílias atendidas. Os responsáveis, uma vez encorajados a relatar as dificuldades apresentadas com as crianças, demonstraram satisfação por compartilhar suas queixas com o grupo. A taxa de adesão desse sistema de serviço foi de aproximadamente metade das marcações realizadas, há de se considerar distância e acesso difíceis ao hospital. Pretende-se continuar nesse formato por mais tempo, uma vez que a equipe considera ter sido uma boa estratégia.

1. Zara AFP, Trautwein CTG, Aquino JC, D’Urso LA, Siebert MC. Grupo de Acolhimento em Saúde Mental e Reabilitação na Atenção Básica: uma reflexão sobre a potência de dispositivos grupais. Psic. Rev. 2008; 17 (1): 77-97.
2. Almeida EC, Furtado LM. Acolhimento em saúde pública: a contribuição do fonoaudiólogo. Rev. Ciênc. Méd. 2006; 15(3):249-256.
3. Costa JC, Giustti AS, Murofuse IS, Gumz AL. Acesso ao serviço de fonoaudiologia: a implantação do acolhimento no município de Toledo - PR. Rev. CEFAC. 2012; 14(5):977-83.
4. Ribeiro MG, Friedman S. Proposta de acolhimento diferenciado a pais de crianças com queixas de alterações de linguagem. Distúrbios Comun. 2011; 23(3): 269-83.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
400
PROPOSTA DE ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS
Práticas fonoaudiológicas
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é o som da comunicação humana, por meio dela são expressos os sentimentos e a linguagem oral. No processo de ensinagem a voz é uma ferramenta de ensino que encanta o aluno, educa e os conduz para um futuro melhor. Para os professores a voz é de extrema importância. Porém, no processo educacional um grande número de professores chegam ao final do ano letivo se sentindo esgotados fisicamente e emocionalmente, com sintomas de rouquidão, falhas na voz, cansaço vocal, voz fraca e soprosa. As queixas vocais em professores se deve a uma demanda vocal intensa ou até mesmo a falta de conhecimento sobre cuidados necessários que a voz necessita, como a realização de aquecimento e desaquecimento vocal. Dessa forma, os fatores dentro e fora da sala de aula podem passar despercebidos pelo professor, vindo a tona inúmeras consequências a própria voz. A atuação fonoaudiológica, nestes caso, faz-se necessária e é um importante aliado na promoção da saúde vocal e prevenção das disfonias. Objetivo: Conscientizar professores universitários sobre a importância dos cuidados com a voz, prevenindo disfonia e absenteísmo. Métodos: Participarão os professores universitários de uma instituição de ensino particular. Por meio do treinamento vocal supervisionado por três alunos do curso de fonoaudiologia durante os intervalos de aula pelo período de um mês. Será aplicada triagem vocal para analisar e diagnosticar diferentes distúrbios, criação e distribuição de cartilhas sobre saúde vocal, contendo dicas de como melhorar a saúde vocal pela alimentação, vestuário e estilo de vida, oficina de exercícios vocais, aquecimento e desaquecimento vocal, respiração e postura, fortalecimento do diafragma e melhora da dicção. Resultados esperados: Por meio da metodologia aplicada, os resultados esperados são melhorias na saúde vocal dos professores, diminuição de queixas de incomodo vocal e absenteísmo, e encaminhamento de professores com distúrbios vocais para profissionais da saúde, para melhor acompanhamento. Conclusão: Conclui-se que o acompanhamento de um profissional da voz poderá auxiliar na reeducação vocal e ensinando exercícios vocais para melhor rendimento profissional, evitando as queixas de incômodos vocais e absenteísmo entre os professores. Dessa forma, possibilitar o bem-estar e saúde do professor, promovendo o melhor rendimento escolar dos alunos.

BARROS, JUSSARA. Voz de Professor. Brasil Escola. Disponível em https://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/voz-professor.ht. Acesso em 24 de junho de 2020.
MINHA VOZ, MINHA VIDA. Direção: Davidson Fiuza. Produção SINPRO-SP. São Paulo, 2011.YOUTUBE. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=d9e4oHqtIXY. Acesso em 24 de junho de 2020.
DRAGONE, Maria Lúcia Suzigan et al. Voz do professor: uma revisão de 15 anos de contribuição fonoaudiológica. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 15, n. 2, p. 289-296, 2010.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
472
PROPOSTA DE IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS DE SENSIBILIDADE DA FACE
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A sensibilidade é a interpretação consciente de estímulos sensoriais do meio ambiente e a sua perda ou alteração pode trazer prejuízos funcionais importantes(1). Os principais pontos da sensibilidade são categorizados em sensibilidade objetiva superficial, que envolve a tátil, dolorosa e térmica, e a sensibilidade objetiva profunda que engloba a vibratória, parestesia, dos troncos nervosos, visceral, segmentares, do movimento ativo e passivo e da resistência, peso e força(2). Quando considerado o sistema estomatognático, a avaliação da sensibilidade é preponderante, sobretudo em situações de injúrias na região orofacial como traumas e procedimentos cirúrgicos(3). Identificar a localização dos pontos de sensibilidade da face se faz necessário para as intervenções terapêuticas nesse âmbito, principalmente as ramificações do nervo trigêmeo e facial(4,5). Acredita-se que a utilização de métodos já disponíveis na rotina do fonoaudiólogo, como a eletroestimulação neuromuscular(6), possa contribuir para a identificação precisa dos pontos de sensibilidade na região da face. Objetivo: Propor uma alternativa de identificação dos pontos de sensibilidade da face a partir da resposta ao estímulo elétrico. Métodos: Pesquisa aprovada no comitê de ética: 2.514.702. Participaram do estudo 60 indivíduos, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 73 anos. Os pontos de sensibilidade utilizados nesse trabalho foram as regiões de onde os ramos do nervo facial e nervo trigêmeo emergem e suas ramificações, a saber: o nervo supraorbitário, supratroclear, nasociliar, maxilar, infraorbitário e mentoniano, bilateralmente. Para localização dos referidos pontos, a avaliação foi realizada em duas etapas: 1) Realizou-se um mapeamento na face a partir dos pontos de bloqueio regional descritos na literatura para aplicação de anestésicos, marcados com caneta dermográfica na face dos sujeitos; 2) Utilizou-se um estímulo elétrico para obtenção de respostas nas regiões das ramificações supracitadas, a partir de canetas acopladas ao aparelho de Eletroestimulação Neuromuscular Neurodyn II – com parâmetros de baixa frequência e intensidade mínima. A resposta do participante foi registrada pela menção de formigamento em resposta ao estímulo em cada ponto. Na condição de ausência de resposta coincidente com o local do ponto demarcado, buscava-se regiões adjacentes até que houvesse confirmação de presença de sensibilidade ao estímulo. Os dados foram analisados qualitativamente. Resultados: A localização dos pontos a partir da descrição anatômica não foi precisa em parte dos sujeitos. A eletroestimulação se mostrou eficiente para confirmação dos pontos de bloqueio e útil para localização dos pontos em região adjacentes, nos casos dos não coincidentes com a localização descrita na literatura. Percebeu-se considerada divergência na localização dos pontos ao utilizar os dois métodos em virtude da existência de variações anatômicas. Conclusão: O recurso estímulo elétrico se mostrou uma alternativa para identificação dos pontos de sensibilidade da face. Sugere-se novos estudos, com análises inferenciais e com potencial comparativo entre os métodos de localização de pontos de sensibilidade na face utilizando a descrição anatômica e o estímulo elétrico.

Palavras chave: Estimulação elétrica nervosa transcutânea; Sensação; Nervo facial; Nervo trigêmeo.

1 Dapper MB. Reprodutibilidade de três testes para avaliação da sensibilidade da mão em indivíduos assintomáticos [Dissertação]. Porto Alegre (RS): Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2007.

2 Romeiro V. Exame da sensibilidade. In ROMEIRO V. Semiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1968. p. 712-20.

3 Fernandes GA, Souza GCF, Giédre BF, Flores GK. Efeito da cirurgia ortognática na sensibilidade orofacial em indivíduos com fissura labiopalatina. Rev. CEFAC. 2016; 18(3):581-588.
4 Santos Júnior O. Análise de variações anatômicas neurovasculares da maxila por meio da tomografia computadorizada por feixe cônico [Dissertação]. Ponta Grossa (PR): Universidade Estadual de Ponta Grossa; 2018.

5 Colossi MJG. Revisão Sistemática das Variações Anatômicas do Nervo Facial [Dissertação]. Salvador (BA): Universidade Federal da Bahia; 2016.

6 Santos JKDO, Gama ACC, Silvério KCA, Oliveira NFCD. Uso da eletroestimulação na clínica fonoaudiológica: uma revisão integrativa da literatura. Revista CEFAC, 2015.17(5), 1620-1632.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
594
PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE METODOLOGIA ATIVA DE APRENDIZAGEM NA ATIVIDADE DE PRECEPTORIA EM FONOAUDIOLOGIA EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: É notória a discussão sobre o importante papel do preceptor na formação de profissionais da área da saúde sendo a função de educador inerente às suas atividades diante do processo de ensino aprendizagem. A formação de preceptores com competência para transmitir conhecimentos aos discentes, dentro de um curto espaço de tempo e de forma eficaz, é uma questão bastante desafiadora. Sabe-se ainda que, no panorama dos hospitais universitários, a qualidade do ensino está fortemente relacionada às condições de trabalho desenvolvido pelos preceptores. Embora haja um esforço por parte desses profissionais em se dedicar às atividades de preceptoria, em algumas situações, as mesmas são realizadas de forma desarticulada, não sistematizada, sem embasamento e fundamento pedagógico podendo ser considerada, inclusive, intuitiva. Trata-se de uma lacuna importante a ser preenchida. Um instrumento que pode ser utilizado na prática de preceptoria é a “Preceptoria Minuto”, abordagem que constrói a comunicação preceptor-aluno, no qual o educador passa a ser um facilitador e orientador do processo de aprendizagem. É possível executar uma abordagem de aprendizagem com orientação ao aluno, de curta duração, simples e efetiva. São descritas cinco habilidades a serem aplicadas pelo preceptor durante a apresentação de um caso pelo aluno, a saber: obter compromisso; buscar as evidências que dão suporte às decisões; ensinar regras gerais; enfatizar o que for correto; corrigir os erros. A Preceptoria Minuto se sobressai como metodologia simples, com baixo ou nenhum custo, sendo suficiente que o preceptor tenha o treinamento adequado. OBJETIVO: Relatar a experiência de uma fonoaudióloga preceptora na elaboração de um plano de intervenção, produto do Trabalho de Conclusão de Curso de uma especialização em preceptoria em saúde. Foi proposta a implementação da Preceptoria Minuto com finalidade de sistematizar as atividades de preceptoria da equipe de fonoaudiologia de um Programa de Residência Multiprofissional. MÉTODOS: Trata-se de um projeto de intervenção, do tipo Plano de Preceptoria, a ser realizado em um Hospital Universitário. O público alvo é a equipe de Fonoaudiologia que atende pacientes adultos e idosos internados no referido hospital e que também desenvolve atividades de preceptoria no Programa de Residência supracitado. O plano foi elaborado pela própria autora que também é fonoaudióloga preceptora desse cenário. RESULTADOS: A sistematização da atividade de preceptoria é uma relevante lacuna que deve ser preenchida. O desenvolvimento desse recurso impacta fortemente na consolidação do papel do preceptor baseado em uma prática pedagógica em virtude de uma formação profissional cada vez mais crítica e reflexiva. A utilização de uma ferramenta educacional baseada em metodologias ativas, como a Preceptoria Minuto, pode atender essa demanda e se tornar rotina no serviço. Para tal, faz-se necessária a capacitação e adesão do preceptor. Essa abordagem permite otimizar a preceptoria num cenário que exige dinamismo, como o ambiente hospitalar, e contribui como um todo o processo de ensino-aprendizagem. CONCLUSÃO: A implementação do plano prevê intervenção em capacitação dos preceptores e almeja a implementação da Preceptoria Minuto na rotina do serviço. Visa otimizar a atividade de preceptoria no processo de ensino aprendizagem em consonância com a qualidade da assistência.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1234
PROPOSTA DE PROGRAMA DE TELEMONITORAMENTO NA ÁREA DE DISFAGIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A telessaúde, ou teleatendimento, corresponde à prestação de serviço de saúde por meio de tecnologia de informação e de comunicação e pode ser efetuada por meio de telediagnóstico, teleconsulta e telemonitoramento. Este último, envolve o acompanhamento à distância de pacientes previamente atendidos presencialmente. Frente à pandemia do COVID-19, o Conselho Federal de Fonoaudiologia recomenda, em caráter emergencial, acompanhamentos fonoaudiológicos via teleconsulta e telemonitoramento. A literatura internacional revela que estas práticas têm se tornado frequentes junto ao público com sinais e sintomas de disfagia orofaríngea. No entanto, no Brasil, esta modalidade de atendimento junto aos indivíduos disfágicos ainda não é frequente. OBJETIVO: Desenvolver uma Proposta de Programa para Telemonitoramento de Pacientes com Disfagia (PTPD) para auxiliar na avaliação de pacientes com sinais e sintomas de disfagia e guiar o processo de gerenciamento fonoaudiológico à distância, respeitando-se sua individualidade e limitações clínicas. MÉTODO: O PTPD foi desenhado para atender a demanda de pacientes previamente acompanhados por um grupo de extensão na Clínica-Escola de uma Universidade Pública e conta com a aplicação de um protocolo de avaliação da qualidade de vida relacionada à deglutição (SWAL-QOL); de um instrumento elaborado pela equipe do grupo de extensão, denominado Triagem Orofacial e Nível de Consciência (TONC), que contém dados de anamnese, avaliação sociodemográfica, história clínica e parâmetros oromiofunciofuncionais (passíveis de avaliação virtual); e de atividades realizadas por meio das sessões de telemonitoramento propriamente ditas. Pacientes que apresentarem quadro de rebaixamento de nível de consciência, baixa responsividade, hipoatividade, infecção do trato respiratório, febre, fadiga, cansaço, dor, dispneia, irritabilidade e/ou sonolência frequentes e letargia não serão incluídos no PTPD. RESULTADOS: O Programa será realizado por meio da plataforma Google Meet, em uma sessão semanal previamente agendada e com duração de 45 minutos. As sessões serão conduzidas pelos discentes sob supervisão docente. Assim, as salas virtuais contarão com um docente, um estudante, o paciente e seu respectivo cuidador. A primeira etapa do PDPT, compreende a aplicação do protocolo SWAL-QOL, por meio de entrevista, e do instrumento TONC por meio da visualização e análises das estruturas orofaciais em repouso e em movimento e das funções orofaciais, considerando-se as limitações de cada paciente. A segunda etapa do Programa compreende as ações de conscientização, orientação e gerenciamento fonoaudiológico propriamente dito visando à minimização dos riscos de broncoaspiração de saliva, de alimentos ou de líquidos. A terceira e última etapa do Programa compreende a reaplicação do protocolo SWAL-QOL para verificar possíveis mudanças na qualidade de vida relacionada à deglutição. CONCLUSÃO: Na dependência da gravidade do transtorno de deglutição, do nível de consciência e da responsividade do paciente, a utilização de um Programa para Telemonitoramento de Pacientes com Disfagia, que permita avaliar e estabelecer um plano terapêutico adaptado à condição de acompanhamento virtual, pode contribuir para a diminuição de riscos de broncoaspiração e, consequentemente, para a melhora da qualidade de vida da população com sinais e sintomas de disfagia orofaríngea.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
805
PROPOSTA DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO TÔNUS DA MUSCULATURA OROFACIAL EM BEBÊS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
50711525


INTRODUÇÃO: A língua apresenta uma relação altamente sinérgica com todo sistema estomatognático, sendo assim qualquer alteração que esse órgão venha a sofrer, pode resultar em um total desequilíbrio em toda musculatura orofacial.1 Em bebês além da língua, a musculatura mastigatória e facial tem participação importante no processo de amamentação que consiste em um exercício físico continuo, propiciando um desenvolvimento craniofacial mais harmônico.2 Os movimentos que envolvem o mecanismo de amamentação consistem em: abaixar, protruir, elevar e retruir a mandíbula são realizados pelos músculos que posteriormente serão usados na mastigação: temporal, masseter, pterigoideos medial e lateral e os supra e infra hioideos. Esse exercício constante direciona o crescimento dos ossos da face e desenvolve o tônus muscular corretamente, evitando assim alterações no sistema estomatognático.3,4 Os músculos em repouso, quando não há uma patologia associada, estão em um constante estado de tensão, chamado tônus muscular. O tônus é a resistência do musculo ao estiramento, representa o grau de contração residual em um músculo.5 OBJETIVO: Propor um protocolo de avaliação do tônus dos músculos masseter e região supra hioidea em bebês. METODOS: A proposta de protocolo levou em consideração a escolha da musculatura, instrumentos e provas de coleta. RESULTADOS: Para avaliação do tônus a musculatura eleita foram o masseter e a musculatura da região supra hioidea. O instrumento sugerido foi o MyotonPRO, um aparelho que permite medir a rigidez, a elasticidade e o tônus muscular de forma não invasiva, através do registro da oscilação natural do tecido biológico na forma de um gráfico de aceleração e analisa os parâmetros associados ao tecido mole medido, como a resistência à deformidade, a capacidade de recuperar a sua forma inicial e a vibração do tecido. Promovendo assim uma medição econômica, rápida e fácil das propriedades biomecânicas de tecidos moles. 6 A prova de coleta do tônus eleita foi o repouso, tendo em vista a necessidade de estabilização da musculatura necessária para coleta do tônus. CONCLUSÃO: Propor um protocolo de avaliação de tônus dos músculos orofaciais em bebês pode ampliar o entendimento da ação dessa musculatura em especial correlacionar do uso da referida musculatura no processo de alimentação.

1 Silva et al., Frênulo da língua alterado e interferência na mastigação. Rev. CEFAC, São Paulo, vol. 11, Supl3, 363-369, 2009
2 Knox I. Tongue tie and frenotomy in the breastfeeding newborn. NeoReviews. v. 11, n.9, p. 513-9, 2010.
3 Pompéia LE, Ilinsky RS, Ortolani CLF e Faltin Júnior K. A influência da anquiloglossia no crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático. Revista Paulista de Pediatria. v. 35, n. 2, p. 216-221, 2017. doi: https://dx.doi.org/10.1590/1984-0462/;2017;35;2;00016
4 Perenria GS, Tavares LS e Carmo MGT. Conhecimentos maternos sobre amamentação entre puérperas inscritas em programa de pré-natal.Cad. Saúde Públicavol.16n.2Rio de JaneiroApr. /June2000.
5 O’Sullivan SB. (2010). Fisioterapia Avaliação e Tratamento. São Paulo. 4a.ed. Editora: Manole.
6 Aird L, Samuel D e Stokes M. Quadriceps muscle tone, elasticity and stiffness in older males: reliability and symmetry using the MyotonPRO. Archives of gerontology and geriatrics, 55(2), e31–9. doi:10.1016/j.archger.2012.03.005


TRABALHOS CIENTÍFICOS
325
PROPOSTA DE ROTEIRO PARA ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO AUDITIVO DE CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O monitoramento da audição e linguagem em crianças que apresentam Indicadores de Risco para Perda Auditiva (IRDA) é fundamental para a identificar alterações nessas funções. Protocolos que avaliam não só a acuidade auditiva, mas o processamento do som e o desenvolvimento da linguagem são necessários para a pratica e pesquisa nas áreas. Objetivo: apresentar uma proposta de roteiro para o monitoramento da audição e linguagem de crianças até três anos de idade com IRDA. Método: A elaboração do roteiro faz parte do estudo em andamento intitulado “A influência do desenvolvimento auditivo na linguagem do prematuro extremo e de baixo peso ao nascimento” (CEP nº 3.174.273). Primeiramente, foi realizada uma análise da literatura das publicações que abordassem o monitoramento das funções auditivas e de linguagem de crianças com IRDA, sem limitação quanto ao ano e idioma. Dessa forma, foram utilizadas recomendações de comitês nacionais e internacionais de saúde auditiva e livros especializados em audiologia. As publicações direcionaram os aspectos a serem investigados, como a saúde materna pregressa; dados do parto e internação do avaliado e resultados de exames audiológicos. Foi acrescentado à confecção do material, um Roteiro de investigação do desenvolvimento motor, de linguagem e auditivo. Todos esses fatores foram agrupados em quatro fases, possuindo questões de múltipla escolha e dissertativas objetivas. O material construído passou por uma análise previa, obtendo concordância de 100% de dois juízes especialistas na área. Resultado: Os aspectos levantados na revisão de literatura foram divididos nas fases: Anamnese; Avaliação de Linguagem; Monitoramento auditivo; Levantamento de dados no prontuário. A primeira fase foi direcionada ao responsável, por meio de uma anamnese detalhada, a fim de investigar possíveis fatores ambientais e maternos que possam interferir no desenvolvimento da audição e linguagem. Incluiu-se também um questionário de identificação dos IRDAs, seguido por um instrumento avaliativo das habilidades auditivas. A segunda fase investigou o desenvolvimento da criança, por meio de indagação aos pais, dos aspectos motores, cognitivos-sociais e auditivo-verbais da criança. A terceira fase foi destinada à documentação dos monitoramentos auditivos realizados, adquiridos por meio do levantamento dos prontuários; para isto, foram elaboradas tabelas para cada teste realizado, dos 6 aos 3 anos de idade. A quarta fase foi composta por um roteiro investigativo de dados do histórico de saúde e internação do avaliado, bem como os resultados obtidos na triagem auditiva neonatal. Conclusão: O material proposto pelo presente estudo compila a busca por dados etiológicos, prevalência de IRDA e desenvolvimento a ser utilizado tanto em rotinas de monitoramento quanto como roteiro de pesquisa.
Palavras- chave: Audição; Monitoramento; Deficiência Auditiva; Triagem neonatal; Indicadores de Risco

Northern JL, Downs MP. Audição na infância. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.;2005.

The Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. The Journal of Early Hearing Detection and Intervention 2019; 4(2)

Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância. Recomendação 01/99. Dispõe sobre os problemas auditivos no período neonatal. Jornal do Conselho Federal de Fonoaudiologia. 2000;5:3-7.

Andrade, C.R.F.(1996) Fonoaudiologia em Berçário Normal e de Risco. São Paulo: Lovise. 43-98.

Azevedo, M.F. (2011) Desenvolvimento das habilidades auditivas. In.:Bevilacqua, M.C., Martinez, M.A.N., Balen, S.A., Pupo, A.C., Reis, A.C.M.B., Frota, S.(org.) Tratado de audiologia. São Paulo: Santos. P.475-493.

MCA, B. (1998). Triagem auditiva em berçário. Bassetto MCA, Brock R & Wajnsztejn R. Neonatologia: um convite à atuação fonoaudiológica. SãoPaulo: Lovise, 289-93.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1923
PROPOSTA DE UM PROTOCOLO DE RASTREIO DA DISFONIA BASEADO EM ITENS DA AUTOAVALIAÇÃO VOCAL
Tese
Voz (VOZ)


Introdução: Rastrear significa detectar, de forma simples, barata e rápida, indivíduos com maior probabilidade de apresentar um provável agravo, a fim de encaminhá-los para exames ou avaliações posteriores visando a confirmação diagnóstica e o tratamento(1). Considerando que a avaliação da voz é um processo multidimensional complexo, que requer vários tipos de análises, além de conhecimento e experiência do examinador(2-4), é desejável que se busque um mecanismo mais simples para procedimentos de rastreio da disfonia. Os instrumentos de autoavaliação têm sido estratégias recorrentes e confiáveis para detectar e avaliar condições de saúde geral na população, pois representam alternativas robustas para mensurar o impacto de uma condição de saúde sobre o bem-estar individual. Na área da Voz, apesar de sua ampla utilização e reconhecimento de utilidade(5-6), ainda requerem análises mais modernas e rigorosas do ponto de vista psicométrico, a fim de reforçar sua confiabilidade e robustez, e ampliar sua aplicabilidade(7). A avaliação da relação entre cada item investigado e a presença da disfonia torna-se útil para a elaboração de métodos de tomada de decisão rápidos e eficientes no rastreio desse distúrbio. Objetivo: Desenvolver um protocolo de tomada de decisão para o rastreio da disfonia a partir da investigação dos itens mais associados a esse distúrbio, provenientes de questionários de autoavaliação vocal. Métodos: Foram analisados os registros de prontuários de 139 indivíduos com média de idade de 37,4 anos. Os participantes foram classificados como disfônicos (D) ou não disfônicos (ND) de acordo com a análise da combinação entre queixa vocal e laudo laringológico. Foram coletadas as respostas aos itens dos seguintes instrumentos de autoavaliação: Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV), Índice de Desvantagem Vocal (IDV) e Escala de Sintomas Vocais (ESV). Esses itens foram analisados em relação à sua capacidade preditora para a disfonia por meio de modelos de regressão logística. A análise da curva ROC, cálculo de odds ratio e estimativa de probabilidades foram utilizadas para avaliação e interpretação dos modelos. Resultados: O modelo contendo os itens do QVV não foi considerado válido. O modelo para o IDV resultou em um conjunto de 3 itens (10, 13 e 14) e o modelo para a ESV apontou 2 itens (4 e 20) como mais significativos. Um modelo global, composto pela união dos anteriores, apontou os itens “Sinto que tenho que fazer força para a minha voz sair”, do IDV, e "Sua voz é rouca?”, da ESV, como os mais significantes na predição da disfonia e foi considerado o modelo mais eficiente para a tomada de decisão no rastreio da disfonia, com maior índice de acurácia (83,4%) e elevada sensibilidade (87,5%). O protocolo final conta com a presenta desses dois itens, com opção de resposta dicotômica, por ser considerada mais simples e confiável em relação à escala likert original. Conclusão: O rastreio da disfonia pode ser realizado em menos de 1 minuto por meio de um protocolo simples, com elevado índice de eficiência e contendo apenas 2 itens de fácil compreensão, provenientes de dois instrumentos de autoavaliação vocal tradicionais.

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.
2. Dejonckere PH, et al. A basic protocol for functional assesment of voice pathology especially for investigating the efficacy of (phonosurgicals) treatments and evaluating new asesment techniques. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2001; 258(1): 77-82.
3. Roy N, et al. Evidence-Based Clinical Voice Assessment: A Systematic Review. American Journal of Speech-Language Pathology. 2013; 22(1): 212-227.
4. Patel RR, et al. Recommended Protocols for Instrumental Assessment of Voice: American Speech-Language-Hearing Association Expert Panel to Develop a Protocol for Instrumental Assessment of Vocal Function. American Journal of Speech-Language Pathology. 2018; 27(1): 887–905.
5. Behlau M, et al. Efficiency and Cutoff Values of Self-Assessment Instruments on the Impact of a Voice Problem. J Voice. 2016;30(4):9-18.
6. Branski RC, et al. Measuring Quality of Life in Dysphonic Patients: A Systematic Review of Content Development in Patient-Reported Outcomes Measures. J Voice. 2010;24(2):193–8.
7. Nemr Katia, et al. Dysphonia risk screening protocol. Clinics. 2016; 71(3): 114-127.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1560
PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS NO AMBIENTE HOSPITALAR EM PEDIATRIA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A construção de mapas conceituais a partir das práticas no ambiente hospitalar em pediatria busca proporcionar uma estratégia inovadora nas vivências das práticas hospitalares do curso de fonoaudiologia. A utilização do mapa conceitual pode estimular a visualização da interdependência conceitual e, desse modo, subsidiar o planejamento terapêutico, promover o pensamento reflexivo, a resolução de problemas e a síntese de definições. As experiências dos estágios, demandam grande articulação teórico prática por parte do discente, na avaliação, resolução e encaminhamentos dos casos atendidos. A estratégia didática do uso de mapas conceituais poderá auxiliar no desenvolvimento do raciocínio lógico e, consequentemente, do discernimento para a tomada de decisão quanto à determinação do diagnóstico e condutas fonoaudiológicas, já que possibilita a visualização de conceitos inter-relacionados dispostos numa configuração significante e, assim, colaborar com o entendimento de fenômenos específicos da prática no ambiente hospitalar.

Objetivo: Propor aos alunos a utilização de mapas conceituais na prática hospitalar fonoaudiológica em pediatria.

Metodologia: Através de um programa de iniciação à docência em uma universidade do sul do Brasil foi proposto como atividade a construção de um mapa conceitual, um primeiro, no início do estágio, de esquematização do protocolo de avaliação clínica da disfagia pediátrica a partir da orientação do supervisor docente e um segundo, ao final do estágio, relacionando um caso atendido, com referencial teórico de fatores de risco para disfagia pediátrica a partir de capacitação com bolsista discente de iniciação à docência. Após a criação do primeiro mapa, foi realizada capacitação dos alunos, instruindo quanto a construção adequada de mapas conceituais, assim como, foi disponibilizado material de consulta e roteiro sobre a elaboração dos mesmos. Para análise da intervenção, foi aplicado um questionário online.

Resultados: Participaram da atividade dezoito discentes. Destes, doze alunos (66,7%) referiram já ter feito uso de mapas conceituais como método de estudo anteriormente, dezesseis (88,8%) referiram que os mapas ajudaram muito a organizar os conhecimentos, quatorze (77,7%) relataram que a construção dos mapas auxiliou no desenvolvimento do raciocínio lógico.

Conclusão: A atividade foi efetiva no que se refere a utilização de uma estratégia inovadora nas vivências práticas. Na literatura na área da saúde existem diferentes estratégias de ensino utilizadas para desenvolver habilidades de pensamento crítico e, dentre estas, destaca-se o mapa conceitual por ser considerado uma representação gráfica que estimula a organização de conceitos e a união entre teoria e prática. Todos os materiais produzidos pelos alunos poderão ser utilizados como apoio para atendimentos futuros em ambiente hospitalar.

1. Bittencourt Greicy Kelly, Schaurich Diego, Marini Maiko, CrossettiI Maria da Graça. Aplicação de mapa conceitual para identifi cação de diagnósticos de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem [Internet]. 2012 Jan 27 [cited 2020 Jul 10]; DOI https://doi.org/10.1590/S0034-71672011000500025. Available from: https://www.scielo.br/pdf/reben/v64n5/a25v64n5.pdf
2. Barros APB, Angelis EC. Avaliação fonoaudiológica à beira do leito. In: Jotz GP, Angelis EC, Barros APB. Tratado da deglutição e disfagia - No adulto e na criança. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter Ltda, reimpressão 2010. p. 68-75.
3. Novak, J. D. (1981). Uma teoria de educação. São Paulo: Editora Pioneira.
4. Júnior Valter Carabetta. A Utilização de Mapas Conceituais como Recurso Didático para a Construção e InterRelação de Conceitos. Revista Brasileira de Educação Médica [Internet]. 2013 May 20 [cited 2020 Jul 8];:441-447. DOI https://doi.org/10.1590/S0100-55022013000300017. Available from: https://www.scielo.br/pdf/rbem/v37n3/17.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1332
PROPOSTA DE VALIDAÇÃO DO BRAZILIAN CHILDREN’S TEST OF PSEUDOWORD REPETITION EM PRÉ-ESCOLARES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução
A tarefa de repetição de pseudopalavras é muito sensível para a identificação dos transtornos de linguagem (Gathercole, Willis, Emslie, & Baddeley, 1991). É um procedimento simples e é considerado um marcador diagnóstico do Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (Bishop et al. 1996; Girbau 2016; Jackson et al. 2019).
Tendo em vista a contribuição da tarefa para o diagnóstico de Transtornos de Linguagem, há a necessidade da utilização de instrumentos brasileiros validados para a população pré-escolar de forma a contribuir com a identificação precoce dos Transtornos de Linguagem.

Objetivo:
Validar a Brazilian Children’s Test of Pseudoword Repetition (BCPR) em pré-escolares em diferentes amostras da região metropolitana de São Paulo.

Método:
O estudo foi aprovado pelos comitês de ética em pesquisa da Faculdade de Medicina da USP sob o número do protocolo nº 431/2012 e da Escola Paulista de Medicina da Unifesp sob o número do protocolo nº 1411/2018.
Participaram da pesquisa 804 crianças entre 3,6 e 6,2 anos de 27 escolas do Ensino Infantil da rede pública da cidade de São Caetano do Sul (582 crianças) e 5 da cidade de São Paulo (222 crianças).
Foi aplicado o instrumento BCPR (Santos, & Bueno, 2003) com 40 itens como tarefa de repetição de pseudopalavras.
Foi aplicada a análise de concordância Kappa para verificar a confiabilidade de marcação da pontuação da prova para a amostra de 582 crianças, pois os avaliadores desta amostra eram de diferentes áreas (psicólogos, fonoaudiólogos). Na amostra de 222 crianças apenas um avaliador, fonoaudióloga experiente, realizou a aplicação.
Para prover evidência de validade baseada na estrutura interna da prova BCPR foi utilizada a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) com o Mplus versão 8 (Muthén, Muthén, 2017). O critério de corte utilizado foi: RMSEA próximo ou menor que 0.08; CFI e TLI próximo ou maior que 0.90 (Little, 2013).

Resultados:
Para confiabilidade da análise de acertos e erros da marcação da prova BCPR, 10% da amostra de 582 crianças foi randomizado. Um novo avaliador foi convidado a ouvir os áudios das provas com o objetivo de classificar os acertos e erros por item. O teste de análise de concordância Kappa demonstrou que apenas 4 itens (melanitito, belinidade, muralito e calentonina) apresentaram concordância moderada e foram excluídos da prova, os demais itens apresentaram concordância perfeita ou quase perfeita.
Foi testado o modelo unidimensional, por meio de AFC, em que o fator latente, repetição de pseudopalavras, estava subjacente aos 36 itens dicotômicos da prova BCPR. Houve adequação dos índices do modelo proposto: x2 = 661,190 e 674,995; p-valor: 0,0238 e 0,0116; RMSEA = 0,014 e 0,025; CFI = 0,967 e 0,937; TLI = 0,965 e 0,934, respectivamente para amostra de São Caetano do Sul e São Paulo.

Conclusão:
Com AFC foi verificado que o modelo unidimensional testado confirma a validade baseada na estrutura interna da prova BCPR para diferentes amostras o que torna viável a utilização da prova em pré-escolares. Entretanto estudos de invariância estão sendo realizados com intuito de criar uma normatização única para as amostras o que poderá alterar a estrutura da prova.

Bishop, D. V., North, T., & Donlan, C. H. R. I. S. (1996). Nonword repetition as a behavioural marker for inherited language impairment: Evidence from a twin study. Journal of child Psychology and Psychiatry, 37(4), 391-403.

Gathercole, S. E., Willis, C., Emslie, H., & Baddeley, A. D. (1991). The influences of number of syllables and wordlikeness on children’s repetition of nonwords. Applied psycholinguistics, 12(3), 349-367.

Girbau D. (2016). The Non-word Repetition Task as a clinical marker of Specific Language Impairment in Spanish-speaking children. First Language. 27;36(1):30–49.

Jackson, E., Leitao, S., Claessen, M., & Boyes, M. (2019). Fast mapping short and long words: Examining the influence of phonological short-term memory and receptive vocabulary in children with developmental language disorder. Journal of communication disorders, 79, 11-23.

Little, T. D. (2013). Longitudinal structural equation modeling. New York, NY: Guilford Press.

Muthén, L. K., & Muthén, B. O. (1998-2017). Mplus User's Guide. 8th Edition. Los Angeles: Muthén & Muthén.

Santos F. H., & Bueno O. F. A. (2003). Validation of the Brazilian Children's Test of Pseudoword Repetition in Portuguese speakers aged 4 to 10 years. Brazilian Journal of Medical and Biologica Research, 36(11), 1533-1547.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
637
PROPRIEDADES DIAGNÓSTICAS DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE ALTERAÇÕES SENSITIVAS EM PACIENTES COM FRATURAS MAXILOMANDIBULARES: REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Estima-se que, por ano, em termos globais, há 7,5 milhões de novos casos de fraturas faciais com 1,8 milhões de pessoas convivendo com suas comorbidades.(1) Os traumas maxilofaciais e suas intervenções reparadoras podem resultar em lesões nervosas que afetam a sensibilidade facial, determinando alterações somatossensoriais. Seu diagnóstico é baseado na avaliação clínica e instrumental, que considera o relato do paciente, uso de questionários subjetivos e testes neurossensoriais quantitativos.(2,3)

OBJETIVO: Realizar uma revisão sistemática a fim de verificar a acurácia dos testes objetivos em relação aos testes subjetivos de sensibilidade facial na detecção de modificações da percepção somatossensorial em indivíduos acometidos por traumas maxilofaciais.

MÉTODO: A revisão, registrada no PROSPERO sob o número CRD42019125546, considerou estudos prospectivos e retrospectivos. Foram empregadas as bases de dados: MEDLINE, Cochrane, EMBASE, Scopus, LILACS, Google Scholar, OpenGrey, ProQuest e dissertações, teses e lista de referências. Não houve restrição quanto ao idioma e à data de publicação. Os estudos foram selecionados por dois avaliadores independentes, para inclusão de acordo com os critérios de elegibilidade e extração dos dados. A qualidade metodológica e o risco de viés foram avaliados utilizando-se a ferramenta QUADAS-2.(4)

RESULTADOS: 7782 títulos e resumos foram analisados, 135 preencheram os critérios de elegibilidade para leitura do manuscrito, sendo incluídos 21 artigos. Os estudos foram predominantemente observacionais, com amostra composta por indivíduos entre 11 e 83 anos, com predominância do sexo masculino. Entre as principais causas do trauma estão: acidentes de trânsito, violência física, assaltos e quedas. Os tipos de fratura relatados foram terço médio da face (52,38%), mandibulares (38,10%), e bimaxilares (9,52%). Quanto à intervenção cirúrgica, a maioria realizou fixação interna rígida com redução aberta (76,19%). O uso da fixação maxilomandibular (9,52%) para estabilização da fratura e o tratamento conservador (14,28%) são mencionados como opção para manejo do trauma. As avaliações verificaram as seguintes porções nervosas: infraorbitário (61,90%), alveolar inferior (38,10%), supraorbitário (4,76%), lingual (4,76%) e bucal (4,76%). A avaliação subjetiva é sempre realizada antes do exame objetivo, e considera o relato do paciente de forma espontânea (61,90%) e/ou guiada por questionários estruturados (33,33%), ou com uso de escalas (9,52%). Quanto à avaliação objetiva, tratando-se da estimulação tátil, recomenda-se, pela frequência de utilização nos artigos e pela facilidade de aplicação, a realização do teste "Static light touch" (61,90%). Para a estimulação nociceptiva, recomenda-se a utilização do "teste de agulhada" (33,33%) ou da "estimulação termal" (9,52%).

CONCLUSÃO: Os testes de sensibilidade facial envolvem a avaliação da sensibilidade tátil e da sensibilidade dolorosa, esta última englobando também a avaliação térmica. A avaliação objetiva é tida como um complemento à avaliação subjetiva, sendo a avaliação tátil utilizada como principal parâmetro no traçado do perfil da integridade de inervação periférica da face, podendo ou não estar associada à avaliação nociceptiva. A ausência de consenso na indicação de instrumentos específicos para realização dos testes é um fator limitante. Não foi possível a realização de meta-análise desta revisão, pois os estudos incluídos não possuíam dados quantitativos suficientes e apresentaram alta heterogeneidade qualitativa nos procedimentos de avaliação objetiva de sensibilidade.

1. Lalloo R, Lucchesi LR, Bisignano C, Castle CD, Dingels ZV, Fox JT, et al. Epidemiology of facial fractures: incidence, prevalence and years lived with disability estimates from the Global Burden of Disease 2017 study. Injury Prevention 2020. DOI:10.1136/injuryprev-2019-043297
2. Devine M, Hirani M, Durham J, Nixdorf DR, Renton T. Identifying criteria for diagnosis of post-traumatic pain and altered sensation of the maxillary and mandibular branches of the trigeminal nerve: a systematic review. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology and Oral Radiology. 2018;125(6):526-540. DOI:10.1016/j.oooo.2017.12.020
3. Said-Yekta S, Smeets R, Esteves-Oliveira M, Stein JM, Riediger D, Lampert F. Verification of Nerve Integrity After Surgical Intervention Using Quantitative Sensory Testing. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery. 2012;70(2):263–271. DOI:10.1016/j.joms.2011.03.065
4. Whiting PF, Rutjes AW, Westwood ME, Mallett S, Deeks JJ, Reitsma JB, et al. QUADAS-2: a revised tool for the quality assessment of diagnostic accuracy studies. Ann Intern Med 2011;155:529–36.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1344
PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO PROTOCOLO AMIOFE PARA ADULTOS E ESCORE DE CORTE PARA O DISTÚRBIO MIOFUNCIONAL OROFACIAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE) foi previamente validado para adultos quanto ao conteúdo e à validade concorrente (De Felício; Medeiros; Melchior, 2012). O problema é que no referido estudo apenas indivíduos com e sem DTM foram incluídos, embora o instrumento venha sendo usado em várias pesquisas. Objetivos: Os objetivos do presente estudo foram aprimorar as propriedades psicométricas do protocolo AMIOFE, ampliar a sua validade para adultos e determinar o escore que separa indivíduos sem e com distúrbio miofuncional orofacial (DMO). Métodos: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas (CAAE: 013768.3.0000.5440). Amostras registradas em vídeo de 84 jovens e adultos (18-60 anos de idade) foram selecionadas e um examinador fonoaudiólogo experiente e com confiabilidade previamente testada realizou as avaliações usando o Protocolo AMIOFE. A confiabilidade (consistência interna) foi avaliada pelo coeficiente Conbrach. A análise de validade para grupos conhecidos (Ohrbach, 2008) foi efetuada pela comparação de adultos saudáveis (grupo Controle: C) e adultos com problemas de base, os quais apresentam grande probabilidade de estarem associados ao DMO, como desordem temporomandibular (DTM), deformidade dentofacial (DDF) classe II (CII) e DDF classe III (CIII). O teste de Kruskal-Wallis, seguido de pós-teste quando o teste mostrou diferença significativa foram empregados. O escore de corte que separa adultos sem e com DMO foi obtido pela análise da curva ROC (Receiver operating characteristic), que determinou também a sensibilidade e a especificidade do escore total (ETAMIOFE). Resultados: O coeficiente Conbrach α calculado a partir da amostra adulta (n= 84) foi de 0,843. O AMIOFE mostrou-se valido para discriminar adultos do grupo controle daquelas dos grupos DTM, CII e CIII, cujos escores foram significativamente menores em todas as categorias e no ETAMIOFE (P < 0,0001). Com base na análise da curva ROC, o ETAMIOFE foi significativamente diferente da chance para a detecção da presença de DMO [AUC = 0.996, P< 0.001, CI: 0.95-1,0], com o valor de 86 como o ponto de corte. Na presente amostra, o Youden index foi de 0,968, os valores de sensibilidade e especificidade foram, respectivamente, 96,83% (IC: 89,0-99,6%) e 100,0% (IC: 83,9-100%). O ETAMIOFE de 86 é aproximadamente igual ao valor da média do grupo controle menos dois desvios padrão (96,05 – 2x4,54). Conclusões: O AMIOFE apresenta adequada consistência interna e é valido para discriminar adultos com e sem DMO. O ETAMIOFE de 86 permite discriminar adultos com e sem DMO, com boa sensibilidade e especificidade.

Bakke M, Bergendal B, Macalister A, Sjögreen L, Asten P. Development and evaluation of comprehensive screening for orofacial dysfunction. Swed Dent J. 2007;31:75-84.
De Felício CM, Medeiros AP, Melchior MO. Validity of the 'protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores' for young and adult subjects. J Oral Rehabil. 2012;39(10):744-53.
Ohrbach R, Larsson P, List T. The jaw functional limitation scale: development, reliability, and validity of 8-item and 20-item versions. J Orofac Pain 2008; 22:219-30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1339
PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO PROTOCOLO AMIOFE PARA CRIANÇAS E ESCORE DE CORTE PARA O DISTÚRBIO MIOFUNCIONAL OROFACIAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE) foi previamente validado para crianças de 6 a 12 anos (Felício e Ferreira, 2008). Contudo, quanto mais aprofundada forem as análises psicométricas de um instrumento e sua acurácia, maior a segurança para a tomada de decisão (Pernambuco et al., 2017). Objetivos: Os objetivos do presente estudo foram determinar a consistência interna do protocolo AMIOFE, aprofundar a análise de sua validade e determinar o valor de corte que separa crianças sem e com distúrbio miofuncional orofacial (DMO). Métodos: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas (CAAE: 013768.3.0000.5440). Foram selecionadas amostras registradas em vídeo de 60 crianças (6-12 anos de idade) e um examinador fonoaudiólogo experiente e com confiabilidade previamente testada realizou as avaliações usando o Protocolo AMIOFE. A consistência interna (confiabilidade) foi avaliada pelo coeficiente Conbrach. Realizou-se a análise de validade para grupos conhecidos (Ohrbach, 2008), pela comparação de crianças saudáveis (grupo Controle: C) e crianças com problemas de base, os quais apresentam grande probabilidade de estarem associados ao DMO [apneia obstrutiva do sono (AOS) e má oclusão mordida aberta anterior (MAA)]. O teste de Kruskal-Wallis, seguido de pós-teste quando o teste mostrou diferença significativa foram empregados. A análise da curva ROC (Receiver operating characteristic) foi empregada para determinar o escore de corte que separa crianças sem e com DMO, a sensibilidade e a especificidade do protocolo. Resultados: O coeficiente Conbrach α calculado a partir da amostra infantil (n= 60) foi de 0,83995. O AMIOFE mostrou-se valido para discriminar crianças do grupo controle daquelas dos grupos AOS e MAA, cujos escores foram significativamente menores em todas as categorias e no escore total do AMIOFE (ETAMIOFE) (P < 0,0001). Com base na análise da curva ROC, o escore do AMIOFE foi significantemente diferente da chance para a detecção da presença de DMO [AUC = 0.964, P< 0.001, CI: 0.88-0,95], com o ETAMIOFE de 87 como o ponto de corte. Na presente amostra, o Youden index foi de 0,8, os valores de sensibilidade e especificidade foram, respectivamente, 90,0 % (IC: 76,3-97,2%) e 90,0% (IC: 68,3-98,8%). O ETAMIOFE de 87 é aproximadamente igual ao valor da média do grupo controle menos um desvio padrão (94,25 - 6,30). Conclusões: O AMIOFE apresenta adequada consistência interna e é valido para discriminar crianças com e sem DMO, com boa sensibilidade e especificidade. A criança é considerada como apresentando DMO quando o ETAMIOFE for < 87.

Felício CM, Ferreira CL. Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2008;72:367-75.
Ohrbach R, Larsson P, List T. The jaw functional limitation scale: development, reliability, and validity of 8-item and 20-item versions. J Orofac Pain 2008; 22:219-30.
Pernambuco L, Espelt A, Magalhães HV Junior, Lima KC. Recommendations for elaboration, transcultural adaptation and validation process of tests in speech, hearing and language pathology. Codas. 2017;29(3):e20160217.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
720
PRÓTESE AUDITIVA ANCORADA NO OSSO PERCUTÂNEA: RESULTADOS AUDIOLÓGICOS EM PACIENTES COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA CONDUTIVA OU MISTA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: As próteses auditivas ancoradas no osso contemplam indivíduos com perdas auditivas de acometimento unilateral ou bilateral que não apresentam indicação para aparelhos auditivos convencionais de condução aérea/óssea ou quando não há a possibilidade de realização de cirurgia de orelha média. Concomitante ao avanço das alternativas terapêuticas, há o crescente desenvolvimento de novas tecnologias que refletem na sofisticação do processamento do sinal sonoro dessas próteses com melhora da percepção de fala e do conforto do usuário em ambiente ruidoso, como o sistema Ponto® da Oticon Medical, o qual disponibiliza aspectos avançados do processamento do sinal. Objetivo: Descrever os resultados audiológicos dos indivíduos com deficiência auditiva condutiva ou mista nas condições pré e pós cirúrgicas com a prótese auditiva ancorada ao osso percutânea sistema Ponto®. Métodos: Trata-se de um estudo com delineamento primário, observacional, retrospectivo de seguimento longitudinal, quantitativo com análise descritiva e inferencial, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob protocolo número 3.417.010. A amostra é composta por fontes de dados secundários de dez indivíduos com deficiência auditiva condutiva ou mista que foram submetidos à cirurgia de implante da prótese auditiva ancorada no osso percutânea sistema Ponto®, sendo analisados: limiares na audiometria tonal liminar por condução aérea e óssea, limiares na audiometria tonal em campo livre e reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído nas condições pré e pós cirúrgicas. O estudo recebeu tratamento estatístico descritivo e inferencial. Resultados: Os limiares da audiometria tonal por condução aérea e óssea mantiveram-se estáveis após a cirurgia. Já os limiares da audiometria tonal em campo livre foram estatisticamente melhores na ativação e após seis meses de uso do sistema Ponto® em todas as frequências testadas. Quanto ao reconhecimento de sentenças no silêncio, o resultado foi melhor na condição pós-cirúrgica, sendo o melhor resultado após seis meses de uso do sistema Ponto®. Por fim, o reconhecimento de sentenças no ruído foi melhor com o dispositivo Ponto®, sendo ainda mais expressivo após seis meses de uso. Conclusão: A ativação e uso do sistema Ponto® aprimorou os limiares da audiometria em campo livre, assim como o reconhecimento de fala no silêncio e no ruído quando comparado à condição pré-cirúrgica. Foram observadas, ainda, melhores respostas após seis meses de uso do dispositivo quando comparadas ao momento da adaptação.

1. Snif FM, Mylanus AM, Cremers WRJ. The bone-anchored hearing aid: a solution for previously unresolved otologic problems. Otolaryngologic Clinics of North America. 2001;34(2):365-372.
2. Dumper J, Hodgetts WE, Liu R, Brandner N. Indications for bone-anchored hearing instruments: A functional outcomes study. J Otolaryngol Head Neck Surg. 2009;38:96–105.
3. Oticon Medical. The Ponto bone anchored hearing system from Oticon Medical. Product Catalog. 2009.
4. Bianchi F, Wendt D, Wassard C, Maas P, Lunner T, Rosenbom T, Holmberg M. Benefit of higher maximum force output on listening effort in bone-anchored hearing system users: a pupillometry study. Ear and Hearing. 2019;40(5):1220–1232.
5. Celikgun B, Kalcioglu MT. Assessment of discrimination ability in ipsilateral and contralateral ears with a unilateral bone-anchored hearing system. Ear, Nose & Throat Journal. 2017;96(8):297-310.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1718
PROTOCOLO DE ANÁLISE ACÚSTICA DA DEGLUTIÇÃO (PAAD), ETAPA 2: EVIDÊNCIA DE VALIDADE BASEADA NOS PROCESSOS DE RESPOSTA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução:Nos últimos anos evidenciou-se dentre as áreas da saúde, a necessidade da elaboração de protocolos, que atestem a qualidade do que está sendo oferecido ao paciente, que sejam validados e confiáveis e que garantam credibilidade de resultados. O processo de validação de um protocolo se dá por meio de etapas e almeja que sua construção e aplicabilidade permitam a mensuração fidedigna do que se pretende mensurar, ou seja, que o protocolo analise de forma efetiva e assertiva os requisitos necessários para mensurar o fenômeno investigado. A etapa de obtenção de evidências de validade baseada nos processos de resposta, aponta diretamente para a maneira pela qual o sujeito lida com os itens de um determinado protocolo, em um esforço para compreender os processos subjacentes às suas respostas. Objetivos: Obtenção da evidência de validade baseada nos processos de resposta, compreendendo a segunda etapa do processo de validação do Protocolo de Avaliação Acústica dos Sons da Deglutição (PAAD). Métodos: Estudo observacional, do tipo transversal, realizado de forma qualitativa e quantitativa e composto por dois momentos. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas sob o nº 2.927.XXX. O primeiro momento do estudo, ocorreu por meio de entrevista dirigida, realizada pelo pesquisador principal, na ocasião da avaliação acústica da deglutição dos pacientes e da aplicação do PAAD. Foram entrevistados, 10 fonoaudiólogos, designados como avaliadores e recrutados por amostragem de conveniência, sendo que 4 eram especialistas em disfagia, 3 eram especialistas em disfagia e possuíam título de Mestrado e 3 eram especialistas em disfagia e possuíam título de Doutorado. Todos foram previamente treinados em análise acústica da deglutição. O tempo médio de formação entre os avaliadores foi de 11,6 anos e desvio padrão de 5,55. O segundo momento do estudo caracterizou-se pela análise das respostas das entrevistas, de forma qualitativa a partir da descrição das respostas dos avaliadores, e quantitativa por meio da frequência absoluta de respostas. Fizeram parte da amostra de avaliados pelos fonoaudiólogos, 24 pacientes de um hospital público, encaminhados das unidades de internação e dos ambulatórios, acometidos por doença neurológica, de ambos os gêneros, com idade igual ou superior a 18 anos, estáveis hemodinamicamente e responsivos para avaliação acústica da deglutição. Destes, 54,2% do sexo feminino e 45,8% do sexo masculino. A média de idades foi de 64,0 anos e desvio padrão de 17,5. O tempo médio de doença foi de 48,7 dias e desvio padrão de 139,3. Resultados: Observou-se que, em 6 dos 9 itens abordados pelo PAAD, os avaliadores apresentaram dificuldades semânticas relacionadas à compreensão. Foram verificadas reações não verbais de confusão e dúvida em 3 entrevistas. O aspecto tempo de resposta ao item, não foi relevante entre as respostas dos fonoaudiólogos avaliadores. Constataram-se sugestões de adequações aos itens do PAAD em todas as entrevistas. Conclusão: Por meio do processo de obtenção de evidência de validade baseada nos processos de resposta, foram possíveis modificações relevantes no PAAD, construindo-se sua terceira e atual versão.


Palavras chave: Acústica; Disfagia; Estudos de validação.

1) COLUCI, Marina Zambon Orpinelli; ALEXANDRE, Neusa Maria Costa; MILANI, Daniela. Construção de instrumentos de medida na área da saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 20, n. 3, p. 925-936, Mar. 2015.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciarttext&pid=S14 1381232015000300925&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 10 jan. 2020.

2) GURGEL, Léia Gonçalves; KAISER, Vanessa; REPPOLD, Caroline Tozzi. A busca de evidências de validade no desenvolvimento de instrumentos em Fonoaudiologia: revisão sistemática. Audiol., Commun. Res., São Paulo, v. 20, n. 4, p. 371-383, dez. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312015000400371&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 15 jan. 2020.

3) Martins, MMB. Proposta de validação de forma e constructo de um Protocolo de Avaliação Acústica da Deglutição. Curitiba, 2017, p. 38 ,40, 41, 42, 49, (Dissertação de mestrado - Universidade Tuiuti do Paraná)

4) Aera: American Educational Research Association, APA: American Psychological Association, NCME: National Council on Measurement in Education. Standards for educational and psychological testing. New York, 2014.

5) Almeida TM, Cola PC, Pernambuco LA, Magalhães Junior HV, Magnoni CD, Silva, RG. Instrumento de rastreio para disfagia orofaríngea no Acidente Vascular Encefálico - Parte I: evidências de validade baseadas no conteúdo e nos processos de resposta. CoDAS, São Paulo. 2017, v. 29, n. 4, e20170009.

6) Magalhães Junior HV. Evidências de validade do Questionário autorreferido para rastreamento de disfagia orofaríngea em idosos – RaDI. Natal, 2018, p. 21, 31, 32, 115, (Tese de doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

7) Padilla JL, Benítez I. Validity evidence based on response processes. Psicothema. 2014, v. 26, n. 1, p. 136–44.

8) Pernambuco, LA. Prevalência e fatores associados à alteração vocal em idosos institucionalizados com capacidade cognitiva preservada. Natal, 2015, p.75, 80, 85,108,134, (Tese de doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

9) Pernambuco LA, Espelt A, Magalhães Junior HV, Lima KC. Recomendações para elaboração, tradução, adaptação transcultural e processo de validação de testes em Fonoaudiologia. CoDAS, São Paulo. 2017, v. 29, n. 3, e20160217.

10) Idssi - International Dysphagia Diet Standardisation Initiative. Complete IDDSI Framework Detailed definitions 2.0. Disponível em: https://iddsi.org/, July 2019.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
2124
PROTOCOLO DE ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UM PROGRAMA DE CIRURGIA BARIÁTRICA
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A cirurgia bariátrica é um conjunto de técnicas cirúrgicas, com respaldo científico, com ou sem uso de órteses, destinadas à promoção da redução ponderal de peso e ao tratamento de doenças que estão associadas e/ou que são agravadas pela obesidade (SBCB, 2006);(BUCHWALD & WILLIAMS, 2004). A intervenção de uma equipe multiprofissional faz-se necessária para atender integralmente a saúde do indivíduo obeso, resultando em um tratamento eficaz. Para aumentar a perda de peso, antes e após a cirurgia, recomenda-se que a combinação de reduções de ingestão calórica e o aumento no gasto energético, por meio da prática de exercícios físicos, sejam componentes para os programas de intervenção (JAKICIC; et al., 2001; DONELLY; et al., 2009). As evidências das mudanças que ocorrerão na vida dos pacientes pós-cirurgia bariátrica, principalmente quanto à alimentação (Moliner & Rabuske, 2008), leva à necessidade da contribuição fonoaudiológica com atuação desde o pré-cirúrgico, objetivando sempre uma melhor qualidade de vida destes indivíduos. Estes necessitarão de uma adaptação a essa nova maneira de ingestão dos alimentos, atentando para particularidades da mecânica mastigatória, envolvendo a participação de todos os órgãos fonoarticulatórios (Silva, Tanigute e Tessitore, 2014). Objetivo: Descrever as etapas do trabalho do fonoaudiólogo no ambulatório de um Hospital Universitário. Metodologia: Apresentação dos critérios de inclusão dos pacientes e etapas que fazem parte do atendimento fonoaudiológico em um programa de cirurgia bariátrica. Resultados: Os pacientes incluídos para realização da Cirurgia Restritiva ou Gastroplastia Vertical deverão seguir os seguintes critérios de indicação: 1. IMC igual ou maior do que 35 Kg/m2 com co-morbidade ou IMC igual ou maior do que 40 Kg/m2 com ou sem co-morbidade. Essa etapa é realizada através de uma triagem com a enfermeira do serviço. Após essa avaliação, o paciente é encaminhado para o cirurgião que deverá entregar o o kit 1. O kit 1 corresponde as avaliações da equipe multidisciplinar ( nutricionista, psicóloga, assistente social, endocrinologista, educador físico e fonoaudiólogo). No que se refere ao trabalho do fonoaudiólogo consta das seguintes etapas: a. Na primeira consulta o paciente passará por anamnese e avaliação fonoaudiológica. Nessa avaliação serão observadas as dificuldades na alimentação e sono, hábitos alimentares do paciente, a estrutura do sistema motor oral e suas práxis, assim como a funcionalidade da função de mastigação, além da verificação do peso e calculo do IMC. Nessa consulta são passadas orientações e realizado o treino mastigatório. B. As reconsultas são agendadas após cerca de 30 dias, ou de acordo com a necessidade de acompanhamento de cada paciente em forma de grupo, em que há o incentivo de expressar a experiência com o novo padrão de alimentação. Sendo observado melhora e entendimento do padrão mastigatório e perda de peso do paciente é fornecido o parecer fonoaudiológico. Caso não, o paciente retorna para novas consultas e mais uma participação no grupo. Conclusão: O protocolo de atendimento fonoaudiológico tem ajudado aos pacientes a passarem pelo processo de transição de consistências com segurança.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
738
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE TEXTO NARRATIVO (PROAPTEN): VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: O texto narrativo é o mais usado na comunicação humana e fundamental no processo de aprendizagem pela sua estreita relação com o desenvolvimento da linguagem oral. Este tipo de texto permite organizar experiências vividas, fatos ou acontecimentos em formato de narrativa, elaboradas de acordo com convenções dependentes do nível de domínio individual e combinação de técnicas sociocomunicativas e habilidades linguísticas. No contexto educacional, a preocupação com o ensino e aprendizagem formal da escrita ganha destaque devido sua complexidade e alto índice de escolares com dificuldades na produção textual. Considerando os aspectos expostos e aliado à literatura nacional escassa, é necessário que haja instrumentos de avaliação fundamentado em valores estatísticos que indiquem sua precisão e validade. Desse modo, a confiabilidade de um teste deve fornecer evidências de que as tarefas selecionadas para compor o instrumento conseguem mensurar o que se intenciona avaliar. Objetivo: Validar o protocolo de avaliação da produção de texto narrativo (PROAPTEN) para escolares 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental I por meio da análise das suas propriedades psicométricas. Material e Método: Este projeto (CEP 0780/2013) refere-se à continuidade da elaboração do protocolo de avaliação mencionado, com análises psicométricas para possibilitar a validação. Foram analisados os dados referentes a participação de 156 escolares, do 3º ao 5º ano, do ensino público. Foram solicitados a produzir um texto narrativo escrito a partir de um tema previamente estabelecido. As produções textuais foram analisadas com relação à Estrutura Narrativa, Mecanismos de Junção e Ortografia. A análise estatística foi realizada pelo software SPSS versão 20.0, baseando-se no número de ocorrência das variáveis analisadas apresentados pelos grupos. Como metodologia estatística, foram utilizados os seguintes testes: Índice de Concordância de Kappa, Kolmogorov-Smirnov, Teste de Kruskal-Wallis, Teste de Mann-Whitney, Teste de Qui-Quadrado, Intervalo de Confiança para Média, Correlação de Spearman, Índice de Correlação Intraclasses, Curva Roc, Sensibilidade e Especificidade e Gráfico de Box-Plot Resultados: O índice de concordância moderada a boa entre os juízes foi eficaz para se classificar os diferentes graus de narrativização das produções textuais. Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos para os juntores na construção sintática e relações semântico-cognitivas características do tipo de texto narrativo (Mecanismos de Junção) e número total de palavras produzidas, com discreta diminuição do número total de erros ortográficos. Ao se utilizar os escores totais das variáveis do Mecanismos de Junção e Ortografia, constatou-se um índice excelente e ótimo para validação e confiabilidade, respectivamente. O indicativo de diferença estatisticamente significante apresentado entre os grupos para as análises de narrativização, mecanismos de junção e ortografia indica que o PROAPTEN foi capaz de diferenciar e constatar o efeito da escolarização, bem como em estabelecer indicativos de classificação do desempenho. Conclusão: visto que o instrumento foi construído com referencial teórico científico e com análise sustentada por critérios psicométricos para verificar validação, confiabilidade, especificidade e sensibilidade com uso de testes não paramétricos, pode-se inferir que o instrumento apresenta bases fidedignas para sua utilização na avaliação da produção de textos narrativos de escolares do terceiro ao quinto ano do Ensino Fundamental.

Adam JM. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São Paulo: Cortez, 2008.
Batista AO; Capellini SA. Desempenho ortográfico de escolares de 2o ao 5o ano do ensino privado do município de Londrina. Psicologia Argumento, 29, 67, 411-25, 2011.
Cervera-Mérida JF; Ygual-Fernádez A. Uma propuesta de intervención em transtornos disortográficos atendiendo a la semiologia de los errores. Revista de Neurología, 42, 2, 117-26, 2006.
Raible W. Linking clauses. In: Haspelmath M. et al. (Org.) Language typology and language universals: an international handbook. Berlin: Walter de Gruyter, 2001. p. 590-617.
Sampaio MN. Elaboração e aplicação de um protocolo de avaliação da produção textual para escolares do ensino fundamental. 2017. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2017.
Sampaio MN. et al. Spelling performance of public and private school students: a comparative study. Revista Estudos de Psicologia (Campinas), 34, 2, 2017.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1756
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MULTIMODAL INFANTIL – PAMI: UMA PROPOSTA PARA ANÁLISE DA MATRIZ MULTIMODAL EM CENAS DE ATENÇÃO CONJUNTA NA TRISSOMIA DO 21
Tese
Linguagem (LGG)


A Trissomia do 21 é uma alteração genética que influencia o desenvolvimento infantil. O processo de aquisição da linguagem e desenvolvimento cognitivo estão atrasados em crianças com essa síndrome, quando comparadas a crianças neurotípicas. Uma habilidade que possui relações com o desenvolvimento linguístico e cognitivo é a atenção conjunta, que reflete um movimento de engajamento atencional entre uma criança, um par e um objeto ou evento. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi propor e aplicar o PAMI – Protocolo de Avaliação Multimodal Infantil para monitoramento da matriz linguística de crianças com Trissomia do 21 em cenas de atenção conjunta. Para isso, foram selecionados vídeos de seis crianças, três com Trissomia do 21 e três com desenvolvimento típico. Estes foram apresentados a três juízes, experientes em estudos de aquisição multimodal da linguagem, que, a priori, avaliaram o desempenho dos dois grupos. Em seguida, avaliaram os vídeos das três crianças com trissomia, após certo período de estimulação fonoaudiológica. Para esta análise, foi desenvolvido um protocolo, o PAMI, de análise do engajamento conjunto(1-2) e da matriz linguística multimodal infantil, contemplando elementos prosódico-gestuais (3-4). A pesquisa foi avaliada e aprovada pelo comitê de ética em pesquisa, sob o protocolo nº 1.360.357. Por fim, foram realizadas análises estatísticas quantitativas descritivas e inferências para observação dos dados, por meio do software SPSS. Foram realizados quatro testes estatísticos, com nível de significância de 5% para todas as análises: o teste Qui-Quadrado, a Correlação de Spearman, o Teste T e o Teste Mann-Whitney. A partir das avaliações, observamos que crianças com síndrome de Down e neurotípicas apresentam inserção semelhante em cenas de atenção conjunta. Contudo, as crianças neurotípicas apresentam uma maior inserção em cenas de atenção direta e apresentam uma maior quantidade de produções prosódico-vocais (p=0,028), enquanto verificamos uma maior quantidade de gestos, ausência de fala (p=0,001) e atenção de acompanhamento na Trissomia do 21 (p=<0,001). Além disso, observou-se que há uma adequação da matriz multimodal infantil em cada formato de engajamento conjunto. E, longitudinalmente, a matriz linguística e o engajamento conjunto das crianças com Trissomia do 21 são aprimoradas, em especial, com o aumento da quantidade de produções prosódico-vocais (p=0,039), de holófrases (p=0,05), de blocos de enunciados (p=0,01), de dêiticos (p=0,05) e da atenção direta (p=0,015). O PAMI foi um instrumento importante na detecção dos dados e pode ser utilizado na avaliação e acompanhamento do desenvolvimento linguístico de crianças neurotípicas e neuroatípicas. Ressalta-se, por fim, que há influência mútua entre gesto e fala no desenvolvimento da linguagem e sociocognitivo infantil, relação que deve ser contemplada no contexto clínico fonoaudiológico.

1. Carpenter M. Social cognition and social motivations in infancy. In: Goswami U. (Ed.). The Wiley-blackwell Handbook of Childhood Cognitive Development. Blackwell publishing; 2011. p. 106-128.
2. Tomasello M. Origens culturais do conhecimento humano. São Paulo: Martins Fontes; 2003
3. Mcneill D. Gesture & thought. Chicago: University of Chicago Press; 2005.
4. Cavalcante MCB. Contribuições dos estudos gestuais para as pesquisas em aquisição da linguagem. Linguagem & Ensino. 2018; 21(esp.): 5-35.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
197
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO VOCAL ESPECTROGRÁFICA: DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO
Tese
Voz (VOZ)


Introdução: A análise acústica espectrográfica é parte importante da avaliação vocal e pode ser utilizada para caracterizar distúrbios vocais e vozes de diferentes populações, para avaliar a evolução do paciente e o efeito da fonoterapia, e como um feedback visual da emissão1-3. Objetivo: Desenvolver e buscar evidências de validade e fidedignidade do protocolo de avaliação vocal espectrográfica. Métodos: Estudo metodológico para desenvolvimento e validação de um instrumento de avaliação (aprovação Comitê de Ética 1.570.886). Realizou-se ampla pesquisa na literatura para desenvolver e fundamentar o Protocolo de Avaliação Vocal Espectrográfica. Os itens do protocolo foram enviados para cinco juízes especialistas, fonoaudiólogos não autores da pesquisa, doutores e clínicos, com experiência mínima de cinco anos na área de voz e análise acústica espectrográfica, que analisaram individualmente os itens do protocolo. Para a análise de concordância entre os juízes, utilizou-se a análise Gwet e a fórmula de Razão de Validade de Conteúdo. Para a análise de fidedignidade, dois juízes fonoaudiólogos analisaram as espectrografias de 50 mulheres com idades entre 25 e 62 anos, 25 com diagnóstico otorrinolaringológico prévio de laringe normal ou de fenda triangular grau I e 25 com diagnóstico de alterações em pregas vocais, com o Protocolo de Avaliação Vocal Espectrográfica. A avaliação espectrográfica foi realizada com a emissão da vogal /a:/ por meio do Real Time Spectrogram. Para a análise dos dados de fidedignidade, realizou-se a análise inter e intra-avaliadores, através do coeficiente Kendall. Para a validade de critério, utilizou-se o teste t para amostras independentes visando comparar o desempenho médio do protocolo entre os dois grupos de sujeitos. Resultados: Desenvolveu-se o Protocolo de Avaliação Vocal Espectrográfica com base na literatura, subdividido em Banda Larga e Banda Estreita. Quanto à análise por juízes especialistas, vinte e quatro itens do protocolo apresentaram Razão de Validade de Conteúdo=1,0 e 25 itens apresentaram Razão de Validade de Conteúdo=0,6. A análise AC1 de Gwet indicou concordância substancial (0,656) para os itens de banda larga e quase perfeita (0,848) para os itens de banda estreita. Na fidedignidade do protocolo para os itens de banda larga, a concordância entre juízes variou de moderada (0,462) a quase perfeita (0,888), sendo significativa para todos os itens, e a concordância intra-avaliadores foi quase perfeita (0,865-1,000) e significativa para todos os itens. Para os itens de banda estreita, a concordância entre juízes variou de moderada (0,469) a quase perfeita (0,922), sendo significativa para todos os itens, exceto para o item “presença de sub-harmônicos nas altas frequências”, em que a concordância foi moderada (0,504), mas não significativa, e a concordância intra-avaliadores foi quase perfeita (0,874-1,000) e significativa para todos os itens. Validade de critério: para a maioria dos itens de banda larga e estreita, os grupos com diagnóstico normal ou alterado diferiram estatisticamente. Conclusão: O Protocolo de Avaliação Vocal Espectrográfica apresenta evidências de validade de conteúdo, critério e fidedignidade consideradas satisfatórias, sendo confiável para a avaliação vocal espectrográfica.

1. Côrtes MG, Gama ACC. Análise visual de parâmetros espectrográficos pré e pós-fonoterapia para disfonias. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010; 15(2):243–249. https://doi.org/10.1590/S1516-80342010000200016.

2. Bastilha GR, Pagliarin KC, Cielo CA. Development and evidence of content validity of the Spectrographic Vocal Assessment Protocol (SVAP). J Voice. 2020; 16:S0892-1997(19)30450-3. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2019.12.008. (In press).

3. Bastilha GR, Pagliarin KC, Moraes DAO, Cielo CA. Spectrographic Vocal Assessment Protocol (SVAP): Reliability and Criterion Validity. J Voice. 2020; 21:S0892-1997(20)30069-2. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2020.02.017. (In press).





TRABALHOS CIENTÍFICOS
1759
PROTOCOLO DE CLASSIFICAÇÃO DE FÍSTULA DE PALATO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Nos casos de fissura labiopalatina, a palatoplastia tem como meta principal a restauração morfológica e funcional do palato. O ocorrência da fístula oronasal (FON) é uma das complicações indesejáveis pós palatoplastia e com índices reportados na literatura que variam de 0% a 78%. A variação na ocorrência é resultado de fatores como a falta de padronização de protocolos de avaliação, a falta de definição universalmente aceita sobre o que é fístula, e a variabilidade na terminologia e localização da fístula.
OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo apresentar um protocolo de classificação de fístula de palato baseado em critérios morfológicos, embriológicos e da sintomatologia da fístula.
MÉTODO: Para o desenvolvimento do protocolo, foram consultadas as documentações de ocorrência de fístula de palato em prontuários e acervos de imagens fotográficas em um grande centro craniofacial brasileiro (Parecer do Comitê de Ética nº 3.305.124). A análise documental indicou uso de terminologia distinta entre as diferentes áreas e falhas na documentação sobre a ocorrência e localização da FON revelando a necessidade de um sistema de classificação de fístulas com boa replicabilidade entre membros de equipes multidisciplinares. Para o desenvolvimento do protocolo observou-se as seguintes etapas: definição de FON; estabelecimento dos pontos anatômicos de referência; estabelecimento dos critérios embriológicos e morfológicos da classificação; inclusão da sintomatologia.
RESULTADOS: Um protocolo para a identificação e classificação de fístula de palato foi estabelecido para uso pelas diversas áreas que atuam no gerenciamento da fissura labiopalatina. Os pontos anatômicos de referência incluem: forame incisivo (FI), arco alveolar superior, área de transição entre o palato duro e mole. Do ponto de vista da embriologia, a fístula pode ser denominada PREFI (localizada em região anterior ao FI), POSFI (localizada em região posterior ao FI), e PREPO (que acomete tanto a região anterior quanto posterior ao FI). O critério morfológico permite identificar a região acometida, incluindo: Região-1 da área pré-alveolar e/ou do arco alveolar, Região-2 do palato duro anterior ao FI, Região-3 do palato duro posterior ao FI, Região-4 da transição entre palato duro e mole, e Região-5 do palato mole. A identificação de sintomas associados à fístula inclui a possibilidade de: hipernasalidade e outros sintomas da fala; otites e outros sintomas otológicos e refluxo nasal de alimentos. Para favorecer a identificação consistente dos pontos de referência é essencial a obtenção de imagens adequadas e também o uso das linhas de identificação do FI e da área de transição. O posicionamento para imagem fotográfica para documentação de fístula requer a visualização da face palatina dos dentes incisivos.
CONCLUSÃO: O Protocolo de Classificação de Fístula de Palato, foi elaborado para uso em consulta presencial ou aplicação durante análise de imagens fotográficas. A proposta apresenta ilustrações para nortear o uso adequado dos critérios embriológico e morfológico e aborda a importância da documentação da sintomatologia e a obtenção de fotografias intraorais de forma que a replicabilidade do protocolo possa ser futuramente testada por profissionais nas distintas áreas que atuam no gerenciamento da fissura labiopalatina, incluindo o Fonoaudiólogo.

1- Silva-Filho OG, Freitas JAS. Caracterização morfológica e origem embriológica. In: Trindade IEK, Silva Filho OG, coordenadores. Fissuras labiopalatinas: uma abordagem interdisciplinar. São Paulo: Santos; 2007. p. 17-49.
2- Williams WN, Seagle MB, Pegoraro-Krook MI, Souza TV, Garla L, Silva ML et al. Prospective clinical trial comparing outcome measures between Furlow and von Langenbeck palatoplasties for UCLP. Ann Plast Surg. 2011 Feb;66(2):154-63.
3- Xu JH, Chen H, Tan WQ, Lin J, Wu WH. The square flap method for cleft palate repair. Cleft Palate Craniofac J. 2007;44(6):579-84.
4- Dong Y, Dong F, Zhang X, Hao F, Shi P, Ren G, et al. An effect comparison between Furlow double opposing Z-plasty and two-flap palatoplasty on velopharyngeal closure. Int J Oral Maxillofac Surg. 2012;41(5):604-11.
5- Mak SY, Wong WH, Or CK, Poon AM.Incidence and cluster occurrence of palatal fistula after furlow palatoplasty by a single surgeon.Ann Plast Surg. 2006 Jul;57(1):55-9.
6- Smith DM, Vecchione L, Jiang S, Ford M, Deleyiannis FW, Haralam MA et al. The Pittsburgh fistula classification system: a standardized scheme for the description of palatal fistulas. Cleft Palate Craniofac J. 2007 Nov;44(6):590-4.
7- Bykowski MR, Naran S, Winger DG, Losee JE. The rate of oronasal fistula following primary cleft palate surgery: a meta-analysis. Cleft Palate Craniofac J. 2015;52(4):e81-7.
8- Jacob MF, Prearo GA, Brosco, TVS, Silva, HLA, Dutka, JCR. Fístula após palatoplastia primária: Consenso entre profissionais da cirurgia plástica e da fonoaudiologia. Rev. Bras. Cir. Plást. 2020;35(2):142-148.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
363
PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DE PNEUMONIA ASPIRATIVA: IMPORTÂNCIA NO CUIDADO CLÍNICO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia é um déficit funcional relacionado à deglutição e pode ser decorrente de alterações neurológicas variadas e/ou alterações estruturais que podem ocasionar ineficiência do mecanismo de proteção de vias aéreas inferiores. Do ponto de vista clínico, sabe-se que a disfagia pode gerar consequências graves ao indivíduo, uma das mais discutidas em serviços de saúde em todo o mundo é a Pneumonia, para esses casos, utiliza-se clinicamente o termo Pneumonia Aspirativa. Esta consequência pode ocasionar desnutrição, diminuição da qualidade de vida, tempo prolongado de internação hospitalar, aumento da morbimortalidade e ônus econômico. À partir destes dados, observa-se a necessidade de verificar o impacto da utilização dos indicadores de qualidade frente a melhoria do cuidado do paciente nas instituições de saúde.
Objetivo: Caracterizar a contribuição do Fonoaudiólogo junto ao Protocolo Institucional de Risco para Broncoaspiração na prevenção de evento adverso como a Pneumonia Aspirativa bem como na diminuição do custo hospitalar e na diminuição do tempo de internação.
Método: Estudo observacional composto por coorte retrospectiva, descritivo e transversal com coleta de dados ocorridos no período de Janeiro de 2019 a Junho de 2020. Realizado levantamento dos pacientes inseridos no Protocolo de Risco de Broncoaspiração à partir da ficha de verificação e dos indicadores de qualidade inseridos no software Docnixblue. A sinalização na instituição é feita pela equipe de admissão do paciente, responsável pela notificação de barreiras iniciais e geralmente identificadas no pronto socorro, à partir dos fatores de risco. Caso o paciente apresente risco positivo é solicitado uma triagem fonoaudiológica para confirmação. A equipe de fonoaudiologia recebe a sinalização e em até 12 horas realiza a triagem. A equipe que admitiu o paciente sinaliza com o card no prontuário, com a filipeta imantada na porta, beira-leito com placa azul ou vermelha, registra no quadro de comunicação do paciente e família as orientações relacionadas ao risco, mantém cabeceira elevada entre 30 e 45 graus e prescreve higiene oral três vezes ao dia e são sinalizados nos impressos de transição por unidades. Resultados: Com a média de 163 pacientes inseridos por mês no protocolo de broncoaspiração, do período de Janeiro de 2019 a Junho de 2020, observamos um total de 2944 pacientes triados. A média de triagens realizadas e que evoluíram para necessidade de avaliação fonoaudiológica foi de 82,7%. A meta estimada no indicador de qualidade é de 80%, sendo observado a efetivação do cuidado por meio do fluxo assistencial estabelecido no protocolo de risco de broncoaspiração. Neste período, através das ações preventivas e dos fluxos empregados a partir do protocolo, não foi observada taxa de infecções relacionadas a Pneumonia aspirativa.
Conclusão: A construção de um protocolo de broncoaspiração multiprofissional visa minimizar os impactos dessa afecção clínica. A precocidade da intervenção do fonoaudiólogo para prevenção, com a realização das intervenções na broncoaspiração, traz benefícios para melhor desfecho clínico do paciente, para minimização de possíveis eventos adversos e de custos em saúde, ampliando a qualidade da prestação de serviço e maximizando a qualidade de vida.

1. Patrick Zuercher, Céline S. Moret , Rainer Dziewas and Joerg C. Schefold Dysphagia in the intensive care unit: epidemiology, mechanisms, and clinical management, 2019
2. Sassi Fernanda Chiarion, Medeiros Gisele Chagas de, Zambon Lucas Santos, Zilberstein Bruno, Andrade Claudia Regina Furquim de. Avaliação e classificação da disfagia pós-extubação em pacientes críticos, 2018
3. Carmo Layanne Ferreira dos Santos, Santos Fabíola Andrea Andrade dos, Mendonça Simonize Cunha Barreto de, Araújo Brenda Carla Lima. Management of the risk of bronchoaspiration in patients with oropharyngeal dysphagia. Rev. CEFAC, 2018
4. Newman, R.; et. al. Effect of bolus viscosity on the safety and efficacy os swallowing and the kinematics of the swallow response in patients with oropharyngeal dysphagia: White paper by the European Society for swallowing disorders. Dysphagia, 2016
5. Wei, C; et.al. Microbiology and prognostic factors of hospital and community-acquired aspiration pneumonia in respiratory intensive care unit. American Journal of Infection Control 41 2013
6. Andrade CRF. Prática Baseada em Evidencia na Disfagia. In: Andrade CRF, Limongi SCO (Org). Disfagia: prática baseada em evidências. São Paulo: Sarvier; 2012
7. Altman KW1, Yu GP, Schaefer SD. Consequence of dysphagia in the hospitalized patient: impact on prognosis and hospital resources, 2010


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1142
PROTOCOLO DE REGULAÇÃO DE ACESSO À REABILITAÇÃO AUDITIVA DA POPULAÇÃO ADULTA EM UMA COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: a regulação do acesso à assistência tem como objetivos a organização, o controle, o gerenciamento e a priorização do acesso e dos fluxos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). É baseada, essencialmente, em protocolos e classificação de risco1. Os protocolos de regulação são instrumentos de ordenação dos encaminhamentos que qualificam o acesso e viabilizam a atenção integral ao paciente entre os níveis de complexidade da atenção2. A Reabilitação Auditiva (integrante da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência)3 apresenta expressiva demanda reprimida na região de uma Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Este fato motivou a elaboração e a implantação de um protocolo de regulação de acesso. OBJETIVO: apresentar a ordenação das prioridades concebidas para o protocolo de regulação de acesso à especialidade de reabilitação auditiva para a população adulta no âmbito do SUS, utilizado na região de uma CRS do RS. MÉTODO: abordagem descritiva dos critérios elegíveis que constituíram as prioridades do referido protocolo. RESULTADOS: os critérios adotados consideraram casos clínicos de perda auditiva (PA) permanente e foram ordenados em níveis (N) segundo o grau4, a lateralidade e a simetria da PA5: N1 - PA bilateral, simétrica, com média quadritonal a partir de 41 decibéis Nível de Audição (dBNA) (PA bilateral de grau moderado, severo ou profundo); PA bilateral, assimétrica, com média quadritonal a partir de 41 dBNA na melhor orelha (combinações entre as orelhas: graus moderado e severo; moderado e profundo; severo e profundo); PA bilateral, de qualquer grau, associada à deficiência intelectual, visual, deficiências múltiplas ou distúrbios neuropsicomotores; PA bilateral, de qualquer grau, associada a quadro clínico de zumbido grave ou incapacitante sem melhora ao manejo na atenção básica. N2: PA bilateral, assimétrica, com média quadritonal a partir de 26 dBNA na melhor orelha (combinações entre as orelhas: leve e moderado; leve e severo; leve e profundo). N3: PA bilateral, simétrica de grau leve; PA unilateral com média quadritonal entre 41 e 80 dBNA (graus moderado e severo); PA unilateral de grau severo (deve ser avaliada quanto à presença de audição residual passível de amplificação sonora); PA unilateral de grau profundo há contraindicação ao uso de amplificação pelo SUS, entretanto verificar possibilidade de tecnologia Contralateral Routing of Signals; PA bilateral limitada às frequências acima de 3000 Hertz. CONCLUSÃO: este protocolo atribuiu visibilidade aos critérios de acesso à Reabilitação Auditiva na referida CRS, além de priorizar o encaminhamento de usuários com maior prejuízo auditivo e/ou com maior potencialidade de aproveitamento da amplificação sonora (como os casos de PA moderada)6. Sua atualização é contínua, com revisões periódicas de acordo com a capacidade de oferta dos prestadores, as mudanças de legislação, a avaliação dos dados do sistema de informação. Sabe-se que existem limitações na sua utilização, uma vez que não é possível abranger todas as condições auditivas existentes e, principalmente, em virtude da audição ser, na sua essência, subjetiva. Entretanto, a sua aplicação para a ordenação da fila de espera converge com a busca pela equidade no SUS.

1. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União. 28 set 2017; Anexo XXVI.

2. Ferri SMN, Ferreira JBB, Almeida EF, Santos JS. Protocolos Clínicos e de Regulação: Motivações para Elaboração e Uso. In: Santos JS, Pereira Junior GA, Bliacheriene AC, Forster AC. Protocolos Clínicos e de Regulação: Acesso à Rede de Saúde. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. p. 9-21.

3. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as redes do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União. 28 set 2017; Anexo VI.

4. Organização Mundial da Saúde. Deafness and hearing loss. [publicação online]; 2020 [acesso em 1 jul 2020]. Disponível em https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/deafness-and-hearing-loss
5. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Guia de Orientação na Avaliação Audiológica. [S.l.]: Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia; 2020.

6. Ferguson MA, Kitterick PT, Chong LY, Edmondson-Jones M, Barker F, Hoare DJ. Hearing aids for mild to moderate hearing loss in adults. Cochrane Database of Systematic Reviews 2017, Issue 9. Art. nº: CD012023. DOI:10.1002/14651858. CD012023.pub2.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1172
PROTOCOLOS DE ENCAMINHAMENTO PARA A REABILITAÇÃO AUDITIVA NO SUS: UMA PROPOSTA INTEGRADA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: o Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes tem por objetivo apoiar a consolidação das Redes de Atenção à Saúde ordenadas pela Atenção Básica (AB) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)1. Utiliza-se de tecnologias da informação e comunicação para atividades à distância relacionadas à saúde, qualificando as práticas das equipes multiprofissionais da AB e aumentando a sua resolutividade. Seguindo esta lógica, a Secretaria Estadual da Saúde desenvolveu um projeto junto à Universidade Federal do Rio Grande do Sul denominado RegulaSUS2,3, cuja finalidade é possibilitar um atendimento mais ágil e qualificado no SUS. O RegulaSUS dispõe de protocolos de encaminhamento para identificar, na lista de espera, os usuários que necessitam de consulta especializada, além de agilizar a marcação dos casos mais graves3. Os protocolos de encaminhamento disponibilizados pelo TelessaúdeRS/RegulaSUS são importantes instrumentos desenvolvidos para as condições de saúde mais comuns de cada especialidade e cujo objetivo é definir os limites entre os cuidados prestados na AB e nos demais níveis de atenção. OBJETIVO: apresentar o escopo e a organização dos protocolos de encaminhamento para a especialidade de reabilitação auditiva pediátrica e adulta aprovados para integrarem a plataforma do Telessaúde do RS. MÉTODO: abordagem descritiva dos critérios que guiaram a elaboração dos protocolos e das informações que os compuseram. RESULTADOS: os protocolos desenvolvidos amparam tecnicamente os profissionais da AB na elegibilidade dos critérios clínicos que indicam a necessidade de encaminhamento para reabilitação auditiva. Na modalidade pediátrica, o protocolo foi desenvolvido com a finalidade primária de favorecer a celeridade do processo de reabilitação da criança deficiente auditiva, aproveitando o período de maturação da via auditiva e priorizando a linha de cuidado da Triagem Auditiva Neonatal do SUS no RS4. O mesmo está dividido em dois itens principais: o primeiro direcionado aos casos de triagem auditiva neonatal alterada e o segundo aos casos de crianças com suspeita ou diagnóstico de deficiência auditiva5. A construção do protocolo de encaminhamento da população adulta buscou estabelecer as condições clínicas precisas para que o usuário tivesse uma orientação assertiva na rede de saúde. Em ambas as modalidades de protocolos, destacam-se as informações a serem preenchidas pelo profissional da AB e que irão nortear a continuidade do cuidado nos diferentes níveis de atenção: i) condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para emergência; ii) condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para otorrinolaringologia, iii) condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para reabilitação auditiva (próteses auditivas); iv) conteúdo descritivo mínimo. CONCLUSÃO: em face da expressiva necessidade de organização do cuidado continuado em saúde auditiva no SUS (congruente com a rede hierarquizada e com o princípio de integralidade), a implantação de protocolos de encaminhamento da AB para a atenção especializada em reabilitação auditiva traz à luz a discussão sobre a importância da interdisciplinaridade na área da saúde. A fonoaudiologia, integrando essa proposta, mostra-se precursora neste cenário.


1. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União. 28 set 2017;Título IV, Capítulo I, Seção 1.

2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul [homepage na internet]. Regula SUS [acesso em 12 jul 2020]. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/regulasus/

3 Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul [homepage na internet]. Protocolos de encaminhamento [acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/protocolos-de-encaminhamento

4 Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul [homepage na internet]. Saúde da Pessoa com Deficiência. Triagem Auditiva Neonatal [acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/saude-da-pessoa-com-deficiencia


5 Joint Committee of Infant Hearing. Year 2007 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. Pediatrics 2007; 120(4): 898-921.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1150
PUÉPERAS E ALEITAMENTO: CONHECIMENTOS E ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NUMA EQUIPE DE SAÚDE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: a Organização Mundial da Saúde orienta que, para a saúde integral da díade mãe-bebê, o aleitamento materno deve ser exclusivo até seis meses de idade e continuado até os dois anos ou mais. Embora os benefícios sejam constantemente descritos e divulgados, os números em relação ao aleitamento materno exclusivo, no Brasil, encontram-se aquém do esperado(1). Nesse sentido, os profissionais de saúde devem buscar promoção, apoio e incentivo ao aleitamento materno(2). Objetivo: analisar aspectos sociais, conhecimentos e visões sobre atuação fonoaudiológica, por parte de puérperas, no que se refere ao aleitamento. Metodologia: trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, transversal, aprovada pelo Comitê de ética em Pesquisa em Seres Humanos sob n° 3.973.416 e realizada em um Hospital/Maternidade público com 20 puérperas internadas em período pós-parto imediato. As participantes responderam a questões relacionadas a perfil socioeconômico, informações recebidas sobre aleitamento e por quais profissionais da área de saúde, bem como sobre atuação do fonoaudiólogo no âmbito do aleitamento. Para análise quantitativa, utilizou-se a descrição simples e porcentual das variáveis; já as variáveis qualitativas foram analisadas a partir da Análise de Conteúdo. Resultados: quanto ao perfil das participantes, a idade ficou entre 16 e 36 anos, apresentavam escolaridade entre ensino fundamental incompleto e ensino superior incompleto, e residiam com seus companheiros. No que se refere à análise qualitativa, verificou-se as seguintes temáticas: posição para amamentar e pega correta; benefícios da amamentação para saúde e desenvolvimento do bebê; descida do leite e manejo do seio empedrado; tempo de mamada; período de amamentação; importância do contato mãe e bebê. Das 13 participantes que relataram ter recebido informações sobre aleitamento, quanto às informações recebidas, 12 apontaram para temas com ênfase em questões anatomofuncionais sobre o aleitar e apenas uma participante mencionou ter recebido informações sobre a díade mãe-bebê. Quanto às orientações sobre aleitamento, entre algumas áreas de saúde apresentadas, sete relataram que foram realizadas por profissionais da enfermagem e só duas citaram que foram efetuadas pela área fonoaudiológica. Referente à atuação do fonoaudiólogo no aleitamento, somente quatro discorreram sobre tal questão. Conclusão: as informações recebidas pelas participantes sobre o processo de aleitamento indicaram, sobretudo, fatores orgânico/fisiológicos. Portanto, a presente pesquisa indica que aspectos sociais e singulares relacionados a esse processo ficam secundarizados. Trata-se de uma situação que merece atenção pelos profissionais envolvidos, especialmente da área fonoaudiológica, pois o aleitamento depende da subjetividade da mulher que amamenta, a qual se constituiu socialmente(3). Ademais, o fonoaudiólogo, que deve compor equipe interdisciplinar atuante com as puérperas, precisa estar atento à promoção da saúde dessa mulher e do bebê, podendo mediar processos de empoderamento, por meio
da escuta, em especial, da díade envolvida no aleitamento(4).

1. SANTOS, J. C. J.; ALVES, Y. V. T. BARRETO, I. D.; FUJINAGA, C. I. MEDEIROS, A. M. C. Influência de fatores maternos no desempenho da amamentação. Distúrb Comun, São Paulo, 31(4): 575-584, dezembro, 2019.

2. MARQUES, E. S.; COTTA, R. M. M.; MAGALHÃES, K. A.; SANT’ANA, L. F. R.; GOMES, A. P.; SIQUEIRA-BATISTA, R. A influência da rede social da nutriz no aleitamento materno: o papel estratégico dos familiares e dos profissionais de saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, supl. 1, p. 1391-1400, June, 2010.

3. KALIL, I. R.; AGUIAR, A. C. Protagonista da amamentação ou instrumento da política de saúde infantil: a enunciação da mulher nos materiais oficiais de promoção e orientação ao aleitamento materno. Saude soc., São Paulo, v. 25, n. 1, p. 31-42, Mar. 2016.

4. SANCHES, M. T. C. A prática fonoaudiológica no início da amamentação. In: CARVALHO, M. R.; GOMES, C. F. Amamentação: bases científicas. 4° ed [Reimpr.] – Rio de j--aneiro: Guanabara Koogan. Cap 7, p. 108-131, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1817
PUERICULTURA E AS PRÁTICAS INTERPROFISSIONAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE DISCENTE DA FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A puericultura é definida como uma área da pediatria focada na prevenção de agravos, promoção da saúde infantil e que visa um adequado desenvolvimento global da criança¹. Segundo o Ministério da Saúde, é essencial que a criança tenha seu crescimento e desenvolvimento acompanhado em consultas rotineiras realizadas nas unidades de saúde, e estas devem ser realizadas desde suas primeiras semanas de vida². O desenvolvimento infantil abrange diversos aspectos da saúde, sofrendo influência de contextos sociais e familiares, com base nessa afirmativa, para que seja realizada uma puericultura eficiente é necessário um acompanhamento interprofissional para a criança e sua família, oferecendo além do cuidado à criança, escuta e orientações aos pais e/ou responsáveis³. A interprofissionalidade é considerada uma ferramenta que beneficia a prática colaborativa nos serviços de saúde e também para os usuários, pois propicia a troca de saberes e práticas destes³4. É nesse contexto que o projeto surge, buscando demonstrar aos estudantes a importância do trabalho em equipe dos profissionais atuantes nessa área. OBJETIVO: Explanar a experiência vivenciada por alunos de graduação em fonoaudiologia em um projeto de extensão sobre puericultura, no mês de março de 2020. MÉTODO: Participaram do projeto de extensão um total de 20 alunos divididos nos cursos de Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina e Nutrição, com carga horária de 40 horas. Os encontros foram divididos em quatro momentos presenciais, com dias diferentes, para imersão teórica e abordagem clínica. No primeiro momento com atividades sobre saúde da criança, interprofissionalidade e competências individuais e colaborativas. O segundo momento destinou-se para discussão de casos e práticas de atendimento no ambulatório. O terceiro momento foi realizado atendimento clínico real e interprofissional com condução de anamnese padrão e supervisão de um profissional com experiência na área, em que foram realizadas orientações em conjunto a partir das áreas envolvidas no projeto em específico. O quarto momento foi a finalização da extensão com uma reunião clínica para discussão dos atendimentos realizados e encerramento, em que cada aluno discorreu sobre a experiência que obteve com o projeto. RESULTADOS: O projeto proporcionou experiências clínicas e vivências interprofissionais que, geralmente, não são contempladas na grade curricular do curso. Além disso, o ponto principal do projeto foi a promoção da troca de experiências profissionais corroborando para a interprofissionalidade entre os participantes. Mostrou que devemos compreender além do previsto para nossa área a fim de melhor atender e enxergar o paciente quanto equipe. Consequentemente, o projeto gerou uma mudança na visão dos estudantes, colaborando para a troca de informações entre os profissionais em formação para melhor atender as famílias e crianças que necessitam de intervenção profissional. CONCLUSÃO: Conclui-se que o projeto proporcionou aos estudantes a vivência com outros profissionais da saúde e reforçou a importância do trabalho em conjunto, sendo algo enriquecedor para a formação acadêmica e profissional. Infelizmente essa prática ainda não é a realidade na grade curricular atual dos cursos da saúde, ficando como predomínio uma prática uniprofissional. A vivência refletiu a necessidade do acompanhamento interprofissional ao se trabalhar com a puericultura.

1. Del Ciampo LA, Ricco RG, Daneluzzi JC, Del Ciampo IRL, Ferraz IS, Almeida CAN. O Programa de Saúde da Família e a Puericultura. Ciênc. saúde coletiva. 2006 Sep ; 11( 3 ): 739-743.
2. Caderneta saúde da criança: Menina. 12°th ed. Brasília/DF: Ministério da Saúde; 2018.
3. Lopes, MRL et al., Acompanhamento de consulta de crescimento e desenvolvimento infantil (CD) com abordagem multiprofissional – relato de experiência. Rev. da ABENO, v. 13, n. 2, p. 42-49, 2013.
4. Costa VF, Gomes JRC, Silva JFC, Medeiros IC, Gomes, GSS. Consulta Interprofissional no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil (C&D): na estratégia da saúde da família (ESF). In: Anais do III Congresso Brasileiro de Ciências da Saúde; 2018 jun 13-15; Campina Grande, Brasil. Paraíba: Editora Revinter; 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1005
QUADRO ATUAL DOS ESTUDOS SOBRE ATRASO DE FALA/LINGUAGEM NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Lier-de Vitto (2001) aponta que há na Fonoaudiologia uma tendência de classificar um indivíduo como “atrasado” no que se refere às questões de fala/linguagem, levando-se em consideração apenas o quesito “defasagem temporal”. Porém, a análise da fala/linguagem deve ainda levar em conta o material linguístico e a questão do sujeito (subjetividade e mudanças de posição no processo de aquisição da linguagem). Na abordagem interacionista, o papel que a criança ocupa no discurso do outro é altamente significativo para o processo de desenvolvimento da fala/linguagem. Certamente, os cuidadores e profissionais exercem um papel nisso se não conseguirem significar a criança como um sujeito falante (SANTOS, B. 2017). Para Santos (2016), a maioria dos estudos em Fonoaudiologia sobre os atrasos de fala/linguagem concebe a linguagem apenas como comunicação, restringindo seu papel no desenvolvimento dos sujeitos e sem considerar os processos de significação que vão sendo constituídos na/pela língua(gem). OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão bibliográfica sobre o diagnóstico, avaliação e terapia de crianças com atrasos de fala/ linguagem nos últimos 10 anos. MÉTODO: A revisão é de caráter descritivo e de cunho qualitativo, ou seja, analisando e organizando dados sobre significados, crenças, valores, atitudes e subjetividade. A coleta de dados ocorreu entre agosto e setembro de 2019. Foram realizadas buscas sistemáticas de artigos científicos, teses e dissertações nas bases de dados: CAPES- Periódicos, CAPES- Banco de Teses, Scielo, Google Acadêmico e Lilacs. RESULTADOS: Foram selecionados 111 estudos, mas só 16 atenderam aos critérios da pesquisa (14 periódicos, e 2 trabalhos dissertação/tese). Os trabalhos foram organizados em 6 categorias. Na categoria de "Trabalhos que avaliaram o processo terapêutico" foram encontrados 4 artigos; na categoria "Trabalhos que avaliaram o processo terapêutico em grupo" foram encontrados 5 artigos; e na categoria "Trabalhos de avaliação e diagnósticos de linguagem" foram encontrados 7 artigos. Dessa forma, dentre os 16 artigos achados nessa revisão, 4 deles demonstram que as publicações mais recentes fundamentam-se em uma abordagem mais voltada para associações de linguagem com questões orgânicas ou do corpo biológico, o que aponta uma terapêutica ainda médico-centrada. Já no que tange aos trabalhos relacionados à proposta interacionista, foram encontrados 4 trabalhos que nela se fundamentaram. Observou-se também que 9 trabalhos usaram a metodologia qualitativa, 5 metodologia quantitativa e 2 fizeram uso do método quali-quantitativo, o que revela que os trabalhos feitos na última década preocupam-se com uma metodologia mais qualitativa enquanto outros trabalhos aderem a metodologia mais quantitativa com o uso de protocolos e instrumentos de avaliação para linguagem. CONCLUSÃO: Estima-se que mais publicações na área da linguagem e, especificamente, relacionadas aos atrasos possam iluminar muitas das dúvidas que o próprio profissional tem frente aos casos de atraso. Os 4 artigos encontrados com a abordagem interacionista revelam que poucos estudos valorizam o lugar que as crianças ocupam no discurso dos pais e profissionais, associação indispensável nessa linha teórica, pois é essencial para o processo de aquisição de linguagem.

Santos Jaqueline Luana Fabri Donadon dos, Montilha Rita De Cássia Ietto. Grupo de familiares de indivíduos com alteração de linguagem: o processo de elaboração e aplicação das atividades terapêuticas. Rev. CEFAC [Internet]. 2016 Feb [cited 2020 July 10] ; 18( 1 ): 184-197. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000100184&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620161815115.

Lier-De Vitto, Maria Francisca; Fonsceca, Suzana Carielo Da. Linguística, aquisição da linguagem e patologia: relações possíveis e restrições obrigatórias. 2001 Letras de Hoje, V.36, nº 3, p.433-439.

Santos, Beatriz Araujo. Atuação Fonoaudiológica nos atrasos do desenvolvimento da linguagem: algumas questões e perspectivas [Dissertação de Mestrado] Campinas, SP. Universidade Estadual de Campinas, 2017.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1300
QUAIS FATORES INTERFEREM NO DESEMPENHO DE PRÉ-ESCOLARES NO SUBTESTE DE LINGUAGEM DA BAYLEY-III?
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O nascimento prematuro, ocorrido antes das 37 semanas de gestação, aumenta o risco de complicações médicas a longo prazo, de comprometimento do desenvolvimento neurológico, estresse familiar e custo social. Essa condição também tem sido associada a maior risco de alterações no desenvolvimento cognitivo e de linguagem. Aproximadamente 6,9% e 29,3% das crianças nascidas prematuras apresentam alterações cognitivas e de linguagem, respectivamente, com maior probabilidade de alteração na linguagem entre 2 e 4 anos. Tal risco aumenta quando está relacionado a outros fatores, sejam eles socioambientais ou biomédicos. Assim, a vigilância do desenvolvimento de crianças nascidas prematuras é essencial para identificar desvios no desenvolvimento e detectar necessidades específicas de cada criança, com a finalidade de propor a melhor intervenção. O instrumento internacionalmente considerado padrão-ouro para avaliação cognitiva e de linguagem em pré-escolares é a escala Bayley de desenvolvimento do bebê e da criança pequena (Bayley-III). Objetivo: comparar o desempenho de pré-escolares nascidos prematuros e a termo no subteste de linguagem da Bayley-III e identificar variáveis determinantes no desfecho de seu desenvolvimento de linguagem. Método: estudo transversal descritivo caso controle, aprovado pelo comitê de Ética em pesquisa (CAAE: 97759718.4.0000.5292), em que 36 pré-escolares nascidos prematuros e 27 nascidos a termo foram avaliados em relação ao desenvolvimento de linguagem pelo subteste da Bayley III. Foram considerados pré-escolares entre 18 e 36 meses de idade cronológica; com ausência de síndromes ou alterações genéticas, sensoriais, neurológicas, auditivas ou visuais, não utilizar medicação que interferisse na memória, atenção e concentração; e não tinham realizado terapia fonoaudiológica previamente. Os testes de Mann-Whitney, Exato de Fisher e regressão logística binária foram utilizados para análises. Resultados: o desempenho dos grupos não diferiu seja pela pontuação composta (p=0,701) ou pela classificação baseada no percentil (p=0,225). A idade gestacional, o peso ao nascimento e o nível socioeconômico não influenciaram no desfecho do desenvolvimento de linguagem. No entanto, a escolaridade materna foi significativa (p = 0,014) no modelo de regressão logística binária, sugerindo que a mãe ter estudado até a educação básica aumenta a chance de ter um filho com desempenho abaixo do esperado no subteste de linguagem da Bayley III em 6,31 vezes. Conclusão: não houve diferença entre os grupos no subteste de linguagem da Bayley-III e apenas a escolaridade materna influenciou no desfecho do desenvolvimento de linguagem. O peso ao nascer, a idade gestacional e o nível socioeconômico não influenciaram no desfecho de seu desenvolvimento de linguagem; porém, a escolaridade materna influenciou nesse desfecho, sugerindo que a mãe ter estudado até a educação básica aumenta a chance de ter um filho com desempenho abaixo do esperado no subteste de linguagem da Bayley III em 6,31 vezes.

1. Frey HA, Klebanoff MA. The epidemiology, etiology, and costs of preterm birth. Semin Fetal Neonatal Med [Internet]. 2016;21(2):68–73. Available at: http://dx.doi.org/10.1016/j.siny.2015.12.011
2. Ribeiro C, Lamônica D. Communicative abilities in premature and extreme premature infants. Rev CEFAC [Internet]. 2014;16(2):830–9. Available at: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v16n3/1982-0216-rcefac-16-3-0830.pdf
3. Lee HJ, Park H-K. Neurodevelopmental Outcome of Preterm Infants at Childhood: Cognition and Language. Hanyang Med Rev. 2016;36(1):55.
4. Stevic M, Simic D, Ristic N, Budic I, Marjanovic V, Jovanovski-Srceva M, et al. Evaluation of factors for poor outcome in preterm newborns with posthemorrhagic hydrocephalus associated with late-onset neonatal sepsis. Ther Clin Risk Manag. 2018;14:1965–73.
5. Synnes A, Luu TM, Moddemann D, Church P, Lee D, Vincer M, et al. Determinants of developmental outcomes in a very preterm Canadian cohort. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2017;102(3):F235–43.
6. Hentges CR, Silveira RC, Procianoy RS, Carvalho CG, Filipouski GR, Fuentefria RN, et al. Association of late-onset neonatal sepsis with late neurodevelopment in the first two years of life of preterm infants with very low birth weight. J Pediatr (Rio J) [Internet]. 2014;90(1):50–7. Available at: http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2013.10.002
7. Fernandes LV, Goulart AL, Santos AMN dos, Barros MC de M, Guerra CC, Kopelman BI. Neurodevelopmental assessment of very low birth weight preterm infants at corrected age of 18-24 months by Bayley III scales. J Pediatr (Rio J). 2012;88(6):471–8.
8. Schirmer CR, Portuguez MW, Nunes ML. Clinical assessment of language development in children at age 3 years that were born preterm. Arq Neuropsiquiatr. 2006;64(4):926–31.
9. Bayley, Nancy. Escalas de desenvolvimento do bebê e da criança pequena. 3ª ed. São Paulo: Pearson Clinical Brasil, 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1025
QUAL A PRECISÃO DOS LIMIARES AUDITIVOS MENSURADOS COM O APLICATIVO UHEAR UTILIZANDO DIFERENTES TIPOS DE FONES DE OUVIDO?
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A audiometria tonal liminar é o teste padrão ouro para o diagnóstico auditivo. No entanto, o alto custo de equipamentos e a necessidade de profissionais especializados podem dificultar o acesso a este diagnóstico em grandes populações ou residentes em áreas distantes dos grandes centros. Neste cenário, estudos sobre a acurácia do aplicativo para dispositivos móveis uHear apontam que este pode ser uma ferramenta viável para a triagem auditiva, com menor custo e fácil aplicabilidade. Objetivo: Investigar a precisão dos limiares auditivos mensurados com o aplicativo uHear utilizando diferentes tipos de fones de ouvido. Método: Trata-se de um estudo metodológico, com a participação de usuários de um serviço de Fonoaudiologia de uma instituição pública de ensino que compareceram para avaliação audiológica. Foram incluídos os usuários com idade ≥ 4 anos, que apresentaram meato acústico externo livre, e excluídos aqueles que não compreenderam os procedimentos ou apresentaram dados inconsistentes na avaliação audiológica clínica. Inicialmente foi realizada a pesquisa dos limiares auditivos nas frequências de 0,5, 1, 2, 4 e 6 kHz com o aplicativo uHear, em sala silenciosa, no modo autoaplicado. Os limiares auditivos foram pesquisados com fones circumaurais HD 280 e fones de inserção da Sennheiser-CX 3.00, sendo alternada, entre os participantes, a escolha do fone inicialmente utilizado. Em seguida, foi realizada a audiometria convencional, conduzida por fonoaudiólogos do serviço, cegos aos resultados obtidos com o uHear. Para cada tipo de fone foi estimada a correspondência entre os limiares auditivos obtidos com o aplicativo e os limiares audiométricos. Esta correspondência foi identificada quando observadas variações entre os limiares em até +/-5 dBNA e +/-10 dBNA. Resultados: Foram incluídos 309 indivíduos, de 5 a 95 anos, de ambos os sexos. Quando consideradas as variações de +/-5 dBNA, utilizando o fone de inserção, observamos correspondência de 18,1% a 59,0%. Já com os fones circumaurais a correspondência variou de 8,2% a 50,8%. Para ambos os fones as frequências de 0,5 e 1 kHz apresentaram menor correspondência e em 2 e 4 kHz foi identificada maior ocorrência de limiares correspondentes. Quando analisada a variação +/-10 dBNA, observamos correspondência de 40,3% a 78,9% para os fones de inserção e de 14,0% a 70,8% para fones circumaurais. Em relação aos fones de inserção, a ocorrência de limiares correspondentes para cada frequência demonstrou resultados similares aos encontrados para a variação de +/- 5 dBNA. Por outro lado, os fones circumaurais apresentaram menor correspondência nas frequências de 2 e 4 kHz e maior nas frequências 0,5 e 6 kHz. Conclusão: Os limiares auditivos mensurados com o uHear apresentam uma baixa precisão quando comparados com os limiares audiométricos, não havendo diferença entre os fones utilizados quando considerada uma correspondência de +/- 5 dBNA. Contudo, para a variação de +/- 10 dBNA há uma melhor correspondência entre os limiares, especialmente quando utilizado o fone de inserção, o que corrobora a indicação do uHear como ferramenta para a triagem auditiva.

1. Szudek J, Ostevik A, Dziegieloewski P, Robinson-Anagor J, Gomaa N, Hodgetts B et al. Can Uhear me now? Validation of an iPod-based hearing loss screening test. Journal of Otolaryngology-head and Neck Surgery. 2012;41(1):S78-S84.
2. Handzel O, Ben-Ari O, Damian D, Priel MM, Cohen J, Himmelfarb M. Smartphone-based hearing test as an aid in the initial evaluation of unilateral sudden sensorineural hearing loss. Audiology and Neurotology. 2013;18(4):201-07.
3. Peer S, Fagan JJ. Hearing loss in the developing world: evaluating the iPhone mobile device as a screening tool. South African Medical Journal. 2015;105(1):35-9.
4. Abu-Ghanem S, Handzel O, Ness L, Bem-Artzi-Blima M, Fait-Ghelbendorf K, Himmelfarb M. Smartphone-based audiometric test for screening hearing loss in the elderly. European Archives of Oto-rhino-laryngology. 2016;273(2):333-39.
5. Lycke M, Boterberg T, Martens E, Ketelaars L, Pottel H, Lambrecht A et al. Implementation of uHear™-an iOS-based application to screen for hearing loss-in older patients with cancer undergoing a comprehensive geriatric assessment. Journal of Geriatric Oncology. 2016;7(2):126-33.
6. Lycke M, Debruyne PR, Lefebvre T, Martenes E, Ketelaars L, Pottel H et al. The use of uHear™ to screen for hearing loss in older patients with cancer as part of a comprehensive geriatric assessment. Acta Clinica Belgica. 2018;73(2):132-38.
7. Barczik J, Serpanos YC. Accuracy of Smartphone Self-Hearing Test Applications Across Frequencies and Earphone Styles in Adults. American Journal of Audiology. 2018;27(4):570-580.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
178
QUAL O IMPACTO NA AUTOAVALIAÇÃO E NA QUALIDADE VOCAL APÓS 3 MESES DE USO CONTÍNUO DE APARELHO CPAP?
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Pacientes com Apneia Obstrutiva do Sono - AOS frequentemente apresentam sintomas laringofaríngeos que podem interferir na produção da voz. O padrão-ouro de tratamento da AOS envolve a aplicação de pressão positiva contínua nas vias aéreas - Continuous Positive Airway Pressure - CPAP. Atualmente, o tipo de CPAP de maior indicação e com menos efeitos adversos é o com umidificador, que traria benefícios inclusive para a qualidade vocal, uma vez que reduz o refluxo gastroesofágico noturno e evita o ronco e o ressecamento das VAS. Apesar dessa hipótese, a relação da melhora ou piora da qualidade vocal associada ao uso do CPAP ainda é controversa. OBJETIVOS: Verificar a percepção dos pacientes e a avaliação clínica da qualidade vocal em pacientes com AOS antes e após o uso contínuo do CPAP. MÉTODOS: Trata-se de um ensaio clínico controlado e randomizado. Foram selecionados 37 participantes do sexo masculino, com diagnóstico de AOS (índice de apneia-hipopneia ≥20/hora), idade entre 35-65 anos e índice de massa corpórea <35 kg/m2. Os participantes foram alocados randomizadamente em dois grupos de intervenção: CPAP (n=25) ou sham-CPAP (n=12), e responderam a um protocolo desenvolvido para esta pesquisa em dois momentos – pré-terapia e após 3 meses. Foram analisados os desfechos 1. Escala de Sonolência de Epworth - ESE, 2. Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh - IQSP, 3. Índice de Desvantagem Vocal, na versão reduzida – IDV-10, 4. Índice de Sintoma de Refluxo Faringo-Laríngeo - ISRFL e 5. Escala Analógica Visual - EAV para ressecamento oral. Suas vozes foram gravadas em três momentos - pré-terapia por CPAP, após 1 mês (terapia inicial) e após 3 meses (terapia mínima) de uso contínuo do CPAP - e a intensidade de desvio da qualidade vocal foi quantificada pelo Acoustic Voice Quality Index – AVQI. RESULTADOS: No momento pré-terapia, a medida de tendência central do AVQI indicou desvio vocal (média=1,51 ± 1,29). Após um mês, observou-se redução da média do AVQI, que entrou em valor de normalidade para o grupo CPAP (média=1,08 ± 0,94). Porém em três meses de tratamento, a média voltou para o valor inicial (média=1,40 ± 1,17). Estas diferenças não foram significantes entre os momentos (p=0,493) nem entre os grupos de tratamento (p=0,115). Após 3 meses de tratamento, foi possível observar um efeito do tratamento na ESE (p=0,017) para o grupo CPAP, o que era esperado. Houve também diferença para o IQSP em função do momento de avaliação (p<0,001) independentemente do grupo de intervenção. Para os parâmetros vocais avaliados, não houve diferença entre os grupos ou entre os momentos. Conclusões: Pode-se concluir houve melhora da qualidade de sono autorrelatada, independentemente do grupo. O grupo CPAP está sendo mais efetivo para reduzir a sonolência, que o grupo Sham-CPAP. Não há evidência para concluirmos que o tratamento com CPAP interfere na qualidade vocal dos indivíduos que o utilizam.

1. American Academy of Sleep Medicine. ICSD-3. International Classification of Sleep Disorders: Diagnostic and Coding Manual. 3rd ed. Darien, IL USA: American Academy of Sleep Medicine. 2014.
2. Tufik S, Santos-Silva R, Taddei JA, Bittencourt LR. Obstructive sleep apnea syndrome in the Sao Paulo Epidemiologic Sleep Study. Sleep Med. 2010;11(5):441-6.
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5. Atan D, Özcan KM, İkincioğulları A Köseoğlu S, Ali Çetin M, Ensari S, Dere H. The effect of obstructive sleep apnea syndrome and continuous positive airway pressure treatment on voice performance. Sleep Breath, 2014.
6. Rocha BR, Behlau M. The Influence of Sleep Disorders on Voice Quality. J Voice. 2017;32:771.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
870
QUALIDADE ALIMENTAR E QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS OBESOS SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA COM A TÉCNICA BY PASS GÁSTRICO.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A obesidade é uma doença crônica, multifatorial, que dispõe de diversas abordagens de tratamento, sendo uma delas a cirurgia bariátrica (CB)1,2. Quando indicada, deve haver acompanhamento multidisciplinar3,4, com fundamental presença do fonoaudiólogo, devido à possibilidade de inadequações nas funções do sistema estomatognático, como mastigação e deglutição, tanto no pré como no pós-cirúrgico5,6. Objetivo: Caracterizar a qualidade de alimentação (QA) e a qualidade de vida (QV) de indivíduos obesos, em atendimento fonoaudiológico, no pré e pós-operatório de cirurgia bariátrica com a técnica by pass gástrico. Metodologia: Estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem sob nº 3.215.580, realizado em uma clínica particular da região Sul do Brasil. A amostra foi composta por 27 sujeitos, com média de idade de 40,9 anos (mínimo 24 anos e máximo 63) em preparação ou que já tenham realizado a CB, divididos em três grupos distintos, conforme período de acompanhamento fonoaudiológico: pré-operatório (8) (G1), pós-operatório de três meses, (9) (G2) e pós-operatório de seis meses, (10) (G3). Avaliou-se QA por meio do protocolo Quality of alimentation7 e QV por meio do protocolo WHOQOL-BREF8. Os protocolos foram aplicados de forma individualizada, em sala reservada. Resultados: A QA foi pior no G2 quando comparado com G1 e G3, embora o resultado não tenha sido estatisticamente significativo. O G3 apresentou satisfação com a alimentação 45,4% superior em relação ao G1. A QV demonstrou diferença significativa (p= 0,004**) na comparação do G1 com G2 e G3 no escore geral do protocolo, evidenciando uma taxa de crescimento de 96% na comparação do G1 com o G3. Além disso, a satisfação geral com a saúde, avaliada no questionário de QV, foi 140% maior na comparação de G1 com G3. Quando correlacionados os questionários, pode-se observar que quanto maior a QA, maior a QV no G1 (p 0,006**) assim como no G2 (p 0,031*). Conclusão: Os resultados da QA demonstraram piora no pós operatório imediato devido à restrição da dieta e da presença de mais episódios de vômito e regurgitação. A QV apresentou melhora significativa entre o pré e pós-operatório devido ao aumento da autoestima, diminuição de comorbidades e satisfação geral com a saúde. Os resultados evidenciaram melhora em ambos os aspectos avaliados com o passar do tempo de realização da cirurgia bariátrica. (*significativo p≤0,05 **significativo p≤0,01).

1. de Oliveira, Lucas Silva Franco, et al. "Repercussões da cirurgia bariátrica na qualidade de vida de pacientes com obesidade: uma revisão integrativa." RBONE-Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento. 2018; 12(69): 47-58.
2. Junges, Vilma Maria, et al. "Perfil do paciente obeso e portador de síndrome metabólica candidato à cirurgia bariátrica em uma clínica particular de Porto Alegre, Rio Grande do Sul." Scientia Médica. 2016; 26(3): 4.
3. de Souza, Isabella Perdigão. "Utilização de um Protocolo para acompanhamento multidisciplinar ao paciente obeso de uma operadora de saúde." 2019.
4. Lopes, Larissa Alves de Lima; Caíres, ngela Cristina Ribeiro; Viega, Alessandro Gabriel Macedo. Relevância da equipe multiprofissional à cirurgia bariátrica. REVISTA UNINGÁ. 2013; 38(1).
5. Silva, Marcia Manuella Menezes; Tavares, Thaíza Estrela; Pinto, Vivianne de Sá Ribeiro. A relação entre a apneia e hipopneia obstrutiva do sono, respiração oral e obesidade com enfoque no tratamento fonoaudiológico: um estudo bibliográfico. Distúrbios da Comunicação. 2015; 27(2).
6. Santos, Andréa Cavalcante dos; Silva, Carlos Antonio Bruno da. Eletromiografia de superfície de músculos masseteres e temporais com percentual de uso durante a mastigação em candidatos à gastroplastia. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo). 2016; 29: 48-52.
7. Suter, Michel, et al. "A new questionnaire for quick assessment of food tolerance after bariatric surgery." Obesity surgery. 2007; 17(1): 2-8.
8. Fleck, Marcelo, et al. "Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida" WHOQOL-bref"." Revista de saúde pública. 2000; 34(2): 178-183.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
923
QUALIDADE DA COMUNICAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE NO ATENDIMENTO À POPULAÇÃO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
Tese
Saúde Coletiva (SC)


O Sistema Único de Saúde (SUS) assegura a todos o direito à saúde de maneira humanizada e em todos os níveis de assistência. Dentre os elementos que qualificam o atendimento em saúde, o principal deles é o acolhimento. O conceito de acolhimento está inerentemente relacionado à humanização nas relações em saúde, o que depende de uma comunicação empática e efetiva. Porém, quando se trata de populações historicamente estigmatizadas e marginalizadas, como é o caso da população de travestis e transexuais, o acesso à saúde é dificultado, pois muitas vezes são alvo de discriminação e preconceito. Tendo em vista a importância de garantir acesso à saúde e atendimento humanizado a todos(as), este trabalho buscou desenvolver e selecionar instrumentos para a avaliação dos serviços de saúde em relação às práticas de comunicação, com a participação dos principais sujeitos envolvidos. Os questionários “ComunicaTrans Usuário” e “ComunicaTrans Profissional de Saúde”, desenvolvidos pelos autores deste estudo, foram aplicados em 30 usuários trans e 8 profissionais de saúde de diferentes especialidades, no Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais (Ambulatório T.T.) do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP. Além destes questionários, foram aplicados ao mesmo grupo de usuários outros dois instrumentos: a “Escala Care de Empatia” (traduzida e validada por Scarpellini et al., 2014) e o “Índice de Desvantagem Vocal 10” (traduzido e validado por Costa, Oliveira e Behlau, 2013). Os resultados quantitativos e qualitativos foram analisados de forma descritiva, e mostraram que, no geral, os usuários trans avaliam o atendimento recebido no Ambulatório T.T. como sendo suficientemente empático e resolutivo. As respostas ao questionário "Índice de Desvantagem Vocal 10", quando relacionadas às respostas à pergunta sobre voz do questionário "ComunicaTrans Usuário", mostraram que a percepção de desvantagem vocal por parte do usuário trans está mais relacionada à psicodinâmica vocal do que a uma auto-queixa. Os profissionais de saúde mostraram-se conscientes das dificuldades relacionadas à comunicação em saúde, principalmente no que se refere à falta de informação de qualidade e à articulação de políticas públicas voltados a esta população. Demonstrou-se, também, que os questionários desenvolvidos neste estudo são úteis para qualificar a comunicação entre usuários trans e profissionais de saúde. Por fim, recomenda-se o uso dos instrumentos “ComunicaTrans Usuário” e “ComunicaTrans Profissional de Saúde” em serviços de saúde de diferentes níveis de assistência, pois proporcionariam benefícios ao tornar mais efetiva a comunicação entre o usuário trans e o profissional de saúde, com baixo impacto à rotina de atendimento.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios e conquistas/ Ministério da Saúde, Secretaria Executiva. Brasília (DF); Ministério da Saúde; 2000. 44p.

Brasil. Ministério da Saúde. Painel de Indicadores do SUS nº5 – Prevenção de Violências e Cultura de Paz. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2008.

Costa T, Oliveira G, Behlau M. Validation of the Voice Handicap Index:10 (VHI-10) to the Brazilian Portuguese. São Paulo: CoDAS. 2013; 25(5):482-5.

Scarpellini GR, Capellato G, Rizzatti FG, Silva GA, Baddini-Martinez JA. Escala CARE de empatia: tradução para o Português falado no Brasil e resultados iniciais de validação. Medicina (Ribeirão Preto. Online); 2014.

Silva LKM, Silva ALMA, Coelho AA, Martiniano CS. Uso do nome social no Sistema Único de Saúde: elementos para o debate sobre a assistência prestada a travestis e transexuais. Rio de Janeiro: Physis Revista de Saúde Coletiva. 2017; 27 [3]:835-846.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2082
QUALIDADE DA COMUNICAÇÃO EM PACIENTES AFÁSICOS APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) E TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE)
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A afasia gera além do prejuízo na comunicação, incidência de frustração, deterioração da imagem pessoal e hostilidade em todos os âmbitos sociais

OBJETIVO: Comparar a qualidade da comunicação em afásicos vítimas de acidente vascular cerebral (AVC) e traumatismo crânio-encefálico (TCE) e comparar as respostas sobre a qualidade de comunicação dos afásicos em relação a percepção de seus cuidadores.

MÉTODO: Estudo descritivo, transversal, prospectivo, de caráter quali-quantitativo. Foram formados três grupos: G1 (pacientes com AVC), G2 (pacientes com TCE) e G3 (cuidadores). Primeiramente os sujeitos foram submetidos a anamnese para posteriormente ser feita a avaliação de linguagem para a classificação da afasia pelo instrumento MTL - Montreal Toulouse Brasil de Avaliação da Linguagem. Em seguida foi aplicado questionário para análise da qualidade da comunicação tanto nos afásicos como nos cuidadores. Os dados foram registrados e analisados de forma descritiva.

RESULTADOS: Foram convocados 22 afásicos, porém 5 preencheram todos os critérios de inclusão. Os participantes possuem média de idade de 44 anos, sendo 3 (60%) com afasia anômica e 2 (40%) de Broca. O G1 correspondeu à 60% dos participantes e o G2 40%. Destes, 80% é do sexo masculino e 20% do sexo feminino, com escolaridade média de ensino fundamental completo. Quando comparado a qualidade de comunicação para G1 e G2, verificou-se que nos dois grupos, os sujeitos relataram dificuldades para se comunicar na maioria das vezes (100%), sendo que no G1 teve maior porcentagem de relatos em dificuldade de entender o que era dito (66,6%). Em ambos os grupos, relataram não haver dificuldade em compreender o que as pessoas diziam. Sobre retornar ao trabalho, tanto G1 quanto G2 disseram haver dificuldades e acreditam não conseguir voltar no presente momento (100% em ambos). Quando perguntado se as tarefas de trabalho e de casa se tornaram mais difíceis de serem realizadas após o trauma neurológico, os dois grupos também registraram dificuldades (100%) e por fim, no G2 50% acham que podem retornar às atividades de lazer que realizava, enquanto no G1 100% acreditam que não conseguiria.
Quando comparado o G1 e G2 com o G3, observou-se que quando perguntados se os afásicos procuravam por palavras, tanto G1 quanto G2 apresentam dificuldades (100%) e G3 também observou este dado (100%). Com relação a demonstrarem consciência quando utilizavam uma palavra equivocada (incorreta), G1 obteve 20% de respostas afirmativas enquanto G2 teve 40% de afirmação. Já o G3 obteve 80% de afirmação. Sobre se expressarem claramente, G1 e G2 obtiveram 100% de prejuízo assim como nota-se dificuldade de todos os cuidadores em compreender o que o afásico diz. É necessário na maioria das vezes o uso de gestos ou apontar para conseguir atender suas necessidades. Em ambos os grupos também foi notado que sempre esperam a iniciativa de alguém para começar uma conversa, 100% deles não conseguem iniciar um assunto sozinhos, dados percebidos em todos os grupos.

CONCLUSÃO: Os achados mostraram prejuízo na qualidade de comunicação tanto para afásicos que sofreram AVC como os que sofreram TCE, como para cuidadores com impacto inclusive em suas tarefas diárias

Bahia MM, Chun RYS. Qualidade de vida na afasia: diferenças entre afásicos fluentes e não fluentes usuários de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa. Audiol., Commun, 2014; 19 (4): 352-359.

Mac-Kay APMG, Assencio-Ferreira VJ, Ferri-Ferreira TMS. Afasias e Demências - Avaliação e Tratamento Fonoaudiológico In: Mac-Kay APMG. Afasia. São Paulo: Editora Santos; 2003; 51-55.

Ortiz KZ. Distúrbios Neurológicos Adquiridos 2ª Edição In: Ortiz KZ. Afasia. São Paulo: Editora Manole; 2010; 47-65.

Pallavi J, Perumal RC, Krupa M. Quality of Communication Life in Individuals with Broca’s Aphasia and Normal Individuals: A Comparative Study. PubMed Central (PMC). 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1832
QUALIDADE DE VIDA DE AFÁSICOS PRÉ E PÓS TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Os prejuízos de comunicação apresentados pelo afásico podem refletir nas atividades sociais e de vida diária, influenciando na sua qualidade de vida.
OBJETIVOS: Analisar os aspectos de qualidade de vida de sujeitos afásicos e comparar os dados de qualidade de vida antes e após o tratamento fonoaudiológico.
MÉTODO: Estudo descritivo, prospectivo, qual-quantitativo, aprovado pelo comitê de ética local sob número 2.525.261. Foram selecionados 81 afásicos nos arquivos mortos e lista de espera do estágio do curso de Fonoaudiologia da Instituição de ensino superior. Os sujeitos foram separados em dois grupos: G1 – sujeitos que não realizaram terapia fonoaudiológica e G2 – sujeitos que realizaram terapia fonoaudiológica. Primeiramente foi realizada uma avaliação de linguagem com o protocolo da Bateria Montreal-Toulouse de avaliação de Linguagem (MTL-Brasil – Fonseca et al, 2016) com o objetivo de classificar do tipo de afasia. Após, foi aplicado um questionário demográfico e descrição do transtorno neurológico sofrido e o Protocolo de qualidade de vida SSQOL (Stroke Specific Quality of Life Scale - Santos, 2007). O protocolo é composto de 49 itens, subdivididos em 12 domínios (Energia, Papéis Familiares, Linguagem, Mobilidade, Humor, Personalidade, Auto-Cuidado, Papés Sociais, Memória/Concentração, Função da Extremidade Superior, Visão e Trabalho/Produtividade) e consiste de perguntas acerca do grau de dificuldade do sujeito (Ajuda Total, Muita ajuda, Alguma ajuda, Um pouco de ajuda e Nenhuma ajuda necessária, além da gradação de concordância ou discordância dos itens). Para a análise dos dados, foi feita análise descritiva dos dados e aplicado o teste de Mann-Whitney e teste da Razão de Verossimilhança com o nível de significância de 5%.
RESULTADOS: Foram selecionados 81 pacientes, porém aplicou-se o estudo em 15 sujeitos, sendo 08 (53,33%) do sexo feminino e 07 (46,67%) do sexo masculino. A média de idade foi de 50 anos, 60% tinham ensino fundamental. O tempo de AVC variou de 10 anos a 7 meses de acometimento e todos os sujeitos diagnosticados com afasia de expressão. Quando analisados os dados em números absolutos, observou-se que os domínios mais prejudicados pelo AVC foram papéis familiares, linguagem, humor e papéis sociais e o domínio visão foi o menos prejudicado. Quanto a análise estatística, o teste de Mann-Whitney, mostrou diferença estatisticamente significante (p= 0,019) entre G1 e G2. Ao observar os resultados absolutos, verificou-se que o G1 apresentou, em geral, pior qualidade de vida que os sujeitos do G2. Quanto à variável Categórica, foi aplicado o teste da Razão de Verossimilhança e verificou-se que G1 e G2, são estatisticamente semelhantes. Somente em cinco variáveis: “Eu não participei em atividades apenas por lazer/diversão com minha família‟, “Você teve que se repetir para que os outros pudessem entendê-lo?”; “Eu me senti Isolado/Afastado de outras pessoas” e “Eu dediquei menos tempo aos meus hobbies e lazer do que eu gostaria” mostraram diferenças entre os grupos,.
CONCLUSÃO: Os achados mostram prejuízo na qualidade de vida e no geral, os afásicos pré terapia fonoaudiológica apresentam pior qualidade de vida que os afásicos pós terapia fonoaudiológica. Sugere-se aumento da casuística.

Carleto NG, Caldana ML. Correlação entre a qualidade de vida do paciente afásico e de seu familiar.São Paulo: Distúrbios Comum; 2014; p.630-640.
Parente MAMP, Ortiz KZ, SoaresECS, Scherer LC, Fonseca RP, Joanette Y, Lecours AR, &Nespoulous JL. (2016). Bateria Montreal-Toulouse de Avaliação da Linguagem – Bateria MTL-Brasil. São Paulo: Vetor Editora.

Ribeiro C. Avaliação da qualidade de vida de pacientes afásicos com protocolo específico – SAQOL-39 [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2008

WHOQOL Group. The development of the World Health Organization quality of life assessment instrument (the WHOQOL). In: Oeley, J.; Kuyken, W. (Eds.). Quality of life assessment: international perspectives. Heidelberg: Springer.1994;41-60.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
143
QUALIDADE DE VIDA DE HOMENS COM CÂNCER DE MAMA SUBMETIDOS À INTERVENÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS: PAPEL DO FONOAUDIÓLOGO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O número de homens diagnosticados com câncer de mama, têm crescido nos últimos anos, se destacando como um problema de saúde pública. A qualidade de vida (QV) desses pacientes evidentemente declina, principalmente em relação às funções emocional e social(1,2). O fonoaudiólogo como profissional da saúde, precisa entender todos os aspectos que abrangem a interdisciplinaridade para atuar segundo as novas diretrizes curriculares nas equipes multiprofissionais (3,4). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(5), com o intuito de sistematizar evidências sobre a qualidade de vida dos pacientes do sexo masculino com câncer de mama submetidos aos cuidados paliativos. MÉTODOS: Para selecionar os estudos foi utilizada a combinação de descritores baseados no dicionário Descritores de Ciências da Saúde (DeCS). As bases de dados utilizadas foram: Medline (Pubmed), SciELO e Google Acadêmico como busca cinza. Foram admitidas publicações compreendidas entre janeiro de 2010 e abril de 2020 sem restrição de idioma ou localização. RESULTADOS: Inicialmente foram triados 156 antigos, após a exclusão por duplicações restaram 149 trabalhos, sendo que 144 foram excluídos a partir da leitura dos títulos e resumos e, a partir deles, 5 artigos completos foram analisados detalhadamente, dos quais dois(6,7) foram admitidos nesta pesquisa. O primeiro estudo fala sobre a QV do paciente em cuidados paliativos (CP) e a sobrecarga dos cuidadores familiares desses pacientes. Foi realizado um questionário com pacientes paliativos com câncer na atenção primária, sendo que estes foram avaliados mensalmente com um intervalo de 6 meses. Os cuidadores familiares relataram que tem um grande fardo ao apoiar o paciente, sendo que a maioria dos casos foram de câncer de mama, cólon e pulmão; Cem pacientes foram incluídos no estudo, sendo que os pacientes relataram que a QV geral aumentou no final da vida, apesar de ter deteriorado o funcionamento físico. O segundo estudo incluído na pesquisa é um relatório do Departamento de Oncologia por radiação na província de Kermanshah, Irã sobre o câncer de mama masculino. O estudo objetivou avaliar o quadro clínico-patológico, as características, opções de tratamento e sobrevida geral nos casos curtos de câncer de mama masculino de dezessete pacientes. Os tratamentos abordados foram quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, terapia-alvo e cuidados paliativos. O estudo concluiu que o CMH (câncer de mama em homens) é raro, o que exige estudos maiores com mais colaboração. CONCLUSÃO: O câncer de mama masculino é muito raro quando comparado ao câncer de mama feminino, no entanto fica evidente que optar por um tratamento que vise a qualidade de vida do paciente com câncer de mama é uma ótima escolha, sabendo que a maioria dos casos possuem uma taxa de sobrevida baixa(8,9). O cuidado paliativo dos pacientes quando executado por equipes multiprofissionais, tem apresentado um resultado mais significativo na QV dos mesmos, bem como no impacto familiar. O Fonoaudiólogo poderá contribuir de forma importante intermediando a comunicação familiar e com o paciente em cuidados paliativos.

Sousa AF. Conhecimento de homens sobre a existência e prevenção do câncer de mama masculino. Revista Ciência e Saúde. 2917; 2(1).

Dantas RCO. Câncer de mama em homem: uma realidade brasileira. Revista Brasileira de Educação e Saúde. 2015; 5(3).

Zanin LE, Albuquerque IMAN, Melo DH. Speech, language and hearing sciences and the family health strategy: implication of structural dimension in the quality of speech, language and hearing care. Audiol Commun Res. 2015; 20(3): 255-61.

Mancopes R, Cutolo LRA, Tesch D, Schultz F, Santos RBP, Mafatti R, et al. Interdisciplinaridade na fonoaudiologia: a concepção do professor. Revista CEFAC. 2009; 11: 175-182.

Moher D, Shamseer G, Clarke M ,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA . Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.

Amirifard N, Sadeghi E. Breast Cancer in Men: a Report from the Department of Radiation Oncology in Kermanshah Province, Iran. Asian Pacific Journal of Cancer Prevention. 2016; 17(5).

Krug K. Correlation between patient quality of life in palliative care and burden of their family caregivers: a prospective observational cohort study. BMC Palliative Care. 2016. 15(4).

Zandonai AP. Qualidade de vida nos pacientes oncológicos: revisão integrativa da literatura latino-americana. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2010; 12(3).

Bonfim RJA. Câncer de mama no homem: análise dos aspectos epidemiológicos, clínicos e terapêuticos em serviço formal brasileiro. Revista Brasileira de Oncologia Clínica. 2014;10(37).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2111
QUALIDADE DE VIDA DE LARINGECTOMIZADOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O câncer de laringe é equivalente a dois por cento dos casos de câncer no mundo, mais acometido em homens através de vícios em tabagismo e álcool¹. O câncer de laringe, quando em estágio mais avançado, pode proporcionar uma perda total do órgão fonatório, desta forma o laringectomizado precisará de um suporte para conseguir se comunicar oralmente². Objetivo: Analisar, a partir de uma revisão de literatura, a qualidade de vida de pacientes laringectomizados. Método: Revisão de literatura sistemática que utilizou como descritores: Fonoaudiologia. Laringectomia. Voz. Encontraram-se indexados três artigos nas bases de dados Scielo e Lilacs, seguindo os critérios de inclusão: publicados entre os anos de 2015 a 2020 e aqueles que se encaixaram no tema proposto. Resultados: É notório, nos estudos analisados¹²³, o incomodo de muitos laringectomizados logo no início do processo de adaptação à nova forma de comunicação. Uma vez que tudo é muito recente, o processo de medo de morte pelo câncer acaba deixando o paciente um pouco deprimido e a voz robotizada acaba não se tornando agradável logo de início. No estudo 1, foram entrevistados 11 indivíduos laringectomizados, sendo 8 usuários de laringe eletrônica (LE) e 3 de prótese traqueoesofágica (PTE). Destes, os pacientes com PTE apresentaram maior satisfação com a voz comparados aos usuários de LE, provavelmente pelo fato destes apresentarem uma voz mais robotizada, observou-se também, que quanto maior o tempo de pós-operatório, maior é a satisfação do paciente¹. No estudo 2, foram analisados 17 pacientes, no qual 8 (grupo 1) passaram por uma laringectomia parcial supracricoide (LPSC) e os outros 9 (grupo 2) pacientes passaram por uma laringectomia total (LT). Os indivíduos do grupo 1 relataram que consideravam a voz de razoável a boa, com prevalência em boa, já os do grupo 2, relataram que a voz era de boa a muito boa, com prevalência em boa². No estudo 3, observa-se que há uma prevalência no gênero masculino entre os pacientes, com 60 anos ou mais e tabagistas e a maioria dos pacientes foram submetidos a laringectomia parcial ou total. Além disso, o estudo aborda questões de qualidade de vida e como o paciente lida com aspectos de bem-estar social, físico, psicológico e o olhar do sujeito para si. É notório que com o passar do tempo a aceitação da nova voz é cada vez maior. Há relatos de uma visão positiva, em que o paciente informa saber quem realmente está ao seu lado³. Conclusão: Com uma análise nos artigos selecionados, pode-se afirmar a comprovação do estudo em relação entre laringectomia total e qualidade de vida e que quanto maior o período que o paciente estiver usando o suporte vocal, maior é a aceitação da nova voz.

Descritores: Fonoaudiologia. Laringectomia. Voz

1. CORREIA, Maria Eduarda et al. Voz e qualidade de vida de laringectomizados totais: um estudo comparativo. Revista. CEFAC, v.18, n.4, 2016.
2. DE OLIVEIRA, Iára Bittante et al. Desvantagem vocal e estratégias de enfrentamento nas disfonias após laringectomias. Audiol, Commun. Res. v.22, 2017.
3. ALGAVE, Danielle Patricia et al. Qualidade de vida em laringectomizados totais: uma análise sobre diferentes instrumentos de avaliação. Rev. CEFAC v.17, n.1, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
597
QUALIDADE DE VIDA DO CUIDADOR FORMAL DE IDOSO INSTITUCIONALIZADO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Estudos demonstram que a população brasileira está envelhecendo, com isso, torna-se relevante o trabalho dos cuidadores de idosos, sendo assim importante a realização de pesquisas sobre qualidade de vida e a saúde desses profissionais. Visto que, trata-se de uma ocupação que proporciona bastante sobrecarga para esses indivíduos, acarretando prejuízo na qualidade de vida. A participação de profissionais da saúde para conhecer o perfil desses cuidadores é necessária e importante. Objetivo: O objetivo desse estudo foi avaliar a qualidade de vida do cuidador de idoso em Instituição de Longa Permanência (ILP). Método: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de caráter quantitativo, mediante aplicação do questionário WHOQOL-bref (parecer CEP nº 95600318.0.0000.5371). Participaram da pesquisa cuidadores formais da ILP do município Lagarto-SE, interior de Sergipe. Como critérios de inclusão o cuidador deveria ter idade maior ou igual a 18 anos, exercer a ocupação de cuidador na instituição e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi executada em duas etapas, na primeira foi realizada uma entrevista para coleta de dados sociodemográficos: nome, data de nascimento, idade, escolaridade, sexo, período ocupacional e valor da remuneração salarial. Na segunda, foi aplicado um questionário de avaliação da Qualidade de Vida World Health Organization Quality of Life – WHOQOL-bref, o qual é validado, bastante utilizado em estudos nacionais e internacionais, de grande confiabilidade, prático, rápido, sendo composto de duas partes. A primeira parte, contendo questões sobre informações gerais do respondente, como sexo, idade e escolaridade e a segunda parte contendo 26 questões, das quais as duas primeiras sobre Qualidade de Vida Geral e as outras 24 questões estão distribuídas em quatro domínios: físico, psicológico, sobre relações sociais e meio ambiente. Os dados foram analisados através de tabulação em planilha do Microsoft Excel. Resultados: Participaram da pesquisa 15 cuidadores de idosos da Instituição de Longa Permanência. A média de idade dos cuidadores foi de 46 anos, sendo a grande maioria mulheres. O tempo médio na instituição foi de 13,09±10,03, sendo que a maioria tem uma renda inferior ou igual a um salário mínimo. Quanto ao nível de escolaridade 6(40%) tem o ensino fundamental incompleto e apenas 1 (6,7%) tinha ensino superior completo. Na análise da qualidade de vida, apresentaram maior pontuação no domínio físico 14,90(68,10%) e psicológico 14,67(66,67%), já no domínio ambiental foi menor média 12,87(55,42%). Conclusão: Diante disso, nota-se que os cuidadores possuem de uma forma geral uma boa qualidade de vida, porém quanto aos domínios foi observado que o ambiental foi o menos favorável. Enquanto no domínio físico apresentaram uma melhor pontuação.



