CONSULTA DE TRABALHOS
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GRUPOS DE PESQUISA
2213
A NOSSA VOZ EM PAUTA
Voz (VOZ)
HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA
Idealizado e coordenado pela Profª. Drª. Mauriceia Cassol, o grupo A Nossa Voz em Pauta é um espaço de pesquisa voltado para a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Foi criado no ano de 2015 com os principais objetivos de unir conhecimentos científicos de diversas áreas relacionadas à voz, trocar experiências que envolvem pesquisas nas áreas de reabilitação vocal, aprimoramento vocal e envelhecimento da voz, além de estruturar e proporcionar atividades de extensão para a comunidade interna e externa da universidade acerca de assuntos relacionados à área da voz, levando em consideração principalmente à saúde vocal. Desenvolvemos estudos em duas linhas de pesquisas: Fundamentos da Reabilitação Musculoesquelética pertencente ao Programa de Pós-Graduação de Ciências da Reabilitação e Estudos em Fonoaudiologia: Avaliação, Promoção e Reabilitação da Comunicação Humana pertencente ao Departamento de Fonoaudiologia. Os projetos de pesquisa realizados pelo grupo têm interface com as áreas de Fisioterapia, Psicologia e Medicina, além da realização de parcerias com outras áreas da Fonoaudiologia. Nosso grupo é cadastrado no Diretório de Grupos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é formado por docentes, pós graduandos, graduandos e bolsistas de iniciação científica que produzem pesquisas na área de voz.
PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO
Os projetos de Doutorado em andamento são: “Efeitos de Técnicas de Trato Vocal Semiocluído para a Voz de Coristas Idosos”; “Promoção das Habilidades Vocais e Comunicacionais para Falar em Público em Universitários”; “Efeitos da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea e da Terapia Manual Laríngea na Disfonia Por Tensão Muscular: Ensaio Clínico Randomizado”;” Efeitos do Uso de Incentivadores Respiratórios na Reabilitação de Idosos com Disfonia: Ensaio Clínico Randomizado”; “Programa de Intervenção Musculoesquelética Vocal para Professores Universitários: Ensaio Clínico Controlado Randomizado” . No Mestrado o projeto “Verificação do efeito na ansiedade e no estresse após um programa de aprimoramento de habilidades comunicativas com enfoque para falar em público” está sendo desenvolvido. Os projetos têm parcerias com Iniciação Científica, Graduação – Trabalhos de Conclusão de Curso – e Especialização. Além disso, o Grupo possui um projeto em andamento no Ambulatório de Voz do Serviço de Otorrinolaringologia pertencente ao Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, com o título “Dados Epidemiológicos e Clínicos de um Ambulatório de Voz Vinculado ao SUS”.
PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Atualmente as parcerias acontecem à nível nacional, como coorientações de projetos de doutorado. Contamos com a colaboração do curso de Psicologia da UFCSPA, com a Dra. Sheila Gonçalves Câmara; com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo a participação da Dra. Chenia Caldeira Martinez; com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Dr. Ângelo José Gonçalves Bós; com a Universidade de São Paulo (USP) - Campus Bauru, tendo a Dra. Kelly Cristina Alves Silvério, e com a parceria do Centro de Estudos da Voz sob supervisão da Dra. Mara Behlau.
PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
As pesquisas do grupo “A Nossa Voz em Pauta” já foram apresentadas em eventos nacionais e internacionais. O Congresso da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) e o da Fundação de Otorrinolaringologia (FORL) são os mais recorrentes no Brasil. As apresentações orais e de pôsteres internacionais têm maior frequência nos Congressos proporcionados pela International Association of Logopedics and Phoniatrics (IALP), na qual os últimos com participações foram em Taiwan (2019) e Dublin (2016). Além disso, foram produzidos 21 artigos desde a criação oficial do grupo, sendo 6 deles no Journal of Voice, uma das mais conceituadas revistas na área de Voz; 4 no periódico Folia Phoniatrica et Logopaedica e outros 3 artigos publicados em revistas internacionais (International Archives of Otorhinolaryngology; Public Health and Preventive Medicine; Pan-American Journal of Aging Research). As revistas nacionais com publicação são: Revista Audiology - Communication Research (ACR) com 2 artigos; 3 artigos na revista CEFAC; 2 artigos na Communication Disorders, Audiology and Swallowing (CoDAS) e contando 1 artigo na revista Estudos de Psicologia. Os artigos envolveram a área de voz, com parceria de pesquisadores das áreas de Neurologia, Otorrinolaringologia, Geriatria, Fisioterapia, e Psicologia.
IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS.
Os projetos realizados pelo grupo de pesquisa têm como principal objetivo fomentar a prática clínica de profissionais que atuam na área da voz. Pesquisas que envolvem novos tratamentos, programas terapêuticos e achados clínicos de diversos distúrbios vocais são os principais focos dos projetos desenvolvidos pelo grupo. Estes estudos são amplamente divulgados por meio de publicações em periódicos na área de Voz e da Fonoaudiologia. Nossas pesquisas são desenvolvidas com pacientes do Serviço Único de Saúde (SUS), comunidade docente e discente da universidade, além de sujeitos externos à comunidade acadêmica, o que proporciona benefícios à sociedade de uma forma geral. Também ocorre anualmente o evento do Dia Mundial da Voz, em que o grupo de pesquisa organiza e divulga para a comunidade externa e interna da universidade práticas de saúde vocal, além de proporcionar apresentações envolvendo artistas e grupos locais que neste evento têm a oportunidade de divulgar o seu talento vocal.
O grupo A Nossa Voz Em Pauta vem estudando e dedicando os seus conhecimentos na produção de achados científicos que auxiliem no desenvolvimento e crescimento da prática baseada em evidências na área de voz. Desta forma, desejamos compartilhar os avanços da ciência vocal com a comunidade acadêmica e também beneficiar a comunidade externa na promoção e reabilitação da saúde vocal.
GRUPOS DE PESQUISA
2250
BREVE HISTÓRIA DO GRUPO DE ESTUDOS EM DIVERSIDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE E FONOAUDIOLOGIA
Saúde Coletiva (SC)
HISTÓRICO: Cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desde o ano de 2016, o Grupo de Estudos em Diversidade, Educação, Saúde e Fonoaudiologia (GEDESF) foi idealizado por um grupo de docentes da Universidade Federal da Paraíba com o intuito de abranger temas em que a Fonoaudiologia fosse o cerne e permeasse transversalmente. Tem como principais linhas de pesquisa: Distribuição e fatores determinantes da saúde da comunicação humana e Saúde, Educação, Trabalho e Inclusão Social. Atualmente possui três pesquisadoras responsáveis, conta com três técnicos e 11 estudantes que vêm colaborando e fortalecendo os estudos que vêm sendo desenvolvidos. PRINCIPAIS PROJETOS: Os projetos de pesquisa sob a coordenação das docentes pesquisadoras do Grupo que já foram concluídos têm como título Contribuição da Fonoaudiologia e da educação popular na promoção da saúde de grupos minoritários; Atuação fonoaudiológica junto à educação: caminhos percorridos e possibilidades de mudanças; Atuação fonoaudiológica em escolas: diversidade, interdisciplinaridade e inclusão; Riscos ocupacionais da prática fonoaudiológica na Atenção Básica; Riscos ocupacionais na atuação de cabeleireiros e possíveis impactos na saúde vocal; Análise da exposição ocupacional e possíveis impactos na qualidade vocal de Agentes Comunitários de Saúde; No que tange aos projetos em andamento vinculados ao Grupo, esses abrangem as áreas de Cuidados Paliativos, Educação, Saúde do Trabalhador e Saúde Coletiva. Nessa perspectiva, considerando o momento de pandemia, enfatiza-se um que aborda o tema da COVID-19, o qual está em fase de coleta de dados e tem como objetivo geral investigar a prática de fonoaudiólogos em diferentes cenários de atuação durante a pandemia do novo coronavírus na cidade de João Pessoa-PB. Outro projeto em destaque coloca em pauta o conhecimento de profissionais da saúde acerca do trabalho do fonoaudiólogo na equipe de Cuidados Paliativos aos pacientes oncológicos. Ainda no que concerne aos projetos que estão sendo desenvolvidos, salienta-se o intitulado Educação popular em saúde na escola: (re)escrevendo o futuro, que tem como principal objetivo realizar ações que favoreçam o desenvolvimento da aprendizagem em instituições de ensino infantil e fundamental que atendem crianças em situação de vulnerabilidade social na cidade de João Pessoa.-PB. Além disso, duas das pesquisadoras foram contempladas recentemente com bolsa no edital do PIBIC (vigência 2020-2021), sendo acrescido mais dois projetos que tratam sobre os Cuidados Paliativos e a Diversidade na Educação, respectivamente. PRODUTOS OBTIDOS: Desse modo, o grupo vem se consolidando, amadurecendo conhecimentos, realizando parcerias e ampliando a presença dos seus membros em eventos científicos bem como o número de publicações nos últimos quatro anos. Dentre alguns dos trabalhos que se destacaram, pode-se citar: O outro na escola: algumas representações a respeito das diferenças. In: XXIV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2016, São Paulo. (resumo expandido em Anais); Representações dos profissionais da educação para o fonoaudiólogo educacional: reflexões sobre atuação fonoaudiológica em escolas. In: XXIV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2016, São Paulo (resumo expandido em Anais); O protagonismo da Fonoaudiologia na perspectiva da Saúde Coletiva (trabalho premiado/resumo em Anais); A Fonoaudiologia no cuidado à população LGBT: da formação à atuação. In: 12° Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, 2018 (resumo em Anais); O conhecimento do Agente Comunitário de Saúde acerca da atuação fonoaudiológica. In: XXV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2017, Salvador (resumo em Anais); A educação popular como possibilidade de transformação no contexto escola. In: XXIV Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2016, São Paulo (resumo em Anais); Educação Popular: construindo outra saúde na escola. In: Pesquisa e Educação Popular: construindo conhecimentos em saúde a partir da extensão. 1°ed. João pessoa: Editora UFPB, 2019, p. 68-93 (capítulo de livro); Variação no limiar auditivo em mulheres durante o ciclo menstrual. International Archives of Otorhinolaryngology (Print), v. 21, p. 108, 2017 (artigo); Acessibilidade a serviços públicos especializados de saúde bucal na perspectiva dos usuários brasileiros. International Journal of Environmental Research and Public Health , v. 13, p. 1026, 2016 (artigo). Representações dos profissionais da educação acerca do fonoaudiólogo educacional. Revista Distúrbios da Comunicação, v. 30, p. 186-193, 2018 (artigo); Estágio em Saúde Coletiva: Formação em Fonoaudiologia. Revista Ciência Plural, v. 3, p. 93-110, 2018 (artigo); Concepções de surdez na voz dos interpretes de libras. Revista educação especial, v. 32, p. 96, 2019 (artigo); Riscos ocupacionais da prática fonoaudiológica na Atenção Básica. Revista Brasileira Ciências da Saúde, v. 23, p. 431-452, 2019 (artigo); Triagem auditiva escolar no Brasil: uma análise espacial. Revista Brasileira Ciências da Saúde, v. 23, p. 73-84, 2019 (artigo); Disfagia em idosos pós acidente vascular cerebral: checklist para rastreamento. Revista Ibero-Americana de saúde e envelhecimento, v. 5, p. 1895-1909, 2019 (artigo); Educação Popular no cuidado integral ao usuário de álcool e outras drogas: um caminho possível. Revista de educação popular, v. Esp, p. 219-232, 2020 (artigo); Instituições educacionais como campo de pesquisas fonoaudiológicas: uma análise das publicações em periódicos brasileiros. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 22, n. 3, e16719, 2020 (artigo); A Fonoaudiologia Educacional nos currículos dos Programas de Fonoaudiologia do Brasil. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 22, n. 3, e1320, 2020 (artigo). IMPACTO SOCIAL: Como impacto social das pesquisas, indubitavelmente, está a reflexão acerca das diversas possibilidades de inserção do profissional fonoaudiólogo em diferentes níveis de atenção à saúde. O Grupo acredita que o cuidado da Fonoaudiologia, pensando-a como ciência da comunicação humana, deve perpassar por diversos âmbitos e abraçar as mais distintas demandas, em todos os ciclos de vida e em qualquer circunstância biopsicossocial. O fonoaudiólogo, como qualquer outro profissional da saúde, não pode ser engessado pelos modelos convencionais de assistência e restringir sua prática ao seu núcleo de saber. Ele deve ir além! Deve recriar, sempre que possível, seus modos de produzir cuidado, considerando o trabalho em equipe e o contexto singular, mas também plural, que envolve a condição humana.
GRUPOS DE PESQUISA
2259
CENTRO DE PESQUISA AUDIOLÓGICA - CPA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
O Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) sediado no campus da Universidade de São Paulo, município Bauru, foi criado em parceria do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), ambos deste campus, sendo homologado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1990, para no mesmo ano, ser registrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq). Assim, neste ano de 2020, sob a liderança do Prof. Dr. Orozimbo Alves Costa, o CPA está comemorando 30 anos voltados à Ciência da Audição (1990-2020), o que justifica realizarmos uma reflexão sobre esta trajetória.
No início da década de 90, os Prof. Dr. Orozimbo Alves Costa e Profa. Dra Cecília Bevilacqua cumpriam a dupla missão de integrar os serviços em saúde auditiva existentes no HRAC (LEAL, CEDIL, CEDIAU) e de estruturar o primeiro currículo do Curso de Fonoaudiologia da FOB-USP. Neste contexto, ambos os professores vislumbraram o Campus USP/Bauru como um ambiente que reunia as características apropriadas e integradas nas esferas de ensino, de pesquisa e de extensão para a criação do Centro de Pesquisas Audiológicas constituindo-se no primeiro centro especializado na Ciência da Audição criado no Brasil.
Com sede no campus USP/Bauru, o CPA é constituído por docentes da área de Audiologia do Curso de Fonoaudiologia da FOB, graduação e pós graduação, profissionais não docentes do HRAC e FOB, como também alunos de graduação e pós-graduação. Ressalta-se a participação de pesquisadores de outras universidades e centros de pesquisa nacionais e internacionais, o que têm possibilitado o desenvolvimento de pesquisas multicêntricas, assim como, firmar convênios acadêmicos inter-institucionais. O conhecimento produzido no CPA tem subsidiado ações e políticas públicas em saúde auditiva, assim como, as recomendações voltadas à Telessaúde em Fonoaudiologia. No contexto da Telessáude, os pesquisadores do CPA coordenam projetos na Linha de Pesquisa Telessaúde em Fonoaudiologia, sendo a única inserida em um Programa de Pós-graduação, no caso, o Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da FOB-USP.
Neste contexto acadêmico, o Centro de Pesquisas Audiológicas da USP/ Bauru é reconhecido no Brasil e exterior, pois muitas das práticas e protocolos utilizados atualmente são baseados em evidências científicas obtidas com as pesquisas que desenvolvemos e continuamos a desenvolver no CPA. Importante destacar também que, pesquisadores do CPA têm assumido papel de liderança frente as sociedades científicas no Brasil e exterior.
A seguir, estão descritas as linhas de pesquisa do CPA, com os seus respectivos objetivos:
Dispositivos eletrônicos de amplificação sonora e equipamentos auxiliares de audição: aparelho de amplificação sonora individual, Sistema FM e aparelhos semi-implantáveis. Objetivos: Aprimorar os processos de seleção, indicação e adaptação dos dispositivos eletrônicos de amplificação sonora e equipamentos auxiliares de audição nas perdas auditivas condutivas, mistas e sensorioneurais; unilaterais ou bilaterais; de graus leves a profundo. Analisar aspectos da verificação da adaptação e a satisfação do usuário, pois o bom êxito neste processo reflete na qualidade de vida do indivíduo. Adicionalmente, investigar o impacto do uso do Sistema FM em ambiente escolar e social.
Habilitação e Reabilitação na deficiência auditiva. Objetivos: Avaliar o processo de (re) habilitação da deficiência auditiva nas diferentes faixas etárias, envolvendo a orientação e aconselhamento do paciente e família. Estudar o desenvolvimento das habilidades auditivas, da percepção auditiva da fala, da aquisição da linguagem oral de crianças com deficiência auditiva usuárias de novas tecnologias, assim como, os protocolos de avaliação e mensuração dos aspectos mencionados.
Políticas Públicas e Saúde Auditiva. Objetivos: Investigar os indicadores de qualidade do processo de diagnóstico; da seleção, indicação e adaptação AASIs e da terapia fonoaudiológica, no que se refere à satisfação e aos benefícios do usuário atendido nos Serviços de Saúde Auditiva de média e de alta complexidade credenciados pelo Ministério da Saúde. Estudar a função auditiva e os seus distúrbios, por meio de ações de saúde e projetos voltados à prevenção, identificação, diagnóstico e tratamento da deficiência auditiva.
Privação sensorial e o implante coclear no tratamento da deficiência auditiva sensorioneural e em casos difÍcIeis. Objetivos: Produzir conhecimento científico voltado ao implante coclear, com a análise do impacto na percepção da fala e habilidades comunicativas do indivíduo com deficiência auditiva neurossensorial severa e profunda, assim como, em casos difíceis, por meio de procedimentos comportamentais, eletroacústicos e eletrofisiológicos. Os resultados obtidos fornecerão subsídios para a definição dos critérios de indicação, procedimentos cirúrgicos e acompanhamento, incluindo o implante coclear bilateral.
Telessaúde em Fonoaudiologia. Objetivos: Avaliar as tecnologias interativas a fim de viabilizar o acesso da população aos serviços especializados, a formação continuada de profissionais da área da saúde e o acesso a centros de referência por meio de novas sistemáticas educacionais de forma presencial ou a distância. Neste contexto, aplicar métodos científicos para desenvolver novas tecnologias duras (ex: equipamentos), leve-duras (ex: saberes estruturados) e leves (ex: relação de trabalho) para o fornecimento de cuidados fonoaudiológicos.
Na apresentação abordaremos um projeto de cada linha de pesquisa que tenham sido fundamentais na produção de evidências científicas para sustentar os serviços de saúde auditiva, nas instituições de origem dos pesquisadores.
Para finalizar, no momento atual, com o olhar mais abrangente para as ações assumidas pelos órgão governamentais voltadas à Ciência e Tecnologia, compreendemos que a estrutura do Centro de Pesquisas Audiológicas que, possibilita a existência de um grupo de pesquisa sedimentado no Diretório do CNPq, formado por pesquisadores de diversas instituições nacionais e internacionais, é um dos caminhos promissores para o crescimento da ciência brasileira.
GRUPOS DE PESQUISA
2246
CONHECENDO AS PESQUISAS DO NÚCLEO DE ESTUDOS EM LINGUAGEM E FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS (NELF)
Linguagem (LGG)
O Núcleo de Estudos em Linguagem e Funções Estomatognáticas (NELF) é um grupo cadastrado na plataforma do CNPq, vinculado à Universidade Federal da Paraíba. O mesmo desenvolve pesquisas que alcançam o desenvolvimento típico e atípico e as possíveis intervenções fonoaudiológicas no contexto da linguagem, da aprendizagem e das funções estomatognáticas. Para o congresso fono2020, o nosso grupo apresentará a linha de pesquisa em linguagem oral e escrita, bem como suas respectivas nuances.
Dentre os estudos realizados no núcleo, destaca-se a temática que aborda a Microcefalia relacionada à transmissão vertical pelo Zika vírus. No âmbito da linguagem, está sendo desenvolvida uma pesquisa que objetiva analisar o desempenho das habilidades linguísticas das crianças acometidas com o referido agravo. Para tanto, busca-se caracterizar o desenvolvimento infantil da população estudada, descrever o desempenho das habilidades linguísticas e por fim associar os achados da pesquisa aos exames de imagem. O tipo de estudo será experimental de campo realizado através de três etapas: A primeira será uma entrevista estruturada com os responsáveis da criança como também serão verificados laudos médicos que confirmem a presença da microcefalia pelo Zika vírus. Na segunda etapa serão avaliadas as habilidades linguísticas das crianças através de dois instrumentos: Observação do Comportamento Comunicativo e Teste de Denver II. Para finalizar, as habilidades linguísticas serão associadas aos resultados dos exames de imagem através do preenchimento de um Checklist. Desta forma, acredita-se que a pesquisa proporcionará o conhecimento acerca das habilidades linguísticas desse público bem como novas expectativas com relação à estimulação precoce e melhoria no prognóstico linguístico.
Outras pesquisas estão sendo desenvolvidas no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por se tratar de um transtorno de amplo espectro, encontramos uma diversidade de características entre os indivíduos e a linguagem merece um destaque importante. Um estudo realizado por nosso grupo de pesquisa descreveu as habilidades linguísticas de crianças com TEA considerando a perspectiva clínica e familiar e foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco por meio do projeto de extensão “Fonoaudiologia e Autismo: Conhecer, Intervir e Incluir”. A linguagem das crianças com TEA foi analisada a partir do uso de protocolos aplicados aos pais e aos terapeutas. Os resultados demonstraram que ambos identificaram déficits nos níveis morfológico, semântico, sintático e pragmático, sendo o aspecto semântico registrado com o menor comprometimento. Ainda com relação ao TEA, dois trabalhos estão em andamento em nosso grupo, o primeiro, aborda os aspectos linguísticos e comunicativos de crianças com TEA que fazem uso de um sistema de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) e o segundo tem por objetivo analisar as interações entre criança com TEA e os pais surdos por meio da utilização de um sistema de CAA. Diante da dimensão que o TEA vem sendo apontado na população e por se tratar de um transtorno que pode apresentar grande repercussão na vida do indivíduo e de sua família, toda e qualquer contribuição científica nessa área passa a ser importante para a população estudada.
Além das pesquisas anteriores, desenvolvemos estudos abordando a temática da Síndrome de Down, este ano, mais especificamente, nas perspectivas da Apraxia de Fala na Infância, alteração resultante de um comprometimento central no planejamento e/ou programação de parâmetros espaço-temporais das sequências de movimento, podendo apresentar sua etiologia associada à desordens neurodesenvolvimentais complexas. Neste contexto, a Eletroencefalografia (EEG), por meio do registro de potenciais relacionados à eventos, torna-se uma ferramenta útil por ser um instrumento objetivo que permite analisar o funcionamento do cérebro durante a realização de tarefas específicas de fala. Desse modo, investigamos o perfil do processamento linguístico em crianças com desenvolvimento típico e com síndrome de Down, associada ou não à apraxia de fala, considerando três aspectos fonológicos principais: vozeamento, modo e ponto de articulação. Dois experimentos de EEG são propostos: uma tarefa de repetição de imagem/palavra e uma tarefa de nomeação de imagem. Nossa hipótese é que o grupo com apraxia pode apresentar diferenças de amplitude em uma janela de tempo posterior (450-600ms), refletindo processos específicos no planejamento motor e codificação fonética. Diante disso, o estudo contribuirá para a compreensão do funcionamento cerebral de crianças em circunstâncias típicas e atípicas de produção da fala, bem como para analisar os aspectos clínicos e processamento linguístico por meio dos registros eletroencefalográficos, permitindo uma descrição e fornecendo parâmetros que poderão auxiliar no diagnóstico diferencial e intervenção fonoaudiológica em (re)habilitação da linguagem.
Considerando, por fim, uma outra perspectiva de investigação, no Brasil as taxas de prevalência encontradas de transtorno específico de aprendizagem (DSM-5) foram: 7,6% para comprometimento global, 5,4% para comprometimento na escrita, 6,0% para comprometimento na área da aritmética e 7,5% para comprometimento na leitura. Partindo desses dados e da demanda que vem aumentado no campo fonoaudiológico com relação aos transtornos de aprendizagem, nossos estudos tem se voltado, também, para compreender melhor os critérios diagnósticos na avaliação desses transtornos, além de investigar critérios diagnósticos nos transtornos de atenção, que muitas das vezes também apresentam queixas de aprendizagem associadas. Objetivamos validar o protocolo de avaliação multiprofissional dos transtornos atencionais e de aprendizagem; investigar quais domínios mais afetados em crianças com transtorno de aprendizagem e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, além de analisar a inter-relação de dados da neuropsicologia, psicopedagogia e linguagem. A metodologia do estudo envolve a criação de um protocolo de avaliação de crianças e adolescentes com queixas de aprendizagem escolar e desatenção. Os participantes passam por uma avaliação multiprofissional, dentre elas: neuropsicológica, psicopedagógica e fonoaudiológica. Na avaliação fonoaudiológica são investigadas as habilidades de: vocabulário, fonologia, discurso, nomeação automática rápida, consciência fonológica, memória operacional fonológica, consciência fonoarticulatória, leitura e escrita. Tal estudo se justifica pela necessidade de instrumentos de investigação e diagnóstico multiprofissional, considerando os fundamentos da neuropsicologia, psicologia e fonoaudiologia na avaliação infantil e juvenil.
Por tudo o que foi exposto, este grupo de pesquisa contempla aspectos de investigação fonoaudiológica, buscando compreender os transtornos linguísticos relacionados ao Zika Vírus, à síndrome de Down, assim como ao Transtorno do Espectro Autista e os Transtornos Específicos de Aprendizagem. Esta compreensão auxiliará no direcionamento de procedimentos assertivos voltados à intervenção fonoaudiológica.
GRUPOS DE PESQUISA
2254
FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DEGLUTIÇÃO, VOZ E FUNÇÕES CORRELATAS
Outras - Voz e Disfagia
HISTÓRICO: O grupo de Pesquisa (GP) intitulado: Fisiologia e Fisiopatologia da Deglutição, Voz e Funções Correlatas reúne pesquisadores nas áreas de Fonoaudiologia, Fisioterapia, Odontologia e Otorrinolaringologia vinculados à Universidade Federal de Pernambuco. Formado em 2019 pela líder: Adriana de Oliveira Camargo Gomes, professora associada, na área de voz e vice-líder: Coeli Regina Carneiro Ximenes, professora adjunta, na área de disfagia, o GP tem o objetivo de ampliar o conhecimento científico e promover a consolidação da produção científica nas áreas de voz e deglutição, envolvendo docentes e discentes de graduação em Fonoaudiologia e Pós-graduação em Saúde da Comunicação Humana, Gerontologia, Odontologia e Cirurgia. O grupo desenvolve pesquisas científicas nas seguintes linhas: Fisiologia e Fisiopatologia da deglutição e funções correlatas e Fisiologia e Fisiopatologia da voz e funções correlatas. PROJETOS DE PESQUISA: Desenvolvidos no biênio 2019/2020, nas áreas de voz e disfagia: Efeito de técnicas de trato vocal semiocluído nas disfonias e no aprimoramento vocal; Deglutição, fala e voz em indivíduos com e sem alterações craniofaciais; Análise Instrumental da Voz e do Trato Vocal; Deglutição, fala e voz em indivíduos com e sem alterações craniofaciais; A vez da voz na terceira idade; Comunicação: questões de percepção e produção da voz e da fala no âmbito social, clínico e profissional; Queixas vocais e performance comunicativa em estudantes de Comunicação Social; A voz na locução em audiodescrição de entretenimento infantil; Transgênero: Conhecer para cuidar; Características da deglutição e assistência fonoaudiológica ao paciente crítico infectado pelo sars-cov-2; Contribuições da terapia com luz de baixa intensidade para redução da sialorreia em crianças com dano encefálico crônico; Reabilitação Funcional de pacientes maxilectomizados com utilização de prótese obturadora; Qualidade de vida relacionada à disfagia de pacientes assistidos pelo teleatendimento fonoaudiológico durante o período da pandemia do SARS-CoV-2. Na área de laringologia: Condroplastia para ressecção da proeminência laríngea em mulheres transgênero; Feminização da voz de mulheres transgêneras submetidas à Glotoplastia de Wendler; Surgical Interventions for Pediatric Unilateral Vocal Fold Paralysis: A Systematic Review and Meta-Analysis; Voice and Patient-Reported Outcomes of Endoscopic Shortening Glottoplasty in Transgender Women: Systematic Review and Meta-Analysis. E projetos de extensão com enfoque no ensino, pesquisa e atenção à população, nas temáticas: A voz do idoso: diagnóstico e tratamento fonoaudiológico; A voz do Transgênero; Pró-Parkinson voz; Interface da Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia: Integralidade na abordagem ao paciente; Atuação Interdisciplinar no diagnóstico e tratamento das disfagias; Liga Acadêmica de Fononcologia da UFPE. PARCERIAS NACIONAIS: Parceria em Projetos Multicêntricos com o Centro de Estudos da Voz – CEV, coordenadora: Dra Mara Suzana Behlau, título: Risco vocal em futuros Fonoaudiólogos: uma população que precisa ser cuidada desde o ensino da graduação, parceria: Dra Jonia Alves de Lucena – UFPE; e com a Divisão de Fonoaudiologia do HCFMUSP, coordenadora: Dra Cláudia Furquim de Andrade, título: Estudo clinico para avaliar a performance e segurança da deglutição em pacientes críticos com COVID-19, parceria: Dra Coeli Regina Carneiro Ximenes – UFPE. PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS: No biênio 2019/2020 o grupo publicou 11 pesquisas e outras 4 estão aceitas para publicação (In press), além de 4 resenhas críticas. Os produtos, segundo a revista, título e ano de publicação foram: “International Archives of Otorhinolaryngology” - Vocal Fold Polyps: Literature Review, 2019; Laryngeal and Vocal Characterization of Asymptomatic Adults With Sulcus Vocalis, 2019. “Dysphagia” - Comparison of oropharyngeal Dysphagia in Brazilian Children with prenatal exposure to Zika vírus, with and without Microcephaly, 2020. “European Journal of Public Health” - The immediate effect of vocal technique associated with virtual reality game in people with Parkinsons disease, 2020. “Journal of Patient Experience” - Prospective Analysis of Health-Related Quality of Life in Older Adults With Cancer, 2020. “Revista CODAS” - O uso da voz em artistas de rua, 2019; Atividade elétrica dos músculos masseter e supra-hióideo durante a deglutição do paciente com esclerose múltipla, 2019. “Revista CEFAC” - Vocal range profile in elderly women with and without voice symptom, 2019; Speech-language disorders in CADASIL: a case report, 2020; Characterization of care provided at a Speech Therapy School Clinic affiliated with the Brazilian public healthcare system, 2020. “Revista Distúrbios da Comunicação” - Medidas eletromiográficas dos músculos supra-hióideos durante a deglutição de idosos, 2020; Resenhas - Análise morfométrica baseada em tomografia computadorizada da prega vocal de cantores profissionais de ópera, 2019; Efeitos a longo prazo de Lee Silverman Voice Treatment no uso cotidiano da doença de Parkinson, 2019; Reliability of indirect facial measurements obtained by a single three-dimensional digital stereophotograph in relation to standard direct facial measures in children, 2020; Repercussão dos sintomas disfágicos na qualidade de vida em adultos com paralisia cerebral, 2020. “Journal of voice” - (artigos in press): Effect of resonance tube technique on oropharyngeal geometry and voice in individuals with parkinson’s disease; Oropharygeal geometry and the singing voice: Imediate effect of two semi-occluded vocal tract exercices; Imediate effect of the Finger-Kazoo technique associated with glissandos in the voice of individuals with Parkinson’s disease;Parkinson’s disease; Immediate Effect of a Ressonance Tube on the vocal range profile of choristers. IMPACTOS CLÍNICOS E SOCIAIS: Os projetos de extensão citados constituem importantes serviços de referência multidisciplinar na região e preenchem importante lacuna na assistência à população conveniada ao sistema único de saúde - SUS. A prestação de serviço é realizada na Clínica de Fonoaudiologia Professor Fábio Lessa-UFPE, em parceria com a equipe de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da UFPE, núcleo de Assistência ao Idoso-NAI e Projeto Pró-Parkinson-UFPE. PERSPECTIVAS FUTURAS: Ampliação das redes de pesquisa com interface nas áreas de conhecimento em tecnologias e ciências afins; Incremento das publicações científicas na área da Fonoaudiologia e afins; Submissão de projetos em editais de fomento a fim de adquirir equipamentos e softwares para os laboratórios de voz, laringe e disfagia, a fim de favorecer o diagnóstico, tratamento e a produção científica em voz, deglutição e áreas correlatas.
GRUPOS DE PESQUISA
2226
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AUDIÇÃO , EQUILÍBRIO E ZUMBIDO-GEPAEZ
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA:
O grupo de estudos e pesquisas em audição, equilíbrio e zumbido- GEPAEZ foi criado em 2014 com intuito de ampliar pesquisas na área de Audiologia, incentivando a formação de novos pesquisadores e aumento da produção científica. É coordenado pela Profa. Dra.Marine Rosa e é composto por fonoaudiólogos e profissionais da saúde e áreas afins (Otorrinolaringologia, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia, Nutrição, Educação Física e Enfermagem) , como também discentes de iniciação científica, monitoria e pós-graduação (mestrado e doutorado), que compartilham do interesse em pesquisar e expandir o conhecimento sobre audição, equilíbrio, zumbido e suas interlocuções. Desenvolvemos pesquisa científica em torno das linhas: 1. Percepção Auditiva/Processamento Auditivo (Central) e habilidades auditivas; 2. Zumbido e multidisciplinaridade; 3. Questões hormonais, emocionais e audição. Desde o início, temos focado os estudos, as pesquisas e desenvolvimento de produtos voltados, mais especificamente, para o sintoma zumbido, permeando as demais linhas de pesquisa do grupo.
PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA:
Os projetos são desenvolvidos por discentes de iniciação científica, mestrado e doutorado. A grande maioria é fruto de trabalhos de iniciação científica, dissertação de mestrado e doutorado do curso de Fonoaudiologia e dos Programas de Pós-Graduação em Fonoaudiologia-PPGFon (UFRN/UFPB/UNCISAL) e em Neurociências e Comportamento-PPGNEC. Alguns em parceria com laboratórios e núcleos da própria Instituição (UFPB) e outros com parcerias nacionais ou internacionais. Por exemplo:
1. Interferência dos hormônios femininos e ansiedade na percepção do zumbido
2. Tradução e adaptação cultural do tinnitus functional índex-TFI para o português brasileiro
3. Efeito neuromodulatório e neuroplástico da estimulação transcraniana por corrente contínua em pacientes com zumbido
4. Avaliação do potencial cortical (p300) em indivíduos com queixa de zumbido
5. Eletroencefalograma para investigar mudanças na atividade cerebral de pacientes com zumbido
6. Associação entre distúrbios do sono e zumbido em adultos
7. Programação neurolinguística associada à terapia sonora no tratamento do zumbido crônico
8. Plasticidade neural x zumbido: utilização do treinamento auditivo como opção terapêutica para adaptação do sintoma zumbido
9. Eletroacupuntura x zumbido: utilização de técnica para tratamento do zumbido
10. Uso da laserterapia em pacientes com zumbido e DTM (em andamento: mestrado, parceria local).
11. Teste de Usabilidade do Aplicativo de Avaliação do Zumbido –Avazum
12. Perfil dos Profissionais Especializados no Atendimento a Pacientes com Zumbido no Brasil
13. Mindfulness e Zumbido
14. Tradução material cuidado centrado na pessoa com zumbido (IDA INSTITUTE)
PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
O GEPAEZ tem parceria local com professores e pesquisadores/laboratórios da Universidade Federal da Paraíba-UFPB (Laboratório de Ecologia Comportamental e Psicobiologia-Lecopsi; Laboratório de Estudos em Envelhecimento e Neurociências-Laben; NeuroconexõesUFPB; Núcleo de estudos em Linguagem e Funções Estomatognáticas-NELF; Núcleo de Estudos em Saúde Mental-NESMEP; Equipe Literacia de Inovação Tecnológica em Saúde – ELITS; Hospital Universitário Lauro Wanderley-HULW nos setores de Otorrinolaringologia, Neurologia, Acupuntura e Serviço de Controle da Dor Orofacial). Além de parceria com duas empresas privadas de aparelhos auditivos.
As parcerias nacionais são desenvolvidas por meio de colaboração em pequisas, coorientação em projetos, participação em bancas e publicações. E as principais são: em São Paulo (Universidade de São Paulo-UNIFESP: Dr. Ektor Onishi e Dra. Fátima Branco-Barreiro; Faculdade de Medicina de São Paulo-FMUSP: Dra. Eliane Schochat; Hospital das Clínicas FMUSP: Dra. Jeanne Oiticica; Instituto GANZ Sanchez: Dra Tanit Ganz Sanchez), no Paraná (Dra. Luciana Marchiori e Dra. Angela Ribas) e Rio grande do Norte (Dra. Emelie Katarina Svahn Leão).
As parcerias internacionais foram pactuadas por meio de visitas técnicas, contato por e-mail e research fellow entre a líder do GEPAEZ e os pesquisadores da OREGON HEALTH & SCIENCE UNIVERSITY-OSHU: Dr. James Henry; University of Manchester-UoM: Dra. Karolina Kluk de Kort e University of Zurick-UZH: Dr. Tobias Kleinjung; IDA Institute-Dinamarca.
PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
O grupo tem se dedicado à produção científica e de produtos que auxiliem no diagnóstico, avaliação e manejo de pacientes com zumbido. Para tanto, desenvolvemos:
1. PROGRAMA DE CÁLCULO DO POSICIONAMENTO DE ELETRODOS DO SI 10/20. 2016.
Programa de Computador. Número do registro: BR512016001836-4
Instituição de registro: INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
2. Eletroposition. 2017
Modelo de Utilidade. Número do registro: BR5120170011729
Instituição de registro: INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial
3. AVAZUM. 2020.
Programa de Computador. Número do registro: BR512020001425-9
Instituição de registro: INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS
O GEPEAZ também desenvolve projetos de impacto clínico e social.
1. EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: Atendimento Transdisciplinar de pacientes com queixa de zumbido.
O projeto tem o objetivo de atender pacientes com queixa de zumbido (comunidade, alunos, funcionários, professores, familiares), realizar avaliações, encaminhamentos e oferecer opções de tratamento. O projeto está vinculado ao edital PROBEX da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UFPB. Os pacientes passam por uma bateria de avaliações: anamnese, questionários, exame físico, exames auditivos e avaliação do zumbido. Posteriormente, acontece uma discussão de cada caso com a equipe multidisciplinar e, então, o paciente é encaminhado para as avaliações complementares para identificar-se a provável causa do zumbido. Em seguida, é encaminhado para a opção de tratamento mais adequada. O mesmo permanece em acompanhamento por tempo indeterminado.
2. DIA Z
O DIA Z é um dia em que todos os pacientes e a equipe se reúnem. Os encontros são onde são realizadas atividades e dinâmicas em grupo abordando vários temas voltados para o zumbido e suas possibilidades terapêuticas. Além de abrir espaço para compartilhar saberes, dúvidas e experiências.
3. ENCONTRO MULTIDICISPLINAR SOBRE ZUMBIDO
Evento científico anual em comemoração ao NOVEMBRO LARANJA. O evento aborda, por meio de palestras e casos clínicos uma abordagem multidisciplinar do zumbido. Voltado para estudantes, profissionais e, principalmente, para pessoas que sofrem ou conhecem alguém com o sintoma do zumbido. Este evento faz parte da Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido e tem como intuito popularizar a realidade preocupante do aumento de zumbido no ouvido.
4. GRUPO DE WHATSAPP PARA ACOMPANHAMENTO DOS PACIENTES COM ZUMBIDO.
5.PODCAST: NÃO É CONVERSA PARA BOI ZUNIR
É uma conversa sobre temas relacionados ao zumbido com profissionais com expertise na área.
PERSPECTIVAS FUTURAS
Fortalecer parcerias e criar outras. Além de desenvolver protocolos de avaliação e tratamento/acompanhamento do zumbido.
GRUPOS DE PESQUISA
2206
GRUPO DE ESTUDOS PLENAMENTE - ABORDAGENS EM SAÚDE MENTAL - GEPASM
Saúde Coletiva (SC)
O grupo de estudo e pesquisa intitulado como PlenaMENTE - Abordagens em Saúde Mental - GEPASM é um grupo de pesquisa Multidisciplinar composto por discentes, docentes e profissionais de saúde que tem como objetivo fortalecer a atenção e promover a saúde de forma integral nos diversos ciclos e setores da vida. O grupo desenvolve estudos relativos à saúde mental, suas interfaces e suas implicações nas práticas e no ensino, à qualidade de vida, e à compreensão dos significados do sofrimento psíquico. Realiza propostas de implementação de práticas em saúde mental junto à populações específicas no âmbito da promoção, prevenção, tratamento e reinserção social.
O grupo tem como linhas de pesquisa: Cuidados e atenção à saúde mental das pessoas nos diversos ciclos e setores da vida, cuidados e atenção à saúde mental em pessoas com transtornos mentais, novas tecnologias em saúde, na enfermagem e no ensino em saúde e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Nossas pesquisas encontram-se vinculadas à linha Cuidados e atenção à saúde mental das pessoas nos diversos ciclos e setores da vida e tem como pesquisadores uma docente de Fonoaudiologia (que também é preceptora da Residência Profissional em Saúde Mental) e três discentes do curso de fonoaudiologia, os quais desenvolvem pesquisas sobre fonoaudiologia e saúde mental, saúde mental e surdez, processos psicossociais e audiologia.
Atualmente, esse núcleo de pesquisadores da linha desenvolve duas pesquisas sendo a primeira sobre os Processos Psicossociais relacionados aos distúrbios da Audição do Equilíbrio onde são realizados projetos iniciação à pesquisa e Trabalhos de Conclusão de Curso com pacientes com queixas de Zumbido que possuem ou não quadros associados como deficiência auditiva, ansiedade e depressão, esta pesquisa produziu aplicativos em parceria com o Instituto Federal, trabalhos de Conclusão de Curso, resumos em congressos, Simpósio Virtual e atualmente também é tese de doutorado da orientadora deste núcleo.
Outra pesquisa é uma pesquisa multicêntrica, parte de um projeto internacional em parceria com pesquisadores da Espanha, Austrália, Portugal e Itália, tendo como objetivo avaliar os impactos físicos, psicológicos e cognitivos causados pela pandemia COVID-19, neste caso somos responsáveis pela coleta na população brasileira para organização de um panorama mundial. A pesquisa conta com a participação de três docentes de fonoaudiologia e três discentes do curso de fonoaudiologia, uma docente e um discente do curso de enfermagem e alguns pesquisadores de mais cinco instituições no Brasil. A pesquisa é dividida em módulos temáticos realizado por meio de formulários eletrônicos que coletam informações sociodemográficas e autorreferidas a respeito de reações físicas vivenciadas neste período de isolamento social, como sintomas otoneurológicos, psicológicos e comportamentos sociais (principalmente relacionados à comunicação) considerados como impactos biopsicossociais decorrentes deste panorama, considerando que a tontura e o zumbido, juntamente com a ansiedade e a depressão podem contribuir significamente para o agravamento destes aspectos psicológicos e cognitivos da saúde dos indivíduos.
Outro módulo da mesma pesquisa que encontram-se em andamento é intitulado “Reações psicossociais de pessoas surdas frente a pandemia COVID-19”, tendo em vista a dificuldade de comunicação enfrentada pela comunidade surda e o agravamento desta com uso de máscaras e a escassez de informação nos meios de comunicação adaptados para a Língua Brasileira de Sinais - Libras, há uma grande probabilidade de mudanças comportamentais na comunidade surda causando assim impacto nas reações psicológicas, cognitivas e principalmente a falta de comunicação. Consequentemente, é de grande necessidade a verificação destes comportamentos para que providências e estratégias de enfrentamento possa ser desenvolvidas adequadamente.
O uso das redes sociais como forma de coleta de pesquisa, gerenciamento de informações em saúde e outros também são, indiretamente objeto de nosso estudo e aprendizado. Ressalta-se assim a importância das redes sociais, principalmente em tempos de pandemia, como instrumento de comunicação, relacionando ainda com a fonoaudiologia, a qual cuida de todos os aspectos da comunicação, processo pelo qual nós seres humanos trocamos informações, fazemos questionamentos, expressamos nossos sentimentos e pensamentos.
A compreensão desta realidade proporcionará suportes para a criação de estratégias para melhoramento aos problemas causados pela pandemia, principalmente relacionada a comunicação humana, correlação entre estado de saúde e as consequências decorrentes do período de isolamento social e levantamento dos preditores de saúde mental na população brasileira, como também estratégias de enfrentamento relacionados às questões psicológicas, físicas e cognitivas que podem ainda serem apresentados nas pessoas após a pandemia.
Destacamos que a experiência de pesquisa do grupo PlenaMENTE tem colaborado de forma significativa para ampliação dos horizontes de atuação fonoaudiológica, bem como ressignificando o olhar para as demandas de pesquisa e colaboração na área da Fonoaudiologia nas suas interfaces com a Saúde Mental e, consequentemente, para a formação dos discentes em Fonoaudiologia.
GRUPOS DE PESQUISA
2247
GRUPO DE PESQUISA DO LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DO NEURODESENVOLVIMENTO (LIAN)
Linguagem (LGG)
HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA: O Grupo de Pesquisa do LIAN é vinculado a um grupo de pesquisa multiárea de uma universidade pública do interior paulista. Iniciou suas atividades com o Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da FOB-USP na Linha de Pesquisa Processos e Distúrbios da Linguagem. Atualmente é composto por integrantes da graduação e pós-graduação e tem parceria com pesquisadores nacionais e internacionais. O ritmo pulsante de suas atividades científicas vem contribuindo com a formação do pesquisador atuante em Fonoaudiologia e áreas afins, como Psicologia, Pedagogia, Letras, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Enfermagem. O alvo dos estudos deste grupo é a investigação das alterações do neurodesenvolvimento e padrões normativos do desenvolvimento infantil. Citam-se as pesquisas com diferentes quadros clínicos de origem neurológica e/ou genética ou condições de risco, como por exemplo: influências da prematuridade, paralisia cerebral e outras encefalopatias crônicas, Apraxia, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Hipotireoidismo Congênito, PKU (fenilcetonúria), Síndromes (Down, Angelman, Rett, Sequência de Robin, Smith-Magenis, Noonan, Williams, Rubinstein-Taybi, Hipomelanose de Ito, Joubert, Silver-Russel, Síndrome do X-Frágil, dentre outras), bem como nos processos de tradução e adaptação transculturais de instrumentos para avaliação e intervenção na área de linguagem.
PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO: Em toda a sua história, foram produzidas 32 pesquisas em nível de Iniciação Científica, 17 em nível de Mestrado, 5 em nível de Doutorado e 3 em nível de Pós-doutorado, totalizando 57 projetos concluídos ou em andamento. Destas, 75% tiveram suporte financeiro de agências de fomento, recebendo importante validação de mérito científico. Os resultados dos estudos foram e seguem sendo publicados em periódicos nacionais e internacionais da Saúde e da Educação, dando cumprimento à responsabilidade ética de socializar o conhecimento produzido, gerador de novas diretrizes e relevantes soluções técnico-científicas.
PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS: A coordenadora do LIAN manteve diversas parcerias nacionais e internacionais no decorrer de sua história, e algumas serão descritas a seguir. No ano de 2012, dois membros do grupo realizaram visita técnica à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Na ocasião, junto ao Doutor Pedro Lopes-dos-Santos foram iniciadas tratativas para parceria científica. Em 2013, participaram do Summer Course, e tiveram oportunidade de conhecer a Doutora Marina Fuertes, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa, e nesta ocasião delinearam um projeto de parceria técnica para estudos transculturais. O projeto em questão foi contemplado no Edital USP/UP, nº 2013.132012.1.7, da Pró-Reitoria de Pesquisa. Nos anos seguintes 2014, 2015, 2016 foram realizadas missões internacionais (com duração de 1 mês), nas quais os membros das equipes portuguesa e brasileira realizavam uma viagem por ano, com objetivo de analisar os dados recolhidos e trabalhar na execução de novos projetos e artigos. Ressalta-se o envolvimento de discentes, pós-graduandos dos programas portugueses (Porto e Lisboa) e brasileiro, para a coleta e análise de dados dos estudos transculturais. No ano de 2018 iniciou-se a construção de um novo projeto, envolvendo duas dissertações de Mestrado e um estudo de pós-doutoramento. No ano de 2019 realizou-se nova missão, para discussão e análises dos dados referente às pesquisas conjuntas. E, atualmente, em 2020, um novo projeto segue em delineamento com a equipe de pesquisadores portugueses. Os estudos transculturais versam sobre padrões de interação mãe-bebê e o desenvolvimento infantil. Outras ações do grupo estão em andamento. Integrantes do LIAN desenvolvem pesquisas direcionadas à tradução e adaptação transcultural de instrumentos, de avaliação do desenvolvimento infantil e intervenção curricular para indivíduos com TEA, bem como com suas famílias. Para tanto, estabeleceu-se parceria com os autores ou detentores dos direitos autorais do material a ser traduzido e adaptado, que são do Reino Unido, da Association for Research in Infant & Child Development (ARICD) com o estudo: Escala de Desenvolvimento Mental de Griffiths-III - normatização para população brasileira e dos Estados Unidos; da Universidade de Kentucky (Dra Lisa Ruble), com o estudo Collaborative Model for Promoting Competence and Success for students with Autism Spectrum Disorder (COMPASS): Tradução E Adaptação Transcultural. Também em fase de conclusão a dissertação de mestrado que se refere à tradução e adaptação transcultural de protocolo Kaufman Speech Praxis Test for Children (KSPT), numa parceria com a autora Nancy Kauffman (EUA). Os trabalhos na área de adaptação transcultural são desenvolvidos com rigor metodológico e análise psicométrica, que visam, a médio e longo prazo, potencializar a qualidade de investigação na área fonoaudiológica aplicada à população infantil com alteração no neurodesenvolvimento. O projeto “Aplicação do Programa More Than Words® com famílias de crianças com TEA no Brasil” é uma outra iniciativa para estudar novas tecnologias para a prática fonoaudiológica. Dos parceiros nacionais citamos: o Hospital de Anomalias Craniofaciais (HRAC-USP) e o grupo do Laboratório de Estudos em Avaliação e Diagnóstico fonoaudiológico da Unesp de Marília.
PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS: Ao longo desses anos, foram publicados artigos científicos em revistas de impacto nacionais e internacionais, capítulos de livros, além de materiais didáticos e técnicos. As pesquisas são apresentadas em eventos científicos nacionais e internacionais, havendo a preocupação com a formação continuada dos integrantes, alcançada com a participação em cursos como ouvintes e ministrantes.
IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS: A relevância social deste grupo de pesquisa tem sido em se apresentar como um polo regional de excelência no atendimento de pessoas de diferentes faixas etárias, preferencialmente de zero a seis anos com alterações do neurodesenvolvimento, bem como nos padrões normativos do desenvolvimento infantil. Os participantes desta linha de pesquisa têm formação abrangente docente/pesquisador com alto nível de competência acadêmica para o ensino superior e para a produção e disseminação de conhecimentos e práticas clínicas avançadas, respeitando o rigor científico e ético. Ao longo dos anos, os produtos deste grupo têm fornecido evidências científicas para o desenvolvimento de ações e implantação de programas inovadores junto aos serviços públicos de saúde e educação. Como perspectivas futuras pretendemos ampliar as parcerias nacionais e internacionais para a realização de estudos conjuntos e a publicação conjunta com os grupos.
GRUPOS DE PESQUISA
2257
GRUPO DE PESQUISA EM MOTRICIDADE OROFACIAL E DISFAGIA OROFARÍNGEA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (MOD-FOB/USP)
Motricidade Orofacial (MO) - Motricidade Orofacial e Disfagia Orofaríngea
Histórico do grupo de pesquisa
O Grupo de Pesquisa em Motricidade Orofacial e Disfagia Orofaríngea (MOD), coordenado pela Profa. Dra. Giédre Berretin-Felix, contempla projetos e atividades desenvolvidos junto a Linha de Pesquisa: Processos e Distúrbios da Voz, Fala e das Funções Orofaciais, do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP), na área de concentração “Processos e Distúrbios da Comunicação”, existente desde 2004.
Tem como objeto de estudo as funções de sucção, respiração, mastigação, deglutição e fala e estabelece importante parceria com a área da Voz. Atualmente, conta com 33 integrantes, sendo 3 docentes, 6 doutores convidados, 4 doutorandos, 5 mestrandos, 11 alunos de graduação, além de outros 4 pesquisadores que aguardam para ingresso na pós-graduação em próximos editais.
Apresenta ativa participação em eventos científicos e promove atividades que possibilitam a ampliação de oportunidades acadêmicas e profissionais, fortalecem o vínculo entre os membros, promovem a valorização da pesquisa aplicadas para a melhoria do ensino na graduação e da prática profissional.
Principais projetos de pesquisa desenvolvidos e/ou em andamento
As pesquisas desenvolvidas pelo grupo MOD estão inseridas em projetos vinculados ao Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da FOB/USP, sendo: FUNÇÕES OROFACIAIS E VOZ EM CASOS ODONTOLÓGICOS; AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO EM VOZ, FALA E FUNÇÕES OROFACIAIS; VOZ, FALA E DEGLUTIÇÃO NO ENVELHECIMENTO E NO ACOMETIMENTO NEUROLÓGICO. Estão vinculadas, também, a três grupos de pesquisa cadastrados no CNPq: 1- Voz e funções orofaciais (liderado pelas Profas. Dras. Giédre Berretin e Alcione Ghedini Brasolotto), 2 - Tradução e adaptação transcultural de instrumentos na área de saúde (liderado pela Profa. Dra. Giédre Berretin e Prof. Dr. Carlos Ferreira dos Santos), 3 - Telemedicina, Tecnologias Educacionais e eHealth (liderado pelos Profs. Drs. Chao Lung Wen e Raymundo Soares de Azevedo Neto), destacando-se neste último as pesquisas em tecnologias educacionais Interativas para potencialização da Educação em Saúde, recursos para avaliação de rendimento educacional, computação gráfica 3D e uso de impressora 3D (Homem Virtual).
Os temas dos principais projetos de pesquisa desenvolvidos ou em andamento são: I) Desenvolvimento, adaptação e validação de Protocolos de Avaliação em Motricidade Orofacial; II) Manuais de Aplicação de Protocolos de Avaliação; III) Redução de Protocolos/Instrumentos na Área da Saúde; IV) Tradução e adaptação transcultural de instrumentos para a língua portuguesa do Brasil e para a Língua Inglesa; V) Ensire: Simulação e Reflexão no Ensino em Fonoaudiologia; VI) Programas de Terapia voltados aos distúrbios miofuncionais orofaciais; VII) Modalidades coadjuvantes na reabilitação das disfagias orofaríngeas: biofeedback eletromiográfico e eletroestimulação neuromuscular; VIII) Jornada do paciente no processo de diagnóstico e intervenção fonoaudiológica: implicações para a Telefonoaudiologia; IX) Projeto Homem Virtual: Fisiopatologia da Fonação, Sucção e Deglutição em Iconografias 3D.
Parcerias nacionais e internacionais
No ano de 2010, a Profa. Dra. Giédre realizou seu pós-doutorado no Swallowing Research Laboratory, da University of Florida, Estados Unidos da América (EUA). O projeto “Efeito da estimulação elétrica transcutânea na função de deglutição em voluntários adultos e idosos” permitiu a imersão em um importante laboratório de pesquisa, com intenso treinamento teórico e prático voltado aos exames de manometria faríngea, função de língua e respiração, aplicados à deglutição.
Em 2019, o projeto de pesquisa intitulado “Tradução e adaptação transcultural do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial MBGR com escores para a língua inglesa” contou com duas etapas na University of South Florida-EUA.
Uma nova parceria está sendo estabelecida com o Gastrointestinal Motility Laboratory, Hospital de Mataro, Catalonia, Espanha, por intermédio da Dra. Weslania Viviane do Nascimento e possibilitará implementar projetos voltados a avaliação cortical da faringe, das vias aferentes da deglutição e estimulação transcraniana em indivíduos com disfagia orofaríngea neurogênica.
Os pesquisadores do MOD regularmente tem trabalhos científicos aceitos em congressos internacionais, a exemplo do European Society for Swallowing Disorders Congress e no congresso da Academy of Applied Myofunctional Sciences, tendo a Profª Drª Giédre, no ano de 2020, recebido o prêmio “Madame Marie Curie Award”, em reconhecimento à sua contribuição para o avanço das pesquisas que respaldam a atuação fonoaudiológica.
Produtos obtidos por meio das pesquisas desenvolvidas
Como resultados das pesquisas realizadas, os pesquisadores publicam artigos científicos com frequência em periódicos nacionais e internacionais. A produção cientifica da Profª Drª Giédre pode ser acessada por meio do link: http://lattes.cnpq.br/2975779418096613, sendo a grande maioria das suas produções realizadas em parceria com seus alunos de graduação e pós-graduação.
O grupo tem participação na elaboração dos livros da Associação Brasileira de Motricidade Orofacial (ABRAMO), e nos recentes “Tratado de Motricidade Orofacial”, “Fonoaudiologia: avaliação e diagnóstico”, “Fundamentos das revisões sistemáticas em saúde”, entre outros.
Impacto clínico e/ou social das pesquisas e perspectivas futuras
Dentre as atividades desenvolvidas pelo grupo MOD que tiveram impacto, destacamos o “Teste da Linguinha”. O protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês (Teste da Linguinha) foi desenvolvido e validado durante o mestrado e doutorado da Fonoaudióloga Roberta Lopes de Castro Martinelli na FOB/USP, sob a orientação da Profª Drª Giédre. O Projeto de Lei nº 4.832/12 de autoria do Deputado Federal Onofre Santo Agostini, “obriga a realização do protocolo de avaliação do frênulo da língua em bebês, em todos os hospitais e maternidades do Brasil”, foi sancionado pela Presidência da República e se converteu na Lei nº 13.002, de 20 de junho de 2014.
Atualmente o grupo conta com uma rede social (Instagram @uspmod) na qual são compartilhados trabalhos realizados pelo grupo, divulgados eventos mensais on-line como lives e webinars, onde não só os pesquisadores do grupo, como também, estudantes e profissionais da saúde e áreas afins podem atualizar seus conhecimentos constantemente, de forma gratuita.
Como perspectivas futuras, o grupo pretende consolidar-se como referência no desenvolvimento e validação de instrumentos de diagnóstico e programas de intervenção em motricidade orofacial e disfagia orofaríngea, implementar pesquisas na modalidade de teleconsulta e avançar em relação as parcerias nacionais e internacionais.
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GRUPOS DE PESQUISA
2227
GRUPO DE PESQUISA EM VOZ E ACÚSTICA DA FALA (GP - VOZ)
Voz (VOZ)
O GP-Voz é um grupo de Pesquisa coordenado pela professora doutora Ana Cristina Côrtes Gama e tem como membros discentes da graduação e pós-graduação do curso de fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e estudantes em coorientação situados em outros programas da UFMG.
A história do grupo começa em 2013, momento em que ocorre a abertura do programa de pós-graduação em Ciências Fonoaudiológicas da UFMG. Naquele período, a criação do GP-Voz se fez necessária para criar um espaço colaborativo e de ampliação do conhecimento entre estudantes de graduação, mestrado e doutorado cuja pesquisas estão vinculadas à saúde funcional da produção da voz e no desempenho da comunicação.
Nesse percurso, o grupo se estabeleceu como ponto de contato, troca e acompanhamento das pesquisas em curso, como também espaço para encontros de discussão científica e sobre perspectivas profissionais.
Desde 2013, já passaram pelo grupo: 16 estudantes da graduação em fonoaudiologia, sendo quatro com trabalhos de conclusão de curso e 12 de iniciação científica, além de 17 discentes de programas de pós-graduação, 15 de mestrado e dois de doutorado.
Atualmente o GP-Voz conta com 28 participantes, com sete graduandos, três estudantes de mestrado, sete do doutorado e uma aluna de pós-doutorado, das áreas de fonoaudiologia, otorrinolaringologia e fisioterapia. Os demais componentes do grupo são estudantes que almejam começar projetos de iniciação científica, egressos do curso de fonoaudiologia da UFMG e outros profissionais que pretendem entrar no programa de pós-graduação.
As pesquisas do GP-Voz estão centradas no Observatório de Saúde Funcional em Fonoaudiologia, localizado na Faculdade de Medicina da UFMG. É lá que se encontram os dispositivos tecnológicos que dão suporte aos projetos de pesquisa do GP-Voz, como o Programa de análise acústica da voz e fala CSL - Modelo 4500; Eletroglotógrafo Modelo 6103; Sistema aerodinâmico para CSL – Modelo 6600-1; Sistema de videolaringoscopia de alta velocidade – Modelo 9710; e Dosímetro vocal VoxLog®.
Destacam-se os projetos de pesquisa em andamento no GP-Voz: 1) Análise dos parâmetros acústicos, aerodinâmicos e eletroglotográficos da voz humana, que tem a proposta de avaliar a reciprocidade entre a onda acústica, eletroglotográfica e estrutural na vibração da prega vocal em seu movimento quase periódico e aperiódico. Além disso, esse projeto pretende analisar os parâmetros acústicos, aerodinâmicos, eletroglotográficos, laríngeos e as características da fonte glótica de distintas técnicas vocais; 2) Sítio de treinamento perceptivo-auditivo com vozes sintetizadas e humanas e a análise desse instrumento como programa de treinamento auditivo na concordância dos avaliadores na análise perceptivo-auditiva da voz; 3) Avaliação anatomofuncional das pregas vocais por meio da videolaringoscopia digital de alta velocidade, que investiga o padrão vibratório das pregas vocais nas diferentes faixas etárias e gêneros; 4) Análise das medidas de dose vocal no uso profissional da voz; e 5) Ensaios clínicos randomizados com objetivo de verificar o resultado terapêutico de procedimentos da clínica vocal em pacientes disfônicos.
No âmbito da UFMG destacam-se as parcerias com o Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas; Programa de Pós-Graduação em Ciência da Saúde, Área de Concentração Saúde da Criança e do Adolescente; e com a Faculdade de Letras.
Como parcerias nacionais a Faculdade de Odontologia de Bauru/USP; Universidade de Fortaleza; e Universidade Federal de São João Del Rey; e parceria internacional com a Universidade de Alberta, no Canadá.
Como fruto das pesquisas realizadas desde 2013, o GP-Voz já publicou 39 artigos científicos em revistas nacionais e internacionais, com cinco aceitos para publicação. Também já levou 39 resumos a congressos científicos da área. Para além do volume de produção científica com contribuição na avaliação e tratamento dos distúrbios da voz no âmbito da conduta terapêutica, destacam-se alguns trabalhos desenvolvidos no GP-Voz: Calibrador de avaliação perceptivo-auditiva da voz; e o Programa de treinamento perceptivo-auditivo, que apresentam impacto clínico e educacional importantes para acelerar a curva de aprendizagem na análise perceptivo-auditiva em estudantes de graduação e profissionais recém-formados.
A inserção de mais alunos do doutorado em Ciências Fonoaudiológicas da UFMG no GP-Voz pode aumentar as parcerias nacionais e internacionais e conseguir maior apoio e investimento para os projetos de pesquisa do grupo. Dessa maneira, ampliar o conhecimento científico, desenvolver maiores resultados de impacto social e fomentar a inovação na área de voz.
GRUPOS DE PESQUISA
2207
GRUPO DE PESQUISA PATOFISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
Motricidade Orofacial (MO)
HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA: O grupo de pesquisa Patofisiologia do Sistema Estomatognático – GPPSE registrado desde 2008 no Diretório de Grupos de Pesquisa CNPq tem como líderes os professores Hilton Justino e Daniele Cunha docentes do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Surgiu da necessidade de concentrar um grupo de professores, pesquisadores e discentes interessados na investigação que envolve a anatomofisiologia e as alterações funcionais do Sistema Estomatognático. Durante esses 12 anos de existência o grupo participou na formação de mais de 10 doutores, e um número superior a 30 em cada uma das categorias: mestrado, especialização, iniciação científica e trabalhos de conclusão de graduação. Tem suas linhas de pesquisa direcionadas para avaliação, diagnóstico funcional e tratamento das funções de sucção, respiração, mastigação, deglutição e fala. A fonação e a voz tem parcela importante em nossas investigações sendo representada em uma das linhas de pesquisa. O grupo de pesquisa tem investido durante todos esses anos no uso da tecnologia para a melhor compreensão dos achados clínicos relacionados às funções orofaciais. O uso de diferentes instrumentos para avaliação quantitativa em Motricidade Orofacial passou a ser uma marca do GPPSE. Assim, ao logo desse tempo o GPPSE montou 03 laboratórios de pesquisa localizados no departamento de Fonoaudiologia da UFPE: Laboratório de Motricidade Orofacial/Eletrofisiologia; Laboratório de Motricidade Orofacial/Avaliação Aerodinâmica da Respiração e da Fala e Laboratório de Documentação Fonoaudiológica. Os laboratórios alimentam duas linhas de pesquisa: Motricidade orofacial, Voz e Funções Correlatas do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Comunicação Humana PPGSCH - UFPE e Avaliação Clínica e Laboratorial em Odontologia do Programa de Pós-Graduação em Odontologia-UFPE. PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO: Os primeiros projetos desenvolvidos pelo GPPSE foram relacionados ao estudo das repercussões da respiração oral na aeração nasal e pesquisas envolvendo a avaliação da atividade elétrica dos músculos envolvidos nas funções orofaciais. Desde 2008 o grupo de Pesquisa tem tido interesse nesses temas sendo os primeiros projetos de pesquisa aprovados no CNPq: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO DE CRIANÇAS ASMÁTICAS E SUAS RELAÇÕES COM O ESTADO NUTRICIONAL (EDITAL UNIVERSAL CNPq 15/2007 PROCESSO n°. 476370/2007-8) e CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO, DEGLUTIÇÃO E POSTURA CERVICAL E SUAS RELAÇÕES COM FATORES MORFOFUNCIONAIS EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS E NÃO SUBMETIDOS À LARINGECTOMIA TOT)AL (Edital MCT/CNPq 14/2009 - Universal / Edital MCT/CNPq 14/2009 - Universal - Faixa B. O GPPSE tem histórico de aprovação de fomentos para pesquisa em diferentes instituições de apoio à pesquisa tendo sempre como temática o estudo do Sistema Estomatognático. Atualmente encontram-se em andamento dois projetos de pesquisa aprovados no edital universal coordenados por seus líderes: EFEITO DA LASERTERAPIA NA PERFORMANCE DO MÚSCULO MASSETER DURANTE A MASTIGAÇÃO (Chamada MCTIC/CNPq Nº 28/2018 - Universal/Faixa B) e EFEITOS DA TERAPIA COM BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO NA DEGLUTIÇÃO EM IDOSOS MASTIGAÇÃO (Chamada MCTIC/CNPq Universal/Faixa C). As pesquisas atuais contemplam os temas de Permeabilidade Nasal com uso de instrumentos como a rinomanometria; Uso de tecnologia nos efeitos da frenotomia em Anquiloglossia; Elaboração de Protocolos para Bruxismo. Uso da termografia na área de cabeça e pescoço; Uso de tecnologias na avaliação e tratamento da voz; Monitoramento da musculatura mastigatória com o uso de tecnologias vestíveis. PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS: O GPPSE atualmente tem pesquisas em parceria com diferentes membros de cursos de pós-graduação nacionais: UFPB; UFRGS e TUITI do Paraná). Internacionalmente tem iniciado parceria com universidades que possuem curso de Fonoaudiologia no Chile, na Colômbia e Estados Unidos.IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS. A contribuição que trouxe para ciência fonoaudiológica é reconhecida nacionalmente e internacionalmente com premiações em diversas categorias de congressos e eventos. Em especial existe a preocupação em relacionar o uso da alta tecnologia com instrumentos clínicos utilizados pelos fonoaudiólogos que estão na ponta dos serviços de atendimento clínico. Atualmente, o GPPSE continua focado em pesquisas relacionadas ao uso da tecnologia nas funções orofaciais. A aquisição de imagens com o uso da Termografia e Ultrassonografia são exemplos das novas tecnologias adquiridas pelos nossos laboratórios. O uso de tecnologias móveis e vestivéis para o monitoramento das funções estomatognáticas com uso do acelerômetro é também uma perspectiva futura que estão sendo desenvolvidos em 01 pós-doutorado, 05 doutorados 08 mestrados, 04 Iniciações científicas e 02 trabalhos de Conclusão de Curso.
GRUPOS DE PESQUISA
2233
LABORATÓRIO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM SAÚDE (LAIS) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: IMPACTOS À FONOAUDIOLOGIA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
“Fazer da ciência um instrumento de amor ao próximo, tendo como objetivo a cidadania, o bem-estar social e o desenvolvimento da área da saúde no Brasil por meio da inovação”. Esta é a missão do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde – LAIS- da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. A ideia nasceu em 2011, da inquietação de pesquisadores que percebiam a potencialidade em combinar os saberes das áreas de Saúde, Engenharia, Tecnologia da Informação e Comunicação. Seu objetivo é desenvolver pesquisas aplicadas à inovação tecnológica em saúde cooperando com a geração de produtos e/ou serviços para a saúde aplicados à formação de profissionais de diferentes áreas. É organizado nas seguintes bases: Acessibilidade e Reabilitação, Audição e Linguagem, Biomateriais e Implantes, Gestão e Informática na Saúde e Informação, Formação e Educação Continuada em Saúde. Por meio de parcerias nacionais e internacionais vem desenvolvendo projetos com a Organização Mundial da Saúde, os Ministérios da Saúde e da Educação, bem como com a FIOCRUZ, Instituições dos Estados Unidos, Portugal, França, Espanha, Itália, África do Sul e Canadá. Neste cenário, a Base de Pesquisa Audição e Linguagem integra docentes e discentes do curso de Graduação em Fonoaudiologia, bem como do Programa Associado de Pós-Graduação em Fonoaudiologia entre UFPB, UFRN e UNCISAL, Pós-Graduação em Saúde Coletiva e Pós-Graduação em Gestão e Inovação em Saúde (UFRN). O objetivo desta base é estudar e desenvolver tecnologias aplicadas à Fonoaudiologia, com ênfase na identificação, diagnóstico e reabilitação dos distúrbios da audição, assim como, identificar e caracterizar o desenvolvimento típico e atípico da audição e linguagem de bebês e crianças. Suas ações estão organizadas em seis projetos a saber: (1) Projeto Bambino: desenvolve ações voltadas a bebês com risco para a audição, contribuindo para identificação e caracterização da prevalência de alterações audiológicas e do desenvolvimentos em bebês prematuros ou com sífilis congênita. Além da definição de marcadores de desenvolvimento do sistema auditivo central em bebês nos dois primeiros anos de vida e na confirmação dos indicadores de risco para a deficiência auditiva em bebês com sífilis congênita. (2) Neuroaudiologia: voltado ao diagnóstico e intervenção de alterações do processamento auditivo central utilizando medidas psicoacústicas e eletrofisiológicas, caracterizado, portanto como uma ação assistencial realizada dentro do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) constituindo o único serviço público que realiza estas avaliações no Estado do RN; (3) Saúde auditiva do escolar: ações que enfocam desenvolver, validar e implementar um programa de saúde auditiva do escolar que englobe a identificação, monitoramento e educação em saúde auditiva de alunos da Rede Pública de Educação visando atuar na promoção e prevenção em diferentes níveis de atenção à saúde. Desde 2011, o grupo vem estudando acurácia e aplicabilidade de diferentes protocolos de rastreio auditivo com equipamentos audiológicos, tecnologias móveis e tecnologias leves (questionários) aplicados a identificacão da deficiência auditiva em escolares, bem como do desenvolvimento de um sistema de monitoramento para a gestão das informacões do programa na escola; (4) Acessibilidade auditiva: desenvolve estudos de validação e aplicabilidade de tecnologias que permitam melhorar o acesso aos sons da fala. Entre 2012 e 2013 os pesquisadores participaram de estudo multicêntrico coordenado pela FOB/USP e UFSCAR e que culminou com a Portaria N.1.234 de concessão do Sistema FM no SUS. Posteriormente, foi desenvolvido o Curso o Uso do Sistema de Frequência Modulada, na modalidade de educação à distância, para professores da Rede Pública com fomento do Ministério da Educação no período de 2015 a 2016 em parceria com outras Instituições como FOB/USP, PUC/SP, UFS, UFRJ e UFPB. Esse curso culminou num e-book lançado em 2019. (5) Tecnologias em audiologia: visa criar tecnologias para identificar, avaliar, diagnosticar e tratar distúrbios da audição. Neste projeto destacam-se estudos de validação de tecnologia móvel (smartphone e Ipad) na identificação da deficiência auditiva e do transtorno do Processamento Auditivo Central. Desde dezembro de 2017, em parceria com as Universidades de Pretoria, da Africa do Sul, a FOB/USP e a UFPB, foi realizada a tradução do teste de dígitos no ruído para o Português Brasileiro e estão sendo conduzidos estudos para validação do mesmo em diferentes faixas-etárias. A perspectiva é que este aplicativo possa vir a ser incorporado a Rede de Saúde para uso por profissionais da atenção básica e pela sociedade em geral, contribuindo para a promoção e prevenção da saúde auditiva. (6) Sintonia: visa empregar a inovação para que crianças com deficiência auditiva possam ouvir e falar. Neste projeto se destacam a validação de protocolos de avaliação e intervenção para famílias e cuidadores, professores e fonoaudiólogos de crianças com deficiência auditiva, bem como intervenções em grupo com estas crianças. A intervenção baseada em videofeedback é um exemplo de desenvolvimento tecnológico e inovação em desenvolvimento atualmente neste projeto. Parte destes projetos estão vinculados ao Programa Telessaúde do RN e ao Projeto Sífilis Não com o Ministério da Saúde. Suas ações sao executadas diretamente em Serviços do SUS: HUOL e Centro SUVAG do RN. Além da produção científica e técnica, destaca-se o desenvolvimento de conteúdos de cursos autoinstrucionais e webpalestras disponibilizados no Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS e no canal do youtube do Núcleo de Telessaúde. Além da realização de teleconsultoria assíncrona à profissionais da atenção básica e teleconsulta síncrona na área da saúde auditiva e reabilitacão auditiva. O LAIS é constituido por um grupo de pesquisa de base multidisciplinar com a inserção efetiva da Fonoaudiologia. A expertise de seus pesquisadores vem contribuindo no desenvolvimento de sistemas e produtos que possam resolve situações reais vivenciadas na Rede de Saúde do SUS gerando impactos científicos, sociais e econômicos, nascidos da união entre a humanização, inovação e tecnologia com a prática baseada em evidências. As perspectivas futuras são pautadas nestes princípios visando ampliar as ações para a validação e análise de custo-efetividade de tecnologias na área da audição, incorporação das mesmas ao SUS e propostas eficazes de programas de intervenção à pessoas com distúrbios da audição.
GRUPOS DE PESQUISA
2248
LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM VOZ LIFVOZ-FMUSP
Voz (VOZ)
HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA
O LIFVOZ FMUSP, reestruturado a partir 2007 sob a coordenação da Profa. Dra. Katia Nemr, possui três linhas de pesquisa alinhadas com os comitês do Departamento de Voz da SBFa: Voz Profissional, Voz Clínica e Fononcologia. Em cada uma participam graduandos de Fonoaudiologia (Iniciação Científica e Trabalhos de Conclusão de Curso), residentes em trabalho de conclusão de Programa de Residência Multiprofissional (Saúde e Trabalho), mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos.
Os projetos desenvolvidos são elaborados a partir de questionamentos com vistas ao aprimoramento do ensino, da pesquisa e da extensão.
E nossa missão é devolver à sociedade novos e inovadores conhecimentos e contribuir com o avanço de uma Fonoaudiologia científica, ética e conectada com o atual momento de mudanças e transformações.
PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO
Neste período vários projetos foram desenvolvidos em parceria com agências de fomento.
Merecem destaque os seguintes projetos já concluídos:
CNPQ-Produtividade em Pesquisa:
• Análise inter-observadores de protocolos de avaliação perceptivo-auditiva da voz
• Elaboração,aplicabilidade e validação de protocolo de anamnese fonoaudiológica para a clínica de voz
• Correlação entre protocolos de rastreio de disfonia e qualidade de vida em indivíduos disfônicos
CNPQ-Projeto Universal:
• Efetividade do Programa Vocal Cognitivo (PVC-HO) aplicado a indivíduos com sinais de presbilaringe com ou sem queixa vocal
• Correlação entre índice de severidade de disfonia (DSI) e análise acústica na avaliação vocal
FAPESP-Projeto Regular:
• Eficácia de programa de treinamento vocal por meio de análise perceptivo-auditiva, de videolaringoscopia de alta velocidade e eletroglotografia
Três novos projetos estão em desenvolvimento:
FAPESP: Risco de disfonia em profissionais da voz da Universidade de São Paulo: estudo epidemiológico multiprofissional
CNPQ: Voz e farmacovigilância: medicamentos, sintomas vocais e desvio vocal
USP: Covid-19: Impacto do período de distanciamento social na voz do professor
PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS:
Em andamento:
Universidade de São Paulo-Faculdade de Ciências Farmacêuticas, SP, Brasil, Profa. Dra. Patrícia Melo Aguiar
Universidade Federal Fluminense, RJ, Brasil – Profa. Dra. Flavia Viegas Trinas de Andrade
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP, Brasil- Profa. Dra. Zuleica Camargo
Em contato para parcerias:
Universidad Catolica Silva Henríquez, Santiago, Chile- Profa. Maria Celina Malebran Bezerra de Mello
Instituto Politécnico de Setúbal, Setubal, Portugal - Profa. Dra. Sónia Lima
Instituto Politécnico do Porto, Porto, Portugal - Prof. Dr. André Araújo
PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
Produção do LIFVOZ em números (2007-2020) disponível em http://lattes.cnpq.br/0757480117222839 e http://lattes.cnpq.br/1664439893090550).
Artigos publicados: 48
Artigos aceitos em 2020 (in press): 5
Capítulos de livros: 10
Trabalhos apresentados em congressos: 94
Trabalhos aprovados em congressos em 2020: 9
Orientações/supervisões concluídas: 45 Trabalhos de Conclusão de Curso, 27 Iniciações Científicas, 10 Mestrados, 1 Doutorado, 1 supervisão de Pós-doutorado, 3 supervisões do Programa de Aprimoramento de Ensino-USP.
Orientações em andamento: 2 Trabalhos de Conclusão de Curso, 4 Iniciações Científicas, 3 Mestrados.]
IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS.
Na voz profissional artística e não artística as investigações de risco de disfonia e/ou alterações vocais perceptivo-auditivas e acústicas têm contribuído com dados epidemiológicos e aplicação de técnicas vocais visando otimizar a comunicação destes profissionais. O Protocolo de Rastreio de Risco de Disfonia Geral (PRRD-G), desenvolvido no LIFVOZ, tem se mostrado um instrumento relevante para ensino, pesquisa e na clínica de voz. Estão sendo desenvolvidos os específicos para serem aplicados em associação ao Geral como PRRD-professores, PRRD-Atores, PRRD-Idosos. O PRRD-Infantil e o PRRD-Teatro Musical, são exemplos já aceitos para publicação. Os novos conhecimentos têm norteado ações para otimizar a performance vocal e a qualidade de vida destes profissionais. Destacamos a pesquisa com os profissionais da USP que, além de dados epidemiológicos, mostrou resultados positivos com a técnica do humming para os profissionais de comunicação, o que pode impactar beneficamente na atividade profissional.
Nessa mesma linha, a pesquisa que está em desenvolvimento sobre a voz do professor durante o distanciamento social tem tido grande e positiva repercussão. A primeira etapa deste estudo está sendo concluída com dados relevantes sobre as necessidades desses profissionais durante as atividades remotas e um vídeo com orientações sobre a voz do professor neste período de pandemia está em fase final de produção para divulgação entre os participantes da pesquisa.
Na voz clínica, as pesquisas sobre presbifonia têm identificado diferenças entre as faixas etárias de idosos e os respectivos riscos de disfonia, cujos resultados mostram que os idosos devem ser vistos sob diferentes olhares, a partir do novo cenário mundial de longevidade.
Tem sido estudado na voz clínica ainda o uso de medicamentos com efeitos diretos ou indiretos sobre a voz. Este é um dos subitens do PRRD-G e tem possibilitado oferecer à comunidade fonoaudiológica e de áreas afins uma lista de princípios ativos que podem interferir no processo terapêutico de indivíduos com disfonia. O PRDD-G está traduzido para o espanhol e novas pesquisas em parcerias com instituições da América Latina devem ser efetivadas.
Merece destaque aqui também a investigação de questões específicas como medidas de formantes em populações com diferentes classes ortodônticas de Angle. Trata-se de pesquisa que integra voz e motricidade orofacial, apontando aspectos vocais até então pouco explorados nesta população.
Na linha da fononcologia as laringectomias parciais, subtotais e totais têm sido foco de investigação, seja por meio de avaliação de questionários de qualidade de vida, ou sobre efeitos imediatos de técnicas vocais. Programa terapêutico para tratamento cirúrgico por câncer de boca e orofaringe apontou resultados promissores.
Vale ressaltar que os resultados de todas as linhas de pesquisa estão interligados e os conhecimentos gerados por uma linha contribuem com as demais, corroboram achados em diferentes populações ou estimulam novos questionamentos num círculo virtuoso. Enfim, o LIFVOZ tem contribuído com estudos sobre a voz humana de forma que os resultados possam estimular novos pesquisadores a darem um passo além do encontrado, a oferecer ao clínico novas evidências que aprimorem a sua prática e à sociedade o retorno do que investem na universidade pública. Nosso desejo e empenho é para que esses novos conhecimentos gerados possam chegar a impactar positivamente na comunicação das pessoas.
Por fim, uma nova disciplina na pós-graduação, aprovada pela USP, e que será ministrada a partir de 2021 sob a responsabilidade de Profa. Dra. Katia Nemr e Dra. Marcia Simões-Zenari: “Voz e expressividade aplicadas à didática e comunicação”, sela este promissor momento do LIFVOZ FMUSP.
GRUPOS DE PESQUISA
2214
LABORVOX: PESQUISAS E AÇÕES NOS CAMPOS DA SAÚDE E DAS ARTES RELACIONADOS A VOZ, A COMUNICAÇÃO/EXPRESSIVIDADE E A MOTRICIDADE OROFACIAL
Voz (VOZ)
No ano de 1994, com a criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Voz da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP, surgia o embrião do Laboratório de Voz (LaborVox), que reúne docentes e discentes do Curso de Fonoaudiologia, do Programa de Estudos Pós-graduados em Fonoaudiologia (PEPG em Fonoaudiologia), e profissionais da DERDIC, instancias essas pertencentes a PUC-SP. Em especial, entre os discentes do PEPG em Fonoaudiologia contamos com a presença não apenas de fonoaudiólogos, mas graduados em áreas como Medicina, Música, Canto, Musicoterapia, Artes Cênicas, Jornalismo, Biologia, Psicologia, entre outras. Pesquisadores de diferentes formações possibilitam discussões e reflexões interdisciplinares entre os participantes da linha, fato que reflete nas atividades profissionais e de pesquisa. As principais pesquisas desenvolvem temáticas relacionadas a: voz do professor com análise de demanda e diagnóstico e proposta de intervenção presencial ou a distância, a partir de parceria estabelecida com a Prefeitura do Município de São Paulo; voz do cantor, sobre ajustes do trato vocal durante determinadas formas de canto; métodos de canto para o canto popular, gospel, além de ensino de canto a distância; sonoridade no canto coral; musicoterapia no ensino do canto, etc. Na direção dos avanços tecnológicos e nos novos meios de comunicação, temos pesquisa sobre a comunicação de Youtubers e Influenciadores Digitais, sobre comunicação não verbal e outros aspectos relacionados a expressividade tanto na voz cantada como falada. Com relação a expressividade temos desenvolvido pesquisas que analisam os efeitos de intervenção com foco na expressividade oral realizada com alunos do ensino fundamental, no intuito de melhorar suas capacidades leitoras. Mais recentemente, com a vinda da Profa. Esther Bianchini, pesquisas relacionadas a questões da motricidade orofacial têm sido desenvolvidas, tanto associando-se as duas áreas - Voz e Motricidade Orofacial - quanto temas específicos abordados em várias faixas etárias desde primeira infância e amamentação, estudos reológicos, análises morfofuncionais dos exercícios orofaríngeos e associações com o sono e seus distúrbios. Essas pesquisas fazem parte da Linha de Pesquisa Voz: avaliação e intervenção fonoaudiológica, que em breve terá como nome Voz e motricidade orofacial: saúde, trabalho e arte. Vale pontuar que nesta reestrutura, além da linha, o Programa também mudará de nome, Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação Humana e Saúde, para melhor adequação para a proposta de renovação, busca de qualidade, ampliação e qualificação das pesquisas e ampliação da internacionalização. A temática central da nova estrutura da linha é estudar as questões da voz, da motricidade orofacial, da comunicação e da expressividade na dimensão da saúde, do trabalho e na sociedade, para além das inter-relações com as expressões artísticas. Os integrantes fazem parte ainda do Diretório de Grupo de Pesquisa (CNPq) denominado Voz: avaliação e intervenção. Os projetos desenvolvidos são: Motricidade orofacial e qualidade de vida: reflexos das funções e disfunções orofaríngeas; Voz: Objetividade e Subjetividade; Voz profissional: clínica, trabalho e arte e Voz: uma dimensão de sua representação no cotidiano (Bolsa Produtividade – CNPq). Dentre as pesquisas desenvolvidas neste momento podemos destacar as que tem como temática a questão da educação à distância, envolvendo ações de telessaúde junto a professores e ensino de canto; análise dos efeitos no dia a dia de professores depois de participarem de grupo terapêutico, desenvolvido no Hospital do Servidor Público Municipal (pesquisa possível de ser realizada pela parceria do LaborVox com a Prefeitura do município de São Paulo); análise dos efeitos de intervenção com foco na expressividade oral realizada com alunos do ensino fundamental; análise da aplicação do instrumento WHOQOL-bref em pacientes oncológicos reabilitados com prótese bucomaxilofacial, tendo esse sido também validado para essa população (essa pesquisa foi possível graças às parcerias do LaborVox com a Fundação Oncocentro), além das pesquisas com a voz cantada que tem como parceiro o Ambulatório de Artes Vocais da Santa Casa de São Paulo. Na área de Motricidade Orofacial destacam-se no momento as pesquisas referentes às análises da deglutição, por meio de estudos com videofluoroscopia, em neonatos e crianças em aleitamento materno e mamadeira; análise reológica de líquidos oferecidos à neonatos e lactentes, sendo esse realizado em parceria com o Instituto Tecnológico de Alimentos (Ital) - Campinas; análise morfo-funcional e efeitos imediatos dos exercícios orofaríngeos aplicados aos distúrbios do sono, em parceria com a equipe de otorrinolaringologia do Sono e nasofaringolaringoscopia do Hospital Samaritano de São Paulo. Mensalmente acontecem reuniões do grupo de forma presencial ou a distância (plataforma Microsoft Teams), com apresentação de convidados que discutem temáticas relacionadas as pesquisas em andamento. Essa atividade é compartilhada com demais pesquisadores por meio de live realizada pelo LaborVox, via Instagram. Dentre esses convidados, a presença de pesquisadores internacionais tem ampliado a discussão e garantido maior integração entre os grupos de pesquisa. Anualmente organiza eventos, e entre esses o Seminário de Voz tem contribuído para discutir temáticas importantes para a área, principalmente sobre as questões do Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho. Dessa forma, muitas das pesquisas desenvolvidas pelo grupo embasaram as discussões que culminaram com a publicação do Protocolo Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho e sua inserção na Lista das Doenças Relacionadas ao Trabalho. Todos os integrantes participam de atividades que envolvem a comunidade em geral por conta da Campanha em comemoração ao Dia Mundial da Voz e do Dia do Professor. A produção e atividades do grupo são divulgadas em seu site (https://www.pucsp.br/laborvox/index.html), no Facebook ( https://www.facebook.com/Laborvox-360508094090174) atualmente com 1753 seguidores e Instagram com 1233 seguidores.
GRUPOS DE PESQUISA
2225
LIEV - LABORATÓRIO INTEGRADO DE ESTUDOS DA VOZ
Voz (VOZ)
O LIEV - Laboratório Integrado de Estudos da Voz foi criado em 2014, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com a visão de fomentar a formação em pesquisa científica de discentes de graduação e pós-graduação e profissionais que tenham interesse pelo estudo da voz humana, com a articulação entre teoria, prática e rigor metodológico. Os valores do LIEV são pautados no desenvolvimento de estudo da voz humana com a integração de diversas ciências, sempre com ética, seriedade, inovação e precisão metodológica.
O objetivo deste laboratório é realizar estudos e pesquisas sobre os processos envolvidos na produção e percepção da voz, abordando aspectos anatômicos, neurológicos, fisiológicos, acústicos, cognitivos e comportamentais em diferentes contextos da comunicação humana, incluindo indivíduos com e sem alteração em tais processos, além de investigar a variabilidade e desenvolvimento da voz ao longo dos ciclos de vida, e o uso em situações de comunicação profissional, seja na modalidade falada ou cantada. O LIEV tem como meta se tornar um grupo de estudos e pesquisas de referência na área da voz humana com impacto no âmbito regional, nacional e internacional, colocando o Nordeste, mais especificamente a Paraíba, em posição de destaque.
Atualmente o LIEV é composto sete pesquisadores, a saber: Dra. Anna Alice Almeida, Dr. Leonardo Lopes (líderes do grupo e Pesquisadores de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq), Dra. Maria Fabiana Bonfim, Dra. Priscila Oliveira, Dra. Mara Behlau, Dra. Vanessa Veis e Dra. Larissa Nadjara Almeida. Os quatro primeiros são lotados na UFPB e as outras três estão vinculadas a outras instituições de ensino superior. O laboratório conta ainda com a participação de 46 discentes de graduação a pós doutorado, que são a força motriz no direcionamento dos trabalhos.
Este laboratório mantém uma ampla rede de colaboração de abrangência regional, nacional e internacional. Regionalmente, conta com o envolvimento de pesquisadores dos Departamentos de Fonoaudiologia, Medicina, Psicologia, Estatística e Ciências da Computação da UFPB, da Engenharia Elétrica do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e Fonoaudiologia do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). As parcerias nacionais envolvem pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Centro de Estudos da Voz (CEV). Em âmbito internacional, destaca-se a Zürich University e Boston University, além de outras parcerias que estão sendo firmadas no momento.
O Grupo de Pesquisa em questão possui quatro linhas de pesquisa delineadas desde a sua fundação até os dias atuais, a saber: Aspectos neuropsicofisiológicos do comportamento e da voz; Avaliação, diagnóstico e monitoramento multidimensional dos distúrbios de voz; Investigação da variabilidade e dos processos de produção e percepção de voz em diferentes populações; e Recursos tecnológicos aplicados na avaliação dos distúrbios de voz e no reconhecimento de falantes. Dentro das linhas, existem 13 projetos de pesquisa ativos, destes, cinco projetos foram ou são atualmente financiados por órgãos de fomento nacional. O LIEV publicou 75 artigos científicos vinculados à UFPB nesses últimos cinco anos, outros no prelo, em periódicos científicos de impacto no âmbito nacional e internacional, além do desenvolvimento e implementação de nove produtos tecnológicos, sendo oito de tecnologia leve-dura e um de tecnologia dura.
A representação do LIEV deste ano envolverá os resultados e repercussões de um dos cinco projetos de pesquisa que recebeu financiamento do CNPq, “Protocolos de autoavaliação em voz: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item (TRI)”. Este possui como objetivo rever as propriedades psicométricas dos instrumentos de autoavaliação na área de voz, com o propósito de avaliar de forma mais precisa os aspectos na perspectiva do indivíduo. O grupo visa potencializar o debate acerca da temática, com destaque a todas as etapas do desenvolvimento das evidências de validade de testes, culminando na TRI, com destaque para os instrumentos de autoavaliação vocal, e o quanto essa perspectiva traz vantagens para a aplicabilidade clínica na área de Voz.
O grupo de trabalho (GT) que foca nos estudos de validação de testes no LIEV pretende discutir a sua experiência e publicação científica voltada para alguns instrumentos (re)validados dentro dessa perspectiva contemporânea, sendo mais sensíveis e específicos para a avaliação da voz, a saber: Índice de Desvantagem Vocal (IDV), Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV), Escala de Sintomas Vocais (ESV), Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV), Protocolo de Estratégias de Enfrentamento na Disfonia (PEED), Escala URICA-VV e a Escala de Controle Percebido no Presente sobre a Voz (CPPV).
De modo geral, essas versões validadas a partir da TRI apresentam modificações estruturais nos itens, fatores e chave de respostas, todas elas mais simplificadas, a fim de uma melhor adequação de seus parâmetros, que permitiu uma nova possibilidade de cálculo dos escores, com maior acurácia, bem como uma aplicação mais rápida e eficaz.
Os estudos desenvolvidos possibilitaram a obtenção de medidas psicométricas mais confiáveis para detecção e discriminação de indivíduos com disfonia, em relação à população em geral, a fim de proporcionar uma melhor interpretação clínica sobre a instalação, manutenção, evolução das alterações vocais e monitoramento terapêutico. A partir disso, a aplicação das versões atuais dos questionários possibilita ao clínico relacionar esses processos entre si e com as questões emocionais reativas à disfonia, com o foco principal em embasar condutas e encaminhamentos.
Os próximos direcionamentos deste GT é testar a aplicabilidade do novo formato dos instrumentos, extrair pontos de corte de acordo com grupos diagnóstico e grau do desvio, verificar a sensibilidade para modificações nos escores pré e pós terapia, bem como o desenvolvimento, já iniciado, de um aplicativo para smartphones que envolve a aplicação e realização dos cálculos, de forma automatizada, dos escores de cada um dos questionários.
Assim, a principal meta deste grupo é que a utilização de instrumentos mais precisos e sensíveis possibilite que a detecção da disfonia seja mais efetiva na população em geral, bem como a identificação dos prejuízos autopercebidos e a tomada de decisão da conduta a ser adotada diante dos casos identificados.
GRUPOS DE PESQUISA
2243
LINCOG UFCSPA: GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA EM LINGUAGEM E COGNIÇÃO DO ADULTO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE
Linguagem (LGG)
Histórico do grupo de pesquisa
O Grupo de Estudos e Pesquisa em Linguagem e Cognição do Adulto da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (LinCog – UFCSPA) surgiu em 2017 a partir do ingresso da docente Bárbara Costa Beber (coordenadora do grupo) no departamento de fonoaudiologia da UFCSPA e a partir das demandas levantadas pelos alunos de graduação sobre a necessidade de estudos na área. O grupo LinCog é um grupo de pesquisa novo e pode ter sua breve história dividida em três importantes momentos: a inauguração do grupo com alunos de graduação para estudo de evidências científicas, o ingresso da coordenadora do grupo no programa de pós-graduação em ciências da reabilitação da UFCSPA, e o desenvolvimento das primeiras pesquisas com colaborações nacionais e internacionais. A coordenadora do grupo é uma Senior Atlantic Fellow for Brain Health (veja mais em: https://www.atlanticfellows.org) e, portanto, as ações do grupo tem forte influência da missão que os Atlantic Fellows possuem com suas com comunidades locais. Atualmente, para ser considerado um integrante do grupo LinCog é necessário estar participando de algum dos projetos do grupo. No entanto, o grupo realiza reuniões semanais que são abertas a qualquer aluno de graduação ou pós-graduação da UFCSPA, de qualquer área, para assistirem a discussões sobre artigos científicos e projetos de pesquisa em planejamento ou execução.
Principais projetos de pesquisa desenvolvidos e/ou em andamento
As pesquisas realizadas pelo grupo atualmente podem ser divididas nos seguintes eixos:
Diagnóstico, prevenção e qualidade de vida: envolvem estudos sobre métodos diagnósticos das afasias clássicas e afasias progressivas primárias, estudos sobre fatores de risco e manifestações iniciais das afasias progressivas primárias, e estudos sobre qualidade de vida nas afasias clássicas.