BARBOSA LDM, NORONHA K, SPYRIDES MHC, ARAUJO CLD. Qualidade de vida relacionada à saúde dos cuidadores formais de idosos institucionalizados em Natal, Rio Grande do Norte. Rev. bras. estud. popul. 2017 Jun;34(2):391-414.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
808
QUALIDADE DE VIDA E CONDIÇÕES DE SAÚDE DE IDOSOS QUE BUSCAM ATENDIMENTO EM UMA CLÍNICA DE FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Após um longo período do estado ditatorial brasileiro, marcado pelo autoritarismo e tecnicismo, o Movimento Sanitário que visava a redemocratização reconheceu a necessidade de rever o modelo de saúde vigente na época. Assim, ressaltou a importância de contar com a participação popular nas decisões do Estado, na medida em que tais decisões envolvem o cotidiano dos cidadãos brasileiros¹. A Participação Social passou a integrar os serviços de saúde, conduzindo, de forma mais efetiva, a organização de diretrizes para a melhoria do atendimento voltado aos próprios sujeitos que fazem uso dos serviços públicos de saúde². Nessa direção, a Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa³ afirma que a participação social, a autonomia e a independência das pessoas são pilares capazes de sustentar a qualidade de vida das mesmas. Em relação à saúde da população idosa, essa Política aponta que as pessoas com 60 anos ou mais precisam manter-se participando na comunidade em que vivem, contribuindo com aspectos relacionados à saúde, educação, cultura, cidadania, entre outros. Pesquisas mostram que atuação fonoaudiológica voltada a promoção da saúde auxiliam a população que está envelhecendo a ter maior participação social junto das pessoas com quem convivem. Apontam, também, para ações de fonoaudiólogos que incentivam as pessoas idosas a refletirem sobre a possibilidade de reivindicarem seus direitos como cidadãos4,5 .Objetivo: Entender o que é qualidade de vida, na percepção de idosos, que buscam atendimento clínico na Clínica Escola de uma Universidade, situada no Paraná e conhecer como está a saúde desses idosos, de um ponto de vista fonoaudiológico. Método: A coleta de dados ocorreu entre 2018 e 2019, por meio de entrevista semiestruturada a respeito da opinião dos idosos sobre suas condições de saúde e qualidade de vida. Os dados constituídos pelo material linguístico-discursivo foram organizados e tratados por meio da Análise do Conteúdo6. Resultados: Os relatos dos participantes permitem entender que eles buscam atendimento clínico por questões que incidem, principalmente, nas perdas auditivas as quais interferem nas trocas interlocutivas próprias de relações interpessoais. Em relação a QV, as temáticas relatadas foram: bens materiais, relacionamentos interpessoais, saúde, autocuidado, lazer, virtude. A temática que apresentou mais respostas relaciona QV aos bens materiais, indicando uma projeção de que qualidade de vida para parte significativa dos participantes tem a ver com a necessidade de suprir as condições básicas de subsistência como moradia e alimentação. Conclusão: A presente pesquisa indica que, para além de questões orgânicas, o fonoaudiólogo precisa considerar a necessidade de escutar os idosos, contribuindo para que se mantenham integrados na família e na comunidade em que estão inseridos. Pois, é nessa integração que as perdas próprias da idade, incluindo a perda auditiva, podem ser acolhidas e (re)significadas.

1.DALLARI, Dalmo de Abreu. Sociedade, Estado e direito: caminhada brasileira rumo ao século XXI. In: MOTA, Carlos Guilherme. (org.) Viagem incompleta – a experiência brasileira (1500-2000): a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000.
2.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
3.BRASIL. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa- PNSPI 2006. Ministério de Saúde. Portaria n. 2528/GM, de 19 de outubro de 2006. Brasília; 2006.
4.SOUZA, Isis Aline Lourenço de; MASSI, Giselle. A saúde fonoaudiológica a partir do discurso do idoso institucionalizado. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 17, n. 1, p. 300-307, Feb. 2015 .
5.MASSI, Giselle et al . Envelhecimento ativo: um relato de pesquisa-intervenção. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 20, n. 1, p. 5-12, Feb. 2018.
6.BARDIN, L. (2011). Análise de conteúdo (L. de A. Rego & A. Pinheiro, Trads.). Lisboa: Edições 70. (Obra original publicada em 1977)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
122
QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
88020710


INTRODUÇÃO: A integridade física e mental é um dos principais aspectos para a qualidade de vida (QV). Os distúrbios que acometem a região orofacial podem gerar uma série de sintomas com efeito negativo sobre a QV dos indivíduos(1,2,3). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(4) sobre a qualidade de vida em crianças com disfunção temporomandibular (DTM). MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e LILACS. O período de busca dos artigos compreendeu últimos 5 anos (2015 a 2020). RESULTADOS: Foram triados 1359 antigos, após a exclusão por duplicações restaram 1341 trabalhos, dos quais 129 foram excluídos a partir da leitura de títulos. Após as avaliações iniciais, foram revisados 1208 resumos e, a partir deles, 4 artigos completos foram analisados, dos quais 3(5,6,7) foram incluídos por responderem a pergunta norteadora desta pesquisa. Os estudos incluídos na presente pesquisa foram do tipo estudo descritivo. Verificou-se nos estudos analisados de Silva et al.,(5) Theroux et al.(6) e Karibe et al.(7), que a disfunção temporomandibular afeta de forma negativa a vida dos indivíduos. As pesquisas citam sintomas como dor na região orofacial, presença de sons articulares e dores de cabeça e pescoço como os mais prevalentes nas populações avaliadas, os quais implicam na qualidade de vida dos pacientes. Destaca-se também sintomas como apertamento dentário (bruxismo) e ansiedade, que envolvem comportamentos orofaciais que podem predispor o aparecimento da DTM e impactar também no processo de aprendizagem e no desempenho acadêmico. Portanto, destaca-se a importância dessa pesquisa para melhor conhecimento sobre a influência de DTM na qualidade de vida de crianças.Torna-se importante a aplicação de questionários para QV na avaliação de pacientes com DTM, pois um único instrumento possivelmente não contempla todas as categorias necessárias para verificar o impacto da DTM no comprometimento da QV dos indivíduos. Portanto, indica-se que o tratamento deve se basear na melhora da QV e não, apenas no alívio da dor. CONCLUSÃO: Observa-se que a qualidade de vida dos indivíduos com DTM pode ser afetada principalmente pela presença de dor e possíveis alterações na saúde mental. Tais disfunções foram associadas a uma percepção de redução da qualidade de vida. Destaca-se a importância da realização de um exame de rastreamento para sintomas e sinais de DTM que não deve ser negligenciado na avaliação clínica do paciente.

REFERÊNCIAS
1. Fernandes, NMF. O Impacto da Respiração Oral na Qualidade de Vida e na Oclusão. Rev Paulista de Pediatria. 2017; 36(3): 548-53.
2. Trize DM. Is quality of life affected by temporomandibular disorders? Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. 2018; 4(16): 1-6.
3. Howard JA. Temporomandibular joint disorders in children. Dent Clin North Am. 2013; 57(1): 99-127.
4. Moher D, Shamseer G, Clarke M ,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA . Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.
5. Silva MF, et al. Temporomandibular disorders and quality of life among 12-year-old schoolchildren. Cranio. 2017; 35 (6): 392-396.
6. Theroux J, et al. A cross-sectional study of the association between anxiety and temporomandibular disorder in Australian chiropractic students. Journal of Chiropractic Education. 2019; 33(2): 111-17.
7. Karibe H, et al. Prevalence and association of self-reported anxiety, pain, and oral parafunctional habits with temporomandibular disorders in Japanese children and adolescents: a cross-sectional survey. BMC Oral Health. 2015;. 15(1): 8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1762
QUALIDADE DE VIDA EM VOZ DE PROFESSORES ANTES E APÓS UM PROGRAMA DE ASSESSORIA VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Título: Qualidade de Vida em Voz de professores antes e após um Programa de Assessoria Vocal.
Introdução: Para muitas profissões, a voz é considerada uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento do trabalho1. Dentre esses, destaca-se o professor, o qual pertence a categoria de profissionais mais estudados na fonoaudiologia e na área de voz2,3. O professor possui alto risco para desenvolver distúrbios de voz devido à multifatoriedade presente em seu contexto de trabalho4, além disso, a presença desse distúrbio pode desencadear transtornos sociais, pscicológicos e emocionais no docente. Sendo assim, diversos estudos5,6 visam desenvolver programas, cursos e oficinas voltados à saúde vocal, focando na melhora da qualidade de vida em voz dessa população. Objetivo: Analisar a Qualidade de Vida em Voz de professores antes e após um Programa de Assessoria Vocal. Métodos: Estudo intervencional, descritivo e de caráter quantitativo. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem, sob CAAE: 10719513.5.0000.5188. Participaram 33 professores do ensino fundamental (I ou II), de ambos o sexo, de escolas da rede municipal da cidade de João Pessoa, Paraíba. As atividades propostas ocorreram em três etapas. Na primeira etapa, aplicou-se o protocolo de Qualidade de Vida em Voz (QVV); na segunda etapa foram desenvolvidas quatro oficinas de saúde vocal com conteúdos teórico-práticos; e na terceira etapa, foi reaplicado o protocolo QVV com objetivo de comparar os momentes antes e após à intervenção. As oficinas foram ministradas por fonoaudiólogas e acompanhadas por estudantes de graduação em fonoaudiologia de uma instituição superior. Foi realizada a análise descritiva e inferencial dos dados por meio do software R (versão 3.4.1.). Resultados: Observou-se que 22 (66,66%) dos professores eram sexo feminino, com predomínio de carga horária entre 31 a 40 (42,42%) horas semanais, média de idade 42,33 anos e tempo de profissão de 15,78 anos. Sobre o protocolo QVV, no momento pré-oficinas a média do domínio global foi de 78,48, socioemocional 86,36 e físico 73,48, que apresentaram abaixo dos valores de corte para vozes saudáveis. Após a intervenção, a média dos domínios global (83,71), socioemocional (89,58) e físico (79,66) aumentaram, gerando significância nos domínios físico (p-valor=0,0294) e global (p-valor=0,0233). Conclusão: A aproximação entre o professor e o fonoaudiólogo, a prática de novos conhecimentos e as experiências mútuas proporcionadas pela intervenção desta pesquisa, trouxeram impactos positivos à Qualidade de Vida em Voz dos docentes participantes, com maior destaque aos domínios físico e global.

1. Ferreira LP, GianinI SPP, Figueira S, Silva EE, Karmann DF, Thelma M, Souza T..Condições de produção vocal de professores da prefeitura do município de São Paulo. Distúrb Comun. 2003;14(2):275-307.

2. Ferracciu CCS, Santos DMT, Barros PX, Teixeira LR, Almeida MS. Índice de capacidade para o trabalho e desequilíbrio esforço-recompensa relacionado ao distúrbio de voz em professoras da rede estadual de alagoas. Rev. CEFAC. 2015;17(5):1580-1589.

3. Penteado RZ, Ribas TM, García-Zapata MTA. Percepções de professores sobre saúde vocal e trabalho. Saúde Rev. 2015;15(41):37-46.

4. Ferreira LP, Alves IAV, Esteves AAO, Biserra MP. Voz do professor: fatores predisponentes para o bem-estar vocal. Distúrb Comun, São Paulo.2012;24(3):379-387.

5. Kasama ST, Brasolotto AG. Percepção vocal e qualidade de vida. Pró-fono R. Atual. Cient. 2007;19(1):19-28.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
415
QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA AO DESEMPENHO ACADÊMICO DE GRADUANDOS: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A entrada na universidade acarreta modificações na vida tanto dos ingressantes quanto de universitários que já estão em períodos mais avançados. Além dos fatores emocionais, a Qualidade de Vida é um conceito que incorpora a saúde física, psicológica, nível de independência, relações sociais, crenças pessoais e o meio ambiente, podendo acarretar questões positivas e negativas. Esses fatores podem impactar diretamente a vida dos graduandos, e consequentemente irão transparecer nas atividades desenvolvidas na universidade, influenciando diretamente o processo de aprendizagem e por conseguinte, o desempenho acadêmico. OBJETIVO: Demonstrar e descrever a qualidade de vida de graduandos relacionado ao desempenho acadêmico. MÉTODO: Para cumprir o objetivo de realizar uma revisão de literatura relacionada a questões referentes a qualidade de vida de graduandos relacionado ao desempenho acadêmico, o desenho desta pesquisa foi o de realização de uma revisão narrativa da literatura. RESULTADOS/DISCUSSÃO: Foram encontrados na base de dados 3.449 artigos relacionados aos descritores elencados na pesquisa. Foram analisados 111 artigos. Os dados da pesquisa são apresentados, analisados e discutidos a partir de cinco categorias e suas respectivas subcategorias: 1 – Qualidade de vida e condições socioeconômicas e sociodemográficas (7%), 2 – Qualidade de vida e estilo de vida (6%), 3 – Qualidade de vida e saúde (39%), 4 – Qualidade de vida e saúde mental (43%), 5 – Qualidade de vida e universitários da 3ª idade (5%). CONSIDERAÇÕES FINAIS: É possível compreender a partir dos estudos observados, considerando a qualidade de vida como um construto multifatorial que interfere e recebe interferência de diversos aspectos e domínios da vida, que se refletem uns nos outros e são indissociáveis, que ao abordar o processo acadêmico dos universitários todos os atuantes devem ser levados em consideração, para que esse processo seja um promotor de qualidade de vida e saúde, e não o oposto. Espera-se que informações colhidas e descritas nesse trabalho contribuam para que a Academia esteja alerta ao tema muitas vezes considerado de menor importância, visto o impacto e abrangência que demonstra ter.

Adamo, C. E. et al. Universidade aberta para a terceira idade: o impacto da educação continuada na qualidade de vida dos idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontolgia, Rio de Janeiro, v. 20, n. 4, p. 550-560, 2017.

Alfredo, P. P.; Biondi, J. C.; Manna, V. Avaliação da qualidade de vida e estresse em acadêmicos do curso de Fisioterapia. J. Health Sci. Inst., v. 34, n. 4, p. 224-230, 2016.

Almeida, A. M. et al. Common mental disorders among medical students. J. bras. psiquiatr., Rio de Janeiro, v. 56, n. 4, p. 245-251, 2007.

Almeida, L. et al. Alimentação como fator de risco para câncer de intestino em universitários. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 30, n. 1, p. 72-78, 2017.

Anversa, A. C. et al. Qualidade de vida e o cotidiano acadêmico: uma reflexão necessária. Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 26, n. 3, p. 626-631, 2018.

Araújo, M. F. M. et al. Indicadores de saúde associados com a má qualidade do sono de universitários. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 48, n. 6, p. 1085-1092, 2014.

Arronqui, G. V. et al. Percepção de graduandos de enfermagem sobre sua qualidade de vida. Acta. paul. enferm., São Paulo, v. 24, n. 6, p. 762-765, 2011.

Arslan, G. et al. Prevalence of derpression, its correlates among students, and its effect on health-related quality of life in a Turkish university. Upsala Journal of Medical Sciences, 144:3, p. 170-177, 2009.

Artigas, J. S. Moreira, N. B. Campos, W. Percepção da qualidade de vida em universitários: comparação entre períodos de graduação. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 21, n. 2, p. 85-91, 2017.

Bacha, M. M. et al. Qualidade de vida de estudantes de Psicologia. Psicol inf., São Paulo, v. 16, n. 16, p. 149-161, 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
779
QUALIDADE DE VIDA, LIMITAÇÃO DE ATIVIDADES E RESTRIÇÃO A PARTICIPAÇÃO EM CRIANÇAS DE OITO A 12 ANOS COM QUEIXAS FONOAUDIOLÓGICAS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A incorporação da abordagem biopsicossocial nos paradigmas assistênciais de saúde perpassam pelo entendimento das condições de saúde, vistas sob os aspectos de funcionalidade e incapacidade e da integração do indivíduo na sociedade, conforme proposta na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) (1). Diversas condições de saúde impactam negativamente na qualidade de vida de crianças e adolescentes, inclusive a presença de alterações fonoaudiológicas (2-4). Apesar da qualidade de vida e da funcionalidade terem notável importância e complementariedade na compreensão de cada caso, são escassos na literatura estudos que abordem sua associação, principalmente no âmbito da Fonoaudiologia. Objetivo: Investigar a associação entre a qualidade de vida, a limitação de atividades e a restrição a participação de crianças e adolescentes usuários de um serviço de avaliação e diagnóstico em Fonoaudiologia. Método: Trata-se de estudo observacional analítico transversal realizado entre 2016 a 2019 que incluiu crianças e adolescentes de oito a 12 anos em processo de avaliação fonoaudiológica e seus responsáveis. Excluiu-se da amostra pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de perda auditiva, deficiência intelectual e transtornos globais do desenvolvimento. Foi aplicado o Pediatric Quality of Life Inventory 4.0 (PedsQL) (5), com os pacientes e seus responsáveis, além de coletados dados sociodemográficos e referentes às categorias de Atividades e Participação da CIF (1). A análise dos dados contemplou a distribuição de frequência, medidas de tendência central e dispersão e os testes Shapiro-Wilk, Mann-Whitney e Kruskal Wallis. Esta pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer nº 1.174.646 e todos os responsáveis e pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Dos 45 participantes, 37 eram do gênero masculino e oito do feminino, com idade média de 10,23 anos (DP=1,47). Foi verificada associação com significância estatística entre o PedsQL respondido pelos responsáveis com as categorias da CIF de Cuidado pessoal (p=0,047) e de Interações interpessoais particulares (p=0,019) com o domínio social, e em Educação com os domínios escolar (p=0,015) e psicoemocional (p=0,038), ambos com maior média e mediana para a classificação “descrito e sem dificuldade”. Já o PedsQL respondido pelas crianças e adolescentes apresentou associação com significância estatística entre a Recepção com o domínio psicoemocional (p=0,031), a Produção com o domínio escolar (p=0,049) e as Interações interpessoais gerais com o domínio psicoemocional (p=0,049), ambos com maior média e mediana para a classificação “descrito e com dificuldade”. Conclusão: A qualidade de vida esteve associada às categorias de Atividades e Participação da CIF em crianças com queixas fonoaudiológicas, indicando que as limitações e restrições verificadas influenciam na percepção do indivíduo quanto ao seu bem-estar. Desse modo, a triangulação entre qualidade de vida e CIF podem fornecer subsídios para condutas que priorizem o bem-estar e a funcionalidade, principalmente no envolvimento de crianças e adolescentes nos diversos contextos sociais.

1. [OMS] Organização Mundial de Saúde. CIF: A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. [Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde para a Família de Classificações Internacionais em Português, org.; coordenação da tradução Cassia Maria Buchalla]. – 1. ed., 2. reimpr. atual – São Paulo: Editora da universidade de São Paulo, 2015.
2. Nicola K, Watter P. The comparison of perceived health-related quality of life between Australian children with severe specific language impairment to age and gender-matched peers. BMC Pediatrics. 2018;18(62):2-8. https://doi.org/10.1186/s12887-018-1058-2
3. Pardo-Guijarro MJ, Martínez-Andrés M, Notorario-Pacheco B, Solera-Martínez M, Sánchez-López M, Martínez-Vizcaíno V. Self-Reports Versus Parental Perceptions of Health- Related Quality of Life Among Deaf Children and Adolescents. Journal of Deaf Studies and Deaf Education. 2015;20(3):275-82. DOI:10.1093/deafed/env018
4. Rezende BA, Lemos SMA, Medeiros AM. Quality of life and health self-perception in children with poor school performance. Rev Paul Pediatr. 2017;35(4):415-21. http://dx.doi.org/10.1590/1984‑0462/;2017;35;4;00009
5. Klatchoian DA, Len CA, Terreri MT, Silva M, Itamoto C, Ciconelli RM, et al. Quality of life of children and adolescents from São Paulo: reliability and validity of the Brazilian version of the Pediatric Quality of Life Inventory TM version 4.0 Generic Core Scales. J Pediatr. 2008;84(4):308-15.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
515
QUALIDADE DO SONO E RISCO PARA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A apneia obstrutiva do sono (AOS), doença que se caracteriza por paradas (apneias) ou reduções (hipopneias) da passagem de ar pelas vias aéreas superiores durante o sono, é um distúrbio do sono altamente prevalente, estabelece íntima relação com idade e obesidade e é responsável por determinantes comprometimentos para a saúde física e mental(1). Entre os jovens a má qualidade e padrões irregulares do sono têm sido descritos e relacionam-se às demandas sociais, hábitos noturnos e modificações do estilo de vida referente à faixa etária(2-3). Contudo, considerando o impacto do tecido adiposo nas vias aéreas superiores, tornando-as mais estreitas e propensas ao colapso durante o sono, independente da faixa etária, a questão ponderal passa ser uma variável que tangencia todas as etapas da vida(4-5).
OBJETIVO: Avaliar a qualidade de sono de jovens universitários e o risco de AOS em relação ao índice de massa corporal (IMC).
MÉTODO: Estudo aprovado conforme CAAE: 95204518.0.0000.5208. Participaram 150 discentes de Odontologia e Fonoaudiologia de uma universidade pública do nordeste do Brasil. Para avaliação da qualidade do sono, utilizou-se o Questionário de Pittsburgh (QP), que classifica o sono em bom, ruim ou com presença de distúrbio do sono. Para identificação do risco de distúrbios respiratórios, utilizou-se o Questionário de Berlim (QB), que é considerado um instrumento de rastreio para AOS. Para a realização da categoria 3 do QB, foi realizado o registro do peso e altura que foram utilizados para cálculo do IMC [peso (kg)/estatura (m)²]. Os dados foram expressos através de frequências absolutas e percentuais e, para análise inferencial através do teste Exato de Fisher com margem de erro de 5%. RESULTADOS: A maioria dos jovens (68,1%) apresentou má qualidade do sono, 21,5% apresentaram distúrbio do sono e apenas 10,4% da população estudada exibiu boa qualidade do sono. No que se refere ao risco para AOS, a maioria (74,3%) não teve indicativo e 25,7% apontou alto risco para a doença. Quando analisado em relação ao IMC, observou-se associação significante (p < 0,001*) entre obesidade e AOS. Apenas 10,2% da amostra apresentou índices de obesidade (IMC ≥ 30), mas desses, 86,7% tinham alto risco para apneia obstrutiva do sono.
CONCLUSÃO: É alarmante a má qualidade de sono dos universitários estudados. Os índices de risco para AOS se aproximam dos 33% da faixa etária adulta e a associação entre obesidade e AOS fica mais uma vez evidente. Fatores externos como rotinas noturnas, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas e estimulantes, uso excessivo de eletrônicos e outros hábitos comuns à faixa etária da população desse estudo pode ter colaborado para o comprometimento de 89,6% do sono dos jovens estudados.
PALAVRAS-CHAVE: Sono; Apneia Obstrutiva do Sono; Fonoaudiologia.

1. Mancini MC, Aloe F, Tavares S. Apnéia do sono em obesos. Arq Bras Endocrinol Metab. 2000; 44 (1): 81-90.

2. Silva NC. Apneia obstrutiva do sono, aspectos oromiofuncionais e bioquímicos na obesidade. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) – Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências, 2018.

3. Romagnoli JAS, Barbosa DG, Junior GJF, De Oliveira Santos M, Pelegrini A, Felden ÉPG. Hábitos de sono e sonolência diurna excessiva em acadêmicos ingressantes de Educação Física. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. 2018; 12 (73): 140-147.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1684
QUESTIONÁRIO DE ACOMPANHAMENTO AUDIOLÓGICO NA INFÂNCIA: UMA ANÁLISE EM FACE DAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO PELA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


As diretrizes da triagem auditiva neonatal universal (TANU) sugerem a articulação dos serviços especializados com a atenção primária, com o intuito de otimizar o acompanhamento e o monitoramento da audição e da linguagem por intermédio dos agentes comunitários de saúde (ACS). Este profissional favorece um contato contínuo com as famílias, possibilita a identificação precoce da deficiência auditiva e o encaminhamento aos serviços especializados, além de incentivar na adesão aos programas de reabilitação. Dentre as ferramentas passíveis de utilização pelos ACS, destaca-se a aplicação de questionários previamente validados para o acompanhamento e o monitoramento da audição e da linguagem. Neste sentido, estratégias que envolvem os ACS, se configuram como uma articulação essencial para os programas de saúde auditiva infantil. Diante do exposto, o presente estudo objetivou averiguar se a aplicação do questionário de acompanhamento e desenvolvimento da audição e da linguagem propicia a identificação precoce da perda auditiva, bem como investigar a cobertura dos ACS nas cidades das crianças que buscaram o monitoramento audiológico. Trata-se de um estudo transversal e descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer 2.446.215). Participaram 55 crianças, com idade entre quatro e 38 meses, encaminhadas para monitoramento auditivo. Foram realizados com os pais a anamnese e aplicação de dois questionários de monitoramento do desenvolvimento da audição e linguagem, a depender da faixa etária. O primeiro refere-se a crianças entre zero e 12 meses, o qual foi previamente validado e o segundo para a faixa etária de 13 a 24 meses. Todos os participantes foram submetidos à avaliação audiológica, contemplando os exames eletroacústicos, eletrofisiológicos e comportamentais. Em caso de alterações auditivas, foram realizados os devidos encaminhamentos. Por meio da aplicação do questionário, verificou-se que 14 (25%) crianças foram identificadas como “de risco”, no entanto, tal fato ocorreu em virtude de queixas relacionadas à linguagem e não à audição. Todavia, por meio da avaliação audiológica, verificou-se a presença de alteração condutiva em 15 participantes, dos quais apenas quatro (26,6%) falharam no questionário, enquanto que os demais não foram considerados “de risco” com base no relato dos pais. Em termos da localidade de residência, as crianças foram oriundas de 23 municípios distintos, e destes, apenas três possuíam cobertura dos ACS aquém de 100%, sendo a capital do estado o município com menor cobertura. Das famílias avaliadas, 38 (67,8%) referiram receber visita domiciliar, contudo, apenas seis mencionaram terem sido questionadas sobre aspectos da audição e da linguagem de seus filhos. Conclui-se que os questionários aplicados demonstram viabilidade na identificação de crianças com possibilidade de atraso de linguagem e possivelmente a sensibilidade é maior para a identificação de perdas auditivas permanentes. Constatou-se que perdas alterações transitórias na infância podem não ser identificadas com o uso do instrumento, otimizando a especificidade para perdas permanentes. Além disso, ressalta-se a necessidade de fortalecer a articulação do acompanhamento audiológico na atenção primária a fim de ampliar o acesso e potencializar a identificação precoce de possíveis alterações.


Wagner J, Bonamigo AW, Oliveira F, Machado MS. Monitoring of hearing and language in primary health care: project pilot. Ciênc. saúde coletiva 2017. 22 (11): 3599 - 3606.

Alvarenga KF, Araújo ES, Melo TM, Martinez MAN, Bevilacqua MC. Questionnaire for monitoring auditory and language development in the first year of life. Revista CEFAC 2012. 19(2): 159–170.

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Oliveira, MTD. Análise da implementação de um programa de saúde auditiva infantil na atenção primária. [dissertação]. Programa Associado de Pós-graduação em Fonoaudiologia UFRN/UFPB, 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
680
QUESTIONÁRIOS DE AUTOPERCEPÇÃO NA TRIAGEM DO PROCESSAMENTO AUDITIVO, CONSIDERANDO A APLICAÇÃO EM ESCOLARES, PAIS E PROFESSORES.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Questionários de autopercepção na triagem do processamento auditivo, considerando a aplicação em escolares, pais e professores.

Introdução: A inclusão de questionários tem sido recomendada a fazer parte de uma bateria de triagem do Processamento Auditivo Central (PAC) por fornecer informações sobre os déficits de comunicação e impacto na vida cotidiana do escolar, permitindo avaliar o comportamento auditivo qualitativamente 1,2. Objetivo: Analisar o desempenho de escolares, entre 6 a 10 anos, em um questionário de autopercepção inserido em um programa online de triagem do PAC, denominado AudBility, e comparar com a percepção dos pais e professores a partir da aplicação do mesmo instrumento. Método: Estudo descritivo, prospectivo de corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (No 2.294.609). A Etapa 1 consistiu na triagem auditiva escolar e aplicação do questionário estudado. O questionário estudado3, é baseado no instrumento validado “Scale of Auditory Behaviors” (SAB) 4, e apresenta 12 questões relacionadas a situações do cotidiano que avaliam qualitativamente possíveis dificuldades em habilidades auditivas, atenção e aprendizagem. Na etapa 2, os escolares compareceram no Laboratório de Audiologia da Instituição para avaliação completa. Nesse momento, aplicou-se o questionário em uma versão direcionada aos pais. As crianças que completaram a etapa 2, tiveram o mesmo instrumento sendo respondido pelo professor. Assim, 257 escolares, de ambos os sexos, foram triados. Após a coleta, os escolares foram divididos para análise dos dados, a partir da avaliação do desempenho do escolar reportado pelo professor, em dois grupos: Grupo 1 (G1): 171 escolares, 82 meninos (48,00%), com bom desempenho escolar, ausência de queixas auditivas e idade média de 8,47+1,45 anos e Grupo 2 (G2): 86 escolares, 43 meninos (50,00%), com dificuldades escolares e idade média de 8,24+1,26 anos. Além disso, 151 pais responderam ao questionário, sendo 98 pertencentes ao G1 e 53 pertencentes ao G2. Por fim, o questionário direcionado aos professores obteve 115 respostas, sendo 78 pertencentes ao G1 e 37 pertencentes ao G2. Foi realizada uma análise estatística dos dados e comparação referente ao escore total de cada grupo, adotando-se o nível de significância p<0,05. Resultados: No questionário dos escolares, o G1 apresentou desempenho estatisticamente superior ao G2, com média de escore final de 46,19+7,33 em comparação com a média de 39,72+8,79 no G2 (p<0,0001). No questionário respondido pelos pais, G1 também obteve desempenho estatisticamente superior ao G2, com média de escore final de 47,93+8,63, enquanto a média de G2 foi de 36,19+11,19 (p<0,0001). Por fim, o mesmo ocorreu no questionário dos professores, com média de escore final e desvio padrão de 50,09+8,81 em G1 em comparação com a média de 30,32+12,36 no G2 (p<0,0001). Na análise intragrupo, houve diferença na percepção entre escolares e professores em ambos os grupos (G1: p=0,028; G2: p=0,001), sendo que os professores pontuaram pior desempenho que o escolar no G2. Conclusão: Os questionários aplicados apresentaram pior escore nas respostas referentes as crianças do G2. Os achados demonstram a importância da percepção dos professores sobre o comportamento auditivo para a detecção do risco potencial de Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).

1. ASHA: Working Group on Auditory Processing Disorders. (Central) Auditory Processing Disorders. Rockville, MD: American Speech- Language-Hearing Association; 2005.

2. BARRY, J.G; TOMLIN, D.; MOORE, D.R; DILLON, H. Use of Questionnaire-Based Measures in the Assessment of Listening Difficulties in School-Aged Children. Ear & Hearing. 2015;36;e300–e313.

3. SOUZA, I.M.P; CARVALHO, N.G; PLOTEGHER, S.D.C.B; COLLELA-SANTOS, M.F; AMARAL, M.I.R. Triagem do processamento auditivo central: contribuições do uso combinado de questionário e tarefas auditivas. Audiol Commun Res., São Paulo, v.23:e2021, 2018.
4. NUNES, CL; PEREIRA, LD; CARVALHO, GS. Scale of Auditory Behaviors e testes auditivos comportamentais para avaliação do processamento auditivo em crianças falantes do português europeu. CoDAS, São Paulo, v. 25, n. 3, p. 209-215, 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
377
RASTREAMENTO DE ALTERAÇÕES MASTIGATÓRIAS EM IDOSOS (RAMI): EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DO INSTRUMENTO PARA DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLÓGICO AUTORREFERIDO
Tese
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: O envelhecimento provoca modificações no sistema estomatognático que repercutem na função mastigatória, promovendo alterações que podem afetar o processo de alimentação como também nutricional(1-4), portanto estudos epidemiológicos são importantes para possibilitar intervenções de saúde pública específicas. OBJETIVO: Construir e validar um instrumento de rastreamento de alterações mastigatórias em idosos (RAMI). MÉTODO: Estudo de validação, não randomizado e seccional, seguiu as diretrizes tradicionais do Standards for Educational and Psychological Testing(5). A população composta por idosos de ambos os sexos, com idade ≥60 anos, recrutados por conveniência. Primeira etapa, obtenção de evidências de validade baseadas no conteúdo, um painel de quatro especialistas definiram o construto e conteúdo do instrumento, e um comitê de 28 especialistas avaliaram a representatividade e relevância dos itens. Análise realizada através dos Índice de Validade de Conteúdo para Itens (IVC-I) e Índice de Validade de Conteúdo (IVC). Segunda etapa, obtenção de evidências de validade baseadas nos processos de resposta, aplicou-se o questionário na população-alvo composta por 40 idosos e realizou-se análise quantitativa e qualitativa das respostas. Terceira etapa, obtenção de evidências de validade baseada na estrutura interna, foi aplicado o instrumento em 295 idosos e realizada análise fatorial confirmatória (AFC) para o ajuste do modelo. Quarta etapa, obtenção de evidências de validade baseadas na relação com outras variáveis, foi aplicado o RAMI e cinco instrumentos validados, em uma população de 196 idosos. Quatro instrumentos(6-9) para análise da validade convergente e um(10) para validade discriminante, realizada através do coeficiente de correlação de Spearman. A confiabilidade foi verificada com aplicação de teste-reteste em 124 idosos, e analisada através do Kappa ponderado, coeficiente de correlação intraclasse (CCI), erro de medição do instrumento (SEM), menor diferença real (SRD) e alfa de Cronbach. Foi considerado o nível de significância de 5%. RESULTADOS: A primeira versão do RAMI com 16 itens apresentou IVC e IVC-I satisfatórios, somente uma questão foi excluída. A segunda versão do RAMI com 15 questões foi bem avaliada pelos idosos necessitando de pequenos ajustes de morfossintaxe. A terceira versão do RAMI, após a realização da AFC, necessitou de ajustes em sua estrutura interna resultando no modelo de 9 questões em dois fatores, função e percepção mastigatória. A quarta versão do RAMI com 9 questões apresentou validade convergente confirmada pela correlação positiva e moderada entre a pontuação total do RAMI e as pontuações finais do QST-DTM(6) (rho= 0,330; p<0,001), questionário sobre xerostomia como instrumento de rastreio de hipossalivação(7) (rho= 0,442; p<0,001) e RaDI(8) (rho= 0,456; p<0,001), e correlação negativa e moderada entre RAMI e GOHAI(9) (rho= -0,681; p<0,001). A validade discriminante foi confirmada pela correlação negativa e fraca entre a pontuação final do RAMI e do RSES(10) (rho= -0,269; p<0,001). O RAMI com 9 questões apresenta bons índices de confiabilidade (ICC = 0,87, IC 0,82-0,91, p <0,001; SEM = 1,90; SRD = 5,25) e alta consistência interna (alfa de Cronbach = 0,93). CONCLUSÃO: O RAMI, instrumento simples e rápido de aplicar, criado para fins epidemiológicos, apresentou respostas válidas e confiáveis para identificar alterações mastigatórias em idosos residentes na comunidade.

1. Okada K, Enoki H, Izawa S, Iguchi A, Kuzuya M. Association between masticatory performance and anthropometric measurements and nutritional status in the elderly. Geriatr Gerontol Int. 2010; 10(1):56–63.
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5. American Educational Research Association (AERA). American Psychological Association (APA). National Council on Measurement in Education (NCME). The standards for educational and psychological testing. New York: American Educational Research Association; 2014.
6. Paiva AMFV. Construção e validação de questionário simplificado para triagem de pacientes com disfunção temporomandibular (QST-DTM) [tese]. Natal: UFRN; 2013.
7. Carvalho HN. Acurácia de um questionário sobre xerostomia como instrumento de rastreio de hipossalivação [dissertação]. Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba; 2018.
8. Magalhães Junior HV, Pernambuco LA, Cavalcanti RVA, Lima KC, Ferreira MAF. Validity Evidence of an Epidemiological Oropharyngeal Dysphagia Screening Questionnaire for Older Adults. Clinics. 2020; 75:e1425, 2020.
9. Silva SRC, Fernandes RAC. Autopercepção das condições de saúde bucal por idosos. Rev Saúde Pública. 2001; 35(4):349–355.
10. Meurer ST, Luft CDB, Benedetti TRB, Mazo GZ. Validade de construto e consistência interna da escala de autoestima de Rosenberg para uma população de idosos brasileiros praticantes de atividades físicas. Motricidade. 2012; 8(4):5–15.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1904
RASTREAMENTO DE DIFICULDADES ALIMENTARES EM CRIANÇAS NEUROTIPICAS ATENDIDAS EM AMBULATÓRIO PEDIÁTRICO DE UM HOSPITAL PÚBLICO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução
O desenvolvimento do comportamento alimentar é um processo que envolve o aprendizado1, a prática das habilidades motoras orais e as questões biopsicossociais. Autores concordam que problemas de alimentação podem ser explicados por um modelo ‘biopsicossocial’, significando que são considerados resultados de uma interrelação complexa entre fatores fisiológico, psicológicos e sociais 2. Elaboraram um consenso sobre a definição “Pediatric Feeding Disorders” (PFD) – transtornos alimentares pediátricos em 2019 para facilitar pesquisa e estudos nesse tema. Ficou definido que PFD é a ingestão oral comprometida (prejudicada) que não é apropriada para idade e é associada com disfunção médica, nutricional, habilidades alimentares (orais) e/ou psicossociais3. As dificuldades alimentares podem ocorrer em 20 a 35% da população pediátrica com desenvolvimento típico. Independente da duração dessas dificuldades pode haver um impacto no crescimento, desenvolvimento, na saúde geral e nas relações familiares4-6.
Objetivo
Rastrear a prevalência de dificuldades alimentares em crianças com desenvolvimento neurotípico, atendidas em consultas de acompanhamento em um ambulatório pediátrico de um Hospital Público.
Método
Estudo transversal, descritivo, quantitativo, realizado por meio da aplicação de uma entrevista questionando dados gerais, socioeconômicos, história clínica neonatal e dados clínicos atuais, e um instrumento de triagem denominado Escala Brasileira de Alimentação Infantil7 (EBAI), tradução e validação transcultural do instrumento Montreal Children’s Hospital - Feeding Scale, MCH-FS8. O estudo contou com a participação de 61 pais/cuidadores responsáveis pela alimentação de crianças de 06 meses a 06 anos e 11 meses de idade. EBAI é um questionário com 14 itens, avalia os seguintes domínios: motor oral, sensorial oral, apetite, preocupações dos cuidadores sobre alimentação, comportamento da criança à hora da refeição, estratégias utilizadas pelos pais/cuidadores e reações dos pais/cuidadores em relação a alimentação da criança.
Resultados
Das 61 crianças, 12 apresentaram problemas alimentares conforme o escore. A prevalência de problemas alimentares (acima de 60 pontos no escore) foi de 19,67%. Dentre a amostra, 49 (80,33%) não apresentaram dificuldades alimentares. Dos 12 que apresentaram dificuldades, 4 foram classificados como leve (6,56%), 2 moderado (3,28%) e 6 severos (9,83%).
Conclusão
O presente estudo encontrou alguns resultados com caráter descritivos que corroboram a literatura, no entanto, as associações com significância estatística não foram encontradas, provavelmente devido à redução do tamanho amostral.
Os problemas alimentares em crianças com desenvolvimento típico são mais comumente subdiagnosticados. A utilização, por qualquer profissional da saúde, de uma ferramenta de triagem é de extrema importância para a detecção precoce das dificuldades alimentares na infância. Sendo assim, faz-se necessário a continuidade de pesquisas que investiguem dificuldades alimentares em crianças neurotípicas.

1. Agency for Clinical Innovation. (2016) Feeding Difficulties in Children - A Guide for Allied Health Professionals. 15(1396). 1-127
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3. Goday PS, Huh SY, Silverman A, Lukens CT, Dodrill P, et al. Pediatric Feeding Disorder - Consensus Definition and Conceptual Framework. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2019 Jan; 68(1):124-129. doi: 10.1097/MPG.0000000000002188
4. Miranda V, Flach K. Aspectos emocionais na aversão alimentar em pacientes pediátricos: interface entre a fonoaudiologia e a psicologia. Psicologia em Estudo. 2019; v.24[8] e45247. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/45247/751375148939
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6. Benjasuwantep B, Chaithirayanon S, Eiamudomkan M. Feeding problems in healthy young children: prevalence, related factors and feeding practices. Pediatric Reports 2013; volume 5:e10. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3718228/
7. Diniz, Patrícia Barcellos. Adaptação transcultural e validação da escala Montreal Children´s Hospital Feeding Scale para o português falado no Brasil. Porto Alegre. Tese [Doutorado em ciências Pneumológicas] – UFRGS; 2019.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1254
RASTREAMENTO DE DISFAGIA OROFARÍNGEA EM IDOSOS LONGEVOS HOSPITALIZADOS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Pessoas que vivem 80 anos ou mais compõem a parcela de idosos que cresce mais expressivamente no Brasil. Algumas das mudanças que ocorrem com o envelhecimento levam o idoso a realizar adaptações e podem estar associadas com redução da reserva funcional, sarcopenia, comorbidades e polifarmácia, fatores que predispõem dificuldades de deglutição. A prevalência de disfagia orofaríngea em idosos longevos (80 anos ou mais) pode chegar a 90%, especialmente no idoso hospitalizado. O atraso no reconhecimento da disfagia orofaríngea no idoso hospitalizado com idade avançada pode levar ao risco de desnutrição e pneumonia por aspiração, necessidade de intubação, antibióticos e alimentação por vias alternativas. Portanto, a disfagia orofaríngea pode causar complicações graves nessa população durante a internação hospitalar e por isso as diretrizes clínicas recomendam sua identificação precoce por meio de instrumentos de rastreamento. Apesar disso, a disfagia orofaríngea, ainda é uma condição negligenciada ou subdiagnosticada durante a hospitalização. Objetivo: Analisar a correlação entre o tempo de admissão e o rastreamento da disfagia orofaríngea em idosos hospitalizados com idade avançada. Método: Estudo do tipo quantitativo, retrospectivo e documental, proveniente do banco de dados de um projeto estruturante aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos conforme parecer 2.008.092/17 e CAAE 65872617.0.0000.5183. A população foi composta por indivíduos de idade igual ou acima de 80 anos internados nas enfermarias da clínica médica de um hospital universitário. A triagem da disfagia orofaríngea foi obtida de acordo com o “Rastreamento de Disfagia em Idosos (RaDI)”, questionário com nove questões cujo escore total com valor igual ou maior que três indica disfagia orofaríngea e necessidade de confirmação diagnóstica por meio de exame específico. Dois grupos foram formados de acordo com o intervalo de tempo maior e menor ou igual a 48 horas entre a admissão e a aplicação do RaDI. A análise descritiva dos dados quantitativos foi feita por meio do cálculo de medidas de tendência central (média) e variabilidade (desvio padrão), as variáveis categóricas foram descritas em frequência absoluta e relativa (porcentual). Foi aplicado o teste exato de Fisher para testar a associação entre as variáveis. O nível de significância foi de 5%. Resultados: A amostra foi composta por 26 idosos longevos com média de 83,77 ± 2,77 anos de idade, sendo 16 (61,5%) do sexo feminino. Dez indivíduos (38.5%) responderam o RaDI em até 48 horas após a admissão. Sete idosos (26.9%) tiveram resultado positivo para disfagia orofaríngea e precisaram de avaliação específica da deglutição. Os sintomas mais frequentes foram pigarro após deglutição (34,6%) e engasgo após deglutir (26,9%). Não houve associação entre o tempo de admissão e o RaDI ou seus itens isoladamente(p = 1.00). Conclusão: Aproximadamente um terço dos idosos longevos hospitalizados necessitam de avaliação específica da deglutição, independente do tempo entre a admissão hospitalar e a realização do rastreamento de disfagia orofaríngea. As queixas mais frequentes nessa população são pigarro e engasgo após deglutir.
Descritores: Transtornos de deglutição; Idosos; Envelhecimento; Hospital; Triagem; Tempo de Internação.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1900
RASTREAMENTO FONOAUDIOLÓGICO DE HABILIDADES AUDITIVAS E COGNITIVAS DE IDOSOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


RASTREAMENTO FONOAUDIOLÓGICO DE HABILIDADES AUDITIVAS E COGNITIVAS DE IDOSOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA

RESUMO
Introdução: As transformações ocorridas na terceira idade podem ser consequentes às mudanças do Sistema Nervoso Central (SNC), o qual é significativamente afetado pelos processos de envelhecimento¹.A Fonoaudiologia é reconhecida perante outras profissões que estudam o envelhecimento, por estabelecer relações entre avanço da idade, alterações fisiológicas e ocorrência de patologias como fatores interferentes para o desempenho das funções neurovegetativas, assim como para a voz, linguagem, cognição e audição². Dentre as áreas de atuação do fonoaudiólogo junto à população idosa explícitas destacam-se nesse trabalho a Audição e a Cognição.Existe uma carência de intervenções nessas áreas em instituições de longa permanência (ILP), visto as falhas de políticas públicas voltadas a esta população vulnerável ao declínio cognitivo e auditivo³.Objetivo: O objetivo rastrear, tanto as habilidades auditivas, quanto as habilidades cognitivas de cada idoso participante residentes em uma Instituição de Longa Permanência. Metodologia:Primeiramente os participantes foram submetidos à meatoscopia, aqueles idosos que apresentaram alguma obstrução no conduto auditivo, foram encaminhados para o médico que compõem a equipe multidisciplinar da Instituição, com o objetivo de realizar a lavagem otológica, em seguida foi aplicado dois protocolos. Um de Pereira (1997) para rastrear as habilidades auditivas utilizando a bandinha rítmica da marca BookToy ® e outro de Bertolucci et al, (1994) para rastrear as competências cognitivas. Participaram da pesquisa 20 idosos, 8 do sexo feminino e 12 do sexo masculino, com média de idade entre 75,5 anos. A coleta foi realizada na Instituição de Longa Permanência (ILP) Recanto São Vicente na cidade de Patrocínio – MG. Resultado: Na avaliação das habilidades adutivas foi possível observar que 95% dos idosos apresentaram reflexo cócleo-palpebral, todavia na avaliação da cognição o dado mais considerável foi na classe de registros, esta habilidade envolve a capacidade do idoso repetir três palavras na ordem correta em que a pesquisadora enunciou. Onze idosos atingiram a pontuação máxima nesse quesito sendo ela 58%. Conclusão: O presente estudo pode evidenciar que a maior parte dos idosos participantes da pesquisa apresentam habilidades auditivas e cognitivas prejudicadas, principalmente as habilidades cognitivas. Nota-se também que em algumas subclasses das avaliações os resultados foram positivos. Em consequência desse dado, o presente estudo reforça a necessidade de ILP ter em seu quadro de profissionais o Fonoaudiólogo, para prevenir problemas, rastrear e estimular habilidades referentes a audição e cognição, proporcionando uma melhor qualidade de comunicação aos idosos.

Palavras-chave: Fonoaudiologia. Idoso. Cognição. Audição






REFERÊNCIAS

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2. Vono, I. Intervenções Fonoaudiológicas no Envelhecimento. In: MALAGUTTI, W; BERGO, A.M.A.(Org.) Abordagem Interdisciplinar do Idoso. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Rubio, 2010.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
672
RASTREIO DOS SINTOMAS VOCAIS E SUA RELAÇÃO COM A FADIGA E O DISTÚRBIO DE VOZ
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Acredita-se que a manutenção do uso prolongado e/ou intenso com sintomas vocais ao longo do tempo pode impactar na evolução de uma fadiga vocal momentânea/ temporária para um possível distúrbio de voz crônico. Objetivos: 1- apresentar uma proposta de rastreio da duração dos sintomas vocais e verificar diferenças entre professores e indivíduos não profissionais da voz; 2- verificar possíveis associações entre a duração da sintomatologia e a fadiga/ restrição vocal e provável distúrbio de voz. Metodologia: (CAAE 80282717.7.0000.5546, parecer 2.427.388). Elaboração da escala: primeiramente, foi realizado um levantamento nas bases científicas sobre sintomatologia da fadiga vocal e sua relação com o distúrbio vocal. Vinte sinais e sintomas foram listados e analisados por sete juízes fonoaudiólogos. Para cada sintoma foi proposta a análise em função da sua duração: ausente, apenas agora, últimas 24 horas, última semana, último mês e por mais que um mês. Aplicação da escala: 318 participantes com idades entre 17 e 83 anos, sendo 244 mulheres e 74 homens. Destes 159 se declararam com perfil “sem queixa vocal e não profissional da voz” (G1) e 159 “com queixa vocal e profissional da voz” (G2). O rastreio vocal foi aplicado juntamente ao Índice de Fadiga Vocal (IFV) e Índice de Triagem do Distúrbio de Voz (ITDV). Foi aplicada a estatística descritiva e, em seguida, as variáveis foram dicotomizadas: ITDV positivo ≥ 5 pontos, IFV positivo ≥ 24 pontos (apenas item fadiga e restrição vocal). Foi considerada “fadiga vocal transitória” aquela com duração de até 24 horas e “fadiga vocal prolongada e/ou crônica” acima de uma semana até mais do que um mês de duração. Foi aplicado um modelo de regressão logística múltipla para verificar a duração dos sintomas vocais na fadiga e restrição vocal e no provável distúrbio vocal. Resultados: 20 sinais e sintomas foram relatados na descrição da fadiga e distúrbio vocal. Houve diferença estatisticamente significante (p<0,0001) na comparação de toda a sintomatologia do rastreio vocal entre indivíduos do G1 e G2. Apresentaram relação com o provável distúrbio de voz: garganta seca (p=0,02), dor ao engolir (p=0,04), esforço para falar (p=0,05), tosse/ pigarro para limpar a garganta (p=0,05), dor na face (p=0,01). Apresentaram relação com a fadiga e restrição vocal: sensação de voz fina (0,01), cansaço para iniciar a fala (p<0,001), dor e tensão nos ombros e pescoço (p=0,03), esforço para falar (p=0,008), sensação de corpo cansado (p=0,001). Ambos os modelos apresentaram significância estatística (p<0,0001). Conclusão: foi apresentada uma proposta de análise da duração dos sintomas vocais e sua relação com fadiga e distúrbio vocal. O tempo de duração da sintomatologia parecem ser maiores para indivíduos profissionais da voz e com queixa vocal. Longa permanência de sintomas de garganta seca, dor ao engolir, esforço para falar, tosse e pigarro e dor na face estão associados a presença de um distúrbio vocal. Longa permanência de sintomas de voz fina, cansaço para iniciar a fala, dor e tensão em ombros e pescoço, esforço para manter a fala e sensação de corpo cansado apresentaram associação com a fadiga e restrição vocal.

1- Roy N, Merril RM, Thibeault S, Gray SD, Smith EM. Voice disorders in teachers and the general population: effects on work performance, attendance, and future career choices. J Speech Lang Hear Res. 2004; 47(3):542-51.

2- Ghirardi ACAM, Giannini SPP, Ferreira LP, Latorre RDO. Screening Index for Voice Disorder (SIVD): Development and Validation.Journal of Voice.2013; 27:195-200.

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4- Stemple JC, Stanley J, Lee L. Objective measures of voice production in normal subjects following prolonged voice use. J Voice. 1995;9(2):127-33.

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6- Solomon, NP. Vocal fatigue and its relation to vocal hyperfunction. International Journal of Speech-Language Pathology. 2008;10(4):254-266

7- Nanjundeswaran C, Jacobson B, Garterner-Schmidt J, Abbott KV. Vocal Fatigue Index (VFI): Development and Validation. Journal of Voice. 2014;29(4):433-440

8- Kostyk B, Putnam Rochet A. Laryngeal airway resistance in teachers with vocal fatigue: a preliminary study. Journal of Voice. 1998;12(3):287-99.

9- Roy N, Merril RM, Gray SD, Smith EM. Voice disorders in the general population: prevalence, risk factors, and occupational impact. Laryngoscope. 2005;115(11):1988-95.

10- Abou-Rafée M, Zambon F, Badaró F, Behlau M. Fadiga vocal em professores disfônicos que procuram atendimento fonoaudiológico. CoDAS. 2018;31(3):1-6.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1431
REABILITAÇÃO AUDITIVA EM CRIANÇAS – EXPERIENCIA DE ESTAGIÁRIOS DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
57380800


INTRODUÇÃO: Reabilitação auditiva é o termo utilizado para descrever a deficiência de audição, que sugere procedimentos específicos para que os efeitos provocados pela alteração auditiva sejam minimizados. A reabilitação auditiva na clínica fonoaudiológica está relacionada a um processo terapêutico que privilegia o uso da audição residual, utilizando de amplificação sonora apropriada para à aquisição da linguagem oral, sendo fundamental o diagnóstico precoce e o início do processo terapêutico o mais cedo possível. OBJETIVO: Descrever as ações realizadas nas atividades do estágio supervisionado obrigatório desenvolvidos na disciplina de Reabilitação Auditiva. MÉTODO: Foram realizados atendimentos semanais, durante o período de junho a dezembro de 2019, onde os estagiários realizaram atendimentos as crianças que possuíam perda auditiva moderada/severa, usuárias de aparelhos de amplificação sonora individual ou implante coclear. Durante os atendimentos foram realizadas estimulações auditiva e de linguagem oral como fomentadores, o que permitiu o desenvolvimento da linguagem o mais próximo do normal e ao acesso dos sons da fala, foram utilizadas pistas sensoriais, para que as crianças pudessem aprender ou reaprender a ouvir pelo direcionamento para as habilidades auditivas em: detecção, discriminação, reconhecimento (identificação) e compreensão. Ao final de cada sessão eram realizadas discussões sobre aperfeiçoamento do planejamento das abordagens com a docente, contribuição para a elaboração dos planejamentos terapêuticos para a atuação clínica, monitoramento da participação dos pais e suporte para a retirada de dúvidas antes, durante e após os atendimentos clínicos práticos. RESULTADOS: As atividades desenvolvidas durante o estágio contribuíram para a formação profissional dos estagiários de fonoaudiologia, uma vez que possibilitou a vivência de intervenção precoce no âmbito da reabilitação auditiva, e o quanto essas estratégias são determinantes para o desenvolvimento auditivo e de linguagem, corroborando para a aquisição da oralidade e para o processo de inclusão, socialização e comunicação das crianças. Durante a vivência dos estagiários, constatou-se também a importância da participação ativa dos pais, no processo de realização das atividades e casa, tornando possível a troca de informações, além de incentivar a construção dos aspectos sociais, cognitivo e de linguagem da criança. CONCLUSÃO: A experiência dos estagiários frente a prática clínica de crianças no processo de reabilitação auditiva, auxiliou e favoreceu durante o processo de ensino-aprendizagem, evidenciando a importância do atendimento prático durante a graduação, contribuindo para a formação integral dos estagiários.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1474
REABILITAÇÃO DAS QUEIMADURAS DE FACE EM CRIANÇAS, A TERAPIA MIOFUNCIONAL COMO POSSIBILIDADE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As queimaduras de terceiro grau na região orofacial são descritas como complexas e de difícil tratamento, pois há deterioração de todas as camadas da pele e podem atingir tecidos subcutâneos e outros mais profundos, como músculos e tendões¹,². No Brasil, estudos que identificam o perfil de acidentes com queimaduras em crianças mostram que em membros superiores, a região de cabeça e pescoço é a mais afetada³. Existe uma série de alterações funcionais comuns apresentadas por esses pacientes, como redução da abertura de boca, perda da mímica facial, alterações na mastigação, deglutição e fala devido às modificações das estruturas envolvidas. Tais alterações podem variar de acordo com o agente etiológico, estruturas envolvidas, profundidade e extensão da lesão⁴. Porém, ainda não apresentamos nenhuma evidência sobre a terapia miofuncional como parte da reabilitação dessas crianças.
Objetivo: Identificar e analisar formas de terapia miofuncional orofacial realizadas em crianças que sofreram queimaduras de cabeça e/ou pescoço.
Método: Este estudo foi realizado através de uma revisão sistemática em que foram incluídos estudos com desenho analítico observacional, sem restrição de idioma ou data de publicação, sendo procurados artigos com população pediátrica de ambos os sexos, faixa etária de 0 a 18 anos, expostas à queimadura de cabeça e/ou pescoço e que como desfecho, tivessem realizado alguma terapia miofuncional orofacial. As bases de dados utilizadas para a busca de artigos científicos foram Pubmed, Cochrane CENTRAL, LILACS, CidSaude, PAHO, REPIDISCA, BDENF, MedCarib, WHOLIS, IBECS e Scielo, incluindo estudos indexados até dezembro de 2019, a seleção dos resumos, leitura completa, extração de dados e aplicação de instrumento de viés foram realizados por 3 pesquisadores independentes.
Resultados: Foram encontrados 311 artigos nas bases de dados e desses, 4 foram selecionados para compor o estudo. Foram identificados 86 pacientes nos estudos incluídos, sendo 51 (59,30%) do sexo masculino. Quanto as intervenções mencionadas nos estudos identificaram-se terapia de pressão, aplicação de silicone, massagem, exercícios faciais⁵,⁶; aparelho comissural, além de abordagens cirúrgicas para minimizar as lesões⁷,⁸; seguida das terapias de reabilitação⁹. Não foi possível a realização de metanálise, devido a heterogeneidade dos dados apresentados. Após aplicação do instrumento de análise de viés¹⁰, observou-se a fragilidade dos dados expostos nos artigos selecionados.
Conclusão: Existe uma falta de evidências sobre a efetividade e a realização da terapia miofuncional orofacial como tratamento dos pacientes pediátricos com queimaduras nas regiões de face e pescoço.

1. Magnani DM, Sassi FC, Andrade CRF. Reabilitação motora orofacial em queimaduras em cabeça e pescoço: uma revisão sistemática de literatura. Audiol., Commun. Res. [Internet]. 2019 [cited 2020 July 04]; 24: e2077. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312019000100502&lng=en. Epub May 23, 2019. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2018-2077
2. Clayton NA, Ward EC, Maitz PK. Full thickness facial burns: Outcomes following orofacial rehabilitation. Burns. 2015 Nov;41(7):1599-606. doi: 10.1016/j.burns.2015.04.003. Epub 2015 May 12. PMID: 25979798.
3. Gervasi LC, Tibola J, Schneider IJC. Tendência de morbidade hospitalar por queimaduras em Santa Catarina. Rev Bras Queimaduras. [internet]. 2014 [cited 2020 July 04]; 13(1):31-7. Available from: http://www.rbqueimaduras.com.br/details/183/pt-BR/tendencia-de-morbidade-hospitalar-por-queimaduras-em-santa-catarina.
4. Higgins JPT, Sally G. Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions. Version 5.1.0. [internet]. March 2011 [cited 2020 July 04]. Available from: http://www.cochrane-handbook.org.
5. Liuzzi F, Chadwick S, Shah M. Paediatric post-burn scar management in the UK: a national survey. Burns: journal of the International Society for Burn Injuries. [internet]. 2015 [cited 2020 July 04]; 41(2):252‐256. Available from: https://sci-hub.tw/10.1016/j.burns.2014.10.017
6. Parry Ingrid, Sen Soman, Palmieri Tina, Greenhalgh David. Nonsurgical Scar Management of the Face: Does Early Versus Late Intervention Affect Outcome?. Journal of Burn Care & Research. 2013 Sep 01;Volume 34:569-575. https://doi.org/10.1097/BCR.0b013e318278906d
7. Zaid Sadiq, Shahme A. Farook, Peter Ayliffe. The role of free flap reconstruction in paediatric caustic burns. British Journal of Oral and Maxillofacial Surgery. 2013 Jan 30:563-564. https://doi.org/10.1016/j.bjoms.2013.01.003.
8. Antonarakis Gregory S, Fastlicht Sandra, Masnyi Taras, Tompson Bryan. Postburn Microstomia Prevention Using an Appliance Providing Simultaneous Horizontal and Vertical Adjustable Forces. . Journal of Burn Care & Research. 2017 Nov 03:977 – 982. https://doi.org/10.1097/BCR.0000000000000523
9. Pontini, A., Reho, F., Giatsidis, G., Bacci, C., Azzena, B., & Tiengo, C. Multidisciplinary care in severe pediatric electrical oral burn. Burns. 2015 May 01:41-46. https://doi.org/10.1016/j.burns.2014.12.006
10. National Institutes of Health & National Heart, Lung, and Blood Institute. Quality assessment tool for observational cohort and cross-sectional studies. [internet]. 2014 [cited 2020 July 04]. Available from: https://www.nhlbi.nih.gov/health-pro/guidelines/in-develop/cardiovascular-risk-reduction/tools/cohort.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
550
REABILITAÇÃO EM DISFAGIA DO PACIENTE ACOMETIDO PELA COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A COVID-19 é uma doença causadora de infecção respiratória decorrente do vírus SARS-CoV2. Dentre a forma mais grave, em sua maioria, os indivíduos que apresentam comorbidades prévias como diabetes, hipertensão, tabagismo, asma, entre outras, podem evoluir com insuficiência respiratória aguda grave, tendo como um dos tratamentos mais indicados, a intubação orotraqueal (IOT) precoce. De acordo com a literatura, o tempo prolongado de IOT associado a alterações prévias, favorece a perda de massa muscular, além do tratamento medicamentoso, nível de consciência e alteração da capacidade ventilatória, são alguns dos fatores que podem ocasionar a disfagia. Um estudo recente relata que a incidência de disfagia em pacientes COVID-19 foi de 73%.

OBJETIVO: Descrever a intervenção fonoaudiológica na reabilitação da função de deglutição em paciente infectado por COVID-19, submetido à IOT e TQT.

MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo. Realizada coleta de dados gerais e clínicos por meio de consulta ao prontuário, anamnese, avaliação indireta e direta da deglutição e coleta de exames de imagens no banco de dados da instituição, no período de março a junho de 2020.

RESULTADOS: Paciente do sexo masculino, 77 anos, com diagnóstico COVID-19, sepse de foco pulmonar, evolui com insuficiência respiratória aguda, possui antecedentes prévios de diabetes, hipertensão e ex-tabagista por 39 anos. Submetido na admissão à intubação orotraqueal (IOT), mantida por 10 dias, evoluindo para traqueostomia (TQT), permanecendo 22 dias sob ventilação mecânica, em uso de sonda naso enteral (SNE). Após o desmame ventilatório invasivo, foi realizada avaliação funcional da deglutição por meio do protocolo institucional, utilizando consistência pastosa homogênea, com saída de conteúdo alimentar de forma imediata pela cânula. Iniciado fonoterapia em média de duas sessões diárias e aplicado dois Blue Dye Test modificados, com intervalo de duas semanas entre cada um, com resultado positivo de maneira tardia em ambos. Apesar disso, manteve-se em fonoterapia e realizados ajustes em planejamento terapêutico. Durante intervenção, paciente evolui com delírium, justificado por acidente vascular cerebral isquêmico em região de núcleo caudado à direita. Após 27 dias de intervenção, paciente decanulado, observado melhora no padrão de deglutição e iniciado treino via oral, apresentando sinais assistemáticos sugestivos de penetração/aspiração laringotraqueal. Dessa forma indicado e realizado videofluoroscopia da deglutição, com os seguintes achados: aspiração para as consistências líquida, néctar e sólida e estase em recesso faríngeos com as consistências pudim e mel, clareado com manobra de múltiplas deglutições. Com base nos achados, optou-se por via alternativa de alimentação de longa permanência (gastrostomia), associado a via oral com as consistências de melhor desempenho e manter plano terapêutico, objetivando proteção de via aérea e melhora da fase faríngea da deglutição. Após 7 semanas, resultando em um total de 49 dias, paciente recebe alta hospitalar com via alternativa de alimentação (GTT) associada à via oral parcial, evoluindo nas escalas funcionais.

CONCLUSÃO: Houve melhora na função de deglutição com ganho funcional após intervenção fonoaudiológica. Apesar disso, não foi possível manter via oral exclusiva, devido a não possibilidade de progressão de consistências, mantendo-se em processo de reabilitação.

Wang C, Horby PW, Hayden FG, Gao GF. A novel coronavirus outbreak of global health concern. Lancet 2020;395(10223):470‐473.

Huang C, Wang Y, Li X, et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China. Lancet. 2020;395(10223):497-506.

Zuercher P, Moret CS, Dziewas R, Schefold JC. Dysphagia in the intensive care unit: epidemiology, mechanisms, and clinical management. Crit Care 2019;23(1):103.

Lima MS, Sassi FC, Medeiros Gc, et al. Preliminary results of a clinical study to evaluate the performance and safety of swallowing in critical patients with COVID-19. Clinics, São Paulo, v. 75, 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
744
REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DA DEGLUTIÇÃO DURANTE O TRATAMENTO ONCOLÓGICO: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Os pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à tratamento com radioterapia apresentam diversas sequelas de diferentes graus de severidade, e dentre eles, a disfagia. Com a associação da modalidade quimioterápica, a chance do distúrbio de deglutição aumenta. A presença de penetração e aspiração laríngea são citadas como achados durante e após o tratamento¹. Devido a estes sinais e sintomas, a reabilitação fonoaudiológica é de grande importância para estes pacientes². OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo analisar a produção bibliográfica científica sobre as modalidades de intervenção fonoaudiológica para deglutição em pacientes oncológicos durante o tratamento com radioterapia e/ou quimioterapia.MÉTODO: Foi consultada a literatura a partir da busca nas bases de dados Pubmed e Lilacs. Os descritores utilizados foram: “Fonoterapia”, “Deglutição”, “Câncer de Cabeça e Pescoço” e “Terapêutica”, bem como os respectivos em inglês. Foram analisados os resumos dos artigos encontrados e consideradas publicações realizadas entre os anos de 2000 e 2020, em língua portuguesa e inglesa, nos quais foram analisados os resultados de terapia fonoaudiológica com enfoque na deglutição em indivíduos em tratamento para câncer de cabeça e pescoço. Foram excluídas as publicações que não continham resumo completo ou fugiam do tema proposto. RESULTADOS: Entre as 319 publicações identificadas, foram selecionados 10 artigos, tendo sido incluídos 8 produções referentes ao tema proposto³-10. Nos artigos revisados, o número de participantes variou entre 9 e 79 pacientes, com idade média comum entre 50 e 55 anos e predominância do sexo masculino. O tipo e localização do tumor foi heterogêneo entre os participantes em si e entre as publicações. A abordagem de reabilitação mais utilizada foram exercícios de adaptação postural e manobras de proteção de vias aéreas inferiores. A frequência de realização dos exercícios propostos teve em comum a execução de pelo menos 3 séries de repetições ao dia, com duração de no mínimo 4 semanas. Os procedimentos avaliativos utilizados para avaliar a eficácia da terapia foram, em sua maioria, a avaliação clínica e o exame de videofluoroscopia da deglutição, nos momentos pré-intervenção, pós intervenção e, em alguns estudos, 3 e 6 meses após a intervenção fonoaudiológica. Nas pesquisas com acompanhamento prolongado pós intervenção, foi observada melhora nos aspectos da deglutição e diminuição do uso de vias alternativas de alimentação cerca de 6 a 11 meses após a terapia fonoaudiológica. O aspecto de maior impacto no sucesso das propostas de reabilitação foi a falta de adesão dos pacientes, que pode ser relacionada a fatores como o próprio tratamento médico ser extremamente desgastante ou a não realização dos exercícios devido as sequelas que o tratamento provoca. CONCLUSÃO: A proposta de intervenção para deglutição durante o tratamento oncológico é uma alternativa viável para a melhora da deglutição eficaz e segura, além de proporcionar melhor qualidade de vida a esses pacientes. É necessária a realização de mais trabalhos na área para definir a escolha do melhor método, técnica e frequência de repetição dos exercícios.

1. Lazarus CL, Logemann JA, Pauloski BR, Colangelo LA, Kahrilas PJ, Mittal BB, Pierce M. Swallowing disorders in head and neck cancer patients treated with radiotherapy and adjuvant chemotherapy. The Laryngoscope. 1996 Sep;106(9):1157-66.
2. Samlan RA, Webster KT. Swallowing and speech therapy after definitive treatment for laryngeal cancer. Otolaryngologic Clinics of North America. 2002 Oct;35(5):1115-33.
3. Barros AP. Efetividade da reabilitação fonoaudiológica na comunicação oral e na deglutição em pacientes irradiados devido ao câncer de cabeça e pescoço. 2007.
4. Hajdú SF, Wessel I, Johansen C, Kristensen CA, Kadkhoda ZT, Plaschke CC, Dalton SO. Swallowing therapy and progressive resistance training in head and neck cancer patients undergoing radiotherapy treatment: randomized control trial protocol and preliminary data. Acta Oncologica. 2017 Feb 1;56(2):354-9.
5. Hutcheson KA, Bhayani MK, Beadle BM, Gold KA, Shinn EH, Lai SY, Lewin J. Eat and exercise during radiotherapy or chemoradiotherapy for pharyngeal cancers: use it or lose it. JAMA otolaryngology–head & neck surgery. 2013 Nov 1;139(11):1127-34.
6. Kotz T, Federman AD, Kao J, Milman L, Packer S, Lopez-Prieto C, Forsythe K, Genden EM. Prophylactic swallowing exercises in patients with head and neck cancer undergoing chemoradiation: a randomized trial. Archives of Otolaryngology–Head & Neck Surgery. 2012 Apr 1;138(4):376-82.
7. Ohba S, Yokoyama J, Kojima M, Fujimaki M, Anzai T, Komatsu H, Ikeda K. Significant preservation of swallowing function in chemoradiotherapy for advanced head and neck cancer by prophylactic swallowing exercise. Head & neck. 2016 Apr;38(4):517-21.
8. Van der Molen L, van Rossum MA, Rasch CR, Smeele LE, Hilgers FJ. Two-year results of a prospective preventive swallowing rehabilitation trial in patients treated with chemoradiation for advanced head and neck cancer. European Archives of Oto-rhino-laryngology. 2014 May 1;271(5):1257-70.
9. Virani A, Kunduk M, Fink DS, McWhorter AJ. Effects of 2 different swallowing exercise regimens during organ‐preservation therapies for head and neck cancers on swallowing function. Head & Neck. 2015 Feb;37(2):162-70.
10. Mortensen HR, Jensen K, Aksglæde K, Lambertsen K, Eriksen E, Grau C. Prophylactic swallowing exercises in head and neck cancer radiotherapy. Dysphagia. 2015 Jun 1;30(3):304-14.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1385
REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DA TRAQUEOSTOMIA NOS CASOS DE COVID 19: RELATO DE CASOS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


O número de casos de (COVID-19) no Brasil em 10 de junho de 2020 é de 739.503 casos e 38.406 óbitos1. Autoridades sanitárias e de saúde do Brasil nessa mesma data divulgam, que cerca de 20% do número total de casos no Brasil permanecem internados em hospitais. Estudos relatam que o tempo de hospitalização dos pacientes acometidos pelo COVID-19 é de 20 dias em média2-4. Pacientes que necessitam de ventilação mecânica prolongada costumam receber traqueostomia para reduzir a necessidade para sedação e ajuda ao desmame ventilatório após intubação endotraqueal. Recente estudo relatou pacientes com COVID-19 permaneceram, em média, 16 dias em ventilação mecânica e um tempo médio de permanência na UTI de 17,5 dias5. Na maioria dos hospitais, uma equipe multidisciplinar é responsável pelo processo que permite acelerar a retirada da cânula traqueal, tornando-a mais segura para o paciente, com menor risco de insucesso e complicações6,7. Um trabalho conjunto que conta com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Embora as recomendações de segurança e procedimentos sustentam os mais diversos protocolos de desmame da ventilação mecânica e da cânula de traqueostomia, não há consenso, na literatura, sobre os indicadores para a decanulação. Os critérios de indicação e sucesso da decanulação são baseados na experiência clínica, na rotina de alguns serviços de saúde, nos relatos de experiências de profissionais e equipes interdisciplinares e em protocolos elaborados pelas equipes8,9. Para os pacientes acometidos pelo COVID-19 a sugestão é de desinsuflar o cuff somente se o paciente for capaz de manter-se em nebulização por 24 h com níveis moderados a baixos de oxigênio suplementar10. As considerações usuais devem ser feitas, incluindo avaliação de estado de alerta, sensação, controle da secreção, tosse efetiva e capacidade para a função física. O presente estudo descreve o processo de desmame e decanulação de traqueostomia dos primeiros pacientes internados por COVID-19 em um hospital privado do estado de XXXXXXX. Metodologia: estudo descritivo, trata-se de uma série de relato de casos. O processo de decanulação dos cinco pacientes, que aceitaram participar do estudo, (3 homens e 2 mulheres), entre 41 e 74 anos de idade, acometidos pelo COVID-19, traqueostomizados e que permaneceram internados em um hospital privado da cidade de XXXXX foram descritos. A avaliação fonoaudiológica inicial foi conduzida durante a fase aguda de recuperação dos pacientes e indicava se eles apresentavam condições clínicas para o desmame da traqueostomia. Durante a avaliação fonoaudiológica inicial, foram realizadas avaliação respiratória e de deglutição. A avaliação foi realizada em ambiente de UTI, e a manipulação do tubo traqueal realizada por sistema fechado de aspiração traqueal trach-care. Durante os testes de ingestão oral, os pacientes receberam consistências de alimentos/líquidos consideradas seguras por sua condição médica. Após a avaliação os atendimentos fonoaudiológicos seguiram diariamente. Resultados: o processo de decanulação dos cinco pacientes acometidos por COVID-19 foi de até 10 dias. Todos os pacientes retomaram alimentação por via oral exclusiva e sem restrições durante o processo de decanulação.

1. Ministério da Saude, Governo Federal do Brasil. Painel Coronavirus. Brasilia – BR. Online. Acessado em 10/06/2020. Disponível em https://covid.saude.gov.br
2. Zhou F, Yu T, Du R, et al. Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, China: a retrospective cohort study. Lancet. 2020;395(10229):1054-1062. doi:10.1016/S0140-6736(20)30566-3
3. Li Q, Guan X, Wu P, et al. Early transmission dynamics in Wuhan, China, of novel coronavirus‐infected pneumonia. N Engl J Med 2020; 382: 1199‐ 1207.
4. Grasselli G, Zangrillo A, Zanella A, et al. Baseline characteristics and outcomes of 1591 patients infected with SARS‐CoV‐2 admitted to ICUs of the lombardy region, Italy. JAMA 2020; 323: 1574‐ 1581.
5. Ziehr DR, Alladina J, Petri CR, et al. Respiratory pathophysiology of mechanically ventilated patients with COVID-19: a cohort study. Am J Respir Crit Care Med. 2020 April 29 [Epub ahead of print].
6. Bonvento B, Wallace S, Lynch J, Coe B, McGrath BA. Role of the multidisciplinary team in the care of the tracheostomy patient. J Multidiscip Healthc. 2017; 10: 391-398.
7. Mah JW, Staff II, Fisher SR, Butler KL. Improving Decannulation and Swallowing Function: A Comprehensive, Multidisciplinary Approach to Post-Tracheostomy Care. Respir Care. 2017; 62(2): 137-143.
8. Stelfox HT, Crimi C, Berra L, Noto A, Schmidt U, Bigatello LM, et al. Determinants of tracheostomy decannulation: an international survey. Crit Care. 2008;12(1):R26. doi: 10.1186/cc6802.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
964
REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA APÓS PAROTIDECTOMIA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A paralisia facial decorrente da cirurgia de tumor de parótida tem uma incidência relatada que varia de 14 a 65%1. Tal disfunção pode provocar prejuízo nas expressões faciais, fala, mastigação e deglutição2. Estes indivíduos podem apresentar além da alteração funcional, o comprometimento psicossocial, pois a mímica facial alterada dificulta a transmissão das emoções pelas expressões faciais3. OBJETIVO: Descrever o processo de reabilitação de um paciente com paralisia facial periférica. MÉTODO: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética sob o parecer 3.109.023. Paciente do sexo masculino, 67 anos, submetido a ressecção de melanoma de conjuntiva esquerda em 2018. No final de 2019 foi observado lesão endurecida em plano superficial da parótida esquerda, sendo necessário a realização de parotidectomia parcial evoluindo com redução da mobilidade facial por neuropraxia do nervo facial esquerdo. Na avaliação fonoaudiológica apresentou todos os movimentos faciais adequados com exceção do corrugador da testa e do lábio inferior à esquerda. Na segunda sessão apresentou melhora importante do movimento do corrugador da testa, mantendo leve alteração no lábio inferior esquerdo. Em janeiro de 2020 apresentou nova lesão, sendo submetido a parotidectomia total com esvaziamento cervical. Retornou ao atendimento fonoaudiológico, apresentando redução da mímica facial à esquerda. Porém, apresentou outras lesões necessitando de mais duas cirurgias nesta região. Ao surgimento da quarta lesão iniciou a quimioterapia. Foi reavaliado pela fonoaudiologia onde identificou-se prejuízo nas expressões faciais, vedamento ocular incompleto, desvio da rima labial, redução da elevação do lábio superior e da asa do nariz, com prejuízo na fala e na mastigação. Queixava-se de morder a mucosa oral durante a fala e mastigação, além de escape de saliva e alimento. Optou-se por utilizar um protocolo de exercícios que envolvia força e mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios, exercícios miofuncionais orofaciais, do tipo massagens tonificadoras, contra resistência, bico sorriso, expressão de cheiro ruim, olhar de míope, dentre outros. Em cada sessão de terapia foram realizadas no mínimo 3 séries de 10 a 15 repetições de cada exercício. Foi, também, utilizada a eletroestimulação por meio dos extensores FORMA, com corrente TENS, 10Hz de frequência de 400 de largura de pulso, durante 20 minutos, finalizando com a bandagem. Foram indicados exercícios e massagem facial diária para o paciente. RESULTADOS: Identificou-se progresso nas expressões faciais após 4 sessões, com melhora evidente do equilíbrio da expressão facial, maior simetria do ângulo da boca e da asa do nariz, menor prejuízo na fala e redução dos episódios de mordida durante a alimentação, além de melhor vedamento labial sem escape de saliva ou alimento. O paciente demonstrava-se motivado e participativo durante as sessões, tolerando os recursos utilizados sem queixas e/ou efeitos adversos. Segue em atendimento. CONCLUSÃO: A Paralisia facial periférica causa alterações funcionais de fala, mastigação, sucção, deglutição e preensão labial. Contudo, unindo-se recursos é possível, otimizar as expressões faciais e as funções alteradas em um curto período, apresentando um impacto positivo na qualidade de vida.

1. Jin H, Kim BY, Kim H, Lee E, Park W, Choi S, Chung MK, Son Y, Baek CH, Jeong HS. Incidence of Postoperative Facial Weakness in Parotid Tumor Surgery: A Tumor Subsite Analysis of 794 Parotidectomies. BMC Surg. 2019 Dec;19(1):199.

2. Romão AM, Cabral C, Magini C. Intervenção fonoaudiológico precoce num paciente com paralisia facial após otomastoidite. Rev. CEFAC. 2015 Maio-Jun; 17(3):996-1003.

3. Fonseca KMO, Mourão AM, Motta AR, Vicente LCC. Scales of degree of facial paralysis: analysis of agreement. j.bjorl 2014; 81(3): 288–293.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
471
REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: As sequelas da paralisia facial periférica (PFP) causam importantes mudanças e dificuldades na vida das pessoas acometidas. Dentre essas, estão as alterações do tônus e da força da musculatura, o que propicia mudanças na mímica e na expressão facial, produção inadequada dos fonemas bilabiais e labiodentais, além de dificuldades na função mastigatória e na deglutição(1-3). Devido ao amplo número de causas e aos impactos funcionais e estéticos dos quadros de PFP, seu tratamento requer a atuação de uma equipe multidisciplinar, que inclui o fonoaudiólogo(4,5). No momento de definir as estratégias terapêuticas para reabilitação oromiofuncional de pessoas com PFP, é importante que o profissional fonoaudiólogo recorra à literatura científica para propor uma prática que seja embasada em evidências científicas. No entanto, são poucos os estudos que descrevem e/ou caracterizam os processos de reabilitação fonoaudiológica na PFP, dificultando a prática clínica desses profissionais.

OBJETIVOS: Identificar e analisar a produção científica acerca das estratégias terapêuticas empregadas na reabilitação fonoaudiológica de pessoas com PFP.

MÉTODO: Foi realizada uma revisão integrativa utilizando-se as bases de dados SciELO, PubMed, Web of Science, ScienceDirect e Portal CAPES. Os descritores foram: “paralisia facial” e “paralisia de Bell”, associados com “reabilitação”, “terapia miofuncional” e “fonoaudiologia”, ou seus correlatos em inglês. Foram selecionados estudos disponíveis na íntegra, que abordaram a reabilitação fonoaudiológica em pessoas com PFP, publicados no período entre 1999 a 2019, nas línguas português brasileiro, inglês ou espanhol. Os artigos incluídos foram analisados a partir dos dados extraídos de uma ficha de coleta de dados, que incluiu,, além de dados de identificação, informações acerca do objetivo do estudo, a caracterização da amostra envolvida, os procedimentos terapêuticos empregados, os principais resultados obtidos e sua conclusão. Adicionalmente, todos os trabalhos selecionados e incluídos nesta revisão foram analisados e classificados conforme os níveis de evidência científica estabelecidos pela American Speech-Language-Hearing Association (ASHA)(6).

RESULTADOS: Foram identificadas 650 publicações, mas apenas cinco artigos contemplaram os critérios de inclusão propostos. Dentre estes, a SciELO e PubMed obtiveram dois artigos incluídos cada. Além disso, a maioria dos estudos foi publicada nos últimos dez anos e produzida no Brasil. Quanto à avaliação do nível de evidência dos estudos, não ocorreu predominância de um nível de evidência em específico. Os níveis de evidência variaram entre 1b a 7 e os seguintes tipos de estudo foram encontrados: 1 ensaio controlado randomizado de alta qualidade/estudo de coorte individual ou ensaio controlado randomizado de baixa qualidade, 1 série de casos e 1 estudo não classificável segundo os critérios da ASHA. A descrição dos procedimentos utilizados não foi suficientemente detalhada nos estudos. Exercícios isotônicos e isométricos foram abordados mais frequentemente. A bandagem surgiu como recurso terapêutico em um estudo.

CONCLUSÃO: Embora haja um grande número de artigos relacionadas à PFP, apenas cinco estudos descreveram procedimentos fonoaudiológicos para pessoas com PFP, com nível de evidência baixo. Portanto, novos estudos abordando o tema são necessários.

1. Finsterer J. Management of peripheral facial nerve palsy. Eur Arch
Otorhinolaryngol. 2008;265:743-52.

2. Mory MR, Tessitore A, Pfeilsticker LN, Couto Junior EB, Paschoal JR. Mastigação, deglutição e suas adaptações na paralisia facial periférica. Rev. CEFAC. 2013;15(2):402-10. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462012005000076.

3. Silva MFF, Brito AF, Campos MF, Cunha MC. Atendimento multiprofissional da paralisia facial periférica: estudo de caso clínico. Distúrbios Comum. 2015;27(2):364-368.

4. May M. Microanatomy and pathophysiology of the facial nerve. New York: Thieme, 1986. The facial nerve; p. 63-73.

5. Lazarini PR, Fouquet ML. Paralisia Facial: Avaliação, Tratamento e Reabilitação. São Paulo: Lovise; 2006.

6. ASHA: American Speech and Hearing Association [Internet]. An Introduction to Clinical Trials. 2005. [cited 2019 Oct 29]; Availabe from: https://leader.pubs.asha.org/doi/10.1044/leader.FTR3.10072005.6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
379
REABILITAÇÃO VESTIBULAR EM CRIANÇAS DE DOIS A DOZE ANOS: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Através da triagem vestibular em recém-nascidos, é possível identificar precocemente as alterações relacionadas ao equilíbrio. Crianças com perda auditiva profunda congênita, geralmente apresentam disfunções vestibulares (DV) em ambos os ouvidos, podendo apresentar dificuldades no desenvolvimento motor, controle postural e na orientação espacial, levando em consideração que o Sistema Vestibular (SV) precisa estar íntegro para que seja garantida uma boa aquisição das funções associadas a ele. A terapia de reabilitação vestibular (RV) com foco em adaptação e substituição gera melhora nas funções relacionadas ao SV em crianças DV. Objetivo: Revisar os achados sobre reabilitação vestibular em crianças de dois a doze anos de idade. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada no mês de junho de 2020 com a seguinte pergunta condutora: Quais as indicações e intervenções mais comuns na RV em crianças de dois a doze anos de idade? O estudo foi produzido por meio de busca nas principais bases de dados disponíveis, especificamente: Pubmed; Web of science; Science direct; Embase; Scielo e Lilacs. Os descritores foram selecionados utilizando a ferramenta de registro MeSH, sendo formada a seguinte estratégia de busca: infant OR children AND vestibular rehabilitation OR vestibular rehabilitation therapy. Foram considerados como critérios de elegibilidade artigos originais, publicados em quaisquer língua e ano, que abordasse a indicação de RV em crianças de dois a doze anos, sendo excluídos estudos de revisão da literatura e capítulos de livros. Para uma seleção mais criteriosa, foi criada uma planilha contemplando os seguintes aspectos: tamanho da amostra, população, objetivos, categoria profissional, métodos utilizados, resultados principais e conclusão. Considerando os descritores utilizados e a aderência dos estudos aos critérios de inclusão, foi realizada a leitura do título, resumo e manuscrito completo. Resultados: Foram identificados 1.422 estudos nas bases de dados, sendo selecionados 19 artigos a partir da leitura do título e resumo, dos quais restaram um total de 15 após a exclusão dos estudos duplicados. Destes, após a leitura completa na íntegra, sete artigos foram incluídos na revisão. As causas mais comuns de indicação de RV encontradas foram: crianças com vestibulopatia periférica associada ou não a sintomas centrais e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A maioria das crianças tinha entre sete e nove anos de idade. Os profissionais mais envolvidos no processo de RV foram: fonoaudiólogo, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. A maioria das crianças recebeu como tratamento à RV, posturografia dinâmica computadorizada, organização sensorial do equilíbrio, estimulação visual e exercícios de adaptação, habituação e equilíbrio além de estimulação com jogos virtuais, numa média de dois a três meses de tratamento. A maioria dos participantes apresentou uma melhora global na posturografia bem como uma evolução na recuperação vestibular. Conclusão: Atividades de funções de controle vestibular e postural são comumente utilizadas no programa de RV infantil, sendo o fonoaudiólogo um dos profissionais habilitados nessa intervenção. Por fim, a RV é altamente recomendável para crianças vestibulopatas, apresentando uma melhora significativa em sua qualidade de vida.

Verrecchia L, Karpeta N, Westin M, et al. Methodological aspects of testing
vestibular evoked myogenic potentials in infants at universal hearing screening
program. Sci Rep. 2019; 9(1): 17225.

Ebrahimi AA, Jamshidi AA, Movallali G, Rahgozar M, Haghgoo HA. The Effect
of Vestibular Rehabilitation Therapy Program on Sensory Organization of Deaf
Children With Bilateral Vestibular Dysfunction. Acta Med Iran. 2017; 55(11): 683-689.

Ionescu E, Reynard P, Goulème N, et al. How sacculo-collic function assessed
by cervical vestibular evoked myogenic Potentials correlates with the quality of
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Bittar Roseli S. M., Pedalini Maria E. B, Medeiros Ítalo R. T., Bottino Marco A., Bento Ricardo F.. Reabilitação vestibular na criança: estudo preliminar. Rev. Bras. Otorrinolaringol. 2002 ; 68( 4 ): 496-499.

Medeiros IR, Bittar RS, Pedalini ME, Lorenzi MC, Formigoni LG, Bento RF. Vestibular rehabilitation therapy in children. Otol Neurotol. 2005; 26(4): 699-703.

Arnold LE, Clark DL, Sachs LA, Jakim S, Smithies C. Vestibular and visual rotational stimulation as treatment for attention deficit and hyperactivity. Am J Occup Ther. 1985 ; 39(2):84-91.

Lotfi Y, Rezazadeh N, Moossavi A, et al. Preliminary evidence of improved cognitive performance following vestibular rehabilitation in children with combined ADHD (cADHD) and concurrent vestibular impairment. Auris Nasus Larynx. 2017 ; 44(6):700-707.

Flowers M, Reneker J, Karlson C. Vestibular Rehabilitation for a Child With Posterior Fossa Syndrome: A Case Report. Pediatr Phys Ther. 2020 ; 32(1):E1-E5.
Shum SB, Pang MY. Children with attention deficit hyperactivity disorder have impaired balance function: involvement of somatosensory, visual, and vestibular systems. J Pediatr. 2009 ; 155(2):245-249.
Alves CC, Silva ALS. Pediatric Vestibular Rehabilitation: A Case Study. Pediatr Phys Ther. 2019 ; 31(4):E14-E19.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1917
REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO EM FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR EM MEIO A PANDEMIA CORONAVÍRUS (COVID-19)
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A realização de estágios supervisionados em fonoaudiologia visa proporcionar aos acadêmicos aprimoramento das habilidades adquiridas durante a formação, por meio das vivências em situações reais de trabalho, de investigação e de execução de práticas sob supervisão. Visa proporcionar aos acadêmicos relação teoria e prática e contribuir para uma formação mais generalista, interdisciplinar, crítica, humanitária e baseada em princípios morais e éticos. O estágio em fonoaudiologia hospitalar, é realizado em hospitais e/ou maternidades que atendem o SUS, por meio de convênios. No fazer do acadêmico, este deve cumprir, entre outros, com as atividades propostas, respeitar os princípios de bioética, respeitar as particularidades de cada instituição e zelar pelo sigilo e segurança dos pacientes atendidos. No decorrer da realização do estágio em fonoaudiologia hospitalar no atual ano, a OMS declarou, em 11 de março, surto de um novo vírus denominado coronavírus (COVID-19). A universidade, com base em recomendações e legislações de órgãos nacionais e internacionais, como publicadas pelo Ministério da Saúde e Governo do Estado de XXXX, deliberou pela migração das aulas para ambiente virtual e suspensão das atividades presenciais, incluindo os estágios, a partir do dia 18 de março de 2020, sendo as atividades presenciais retomadas posteriormente com restrições. Objetivo: Relatar as adaptações efetuadas para realização das atividades no estágio em fonoaudiologia hospitalar, incluindo as práticas, em meio a pandemia de COVID-19. Método: Após a realização de apenas uma inserção presencial, as aulas teórico-práticas, que antes eram realizadas no próprio ambiente hospitalar após as vivências práticas, foram transferidas para uma plataforma virtual. Nesta plataforma, foram realizadas apresentações de casos clínicos, vídeos educativos e discussões que proporcionaram o aprofundamento de temáticas ligadas a área hospitalar. Porém, devido as exigências do estágio, que obriga a realização de 50% das atividades de forma presencial, a universidade, seguindo todos os protocolos de segurança necessários, conseguiu restabelecer com um dos hospitais conveniados, a realização de atividades presenciais. Resultados: Para que essas atividades fossem realizadas pelos acadêmicos em meio a pandemia, foi necessária adequações e restrições, como atendimento apenas de pacientes em quarto “padrão”, ou seja, que não apresentassem sintomas respiratórios ou estivessem em isolamento; acompanhamento de no máximo, dois alunos por vez com o professor, devendo um realizar observação e o outro atendimento conjunto. Também foi necessário uso de EPI’s específicos, sendo máscara pessoal, máscara cirúrgica e luva em todos os atendimentos e, caso necessária avaliação física, uso capote e protetor facial Face Shield, uso constante de máscara em todas as dependências da instituição, além de realização das orientações em ambiente separado, evitando exposições desnecessárias. Conclusão: A realização das horas práticas de estágio em meio a um cenário mundial de receios, ressignificações e readaptações devido ao COVID-19, apesar de restrito quanto as experiências fonoaudiológicas, proporcionou aos acadêmicos vivenciar, mesmo que em pequena escala, as realidades e adaptações realizadas pelos profissionais fonoaudiólogos que estão atuando no ambiente hospitalar.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Curso de fonoaudiologia. Projeto Pedagógico. Portal Univali. Disponível em: . Acesso em: 05/07/2020.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Nota Oficial Univali 002/2020. Portal Univali, 16 março 2020. Disponível em: . Acesso em: 05/07/2020.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Regulamento dos estágios curriculares do curso de fonoaudiologia. Resolução n° 019/CONSUN-CAEn/2015. 2015.

CUCINOTTA D.; VANELLI M. WHO Declares COVID-19 a Pandemic. Acta Bio-medica: Atenei Parmensis, v. 91, n. 1, março 2020, p. 157-160. Disponível em: . Acesso em: 05/07/2020.

SANTA CATARINA. Decreto Nº 509 de 17 de março de 2020. Dá continuidade à adoção progressiva de medidas de prevenção e combate ao contágio pelo coronavírus (COVID-19) nos órgãos e nas entidades da Administração Pública Estadual Direta e Indireta e estabelece outras providências. Diário Oficial da União, março 2020. Disponível em: . Acesso em: 05/07/2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1952
RECURSOS AMBIENTAIS E DESEMPENHO ESCOLAR: ANÁLISE DE FATORES ASSOCIADOS EM ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
31744310


INTRODUÇÃO: A classificação econômica e o ambiente familiar são fatores que podem interferir no desempenho escolar e na performance em leitura e escrita dos adolescentes1,2. O envolvimento dos responsáveis na vida acadêmica de seus filhos, bem como os recursos disponíveis, pode favorecer a aprendizagem3,4. OBJETIVO: Verificar a associação entre recursos do ambiente familiar, aspectos sociodemográficos e desempenho escolar de estudantes do Ensino Fundamental II. MÉTODO: Trata-se de estudo observacional analítico transversal, com amostra não probabilística estratificada por sexo, idade e ano escolar. Participaram 124 adolescentes de ambos os sexos, matriculados no Ensino Fundamental II de uma instituição particular de ensino. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o número do parecer 2.422.795. Foram incluídos estudantes entre 11 e 14 anos matriculados no Ensino Fundamental. Foram excluídos os que apresentaram alterações cognitivas, neurológicas ou psiquiátricas que impedissem a aplicação dos instrumentos. Para a coleta, foi enviado por correio eletrônico aos responsáveis um formulário online do Google Forms, o qual continha o Inventário dos Recursos do Ambiente Familiar (RAF), o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) e perguntas relativas a sexo, idade e ano escolar do adolescente. O desempenho escolar foi fornecido pela escola e classificado como insuficiente, regular, bom, muito bom e excelente. Foi realizada distribuição de frequência das variáveis categóricas e as variáveis contínuas foram analisadas por meio de medidas de tendência central e de dispersão. Foram utilizados, ainda, os testes Mann-Whitney, Kruskal Wallis e coeficiente de correlação de Spearman. RESULTADOS: A maior parte da amostra possuía 11 anos, era do sexo feminino, cursava o 6º ano do Ensino Fundamental, obteve desempenho escolar muito bom, apresentava classificação A no CCEB e declarou que a/o chefe de família possuía ensino o superior completo. Houve associação com significância estatística entre a interação com os pais, idade e ano escolar; ligação entre a família e a escola, idade e ano escolar; RAF total e idade e ano escolar. Praticar atividades com os pais teve correlação positiva de magnitude moderada com a realização de passeios (0,442) e com ter acesso a brinquedos (0,413). Houve correlação positiva de magnitude moderada (0,554) ente o total do RAF e práticas que demostram estabilidade familiar. A interação com os pais se correlacionou de maneira positiva com magnitude forte (0,811) com o envolvimento dos responsáveis na vida escolar dos adolescentes (0,708). Ter a livros em casa teve relação positiva (0,287)
fraca com o desempenho escolar. CONCLUSÃO: O ambiente familiar, os recursos oferecidos e a classificação econômica foram fatores que apresentaram correlação com o desempenho escolar dos adolescentes, indicando que o desempenho escolar não depende exclusivamente do que o aluno realiza na escola. Pesquisar e compreender a relação entre esses fatores contribui para elaborar intervenções a fim de melhorar o desempenho acadêmico.

1. Mahendra FM, Donelli TMS, Marin AH. Compreendendo o ambiente familiar no contexto da reprovação escolar de adolescentes. Gerais, Rev. Interinst. Psicol. 2018;11(1):45-60.

2. Oliveira AG, Conceição MCP, Figueiredo MR, Campos JLM, Santos JN, Martins-Reis VO. Associação entre o desempenho em leitura de palavras e a disponibilidade de recursos no ambiente familiar. Audiol Commun Res. 2016;21:e1680.

3. Soares MRZ, Souza SR, Marinho ML. Envolvimento dos pais: incentivo à habilidade de estudo em crianças. Estud Psicol. 2004; 21(3):253-60.

4. Chechia VA, Andrade AS. O desempenho escolar dos filhos na percepçãp de pais de alunos com sucesso e insucesso escolar. Estud Psicol. 2005;10(3):431-40.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1610
RECURSOS DIGITAIS E A PROMOÇAO DA SAÚDE VOCAL EM TEMPOS DE PANDEMIA: RELATO DE EXPERIENCIA DE UM NOVO FORMATO DA EXTENSAO UNIVERSITÁRIA
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução: O PROVOX é um projeto de extensão que oferece o serviço de avaliação, diagnóstico e reabilitação vocal para à população em geral de forma presencial, mas, diante do atual cenário de saúde houve a necessidade de adaptar, alguns aspectos desse serviço, para modalidade on-line. O aumento da interação e propagação das informações nas mídias digitais e, favorece a viabilidade dessa adaptação, permitindo o alcance dos serviços de saúde a uma população antes não alcançada pelo formato de assistência presencial. Objetivo: Produzir e compartilhar conteúdo sobre educação em saúde vocal e aspectos comunicativos (na pandemia do COVID-19), pela plataforma digital Instagran (IG). Métodos: As postagens acontecem duas vezes por semana, com a produção e divulgação de vídeos, imagens e infográficos, acompanhados de legendas que transmitiam uma mensagem clara sobre saúde vocal, aspectos da comunicação e sobre o projeto de extensão em si. Essas postagens seguem um cronograma mensal, aprovado previamente pelas coordenadoras do projeto. As extensionistas e uma fonoaudióloga colaboradora executam todo o processo de construção e postagens do conteúdo. Resultados: O perfil no IG iniciou em 03 de Junho deste ano e, atualmente possui 9 publicações: cinco fotos e quatro vídeos, a saber: o primeiro vídeo abordou informações gerais sobre o projeto; a segunda postagem apresentou os integrantes do projeto; a terceira constituiu-se da votação para escolha da logo do projeto visando a divulgação do perfil; a quarta publicação apresentou um infográfico contendo foto da laringe e informações sobre a produção da voz; o quinto foi um vídeo sobre a utilização da máscara em tempo de pandemia e suas implicações na comunicação; a sexta publicação abordou o impacto da bebida alcóolica na voz por meio de imagem com orientações sobre o tema; o sétimo post foi um vídeo sobre: “Qual a importância da sua voz?” em que vários profissionais da voz respondiam à temática; a oitava foi um vídeo do tipo tiktok com dicas sobre os impactos das alergias respiratórias na voz; e na última postagem, até o momento, utilizou-se um inforgráfico abordando os malefícios do abuso vocal. De acordo com as informações do IG, variadas faixas etárias seguem o perfil, entretanto, 35% têm entre 18 e 24 anos e 32% entre 25 e 34 anos. Sendo 76% mulheres e 24% homens. Inferimos com isso um maior alcance à população mais jovem e feminina. Temos em média de 250 impressões, 189 visualizações por publicação e 60 curtidas. Algumas publicações já atingiram quase 100 curtidas. É preciso ressaltar que em pouco tempo de divulgação e utilização do IG o grupo de extensionistas relata grande aprendizado, tanto com o embasamento teórico para a preparação do conteúdo, como também no manuseio de outros aplicativos para editar as imagens ou vídeos. Conclusão: A utilização dos recursos digitais para a promoção da saúde vocal se mostrou uma alternativa viável, eficaz e valiosa para esclarecer, informar e aproximar a ciência fonoaudiológica da população em geral, no contexto da extensão universitária em tempos de pandemia e isolamento social.


não se aplica


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2089
RECURSOS TECNOLÓGICOS E A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA: PERSPECTIVA FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A presença ou ausência de comunicação tem um importante impacto no desenvolvimento, aprendizado, independência e inclusão do indivíduo da sociedade. Ela nem sempre ocorre através da fala, sendo preciso desenvolver recursos para que a comunicação atinja seu objetivo. Com isso, este estudo soluciona a seguinte pergunta, de que forma é abordada a personalização de aplicativos para comunicação alternativa? OBJETIVO: O principal objetivo desta pesquisa é analisar os aplicativos disponíveis para a comunicação alternativa, forma de acesso, pré-requisitos para a utilização; descrever se há possibilidade de customização (idade, sexo); mensurar qual o público alvo mais frequente. METODOLOGIA: Este trabalho é uma revisão integrativa de literatura, caracterizado como descritivo e retrospectivo que utilizou o sistema operacional Android como critério de seleção. Desta forma, utilizando os descritores: “comunicação alternativa”; “comunicação assistiva” e “dificuldade de fala”. Os critérios de inclusão delimitados para selecionar os aplicativos que tinham como idiomas de registro português, inglês e/ou espanhol. Presença figuras, textos e/ou sons, controle/ seleção como uso do toque com o dedo e movimentos ou piscar de olhos e personalização que se adequam a cada caso também foram consideradas a fim de classificação. Foram elencadas categorias, cada uma está dentro de um contexto de tecnologia, no qual foram avaliados dos aplicativos mais simples aos mais tecnológicos, subdivididos em: Grupo Altamente Customizável (GAC), Grupo Moderadamente Customizável (GMoC), Grupo Minimamente Customizável (GMiC). RESULTADOS: Dos 740 aplicativos encontrados, apenas 43 foram selecionados por atenderem a lista de critérios de seleção. Eles foram classificados quanto a usabilidade/ níveis de customização permitidas ao usuário. No GAC foram elencados 5 aplicativos com critérios de alta tecnologia (seleção com o piscar de olhos, movimentos de cabeça ou toque com o dedo, com permissão de customização. Já no GMoD foram selecionados 25 softwares que permitem customização, ainda que de forma simples (toque com o dedo). A GMiC foram alocados os 13 aplicativos que não permitiam customização e o manuseio fosse o mais simples possível. As dificuldades de controle e precisão durante a execução das ações nos aplicativos (exemplo: ao clicar em ícones que não queriam pelo simples fato da sensibilidade de toque x baixa assertividade na praxia motora), não aparecem nos aplicativos classificados em moderamente e minimamente customizáveis.
CONCLUSÃO: Observou-se que o repertório comunicativo por meio de softwares específicos pode tornar-se uma ferramenta poderosa de voz e comunicação, desde crianças, a adultos e idosos.


[1] KRUGER, S. I. et al. Delimitação da área denominada comunicação suplementar e/ou alternativa (CSA). Revista CEFAC, São Paulo, v.19, n.2, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462017000200265&lang=pt. Acesso em: 20 maio 2019.

[2] SAMANHO, E., COELHO, A. V., OLIVEIRA, A. I. A. Aplicativo de CAA móvel com suporte a interface de comunicação bluetooth.2014.Disponível em: http://www.campuscameta.ufpa.br/images/textos/artigo_appl_caamovel.pdf. Acesso em: 10dez. 2019.

[3] SANTOS, K. P., RIBEIRO, D. C.,SANTANA, A. P. A fluência na afasia progressiva primária logopênica. Audiology-Communication Research, São Paulo, v.20,n.3, 2015. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2317-64312015000300285&script=sciarttext&tlng=pt. Acesso em: 21 abr. 2019.

[4] UCHOA, J. Como funciona o Livox. Recife: Livox, 2013. Disponível em:https://tix.life/produtos/info-telepatix/. Acesso em 10dez. 2019.

[5] O APLICATIVO.Matraquinha. Disponível em: https://www.matraquinha.com.br/. São Paulo, 2019. Acesso em: 13 dez. 2019.

[6] O APLICATIVO. Falaê. 2013. Disponível em: https://www.falaeapp.org/about. Acesso em: 13 dez. 2019.

[7] WOLFF, L. M. G., CUNHA, M. C. Instrumento de avaliação de linguagem na perspectiva da comunicação suplementar e alternativa: elaboração e validação de conteúdo. Audiology- Communication Research, São Paulo, v.23, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312018000100331&lang=pt#B004.Acesso em: 20 maio 2019.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1937
RECURSOS VIRTUAIS COMO FERRAMENTA NO CUIDADO DO PACIENTE COM CANCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A utilização da tecnologia na área da saúde tem se popularizado, sendo nomeada de telemedicina ou telessaúde, proporcionando discussões e intervenções em situações que a distância é um fator limitante. Com o surgimento do coronavírus em dezembro de 2019 e o atual estado de emergência de saúde provocado por esse novo vírus em circulação, surgiu a necessidade de adaptação da forma de prestar o cuidado, neste caso, com foco no paciente com câncer de cabeça e pescoço(CCP). A telessaúde vem a ser um recurso recente, porém, eficiente na área oncológica, que pode auxiliar e potencializar o tratamento conjunto médico e fonoaudiológico. OBJETIVO: Identificar os recursos virtuais e sua aplicabilidade no atendimento fonoaudiológico do paciente de CCP. MÉTODO: Realizamos uma revisão de literatura usando a base de dados PubMed. Para a busca utilizamos os seguintes descritores: “Mobile Applications” OR “Telerehabilitation” OR “Telemedicine” OR “Medical Informatics Applications” OR “Technology-assisted Therapy” OR “Telepractice Application” OR “mobile application” OR “Program Application” e “Head and Neck Neoplasms” OR “Head and Neck Cancer” e “Speech-Language Pathology” OR “Speech-Language Therapy” OR “Speech Therapy” OR “Swallowing therapy” OR “Voice Therapy” OR “Phonoarticulatory therapy”. Foram encontrados 21 artigos, após a seleção pareada, foram analisados de maneira íntegra 6 estudos. RESULTADO: Encontrados 6 artigos que apresentam o uso da tecnologia mobile no cuidado fonoaudiológico do paciente de CCP. Destes, 3 são australianos, 1 holandês, 1 norte americano e 1 canadense. O primeiro avalia a percepção do usuário final do aplicativo, o segundo avaliou os custos clínico aplicáveis aos pacientes de fornecer um protocolo de terapia profilática por meio do aplicativo, o terceiro artigo australiano analisou a adesão do paciente a terapia profilática de deglutição na teleprática. O artigo holandês buscou desenvolver um programa de autocuidado baseado na web para pacientes pós laringectomia total e os artigos norte americano e canadense avaliaram a eficácia, eficiência e a usabilidade de seus respectivos Apps. Os aplicativos encontrados foram: 'SwallowIT', citado em 3 dos artigos encontrados, ‘In Tune without Cords’, Vibrent ™ e Mobili-T ®, citados individualmente nos demais artigos. Os estudos apresentaram resultados positivos quanto à implementação desta ferramenta na clínica, sendo bem recebidos pelos pacientes como uma forma complementar aos tratamentos aplicados. Houveram considerações em relação a importância do acompanhamento estreito do uso da ferramenta junto ao paciente, assim como de uma orientação esclarecedora sobre como utilizá-lo. Constatou-se uma melhor adesão dos pacientes à terapia quando somada a ferramenta de teleassistência, assim como um custo-benefício interessante ao paciente e ao serviço de saúde. CONCLUSÃO: A Aplicabilidade dos Apps está desenhada com foco em seu país e língua de origem, tornando-se necessária a liberação por parte de seus autores a uma validação psicométrica do material. O uso dos aplicativos de telessaúde têm o poder de auxiliar no processo de adesão do paciente ao tratamento, na transmissão de informações, redução de gastos por parte dos pacientes, melhora da qualidade de vida e da comunicação entre este e o profissional de saúde.


BRASIL. Ministério da Saúde .Programa Telessaúde Brasil Redes. Saúde Digital e Telessaúde, 2020 [acesso em 12 jul 2020]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/telessaude

Blake Oberfeld, Aditya Achanta, Kendall Carpenter, et al. SnapShot: COVID-19. Cell 181. https://doi.org/10.1016/j.cell.2020.04.013

INSTITUTO NACIONAL DE C NCER (INCA), Ministério da Saúde. Estimativa 2020. 2020 maio [acesso em 12 jul 2020]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/estimativa/introducao

Wall LR, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Porceddu SV. Examining user perceptions of SwallowIT: A pilot study of a new telepractice application for delivering intensive swallowing therapy to head and neck cancer patients. J Telemed Telecare. 2017;23(1):53-59. doi:10.1177/1357633X15617887

Wall LR, Kularatna S, Ward EC, et al. Economic Analysis of a Three-Arm RCT Exploring the Delivery of Intensive, Prophylactic Swallowing Therapy to Patients with Head and Neck Cancer During (Chemo)Radiotherapy. Dysphagia. 2019;34(5):627-639. doi:10.1007/s00455-018-9960-1

Wall LR, Ward EC, Cartmill B, Hill AJ, Porceddu SV. Adherence to a Prophylactic Swallowing Therapy Program During (Chemo) Radiotherapy: Impact of Service-Delivery Model and Patient Factors. Dysphagia. 2017;32(2):279-292. doi:10.1007/s00455-016-9757-z

Cnossen IC, van Uden-Kraan CF, Eerenstein SE, et al. A Participatory Design Approach to Develop a Web-Based Self-Care Program Supporting Early Rehabilitation among Patients after Total Laryngectomy. Folia Phoniatr Logop. 2015;67(4):193-201. doi:10.1159/000441251

Starmer HM, Abrams R, Webster K, et al. Feasibility of a Mobile Application to Enhance Swallowing Therapy for Patients Undergoing Radiation-Based Treatment for Head and Neck Cancer. Dysphagia. 2018;33(2):227-233. doi:10.1007/s00455-017-9850-y

Constantinescu G, Kuffel K, Aalto D, Hodgetts W, Rieger J. Evaluation of an Automated Swallow-Detection Algorithm Using Visual Biofeedback in Healthy Adults and Head and Neck Cancer Survivors. Dysphagia. 2018;33(3):345-357. doi:10.1007/s00455-017-9859-2


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1397
REDE DE CUIDADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM MINAS GERAIS: ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: a instituição da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) no Sistema Único de Saúde representa marco fundamental para criação, ampliação e articulação da atenção à saúde para pessoas com deficiência, melhorando o acesso e a qualidade dos serviços1,2. Objetivo: analisar a capacidade de integração da RCPD em Minas Gerais na percepção dos gestores, quanto aos aspectos da população, dos pontos de atenção primária, secundária e terciária à saúde e sistemas logísticos3,4. Métodos: estudo observacional, analítico e transversal desenvolvido em duas etapas: (1) mapeamento da RCPD, que identificados 209 serviços distribuídos em 147 municípios, organizados nas 13 Regiões Ampliadas de Saúde4; (2) estudo de campo nos 36 serviços sorteados segundo amostra aleatória nas modalidades de reabilitação auditiva, visual, físico, ostomia e intelectual. Os gestores responderam ao Roteiro de Caracterização do Gestor e ao questionário de Avaliação das Redes de Atenção à Saúde3 com objetivo de avaliar a percepção quanto aos aspectos relacionados à integração da RCPD 3,4. O escore final deste instrumento possibilita a classificação da capacidade de operar a rede, em incapacidade, capacidade básica, capacidade razoavelmente boa e capacidade ótima. Para o presente estudo, foram selecionados os elementos da população, pontos de atenção à saúde e sistemas logísticos3. Foram incluídos os gestores da RCPD que assinaram o TCLE. A variável-resposta foi a capacidade de operar a RCPD, dado pelos escores3 e a classificação final. As variáveis explicativas foram: Regiões Ampliadas de Saúde (Divisão Norte e Sul por fluxo de atendimento e IDHM), nível de atenção, modalidades de serviços, profissão e vínculo empregatício. Foi realizada análise descritiva dos escores por eixo e do escore geral do instrumento segundo as variáveis explicativas, por meio de distribuição de frequências e medidas de tendência central, posição e dispersão. Na comparação dos escores por eixo e total segundo as variáveis explicativas foram utilizados os testes Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e Exato de Fisher. Considerou-se o nível de significância de 5% e o software utilizado nas análises foi o R (versão 3.3.1). Aprovado Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição (CAAE-33703914.8.0000.5149). Resultados: Foram entrevistados 35 gestores, a maioria do sexo feminino, contratada e atuava, predominantemente, na atenção secundária. As Regiões com maior frequência de serviços foram Centro e Centro Sul. Na comparação entre as regiões Norte e Sul e por modalidade de serviço, não houve diferença significativa relacionada ao fluxo de atendimento e similaridade de IDHM. Quanto a capacidade de operar à RCPD, 37,1% dos entrevistados indicou capacidade básica, 37,1% capacidade razoavelmente boa, 14,3% capacidade ótima e 11,4% incapacidade. Conclusão: os resultados apontam a necessidade da regionalização e implementação em regiões com baixa cobertura, fortalecimento do vínculo de trabalho e articulação com a Atenção Primária à Saúde5,6,7,8. Na percepção dos gestores a RCPD se encontra entre um sistema fragmentado e uma rede integrada3,6,7,8, apontando a necessidade de elaboração de um plano de desenvolvimento institucional capaz de intervir nos pontos críticos para promover sua integração.

Descritores: Redes de Atenção à Saúde, Avaliação de Redes de Atenção à Saúde, Pessoas com Deficiência, Saúde da Pessoa com Deficiência.

1.Campos MF, Souza LAP, Mendes VLF. The Brazilian Health System integrated health service network for people with disabilities. Interface. 2015;19(52):207-10.

2. MS: Ministério da Saúde [Internet]. Brasília: MS; 2012. Portaria n° 793 de 24 de abril de 2012. [cited 2016 Sep 27]; [about 7 screens] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0793_24_04_2012.html

3. Mendes EV. As Redes de Atenção à Saúde. 2ª ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011.

4. SES-MG: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais [Internet]. Belo Horizonte: SES-MG; 2012. Deliberação CIB-SUS-MG n°1272 de 24 de outubro de 2012. [cited 2016 Set 27]; [about 47 screens] Available from: http://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/Deliberacao-1272redesdecuidadosPessoacomdeficiencia.pdf

5. Holanda CMA, Queiroz ISA, Soares KA, Stolt LRO, Alves SB. The construction of a Care Network for Persons with Disabilities in the state of Paraíba, Brazil: a brief experience report. R Bras Ci Saúde. 2014;18(1):33-8.

6. Lima MLLT, Lima MLC. Evaluation of the Implementation of a Public Physical Rehabilitation service based on the National Policy for Reduction of Morbidity and Mortality from Accidents and Violence, 2009. Epidemiol Serv Saude. 2013;22(4):597-607.

7. Escarce AG, Friche AAL, Reis RA, Santos MFN, Januário GC, Maciel FJ, Neto RO, Lemos SMA. Implantação de um projeto de avaliação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Distúrb Comun. 2017;29(4):772-81.


8. Maciel FJ, Friche AAL, Januário GC, Santos MF, Reis RA, Neto RO, Lemos SMA. Spatial Analysis of specialized care in the Network for People with Disability: the case of Minas Gerais, Brazil. CoDAS;32(3):e20180104 DOI: 10.1590/2317-1782/20202018104


TRABALHOS CIENTÍFICOS
412
REDE DE SAÚDE AUDITIVA E PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM UMA COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Os serviços e ações da Rede de Saúde Auditiva do Sistema Único de Saúde (SUS) são organizados regionalizada e hierarquicamente¹. A atenção básica (AB) é preferencialmente o primeiro contato do usuário com o SUS e sua referência na engrenagem, ordenando o percurso dos usuários. A média complexidade (MC) caracteriza-se por ações e serviços que atendem agravos de saúde por meio das assistências (diagnóstica e terapêutica) especializadas. Já a alta complexidade (AC) é um conjunto de serviços de maior densidade tecnológica e custo. Grande parcela da população necessita dos serviços de Saúde Auditiva² prestados nos diferentes níveis de atenção; portanto conhecê-los, assim como o caminho percorrido pelos usuários, é uma importante ferramenta no aperfeiçoamento do cuidado com a audição. Objetivo: Caracterizar a comunicação e as ações de fonoaudiólogos da Rede de Saúde Auditiva e o trajeto dos usuários em uma Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) do Rio Grande do Sul. Método: Descrever e analisar qualitativamente o processo de interação dos fonoaudiólogos e dos cuidados dispensados pela Rede de Saúde Auditiva. Resultados: Nesta Rede, o fonoaudiólogo da AB, atuante em Núcleo de Atenção à Saúde da Família, desenvolve ações de promoção da Saúde Auditiva, detecta, orienta e encaminha os usuários com sinais e sintomas auditivos para a MC, lançando mão de recursos de densidade tecnológica leve³ – acompanhamento de puericultura, grupo de orientação a pais, grupos de convivência. Na MC, o fonoaudiólogo realiza triagens, diagnósticos e monitoramento da audição, bem como reabilitação auditiva a partir de três anos de idade. Também realiza encaminhamentos aos demais níveis de atenção. Na MC, esta Rede dispõe-se de procedimentos como: triagem auditiva neonatal, audiometria, imitanciometria, teste de processamento auditivo, provas vestibulares e indicação do tipo e adaptação de próteses auditivas, utilizando-se, portanto, de tecnologias leve-duras. Ainda, realiza encaminhamentos e/ou discute o plano terapêutico dos usuários com os demais níveis de atenção. Na AC, desta Rede, são realizados diagnóstico e reabilitação dos usuários com até três anos de idade, com afecções associadas, perda auditiva unilateral ou com dificuldade para realizar exames na MC, dispondo-se dos procedimentos: Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico, indicação do tipo e adaptação de aparelhos auditivos e implante coclear. Neste nível, o fonoaudiólogo realiza contrarreferência para os serviços de origem para o desenvolvimento dos processos terapêuticos/reabilitação auditiva. Na referida Rede, o trajeto do usuário geralmente tem início na AB, seguido pelo encaminhamento à MC ou AC – conforme cada caso – e tem o desfecho principal na contrarreferência ao serviço de AB. No entanto, a expressiva demanda e a escassez de oferta de vagas na MC e na AC, originam demanda reprimida, inviabilizando o célere trajeto dos usuários. Conclusão: A Fonoaudiologia está presente em todos os níveis de atenção, tendo na gestão da CRS o elo de integração dos profissionais e dos gestores municipais. Há limitações na Rede de Saúde Auditiva, porém são amplas suas possibilidades de manutenção e expansão. Destaca-se que o funcionamento da Rede implica integração sistematizada e regulada por um fluxo entre os diferentes níveis de atenção à saúde.

1. Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União. 20 set 1990;Seção 1.

2. Mazzarotto IHEK, Gonçalves CGO, Bellia CGL, Moretti CAM, Iantas MR. Integralidade do cuidado na atenção à saúde auditiva do adulto no SUS: acesso à reabilitação. Audiol Commun Res. 2019;24:1-8.

3. Merhy EE. Em busca de ferramentas analisadoras das Tecnologias em Saúde: a informação e o dia a dia de um serviço, interrogando e gerindo trabalho em saúde. In: Merhy EE, Onoko R. Agir em saúde: um desafio para o público. 2. ed. São Paulo: Hucitec; 2002. p. 113-50.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1402
REDESIGN DE UM WEBSITE SOBRE FISSURA LABIOPALATINA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: As fissuras labiopalatinas (FLP) são malformações congênitas que podem resultar em alterações impactantes no desenvolvimento do sistema estomatognático, quanto às funções como sucção, deglutição, respiração, mastigação e fala¹, além de alterações estéticas², gerando consequências de ordem emocional e psicossocial³. Diante disso, os cuidadores - pais, familiares, profissionais da saúde - necessitam de orientações quanto aos cuidados que devem ser tomados, além da importância de serem capacitados para dar assistência frente às dificuldades¹. Para as orientações, o design do material deve promover aproximação entre o leitor e o conteúdo; e deve haver a preocupação em permitir a independência dos usuários, sendo o website um dos meios de informação promotores da autonomia e independência 4,5. Objetivo: Redesign de um website de orientações e informações gerais acerca da fissura labiopalatina. Método: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com número de parecer 3.159.051 e contou com apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). A criação do website deu-se através de projetos de pesquisa, por meio de informações em bases científicas e avaliação de especialistas em cada área. Houve a necessidade de ampliar o acesso do conteúdo fornecido no website, dessa maneira, contactou-se a instituição de origem para hospedar o site, e torná-lo uma página institucional. Para isso, foi utilizado o sistema operacional da instituição para as mudanças na plataforma. Por fim, realizou-se uma parceria com um designer para construção de novas figuras. Resultados: No website foi estabelecido um novo layout, que contém 16 figuras, as quais representam os seguintes elementos: tipos de fissura segundo a classificação de Spina, causas multifatoriais, profissionais que compõem a equipe multidisciplinar, representação da queiloplastia e palatoplastia, divisão da orelha, inserção do tubo de ventilação na orelha média, representação da oclusão das narinas em um bebê, amamentação, gestante e bebê com fissura pré-forame, além de uma capa com o título da página e uma capa com os assuntos abordados no site. O conteúdo foi dividido em 7 seções, da seguinte forma: objetivo do site, definição, causas, tratamentos, curiosidades, tipos de fissura e dúvidas frequentes, sendo os dois últimos divididos em subseções, as quais englobam fissuras de lábio e palato, fissura submucosa, alimentação, audição e fala. Além disso, o site conta com acesso rápido para glossário dos termos utilizados, definição da Fonoaudiologia, autores, bibliografia e fale conosco. Conclusão: Após o redesign do website, foi disponibilizado por meio de um endereço web. Dessa forma, espera-se favorecer o entendimento e a busca de informações sobre a fissura labiopalatina, promovendo a disseminação do conhecimento. O próximo passo será avaliação em larga escala deste material.

1. Mourão D, Souza GS, Torres LVV, Vaz RN, Prado SG. Estudo sobre desenvolvimento fonológico em fissurados: implicações na fala e linguagem. Rev Estudos. 2006 [acesso em 23 de junho de 2020]; 33(6):425-41.

2. Steinbach M. Nascer e crescer com fissura labiopalatal: percepção de adolescentes atendidos em um centro especializado no sul do Brasil. [Trabalho de Conclusão de Curso] Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2012.

3. Oliveira RMR. Uma abordagem sobre as dificuldades enfrentadas por mães na amamentação de crianças portadoras de fissuras labiopalatinas. [Trabalho de Conclusão de Curso]. Revista Brasileira de Educação e Saúde 2014; 4(2).

4. Mayer RE, Moreno R. Nine ways to reduce cognitive load in multimedia learning. Educ Psychol. 2003 [acesso em 23 de junho de 2020];38(1).

5. Medina C. Interface entre design e fonoaudiologia: material instrucional impresso voltado aos usuários de aparelho de amplificação sonora individual [tese] Bauru: Universidade de São Paulo; 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1064
REFAZER E REPENSAR: ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO NASF-AB EM TEMPOS DE COVID-19
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: o mundo inteiro tem enfrentado grandes desafios com a pandemia ocasionada pelo COVID-19. No Brasil, além da ampliação e construção de hospitais de campanhas para aumento de leitos de Unidade de Terapia Intensiva, foram realizadas orientações a população sobre prevenção da doença, dentre outras medidas recomendadas pelos órgãos e competências oficiais. Os profissionais de saúde passaram a enfrentar novas dificuldades, relacionadas ao medo e a insegurança diante de uma situação nova e complexa, repensar o processo de trabalho se fez necessário. OBJETIVO: Relatar a experiência da atuação do fonoaudiólogo no Núcleo Ampliado em Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) em tempos de COVID-19. METODOLOGIA: Trata-se do relato de experiência de uma fonoaudióloga que atua em um município de Pernambuco no NASF-AB, com 40 horas horas/semanais e apoia nove equipes de saúde da família. As informações registradas estão embasadas em registro de informações das atividades diárias e troca de experiências com outros profissionais do NASF-AB. RESULTADOS: No primeiro momento, no cenário de pandemia, foram seguidas as recomendações do Ministério da Saúde: suspensão dos atendimentos individuais e as atividades coletivas. Após um mês de atividades suspensas, com o objetivo de diminuir a exposição, houve redução da cobertura, em que cada profissional da equipe ficou como técnico de referência para uma ou duas equipes. Além do apoio realizado as equipes de saúde da família no processo de trabalho e no cuidado diante do sofrimento psíquico ao qual as equipes estavam imersas, também estão sendo realizados os tele atendimentos para monitoramento dos casos confirmados, busca ativa no território para pessoas do grupo de risco afim de orientar com relação a prevenção à doença e os cuidados fundamentais. Foi elaborado um fluxo com prioridades de casos que deveria ser mantida a visita domiciliar. No caso da Fonoaudiologia, o atendimento em casos de disfagia foi mantido devido ao risco de broncospiração com o objetivo de diminuir o número de internamentos em virtude das complicações. Nas visitas domiciliares foram utilizados todos os equipamentos individuais recomendados e quando foi necessário a intervenção de mais de um profissional no caso foi realizada orientações via videoconferência. Em casos de retorno para domicílio após alta hospitalar com processo de pós-intubação devido a Síndrome Respiratória Aguda Grave as visitas também permaneceram mantidas, bem como matriciamento para as equipes no que diz respeito as sequelas do COVID-19. Os encontros de cuidado com as equipes realizados mantiveram o distanciamento social recomendado de um metro entre as pessoas com o número máximo de dez pessoas em um ambiente. Foram priorizados espaços arejados e abertos. CONCLUSÃO: Repensar o processo de trabalho é um grande desafio. Diante dessa pandemia a ausência de respostas somado ao temor foram grandes, mas não o suficiente para impedir o avanço e a busca por soluções. No tocante a fonoaudiologia, estar inserida nesse processo de oferta de cuidado e de suporte ainda mais dentro do NAS-AB, potencializou ainda mais sua intervenção.

N/A


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1760
REFLEXÕES ACERCA DA ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO ESPECIALISTA EM SAÚDE MENTAL, EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Os limites da clínica fonoaudiológica tradicional foram expandidos devido ao isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus (COVID-19). A utilização do recurso de teleatendimento modificou as relações entre terapeuta e paciente, gerando muita ansiedade e insegurança. Nesse contexto, a formação em saúde mental pelo profissional da Fonoaudiologia passa a ser um grande diferencial, podendo contribuir no estabelecimento e manutenção de vínculo do profissional com o paciente e sua família, bem como oferecer suporte às famílias para lidar com as dificuldades decorrentes das mudanças na rotina, auxiliando adultos e crianças a desenvolver estratégias facilitadoras da comunicação. OBJETIVO: Discutir e analisar as contribuições da formação em saúde mental para a atuação do fonoaudiólogo perante o isolamento social imposto pela pandemia de COVID-19. MÉTODO: A partir do relato de seis profissionais com formação em saúde mental que atuam no atendimento clínico de adultos e crianças com transtornos fonoaudiológicos diversos, associados ou não a quadros psiquiátricos, foram identificados aspectos comuns à prática destes profissionais que, em virtude de sua formação, tornaram-se importantes recursos terapêuticos para auxiliar os pacientes e suas famílias a lidar com as dificuldades decorrentes da situação de isolamento social a que a sociedade brasileira está submetida no ano de 2020. RESULTADOS: Falar sobre sentimentos com naturalidade possibilita estreitar os laços entre paciente e terapeuta, bem como entre os membros da família, especialmente em situações que exigem alterações da rotina ou que sejam acompanhadas de intensa carga emocional, vulnerabilidade social e violações de direitos. Surgiu prioritariamente nos relatos de todos os fonoaudiólogos do estudo como importante ferramenta utilizada nos atendimentos, seja na modalidade presencial ou teleatendimento, uma escuta qualificada, acolhedora, livre de julgamentos, com sensibilidade e disponibilidade. Isto porque a pandemia de COVID-19 provocou grandes mudanças nas rotinas das famílias e dos serviços, impondo o afastamento do convívio social e instaurando uma fase de muitos medos e incertezas, os quais abalaram em demasia as relações humanas e modificaram as formas de interação. O controle de expectativas em relação ao tratamento e à retomada das atividades de caráter coletivo também apareceu como fator comum nos atendimentos analisados. Maior sutileza na sugestão, na elaboração, no compartilhamento de atividades e materiais, sendo as orientações de saúde, coerentes as características familiares reais, personalizadas e compatíveis com a situação atual do usuário e sua família em quarentena. Além de mais proximidade aos serviços de assistência social e entidades que dão suporte à garantia de direitos, quando necessário. As ações voltadas a saúde mental do trabalhador também foram intensificadas neste período, tais como, ginástica laboral, escuta em saúde mental por profissionais de outros serviços e fortalecimento das ações com compartilhamento de ideias, confecção de documentos oficiais e suporte da gestão. CONCLUSÃO: A formação em saúde mental tem se mostrado de grande valia aos fonoaudiólogos para tratar as questões inerentes às drásticas mudanças nas relações interpessoais decorrentes da atual pandemia de COVID-19. Dentre as estratégias mais utilizadas, a escuta qualificada se mostrou uma das principais ferramentas.

PIRES, S. R. de A. Marx e o indivíduo. Serviço social em rev. Londrina, v. 3, n. 1, p.27-37, jul./dez. 2000.

GARRIDO, R. G., RODRIGUES, R. C. Restrição de contato social e saúde mental na pandemia: possíveis impactos das condicionantes sociais. J. Health Biol Sci. v. 8, n. 1, p. 1-9, 2020.

ABUHAB D. Et al. O trabalho em equipe multiprofissional no CAPS III: um desafio. Rev Gaúcha Enferm. Porto Alegre, v. 26, n. 3, p. 369-80, 2005.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2133
REFLEXÕES SOBRE A EXPRESSIVIDADE DO PROFESSOR NAS AULAS VIA WEB DURANTE A FASE DA PANDEMIA PELO COVID
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Uma boa comunicação, nesses dias de enfrentamento da pandemia pelo COVID-19, tornou-se um objetivo para diferentes profissionais da voz que buscam dar continuidade a sua vida profissional via web. E nestes casos, para o profissional de voz ‘professor’, ser compreendido é essencial, pois não basta ter conhecimento se estes não forem transmitidos com clareza e convicção. É principalmente através da fala que exercemos influência sobre os ouvintes, que nossas ideias são ouvidas e valorizadas. Existem várias ferramentas na comunicação destes profissionais, que podem ser usadas para tornar-se mais expressivo, como por exemplo, as palavras, a voz, o corpo, a dicção, pausas, gestos, expressões, entre outras. Dependendo da forma como são utilizados, esses recursos têm o poder de gerar impressões positivas ou negativas, como a credibilidade ou a insegurança. Dentro desta esfera encontramos a expressividade que para Santos e Ferreira trabalhar com a expressividade significa atuar de forma integrada com a comunicação verbal – expressividade verbal (conteúdo textual), com os recursos vocais – expressividade vocal/oral (voz, articulação, modulação, ritmo de fala, pitch, loudness, ressonância, prosódia) e com a comunicação não verbal – expressividade não verbal (gestos e expressão facial). Segundo Santos, Andrada e Silva mais recentemente o termo expressividade também tem sido usado como sinônimo de comunicação e expressão de emoções. Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar através de questionário (adaptado de Santos e Ferreira, 2020) a percepção da expressividade pelo professor na fase de pandemia pelo COVID nas situações de comunicação via web. Metodologia: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Ielusc (parecer nº 4.097.662). A amostra foi realizada por conveniência, onde a coleta de dados foi realizada pelo envio por e-mail do questionário para os professores participantes. Resultados: A população foi composta de uma amostra de aproximadamente 30 questionários respondidos pelos participantes. Conclusão: Observou-se que a expressividade mostrou-se com uma preocupação pelo profissional de voz professor, tanto dos aspectos vocais quanto dos verbais e não verbais.

Santos TD, Ferreira LP. A expressividade na avaliação da comunicação do profissional da voz: revisão da literatura. Rev CEFAC. 2019;21(6).

Santos TD, Andrada e Silva MA. Comunicação não verbal com profissionais da voz: o que se pesquisa na fonoaudiologia. Rev CEFAC. 2016;18(6):1447-55.

Santos TD, Ferreira LP. Expressividade do profissional da voz: processo de construção de um roteiro fonoaudiológico de observação. CoDAS 2020;32(2).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1455
REFLUXO LARINGOFARÍNGEO EM IDOSAS COM E SEM SINTOMAS VOCAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O Refluxo Laringofaríngeo (RLF), pode ser considerado uma variação clínica da Doença do Refluxo Gastroesofágico, no qual o fluxo retrógrado do alimento e do suco gástrico, por meio do esôfago, atinge a faringe, laringe e o sistema aerodigestivo superior¹. Como a estrutura tecidual laríngea não está apta a receber o ácido gástrico, várias lesões² como edema laríngeo difuso, hiperemia, hipertrofia interaritenoidea, úlcera de contato, dentre outros³ podem ocorrer. Essas lesões, no entanto, podem desencadear alterações na voz². Sabe-se que a idade avançada é um fator de risco para ocorrência de alterações extraesofagianas, como o RLF4. Além do mais a literatura propõe que com o aumento da idade a probabilidade de encontrar sinais de refluxo, principalmente no sexo feminino, aumenta4. Objetivo: Comparar a frequência de sinais de refluxo laringofaríngeo em idosas com e sem sintomas vocais. Método: Trata-se de uma pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – COEP, sob número de parecer 83004518.5.0000.5149. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Estudo transversal com idosas de 60 a 84 anos. Os critérios de inclusão foram: idade acima de 60 anos, ser do sexo feminino, facilidade de comunicação e não realização de fonoterapia nos últimos 12 meses. Já os de exclusão foram: presença de diagnóstico otorrinolaringológico de lesões secundárias das pregas vocais; disfonia orgânica ou outra alteração que não caracterize a presbilaringe. Para caracterizar a amostra foi aplicado um questionário com questões sociodemográficas, um questionário para Rastreamento das Alterações Vocais em Idosos (RAVI) 5-8 e realizada avaliação laríngea de videolaringoscopia. O exame laríngeo foi realizado por um médico otorrinolaringologista em um hospital universitário em um período de, no máximo 15 dias, após a coleta inicial. Após análise do RAVI 5-8 e dos resultados dos exames foram definidos os grupos com e sem sintomas vocais. O grupo com sintomas vocais foi composto por 25 idosas e o grupo sem sintomas vocais por 28 idosas. A análise das variáveis foi descritiva por meio de distribuição de frequência relativa e absoluta. Resultados: Participaram do estudo 53 mulheres idosas com idades entre 60 e 70 anos (60,37%). A maioria é aposentada (88,67%) e alfabetizada (75,47%). Na avaliação laríngea das idosas que possuem sintomas vocais (n=25) verificou-se que 10 (40%) apresentam sinais de refluxo laringofaríngeo, nove (36%) exames sem alterações e seis (24%) presbilaringe. Enquanto que no grupo das idosas sem sintomas vocais (n=28) os resultados dos exames indicaram que 14 (50%) possuem sinais de refluxo laringofaríngeo e 14 (50%) exames sem alterações. Conclusão: Notou-se número elevado de participantes com sinais de refluxo laringofaríngeo independente do grupo averiguado. Ao comparar o grupo de idosas com e sem sintomas vocais esse número foi maior no grupo de idosas sem sintomas.

1. Kandogan, T., Aksoy, G., and Dalgic, A. 2012. Effects of Omeprazole over voice quality in muscle tension dysphonia patients with laryngopharyngeal reflux. Iran Red. Crescent Med. J. 14(12): 787-91.
2. Koufman JA, Belafsky BC, Bach KK, Daniel E, Postma GN. Prevalence of esophagitis in patients with pH-documented laryngopharyngeal reflux. Laryngoscope. 2002; 112:1606-9.
3. Zucato, B., and Behlau, M.S. 2012. Índice de sintomas do refluxo faringolaríngeo: relação com os principais sintomas de refluxo gastroesofágico, nível de uso de voz e triagem vocal. CEFAC.14(6): 1197-1203.
4. Aguero GC, Lemme EMO, Alvariz A, Carvalho BB, Schechter RB, Abrahão L Jr. Prevalência de queixas supra-esofágicas em pacientes com doenças do refluxo erosiva e não-erosiva. Arq Gastroenterol. 2007;44(1):39-43.
5. Pernambuco LA; Espelt, A; Lima, KC. Screening for voice disorders in older adults (Rastreamento de Alterações Vocais em Idosos-RAVI)-Part I: Validity evidence based on test content and response processes. Journal of Voice. 2016;30(2):246.e19-246.e27.
6. Pernambuco LA; Espelt, A; Morais EBC; Lima, KC. Screening for Voice Disorders in Older Adults (Rastreamento de Alterações Vocais em Idosos-RAVI)-Part II: Validity Evidence and Reliability. 2016 Mar;30(2):246.e19-27.
7. Pernambuco LA; Espelt A; Lima KC. Screening for voice disorders in older adults (RAVI)—part III: cutoff score and clinical consistency. Journal of Voice. 2017;31(1):117.e17-117.e22.
8. Santos M et.al. Rastreio de Alterações vocais no idoso (RAVI) – Validação de questionário. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia E Cirurgia Cérvico-Facial. 2017;55(1):5-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1153
REGISTROS ELETROENCEFALOGRÁFICOS ASSOCIADOS AO PROCESSAMENTO LINGUÍSTICO NA APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: A apraxia da fala na infância (AFI) é um distúrbio da fala de origem neurológica que ocorre na infância, no qual a precisão e a consistência dos movimentos subjacentes à fala são prejudicadas, na ausência de déficits neuromusculares, resultando em erros na produção da prosódia e dos sons da fala¹. A eletroencefalografia (EEG), ao permitir o registro de potenciais corticais, se apresenta como uma técnica para a análise temporal dos eventos envolvidos no curso do processamento durante tarefas específicas da linguagem². OBJETIVO: Realizar uma revisão integrativa dos artigos científicos que investiguem os registros de EEG associados ao processamento linguístico na AFI. MÉTODOS: Com base na pergunta de pesquisa “Qual o padrão de registro eletroencefalográfico associado ao processamento linguístico na AFI?” foi realizada busca nas bases de dados PubMed, Cochrane e LILACS utilizando-se os termos “evoked potentials” OR “electroencephalography” AND “apraxias”. Foram utilizados como critérios de elegibilidade: estudos que respondessem a pergunta de pesquisa, com texto completo disponível, sem restrição de período de tempo e idioma. Foram encontradas 128 referências, das quais apenas duas se adequaram à temática e foram incluídas. RESULTADOS: Em um estudo³, a associação entre modificações nas representações fonológicas e a AFI foi investigada através do registro eletroencefalográfico em cinco crianças com AFI e cinco controles correspondentes, com idades entre 5 e 8 anos. O potencial relacionado a eventos (ERP) analisado foi a Mismatch Negativity (MMN), que reflete a detecção automática do cérebro em resposta a modificações para discriminação auditiva de fonemas. A tarefa consistiu-se na escuta de sequências silábicas em dois paradigmas oddball: fonêmico /ba, pa/ e alofônico /pa, pha/. Na condição de contraste fonêmico, foi observada a presença da MMN em resposta a sons estranhos no grupo controle, mas não no grupo AFI, embora um componente semelhante a uma incompatibilidade imatura foi aparente na resposta. O contraste alofônico não evocou respostas MMN no grupo controle, mas no grupo AFI uma resposta semelhante à MMN foi observada. Em outro estudo⁴, registraram-se ERPs durante uma tarefa de nomeação de figuras com itens iniciados com fonemas /b, d/ em 13 crianças com fala típica e oito com AFI, com idades entre 9 e 15 anos. A condição contendo palavras simples utilizou palavras monossilábicas, enquanto a condição complexa continha palavras com 2-3 sílabas com encontros consonantais, iniciando com sílaba tônica. Os resultados apresentaram amplitude reduzida antes da produção das palavras complexas em relação as palavras simples para o grupo AFI no hemisfério direito, durante uma janela de tempo que reflete a codificação fonológica de formas de palavras. Foram observadas diferenças entre os grupos antes da produção da fala, independentemente da complexidade das palavras, durante uma janela de tempo que reflete o planejamento motor imediatamente anterior ao início da fala. CONCLUSÃO: Apesar do número incipiente de estudos encontrados, a EEG apresenta-se como um recurso valioso para a pesquisa em AFI. Os resultados indicam o processamento temporal atípico de informações fonéticas e fonológicas em crianças com AFI e sugerem diferenças neurolinguísticas dos processos de planejamento e pré-produção de fala.

1. American Speech-Language-Hearing Association. Childhood Apraxia of Speech. [acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: https://www.asha.org/PRPSpecificTopic.aspx?folderid=8589935338§ion=Overview
2. Rossi NF. Uso das técnicas de ressonância magnética funcional e eletroencefalografia nos estudos sobre o desenvolvimento da linguagem. In: Giacheti CM. Avaliação da fala e da linguagem: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Cultura Acadêmica; 2016. p. 109-110.
3. Preston JL et al. Neurophysiology of Speech Differences in Childhood Apraxia of Speech. Dev Neuropsychol. 2014; 39(5):385–403.
4. Froud K, Khamis-Dakwar R. Mismatch Negativity Responses in Children. Am J Speech Lang Pathol. 2012;21(4):302-12


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1589
REGULAMENTAÇÃO DA TELESSAÚDE NAS PROFISSÕES DE SAÚDE: IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Devido às medidas implementadas para controle da propagação da Covid-19 os sistemas de saúde tiveram que reorganizar a oferta do cuidado, priorizando métodos que independam de serviços presenciais como a telessaúde. A regulamentação da telessaúde nas profissões de saúde é determinante para o desenvolvimento e aplicação destas atividades de forma legal, com segurança para o paciente e profissional. Na ausência destes instrumentos, os profissionais podem não utilizar a telessaúde ou, ainda, fazê-lo de forma equivocada.
Objetivo: Analisar a existência e comparar o conteúdo das regulamentações específicas de Telessaúde de telessaúde antes e após a pandemia Covid-19, nas 14 profissões de saúde reconhecidas pelo Conselho Nacional de Saúde1.
Método: Estudo documental, descritivo. Foram realizadas pesquisas no buscador Google e nos websites dos Conselhos das seguintes profissões: assistência social, biologia, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, psicologia e terapia ocupacional. Foram recuperadas e analisadas qualitativamente as últimas resoluções vigentes antes e no período da pandemia. O foco da coleta de informações recaiu sobre o atendimento a distância ao paciente.
Resultados: Apenas enfermagem, fonoaudiologia2, medicina3 e psicologia4 tinham regulamentações específicas sobre telessaúde antes da pandemia e, destas, somente na enfermagem a assistência a distância ao paciente não estava prevista. Em função da pandemia, 6 das 14 profissões de saúde tiveram regulamentações criadas ou alteradas, especificamente para esta situação. Na Fonoaudiologia foi permitido o telemonitoramento e teleconsulta direta ao paciente durante a crise ocasionada pelo coronavírus5, além disto uma nova resolução de telefonoaudiologia será publicada. Na Medicina, foi o Congresso Nacional que sancionou a Lei nº 13.989/206 autorizando sua prática. A portaria nº 467/207 regulamenta/operacionaliza as medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública, previstas no art. 3º da referida lei. O Conselho Federal de Nutrição suspendeu o artigo 36 da Resolução CFN nº 599/188, facultando aos profissionais a assistência nutricional por meio não presencial até o final de agosto de 2020. Do mesmo modo, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional suspende temporariamente os artigos 15, II e 39 das Resoluções COFFITO nº 424 e 425 de 20139, permitindo atendimento não presencial nas modalidades teleconsulta, teleconsultoria e telemonitoramento. Finalmente, na Assistência Social foram dispostas medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus, no Sistema Único de Assistência Social, incluindo o acompanhamento remoto dos usuários10.
Conclusão: A maioria das profissões de saúde ainda não possui regulamentação específica a respeito da telessaúde. A pandemia obrigou os profissionais a se adaptarem de forma abrupta e apenas algumas profissões regulamentaram as atividades, sendo imprescindível que os conselhos se preocupem com essa questão e regulamentem sua aplicação.

1. Conselho Nacional de Saúde. Resolução CNS nº 287/1998. Dispõe sobre as categorias profissionais de saúde de nível superior. Diário Oficial da União. 1998 Oct 10;86(seção 1):164.

2. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 427/2013. Dispõe sobre a regulamentação da Telessaúde em Fonoaudiologia e dá outras providências. Diário Oficial da União. 2013 Mar 01;366(seção 1):158.

3. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1.643/2002. Define e disciplina a prestação de serviços através da Telemedicina. Diário Oficial da União. 2002 Aug 26;164(seção 1):205.

4. Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 11/2018. Regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de tecnologias da informação e da comunicação e revoga a Resolução CFP N.º 11/2012. Diário Oficial da União. 2018 May 14;91(seção 1):93.

5. CFFa – Conselho Federal de Fonoaudiologia. Recomendação nº 20/2020. Dispõe sobre o uso da Telefonoaudiologia durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2) [internet]. Brasília: CFFa; 2020 [cited 2020 Jul 10]. Available from: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wp-content/uploads/2020/04/Recomendacao_CFFa_20_2020.pdf

6. Brasil. Lei nº 13.989, de 15 de abril de 2020. Dispõe sobre o uso da telemedicina durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). Diário Oficial da União. 2020 Apr 15;76(seção1):01.

7. Ministério da Saúde. Portaria nº 467/2020. Dispõe, em caráter excepcional e temporário, sobre as ações de Telemedicina, com o objetivo de regulamentar e operacionalizar as medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional previstas no art. 3º da Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, decorrente da epidemia de COVID-19 [internet]. Brasília: Diário Oficial da União; 2020 [cited 2020 Jul 10]. Avilable from: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-467-de-20-de-marco-de-2020-249312996

8. Conselho Nacional de Nutrição. Resolução CFN nº 646/2020. Suspende até o dia 31 de agosto de 2020 o disposto no artigo 36 da Resolução CFN nº 599, de 25 de fevereiro de 2018, que aprova o Código de Ética e de Conduta dos Nutricionistas. Diário Oficial da União. 2020 Apr 13;54(81 seção 1):140.

9. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução COFFITO nº 516/2020. Dispõe sobre a suspensão temporária do Artigo 15, inciso II e Artigo 39 da Resolução COFFITO nº 424/2013 e Artigo 15, inciso II e Artigo 39 da Resolução COFFITO nº 425/2013 e estabelece outras providências durante o enfrentamento da crise provocada pela Pandemia do COVID-19. Diário Oficial da União. 2020 Mar 20;56(seção 1):184.

10. Ministério da Cidadania. Portaria nº 337/2020. Dispõe acerca de medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, COVID-19, no âmbito do Sistema Único de Assistência Social [internet]. Brasília: Diário Oficial da União; 2020 [cited 2020 Jul 10]. Avilable from: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-337-de-24-de-marco-de-2020-249619485


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1370
REINTRODUÇÃO DA VIA ORAL EM SUJEITOS ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS À PELVEGLOSSOMANDIBULECTOMIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A cavidade oral é composta por estruturas que fomentam funções importantes como a respiração, mastigação, deglutição e fonação(1). Assim, na pelveglossomandibulectomia (PGM), onde há ressecção de tumor e das estruturas orais, total ou parcial(2), o desafio é verificar as condições viáveis para biomecânica da deglutição. Logo, a via alternativa de alimentação (sonda nasoenteral - SNE) durante o pós-operatório imediato e mediato é utilizada como forma temporária de proteger as estruturas recentemente manipuladas cirurgicamente(1), assim como abranger as necessidades nutricionais dos pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico(3). Desta forma, é preciso conhecer o tempo médio para promover a reintrodução da via oral de forma segura, sem comprometer as estruturas manipuladas cirurgicamente. Objetivo: Analisar o tempo para reintrodução da via oral em sujeitos oncológicos submetidos à pelveglossomandibulectomia. Método: O estudo observacional, apresentado como série de casos, de caráter retrospectivo. Aprovado pelo comitê de ética da instituição, sob parecer de número 4.040.041. Inicialmente, foi realizada a busca dos prontuários, conforme os critérios de elegibilidade, em um hospital de referência em oncologia no estado de Pernambuco. Foram incluídos no estudo, prontuários de pacientes submetidos à PGM entre os anos de 2015 e 2019, com diagnóstico oncológico de tumor em gengiva e/ou assoalho de boca. Aplicou-se um formulário próprio ao estudo, com as seguintes informações: idade, sexo, localização do tumor, tipo de esvaziamento cervical, tratamento clínico, tempo para avaliação fonoaudiológica ambulatorial e tempo para reintrodução da via oral, compreendido entre, o período da colocação e retirada da SNE. Resultados: Os dados apresentados são resultados parciais de uma pesquisa em andamento. A amostra foi constituída por 10 sujeitos, sendo 90% do sexo masculino e 10% feminino, com idade média de 69,2 anos. 70% possuíam diagnóstico de tumor em assoalho de boca e 30% em gengiva. Para ambos diagnósticos, o esvaziamento cervical supraomohióideo unilateral foi o mais recorrente (70%). O tratamento clínico adjuvante mais utilizado foi a quimioradioterapia (50%), seguido da radioterapia exclusiva (30%) e tratamento cirúrgico exclusivo (20%). A média de tempo para avaliação fonoaudiológica, a nível ambulatorial, foi de 23,4 dias. O tempo mínimo para reintrodução da via oral nos sujeitos diagnosticados com tumor de gengiva foi de 36 dias e máximo de 44 dias, com média de 40,6 dias. Para os de assoalho de boca o tempo mínimo percebido foi de 14 dias, com tempo máximo de 72 e média de 32,5 dias. Conclusão: Foi observado que o tempo para reintrodução da via oral total na cirurgia de pelveglossomandibulectomia foi a partir do 32,5º dia após procedimento cirúrgico, com variação entre 32,5 dias nos tumores diagnosticados incialmente em boca e 40,6 dias para tumores com diagnóstico em assoalho de boca. Todos os pacientes foram acompanhados pelos fonoaudiólogos do serviço, apresentando-se como profissionais indispensáveis na reabilitação das funções orais.


1. Nemr, K. Furia, CLB. Câncer de cabeça e pescoço. In: REHDER, M. I.; BRANCO, A. Disfonia e Disfagia – Interface, Atualização e Prática Clínica. 1ª edição, Rio de Janeiro-RJ: Editora Revinter Ltda, 2011.
2. Mendes, RF. Análise do impacto na comunicação de indivíduos tratados cirurgicamente do câncer na cavidade oral. Belo Horizonte, 2007.
3. Weimann, A. et al. Clinical nutrition in surgery. European Society for Clinical Nutrition and Metabolism. 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1215
RELAÇÃO DA FLEXIBILIDADE COGNITIVA NO DESEMPENHO DOS UNIVERSITÁRIOS.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
52061250


Introdução: Evidências na literatura indicam que a flexibilidade cognitiva é considerada uma função executiva, nos seus princípios encontra-se associada ao estudo da criatividade¹, das funções corticais superiores responsáveis pelo controle consciente do pensamento, ação e emoção, onde influi na forma como o conhecimento é recepcionado, representado, (r)estruturado e aplicado na elaboração de respostas. Enfatizando a importância da flexibilidade cognitiva na vida dos estudantes de ensino superior consideram que é entendida como uma função mental que permite mudar estratégias, alterar cenários mentais, especialmente os envolvidos na solução de problemas.¹,2. Objetivo: O presente estudo objetiva indicar possíveis características da flexibilidade cognitiva nos universitários, por meio da análise de estudos sobre o tema. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scielo, utilizando os descritores: função cognitiva, estudantes, aprendizagem e flexibilidade. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Selecionou-se 13 artigos publicados entre os anos de 2005 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses, 6 foram escolhidos após a leitura na íntegra. Resultados: Descritivamente, os resultados mostraram que flexibilidade cognitiva em universitário é a possibilidade de representar o conhecimento de múltiplas maneiras, facilitando assim a transferência do mesmo para várias situações³, buscando maior envolvimento e, consequentemente, o desejável aumento de conhecimentos e habilidades intelectuais que promovem a reflexão e permitem a ligação entre a teoria e a prática. Conclusão: Conclui-se que no contexto da sociedade atual, o desenvolvimento universitário implica na Teoria da Flexibilidade Cognitiva, onde as diversas situações de aprendizagem que diferenciam-se também em função da fase em que os alunos se encontram, relativamente ao domínio de conhecimentos4. A flexibilidade cognitiva possibilita benefícios do desempenho mental, maior produtividade, níveis mais altos de inteligência fluida e um maior senso de consciência. É bem plausível a hipótese de que, até certo ponto, a flexibilidade cognitiva ajuda você a atualizar seu antigo sistema de crenças como uma adaptação a novos estímulos. Essa habilidade auxilia os universitários a capacidade de encontrar repostas alternativas5 e assume importância crescente no estudo do funcionamento cognitivo, emocional e das relações interpessoais.

Palavras-Chaves: Flexibilidade, Estudantes, Aprendizagem, Função Cognitiva.

1. Araújo, Leandro S. Almeida, Alexandra M., Amanda R. Franco Diana L. Soares, Cognição, Aprendizagem e Rendimento. Centro de Investigação em Educação (CIEd), Universidade doMinho,2014.
2. Accorsi, Daniella Maculan Pavesi, Bzuneck, José Aloyseo, Guimarães, Sueli Édi Rufini. Envolvimento cognitivo de universitários em relação à motivação contextualizada, Psico-USF, v. 12, n. 2, p. 291-300, jul./dez. 2007
3. Veras, Ursula Moema Chaves Melo, Leão, Marcelo Brito Carneiro, O MODELO WEBQUEST NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: UMA ANÁLISE À LUZ DA TEORIA DA FLEXIBILIDADE COGNITIVA. 2005.V ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS
4. Marques, C. & Carvalho, A. A. (2010). Uma proposta de Blended-learning para Ensino Superior. In I. F. Vieira (ed.), Ensino Superior em Mudança: Tensões e Possibilidades. Braga, CIEd, 147-156.
5. Araujo, Aline Corrêa, Santana, Carmen Lúcia Albuquerque, Kozasa, Elisa Harumi , Lacerda, Shirley Silva , Tanaka, Luiza Hiromi. Efeitos de um curso de meditação de atenção plena em estudantes da saúde no Brasil. Acta paul. enferm. vol.33 São Paulo 2020. Epub June 10, 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1596
RELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÃO DE VOZ EM IDOSOS ATIVOS E DESVANTAGEM VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O envelhecimento populacional está aumentando de forma acelerada, principalmente em países que estão em desenvolvimento, como o Brasil(1). Estima-se que em 2040, 23,8% da população brasileira seja de idosos(2). A adoção de um estilo de vida saudável é considerado um fator importante perante a situação de saúde e de vida dos indivíduos(3). O equilíbrio entre a saúde intelectual e física no processo de envelhecimento é de grande valia e pode ocorrer por meio de atividades que trabalhem não apenas os aspectos físicos, mas incluam o idoso socialmente e lhe proporcione momentos de lazer e comunicação(4). O processo fisiológico do envelhecimento laríngeo é uma característica da senescência e ocasiona mudanças estruturais no aparelho fonador caracterizando a presbilaringe(5). Tais mudanças estruturais e fisiológicas podem gerar alteração na qualidade vocal do idoso(6). Objetivo: Verificar a suspeita de alteração vocal autorrelatada em idosos ativos e a associação com aspectos sociodemográficos e desvantagem vocal. Método: A pesquisa foi aprovada sobre o número do parecer 2.313.952 pelos Comitês de Ética em Pesquisa e da Secretaria Municipal de Saúde. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Estudo observacional transversal realizado com 254 idosos usuários de academias municipais públicas do total de 474 idosos cadastrados em uma capital brasileira. Por meio de entrevista com aplicação de protocolos foram coletados os seguintes dados: sociodemográficos, autorrelato de rouquidão, Índice de desvantagem Vocal (IDV-10)(7) e Rastreamento de Alteração Vocal em Idosos (RAVI)(8,9). O resultado do RAVI foi considerado a variável resposta. Os dados foram submetidos a análise descritiva e de associação por meio dos testes Qui-quadrado de Pearson e modelo multivariado de Regressão de Poisson com variância robusta. A significância estatística foi considerada pelo nível de significância de 5% e no intervalo de 95% de confiança. Resultados: Verificou-se que a maioria dos idosos é do sexo feminino (83,5%, n=212), na faixa etária de 60 a 70 anos (65,4%, n=166), aposentados (84,9%, n=216) e sem companheiro (61,8%, n=157). Segundo o protocolo RAVI, 44,5% (n=113) dos idosos apresentam alteração vocal, 21,1% (n=54) relatou rouquidão e 12,6% (n=32) desvantagem vocal. A análise multivariada mostrou que o autorrelato de rouquidão aumenta 65% a probabilidade de suspeição de alteração vocal em idosos e apresentar desvantagem vocal aumenta 2,16 vezes essa probabilidade.
Conclusão: Os resultados do estudo evidenciam a elevada presença de suspeita de alteração vocal em idosos. A suspeição de alteração vocal foi maior entre os idosos com autorrelato de rouquidão e com desvantagem vocal.

1- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Síntese de indicadores sociais uma análise das condições de vida da população brasileira. IBGE; 2016.

2- Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2016; 19(3):507-519.

3- Trapé AA, Marques RFR, Lizzi EAS, Yoshimura FE, Franco LJ, Zago AS. Associação entre condições demográficas e socioeconômicas com a prática de exercícios e aptidão física em participantes de projetos comunitários com idade acima de 50 anos em Ribeirão Preto, São Paulo. Rev. bras. epidemiol.20(2).

4- Maciel MG. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz. 2010; 16(4):1024-32.

5- Tarafder KH, Dattas PG, Tariq A. The Aging voice. BSMMU J. 2012; 5(1):83-86.

6-Meirelles RC, Bak R, Cruz FC. Presbifonia. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto; 2012.

7- Costa T, Oliveira G, Behlau M. Validação do Índice de Desvantagem Vocal: 10 (IDV-10) para o português brasileiro. CoDAS 2013;25(5):482-5.

8- Pernambuco LA, Espelt A, Magalhães Junior HV, Cavalcanti RVA, Lima KC.Screening for voice disorders in older adults-Part I. Journal of Voice. 2016; 30(2):9-17.

9- Pernambuco LA, Espelt A, Lima KC. Screening for voice disorders in older adults (RAVI)-Part III: cutoff score and clinical consistency. J Voice. 2016; 30(2).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1734
RELAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS LARÍNGEAS, FONOARTICULATÓRIAS E DE DEGLUTIÇÃO EM INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum em idosos(1–4), com prevalência aproximada de 630 mil pessoas no Brasil(5). Estima-se que 90% dos pacientes com DP podem desenvolver distúrbios motores que afetam a fala, voz e deglutição(6–10), cujas relações entre si ainda não são totalmente compreendidas. Conhecer a relação entre tais manifestações poderá contribuir para os procedimentos terapêuticos desses pacientes. Objetivo: Verificar as relações entre as características de deglutição, laríngeas e de fonoarticulação em indivíduos com DP. Métodos: Estudo transversal e prospectivo com aprovação ética (Parecer: 3.288.722) que avaliou 10 indivíduos com diagnostico neurológico de DP no momento on da medicação, por meio da videonasoendoscopia da laringe em fonação e da deglutição de alimentos nas consistências líquida (10ml), pudim (30ml) e sólida (1/4 de bolacha wafer), a partir das escalas de penetração/aspiração, Yale e de resíduos em faringe. Aplicou-se os questionários de auto avaliação Vivendo com Disartria (VcD) e o Protocolo de Avaliação da Disartria (PAD). Cada item das avaliações instrumentais e clínicas foi avaliado por dois juízes experientes na área e calibrados. Aplicou-se o teste exato de Fisher, Coeficiente de Correlação de Spearman, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis (p<5%) para responder os questionamentos do estudo. Para análise da concordância intrajuízes aplicou-se o teste Kappa. Resultados: Houve relação entre a presença de assimetria de aritenoides e ausência de resíduos em valéculas para sólido (p=0,032); da ausência de constrição mediana na vogal /i/ com piores pontuações nas escalas de resíduos em valéculas para líquido (p=0.056) e em faringe para líquido (p=0.056) e pudim (p=0.056). Observou-se relação entre a presença de assimetria de pregas vocais e escores elevados, tanto para as seções 5 (p=0,019), 6 (p=0,038) e 7 (p=0.019) do VcD, como para o componente da ressonância do PAD (p=0,038). Houve correlações entre maiores escores na escala de resíduos em valéculas para sólido e melhores pontuações na seção 4 (p=0,033; r=-0,66); correlação entre maiores escores na escala de resíduos em seios piriformes para líquido e piores escores na seção 10 do VcD (p=0,054; r=0,61) e com pior pontuação no componente da fonação (p=0,048; r=0,62); correlação entre maiores escores na escala de resíduos em valéculas com líquido e melhor pontuação no componente da fonação (p=0,043; r=-0,63), maiores escores na escala de resíduos em seios piriformes para sólido com pior pontuação no componente da respiração (p=0,016; r=0,72), maiores resíduos em seios piriformes para pudim e pior avaliação geral da disartria (p=0,038; r=0.64). Conclusão: As características laríngeas da deglutição e da fonoarticulação em idosos com DP são correlacionadas com os mecanismos de segurança e eficiência na deglutição, que por sua vez também possuem relação com melhores rendimentos na fala e na comunicação. Tais relações supõem um possível efeito positivo na abordagem terapêutica conjunta desses processos. Estudos futuros sobre o tema são importantes para compreender mais profundamente tais relações.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
139
RELAÇÃO ENTRE AS CONDIÇÕES DE NASCIMENTO E HISTÓRICO MATERNO COM O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DE CRIANÇAS PREMATURAS DE 0 A 24 MESES.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Relação entre as condições de nascimento e histórico materno com o desenvolvimento da linguagem de crianças prematuras de 0 a 24 meses.


Objetivo: O objetivo desse trabalho foi verificar a influência materna e das condições de nascimento no desenvolvimento da linguagem da criança prematura de 0 a 24 meses.
Método: Foram participantes da pesquisa, 69 pais e crianças prematuras ao nascimento, de 0 a 24 meses de idade corrigida, acompanhadas pelo Ambulatório de Alto Risco de um Hospital escola. Foi realizada uma anamnese com os pais para verificação de dados relativos à história de saúde materna durante a gestação, sentimentos maternos durante o período de internação, idade, escolaridade, renda materna e dados de internação da criança. Além disso, foi aplicada a Escala de Aquisições Iniciais de Fala e Linguagem (ELM) por meio de questionamento aos pais e observação do comportamento da criança. Os dados do instrumento foram relacionados ao histórico materno de gestação e internação da criança.
Resultados: As mães apresentavam,em média 27 anos e, metade delas, completou o ensino médio. A maioria (82,6%) considerava-se as principais cuidadoras dos seus filhos. Mais da metade (69,9%) soube que seu bebê seria prematuro na hora do parto e, quase a totalidade, (92,8%) apresentou sentimentos negativos com relação à evolução da criança, durante o período de internação. As crianças foram consideradas, em sua maioria, prematuras moderadas, muito baixo peso as nascimento e ficaram internadas em média 50 dias (DP=20,50), em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Na avaliação da linguagem, grande parte obteve resultado esperado (76,8%) para a idade e contatou-se relação o desempenho dos participantes com idade corrigida (p<0,000) e APGAR (p<0,043) dos pacientes. Houve, também, diferença significativa de desempenho nos aspectos auditivo-expressivo (p<0,025), visual (p<0,025) e global (0,047) das crianças cujas mães apresentaram intercorrência no parto daquelas que não apresentaram.
Conclusão: O presente estudo constrastou da literatura pois, as crianças, em sua maioria, estiveram dentro do esperado para a idade corrigida, de acordo com o instrumento realizado. Embora os riscos biológicos e ambientais sejam agravantes do desenvolvimento, a mãe como principal cuidadora e o acompanhamento precoce das crianças por uma equipe multidisciplinar, podem ter atuado os riscos decorrentes da prematuridade, auxiliando no desenvolvimento da linguagem da maioria das crianças estudadas.
PALAVRAS-CHAVES: nascimento prematuro, linguagem, relações mãe-criança


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TRABALHOS CIENTÍFICOS
2080
RELAÇÃO ENTRE CONSCIÊNCIA SINTÁTICA E ESCRITA DE FRASES NOS ANOS INICIAIS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A aprendizagem da escrita da frase nos anos iniciais é essencial para a posterior produção textual e desempenho acadêmico satisfatório. Crianças com dificuldades no processo de aprendizagem tendem a evasão escolar, sendo o Brasil um dos países com maior taxa de abandono. Nesse âmbito, habilidades envolvidas no processo de aquisição da escrita e manutenção desta aprendizagem, vem sendo alvo de estudos de pesquisadores de diferentes áreas acadêmicas. O raciocínio reflexivo acerca da linguagem é uma habilidade consciente, que quando utilizado, a criança consegue olhar para a escrita, analisá-la, refletir sobre ela e manipulá-la com mais facilidade. Estas capacidades reflexivas conscientes são denominadas habilidades metalinguísticas, as quais são classificadas conforme aumenta a demanda de aprendizagem: fonológica, morfológica, sintática, semântica, pragmática e textual. Ao nível da palavra, a consciência fonológica se faz essencial para a alfabetização, mas essa habilidade não é suficiente se tratando ao nível da frase. Para o aprendizado da escrita frasal e leitura, a consciência sintática desempenha papel importante, auxiliando na decodificação de palavras desconhecidas (a organização sintática forma um contexto que pode ajudar a prever o significado das palavras); na integração das informações textuais (compreensão) e na manipulação dos constituintes da frase, suas colocações e relações na frase. Objetivo: Analisar a relação entre consciência sintática e a escrita da frase de alunos de 1º e 2º anos de uma escola da rede pública de ensino, de acordo com as fases da escrita Parcialmente Alfabética e Alfabética Consolidada (EHRI, 2005) e sexo. Desenvolvimento: A coleta de dados foi realizada por alunas-pesquisadoras com supervisão acadêmica. Os instrumentos utilizados foram: Prova Prova de Consciência Sintática (PCS) (CAPOVILLA; CAPOVILLA; SOARES, 2004) e escrita da frase espontânea. A amostra foi composta por 25 alunos de 1º e 2º de uma escola pública de Porto Alegre, RS. Os dados foram armazenados em tabela Excel e por meio do software Statistical Package for Social Science (SPSS) foi realizado teste de Mann-whitney para verificar a relação entre as variáveis. Conclusão: A partir dos resultados pode-se observar que quanto melhor o desempenho em consciência sintática, melhor a qualidade da frase dos alunos. Houve diferença significativa no desempenho da consciência sintática entre as fases da escrita. Não houve diferença entre os sexos.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1133
RELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE TABACO E ALTERAÇÕES DO SONO: POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O consumo de tabaco mata cerca de 7 milhões de pessoas todos os anos1, sendo considerado uma das maiores causas de morte evitável no mundo2. As mais de 4700 substâncias tóxicas presentes no cigarro desencadeiam uma série de comorbidades que afetam a saúde das pessoas que fumam3 e daquelas que com elas convivem4, representando um problema de saúde pública1. O fonoaudiólogo, como profissional de saúde, deve estar atento a este problema e auxiliar no combate ao tabagismo. Além disso, o consumo de cigarro afeta, de forma direta ou indireta, uma série de questões fonoaudiológicas, como causa ou fator de agravamento, interferindo em questões relativas à voz5, à respiração6, ao paladar e olfato7 e ao sono8, entre outros. No escopo do sono, acredita-se que uma combinação do efeito fisiológico e toxicológico impacte diretamente no desenvolvimento dos sistemas envolvidos com esta atividade, prejudicando a qualidade de vida do ser humano8.

Objetivo: Verificar uma possível associação entre alterações e queixas de sono com o hábito tabágico.

Metodologia: Pesquisa transversal com coleta de dados em sala de espera de uma Unidade Básica de Saúde, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem sob número 4.030.937. A obtenção dos dados se deu por meio da realização de um questionário que tinha por objetivo traçar o perfil tabágico da população atendida no local, como diagnóstico para realização de ações de extensão junto à comunidade. Dentre as perguntas dirigidas aos usuários estavam questões referentes ao consumo de cigarro, ao fumo passivo e a respeito da sua percepção quanto à qualidade do sono. Desta forma, buscou-se relacionar a queixa de sono destes pacientes com a presença do hábito tabágico em suas vidas.

Resultados:
Foram entrevistados 51 sujeitos, sendo 68% (35) mulheres. Do total da amostra, 35% (18) relatou fazer uso de cigarro no período em que a entrevista foi realizada e 27% (14) já ter fumado em algum período da sua vida. Destes (fumantes e ex-fumantes), 34% (11) relataram não dormir bem à noite, não havendo predomínio de um gênero. Dos que não dormiam bem, 63% (7) eram ex-fumantes. O tempo médio de consumo do cigarro para aqueles que relataram perceber problemas em relação ao sono foi de 37±5 anos nos fumantes e 26±16 anos no ex-fumantes. Em relação à quantidade diária de cigarro consumida no grupo com queixas no sono foi de 20±0 cigarros nos fumantes e 15±12 cigarros nos ex-fumantes. Os resultados obtidos apontam para uma possível associação entre uso de tabaco e alterações do sono, porém pesquisas com amostras maiores de tabagistas e questões mais direcionadas a esta relação poderão trazer resultados mais esclarecedores sobre este tópico.

Conclusão:
Os dados aqui apresentados, são ainda incipientes e, apesar de não estabelecerem uma correlação entre consumo de tabaco e alterações no sono, ratificam a literatura sobre o tema, que revela que mais de um terço da população tabagista refere tais alterações, fato que não pode ser negligenciado pelo profissional da saúde.

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2- WHO report on the global tobacco epidemic, 2019: Offer help to quit tobacco use. World Health Organization, Geneva2019

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5- Byeon H, Cha S. Evaluating the effects of smoking on the voice and subjective voice problems using a meta-analysis approach. Sci Rep. 2020 Mar 13;10(1):4720. doi: 10.1038/s41598-020-61565-3. PMID: 32170174; PMCID: PMC7069957.

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8- Hayley AC, Stough C, Downey LA. DSM-5 Tobacco Use Disorder and Sleep Disturbance: Findings from the National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions-III (NESARC-III). Subst Use Misuse. 2017 Dec 6;52(14):1859-1870. doi: 10.1080/10826084.2017.1316508. Epub 2017 Aug 4. PMID: 28777674.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
428
RELAÇÃO ENTRE DISFONIA E PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O monitoramento da própria voz permite um melhor controle de parâmetros vocais como a intensidade. A dificuldade no automonitoramento pode ser um fator importante na manutenção de uma alteração vocal, bem como no desenvolvimento de disfonias comportamentais.Compreender as alterações no processamento auditivo central de pessoas com disfonia torna-se importante para uma melhor condução da reabilitação vocal. Objetivo: Mapear e analisar a produção do conhecimento em fonoaudiologia a respeito da relação entre alterações no processamento auditivo central em indivíduos com disfonia por meio de uma revisão de escopo. Método: Revisão de escopo incluindo estudos que avaliaram a relação entre disfonia e processamento auditivo central. A partir do questionamento: O que dizem os estudos na fonoaudiologia a respeito da relação entre disfonia e processamento auditivo central e quais os procedimentos metodológicos adotados para tal investigação? Foi realizada uma busca nas bases de dados eletrônicas Scielo, Lilacs (via BVS) e Medline (Via PubMed), utilizando-se os descritores “processamento auditivo”, “processamento auditivo central”, “disfonia”, “voz”, “distúrbios da voz” e seus correspondentes em inglês. Não houve limite quanto ano e idioma de publicação. Como busca adicional, foram levantadas as listas de referências dos artigos incluídos no presente estudo. A extração e análise dos dados foi realizada por duas revisoras, de forma independente e os dados foram tabulados e analisados descritivamente. Resultados: A amostra foi composta por três estudos, dois realizados no Brasil e um nos Estados Unidos. Os três estudos resultaram em 104 participantes divididos em grupo de estudo (GE) e grupo controle (GC), respectivamente 61 e 43 participantes. Apenas um estudo foi realizado com crianças disfônicas, os outros dois incluíram adultos e, entre esses, um estudo foi realizado só com mulheres. Os resultados mostraram que os participantes disfônicos possuem alterações no processamento auditivo central significantes em relação ao grupo de não disfônicos. Todos foram submetidos a avaliação subjetiva, objetiva e instrumental da voz, a avaliação auditiva convencional e avaliação otorrinolaringológica, como procedimento inicial do estudo. Os itens da avaliação do processamento auditivo que se mostraram comprometidos envolveram: ordenação temporal (padrão de frequência e duração), localização sonora em 5 direções, memória sequencial para sons não verbais, memória sequencial para sons verbais e Reflexo Cócleo Palpebral (RCP). Conclusão: Os resultados apontam para necessidade de um olhar mais ampliado para avaliação da disfonia, uma vez que foi percebido que disfônicos pode ter comprometimento no processamento auditivo central o que pode comprometer o processo de reabilitação vocal, bem como pode o transtorno do processamento auditivo central ser um fator que venha a colaborar com o desencadeamento de uma disfonia comportamental. Um olhar cuidadoso para as crianças disfônicas torna-se importante, podendo a avaliação do processamento auditivo central ser um exame a constar na avaliação dessas crianças.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
722
RELAÇÃO ENTRE FATORES AMBIENTAIS, VOCABULÁRIO E CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM PRÉ-ESCOLARES DE BAIXA RENDA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O Brasil tem apresentado baixo desempenho em leitura na avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA – Programme for International Student Assessment) e, conforme relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, 2019), o status socioeconômico foi um importante preditor do desempenho em leitura no Brasil na avaliação de 2018. Além dos fatores ambientais, a literatura tem apontado a importância da consciência fonológica e do vocabulário para a aquisição da decodificação e compreensão leitora. Estudos que relacionam esses preditores com fatores ambientais em pré-escolares ainda são escassos na literatura nacional. Objetivo: Investigar a relação entre os fatores ambientais (escolaridade materna, tempo de escolaridade da criança na educação infantil e recursos do ambiente familiar) e o desenvolvimento do vocabulário expressivo e consciência fonológica em pré-escolares de baixa renda. Método: Estudo aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição (nº 2.440.976). A amostra foi composta por 34 crianças, com idade média de seis anos, matriculadas no último ano da educação infantil da rede pública de ensino. Foram utilizados os seguintes instrumentos: “ABFW – Teste de Linguagem Infantil (Prova de vocabulário)”, “CONFIAS - Consciência fonológica: instrumento de avaliação sequencial” e um questionário socioeconômico e cultural, incluindo o questionário socioeconômico da ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), o Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) e questões sobre escolaridade e profissão dos pais. Para análise estatística inferencial, foram utilizados os testes não paramétricos Teste de Correlação de Spearman e o Teste de Kruskall-Wallis. O software SPSS Statistics 20 foi utilizado e o nível de significância estatística adotado foi de p≤0,05. Resultados: Os participantes apresentaram desempenho médio aquém do esperado em consciência fonológica - nível da sílaba (M = 16,9) e no nível do fonema (M = 1,4) - e no percentual de designação correta na prova de vocabulário, nos campos conceituais alimentos (M = 73,7%), vestuário (M = 57,9%), locais (M = 33,9%), formas e cores (M = 76,4%) e brinquedos e instrumentos musicais (M = 64,1%). Foi observada variação significativa no desempenho em nomeação de formas e cores em relação à escolaridade materna: o grupo de crianças que as mães tinham ensino médio completo mostrou melhor desempenho em relação aos grupos que as mães tinham Ensino Fundamental I e II (p>0,01). Entre as variáveis do RAF, o item “número de passeios que a criança realizou nos últimos 12 meses” apresentou correlação significativa com a prova de vocabulário, especificamente no campo conceitual profissões (r=0,38; p<0,05) e o desempenho em consciência silábica (r=0,46; p<0,01). Conclusão: Os fatores ambientais "escolaridade materna" e o “número de passeios realizados pela criança nos últimos 12 meses” apresentaram relação com o desempenho em alguns campos conceituais do vocabulário expressivo e consciência silábica. Esses achados corroboram estudo anterior que observou que maiores níveis de escolaridade materna estão relacionados com a renda familiar, disponibilidade de livros em casa e vocabulário das crianças, proporcionando maiores possibilidades de letramento e enfatizam a importância do ambiente externo para a expansão do vocabulário das crianças.

1. OECD (2019), Programme for International Student Assessment (PISA) – Results from PISA 2018, PISA, OECD Publishing, Paris. Disponível em . Acesso em 03 jul. 2020.
2. Knoop-van Campen CAN, Segers E, Verhoeven L. How phonological awareness mediates the relation between working memory and word reading efficiency in children with dyslexia. Dyslexia. 2018;24:156-69.
3. Sidek HM, Rahim HAb. The Role of Vocabulary Knowledge in Reading Comprehension: A Cross-Linguistic Study. Procedia – Social and Behavioral Sciences. 2015;197:50-6.
4. Nalom AFO, Soares AJC, Cárnio MS. The relevance of receptive vocabulary in reading comprehension. CoDAS. 2015;27(4):333-8.
5. Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CD, Befi-Lopes DM. Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. 2. ed. São Paulo: Pró-Fono; 2004.
6. Moojen S, Lamprecht R, Santos RM, Freitas GM, Brodacz R, Siqueira M et al. Consciência Fonológica - Instrumento de Avaliação Sequencial (CONFIAS). 4a ed. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2015.
7. ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa [Internet]. São Paulo: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa; 2015. Critério Brasil 2015 e atualização da distribuição de classes para 2016. Disponível em: .
8. Marturano ED. The Home Environment Resources Scale. Psicologia: reflexão e crítica. 2006;19(3):498-506.
9. Gonzalez JE, Acosta S, Davis H, Pollard-Durodola S, Saenz L, Soares D et al. Latino Maternal Literacy Beliefs and Practices Mediating Socioeconomic Status and Maternal Education Effects in Predicting Child Receptive Vocabulary. Early Education and Development. 2017;28(1):78-95.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2098
RELAÇÃO ENTRE FRÊNULO LINGUAL E ALTERAÇÃO DE FALA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Título: Relação entre frênulo lingual e alteração de fala
Introdução: O frênulo lingual é uma estrutura mucosa a qual conecta a parte ventral da língua ao assoalho da boca. Essa prega mucosa vai de uma parte mais fixa para uma parte com maior mobilidade lingual e quando prejudicada, sua projeção torna-se limitada. A anquiloglossia, também conhecida popularmente como “língua presa”, é uma malformação anatômica embrionária da língua, caracterizada por um frênulo lingual anormalmente curto e/ou espesso, podendo ou não impactar a fala durante a produção de determinados fonemas. Um frênulo lingual anormalmente curto poderá acarretar imprecisão na articulação; pequena abertura de boca durante a fala; imprecisão ou ineficiência dos movimentos da língua em movimentos isolados; prejudicar a realização da mastigação e deglutição, além da produção de sons da fala: [t], [d], [z], [s], [l], [n] e [r]. Objetivo: Realizar revisão sistemática da literatura sobre a relação entre frênulo lingual e alterações na fala. Método: O levantamento bibliográfico foi realizado em fevereiro de 2020, delimitado segundo os idiomas inglês, português e espanhol e idade a partir de 6 anos. Foram selecionados e analisados artigos disponíveis em quatro bases eletrônicas: PubMed, SciELO, Scopus e Web Of Science. As palavras-chave utilizadas para a pesquisa foram: lingual frenulum; speech disorders; ankyloglossia. Foram considerados para esta revisão os estudos publicados no período de 2010 a 2020 mediante análise de metadados, a partir da leitura do título e resumo, com vistas a identificar a pertinência do artigo para a pesquisa. Foram excluídos estudos publicados há mais de dez anos, artigos que não permitiram o acesso ao texto na íntegra, os repetidos por sobreposição das palavras-chave e artigos que não eram consonantes com o tema. Resultados: Foram localizados 276 artigos, que após aplicados os critérios de inclusão e exclusão resultaram em 27 artigos. Destes, o diagnóstico e abordagem cirúrgica da liberação da língua combinado com exercícios orais motores ou miofuncionais convergiram para uma melhora funcional e qualidade de vida dos pacientes (crianças, adolescentes e adultos). As alterações presentes na fala evidenciam adaptações na língua, lábios e mandíbula para os indivíduos com o frênulo lingual anormalmente encurtado produzirem os fonemas. Conclusão: A abordagem precoce e intervenção multidisciplinar realizada por otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e ortodontista são aconselháveis para diagnóstico e resolução das alterações encontradas.

1. Martinelli RLdC, Marchesan IQ, Berretin-Felix G. Compensatory strategies for the
alveolar flap [ɾ] production in the presence of ankyloglossia. Revista CEFAC. 2019;21(3).
2. Suzart DD, Carvalho ARRd. Alterações de fala relacionadas às alterações do
frênulo lingual em escolares. Revista CEFAC. 2016;18(6):1332-9.
3. Farhat, Asnir RA, Yudhistira A, Daulay ER, Lubis AK. The effectiveness of frenotomy in the treatment of ankyloglossia: A case report from Adam Malik General Hospital Medan-Indonesia. Bali Medical Journal. 2018;7(1):192-4.
4. Olivi G, Signore A, Olivi M, Genovese MD. Lingual frenectomy: Functional evaluation and new therapeutical approach. European Journal of Paediatric Dentistry. 2012;13(2):101-6
5. Roopavathi KM, VenuGopal S, Pushpalatha G, Bennadi D, Santosh R, Madhura AS. Ankyloglossia and quality of life. World Journal of Dentistry. 2015;6(2):112-5
6. Ferrés-Amat E, Pastor-Vera T, Mareque-Bueno J, Prats-Armengol J, Ferrés-Padró E. Multidisciplinary management of ankyloglossia in childhood. Treatment of 101 cases. A protocol. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2016;21(1):e39-47.
7. Martinelli RLdC, Marchesan IQ, Berretin-Felix G. Tongue position for lingual frenulum assessment. Revista CEFAC. 2020;22(1).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1313
RELAÇÃO ENTRE MEMÓRIA OPERACIONAL FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO EXPRESSIVO NA SÍNDROME DE DOWN
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A síndrome de Down (SD) é uma condição genética causada pela existência de um cromossomo extra no par 21(¹). Em crianças com síndrome de Down o surgimento das primeiras palavras ocorre em torno dos 18 a 24 meses de vida, a habilidade para o desenvolvimento do vocabulário encontra-se preservada, porém atrasada quando comparadas a crianças com desenvolvimento típico, principalmente com relação ao vocabulário expressivo(²,³). A memória operacional fonológica é responsável pelo processamento e manutenção temporária da informação oral, e está intimamente ligada à aquisição e processamento da linguagem(4,5). Objetivo: investigar a relação entre a memória operacional fonológica e linguagem expressiva em pessoas com Síndrome de Down. Método: foram avaliados 15 indivíduos com SD com idades entre 07 e 26 anos que faziam parte de um projeto de extensão vinculado a uma Instituição de Ensino Superior. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem sob o parecer nº 3.171.041. Todos os participantes estavam em acompanhamento fonoaudiológico e foram submetidos à avaliação do vocabulário expressivo, pelo teste de nomeação de imagens: ABFW – Vocabulário(6); avaliação da memória de trabalho através dos testes de repetição de não palavras e de dígitos(7). Em seguida, foi realizada uma análise estatística inferencial, o uso do teste não-paramétrico de correlação de Spearm Mann-Whitney e o teste qui-quadrado, para verificar o grau de relacionamento entre as variáveis. Resultados: no teste de vocabulário expressivo os participantes apresentaram uma média total de 64.60% de designações verbais usuais (DVU), 1.75% de não designações (ND) e 33.63% de processos de substituição (PS). No desempenho por categoria semântica o melhor desempenho foi na categoria de formas e cores e o pior foi na categoria de locais. Nas provas de memória de trabalho, a média dos resultados foi de 31,36 pontos na prova de não palavras, e na prova de dígitos de ordem direta a média foi de 5,57 pontos. O desempenho na prova de não palavras sofreu influência da extensão da palavra, ou seja, quanto maior o número de sílabas pior foi o desempenho dos indivíduos. A correlação entre o teste de não palavras e de dígitos de ordem direta e as médias de DVU e PS (ABFW) mostrou-se significante. Ou seja, quanto melhor os resultados nos testes de não palavras e de ordem de dígitos (avaliação da memória operacional) melhor foi o desempenho no teste de vocabulário expressivo. Não houve relação significativa entre as variáveis idade, escolaridade e alfabetização com os testes de memória e de vocabulário expressivo. Conclusão: Os resultados encontrados demostraram que existe uma relação entre a memória de trabalho fonológica e o vocabulário expressivo. O maior desempenho no teste de memória de trabalho fonológica indicou também um melhor resultado no teste de vocabulário. Desta forma é possível que considerar que as habilidades de memória interferem no desempenho do vocabulário de pessoas com síndrome de Down, indicando a importância da avaliação e intervenção desta habilidade em pessoas com SD em terapia fonoaudiológica.

1. Cunningham C. Síndrome de Down: Uma Introdução Para Pais e Cuidadores. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2008.
2. Ferreira-Vasques AT, Abramides DVM, Lamonica DAC. Consideração da idade mental na avaliação do vocabulário expressivo de crianças com Síndrome de Down. Rev CEFAC. 2017;19(2):253-259.
3. Freire RCL, Duarte NS, Hazin I. Fenótipo Neuropsicológico de Crianças com Síndrome de Down. Psicologia em Revista. 2013;18(3):354-372.
4.Gathercole SE, Baddeley AD. Introduction to working memory. In: ______; ______. Working Memory and Language. 1995.
5. Montgomery JW. Understanding the language difficulties of children with specific language impairments: does verbal working memory matter? Am. J. Speech Lang. Pathol., 2002;11(11):77-91.
6. Béfi-Lopes DM. Vocabulário (Parte B). In: Andrade CRF, Béfi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW – Teste de linguagem infantil: nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Carapicuíba, São Paulo: Pró-Fono, 2000.
7. Hage, SRV; Grivol, MA. Desempenho de crianças normais falantes do português em prova de memória de trabalho fonológica. Cadernos de Comunicação e Linguagem. 2009;1(1):61-72.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1004
RELAÇÃO ENTRE OS ASPECTOS PERCEPTIVOS DE QUALIDADE E DINÂMICA VOCAL E A AGRADABILIDADE DA VOZ DE TELEOPERADORES DE UMA CENTRAL DE EMERGÊNCIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: No teleatendimento de emergência em algumas cidades brasileiras, os profissionais em geral são bombeiros e policiais, e não são submetidos a avaliação, nem treinamento ou orientação de um fonoaudiólogo antes de adentrar ao serviço. E sendo profissionais da voz, demandam uma atenção específica para a sua produção vocal e comunicação1, 2. A impressão auditiva das vozes dos teleoperadores percebida pelos usuários do serviço pode ser admitida em aspectos de agradabilidade vocal numa escala de diferencial semântico3, e relacionada com dados do roteiro Voice Profile Analysis Scheme4, adaptado - VPAS-PB5, um modelo fonético de análise da qualidade e dinâmica vocal. Visto que o serviço de teleatendimento a emergências é fundamental na sociedade, tem-se a importância de estudar a produção vocal, a comunicação destes profissionais e a impressão causada nos usuários.
OBJETIVO: Analisar se existe relação entre os aspectos perceptivo-auditivos da qualidade e da dinâmica vocal e os achados da análise de agradabilidade da voz dos teleoperadores de emergência.
MÉTODO: Estudo observacional, descritivo, transversal e de caráter quantitativo e qualitativo. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem, sob processo de número 0532/14 (CAAE:36516514.0.0000.5188). Foram selecionadas 9 amostras vocais de teleoperadores extraídas das ligações dos atendimentos de uma central de emergência. Os dados de agradabilidade da voz são advindos de 24 juízes leigos que escutaram as amostras e preencheram um formulário sobre impressões das vozes em uma escala de diferencial semântico com 10 adjetivos positivos e 10 negativos opostos. Depois, essas amostras foram avaliadas por juíza com experiência no roteiro VPAS-PB. Em seguida, todos dados foram submetidos a análise estatística.
RESULTADOS: A voz que mais recebeu impressões negativas foi do teleoperador 4 (T4), considerado: desagradável (62,5%), desrespeitoso (70,8%), impaciente (87,5%), informal (58,3%), ríspido (83,3%) e mal-educado (87,5%). Segundo a avaliação do VPAS-PB: T4 tem ajustes de lábios extensão diminuída (grau 5), mandíbula fechada (grau 5), variabilidade de pitch e de loudness aumentado (grau 4) e taxa de elocução rápida (grau 5). T6 apresentou ajuste de mandíbula fechada (grau 5) e T7: laringe abaixada (grau 5) e Pitch habitual abaixado (grau 5). T8 recebeu impressões negativas: desagradável (50%), confuso (50%) e informal (75%) e ríspido (37,5%). O VPAS-PB verificou que T8 tem ajuste de mandíbula fechada (grau 5), corpo de língua extensão diminuída (grau 5) e taxa de elocução rápida (grau 5). T2 e T3 receberam apenas adjetivos positivos e apresentaram a maioria dos ajustes em grau moderado, de 1 a 3.
CONCLUSÃO: Houve uma relação entre os aspectos perceptivos da qualidade e da dinâmica vocal e os achados da análise de agradabilidade da voz dos teleoperadores de emergência. O teleoperador que apresentou ajustes de qualidade e de dinâmica vocal com maior graduação, em relação aos demais, apresentou uma impressão auditiva negativa aos ouvintes (juízes leigos). Assim, esses dados comprovam que a qualidade e dinâmica da voz dos teleoperadores participantes desta pesquisa podem comprometer a qualidade do serviço e também, verifica-se que a maioria dos ajustes identificados podem favorecer ao desenvolvimento de distúrbios vocais.

1. Alencar GNSV e, Silva POC, Araújo AMGD de, Silva MIB da, Souza SMA de, Lima-Silva MFB de. ID 48416 - Análise comparativa das condições vocais e organizacionais em teleoperadores de emergências e não emergências. RBCS. 2019; 23(2).

2. Santos TD dos, Ferreira LP. The expressiveness in the assessment of the voice professionals communication: a literature review. Revista CEFAC. 2019;21(6).

3. Osgood CE, Suci GJ, Tannenbaum PH. The measurement of meaning. University of Illinois press; 1957.

4. Laver J. The phonetic description of voice quality. Cambridge Studies in Linguistics London. 1980;31:1–186.

5. Camargo Z, Madureira S. Voice quality analysis from a phonetic perspective: Voice profile analysis scheme (VPAS) profile for Brazilian Portuguese. In: Proc 4th International Conference of Speech Prosody, Campinas, Brazil. 2008. p. 57–60.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
645
RELAÇÃO ENTRE PERCEPÇÃO E PRODUÇÃO DE FALA EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO FONOLÓGICO DURANTE O PROCESSO DE INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: RESULTADOS PARCIAIS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A intervenção fonoaudiológica nos Transtornos Fonológicos(1) (TF) pode apresentar diferentes abordagens terapêuticas, tais como as abordagens fonéticas, que priorizam a habilidade de produção, e as abordagens fonológicas, que priorizam mudanças no âmbito perceptivo e articulatório(2). Alguns autores afirmam que o desenvolvimento fonológico depende do desenvolvimento de habilidades de percepção e produção de fala(3), sugerindo uma possível correlação. Contudo, crianças com TF apresentam desempenhos distintos nessas duas habilidades, levando estudos transversais a resultados pouco convergentes sobre a possível relação entre percepção e produção de fala(4,5,6), apesar de alguns autores hipotetizarem que a habilidade de percepção antecederia a produção(7). Sendo assim, ainda não foi possível evidenciar a natureza da relação entre as habilidades, tampouco ao longo da terapia. Objetivo: Correlacionar a acurácia do desempenho perceptual e de produção em crianças com TF durante o processo de intervenção fonoaudiológica. Método: Até o presente momento, foram selecionadas sete crianças com idades entre 5:0 meses a 7:5 meses que apresentaram o processo de substituição de líquidas (/ɾ/ -> [l] ou /l/ -> [ɾ]) com base nos critérios da Avaliação Fonológica da Criança(2). Após a seleção, as crianças foram submetidas a um processo de intervenção composto por 16 sessões que envolvem etapas de percepção da fala do terapeuta (percepção no outro), percepção da própria fala (percepção em si) e etapa de produção. Nas etapas de percepção no outro e percepção em si, foram registrados pelo terapeuta o desempenho percentual perceptivo e ao final de todas as sessões, foi realizada gravação da produção, considerando 30 palavras-alvo e 30 palavras-sondagem. As gravações foram julgadas por três juízes que classificaram as produções como: 1) produção correta do som-alvo; 2) produção incorreta do som-alvo; ou 3) produção gradiente do som alvo. Foi realizado o teste paramétrico de correlação de Pearson, a fim de correlacionar as habilidades de percepção e produção de fala durante o processo de intervenção. O teste apresenta valores que indicam a força de correlação entre as habilidades, que podem variar de -1 a +1, em que 0 (indicando que não há relação) e ±1 (indicando relação perfeita). Considerou-se α<0,05. (CEP número 2.040.322). Resultados: Os resultados parciais evidenciaram que a habilidade de percepção no outro apresentou forte correlação tanto com a produção de palavras-alvo (0,90) quanto com a produção de palavras-sondagem (0,89), sugerindo que, quanto melhor o desempenho na etapa de percepção no outro, melhor será a produção da criança ao final da terapia, prevendo, de algum modo, o desempenho dela ao final da intervenção. Conclusão: Mediante a forte correlação encontrada, vale destacar a extrema importância de se trabalhar a habilidade perceptual no início da intervenção nos TF, valorizando-a durante a elaboração de planos terapêuticos.

Palavras-chave: Transtorno Fonológico; Fonoterapia; Percepção da fala.
Número processo FAPESP: 2020/05236-6

1. Nascimento MIC, Cordioli AV, Kieling C, Da Silva CTB, Passos IC, Barcellos MT. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2014.
2. Yavas M, Hernandorena CLM, Lamprecht RR. Avaliação fonológica da criança. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2001.
3. Rvachew S, Nomak M, Cloutier G. Effect of phonemic perception training on the speech production and phonological awareness skills of children with expressive phonological delay. American journal of speech-language pathology, 2004 [acesso 01 de julho de 2020]; vol (13): [p. 250-263]. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/c9d4/aa3556ac9c3dbbe27f1b5df8e75be44f53a0.pdf?_ga=2.156287675.1045402796.1570919897-445146724.1570919897
4. Nagao K et al. Speech production-perception relationships in children with speech delay. Interspeech, 2012; 1127-1130.
5. Hearnshaw S, Baker E, Munro N. The speech perception skills of children with and without speech sound disorder. Journal of communication disorders. 2018; 71: 61-71.
6. Melo RM, Mota HB, Mezzomo CL, Brasil BC. Produção e discriminação do contraste de sonoridade das plosivas nos casos de desvio fonológico. Revista CEFAC, 2015 [acesso em 01 de julho de 2020]; 17(Supl1):135-144. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17s1/1982-0216-rcefac-17-s1-00135.pdf
7. Mezzomo CL, Mota HB, Dias RF. Desvio fonológico: aspectos sobre produção, percepção e escrita. Revista Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2010 [acesso em 01 de julho de 2020]; 15(4): 554-60. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v15n4/a13v15n4.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
825
RELAÇÃO ENTRE SINTOMAS OTOLÓGICOS E DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES (DTMS)
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A associação das DTMs e a origem dos sintomas otológicos ainda não está totalmente esclarecida. Existem muitas teorias sobre essa relação, uma delas é a perda de suporte dental posterior e a consequente alteração no posicionamento do côndilo levando à compressão das estruturas articulares e a proximidade anatômica com a ATM, sendo as queixas confundidas com sintomas otológicos. Outra explicação seria a relação anatomofuncional entre a ATM, os músculos inervados pelo nervo trigêmeo e estruturas do ouvido e o espasmo do músculo pterigóideo lateral, podendo levar à hipertonia do músculo tensor do tímpano, causando alterações no ciclo de abertura da tuba auditiva e consequente redução na ventilação da orelha média, dentre outros fenômenos(1). Os sintomas mais citados pela literatura são os de zumbido(2), otalgia, plenitude auricular(3,4) e vertigem(5).OBJETIVO: Avaliar a presença de sintomas otológicos em pacientes com DTMs. MÉTODOS: Estudo observacional analítico transversal, com aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos sob número de parecer 2.047.111, a fim de determinar a prevalência de sintomas otológicos em uma amostra de 165 pacientes com DTM, de ambos os gêneros, atendidos em uma clínica no período de 2017 a 2019. RESULTADOS: A amostra total do estudo foi de 165 pacientes. Destes, 27 (16,3%) eram do sexo masculino e 138 (83,6%) do sexo feminino. Em relação à presença de sintomas otológicos relatados pelos pacientes, 51 (30,9%) mencionaram a presença de pelo menos um desses fenômenos. Os mais comuns foram presença de zumbido, referido por 37 (22,4%) pacientes, e plenitude auricular, referido por 29 (17,5%) dos pacientes. Em relação aos tipos de DTM, 27,8% (n=46) dos pacientes apresentavam DTM muscular e 23% (n=38) apresentavam DTM articular. CONCLUSÃO: A presença de sintomas otológicos em pacientes com DTM é muito comum, mesmo sem causas audiológicas(6). Os resultados da presente pesquisa mostram uma possível correlação entre a DTM e os sintomas relatados, mostrando prevalência de sintomas otológicos em pacientes com DTM. É relevante ressaltar a importância do trabalho multidisciplinar nos pacientes nos quais há complexidade de patologia para melhor condução terapêutica dos pacientes com essas afecções. Esse tratamento deve sempre visar o restabelecimento das funções debilitadas, o alívio da dor, a promoção do equilíbrio neuromuscular e oclusal e a redução do estresse e da ansiedade(7).

Macedo J, Doi MY, Macedo A, Oltramari-Navarro PVP, Poli-Frederico RC, Navarro RL, et al.. Associação entre disfunção temporomandibular e zumbido em idosos. Audiol Commun Res. 2018; 23:1-6.

Pinheiro MLN, Costa MRM, Barbosa KGM, Nóbrega DF. Otologic symptoms of temporomandibular dysfunction: a review of the literature. Diversitas Journal. 2019; 4(2): 686-96.

Kuroiwa DN. Temporomandibular disorders and orofacial pain: study of quality of life measured by the Medical Outcomes Study 36 – Item Short Form Health Survey. Sociedade Brasileira Para o Estudo da Dor. 2015; 2 (12): 93-8.

Omidvar S, Jafari Z. Association between tinnitus and temporomandibular disorders: A systematic review and Meta-Analysis. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2019; 128 (7):662-675.

Sousa FLF, Façanha RC. Análise dos sintomas e das alterações otológicas em pacientes com sintomatologia dolorosa na articulação temporomandibular. J Biomed Res. 2016; 1(8): 71-80.

Mathias T, Alcarás PAS, Cristoff KE, Marques JM, Zeigelboim BS, Lacerda ABM. Achados audiológicos em pacientes portadores de disfunção temporomandibular. Audiol Commun Res. 2019; 7(24): 1-8.

Rodrigues VT. Relação entre distúrbios da articulação temporomandibular e alterações auditivas: Revisão de Literatura. Conversas Interdisciplinares. 2017; 1(17): 1-19.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
892
RELAÇÃO TABACO E FONOAUDIOLOGIA COM BASE EM ESTUDOS DE EVIDÊNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ENSINO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Relação tabaco e Fonoaudiologia com base em estudos de evidência: relato de experiência de ensino
Introdução: O tabagismo é uma questão de saúde pública¹, sendo responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano². Por este motivo, os profissionais na saúde devem estar atentos sobre o hábito tabágico e seus malefícios, para melhor conhecê-lo e confrontá-lo3. No campo da intersecção entre Fonoaudiologia e Odontologia, o cigarro é causador de malefícios na voz4, motricidade orofacial5 e audiologia6, perdas dentárias7, gengivites7 e câncer de boca8. Apesar disso, tais relações nem sempre são evidenciadas nos currículos de formação dos profissionais fonoaudiólogos. Sendo assim, este projeto, inserido dentro do programa institucional de Iniciação à Docência (PID) de uma universidade pública federal, que tem como objetivos preparar os futuros profissionais para a docência e atualizar o currículo do curso por meio de metodologias pedagógicas ativas, alerta sobre potenciais prejuízos do tabaco no campo fonoaudiológico, enfatizando a reflexão do profissional em formação sobre seu papel junto à comunidade em relação ao combate ao tabagismo e expondo aos graduandos informações que possam ser relevantes na sua atuação profissional futura.Objetivo: Aprimorar o ensino de graduação em Fonoaudiologia relacionado ao tema tabagismo, por meio de implementação de metodologias ativas com base em evidências (PBE) em diversas disciplinas do curso. Método: Inserção de conteúdos relacionados à interação Tabagismo e Fonoaudiologia no currículo das disciplinas do Curso de Fonoaudiologia utilizando a PBE9, por meio de um PID. A proposta deste programa enfatiza a relação entre seus propositores e professores das disciplinas em que atua. A partir disso, os alunos envolvidos com o projeto realizam revisões bibliográficas e preparam materiais pedagógicos específicos sobre o tema. Uma vez que a proposta está baseada na busca do conhecimento por meio de evidências científicas, as aulas do projeto vão acompanhadas de artigos científicos relevantes e atuais sobre o assunto, selecionados pela equipe. A partir da aula disponibilizada em plataforma on line, a equipe discute os assuntos abordados com a turma por meio de um fórum e os alunos respondem perguntas a respeito dos artigos. Além disso, são recolhidas impressões sobre a aula, por meio de um questionário no Google Forms, para acompanhamento e avaliação das ações realizadas.Resultados: Até agora os resultados obtidos são poucos, considerando a suspensão das atividades acadêmicas devido à pandemia de COVID-19. Entretanto, já é possível perceber a evolução dos discentes envolvidos no projeto ao buscar referencial teórico, compilar informações para apresentação e levar os alunos à reflexão clínica sobre tabagismo e seus malefícios no campo fonoaudiológico. O PID foi bem avaliado pelos alunos que já participaram das atividades, tanto do ponto de vista do assunto abordado, quanto da metodologia utilizada.Conclusão: O PID cumpre seu papel de inovação do currículo do Curso de Fonoaudiologia ao abordar um tema de extrema relevância clínica (tabagismo) e que nem sempre é evidenciado nas diferentes disciplinas e ao utilizar para sua atuação uma metodologia ativa que proporciona atualização e reflexão dos alunos sobre as questões fonoaudiológicas a partir de evidências científicas da área.

1. WHO report on the global tobacco epidemic, 2011: warning about the dangers of tobacco, Executive summary. Publication date: 07 July 2011, 8 páginas.
2. Organização Mundial da Saúde. (2019, julho). Folha informativa -Tabaco. Retirado de:https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5641:folha-informativa-tabaco&Itemid=1097
3. SALEM SZKLO, A.; MIRANDA AUTRAN SAMPAIO, M.; LEITE MARTINS, L. F.; MASSON FERNANDES, E.; DE ALMEIDA, L. M. O Tabagismo no Contexto dos Futuros Profissionais de Saúde do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 57, n. 3, p. 321-327, 30 set. 2011.
4. HORTENSE, F. T. P. CARMAGNANI, M. I. S. BRÊTAS, A. C. P. O significado do tabagismo no contexto do câncer. Scielo, Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Enfermagem, SP, 7 páginas, aprovação: 18/09/2007
5. SILVA, da S. P. Malefícios causados pelo tabaco na cavidade bucal, 15/12/2012, 38p. Dissertação de conclusão de curso, Universidade Federal de Minas Gerais, Campos Gerais, 2012.
6. PASCHOAL, Carolina Pamplona; AZEVEDO, Marisa Frasson de. O cigarro como um fator de risco para alterações auditivas. Braz. j. otorhinolaryngol. (Impr.), São Paulo , v. 75, n. 6, p. 893-902, Dec. 2009.
7. MEDEIROS, Alba Regina Silva; SILVA, Ageo Mario Cândido da; BOTELHO, Clovis. Associação do tabagismo com periodontite crônica em usuários do Sistema Único de Saúde, Cuiabá, Mato Grosso. RGO, v. 57, n. 4, p. 425-30, 2009.
8. DE OLIVEIRA ANDRADE, George Luiz; CABRAL, Bruna Ferreira; DE MENEZES FILHO, José Ferreira. Fumo e álcool como fatores de risco para o câncer bucal: prevenção, diagnóstico precoce e tratamento. Journal of Orofacial Investigation, v. 2, n. 2, p. 27, 2015.
9. MEDRADO, Cylene Siqueira; NUNES SOBRINHO, Francisco De Paula. Prática Baseada em Evidência (PBE) em Fonoaudiologia. Distúrbios da Comunicação, [S.l.], v. 28, n. 2, jul. 2016. ISSN 2176-2724. Disponível em: .


TRABALHOS CIENTÍFICOS
997
RELAÇÕES ENTRE SINTOMAS VOCAIS E DESVANTAGEM VOCAL EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Os professores universitários são profissionais da voz falada suscetíveis a riscos vocais, principalmente pelas condições ambientais e organizacionais de trabalho nas quais estão expostos¹,². Tais profissionais têm destaque limitado nos estudos na área de voz³, logo, há pouca evidência sobre o nível de risco vocal destes docentes em específico⁴. Objetivo: Verificar se os professores universitários com e sem sintomas vocais apresentam diferença em relação à autopercepção de desvantagem vocal e avaliar a existência de relações entre sintomas vocais e desvantagem vocal. Métodos: Estudo transversal, observacional, analítico aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob parecer n. 1.708.786. Participaram 126 professores universitários sem queixas vocais prévias e foram aplicados um questionário sociodemográfico, a Escala de Sintomas Vocais (ESV)⁵ e o Índice de Desvantagem Vocal reduzido (IDV-10)⁶. Os professores foram classificados em dois grupos de acordo com o valor de corte da ESV: um grupo vocalmente saudável com pontuação total de 15 pontos ou menos (G1) e um grupo de sintomas vocais com 16 pontos ou mais (G2). Dos 126 professores, 71 eram mulheres e 55 homens, com média de idade de 43 anos. O G1 foi formado por 41 professores (23 homens e 18 mulheres), e o G2 por 85 (32 homens e 53 mulheres). As subescalas da ESV foram comparadas e correlacionadas com o IDV-10. Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste de Mann-Whitney e para correlação entre os protocolos foi utilizado o teste de Correlação de Spearman. As análises foram realizadas no Statistical Package for the Social Sciences, versão 25.0. Para a interpretação da magnitude das correlações foi adotada a seguinte classificação: coeficientes de correlação < 0,4 (correlação de fraca magnitude), ≥ 0,4 a < 0,5 (de moderada magnitude) e ≥ 0,5 (de forte magnitude)⁷. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: A média obtida na ESV pelos participantes do G1 foi de 5,18 (dp±3,49) para limitação, 0,05 (dp±0,21) para emocional, 3,93 (dp±2,71) para físico e 9,16 (dp±4,24) para a pontuação total, e a média do G2 foi de 19,96 (dp±7,04), 2,18 (dp±3,16), 8,62 (dp±3,07) e 30,77 (dp±10,24) para as pontuações dos domínios limitação, emocional, físico e total, respectivamente. A média para o IDV-10 no G1 foi de 0,82 (dp±1,11) e 5,76 (dp±3,97) para o G2, ambos abaixo da nota de corte sugerida pela literatura de 7,5 pontos⁸. O G2 apresentou percepção de sintomas vocais, para todos os domínios da ESV, e autopercepção de desvantagem vocal significativamente maior que o G1 (p<0,001). Foi encontrada correlação significativa positiva forte entre os domínios limitação (r=0,858;p<0,001), emocional (r=0,641;p<0,001) e total (r=0,837;p<0,001) do ESV com o IDV-10, e correlação significativa positiva moderada entre o domínio físico do ESV e o IDV-10 (r=0,441;p<0,001). Conclusão: Professores universitários com maior referência a sintomas vocais apresentam maior percepção de desvantagem vocal. Conforme os sintomas vocais aumentam, aumenta a desvantagem vocal na população estudada e tais achados reforçam a necessidade de promoção e prevenção vocal na população estudada, além de um olhar clínico fonoaudiológico mais direcionado a estes docentes.

1: Anhaia TC, Klahr PS, Cassol M. Associação entre o tempo de magistério e a autoavaliação vocal em professores universitários: estudo observacional transversal. Rev CEFAC. 2015;17(1):52-7. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620153314.
2: Aparecida E, Servilha M, Manchado P, Cat U, Dunlop JB. Condições de trabalho, saúde e voz em professores universitários. Rev Ciênc Méd. 2008;17(1):21-31.
3: Korn GP, Pontes AAL, Abranches D, Pontes PAL. Hoarseness and risk factors in university teachers. J Voice. 2015;29(4):518-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2014.09.008.
4: Paula AL, Cercal GCS, Novis JMM, Czlusniak GR, Ribeiro VV, Leite APD. Perception of fatigue in professors according to the level of knowledge of vocal health and hygiene. Audiol. Commun. Res. 2019;24: e2163. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2163.
5: Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale-VoiSS. J Voice. 2014; 28(4):458-68. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2013.11.009.
6: Costa T, Oliveira G, Behlau M. Validation of the Voice Handicap Index: 10 (VHI-10) to the Brazilian Portuguese. CoDAS. 2013; 25(5):482-485. https://doi.org/10.1590/S2317-17822013000500013.
7: Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady D, Hearst N, Newman TB. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 2a Ed. Porto Alegre: Editora Artmed; 2003.
8: Behlau M, Madazio G, Moreti F, Oliveira G, dos Santos LMA, Paulinelli BR, Couto Junior EB. Efficiency and Cutoff Values of Self-Assessment Instruments on the Impact of a Voice Problem. Journal of Voice. 2016;30(4), 506.e9–506.e18. https://doi:10.1016/j.jvoice.2015.05.022.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
455
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA DOCÊNCIA EM FONOAUDIOLOGIA EM TEMPOS DE QUARENTENA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A formação do fonoaudiólogo se dá por meio do ingresso em um curso de graduação. As diretrizes nacionais curriculares de fonoaudiologia e o Conselho Federal de Fonoaudiologia recomendam que a formação seja ministrada de forma presencial, estimulando competências e habilidades do profissional fonoaudiólogo. Contudo, nos meados do primeiro semestre de 2020 o Brasil tornou-se exposto a uma pandemia mundial e o ensino superior teve que se adaptar a essa nova rotina. Objetivo: Relatar a experiência da docência em fonoaudiologia em tempos de quarentena. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, observacional por meio do relato de experiência dos docentes do curso de fonoaudiologia de uma instituição de ensino superior privada do estado de Mato Grosso referente aos conteúdos ministrados no primeiro semestre do ano de 2020. Resultados: No início do ano letivo as aulas teóricas ocorreram normalmente de forma presencial, com encontros semanais. Contudo, em março o Covid-19 instalou-se no estado de Mato Grosso, alarmando toda a população. Neste momento, as aulas foram suspensas sendo aguardada a tomada de decisão das autoridades diante do fato. Em 17 de março de 2020 o Ministério da Educação (MEC) publicou a Portaria Nº 343, que dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durasse a situação de pandemia. Diante disso, os professores tiveram que se adaptar dando continuidade as aulas em meio as tecnologias digitais. Inicialmente, as aulas foram realizadas de forma assíncrona com gravações dos conteúdos teóricos e participação dos alunos em fóruns e atividades via Moodle. Duas semanas após, a dinâmica das aulas foi mudada, adotando-se um formato mais próximo do presencial, sendo aulas ao vivo, ou seja, de forma síncrona. Os alunos entravam nas salas de aula virtuais, conforme a grade de aula, não sendo apenas expectadores e sim ativos no processo de ensinagem. Foram feitos trabalhos em grupo, apresentação oral ao vivo, elaboração de vídeos em pares, cartilhas, projetos, mapa mentais, estudos de casos, quiz interativos e outras atividades que envolveram as metodologias ativas. O interessante é que mesmo em meio ao distanciamento social, os alunos conseguiram interagir entre si, reunindo-se virtualmente pelos grupos sociais e plataformas digitais para trocarem ideias e fazerem as atividades. Esse foi o principal desafio, evitar que aula fosse apenas expositiva e fazer do aluno o principal autor de sua história acadêmica. Em 12 de maio de 2020 o MEC publicou uma nova Portaria Nº 473, prorrogando os prazos por mais trinta dias. Diante desta nova prorrogação e impossibilidade do retorno das aulas presenciais, a instituição optou por realizar o processo avaliativo por meio das atividades processuais e provas online. Por fim, em 16 de junho foi lançada uma nova portaria Nº 544 pelo MEC estendendo a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais até 31 de dezembro de 2020. Em julho o semestre letivo foi finalizado com sucesso e muitos alunos descreveram que o ensino foi satisfatório e se sentiram gratificados de estar continuando os estudos mesmo em meio ao momento de reclusão social. Conclusão: Conclui-se que o professor deve estar apto as mudanças do ensino e deve ressignificar a fonoaudiologia conforme o momento histórico em que a profissão exige, sendo o facilitador do processo de ensino-aprendizagem.

Brasil. Ministério da Educação. PORTARIA Nº 343, DE 17 DE MARÇO DE 2020.
Brasil. Ministério da Educação. PORTARIA Nº 473, DE 12 DE MAIO DE 2020.
Brasil. Ministério da Educação. PORTARIA Nº 544, DE 16 DE JUNHO DE 2020.
BRASIL. Resolução CNE/CES nº 5, de 19 de fevereiro de 2002: Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fonoaudiologia. Diário Oficial da União, 2002.
ANTUNES, Giovana Avila; MARTINS, Stéfani Oteiro. Qualidade de vida de estudantes de Fonoaudiologia em diferentes níveis de graduação. 2018.
GARCIA, Vera Lúcia. Formação do Fonoaudiólogo e sua atuação na área Educacional. FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL: reflexões e relatos de experiências, p. 54, 2015.
LEMOS, Marcio. A integração ensino-serviço no contexto da formação do fonoaudiólogo: um relato de experiência da prática de ensino-aprendizagem no estágio de saúde coletiva. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 36, n. 4, p. 1068, 2013.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1206
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE AÇÕES PROMOVIDAS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE COLETIVA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: No setor público de saúde do Brasil, em virtude da Atenção Primária de Saúde ser disposta como uma rede, existe um movimento intersetorialista que atua de forma difusa a promover qualidade de vida. Esse movimento aparece dentro das implementações de políticas públicas, ações afirmativas, projetos dentro das Unidades Básicas de Saúde, as quais dependem de uma gestão coordenada e síncrona. Para que haja então, eficiência e fluidez no serviço. Diante disso, a prevenção de doenças está atrelada à promoção de saúde num âmbito de risco potencial à saúde. Destarte, a promoção de saúde permite ao usuário a consciência da sua condição de saúde e este reconhece os meios para adquirir saúde, logo rompe com a idéia hegemônica da busca pela saúde na remediação de doenças. OBJETIVO: Relatar experiências de ações de promoção e prevenção de saúde nas instituições de apoio e saúde pública. MÉTODO: As ações aconteceram entre o mês de junho e novembro de 2019 em uma cidade no interior de Sergipe, em Unidades Básicas de Saúde, escolas da rede pública de ensino, em instituições filantrópicas de atenção e cuidado, organizações sociais financiadas pelo governo, no centro de referência à saúde do trabalhador, e nos centros de atenção psicossocial. RESULTADOS: Foram realizadas 13 ações, sendo a primeira delas intitulada como: conhecendo a fonoaudiologia, seguindo de acordo com a realidade da comunidade ou com relação a datas comemorativas referentes a fonoaudiologia, tais como: malefícios do cigarro na saúde vocal, campanha julho verde câncer de cabeça e pescoço, conhecendo melhor a audição, combate ao AVE, agosto dourado e setembro azul e amarelo. Cada ação resultou em uma breve explicação referente ao tema a ser abordado, além disso, foram realizados encaminhamentos e orientações. Sistematicamente foram realizadas discussões, tirando dúvidas da população, bem como a realização de dinâmicas, a fim de proporcionar uma melhor interação com a comunidade e proporcionar uma reflexão sobre o tema abordado. CONCLUSÃO: A população idosa foi a que esteve mais presente na Unidade Básica de Saúde durante essas ações, sendo esta população a mais participativa nas dinâmicas e discussões, assim como na demanda por orientações em relação aos assuntos abordados. As ações contribuíram, portanto, para o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionadas às ações individuais e coletivas de prevenção de riscos e doenças, promoção, proteção e reabilitação da saúde. Nesta experiência, a fonoaudiologia em saúde coletiva pôde ser mais disseminada e conhecida pela população, pois muitos não sabiam da existência da fonoaudiologia e outros não conheciam a importância e objetivos dessa área.

1. Teixeira CF, Paim JS. Planejamento e programação de ações intersetoriais para a promoção da saúde e da qualidade de vida. Rev adm pública. 2000;4:63–80.
2. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Documentos Técnicos de apoio ao fórum de saúde suplementar de 2003. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2004.
3. Stotz EN, Araujo JWG. Promoção da saúde e cultura política: a reconstrução do consenso. Saúde e Soc. 2004;13(2):5–19.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1784
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE DISCENTES DE FONOAUDIOLOGIA SOBRE A (RE)HABILITAÇÃO AUDITIVA PÓS IMPLANTE COCLEAR
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)



INTRODUÇÃO: A aquisição da linguagem é uma habilidade que depende, dentre outros fatores, do bom funcionamento do sistema auditivo, pois a percepção auditiva que inicia por volta da 23ª semana gestacional dá à criança a condição para a estimulação das estruturas neurais importantes para a maturação até por volta de seis anos de idade. Para minimizar os impactos da privação sensorial, a criança surda terá a necessidade de passar por uma ação terapêutica fonoaudiológica precoce como o auxílio do uso de dispositivos de amplificação sonora, com a finalidade de possibilitar a esta o desenvolvimento linguístico. O implante coclear é um dispositivo tecnológico parcialmente inserido na orelha média e que tem sido bastante útil no tratamento de crianças com surdez pré lingual. Durante a prática em audiologia educacional os discentes de Fonoaudiologia tem a oportunidade de lidar com diferentes situações terapêuticas e estimular o desenvolvimento comunicativo, de linguagem e das habilidades auditivas da criança surda. OBJETIVO: Analisar o desenvolvimento das habilidades auditivas e comunicativas pós estimulação fonoaudiológica de um indivíduo recém implantado. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência do atendimento terapêutico de um paciente com cinco anos de idade, do sexo masculino, com diagnóstico audiológico de perda auditiva bilateral profunda, fazendo uso de implante coclear unilateral direito há cerca de um mês, o qual possuía queixas de interação, atenção e comunicação anteriores ao implante coclear. Essa experiência ocorreu em uma clínica escola de Fonoaudiologia da cidade de João Pessoa, vivenciada por discentes durante o estágio curricular em audiologia educacional, supervisionados por uma docente, durante o período de agosto a dezembro de 2018, o que corresponde a cinco meses. Este não foi submetido à apreciação ética, por se tratar de um relato de experiência. Resultados: Na avaliação do início do semestre de estágio foi verificado que o paciente apresentava um baixo desempenho nas habilidades auditivas e comunicativas, dando poucas respostas à detecção de sons graves. Durante o período dos cinco meses de (re)habilitação auditiva o paciente passa a detectar os sons graves e agudos e discriminar sons ambientais dos animais em contexto fechado. Quanto às habilidades cognitivas, faz associação das cores e participa com mais atenção e concentração nos jogos compartilhados. Quanto à comunicação, parece demonstrar mais interesse em interagir com aumento das vocalizações e gestos naturais direcionados ao interlocutor. Conclusão: A (re)habilitação auditiva logo nos primeiros momentos após a ativação do implante coclear viabiliza a reorganização neuronal e propicia a aquisição e desenvolvimento das funções auditivas e de linguagem.

Sobreira ACO, Capo, B.M, Santos, T.S.D, Gil D. Desenvolvimento de fala e linguagem na deficiência auditiva: relato de dois casos. Rev. CEFAC. 2015 fev; 17(1):308-317.

Pinheiro EMCD, Guijo LM, Bicas RCS. Interação comunicativa entre pais de crianças e adolescentes deficientes auditivos que utilizam comunicação oral. Rev.Dist.Comunc. 2014; 26(4):744-751.

Speri MRB. A criança com deficiência auditiva: da suspeita ao processo de reabilitação fonoaudiológica. Ver.Vola. 2013; (4):1-25



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1108
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE DISCENTES NA PARTICIPAÇÃO DE OFICINAS DE FLUÊNCIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: o Fluex (Projeto atuação fonoaudiológica nos transtornos da fluência) é um projeto de extensão do departamento de Fonoaudiologia da XXXXX, coordenado por docente, com participação de profissional voluntária e de discentes (cinco voluntários e um bolsista) que promovem oficinas - grupos de intervenção fonoaudiológica na área da fluência. Os encontros foram realizados em grupos, semanalmente, sempre coordenados e supervisionados pela coordenadora do projeto. Em 2019 realizamos a primeira oficina com adultos que gaguejam, e a proposta deste estudo é relatar esta experiência. Objetivo: descrever a realização de oficina em grupo para adultos que gaguejam. Métodos: Inicialmente, coletou-se dados dos seis participantes inscritos por meio do preenchimento da "história clínica", OASES (1) e registro, em audio e vídeo, da amostra de fala (2). Em seguida foram realizados 4 encontros semanais, de 3 horas cada, nos quais foram desenvolvidas estratégias de conscientização, dessensibilização, modelamento da fluência e modificação da gagueira (3-4). Ao final dos quatro encontros, os dados dos participantes foram coletados novamente, por meio dos mesmos instrumentos utilizados antes da oficina. O conteúdo teórico das oficinas de estimulação da fluência, assim como as estratégias de intervenção fonoaudiológica utilizadas, foram pensados e discutidos previamente aos encontros em grupo. Os discentes envolvidos participaram do processo de elaboração do material para as estratégias, além de participarem ativamente dos 4 encontros. Resultados: observa-se que o atendimento em grupo possibilita a interação entre os pacientes, além de contribuir significativamente para o aprimoramento de suas habilidades comunicativas Foi possível observar entre os participantes uma melhora da fluência quanto a ocorrência no número de eventos/disfluências da gagueira após oficina ao comparar a amostra de fala de cada participante como a avaliação inicial. Outro dado importante é quanto ao maior conhecimento sobre a gagueira que os participantes obtiveram e que trouxe maior confiança para o seu desempenho comunicativo o que foi constatado através da comparação pré e pós oficina das respostas do protocolo OASES. Os discentes que participam das oficinas relatam que adquiriram maior confiança e que as atividades realizadas permitiram consolidação teórico-prática e impulsionaram a criatividade e o aprendizado. Conclusão: As estratégias propostas e desenvolvidas nas oficinas de estimulação da fluência são pertinentes, sendo possível desenvolvê-las em grupo. A experiência foi proveitosa, não apenas para os participantes, mas também para os discentes, que veem, no projeto, oportunidades extracurriculares de aprendizado, experiência clínica e crescimento profissional, além de possibilitar a oportunidade de aprofundar e complementar a formação fonoaudiológica relacionada à prática clínica na área da fluência.

Bragatto E, Osborn E, Yaruss JS, Quesal R, Schiefer AM, Chiari BM. Versão brasileira do protocolo Overall Assessment of the Speaker’s Experience of Stuttering – Adults (OASES-A). J Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(2):145-51. http://dx.doi.org/10.1590/S2179-64912012000200010.
Andrade CRF. Fluência. In: Andrade CRF, Béfi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF, editores. ABFW – Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. 2a ed. Barueri(SP): Pró-Fono; 2011. p
Zackiewicz DV, Contesini LA. Apostila Oficina de Fluência. São Paulo, SP: 2018
Bonhen AJ, Ribeiro IM, Ferreira AMM. Processos de intervenção nos distúrbios da fluência. Lamônica AC, Britto DBO (Org.). Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. Ribeirão Preto, SP: BookToy; 2017. p. 243-54.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1773
RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO “DEMANDA VERSUS ATENDIMENTO DA CLÍNICA-ESCOLA DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, CAMPUS LAGARTO”
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A saúde é um direito de todos e um dever do Estado, contudo, nem todos os pacientes que apresentam distúrbios da comunicação conseguem ser atendidos no Sistema Único de Saúde logo quando apresentam uma queixa. Geralmente permanecem em longas filas de espera, gerando a necessidade de procura por serviços privados, muitas vezes, com custos além da possibilidade financeira das famílias, causando evasão em curto prazo. No município de Lagarto são raros os centros especializados de saúde para o atendimento de demandas de atenção secundária. A clínica-escola da UFS visa dar suporte às referidas demandas do SUS em conjunto com a formação do aluno dos cursos de graduação em saúde, não obstante enfrenta dificuldades em virtude da alta procura pelos serviços. Objetivo: Orientar familiares acerca dos distúrbios da comunicação e demais temas relacionados à saúde; Avaliar as estratégias adotadas para o enfrentamento da acessibilidade à clínica-escola de Fonoaudiologia da UFS Lagarto; Oferecer terapia breve (individual ou em grupo) aos pacientes que aguardam por atendimento fonoaudiológico. Método: O projeto foi composto por subprojetos, dentre os quais se destacam a triagem, as orientações aos pais/familiares e atendimentos breves, de forma a acolher e realizar ações de educação em saúde. As atividades foram realizadas semanalmente por dez discentes dos diferentes ciclos do curso de Fonoaudiologia, com supervisão da fonoaudióloga do departamento. Como o foco principal foi o gerenciamento da lista de espera, realizou-se uma análise acerca da composição de tal lista. Resultados: O projeto foi realizado no período de setembro de 2018 a agosto de 2019. Construiu um modelo de triagem com viés acolhedor, incluindo um atendimento com resolutividade e responsabilidade, fazendo as orientações para o paciente e sua família em relação às queixas apresentadas, ao atendimento e funcionamento dos demais serviços de saúde ofertadas na Clínica-Escola, estabelecendo meios para garantir o sucesso dos possíveis encaminhamentos. Ao longo do projeto, 87 pessoas foram triadas e/ou avaliadas, sendo orientadas e encaminhadas para outras especialidades, quando necessário. 20 familiares recebam orientações em grupo sobre autismo e gagueira possibilitando uma troca de experiências, escuta qualificada, promovendo o empoderamento dessas famílias. Foram realizadas 12 avaliações audiológicas e 16 atendimentos breves considerando as necessidades individuais de cada paciente para alcançar a independência e a potencialização das habilidades comunicativas. Conclusão: O projeto contribuiu para o redirecionamento de atividades e criação de outros serviços como orientações individuais e grupos para pais de crianças com distúrbios de comunicação, que colaboraram com a agilidade nos atendimentos e bem-estar do usuário. As orientações precisas e direcionadas às queixas evitaram que quadros como defluências gagas em crianças piorassem ao longo do período de espera, garantindo o devido cuidado. Em alguns casos, esse manejo por si só possibilitou a resolutividade do quadro. As ações realizadas nos fazem refletir a necessidade de um novo olhar sobre a dinâmica da fila de espera, a importância das orientações, a necessidade de mais atendimentos breves bem planejados e a construção de novos critérios para alta terapêutica favorecendo a diminuição do tempo de espera e promovendo um atendimento humanizado.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1262
RELATO DE EXPERIÊNCIA EM AÇÕES DE SAÚDE COLETIVA PARA A POPULAÇÃO IDOSA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Preservar a saúde e contribuir para um envelhecimento ativo é de extrema importância, tendo em vista o largo crescimento da população idosa no Brasil. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde)¹. A educação em saúde como processo político pedagógico, requer o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, permitindo desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o indivíduo à sua autonomia e emancipação como sujeito histórico e social². A educação em saúde é prática privilegiada no campo das ciências da saúde, em especial da saúde coletiva³. A vivência no estágio de graduação em Saúde Coletiva proporciona ao discente o acesso à população, evidenciando as necessidades do território e proporcionando a criação de ações de promoção e prevenção à saúde do idoso. OBJETIVO: relatar a experiência de quatro discentes do curso de graduação em Fonoaudiologia em ações para a população idosa no estágio de “Ações em Saúde Coletiva”, sob supervisão de uma professora e da fonoaudióloga do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). MÉTODO: O público-alvo das ações foram: idosos frequentadores do Lian Gong, da Academia da Cidade e da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro São Bernardo, região norte de Belo Horizonte. Foram realizadas ações com temáticas relacionadas à memória com o grupo de prática de Lian Gong e da Academia da Cidade, e distribuição de uma cartilha informativa desenvolvida pelos discentes sobre memória. Além disso, realizou-se a “Semana do Idoso” do dia 01 à 03 de outubro de 2019, com rodas de conversa sobre sexualidade na terceira idade, saúde bucal, orientação alimentar e nutricional, orientações sobre o Estatuto do Idoso, orientação sobre voz, audição e memória - uma cartilha sobre o tema foi distribuída como material complementar -, e aferição de pressão arterial, juntamente com o preenchimento e distribuição da Caderneta do Idoso. As rodas de conversas foram mediadas pelos seguintes profissionais da saúde: fonoaudiólogo, nutricionista, ginecologista, dentista, assistente social, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Além disso, os participantes, usuários e profissionais da UBS, foram convidados à participar de uma oficina de técnicas vocais universais e atividades de bingo. RESULTADOS: As ações realizadas alcançaram um total de 132 idosos. A experiência no estágio em saúde coletiva possibilitou aos discentes uma visão ampliada sobre promoção de saúde. Por meio dos materiais confeccionados, supervisões, reuniões de planejamento, seminários e discussões sobre os conteúdos abordados, foi possível aplicar os conteúdos aprendidos. Além disso, o contato direto do aluno com a comunidade, inserido dentro da realidade da população, sob orientação clínica e acadêmica, permitiu aprendizado e experiência no campo profissional, didático e humanístico. CONCLUSÃO: A vivência em ações de Saúde Coletiva torna-se essencial para a formação do estudante. Ressalta-se ainda a necessidade de realização de ações em atenção à saúde do idoso, devido ao crescimento e as demandas desta população. A educação em saúde é um importante fator para a promoção da saúde e para o incentivo ao autocuidado do indivíduo.

1. Organização Mundial da Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília, DF: OPAS; 2005.
2. Machado MFAS, Monteiro EMLM, Queiroz DT, Vieira NFC, Barroso MGT. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS - uma revisão conceitual. Cien Saude Colet 2007; 12(2):335-342.
3. Paim J, Almeida Filho N. Saúde Coletiva: uma "nova saúde pública" ou campo aberto a novos paradigmas? Rev Saude Publica 1998; 32(4):299-316.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1329
RELATO DE EXPERIÊNCIA EM ENSINO: CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES NA INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA ATRAVÉS DO USO DO SISTEMA FM NO AMBIENTE ESCOLAR.
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A inclusão escolar de crianças com deficiência auditiva é um desafio para instituições de ensino e passa pelo acesso e utilização de tecnologias auxiliares à audição. O ambiente acústico escolar pode acarretar prejuízos para a percepção de fala destas crianças, com consequências para seu desenvolvimento acadêmico. Um dispositivo que pode auxiliar neste processo é o Sistema FM, pois possibilita uma diminuição da relação fala/ruído, melhorando a compreensão do que é dito pelo professor. Com seu uso, a fala do professor alcançará a orelha da criança com intensidade e qualidade sonoras melhores. O mecanismo funciona como um microfone sem fio, composto por um transmissor que capta o som próximo à boca do interlocutor e o envia para um receptor adaptado ao aparelho auditivo e/ou implante coclear. Apesar de a legislação prever o acesso a este dispositivo desde 2013, e dos benefícios já relatados de seu uso, se observam muitas dúvidas por parte tanto dos usuários e das famílias quanto dos professores sobre sua utilização.

OBJETIVO: Capacitar professores da rede pública de ensino ao uso do Sistema FM com alunos com deficiência auditiva, contribuindo para a inclusão escolar destes.

MÉTODO: Foi realizado levantamento sobre quantidade e localização dos alunos com deficiência auditiva que receberam o Sistema FM no município e as escolas nas quais eles estavam inseridos foram convidadas a participar do projeto, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação. O Curso de Capacitação foi planejado e preparado pelos voluntários, sob supervisão das docentes, e versou sobre temas como: sinais e características das perdas auditivas, importância de conhecer o efeito da reverberação e como isso impacta no aluno em sala de aula e informações sobre o Sistema FM e sua funcionalidade. Além da realização do curso destinado aos professores, o projeto pretende realizar o acompanhamento após a capacitação, estando presente para dirimir dúvidas do cotidiano da inclusão escolar de cada aluno. Também está sendo elaborada cartilha informativa para ser distribuída nas escolas.

RESULTADOS: No ano de 2019 já foi realizada a primeira oficina, que contou com a participação de professores da rede pública, e também de graduandos de Fonoaudiologia e Educação que se interessaram pelo tema. Devido à suspensão do calendário escolar por conta da pandemia de COVID-19, não foi possível dar continuidade a esta ação do projeto em 2020. Ainda mantendo os objetivos da proposta, o projeto tem colhido como resultado o envolvimento dos alunos na confecção da cartilha e na atualização do curso de capacitação, que será oferecido no segundo semestre de forma virtual. Além disso, o projeto produziu material sobre o tema que foi distribuído nas redes sociais, visando ampliar o escopo das ações para um número cada vez maior de pessoas na sociedade.

CONCLUSÃO: O projeto vem cumprindo seu papel, atuando junto à sociedade para garantir a inclusão de alunos com deficiência auditiva por meio da capacitação de professores da rede de ensino do município, e formando profissionais comprometidos com a realidade em que vivem, buscando alternativas de atuação mesmo em tempos de pandemia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
928
RELATO DE EXPERIÊNCIA EM ENSINO: TRABALHANDO A APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO NA FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Resultados de estudos recentes evidenciaram relações importantes entre a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) e questões fonoaudiológicas que envolvem as áreas de linguagem, voz, audiologia, funções cognitivas, aprendizagem, disfagia e motricidade orofacial. A Fonoaudiologia atua como adjuvante no tratamento deste distúrbio, por meio da terapia miofuncional orofacial, com registro de resultados importantes para a melhoria da qualidade de vida e de sono dos pacientes apneicos. Apesar disso, esta relação não é tema de ensino explícito durante a formação de futuros profissionais fonoaudiólogos em muitas instituições de ensino. Objetivo: Levar os alunos do Curso de Fonoaudiologia de uma instituição pública federal a refletir sobre possibilidades de intervenção fonoaudiológica sob o prisma de diversas áreas que compõem o campo (representadas pelas disciplinas relacionadas a esta proposta) nos quadros de AOS por meio da Metodologia da Problematização (PBL). Metodologia: Inserção de conteúdos relacionados à interação AOS e Fonoaudiologia no currículo das disciplinas do Curso de Fonoaudiologia utilizando PBL, por meio de um Programa de Iniciação à Docência (PID) da instituição. O PID tem como objetivos preparar os futuros profissionais para a docência e atualizar o currículo do curso através da utilização de metodologias pedagógicas ativas. A fim de efetivar a atuação do projeto nas disciplinas, os alunos vinculados à proposta realizaram revisão bibliográfica e selecionaram artigos que pudessem subsidiar as aulas. Para cada disciplina, os alunos matriculados receberam, por meio de uma plataforma on line, um caso clínico tratando de conteúdos próprios da ementa, cujo paciente tinha características de AOS que poderiam causar/agravar o quadro descrito. Então eram realizadas questões que deveriam ser respondidas e enviadas por meio de um fórum de discussão, abordando tais aspectos. A seguir, era disponibilizada a aula em slides e, novamente, o caso clínico, para discussão de possíveis alterações no raciocínio terapêutico dos alunos com base nos conhecimentos adquiridos com a exposição. Resultados: Os resultados obtidos até o momento com o PID são parciais, tendo em vista a suspensão das atividades acadêmicas no período por conta da pandemia de COVID-19. No entanto, já é possível perceber a mudança no comportamento dos alunos vinculados ao projeto, que acabam por introjetar na sua formação em Fonoaudiologia o aspecto do ensino, ao buscar referencial teórico, compilar informações para apresentação, conduzir discussões e levar os alunos à reflexão clínica a respeito de um tema específico com repercussão no campo fonoaudiológico. Além disso, o PID foi muito bem avaliado pelos alunos que já sofreram a intervenção, tanto do ponto de vista do assunto abordado (AOS), quanto da metodologia utilizada (PBL). Conclusão: O PID é uma experiência de ensino exitosa que contribui, ao mesmo tempo, para formação em ensino da bolsista, para a atualização do currículo em Fonoaudiologia, e para a formação do profissional fonoaudiólogo por meio de uma reflexão crítica baseada em evidências científicas.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
511
RELATO DE EXPERIÊNCIA POR PROFISSIONAIS FONOAUDIÓLOGOS EM GRUPO DE TABAGISMO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Sabe-se que o tabaco causa a morte de mais de 8 milhões de pessoas anualmente, sendo que mais de 7 milhões das mortes são causadas pelo seu uso direto e 1,2 milhões dessas vítimas são fumantes passivos. A nicotina, substância presente no cigarro, causa dependência nos seus usuários e o acometimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) é o órgão do Ministério da Saúde responsável pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo e pela articulação da rede de tratamento do tabagismo no Sistema Único de Saúde, com descentralização das ações de intervenção para os municípios. Na atenção primária uma das ferramentas encontradas para alcançar o objetivo são os grupos terapêuticos de cessação ao tabagismo. Objetivo: Relatar a experiência de fonoaudiólogos em grupos de tabagismo na Atenção Primária à Saúde. Método: Este estudo está baseado na vivência de fonoaudiólogos atuantes nos municípios de Barcelona/RN e Santo Antônio/RN. O grupo de fumantes dos respectivos municípios é de caráter multiprofissional, sendo o fonoaudiólogo um dos profissionais atuantes, podendo assumir o papel de coordenador.  Os grupos ocorrem em cincos sessões com periodicidade semanal e duração de 90 minutos, sendo uma sessão voltada ao acolhimento dos usuários e as demais baseadas nos manuais disponibilizados pelo INCA, com os respectivos temas: entender o porquê se fuma e os malefícios para saúde; os primeiros dias sem fumar; como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar; e os benefícios obtidos após parar de fumar. A auriculoterapia também é realizada pelo fonoaudiólogo capacitado, no município de Barcelona/RN. Resultados: A iniciativa do grupo é uma grande ferramenta para aqueles que desejam cessar o hábito de fumar. O comprometimento no grupo é um grande desafio encontrado, uma vez que o abandono é comum, especialmente a partir da segunda sessão. A adesão ao grupo pelo usuário é desafiadora, sendo a iniciativa de ingressar geralmente estimulada por familiares e não pelo próprio fumante. Salienta-se que após o primeiro passo, o indivíduo é encorajado a assumir responsabilidade e compromisso com o seu objetivo. Ao ingressar nas atividades, os mesmos se deparam com outros usuários que estão na mesma situação e com estratégias que podem ajudá-los, como: apoio dos próprios integrantes do grupo, auriculoterapia, apoio psicológico e acesso a informação quanto aos efeitos negativos do uso do tabaco nas diversas áreas de sua vida. Por meio dessas estratégias alguns usuários conseguem obter êxito no objetivo inicial do grupo, que é a descontinuação do uso do tabaco. O fonoaudiólogo busca trabalhar questões de voz, mastigação e deglutição com os usuários, sendo comum identificar alterações que necessitam de atendimento fonoaudiológico individual, que em sua maioria são alterações vocais. Conclusão: Com a interrupção do hábito de fumar o risco de aparecimento de outras doenças crônicas é menor, porém, considerando que os agravos do tabagismo apresentam comumente a necessidade de intervenção fonoaudiológica, pois agem de forma negativa nas funções do sistema estomatognático, a participação deste profissional no grupo anti-tabagismo é imprescindível.

Referências: 

Organização Pan-Americana da Saúde Brasil/Organização Mundial da Saúde Brasil. Folha Informativa - Tabaco [Internet]. Brasil: Organização Pan-Americana da Saúde Brasil/Organização Mundial da Saúde Brasil; [atualizado em 2019 Jul.; citado em 2020 Jul 05]. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5641:folha-informativa-tabaco&Itemid=1097

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Dia mundial sem tabaco 2020: tabagismo e coronavírus (COVID-19). Brasil, 2020. 16p.

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Tratamento do Tabagismo [Internet]. Brasil; Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; [atualizado em 2020 Jul 5; citado em 2020 Jul 05]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo/tratamento#:~:text=Os%20medicamentos%20disponibilizados%20pelo%20Minist%C3%A9rio,e%20o%20cloridrato%20de%20bupropiona

Instituto Nacional De Câncer José Alencar Gomes Da Silva/Ministério da Saúde (BR). Deixando De Fumar Sem Mistérios: Manual do Coordenador. Rio de Janeiro: Instituto Nacional De Câncer José Alencar Gomes Da Silva/Ministério da Saúde (BR); 2019.

Ministério da Saúde (BR).  Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica o cuidado da pessoa tabagista: Cadernos de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2015. 


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1028
RELATO DE EXPERIÊNCIA: AÇÕES DESENVOLVIDAS NO DIA MUNDIAL DA AUDIÇÃO DE 2020.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: O dia 03 de março marca o Dia Mundial da Audição, data em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza campanhas educativas destinadas a promoção de saúde auditiva a população. Anualmente, a OMS define o tema a ser desenvolvido mundialmente em palestras e materiais gráficos, no intuito de disseminar informações a cerca de riscos e cuidados com a audição humana, acreditando que o conhecimento promova prevenção de alterações auditivas. No ano de 2020, o tema proposto foi “Audição para a Vida” e, em Joinville, a Faculdade de Fonoaudiologia - IELUSC promoveu ações de conscientização relevantes como a vivenciada no Estágio Curricular de Audiologia Ocupacional.
OBJETIVO: Relatar a prática acadêmica experienciada durante o Estágio Curricular de Audiologia Ocupacional ao promover ações educativas em saúde auditiva a estudantes de uma escola profissionalizante do município de Joinville - Santa Catarina, no Dia Mundial da Audição de 2020.
MÉTODO: O público-alvo foi composto por estudantes com idade de 16 a 20 anos inseridos em cursos profissionalizantes da área administrativa, aprendizagem industrial e assistente de produção, aprendizagem industrial e planejamento e controle da produção, e aprendizagem industrial de mecânica de produção veicular. A partir das informações obtidas previamente com docentes da instituição sobre o perfil do público alvo, as acadêmicas foram distribuídas em duplas para elaborar materiais educativos (folders, cartazes e vídeos informativos) com temas direcionados a hábitos sonoros inadequados e comuns nesta faixa etária e riscos à saúde auditiva presentes nos ambientes de trabalho. Desta forma, foi proposta ações a respeito do uso de fones de ouvido, exposição a ruído ocupacional, cuidados com a audição durante a exposição a ruído e métodos preventivos para alterações auditivas.
RESULTADOS: No dia 03/03/2020 as ações foram propostas em stands onde foram dispostos materiais ilustrativos como cotonetes gigantes, peças anatômicas de orelhas, medidor de pressão sonora e distribuição de materiais impressos aos estudantes. Também foram rodas de conversa que trataram de assuntos como anatomia e fisiologia auditiva, patologias auditivas decorrentes de exposição à ruído ocupacional e recreativo e, meios para se prevenir perdas auditivas. Ao todo, 109 estudantes dos cursos profissionalizantes estiveram presentes na ação proposta, participando de forma ativa, fazendo perguntas, tirando dúvidas e interagindo com as estagiárias. Ainda, foi veiculado vídeo elaborado pelas acadêmicas de Fonoaudiologia, em redes sociais do curso juntamente com mídias visuais orientando os cuidados auditivos.
CONCLUSÃO: A partir da proposta da OMS e atendendo a ementa do Estágio Curricular de Audiologia Ocupacional da Faculdade de Fonoaudiologia IELUSC, o Dia Mundial da Audição de 2020 proporcionou práticas de educação em saúde a um número relevante de jovens estudantes expostos a riscos auditivos, tanto recreativos quanto ocupacionais. Acredita-se que as ações desenvolvidas além de produtivas, foram eficazes e promoveram o conhecimento sobre a saúde auditiva, contribuindo para a prevenção de perdas auditivas nos futuros trabalhadores. Além disso, a experiência acadêmica se mostrou enriquecedora na construção do conhecimento das práticas fonoaudiológicas.

FRANÇA, AG; LACERDA, ABM. Promoção da saúde auditiva: estratégias educativas desenvolvidas por estudantes do ensino médio. Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 26(2): 365-372 junho, 2014. Disponível em: https://ken.pucsp.br/dic/article/viewFile/15479/14655. Acesso em: 10/07/2020.
LACERDA, ABM; SOARES, VMN; GONÇALVES, CGO; LOPES, FC; TESTONI, R. Oficinas educativas como estratégia de promoção da saúde auditiva do adolescente: estudo exploratório. Audiology - Communication Research, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 85-92, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312013000200006&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 10/07/2020.
WHO. OMS marca Dia Mundial da Audição pedindo investimentos na saúde. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2017/03/1579031-oms-marca-dia-mundial-da-audicao-pedindo-investimentos-na-saude. Acesso em: 10/07/2020.
WHO. OMS alerta que perda de audição pode afetar mais de 900 milhões até 2050. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2020/03/1705931. Acesso em: 10/07/2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2059
RELATO DE EXPERIÊNCIA: IMPLEMENTAÇÃO DE UMA OFICINA ONLINE PARA APRESENTAÇÃO DE SEMINÁRIOS E TRABALHOS ACADÊMICOS
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A universidade é fundamentada na tríade universitária indissociável, abrangendo os eixos de pesquisa, ensino e extensão para o aperfeiçoamento e disseminação do conhecimento à comunidade interna e externa do cenário acadêmico. Dentre as ações que permeiam o ensino, têm-se as metodologias inovadoras, as quais envolvem a realização de oficinas.Considerando o contexto pandêmico atual, as atitudes preventivas contra o COVID-19, incluem o distanciamento físico, abrangendo quarentenas e fechamento de locais de aglomeração e centros educacionais. Dessa forma, a teleducação ou educação à distância, a qual necessita da tecnologia para possibilitar o estudo individual ou coletivo, pode ser utilizada como recurso de transmissão de conhecimento, bem como, possibilitar a realização da oficina de alta performance diante desse novo contexto.
Objetivo: Relatar a experiência da Oficina de Alta Performance desenvolvida no cenário de isolamento físico ocasionado pelo COVID-19.
Método: Esse estudo apresenta caráter quanti-qualitativo, descritivo, do tipo relato de experiência, acerca da implementação da Oficina de Alta Performance, com abordagem relacionada a como apresentar seminários e trabalhos acadêmicos. Foi desenvolvida em dois encontros, sendo o primeiro voltado para os elementos visuais da apresentação e ministrado por uma designer formada e o segundo destinado para os aspectos da comunicação e expressividade, apresentado por graduandos em Fonoaudiologia orientados por uma professora especialista em voz.
Os interessados em participar dos encontros da oficina deveriam realizar a inscrição por meio de um link de acesso disponibilizado nas redes sociais do grupo organizador e optar por quais encontros desejaria participar. Os participantes pagaram um valor simbólico destinado para as pesquisas na universidade envolvendo o COVID-19.
Após cada encontro, foi enviado para os participantes um questionário do Google Formulários. Para o primeiro, as perguntas foram direcionadas a conhecer o perfil dos participantes e as ferramentas utilizadas por eles. No segundo, as perguntas visaram obter um feedback sobre como foi esse encontro online.
Resultado: No primeiro encontro, obteve-se 24 participantes, os quais responderam ao questionário enviado, sendo maior parte do curso de Fonoaudiologia e seguidos por Odontologia, Medicina, Administração e Psicologia. Ao serem questionados sobre os softwares que utilizam, 79,2% referiram utilizar o PowerPoint e apenas 12,5% o Canva. Dentre os motivos dessa a escolha do foi referido por 41,7% que ocorre pela afinidade e 33,3% pela praticidade do programa. Por fim, 75% das pessoas sentem dificuldades durante o processo de criação das apresentações.
Já no segundo encontro 27 inscritos participaram, porém obtiveram 25 respostas do questionário, sendo 72% do curso de Fonoaudiologia, 12% do curso de Odontologia e Medicina e 4 % do curso de Administração. Os relatos dos participantes mostraram que 92% teve a expectativa atingida, sendo a didática utilizada pontuada por 56% com nota 10, 24% com nota 9, 12% com nota 8 e 8% com nota 7. Já a relevância do conteúdo ministrado foi apontada como nota 10.
Conclusão: A Oficina de Alta Performance contribuiu significativamente para as vidas dos participantes, proporcionando maior conhecimento para um melhor desempenho na apresentação, tanto visual como comunicativa, de seminários e trabalhos acadêmicos.

Borges DS, Tauchen G. Inovações no ensino universitário: possibilidades emergentes. Educação [periódicos na Internet]. 2012 set/dez [acesso em 25 de jun 2020]; 37(3):555-68. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/index.php/reveducacao/article/viewFile/5052/3980

Politize! [homepage na internet]. Extensão universitária: um projeto que e aproxima da comunidade? [acesso em 25 jun 2020]. Disponível em: https://www.politize.com.br/extensao-universitaria-como-funciona/
Souto XM. COVID-19: Aspectos gerais e implicações globais. Recital [Internet] 2020 Jun [acesso em 25 jun 2020];(1):12-6 Disponível em: https://recital.almenara.ifnmg.edu.br/index.php/recital/article/view/90/37

Da Silva AVM, Da Cruz SC, Gonçalves M da S, Rodrigues VR, De Queiroz EN, Ribeiro TVF. Formação docente para uso das tecnologias: teleducação no instituto superior de educação do Rio de Janeiro. Revista de informática educativa [periódicos na Internet]. 2020 [acesso em 2020]; 2(1):1-7. Disponível em: http://cp2.g12.br/ojs/index.php/parceriasdigitais/article/view/2324/1568



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1958
RELATO DE EXPERIÊNCIA: O APRENDIZADO VIRTUAL DE LIBRAS DURANTE A PANDEMIA DO COVID19 SOB A PERSPECTIVA DOS ESTUDANTES
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


O distanciamento social causado pela pandemia do COVID-19 trouxe mudanças no ensino superior que exigiu adequações da universidade, dos professores e alunos ao ensino virtual (entenda-se aqui como ensino remoto e aulas à distância – EaD), uma vez dada as restrições físicas impostas pela pandemia. Assim, as relações professor/aluno e ensino-aprendizagem foram adaptadas à nova realidade e as universidades tiveram que adotar medidas para dar continuidade as atividades presenciais de ensino. Esse trabalho busca relatar a experiência de ensino virtual de Libras durante a Pandemia do Covid-19 sob a perspectiva dos alunos de quatro cursos de graduação (dois cursos da área de saúde, um curso da área de humanas e um curso da área de ciências biológicas) a fim de que, com base nos resultados, haja uma reflexão sobre a efetividade do ensino de Libras à distância, bem como das metodologias e práticas pedagógicas usadas. Para isso foi realizado uma pesquisa com todos os alunos por meio de questionário online, não identificado, com a finalidade de investigar qual o nível de satisfação do aprendizado do aluno durante o semestre na disciplina de Libras. Dos 120 alunos matriculados nos quatro cursos, 49 responderam ao questionário com questões abertas e fechadas. Os dados mostram que quanto ao nível de satisfação em relação ao aprendizado, em uma escala de 0 a 5: 8 alunos marcam 5 (16, 3%); 27 alunos marcaram 4 (55,1%); 9 alunos marcaram 3 (18,4%); 4 alunos marcaram 2 (8,2%); e 1 aluno marcou 1 (2%), nenhum aluno marcou O. Na escala de 0 – 5, 5 indicava muito satisfatório e 0 insatisfatório. Para compreender melhor os dados, outros questionamentos também foram feitos tais como a qualidade do conteúdo teórico e prático da disciplina de Libras; qual o grau de empenho e comprometimento com os estudos durante a disciplina; e se o aluno teve algum problema relacionado a pandemia que tenha prejudicado o seguimento e/ou seu rendimento durante o curso. Com base nos dados podemos concluir que o ensino de Libras pela modalidade virtual é possível. Os depoimentos relatados pelos alunos apontaram que a disciplina os surpreendeu positivamente quanto a metodologia de ensino e organização da disciplina. A parte teórica foi melhor avaliada pelos alunos, pela qualidade do conteúdo e por não terem a dificuldade de lidar com uma nova língua para compreensão dos novos conceitos; com relação a parte prática, o conteúdo foi bem avaliado, porém alguns pontos precisam de ajustes, tais como mais exercícios práticos e mais monitorias.

Burki TK. COVID-19: consequences for higher education. The Lancet. Oncology. 2020 Jun;21(6):758. https://europepmc.org/article/med/32446322 DOI: 10.1016/s1470-2045(20)30287-4.

Franchi T. The Impact of the Covid-19 Pandemic on Current Anatomy Education and Future Careers: A Student's Perspective. Anatomical sciences education. 2020; 13(3), 312–315. https://doi.org/10.1002/ase.1966

Nature. Universities will never be the same after the coronavirus crisis: How virtual classrooms and dire finances could alter academia. 2020; 582: 162-164. https://www.nature.com/articles/d41586-020-01518-y DOI: 10.1038/d41586-020-01518-y

Ortiz, PA. Teaching in the time of COVID-19. Biochemistry and Molecular Biology Education. 2020 May/June; 48 (3): 201. https://doi.org/10.1002/bmb.21348



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1857
RELATO DE EXPERIÊNCIA:13 ANOS DE LIGA ACADÊMICA DE TELESSAÚDE E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO NA GRADUAÇÃO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução:
As Ligas Acadêmicas são organizações estudantis supervisionadas por docentes vinculados a uma instituição de ensino, sem fins lucrativos, apartidária, não religiosa, de duração ilimitada e caráter multiprofissional. Dentre os objetivos, têm-se o estudo de uma temática específica, desenvolvendo ações baseadas no tripé universitário, oportunizando aos discentes: expressão ativa e inovadora, troca de experiências.
A Telessaúde consiste na oferta de serviços em saúde, utilizando a tecnologia para troca de informações sobre diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças, assim como no desenvolvimento de pesquisas e educação continuada de profissionais.
Neste sentido, verifica-se a importância da realização de uma Liga Acadêmica nessa temática, proporcionando maiores incentivos ao estudo, desenvolvimento de pesquisas e extensão aos alunos de graduação nas áreas de saúde.

Objetivo:
Relatar a experiência da Liga Acadêmica de Telessaúde (LAT), desde sua implementação no ano de 2007.

Métodos:
Esse estudo é de caráter quanti-qualitativo, descritivo, do tipo relato de experiência, sobre a implementação da LAT, desde sua criação até os dias atuais.
A referida liga foi fundada em 2007 por discentes em conjunto com docentes do curso de Fonoaudiologia da instituição de ensino superior.
Desde seu início, a LAT apresenta visão interdisciplinar, composta inicialmente por graduandos dos cursos de fonoaudiologia e odontologia e, em 2018, também medicina, bem como, professores interessados no cuidado e ensino em saúde à distância.
A cada edição, a liga apresenta objetivos específicos a serem alcançados, entretanto, o objetivo geral é a formação profissional interdisciplinar baseada na saúde conectada, em ações de teleconsulta, teleatendimento, telemonitoramento e teleducação para aplicação nas áreas envolvidas.
As estratégias e ferramentas de ensino-aprendizagem e as dinâmicas utilizadas são variadas e inovadoras, incluindo projetos de pesquisa em saúde conectada, reuniões presenciais ou on-line, apresentação de aulas e palestras por profissionais convidados, atividades à distância sob tutoria de docentes, acompanhamento das ações de telessaúde no campus, participação junto à comunidade, oficinas e fóruns de discussão.
Os assuntos abordados nas edições variam conforme as publicações e discussões científicas do respectivo ano. Assim, apesar da Telessaúde como temática central, a LAT procura atualizar os envolvidos, com aprendizados constantes e crescentes anualmente.

Resultados:
A LAT conta com uma média de 50 participantes por edição, sendo 30% discentes do grupo organizador, 60% graduandos dos cursos envolvidos e 10% docentes e pós-graduandos.
A carga horária anual é em torno de 13 a 15 horas, distribuídas em atividades presenciais e on-line nos 1° e 2° semestres, com duração aproximada de 4 meses.
Quanto aos motivos dos graduandos para inscrição na liga, verifica-se: temática interessante, ampliação dos conhecimentos na área, preparação e inovação para o mercado de trabalho e certificação de participação.

Conclusão:
Desde sua criação, a LAT proporciona aos participantes oportunidades de aprendizado, troca de informações e experiências, bem como busca pela pesquisa científica na área da saúde conectada.
A LAT é um exemplo de estratégia para formação interdisciplinar de profissionais da saúde na temática referida. Dessa forma, sugere-se que outros cursos da saúde se mobilizem para fornecer a mesma formação diferenciada e tão essencial aos futuros profissionais.

Costa AP, Afonso CL, Demuner JMM, Moraes JM, Pires WC. A importância da Liga Acadêmica de Queimaduras. Rev Bras Queimaduras. 2009 out; 8(3):101-5.

Daniel E, Zétola PR, Sue CA, Amorim CS. Liga Acadêmica de Medicina do Trabalho: a experiência da Universidade Federal do Paraná. Rev Bras Med Trab [periódicos na Internet]. 2018 mar [acesso em 13 jul 2020]; 16(2):199-203. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/rbmt.org.br/pdf/v16n2a11.pdf

Spinardi ACP, Blasca WQ, Wen CL, Maximino LP. Telefonoaudiologia: ciência e tecnologia em saúde. Pró-Fono R. Atual. Cient. [periódicos na Internet]. 2009 Set [acesso em 13 jul 2020]; 21(3):249-254. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pfono/v21n3/12.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
447
REPERCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PICTURE EXCHANGE COMMUNICATION SYSTEM – PECS NO NÍVEL DE SOBRECARGA MATERNA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A sobrecarga de cuidadores de pessoas com patologias crônicas é descrita como uma perturbação resultante do lidar com a dependência física e a incapacidade mental do indivíduo alvo da atenção e dos cuidados. Ao assumir o papel de cuidador ou responsável pelo bem-estar de um familiar, o indivíduo fica sujeito à tensão e a agentes estressores, mas também a ganhos, tais como sentir satisfação e bem-estar pelo que pode proporcionar ao seu familiar1-3. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) caracteriza-se pelos impedimentos graves e crônicos nas áreas de interação e comunicação social, e por um repertório restrito e estereotipado de interesses.,4,5 O comprometimento no desenvolvimento apresentado por crianças com TEA pode ter diversas implicações para a dinâmica familiar, desde a sobrecarga física e mental decorrente de atribuições da vida cotidiana, altos níveis de estresse e baixo índice de qualidade de vida para seus familiares, até a possibilidade de se desenvolver a capacidade de adaptação e a resiliência. Cientes que uma parcela significativa desses indivíduos se encontra impossibilitada de utilizar a comunicação verbal e portanto, necessitarão de um sistema de comunicação alternativo e aumentativo, o objetivo deste estudo é avaliar a repercussão da implementação do Picture Exchange Communication System – PECS6 no nível de sobrecarga materna. Metodologia: Trata-se de um estudo longitudinal (CEP 1284/2017). A amostra foi constituída por 22 mães de crianças diagnosticadas por equipe multidisciplinar com TEA3. As mães tinham em média, 41 anos. 59% delas tinha nível de escolaridade superior completo e 41%, ensino médio. 60% pertenciam às classes sócio-econômica A/B e 40% às classes C/D. Para avaliar o nível de sobrecarga materna foi aplicada a escala Burden Interview,7 em dois momentos: no início e ao final do Programa de Implementação do PECS. Tal programa foi composto por 24 sessões de terapia fonoaudiológica5 individual com a presença do familiar e obedeceu a seis fases originais do Manual de Treinamento do PECS. Resultados: O nível de sobrecarga materna foi predominantemente de grau moderado. Houve redução dos índices de sobrecarga na comparação entre os dois momentos, no entanto sem significância estatística (p=0,223). Conclusão: Os índices de sobrecarga materna obtidos neste estudo refletem a grande necessidade de cuidados e preocupações que o TEA impõe às famílias, alertando sobre a necessidade de atenção que devemos estender às mães e cuidadores durante o processo de intervenção terapêutica fonoaudiológica da criança.

1. Misquiatti, ARN et al. Desempenho sociocognitivo nos Transtornos do Espectro do Autismo e interferência do ambiente terapêutico. CoDAS, São Paulo, v. 26, n. 5, p. 402-406, Oct. 2014
2. Pinto, RNM et al. Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações familiares. Rev. Gaúcha Enferm. Porto Alegre, v. 37, n. 3, e61572, 2016.
3. Ferreira C. Efeito da implementação do PECS no índice de sobrecarga em mães de autistas. Dissertação. UNIFESP, 2018.
4. American Psychiatric Association. American Psychiatric Association. DSM 5: diagnostic and statistical manual of mental disorders. Fifth edition, 2013.
5. Tamanaha AC, Perissionoto J. Transtornos do Espectro do Autismo – implementando estratégias para a comunicação. BookToy Ed. Ribeirão Preto, 2019.
6. Bondy A. Frost L. Manual de Treinamento do Sistema de Comunicação por Troca de Figuras. Newark: Pyramid, 2009.
7. Scazufca M. Brazilian version of the Burden Interview scale for the assessment of burden of care in carers of people with mental illnesses - Versão brasileira da escala Burden Interview para - avaliação de sobrecarga em cuidadores de indivíduos com doenças mentais.Rev Bras Psiquiatr.2002;24(1):12-7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
387
REPOUSO ELETROMIOGRÁFICO DOS MÚSCULOS MASSETER E TEMPORAL DE MULHERES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR PÓS INTERVENÇÃO COM BANDAGEM ELÁSTICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A Disfunção Temporomandibular (DTM) é decorrente de um grupo de alterações musculares e da articulação temporomandibular (ATM)1 e acarreta distúrbios que afetam a ATM, os músculos mastigatórios e componentes próximos, bem como o sistema estomatognático, causando limitações e impossibilitando seu correto funcionamento 2.Desta forma, um importante recurso para investigar a DTM e a eficiência do seu tratamento é a eletromiografia de superfície (EMGs). Este procedimento permite captar o registro bioelétrico do músculo em repouso e a contração muscular do mesmo, os dados obtidos são de suma importância para o estudo do estado fisiológico e patológico do músculo. A EMGs é entendida como um exame indolor, rápido e não invasivo 3,4.Objetivo:verificar os limiares de repouso eletromiográfico dos músculos masseter e temporal em pacientes com disfunção temporomandibular antes e após intervenção fonoaudiológica, com e sem autilização de bandagem elástica terapêutica.Método: A coleta contou com 14 participantes do sexo feminino, com idade entre 18 e 40 anos, com diagnóstico de DTM muscular ou mista. As pacientes foram divididas entre dois grupos classificados comopacientes com bandagem junto à terapia manual (CB) e grupo de terapia manual (SB). As pacientes inicialmente foram avaliadas pela eletromiografia de superfície nas situações de contração voluntária máxima e repouso e, apósquatro semanas de intervenção, foi realizada nova avaliação com os mesmos instrumentos. A análise dos dados ocorreu de forma quantitativa e qualitativa. Resultados:No grupo SB o músculo masseter direito apresentou aumento dos valores de repouso com significância, qualitativamente o mesmo ocorreu para todos os músculos deste grupo, o que acarretou no equilíbrio da musculatura ipsilateral e contralateral. Para o grupo CB não houvevalores estatísticos significativos, porém os valores de repouso muscular diminuíram e equilibraram-se de forma contralateral.Conclusão:o presente estudo apresentou valor estatisticamente significativo apenas no grupo SB no músculo masseter direito, com os valores de repouso muscular aumentados após intervenção. Qualitativamente, também houve aumento dos valores eletromiográficos após terapia tradicional em todos os músculos deste grupo. Com relação ao grupo CB não foram obtidos valores significativos, porém, foi verificada mudança nos valores com a diminuição do repouso eletromiográfico após terapia. Em comparação, pode-se observar que ambos os grupos apresentaram características distintas com relação às respostas geradas pela terapia.


1. Okeson JP. Sinais e sintomas das desordens temporomandibulares. In: Okeson, J.P. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008: 133.
2. Pelicioli M, Myra RS, Florianovicz VC, Batista JS. Physiotherapeutictreatment in temporomandibulardisorders. Revista Dor 2017; 18(4): 355-61.
3. Pernambuco LA, Cunha RA, Lins O, Leão JC, Silva HJ. A eletromiografia de superfície nos periódicos nacionais em fonoaudiologia. Cefac 2010; 1 (14): 1-8.
4. Celinski AI, Cunali RS, Bonotto D, Farias, AC, Cunali PF. Eletromiografia de superfície em disfunção temporomandibular: revisão sistemática. Rev Dor 2013; 2 (14): 147-50.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2070
RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL DA SAÚDE DO IDOSO EM FONOAUDIOLOGIA DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Atividades hospitalares são executadas em ambiente de constante exposição aos fatores de risco de diversas ordens. Os procedimentos de segurança preconizados pela OMS, que sempre foram parte da rotina hospitalar, se intensificam em decorrência da presença de um vírus com elevado poder de contágio. Objetivo: Apresentar adaptações realizadas na biossegurança hospitalar e nos atendimentos realizados pela Residência em Fonoaudiologia a pacientes com ou sem suspeita de infecção pelo novo Corona Vírus em um hospital escola da rede pública. Método: Foram adotadas medidas de biossegurança mais rígidas com o início da pandemia, as quais foram modificadas à medida em que evoluiu o conhecimento científico acerca da disseminação da doença. Tornou-se obrigatório o uso do uniforme de bloco cirúrgico em todos as alas do hospital e proibido o uso do jaleco. Instaurou-se uso obrigatório da máscara N-95 para todos os residentes de Fonoaudiologia nas dependências do hospital e utilização rigorosa da touca e do óculos de proteção durante os atendimentos. Foi alterado o rigor de higienização das maletas do setor de Fonoaudiologia. Para os pacientes considerados “precaução de contato”, como na UTI, as medidas sempre foram: capote, luvas, touca, óculos de proteção e, em adicional para este momento, máscara N-95 e face shield. Foi desencorajado o uso de pistas visuais articulatórias devido à obrigatoriedade do uso constante da máscara. Priorizou-se os atendimentos de disfagia grave e reduziu-se a frequência para pacientes de reabilitação de linguagem com o objetivo de diminuir o contato. Todos foram orientados a não permanecer em grupos maiores que cinco pessoas dentro das salas de discussão de casos, desta forma houve também uma redução significativa do contato interpessoal e de momentos de descontração durante intervalos ou ao final do expediente. Resultados: O uso dos dispositivos de proteção causam lesões na face, principalmente na região do nariz. As camadas de roupa elevam a temperatura e causam suor e desconforto, além de aumentar o tempo de paramentação/desparamentação. A intensificação da higienização e do descarte demandou mais trabalho dos profissionais e contribuiu para cansaço e atrasos nos atendimentos. Houve a necessidade de divisão das equipes para discussão dos casos, o que compromete a pluralidade e a participação de mais profissionais. A convivência diária com o perigo constante de contaminação e vivenciar colegas de trabalho sendo contaminados alimentam o sentimento de medo da contaminação. Existem relatos de assédio moral e físico nas ruas e nos transportes públicos por sermos profissionais de saúde. O fato de não podermos ter o afago íntimo da família, neste momento causa em todos uma sensação de solidão e de abandono. Conclusão: O contexto de atuação dos profissionais de saúde é permeado por experiências de perdas, estresse, ansiedade e medo que podem ou não trazer importantes impactos à vida psicológica desses. Sendo assim, pensar no cuidado à saúde mental implica considerar o indivíduo como um ser composto pelas dimensões física, psicológica, social e espiritual, que, ao interagirem entre si, constroem formas de lidar com as situações de crise que se apresentam no decorrer de sua vida.

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Biossegurança em saúde: prioridades e estratégias de ação. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. 242 p.

2. Novack ACM, Karpiuck LB. Acidentes com perfurocortantes em trabalhadores de saúde: revisão de literatura. Rev. Epidemiol. Controle Infecc. 2015;5(2):89-93.

3. Saúde Mental e Atenção Psicossocial frente à pandemia do coronavírus. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1599
RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA EM PERNAMBUCO: A FONOAUDIOLOGIA GANHANDO ESPAÇO
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A residência multiprofissional em saúde (RM) é uma das principais estratégias na promoção da integralidade, formando e qualificando profissionais em sua área específica e para o trabalho em equipe. As RMs vêm se estabelecendo em especialidades cada vez mais complexas, a exemplo das unidades de terapia intensiva (UTI) e visando a assistência e o aprendizado integral é garantida um processo seletivo com vagas para uma equipe multiprofissional, dentre estes, encontra-se o Fonoaudiólogo, a fim de compreender a dinâmica de atendimento/objetivos neste ambiente hospitalar e viver as interfaces com outros profissionais. OBJETIVO: Relatar sobre as vivências do ser residente em Fonoaudiologia no programa de residência multiprofissional em terapia intensiva (RMTI) de Pernambuco, em um hospital de beneficência de Recife. MÉTODO: A residência de RMTI é formada por residentes nas áreas: psicologia, odontologia, enfermagem, nutrição, fisioterapia, farmácia e fonoaudiologia, tendo duração de 2 anos e contendo a proposta pedagógica de educação pelo serviço que são desenvolvidas, sob preceptoria, de profissionais Fonoaudiólogos e também de outras áreas. Essas vivências aconteceram durante o período de Março 2019 a Janeiro de 2020 onde vivenciou-se atividades práticas assistenciais e teóricas. Para que o objetivo foste alcançado havia a realização de atividades como: seminários multiprofissionais no qual cada profissional compartilha temas específicos importantes para interdisciplinariedade, como por exemplo a atuação do Fonoaudiólogo na UTI, sua importância, seu papel na equipe deixando claro que o Fonoaudiólogo atua visando melhorar a qualidade de vida do paciente e minimizar os riscos de novas comorbidades, como é o caso da broncoaspiração; Outra prática são as visitas multiprofissionais na UTI com discussões de casos clínicos e elaboração de planos terapêuticos; cursos em plataforma virtual; participações em oficinas e palestras promovidas pelo hospital, além de atividades específicas em cada núcleo, no caso a Fonoaudiologia, proporcionarem aulas, seminários com metodologia ativa, clubes de revista para discussão sobre artigos e temáticas de todos aspectos da fonoaudiologia hospitalar desde da anatomofisiologia a reabilitação, acrescido da importância da atuação Fono conjunta aos outros profissionais da equipe para a assistência integral ao paciente. O campo de atuação são em UTIs de diversas especialidades, são elas: geral, nefrológica, cardiológica, neurológica, pediátrica, neonatal, cirúrgica, além da semi-intensiva. No qual junto aos outros residentes somos divididos em subgrupos para a cada 3 meses vivenciar cada UTI, tanto em demandas específicas quanto interdisciplinar, do complexo hospitalar que atende demandas particulares e de usuários do SUS. RESULTADOS: É observado que com as atividades propostas e a prática assistencial que os residentes foram expostos possibilitou o contato com uma gama de experiência, compartilhamento de conhecimento teórico, construção de raciocínio clínico, consequente melhora na assistência ao indivíduo respeitando o princípio da integralidade e atuando e conhecendo a importância da equipe multiprofissional em todos contextos. CONCLUSÃO:Conclui-se que ser residente de Fonoaudiologia em uma residência multiprofissional é um processo desafiador e transformador, além de ser essencial para uma melhor formação pessoal e profissional, aumento da visibilidade da profissão ao reconhecerem a nossa necessidade nas equipes (na UTI) e com isso amplia as oportunidades para a fonoaudiologia


TRABALHOS CIENTÍFICOS
737
RESÍDUOS FARÍNGEOS E A CORRELAÇÃO COM O NÚMERO DE DEGLUTIÇÕES NA ESCLEROSE MÚLTIPLA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurodegenerativa autoimune crônica inflamatória1,2 que afeta cerca de 2,3 milhões de pessoas no mundo3. A disfagia é frequente na EM4,5 e pode causar a presença de resíduos faríngeos que está altamente relacionada com o risco de aspiração6. Sendo assim, a necessidade de múltiplas deglutições pode estar associada a presença de resíduos na faringe para clareamento completo da via digestiva7. Objetivo: Verificar se há correlação entre o número de deglutições e a presença de resíduos faríngeos na EM. Método: Trata-se de um estudo observacional analítico transversal retrospectivo, com dados secundários de um banco de videofluoroscopia de indivíduos com EM. A amostra foi composta por exames de deglutição de 77 indivíduos, sendo 65 do sexo feminino e 12 do sexo masculino, com idade entre 19 e 61 anos, com o grau de comprometimento neurológico classificado pela Escala Expandida de Estado de Incapacidade (EDSS). Foram analisadas deglutições de líquido – IDSSI1 (5ml e 10 ml) e pastoso - IDSSI4 (8ml), ofertadas três vezes cada. Três fonoaudiólogas experientes avaliaram em consenso a presença de resíduos faríngeos das 693 imagens do banco de dados. Deglutições que não apresentaram resíduo faríngeo em todas as ofertas foram classificadas como grupo controle (GC) e deglutições que apresentaram resíduos foram classificadas como grupo de estudo (GE). O GE foi subdividido em deglutições com resíduos faríngeos nas três ofertas (GE1) e deglutições que apresentaram resíduos em uma ou duas das ofertas (GE2). O número de deglutições foi analisado por um avaliador cego e considerou-se como média o número de deglutições que ocorria em maior frequência entre as três ofertas de IDDSI1 e IDSSI4, assim a amostra final para análise estatística foi 231 deglutições. Para a classificação do grau de comprometimento da deglutição adotou-se as escalas de Rosenbek8 e de O’Neil9. Para a análise estatística utilizou-se o programa IBM SPSS Statistics version 24 e os testes de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis para comparar as variáveis. Considerou-se nível de significância de 5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob parecer nº 294/09. Resultados: Das 231 deglutições, 73 (31,6%) apresentaram resíduos faríngeos e em 158 (68,4%) não foram encontrados. Não houve significância estatística ao comparar GCxGE em cada consistência e volume, assim como nas variáveis de idade, sexo, tipo de EM e EDSS. Observou-se significância estatística ao analisar as escalas O’ Neil e Rosenbek, nas quais o GE apresentou maior número de deglutições na ausência de disfagia (p=0,021) e na ausência de penetração/aspiração (p=0,015). Na comparação GCxGE1xGE2, observou-se que indivíduos de 50 a 61 anos pertencentes ao GE2 apresentaram maior número de deglutições (p= 0,031). Conclusão: O número de deglutições em pessoas com EM não é sinal preditivo de presença de resíduos em recessos faríngeos. Indivíduos mais velhos com resíduos faríngeos apresentaram maior número de deglutições provavelmente pela associação da patologia com o envelhecimento. Indivíduos com resíduos que não possuíam penetração/aspiração ou disfagia apresentaram maior número de deglutições possivelmente devido à melhores habilidades biomecânicas e sensitivas durante a deglutição.

1. Filippi M, Bar-Or A, Piehl F, Preziosa P, Solari A, Vukusic S, Rocca MA. Multiple sclerosis. Nat Rev Dis Primers. Nat Rev Dis Primers. 2018;4(1):43.
2. Reich DS, Lucchinetti CF, Calabresi PA. Multiple Sclerosis. N Engl J Med 2018;378(2):169-80.
3. Multiple Sclerosis International Federation. Atlas of MS 2013: mapping multiple sclerosis around the world. MSIF.org (2013). Disponível em: https://www.msif.org/wpcontent/uploads/2014/09/Atlas- of-MS.pdf.
4. Alfonsi E, Bergamaschi R, Cosentino G, Ponzio M, Montomoli C, Restivo DA, Brighina F, Ravaglia S, Prunetti P, Bertino G, Benazzo M, Fontana D, Moglia A. Electrophysiological patterns of oropharyngeal swallowing in multiple sclerosis. Clin Neurophysiol 2013;124(8):1638-45.
5. Santos VA, Vieira ACC, Silva HJ. Atividade elétrica dos músculos masseter e supra-hióideo durante a deglutição do paciente com esclerose múltipla. CoDAS 2019;31(6):e20180207.
6. Pearson Jr WG, Molfenter SM, Smith ZM, Steele CM. Image-based Measurement of Post-Swallow Residue: The Normalized Residue Ratio Scale. Dysphagia 2013;28:167-77.
7. Padovani AR, Moraes DP, Mangili LD, Andrade CRF. Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD). Rev Soc Bras Fonoaudiol 2007;12(3):199-205.
8. Rosenbek JC, Robbins JA, Roecker EB, Coyle JL, Wood JL. Penetration-Aspiration Scale. Dysphagia 1996;11:93-8.
9. O’Neil KH, Purdy M, Falk J, Gallo J. Dysphagia Outcome and Severity Scale. Dysphagia 1999;14(3):139-45.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1640
RESOLUÇÃO TEMPORAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O processamento auditivo temporal pode ser definido como a percepção do som ou da alteração deste dentro de um momento limitado ou definido de tempo(1). Assim, refere-se à habilidade de perceber ou diferenciar estímulos que são apresentados numa rápida sucessão(2). Durante a anamnese, são importantes as informações dos pacientes, familiares e/ou responsáveis a respeito das situações de vida diária relacionadas ao funcionamento do sistema auditivo(3,4) e que podem estar relacionadas com transtorno do processamento auditivo. Questionários foram e são utilizados durante a entrevista inicial com o paciente, principalmente crianças, e com família, pois permitem a coleta de dados acerca dos aspectos comportamentais auditivos. A alteração nas habilidades auditivas temporais de crianças e adolescentes em idade escolar pode gerar dificuldades no processamento fonológico, na discriminação auditiva, na linguagem receptiva, na leitura, na escrita, na habilidade de soletrar, no aprendizado da linguagem oral, na segmentação fonêmica de palavras e no desenvolvimento de representações alteradas de informação verbal na memória(5). Objetivo: Verificar a associação entre habilidades de resolução temporal, comportamento auditivo e fatores sociodemográficos em crianças e adolescentes com alterações fonoaudiológicas. Métodos: Estudo observacional analítico transversal com amostra não probabilística, composta por 47 escolares, com escolaridade do 3° ao 8° ano do ensino fundamental e na faixa etária entre nove e 12 anos, 11 meses e 29 dias. Foram utilizados instrumentos para avaliação da habilidade de resolução temporal e a Scale of Auditory Behaviors (SAB) para verificar os eventos do dia a dia que têm correlação com as funções auditivas. Resultados: A amostra foi composta por 47 crianças e adolescentes, sendo 32 (68,1%) do gênero masculino e 15 (31,9%) do gênero feminino e com faixa etária entre nove anos e 12 anos 11 meses e 29 dias, sendo a média de idade de 10,47 anos. Em relação à escolaridade, a amostra distribuiu-se do terceiro ao sétimo ano do ensino fundamental em que a maioria dos participantes eram de escolas públicas (91,5%), e, cerca de 39 escolares (83%) apresentou presença de queixa escolar e 8 escolares (17%) não relatou queixa escolar. Quanto às alterações fonoaudiológicas encontradas, observou-se que a maioria dos participantes tinha distúrbio de linguagem escrita e leitura e transtorno do processamento auditivo concomitantes (89,4%). A associação do RGDT com a idade, alteração fonoaudiológica, ano escolar e queixa escolar não apresentaram significância estatística e verificou-se que a associação do RGDT com o sexo, financiamento da escola, CCEB e SAB obtiveram resultados estatisticamente significantes com valores de p≤0,05. Conclusão: O estudo demonstrou que a maioria dos participantes apresentou alteração no teste de habilidade de resolução temporal e que houve associação com significância estatística entre as habilidades de resolução temporal, comportamentos auditivos e fatores sociodemográficos, especificamente nas variáveis sexo, financiamento da escola e classificação econômica da família.

1. Zaidan E, Garcia AP, Tedesco MLF, Baran JA. Desempenho de adultos jovens normais em dois testes de resolução temporal. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008; 20(1): 19-24.
2. Santos JLF, Parreira LMMV, Leite RCD. Habilidades de ordenação e resolução temporal em crianças com desvio fonológico. Rev CEFAC. 2010; 12(3): 371-6.
3. ASHA: Working Group on Auditory Processing Disorders. (Central) Auditory Processing Disorders. Rockville, MD: American SpeechLanguage-Hearing Association; 2005. Report Nº: TR2005-00043.
4. Bellis TJ, Ferre JM. Multidimensional approach to the differential diagnosis of central auditory processing disorders in children. J Am AcadAudiol. 1999;10(6):319-28.
5. Perez AP, Pereira LD. O Teste Gap in Noise em crianças de 11 e 12 anos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2010; 22 (1): 7-12.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1372
RESOLUÇÃO TEMPORAL: RELAÇÃO COM CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA, ASPECTOS DEMOGRÁFICOS, QUEIXAS ESCOLARES E ATENCIONAIS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)



Introdução: O processamento auditivo está relacionado a efetividade em que o sistema nervoso central interpreta as informações auditivas1. As habilidades do processamento auditivo são imprescindíveis para a fala e linguagem2. Dentre as habilidades do processamento auditivo, destaca-se a resolução temporal que diz respeito à capacidade em distinguir entre dois estímulos sonoros no menor intervalo de tempo 3. A consciência fonológica está relacionada à habilidade de manipular os sons da fala, e dificuldades nesta habilidade podem estar relacionadas ao distúrbio do processamento auditivo, uma vez que audição é essencial para o desenvolvimento das habilidades linguísticas4. O uso de questionários como o Scale of Behaviors-SAB, auxiliam na investigação sobre os aspectos auditivos do cotidiano da criança5. Objetivo: Descrever o desempenho de escolares na faixa etária de nove a doze anos nos testes de Consciência Fonológica (CONFIAS) e Resolução Temporal (GIN) segundo aspectos sociodemográficos, escolares e atencionais. Método: Estudo descritivo com amostra não probabilística composta por 39 escolares na faixa etária de nove a 12 anos 11 meses e 29 dias. Foram utilizados os seguintes instrumentos/procedimentos: Anamnese realizada com os pais para investigar o histórico de saúde e habilidades do processamento auditivo, Critério de Classificação Econômica Brasil-CCEB, Scale of Behaviors-SAB, Meatoscopia, Avaliação auditiva tonal e vocal, teste Gaps-In-Noise (GIN) e o CONFIAS. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o número 68260417.4.0000.5149. Resultados: Dos 39 participantes, a maior parte (30,8%) se encontrava na faixa etária de 11 anos e a maioria (61,5%) era do sexo masculino. Quanto a escolaridade, a maioria (87,1%) cursava o 1° ano do ensino fundamental. A maioria (84,4%) estudava em escola pública e a maior parte pertencia a classificação B2 (33,3%) do CCEB. Em relação ao questionário SAB, a maioria (69,2%) dos participantes apresentou resultado alterado. Na anamnese, realizada com os pais, verificou se que a maioria (79,5%) informou que acreditam que os filhos apresentavam dificuldade em prestar atenção por maior tempo, dificuldades em atividades escolares (82,1%) e dificuldades em seguir orientações (66,7%). Enquanto que 61,5% não relataram que os filhos apresentavam dificuldades para conversar em ambientes ruidosos e 53,8% que não apresentam dificuldades de conversar com várias pessoas ao mesmo tempo. Na classificação geral do Confias, 71,8% dos participantes apresentaram resultado adequado. Na análise da resolução temporal GIN, 61,5% apresentaram resultado adequado, sendo que 38,5% tiveram resultado inadequado. Conclusão: O uso de questionários e testes que visam compreender os fatores que estão relacionados às queixas escolares, atencionais, assim como aspectos sociais são essenciais, pois contribuem para a discussão de melhores estratégias de diagnóstico e prevenção, além de auxiliar na detecção precoce de dificuldades escolares.
















1-Asha: American Speech-Language-Hearing Association. (Central) Auditory Processing Disorders, Technical Report, 2005;20p.

2-Zilliotto KN, Machando LP, Rabinovich K, Perissinoto J, Pereira LD, Chiari BM. Distúrbios de fala e desordens do processamento auditivo: Relato de caso. Dist. Comum. 2002;13(2):307-22.

3-Zaidan, Elena et al. Desempenho de adultos jovens normais em dois testes de resolução temporal. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008; 20 (1): 19-24.

4-Quintas VG, Attoni TM, Keske-Soares M, Mezzomo CL. Processamento auditivo e consciência fonológica em crianças com aquisição de fala normal e desviante. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2010; 22(4), 497-502.

5-Nunes CL, Pereira LD, Carvalho GS. Testes auditivos em português europeu. CoDAS.2013;25(3):209-15.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
844
RESPIRAÇÃO E SUPORTE RESPIRATÓRIO PARA O CANTO: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A voz é um dos bens mais preciosos da humanidade, é um importante instrumento de comunicação e é também utilizada como um instrumento musical, presente desde a idade medieval e que permite outra forma de expressão através do canto. Cantar exige uma demanda maior de todo o sistema e uma ação articulada e coordenada entre os diferentes recursos do aparelho fonador. A respiração é um dos recursos da fonação que pode ser controlada e ajustada durante o canto, auxiliando na melhora da qualidade e no controle da emissão vocal. Objetivo: Realizar revisão integrativa de literatura relacionada à respiração no canto e seus benefícios, com destaque ao apoio respiratório. Metodologia: Revisão integrativa de literatura que se caracteriza como uma análise qualitativa, descritiva e exploratória. Para realização da busca dos artigos nas bases de dados foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): canto, respiração, voz, diafragma e fonoaudiologia. Os descritores “canto” e “respiração” foram selecionados como os principais, de forma que foram combinados entre si e entre os demais descritores utilizando o operador booleano ‘’AND’’. Foi utilizado um teste de relevância, para se verificar o atendimento aos critérios de inclusão e assim determinar se os artigos se enquadravam ou não no estudo em conformidade aos seus objetivos. Resultados: Com a análise dos artigos foi observado que o apoio respiratório contribui para a sustentação das frases musicais, melhora a qualidade da emissão vocal, amplia loudness, auxilia na realização do vibrato, diminui a tensão cervical e escapular, melhora a projeção vocal, auxilia a mudança de tom e contribui para a elevação da pressão subglótica, exigida em emissões de intensidades elevadas. Não existe consenso na literatura em relação ao tipo respiratório preconizado para o canto, sendo que o mais citado foi o intercostal e diafragmático. Não foram obtidos dados científicos referentes a qual seria o valor de TMF preconizado para o canto. Existem controvérsias entre os profissionais do canto em relação à definição do apoio respiratório, porém os estudos citam a participação da musculatura abdominal e do tórax durante o suporte respiratório. Não foram encontradas descrições de estratégias para adequar o apoio respiratório, visto que os estudos preconizaram considerar medidas fisiológicas para definir melhor os aspectos respiratórios no canto. Foram identificadas diferenças entre os gêneros na investigação da ventilação regional (um estudo). Encontraram-se dados sugestivos de que o fator emocional durante a emissão vocal e o nível de experiência profissional podem ter impactos positivos no suporte respiratório. Outro dado relevante foi o de que profissionais do teatro musical precisam de um maior preparo respiratório, pois ao dançar e cantar o consumo de oxigênio aumenta e as demandas cardiovasculares exigidas podem afetar a voz negativamente. Conclusão: O apoio respiratório tem benefícios significativos no canto, mas ainda existem inúmeras controvérsias em relação a definição, estratégias e fatores fisiológicos envolvidos. Há necessidade de mais estudos relacionados ao tema, principalmente no canto popular.

Palavras-chave: Canto; respiração; voz; diafragma; fonoaudiologia.



1. Behlau M, Feijó D, Madazio G, Rehder MI, Azevedo R, Ferreira AE. Voz profissional: Aspectos gerais e atuação fonoaudiológica. In: Behlau M. Voz: O livro do especialista. 2.ed. Rio de janeiro: Revinter; 2010. p.287-372.

2. Junior WG. Programa de Apoio Respiratório Sonorizado: processo de aprendizado de cantores populares. [Dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2010.

3. Waldow MLC. Estratégias respiratórias e seus efeitos na qualidade da voz cantada: um estudo acústico e perceptivo. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2015.

4. Júnior WG, Ferreira LP, Silva MAA. Apoio respiratório na voz cantada: perspectiva de professores de canto e fonoaudiólogos. Rev. CEFAC. 2010 jul-ago; 12(4): 551- 562.

5. Traser L, Knab J, Echternach M, Fuhrer H, Richter B, Buerkle H, Schumann S. Regional ventilation during phonation in professional male and female singers. Respir. physiol. neurobiol. 2017; 239: 26-33.

6. Salomoni S, Hoorn WV, Hodges P. Breathing and Singing: Objective Characterization of Breathing Patterns in Classical Singers. PLos ONE. 2016 mai; 11 (5): 1-18.

7. Jiang JJ, Hanna RB, Willey MV, Rieves A. The Measurement of Airflow Using Singing Helmet That Allows Free Movement of the Jaw. J Voice. 2016;30(6):641‐648.

8. Thorpe CW, Cala SJ, Chapman J, Davis PJ. Patterns of breath support in projection of the singing voice. J Voice. 2001;15(1):86‐104.

9. Pettersen V, Bjorkoy K. Consequences from emotional stimulus on breathing for singing. J Voice. 2009; 23(3): 295-303.

10. Lam Tang JA, Boliek CA, Rieger JM. Laryngeal and respiratory behavior during pitch change in professional singers. J Voice. 2008;22(6):622‐633.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
373
RESPIRAÇÃO ORAL E APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) se relaciona com a fonoaudiologia tendo em vista as alterações nas habilidades comunicativas. Entretanto, a avaliação fonoaudiológica deve ser mais abrangente para essa população, incluindo os aspectos miofuncionais devido a prevalência de hábitos orais nesta população, além da respiração oral e possível Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). Objetivo: verificar a ocorrência de respiração oral e/ou de apneia obstrutiva do sono na população com TEA. Método: realizou-se revisão bibliográfica, por meio de buscas realizadas na plataforma BVSalud e PubMed. Foram incluídos artigos que tiveram como tema central demonstrar a relação entre o TEA e a respiração oral/AOS em crianças de até 12 anos. Foram excluídos estudos com a casuística com outras comorbidades associadas ao TEA, com outros distúrbios do sono que não a AOS, artigos sobre a influência de medicamentos no sono, artigos de revisão, e artigos que não estivessem em língua portuguesa, espanhola ou inglesa. Foram lidos os títulos dos artigos localizados para verificar se contemplaram os critérios de inclusão, posteriormente os resumos e por último, os artigos na íntegra, compondo, desta forma, a literatura final para análise. Resultados: Após realizar todos os procedimentos de seleção, foram efetivamente incluídos 13 artigos. Desses artigos, quatro foram publicados em 2019, dois de 2018, três de 2017, dois de 2016, um de 2006 e um de 2004. Todos os artigos selecionados foram publicados em revistas internacionais. Em relação à casuística, os estudos apresentaram a concentração em suas amostras de crianças de 3 a 5 anos. Os artigos enfatizaram que os problemas de sono são mais frequentes na população com TEA e que, diferente das crianças com desenvolvimento típico, os problemas de sono não melhoram com a idade, sendo necessária a busca de um médico especialista em sono para diagnóstico e tratamento. Também se destacou a prevalência de hábitos orais, incluindo a respiração oral, maior em crianças com TEA. Desta forma, é fundamental a atuação da equipe multiprofissional com a população com TEA, pensando em uma melhor qualidade de sono que refletirá diretamente na comunicação do paciente. Conclusão: Apesar de se localizar alguns artigos sobre TEA e AOS/respiração oral, ainda existem muitas questões para se investigar, por exemplo, o acompanhamento longitudinal desses pacientes, para se caracterizar o nível do impacto da qualidade do sono na comunicação dessas crianças.

Aathira R, Gulati S, Tripathi M, Shukla G, Chakrabarty B, Sapra S, et al. Prevalence of Sleep Abnormalities in Indian Children With Autism Spectrum Disorder: A Cross-Sectional Study. Pediatr Neurol. 2017 Sep 1; 74:62–7.
Al-Sehaibany FS. Occurrence of oral habits among preschool children with autism spectrum disorder. Pakistan J Med Sci. 2017 Oct 9; 33(5):1156–60.
Ciulla CC. Autismo: Abordagem do Paciente na Consulta de Odontopediatria [Tese de Mestrado]. Lisboa: Universidade de Lisboa; 2017.
Cohen S, Fulcher BD, Rajaratnam SMW, Conduit R, Sullivan JP, St Hilaire MA, et al. Sleep patterns predictive of daytime challenging behavior in individuals with low-functioning autism. Autism Res. 2018 Feb 1; 11(2):391–403.
Hirata I, Mohri I, Kato-Nishimura K, Tachibana M, Kuwada A, Kagitani-Shimono K, et al. Sleep problems are more frequent and associated with problematic behaviors in preschoolers with autism spectrum disorder. Res Dev Disabil. 2016 Feb 1; 49–50:86–99.
Malhi P, Kaur A, Singhi P, Sankhyan N. Sleep Dysfunction and Behavioral Daytime Problems in Children with Autism Spectrum Disorders: A Comparative Study. Indian J Pediatr. 2019 Jan 28; 86(1):12–7.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
433
RESPIRAÇÃO ORAL NO DISTRITO FEDERAL: CONSCIENTIZAÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A respiração oral é considerada uma alteração do modo respiratório caracterizada pela passagem de ar predominantemente pela boca, com alta prevalência na infância. De acordo com a duração e intensidade desse hábito podem haver alterações morfofuncionais e comportamentais que impactam em sonolência diurna, ausência de apetite, irritabilidade, cansaço frequente, além das dificuldades em concentração e aprendizado que interferem no desempenho escolar¹ ². Nesse parâmetro, a relevância das ações em promoção de saúde contempla medidas que auxiliam no fortalecimento da autonomia dos indivíduos e da sociedade. Desse modo, levar informações acerca dos sintomas da respiração oral ao ambiente escolar auxilia a difundir a importância de uma respiração adequada 3,4. Objetivo: Conscientizar a comunidade escolar (alunos, professores e pais) sobre a importância da respiração nasal e orientar quanto à prevenção da respiração oral abordando suas causas, consequências e profissionais envolvidos no tratamento por meio de um projeto extensão. Método: O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética parecer n° 2.226.226 e realizado no período de maio de 2018 a agosto de 2019. O projeto “Fonoaudiologia na promoção da saúde - Respiração Oral” realizou ações de: (1) panfletagem com folder elaborado pelos participantes do projeto; (2) atividades em 4 escolas, localizadas em Taguatinga e Ceilândia (DF), da educação infantil ao ensino fundamental I por meio de oficinas lúdicas para as crianças e realização de palestras com orientações para os pais e professores. Resultados: Cerca de 2.613 pessoas participaram das ações, sendo distribuídas em: (1) Ações de panfletagem que ocorreram em uma estação de metrô do Distrito Federal totalizando um público de 1.220 pessoas, (2) Palestras realizadas para pais e professores, abrangendo 75 professores e 102 pais, (3) Oficinas lúdicas para os escolares que ocorreram em 2 dias em cada instituição, com a participação de 1.221 crianças. Foi aplicado questionário de satisfação com todos os participantes das ações das palestras e oficinas os quais foram positivos em todos os quesitos. Conclusão: Observou-se a ampliação dos conhecimentos dessa população acerca da temática após o programa de orientação fonoaudiológica, evidenciado com os questionários de satisfação e por meio das ações que abordaram conteúdos referentes às causas e consequências, tratamento e prevenção da Respiração Oral

1. Costa M, Valentim AF, Becker HMG. Achados da avaliação multiprofissional de crianças respiradoras orais. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 [Acesso em 23 de junho 2020]; 17(3): 864-878.

2. Marson A, Tessitore A, Sakano E, Nemr K. Efetividade da fonoterapia e proposta de intervenção breve em respiradores orais. Rev. CEFAC [Internet]. 2012 [Acesso em 23 de junho de 2020]; 14(6):1153-1166.

3. Mendes R, Fernandez Juan CAF, Sacardo DP. Promoção da saúde e participação: abordagens e indagações. Saúde debate [Internet]. 2016 [23 de junho 2020];40(108):190-203.

4. Ribeiro GCA, Santos ID, Santos ACN Paranhos LR, César CPHAR. A influência do modo respiratório no processo de aprendizagem: uma revisão sistemática da literatura. Braz. j. otorhinolaryngol. [Internet]. 2016 [23 de junho 2020]; 82(4):466-478.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1083
RESPOSTA À INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DE UMA CRIANÇA COM DIAGNÓSTICO TARDIO DE APRAXIA ORAL
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


A Apraxia Oral é uma das possibilidades diagnósticas das alterações da comunicação que ocorrem na infância. Infelizmente, o não uso de protocolos de diagnóstico diferencial pelos profissionais pode retardar a definição diagnóstica e comprometer a conduta terapêutica, com impacto negativo no desenvolvimento da comunicação, da linguagem, de habilidades cognitivas e sociais de crianças com este diagnóstico. O objetivo deste trabalho é descrever resultados parciais da intervenção fonoaudiológica de uma menina de nove anos e dez meses, com diagnóstico fonoaudiológico tardio de Transtorno de Linguagem e Apraxia Oral, de etiologia não identificada, realizado aos oito anos e um mês. A intervenção soma 17 meses até o presente, com frequência semanal de três sessões presenciais. O plano terapêutico inicial, revisado continuamente, incluiu: (1) desenvolvimento de movimentos faciais, mandibulares, de lábios e língua, (2) instalação e generalização dos fonemas da língua materna, (3) estruturação sintática, (4) desenvolvimento de funções dialógicas, e (5) otimização da funcionalidade comunicativa com estratégias de comunicação suplementar e alternativa. Foram utilizadas como estratégias: apoio físico, modelo direto, vídeo modelação, além de pictogramas e imagens fotográficas como apoios visuais, muitas vezes combinados e estimulando-se mais de uma via sensorial simultaneamente. Os contextos semânticos das sessões foram definidos a partir de avaliação de interesse, o que também permitiu selecionar itens e atividades para reforçar comportamentos de resposta considerados adequados. A intervenção na mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios promoveu aumento de quatro para seis movimentos faciais, melhora do controle de abertura e fechamento mandibular, aumento de três para dez movimentos de lábios e aumento de três para sete movimentos de língua. Na avaliação inicial a criança foi capaz de produzir isoladamente os fonemas vocálicos orais, a forma nasal de “a”, ditongos “ai”, “oi”, “ão”, “eu”, fonemas /p/, /t/, /m/ e /R/ e cerca de dez palavras monossílabas e dissílabas, com estrutura íntegra (dados validados pelos pais). A criança comunicava-se verbalmente em raras ocasiões e somente com seus pais e o irmão, fazendo uso de gestos indicativos e simbólicos como principal meio de comunicação. Com a intervenção, a criança adquiriu a forma nasal de todos os fonemas vocálicos, os fonemas /f/, /s/ e /l/ em ocorrência sistemática e /b/, /n/ e /×/ em ocorrência assistemática. Verificou-se expansão do vocabulário expressivo para cerca de 200 palavras de até três sílabas e uso de frases com até quatro elementos, utilizadas contextualmente. As respostas atuais da genitora aos itens da Escala Inteligibilidade em Contexto (versão português brasileiro) indicaram que ela, os membros da família nuclear e os professores geralmente compreendem a fala da criança e que familiares mais afastados, amigos, pessoas conhecidas e desconhecidas raramente a compreendem. O escore total foi de 20 em 35, com média de 4 pontos. Embora este caso clínico possa representar uma experiência exitosa, ainda que em curso e de início tardio, sua análise permite recomendar a definição e a ampla divulgação de diretrizes diagnósticas em quadros de Apraxia Oral e Apraxia de Fala da Infância, ressaltando as características do perfil comunicativo de crianças de diferentes idades, com e sem intervenção.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
223
RESPOSTAS AUDITIVAS DE TRONCO ENCEFÁLICO ELICIADAS POR ESTIMULO DE FALA EM CRIANÇAS COM E SEM DISTÚRBIO ESPECÍFICO DE LINGUAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Indivíduos com distúrbio específico de linguagem (DEL) apresentam atrasos significativos no desenvolvimento da linguagem que não estão relacionados a questões sensoriais, cognitivas, psiquiátricas ou neurológicas. Apesar de não haver comprometimento da via auditiva, crianças com DEL apresentam desempenho anormal em testes comportamentais e eletrofisiológicos quando comparadas àquelas com desenvolvimento típico. Objetivo: Revisar os achados do potencial evocado auditivo de tronco encefálico com estimulo de fala (PEATE-fala) em crianças com e sem DEL. Método: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura realizada com a seguinte pergunta condutora Há diferenças nos achados do PEATE-fala em crianças com e sem DEL?. A recuperação dos estudos foi realizada entre maio a junho de 2020 nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), PubMed, Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Web of Science e na Biblioteca Virtual de Saúde (Portal BVS). Utilizaram-se os seguintes descritores: auditory evoked potential OR evoked potential, auditory OR potentials, auditory evoked OR auditory evoked response OR auditory evoked responses OR evoked response, auditory OR evoked responses, auditory OR auditory evoked potentials AND children OR child, obtidos via MeSH e utilizando filtro de pesquisa “Idade: Criança”. Resultados: Foram identificados 13.412 artigos na busca inicial, 121 textos completos foram selecionados para leitura na íntegra. Desses, 116 foram excluídos por não se adequar aos critérios de elegibilidade. Por fim, 5 textos completos foram incluídos na revisão da literatura. Todos tratam-se de estudos do tipo caso-controle. Quanto ao ano de publicação, um foi publicado em 2015, um em 2014, dois em 2012 e outro em 2009. Três deles foram realizados no Brasil, um no Egito e outro nos Estados Unidos, as idades da população variaram de 3 a 13 anos. Quanto a estimulação do PEATE-fala quatro estudos apresentaram com estímulo a sílaba /da/ e apenas um utilizou as sílabas /ba/ e /de/; quatro deles apresentaram o estímulo apenas na orelha direita e um apresentou em ambas as orelhas separadamente. Os estudos apontam aumento de latências das ondas do PEATE-fala, além de redução da amplitude, um dos artigos aponta que há maior alteração nas amplitudes das ondas quando a taxa de apresentação dos estímulos é aumentada , salientando a necessidade de padronização dos parâmetros de estimulação para realização do exame. Além disso, indicam redução do bloqueio de fase de codificação de frequências e redução da sincronia das respostas à fala nessa população. Conclusão: Crianças com DEL apresentam alterações, ao nível do tronco encefálico, na codificação dos sons da fala em relação às crianças com neurodesenvolvimento típico.

1- Bishop DV. What Causes Specific Language Impairment in Children?. Curr Dir Psychol Sci 2006; 15(5):217–221.


2- Filippini R, Befi-Lopes DM, Schochat E. Efficacy of auditory training using the auditory brainstem response to complex sounds: auditory processing disorder and specific language impairment. Folia Phoniatr Logop. 2012; 64(5):217-226.


3- Rocha-Muniz CN, Befi-Lopes DM, Schochat E. Sensitivity, specificity and efficiency of speech-evoked ABR. Hear Res. 2014; 317: 15-22.


4- Rocha-Muniz CN, Befi-Lopes DM, Schochat E. Investigation of auditory processing disorder and language impairment using the speech-evoked auditory brainstem response. Hear Res. 2012; 294(1-2): 143-152.


5- Gabr TA, Darwish TE. Speech auditory brainstem response audiometry in children with specific language impairment. Hearing Balance Commun. 2015; 14(1): 50-58.


6- Basu M, Krishnan A, Weber-Fox C. Brainstem correlates of temporal auditory processing in children with specific language impairment. Dev Sci. 2009; 13(1):77-91.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1893
RESSIGNIFICAÇÃO DE UMA DISCIPLINA ATRAVÉS DA PRÁTICA CLÍNICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ENSINO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O ensino da Fonoaudiologia passou por um grande desafio com o avanço da pandemia da COVID-19, e novas maneiras de ministrar os conteúdos de forma fidedigna aos ementários das disciplinas foi um desafio para professores e alunos. Assim, a Prática Baseada em Evidência (PBE) pode ser uma importante alternativa do contato inicial do alunado com casos clínicos e tomadas de decisão. OBJETIVO: Relatar a ressignificação de uma disciplina de introdução à clínica fonoaudiológica através da prática clínica baseada em evidências durante a pandemia de COVID-19. MÉTODO: As atividades presenciais nas Instituições de Ensino Superior (IES) foram suspensas a partir da segunda quinzena de março até o final do semestre 2020/1, desta forma, disciplinas teóricas foram ministradas telepresencialmente (através do Microsoft Teams). A disciplina de “Práticas Integrativas V” foi ofertada ao quinto período de Fonoaudiologia com 19 alunos matriculados em 2020/1. Embora seja considerada uma disciplina teórica em seu ementário, permite ao alunado uma introdução ao espaço clínico fonoaudiológico com acesso aos prontuários de pacientes (clínica - escola) e simulações da elaboração de relatórios de avaliação e planos terapêuticos. Com o avanço da pandemia da COVID-19 e a necessidade de prosseguir com as ministrações das disciplinas teóricas no modo telepresencial, o ensinamento da prática clínica baseada em evidências foi a maneira alternativa de manutenção da ementa da disciplina e ressignificação da introdução dos alunos à prática fonoaudiológica. Inicialmente foi apresentada a nova proposta metodológica aos alunos matriculados e realizada 4h/a de explanação do conteúdo de PCBE. Em um segundo momento, os alunos foram divididos em quatro grupos (Linguagem, Audiologia, Voz e Motricidade Orofacial) e realizaram as seguintes etapas: 1ª) Elaborar um caso clínico rico em detalhes da área correspondente ao grupo; 2ª) Elaborar uma pergunta clínica para o caso; 3ª) Eleger os aspectos importantes do caso; 4ª) Preencher o acrônimo PICO; 5ª) Verificar os descritores no DECS (descritores em ciências da saúde); 6ª) Formular chaves de busca com os descritores selecionados e os operadores booleanos (AND, OR, NOT); 8ª) Utilizar as chaves de busca na base de dados do Portal de Periódicos da Capes (acesso livre); 9ª) Selecionar os artigos com a melhor evidência científica; e 10ª) Responder a pergunta clínica. RESULTADOS: Os grupos de alunos apresentaram os quatro casos clínicos, o percurso da pesquisa e a tomada de decisão em formato de seminário telepresencialmente; o conteúdo da disciplina pode ser explorado sem prejuízo ao ementário; os 19 alunos puderam manifestar oralmente o percurso da construção dos conhecimentos ao longo das aulas, e todos eles apresentaram pontuação acima da média da IES (7/10 pontos). CONCLUSÃO: A pandemia da COVID-19 e a suspensão das aulas presenciais afetaram diretamente a maneira como a Fonoaudiologia é ensinada/aprendida, desta forma, ressignificar o ensino através de diferentes metodologias e ferramentas, é necessário para promover o avanço acadêmico de qualidade.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
620
RESTRUTURAÇÃO DE FLUXOS NO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO A PACIENTES ADULTOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS COM COVID-19 INTERNADOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) vem afetando de forma drástica a vida e o trabalho, principalmente, dos profissionais da saúde e, em virtude dela, muitos serviços e equipes necessitaram reformular e reorganizar suas rotinas para as novas demandas. Além do rigor quanto ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) já conhecidos e da incorporação de novos itens, como a face shield, foi requisitada revisão de normas de biossegurança, bem como foram demandados novos fluxos, ou a adaptação dos que já existiam, para que se mantivesse a qualidade na assistência a este perfil de pacientes, e também aos demais. No contexto da síndrome respiratória aguda grave por infecção pelo SARS-CoV-2, a Fonoaudiologia pode atuar no manejo do risco aspirativo envolvendo tempo prolongado de intubação orotraqueal e de internação, além das condições habituais clínicas que favorecem alterações da deglutição. Assim, a assistência fonoaudiólogica hospitalar também foi alvo de reformulações. Objetivo: Descrever a reorganização dos fluxos de assistência fonoaudiológica em virtude da instituição de unidade de internação para pacientes adultos com COVID-19 em hospital geral de referência. Métodos: As rotinas do setor de Fonoaudiologia nesta entidade já se encontravam estabelecidas desde a integração da nova equipe em 2015. Porém, devido ao início de demanda de atendimento aos pacientes com o novo coronavírus e ao estabelecimento de ala específica para a internação destes, foi verificado que aspectos inerentes ao cotidiano do serviço e outros como o uso de materiais para as intervenções (alimentos, utensílios, espessante alimentar, estetoscópio) e de itens de apoio (como cartilhas de orientações) precisariam ser remodelados. Foi realizado levantamento das recomendações de sociedades organizadas da área e buscou-se junto à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e ao Serviço de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho (SOST) respaldo para as modificações que se fizessem pertinentes frente a situação organizacional de contingência. Resultados: Foram instituídos “dieta de segurança padrão”; definição de fonoaudiólogo referência para o atendimento de demandas nas alas COVID-19; reorganização da ordem dos atendimentos para que este perfil de pacientes seja assistido após os demais; separação do kit de materiais, incluindo ferramentas que possam ser demandadas durante avaliação e terapia; agregação da sequência de paramentação e desparamentação; fluxo para higienização e armazenamento dos EPIs e troca de uniformes durante os plantões. Resultados: Após o estabelecimento dos novos fluxos e realização dos ajustes necessários para sua incorporação à ala dos pacientes com COVID-19, foi verificado pela equipe uma melhora na organização do trabalho, favorecendo, inclusive, a segurança dos profissionais. Tal estruturação foi descrita em documento do serviço e será base para estabelecimento de Instrução de Trabalho Operacional (ITO) a ser encaminhada para análise e futura publicação institucional. Conclusão: A reformulação dos fluxos se mostrou promissora para atender às novas demandas da equipe de Fonoaudiologia, com ênfase no compromisso de manter a assistência de excelência aos pacientes internados.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1722
RESULTADOS DO PROCESSO DE TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA INTENSIVA EM AFÁSICOS APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: O AVC é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma
disfunção neurológica aguda de origem vascular seguida pela ocorrência súbita ou
rápida de sinais e sintomas relacionados ao envolvimento de áreas focais no cérebro. O
acidente vascular cerebral é uma doença comum com grande impacto na saúde pública
mundial, pois é a principal causa de incapacidades neurológicas e importantes
disfunções motoras e cognitivas. A incidência de AVC aumentou devido ao aumento da
expectativa de vida, sendo a segunda causa de morte no mundo. Dependendo da
localização e gravidade da lesão cerebral, o AVC pode causar danos temporários ou
irreversíveis, entre eles a afasia caracterizada por comprometimento nas áreas
responsáveis pela linguagem, incluindo sua produção, compreensão e outras
habilidades, como leitura e escrita. Mais de 20% dos pacientes com AVC desenvolvem
alguma forma de afasia. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo descrever os
ganhos na comunicação de pacientes com afasia após intervenção intensiva
fonoaudiológica. Método: A terapia ocorreu todos os dias da semana, de segunda a
sexta-feira, durante cinco semanas, totalizando 100 horas. As atividades foram divididas
em quatro visitas de 50 minutos cada e ocorreram no período totalizando 4h de
intervenção por dia. Durante as sessões, foram evidenciadas alterações de linguagem na
avaliação, seguindo a tabela de semiologia das afasias de cada participante. A avaliação
foi realizada através da Bateria Montreal-Toulouse para avaliação da linguagem - MTL-
Brasil antes e após a intervenção. Resultados: O grupo de intervenção intensiva incluiu
13 indivíduos com acidente vascular cerebral isquêmico não trombolizado, uma
compreensão preservada e uma tempo médio de AVC de 7 meses. Seis indivíduos eram
do sexo masculino, com idade média de 49,8 anos. As habilidades de linguagem
trabalhadas deram ênfase na memória, linguagem automática, leitura principalmente de
sentenças, fluência verbal e repetição, considerando as alterações linguísticas e
cognitivas de casa afásico. Na testagem após terapia fonoaudiológica intensiva,
observou-se que os sujeitos afásicos tiveram melhor desempenho nos testes de
linguagem da Bateria MTL-Brasil. Os resultados foram significativos, pois os escores
alcançados pelos pacientes na avaliação pós-intervenção mostram melhora variando de
6 a 210 pontos nas habilidades de comunicação oral e escrita do teste. Conclusões: A
conclusão, baseada nos resultados obtidos neste estudo, foi que a terapia intensiva com
ênfase nas alterações linguísticas e cognitivas foi eficaz para melhorar a comunicação
funcional oral.

1. World Health Organization (WHO). Cerebrovascular disorders. Geneva: WHO; 1978.

2. Vega, J. Broca's, Wernicke's, and Other Types of Aphasia (Homepage internet). Disponível em:
<http://stroke.about.com/od/unwantedeffectsofstroke/a/Aphasia.htm>. Acessado em: Mar.
2009.

3. Girardon-Perlini, NMOG. et al. Lidando com perdas: percepção das pessoas incapacitadas por
AVC.Rev Min Enferm. 2007; 11(2):149-154.

4. Parente MAMP, Fonseca RP, Pagliarin KC, Barreto SS, Soares-Ishigaki ECS, Hübner LC et al.
MTL-Brasil – Bateria Montreal-Toulouse de Avaliação de Linguagem. Editora Vetor. 2016.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1632
REVISÃO BIBLIOMÉTRICA: PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA ÁREA DE VOZ NO BRASIL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A produção científica e a busca por evidências em periódicos relacionada à Fonoaudiologia vêm crescendo nos últimos anos, visto que são uma das principais fontes de informação, difusão do conhecimento científico e atualização profissional1-2. Com isto, estudos do tipo revisão bibliométrica apresentam uma metodologia importante para obtenção de indicadores de avaliação da produção científica, como também busca analisar atividades científicas pelo estudo quantitativo das publicações3-4. Objetivo: Verificar a produção científica na área de Voz no Brasil para desenvolvimento de indicadores. Método: Consiste em uma revisão bibliométrica, do tipo descritiva realizada do período de maio a agosto de 2018. Não houve restrição de ano com relação ao período de referência dos artigos pesquisados. Os descritores e estratégia de busca utilizados foram (voz OR “distúrbios da voz” OR disfonia), pesquisados nas bases de dados LILACS e SciELO. Estipulou-se como critérios de elegibilidade serem artigos originais, de revisão, estudos de caso, séries de casos, ensaios, artigos de opinião, de atualização, de reflexão e de comunicação breve, publicados nos periódicos nacionais. Foram extraídos os seguintes dados dos artigos selecionados: autores, ano de publicação, revista, qualis e área da revista, região do Brasil onde o estudo foi desenvolvido, instituições envolvidas, subárea da Voz, assunto principal, aspectos clínicos, tipo de estudo, características metodológicas. Resultados: Foram selecionados 1.119 artigos, destes 421 foram excluídos por estarem repetidos nas bases de dados e devido os critérios de elegibilidade. Assim, seguiu-se com a leitura na íntegra de 778, finalizando com 636 artigos publicados entre 1983 e 2018. A produção científica na área de Voz no Brasil apresenta um crescimento contínuo destacando o ano de 2015 com maior índice de publicações e a partir do ano de 2016 houve o crescimento da internacionalização. O Sudeste foi a região com maior concentração das publicações no Brasil. Houve maior concentração de estudos na subárea de Voz clínica, em periódicos com Qualis B1, na área de Fonoaudiologia, sendo a revista CoDAS a mais procurada. As pesquisas são majoritariamente unicêntricas, de delineamento observacional transversal. As características comuns relacionadas à amostra foi ter, predominantemente, adultos, do sexo feminino, sem queixa vocal e professores. Os estudos apresentaram maior foco na avaliação e diagnóstico, com carência de estudos de intervenção, com monitoramento pré e pós-terapia. O método de avaliação mais utilizado dentre as pesquisas é a autoavaliação, seguida da avaliação perceptivo-auditiva da voz. Destacou o predomínio de estudos com métodos quantitativos com utilização de análise estatística descritiva e inferencial, utilizando mais de um teste para alcançar o objetivo proposto. Por meio desta análise bibliométrica pôde-se selecionar as informações mais relevantes para auxiliar o embasamento das decisões para futuras pesquisas. Conclusão: As produções da área de Voz do Brasil estão majoritariamente no Sudeste, destacam-se pelo grande crescimento de publicação, investimento em revista da Fonoaudiologia, do extrato B, com concentração na subárea Voz clínica. Maior parte é composta por estudos observacionais transversais, com foco no diagnóstico, envolvendo adultos, do sexo feminino, sem queixa vocal e professores. A maioria das pesquisas é quantitativa, com análises estatísticas descritivas e inferenciais.

1. Silva MCF, Friedman S. Análise da produção científica fonoaudiológica brasileira sobre paralisia cerebral. Rev Soc Bras Fonoaudiologia. 2010; 15(4): 589-93.
2. Tenopir C, King DW. A importância dos periódicos para o trabalho científico. Rev Biblioteconomia Brasília. 2001;25(1):15-26.
3. Silva RC. Avaliação da informação científica em Bibliometria aplicada às Ciências da Saúde. Bibliotecas, informação, usuários: abordagens de transformação para Biblioteconomia e Ciência da Informação: Anais 25º do Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação - FEBAB; 2013 Set 07-10; Santa Catarina, BR; 2013.
4. Mugnaini R. Indicadores bibliométricos da produção científica brasileira: uma análise a partir da base Pascal. Ciência da Informação. 2004; 33(2): 123-31.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1642
REVISÃO INTEGRATIVA SOBRE A INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NOS CASOS DE SÍNDROME DO SOTAQUE ESTRANGEIRO: RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Síndrome do Sotaque Estrangeiro (SSE) é um distúrbio motor da fala de incidência rara, caracterizado por alterações na fala que são percebidas como um sotaque estrangeiro pelo falante e por membros da mesma comunidade linguística. Existem três subtipos de SSE: neurogênico (adquirido ou desenvolvimental), psicogênico e a variante mista.1 O subtipo neurogênico adquirido após lesão cerebral é o mais frequente.2 A percepção de um novo sotaque na fala de um indivíduo com SSE tem sido atribuída a uma variedade de erros segmentares e suprassegmentares.3 Desde a descrição de Marie, em 1907, a condição foi documentada em pelo menos 172 relatos de casos4, contudo pouco ainda se sabe sobre o quadro e o tratamento de pessoas com SSE. OBJETIVO: Identificar propostas de intervenção para a reabilitação de pessoas com SSE publicadas na literatura. MÉTODO: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, na qual as seguintes etapas foram contempladas: formulação do problema, coleta de dados, análise e interpretação dos dados, apresentação dos resultados e conclusões. A coleta de dados foi realizada entre junho de 2019 e julho de 2020, na base de dados PubMed, utilizando o termo de busca: Foreign Accent Syndrome. Foram incluídos nesta revisão artigos publicados na referida base, nos idiomas português, espanhol ou inglês, em qualquer ano, que abordavam algum aspecto relacionado ao tratamento de pessoas com SSE em seus títulos ou resumos. Foram excluídos do estudo publicações sem resumos e de acesso restrito e indisponíveis no Portal de Periódicos CAPES. Para a análise e a interpretação dos dados, os artigos selecionados foram lidos na íntegra e tiveram suas informações principais extraídas e sistematizadas em um banco de dados no programa Excel. Os dados obtidos foram analisados e sintetizados considerando dados bibliométricos e o conteúdo referente às propostas de intervenção terapêutica. RESULTADOS: Foram localizadas 91 produções entre os anos de 1985 e 2020, das quais três artigos foram selecionados. Tais estudos foram publicados na língua inglesa, entre 2011 e 2019, e produzidos em diferentes países (Estados Unidos, China e Itália). Nenhum dos estudos descreveu a proposta de intervenção para a reabilitação de pessoas com SSE empregada e a participação do fonoaudiólogo na reabilitação desses pacientes. Dois estudos abordaram a reabilitação na SSE com enfoque na fala e outro teve enfoque na linguagem. Apenas em um dos estudos a frequência de sessões da terapia foi mencionada (duas vezes por semana). CONCLUSÃO: São escassos os estudos publicados até o momento na PubMed sobre a reabilitação de pessoas com SSE e aqueles identificados não descrevem as propostas de intervenção empregadas. Torna-se necessário ampliar esta revisão contemplando outras bases e estratégias de busca de modo a revelar o cenário atual da produção de evidências científicas sobre o tratamento fonoaudiológico nos casos de SSE.

1 Verhoeven J, Mariën P. Neurogenic foreign accent syndrome: Articulatory setting, segments and prosody in a Dutch speaker. J Neurolinguist 2010 Nov;23(6):599-614.

2 Marien P, Verhoeven J, Wackenier P, Engelborghs S, De Deyn, PP. Foreign accent syndrome as a developmental motor speech disorder. Cortex 2009 Ago;45(7):870-8.

3 Kuschmann A, Lowit A. Phonological and phonetic marking of information status in Foreign Accent Syndrome. International Journal of Language and Communication Disorders 2012 Set;47(6):738-749.

4 Marien P, Keulen S, Verhoeven J. Neurological Aspects of Foreign Accent Syndrome in Stroke Patients. Journal of Communication Disorders 2019 Fev;77:94-113.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
454
REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE ZUMBIDO EM PROFESSORES: DA PREVALÊNCIA ÀS CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS E CONSEQUÊNCIAS.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A exposição ao ruído quando relacionada ao trabalho pode contribuir para o desenvolvimento de zumbido no adulto.(1) Sintomas auditivos e ruído ambiental são constantemente citados por professores.(2) Os professores enquadram-se entre os profissionais sujeitos às alterações auditivas por conta das condições de trabalho inadequadas, como ruído ambiental, acústica ruim e cargas horarias extensas.(3) OBJETIVO: Verificar estudos que abordem o zumbido em professores, com intuito de analisar sua prevalência, características especificas e consequências nesta população. MÉTODO: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura com levantamento bibliográfico de textos publicados no período de 2015 a 2020 em bases de dados eletrônicas LILACS, SciELO e PubMed, com os seguintes descritores para a busca: zumbido, tinnitus, professores e teachers, intercalados pelo operador booleano "AND". O processo de análise dos artigos foi feito em três etapas: a primeira constituiu na leitura dos títulos e resumos e seleção segundo critérios de inclusão; a segunda etapa ocorreu com a leitura dos artigos na íntegra, na busca de resposta para o objetivo; e a terceira etapa foi realizada por meio da análise crítica dos artigos selecionados. RESULTADOS: Três estudos foram revisados na íntegra, sendo, o primeiro estudo de delineamento transversal-exploratório (4), o segundo de delineamento descritivo-transversal(5) e o terceiro um estudo de coorte(6). A amostra variou de um mil quatrocentos e sessenta e oito professores de ambos os sexos no primeiro estudo para cinquenta e sete professores de ambos os sexos no segundo estudo, a quatro mil setecentos e dezoito professores do sexo feminino no terceiro estudo. A metodologia utilizada para a verificação do zumbido foi a aplicação de questionários, sendo que, no primeiro estudo realizou-se pesquisa on-line e Mini-Tinnitus Questionnaire, no segundo estudo aplicou-se uma versão abreviada do instrumento Quality of Life-Bref Questionnaire e no terceiro estudo, foi aplicado um questionário acerca de sintomas relacionados ao zumbido e à audição. No primeiro estudo houve uma prevalência de aproximadamente 74,7% dos professores com zumbido, no segundo, 15,8% dos cinquenta e sete professores que fizeram parte da pesquisa, relataram a presença do zumbido e no terceiro, aproximadamente 18,2% da amostra relatou o referido sintoma auditivo. Nos três trabalhos o zumbido esteve associado a outros sintomas auditivos como, sensibilidade a sons fortes, sensibilidade ao ruído, plenitude auricular, redução de acuidade auditiva, bem como, sintomas extra-auditivos como: tontura, cansaço, ansiedade, cefaleia, estresse, diminuição do entendimento e concentração. CONCLUSÃO: A partir dos resultados, verificou-se que atuar como professor pode contribuir para o aparecimento de zumbido associado a outros sintomas auditivos e extra auditivos que podem contribuir para prejuízo na sua atividade laboral e qualidade de vida.

1 Ralli M, Balla MP, Greco A, Altissimi G, Ricci P, Turchetta R, et al. Work-Related Noise Exposure in a Cohort of Patients with Chronic Tinnitus: Analysis of Demographic and Audiological Characteristics. International journal of environmental research and public health. Int J Environ Res Public Health. 2017;14(9):1035
2 Martins RHG, Tavares ELM, Lima NAC, Fioravanti M P. Surdez ocupacional em professores: um diagnóstico provável. Rev. Bras. Otorrinolaringol. 2007; 73(2): 239-44.
3 Libardi A, Gonçalves CGO, Vieira TPG, Silverio KCA, Rossi D, Penteado RZ. O ruído em sala de aula e a percepção dos professores de uma escola de ensino fundamental de Piracicaba. Distúrbios da Comunicação. 2006; 18(2):167-78.
4 Meuer SP, Hiller W. The impact of hyperacusis and hearing loss on tinnitus perception in German teachers. Noise Health. 2015 Jul-Aug; 17(77): 182–90.
5 Pimentel BN, Fedosse E, Rodrigues NGS, Cruz KS, Santos Filha VAV. Percepção do ruído, saúde auditiva e qualidade de vida de professores de escolas públicas. Audiology Communication Research. 2016 ; 21: e1740.
6 Fredriksson S, Kim JL, Torén K, Magnusson L, Kähäri K, Söderberg M, Waye KP. Working in preschool increases the risk of hearing-related symptoms: a cohort study among Swedish women. International archives of occupational and environmental health. 2019; 92(8), 1179–90.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
784
REVISIÓN BIBLIOGRÁFICA DE PUBLICACIONES CIENTÍFICAS SOBRE LA VOZ LABORAL EN CHILE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introducción: La disfonía es una patología silenciosa y progresiva, y muchas veces los docentes esperan a tener un problema severo que les impida trabajar, buscando ayuda cuando el grado de severidad de su alteración vocal ya se encuentra moderado, incluso crónico. Caracterizar y comprender la voz del docente chileno y sus alteraciones, en el contexto laboral, es necesario para proponer políticas fonoaudiológicas de promoción y prevención vocal efectivas, basadas en la problemática nacional. El objetivo principal de esta revisión bibliográfica es recuperar y analizar las publicaciones existentes sobre la voz laboral en Chile, considerando la óptica fonoaudiológica. Metodología: estudio transversal, cualitativo y descriptivo, donde se investigaron publicaciones científicas a través de la base de datos de revistas científicas y literatura gris, utilizando cuatro palabras-clave (Disfonía, Docente, Voz y Salud Laboral). Dos restricciones fueron adoptadas: publicaciones chilenas en el idioma español y del período 2000 a 2020. Resultados: se encontraron 2014 artículos, retiramos duplicados (1576) y seleccionamos por abstract y título a 436, de los cuales 429 fueron excluidos, resultando 7 artículos para revisión completa, que pasaron a análisis PICOT. Conclusión: Existe una baja publicación científica nacional en torno al tema, sin embargo, las patologías vocales en los docentes siguen siendo un gran problema de salud y, en la actualidad, las medidas preventivas de los programas creados no son suficientes; las disfonías laborales pueden llegar a ser un problema crónico en Chile.
Palabras Claves: Disfonía, Docente, Voz, y Salud laboral.


OBSERVAÇÃO: todos os autores são chilenos, se colocou como estado "São Paulo" pela não possibilidade de colocar "Chile".

1.-Riquelme D. Evaluación Fonopedagógica, primer paso para la toma de conciencia vocal. Santiago: Fondo Editorial UMCE; (2015)
http://bibliorepo.umce.cl/websibumce/12564P_EVALUACION%20FONOPEDAG
OGICAprod_delmariquelme.pdf
2.-Mora Pino Katherine Marisel, Clavijo Rocha Francisco Javier, Galdames Durán Sebastián Patricio, Maya Molina Connie Coraima, Soto Galleguillos Vanessa Andrea. Contexto Ocupacional, Abuso y Mal Uso Vocal en Profesores de la Ciudad de Iquique. Cienc Trab. [Internet]. 2018 Ago [citado 2020 Mayo 03] ; 20( 62 ): 116-120.
https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-24492018000200116&lang=es
3.-Chen SH, Chiang SC, Chung YM, Hsiao LC, Hsiao TY. Risk Factors and Effects of Voice Problems for Teachers. J Voice. 2010; 24(2):183-192. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19481416
4.-Castillo Adrián, Casanova César, Valenzuela Daniel, Castañón Sebastián. Prevalencia de disfonía en profesores de colegios de la comuna de Santiago y factores de riesgo asociados. Cienc Trab. [Internet]. 2015 Abr [citado 2020 Mayo 03]; 17(52 ): 15-21.
5.-Asociación Mutuales. Disfonía Ocupacional: Prevenciones para cuidar las cuerdas vocales en el trabajo [Internet] Chile. 16 de noviembre 2016 [Consultado el 3 de mayo 2020] Disponible en:
https://www.asociaciondemutuales.cl/?p=9651
6.-Disfonía ocupacional: prevenciones para cuidar las cuerdas vocales en el trabajo. El Dinamo [Internet]. 2016 [citado 26 mayo 2020];:1–4. Disponible en:
https://www.eldinamo.cl/nacional/2016/11/15/disfonia-ocupacional-achs-prevencion/
7.-Alves LA, Robazzi ML, Marziale M, de Felippe A, da Conceição Romano C. Alteraciones de la salud y de la voz del profesor, un asunto de salud del trabajador. Rev Latino-am Enfermagem & 391; en línea]. 2009 [citado may 2018]; 17(4):0-7. Disponible en: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v17n4/es_20.pdf.
8.-Cerda F, Vega M, Riffo C, Bittner V: Validación y efectividad de una herramienta predictiva y preventiva del daño de la voz para la propuesta de vigilancia de Riesgo Vocal en Profesionales de la Voz en la Ciudad de Concepción. 2014 disponible en:
https://www.achs.cl/portal/fucyt/Documents/Proyectos/173_2014_ACHS_Cerd a _Disfon%C3%ADa_Informe_Final_240317.pdf
9.-Valdivia G, Avendaño C, Bastías G et “Estudio de la Salud Laboral de los Profesores de Chile”. Pontificia Univ. Católica de Chile. Escuelas de Medicina y Psicología. Santiago- Chile. 2003.
http://www.opech.cl/bibliografico/Doc_Docente/Estudio%20de%20Salud%20Lab oral%20de%20Profesores%20en%20Chile.%20MINEDUC-PUC.pdf
10.-Malebran C, Iglesias J, Valdivia; Incidencia de signos y síntomas vocales en estudiantes de Educación Diferencial, Tesis para optar al grado de Licenciado en Fonoaudiología, Escuela de Fonoaudiología, Facultad de Salud, Universidad Santo Tomás, Chile. Agosto 2016


TRABALHOS CIENTÍFICOS
366
RISCO DE DISFONIA EM TRABALHADORES EM AMBIENTE UNIVERSITÁRIO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO. Distúrbios de voz relacionados ao trabalho (DVRT) são associados a diferentes aspectos ocupacionais e pessoais que gerem comprometimento ou impedimento da comunicação do trabalhador1. O uso excessivo da voz no trabalho e em condições inadequadas pode levar a sinais e sintomas de dor, rouquidão, voz fraca, e até mesmo afonia2. Apesar da maior suscetibilidade de professores e cantores desenvolverem disfonia muitas outras profissões apresentam intensa demanda vocal e, consequentemente, grande risco de desenvolver alterações laríngeas3. Os instrumentos de rastreio associados à avaliação da voz permitem investigação detalhada e ações mais assertivas. Além disso, ao considerar a promoção da saúde de trabalhadores que utilizam profissionalmente a voz, rastrear o risco de disfonia permite a adoção de ações epidemiológicas e, assim, o estabelecimento de estratégias específicas que envolvam intervenções cuja efetividade seja constantemente avaliada.

OBJETIVO. Avaliar o risco de disfonia e verificar a presença de alteração vocal em profissionais da voz não docentes em ambiente universitário.

MÉTODO. Pesquisa transversal aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer 2.827.746 realizada com 80 profissionais que fazem uso ocupacional da voz em uma universidade no município de São Paulo. Foram realizados os seguintes procedimentos: preenchimento do Protocolo de Rastreio de Risco de Disfonia - Geral (PRRD-Geral)4 e Adulto/Idoso (PRRD-ADI) para análise das variáveis sexo, idade, hidratação, tabagismo, categoria profissional e demanda vocal; gravação da voz no ambiente de trabalho com as tarefas do protocolo CAPE-V traduzido para o português5. A partir da análise perceptivo-auditiva os participantes foram divididos em grupos quanto à presença/ausência de alteração vocal e do baixo/alto risco de disfonia. Foi realizada análise estatística para comparação das variáveis entre os grupos.

RESULTADOS. A amostra foi composta por 80 trabalhadores, sendo 16% do sexo masculino e 84% do feminino, média de idade de 47,7 anos. Da amostra total, 70% foram identificados com alto risco de disfonia. A partir da comparação entre os grupos não se observou diferença em relação às variáveis estudadas. Em relação à categoria profissional observaram-se indícios de diferenças, principalmente na categoria administrativa com mais trabalhadores com alto risco e presença de alteração vocal enquanto os profissionais da área da saúde apresentaram menos alterações e menor risco. Além disso, houve indícios de alto risco e alterações vocais nos trabalhadores mais velhos.

CONCLUSÕES. Os profissionais da voz que atuam em âmbito universitário apresentaram alto risco para disfonia de acordo com o PRRD-Geral. Os profissionais da saúde foram a categoria com menor risco de disfonia e com menos indivíduos com alteração vocal. Os profissionais administrativos e os mais velhos apresentaram indícios de alto risco de disfonia e presença de alteração vocal.

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho (DVRT). Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
2. Williams NR. Occupational groups at risk of voice disorders: a review of the literature [published correction appears in Occup Med (Lond). 2012 Oct;62(7):588]. Occup Med (Lond). 2003
3. Mori MC, Francis DO, Song PC. Identifying Occupations at Risk for Laryngeal Disorders Requiring Specialty Voice Care. Otolaryngol Head Neck Surg. 2017;157(4):670-675
4. Nemr K, Simões-Zenari M, Duarte JMT, Lobrigate KE, Bagatini FA. Dysphonia risk screening protocol. Clinics. 2016; 71(3): 114-127.
5. Behlau M. Consensus Auditory- Perceptual Evaluation of Voice (CAPE-V), ASHA 2003. Refletindo sobre o novo. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2004;9(3):187-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1970
RISCO PARA DISFAGIA EM IDOSOS COM REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: o rebaixamento do nível de consciência é um dos possíveis fatores para a não melhora de pacientes idosos no âmbito hospitalar, em que muitas vezes é necessário o auxílio de aparelhos para obtenção de suporte respiratório, em que este procedimento possui uso de sedação ou analgesia, provocando uma piora relacionada à proteção da via aérea inferior (VAI) e maior dificuldade na ingesta de alimentos, líquidos e medicação por via oral. Nesse sentido, há o comprometimento da deglutição, ou seja, o idoso apresentará disfagia, elevando o risco de aspiração do conteúdo da região oral para a VAI cabendo ao fonoaudiólogo o manejo no gerenciamento dessa deglutição de uma forma segura para o paciente e minimizar os riscos ao pulmão, além da desnutrição e desidratação. OBJETIVO: realizar uma revisão de literatura acerca do risco para disfagia em idosos com rebaixamento do nível de consciência. METODOLOGIA: foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciELO, BVS e LILACS. Foram utilizados os descritores “rebaixamento do nível de consciência e disfagia” e “disfagia e idoso”. Foram selecionados 12 artigos, selecionados do período de 2000 a 2020, bem como os artigos que se referiam ao risco para disfagia em idosos com rebaixamento do nível de consciência, obtendo 9 artigos. RESULTADOS: estudos demonstram que 33,33% dos pacientes idosos internados tem rebaixamento do nível de consciência, e desses 2% possuíam episódios disfágicos; um outro, revelou que o suporte nutricional por via alternativa de forma precoce, tendo o rebaixamento da consciência desse idoso como um fator, tornou-se necessário métodos para efetivar sua respiração e manter aporte nutricional, gerou ou potencializou a dificuldade de deglutir, bem como o desmame precoce da via alternativa quando a via oral ainda não está totalmente ajustada também pode gerar riscos inerentes à disfagia; um estudo com 121 pacientes com Acidente Vascular Cerebral, tendo maior parte da sua amostra, idosos, constou que 51% destes apresentaram risco para aspiração, em virtude do rebaixamento do nível da consciência Assim, estes estudos retratam que o nível de alerta ou de consciência é descrito como um fator associado a disfagia orofaríngea. CONCLUSÃO: o risco para disfagia em idosos com rebaixamento do nível de consciência é evidente, uma vez que há o comprometimento da dinâmica da deglutição, impossibilitando a oferta segura por via oral.

Chaves RD, Carvalho CRF, Cukier A, Stelmach R, Andrade
CRF. Sintomas indicativos de disfagia em portadores de DPOC.
J Bras Pneumol. 2011; 37(2): 176-83.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
494
RISCO PARA DISFAGIA, DESEMPENHO DA INGESTÃO ORAL E COMPROMETIMENTO MOTOR GROSSO NA ENCEFALOPATIA CRÔNICA INFANTIL NÃO-EVOLUTIVA.
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


NTRODUÇÃO: A encefalopatia crônica infantil não-evolutiva (ECINE) caracteriza-se por uma alteração neurológica originada por lesão permanente no cérebro durante a fase de desenvolvimento(1). Além das alterações motoras e deficiência mental, alterações na deglutição, linguagem e audição podem estar presentes na ECINE(1). As dificuldades de deglutição são relativamente comuns nesta população (cerca de 85%), com uma relação gradual entre a disfagia e o nível de comprometimento motor(2), podendo gerar grandes prejuízos no desempenho da ingestão oral destes pacientes com ECINE. OBJETIVO: Verificar a ocorrência de disfagia, o desempenho da ingestão oral e a gravidade do comprometimento motor grosso em crianças com ECINE. MÉTODOS: Este estudo foi realizado em uma clínica de reabilitação neurológica, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o nº 2.730.783 de 22/06/2018 e assinatura, pelos responsáveis, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram avaliados 36 pacientes com diagnóstico médico de ECINE, sendo 15 pacientes do sexo feminino (41%) e 21 do sexo masculino (59%), com idades entre 2 a 18 anos. Os responsáveis pelos indivíduos responderam a um questionário de caracterização e todos os pacientes foram avaliados por meio Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD)(3), além da Escala Funcional de Ingestão por Via Oral (FOIS)(4), que escalona em níveis específicos da quantidade de ingestão por via oral, e a versão em português brasileiro da Gross Motor Function Classification System (GMFCS)(5), um sistema de classificação para avaliar a função motora grossa na paralisia cerebral (esta classificação foi realizada por um fisioterapeuta da equipe de atendimento clínico). RESULTADOS: A ocorrência de disfagia na população estudada foi de 78% (22% apresentaram deglutição normal/funcional, 45% disfagia orofaríngea leve, 20% moderada, 8% moderada a grave e 5% grave). Com relação à FOIS(4), 2% foram classificados no nível 1 (nada por via oral), 22% no nível 3 (dependente de via alternativa com consistente via oral de alimento ou líquido), 42% no nível 5 (via oral total com múltiplas consistências, porém, com necessidade de preparo especial ou compensações), 20% no nível 6 (via oral total com múltiplas consistências, porém sem necessidade de preparo especial ou compensações, porém com restrições alimentares) e 14% no nível 7 (via oral total sem restrições); nenhum paciente foi classificado nos níveis 2 e 4 da FOIS(4). Todos os pacientes avaliados apresentaram algum grau de comprometimento motor grosso: 30,55% apresentaram GMFCS III, 58,33% GMFCS IV e 11,12% em GMFCS V; nenhum paciente foi classificado GMFCS(5) níveis I e II. CONCLUSÃO: A disfagia ocorreu em quase 4/5 dos pacientes com ECINE avaliados neste estudo, sendo a ingesta de via oral total com múltiplas consistências, porém, com necessidade de preparo especial ou compensações a de maior ocorrência, em pouco mais de 2/5 dos sujeitos avaliados. Todos os pacientes com ECINE avaliados apresentaram algum grau de comprometimento motor grosso.

1- Vilanova LCP, Vilanova TFDD, Magalhães PB. Encefalopatia crônica infantil não-evolutiva. In: Jotz GP, Carrara-de Angelis E, Barros APB. Tratado da Deglutição e Disfagia no adulto e na criança. Rio de Janeiro, Revinter, 2009. p.239-243.

2- Benfer KA, Weir KA, Bell KL, Ware RS, Davies PS, Boyd RN. Oropharyngeal dysphagia and gross motor skills in children with cerebral palsy. Pediatrics. 2013;131(5):e1553-e1562.


3- Padovani AR, Moraes DP, Mangili LD, Andrade CRF. Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD). Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(3):199-205


4- Crary MA, Mann GD, Groher ME. Initial psychometric assessment of a functional oral intake scale for dysphagia in stroke patients. Arch Phys Med Rehab. 2005;86(8):1516-20.

5- Palisano R, Rosenbaum P, Walter S, Russell D, Wood E, Galuppi B. Development and reliability of a system to classify gross motor function in children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol. 1997;39(4):214-223.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
984
RISCO VOCAL EM FUTUROS FONOAUDIÓLOGOS: UMA POPULAÇÃO QUE PRECISA SER CUIDADA DESDE O ENSINO DA GRADUAÇÃO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O ensino universitário na Fonoaudiologia busca apresentar o referencial teórico essencial, desenvolver habilidades clínicas e ensinar ética e atitude profissional; contudo, a qualidade da comunicação dos acadêmicos não tem recebido o destaque merecido. A demanda vocal do discente, nem sempre em boas condições acústicas para a comunicação, pode ter para os estudantes de graduação em Fonoaudiologia um impacto mais relevante se considerarmos que o acadêmico, em seu estágio prático, será visto como aquele que trabalha com comunicação e que, de certa forma, deve ser um modelo saudável, o que vai além do nível conversacional(1). Há poucos estudos que investigaram habilidades acadêmicas e clínicas(2), problemas(3) e características vocais(1) de futuros fonoaudiólogos. OBJETIVO: Identificar os fatores de riscos vocais dos estudantes de graduação em Fonoaudiologia do Brasil. MÉTODOS: Estudo multicêntrico envolvendo 10 instituições das cinco regiões geográficas do Brasil, aprovado pelo CEP (parecer nº 696.235, de 04/07/2014), com 1169 estudantes de graduação em Fonoaudiologia, a maioria do sexo feminino (n = 1036; 88,6%), que preencheram, presencial ou on-line, um questionário de caracterização e autoavaliação vocal, além dos protocolos Índice de Função Glótica (IFG)(4), Escala de Sintomas Vocais (ESV)(5), Questionário de Dores Corporais (QDC)(6) e a Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV)(7). RESULTADOS: A maior parte dos estudantes de graduação em Fonoaudiologia é não-tabagista (n = 1117; 95,6%), não-etilista (n = 789; 67,5%), nunca passou por avaliação otorrinolaringológica (n = 1051; 89,9%) e nem fonoaudiológica (n = 1084; 92,7%) por problema de voz. Do total, 49,5% (n = 579) autoavaliou sua voz como boa, apesar de queixa vocal presente em 34,2% (n = 400). A média dos escores totais da ESV foi de 19,15 pontos, sendo que 53,04% (n = 620) apresentaram escores totais maiores ou iguais à nota de corte de 16 pontos(5,8), falhando na triagem com este protocolo. Os escores médios obtidos no IFG foram de 1,92 ponto, sendo que a maioria dos alunos apresentou escores abaixo de quatro pontos(9) (n = 941; 80,5%). Quanto à EDTV, os alunos apresentaram escores médios em 0,94 pontos e 0,99 pontos quanto à frequência e intensidade dos sintomas, respectivamente. A média total obtida no QDC foi de 4,28, sendo que, do total, 979 (n = 83,7%) referiram pelo menos uma dor corporal (83,7%; n=979). Analisando-se a amostra de acordo com a queixa vocal e nota de corte da ESV(5,8), alunos com queixa e escore total da ESV maiores ou iguais a 16 pontos apresentaram escores estatisticamente mais elevados nos demais instrumentos (p<0,001). CONCLUSÃO: Mais de um terço dos estudantes de graduação em Fonoaudiologia do Brasil apresentam queixa vocal, além de elevado número de sintomas vocais, independentemente do semestre letivo no qual estão matriculados no curso. É fundamental que o corpo docente da graduação em Fonoaudiologia desenvolva estratégias de prevenção e promoção de saúde vocal durante o curso, a fim de contribuir para a imagem da profissão e minimizar os riscos para o desenvolvimento de distúrbios vocais, o que pode ainda ser agravado pelo próprio exercício da atividade clínica.

1- Van Lierde KM, D'haeseleer E, Wuyts FL, De Ley S, Geldof R, De Vuyst J, et al. The objective vocal quality, vocal risk factors, vocal complaints, and corporal pain in Dutch female students training to be speech-language pathologists during the 4 years of study. J Voice. 2010;24(5):592-8.

2- van Mersbergen M, Ostrem J, Titze IR. Preparation of the speech-language pathologist specializing in voice: an educational survey. J Voice. 2001;15:237-50.

3- Gottliebson RO, Lee L, Weinrich B, Sanders J. Voice problems of future speech-language pathologists. J Voice. 2007;21:699-704.

4- Madazio G, Moreti F, Zambon F, Vaiano T, Behlau M. Adaptação cultural e linguística da versão brasileira do Glottal Function Index – GFI. [Apresentado no 21º Congresso Brasileiro e 2º Ibero-Americano de Fonoaudiologia; 2013 Set 22-25; Porto de Galinhas, PE].

5- Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-Cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale - VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-68.

6- Vaiano T, Moreti F, Zambon F, Guerrieri AC, Constancio S, Rocha C, et al. Body Pain in Professional Voice Users. J Speech Pathol Ther. 2016;1:107.

7- Rodrigues G, Zambon F, Mathieson L, Behlau M. Vocal tract discomfort in teachers: its relationship to self-reported voice disorders. J Voice. 2013;27(4):473-480.

8- Behlau M, Madazio G, Moreti F, Oliveira G, Alves dos Santos L de M, Paulinelli BR, et al. Efficiency and Cutoff Values of Self-Assessment Instruments on the Impact of a Voice Problem. J Voice. 2016;30(4):506.e9-506.e18.

9- Pribuišienė R, Baceviciene M, Uloza V, Vegiene A, Antuseva J. Validation of the Lithuanian version of the Glottal Function Index. J Voice. 2012;26(2):e73-e78.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1620
RODA DE CONVERSA COM GESTANTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


RODA DE CONVERSA COM GESTANTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA


Clarice Maria Siqueira Falcão WANDERLEY¹, Crislaynne Kelly Carvalho de MELO¹, Girlane De Sousa BARBOSA¹, Libini Evelyn de Souza SANTIAGO¹, Antônio Vítor da Silva ROSENO¹, Tayná Fernandes PESSOA¹, Gabrielly Alves de SANTANA¹; Deborah Lúcia Feitosa MONTENEGRO¹, Eva Carolina Fonseca de Rezende CRUZ².


Discente do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ
Docente do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ


INTRODUÇÃO: Sabe-se que uma das competências da Unidade de Saúde da Família (USF) é desenvolver estratégias para o cuidado voltado a atenção básica dos usuários, em que faz se necessário um trabalho formado por uma equipe multiprofissional, no qual, o fonoaudiólogo deverá estar inserido, realizando a promoção e prevenção de saúde¹. O fonoaudiólogo tem como um de seus públicos alvos o trabalho com gestantes². Durante o período de gravidez o aparecimento de mitos, dúvidas, e crenças, são bastante comuns no contexto familiar e social³. Desta maneira, é de extrema importância a criação de ações educativas e espaços de escuta que assistam estas mulheres e ajudem a passar por esse período de maneira saudável e segura. OBJETIVO: Descrever a experiência dos estagiários com grupo de gestante durante a graduação de fonoaudiologia em uma unidade de saúde da família. MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência da prática realizada durante o 6º período da graduação no estágio de saúde pública em parceria com a Unidade de Saúde da Família localizada na cidade de João Pessoa –PB no período de 2019.1 A USF acolhe a população da comunidade, com o objetivo de realizar a promoção e prevenção de saúde com o apoio de uma equipe multiprofissional. As gestantes frequentam a USF para a realização do pré-natal; e com isso uma atividade foi pensada previamente pelos estagiários autores do projeto e a supervisora de estágio. A execução da proposta se deu com a formação de uma roda de conversa formada por duas gestantes que teve como objetivo orientar sobre os cuidados do período pré e pós gestacional. RESULTADOS: Foi realizado apenas um encontro, no qual, foi abordado os seguintes temas: amamentação, teste da linguinha, teste da orelhinha, hábitos deletérios e algumas curiosidades. A amamentação é de extrema importância pois nela encontra-se todos os nutrientes necessários para o bebê, em termo de desenvolvimento craniofacial, nutrição, vínculo e proteção. O teste da linguinha deve ser realizado ainda dentro da maternidade, o mesmo tem o objetivo de prévio de limitações na língua que podem alterar as funções relacionadas a sucção, mastigação, deglutição e fala. Em relação ao teste da orelhinha é obrigatório por lei, deverá ser realizado ainda na maternidade, o mesmo tem o objetivo de detectar precocemente algum grau de perda auditiva, o exame é indolor, gratuito e é realizado durante o sono do bebê. As participantes se mostraram atentas e participativas a proposta executada, fato este que foi claramente observado pelo decorrer da roda de conversa. Com a finalização da atividade os estagiários receberam um feedback positivo das gestantes, o que motivou para a elaboração de outras propostas voltadas para este público. CONCLUSÃO: As estagiárias realizaram um trabalho de prevenção e promoção de saúde, trabalho este que é constante na vivência em uma unidade de saúde da família, o qual, foi possível adquirir experiências e conhecimentos acerca da atuação fonoaudiologia na atenção básica. Além disso, as gestantes obtiveram conhecimentos acerca de fatores que podem ou não auxiliar para um desenvolvimento da audição, fala e linguagem do bebê.











REFERÊNCIAS

1. Molini-Avejonas DR, Mendes VLF, Amato CAH. Fonoaudiologia e Núcleos de Apoio à Saúde da Família: conceitos e referências. Rev. soc. bras. fonoaudiol. 2010; 15(3): 465-474.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
211
RODA DE CONVERSA SOBRE O TESTE DA LINGUINHA: UM ESPAÇO DE DIÁLOGOS ENTRE FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: As Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Odontologia e Fonoaudiologia propõem práticas colaborativas e interprofissionais, baseadas na integralidade do cuidado, possibilitando o diálogo e a troca de conhecimentos. O Teste da Linguinha consiste na avaliação do frênulo lingual até o sexto mês de vida e auxilia na identificação de alterações que podem comprometer o desenvolvimento das funções orofaciais. Tal exame pode ser realizado por profissionais da saúde qualificados, como o fonoaudiólogo e o odontopediatra. A identificação da anquiloglossia nas primeiras horas de vida do bebê possibilita uma adequada intervenção com a frenotomia e o favorecimento da amamentação e do desempenho das funções do Sistema Estomatognático. Objetivo: Apresentar o relato de experiência e analisar o impacto da roda de conversa online com a temática “Teste da Linguinha”, na formação dos graduandos em Odontologia e Fonoaudiologia de duas instituições privadas de ensino superior. Métodos: A roda de conversa com o tema “Teste da Linguinha” foi idealizada pela Liga Acadêmica de Odontologia Especial (LAOE) de uma das instituições de ensino e foi transmitida via plataforma de videoconferência no mês de junho, com duração de duas horas. Docentes das duas instituições de ensino e das áreas de fonoaudiologia e odontopediatria foram os mediadores e buscaram promover um diálogo de cunho científico e reflexivo. Aproximadamente sessenta estudantes de graduação em Odontologia e Fonoaudiologia participaram do espaço livre de falas. O protocolo do “Teste da Linguinha” foi explicado atrelado ao aleitamento materno e todas as funções do Sistema Estomatognático. Os docentes pontuaram as dúvidas dos alunos e apresentaram suas vivências clínicas relacionadas ao tema, facilitando o aprendizado. Resultados: A mediação tecnológica para a realização da roda de conversa surgiu em resposta ao modelo de aulas remotas adotadas em caráter emergencial devido à pandemia da Covid-19. Tal modelo facilitou a participação dos discentes de graduação em Odontologia e Fonoaudiologia, de duas instituições de ensino superior e permitiu a integração dos conhecimentos referentes à avaliação, intervenção em crianças com frênulo lingual encurtado/anteriorizado. Inicialmente, os estudantes manifestaram suas dúvidas e relatos através do chat da plataforma e à medida que o debate avançou os alunos sentiram-se à vontade para expor suas considerações oralmente. A roda de conversa proporcionou o diálogo interdisciplinar com o foco na atenção integral ao recém-nascido, humanização do cuidado e prevenção de alterações anatomofuncionais sobre o Sistema Estomatognático. Além disso, todos os alunos e professores puderam expressar suas expectativas e hesitações num ambiente virtual familiar, descontraído sem abandonar a seriedade e importância do tema discorrido. Após o sucesso do evento, ações interdisciplinares regulares estão sendo elaboradas entre os docentes dos cursos, visando a construção do conhecimento inter-relacionado e multiprofissional. Conclusão: A roda de conversa foi primordial para incitar o interesse e ressaltar a importância do trabalho em equipe nos estudantes de graduação em Odontologia e Fonoaudiologia, promovendo uma formação acadêmica ampla, de qualidade e pautada na vivência interprofissional.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
728
RUÍDO AMBIENTAL E SEUS EFEITOS NA SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A relação entre sociedade e natureza define a qualidade do ambiente onde vive-se. Nos últimos anos o processo de urbanização cresceu muito, por isso estima-se que em 2050, 66% da população mundial morará em centros urbanos(1). A poluição sonora é resultado desse processo, sendo considerada um problema de saúde pública que atinge grande quantidade de pessoas(2,3). Já foi considerada a segunda maior poluição na Europa e o ruído visto como risco ambiental que contribui para carga de doença, podendo diminuir a quantidade de anos de vida saudável a depender do seu efeito(1,8). Os prejuízos na saúde são diversos, desde incômodo, irritação e insônia até perda auditiva, doença cardiovascular e comprometimento cognitivo(3–7). A literatura aponta vários instrumentos de avaliação do ruído ambiental, principalmente, aparelho para medições do nível de pressão sonora, questionários e mapas acústicos. Assim, são oferecidos subsídios para intervenção, prevenindo e conscientizando as pessoas por meio de campanhas de saúde e monitoramento do ruído. OBJETIVO: Identificar quais os efeitos na saúde decorrentes da exposição ao ruído urbano mais estudados por meio de uma de revisão de literatura. MÉTODO: Revisão integrativa da literatura que analisou publicações científicas contidas nas bases de dados Scopus e PubMed no mês de junho do corrente ano, sendo utilizados os descritores em inglês: noise pollution, urban noise, environmental noise, noise exposure, traffic noise exposure, effects of noise, noise effects combinados com operadores booleano OR e AND. Foram pesquisados no título, resumo e palavras-chave dos artigos, totalizando universo de 93 trabalhos, incluindo aqueles repetidos nas bases de dados. Foram filtrados pelos critérios de inclusão: texto disponível na íntegra, com acesso gratuito, no idioma inglês e publicados de 2015 a 2020, excluindo-se os artigos duplicados. RESULTADOS: Os dados foram apresentados em quadros de acordo com as fontes sonoras (destacando-se tráfego rodoviário), quantidade de citações (92), tipo de pesquisa (maior parte de campo) e instrumento de avaliação (destacando-se questionário). Compuseram a amostra final 28 artigos, analisados e correlacionados, em que a maioria foi publicada em 2018. Há diversidade de locais pesquisados, destacando-se Coreia do Sul e Suíça, mas não foram encontrados estudos realizados no Brasil. Os efeitos mais estudados nos últimos cinco anos estão relacionados às doenças cardiovasculares, hipertensão, irritação, alterações do sono, na performance cognitiva e sintomas psicológicos, como depressão e ansiedade. O questionário foi o instrumento de avaliação mais utilizado. CONCLUSÃO: As produções científicas analisadas sinalizaram que ruído é um fator de risco para a saúde humana, causando efeitos negativos não só na audição, mas também em outras áreas. Os estudos brasileiros, se realizados, não foram publicados em revistas internacionais presentes nas bases de dados pesquisadas. O uso de questionário na coleta de dados é comum para identificar os efeitos ocasionados pelo ruído e a percepção do indivíduo quanto aos mesmos. Quando utilizado juntamente com outros instrumentos de avaliação torna-se mais eficaz. Portanto, refletindo sobre a saúde geral da população, é relevante realizar novas pesquisas, evidenciando o trabalho preventivo realizado pelo fonoaudiólogo em parceria com órgãos responsáveis pela saúde ambiental, sejam públicos ou privados.

1. OMS. Burden of disease from Burden of disease from environmental noise: Quantificatio of healthy life lost in Europe. 2011.
2. Hirashima SQ da S, Assis ES de. Percepção sonora e conforto acústico em espaços urbanos do município de Belo Horizonte, MG. Ambient Construído [Internet]. 2017 Mar;17(1):7–22. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-86212017000100007&lng=pt&tlng=pt
3. Bressane A, Mochizuki PS, Caram RM, Roveda JAF. Sistema de apoio à avaliação de impactos da poluição sonora sobre a saúde pública. Cad Saúde Pública. 2016;32(5):1–11.
4. Tavares LIA, Souza RL, Rodrigues LFA. Avaliaçao dos níveis de pressão sonora nos transortes coletivos da cidade de Campina Grande-PB. Revista Práxis: saberes da extensão. 2016 Jul;4(7):9–19.
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6. Clark C, Paunovic K. WHO environmental noise guidelines for the european region: A systematic review on environmental noise and cognition. Int J Environ Res Public Health. 2018;15(2).
7. Pultznerova A, Eva P, Kucharova D, Argalasova L. Noise-Induced Hearing Loss – A Preventable Disease? Results of a 10-Year Longitudinal Study of Workers Exposed to Occupational Noise. Noise & Health. 2017;19(87):90–100.
8. Neira M, Prüss-Ustün A. Preventing disease through healthy environments: A global assessment of the environmental burden of disease. Toxicol Lett. 2016;259:S1.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
651
RUÍDO E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O ruído é um agente de risco que pode estar presente em diversos ambientes de trabalho tornando-os desconfortáveis, e dificultando as atividades de trabalhadores em hospitais. Tal exposição pode trazer consequências negativas à saúde e à Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).

Objetivo: Verificar a relação entre saúde, qualidade de vida e exposição ao ruído ocupacional dos trabalhadores de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto em hospital público de Sergipe.

Método: Foram aplicados questionários sobre QVT na versão abreviada (QWLQ-bref) e sobre saúde auditiva, em 15 trabalhadores entre 18 e 59 anos, que exerciam atividades há no mínimo um ano no setor, e carga horária de trabalho superior a 24 horas/semanais. Foram realizadas dosimetrias e medições dos níveis ruído do ambiente pelo método simplificado da NBR 10152 (ABNT, 2017) com distância superior a 1,00m das paredes, teto, piso, mobiliários e de elementos com significativa transmissão sonora, com distância mínima de 0,70m entre medições, comparados com valores de referência para enfermaria, para conforto, e aceitáveis. Foram mensurados 37 pontos, nas alturas de 1m e 1,5m e com duração de 1min em cada ponto. Todas as medições foram executadas em dias de utilização normal da UTI, com janelas fechadas. As medições nos postos de trabalho foram determinadas próximas à zona auditiva do trabalhador e as demais variáveis na altura do tórax, de acordo com NR-17(BRASIL, 1990). Estudo aprovado em Comitê de Ética sob CAAE nº 40979515.7.0000.5546.

Resultados: Foram observados os seguintes aparelhos geradores de ruídos: aspiradores de secreção a vácuo, monitor multiparâmetros (oximetria, frequência cardíaca e respiratória, temperatura e pressão arterial), bombas de infusão, ventiladores mecânicos, fontes de oxigênio e ar comprimido constantemente ligados com leito ocupado por paciente, além dos painéis de oxigênio, ar comprimido, alertas de leitos, impressoras e telefones de uso coletivo. O nível sonoro equivalente (LAeq) apresentou média de 64,79 dBA, variando de 48,7 a 76,3 dBA. As médias do LAeq foram de 65,59 dBA para o período matutino e de 65,82 dBA no vespertino. O nível sonoro mínimo (LAeq min) variou entre 45,3 dBA e 75,7dBA. O nível sonoro máximo (LAsmax) variou entre 52,7 dBA e 80,1 dBA, com média geral de LAsmax de 70,25 dBA, de acordo com o local da UTI. Em 66 pontos de medição os valores encontrados foram superiores aos níveis de conforto da NBR 10152 e dos aceitáveis pela NR 17, com picos de até 101.0 dBA. Na QVT o domínio Profissional se classificou como de Insatisfação e com menor índice (39,81) dentre os demais, o que indica que a organização do trabalho pode impactar negativamente os trabalhadores. Além disso, a QVT foi associada aos aspectos auditivos de desconforto (p=0.07), irritabilidade (p=0.025) e cefaleia (p<0.001), queixas comuns em indivíduos acometidos por perda auditiva induzida por ruído (Correlação de Spearman).

Conclusão: O ambiente da UTI Adulto do hospital pesquisado, em relação ao ruído, se apresentou desconfortável para os trabalhadores que necessitam de atenção e solicitação intelectual constantes, e esse efeito pôde estar associado a prejuízos na QVT.

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas -Norma NBR 10152. Acústica - Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações. 2ª edição. Rio de Janeiro: ABNT, 2017, 21p.

Brasil Ministério do Trabalho. Portaria nº 3.751, de 23 de novembro de 1990 (reformulada). Descreve a Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17) – Ergonomia. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF).

Cheremeta M, Pedroso B, Pilatti LA, Kovaleski JL. Construção da versão abreviada do QWLQ-78: um instrumento de avaliação da qualidade de vida no trabalho. Revista Brasileira de Qualidade de Vida. 2011; 3: 1-15.

Christofel HK, Madeiras JG, Bertolini SMMG, Oliveira JM de. Análise do nível de ruído em unidade de terapia intensiva adulto. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste. 4 de outubro de 2016;17(4):553.

Filus WA, Pivatto LF, Fontoura FP, Koga MRV, Albizu EJ, Soares VMN, et al. Noise and its impact on Brazilian hospitals: a literature review. Rev CEFAC. 2014; 16(1):307-17.

Ilzuka LY, Gil D. Avaliação audiológica em funcionários de um hospital público expostos a ruído. Rev. CEFAC. 2014;16(3):715-722.

Oliveira RCO, Santos JS, Rabelo ATV, Magalhães MC. O impacto da exposição ao ruído nos trabalhadores em Unidades de suporte móvel. CODAS. 2015;27(3):215-22.

Sampaio Neto RA, Mesquita FOS, Paiva Junior MDS, Ramos FF, Andrade FMD, Correia Junior MAV. Ruídos na unidade de terapia intensiva: quantificação e percepção dos profissionais de saúde. Rev Bras Ter Intensiva. 2010;22(4):369-74.

Schmidt DR, Paladini M, Biato C, Pais JD, Oliveira AR. Quality of working life and burnout among nursing staff in Intensive Care Units. Rev. Bras. Enferm.2013; 66: 13-17.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1080
RUÍDO NA ESCOLA: A EFICÁCIA DE AÇÕES INTEGRADAS A EQUIPE ESCOLAR
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: Visto os níveis de pressão sonora elevados nas escolas, a implementação de ações, com foco na diminuição destes níveis, mostra-se ferramenta importante para auxiliar no ensino e saúde dos funcionários e alunos1-2 . OBJETIVO: Avaliar a eficácia de ações integradas a equipe escolar quanto às condições de trabalho e promoção de saúde na escola. MÉTODO: O trabalho foi realizado em uma Escola Municipal como ação do Departamento de Orientação e Promoção (DOP/Pró-Escolar) da Prefeitura de Mogi das Cruzes por duas Fonoaudiólogas devido a demanda de ruído elevado encaminhada ao Órgão. Foram incluídos no estudo 27 funcionários, sendo 17 professores, dois monitores, dois auxiliares de serviços gerais, um agente escolar, diretora, vice diretora, coordenadora pedagógica, intelectual e de esportes por estarem presentes em todas as avaliações e encontros. Todos foram convidados a participar das ações que consistiram em participação de aula expositiva sobre as consequências da exposição ao ruído, roda de conversa sobre as condições de trabalho, dinâmica em grupo para favorecer a comunicação, elaboração de estratégias para minimizar o ruído, implementação e apresentação do desenvolvimento destas. As ações ocorreram durante três meses, sendo um mês para elaboração das estratégias, dois meses para implementação e desenvolvimento delas e quatro encontros com as fonoaudiólogas, realizados com intervalo de um mês e duração de duas horas cada, para avaliação e realização das demais ações. Foi aplicado um questionário individual antes e outro após a realização das ações com os funcionários para comparar a percepção quanto às condições de trabalho e suas queixas vocais, laborais, sintomas auditivos e extra-auditivos nas duas situações. Realizou-se análise qualitativa das respostas e porcentagens dos questionários em cada aspecto avaliado. RESULTADOS: Antes das ações, 74% dos funcionários classificaram o ruído da escola como “elevado” e 26% como “normal”. Os sintomas/queixas mais citados foram necessidade de falar alto (100%), esforço ao falar (89%) e irritação (89%). Após as ações, 45% classificou o ruído como reduzido, 30% como “normal/baixo” e o restante como “elevado” (25%). Todos os participantes relataram redução de ao menos um dos sintomas/queixas, sendo os mais recorrentes: diminuição da irritação (44%) e da necessidade de falar alto (30%). As estratégias elaboradas em conjunto e aplicadas foram a organização dos alunos em fila no momento das trocas de professores, mudança no local e maneira de ofertar os lanches, aplicação da técnica de levantar a mão quando quiser falar, confecções de cartazes e atividades de reflexão com os alunos para aumentar a percepção dos ruídos da escola. CONCLUSÃO: Mesmo com o tempo reduzido de desenvolvimento das ações integradas e ausência de tratamento acústico adequado na escola, a maioria dos funcionários classificou o ruído geral como “reduzido” ou “normal/baixo” (75%) e todos apresentaram melhora de ao menos um sintoma/queixa relacionado à exposição. Sendo assim, as ações integradas entre fonoaudiólogos e equipe escolar mostraram-se eficazes quanto às condições de trabalho e promoção de saúde na escola.

1. Knobel KA, Lima MC. Effectiveness of the Brazilian version of the Dangerous Decibels® educational program. Int J Audiol 2014;53(Supl 2):S35-42.
2. Taborda RF. Ruído em ambiente escolar: desenvolvimento e verificação da eficácia de um programa de promoção de saúde auditiva. Dissertação [Mestrado em Ciências] – Faculdade de Medicina da USP; 2017.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
344
RUÍDO OCUPACIONAL, AUDIÇÃO E QUALIDADE DE VIDA: UMA ANÁLISE COM ODONTÓLOGOS DO PARANÁ
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: trabalhadores com exposição excessiva ao ruído podem desenvolver danos relacionados à saúde, à audição e à qualidade de vida, sendo a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) o dano mais comum associado à audição(1-4). Dentre os trabalhadores destacam-se os odontólogos, que ao utilizarem diferentes tipos de equipamentos para procedimentos clínicos e cirúrgicos, como canetas odontológicas, compressores de ar e amalgamadores acabam sendo expostos ao ruído diariamente(5,6). A perda auditiva é uma deficiência associada à piora da qualidade de vida, incluindo um risco aumentado de solidão, isolamento e declínio da aptidão funcional(7). Considerando-se que a audição é fundamental no processo de sociabilização e, consequentemente, para a comunicação oral, toda e qualquer alteração da percepção auditiva pode desencadear problemas na interação social com impacto negativo para a vida das pessoas(8). Levando em conta que existem níveis de ruído elevados presentes em consultórios odontológicos, torna-se importante promover a conscientização preventiva dos odontólogos quanto aos riscos a que estão expostos, pois a prevenção da perda auditiva e de outras consequências, assim como sua detecção precoce e intervenção, são primordiais para preservar a qualidade de vida do profissional(9). Objetivo: analisar o impacto do ruído na audição e na qualidade de vida em odontólogos do Paraná. Métodos: trata-se de um estudo do tipo observacional descritivo, de corte transversal realizado com 40 odontólogos do sul do Brasil. Os sujeitos da pesquisa realizaram avaliação audiológica básica e audiometria de altas frequências, além de responderem a dois questionários, um sobre qualidade de vida (SF-36) e outro com dados acerca das condições de trabalho, do conhecimento e das percepções dos odontólogos referentes à exposição ao ruído no seu trabalho. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer de número 739.215. Resultados: observou-se alterações auditivas sugestivas de serem induzidas por ruído em 6 odontólogos (cinco em ambas orelhas e um na orelha esquerda). Na audiometria de altas frequências as alterações auditivas ocorreram nos mesmos seis odontólogos, sendo que em quatro deles houve alteração bilateral. Observou-se que 16 KHz é a frequência com pior limiar médio. O SF-36 indicou valores medianos de 62,57 para estado geral de saúde e 64 para vitalidade e 100 pontos para capacidade funcional, limitação física, limitação emocional, aspectos sociais e dor. Conforme a média tritonal dos limiares auditivos piora, também pioram as percepções no domínio vitalidade. Dos profissionais entrevistados, 67,5% tinham uma jornada acima de sete horas por dia. Constatou-se que 85% dos odontólogos não receberam qualquer informação durante a graduação a respeito dos efeitos nocivos do ruído ocupacional. Enquanto 52,5% afirmaram conhecer os efeitos da exposição ao ruído na saúde, apenas 5% dos odontólogos declararam utilizar protetor auricular durante o exercício da profissão. Conclusão: a conscientização precoce a respeito dos efeitos do ruído traria mais conforto e qualidade de vida aos odontólogos.

1. BRASIL. DSAST/CGSAT – PISAT/ISC/UFBA. Boletim da Vigilância dos agravos à Saúde relacionados ao trabalho. Nov. 2013, ed. N 7, ano III. Brasília-DF, 2013.
2. Lie A, Skogstad M, Johannessem H, Tynes E, Mchlum I, Nordby K, Engdahl B, Tambs K. Int Arch Occup Environ Health. 2016; 89:351-72.
3. Le T, Straatman L, Lea J, Westerberg B. Current insights in noise-induced hearing loss: a literatures review of the underlying mechanism, pathophysiology, asymmetry, and management options. Otolaryngol Head Neck. 2017; 46:41.
4. Lacerda A, Bramati L, Silveira F, Macedo R, Gonçalves C, Marques J. Eventuais consequências Sociais e Emocionais, com Implicações Laborais, secundárias à Perda Auditiva induzida pelo Ruído. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional. 2019; 8: 1-15. DOI 10.31252/RPSO.07.09.2019
5. Ribas A, Scmidt A, Ronconi E. Conforto ambiental e o ruído urbano como risco ambiental: a percepção de moradores dos setores especiais estruturais da cidade de Curitiba. Desenvolvimento e Meio Ambiente. 2010;21(1):183-99. 2.
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8. Schettini SRL, Gonçalves CGO. Qualidade de vida, percepção e conhecimento de dentistas sobre o ruído. Cefac. 2017; 6: 782-791.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1310
SATISFAÇÃO DO USUÁRIO DA REDE DE CUIDADO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Resumo

Introdução: a implantação da Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência no estado de Minas Gerais (RCPD-MG)1 representou maior oferta de serviços de saúde qualificados para essa população, segundo suas especificidades. O conhecimento da satisfação do usuário desta rede consiste em importante ferramenta para adequar o serviço e melhorar a qualidade da atenção oferecida pela Rede de Assistência em Saúde (RAS)2. A utilização de avaliações de satisfação do usuário como norteadores de políticas de saúde3 reforça a participação popular preconizada pelo Sistema Único de Saúde - SUS. Objetivo: descrever e analisar a associação entre satisfação do usuário quanto a acesso, infraestrutura e assistência da RCPD-MG e suas características sociodemográficas. Métodos: o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de ensino e pesquisa, sob o parecer CAAE-33703914.8.0000.5149. Trata-se de estudo observacional analítico transversal, com amostra probabilística por conglomerado. Foram entrevistados 871 usuários, em 36 pontos de atenção do componente especializado, utilizando-se como instrumento de pesquisa um questionário com eixos referentes aos dados sociodemográficos do entrevistado e aspectos de sua satisfação com a rede. Foram realizadas análise descritiva e de associação entre a satisfação do usuário segundo os eixos acesso, assistência e infraestrutura. Para as análises de associação foi utilizado o teste Kruskal-Wallis, sendo consideradas como associações estatisticamente significantes as que apresentassem valor p ≤ 0,05. Para análise de comparações múltiplas foi utilizado o teste de Nemenyi. Resultados: os dados sociodemográficos dos usuários da rede demonstraram que a maioria pertencia ao sexo masculino (56,1%), era solteiro (70,3%) e não trabalhava (93,9%). A média de idade em anos foi 29,2, desvio padrão 27,8. A maior parte dos usuários declarou-se satisfeita ou totalmente satisfeita com a rede (72,0%). Ao avaliarmos a associação com a satisfação do usuário, no eixo acesso, os usuários mais velhos apresentaram tendência a declarar maior satisfação com o acesso à rede (p=0,0018). No eixo assistência, os usuários com renda acima de R$ 1754,17 tenderam a declarar maior satisfação com atendimento profissional (p=0,002), com agendamento de consultas (p=0,021) e com número de consultas (p=0,012) e os usuários mais novos tenderam a declarar maior satisfação com entrega de órteses/próteses (p= 0,016). Em relação ao eixo infraestrutura e sua relação com a idade e renda domiciliar do usuário, verificou-se que os usuários mais velhos declararam maior satisfação com o local de realização dos exames (p=0,039) e com a UBS (p=0,025). Conclusão: a maioria dos usuários relatou satisfação com a rede, sendo que os mais velhos relataram maior satisfação com a rede e os mais novos, com o recebimento de órteses e próteses. Usuários com maior renda domiciliar avaliaram melhor a rede estudada. Houve menor satisfação com a Atenção Primária à Saúde (APS), com o atraso de consultas e com o tempo de atendimento. O conhecimento dos resultados obtidos com o trabalho poderá contribuir para que o serviço prestado pela RCPD-MG atenda de forma qualificada essa parte importante da população, que vem crescendo nos últimos anos e, consequentemente, irá demandar mais a assistência do SUS.






Referências Bibliográficas

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2. Esperidião Monique Azevedo, Trad Leny Alves Bomfim. Avaliação de satisfação de usuários: considerações teórico-conceituais. Cad. Saúde Pública [Internet]. 2006 Jun [citado 2018 Maio 15]; 22(6): 1267-1276. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2006000600016&lng=en

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas. PNASS: Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
470
SATISFAÇÃO, VANTAGENS E DESVANTAGENS DE REUNIÕES DE ESTUDO POR TELECONFERÊNCIA EM TEMPOS DE COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: O Covid-19 é uma doença de rápida disseminação, e o isolamento social é uma das medidas tomadas para conter o seu avanço1. Sendo assim, diversas atividades presenciais foram suspensas, inclusive atividades educacionais. Entretanto, grupos de estudos buscaram outras alternativas para dar continuidade ao aprendizado a partir de plataformas digitais. Este processo não é fácil e existem alguns desafios para que a teleconferência ocorra2. OBJETIVO: Descrever a satisfação, vantagens e desvantagens de reuniões de estudo por Teleconferência em tempos de Covid-19. METODOLOGIA: Participaram das reuniões de estudo três discentes e um docente de uma instituição pública, todas estavam solícitas a participar das conferências e cientes que não contabilizaria carga horária universitária. A plataforma digital utilizada foi o Google Meet, serviço de comunicação por vídeo, que permite a realização de videoconferências de forma simples e segura. Os encontros ocorreram uma vez por semana, do mês de abril a junho, com duração de duas horas e trinta minutos por encontro. Foi aplicada a escala visual analógica (EVA) para avaliar a satisfação, sendo a resposta “zero” relacionada a insatisfação e 10 muito satisfeito3 e elaborado um questionário sobre as percepções de vantagem e desvantagem das alunas sobre as reuniões por teleconferência. O questionário abordou as seguintes questões: Os encontros foram satisfatórios?; Houve alguma limitação para realização dos encontros virtuais?; A experiência acrescentou na vida de vocês?; Você considerou a plataforma utilizada segura?; A plataforma utilizada atendeu as necessidades do grupo?; Qual foi a vantagem em participar?; Qual foi a desvantagem em participar? A satisfação das alunas foi analisada pela medida de tendência central média e o questionário sobre a percepção de vantagem e desvantagem por análise qualitativa e descritiva. RESULTADOS: As alunas 1, 2 e 3 responderam de acordo com a escala EVA, estar muito satisfeitas com as reuniões por teleconferência com média de escore 10. Em relação ao questionário, as discentes 1, 2 e 3 consideraram os encontros satisfatórios e afirmaram que a experiência acrescentou em suas vidas, pois foi um momento de interação acadêmica em meio a pandemia que reforçou a união do grupo, permitindo a continuidade de trocas de conhecimentos. Todas referiram a instabilidade da rede de internet como maior limitador para as teleconferências e como vantagens a experiência proporcionou um momento de aprendizado e distração nesse período tão delicado. Todas consideraram a plataforma utilizada satisfatória atendendo as necessidades do grupo. E desvantagem mais referida associada a qualidade das conexões. Relatos semelhantes foram encontrados em um estudo a respeito das aulas remotas com alunos de um Programa de Mestrado, como: ampliação do vínculo com os colegas e professores, a continuidade do interesse e participação dos alunos como na aula presencial, e a otimização do tempo, pois não é preciso se deslocar para participar das aulas4. CONCLUSÃO: Nesse grupo, a teleconferência se destacou mais em relação às vantagens tendo em vista que possibilitou a continuação do aprendizado teórico nesse período de isolamento social.

1Nussbaumer-Streit B, Mayr V , Dobrescu AL, Chapman A, Persad E, Klerings I, Wagner G, Siebert U, Christof C, Zachariah C, Gartlehner G. Quarantine alone or in combination with other public health measures to control COVID-19: a rapid review. Cochrane Database of Systematic Reviews 2020, 2020.

2 Roberts V , Malone K , Moore P, Russell-Webster T, Caulfield R.Peer teaching medical students during a pandemic. Medical Education Online. 2020; 25(1). Available from: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10872981.2020.1772014

3Jesus Júnior TD, Salvi JO, Evangelista DHR. Ayahuasca, quality of life and the hope in recovering of addicts: case reports. Acta toxicol. 2015; 23(1); 53-61.

4VERCELLI, LCA. Aulas remotas em tempos de Covid-19: a percepção de discentes de um programa de mestrado profissional em educação. Revista @mbienteeducação. 2020;13(2); 47-60.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1965
SAÚDE AUDITIVA DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UM CENTRO DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO E PERCEPÇÃO DO RUÍDO NO AMBIENTE LABORAL
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 10% da população mundial está exposta a níveis de ruído que podem causar danos a audição. Além disso, ambientes de trabalho ruidosos podem levar a diminuição da atenção e da concentração no trabalho, com risco para o desenvolvimento de doenças ocupacionais. Entre os locais de trabalho ruidosos encontram-se os centros de materiais e esterilização (CME), presentes em todos os hospitais(1-3). Objetivo: Investigar a percepção do ruído e sintomas auditivos em profissionais que compõe a equipe de enfermagem de uma CME de um Hospital Universitário. Método: Estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa, n. 1.948.259, realizado com a equipe de enfermagem de uma CME, sendo que todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas aferições dos níveis de pressão sonora ambiental na CME por meio de amostras de caráter aleatório, realizadas com um medidor integrador de níveis sonoros, marca Bruel & Kjaer, modelo 2238. E aplicado um questionário fechado para coleta de dados sobre a percepção do ruído na CME, saúde geral, sintomas auditivos e satisfação no trabalho. Resultados: Participaram do estudo 61 profissionais (seis enfermeiros, 25 técnicos e 30 auxiliares de enfermagem). Os níveis de ruído médios variaram entre 57,2 dB(A) e 96,6 dB(A), sendo que os níveis mais elevados foram registrados no setor de secagem de artigos, com o uso da pistola de ar comprimido, registrando ruído médio entre 93,5 e 96,6 dB(A). Quanto à percepção do ruído no local de trabalho, para 95,1% dos participantes, o local de trabalho é sempre ruidoso, sendo que 75,4% citaram como setor mais ruidoso o de secagem dos materiais. A reação mais citada pelos participantes frente ao ruído no local foi a dificuldade para entender os colegas de trabalho (55,7%). Quanto à saúde geral, as queixas mais citadas foram: dores musculares (45,9%); estresse e irritação (41,0%), cansaço constante (34,4%); problemas do sono (32,8%) e cefaleia (31,1%). Sobre a saúde auditiva, os sintomas mais predominantes foram: intolerância ao ruído (32,8%); sensação de ouvido tampado (23%) e zumbido (17,7%). Observou-se que os trabalhadores mais insatisfeitos com as condições do ambiente de laboral são aqueles que possuem intolerância ao ruído, que referem que o ruído é desagradável (p=0,0089), que a acústica da sala não é satisfatória (p=0,0197) e que o ruído interfere na comunicação com o colega (p=0,0372) sendo que o ruído no espaço laboral é uma questão importante para esses trabalhadores (p=0,0547). Conclusão: Os níveis de ruído presentes na Central de Materiais e Esterilização são elevados, principalmente devido ao ruído da pistola de ar comprimido. Os sintomas mais citados foram intolerância ao ruído intenso, sensação de ouvido tampado e dificuldade para ouvir os colegas de trabalho, além de cansaço constante e irritabilidade, que reflete a insatisfação da equipe com o local de trabalho.

1. Barros LP, Brito SA, Ferreira EB, Medeiros SEG , Santos, ER. Centro de material e esterilização: acidentes de trabalho e riscos ocupacionais. Rev. SOBECC. 2014; 19(3): 148-154.
2. Araruan AB, Posso MBS. Centro de material de esterilização: parâmetros espaciais e riscos físicos. Rev. Sobecc. 2014; 19(3): 142-157.
3. Bittencourt VLL. Vivências de profissionais de enfermagem sobre riscos ambientais em um centro de material e esterilização. Rev Min Enferm. 2015; 19(4): 864-870.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
558
SAÚDE AUDITIVA E ASSISTÊNCIA MATERNO INFANTIL NO CONTEXTO DAS INFECÇÕES CONGÊNITAS E PERINATAIS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: No cenário epidemiológico atual, observa-se prevalência de Infecções Congênitas e Perinatais (ICP) como a Sífilis, a Toxoplasmose, o Citomegalovírus, a Herpes e o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (1,2). Com o aumento destas infecções, os serviços de assistência materno-infantil tem destacado que estes agravos devem compor a lista de prioridades para o monitoramento e/ou acompanhamento de neonatos e lactentes, em especial na puericultura (3). Tendo em vista estratégias preveníveis para estas infecções, a assistência e o cuidado pré, peri e pós-natal são essenciais na garantia da saúde materno-infantil. Vale ressaltar que estas infecções representam indicadores de risco para deficiência auditiva em neonatos e lactentes (4). Objetivo: Verificar a prevalência de Infecções Congênitas e Perinatais (ICP) em neonatos. Métodos: Estudo transversal retrospectivo com dados obtidos de registros de um serviço de Fonoaudiologia referentes à neonatos com diagnóstico e/ou suspeita de ICP atendidos entre 2017 e 2019. Foram analisadas informações referentes à 164 neonatos que passaram pelo serviço e realizaram Triagem Auditiva Neonatal (TAN). As pesquisas das Emissões Otoacústicas Evocadas (EOE) e dos Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (PEATE) foram realizadas com o equipamento portátil automático Accuscreen da marca Otometrics (ABR 35). As EOE foram realizadas por meio de estímulo clique não-linear, nas frequências de 1 a 4KHz. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob número CAAE: 85345518.2.0000.0121. Resultados: Dentre os indicadores de risco, destaca-se que a maioria dos casos encontrados foram de sífilis (67,6%), destes (37,8%) de sífilis materna sem relatos de tratamento na gestação e (28,6%) de sífilis tratada. Os outros indicadores de risco envolveram as seguintes infecções congênitas e perinatais: 20,1% pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), 7,3% pelo Herpes, 4,2%, pela Toxoplasmose e apenas um caso (0,6%) por Citomegalovírus (CMV). Os resultados da TAN mostraram que a maioria dos neonatos “passou” no teste bilateralmente, sendo que a maioria retornou dentro do período preconizado. Conclusão: Em todos os anos analisados a sífilis foi o Indicador de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA) mais recorrente, porém concomitantemente às altas taxas de sífilis diagnosticadas houve um aumento nos casos tratados. Nos últimos anos, tem se observado aumento da prevalência de infecções congênitas e perinatais, como sífilis, toxoplasmose, herpes, CMV e HIV, representando um importante indicador por se tratarem de infecções passíveis de prevenção. Desta forma, além de se configurarem um problema de saúde pública, ainda se destacam como fatores de risco para o desenvolvimento de perda auditiva na infância. A deficiência auditiva em neonatos interfere em aspectos sociais e emocionais, além de prejudicar o desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança. Portanto, a TAN como meio de diagnóstico e intervenção precoce deve impreterivelmente ser realizada nos primeiros meses de vida da criança.

1. Maia MMM, Lage EM, Moreira BCB, De Deus EAB, Faria JG, Pinto JA, et al. Prevalência de infecções congênitas e perinatais em gestantes HIV positivas da região metropolitana de Belo Horizonte. Rev Bras Ginecol e Obstet. 2015;37(9):421–7.

2. Vidor AC, Itokazu MC, Teixeira SM dos S, Schuh M, Machado CA, Bolze M de G, et al. Boletim epidemiológico. 2014;4:1–14.

3. Klossoswski DG, Godói VC de, Rey XC, Fujinaga CI. Integral assistance to premature infant : implications of practices and public policy Assistência integral ao recém-nascido prematuro : implicações das práticas e da política pública. Rev CEFAC. 2016;18(1):137–49.

4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal, Brasília. 2012;1–30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1013
SAÚDE AUDITIVA: INVESTIGAÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DA COLÔNIA Z-37 DO MUNICÍPIO DE CURRALINHO MARAJÓ-PARÁ
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A pesca é uma das atividades mais praticadas por povos ribeirinhos devido à proximidade da fonte do alimento. Apesar da atividade pesqueira ter grande valor econômico, muitos pescadores estão expostos a condições especificas de trabalho que podem afetar a audição, além de dificuldades ao acesso à saúde, informação e educação. Em função de desempenharem tarefas diferentes do cotidiano esta categoria possui focos diferentes na atenção a saúde, devido a atividade pesqueira. Quando este trabalhador fica doente, não há prontos socorros para um atendimento emergencial, muitos contornam a situação com o que tem, favorecendo os prejuízos da saúde, isso ocorre muitas vezes por conta da distância em que se encontram e os fatores econômicos, sendo assim é visível os danos da saúde auditiva e global do pescador, é também de extrema importância um olhar holístico que envolva os aspectos orgânicos e sociais para essa população. Objetivo: Este estudo teve como objetivo investigar se os pescadores da Colônia Z-37 têm conhecimento sobre saúde auditiva. Métodos: A pesquisa foi realizada no município de Curralinho na região do Marajó-PA com 75 pescadores artesanais voluntários, associados à colônia de pescadores Z-37 e que tinham como único meio de trabalho a pesca. Foi utilizado como instrumento da coleta dos dados um questionário contendo 6 perguntas objetivas acerca do tema saúde auditiva. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número do CAAE: 18763019.0.0000.5173. Resultados: De acordo com os resultados: 77% dos pescadores não sabem o que é saúde auditiva; os sintomas auditivos mais frequentes entre os pescadores, foram o zumbido com 83%, tontura 75%, plenitude auricular 75% e otalgia 73% e os sintomas extra auditivos foram as dores musculares com 90,7%, dores de cabeça 89,3%, dores na coluna 82,7%, reumatismo/dores nas articulações 76%, baixa visão 74,7% e ansiedade 70,7%. Conclusão: Conclui-se que os pescadores artesanais têm baixo conhecimento acerca da saúde auditiva, e, portanto, desconhecem ações de preservação e promoção da saúde da audição, mostrando assim a importância da implantação de um programa de atenção à saúde auditiva no município de Curralinho Marajó/PA.

Palavras-chave: Saúde do trabalhador; Saúde Coletiva; Audição; Pesca; Sintomas

Albizu EJ. Ruído ocupacional e seus efeitos na saúde auditiva do pescador industria [tese]. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná; 2014. 246 p.

Nogueira LSM, Souza DM, Brígida, AMBS. Segurança e saúde dos pescadores artesanais no estado do Pará. 1nd ed. São Paulo: Fundacentro; 2017. 87 p.

Nunes CP, Abreu TRM, Oliveira VC, Abreu RM. Sintomas auditivos e não-auditivos em trabalhadores expostos ao ruído. Revbaiana saúde pública. 2011; 35(3): 548-55.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
474
SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO DE UMA COORDENAÇÃO DE SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA A NÍVEL MUNICIPAL
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: No Brasil, segundo os dados do censo demográfico de 2010 – IBGE, 23,9% da população brasileira têm pelo menos um tipo de deficiência: visual, auditiva, motora, mental ou intelectual. A Região Nordeste apresenta a maior taxa de prevalência de pessoas com pelo menos uma das deficiências com percentual de 26,3%. Uma das diretrizes da política visa ao fortalecimento dos movimentos institucionais voltados à busca contínua da ampliação da acessibilidade e da inclusão, assim como à melhoria do acesso às estruturas físicas, às informações e aos bens e serviços disponíveis aos usuários com deficiência no SUS (BRASIL, 2015). Sendo assim esse trabalho se propõe a relatar a experiência da criação da Coordenação da Pessoa com Deficiência em um Município do Estado de Pernambuco. OBJETIVO: Relatar experiência da criação de uma coordenação da política da pessoa com deficiência no município de Vitória de Santo Antão-PE. MÉTODO: A experiência foi vivenciada na Secretária Municipal de Saúde do Município de Vitória de Santo Antão-PE, com a atuação da fonoaudióloga residente em Saúde Coletiva pelo IMIP (Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira), a experiência ocorreu do período de Julho de 2019 a janeiro de 2020. CONCLUSÃO: O estudo consistiu em um relato de experiência com aspectos vivenciado pela autora, onde o objetivo foi relatar sobre a criação da coordenação de Saúde integral da Pessoa com deficiência no município de Vitória de Santo Antão-PE. A criação reafirmou o direito de todas as pessoas à saúde e o direito do Estado em oferecer essa saúde com qualidade, além de equidade, integralidade e universalidade, os quais são princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto o SUS ainda enfrenta dificuldades derivadas da desigualdade. Adicionalmente, um dos desafios para a rede pública de saúde em fornecer o direito de saúde a todos é a formação de profissionais capacitados para suprir às necessidades da população. Um dos desafios da criação da coordenação de Saúde da Pessoa com Deficiência é a compreensão das pessoas e dos profissionais de Saúde, quanto à Pessoa com deficiência e as necessidades nos atendimentos de Saúde, dificultando a porta de entrada para a população com deficiência.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
945
SAÚDE MENTAL E A UNIVERSIDADE NA PERSPECTIVA DE GRADUANDOS EM FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As reflexões geradas acerca da saúde mental são fundamentais nas atividades laborais e cotidianas, devendo-se levar em consideração também os aspectos específicos e alguns grupos populacionais. A exemplo encontram-se os jovens, em especial os universitários, propiciando discussões acerca de fatores que influenciam na qualidade de vida do estudante. Objetivo: Investigar aspectos que influenciam a saúde mental de estudantes do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública. Métodos: Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, de caráter qualitativa realizada com graduandos de uma universidade pública, do curso de fonoaudiologia. Os mesmos responderam a um questionário online contendo perguntas fechadas e abertas. Os dados foram analisados de acordo com a Análise de Conteúdo em sua modalidade temática. A pesquisa encontra-se aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos pela Instituição de origem. Resultados: O estudo contou com a participação de 43 estudantes, em sua maioria estudantes do gênero feminino, com média etária 22 anos, a maioria autodeclarada de raça/cor/etnia branca, solteiros e sem filhos, com renda mensal de dois a quatro salários mínimos. Diante das respostas obtidas no questionário, pode-se verificar a presença de categorias e suas subcategorias entre elas, aquela com enfoque nas ações promotoras de saúde, e temáticas que envolvem o ser estudante na universidade com seus aspectos positivos e negativos. As ações promotoras de saúde percorreram momentos paradoxais desde a ausência de ações de promoção da saúde e falta de tempo para reflexões relacionadas à mesma, a busca por auxílio profissional e/ou medicamentoso, bem como a prática de exercícios físicos e alimentação saudável. Quanto ao viver a universidade encontraram-se aspectos positivos referentes à estrutura da instituição, o ensino gratuito, o convívio social, as oportunidades de crescimento profissional e pessoal, além de recursos oferecidos pela universidade. Já os negativos foram relacionados aos discentes, docentes, à instituição de ensino, e do distanciamento dos familiares dos estudantes advindos de outros municípios. Conclusão: Pode-se verificar a influência dos fatores positivos e negativos advindos do ambiente universitário na vida e saúde mental dos discentes, possibilitando a reflexão quanto às ações que possam auxiliar ao desempenho acadêmico bem como a permanência na universidade desse grupo populacional durante o período de formação universitária. Trata-se de um levantamento pontual em um momento do curso, assim sugere-se que outros estudos possam dar continuidade na busca de informações de outras turmas para compreender as vivências dos estudantes e auxiliar na saúde mental dos mesmos.

Referências:

Andifes. Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação das universidades federais brasileiras. Brasília: 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.446, de 11 de novembro de 2014. Redefine a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Brasília, DF. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt2446_11_11_2014.html. Acesso em: 12 nov. 2019.

Cybulski CA< Mansani FP. Análise da depressão, dos fatores de risco para sintomas depressivos e do uso de antidepressivos entre acadêmicos do curso de medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Rev Bras Educ Med. 2017;41(1):92-101.

Lykouropoulos C, Herrero E. Fonoaudiologia e Saúde Mental no Trem da Reforma. São Paulo: Companhia Ilimitada, 2015; 156.

Oliveira CT, Santos AS, Dias ACG. Expectativas de universitários sobre a universidade: sugestões para facilitar a adaptação acadêmica. Rev Bras Orientac. Prof. 2016;17(1): 43-53.

OMS. Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial da Saúde: saúde mental: nova concepção, nova esperança. Lisboa: Climepsi Editores, 2002. Disponível em: https://www.who.int/whr/2001/en/whr01_djmessage_po.pdf. Acesso em: 23 jan. 2019.

Williams M, Coare P, Marvell R, Pollard R, Houghton A, Anderson J. Understanding provision for students with mental health problems and intensive support needs. Brighton: Hefce, 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1590
SAÚDE, LINGUAGEM E ACESSIBILIDADE: ESTRATÉGIAS DE CUIDADO AO SURDO EM TEMPOS DE PANDEMIA.
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A COVID-19 tem sido causa de muitas mudanças em rotinas e hábitos. Para evitar maior disseminação do vírus adotaram-se algumas medidas de segurança, entre elas a pausa de serviços de saúde considerados não urgentes. Contudo, continuam ocorrências como o nascimento de crianças com surdez, a necessidade de diagnóstico e os encaminhamentos necessários. Nestes casos, percebe-se que os familiares não estão tendo acesso aos serviços de saúde, principalmente os moradores do interior do estado, por limitações para alcançar informação e ter um suporte adequado para questionamentos em relação ao diagnóstico e desenvolvimento de seus filhos. Nosso projeto de extensão objetiva atender familiares de pessoas surdas e pessoas interessadas nos assuntos relacionados à surdez através de uma escuta ativa e qualificada baseada nos princípios do acolhimento da Política Nacional de Humanização do SUS. Utilizamos ferramentas em nossa rotina que, na situação vigente por envolver o contato virtual, tornaram-se importantes meios de atuação. Objetivo: Descrever as ações de atenção à população de pessoas surdas e familiares devido à pandemia de COVID-19 desenvolvidas pelo projeto de extensão. Método: Devido à situação sanitária do país, os olhares se voltam para a prestação de serviços acessíveis de forma a contemplar diferentes necessidades da população. Buscamos nesse momento, nos aproximar mais daqueles que já estavam sendo acolhidos garantindo a continuidade da atenção e daqueles que buscam por acolhimento disponibilizando apoio, cuidado e informações sobre diferentes aspectos que envolvem a saúde em tempos de pandemia. As ações desenvolvidas ocorrem mediante ferramentas como a gestão por telefone, a transmissão de informações e vídeos via WhatsApp, Facebook, Instagram e site oficias do projeto. Através destas, levamos informações ao público alvo e atualizamos com frequência a disponibilidade para o acolhimento, informações para prevenção do COVID-19, educação e saúde da pessoa surda, potencializando a escuta para promover a interação com as famílias e entre estas e seus filhos surdos. Resultados: Foram agregadas às ações de cuidado para as crianças acolhidas e seus familiares, a disponibilização de vídeos sobre COVID-19 e cuidados em saúde em diferentes níveis, criados por variados serviços no Brasil sempre priorizando a acessibilidade em Libras, presença de legendas e material informativo confiável. Orientamos as famílias de forma a promover a relação comunicativa efetiva com seus filhos surdos usuários de Libras. A partir das diferentes ações se observa dificuldade dos usuários com a manutenção da interação linguística com o filho surdo, dificuldades de acesso à informações sobre dispositivos auditivos e em especial, como comunicar e orientar as crianças surdas que não têm acesso à televisão e outros meios convencionais de informação sobre os acontecimentos no país e no mundo evidenciando a precariedade da acessibilidade comunicativa existente no país. Conclusão: Através dessas ferramentas desejamos continuar oferecendo acolhimento, informação e apoio adequados para o enfrentamento da COVID-19 e de qualquer necessidade em relação à surdez. Estratégias como as utilizadas pelo projeto proporcionam envolvimento e inclusão de uma parcela da população que tem sido excluída no que possuem direito.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
524
SEMANA DO SONO 2020 EM PERNAMBUCO
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: O sono possui atribuições essenciais para preservação dos componentes físicos e mentais do organismo, possibilitando um desempenho saudável e eficaz nas tarefas realizadas durante o período de vigília. Uma boa qualidade de sono é essencial para a saúde física e cognitiva. A privação de sono oferece inúmeras consequências, como: risco de hipertensão arterial, obesidade e alterações na memória e atenção, entre outros. Alguns distúrbios do sono são muito prevalentes e requerem bastante atenção. Considerando que campanhas públicas são eventos que ocorrem em função da propagação de temáticas relevantes para a sociedade, contribuindo para o benefício pessoal e social do público, por meio da disseminação de conhecimentos, a Semana do Sono, promovida anualmente pela Associação Brasileira do Sono, destaca-se como importante evento de promoção à saúde. Com o slogan “Sono e sonhos melhores para um mundo melhor”, o objetivo da campanha foi promover o diálogo entre profissionais da saúde, pesquisadores, educadores, políticos e toda a sociedade sobre a importância do sono para a saúde e bem estar em todas as fases da vida. Trata-se de um contexto em que a Fonoaudiologia tem participado ativamente. OBJETIVO: Descrever as ações relacionadas à Semana do Sono 2020, em Pernambuco. MÉTODO: A Semana do Sono estava programada para acontecer entre 13 e 19 de março de 2020. Foram planejadas 17 atividades: ações públicas, palestras destinadas à população em ambulatórios, escolas, academias e policlínicas e atividades científicas. As ações seriam desenvolvidas ao longo da semana no Recife e nas cidades: Petrolina, Arcoverde, Caruaru e Vitória de Santo Antão. Em virtude da pandemia da COVID-19, as atividades foram suspensas a partir do dia 16 de março. Assim, apenas o “piquenique no campus” e a “ação pública” na orla da zona sul do Recife, nos dias 13 e 14 de março respectivamente, foram realizadas. Como nos demais aspectos, a cobertura da mídia foi bastante afetada pela pandemia, uma vez que praticamente todas as pautas se voltaram para a referida temática. Ainda sim, ocorreram nove participações nas mídias. Participaram alunos de cursos de graduação e pós graduação e cerca de 60 docentes e profissionais fonoaudiólogos, dentistas, fisioterapeutas, educadores físicos, psicólogos, nutricionistas e médicos. As atividades envolveram orientações, panfletagens, apresentações em banners e atividades relacionadas ao sono e qualidade de vida. Foram realizadas pesquisas sobre a qualidade do sono da população. A campanha em Pernambuco teve o apoio de instituições científicas e patrocínio de empresas privadas. RESULTADOS: Apesar da grave situação mundial, as atividades da Semana do Sono em Pernambuco resultaram em importante ação voltada à saúde pública atingindo diretamente cerca de 350 pessoas, além do público alcançado pelos meios de comunicação. Resultou, também, em contribuição para alimentação de bancos de dados nacionais acerca do sono da população brasileira. CONCLUSÃO: Conclui-se que a campanha do sono 2020, em Pernambuco, foi relevante para ampliar o conhecimento da população a respeito dos benefícios do sono saudável durante a vida, bem como para consolidar a importância da atuação interdisciplinar na promoção da saúde relacionada aos distúrbios do sono.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
333
SENSIBILIDADE INTRAORAL EM INDIVÍDUOS OBESOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A Obesidade afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e vem se tornado um grave problema de saúde pública. Segundo dados da pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2015), no Brasil, 56,9% das pessoas com mais de 18 anos estão com sobrepeso, com um índice de massa corporal (IMC) > 25,0 kg/m2, e
20,8% são classificadas como obesas por apresentarem IMC >30,0 kg/m2. A hipotese é de que o aumento de tecido adiposo, cause prejuízo sensorial ou motor na cavidade oral, podendo modificar o padrão das funções do sistema estomatognático.
Objetivo: Avaliar a sensibilidade da cavidade oral em indivíduos com o estesiômetro.
Metodologia: A amostra foi composta de 19 voluntários, obesos, sobrepeso, e não obesos. Eles foram divididos em três grupos. O grupo composto de indivíduos adultos obesos (GO) (5 mulheres e 2 homens), o grupo controle com indivíduos não obesos (GC) (7 mulheres e 2 homens), e o grupo de indivíduos com sobrepeso (GS) (3 mulheres).Critérios de inclusão: indivíduos de ambos os gêneros com idades entre 20 e 50 anos. Os critérios de exclusão para os grupos foram: indivíduos com comprometimentos neurológicos ou comorbidades associadas, que tenham realizado terapia fonoaudiológica, cirurgia facial e/ou craniofacial, que façam uso de medicações que alterem o sistema nervoso central e bebidas alcoólicas diariamente e que apresentem más formações craniofaciais. Todos foram submetidos a anamnese, avaliação antropométrica, cálculos do índice de massa corpórea (IMC), avaliação miofuncional orofacial com escores (AMIOFE), e avaliação da sensibilidade oral por meio do estesiômetro nas três regiões da língua (região anterior, média e posterior).
Resultados: A idade dos indivíduos variou entre 20 e 50 anos. Sendo 9 indivíduos (47,36%) entre 21 e 24 anos, 4 indivíduos (21,05%) entre 29 a 33 anos e 6 indivíduos (31,57%) entre 37 e 42 anos. Com relação ao IMC o GC obteve uma média de 21,3 kg/m2 , o GS 28,31 kg/m2 e o GO 35,97 kg/m2. Foram observados distúrbios miofuncionais orofaciais nos três grupos avaliados quanto ao aspecto e postura de lábios, língua, mandíbula e bochechas e quanto as funções mastigação, deglutição e respiração, contudo não foi observado diferença significativa entre os 3 grupos.
Discussão: Na avaliação de sensibilidade oral com o estesiômetro, os grupos GC e GS, não houve alteração da sensibilidade nas estruturas testadas. Contudo na amostra do GO, notou-se uma redução significativa da sensibilidade, principalmente nas áreas relacionadas à percepção de sabor: ápice da língua, dorso da língua, borda direita e esquerda da língua e palato duro. O peso corporal influencia a percepção olfatória e gustativa, e que o aumento do IMC está associado a uma diminuição da sensibilidade olfativa e gustativa. Esses achados podem ter implicações para o entendimento dos mecanismos fisiopatológicos nos pacientes, relatando que o aumento do IMC, pode estar relacionado à diminuição da sensibilidade do sabor e olfato.
Conclusão: O GO obteve menor sensibilidade intraoral em regiões relacionadas a percepção do paladar como a língua em relação aos outros grupos.

1-Mores R, Delgado SE, Martins NF, Anderle P, Longaray C, Pasqualeto VM, Berbert MB. Caracterização dos distúrbios de sono, ronco e alterações do sistema estomatognático de obesos candidatos à cirurgia bariátrica. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. 2017; v.11. n.62: pp. 64-4.

2-Souza NC, Guedes ZCF, Mastigação e Deglutição de Crianças e Adolescentes Obesos. Rev. CEFAC [online]. 2016; v.18, n.6: pp.1340-7.

3-Kaufman A, Choo E, Koh A, Dando R.Inflammation arising from obesity reduces taste bud abundance and inhibits renewal. PLoS Biol. 2018; v.16 n.3: disponível em:< https://doi.org/10.1371/journal.pbio.2001959> acesso em: 4 de nov de 2018.

4-Silva ASG, Tanigute CC, Tessitore A A. Necessidade da Avaliação Fonoaudiológica no Protocolo de Pacientes Candidatos à Cirurgia Bariátrica. Rev. CEFAC. 2014; v.16, n.5: pp.1655-68.

5- Felício CM, Folha GA, Ferreira CLP, Medeiros AP. Expanded protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores: validity and reliability. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2010; v.74, n.11: p.1230-9.

6-Skrandies W, Zschieschang R. Olfactory and Gustatory Functions and Its Relation to Body Weight. Physiol Behav 2015; n. 42. pp 1-4.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
285
SEVERIDADE E DURAÇÃO DA FADIGA VOCAL E SUA RELAÇÃO COM O DISTÚRBIO VOCAL EM PROFESSORAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Estudar a fadiga vocal em professores tem sido uma grande tarefa da comunidade acadêmica fonoaudiológica, principalmente em mulheres, que estão mais suscetíveis a apresentarem fadiga e distúrbios da voz. Analisar o tempo de permanência da fadiga vocal, se algo temporário ou prolongado, pode repercutir na instalação de distúrbios vocais. Objetivo: Verificar possíveis associações entre os sinais e sintomas da fadiga vocal, seu grau de severidade, duração e existência de um provável distúrbio de voz em professoras.
Metodologia:(CAAE 80282717.7.0000.5546, parecer 2.427.388). Participaram da pesquisa 66 professores do gênero feminino, com média de idade de 40,37 ±9,03, atuantes em sala de aula. Foram aplicados os seguintes instrumentos: Índice de Triagem de Distúrbio de Voz (ITDV), Índice de Fadiga Vocal (IFV) para analisar a existência de fadiga e restrição vocal (IFV1), desconforto e voz (IFV2), recuperação com repouso vocal (IFV3), Escala de Autopercepção da Fadiga Vocal (EAFV), que possibilita conhecer a gradação da fadiga vocal; Rastreio da Sintomatologia da Fadiga Vocal que analisa a duração da sintomatologia da fadiga vocal no momento atual, nas últimas 24 horas, última semana, último mês e por mais que um mês. Incialmente, foi aplicada a estatística descritiva e em seguida, as variáveis foram agrupadas e categorizadas: ITDV positivo se ≥ 5 pontos, IFV1 positivo se ≥ 24 pontos, IFV2 positivo se ≥ a 7 pontos, IFV3 positivo se ≤ 7 pontos. Para a categorização da variável rastreio foi considerada “fadiga vocal transitória” aquela com duração de até 24 horas e “fadiga vocal prolongada e/ou crônica” aquela acima de uma semana e até mais que um mês de duração. Para a análise de associação foi aplicado o teste chi-quadrado ou exato de Fisher, com p ≤0,05.
Resultados: O ITDV apresentou-se positivo para um provável distúrbio vocal em 60,61% (41). O IFV1 foi positivo em 27,27% (18), IFV2 em 45,45% (30) e o IFV3 em 31,82% (21). A análise da EAFV total demonstrou que 51,52% (44) apresentaram sintomatologia de fadiga vocal no momento da coleta de dados, sendo 19,70% (13) para sintomatologia de grau leve e 31,82% (21) de grau moderado. O rastreio demonstrou que 37,12% (24) relataram sentir fadiga somente no momento da avaliação, 11,21% (7) relataram sentir nas últimas 24 horas, 7,42% (5) na última semana, 5,83% (4) no último mês e 14,70% (10) por mais de um mês. Foi observada presença de “fadiga vocal temporária” em 46,97% (31) e “fadiga vocal prolongada e/ou crônica” em 25,76% (17) em associação com a presença do distúrbio vocal (p=0,02), fadiga e restrição vocal (p=0,05), desconforto e voz (p=0,01). Não foi observada associação entre a duração da fadiga vocal e a recuperação com repouso vocal (p=0,10). Conclusão: professoras apresentaram sintomatologia de grau leve a moderado da fadiga vocal, com duração temporária e/ou crônica associadas a um possível distúrbio vocal, fadiga e restrição vocal, desconforto e voz. Os achados sugerem que a permanência da fadiga vocal a longo prazo pode gerar a instalação do distúrbio vocal.

1. Pellicani AD, Ricz HMA, Ricz LNA. Função fonatória após o uso prolongado da voz em mulheres brasileiras. Revista CoDAS. 2015;27(4):392-399

2. Stemple JC, Stanley J, Lee L. Objective measures of voice production in normal subjects following prolonged voice use. J Voice. 1995;9(2):127-33.

3. . Pellicani AD, Fontes AR, Santos FF, Aguiar-ricz LN. Fundamental Frequency and Formants Before and After Prolonged Voice Use in Teachers. Journal of Voice. 2018; 32(2):177-184

4. Solomon, NP. Vocal fatigue and its relation to vocal hyperfunction. International Journal of Speech-Language Pathology. 2008;10(4):254-266.

5. Ghirardi ACA, Ferreira LP, Giannini SPP, Latorre MRDO. Screening Index for Voice Disorder (SIVD): Development and Validation. Journal of Voice. 2013; 27(2): 195-200.

6. Nanjundeswaran C, Jacobson B, Garterner-Schmidt J, Abbott KV. Vocal Fatigue Index (VFI): Development and Validation. Journal of Voice. 2014;29(4):433-440

7. Kostyk B, Putnam Rochet A. Laryngeal airway resistance in teachers with vocal fatigue: a preliminary study. Journal of Voice. 1998;12(3):287-99.

8. Roy N, Merril RM, Gray SD, Smith EM. Voice disorders in the general population: prevalence, risk factors, and occupational impact. Laryngoscope. 2005;115(11):1988-95.

9. Abou-Rafée M, Zambon F, Badaró F, Behlau M. Fadiga vocal em professores disfônicos que procuram atendimento fonoaudiológico. CoDAS. 2018;31(3):1-6.

10. Depolli GT, Fernandes DNS, Costa MRB, Coelho SC, Azevedo EHM, Guimarães MF. Fadiga e sintomas vocais em professores universitários. Distúrb Comun. 2019;31(2):225-233.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1782
SEXO, TIPO DE ZUMBIDO E PRESENÇA DE ALTERAÇÃO AUDITIVA EM INDIVÍDUOS COM QUEIXA DE ZUMBIDO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A existência do zumbido pode ser um fator de grande repercussão na vida de um indivíduo, pois pode causar insônia, dificuldade de concentração em atividades do dia a dia ou até mesmo em atividades profissionais e em sua vida social. A literatura é controversa quando se trata da influência do sexo no predomínio do zumbido, contudo alguns estudos relatam um modesto aumento da prevalência deste sintoma no sexo feminino. O zumbido está vigorosamente associado a pacientes portadores de perdas auditivas e estudos afirmam que 85 a 96% dos sujeitos com tal queixa apresentam algum tipo de perda auditiva, podendo indicar que o zumbido acontece em decorrência da perda auditiva existente. Porém há casos de indivíduos com limiares dentro dos padrões de normalidade que relatam queixas de zumbido, entretanto em porcentagem menor. Em virtude de não existirem estudos que visem caracterizar indivíduos com queixa de zumbido na região norte, torna-se cada vez mais necessária a realização de pesquisas envolvendo tal sintoma. Objetivo: Caracterizar indivíduos com queixa de zumbido quanto ao sexo, tipo de zumbido (pitch) e presença de alteração auditiva. Método: Trata-se de uma pesquisa quantitativa de caráter transversal, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos sob o número 1.737.915/2016. Participaram desta pesquisa 94 sujeitos, com queixa de zumbido, com idades entre 18 e 56 anos. Para o desenvolvimento do estudo utilizou-se de formulário contendo dados de identificação do paciente, dados gerais da saúde do paciente, queixas e achados audiológicos. Primeiramente foi realizada anamnese e realizado preenchimento do formulário da coleta de dados. Posteriormente era realizada a meatoscopia, sendo que os sujeitos que não apresentaram alteração neste procedimento eram encaminhados à realização de avaliação audiológica, com audiometria tonal e logoaudiometria. Os resultados foram compilados e tabulados em planilhas do Excel e submetidos à análise estatística com o teste Igualdade de Duas proporções, visando caracterizar os indivíduos quanto ao sexo, tipo de zumbido (pitch) mais relatado e presença de alteração auditiva, além de análise descritiva para definir média, mediana, desvio padrão e intervalo de confiança para a idade. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: O sexo feminino compôs 67,0% (n=63) da amostra enquanto 33,0% (n=31) foi composta pelo sexo masculino. Do número total de sujeitos participantes a média de idade apresentada foi de 34,1 anos, com idade mínima de 18 e máxima de 56 anos, com intervalo de confiança de 2,2 anos e desvio padrão de 10,8. Desses sujeitos 61,7% (n=58) apresentaram queixa de zumbido de pitch agudo e 37,2% (n=35) do tipo grave. Ao se analisar possível presença de perda auditiva constatou-se que 67,0% (n=63) da população estudada apresentou limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade, o que demonstrou significância estatística quando comparado à presença de alteração auditiva. Conclusão: Conclui-se que as pessoas que apresentam queixa de zumbido são, em sua maioria, do sexo feminino, queixam-se de zumbido de pitch agudo e possuem limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade.


Sanchez T G. Zumbido: Análise crítica de uma experiênciade pesquisa. São Paulo, 2003 (Tese de Livre-Docência, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Sanchez T G et al. Zumbido em pacientes com audiometria normal: caracterização clínica e repercussões. Rev. Bras. Otorrinolaringol.2005;71(4):427-431.
Fowler E P. Head noises in normal and in normal and disordered ears: significance, measurement, differentiation and treatment. ArchOtolaryngol. 1944;39(6):498-503.
KNOBEL, K.; ALMEIDA, K. Perfil dos pacientes em terapia para habituação do zumbido (TRT). FonoaudiologiaBrasil. 2001;1(2):33-43.
Esteves C C et al. Audição, zumbido e qualidade de vida: um estudo piloto. Rev. CEFAC. 2012;14(5):836-843.
Sanchez T G; FERRARI, G. M. S. O que é o zumbido? Em: Samelli, A. G. Zumbido: Avaliação, Diagnóstico e Reabilitação (Abordagens Atuais). 1. ed. São Paulo: Lovise; 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
116
SÍFILIS CONGÊNITA ASSOCIADA À FALHA NA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL UNIVERSAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
88102300


Introdução: A audição é um dos sentidos essenciais para o desenvolvimento global do ser humano(1). A integridade anátomo-fisiológica do sistema auditivo, periférica e central, é pré-requisito para o desenvolvimento da linguagem e das habilidades auditivas(2). Nesse sentido, o primeiro ano de vida é fundamental para a evolução da criança, pois é um período crucial para a maturação do Sistema Auditivo Central (SAC)(2). Diante disso, instituiu-se o Programa de Triagem Auditiva Neonatal Universal que representa a oportunidade de identificação precoce da perda auditiva, confere possibilidades de intervenção precoce no período crítico de desenvolvimento de linguagem, cognitivo, emocional e social da criança(3). Segundo estudos epidemiológicos, as estimativas nacionais de perda auditiva são de 1 a 6:1000 nascidos vivos normais e 1 a 4:100 recém-nascidos que passaram por Unidade Intensiva Neonatal(4). Dentre os indicadores de risco para deficiência auditiva, destaca-se a sífilis congênita, uma Infecção Sexualmente Transmissível, que mesmo que assintomática, pode causar perda auditiva sensorioneural em neonatos, precoce ou tardiamente(5). Objetivo: Estimar a associação entre sífilis congênita e falha na triagem auditiva de neonatos do estado de Santa Catarina, no período de 2017 a 2019. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e analítico, realizado com neonatos do estado de Santa Catarina, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019. Utilizou-se a análise de regressão logística para estimar a associação entre a exposição principal (sífilis congênita) e o desfecho do estudo (falha na Triagem Auditiva Neonatal). Foram estimadas as odds ratio (OR) brutas e ajustadas no software Stata, versão 14. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) CAAE: 85345518.2.0000.0121. Resultados: Participaram deste estudo 21.434 neonatos, destes 351 (1,7%) falharam na Triagem Auditiva Neonatal e 363 (1,7%) apresentavam sífilis congênita. Com relação à idade materna, houve maior prevalência (53,5%) de mães com idade entre 20 e 29 anos na amostra. Na análise ajustada, recém-nascidos com sífilis congênita apresentaram 3,25 vezes mais chance de falhar na Triagem Auditiva Neonatal, quando comparados aos neonatos sem sífilis congênita (IC 95%: 2,01; 5,26). Conclusões: A associação encontrada entre sífilis congênita e falha na Triagem Auditiva Neonatal Universal ressalta a importância de investimentos em políticas públicas visando a valorização e fortalecimento da triagem auditiva no estado, a fim de alcançar diagnóstico e intervenção precoces.


1. Salata T, Ribeiro B, Muniz B, Antunes L, Rosas H, Marchiori E. Hearing disorders - findings on computed tomography and magnetic resonance imaging: pictorial essay. Radiologia Brasileira. 2019;52(1):54-59.
2. Luiz C, Garcia M, Perissinoto J, Goulart A, Azevedo M. Relação entre as habilidades auditivas no primeiro ano de vida e o diagnóstico de linguagem em prematuros. Revista CEFAC. 2016;18(6):1316-1322.
3. Lewis DR, Chapchap MJ. Triagem Auditiva Neonatal Universal (Tanu) – Boas Práticas Atuais. In: MARCHESAN, Irene Queiroz et al. Tratado Das Especialidades Em Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2014. Cap. 112. p. 1455-1466.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Ministério da Saúde, 2012. 19 p. Disponível em: . Accesso em: 1 fev. 2020.
5. Chau J, Atashband S, Chang E, Westerberg B, Kozak F. A systematic review of pediatric sensorineural hearing loss in congenital syphilis. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology. 2009;73(6):787-792.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
125
SÍFILIS CONGÊNITA ASSOCIADA À PERDA AUDITIVA NEONATAL
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: No ano de 2018, ocorreram no mundo aproximadamente um milhão de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis, entre clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase. Têm-se observado maior ‘incidência destas infecções, especialmente da sífilis, que é uma infecção passível de prevenção e tratamento. A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum, patógeno exclusivo do ser humano, uma das suas formas de transmissão é a transmissão vertical, a qual se denomina como sífilis congênita(1). No período de 2010 a junho de 2018, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação(2), 479.730 casos de sífilis no Brasil. A sífilis congênita tem possibilidade de ocasionar intercorrências pré, peri e pós-natais. As infecções intra-uterinas (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes) se caracterizam como Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva e que podem estar associadas a outros indicadores de risco(3). A audição desempenha um papel fundamental no desenvolvimento global da criança, especialmente na aquisição da linguagem, podendo influenciar no desempenho escolar, comportamento social e emocional, como também nas próprias relações interpessoais. Devido à grande plasticidade neural, o diagnóstico da deficiência auditivo deve ser realizado nos primeiros três meses de vida para iniciar a intervenção até os seis meses de vida. Assim, tem sido desenvolvido programas de triagem auditiva neonatal(4). Objetivo: Verificar associação entre sífilis congênita e deficiência auditiva em neonatos. Métodos: Busca de artigos nas bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e BIREME sem restrição de localização e idiomas em português, inglês e espanhol, publicados no período de janeiro 2010 até maio de 2020. A pesquisa foi realizada na base de dados com os descritores [(sífilis) or (neonatos) and (audição)] e [(syphilis) or (newborn) and (hearing)]. Resultados: Os estudos(5-9) apresentaram como objetivo verificar os principais IRDA em neonatos. Sendo apresentado, o nascimento pré-termo, baixo peso e a permanência na Unidade Intensiva Neonatal (UTIN) por mais de cinco dias como os principais indicadores. Os autores, não avaliaram a sífilis separadamente, mas a infecção congênita em seu conjunto, TORSCH (Toxoplasmose, Rubéola, Sífilis, Citomegalovírus e Herpes). Assim, não se desconsidera a associação entre este indicador. A sífilis congênita mesmo que assintomática, pode causar perda auditiva sensorioneural em neonatos, precoce ou tardia, crianças com mais de um ano de idade(10). Conclusão: Nos últimos anos, o perfil epidemiológico no Brasil, apresenta muitos desafios cotidianos, devido a sua modificação. Principalmente na população pediátrica, com o aumento IST. O desenvolvimento infantil se inicia na vida intra-uterina, com o crescimento físico, maturação neurológica e construção de habilidades relacionadas ao comportamento. As infecções intra-uterina, grupo STORCH podem ocasionar comprometimento no desenvolvimento. Conclui-se a sífilis congênita pode causar perda auditiva sensorioneural em neonatos, de maneira precoce ou tardia. Sendo, assim necessário vigilância e acompanhamento durante os primeiros anos de vida da criança, para que não comprometa o desenvolvimento da linguagem e da audição.

1. Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico. 45. ed. Brasil: 1969. Ministério da Saúde, 2018. 48 p. Disponível em: . Acesso em: 22 jul. 2019.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Painel de Indicadores Epidemiológicos. 2019. Disponível em: . Acesso em: 22 jul. 2019.
3. Silva AA, Bento DV, Silva LNFB. Ocorrência dos indicadores de risco para a deficiência auditiva em um centro de saúde do Rio Grande do Sul. Audiology - Communication Research "[Jour] 2018;23:1-7.
4. Silva DPC, Lopez PS, Ribeiro GE, Luna MOM, Lyra JC, Montovani JC. The importance of retesting the hearing screening as an indicator of the real early hearing disorder. Braz J Otorhinolaryngol. 2015;81:363-7.
5. Onoda, Raquel Mari; Azevedo, Marisa Frasson de; Santos, Amélia Miyashiro Nunes dos.Braz. j. otorhinolaryngol. (Impr.). 2011; 77(6): 775-783.
6. Oliveira, Juliana Santos de; Rodrigues, Liliane Barbosa; Aurélio Fernanda Soares; Silva, Virgínia Braz da. Rev. paul. pediatr. 2013; 31(3): 299-305.
7. Barboza, Ana Carolina Sena; Resende, Luciana Macedo de; Ferreira, Daniele Barreto Cunha; Lapertosa, Cláudia Zanforlin; Carvalho, Sirley Alves da Silva. Audiol., Commun. res. 2013; 18(4): 287-294.
8. Santos, Maria Francisca Colella; Hein, Thaís Antonelli Diniz; Souza, Gabriele Libano de; Amaral, Maria Isabel Ramos; Casali, Raquel Leme. Biomed Res Int. 2014; 1-11.
9. Rechia, Inaê Costa; Liberalesso, Kátia Pase; Angst, Otília Valéria Melchiors; Mahl, Fernanda Donato; Garcia, Michele Vargas; Biaggio, Eliara Pinto Vieira.Braz J Otorhinolaryngol. 2016; 82(1): 76-81. doi: 10.1016/j.bjorl.2015.06.004.
10. Arnold S, Ford-Jones E. Congenital syphilis: A guide to diagnosis and management. Paediatrics & Child Health. 2000;5(8):463-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
944
SÍNDROME DA FRAGILIDADE E SUAS RELAÇÕES COM MARCHA E EQUILÍBRIO FUNCIONAL DE IDOSOS.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


O envelhecimento populacional no Brasil passará de 19,2 para 58,2 milhões em 2060, indicando a necessidade de recursos para melhorar os serviços de saúde, a qualidade de vida, o diagnóstico e a intervenção precoce. A perda do equilíbrio funcional, o aumento do risco para quedas e a síndrome de fragilidade são alterações frequentemente encontradas no idoso. A síndrome de fragilidade é um conjunto de achados clínicos multifatoriais que podem causar eventos de quedas com consequências negativas na qualidade de vida. Objetivo: Determinar a prevalência da Síndrome de Fragilidade em idosos, e estabelecer associações com marcha e equilíbrio funcional. Método: estudo clínico descritivo, transversal e analítico, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (numero 10266919.1.0000). Foram selecionados 101 voluntários com idades entre 60 e 88 anos com média de 69,7(±6,5) anos, sendo 79,2% do sexo feminino e 20,8% do masculino. Para identificar a fragilidade aplicou-se a Escala de Fragilidade de Edmonton (EFE) de Fabrício-Wehbe et al. (2013), que avalia a cognição; estado geral de saúde; independência funcional; suporte social; uso de medicamentos; nutrição; humor; continência urinária, e o desempenho funcional. Na EFE, pontuações entre 0 e 4 indica ausência de fragilidade; 5 e 6 vulnerabilidade; 7 e 8 fragilidade leve; 9 e 10 moderada, e acima de 11 pontos, severa. Para avaliar a marcha foi aplicado o Dynamic Gait Index – Brazilian Brief (DGI) de Taguchi et al. (2018), composto por cinco tarefas com pontuaçao teto de 15 pontos, e quando igual ou inferior a 11 indica alto risco para quedas. Para avaliar o equilíbrio dinâmico foi utilizado o Timed Up and Go (TUG) de Podsiadlo e Richardson (1991), em que o aplicador cronometra o tempo de percurso de seis metros a partir da posição sentada, e a sua execução em tempo inferior a 10 segundos indica baixo risco para quedas. Para a análise estatística adotaram-se as medidas descritivas, testes de Wilkoxon e de Correlação de Spearman. Resultados: Na amostra, 46 (45,5%) voluntários foram identificados como frágeis com média de 4,6 pontos, variando de vulneráveis à frágeis severos. Desses, 17,4% pertenciam ao sexo masculino e 82,6% ao feminino. Aqueles com idade superior a 71 anos apresentaram percentual de fragilidade 2,6% maior do que idosos mais novos (entre 60 e 70 anos). Quanto a marcha e equilíbrio dinâmico, a média do DGI foi de 12,2 (±2,3) pontos, com 34,6% dos idosos com alto risco para quedas. No TUG, a pontuação média foi de 12,7 (±3,38), com 84,1% dos idosos com risco para quedas. Não houve correlação significativa entre a EFE e sexo no teste de Wilkoxon, porém, o de correlação de Spearman apontou relação significante entre DGI e TUG com idade (rs=-0,3 e rs=0,21), e EFE (rs=-0,23 e rs=0,39), ou seja, estiveram mais alterados nos voluntários mais longevos e com indicadores de fragilidade. Conclusão: foi possível verificar uma alta prevalência da Síndrome de Fragilidade entre os idosos socialmente ativos. Aqueles com risco elevado para quedas, por alteração de marcha e equilíbrio funcional, e mais longevos estiveram mais susceptíveis à Síndrome de Fragilidade.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2018 [Acesso em: 12 fev 2019.]. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/21837-projecao-da-populacao-201 8-numero-de-habitantes-do-pais-deve-parar-de-crescer-em-2047

Taguchi, CK., Costa, ÉP., Alves, LV., et al. Clinical Application of Dynamic Gait Index-Brazilian Brief Version. Advances in Aging Research. 2018, 7, 113-8. https://doi.org/10.4236/aar.2018.76009

Podsiadlo, D.; Richardson, S. The timed “up & go”: A test of basic functional mobility for frail elderly persons. J Am Geriatr Society. 1991, 39:142-8. https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.1991.tb01616.x

Fabrício-Wehbe, SCC; Cruz, IR; Haas, VJ; Diniz, MA; Dantas, RAS; Rodrigues, RAP. Reprodutibilidade da versão brasileira adaptada da Edmonton Frail Scale para idosos residentes na comunidade. Rev. Latino-Am. Enfermagem nov.-dez. 2013; 21(6):1330-6 http://dx.doi.org/10.1590/0104-1169.2933.2371

Fried, LP; Tangen, CM.; Walston, J, Newman, AB., Hirsch, C, Gottdiener, J. Cardiovascular Health Study Collaborative Research Group. Frailty in older adults: Evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001, 56(3):146-56.

Silva LT, Martinez EZ, Manço ARX, Júnior APS, Arruda MF. A Associação entre a ocorrência de quedas e a alteração de equilíbrio e marcha em idosos. Rev Saúde Pesquisa. 2014; 7(1):25-34.

Silveira, MB; Filippin, LI. Timed Up and Go como ferramenta de screening para fragilidade em idosos fisicamente ativos / The Timed Up and Go as a screening tool for fragility in physically active elderly.2017; 25(4): 389-393. https:///doi.org/10.1590/1414-462X201700040251


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2071
SÍNTESE DAS EVIDÊNCIAS SOBRE DISFAGIA EM PACIENTES COM COVID-19
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A COVID-19 vem se alastrando pelo mundo e fazendo com que novas práticas em saúde sejam abordadas1. A doença pode ser associada a síndrome do Desconforto Respiratório Agudo quando em casos graves, fazendo com que seja necessário suporte ventilatório mais agressivo, como a intubação orotraqueal2. Além disso, a ageusia e anosmia podem ser sintomas associados3. Todas essas condições clínicas predispõem alterações na deglutição. OBJETIVO: Sintetizar as evidências científicas sobre COVID-19 e disfagia orofaríngea publicadas no primeiro semestre de 2020. MÉTODO: Trata-se de uma revisão integrativa realizada de junho a julho de 2020 nas bases de dados PubMed/Medline e Scopus (Elsevier) com o cruzamento entre os termos "deglutition disorders", “swallowing”, “dysphagia”, "COVID-19" e "SARS-CoV-2". Os critérios de elegibilidade foram: estudos pertencentes ao eixo temático; pesquisas em humanos com COVID-19; publicações disponíveis em português, inglês ou espanhol. Realizou-se a leitura dos títulos, resumos e textos completos. Foram extraídos os objetivos dos estudos, o método de avaliação da deglutição utilizado e os principais resultados. RESULTADOS: Foram encontrados 41 artigos ao todo, mas após a seleção, oito artigos foram incluídos, sendo do tipo comunicação breve (n=1), comentário (n=1), carta (n=1), estudos de caso (n=2), estudo transversal (n=1) e revisões de literatura (n=2). O principal objetivo dos estudos foi observar os riscos para o desenvolvimento de alterações na deglutição em pacientes com COVID-19 e as intervenções necessárias em determinados casos. Nos estudos originais2-4 os instrumentos de avaliação da deglutição utilizados incluíram o Dysphagia Risk Evaluation Protocol (DREP), classificação do nível funcional da deglutição de acordo com a American Speech-Language-Hearing (ASHA), teste de deglutição de água, endoscopia por fibra óptica da deglutição, videofluoroscopia e manometria de alta resolução. Os resultados principais mostraram que com a possibilidade da COVID-19 atingir as estruturas corticais, subcorticais, tronco cerebral, nervos e músculos periféricos em variados níveis, os pacientes críticos tornam-se propensos a alterações de deglutição1,3. Além disso, a intubação devido a alterações respiratórias causadas pela síndrome respiratória aguda pode resultar em incoordenação entre deglutição e respiração, tornando o paciente suscetível à aspiração de saliva e secreções4. Além disso, observou-se associação entre disfonia e sintomas de disfagia7. Queixa de sensação de algo preso na garganta e ausência de paladar2,3,7 foram referidas. Na avaliação, observou-se retenção de saliva no recesso piriforme, ausência de reflexo de vômito, atraso no início da fase faríngea e diminuição da sensibilidade na epiglote e vestíbulo laríngeo3. Por ser uma doença de grande contágio, é orientado que os profissionais usem equipamentos adequados durante a avaliação da deglutição e quando necessário implementar as primeiras intervenções para o momento e diminuir os encontros físicos1,5. CONCLUSÃO: As evidências científicas sobre COVID-19 e disfagia orofaríngea no primeiro semestre de 2020 foram escassas, porém, mostraram que a necessidade de intubação torna o paciente com COVID-19 vulnerável à disfagia. Desse modo, a avaliação da deglutição e o acompanhamento desse paciente é essencial para minimizar os riscos de alterações na eficiência e segurança da deglutição que resultem em piora do quadro clínico geral, incluindo desnutrição e broncoaspiração.