Reabilitação: atualmente estão sendo conduzidos estudos sobre estratégias de comunicação nas demências e métodos terapêuticos para disfluências.
Estudos e ações da atuação fonoaudiológica nas demências no Brasil: grande projeto com financiamento internacional do Global Brain Health Institute (GBHI) e do Alzheimer’s Association para investigar o preparo dos fonoaudiólogos Brasileiros na atuação junto a pessoas com demência. O projeto também prevê ações para melhorar o treinamento dos profissionais nessa área.
Estudos e ações sobre demência e saúde do cérebro na américa latina: estudos sobre temas diversos através da participação da coordenadora em grupos de pesquisa internacionais.
Parcerias nacionais e internacionais
O grupo é constituído de inúmeras parcerias locais, nacionais e internacionais que perpassam as áreas da fonoaudiologia, psicologia, medicina e outras. As parcerias
internacionais mais importantes são com as comunidades internacionais GBHI, Atlantic Fellows e Latin American and Caribbean Consortium on Dementia (LAC-CD). As parcerias internacionais tem permitido colaborações em pesquisa, extensão e acesso a editais de financiamento.
Produtos obtidos por meio das pesquisas desenvolvidas
Os produtos de pesquisa gerados até o momento foram artigos científicos e apresentações em eventos científicos. Dentre os mais relevantes estão um estudo que apresenta um panorama do ensino da neuropsicologia nos cursos de Fonoaudiologia no Brasil, área de especialidade da Fonoaudiologia e de extrema importância para a atuação fonoaudiológica nos transtornos cognitivos. Recentemente, outros dois artigos científicos originados da colaboração internacional com o LAC-CD foram aceitos para publicação em um dos periódicos de maior relevância na área das demências. Estes artigos abordam, respectivamente, um plano de ação latino-americano para redução do impacto das demências, e o conhecimento sobre demências entre profissionais da saúde da américa latina.
Grande parte dos projetos de pesquisa estão em desenvolvimento no momento e são promissores no sentido de originarem importantes produtos nos próximos anos. Alguns projetos e cursos de extensão tem surgido como resultado da observação das demandas relacionadas aos resultados das pesquisa do grupo.
Impacto clínico e/ou social das pesquisas e perspectivas futuras
Resultados e observações realizadas na execução das pesquisas tem levado o grupo a criar projetos de extensão, cursos de extensão e outras ações para atender as demandas sociais. O projeto de extensão Brincar de Viver é uma parceria entre UFCSPA, UFRGS e UFSC e tem como objetivo oferecer estimulação cognitiva online para pessoas com afasia e demência durante a pandemia de COVID. Este projeto ganhou financiamento internacional para obtenção de tablets e fornecimento de internet aos participantes.
Além disso, como uma ação para atender aos gaps no preparo dos fonoaudiólogos do Brasil no âmbito das demências, o grupo está preparando um curso de extensão no formato de massive online open course (MOOC) para apresentar os aspectos teóricos sobre as atribuições da profissão na assistência a pessoas com demência.
GRUPOS DE PESQUISA
2232
NÚCLEO DE ENSINO, ASSISTÊNCIA E PESQUISA EM ESCRITA E LEITURA (NEAPEL): HABILIDADES, PROCESSOS E COMPETÊNCIAS NA DECODIFICAÇÃO E COMPREENSÃO DE LEITURA
Linguagem (LGG)
HISTÓRICO: O Núcleo de Ensino, Assistência e Pesquisa em Escrita e Leitura (NEAPEL-Dep. Fonoaudiologia/UNIFESP-EPM) conjuga estruturas e conhecimentos de clínica e pesquisa relacionados ao desenvolvimento normal e aos transtornos do neurodesenvolvimento, nas áreas da linguagem, da leitura e da escrita. Iniciou em 1996 com a orientação de ICs e Dissertações do PPG em Distúrbios da Comunicação Humana-Fonoaudiologia/UNIFESP-EPM. Foi cadastrado no CNPq (2002), como Grupo de Pesquisa em Transtornos da Leitura e da Escrita. Desde então, desenvolve estudos para contribuir com o estabelecimento de parâmetros do desenvolvimento típico da comunicação escrita de escolares brasileiros e investigar critérios para avaliar e diagnosticar Transtornos da Leitura e da Escrita. Boa parte dos objetivos voltou-se para construir e testar, psicometricamente, material linguístico e procedimentos para instrumentos de avaliação e validar seus construtos. PROJETOS DE PESQUISA: Um dos principais - “Construção de Bateria para Avaliação da Compreensão de Leitura no Ensino Fundamental I” (FAPESP - 2011/11369-0), buscou estabelecer escores para dois protocolos, complementares, de avaliação. O banco de dados (amostra randomizada e estratificada/n=800), possibilitou desenvolver investigações sobre mecanismos automáticos da leitura/fluência e seus processos (velocidade de processamento) e habilidades de alta ordem cognitiva na compreensão de leitura. Outros projetos: (a) Decodificação de palavras: análise de itens por TRI e normas intra-grupo, com a obtenção de lista de palavras (parceria com a Psicologia/UFMG); (b)Decodificação e acesso fonológico ao léxico como habilidades preditoras da compreensão de leitura: a acurácia, tipo de escola e série escolar puderam predizer a compreensão leitora; (c)Memória fonológica operacional e processos cognitivos da compreensão de leitura, examinou a contribuição da memória operacional para a compreensão leitora, segundo diferentes processos cognitivos e permitiu questionar a forma como a memória fonológica operacional é avaliada; (d)Fluência e compreensão de leitura: evidências de dissociação crescente dessas competências a partir do 2º ano do EF; (e)Construção de prova para avaliação da compreensão leitora no ensino fundamental-estudo piloto: apresentação dos procedimentos psicométricos na construção da prova para crianças; (f) Tese de Doutorado que estudou o Efeito do priming semântico no acesso à informação: crianças com transtorno de leitura apresentaram dificuldade em inibir informações irrelevantes; o bom desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas, mostrou-se essencial para o melhor desempenho de acesso e inibição semântica; (g)Monitoramento da compreensão de leitura, segundo procedimentos online e off-line: a detecção de inconsistências de nível estrutural, em texto narrativo, mostrou-se presente em escolares do 5º ano e, com menos frequência, observaram-se estratégias de reparo da quebra de coerência durante a leitura; (h)Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua combinada com estimulação de leitura, na Dislexia do Desenvolvimento: melhoras clínicas nos 4 casos estudados; (i)Avaliação motora/equilíbrio no Transtorno específico de leitura: em andamento; (j)Construção de protocolo de avaliação da competência sintática do 5º ano do EF: em andamento; (k)Avaliação da leitura em escolares bilíngues: em andamento. PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS: O NEAPEL agregou pesquisadores de diferentes áreas (Linguística, Psiquiatria, Psicopedagogia, Oftalmologia, Pediatria, Neuroaudiologia, Diagnóstico por Imagem) da EPM, da UNIFESP e de outras IEs, com as quais construiu avanços no conhecimento e formou pesquisadores na área dos transtornos da aprendizagem. Duas linhas de pesquisa (Diagnóstico, prevenção e reabilitação dos distúrbios de linguagem e fala, e Transtornos da Leitura e da Escrita) abrigam estudos desenvolvidos a partir desses vínculos, organizados segundo projetos pertinentes desenvolvidos em parceria: identificação de risco para transtornos mentais e investigação dos Transtornos dos sons da fala persistentes, associados a prejuízo da leitura/escrita (Departamento de Psiquiatria/UNIFESP-EPM e Matemática-USP); desenvolvimento da linguagem oral e escrita em escolares nascidos Baixo-Peso, em (PPSUS-Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM); estudos psicométricos (com o Departamento de Psiquiatria/EPM-UNIFESP e Psicologia/UEL); investigações na área dos transtornos de leitura com o Laboratório de Investigação dos Distúrbios da Aprendizagem da UNESP-Marília; criação de protocolo de avaliação sintática em parceria com a EFLCH/UNIFESP; acompanhamento dos resultados de leitura avaliada por eye-tracker (Departamento de Oftalmologia EPM-UNIFESP). Avanços na investigação levaram a importantes contatos internacionais, por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior, que possibilitaram convivência e debates com pesquisadores de renomadas instituições e reconhecidos grupos de pesquisa, sobretudo na área da Compreensão de Leitura (University of Sussex com Prof. Jane Oakhill; Universidad de Salamanca com Prof. Emílio Sanches Miguel). Isso permitiu aprimorar técnicas de análise de textos e de construção de protocolos a partir do desenvolvimento de práticas analíticas e postura reflexiva e crítica sobre os conhecimentos em pesquisa e ensino nessa área de conhecimento. O último estudo, concluído em 2020 em parceria com Salamanca caracterizou escolares brasileiros, quanto ao perfil de habilidade cognitivo-linguísticas e o monitoramento da compreensão de leitura, segundo procedimentos online e off-line de avaliação. PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS (que envolvem a produção de protocolos de avaliação e terapia): Lista de palavras: versão reduzida, validada (PLEP - Pinheiro, 1996) para avaliação da leitura de escolares do 2º-5º ano EF (normas em percentis); Lista de sintagmas nominais para ditado; Lista de homônimos com figuras; Prova de Nomeação Automatizada Rápida-objetos (valores de referência do 2º-5º ano); Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura-PACL (parâmetros para 2º a 5º ano; em fase final de elaboração do Manual de Aplicação); Programa de Estimulação Intensiva da Leitura (novo estudo clínico); Programa computadorizado de leitura de palavras e pseudopalavras segmentadas e inteiras; Teste de Avaliação da Competência Gramatical (em fase de análise exploratória). IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS: As pesquisas conduzidas, seus desfechos e protocolos resultantes pretendem colaborar com impactos positivos no aumento da precisão diagnóstica e eficácia terapêutica com estudos sobre dosagem. O projeto que envolveu o uso da ETCC foi longitudinal e mostrou importante efeito na precisão e velocidade de leitura das crianças participantes. Os resultados obtidos, também no processo diagnóstico confirmam a importância das análises psicométricas a que vêm sendo submetidos os instrumentos idealizados e testados. As novas pesquisas estão concentradas na busca de evidências encontradas na prática de ensaios clínicos randomizados com escolares com transtornos de leitura e escrita, diagnosticados com maior precisão e clareza, para maior eficácia terapêutica.
GRUPOS DE PESQUISA
2251
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM VOZ DA FOB-USP
Voz (VOZ)
O Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da FOB-USP possui a área de concentração “Processos e Distúrbios da Comunicação”, com quatro linhas de pesquisa que englobam diversos projetos. A Linha de Pesquisa: PROCESSOS E DISTÚRBIOS DA VOZ, FALA E DAS FUNÇÕES OROFACIAIS existe desde 2004 e atualmente engloba cinco grandes projetos de pesquisa nos quais é possível explorar diferentes vertentes na área da voz, da motricidade orofacial e da disfagia orofaríngea. São eles: 1. Avaliação e intervenção em voz, fala e funções orofaciais; 2. Voz, fala e deglutição no envelhecimento e no acometimento neurológico; 3. Funções orofaciais e voz em casos odontológicos; 4. Documentação dos resultados do cuidado interdisciplinar e integrado da saúde fonoaudiológica da pessoa com fissura labiopalatina; 5. Avaliação e tratamento dos distúrbios da comunicação nas fissuras. Os pesquisadores docentes e discentes da referida linha de pesquisa integram o grupo de pesquisa cadastrado no CNPq intitulado Voz e Funções Orofaciais. Especificamente, pretende-se apresentar os dois primeiros projetos da linha de pesquisa, com especificidades que exploram questões mais relacionadas à voz e guardam relação com disfagia em alguns aspectos. O Projeto 1 tem como proposta estudar o desenvolvimento, o padrão de normalidade e os distúrbios da voz e das funções de respiração, mastigação, deglutição e fala, por meio de métodos clínicos e instrumentais, a fim de auxiliar na prevenção, na definição do diagnóstico e no direcionamento da intervenção apropriada, bem como na comprovação da eficácia do tratamento para cada tipo de distúrbio, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos indivíduos. O Projeto 2 estuda as funções de respiração, deglutição, fala e voz em idosos saudáveis e indivíduos acometidos por doenças neurológicas, bem como o impacto de tais condições na qualidade de vida dessa população. A fisiologia da voz, fala e funções orofaciais em idosos apresenta diferenças em relação a jovens e adultos, sendo que disfunções neurológicas podem afetar os mecanismos responsáveis pela fala, voz e deglutição, as chamadas disartrofonias e disfagias neurogênicas. Adicionalmente este projeto tem verificado o efeito de diferentes modalidades de tratamento voltadas aos distúrbios da voz, deglutição e fala nessa população. As coordenadoras de ambos os projetos, Profa Dra Kelly C A Silvério e Profa Dra Alcione Ghedini Brasolotto organizam juntas, o grupo de pesquisa denominado Núcleo de Estudos e Pesquisas em Voz da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, o NEP-VOZ/FOB-USP. O objetivo do grupo é agregar pesquisadores da pós-graduação – discentes de Mestrado e Doutorado, pós-doutorandos, bem como discentes da graduação que estejam ligados a projetos de iniciação científica ou trabalho de conclusão de curso na área de voz. O NEP-VOZ/FOB-USP reúne-se quinzenalmente para discussão das pesquisas em andamento, bem como preparo de apresentação de pôsteres, comunicações orais em eventos científicos, ou apresentação e discussão de artigos científicos em diferentes temas da área. A diversidade de pessoas e de níveis de conhecimento na área de voz permite uma discussão rica, motivadora e inclusiva dos temas explorados. Os temas estudados pelo grupo de pesquisa atualmente envolvem avaliação multidimensional da voz, incluindo análise perceptivo auditiva, acústica, laríngea, aerodinâmica e auto avaliação vocal. Tais estudos abordam indivíduos com e sem alterações da comunicação em várias fases dos ciclos da vida. Os aspectos terapêuticos são investigados em relação aos efeitos imediatos de exercícios vocais em populações com e sem disfonias, ao desenvolvimento de ensaios clínicos e aos aspectos motivacionais para mudanças em reabilitação vocal. Ressaltam-se os estudos sobre avanços tecnológicos como estimulação elétrica, eletroglotografia, além de intervenção com tubos de ressonância e análise de protocolos de autoavaliação, mais especificamente estudados na população com Parkinson, Disfonia por tensão muscular e idosos, atualmente. O grupo também desenvolve pesquisas que interagem com outras áreas da Fonoaudiologia, no intuito de compreender a relação da voz com a disfagia, motricidade orofacial e audição, bem com áreas afins, como neurologia, psicologia e fisioterapia, contribuindo para intervenções mais assertivas. Ainda vale ressaltar o desenvolvimento de pesquisas integradas com outra linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação, a Telessaúde em Fonoaudiologia. Estudos envolvendo saúde conectada na área de voz são desenvolvidas pelos pesquisadores deste grupo junto aos demais integrantes do grupo de pesquisa de Telefonoaudiologia. O grupo também possui integração com outro grupo de pesquisa do CNPq, Tradução e adaptação transcultural de instrumentos na área de saúde, em que são desenvolvidos tanto a tradução e adaptação transcultural de instrumentos estrangeiros para o português brasileiro, como o processo inverso, de instrumentos criados pelos pesquisadores brasileiros para a língua inglesa. O grupo conta com parcerias de pesquisadores de instituições internacionais, que ampliam os avanços científicos e a projeção Internacional do grupo. As parcerias envolvem pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa de países como os Estados Unidos, a França e o Chile. A contribuição deste grupo de pesquisa pode ser reconhecida por suas produções, publicações e participações nacionais e internacionais e também pelos resultados da formação de pesquisadores, evidenciados pela nucleação praticada por seus egressos.
GRUPOS DE PESQUISA
2231
PROCESSOS, POÉTICAS E TÉCNICA VOCAL PARA O ATOR
Voz (VOZ) - artes cenicas
GRUPOS DE PESQUISA
PROCESSOS, POÉTICAS E TÉCNICA VOCAL PARA O ATOR
Líder: Profa. Dra. Suely Master. Fonoaudióloga (UNIFESP-EPM) especialista em Voz.
Vice-líder: Profa. Dra. Wania Mara Agostini Storolli. Artista (ECA-USP) e pesquisadora na área de voz e performance.
Ambas são professoras do Departamento deArtes e professoras do Programa de Pós-Graduação em Artes/ Artes Cênicas do Instituto de Artes da UNESP.
HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA
O Grupo de Pesquisa PROCESSOS, POÉTICAS E TÉCNICA VOCAL PARA O ATOR abriga, fundamentalmente, as pesquisas de profissionais e estudantes ligados ao Programa de Pós-graduação em Artes/Artes Cênicas do Instituto de Artes da UNESP – Campus São Paulo. Foi certificado pelo CNPq em 2012.
Tem como objetivo estudar a Voz e a Expressão Vocal e suas interfaces com as Artes Cênicas, Educação e Reeducação. Em Expressão Vocal, pretende-se pesquisar as relações entre corpo e voz; os jogos teatrais e a improvisação; os processos criativos, tendo em vista, as diferentes estéticas e a poética da voz; a preparação vocal em diferentes dramaturgias e, o uso de novas tecnologias visando a pesquisa e o desenvolvimento da técnica vocal. Em Educação, pretende-se focalizar principalmente os aspectos metodológicos envolvidos no ensino da voz enquanto linguagem cênica. Em Reeducação / Arte-terapia, pretende-se explorar as contribuições do fazer teatral para a inclusão social de indivíduos portadores de necessidades especiais.
PRINCIPAIS PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS
E/OU EM ANDAMENTO.
Dissertações de Mestrado Concluídas
Rosana Figueiredo da Silva. A Voz e os Fatores do Movimento: poética de processo criativo cênico. 2015. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Luana Mota Curti. Voz em ações básicas de esforço: uma busca de repertório vocal para Laban. 2015. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Inst. financiadora: CAPES.
Amanda Moreira. O processo de criação da palavra no espetáculo RECUSA. 2014. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. financiadora: CAPES.
Laura Melamed Barbosa. Relação entre escuta e dizer no processo de criação do ator: a influência da audibilidade na percepção dos recursos comunicativos orais. 2014. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Manuel Fabrício Alves de Andrade. Sonoridades beckettianas: a criação vocal do intérprete. 2014. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. Financiadora: FAPESP.
Helder Carlos de MIranda. Teatralidade em frequência e intensidade: técnicas e poéticas vocais do Grupo Obragem Teatro e Cia. 2014. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. financiadora: FAPESP.
Maria Helena Milanês Adami. Análise acústica da voz antes e após o treinamento vocal e corporal associado ao movimento: o. 2017. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. financiadora: CAPES.
Monica Roberta Antonio. Narradores de passagem em hospitais. 2017. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Teses de Doutorado concluídas.
Manuel Fabrício A. Andrade. Beckett, Craig e Zumthor: apontamentos para uma investigação de processos vocais como uma poética da atuacão. 2017. Tese (Artes) - Inst. financiadora: CAPES.
Dissertações de mestrado em andamento
Marcos Coimbra Machado. Voz em ação: uma experiencia vocal a partir da filosofia dos viewpoints. 2018. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inst. financiadora: CAPES.
Vera Lucia Ribeiro. Voz-corpo-imaginação: meditação ativa para o ator. 2018. Dissertação (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Teses de doutorado em andamento.
Frederico Cunha Santiago. A Performance da voz na abordagem do texto teatral. 2018. Tese (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Laura Melamend Barbosa. A influência da integração inter-hemisférica dos processamentos verbal e não verbal na percepção auditiva e na produção da oralidade de atrizes e atores em formação. 2017. Tese (Artes) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
PARCERIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Tivemos, enquanto parceiros internacionais, o Prof. Dr. Marco Guzman da Escuela de Fonoaudiologia de la Univer. de Chile, Santiago, Chile.
PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
Os principais produtos obtidos por meio da pesquisa são nossos artigos publicados em periódicos nacionais na área do Teatro e internacionais na área de voz e fala. Citamos ainda apresentações nos simpósios organizados pela The Voice Foudantion, nos congressos Pan Europeu Voice Conference - PEVOC, e nos congressos da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas – ABRACE.
Master S; Marco Guzman; KELLY, A.
Perceptual and acoustic analysis of braziian actresses’ voices. Rev. digit. EOS Perú. Instituto Psicopedagógico EOS Perú, v.4, p.10 - 20, 2016.
Master, Suely; GUZMAN, MARCO; Azocar MJ; MUNOZ, D.; BORTNEM, C.
How Do Laryngeal and Respiratory Functions Contribute to Differentiate Actors/Actresses and Untrained Voices? JOURNAL OF VOICE, v.29, p.333 - 345, 2015.
FABRICIO, M.; VASCONCELLOS, C. M.; Suely Master
Conversa com o diretor Rubens Rusche sobre a dramaturgia de Samuel Beckett. Questão de Crítica, v. VII, p. março de 2014 - x, 2014.
ALVES DE ANDRADE, MANUEL FABRICIO; DE VASCONCELLOS, CLÁUDIA MARIA; Master, Suely. Sonoridades beckettianas: reflexões sobre a voz e a fala no teatro de Samuel Beckett. Urdimento (UDESC), v.1, p.063 - 076, 2014.
Master, Suely; GUZMAN, MARCO; CARLOS DE MIRANDA, HELDER; LLOYD, ADAM
Electroglottographic Analysis of Actresses and Nonactressesain Voices in Different Levels of Intensity. Journal of Voice, v.27, p.187 - 194, 2013.
Master, Suely; GUZMAN, MARCO; DOWDALL, JAYME
Vocal Economy in Vocally Trained Actresses and Untrained Female Subjects. Journal of Voice, v.27, p.698 - 704, 2013.
Master, S.; Madureira, S; BIASE, Noemi de
What about the actor's formant in actresses voices? Journal of Voice, v.26, p.117 - 122, 2012.
IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS
Acreditamos que nossas pesquisas favoreçam o conhecimento fisiológico, acústico e perceptivo-auditivo da voz cênica, o que pode embasar o treinamento vocal do ator contemporâneo.
PERSPECTIVAS FUTURAS.
Entre outras, nesse momento o grupo pretende continuar a investigar o trabalho de voz do ator contemporâneo baseado em tecnologias e ferramentas mais modernas para a análise e o ensino da técnica vocal.
GRUPOS DE PESQUISA
2220
PROGRAMA SILÊNCIO - EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SAÚDE AUDITIVA
Saúde Coletiva (SC)
APRESENTAÇÃO
Este grupo de trabalho tem por objetivo aprimorar a avaliação, divulgação e expansão do Programa Silêncio, por meio de capacitações, implementação de uma campanha de sensibilização e desenvolvimento de pesquisas para produção de evidências científicas para nortear aprimoramentos e planejamentos de ações futuras, seguindo os princípios da Educação Ambiental estabelecidos pela legislação brasileira e por acordos internacionais que o Brasil é signatário.
A equipe deste Grupo de Trabalho é composta por professores e alunos da Universidade de Brasília – UnB e por servidores do quadro do IBAMA.
Apresenta como objeto a troca de conhecimentos e apoio ao aprimoramento de capacitações voltadas aos servidores do Instituto e discentes da UnB que atuam na área ambiental e de saúde auditiva respectivamente, possibilitando uma melhor avaliação, divulgação e expansão no âmbito do projeto intitulado “Programa Silêncio” do Ibama, o desenvolvimento de pesquisas nesta linha, para produção de evidências científicas para embasar a criação de políticas de saúde pública, bem como a elaboração de novas estratégias de capacitação e sensibilização, seguindo os princípios da Educação Ambiental.
JUSTIFICATIVA
Em atendimento ao disposto na Resolução Conama n° 2/1990, na Lei Complementar n° 140/2011, na Lei 9.795/99 e na Constituição Federal de 1988 no que diz respeito à Educação Ambiental e ao Sistema Brasileiro de Meio Ambiente – SISNAMA, a DIQUA/IBAMA vem implementando, no âmbito de suas atribuições, o “Programa Silêncio”.
No ano de 2016, a Universidade de Brasília apresentou interesse em firmar o presente acordo visando realizar trabalhos em parceria e apresentou como principal demanda para esta atuação em conjunto, o desenvolvimento de ações educativas direcionadas à educação ambiental e a produção de evidências científicas para embasar a criação de políticas públicas de saúde auditiva.
Após reuniões entre o Ibama e a UnB, verificou-se uma necessidade de desenvolvimento de uma estratégia de avaliação, divulgação e expansão do Programa Silêncio, que pudesse atingir o Distrito Federal como projeto-piloto, visando o aprimoramento de seu funcionamento, a maior qualificação dos participantes e a contribuição no que tange à criação e implementação de Políticas Públicas de caráter socioambiental em seus territórios.
Neste contexto, o envolvimento da Academia demonstrou-se adequado no intuito de promover a troca de conhecimentos e a construção conjunta de uma metodologia de trabalho passível de ser testada, analisada e aperfeiçoada por especialistas na área de saúde auditiva, educação ambiental e políticas públicas. Assim, o Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ceilândia – FCE/UnB, por possuir reconhecida atuação nesta área, foi consultado sobre a possibilidade de parceria e sua docente, Prof. Dra.Isabella Monteiro de Castro Silva, uma das responsáveis pela cadeira de Audiologia, apresentou-se prontamente para contribuir com o processo de expansão do programa promovido pelo IBAMA tendo em vista a potencialidade multiplicadora de pesquisas e de extensões universitárias da proposta.
A presente proposta representa assim, uma iniciativa inédita voltada ao fortalecimento e aprimoramento do Programa Silêncio, contando com o envolvimento de órgãos ambientais de meio ambiente de diferentes esferas federativas e uma entidade representante da produção científica e facilitadora do diálogo junto à sociedade civil organizada.
ATIVIDADES REALIZADAS
• Realização de curso com objetivo de alinhar conhecimento dos especialistas em Meio Ambiente e os profissionais, estudantes e professores ligados à saúde auditiva.
• Resumos publicados em congressos:
15º Congresso da Fundação Otorrinolaringologia, 2016, Campos do Jordão. International Archives of Otorrinolaryngology
- National Program of Education and Control of Noise Pollution - SILENCE - Opinion of hearing care professionals.
X Congresso Internacional de Fonoaudiologia, XXVII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia e III Encontro Mineiro de Fonoaudiologia, 2019, Belo Horizonte. Anais Científicos
- Medição de Ruído em Unidade de Saúde Neonatal.
- Avaliação Acústica em ambientes laborais de cabeleireiros.
- Impacto do aumento de limiares em altas frequências na qualidade de vida de cabeleireiros: estudo piloto.
• Elaboração e produção de material didático para ações de Educação Ambiental e Saúde Auditiva, disponível para todos os Núcleos de Educação Ambiental – NEAs das Superintendências do Ibama nos estados, Universidades e organizações interessadas.
• Elaboração de ações de Educação Ambiental
- Conscientização dos ruídos presentes no ambiente escolar
- Capacitação de profissionais vendedores de eletrodomésticos sobre o ruído, por meio da conscientização do selo ruído, para transmissão de informação ao cliente no ato da escolha do produto
- Você sabe o que é o Selo Ruído?
- Alternativas de minimizar os efeitos dos ruídos sonoros nas escolas urbanas e rurais
• Live informativa disponível no canal YouTube
(https://www.youtube.com/watch?v=8r2bBCox8Ao&t=51s)
• Matéria publicada no canal UnBTV
(https://www.youtube.com/watch?v=Y66vqbVqRYE&feature=youtu.be)
• Projetos de Pesquisa aprovados pelo PIBIC-UnB
- Projeto finalizado: Conhecimento do Programa Silêncio e do Selo Ruído e seu impacto em profissionais de salão de beleza. Planos de Trabalho: Queixas auditivas e não auditivas e avaliação da audição de profissionais de salões de beleza; Conhecimento do Programa Silêncio e do Selo Ruído e avaliação sonora ambiental em salões de beleza
- Projeto em andamento: Saúde auditiva em profissionais expostos ao som do liquidificador. Planos de Trabalho: Queixas auditivas e não auditivas de trabalhadores que utilizam o liquidificador em ambiente de trabalho e sobre o uso dos protetores auriculares; O Selo Ruído e o ruído ambiental em comércios que utilizam o liquidificador; Audição e proteção auditiva em trabalhadores que utilizam o liquidificador.
- Projeto em andamento: Saúde auditiva de trabalhadores que utilizam o aspirador de pó Planos de Trabalho: Análise do risco à saúde auditiva de trabalhadores que utilizam o aspirador de pó; Queixas auditivas e não auditivas de trabalhadores que utilizam o aspirador de pó; Impactos auditivos em trabalhadores que utilizam o aspirador de pó.
METAS
• Realização de curso a fim de capacitar a polícia militar e ambiental na fiscalização de infrações relacionadas à poluição sonora.
• Realizar curso a fim de capacitar vendedores de lojas de eletrodomésticos sobre o selo ruído e sua utilização como diferencial de compra.
• Estruturação da Plataforma Virtual, que apoiará o processo de formação continuada, facilitando a criação de fóruns para troca de informações e debates.
• Planejamento e implementação de Proposta-piloto de capacitação de conselheiros/educadores nas unidades descentralizados do /Ibama nos estados e em Universidades de todas os Estados da Federação.
GRUPOS DE PESQUISA
2229
PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE E DO LETRAMENTO NO ENSINO SUPERIOR
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
HISTÓRICO DO GRUPO DE PESQUISA
O grupo de pesquisa Promoção da Acessibilidadee do Letramento no Ensino Superior vinculado à Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)iniciou-se em 2014 como um espaço para o desenvolvimento de atividades de pesquisas e extensão em torno de temáticas que envolvam a linguagem oral e escrita e os processos de formação no contexto do ensino superior. Tal grupo está atrelado à Linha de Pesquisa “Promoção da Linguagem nos Contextos da Saúde e da Educação” e ao Grupo de Pesquisa/CNPQ, intitulado, “Núcleo de Pesquisas Fonoaudiológicas em Linguagem”, contando com fomentos de diferentes agências: bolsa Produtividade em Pesquisa CNPQ, bolsas de IC e Mestrado (Capes e CNPq). Fazem parte desse grupo professores e alunos do curso de graduação em Fonoaudiologia e dos Programas de Mestrado e Doutorado em Distúrbios da Comunicação da UTP, e demais pessoas da comunidade acadêmica interessadas. As condições de letramento de alunos do ensino superior, especialmente no que tange as suas relações com os gêneros acadêmicos, bem como, o impacto de tais condições no seu processo formativo são os pilares das discussões produzidas no grupo. O grupo está comprometido com a produção do conhecimento e de ações clínicas e de promoção que contribuam para a superação de uma problemática de abrangência nacional que atinge parcela significativa dos referidos discentes quanto às suas restritas condições de leitura e escrita, as quais limitam as possibilidades de participação crítica e ativa na formação acadêmica e profissional.
Dentre as ações desenvolvidas destaca-se a extensão Oficina:Promoção de Letramento destinada aos alunos do curso de graduação em Fonoaudiologia em andamento desde 2017, cujos objetivos são: - atuar na ressignificação de posições negativas e restritas estabelecidas pelos alunos com a leitura e a escrita; - promover o avanço do domínio e uso da linguagem escrita com enfoque em discursos/textos pertencentes aos gêneros acadêmicos; - sistematizar e implementar ações de promoção do letramento que envolvam a comunidade intra e extra muros da universidade.
PROJETOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS E/OU EM ANDAMENTO e PRODUTOS OBTIDOS POR MEIO DAS PESQUISAS DESENVOLVIDAS
Destaca-se, ainda, o desenvolvimento dos seguintes projetos de pesquisa,realizados em parceria com docentes dos cursos de Fonoaudiologia da UFSC e da Unicentro/ Irati e da Educação da Unesp de Marília envolvendo pesquisadores de diferentes níveis, ou seja, graduação (TCC e IC), mestrado e doutorado:
• Bolsa Produtividade em pesquisa em andamento (1) – Projeto: Condições de letramento e a formação no ensino superior.
• Trabalhos de Conclusão de Cursos: (4) – concluídos (Os gêneros acadêmicos e formação no ensino superior: visão de um grupo de acadêmicos de fonoaudiologia; Visões de alunos de fonoaudiologia e pedagogia a respeito de suas experiências e práticas com a leitura e a escrita; Visões de alunos de pedagogia e fonoaudiologia acerca das práticas de leitura e escrita de textos pertencentes ao gênero acadêmico; Visão de universitários com perda auditiva a respeito de sua trajetória de vida e de seu processo de acessibilidade no ensino superior); (4) em andamento;
• Trabalhos de Iniciação Científica: (6) – concluídos (A acessibilidade da pessoa com deficiência no ensino superior; Acessibilidade no ensino superior: estudo em uma universidade particular de Curitiba; Condições de letramento entre acadêmicos do Ensino Superior;visões de graduandos de pedagogia e fonoaudiologia acerca de suas condições de leitura e escrita e do impacto que as mesmas exercem sob a acessibilidade no ensino superior;visão de universitários deficientes auditivos a respeito de sua trajetória de vida e de seu processo de acessibilidade no ensino superior) ; (3) em andamento;
• Dissertação de Mestrado:(2) concluídos (Acessibilidade e letramento: práticas com alunos na universidade; Abordagem fonoaudiologica voltada às condições de letramento de alunos do ensino superior: um estudo de caso); e (1) em andamento (Leitura e Escrita no Ensino Superior);
• Tese Doutorado: (1) em andamento (Acessibilidade no ensino superior);
Os resultados das pesquisas vem sendo divulgados em produções técnicas e bibliográficas, a partir de trabalhos apresentados em eventos científicos de relevância e em artigos e publicados em periódicos inseridos nos contextos da saúde e da educação. Além disso, ressaltamos a produção de capítulos e de um livro.
IMPACTO CLÍNICO E/OU SOCIAL DAS PESQUISAS E PERSPECTIVAS FUTURAS
O primeiro impacto a ser explicitado refere-se a contribuição com a produção do conhecimento acadêmico, no contexto da Fonoaudiologia Educacional, em torno de uma problemática abordada, recentemente, por um número pequeno de fonoaudiólogos. Se é possível acompanharmos o acúmulo de conhecimentos e ações intersetoriais envolvidos com a linguagem oral e escrita nos contextos da educação infantil e do ensino fundamental, a verticalização de estudos acerca da promoção da linguagem no ensino superior é um desafio a ser, atualmente, enfrentado para que a Fonoaudiologia contribua com o direito a educação em todos os níveis.
Partindo do pressuposto de que as relações estabelecidas com a linguagem oral e escrita (valores, funções, posições e práticas vivenciadas) definem condições de acessibilidade para todos os alunos, em todos os níveis de formação e, em especial, no ES, o grupo vem sistematizando e implementando ações de extensão direcionadas a grupos de acadêmicos que objetivam a promoção do letramento, bem como, ações clínicas destinadas a alunos do ensino superior com queixas de leitura e escrita.
GRUPOS DE PESQUISA
2242
REABILITAÇÃO VESTIBULAR E HABILIDADES COGNITIVAS EM IDOSOS
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Histórico do grupo de pesquisa: este grupo de pesquisa surgiu em 2015 desde minha graduação onde buscamos estudar sobre os novos exames otoneurológicos potencial miogênico evocado vestibular (VEMP) cervical e ocular com o video head impulse test (v-HIT) ou teste do impulso cefálico. Continuamos o projeto no meu mestrado onde avaliamos indivíduos com e sem diabetes mellitus tipo 1 por meio do v-HIT, atualmente estamos desenvolvendo minha pesquisa de doutorado que tem como objetivo avaliar o sistema vestibular e a cognição de idosos submetidos à reabilitação vestibular (RV). Principais projetos de pesquisa: conseguimos com este projeto avaliar o sistema vestibular de forma detalhada de indivíduos com e sem doenças otoneurológicos utilizando os exames VEMP e v-HIT. Confirmando a praticidades destes exames para a prática clínica que são rápidos, objetivos e não causam desconforto ao indivíduo a eles submetidos. Atualmente estamos utilizando estes exames otoneurológicos com a avaliação neuropsicológica de idosos com disfunção vestibular submetidos à reabilitação vestibular. Parcerias nacionais: Hospital São Geraldo HC-UFMG e o Hospital Jenny Faria HC-UFMG. Produtos obtidos por meio da pesquisa: conseguimos publicar três artigos que relatam a importância dos exames otoneurológicos VEMP e v-HIT, o primeiro como auxílio no topodiagnóstico vestibular, o segundo confirmando a redução do ganho do reflexo vestíbulo-ocular (RVO) com o envelhecimento por meio do v-HIT e o terceiro sobre as alterações encontradas em indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 submetidos ao v-HIT. Confirmando a importância de um acompanhamento destes indivíduos com alterações metabólicas. Atualmente temos mais três artigos em análise, um sobre os efeitos do envelhecimento sobre a função vestibular por meio do VEMP cervical e ocular, outro sobre a avaliação da simetria de respostas em indivíduos hígidos por meio do VEMP cervical e ocular, um terceiro que se trata de um artigo de revisão sobre a associação entre o sistema vestibular e a cognição com estudos que encontraram esta correlação e aqueles que relataram melhora de habilidades cognitivas após a RV. Recentemente terminamos nosso estudo piloto sobre a reabilitação vestibular e habilidades cognitivas em idosos que encontrou dados importantes mesmo com o número pequeno de idosos que conseguiram terminar o tratamento da RV devido à pandemia do Covid-19. Impacto clínico e social: dentre os impactos sociais estão a divulgação da praticidade destes exames otoneurológicos que não causam desconforto aos indivíduos a eles submetidos e que conseguem avaliar o sistema vestibular de forma detalhada. Mostrando aos serviços de saúde a importância destes exames que conseguem nos fornecer mais informações do que somente a tradicional prova calórica. Revelar a importância do acompanhamento de indivíduos com diabetes mellitus tipos 1, uma vez que alterações metabólicas podem afetar o sistema auditivo e vestibular, comprovado em nossos estudos.Confirmando também os efeitos que o envelhecimento causa no sistema vestibular por meio das respostas encontradas nestes exames otneurológicos. Com nossa pesquisa atual queremos mostrar a sociedade e os serviços de saúde, que idosos com disfunção vestibular podem apresentar alterações de funções cognitivas, hipótese confirmada na literatura e que também apresentou evidencia em nosso estudo piloto. Revelar também que com a RV os indivíduos podem além de relatar diminuição dos impactos da tontura na qualidade de vida, diminuir o sofrimento psicológico e apresentarem melhora de suas habilidades cognitivas, dados também encontrados em nosso estudo piloto. Temos como princípio maior nesta pesquisa divulgar a importância do cuidado integral da pessoa idosa e que a tontura afeta não apenas seu equilíbrio, mas também sua saúde psicológica e o funcionamento adequado de suas habilidades cognitivas. Ampliando nosso olhar do indivíduo com tontura para além do sistema vestibular apenas.
GRUPOS DE PESQUISA
2249
SÍNDROME DA SENSIBILIDADE SELETIVA DO SOM: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
INTRODUÇÃO: O sistema auditivo é constituído por estruturas sensoriais e conexões centrais responsáveis pela audição. Este sistema pode ser referido em duas porções distintas, inter-relacionadas, definidas como sistema auditivo periférico e sistema auditivo central. Duas vias auditivas estão envolvidas no processamento central da audição: a via auditiva eferente (descendente), onde todas as fibras eferentes originadas dos mais diversos pontos do sistema nervoso central organizam-se no nível do Complexo Olivar Superior (COS). A partir desse ponto, descem em direção à cóclea através de dois tratos distintos, o Trato Olivococlear Medial, que tem como destino final, as células ciliadas externas (CCE) e o Trato Olivococlear Lateral, responsável pela inervação das células ciliadas internas (CCI) e a via auditiva aferente (ascendente), que envia informações dos receptores auditivos, órgão de Corti, ao córtex cerebral e possui representação bilateral com predomínio contralateral no córtex. As quatro principais estações na propagação central da informação auditiva, que leva à percepção consciente são: núcleo coclear, oliva superior, colículo inferior e corpo geniculado medial. O complexo olivar está envolvido no mecanismo de localização sonora de altas e baixas frequências. O aumento da intensidade do estímulo sonoro aumenta a excitação de fibras correspondentes e excita fibras adicionais, necessitando de auxílio para propagação. A palavra diagnóstico é geralmente usada pela área médica para determinar uma doença pelos sintomas que ela apresenta. Um diagnóstico ainda pouco reconhecido no campo da Audiologia é a Síndrome da Sensibilidade Seletiva do Som (SSSS ou 4S). Também conhecida popularmente por misofonia, é um distúrbio que desenvolve intolerância a pequenos sons repetitivos e de baixo volume. Essa desordem neurológica causa ojeriza ao som, desencadeada por uma ou mais experiências negativas a determinados barulhos, como ódio, raiva e medo. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo trazer elucidações acerca do diagnóstico e da terapêutica utilizada no tratamento. MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho trata-se de uma revisão de literatura, com pesquisa de artigos por meio de base de dados eletrônicas SciELO, PubMed e BVS, pesquisados no período de março de 2019 a outubro de 2019, adotando critérios de inclusão e exclusão e, posteriormente, realizando uma análise crítica das informações. A pesquisa foi realizada de forma avançada em cada base de dados, inserindo os descritores de forma isolada e combinada, correspondentes à classificação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), em português: “Audição”, “Transtornos da Audição”, “Hiperacusia”, “Sistema Límbico” e “Condicionamento Clássico”. Tendo como critérios de inclusão artigos com idioma em português e inglês, entre os anos de 1985 a 2019, estudos em humanos, relatos de casos, revisões sistemáticas e como critério de exclusão artigos que, mesmo contendo a palavra chave, não contemplavam o assunto abordado. Foram encontrados no total: 1.458 artigos na base de dados PubMEd, 1.133 artigos na base de dados SciELO e 1.280 artigos na base de dados BVS. Desse total, foram eliminados artigos por não apresentarem o título relacionado ao objetivo do trabalho e eliminados através da leitura do resumo. Portanto, foram lidos na íntegra e utilizados para essa pesquisa um total de 29 artigos. Para acrescentar à revisão, foi realizada consulta em referências clássicas da área como teses e livros, além de sites oficiais que abordam o tema em questão. RESULTADO: Poucos estudos podem contribuir para desenvolver um modelo que esclareça a misofonia. Por ser semelhante à hiperacusia, técnicas de condicionamento clássico e farmacologia são aplicadas a fim de minimizar os sintomas. CONCLUSÃO: Otorrinolaringologistas, Fonoaudiólogos, Neurologistas, Psiquiatras e Psicólogos tentam tratar a misofonia em função dos sintomas compatíveis com outros problemas, pois ainda não há um consenso sobre um protocolo específico. Definitivamente, ainda é necessário uma pesquisa cientifica afundo sobre o assunto para que se possa obter um tratamento eficaz, apesar de misofônicos com sintomas psiquiátricos se beneficiarem do uso de agentes psicoativos ou psicoterápicos. Propõe-se estudos mais complexos para elucidar questões pendentes, contribuindo para um diagnóstico e tratamento efetivos.
GRUPOS DE PESQUISA
2245
TRABALHO E SAÚDE DOCENTE (TRASSADO/UFBA)
Voz (VOZ)
Em 2009, o Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) firmou uma parceria com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC-BA), junto ao "Programa de Atenção à Saúde e Valorização do Professor", iniciando a estruturação de uma rede de atenção à saúde docente, a qual incluía ações de promoção à saúde, prevenção da doença e assistência, frente os seus maiores agravos: distúrbio de voz, LER/DORT e transtornos mentais. Composto inicialmente por fonoaudiólogos (preceptores), professores e alunos da UFBA, Universidade Estadual da Bahia (UNEB), União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME) e Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), o Programa estruturou-se de modo que extensão e pesquisa fossem realizados conjuntamente, oferecendo assistência, formação de recursos humanos e produção de conhecimento científico.
Em 2012, a área de pesquisa ampliou sua inserção, pela articulação com o Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho (PPG-SAT/ /UFBA) e Núcleo de Epidemiologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (NEPI/UEFS). Nesse mesmo ano, iniciamos o projeto “Condições de Trabalho Docente e Saúde: intervenções para a construção de ambientes de trabalho saudáveis” (FAPESB/2012), com o objetivo de compreender as condições de trabalho docente e seus diferentes agravos.
Posteriormente, em 2014, articulou-se ao projeto “Estratégias de proteção de disfonia em professores“ (CNPq/2014), com o intuito de verificar o efeito de estratégias protetoras da voz no contexto docente como: amplificação da voz; nebulização; e exercício do trato vocal semiocluído com canudo comercial, dando seguimento ao aquecimento vocal, estratégia iniciada no doutorado e aprimorada em ensaio clínico randomizado subsequente. Com a finalização da coleta de dados, elaborou-se uma cartilha educativa (PAEXDoc/2018) e criaram-se um blog, site institucional e perfis nas redes sociais (PAEXDoc/2019), de modo a favorecer a difusão do conhecimento e criar um canal de comunicação com o nosso público-alvo. O grupo assumiu um novo nome e identidade visual, sendo intitulado “Trabalho e Saúde Docente” (TRASSADO/UFBA).
A partir de 2015, elaborou-se o projeto “Trabalho docente e saúde na educação infantil: estudo piloto”, a pedido do SINPRO-BA. Em 2016, retomamos as discussões sobre o distúrbio de voz relacionado ao trabalho (DVRT) com o Ministério da Saúde, realizando oficina de revisão do documento (2017), sendo o Protocolo DVRT publicado em 2018. Paralelamente, iniciou-se a internacionalização do grupo, com parceiras com o MGH-Voice Center/Harvard Medical School (HMS-EUA); University College London (UCL-UK) e Universidade de Illinois Urbana-Champaign (UIUC-EUA), nos projetos “Saúde vocal: monitoramento de voz e estratégias protetoras de disfonia” (pós-doutorado, CNPq/2015, HMS-EUA); “Há evidências suficientes para reconhecer o distúrbio de voz como doença relacionada ao trabalho?” (UCL-UK) e “Conforto acústico: saúde vocal docente e inteligibilidade de fala” (UIUC-EUA). Ressalta-se que o revestimento a ser utilizado no projeto "Conforto Acústico" é sustentável, produzido com fibras de canabrava e dendê, por comunidades quilombolas da Bahia. Tais parceiras contribuíram para a ampliação da tecnologia utilizada, como o monitoramento de voz e a criação do “Laboratório de Voz e Conforto Acústico” (FINEP/2018).
Em 2020, com a pandemia do corona vírus, estabelecemos uma nova parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no projeto “Saúde vocal e mental de professores em tempos de pandemia da COVID-19: estudo multicêntrico.”
O TRASSADO, na sua primeira fase, formou aproximadamente 100 alunos de graduação, atendendo a uma média de 2.500 professores. Foram produzidas nove dissertações de mestrado, dez trabalhos de conclusão de curso (TCC) em Fonoaudiologia e uma monografia de residência em Medicina do Trabalho. Cinco projetos de iniciação científica foram contemplados com bolsas PIBIC/IC.
Atualmente, há cinco mestrandas e uma egressa do PPG-SAT, dois bolsistas PIBIC/IC, duas orientandas de TCC e três extensionistas. Foram apresentados 26 trabalhos, publicados 23 em anais de eventos nacionais e nove em eventos internacionais; ministradas 21 conferências; 13 artigos científicos (dois no prelo); dois capítulos de livro (um no prelo) e um documento técnico (Protocolo DVRT).
Como perspectivas futuras, pretende-se: a) desenvolver tecnologias individuais e coletivas, que possibilitem melhores condições de trabalho docente e reduzam os agravos de voz; b) promover o autocuidado vocal; c) incentivar o uso de revestimento sustentável, de baixo custo, visando proteção coletiva para o conforto acústico em salas de aula, além de favorecer a economia solidária de populações vulneráveis; d) compreender a saúde mental e vocal de professores durante o período de isolamento social e no retorno às aulas presenciais; e) difundir as tecnologias investigadas para professores das redes pública e privada de ensino, sindicatos, Secretarias de Educação e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); f) auxiliar na capacitação da rede de atenção à saúde do trabalhador, quanto ao manejo do Protocolo DVRT.
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HIGHLIGHTS
570
A EFICÁCIA DA INSERÇÃO DA TERAPIA ASSISTIDA COM ANIMAIS, NO PROCESSO TERAPÊUTICO FONOAUDIOLÓGICO: CONSTRUÇÃO DE UM PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO
Linguagem (LGG)
A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma metodologia relativamente nova que utiliza da interação homem animal no processo terapêutico [1]. A ideia surgiu da desmotivação do paciente frente à terapia tradicional e a existência do laço afetivo entre o cão e o ser humano, criando assim uma possibilidade de evolução através da conciliação de terapia com a participação do animal. Nesta perspectiva, o projeto de extensão Convívio Homem Animal e sua Relação com a Saúde, Responsabilidade Social e Ambiental, que acontece em uma universidade de Santa Catarina, desenvolve a Atividade ou Terapia Assistida por Animais (A/TAA) no cuidado integral à pessoa. Neste grupo interdisciplinar, a Fonoaudiologia é mais uma ciência que vê na inserção do animal no processo terapêutico, um recurso que pode ser bastante efetivo no que se refere principalmente à criação de vínculo paciente e animal, o que aumenta a possibilidade de respostas mais significativas. Porém, ainda temos poucos estudos que mostrem efetivamente dados fidedignos relacionados a esta contribuição. Pensando nisso, o grupo de profissionais envolvidos, juntamente com bolsistas e voluntários, viram a necessidade da criação de protocolos de avaliação para serem aplicados antes e depois do período de intervenção com a presença do cão. No que se refere à fonoaudiologia, o protocolo foi direcionado a pacientes com diagnóstico de transtorno do espectro do autismo (TEA), já que se caracterizava como a principal clientela da TAA associada à terapia fonoaudiológica. Com base em um levantamento bibliográfico baseamos nossa proposta em protocolos já existentes na Fonoaudiologia como Protocolo de Avaliação Comportamental (PROC) [2], o protocolo de Avaliação do Desenvolvimento da linguagem (ADL) [3] e literatura específicas sobre TEA [4,5] . O TEA é descrito pelo comprometimento ou atraso em dois domínios inter-relacionados: interações sociais e comunicação. Todas as etapas pré-linguísticas da aquisição da linguagem subjacentes e promovidas na interação social (tais como o desenvolvimento da atenção conjunta quando a criança se orienta para um parceiro social, a coordenação e alternância da atenção entre pessoas e objetos, a partilha e interpretação de afetos ou estados emocionais, o uso de gestos e vocalizações juntamente com o contato físico) são competências indispensáveis para o envio de uma mensagem a um parceiro social [6]. O protocolo, portanto, envolveu a coleta de dados acerca das habilidades comunicativas e de linguagem, desenvolvimento cognitivo, bem como das habilidades de base para socialização; baseados na analise do comportamento. Para o preenchimento, o terapeuta assinalará 0,1,2 ou 3, de acordo com a qualidade e sistematicidade da resposta naquela habilidade. Este é a primeira versão e a proposta é ser aplicada em crianças de 2 a 5 anos , com diagnóstico de TEA em terapia fonoaudiológica ; sendo que será realizada uma entrevista inicial com a família para identificação do perfil da criança , a aplicação do protocolo antes da terapia com a inserção do cão no processo e após 3 meses , aplicação deste mesmo protocolo . Esperamos com isso, ter dados quantitativos que mostrem a eficácia ou não deste recurso dentro da terapia fonoaudiológica, visando trazer novas possibilidades que de alguma forma contribuam para a construção de uma intervenção que leve em conta as singularidades do sujeito e da sua patologia.
[1] Cechetti F, et al. Terapia Assistida por Animais como recurso fisioterapêutico para idosos institucionalizados. Scientia Medica [Internet]. 2016 [acesso 5 de julho de 2020] 26:1-6. DOI 10.15448/1980-6108.2016.3.23686. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/view/23686/14871.
[2] Zorzi JL, Hage SRV. Protocolo de observação comportamental: avaliação de linguagem e aspectos cognitivos infantis. 1 ed. São José dos Campos: Pulso Editorial; 2004. 93 p.
[3] Menezes MLN. A construção de um instrumento para avaliação do desenvolvimento da linguagem: idealização, estudo piloto para padronização e validação [Tese]. Rio de Janeiro: Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Tese de Doutorado em Ciências.
[4] Rogers SL, Dawson G. Intervenção Precoce em Crianças com Autismo. 1 ed. Lisboa: Lidel; 2014. 376p. ISBN: 978-989-752-085-3.
[5] Rogers SL, Dawson G, Vismara LA. Autismo: Compreender e agir em família. 1 ed. Lisboa: Lidel; 2015. 324 p. ISBN: 978-989-752-132-4.
[6] Reis HIS, Pereira APS, Almeida LS. Características e especificidades da comunicação social na perturbação do espectro do autismo. Revista Brasileira de Educação Especial [Internet]. 2016 [acesso em 9 de outubro de 2019 ];22:325-336. DOI 10.1590/S1413-65382216000300002. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-65382016000300325&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.
HIGHLIGHTS
938
A FONOAUDIOLOGIA E A LOCUÇÃO NA AUDIODESCRIÇÃO
Voz (VOZ)
A Fonoaudiologia e a Locução na Audiodescrição
Parcelas consideráveis da população, como as pessoas com deficiência visual ou auditiva, estão total ou parcialmente excluídas do acesso às manifestações culturais veiculadas por meio de produções audiovisuais na televisão e internet. Essas pessoas, com pouca ou nenhuma acessibilidade a esses conteúdos audiovisuais, ficam à margem de processos informacionais e comunicacionais e, em consequência, da socialização resultante1. Com objetivo de otimizar as condições de acessibilidade, alguns recursos objetivam traduzir as informações audiovisuais de filmes e de outras manifestações culturais em conteúdos verbais, sejam estes de forma falada (audiodescrição), escrita (legendagem) ou gesto-visual (janela de LIBRAS). A legendagem para surdos e ensurdecidos, a janela de libras e a audiodescrição são recursos de tecnologia assistiva voltados para a inclusão e a acessibilidade de pessoas que não conseguem ter acesso às obras audiovisuais em sua totalidade 2. Uma pessoa com deficiência visual, por exemplo, poderá se beneficiar da audiodescrição (AD) para compreender melhor um produto audiovisual, como cenas de um filme, um jogo de futebol ou uma peça teatral, considerando que aquela constitui um recurso que visa a fornecer a tradução de impressões visuais apresentadas às pessoas com deficiência visual por meio de uma locução adicional, inserida entre os diálogos. A audiodescrição, portanto, traduz imagens - meio visual - em palavras - meio verbal 3. O processo de realização de uma audiodescrição é dividida didaticamente em duas fases: a construção de um roteiro e a gravação da locução. Os audiodescritores buscam traduzir de um modo mais eficaz as cenas para que se reduzam ao máximo as perdas sofridas em relação ao entendimento da obra audiodescrita pela pessoa com deficiência visual. A locução, por sua vez, deve colaborar para a tradução mais efetiva dos sentimentos e estados afetivos das cenas/imagens. Para isso, propõe-se que a locução, a ser realizada na audiodescrição, possa agregar mais recursos vocais interpretativos à obra audiodescrita 4. Porém, atualmente, no Brasil, a locução na audiodescrição ainda é realizada sem critérios técnicos, sem formação profissional, no qual o locutor recebe apenas orientações genéricas sobre como deve ser o uso da voz, como voz “clara”, “agradável”, ou, até mesmo, “neutra”, para que não ocorram interferências da interpretação do locutor nas cenas. Este cenário de pretensa neutralidade modifica-se quando pesquisas demonstram a efetividade de uma locução mais interpretativa 5. Para que o locutor audiodescritor desenvolva sua tarefa de modo eficaz, é importante a colaboração da Fonoaudiologia, considerando o fato de que não há referências sobre como desenvolver a locução na audiodescrição, nem sobre programas de treinamento para a formação de locutores na audiodescrição 6,7. Um programa de aperfeiçoamento da comunicação oral para locutores na audiodescrição está sendo desenvolvido junto a um programa de pós-graduação, com objetivo de adaptar procedimentos fonoaudiológicos para a aplicação na locução na audiodescrição. O programa deve ser aplicado por um fonoaudiólogo, em formato de oficina, com carga horária mínima de 40 horas, com no máximo 20 participantes. Consta de conteúdos teóricos sobre audiodescrição, produção da voz e fala e avaliação perceptivo-auditiva da voz, treinamento auditivo, exercícios para o aperfeiçoamento dos padrões de voz e fala, construção de um modelo de locução informativo-interpretativa, práticas de locução na audiodescrição. A proposta apresentada diferencia-se dos demais programas de locução para rádio e TV, pois propõe um modelo de locução próprio para audiodescrição, composto de especificidades relacionadas à qualidade vocal e aos recursos vocais de expressividade, tais como adaptar a velocidade da fala às dinâmicas das cenas, realizar pausas para imprimir dramaticidade e adicionar modulações discretas da loudness com função interpretativa. É esta modalidade de locução, que não deve se sobrepor às falas das personagem, que aqui é denominado de informativo-interpretativa, pois deve ter o propósito de informar os conteúdos das cenas de modo interpretativo. Em janeiro de 2020, uma oficina piloto, com carga horária de 20 horas, foi realizada para fornecer ajustes na estrutura e funcionamento do programa, com o objetivo de aperfeiçoá-lo. Os resultados demonstraram que todos os aspectos da qualidade vocal e dos recursos vocais de expressividade dos participantes obtiveram crescimento percentual, em especial a velocidade de fala, as variações de pitch, a coordenação pneumofoarticulatória e o uso de pausas, aspectos considerados relevantes para uma locução na audiodescrição eficaz. Portanto, identifica-se neste programa um caráter inovador em relação à formação de locutores na audiodescrição, à desmistificação da locução neutra e à proposição de uma locução interpretativo-informativa, ofertando, ao final, um produto de locução mais eficaz para a acessibilidade. Esta, então, é mais uma tarefa em que a Fonoaudiologia poderá trazer contribuições aos estudos de audiodescrição realizados no Brasil.
1 Costa, LM. Audiodescrição em filmes: história, discussão conceitual e pesquisa de recepção. Rio de Janeiro. Tese [Doutorado em Estudos da Linguagem] - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 2014.
2 Naves SB, Mauch, C, Alves SF, Araujo VLS. Guia para produções audiovisuais acessíveis. Brasília: Ministério da Cultura; 2016.
3 Araújo VLS. Aspectos teóricos e práticos da audiodescrição. Fortaleza: EDUECE; 2017.
4 Seoane AF, Araújo VLS. Elaboração e análise da audiodescriçãodo filme Corisco e Dadá. Cultura & Tradução. 2011[acesso em 06 jul 2020]; 1(1). Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ct/article/view/13026/7538.
5 Araújo VLS, Carvalho WJA, Praxedes Filho PHL. A Locução na audiodescrição para pessoas com deficiência visual: uma contribuição á formação de audiodescritores. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará; 2013.
6 Carvalho WJA, Magalhães CM. Locução em filmes audiodescritos para pessoas cegas ou com baixa visão: uma contribuição à formação de audiodescritores. In: Araújo, VLS, Aderaldo M.F. Os Novos rumos da pesquisa em audiodescrição no Brasil. Curitiba: Editora CRV; 2013.
7 Carvalho WJA, Leão BA, Palmeira C T. Locução e audiodescrição nos estudos de tradução audiovisual. Trab. Ling. Aplic. 2017 Mai/Ago [acesso em 06 jul 2020]; 56(2). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tla/v56n2/2175-764X-tla-56-02-00359.pdf.
HIGHLIGHTS
2157
A FONOAUDIOLOGIA PODE TRANSFORMAR-SE EM UM NEGÓCIO NA SUA VIDA?
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
TEMA: A FONOAUDIOLOGIA PODE TRANSFORMAR-SE EM UM NEGÓCIO NA SUA VIDA?
CONTEXTUALIZAÇÃO: O cenário da Fonoaudiologia mudou muito nos últimos anos e atualmente o profissional tem opções no mercado de trabalho que não tinha no passado. A possibilidade de ter um negócio próprio sempre acompanhou a profissão e, apesar de ser uma grande possibilidade para o profissional, muitos fonoaudiólogos não conseguem manter seu próprio negócio e acabam se desiludindo com a profissão e culpando a Fonoaudiologia pelo seu insucesso. SITUAÇÃO-PROBLEMA: Por que isso acontece? Qual será o momento ideal para o profissional ter o seu próprio negócio? Será que ter uma clientela e/ou um espaço físico é suficiente para se arriscar e empreender? O que o profissional deve fazer para garantir que conseguirá não só abrir o seu negócio, mas também, conseguirá sobreviver no mercado e manter as portas abertas? PROPOSTA: Para garantir sucesso nos negócios, o fonoaudiólogo além de se aprimorar tecnicamente, precisa desenvolver outras habilidades e conquistar novos aprendizados. Nesta proposta, serão abordados três conceitos de autores renomados, os quais vão trazer respostas para as perguntas e consequentemente auxiliarão o fonoaudiólogo que deseja empreender a desenvolver-se. O primeiro conceito a ser aprendido está relacionado com a descoberta do propósito. A grande maioria dos profissionais que resolvem ter o próprio negócio, vão em busca de um espaço, compram mobílias, pintam as paredes etc, e abrem as portas, demonstrando inicialmente “o que” é aquele novo empreendimento e quais serviços serão oferecidos. Na sequência pensam e realizam estratégias para atrair clientes, utilizam as redes sociais para divulgação, alguns conseguem organizar as finanças, outros não, contratam colaboradores etc, definindo o “como” tudo acontece. Só depois resolvem parar e pensar, no “porque” abriram um consultório, uma clínica ou uma empresa, ou as vezes nem param pra refletir sobre isso. Fato é que “o que” precisa fazer para abrir seu próprio negócio e o “como” deve fazer para manter as portas abertas são partes importantes e necessárias do processo, porém nem sempre deixa o profissional realizado e, na maioria das vezes, não convence o cliente a escolher por aquela empresa, visto que a diferença tanto para a satisfação pessoal do profissional, bem como para o cliente é entender o “porque” aquela empresa existe. Portanto, antes de pensar o que fazer e como fazer, é primordial que o profissional reflita e tenha uma resposta clara e definida do “porque” quer abrir seu próprio negócio, assim como proposto no Golden Circle, conceito criado pelo especialista em liderança Simon Sinek. Descobrir o “porque” é fundamental para que o “como” e “o que” possam ser pensados e realizados com mais clareza e determinação. O segundo aprendizado dentro dessa proposta é o profissional estar disposto a mudar seu “mindset”, evoluindo do denominado “mindset fixo” para um “mindset de crescimento”, como proposto pela psicóloga Carol Dweck. Com essa evolução, o profissional perceberá que com esforço e dedicação, pode ser capaz de desenvolver novas aptidões e alcançar seus objetivos. É relevante esse aprendizado, pois há muitos fonoaudiólogos e/ou recém formados em fonoaudiologia que, mesmo diante de excelentes oportunidades, carregam crenças, que só profissionais mais privilegiados financeiramente prosperam na carreira, que só um ou outro profissional tem chances de montar o próprio negócio ou que empreender não é para ele. E pensamentos como esses, atrapalham as chances de empreender com sucesso. O profissional com o mindset de crescimento aceita novas propostas, descobre oportunidades e possibilidades dentro da carreira fonoaudiológica e, tem maiores chances de conseguir empreender e ter o próprio negócio. O terceiro aprendizado e não menos importante é fazer uso de alguma ferramenta de gestão pessoal, de preferência, desde o início da carreira e não somente no momento que resolver empreender, pois assim será possível para o profissional visualizar ao longo do tempo, qual é o melhor momento para ter o seu próprio negócio, o que se deve fazer para manter as portas abertas, bem como identificar pontos fortes e fracos, oportunidade de impulsionar sua carreira e alavancar seu negócio. Um dos modelos mais utilizados por empresas atualmente é o Canvas, criado por Alexander Osterwalder. E por se tratar de um modelo de negócios fácil de ser aprendido é altamente indicado para o uso da gestão pessoal. Composto por nove blocos: segmento de clientes, proposta de valor, canais, relacionamento, receitas, custos, parceiros, atividades e recursos; é um modelo de negócios dinâmico e altamente eficaz, se utilizado corretamente.
Sendo assim, a proposta de desenvolver esses conceitos auxiliará o empreendedorismo do profissional fonoaudiólogo, garantindo a ele, oportunidade de entender e planejar sua carreira, maiores chances de empreender com eficiência, se assim for o seu propósito, e de identificar qual será o “melhor momento” para iniciar seu próprio negócio.
1. Clark, T.; Osterwalder A.; Pigneur Y. Business Model You: A One-Page Method For Reinventing Your Career. New Jersey: Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, 2012.
2. Dweck, C. S. Mindset : a nova psicologia do sucesso / Carol Dweck ; tradução S. Duarte. – 1a ed. – São Paulo: Objetiva, 2017.
3. Sinek, S. Comece pelo porquê: Como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir. / Simon Sinek; tradução de Paulo Geiger. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.
HIGHLIGHTS
2170
A MATEMÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO: UMA PROPOSTA DIDÁTICA DE ENSINO PARA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: No cotidiano escolar vemos a prioridade dos professores voltada para os processos de aquisição da leitura e escrita, ficando a Matemática relegada ao segundo plano, geralmente descontextualizada das demais disciplinas, até mesmo da língua materna. Estudos reconhecem a importância e a correlação da consciência fonológica no processo de alfabetização, sendo esta entendida como a “habilidade de refletir sobre os sons da fala, desde a simples percepção global do tamanho da palavra e semelhanças fonológicas entre elas, até a segmentação e manipulação de sílabas e fonemas” 1. Sendo assim, esta habilidade parece envolver uma relação aritmética na medida em que segmentar, adicionar, subtrair fonemas, sílabas e palavras de frases, dependem, a priori, de um entendimento matemático. Portanto, torna-se condição indispensável e essencial que o aluno adquira uma aprendizagem aritmética, para evoluir na alfabetização. DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E PROPOSTA DE RESOLUÇÃO: Refletindo sobre estas relações e as especificidades dos alunos com NEE (necessidades educacionais especiais) que frequentam as escolas nos anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) bem como sobre a pouca atenção voltada para os materiais produzidos para este público, buscou-se elaborar um livro didático, do aluno, como recurso de ensino estrategicamente organizado quanto ao conteúdo e acessibilidade, para alunos com NEE matriculados no 2º e 3º anos do EF. APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA. Após o levantamento prévio e análise dos materiais didáticos trazidos pelos próprios alunos/paciente de sua instituição de ensino, como livro didático e cadernos, levantou-se o conteúdo que estava sendo oferecido para cada ano escolar (2º e 3º) relativo a disciplina de matemática. Após leitura do Documento Base Nacional Comum Curricular2 (BNCC), etapa EF, área de Matemática, anos iniciais, selecionou-se um conteúdo elementar que considerou-se suficiente e necessária à aprendizagem da alfabetização. Levando-se em conta os registros observados nos cadernos e livros dos alunos/pacientes, bem como o diagnóstico de cada um e especificidades quanto às suas condições cognitivas/intelectuais, psicomotoras, perceptivas (visual e auditiva), competências linguísticas e comunicativas, elaborou-se um livro do aluno, contendo (97) noventa e sete páginas, no formato espiral, com conteúdos ordenados e articulados entre si de modo a atingir uma aprendizagem significativa. Critérios de acessibilidade3 foram estrategicamente pensados e aplicados em todas as páginas do livro como: espaçamento aumentado nas atividades de registro/escrita do aluno, (em consideração as dificuldades de coordenação motora), escolha da fonte e tamanho da letra, espaçamento entre linhas nas atividades envolvendo a leitura, ilustrações coloridas. Dosagem no volume de informação foi oferecida de modo a facilitar a compreensão do aluno, uso de vocabulário e linguagem matemática consideradas de domínio da criança. Materiais complementares são oferecidos aos mesmos como estratégia concreta facilitadora à compreensão e aprendizagem. Portanto, foi possível elaborar um material específico, coerente com os objetivos propostos e de acessibilidade à aprendizagem, considerando as especificidades dos alunos. Observou-se, com a introdução deste recurso uma participação mais ativa com demonstração de interesse pelas atividades matemáticas, fator considerado relevante, uma vez que, o interesse precede a assimilação. O material elaborado foi eficiente e motivador para o processo ensino/aprendizagem da matemática, contemplando os propósitos.
1. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572004000200015
2. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
3. Disponível em: http://www.acessibilidade.net/trabalho/Manual%20Digital/capitulo8.htm
HIGHLIGHTS
2215
A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS COMO RECURSOS PARA ESTIMULAÇÃO DAS HABILIDADES COGNITIVO-LINGUÍSTICAS EM CONTEXTO EDUCACIONAL
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
A utilização dos jogos como recursos para a estimulação das habilidades cognitivo-linguísticas em contexto educacional
Contextualização e relevância do tema: Os processos de aquisição da leitura e da escrita implicam na necessidade do desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas, consideradas preditoras para a aprendizagem 1. A estimulação destas habilidades em contexto educacional, por meio da atuação orientada pelo Fonoaudiólogo Educacional, se configura no desenvolvimento de estratégias e atividades estruturadas, que conciliem objetivos educacionais direcionados ao bem-estar e ao envolvimento da criança. Definição da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: Diante da carência de elaboração e utilização de jogos estruturados e organizados com objetivo específico de promoção do desenvolvimento das habilidades que ofereçam suporte dirigido à aquisição e domínio do sistema alfabético de escrita, é proposto pelo presente estudo promover reflexão sobre a utilização dos jogos como recurso educacional para estimulação e desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas dos escolares, reforçando potencialidades e minimizando possíveis dificuldades no processo de aprendizagem. A atuação do Fonoaudiólogo Educacional com vistas à prevenção de dificuldades no processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita, bem como para remediação coletiva diante da presença de riscos à aprendizagem, consiste em desenvolver estratégias tornando favorável o trabalho com as demandas educacionais existentes. A utilização de jogos para fins educacionais apresenta-se eficaz em dois sentidos: para promoção de maior interesse e engajamento, e para a construção e aprimoramento percepto-cognitivo-linguístico 2. Quando utilizados adequadamente, tornam a aprendizagem mais significativa, refletindo no desenvolvimento cognitivo e intelectual dos escolares 3. Para ler e escrever são necessários o envolvimento e a integração entre as habilidades cognitivas e linguísticas 1,4,5. O pleno desenvolvimento destas habilidades tem sido frequente e consistentemente relacionado ao sucesso da aprendizagem da leitura e escrita 1,6,7. Quanto mais adequados os componentes cognitivos (controle da atenção, memória operacional fonológica, acesso ao léxico mental, organização e processamento das informações visuais), e quanto melhores as habilidades linguísticas (para identificar, comparar, refletir, manipular segmentos linguísticos), mais eficientes tornam-se as habilidades de reconhecimento dos elementos necessários para a formação das palavras 1,7. Frente a observação de carências envolvendo as habilidades cognitivo-linguísticas e diante de resultados escolares insuficientes, torna-se necessário determinar os processos já adquiridos e elencar as habilidades em defasagem existentes 2. Nestas situações, os jogos podem ser importantes instrumentos, permitindo o progresso das crianças em seu processo de aprendizagem a partir do desenvolvimento das habilidades requeridas pela leitura, pois mostram-se favoráveis à colocação da criança em contato com os aspectos gráficos e/ou sonoros importantes para esta aquisição 7,8. O ensino explícito sobre as relações entre fonemas e grafemas pode ser administrada de maneira lúdica e significativa através dos jogos 9 como forma de contribuir para a estimulação das habilidades preditoras à leitura e escrita em contexto educacional. São atribuídas aos jogos características de permitir que as habilidades ensinadas por meio deles possam ser generalizadas para situações novas de aprendizagem da criança 10. Os jogos possuem função motivacional e, quando utilizados como estratégias para o ensino das habilidades envolvidas na leitura e escrita (com objetivos didáticos explícitos 2,8,10, com características didático-educacionais, ações orientadas e com foco na aquisição ou treino de habilidades específicas) 10, promovem o arranjo de contingências para a aprendizagem de regras e para a maior participação do aprendiz nas atividades propostas 2,8,10, com alcance a um nível máximo de eficiência da aprendizagem, a partir de maior interação 9. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: Os princípios norteadores para a proposição dos jogos e o delineamento dos objetivos são importantes fatores para o alcance à efetividade almejada em contexto educacional. Estudos ressaltam a importância da promoção de materiais dinâmicos e a eficácia da utilização dos jogos com ações orientadas e com foco na aquisição ou treino das habilidades específicas para a promoção de respostas favoráveis, que atendam aos objetivos traçados 4,8. Deve-se, para tanto, como qualquer outro recurso didático, possuir objetivos definidos e coerência nas estratégias utilizadas para o alcance aos objetivos de aprendizagem 10. Torna-se relevante destacar, contudo, a necessidade de planejamento e critério de escolha dos recursos que favoreça a direção dos estímulos às habilidades deficitárias, especificamente quando utilizados em caráter preventivo ou de remediação 1,4,7, com vistas ao desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas, tendo como alvo o pleno desenvolvimento da leitura e escrita. Os jogos como elementos inerentes ao universo infantil, podem ser utilizados como ferramentas para estimularem déficits e/ou dificuldades encontradas no âmbito da aprendizagem da leitura e escrita, propondo a intercessão entre os conceitos lúdicos e científicos em busca da contribuição ao processo de aprendizagem.
Referências:
1. Capellini S, Silva C. Correlação entre habilidades cognitivo-linguísticas em escolares com dificuldades de aprendizagem. Rev. Psicopedagogia. 2012; 29(89):183-193.
2. Aguiar FA, Machado AC, Bello SF, Capellini, S. Jogos para intervenção Neuropsicopedagógica. In: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): Prática Clínica & Educacional. 2ª Edição. Ribeirão Preto: Book Toy; 2017. 119-138.
3. Mattos RCF , Faria MA. Jogo e Aprendizagem. Rev. Eletr. Saberes da Educ. 2011;vol.2 (1):1-13.
4. Nunes C, Frota S, Mousinho R. Consciência fonológica e o processo de aprendizagem de leitura e escrita: implicações teóricas para o embasamento da prática fonoaudiológica. Rev. CEFAC. Abr-Jun, 2009; 11(2):207-212.
5. Cavalheiro LG, Santos MS, Martinez PC. Influência da consciência fonológica na aquisição de leitura. Rev. CEFAC. 2010.
6. Pestun MSV, Omote LCF, Barreto DCM, Matsuo T. Estimulação da consciência fonológica na educação infantil: prevenção de dificuldades na escrita. Rev. Sem Assoc Bras de Psic Esc e Educ. Janeiro/Junho, 2010; 14(1):95-104.
7. Silva C, Capellini SA. Desempenho cognitivo-linguístico de escolares com distúrbio de aprendizagem. Psic. em Estudo. Janeiro/Março, 2011; v.16 (1): 131-137.
8. Silva TC. Jogos como ferramenta terapêutica. Manual de jogos (Monografia). Brasília (DF): Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento; 2016.
9. Maluf MR, Sargiani RA. Linguagem, Cognição e Educação Infantil: Contribuições da Psicologia Cognitiva e das Neurociências. Psic. Esc. e Educ. Vol. 22, n.3, Setembro/Dezembro, 2018; 477-484.
10. Panosso MG, Souza SR, Haydu, VB. Características atribuídas a jogos educativos: uma interpretação analítico-comportamental. Rev. Quadr. da Assoc. Bras. de Psic. Escolar e Educacional. Maio/Agosto, 2015; 19(2):233-241.
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908
AÇÕES INOVADORAS DE INCENTIVO À DOAÇÃO DE LEITE MATERNO DURANTE O PERÍODO DA COVID-19.
Saúde Coletiva (SC)
O aleitamento materno é imprescindível para a promoção e proteção da saúde da criança, e tem sido um tema relevante em campanhas, inclusive entre os programas governamentais brasileiros (1,2).
No Brasil cerca de 330 mil crianças nascidas por ano, são prematuras ou têm baixo peso, e precisam da doação de leite materno para sobreviver. O número representa 11% do total de crianças nascidas no país, média de 3 milhões por ano (3). Assim, torna-se indispensável o trabalho do Banco de Leite Humano (BLH) em intensificar as ações de incentivo de doação de leite.
Devido a doença Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) (4), a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano observou uma queda importante no número de doações, cenário preocupante, pois muitos recém-nascidos, internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, precisam desse alimento para sobreviver.
Com a pandemia, o Ministério da Saúde recomendou o distanciamento social, evitar aglomerações e utilizar medidas de proteção individual (5). Com o afastamento, observou-se diminuição no fluxo de mulheres dirigindo-se ao BLH do Hospital Universitário xxx para realizar a doação de leite materno.
Vale a pena destacar que a doação de leite materno não faz parte do cotidiano da maioria das lactantes brasileiras, e autores relatam que para haver a doação de leite materno, é necessário que as lactantes sejam apoiadas a doar. Isto depende, portanto, da circulação de informações e do vínculo das mães com os profissionais da área da saúde, pois a interação entre desejo, disponibilidade, conhecimento e acesso fundamenta a doação do leite humano (6).
Por meio dessa linha de reflexão, a proposta do Projeto de Extensão da xxx , intitulada “Estratégias de Solidariedade na Doação de Leite Materno nos tempos de COVID-19”, está comprometida com a missão de elaborar estratégias que promovam o acesso da população as informações de forma segura e de qualidade sobre a Doação de Leite Humano, e desenvolver atividades de acordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde (7).
Desde março, com o início da pandemia, iniciou-se as atividades para incentivar as mães a doarem leite materno para os bebês que necessitam desse alimento para sobreviver. Inicialmente foi realizado um treinamento por videoconferência de toda a equipe multiprofissional do Hospital Universitário, dos alunos de graduação do Curso de Fonoaudiologia e dos residentes, com o objetivo de esclarecer as dúvidas sobre amamentação e doação de leite materno nos tempos de pandemia da COVID-19.
Nesse período de treinamento, foi desenvolvimento um material informativo, buscando facilitar a identidade da ação e a integração com os profissionais da saúde, família, lactantes e pacientes internados no Hospital Universitário.
Como caráter inovador, foram realizadas quatro ações importantes, para incentivar a doação de leite materno e aumentar o estoque de leite no BLH. Inicialmente destaca-se a entrega de uma “Tag” de orientação sobre “Amamentação, Doação de Leite e COVID-19” para as nutrizes internadas na maternidade do Hospital Universitário. Esta atividade está sendo realizada uma vez por semana, com previsão de término no mês de novembro de 2020.
A segunda ação, de caráter inovador, foi a utilização do Serviço de Telessaúde do hospital. Devido a recomendação da diminuição do número de agendamentos no Setor e, para evitar aglomeração de pessoas (8), foi utilizado a teleconsultoria por videoconferência, em tempo real, com a equipe formada por três enfermeiras, uma fonoaudióloga e uma médica. Esta ação foi uma alternativa para evitar o deslocamento da família até o hospital, e para as sanar dúvidas relacionadas a amamentação e a doação de leite materno.
Atualmente a teleconsultoria conta com uma triagem e agendamento prévio, e acontece duas vezes por semana, com média de 30 atendimentos virtuais/mês, e com a duração de 1 hora. Quando há a necessidade de intervenção especializada, o BLH, disponibiliza a consulta presencial.
A terceira ação que está sendo realizada pelos alunos do Curso de Fonoaudiologia, é o monitoramento via telefone, SMS e WhatsApp das puérperas que receberam alta hospitalar no Hospital Universitário. O monitoramento acontece de 48h/48h, e as mães são questionadas sobre os sintomas da COVID-19 e sobre o processo do aleitamento materno. Caso a mãe apresente alguma dificuldade no manejo da amamentação, elas são encaminhadas para o Serviço de Telessaúde.
A quarta ação foi nomeada como “Doadoras de Leite do Futuro”. Esta atividade está sendo realizada nas Unidades de Saúde e, os alunos do Curso de Fonoaudiologia, monitoram as gestantes uma vez por semana. Como essas mulheres ainda são gestantes, as mães são orientadas sobre o aleitamento materno e a doação de leite materno, incentivando-as a serem futuras doadoras e/ou multiplicadoras dessa ideia.
Como resultados, a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano, lançou no mês de junho, o relatório de produção do BLH, de janeiro a maio de 2020. O Sistema de Produção é uma ferramenta de gerenciamento importante para os BLH e para as Coordenações Estaduais e Nacional. Com esses dados, bservou-se que houve aumento nas visitas domiciliares, no número de doadoras e na quantidade de leite humano coletado. Em janeiro foram realizadas 147 visitas domiciliares, e no mês de maio, verificou-se que ocorreram 300 visitas. Quanto ao número de doadoras de leite humano, observou-se que no mês de janeiro, 63 mulheres doaram leite, e no mês de maio, 84 nutrizes procuraram o BLH para realizarem a doação do leite materno. Em relação a quantidade de leite coletado, no mês de janeiro o BLH coletou 95,4 litros, e em maio verificou-se 141,2 litros (9).
Desta forma, foi possível observar que as ações inovadoras de doação de leite humano, no período de pandemia da COVID-19, proporcionou resultados efetivos, e repercutiu positivamente na promoção da saúde materno infantil; aumentou o número de doadoras de leite humano, e consequentemente, houve um aumento no estoque de leite materno no BLH.
Espera-se, que futuramente, estas ações contribuam com a construção de uma cultura sobre a Doação de Leite Materno e seja modelo de novas práticas em saúde.
1. Chaves MMN, Farias FCSA, Apostólico MR, Cubas MR, Egry EY. Amamentação: a prática do enfermeiro na perspectiva da Classificação Internacional de Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva. Rev. esc. enferm. USP [Internet]. 2011;45(1):199-205. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000100028&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000100028.
2. Brasil. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil. Aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. Disponível: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf Acesso em: 29 de junho de 2020.
3. Ministério da Saúde. Doação de leite: o que é, aleitamento materno, importância, como doar. Disponível em: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-leite-2019. Acesso em: 07 de maio de 2020.
4. Organização Mundial da Saúde. Relatórios de situação da doença coronavírus 2019 (COVID-2019). Disponível em:
5. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Recomendação Técnica No 03/20.160420. Assunto: Recomendações para Acolhimento e Manejo Clínico em aleitamento materno de gestantes, puérperas e lactantes assintomáticas ou sintomáticas de COVID-19 pelo Banco de Leite Humano. Documento Disponível na internet: https://rblh.fiocruz.br/covid-19-e-amamentacao-recomendacao-n0120170320 [Acesso em 20 de junho de 2020].
6. Miranda DW, Passos MC, Freitas MIF, Bonolo FP. Representations of women milk donors on donations for the human milk bank. Cad Saude Colet. 2016;24(2):139- 44.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Nota Técnica Nº 5/2020-COCAM/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS Assunto: Condutas para a doação de leite materno aos Bancos de Leite humano e postos de coleta de leite humano no contexto da infecção pelo Coronavírus (SARS-COV-2). Documento disponível na internet: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/notatecnicaaleitamento30mar2020COVID-19.pdf. Acessado em 21 de junho de 2020.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Recomendação Técnica No 03/20.160420. Assunto: Recomendações para Acolhimento e Manejo Clínico em aleitamento materno de gestantes, puérperas e lactantes assintomáticas ou sintomáticas de COVID-19 pelo Banco de Leite Humano. Documento Disponível na internet: https://rblh.fiocruz.br/covid-19-e-amamentacao-recomendacao-n0120170320 Acessado em 20 de junho de 2020.
9. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/Acessado em 26 de junho de 2020.
HIGHLIGHTS
2166
ANÁLISE MORFOSSINTÁTICA DE DISCURSO INFANTIL – FERRAMENTAS PARA O PORTUGUÊS
Linguagem (LGG)
A análise de amostras de discurso espontâneo em contexto clínico tem sido sempre reconhecida como valorosa e imprescindível para uma boa avaliação e monitorização do processo de reabilitação. Contudo, na avaliação e intervenção nas perturbações da linguagem, a avaliação dos domínios morfológico e sintático são muitas vezes negligenciados em detrimento de outros, como o fonológico e lexical (1), por existirem alguns obstáculos à implementação de uma análise de amostras de discurso na prática quotidiana de um terapeuta da fala/fonoaudiólogo, como a escassez de diretrizes para uma análise completa e sistemática e a morosidade que a mesma implica (2,3).
Apresentar-se-á uma breve descrição do LARSP-PE (Language Assessment, Remediation and Screening Procedure – Português Europeu), uma adaptação para o português europeu de um procedimento originalmente construído e validado para o inglês britânico (LARSP), que integra
orientações para a análise do discurso espontâneo do discurso infantil contribuindo para a avaliação da linguagem, a definição do respetivo perfil linguístico e um planeamento mais ajustado da intervenção (1,2,4). O LARSP-PE proporciona a análise sistemática do desenvolvimento morfossintático de crianças de idade pré-escolar nos níveis de palavra, sintagma e oração para o português europeu, com uma descrição das características morfossintáticas do discurso espontâneo infantil, organizadas em sete etapas linguísticas que identificam o perfil linguístico dos 9 meses aos 4 anos e 6 meses (5). No processo de validação, foram analisadas 16 amostras de discurso espontâneo de duas crianças com desenvolvimento da linguagem típico por cada faixa etária, dos 9 meses aos 4 anos e 6 meses. A definição das etapas da escala de desenvolvimento morfossintático envolveu a análise e contagem da frequência da ocorrência de cada estrutura morfossintática e das suas categorias para cada faixa etária nos níveis de análise de palavra (morfologia), sintagma e oração (sintaxe), de acordo com a versão original do LARSP. A grelha de análise está organizada em duas dimensões: horizontalmente, a caracterização detalhada das estruturas do português europeu ao nível da palavra, sintagma e oração; e verticalmente, as sete faixas etárias do desenvolvimento morfossintático, dos 9 meses aos 4 anos e 6 meses.
Associada à grelha de análise, para tomar como referência na identificação do perfil linguístico, foi desenvolvido um protocolo para a análise morfossintática sistemática do discurso espontâneo para crianças de idade pré-escolar falantes de português europeu, que integra ferramentas e orientações que abrangem todas as etapas do processo: elicitação, registo, transcrição, análise e interpretação de dados linguísticos de amostras de discurso infantil em contexto natural.
O LARSP-PE, ao permitir a caracterização de forma sistemática do discurso espontâneo da criança, permite um diagnóstico mais preciso e melhor orientação para a intervenção; pode ser usado como complemento na avaliação da linguagem no domínio morfossintático para crianças de idade pré-escolar e permite orientar a intervenção de forma precisa.
As variedades de português faladas no Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste apresentam diferenças substanciais ao nível fonético, lexical, morfológico e sintático. Por essa razão, a escala de desenvolvimento morfossintático proposta no LARSP-PE não refletirá necessariamente as propriedades de outras variedades de português nestes domínios, em particular no que concerne a flexão verbal e nominal, sistema de pronomes pessoais, determinantes e possessivos, sujeitos nulos e ordem de palavras em geral. Será, assim, desejável e de incentivar um estudo de adaptação dos procedimentos e da escala de desenvolvimento morfossintático para o português brasileiro do LARSP, de modo a que a prática clínica em Fonoaudiologia no Brasil possa beneficiar de procedimentos e ferramentas exequíveis para a análise de amostras de discurso espontâneo.
1. Ball M, Crystal D, Fletcher P. Assessing Grammar: The Languages of LARSP. Multilingual Matters, editor. 2012.
2. Crystal D, Fletcher P, Garman M. The Grammatical Analysis of Language Disability. London: Edward Arnold; 1976.
3. Heilmann JJ. Myths and Realities of Language Sample Analysis. Perspectives on Language Learning and Education. 2010;17(1):4–8.
4. Crystal D, Fletcher P, Garman M. Profile Analysis of Language Disability. London: Cole and Whurr; 1979.
5. Castro A, Marques C, Dôro C. LARSP-PE: A Developmental Language Profile for European Portuguese. Em: Ball M, Crystal D, Fletcher P, editores. Grammatical Profiles; Further Languages of LARSP. United Kingdom: Multilingual Matters; 2019. p. 151–73.
HIGHLIGHTS
1842
APLICAÇÃO INICIAL DE UM ENSAIO CLÍNICO: IMPORTÂNCIA DE UM ESTUDO PILOTO NO PROCESSO DE DETERMINAÇÃO DA EFICÁCIA DE TECNICAS DE ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Motricidade Orofacial (MO)
71919180
Contextualização e relevância do tema a ser apresentado: O ensaio clínico randomizado (ECR) é um tipo de estudo experimental, que se baseia na comparação entre duas ou mais intervenções, onde os participantes são agrupados de forma aleatória, sendo assim capaz de produzir evidências científicas diretas e com menor probabilidade de erro para esclarecer uma relação causa-efeito entre dois eventos. Antes do desenvolvimento da pesquisa, preconiza-se a elaboração de estudo piloto, que é uma versão resumida de um estudo maior, mas que envolve a realização de todos os procedimentos previstos na metodologia, com o objetivo de se verificar falhas sutis na estruturação do projeto ou na implementação do estudo, que, muitas vezes, não estão aparentes no plano de pesquisa inicial, possibilitando assim alteração/melhora dos instrumentos (Carvalho et al., 2013).
O uso da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) na Fonoaudiologia ainda é limitado e restrito, principalmente, a uma fase preliminar ou inicial à realização da terapia fonoaudiológica, quando se verifica alterações na musculatura facial e/ou cervical. Estudos demonstram a eficiência desse recurso no relaxamento da musculatura laríngea associada a disfonias por tensão muscular e na reabilitação da disfagia orofaríngea (Guirro et al., 2008; Crary e Carnaby, 2014; Silvério et al., 2015; Santos et al., 2016; Conde et al.,2017; Siqueira et al., 2017).
Considerando as informações destacadas acima, esta atividade de apresentação breve busca contribuir com a resolução de problemas identificados em resultados de pesquisas fonoaudiológicas. Com isso, acredita-se que serão fortalecidas as práticas clínicas de atuação da ciência, carente ainda de ECR. Sendo assim, discorreremos sobre a aplicação de um estudo piloto que buscou testar e avaliar o desenho de um ECR sobre o USO DA TENS NO ALÍVIO DA TENSÃO CERVICAL, COM IMPLICAÇÕES NA FONAÇÃO E DEGLUTIÇÃO.
Definição clara da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: o objetivo de nossa atividade é o de descrever a importância de se testar protocolos de pesquisas de ECR. Foi realizado um estudo com o objetivo de testar e avaliar a metodologia, os protocolos de avaliação e aplicação das técnicas de reabilitação, que englobam a terapia manual e a TENS em casos de tensão cervical associada a queixas vocais e de deglutição (o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da XXX (CAEE: 04724918.8.0000.8093). Trata-se de um estudo metodológico que envolveu a participação de quatro mulheres, alocadas em três grupos de pesquisa: GRUPO 1 – TENS; GRUPO 2 – Exercício Fonoaudiológico Tradicional (EF) e GRUPO 3 - TENS combinado ao EF. O estudo foi composto por 14 encontros, dois deles de avaliação (1º e 14º) e os demais de intervenção (2º a 13º). Antes e após execução do programa terapêutico, todos os participantes foram submetidos a avaliação fonoaudiológica, que verificou a presença de tensão cervical, os aspectos vocais, a função de deglutição e o potencial elétrico dos músculos da região facial e cervical. Os métodos de avaliação e intervenção foram determinados com base em evidências. Fizeram parte da implementação do estudo três fonoaudiólogos. Dois foram responsáveis pelos procedimentos de avaliação e análise dos dados, e o outro pela aplicação das intervenções. Este permaneceu cego em relação aos resultados das avaliações e os avaliadores em relação aos grupos de intervenção até a finalização da coleta e análise dos dados. Destaca-se que para garantia da confiabilidade dos resultados, os dados de avaliação foram analisados por dois avaliadores, e houve encontros prévios para preparação da fonoaudióloga responsável pela intervenção. A realização deste estudo permitiu a testagem e análise da metodologia, dos protocolos/instrumentos de avaliação e da aplicação prática das técnicas de reabilitação propostas. Não iremos discutir os dados do desempenho da amostra em seus momentos pré e pós-intervenção, uma vez que o número reduzido de participantes não permite generalização em relação aos seus resultados clínicos. Salientamos também que a identificação de modificações no projeto inicial proposto também nos encoraja a não divulgar os dados preliminares, no intuito de não publicarmos dados que podem apresentar vieses. Nos deteremos a realizar uma análise e reflexão qualitativa dos métodos avaliativos escolhidos e da aplicação das técnicas e instrumentos utilizados. Foi possível testar e avaliar a metodologia, os protocolos de avaliação e a aplicação das técnicas de reabilitação, e identificar possíveis falhas e vieses. Após a realização do estudo foram necessárias adequações em relação ao protocolo de pesquisa do ECR quanto à: amostra; número de momentos de avaliação; formas de coleta e análise dos dados; formas de aplicação da intervenção.
Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: O protocolo de pesquisa do ECR proposto inicialmente precisou ser revisto após sua aplicação inicial, tendo sido necessárias adequações em relação à amostra (inclusão de grupo controle), aos momentos de avaliação (inclusão de gravação de voz no inicio e final de cada sessão e inclusão de uma avaliação de follow-up), à formas de coleta e análise dos dados (adição de juízes para a realização da análise perceptivo-auditiva; inclusão de mais uma medida de análise acústica – relação ruído/harmônico; e retirada da coleta do potencial elétrico dos músculos escalenos), à formas de aplicação da intervenção (o tempo de tratamento deve ser o mesmo para todos os participantes, as faltas serão consideradas como resultados do estudo – intenção de tratar). Após a revisão do protocolo, acredita-se que tenhamos diminuído os riscos de vieses inerentes a este tipo de estudo, melhorando assim as chances de determinação da eficácia das técnicas.
Carvalho APV, Silva V, Grande AJ. Avaliação do risco de viés de ensaios clínicos randomizados pela ferramenta da colaboração Cochrane. Diagn Tratamento. 2013;18(1):38-44.
Conde MCM, Siqueira LT, Vendramini JE, Bresolotto AG, Guirro RRJ, Silvério KCA. Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS) and Laryngeal Manual Therapy (LMT): Immediate Effects in Women With Dysphonia. J Voice 2017;32(3):385.e17–385.e25.
Crary MA, Carnaby GD. Adoption into clinical practice of two therapies to manage swalloeing disorders: exercice-based swallowing rehabilitation and electrical stimulation. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg. 2014;22(3):172-80.
Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, Forti F. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R Atual Cient. 2008;20(3):189-94.
Santos JKO, Silvério KCA, Oliveira NFCD, Gama ACC. Evaluation of electrostimulation effect in women with vocal nodules. J Voice 2016; 30(6):769-e1.
Silvério KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of Application of Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation and Laryngeal Manual Therapy in Dysphonic Women: Clinical Trial. J Voice 2015;29(2):200-8.
Siqueira LTD, Silvério KCA, Brasolotto AG, Guirro RRJ, Carneiro CG, Behlau M. Effects of laryngeal manual therapy (LMT) and transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS) in vocal folds diadochokinesis of dysphonic women: a randomized clinical trial. CoDAS. 2017;29(3):e20160191.