1. Dziewas R, Warnecke T, Zürcher P, Schefold JC. Dysphagia in COVID-19 –multilevel damage to the swallowing network? Eur J Neurol. 2020;
2. Lima MS de, Sassi FC, Medeiros GC, Ritto AP, Andrade CRF de. Preliminary results of a clinical study to evaluate the performance and safety of swallowing in critical patients with COVID-19. Clinics. 2020;75(8):2020–1.
3. Aoyagi Y, Ohashi M, Funahashi R, Otaka Y, Saitoh E. Oropharyngeal Dysphagia and Aspiration Pneumonia Following Coronavirus Disease 2019: A Case Report. Dysphagia [Internet]. 2020;(0123456789):2–5. Available from: https://doi.org/10.1007/s00455-020-10140-z
4. Mohan R, Mohapatra B. Shedding Light on Dysphagia Associated With COVID-19: The What and Why. OTO Open. 2020;4(2):2473974X2093477.
5. Miles A, Connor NP, Varindani R, Sudarshan D, Jacqui J, Brodsky M, et al. Dysphagia Care Across the Continuum : A Multidisciplinary Dysphagia Research Society Taskforce Report of Service ‑ Delivery During the COVID ‑ 19 Global Pandemic. Dysphagia [Internet]. 2020;(0123456789). Available from: https://doi.org/10.1007/s00455-020-10153-8
6. Frajkova Z, Tedla M, Tedlova E, Suchankova M, Geneid A. Postintubation Dysphagia During COVID-19 Outbreak-Contemporary Review. Dysphagia [Internet]. 2020;(0123456789). Available from: https://doi.org/10.1007/s00455-020-10139-6
7. Lechien JR, Chiesa-Estomba CM, Cabaraux P, Mat Q, Huet K, Harmegnies B, et al. Features of Mild-to-Moderate COVID-19 Patients With Dysphonia. J Voice. 2020;
8. Spannella F, Ristori L, Giulietti F, Re S, Schiavi P, Giordano P, et al. A 95-year-old patient with unexpected coronavirus disease 2019 masked by aspiration pneumonia: a case report. J Med Case Rep. 2020;14(1):82.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
811
SINTOMAS AUTÍSTICOS NA DEFICIÊNCIA VISUAL CONGÊNITA: ESTUDO DE CASO
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)



Sintomas autísticos na deficiência visual congênita: estudo de caso
Juliana de Sá Machado Guilam; Ana Carina Tamanaha; Jacy Perissinoto

Introdução: O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) caracteriza-se por prejuízos invasivos e persistentes nas áreas da interação e comunicação social e por um repertório de interesses restrito e estereotipado 1. Diversas condições podem estar associadas ao TEA, dentre elas a Deficiência Visual Congênita (DVC). Tal comorbidade impõe uma série de dificuldades, pois a ausência precoce da visão limita a identificação de alguns dos principais sinais de alerta para Transtorno do Espectro do Autismo. Sabe-se que algumas crianças portadoras de DVC podem apresentar condutas atípicas ao longo dos primeiros anos de vida tais como: ecolalia, pobreza da capacidade simbólica e dificuldades no relacionamento interpessoal. Em alguns destes casos (no entanto, ainda) não há clareza se esses comportamentos são transitórios ou se seriam sintomas do Transtorno do Espectro do Autismo. Objetivo: Rastrear os sintomas autísticos em uma criança com Deficiência Visual Congênita. Método: Trata-se de estudo de caso, de uma criança com DVC e com sintomas atípicos, de 5 anos, pareada por faixa etária e gênero, com outra criança com (apenas) DVC sem sintomas atípicos . Foram aplicados o Roteiro de Entrevista de Anamnese do Sistema de Avaliação de Suspeita de Transtorno do Espectro Autista - PROTEA-R (Bosa, Salles, 2018) e o Autism Behavior Checklist (Krug et al, 1993; Marteleto, 2005), que consiste em uma listagem de 57 comportamentos não adaptativos divididos em cinco áreas: sensorial, uso do corpo e objeto, relacional, linguagem e pessoal-social, que mensura a probabilidade do diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo e o grau de severidade das atipias comportamentais. Resultados: Em ambas as anamneses pudemos observar a menção a diferentes atipias comportamentais nos primeiros anos de vida, no entanto o percurso evolutivo tornou-se distinto ao longo do tempo a partir da inserção de ambas as crianças em intervenção multidisciplinar. Recentemente a criança com DVC e com sintomas autísticos teve pontuação 75 no ABC, mostrando alta probabilidade de TEA, enquanto a outra criança pontuou 40, mostrando baixo risco. Conclusão: A análise dos resultados nos permitiu caracterizar os padrões de desenvolvimento de comunicação, social e adaptativo de duas crianças com Deficiência Visual Congênita e posteriormente, rastrear sintomas do Transtorno do Espectro do Autismo indicando fortemente possível comorbidade.


Referências:
1- Bosa, C. Salles, J. Sistema PROTEA-R de avaliação do transtorno do espectro austista. Editora Vetor. 2018.
2- Krug DA. Autism Screening Instrument for educational planning- ASIEP Pro-ed, Austin, 1993.
3- Marteleto MRF, Pedromônico MRM. Validade do inventário de comportamentos autísticos (ICA): estudo preliminar. Rev Bras Psiquiatr. 2005.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
965
SINTOMAS DE DISFAGIA OROFARÍNGEA, EFICIÊNCIA E SEGURANÇA DA DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES APÓS O TRATAMENTO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
Tese
Disfagia (DIS)


Introdução: os indivíduos submetidos ao tratamento do câncer de cabeça e pescoço podem apresentar uma menor consciência e percepção de sintomas específicos da disfagia (1), sendo necessário distinguir entre sintomas de disfagia e evidência objetiva de disfunção da deglutição, possibilitando intervir de modo assertivo, como também minimizar as consequências da disfagia orofaríngea nesta população. Objetivo: verificar a relação entre sintomas e sinais de disfagia orofaríngea após tratamento do câncer de cabeça e pescoço.
Métodos: estudo retrospectivo observacional transversal analítico que incluiu 25 pacientes adultos e idosos acometidos pelo câncer de cabeça e pescoço que concluíram o tratamento há, no mínimo, três meses. Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa foram analisados os dados do protocolo Eating Assessment Tool (EAT-10) (2,3), que verifica os sintomas de disfagia orofaríngea, assim como dos exames de videofluoroscopia da deglutição, na qual, foram solicitadas deglutições de 5 ml de alimento pudim (pastoso grosso), e 5 ml líquido (água) com contraste Bariogel. A partir do exame de videofluoroscopia foi classificado o grau da disfagia orofaríngea, bem como a segurança e eficiência da deglutição por meio da escala DIGEST (Dynamic Imaging Grade of Swallowing Toxicity) (4,5). Os dados encontrados foram submetidos ao teste de correlação de Pearson, adotando nível de significância de 5%. Resultados: na escala DIGEST os resultados demonstraram que dos 25 participantes, a maioria (n=21) apresentou classificação de disfagia leve a moderada. Já no questionário EAT-10, dentre os 25 indivíduos, 19 apresentaram sintomas de disfagia. No entanto, dentre todos os participantes, quatro indivíduos foram classificados sem risco para disfagia no questionário EAT-10 e apresentaram disfagia de grau leve a moderada, de acordo com o escore DIGEST, enquanto um participante, que não foi identificado com disfagia no escore DIGEST, apresentou pontuação com risco de disfagia no questionário EAT-10. Também foi observada correlação significativa da pergunta 4 do EAT-10 (preciso fazer força para engolir comida - sólidos) com o perfil de eficiência (p= 0,004), bem como com o escore DIGEST (p= 0,002). Não foi encontrada relação significativa entre o escore DIGEST com o escore total do EAT-10 (p=0,180) e nem mesmo entre o escore total do EAT-10 e a eficiência (p=0,129) ou a segurança (p=0,878) da deglutição. Conclusão: após longo prazo do tratamento do câncer de cabeça e pescoço a percepção do individuo sobre a função de deglutição pode não ser consistente com os achados da avaliação instrumental, uma vez que, no presente estudo, a eficiência da deglutição e o grau da disfagia faríngea se mostraram relacionados, especificamente à pergunta “preciso fazer força para engolir comida (sólidos)” do instrumento EAT-10.

1- Rogus-Pulia NM, Pierce MC, Mittal BB, Zecker SG, Logemann JA. Changes in swallowing physiology and patient perception of swallowing function following chemoradiation for head and neck cancer. Dysphagia. 2014;29(2):223-33.

2- Belafsky, PC, Mouadeb, DA, Rees, CJ. Validity and reliability of the eating assessment tool (EAT-10). Ann Otol Rhinol Laryngol. 2008;117:919.

3- Gonçalves MIR, Remaili CB, Behlau M. Equivalência cultural da versão brasileira do eating assessment tool – EAT-10. CoDAS. 2013;25(6):601-4.

4- Hutcheson KA, Barrow MP, Barringer DA, Knott JK, Lin HY, Weber RS, et al. Dynamic imaging grade of swallowing toxicity (DIGEST): scale development and validation. Cancer. 2017;123(1):62-70.

5- Rosenbek JC, Robbins JA, Roecker EB, Coyle JL, Wood JL. A penetration-aspiration scale. Dysphagia. 1996;11(2):93-8.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
241
SINTOMAS E HÁBITOS VOCAIS DE UMA DOCENTE DE PERFIL DERMATOGLÍFICO MISTO: UM RELATO DE CASO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O professor necessita impreterivelmente de uma voz saudável por esta ser seu instrumento de trabalho. Nesta prática, fatores externos, hábitos vocais e/ou relacionados à saúde podem interferir na produção vocal¹. As características da impressão digital são considerados um marcador genético associado ao perfil de aptidão aeróbica, anaeróbica ou mista de um indivíduo. A Dermatoglifia é a ciência responsável pelo estudo das digitais². Caracteriza-se o perfil anaeróbico como aquele que apresenta maior velocidade de contração muscular e o aeróbico pela resistência e coordenação motora, enquanto que o perfil misto consiste no equilíbrio dessas habilidades²,³. Objetivo: descrever sintomas e os hábitos vocais de uma professora do ensino superior de perfil dermatoglífico misto. Métodos: Estudo de caso proveniente de um desenho observacional transversal qualitativo realizado com docentes de uma universidade pública. Após aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer de número 3.562.059 e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foram aplicados o questionário sociodemográfico, o Índice de Triagem para Distúrbios da Voz (ITDV)⁴ e coletadas as impressões digitais por meio do scanner Watson Mini da Integrated Biometric conectado a um laptop Lenovo BM5K8TM1. As digitais foram analisadas utilizando o protocolo de Cummins e Midlo⁵. Resultados: tratou-se de uma professora do sexo feminino, 57 anos, graduada em Fonoaudiologia, que leciona há 30 anos, com carga horária diária de 8h a 12h semanal, para uma média de 50 discentes. A docente referiu atuar em um bom ambiente de trabalho, não ruidoso e com boa temperatura. Quanto ao uso vocal durante a rotina de trabalho, considerou adequado. Em relação aos hábitos gerais e vocais, relata não gritar, considera ter uma boa qualidade de sono e informou que ingere de 1 à 2 litros de água por dia. Nega tabagismo, consome bebidas alcoólicas apenas nos finais de semana e refere alimentação balanceada. Informou praticar atividades físicas ao menos três vezes por semana, sendo que não costuma conversar durante a execução dos exercícios. Com relação à saúde geral, negou rinite alérgica e refluxo. Refere reposição hormonal há oito anos, sem alteração de qualidade vocal. Quanto à qualidade vocal, referiu rouquidão raramente, assim como afirmou raridade na ocorrência de tosse seca, tosse com secreção, odinofonia, odinofagia, secreção na garganta, garganta seca, fadiga vocal, pigarro, perda e falha na voz. Negou já ter realizado terapia vocal. O ITDV geral foi de zero pontos, indicando ausência de sintomas vocais autorreferidos. Conclusão: O perfil dermatoglífico do tipo misto apresenta um equilíbrio entre força, velocidade de contração muscular e resistência/coordenação motora. Sujeitos com esta característica muscular, em geral, apresentam menor possibilidade de desenvolver disfonias, principalmente quando associados à prática de bons hábitos vocais. O presente estudo relatou o caso de uma docente com muitos anos de carreira e integrante do referido perfil, cujos hábitos vocais mostraram-se, na maioria, favoráveis a manutenção da saúde vocal, bem como as condições do ambiente de trabalho. Infere-se, portanto, que a associação desses fatores possivelmente favoreceu a ausência de sintomas vocais autorreferidos, bem como a disfonia.

Palavras-Chaves: docente, ensino, voz, cuidados, hábitos, Fonoaudiologia.

1. Silva GJ, Almeida AA, Lucena BTL, Silva MFBL. Sintomas vocais e causas
autorreferidas em professores. Rev CEFAC. 2016; 18(1): 158-166.

2. Coelho CM. Cantores líricos e musicais: dados dermatoglíficos e acústicos. São
Paulo. Tese [Doutorado em linguística aplicada ao estudos da linguagem] - Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo; 2017.

3. Coelho CM; Fernandes Filho, J ; Camargo, ZA. Dermatoglifia e qualidade vocal. In:
Camargo ZA. Fonética clínica: 20 anos de liaac. Pulso Editorial; 2016. p. 211-224.

4. Ghirardi ACAM, Ferreira LP, Giannini SPP, Latorre MRDO. Screening index for
voice disorder (SIVD): development and validation. Rev Journal of voice : official journal of
the Voice Foundation. 2013; 27(2):195-200.

5. Cummins H, Midlo C. Fingerprints, palms and sole. New Dover ed. Integral
e corr. New York: Dover Publ; 1961.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1628
SINTOMAS OTONEUROLÓGICOS EM PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


A disfunção temporomandibular (DTM) refere-se à problemas que envolvem os músculos da mastigação e a articulação temporomandibular.1 Entre os sintomas auditivos e otoneurológicos mais comuns, têm-se a otalgia, zumbido e tontura.2,3 Como o quadro abrange diferentes aspectos estruturais e funcionais, a avaliação fonoaudiológica, que inclui investigação da audição, do zumbido e da tontura, faz-se necessária, dentro de uma abordagem multiprofissional. Este estudo tem como objetivo caracterizar o perfil audiológico, as medidas psicoacústicas do zumbido e a presença de tontura, como também quantificar a autopercepção e impacto destes sintomas em indivíduos com DTM. Estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número de parecer 3.223.448. A amostra foi constituída por 23 participantes de ambos os sexos. Foram incluídos indivíduos com diagnóstico médico e odontológico de DTM, manifestação de queixa de zumbido, idade mínima de 18 anos e máxima de 59 anos e 11 meses. Foram excluídos indivíduos com comprometimento neurológico ou psiquiátrico, que pudessem influenciar no desempenho dos exames e questionários e indivíduos que já tivessem realizado tratamento da DTM. Foram realizadas anamnese, avaliação audiológica básica e das medidas psicoacústicas do zumbido, por meio da acufenometria. Também foram aplicados os questionários Dizziness Handicap Inventory (DHI)4 e Tinnitus Handicap Inventory (THI)5. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. O estudo envolveu 23 participantes, 18 (78,2%) do sexo feminino e cinco (21,8%) masculino. A idade média foi de 34 anos e 4 meses. Com relação à avaliação audiológica, 22 sujeitos apresentaram audição normal (95,6%) e um (4,4%), perda auditiva do tipo sensorioneural de grau leve e configuração descendente. A curva timpanométrica mais observada foi tipo “A”. No que se refere ao diagnóstico da DTM, 12 (52%) foram classificadas como mista, sete (30,5%), articular e quatro (17,5%), muscular. Quanto à queixa de zumbido, 12 (52%) pacientes o manifestaram bilateralmente, cinco (21,7%) na orelha esquerda, quatro (17,3%) na direita e dois (9%) relataram sensação na cabeça. A média do tempo do surgimento do zumbido foi de 45,5 meses, sendo que 19 (82%) apresentaram zumbido intermitente e quatro (18%), contínuo. Sobre as medidas psicoacústicas do zumbido, apenas 11 (47,8%) que apresentavam este sintoma realizaram este exame, em virtude dos demais não apresentarem o mesmo no momento do teste. Dentre os que realizaram o loudness, o valor mínimo e máximo da orelha direita foi 19 e 56 dBNS e da esquerda 7 e 63 dBNS. Quanto ao pitch, foi de, respectivamente, 0,25 e 14 kHz e 8 e 16 kHz. Acerca da tontura, 15 (65,2%) referiram episódios ocasionalmente. Quanto às médias dos escores dos questionários THI e DHI, que foram 37,5 e 35,5 pontos, respectivamente, observou-se prejuízo (handicap) moderado, para ambos, sobre a qualidade de vida, segundo a classificação dos questionários citados. Os resultados deste estudo evidenciaram audição dentro dos padrões de normalidade acompanhada dos sintomas tontura e zumbido nos pacientes com DTM. O zumbido mais frequente foi com pitch agudo, intermitente e bilateral. Pôde-se verificar, ainda, prejuízo de grau moderado, ocasionado pelo zumbido e tontura, na qualidade de vida destes pacientes.

1. Mathias T, Alcarás PAS, Cristoff KE, Marques JM, Zeigelboim BS, Lacerda ABM. Achados audiológicos em pacientes portadores de disfunção temporomandibular. Audiol Commun Res. 2019.
2. Cassol K, Lopes AC, Bozza A. Achados audiológicos em portadores de zumbido subjetivo associado a DTM. Disturb Comum. 2019;31(2):276-84.
3. Omidvar S, Jafari Z. Association Between Tinnitus and Temporomandibular Disorders: A Systematic Review and Meta-Analysis. Annals of Otology, Rhinology and Laryngology. 2019;128(7):662-75.
4. Castro ASO, Gazzola JM, Natour J, Ganança FF. Versão brasileira do Dizziness Handicap Inventory. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2007;19(1):97-104.
5. Ferreira PEA, Cunha F, Onishi ET, Branco-Barreiro FCA, Ganança, FF. Tinnitus Handicap Inventory: adaptação cultural para o português brasileiro. Pro-Fono. 2005;17(3):303-10.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1462
SINTOMAS SUGESTIVOS DE DISFAGIA OROFARÍNGEA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: No envelhecimento, um conjunto de eventos biológicos modificam as estruturas e funções estomatognáticas que se acompanhadas de agravos à saúde associados à alimentação, a deglutição pode não ser compensada e, com isso, surgir um quadro disfágico, seja por comprometer a eficiência, a segurança da deglutição ou ambos. Esse distúrbio pode ser potencializado quando o idoso reside em uma Instituição de longa permanência (ILPI), em que os sintomas podem estar negligenciados pelo próprio idoso, o que traz impactos significativos na sua qualidade de vida e alimentação. Objetivo: Identificar os sintomas mais frequentes de disfagia orofaríngea em idosos institucionalizados. Método: Este é um estudo transversal observacional, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o parecer 2.983.265/2018. Foram selecionadas quatro Instituições de longa permanência para idosos no município de Natal/RN, sem fins lucrativos, cadastradas como tal na Vigilância Sanitária. Participaram do estudo, idosos de ambos os sexos com idades a partir de 60 anos, residentes em ILPI, que não apresentassem declínio cognitivo grave e dificuldades de compreensão, alterações neurológicas, neuromuscular ou neurodegenerativas avançadas que os impedissem de se alimentar por via oral, sem uso de alimentação alternativa por sonda, perda auditiva sem uso de aparelhos de amplificação sonora, laringectomizados e traqueostomizados. Para levantamento das informações, foi aplicado o Rastreamento de Disfagia em Idosos (RaDI), um instrumento que contém nove perguntas de autorreferência sobre os sintomas de disfagia orofaríngea em idosos. A análise de dados foi realizada pela estatística descritiva com extração dos valores de porcentagem das respostas para cada pergunta. Resultados: A amostra foi composta por 19 idosos, em que 16 (84,2%) foram do sexo feminino e 3 (15,8%) do sexo masculino, com idades entre 62 e 94 anos (média = 78,4; ± 8,2). Dos sintomas mais frequentes relatados pelos indivíduos, 5 (26,3%) relataram fazer esforço para engolir e ter presença de pigarro após a deglutição; 3 (15,8%) apresentam engasgo após engolir e voz modificada após a deglutição; e 2 (10,5%) perderam peso pela dificuldade em deglutir e precisam deglutir várias vezes para fazer o alimento descer. Conclusão: Foi verificado que há uma maior frequência de sintomas de eficiência, com destaque para presença de esforço para engolir e pigarro após deglutir, o que pode repercutir para a segurança alimentar como consequência de uma alteração na eficiência de limpeza faríngea após a deglutição.

Bomfim FMS, Chiari BM, Roque FP. Fatores associados a sinais sugestivos de disfagia orofaríngea em idosas institucionalizadas. CoDAS. 2013;25(2):154–63.
Dias BKP, Cardoso MC de A freitas. Características da função de deglutição em um grupo de idosas institucionalizadas. Estud Interdiscip sobre o Envelhec. 2009;14(1):107–24.
Magalhães Junior HV, Pernambuco L de A, Cavalcanti RVA, Lima KC, Ferreira MAF. Validity evidence of an epidemiological oropharyngeal dysphagia screening questionnaire for older adults. Clinics. 2020;75:e1425.
Oliveira BS de, Delgado SE, Brescovici SM. Alterações das funções de mastigação e deglutição no processo de alimentação de idosos institucionalizados. Rev Bras Geriatr e Gerontol. 2014;17(3):575–87.
Santos BP, Andrade MJC, Silva RO, Menezes E da C. Dysphagia in the elderly in long-stay institutions - a systematic literature review. Rev CEFAC. 2018;20(1):123–30.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1907
SINTOMAS VOCAIS E CONHECIMENTOS SOBRE SAÚDE VOCAL EM PASTORES DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS DO ESTADO DE ALAGOAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A voz é um dos principais meios de comunicação e é através dela que expressamos nossas emoções e sentimentos. O pastor utiliza a sua voz para convencer as pessoas e, além da pregação a utiliza em muitas outras atividades como palestras, aulas, aconselhamentos individuais, estudos bíblicos, reuniões, além de utilizá-la no canto. A saúde vocal se caracteriza como um conjunto de normas que ajudam a prevenir o envelhecimento precoce da voz, disfonias e outras alterações vocais. Essas normas devem ser seguidas por todas as pessoas, especialmente aquelas que utilizam a voz como seu instrumento de trabalho OBJETIVO: O estudo teve como objetivos analisar a associação entre os sintomas vocais e o conhecimento sobre saúde e higiene vocal com dados sociodemográficos e situação funcional, e investigar a correlação entre os sintomas vocais e o conhecimento sobre saúde e higiene vocal de pastores da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Estado de Alagoas. MÉTODO: Trata-se de um estudo exploratório, de delineamento transversal, analítico, composto por cinquenta e cinco pastores em exercício, de ambos os sexos, pertencentes à denominação evangélica Assembléia de Deus do Estado de Alagoas, que após assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido responderam a três questionários: Dados Sociodemográficos e Situação Funcional, Questionário de Saúde e Higiene Vocal e Escala de Sintomas Vocais. RESULTADOS: O sexo masculino foi maioria 63,6% (n=35). A idade dos pastores variou de 32 a 86 anos, teve média de 54,6 anos e mediana de 54 anos: 65,4% (n=36) dos pastores estão na faixa etária de 20 a 59 anos, 94,5% (n=52) são casados, 30,9% (n=17) possuem ensino médio incompleto, 36,3% (n=20) possuem 21 anos ou mais de atividade pastoral, 29,0% (n=16) apresentam uma carga horária semanal de 21 a 30 horas semanais e 61,8% (n=34) não apresentam outra ocupação vocal além da pastoral. As variáveis escolaridade e outra ocupação vocal além da pastoral apresentaram associação estatisticamente significante com o conhecimento sobre saúde e higiene vocal com p=0,0001, p=0,0217 respectivamente. Pastores que tinham 21 anos ou mais de tempo de atividade pastoral apresentaram associação estatisticamente significante com o domínio emocional da Escala de Sintomas Vocais. A correlação apresentou desprezível entre os sintomas vocais e o conhecimento sobre saúde e higiene vocal desses pastores. CONCLUSÃO: Ressalta-se que o conhecimento sobre saúde e higiene vocal e o acompanhamento fonoaudiológico são de fundamental importância para estes profissionais da voz, pois é considerado como um dos fatores para redução do aparecimento de sintomas vocais.

LOBO, B. P. L., et al. Risco vocal em pastores: quantidade de fala, intensidade vocal e conhecimentos sobre saúde e higiene vocal. CoDas, 2018; v 30, n. 2.
MARANGOM, C., et al. Associação entre distúrbio de voz e alteração da respiração em crianças. Rev. CEFAC. Mar-Abr 2018; 20(2):191-200.
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VIOLA, I. C. Assessoria fonoaudiológica a religiosos. Roca, SP; p. 99-116, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1555
SINTOMAS VOCAIS E DOR EM PROFESSORES DA ZONA RURAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A presença de sinais e sintomais de alterações vocais é elevada na população de professores(1,2). Além disso, esta população sofre influência da atividade laboral na sua saúde geral e, dentre as queixas apresentadas, está a presença de dor(3). Alguns estudos mostram relação entre a presença de dor, principalmente nas regiões mais próximas da laringe, e a disfonia(4). Desta forma, investigar se as dores relatadas por professores, especialmente aqueles que se deslocam para as regiões rurais, têm relação com os sintomas de alterações vocais, fortalece as evidências de que ainda são necessários programas voltados para a promoção de saúde vocal do professor em todo país. Objetivo: Relacionar os sintomas vocais e a dor musculoesquelética em professores da zona rural. Métodos: Este é um estudo transversal observacional, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer: 3.180.318) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Participaram 29 professores da zona rural. Foram excluídos os indivíduos tabagistas ou que pararam de fumar há menos de cinco anos e aqueles com menos de três anos na profissão. Foi aplicada a Escala de Sintomas Vocais (ESV), validada para o português brasileiro(5) e o questionário de Investigação da Dor Musculoesquelética (IDM)(4). A ESV identifica a frequência de ocorrência de sintomas vocais e é composta por 30 itens avaliados numa escala Likert de cinco pontos em que zero refere-se a “nunca” e quatro refere-se ao “sempre”. O IDM apresenta desenho das partes corporais a serem avaliadas, sendo elas: região temporal, masseteres, região submandibular, laringe, parte anterior e posterior do pescoço, ombros, parte superior das costas, cotovelos, punhos/ mãos/ dedos, parte inferior das costas, quadril/ coxas, joelhos, tornozelos/ pés. O indivíduo precisa assinalar, dentre as partes indicadas, aquelas em que a dor esteve presente nos últimos 12 meses e, para cada parte assinalada, indicar em uma escala de 100 milímetros a intensidade da dor, de maneira que quanto mais próximo de 100, maior a dor. Foi realizada análise de correlação de Spearman para relacionar o escore total da ESV com a presença e intensidade da dor musculoesquelética e adotado o nível de significância 1%. Resultados: Houve relação positiva entre o escore total da ESV com a presença de dor no queixo, na laringe e na região anterior do pescoço e com a intensidade da dor nestas mesmas regiões. Conclusão: Há relação entre sintomas vocais e dor musculoesquelética nas regiões do queixo, da laringe e na região anterior do pescoço em professores da zona rural, de maneira que quanto maior a presença de sintomais vocais, maior a frequência e intensidade da dor. Estes dados apontam para a importância de programas de promoção de saúde vocal, prevenção e reabilitação para professores também das regiões rurais, uma vez que as condições de saúde do professor podem interferir na qualidade do ensino.

1- Lima JP, Ribeiro VV, Cielo CA. Sintomas vocais, grau de quantidade de fala e de volume de voz de professores. DiC. 2015; 27(1), 129–137.
2- Behlau M, Zambom F, Guerrieri AC, Roy N. Epidemiology of voice disorders in teachers and nonteachers in Brazil: prevalence and adverse effects. J Voice. 2012;26:665, e9-18.
3- Van Lierd K, Dijckmans J, Scheffel L, Behlau M. Type and Severity of Pain During Phonation in Professional Voice Users and Nonvocal Professionals. Journal of Voice, Journal of Voice, Vol. 26, No. 5, 2012.
4- Silverio KCA, Siqueira LTD, Lauris JRP, Brasolotto AG. Muscleskeletal pain in dysphonic women. CoDAS 2014;26(5):374-81
5- Moreti F, Zambom F, Oliveira G, Behlau. Cross-Cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale—VoiSS. J Voice. 2014;21(4),P458-468.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
900
SINTOMAS VOCAIS EM PACIENTES COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é um transtorno caracterizado por episódios repetitivos de interrupção do fluxo de ar durante o sono, em consequência da obstrução das vias aéreas superiores (VAS) a nível faríngeo(1,2). Em relação às alterações fonoaudiológicas, são identificadas modificações anátomo-morfológicas e anátomo-funcionais dos órgãos fonoarticulatórios, que apresentam tônus muscular diminuído(3). Essas alterações impactam negativamente na articulação e na ressonância vocal, gerando modificações nas características perceptivo auditivas e acústicas da qualidade da voz(1,2,4). A literatura menciona que o ronco crônico, frequentemente associado ao quadro de apneia, pode causar secura e inflamação nas estruturas de VAS, ocasionando um maior estreitamento dessa via e podendo prejudicar a saúde das pregas vocais(5). Objetivo: Verificar associação entre sintomas vocais autopercebidos pelos indivíduos e a gravidade da AOS. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo CEP da instituição de origem, sob o número de protocolo 3300676. A população da pesquisa foi composta por indivíduos diagnosticados com AOS entre 2018 e 2019, após terem realizado exame de polissonografia do sono em um hospital público. Destes, 20 sujeitos que aceitaram participar da pesquisa compuseram a amostra. Foi realizada anamnese com coleta de dados sociodemográficos referentes a sexo, idade e ocupação, além de informações sobre consumo de álcool e tabaco. A avaliação da autopercepção vocal foi realizada por meio da Escala de Sintomas Vocais-ESV(6), composta por 30 questões, divididas nos seguintes domínios: limitação (15 questões), emocional (oito questões) e físico (sete questões). Resultados: Observou-se associação significativa entre a gravidade da AOS e o comprometimento da percepção de alterações vocais nos sujeitos apneicos. Foi identificada que a média dos escores totais dos participantes deste estudo foi de 32,95 pontos, a qual mostra-se superior ao ponto de corte de 16 pontos, que discrimina os grupos com e sem disfonia(6). Não foram observadas diferenças estatísticas significativas no grupo com AOS em relação às variáveis sexo, idade e uso profissional da voz. O hábito de consumir álcool revelou prejuízos significativos no domínio emocional e no escore total da ESV, enquanto que o consumo de tabaco foi significativo para obtenção de escores mais comprometidos no domínio emocional. Conclusão: O presente estudo evidenciou relação entre AOS e a presença de alterações vocais, sendo a apneia fator de risco para o surgimento de disfonias. Foi revelada associação entre a gravidade da AOS e escores indicativos de maior comprometimento na ESV. Além disso, foi possível perceber que outros fatores que interferem nos sintomas vocais, tais como uso profissional da voz, consumo de álcool e tabaco, também foram agravantes neste grupo.

1. Atan D, Özcan KM, İkincioğulları A, Köseoğlu S, Çetin MA, Ensari S, et al. The effect of obstructive sleep apnea syndrome and continuous positive airway pressure treatment on voice performance. Sleep Breath. 2015;19(3):777–82.

2. Roy N, Merrill RM, Pierce J, Sundar KM. Voice Disorders in Obstructive Sleep Apnea: Prevalence, Risk Factors, and the Role of CPAP. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2019;128(3):249–62.

3. Guimarães K. Alterações no tecido mole de orofaringe em portadores da apnéia do sono obstrutiva. J Bras Fonoaudiol.; 1999. p. 1:69-75.

4. Han D, Xu W, Hu R, Zhang L. Voice function following Han’s uvulopalatopharyngoplasty. J Laryngol Otol. 2012;126(1):47–51.

5. Hamdan AL, Al-barazi R, Kanaan A, Al-tamimi W, Sinno S, Husari A. The effect of snoring on voice : A controlled study of 30 subjects. Ear Nose Throat J. 2012;91(1):28-33.

6. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-cultural adaptation, validation, and cutoff values of the brazilian version of the voice symptom scale - VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458–68.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
743
SISTEMA COMPUTACIONAL LIVRE PARA SÍNTESE DE VOZ A PARTIR DE TEXTO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Sistemas computacionais de síntese de voz têm alcançado maior robustez e sofisticação, especialmente na última década. Como consequência disso, tecnologias da fala sintética estão cada vez mais presentes e acessíveis (em diversos dispositivos) na vida moderna. De forma rudimentar, eles podem ser explicados como sistemas autônomos que são capazes de “ler textos”, convertendo as informações gráficas em sonoras.
OBJETIVO: Este trabalho possui o objetivo apresentar e oferecer facilidades para o uso de um software (com bibliotecas livres, freeware) para síntese (e reprodução) de voz a partir de texto. Para este fim, uma interface gráfica (GUI, graphical user interface) foi desenvolvida, facilitando o uso também por leigos em programação. O software como um todo pode ser aplicado em outras pesquisas e/ou no desenvolvimento de outras tecnologias assistivas.
MÉTODO: O software é desenvolvido em linguagem de programação Python, que é livre para uso (ou seja, sem custo para desenvolvedor e usuário) e independente de sistema operacional (isto é, pode rodar em Windows, MacOS e Linux). Esses são aspectos importantes ressaltados neste projeto. As bibliotecas utilizadas gTTS (Google text-to-speech) e PyQt5 são os elementos centrais na constituição dos códigos desenvolvidos. Elas são utilizadas, respectivamente, para construção dos algoritmos de síntese de voz e para a elaboração da interface gráfica (tornando assim o software mais amigável).
RESULTADOS: A construção e configuração deste sistema computacional livre (freeware) resulta em uma ferramenta gratuita de síntese de fala, que pode ser usada por profissionais e/ou estudantes. Ela está disponibilizada online na plataforma de hospedagem de software GitHub (que detém todas as informações necessárias para uso, além dos códigos comentados). Apesar de se saber que vozes sintéticas têm limitações no que concerne à compreensão do receptor, estima-se que ela pode ajudar em estudos de reabilitação e/ou na assimilação de texto-fala.
CONCLUSÃO: A criação de um sistema de síntese de voz acessível e de uso livre é de considerável importância, sobretudo para a comunidade acadêmica (e/ou aqueles que tem restrições de capital). Os áudios gerados podem ser tanto utilizados de forma praticamente instantânea, quando gravados em um arquivo de áudio como wave ou mp3, por exemplo. Como objetivo futuro, espera-se expandir o projeto, adicionando mais recursos que possam ser úteis nas práticas de fonoaudiologia e engenharia.

[1] Fang Chen (ed.): Speech Technology: Theory and Applications. Springer, 2010.

[2] Möller, Sebastian. Módulo 6: Automatic Speech Recognition and Text-to-Speech Synthesis. edX courses. Applications in Communication Acoustics, 2020.

[3] PyQt5 Reference Guide - PyQt v5.15.0 Reference Guide. (Acesso em: 31 de maio de 2020). Disponível em: https://www.riverbankcomputing.com/static/Docs/PyQt5


TRABALHOS CIENTÍFICOS
877
SISTEMA DE APOIO AO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA PERDA AUDITIVA USANDO TÉCNICAS DE APRENDIZAGEM DE MÁQUINAS: UM ESTUDO PILOTO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Uma perda auditiva não identificada pode afetar negativamente o desenvolvimento e o desempenho acadêmico de crianças e adolescentes. Os programas de promoção, prevenção e vigilância em saúde auditiva, nos sistemas de saúde e educação, podem ser essenciais para promover a saúde auditiva dessa população. Em países como o Brasil, com extenso território e escassos recursos, devem ser estudados métodos eficazes, de baixo custo e fácil aplicação para identificação precoce da perda auditiva, uma vez que isto pode trazer benefícios à população e ser também menos oneroso, por reduzir os custos com as consequências da perda auditiva. O uso de um sistema inteligente de apoio ao diagnóstico é válido para promover informações fundamentais para a (re)orientar e avaliar as ações de saúde auditiva(1-6). Objetivo: Criar um sistema inteligente de apoio ao diagnóstico precoce da perda auditiva usando técnicas de aprendizagem de máquinas. Método: Estudo transversal quantitativo. O estudo foi aprovado pelo comité de ética e pesquisa sob o pare-cer 1.180.334. Foram analisados os prontuários de crianças e adolescentes de um serviço de alta complexidade no sul do país, classificando os resultados da audiometria, como normal ou alterado e os resultados da anamnese de acordo com: a queixa principal, o histórico audiológico, os fatores demográficos e sociais, as condições otológicas, as doenças respiratórias, as doenças infeciosas, as doenças crônicas e os hábitos e comportamentos de risco frente ao ruído ambiental. Com essas informações, foram realizados o design de algoritmos de dados e a implementação do sistema(6). Assim como foram realizadas a concepção e especificação das estruturas de dados e dos algoritmos especifica-dos para cada componente do software(6). A base para treinamento e validação do classificador totalizou 86 exemplos, a qual foi dividida em 70% para treina-mento de 30% para validação. Essa divisão foi realizada aleatoriamente cinco vezes (5-fold cross validation). Resultados: Nesse estudo piloto, foi definida a arquitetura de banco de dados que permitisse o rápido acesso aos dados para treinar os algoritmos de aprendizagem de máquina. Foram analisados os pron-tuários de 349 crianças e adolescentes e os resultados da audiometria demonstraram que 306 participantes apresentaram resultados audiométricos normais (88%) e 43 alterados (12%). O resultado de classificação médio (fsco-re) foi de 75% (considerando toda a base de dados). Quanto a distribuição dos dados, pode-se notar a importância da queixa principal nas análises preliminares. Conclusão: Ressalta-se a relevância social do estudo para inovação em saúde auditiva além da factibilidade de utilização dos resultados do estudo nos serviços de diagnóstico audiológico na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) do País. O sistema inteligente de apoio ao diagnóstico precoce da perda auditiva proverá informações aos gestores das áreas de saúde e educação, para a orientação e a avaliação das políticas públicas vigentes destinadas a crianças e adolescentes e para a sustentabilidade da vigilância em saúde dos escolares.

1. BRASIL. Decreto no. 6.286, de 5 de dezembro de 2007. Dispõe sobre o Programa de Saúde na Escola e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 dez. 2007.
2. BRASIL. Portaria Interministerial no.1.055, de 25 de abril 2017. Redefine as regras e os critérios para adesão ao PSE. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 abr. 2017.
3. Khan, K. M.; Bielko, S. L.; McCullagh, M. C. Efficacy of hearing conserva-tion education programs for youth and young adults: a systematic review. BMC public health, 2018; 18(1):1286.
4. Paglialonga, A.; Tognola, G.; Pinciroli, F. Apps for hearing science and care. American Journal of Audiology, 2015; 24(3):293-298.
5. World Health Organization. (‎2016)‎. Childhood hearing loss: strategies for prevention and care. World Health Organization. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/204632 Acesso em: 05 jul 2020.
6. Duda, R.; Hart, P.; Stork, D.; Pattern Classification, Wiley, 2012.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1204
SISTEMA OLFATIVO E SUA RELAÇÃO COM A MEMÓRIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)



Introdução: O olfato é um dos cinco sentidos sensoriais, e é responsável por decodificar os estímulos físicos e os estímulos químicos odorantes no ambiente. No interior da cavidade nasal existe um tecido especializado, o epitélio olfativo, que contém milhares de receptores, chamados de células olfativas. E é através destes receptores, que o indivíduo capta estímulos e informações do ambiente que o cerca, e do seu próprio corpo até o sistema nervoso. Que por sua vez, processa as informações, traduzindo-as em sensações e gerando respostas. Muitas dessas respostas, são trazidas em formas de lembranças. Percebe-se então que o olfato pode ser um dos grandes responsáveis pelas nossas memórias. Objetivo: Analisar os principais aspectos do sentido do olfato na formação da memória. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), com base nos descritores: olfato; memória e desenvolvimento. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Ao término da pesquisa, foram selecionados, como base para construção do conteúdo deste estudo 30 artigos publicados entre os anos de 2019 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses, 8 foram escolhidos após a leitura na íntegra. Resultados: Com base na análise desses artigos podemos verificar que um determinado estímulo olfativo pode desencadear reações de medo, de prazer, de segurança, de calma, lembranças de infância, entre outras. Conclusão: Com base na análise desses artigos é perceptível que o olfato interfere diretamente na nossa memória e que uma alteração nesse sentido pode ter repercussões sérios para o indivíduo. Porém, com base ainda com base na pesquisa verificamos que são poucos os trabalhos que ressaltam a reabilitação olfativa. Como o fonoaudiólogo é um profissional habilitado para fazer esse tipo de intervenção, fica como sugestão um maior investimento em pesquisas neste tipo de atuação. Principalmente, durante este período de pandemia, devido ao Covid 19, que a disfunção olfativa é uma sintoma bem frequente.

¹ Moura RGF, Cunha DA, Canevassi PMBT, Caldas ASC, Silva HJ. Interferência das variáveis sexo e idade no olfato e no paladar em crianças com e sem rinite alérgica. Audiol Commun. Res. [Internet]. 2019 [citado em 12 de Julho de 2020]; 24: e1967. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312019000100300&lng=en.


² Sari H, Atar Y, Mingir T, Kumral TL, Akgun MF, Ahmed EA et al. Short term olfactory memory and olfactory function after inhalation anesthetic agents: a randomized clinical trial. Rev. Bras. Anestesiol. [Internet]. Fev 2020 [citado em 12 de Julho de 2020]; 70 (1): 36-41. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-0942020000100036&lng=en.

³ Duran-Badillo T, Salazar-González BC, Cruz-Quevedo JE, Sánchez-Alejo EJ, Gutierrez-Sanchez G, Hernández-Cortés PL. Função sensorial, cognitiva, capacidade de caminhar e funcionalidade de idosos. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [Internet]. 2020 [citado em 12 Julho de 2020]; 28: e3282. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692020000100338&lng=pt.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1041
SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA INTERPESSOAL (“BULLYING”) NA UNIVERSIDADE: PERCEPÇÕES DE GRADUANDOS DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A violência interpessoal (“bullying”) – VIP-B corresponde a situações de agressões de maneira intencional e repetitiva contra um indivíduo em desvantagem de poder. A idade de ingresso no ensino superior coincide com o final da adolescência, período em que o estudante ainda se encontra em fase de desenvolvimento e pode, portanto, apresentar vulnerabilidade psicossocial. É possível identificar ampla literatura sobre as consequências desse fenômeno para o desempenho escolar e participação em diversos contextos de vida para crianças e adolescentes, mas ainda são escassos os estudos sobre o fenômeno na Universidade. No campo do Ensino em Fonoaudiologia, não foram encontradas publicações com esta temática. Objetivo: Verificar as percepções de graduandos do Curso de Fonoaudiologia sobre a ocorrência de VIP-B. Método: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do XXX sob nº 2883/2017. Foi aplicada uma escala a 96 estudantes do Curso de Fonoaudiologia de uma Universidade pública de São Paulo. Este instrumento mensura a ocorrência de situações de VIP-B (na relação veterano-calouro, relação professor-aluno, pela origem étnica/cor da pele, pela orientação sexual, pelo desempenho acadêmico, violência de gênero e cyberbullying) e é composto por 22 afirmativas e uma Escala Likert de 4 pontos para resposta (1 – nunca, 2 – raramente, 3 – às vezes e 4 – sempre). Resultados: Do total, 87 (90,6%) eram do sexo feminino e 9 masculino (9,3%). Destes, 25 (26,04%) eram do primeiro ano do Curso, 24 (25%) do segundo, 25 (26,04%) do terceiro e 22 (22,96%) do quarto. Como resultados, 16 (16,70%) afirmaram que sempre presenciam situações de violência física e/ou moral entre veterano-calouro; 88 (91,60%) afirmaram nunca terem presenciado situações de violência física; 16 (16,70%) afirmaram sempre presenciar situações que professores insultam o estudante; 79 (82,29%) responderam que às vezes presenciam situações de violência em ambiente virtual (cyberbullying); 22 (22,91%) às vezes presenciaram situações de violência de gênero; 16 (16,64%) presenciaram às vezes um estudante ser insultado pelo modo de vestir; 3 (3,12%) às vezes presenciaram um estudante ser ridicularizado por estar acima do peso; 9 (9,36%) testemunharam às vezes situações de insultos pelo estudante ser afeminado e/ou masculinizada; 7 (7,28%) relataram que às vezes presenciaram brincadeiras e apelidos pejorativos devido à origem étnica/cor da pele; 24 (24,96%) afirmaram que às vezes presenciaram situações de VIP-B devido ao desempenho acadêmico; e 2 (2,08%) afirmaram que às vezes presenciaram o estudante receber um apelido pejorativo e/ou brincadeiras devido à sua orientação sexual. Conclusão: Os achados deste estudo são importantes e preocupantes, uma vez que os estudantes reconhecem a ocorrência de VIP-B no contexto da graduação em sua maioria presenciando/testemunhando estas situações. Por outro lado, a investigação subsidia o diagnóstico local de ocorrência e tipos de violência, auxiliando na melhor fundamentação de estratégias e ações frente a este fenômeno na Universidade, possibilitando a instauração de políticas de bem-estar e permanência estudantil.

1- Santos MM, Perkoski IR, Kienen N. Bullying: atitudes, consequências e medidas preventivas na percepção de professores e alunos do ensino fundamental. Temas psicol. 2015; 23 (4): 4-16.
2- Padovani RC, Neufeld CB, Maltoni J, Barbosa LNF, Souza WF, Cavalcanti HAF, et al. Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário Rev. bras.ter. cogn. 2015; 10 (1): 02-10.
3- Panúncio-Pinto MP, Colares MFA. O estudante universitário: os desafios de uma educação integral. Medicina (Ribeirão Preto). 2015; 48(3):273-81.
4- Santos L, Almeida LS. Vivências acadêmicas e rendimento escolar: estudo com alunos universitários do 1º ano. Análise Psicológica. 2011; 2 (1): 205-217.
5- Panúncio-Pinto MP, Alpes MF, Colares MFA. Situações de Violência Interpessoal/Bullying na Universidade: Recortes do Cotidiano Acadêmico de Estudantes da Área da Saúde. Rev. bras. educ. med., 2019; 43 (1): 537-546.
6- Ayalla MS, Rios R, Wright SM. Perceveid bullying among internal medicine residents. JAMA. 2019; 322 (6): 576-578.
7- Alpes MF. Construção e validação de conteúdo de escala para estudantes de graduação sobre a ocorrência de violência interpessoal (“bullying”). Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2018. Dissertação de Mestrado em Ciências Médicas.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2095
SOBRE ACESSO À SAÚDE E INTERAÇÃO PROFISSIONAL EM ESPAÇOS VIRTUAIS: A CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DE FONOAUDIÓLOGOS PARTICIPANTES DE UM GRUPO DE WHATSAPP
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: No decorrer dos últimos anos, a internet se estabeleceu na sociedade como um importante meio de comunicação e de acesso à informação(1,2). Acompanhando a atual tendência de expansão da comunicação virtual, as pesquisas sociais vêm demonstrando interesse em explorar esses novos meios de comunicação também como campos de pesquisa(3,4). Considerando a potencialidade da organização espontânea de redes voltadas à formação de práticas e linhas de cuidado no âmbito do SUS(5), faz-se relevante explorar as características desses grupos virtuais formados por profissionais da saúde levando em conta a riqueza desses espaços virtuais como campos ricos para mobilização profissional no campo da Saúde Coletiva. OBJETIVO: Descrever o perfil de 25 fonoaudiólogos participantes de um grupo de WhatsApp utilizado como estratégia para comunicação profissional e resolução de problemas comumente enfrentados relativos a dificuldades de acesso de pacientes aos serviços de saúde. MÉTODO: Recorte de uma dissertação de mestrado de abordagem metodológica qualitativa orientada a analisar a iniciativa de um grupo virtual formado por fonoaudiólogos da rede pública de saúde de um município de grande porte, tendo em vista o uso da rede virtual como estratégia de facilitação de acesso de pacientes aos serviços de saúde. Uma das estratégias para produção de dados utilizada na pesquisa foi a aplicação de um questionário online com perguntas de múltipla escolha relativas a informações pessoais, profissionais e da atuação fonoaudiológica para levantamento do perfil do grupo virtual. O questionário foi elaborado na plataforma "Google Forms" e o link de acesso ao questionário e ao TCLE divulgado aos 126 participantes na página de mensagens do grupo por sua administradora em julho de 2017. RESULTADOS: Foram obtidas 25 respostas, ou seja, cerca de 20% dos participantes do grupo responderam ao questionário. Todas os participantes que responderam o questionário eram do sexo feminino(100%). A maioria (60%) informou ter mais de 40 anos de idade e ter cor de pele branca (88%). Sobre a experiência profissional, todas (100%) tinham e experiência acima de 10 anos. Além de trabalharem da esfera municipal (100%), declaram trabalhar em outras esferas do setor público (32%) e também no setor privado (40%). Quanto à distribuição da atuação por nível de atenção à saúde, 48% informaram atuar na atenção primária, 44% na atenção secundária e 20% na atenção terciária. No que se referiu às ações fonoaudiológicas desenvolvidas, a maior parte (76%) declarou realizar atendimentos ambulatoriais. Com relação à especialização fonoaudiológica, a maioria informou apresentar atividades mais voltadas nas áreas de linguagem(68%), de motricidade orofacial(52%) e de disfagia(36%). CONCLUSÃO: O grupo virtual mostrou-se uma forma criativa de amenizar as dificuldades coletivamente enfrentadas pelos profissionais participantes, no entanto houve baixa adesão à participação dos integrantes ao questionário online disponibilizado para levantamento do perfil de todo o grupo virtual, possibilitando-nos assim, conhecer apenas o retrato de parte do grupo. O perfil levantado a partir das respostas recebidas aponta para um grupo com predominância de mulheres brancas, com idade acima de 40 anos e com ampla experiência profissional na assistência fonoaudiológica na rede pública de saúde.

1. Da Costa RD. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. Interface Comun Saúde educ 2005; 9(17): 235-48.

2. Machado JR, Tijiboy AV. Redes Sociais Virtuais: um espaço para efetivação da aprendizagem cooperativa. Novas Tecnologias na Educação 2005; 3(1): 1-9.
126

3. Montardo SP, Passerino LM. Implicações de redes temáticas em blogs na Análise de Redes Sociais (ARS): estudo de caso de blogs sobre autismo e síndrome de Asperger. Interface - Comun Saúde Educ 2010; 14(35): 921-31.

4. Miller D, Slater D. Etnografia on e off-line: cibercafés em Trinidad. Horizontes Antropológicos 2004; 10(21): 41-65.

5. Iriart JAB, Silva LAVD. As tecnologias da informação e comunicação e novas formas de sociabilidade: possibilidades e desafios para o campo da saúde coletiva. Cad Saúde Pública 2015; 2253-4.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1505
SOBREVIDA DE IDOSOS COM FRATURAS TRAUMATO-ORTOPÉDICAS E DISFAGIA OROFARÍNGEA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Idosos que apresentam um somatório de comorbidades, podem apresentar maiores complicações durante a internação hospitalar, principalmente após os procedimentos cirúrgicos, favorecendo eventos adversos como necessidade de novas intervenções, distúrbios hidroeletrolíticos e internação em unidade de terapia intensiva (UTI). A ocorrência dessas características, quando associadas à doenças de base, aumentam o risco de disfagia orofaríngea, caracterizada pela dificuldade nas etapas do processo da deglutição desde a boca até o estômago. Vale ressaltar que a prevalência de disfagia em idosos hospitalizados por traumas ortopédicos varia entre 5,3% e 34%. A disfagia pode potencializar outras comorbidades e associar-se a piora do quadro clínico na internação hospitalar de idosos com fraturas traumáticas.
Objetivo: Avaliar a sobrevida de idosos internados por fraturas traumato-ortopédicas em um hospital público de trauma e analisar a associação de alterações de deglutição com complicações pós-cirúrgicas.
Métodos: Estudo transversal retrospectivo, realizado em um hospital público de trauma, de fevereiro a outubro de 2019, aprovado pelo CEP: 3.125.527. O grupo de estudo foi composto por idosos (acima de 65 anos), com condições cognitivas de responder ao protocolo de pesquisa, internados devido fraturas traumato-ortopédicas. Foram revisados prontuários de 229 indivíduos avaliados para investigação de alterações de deglutição com indicativos de piora do quadro clínico após intervenção cirúrgica. Foram excluídos pacientes com fraturas maxilofaciais e egressos de UTI, nesta hospitalização, no momento da avaliação diagnóstica da deglutição. A avaliação para identificar os indivíduos com disfagia foi feita através do protocolo Volume-Viscosity Swallow Test (V-VST). Para a análise dos dados, foi utilizado o software SPSS v.22 (Chicago:SPSS Inc). Para as associações, foi utilizado o teste t de Student e teste exato de Fisher; para estimar a probabilidade de óbito em até 30 dias após procedimento cirúrgico, foi utilizado o método de Kaplan-Meier; para a análise de sobrevida, o método estatístico de Log Rank. Os dados compararam os indivíduos com e sem alteração de deglutição.
Resultados: A idade média foi de 77,9 (±8,21 anos), com predomínio do sexo feminino (78,6%). Quanto aos achados, encontramos diferença significativa com menor tempo para realização da cirurgia entre os idosos com disfagia (p < 0,05). No grupo de idosos com alteração de deglutição houve maior indicação de uso de antibióticos, de troca de consistência alimentar, indicação de SNE, de transfusão de sangue, ocorrência de parada cardiorrespiratória e óbito após cirurgia (p < 0,05). Na análise de sobrevida em até 30 dias do pós operatório, observa-se que indivíduos com disfagia, obtiveram menor sobrevida (p = 0,031), com um risco de óbito de 4,65 vezes maior que os sem disfagia.
Conclusão: Idosos com disfagia apresentaram menor sobrevida em até trinta dias após o período pós operatório. Identificamos associação entre diversas complicações pós operatórias (uso de antibióticos, parada cardiorrespiratória e óbito pós cirurgia, por exemplo) e a presença de disfagia.

1. Axmon A, Ahlstrom G, Sandberg M. Falls resulting in health care among older people with intellectual disability in comparison with the general population. J Intellect Disabil Res. 2019, 63(3):193-204.
2. Ortega O, Martín A, Clavé P. Diagnosis and management of oropharyngeal dysphagia among older persons, state of the art. J Am Med Dir Assoc. 2017, 18(7):576-582.
3. Byun, S.-E., Kwon, K. B., Kim, S. H., & Lim, S.-J. The prevalence, risk factors and prognostic implications of dysphagia in elderly patients undergoing hip fracture surgery in Korea. BMC Geriatrics. 2019, 19(1).
4. Love, A. L., Cornwell, P. L., & Whitehouse, S. L. (2013). Oropharyngeal dysphagia in an elderly post-operative hip fracture population: a prospective cohort study. Age and Ageing. 2013, 42(6):782–785.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1290
SONHO, FUTURO E ESPERANÇA: O OLHAR DAS MÃES DE CRIANÇAS AUTISTAS INSERIDAS EM UM CAPSI
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)


INRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno que acomete a sequência e a qualidade do desenvolvimento infantTil, é marcado por alterações significativas na comunicação e na interação social, além de interesses restritos e comportamentos repetitivos. Algumas mães frente a um diagnóstico de autismo, perpassam por sentimentos de medo do desconhecido, tanto pela falta de conhecimento sobre o autismo, como pelas incertezas do futuro das suas crianças. Enfrentam a divergência do bebê perfeito, idealizado na gestação, e a criança real. Após esses sentimentos de angustias, elas iniciam um processo de aceitação, diminuindo o impacto do recebimento do diagnóstico e fortalecendo as relações de cuidado com o seu filho(a). A partir de então, o otimismo invade o lugar da tristeza e assume um espaço de expectativas e anseios para melhorar o desenvolvimento de suas crianças. Assim, acredita-se que o otimismo proporciona um melhor cuidado, dedicação e confiança no desenvolvimento destes filhos (as). OBJETIVO: descrever as perspectivas futuras de mães de crianças autistas inseridas no CAPSi. MÉTODO: Trata-se de uma prática Fonoaudiológica, baseada na intervenção centrada na família, direcionada por duas fonoaudiólogas através de um Grupo de Mães de crianças autistas em um município do nordeste brasileiro e faz parte de uma atividade frequente no CAPSi, chamada Grupo Família. Durante a pandemia da COVID-19, foi necessário que todas as atividades presenciais de grupo fossem suspensas. No entanto, os contatos individuais por telefone com os familiares e cuidadores das crianças permaneceram. Observou-se que seria importante a tentativa da retomada dos grupos no formato virtual. Foi criado um grupo pelo aplicativo Whatsapp. Este aplicativo foi escolhido tendo em vista a facilidade de acesso e uso pelas famílias. Participaram seis mães e as duas profissionais da equipe, no período do mês de junho e julho de 2020. Foi realizada uma dinâmica de reflexão através da apresentação de três imagens que continham 3 palavras escritas: sonho, futuro e esperança. Cada mãe pôde expor seus sentimentos e convicções após visualizar as imagens e palavras. RESULTADOS: Na imagem com a palavra Sonho/Visão foi destacada pelas mães a necessidade de acreditar na capacidade e força do filho em viver sem limitações; ter fé; não desistir; ver o desenvolvimento da autonomia, linguagem e interação com a sociedade. Sobre o Futuro/Jornada foi citado que os filhos realizem seus sonhos; faça suas escolhas; se desenvolva; atinja um bom nível escolar; viva em sociedade; seja aceito; com fé em Deus e dando seu melhor como mãe. Em relação à Esperança/Ações foi mencionada importância de levar às terapias e ao CAPSi desde cedo, ajudar ao filho, pesquisar e ter persistência. CONCLUSÃO: A proposta mobilizou sentimentos prazerosos para as mães de continuação do cuidado mesmo durante o período de isolamento social. Trouxe reflexão sobre a temática abordada e proporcionou uma troca de experiências entre as mães com destaque ao desejo de que seus filhos se desenvolvessem e pudessem viver sem limitações e inseridos na sociedade.

1. Silveira AD, Gomes CGS. Ensino de habilidades básicas para pessoas com autismo. Appris,2016.
2. Silva CM, Oliveira VM, Ferreira CS, Silva CS, Silva VL. Vivência Materna Diante do Cuidado à Criança Autista. REVISA. 2020; 9(2): 231-40.
3. Pinto RNM, Torquato IMB,Collet N,Reichert APS, Neto VLS, Saraiva AM.Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relaçõesfamiliares. Rev. Gaúcha Enferm. 2016 Set; 37 (3):e61572.
4. Cunha JHS, Pereira DC, Almohalha L. O significado de ser mãe ou pai de um filho com autismo.REFACS(online)2018; 6(1):26-34.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1499
SONS E GESTOS – CURSO DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A educação infantil em momentos ainda não é vista como uma possibilidade de base sólida para a alfabetização, cerceando o conhecimento dos alunos e por vezes limitando as práticas possíveis de serem desenvolvidas. Com a nova Base Nacional Comum Curricular acreditou-se na importância de formar os professores da rede pública de uma cidade do interior do Paraná. O projeto piloto foi desenvolvido em 2018 e visualizou-se a importância de manter o curso no ano seguinte, com melhor estruturação e suporte técnico às escolas.
Objetivo: Levar aos professores da educação infantil conhecimento teórico sobre habilidades preditoras da alfabetização. Informar acerca das habilidades de linguagem oral e sua importância para o desenvolvimento dos alunos. Fornecer materiais adaptados e promover oficinas para a confecção destes no ambiente escolar.
Método: Durante o ano de 2019, um fonoaudiólogo educacional, e duas assessoras pedagógicas em encontros mensais expuseram conteúdos teóricos acerca de habilidades metalinguísticas, nomeação automática rápida, conhecimento alfabético, ferramenta Multigestos, e atividades de expansão de vocabulário. Após apresentação teórica, eram fornecidos materiais para o uso em sala de aula, sendo estes em PDF, Power Point ou Word. A maioria dos materiais já estava confeccionada, necessitando apenas de impressão. Em dado momento, foi solicitado a todas as 17 escolas municipais a confecção de atividades, aplicação com os alunos e posterior apresentação para os cursistas. Em torno de 1100 alunos se beneficiaram do projeto.
Resultados: Primeiramente houve um impacto muito positivo em relação aos materiais apresentados (artigos e pesquisas científicas, materiais para consciência fonológica). Observou-se o engajamento de professores e coordenadores pedagógicos das escolas para aplicar as atividades com os alunos e também para desenvolver a confecção de materiais. Os alunos responderam positivamente as intervenções e os relatos feitos pelos professores foi de facilitação de conhecimento alfabético (nome de letras e som) e da melhora no desenvolvimento da oralidade e consciência fonológica. O impacto do curso foi regional, sendo reconhecido como prática ímpar e de extrema necessidade aos professores.
Conclusão: A equipe coordenadora concluiu que o curso veio de encontro às necessidades dos educadores que desconheciam muitos assuntos. É nítida a necessidade de formação continuada baseada em evidencias científicas para a educação infantil promovendo uma ponte entre esta e o ensino fundamental. Pode-se observar ainda a escassez de formação nesta área no município e na microrregião.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1011
SUCESSO NO ITINERÁRIO TERAPÊUTICO DE BEBÊS COM AQUILOGLOSSIA – RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A anquiloglossia, conhecida popularmente como língua presa, é uma alteração congênita oral que pode ser observada desde o nascimento do paciente até a fase adulta. O diagnóstico precoce bem como o tratamento multidisciplinar reduzem as possíveis sequelas que podem ser sofridas pela criança e pelos pais. OBJETIVOS: Relatar experiência do sucesso do itinerário terapêutico de bebês com anquiloglossia. MÉTODO: O presente relato foi baseado na experiência do itinerário do tratamento terapêutico de bebês com anquiloglossia atendidos em dois projetos de extensão: do Departamento de Fonoaudiologia e do Departamento de Odontologia de uma universidade pública do Brasil. RESULTADOS: Os bebês são encaminhados nas Unidades de Saúde da Família de seus respectivos bairros e respeitando a regulação da prefeitura da cidade onde são recebidos primeiramente para a Clínica Escola de Fonoaudiologia da Universidade, através do termo livre e esclarecido dos responsáveis, onde são recebidos e avaliados inicialmente por uma equipe multiprofissional que consiste em profissionais e acadêmicos de Fonoaudiologia e Odontologia (aproximadamente 25 a 30 atendimentos por dia, 2 vezes por semana). O Teste da Linguinha é aplicado e, caso seja diagnosticada a anquiloglossia e sua interferência nos movimentos da língua para funções orais do bebê, um encaminhamento para clínica de odontologia da mesma Universidade é realizado no mesmo dia. A equipe de cirurgiões dentistas recebe as famílias e solicita os exames pré-operatórios. Profissionais de Nutrição e Psicologia também realizam acolhimento ao bebê e às famílias gerando um atendimento mais humanizado. Para todos os bebês indicados para frenotomia é marcado, no intervalo de 07 dias, a realização do procedimento cirúrgico pela equipe de cirurgiões dentistas e acompanhamento da equipe de Fonoaudiologia. O procedimento é realizado da forma mais humanizada possível com contenção do bebê no colo da mãe ou familiar e apoio emocional aos familiares. Após o procedimento, a equipe de fonoaudiólogos e nutricionistas acompanha o bebê e a mãe para a melhor adequação do processo de amamentação. Destaca-se, em todo esse processo, a garantia do itinerário terapêutico desde o encaminhamento da Unidade de Saúde da Família até o acompanhamento final dos bebês que realizaram a cirurgia. Dentro do espaço clínico, os bebês são atendidos por acadêmicos supervisionados pelos profissionais. O processo de aprendizagem dos estudantes é garantido e, em especial, é vivenciada a importância de garantir a resolutividade de problemas na saúde através da garantia do itinerário terapêutico. Também é percebido que os pais saem de um estado emocional estressante para um estado emocional mais tranquilo, tendo em vista o acolhimento oferecido ao bebê e à família fortalecido pela atenção da equipe de Psicologia. CONCLUSÃO: A garantia do itinerário terapêutico aos bebês com anquiloglossia proporcionado pelos projetos de extensão atrelados ao atendimento com uma equipe multiprofissional são o sucesso para a resolução das situações desfavoráveis do processo de amamentação apresentados pelas famílias. A garantia do atendimento humanizado e integrado pelo SUS é uma fonte imensurável de aprendizagem dos futuros fonoaudiólogos e cirurgiões dentistas que acompanham os projetos de extensão.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1702
SUPORTE TRANSACIONAL PELO SCERTS: FONOAUDIÓLOGOS E FAMILIARES DE CRIANÇAS COM TEA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista é classificado em níveis, conforme o suporte necessário para a comunicação social, execução de tarefas e aprendizagem do indivíduo (DSM5 – APA, 2014). O sucesso de uma interação depende, também, do ambiente e das habilidades do interlocutor em reconhecer sinais comunicativos da pessoa com TEA e oferecer suportes para sua interação nos diferentes contextos (Prizant et al., 2015; Bosa et al. 2017). O modelo SCERTS (PRIZANT et al., 2006) propõe a avaliação da comunicação social organizado em três domínios e subdomínios: Comunicação Social, Regulação Emocional e Suporte Transacional. Cada domínio considera três níveis: Parceiro Social - primeiro estágio do desenvolvimento da comunicação, seguido pelo Parceiro de Linguagem e pelo Parceiro de Conversação. O Suporte Transacional considera a ação do interlocutor frente às demandas adaptativas da criança para início e manutenção da parceria comunicativa.

OBJETIVO: Verificar quais comportamentos de Suporte Interpessoal (modelo SCERTS) são mais frequentemente utilizados por fonoaudiólogos e familiares na situação de avaliação fonoaudiológica da criança com TEA.

MÉTODO: Estudo transversal com 40 crianças (2,2 a 10,2 anos), com diagnóstico multidisciplinar de TEA, em situação lúdica semidirigida por adultos (40 familiares e 2 fonoaudiólogos), parte integrante de pesquisa (Armonia, 2018), aprovação CEP nº758.269. Nesta etapa, ações de SI dos adultos foram analisadas através dos formulários de observação (SCERTS). Análises estatísticas comparativas serão utilizadas para cada um dos 32 comportamentos de SI (PS e PL) e 31 comportamentos de SI (PC).

RESULTADOS: Descritivamente, ”Segue o foco de atenção da criança” ocorreu 100% em todos os adultos; "Oferece pausas na interação conforme necessário" e "Ajusta a complexidade da introdução de linguagem ao nível da criança" ocorreu 100% com fonoaudiólogos e 95,6% (PS), 88,9% (PL) e 100%(PC) com familiares. “Reconhece sinais de desregulação e oferece suporte" ocorreu 60% com fonoaudiólogos e 26,7% com familiares no PS; 44,4% e 33,3%, respectivamente, no PL e não ocorreu no PC. "Imita a criança" ocorreu menos com fonoaudiólogos - 47,8% (PS) e 44,4% (PL); "Tenta reparar colapsos, verbalmente ou não verbalmente ocorreu 17,4 % em familiares (PS).

CONCLUSÃO: Ações de SI ocorreram de maneiras distintas por fonoaudiólogos e familiares. A comparação estatística analisará o impacto dessas diferenças.

Prizant BM, Wetherby AM, Rubin E, Laurent AC, Rydell PJ. The SCERTS model: a comprehensive educational approach for children with ASD. Paul H. Brooks Publishing Co., Baltimore, 2006.

Armonia, AC - A Comunicação Social nos Transtornos do Espectro Autista: estudo piloto com SCERTS Model - São Paulo, 2018. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Ciências.

Associação Americana de Psiquiatria. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5. 5ª edição. Porto Alegre: Editora Artmed, 2014

Bosa, C. A., Backes, B., Romeira, G. M., & Zanon, R. B. (2017). Avaliação sociocomunicativa nos casos de suspeita de autismo: diretrizes para a hora lúdica diagnóstica. In C. A. Bosa & M. C. T. V. Teixeira (Orgs.), Autismo: Avaliação psicológica e neuropsicológica (p.83–102). São Paulo: Hogrefe.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1643
TAXA DE ADESÃO AO RETESTE DE CRIANÇAS COM FALHA UNILATERAL NA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL UNIVERSAL EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO INTERIOR DO PARANÁ
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva unilateral (PAUn) foi por muito tempo vista como irrelevante no desenvolvimento infantil devido à falta de atenção as implicações em habilidades auditivas e de linguagem dessas crianças, além do diagnóstico ocorrer geralmente em idade escolar e poucas propostas de intervenção serem consideradas após a identificação da PAUn(1,2). Porém, autores observaram menores escores na avaliação de linguagem de adolescentes com PAUn diagnosticada tardiamente, demonstrando impacto negativo e apontando para a necessidade de intervenção precoce nestes pacientes (3). Objetivo: verificar a taxa de adesão de crianças com falha unilateral no reteste da triagem auditiva neonatal universal e comparar com a taxa de adesão dos bebês com falha bilateral. Método: Aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, sob CAAE: 26260819.7.0000.8040, protocolo nº 3.921.477. Foram analisadas as taxas de adesão ao teste e reteste de crianças com falha unilateral e comparadas com aquelas encontradas nos recém-nascidos com falha bilateral, além da análise dos principais indicadores de risco para perda auditiva em bebês (4), no banco de dados da TANU, em um Hospital Universitário no interior do Paraná, entre maio/2017 a maio/2019, no qual foi realizado o exame de emissões otoacústicas. Foram incluídos recém-nascidos submetidos a triagem auditiva até dois meses de vida. Os critérios de exclusão foram: dados incompletos quanto aos indicadores de risco para perda auditiva ou quanto as informações referentes ao teste e reteste na TANU. Realizada estatística descritiva e teste de diferença de proporções, considerando nível de significância quando p<0,05. Resultados: Foram analisados os dados de uma amostra de 1725 bebês, 46.1% do sexo feminino e 53.7% do masculino. Os principais fatores de risco observados na amostra total foram idade gestacional (menor do que 37 semanas) em 11.7% (n=201), uso de medicação ototóxica em 7.7% (n=133), seguida de antecedentes familiares em 5.7% (n=98) e permanência na UTI neonatal em 5.1% (n=88). No teste, a proporção de falha unilateral na orelha direita (OD) foi de 409 (28.7%) crianças, na orelha esquerda (OE) de 446 (31.3%) e bilateralmente de 571 (40.0%). Já no reteste, a falha na OD correspondeu a 22 (23.7%), na OE 26 (28.0%) e bilateralmente 45 (48.4%). Por meio do teste de diferenças de proporções não foi observada diferença significativa na proporção de casos no teste e reteste de falha unilateral (OD ou OE) e bilateral. Quanto as faltas, observou-se que 25.2% das crianças com falha na OD e 24.8% com falha na OE, não retornaram para o reteste, enquanto 34.0% das crianças com falha bilateral não compareceram. Considerando a proporção de falha unilateral (25.2%+24.8%=50.0%) e bilateral (34.0%), observou-se diferença estatisticamente significante entre a proporção de faltas do bebês com falha unilateral, o qual é significativamente maior que os casos com falha bilateral (p = 0.0002). Conclusão: Observou-se nesse estudo que crianças com falha bilateralmente tem maior comparecimento ao reteste na triagem auditiva neonatal universal em comparação com as crianças com falha unilateral no teste, reforçando a necessidade de orientação aos pais quanto a necessidade de acompanhamento audiológico e de linguagem nessas crianças.

1. Appelbaum EN, Howell JB, Chapman D, Pandya A, Dodson KM. Analysis of risk factors associated with unilateral hearing loss in children who initially passed newborn hearing screening. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2018 Mar;106:100–4.
2. Gouveia FN, Jacob-Corteletti LCB, Silva BCS, Araújo ES, Amantini RCB, Oliveira EB, et al. Perda auditiva unilateral e assimétrica na infância. CoDAS [Internet]. 2020;32(1):e20180280. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822020000100309&tlng=pt
3. Fischer C, Lieu J. Unilateral hearing loss is associated with a negative effect on language scores in adolescents. Int J Pediatr Otorhinolaryngol [Internet]. 2014 Oct;78(10):1611–7. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0165587614003887
4. Joint Committee on Infant Hearing. Year 2007 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. Pediatrics [Internet]. 2007 Oct 1;120(4):898–921. Available from: http://pediatrics.aappublications.org/cgi/doi/10.1542/peds.2007-2333


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1803
TDICS E LETRAMENTOS DIGITAIS EM CRIANÇAS E JOVENS NA PANDEMIA DO COVID-19
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


A rápida expansão e modificações de práticas de leitura implicaram diretamente no uso Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs). O cenário atual, da pandemia provocada pelo COVID-19, tem implicações para as formas de leitura, principalmente no seu suporte digital. É nesse sentido que se questiona: De que forma as crianças e adolescentes estão tendo acesso aos bens culturais em suporte digital? Quais práticas são realizadas? A partir dessas questões, o objetivo desta pesquisa é analisar as práticas de leitura, privilegiando as práticas de Letramentos Digitais de crianças e jovens durante a pandemia do COVID-19. Como metodologia, foi realizada uma pesquisa quanti-qualitativa, em que os dados foram coletados a partir de respostas a questionários semiestruturados disponibilizados de forma online. Participaram 30 crianças e jovens entre 9 e 18 anos. A perspectiva de análise adotada é o da História Cultural e da Sociologia da Educação . Os resultados apontam que 69% dos participantes estudam em escola particular e 31% na rede pública de ensino. A maior parte das crianças possui celular desde os cinco anos de idade, assim como a maioria atualmente prefere a leitura de quadrinhos à leitura de outros gêneros, como romance, suspense, revistas. Poucos participantes referiram-se a práticas como literatura ou materiais didáticos como lazer. A maioria não lê livros digitais (65.5%) e prefere filmes dublados (62.1%). As atividades escolares (obrigatórias) e chats foram descritos como a maior forma de acesso digital à leitura (72,4%) e, ainda, 14,3% referiram ter dificuldades para ler “frases grandes” e relacionadas ao processo de alfabetização. A maioria dos participantes também afirmam que passam tempo demais nas mídias digitais (79,3%), chegando a nove horas diárias de uso de eletrônicos para jogos e redes sociais e até 12 para consumo de músicas. Os participantes acrescentaram observações como: “Tenho dores de cabeça quando fico muito tempo fazendo as atividades [escolares], choro, me sinto cansada e irritada, não gosto muito, prefiro a escola com a profe e os amigos, mas sei que agora não podemos, precisamos nos proteger da doença e precisamos estudar”; “Acho que deveria ter alguém para controlar o uso excessivo das mídias digitais”; “Acho que tem que tomar cuidado com o que tem na internet”. A conclusão aponta para mudanças nas práticas de leitura: o afastamento de práticas consideradas escolarizadas e aumento de leitura de chats, postagens em redes sociais e de quadrinhos na internet. Essas mudanças também têm implicações no acesso a outros bens culturais, como a preferência por filmes dublados ao invés de legendados, o que envolve aspectos relacionados à rotina familiar e à mediação realizada. Há também uma lacuna entre as práticas cotidianas e àquelas exigidas pelas instituições de ensino. Esses dados são importantes para a prática fonoaudiológica e educacional, considerando que são esses “novos leitores” que estarão presentes na escola e na clínica. Uma vez que há indícios evidentes de mudanças nas práticas de leitura de jovens brasileiros, há também que se aproximar as práticas clínicas e educacionais dessa nova realidade digital .

Chartier R. A História Cultural: entre práticas e representações. 2. ed. Portugal: Memória e Sociedade; 2002.
Bourdieu P. Escritos de Educação. 13. ed. Petrópolis: Editora Vozes; 2012.
Veen W, Vrakking B. Homo Zappiens: Educando na era digital. Porto Alegre: Artmed; 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1516
TÉCNICA DE REDUÇÃO DO BULBO FARÍNGEO DURANTE UM PROGRAMA DE FONOTERAPIA INTENSIVA PARA DIMINUIR O GAP VELOFARÍNGEO E POSSIBILITAR A MELHORA DO PROGNÓSTICO CIRÚRGICO PARA O TRATAMENTO DA DISFUNÇÃO VELOFARÍNGEA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A disfunção velofaríngea (DVF) é a principal causa dos problemas de fala em indivíduos com fissura palatina após a cirurgia primária. Quando a causa da DVF é a insuficiência de tecido no véu palatino, o tratamento de escolha é o cirúrgico (repalatoplastia ou faringoplastia). Porém, quando há pouco/nenhum movimento das paredes faríngeas, o prognóstico cirúrgico estará comprometido, sendo indicado o obturador faríngeo. Um programa de redução do bulbo faríngeo associado a um programa de fonoterapia intensiva pode estimular o aumento do movimento das paredes faríngeas e, com isso, diminuir o tamanho do gap velofaríngeo, em preparação para a cirurgia secundária. Cada redução do bulbo visa desestabilizar o fechamento velofaríngeo (que antes era consistente) para torna-lo inconsistente, até que este volte a ser tornar consistente durante a fonoterapia. Quando este ciclo se completa, uma nova redução do bulbo é indicada. A última redução ocorre quando a estimulação das paredes faríngeas chega ao seu limite. Objetivo: Descrever a técnica usada na redução de bulbo durante um programa de fonoterapia intensiva para diminuir o gap velofaríngeo e possibilitar a melhora do prognóstico cirúrgico para o tratamento da DVF. Relato de caso: Trabalho aprovado pelo CEP da instituição (parecer nº 3.673.818). Participou deste estudo, uma moça com fissura labiopalatina, de 19 anos de idade, que usava obturador faríngeo, por apresentar gap velofaríngeo grande e pouco movimento de paredes faríngeas, o que contraindicava a cirurgia secundária. Embora sua fala estivesse normal com o uso da prótese, aceitou participar deste estudo pois tinha muito interesse em melhorar suas condições velofaríngeas para ter a chance de fazer a cirurgia secundária. Imediatamente antes de iniciar a fonoterapia, foi medido o tamanho do seu bulbo com um paquímetro digital, que revelou um tamanho de 20mm de largura por 16mm de profundidade e iniciada a primeira redução (durante o exame de nasoendoscopia). Os desgastes do bulbo foram feitos com uma broca cilíndrica, de forma gradativa, milímetro a milímetro, no seu sentido sagital, chegando ao limite de 15mm de largura por 13 de profundidade, quando desestabilizou a consistência do fechamento velofaríngeo. Com o trabalho de estimulação das paredes faríngeas, a paciente voltou a conseguir fechamento velofaríngeo consistente após 14 sessões de terapia e uma segunda redução foi então indicada. Os desgastes ocorreram da forma descrita, chegando ao limite de 10mm de largura por 10 mm de profundidade. Com a estimulação das paredes faríngeas durante o processo terapêutico, a paciente voltou a apresentar o fechamento velofaríngeo consistente, recuperando a ressonância de fala normal. As duas reduções do bulbo, durante o processo terapêutico, reduziram consideravelmente o gap velofaríngeo, tornando a paciente apta para a realização da cirurgia secundária. Conclusão: A técnica de desgaste do bulbo, milímetro a milímetro, no seu sentido sagital, mostrou-se eficiente para a obtenção da redução desejada até o seu limite máximo.

1 Blakeley RW. Temporary speech prosthesis as an aid in speech training. Cleft Palate Bull. 1960; 10: 63-65.
2 Blakeley RW. The complimentary use of speech prostheses and pharyngeal flaps in palatal insufficiency. Cleft Palate J. 1964; 12:194-8.
3. Dutka JCR, Uemeoka E, Aferri HC, Pegoraro-Krook MI, Marino VC. Total obturation of velopharynx for treatment of velopharyngeal hypodynamism: case report. Cleft Palate Craniofac J. 2012;49(4):488-93.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1524
TÉCNICA DE REDUÇÃO DO BULBO FARÍNGEO DURANTE UM PROGRAMA DE FONOTERAPIA INTENSIVA PARA DIMINUIR O GAP VELOFARÍNGEO E POSSIBILITAR A MELHORA DO PROGNÓSTICO CIRÚRGICO PARA O TRATAMENTO DA DISFUNÇÃO VELOFARÍNGEA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A disfunção velofaríngea (DVF) é a principal causa dos problemas de fala em indivíduos com fissura palatina após a cirurgia primária. Quando a causa da DVF é a insuficiência de tecido no véu palatino, o tratamento de escolha é o cirúrgico (repalatoplastia ou faringoplastia). Porém, quando há pouco/nenhum movimento das paredes faríngeas, o prognóstico cirúrgico estará comprometido, sendo indicado o obturador faríngeo. Um programa de redução do bulbo faríngeo associado a um programa de fonoterapia intensiva pode estimular o aumento do movimento das paredes faríngeas e, com isso, diminuir o tamanho do gap velofaríngeo, em preparação para a cirurgia secundária. Cada redução do bulbo visa desestabilizar o fechamento velofaríngeo (que antes era consistente) para torna-lo inconsistente, até que este volte a ser tornar consistente durante a fonoterapia. Quando este ciclo se completa, uma nova redução do bulbo é indicada. A última redução ocorre quando a estimulação das paredes faríngeas chega ao seu limite. Objetivo: Descrever a técnica usada na redução de bulbo durante um programa de fonoterapia intensiva para diminuir o gap velofaríngeo e possibilitar a melhora do prognóstico cirúrgico para o tratamento da DVF. Relato de caso: Trabalho aprovado pelo CEP da instituição (parecer nº 3.673.818). Participou deste estudo, uma moça com fissura labiopalatina, de 19 anos de idade, que usava obturador faríngeo, por apresentar gap velofaríngeo grande e pouco movimento de paredes faríngeas, o que contraindicava a cirurgia secundária. Embora sua fala estivesse normal com o uso da prótese, aceitou participar deste estudo pois tinha muito interesse em melhorar suas condições velofaríngeas para ter a chance de fazer a cirurgia secundária. Imediatamente antes de iniciar a fonoterapia, foi medido o tamanho do seu bulbo com um paquímetro digital, que revelou um tamanho de 20mm de largura por 16mm de profundidade e iniciada a primeira redução (durante o exame de nasoendoscopia). Os desgastes do bulbo foram feitos com uma broca cilíndrica, de forma gradativa, milímetro a milímetro, no seu sentido sagital, chegando ao limite de 15mm de largura por 13 de profundidade, quando desestabilizou a consistência do fechamento velofaríngeo. Com o trabalho de estimulação das paredes faríngeas, a paciente voltou a conseguir fechamento velofaríngeo consistente após 14 sessões de terapia e uma segunda redução foi então indicada. Os desgastes ocorreram da forma descrita, chegando ao limite de 10mm de largura por 10 mm de profundidade. Com a estimulação das paredes faríngeas durante o processo terapêutico, a paciente voltou a apresentar o fechamento velofaríngeo consistente, recuperando a ressonância de fala normal. As duas reduções do bulbo, durante o processo terapêutico, reduziram consideravelmente o gap velofaríngeo, tornando a paciente apta para a realização da cirurgia secundária. Conclusão: A técnica de desgaste do bulbo, milímetro a milímetro, no seu sentido sagital, mostrou-se eficiente para a obtenção da redução desejada até o seu limite máximo.

1 Blakeley RW. Temporary speech prosthesis as an aid in speech training. Cleft Palate Bull. 1960; 10: 63-65.
2 Blakeley RW. The complimentary use of speech prostheses and pharyngeal flaps in palatal insufficiency. Cleft Palate J. 1964; 12:194-8.
3. Dutka JCR, Uemeoka E, Aferri HC, Pegoraro-Krook MI, Marino VC. Total obturation of velopharynx for treatment of velopharyngeal hypodynamism: case report. Cleft Palate Craniofac J. 2012;49(4):488-93.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2127
TECNOLOGIA SOCIAL PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM EMERGÊNCIAS SANITÁRIAS: ANÁLISE DE UMA AÇÃO DE EXTENSÃO NO CONTEXTO ZIKA
Tese
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: No âmbito da comunicação com a população durante a epidemia pelo vírus zika, a estratégia preponderante correspondeu à distribuição de folhetos explicativos e campanhas baseadas em mutirões comunitários em busca de e com o intuito de eliminar focos do mosquito(1). Tal estratégia, uma das mais antigas e difundidas tecnologias de educação em saúde, funda-se em pressupostos pedagógicos baseados na transmissão de informações e mudança de comportamento dos indivíduos. Ou seja, remete à culpabilização da população pelos criadouros de larvas do Aedes aegypti e aposta na disseminação de informações como meio privilegiado, ou mesmo ímpar, para mudança de comportamentos inadequados(2). A partir da crítica às práticas majoritariamente centradas no tradicional modelo campanhista de saúde pública(3) e do marco teórico-metodológico da tecnologia social(4), extensionistas de uma universidade do Rio de Janeiro/RJ conceberam um processo participativo de desenvolvimento tecnológico com trabalhadores de uma unidade básica de saúde de uma das favelas cariocas que pudesse gerar ações inovadoras de promoção da saúde e de prevenção ao vírus Zika, tendo por base a análise multidimensional de vulnerabilidades(5) e a pedagogia crítico-problematizadora(6).
OBJETIVO: Compreender como uma ação de educação popular em saúde pode ser concebida como tecnologia social, a partir de uma experiência extensionista.
MÉTODO: Trata-se de pesquisa exploratória de natureza qualitativa, que teve como material empírico os relatórios do projeto de extensão que é objeto deste estudo. Estes relatórios compreenderam a descrição detalhada do desenvolvimento das atividades que constituem o padrão metodológico da tecnologia social proposta, as sínteses analíticas dos extensionistas/pesquisadores em relação a todas etapas do projeto, os registros audiovisuais produzidos pelos participantes e o processo de sistematização da experiência produzido coletivamente pelos extensionistas e profissionais de saúde. A análise documental se deu a partir de uma interpretação compreensiva e crítica, respaldado na hermenêutica dialética(7).
RESULTADOS: O processo envolveu 38 trabalhadores de saúde, divididos em quatro grupos, que compuseram o projeto em momentos distintos dentre os anos de 2017 e 2018. A tecnologia social consistia em uma oficina inicial de 20 horas com onze dinâmicas divididas em três etapas sequenciais: i) leitura da realidade e levantamento de palavras/temas geradores; ii) codificação e decodificação da realidade; e iii) análise crítica e construção do inédito viável. Posteriormente, se procedeu com a incubação dos projetos inovadores para serem desenvolvidos nos territórios. Apesar de os trabalhadores sentirem seus conhecimentos valorizados durante o processo e conseguirem identificar os contextos de vulnerabilidade que se relacionam com a prevenção ou exposição ao zika no território, não houve a incorporação das inovações em seu contexto profissional.
CONCLUSÃO: Considerar os contextos locais e especificidades do território e a coparticipação da população nas questões de saúde emergem como dois contextos para o adensamento das iniciativas emancipatórias na educação em saúde que sejam coerentes com as aspirações democráticas e participativas do SUS. No cotidiano dos serviços de saúde, aproximar-se destes horizontes exige, para além de uma formação crítica que favoreça um agir reflexivo e dialógico, criar condições estruturais na gestão do trabalho que sejam porosos às grupalidades e às inovações coletivas pensadas pelos sujeitos daquele território.

1.Santos DN et al. Documento de posição sobre a tríplice epidemia de Zika-Dengue-Chikungunya. Salvador: Observatório de Análise Política em Saúde; 2016.
2. Pereira ALF. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde. Cadernos de Saúde Pública 2003; 19(5):1527-1534.
3.Paiva V. Sem mágicas soluções: a prevenção e o cuidado em HIV/ AIDS e o processo de emancipação psicossocial. Interface - Comunicação, Saúde, Educação 2002; 6(11):25-38.
4.Dagnino R. A tecnologia social e seus desafios. In: FBB, Fundação Banco do Brasil (Org.). Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: FBB; 2004. p. 187-209.
5. Ayres JR, Paiva V, França Jr. I, organizadores. Conceitos e práticas de prevenção: da história natural da doença ao quadro da vulnerabilidade e direitos humanos. In: Paiva V, Ayres JR, Buchalla CM, organizadores. Vulnerabilidade e direitos humanos: prevenção e promoção da saúde. Livro I: da doença à cidadania. Curitiba: Juruá; 2012. p. 71-94.
6. Freire P. Pedagogia do oprimido. 62. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2016.
7. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8. ed. São Paulo: HUCITEC, 2004.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
983
TECNOLOGIAS E-HEALTH E VOZ: ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM PERIÓDICOS NACIONAIS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Em 2017 a internet já era utilizada em 74,9% dos domicílios brasileiros, no entanto, esse crescimento não se verifica no acesso aos serviços de saúde, seja por questões políticas, geográficas, ou até mesmo de distribuição dos profissionais. A resolutividade para muitos dos déficits no alcance desses serviços pode estar associada ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Objetivo: Investigar a produção científica nacional referente ao uso de Tecnologias de Informação e Comunicação e a saúde vocal. Metodologia: Foi realizado o levantamento dos artigos por meio das bases de dados CAPES, LILACS e SciELO. Os descritores utilizados foram "telessaúde", "telemedicina", "e-Saúde”, "mSaúde", "saúde digital" "fonoaudiologia", "voz" e suas combinações. Os critérios de inclusão abrangeram artigos publicados entre 2010 e 2020, na íntegra, cujo tema abordava a utilização de TICs na saúde vocal. Já os critérios de exclusão foram artigos que possuíam acesso apenas ao resumo, arquivos repetidos nas bases de dados ou que não se relacionavam com o objetivo da investigação. Resultados: foram identificados 199 artigos, porém somente 6 estavam diretamente relacionados à pergunta de pesquisa. A maior parte dos trabalhos foi publicada entre 2015 e 2018. A maior parte das pesquisas teve como objetivo analisar a aplicabilidade de programas de promoção da saúde vocal mediada por tecnologias e-Health. Somente dois estudos avaliaram teleatendimento em voz. Em relação ao local de elaboração dos trabalhos, um foi realizado no estado do Rio Grande do Norte, e os demais foram confeccionados no estado de São Paulo. Dois estudos visaram avaliar a aplicabilidade da Teleducação Interativa, como componente de um programa de capacitação de Saúde Vocal para alunos do ensino médio. Foi possível observar que a utilização de recursos tecnológicos otimizou o acesso à informações sobre cuidados com a voz. Outro estudo teve como objetivo desenvolver e avaliar um website com informações na área de Fonoaudiologia com enfoque no processo de envelhecimento e revelou, por meio do índice de Flesh, que dentre os tópicos informativos, a legibilidade sobre a presbifonia foi a maior. Um artigo buscou investigar eficiência do teleatendimento em pacientes com doença de Parkinson, tendo como resultado melhorias do padrão vocal, além da preferência unânime por parte dos participantes pela modalidade interventiva à distância. Já o estudo que objetivou comparar o efeito do atendimento fonoaudiológico virtual e presencial em repórteres de telejornal, evidenciou melhora no desempenho comunicativo em ambos os grupos. De acordo com a revisão de literatura feita com trabalhos publicados entre 2004 e 2014, somente 4% das pesquisas abordaram o uso de TIC’s na área da voz, sendo a audiologia a área com o número mais expressivo de publicações utilizando esse tipo de tecnologia. Conclusão: A utilização de tecnologias e-Heath para promoção e reabilitação em voz se mostram como uma promissora estratégia de acessibilidade aos serviços fonoaudiológicos, porém necessita ser ampliada por meio de mais pesquisas que abordem o tema.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso à Internet e à televisão e
posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2017. [publicação online]. Rio de Janeiro; 2018. [acesso em 10 jun. 2020]. (IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101631_informativo.pdf.

Corrêa CC, Martins A, Pardo-Fanton CS, Silva AS, Barros GT, Wen CL, et al. Ações de teleducação interativa em saúde vocal baseadas na dinâmica do projeto jovem doutor. Rev Distúrbios da Comunicação. [publicação online]; 2012. [acesso em 10 jun. 2020]; 24(3): 359-368. Disponível em https://revistas.pucsp.br/dic/article/view/13151/9686.

Santos TD, Pedrosa V, Behlau M. Comparação dos atendimentos fonoaudiológicos virtual e presencial em profissionais do telejornalismo. Rev CEFAC. [publicação online]; 2015. [acesso em 10 jun. 2020]; 17(2): 385-395. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000200385&lng=pt.

Oliveira LF, Corrêa CC, Vieira MM, Blasca WQ, Brasolotto AG. Intervenção fonoaudiológica por meio da teleducação sobre a muda vocal e hábitos vocais. Audiol Commun Res. [publicação online]; 2018. [acesso em 10 jun. 2020]; 23: e1899. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312018000100314&lng=pt.

Favoretto NC, Carleto NG, Arakawa AM, Alcalde MP, Bastos JR, Caldana ML. Portal dos idosos: desenvolvimento e avaliação de um website com informações sobre o processo de envelhecimento e as principais alterações fonoaudiológicas que acometem os idosos. CoDAS. [publicação online]; 2017. [acesso em 10 jun. 2020]; 29(5): e20170066. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822017000500303&lng=pt.

Dias AE, Limongi JC, Barbosa ER, Hsing WT. Telerreabilitação vocal na doença de Parkinson. CoDAS. [publicação online]; 2016. [acesso em 10 jun. 2020]; 28(2): 176-181. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822016000200176&lng=pt.

Fonsêca RO, Brazorotto JS, Balen SA. Telessaúde em fonoaudiologia no Brasil: revisão sistemática. Rev CEFAC [publicação online]; 2015. [acesso em 10 jun. 2020]; 17(6): 2033-2043. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000802033&lng=pt.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
356
TELE-AUDIOLOGIA EM USUÁRIOS COM APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Em decorrência da pandemia do Covid-19, a tele-audiologia vem sendo desenvolvida através de práticas de teleatendimento, teleintervenção auditiva, uso de aplicativos móveis de saúde, mensagens e consultas eletrônicas. Além disso, a tele-audiologia tem ofertado serviços de teleintervenção à crianças surdas e/ou indivíduos que fazem uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) dentro das necessidades dos pacientes. Objetivo: Revisar os achados sobre o teleatendimento audiológico em usuários de AASI. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada no mês de junho de 2020 com a seguinte pergunta condutora: Quais os resultados obtidos no atendimento a usuários de AASI por meio da tele-audiologia? O estudo foi produzido por meio de busca nas principais bases de dados disponíveis, especificamente: Pubmed; Web of science; Scopus; Scielo, Lilacs, Embase e Cochrane. Os descritores foram selecionados utilizando a ferramenta de registro MeSH, sendo formada a seguinte estratégia de busca: Telerehabilitation OR remote Rehabilitation OR Virtual Rehabilitation AND audiology OR hearing OR hearing loss. Foram considerados como critérios de elegibilidade artigos originais, publicados em quaisquer língua e ano, que abordasse a tele-audiologia em usuários de ASSI de qualquer faixa etária, sendo excluídos artigos de revisão da literatura e capítulos de livros. Resultados: Foram identificados 1.190 estudos nas bases de dados, sendo selecionados 52 artigos a partir da leitura do título e resumo, dos quais restaram um total de 28 após a exclusão dos estudos duplicados. Destes, após a leitura completa na íntegra, 7 artigos foram incluídos na revisão. Quanto ao delineamento, dois são estudos de caso e seis estudos de caso-controle. Os participantes tinham idade entre 5 e 88 anos, de ambos os sexos. Em todos os estudos foram realizadas programações e/ou adaptações de AASI em indivíduos com perdas auditivas sensorioneurais, condutivas ou mistas de grau leve a profundo. Todos os atendimentos foram realizados por audiologistas. Um estudo contou com auxílio de um discente de fonoaudiologia junto ao paciente e dois tiveram apoio de um familiar para dar suporte aos usuários de AASI. Os estudos apontam que não há diferenças significativas quanto aos ganhos da reabilitação auditiva em participantes que realizaram teleatendimento e aqueles que tiveram consultas presenciais. Três estudos realizaram testes de reconhecimento de fala após um período de uso do AASI, sendo que um identificou um menor resultado para o grupo de estudo, outro identificou que indivíduos com AASI programados virtualmente tiveram melhor desempenho na avaliação e o último não verificou diferenças entre os grupos. Uma das pesquisas aponta que houve o aumento de horas diárias no uso do AASI em indivíduos atendidos virtualmente, pela possibilidade de mais consultas para reajustes. Apesar de três estudos apontarem dificuldades iniciais quanto ao uso da tecnologia e conexão com a web para realização das consultas, todos os participantes apresentaram satisfação com o atendimento prestado. Conclusão: Os estudos concordam que os teleatendimentos podem propiciar o avanço de políticas públicas quanto à reabilitação auditiva, tendo em vista que aumentam a frequência das consultas fonoaudiológicas e favorecem flexibilidade e facilidade de acesso a profissionais e usuários.

Gladden C, Beck L, Chandler D. Tele-audiology: Expanding Access to Hearing Care and Enhancing Patient Connectivity. J Am Acad Audiol. 2015; 26: 792-9.

McCarthy M; Muñoz K; White KR. Teleintervention for Infants and Young Children Who Are Deaf or Hard-Of-Hearing. Pediatrics. 2010; 126: S52-8.

Angley GP, Schnittker JA, Tharpe AM. Remote Hearing Aid Support: The Next Frontier. J Am Acad Audiol. 2017; 28: 893-900.

Muñoz K, Kibbe K, Preston E, Caballero A, Nelson L, White K, et al. Paediatric hearing aid management: a demonstration project for using virtual visits to enhance parent support. Int J Audiol. 2017; 56: 77-84.

Penteado SP, Ramos Sde L, Battistella LR, Marone SA, Bento RF. Remote hearing aid fitting: Tele-audiology in the context of Brazilian Public Policy. Int Arch Otorhinolaryngol. 2012; 16: 371-81.

Havenga E, Swanepoel W, Roux TL, Schmid B. Tele-intervention for children with hearing loss: A comparative pilot study. J Telemed Telecare. 2017; 23: 116-25.

Campos PD, Ferrari DV. Teleaudiology: Evaluation of teleconsultation efficacy for hearing aid fitting. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012; 24: 301-8.

Convery E, Keidser G, McLelland M, Groth J. A Smartphone App to facilitate remote patient-provider communication in hearing health care: usability and effect on hearing aid outcomes. Telemedicine and e-Health. 2020; 26.

Wang F, Zhai L, Li L. Remote fitting models analysis of hearing AIDS from primary hospitals: 45 case reports. Journal of clinical otorhinolaryngology, head, and neck surgery. 2016; 30: 98-100.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
981
TELEATENDIMENTO COMO FERRAMENTA DE CUIDADO E PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL: ENTRE O LÚDICO E A LÁGRIMA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O contexto mundial atual sofre grandes influências da pandemia do Sars cov 2. Diversas ações têm sido empreendidas para lidar com a problemática, sendo o isolamento uma das principais ferramentas clínico-epidemiológicas utilizadas no combate à disseminação do vírus. Esta medida, no entanto, precisa ser olhada de forma pormenorizada, haja vista suas eventuais consequências à saúde mental como ansiedade, medo, pânico, negação, luto, entre outras. Além disso, as formas de buscar apoio comumente empregadas foram substituídas pela tecnologia ou o isolamento, o que pode produzir ou reforçar as manifestações acima referidas. Objetivo: relatar a experiência de um grupo de residentes multiprofissionais de saúde mental, vinculados a uma universidade pública do interior do estado de São Paulo, que desenvolveu ações voltadas ao manejo de pessoas sintomáticas do coronavírus, bem como ações voltadas ao público infantil que, fora da escola, tanto representam tarefas a mais às figuras paternas quanto sofrem devido a privação ocupacional, modificação de seus modos de brincar e prejuízo na socialização com pares. Metodologia: O projeto foi divulgado pela internet e por serviços de saúde locais. Desde abril de 2020, as ações têm sido desenvolvidas em espaços virtuais como chamadas de vídeo e ligações telefônicas. Vale ressaltar que o projeto pode receber ligações a cobrar. Os espaços ofertados são individuais e grupais. O grupo de residentes conta com quatro terapeutas ocupacionais e um fonoaudiólogo, com supervisão semanal de docentes do Programa de residência. Resultados: De forma geral, as ações voltadas ao público infantil destacam a necessidade de haver uma outra pessoa por trás da tecnologia. Por meio do encontro com o outro, chamadas de vídeo dão asas ao faz de conta e brincadeiras improváveis surgem, como “adivinhe a palavra, o personagem, o contexto, etc”. A comunicação, nesse modo virtual de brincar, é uma aposta promissora porque é principalmente a partir dela que surge o brincar. Em relação aos adultos, a maior parte das pessoas atendidas refere medos e ansiedades, apresentando importante sofrimento psíquico. O outro por trás da tecnologia ganha destaque no sentido de estender o caráter acolhedor da escuta por meio da chamada de vídeo ou ligação telefônica. Apesar da distância, essa escuta propicia o acolhimento e outros olhares e significações ao cotidiano. Em relação aos cuidados éticos e o estabelecimento do setting, é premente a pactuação de horários, o sigilo, os propósitos de cada encontro, a procura por local reservado e cuidados tecnológicos como carregar o celular ou notebook. Conclusão: O teleatendimento pode ser uma ferramenta de cuidado e promoção da saúde mental. Mesmo que remotamente, a escuta e a comunicação ganham destaque. Apesar dos diversos aspectos positivos, esta modalidade de atendimento, seja adulto ou infantil, carece de estudos voltados às questões éticas, aos respaldos de conselhos de classe e ao setting, isto é, os cuidados com o espaço virtual, a circulação da palavra, os horários de início e fim, o sigilo e os cuidados tecnológicos.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
990
TELEATENDIMENTO EM FONOAUDIOLOGIA EM TEMPOS DE COVID-19 - CRITÉRIOS PARA ELEGIBILIDADE DOS PACIENTES: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: De acordo com o Conselho Federal de Fonoaudiologia, telessaúde é definida como o exercício da profissão através do uso de tecnologias de informação e comunicação, com as quais podem ser prestados serviços em saúde. Considerando o atual cenário de pandemia, foi implementado em muitas instituições o atendimento à saúde através de plataformas virtuais. Dessa forma, os riscos de exposição e contaminação pelo COVID-19 se reduzem, tanto para os profissionais quanto para os pacientes.
OBJETIVO: Relatar os procedimentos utilizados para a seleção dos pacientes encaminhados para teleatendimentos do serviço de fonoaudiologia em pacientes oncológicos.
MÉTODO: Os pacientes foram selecionados durante os atendimentos presenciais no ambulatório do serviço de fonoaudiologia, pela fonoaudióloga responsável do setor, de acordo com os seguintes critérios de elegibilidade: interesse no acompanhamento fonoaudiológico a distância, nível mínimo de entendimento e uso de tecnologia e/ou disponibilidade de familiar capaz de auxiliá-los; grau de vulnerabilidade de saúde; grau de disfagia e de disfonia e necessidade de reavaliação frequente de estruturas do sistema estomatognático e/ou de via oral. Todos os pacientes disfágicos selecionados apresentavam grau de disfagia leve ou moderada, com liberação de via oral para pelo menos uma consistência, sem apresentar riscos evidentes de penetração/aspiração laringotraqueal. Após a seleção, os pacientes foram informados sobre o agendamento do atendimento por meio de contato telefônico realizado pelo setor responsável da instituição. Neste momento, os sujeitos, foram orientados sobre como proceder no momento da consulta online. Os atendimentos seguiram a mesma linha de atuação, prezando pela evolução terapêutica e melhora da qualidade de vida dos sujeitos. Nos casos em que foram observadas grandes inadequações na realização dos exercícios fonoaudiológicos propostos e/ou queixas condizentes com sinais clínicos de penetração/aspiração laringotraqueal, esses sujeitos foram reencaminhados para o atendimento ambulatorial presencial e o retorno ao teleatendimento foi novamente considerado após estabilização do caso, de acordo com os critérios de elegibilidade já citados.
RESULTADOS: Os critérios de elegibilidade se mostraram adequados, uma vez que os atendimentos através da plataforma virtual ocorreram de maneira satisfatória tanto para o profissional fonoaudiólogo, quanto para os pacientes que aderiram essa nova modalidade de atendimento. Ao final dos atendimentos foram observados relatos positivos dos usuários, os quais incentivaram a busca pela excelência e encorajaram a utilização das plataformas de teleatendimento como complementar ao serviço já oferecido anteriormente, levando essa nova perspectiva a um maior número de pacientes.
CONCLUSÃO: Os critérios de elegibilidade selecionados pela equipe foram eficazes no que se refere a seleção mais adequada dos sujeitos para a modalidade, visando a excelência no atendimento, a manutenção da terapia e a satisfação dos clientes.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
793
TELEATENDIMENTO NA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA COM CRIANÇAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NO MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO

Com a declaração de pandemia do novo Coronavírus pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2020, recomendações de isolamento social e orientações para evitar aglomerações foram tomadas pelos governos estaduais e municipais. Deste modo, foi necessário buscar outra forma para dar continuidade ao tratamento fonoaudiológico que não exigisse proximidade física. Uma das alternativas encontradas foi a prática de telessaúde, que consiste no uso das tecnologias de informação e comunicação para prestação de serviços em saúde como teleconsultoria, segunda opinião formativa, teleconsulta, telediagnóstico, telemonitoramento e teleducação.

OBJETIVO

Relatar a atuação fonoaudiológica por meio da prática de teleatendimento durante o período de quarentena pela pandemia de Covid-19 com crianças com alterações de linguagem atendidas em uma entidade sem fins lucrativos no município de Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro.

MÉTODO

A atuação fonoaudiológica se deu por meio de orientações sobre os cuidados durante a pandemia de Covid-19 e sugestões de atividades semanais postadas em um grupo de Whatsapp durante os meses de abril e maio de 2020. Neste grupo estavam presentes 32 responsáveis pelas crianças atendidas na instituição, três fonoaudiólogas, uma psicóloga e uma psicopedagoga. As atividades eram postadas nos dias em que ocorriam os atendimentos presenciais, no formato de imagens ou vídeos, todas voltadas para a estimulação da linguagem, tanto escrita quanto oral.

RESULTADOS

Os responsáveis presentes no grupo repassavam as propostas para as crianças, as quais respondiam através de mensagens escritas, mensagens de áudio, imagens ou vídeos. O contato entre a terapeuta e as crianças possibilitou o estreitamento do vínculo terapêutico, propiciando um engajamento maior na realização das atividades. Assim, a manutenção da terapia fonoaudiológica possibilitou a continuidade da estimulação das habilidades metalinguísticas e fonológicas. Além disso, houve por parte da fonoaudióloga uma necessidade de reinvenção em sua atuação para a continuidade do cuidado com uma modalidade totalmente virtual de atendimento. O seguimento da terapia de duas crianças foi comprometido, pois estas não tinham acesso frequente à internet, que permitia o contato com o grupo e o recebimento das atividades. Para diminuir as disparidades, foi elaborada uma apostila impressa, com atividades com objetivos semelhantes as postagens do grupo online para estes pacientes.

CONCLUSÃO

Com a tecnologia cada vez mais presente no cotidiano, é relevante que esta seja utilizada para superar as barreiras geográficas, sendo uma valiosa ferramenta para a prática profissional, na modalidade de atendimento em telessaúde. Em um cenário onde a terapia não pode ser realizada de forma presencial, o teleatendimento propicia ganhos tanto para os pacientes quanto para os terapeutas, ampliando e potencializando as possibilidades terapêuticas, habilidades e atitudes dos profissionais. Contudo, esse recurso ainda não é presente no cotidiano de todas famílias e a falta de acesso é um empecilho a ser considerado nesta prática.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2000
TELEATENDIMENTO NA FONOAUDIOLOGIA: UM OLHAR SOBRE A ASSIDUIDADE
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por desvios qualitativos no desenvolvimento cognitivo, de linguagem e de interação. A intervenção quanto mais precoce e sistemática impacta positivamente no prognóstico do indivíduo com TEA. No entanto, existem fatores sócio-ambientais e demográficas, em países em desenvolvimento, que interferem diretamente na efetividade da intervenção fonoaudiológica desses indivíduos. O teleatendimento vem sendo estudado há um pouco mais de 20 anos como um recurso que permite a prática da medicina à distância e se tornou uma realidade mundial diante da pandemia em que nos encontramos. Em uma revisão de literatura realizada em 2015, mostrou que a maioria dos estudos analisados concluiu que a telessaúde possui vantagens, mas que dificuldades com tecnologia e treinamento ainda são barreiras que precisam ser vencidas. Diante disso, pensando sobre a frequência dos atendimentos e da mudança no modo de realizadas das terapias (presencial/teleatendimento) foi realizado um levantamento sobre a assiduidade de pacientes com TEA de um serviço público especializado no atendimento a crianças autistas da cidade de São Paulo.

Objetivo
O objetivo do estudo é correlacionar a assiduidade à terapia fonoaudiológica com o método de atendimento utilizado, presencial ou por teleatendimento.

Método
Foram realizadas comparações dos dados disponíveis de frequência dos pacientes que realizaram terapia fonoaudiológica no serviço durante os anos de 2018, 2019 e de 2020 e que pertenciam aos TEA.

Resultados e discussão
Nos últimos 4 meses os alunos de graduação e pós graduação realizaram teleatendimento com pacientes pertencentes ao espectro do autismo, juntamente com orientação à pais e responsáveis de crianças com autismo. As atividades realizadas neste período envolveram principalmente a estimulação da linguagem em ambiente residencial, com materiais de fácil acesso. Com a comparação dos dados analisados, foi possível observar uma melhora de 29,5% na frequência, ou seja, a assiduidade dos pacientes no ano de 2020 que realizaram o teleatendimento foi maior do que quando comparados às terapias presenciais realizadas nos anos de 2018 e 2019. Em uma outra pesquisa que analisou os dados referentes à assiduidades deste mesmo serviço no ano de 2014 também foi possível observar uma porcentagem de faltas similar ao que foi encontra nos anos de 2018 e 2019, confirmando assim que o teleatendimento melhorou a frequência dos pacientes às terapias fonoaudiológicas.

Conclusão
Analisando esses dados foi possível concluir que com teleatendimento a assiduidade dos pacientes aumentou, mesmo levando em consideração as dificuldades dos sujeitos analisados ao acesso da tecnologia. Acredita-se também que a flexibilização dos horários de atendimentos facilitou o acesso das famílias às terapias.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
696
TELECONFERÊNCIA PARA TROCAS DE CONHECIMENTO EM FONOAUDIOLOGIA DURANTE PANDEMIA POR SARS-COV-2: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: A pandemia do SARS-CoV-2 trouxe desafios, anteriormente impensáveis para o século XXI em termos de demanda por reorganização dos indivíduos em relação às suas rotinas familiares, de lazer, de estudo e no trabalho. Especialmente neste período, o distanciamento social é recomendado internacionalmente, impossibilitando as aulas presenciais1. Nesse sentido é fundamental utilizar tecnologias da informação para fundamentar as discussões, além de auxiliar e ampliar a difusão das informações necessárias para a construção dos conhecimentos e saberes². Proporcionando a participação ativa e a interação entre os participantes de forma on line3. OBJETIVO: Descrever a experiência em teleconferência vivenciada em meio a pandemia por SARS-CoV-2 por um grupo de estudo formado por discentes e um docente do curso de fonoaudiologia. MÉTODO: Participaram das teleconferências do grupo de estudo 3 discentes de graduação em fonoaudiologia do 5° período e 1 docente do curso de fonoaudiologia de uma instituição pública. O grupo foi formado de forma voluntária, sem contar como carga horária para a instituição, com o intuito de atender a uma necessidade dos discentes de se preparar para os atendimentos clínicos presenciais pós período de isolamento devido ao SARS-CoV-2 com a retomada das aulas presenciais. As teleconferências foram realizadas na plataforma GOOGLE MEET considerada segura para a realização das discussões, sendo tomados todos os cuidados para evitar vazamentos de informações. Os encontros foram realizados de forma síncrona, uma vez por semana com dia pré-estabelecido em consenso pelo grupo e duração em média de duas horas e trinta minutos. Os temas abordados foram escolhidos a partir da necessidade dos discentes, pois o objetivo do grupo de estudo foi ampliar o conhecimento para favorecer os atendimentos na clínica-escola sob a supervisão do docente responsável pela formação do grupo. RESULTADO: Nas três primeiras semanas foi executado a discussão de artigos pelos discentes tendo o docente como moderador da teleconferência. As temáticas dos artigos foram escolhidas mediante aos casos clínicos de cada discente, cujos temas foram: Transtornos do Espectro Autista (TEA), Disfluência e Respiração Oral. Nas cinco semanas seguintes foi estudado o protocolo de avaliação da motricidade orofacial - MBGR, sendo conduzido pela docente e em todo o processo de aprendizado foi aberto para retirada de dúvidas e exemplificações de casos clínicos. Acontecendo assim uma troca de conhecimento e experiência mútua, satisfatória para os integrantes. CONCLUSÃO: A teleconferência se deu de forma positiva em ambiente virtual a partir da plataforma GOOGLE MEET proporcionando estudo extracurricular em meio ao cenário pandêmico.

1 - DIMER, N. A.; SOARES, N. C.; TEIXEIRA, L. S.; GOULART, B. N. G. Pandemia do COVID-19 e implementação de telefonoaudiologia para pacientes em domicílio: relato de experiência. Rev. CODAS. 2020; 1-4.

2 - ALMINO, M. A. F. B.; RODRIGUES, S. R.; BARROS, K. S. B.; FONTELES, A. S.; ALENCAR, L. B. L.; LIMA, L. L.; JORGE, M. S. B. Telemedicina: um Instrumento de Educação e Promoção da Saúde Pediátrica. Rev. Brasileira de Educação Medica. 2014; 397-402.

3 - SILVA, T. P. S.; SOUSA, F. O. S.; LEITE, G. A.; PEREIRA, M. E. M.; GOMES, M. C. T.; RODRIGUES, M.; LIMA, M. L. L. T.; NASCIMENTO, C. M. B. Tele-educação em saúde da comunicação humana para o enfrentamento da tríplice endemia em Pernambuco, Brasil: um relato de experiência. Rev. CEFAC. 2020; 2-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1849
TELECONSULTA NA CLÍNICA DA LINGUAGEM: AVANÇOS E DESAFIOS DAS TELAS DIGITAIS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


Dentre as medidas adotadas para o enfrentamento da Covid-19, o isolamento social impôs a suspensão dos atendimentos presencias e um remodelamento emergencial da prática fonoaudiológica. Para atender essa necessidade, o CFFa, a partir da recomendação nº 20 de 23/04/2020, autorizou a realização de terapias por meio das TDICs (Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação). Todavia, essa nova realidade tem suscitado grandes debates no campo científico, dado o modo abrupto que se apresentou, não permitindo que profissionais e famílias se preparassem, demandando do Fonoaudiólogo um repensar não só sobre os recursos e estratégias terapêuticas, mas também sobre o papel da família como mediadora desse processo. O objetivo deste trabalho é discutir os pressupostos metodológicos de práticas fonoaudiológicas em teleconsulta na Clínica da Linguagem Infantil. Como metodologia, foram analisadas teleconsultas de quatro crianças com dificuldades na Linguagem oral e/ou escrita a partir da teoria enunciativo-discursiva. Os resultados apontaram que as teleconsultas atingem o objetivo pretendido e são essenciais nesse momento de pandemia, contudo, a sua eficácia está relacionada a novos aspectos: familiaridade com as TDICs da família e da criança, idade e sintomas da criança para a realização das teleatividades, tipo de conexão de internet, local e tempo de atendimento, tempo de atenção para as telas, tipo de suporte e plataforma utilizados, qualidade da imagem e do som, tipos de fone de ouvido utilizados, participação da família no processo terapêutico. O estudo revelou que o atendimento na tela digital implica uma posição de espelho. De um lado, o paciente e a família, assumem uma posição mais ativa, envolvendo a preparação do setting terapêutico (construção de materiais pedagógicos e prática de atividades fonoaudiológicas). Do outro lado, o fonoaudiólogo, detentor do saber, tentando espelhar seu conhecimento. Há aqui um certo estranhamento por parte do terapeuta da linguagem diante de sua impossibilidade ao toque, à massagem, à análise visual mais detalhada, à percepção da voz para além do acústico, à falta do olhar nos olhos, da inter-ação. Há assim, uma ressignificação do setting terapêutico, que agora passa a ser dividido com a família. Nesse cenário, a terapia passa a ser mais controlada, com atividades voltadas às “novas formas de utilização das tecnologias” que, muitas vezes, se perdem diante do inusitado (falha do áudio, conexão ruim, visitas em casa, cansaço das telas). O setting terapêutico não se dá mais em 3D, mas em 2D. Conclui-se, assim que a teleconsulta é uma ferramenta alternativa e até mesmo complementar da terapia fonoaudiológica presencial, com potencialização da participação da família, contudo, ela não substitui o atendimento presencial. O espelhamento provocado pela tela, a imagem do terapeuta e do paciente não são mais sincrônicas, assim como a sua voz. Um não pode falar junto com o outro, um não pode cantar junto com o outro. Só se ouve uma voz de cada vez. Cada um a seu tempo, de forma demarcada e retirando, muitas vezes, da linguagem, a sua imprevisibilidade no espaço dialógico. Novos desafios para novas formas de ser fonoaudiólogo.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1226
TELECONSULTORIA ASSÍNCRONA EM SAÚDE AUDITIVA À PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O Programa Telessaúde Brasil Redes1 é uma proposta do Ministério da Saúde2 que surgiu para uma melhor gestão dos serviços de saúde focalizado na promoção da educação permanente dos profissionais de saúde. Esse programa conta, entre outros serviços, com a teleconsultoria, que possibilita que profissionais de saúde dos serviços de saúde se comuniquem com profissionais especializados nos Núcleos de Telessaúde. Esta comunicação se dá por meio de uma plataforma digital, com respostas cientificamente embasadas em até 72h após o questionamento nas teleconsultorias assíncronas. Entre os profissionais inseridos dentro de Núcleos de Telessaúde está o Fonoaudiólogo. Os profissionais podem desempenhar o papel de solicitante, que podem iniciar a teleconsultoria por meio de questionamentos; telerreguladores, que recebem as teleconsultorias e podem respondê-las ou encaminhá-las para os teleconsultores, que são responsáveis por realizar a resposta às teleconsultorias3,4. OBJETIVO: Identificar o perfil dos profissionais de saúde a solicitarem teleconsultorias assíncronas na área da saúde auditiva, bem como identificar as temáticas e objetivos destas teleconsultorias em um Núcleo de Telessaúde do Nordeste. MÉTODO: Estudo estudo é documental. Foram coletadas as teleconsultorias de 1 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2019 na plataforma digital da telessaúde, filtradas e categorizadas por dois fonoaudiólogos quanto a estado de origem da teleconsultoria, gênero e profissão do teleconsultor solicitante, tema e objetivo da teleconsultoria assíncrona na área da saúde auditiva. RESULTADOS: Entre as 11.317 teleconsultorias realizadas no período foram incluídas, neste estudo, 163 teleconsultorias que envolviam a área da saúde auditiva. O perfil dos profissionais de saúde foram: agente comunitário de saúde (36,81%), fonoaudiólogo (15,95%), agente de combate a endemias (7,98%), médicos (7,98%), enfermeiros (6,75%), agente de saúde pública (4,91%), técnico e auxiliares de enfermagem (4,91%) e outros(11,6%). Quanto aos objetivos das teleconsultorias foram constatadas perguntas sobre: condutas (31,29%), avaliação (11,04%), tratamento (9,82%), relações entre fatores (9,20%), etiologias (9,20%), prevenção (8,59%), sintomas (6,75%), implantação (6,13%), acesso ao sistema de saúde (4,91%) e outras informações (3,07%). Em relação as temáticas foram observadas perguntas sobre: hipoacusia (45,40), dispositivos auxiliares de audição (12,88%), zumbido (9,2%), otite (5,52%), programa saúde na escola (5,52%), emissões otoacústicas (5,52%), otalgia (3,68%), labirintite (2,45%) e perfuração da membrana timpânica (1,84%). CONCLUSÃO: As teleconsultorias assíncronas na área da saúde auditiva tiveram maior frequência por solicitantes do gênero feminino, agentes comunitários de saúde e fonoaudiólogos, sobre a temática da hipoacusia e de dispositivos auxiliares de audição, com objetivo de tomada de decisões para condutas e avaliação na área da saúde auditiva.

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.546, de 27 de outubro de 2011. Redefine e amplia o Programa Telessaúde Brasil, que passa a ser denominado Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes (Telessaúde Brasil Redes). 2011. Disponível em: .
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 35 de 04 de janeiro de 2007. Institui, no âmbito do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Telessaúde. 2007. Disponível em .
3. AVA SUS. Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde. Telessaúde: uma introdução aos serviços e formação de profissionais. LAIS/SEDIS/UFRN/MS. 2019. Disponível em: https://avasus.ufrn.br/local/avasplugin/cursos/curso.php?id=276.
4. AVA SUS. Introdução à Plataforma de Telessaúde do RN. LAIS/SEDIS/UFRN/MS. 2020. Disponível em: https://avasus.ufrn.br/local/avasplugin/cursos/curso.php?id=318.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1228
TELEFONOAUDIOLOGIA – AÇÕES EDUCATIVAS NO CONTEXTO DA SAÚDE DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A tele-educação pertence a um conjunto de ações de telessaúde e tem por objetivo contribuir na educação permanente dos profissionais da saúde. É de grande importância utilizar da tecnologia para trocar experiências e conhecimentos com os profissionais, estudantes e comunidade. Estas trocas permitirão aos profissionais realizarem suas atividades de maneira mais integral, efetiva e consciente. O projeto de extensão que será descrito produziu ações de tele-educação com temáticas voltadas a saúde da comunicação humana para os fonoaudiólogos que atuam em diferentes níveis de atenção à saúde e estudantes de Fonoaudiologia. O projeto tem o desejo de criar e consolidar um espaço para produção de conhecimentos e fortalecimento do processo de trabalho do profissional, além de colaborar com o processo de ensino aprendizagem do estudante. OBJETIVO: Relatar a experiência de um projeto de extensão que desenvolve serviços de tele-educação voltados para saúde da comunicação humana. MÉTODO Trata-se de um relato de experiência de um projeto de extensão desenvolvido pelo núcleo de saúde coletiva do Departamento de Fonoaudiologia de uma universidade pública e um Núcleo de telessaúde, no ano de 2019. No projeto foram realizadas as seguintes atividades: capacitação da equipe; planejamento e definição dos temas e oferta das videoconferências. As ações educativas foram realizadas por docentes e profissionais da Fonoaudiologia, com experiência na temática. RESULTADOS: O projeto contou com cinco sessões de videoconferências, sendo elas: Recursos tecnológicos na reabilitação das disfagias; Teste da Linguinha; Atuação fonoaudiológica na cirurgia bariátrica; O uso da comunicação alternativa na intervenção de crianças com Transtorno do Espectro Autista e atualização na reabilitação das disfagias. As sessões aconteceram com periodicidade mensal, o primeiro seminário foi realizado no mês de Agosto, consecutivamente até o mês de Dezembro de 2019, com duração de uma hora cada, sendo 40 minutos para o palestrante e 20 minutos de discussão com o público. O acesso às sessões poderia ser feito através dos dispositivos eletrônicos e acompanhando a transmissão via live pelo Instagram do projeto ou presencialmente nas salas do Núcleo de Telessaúde e de videoconferências dos hospitais parceiros. Observou-se um quantitativo total 300 visualizações, com média de 60 acessos por videoconferência, considerando as duas formas de participação. As videoconferências mais acessadas foram: Recursos tecnológicos aplicados na reabilitação das disfagias, obtendo 81 visualizações 27, 3%, e Teste da Linguinha, com 90 visualizações 30,3%. Quanto ao acesso às sessões, prevaleceram os acompanhamentos via live no Instagram, com o total de 79, 1% das visualizações, enquanto a participação presencial totalizou 20,9%. CONCLUSÃO: Concluiu-se que a utilização do serviço da tele-educação mostrou a grande importância de utilizar da tecnologia para trocas de experiências e conhecimentos com os profissionais, estudantes e comunidade. Estas trocas podem contribuir para o fortalecimento do processo de trabalho dos profissionais, além da potencialização da formação dos estudantes de Fonoaudiologia.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
533
TELEMONITORAMENTO A PACIENTES ONCOLÓGICOS NO CONTEXTO DA COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: Considerando as diretrizes da resolução nº 427 do CFFa de 2013, o fonoaudiólogo é habilitado para realizar teleatendimento e telemonitoramento. A atual conjuntura de enfrentamento à COVID-19, prevê pelas autoridades sanitárias a adoção de medidas de isolamento e distanciamento social para combater a disseminação do vírus, no entanto, pacientes com diagnóstico oncológicos necessitam da continuidade de seus atendimentos, para adequado tratamento e reabilitação.
OBJETIVO: relatar a experiência do telemonitoramento a pacientes oncológicos com demandas fonoaudiológicas. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência. Todos os pacientes elegíveis já haviam realizado pelo menos uma consulta presencial com avaliação miofuncional das estruturas do sistema estomatognático, vocal e de deglutição. Além disso, levou-se em consideração o interesse do mesmo no acompanhamento fonoaudiológico a distância, mínimo entendimento e uso de tecnologia e/ou disponibilidade de familiar capaz de auxiliá-los; residir em local distante do hospital de referência; e o grau de disfagia e de disfonia. A partir disso, foi agendada a consulta online, a fim de manter a continuidade terapêutica, evitando ao máximo a exposição ao ambiente hospitalar. Os atendimentos tiveram duração de 30 minutos e foram realizados em sala reservada, por uma fonoaudióloga de referência, nas dependências do hospital. Os atendimentos foram estruturados por meio de protocolo elaborado pela equipe, a fim de proporcionar maior aproveitamento do tempo. Este protocolo foi dividido em três sessões onde a primeira buscava caracterizar por meio de perguntas específicas o estado geral do paciente no momento, a segunda apresentava questões acerca da manutenção da terapia fonoaudiológica e a terceira apresentava orientações sobre higiene respiratória e cuidados para prevenção da Covid-19. Aqueles que apresentaram queixas condizentes com piora do quadro de disfagia e/ou inadequação acentuada nas técnicas fonoaudiológicas propostas tiveram agendado retorno presencial. Ao final da sessão, os atendimentos foram avaliados pelos pacientes por meio do indicador de desempenho Net promoter Score (NPS) onde a pontuação pode variar de 0 a 10 pontos. RESULTADOS: Todos os pacientes que receberam o convite para telemonitoramento concordaram com o atendimento e tiveram condições de realizá-lo. Durante 30 dias foram realizados 12 atendimentos, sendo 6 de disfagia e 6 de disfonia. Em alguns casos foi encontrada dificuldade de estabelecer a conexão com os indivíduos devido a problemas técnicos de seus aparelhos celulares. Durante o acompanhamento dos exercícios fonoaudiológicos realizados e indicados presencialmente, era solicitado que o paciente executasse para caso necessário, fazer adequações. Em um dos atendimentos foi necessário suspender a via oral, visto que o paciente também se alimentava por via alternativa e apenas tinha como indicação de ingestão a consistência pastosa. Foi então fornecido o agendamento para consulta presencial com brevidade no momento do telemonitoramento.
CONCLUSÃO: Nesta experiência o telemonitoramento mostrou-se efetivo, na medida em que sem necessitar da exposição do paciente ao ambiente hospitalar foi possível atender as demanda apresentadas, assim como reforçar os cuidados sanitários necessários durante a pandemia por covid-19. Os resultados se mostram exitosos, uma vez que os sujeitos avaliaram com pontuação máxima o atendimento recebido.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1687
TELEMONITORAMENTO DE USUÁRIOS SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


TÍTULO: TELEMONITORAMENTO DE USUÁRIOS SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) integra-se ao conjunto de ações do Plano para Implementação da Educação Interprofissional (EIP) no Brasil. Esse projeto busca fortalecer e qualificar a Atenção Primária à Saúde (APS), promover a integração ensino-serviço-comunidade; envolvendo tutores, discentes e profissionais da saúde em ações conjuntas e colaborativas. Com o cenário da pandemia do novo coronavírus, o Projeto PET-Saúde/Interprofissionalidade de uma Universidade Federal redirecionou-se para o enfrentamento à COVID-19: o Telemonitoramento de pacientes sintomáticos respiratórios em conjunto a Secretaria Municipal de Saúde do município onde se localiza. OBJETIVO: Relatar a experiência no Telemonitoramento de usuários que obtiveram diagnóstico clínico de Infecção viral não especificada (CID B34.9), que foram notificados como Casos Suspeitos de COVID-19 e orientados a realizar isolamento domiciliar. MÉTODO: Relato de experiência do Telemonitoramento em APS de pacientes sintomáticos respiratórios em um distrito de saúde da região sul do Brasil. As atividades do projeto iniciaram em maio de 2020 e seguem até o momento, sendo desenvolvidas diariamente por acadêmicos bolsistas do projeto, tutores, preceptores e profissionais das unidades do distrito. Para o registro e armazenamento dos dados foi desenvolvido um Sistema de Informação e Registro no GoogleDrive® da Microsoft®. O Telemonitoramento de pacientes sintomáticos respiratórios foi elaborado em consonância com as diretrizes do Ministério da Saúde (Abril/2020). A coleta de dados é realizada pelos discentes por ligações telefônicas, preferencialmente, via Whatsapp®, com duração média de 15 minutos. Há um formulário padrão de perguntas e as ligações ocorrem entre até 48 horas ou a cada 24 horas, em casos de usuários com comorbidades ou piora dos sintomas. O paciente é acompanhado por 14 dias, a contar do início do aparecimento dos sintomas gripais. O encerramento do Telemonitoramento leva em consideração as individualidades de cada assistido, entre elas: o resultado do exame laboratorial para detecção do vírus SARS-COV-2, a evolução da sintomatologia, a rede social de apoio e a adesão voluntária ao projeto. Desse modo, o monitoramento pode ser encerrado antes de 14 dias em caso de falta de sucesso nas tentativas de contato, testagem viral negativa, hospitalização, óbito e por escolha individual do paciente. As orientações acerca do isolamento domiciliar são enfatizadas durante todo o período de monitoramento. RESULTADOS: O Telemonitoramento possibilita identificar precocemente casos de agravamento de sintomas, encaminhando-os para atendimento de referência com agilidade, e, também, possibilita esclarecimento de dúvidas e fornecimento de informação para os usuários monitorados sobre as medidas de proteção e prevenção da transmissão do coronavírus. CONCLUSÃO: Observa-se com isto que o acompanhamento de sintomáticos respiratórios de COVID-19 é praticável, promove um atendimento acolhedor e criador de vínculos mais saudáveis entre os envolvidos, agilizando a interlocução entre profissionais de saúde e usuários, o que maximizou o número de encaminhamentos precoces de usuários com sinais de agravamento e diminuiu a sobrecarga das unidades de saúde quanto a atendimentos presenciais evitáveis. Para mais, está torna-se uma vivência inédita e enriquecedora para os futuros profissionais envolvidos.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
785
TELEORIENTAÇÃO MULTIPROFISSIONAL AO USUÁRIO DE IMPLANTE COCLEAR COMO ESTRATÉGIA NA PANDEMIA DE COVID-19
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O estado de pandemia decretado, em virtude da Covid-19, trouxe entre outras consequências a suspensão temporária dos serviços de atendimento ambulatorial, deixando, com isso, os usuários de IC sem realizar consultas multiprofissionais e terapias necessárias ao processo de adaptação ao IC e desenvolvimento auditivo e linguístico. Tal situação traz impactos diretos na terapia fonoaudiológica, mapeamento, assistência técnica ao equipamento e compra de acessórios. Também contribui para o agravamento do isolamento social, aspecto negativo no processo de adaptação ao IC. Considerando que a tecnologia é hoje uma importante ferramenta na comunicação humana, os serviços de Telessaúde tornaram-se estratégia para minimizar os impactos da pandemia. Objetivo: Descrever a experiência da teleorientação multiprofissional realizada junto ao usuário de implante coclear no período de pandemia da Covid-19. Método: O presente estudo trata-se de uma análise descritiva da experiência vivenciada pela equipe de IC de um hospital de referência do estado de Pernambuco na realização do teleorientação aos usuários de IC. Os atendimentos foram realizados por meio da plataforma Mconf e de ligações telefônicas, para aqueles não tinha acesso à plataforma. Discussão: Os atendimentos fonoaudiológico realizados de forma remota tiveram duas vertentes: uma, no que se refere às orientações sobre o manuseio e manutenção do dispositivo, rendimento auditivo e de compreensão com as aulas online, aspectos comportamentais e demanda trazida por familiares de forma espontânea a fim de verificar encaminhamentos as demais especialidades. A segunda vertente de atendimento consistiu na continuidade da terapia fonoaudiológica de estimação auditiva e linguística. Os atendimentos realizados pelo Serviço Social aconteceram por busca ativa e por demanda identificada e referenciada pelas fonoaudiólogas do setor. Foi realizada escuta qualificada aos usuários de IC, abordando sobre sua condição socioeconômica, acesso escolar, rede de assistência social e saúde disponível no território, bem como dificuldades vivenciadas na pandemia. Foram proporcionadas orientações acerca de direitos sociais, funcionamento da rede de serviços de assistência social e órgãos de defesa de direitos, previdência social, rede de atendimento à saúde e sobre os programas sociais surgidos no contexto da pandemia esclarecendo duvidas acerca dos critérios de inclusão a exemplo do auxílio emergência, auxílio união e saque emergencial do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS). Nas demandas referenciadas para atendimento social, prevaleceu a dificuldade de acesso a escola na modalidade remota. Em atendimento a esta demanda foi retificado o direito a educação a luz do que preconiza o Estatuto da Criança e Adolescente. Conclusão: Percebemos que a teleorientação foi extremamente importante, pois possibilitou a resolução de problemas no uso do dispositivo, diminuição do estresse e ansiedade, e ainda no acesso aos direitos sociais minimizando os efeitos diretos na renda familiar e precariedade que vieram no bojo da pandemia. Os efeitos negativos trazidos pelo isolamento social tornaram as teleorientações importante espaço de acolhimento, humanização e fortalecimento de vínculos entre pacientes e profissionais.

CORDEIRO B.B, BANHARA MR, MENDES CMC. Ganho auditivo e influência do
tempo de privação auditiva na percepção de fala em usuários de implante coclear.
Audiol., Commun. Res. [Internet]. 2020 [cited 2020 June 25] ; 25: e2282.
Disponível: https://doi.org/10.1590/2317-6431-2019-2282.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias
em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos –
DGITS/SCTIE, Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
(CONITEC) - Relatório n° 99, 2014.

PÁDUA FR, MORETTIN M, OTAKE MY. Grupo de apoio para pais de crianças com
implante coclear. Estud Pesq Psicol [internet]. 2016 [citado 2019 dez 10];16(3):
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SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na
Constituição Federal de 1988. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1486
TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA DO COVID-19 EM SUPERFÍCIES INANIMADAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


A contaminação ambiental por pacientes com COVID-19 pelas gotículas respiratórias sugere que o ambiente é um meio potencial de transmissão e apoia a necessidade de uma aderência estrita a higiene ambiental e das mãos. O objetivo desta revisão sistemática foi estudar o tempo de sobrevivência do vírus da família coronavidae sobre os diversos materiais e superfícies, possibilitando a adoção de medidas de prevenção principalmente em ambientes da área da saúde como consultórios e ambulatórios. As bases eletrônicas selecionadas como fonte de informação foram: PubMed/Medline, EMBASE, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Web of Science, Scopus, LIVIVO e a literatura cinzenta (Google Scholar, Proquest e Open Grey). A busca eletrônica final nas seis bases de dados recuperou 4287 referências. Após a remoção das referências duplicadas, foi realizada a leitura dos títulos e resumos (fase 1) e 37 artigos foram selecionados para leitura completa (fase 2), resultando em 13 estudos incluídos. Todos os estudos avaliaram a sobrevivência do Coronavírus nas seguintes superficies e objetos: aço inoxidável, vidro, plástico, madeira, metal, pano, papel, algodão, látex, placa de Petri de poliestireno, alumínio, cobre, Papelão, Teflon, cloreto de polivinil (PVC), borracha de silicone e tecido descartável. A síntese qualitativa dos resultados encontrados demonstraram que a sobrevivência do vírus varia de acordo com a umidade relativa (UR), temperatura, poder de absorção da superfície e textura. Temperaturas mais baixas, baixa UR, baixo poder de absorção e textura lisa da superfície suportaram a sobrevivência prolongada do vírus. Os resultados desta revisão mostram que o coronavírus quando depositados em equipamentos de proteção individual (aventais de isolamento de contato, luvas de látex, respiradores N95, hospital scrubs e luvas de nitrilo) pode sobreviver por pelo menos 4 horas, e mesmo com uma alta concentração do vírus, as gotículas perdem mais rapidamente a infectividade no tecido, do que em comparação com aventais descartáveis não absorventes. Em superfícies como vidro, plástico e aço, o vírus possui maior estabilidade, quando comparados com o cobre, tecido, papel e papelão. Os resultados dessa revisão sistemática podem indicar que superfícies contaminadas podem desempenhar um papel importante na transmissão do coronavírus tanto em ambiente da saúde como na comunidade. (PROSPERO CRD42020185643)

1. Jin YH, Cai L, Cheng ZS, Cheng H, Deng T, Fan YP, et al. A rapid advice guideline for the diagnosis and treatment of 2019 novel coronavirus (2019-nCoV) infected pneumonia (standard version). Mil Med Res. 2020;7(1):4.

2. Vinayachandran D, Saravanakarthikeyan B. Salivary diagnostics in COVID-19: Future research implications. J Dent Sci. 2020.

3. Thomas Y, Vogel G, Wunderli W, Suter P, Witschi M, Koch D, et al. Survival of influenza virus on banknotes. Applied and Environmental Microbiology. 2008;74(10):3002-7.

4. Pillet S, Berthelot P, Gagneux-Brunon A, Mory O, Gay C, Viallon A, et al. Contamination of healthcare workers' mobile phones by epidemic viruses. Clinical Microbiology and Infection. 2016;22(5):456.e1-.e6.

5. Zhang Y, Xu J, Li H, Cao B. A Novel Coronavirus (COVID-19) Outbreak: A Call for Action. Chest. 2020;157(4):e99-e101.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1072
TEMPO DOS SONS VIBRANTES SONORIZADOS E EFEITO NA VOZ DE IDOSAS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: no processo de envelhecimento podem ocorrer modificações na arquitetura do sistema fonatório1 – presbilaringe que pode apresentar como consequência fisiológica a alteração da produção da voz – presbifonia1. Um dos objetivos da fonoterapia vocal no envelhecimento é compensar as características da presbifonia2. Os sons vibrantes são frequentemente utilizados na clínica fonoaudiológica. O tempo médio estimado para população adulta é em torno de três minutos3-5. Com as mudanças decorrentes do envelhecimento pouco se sabe sobre o efeito do exercício e o tempo de execução necessário na população idosa dado às mudanças anatomofisiológicas. OBJETIVO: verificar os efeitos imediatos da técnica de sons vibrantes sonorizados em idosas com e sem autopercepção de presbifonia. MÉTODO: estudo clínico, quase experimental, realizado com 53 idosas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número de parecer 83004518.5.0000.5149. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os critérios de inclusão foram: ser do gênero feminino; ter idade igual ou superior a 60 anos; facilidade de comunicação; capacidade para compreender e executar ordens simples; capacidade de realizar os sons vibrantes; não ter realizado fonoterapia vocal nos últimos 12 meses. E os de exclusão: não conseguir realizar os sons vibrantes; presença de diagnóstico otorrinolaringológico de lesões secundárias das pregas vocais; disfonia orgânica ou outra alteração que não caracterize a presbilaringe. Realizou-se avaliação perceptivo-auditiva, acústica e laríngea. As idosas responderam ao questionário RAVI6, executaram a técnica de vibração sonorizada em três tempos (um, três e cinco minutos) e foram submetidas à avaliação laríngea. As participantes foram divididas em dois grupos: com e sem sintomas vocais de acordo com o RAVI e a avaliação laríngea. Para análise estatística foram utilizados os testes Exato de Fisher e Qui-Quadrado de Pearson, Teste-t pareado e Wilcoxon. Foi considerado para todos os testes o nível de significância de 5%. RESULTADOS: as idosas participantes do estudo possuem entre 60 e 70 anos de idade, a maioria é aposentada (88,67%) e alfabetizada (75,45%). No grupo de idosas com sintomas vocais (n=25), seis apresentam presbilaringe, nove exames sem alterações e 10 sinais de refluxo laringofaringeo. Já no grupo de idosas sem sintomas vocais (n=28), 14 apresentam exames sem alterações e 14 sinais de refluxo laringofaringeo. Na avaliação perceptivo-auditiva verificou-se predomínio de disfonia de grau moderado em ambos os grupos. Não houve diferença estatisticamente significante quando se associou a avaliação perceptivo-auditiva considerando o tempo de execução da técnica entre os grupos. Notou-se efeito positivo na voz das participantes nos três tempos avaliados em ambos os grupos, porém à medida que o tempo de execução aumentou houve redução da melhora. CONCLUSÃO: em mulheres idosas, sem presença de lesões secundárias na laringe, a técnica de vibração sonorizada tem efeitos positivos para a voz a partir de um minuto de execução. Verificou-se número elevado de idosas com disfonia de grau moderado considerando a avaliação perceptivo-auditiva.

1. Retuert DR, Olavarria CL, Frías ME, Ovalle RA. Presbilaringe. Revisión de la literatura. Rev Otorrinolaringol. 2017;77(4):467-473.
2. Rocha TF, Amaral FP, Hanayama EM. Extensão vocal de idosos coralistas e não coralistas. Rev CEFAC. 2007;9(2):248-54.
3. Vasconcelos D, Gomes AOC, Araújo CMT. Técnica de vibração sonorizada de lábios e língua: revisão de literatura. Distúrb Comun. 2016;15(3):581-93.
4. Azevedo LL, Passaglio KT, Rosseti MB, Silva CB, Oliveira BF, Costa RC. Avaliação da performance vocal antes e após a vibração sonorizada de língua. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):343-8.
5. Menezes M, Duprat AC, Costa HO. Vocal and laryngeal effects of voiced tongue vibration technique according to performance time. J Voice. 2005;19(1):61–70.
6. Pernambuco LA, Espelt A, Costa EBM, Lima KC. Screening for voice disorders in the elderly (Rastreamento de Alterações Vocais em Idosos; RAVI) — Part II: validity evidence and reliability. J Voice. 2016;30:246.e19–246.e27.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1284
TEMPO TOTAL DA DEGLUTIÇÃO PÓS MANOBRA DE MENDELSOHN ASSOCIADA AO LASER DE BAIXA POTÊNCIA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A deglutição é um evento fisiológico que resulta da coordenação simultânea de distintas estruturas(1), seu objetivo é o deslocamento do bolo alimentar da boca até o estomago(2). Esse processo é dividido em fases, e uma delas é a fase faríngea, em que a deglutição é involuntária, com uma série de movimentos coordenados complexos, incluindo a elevação laríngea, na qual a laringe se move anterior e superiormente, em resposta a contração dos músculos supra-hióideos(3). Tendo em vista que alterações nesse conjunto de músculos pode causar um quadro disfágico, diversas são as manobras facilitadoras e posturais com o objetivo de ajudar na função da deglutição, incluindo a manobra de Mendelsohn, que tem por objetivo, potencializar a elevação laríngea e a abertura do esfíncter esofágico superior(4). A ultrassonografia é um dos métodos utilizados para analisar a biomecânica da deglutição(5), o qual propõe parâmetros que possibilitam análises qualitativas e quantitativas da deglutição. Objetivo: Descrever o tempo total da deglutição em diferentes volumes de água, pós manobra de Mendelson, associada ao uso do Laser de Baixa Potência (LBP). Método: O relato de caso faz parte de um estudo de intervenção aprovado em comitê de ética, sob o parecer de n° 3.388.959. O AMIOFE versão reduzida, foi aplicado como um dos critérios de elegibilidade do estudo, logo, para participar do estudo o voluntário precisava ter um escore > 91 pontos, assim como não está em tratamento dermatológico ou possuir alguma alteração oclusal, disfunção temporomandibular e ter idade entre 20 e 40 anos. Utilizou-se para avaliação do tempo total da deglutição (compreendido pelo momento de deslocamento do osso hióide e sua volta ao repouso) o ultrassom de língua, portátil, modelo DP 6600, e para aplicação do laser foi feito uso do LBP 250mW (6J) em cinco diferentes pontos, distribuídos por toda região suprahioidea, com tempo de 24s em cada ponto. O voluntário foi submetido inicialmente a avaliação da deglutição, fazendo a ingesta de 10 e 20ml de água respectivamente, foi orientado a segurar o conteúdo na cavidade oral e deglutir ao comando do avaliador, ao término, foi realizado a aplicação do LBP e manobra de Mendelson, sendo esta realizada com 30 repetições, com intervalos de 1min a cada 10 repetições e com 2s de sustentação da manobra, por fim o mesmo passou pela mesma avaliação da deglutição feita inicialmente. Resultados: Para a deglutição de 10 ml a duração do participante pré intervenção foi de 3,3ms, e após foi de 3,33ms, já para a deglutição de 20 ml a duração pré intervenção foi de 3,47ms, e após se obteve o valor de 2,56 ms. Conclusão: A manobra de Mendelson associada ao uso do LBP 250mW (6J) pode proporcionar mudanças no tempo total de deglutição, a depender do volume ingerido.

1. Steidl E, Gonçalves BFT, Bilheri D, Brancher EC, Pasqualoto AS, Mancopes R. Aplicação do método ultrassonográfico na avaliação da biomecânica da deglutição – revisão de literatura. Distúrbios da Comunicação. 2016; 28(2).

2. Bacelete VSB, Vicente LCC, Santos MAR. Análise biomecânica do deslocamento hiolaríngeo: revisão integrativa. Distúrbios da Comunicação. 2016; 28(3).