HIGHLIGHTS
1304
APLICATIVO SOFIA FALA: A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA CLÍNICA EM FONOAUDIOLOGIA
Linguagem (LGG)
A tecnologia pode contribuir para o processo de avaliação e intervenção nos Transtornos dos sons da fala e em alguns países existe regulamentação para o uso de software e aplicativos para o acesso remoto ao atendimento fonoaudiológico já há evidência de que esses recursos auxiliam em programas de intervenção. No Brasil, o atendimento remoto não é regulamentado e existem poucas evidências clínicas publicadas sobre o uso de tecnologia de apoio a intervenção fonoaudiológica melhorando o desempenho. Contudo, a procura por softwares e aplicativos específicos para o trabalho em Fonoaudiologia vem crescendo, pois o recurso é inovador e motivador as crianças nascidas na era digital. O aplicativo SofiaFala foi desenvolvido por docentes e profissionais (pesquisadores) das áreas de Fonoaudiologia e Computação com o intuito de fornecer método e ferramenta de suporte ao treino realizado durante a intervenção fonoaudiológica com crianças com transtornos dos sons da fala. Possui duas interfaces a do profissional e a do usuário. Com o app o fonoaudiólogo poderá prescrever treino não-articulatório (protrusão de lábios, protrusão-estiramento, sopro e estalo de língua) e articulatório (palavras com todas os fonemas associadas a figuras). Para cada movimento componente de um treino, o fonoaudiólogo pode determinar, respectivamente, o tipo de movimento, o número de vezes que a criança deve realizar esse movimento em uma sessão de treino, o número de sessões de treino (repetições) e o desempenho mínimo esperado por essa criança. Após validar o treino criado, um resumo desse treino é exibido. Ao clicar no botão enviar o treino corrente é transmitido ao aplicativo que rodará no celular do cuidador da criança. No módulo do usuário após realizar as atividades a criança receberá feedback sobre por meio de recurso de animação enfatizando a qualidade do resultado e motivando-a a continuar. Já o profissional, acompanhará o desempenho por meio de relatórios e gráficos gerados a partir de uma métrica desenvolvida pelos pesquisadores que realiza a análise da produção de sons não articulatórios e de fala através da processamento visual do movimento facial associado ao do som produzido. O processamento computacional da informação foi um desafio para os pesquisadores, pois foi necessário que houvesse a possibilidade de processamento multimídia (visual e sonoro) para o reconhecimento de diferentes tipos de sons não articulatórios e articulatórios com um sinal de fala variando individualmente, e ainda com o reconhecimento de produções típicas e alteradas. Este aspecto foi crucial para a análise, emissão de feedback e relatórios de desempenho. Durante o processo de desenvolvimento e prototipagem o app foi instalado em Smartphone de um grupo de fonoaudiólogos (serviço privado e público) e de usuários (cuidadores/crianças) que se voluntariaram para o estudo das funcionalidades e usabilidade específicas de cada interface. A análise dos resultados indicou a necessidade de ajustes na apresentação gráfica dos relatórios de desempenho e melhoria na usabilidade/funcionalidade função de reaproveitamento dos treinos prescritos, ambos no módulo do profissional. Para garantir o impacto social pretendido com o aplicativo SofiaFala em junho de 2020 a primeira versão validada foi disponibilizada gratuitamente para os fonoaudiólogos de todo o Brasil. Os desafios futuros decorrem da dificuldade em obter financiamento para a continuidade de pesquisas com o uso do app e para a atualização constante.
Souza, CF et al Investigating the Recognition of Non-articulatory Sounds by Using Statistical Tests and Support Vector MachineJanuary 2018 with 104 Reads DOI: 10.1007/978-3-319-77028-4_82 ·In book: Information Technology - New Generations, pp.639-649
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668
AS FERRAMENTAS DIGITAIS NO AUXÍLIO DO CUIDADO INTEGRADO NA SAÚDE.
Saúde Coletiva (SC)
"A experiência como profissional fonoaudióloga, vivenciando diferentes ambientes de trabalho despertaram o interesse pelo desenvolvimento deste projeto, que visa auxiliar profissionais da área da saúde a aprimorar e facilitar os processos que envolvem sua prática." (Thaisa Leal Andreia)
Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos notavelmente têm alterado o cotidiano da população mundial. Estamos cercados, cada vez mais, por soluções tecnológicas, que por sua vez, possibilitam mudanças drásticas na forma em que vivemos. Quando falamos em tecnologia na área da saúde, temos de um lado um setor carente de inovação e de outro, profissionais com uma necessidade de reinventar e aprimorar sua forma de trabalhar, porém com uma certa resistência a essa mudança para novos hábitos.
A área da saúde, apesar de ter um elevadíssimo conhecimento científico, carece de ferramentas informacionais que auxiliem na organização e rotinas dos serviços de saúde, principalmente para profissionais que trabalham em caráter de atendimento particular.[1]
Quando olhamos para as inovações na área de saúde, podemos notar que, em sua maioria, são voltadas para médicos, planos de saúde e hospitais. Entretanto, existe uma gama de profissionais que atuam diretamente com prevenção de doenças, tratamentos e promoção de uma melhor qualidade de vida a pessoas que precisam de assistência constante. Estamos falando de profissionais que trabalham com terapias reabilitatórias. Percebemos que esse é um nicho ainda não explorado e que está precisando de um olhar mais focado às suas dores e demandas.
Com o intuito de validar as hipóteses do problema em questão, foi realizada uma pesquisa com 27 profissionais, dentre eles fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos e fisioterapeutas. Identificou-se algumas carências existentes, tais como a falta de ferramentas que realizam de forma única a organização das rotinas dos profissionais, assim como informações cadastrais dos pacientes, prontuários, documentos, entre outros.
Registrar os dados de forma organizada, como histórico, queixas, exames, fichas de anamnese, relatórios, orientações, além de encaminhamentos e evolução do paciente é essencial para todo o profissional. A falta de uma ferramenta digital que realize tais tarefas, leva muitos profissionais a efetuar os registros no clássico prontuário físico, o que além de dificultar o compartilhamento destas informações com outros terapeutas que atendem ao mesmo paciente, ainda traz problemas de legibilidade, fragmentação das informações mesclando o uso de papel e informações computacionais e possíveis extravios. [3]
A utilização de uma ferramenta online centralizando essas informações, pode ser vantajosa especialmente quando os profissionais não atuam no mesmo centro de atendimento, o que facilitaria ainda mais a comunicação entre os responsáveis pelos tratamento, possibilitando maior integração entre as especialidades envolvidas na intervenção terapêutica, capaz de proporcionar melhorias nos resultados dos tratamentos, como destacado por Carter et al.[2]. “A interdisciplinaridade é conceituada pelo grau de integração entre as disciplinas e a intensidade de trocas entre os especialistas; desse processo interativo, todas as disciplinas devem sair enriquecidas”. [4]
Segundo dados do censo demográfico de 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi constatado que cerca de 23% da população brasileira têm algum tipo de deficiência que necessita de acompanhamento profissional, e que 13,5 milhões de pessoas, cerca de 7% da população, possui alguma deficiência severa e que provavelmente precisa de um acompanhamento periódico de pelo menos um tipo de profissional.[5]
O objetivo deste projeto é construir uma rede estruturada de acolhimento, onde profissionais e pacientes possam trocar informações, compartilhar conhecimentos e desafios, dividir responsabilidades com objetivo de aumentar a assertividade e adesão das terapias propostas para essa população. A partir do desenvolvimento de uma plataforma online utilizando as mais modernas tecnologias computacionais em nuvem para auxiliar as rotinas dos profissionais terapeutas, como controle dos agendamentos de consulta; realização de um cadastro único do paciente; registro de atendimentos e documentos, onde o terapeuta pode acessar as informações de qualquer lugar, manter os dados seguros de forma a facilitar o cumprimento das regulamentações e exigências legais, além de compartilhar informações com outros profissionais, assim como com o próprio paciente e cuidadores, esclarecendo dúvidas e mantendo tudo registrado com clareza de forma segura, organizada e centralizada.
Com a reformulação desses processos pelos profissionais de saúde, é possível transformar e aprimorar as práticas terapêuticas, onde o paciente está no centro do cuidado e é o protagonista da sua saúde.
[1] Bezerra S M. Prontuário Eletrônico do Paciente: uma ferramenta para aprimorar a qualidade dos serviços de saúde. Revista Meta: Avaliação. 2009 v. 1, n. 1, p. 73-82. ISSN 2175-2753. [Acesso em: 28/Maio/2020]. Disponível em:
[2] Carter S. Garsid P. Black, A. Multidisciplinary team working, clinical
networks, and chambers; opportunities to work differently in the NHS. BMJ Quality &
Safety, UK, 2003 v. 12 (suppl. 1), i25-i28. ISSN 0963-8172. [acesso em 28 maio 2020]. Disponível em:
<https://qualitysafety.bmj.com/content/12/suppl_1/i25.full>.
[3] Bombarda Tatiana Barbieri. Palhares Marina Silveira. O registro de práticas interventivas da Terapia Ocupacional na educação inclusiva. 2015 s, v. 23, n. 2, p. 285-294. [acesso em 06 julho 2020]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0496
[4] Costa Rosemary Pereira. Interdisciplinaridade e equipes de saúde: concepções. Mental, Barbacena. 2007 v. 5, n. 8, p. 107-124, jun. [acesso em 06 Julho 2020]. Disponível em
[5] IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico - 2010:
Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de
Janeiro, 2010. [acesso em 28 maio 2020].
Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia
.pdf>
HIGHLIGHTS
2159
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE VIRTUALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE ENSINO DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA NO PERÍODO DE DISTANCIAMENTO SOCIAL
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
A pandemia do Covid 19 levou as universidades a adotarem o ensino de forma virtual para que os alunos não ficassem prejudicados em suas aprendizagens. A forma remota, com aulas síncronas e assíncronas, foi utilizada pelos professores do curso de Fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza, no período de 17 de março a 17 de julho de 2020, já que a forma presencial estava impedida devido ao decreto estadual de isolamento social. As aulas teóricas foram priorizadas com ferramentas virtuais e, as práticas, foram repostas de forma escalonada e, com rigor de biossegurança, a partir do dia 20 de julho na clínica escola do curso de Fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza.
Esse novo modelo de ensino provocou questionamentos em relação a aprendizagem e a satisfação dos alunos, haja vista ser uma forma diferente de ensinar e aprender em relação ao que os professores e os alunos estavam habituados.
A Universidade de Fortaleza- UNIFOR realiza semestralmente uma avaliação institucional no intuito de detectar a satisfação do aluno frente ao seu processo de ensino e aprendizagem. Este semestre, 2020.1, em virtude da Pandemia do Covid 19, não foi realizada a avaliação institucional tradicional sendo esta substituída por Avaliação do Processo de Virtualização das Atividades de Ensino no período de distanciamento social. Para tanto considerou-se a análise por escala com pontuação de 1 a 5, em que a nota equivalente a 1 seria considerada a pior nota e 5 a melhor.
Como resultado, no curso de Fonoaudiologia, 30,08% dos alunos matriculados responderam ao questionário. Foi realizada a caracterização da amostra pelo qual observou-se que a maioria dos participantes ingressou na Universidade por meio do vestibular (94,59%) e, dos que responderam, 32,43% estavam matriculados no primeiro semestre, realizando 4 disciplinas em média. Grande parte da população que respondeu ao questionário tem entre 19 a 24 anos de idade (67,57); estudou em escola particular (54,05%) e paga a universidade de forma integral (37,84%) seguido de 18,92% com financiamento (FIES).
Nos questionamentos a respeito da satisfação com a forma remota de ensino 43,7% disseram estar satisfeitos com as ferramentas utilizadas e forma de ensinar dos professores atribuindo nota 5. Consideraram ainda que as ferramentas utilizadas permitiram transmissão interativa e fluida dos conteúdos, porém, observou-se que nem todos estiveram satisfeitos com sua aprendizagem nesse período em que 25 % atribuíram nota 3 a esse questionamento. 32,69% também consideraram nota 3 ao tempo que se dedicaram as atividades propostas pelos professores.
Grande parte da amostra pesquisada (55,56%) utilizou, como forma de conexão com a internet, o sistema banda larga por meio de computador (61,11%). Muitos alunos (44,44%) acessaram as aulas e /ou atividades de ensino diariamente e consideraram a experiência com a virtualização como detrator (47,22).
Podemos considerar que os alunos que responderam ao questionário ficaram satisfeitos com a forma do ensino, todavia, não aprovaram a forma remota visto que muitos acharam uma experiência desfavorável. Supostamente a falta de intimidade com aulas virtuais e a exigência por muitas atividades podem ter levado a esse resultado. Ressalta-se que as ferramentas utilizadas foram consideradas satisfatórias, entretanto, o aluno não gostou da experiência.
Cavalcante, A.S.P. -Educação superior em saúde: a educação a distância em meio à c
rise do novo coronavírus no Brasil. Scholarly Journals,2020
Queiroz,V.G.B. A experiência da aprendizagem remota: quanto tempo demais na tela?.loyola.g12.b,2020
Alves, L. - Educação Remota: entre a ilusão e a realidade.Interfaces Científicas-Educação.periodicos.set.edu.b,2020
Torres, A.C.M.; Alves,L.R.G. Costa, A.C.N. - Educação e Saúde: reflexões sobre o contexto universitário em tempos de Covid-19. preprints.scielo.org, 2020
HIGHLIGHTS
2165
BOMBARDEIO AUDITIVO COMO ESTRATÉGIA DA TERAPIA FONOLÓGICA: PROPOSTA DE APLICATIVO
Linguagem (LGG)
O bombardeio auditivo é uma técnica proposta para a terapia fonológica, preconizada por Hodson & Paden (1983) para a utilização no tratamento pelo Modelo de Ciclos. Esta estratégia também foi utilizada por Bowen & Cupples (2006) com pais e crianças para incrementar a terapia fonológica. Recentemente, McLeod & Baker (2017) indicaram que o bombardeio auditivo é uma das estratégias utilizadas por fonoaudiólogos australianos para a terapia de crianças com transtornos dos sons da fala. Evidenciou-se um estudo em que o bombardeio auditivo foi utilizado como adjunto na terapia de desordens de linguagem desenvolvimental (Plante et al., 2018). Hoje na prática clínica de crianças com Transtornos dos Sons da Fala a inserção de estratégias integrativas é uma tendência, sendo o bombardeio auditivo uma das possibilidades que atenderia este pressuposto. Esta estratégia envolve a habilidade de atenção auditiva sustentada, definida como a habilidade de manter o foco atencional por um período de tempo (Gomes et al., 2000). Considerando também o interesse infantil pela tecnologia e pelos aplicativos disponíveis nos celulares, elaborar um aplicativo para apresentar a lista de palavras com o fonema alvo da terapia pode ser algo bastante estimulante, visual e auditivamente. Além disso, o pais teriam um material contendo o padrão-alvo para utilização controlada em casa, o que poderia favorecer os resultados da intervenção fonoaudiológica. Diante disso, realizou-se pesquisa na literatura sobre o uso do bombardeio auditivo como uma estratégia para o tratamento fonológico de crianças com transtornos dos sons da fala, especificamente o transtorno fonológico, e não foram encontrados trabalhos testando o bombardeio auditivo como estratégia nesta população, somente indicando-o como uma estratégia de percepção auditiva do som-alvo em tratamento para utilizar no início e fim da sessão terapêutica, bem como para atividades em casa. Algumas perguntas norteadoras para a elaboração desta proposta foram "O bombardeio auditivo realizado na terapia fonológica para os transtornos dos sons da fala é utilizado em que propostas terapêuticas? Como é utilizada esta estratégia (bombardeio auditivo) e quais os benefícios no tratamento do transtorno fonológico?" Portanto, diante da necessidade do uso do bombardeio auditivo como estratégia na terapia fonológica, foi criada a proposta de desenvolvimento de um aplicativo para uso nas tecnologias móveis, como smartphone e tablet, facilitando assim o tratamento junto aos pacientes e suas famílias. Assim, a proposta deste highlight é apresentar os resultados da busca na literatura e a proposta do aplicativo, em que foi convidada a Startup Imagu Labs, que é uma empresa de software e edtech, que atua no campo da criação de games e aplicativos para área da saúde e educação. O aplicativo será constituído de um acesso ao profissional fonoaudiólogo que irá cadastrar o sistema fonológico do paciente e selecionar o modelo terapêutico e o som-alvo de terapia, considerando a posição na sílaba e na palavra (Onset Inicial, Onset Medial, Coda Medial ou Coda Final). O aplicativo dispõe de uma lista de palavras-alvo possíveis para o bombardeio auditivo que o fonoaudiólogo selecionará (15 a 20 palavras-alvo). Após esta opção, o aplicativo irá disponibilizar para a criança utilizar na terapia ou em casa primeiro a imagem (figura) e a palavra escrita embaixo; na sequência, o áudio da palavra e a imagem da boca articulando a palavra. O paciente receberá a autorização da fono para usar o aplicativo em casa também, devendo baixar o aplicativo como usuário (nome e senha). No aplicativo haverá um mascote (boneco com fone de ouvido) que vai explicar o que é para fazer (o que é o aplicativo e o que a criança tem que fazer). Ele irá indicar na agenda quando realizou a atividade (dia e horário) e as palavras-alvo serão apresentadas em ordem diferente (aleatório) cada vez que a criança acessar (para não ficar repetitiva a lista). Quando terminar de ouvir a lista, o mascote aparece e agradece que usou a lista – é indicado usar no mínimo 3 vezes ao dia, e quanto mais vezes ele utilizar, ele acumula um “prêmio” (uma estrela), que a Fono vai combinar sobre o desempenho. Esta versão será testada para o uso com palavras e também frases. Posteriormente, será associado a atividades lúdicas na terapia fonológica, para comprovar a eficácia desta estratégia no tratamento fonológico.
Barra, Daniela Couto Carvalho, Paim, Sibele Maria Schuantes, Sasso, Grace Teresinha Marcon Dal, & Colla, Gabriela Winter. (2017). Métodos para desenvolvimento de aplicativos móveis em saúde: revisão integrativa da literatura. Texto & Contexto - Enfermagem, 26(4), e2260017. Epub January 08, 2018.https://dx.doi.org/10.1590/0104-07072017002260017 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072017000400502&lng=pt&tlng=pt
Bowen C, Cupples, L. PACT: Parents and children together in phonological therapy, Advances in Speech Language Pathology, 8:3, 282-292, 2006. DOI: 10.1080/14417040600826980
Gomes H, Molholm S, Christodoulou C, Ritter W, Cowan N. The development of auditory attention in children. Front Biosci 2000;1(5): 108-20.
Hodson BW, Paden EP. Targeting intelligible speech: a phonological approach to remediation. San Diego: College-Hill Press; 1983
McLeod S, Baker E, McCormac, J, Wren Y, Roulstone S, Crowe K, Masso S, White P, Howland C. Cluster- Randomized Controlled Trial Evaluating the Effectiveness of Computer-Assisted Intervention Delivered by Educators for Children With Speech Sound Disorders. Journal of Speech, Language and Hearing Research, v.60, p 1891-1910, 2017.
Plante E, Tucci A, Nicholas K, Arizmendi GD, Vance R. Effective Use of Auditory Bombardment as a Therapy Adjunct for Children With Developmental Language Disorders. Language, Speech, and Hearing Services in Schools • Vol. 49 • 320–333 • April 2018
Tibes, C. M. D. S., Dias, J. D., & Zem-Mascarenhas, S. H. (2014). Aplicativos móveis desenvolvidos para a área da saúde no Brasil: revisão integrativa da literatura. Revista Mineira de Enfermagem, 18(2), 471-486. Disponível em: http://reme.org.br/artigo/detalhes/940
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1109
CAPTAÇÃO DE VÍDEO POR SMARTPHONE PARA ATIVIDADES DE ENSINO E PRÁTICAS FONOAUDIOLÓGICAS
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
É considerado um produto audiovisual aquele que agrega imagem e som para propiciar unidade a um determinado conceito. Por utilizar-se de representações dos sentidos visual e auditivo, o produto audiovisual transporta o espectador para um universo imaginário ou para uma representação do real, cumprindo funções sociais, recreativas, comerciais, científicas, dentre outras 1. Filmes, comerciais de TV, games, videoarte, videodança, clipes, instalações imersivas, dentre outros, são exemplos de produtos audiovisuais. Ao categorizá-lo como científico, categoria mais utilizada na Fonoaudiologia, torna-se um instrumento importante para as rotinas fonoaudiológicas, pois, devido à sua possibilidade de captação permanente em um meio audiovisual, permite análises frequentes do material filmado, contribuindo para uma avaliação mais precisa do conteúdo, em especial, para uso em atividades de ensino da Fonoaudiologia, desde a gravação de pacientes ou outros personagens2, videoaulas, vistas técnicas, dentre outras. No ensino em Fonoaudiologia, em suas inúmeras atividades teóricas e práticas, registrar e reproduzir amostras audiovisuais de personagens ilustra casos clínicos nas apresentações científicas e acadêmicas e, junto aos aprendizes, colabora na aferição do diagnóstico e no diagnóstico diferencial, assim como em procedimentos de feedback; facilita na percepção de melhorias no pré e no pós-atendimento fonoaudiológico e contribui para a detecção e a constatação de alterações que não são percebidas sem a possibilidade de repetição ou congelamento de imagens3,4. Precauções e responsabilidades éticas devem permear toda a confecção, armazenamento e possível divulgação do material audiovisual para não incorrer em um processo ético ou, mesmo, judicial 5. Pesquisadores em Fonoaudiologia alertam para que seja dada mais atenção às técnicas e aos equipamentos necessários para produzir gravações com qualidade6. Mencionam, também, que os registros em vídeo, assim como em fotografia, devem manter a padronização do espaço físico, dos equipamentos utilizados, do posicionamento e da indumentária do paciente 4. Entretanto, informações preciosas como a que uma gravação deve ter qualidade para representar o momento captado da personagem, evitando colher material que não o represente, devem ser de conhecimento do fonoaudiólogo. O smartphone é um equipamento multifuncional que permite a captação de vídeo, de forma prática e eficaz, devido ao tamanho portátil, ao valor acessível para a obtenção e à crescente qualidade na fabricação focada nos recursos de filmagem. Portanto, esse foi o equipamento considerado viável para o desenvolvimento de um roteiro para registro em vídeo. A seguir, atentando-se sobre as demandas fonoaudiológicas, serão apresentadas as etapas consideradas imprescindíveis para a captação de vídeo com qualidade, a saber: a) desenvolvimento: é a etapa de planejamento do rol de atividades para a realização da filmagem, como: local, equipamento, pessoas e situações a serem filmadas, tempo de filmagem, necessidade de edição, enquadramentos, linguagem a ser utilizada, vestuário, dentre outras; b) pré-produção: etapa em que devem ser providenciadas as atividades descritas no desenvolvimento, minimizando futuros prejuízos na operacionalização dos registros e buscando soluções para as mudanças no planejamento; c) situações de filmagem: relacionam-se como os registros de fala espontânea, fala profissional, testes clínicos, palestras e outras situações que comporão os vídeos. Para registros clínicos, devem ser evitadas gravações emotivas (servem para emocionar) e apoiar-se em gravações clínicas (servem para discutir, são indicadores); d) equipamentos de gravação e som: o uso de um smartphone com memória RAM e de armazenamento intermediário, com qualidade de vídeo full HD, 2K ou 4K é suficiente para a captação de uma boa imagem. Sugere-se o uso de tripé para evitar instabilidades. O som pode ser captado pelo próprio smartphone ou por um microfone acoplado. A qualidade do som é fundamental para a compreensão das manifestações de natureza fonoaudiológica da personagem filmada; e) enquadramento: modo como a câmera se posiciona diante do objeto filmado. É dividido em plano descritivo/geral, para o espectador compreender como se organiza o espaço; plano narrativo, que se aproximam de duas ou três pessoas para mostrar como se relacionam e plano expressivo, que é mais próximo ainda, e indicam o que as pessoas dizem com seus corpos7. Dependendo da intenção, o enquadramento é fundamental para a captação de imagens em motricidade orofacial, por exemplo; f) mise-en-scène: proveniente do francês, significa "colocar em quadro", se caracteriza pela junção dos elementos visuais que compõem o enquadramento. A locação, os objetos cênicos, as personagens, a iluminação e tudo o que está ao alcance da visão do espectador 8; g) iluminação: deve colaborar para a identificação das características comunicativas do personagem. São necessários três pontos de luz para obter um efeito tridimensional diante do objeto filmado. Porém, para ao captar a imagem de um rosto é possível utilizar apenas a fonte de luz principal que é responsável em ressaltar os detalhes da face. O cuidado com a angulação e altura da fonte de luz é importante para não projetar sombras que possam desconfigurar o objeto8; h) Pós-produção / edição: ocorre a seleção e o tratamento das imagens, valorizando aspectos da filmagem, com uso de grafismos, inserção de imagens, gerador de caracteres, músicas e animações. Os arquivos devem ser armazenados e logados com nome e data numa máquina que possua um programa de edição instalado. Os vídeos devem ser organizados em pastas, bem como os projetos de edição de cada vídeo. Consiste em edição qualquer manipulação dos arquivos originais de imagem e som. Por fim, compreende-se que o registro em vídeo nas rotinas fonoaudiológicas, em especial como recurso de ensino, de aprendizagem e, consequentemente, clínico, busca colaborar para a captação de informações preciosas em todas as áreas da Fonoaudiologia. Esse procedimento poderá ser realizado mesmo que com um instrumento de fácil acesso como um smartphone, desde que sejam seguidas recomendações que facilitem um registro que colabore para o entendimento do fenômeno, da personagem ou da situação vivenciada.
1 Hagemeyer, RR. História & Audiovisual. Belo Horizonte: Autêntica Editora; 2012.
2 Nichols, B.. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus; 2005.
3 Giacheti CM, Lindau TA. Diagnóstico diferencial dos transtornos da linguagem infantil. In: Lamônica DAC, Britto DBO, organizadores. Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. São Paulo: Book Toy; 2016.
4 Frazão YS, Manzi SHB. Atualização em documentação fotográfica e em vídeo na Motricidade Orofacial. In: Silva HJ et al., organizadores. Tratado de Motricidade Orofacial. São Paulo: Pulso editorial; 2019.
5 Conselho Federal de Fonoaudiologia. Código de Ética da Fonoaudiologia. Brasília; 2016 [acesso em 06 jul 2020]. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/codigo-de-etica/.
6 Colton RH, Casper JK, Leonard R. Compreendendo os problemas da voz: uma perspectiva fisiológica no diagnóstico e tratamento das disfonias. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2010.
7 Rodrigues C. O Cinema e a produção. Rio de Janeiro: DP&A, FAPERJ; 2002.
8 Hunt RE, Marland J, Rawle S. A Linguagem do cinema. Porto Alegre: Bookman; 2013.
HIGHLIGHTS
1163
COMO APRIMORAR A EXPERIÊNCIA DO FONOAUDIÓLOGO QUE ATENDE CRIANÇAS EM TELECONSULTA NO CONTEXTO DA COVID-19?
Linguagem (LGG)
Neste ano, nos deparamos com desafios e situações adversas impensáveis para o século XXI devido a pandemia do Coronavírus 2019. O distanciamento social foi a principal estratégia para evitar o contágio da doença (Ministério da Saúde1, 2020) e o cuidado com a saúde foi direcionado para atendimentos com menor contato possível, adotando-se a modalidade da telessaúde em Fonoaudiologia.
A telessaúde em Fonoaudiologia, ou a telefonoaudiologia, regulamentada pela resolução nº 427 do Conselho Federal de Fonoaudiologia-CRFa2 (2013), dispõe sobre as diretrizes nacionais desta prática. Segundo esta resolução, o fonoaudiólogo utilizaria a telefonoaudiologia, visando o aumento da qualidade, equidade e de sua eficiência profissional, obedecendo às normas técnicas de guarda, manuseio e transmissão de dados, garantindo privacidade e sigilo profissional. A teleconsulta poderia ser realizada para fins terapêuticos somente na condição envolvendo fonoaudiólogo numa extremidade e o paciente com outro fonoaudiólogo à distância. Porém, mediante ao cenário da pandemia, o CRFa liberou a realização da teleconsulta para garantir a manutenção dos cuidados de saúde urgentes ou essenciais (CFFa3, 2020).
O fonoaudiólogo encontrou novos desafios: Como realizar a terapia à distância, com crianças que apresentam transtornos de linguagem? Qual a gravidade e necessidade real destas crianças em continuar a fonoterapia em meio às limitações impostas pelo distanciamento físico? Quais são as limitações e possibilidades desta nova modalidade terapêutica?
O contexto clínico, parte da premissa que o ambiente e os recursos lúdicos, em maioria de natureza concreta, são instrumentos facilitadores da aprendizagem, compondo o “setting” terapêutico (Migliavacca4, 2008). Os terapeutas ressignificaram seu papel neste processo, repensando suas estratégias para o fortalecimento do vínculo, revendo seus valores quanto à nova forma de trabalho e buscando novos meios de interação.
Nosso objetivo foi identificar ferramentas que permitiriam o aprimoramento da atuação do fonoaudiólogo na terapia de linguagem infantil em teleconsulta.
Este projeto foi desenvolvido com base na abordagem do Design Thinking (Cavalcanti e Filatro5, 2016) para a construção do conhecimento da atuação do fonoaudiólogo em teleconsulta em linguagem infantil, das suas dores, dos pensamentos e oportunidades de melhoria de trabalho em tempos de pandemia.
O Design Thinking revolucionou a maneira de identificar soluções inovadoras, possibilitando soluções criativas baseadas nas necessidades do mercado. Welsh e Dehler6 (2012) o descreveram como uma abordagem usada para a solução de problemas complexos que coloca o ser humano no centro do processo. Estimula a colaboração, a inovação e a busca por soluções frente a observação e a co-criação, a partir do conceito de prototipagem rápida e da análise de diferentes realidades.
O Design Thinking é composto de um processo, métodos e estratégias. A conexão destes aspectos coloca as pessoas e suas necessidades no centro do desenvolvimento, de forma que se use a criatividade para gerar soluções e empreguem a razão para analisá-las e adaptá-las ao contexto real (Cavalcante e Filatro5, 2016).
O projeto foi desenvolvido durante a disciplina de “Seminários Temáticos I” do Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação Humana. As etapas foram divididas em cinco fases descritas, a seguir: inicialmente, foi realizada uma entrevista aberta com profissionais da área para conhecer os desafios e dores deste público e, em seguida, realizou-se o escalonamento dos desafios dos profissionais que fazem teleconsulta.
Como não se trata de uma pergunta de pesquisa, mas de uma metodologia que visa propor soluções rápidas e concretas para um problema específico para um grupo de pessoas em determinada situação, não se fez necessário a submissão para Comitê de Ética em Pesquisa.
Posteriormente, aprofundamos os perfis encontrados, através de uma segunda entrevista e levantamos a jornada do usuário em perfis distintos: aqueles que têm menos habilidade de adaptação à teleconsulta (perfil 1) e outros que têm mais facilidade (perfil 2). E, finalmente, passamos à confecção de um infográfico no qual idealizamos passo-a-passo da jornada destes profissionais.
Foram entrevistados 18 fonoaudiólogos e a partir dos relatos, escalonamos informações sobre seus principais desafios. O esgotamento mental e a dificuldade de planejar mais de uma atividade com o mesmo objetivo foram predominantes. A faixa etária prevalente foi de até 25 anos. Metade apresentaram de 4 a 6 anos de formados e nenhum tinha pós-graduação.
Quanto ao domínio tecnológico, 82.2% relataram ter pouco domínio tecnológico (perfil 1), seguido de 16.7% com mais domínio (perfil 2).
Estruturamos as etapas do Mapa da Jornada para a Teleconsulta a partir dos enfoques preconizados no Design Thinking como: os requerimentos ideais para o serviço, escolha das atividades, emoções e pensamentos dos terapeutas e oportunidade de melhorias futuras. Observou-se que cada um dos perfis demonstrou sentimentos e necessidades diferentes. No grupo perfil 2, observou-se pensamentos positivos relacionados à expectativa, confiança, tranquilidade, satisfação, disciplina e motivação no uso da teleconsulta.
O perfil 1 expressou carência de informação tecnológica para o planejamento e execução do atendimento, além da necessidade de mais conhecimento técnico fonoaudiológico para adequar os materiais utilizados em terapia. Contudo, o perfil 2 expôs a dificuldade em tornar o ambiente terapêutico na teleconsulta sempre agradável e motivador para o paciente.
Verificou-se que os profissionais do perfil 2 buscaram a troca de conhecimentos e experiências com outros clínicos, com o objetivo de aprimorar a adaptação em teleconsulta. Identificamos que o perfil 2 trouxe muitas respostas para as dificuldades encontradas no perfil 1, e assim, propusemos algumas oportunidades de melhorias e soluções.
Atualmente, o teleatendimento pelo fonoaudiólogo é uma realidade necessária e merece a devida análise, suporte e divulgação para adequada atuação do profissional. Diversos fatores e ferramentas que influenciaram o atendimento fonoaudiológico foram elencados neste levantamento para melhor caracterização dos problemas e análise de possíveis soluções a partir de cada perfil.
Assim, sugere-se a necessidade de trocas de experiências e capacitações entre os dois perfis a partir de diferentes modalidades de alcance rápido de transmissão de conhecimento e informações, fato que justifica o envio deste trabalho. Tais problemas e suas soluções, necessitam ser discutidos, pesquisados e compartilhados na Fonoaudiologia nacional.
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doença pelo coronavírus 2019 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 (Boletim Epidemiológico; 7) [citado em 2020 Abr 31]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/2020-04-06-BE7-Boletim-Especialdo-COE-Atualizacao-da-Avaliacao-de-Risco.pdf
2. Conselho Federal de Fonoaudiologia. “Dispõe sobre a regulamentação da Telessaúde em Fonoaudiologia e dá outras providências.” Resolução CFFa nº 427, de 1º de março de 2013.
3. Conselho Federal de Fonoaudiologia. “Dispõe sobre o uso da Telefonoaudiologia durante a crise causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2).” Recomendação CFFa nº20 de 23 de abril de 2020.
4. Migliavacca, EM. Breve reflexão sobre o setting na clínica psicanalítica. Boletim de Psicologia, VOL. LVIII, Nº 129: 219-226. 2008.
5. Cavalcanti CC, Filatro A. Design Thinking na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva; 2016. p 20.
6. Welsh, MA, Dehler, GE. Combining critical reflection and design thinking to develop integrative learners. Journal of Management Education. 2012. Dec 10.v. 37. n. 6, p. 771-802.
HIGHLIGHTS
1748
CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA O MAPEAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA PARALISIA CEREBRAL
Saúde Coletiva (SC)
Contextualização: Os Registros da Paralisia Cerebral são bancos de dados populacionais provenientes de múltiplas fontes, baseados em uma clara definição da PC e em rigorosos critérios de inclusão e exclusão nos sistemas. Requerem uma combinação de habilidades com a colaboração de obstetras, pediatras, epidemiologistas e profissionais da reabilitação. Somente na Europa existem 18 registros da PC diferentes com coleta de dados populacionais, com esforços de pesquisa de uma rede colaborativa. Os sistemas de informação são relevantes para o monitoramento de tendências e a redução da frequência da PC, bem como para a melhoria da qualidade de vida de crianças acometidas. O Sistema Único de Saúde do Brasil possui um Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica para o monitoramento de doenças e agravos na população. No Brasil, existem numerosas fontes de informação disponíveis pelos sistemas nacionais de informação em saúde existentes, desenvolvidos e operados pelo Ministério da Saúde, embora não integrados e que não abrangem uma série de doenças e incapacidades. Não foram encontrados sistemas de informação que contenham dados da PC no Brasil. Diante da ausência de sistemas de registro da PC no Brasil, foi levantada a seguinte pergunta: Como sistematizar o conjunto de dados e produzir informações para a paralisia cerebral? Objetivo: Construir um software para armazenar as informações levantadas por um inquérito populacional da PC, bem como propor a transferência tecnológica para o sistema de saúde. Desenvolvimento: O programa foi desenvolvido pelo Departamento de Fonoaudiologia em parceria com o Departamento de Computação da Universidade Federal de Sergipe e obteve registro de patente pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Denominado Sistema de Mapeamento Epidemiológico da PC (SIMPE), o software foi projetado em quatro fases. Durante a primeira fase, foram realizadas reuniões de levantamento de necessidades e requisitos do sistema com o pesquisador principal deste estudo, os colaboradores e os programadores. Também foram discutidos todos os formulários de coleta de dados utilizados para a identificação da população que possui Paralisia Cerebral. Os formulários foram construídos levando-se em consideração as definições e os critérios de outras pesquisas populacionais e de registros internacionais. Ainda nesta fase, foi realizada uma exploração das salas de situação já existentes para outras doenças, com o objetivo de buscar as melhores práticas já utilizadas. A segunda fase, de modelagem do sistema, foi de acordo com a Engenharia de Software, em que foram elaborados os diagramas de caso de uso e foi feita a verificação de adequação às necessidades. A terceira fase foi composta pela codificação do sistema, em que foi utilizada a linguagem de programação Java e, para o manuseio do banco de dados, foi utilizada a Structured Query Language (SQL). A quarta fase foi a de validação da codificação. Nesta fase, foram efetuados rigorosos testes, a fim de garantir que aquilo que foi modelado e implementado correspondesse ao que foi desejado na primeira fase do projeto.
Algumas características foram acordadas como pré-requisitos: Layout simples e de fácil navegação; Segurança da informação; Geração de relatórios e Geração de gráficos.
Produto alcançado: O SIMPE serve como uma forma abrangente de visualizar a situação da PC de uma determinada região. A geração da Dashboard e do mapa oferece aos pesquisadores, aos gestores e aos profissionais de saúde uma visualização clara e facilitada das informações tanto geográficas quanto quantitativas dos pacientes com PC, oferecendo assim um apoio a investigações e uma melhor tomada de decisão em saúde. O perfil público permite ainda que qualquer pessoa tenha acesso aos dados, tornando-se consciente das informações em saúde de sua região. O sistema provê controle de acesso via login e senha e também é possível uma separação de funcionalidades via cadastro de perfis, podendo o usuário ter o perfil comum ou o perfil administrador. É vedada ao perfil administrador a maior parte dos cadastros. Ao utilizar um usuário comum para entrar no sistema, existe uma tela inicial em que é exibido um mapa da cidade de Aracaju, subdividido em bairros. Nessa tela pode-se obter uma série de informações quantitativas referentes aos pacientes que possuem PC, tanto na região da cidade em geral quanto apenas em um bairro quando selecionado, além disso emitir diferentes formatos de relatórios. Conclusão: O sistema é abrangente e inclui a maioria das variáveis utilizadas nos sistemas internacionais de registro da PC, abordando desde a classificação clínica até o uso de serviços de reabilitação e acesso a órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, acesso à educação, e aspectos socioeconômicos. Certamente o sistema é uma importante contribuição para a formulação, planejamento e avaliação de programas de saúde, bem como uma fonte de informações para pesquisas na área.
CANS, C.; SURMAN, G.; MCMANUS, V. et al. Cerebral Palsy Registries. Seminars in Pediatric Neurology, v. 11, n. 1, p. 18–23, 2004.
HURLEY, D. S.; SUKAL-MOULTON, T.; MSALL, M. E. et al. The Cerebral Palsy Research Registry: Development and Progress Toward National Collaboration in the United States. v. 26, n. 12, p. 1534-1541, 2011
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Sala de Situação em Saúde:
compartilhando as experiências do Brasil. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2010.
ROSENBAUM, P.; PANETH, N.; LEVITON, A. et al. A report: The definition and classification of cerebral palsy April 2006. Developmental Medicine and Child Neurology, v. 49, n. SUPPL.109, p. 8-14, 2007.
HIGHLIGHTS
357
CONTO DE CORDEL: PROMOVENDO O CONHECIMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON
Voz (VOZ)
O cordel consiste em uma forma de literatura composta por traços regionais, marcados por rimas e uso de linguagem popular, sendo comumente disponibilizado em folhetos. Os assuntos abordados nos cordéis são variados, desde lendas até as críticas sociais, o que contribui para a propagação do conhecimento acerca de temas relevantes para os mais variados públicos de forma simples e acessível, podendo assim, ser utilizado nas ações educativas em saúde. Desse modo, observa-se que a literatura de cordel vem sendo usada como um instrumento de incentivo à alfabetização (1), uma vez que, pela forma lúdica, criativa e didática há incentivo à leitura. A região Nordeste do país, por vezes destaca-se pela quantidade de pessoas carentes que por diversos fatores não tiveram acesso a uma educação de qualidade, levando assim a uma carência no tocante a informações que são de fundamental importância (2). Sendo o cordel uma expressão da cultura popular nordestina, este torna-se um singular meio de disseminar informações sobre doenças que embora comuns na sociedade são pouco conhecidas. É o caso da Doença de Parkinson - DP, a segunda doença neurodegenerativa de caráter progressivo mais comum em pessoas acima dos 60 anos, ficando atrás apenas da Doença de Alzheimer. A DP apresenta manifestações clínicas características, como bradicinesia, tremores em repouso e rigidez muscular. Além disso, ocorre redução de neurônios dopaminérgicos. A Doença de Parkinson, apresenta uma complexidade de transtornos já mencionados, caracterizados por alterações na marcha, voz, articulação da fala, entre outras (3). Com isso, os indivíduos acometidos pela patologia apresentam significativa dificuldade nas atividades de vida diária, logo, com essa multidimensionalidade dos sintomas e debilidades, torna-se fundamental a intervenção de uma equipe multiprofissional, a fim de obter melhora na qualidade de vida dos que convivem com a DP (3, 4). Nessa perspectiva, é recomendado que, principalmente, as atividades de reabilitação sejam realizadas diariamente. Entretanto, devido a diversos fatores limitantes como: 1. sistema público superlotado; 2. deslocamentos diários aos serviços da saúde; 3. custo, torna-se inviável uma assistência profissional diária aos usuários do serviço público. Assim, com finalidade de dar continuidade à rotina de tratamento e ampliar o conhecimento sobre a DP, houve a criação de um Manual para paciente com a Doença de Parkinson (5), em uma Instituição Pública. Tal material contém exercícios terapêuticos, bem como as demonstrações de execução, orientações e informações, no intuito de melhor auxiliar a manutenção de algumas práticas em casa, de modo acessível para os pacientes e cuidadores. Todavia, o Manual deve ser cada vez mais divulgado, para conseguir atingir o maior número de pessoas. Para corroborar no processo de promoção e adesão do conteúdo do manual foi criado o cordel: Do Parkinson ao saber: qualidade de vida em conto de Cordel, que visa fornecer informações de diversas áreas da saúde de forma lúdica e propiciar o conhecimento de orientações práticas, auxiliando assim no tratamento contínuo da doença. Outrossim, através da linguagem popular empregada no Nordeste e seu formato descontraído, ele fomenta a divulgação do Manual.
"São tantas áreas a trabalhar
Que vale a pena ressaltar
Da Neuro, Fisio e Psicologia
A Fono, TO e Odontologia."
O cordel buscou a partir do Manual de orientações sobre a DP criado em um Programa de Extensão, levar ao público informações que pudessem dar um norte àqueles que pouco ou nada sabiam sobre essa doença. Seguindo o modelo de linguagem acessível apresentada no manual, a produção diferenciou-se por, como mencionado, levar a população, de forma dinâmica, noções básicas sobre a DP, adaptando a linguagem e deixando-a mais popular. Dessa forma, paralelamente ao material já existente, o cordel torna-se mais um meio de disseminar o conhecimento sobre a DP.
"Lentidão, tremores e rigidez muscular
São sintomas que irão apresentar
Tremores são agravados por estresse
Fique tranquilo! Sua cuca não avexe!"
A literatura: Do Parkinson ao saber: qualidade e vida em conto de cordel, traz consigo a proposta de possibilitar a divulgação da Doença de Parkinson através de uma linguagem regional. A criação deste trabalho pressupõe um mecanismo inovador na disseminação das informações básicas acerca da DP, por meio desta forma tão própria de comunicação da região Nordeste. Aliado a isso, o material pode vir a ser utilizado como recurso terapêutico, uma vez que, é característico desse estilo literário uma leitura rítmica e prosódica, rica em diferentes entonações. Para além da modulação vocal, pode-se observar a estimulação da musculatura facial, e consequentes expressões faciais, correspondentes com o que está sendo evocado na leitura.
"E ao falar em terapia
Chega logo a Fonoaudiologia
Na fala, voz e deglutição
Ela trabalha a reabilitação
Para comunicação efetiva funcionar
a fono tem que atuar
Sem esquecer da expressão
fazendo exercícios de movimentação
Estica, puxa e faz bico
Faz careta de todo tipo
Assim fica fácil fazer terapia
Arretada é a Fonoaudiologia"
Portanto, devido à rigidez muscular provocada pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos na DP, os pacientes necessitam de estímulos contínuos, tanto para a mímica facial como também para a melhoria da prosódia, dado que, a voz destes tende a ser monótona. Com o uso do produto nas terapias, os pacientes, acompanhantes e/ou cuidadores, conseguem obter mais conhecimento sobre a patologia e aprendem como lidar melhor com as mudanças físicas que a DP ocasiona. Outro pressuposto que corrobora a elaboração deste trabalho relaciona-se com a promoção desse saber atrelado à divulgação da arte nordestina ao público, que é tão rica culturalmente.
1. Oliveira PMP. Literatura de cordel como meio de promoção para o aleitamento materno. [monografia]. Fortaleza (CE): Universidade Federal do Ceará, 2007.
2. Pagliuca LMF, Oliveira PMP, Rebouças CBA, Galvão MTG. Literatura de cordel: veículo de comunicação e educação em saúde. Texto contexto-enferm. 2007; 16:662-7.
3. Palermo S, Bastos ICC, Mendes MFX, Tavares EF, Santos DCL, Ribeiro ALFC. Avaliação e intervenção fonoaudiológica na doença de Parkinson. Análise clínica-epidemiológica de 32 pacientes. Revista Brasileira de Neurol. 2009; 45:17-24.
4. Valcarenghi RV, Alvarez AM, Santos SSC, Siewert JS, Nunes SFL, Tomasi AVR. O cotidiano das pessoas com a doença de Parkinson. Revista Brasileira Enferm, 2018; 71:272-279.
5. Asano AG, Asano NMJ, Coriolano MGWS. Manual de Orientações para pessoas com Doença de Parkinson. [livro online]. Recife: Editora UFPE; 2019. [acesso em 23 de jun de 2020]. Disponível em https://drive.google.com/file/d/1XRooHGoOusca1zmJb5f11Y_qrOHqx-lO/view.