3. Marchesan IQ. Deglutição-Normalidade. In: Furkin AM, Santini CS. Disfagias Orofaríngeas. São Paulo: Pró-Fono. 1999; p. 3-18.

4. Inamoto Y, Saitoh E, Ito Y, Kagaya H, Aoyagi Y, Shibata S et al. The Mendelsohn Maneuver and its Effects on Swallowing: Kinematic Analysis in Three Dimensions Using Dynamic Area Detector CT. Dysphagia. 2018; 33(4):419–30.

5. Clavé P, Arreola V, Romea M, Medina L, Palomera E, Serra-Prat M. Accuracy of the volume-viscosity swallow test for clinical screening of oropharyngeal dysphagia and aspiration. Clin Nutr. 2008;27(6):806-15.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
719
TENDA DO CONTO: USO DE NARRATIVAS E PICS PARA O CUIDADO AMPLIADO DE PACIENTES COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: O cuidado ampliado da Hipertensão e diabetes abrange uma assistência holística e integrada aos sujeitos levando em consideração os determinantes e condicionantes em saúde, bem como os problemas psicossociais. Oportunizar um espaço de fala no território e cuidar da comunicação dos indivíduos nos espaços de saúde por meio da expressão de suas subjetividades, permitem o entendimento dos processos de saúde-doença destes. A tenda do conto é uma prática social grupal que utiliza-se da contação de histórias, escuta, empatia, diálogo e acolhimento entre os participantes, no intuito de contribuir para a criação e resgate de vinculo entre o profissional de saúde e usuários, por meio da promoção da autonomia, empoderamento e solidariedade Objetivo: Promover um espaço de cuidado integral da saúde mental através de narrativas e práticas integrativas em indivíduos hipertensos e diabéticos Metodologia: A atividade foi realizada em uma Unidade básica de saúde na zona norte de Aracaju no período de maio a dezembro de 2019, onde o público alvo foram usuários portadores de Hipertensão e diabetes e a Equipe de saúde. A prática foi realizada em três etapas: 1. Pré-Tenda: Ambiência do local, verificação da Pressão arterial, dinâmicas de acolhimentos que incluíam práticas de meditação mindfulness, atenção plena, alongamento corporal, afirmações positivas, e explicação do objetivo da atividade. 2. Tenda do Conto: Onde os participantes eram convidados a levar um objeto para narrar a história ou partilhar algo que tivesse interesse no grupo. 3. Pós-Tenda: Realização de dinâmicas de percepção dos sentimentos sobre a atividade vivenciada e aplicação de acupuntura auricular em quem tivesse interesse. Resultados: Foram realizados durante o período de 4 meses, 13 encontros com duração média de 2 horas e participaram ao total uma média de 109 participantes, onde 90 destes eram usuários da comunidade e 19 eram profissionais de saúde. Os Temas centrais abordados nos relatos incluíram assuntos como Histórias de vida, relações familiares, Violência e luto, traumas, enfrentamento de condições de saúde, estilos de vida e resiliência. A atividade realizada possibilitou o resgate e criação do vínculo da comunidade com a unidade de saúde, onde os paciente compreende que o posto não é apenas um lugar de se buscar receituário ou assistência médica, e sim um lugar de cuidado ampliado onde a conscientização sobre a saúde mental é tão importante quanto a assistência física. A avaliação do projeto, foi realizado através das sínteses de feedbacks dos participantes da tenda, por meio das percepções da vivencia grupal, dos profissionais de saúde e dos usuários. Todos os usuários que aplicaram a acupuntura auricular relataram melhora nos sintomas que apresentavam. Conclusão: A Tenda do conto demonstra-se como uma prática com possibilidades transformadora de realidades, proporcionando um espaço de acolhimento tanto no olhar na percepção do usuário para o seu processo de saúde-doença quanto na visão do profissional de saúde através de uma visão humanizada.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1858
TEORIA INTEGRADA DA FLUÊNCIA: AFINAL, O QUE É FLUÊNCIA?
Tese
Linguagem (LGG)


Introdução: Diante da necessidade de uma teoria conceitual sobre fluência que coopere não apenas com sua descrição, mas também com uma explicação acerca da sua natureza, esta tese propõe a Teoria Integrada da Fluência, construída a partir das recomendações de Caplan1 para o desenvolvimento de teorias que integram linguagem e cérebro. Objetivos: Construir uma teoria conceitual sobre fluência verbal baseada na Linguística, Psicolinguística e Neurociência da Linguagem, a partir da elaboração de argumentos teóricos e empíricos que buscam pela obtenção de alto poder explicativo, e desafia-se em lançar uma explicação credível sobre a natureza da fluência em paralelo à natureza da gagueira. Para isso, propõe-se investigar potenciais relacionados à eventos (ERPs) eliciados por palavras de classe aberta e fechada, nas quatro fases (sensório-perceptual, sintática, semântica e integrativa) funcionalmente distintas do processamento linguístico na compreensão de frases2, em jovens adultos com e sem gagueira, a fim de colocar à prova a capacidade da teoria ser testável. Método: Estudo teórico-experimental, quantitativo, transversal e descritivo, aprovado pelo comitê de ética sob o CAAE de nº: 83183018.9.0000.5188, cuja primeira etapa consistiu na elaboração de argumentos teóricos, e a segunda de argumentos empíricos, baseados na análise dos resultados sobre a disfunção no cérebro. Lançou-se as hipóteses de que por ser a fluência verbal uma habilidade linguística, seu desenvolvimento típico estaria diretamente relacionado aos processos ótimos de identificação e acesso dos traços formais das palavras, principalmente o categorial. Enquanto a gagueira, por ser um distúrbio da fluência com início na infância3, estaria relacionada com dificuldades na representação desses traços no léxico mental e/ou em acessá-los durante a computação on-line. Para testá-las, realizou-se um experimento com paradigma misto. Participaram 14 adultos que gaguejam e 14 adultos fluentes, com idade média de 24,6 anos, de uma tarefa de leitura silenciosa de frases, realizada durante o registro da atividade elétrica cerebral através da eletroencefalografia. Analisou-se os componentes N1, N2, P3a, N400, LPC e N500-800, bem como o julgamento de plausibilidade das sentenças. Resultados: As classes de palavras provocaram distintos ERPs. Os achados falharam em refutar as hipóteses lançadas. A análise da atividade elétrica cerebral subjacente ao processo de identificação categorial das palavras foi a principal diferença entre os grupos. Os padrões de atipicidade em quem gagueja iniciaram em N1 e seguiram ao longo de todas as fases do processamento linguístico, como uma espécie de “efeito cascata”, que culminou em uma menor precisão no julgamento das sentenças. Conclusão: Seria o P3a um possível biomarcador para a gagueira? A gagueira mostrou-se relacionada com os quatro possíveis locus que são responsáveis pelo desencadeamento de um Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem – TDL4. Tal constatação contribuiu para a caracterização da gagueira como um distúrbio da fluência que inicia na infância, e da fluência como uma habilidade linguística que se desenvolve, além de viabilizar o estudo da linguagem nos demais distúrbios do neurodesenvolvimento e que afetam a fluência. As classes de palavras mostraram-se um setting exploratório viável e promissor para a análise da atividade elétrica cerebral subjacente ao processamento típico e desviante da linguagem.

1. Caplan, D. Neurolinguistics and Linguistic Aphasiology: An Introduction. Cambridge University Press: Cambridge Studies in Speech Science and Communication; 1987. ISBN: 9780511620676.
2. Friederici AD. Towards a neural basis of auditory sentence processing. Trends In Cognitive Sciences. 2002;:78-84.
3. America Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos metais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed; 2014.
4. Corrêa LMS, Augusto MRA. Possible loci of SLI from a both linguistic and psycholinguistic perspective. Lingua [Internet]. 2011 [cited 2020 Mar 2];121:476-486. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0024384110002500


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1048
TERAPIA COM LUZ DE BAIXA INTENSIDADE PARA REDUÇÃO DO FLUXO SALIVAR ASSOCIADA À TERAPIA TRADICIONAL E BANDAGEM ELÁSTICA EM CRIANÇA: UMA PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


Introdução: A sialorreia frequente em crianças com dano encefálico crônico ¹², geralmente está associada à disfagia neurogênica, com impacto na condição respiratória³. Na criança portadora da síndrome congênita do zika vírus (SCZV) observa-se alterações da deglutição, como: déficit de vedamento labial; escape de conteúdo alimentar; acúmulo de alimento em cavidade oral; escape prematuro; retardo no início da deglutição e risco de penetração ou aspiração de alimento ou saliva para os pulmões4. Acredita-se que a terapia com luz de baixa intensidade no modo infra-vermelho (TLBI-IV), aplicado em doses altas pode reduzir a produção excessiva de saliva a curto prazo. A TLBI-IV surge como possibilidade de terapia não invasiva, asséptica, indolor, com boa relação custo-benefício, sem efeitos colaterais, que, associada à segurança no tratamento, justifica o interesse de pesquisadores quanto ao mecanismo de ação e efeitos biológicos sobre os tecidos5,6. Objetivo: Relatar prática fonoaudiológica exitosa em uma criança com diagnóstico de SCZV apresentando sialorréia de grau profundo/nível 5 e disfagia. Método: Prática Fonoaudiológica exitosa, realizada em uma unidade de reabilitação e ensino, vinculada à projeto de extensão universitária, no ano de 2019. Criança do sexo feminino, 3 anos, apresentando sialorreia de grau profundo, avaliado segundo Escala de Thomas-Stonnel e Greenberg7 (ETSG), episódios de engasgos secundário a penetração e aspiração de saliva segundo avaliação pela videoendoscopia da deglutição (FEES), classificação em nível 7 pela escala de penetração-aspiração de Rosenbek, desnutrição grave e indicação de sonda gástrica. Para realização da TLBI-IV foram realizadas anamnese, análise dos critérios para exposição à luz e tomados os cuidados relativos à biossegurança. A TLBI-IV foi realizada no total de 10 aplicações, por fonoaudiólogas habilitadas, com avaliação periódica da pediatra e da nutricionista. A TLBI-IV foi realizada nas glândulas salivares sublingual direita (3J-4J); sublingual esquerda (3J-4J); ducto da parótida direita (3J-4J) e ducto da parótida esquerda (3J-4J), com aplicação intra-oral. Dosimetria total/dia 12J a 16J. A terapia tradicional consistiu na estimulação tátil-proprioceptiva e técnicas de indução e facilitação das funções de deglutição e sucção, associada a bandagem elástica fixada na região do músculo orbicular-bucinador e milohioideo, iniciada na quarta sessão, após constatação da redução do fluxo salivar e das respostas para deglutição. Resultados: Observou-se os seguintes aspetos: redução no fluxo salivar segundo ETSG para sialorreia de grau leve/nível 2; redução no número de fraldas de tecidos utilizadas para higienização da saliva de dez para uma; melhora no mecanismo de deglutição e aporte nutricional; suspensão da gastrostomia e dieta mantida por via oral; melhora no sono, com redução no número de despertares noturnos, conforme relato da genitora. Conclusão: A TLBI em glândulas salivares demonstrou excelente resultado para inibição do fluxo salivar e importante ferramenta coadjuvante no tratamento da deglutição em criança com sialorreia. Essa prática motivou o desenvolvimento do projeto de pesquisa intitulado: Contribuições da TLBI para redução da sialorreia em crianças com dano encefálico crônico (CAAE: 32924620.4.0000.5208).

1. Van de Heyning P, Marquet J, Creten W. Drooling in children with cerebral palsy. Acta Otorhinolaryngol Belg 1980; 34:691-705.
2. Erasmus CE, Van Hulst K, Rotteveel JJ, Willemsen MA, Jongerius PH. Clinical practice: swallowing problems in cerebral palsy. Eur J Pediatr. 2012; 171:409-14.
3. Scofano Dias BL, Fernandes AR, Maia Filho HS. Sialorrhea in children with cerebral palsy. J Pediatr 2016; 92:549-58.
4. Leal M, Van Der Linden V, Bezerra TP, Valois L, Borges ACG, Antunes MC, Brandt KG, Moura CX, Rodrigues LC, Ximenes CR. Characteristics of dysphagia in infants with microcephaly caused by congenital zika vírus infection, Brazil, 2015. Emerging infectious diseases 2017; 23(8):1253-1259.
5. Chavantes MC, Tomimura S. Fundamentos do laser. In: Chavantes MC. Laser em bio-medicina: princípios e prática. São Paulo: Atheneu; 2009. p. 15-27.
6. Gomes CF, Schapochnik A. O uso terapêutico do LASER de Baixa Intensidade (LBI) em algumas patologias e sua relação com a atuação na Fonoaudiologia. Distúrb Comun 2017; 29(3): 570-578.
7. Thomas-Stonell, N, Greenberg, J. Three treatment approaches and clinical factors in the reduction of drooling. Dysphagia 1988; 3: 73-78.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1581
TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA EM CRIANÇAS COM FISSURA LABIOPALATINA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A fissura labiopalatina é uma das malformações mais frequentes, a qual necessita de tratamento interdisciplinar, dentre eles a Fonoaudiologia, devido aos comprometimentos que esta condição acarreta: alterações estéticas, anatômicas e funcionais. A criança com fissura labiopalatina é considerada de risco para desenvolver alterações no desenvolvimento da linguagem, embora resultados descritos na literatura sejam conflitantes. A literatura destaca que as crianças com fissura labiopalatina apresentam grande variabilidade de alterações de comunicação, com maior foco nas questões relacionadas à fala. Assim, face as possíveis alterações do ponto de vista fonoaudiológico, especialmente quanto a fala, é relevante conhecer as abordagens utilizadas na terapia fonoaudiológica, haja vista minimizar tratamentos prolongados e garantir melhor conduta dos mesmos.
Objetivo: Compilar os conhecimentos sobre a terapia fonoaudiológica em crianças com fissura labiopalatina.
Método: Foi realizada busca bibliográfica em quatro bases de dados: Pubmed, Scielo, Lilacs e Adolec, entre os meses de Novembro e Dezembro de 2019 que respondessem à seguinte pergunta norteadora: “O que os estudos tem revelado sobre a terapia de linguagem em crianças com fissura labiopalatina?”. Para tanto, utilizou-se os descritores: fonoaudiologia, fissura labial, fissura palatina, fonoterapia, insuficiência velofaríngea e crianças, bem como seus respectivos termos na língua inglesa. Como critérios foram considerados: trabalhos com texto completo disponível nos idiomas português e inglês, e excluídos os estudos com adultos, fissura associada a síndrome e revisões de literatura.
Resultados: Foram selecionados 966 artigos nas quatro bases de dados consultadas, sendo incluídos na revisão 6 que atenderam aos critérios de seleção definidos. Segundo os artigos selecionados, os estudos que obtiveram sucesso na terapia fonoaudiológica adequando a nasalidade, bem como a inteligibilidade de fala, traziam abordagens diversificadas. No entanto, a maioria destacava em comum a estimulação da produção correta dos fonemas por meio da conscientização e da instalação do ponto articulatório, o fornecimento de feedback e direcionamento oral do fluxo aéreo associado a estímulos sensoriais como sensações táteis, visuais, auditivas e cinestésicas. Todavia, ainda não estão elucidadas quais as intervenções adotadas que mais oferecem benefícios aos indivíduos com fissura labiopalatina. O número e frequência de sessões, assim como, a duração das mesmas também foram diversificadas.
Conclusão: Frente a heterogeneidade de resultados obtidos e tendo em vista a importância da terapia fonoaudiológica para indivíduos com fissura labiopalatina, faz-se necessário o desenvolvimento de novas pesquisas para elucidar as intervenções fonoaudiológicas mais eficazes, ao passo que melhorará o tratamento, além de torná-lo menos prolongado.

Bessell A, Sell D, Whiting P, Roulstone S, Albery L, Persson M, et al. Speech and language therapy interventions for children with cleft palate: a systematic review. Cleft Palate Craniofac J. 2013;50(1):1-17.
Ha S. Effectiveness of a parent-implemented intervention program for young children with cleft palate. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2015;79(5):707-715.
Lamônica DAC, Silva-Mori MJF, Ribeiro CC, Maximino LP. Desempenho de linguagem receptiva e expressiva em crianças com e sem Fissura Labiopalatina. Codas. 2016;28(4):369-372.
Lohmander A, Olsson M, Flynn T. Early consonant production in Swedish infants with and without unilateral cleft lip and palate and two-stage palatal repair. Cleft Palate Craniofac J. 2011;48(3):271-85.
Priester GH, Goorhuis-Brouwer SM. Speech and language development in toddlers with and without cleft palate. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2008;72(6):801-806.
Scherer NJ, D’Antonio LL, McGahey H. Early intervention for speech impairment in children with cleft palate. Cleft Palate Craniofac J. 2008;45(1):18-31.
Schönmeyr B, Wendby L, Sharma M, Raud-Westberg L, Restrepo C, Campbell A. limited chances of speech improvement after late cleft palate repair. J Craniofac Surg. 2015;26(4):1182-1185.
Young SE, Purcell AA, Ballard KJ. Expressive language skills in Chinese Singaporean preschoolers with non-syndromic cleft lip and/or palate. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2010;74(5):456-64.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1498
TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NO ATENDIMENTO PRÉ CIRÚRGICO PARA PÓLIPO VOCAL: RELATO DE CASO.
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A laringe é um órgão que desempenha atividades fisiológicas de grande importância e é de extrema complexidade. Suas funções básicas são: proteção das vias aéreas inferiores, fonação e respiração. Seu comprometimento funcional em situações patológicas tem grande impacto na vida do indivíduo. Por isso, é de extrema importância um fonoaudiólogo, profissional habilitado, com conhecimento sobre a fisiologia e anatomia laríngea, para auxiliar na reabilitação de suas funções quando necessário. ¹ A voz é o resultado do equilíbrio entre forças aerodinâmicas e mioelásticas, porém, a fonação não se limita a um som glótico. O som produzido nas pregas vocais passa pelo trato vocal que funciona como um "amplificador" natural, fornecendo um filtro acústico dos harmônicos.² Um comportamento vocal inadequado, pode causar uma lesão nas pregas vocais, gerando uma série de alterações prejudiciais ao paciente. Estas lesões são conhecidas como patologias benignas da laringe. Os pólipos são lesões de massa que se enquadram nas patologias benignas de laringe, geralmente são unilaterais, porém em 10% dos casos podem apresentar formações bilaterais assimétricas. Sua principal etiologia é fonotraumática e como tratamento, a indicação cirúrgica é a mais adotada, porém em alguns casos a fonoterapia pré cirúrgica também é indicada e tem como objetivo a redução do edema para além do pólipo, contribuindo com a saúde da mucosa e possivelmente reduzindo área de intervenção cirúrgica.³
OBJETIVO: Relatar os resultados da intervenção fonoaudiológica no atendimento pré cirúrgico de um paciente com diagnóstico de pólipo vocal.
MÉTODO: Trata-se de um relato de caso, com aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Neurologia Deolindo Couto sob o parecer número 3.681.208. Paciente com diagnóstico de pólipo vocal, encaminhada pelo serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro ao ambulatório de voz do Instituto de Neurologia Deolindo Couto, para terapia fonoaudiológica pré cirurgia. A paciente passou por todo protocolo de avaliação com anamnese, avaliação perceptiva auditiva e acústica vocal, seguindo com plano terapêutico específico e reavaliações otorrinolaringológicas e fonoaudiológicas após quatro meses de terapia.
RESULTADOS: Paciente, sexo feminino, 44 anos com diagnóstico otorrinolaringológico de pólipo vocal. Na avaliação perceptiva auditiva realizada através do Protocolo CAPE-V e acústica vocal, pelo software Vox Metria®, a paciente apresentou qualidade vocal rouco-soprosa de grau moderado, com alteração de todos os parâmetros avaliados (Tempo máximo de fonação, Jitter e Shimmer). Após a terapia fonoaudiológica indireta e direta, com exercícios de relaxamento, respiração, controle de ressonância e trato vocal semi ocluído, a paciente não apresentou nenhuma alteração otorrinolaringológica no exame de videolaringoscopia. E na reavaliação perceptiva auditiva e acústica vocal apresentou melhora na qualidade vocal, com tempos de fonação, Jitter e Shimmer dentro dos padrões de normalidade.
CONCLUSÃO: Os efeitos da terapia fonoaudiológica no atendimento pré microcirurgias de laringe tem se mostrado benéficos, desde a conscientização do paciente sobre comportamento vocal ideal, à intervenção com técnicas terapêuticas visando melhorar a condição da mucosa de pregas vocais, ou até mesmo reabsorção completa da lesão como no caso apresentado.




1. Pinho SMR, Tsuji DH, Bohadana SC. Fundamentos em laringologia e voz. Rio de Janeiro. Revinter; 2006.
2. Behlau M. Voz: o livro do especialista. Volume I. 3 ed. Rio de Janeiro. Revinter; 2013.
3. Vasconcelos D, Gomes AOC, Araújo CMT. Efetividade da fonoterapia no tratamento do pólipo em pregas vocais. Rev. CEFAC; 2015.
4. Vasconcelos D, Gomes AOC, Araújo CMT. Vocal Fold Polyps: Literature Review. Int. Arch. Otorhinolaryngol. São Paulo; 2019.
5. Cecatto SB, Costa KS, Garcia R, Haddad L, Angélico Junior FV, Rapoport PB. Pólipos de pregas vocais: aspectos clínicos e cirúrgicos. V.68, n.4. Rev Bras Otorrinolaringol; 2002.
6. Hirano M. Morphological structure of the vocal cord as a vibrator and its variations. Folia Phoniatr Logop; 1974.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
2028
TERAPIA FONOLÓGICA ASSOCIADA AO BIOFEEDBACK DE ULTRASSONOGRAFIA DE LÍNGUA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Os Distúrbios dos Sons da Fala (DSF) é um distúrbio da comunicação que, afeta as crianças em seu estágio inicial de desenvolvimento da linguagem, resultando em prejuízo nos diferentes níveis de produção da fala. Dentre os DSF, caso o nível linguístico-fonológico esteja prejudicado, é classificado como desvio fonológico (1). Os desvios fonológicos (DF) são caracterizados por uma dificuldade na organização dos sons da fala, envolvendo o sistema fonológico (2). A literatura (3) tem mostrado eficácia no tratamento de erros dos sons da fala com o uso da ultrassonografia de língua na terapia tradicional. Objetivo: Descrever o tratamento fonológico das fricativas /s/ e /∫/ associado ao biofeedback com a ultrassonografia de língua, verificando a eficácia pré e pós terapia. Método: Trata-se de um relato de caso, de caráter longitudinal, realizado em uma criança brasileira, 8 anos de idade, com diagnóstico de desvio fonológico (DF). Este estudo explorou um programa de tratamento intensivo para crianças com distúrbios dos sons da fala (DSF), aliando a terapia de abordagem tradicional ao uso do biofeedback por meio de um aparato instrumental, a ultrassonografia de língua (3). A terapia consistiu em promover a produção e a percepção dos fonemas. As sessões de tratamento incluíram feedback visual por ultrassom da língua (20 minutos) associado à abordagem tradicional (40 minutos) durante oito sessões. As análises pré e pós-terapia foram registradas por aparelho de ultrassom portátil e os segmentos alvo foram fricativas /s/ e /ʃ/ na vogal de contexto (/a/, /i/ e /u/) dentro das palavras-alvo. Inicialmente, os juízes especialistas transcreveram cada uma das produções e classificaram como corretos ou incorretos. Resultados: Após 8 sessões de terapia, foi observada uma mudança no padrão do gesto de língua, assemelhando-se ao padrão descrito para o desenvolvimento típico. Na reavaliação indicou generalização para outros sons e retenção dos sons trabalhados em terapia. Ao comparar a avaliação pré e pós terapia, foi possível identificar melhora quanto ao Percentual de Consoantes Corretas Revisado (PCC-R), de 54,44% para 56,66%, e retenção de 72,83%. Conclusão: O método mostrou-se eficaz no tratamento de P., diagnosticado com desvio fonológico anteriormente ao início da terapia, onde apresentou anteriorização de língua no interior da cavidade oral. O tratamento evidenciou generalização e retenção. Palavras-chave: Distúrbio da fala. Medida de produção de fala. Transtorno da articulação. Ultrassom.

1. Keske-Soares Marcia, Uberti Letícia Bitencourt, Gubiani Marieli Barichello, Gubiani Marileda Barichello, Ceron Marizete Ilha, Pagliarin Karina Carlesso. Desempenho de crianças com distúrbios dos sons da fala no instrumento "Avaliação dinâmica das habilidades motoras da fala". CoDAS [Internet]. 2018 [cited 2020 July 13] ; 30( 2 ): e20170037. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822018000200309&lng=en. Epub May 17, 2018. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182017037;

2. Melo Roberta Michelon, Dias Roberta Freitas, Mota Helena Bolli, Mezzomo Carolina Lisbôa. Imagens de ultrasonografia de língua pré e pós terapia de fala. Rev. CEFAC [Internet]. 2016 Feb [cited 2020 July 13] ; 18( 1 ): 286-297. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000100286&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201618114515;

3. Preston JL, Leece MC, Maas E. Intensive Treatment with Ultrasound Visual Feedback for Speech Sound Errors in Childhood Apraxia. Front Hum Neurosci. 2016;10:440. Published 2016 Aug 30. doi:10.3389/fnhum.2016.00440.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
655
TERAPIA INTENSIVA DE FALA EM PACIENTE COM FISSURA LABIOPALATINA: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
72115510


Título: TERAPIA INTENSIVA DE FALA EM PACIENTE COM FISSURA LABIOPALATINA: RELATO DE CASO

Autores: Fernanda Keller Abrantes Vieira, Ingrid Correia Mendes dos Santos, Ana Cristina Coelho, Melissa Picinato-Pirola.

Introdução: A fala de indivíduos com fissura labiopalatina é afetada principalmente devido à disfunção velofaríngea (DVF). A DVF pode ocorrer por insuficiência velofaríngea, incompetência velofaríngea ou erro de aprendizagem¹. As alterações de fala podem ser identificadas como distúrbios obrigatórios ou passivos e distúrbios compensatórios ou ativos, alterando a inteligibilidade de fala e o convívio social². O programa de terapia intensiva para a reabilitação da fala é uma alternativa para acelerar o processo terapêutico de indivíduos com fissura labiopalatina³.

Objetivo: Descrever e apresentar os resultados de um programa de fonoterapia intensiva de uma criança com fissura transforame incisivo operada e insuficiência velofaríngea em uso de prótese de palato obturadora.

Método: O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE- 03333118.4.0000.8093, sob o parecer de número 3.067.282. Como critérios de inclusão para participação no estudo, era necessário que a paciente tivesse nascido com fissura pós-forame incisivo ou fissura transforame incisivo, tivesse disponibilidade para comparecer em todos os atendimentos, apresentasse distúrbios obrigatórios e/ou compensatórios e utilizasse prótese de palato obturadora. Foi realizada a descrição de um caso clínico em atendimento no período de janeiro a fevereiro de 2019, em 60 sessões de terapia individual, com duração de 30 a 45 minutos. A sequência do treinamento intensivo dependeu da evolução da paciente, contudo, inicialmente foram trabalhados os fonemas orais alterados levando em consideração a hierarquia de fala. Antes e após o programa terapêutico, foram realizadas anamnese, avaliação da fala e avaliação da função velofaríngea por meio de nasofibroscopia. O progresso da terapia também esteve vinculado aos exercícios realizados em casa, com o auxílio dos responsáveis que foram orientados quanto à execução dos treinos. Foram passados 2 treinos por dia, de segunda-feira a sexta-feira, 4 treinos aos sábados e 4 aos domingos, todos com duração de 15 minutos.

Resultados: Houve adequação da ressonância e inteligibilidade, diminuição de distúrbios obrigatórios, a hipernasalidade diminuiu a ocorrência em 9 vocábulos para 3, a emissão de ar nasal antes presente em 12 fonemas, tornou-se ausente, a fraca pressão intraoral percebida em 6 fonemas evoluiu para 2, a ocorrência da articulação compensatória fricativa velar, que era presente em 6 fonemas, passou a ser em 1 fonema assistematicamente e houve sistematização do fechamento velofaríngeo.

Conclusão: A terapia intensiva proporcionou evolução do caso, sendo fundamental a continuidade em terapia convencional para automatização.

1. Melo DP, Ramalho MSSC, Perillo VCA, Rodrigues LCB. Intensive speech therapy and cleft palate: case report. Rev. CEFAC. 2013; 15(4):1019-102.
2. Marino VCC, Dutka JCR, Pegoraro-Krook MI, Lima-Gregio AM. Compensatory articulation associated to cleft palate or velopharyngeal dysfunction: literature review. Rev. CEFAC. 2011; 14(3):528-43.
3. Lima MRF, Leal FB, Araújo SVS, Matos EF, Di Ninno CQMS, Britto ATBO. Intensive speech therapy in patients operated for cleft lip and palate: case report. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007; 12(3):240-6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
866
TERAPIA MIOFUNCIONAL NO TRATAMENTO DE APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO: REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Um dos distúrbios mais frequentes que possuem impacto no sono é a apneia obstrutiva do sono (AOS), que afeta de 1% a 6% da população adulta, constituindo um problema de saúde pública1-4. A terapia miofuncional apresenta-se como possibilidade de intervenção desta patologia5-6; porém, as evidências sobre sua eficácia ainda são escassas.

Objetivo: Verificar a efetividade da Terapia Miofuncional Orofacial (TMF) no tratamento de pacientes adultos acometidos pela AOS.

Método: Revisão sistemática conduzida de acordo com as instruções da Colaboração Cochrane e reportada conforme o Guideline PRISMA. Registro do protocolo do estudo realizado no PROSPERO, sob número CRD42020159132. Incluídos apenas estudos de intervenção, sem restrição de idioma ou data de publicação. População composta por adultos de ambos os sexos. A TMF foi a intervenção considerada, e o desfecho principal foi o índice de apneia e hipopneia (IAH), avaliado por meio de medidas objetivas (polissonografia). As buscas foram realizadas nas principais bases de dados eletrônicas, incluindo estudos indexados até dezembro de 2019. A estratégia de busca foi construída utilizando palavras-chaves do MeSH, DeCS e EMTREE relacionadas à população, intervenção e desfechos. Para aumentar a sensibilidade da busca, entretermos e sinônimos foram incorporados na estratégia, adaptada às exigências de cada base de dados. O risco de viés foi registrado por estudo, utilizando o “The Cochrane Collaboration’s tool for assessing risk of bias”, específico para estudos de intervenção. Todas etapas foram desenvolvidas por dois examinadores independentes, e as análises utilizaram o software estatístico R (versão 3.4.2).

Resultados: Foram encontrados 508 registros nas fontes pesquisadas. Após exclusão de 296 duplicatas, foram analisados títulos e resumos de 216 registros. Desses, 42 foram selecionados para leitura completa, sendo 32 excluídos por não apresentarem o desfecho estudado e 1 por apresentar os mesmos dados de um artigo já incluído. No final, 9 artigos foram incluídos. Destes, 6 estudos utilizaram exclusivamente TMF (um utilizou exercícios miofuncionais orofaciais com lip trainer patakara – dispositivo para realização da terapia miofuncional). Dos outros 3 artigos, 1 utilizou estimulação elétrica associada a exercícios orofaciais, 1 utilizou atividade física associada a exercícios orofaciais, e 1 associou à terapia miofuncional o uso do CPAP. Foi realizada metanálise com modelo de efeito randômico sobre o efeito da TMF (comparação pós-pré terapia) através das médias IAH, que incluíram os 9 artigos do estudo, demonstrando efeito positivo MD de -9,50 [IC95% ±-13,91 a -5,08] e heterogeneidade de 84%. Realizada metanálise com modelo de efeito randômico sobre o efeito da TMF em comparação com o grupo controle, através das médias do IAH, que incluíram 5 artigos do estudo, demonstrando efeito positivo da TMF comparado ao controle através da variável, MD de -9,25 [IC95% ±-17,15 a -1,36] e heterogeneidade de 85%. Na análise de subgrupos, não foi verificado efeito na TMF quando comparado ao controle no grupo TMF+CPAP, MD de 0,30 [IC95% ±-2,25 a 2,85].

Conclusão: Apesar da heterogeneidade dos estudos, a TMF demonstrou efetividade na comparação pré e pós terapia e na comparação com grupo placebo.

1- Torres-Castro R, Vilaró J, Martí JD, Garmendia O, Gimeno-Santos E, Romano-Andrioni B, Embid C, Montserrat JM. Effects of a Combined Community Exercise Program in Obstructive Sleep Apnea Syndrome: A Randomized Clinical Trial. J Clin Med. 2019 Mar 14;8(3):361. doi: 10.3390/jcm8030361. PMID: 30875753; PMCID: PMC6463021.

2- Senaratna CV, Perret JL, Lodge CJ, Lowe AJ, Campbell BE, Matheson MC, Hamilton GS, Dharmage SC. Prevalence of obstructive sleep apnea in the general population: A systematic review. Sleep Med Rev. 2017 Aug;34:70-81. doi: 10.1016/j.smrv.2016.07.002. Epub 2016 Jul 18. PMID: 27568340.

3- Miranda VSG, Buffon G, Vidor DCGM. Orofacial myofunctional profile of patients with sleep disorders: relationship with result of polysomnography. Codas. 2019 May 6;31(3):e20180183. Portuguese, English. doi: 10.1590/2317-1782/20182018183. PMID: 31066751.

4- Park JG, Ramar K, Olson EJ. Updates on definition, consequences, and management of obstructive sleep apnea. Mayo Clin Proc. 2011 Jun;86(6):549-54; quiz 554-5. doi: 10.4065/mcp.2010.0810. PMID: 21628617; PMCID: PMC3104914.

5- Guimarães KC, Drager LF, Genta PR, Marcondes BF, Lorenzi-Filho G. Effects of oropharyngeal exercises on patients with moderate obstructive sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2009 May 15;179(10):962-6. doi: 10.1164/rccm.200806-981OC. Epub 2009 Feb 20. PMID: 19234106.

6- Villa MP, Brasili L, Ferretti A, Vitelli O, Rabasco J, Mazzotta AR, Pietropaoli N, Martella S. Oropharyngeal exercises to reduce symptoms of OSA after AT. Sleep Breath. 2015 Mar;19(1):281-9. doi: 10.1007/s11325-014-1011-z. Epub 2014 May 26. PMID: 24859614.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1209
TERAPIA MIOFUNCIONAL OROFACIAL ASSOCIADA À FOTOBIOMODULAÇÃO NO TRATAMENTO DA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR MUSCULAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A Disfunção Temporomandibular (DTM) é identificada na literatura como sendo a condição mais comum de dor orofacial e limitação dos movimentos mandibulares1, o que impacta diretamente nas funções estomatognáticas. E para o tratamento dessa disfunção, a Terapia Miofuncional Orofacial (TMO) é uma estratégia utilizada na reabilitação fonoterápica desses sujeitos. Existem estudos que têm avaliado os efeitos da fotobiomodulação com irradiação do laser de baixa potência na DTM, apresentando resultados que evidenciam os benefícios da aplicação da técnica, como uma ferramenta importante para auxiliar no tratamento dessa disfunção2-5. OBJETIVO: investigar a influência da laserterapia associada à terapia miofuncional orofacial (TMO) em pacientes com disfunção temporomandibular muscular (DTM). MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa do tipo ensaio-clínico randomizado e cego, com uma amostra de 11 mulheres com DTM muscular, dividida em dois grupos. O Grupo Experimental (GE) composto por 05 voluntárias submetidas à TMO associada à fotobiomodulação, e o Grupo Controle Positivo (GC) composto por 06 mulheres submetidas à TMO associada à fotobimodulação inativa (placebo). A avaliação incluiu a investigação da percepção de dor, com a Escala Visual Analógica (EVA)6, a investigação da sensibilidade à palpação com o protocolo Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD)7, A aplicação da Avaliação Miofuncional Orofacial com escores (AMIOFE)8, e a verificação da qualidade de vida (QV) por meio do protocolo Oral Health Impact Profle – short form (OHIP-14)9. A intervenção foi realizada em 12 sessões: uma avaliação, 10 sessões de fonoterapia associada à fotobiomodulação, e uma reavaliação. As voluntárias foram submetidas à irradiação com laser de baixa potência de Arsenieto de Gálio-Alumínio (AsGaAl), nos casos do GE, utilizando o equipamento Laser Pulse Diamond Line fabricado pela IBRAMED, com comprimento de onda 830 nm, fornecendo uma dose de 3J com fluência de 48J/cm2 na região da ATM. Iniciamos a pesquisa com a dose baixa por pretendermos compreender como se comportam as diferentes medidas nesses casos clínicos10, e principalmente por objetivarmos na intervenção fonoaudiológica, irmos além da analgesia, e atingirmos nossos propósitos terapêuticos de melhoria nos movimentos mandibulares para favorecermos as funções estomatognáticas. RESULTADOS: Obtivemos no GE um resultado significativo nas medidas dos movimentos de abertura e de protrusão mandibular, e evidenciou melhora significante nos sete aspectos de avaliação da QV. CONCLUSÃO: A fotobiomodulação contribuiu com ganhos importantes, quando associada à TMO, com melhora significativa nos quadros dolorosos, nos movimentos mandibulares e na percepção da QV das voluntárias.

1. FIGUEIREDO, V.M.G; et al. Prevalência de sinais, sintomas e fatores associados em portadores de disfunção temporomandibular. Acta Scientiarum. Health Science, V. 31, Nº 2, P. 159-163. 2009.

2. XU, G. Z, et al. Low-Level Laser Therapy for Temporomandibular Disorders: A Systematic Review with Meta-Analysis. Pain Research and Management, p. 1-13, 2018.

3. COSTA, S. A. P.; et al. The analgesic effect of photobiomodulation therapy (830 nm) on the masticatory muscles: a randomized, double-blind study. Original Research Stomatology, V. 31, nº107, P 1-10, 2017.

4. BORGES, R. M. M.; et al. Effects of different photobiomodulation dosimetries on temporomandibular dysfunction: a randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial. Lasers in Medical Science. 2018.

5. BATISTA, S. L. et al. Amplitude Oral e Dor Orofacial em Pacientes com Disfunção Temporomandibular Submetidos a Laserterapia e a Terapia Miofuncional Orofacial. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. Suplemento, 85-94, 2019.

6. MATIAS, A.G.C; et al. Modulação da dor em portadores de disfunções temporomandibular pela ação do laser – ASGAAL. Interscientia, João Pessoa, V. 2, Nº 2, P. 25-37. Maio/agosto 2014.

7. DWORKIN S.F, LERESCHE L. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: review, criteria, examinations and specifications, critique. J Craniomandib Disord 6:301–355. 1992.
8. FELÍCIO C.M, et al. Validity of the ‘protocol of oro-facial myofunctional evaluation with scores’ for young and adult subjects. J Oral Rehabil.39(10):744-53. 2012.

9. OLIVEIRA B.H; NADANOVSKY P. Psycometric properties of the Brazilian version of the Oral Health Profle – short form. Community Dent Oral Epidemiol.;33:307-14. 2005.

10. E. Sancakli, B. Gokcen-Rohlig, A. Balik, D. Ongul, S. Kipirdi, and H. Keskin, “Early results of low-level laser application for masticatory muscle pain: a double-blind randomized clinical study,” BMC Oral Health, vol. 15, no. 1, p. 131, 2015.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1777
TERMOGRAFIA NA AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR DA MUSCULATURA DE CABEÇA E PESCOÇO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: A termografia infravermelha é um instrumento capaz de identificar imagens das ondas infravermelhas emitidas pelo corpo humano e permite a visualização de mudanças de temperatura corporal relacionadas às alterações do fluxo sanguíneo (1,2). Na avaliação complementar da musculatura da região de cabeça e pescoço a termografia pode ser um instrumento auxiliar para compreender a associação entre a condição da musculatura e a cronicidade de patologias que provocam aumento de tensão muscular e sintomas dolorosos (3–6). Entretanto, a literatura aponta estudos com avaliação de patologias específicas e grupos musculares restritos e há a necessidade de investigar o uso deste recurso para avaliação complementar da musculatura cabeça e pescoço disponível na literatura.
Objetivo: Investigar na literatura qual o estado da arte sobre o uso da termografia na avaliação complementar da musculatura cabeça e pescoço.
Métodos: Foram pesquisadas as publicações indexadas nas bases de dados Medline, LILACS, PubMed, Web of Science e Scielo, de janeiro à abril de 2020 em inglês e português. Foram incluídos artigos do tipo ensaio clínico, estudos transversais, estudos descritivos e analíticos abordando o uso da termografia infravermelha na avaliação da temperatura superficial relacionada à musculatura de cabeça e pescoço em seres humanos, sem limites de idade, sexo ou raça. Foram excluídos artigos de revisão, estudos com animais, estudos de caso, editoriais, opiniões e anais de publicações científicas, eventos e teses. Foram excluídos artigos que não abordam a termografia infravermelha como ferramenta de avaliação; artigos em que a avaliação térmica não estava relacionada à musculatura de cabeça e pescoço; e pesquisas sobre acurácia metodológica da termografia. Após a busca nas bases de dados foram encontrados 2.969 artigos e após os critérios de inclusão e exclusão 27 artigos foram analisados na íntegra.
Resultados: Os artigos encontrados avaliaram as condições fisiológicas da musculatura em indivíduos normais e com patologias relacionadas à tensão da musculatura com a finalidade de diagnóstico ou acompanhamento terapêutico. As regiões avaliadas foram os músculos masseter, temporal, digástrico, região cervical anterior, orbicular da boca, frontal, bucinador, supra-hioideos, trapézio, esternocleidomastoideo e levantador da escápula. Os estudos referem assimetrias térmicas ou variação térmica relacionadas as patologias e ao estado de tensão muscular, porém os achados não são consensuais.
Conclusão: A termografia tem sido utilizada na avaliação complementar da musculatura de cabeça e pescoço, entretanto os trabalhos são restritos a poucos grupos musculares, apresentam grande variação metodológica e têm resultados divergentes.

1. Côrte ACR e, Hernandez AJ. Termografia médica infravermelha aplicada à medicina do esporte. Rev Bras Med do Esporte. 2016;22(4):315–9.
2. Shterenshis M. Challenges to Global Implementation of Infrared Thermography Technology: Current Perspective. Cent Asian J Glob Heal. 2017;6(1).
3. Dibai-filho AV, Packer AC, Costa DS, Rodrigues-bigaton D, Cla A. The chronicity of myogenous temporomandibular disorder changes the skin temperature over the anterior temporalis muscle. J Bodyw Mov Ther. 2014;18:430–4.
4. Girasol CE, Dibai-filho AV, Oliveira AK De, Roberto R, Guirro DJ. Correlation Between Skin Temperature Over Myofascial Trigger Points in the Upper Trapezius Muscle and Range of Motion, Electromyographic Activity, and Pain in Chronic Neck Pain Patients. J Manipulative Physiol Ther [Internet]. 2018;41(4):350–7. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jmpt.2017.10.009
5. Haddad DS. Estudo da distribuição térmica da superfície cutânea facial por meio de termografia infravermelha: termoanatomia da face. 2014.
6. Haddad DS, Brioschi ML, Arita ES. Thermographic and clinical correlation of myofascial trigger points in the masticatory muscles. Dentomaxillofac Radiol. 2012;41(11):621–9.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
293
TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE: A IMPORTÂNCIA DE CONHECER O 'ESPAÇO' DO OUTRO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução
O conhecimento acerca do território tem se tornado cada vez mais uma ferramenta fundamental e imprescindível para a atuação de equipes de saúde, principalmente na atenção básica. O território pode ser compreendido como uma área geográfica delimitada, com características próprias, e que é constantemente influenciado pelas pessoas que nele vivem, ou seja, o território sofre contínuas transformações. Aprender sobre território permite ao profissional conhecer um pouco mais sobre o seu público-alvo, isto é, a população adstrita de cada unidade de saúde. A efetividade de intervenções e de mudanças de comportamento só será devidamente atingida se for levado em consideração tudo o que pode influenciar tanto positiva quanto negativamente na qualidade de vida de um indivíduo. Os agentes comunitários de saúde (ACS) são peças fundamentais para inserir os alunos nas comunidades, de modo a produzir vínculo e demonstrar abordagens participativas no trabalho com a comunidade.

Objetivo
Relatar a experiência de alunos de Fonoaudiologia em uma Unidade de Saúde da Família do interior do estado de São Paulo sobre o processo de territorialização.

Método
Este estudo baseia-se em relato de experiência.

Resultados
Em um dia e horário programados, os alunos do curso de Fonoaudiologia, juntamente com uma ACS, saíram a pé para conhecer todas as microáreas de uma Unidade de Saúde da Família do interior de São Paulo. Todos os estagiários tinham como objetivo analisar minuciosamente o território, caracterizando-o quanto aos fatores de risco e proteção à saúde, como: os tipos de ocupações e suas predominâncias, as condições das ruas e calçadas, a presença/ausência de energia elétrica e de água tratada, a presença de lixos e de entulhos, de animais de rua, de carros e casas abandonadas, dentre outros. Ao final dessa atividade, os estudantes compilaram todas as informações em um único relatório que foi apresentado à equipe, propondo possíveis planos de intervenção a curto, médio e longo prazo.

Conclusão
Os alunos compreenderam a importância de se conhecer as áreas de abrangência de uma unidade de saúde, percebendo que pode haver diferenças significativas dentro de uma mesma microárea, tais como presença de pavimentação, presença de iluminação pública, materiais utilizados para a confecção das casas dos moradores, presença de comércio, dentre outros aspectos. O papel dos ACS foi de extrema importância no que se refere ao conhecimento da delimitação de cada microárea, bem como das casas que eram ocupadas. Além disso, eles explicaram melhor a dinâmica de cada área, destacando mais detalhadamente a faixa etária, o sexo, as doenças e os níveis de escolaridade predominantes.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1633
TESTE AVALIAÇÃO PROMOÇÃO À SAÚDE VOCAL INFANTIL: DESENVOLVIMENTO DE GAME EM REALIDADE VIRTUAL
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1143
TESTE DA LINGUINHA APLICADO EM AMBULATÓRIO NA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA / RS: FERRAMENTA PARA AUXILIAR NA PRÁTICA DO ALEITAMENTO MATERNO.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO
Além de nutrir, a amamentação promove o vínculo entre mãe e filho, auxilia na defesa de infecções, no desenvolvimento cognitivo e na saúde física e psíquica de ambos. A amamentação é um ato biológico e natural, porém não é instintiva, depende de aprendizado e da interação positiva entre os fatores culturais e sociais. Sabendo-se que a amamentação está diretamente relacionada com as funções de sucção, deglutição, respiração e com a participação dos movimentos da língua, a identificação de alterações que possam restringir esta livre movimentação será útil para evitar o desmame precoce.
OBJETIVO
Normatizar e padronizar os procedimentos de assistência ao recém-nascido e as ações de orientação às nutrizes.
Identificar fatores que possam impedir ou diminuir o tempo de aleitamento materno.
Diagnosticar precocemente as alterações de frênulo lingual.
Encaminhar bebês com alteração para a realização da frenotomia.
Esclarecer dúvidas sobre amamentação.
Minimizar ou eliminar possíveis alterações nas funções orofaciais de deglutição, mastigação, respiração e fala.
MÉTODO
A grande demanda dos serviços de Fonoaudiologia é composta por patologias que, muitas vezes, poderiam ser evitadas se medidas preventivas fossem adotadas. Considerando os prejuízos no processo de aleitamento materno, nas funções de sucção, mastigação e fala que as alterações de frênulo lingual podem causar, e da falta de informações adequadas, fez-se necessária a execução deste projeto.
É aplicado o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua com Escores para Bebês – Martinelli 2013, sendo este um momento em que as mães podem tirar suas dúvidas e serem auxiliadas na prática e manejo do aleitamento, além de receberem orientações quanto à pega, posicionamento, manejo em casos de fissuras e dor mamilar e/ou mamária, interferência negativa de bicos e mamadeiras e sobre desenvolvimento infantil. As famílias de bebês maiores recebem informações sobre introdução alimentar saudável e em tempo adequado e manutenção do aleitamento no retorno ao trabalho. Quando há alteração de frênulo lingual com impacto no aleitamento, ou quando interfere na mastigação e/ou demais funções motoras da língua, a frenotomia é realizada pelo cirurgião-dentista da equipe.
RESULTADOS
A realização do Teste da Linguinha iniciou em fevereiro de 2014. Desta data até abril de 2020 (quando foi suspenso momentaneamente devido às restrições do Covid-19), 2784 avaliações foram realizadas, dentre primeira consulta, monitoramento e avaliação após frenotomias. Dos bebês encaminhados, 218 frenotomias foram realizadas neste mesmo período.
CONCLUSÃO
A identificação do problema envolvido na dificuldade da amamentação, com ação imediata já nos primeiros sinais, evita que este se agrave, prejudicando ou colocando em risco a manutenção do aleitamento materno. A atuação prática vem mostrando-se efetiva, minimizando as dificuldades ocorridas no aleitamento materno, bem como estimulando positivamente a manutenção deste. Desta forma, reafirmou-se a importância tanto da aplicação do Teste da Linguinha, da realização da frenotomia quando necessária, bem como das orientações acerca da amamentação no pós-parto.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
991
TESTE DA LINGUINHA PARA DIAGNÓSTICO DA ANQUILOGLOSSIA EM AÇÃO SOCIAL
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)
50711525


INTRODUÇÃO: O Brasil apresenta a lei nº 13.002, que viabiliza a obrigatoriedade do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês. Tal iniciativa foi desenvolvida durante o mestrado da Fonoaudióloga Roberta Lopes de Castro Martinelli e é conhecida como Teste da Linguinha. Sendo realizado na triagem neonatal, onde identifica se o recém-nascido, possui a função de diagnosticar a Anquiloglossia e a gravidade em que se encontra, além de ser possível dizer se há ou não necessidade de uma intervenção cirúrgica, bem como orientar à família sobre a amamentação e o encaminhamento adequado do bebê. A Anquiloglossia atua como um fator prejudicial na amamentação de bebês, pois devido a limitação dos movimentos linguais pelo frênulo pode induzir a um selamento deficiente da boca do bebê junto ao seio da mãe e a uma transferência inadequada do leite materno.1,2 OBJETIVOS: Descrever um relato de experiência sobre ação de aplicação do Teste da Linguinha em ações sociais de saúde bucal. MÉTODO: O presente relato foi baseado em uma intervenção em uma comunidade carente no diagnóstico da Anquiloglossia através do Teste da Linguinha. RELATO DE EXPERIÊNCIA: A ação foi desenvolvida em uma comunidade carente e contou com dois Cirurgiões-Dentistas e onze graduandos de Odontologia. O diagnóstico foi realizado através do histórico clínico do paciente, além da avaliação anatomofuncional e da avaliação da sucção nutritiva e não nutritiva, podendo encaminhar ou não o bebê para a Frenotomia (pequena cirurgia para corte do frênulo). O Protocolo da Linguinha foi realizado em cerca de vinte crianças entre 06 meses e 2 anos, as quais treze eram meninas e sete meninos. Dentre tais, nove crianças apresentaram a Anquiloglossia. Nesse ínterim, cinco delas eram meninos e quatro meninas. Levando em consideração esse fator, foi passado orientações aos pais dessas crianças e as que foram diagnosticadas com Anquiloglossia foram encaminhadas para um serviço de atendimento especializado para realização da Frenotomia. CONCLUSÃO: A aplicação desse protocolo nos atendimentos em ações sociais de saúde bucal pode desafogar os serviços de referência e obter diagnósticos mais rápidos, pois os pacientes não precisam se deslocar por grandes distâncias. Ações sociais realizadas por instituições de ensino superior em saúde, além de levar vários benefícios para comunidades carentes aproxima os estudantes da pratica clínica e da realidade do SUS, ampliando sua visão sobre o atendimento humanizado. 3,4

1 Martinelli RLC et al. Validade e confiabilidade da triagem: “teste da linguinha”. Revista CEFAC. 2016;18(6):1323-1331.
2 Martinelli RLC et al. et al. Protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês. Rev. CEFAC. v.14, n.1, p.138-145, 2012.
3 Martinelli RLC, et al., editors. Validação do protocolo de avaliação do frênulo lingual para bebês: “Teste da Linguinha”. XXII Congresso Brasileiro E IX Congresso Internacional de Fonoaudiologia; 2015; Salvador. São Paulo/Brasil: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; 2015.
4 Medeiros H, Leite C, Neto P, Martinelli R, Cavalcanti R. Sistema de apoio à decisão na realização e acompanhamento do teste da linguinha. RBCA [Internet]. 30abr.2016 [citado 10jul.2020];8(1):104-13.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1533
TESTE ENVIO INSCRITO
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


RESUMO (mínimo de 350 e máximo de 500 palavras)RESUMO (mínimo de 350 e máximo de 500 palavras)RESUMO (mínimo de 350 e máximo de 500 palavras)RESUMO (mínimo de 350 e máximo de 500 palavras)RESUMO (mínimo de 350 e máximo de 500 palavras)RESUMO (mínimo de 350 e máximo de 500 palavras)
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REFERÊNCIAS (mínimo 3 e no máximo 10 referências para Trabalho científico e Tese)REFERÊNCIAS (mínimo 3 e no máximo 10 referências para Trabalho científico e Tese)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
882
TESTES ELETROFISIOLÓGICOS COMPLEMENTARES AO DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)



Introdução: O Processamento Auditivo Central (PAC) é inerente ao desenvolvimento da linguagem e aos processos de comunicação, dependendo de atividades geradas no Sistema Nervoso Auditivo Central (SNAC). O processamento do som envolve desde a sua detecção até a análise e interpretação do mesmo e refere-se aos processos que envolvem as estruturas do sistema nervoso central, vias auditivas e córtex. O Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) é definido como uma inabilidade ou impedimento da habilidade de entender, discriminar, reconhecer ou compreender as informações apresentadas auditivamente, mesmo em indivíduos com acuidade auditiva e inteligência normais. A avaliação do SNAC pode ser realizada através dos testes comportamentais para avaliar as habilidades auditivas e através dos exames eletrofisiológicos, a fim de avaliar a resposta do sistema auditivo, via medidas elétricas para monitoramento das mudanças funcionais do SNAC e avaliação da plasticidade do sistema auditivo. Os exames eletrofisiológicos podem ser utilizados nos casos em que não é possível se obter respostas com os testes comportamentais. Objetivo: Realizar uma revisão integrativa de literatura sobre a realização de exames eletrofisiológicos como complementares ao diagnóstico do TPAC, verificando-se a eficácia dos exames, aqueles de maior uso e quais alterações encontradas. Métodos: O presente estudo consiste em uma pesquisa integrativa de literatura, de caráter quanti-qualitativo, analítico e descritivo em que foram selecionados e analisados artigos científicos originais, publicados na íntegra, entre os anos de 2010 e 2019, que estudaram e avaliaram a utilização dos exames eletrofisiológicos como exames complementares para o diagnóstico de alterações encontradas no SNAC. Para a pesquisa dos artigos foram utilizados os descritores em português, encontrados por meio de pesquisa dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCs): Eletrofisiologia, Processamento, Testes Auditivos, Transtornos da Audição e Percepção Auditiva, além dos descritores em inglês: Eletrophysiology, Processing, Hearing Tests, Hearing Disorders e Auditory Perception. Após a aplicação de teste de relevância, abordando critérios de inclusão e obedecendo-se ao fluxograma de leitura dos resumos dos estudos pré-selecionados e finalmente a leitura dos artigos na íntegra, nove artigos foram selecionados para compor a amostra final deste estudo. Resultados: Observou-se que o Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência (PEALL) foi apontado como o principal e mais utilizado exame para o diagnóstico complementar das alterações do TPAC. Também foi observado que os exames eletrofisiológicos trazem informações complementares para o diagnóstico diferencial das alterações do SNAC por fazerem a análise das atividades corticais e demonstrarem o local de alteração, podendo ser ela no tálamo, córtex e hemisférios cerebrais, além de serem exames mais sensíveis e específicos. As alterações funcionais mais encontradas foram das atividades corticais relacionadas às habilidades de atenção, cognição, memória e discriminação auditiva. Conclusão: A avaliação do SNAC através dos exames eletrofisiológicos se mostrou eficaz e precisa no diagnóstico complementar do TPAC em casos onde não se tem os resultados esperados através dos exames comportamentais.
Palavras-chave: Eletrofisiologia; processamento; transtornos da audição; testes auditivos; percepção auditiva.

1. Pereira LD. Avaliação do Processamento Auditivo Central. In: Campiotto AR, Levy CCAC, Redondo MC, et al .Novo Tratado de Fonoaudiologia. 3. ed. São Paulo: Manole Ltda, 2013.
2. Pereira LD. Introdução ao Processamento Auditivo Central. In: Belvilacqua MC, Martinez MAN, Balen SA, et al .Tratado de Audiologia. 1.ed. São Paulo: Livraria Santos Editora Ltda, 2011.
3. Schochat E, Musiek FE, Alonso R, Agota J. Effect of Auditory Training on the Middle Latency Response in Children With (Central) Auditory Processing Disorder. Rev. Brazilian Journal of Medical and Biological Research. [Internet]. 2010 [Acesso em 2020 fev 21]; 43 777-785. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bjmbr/v43n8/7803.pdf
4. Munhoz MSL, Silva MLG, Caovilla HH, et al. Neuroanatomofisiologia da Audição. In: Munhoz MSL, Caovilla HH, Silva MLG, GONANÇA MM. Audiologia Clínica. 2. ed. São Paulo: Atheneu; 2000.
5. Matas CG, Magliaro FCL. Introdução aos Potenciais Evocados Auditivos e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico. In: Bevilacqua MC, Martinez MAN, Balen AS, et al. Tratado de Audiologia. 1.ed. São Paulo: Santos Editora; 2011.
6. Frizzo ACF. Aplicabilidade das Medidas Eletrofisiológicas para o Diagnóstico Fonoaudiológico. In: Giacheti CM, Paschoal SRG. Perspectivas Multidisciplinares em Fonoaudiologia: da Avaliação à Intervenção. 1. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica; 2013.
7. Reis ANMB, Frizzo ANF. Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência. In: Bevilacqua MC, Martinez MAN, Balen AS, et al. Tratado de Audiologia. 1.ed. São Paulo: Santos Editora; 2011.
8. Mendonça EBS, Muniz LF, Leal MDC, Diniz ADS. Aplicabilidade do Teste Padrão de Frequência e P300 Para Avaliação do Processamento Auditivo. [Internet] 2013 [Acesso em 2020 mar 27]. Rev. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology: 79(4), 512-521. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/bjorl/v79n4/v79n4a20.pdf
9. Santos TSD, Mancini PC, Sancio LP, Castro AR, Labanca L, Resende LMD. Achados da Avaliação Comportamental e Eletrofisiológica do Processamento Auditivo. [Internet] 2015. [Acesso em 2020 mar 27] Rev. Audiology-Communication Research: 20(3), 225-232. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/acr/v20n3/2317-6431-acr-20-3-0225.pdf
10. Rabelo CM, Schochat E. Sensitivity and Specifity of Auditory Steady-State Response Testing. [Internet] 2011. [Acesso em 2020 27 mar] Rev. Clinics: 66(1), 87-93. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/clin/v66n1/v66n1a16.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
536
TETRALOGIA DE FALLOT: UM DESAFIO NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA
Práticas fonoaudiológicas
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: No Brasil, nascem cerca de 29,8 mil cardiopatas a cada ano. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a incidência de cardiopatia congênita varia de 0,8% em países desenvolvidos e 1,2% nos países pobres. A Tetralogia de Fallot é a cardiopatia Congênita cianótica mais comum 1,2, compreendida por quatro anomalias cardíacas que ocorrem juntas. Esses defeitos afetam a correta circulação, deixando o sangue pobre de oxigênio em direção ao corpo 3. As crianças portadoras dessa cardiopatia congênita apresentam além de hipóxia, dificuldades alimentares e problemas de sucção 4,5. Essas dificuldades ocorrem devido diferentes sinais e sintomas decorrentes do baixo débito cardíaco e da função miocárdica alterada serem exacerbados no momento da alimentação 5,6. Os parâmetros cardiorrespiratórios se apresentam como dados importantes de avaliação do sistema cardiovascular em lactentes. Dados de frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR) e oximetria de pulso, medidas pela saturação periférica de oxigênio (SpO2), podem ser observados durante a deglutição, permitindo uma avalição mais mensurável e menos subjetiva 7. OBJETIVO: Descrever a vivência da abordagem fonoaudiológica na Tetralogia de Fallot. MÉTODO: A experiência deste estudo ocorreu no mês de junho de 2020, em um hospital público, na cidade de Salvador-BA. O paciente possuía um mês de vida, prematuro extremo, diagnóstico médico de Tetralogia de Fallot e Broncodisplasia, em uso de dieta enteral exclusiva. Durante avaliação, observou-se reflexo de busca presente, sucções com grupos curtos, pausas prolongadas, pressão intraoral fraca, deglutições sistemáticas para saliva, com ausculta cervical (AC) ruidosa basal devido estridor laríngeo, aumento de trabalho respiratório sem repercussão na SpO2, porém com parâmetros de FR e FC elevadas, impedindo seguimento com volume. Após medicação para ajuste da cardiopatia, com parâmetros clínicos toleráveis acordado entre equipe e cardiologista pediátrico (FR: 75 irpm, FC até 180 bpm, e SpO2 até 80%), notou-se parâmetros ainda elevados, porém esperados para a cardiopatia e tolerados pela equipe médica. Dado seguimento da fonoterapia, os atendimentos ocorreram sempre utilizando oxímetro de pulso portátil, marca Alfa Med, e realizando aferição da FR antes e durante a alimentação. Devido genitora sem produção láctea e optar por não aleitar, utilizou-se mamadeira bico comum para introdução da via oral. RESULTADOS: Inicialmente, durante treino de via oral, paciente apresentava resíduo intraoral sem escape extraoral, extração láctea satisfatória, necessidade de controle do fluxo e ritmo durante oferta, AC ruidosa com estridor basal sem piora durante ingesta, e, em dois momentos, incoordenou Sucção/Deglutição/Respiração, mas sem sinais de penetração ou aspiração laringotraqueal. Evoluiu com bom desempenho ao longo da fonoterapia, sendo estabelecida a via oral plena, mas ainda demandando controle de ritmo durante oferta. O tempo de intervenção fonoaudiológica foi de 20 dias, considerando-se neste, os dias em que paciente não foi atendido devido logística do serviço e/ou ausência de critérios clínicos. CONCLUSÃO: A atuação fonoaudiológica na Tetralogia de Fallot demandou sobretudo trabalho em equipe na definição de parâmetros toleráveis a fim de nortear os limites possíveis durante a ingesta oral, para maior segurança e eficácia dos resultados.

1 – BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Portaria nº 1.727, de 11 de julho de 2017, Plano nacional de Assistência à criança com Cardiopatia Congênita. DOU, Brasília, 12/07/2017, ed.132, seção:1, p.47;
2 – RIBEIRO,C, SOUZA, G.O, MATOS, J.P, SILVA, L.A, VASCONCELOS, C.R, FERREIRA,W.F.S, OLIVEIRA, E.M, Tetralogia de Fallot intitulada de síndrome do bebê azul: uma revisão de literatura. Disciplinarum Scientia, Ciência da Saúde, v:20, n.1, p.37-52,2019;
3- BELO, W.A, OSELAME, G.B, NEVES, E.B. Perfil clínico hospitalar da criança com cardiopatia congênita, Cadernos Saúde Coletiva, v.24, n.2, p.216-220,2016.
4- MITCHELL M., LOGAN, R.W, POLLOCK, J.C.S, JAMIESON, M.P.G, Nutritional status of children with congenital heart diasease, BrHeart J. v:73, 277-83, 1995;
5 – MONTEIRO, F.P.M, RAMOS,M.B.L, PONTES,T.O, HOLANDA, G.F, MORAIS, H.C.C, ARAÚJO, T.L, Caracterização alimentar de crianças com cardiopatia congênita. Ciência e Enfermeria, XVIII (1), p. 77-88, 2012;
6- KOBINGER, M.E.B, Avaliação do sopro cardíaco na infância. J. Pediatr. 79(supl) S87-S96, 2003.
7 – MIRANDA, V.S.G, SOUZA, P.C, ELGES, C.L, BARBOSA,L.R, Parâmetros cardiorrespiratórios em bebês cardiopatas: variações durante a alimentação. Codas, Porto Alegre-RS, 2018;


TRABALHOS CIENTÍFICOS
140
THE IMPACT OF LANGUAGES AND CULTURAL BACKGROUNDS ON VOICE QUALITY ANALYSES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introduction: The perceptual judgement and acoustic measurements of voice quality analysis are highly considered in voice evaluation. The acoustic analysis can be performed with multiparametric indexes, such as the Acoustic Voice Quality Index (AVQI)(1) and the Acoustic Breathiness Index (ABI)(2). Since these indexes consider the continuous speech in their analysis, difference between languages might occur(3); thus, they have been validated in many languages(3-7). Objective: To verify the influence that different cultural background has on the perception of the voice quality and its effect on the concurrent validity and diagnostic accuracy of AVQI and ABI. Method: A multi-cultural dataset with 150 Brazilian Portuguese and 218 German voice sample sets were analyzed by Brazilian and European judges. The dataset contained concatenated voice samples of continuous speech (automatic speech for the Brazilian Portuguese; reading passage for German) and sustained phonation. The raters judged the vocal quality according to the overall voice quality and breathiness considering da G (overall voice quality) and B (breathiness) from the GRBAS scale(8). The intra and inter-rater reliability were tested. Also, the concurrent validity and the diagnostic accuracy of the two acoustic indexes were analyzed considering the ratings of the Brazilian and European judges for each dataset. Results: Non-native judges decreased in rater-reliability in the evaluation of a foreign dataset. Considering the German dataset, the European raters more frequently assessed the overall voice quality and breathiness as 1 or less. Considering the Brazilian dataset, the Brazilian raters more frequently classified the voice quality degree of deviation as 2.4 or more; the German raters more frequently considered voices from the Brazilian dataset to have degree of vocal deviation (both G and B) between 0.6 and 1. Hence, Brazilian raters seemed to judge German voices as more severe and German raters seemed to judge Brazilian voices as less severe when compared to the native rater. The concurrent validity of the AVQI and the ABI for the German dataset was high, regardless of the judgment group(9). The diagnostic accuracy was higher when considering the perceptual judgment of native speakers. The concurrent validity of the AVQI and the ABI for the Brazilian dataset was high for the Brazilian judgment group. The ABI concurrent validity for the European group was weaker. Higher diagnostic accuracy was observed for the AVQI when judged by the Brazilian raters; overall, it was higher considering the perceptual judgment of native speakers, i.e., Brazilian raters. Hence, the AVQI and ABI concurrent validity was high regardless of the group of judges. The diagnostic accuracy was higher considering the perceptual judgement of native listeners. Conclusion: Brazilian raters seem to classify the voice quality as more deviated than European raters. The Brazilian voice sample are measured as less severe, which seems to be a language characteristic. Further studies are needed in order to verify if there was a task issue (automatics speech Vs reading passage); a sample issue (providing better distribution for statistical analyses) or if the AVQI and ABI formula must be adjusted to better evaluate Brazilian Portuguese samples.

[1] Barsties B, Maryn Y. External Validation of the Acoustic Voice Quality Index Version 03.01 With Extended Representativity. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2016 Jul;125(7):571-83. doi: 10.1177/0003489416636131.

[2] Barsties von Latoszek B, Maryn Y, Gerrits E, De Bodt M. The Acoustic Breathiness Index (ABI): A Multivariate Acoustic Model for Breathiness. J Voice. 2017 Jul;31(4):511.e11-511.e27. doi: 10.1016/j.jvoice.2016.11.017.

[3] Englert M, Barsties V Latoszek B, Maryn Y, Behlau M. Validation of the Acoustic Voice Quality Index, Version 03.01, to the Brazilian Portuguese Language. J Voice. 2019b Aug 29. pii: S0892-1997(19)30248-6. doi: 10.1016/j.jvoice.2019.07.024. [Epub ahead of print]

[4] Delgado Hernández JD, Gómez NML, Jiménez A, Izquierdo LM, Barsties von Latoszek B. Validation of the Acoustic Voice Quality Index Version 03.01 and the Acoustic Breathiness Index in the Spanish language. Annals of Otology, Rhinology & Laryngology. 2018;127(5):317-326.

[5] Hosokawa K, Barsties von Latoszek B, Iwahashi T, Iwahashi M, Iwaki S, Kato C, Yoshida M, Sasai H, Miyauchi A, Matsushiro N, Inohara H, Ogawa M, Maryn Y. The Acoustic Voice Quality Index Version 03.01 for the Japanese-speaking Population. J Voice. 2019 Jan;33(1):125.e1-125.e12.10.1016/j.jvoice.2017.10.003

[6] Pommée T, Maryn Y, Finck C, Morsomme D. Validation of the Acoustic Voice Quality Index, Version 03.01, in French. J Voice. 2018(18)30517-4. [Epub ahead of print]10.1016/j.jvoice.2018.12.008

[7] Barsties von Latoszek B, Lehnert B, Janotte B. Validation of the Acoustic Voice Quality Index Version 03.01 and Acoustic Breathiness Index in German. J Voice. 2018bSep(18)30231-5. 10.1016/j.jvoice.2018.07.026

[8] Hirano M. Clinical examination of voice. New York, NY: Springer Verlag;1981

[9] Hinkle D, Wiersma W, Jurs S. Applied Statistics for the Behavioral Sciences (3rd ed.). Boston: Houghton Mifflin; 1994.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1588
TÍTULO ESTRATÉGIAS FONOAUDIOLÓGICAS PARA CONTROLE DA SIALORREIA: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A sialorreia é a perda voluntária da saliva da boca, seja de forma anterior (para o meio externo) seja posterior (para faringe)1. São apontadas como causas a produção excessiva de saliva (sialorreia primária) ou a diminuição da frequência da deglutição (sialorreia secundária)2. Sobre o impacto da sialorreia, as queixas mais frequentes são as sociais e emocionais. Entretanto, pneumonias por aspiração e complicações pulmonares são os principais indicadores de necessidade de tratamento para sialorreia3,4. Os tratamentos mais citados na literatura são: intervenção cirúrgica, toxina botulínica, terapia farmacológica, terapia fonoaudiológica e correção de postura 1,3. Entendendo a importância do controle de sialorreia para qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores, propõe-se realização de pesquisa para responder a questão: Quais são as estratégias fonoaudiológicas para controle de sialorreia em crianças com alteração neurológica? OBJETIVO: Apresentar estratégias de terapia fonoaudiológica descritas na literatura para controle da sialorreia em crianças. MÉTODO: Trata-se de revisão integrativa da literatura, de acordo com a metodologia PICO (participantes, intervenção, controle e desfecho) que buscou evidenciar e discutir as estratégias terapêuticas no controle da sialorreia, a partir de publicações científicas de Fonoaudiologia indexadas na base de dados Pubmed/MEDLINE e Web of Science entre 2015 a 2020. Foram utilizados os booleanos OR e AND com os seguintes termos descritores: Sialorrhea, therapeutics e children e termos correlatos. Os critérios de inclusão foram: idiomas inglês, português ou espanhol nos últimos 5 anos. Foram excluídos os artigos que não abordam a temática RESULTADOS: Foram encontrados um total de 174, sendo 126 na PubMed/MEDLINE e 48 na Web of Science. Destes 34 foram excluídos por estarem duplicados (por meio do gerenciador endnote); 12 por não estarem dentro do período estabelecido; e 117 por não terem relação com o tema. A amostra final foi composta por 11 documentos, sendo: 1 guideline; 02 artigos de revisão de literatura; 01 estudo de caso; 02 observacionais e 05 experimentais ou quase-experimentais. A população variou quanto à patologia de base, sendo descritos casos de alterações neurológicas e paralisia facial. Sobre a intervenção para o controle da sialorreia, os autores concordam que se deve iniciar com técnicas menos invasivas e recorrer às mais invasivas apenas em casos mais graves3. Por esse motivo, a terapia fonoaudiológica é uma das primeiras a ser indicada. Quanto à intervenção fonoaudiológica, são citadas estratégias passivas1,4,7,9,10 (massagens, auxílio do cuidador para vedamento labial, etc.), utilizadas principalmente com crianças que não conseguem obedecer a comandos; e estratégias ativas1,2,4,5,6,7 (sucção com canudo, bico-sorriso, sopro, movimentos mandibulares, mastigação, etc.). Ambas as estratégias são utilizadas com objetivo de promover ajustes sensoriais e aumentar força e mobilidade dos músculos envolvidos na deglutição. São descritos também o uso de recursos tecnológicos na intervenção fonoaudiológica, como a eletromiografia utilizada para feedback nas estratégias ativas1, eletroestimulação8, bangadem10 e dispositivo para vibração da musculatura9. CONCLUSÃO: Na literatura são descritas estratégias fonoaudiológicas passivas e ativas utilizadas com objetivo de auxiliar no controle da sialorreia em crianças. Apesar dos artigos apontarem os benefícios da intervenção fonoaudiológica, são necessários estudos que possam comprovar a eficácia dos mesmos.

1 Scofano-Dias, BL; Fernandes, AR; Maia Filho, HS. Sialorrhea in children with cerebral palsy. J Pediatr (Rio J).2016;92:549---58.

2 Montgomery, J. et al. Managing children with sialorrhoea (drooling): experience from the first 301 children in our saliva control clinic. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology (Amsterdam). 2016; 85:33-39.

3 Gutierrez, GM et al. Effects of treatments for drooling on caries risk in children and adolescents with cerebral palsy. Med Oral Patol Oral Cir Bucal (Valencia). 2019; 24 (2): 204-10.

4 CHALEAT-VALAYER, E et al. Management of drooling in children with cerebral palsy: A French survey. Eur J Paediatr Neurol (London). 2016; 20: 524-531

5 Paine, CC; Snider, JW. When saliva becomes a problem: the challenges and palliative care for patients with sialorrhea. Ann Palliat Med. 2020; 9(3):1333-1339

6 Fairgray, E; Miles, A. Enhancing surgical outcomes: The effects of speech therapy on a school-aged girl with Moebius Syndrome. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology (Amsterdam). 2016; 90: 58-62

7 Inal, Ö et al. Effect of Functional Chewing Training on tongue thrust and drooling in children with cerebral palsy: a randomised controlled trial. Journal of Oral Rehabilitation (Oxford). 2017; 44; 843–849

8 Ramos, MAM et al. Comparación de toxina botulínica tipo A electroestimulación orofaríngea en sialorrea en niños con parálisis cerebral en el - Centro de rehabilitación e inclusion infantil Teletón Estado de México. Revista Mexicana de Neurociencia. 2018; 19(3):60-73

9 Russo, EF et al. Can muscle vibration be the future in the treatment of cerebral palsy-related drooling? A feasibility study. International Journal of Medical Sciences (Blue Haven). 2019; 16(11): 1447-1452.

10 Mikama, DLY; Furia, CLB; Welker, AF. Addition of Kinesio Taping of the orbicularis oris muscles to speech therapy rapidly improves drooling in children with neurological disorders. Developmental Neurorehabilitation (London). 2017; 22(4):1-6


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1641
TÍTULO PROJETO RODA DE CONVERSA: UMA ESTRATÉGIA DE CUIDADO CONTINUADO AO BINÔMIO MÃE/BEBÊ PREMATURO.
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: A prática do aleitamento é fundamental não apenas para saúde física, mas principalmente para o relacionamento afetivo do binômio mãe/bebê1,2. O fortalecimento dessas relações afetivas no momento da amamentação se dá através do contato íntimo, através do choro, da troca de olhares, do toque da mãe e da sua própria fala. Tais fatores, contribuem para o estabelecimento do vínculo afetivo, que muitas vezes é abalado por longas permanências nas Unidades de Terapia Intensiva e desenvolvimento da auto confiança entre mãe/bebê3. A amamentação de bebês prematuros merece uma atenção especial por parte dos profissionais de saúde, pois constitui uma experiência carregada de dificuldades, dúvidas e medo, abrangendo dimensões psicológicas, históricas, culturais e sociais4. Estar atento à todos esses aspectos que envolvem a prematuridade é fundamental, pois uma falha pode levar ao insucesso no processo de amamentação. Diante dessa realidade, foi iniciado o Projeto Roda de Conversa, visando contribuir no processo de adaptação das mães de bebês prematuros durante o processo de internação até o retorno em nível ambulatorial. OBJETIVO: Relatar a prática da Roda de Conversa como contribuição para o processo de adaptação de mães de bebês prematuros durante a internação, com ênfase na amamentação. MÉTODO: O projeto Roda de Conversa surgiu em 2011, em uma maternidade pública da cidade de João Pessoa/PB. Inicialmente, foi estruturada pelo setor de Psicologia, que observou durante a internação dos recém-nascidos uma ansiedade elevada das mães e desejo de alta hospitalar de seus filhos. A Roda de Conversa tornou-se um espaço para que essas mães pudessem compartilhar experiências do cotidiano da internação, caracterizando-se como um espaço de diálogo, reflexão, escuta, orientações e esclarecimentos de dúvidas. Trata-se de uma experiência construída em parceria com a equipe multiprofissional, promovendo humanização no atendimento e favorecendo a relação entre a equipe multidisciplinar, pais, bebês, família e instituição. A Roda de Conversa ocorre uma vez por semana e a fonoaudiologia está inserida nesse processo de conscientização sobre a importância da amamentação para o binômio mãe/bebê. RESULTADOS: Após a inserção do projeto observou-se uma maior aceitação das mães sobre a realidade de seus filhos prematuros, maior conscientização sobre a importância da amamentação e o impacto em seu desenvolvimento motor oral nas funções estomatognáticas de sucção, respiração, deglutição e fala. A Roda de Conversa tem um impacto fundamental na manutenção do aleitamento materno e na saúde materno-infantil, pois utiliza-se de estratégias para enfrentamento de eventuais dificuldades que possam surgir e comprometer o processo de amamentação. CONCLUSÃO: Estudos mostram a necessidade de melhor compreender a visão dessas mães de prematuros em relação ao processo de amamentação. A manutenção do aleitamento materno desses bebês durante o período de internação e após a alta hospitalar é um desafio que necessita ser enfrentado. A Roda de Conversa vem desempenhando um papel fundamental nesse processo, desmistificando a ideia que muitas mães tem, de que por serem prematuros, seu bebês não estão aptos a mamar assim como elas são incapazes de amamentá-los.

1. R Silva RV, Silva IA. A vivência de mães de prematuros em processo de lactação e amamentação. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2009; 13 (1): 108-15.

2. Alves CLR, Moulin ZS. Saúde da criança e do adolescente: crescimento, desenvolvimento e alimentação. Belo Horizonte. Coopmed, 2008.

3. Delgado ES, Zorzetto M. A amamentação de bebês pré-termo: Um caminho possível para a construção da Comunicação. Rev. Bras. Cresc. Desenv. Hum., S. Paulo, 2003; 63-72.

4. Nakano AMS. As vivências da amamentação para um grupo de mulheres. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 2): S355-S363, 2003.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1368
TÍTULO: O TEATRO, A MÚSICA E A DANÇA E SEUS EFEITOS NO PROCESSO TERAPÊUTICO DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Práticas fonoaudiológicas
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O ato cênico se configura a partir do trabalho em grupo e da perda da individualidade. Dentro do jogo teatral existe a necessidade de dar liberdade ao processo criativo de quem joga, sendo um de seus focos a aprendizagem através da experiência¹. A música tem acesso direto à afetividade, às áreas límbicas, que controlam nossos impulsos, emoções e motivação², áreas que precisam ser mais estimuladas nas pessoas com transtorno do espectro do autismo. As atividades expressivas com dança, música e teatro têm sido utilizadas tanto de forma direta quanto indireta abrindo mão de outros recursos, possibilitando compreensão do sujeito a partir de um olhar que privilegia o corpo e suas potencialidades³. OBJETIVO: Avaliar os efeitos da terapia mediada por música, dança e conceitos do teatro em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo. MÉTODO: O trabalho foi realizado no Centro Especializado de Reabilitação – CER II, na cidade de São José do Rio Preto do estado de São Paulo e consistiu em um grupo com 6 pacientes entre 4 e 7 anos que estavam em processo de alta do serviço por evolução, todos diagnosticados com transtorno do espectro do autismo. Antes do início da intervenção, os responsáveis foram orientados e informados, individualmente, sobre o funcionamento e o objetivo do grupo, para que estivessem cientes da participação de seus filhos. Foram realizados um total de 8 encontros, sob responsabilidade, criação, orientação e desenvolvimento de uma fonoaudióloga e uma terapeuta ocupacional do CER II, com duração de uma hora cada, uma vez por semana, no período de julho a agosto de 2019. O grupo era composto por atividades de: coordenação motora fina e grossa, jogo simbólico, ritmo, expressão facial, interpretação, imitação, vivências sensoriais e socialização. As atividades desenvolvidas foram relacionadas ao teatro, música e dança que tinham como tema o filme “O rei leão”. Dos oito encontros, quatro estiveram presentes todas as crianças, em três, de quatro a cinco crianças, e em apenas um, metade dos participantes. Para avaliar os efeitos da intervenção, foi realizada observação da evolução terapêutica dos aspectos estimulados a partir da análise das responsáveis pelo grupo e do relato dos pais. RESULTADOS: Em todas as crianças, depois da intervenção terapêutica, foi observado, pelas responsáveis do grupo, melhora significativa na expressão corporal e verbal, ritmo, propriocepção, modulação e troca entre pares, além de maior autonomia, funcionalidade e confiança. Os responsáveis também relataram melhora na compreensão de regras, na interação social, jogo simbólico e o entendimento e execução da expressão facial. CONCLUSÃO: A terapia mediada por música, dança e conceitos do teatro, a partir de vivência em grupo, apresentou efeitos positivos nas crianças com Transtorno do Espectro do Autismo, desenvolvendo suas habilidades comunicativas, sociais e de expressão corporal em geral, demonstrando ser uma prática benéfica para as habilidades de vida diária e social das mesmas.

1. Firmiano BA. O ensino-aprendizagem de elementos da linguagem cênica para portadores de necessidades especiais: reflexão sobre uma experiência em um Centro de Ensino Especial do Distrito Federal [Trabalho de conclusão do curso de Artes Cênicas, habilitação em Licenciatura, do Departamento de Artes Cênicas]. Brasilia: Instituto de Artes da Universidade de Brasília; 2012. 35 s.

2. Muszkat M, Correia CMF, Campos SM. Música e Neurociências. Revista Neurociências. São Paulo 2000;8(2):70-75.

3. Liberman, F. Trabalho corporal, música, teatro e dança em Terapia Ocupacional: Clinica e formação. Cadernos: Terapia Ocupacional: Produção de conhecimento e responsabilidade social: Centro Universitário São Camilo, São Paulo 2002;8(3):39-43.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1301
TRABALHANDO COM O PRINCÍPIO ALFABÉTICO E HABILIDADES METAFONOLÓGICAS NOS ANOS INICIAIS DE ALFABETIZAÇÃO DE ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Seguindo os critérios da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)1, os escolares de 1º e 2º anos do Ensino Fundamental I tem por objetivos de conhecimento a “correspondência fonema-grafema” e também a “construção do sistema alfabético e da ortografia”. Tais objetos de conhecimento dizem respeito ao conhecimento do Princípio Alfabético e das Habilidades Metafonológicas que, na literatura, já é amplamente discutido como habilidades preditoras para o ensino da leitura e da escrita2-4, requerendo a compreensão das relações grafofonêmicas e habilidades de identificação, manipulação e combinação de sílabas e fonemas. Para que haja a compreensão do Princípio Alfabético e a associação das correspondências grafofonêmicas pelos escolares em início do processo de alfabetização, é necessário que eles compreendam que as letras correspondem a segmentos sonoros sem significados, os fonemas. Também é necessário que haja o ensino explícito das correspondências grafofonêmicas, sendo necessário um olhar mais cuidadoso com as transparências e opacidades do sistema de escrita alfabético do português brasileiro, uma vez que um grafema pode apresentar mais de um fonema correspondente. Objetivo: Orientar professores alfabetizadores sobre a importância do ensino explícito do Princípio Alfabético e das Habilidades Metafonológicas no momento da alfabetização e produzir, em conjunto, atividades a serem realizadas em sala de aula. Método: Professores dos 1º e 2º anos do Ensino Fundamental I de duas escolas municipais participaram de duas formações de duas horas cada uma, totalizando quatro horas de formação com a fonoaudióloga educacional do município. As formações foram realizadas nas respectivas escolas nas horas de trabalho pedagógico coletivo (HTPC). Nestas formações foram abordadas questões sobre como os professores podem trabalhar tanto com o princípio alfabético (correspondência fonema X grafema) quanto com as habilidades metafonológicas em sala de aula, uma vez que estas habilidades estão previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e são de fundamental importância para a aprendizagem da leitura e da escrita. Resultados: Juntamente com os professores a fonoaudióloga educacional elaborou atividades para serem trabalhadas em sala de aula, como brincadeiras com identificação e/ou produção de rima e aliteração, atividades de segmentação e manipulação silábica e fonêmica, bem como um novo formato de alfabeto a ser colocado acima da lousa e ficar exposto aos escolares todos os dias. O alfabeto contém um desenho para cada som que aquela letra pode corresponder, por exemplo: A: avião, B: bola, C: cebola / caju, D: dado / dia, e assim sucessivamente. As palavras foram escolhidas em conjunto, para que fossem do conhecimento dos alunos, mas também não deixando que outras opacidades estivessem presentes, por exemplo, a palavra “casa” que é comumente usada, tem o grafema [s] como representante do /z/, então optou-se por utilizar a palavra “caju” para apenas o grafema [c] ter a possibilidade de mais de um som. Conclusão: Esta prática fonoaudiológica permitiu concluir que a interação fonoaudiólogo educacional e professor traz muitas vantagens para o ensino dos escolares, uma vez que o fonoaudiólogo orientou e auxiliou os professores a introduzirem atividades importantes para a aquisição da leitura e da escrita.

1 - Brasil, BNCC. Base Nacional Curricular Comum (proposta). Ministério da Educação, Brasília, 2016.
2 - Capovilla AGS, Gütschow CRD, Capovilla FC. Habilidades cognitivas que predizem competência de leitura e escrita. Psicol. teor. prát. 2004;6(2):13-26.
3 – Capellini SA, Sampaio MN, Fukuda MTM, Oliveira AM, Fadini CC, Martins MA. Protocolo de identificação precoce dos problemas de leitura: estudo preliminar com escolares de 1º ano escolar. Rev. Psicopedagogia 2009;26(81):367-375.
4 - Nicolau CC, Navas ALGP. Avaliação das habilidades preditoras do sucesso de leitura em crianças de 1º e 2º anos do ensino fundamental. Rev CEFAC 2015;17(3):917-926.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1342
TRABALHO E SAÚDE DOCENTE DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA PROFESSORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Título: Trabalho e saúde docente durante a pandemia da COVID-19: relato de experiência de uma professora de Educação Infantil

Introdução: as condições de trabalho e saúde docente constituem-se como pauta emblemática, visto que o professor está inserido em um ambiente e contexto organizacional que tendem a apresentar fatores de risco predisponentes para o comprometimento da sua condição de saúde, afetando-o em três aspectos primordiais: saúde vocal, saúde mental e agravos osteomusculares(1,2). No contexto da crise gerada pela pandemia da COVID-19, o professor vivencia uma modificação na sua condição de trabalho, por meio do desenvolvimento de atividades remotas, utilizando TICs (tecnologias da informação e comunicação) (3,4). Essa nova proposta educacional contribuiu para a retomada das discussões acerca do uso das TICs como apoio à prática pedagógica. Com início na década de 90 e em debate no âmbito educacional desde então, as TICs têm encontrado limitações na sua implementação, seja em termos da sua aplicação no contexto pedagógico e do acesso a essas tecnologias, tanto por alunos quanto professores (5,6). Esse novo fazer pedagógico, aliado à reorganização do sistema educacional e às exigências sociais, constitui-se como um fator agravante para o adoecimento docente (7-9). Objetivos: refletir sobre a experiência de atuação docente, numa turma de educação infantil, no contexto da pandemia da COVID-19. Método: trata-se de relato de experiência sobre atuação profissional docente no desenvolvimento de atividades e orientações de cunho remoto, no período de março a julho de 2020, no contexto da pandemia da COVID-19. A vivência se deu numa turma do Grupo 6, da Educação Infantil, em uma instituição privada de ensino, composta por 25 crianças na faixa etária dos 6 anos, mediada pela professora/pesquisadora. Por se tratar de um relato de experiência, não houve apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: foram adotados pela escola o uso de aplicativos de videoconferência/audioconferência, bem como gravação e edição de vídeos, aliado a portais institucionais de ensino. O desenvolvimento de atividades de cunho remoto impactou nas relações entre os sujeitos inseridos no processo de ensino-aprendizagem, resultando em maiores exigências no trabalho, ritmo acelerado, tempo de descanso insuficiente, hierarquização rígida, conflito de informações, desvio e acúmulo de funções. Esses fatores, contribuíram para o prolongamento da jornada de trabalho (de 4 horas para cerca de 8 a 12 horas diárias), refletindo na condição de saúde da pesquisadora/profissional, a partir do surgimento de sintomas como alterações vocais, modificação do seu padrão vocal, uso excessivo da voz, estado de ansiedade constante, dermatite atópica de cunho emocional, insônia e modificação no comportamento alimentar. Conclusão: o uso das TICs como estratégia de apoio pedagógico em resposta ao isolamento social para a contenção da disseminação do vírus da COVID-19 aumentou a sobrecarga de trabalho da professora, impactando o seu fazer profissional e sua saúde, culminando particularmente em sofrimento mental e vocal, refletidos através de agravos funcionais e somáticos na sua saúde.

1. Araújo TM, Carvalho FM. Condições de trabalho docente e saúde na Bahia: estudos epidemiológicos. Educ. Soc., Campinas, vol. 30, n. 107, p. 427-449, maio/ago. 2009.

2. Araújo TM. Trabalho e saúde de professoras e professores no Brasil: reflexões sobre trajetórias das investigações, avanços e desafios. Cad. Saúde Pública 2019; 35 Sup1:e00087318.

3. Rosa RTN. Das aulas presenciais às aulas remotas: as abruptas mudanças impulsionadas na docência pela ação do Coronavírus - o COVID-19. Rev. Cient. Schola. Colégio Militar de Santa Maria Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.Volume VI, Número 1, Julho 2020. ISSN 2594-7672

4. Ministério Da Educação. Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19.

5. Bonilla MHS. Formação de professores em tempos de web 2.0. In: FREITAS, Maria Teresa de A. (org.). Escola, Tecnologias Digitais e Cinema. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2011.

6. Pretto NL, Riccio NCR, Pereira SAC. Reflexões teórico metodológicas sobre ambientes virtuais de aprendizagem. Debates em Educação, vol. 1, n. 1. Jan/Jul. 2009.

7. Dejours C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez/Oboré, 1988.

8. Seligman E. Saúde mental e trabalho. In: Tundis S. (Org.). Cidadania e loucura mental no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1990.

9. Lemos DVS. Alienação no trabalho docente? O professor no centro da contradição. Salvador: D.V.S., 2008.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
824
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO VOICE HANDICAP INDEX - THROAT
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A autoavaliação dos sintomas não pode ser predita pelo clínico, pois trata-se de uma percepção individual, subjetiva e complexa, que não tem uma relação direta com o quadro clínico vocal(1,2). Em português brasileiro não há nenhum instrumento com a finalidade de avaliar o desconforto específico na garganta em pacientes que buscam a clínica vocal. Considerando-se a frequência de pacientes que apresentam esses sintomas, a relevância para o atendimento clínico, e a necessidade de o clínico estimar a percepção do paciente sobre esses desconfortos, torna-se necessário realizar a validação de um instrumento com essa finalidade em português brasileiro. Objetivo: traduzir e adaptar transculturalmente o Voice Handicap Index - Throat para o português brasileiro. Método: Trata-se de uma pesquisa de natureza metodológica(3), aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (protocolo número 3.099.470). Os procedimentos seguiram as recomendações da Scientific Advisory Committee (SAC) do Medical Outcomes Trust(4). O processo de tradução adaptação transcultural do Voice Handicap Index - Throat(5) foi realizado em cinco estágios: tradução (tradução do inglês para o português realizada por três fonoaudiólogos, especialistas em voz, bilíngues), síntese (elaboração de um versão única por análise da concordância entre os juízes realizada por um fonoaudiólogo, especialista em voz), retro-tradução (retro-tradução do português para o inglês realizada por um fonoaudiólogo, especialista em voz, bilíngue), análise de um comitê (análise de discrepâncias semânticas, idiomáticas, conceituais, linguísticas e contextuais entre as duas versões em inglês e comparação da versão original e da versão traduzida em português brasileiro por cinco fonoaudiólogos, especialistas em voz, bilíngues), e pré-teste (participantes da população-alvo que responderam as 10 questões do instrumento em português brasileiro quando a frequência de ocorrência dos sintomas, com o acréscimo da resposta não-aplicável que deveria assinalada caso a questão fosse considerada inapropriada para a cultura brasileira ou não pudesse ser compreendida). Na análise do pré-teste participaram 50 indivíduos, 40 do sexo feminino e dez do sexo masculino, com idade média de 44 anos e seis meses, subdivididos em três grupos clínicos: tosse crônica, refluxo laringofaríngeo e disfonia comportamental. Na análise do pré-teste utilizou-se o Teste de Igualdade de Duas Proporções (p<0,05). Resultados: No processo de síntese, apenas a questão quatro não apresentou concordância e precisou ser revisada. Na etapa de análise do comitê, foi necessário realizar adequações nas questões um, quatro, cinco, sete, oito, nove e dez. A versão em português brasileiro foi denominada de Índice de Desvantagem Vocal – Garganta. No pré-teste a questão seis apresentou proporção significativamente maior das categorias de resposta do instrumento, em relação a não-aplicável (p<0,001), sendo que as demais questões não puderam ser analisadas porque nenhum participante assinalou a opção não-aplicável. Conclusão: A tradução e adaptação transcultural da escala Throat do Voice Handicap Index para o português brasileiro foi bem-sucedida e a versão produzida foi denominada de Índice de Desvantagem Vocal – Garganta – IDV-G.

1. Behrman A, Sulica L, He T. Factors Predicting Patient Perception of Dysphonia Caused by Benign Vocal Fold Lesions. Laryngoscope [Internet]. 2004 Oct;114(10):1693–700. Available from: http://doi.wiley.com/10.1097/00005537-200410000-00004
2. Ugulino AC, Oliveira G, Behlau M. Perceived dysphonia by the clinician’s and patient’s viewpoint. J Soc Bras Fonoaudiol [Internet]. 2012;24(2):113–8. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-64912012000200004&lng=en&tlng=en
3. Polit DF, Beck CT. The Content Validity Index: Are You Sure You Know What’s Being Reported? Critique and Recommendations. Res Nurs Health. 2006;29:489–97.
4. Aaronson N, Alonso J, Burnam A, Lohr K, Patrick D, Perrin E, et al. Assessing Health status and quality-of-life instruments and review criteria. Qual Life Res. 2002;11(3):193–205.
5. Lyberg-Åhlander V, Rydell R, Eriksson J, Schalén L. Throat related symptoms and voice: development of an instrument for self assessment of throat-problems. BMC Ear, Nose Throat Disord [Internet]. 2010 Dec 27;10(1):5. Available from: https://bmcearnosethroatdisord.biomedcentral.com/articles/10.1186/1472-6815-10-5.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
906
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL PARA A LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL DOS QUESTIONÁRIOS QUALITY OF LIFE IN SWALLOWING DISORDERS (SWAL-QOL) E QUALITY OF CARE IN SWALLOWING DISORDERS (SWALCARE) PARA IDOSOS COM DISFAGIA NEUROGÊNICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Os questionários SWAL-QOL e SWAL-CARE foram desenvolvidos por McHorney(1,2) e traduzidos e adaptados para diversos países. No Brasil, a tradução e adaptação transcultural foi realizada por Montoni et a.l(3) e validação por Portas(4). Entretanto, idosos acometidos por doenças neurológicas podem apresentar dificuldades cognitivas e de compreensão que dificultam a aplicação dos instrumentos, sendo fundamental a tradução e adaptação de testes voltados a uma população-alvo.
Objetivo: Esta pesquisa objetivou realizar a tradução e adaptação transcultural dos questionários SWAL-QOL e SWAL-CARE originais para a língua portuguesa do Brasil, possibilitando a obtenção de uma versão adaptada a idosos acometidos por disfagia orofaríngea neurogênica.
Método: A primeira etapa consistiu da avaliação do processo operacional da versão dos questionários SWAL-QOL e SWAL-CARE traduzida por Montoni et al.(3) e validada por Portas(4), na qual foi observada e gravada a aplicação dos questionários em cinco pacientes acometidos pela disfagia orofaríngea neurogênica e foram verificadas as dificuldades de compreensão dos pacientes em relação ao conteúdo dos questionários. Para a tradução e adaptação transcultural, foram utilizadas as diretrizes propostas por Beaton et al(5), constituídas de seis estágios, sendo eles: (1) traduções, (2) síntese das traduções, (3) retrotraduções, (4) comitê de peritos, (5) teste da versão prévia e (6) submissão dos documentos deste processo para comitê de acompanhamento.
Resultados: Analisando as gravações da aplicação dos questionários, constatou-se que os pacientes apresentaram dificuldade de compreensão em 4 domínios do SWAL-QOL. No domínio 2, houve dificuldade nas questões 3 e 4. No domínio 4, houve dificuldade nas questões 15 e 16. No domínio 5, houve dificuldade na compreensão do cabeçalho, nas possibilidades de respostas e na questão 22. No domínio 7, houve dificuldade na questão 29. No SWAL-CARE, foram observadas dificuldades de compreensão nas questões 7, 8 e 9. A tradução e adaptação transcultural dos questionários seguiram os 6 estágios. No primeiro estágio, dois tradutores realizaram individualmente duas traduções dos questionários originais que contemplaram as adaptações culturais para a adequação à população do país de destino. No segundo estágio, foi realizada a síntese entre as duas traduções por meio de uma reunião que contou com a presença dos dois tradutores, um juiz neutro, a pesquisadora responsável pela pesquisa e sua coorientadora. No terceiro estágio, foram realizadas duas retrotraduções da versão síntese para o idioma original dos questionários por dois retrotradutores nativos em língua inglesa. No quarto estágio, foi realizada a reunião do comitê de peritos, resultando na versão prévia do questionário. No quinto estágio, a versão prévia foi aplicada em 10 pacientes que apresentavam disfagia neurogênica. As questões que os pacientes relataram como “de difícil compreensão” (questão 29) e “não se aplica” foram reavaliadas pela banca de especialistas. No estágio seis, foram realizadas as alterações necessárias, resultando na versão final dos questionários.
Conclusão: Após o processo de tradução e adaptação transcultural seguindo as diretrizes propostas por Beaton et al.(5), obteve-se a versão final dos questionários SWAL-QOL e SWAL-CARE em língua portuguesa do Brasil adaptado para idosos com disfagia neurogênica.

1. McHorney CA, Bricker DE, Robbins J, Kramer AE, Rosenbek JC, Chignell KA. The SWAL-QOL outcomes tool for oropharyngeal dysphagia in adults: II. Item reduction and preliminary scaling. Dysphagia. 2000;15(3):122-133. doi:10.1007/s004550010013
2. McHorney CA, Bricker DE, Kramer AE, et al. The SWAL-QOL outcomes tool for oropharyngeal dysphagia in adults: I. Conceptual foundation and item development. Dysphagia. 2000;15(3):115-121. doi:10.1007/s004550010012
3. Montoni NP Horta IA, Bandeira, AKC, Angelis EC. Cross-cultural adaptation of the SWAL-QOL and SWALCARE questionnaires into Brazilian Portuguese. Applied Cancer Research; 2009. v. 29, n. 3, p. 129-134,
4. Portas JG. Validação para a língua portuguesa-brasileira dos questionários: qualidade de vida em disfagia (SWAL-QOL) e satisfação do paciente e qualidade do cuidado no tratamento da disfagia (SWAL-CARE). São Paulo: Fundação Antônio Prudente, 2009. Dissertação. (Mestrado em Ciências)
5. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of selfreport measures. Spine, Hagerstown; Dec. 2000. v. 25, n. 24, p. 3186-3191.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
826
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO DO COUGH SEVERITY INDEX
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A tosse é um mecanismo protetor resultante de um reflexo complexo(1). Trata-se de uma manobra expulsiva forçada, geralmente contra uma glote fechada(2), com subsequente abertura das pregas vocais e geração de um som expulsivo. A tosse que persiste por mais de oito semanas é denominada crônica(3) e não tem nenhum benefício para o sistema respiratório ou para o corpo(1). A tosse crônica tem efeitos abrangentes, profundos e negativos na qualidade de vida do paciente. Até o momento não há nenhum instrumento disponível em português brasileiro para analisar a desvantagem corrente da tosse crônica. Dessa forma, considerando-se o impacto da tosse crônica para a qualidade de vida, é necessário realizar a validação de tal instrumento no português brasileiro, processo que se inicia com sua tradução e adaptação transcultural. Objetivo: Traduzir e adaptar transculturalmente o Cough Severity Index para o português brasileiro. Método: O presente estudo teve delineamento metodológico(4) e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (protocolo número 3.099.470). Os procedimentos de tradução e adaptação transcultural do Cough Severity Index(5) seguiram as recomendações da Scientific Advisory Committee (SAC) do Medical Outcomes Trust(6). As etapas metodológicas foram: tradução para o português brasileiro realizada por três fonoaudiólogos, especialistas em voz, bilíngues; síntese com elaboração de um versão única por análise da concordância entre os tradutores realizada por um fonoaudiólogo, especialista em voz; análise das discrepâncias de concordância por um quarto fonoaudiólogo, especialista em voz, bilíngue; retro-tradução para o inglês realizada por um fonoaudiólogo, especialista em voz, bilíngue; análise de discrepâncias semânticas, idiomáticas, conceituais, linguísticas e contextuais e produção de uma versão final em português brasileiro por um comitê composto por cinco fonoaudiólogos, especialistas em voz, bilíngues; e, pré-teste com aplicação do instrumento na população-alvo e acréscimo da resposta não-aplicável que deveria ser assinalada caso a questão fosse considerada inapropriada para a cultura brasileira ou não pudesse ser compreendida. Participaram do pré-teste 34 indivíduos com tosse crônica refratária, 11 do sexo masculino e 23 do sexo feminino, com idade média de 48 anos e um mês. A análise de dados pré-teste foi realizada com o Teste de Igualdade de Duas Proporções (p<0,05). Resultados: Na etapa de tradução o título do questionário, todas as opções de resposta, e as questões dois, quatro, cinco, sete, oito, nove e dez obtiveram concordância entre os três juízes, as demais precisaram de revisão. A versão de síntese produziu um instrumento denominado Índice de Severidade da Tosse - IST. Na revisão do comitê foi necessário editar apenas a questão cinco. A etapa de pré-teste mostrou que foi mais frequente a opção de resposta “nunca” nas questões um, dois, quatro e cinco, e a opção de resposta “sempre” nas questões três, seis, sete, oito, nove e dez. Houve proporção significativamente maior das categorias de resposta do instrumento, em relação a opção “não-aplicável” (p<0,001 para todas). Conclusão: O presente estudo resultou na elaboração de uma versão traduzida e adaptada transcultural para o português brasileiro do Cough Severity Index denominada Índice de Severidade da Tosse - IST.

1. Vertigan AE, Theodoros DG, Gibson PG, Winkworth AL. The Relationship Between Chronic Cough and Paradoxical Vocal Fold Movement: A Review of the Literature. J Voice. 2006;20(3):466–80.
2. Morice AH, McGarvey L, Pavord I. Recommendations for the management of cough in adults. Thorax. 2006;61(SUPPL. 1):1–24.
3. Poulose V, Bin Modh I. Prolonged cough presenting with diagnostic difficulty: A study of aetiological and clinical outcomes. Singapore Med J. 2011;52(4):267–70.
4. Polit DF, Beck CT. The Content Validity Index: Are You Sure You Know What’s Being Reported? Critique and Recommendations. Res Nurs Health. 2006;29:489–97.
5. Shembel AC, Rosen CA, Zullo TG, Gartner-Schmidt JL. Development and validation of the cough severity index: A severity index for chronic cough related to the upper airway. Laryngoscope [Internet]. 2013 Aug;123(8):1931–6. Available from: http://doi.wiley.com/10.1002/lary.23916
6. Aaronson N, Alonso J, Burnam A, Lohr K, Patrick D, Perrin E, et al. Assessing Health status and quality-of-life instruments and review criteria. Qual Life Res. 2002;11(3):193–205.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1657
TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO DO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO AUDITIVA (HPA-5)
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A identificação da percepção dos trabalhadores a respeito da exposição e proteção ao ruído no ambiente de trabalho é recomendada (1). Objetivo: O objetivo do presente estudo foi traduzir, adaptar e validar a versão para língua portuguesa brasileira do questionário Hearing Protection Assessment Questionnaire (HPA-5) (1-3). Método: O instrumento original, desenvolvido na língua inglesa, buscou avaliar as barreiras e suportes relacionados ao uso dos equipamentos de proteção individual auditiva, assim como o conhecimento, hábitos e atitudes dos trabalhadores frente ao ruído ocupacional. A validação do questionário foi composta de cinco etapas: 1) Tradução do questionário do inglês para o português, realizada por professor bilíngue e revisada por dois experts da área. Nessa etapa foram avaliadas a equivalência semântica (gramática e vocabulário) e a equivalência cultural de cada item (experiências vivenciadas dentro do contexto cultural da sociedade); 2) Processo inverso de tradução do português para o inglês, sendo revisada e comparada com a versão original por três profissionais (bilíngues); 3) Análise do instrumento por três experts na área frente à tradução realizada; 4) Pré-teste do questionário com 10 trabalhadores para analisar dificuldades de interpretação, linguagem utilizada (se estava adequada e/ou havia palavra ou expressão desconhecida), dificuldades encontradas em respondê-lo. Também foi avaliado o cuidado específico com as instruções de preenchimento e coerência da apresentação; 5) Aplicação do instrumento. Participaram desta etapa trabalhadores de uma indústria frigorífica após o exame admissional. Resultados: A análise de conteúdo foi realizada através do índice de validade de conteúdo (IVC). A equipe de experts/especialistas que analisou as traduções, apontou que houve correspondência nos itens traduzidos, equivalência semântica entre as duas traduções e ausência de dificuldades de tradução. Foram realizados ajustes nas poucas diferenças de concordância verbal. A contra tradução com a versão original, não revelou necessidade de alterações em estruturas gramaticais, quando a versão em português foi traduzida para o inglês. Esse resultado indica a validade de construção e conteúdo da versão em Português Brasileiro para o seu uso com uma população trabalhadora. Para a verificação da confiabilidade do instrumento traduzido foi utilizado o método da divisão em metade (split-half-method), onde 509 participantes foram divididos em dois grupos, um de 254 e outro de 255 funcionários, sendo um a metade superior e o outro a metade inferior. Em seguida comparou-se os resultados, para cada questão, através do Coeficiente de Contingência modificado C, pois as questões são todas nominais. Verificou-se que a diferença de resultados entre os dois grupos não é significativa (p>0,05), mostrando independência dos resultados em relação aos grupos, consequentemente a consistência interna dos mesmos. Conclusões: O questionário foi traduzido e adaptado para ser aplicado na população brasileira, denominado Questionário de Avaliação da Proteção Auditiva (HPA-5), revelando que este é um instrumento válido e reprodutível para identificar e mensurar as influências do comportamento da proteção auditiva em diferentes níveis (barreiras e suportes) e a identificação do conhecimento, dos hábitos e do comportamento dos trabalhadores brasileiros diante da exposição ao ruído ocupacional.


1. Ravi Krishnan Reddy, An Ecological Approach to the Assessment and Promotion of Hearing Protection Behaviour in the Workplace. A thesis submitted in partial fulfillment of the requirements for the degree of PhD, The University of Auckland, 2014.
2. Ravi Reddy, David Welch, Shanthi Ameratunga and Peter Thorne. An ecological approach to hearing-health promotion in Workplaces. International Journal of Audiology 2017; 56: 316–327
3. Griest, S. E., Folmer, R. L., & Martin, W. H. (2007). Effectiveness of "Dangerous Decibels," a school-based hearing loss prevention program. American Journal of Audiology, 16(2), 165-181.
Brazil.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2125
TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E VALIDAÇÃO DO UNILATERAL HEARING LOSS QUESTIONNAIRE PARA A LÍNGUA PORTUGUESA BRASILEIRA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A perda auditiva unilateral (PAUn) é definida por apresentar perda auditiva de qualquer grau em uma orelha. Existem muitas queixas acerca das pessoas com PAUn, dentre elas a dificuldade na localização sonora e queixas recorrentes na dificuldade em compreender a fala em ambientes ruidosos. Essa última situação acontece principalmente em salas de aula onde muitas vezes são acusticamente desfavorecidas. Embora apresentem controversas com relação a melhor maneira de se intervir como, por exemplo, os auxiliares da audição, não há protocolos ou questionários no Brasil que avaliem o benefício e/ou satisfação do uso de auxiliares da audição nas crianças/adolescentes com PAUn.
OBJETIVO tradução e adaptação transcultural do Unilateral Hearing Loss Questionnaire para a língua portuguesa brasileira.
MÉTODO: Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa. A Tradução e adaptação transcultural do Unilateral Hearing Loss Questionnaire para a língua portuguesa brasileira foi autorizado pela autora (Sarah McKay. 2002) A tradução e adaptação transcultural do instrumento seguiu duas etapas: tradução e retotradução, segundo modelo de Beaton et al (2000). Em um primeiro momento dois tradutores brasileiros, um que atua na área e outro que não, traduziram o instrumento do inglês para a língua portuguesa brasileira; em seguida comparadas as duas versões gerou-se uma versão única. Essa nova versão foi enviada para a retrotradução para um nativo da língua inglesa. Novamente realizou-se uma avaliação técnica que resolveu as discrepâncias e assegurou a equivalência de semântica, expressões idiomáticas e conceituais.
RESULTADOS: O questionário envolve a participação tanto da criança/adolescente quanto da mãe/responsável, ele apresenta 15 perguntas divididas em 3 blocos, todas relacionada a percepção da mãe/responsáveis e crianças/adolescentes com relação as vantagens e desvantagens do uso dos aparelhos de amplificação sonora. Das 15 perguntas do questionário, apenas duas sofreram adaptação para a língua portuguesa brasileira, bem como apenas duas alternativas das perguntas, sofreram a adaptação transcultural após a tradução e retrotradução.
CONCLUSÃO: Seguindo as recomendações do guidelines de perdas auditivas unilaterais, obter um instrumento que possa avaliar vantagens de desvantagens de aparelhos de amplificação sonora tanto nas salas de aula como no dia a dia das crianças/adolescentes com perdas auditivas unilaterais, poderá contribuir com pesquisas na área e seguir melhores direcionamentos nos casos de PANu.

1.Pupo AC, Barzaghi L, Boéchat EM. Intervenção fonoaudiológica nas perdas auditivas unilaterais em crianças. In: Boéchat EM, Menezes PL, Couto CM, Frizzo ACF, Scharlach RC, Anastasio ART. Tratado de audiologia. 2ªed. São Paulo: Guanabara Koogan; 2015; p. 470-7.
2 McKay S. Managing children with mild and unilateral hearing loss. Madell JR, Flexer C. In Pediatric audiology. New York: Thieme. 2008; 291
3.Boéchat EM. Perdas auditivas unilaterais. In: Lopes Filho O, editor. Novo tratado de fonoaudiologia. 3ªed. São Paulo: Manole; 2013; p. 437-43.
4. Fisher C, Lieu J. Unilateral hearing loss is associated with a negative effect on language scores in adolescents. Int J Pediatric Otorhinolaryngol. 2014; 78:1611-7.
5. Fitzpatrick EM, Durieux-Smith A, Whittingham J. Clinical practice for children with mild bilateral and unilateral hearing loss. Ear Hear. 2010; 31: 392-400.
6. Fitzpatrick EM, Al-Essa RS, Whittingham J, Fitzpatrick J. Characteristics of children with unilateral hearing loss. Int J Audiol. 2017; 56: 819-28.
7. Joint Committee on Infant Hearing. Position statement: principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. 2007; 120: 898-921.
8.Lewis D. The impact of unilateral hearing loss on children's speech understanding in complex environments. Present at Unilateral Hearing Loss in Children Conference. 2017.
9. McKay S. To aid or not to aid: children with unilateral hearing loss. 2002. [online]. [citado em 16 de maio de 2019]. Disponível em: https://www.audiologyonline.com.
10. McKay S. Managing children with mild and unilateral hearing loss. Madell JR, Flexer C. In Pediatric audiology. New York: Thieme. 2008; 291-98.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1376
TRADUÇÃO, EQUIVALÊNCIA CULTURAL E LINGUÍSTICA DA VERSÃO CHILENA DO PROTOCOLO MODERN SINGING HANDICAP INDEX (MSHI)
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A saúde é considerada um determinante central no desenvolvimento pessoal e da felicidade do indivíduo(1). Desta forma, em caso de haver alguma doença, pode existir um grande impacto na qualidade de vida do indivíduo, podendo ser analisado por meio de protocolos de autoavaliação(2). No caso de problemas vocais, estes protocolos mensuram o impacto desse transtorno no bem-estar e aspectos de qualidade de vida relacionados à voz do paciente. A informação obtida será fundamental para determinar de que forma a alteração vocal interfere nas tarefas da vida diária, além de trazer maior conscientização sobre o impacto do problema(3). Uma população com demandas especiais é a dos profissionais da voz, particularmente cantores, considerados membros da elite vocal(4). Protocolos genéricos tendem a subestimar o impacto do problema vocal e, portanto, é preciso utilizar uma ferramenta específica para essa população. Nesta linha de pensamento surgiu em 2005, na Itália, o protocolo Modern Singer Handicap Index (MSHI)(5). O MSHI é um protocolo desenvolvido a partir de adaptação do Voice Handicap Index (VHI)(6), que tem como objetivo a autoavaliação dos cantores de música popular e apresenta itens organizados em três domínios baseados na classificação internacional do impacto das doenças(7): incapacidade, desvantagem e defeito(8). Para poder utilizar este protocolo no Chile é preciso realizar a adaptação linguística e cultural devido à forte influência de fatores culturais e de interpretação da população alvo(1). OBJETIVO: Realizar a tradução, equivalência cultural e linguística da versão chilena do protocolo italiano MSHI. MÉTODOS: O estudo foi aprovado pelo CEP (parecer nº 38_2017) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi dividida em duas etapas: na primeira, foram feitas duas traduções do MSHI para o espanhol chileno por dois fonoaudiólogos bilíngues italiano/espanhol chileno; posteriormente chegou-se a uma versão geral determinada por um comitê de fonoaudiólogos especialistas em voz e bilíngues, assim, a retro-tradução para o italiano foi realizada por mais um fonoaudiólogo bilíngue nos idiomas não participante das etapas anteriores. Da tradução geral e da retro-tradução surgiram discrepâncias que foram resolvidas pelo mesmo comitê de especialistas, chegando-se a um consenso da versão chilena do instrumento, chamado Índice de Desventaja Vocal para Canto Popular (IDVCP-Ch). A segunda etapa foi dividida em duas fases: na primeira fase o IDVCP-Ch foi aplicado em 25 cantores populares. A opção “não aplicável” foi adicionada a cada item do protocolo com o objetivo de identificar itens que eram inapropriados para a população em questão. Nesta fase 15 cantores apresentaram discrepâncias em certos itens que foram modificados para a fase dois de aplicação. Nesta segunda fase, 11 cantores responderam o protocolo sem existir observações ou necessidades de novos ajustes. RESULTADOS: O IDCVP-Ch reflete a versão original do protocolo italiano, tanto no número de itens (30 questões), na chave de respostas: de 0=nunca até 3=siempre e domínios do instrumento: discapacidad, minusvalía e deficiencia. CONCLUSÃO: A versão traduzida para o espanhol chileno do instrumento, chamada Índice de Desventaja Vocal para Canto Popular (IDVCP-Ch), apresenta equivalência cultural e linguística em relação ao original MSHI.

1- Ruiz MA, Pardo A. Calidad de vida relacionada con la salud: definición y utilización en la práctica médica. Pharmacoeconomics. 2005;2(1):31-43.

2- Urzúa A, Caqueo-Urízar A. Quality of life: a theoretical review. Ter Psicol. 2012;30(1):61-71.

3- Rosen CA, Murry T, Zinn A, Zullo T, Sonbolian M. Voice handicap index change following treatment of voice disorders. J Voice. 2000;14(4):619-23.

4- Vilkman E. Voice problems at work: a challenge for occupational safety and health arrangement. Folia Phoniatr Logop. 2000;52(1-3):120-5.

5- Fussi F, Fuschini T. Foniatria artistica: la presa in carico foniatrico-logopedica del cantante classico e moderno. Audiol Foniatr. 2008;13(1-2):4-28.

6- Jacobson BH, Johnson A, Grywalski C, Silbergleit A, Jacobson G, Benninger MS, et al. The Voice Handicap Index (VHI): Development and Validation. Am J Speech Lang Pathol. 1997;6(3):66-70.

7- Organização Mundial da Saúde. Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (handicaps): um manual de classificação das consequências das doenças. Lisboa; 1989.

8- Ferrer C, Tarí A, Rivases A, Collado C, Gómez A. Aplicaciones a la cronicidad en salud mental de la clasificación internacional de deficiencias, discapacidades y minusvalías. San High Pub. 1999;66(3-4):187-95.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1354
TRANSTORNO DE PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL E SUAS MANIFESTAÇÕES EM ESCOLARES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O professor enquanto profissional responsável pelo acompanhamento da criança em situações de aprendizagem tem a experiência como elemento fundamental. Quanto mais antecipada e precisa for à identificação de alterações relacionadas à aprendizagem por parte do professor, melhor se designará sua prática pedagógica. Dentro desse contexto, parece inquestionável o papel do professor na identificação das manifestações típicas de alterações no PAC em crianças em período escolar. Objetivo: Investigar o conhecimento dos graduandos do curso de Pedagogia em período de formação profissional acerca do Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), como percebem suas manifestações e que condutas adotam em relação aos encaminhamentos necessários. Metodologia: Tratou-se de uma pesquisa de campo, do tipo observacional, transversal, descritiva, qualitativa e quantitativa, realizada no período de maio a setembro de 2019. Participaram desse estudo 40 graduandos, sendo 20 do último ano do curso de Pedagogia e 20 do curso de Fonoaudiologia, de duas universidades públicas da Paraíba, que responderam a um questionário composto por perguntas fechadas e abertas. Resultados: Constatou-se que 90% dos graduandos de Pedagogia referem não ter cursado uma disciplina que abordasse o tema Processamento Auditivo Central e apenas 5% referiu ter conhecimento sobre o assunto. Em relação às manifestações típicas do transtorno, os participantes percebem mais as alterações relacionadas à escrita do que as relacionadas às queixas auditivas e somente 15% dos participantes indicaram corretamente a conduta que deve ser adotada ao observar escolares com manifestações típicas. 25% (n=5) dos graduandos de Pedagogia refere que o TPAC deve ser tratado por equipe multiprofissional, mas não incluiu em suas respostas o fonoaudiólogo. Conclusão: Os graduandos de Pedagogia reconhecem a relação entre audição e aprendizagem escolar, mas ainda não conhecem, de forma adequada, as questões relacionadas ao processamento auditivo central, suas alterações e como elas podem influenciar o processo de aquisição da linguagem escrita.

1. Andrade CLO de, Lemos AC, Machado GC, et al. Hipotireoidismo Congênito Como Fator De Risco Para Os Transtornos Do Processamento Auditivo Central. Rev Paul Pediatr. 2019;37(1):82-89.
2. Hygge S, Evans GW, Bullinger M, Hygge S, Evans GW, Bullinger M. Schoolchildren IN SCHOOLCHILDREN. Brazilian J Otorhinolaryngol (Versão em Port. 2018;13(5):469-474.
3. Volpatto FL, Rechia IC, Lessa AH, Soldera CLC, Ferreira MID da C, Machado MS. Questionnaires and checklists for central auditory processing screening used in Brazil: a systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2019;85(1):99-110.
4. do Amaral MIR, de Carvalho NG, Colella-Santos MF. Computer-based central auditory processing screening for school-age children (audBility): An initial investigation. Codas. 2019;31(2):1-11.
5. Dias RF, Boscolo CC. C onhecimento de professores sobre pré e pós - oficina fonoaudiológica. 2018;35(107):129-141.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2131
TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL E BILINGUISMO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O Processamento Auditivo Central (PAC) refere-se à eficiência e eficácia que o Sistema nervoso Central utiliza a informação auditiva , quando se tem uma alteração nesse processo , temos o Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) é formado por um grupo de diferentes alterações que estão diretamente relacionadas à questões auditivas.Nesses casos O TA age na reestruturação do sistema auditivo e conexões com sistemas neurais. Este fato, acarreta na melhora das habilidades alteradas por meio da plasticidade neural. Diversos estudos e autores vêm pesquisando as vantagens e desvantagens no bilinguismo que pode ser associada ao PAC. O aprendizado de uma língua é normalmente realizado através da audição. No entanto, quando há TPAC esse aprendizado se torna a mais difícil.Objetivo: Relatar os benefícios do treinamento auditivo em uma paciente bilíngue com PAC.Metodologia: Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética sob o parecer de número 4.096.250. Trata-se de um estudo retrospectivo de uma Paciente bilíngue de 12 anos de idade, sexo feminino, com dificuldades de compreensão auditiva. Inicialmente, aplicou-se o questionários de funcionamento auditivo (SAB) e o de monitoramento dos resultados do treinamento auditivo (FISHER). Para avaliar a via auditiva, foi aplicado o potencial evocado auditivo de tronco encefálico(PEATE), observando um aumento da latência da onda III, em ambas as orelhas , sendo mais significa na orelha direita antes do TA. Além disso , aplicou-se os testes da bateria de avaliação do processamento auditivo central: testes de Identificação de Sentença Sintática –PSI, Teste de Padrão de Frequência –PPS Teste Dicótico de Dígitos- TDD, Teste Dicótico Consoante Vogal-TDCV- Fala no Ruído-FR, Masking Level Difference-MLD. os testes de PAC apresentaram alteração nas habilidades de Figura-Fundo para sons linguísticos, Integração Binaural, Separação Binaural e Ordenação Temporal ,resultando no transtorno do processamento auditivo central.O treinamento auditivo, foi baseada em técnicas formais e informais com ênfase no trabalho de memória sequencial verbal juntamente com atenção seletiva, realização de atividades direcionadas a figura-fundo auditiva, consciência do planejamento da informação acústica através da discriminação de fonemas e síntese fonêmica. Resultado: Após o treinamento auditivo, observou-se melhor desempenho nos scores dos questionários SAB e Q-Fisher, diminuição das latências do PEATE em ambas as orelhas. Nos testes comportamentais do PAC, observou-se evolução significativa nos testes Dicótico de Dígitos, com diminuição da diferença interaural, Padrão de Frequência para a tarefa de nomeação, no teste de inteligibilidade de Fala Pediátrica –PSI em sons verbais obteve, especialmente na relação sinal ruído de -15/MCI,chegando a 40% de melhora. Sendo assim, observou-se uma melhora nos mecanismos fisiológicos de atenção seletiva, discriminação de sons verbais em sequência, reconhecimento de sons verbais fisicamente distorcidos em escuta monótica, reconhecimento de sons não verbais em escuta dicótica, reconhecimento de sons verbais sobrepostos em escuta monótica com respostas de apontar figuras e discriminação de padrões sonoros. Conclusão: Diante dos resultados obtidos pós treinamento auditivo, a paciente conseguiu alcançar todos os objetivos do treinamento auditivo com grande êxito, resultando na melhora expressiva das habilidades auditivas alteradas, compreensão auditiva e consequentemente na sua qualidade de vida.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1749
TRANSTORNOS DE DEGLUTIÇÃO EM CRIANÇAS COM A SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: As dificuldades na alimentação são transtornos frequentes na infância e, dentre esses, a disfagia orofaríngea é um sintoma prevalente na população com acometimento neurológico na infância. O fenótipo da síndrome do Zika Vírus pode ser definido como uma sequência de alterações no cérebro embrião-fetal pelo vírus Zika (EFDS-ZIKV) e envolve anomalias cerebrais graves e um espectro dismórfico que varia de microcefalia leve à grave. Essa população apresenta também sinais neurológicos como alterações corticais, hipertonia e a artrogripose¹ que podem frequentemente comprometer a deglutição orofaríngea. No entanto, praticamente não há relatos de transtornos de deglutição em crianças com o diagnóstico da síndrome congênita do Zika Vírus (SCZV). O único estudo encontrado na literatura analisou poucos casos e, mesmo assim, concluíram que havia disfagia orofaríngea com alteração nas três fases de deglutição, a partir dos três meses de idade². Embora a disfagia orofaríngea seja considerada um sintoma prevalente em populações com acometimento neurológico na infância³, não há relatos sobre essa prevalência em crianças com a SCZV. O screening (Rastreamento) nos transtornos da deglutição é capaz de identificar fatores preditivos, para direcionar de forma ágil os casos que merecem avaliação especifica imediata⁴. Objetivo: Este estudo teve por objetivo identificar o risco de transtornos de deglutição em crianças com a SCZV. Método: Estudo clínico transversal, com amostra de conveniência, aprovado pelo Comitê de Ética de um hospital sob o no. 1.743.023. Participaram desse estudo 30 indivíduos diagnosticados com a SCZV avaliados por equipe interdisciplinar, sendo 19 do sexo masculino e 11 do sexo feminino, entre 1 ano e 6 meses a 4 anos e 1 mês de idade, com média de 2 anos e 9 meses. A identificação do risco para transtorno de deglutição foi realizada por meio de instrumento de rastreamento elaborado com base nos fatores preditivos de risco descritos na literatura atual. O instrumento foi composto por questões sobre dificuldade de deglutição, presença de tosse, engasgos, alteração na respiração após a alimentação, presença de cianose durante a alimentação, tipo de consistências de alimento ofertadas, posicionamento corporal durante a oferta, tempo de duração da refeição, perda de peso ou dificuldade de ganho de peso, histórico de pneumonias, sendo apresentado em forma de checklist. Resultado: Verificou-se que 86,6% das crianças com SCZV apresentaram um ou mais sinais de risco para disfagia orofaríngea, sendo que 76,7% (23 indivíduos) apresentavam queixa de dificuldade de deglutição; 63,3% (19 indivíduos) informaram a necessidade de mudança de consistência dos alimentos; 76,7% (23 indivíduos) referiram engasgo ou tosse e 26,7% (8 indivíduos) destacaram a dificuldade para ganho de peso. Conclusão: A frequência de fatores preditivos de risco para disfagia orofaríngea foi alta nas crianças com SCZV, o que confirma a necessidade de avaliação especifica imediata e acompanhamento para essa população.

1.Larrandaburu M, Vianna FSL, Anjos da Silva A, Nacul L, Sanseverino MTV, and Schuler-Faccini L. Zika virus infection and congenital anomalies in the Americas: opportunities for regional action. Rev Panam Salud Publica. 2017;41:e174. doi: 10.26633/RPSP.2017.174.
2.Leal, M.C.; Van Der Liden, V.; Bezerra, T.P.; de Valois, L.; Borges, A.; Antunes, M.; Ximenes, C.R. Characteristics of Dysphagia in Infants with Microcephaly Caused by Congenital Zika Virus Infection, Emerging Infectious Diseases, Brazil, v.23, n.8, 2015.
3.Almeida, T.M.; Cola, P. Instrumento de rastreio para disfagia orofaríngea no Acidente Vascular Encefálico - Parte I: evidências de validade baseadas no conteúdo e nos processos de resposta. CoDAS, São Paulo, v. 29, n. 4, e20170009, 2017.
4.Magalhães J.H.V.; Pernambuco L.A. Screening para disfagia orofaríngea. CoDAS - São Paulo, v. 27, n. 2, p. 111-112, Apr. 2015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
950
TRANSTORNOS DE DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA ATENDIDOS EM SETOR DE REFERÊNCIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


INTRODUÇÃO: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neuromuscular progressiva, e apesar de rara, é a doença mais comum das doenças do neurônio motor1. A mesma pode manifestar-se de duas formas: a ELA do tipo bulbar e a ELA Apendicular2. Um dos sintomas apresentados é a disfagia, que é definida como a dificuldade de deglutir. Tal sintoma pode ser encontrado independente da forma de apresentação da doença3, e requer uma atenção especializada de uma equipe multiprofissional, principalmente do Fonoaudiólogo, evitando assim desfechos negativos para esses pacientes, como a ocorrência de broncoaspiração, desidratação e desnutrição4. Além disso, a presença e o grau da disfagia, é considerada um fator importante na tomada de decisão do encaminhamento para a introdução da via alternativa de alimentação4. OBJETIVO: Verificar a ocorrência e o grau de disfagia em pacientes com ELA. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo, observacional e de segmento transversal. O mesmo faz parte de um estudo maior intitulado “Interface entre parâmetros de voz/fala e deglutição em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica” aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, através do parecer de número 3.192.333/2018. A coleta foi realizada em setor de referência de um Hospital Universitário. Foram levantadas as fichas de avaliação fonoaudiológica do serviço, totalizando 22 pacientes, com 12 excluídos, resultando numa amostra final de 14 pacientes. RESULTADOS: Dos pacientes analisados, 50% possuíam diagnóstico há mais de 04 anos, e 50% possuíam diagnóstico há menos de 04 anos. Nos sujeitos com diagnóstico há mais de 04 anos, o tipo mais encontrado foi a ELA apendicular (71,42%) e a disfagia mais encontrada, foi a de grau moderado (71,42%). Dos pacientes com diagnóstico há menos de 04 anos, o tipo de ELA mais encontrado foi a ELA apendicular (57,14%) e o grau de disfagia foi o moderado (42,85%). CONCLUSÃO: A disfagia é uma alteração de deglutição frequente nos pacientes com ELA. Nesse estudo foi possível identificar a sua ocorrência independente do tipo de ELA e do tempo de início dos sintomas, demandando assim, uma intervenção fonoaudiológica precoce com o intuito, entre outros aspectos, de proporcionar uma deglutição segura e eficaz, e contribuindo na tomada de decisão do momento ideal para o encaminhamento da introdução da via alternativa de alimentação nestes pacientes.

1. Chieia MA, Oliveira ASB, Silva HCA, Gabbai AA. Amyotrophic lateral sclerosis: considerations on diagnostic criteria. Arq. Neuro-Psiquiatr. [Internet]. 2010 Dec [cited 2018 July 22]; 68(6):837-842.

2. Wijesekera LC, Leigh PN. Amyotrophic Lateral Sclerosis. Orphanet J Rare Dis. 2009 Feb 3;4(3).

3. Tabor L, Gaziano J, Watts S, Robison R, Plowman EK. Defining swallowing-related quality of life profiles in individuals with amyotrophic lateral sclerosis. Dysphagia. 2016;31(3):376–82.

4. Ruoppolo G, Schettino I, Frasca V, Giacomelli E, Prosperini L, Cambieri C et al. Dysphagia in amiotrophic lateral sclerosis: prevalence and clinical findings. Acta Neurol Scand. 2013 May;128(6):397-401.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2031
TRANSTORNOS DO SONO RELACIONADOS AS ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS NO IDOSO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Problemas relacionados ao sono são umas das principais queixas entre os idosos na prática clínica, porém ainda existem dificuldades em distinguir a alteração do sono decorrente do envelhecimento e as que estão associadas aos fatores patológicos. Objetivo: Nesse contexto, o intuito desse estudo foi analisar evidências na literatura acerca de transtornos do sono em adultos e idosos com alterações neurológicas. Metodologia: Este estudo é uma revisão de literatura, no qual, se realizou a busca em bases de dados Lilacs e Scielo com os descritores: neurological disorder AND sleep, sleep AND adult e sleep AND elderly. Os filtros utilizados foram está entre o período de 2014 a 2019, os trabalhos poderiam ser em inglês, português ou espanhol e serem artigos originais. Foram selecionados os estudos que relatassem a relação de um tipo de alteração do sono com o transtorno neurológico. Dentre os 93 trabalhos encontrados apenas três foram inclusos nos critérios pré-estabelecidos. Resultados: Dos três trabalhos selecionados dois eram revisões de literatura e um era um artigo descritivo. As alterações do sono encontradas foram: Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), Movimentos Periódicos dos Membros (MPM), a Insônia e Transtorno comportamental do sono REM esses foram relacionados com as alterações neurológicas de Parkinson, Alzheimer e Corpos de Lewy. Na maioria dos trabalhos a intervenção para esses transtornos eram medicamentosos, apenas um citou a higiene do sono como intervenção. Por muitas das queixas de sono não serem claras durante a avaliação clínica do paciente, elas devem ser investigadas detalhadamente. O próprio processo de envelhecimento gera mudança em seus aspectos fisiológicos do sono e podem desencadear dificuldades ao paciente, que podem ser ampliadas com a comorbidade de uma alteração neurológica. Conclusão: Os achados na base de dados pesquisada foram escassos, visto que apenas três conseguiram atingir os critérios de inclusão desse estudo. No entanto, os resultados encontrados contribuíram para acrescentar que adultos e idosos com alterações neurológicas podem apresentar transtornos do sono, gerando mais impactos na qualidade de vida do paciente e de seus familiares. A intervenção para os distúrbios ainda é predominantemente farmacológico, o que gera ainda mais complicação para a saúde do idoso, fazendo-se indispensável a investigação de novas formas de tratamento mais adequados e menos invasivos, como a higiene do sono.

Santos Mariana Alvina dos, Conceição Ana Paula da, Ferretti-Rebustini Renata Eloah de Lucena, Ciol Marcia Aparecida, Heithkemper Margareth McLean, Cruz Diná de Almeida Lopes Monteiro da. Non-pharmacological interventions for sleep and quality of life: a randomized pilot study. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. 2018 [cited 2020 July 13] ; 26: e3079. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692018000100379&lng=en. Epub Nov 14, 2018. https://doi.org/10.1590/1518-8345.2598.3079.

Silva Maren de Moraes e, Lorenzi Cezar Henrique, Schneider Blenda Barreto, Seidel Catherine Enk Fischer, Salomé Isabela, Gianini Viktor Cleto Morais et al . Restless legs syndrome in Parkinson's disease and increased cardiovascular risk. Arq. Neuro-Psiquiatr. [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 July 13] ; 76( 11 ): 731-735. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2018001100731&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/0004-282x20180114.

Ferretti Fatima, Santos Daiana Teodoro dos, Giuriatti Leticia, Gauer Ana Paula Maihack, Teo Carla Rosane Paz Arruda. Sleep quality in the elderly with and without chronic pain. BrJP [Internet]. 2018 June [cited 2020 July 13] ; 1( 2 ): 141-146. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2595-31922018000200141&lng=en. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20180027.

Reis Karine Marques Costa dos, Jesus Cristine Alves Costa de. RELATIONSHIP OF POLYPHARMACY AND POLYPATHOLOGY WITH FALLS AMONG INSTITUTIONALIZED ELDERLY. Texto contexto - enferm. [Internet]. 2017 [cited 2020 July 13] ; 26( 2 ): e03040015. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072017000200325&lng=en. Epub July 03, 2017. https://doi.org/10.1590/0104-07072017003040015.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1389
TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E ADESÃO À TERAPIA DE VOZ DE PACIENTES COM DISFONIA COMPORTAMENTAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Um dos fatores que podem determinar a efetividade da fonoterapia vocal é o nível de adesão ao processo terapêutico, que pode ser observada pelo comprometimento que um paciente apresenta em relação a todas as orientações e mudanças comportamentais sugeridas pelo profissional1. Diversos aspectos podem influenciar seu êxito, porém pouco se conhece da influência de aspectos comportamentais nesse processo2-4. Objetivo: Verificar se transtornos mentais comuns, traço e estado de ansiedade e sintomas vocais podem diferenciar pacientes com e sem adesão à fonoterapia em voz. Métodos: Este é um estudo retrospectivo e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem, parecer nº383.061/2013. Participaram 24 pacientes, com média de idade de 47,79 (DP=18,83) anos, distribuídos em: grupo de pacientes que aderiram à fonoterapia – PAF (n=15) e pacientes que não aderiram à fonoterapia na área de voz – PNAF (n=9). Foram aplicados o Self Report Questionnaire (SRQ)5, Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)6 e Escala de Sintomas vocais (ESV)7. Foi realizada estatística descritiva e inferencial por meio dos Testes Qui-Quadrado e teste t de Student. Resultados: Pacientes do PAF apresentaram médias de 34,20 (DP=10,67) e 39,53 (DP=11,09) para o traço e estado de ansiedade, respectivamente. Enquanto participantes do PNAF apresentaram médias de 33,89 (DP=10,34) e 45,22 (DP=9,34), respectivamente. No que se refere ao SRQ-20, pacientes do PAF obtiveram média de 5,93 (DP=3,99) e o PNAF de 7,33 (DP=3,66). No escore total da ESV, o grupo PAF apresentou média de 56,54 (DP=27,51) e o PNAF de 46,38 (DP=15,80). Não foram observadas diferenças significantes entre os grupos para o traço e estado de ansiedade, SRQ e escore total da ESV. Apesar de não ocorrerem diferenças significantes na comparação das médias dos grupos para as variáveis apresentadas, vale destacar que o PAF apresentou valores correspondentes à baixa ansiedade tanto no traço quanto estado, porém o PNAF apresentou média correspondente à alta ansiedade estado. O mesmo ocorreu referente ao SRQ, o PAF apresentou uma média abaixo e o PNAF acima do ponto de corte do referido instrumento, o que pode ser entendido que este último grupo tem indicativo de transtornos mentais comuns. É importante ressaltar que o SRQ é tido na literatura como um instrumento sensível e específico para detectar esse tipo de transtorno, com forte correlação com o diagnóstico médico psiquiátrico8. Ambos os grupos apresentaram médias acima do ponto de corte para a ESV, compatível a grupos que tem realmente o diagnóstico de disfonia. Conclusão: Não houve diferença significante na comparação das médias dos grupos para as variáveis relacionadas aos transtornos mentais comuns, ansiedade traço e estado e sintomas vocais. Entretanto, destaca-se que o PAF apresenta médias equivalentes a indivíduos com baixa ansiedade traço e estado, além de sem indicativo de transtornos mentais comuns. Em contraponto, o PNAF tem média de alta ansiedade estado e indicativo de presença de transtornos mentais comuns. Essa análise auxilia no entendimento que ambos os grupos podem se comportar de forma diferente em relação aos sintomas comportamentais que podem influenciar na adesão ao tratamento de voz.

1.Trajano FMP. A efetividade da terapia fonoaudiológica de grupo para a redução da ansiedade de pacientes com disfonia. [Dissertação]. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoas, 2015.
2. Portone C, Johns MM, Hapner ER. A review of patients adherence to the recommendation for voice therapy. J Voice. 2008;22(2):192-196.
3. Law T, Lee KYS, HO NY, VAN HASSELT AC, TONG MCF. The Effectiveness of Group Voice Therapy: a group climate perspective. J Voice. 2012;26(2):41-8.
4. Leer EV, Connor NP. Patients perceptions of voice therapy adherence. J Voice. 2010; 24(4): 458-69.
5. Mari J, Williams PA. validity study of a psychiatric Screeninng Questionnaire (SRQ-20) in primary care in the city of São Paulo. Br J Psychiatry. 1986;148(1):23-6.
6. Fioravanti ACM, Santos LF, Maissonette S, Cruz APM, Landeira-Fernandez J. Avaliação da estrutura fatorial da Escala de Ansiedade-Traço do IDATE. Avaliação Psicológica. 2006; 5(2): 217-224.
7. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-Cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale - VoiSS. J Voice. 2014; 28(4):458-68.
8. Gonçalves MD, Stein AT, Kapczinski F. Avaliação de desempenho do Self-Reporting Questionnaire como instrumento de rastreamento psiquiátrico: um estudo comparativo com o Structured Clinical Interview for DSM-IV-TR. Cad. Saúde Pública. 2008;24(2):380-390.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2120
TRAQUEOSTOMIA NO POPULAÇÃO PEDIÁTRICA: DEMANDA DA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A traqueostomia em criança exige uma atenção para o desenvolvimento de habilidades fonoarticulatórios, além dos cuidados de higiene e aspiração Objetivo: Descrever o perfil da população pediátrica submetida à traqueostomia em um hospital terciário no interior paulista, e o seu seguimento com enfoque nas demandas fonoaudiológicas. Métodos: Estudo retrospectivo de pacientes pediátricos submetidos à traqueostomia em um hospital de referência no interior paulista desde a instalação do prontuário eletrônico (6 anos de análise). Foram coletados: caracterização da amostra (sexo, idade), idade da indicação, complicações e cuidados fonoaudiológicos. Pelo código cirúrgico de traqueostomia, foram incluídos crianças de até 17 anos, sendo excluídas as crianças sem dados no prontuário eletrônico e/ou as que não consentiram a sua participação no estudo, juntamente com seus responsáveis. Resultados: 64 crianças foram consideradas nesta amostra, 32 do sexo masculino, com retornos regulares para troca de cânula, sendo 9 traqueostomias realizadas em procedimentos emergenciais (14%), com 13 dias de vida (mínimo) até 16 anos, mediana de 7 meses. Analisando por faixa etária, 35 crianças realizaram a traqueostomia com menos de 1 ano de idade, 14 realizaram com 1 até 7 anos e 15 crianças de 10 à 16 anos. Em relação às comorbidades, 20 foram pré-termos e 21 apresentaram associação à alguma síndrome, como de Síndrome de Down, Tetralogia de Fallot, Hidrocefalia congênita não especificada, Werdnig-Hoffman, de Dandy Walker, Moebius e de Edwards. Ressalta-se que 49 (76,6%) crianças realizaram a traqueostomia antes dos 7 anos de idade, faixa etária importante na aquisição de linguagem. Os dados coletados da evolução médica indicaram que 10 crianças apresentaram queixas de linguagem, desde não falar nada, até atraso de linguagem/fala, queixas de interação e falha na voz. Outro aspecto importante da atuação fonoaudiológica é no manejo da alimentação. Observou-se que 56 crianças necessitaram de alimentação por sonda concomitantemente à traqueostomia, que indicaria um alerta para ter tido esse acompanhamento com a fonoaudiologia. Realizando a intersecção dos casos que se alimentaram por sonda e das queixas de linguagem/fala/voz, totalizou-se 60 pacientes com alguma dessas questões, porém somente 41 crianças foram de fato encaminhadas para a fonoaudiologia, ficando interrogado se 19 crianças não poderiam ter sido beneficiados pela avaliação, orientação e se necessário, terapia fonoaudiológica. Conclusão: Neste presente estudo, observou-se a alta frequência de queixas de linguagem e disfagia, que nem sempre é encaminhada ao profissional fonoaudiólogo. Salienta-se a necessidade do seguimento da criança com traqueostomia por uma equipe multiprofissional e integrada.

Durbin Jr CG. Traqueostomy: Why, When and How?. Respiratory Care. 2010;55:1056-68.
MacRae DL, Rae RE, Heeneman H. Pediatric tracheostomy. J Otolaryngol. 1984; 13:309-311.
Kremer B, Botos-Kremer AI, Eckel HE, Schodorff G. Indications, complications, and surgical techniques for pediatric tracheostomies - an update. J Pediatr Surg.2002;37(11):1556-62.
Garuti G, Reverberi C, Briganti A, Massobrio M, Lombardi F, Lusuardi M. Swallowing disorders in tracheostomised patients: a multidisciplinary/ multiprofessional approach in decannulation protocols. Multidiscip Respir Med. 2014;9(1):36.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
159
TRATAMENTO INTENSIVO EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS DOS SONS DA FALA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Os Distúrbios dos Sons da Fala (DSF) uma terminologia, que abrange déficits de linguagem a nível fonológico,que engloba: Apraxia de fala na Infância (AFI), Desvio fonológico (DF) e Erros Residuais de fala (ERF) ¹,². A terapia intensiva é utilizada para diversas áreas da Fonoaudiologia e com os Distúrbios dos Sons da Fala (DSF), a intervenção vem como uma alternativa de maximizar a eficácia da terapia, sendo que quanto mais precoce for a intervenção, maiores chances de se alcançar um resultado satisfatórios. A literatura tem mostrado que a terapia intensiva se comparado às terapias tradicionais tem a maior possibilidade de adesão do paciente ao tratamento ³. Para realizar uma terapia intensiva deve se considerar os critérios de dosagem: (I) forma de dosagem, (II) a duração, (III) a frequência de dosagem, (IV)- duração total da intervenção, engloba o tempo total da intervenção, (V) intensidade cumulativa de intervenção.⁴ Objetivo: Analisar a metodologia de intervenção fonoaudiológica intensiva nos casos dos DSF, especificando a dosagem da terapia. Método: As buscas por artigos científicos foram conduzidas por dois pesquisadores independentes nas bases de dados eletrônicas (PubMed, CAPES, Scielo, LILACS, BIREME, MEDCARIB) de 2008 até maio de 2019. A pesquisa foi realizada com os descritores [(Intensive Treatment and Speech Sound Disorder and Children) or (Intensive Treatment and childhood apraxia of speech and Children) or (Intensive Treatment and Speech Sound Disorder and Children) or (Intensive Treatment and residual speech errors and Children) or (Intensive Treatment and phonological disorders and Children) or (Intensive Treatment and phonological impairment and Children) Dessa forma dos 75 estudos, apenas 10 se enquadraram para o objetivo do trabalho. Resultados: A terapia intensiva voltada para crianças com DSF mostrou-se variar quanto à metodologia de intervenção, tanto nos casos de desvio fonológico e de apraxia de fala na infância. Os estudos selecionados não apresentam informações relativas à dosagem terapêutica. Limitadores como a logística, a situação socioeconômica das famílias, bem como problemas relacionados ao espaço físico foram apontados nos estudos. Conclusão: Verificou-se escasses de informações sobre a terapia intensiva em DSF. Sugerem-se estudos comparando terapia de alta intensidade versus de baixa intensidade nos diferentes quadros de DSF, especificando a metodologia de intervenção intensiva, tais como a frequência e a dosagem de frequência.


1.Allen M. Intervention Efficacy and Intensity for Children With Speech Sound Disorder [internet]. Laramie; 2013. [Acesso em: 03 set. 2019]. Disponível em: https://www.scipapp.com/wp-content/uploads/2017/02/Allen_2013_InterventionEfficacy.pdf

2. Keske-soares M et al. Generalização por 'reforço' ou 'contraste' no tratamento do desvio fonológico [internet]. Rio Grande do Sul; 2008. [Acesso em: 02 mar. 2020]. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-80342008000400015&script=sci_arttext&tlng=pt

3. Barratt J, Littlejohns P, Thompson J. Trial of intensive compared with weekly speech therapy in preschool children [internet]. Londres; 1992. [Acesso em: 14 nov. 2019]. Disponível em: https://adc.bmj.com/content/archdischild/67/1/106.full.pdf

4. Warren S, Fey M, Yoder P. Differential treatment intensity research: A missing link to creating optimally effective communication interventions [internet]. Kansas; 2007. [Acesso em: 14 nov. 2019]. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/mrdd.20139






TRABALHOS CIENTÍFICOS
1755
TRAUMAS MAMÁRIOS E SUA CORRELAÇÃO COM O FRÊNULO LINGUAL ALTERADO: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


TRAUMAS MAMÁRIOS E SUA CORRELAÇÃO COM O FRÊNULO LINGUAL ALTERADO: REVISÃO INTEGRATIVA


INTRODUÇÃO: O aleitamento materno é uma estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para o recém-nascido, porém há vários fatores que interferem nesse processo, e o estudo irá abordar um deles, os traumas mamilares. O trauma mamilar é uma causa comum para o abandono do aleitamento materno, por ocasionar dor e desconforto às puérperas, originando mamilos doloridos, bolhas mamilares, fissuras e monilíase mamilar. Dentre as causas associadas aos traumas mamários identificadas em pesquisas, destaca-se o freio lingual curto, uma alteração comum que ocorre quando um resquício de tecido permanece na região inferior da língua limitando os movimentos. Com á alteração no freio lingual curto o movimento da língua do bebê é restrito, há umas execuções excessivas da mandíbula, perda de vedamento labial, deslizamento ou perda de fixação, o bebê acaba puxando repetidamente a mama, causando danos para a mãe .Frente a isso, há uma necessidade de um diagnostico precoce para essas alterações. No Brasil, a lei nº 13.002 determinou a obrigatoriedade da realização do o teste da linguinha, em todos os recém-nascidos nos hospitais e nas maternidades públicas do país. OBJETIVOS: O estudo irá verificar o índice da participação do frênulo lingual alterado nos casos de trauma mamilar, e a efetividade do teste da linguinha.
METODOLOGIA: Esta pesquisa é de natureza bibliográfica na modalidade revisão integrativa da literatura e qualiquantitativa. A pesquisa foi realizada nas bases de dados online. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos acadêmicos, monografias e teses publicadas com resumo e texto completo, disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol, e que contemplassem a temática deste. Como critérios de exclusão, ficaram estabelecidos que fossem excluídos estudos que não atendessem à temática desta revisão, bem como relatos de casos informais, reportagens, notícias, textos não científicos e artigos científicos sem disponibilidade do texto na íntegra online. RESULTADOS: Após a busca, foram selecionados nove (9) artigos para análise. Tendo como referência as bases de dados PubMed, BIREME,SCIELO e LILACS, foram selecionados estudos publicados entre os anos de 2013 a 2020. Os descritores utilizados foram: frênulo lingual curto, teste da linguinha, amamentação, desmame precoce, trauma mamilar, Fonoaudiologia. CONCLUSÃO: No estudo foi possível concluir que o frênulo lingual alterado tem participação ativa em alguns dos casos de traumas mamilares. Além disso, foi possível observar que o teste da linguinha é uma ferramenta eficaz para diagnosticar o frênulo alterado e prevenir possíveis alterações na amamentação tanto para o bebê como para a mãe.


1. FEBRASGO. Manual de aleitamento materno. São Paulo, 2015. Acesso em: 23 mar.2020. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/.

2. BRITO, F. S. et al. Frênulo lingual: classificação e conduta segundo ótica fonoaudiológica, odontológica e otorrinolaringológica. Rev. CEFAC. 2008; 10(3):343-351.

3. MARTINELLI, C. L. R.; MARCHESAN, Q. I.; FELIX-BERRETING, G. Cartilha do teste da linguinha: para mamar, falar e viver melhor. São Paulo, Pulso, 2014. Acesso em: 15 mai.2019.Disponível em:http://www.sbfa.org.br/portal/pdf/testelinguinha_2014_livro.pdf.

4. HENRY, L.; HAYMAN, R. Ankyloglossiaand Its Impacto n Breastfeeding.2014 Acesso em: 16 abr. 2020. . Disponível em: file:///C:/Users/cbris_000/Desktop/TCC-FONO/livro%20anquiloglossia%20na%20amamenta%C3%A7%C3%A3p.pdf.

5. BRASIL. Presidência da república lei nº 13.002 de 20 de junho de 2014. Obriga a realização do protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês. Brasília, 2014. Acesso em: 14 abr.2019.Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2014/lei-13002-20-junho-2014-778947-publicacaooriginal-144433-pl.html.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
300
TREINAMENTO AUDITIVO COM ESTÍMULOS VOCAIS ÂNCORAS SINTETIZADOS: EFEITOS NA CONCORDÂNCIA DOS AVALIADORES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Programas de treinamento auditivo com estímulos âncoras sintetizados, baseados no Método psicofísico de estimação de categorias(1), onde o avaliador pareia uma voz a um estímulo âncora que mais se assemelhe a ela, mostram impacto positivo na concordância intra(1) e interavaliador(1,2) da análise perceptivo-auditiva. Apesar de a literatura(3,4) apresentar resultados promissores sobre os efeitos positivos do treinamento auditivo na análise perceptivo-auditiva, pesquisas são necessárias para definir o melhor formato destes Programas de Treinamento na formação de avaliadores pouco experientes, considerando-se a importância da análise perceptivo-auditiva na clínica vocal. Objetivo: analisar o resultado do treinamento auditivo, com vozes sintetizadas, na concordância intra-avaliadores da análise perceptivo-auditiva de rugosidade e soprosidade. Método: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (37872314.2.0000.5149). Estudo experimental composto por quatro sessões de treinamento auditivo com vozes humanas e estímulos âncoras sintetizados. A amostra composta por vinte alunos de Fonoaudiologia que possuíam contato prévio com a avaliação perceptivo-auditiva, com idade de 21 a 37 anos, com média de 24 anos, sendo três homens e 17 mulheres. Os avaliadores participaram de quatro sessões de treinamento com o intervalo de sete dias entre eles. Cada treinamento consistiu em três tarefas: 1) Atividade pré-treinamento: julgamento de 20 vozes naturais neutras e disfônicas, onde os participantes avaliaram os parâmetros de rugosidade e soprosidade e o grau de desvio vocal (0 – neutro, 1 – leve, 2 – moderado, 3 – intenso); 2) Atividade de treinamento: foram apresentados quatro estímulos âncoras sintetizados de rugosidade (R) e quatro de soprosidade (B) com o grau geral de desvio vocal variando de zero a três. Os participantes foram orientados a parear a voz natural que mais se assemelhava ao estímulo âncora sintetizado. Esta atividade foi composta por 20 vozes naturais; e 3) Atividade pós-treinamento: as 20 vozes da atividade pré treinamento foram randomizadas e os indivíduos julgaram as mesmas vozes sem conhecimento prévio de que as mesmas foram repetidas. A análise estatística dos dados foi realizada pelo teste AC2 para avaliação da concordância intra-avaliadores e o Teste não-paramétrico de Friedman para comparação entre as sessões de treinamento. O software utilizado foi o R (versão 3.5.1) para realização do teste AC2 e o Minitab® 19 para o teste de Friedman. Foi considerado um nível de significância de 5%. Resultados: Na análise da concordância intra-avaliador para o parâmetro perceptivo- auditivo de rugosidade, os resultados variaram de 79%, 85%, 85% e 86% entre a primeira e a quarta sessão de treinamento auditivo, respectivamente, com melhora da concordância intra-avaliador a partir da quarta sessão (p=0,005). Para a análise da concordância intra-avaliador no parâmetro auditivo de soprosidade, os resultados foram 88%, 90%, 90% e 92% da primeira à quarta sessão de treinamento auditivo, respectivamente. Na quarta sessão de treinamento os juízes apresentaram uma maior concordância (p=0,036). Conclusão: O parâmetro perceptivo-auditivo de soprosidade foi mais concordante que o da rugosidade. A concordância intra-avaliador apresentou melhora a partir da quarta sessão de treinamento auditivo para avaliação dos parâmetros de rugosidade e de soprosidade.

1. Gurlekian JA, Torres HM, Vaccari ME. Comparison of Two Perceptual Methods for the Evaluation of Vowel Perturbation Produced by Jitter. J Voice. 2016;30(4): 506.e1-8.
2. Santos PCM, Vieira MN, Sansão JPH, Gama ACC. Effect of Auditory-Perceptual Training With Natural Voice Anchors on Vocal Quality Evaluation. J Voice. 2018; 33: 220-225.
3. Ghio A, Dufour S, Wengler A, Pouchoulin G, Revis J, Giovanni A. Perceptual Evaluation of Dysphonic Voices: Can a Training Protocol Lead to the Development of Perceptual Categories? J Voice. 2015;29 (3): 304-311.
4. Freitas SV, Pestana PM, Almeida V, Ferreira A. Audio-Perceptual Evaluation of Portuguese Voice Disorders—An Inter- and Intrajudge Reliability Study. J Voice. 2014; 28(2): 210-215.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2128
TREINAMENTO AUDITIVO EM CRIANÇAS COM DIFICULDADE DE LEITURA E ESCRITA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O treinamento auditivo (TA) pode servir como uma valiosa ferramenta de intervenção fonoaudiológica, particularmente para indivíduos com transtorno do processamento auditivo central (TPAC). O TA pode ser empregado para melhorar as habilidades do processamento auditivo em várias populações clínicas incluindo as crianças com dificuldades de leitura e escrita. Trata-se de um conjunto de condições e/ou tarefas designadas para a ativação do sistema auditivo e dos sistemas associados, para que haja alterações benéficas no comportamento auditivo e no Sistema Nervoso Auditivo Centra (SNAC). As mudanças no SNAC ocorridas após o TA são fundamentadas pela plasticidade do SNAC, a qual pode ser definida como as alterações nas células neurais para melhor atender às influências ambientais imediatas, estando estas alterações geralmente associadas a mudanças comportamentais. As mudanças ocorridas podem trazer benefícios para o processo de aprendizagem de escolares com dificuldades de leitura e escrita.
Objetivo: Comparar o desempenho auditivo de crianças com nível de inteligência preservada, mas com dificuldade em leitura e escrita pré e pós treinamento auditivo e avaliar a eficácia do treinamento auditivo.
Metodologia: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição. Foram incluídos 20 escolares com TPAC da rede pública de ensino com faixa etária entre 8 e 12 anos de idade, que apresentaram desempenho inferior nos subtestes de leitura e escrita do Teste de Desempenho Escolar e nível de inteligência preservado avaliado por meio do teste Raven. Todas as crianças realizaram avaliação audiológica básica, testes comportamentais do processamento auditivo (Teste Dicótico de Dígitos -TDD, Teste de Sentenças Sintéticas-SSI, Teste Padrão de Frequência-TPF e o Teste Gaps in Noise- GIN) e eletrofisiológicos (PEATE, P300 e Frequency Following Response-FFR). Todas as crianças foram incluídas em um programa de treinamento auditivo fechado utilizando a plataforma on-line Afinando o Cérebro, composto por 8 sessões nas quais foram estimuladas as habilidades de figura-fundo, resolução e ordenação temporal e integração binaural. Após a finalização foi realizada a bateria completa na reavaliação.
Resultados: A análise dos testes demonstrou que houve diferença estatisticamente significante entre os momentos pré e pós TA em relação aos testes TDD, SSI, TPF e GIN, sendo assim, crianças com dificuldades escolares apresentaram melhora após TA. Também foram observadas diferenças estatisticamente significantes em relação à latência das ondas P1, N1 e P300 com estímulo tone burst, sendo que, para as três, o momento pós-TA apresentou menores valores. Na pesquisa com estimulo de fala, houve diferença estatisticamente significante em relação à latência das ondas P2, N2 e P300, também sendo menores valores pós-TA e ainda aumento na amplitude da onda P300 com diferença estatisticamente significante. Na análise do FFR, foi observada diferença estatisticamente significante apenas para a latência da onda C.
Conclusão: Os dados do presente estudo evidenciaram que as crianças com dificuldade de leitura e escrita apresentaram melhora após o programa de TA tanto para as medidas comportamentais quanto para as medidas eletrofisiológicas. Acredita-se que o TA foi eficaz e é um importante recurso para ser utilizado no processo de estimulação/reabilitação contribuindo positivamente para minimizar as dificuldades escolares.

Nenhuma


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1096
TREINAMENTO AUDITIVO MUSICAL NA REABILITAÇÃO AUDITIVA DE IDOSOS COM PRESBIACUSIA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: Os idosos com presbiacusia queixam-se de dificuldade no reconhecimento de fala no ruído, que pode ter como causa déficits no processamento auditivo neural. O treinamento auditivo musical foi desenvolvido como uma nova proposta de treinamento auditivo voltada para a estimulação das habilidades auditivas centrais de idosos usuários de próteses auditivas. No entanto, a compreensão dos efeitos desse treinamento nos mecanismos centrais da audição que interferem nos processos de adaptação e reabilitação auditiva em idosos ainda é um desafio. Objetivo: Analisar a eficácia do Treinamento Auditivo Musical associado à adaptação de prótese auditiva de idosos com presbiacusia. Método: Ensaio clínico randomizado unicego que foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o número n. º 02848918.2.0000.5406. Participaram do estudo oito idosos, novos usuários de próteses auditivas, com idade entre 65 e 80 anos, distribuídos em dois grupos: Grupo Prótese Auditiva: que somente fez uso de próteses auditivas e Grupo Treinamento Auditivo: submetidos a reabilitação auditiva com o treinamento auditivo musical por 16 sessões de 30 minutos com o objetivo de trabalhar as habilidades auditivas de processamento temporal (resolução e ordenação temporal), localização, fechamento auditivo e atenção seletiva. Todos os participantes foram submetidos aos testes de potencial evocado auditivo cortical com estímulo verbal e questionário de auto avaliação do handicap auditivo HHIE-S. Os testes foram realizados em dois momentos distintos: Avaliação inicial, realizada antes da adaptação das próteses auditivas e do treinamento auditivo, e após três meses, avaliação final ao fim do treinamento auditivo. Todos os participantes foram adaptados bilateralmente, com próteses auditivas mini retroauriculares, de um mesmo fabricante e de igual processamento do sinal digital, mesma regra prescritiva NAL-NL2, de adaptação aberta, ajustadas de acordo com seus audiogramas individuais. Realizou-se análise descritiva (média e desvio padrão) e para analisar o efeito principal do grupo e do tempo, e a interação entre grupo e tempo foi realizada a Anova mista de medidas repetidas. Para a análise comparativa entre os grupos foi utilizado o teste Exato de Fisher. Resultados: Os grupos foram homogêneos, considerando as variáveis idade, sexo, escolaridade, tempo de privação auditiva e média de horas de uso diária das próteses auditivas. Para o teste eletrofisiológico, houve diminuição significante da latência do componente P3a do Grupo Treinamento Auditivo na comparação entre avaliação inicial e final. Para o questionário HHIE-S houve diferença estatisticamente significante para o escore total e subtotal social para o Grupo Treinamento Auditivo quando comparadas as avaliações inicial e final. Ao utilizar a classificação quanto a percepção do handicap, proposta por Lichtenstein, Bess e Logan (1988), temos que os dois grupos evoluíram de percepção leve/moderada do handicap (10 a 23 pontos no escore total) para sem percepção do handicap (0 a 9 pontos). Conclusão: O Treinamento Auditivo Musical associado ao uso de próteses auditivas em idosos com presbiacusia mostrou-se eficaz na reabilitação auditiva ao gerar mudanças neurais para atenção, reconhecimento acústico e associação auditivo-linguística e reduzir os impactos da perda auditiva na restrição de atividades de vida diária de idosos com presbiacusia.

ESCERA, C. et al. Neural mechanisms of involuntary attention to acoustic novelty and change. Journal of Cognitive Neuroscience, v. 10, n. 5, p. 590–604, 1998.
FREIRE, K. G. M.; IORIO, M. C. M. Treinamento auditivo musical: uma proposta para idosos usuários de próteses auditivas. [s.l.] (Tese de Doutoramento em Ciências) Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 27 fev. 2009
LICHTENSTEIN, M. J.; BESS, F. H.; LOGAN, S. A. Diagnostic performance of the hearing handicap inventory for the elderly (Screening Version) against differing definitions of hearing loss. Ear and Hearing, v. 9, n. 4, p. 208–211, 1988.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
384
TREINAMENTO DOS PROFESSORES PARA O ENSINO DE AULAS REMOTAS DURANTE O SURTO DE COVID-19
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


INTRODUÇÃO: A educação a distância (EaD), também chamada de ensino a distância, é uma modalidade de ensino que está tendo maior espaço no mercado educacional nos últimos anos(1), e em caráter muito acentuado durante a pandemia do Coronavírus, exigindo um novo comportamento tanto dos alunos quanto dos professores no processo ensino e aprendizagem(2). OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(3) sobre o treinamento dos professores para o ensino de aulas remotas durante o surto de COVID-19. MÉTODOS: O estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com abordagem qualitativa. Foi efetuado entre janeiro de 2020 a junho de 2020 o levantamento bibliográfico por meio da plataforma da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) a consulta de artigos nas seguintes bases de dados: MEDLINE (via pubmed), LILACS, SCIELO, WEB OF SCIENCE e SCOPUS. Como critério de inclusão foram utilizados os estudos que tinham seus descritores cadastrados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCs) (Docentes, COVID-19, Educação), artigos que abordassem a temática em estudo independentemente do método de pesquisa utilizado, sem restrição de idiomas e localização e publicados no período de janeiro de 2010 a junho de 2020. RESULTADOS: Foram identificados 2047 artigos das bases de dados, dos quais 17 foram elegíveis para leitura do texto na íntegra e 14 estudos foram incluídos no trabalho. Ficou evidenciado, por meio deste estudo, que o núcleo das representações sociais dos alunos e dos professores sobre a relação ensino e aprendizagem em EAD está associado a atributos como: oportunidade, acessibilidade, formação, qualificação, conhecimento, autonomia, interação, mudança de vida. Percebem-se alguns desconfortos por parte dos sujeitos, principalmente dos professores ao falar das deficiências identificadas com relação ao ensino e à aprendizagem em EAD(4,5). Para que o ensino a distância funcione, é importante que o docente adquira um novo olhar sobre a metodologia de ensino, sendo capaz de aprender outras formas de ensinar. Também é preciso o apoio das instituições de ensino, que deverão oferecer cursos e suporte tecnológico que se faz necessário. E por fim, os professores devem trabalhar em coletivo, compartilhando novos conhecimentos, já que uma rede de apoio tornará essa mudança mais plausível (6,7). CONCLUSÃO: Há possibilidades de vivenciar processos de ensino em ambientes virtuais, mas, essas dependem da atitude de alunos e professores de assumirem-se habitantes do ambiente virtual, da disciplina, do curso. Assumir esse meio de educação em ambientes virtuais é um dos maiores desafios para professores e alunos nos processos de aprendizagem. Apesar de ser um desafio, o EAD também pode ser visto como uma forma de desenvolvimento profissional e uma forma de complementar e melhorar o ensino, já que a tecnologia está cada vez mais inserida na sociedade atual.

1. Silva MPD, Melo MCOP, Muylder CF. Educação a Distância em foco: um estudo sobre a produção científica brasileira. RAM. 2015; 16(4): 202-30.
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4. Frantz GL, King, J.Thedistanceeducationlearningmodel (DEL). Educational Technology. 2000.33-39.
5. Scherer S, Brito GS. Educação a distância: possibilidades e desafios para a aprendizagem cooperativa em ambientes virtuais de aprendizagem. Educar em Revista. 2014; SPE4:53-77.
6. Rehn Nick, McConney Andrew. The specificskillsrequiredofteacherswhodeliver K–12 distanceeducationcoursesbysynchronousvideoconference: implications for training and professional development. Technology, PedagogyandEducation. 2018;27(4):417-429.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1809
TREINAMENTO SOBRE O USO SEGURO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS EM GESTANTES AGRICULTORAS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O treinamento sobre o uso seguro de defensivos agrícolas é fundamental para reduzir exposição e efeitos negativos na saúde dos agricultores. Atenção especial deve ser dada a gestantes agricultoras, expostas aos defensivos agrícolas. Para o reconhecimento dos riscos e, com isso, o desenvolvimento de cuidados apropriados, é fundamental a ocorrência de atividades e/ou programas educativos, que orientem, esclareçam e ensinem estratégias e formas seguras de cuidados. Objetivo: Verificar se gestantes agricultoras do Estado do Paraná receberam treinamento sobre o uso seguro de agrotóxicos. Metodologia: Foram entrevistas gestantes vinculadas direta ou indiretamente a atividade agrícola, por meio das Unidades Básicas de Saúde da 4ª e 10ª Regionais de Saúde do Estado do Paraná, entre agosto de 2018 a dezembro de 2019. Foi utilizado o questionado de Conhecimento, Atitudes e Práticas para gestantes expostas a agrotóxicos, traduzido para o português brasileiro. Resultados: Participaram da pesquisa 320 gestantes expostas a agrotóxicos. A maioria das gestantes entrevistadas relatam não ter recebido treinamento sobre os defensivos agrícolas (n= 300; 93,75%), e apenas 20 gestantes (6,25%) que o receberam, relatam que o mesmo foi realizado por intermédio das empresas fornecedoras dos produtos, empresas/cooperativas vinculas ao seu emprego e sindicatos, a cerca de 2 anos da data da entrevista. As gestantes relataram que tais orientações eram irregulares. Os tópicos discutidos no treinamento ofertado foram referentes a envenenamento pelos defensivos agrícolas, seus efeitos sobre a saúde, uso do equipamento de proteção individual e técnicas apropriadas de aplicação. Nenhuma gestante referiu as Secretarias e Unidades Básicas de Saúde da cidade como promotoras desses cuidados, o que indica uma carência de atividades de promoção de saúde ou prevenção de doenças voltadas a essa população por parte dos órgãos e secretarias de saúde. Estudo realizado no sul do Brasil, também evidenciou que a maior parte do conhecimento que os agricultores possuem em relação aos agrotóxicos, desde o tipo e a dosagem, até os cuidados a serem tomados, está relacionada às informações emitidas pelos profissionais vinculados aos estabelecimentos comerciais. Recentemente o governo do Paraná tem desenvolvido e executado o Plano Estadual de Vigilância das Populações Expostas aos Agrotóxicos, no qual, incluem-se ações voltadas ao treinamento e orientação sobre o uso dos produtos agrícolas, ainda em fase inicial de aplicação. Conclusão: É necessária maior atuação dos órgão públicos de saúde no treinamento sobre o uso dos agrotóxicos com as mulheres agricultoras.
Palavras-chave: Agrotóxicos; Gestação; Saúde materno-infantil; Educação.


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TRABALHOS CIENTÍFICOS
429
TRIAGEM COGNITIVAEM IDOSOS USÚARIOS DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE EM VÁRZEA GRANDE
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO:A população idosa vem crescendo em larga escala no mundo com um percentual alto de pessoas na terceira idade. Estes dados são de suma importância, tendo em vista que o envelhecimento é acompanhado de alterações fisiológicas, funcionais, cognitivas e orgânicas que podem prejudicar a qualidade de vida do idoso. É notório na literatura que há uma preocupação com a memória dos idosos e desta forma, o rastreio cognitivo é de suma importância para o diagnóstico e monitoramento do declínio da cognição e avanço de quadros demênciais, que são vistos nesta fase da vida. Para isso existe uma série de testes cognitivos que avaliam tal habilidade, sendo que neste presente estudo foi utilizado o protocolo Montreal cognitive Assessment (MoCA) que é um protocolo de rastreio queauxilia o monitoramento das capacidades cognitivas, podendo assim detectar comprometimento cognitivo leve e possíveis evoluções de quadros demenciais.
OBJETIVO: Avaliar aspectos cognitivos relacionados ao envelhecimento em idosos de uma Unidade básica de saúde de Várzea Grande.
METODOLOGIA: O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa do INSTITUICAO EDUCACIONAL MATOGROSSENSE-IEMAT, parecer CAAE: 17748619.0.0000.5692; sob o protocolo de pesquisa nº3.557.619, atendendo às diretrizes nacionais e internacionais para pesquisa em seres humanos (Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde), que regulamentam experimentos envolvendo pessoas. Foi realizado um estudo transversal de abordagem quantitativa através do protocolo MoCA que tem como objetivo realizar um rastreio cognitivo avaliando os seguintes aspectos, atenção, concentração, funções executivas, memória, linguagem, habilidades viso-construtivas, conceituação, cálculo e orientação. A população estuda teve 30 voluntários idosos, que possuíam mais de 60 anos,com diferentes graus de escolaridade, de ambos os sexos que frequentam uma Unidades Básica de saúde (UBS) de Várzea Grande.
RESULTADOS: Com relação a caracterização da amostra, a média da idade dos voluntários foi de 68,1 (+/- 5,21) anos e a média da escolaridade é de 6,37 (+/- 5,01),sendo 80% mulheres e 20% homens na amostra de voluntários. A média geral dos idosos, em relação ao teste MoCA, ficou em 18,57 (+/- 6,84) sendo abaixo do padrão de normalidade, sendo que 87,7% dos voluntários não atingiram a média esperada. Idosos com score abaixo da média esperada foram orientados sobre o declínio da memória e como estimulá-la e encaminhados para avaliação completa fonoaudiológica quando necessário.
CONCLUSÃO: Com base neste estudo foi possível observar que os voluntários apresentaram dificuldades na realização do teste do protocolo MoCA, decorrentes do envelhecimento e baixa escolaridade.

ARGIMON, Irani I.; STEIN, Lilian Milnitsky. Habilidades cognitivas em indivíduos muito idosos: um estudo longitudinal. Cadernos de Saúde Pública, v. 21, p. 64-72, 2005.

CECATO, Juliana.; MONTIEL, José.; BARTHOLOMEU, Daniel.; MARTILNELLI, José. Poder preditivo do MoCA na avaliação neuropsicológica de pacientes com diagnóstico de demência.Revista. Bras. Geriatra. Gerontol., Rio de Janeiro, 2014; 17(4):707-719.

FREITAS, Sandra.; SIMÕES, Mario.; MARTINS, Cristina.; VILAR, Maunela.; SANTANA, Isabel. Estudos de adaptação de montreal cognitive assessment (MoCA) para a população portuguesa. 2010. 357 f. Tese (Doutorado) - Curso de Psicologia, Universidade de Coimbra Portugal, Coimbra, 2010.

FECHINE, Basílio.; TROMPIERI, Nicolino. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES QUE ACONTECEM COM O IDOSO COM O PASSAR DOS ANOS. Revista cientifica internacional Edição 20, volume 1, artigo nº 7,Janeiro/Março 2012.

OTTONI, Máximo.; CARDOSO, Antônio. O desafio social da senescência: centralidade da política de assistência à idosos. O Social em Questão - Ano XXII - nº 44 - Mai a Agosto, 2019.

PAULO, Debora.; YASSUDA, Monica. Queixas de memória de idosos e sua relação com escolaridade, desempenho cognitivo e sintomas de depressão e ansiedade.Escola de Artes, Ciências e Humanidades − USP.São Paulo, 2009.

PENTEADO, Regina.; SERVILHA, Emilse; Fonoaudiologia em saúdepública/coletiva: compreendendo prevenção e o paradigmada promoção da saúde. Distúrbios da Comunicação. São Paulo, 2004.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
538
TRIAGEM DE RISCO PARA DISFAGIA EM IDOSOS MORADORES EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: O envelhecimento da população é um fenômeno mundial. Os riscos de alterações na deglutição aumentam com a idade avançada, podendo ter diversas causas, desde alterações na biomecânica relacionadas à idade ou sua associação com doenças de base consideradas de risco para as disfagias 1. Estudos tem mostrado que a incidência de disfagia no idoso institucionalizado é mais alta que nos idosos não institucionalizados, aumentando assim os riscos de desnutrição, desidratação, infecções pulmonares e inclusive morte, sendo de grande importância a presença do fonoaudiólogo como integrante da equipe multidisciplinar para detecção precoce e intervenção. 2,3,4. Objetivo: Avaliar o risco para disfagia de idosos moradores em uma Instituição de Longa Permanência (ILP). Metodologia: Estudo transversal, descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade com parecer 560.042 e realizado em uma ILP pública, no período de setembro a dezembro de 2019. Foram incluídos idosos moradores na instituição, que se alimentavam exclusivamente por via oral (VO), sendo coletados dados de identificação e saúde no prontuário e aplicada a triagem de risco para disfagia. A triagem foi elaborada pelos pesquisadores e continha questões envolvendo queixas na alimentação, condições de dentição e aspectos orais. Para os idosos com dificuldades de compreensão oral as questões foram respondidas pelo profissional responsável pelos seus cuidados. As respostas foram analisadas de forma quantitativa. Resultados: Foram triados 36 idosos, sendo desses 20 (55,5%) homens. A média de idade foi 78,1 (DP 9,4). Quanto ao tempo em que estavam na ILP, 23 (63,8%) tinham menos de cinco anos. As doenças mais frequentes foram os transtornos mentais 11 (30,5%), acidente vascular cerebral 8 (22,2%) e demências 5 (13,8%); 100% dos idosos apresentaram pelo menos uma comorbidade sendo a hipertensão arterial sistêmica a mais frequente (53%). Sobre a triagem, 21 (58,3%) foram classificados com risco para disfagia, tendo como principais queixas engasgos e outras dificuldades no momento da alimentação e restrição de alguma consistência. 52,7 % não tinham dentes próprios ou prótese. Conclusão: O número de idosos com risco para disfagia e se alimentando por VO foi grande, reforçando a importância do fonoaudiólogo na ILP tanto na avaliação precoce daqueles idosos com risco para disfagia como nas intervenções com os idosos, através de terapia e com as equipes, orientando quanto a utensílios e consistências alimentares, durante as refeições.

1- Venites, J, Soares, L, Bilton, T. Disfagia no Idoso Guia Prático. 1ª edição, Ribeirão Preto, editora Book Toy, 2018.
2- Dias BKP, Cardoso MCAF. Características da função de deglutição em um grupo de idosas institucionalizadas. Estud. interdiscipl. envelhec. 2009;14(1):107-24.
3- Furkim AM, Duarte ST, Hildebrandt PT, Rodrigues KA. The asylum as worsening factor for dysphagia. Rev. CEFAC. 2010;12(6):954-63.
4- Santos, BP, Andrade, MJC, Silva, RO, Menezes, EC. Disfagia no idoso em Instituições de Longa Permanência – revisão sistemática de literatura. Revista Cefac. 2018; 20(1), 123-130.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
378
TRIAGEM VESTIBULAR EM CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A Triagem Auditiva Neonatal (TAN), popularmente conhecida como teste da orelhinha, tem importante relevância no primeiro mês de vida, permitindo a detecção e diagnóstico de perda auditiva em recém-nascidos (RN), possibilitando a realização de intervenção precoce. Cerca de 50% das crianças que são diagnosticadas com perda auditiva congênita profunda, podem apresentar algum tipo de comprometimento vestibular . Desta forma, a avaliação vestibular em RN pode detectar precocemente as alterações de equilíbrio. O desenvolvimento motor é uma função adquirida e está diretamente relacionada ao sistema vestibular, portanto, a intervenção prévia dessas possíveis alterações, poderá promover grande benefício no desenvolvimento infantil. Objetivo: Revisar os achados sobre triagem vestibular em crianças de até dois anos de idade. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada no mês de junho de 2020 com a seguinte pergunta condutora: quais os principais testes vestibulares realizados em crianças com até dois anos de idade? O estudo foi produzido por meio de busca nas principais bases de dados, especificamente: Pubmed; Web of science; Science direct; Embase; Scielo e Lilacs. Os descritores foram selecionados utilizando a ferramenta de registro MeSH, sendo formada a seguinte estratégia de busca: Newborn OR infant AND vestibular screening OR vestibular newborn screening OR vestibular infant screening OR vestibular function test. Foram considerados como critérios de elegibilidade: artigos originais, publicados em quaisquer língua e ano. Foram excluídos artigos de revisão, estudos com animais, estudos com crianças com faixa etária acima de dois anos e que fizeram uso de medicamentos ototóxicos. Para uma seleção mais criteriosa, foi criada uma planilha contemplando os seguintes aspectos: tamanho da amostra, população, tipo de estudo, objetivos, métodos utilizados, resultados principais e conclusão. Considerando os descritores utilizados e a aderência dos estudos aos critérios de elegibilidade, foi realizada a leitura do título, resumo e manuscrito completo. Resultados: Foram identificados na busca inicial 6.493 estudos nas bases de dados, sendo selecionados 31 artigos a partir da leitura do título e resumo, dos quais restou um total de 27 após a exclusão dos estudos duplicados. Destes, após a leitura completa na íntegra, sete artigos foram incluídos na revisão. Como resultados dos estudos, a maioria utilizou Emissões Otoacústicas (EOA) e Potencial Evocado Miogênico Vestibular Cervical (cVEMP) para avaliação dos RN e bebês participantes, sendo a maioria com até 12 meses de idade. Maior parte dos bebês saudáveis apresentou alinhamento ocular no estado de vigília, reflexo vestíbulo-ocular e teste de Moro presentes, indicando função e vias vestibulares normais nos primeiros dias . No entanto, existe uma variação na maturação do reflexo sacculocólico ao nascimento em crianças sem perda auditiva. Os estudos relatam que bebês com audição normal apresentam cVEMP normal e bebês com perda auditiva apresentam ausência de cVEMP. Por fim, pacientes com sintomas e/ou riscos neurológicos podem apresentar disfunções vestibulares. Conclusão: O cVEMP mostrou um alto nível de viabilidade quando usado em conjunto com o programa regional de triagem auditiva neonatal, podendo ser facilmente utilizado para avaliação precoce da disfunção vestibular em RN explorando o sistema vestibular e as vias sacculocólicas.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1973
TUBO DE RESSONÂNCIA ASSOCIADO AO GLISSANDO: EFEITO NA AUTOPERCEPÇÃO DE CORISTAS AMADORES
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Com o crescimento da demanda de cantores que buscam treinamento da voz, os estudos com essa população devem considerar, entre outros, os efeitos das técnicas vocais na autopercepção desses sujeitos, incluindo os coristas1,2. A aplicação de exercícios envolvendo técnicas do trato vocal semiocluído em diferentes populações tem demonstrado resultados positivos3-6. Uma de suas variações envolve o tubo de ressonância flexível de silicone (FST), com variação tonal, que visa melhorar a qualidade da voz, atuando como uma extensão artificial do trato vocal, alterando a impedância acústica e melhorando o condicionamento vocal5,6. Objetivo: Verificar o efeito da técnica do tubo de ressonância associada ao glissando na autopercepção de coristas amadores. Método: Trata-se de um estudo de intervenção aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos sob número 2.106.665. A amostra foi composta por 37 coristas, divididos por naipes (8 sopranos, 10 contraltos, 10 tenores e 9 baixos), com idade entre 18 e 57 anos (média de 26,28 ± 7,51 anos) e sem sintomas vocais avaliados pela Escala de Sintomas Vocais7. Os sujeitos foram submetidos à técnica do tubo de ressonância em glissando ascendente e descendente por 3 minutos em cada modalidade, totalizando 6 minutos de execução da técnica. Ao final, foi realizado um questionário sobre sua autopercepção em relação à melhora, indiferença ou piora, e respectivos graus, da qualidade vocal, conforto, estabilidade, controle respiratório e da modulação tonal, após o uso da técnica. Resultados: Em relação à autopercepção positiva, todos os sopranos, contraltos e tenores relataram melhora na qualidade vocal e todos os sopranos, tenores e baixos sentiram melhor controle na nota de passagem, após a aplicação da técnica. Das sopranos, 75% relataram melhorar muito a estabilidade da produção vocal e a emissão dos agudos; quanto às contraltos, todas melhoraram muito o conforto nas emissões e 70% afirmaram que a qualidade e a estabilidade da produção vocal também melhoraram muito; 90% dos tenores afirmaram melhora da qualidade vocal e mais conforto na emissão e 70 % referiram melhora da emissão dos graves e agudos; 88% dos baixos perceberam que melhorou muito a estabilidade na emissão e a emissão nos graves. Em relação às respostas negativas, para 25% das sopranos não houve mudança na emissão dos graves e somente um dos tenores referiu piora na emissão dos graves, após a técnica. Conclusão. A técnica do tubo de ressonância associada ao glissando ascendente e descendente promoveu melhora na qualidade vocal, na estabilidade, no conforto e na emissão de graves e agudos, segundo a autopercepção dos coristas.

REFERÊNCIAS
1-Achey MA, He MZ, Akst LM. Vocal hygiene habits and vocal handicap among conservatory students of classical singing. J Voice. 2015; 30: 192−7. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2015.02.003. 17.
2-Hoch M, Sandage MJ. Exercises science principles and the vocal warm-up: implications for singing voice pedagogy. J Voice. 2018; 32:79–84. https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2017.03.018. 18.
3-Sielska-Badurek E, Osuch-Wojcikiewicz E, Sobol M, et al. Singers’ vocal function knowledge levels, sensorimotor self-awareness of vocal tract, and impact of functional voice rehabilitation on the vocal function knowledge and self-awareness of vocal tract. J Voice. 2017;31: 122. e.17-24. 19.
4-Duke E, Plexico LW, Sandage MJ, et al. The effect of traditional singing warm-up versus semioccluded vocal tract exercises on the acoustic parameters of singing voice. J Voice. 2015;29:727–32.
5-Fadel C, et al. Efeitos imediatos do exercício de trato vocal semiocluído com Tubo LaxVox® em cantores. CoDAS. 2016; 28(5): 618-24.
6- Cardoso N., Lucena J, Gomes A .et al. Immediate Effect of a Resonance Tube on the Vocal Range Profile of Choristers. J Voice. (In Press). doi:10.1016/j.jvoice.2019.01.006
7- Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-Cultural adaptation, validation, and cutoff values of the brazilian version of the Voice Symptom Scale: VoiSS. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011; 23,.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
1380
UM OLHAR ALÉM DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA REALIZADO POR DUAS ACADÊMICAS.
Relato de experiência
Linguagem (LGG)


Introdução: As mudanças de linguagem experimentadas por uma pessoa com afasia após um acidente vascular cerebral, geralmente têm um impacto negativo na qualidade de vida (1). A afasia pode gerar falta de autonomia nas atividades do dia a dia, diminuir a autosuficiência para gerenciar a própria vida, ocasionando a condição de dependência e improdutividade, levando à perda de papéis sociais, ocasionando à um não reconhecimento de si próprio (2). Com isso, há a necessidade da manutenção de terapias para que o objetivo do tratamento da afasia seja alcançado, melhorando as capacidades comunicativas do paciente, possibilitando sua adaptação psicológica, emocional, familiar e social; a reabilitação além de exercícios ou recuperação cognitiva, tem o objetivo de proporcionar a melhor adaptação possível ao paciente com afasia a sua vida cotidiana (3,4), melhorando assim a sua qualidade de vida (5). Objetivo: Relatar a experiência de duas acadêmicas de fonoaudiologia para além da terapia fonoaudiológica, com dois pacientes com afasia que participaram do estágio de fala no segundo semestre do ano de 2019. Descrição das ações desenvolvidas: O primeiro caso é do senhor E. M. M. de 60 anos, sofreu um AVC em junho de 2017 ocasionando prejuízos na sua fala, resultando em uma afasia de condução. O paciente teve sua carteira de motorista apreendida, pois quando foi parado em uma blitz os policiais não entenderam à sua forma de se expressar. A ação desenvolvida nesse caso foram duas sessões com 1 hora de duração, em que foi realizado o treinamento da compreensão das placas de trânsitos e simulação, e com isso, foi desenvolvido um documento para que o mesmo pudesse apresentar no DETRAN/SC para renovação de sua carteira de motorista. O segundo caso foi da paciente C. F. G. de 46 anos, que teve um AVC em abril de 2019, como consequência apresentava afasia de Broca e hemiplegia do lado direito, o que a impossibilitou de tocar violão novamente. A ação desenvolvida nesse caso foi o treinamento de uma música para ser tocada no grupo de afásicos, com o auxílio de uma acadêmica que toca violão. Resultados: Essa experiência resultou aos pacientes com afasia um momento de bem-estar e sensação de novamente estarem incluídos em atividades que realizavam antes da afasia; como voltar a tocar violão e ter a possibilidade de retornar a dirigir novamente, situações que anteriormente eram realizadas sem nenhuma dificuldade, porém, com a ocorrência do AVC e consequentemente a afasia, essas atividades precisaram ser colocadas de lado. Deste modo, proporcionar novamente esses momentos com os pacientes, foi algo gratificante e recompensador. Conclusão: Concluímos que essa experiência foi válida para formação acadêmica, nos proporcionando esse olhar além da terapia fonoaudiológica, compreendendo as dificuldades e limitações de cada um, e contribuindo nesse processo de reinserção desses pacientes novamente na sociedade.

(1) HILARI, K.; NEEDLE, J. J.; HARRISON, K. L. What are the important factors in health-related quality of life for people with aphasia? A systematic review. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, v. 93, n. 1 SUPPL., p. S86- S95.e4, 2012.


(2) FERREIRA-DONATI, G. C. et al. Conversando sobre afasia: guia familiar. – Dados eletrônicos. – São Paulo: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2020. 80 p.


(3) PEÑA-CASANOVA, J.; PULIDO, J. H. Objetivos terapêuticos: Princípios gerais da terapia e da pré-reeducação. In: PEÑA-CASANOVA, J.; PAMIRES, M. P. Reabilitação da afasia e transtornos associados. 2. ed. Barueri: Manole, 2005.


(4) SCHMIDT, M. H. et al. Acidente Vascular Cerebral E Diferentes Limitações: Uma Análise Interdisciplinar. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 23, n. 2, p. 139–144, 2019.


(5) RIBEIRO LIMA, R.; ROSE, M. L.; LIMA, H. d. N.; GUARINELLO, A. C. et al. Socio-demographic factors associated with quality of life after a multicomponent aphasia group therapy in people with sub-acute and chronic post-stroke aphasia. Aphasiology, p. 1-16, 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
857
UMA ABORDAGEM DE BAIXO-CUSTO PARA CALIBRAÇÃO DA INTENSIDADE SONORA NA GRAVAÇÃO E ANÁLISE ACÚSTICA DA VOZ: RELATO DE EXPERIMENTO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A intensidade vocal exerce importante influência na interpretação das medidas acústicas da voz(1, 2). A calibração do sistema de gravação da voz (SGV) permite a padronização do registro da intensidade do sinal acústico (ISA), e, consequentemente, melhora a precisão das outras medidas acústicas. Essa calibração pode ser realizada através da comparação entre os níveis de pressão sonora medidos por decibelímetro e as medidas de ISA obtidas pelo SGV em conjunto com o programa de análise acústica (3, 4). Embora seja um procedimento relevante, a calibração do SGV e da ISA é pouco conhecida e reportada na literatura(5). Objetivo: descrever a viabilidade e as fontes de variabilidade da calibração do SGV e da ISA pelo “método de comparação”(3) utilizando equipamentos de menor custo e complexidade tecnológica. Método: Este é um estudo piloto transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (2.641.558). Os procedimentos de gravação foram feitos igualmente em duas cabines acústicas de mesmo tamanho e ruído ambiental (35-37,6dB(A)). Utilizou-se um sinal acústico calibrado tipo ruído de fala ponderado (RFP)(6) e as vozes de um homem e de uma mulher jovens. O RFP foi emitido por um alto-falante em cinco diferentes intensidades (52-99dB(C)) captadas pelo decibelímetro à 10cm de distância da fonte sonora. Os dois sujeitos emitiram a vogal /a/ e a contagem de números nas intensidades subjetivas confortável, fraco e forte (64-95dB(C)). Os sinais acústicos do RFP e dos sujeitos foram registrados em um gravador manual digital (44Kz, 16bits) acoplado ao microfone de cabeça (Karsect HT-9), posicionado à 10cm da fonte sonora. As medidas de ISA (dB) foram extraídas através do programa Praat(7). Resultados: Em relação ao sinal RFP, observou-se que as medidas de intensidade captadas pelo decibelímetro estavam em média 24,6dB acima das medidas de ISA extraídas do Praat. Essa diferença mudou para 18dB quando utilizada a vogal masculina/feminina, e para 22dB quando utilizada a fala encadeada masculina/feminina. Além disso, o RFP apresentou os valores mais constantes (DP 0,7-1,7) na repetição do estímulo, seguido pela fala encadeada (DP 0,3-1,9). Já a vogal apresentou as maiores variações (DP 0,9-6,4). Conclusão: O RFP foi o sinal mais estável para a calibração do SGV e da ISA nas condições relatadas. A rica gama de configurações espectrais de fala presentes no RFP favoreceu este resultado. Já a instabilidade natural da produção vocal humana, diferenças entre a configuração espectral de homens e mulheres, reverberação/reflexo do som pelas superfícies rígidas da cabine, ruído de fundo da gravação e acurácia do decibelímetro possivelmente contribuíram para a variação dos valores encontrados na vogal e na fala(3, 5, 8). Ainda assim, amostras de fala encadeada podem ser uma alternativa para a calibração na ausência do RFP, recomendando-se a repetição dos testes com diferentes sujeitos. O método de comparação é uma opção viável para a calibração do SGV e da ISA com equipamentos de menor custo e complexidade tecnológica. Ressalta-se que a calibração é necessária sempre que houver mudança nas condições ou nos equipamentos de gravação a fim de assegurar a confiabilidade da análise acústica instrumental da voz(4).

1.Brockmann-Bauser M, Bohlender JE, Mehta DD. Acoustic perturbation measures improve with increasing vocal intensity in individuals with and without voice disorders. Journal of Voice. 2018;32(2):162-8.

2.Brockmann-Bauser M, Van Stan JH, Sampaio MC, Bohlender JE, Hillman RE, Mehta DD. Effects of vocal intensity and fundamental frequency on cepstral peak prominence in patients with voice disorders and vocally healthy controls. Journal of Voice. 2019.

3.Winholtz WS, Titze IR. Conversion of a head-mounted microphone signal into calibrated SPL units. Journal of Voice. 1997;11(4):417-21.

4.Patel RR, Awan SN, Barkmeier-Kraemer J, Courey M, Deliyski D, Eadie T, et al. Recommended protocols for instrumental assessment of voice: American speech-language-hearing association expert panel to develop a protocol for instrumental assessment of vocal function. American Journal of Speech-Language Pathology. 2018;27(3):887-905.

5.Maryn Y, Zarowskia A. Calibration of clinical audio recording and analysis systems for sound intensity measurement. American Journal of Speech-Language Pathology. 2015;24(4):608-18.

6.Wagener K, Kühnel V, Kollmeier B. Entwicklung  und Evaluation eines Satztestes in deutscher Sprache. I: Design des Oldenburger Satztestes (German)[Development and evaluation of a German sentence test I: Design of the Oldenburg sentence test]. Zeitschrift Fur Audiologie. 1999;38:4-15.

7.Boersma P, Weenink D. Praat: doing phonetics by computer [Computer program]. Version 6.0.46 ed2018.

8.Švec JG, Granqvist S. Tutorial and guidelines on measurement of sound pressure level in voice and speech. Journal of Speech, Language, and Hearing Research. 2018;61(3):441-61.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1507
USABILIDADE DO PROTOCOLO AMIOFE-WEB: SATISFAÇÃO E APRENDIZADO POR FONOAUDIÓLOGOS E ESTUDANTES
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


Introdução: Os aplicativos na área de saúde “eSaúde” têm aumentado e podem contribuir para a maior eficiência e precisão dos registros clínicos em Fonoaudiologia. Uma versão para a Web do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores (AMIOFE), previamente validado, foi desenvolvida por uma equipe de Informática Biomédica e testada inicialmente quanto a usabilidade heurística por três fonoaudiólogos. Contudo, para a obtenção de informações sobre a satisfação dos usuários, eficácia e eficiência do sistema ou de sua interface (Broekhuis; Van Velsen; Hermens, 2019), considerou-se a necessidade de uma testagem mais ampla de usabilidade, envolvendo avaliadores com diversos níveis de experiência no uso do AMIOFE. Objetivos: Os objetivos deste estudo foram investigar a usabilidade do AMIOFE-Web e satisfação dos usuários, a relação entre a experiência prévia dos avaliadores e os julgamentos de usabilidade/ satisfação e, se o manuseio da interface promove o aprendizado, baseado no tempo para completar a tarefa (task completion time: TCT). Métodos: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da instituição (CAAE: 013768.3.0000.5440). Participaram do estudo como avaliadores de usabilidade, 12 avaliadores, 6 fonoaudiólogos e 6 estudantes, representando usuários finais com diversificado nível de experiência prévia no uso do AMIOFE. Para propiciar uma experiência com o OMES-Web e simular o uso de uma nova tecnologia na vida-real, todos transferiram protocolos impressos do banco de dados de avaliações do laboratório em que a pesquisa foi desenvolvida, para o sistema e o TCT de transferência de cada avaliação foi registrado. Posteriormente, cada participante respondeu aos Dez Princípios de Usabilidade Heurística (UH) (Nielsen, 1994), ao Questionário de Usabilidade de Sistemas de Computador (QUSC) (Lewis, 1995) e expressaram livremente suas opiniões e sugestões de melhoria. Resultados: O AMIOFE-Web atingiu ótimos níveis de usabilidade, com 90% de satisfação plena na UH, e os participantes mostram-se altamente satisfeitos (Escore geral do QUSC; Média= 1,31, DP= 0,31). A relação da experiência dos participantes com a UH e o QUSC foi não significante. O TCT decresceu significativamente ao longo das tarefas (P < 0,0001, Friedman test). Conclusão: O AMIOFE-Web é o primeiro protocolo de avaliação miofuncional orofacial acessível pela internet com análise da usabilidade. Ele atende aos critérios de usabilidade heurística e os participantes sentiram-se satisfeitos com o sistema, independentemente de seus níveis de experiência. A aprendizagem para utilizar o sistema ocorreu rapidamente, sendo este um fator favorável para a sua adoção em ambientes de ensino e profissional.

Broekhuis M, Van Velsen L, Hermens H. Assessing usability of eHealth technology: a comparison of usability benchmarking instruments. International Journal of Medical Informatics. 2019; 128: 24-31.
Lewis JR. IBM computer usability satisfaction questionnaires: psychometric evaluation and instructions for use. International Journal of human-Comp Interaction, 1995; 7(1): 57-58.
Nielsen J. Heuristic evaluation. In: Nielsen J, and Mack RL. (Eds.). Usability inspection methods. John Wiley & Sons, New York, NY. 1994.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1613
USO DA COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE LINGUAGEM DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Paralisia cerebral (PC) é um transtorno do neurodesenvolvimento, não progressivo, que ocorre pré, peri ou pós natal, gerando deficiência física na Infância1. Cerca de metade das crianças com PC tem pelo menos alguma alteração oromotora que prejudica a fala2. Associadas a esse fator somam-se as alterações posturais e de respiração, com consequentes dificuldades na articulação das palavras2. Tendo em vista tais alterações, muitas crianças com PC tem dificuldades para se comunicar, seja por meio verbal (fala) ou não verbal (gestos e expressões)3,4. A Comunicação Aumentativa e/ou Alternativa (CAA) tem se apresentado como importante instrumento na atuação clínica junto estes pacientes que apresentam impedimentos ou limitações da linguagem oral5, auxiliando no desenvolvimento de suas habilidades comunicativas. Porém, evidências de seus benefícios ainda não estão reunidas e avaliadas quanto à qualidade metodológica.

Objetivo: Identificar o papel da CAA no incremento de habilidades comunicativas em crianças com PC submetidas à intervenções com esta abordagem.

Método: Revisão sistemática com seleção de artigos sem restrição de idioma ou ano de publicação até abril de 2019, que apresentassem no título, resumo ou corpo do artigo relação com o objetivo da pesquisa. A busca com as palavras-chaves identificadas no MeSh, DeCS e EMTREE foi realizada nos principais bancos de dados eletrônicos e complementada por busca manual em outros recursos bibliográficos da área da saúde. Foram elegíveis trabalhos cuja amostra era composta de crianças de dois a dez anos com diagnóstico médico de PC. Ao invés de intervenções foram consideradas exposições, sendo “abordagem em comunicação alternativa” a exposição de interesse, sem apresentar grupo controle. “Habilidades Comunicativas” foram consideradas como desfecho principal desta revisão, sendo incluídos estudos que apresentassem qualquer estratégia de CAA utilizada com intuito de aumentar as habilidades de linguagem dessas crianças. A seleção dos resumos, leitura completa dos artigos, extração dos dados e aplicação de instrumento de análise de viés foi realizada por dois examinadores independentes. Em caso de incompatibilidade de informações, um terceiro revisor decidiu a inclusão ou não do resumo ou informação.

Resultados: Foram encontrados 427 artigos, sendo incluídos 6 nesta revisão, de acordo com os critérios elencados. Foram identificados 85 pacientes nos estudos incluídos, com média de idade de 9,2 anos, sendo a maioria do gênero feminino. As pranchas manuais foram o recurso mais utilizado, apesar de suas construções serem realizadas através de sistema simbólico computadorizado. Foi identificada melhora das habilidades comunicativas das crianças, independente do recurso e modo de acesso utilizados. Identificou-se que a codificação de mensagens é mais fácil através da estimulação auditiva, e que os métodos de CAA auxiliam na inteligibilidade da fala, nas expressões verbais e não-verbais, contribuindo para a aquisição do domínio pragmático da linguagem nestes pacientes, com construção de enunciados e comunicação com diferentes parceiros. Na análise da qualidade metodológica dos estudos, observou-se alto risco de viés para todos os estudos incluídos.

Reddihough DS, Collins KJ. The epidemiology and causes of cerebral palsy. Aust J Physiother. 2003;49(1):7-12. doi: 10.1016/s0004-9514(14)60183-5. PMID: 12600249.
Geytenbeek J. Prevalence of speech and communication disorders in children with CP. Dev Med Child Neurol. 2011 Jan;53(1):10-1. doi: 10.1111/j.1469-8749.2010.03803.x. PMID: 21171218.
Araújo Monica Martins Trovo de, Silva Maria Júlia Paes da. O conhecimento de estratégias de comunicação no atendimento à dimensão emocional em cuidados paliativos. Texto contexto - enferm. [Internet]. 2012 Mar [cited 2020 July 10] ; 21( 1 ): 121-129. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072012000100014&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0104-07072012000100014.
Baltor Marja Rany Rigotti, Borges Amanda Aparecida, Dupas Giselle. Interação com a criança com paralisia cerebral: comunicação e estigma. Esc. Anna Nery [Internet]. 2014 Mar [cited 2020 July 10] ; 18( 1 ): 47-53. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452014000100047&lng=en. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20140007.
Cesa Carla Ciceri, Ramos-Souza Ana Paula, Kessler Themis Maria. Novas perspectivas em comunicação suplementar e/ou alternativa a partir da análise de periódicos internacionais. Rev. CEFAC [Internet]. 2010 Oct [cited 2020 July 10] ; 12( 5 ): 870-880. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462010000500019&lng=en. Epub Apr 23, 2010. https://doi.org/10.1590/S1516-18462010005000102.
Capovilla Fernanda César, Gonçalves Maria de Jesus, de Macedo Elizeu Coutinho, Duduchi Marcelo. Codificação de mensagens picto-ideográficas em paralisia cerebral: participação de processos verbais. Revista Distúrbios da Comunicação. 1998 Jun;:267-291.
Pennington L, McConachie H. Predicting patterns of interaction between children with cerebral palsy and their mothers. Dev Med Child Neurol. 2001 Feb;43(2):83-90. doi: 10.1017/s0012162201000147. PMID: 11221909.
Deliberato Débora. Uso de expressões orais durante a implementação do recurso de comunicação suplementar e alternativa. Revista Brasileira de Educação Especial [Internet]. 2009 Dec [cited 2020 Jul 10];15:369-388. DOI https://doi.org/10.1590/S1413-65382009000300003. Available from: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382009000300003&lng=pt&tlng=pt
Batorowicz B, Stadskleiv K, von Tetzchner S, Missiuna C. Children Who Use Communication Aids Instructing Peer and Adult Partners During Play-Based Activity. Augment Altern Commun. 2016 Jun;32(2):105-19. doi: 10.3109/07434618.2016.1160150. Epub 2016 Apr 27. PMID: 27117795.
Lee Y, Jeong SW, Kim LS. AAC intervention using a VOCA for deaf children with multiple disabilities who received cochlear implantation. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2013 Dec;77(12):2008-13. doi: 10.1016/j.ijporl.2013.09.023. Epub 2013 Oct 1. PMID: 24140395.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1348
USO DA MHEALTH NO PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE AUDITIVA DE ESCOLARES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: As tecnologias mHealth são aplicativos móveis para a prestação de serviços em saúde e poderiam ser integradas aos programas de promoção da saúde auditiva, além de oferecer atividades adaptadas a crianças e adolescentes, o que ajudaria a manter comportamentos preventivos (1-3). Objetivo: Determinar como a tecnologia mHealth poderia ser integrada nos programas de promoção da saúde auditiva no contexto escolar. Metodologia: A busca das referências, em francês ou em inglês, foi realizada no banco de dados MedLine usando as palavras chave: Mobile Application OU Cell Phone OU Smartphone ET Hearing Disorders OU Noise OU Hearing Tests OU Auditory Perception OU Acoustics. Os critérios de inclusão para artigos sobre promoção da saúde auditiva, foram que os estudos deveriam se concentrar em um programa para prevenir a perda auditiva em crianças, adolescentes ou adultos jovens OU ser uma revisão da literatura sobre ferramentas tecnológicas para a saúde auditiva. Os critérios para os estudos sobre medições de ruído, não deveriam ser realizados com o objetivo de produzir mapas de ruído (estudos de ruído ambiental). Finalmente, os critérios para estudos sobre triagem auditiva foram avaliar a validade de aplicativos móveis. A busca resultou em um total de 1046 artigos. Os títulos e os resumos de cada artigo foram lidos para permitir uma primeira seleção que reduziu o número de artigos para 110, destes, 56 artigos atendiam aos critérios de inclusão, mas apenas os 39 artigos mais interessantes para responder à questão de interesse foram incluídos. Outros três artigos foram adicionados. Resultados: Foram identificados três possíveis usos da tecnologia mHealth: conscientização, medição do nível de ruído e triagem auditiva. Entre as ferramentas tecnológicas disponíveis, existem aplicativos móveis que são particularmente acessíveis e versáteis. Eles podem ser usados na escola ou em casa para a educação continuada e a manutenção do aprendizado. No âmbito das atividades de conscientização, a realidade virtual, acompanhada de comentários em áudio, poderia ser usada para ensinar a anatomia e fisiologia do ouvido, pois permitiria uma boa integração das informações. Uma atividade sobre dano auditivo devido à exposição significativa ao ruído também pode ser incorporada para aumentar o nível de motivação dos escolares para adotar hábitos auditivos mais seguros. Para atividades de triagem auditiva e avaliação do ruído, os aplicativos móveis devem ser escolhidos com rigor, pois muitos são muito menos precisos que as ferramentas convencionais (por exemplo, medidor de nível de ruído e audiômetro). Além disso, um determinado procedimento deve ser seguido para obter resultados confiáveis. Por exemplo, para medições do nível de ruído, o uso de um microfone externo calibrado e um telefone da marca iPhone deve ser priorizado, enquanto para a triagem auditiva, o monitoramento do nível de ruído ambiente e o uso fones de ouvido calibrados são preferenciais. Conclusão: A tecnologia mHealth, ou mais especificamente os aplicativos móveis, pode ser integrada aos atuais programas de promoção da saúde auditiva no contexto escolar. No entanto, como a maioria dos aplicativos disponíveis até o momento não é em português, o desenvolvimento de novos aplicativos móveis permanece necessário.

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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1141
USO DA TECNOLOGIA NA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTE COM DOENÇA DE PARKINSON
Trabalho científico
Voz (VOZ)
57052070


INTRODUÇÃO: A Doença de Parkinson (DP) é uma doença adquirida que apresenta condição neurológica degenerativa.(1) Alguns sintomas são: tremor em repouso, rigidez, déficits no equilíbrio e na marcha, bradicinesia, redução na amplitude dos movimentos,(2) além de declínio intelectual e distúrbios cognitivos.(1) Alguns sintomas na fala comuns são a intensidade vocal reduzida, qualidade de voz rouca e articulação imprecisa.(3) Então se faz necessária atuação fonoaudiológica para atenuar as complicações decorrentes da progressão da doença.(4) Visto isso, a tecnologia tem sido utilizada para contribuir na área da saúde.(5) OBJETIVO: Sintetizar e analisar conhecimentos sobre a aplicabilidade da telemedicina na avaliação e terapia fonoaudiológica em pacientes com Doença de Parkinson. MÉTODO: Trata-se de uma revisão integrativa que buscou responder a seguinte pergunta: "Qual a aplicabilidade da telemedicina na avaliação e terapia fonoaudiológica em pacientes com Doença de Parkinson?". A busca de artigos foi realizada nas bases de dados Medline (Via Pubmed), Science Direct, SciELO e LILACS, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), do Medical Subject Headings (MeSH) e Termos Livres através do algoritmo de busca: “(Parkinson Disease) AND (Technology OR Telemedicine OR Medical Informatics Applications ) AND (Voice OR Speech OR Hearing OR Language OR Communication)”. Foram considerados como critérios de inclusão: artigos que abordassem a aplicação da telemedicina na avaliação e terapia fonoaudiológica em pacientes com Doença de Parkinson. Não houve restrição de idiomas ou data de publicação. Foram considerados como critérios de exclusão: artigos que utilizaram animais, artigos repetidos em bases de dados diferentes, teses, relatos de caso e outras revisões. RESULTADOS: Dos 13909 títulos encontrados a partir das buscas nas referidas bases de dados; 13859 foram excluídos pela leitura dos títulos; 33 foram excluídos pela leitura dos resumos; restando 17 artigos para leitura na íntegra, após esta, nove artigos foram excluídos; resultando em oito artigos selecionados para esta revisão. CONCLUSÃO: É possível avaliar a qualidade vocal, função oromotora, precisão articular geral, inteligibilidade de fala, medidas acústicas, por meio de videoconferências, apresentando boa concordância com a avaliação realizada presencialmente. Os softwares são uma opção para analisar sinais de fala patológicos considerando fonação, articulação, prosódia e inteligibilidade de fala, tornando possível prever o estado neurológico do paciente. Além disso, existe a possibilidade de realizar o tratamento fonoaudiológico através de videoconferência, apresentando bons resultados. Um dos resultados mais relatados entre os estudos é o aumento da intensidade vocal. Além das videoconferências, há um dispositivo móvel que emite vibração quando o nível de intensidade vocal está inferior a um limite pré-definido, favorecendo a elevação da intensidade vocal média. Para treino de habilidades cognitivas, o uso de jogos em realidade virtual poder ser uma ferramenta útil. Sendo assim, a tecnologia tem sido aplicada em pacientes com Doença de Parkinson para avaliação e terapia fonoaudiológica.

1. Almeida MHM, Cruz GA. Intervenções de terapeutas ocupacionais junto a idosos com doença de Parkinson. Revista de Terapia ocupacional da Universidade de São Paulo 2009; 20(1): 29-35.
2. Filippin NT et al. Qualidade de vida de sujeitos com doença de Parkinson e seus cuidadores. Fisioterapia em Movimento 2014; 27(1): 57-66.
3. Duffy J. Motor Speech Disdorders: Sbstratesm Differential Diagnosis and Management. Elsevier Nisbt 2005; 2ed.
4. Moller JC, Menig A, Oechsner M. Neurorehabilitation in Parkinson’s disease. Praxis 2016, Zihlschlacht; 7(105): 377-382.
5. Lorenzetti J, Trindade LL, Pires DE, Ramos FRS. Tecnologia, inovação tecnológica e saúde: uma reflexão necessária. Texto Contexto Enferm 2012; 21(2): 432-439.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
689
USO DE DISPOSITIVO SONORO INDIVIDUAL DURANTE O DISTANCIAMENTO SOCIAL PELA PANDEMIA DE COVID-19
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: É cada vez mais frequente o uso de dispositivos sonoros individuais, especialmente como lazer. Com o início da pandemia de COVID-19, doença respiratória aguda causada pelo coronavírus, a rotina de todos modificou-se. As adaptações incluem a adoção de medidas de distanciamento social, as quais implicaram no crescimento do trabalho remoto e do ensino à distância e, com isso, supõe-se que o uso de dispositivos sonoros individuais por parte dos trabalhadores e estudantes que estejam trabalhando à domicílio também tenha aumentado. Sabe-se que a exposição aos referidos dispositivos por períodos prolongados pode desencadear diversos sintomas, sejam auditivos (intolerância a sons intensos, tontura, otalgia, zumbido e perda auditiva) e/ou extra-auditivos (distúrbios do sono, estresse, fadiga e irritabilidade). Objetivo: Verificar o uso de dispositivo sonoro individual durante o período de distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. Método: Estudo descritivo com análise de variáveis qualiquantitativas. Por meio de um questionário padronizado, respondido de forma online entre os meses de abril a junho de 2020, realizou-se o levantamento dos dados de 74 sujeitos referentes à rotina de trabalho, uso de dispositivos sonoros individuais: tipo de dispositivo, tempo de uso e finalidade. Resultados: Dos participantes da pesquisa, 62 (83,8%) afirmaram fazer uso de dispositivos sonoros individuais, sendo que 51 (83,6%) destes utilizam dispositivos sonoros individuais do tipo inserção e 10 (16,4%) do tipo concha. Um dos participantes não respondeu a esta questão, talvez por desconhecimento da diferença dos tipos citados, pois nos comentários sobre o questionário foi recebida a sugestão de “ilustrar os dois modelos de fone de ouvido”. Acerca da utilização dos dispositivos durante o período de distanciamento social, 37 (50%) dos participantes afirmaram que utilizam por mais horas do que estavam habituados, sendo que durante o distanciamento social o tempo de uso varia de 1 a 6 horas por dia. Durante este mesmo período, os sujeitos relataram que os dispositivos sonoros individuais são utilizados prioritariamente para ouvir música, fazer videoconferências e assistir aulas online. Conclusão: O distanciamento social proporcionou aumento da utilização de dispositivos sonoros individuais para 50% dos participantes da pesquisa, especialmente devido a necessidade de trabalho remoto realizado e a participação em aulas online e vídeo conferências, que antes eram realizadas presencialmente, influenciando no aumento da utilização destes dispositivos. A mudança na rotina e o contato prolongado com as pessoas com que se realiza o isolamento social, fez com que atividades de lazer também passassem a ser realizadas com a utilização de fones de ouvido. Além disso, constatou-se que os participantes da pesquisa utilizam, em sua maioria, dispositivos sonoros individuais do tipo inserção. Portanto, salienta-se a importância da conscientização da população quanto ao uso destes dispositivos, devido à potencial ação deletéria que o uso do dispositivo sonoro individual pode causar, caso não sejam respeitados limites de intensidade e duração. Em um momento em que o distanciamento social é tão importante, tornam-se igualmente relevantes ações voltadas à conscientização e preservação da saúde auditiva, bem como campanhas sobre o uso adequado de dispositivos sonoros individuais.

Gonçalves CL, Dias FAM. Achados audiológicos em jovens usuários de fones de ouvido. Rev CEFAC. 2014;16(4):1097-1108.

Mello AS, Santos-Filha VAV. Dispositivo sonoro individual e alteração auditiva precoce: direcionamento à reflexão por meio de ação educativa. Res Soc Dev. 2019;8(12):1-23.

Oliveira MFF, Andrade KCL, Carnaúba ATL, Peixoto GO, Menezes PL. Fones de ouvido supra-aurais e intra-aurais: um estudo das saídas de intensidade e da audição de seus usuários. Audiol Commun Res. 2017;22:1-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1617
USO DE JOGOS DE REGRA NA INTERVENÇÃO COM LEITURA E ESCRITA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: Nas últimas décadas, estudos teóricos e de investigação têm destacado o jogo como um dos fatores de desenvolvimento cognitivo, afetivo e social 1-3. Entretanto, poucos são os estudos voltados para a investigação do uso dos jogos de regras no contexto clínico ou educacional na intervenção com os problemas de aprendizagem. Objetivo: analisar os jogos de regra utilizados na intervenção com leitura e escrita, entende-se por jogo de regra qualquer atividade, submetida a regras que estabelecem quem vence e quem perde. Método: Um questionário online foi elaborado com uma plataforma virtual, criando um link que foi divulgado em ambientes virtuais para respostas de fonoaudiólogos clínicos e educacionais. O questionário foi composto por sete questões, sendo quatro questões de múltipla escolha e três questões fechadas. O questionário respondido por 63 fonoaudiólogos que tiveram que classificar os jogos utilizados em contexto de intervenção como sendo para trabalho específico com habilidades de aprendizagem e em competências de aprendizagem. Resultados: 100% dos participantes tiveram dificuldades em classificar os jogos de regras como sendo para o trabalho com habilidades e com competências, demonstrando assim, que nem sempre a escolha do jogo para uso terapêutico está pautada em critérios técnico-científicos. 40% dos participantes responderam que utilizam os jogos durante toda a sessão de terapia e apenas 10% responderam que utilizam apenas em 10 minutos de terapia. Os jogos de regras mais citados foram: baralhos, dominó, forca, jogos de memória, lince, palavra secreta, bingo, stop, trava letras e vira-letras. A maioria dos jogos citados foram jogos de tabuleiro, apenas 10% dos participantes referiram utilizar jogos computadorizado. Conclusão: Apesar dos jogos serem importantes recursos terapêuticos, ainda não há estudos que fundamentem teoricamente o uso dos mesmos para trabalho específico com as alterações de leitura e de escrita. O desconhecimento da possibilidade de utilizar os jogos de regra para desenvolver habilidades para leitura e escrita ou até mesmo competência de leitura e compreensão de leitura e produção de palavras e frases revela o desconhecimento do fonoaudiólogo para o uso deste recurso, pois além do mesmo poder oferecer relaxamento, recreação e ludicidade, também é possível oferecer engajamento para os escolares com problemas de aprendizagem para a fixação dos conteúdos abordados em contexto terapêutico.

Gomes MAM. A utilização dos jogos na educação – Diferentes abordagens. Revista Argumento.2003;5(10):119-131.

Bolsoni-Silva AT, Mariano ML, Loureiro SR, Bonaccorsi C. Contexto escolar: práticas educativas do professor, comportamento e habilidades sociais infantis. Rev. Sem. da Assoc. Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional.2013; 17(2): 259-269.

Domingos DCA, Recena MCP. Jogos didáticos no processo de ensino e aprendizagem de química: a construção do conhecimento. Ciências & Cognição. 2010; 15(1): 272-281.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1743
USO DE RECURSOS LÚDICOS EM ATIVIDADE SOBRE SAÚDE AUDITIVA NO PROGRAMA SAÚDE DA ESCOLA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O Programa Saúde na Escola (PSE) foi instituído em 2007 pelos Ministérios da Saúde e da Educação, tendo por objetivo colaborar com a formação integral de estudantes da rede pública através de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde¹. As atividades do programa visam abordar temas que possam contribuir com o interesse e protagonismo no autocuidado dos escolares². O lúdico tem a função de favorecer e estimular o desenvolvimento afetivo-cognitivo da criança, além de proporcionar alegrias e de facilitar a interação entre o público infantil³. Assim, as atividades do programa são desenvolvidas com suporte das equipes de atenção básica e atenção especializada à saúde e postas em prática de maneira lúdica, proporcionando a aprendizagem do indivíduo de forma dinâmica. No âmbito dos cuidados de saúde, torna-se imprescindível o conhecimento acerca da audição, de maneira a promover a saúde auditiva das crianças, orientando-as sobre o funcionamento do ouvido humano e cuidados com a audição, além de possibilitar identificação de fatores de risco que impliquem na necessidade de avaliação.
Objetivo: Descrever como ocorreu uma ação do Programa Saúde na Escola (PSE) voltada para a temática dos cuidados com a audição, para as turmas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública da sétima região metropolitana do Rio Grande do Norte, desenvolvida por uma equipe multiprofissional de um Centro Especializado em Reabilitação III e residentes multiprofissionais.
Métodos: As temáticas demandadas foram trazidas pelos gestores do município, em discussão junto à equipe do serviço. A equipe já havia realizado uma experiência exitosa em outra escola do município em anos anteriores, porém houve um processo reflexivo para a identificação de metodologias que melhor poderiam trabalhar os temas sugeridos na faixa etária e contexto social da escola atual. Deliberou-se pela construção de materiais, como: cotonetes gigantes, caças-palavras com termos voltados ao assunto abordado, quebra-cabeças com a imagem do sistema auditivo para auxiliar na explicação dos assuntos abordados e desta forma favorecer o aprendizado dos alunos.
Resultados: A ação contou com a participação de residentes e preceptores das área de fonoaudiologia, fisioterapia, serviço social e psicologia. Partimos da ludicidade para estabelecer o conhecimento comum compartilhado pelos alunos, realizando correções e acrescentando informações novas com exemplos próximos dos apresentados por eles. Dessa maneira, após a montagem coletiva do quebra-cabeça, por exemplo, foi trabalhado o caminho do som na via auditiva, assim como a partir dos termos identificados no caça-palavras foram discutidos hábitos nocivos e estratégias preventivas. Esta condução contou com o engajamento dos estudantes e exigiu cooperação entre eles, não estimulando a competição e possibilitando que fossem ativos e protagonistas das atividades.
Conclusão: A ação resultou na ampliação do conhecimento acerca da temática abordada. Os estudantes foram capazes de adquirir novas informações e refletir criticamente sobre seus hábitos com relação à audição e os cuidados com a saúde auditiva de forma lúdica, proporcionando melhora de suas qualidades de vida em relação à audição.

1. Brasil. Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007. Institui o Programa Saúde na Escola - PSE, e dá outras providências [Internet]. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 2007 dez. [acesso em 2020 jul 10]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1726-saudenaescola-decreto6286-pdf&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192.

2. Ministério da Saúde (Brasil). Passo a Passo PSE Programa Saúde na Escola. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

3. Niles RPJ, Socha K. A importância das atividades lúdicas no desenvolvimento infantil. Ágora: R. Divulg. Cient. 2014;19(1):80-94.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
335
USO DE TELAS PORTÁTEIS POR CRIANÇAS: PERCEPÇÃO DE PAIS E FONOAUDIÓLOGOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: cada vez mais cedo, crianças estão fazendo uso de tablets e smartphones, e tem sido uma preocupação de pais e fonoaudiólogos o quanto este uso pode interferir no desenvolvimento infantil (1,2). Estudos apontam que não há benefícios para o desenvolvimento da linguagem antes dos 2 anos (3,4). Objetivo: analisar o conhecimento de pais e fonoaudiólogos sobre o uso de dispositivos eletrônicos portáteis, as telas de mão, por crianças em aquisição de linguagem. Método: Este trabalho teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 13852919.7.0000.5417). 75 pais e 240 fonoaudiólogos, incluindo cinco de países da América Latina, responderam questionário sobre uso de telas de mão por crianças em aquisição de linguagem. As crianças acompanhadas pelos pais, ou atendidas pelos fonoaudiólogos tinham entre 1;6 e 5;11 anos. As entrevistas com os pais ocorreram em escolas de educação infantil na modalidade presencial, enquanto houve aulas, depois da pandemia passaram a ser online por áudio-chamada com orientação individual. Já os fonoaudiólogos responderam o questionário online pelo ‘google forms’. Os dados foram analisados por percentuais. Resultados: O uso de telas eletrônicas portáteis pelas crianças é de 89,3%. O tempo de uso é de até 1 hora por dia, considerando as respostas de 67,1% dos pais entrevistados antes da pandemia, após o início da pandemia, o tempo aumentou para 76,9% da amostra. Os desenhos infantis (91,0%) e os jogos (50,7%) são os conteúdos mais acessados pelas crianças. 94,6% da amostra utiliza outros equipamentos eletrônicos em casa, como a TV (92,9%), videogame (18,3%) e computadores (12,6 %). 66,6% da amostra aponta aspectos positivos no uso de telas, como fonte de aprendizado, enquanto 22,6% destacam aspectos negativos nesta utilização. Perguntas sobre o uso de telas de mão faz parte da entrevista de 68,4% dos fonoaudiólogos, com foco no tempo (80,2%), conteúdo (30,4%) e monitoria do uso pelos pais (36,3%). 80,8% dos profissionais responderam que recebem queixas dos responsáveis a respeito do uso de telas portáteis e elas geralmente se referem ao tempo de uso (89,0%). Na rotina clínica, 46,0% orienta aplicativos por meio de telas portáteis para uso da família com as crianças. Conclusão: o uso de telas de mão é frequente por crianças, independente da faixa etária e aumentou após a pandemia. A maioria dos pais assinalou pontos positivos no uso de telas pelas crianças enquanto fonte de estímulos, embora se queixem da reprodução de comportamentos inadequados e da possibilidade do aparecimento de comportamento consumista. Os fonoaudiólogos têm recebido queixa quanto ao uso de telas portáteis, em particular quanto ao tempo, e vêm utilizando em clínica aplicativos por meio de telas portáteis diretamente com as crianças. Há uma preocupação tanto dos pais quanto dos fonoaudiólogos sobre o uso de telas portáteis e como elas influenciam na rotina das crianças, indicando a necessidade de orientações.


1. Madigan S, Browne D, Racine N, Mori C, Tough S. Association Between Screen Time and Children’s Performance on a Developmental Screening Test. JAMA Pediatr. 2019; 173 (3): 244-250.
2. Passarelli B, Junqueira AH, Angeluci ACB. Os nativos digitais e seus comportamentos diante das telas. MATRIZes. 2014; 8 (1): 159-178.
3. American Academy of Pediatrics. Media and Young Minds: Councilon communications and media. Pediatrics. 2016; 138 (5): e 20162591.
4. Duch H, Fisher E M, Ensari I, Harrington A. Screen time use in children under 3 years old: a systematic review of correlates. Int J Behav Nutr Phy. 2013; 10 (102): 1-10.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1704
USO DO ACELERÔMETRO NOS MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO PARA DIAGNÓSTICO DE BRUXISMO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)


INTRODUÇÃO: Segundo o consenso internacional, o bruxismo foi conceituado como uma atividade da musculatura mastigatória que pode ocorrer durante o sono (caracterizado como rítmico/fásico ou não-rítmico/tônico) e/ou vigília (caracterizado como contato dentário repetitivo ou sustentado e/ou por bracing ou thrusting da mandíbula). Características clínicas do bruxismo incluem problemas dentários, tais como o desgaste dos dentes, fraturas frequentes das restaurações dentárias e dor na região orofacial, por isso a importância da sua avaliação precoce. Não obstante, há uma escassez de métodos diagnósticos confiáveis e válidos para detectar os dois tipos de bruxismo. No campo biomédico, um sensor chamado acelerômetro tem sido usado para o Reconhecimento da Atividade Humana. Existe um crescimento no seu uso, devido a sua precisão na obtenção dos dados, facilidade na coleta, ao baixo custo para a aquisição do equipamento e, devido à seu tamanho reduzido a um único componente com cerca de 15mm³ pesando apenas alguns miligramas.OBJETIVO: Fornecer uma visão geral das pesquisas que estão utilizando a acelerometria para avaliar a atividade dos músculos da mastigação durante os eventos de bruxismo. MÉTODO: Foi realizada revisão da literatura nas bases de dados PubMed e Science Direct, com os descritores “accelerometer” AND “bruxism”, sem restrição de tempo e idioma. RESULTADOS: No total, 4 estudos foram incluídos, os demais estudos foram excluídos devido o uso do acelerômetro estar associado apenas para medir aceleração da cabeça enquanto para a atividade dos músculos da mastigação foi utilizado a eletromiografia e não se tratar de bruxismo. Nos quais verificamos que 1) a acelerometria pode ser utilizada para diversos fins, no entanto nesses estudo foi utilizado para diagnostico do bruxismo do sono; 2) Em relação ao modelo de equipamento mais utilizado, observou-se que o de dois eixos (ADXL202E, Analog Devices Co. Ltd, Norwood, MA) é o mais frequente nos artigos revisados; 3) diferentes posições na mandíbula foram o local mais frequente para posicionar o dispositivo; 4) em nenhuma pesquisa o acelerômetro foi utilizado sozinho, ele era associado na maioria dos casos a eletromiografia e eletroencefalograma; 5) O acelerômetro pode ser uma ferramenta para diferenciar os diferentes comportamentos do bruxismo. CONCLUSÃO: Para o uso clínico mais pesquisas precisam ser realizadas para que o acelerômetro consiga realizar esses tipos de avaliação sem a necessidade de outros testes como o eletomiografia e eletroencefalograma. As tecnologias inovadoras parecem fornecer soluções econômicas para a avaliação das atividades dos músculos da mastigação, se mostrando uma válida ferramenta para medir níveis e comportamentos de atividades.

Palavras-chaves: Acelerômetro; Músculos da mastigação; Masseter; Temporal; Pterigoideo .

LOBBEZOO, F.; AHLBERG, J.; RAPHAEL, K. G.; WETSELAAR, P. et al. International consensus on the assessment of bruxism: Report of a work in progress. J Oral Rehabil, 45, n. 11, p. 837-844, Nov 2018.
MANFREDINI D, POGGIO CE, LOBBEZOO F. Is bruxism a risk factor for dental implants? A systematic review of the literature. Clin Implant Dent Relat Res. 2014; 16: 460-469.
LAVIGNE, G. J.; MANZINI, C.; KATO, T. Chapter 79 - Sleep Bruxism. In: KRYGER, M. H.; ROTH, T., et al (Ed.). Principles and Practice of Sleep Medicine (Fourth Edition). Philadelphia: W.B. Saunders, 2005. p. 946-959.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1267
USO DO AMBU E A CAPACIDADE FUNCIONAL DOS PACIENTES COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA ESPORÁDICA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: Complicações respiratórias são as principais causas de morte em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Embora ainda não esteja clara a eficácia do ambu para a melhora das manifestações bulbares de pacientes com ELA, os efeitos do treinamento muscular respiratório, como as técnicas de empilhamento de ar, podem melhorar a capacidade funcional do indivíduo, proporcionando maior qualidade de vida. Objetivo: Comparar - a capacidade funcional dos pacientes com ELA esporádica com e sem o uso do ambu e investigar correlações entre uso de ambu e a capacidade funcional nesses grupos. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, analítico, transversal, desenvolvido no período de março de 2018 a março de 2020, com 36 pacientes do Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, centro de referência estadual em diagnóstico e acompanhamento dos pacientes com ELA. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico de ELA esporádica provável ou definitiva (Critérios de Awaji) e a presença de, pelo menos, um sinal e/ou sintoma bulbar associado. Pacientes com ELA familiar, Esclerose Lateral Primária, Atrofia Muscular Progressiva e outras variantes foram excluídos. Uma entrevista com roteiro estruturado foi realizada extraindo informações referentes a dados sociodemográficos e clínicos, incluindo uso do ambu e a sua frequência (número de vezes por dia). A versão em português da ALS Functional Rating Scale Revised (ALSFRS-R) foi aplicada para avaliar a capacidade funcional global e dos doze itens específicos. O teste de Pearson foi utilizado para a análise de correlação e, para comparação entre os grupos, utilizou-se o teste t. Resultados: A frequência de uso do ambu foi de 44,4% com média de 1,3 (±1,6) vezes ao dia e 72,2% dos pacientes não usavam ventilação não invasiva como suporte respiratório. A média de idade foi de 56,6 (±11,2) anos e o tempo de diagnóstico foi de 2,4 (±2,8) anos, sendo que a maioria (77,7%) dos pacientes apresentou manifestações apendiculares como primeiros sintomas. Em relação aos sintomas bulbares, 41,7% apresentavam fala compreensível com repetição, 36,1% com notável excesso de saliva na boca e 27,8% tinham problemas precoces para comer com engasgos ocasionais. Não houve diferença na comparação dos grupos com e sem ambu no que diz respeito ao critério capacidade funcional global, sendo que 22,2% dos pacientes foram classificados como leve, 27,8% moderado e 50,0% graves. Houve correlação entre o uso do ambu e dependência da função respiratória (p<0,001), escrita (p=0,003), manipulação de alimentos e utensílios (p=0,008) e função motora fina (p<0,021). Conclusão: A presença de sinais e/ou sintomas bulbares e a gravidade funcional global por meio da ALSFRS-R não mostraram correlação com o uso do ambu na frequência média de 1,3 vezes ao dia em estudo transversal. Houve correlação entre o uso do ambu e a dependência da função respiratória e atividades que exigem a função motora fina de músculos apendiculares.

1. Costa J, Swash M, De Carvalho M. Awaji criteria for the diagnosis of amyotrophic lateral sclerosis: a systematic review. Arch. Neurol. 2012; 69(11): 1410–16.
2. Guedes L, Pereira C, Pavan K, Valério BCO. Cross-cultural adaptation and validation of ALS Functional Rating Scale-Revised in Portuguese language. Arq Neuropsiquiatr 2010; 68(1):44-7.
3. Ferreira GD, Costa ACC, Plentz RDM, Coronel CC, Sbruzzi G. Respiratory Training Improved Ventilatory Function and Respiratory Muscle Strength in Patients with Multiple Sclerosis and Lateral Amyotrophic Sclerosis: Systematic Review and Meta-Analysis. Physiotherapy. 2016 Sep;102(3):221-8.
4. Marques TBC, Neves JC, Portes LA, Salge JM, Zanoteli E, Reed UC. Air stacking: effects on pulmonary function in patients with spinal muscular atrophy and in patients with congenital muscular dystrophy. J Bras Pneumol. 2014;40(5):528-534.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1494
USO DO BIOFEEDBACK POR ULTRASSONOGRAFIA DE LÍNGUA NO TRATAMENTO DE SUJEITOS COM APRAXIA DE FALA NA INFÂNCIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: À criança com apraxia da fala na infância (AFI) apresenta uma dificuldade, de origem neurológica, na qual a precisão e a consistência dos movimentos de fala estão deficitárias, apresentando erros na produção de fala.(1). A literatura mostra que o uso da ultrassonografia (US) de língua vinculada à terapia convencional da fala traz benefícios importantes para crianças com AFI. A US proporciona a capacidade de realizar a coleta de imagens que fornecem a movimentação dinâmica da língua em tempo real (2). Essas imagens do ultrassom possibilitam visualizar os gestos articulatórios desejados durante o processo de produção da palavra-alvo(3). Objetivo: Este estudo teve como objetivo investigar os efeitos da terapia de fala de uma criança e uma adolescente com apraxia de fala na infância, utilizando o biofeedback por meio da ultrassonografia de língua. Método: Trata-se de um estudo de casos de dois irmãos com diagnóstico de AFI: (S1) e (S2): 7 e 15 anos, respectivamente. Ambos realizaram avaliação fonoaudiológica clínica envolvendo os aspectos motores e/ou articulatórios, os aspectos segmentais das consoantes/vogais e os aspectos suprassegmentais. Os participantes receberam terapia durante 60 minutos, totalizando 14 horas (2 vezes por semana) abordando terapia tradicional e terapia de fala associado ao biofeedback de ultrassonografia de língua. A amostra de fala para avaliação pré e pós terapia fonoaudiológica e a terapia propriamente dita foi realizada pelos seguintes equipamentos: aparelho de ultrassom portátil (Mindray – M5); computador; sincronizador; caixa de som; e estabilizador de cabeça (Articulate Instruments Ltd). Durante as gravações, os sujeitos permaneceram sentados, com postura ereta, no interior de uma cabine acústica, onde foram lhes apresentados figuras por meio da tela do computador para a nomeação. Os sujeitos foram instruídos a incluir a palavra-alvo na frase-veículo. As amostras de fala de ambos os sujeitos foram submetidas a avaliações perceptivas auditiva por 3 juízes. A gravidade das distorções das palavras foi baseada no cálculo do Percentual de Consoantes Corretas Revisado (PCC-R) e pelo Grau de Inteligibilidade de fala (GIF). Como o apoio do biofeedback, a sessão da terapia consistiu em demonstrar e caracterizar o contorno de língua relativo ao som alvo isolado, tanto no terapeuta, como nos sujeitos, enquanto a abordagem tradicional terapêutica, compôs-se de diversos estímulos para apoio com o intuito de iniciar a produção do fonema /k/, pautada na aprendizagem motora da fala. Esta pesquisa foi aprovada (nº 3.254.573/2019)) (CAAE: nº 09476918.5.0000.0121) pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Os resultados sugerem que ambos os participantes adquiriram a produção motora do fonema /k/ com mais acurácia e precisão, uma vez que no pré-terapia, a avaliação dos juízes para o PCC do S1 passou de severo para levemente-moderado no pós-terapia, enquanto o PCC do S2 manteve-se leve para ambos o períodos, dado que se repetiu no GIF. Conclusão: Faz-se necessário aprimorar os procedimentos de intervenção para crianças com AFI, entretanto, o uso do biofeedback ultrassonográfico de língua mostrou-se um instrumento promissor.

1. American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) (2017) Childhood Apraxia Of Speech (Practice Portal). See Http://Www.Asha.Org/Practice-Portal/Clinical-Topics/Childhood-Apraxia-Of-Speech/
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
873
USO DOS POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE TRONCO ENCEFÁLICO E DE ESTADO ESTÁVEL NA AVALIAÇÃO AUDITIVA INFANTIL: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A busca pela identificação e diagnóstico da perda auditiva nos primeiros meses de vida está intimamente relacionada à importância da intervenção precoce, promovendo assim melhores possibilidades do desenvolvimento da linguagem, da audição, da fala e dos aspectos psicossociais do indivíduo (SININGER et al., 2018). Entre os exames utilizados na avaliação audiológica infantil, temos os exames eletrofisiológicos. O Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico por Frequência Específica e o Potencial Evocado Auditivo de Estado Estável, por exemplo, permitem a obtenção de limiares auditivos em crianças com idade inferior a seis meses e de difícil testagem comportamental (JOINT, 2019; GARCIA, 2018). Objetivo: Revisar a literatura nacional e internacional, de forma quantitativa e qualitativa, acerca da utilização dos Potenciais Evocados Auditivos para a construção de um diagnóstico eficiente e o uso do Estado Estável na prática clínica. Método: Foi realizado um levantamento bibliográfico nas plataformas acadêmicas Scielo e Google Scholar, com o objetivo de analisar os exames eletrofisiológicos que foram utilizados no período de janeiro de 2018 a junho de 2020, no Brasil e no mundo sobre o diagnóstico audiológico infantil. Foram selecionadas fontes bibliográficas envolvendo a Avaliação Audiológica Infantil e os exames eletrofisiológicos da audição, utilizando os descritores “Avaliação Auditiva com o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico Infantil e Estado Estável”, em português, e “Infant Auditory Evoked Evaluation with Auditory Brainstem Response and Steady-State Responses” em inglês, nas duas plataformas, tendo como critérios de exclusão as publicações anteriores ao ano de 2018 e trabalhos com títulos e resumos não compatíveis com a temática, como os potenciais de média e longa latência. Resultados: Utilizando os descritores acima nas bases indicadas, foram encontrados 403 artigos no total para realização da leitura do título e resumo, sendo 6 artigos da Scielo (4 artigos na língua portuguesa e 2 artigos com a língua inglesa) e 397 artigos na base do Google Scholar (28 artigos em português e 369 em inglês). Destes, foram selecionados 12 artigos para realização da leitura na íntegra, visando a descrição e referência do presente trabalho. Através da leitura e revisão dos artigos encontrados no levantamento bibliográfico, tornou-se evidente que os exames eletrofisiológicos fazem parte da prática clínica na Avaliação Audiológica Infantil. Dentre os exames eletrofisiológicos na prática clínica, os mais utilizados são foram: o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE), o Potencial Evocado Auditivo por Frequência Específica e o Potencial Auditivo de Estado Estável (PEAEE). Conclusão: O levantamento bibliográfico realizado através das plataformas científicas digitais, evidenciou a importância do uso dos Potenciais Evocados, como o PEATE-FE e o PEAEE, na Avaliação Auditiva Infantil, para que se consiga obter um diagnóstico precocemente possibilitando a elaboração de um plano de intervenção efetivo.

Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. 2019 Journal of Early Hearing Detection and Intervention, 4(2), 1-44. Disponível em: https://digitalcommons.usu.edu/jehdi/vol4/iss2/1

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Lee MY, et al. Narrow band CE-Chirp auditory steady-state response is more reliable than the conventional ASSR in predicting the behavioral hearing threshold. Science Direct [Internet]. 2015 [acesso 20 Jun 2020];43(3):259-268. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0385814615002217

Rodrigues GRI. Estímulos CE-chirp e narrow band CE-chirp na avaliação eletrofisiológica audição: resultados clínicos em neonatos, lactentes e crianças [Tese na Internet]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2012 [acesso em 18 Jun 2020]. Disponível em: https://leto.pucsp.br/bitstream/handle/11927/1/Gabriela%20Ribeiro%20Ivo%20Rodrigues.pdf.

Rosa BCS, Cesar CP, Cabral A, Santos M, Santos R. Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico com os estímulos clique e Ichirp. Revista Distúrbios da Comunicação [Internet]. 2018 [acesso em 17 Jun 2020];30(1):52-59 Disponível em: http://ken.pucsp.br/dic/article/view/33930.

Jalaei B, Shaabani M, Zakaria MN. Mode of recording and modulation frequency effects of auditory steady state response thresholds. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology [Internet]. 2017 [acesso em 15 Jun 2020];83(1) Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942017000100010&lng=en&nrm=iso&tlng=en&ORIGINALLANG=en

Garcia MV, et al. Audiometria de Reforço Visual e Potencial Evocado Auditivo de Estado Estável em crianças com e sem comprometimento condutivo. Revista CEFAC [Internet]. 2018 [acesso 17 Jun 2020];20(3) Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462018000300324&script=sci_arttext&tlng=pt

Ramos N, Lewis DR. Potencial evocado auditivo de tronco encefálico por frequência específica por via aérea e via óssea em neonatos ouvintes normais. Revista CEFAC [Internet]. 2014 [acesso 13 Jun 2020];16(3) Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462014000300757&script=sci_arttext&tlng=pt

Sininger YS, et al. Evaluation of Speed and Accuracy of Next-Generation Auditory Steady State Response and Auditory Brainstem Response Audiometry in Children With Normal Hearing and Hearing Loss. Ear and Hearing [Internet]. 2018 [acesso 19 Jun 2020];39(6):1207-1223. Disponível em: https://journals.lww.com/ear-hearing/FullText/2018/11000/Evaluation_of_Speed_and_Accuracy_of.15.aspx




TRABALHOS CIENTÍFICOS
1528
UTILIZAÇÃO DE INTERVENÇÕES LÚDICAS NA ESTIMULAÇÃO E NA REABILITAÇÃO DA LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: Para alcançar a perspectiva de uma terapia de linguagem que considera as singularidades de cada criança e de sua comunicação, a presença de interlocutores atentos às características específicas desses sujeitos e a utilização de estratégias que aproveitem e ampliem cada ato comunicativo observado é fundamental. Sabe-se que ao estimular outras inteligências em terapia, além da inteligência linguística, é possível alcançar um maior desenvolvimento linguístico(1). Através da atividade lúdica é possível oportunizar à criança o desenvolvimento de competências motoras, mentais, sociais e criativas(2). Na clínica fonoaudiológica, as atividades lúdicas são utilizadas a fim de tornar a terapia mais agradável, colaborando no auxílio da aprendizagem e promovendo a socialização, a comunicação, a construção do pensamento e a expressão(3).

OBJETIVO: Avaliar a utilização de atividades lúdicas como método terapêutico na clínica de linguagem e como incremento de habilidades linguísticas em crianças com desenvolvimento típico por meio de uma revisão sistemática da literatura.

METODOLOGIA: Realizou-se um levantamento dos estudos disponíveis na literatura com descritores relacionados à “Communication Disorders”, “Language Disorders”, “Play Therapy”, “Recreation Therapy” e “Language Therapy”, como estratégia de busca. A busca, realizada na plataforma PUBMED, teve como critérios de elegibilidade estudos publicados nos últimos 20 anos, que utilizassem atividades e/ou intervenções lúdicas para reabilitação, terapia de distúrbios da linguagem ou para aprimoramento do desenvolvimento linguístico de crianças de 0 a 12 anos. Dois avaliadores independentes realizaram a seleção de títulos, resumos e manuscritos quanto à elegibilidade para inclusão e extração dos dados. Foram considerados elegíveis estudos experimentais e observacionais com artigos disponíveis e publicados em qualquer idioma.

RESULTADOS: De 1.541 títulos disponíveis, 131 títulos e resumos adequaram-se aos critérios de elegibilidade. Ao finalizar o processo de análise dos manuscritos, 45 estudos foram incluídos para extração de dados. Os estudos analisados apresentaram os seguintes dados: quanto à população, 55,6% Transtorno do Espectro Autista; 24,44% deficiências múltiplas; 11,1% Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade; e 8,9% Distúrbio Específico de Linguagem. Em 60% dos estudos os pais não tiveram envolvimento direto na terapia. Quanto à duração da intervenção, 57,8% dos estudos realizaram períodos variáveis entre 10 sessões e um ano, 28,9% até 10 sessões e 13,3% tiveram mais de um ano de acompanhamento. O modelo da intervenção seguiu, por ordem de utilização, respectivamente: protocolos de intervenção lúdica já existentes (44%), set de brincadeiras livres (29%) e intervenção por pares com crianças de desenvolvimento típico (27%). Por fim, 84% dos estudos referiu ganho ou melhora dos participantes quanto às habilidades de linguagem e sociais.

CONCLUSÃO: Os modelos de intervenção que utilizam a ludicidade como ferramenta para proporcionar à criança um ambiente descontraído e desprendido se mostram efetivos quando se trata da exploração de habilidades linguísticas, principalmente pragmáticas, e da generalização de atitudes sociais adequadas por crianças com dificuldades sociais graves. A ludicidade é uma ferramenta utilizada por todos os terapeutas em algum momento da sua atuação, e deve ser alvo de estudos quanto a possíveis padronizações da intervenção, visando melhor desempenho do profissional ao dirigir-se à criança.

1. Camargo RG, Mezzomo CL. Terapia fonoaudiológica de linguagem e teoria das inteligências múltiplas: investigação em prontuários Rev. CEFAC vol.17 no.5 São Paulo. 2015
2. Lima AF, Junior AJR. O lúdico como aliado na alfabetização e letramento. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 03, Vol. 08, pp. 05-13. 2020.
3. Silvestrini DPM. Atividades lúdicas e intervenções neuropsicopedagogicas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 05, Vol. 10, pp. 97-124. 2019. ISSN: 2448-0959


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2084
UTILIZAÇÃO DE PLATAFORMA DIGITAL PARA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA COM CRIANÇAS USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR
Tese
Linguagem (LGG)


Introdução: Na perspectiva de se trabalhar a aquisição da linguagem oral como uma segunda língua da pessoa surda, sugere-se um melhor aproveitamento do potencial de linguagem expressiva e receptiva, assim como, espera-se proporcionar a esses indivíduos uma possibilidade de melhor inserção na comunidade ouvinte e assegurar, assim, a fala como fruto de estimulação. Pensando nisso, a atuação fonoaudiológica, ao buscar novas ferramentas condizentes com o cenário tecnológico atual, poderá utilizar-se de aplicativos tecnológicos no auxílio de suas intervenções com as crianças implantadas, pois os jogos digitais, além de estimular a percepção visual, irão favorecer momentos interativos como etapas do processo de aprendizagem. Objetivo: Sendo a Fonoaudiologia uma profissão em constante desenvolvimento, o presente estudo se propôs a analisar estratégias terapêuticas mediadas pelo uso de software na reabilitação das habilidades vocais e articulatórias de fala de crianças surdas usuárias de implante coclear. Método: Tratou-se de uma pesquisa do tipo estudo de caso que se realizou em uma instituição do interior do estado de São Paulo. Por conta do objeto de estudo da presente pesquisa, necessitou-se submissão e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob número de protocolo CAEE 85020418.3.0000.5404. Realizou-se um estudo de três crianças surdas usuárias de implante coclear por meio do levantamentos de prontuários e entrevista com os pais para caracterização do comportamento auditivo e de linguagem; avaliação da voz e da articulação e análise acústica das produções vocais das vogais [a], [i] e [u], dos sons oclusivos [p] e [b], e fricativos [f], [v], [z] e [s]; e aplicação do jogo digital intitulado VoxTraining, para aprimoramento da intensidade vocal, frequência vocal, ataque vocal e Tempo Máximo de Fonação (TMF), em 10 sessões terapêuticas. Resultados: Observou-se que todas as crianças tiveram diagnóstico de perda auditiva e início de reabilitação tardios, estão em fase de aquisição da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua materna e apresentam alterações vocais e articulatórias de fala nas suas produções de fala. Os resultados demonstraram que os participantes se interessaram pelo software, e este contribuiu para melhor entendimento sobre o exercício vocal e articulatório a ser realizado devido a contribuição do feedback visual, principalmente nos valores das oclusivas e no TMF das vogais, com exceção da vogal [i]. Em geral, observou-se uma maior dificuldade na produção das fricativas, principalmente em nível de palavra, no qual os resultados pré-teste e pós-teste demonstraram maior oscilação de melhora na produção dos sons. Conclusão: Os achados mostraram que o trabalho bilíngue com surdos utilizando jogos digitais facilitam a terapia e proporcionam melhora na qualidade da voz e na fala.

Palavras-chave: Implante Coclear, Surdez, Terapia da Linguagem, Voz, Software

Souza A. Serious games para a fonoaudiologia: uma abordagem voltada à terapia em motricidade orofacial: Dissertação [Mestrado em Modelos de Decisão e Saúde] – Universidade Federal da Paraíba; 2011.
Karnopp LB. Aquisição da Linguagem por Crianças Surdas – Investigações Sobre o Léxico: Calidoscópio; 2004.
Barbosa PA, Madureira S. Manual de fonética acústica experimental: Aplicações a dados do português São Paulo: Cortez; 2015.
Souza LB. Diferenças entre parâmetros vocais em crianças usuárias de implante coclear e em crianças usuárias de aparelho de amplificação sonora individual. CEFAC. 2013; 15(3): 616-21.
Higgins MB, McCleary EA, Carney AE, Schulte L. Longitudinal changes in children’s speech and voice physiology after cochlear implantation. Ear Hear. 2003; 24(1): 48–70.
Seifert E, Oswald M, Bruns U, Vischer M, Kompis M, Haeusler R. Changes of voice and articulation in children with cochlear implants. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2002; 66(2): 115-23.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1938
UTILIZAÇÃO DE SINALIZADORES E APLICATIVO NO BRUXISMO EM VIGÍLIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)



Introdução:
O bruxismo está relacionado como atividade muscular mastigatória durante a vigília e está caracterizado pelo contato dentário prolongado e/ou bracing ou thrusting da mandíbula, que acontece sem o contato entre as arcadas dentárias. Seu diagnóstico pode ser dado por abordagens instrumentais, onde são realizados exames eletromiográficos EMG nos músculos da mastigação e não instrumentais que consistem em auto relato e avaliação clínica. Ademais, em pessoas saudáveis o bruxismo não é considerado como distúrbio, contudo pode ser considerado como um fator de risco para a Disfunção temporomandibular (DTM).Objetivo: Descrever a utilização dos sinalizadores ou recordatórios e o aplicativo da LIVE IDEAS LTD. chamado “Desencoste Seus Dentes”, como estratégias de autocontrole para o bruxismo em vigília. Metodologia: Esse trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética, sob o número 3.349.187. Trata-se de uma pesquisa transversal e descritiva. A amostra foi constituída de 13 pacientes, ambos os sexos, e como idade média de 32,75 anos, atendidos na extensão em Motricidade Orofacial no ambulatório de um hospital universitário. Além do bruxismo em vigília, verificado por meio de autorrelato, todos os indivíduos tiveram o diagnóstico de dor miofascial, segundo o questionário DC-TMD (Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders). Adicionalmente,verificou-se a presença de alterações dos movimentos mandibulares e na função de mastigação. Todos os pacientes receberam a Terapia Miofuncional Orofacial (TMO) por um período de 45 dias. Nenhum dos participantes fazia uso de dispositivos interoclusais. Após avaliação, os voluntários 13 (82,25%) pacientes obtiveram orientação sobre a utilização dos sinalizadores ou recordatórios, bem como do usodo aplicativo “Desencoste Seus Dentes’’ para percepção e controle do bruxismo em vigília.Resultados: Observou-se que, após um mês, os pacientes relataram melhora no controle do bruxismo em vigília e, em acréscimo, apresentaram a diminuição da intensidade da dor, por meio da Escala Visual Analógica (EVA). Além disso, obtiveram aumento da amplitude dos movimentos mandibulares e do seu quadro funcional. Conclusão:O uso de sinalizadores ou recordatórios e/ou pelo aplicativo Desencoste seus Dentes representam estratégias interessantes para o controle do bruxismo em vigília. O uso dessas ferramentas em conjunto com a TMO parece contribuir para a evolução do paciente com DTM e bruxismo em vigília. Sugere-se mais pesquisas com o número maior de voluntários, grupo de comparação emaior e controle de outras variáveis.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1307
UTILIZANDO SOFTWARES NA FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


INTRODUÇÃO: A formação profissional em Fonoaudiologia não pode se restringir ao elemento curricular composto de aulas teóricas e práticas. A vivência universitária prevê formação mais ampla, atendendo ao tripé ensino-pesquisa-extensão. Assim, a universidade propõe a execução de projetos nas três áreas, proporcionando ao graduando experiências que vão muito além do currículo formal. Dentro desta proposta, se encontra o Programa de Iniciação à Docência (PID), que tem como objetivo, por um lado, capacitar alunos para a experiência docente e, por outro, atualizar o currículo dos cursos, por meio da inserção de metodologias ativas e temas nem sempre aprofundados na matriz curricular. Dentro desta perspectiva, relatamos a experiência de um PID multidisciplinar que integra Informática e Fonoaudiologia, tendo em vista a utilização cada vez maior de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na área, com a utilização de sistemas informatizados desde a anamnese até a terapia.

OBJETIVO: Incorporar às disciplinas do curso de Fonoaudiologia de uma instituição pública federal estratégias pedagógicas inovadoras que tenham como base a utilização de TICs.

MÉTODO: Atualização do currículo por meio da divulgação do uso de TICs no âmbito da Fonoaudiologia, relacionando conteúdo teórico com utilização de softwares, fornecendo subsídios tecnológicos que possam auxiliar acadêmicos na sua prática clínica. Os voluntários contatam os regentes das disciplinas e selecionam temas nos quais poderia ser vislumbrada a utilização de softwares para complementação do conteúdo. Programas específicos que possam agregar valor ao conhecimento teórico são apresentados em plataforma on line. Os alunos podem discutir com o grupo a utilização das TICs e sugerir dispositivos que acharem adequados à situação. Com isso, amplia-se o conhecimento da equipe e sua capacidade de interação. A fim de subsidiar o ensino, são também desenvolvidas ações de pesquisa e extensão, que visam fornecer dados para a confecção das aulas e divulgar as ações do projeto na sociedade.

RESULTADOS: Ao completar 10 anos, as ações do projeto fazem parte do currículo do curso. Sua presença instigou professores a buscarem TICs específicas e incorporarem sua aplicação nos conteúdos ministrados, tornando a tecnologia presente de forma regular e explícita na formação. Além disso, o currículo do curso conta com uma disciplina de Informação e Saúde, que, na via de mão dupla entre Informática e Fonoaudiologia, ganhou elementos importantes para inclusão de conteúdos específicos na ementa. Além da reflexão sobre TICs por meio da exposição da possibilidade de sua utilização clínica no âmbito do ensino, o PID promove palestras e seminários, contribuindo para formação continuada dos egressos e fonoaudiólogos, e publica artigos e resumos, não só colhendo informações sobre inserção da tecnologia nas pesquisas na área da Fonoaudiologia, mas também disseminando esta prática por meio da produção científica própria.


CONCLUSÃO: O uso de sistemas informatizados com finalidades fonoaudiológicas não é contemplado de forma explícita no currículo dos Cursos de Fonoaudiologia. Com este PID, os graduandos tomam conhecimento de softwares que podem ser utilizados na prática clínica, contribuindo para melhoria da qualidade da sua formação. Além disso, os voluntários vivenciam a prática docente, atuando de forma ativa no tripé universitário.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1135
VALIDAÇÃO DA ESCALA DO DESCONFORTO DO TRATO VOCAL (EDTV) A PARTIR DA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM EM PACIENTES COM DISFONIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: Conhecer os sintomas vocais do paciente permite ao fonoaudiólogo uma visão mais completa, uma vez que nem sempre a alteração vocal identificada pelo clínico é percebida com a mesma intensidade pelo paciente1. Nesse contexto, a Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV)2 foi desenvolvida com o objetivo de mensuração da intensidade e frequência dos sintomas de desconforto do trato vocal, preenchida pelo próprio indivíduo, por meio do uso de descritores qualitativos. Há uma versão adaptada para o português brasileiro3. A Teoria de Resposta ao Item (TRI) pode ser utilizada para validação da EDTV de forma satisfatória, pois considera cada item individualmente, sem priorizar os escores totais para caracterizar o atributo estudado4. OBJETIVO: desenvolver evidências de validade a partir da aplicação da Teoria de Resposta ao Item (TRI) na Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV) para pacientes com disfonia. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa documental, quantitativa, descritiva e transversal, submetida e aprovada ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem, sob protocolo nº 0482/15. O banco de dados foi formado a partir da inserção das variáveis sociodemográficas, diagnóstico laríngeo, avaliação perceptivoauditiva realizada por juiz especialista em voz e item a item da EDTV de 310 prontuários de pacientes com disfonia de um laboratório de voz. Foi realizada análise estatística descritiva e inferencial, a partir do Alfa de Cronbach, Análise Fatorial (AF) Exploratória e Confirmatória e a TRI, por meio do modelo de dois parâmetros. RESULTADO: Observou-se, por meio da AF, que os itens da EDTV, inicialmente, organizaram-se em três domínios: Fator 1 denominado de “Híbrido”; Fator 2, chamado de “Processo inflamatório/lesão tecidual”, e Fator 3, “Desconforto musculoesquelético”. Em relação aos dados da TRI, os itens da EDTV mostraram-se adequados, mesmo levando em consideração que alguns itens precisaram ser excluídos, isso pode ter influenciado na capacidade de alguns fatores cobrirem toda a extensão do traço latente. Assim, houve a validação da EDTV a partir da TRI com 10 itens, com possibilidade de resposta dicotômica e 2 domínios chamados “hiperfunção vocal com lesão fonotraumática” que envolve os itens frequência e intensidade de queimação na garganta; frequência e intensidade de garganta dolorida; frequência de garganta irritada; além do domínio “hiperfunção vocal sem lesão fonotraumática” composto pelos itens frequência e intensidade de aperto na garganta; frequência e intensidade de secura na garganta; frequência de bola na garganta. Percebeu-se que os sintomas de desconforto do trato foram elencados de acordo com os fatores que tem relação com ter ou não lesão fonotraumática. Esta escala pode ser útil como rastreio/triagem de grandes populações. Um instrumento que quando o respondente falhar, isto é, obter uma pontuação acima do ponto de corte, deve ser encaminhado para uma avaliação multidimensional da voz. CONCLUSÃO: A EDTV é um instrumento validado e preciso, traz a compreensão dos sintomas de desconforto do trato vocal. Apresenta a possibilidade de ser utilizado como um instrumento rastreio a ser aplicado por um grande número de pessoas e maior entendimento da relação dos sintomas com a presença/ausência de lesão fonotraumática.

Palavras-chave: Disfonia, Sinais e sintomas vocais, Autoavaliação, Análise fatorial, Psicometria

1. Deary IJ, Wilson JA, Carding PN, MacKenzie K. Voice Symtom Scale (VoiSS): a patient-derived voice symptom scale. J Psychosom Res. 2003;54:483–89.
2. Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubim JS. Laryngeal Manual Therapy: A Preliminary Study to Examine its Treatment Effects in the Management of Muscle Tension Dysphonia. J Voice. 2009;23(3):253-366.
3. Rodrigues G, Zambon F, Mathieson L, Behlau M. Vocal Tract Discomfort in Teachers: Its Relationship to Self-Reported Voice Disorders. J Voice 2017;27(4):473-80.
4. Pasquali L, Primi R. Fundamentos da Teoria da Resposta ao Item –TRI. Avaliação Psicológica. 2003;2(2):99-110.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
144
VALIDAÇÃO DO ACOUSTIC VOICE QUALITY INDEX (AVQI) E DO ACOUSTIC BREATHINESS INDEX (ABI) PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO
Tese
Voz (VOZ)


Introdução: A pesquisa e uso de indicadores multiparamétricos na análise vocal têm crescido nos últimos anos. O Acoustic Voice Quality Index (AVQI) e o Acoustic Breathiness Index (ABI) são exemplos de índices que avaliam o desvio vocal geral e a soprosidade, respectivamente(1,2). Ambos têm sido validados para diferentes línguas com valores de confiabilidade e acurácia diagnóstica diferentes, no entanto, sempre ressaltando sua eficiência(3-6). Esses indicadores consideram a fala encadeada, com a leitura de um texto, e a vogal sustentada /a/ para fornecer um escore de 0 a 10 para a qualidade vocal. A duração de ambos os contextos de fala é balanceada evitando-se que um contexto influencie mais no escore final do indicador(1). No português brasileiro não existe um texto padrão para análise vocal, tampouco é definida a duração ideal para realizar essa análise. Dessa forma, para validar o AVQI e o ABI no português brasileiro é necessário inicialmente definir a amostra de fala encadeada a ser utilizada, sua duração ideal e sua comparação com a amostra de fala usada mundialmente. Objetivo: Validar o AVQI e o ABI para o português brasileiro. Método: Participaram 203 sujeitos (153 disfônicos; 50 vocalmente saudáveis) divididos nas etapas desse estudo. A metodologia foi dividida em quatro etapas que analisaram: 1. a melhor amostra de fala encadeada para ser usada na validação dos indicadores considerando-se automatismo de meses do ano e contagem de números de 1 a 20 e a repetição das frases do protocolo CAPE-V; 2. a duração de fala encadeada ideal para a validação considerando-se o resultado da etapa 2; 3. o desempenho da amostra de fala encadeada definida para o português brasileiro nas etapas 1 e 2 em comparação com a amostra de fala encadeada usada mundialmente (leitura de texto); 4. a análise do AVQI e ABI para o português brasileiro para verificando-se sua confiabilidade e acurácia diagnóstica. Em todas as etapas os escores dos indicadores foram correlacionados com a avaliação perceptivo-auditiva realizada por especialistas em voz com uso da escala GRBAS(7). Resultados: Os resultados mostraram que a fala automática com contagem de números de 1 a 11 produziu melhor confiabilidade e acurácia diagnóstica no português brasileiro. Apesar de haver superioridade de correlação e acurácia diagnóstica utilizando a leitura de texto, a fala automática com contagem de números não foi desqualificada por também apresentar resultados válidos. A validação do AVQI e do ABI para o português brasileiro mostrou uma forte correlação dos indicadores com a análise perceptivo-auditiva e uma boa acurácia diagnóstica definindo valores de especificidade, sensibilidade e nota de corte para cada indicador. Conclusão: A amostra de fala encadeada que oferece melhor desempenho com o AVQI e o ABI é fala automática com contagem de números de 1 a 11. Apesar da leitura apresentar melhor correlação perceptivo-acústica e acurácia diagnóstica que a fala automática, não é usual na clínica vocal do Brasil. O AVQI e ABI são índices acústicos válidos para serem usados para uso clínico e em pesquisas no português brasileiro como uma ferramenta complementar na avaliação e triagem vocal.

[1] Barsties B, Maryn Y. External Validation of the Acoustic Voice Quality Index Version 03.01 With Extended Representativity. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2016 Jul;125(7):571-83. doi: 10.1177/0003489416636131.

[2] Barsties von Latoszek B, Maryn Y, Gerrits E, De Bodt M. The Acoustic Breathiness Index (ABI): A Multivariate Acoustic Model for Breathiness. J Voice. 2017 Jul;31(4):511.e11-511.e27. doi: 10.1016/j.jvoice.2016.11.017.

[3] Barsties von Latoszek B, Lehnert B, Janotte B. Validation of the Acoustic Voice Quality Index Version 03.01 and Acoustic Breathiness Index in German. J Voice. 2018bSep(18)30231-5. 10.1016/j.jvoice.2018.07.026

[4] Delgado Hernández JD, Gómez NML, Jiménez A, Izquierdo LM, Barsties von Latoszek B. Validation of the Acoustic Voice Quality Index Version 03.01 and the Acoustic Breathiness Index in the Spanish language. Annals of Otology, Rhinology & Laryngology. 2018;127(5):317-326.

[5] Hosokawa K, Barsties von Latoszek B, Iwahashi T, Iwahashi M, Iwaki S, Kato C, Yoshida M, Sasai H, Miyauchi A, Matsushiro N, Inohara H, Ogawa M, Maryn Y. The Acoustic Voice Quality Index Version 03.01 for the Japanese-speaking Population. J Voice. 2019 Jan;33(1):125.e1-125.e12.10.1016/j.jvoice.2017.10.003

[6] Pommée T, Maryn Y, Finck C, Morsomme D. Validation of the Acoustic Voice Quality Index, Version 03.01, in French. J Voice. 2018(18)30517-4. [Epub ahead of print]10.1016/j.jvoice.2018.12.008

[7] Hirano M. Clinical examination of voice. New York, NY: Springer Verlag;1981


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1570
VALIDAÇÃO DO ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL (IDV) COM BASE NA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A autoavaliação faz parte da avaliação multidimensional da voz, a partir da percepção do paciente acerca de sua voz, oferece informações cruciais para o diagnóstico vocal e auxilia no monitoramento terapêutico(1). O Índice de Desvantagem Vocal (IDV)(2) propõe avaliar as desvantagens acarretadas a partir de uma disfonia, foi o primeiro questionário de autoavaliação desenvolvido e validado na área de voz, além de ser o mais disseminado mundialmente na área. Assim como os demais instrumentos nessa área, o IDV foi validado a partir da Teoria Clássica dos Testes (TCT)(3), mas atualmente vê-se diversas limitações nessa proposta. Dessa forma, são necessários novos estudos que utilizem análises mais arrojadas para evidências de validade de instrumentos na área de voz, como, por exemplo, a Teoria de Resposta ao Item (TRI)(4). Objetivo: Desenvolver evidências de validade do Índice de Desvantagem Vocal (IDV) a partir da TRI. Metodologia: A pesquisa é documental, transversal e quantitativa, obteve aprovação do comitê de ética em pesquisa sob protocolo de nº 85.774/2015. Participaram do estudo 495 pacientes disfônicos e não disfônicos, com idades acima de 18 anos, de ambos os sexos que procuraram um laboratório de voz de uma instituição de ensino superior. Foram utilizados os dados pessoais e itens do IDV(2) , que compuseram um banco de dados digital. Posteriormente, realizou-se as etapas de evidências de validade a partir dos testes: Alfa de Cronbach, Análise Fatorial Exploratória (AFE), Análise Fatorial Confirmatória (AFC) e TRI pelos modelos Resposta Gradual de Samejima e Lord-Birbaum. Resultados: O estudo prosseguiu em duas etapas. A primeira etapa demonstrou uma boa consistência interna do instrumento, a AFE e AFC mostraram que o IDV manteve-se com o mesmo número de itens e domínios pré-estabelecidos em sua versão original, porém não continuaram com a sua mesma distribuição, formando novos fatores: socioemocional com 13 itens, orgânico com 12 itens e o funcional constituído por 5 itens. Após aplicação da TRI, pelo modelo de Samejima e análise das curvas características dos itens, sugeriu-se a dicotomização das respostas. A segunda etapa envolveu a análise do instrumento considerando as respostas dicotômicas por meio da TRI, método de Lord-Birbaum que avalia os parâmetros discriminação (a), capacidade de um item discriminar indivíduos com distintos níveis de teta, e dificuldade (b), possibilidade de um sujeito com certo nível de aptidão escolher uma categoria de resposta. Os itens mais e menos discriminativos foram o “8. Tenho tendência a evitar grupos de pessoas por causa da minha voz” e “6. Uso menos o telefone do que eu gostaria”, respectivamente. O item “22. Meu problema de voz me causa prejuízos econômicos” foi classificado como mais difícil e o item “13. Minha voz parece rouca e seca” como mais fácil de ser escolhido. Após análises, admitiu-se um instrumento unifatorial, com cargas fatoriais adequadas. Conclusão: Propõem-se o IDV validado a partir da aplicação da TRI. Este instrumento apresentou 30 itens, uma estrutura unifatorial, respostas dicotômicas e um cálculo a partir do teta, que o tornou com maior acurácia, sensibilidade e especificidade para indicar indivíduos com problemas de voz.

1. Kasama, ST, Brasolotto, AG. Percepção vocal e qualidade de vida. Pró-Fono. 2007;19(1):19-28.
2. Behlau M, Santos LMA, Oliveira G. Cross-cultural adaptation and validation of the Voice Handicap Index into Brazilian Portuguese. J Voice. 2011;25(3):354-9.
3. Sartes, LMA, Souza-Formigoni, MLO. Avanços na Psicometria: Da Teoria Clássica dos Testes à Teoria de Resposta ao Item. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2013; 26(2):241-250.
4. Araújo EAC, Andrade DF, Bortolotti SLV. Teoria da Resposta ao Item. Rev Esc Enferm USP. 2009; 43(Esp):1000-8.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
827
VALIDAÇÃO E VALORES DE CORTE DA VERSÃO BRASILEIRA DO PROTOCOLO VOCAL FATIGUE INDEX (VFI)
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: A fadiga vocal é um sintoma comum em profissionais da voz e indivíduos com alteração vocal(1-3). A utilização de um instrumento validado e confiável de autoavaliação da fadiga vocal é importante para a compreensão desta questão(4). OBJETIVO: Validar e investigar as propriedades psicométricas da versão em português brasileiro do protocolo Vocal Fatigue Index (VFI). MÉTODOS: Estudo aprovado pelo CEP (159.968 de 11/29/2012 e 1.290.534 de 10/21/2015). Os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O estudo teve delineamento de natureza metodológica. A amostra total foi composta por 212 participantes, divididos em dois grupos: Grupo Disfônico (GD) composto por 82 mulheres e 24 homens (média de idade 39 anos) e Grupo Vocalmente Saudável (GVS) composto por 83 mulheres e 23 homens (média de idade 39 anos). A validação do VFI para o português brasileiro foi realizada por meio dos seguintes procedimentos: validade (validade da consistência interna, validade de construto e validade preditiva); confiabilidade (consistência interna e reprodutibilidade); sensibilidade (sensibilidade a mudança com tratamento); eficiência e valores de corte. Todos os sujeitos responderam a versão em português brasileiro do instrumento, intitulada Índice de Fadiga Vocal (IFV)(5). Os participantes do GD responderam o Índice de Desvantagem Vocal 10 (IDV-10) (validade preditiva), 106 responderam novamente o IFV em um intervalo de dois a quatorze dias da primeira resposta (reprodutibilidade), e 17 responderam o IFV após oito sessões de reabilitação vocal (sensibilidade). RESULTADOS: Na análise da validade da consistência interna houve redução de duas questões e constituição de quatro fatores. Assim, a versão em português brasileiro do VFI, chamada IFV, é composta por 17 questões e 4 Fatores: Fator 1- Fadiga e limitação vocal, Fator 2- Restrição vocal, Fator 3- Desconforto físico associado à voz e Fator 4- Recuperação com o repouso vocal. Na validade de construto houve correlação significativa entre o IDV-10 e o Fator 1 (p<0,001), Fator 2 (p<0,001), Fator 3 (p=0,001) e IFV total (p<0,001). A análise de validade preditiva mostrou todos os itens e fatores foram sensíveis à diferenciação entre GD e GVS (p=0,022 questão 17; p=0,001 Fator 4; p<0,001 demais questões e fatores). Na análise de confiabilidade, o Alpha de Cronbach mostrou uma alta consistência interna para a pontuação total (r=0,868), Fator 1 (r=905), Fator 3 (r=839) e Fator 4 (r=895) e consistência interna substancial para o Fator 2 (r=0,694), além de alta reprodutibilidade teste-reteste (r>0,7 para todos). Para a sensibilidade a mudança com tratamento, os Fatores 1 (p<0,001), 2 (p=0,008), 3 (p=0,006) e total (p<0,001) apresentaram mudanças significativas após o tratamento. Na análise da eficiência, os valores de corte encontrados foram: 4,50 para fadiga e limitação vocal; 3,50 para restrição vocal; 1,50 para desconforto físico associado à voz e 8,50 para recuperação com o repouso vocal. Para o escore total do protocolo, o valor que separa indivíduos disfônicos dos vocalmente saudáveis foi 11,50 pontos. CONCLUSÃO: A versão validada em português brasileiro do protocolo Vocal Fatigue Index - VFI é um instrumento válido, confiável e sensível para avaliar a autopercepção da fadiga vocal, especialmente em indivíduos disfônicos.

1. Solomon NP. Vocal fatigue and its relation to vocal hyperfunction. Int J Speech Lang Pathol. 2008;10(4):254-266.

2. Abou-Rafée M, Zambon F, Badaró F, Behlau M. Vocal fatigue in dysphonic teachers who seek treatment. CoDAS. 2019;31(3):2-7.

3. Welham N V., Maclagan MA. Vocal fatigue: Current knowledge and future directions. J Voice. 2003;17(1):21-30.

4. Nanjundeswaran C, Jacobson BH, Gartner-Schmidt J, Verdolini Abbott K. Vocal Fatigue Index (VFI). J Voice. 2015;29(4):433-440.

5. Zambon F, Moreti F, Nanjundeswaran C, Behlau M. Cross-cultural adaptation of the Brazilian version of the Vocal Fatigue Index - VFI. CoDAS. 2017;29(2):1-6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
585
VALIDADE DE CONTEÚDO DE UM INSTRUMENTO DE TRIAGEM DO VOCABULÁRIO INFANTIL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: dificuldades relacionadas ao vocabulário são comuns a diversos transtornos que causam alteração na linguagem. Sua identificação precoce é essencial para melhor prognóstico. Entretanto, são escassos no Brasil instrumentos que ajudam a antever a presença destes diagnósticos durante a infância. Objetivo: verificar a validade baseada no conteúdo de um instrumento de triagem do vocabulário infantil. Método: trata-se de um estudo metodológico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, número 2.548.341. Os procedimentos foram realizados de acordo com as recomendações para validação de testes em Fonoaudiologia. A amostra foi composta por quinze juízes, com experiência mínima de dois anos em linguagem infantil, das áreas da Fonoaudiologia, Psicologia e Pedagogia. Os mesmos foram convidados via e-mail e constou uma carta de apresentação da pesquisa e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O instrumento de triagem em questão é nomeado TRILHAR e tem como objetivo a triagem dos vocabulários receptivo e expressivo de crianças entre três e sete anos de idade. Esta triagem é composta por vinte fichas de vocabulário, sendo dez receptivas, nas quais a criança irá ouvir uma palavra e indicar a figura correspondente; e dez expressivas, nas quais irá ver a figura e nomeá-la. Além disso, conta com um manual de aplicação e folhas de registro e análise das respostas. Os juízes avaliaram o instrumento utilizando um protocolo criado pelos autores, em formato de escala Likert: 0 - inadequado; 1 - parcialmente adequado; 2 - adequado, de acordo com os seguintes critérios. Critério 1 - Racional Teórico: visão geral da fundamentação teórica; coerência entre fundamentação teórica e faixa etária considerada; descrição da relevância do modelo educacional da triagem no âmbito da fonoaudiologia educacional; articulações entre o modelo clínico e o modelo de triagem; relação entre materiais elaborados e modelos teóricos. Critério 2 - Princípios da Triagem: aplicabilidade no campo clínico; aplicabilidade no campo educacional; adequado para identificar indivíduos com transtornos de linguagem; validade ecológica. Critério 3 - Materiais: público alvo; faixa etária; aspectos gráficos; clareza na descrição do caderno de aplicação; coerência entre a demanda da tarefa e o objetivo da triagem. Os dados foram tabulados no IBM SPSS Statistics 23 e analisados utilizando o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) para os critérios e Índice de Validade de Conteúdo - Item para os subcritérios. O valor mínimo de .78 foi considerado como adequado. Resultados: o critério Racional Teórico apresentou IVC .98, Princípios da Triagem IVC .96, enquanto os Materiais IVC 0.84. Em relação ao IVC-I, todos os subcritérios apresentaram resultado acima do valor mínimo, com exceção dos ‘aspectos gráficos’ e ‘clareza na descrição do caderno de aplicação’, com valores .66 e .60, respectivamente. Os juízes indicaram figuras e instruções do manual do instrumento com necessidade de melhorias. Conclusão: o TRILHAR apresenta validade de conteúdo adequada, com proposta de pequenas alterações. Esta pesquisa traz contribuições para no âmbito da identificação precoce dos transtornos de linguagem no Brasil, visto a escassez de instrumentos com este objetivo no país. Mais estudos são necessários para verificar outras evidências de validade do TRILHAR.

Bang J, Nadig A. Learning language in autism: maternal linguistic input contributes to later vocabulary. Autism Res. 2015;8(2):214-23.

Barbosa ALA, Soares HB, Salgado-Azoni CA. Construção de um instrumento de triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7 anos. Audiol Commun Res. 2019;24:e2131.

Lynn MR. Determination and quantification of content validity. Nursing Research. 1986;35(6):382-5.

McGregor KK, Newman RM, Reilly RM, Capone NC. Semantic representation and naming in children with specific language impairment. J Speech Lang Hear Res. 2002;45(5):998-1014.

Pernambuco L, Espelt A, Junior H, Lima K. Recomendações para elaboração, tradução, adaptação transcultural e processo de validação de testes em Fonoaudiologia. CoDAS. 2017;29(3):e20160217.

Polit D, Beck C, Owen S. Ist he CVI an acceptable indicador of content validity? Appraisal and recommendations. Res Nur Health. 2007;30(4):459-67.

Puglisi ML, Befi-Lopes DM. Impacto f specific language impairment and type of school on diferente language subsystems. CoDAS. 2016;28(4):388-94.

Vandereet J, Maes B, Lembrechts D, Zink I. Predicting expressive vocabular acquisition in children with intellectual disabilities: a 2-year longitudinal study. J Speech Lang Hear Res. 2010;53(6):1673-86.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
856
VELHICE E PERDA AUDITIVA: UMA DUPLA ESTIGMATIZAÇÃO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: A perda auditiva relacionada ao envelhecimento, para além de suas implicações perceptuais, tende a provocar limitações significativas no estabelecimento de interações sociais vividas por sujeitos idosos nas diferentes esferas da vida. Pode-se acompanhar que estigmas relacionados ao envelhecimento e à perda auditiva se somam levando idosos a experiências de sofrimento e ao afastamento/isolamento social(1-4). Objetivo: Discutir como relações estigmatizantes estabelecidas entre o envelhecimento, a perda auditiva e o uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) se manifestam nos discursos produzidos por sujeitos idosos com perda auditiva. Método: Pesquisa qualitativa e longitudinal, desenvolvida em uma clínica-escola de Fonoaudiologia de uma Universidade privada localizada no Sul do Brasil. Participaram do estudo14 idosos, com idade média de 73 anos, com perda auditiva e com indicação do uso de AASI. Os resultados foram obtidos por meio de uma entrevista semi-estruturada realizada individual e oralmente em dois encontros, as quais foram gravadas, transcritas e, posteriormente, discutidas a partir da análise de conteúdo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética sob o parecer 18400519.9.0000.8040. Resultados: A partir dos relatos dos idosos foi possível apreender que a perda auditiva no envelhecimento tende a provocar limitações significativas nos modos de interações sociais estabelecidas pelos idosos, de modo a destitui-los da possibilidade de ocupar nas relações sociais um lugar de sujeito ativo e de autor de seu discurso e de sua vida. Além disso, atributos depreciativos são frequentemente associados ao fato de o velho precisar usar o AASI, uma vez que o mesmo representa a comprovação de perdas e de incapacidades trazidas pela velhice. Desse modo, o uso de tal dispositivo, quando tomado como uma marca visível de condições estigmatizadas socialmente, pode reiterar e associar diferentes preconceitos, ou seja, o sujeito, por ser velho torna-se surdo e, uma vez surdo, está limitado ou incapacitado. Conclusão: Estigmas em torno do envelhecimento e da perda auditiva, simultaneamente construídos, geram o afastamento e a segregação social, bem como, reiteram visões preconceituosas. Este estudo aponta para a necessidade do implemento de pesquisas e ações que ofereçam elementos para desnaturalizar processos estigmatizantes a partir da explicitação de determinantes sociais e históricos que os constituem. Nessa direção, destaca-se a importância de ações coletivas, envolvendo grupos de idosos, que promovam espaços de escuta, troca e ressignificação de visões negativas associadas à condição do sujeito idoso com perda auditiva.

1. BIERING-SORENSEN, M. et al. Hearing in the elderly ≥ 80 years of age prevalence of problems and sensitivity. Journal Scandinavian Audiology, V. 26, p.99-106, 1997.

2. FIALHO, I. M. et al. Percepção de idosos sobre o uso de AASI concedido pelo Sistema Único de Saúde. Rev. CEFAC, São Paulo, v.11, n.2, p.338-344 Apr./June, 2009.

3. GAGNÉ, Jean-Pierre; JENNINGS, Mary Beth.; SOUTHALL, Kenneth. Understanding the stigma associated with hearing loss in older adults. Hearing Care for Adults. p.203-12, 2009.

4. WALLHAGEN, Margaret I. The stigma of hearing loss. The Gerontologist, v.50, n.1, p.66–75, 2009.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1568
VELOCIDADE E LEGIBILIDADE DE ESCRITA MANUAL DE ESCOLARES COM DISLEXIA DO SUBTIPO VISUAL, FONOLÓGICO E MISTO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Cerca de 10 a 30% dos escolares apresentam dificuldade para acompanhar o desenvolvimento da escrita(1), o que pode ocasionar alteração relacionada a velocidade e legibilidade de escrita manual(2). As habilidades de escrita manual abaixo do esperado são consideradas características da disgrafia(3). Estudos internacionais apontam que a disgrafia pode acometer escolares com e sem dificuldade de aprendizagem(4) e entre os transtornos do neurodesenvolvimento nota-se prevalência entre a disgrafia e a dislexia(5,6). A dislexia é caracterizada pela presença de dificuldade no processamento da leitura e da escrita e pode ser caracterizada em três subtipos: fonológico, visual e mista(7). Objetivo: caracterizar e comparar o desempenho da velocidade de escrita manual, considerando a legibilidade, de escolares com dislexia nos subtipos visual, mista e fonológica. Método: Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética sob protocolo 0444/2012. Foi aplicada a versão traduzida e adaptada do Detailed Assessment of Speed of Handwriting (DASH) para o Português Brasileiro(8), composto por 5 tarefas: Melhor cópia, Escrita do alfabeto, Cópia rápida de uma frase, Gráfico rápido e Escrita livre temática. Participaram deste estudo 30 escolares, de ambos os gêneros e na faixa etária de 09 anos a 16 anos e 11 meses de idade divididos em três grupos, sendo GI: 10 escolares com dislexia do subtipo visual, GII: 10 escolares com dislexia do subtipo fonológico e GIII: 10 escolares com dislexia do subtipo misto. Resultados: Os dados foram analisados utilizando o programa estatístico IBM SPSS Statistics (Statistical Package for the Social Sciences), em sua versão 25.0 para obtenção dos resultados. Os resultados evidenciaram diferença estatisticamente significante nas tarefas de melhor cópia, cópia rápida de uma frase, gráfico rápido e escrita livre temática, em que o GII apresentou desempenho superior ao GI e desempenho superior ao GIII na tarefa de melhor cópia. Conclusão: os escolares com dislexia do subtipo visual e mista apresentam desempenho inferior quando comparados com escolares com dislexia do subtipo fonológico em relação a tarefas relacionadas a velocidade e legibilidade em escrita manual. No entanto, são necessárias maiores investigações para compreender como esses fatores podem interferir na escrita manual e para direcionar profissionais da área da saúde e da educação em relação a intervenção com esses escolares.

1.Feder KP, Majnemer A. Handwriting development, competency, and intervention. Dev Med Child Neurol. 2007;49:312-17.
2. Van Hartingsveldt MJ, Cup EHC, Hendriks JCM, Vries L, Groot IJM, der Sanden MWGN. Predictive validity of kindergarten assessments on handwriting readiness. Research in Developmental Disabilities, 2014, 36:114–124. DOI: 10.1016/j.ridd.2014.08.014
3. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Health Disorders. 5th Edition. Arlington, VA: American Psychiatric Publishing; 2013.
4. Cardoso MH, Capellini SA. Identificação e caracterização da disgrafia em escolares com dificuldades e transtornos de aprendizagem. Distúrbios da Comunicação, 2016, 28(1): 27-37.
5. Martins MRI, Bastos JA, Cecato AT, Araujo MLS, Magro RR, Alaminos V. Screening for motor dysgraphia in public schools. J Pediatr. 2013;89:70-4.
6. Cardoso MH, Santos NL, Capellini SA. The speed and legibility of handwriting in dyslexic students. In: Monique Herrera Cardoso; Simone Aparecida Capellini. (Org.). Hnadwriting and Dysgrafia Relation and assessment. 1ed.New York: Nova science publishers, 2018, v. , p. 111-130.
7. Galaburda AM, Cestnick L. Dislexia del desarrollo. Revista de Neurología, 2003; v. 36:3-0.
8. Cardoso MH, Henderson SE, Capellini SA. Translation and cultural adaptation of Brazilian Detailed Assessment of Speed of Handwriting: conceptual and semantic equivalence. Audiol Commun Res. 2014;19(4):321-6.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
608
VERIFICAÇÃO DO EFEITO DE UM PROGRAMA DE APRIMORAMENTO DAS HABILIDADES COMUNICATIVAS NA ANSIEDADE E NO ESTRESSE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO: O medo de falar em público é um dos mais prevalentes na população mundial. Na população de estudantes universitários este medo pode chegar até 60% por se tratar de uma exigência acadêmica em ocasiões variadas como em seminários, palestras e atividades de extensão e pesquisa (1,2). Indivíduos movidos pela ansiedade excessiva ao falar em público podem apresentar alterações nos parâmetros de sua comunicação. Estas alterações podem estar relacionadas a uma ativação do sistema cerebral de defesa tornando o ato de falar em público como um agente estressor (3,4). Achados apontam que a realização de treinamentos das habilidades comunicativas permitem que o indivíduo obtenha autoconfiança na utilização dos aspectos da expressividade ao falar em público e assim apresente diminuição de fatores associados ao medo e ansiedade (5,6).
OBJETIVO: Verificar os efeitos de uma intervenção fonoaudiológica nas habilidades comunicativas ao falar em público por meio da mensuração dos índices de ansiedade e estresse.
MÉTODO: Trata-se de um estudo tipo Ensaio Clínico aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem sob número 2.729.273. Os critérios de inclusão deste estudo foram: homens e mulheres com idade entre 18 e 30 anos e ser estudante universitário. Como critério de exclusão foi adotado: ter participado de algum treinamento em oratória ou similar, exercer atividade regular que envolva falar em público, indivíduos com diagnóstico médico ou psicológico de transtorno ou fobia social e que tenham frequentado menos que 75% das intervenções terapêuticas durante o estudo. Os sujeitos participantes da pesquisa foram divididos aleatoriamente em dois grupos: Grupo intervenção (GI) e Grupo controle (GC). O GI participou de seis oficinas de aprimoramentos das habilidades comunicativas para falar em público. As Oficinas abordaram os seguintes conteúdos: Autoconhecimento vocal, respiração, articulação, ritmo de fala, coordenação pneumofonoarticulatória, entonação, ênfase, postura e gestos. O GC participou de uma única oficina sobre saúde vocal. Os seguintes protocolos foram aplicados antes da primeira e após a última oficina em ambos os grupos: Questionário de caracterização da amostra, Self Statements During Public-Speaking Scale (SPSS), Perceived Stress Scale (PSS) e o Questionário de Ansiedade Social para Adultos (CASO).
RESULTADOS: Participaram de forma voluntária deste estudo 39 estudantes universitários de cursos diversos na área de saúde. O GI apresentou, após as intervenções, redução significativa dos escores de ansiedade no CASO de forma geral (p<0,001), e em todos os parâmetros do protocolo: interação com o sexo oposto (p<0,001), expressão assertiva (p<0,030), falar em público (P<0,001), interação com desconhecidos (p<0,001) e fazer o papel de ridículo (p<0,001). Os valores da PSS referentes ao estresse demonstraram aumento da autoavaliação positiva (p<0,031) e diminuição da autoavaliação negativa (p<0,016). Já na autoavaliação ao falar em público pela SPSS, foi verificado aumento (p<0,001) em relação ao GC.
CONCLUSÃO: O treinamento das habilidades comunicativas promoveu a diminuição nos índices de ansiedade, estresse e aumentou a autopercepção positiva ao falar em público dos estudantes universitários. Espera-se que estes resultados tragam melhores desempenhos na performance comunicativa dos estudantes, promovendo uma comunicação mais clara e objetiva.