HIGHLIGHTS
166
CONTRIBUIÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NA CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO GRUPO DINÂMICO DE DELIRIUM:ÂMBITO HOSPITALAR
Linguagem (LGG)
Quando hospitalizado o indivíduo vivencia diversas mudanças em suas vidas tais como: ruptura do cotidiano, mudança de papéis ocupacionais, e diversas situações de estresse, como o afastamento de familiares e amigos, alterações em sua rotina, receios quanto ao diagnóstico e prognóstico e o medo devido à proximidade da morte. Assim, é muito comum haver a ocorrência de apatia e processos depressivos durante o período de internação hospitalar e, em alguns casos, apresentando as manifestações de delirium que podem ser transitórias ou flutuantes, por parte de sinais de confusão mental (desorientação em relação ao tempo e espaço), déficits cognitivos (alterações de memória, atenção e/ou comunicação) e comportamento (agitação e lentidão nas respostas). Essas manifestações são observadas pela equipe multidisciplinar que acompanha o paciente na realização dos programas terapêuticos institucionais, como ainda, sinalizado por queixas pelos acompanhantes que tem propriedade para informar sobre o comportamento cognitivo do paciente antes e durante a internação. Fez-se necessário o desenvolvimento do protocolo de Delirium no Hospital do Coração Hcor, o qual informa as características dos pacientes que estão apresentando manifestações de Delirium. O protocolo é conduzido incialmente pela equipe de enfermagem e em seguida por toda a equipe multiprofissional inserida na condução das ações do protocolo. Desta maneira, foi proposto junto a equipe assistencial e multidisciplinar hospitalar Fonoaudiologia e Fisioterapia, uma medida de tratamento não farmacológico para os casos de Delirium através da construção de intervenção com grupos dinâmicos, ampliando a capacidade de melhora do quadro confusional, por parte dos aspectos cognitivos, motores e sociais. Foi estabelecido a retirada do paciente do leito com o objetivo de melhorar a orientação têmporo-espacial, efetivação do vínculo sócio-afetivo entre paciente-cuidador/familiar e equipe multiprofissional, promovendo o resgate da memória episódica, de trabalho e de curto-prazo, além de comandos e compreensão motora e a abstração linguística. Sendo assim, são organizados grupos, nas salas de esperas das unidades de internação, com no mínimo 2 participantes, com critérios de inclusão como CAM-S (confusion assessment method-severity score) com escore 7, realizado pela equipe de enfermagem, o teste cognitivo Moca abaixo do escore 24 realizado pela equipe de fonoaudiologia, estabilidade hemodinâmica após avaliação da equipe de fisioterapia, como ainda, prescrição médica para os atendimentos. A presença dos acompanhantes ou familiares durante a realização do grupo é fundamental para garantir qualidade e envolvimento no cuidado do doente. Mesmo que o paciente esteja dentro das condições para participação no grupo, há os critérios de exclusão, que impossibilitam a sua participação, como o caso de não ter condições de manter-se sentado em uma cadeira de rodas, ou estar em processo infeccioso por isolamento de contato ou respiratório, ou em uso de medicamento farmacológicos para delirium, ou estar em tratamento dialitico, assim comprometendo o horário da rotina hospitalar. Os paciente com comprometimento cognitivo severo também são excluídos. A duração é de até 60 min sob a realização de exercícios físicos e congitivos-linguísticos associados entre as duas equipes profissionais envolvidas (fisioterapia e Fonoaudiologia), ao final, realizado um questionário de satisfação respondido pelo próprio paciente e/ou acompanhante/familiar. No planejamento terapêutico institucional do paciente a participação do grupo não excluí o atendimento beira-leito, sendo algo complementar ao prognóstico do quadro clínico e obtendo indicadores de qualidade baseados na evolução funcional, através de avaliações quantitativas observadas durante a própria execução das atividades propostas, sendo elas pontuadas de 0-5. Em relação aos aspectos observados durante a realização do grupo dinâmico, as características respostas corretas à tempo/espaço, identificação de imagens e auto-reconhecimento social à cada 3 tentativas tornavam-se presentes, já nos aspectos físicos eram observados as respostas à execução do ato motor por um comando verbal e/ou sensorial através do comando automático, reconhecimento de formato e peso de objetos, solicitação de passagem de objetos, comandos motores livres e encaixe de objetos à cada 3 tentativas. Assim, ao final de cada proposta do grupo é realizado a efetivação terapêutica por base desses indicadores de qualidade quando atingida a pontuação de 0-3 permanece com um comprometimento grave de Delirium, de 4-6 comprometimento moderado, 7-9 comprometimento leve e 10 sem comprometimentos cognitivos referente ao Delirium. No primeiro mês de início das atividades do grupo dinâmico, com sessões terapêuticas realizadas duas vezes por semana, obteve-se resultados: realizados 8 grupos com 11 pacientes distintos com NPS (Nível de satisfação) de 90% e melhora do quadro de Delirium bem como a redução da internação hospitalar contribuindo com a alta; 5 pacientes permaneceram com comprometimento moderado à grave no quadro de Delirium e ainda internados devido a tratamento clínico. Ao final de cada grupo, é realizado as orientações diretivas referente a monitorização das manifestações do Delirium através da entrega de um folheto complementar. A partir das ações desenvolvidas observou-se a efetivação da interação social do paciente com toda a equipe multidisciplinar, favorecendo a adesão aos programas terapêuticos beira-leito, a diminuição dos tratamentos farmacológicos para Delirium e um melhora do bem estar do paciente e acompanhantes durante o período de hospitalização, como ainda, colaborando com a melhora do quadro clínico e privilegiando a previsão de alta breve. Estratégias dinâmicas se mostram como uma excelente alternativa para maximização dos cuidados em saúde e ampliação da qualidade de vida dos pacientes que a recebem.
CARDOSO, A.M. Atuação da Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares: Revisão Integrativa da Literatura. Ribeirão Preto, SP; s.n; 2017.
Durst J, Wilson D. Effects of protocol on prevention of delirium in hospitalized hip fracture patients: A quality improvement project. Int J Orthop Trauma Nurs. 2020.
GUIMARAES, Andréa Carmen et al . Atividades grupais com idosos institucionalizados: exercícios físicos funcionais e lúdicos em ação transdisciplinar. Pesqui. prát. psicossociais, São João del-Rei , v. 11, n. 2, p. 443-452, dez. 2016 .
HIGHLIGHTS
1309
CURADORIA DIGITAL E O COTIDIANO FONOAUDIOLÓGICO: AS REDES SOCIAIS E A CONVERGÊNCIA DE SABERES SOBRE AS ANOMALIAS CRANIOFACIAIS
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
CURADORIA DIGITAL E O COTIDIANO FONOAUDIOLÓGICO: AS REDES SOCIAIS E A CONVERGÊNCIA DE SABERES SOBRE AS ANOMALIAS CRANIOFACIAIS
Introdução:
Imersos na cultura da convergência, em que as mídias se difundem e atravessam as relações sociais1, deparamo-nos com diferentes possibilidades de construir conhecimentos, em espaços públicos e privados, formais e informais. Com a multiplicação das redes de comunicação, surgem diferentes formas de sociabilidade mediadas pelas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), que são integradas nas vidas das pessoas e misturam a realidade virtual com a virtualidade real conforme suas necessidades2.
O “estar conectado”, alcançou o patamar do “ser conectado”. Hoje somos seres cíbridos, imersos em um novo panorama cultural, uma cultura digital. As implicações culturais oriundas da virtualização das informações, influenciam em diferentes aspectos das nossas vidas. Esta influência acontece devido a sua penetrabilidade em todas as esferas da sociedade humana, como é o caso das redes sociais3.
Entende-se por rede social:
“um grupo de pessoas, compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os nós da rede representam cada indivíduo e suas conexões, os laços sociais que compõem os grupos. Esses laços são ampliados, complexificados e modificados a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos”.
Todavia, o uso das redes sociais, quando objetivado à promoção de saberes acadêmicos, não pode ser vinculado de maneira indiscriminada. A mesma fluidez que legitima a construção de pontes de saberes, viabiliza a exposição de verdades absolutas diversas, que apresentam-se como acadêmicas mas que não necessariamente se configuraram com viés científico e confiabilidade5.
Incluir o cidadão não apenas como alvo do conteúdo, mas como um interlocutor e coautor de conteúdo é uma prática dialógica que diferencia, as redes sociais dos meios de ensino comum e consequentemente traz diversos benefícios na educação em saúde.
Objetivo:
O objetivo geral desta pesquisa foi descrever as potências das redes sociais como ferramentas mediadoras no processo de convergência, compartilhamento de saberes e criação de inteligência coletiva no suporte a educação em saúde, em especial as Anomalias Craniofaciais.
Metodologia:
Esta pesquisa, está estabelecida no campo das ciências sociais e pode-se classificá-la como bibliográfica e qualiquantitativo, em uma abordagem de pesquisa-ação.
Resultados e Discussão:
Os estudos que foram analisados em sua grande parte revelaram a insipiência que ainda existe na confecção e criação de materiais educativos na área da saúde que façam uso de tecnologias digitais e propiciem a Educação a Distância para profissionais de saúde na temática das Anomalias Craniofaciais, dentro da Educação a Distância, principalmente quando associadas a educação midiática e tecnologias móveis.
Apenas um estudo se propôs confeccionar um curso para a capacitação de fonoaudiólogos quanto às orientações a serem dadas aos pais e familiares em relação ao desenvolvimento da linguagem de crianças portadoras de anomalias craniofaciais. Trabalhos que abordam o uso de mídias eletrônicas com o objetivo de promoção e prevenção de portadores de anomalias craniofaciais são limitados. Na literatura não são encontradas ferramentas preparadas para otimizar a formação continuada e capacitação de fonoaudiólogos assim como de outros profissionais da saúde para orientação e cuidado a portadores de anomalias craniofaciais e seus familiares. Observou-se ainda a ausência de estudos que associam o processo de curadoria a elaboração de espaços porosos e confecção de materiais educativos dispostos em redes sociais na temática das Anomalias Craniofaciais6.
Conclusão:
Ao acessarmos uma rede social, já não acessamos mais um espaço digital, mas vivemos ele, como um todo, pois nos encontramos não em um espaço, mas em um contexto cultural, uma cultura digital, dado que a tecnologia se expande, e nós não estamos mais passivos, recebendo informações, mas fazemos parte disso porquanto também criamos, damos vida. E nossa vida embrenha-se aos contextos e conceitos de redes, que interligam outras vidas e compartilham outras histórias, e experiências. O acesso às redes sociais se tornou natural, acessamos porque gostamos, porque queremos ver o outro, interagir com o outro, compartilhar. A busca por conhecimentos na temática das Anomalias Craniofaciais se favorece com uso das redes sociais.
A realização de uma curadoria digital, não apenas considerará o que será direcionado, mas como. Como potencializar as redes sociais como ferramentas mediadoras? De que maneira serão alcançados seguidores? E como considerar cada indivíduo que acessará sua própria rede social?
O acesso a saúde não pode ser dada por chances, e as redes sociais potencializam essa integralização. O uso das redes sociais potencializam a consciência dos direitos e de toda a caminhada que será vivida e traçada pelo usuário em seu acesso aos serviços de saúde, assim como fortalece o profissional de saúde em seu acesso aos saberes acadêmicos. Por conta disto, a realização da curadoria digital, foi imprescindível, porquanto tentou entender que há diversas verdades que conversam entre si, mas, para que exista uma convergência de ideias, pautada em saberes acadêmicos, é preciso que haja respeito do pesquisador em saber como dispor seu saber científico em um espaço tão poroso como são as redes sociais.
Referências
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2. CASTELLS, Manuel; CARDOSO, Gustavo. A sociedade em rede: do conhecimento à acção Política. 2005. Disponível em: Acesso em: jan. 2013.
3. OLIVEIRA, Julie Charline Siqueira de; NICHELE, Aline Grunewald. O Uso do Facebook como Ambiente Virtual de Aprendizagem no Ensino de Química Orgânica em Língua Inglesa. 2019.
4. RECUERO, Raquel da Cunha. Redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.
5. KATZ, J.E, RICE, R. R., & ACORD, S. (2004). E-health networks and social transformations: Expectations of centralization, experiences of decentralization. In M. CASTELLS (Ed.), The network society: A cross-cultural perspective (pp. 293-318). London: Edward Elgar.
6. CORRÊA, Ana Paula Carvalho. Desenvolvimento da fala no bebê com fissura labiopalatina: mídia para estudantes de fonoaudiologia. 2016. 174 f. Dissertação (Mestrado em Fissuras Orofaciais) - Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, Bauru, 2016. doi:10.11606/D.61.2016.tde-19102016-172929. Acesso em: 2019-08-26.
HIGHLIGHTS
2168
DESENVOLVIMENTO DE UM WEBSITE COMO APOIO AO TREINAMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS DE CRIANÇAS: ADESÃO DOS PAIS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO: Ao longo dos anos o governo brasileiro tem investido recursos financeiros por meio de leis e regulamentações que possibilitam a realização do diagnóstico audiológico e intervenção precoces em crianças com deficiência auditiva. O direito à terapia fonoaudiológica é garantido pela Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva – PNASA (Portaria nº 587, 2004). Os dispositivos eletrônicos somados à terapia fonoaudiológica aurioral possibilitam o desenvolvimento das habilidades de percepção auditiva da fala com melhor qualidade e em menor intervalo de tempo. Contudo, o funcionamento e o custo-efetividade dos serviços de reabilitação não ocorrem como previsto em lei, resultando em crianças sem acesso à terapia fonoaudiológica em diferentes regiões do País, e com atrasos no desenvolvimento auditivo e de linguagem oral. Neste contexto, programas de treinamento auditivo online têm sido empregados como apoio aos pais e aos fonoaudiólogos visando o desenvolvimento das habilidades auditivas, de modo a minimizar as dificuldades existentes. DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E DA RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA: O uso de estratégias tecnológicas online favorece a intervenção terapêutica inovadora, o aumento da adesão e a otimização da autonomia, além de contribuir com o empoderamento familiar no processo terapêutico em ambiente domiciliar. Neste formato de intervenção, o custo-benefício também recebe destaque em decorrência da redução dos deslocamentos até os centros especializados e a consequente descentralização das unidades de terapia fonoaudiológica. Em tempos como os vivenciados nos dias atuais, quando a recomendação dos órgãos governamentais de saúde pública é a de permanecer em casa, em isolamento ou distanciamento social, a fim de desacelerar a pandemia provocada pela COVID-19 (SARS-CoV-2), tal realidade se torna ainda mais expressiva e significativa, tanto no que diz respeito às dificuldades de acesso à terapia especializada de forma presencial, quanto à busca contínua dos pais e dos familiares por recursos online capazes de auxiliar a continuação do processo terapêutico. Este cenário trouxe à tona a escassez da literatura quanto à existência de programas, websites ou aplicativos focados nas crianças e seus pais, traduzidos para o idioma português, em formato online e gratuito, que reúnam, em uma só plataforma: exercícios voltados ao desenvolvimento em todos os níveis de habilidades auditivas, programados visando o envolvimento e a participação ativa dos pais nas atividades de treinamento junto às crianças e, também, nas orientações direcionadas às estratégias terapêuticas capazes de serem realizadas em ambiente domiciliar, além do monitoramento sistemático do uso, do aproveitamento do treinamento auditivo e da adesão da família no processo de reabilitação auditiva. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver um website gratuito como recurso de apoio aos pais no treinamento das habilidades auditivas de crianças com deficiência auditiva e, verificar a adesão dos pais por meio da aplicação de questionários contínuos e da participação conjunta com as crianças em atividades organizadas, em formato de dupla, além de fornecer orientações diárias acerca das habilidades treinadas. Paralelamente, será analisado se há algum impacto no treinamento das habilidades auditivas a partir dos resultados nos testes de percepção auditiva da fala das crianças, antes e após o treinamento auditivo. APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: A criação de um website nos formatos metodológicos propostos surge como possibilidade de inovação e de interação na construção de novos e futuros modelos sociais e de reabilitação auditiva aurioral, ajustados ao perfil contemporâneo das crianças que se atualizam tecnologicamente todos os dias, ocasionando de forma rápida e progressiva, o surgimento de gerações altamente motivadas e capacitadas para o uso de tecnologias. O conhecimento e a efetivação prática destas abordagens ampliam as opções e as oportunidades das crianças com deficiência auditiva, além de funcionar como apoio adicional aos pais e a terapia fonoaudiológica aurioral. A regulamentação vigente do Conselho Federal de Fonoaudiologia – (CFFa) nº 427/2013 limita as possibilidades de atuação remota autorizando, neste formato, somente a prestação de serviços de teleconsultoria. No entanto, em função da pandemia, atualmente as atividades de teleconsultas e telemonitoramento na área da reabilitação auditiva, tem se tornado uma prática frequente. Neste cenário, websites de treinamento auditivo para crianças, como o proposto por este projeto, podem ser utilizados pelos fonoaudiólogos reabilitadores como alternativa facilitadora à estimulação auditiva destas crianças e ao uso dos dispositivos eletrônicos, além de uma estratégia norteadora aos pais em continuidade ao trabalho realizado pelos profissionais especializados. As atividades e o monitoramento proposto pelo website de treinamento auditivo permitem ainda que o fonoaudiólogo reabilitador tenha um maior conhecimento acerca das necessidades das crianças e do envolvimento dos pais, agentes fundamentais neste processo, oferecendo-lhes um melhor serviço em terapia aurioral, aliando o tratamento à segurança e ao bem-estar das crianças. Deste modo, é possível vencer barreiras físicas, geográficas, espaciais, socioeconômicas, culturais e de financiamento, reduzindo as dificuldades de acesso aos programas de reabilitação, decorrente das faltas de estrutura e profissionais capacitados e, promovendo a descentralização dos atendimentos com garantia de acesso aos serviços e informações à toda população, independentemente da região. Assim, tal estudo pode ainda ser utilizado como orientação aos órgãos governamentais acerca dos novos caminhos que a telessaúde tem trilhado, por meio da teleaudiologia, no que diz respeito ao planejamento e ao emprego dos futuros investimentos e verbas públicas, principalmente em tempos de atendimentos remotos, tendo em vista a contribuição aos processos de reabilitação, com maior integração, equidade, eficiência de serviços, redução das filas de espera e, aumento da qualidade de vida, satisfação e experiência com o uso dos dispositivos eletrônicos, a partir dos serviços prestados.
Almeida GF, Lima KMN, Santos MBS, Andrade KCL. Benefícios do treinamento auditivo para o desenvolvimento das habilidades auditivas em crianças usuárias de implante coclear. Distúrb Comum. 2017;29(2):392-4.
Beier LO, Pedroso F, Costa-Ferreira MID. Benefícios do treinamento auditivo em usuários de aparelho de amplificação sonora individual - revisão sistemática. Rev CEFAC. 2015;17(4):1327-32.
Comerlatto Junior AA, Silva MP, Balen AS. Software para reabilitação auditiva de crianças com distúrbios no processamento auditivo central. Rev Neurocienc. 2010;18(4):454-62.
Kral A, Sharma A. Developmental neuroplasticity after cochlear implantation. Trends Neurosci. 2012;35(2):111-22.
Melo A, Mezzomo CL, Garcia MV, Biaggio EPV. Efeitos do treinamento auditivo computadorizado em crianças com distúrbio do processamento auditivo e sistema fonológico típico e atípico. Audiol Commun Res. 2016;21(1):e1683.
Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 587, de 07 de outubro de 2004, que determina a organização e a implantação de Redes Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva. Diário Oficial União. 2004.
Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 2.776, de 18 de dezembro de 2014, que aprova diretrizes gerais, amplia e incorpora procedimentos para a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva no Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial União. 2014.
Musiek FE, Chermak GD, Weihing J. Auditory training. In: Chermak GD, Musiek FE. Handbook of (central) auditory processing disorder: comprehensive intervention. San Diego: Plural Publishing; 2007. v. 2, p. 77-106.
Silva MP, Comerlatto JAA, Balen SA, Bevilacqua MC. O uso de um software na (re)habilitação de crianças com deficiência auditiva. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(1):34-41.
Wu JL, Yang HM, Lin YH, Fu QJ. Effects of computer-assisted speech training on mandarin-speaking hearing impaired children. Audiol Neurootol. 2007;12(5):307-12.
HIGHLIGHTS
1764
DESENVOLVIMENTO DO MONITVOICE: UMA PLATAFORMA PARA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM TELEMONITORAMENTO VOCAL
Voz (VOZ)
A rápida disseminação internacional da Covid-19, declarada como Pandemia em março de 2020 pela Organização mundial da Saúde (OMS) e a recomendação do distanciamento social como medida preventiva de contaminação (1) acelerou bruscamente a atividade online nos mais diversos setores da sociedade. Mesmo na área da saúde, procedimentos e consultas considerados não essenciais foram adiados ou reconfigurados para modalidade remota através de teleconsulta (2).
A telefonoaudiologia em voz se tornou mais recorrente desde então, tendo em vista que o tratamento das disfonias e o acompanhamento de profissionais da voz, como professores, cantores e jornalistas, não devem ser interrompidos e medidas para manutenção da qualidade vocal destes, são necessárias.
Para garantir qualitativamente este tipo de atendimento, o desenvolvimento de recursos que o subsidiem, torna-se uma premissa e a inovação tecnológica na área, como propulsor dessa nova realidade da saúde conectada, é marcada pelo caráter preventivo, personalizado, preciso e pervasivo (3).
O uso de plataformas e aplicativos como recursos que subsidiam esta prática são inerentes a este processo de inovação e transformação. Nessa conjectura, a modalidade de acompanhamento vocal remoto já havia sido evidenciada. Diversos aplicativos de gravação em smartphones Android e iOS foram testados e se mostraram adequados para análise de voz, no entanto as pesquisas apresentam limitações metodológicas e os aplicativos mais citados não estão disponíveis nos dois sistemas operacionais disponíveis, causando problemas para a acessibilidade (4). O uso de plataformas gratuitas de vídeochamada não parecem ser adequados para avaliação perceptivo-auditiva, devido a baixa qualidade do som (5).
Assim, este projeto propõe o desenvolvimento de uma plataforma que subsidie qualitativamente a atuação fonoaudiológica em telemonitoramento vocal.
A gravação da voz realizada pelo próprio paciente, utilizando o seu smartphone significa um grande avanço na clínica de voz, traz vários benefícios como, monitoramento do desvio vocal, economia de recursos financeiros e materiais, aumento do engajamento do paciente, acessibilidade e realização de acompanhamento fonoaudiológico com especialistas de outras regiões (6).
No entanto, estudos recentes apontam diversas fragilidades nas gravações em smartphone, tanto para a prática clínica, quanto para realização de pesquisas, desde a qualidade do smartphone, o ruído no ambiente, o padrão de captação do áudio, até disponibilidade de um aplicativo que atenda às exigências técnicas, de segurança, compatibilidade e acessibilidade (4). Logo, o objetivo desse trabalho foi desenvolver uma plataforma chamada Monitvoice, disponível para iOS e Android, para auxiliar o fonoaudiólogo no monitoramento vocal, dispondo de um protocolo de gravação, com a inclusão de protocolo de autoavaliação e tutorial de orientação ao paciente.
A abordagem metodológica utilizada foi a do Design Thinking, respeitando as etapas de definição do problema, ideação, prototipagem para posterior testagem (7). O desenvolvimento foi realizado em equipe interprofissional, composta por fonoaudiólogos, técnicos em informática e design. Seu constructo foi realizado com o ambiente de desenvolvimento Android Studio, utilizando a linguagem de programação Java.
O produto é caracterizado pela possibilidade do paciente gravar sua voz, obedecendo a um protocolo pautado em evidências científicas na área da voz (8) e expertise de especialistas em voz. Contém um infográfico animado para exemplificar a posição do usuário e do seu smartphone durante as seguintes tarefas de gravação: Vogal [E] sustentada em tempo máximo fonatório numa intensidade habitual, contagem de 1 a 10 em uma intensidade habitual e três tarefas com vogal [A], em intensidades fraca, confortável e forte, durante 5 segundos cada. Entre as gravações o usuário poderá referir qual o seu nível de esforço vocal através da escala Borg10(9), atendendo as exigências técnicas de reconhecimento de ruído ambiental para adequada gravação (inferior a 50dB), monitoramento da intensidade vocal com parâmetros visuais que permite o usuário modular sua intensidade conforme a indicação: fraca, confortável e forte, gerando um arquivo de áudio em wav, com taxa de amostragem padrão de 44.100hz em faixa mono, numa interface intuitiva e de fácil utilização. As gravações e relatórios gerados no aplicativo são enviados ao fonoaudiólogo, permitindo a avaliação perceptivo-auditiva e monitoramento do esforço vocal.
A mudança no modo como as pessoas utilizam a tecnologia é irreversível. A utilização de recursos para suporte do fonoaudiólogo para o acompanhamento remoto dos pacientes será cada vez mais frequente, assim percebe-se a importância do desenvolvimento de uma plataforma que permite controle de intensidade para gravação da voz, controle de ruído ambiental (garantindo situação ambiental ideal para gravação da voz), escalas de autoavaliação e interface de comunicação profissional – paciente, contribuindo para que o Fonoaudiólogo construa um raciocínio clínico com parâmetros para tomada de decisão terapêutica fidedigna, mesmo em contexto assíncrono.
1 - Rafael RMR, Neto M, Carvalho MMB, David HMSL, Acioli S, Faria MGA. Epidemiologia, políticas públicas e Covid-19. Rev enferm UERJ. 2020; 28:e49570.
DOI: 10.12957/reuerj.2020.49570
2 - Vogler SA, Lightner AL. Rethinking how we care for our patients in a time
of social distancing. 2020, [revista em Internet] inWiley Online Library (www.bjs.co.uk).
DOI: 10.1002/bjs.11636
3 - Costa LS, Inovação nos serviços de saúde: apontamentos sobre os limites do conhecimento. Cad. Saúde Pública. 2016; 32.
DOI: 10.1590/0102-311X00151915
4 - Munnings AJ. The Current State and Future Possibilities of Mobile Phone “Voice Analyser” Applications, in Relation to Otorhinolaryngology. Journal of Voice. 2019; 34(4):527-532.
DOI: 10.1016/j.jvoice.2018.12.018
5 - Dimer NA, Soares NC, Teixeira LS, Goulart BNG. Pandemia do COVID-19 e implementação de telefonoaudiologia para pacientes em domicílio: relato de experiência. CoDAS. 2020;32(3):e20200144.
DOI: 10.1590/2317-1782/20192020144
6 - Manfredi C, et al. Smartphones Offer New Opportunities in Clinical Voice
Research. Journal of Voice. 2016; 31(1):111.E1-111.E7.
DOI: 10.1016/j.jvoice.2015.12.020
7 - Brown T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010.
8 – Patel RR, et al. Recommended Protocols for Instrumental Assessment of Voice: American Speech-Language-Hearing Association Expert Panel to Develop a Protocol for Instrumental Assessment of Vocal Function. American Journal of Speech-Language Pathology. 2018; 27:887–905.
DOI: 10.1044/2018_AJSLP-17-0009
9 - Van Leer E, Van Mersbergen M. Using the Borg CR10 Physical Exertion Scale to Measure Patient-perceived Vocal Effort Pre and Post Treatment. Journal of Voice. 2017; 31(3):389.e19-389.e25.
DOI: 10.1016/j.jvoice.2016.09.023
HIGHLIGHTS
2190
DESIGN THINKING COMO ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA PRÁTICA DA FONOAUDIOLOGIA
Linguagem (LGG)
INTRODUÇÃO: O Design Thinking (DT) é uma abordagem metodológica de inovação e tem como motivação a solução de problemas. O DT surgiu originalmente com o intuito de facilitar o processo de inovação tecnológica em processos, produtos e serviços nas áreas do marketing e design, posteriormente difundidos na área da saúde, visto que a sua organização metodológica facilita o processo de trabalho e gestão. Além disso, o DT possibilita o desenvolvimento de cenários de trabalho colaborativos, considerando a pluralidade de saberes para construção de idéias melhores, mais eficazes e eficientes, bem como a entrega de melhores experiências aos usuários. Nele, tradicionalmente, são apresentadas três principais etapas para o desenvolvimento de inovação: inspiração, ideação e implementação¹'². Serviços de saúde ainda apresentam falhas ao lidar com alguns pontos que necessitam de inovação: custos, habilidades de execução, planejamento, gestão, cultura e infra-estrutura herdada. Além disso, falta pensamento unificado e direção estratégica, treinamento ou apoio adequado para implementar ou manter um novo modelo de trabalho, restando ainda ceticismo em relação a novos conceitos, protecionismo e relutância em mudar. Terapias em geral tendem a ser demoradas, o que gera custos sociais e econômicos o que nos leva a necessidade de identificar o tratamento mais eficaz e eficiente. Pensando a prática fonoaudiológica, mas especificamente, o planejamento terapêutico, avaliação e/ou gestão de condutas clínicas e seus objetivos como problemas a serem solucionados, o recurso do Design Thinking pode ser uma resposta para o estabelecimento e direcionamento desses processos, favorecendo a clareza e alcance de soluções pela capacidade organização e reflexão que a abordagem oferece. Para Kolko³ e Giacomini⁴, o Design Thinking baseia-se no uso de técnicas que comunicam, interagem, empatizam e estimulam as pessoas envolvidas, obtendo uma compreensão de suas necessidades, desejos e experiências que muitas vezes transcendem aquilo que as próprias pessoas realmente realizaram, tendo o usuário como foco central da atividade. OBJETIVO: O objetivo dessa proposta foi evidenciar a utilização da abordagem metodológica na prática fonoaudiológica. METODOLOGIA: O projeto propôs a adequação da abordagem metodológica do DT para a prática fonoaudiológica, nas etapas de acordo com Juliani, Cavaglieri e Machado⁵ e Ramírez e Zaninelli⁶ visando melhor organização, como: Imersão, Definição, Ideação, Prototipagem, Teste e Compartilhamento, aplicando em diferentes finalidades na prática Fonoaudiológica, seja definição de idéias, planejamento terapêutico e de avaliação e/ou gestão de condutas clínicas. RESULTADOS: O Design Thinking em Fonoaudiologia pode ser aplicado na etapa inicial de Imersão, onde o fonoaudiólogo observa as queixas, além de toda história clínica e desenvolvimental e dados apresentados pelo paciente na entrevista. Na Definição, o profissional atenta-se para o que a literatura apresenta sobre as patologias congruentes com as queixas apresentadas, correlaciona os aspectos clínicos com os achados fisiopatológicos, busca evidências visando definir o problema central e aspectos relacionados a ele e outros profissionais que precisam estar envolvidos no processo. Partindo para a etapa de Ideação, o profissional, junto com os outros profissionais elencados para o cumprimento dos objetivos, tendo por base as idéias estabelecidas na etapa de definição, visando melhores soluções, estabelece diferentes estratégias e recursos que possam ser utilizados para construção da conduta que melhor se adapta a necessidade do paciente. Ainda nessa etapa, recursos para este fim elaborados (materiais ou não materiais) são definidos, para que as estratégias planejadas sejam realizadas. Com os recursos em mãos, o profissional da poderá iniciar a etapa que equivaleria a Prototipagem. Nesta etapa, são desenvolvidos todos os recursos e estratégias que serão utilizados para o suporte clínico, cabe destacar que durante todo o processo de desenvolvimento o fonoaudiólogo poderá realizar esta etapa em grupo interprofissional, tendo em vista um atendimento interprofissional coeso em seus objetivos e estratégias⁷. A próxima etapa é de Teste, em que todo o planejado irá ser colocado em prova para que o paciente possa experimentar e dar seu feedback em cenário clínico. Durante o teste, informações sobre a experiência do usuário deverão ser coletadas, seja satisfação, alcance de objetivos clínicos, aplicabilidade e replicabilidade da prática. Por fim, acontece o Compartilhamento, partindo de duas hipóteses. Na primeira, se a estratégia desenvolvida foi assertiva para a demanda clínica, poderá ser implementada para novos pacientes, ou, em segunda hipótese, não atendendo às necessidades, o profissional retorna para definição de idéias ou ideação para reformular sua conduta. Na etapa de Compartilhamento o pensamento clínico deve ser atrelado ao julgamento crítico para que a estratégia desenvolvida e colocada em prova seja analisada criteriosamente, garantindo boas práticas clínicas. CONCLUSÃO: A abordagem metodológica do Design Thinking pode ser aplicável a prática fonoaudiológica, seja em planejamento prévio para fins de terapia, ou organização dos serviços no intuito de oferecer a melhor experiência aos pacientes ou usuários dos serviços. Nessa estrutura o Fonoaudiólogo poderá implementar em suas práticas, e experimentar a inovação com foco no usuário no processo de sua atuação.
1- Brown T. Design thinking. Harvard Business Review, 2008; 86(6): 85-92.
2- Brown T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier. 2010.
3- Kolko J. Design Thinking Comes of Age. Harvard Business Review. 2015.
4- Giacomin J. What Is Human Centred Design? The Design Journal. 2014;17(4):606–23.
5- Juliani JP, Cavaglieri M, Machado RB. Design thinking como ferramenta para geração de inovação: um estudo de caso da Biblioteca Universitária da UDESC. Incid: Revista de Ciência da Informação e Documentação. 2015; 6(2): 66-83.
6- Ramírez DMB, Zaninelli TB. O uso do design thinking como ferramenta no
processo de inovação em bibliotecas. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação.2017; 22(49): 59-74.
7- Van de Grift TC, Kroeze R. Design Thinking as a Tool for Interdisciplinary Education in Health Care. Acad Med. 2016; 91(9): 1.
HIGHLIGHTS
2197
DHACA – DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES COMUNICATIVAS NO AUTISMO
Linguagem (LGG)
A alteração nas habilidades comunicativas é uma das principais características no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)1. Para promover o desenvolvimento dessas habilidades, a intervenção fonoaudiológica precoce é fundamental, sendo diversas as abordagens e recursos terapêuticos descritos na literatura, dentre estes a Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA)2. A eficácia da CAA no desenvolvimento da comunicação de crianças com TEA é bem documentada em publicações internacionais, entretanto ainda são escassos os estudos no Brasil. Além disso, há carência de métodos na literatura brasileira que: descrevam como introduzir o uso de uma prancha de comunicação alternativa; que promova o desenvolvimento morfossintático e o uso das funções da linguagem em variados ambientes de comunicação; que a distribuição dos pictogramas seja baseada na proposta do “core words”3; que o sistema de comunicação alternativa utilizado seja de uso mútuo, do usuário e seus interlocutores, sendo estes últimos responsáveis diretos pela modelagem no uso da prancha. Diante disso, a proposta deste trabalho é demonstrar o método Desenvolvimento das Habilidades Comunicacionais em Autismo – DHACA que tem como pressuposto teórico a Teoria Sociopragmática. Segundo Tomasello4, a habilidade de Atenção Compartilhada (AC) é um diferencial do ser humano e, por meio dela, a criança compreende o outro como agente intencional e assim, adquire o código linguístico utilizado em seu ambiente natural. Partindo dessa premissa, acredita-se que para o desenvolvimento da linguagem em crianças com TEA, a AC deve ser estimulada e que o adulto, seu parceiro de comunicação deve “modelar”, isto é, demonstrar continuamente o uso do código linguístico durante a interação com a criança. Entende-se ainda, que estimular a AC por meio de atividades engajadoras com o uso do código linguístico apoiado por estímulos visuais concretos, poderá promover o desenvolvimento da comunicação funcional em crianças com TEA. Outro aspecto relevante, é que deve-se considerar a complexidade desenvolvimental das habilidades morfossintáticas e lexicais no processo terapêutico. Além disso, existe a dificuldades na práxis em muitas crianças com TEA5, que podem ser minimizadas com o uso de estratégias baseadas em intervenção comportamental6, durante a prática com o sistema de comunicação alternativa. Nesse contexto, o método DHACA tem como objetivo desenvolver as habilidades de comunicação com uso de um sistema de CAA robusto, baseado no “Core Words” com o uso de atividades lúdicas planejadas de acordo com as preferências da criança, previamente avaliadas; com uso de algumas estratégias comportamentais, com a participação da família no processo de intervenção, entendendo a importância do outro para o desenvolvimento da comunicação; e o uso no contexto sociocultural da criança. Importante destacar que diante da complexidade das atividades, o método não foi testado com crianças consideradas quadros graves do TEA. O método está sendo proposto para crianças não-verbais ou minimamente verbais que possam desenvolver a AC, a imitação, o contato visual e o brincar funcional, sem comorbidades diagnosticadas. O instrumento de sistema de Comunicação Alternativa utilizado é uma prancha de comunicação de baixa tecnologia, confeccionada em papel A4 e plastificada após impressão, de aproximadamente sessenta pictogramas coloridos, selecionados baseado no vocabulário “Core Words” composto por pronomes pessoais, interrogativos, preposições e advérbios e distribuídos em tabela seguindo a ordenação da estrutura linguística frasal com sujeito + verbo + predicado. Além disso, na parte superior da prancha, são adicionadas outras folhas menores, fixadas à prancha com espiral, com uma linha de pictogramas impressos que representam o “fringe vocabulary” ou vocabulário acessório. Nessas folhas menores há até duas linhas com pictogramas com categorias lexicais distintas (alimentos, formas, cores, números, brinquedos, locais, sentimentos) e que são adicionadas gradativamente, de acordo com o interesse da criança, o desenvolvimento lexical e solicitação da família. O método classifica as habilidades comunicativas a serem desenvolvidas e descreve seus respectivos objetivos para alcançá-las: inicialmente se promove a habilidade CFEQX - Construção de Frases com Eu + Quero + um pictograma- em que a criança solicita algo próximo ao interlocutor apontando para os pictogramas da prancha: EU + QUERO + figura avulsa (que represente o que deseja). A construção da frase ocorre de forma sequenciada apontando para os pictogramas, podendo ser acompanhada da fala. Nesta habilidade, utiliza-se até quatro figuras avulsas à prancha. Para iniciar a aquisição da habilidade seguinte, que é a CFEQXID - Construção de Frases com Eu + Quero + um pictograma na prancha, a criança deve ser capaz de solicitar algo que esteja distante ao interlocutor apontando para as figuras EU + QUERO + um pictograma no vocabulário acessório. A construção da frase ocorre de forma sequenciada apontando para os pictogramas, podendo ser acompanhado da fala. Para dar início a habilidade seguinte, a criança já produz este tipo de frase com vários interlocutores e em contextos diversos. A terceira habilidade é a CFEQXX ID - Construção de Frases com Eu + Quero + duas palavras, quando a criança forma frases com as figuras: EU + QUERO + dois pictogramas (pode ser artigos, adjetivos, numerais). A construção da frase ocorre apontando de forma sequenciada para os pictogramas, podendo ser acompanhado da fala. Ela deve utilizar com interlocutores e em contextos diversos para só então dar início a aquisição da habilidade seguinte que é a CF4OP - Construção de Frases com Quatro ou mais Palavras, quando já é capaz de formar frases com quatro ou mais palavras, fazendo perguntas, comentários, informações ou solicitações. A construção da frase ocorre de forma sequenciada apontando para as figuras, podendo ser acompanhado da fala. Terá que utilizar este tipo de frase com interlocutores e em contextos diversos, para iniciar a aquisição da habilidade seguinte, a CND - Construção de Narrativas. Nesta última etapa, a criança já apresenta as habilidades anteriores e inicia a produção de narrativas, apontando os pictogramas sequencialmente podendo ser acompanhado da fala ou já pode estar produzindo narrativas orais espontaneamente sem o uso da prancha. Terá que se comunicar com interlocutores diferentes e em contextos diversos. É importante destacar que este método está em desenvolvimento. O objetivo de apresenta-lo é promover discussão junto aos pares, compartilhar ideias e disseminar ciência.
1. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing, 2013.
2. Gonçalves CAB; Castro MSJ. Propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura. Distúrbios da Comunicação. 2013. 25(1):15-25.
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HIGHLIGHTS
2171
EFEITO DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NA REABILITAÇÃO DA DISFAGIA OROFARÍNGEA EM INDIVÍDUOS COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Disfagia (DIS)
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) caracteriza-se pela interrupção do fluxo respiratório durante o sono devido à obstrução parcial (hipopneia) ou completa (apneia) das vias aéreas superiores (VAS) (1). Indivíduos com AOS e roncadores primários podem apresentar um número aumentado de terminações nervosas anômalas na estrutura faríngea. Estas alterações morfológicas típicas de lesão neural periférica no palato mole e na orofaringe são acarretadas, possivelmente, pelas vibrações de baixa frequência contínuas produzidas pelo ronco e pela hipóxia intermitente relacionada à AOS (2). Somado à dessaturação da oxiemoglobina, decorrente dos episódios de apneia e hipopneia, há um prejuízo na aferência neuromuscular de VAS e integração central entre as funções de deglutição e respiração (3). Deste modo, observa-se disfunção no processo deglutitório, que é depende da coordenação motora e da percepção sensorial em laringe e faringe. Portanto, a disfagia orofaríngea associa-se à AOS, em virtude das estruturas musculoesqueléticas implicadas na fisiopatologia da AOS também participarem da função de deglutição. Apesar disso, a disfagia orofaríngea é um transtorno subdiagnosticado nesses indivíduos (4).
Modificações na atividade muscular da VAS ocorrem no início do sono com diminuição da atividade tônica e fásica dos músculos genioglosso, gênio hioideo, tensor palatino, elevador palatino e palatoglosso (5). A modificação muscular é associada à diminuição transitória da ventilação e ao aumento da resistência de VAS. O comprometimento orofaríngeo traduz-se em déficit do controle sensório-motor oral, evidenciado por escape prematuro do alimento, além de atraso do início da fase faríngea da deglutição, penetração laríngea, resíduo faríngeo após a deglutição, mesmo sem penetração laríngea ou aspiração traqueal (4,6).
A terapia miofuncional orofacial é indicada como possibilidade de tratamento conservador aos pacientes com AOS. A ênfase em exercícios orofaríngeos promove melhora significativa da gravidade da AOS, dos sintomas associados à doença e a adequação de mobilidade, tonicidade e funcionalidade da musculatura envolvida (7). Nota-se gradativo aumento de pesquisas com esse enfoque. Contudo, dificilmente encontra-se estudos cujo objeto de investigação seja o impacto da fonoterapia para o tratamento das disfagias orofaríngeas em indivíduos com AOS. À vista disso, o presente estudo teve por objetivo investigar o efeito da intervenção fonoaudiológica na reabilitação da deglutição em indivíduos com AOS diagnosticados com disfagia orofaríngea por meio da avaliação videoendoscópica da deglutição (VED).
Trata-se de estudo clínico intervencionista e prospectivo, no qual indivíduos diagnosticados com AOS e disfagia orofaríngea foram submetidos à intervenção fonoaudiológica por oito semanas. O programa terapêutico consistiu na realização diária de três técnicas: Masako, flexão cervical com contra resistência e treino muscular expiratório. Estes exercícios foram selecionados de acordo com a anátomo-fisiologia das alterações descritas na literatura e observadas na avaliação videoendoscópica da deglutição. A manobra de Masako promove o aumento da atividade da musculatura supra-hioidea, dos constritores faríngeos e do músculo cricofaríngeo (8). A técnica de flexão cervical com contra resistência fortalece a musculatura supra-hioidea e promove a elevação, anteriorização e estabilização do conjunto hioide-laringe, além de influenciar na redução da pressão do esfíncter esofágico superior (9). O treino muscular expiratório, realizado com o equipamento Respiron, em posição invertida e ajustado na carga 3, promove aumento da atividade de musculatura supra-hioidea e redução do tempo de transição faríngea (10). Todos os participantes receberam orientação e supervisão semanal por profissional especializado. Foram submetidos à aplicação do instrumento de avaliação do risco de disfagia Eating Assessment Tool (EAT-10), de qualidade de vida em deglutição Quality of Life in Swallowing Disorders (Swal-Qol), e à avaliação videoendoscópica, antes e após o programa de reabilitação fonoaudiológica.
Os resultados preliminares correspondem à análise de 12 indivíduos que concluíram todas as etapas do estudo. A análise estatística foi realizada através do programa SPSS 19.0. Os dados foram apresentados em frequência absoluta e relativa ou mediana e intervalo interquartil. Foram utilizados os seguintes testes estatísticos: teste t pareado, Wilcoxon e qui-quadrado de McNemar. A amostra preliminar constituiu-se de 8 (66,7%) participantes do sexo feminino e 4 (33,3%) do sexo masculino, com mediana de idade de 62 (59,25-63,75) anos, índice de massa corporal de 33,26 (26,66-36,03) Kg/m² e índice de apneia-hipopneia de 20,50 (9-37,75). Quanto à classificação da gravidade da AOS, 5 (41,7%) participantes apresentaram grau leve, 2 (16,6%) moderado e 5 (41,7%) grave. Em relação ao grau da disfagia antes do programa de reabilitação, 7 (58,3%) participantes apresentaram disfagia leve e 5 (41,7%) disfagia leve a moderada. Após o programa de reabilitação, 3 (24%) participantes apresentaram deglutição normal, 8 (65%) deglutição funcional e 1 (11%) disfagia leve. Houve diferença estatisticamente significativa, entre os grupos pré e pós o programa de reabilitação, da pontuação do EAT-10 (p=0,035), assim como da presença de atraso do início da fase faríngea, de penetração laríngea e de resíduo faríngeo evidenciados por meio da avaliação videoendoscópica da deglutição (p=0,031). O domínio físico do EAT-10 foi o domínio que exibiu maior redução de pontuação após o programa de reabilitação, com diferença estatisticamente significativa entre os grupos pré e pós fonoterapia (p=0,025).
Apesar do tamanho amostral pequeno, os resultados preliminares mostram melhora significativa da performance deglutitória dos participantes deste estudo que, em sua maioria, alcançam um diagnóstico de deglutição funcional após processo de reabilitação fonoaudiológica. O estudo está em andamento com maior número de participantes que deverão proporcionar resultados mais robustos.
1. Epstein LJ, Kristo D, Strollo PJ, Friedman N, Malhotra A, Patil SP, Ramar K, Rogers R, Schwab RJ, Weaver EM, Weinstein MD. Clinical guideline for the evaluation, management and long-term care of obstructive sleep apnea in adults. J Clin Sleep Med. 2009;5(3):263–276.
2. Balbani APS, Formigoni GGS. Ronco e síndrome da apneia obstrutiva do sono. Rev Ass Med Bras. 1999; 45(3):273-8.
3. Teramoto S, Sudo E, Matsuse T, Ohga E, Ishii T, Ouchi Y, et al. Impaired swallowing reflex in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Chest. 1999;116(1):17-21.
4. Schindler A, Mozzanica F, Sonzini G, Plebani D, Urbani E, Pecis M, et al. Oropharyngeal Dysphagia in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Dysphagia. 2014;29(1):44-51.
5. Palombini LO. Pathophysiology of sleep-disordered breathing. J Bras Pneumol. 2010; 36:4-9.
6. Valbuza JS, de Oliveira MM, Zancanella E, Conti CF, Prado LB, Carvalho LB, et al. Swallowing dysfunction related to obstructive sleep apnea: a nasal fibroscopy pilot study. Sleep Breath. 2011;15(2):209-13.
7. Guimarães KC, Drager LF, Genta PR, Marcondes BF, Lorenzi-Filho G. Effects of oropharyngeal exercises on patients with moderate obstructive sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2009;179(10):962-6.
8. Hammer MJ, Jones CA, Mielens JD, Kim CH, McCulloch TM. Evaluating the Tongue-Hold Maneuver Using High-Resolution Manometry and Electromyograph. Dysphagia. 2014; 29(5): 564–570.
9. Yoon W L, Khoo JKP. Chin Tuck Against Resistance (CTAR): New Method for Enhancing Suprahyoid Muscle Activity Using a Shaker-type Exercise. Dysphagia. 2014; 29:243–248.
10. Pazzotti AC. Atividade eletromiográfica dos músculos supra-hioideos e orbicular da boca no exercício expiratório com diferentes dispositivos. Dissertação para a obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia. Marília: Universidade Estadual Paulista-UNESP; 2017. 52p.
HIGHLIGHTS
2173
EFEITO DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NA REABILITAÇÃO DA DISFAGIA OROFARÍNGEA EM INDIVÍDUOS COM APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Disfagia (DIS)
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) caracteriza-se pela interrupção do fluxo respiratório durante o sono devido à obstrução parcial (hipopneia) ou completa (apneia) das vias aéreas superiores (VAS) (1). Indivíduos com AOS e roncadores primários podem apresentar um número aumentado de terminações nervosas anômalas na estrutura faríngea. Estas alterações morfológicas típicas de lesão neural periférica no palato mole e na orofaringe são acarretadas, possivelmente, pelas vibrações de baixa frequência contínuas produzidas pelo ronco e pela hipóxia intermitente relacionada à AOS (2). Somado à dessaturação da oxiemoglobina, decorrente dos episódios de apneia e hipopneia, há um prejuízo na aferência neuromuscular de VAS e integração central entre as funções de deglutição e respiração (3). Deste modo, observa-se disfunção no processo deglutitório, que é depende da coordenação motora e da percepção sensorial em laringe e faringe. Portanto, a disfagia orofaríngea associa-se à AOS, em virtude das estruturas musculoesqueléticas implicadas na fisiopatologia da AOS também participarem da função de deglutição. Apesar disso, a disfagia orofaríngea é um transtorno subdiagnosticado nesses indivíduos (4).
Modificações na atividade muscular da VAS ocorrem no início do sono com diminuição da atividade tônica e fásica dos músculos genioglosso, gênio hioideo, tensor palatino, elevador palatino e palatoglosso (5). A modificação muscular é associada à diminuição transitória da ventilação e ao aumento da resistência de VAS. O comprometimento orofaríngeo traduz-se em déficit do controle sensório-motor oral, evidenciado por escape prematuro do alimento, além de atraso do início da fase faríngea da deglutição, penetração laríngea, resíduo faríngeo após a deglutição, mesmo sem penetração laríngea ou aspiração traqueal (4,6).
A terapia miofuncional orofacial é indicada como possibilidade de tratamento conservador aos pacientes com AOS. A ênfase em exercícios orofaríngeos promove melhora significativa da gravidade da AOS, dos sintomas associados à doença e a adequação de mobilidade, tonicidade e funcionalidade da musculatura envolvida (7). Nota-se gradativo aumento de pesquisas com esse enfoque. Contudo, dificilmente encontra-se estudos cujo objeto de investigação seja o impacto da fonoterapia para o tratamento das disfagias orofaríngeas em indivíduos com AOS. À vista disso, o presente estudo teve por objetivo investigar o efeito da intervenção fonoaudiológica na reabilitação da deglutição em indivíduos com AOS diagnosticados com disfagia orofaríngea por meio da avaliação videoendoscópica da deglutição (VED).
Trata-se de estudo clínico intervencionista e prospectivo, no qual indivíduos diagnosticados com AOS e disfagia orofaríngea foram submetidos à intervenção fonoaudiológica por oito semanas. O programa terapêutico consistiu na realização diária de três técnicas: Masako, flexão cervical com contra resistência e treino muscular expiratório. Estes exercícios foram selecionados de acordo com a anátomo-fisiologia das alterações descritas na literatura e observadas na avaliação videoendoscópica da deglutição. A manobra de Masako promove o aumento da atividade da musculatura supra-hioidea, dos constritores faríngeos e do músculo cricofaríngeo (8). A técnica de flexão cervical com contra resistência fortalece a musculatura supra-hioidea e promove a elevação, anteriorização e estabilização do conjunto hioide-laringe, além de influenciar na redução da pressão do esfíncter esofágico superior (9). O treino muscular expiratório, realizado com o equipamento Respiron, em posição invertida e ajustado na carga 3, promove aumento da atividade de musculatura supra-hioidea e redução do tempo de transição faríngea (10). Todos os participantes receberam orientação e supervisão semanal por profissional especializado. Foram submetidos à aplicação do instrumento de avaliação do risco de disfagia Eating Assessment Tool (EAT-10), de qualidade de vida em deglutição Quality of Life in Swallowing Disorders (Swal-Qol), e à avaliação videoendoscópica, antes e após o programa de reabilitação fonoaudiológica.
Os resultados preliminares correspondem à análise de 12 indivíduos que concluíram todas as etapas do estudo. A análise estatística foi realizada através do programa SPSS 19.0. Os dados foram apresentados em frequência absoluta e relativa ou mediana e intervalo interquartil. Foram utilizados os seguintes testes estatísticos: teste t pareado, Wilcoxon e qui-quadrado de McNemar. A amostra preliminar constituiu-se de 8 (66,7%) participantes do sexo feminino e 4 (33,3%) do sexo masculino, com mediana de idade de 62 (59,25-63,75) anos, índice de massa corporal de 33,26 (26,66-36,03) Kg/m² e índice de apneia-hipopneia de 20,50 (9-37,75). Quanto à classificação da gravidade da AOS, 5 (41,7%) participantes apresentaram grau leve, 2 (16,6%) moderado e 5 (41,7%) grave. Em relação ao grau da disfagia antes do programa de reabilitação, 7 (58,3%) participantes apresentaram disfagia leve e 5 (41,7%) disfagia leve a moderada. Após o programa de reabilitação, 3 (24%) participantes apresentaram deglutição normal, 8 (65%) deglutição funcional e 1 (11%) disfagia leve. Houve diferença estatisticamente significativa, entre os grupos pré e pós o programa de reabilitação, da pontuação do EAT-10 (p=0,035), assim como da presença de atraso do início da fase faríngea, de penetração laríngea e de resíduo faríngeo evidenciados por meio da avaliação videoendoscópica da deglutição (p=0,031). O domínio físico do EAT-10 foi o domínio que exibiu maior redução de pontuação após o programa de reabilitação, com diferença estatisticamente significativa entre os grupos pré e pós fonoterapia (p=0,025).
Apesar do tamanho amostral pequeno, os resultados preliminares mostram melhora significativa da performance deglutitória dos participantes deste estudo que, em sua maioria, alcançam um diagnóstico de deglutição funcional após processo de reabilitação fonoaudiológica. O estudo está em andamento com maior número de participantes que deverão proporcionar resultados mais robustos.
1. Epstein LJ, Kristo D, Strollo PJ, Friedman N, Malhotra A, Patil SP, Ramar K, Rogers R, Schwab RJ, Weaver EM, Weinstein MD. Clinical guideline for the evaluation, management and long-term care of obstructive sleep apnea in adults. J Clin Sleep Med. 2009;5(3):263–276.
2. Balbani APS, Formigoni GGS. Ronco e síndrome da apneia obstrutiva do sono. Rev Ass Med Bras. 1999; 45(3):273-8.
3. Teramoto S, Sudo E, Matsuse T, Ohga E, Ishii T, Ouchi Y, et al. Impaired swallowing reflex in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Chest. 1999;116(1):17-21.
4. Schindler A, Mozzanica F, Sonzini G, Plebani D, Urbani E, Pecis M, et al. Oropharyngeal Dysphagia in patients with obstructive sleep apnea syndrome. Dysphagia. 2014;29(1):44-51.
5. Palombini LO. Pathophysiology of sleep-disordered breathing. J Bras Pneumol. 2010; 36:4-9.
6. Valbuza JS, de Oliveira MM, Zancanella E, Conti CF, Prado LB, Carvalho LB, et al. Swallowing dysfunction related to obstructive sleep apnea: a nasal fibroscopy pilot study. Sleep Breath. 2011;15(2):209-13.
7. Guimarães KC, Drager LF, Genta PR, Marcondes BF, Lorenzi-Filho G. Effects of oropharyngeal exercises on patients with moderate obstructive sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2009;179(10):962-6.
8. Hammer MJ, Jones CA, Mielens JD, Kim CH, McCulloch TM. Evaluating the Tongue-Hold Maneuver Using High-Resolution Manometry and Electromyograph. Dysphagia. 2014; 29(5): 564–570.
9. Yoon W L, Khoo JKP. Chin Tuck Against Resistance (CTAR): New Method for Enhancing Suprahyoid Muscle Activity Using a Shaker-type Exercise. Dysphagia. 2014; 29:243–248.
10. Pazzotti AC. Atividade eletromiográfica dos músculos supra-hioideos e orbicular da boca no exercício expiratório com diferentes dispositivos. Dissertação para a obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia. Marília: Universidade Estadual Paulista-UNESP; 2017. 52p.
HIGHLIGHTS
2194
EFETIVIDADE DA ELETROESTIMULÇÃO NEUROMUSCULAR NO ABAIXAMENTO LARÍNGEO: UM ESTUDO DE CASO.
Voz (VOZ)
Introdução: a posição vertical que a laringe ocupa no pescoço possui um forte efeito acústico sobre a voz do falante. A literatura mostra que a laringe mais elevada tem um forte componente de tensão, enquanto que a laringe em posição mais baixa é associada a uma emissão mais suave e confortável[1]. O tratamento convencional vocal consiste em melhorar a produção da voz e reduzir o impacto negativo na qualidade de vida do paciente. Utiliza-se de métodos como: exercícios para a fonte glótica, coordenação pneumofonoarticulatória, ressonância vocal, relação corpo-voz, orientações de higiene ou bem estar vocal, entre outros. Porém, a terapia convencional para ser eficaz, depende muito da colaboração e motivação do paciente em aderir de fato ao tratamento, realizando corretamente os exercícios solicitados ou mudando os hábitos prejudiciais à saúde da voz[2]. Portanto, é importante que Fonoaudiologia possa contar com métodos mais objetivos no tratamentos das disfonias. A eletroterapia se encaixa nesse contexto, pois trata-se de uma modalidade simples e não invasiva, e está sendo utilizada na fonoaudiologia na disfagia, motricidade orofacial, disfunções temporomandibulares e paralisia facial[3]. A eletroestimulação neuromuscular (EENM) é uma modalidade da eletroterapia e um método que atua diretamente na musculatura laríngea, favorecendo a mobilidade e contração dos músculos. Esta técnica muito tem a acrescentar às práticas convencionais fonoaudiológicas, pois estudos demonstram resultados satisfatórios quanto à utilização da eletroestimulação na melhora dos quadros de disfagia; porém a eficácia da eletroestimulação para quadros de disfonias ainda estão sendo avaliados[4]. Objetivos: o objetivo geral desta pesquisa foi descobrir a eficácia da EENM como manobra de abaixamento laríngeo. Os objetivos específicos foram mensurar a postura da laringe antes e após a intervenção, realizar análise acústica antes e após a intervenção e aplicar a ENM na musculatura supra e infra hioidea. Metodologia: a metodologia utilizada foi um estudo de caso, de natureza transversal e quantitativa. A participante selecionada é do gênero feminino, 64 anos, com queixa de rouquidão e diagnosticada com pólipo na prega vocal esquerda. Foi submetida à mensuração da posição vertical da laringe, seguindo os estudos de Brasil, Yamasaki e Leão (2005). Logo após realizou-se uma coleta de amostra vocal para análise acústica, onde a paciente emitiu a vogal “E” sustentadamente em posição sentada, em uma sala silenciosa. Para análise acústica foi utilizado o Software de análise acústica Voxmetria da CTS Informática, e foram analisados os seguintes parâmetros: shimmer, jitter, média da frequência fundamental, moda da frequência fundamental, irregularidade, ruído, proporção GNE, variabilidade da frequência fundamental e semitons. Esses dados foram colhidos pré e pós à eletroestimulação neuromuscular. Em seguida, recebeu a aplicação da eletroestimulação na laringe em três programações: relaxamento dos músculos supra hioideos, aquecimento dos infra hioideos e contrações dos infra hioideos. Resultados: os resultados apontaram que após a sessão de eletroestimulação neuromuscular, houve uma descida da posição vertical da laringe, bem como uma mudança favorável nos parâmetros da análise acústica, revelando uma emissão mais equilibrada e confortável. Conclusão: Foi possível comprovar que a eletroestimulação neuromuscular é uma técnica eficaz como manobra de abaixamento laríngeo, e que esta posição, por sua vez, favorece a emissão vocal da paciente, tornando-a mais equilibrada. Entretanto sugere-se a realização de estudos com um número maior de participantes, a fim de trazer relevância estatística para o tema proposto.
1. BRASIL, O. O. C.; YAMASAKI, R.; LEÃO, S. H. S. Proposta de medição da posição vertical da laringe em repouso. Rev. Bras. Otorrinolaringol.[revista em internet] 2005 maio-junho. [acesso em 04 de abril de 2020]; 71(3). Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992005000300008
2. BEHLAU, M. et al. Apresentação do programa integral de reabilitação vocal para o tratamento das disfonias comportamentais. CoDAS. 2013;25(5):2.
3. RODRIGUES, D.; SIRIANI, A.; BERZIN, F. Effect of conventional TENS on pain and electromyographic activity of masticatory muscles in TMD patients. Braz. res oral. 2004;18(4):290-295.
4. SANTOS, J. et. al.. Uso da eletroestimulação na clínica fonoaudiológica: Uma revisão integrativa da literatura. Rev. CEFAC. 2015;17(5):1-2.
HIGHLIGHTS
2179
ENSINO DE PAIS NOS TRANSTORNOS DOS SONS DA FALA: UMA VISÃO FONOAUDIOLÓGICA
Linguagem (LGG)
Existe uma alta prevalência de crianças que se desenvolvem com problemas de fala, este dado é variável segundo a ASHA (American Speech-Language-Hearing Association) devido a multiplicidade de distúrbios existentes e às diferentes idades em que estes ocorrem.
O termo Transtornos dos sons da fala (TSF) é utilizado para descrever um conjunto de dificuldades na produção de sons na fala de crianças. Esta definição expõe diferentes problemas em produzir fala, que podem apresentar como causa; déficits isolados no processamento perceptivo, no processamento motor da fala e/ou linguístico, bem como podem estar entre si combinados, e ainda apresentar origem biologicamente conhecida ou não. (Namasivayam AK, 2020)
Nesta apresentação, adotamos o termo TSF para referir aqueles distúrbios que apresentam desordens relacionadas a articulação dos sons de fala (articulação/base motora) e aqueles que também apresentam déficits relacionados aos aspectos linguísticos da produção de fala (fonologia/ base fonológica).
Encontrar o tratamento mais efetivo para estas desordens e garantir o aumento da inteligibilidade de fala da criança pode ser um desafio para as famílias visto que uma das recomendações mais comum encontrada em diferentes estudos (Allen 2013; Namasivayan 2019) é o aumento da frequência e da intensidade terapêutica como evidência de melhor prognostico e evolução do TSF.
Neste estudo de Allen (2013) o resultado de uma terapia administrada três vezes por semana durante 8 semanas foi significativamente melhor do que uma terapia administrada uma vez por semana durante 24 semanas.
Na pesquisa de Namasivayam (2019) que objetivou investigar qual a frequência da dose fonoaudiológica necessária para a evolução de crianças com DSF foi possível verificar que nas intervenções de alta intensidade (2x/ semana / 10 semanas) facilitou maiores mudanças nas interações pai-filho do que no tratamento de baixa intensidade (1x / semana/ 10 semanas).
Quando pensamos no cenário brasileiro encontramos a fonoaudiologia com serviços não preparados para este tipo de intervenção cientificamente comprovada (estudos acima citados) e conforme recomendações pelo CFFa (Conselho Federal de Fonoaudiologia) e ASHA.
No Brasil, o serviço tem pouca frequência semanal, baixa fidelidade na intensidade e ausência de capacitação parental. Conforme descrito no estudo de Morelli (2015) em Camboriú - SC, as preconizações do CFFa com relação ao balizador de frequência num setor publico de Fonoaudiologia, com análise de mais de 400 prontuários, os tratamentos encontravam-se 50% inferiores ao recomendado.
Diante de um panorama como este, é preciso analisar como seria possível incorporar maior intensidade e frequência aos tratamentos dos TSF a fim de seguir as recomendações com evidencia científica e aliá-los a prática fonoaudiológica.
Em um estudo na Suécia realizado com uma criança que recebia quantidade limitada de terapia, sem evoluções em uma abordagem puramente fonológica; foi constatado que na troca de abordagem e com maior frequência, a inteligibilidade aumentou. Os autores também concluíram que os exercícios de fala devem ser incorporados pela família e praticados em casa (Hammarström et al, 2019). Pesquisas como esta começam a nos mostrar mais de um caminho a ser questionado, a fim de inovar a prática clínica e neste trabalho vamos destacar a possibilidade de treinarmos os pais e familiares da criança em tratamento a fim de aumentar as oportunidades terapêuticas.
A pobre qualidade de interação entre familiares e terapeutas fica evidente no estudo de Roulstone et al. (2015) realizado no Reino Unido em que se verificou que embora os pais sejam geralmente positivos em relação aos jogos e atividades realizados pelos terapeutas, eles raramente eram informados sobre o objetivo da intervenção.
Esta apresentação tem como objetivo expor a problemática entre o ‘ideal x real’ dentro do tratamento dos TSF e contribuir para a elaboração de uma tese de mestrado que pretende investigar como os fonoaudiólogos brasileiros realizam o treinamento parental nos TSF com comprometimento motor. A tese tem como objetivo final, reunir recomendações dentro de um consenso profissional que podem favorecer o treinamento parental e melhorar os serviços oferecidos. Os resultados desta futura pesquisa, serão discutidos com a literatura disponível. Busca-se por estudos que já envolveram o treino e colaboração de pais, para realizar a revisão e discussão dos dados que serão encontrados, como por exemplo o estudo de Dodd e Baker (1990) em que encontraram melhorias e barreiras nas intervenções aplicadas por pais e professores.
Para autoras como Fish (2019) promover altos níveis de fidelidade ao tratamento, empregando os pais na colaboração de um ‘pratica extra ’pode ter um impacto substancial no sucesso do tratamento de crianças com diagnóstico ou suspeita de Apraxia de Fala na Infância (AFI).
Em uma revisão sistemática realizada por Murray (2014) em mais 50 artigos, em 9 bancos de dados diferentes entre 1970 e 2012, foi encontrado que apenas 40% dos tratamentos em transtornos motores da fala prescreviam algum nível de prática em casa.
Já em outra revisão realizada por Sugden et al. (2016) envolvendo 176 estudos, somente 61 relataram o envolvimento dos pais e/ou tarefas domésticas na intervenção, sem detalhar de forma criteriosa como isso aconteceu. E concluíram que a escassez destas informações podem dificultar a tomada de decisão clínica no momento da intervenção dos DSF.
Contudo, panoramas clínicos em que a recomendação científica esta muito longe da prática clínica, devem ser estudados e passiveis de investigação para gerar possibilidade de solução. Este desequilíbrio entre a evidencia científica e o que é praticado na clínica reforça os longos períodos de intervenção, as filas de espera para tratamento e prejudica equidade nos serviços de saúde.
Dada a necessidade relatada de tratamento de alta frequência de sessões, de emprego comum de prática domiciliar para aumentar a intensidade de tratamento, se faz importante mais conversas e estudos para compreender como os fonoaudiólogos brasileiros estão capacitando os familiares de seus pacientes com TSF.
Bibliografia
1- Namasivayam A K, Coleman D, O’Dwyer A, Van Lieshout P. Speech Sound
Disorders in Children: An Articulatory Phonology Perspective. Frontiers
in Psychology: Language Science. 2020;10(28):29-98.
2- Sugden E, Baker E, Munro N & Williams A L.Involvement of parents in
intervention for childhood speech sound disorders: a review of the
evidence. International Journal of Language & Communication
Disorders. 2016; 51(6): 597–625.
3- Donna C T, McCabe P, Ballard J K. Combined clinician-parent delivery of
rapid syllable transition (ReST) treatment for childhood apraxia of
speech. International Journal of Speech-Language Pathology. 2018; 20
(7): 683-698.
4- Roulstone SE, Marshall JE, Powell GG, Goldbart J, Wren YE, Coad J, et
al. Evidence-based intervention for preschool children with primary
speech and language impairments: Child Talk - an exploratory mixed-
methods study. Programme Grants Appl Res 2015;3(5).
5- Hammarström IL, Svensson RM & Myrberg K. A shift of treatment approach in speech language pathology services
for children with speech sound disorders – a single case study of an intense intervention based on non-linear
phonology and motor-learning principles. Clinical Linguistics & Phonetics.2019; 33(6): 518-53.
6- Dodd B, & Barker R. The Efficacy of Utilizing Parents and Teachers as
Agents of Therapy for Children with Phonological Disorders. Australian
Journal of Human Communication Disorders.1990;18(1): 29-45.
HIGHLIGHTS
2178
ENSIRE: SIMULAÇÃO E REFLEXÃO NO ENSINO EM FONOAUDIOLOGIA
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO
É necessário que as práticas pedagógicas nas Instituições de Ensino Superior (IES) atendam ao desenvolvimento de habilidades e competências para o século 21 como, por exemplo, o empreendedorismo, pensamento crítico-reflexivo e resolução de problemas, letramento em dados e humanização. Deste modo, é imprescindível que os Cursos de Fonoaudiologia repensem suas matrizes curriculares visando o oferecimento de um ensino mais eficiente, com propostas dinâmicas e integradas que não se concentrem apenas na chamada “racionalidade técnica” (1).
Nesse contexto, a prática reflexiva pode beneficiar a formação do fonoaudiólogo dado o seu potencial para promover a geração de conhecimento a partir da prática, facilitar a integração teoria-prática; vincular a prática baseada em evidências à experiência clínica e contribuir para o cultivo da prática ética e humanizada. A prática reflexiva também facilita o desenvolvimento de consciência crítica, a criatividade e espontaneidade na atuação profissional (2-3).
DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E DA RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA
A prática reflexiva considera a experiência como uma das principais formas de aprendizado e a reflexão como uma estratégia para maximizá-lo. Por isto, o graduando precisa estar em contato com a realidade das práticas o mais precocemente possível em sua formação, não só observando profissionais experientes mas, sobretudo sendo levados a resolver problemas em situações que caracterizam o conceito de “aprender fazendo”.
Embora de fundamental importância na formação profissional, o treinamento com pacientes reais na prática clínica pode apresentar desvantagens do ponto de vista exclusivamente educacional. Uma delas é que, por realizar ações voltadas a um ser humano, os graduandos necessitam evitar ao máximo a ocorrência de erros de conduta. Neste sentido, a simulação representa uma estratégia importante ao processo de ensino-aprendizagem, por substituir o encontro com pacientes reais em troca de modelos artificiais (por exemplo, indivíduos treinados, atores profissionais ou modelos computadorizados), replicando cenários de cuidados ao paciente em um ambiente próximo da realidade, com o objetivo de analisar e refletir as ações realizadas de forma segura. Tais programas oferecem um ambiente exploratório onde o aluno pode tomar decisões e comprovar, em seguida, as consequências (4-6).
Considerando essas questões, este trabalho descreve o projeto “Ensino com Simulação e Reflexão – ENSIRE”, iniciado em 2013, que teve como objetivo a criação, desenvolvimento e implementação de laboratórios com recursos de simulação interativos e educacionais baseados em práticas reflexivas, voltados ao processo de ensino e aprendizagem na graduação em Fonoaudiologia, em uma universidade pública.
APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA.
Ao longo de seis anos, as atividades propostas no projeto ENSIRE permitiram o aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem por meio das seguintes atividades:
• Implantação da infraestrutura dos laboratórios de habilidades de simulação e reflexão:
● Aquisição e instalação dos equipamentos para obtenção e armazenamento em rede de registros em vídeo das atividades de atendimento clínico para posterior análise (reflexão sobre a ação);
● Obtenção de softwares de simulação de habilidade - “Virtual Audiometer”, desenvolvido no Departamento de Distúrbios da Comunicação da Brigham Young University – EUA, e com o objetivo de auxiliar os professores no ensino dos testes audiométricos de maneira mais eficiente.
● Desenvolvimento de atividades de consultas simuladas com atores profissionais
● Implementação dos registros online de reflexão (Diários de Reflexão).
● Desenvolvimento de um ambiente online de apoio à geração colaborativa de conhecimento por meio de ambientes de diálogo, construção de textos-base de sistemas de apoio de grupo, diários, fóruns, bate-papos, construção de wikis, etc. Tais espaços virtuais oferecem situações que permitem o desenvolvimento de estratégias mediadoras no processo de aprendizagem e também possibilitam visualizar as trajetórias pedagógicas dos alunos e dos grupos, constituindo indicadores de avaliação contínua da aprendizagem e, se necessário, reorientação das metodologias empregadas pelo docente
• Aprimoramento do processo de avaliação por meio da adaptação de instrumentos para avaliação diagnóstica e formativa do graduando.
• Criação e oferecimento de disciplinas optativas com abrangência multidisciplinar, incluindo disciplinas que promovem o empreendedorismo e habilidades interculturais (Internacionalização).
● Atividades de capacitação:
● Realização de workshops de capacitação de docentes para estimular a integração de disciplinas, treinar a aplicação das metodologias e avaliações pertinentes e reorganizar a dinâmica dos estágios clínicos a fim de contemplar a aprendizagem significativa para todos os sujeitos envolvidos no processo;
● Workshop de capacitação de discentes para o treino de habilidades de automonitoramento (habilidade metacognitiva e afetivo-relacional pela qual a pessoa observa, descreve, interpreta e regula seus pensamentos, sentimentos e comportamentos nos diferentes ambientes) na pratica clínica; para orientação da confecção de diários de reflexão, cartilhas e checklists que auxiliem na (re)estruturação de planos de atuação.
● Realização de fórum de docentes e discentes para apresentação dos resultados parciais ou totais oportunizados pela experiência.
1. Schön DA. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000, 256p.
2.Ng SL. Reflection and reflective practice: creating knowledge through experience. Semin Hear 2012;33(02):117-134.
3. Caty MÈ, Kinsella EA, Doyle PC. Reflective practice in speech-language pathology: a scoping review. Int J Speech Lang Pathol. 2015;17(4):411-420.
4.Gaba DM. Do as we say, not as you do: using simulation to investigate clinical behavior in action. Simul Healthc 2009;4(2):67-69.
5.Varga CRR et al. Relato de experiência: o uso de simulações no processo de ensino-aprendizagem em medicina. Rev Bras Educ Med 2009;33(2):291-297.
6.Jucá SCS. A relevância dos softwares educativos na educação profissional. Ciências & Cognição 2006;3(8):22-28.
HIGHLIGHTS
2158
ESPECTRO DA NEUROPATIA AUDITIVA NA CRIANÇA: APRESENTAÇÃO DO PROTOCOLO CLÍNICO NO PROGRAMA O IMPLANTE COCLEAR
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Espectro da Neuropatia Auditiva (ENA) refere-se à uma alteração auditiva passível de ser diagnosticada a partir da década de 90, quando as emissões otoacústicas foram descritas e o procedimento inserido na prática clínica. Desde então, inúmeras pesquisas foram desenvolvidas no sentido de compreender sua fisiopatologia, sendo que atualmente tem se a clareza que as estruturas que podem estar comprometidas: células ciliadas internas, neurotransmissores e/ou nervo auditivo (RANCE, 2005) estão envolvidas com o processo de codificação da energia elétrica para impulsos elétricos que serão transmitidos por toda a via auditiva e compreendidos pelo cérebro. Desta forma, o comprometimento maior está na percepção auditiva sendo que as habilidades auditivas mais alteradas são àquelas relacionadas ao processamento temporal. Na clínica é possível termos um indivíduo que apresenta limiares auditivos normais ou muito próximos do normal, com a queixa “Eu ouço, mas não entendo” no caso da ENA adquirida ou, por exemplo, a família dizendo “Eu acho que meu filho escuta, mas não está aprendendo a falar”, no caso da ENA congênita. O quadro descrito já exemplifica a complexidade no tratamento, pois o foco principal na intervenção não é trazer audibilidade com o uso do dispositivo eletrônico, mas sim resgatar a sincronia neural no sistema auditivo periférico.
Ao considerar especificamente crianças com diagnóstico com ENA, o implante coclear tem sido a conduta mais promissora, mas a variabilidade nos resultados tem sido grande, mesmo frente às condições favoráveis como a idade da criança no diagnóstico e tratamento, indicação correta do dispositivo eletrônico, o uso efetivo e a qualidade da intervenção, incluindo profissionais e envolvimento familiar.
Como consequência, observa-se que o diagnóstico e a intervenção no ENA ainda geram muitos questionamentos, e por vezes, divergências entre os profissionais quanto à conduta a ser assumida. Esta situação torna o processo ainda mais difícil, pois coloca a família em uma situação de insegurança que pode persistir por toda a vida, além de refletir na adesão ao tratamento (Oliveira, 2018).
Deste modo, a atuação conjunta entre os profissionais da equipe interdisciplinar do Serviço de Implante Coclear e os fonoaudiólogos da rede responsáveis pela reabilitação é imprescindível, para haver uma coesão nas orientações dadas à família da criança com ENA, o que auxiliará na compreensão desta alteração auditiva que por si só, já é muito complexa.
Após 30 anos de experiência com implante coclear, nosso serviço desenvolveu um protocolo que tem sido efetivo no atendimento de criança com ENA:
- O processo de diagnóstico audiológico ocorre pelo monitoramento da audição e desenvolvimento da criança, com retornos de três meses para avaliação das habilidades auditivas e de linguagem oral;
- A família é orientada a procurar o fonoaudiólogo para iniciar o processo terapêutico, mesmo sem a indicação do AASI, para estimulação auditiva da criança e apoio à família no período entre os agendamentos;
- As famílias são atendidas pela equipe interdisciplinar, sendo que as orientações recebidas de diferentes profissionais auxiliam a mãe e familiares a compreender a ENA e as incertezas impostas por esta alteração auditiva, desde o processo de diagnóstico à decisão pela intervenção terapêutica, AASI ou IC;
- O AASI é indicado a partir da determinação dos níveis de limiares auditivos por meio da audiometria de reforço visual (VRA), sendo mantido os retornos de monitoramento da audição e desenvolvimento da criança;
- O diagnóstico por imagem por meio da tomografia computadorizada e ressonância magnética é solicitado pelo médico para todas as crianças, a fim de verificar as condições anatômicas da orelha média, orelha interna e do nervo auditivo. O implante coclear é contra-indicado apenas quando constatado agenesia do nervo auditivo, contudo, no caso de hipoplasia de nervo auditivo a família deve ser orientada quanto as expectativas, visto que nestes casos os resultados são limitados (Peng et al., 2017);
- O IC é indicado quando não se observa benefícios do AASI para a percepção da fala e linguagem oral, independente do nível do limiar auditivo amplificado;
- As avaliações complementares são analisadas de acordo com a necessidade em cada caso, incluindo exame genética, e,
- A idade mínima para indicação do IC é de dois anos, com exceção da criança com perda auditiva de grau profundo, por causa genética. Neste caso, a indicação do IC pela equipe interdisciplinar é realizada a partir do momento que os critérios multifatoriais são atendidos
Assim, a recomendação frente a suspeita de um quadro de ENA é que a criança deve ser encaminhada para um Serviço de Implante Coclear credenciado pelo Ministério da Saúde, independente do grau da perda auditiva, pois a atuação efetiva da equipe interdisciplinar em conjunto com os profissionais da saúde e educação inseridos na rede pública, refletirá de forma positiva na vivência da mãe e de toda a família, com maior adesão ao processo de diagnóstico e reabilitação auditiva.
Kevin A. Peng, Edward C. Kuan, Suzannah Hagan, Eric P. Wilkinson, Mia E. Miller, Cochlear Nerve Aplasia and Hypoplasia: Predictors of Cochlear Implant Success. AMO-Head Neck Surg. 2017;157(3): 1-9
Oliveira, D.C. 2018 Vivência de mães no processo de intervenção auditiva de crianças com Desordem do Espectro da Neuropatia Auditiva. Programa de Pós-graduação em Fo-noaudiologia, USP, campus Bauru. Disponível em: tese.usp, acesso em julho 220.
Rance, G. Auditory neuropathy/dys-synchrony and its perceptual consequences. Trends in Amplification.2005; 9: 1–43.
HIGHLIGHTS
1347
ESTAMOS A CAMINHO DA “FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR DE PRECISÃO”?
Disfagia (DIS)
“O mundo mudou.” A frase não é nova, mas não há quem discorde dela. Não conseguimos mensurar a velocidade de tal mudança mas podemos hipotetizar através da quantidade de dados que o mundo produziu na última década: Em 2009 possuíamos 0,8 Zettabytes (ZB) de dados, e num período de 2 anos chegamos a 1,8 ZB, dobrando o quantitativo acumulado até então1. Nesta época, previa-se que em 2020, chegaríamos ao montante de 44 ZB, dado que foi comprovado pela International Data Corporation (IDC), que prevê que tais dados chegarão ao valor de 175 ZB em 20252. Compreender a velocidade com que os dados estão sendo produzidos, e o ritmo com eles são processados pode ajudar a compreender o impacto da mudança que passamos e nos faz pensar na responsabilidade social da Fonoaudiologia diante de tamanha velocidade. De que maneira estamos trabalhando em tal mudança e como estamos inseridos para melhoria do cuidado?
A Fonoaudiologia Hospitalar vem se estabelecendo nos últimos 40 anos, num mundo pós-Guerra Fria, que é descrito por estudiosos como VUCA3: Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo. Tal acrônimo, descrito pelo U.S. Army War College na década de 1990 explica a complexidade e as incertezas da situação geopolítica mundial e é utilizado na esfera de gestão e liderança para compreender contextos mercadológicos e criar estratégias para profissionais e organizações. Por conta da falta de previsibilidade e rápidas mudanças de cenário, profissionais são cada vez mais exigidos sobre posturas dinâmicas, que inspiram adaptação e eficiência. Quanto maior é a capacidade técnica para projetar cenários de longo prazo e agilizar respostas às demandas, mais eficiente é o profissional. O mercado precisa de habilidades como visão, entendimento, clareza e agilidade, para reação eficiente no mundo VUCA3. O Fonoaudiólogo está preparado para responder com eficiência às demandas desta realidade ou ainda repete modelos de trabalho antigos para ter as mesmas respostas? O que fazemos, enquanto ciência, para evoluir, na velocidade do mundo que nos cerca?
Lideranças na área hospitalar já descrevem estratégias de competitividade, mantendo a excelência no cuidado centrado no paciente4. O crescimento é vital para qualquer empresa e a Saúde vêm utilizando cada vez mais a “Quarta Revolução Industrial”5 para agregar valor e se manter no mercado. A Quarta Revolução, ou Revolução 4.0 foi o termo desenvolvido por Schwuab, no Fórum Econômico Mundial (2016) que descreve a transição em direção a novos sistemas, baseada na infraestrutura da eletrônica e das telecomunicações5 e se caracteriza pela velocidade, alcance e impacto que provoca na vida cotidiana. São tecnologias disruptivas4, como Inteligência Artificial (IA), análise de dados em larga escala (Big Data), robótica, realidade aumentada, Internet das Coisas (IoT), aplicações de tecnologia 3D. Todas já estão presente na área da saúde, como por exemplo, em projetos de genômica e bioengenharia onde algoritmos matemáticos permitem a análise de dados através da IA4.
Diante deste mundo transicional, como o fonoaudiólogo hospitalar encara a previsão dos desfechos clínicos e a tomada de decisão pautada em processos analisados por sistemas computacionais com dados de larga escala, e com a ajuda de algoritmos matemáticos realizados por máquinas de alta tecnologia? Para muitos de nós, parece algo saído de filmes de ficção científica, mas a realidade nos dá indícios que a Fonoaudiologia Hospitalar de Precisão é possível e necessária.
Hulsen et al. (2019), descrevem Big Data em Saúde como a capacidade de analisar e interpretar dados, explorando novas ferramentas para promover mudanças reais na prática clínica desde a terapêutica personalizada e o desenho inteligente de medicamentos até a triagem populacional e mineração de registros de saúde6 concluindo que as pesquisas geradoras de hipóteses fundadas em grandes conjuntos de dados se somam, a ciência tradicional orientada por hipóteses. Um alvo mais imediato para o Big Data é a riqueza de dados clínicos já alojados em hospitais que ajudam a responder à pergunta sobre por que eventos específicos estão ocorrendo. Esses dados têm o potencial, se integrados e analisados adequadamente, de dar insights sobre as causas da doença, permitir sua detecção e diagnóstico, orientar terapia e manejo, além do desenvolvimento de futuros medicamentos e intervenções6.
Swetz et al. (2017) usaram o Big Data para analisar a utilização de serviços de saúde e necessidade de vias alternativas de alimentação por 1974 pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica. O que se observou com o estudo é que ao contrário do esperado, e que é preconizado em literatura, o número de pacientes que utilizou a via alternativa de alimentação de forma precoce foi bastante reduzido. Os autores ainda descreveram que a coleta não foi eficiente, pois os dados não foram armazenados de forma adequada nos sistemas de saúde e se perderam ao longo dos anos. Tal informação é valiosa para que se compreenda a necessidade da gestão e governança de dados para que estes sejam realmente eficientes.
O fonoaudiólogo hospitalar lida com prontuários eletrônicos e neles com a possibilidade de coleta e armazenamento de dados precisa e organizada, permitindo que o ao longo dos anos, ele tenha em mãos um rico material para análise de desfechos e tomada de decisão, orientando terapia e manejo, além de produzir extenso material para pesquisa clínica, respeitando todos os preceitos da ética em pesquisa e garantindo a segurança da informação do paciente8.
Neste trabalho pretende-se realizar coleta, armazenamento e análise de banco de dados de prontuário de um serviço de fonoaudiologia com foco no desfecho, e através a utilização das tecnologias de big data e inteligência artificial para reconhecer indicadores de menor hospitalização e morbidades, garantindo a segurança e precisão no processo.
É possível inferir que a Fonoaudiologia Hospitalar caminha para uma integração com a tecnologia e os avanços trazidos pela Revolução 4.0, modificando de forma determinante a sua prática e pesquisa clínica, alcançando o status de precisão. No entanto, cabem aos profissionais da área e às instituições em que estão inseridos, o diálogo sobre a gestão dos dados, permitindo a melhora das condições de trabalho condizentes com seu preparo técnico e acadêmico, além da oportunidade de construção de uma Fonoaudiologia de Valor, onde todas as partes trabalhem de forma conjunta no benefício do paciente.
1. Adshead, A. (2013). Big data storage: Defining big data and the type of storage it needs. ComputerWeekly.com. Acessado em 12/07/2020. Disponível em http://www.computerweekly.com/podcast/Big-data-storage-Defining-big-data-and-the-type-of-storage-it-needs.
2. Patrício, A. IDC: Expect 175 zettabytes of data worldwide by 2025. Networkworld. 2018. Acessado em 12/07/2020. Disponível em https://www.networkworld.com/article/3325397/idc-expect-175-zettabytes-of-data-worldwide-by 2025.html#:~:text=By%202025%2C%20IDC%20says%20worldwide,cloud%20as%20in%20data%20centers.&text=IDC%20has%20released%20a%20report,study%2C%20the%20numbers%20are%20staggering.
3. Bennett, Nathan & Lemoine, G. James. What VUCA really means for you. Harvard business review. 92, 2014.
4. Schwab, K. A quarta revolução industrial. Edipro. 2018.
5. Lottenberg, C.; Silva, P.; Klajner, S. A revolução digital da saúde: como a inteligência artificial e a internet das coisas tornam o cuidado mais humano, eficiente e sustentável. São Paulo. Editora dos editores, 2019.
6 Hulsen, T. el all. From Big Data to Precision Medicine. Frontiers in medicine. vol. 6 34. 1 Mar. 2019, doi:10.3389/fmed.2019.00034
7. Swetz KM, Peterson SM, Sangaralingham LR, et al. Feeding Tubes and Health Care Service Utilization in Amyotrophic Lateral Sclerosis: Benefits and Limits to a Retrospective, Multicenter Study Using Big Data. Inquérit. 2017; 54:46958017732424. doi:10.1177/0046958017732424
8. Lima, T; Sá, M. Electronic health records and protection of sensitive personal data in Brazil. Rev. derecho genoma hum; (51): 61-76, 2019.
HIGHLIGHTS
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ESTIMULAÇÃO DA LINGUAGEM ORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL - IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
No contexto diário da atuação em Fonoaudiologia Educacional Fonoaudiólogos e Professores caminham lado a lado em busca de um objetivo específico que é o de colaborar para o ensino em aprendizagem dos alunos. Este Highlight foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de Dissertação de Mestrado em Educação Intitulada Desenvolvimento da Linguagem Oral em Crianças da Educação Infantil: Implicações Pedagógicas.
Dentro das especificidades do ensino na Educação Infantil, o professor que trabalha com crianças pequenas e bem pequenas encontra um grande desafio que é o de colaborar e estimular a linguagem oral das crianças dentro deste ambiente, desafio este que se encontra explícito na BNNC como sendo uma competência necessária a ser trabalhada.
No decorrer da pesquisa foi possível observar que as atividades realizadas pelas professoras com as crianças em sua maioria contribuem para o desenvolvimento da oralidade, porém a forma como são realizadas não estão relacionadas à nenhuma concepção teórica, por muitas vezes as mesmas realizam as atividades de forma aleatória sem foco ou objetivo específico. A pesquisa apontava uma necessidade imediata de se ampliar possibilidades relacionadas a processos de formação dos professores que atuam na educação infantil.
É comum receber no consultório fonoaudiológico crianças para avaliação que já apresentavam manifestações e alterações por volta dos dois a três anos de idade, e que mesmo assim, por falta de suporte e orientação adequados somente chegam para o atendimento especializado por volta dos oito anos de idade, quando as comorbidades já estão em um nível avançado dificultando a aprendizagem deste aluno.
Vygotsky afirma em seus manuscritos que toda interação que a criança faz com o mundo é mediada pela linguagem. Tendo-se a dimensão do por quê se estimular a linguagem oral no ambiente da educação infantil, é necessário, primeiramente, saber “como” as crianças desenvolvem a fala, “como” o educador deve realizar esta estimulação dentro de sua sala de aula e quais as implicações pedagógicas deste processo tão essencial no desenvolvimento infantil. (1)
No campo da Fonoaudiologia, a necessidade de compreensão dos aspectos que se referem ao desenvolvimento da linguagem oral e sua relevância no histórico de vida da criança intensificaram a necessidade de pesquisas sobre o tema.
Durante as situações cotidianas na educação infantil, esta habilidade nem sempre é trabalhada e estimulada de forma intencional, pois existe ainda, de forma bem consistente, a crença de que a fala é algo natural, e que por ser natural não exige do professor nenhuma forma de estímulo (2)
Após realização do estudo, conclui-se que é necessário a implementação de disciplinas nos cursos de formação de professores que tenham foco específico em disciplinas que ensinem efetivamente sobre os fundamentos do desenvolvimento da linguagem inclusive para professores que trabalham com crianças à partir de 4 meses de idade em berçários.
Como Highlight aqui é proposto uma necessidade de melhora na abordagem do Fonoaudiólogo Educacional dentro da Educação Infantil. É importante que na atuação da Fonoaudiologia Educacional neste segmento o Fonoaudiólogo se preocupe em realizar com os professores ações voltadas para a formação de concepções teóricas. Como visto nos resultados da pesquisa, muitas vezes os professores realizam estratégias de estimulação com as crianças, porém estas mesmas estratégias não tem embasamento científico e acabam sendo aplicadas em momentos inadequados, com focos imprecisos ocasionando estimulação incorreta e ineficaz.
A intencionalidade durante o processo educativo demanda planejamento e metodologias de ensino, é preciso que o professor da Educação Infantil considere os níveis de desenvolvimento estudados por Vygotsky para se planejar o trabalho neste segmento educacional, e para que mesmo considere estes níveis de aprendizagem o Fonoaudiólogo deverá provocar reflexões, e trabalhar com caráter de orientação e construção de saberes orientando e auxiliando este professor.(3)
(1)VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. (Org.). Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1978.
(2)BORTOLANZA, A. M. E. O papel da linguagem no desenvolvimento infantil: implicações dos estudos de Liev Semiónovitch Vygotski. Revista Eutomia, v. 19, n. 1, p. 100-112, 2017.
(3)VYGOTSKI, L. S. OBRAS ESCOGICAS III – Historia Del Desarollo de las funciones psíquicas superiores. Aprendizage Visor, 1997.
HIGHLIGHTS
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FATORES LIMITANTES E PROPOSTAS DE MELHORIA DA COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PACIENTES DENTRO DE UMA UTI COVID-19 BASEADA NO DESIGN THINKING
Saúde Coletiva (SC)
Contextualização e relevância do tema: A pandemia atual (COVID-19) revelou limitações na capacidade de comunicação dos profissionais de saúde, ampliando desafios já existentes no contexto de uma unidade de terapia intensiva (UTI) com pacientes críticos (1). O uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) obrigatórios dentro da UTI Covid-19, impõe uma barreira física que pode dificultar a identificação do profissional, impactar no acolhimento do paciente e comprometer de forma significativa a comunicação verbal e não verbal. O uso da máscara cirúrgica, por exemplo, atenua de 3 a 4 decibéis (dB) dos sons da fala, e a N95 atenua até 12 dB. Isso significa que há degradação da qualidade da fala levando em consideração o ruído e reverberação do ambiente, somado a ausência de pistas visuais (2). Apesar da identificação precoce das dificuldades de comunicação entre equipes e com pacientes internados, abordado, inclusive na mídia inúmeras vezes, aparentemente as soluções apontadas não contemplavam todas as dificuldades relatadas. Partindo deste contexto, onde o profissional fonoaudiólogo e todos os outros envolvidos na assistência a esse paciente compartilham a mesma dificuldade, foi desenvolvida uma proposta de solução para este problema através da ferramenta do Design Thinking (DT). Esta é uma ferramenta que deriva do processo de criação dos designers e é uma tendência crescente na área da saúde, e configura-se como uma estrutura de pesquisa e inovação aplicada que prioriza a empatia pelos usuários de um serviço ou produto, envolve um projeto altamente diversificado, colaborativo e incentiva uma prototipagem rápida orientada para a ação de insights derivados do usuário, em vez de hipóteses de cima para baixo (3). Esse conceito é baseado em cinco etapas: criar empatia, compreendendo a necessidade das pessoas envolvidas no problema; definir o problema a partir de uma pesquisa com os stakeholders envolvidos; idealizar, que é a fase de brainstorm, em que as ideias devem fluir sem censuras; prototipar e, por fim, testar os protótipos e escolher o que faça mais sentido (4).
Definição clara da situação-problema e da resolução encontrada: Considerando o uso dos EPIs dentro da UTI Covid-19, o desafio é melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde e os pacientes neste contexto. De acordo com a metodologia do DT, chegar na resolução envolve etapas para melhor compreender o problema e todas as pessoas envolvidas. Inicialmente foram identificados os serviços existentes (tratamento clínico da patologia, cuidados básicos como banho e medicação, acolhimento ao paciente, reabilitação, entre outros), os stakeholders envolvidos (equipe multidisciplinar e pacientes), os problemas e barreiras supostas (supressão da comunicação verbal e não-verbal, atenuação da intensidade vocal, perda da identidade profissional, dificuldade no acolhimento ao paciente, aspectos emocionais dos profissionais, limitação do uso de pranchas de comunicação alternativa para atividades estáticas, entre outros) e as suposições e dúvidas com base nesses problemas. Para a primeira etapa foi criado um questionário a fim de entender melhor a percepção da dificuldade de comunicação entre profissionais de saúde e pacientes, e também identificar as estratégias utilizadas por eles, tal como os impactos desse processo. Responderam ao questionário 54 profissionais de saúde utilizando a ferramenta google forms, sendo a partir destas respostas, delimitados dois perfis de usuários: os que possuem dificuldades na comunicação e não percebem que possuem, porém utilizam estratégias compensatórias; e os que possuem dificuldade na comunicação, percebem as mesmas, e utilizam estratégias compensatórias. A etapa seguinte consistiu em levantar o comportamento de cada perfil, analisado juntamente às respostas obtidas, a prática diária destes profissionais na UTI, o que mostrou que parte do comportamento frente a comunicação também está relacionada a atividade que cada profissional realizava. Delimitamos assim suas necessidades e oportunidades de melhorias. Somente após essas etapas, foi possível criar a jornada de cada usuário, uma ferramenta que permite a visualização e análise do problema com base no que o usuário pensa, sente e faz no seu pré atendimento, durante e após o atendimento ao paciente internado. E assim, a proposta de estratégias para resolução do desafio/problema inicial: a comunicação nas UTIs durante a pandemia atual.
Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: O Design Thinking fornece ferramentas empáticas, focadas na dor do sujeito, de forma eficaz e rápida conforme a estruturação definida pela equipe que o realiza. Desta forma, foi possível identificar que a oferta direta de orientação sobre comunicação e saúde vocal para estes perfis, apesar de necessária, não pode ser realizada isoladamente. O aspecto comunicativo neste cenário/jornada está diretamente ligado às questões emocionais e de fadiga sentidas pelo profissionais, que juntamente às necessidades técnicas, moldam a sua ação comunicativa. Desta forma, propomos um fluxo para melhorar a comunicação focada nas necessidades dos 2 perfis traçados, que envolvem, desde o acolhimento ao profissional através de reuniões online, melhorias na identificação de cada profissional, facilitação para momentos de "relaxamento" (como breves momentos com música ambiente) e desenvolvimento de workshops e/ou e- learnings sobre saúde vocal. Bem como estratégias específicas para o perfil que mais faz uso da comunicação, como workshops e/ou e-learnings de estratégias de comunicação alternativa e comunicação verbal/não verbal. Outras estratégias para favorecer a comunicação, acolhimento ao paciente e facilitação de cada área também foram desenvolvidas. Historicamente epidemias trazem aos profissionais de saúde novas barreiras e desafios para realizar suas atividades de forma eficiente, e o impacto na comunicação no momento atual determina a necessidade em repensarmos a forma como nos comunicamos para permitir o melhor cuidado ao paciente e o cuidado com a saúde do profissional envolvido (5). Acreditamos que o fluxo desenvolvido é uma contribuição do profissional fonoaudiólogo para a atuação frente a pandemia atual (5).