1. Marinho ACF, Medeiros AM, Gama ACC, Teixeira LC. Fear of Public Speaking: Perception of College Students and Correlates. J Voice. 2017;31(1). DOI: 10.1016/j.jvoice.2015.12.012
2. Oliveira MA, Duarte AMM. Controle de respostas de ansiedade em universitários em situações de exposições orais. Rev. Bras. Ter. Comport. Cognitiva. 2004;6(2) p. 183-199.
3. Almeida AAF, Behlau M, Leite JR. Correlation between anxiety and communicative performance. Rev. Soc. Bras. de Fonoaudiologia. 2011 v. 16 (4).
4. Coelho MA. Sinais psicofisiológicos e vocais de ativação por stress no telejornalismo ao vivo [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2002.
5. Rust C, Gentry WM, Ford H. Assessment of the effect of communication skills training on communication apprehension in first year pharmacy students–A two-year study. CPT and Learning. 2020; v. 12(2), p. 142-146. https://doi.org/10.1016/j.cptl.2019.11.007
6. Celeste LC, et al. Communicative performance training in university health students. 2018. AC Research,v.23, http://dx.doi.org/10.1590/2317-6431-2017-1879


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2148
VERIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL PARA O CANTO DE CORISTAS IDOSOS
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: O canto apresenta um efeito moderador no processo de envelhecimento vocal, ou seja, indivíduos que cantam apresentam sinais mais sutis da presbifonia. Muitos idosos, no entanto, participam de coros amadores e não realizaram um treinamento vocal específico, o que aumenta o risco para a saúde do aparelho fonador e pode trazer desvantagens vocais. Por esse motivo, é necessário identificar as dificuldades e desconfortos no uso da voz cantada por meio de questionários de autopercepção, permitindo assim, intervir precocemente quando necessário. Objetivo: Verificar o índice de desvantagem vocal para o canto em coristas idosos. Métodos: Participaram do estudo 110 coristas amadores, sendo a maioria mulheres (74,5%). A faixa etária variou entre 60 a 91 anos de idade. Os participantes responderam o questionário do Índice de Desvantagem Vocal para o Canto (IDV-C), o qual mensura as experiências do indivíduo quanto ao uso da voz cantada. O escore total do questionário foi analisado e comparado com idade, sexo e tempo de canto coral. Verificou-se a relação do escore do IDV-C com hábitos vocais e condições de saúde como hidratação, exercício físico, uso vocal intenso, pigarro, sono, cafeína em excesso, uso de bebidas destiladas, dificuldade auditiva, alergias respiratórias e refluxo gastroesofágico. Foram considerados estatisticamente significativos, os valores de p<0,05. Resultados: O índice de desvantagem vocal para o canto teve uma mediana de 25, sendo a pontuação mínima 0 e a máxima 86. Os itens mais pontuados do IDV-C foram: “Não consigo cantar agudo” (item 10) e “Minha garganta fica seca quando canto” (item 13). Os coristas com mais de 75 anos apresentaram maior escore do IDV-C ao comparar com os mais jovens (p=0,020). Não houve diferenças estatísticas entre o sexo e tempo de canto coral. Os indivíduos que relataram beber pouca água também apresentaram significativamente maior desvantagem vocal para o canto que os demais (p=0,007). Conclusão: Os coristas deste estudo apresentaram um escore de IDV-C não indicativo de alterações vocais. Entretanto, os participantes mais idosos apresentaram maior escore do questionário, demonstrando que o aumento da idade pode favorecer a uma maior desvantagem vocal em coristas amadores. Por outro lado, hábitos vocais saudáveis como a hidratação adequada podem contribuir para a redução da desvantagem no uso da voz cantada.

Descritores: Voz; Qualidade Vocal; Canto; Envelhecimento; Qualidade de vida.

1 Lortie CL, Rivard J, Thibeault M, Tremblay P. The moderating effect of frequent singing on voice aging. J Voice. 2017;31(1):112.e1–12. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2016.02.015.

2 Rosa M, Behlau M. Mapping of vocal risk in amateur choir. J Voice. 2017;31(1):118.e1–11. http://dx.doi.org/doi:10.1016/j.jvoice.2016.03.002.

3 Sobol M, Sielska-Badurek EM, Osuch-Wójcikiewicz E. Normative values for singing voice handicap index – systematic review and meta-analysis. Braz J Otorhinolaryngol. 2019. pii: S1808-8694(18)30559-7. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2018.12.004.

4 Paoliello K, Oliveira G, Behlau M. Singing voice handicap mapped by different self-assessment instruments. CoDAS. 2013;25(5):463–8. http://dx.doi.org/10.1590/s2317-17822013005000008.

5 Cohen SM, Noordzij JP, Garrett CG, Ossoff RH. Factors associated with perception of singing voice handicap. Otolaryngol Head Neck Surg. 2008;138(4):430–34. http://dx.doi.org/10.1016/j.otohns.2007.12.041.

6 Cohen SM, Jacobson BH, Garrett CG, Noordzij JP, Stewart MG, Attia A, et al. Creation and validation of the singing voice handicap index. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2007;116(6):402-6. http://dx.doi.org/10.1177/000348940711600602.

7 Behlau M, Gasparini G, Equipe CEV. Índice de Desvantagem Vocal para o Canto - IDV-C. Tradução. [Acesso em 13 de jul 2020]. Disponível em: http://www4.pucsp.br/laborvox/dicas_pesquisa/downloads/IDVC.pdf


TRABALHOS CIENTÍFICOS
876
VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA: MANOBRAS DE REPOSICIONAMENTO CANALICULAR VERSUS TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: A principal evolução no tratamento da Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) foi a manobra de reposicionamento canalicular introduzida por Epley1. Apesar da eficácia dessa e de outras manobras serem cientificamente comprovadas, além de não gerarem efeitos adversos ao organismo, a terapêutica medicamentosa ainda é, por vezes, utilizada isoladamente2-4. OBJETIVO: Comparar a eficácia das manobras de reposicionamento canalicular ao tratamento medicamentoso exclusivo na qualidade de vida de pacientes com VPPB. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa dos estudos publicados nas bases de dados MEDLINE (via PubMed), LILACS e SciELO a partir da seguinte estratégia de busca: (benign paroxysmal positional vertigo OR vertig*) AND (drug treatment OR drug* OR medicine) AND (canalicular OR replacement OR maneuver) AND (quality of life OR daily activities OR questionnaire). Os critérios de inclusão foram: (1) Sujeitos com VPPB; (2) Processo de amostragem aleatória; (3) Grupo submetido às manobras de reposicionamento canalicular isoladas ou associadas ao tratamento medicamentoso e grupo submetido ao tratamento medicamentoso exclusivo; (4) Uso de instrumentos que permitem avaliar a interferência da tontura na qualidade de vida. Os critérios de exclusão foram: (1) Sujeitos com alterações vestibulares concomitantes; (2) Grupo submetido a intervenções cirúrgicas. As etapas de seleção dos estudos foram a leitura dos títulos, resumos e artigos completos. RESULTADOS: Foram encontrados um total de 38 estudos, sendo 37 na MEDLINE e um na SciELO. Na LILACS, não houveram resultados. Vinte e quatro foram excluídos após a leitura dos títulos e 10 após a leitura dos resumos. Dos quatro que restaram, um foi excluído na etapa de leitura completa, pois não possuía grupo submetido ao tratamento medicamentoso exclusivo. Salvinelli et al.3 observou que a manobra libertadora de Semont (n=52) foi significativamente mais eficaz que a Flunarizina (n=52) e nenhum tratamento (n=52) ao comparar os três grupos de pacientes com ductolitíase unilateral do canal semicircular posterior quanto à resolução subjetiva dos sintomas de vertigem na mudança de postura. Os pacientes que tiveram resolução da vertigem apresentaram melhora estatisticamente significativa na Vestibular Disorders Activities of Daily Living Scale. Maslovara et al.4 verificou que a manobra de Epley (n=48) foi significativamente mais eficaz que o tratamento com Cloreto de Beta-histina (n=48) e quase alcançou os resultados do grupo controle (n=40) ao comparar os três grupos, dois de pacientes com ductolitíase do canal semicircular posterior e um de pacientes saudáveis, quanto aos escores do SF-36, Dizziness Handicap Inventory e Hospital Anxiety and Depression Scale. Panuganti et al.5 observou que 88% dos pacientes submetidos à manobra de Epley associada ao tratamento medicamentoso (n=30) passaram de um escore moderado-severo para leve no Dizziness Handicap Inventory, enquanto esse percentual foi de apenas 30,43% nos pacientes submetidos ao tratamento medicamentoso exclusivo não especificado (n=30) em pacientes com ductolitíase unilateral do canal semicircular posterior. CONCLUSÃO: Os resultados dos estudos incluídos nesta revisão integrativa demonstraram que as manobras de reposicionamento canalicular, mesmo isoladas, são mais rápidas e eficazes na melhora da qualidade de vida quando comparadas ao tratamento medicamentoso exclusivo.

1. Epley JM. The canalith repositioning procedure: for treatment of benign paroxysmal positional vertigo. Ololaryngol Head Neck Surg. 1992;107(3):399-404.
2. Power L, Murray K, Szmulewicz DJ. Characteristics of assessment and treatment in Benign Paroxysmal Positional Vertigo (BPPV). J Vestib Res. 2020;30(1):55-62.
3. Salvinelli F, Trivelli M, Casale M, Firrisi L, Di Peco V, D'Ascanio L, et al. Treatment of benign positional vertigo in the elderly: a randomized trial. Laryngoscope. 2004; 114:827-31.
4. Maslovara S, Soldo SB, Puksec M, Balaban B, Penavic IP. Benign paroxysmal positional vertigo (BPPV): influence of pharmacotherapy and rehabilitation therapy on patients' recovery rate and life quality. Neuro Rehabilitation. 2012;31(4):435-41.
5. Panuganti A, Loka SR, Tati S, Punga AK. Comparative Study of Management of BPPV (Benign Paroxysmal Positional Vertigo) with only Drugs Versus Drugs Plus Epley Manoeuvre. Indian J Otolaryngol Head Neck Surg. 2019;71(Suppl 2):1183-6.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
440
VIDEO HEAD IMPULSE TEST (V-HIT) EM INDIVÍDUOS COM DIABETES MELLITUS TIPO 1
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: o diabetes Mellitus tipo 1 é uma doença sistêmica autoimune caracterizada pela perda progressiva das células beta-pancreáticas, provocando a interrupção da produção de insulina e um consequente desequilíbrio metabólico1,2. Esse desequilíbrio metabólico pode interferir no funcionamento do sistema vestibular de indivíduos com diabetes tipo 1 controlado, mesmo que assintomáticos3. Na avaliação vestibular de indivíduos com distúrbio do metabolismo da glicose foram encontradas alterações eletronistagmográficas em 27,1% a 43,8% dos indivíduos4. Outro estudo identificou alterações à curva insulinêmica em pacientes com vestibulopatias quando comparados a voluntários saudáveis5. Objetivo: verificar a função dos canais semicirculares do labirinto de indivíduos com diabetes tipo 1 submetidos ao Video Head Impulse Test (v-HIT) e compará-los com indivíduos sem diabetes. Metodologia: estudo transversal, observacional, analítico. Os procedimentos desta pesquisa foram aprovados pelo Comitê de Ética sob o nº CAAE 56877316.1.0000.5149. A amostra organizou-se por conveniência e foi composta por 135 participantes, sem queixas de tontura autorrelatadas em questionário, divididos em dois grupos 35 indivíduos diabéticos do Ambulatório de Endocrinologia e 100 não diabéticos oriundos da comunidade acadêmica, pareados entre si com relação à idade (p= 0,098) e sexo (p=0,052). Os participantes com DM1 estavam em acompanhamento para controle glicêmico e o tempo de doença variou de sete meses a 46 anos, com média de 21,9 anos e desvio padrão de 10,2. A avaliação auditiva dos participantes com DM1 ocorreu em sala acusticamente tratada, para a timpanometria utilizou-se o equipamento Otoflex 100 Otometrics® e a audiometria foi realizada com o equipamento Itera II Otometrics® como forma de descartar perdas auditivas que poderiam estar relacionadas a doenças prévias da orelha interna6. Todos os participantes foram submetidos à avaliação vestibular por meio do v-HIT com o equipamento ICS-impulse® da marca Otometrics®7,8. Foram obtidos pelo menos 20 impulsos em cada plano de movimentação cefálica, com no máximo 10 impulsos rejeitados pelo software do equipamento. O v-HIT foi repetido quando houve hipofunção de qualquer canal semicircular com a finalidade de comprovar o resultado encontrado. A análise estatística foi realizada por meio do programa Statistical Package for Social Scienses (SPSS) versão 20.0, sendo adotado o nível de significância de 5% (p< 0,05), em todas as análises. Resultados: O grupo com diabetes tipo 1 foi composto por 21 mulheres e 14 homens e a idade variou entre 18 e 71 anos, com média de 35,37 anos e desvio padrão de 10,98. O grupo sem diabetes foi composto por 77 mulheres e 23 homens e a idade variou entre 20 a 83 anos, com média de 46,44 e desvio padrão de 19,82. Os pacientes diabéticos apresentaram ganho diminuído nos canais semicirculares posteriores e anterior esquerdo quando comparados aos indivíduos não diabéticos. A velocidade apresentou diferença significante nos canais lateral esquerdo, anterior direito e posterior esquerdo no grupo com DM1, porém não apresentou correlação com o ganho dos canais semicirculares. Conclusão: Neste estudo os participantes com diabetes mellitus tipo 1 apresentaram um ganho diminuído nos canais semicirculares posteriores e no canal anterior esquerdo quando comparados com indivíduos não diabéticos.

1. Mattosinho MMS, Silva DMGV. Itinerário 1. Terapêutico do adolescente com diabetes mellitus tipo 1 e seus familiares. Rev Latino-am Enfermagem. 2007; 15:1113-9.
2. Insel RA, Dunne JL, Atkinson MA, Chiang JL, Dabelea D, Gottieb PA et al. Staging presymptomatic type 1 diabetes: a scientific statement of JDRF, the Endocrine Society, and the American Diabetes Association. Diabetes Care. 2015;38:1964-74.
3. Rigon R, Rossi AG, Cóser, PL. Achados otoneurológicos em indivíduos portadores de Diabetes mellitus Tipo 1. Rev Bras Otorrinolaringol 2007;73:106-11.
4. Kazmierczak H, Doroszewska G. Metabolic disorders in vertigo,tinnitus, and hearing loss. Int Tinnitus J. 2001;7:54-8.116.
5. Charles DA, Barber HO, Hope-Gill HF. Blood glucose and Insulin Levels, thyroid function, and serology in Ménière’s disease, recurrent vestobulopathy, and psychogenic vertigo. J Otolaryngol. 1979;8:347-53.
6. Kurtarana H, Acarb B, Ocakb E, Mirici E. The relationship between senile hearing loss and vestibular activity. Braz J Otorhinolaryngol. 2016;82:650-653.
7. Hougaard DD, Abrahamsen ER. Functional Testing of all Six Semicircular Canals with Video Head Impulse Test Systems. Journal of visualized experiments: JoVE. 2019:146.
8. Ribeiro MBN, Morganti LOG, Mancini PC. Avaliação do efeito da idade sobre a função vestibular por meio do Teste de Impulso Cefálico (v-HIT). Audiol Commun Res. 2019;24:e2209.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1463
VIDEOENDOSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO EM PACIENTES COM DOENÇA DO NEURÔNIO MOTOR: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)


Introdução: A disfagia orofaríngea é um sintoma recorrente na Doença do Neurônio Motor (DNM) e pode causar desidratação, desnutrição, pneumonia aspirativa e até levar ao óbito1,2. A videoendoscopia da deglutição (VED) é um exame instrumental que possui papel fundamental no diagnóstico e tomada de decisão clínica em pacientes com Doença do Neurônio Motor (DNM) e disfagia orofaríngea1-3. Objetivo: sintetizar as evidências atuais do conhecimento sobre os procedimentos e parâmetros de execução e análise da VED em pacientes com DNM. Método: Este estudo é uma revisão integrativa da literatura com as seguintes etapas: (1) definição da pergunta de pesquisa; (2) definição dos termos da pesquisa; (3) seleção dos artigos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão; (4) coleta dos dados, extração dos dados, leitura e análise critíca dos artigos; (5) interpretação e discussão dos resultados e (6) síntese do conhecimento e apresentação da revisão. Uma pesquisa cega foi realizada por dois pesquisadores nas fontes Medline, Lilacs, Cochrane, Scopus, Web of Science and CINAHL com o cruzamento dos termos previamente definidos nos idiomas português, inglês e espanhol. Os artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade foram submetidos a uma análise integrativa. Resultados: Dos 1.570 artigos encontrados, oito3-10 foram selecionados para análise após a aplicação dos filtros de elegibilidade. A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) foi o único subtipo de DNM encontrado nos estudos. Houve grande variedade de consistência e volume de alimento oferecido durante o exame. Dentre os parâmetros faríngeos para a avaliação da VED na ELA verificou-se que os resíduos faríngeos, penetração laríngea e aspiração laringotraqueal foram os parâmetros consensuais. Conclusão: Os protocolos de VED para indivíduos com DNM são específicos para pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica e os procedimentos para a execução e análise da videoendoscopia da deglutição não são padronizados.

Keywords: Dysphagia; Motor Neuron Disease; Swallowing Disorders; Amyotrophic Lateral Sclerosis; Endoscopy.

1. Waito AA, Valenzano TJ, Peladeau-Pigeon M, Steele CM. Trends in Research Literature Describing Dysphagia in Motor Neuron Diseases (MND): a Scoping Review. Dysphagia 2017; 32:734-747.
2. Valadi N. Evaluation and management of amyotrofic lateral sclerosis. Elselvier. 2015; 42(2): 177-187.
3. Gozzer MM, Cola PC, Onofri SMM, Merola BN, Silva RGD. Fiberoptic endoscopic findings of oropharyngeal swallowing of different food consistencies in Amyotrophic Lateral Sclerosis. Codas. 2019;32(1):e20180216.
4. D’Ottaviano FG, Filho TAL, Andrade HMT, Alves PCL, Rocha MSG. Fiberoptic endoscopy evaluation of swallowing in patients with amyotrophic lateral sclerosis. Braz J Otorhinolaryngol, 2013; 79(3):349-53.
5. Ruoppolo G, Schettino I, Frasca V, et al. Dysphagia in amyotrophic lateral sclerosis: prevalence and clinical findings. Acta Neurol Scand. 2013;128(6):397‐401.
6. Luchesi KF, Kitamura S, Mourão LF. Higher risk of complications in odynophagia associated dysphagia in amyotrophic lateral sclerosis. Arq Neuropsiquiatr. 2014;72(3):203-207.
7. Luchesi KF, Kitamua S, Mourão LF. Amyotrophic Lateral Sclerosis survival analysis: Swallowing and non-oral feeding. NeuroRehabilitation. 2014;35(3):535‐542.
8. Fattori B, Siciliano G, Mancini V, et al. Dysphagia in Amyotrophic Lateral Sclerosis: Relationships between disease progression and Fiberoptic Endoscopic Evaluation of Swallowing. Auris Nasus Larynx. 2017;44(3):306‐312.
9. Ruoppolo G, Onesti E, Gori MC, et al. Laryngeal Sensitivity in Patients with Amyotrophic Lateral Sclerosis. Front Neurol. 2016; 7:212.
10. Onesti E, Schettino I, Gori MC, et al. Dysphagia in Amyotrophic Lateral Sclerosis: Impact on Patient Behavior, Diet Adaptation, and Riluzole Management. Front Neurol. 2017; 8:94.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1631
VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL: CONTRIBUIÇÕES DA FONOAUDIOLOGIA NO SERVIÇO DE PUERICULTURA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


INTRODUÇÃO: A atenção à saúde da criança no Brasil vem transformando-se ao longo do tempo, tendo como reflexo os avanços das diretrizes de políticas sociais, como a implementação de programas e políticas públicas de saúde infantil. Dentre as atividades previstas para serem realizadas pelos fonoaudiólogos, a vigilância do desenvolvimento infantil pode ser considerada uma potencialidade para o processo de trabalho, podendo atuar no diagnóstico, avaliação, estimulação, promoção e reabilitação, minimizando assim as possíveis alterações no desenvolvimento na primeira infância. Considerando o importante papel que a fonoaudiologia possui no desenvolvimento da criança e que diversas atuações podem auxiliar e fortalecer a oferta do cuidado, como também o fortalecimento dos atendimentos compartilhados com a estratégia de saúde da família, o presente relato buscou analisar as contribuições que os fonoaudiólogos trazem em sua atuação no tocante a vigilância e estímulo ao desenvolvimento na Atenção Básica. OBJETIVOS: Relatar experiência da contribuição da fonoaudiologia nos serviços de puericultura na atenção Básica, no tocante a vigilância do desenvolvimento infantil. MÉTODO: A atuação da fonoaudiologia na puericultura aconteceu em uma unidade básica de saúde, durante o acompanhamento foi possível realizar ações de incentivo e orientações ao aleitamento materno, transição alimentar, teste da linguinha, orientação e acompanhamento à estimulação de linguagem, hábitos deletérios, sucção, mastigação, deglutição e sinais de alerta de perda auditiva na infância, bem como monitoramento e investigação auditiva e atraso no desenvolvimento global. RESULTADOS: Foram realizadas avaliações e orientações fonoaudiológicas e encaminhamentos para realização de triagem auditiva daqueles que ainda não haviam realizado, bem como ações através de grupos coletivos, atendimentos compartilhados, salas de espera, visita domiciliar, e matriciamento das equipes de Saúde sobre o papel da fonoaudiologia no desenvolvimento infantil. Durante as vivências foi possível orientar e esclarecer dúvidas das mães e responsáveis que acompanham a criança no serviço de puericultura. Além de escutar os relatos sobre as dificuldades encontradas no cuidados e observação do desenvolvimento das crianças possibilitou repensar nossas práticas. Também foi possível realizar troca de conhecimentos com os demais profissionais responsáveis pela vigilância do desenvolvimento infantil, além de expor as contribuições que a Fonoaudiologia pode trazer e abrir os olhares para as possibilidades de intervenções. CONCLUSÃO: O profissional fonoaudiólogo deve estar inserido no serviço de puericultura com ações de vigilância do desenvolvimento infantil, auxiliando na prevenção de agravos e promove um desenvolvimento saudável no que diz respeito à segurança alimentar e desenvolvimento da comunicação.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
874
VIOLENCIA ESCOLAR E SINTOMAS VOCAIS AUTORREFERIDOS POR PROFESSORES DO ENSINO PÚBLICO
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A disfonia é qualquer distúrbio na voz, pois afeta a qualidade de vida do indivíduo em vários aspectos, principalmente para quem usa a voz como instrumento de trabalho. A violência pode ser um precursor para o surgimento das disfonias. A violência é compreendida como um problema de saúde pública e consiste em qualquer atitude ou ação que cause algum prejuízo físico, social, psicológico e/ou espiritual à uma pessoa ou ser vivo. A literatura recomenda que o professor tenha em sala de aula uma voz clara, potente, estável e animada. Porém, a violência escolar quando presente, poderá afetar a produção vocal do professor. Objetivo: Descrever a violência escolar e os sintomas vocais autorreferidos por professores do ensino público. Método: Trata-se de um estudo descritivo, observacional, transversal, que foi realizado na rede pública ensino da cidade de Cuiabá-MT. Foram selecionados profissionais que atuam como professores na rede pública de ensino, sendo aplicado o Questionário Condição de Produção Vocal – Professor (CPV-P) elaborado por Ghirardi e colaboradores (2013), que visa investigar os comportamentos vocais de professores durante as atividades profissionais e pessoais. Os dados coletados foram tabulados e submetidos à análise descritiva. Resultados: 80 professores participaram do estudo, sendo 75,8% mulheres. Quanto a frequência com que sofrem violência escola, 22,5% disseram nunca, 41,3% raramente, 25% as vezes, 11,3% quase sempre, 0% sempre. O tipo de violência mais prevalente na escola foi “brigas entre alunos” (92,5%), bem como 46,2% referiram ter sofrido violência contra professores e funcionários. A maioria referiu que a violência escolar afetou a voz (65%) e que a voz piorou após sofrer algum tipo de violência (66,2%). Os sintomas vocais mais percebidos após a violência escolar foram garganta seca (71,2%), rouquidão (68,7%) e cansaço ao falar (65%). A análise bivariada que demonstrou uma associação significativa entre a violência contra professores e funcionários com o sintoma de perda da voz (OR 2,71 e p-valor = 0,014). Conclusão: Os resultados nos mostram que os problemas vocais autorreferidos pelos professores, podem ser ligados não somente ao mau hábito de uso vocal, mas também à violência nas escolas, ou seja, de cunho emocional, visto que a maioria dos profissionais que responderam ao questionário, referiram que a violência ocorrida em âmbito escolar, afetam sua voz.

MINAYO, M. C. S. Violência e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.
MALTA, Deborah Carvalho et al. Vivência de violência entre escolares brasileiros: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, supl. 2, p. 3053-3063, Oct. 2010. Available from . access on 15 May 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232010000800010.
BEHLAU, M. Voz: O livro do especialista, Rio de Janeiro, revinter; 2005. P 79-99.6.
BRASIL. Decreto n. 5.173, de 30 de dezembro. de 2008. Lei orgânica dos profissionais da secretaria de educação de Cuiabá, Cuiabá, MT, dezembro 2008.
DRAGONE, M. L. S. et al. Voz do professor: uma revisão de 15 anos de contribuição fonoaudiológica. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2010.
FERREIRA, L. P. et al. Distúrbio de voz relacionado ao trabalho: proposta de um instrumento para avaliação de professores. Distúrbio comunicação, v.19, n.1, p.127-36,2007.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
855
VISÃO DA FAMÍLIA A RESPEITO DAS QUEIXAS FONOAUDIOLÓGICAS DE SEUS FAMILIARES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A proposta da atenção básica do Sistema Único de Saúde explicita que os profissionais da saúde devem acolher e escutar as queixas e demandas de seus usuários, a fim de que haja o estreitamento do vínculo entre usuário, famílias e os profissionais da saúde. Além disso, compreende-se que o modo como os pais percebem as queixas de linguagem pode afetar a criança, uma vez que está também se constitui a partir das interações sociais(1-4). Objetivo: Em vista disso, esse estudo objetiva investigar a visão de famílias a respeito das queixas fonoaudiológicas de seus filhos e de seu papel perante as queixas. Método: Pesquisa de campo, exploratória, qualitativa, transversal, na qual 21 pais ou responsáveis por pacientes de 0 a 10 anos de idade, usuários de uma clínica escola localizada no sul do Brasil, responderam a um questionário semi-estruturado a respeito das queixas fonoaudiológicas de linguagem das crianças e de seu papel perante as mesmas. Para a realização das análises de modo qualitativo utilizou-se a Análise do Conteúdo (5), sendo que a partir desta as respostas foram agrupadas em três categorias de análise: 1) Queixa fonoaudiológica de linguagem, 2) Papel da família em relação a queixa, 3) Ações da fonoaudiologia com a família. Em cada categoria foram extraídos os significados e as características singulares das falas dos participantes para permitir melhor compreensão da realidade de cada um. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética sob o parecer 88408718.8.0000.8040. Resultados: Os resultados evidenciam que referente a queixa fonoaudiológica de linguagem a maioria dos participantes respondentes relataram as queixas dos usuários em torno de dificuldades no uso da linguagem oral, atrasos de linguagem e trocas na fala. Além disso, quanto ao papel da família em relação a queixa, a maioria dos pais ou responsáveis reconhece a importância do estabelecimento de uma relação de parceria com o profissional fonoaudiólogo a fim de trabalhar com as queixas de linguagem, e percebe-se que a relação de parceria entre o fonoaudiólogo e a família proporciona a confiança mútua entre os membros que fazem parte do processo, criando possibilidades de mudança e ressignificação. Quanto as ações da fonoaudiologia com a família, os participantes foram questionados acerca dos serviços fonoaudiológicos prestados e foi possível concluir que a maioria dos participantes estavam satisfeitos com as ações da fonoaudiologia realizadas com seus filhos e com a família. Conclusão: O fonoaudiólogo, ao compreender e acolher as queixas e as demandas familiares, tem maior possibilidade de colaborar com ações que ajudem no empoderamento dos pais, em torno das queixas de linguagem de seus filhos. Além disso, entende-se que o vínculo estabelecido entre paciente, terapeuta e família favorece o conhecimento e o entendimento que os familiares têm a respeito das alterações de linguagem e de seu papel perante as mesmas.

1. SIGNOR, R.; BERBERIAN, A.P. Terapia em grupo voltada à linguagem escrita: uma proposta com base nos gêneros do discurso. In: BERBERIAN, In: BERBERIAN, A.P.; SANTANA, A.P. Fonoaudiologia em contextos grupais: referenciais teóricos e práticos. Curitiba: Plexus, p.9-32, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbla/v15n4/1984-6398-rbla-15-04-00971.pdf

2. SIGNOR, R. Escrever é reescrever: desenvolvendo competências em leitura e escrita no contexto da clínica fonoaudiológica. Rev. Bras. Linguist., v. 13, n.1, p. 123-143, Apl. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbla/v15n4/1984-6398-rbla-15-04-00971.pdf

3. MASINI, L. Uma nova criança exige uma nova escola. In: COLLARES, C.A.; MOYSÉS, M.A.; RIBEIRO, M. (Orgs). Novas capturas, antigos diagnósticos na ERA DOS TRANSTORNOS. Campinas: Mercado de Letras, p. 181-90, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbla/v15n4/1984-6398-rbla-15-04-00971.pdf

4. SANTANA, A.P.; SANTOS, K. P. Perspectiva enunciativo-discursiva de Bakhtin e a análise da linguagem na clínica fonoaudiológica. Bakhtiniana, São Paulo, 12 (2): 174-190, Maio/Ago 2017. Disponível em: https://tede.utp.br:8080/jspui/handle/tede/1242

5. BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1615
VISÃO DE ALUNOS DOS CURSOS DE FONOAUDIOLOGIA E PEDAGOGIA A RESPEITO DE SUAS EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS COM A LEITURA E ESCRITA E COM O GÊNERO ACADÊMICO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Nos últimos anos, no Brasil, vem ocorrendo um aumento no número de estudantes ingressantes no Ensino Superior, tanto nos cursos presenciais quanto nos cursos a distância. Apesar desse aumento, pesquisas demonstram que grande parte dos sujeitos que ingressam nesse nível de ensino possuem dificuldades no uso da leitura e/ou escrita[1,2,4,5]. Tais dificuldades podem ocorrer devido a fatores socioeconômicos, especialmente daqueles alunos provenientes de classes socioeconômicas desfavorecidas, também podem estar relacionadas a falta de um contexto escolar com atividades significativas com essa modalidade de linguagem, especialmente durante os anos anteriores ao ingresso na universidade e também por conta das demandas de leitura e escrita presentes no ambiente universitário[2,3,4,5]¬¬¬. Diante desse contexto surge a necessidade de aprofundar as discussões a respeito dessa temática. Objetivos: Analisar a visão de alunos dos cursos de Fonoaudiologia e Pedagogia a respeito de suas experiências com a leitura e a escrita e as dificuldades que enfrentam em relação às mesmas e das práticas de leitura e escrita de textos pertencentes ao gênero acadêmico. Método: Trata-se de um estudo com caráter quanti-qualitativo de corte transversal do tipo analítico. Os participantes da pesquisa foram 94 do curso de Fonoaudiologia e 140 de Pedagogia de uma Universidade privada localizada no Sul do Brasil. Foi aplicado um questionário semiestruturado acerca das experiências marcantes com a leitura e escrita, das dificuldades com essa modalidade, motivo das dificuldades e das práticas de leitura e escrita vivenciadas no contexto acadêmico. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética conforme parecer de número 69021617.9.000.8040. Resultados: Os resultados apontam que a maioria dos alunos dos cursos de Fonoaudiologia e Pedagogia refere ter dificuldades no uso da leitura e/ou escrita, e que tais dificuldades relacionam-se a experiências vividas nos contextos familiares e escolares, questões educacionais e ao restrito conhecimento dos gêneros acadêmicos. Além disso, as dificuldades no uso dos gêneros acadêmicos, segundo as respostas dos participantes, são especialmente vinculadas à interpretação e à compreensão textual e aos aspectos normativos da língua. Conclusão: Considerando que todos os estudantes brasileiros deveriam ter o direito a educação em todos os níveis de ensino, e que existem inúmeras defasagens, especialmente no que concerne ao uso da leitura e da escrita nos níveis de ensino anteriores a universidade, percebe-se que a problemática de letramento no Brasil é ainda monumental e que requer mais investimentos econômicos, sociais, políticos, na formação de professores, etc. A universidade, enquanto local de compreensão e produção do conhecimento, poderia oferecer aos seus alunos, ações que favorecessem o uso dessa modalidade de linguagem e que possibilitassem que os mesmos avançassem nos seus processos de apropriação e uso da leitura e escrita, especialmente dos gêneros acadêmicos. A partir dessas ações, tais alunos poderiam ter a possibilidade de enfrentamento de suas supostas dificuldades com os diferentes gêneros acadêmicos, ressignificando seus usos e ocupando uma posição de autoria nesse contexto.

Palavras-chave: acessibilidade, leitura e escrita, universidade.

[1] BRASIL. Ministério da Educação. CENSO DE EDUCAÇÂO SUPERIOR: Novas Notas estatísticas 2018.

[2] DONIDA, L.O.; SANTANA A.P. Apoio pedagógico como proposta de educação para todos. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo – SP, v. 45, e.192527, p.1-19, 2019.

[3] WINIARSKI, L.R.S. Gêneros acadêmicos e a formação no ensino superior: visão de um grupo de discentes de fonoaudiologia. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Fonoaudiologia) – Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde. Universidade Tuiuti do Paraná/UTP. Disponível em: http://tcconline.utp.br/2018/08/page/2/. Acessado em: 25 out. de 2018.

[4] PÔRTO, Thiago Mathias. Acessibilidade e Letramento: Práticas com alunos na universidade. 2020. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação) – Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, Paraná, 2020. Disponível em:https://tede.utp.br/jspui/handle/tede/1762. Acesso: 2020.
[5] PAN, Mirian Aparecida Graciano de Souza; LITENSKI, Andriele de Lima. Letramento e identidade profissional: reflexões sobre leitura, escrita e subjetividade na universidade. Revista Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, SP, v. 22, n. 3, p.527-534, 2018.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1003
VISÃO DE UNIVERSITÁRIOS COM PERDA AUDITIVA A RESPEITO DE SUA TRAJETÓRIA DE VIDA E DA ACESSIBILIDADE NO ENSINO SUPERIOR
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Por meio de levantamento de dados do Censo da Educação Superior dos últimos cinco anos, observa-se que o número de matrículas de pessoas com deficiência vem aumentando gradualmente nos últimos anos, contudo, a acessibilidade dessas pessoas ainda é um desafio no Brasil, especialmente no Ensino Superior (ES)(1). No caso dos estudantes com deficiência auditiva, um dos fatores que podem interferir no seu bom desempenho acadêmico são as barreiras linguísticas (2). Para a parcela da população usuária da língua de sinais, o Decreto 5.626/2005 estabelece a garantia de intérprete de LIBRAS no ES e garante o acesso à comunicação, à informação e à educação em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até a superior. Tal Decreto também estabelece que os professores devem ter conhecimento das singularidades linguísticas dos alunos surdos, especialmente, daqueles usuários de língua de sinais (3). Apesar do Decreto diferenciar as pessoas surdas das deficientes auditivas, pode-se perceber que seus capítulos acabam por priorizar especialmente os surdos usuários da língua de sinais. Cabe, então, considerar cada pessoa com perda auditiva a partir de suas singularidades, o que torna a acessibilidade dessa parcela da população um desafio, já que são necessárias diferentes adaptações e estratégias para cada pessoa, a fim de que possam ter o mesmo acesso ao conhecimento que os demais. Objetivo: Analisar a visão de quatro universitários com perda auditiva a respeito de sua trajetória de vida, bem como o seu processo de acessibilidade no ensino superior. Métodos: Trata-se de uma pesquisa de metodologia qualitativa, transversal, realizada por meio de entrevista com roteiro semiestruturado com quatro acadêmicos com perda auditiva matriculados em duas instituições de ensino superior localizadas no sul do Brasil. A análise foi dividida em dois eixos: Trajetória de vida dos sujeitos e acessibilidade no ensino superior. Resultados: Os resultados demonstram semelhanças nos discursos de alguns dos sujeitos da pesquisa, tais como o fato de a mãe ter sido apontada como uma influência marcante na vida de dois dos participantes e a universidade destacar-se como um lugar em que se sentiram empoderados, fato constatado nas respostas de três deles. Encontraram-se diferenças entre os participantes da pesquisa, principalmente, com relação à trajetória escolar. Conclusões: São necessárias mais pesquisas e ações que possibilitem conhecer as demandas das pessoas com perda auditiva para que, assim, seu processo de acessibilidade e inclusão sejam mais efetivos. Cabe aos profissionais que trabalham com essas pessoas e suas famílias, ajuda-los na ressignificação de suas histórias de vida, possibilitando que vivam em uma sociedade mais justa, acessível e igualitária, na qual possam lutar pelos seus direitos, e atuar como cidadãos mais autônomos.

1- BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional De Estudos E Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopse Estatística da Educação Superior 2017. Brasília, DF, 2018.

2- BRASIL. Ministério da Educação. Documento orientador programa incluir - acessibilidade na educação superior. SECADI/SESu. Brasília, DF, 2013, 21p.

3- BRASIL. Ministério da Educação. Decreto Nº 5.626. Brasília, DF, 2005. 5p.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1478
VISÃO DOS GRADUANDOS DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA ACERCA DA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO EM FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)


Introdução: A Fonoaudiologia Educacional é uma área de especialização da Fonoaudiologia voltada ao estudo e atuação para a promoção da Educação, em todos os níveis ou modalidade de ensino, além de propor o diálogo entre a saúde e a educação. A atuação profissional do fonoaudiólogo está vinculada à pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológica na área da comunicação oral e escrita (linguagem), voz, audição, motricidade orofacial e fluência, bem como em aperfeiçoamento dos padrões de fala e da voz. Este profissional pode trabalhar em Secretarias Municipais e Estaduais de Educação, em escolas da rede pública e do setor privado, em sistemas de ensino, em empresas de consultoria e assessoria, em todos os níveis e modalidades de ensino1. Diante dessa demanda, o fonoaudiólogo escolar deve elaborar e colocar em prática um plano de ação contextualizado, que estimule e facilite os processos de aquisição e desenvolvimento da linguagem oral, da leitura e da escrita2. É inegável que os conhecimentos específicos desse profissional, podem contribuir com as escolas no processo educativo, estabelecendo forte interface entre a educação e a saúde3. Objetivo: A presente obra tem como finalidade relatar a elaboração de um projeto para a disciplina de fonoaudiologia educacional de discentes do curso de fonoaudiologia da UniSãoMiguel para uma escola municipal do interior de Pernambuco. Método: Trata-se de um relato experiência sobre a elaboração do projeto em fonoaudiologia educacional idealizado pelas discentes do 5º período da disciplina de Fonoaudiologia Educacional do curso de Fonoaudiologia da Unisãomiguel, Recife- PE, no período entre Maio e Junho de 2020. A proposta da disciplina foi que os alunos elaborassem um projeto direcionado a uma escola, traçando metas, estratégias e um plano de atuação para aquele contexto educacional. Para obter as informações referentes à escola foram realizadas buscas nas páginas do Qedu e do IBGE, além disso, entrou-se em contato com a instituição de ensino. Com relação ao aporte teórico, foram realizadas buscas nas bases de dados: Scielo, Pubmed e Medline. Resultados: Os alunos referiram ser uma proposta bastante desafiadora e enriquecedora na construção e aumento do conhecimento em relação à fonoaudiologia educacional, evidenciando a importância de projetos como este, mesmo diante de entraves que todos enfrentaram, por conta da pandemia do COVID-19, na busca e coleta de dados da escola. Vale salientar que a falta de fonoaudiólogos educacionais nas escolas, possibilitou aos alunos uma reflexão sobre a importância de sua atuação, sendo destacado isso nos projetos. Conclusão: Dessa maneira, a elaboração e desenvolvimento do projeto permitiram aos alunos uma visão mais abrangente e construtiva no que discerne a atuação do fonoaudiólogo no contexto educacional, permitindo-lhes o aprofundamento de sua atuação e revelando a importância desse conhecimento e vivência para o ingresso no mercado de trabalho.

Referências:
1- Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFF.) Resolução CFFa n° 309, de 01 de abril de 2005. Dispõe sobre a atuação do Fonoaudiólogo na educação infantil, ensino fundamental, médio, especial e superior, e dá outras providências. [acesso 2020 jul 09]; [2p]. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_309_05.htm

2- Garcia VL. Formação do Fonoaudiólogo e sua atuação na área Educacional. In: Queiroga BAM, Zorzi JL, Garcia VL. Fonoaudiologia Educacional: reflexões e relatos experiência. Brasília: Editora Kiron, 2015. p. 54-66.

3- Moura CSC, Moura GS, Lima ILB, Santos AE, Sousa MS, Oliveira LF. Educational Speech-Language Pathology in the curricula of Speech-Language Pathology Programs in Brazil. Rev. CEFAC 2020; 22( 3 ): e1320


TRABALHOS CIENTÍFICOS
909
VIVÊNCIA DE ESTUDANTES DE FONOAUDIOLOGIA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
55610015


INTRODUÇÃO: A experiência de estudantes através dos estágios curriculares em Saúde Coletiva faz-se importante não somente para a formação profissional, mas também na construção para o exercício da cidadania. Permite a partir da teoria, da prática e da práxis vivenciar as problemáticas que a população e os profissionais enfrentam no setor público de saúde. A formação do fonoaudiólogo em Unidades de Saúde da Família (USF), contribui para a compreensão de como os princípios e diretrizes se aplicam no dia a dia do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a prática das Políticas Públicas de Saúde. OBJETIVO: Relatar a experiência de estudantes de Fonoaudiologia de uma universidade pública em um estágio na USF. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência vivido por discentes do curso de fonoaudiologia na disciplina de Saúde Coletiva I em uma USF. O estágio aconteceu entre o período de março e maio de 2019 e participaram dessa vivência cinco graduandas do curso de fonoaudiologia, uma docente como supervisora e uma enfermeira do serviço que atuou na preceptoria. O objetivo da disciplina é proporcionar ao graduando vivências na Atenção Primária à Saúde, considerando o contexto de vida da população, o reconhecimento do território coberto pelas equipes de saúde da família e as ações de campo e responsabilidade sanitária dessa equipe. RESULTADOS: A partir da experiência vivida percebe-se o quanto é complexo suprir as demandas da comunidade, compreender a dinamicidade do território-vivo, bem como entender o processo de saúde-doença da população adscrita. Além disso, foram observados fatores que dificultam o funcionamento ideal da unidade, como dificuldades no acesso a atendimentos individuais, uma Rede de Atenção à Saúde fragilizada e, por vezes, falta de consenso/comunicação entre os profissionais da equipe. Vale ressaltar que as condições estruturais do local encontram-se precárias, considerando que a unidade está instalada em um prédio antigo. Apesar dos entraves, foi possível perceber que a unidade apresenta um trabalho de equipe integrado, humanizado, com diversos profissionais engajados em seu trabalho e interessados em proporcionar melhora na qualidade de vida da comunidade, na medida do possível. Durante o estágio, além da territorialização da área de responsabilidade da equipe, conhecimento do papel que cada profissional da equipe de saúde da família desempenha, o grupo realizou uma ação na semana de atenção ao bebê com educação em saúde sobre aleitamento materno e os benefícios advindos dele e realização do Teste da Linguinha em conjunto com estagiários de odontologia. CONCLUSÃO: Conclui-se que é de grande necessidade e importância a participação de estudantes de Fonoaudiologia na vivência descrita, ainda na graduação. Compreender a dinâmica da USF possibilita a compreensão da atuação dos diversos profissionais no fazer saúde diante dos desafios diários que o sistema traz. Permite enxergar como a fonoaudiologia pode contribuir nesse processo. Sendo assim, os alunos têm a chance de se tornarem profissionais mais qualificados e humanizados em sua atuação, por compreenderem o funcionamento do SUS para além das aulas teóricas na universidade.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
351
VIVÊNCIA EM GRUPO DE AFÁSICOS: MUSICOTERAPIA COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: Afasia é o comprometimento da linguagem provocado por uma lesão no cérebro, que acarreta deficiência na compreensão ou elaboração de sentenças linguísticas, de modo a prejudicar a comunicação e exercer influência nas relações sociais¹. A reabilitação da linguagem é realizada pelo fonoaudiólogo que pode promover a recuperação da expressão e compreensão da linguagem. Um dos recursos utilizados dentro da reabilitação fonoaudiológica é a musicoterapia, pois há evidências de que intervenções musicais podem ser benéficas para a comunicação de pessoas com afasia após acidente vascular cerebral2. A terapia de entonação melódica (TEM) é até hoje utilizada na reabilitação das afasias com base no uso de elementos musicais da fala (ritmo e melodia) para melhorar a produção da linguagem, envolvendo regiões com capacidade linguística, o hemisfério direito não danificado do cérebro3. A TEM é, de longe, a abordagem musicoterápica mais amplamente utilizada para facilitar o acesso à linguagem na afasia, mas outras combinações de musicoterapia e Fonoaudiologia também têm sido empregadas4. Com a perspectiva de atender um maior número de pacientes impossibilitados de serem absorvidos pela rede de saúde, o grupo de convivência de afásicos busca adequar abordagens terapêuticas consolidadas pela literatura científica para o trabalho em grupo. Dessa forma, a proposta com musicoterapia é reforçada neste trabalho. Objetivo: Identificar os avanços comunicacionais e de interação dos pacientes assistidos no projeto de extensão Inovações terapêuticas na reabilitação da afasia, por meio de atividades musicais como mantras fonéticos5 e a música “Fico Assim Sem Você” na versão da Adriana Calcanhotto. Procedimentos Metodológicos: Participaram 11 pacientes afásicos e acompanhantes, com faixa etária entre 34 e 67 anos, seis do sexo feminino e cinco do sexo masculino, na sala de aula do Departamento de Fonoaudiologia de uma universidade, no período de março a dezembro de 2019, com encontros semanais de duas horas. O uso da música como ferramenta de integração, e como meio de facilitar a evocação de palavras, foi direcionado pela professora responsável com o auxílio dos alunos, os quais se revezavam entre os pacientes, servindo de modelo orofacial e gestual, fornecendo suporte tátil-cinestésico, com enfoque nas habilidades preservadas dos sujeitos e na estimulação da intenção comunicativa. Também, foram utilizadas figuras das palavras da música, para propiciar a compreensão, em especial daqueles que não são alfabetizados ou que possuem grande comprometimento das habilidades de leitura e escrita. Essa pesquisa faz parte de um estudo mais amplo aprovado pelo comitê de ética da instituição CAAE: 64312017.0.0000.5208. Resultados: Foi observada maior desenvoltura no discurso de quatro participantes menos severos, enquanto que três mais comprometidos apresentaram emissões de novas palavras da música trabalhada, aumentando o repertório linguístico. Além disso, os participantes trazem depoimentos nos quais relatam se sentirem mais aceitos e seguros para se comunicar e, consequentemente, interagir socialmente. Considerações: O trabalho em grupo com atividades relacionadas à terapia melódica proporciona um avanço na comunicação de pacientes afásicos, mesmo nos quadros com maiores dificuldades de expressão. A atividade em grupo traz oportunidades de situações comunicacionais para esses pacientes, possibilitando uma melhor qualidade de vida.

1. Magnus BH, Dias RF, Beber, BC. Effects of a short educational program about aphasia (SEPA) on the burden and quality of life of family caregivers of people with aphasia. Codas 2019 Out; 31(4):1-5.

2. Magee WL, Clark I. Tamplin J, Bradt J. Music interventions for acquired brain injury. Cochrane Database Syst. Rev. 2017 Jan 1(1): 1-3.

3. Norton A, Zipse L, Marchina Schlaug G. Melodic intonation therapy: shared insights on how it is done and why it might help. Ann N Y Acad Sci 2009 Jul; 1169: 431–436.

4. Kasdan A, Kiran, S. Please don’t stop the music: Song completion in patients with aphasia. J Commun Disord. 2018 Sep-Out 75: 72–86.

5. Garcia MC. Mantras Fonéticos: Exercícios vocais, respiratórios e articulatórios. Rio de Janeiro: Revinter, 2006.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1538
VIVÊNCIA EMPRESARIAL E O EMPREENDEDORISMO: EXPERIÊNCIAS DE GRADUANDOS EM FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Empresa júnior (EJ) pode ser definida como uma associação civil sem finalidades lucrativas e com objetivos educacionais, formada somente por alunos de Instituição de Ensino de graduação ou tecnológico¹ . As EJs promovem habilidades singulares de seus membros, na medida em que fomentam o desenvolvimento pessoal, técnico, acadêmico, profissional e do espírito empreendedor. Além disto, aproximam os graduandos do mercado de trabalho e propiciam o desenvolvimento econômico e social da comunidade por meio de suas atividades (Confederação Brasileira de Empresas Juniores (2003)¹. Atualmente o número de EJs na área de Fonoaudiologia ainda é escasso. Este trabalho objetiva descrever a opinião de graduandos a respeito de suas experiências na EJ “Fono Júnior”. Um questionário online anônimo foi enviado para 20 empresários juniores da referida EJ, sendo composto por nove questões (7 fechadas e 2 abertas), as quais relacionavam-se à data de ingresso na empresa, número de horas de dedicação semanal a EJ, aspectos motivacionais e de gestão de tempo, e a opinião deles sobre a existência de EJs nos cursos de graduação. A taxa de resposta obtida foi de 95%. A maioria dos respondentes, cursavam 2° e 3° ano (47,5%) e atuavam na empresa há 4 meses (63,2%). Os empresários juniores se dedicavam de 5 a 20 horas semanais à EJ (média 9,5 , DP 4.9). Nenhum dos respondentes indicou dificuldade em conciliar as atividades curriculares com as da EJ. Quanto aos motivos que levaram à escolha de integrar a EJ, 89,5% desejavam ter uma vivência prática extracurricular inexistente em outros projetos dentro do campus; 84,2% buscavam contato com as temáticas de gestão de pessoas, vendas, criação de projetos, marketing e demais assuntos não contemplados no currículo do curso; 84,2% desejavam ter contato com empreendedorismo ainda na graduação e 5,3% foram motivados pela emissão de certificados. Por fim, 94% dos respondentes consideram que a EJ é um diferencial para os cursos de graduação. Todos os participantes avaliaram a experiência empresarial de forma positiva e indicam a participação nas EJ aos seus colegas graduandos do Curso de Fonoaudiologia e de outras áreas. Embora preliminares, os resultados sugerem um impacto positivo das experiências relacionadas à prática empresarial e empreendedora na graduação. Faz-se necessário ampliar esta investigação incluindo as EJ de outros cursos de Fonoaudiologia. Fatores que possam incentivar a criação de EJ serão discutidos.

BRASIL JÚNIOR. Conceito Nacional de Empresa Júnior [homepage on the Internet]. Ceará: Confederação Brasileira de Empresas Juniores. [acesso em: 2020 jul. 9] Disponível em: http://www.fundasul.br/download/ConceitoNacionaldeEmpresaJunior.pdf.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1276
VIVÊNCIA FONOAUDIOLÓGICA EM UMA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: A reorientação da prática do cuidado, tendo como centro o paciente em sua integralidade, tem levado a várias reflexões sobre a atuação dos profissionais das diferentes áreas da saúde. A atuação multi e interprofissional, na vivência da residência, possibilita ao profissional mudanças nos modos de exercer o cuidado, pois ao implementar estes conhecimentos em sua atuação diária, os indivíduos estarão aptos a ampliar suas intervenções e construir uma prática baseada na produção de saberes, resultando em uma intervenção mais eficaz. Objetivo: Relatar a atuação fonoaudiológica em uma residência multiprofissional em saúde do idoso. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa na modalidade relato de experiência. O relato abrange experiências de residentes fonoaudiólogas em um Hospital Universitário no período entre março de 2018 e dezembro de 2019, pela Residência Multiprofissional em Saúde Hospitalar com ênfase em Atenção à Saúde do Idoso. Resultados: O programa possui uma carga horária total de 5.760 horas com 4.608 horas/aulas destinadas à vivência em serviços de saúde e 1.152 horas/aula destinadas a aulas teóricas, incluindo grupos de estudo, discussão de casos clínicos e módulos teóricos. Os profissionais que compõem a residência são: uma psicóloga, uma fonoaudióloga, uma assistente social, duas fisioterapeutas, duas terapeutas ocupacionais, duas farmacêuticas, duas nutricionistas e duas enfermeiras. A prática no primeiro ano acontece no setor de Clínica Médica e na UTI de um Hospital Universitário. Nestes ambientes, o fonoaudiólogo atua na triagem, avaliação, terapia e acompanhamento das áreas que competem à Fonoaudiologia, principalmente em disfagia, nos pacientes com sessenta anos ou mais. Neste período os residentes trabalham não apenas de maneira uniprofissional, mas também multi e interprofissional, através de visitas multiprofissionais, atendimentos em conjunto com profissionais de outras áreas, discussão de caso clínico, construção de Projeto Terapêutico Singular (PTS), prática de educação em saúde, entre outros. A prática nestes moldes possibilita ao profissional de saúde analisar o paciente de forma ampla e integral, não se limitando a sua prática profissional, e sim procurando alcançar metas conjuntas e compreendendo a importância da atuação do outro para alcançá-las, visto que, por meio dessa interação surgem novas propostas de intervenção que não poderiam ser alcançadas por nenhum profissional de forma isolada. O maior desafio do residente nestes cenários é demonstrar como seria a atuação do profissional e sua importância para o setor. Nestes e nos demais cenários, o residente tem a oportunidade de atuação e aprendizagem frente à saúde do idoso em diversas circunstâncias, atuando na promoção, prevenção e reabilitação dos distúrbios da comunicação e deglutição em idosos. Conclusão: Portanto, é possível observar que a residência multiprofissional tem formado fonoaudiólogos mais capazes de atuar nos diversos níveis de atenção à saúde, tendo em vista que a atuação colaborativa entre profissionais tem se tornado uma qualidade essencial aos trabalhadores da área da saúde. Além disso, a residência demanda ao profissional uma visão mais ampla de atenção à saúde da pessoa idosa, redirecionando o cuidado, tornando – o abrangente, possibilitando uma atuação cada vez mais holística e humanizada.

Descritores: Saúde do Idoso; Fonoaudiologia; Equipe multiprofissional.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1889
VIVÊNCIA PRÁTICA EM FONOAUDIOLOGIA NO ESTÁGIO DE SAÚDE PÚBLICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: A Saúde coletiva representa um campo científico, em que se constituem conhecimentos a respeito do objetivo “saúde” e fazem ações em diferentes instituições por diversos agentes, especializados ou não, dentro e fora do espaço conhecido como “setor de saúde”. Nas décadas de 1970 a 1980 ocorreu a implantação da Fonoaudiologia na atenção básica de saúde1 e em consequência disso surgiu um novo campo de atuação para os fonoaudiólogos, como também novos desafios para a profissão e a formação acadêmica, visto que a partir deste momento tornou-se necessário incluí-la nas grades curriculares, que ocorreu em 2002 com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais2,3. Os estágios curriculares representam para o estudante de fonoaudiologia uma oportunidade de construção do saber profissional, relacionando o saber formalizado com a prática, isto é, o saber, com o saber fazer e o saber ser. Objetivos: Relatar a experiência vivida por um grupo de estágio de saúde coletiva. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre estágio supervisionado de saúde coletiva, vivenciado por seis discentes, do curso de fonoaudiologia. As atividades foram realizadas no período de agosto a dezembro, do ano de 2019, na USF – Unidade de Saúde da Família, no bairro Mangabeira que localiza-se no município de João Pessoa, Paraíba. Neste estágio foram desenvolvidas ações de prevenção e promoção à saúde. Resultados: Foram desenvolvidas diversas ações: conscientização acerca dos hábitos deletérios, voltado para o público alvo de uma creche pertencente a área da cobertura da USF, a partir de estratégias lúdicas que envolveram músicas e informes; ações de prevenção de perda auditiva causada pelo uso intenso dos fones de ouvidos pelos adolescentes, esta ação foi desenvolvida numa escola da rede estadual que localiza-se nas proximidades da USF; territorialização juntamente com a agente comunitária de saúde, além das ações externas, foram realizadas atividades dentro da própria unidade: salas de espera com a temática: As áreas de atuação do fonoaudiólogo; oficina de massagem facial voltadas para as mulheres, em especial ao outubro rosa, Café com a fonoaudiologia: em especial ao Novembro Azul e outras. Conclusão: A partir da vivência na USF foi possível observar que as ações realizadas trouxeram um impacto positivo nos usuários acobertados pela USF, em questão, considerando os feedbacks ouvidos dos usuários da unidade e dos profissionais que se fizeram presente na ação das atividades planejadas. Assim como foi de extrema relevância para as discentes participantes, pois os mesmos puderam assistir e participar das atividades que constituem o atendimento básico de saúde, este por sua vez denota a importância da participação e inserção da equipe multiprofissional no âmbito primário de saúde, e ver na prática a importância de tomar ciência dos aspectos biopsicossociais, de modo que, angariou frutos para a jornada acadêmica e profissional, a partir de novos conhecimentos e vivências, assim como habilitando futuros profissionais a serem críticos, reflexivos e adaptáveis às diversas condições de trabalho. Ademais, o público ao qual foi destinado os serviços de saúde obtiveram a oportunidade de conhecer a Fonoaudiologia e de conhecer os benefícios que essa ciência propõe.

1. Sousa Maria de Fátima Silva de, Nascimento Cynthia Maria Barboza do, Sousa Fabiana de Oliveira Silva, Lima Maria Luiza Lopes Timóteo de, Silva Vanessa de Lima, Rodrigues Mirella. Evolução da oferta de fonoaudiólogos no SUS e na atenção primária à saúde, no Brasil. Rev. CEFAC [Internet]. 2017 Mar [cited 2020 July 11]; 19 (2): 213-220. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462017000200213&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-0216201719215816.

2. Viégas Larissa Hellen Teixeira, Meira Tatiane Costa, Santos Brenda Sousa, Mise Yukari Figueroa, Arce Vladimir Andrei Rodrigues, Ferrite Silvia. Serviços de fala, linguagem e audição na Atenção Primária à Saúde no Brasil: uma análise de provisão e estimativa de escassez, 2005-2015. Rev. CEFAC [Internet]. 2018 maio [citado 2020 em 11 de julho]; 20 (3): 353-362. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462018000300353&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620182031918 .

3. Bernardi Alice Penna de Azevedo. Editorial II. Rev. CEFAC [Internet]. 2007 junho [citado 2020 em 11 de julho]; 9 (2). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462007000200002&lng=en. https://doi.org/10.1590/S1516-18462007000200002 .


TRABALHOS CIENTÍFICOS
312
VIVÊNCIAS DO CURSO ONLINE DE AUDIOLOGIA INFANTIL EM TEMPOS DE COVID-19
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)


Introdução: Atualmente o Brasil e o mundo se encontram num período complexo que necessita do distanciamento social, evitando aglomerações e a proliferação do vírus da COVID-19 (BRASIL, 2020). Neste momento as atividades acadêmicas presenciais estão suspensas em todo o país e docentes e discentes se veem diante de novos desafios compreendendo a importância da formação continuada dos discentes de Fonoaudiologia no contexto atual. Objetivo: Descrever um relato de experiência sobre o Curso Online denominado “Do Diagnóstico a Reabilitação Auditiva Infantil” coordenado pela professora do Departamento de Fonoaudiologia em parceria com o Departamento de Medicina de uma Universidade Federal. Método: O curso foi desenvolvido com o objetivo de realizar a capacitação de forma online dos discentes da graduação em Fonoaudiologia, bem como promover a interdisciplinaridade e integração entre os Departamentos envolvidos e o Programa de Residência em Otorrinolaringologia do Hospital Universitário. Foi realizado o cadastrado no sistema da Universidade através do Edital de Registro de Cursos na Ensino a Distância (EAD), tendo como ministrantes além dos professores especialistas da Universidade ofertante, professores de diversos estados, como Ceará, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. O curso terá duração de 10 semanas e com carga horária total de 50 horas, sendo 35 horas da primeira fase sobre Diagnóstico Audiológico e a segunda fase, com 15 horas, sobre Reabilitação Auditiva. O curso teve início em maio de 2020 e será finalizado em julho. Foram abertas 36 vagas para os discentes de Fonoaudiologia do 6º ao 8º período, além dos residentes convidados. Resultados: O curso terá um total de 12 semanas, sendo 9 já concluídas. Inicialmente, o curso foi realizado por meio da plataforma online Cisco Webex Meetings, considerando sua facilidade de acesso e gratuidade. Posteriormente, houve uma migração para o Google Meet e Acadêmico, considerando o treinamento e orientações realizadas pela Universidade, utilizando a conta acadêmica. Foram realizadas atividades semanais online através de encontros ao vivo e de grupos de estudo com monitores responsáveis cadastrados no Sistema, para leitura de referencial teórico, discussão de casos clínicos e desenvolvimento de material para auxiliar na fixação e compreensão do conteúdo. Nesta primeira fase (diagnóstico audiológico), observou-se adesão na inscrição e participação de 100% em relação a quantidade de inscritos previstos. Houve uma integração significativa entre os Departamentos de Fonoaudiologia e Medicina, este representado pela preceptora e os residentes em Otorrinolaringologia. Foi possível conhecer a realidade de grandes Centros de Diagnóstico e Reabilitação Auditiva do país através dos professores convidados de diversos estados do Brasil, bem como a capacitação teórica dos discentes na área proposta pelo curso. Conclusão: O Curso realizado na modalidade EaD permitiu momentos relevantes de discussão, interação e capacitação teórica e visão ampliada do Diagnóstico a Reabilitação Auditiva Infantil para os discentes do Curso de Fonoaudiologia na Universidade, bem como vivenciar a integração intercampi e com o Programa de Residência de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário.

Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Políticas de Saúde. Doença Pelo Coronavírus 2019. Boletim Epidemiológico. Brasília: Ministério da Saúde; 2020.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1569
VOCABULÁRIO EXPRESSIVO DE CRIANÇAS COM DIAGNÓSTICO DE SÍNDROME DE DOWN: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


Introdução: A Síndrome de Down (OMIM #190685) é a mais frequente doença genética que apresenta em seu espectro clínico a deficiência intelectual1. No quadro clínico destaca-se alterações atencionais, na memória, no funcionamento simbólico, nas habilidades de processamento auditivo e visual e no comportamento, que influenciam na aquisição e desenvolvimento da linguagem2. Devido as alterações cognitivas e as subjacentes, a criança com síndrome de Down (SD) apresenta transtorno da linguagem de origem secundaria, tanto nos aspectos receptivos quanto nos expressivos3-5, associado ou não a apraxia de fala de desenvolvimento. No entanto o vocabulário expressivo é mencionado na literatura como um dos comprometimentos mais frequentes6. Segundo estudos, a criança com SD apresenta também desempenho inferior ao esperado no vocabulário expressivo, quando comparado ao receptivo 2, 7. Objetivo: Realizar revisão da literatura sobre o desempenho do vocabulário expressivo em crianças com diagnóstico genético de Síndrome de Down. Método: Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa sob parecer número 2.670.112. O levantamento de dados foi realizado nas bases de dados Embase e Pubmed com as palavras chaves: Down syndrome, vocabulary, language tests, vocabulary development, one word picture vocabulary test expressive, expressive vocabulary. Os critérios de inclusão foram: artigos dos últimos 10 anos, em inglês ou português e estritamente ligado ao tema. Resultados: Foram selecionados oito artigos. Nesses artigos foram relatados que as crianças com SD apresentaram desempenho inferior no vocabulário expressivo, quando comparado com crianças típicas e, também, que o vocabulário expressivo, quando comparado ao receptivo, apresenta maior comprometimento. Além disso que a idade mental e o desempenho lexical estão diretamente relacionados, isto é, aquelas que apresentaram nível cognitivo mais elevado tiveram desempenho superior no vocabulário, àquelas com nível cognitivo mais baixo. No vocabulário expressivo, o substantivo é o mais frequente na classe de palavras das crianças com SD. Conclusão: Após análise dos oito artigos selecionados, foi possível concluir que as crianças com SD apresentam vocabulário expressivo inferior para a idade cronológica, mas, em alguns estudos, adequado quando foi considerada a idade mental, entretanto alertam que as diferenças individuais devem ser consideradas. Outros estudos utilizando procedimentos específicos poderão apontar dados mais robustos sobre esta questão.

1 Mckusick VA, Converse PJ. Down Syndrome [publicação na web]; 2019 cesso em 06 julho de 2020. Disponível em https://omim.org/entry/190685?search=Down%20Syndrome&highlight=%28syndrome%7Csyndromic%29%20down
2 Ferreira-Vasques AT, Abramides DVM., Lamônica DAC. Consideração da idade mental na avaliação do vocabulário expressivo de crianças com Síndrome de Down. Revista CEFAC. 2017; 19(2), 253-259.
3 Associação Psiquiátrica Americana. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Arlington, VA. American Psychiatric Publishing. 2014; 5ª edição.
4 Carney DPJ, Henry LA, Messer DJ, Danielsson H, Brown JH, Ronnberg J. Using developmental trajectories to examine verbal and visuospatial short-term memory development in children and adolescents with Williams and Down syndromes. Res Dev Disabil. 2013; 34(10):3421-32.
5 Polišenská K, Kapalková S. Language profiles in children with Down syndrome and children with language impairment: implications for early intervention. Res Dev Disabil. 2014; 35(2), 373-82.
6 Deckers SR, Van Zaalen, Y, Van Balkom H, Verhoeven, L. Predictors of receptive and expressive vocabulary development in children with Down syndrome. International journal of speech-language pathology. 2019; 21(1), 10-22.
7 Ypsilanti A, Grouios G, Alevriadou A, Tsapkini K. Expressive and receptive vocabulary in children with Williams and Down syndromes. Journal of Intellectual Disability Research. 2005; 49(5), 353-364.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
642
VOCABULÁRIO EXPRESSIVO EM PRÉ-ESCOLARES DE EMBU DAS ARTES (SP)
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


A primeira infância é o nome dado ao período que compreende os cinco primeiros anos de vida da criança e é um período marcado por intensos processos de desenvolvimento. É a fase onde as crianças precisam de mais oportunidade e estímulos que favoreçam o desenvolvimento e a aprendizagem. A família e o ambiente social são de grande importância para o desenvolvimento de habilidades de linguagem na primeira infância(1-4). O objetivo do estudo é avaliar o vocabulário expressivo em crianças em idade pré-escolar do Município de Embu das Artes, São Paulo, e investigar associações com variáveis sociodemográficas da criança e suas mães. Método: CEP: 0899/2016. Estudo transversal de 50 pré-escolares de 4 à 5 anos e 11 meses, dos sexos masculino e feminino, estudantes matriculados em 8 escolas, sorteadas dentre 52 Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI’s) do Município de Embu das Artes do Estado de São Paulo (SP). Foram incluídas no estudo crianças cujas mães haviam sido selecionadas para o Programa de Apoio às Mães (PAM). Antes da intervenção parental classificou-se o vocabulário expressivo em muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto, e considerou-se as variáveis sexo, idade e escolaridade da criança, idade e escolaridade materna e renda familiar mensal. Resultados: Verificou-se 70% da amostra na classificação média para o vocabulário expressivo e apenas 12% obteve pontuação abaixo da média. 50% da amostra apresentou renda familiar de 2 salários mínimos. 54% das mães possuem ensino médio completo. 42% das mães apresentaram idade entre 30 e 39 anos. Conclusão: acima foi apresentado o resultado parcial, portanto ainda não foi possível concluir sobre associações entre os aspectos sociodemográficos e o desenvolvimento de linguagem. Referências: 1- Scliar-Cabral L. Introdução à psicolinguística. São Paulo: Ática S. A.; 1991; 2- Achenbach, TM, Rescorla, LA (2000). Manual for the ASEBA preschool forms and profiles. Burlington, VT: University of Vermont, Research Center for Children, Youth, and Families; 3- Tomblim JB, Nippold MA. Understanding individual differences in language development across the school years. 1st ed. New York: Psychology Press;2014; 4- Pessoa RR, Isotani SM, Perissinoto J, Puccini RF. Escolares nascidos com baixo peso inseridos no sistema de educação do Embu: formação de sentenças. CoDAS. 2014; 26(4): 315-21.

Referências: 1- Scliar-Cabral L. Introdução à psicolinguística. São Paulo: Ática S. A.; 1991; 2- Achenbach, TM, Rescorla, LA (2000). Manual for the ASEBA preschool forms and profiles. Burlington, VT: University of Vermont, Research Center for Children, Youth, and Families; 3- Tomblim JB, Nippold MA. Understanding individual differences in language development across the school years. 1st ed. New York: Psychology Press;2014; 4- Pessoa RR, Isotani SM, Perissinoto J, Puccini RF. Escolares nascidos com baixo peso inseridos no sistema de educação do Embu: formação de sentenças. CoDAS. 2014; 26(4): 315-21.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
436
VOCABULÁRIO RECEPTIVO E VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS EM ESCOLARES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


INTRODUÇÃO: O vocabulário receptivo é um dos níveis da linguagem que inicia seu desenvolvimento na mais tenra idade, e refere-se às palavras que o indivíduo é capaz de acessar a partir de sua capacidade inferencial de utilizar informações contextuais, é uma das bases do desenvolvimento da linguagem oral. A aquisição desta habilidade está sujeita a interferências do ambiente em que se vive, sendo influenciada por aspectos intrínsecos e extrínsecos, como o nível socioeconômico e cultural. OBJETIVO: Descrever e relacionar o desempenho em vocabulário receptivo em escolares com dificuldades de aprendizagem de diferentes escolaridades e níveis socioeconômicos. MÉTODO: Trata-se de um estudo documental, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número 1.012.635, realizado por meio da análise de prontuários do período de 2017 a 2019, de um laboratório de extensão e pesquisa na área de linguagem escrita. A amostra foi composta por 46 prontuários de crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos, com queixas de dificuldade de aprendizagem. Foram analisados dados demográficos, como sexo, escolaridade e nível socioeconômico da família, por meio do questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP (2015); e a habilidade do vocabulário receptivo, avaliada pelo Teste de Vocabulário por Figuras - TVfusp. Nesse teste, a média esperada para cada ano escolar foi 105,8 (2º ano), 112,8 (3º ano) e 117,4 (4º ano). A análise descritiva das variáveis categóricas e quantitativas foi realizada por meio das frequências absolutas (n) e relativas (%) e da média, desvio padrão e valores mínimo e máximo. RESULTADOS: Dos 46 participantes da amostra, 31 (67,4%) eram do sexo masculino e 15 (32,6%) do feminino. Os participantes frequentavam entre o Ensino Fundamental I e II, com predomínio de estudantes no 4º ano (34,80%). Quanto à análise socioeconômica, o público atendido se encontra, em sua maioria, nas classes C2 (32,60%) e C1 (26,10%), conforme a classificação da ABEP. Foram obtidos os seguintes resultados na avaliação do vocabulário: 3 crianças obtiveram classificação “muito elevado”, 6 “elevado”, 28 “na média", 2 “rebaixado” e 7 “muito rebaixado”, sendo o escore, no valor mínimo: 62 e valor máximo: 135, média de 111,22 (DP ±16,9) e mediana 117. De forma geral, as crianças de sexo masculino se saíram melhor do que as de sexo feminino, pois 39,1% deles ficaram na média, enquanto no sexo oposto apenas 21,7%. Ademais, não houve correlação entre o nível socioeconômico e o vocabulário, visto que o valor do resultado foi considerado desprezível (cc < 0,3). CONCLUSÃO: Este estudo constatou que independente do nível socioeconômico, 28 crianças obtiveram classificação média nestas habilidades, revelando que não houve correlação entre vocabulário e o nível socioeconômico. Isso pode ser justificado pelo fato do estudo ter ocorrido com escolares maiores que, mesmo com dificuldades, já desenvolveram o vocabulário receptivo. Assim, a consolidação deste aspecto da linguagem oral não sofre influência do fator socioeconômico. Além disso, também notou-se que os meninos apresentaram melhor desempenho, o que não é comum na literatura em crianças com dificuldades de aprendizagem.

1. Araújo MVM, Marteleto MRF, Schoen-Ferreira TH. Avaliação do vocabulário receptivo de crianças pré-escolares. = An evaluation of receptive vocabulary in preschool children. Estud Psicol [Internet]. 2010;27(2):169–76.
2. Citino Armonia A, Carvalho Mazzega L, Chequer de Alcântara Pinto F, Cristina Rocha Fiori de Souza A, Perissinoto J, Carina Tamanaha A. Relação Entre Vocabulário Receptivo E Expressivo Em Crianças Com Transtorno Específico Do Desenvolvimento Da Fala E Da Linguagem. Rev. CEFAC. 2015;17(3): 759-765.
3. Capovilla F, Prudêncio É. Teste de vocabulário auditivo por figuras: normatização e validação preliminares. Aval psicol. 2006;5(2):189–203.
4. Moretti TC da F, Kuroishi RCS, Mandrá PP. Vocabulary of preschool children with typical language development and socioeducational variables. CoDAS. 2017;29(1):1-4.
5. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. (2015). Critério de classificação econômica Brasil. www.abep.org/Servicos/Download.aspx?id=09.
6. Capovilla FC. Teste de vocabulário por figuras USP-TVFUS. São Paulo: Mennon, 2008.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
222
VOZ À MULHER TRANSGÊNERO: VIVÊNCIAS E TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: a mulher transgênero tem buscado cada vez mais a terapia vocal. A relação com o corpo e voz impacta a saúde mental destas mulheres. Aspectos sociais, como a percepção e o olhar do outro, são importantes disparadores de desconforto e insegurança e podem gerar disforia (incômodo) e insegurança quanto a si mesmas. Objetivo: analisar o discurso de mulheres transgêneros sobre suas vozes, saúdes, identidades e disforias, a fim de identificar possíveis disparadores para seus desconfortos, além de refletir sobre a atuação fonoaudiológica na terapia vocal, inserida nesse contexto. Método: pesquisa qualitativa, transversal, realizada por meio de entrevista semiestruturada com 21 mulheres transgênero. Constituiu-se a amostra a partir da técnica bola de neve. As entrevistas em áudio foram transcritas, analisadas por meio da análise de conteúdo, levantando-se os núcleos de sentido e categorias, para discutir os sentidos e significados da transgeneridade a partir das visões das participantes. Ao final da análise do material, as participantes foram convidadas para uma reunião a fim de conhecerem o conteúdo criado e darem seus feedbacks. Resultados: a partir dos discursos, a voz se mostrou como elemento denunciador da transgeneridade. Algumas participantes declararam ter dificuldades com a voz e em entrar em contato com outras pessoas nessa situação. Outras buscam aceitação e a feminilidade na voz que já possuem. A fonoaudiologia é vista como propulsora do autoconhecimento e melhor uso do corpo, contudo há dificuldades para encontrar fonoaudiólogos capacitados a lidar com público transgêneros, assim como acontece com outros profissionais da saúde. Houve relatos de intolerância e desrespeito na procura por serviços de saúde. A disforia varia de intensidade e tem ligação com a pressão social e transfobia. Por isso, a redesignação genital mostrou-se ainda um tema controverso entre as participantes. Todas as participantes iniciaram a hormonização sem supervisão médica e referem continuo uso irregular destes medicamentos. A busca por saúde mental é relacionada à prática de exercícios físicos, boa alimentação e diálogo com pares. A passabilidade é vista como fundamental para sobrevivência e respeito. A necessidade de aproximação com a cisgeneridade é pouco pontuada, buscando, muitas vezes, mais a feminilidade na esperança de não sofrer assédio e transfobia. Conclusão: a terapia fonoaudiológica em pessoas transgêneros é importante oportunidade para uma terapêutica que inclua aspectos biopsicossociais, atentando-se para questões que podem começar na voz, mas incluem diversos fatores sociais, tornando única as demandas de cada pessoa transgênero.

ADLER RK, HIRSCH S, MORDAUNT M. Voice and Communication Therapy for Transgender/Transsexual Client - A comprehensive Clinical Guide - Second Edition. Plural Publishing Inc., San Diego, 2012;

ARARUNA MLFB. O direito à cidade em uma perspectiva travesti: uma breve autoetnografia sobre socialização transfeminina em espaços urbanos. Periodicus, n. 8, v. 1 nov.2017-abr. 2018, p. 133-153;

JARDIM JG. Deveriam os estudos queer falar em cis-heteronormatividade? Reflexões a partir de uma pesquisa sobre performatividade de gênero nas artes marciais mistas femininas. In: #4 Seminário Internacional de Educação e Sexualidade e #2 Encontro Internacional de Estudos de Gênero. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2016;

MEYER IH. Prejudice and Discrimination as Social Stressors. In The Health of Sexual Minorities – Public health perspectives on Lesbian, gay, bisexual and transgender populations. Springer, 2007;

DE TILIO R . Despatologização da Transexualidade. Revista Brasileira De Sexualidade Humana, 29(1), 2018, 39-48;

VINUTO J . A amostragem em Bola de Neve na pesquisa qualitativa: Um debate aberto. Temáticas, p. 203-220. Campinas, 2014.




TRABALHOS CIENTÍFICOS
698
VOZ DO IDOSO: O AVANÇO DA IDADE GERA DIFERENTES IMPACTOS?
Trabalho científico
Voz (VOZ)


INTRODUÇÃO. Com o avanço da idade ocorre uma gradativa deterioração das estruturas laríngeas e de toda fisiologia responsável pela fonação (1,2), com impacto em aspectos vocais perceptivo-auditivos e acústicos (3). O envelhecimento impacta também na respiração e na ressonância, além de que as frequentes comorbidades e o uso constante de medicamentos observados nos idosos interferem na produção vocal como um todo (4). Estima-se que a prevalência de distúrbios de voz em idosos varie entre 4,8% e 39,3% (1,2,5,6). No entanto, com o avanço da ciência, da tecnologia e dos hábitos de vida, o processo de envelhecimento tem mudado, o que impacta no aumento da longevidade. Por essa razão, é fundamental considerar que os idosos estão cada vez mais heterogêneos e não é suficiente elaborar estratégias em saúde considerando-os apenas como um único grupo de indivíduos acima de 60 anos. OBJETIVO. Verificar se existem diferenças em aspectos vocais entre idosos de diversas faixas etárias com diagnóstico de presbifonia. MÉTODO. Participaram 60 idosos de ambos os sexos, divididos por faixas etárias (60-70 anos, 71-80 anos e acima de 81 anos). Todos os idosos do estudo tinham diagnóstico otorrinolaringológico de presbifonia e não tinham comorbidades de qualquer natureza ou histórico de alterações vocais, de fala ou de linguagem. A partir da gravação das vozes foi realizada análise perceptivo-auditiva e acústica e os dados foram comparados por meio dos testes estatísticos. RESULTADOS. Ainda que os idosos dos três grupos tenham apresentado alterações em aspectos vocais variados, como instabilidade e ruído em frequências graves, aqueles com mais de 80 anos apresentaram maior grau de disfonia, rugosidade e soprosidade e pitch em grau mais elevado, ainda que dentro da normalidade. Também foram observados neste grupo maiores desvios em jitter, shimmer e irregularidade e a medida GNE no limite da normalidade, além de tendência em apresentar menor frequência de definição de harmônicos. A maioria desses idosos apresentou ainda alteração no diagrama de desvio fonatório e quebra de frequência, assim como tendência a menor intensidade vocal em comparação com os idosos de 60 a 70 anos. CONCLUSÃO. Diversos aspectos perceptivo-auditivos e acústicos se apresentaram mais desviados nos idosos mais velhos, o que reforça a necessidade de serem consideradas essas especificidades tanto na avaliação dos efeitos do envelhecimento na voz quanto no desenvolvimento de ações para minimizar o declínio vocal.

1. Mezzedimi C, Di Francesco M, Livi W, Spinosi MC, De Felice C. Objective evaluation of presbyphonia: spectroacoustic study on 142 patients with Praat. J Voice. 2017;31(2):257.e25-257.e32. doi: 10.1016/j.jvoice.2016.05.022
2. Wong HYK, Ma EPM. Self-Perceived voice problems in a nontreatment seeking older population in Hong Kong. J Voice 2020; Epub ahead of print. doi:10.1016/j.jvoice.2019.12.012
3. Gregory ND, Chandran S, Lurie D, Sataloff RT. Voice Disorders in the elderly. J Voice. 2012;26(2):254-8. doi:10.1016/j.jvoice.2010.10.024
4. Angadi V, McMullen C, Andreatta R, Dietrich M, Uhl T, Stemple J. Biobehavioral Measures of Presbylaryngeus. J Voice. 2018; Epub ahead of print. doi: 10.1016/j.jvoice.2018.11.005
5. Gois ACB, Pernambuco LA, Lima KC. Fatores associados a alterações vocais em idosos: uma revisão sistemática. Braz J Otorhinolartyngol. 2018;84(4):506-513. doi:10.1016/j.bjorl.2017.11.002
6. Pernambuco L de A, Espelt A, Magalhães Júnior HV, Cavalcanti RV, de Lima KC. Screening for voice disorders in older adults (Rastreamento de Alterações Vocais em Idosos - RAVI) - Part I: validity evidence based on test content and response processes. J Voice. 2016;30(2):246.e9-246.e17. doi: 10.1016/j.jvoice.2015.04.008


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1321
VOZ DO PROFESSOR: ANÁLISE DE UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA À DISTÂNCIA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: embora o professor, dentre os profissionais da voz, seja o mais pesquisado pelo fonoaudiólogo, poucos são os trabalhos que analisam experiências de ações promovidas na modalidade à distância Objetivo: analisar o processo de uma proposta de intervenção fonoaudiológica com foco no bem-estar vocal, realizada na modalidade de Educação à Distância, com um grupo de professores. Método: pesquisa do tipo observacional realizada com professores da rede pública. Foi oferecido um curso cujo objetivo é sensibilizar os participantes quanto às questões da voz, com duração de nove semanas, totalizando 40 horas, sendo oito realizadas por meio de três encontros presenciais e 32 horas de Educação à distância (EaD). Nesta modalidade, inserida na plataforma Moodle, os professores tiveram uma semana de ambientação, quando se apresentaram e conheceram detalhes do curso e em seguida apresentação (semanal) de oito módulos. As atividades relacionadas a preenchimento do instrumento Índice de Triagem do Distúrbio da Voz (ITDV), Questionário sobre Saúde no Trabalho, Questionário sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e Questionário de Avaliação do curso foram analisadas de forma descritiva e inferencial (especificamente no caso do ITDV). Resultado: foram analisados 242 professores com predomínio de participação de mulheres (95,87%), atuando em ensino infantil (66,53%), com classe definida (86,36%), e com carga horária de 21 a 30 horas semanais (33,47%). O ITDV registrou 59,09% de professores com provável distúrbio de voz. No instrumento sobre Saúde no Trabalho os 240 professores destacaram a presença do ruído (52,5%), vindo do pátio da escola (43,3%) ou das próprias salas (36,7%). No que diz respeito à organização do trabalho, a maioria dos professores diz ter bom relacionamento em geral (com colegas - 70,8%, direção - 65,0%, pais de alunos - 50,4 e alunos - 50,4%) e autonomia e satisfação para realizar suas tarefas (respectivamente 60,8% e 45,0%). Dentre os 235 professores que responderam o questionário da CIPA, a maioria disse ter essa comissão em sua escola (176 – 74,90%), porém apenas em 36,17% (85) há ações de prevenção. Quando solicitados que dessem uma nota para o curso, os 222 (91,7%) professores que responderam deram a média 9,6, e destacaram como módulos mais importantes: Cuidados com a voz (41,89%), Respiração (21,17%), Articulação e Ressonância (14,41%). Conclusão: os dados evidenciam aspectos positivos e justificam a necessidade de oferta do curso para outras turmas, principalmente pela ocorrência de DV. Novos ajustes devem ser realizados nos módulos que se referem ao contexto do trabalho docente, com apresentação de estratégias que possam auxiliar ainda mais o professor no seu dia a dia. Incentivar o trabalho potencial da CIPA pode-se constituir em transformar as informações e procedimentos aprendidos pelos participantes em mudanças de atitude do coletivo.

Dragone MLS, Ferreira LP, Zenari MS, Giannini SPP. A voz do professor. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 2008.

Telles LCS, Ueda-Santos AR. Curso a distância para professores: Conhecendo os segredos da voz e da Expressividade. In: LP Ferreira, e Silva MAA, Giannini SPP (orgs). Distúrbio de voz relacionado ao trabalho: práticas fonoaudiológicas, São Paulo: Roca; 2015. p. 169

Pompeu ATS. Intervenção fonoaudiológica com professores: análise de uma proposta realizada na modalidade de Educação a Distância [dissertação de mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP; 2016.

Peruchi VS. Condições do trabalho docente na perspectiva de professores do município de São Paulo [dissertação de mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP; 2017.

Cardim KC, Behlau M, Zambom F. Sintomas vocais e perfil de professores em um programa de saúde vocal. Rev. CEFAC, São Paulo, 2010: 139-09.

Silva ACR. Educação a distância e o seu grande desafio: o aluno como sujeito de sua própria aprendizagem. (2004)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1363
VOZ DOS PARKINSONIANOS: UMA PROPOSTA TERAPÊUTICA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurológica degenerativa de origem idiopática (1). A falta da dopamina, causada pela morte de neurônios da substância negra, leva a alterações motoras, como bradifrenia, bradicinesia, tremor, rigidez e mudanças no equilíbrio (2). Alterações laríngeas podem ocorrer a partir de sua progressão, sendo comum arqueamento e fenda ântero-posterior das pregas vocais, hiperfunção glótica, assimetria e redução da mobilidade laríngea (3,4). A DP atinge a musculatura estriada, favorecendo alterações em todo corpo, inclusive nos órgãos fonoarticulatórios (5), gerando uma disartrofonia que afeta as funções fonatória, respiratória, articulatória, ressonantal (6) e prosódica. Apesar de voz, articulação, respiração e deglutição sofrerem alterações específicas por causa da DP, a manifestação ocorre de maneira individual em cada portador (7). O padrão ouro da avaliação da voz é a avaliação perceptivoauditiva (APA), que, apesar de ser subjetiva e baseada na experiência do avaliador, é soberana na clínica e pode ser complementada pela análise acústica da voz (8), mais objetiva na avaliação da relação fonte/filtro, captando a especificidade de cada sujeito (9). Objetivo: Verificar os efeitos perceptivoauditivos e acústicos na voz de pacientes com DP após aplicação de um protocolo específico de reabilitação da voz. Métodos: Estudo transversal, quantitativo, aprovado pelo parecer nº 2.039.346 e realizado com 13 indivíduos de ambos os sexos entre 62 e 81 anos com o diagnóstico médico de DP. Aplicou-se, semanalmente, durante cinco semanas, um protocolo fonoaudiológico direcionado à voz. O participantes receberam orientações sobre a voz, executaram todos os exercícios propostos e eram instruídos a realizá-los diariamente quatro vezes ao dia. Os exercícios tinham como base técnicas de esforço-empuxo, sons plosivos, escalas de frequência, messa di voce, sobrearticulação, leitura de vogais, trato vocal semiocluído e tubos de ressonância. As vozes foram registradas antes e após a aplicação do protocolo e nesses registros foi realizada APA e análise acústica pelo software Voxmetria. Os dados foram comparados pelo teste t de Student para dados pareados. Resultados: na APA houve aumento do tempo máximo fonatório, melhora na rugosidade, soprosidade e astenia. Os parâmetros acústicos jitter, correlação, energia glótica e frequência fundamental atingiram os padrões de referência e o diagrama de desvio fonatório se mostrou dentro na área da normalidade, no quadrante inferior esquerdo, com densidade ampliada e forma horizontal. Conclusão: O protocolo de atendimento em voz proposto mostrou-se efetivo na redução de ruídos vocais presentes nas vozes de indivíduos com DP.

1- Pereira, Duarte, Garrett. Factores de risco da doença de Parkinson: um estudo epidemiológico. Acta Med Port. 23.1 (2010): 15-24.
2- de Sant, CR et al. Abordagem fisioterapêutica na doença de Parkinson. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano. 5.1 (2008).
3- Yücetürk, A et al. Voice analysis and videolaryngostroboscopy in patients with Parkinson's disease. European Archives of Oto-Rhino-Laryngology. 259.6 (2002): 290-293.
4- Carrara-de-Angelis, E. Deglutição, configuração laríngea, análise clínica e acústica computadorizada da voz de pacientes com doenca de Parkinson. (2000).
5- Werneck, AL. Doença de Parkinson: Etiopatogenia, clínica e terapêutica. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. 9.1 (2010).
6- Machado, TH. Organização Temporal na Fala Disártrica: comparação entre populações com distúrbios nos núcleos da base. (2011).
7- Andrews, ML. Distúrbios neurológicos e geriátricos e seu tratamento. In: Andrews ML. Manual de tratamento da voz: da pediatria à geriatria. São Paulo: Cengage Learning, 2009. p. 293-348.
8- Carrasco, ER, Oliveira, G, Behlau, M. Análise perceptivo-auditiva e acústica da voz de indivíduos gagos. Revista CEFAC. (2010).
9- Pontes, PAL et al. Características das vozes roucas, ásperas e normais: análise acústica espectrográfica comparativa. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. (2002)


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1016
VOZ E AUTORREGULAÇÃO: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A autorregulação corresponde a um processo no qual o indivíduo assume papel ativo no controle de si sobre si, para alcançar determinados objetivos. Desempenha um papel importante no processo de mudança dos comportamentos humanos que podem ser autorregulados (1–3). O comportamento vocal é passível de controle, mas a complexidade dos fatores envolvidos na interação humana pode limitar esse processo. Conhecer as possíveis dificuldades de controle vocal percebido pode ter um impacto importante nas decisões clínicas, no planejamento terapêutico e em seu resultado. Desenvolver estratégias de autorregulação (4,5), tendo em vista as características multidimensionais da voz e o vínculo entre a vulnerabilidade vocal e a sobrecarga psicológica (6) merece ser considerado na clínica vocal. Objetivo: Verificar a relação entre a autorregulação e comportamento vocal apontada na literatura. Métodos: Foi realizado um levantamento da literatura nacional e internacional nas bases de dados PubMed, LILACS e SciELO. Os descritores utilizados para a pesquisa foram verificados no Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), combinados pelos operadores booleanos “and” e “or”. Assim, obteve-se a seguinte estratégia de busca (“autorregulação” OR “autocontrole”) AND (“voz” OR “distúrbios da voz” OR “disfonia”), e da mesma forma em espanhol e inglês. Foram incluídos nesta revisão, artigos que abordaram a autorregulação e comportamento vocal ou distúrbios da voz em sua temática, publicados em algum dos três idiomas pré-definidos e sem restrição de ano de publicação. A pesquisa foi realizada por dois revisores de forma independente e as divergências foram analisadas por um terceiro, com o propósito de sanar as discordâncias. As variáveis pré-selecionadas para a análise e apresentação dos dados foram: autores, base de dados, país, periódico, fator de impacto, tipo de estudo, características amostrais, métodos para coleta de dados, comparação de grupos, objetivo e desfecho. Resultados: Foram identificados 10.176 artigos nas três bases de dados. Desses, 10 foram selecionados pelo título, nenhum foi excluído nas demais etapas, por estar repetido ou por não cumprir os critérios de seleção, sendo estes posteriormente designados para a leitura do texto completo e análise dos dados. Os 10 estudos selecionados foram publicados entre os anos de 2013 a 2019 e todos destacam a autorregulação como um fator importante no comportamento vocal; a base de dados PubMed concentrou a maior parte dos estudos, encontrados predominantemente em revistas norte americanas com elevado fator de impacto. Os Estados Unidos apresentaram o maior número de artigos publicados nessa temática e o delineamento metodológico predominante foi observacional transversal, com a utilização de questionários como instrumento de pesquisa para avaliar a autorregulação. Identificou-se também uma preocupação em construir novos instrumentos mais efetivos para futuros estudos sobre a temática, assim como a relevância de desenvolver estratégias de autocontrole para auxiliar nos aspectos da reabilitação vocal. Conclusão: Os estudos analisados evidenciam a autorregulação como um fator de importância no comportamento vocal. Autores preocupam-se em elaborar e aperfeiçoar instrumentos para estudar melhor a temática. Além disso, é sugerido o desenvolvimento e aplicação de estratégias de autocontrole para auxiliar na terapia de indivíduos com distúrbios vocais.

1. Karoly P, Boekaerts M, Maes S. Toward Consensus in the Psychology of Self-Regulation: How Far Have We Come? How Far Do We Have Yet to Travel? Appl Psychol. 2005;54(2):300–11.
2. Freund AM, Baltes PB. Life-management strategies of selection, optimization, and compensation: Measurement by self-report and construct validity. J Pers Soc Psychol. 2002;82(4):642–61.
3. Castillo JAG del, Dias PC, Castelar-Perim P, García del Castillo JA, Dias PC, Castelar-Perim P. Autorregulação e consumo de substâncias na adolescência. Psicol Reflexão e Crítica. 2012;25(2):238–47.
4. Vinney LA, Turkstra LS. The role of self-regulation in voice therapy. J Voice. 2013;27(3):390.e1-390.e11.
5. Vinney LA, van Mersbergen M, Connor NP, Turkstra LS. Vocal Control: Is It Susceptible to the Negative Effects of Self-Regulatory Depletion? J Voice. 2016;30(5):638.e21-638.e31.
6. Behlau M, Madazio G, Oliveira G. Functional dysphonia: strategies to improve patient outcomes. Patient Relat Outcome Meas. dezembro de 2015;243.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
747
VOZ E IDENTIDADE EM PESSOAS TRANS
Relato de experiência
Voz (VOZ)


Introdução
Pessoas em incongruência de gênero, que não reconhecem o sexo atribuído ao nascimento, sofrem preconceito e violência. Para melhor se identificar, procuram recursos que reforçam a expressividade do gênero, como vestimentas, comportamentos e mudanças vocais. Ao buscar atendimento em saúde, recebem terapia hormonal, eventuais cirurgias e terapias psicológicas e fonoaudiológicas. Esse atendimento é garantido pelo SUS através do Processo Transexualizador, no contexto da Política Nacional de Saúde Integral LGBT. O ambulatório XXX atende mulheres e homens trans desde 2017 e tem como propósito ampliar as possibilidades de expressão, comunicação, desenvolvimento artístico e profissional.

Objetivo
Relatar experiências e percepções de alunos do curso de Fonoaudiologia sobre um estágio observacional realizado no ambulatório.

Método
Este estudo baseia-se em relato da experiência de alunos do terceiro ano do curso de Fonoaudiologia, que observaram atendimentos realizados pela docente responsável, entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020, com observação através de espelho espião e sistema de som. Após atendimento, cada caso foi discutido. A proposta interprofissional incluiu a presença de uma psicóloga e de uma professora de canto, observando e participando das discussões. Nesse período, atendemos onze usuários, sempre submetidos a protocolos de autoavaliação (QVV e TVQ). As sessões se deram em intervalos semanais, com planejamentos terapêuticos individuais. Realizamos avaliações fonoaudiológicas da voz com gravação em áudio e vídeo.

Resultados
Os usuários trouxeram demandas variadas: voz mais grave (para homens trans) e mais agudizada (para mulheres trans), além de ganho de extensão vocal (no caso de praticantes de canto). Uma das queixas mais recorrentes foi o constrangimento ao serem identificados como pessoas trans através da voz, principalmente pela insegurança no início da fala (ou após silêncio). Assim, evitam falar em público e usar telefones. Homens trans relataram dificuldades respiratórias devido ao Binder (faixa que comprime a mama). Muitos registraram ofensas provocadas por termos pejorativos a eles dirigidos, sofrendo frequente discriminação. Essa rejeição começa em casa e recrudesce no ambiente escolar. A transfobia se manifesta exacerbada nos processos de recrutamento profissional. Um aluno relata: Foi marcante a figura de uma mulher trans, encurvada, retraída, transparecendo pouca feminilidade, aparentando enorme sofrimento causado mais pelas dificuldades sociais do que por problemas de gênero. Nos dias que se seguiram pudemos compreender a imensa dificuldade enfrentada pelas iniciativas de intervenção na qualidade de vida das pessoas trans. Respeito e empatia certamente teriam importância no sentido de evitar automutilações, tentativas de suicídio, abandono escolar, rejeição profissional e violências. Entendemos que esse cenário precisa ser modificado e políticas públicas devem ser urgentemente alteradas para garantir a valorização da vida dos transgêneros.

Conclusão
Histórias repetidas, preconceito e ausência de empatia. Falta de informações na população mostrando gritantes falhas educacionais, além de normas legislativas inadequadas para garantir os direitos da pessoa trans. Como etapa do que deverá ser um longo processo de devolução do conceito de cidadania a essas pessoas, a terapia fonoaudiológica tem mostrado resultados muito satisfatórios. Análises comparativas permitiram medir os ganhos conquistados, levando-nos a acreditar no atendimento interprofissional, valorizando significativamente a qualificação pessoal, artística e profissional da pessoa trans.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
332
VOZ E SEU IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS SUBMETIDAS A RECONSTRUÇÃO DA VIA AÉREA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: A estenose subglótica (ESG) congênita ou adquirida ocorre quando há um estreitamento total ou parcial da laringe podendo se estender até a região da traqueia. A principal forma de tratamento para os mais severos graus da ESG é por via aberta de vias aéreas, com a cirurgia de reconstrução laringotraqueal (RLT) ou ressecção cricotraqueal posterior (PCTR). O objetivo dessas cirurgias é reestabelecer a potência da via aérea, de forma satisfatória, visando a decanulação. Comumente as pregas vocais podem ser afetadas por fibrose cicatricial no pré ou pós-operatório, o que pode causar resultados vocais insatisfatórios após a cirurgia e impactar a qualidade de vida em voz do paciente. Objetivos: Avaliar parâmetros acústicos e perceptivoauditivos da voz de crianças submetidas a RLT ou PCTR e verificar possíveis correlações com o impacto na qualidade de vida. Métodos: Foram convidadas a participar deste estudo crianças submetidas a RLT ou PCTR, decanuladas no mínimo há 30 dias e que apresentassem voz falada. Foram aplicados os protocolos Qualidade de vida em voz – Pediátrico (QVV-P) e amostras vocais foram gravadas de acordo com as frases pré-estabelecidas pelo protocolo CAPE-V e um conjunto de parâmetros fonético-acústicos foi extraído utilizando o software Praat. Resultados: 20 crianças foram incluídas neste estudo com uma média de idade de 4 anos e 8 meses, sendo 45% (N=9) do sexo feminino e 55% (N=11) do sexo masculino. A média de tempo entre a realização dos procedimentos cirúrgicos e a coleta de dados foi de 3 anos e 5 meses. Do total da amostra, 7 não tiveram suas vozes analisadas acusticamente em decorrência de produção de amostras vocais insatisfatórias. A média dos escores do QVV-P excederam os valores considerados como normativos, bem como os índices e escores obtidos na avaliação acústica e perceptivoauditiva da voz. Conclusão: A análise dos parâmetros acústicos da voz confirmou a presença de alteração da qualidade vocal, segundo os parâmetros perceptivoauditivos avaliados, indicando vozes significantemente alteradas após RLT e RCTP. A qualidade vocal impactou negativamente a qualidade de vida percebida nestas crianças, porém, percebeu-se dificuldade na aplicabilidade do protocolo QVV-P com esta amostra, uma vez que estas crianças apresentam características vocais particulares e diferentes de crianças com vozes consideradas saudáveis. Estudos futuros com amostras maiores em um recorte de tempo maior podem ajudar a compreender melhor o prognóstico desses pacientes.

Cohen W, Wynne DM, Lloyd S, Townsley RB. Cross-sectional follow-up of voice outcomes in children who have a history of airway reconstruction surgery. Clinical Otolaryngology. 2018;43:645–651; [Internet][Acesso em 03/07/2020]. Disponível em: DOI: 10.1111/coa.13045
Kelchner LN, Brehm SB, Weinrich B, Middendorf J, deAlarcon A, Levin L et al. Perceptual Evaluation of Severe Pediatric Voice Disorders: Rater Reliability Using the Consensus Auditory Perceptual Evaluation of Voice. Journal of Voice, Vol. 24, No. 4, 2010; [Internet][Acesso em 03 de julho de 2020]. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jvoice.2008.09.004
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Silva IM, Rodrigues H, Tavares S, André C, Rosa MH, Vieira JR et al. Estenose laringotraqueal adquirida - Um desafio em ORL. Revista portuguesa de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial. Vol 50 . Nº1 . março 2012. [Internet][Acesso em 03 de julho de 2020]. Disponível em: https://doi.org/10.34631/sporl.129


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1942
VOZ NA POPULAÇÃO TRANSGÊNERO: SIGNIFICADO E EXPECTATIVAS QUANTO À FONOTERAPIA PARA AJUSTE VOCAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)


VOZ NA POPULAÇÃO TRANGÊNERO: SIGNIFICADO E EXPECTATIVAS QUANTO À FONOTERAPIA PARA AJUSTE VOCAL


INTRODUÇÃO

A retirada de atribuição da condição transgênero à um transtorno mental aconteceu com a publicação do DSM-V (2017), o olhar patologizante na área da saúde era um fato nos DSMs anteriores. Este trabalho se propõe a analisar a fala da população travesti e transsexual sobre o significado e vivência com a voz, e a refletir a prática fonoaudiológica a partir dessa análise, com a intenção de acolher e propor o trabalho do profissional de fonoaudiologia mais junto (e menos sobre) a voz desses indivíduos.

OBJETIVO

Analisar o discurso da população transgênero quanto ao significado e a relação que cada indivíduo desenvolve com sua própria voz, e as expectativas de fonoterapia pelo público alvo.

MÉTODO

Trabalho aprovado pelo Comitê de ética da Instituição no Centro de Referência e Defesa da Diversidade (CRD). Participaram 17 travestis e transexuais, sendo 6 homens, 10 mulheres e 1 outro não-binário; com média de idade de 32,5 anos. Os participantes responderam a versão traduzida do questionário Transsexual Voice Questionnaire for Male to Female (TVQMtF) (Santos et. al, 2015) e entrevista semi-dirigida. A análise de dados foi qualitativa e descritiva.

RESULTADOS

Apesar do tratamento hormonal em homens trans atender melhor às expectativas vocais (Barros, 2018), para 50% dos entrevistados esse tratamento não cumpriu totalmente esse objetivo. 33% se sentiram satisfeitos pelas mudanças vocais, porém relataram dificuldades funcionais diante das mudanças estruturais que advém do tratamento hormonal, e 16,7% não realizou terapia hormonal.
As significações manifestadas em relação à voz, foram classificadas em 4 grupos: reconhecimento, sonoridade, ação (verbo/movimento) e afetividade. No questionário TVQMtF foram estabelecidos os agrupamentos: auto imagem, funcional, emocional, trabalho/vida social, e transfobia. Para a pergunta do TVQMtF “Minha voz faz com que eu me sinta menos feminina/masculino do que eu gostaria”, houveram apenas 17,7% de respostas nunca ou raramente, o que indica que 82,3% dos participantes podem apresentar queixas relativas à disforia de gênero. Apareceram queixas vocais funcionais, como cansaço vocal (58,8%), esforço para produção da emissão (47%), rouquidão (47%) e falhas na voz (47%).
A procura por um fonoaudiólogo não se mostrou frequente (88,2%), justificada principalmente por falta de tempo para aderir à terapia (23,5%), restrição financeira (29,4%) e desconhecimento (11,7%).

CONCLUSÃO

Os significados atribuídos à voz relacionam-se ao reconhecimento, sonoridade, ação e afetividade. As demandas são principalmente relativas à questões funcionais, ajustes de sonoridade a partir dos padrões binários e cisgênero, necessidade de passabilidade - que pode ser uma alternativa de sobrevivência em uma sociedade transfóbica; e também a voz profissional (41,15% dos participantes declararam fazer uso profissional da voz). Demandas cirúrgicas não foram apontadas pela população deste estudo.
Apesar do SUS incluir o fonoaudiólogo na equipe profissional do processo transsexualizador, a fonoaudiologia ainda está em aproximação da realidade prática nesta área. Questões acerca da baixa procura e do desconhecimento dessa possibilidade pelo SUS e se há diferenças nas queixas entre trans não-binárias e binárias devem ser inseridas em novos estudos para que a assistência pelo SUS seja mais reconhecida e utilizada, além de mais dirigida e assertiva.



ALVES ZM, SILVA MH. Análise qualitativa de dados de entrevista: uma proposta. Paidéia, FFCLRP-USP, Rib. Preto, 2, fev-jul, 1992..
BARROS AD, et al. A percepção de homens trans sobre a relação entre voz e expressão de gênero em suas interações sociais. Revista eletrônica TEMPUS – Actas de saúde coletiva. V.11, nº4, 2018.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1341
VOZ, OBESIDADE E COMPORTAMENTO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Estudos sobre transtornos fonoaudiológicos em adultos obesos indicaram a presença de alteração vocal1. Além disso, outro dado que tem chamado a atenção de pesquisadores é a relação entre a obesidade e os aspectos emocionais e/ou de comportamento2. O Inventário de Comportamentos de crianças e adolescentes Child Behavior Checklist é um dos instrumentos que tem sido utilizado para investigar o comportamento de crianças e adolescentes3, inclusive com obesidade4,5 e com alteração vocal6,7 Objetivo: realizar revisão integrativa da literatura, afim de verificar estudos sobre a voz, a obesidade e o comportamento, na infância e na adolescência. Método: a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma Instituição de Ensino Superior, sob parecer nº 3.123.224. Foram realizados três levantamentos, por uma bibliotecária experiente, nas bases de dados: Lilacs, Embase, Web of Science, Scopus e Pubmed. Os descritores ou palavras-chave foram específicos para cada levantamento. Para o primeiro foram utilizadas as seguintes palavras-chave: voice, voice disorders, voice quality, child behavior checklist, CBCL, obesity, overweight, child e adolescent. Para o segundo levamento foram utilizados os descritores: voice, voice disorders, voice quality, child behavior checklist, CBCL, child e adolescent e para o terceiro levantamento: child behavior checklist, CBCL, obesity, overweight, child e adolescent. Todos tinham como critérios de inclusão: artigos de pesquisa originais ou de relato de caso, publicados no período de 2009 até junho de 2019, em inglês ou português. A seleção dos artigos foi realizada por três juízes. Resultados: na primeira busca não foram encontrados artigos que estudaram a voz, a obesidade e o comportamento de forma conjunta, por isso os levantamentos foram desmembrados. No segundo levantamento foram encontrados nove artigos. Dentre estes, apenas um artigo6 contemplou os critérios de inclusão estabelecidos para esta revisão. Nesse artigo os autores relataram que crianças e adolescentes com queixas vocais apresentaram maior probabilidade para desenvolver problemas comportamentais quando comparados com aquelas sem queixas vocais. No terceiro levantamento foram selecionados 22 artigos que contemplou todos os critérios de inclusão, dentre estes 17 artigos apresentaram relação entre a obesidade com um ou mais alterações de comportamento e cinco não tiveram relação do excesso de peso com alteração comportamental. A análise mostrou que a agressividade é um dos comportamentos mais relacionados com a obesidade na população infantil4,8. Além disso, na primeira infância foi analisada uma possível relação entre excesso de peso e outros problemas comportamentais, destacando-se os problemas internalizantes (isolamento e depressão)5,9, enquanto que outro estudo mostrou mais alterações internalizantes na adolescência do que nas crianças10. Conclusão: A partir desta revisão integrativa, confirma-se a relação entre voz e comportamento, mais ainda pouco explorada e obesidade e comportamento em crianças e adolescentes, por meio da aplicação do inventário CBCL. Sugere-se para próximos estudos investigações que associem as três variáveis: voz, o comportamento e obesidade considerando a relação existente entre voz e comportamento e obesidade e comportamento.

1 Bortolotti P. et al. Caracterização da voz de um grupo de mulheres com obesidade mórbida acompanhadas no Setor de Cirurgia Bariátrica da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Distúrbios da Comunicação, v. 17, n. 2, p. 149-160, 2005.

2 Luiz AMAG, Gorayeb R, Liberatore Júnior RDRL. Avaliação de depressão, problemas de comportamento e competência social em crianças obesas. Estud Psicol. 2010;27(1):41-8.

3 Bordin IA, Rocha MM, Paula CS, Teixeira MCTV, Achenbach TM, Rescorla L, et al. Child Behavior Checklist (CBCL), Youth Self-Report (YSR) and Teacher's Report Form (TRF): an overview of the development of the original and Brazilian versions. Cad Saúde Pública. 2013;29(1):13-28.

4 Derks IPM, Bolhuis K, Yalcin Z, Gaillard R, Hillegers MHJ, Larsson H, et al. Testing bidirectional associations between childhood aggression and bmi: results from three cohorts. Obesity. 2019;27(5):822-9.

5 Canals-Sans J, Blanco-Gómez A, Luque V, Ferré N, Morales-Hidalgo P, Closa-Monasterolo R, et al. Association of overweight and obesity with psychological problems in school children. Rev Psicopatol Psicol Clin. 2018; 23(1): 25-34.

6 Krohling LL, Paula KMP, Behlau MS. Behavior, social competence, and voice disorders in childhood and adolescence. J of voice. 2016, 30(6): 677-683.

7 Roy N, Holt KI, Redmond S, Muntz H. Behavioral characteristics of children with vocal fold nodules. J of Voice. 2007; 21(2): 157-168.

8 Camfferman R, Jansen PQ, Rippe CA, Mesman J, Derks IPM, Tiemeier H, et al. The association between overweight and internalizing and externalizing behavior in early childhood. Soc Sci Med. 2016; 168:35-42.

9 Pervanidou P, Bastaki D, Chouliaras G, Papanikolau K, Kanaka-Gantenbein C, Chorousos G. Internalizing and externalizing problems in obese children and adolescents: associations with daily salivary cortisol concentrations. Hormones. 2015,14(4):623-31.

10 Finistrella V, Manco M, Corciulo N, Sances B, Pietro MD, Gregorio RD, et al. Eating disorders and psychopathological traits in obese preadolescents and adolescents. J Am Coll Nutr. 2015;34(2):142-9.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1331
VOZ, QUALIDADE DE VIDA EM VOZ E COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM OBESIDADE
Trabalho científico
Voz (VOZ)


Introdução: Indivíduos com diferentes graus de obesidade (sobrepeso, obesidade e obesidade grave)1 apresentam disposição anormal de gordura em estruturas que fazem parte do trato vocal, podendo interferir na produção da voz2. Além disso, podem apresentar problemas emocionais e comportamentais, como a ansiedade e a depressão3. A literatura também mostra uma possível relação entre a presença de alteração vocal e os problemas comportamentais em crianças e adolescentes4,5 Objetivos: investigar a voz, a qualidade de vida em voz e o comportamento de crianças e adolescentes com diferentes graus de obesidade, sob o olhar dos pais ou responsáveis; e correlacionar os dados da voz, da qualidade de vida em voz e do comportamento em crianças e adolescentes nos diferentes graus de obesidade. Método: a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma Instituição de Ensino Superior, sob parecer nº 3.123.224. Participaram do estudo 70 crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 17 anos, com sobrepeso, com obesidade e com obesidade grave. Os participantes foram subdivididos segundo a faixa etária, de 6 a 11 anos e de 12 a 17 anos. O desvio vocal foi analisado pela avaliação perceptivo-auditiva e para tanto, foram realizadas gravações em cabine acústica de cada participante com a emissão da vogal sustentada "a". Para esta análise três juízes experientes classificaram o grau geral do desvio vocal em uma escala visual analógica de 100mm. A presença ou ausência do desvio vocal, bem como, o grau geral de alteração foi determinada seguindo a nota igual ou acima de 35,5 mm como voz alterada6. Também foram aplicados o questionário Qualidade de Vida em Voz Pediátrico (QVV-P)7 e o Inventário Child Behavior Checklist for ages 6-18 (CBCL)8, subdividido em comportamentos externalizantes (quebra de regras e agressividade), internalizantes (ansiedade, depressão, isolamento e queixas somáticas), total, atividades e competência social. Por fim, foram efetuadas análises descritivas e estatísticas. Resultados: do total de participantes, 60 (85,71%) apresentaram alteração vocal de grau leve a moderado, independente do grau de obesidade. Tanto os participantes com alteração vocal, quanto aqueles sem alterações tiveram escores semelhantes entre si e próximas de 100% no QVV-P, indicando que a voz não teve impacto negativo na vida dos filhos, segundo análise dos pais. O valor da média de problemas internalizantes, totais e da subescala de atividade se encontraram na categoria limítrofe, o qual significa situação intermediária para problemas de comportamento. O valor da média da competência social total foi classificado na categoria clínica, ou seja, alterado pela análise dos pais. Do total da amostra, 47,14% dos participantes, apresentaram alteração na voz e também de comportamento. Conclusão: A maioria das crianças e adolescentes com diferentes graus de obesidade apresentou alteração vocal. Independente da presença da alteração vocal não houve relato dos pais de impacto negativo na qualidade de vida dos participantes em relação à voz. Número significativo de participantes apresentou alterações nos comportamentos internalizantes, totais, atividade e competência social total, na presença ou ausência de alteração vocal, sem diferença entre os diversos graus de obesidade.

1 Skinner AC, Perrin EM, Skelton JA. Prevalence of obesity and severe obesity in US children, 1999‐2014. Obesity. 2016; 24(5): 1116-1123

2 Souza LBR, Pernambuco LA, Santos MM, Pereira RM. Neck circumference and vocal parameters in women before and after bariatric surgery. Obes Surg. 2016;26(3):576-80.

3 Luiz AMAG, Gorayeb R, Liberatore Júnior RDRL. Avaliação de depressão, problemas de comportamento e competência social em crianças obesas. Estud Psicol. 2010;27(1):41-8.

4 Krohling LL, Paula KMP, Behlau MS. Behavior, social competence, and voice disorders in childhood and adolescence. J of voice. 2016, 30(6): 677-683.

5 Roy N, Holt KI, Redmond S, Muntz H. Behavioral characteristics of children with vocal fold nodules. J Voice. 2007; 21(2): 157-168.

6 Yamasaki R, Madazio G, Leão SHS, Padovani M, Azevedo R, Behlau M. Auditory-perceptual evaluation of normal and dysphonic voices using the voice deviation scale. J Voice. 2017; 31(1); 67-71.

7 Ribeiro LL, Paula KMP, Behlau M. Voice-related quality of life in the pediatric population: validation of the Brazilian version of the Pediatric Voice-Related Quality-of Life survey. CoDAS 2014;26(1):87-95.

8 Bordin IA, Rocha MM, Paula CS, Teixeira MCTV, Achenbach TM, Rescorla L, et al. Child Behavior Checklist (CBCL), Youth Self-Report (YSR) and Teacher's Report Form (TRF): an overview of the development of the original and Brazilian versions. Cad. Saúde Pública. 2013;29(1):13-28.



TRABALHOS CIENTÍFICOS
336
ZIKA VÍRUS, MICROCEFALIA E LINGUAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)





INTRODUÇÃO: A microcefalia consiste em uma afecção que pode ser ocasionada pelo vírus da Zika e que compromete a formação do sistema nervoso central, repercutindo no desenvolvimento global infantil. O número de crianças nascidas com microcefalia no Brasil aumentou consideravelmente em 2015 e tem associação com à entrada temporal do vírus Zika no país1. OBJETIVO: Identificar e analisar os artigos que correlacionam microcefalia, Zika vírus e linguagem. MÉTODO: Inicialmente foi definida a pergunta de pesquisa: Quais os domínios da linguagem estão comprometidos em crianças com microcefalia pela infecção congênita do Zika vírus? Para responder foi realizado levantamento de dados através da consulta ao Portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) incluindo a LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Web of Science e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). A busca do material considerou os seguintes descritores nos idiomas português/ inglês: microcefalia, Zika vírus, linguagem e utilizou o marcador booleano “and”. Os critérios de inclusão foram: textos que abordassem a temática no idioma português, inglês ou espanhol nos últimos 5 anos. Após a leitura dos títulos e resumos, foi suprimida toda publicação que não correspondia a proposta da pesquisa, totalizando 6 textos. RESULTADOS: O resultado da revisão mostrou relação direta entre microcefalia pela transmissão vertical do Zika vírus e a função da linguagem. Um estudo realizado no Rio de Janeiro com bebês cujas mães foram infectadas pelo Zika vírus na gravidez avaliou o neurodesenvolvimento dessas crianças no segundo ano de vida. Foi utilizada a Bayley- III (domínios cognitivos, linguagem e motor) em 146 crianças e aplicado questionários de neurodesenvolvimento associado a exames neurológicos em 70 crianças. A função da linguagem foi a mais afetada, com 35% das 146 crianças abaixo da média2. Uma outra pesquisa foi realizada com 82 crianças com paralisia cerebral associada à provável infecção congênita pelo Zika vírus em um hospital de referência de neuroreabilitação. Essas crianças foram avaliadas por volta de um ano através da escala de Bayley III no qual observou-se desempenho extremamente baixo nos escores cognitivo (95,1%), de linguagem (97,6%) e motores (97,6%) do desenvolvimento 3. O perfil de neurodesenvolvimento do público estudado, através de uma amostra de 121 crianças com aproximadamente 2,5 anos de idade, mostrou que a linguagem receptiva apresentava pontuações maiores que os domínios cognitivos, motor fino e grosso. Com relação a linguagem expressiva foi observado que apenas duas crianças utilizavam palavras para se comunicar, nove balbuciavam como também imitava sons e 47 utilizava sons de vogais 4. Portanto, a linguagem receptiva deve ser bastante estimulada e utilizada como mediadora de outras funções linguísticas. CONCLUSÃO: O público estudado apresentou comprometimento no neurodesenvolvimento global, envolvendo a linguagem. A maioria dos estudos utilizaram a Bayley III e constataram que a linguagem é uma das funções mais afetada com desempenho extremamente baixo. Dentre os domínios linguísticos, a linguagem expressiva mostrou-se comprometida e a receptiva apresentou melhor resultado comparado aos demais aspectos avaliados. No entanto, sugere-se novas pesquisas relacionadas aos aspectos linguísticos desta população.

1. Ciarlini NC. Ensino de contato visual, imitação e ecoico a crianças com microcefalia. Dissertação (Programa Pós Graduação em Psicologia)- Universidade Federal de São Carlos. 2019. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/11283/CIARLINI_Nathalie_2019.pdf?sequence=5&isAllowed=y.
2. Nielsen-Saines K, Brasil P, Kerin T, Vasconcelos Z, Gabaglia CR, Damasceno L, Pone M, Carvalho LMA, Pone SM, Zin AA, Tsui I, Salles TRS, Cunha DC, Costa RP, Malacarne J, Reis AB, Hasue RH, Aizawa CYP, Genovesi FF, Einspieler C, Marschik, PB, Pereira, JP, Gaw, SL, Adachi K, Cherry JD, Xu Z, Cheng G, Moreira ME.. Delayed childhood neurodevelopment and neurosensory alterations in the second year of life in a prospective cohort of ZIKV-exposed children. Nature Medicine. 2019; 25 (8): 1213-1217. Doi: 10.1038/s41591-019-0496-1.
3. Carvalho A, Brites C, Mochida G, Ventura P, Fernandes A, Lage ML, Taguchi T, Brandi I, Silva A, Franceschi G, Lucena P, Lucena R. Clinical and neurodevelopmental features in children with cerebral palsy and probable congenital Zika. Brain e Developmental. 2019; 41(7): 587-594. Doi: 10.1016/j.braindev.2019.03.005
4. Wheeler A, Toth D, Ridenour T, Nóbrega LL, Firmino RB, Silva, CM, Carvalho P, Marques D, Okoniewski K, Ventura LO, Bailey JR DB, Ventura CV. . Developmental outcomes among Young children with congenital Zika syndrome in Brazil. Rede JAMA aberta. 2020; 3(5):e204096. Doi: https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2765515.





TRABALHOS CIENTÍFICOS
207
ZUMBIDO COMO PRECURSOR DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)



Introdução: o zumbido é um dos piores sintomas a ser sentido pelo homem, ele é caracterizado pela presença de um ou mais sons dentro da orelha, sem que haja estímulos externos, gerando uma desconfortável sensação pode levar o indivíduo a desenvolver quadros de doenças psíquicas como ansiedade e depressão
Objetivo: verificar e analisar dados de uma revisão de literatura sistemática, sobre o tema, destacando o zumbido como causador de ansiedade e depressão de forma ampla nesse nexo e incluindo artigos de maior relevância para a temática estabelecida.
Métodos: serão utilizadas as bases de dados, Scielo, Lilacs, Pubmed e Google Scholar, de estudos de revisão de literatura dos artigos publicados nos últimos 10 anos, entre 2011 e 2018, podendo ser nacionais ou internacionais, que incluíssem adultos com idade igual ou maior que 18 anos. Os descritores utilizados foram: “zumbido”, “tinnitus”, “depressão”, “depression”, “ansiedade”, “anxiety”, “adulto”, “adult”, desde que abordem o tema. A análise e discussão sobre os dados encontrados foi feita por meio de textos e tabelas, ao suceder do projeto, com a apresentação dos resultados para a comunidade e visando uma forma de conscientizar a população sobre as causas e prevenções a serem tomadas referentes ao tema exposto.
Resultados: a analise ocorreu com 12 artigos selecionados, 6 (50%) exibe amostra integrada por maiores de 18 anos, 3 (25%) amostra entre 20 e 21 anos e 3 artigos com faixa etária superior a 25 anos (25%). Os resultados e tendências do zumbido foram vistos a se agravar bem como de propiciar o transtorno de ansiedade e depressão aguçado, em virtude da decorrência da variação do nível de classificação do zumbido, segundo Tinnitus Handicap Inventory (THI), e o mesmo se faz aparente em boa parte dos estudos.
Conclusão: foi constatada uma provável associação entre os fatores em questão. E ficou evidente que alguns dos artigos foram referenciadas escalas de faixa etária de idosos e o gênero das mulheres contivessem uma maior potencialidade em adquirir esses distúrbios psicológicos decorrente do zumbido, e deixou claro uma escassez de estudos ao fator ligado aos idosos, pois sua contrariedade em estudos nessa população se faz predominante. Sendo importante a atuação multiprofissional na avaliação e tratamento destas pessoas.

1. AL-RAWASHDEH, Baeth Moh’d, et al. Prevalência de depressão e ansiedade em pacientes ambulatoriais de otorrinolaringologia do Hospital Universitário Jordan. Perspect Psychiatr Care. 2018;1-13. doi: 10.1111/ppc.12320.
2. ASSUMPÇÃO-Junior FB. Tristeza e depressão: diagnóstico diferencial. Pediatria Moderna. 1998;34(3):126-30.
3. GRANJEIRO, Ronaldo Campos. Relação do incômodo do zumbido com as funções das células ciliadas externas e o transtorno de ansiedade e depressão em indivíduos com limiar auditivo normal. 2011. 176 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Brasília, 2011.
4. CASTRO, Therezita Peixoto Patury Galvão, et al. Tontura e Zumbido em Pacientes com Transtorno de Ansiedade e/ou Depressivo Maior. Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, Alagoas, p. 39-42, out. 2018.
5. MATHIAS, Kátia de Vasconcellos, et al. Prevalência de transtorno de pânico em pacientes com zumbidos. 2011. Tese (Doutorado) - Curso de Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
6. ROSA, Marine Raquel Diniz da, et al. Zumbido e ansiedade: uma revisão da literatura. Revista Cefac, São Paulo, v. 14, n. 4, p. 742-754, 14 fev. 2012.
7. STRUMILA R., LENGVENYTĖ A., VAINUTIENĖ V., LESINSKAS E. The role of questioning environment, personality traits, depressive and anxiety symptoms in tinnitus severity perception. Psychiatr Q. 2017;88(4):865-877. doi:10.1007/s11126-017- 9502-2
8. SILVEIRA, Maria Luísa de Oliveira. Prevalência de sintomas depressivos em idosos com queixa de zumbido. 2011. 15 f. Monografia (Especialização) - Curso de Fonoaudiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
9. KEHRLE, Helga Moura. Relação do incômodo do zumbido com os potenciais evocados auditivos do tronco encefálico e com os transtornos de ansiedade e depressão em indivíduos com limiar auditivo normal. 2012. 184 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Brasília, 2012.
10. GOPINATH B, MCMAHON CM, ROCHTCHINA E, KARPA MJ, MITCHELL P. Risk factors and impacts of incident tinnitus in older adults. Ann Epidemiol. Feb2010; 20(2):129- 35. (29).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
783
ZUMBIDO E SEU IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS SEM PERDA AUDITIVA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O envelhecimento é um processo natural que acomete todos os órgãos e sistemas, incluindo o auditivo. Além da perda auditiva denominada presbiacusia, o idoso pode se queixar de zumbido, que é uma sensação auditiva percebida que não tem origem do meio externo. É um sintoma oriundo de diversas causas, muito recorrente, e que pode gerar desconforto. Objetivo: caracterizar o impacto do zumbido na qualidade de vida de idosos sem perda auditiva. Método: Estudo clínico descritivo, transversal e analítico que foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número 10266919.1.0000. Cento e um pacientes com idade igual ou superior a 60 anos realizaram audiometria tonal limiar, sendo que 32 deles, que apresentaram limiares de audibilidade com média inferior a 25 dBNA e logoaudiometria preservada responderam ao Tinnitus Handicap Inventory (THI). O THI possui 25 questões que avaliam a parte funcional, emocional, e a catastrófica, com pontuação que varia de 0 a 100 e classifica o impacto como normal (0 a 16 pontos); Leve (16 a 36 pontos); moderado (36 a 56 pontos), severo (56 a 76 pontos) e catastrófico (76 a 100 pontos). O método estatístico baseou-se nas medidas descritivas, teste de Spearman, Teste Exato de Fisher e Wilkoxon com p valor igual ou inferior a 5%. Resultados: A média de idade dos pacientes com zumbido foi 69,3 anos, sendo 23 (71,87%) pertencente ao sexo feminino e 9(28,13%), ao masculino. No THI, 8 (25%) pacientes apresentaram impacto normal, 16 (53,13%) apresentaram impacto leve, três (9,37%) impacto moderado, três (9,37%) impacto severo e um (3,13%) impacto catastrófico. A média geral da amostra foi 25,78, indicativo de impacto leve. O teste de correlação de Spearman indicou a ausência de correlação significativa entre idade e THI, e o teste de Wilcoxon mostrou que não houve diferença significativa no THI entre os sexos (p=0,110), e o Teste Exato de Fisher mostrou que não há associação entre cada nível de impacto do THI e o sexo (p=0,226). Conclusão: A amostra apresentou um impacto leve, e que o THI não se correlacionou com as variáveis de idade e sexo: A coleta de dados foi prejudicada com o fechamento das atividades práticas do hospital universitário em função da pandemia SARS - Covid-2, o que justifica o n da amostra, que se expandida poderia mostrar associação entre as variáveis elencadas.

Ferreira et al. Tinnitus handicap inventory: adaptação cultural para o Português Brasileiro. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), 2005, v. 17, n. 3, p. 303-310.
Figueiredo, RF; Azevedo, AA. Zumbido. Rio de Janeiro, 2013.
Newman et al .The development of the Tinnitus Handicap Inventory. Arch. Otolaryngol. Head Neck Surg. 1996, v. 122, n. 2, p. 143-148.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
671
ZUMBIDO EM PACIENTES COM DTM: UM ESTUDO DE PREVALÊNCIA
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


INTRODUÇÃO: O zumbido é classificado como um fenômeno fantasma, pois é caracterizado por uma sensação de som sem que haja a presença auditiva externa. Estima-se que 10% a 15% da população adulta apresente queixas de zumbido, o qual pode ter intensidade sonora variável de baixas a altas intensidades, podendo dessa forma afetar a saúde mental e bem-estar do sujeito portador. A etiologia do zumbido é multifatorial e dentre as principais causas encontram-se a perda auditiva, traumas e as disfunções temporomandibulares (DTMs). A relação entre a DTM e o zumbido ainda não está totalmente clara, porém conjectura-se que essa possível associação se deva a proximidade anatômica da articulação temporomandibular (ATM) e das estruturas auditivas e também pelo fato das duas estruturas apresentarem músculos divergentes mas que são inervados por nervos em comum (nervo trigêmeo e nervo glossofaríngeo). OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de zumbido nos pacientes com DTM atendidos no Centro Multidisciplinar de Dor Orofacial (CEMDOR) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). MÉTODO: Foi realizado um estudo observacional, analítico e transversal, com aprovação pelo comitê de ética em pesquisa (parecer nº 2.047.111/ CAEE 63173616.5.0000.0121), a fim de determinar a prevalência de zumbido em uma amostra de 165 prontuários, com dados de pacientes atendidos multidisciplinarmente na clínica do CEMDOR, no período de agosto de 2017 a julho de 2019. O diagnóstico de zumbido foi realizado por meio de questionários e relatos dos pacientes e o da DTM pelo Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD). RESULTADOS: A presença de zumbido foi relatada por 37 pacientes do total de 165 avaliados, resultando em uma prevalência de 22%. Destes pacientes, 31 (83,7%) eram mulheres e 6 (16,2%) eram homens. CONCLUSÃO: É possível inferir que 1 a cada 5 pacientes com DTM atendidos no CEMDOR no período de 2 anos, relataram a presença de sensação de zumbido. Os resultados da presente pesquisa sugerem uma possível correlação entre a DTM e a sensação de zumbido. Isso reforça a necessidade de se realizar um tratamento multidisciplinar, com ênfase na participação da Odontologia e da Fonoaudiologia, no controle da DTM e de seus sinais.

OMIDVAR, Shaghayegh; JAFARI, Zahra. Association Between Tinnitus and Temporomandibular Disorders: A Systematic Review and Meta-Analysis. Annals Of Otology, Rhinology & Laryngology, [s.l.], v. 128, n. 7, p.662-675, 16 abr. 2019. SAGE Publications.

LEVINE, Robert A.; ORON, Yahav. Tinnitus. The Human Auditory System - Fundamental Organization And Clinical Disorders, [s.l.], p.409-431, 2015. Elsevier.

LANGGUTH, Berthold. Treatment of tinnitus. Current Opinion In Otolaryngology & Head And Neck Surgery, [s.l.], v. 23, n. 5, p.361-368, out. 2015. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health).


TRABALHOS CIENTÍFICOS
465
“A SENSIBILIDADE DE UM PROTOCOLO DE TRIAGEM DO EQUILÍBRIO EM INDIVÍDUOS COM TONTURA”
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)


Introdução: O equilíbrio corporal é mantido pela união das informações captadas pelos sistemas visual, vestibular e proprioceptivo. Cerca de 5 a 7% da população mundial apresentam queixas de vertigem, desequilíbrio e tontura, o que pode causar o aumento de riscos de quedas. O risco de quedas é uma das razões de incapacidade e piora a qualidade de vida da população. A Posturografia é uma prova que possibilita observar o funcionamento dos sistemas vestibular, visual e somatosensorial para a manutenção do equilíbrio corporal, é um teste que depende de equipamentos com alto nível tecnológico, como: computadores, plataforma com sensores de peso e televisor. Já o Teste Clínico de Integração Sensorial e Equilíbrio (TCISE) é um instrumento de baixo custo de avaliação otoneurológica realizado com o indivíduo em posição vertical. Identificar precocemente o risco de quedas é importante, pois evita que as comobirdades ocasionadas pela falta de mobilidade se instalem e mantém por mais tempo a qualidade de vida dos individuos. Objetivo: Verificar a sensibilidade do TCISE em comparação com o teste padrão-ouro, a Posturografia, em indivíduos com tontura. Método: Este trabalho foi submetido para o Comite de Ética em seres humanos com o número CAAE: 27760920.6.0000.5479 e parecer aprovado pelo número 3.844.508. Foram considerados indivíduos de ambos os sexos; com idade acima de 18 anos que apresentaram queixas de tontura e/ou vertigem e que realizaram a Posturografia. Destes, foram excluídos da composição da amostra, indivíduos com alterações neurológicas; alterações visuais e/ou motoras; e que apresentassem peso superior a 120 kg. . Os participantes realizaram o TCISE em posição ereta com os pés unidos de olhos abertos e fechados em superfície estável e após em superfície instável de olhos abertos e fechados, utilizando almofada de 45 cm de largura; 24,7 cm de altura; 5 cm de espessura e 30 g/cm³ de densidade E cada posição, o indivíduo permaneceu 30 segundos. Resultados: Ao cruzar os resultados do TCISE com da Posturografia, obtivemos os seguintes valores de sensibilidade: posição estável com olhos abertos (0,0%); posição estável com olhos fechados (39,1%); posiçãoi instável com olhos abertos (52,2%); e posição instável com olhos fechados (87,0%). Já ao cruzar os resultados de posição instável com olhos fechados com o risco de queda, obtivemos uma sensibilidade de 85,7%. Conclusão: O TCISE na tarefa de superfície instável de olhos fechados foi significativamente sensível, quando comparado à Posturografia, podendo ser usado para triagem de indivíduos para detectar risco de queda precocemente.

Palavras-chave: Vertigem; Tontura; Equilíbrio postural; Doenças vestibulares; Qualidade de vida.

Hueb MM, Feliciano CP. Avaliação diagnóstica das síndromes vertiginosas. Rev. Hosp. Univ. Pedro Ernesto. 2012; 11(3): 7-23.
Massukawa ODT, Freitas GC. Posturografia dinâmica computadorizada na avaliação do equilíbrio corporal de indivíduos com disfunção vestibular. Audiol. Commun. Res. 2015; 20(2): 89-95.
Zanardini FH, Zeigelboim BS, Jurkiewicz AL, Marques JM, Bassetto JM. Reabilitação vestibular em idosos com tontura. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2007; 19(2): 177-184.
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Rosa LD, Fonseca ABM, Momensohn-Santos TM, Fiorini AC. Associação entre a autoreferência de tontura e testes de equilíbrio estático e dinâmico em idosos. Rev. Distúrb. Comum. 2019; 31(1): 3-11.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
307
“ATENÇÃO SECUNDÁRIA COMO FONTE NOTIFICADORA DE TRABALHADORES COM PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO, EM CURITIBA”
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)


Introdução: Dados registrados nos bancos oficiais sobre a Perda Auditiva Induzida por Ruído são importantes para se obtiver informações sobre o risco relacionado ao ruído no trabalho. Com o intuito de atender aos trabalhadores com suspeita de agravos à saúde relacionados ao trabalho, incluindo os procedimentos compreendidos entre o primeiro atendimento até a notificação, o desenho do caminho percorrido pela ficha individual de notificação dado pelos sistemas de informação e de assistência dos casos de PAIR parte da unidade básica de saúde, onde avaliará as queixas do usuário trabalhador.
Objetivo: analisar os encaminhamentos dados aos trabalhadores com Perda Auditiva Induzida por Ruído pela atenção básica a uma unidade de atenção secundária, onde foi realizado diagnostico e feito a notificação ao SINAN como também analisar as características dos trabalhadores.
Metodologia: A amostra escolhida foram n=33 trabalhadores notificados pelo SINAN com diagnóstico de Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR), nos últimos três anos (2016 a 2018). Analisado a notificação do trabalhador com PAIR através do desenho feito pelo sistema de informação e assistência da saúde do trabalhador e os dados da própria ficha do SINAN, de fatores sócio demográficos, de antecedentes ocupacionais, queixas e sintomas relacionados à exposição a agentes otoagressivos, dados de morbidade e exames audiológico (audiometria tonal liminar, logoaudiometria e teste de imitância acústica). Os dados serão analisados quantitativamente e as relações entre as variáveis levantadas serão efetuadas por procedimentos estatísticos, por testes paramétricos e não paramétricos, ao nível de significância igual ou menor que 0,05.
Resultados: A maioria dos casos foi no gênero masculino, com idade de 60 a 69 anos, ocupação motorista; 15,2% frequentaram a escola cerca de 11 anos; a queixa/sintoma mais referida foi o zumbido e dificuldade de compreensão da fala, tempo de exposição ao ruído foram 20 a 29 anos. Observou-se entre a correlação R foi positiva, significa que maior idade está relacionada com maiores limiares, ou seja, piora da audição. A FIN foi realizada pela atenção secundária que demonstrou que passou pela atenção primária e não ocorreu sua notificação ao SINAN.
Conclusão: trabalhadores com PAIR, masculino, motorista, mais de 20 anos de exposição, com sequela permanente. Notificação tardiamente pela atenção secundária que participa da rede do SUS com ponto de atenção de média complexidade diferente da atenção básica que é porta de entrada de assistência a saúde do trabalhador. O predomínio da faixa etária de 60 a 69 anos nesta pesquisa entendeu a demora na procura dos cuidados com a saúde auditiva, levando este tardiamento da identificação da perda auditiva e o não registro no SINAN, permitindo ser pouco estudada e investigada pela referência em saúde do trabalhador do município.




1. Gonçalves CGO, Luders D, Pedroso H. Perception and knowledge of occupational health primary professionals` on notification of noise-induced hearing loss in Curitiba - PR. CoDas. 2016; 28: 575-82. DOI: 10.1590/2317-1782/20162015264
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4. Hammann, E.M.; Laguardia, J. Reflexões Sobre a Vigilância Epidemiológica: Mais Além da Notificação Compulsória. Informe Epidemiológico do SUS. 2000;9(3):211-19.
5. Mendes, E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde. 2011;549 p.: il.
6. Franco TB. Fluxograma Descritor e Projetos Terapêuticos em Apoio ao Planejamento: o caso de Luz (MG); in Merhy, E.E. et al, O Trabalho em Saúde: Olhando e Experienciando o SUS no Cotidiano.Hucitec, São Paulo, 2003.
7. Brasil, Ministério da Saúde Gabinete do Ministro. Portaria n. 205, de 17 de fevereiro. Brasília-DF, 2016.
8. Penna MLF. Condição marcadora e eventos sentinelas na avaliação de serviços de saúde (mimeografado) 16p. s/d.
9. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Perda auditiva induzida por ruído (Pair) / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Editora do Ministério da Saúde, 40p.:il.– (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Saúde do Trabalhador; 5. Protocolos de Complexidade Diferenciada) Brasília, 2006.
10. “Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho (MPT-OIT): 2017. Dados acessados em [15.04.2019]. Disponível online no seguinte endereço http://observatoriosst.mpt.mp.br”


TRABALHOS CIENTÍFICOS
2114
“CARACTERIZAÇÃO DE SUJEITOS COM AFASIA PÓS AVC EM AMBIENTE HOSPITAR”
Trabalho científico
Linguagem (LGG)


TÍTULO: “Caracterização de sujeitos com afasia pós AVC em ambiente hospitar”


Introdução: Definido pela World Health Organization (WHO), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) tem origem vascular de uma disfunção neurológica aguda(4). Sendo uma das principais causas de morte no mundo, o AVC apresenta estatísticas de 36 milhões de óbitos(2). Atualmente no Brasil é considerada uma das principais causas de incapacidade e a segunda causa de mortalidade de indivíduos(3). As afasias podem decorrer de danos neurológicos causados por AVC, levando a uma desorganização da linguagem, e estas lesões acometem geralmente o lado esquerdo, áreas motoras responsáveis por habilidades de ordenação dos movimentos da fala(1).A avaliação beira leito é fundamental para análise dos aspectos linguísticos e como está a linguagem do indivíduo, proporcionando melhor tratamento(2). Objetivo: O estudo teve por objetivo caracterizar sociodemograficamente sujeitos em beira de leito, com diagnóstico de AVC em forma de análise de dados de um hospital público de referência no interior do estado de São Paulo. Método: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de ética da instituição responsável pela pesquisa com aprovação sob (CAE: 03961318.8.0000.5417-3). A amostra foi de conveniência e composta por 80 sujeitos com diagnóstico de afasia, decorrentes de AVC isquêmico com prejuízo na linguagem, em situação de beira de leito do Hospital de Base de Bauru, localizado no interior de São Paulo, por um período de 6 meses. Para análise, foram coletados dados dos prontuários dos pacientes, referentes a idade, sexo, escolaridade, profissão, principais fatores de risco, caracterização em relação ao através do lado lesionado no sistema nervoso central. Os dados foram inseridos em planilha no excel para análise estatística e representados em tabelas e gráficos. Resultados: A amostra apresentou distribuição heterogênea para os sujeitos do gênero masculino e feminino (50%). Em relação a dominância manual, a amostra apresentou valores de (76,25%) para o lado direito, o nível de escolaridade na amostra apresentou predominância para fundamental incompleto (40%) e (61,25%) da amostra é aposentado. Quanto aos fatores de risco, o tabagismo apresentou (23,75%) da amostra. O lado da lesão é representado pelo lado esquerdo com (77,5) da amostra. Conclusão: A caracterização sociodemograficamente de sujeitos com AVC beira leito, sua descrição e taxa de incidência na linha de cuidado ao AVC na região de Bauru/SP auxilia para futuras diretrizes de políticas públicas neste âmbito.

(1)Fontanesi, S. R. O., & Schmidt, A. (2016). Intervenções em afasia: uma revisão integrativa. Revista CEFAC, 18(1), 252-262.
(2)Lima, S. M., & Maldonade, I. (2016). Avaliação da linguagem de pacientes no leito hospitalar depois do Acidente Vascular Cerebral. Distúrbios da Comunicação, 28(4).
(3)Sampaio, G. R., & Moreira, E. (2016). Caracterização dos distúrbios comunicativos em indivíduos pós avci por meio da aplicação adaptada da bateria mac. Distúrbios da Comunicação, 28(3).
(4)WORLD HEALTH ORGANIZATION– WHO. Cerebrovascular disorders. Geneva:WHO; 1978.


TRABALHOS CIENTÍFICOS
1689
“LUAU ENTOANDO O AMOR”: UMA ESTRATÉGIA DE HUMANIZAÇÃO E COMUNICAÇÃO EFETIVA NO AMBIENTE HOSPITALAR.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)



NTRODUÇÃO: O Ambiente hospitalar é norteado de algumas situações que geram medo, insegurança e ansiedade, desta forma, compreender o significado das propostas de humanização inclui a utilização de estratégias que alcancem os profissionais e pacientes. Na hospitalização, o paciente sofre rupturas que interferem em seus papéis ocupacionais e no seu desempenho funcional para realização das suas atividades de vida diária. Numa enfermaria, ele passa por procedimentos invasivos e a escuta palavras frias e desconhecidas. Dessa forma, a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes deve ser efetiva e não tratada apenas como um processo de instituição hospitalar, pois essa fase repercute em várias esferas na vida do paciente, o que pode se configurar inclusive como fator desencadeante de melhora clínica. Diante desta comunicação, é fundamental discutir novas práticas interdisciplinares que buscam o desenvolvimento de ambientes mais saudáveis, com abordagens que priorizem a saúde e não a doença, visando implantar ações que mobilizem a mudança do padrão de assistência ao paciente internado. OBJETIVO: Relatar a experiência do “Luau Entoando o Amor”, como uma estratégia de enfrentamento e oportunidade de comunicações efetivas entre pacientes, acompanhantes e profissionais da saúde. MÉTODO: O Projeto foi apresentado e aprovado pela Gerência Multidisciplinar e à Coordenação de Educação Continuada de um hospital de referência em Cardiologia e Neurologia. A ação foi promovida pelas equipes de Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional do hospital e contou com profissionais da equipe multidisciplinar. O luau ocorreu no ano de 2019 em quatro edições, cada uma com duração de 01 hora e 30 minutos. Os pacientes foram direcionados para a área externa, provenientes das enfermarias cardiológicas e neurológicas (adulto e pediátrica) da unidade hospitalar. As equipes responsáveis realizaram avaliação prévia, com a identificação de possíveis dificuldades que pudessem limitar a participação efetiva dos pacientes na ação desenvolvida. As ações foram constituídas por meio de uma tríade: Músicas escolhidas e cantadas pelos pacientes e profissionais da unidade hospitalar, atividades que proporcionem a execução de habilidades como a memória, orientação temporal e atenção, com a finalidade de promover um espaço em que haja convivência e troca de experiências entre pacientes, acompanhantes e profissionais. RESULTADOS: O luau ocorreu em edições temáticas: Dia Mundial da Voz, São João, Dia das Crianças e Natal, e contou com a participação de cerca de 400 pessoas. Os pacientes e acompanhantes relataram que as músicas facilitaram a expressão das emoções e aumento da capacidade de enfrentamento da doença no período de internação. Os mesmos tiveram a oportunidade de exercer a sua singularidade através das opções musicais e atividades propostas durante a execução do luau. Os profissionais de saúde em geral puderam manter um maior vinculo com os pacientes. As equipes de Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional exerceram com singularidade suas funções na melhoria do processo comunicativo no ambiente hospitalar, com a promoção de um espaço significativo e harmonioso. CONCLUSÃO: O Luau entoando o amor tornou-se uma estratégia que estimula a expressão da identidade social e autonomia dos pacientes, aliado a diminuição da sensação de despersonalização e insegurança pela internação hospitalar.