(1) Back A, Tulsky JA, Arnold RM. Communication Skills in the Age of COVID-19. Ann Intern Med. 2020 Jun 2; [acesso em 04 de julho de 2020]; 172(11):759-760. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7143152/
(2) Goldin A, Weinstein BE, Shiman N. How do medical masks degrade speech perception? Hearing Review. 2020; [acesso em 04 de julho de 2020]; 27(5):8-9. Disponível em: https://www.hearingreview.com/hearing-loss/health-wellness/how-do-medical- masks-degrade-speech-reception
(3) Estudar na Prática [homepage na internet]. Design Thinking: entenda o que é e como aplicar. [ cesso em 04 de julho de 2020]. Disponível em: https://www.napratica.org.br/design-thinking-o-que-como-funciona/
(4) Roberts JP, Fisher TR, Trowbridge MJ, Bent C. A design thinking framework for healthcare management and innovation. Healthc (Amst). 2016; [acesso em 04 de julho de 2020]; 4(1):11-14. doi:10.1016/j.hjdsi.2015.12.002. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27001093/
(5) Bao Y, Sun Y, Meng S et al. 2019-nCoV epidemic: address mental health care to empower society. [acesso em 04 de julho de 2020]; Lancet 395(10224):e37–e38. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s00115-020-00905-0
HIGHLIGHTS
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FERRAMENTA OBJETIVA DE OBSERVAÇÃO DA EXPRESSIVIDADE: UM PROJETO DE CONSTRUÇÃO BASEADA NO ROTEIRO FONOAUDIOLÓGICO DE OBSERVAÇÃO DA EXPRESSIVIDADE – ROFOE
Voz (VOZ)
A expressividade tem estado presente no cotidiano da Fonoaudiologia brasileira há mais de quatro décadas. A publicação de trabalhos que discorrem sobre o gesto e papel do corpo na expressividade surgiu a partir dos anos 2000, um período em que a Fonoaudiologia passa a buscar diferentes referenciais teóricos como ponto de partida1. Os instrumentos para avaliação e reavaliação são tradicionalmente usados na clínica fonoaudiológica, em especial, de reabilitação. Na área de voz, por exemplo, são vários os instrumentos de avaliação e autoavaliação validados para o português e utilizados na clínica de reabilitação. Na falta de instrumentos específicos para a avaliação da expressividade, a Fonoaudiologia, principalmente a que atende as questões dos profissionais da voz, tem tomado emprestado instrumentos primordialmente desenhados para a avaliação dos distúrbios. Em recente tese2 foi desenvolvido e validado o Roteiro Fonoaudiológico de Observação da Expressividade de profissionais da voz – RoFOE. Um roteiro padronizado que promete abranger a observação da expressividade na especificidade de cada profissional da voz entendendo que o trabalho de habilitação da comunicação profissional é complexo e específico. O RoFOE, nesse contexto, surge com potencial, em sua essência, para promover uma observação multidimensional da comunicação do profissional.
Por outro lado, a análise das atividades humanas por meios computacionais é uma das linhas de pesquisa mais intrigantes e em ascensão atualmente. Mais recentemente, a vigilância automatizada das atividades humanas é encarada considerando uma perspectiva multimodal, que traz noções e princípios da literatura social, afetiva e psicológica. Os estudos sobre sistemas de interação multimodal, polinização cruzada de tecnologias de Ciência da Computação e teorias de Sociologia e Psicologia têm oferecido potentes estratégias de investigação de parâmetros comunicativos por meio de análise de vídeos. A capacidade de entender e gerenciar sinais sociais de uma pessoa com quem estamos nos comunicando é o núcleo da inteligência social. Essa é uma faceta da inteligência humana que se argumenta ser indispensável e talvez a mais importante para o sucesso na vida3. Os softwares, por exemplo, têm sido explorados na América do Norte por profissionais de treinamento comunicacional e de oratória, por usarem realidade aumentada e tecnologia de sensores para fins de treinamento. Para os estudiosos da área, bons comunicadores demonstram suas habilidades de apresentação com características verbais e não verbais, como a linguagem corporal, o contato visual com a audiência, ou também pelo espaço que ocupam no espaço3-5. Estudos sobre sistemas interativos têm apostado em ferramentas multimodais para apoiar o desenvolvimento de habilidades comunicativas e análise de prosódia em situações conversacionais com mais de um componente/sujeito, mas ainda não existem estudos que combinem a análise de fala, gestos, expressões faciais, olhar e movimentos para abordar holisticamente as interações social e emocionais humanas. Um promissor sistema interativo, o Processamento de Sinais Sociais (SSP), desenvolvido por pesquisadores do Centre for Social, Cognitive and Affective Neuroscience da Universidade de Glasgow, é um protótipo que promete, por meio de sistema interativo, reconhecer pistas não verbais – a maioria delas fora da consciência – como expressões faciais e olhares, postura e gestos corporais, e também características vocais e distâncias relativas no espaço6,7. No SSP, códigos computacionais são gerados para reconhecer em vídeos comportamentos do tipo: aparência física, altura, atratividade, formato corporal, gesto e postura, gestos com as mãos, caminhada, comportamento do rosto e dos olhos, expressões faciais, comportamento do olhar, foco de atenção, comportamento vocal, prosódia, ataque vocal, turno de comunicação, silêncio, espaço e ambiente, cenário atribuindo-os aos comportamentos de emoção, personalidade, status, dominância, persuasão e rapport6.
As ferramentas de observação objetivas estão tradicionalmente presentes na clínica fonoaudiológica e têm sido exploradas pela área de voz. Na clínica de habilitação, por exemplo, o Expression Evaluator, script desenvolvido em 20098, é utilizado para a análise fonético-acústica da prosódia no discurso por meio de 13 diferentes medidas que compõe o script. A análise perceptivo auditiva é soberana na clínica vocal, contudo, não se pode negar que as ferramentas objetivas têm se consolidado como importante complemento na avaliação multidimensional da voz. Com os avanços no campo tecnológico da observação do comportamento e pela falta de instrumento objetivo de avaliação da expressividade torna-se premente estudar um programa multimodal de processamento de sinais sociais, como o SSP, enquanto ferramenta de observação dos sinais naturais de comunicação, e usá-lo como base para o desenvolvimento de uma versão multimodal de processamento de sinais para observação da expressividade do profissional da voz.
Esse é um projeto que visa comparar os achados do RoFOE sobre a expressividade dos profissionais da voz com os achados de um programa multimodal de processamento de sinais sociais com vistas a propor uma ferramenta objetiva de gerenciamento multimodal de observação da expressividade. O trabalho de habilitação da comunicação tem sido bastante explorado pela Fonoaudiologia nos últimos anos. Trata-se de área que tem sido abraçada, em especial, por fonoaudiólogos especialistas em voz, mas com poucos trabalhos publicados que avaliam a expressividade de forma ampliada, e que considere simultaneamente os aspectos vocais, verbais e não verbais. Mais que isso, até 2019 não havia nenhuma produção que tivesse se debruçado sobre o processo de validação de um instrumento de avaliação da expressividade, o que, de fato, ainda parece ser uma tarefa difícil quando se tem que levar em conta as questões complexas e subjetivas inerentes ao processo comunicativo e à expressividade. O desafio, portanto, está em apresentar ao final desse período de investigação uma ferramenta de observação da expressividade que seja funcional, robusta e que tenha passado por eficiente processo de validação. Transpor essa ferramenta de observação fonoaudiológica de predominância perceptivo auditiva e visual em uma ferramenta computacional objetiva será a meta. Neste caso, o desafio se dará pelo necessário aprofundamento em outra área do conhecimento. Essa é uma proposta de pós doutoramento que conta como parceiros a faculdade ciências da computação da XXXXXX e o renomado laboratório internacional de computação da universidade de XXXXXXX, em XXXXX inteligência artificial.
1. VIOLA IC. Breve histórico dos estudos sobre expressividade e questões terminológicas. XVIII Seminário de Voz da PUC-SP; jun, 2008; São Paulo (SP).
2. SANTOS TD. Observação fonoaudiológica da expressividade do profissional da voz falada: uma proposta de roteiro. [tese]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2019.
3. LIMBU, B.H., JARODZKA, H., KLEMKE, R., SPECHT, M., Using sensors and augmented reality to train apprentices using recorded expert performance: A systematic literature review, Educational Research Review (2018), doi: 10.1016/j.edurev.2018.07.001
4. SCHNEIDER J, BÖRNER D, VAN ROSMALEN P, SPECHT M. Presentation trainer: What experts and computers can tell about your nonverbal communication. Journal of Computer Assisted Learning, 33 (2) (2017), pp. 164-177
5. YORK, D. (2013). Investigating a Relationship between Nonverbal Communication and Student Learning. PhD thesis, Lindenwood University.
6. VINCIARELLI A, ESPOSITO A, ANDR E, BONIN F, CHETOUANI M, COHN J, CRISTANI M, FUHRMANN F, GILMARTIN E, HAMMAL Z, HEYLEN D, KAISER R, KOUTSOMBOGERA M, POTAMIANOS A, RENALS S, RICCARDI G, SALAH A. Open challenges in modelling, analysis and synthesis of human behaviour in human–human and human–machine interactions. Cogn Comput. 2015;7(3):1–17.
7. VINCIARELLI, A, PANTIC, M, BOURLARD, H "Social Signal Processing: Survey of an Emerging Domain", Image andVision Computing, vol. 31, no. 1, pp. 1743-1759, 2009.
8. BARBOSA, P. A. (2009). Detecting changes in speech expressiveness in participants of a radio program. Proceedings of Interspeech. Brighton: United Kingdom, p. 2155- 2158.
HIGHLIGHTS
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FLASHCARDS DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL: MATERIAL DE APOIO DO ESPECIALISTA
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Contextualização e relevância do tema: As atribuições do especialista em Fonoaudiologia Educacional são diversas, amplas e complexas, seja quanto às áreas do conhecimento, função, amplitude ou competências 1. Para responder de maneira assertiva às perguntas da área, como as das Faqs - Frequently Asked Questions 2 bem como outras relacionadas3, o especialista se beneficiaria se tivesse em mãos, em seu ambiente de trabalho, um material de apoio. Não há disponível tal ferramenta para o Fonoaudiólogo Educacional brasileiro. Definição da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: Para auxiliá-lo propomos a organização deste material de apoio, em forma de Flashcards 4 da especialidade. Flascards tem a repetição das informações como objetivo em aprendizagem; é uma ferramenta para auxiliar a memorização rápida de alguns assuntos. A organização destes se deu a partir do levantamento de materiais disponíveis na literatura sobre temas relacionados à especialidade e à profissão em geral, incluindo os dos órgãos de classe da Fonoaudiologia e áreas afins, como Pedagogia, Psicopedagogia, Psicologia, Terapia Educacional, Otorrinolaringologia, dentre outros, nacionais e internacionais. Estes abordam os temas da especialidade e de outras áreas afins, cujas solicitações de informações, nas escolas em que atuamos, são recorrentes por parte dos gestores, professores e pais. Os materiais foram organizados em cartões do tamanho A4 (21cm x 29,7 cm), no programa Power Point. Sobre alguns temas foram necessários mais de um cartão. Seguem, em ordem alfabética os organizados, seguindo o título das fontes originais: acessibilidade na escola: visual, auditiva, motora; aleitamento materno e dificuldades; alfabetização e habilidade fonológica; aspecto motor da escrita; como estimular a leitura e a escrita; como identificar o risco para os transtornos específicos de aprendizagem; conceitos em dislexia, dificuldade e transtorno; coordenação motora; correspondências ortográficas; desenvolvimento auditivo; desenvolvimento cognitivo; desenvolvimento da fala; desenvolvimento da linguagem; desenvolvimento motor; dislexia e inclusão escolar; entendendo a gagueira; escala de preensão de lápis e giz de cera; escreva sem pressa; estratégias multissensoriais; estratégias para uma boa leitura; ideias para aluno com autismo; linguagem oral x linguagem escrita; literatura indicada na área; matemática e alfabetização; narrativa e desenvolvimento cognitivo; o cérebro humano (áreas de aprendizagem); o ouvido humano; o sistema fonatório; para escrever é necessário...; perfil dos aprendizes; processamento auditivo; processamento visual; quatro benefícios da nomeação automática rápida; respiração oral e aprendizagem; sala de aula para disléxicos; seja amigo da sua voz; sons e letras. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: A organização dos materiais se deu no início do ano de 2020 e auxiliou o trabalho de assessorias nas escolas, tanto no sentido de organização de raciocínio para o fonoaudiólogo quanto para a comunicação clara e pontual aos ouvintes. Inicialmente foi feita cópia impressa com os cartões organizados em pastas plásticas, porém, com a condição imposta pelo Covid-19, o material foi de grande auxílio, pois pode ilustrar as informações, via Power Point em reuniões virtuais, através do compartilhamento de tela. Tal experiência nos levou a planejar a elaboração de um e-book, que só se concretizaria após a troca de experiências junto aos profissionais da área no Fono2020.
Referências:
1- Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 387, de 18 de setembro de 2010. Brasília: CFFa, 2010. Disponível em: https://www.fonoaudiologia. org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_387_10.htm>. Acesso em 25 jun. 2020.
2- Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Respostas para perguntas frequentes em fonoaudiologia educacional. São Paulo: SBFa, 2013. Disponível em:
3- sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Contribuições do fonoaudiólogo educacional para seu município e escola – perguntas frequentes de educadores e gestores educacionais. Brasília: CFFa,[2017]. Disponível em:
4- Santos, G. Saiba o que são flashcards. Solânea/PB: Educa Mais Brasil, 2018. Disponível em:
HIGHLIGHTS
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FONOAUDIOLOGIA DO SONO: O QUE É, DE ONDE VIEMOS, ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS
Motricidade Orofacial (MO)
A Fonoaudiologia do Sono é uma área emergente e abrangente. Visa contribuir para ações de promoção da saúde e prevenção de agravos em interface com aspectos do sono, originando melhor qualidade do sono e de vida da população. Com caráter multidisciplinar envolve estudo, pesquisa, prevenção, avaliação e tratamento dos distúrbios do sono relacionados às áreas de competência da Fonoaudiologia, em qualquer faixa etária.
A atuação com Distúrbios Respiratórios do Sono (DRS), relaciona-se à especialidade Motricidade Orofacial pois, alterações da musculatura orofaríngea e funções orofaciais são causas frequentes do ronco e apneia obstrutiva do sono (AOS). A avaliação, diagnóstico miofuncional e terapêutica específica para organização e manutenção da integridade muscular, possibilitam a atuação fonoaudiológica isolada ou associada aos outros tratamentos. Assim, torna-se uma alternativa de intervenção pela melhora da qualidade de vida, cognição, sonolência excessiva e consequente redução de risco cardiovascular, como citada no 1º Posicionamento Brasileiro sobre o Impacto dos Distúrbios de Sono nas Doenças Cardiovasculares, da Sociedade Brasileira de Cardiologia1.
Recentemente estimou-se que a prevalência mundial dos DRS atinge quase um bilhão de pessoas, superior a 50% em alguns países2. O Brasil é o terceiro país com maior número de afetados. A alta prevalência, a associação entre AOS e desfechos adversos, definem que os sistemas de saúde em todo mundo devam considerar novas estratégias para conscientização sobre AOS, recomenda diagnóstico e tratamentos para minimizar impactos negativos na população e gastos com saúde2.
A Fonoaudiologia também vem desenvolvendo projetos de promoção de saúde na área, com consciência da responsabilidade para prevenção primária, buscando comportamentos mais favoráveis ao sono de qualidade, envolvendo toda comunidade3.
De onde viemos?
As primeiras investigações fonoaudiológicos relacionados ao DRS são da década de 19904, apresentadas a partir de 2001, em eventos científicos nacionais da Associação Brasileira do Sono(ABS) e internacionais, mostrando estudos concluídos e em desenvolvimento. Seguiu-se publicação de estudo com terapêutica fonoaudiológicas (TF) em estudos de casos5.
Em 2005, foi iniciado o primeiro projeto de doutorado, controlado e randomizado, referente à reabilitação fonoaudiológica para DRS, publicado em 2009 no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, comprovando a eficácia da TF na AOS moderada6.
Seguiram-se estudos brasileiros randomizados em pacientes com ronco primário e AOS leve a moderada, obtendo-se diminuição da intensidade e frequência do ronco7, assim como redução de 50% do índice de apneia e hipopneia(IAH), da sonolência diurna, melhora da qualidade do sono e de vida associando-se TF e aparelho de pressão positiva(PAP)8,9. Esses estudos pioneiros são referenciados em todas as revisões sistemáticas e meta-análises existentes sobre o tema.
Onde estamos?
A ABS, instituição científica originalmente multidisciplinar de estudos do sono congrega médicos, dentistas, fisioterapeutas, psicólogos, biólogos, técnicos em polissonografia e recentemente fonoaudiólogos. Reconhecida mundialmente, promove campanhas de esclarecimentos, reuniões com a sociedade civil e gestores de políticas públicas sobre diversos temas relacionados ao sono.
Em 2014, a ABS formaliza a participação da Fonoaudiologia na Comissão Científica do Congresso do Sono. A partir de então, organiza-se a inserção formal de fonoaudiólogos na ABS, apoiada pela SBFa. A ABS foi a primeira instituição científica do mundo a reconhecer a Fonoaudiologia em seu escopo interdisciplinar, criando o Departamento de Fonoaudiologia. Nesse ano ocorreu o primeiro “Simpósio de Fonoaudiologia aplicada ao Sono”.
Em 2015, o Congresso Brasileiro do Sono teve a primeira mesa redonda exclusivamente de fonoaudiólogos, além de participação nos simpósios interdisciplinares. Também se iniciou a participação da Fonoaudiologia nas campanhas da Semana Mundial do Sono, como nos anos subsequentes.
Em 2016, os departamentos tornaram-se temáticos. O Departamento Respiratório da ABS, contou com: Medicina, Odontologia, Fonoaudiologia e Fisioterapia. Esta interrelação permitiu direcionar a Certificação do Fonoaudiólogo na área do Sono, reconhecendo-se expertise da Fonoaudiologia nesse tema, chancelada por esta instituição científica, apoiada pelo CFFa (OF/CFFa:n.324/2016), SBFa (OF:011/16) e ABRAMO (OF:jun/2016); processo único no mundo.
Essa certificação ocorreu em duas etapas, por edital com critérios definidos para “Notório Saber” a partir de pontuação curricular e comprovada expertise, e critérios para realização de prova específica. Candidatos elegíveis, realizam prova escrita e prática: casos clínicos com arguição de banca composta por fonoaudiólogos certificados.
A primeira Certificação do Fonoaudiólogo foi concluída em dezembro/2016 com 16 fonoaudiólogas certificadas e ocorre anualmente, atualmente com 28 fonoaudiólogas certificadas pelo país.
Na gestão 2018/2019 da ABS, a Fonoaudiologia alcança outro grande passo: uma fonoaudióloga certificada torna-se presidente de uma de suas regionais, sendo essa reeleita para o biênio 2020/2021.
Em 2019 definiu-se Departamento único, Interdisciplinar, com representante da Medicina, Odontologia, Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Biologia e técnicos em polissonografia. Nesse ano aconteceu o “II Simpósio de Fonoaudiologia do Sono” com oito mesas, 31 palestrantes, 8 coordenadores, englobando vários campos de atuação além da MO: linguagem oral/escrita, voz, fluência, disfagia e audiologia. Houve grande participação de fonoaudiólogos, considerado o maior número de participantes na ABS de uma só área.
A Fonoaudiologia brasileira foi reconhecida internacionalmente na área do sono, recebendo o prêmio “AAMS Md Marie Curie Award” (Chicago/2015), e tendo convidados para mesas redondas em congressos mundiais, cursos em Universidades na Europa, América Latina e EUA, como Tufts & Harward Universities (Boston/2018), inserção como pesquisador na Sapienza Università di Roma (Itália/2018) e reuniões com grupos de pesquisas na Universidade de Sydney, coordenado por Dr Collin Sullivan(2019). A produção da Fonoaudiologia Brasileira10 e a certificação em Fonoaudiologia do Sono definiram essa internacionalização.
Para onde vamos?
Em 2020 será realizado o quinto concurso de certificação em Fonoaudiologia do Sono. Em 2021, a ABS recebe o World Sleep Congress, contando com a Fonoaudiologia brasileira em sua Comissão Científica.
Considera-se que a divulgação da atuação especializada componha o caminho para ampliação contínua da visibilidade multiprofissional da Fonoaudiologia no Sono, além de estimular crescimento científico para progresso da acurácia da nossa atuação. Novos estudos randomizados são necessários, pois ainda não são claros: os efeitos funcionais e dos exercícios considerando-se a fisiologia do sono, critérios de elegibilidade e como garantir adesão à TF.
Esse percurso demostra importante conquista para a Fonoaudiologia, por definir formalmente a inclusão nesse campo interdisciplinar. A missão é continuar com excelência, bem como com a consolidação do apoio dos nossos órgãos de classe e entidades científicas.
1. Drager LF, Lorenzi-Filho G, Cintra FD, Pedrosa RP, Bittencourt LR, Poyares D. et. al. 1º Posicionamento Brasileiro sobre o Impacto dos Distúrbios de Sono nas Doenças Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2018; 111(2):290-341.
2. Benjafield AV, Ayas NT, Eastwood PR, et al. Estimation of the global prevalence and burden of obstructive sleep apnoea: a literature-based analysis. Lancet Respir Med. 2019;7(8):687-698. doi:10.1016/S2213-2600(19)30198-5
3. Corrêa CC, Berretin-Felix G, Blasca WQ. Educational Program Applied to Obstructive Sleep Apnea. J Communicat Disord, Deaf Studies & Hearing Aids. 2016; 4:1-6.
4. Guimarães KCC. Alterações no Tecido Mole de Orofaringe em Portadores de Apnéia de Sono Obstrutiva. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia. 1999;1(1):69-75.
5. Pitta DBS, Pessoa AF, Sampaio ALL, Rodrigues RN, Tavares MG, Tavares P. Terapia miofuncional oral aplicada a dois casos de síndrome da apnéia obstrutiva do sono grave. Arq Int Otorrinolaringol. 2007;11(3):350-354.
6. Guimarães KCC, Drager LF, Genta PR, Marcondes BF, Lorenzi-Filho G. Effects of oropharyngeal exercises on patients with moderate obstructive sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2009;179(10):962–6. doi: 10.1164/rccm.200806-981OC.
7. Ieto V, Kayamori F, Montes MI, Hirata RP, Gregório MG, Alencar AM, et al. Effects of oropharyngeal exercises on snoring: a randomized trial. Chest. 2015;148(3):683-91. doi: 10.1378/chest.14-2953
8. Diaferia G, Badke L, Santos-Silva R, Bommarito S, Tufik S, Bittencourt L. Effect of speech therapy as adjunct treatment to continuous positive airway pressure on the quality of life of patients with obstructive sleep apnea. Sleep Med. 2013;14(7):628-35. doi: 10.1016/j.sleep.2013.03.016.
9. Diaféria G, Santos-Silva R, Truksinas E, Haddad FL, Santos R, Bommarito S, et al. Myofunctional therapy improves adherence to continuous positive airway pressure treatment. Sleep Breath. 2017;21(2):387-395. doi: 10.1007/s11325-016-1429-6.
10. Corrêa CC, Kayamori F, Weber SAT, Bianchini EMG. Scientific production of Brazilian speech language pathologists in sleep medicine. Sleep Science, 2018; (11):183-210.
HIGHLIGHTS
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FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL: DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO NÃO MEDICALIZANTE
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
O crescente número de crianças diagnosticadas com alguma “doença do não aprender”1 tem instituído desafios diários aos fonoaudiólogos que se dedicam a atuação educacional. Se por um lado, as próprias instituições de ensino tem demandado cada vez mais a presença desses profissionais de saúde na escola, por outro, as ações propostas tem, muitas vezes, se limitado à identificação de alterações orgânicas no alunado, com posterior encaminhamento para acompanhamento especializado, e, quando muito, atuação com professores também centrada em alterações e patologias, muitas vezes com o objetivo de capacitá-los para a identificação precoce das mesmas. Tal fato pode ser constatado por pesquisas2,3 que demonstram que o principal foco do fonoaudiólogo em instituições de ensino tem sido a realização de ações prevenção de distúrbios com estudantes do ensino fundamental. O resultado de uma atuação nesses moldes é que o fonoaudiólogo tem contribuído com o processo de medicalização da educação, fortemente vivenciado nos dias atuais. Por meio deste processo, há a transferência de questões de cunho educacional para a área da saúde4. E, como consequência, também ao profissional de saúde é delegada a resolução da situação identificada como problema. Um olhar superficial e acrítico pode entender que esta é a atuação que cabe ao fonoaudiólogo educacional, e que este é o objetivo mantenedor de sua atuação em instituições de ensino. No entanto, a partir de uma visão mais ampliada e crítica, é possível entender que uma atuação assim, além de reduzir, limitar e estigmatizar o fonoaudiólogo educacional àquele que lida apenas com alterações – mesmo no campo educacional – marca a vida e a história escolar e social das crianças que tem recebido diagnósticos e rótulos diariamente. Certamente, as ações propostas pelo fonoaudiólogo educacional estão baseadas em uma formação ainda fortemente centrada em um modelo bancário e médico centrado, por mais que o discurso da promoção de saúde tenha ganhado força e até possibilitado reflexões neste campo. Estudos5,6 indicam que menos de 50% das instituições que oferecem o curso de Fonoaudiologia no Brasil, tenham ao menos uma disciplina voltada para a Fonoaudiologia Educacional e que na grande maioria das instituições que o fazem, esta disciplina tem caráter exclusivamente teórico. Tais pesquisas enfatizam a necessidade e importância de vivencias práticas significativas e ampliadas durante a formação do fonoaudiólogo. Nesse sentido, entende-se que a formação do fonoaudiólogo, assim como de outros profissionais da saúde que se propõem a atuar no âmbito educacional, tradicionalmente, não tem fornecido subsídios e experiências formativas que permitam a reflexão crítica acerca do seu fazer. Portanto, questiona-se: Como legitimar a atuação do fonoaudiólogo educacional sem fomentar a medicalização da educação? As propostas para mudanças e ampliação na atuação do fonoaudiólogo educacional se constituem como um desafio para área à medida que se entende que para que as mesmas aconteçam, se faz necessário um processo de ressignificação do fazer bem como a constituição identitária deste profissional. É compreensível que com base em uma formação essencialmente voltada para o fazer clínico, o mesmo tende a transferir o conhecimento e transpor métodos adquiridos para o âmbito educacional. Nesse sentido, a principal proposta é que a formação inicial e continuada do fonoaudiólogo passe a possibilitar a reflexão crítica de seu fazer, oferecendo subsídios para que o mesmo seja capaz de propor ações ampliadas em instituições de ensino. Tais ações devem ter como escopo o processo educacional, e não apenas as alterações que se manifestam nas escolas. Nesse sentido, propõe-se a realização de ações que tenham como base o conceito de parceria colaborativa ativa7, e os princípios propostos pela Educação Popular em Saúde8, entendendo o diálogo e a interação como fios condutores da prática educacional. A partir de uma relação horizontalizada entre saúde e Educação, propõe-se ainda o desvio do foco das ações propostas na escola das alterações que se manifestam na escola para o processo educacional como um todo.
1. GIROTO, C.R.M.; ARAUJO, L.A.; VITTA, F.C.F. Discursivização sobre “doenças do não aprender” no contexto educacional inclusivo: o que dizem os professores de educação infantil?. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, [S.l.], p. 807-825, mai 2019
2. Berberian AP, Ferreira LP, Jacob LC, Azevedo JBM, Mendes JM. A produção de conhecimento em Distúrbios da Comunicação: análise de periódicos (2000-2005). Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(2):153-9.
3. FIGUEIREDO, L. C.; LIMA, I.L.B ; LUCENA, B. T. L. ; NASCIMENTO, B. L. ; FILGUEIRA, L. L. ; MENDES, L. E. C. ; TRIGUEIRO, J. V. S. . Educational institutions as a field for speech-language-hearing research: an analysis of publications in brazilian journals. REVISTA CEFAC (ONLINE), v. 22, p. e16719-e16719, 2020.
4. MOYSÉS, M.A.A. A institucionalização invisível: crianças que não-aprendem-na-escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001.
5. MOURA, C. S. C. ; MOURA, G. S. ; LIMA, I.L.B ; SANTOS, A. E. ; SOUSA, M. S. ; FIGUEIREDO, L. C. . Educational Speech-Language Pathology in the curricula of Speech-Language Pathology Programs in Brazil. REVISTA CEFAC (ONLINE), v. 22, p. e1320, 2020.
6. Sanabe Junior G, Guarinelo AC, Santana APO, Berberian AP, Massi GA, Bortolozzi KB. Speech language pathology undergraduates’ views about educational speech language pathology from their theoretical and practical experiences. CEFAC. 2016; 18(1):198-208. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620161816715
7. Bortolozzi KBB. Fonoaudiologia e Educação: a constituição de uma parceria responsiva ativa [Tese]. Curitiba (PR): Universidade Tuiuti do Paraná, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde; 2013.
8. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Política Nacional de Educação Popular em Saúde. Brasília, DF: CNEPS, 2012.
HIGHLIGHTS
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FONOAUDIOLOGIA NO ENSINO DA MEDICINA: AS PRÁTICAS DIALÓGICAS DA COMISSÃO DE APOIO DISCENTE/ DOCENTE
Saúde Coletiva (SC)
A comissão de Apoio Discente Docente tem como proposta o trabalho de acolhimento da comunidade acadêmica e nasceu na formação de um curso de medicina baseado em metodologias ativas. O trabalho é realizado por um grupo de profissionais, dos quais dois são fonoaudiólogos e os outros dois psicólogos. O objetivo do mesmo é oferecer uma escuta qualificada, visando a promoção dos processos de comunicação, ensino aprendizagem e de saúde mental. Sendo o curso na modalidade de metodologias ativas temos diversos profissionais de saúde trabalhando em conjunto nos variados cenários do curso em seus módulos temáticos e longitudinais, isso promove riqueza de relações interpessoais e também conflitos de ordem pessoal, metodológica e ou de ensino aprendizagem. Os estudantes de medicina são alunos de escola pública, com ingresso determinado pelo Sistema de Seleção Unificada, o que promove mudança de Estado para muitos deles, ocasionando dificuldade de adaptações frente a nova realidade, gerando ansiedade com os processos de mudança, bem como, com o enfrentamento de um curso com metodologias ativas que muitas vezes difere do formato de ensino médio, vivenciado pelo acadêmico. Acrescido a isso, ainda temos, o período de transição para a vida adulta, momento de saída em que muitos vão assumir novas responsabilidades e tarefas importantes relacionadas ao cuidar de si e mediar os conflitos para solucionar problemas cotidianos e da academia. Ao identificar problemas seus atores podem desencadear uma busca individual para a resolução destes, gerando a conduta de procura ativa de determinado profissional ou por encaminhamento, tanto de colegas profissionais, como de encaminhamento de estudantes por docente com queixa de aprendizagem e ou problema de ordem emocional, visando diálogo com o CADD. A comunicação não violenta é um instrumento valioso na resolução de conflitos diante das relações interpessoais permitindo observar, identificar os sentimentos e as necessidades e expressar pedidos mediante suas reais necessidades, visando solucionar os conflitos ( Rosenberg, 2006). Para compreender as situações grupais o conceito de campo de forças auxilia a mediar as forças impulsoras e restritivas as quais permeiam os relacionamentos, os indivíduos e o ambiente. (Lewin, 1970). Por sua vez, é considerando a dinâmica do grupo que se percebe as relações estabelecidas entre seus interlocutores, sabendo que as metodologias ativas são instrumentos determinante da formação médica atual, que preconiza o ensino médico em pequenos grupos, e o ingresso no campo de práticas desde o primeiro ano, acabando por exigir do acadêmico conhecimentos, habilidades e atitudes importantes no enfrentamento de ações de promoção e cuidados em saúde (Moscovici, 2015). O papel do professor diante da metodologia ativa ganha novo significado, o mesmo pode ser visto como um designer de caminhos, sendo mais gestor e orientador de caminhos individual e coletivo possibilitando uma construção mais aberta, criativa e empreendedora, deixando de lado a tarefa de transmissão de conhecimento pronto e acabado (Moran, 2018). Diante do desafio para uma educação inovadora o estudante tem o papel de resignificar seu lugar de aluno e promover a dialética de olhares para conseguir aprender o novo e atribuir sentidos a partir do enfrentamento dos saberes constituídos. A CADD visa ampliar o olhar e acolher o docente/ discente fazendo um atendimento individualizado e promovendo mudanças nas dinâmicas das ações, sendo elas: afetivas e psicossociais de um lado, e de carácter psicopedagógico e metodológicas de outro, gerando estratégias de aprendizagem diversas na resolução dos problemas. Dessa foram a escuta é ampliada e embora não seja possível tratar dentro da universidade a mediação assegura ações de promoção de saúde mental, bem como estratégias de comunicação e ensino aprendizagem diversificadas, esquematizando conhecimento efetivo, conceitual, procedural e metacognitivo. Finalmente, o espaço dialógico aberto com a comunidade acadêmica ratifica o compromisso de cuidar de quem cuida, visando assegurar dinâmicas laborais mais saudáveis e identificar ruídos de comunicação, promovendo saúde mental em docentes e discentes. A inovação de tais práticas evidencia o lugar do fonoaudiólogo no cuidar dos processos que envolvem as dificuldades acadêmicas e em dinâmicas de comunicação, pois o processo dialógico tutorial exige que o aluno possa transformar o estudo realizado, em método dialógico, falando dos problemas e de suas respectivas soluções, mediante grupos pequenos com outros estudantes e seu professor tutor, cujo papel é mediar as relações de aprendizagem, visando cumprir com os objetivos educacionais, proposto por determinado problema.
LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo, Cultrix, 1970.
MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, L. MORAN.J. (org). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico/ prática / Organizadores, Liliam Bacich e José Moran. Porto Alegre: Penso, 2018.
MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal: treinamento em grupo. 23 ed. Rio de Janeiro: José Olympio 2015.
ROSENBERG, M.B. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Àgora: 2006.
HIGHLIGHTS
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GEVOZ PARA JORNALISTA: NATURALIDADE NA COMUNICAÇÃO
Voz (VOZ)
Contextualização e Relevância do tema:
Há certo tempo tem-se observado modificações na comunicação e expressividade dos telejornalistas que tendem a interpretar seus textos e/ou fala espontânea de maneira mais natural ou neutra, fazendo uso da intenção comunicativa, recursos de ênfases, pronúncia e prosódia que se aproximam, um pouco, da fala mais informal(1). Dessa forma, pode haver maior envolvimento e empatia do telespectador com a reportagem, com o repórter e âncora do telejornal. Contudo, sabe-se que essa linha entre, o que de fato é natural do falante e o que “parece ser natural” na televisão, durante um telejornal, é tênue e precisa de treinamento para aprimorar essas habilidades(4), pois, de qualquer forma, o telespectador pode ainda preferir a não ocorrência dos elementos regionais na fala do jornalista(2,3).
Definição da Situação-Problema e Proposta:
Há três anos desenvolvo um trabalho de voz, comunicação e expressão em uma emissora filiada a Rede Globo e, devido esse vínculo, no consultório houve maior demanda dos repórteres de outras emissoras, inclusive, também do rádio, por uma intervenção fonoaudiológica mais direcionada a essa “nova” possibilidade de comunicação. Contudo, alguns desses repórteres, que se interessavam pelo trabalho, não conseguiam permanecer ou iniciar a intervenção fonoaudiológica por questões financeiras ou incompatibilidade de horários. Por esse motivo, a fim de conseguir atender ao interesse dos jornalistas pelo aperfeiçoamento, de voz, comunicação e expressão, houve planejamento e execução do GEVOZ para Jornalista.
Trata-se de um grupo de estudos em voz (GEVOZ) para Jornalista ou estudantes de Jornalismo, que estejam em estágios e/ou tenham alguma experiência na área, cujo o propósito é deixar a comunicação e expressividade parecendo natural ou própria daquele profissional. Para isso é oferecido três módulos, com temática e abordagens diferentes, a saber: Módulo 01: Narração com Naturalidade – com treino leitura e narração de offs; Módulo 02: Falar com Naturalidade – abordando ao vivo e passagens; e o Módulo 03 – Expressividade no estúdio - do corpo a voz.
Para participar do GEVOZ, os interessados fazem a inscrição e recebem o material com orientações sobre a proposta e cronograma do módulo. O participante pode adquirir os três módulos ou escolher algum, pois são módulos independentes. Os treinamentos são realizados em grupo, máximo de quatro pessoas, com 1h e 30 minutos de duração cada encontro, sendo 8 encontros no mês (duas vezes por semana). Esse mesmo formato é utilizado em cada módulo.
Com essa proposta, pôde-se reduzir o valor cobrado, por se tratar de uma terapia em grupo, sendo mais atraente para aqueles que não querem investir na sessão individual. Além disso, o trabalho em grupo proporciona construção conjunta do conhecimento entre os repórteres, troca de experiências, melhora a autopercepção, proporciona a ressignificação dos processos de comunicação, favorece a adesão, gera afetos e acolhimento(5).
Apresentação de Caráter Inovador:
O GEVOZ para Jornalista iniciou em janeiro de 2020, mas só foi possível realizar o Módulo 01, devido pandemia, pois os encontros eram presenciais. Analisa-se a possibilidade de adaptar as abordagens do treinamento para oferecer esses módulos na modalidade on-line.
Por isso, para deixar mais didático, o quadro abaixo mostra a proposta do treinamento fonoaudiológico do GEVOZ para Jornalistas – Módulo 01- Narração com Naturalidade.
1° Encontro
Abordagem:
• Apresentação dos participantes;
• Produção da voz: por meio de imagens e vídeos há explicação, de forma objetiva e simples, dos aspectos que envolvem a produção da voz, incluindo ressonância e articulação.
• Breve avaliação vocal dos participantes: coleta de amostras vocais (vogal sustentada, contagem de números e narração de um texto de off).
• Orientações de saúde vocal
2° Encontro
Abordagem
• Exercícios de aquecimento vocal: proposto de acordo com o que foi avaliado e/ou foi queixa do participante. Cada um recebe seu exercício. De modo geral, os exercícios vocais têm como objetivo melhorar a qualidade vocal, articulação e ressonância.
• Aspectos verbais e não verbais da Comunicação: por meio de exemplos, no slide e vídeos. Momento de tirar as dúvidas em relação essa temática.
• São orientados a realizar os exercícios vocais durante a semana.
3° Encontro
Abordagem
• Treinar os aspectos verbais e não verbais: executar os recursos de ênfase, velocidade de fala, pausas, curva melódica, expressividade e intenção comunicativa por meio de frases e pequenos textos.
4° Encontro
Abordagem
• Trabalhar com o texto de off do profissional: utiliza os textos dos jornalistas do GEVOZ, analisa-se a escrita “mais informal” e há um treino de narração a partir desses textos. Utiliza-se os recursos discutidos no encontro anterior.
Do 5° ao 8° Encontro
Abordagem
• Narração de textos trazidos pela fonoaudióloga: diferentes textos (factual, política, esporte, cultura/lazer) em cada encontro.
• Cada texto é gravado (pré e pós treinamento fonoaudiológica)
• Ao final do 8° Encontro: Feedback ao grupo, Autoavaliação do trabalho realizado e da evolução pessoal.
Os jornalistas, que participaram desse módulo, relataram que a proposta é interessante, houve mudança e aprendizado importante, tanto no que diz respeito à saúde vocal como nos aspectos de comunicação e expressividade, e que despertaram a atenção para autorregulação, principalmente, na forma de narrar o texto de off. Além disso, a interação do grupo foi excelente, pois essa proposta de trabalho proporciona network e auxilia na evolução uns dos outro.
1. Kraljic T, Brennan SE, Samuel AG. Accommodating variation: dialects, idiolects, and speech processing. Cognition. 2008;107:54-81.
2. Heaton H, Nygaard LC. Charm or harm: effect of passage content on listener attitudes toward American English accents. J Lang Soc Psychol. 2011;30(2):202-11.
3. Lopes LW, Lima ILB, Silva EG, Almeida LNA, Almeida AAF. Sotaque e Telejornalismo: Evidências para a prática fonoaudiológica. Rev CoDAS. 2013;25(5):475-81.
4. Penteado RZ, Pechula MR. Expressividade em Jornalismo: interfaces entre Comunicação, Fonoaudiologia e Educação. INTERCOM. [online]. 2018;41(1):153-166.
5. Ribeiro VV, Panhoca I, Dassie-Leite AP, Bagarollo MF. Grupo Terapêutico em Fonoaudiologia: Revisão de Literatura. Rev CEFAC. [online]. 2012;14(3):544-52.
HIGHLIGHTS
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GRUPO DE INCLUSÃO DA PESSOA SURDA
Saúde Coletiva (SC)
O projeto de extensão Grupo de Inclusão da Pessoa Surda – GIPS surgiu da necessidade de articular profissionais e comunidade para ações de inclusão da pessoa surda usuária da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). O grupo foi criado por uma docente de Fonoaudiologia da Universidade, em parceria com uma docente de Terapia Ocupacional especialista em Libras, e organizado para atender pessoas surdas usuárias da Língua de Sinais dentro do Projeto de Saúde Auditiva implantado por meio de uma cooperação técnica entre a Universidade com a Secretaria Municipal de Saúde
O GIPS está ativo desde agosto de 2018 e teve como objetivo realizar interface entre a comunidade surda e a sociedade auxiliando no atendimento da pessoa surda e língua de sinais por meio de ações de sensibilização com a comunidade local para viabilizar efetivamente a inclusão, buscando diminuir as barreiras físicas, atitudinais e sociais, assim como aumentar a acessibilidade para a população surda, principalmente nos espaços de saúde. São utilizadas estratégias metodológicas de aproximação com conceitos da comunidade e da cultura surda, discussões, vivência e sensibilização em diferentes contextos a partir de encontros semanais em grupo e ações no território. Por meio de palestras, teatro, dinâmicas e ações de sensibilização, surdos e ouvintes buscam chamar a atenção da comunidade para o tema da inclusão e para as necessidades de comunicação em LIBRAS por essa parcela da população. Dentre as ações promovidas pelo grupo pode-se destacar duas linhas de atuação. A primeira a capacitação em LIBRAS para os gerentes, atendentes e marcadores de UBS’s e profissionais de saúde que trabalham no município e a segunda atividades de Educação em Saúde tornando informações de saúde acessíveis na Língua de sinais por meio de encontros temáticos e campanhas de prevenção e promoção em saúde com os participantes do GIPS. É neste ambiente que destacaremos a seguir.
A falta de comunicação, de inclusão e acesso a orientações para a comunidade surda não é tão eficaz como para a comunidade ouvinte, apesar de que em 2002 a Língua Brasileira de Sinais (Libras) tenha sido reconhecida oficialmente como um meio legal de comunicação e expressão, garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e sua difusão, grande parte das pessoas surdas ou com deficiência auditiva do Brasil não têm acesso a informações corretas sobre o novo coronavírus e suas medidas de prevenção.
Por esse motivo, informações básicas como a necessidade de lavar ou higienizar as mãos adequadamente, uso da máscara fácil, cobrir o nariz e boca com o antebraço ao tossir ou espirrar, evitar apertos de mão e abraços, bem manter o distanciamento e isolamento social não chegam até a comunidade surda com a mesma forma de compreensão que chegam na comunidade ouvinte. A impossibilidade ou falta de compreensão da importância de aderir às máscaras acessíveis à leitura orofacial e facilitar a comunicação com os surdos nas redes de atenção à saúde dificultam os usuários a visualizarem a expressão facial do profissional por completa e, para este público, a expressão facial é essencial na comunicação.
Diante do atual cenário mundial, da falta de comunicação, isolamento e distanciamento social causado pela pandemia da COVID-19, bem como da demanda de comunicação em saúde voltada à essa comunidade de forma acessível, realizou-se uma série de videoconferências a fim de proporcionar a sensibilização dos profissionais e da comunidade. Foram propostos diversos temas e dentre estes um encontro especificamente sobre comunicação em saúde e COVID-19 para comunidade surda durante o período de distanciamento social na pandemia. A videoconferência foi mediada por uma docente do curso de Terapia Ocupacional, com a participação de uma fonoaudióloga, também docente e pesquisadora, a qual abordou a temática a cima referida. Dentre os principais pontos abordados, destacam-se os aspectos psicossociais que estão sendo afetados atualmente, tais como medo, ansiedade, impacto, vulnerabilidade, como também a efetividade da transmissão de informações referentes a etiologia, prevenção, promoção, sintomas, tratamento e demais esclarecimentos referentes ao novo coronavírus. Orientações quanto aos cuidados com a higienização de produtos de Tecnologia Assistiva também foram abarcados, como higienização correta dos dispositivos eletrônicos como aparelhos auditivos utilizados pelos mesmos. O feedback dos participantes do encontro, reforçaram a necessidade de ampliar acessibilidade e o trabalho interprofissional para promover inclusão a surdos e deficientes auditivos no país, além de destacar a importância de iniciativas de participação dos discentes em Fonoaudiologia e ampliar as áreas de atuação em audiologia educacional e saúde coletiva como forma de integração e competência profissional muitas vezes subestimada ou pouco valorizada.
1. Brasil. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras – e dá outras providências. [acesso em 9 julh 2020] Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm
2. Wetterich, C B; Barroso H C S M; Freitas, D A. A COMUNICAÇÃO ENTRE SURDOS E PROFISSIONAIS DA SAÚDE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Educação Profissional e Tecnológica em Revista. 2020, 4 (1):130-152.
3. Oliveira T D S. SAÚDE MENTAL E PRÁTICAS INCLUSIVAS: A CLÍNICA AMPLIADA COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO DA COMUNIDADED SURDA. 2019 [acesso em 9 julh 2020] Disponível em https://www3.ufrb.edu.br/eventos/iieplis/wp content/uploads/sites/38/2020/03/8-SA%C3%9ADE-MENTAL.pdf
HIGHLIGHTS
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INICIATIVA PIONEIRA DA FONOAUDIOLOGIA PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES E A PROMOÇÃO DA SAÚDE NO TRÂNSITO
Saúde Coletiva (SC)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA
Em 2017, foram registrados 35.375 óbitos por acidente de trânsito no Brasil1. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1,35 milhão de pessoas morrem anualmente em função de acidentes de trânsito2. Embora as estatísticas de mortalidade e morbidade em decorrência de acidentes nesse cenário sejam alarmantes, configurando-se como um problema de saúde pública, cuidar das questões do trânsito ainda é algo novo para o setor de saúde, pois as instituições de educação, saúde e trânsito não atuam de maneira intersetorial e essa desarticulação limita o avanço no conhecimento da problemática de saúde e acidentes de trânsito3.
A Fonoaudiologia é uma área que se encontra em ascensão e ampliação do seu espaço profissional no mercado de trabalho. Essa ciência pode trazer subsídios importantes para a prevenção de acidentes, promoção da saúde e intervenção neste âmbito público.
Estudos demonstram grandes contribuições da Fonoaudiologia para a prevenção de acidentes humanos4, em que incluem os de trânsito, que podem acarretar alterações fonoaudiológicas, como traumas de face5, além do impacto do ruído de trânsito na audição dos condutores6, o impacto da deficiência auditiva em condutores de veículos7,8 e a importância da inclusão de surdos no espaço do trânsito9. Dessa forma, considera-se relevante fomentar a relação entre Fonoaudiologia e trânsito em pesquisa, prevenção de acidentes, promoção de saúde e reabilitação em saúde nesse contexto.
Em um estudo com condutores de veículos7, dos quais 75% apresentavam perda auditiva, constatou-se que indivíduos com perda auditiva apresentam maior susceptibilidade a cometer infrações de trânsito e sofrer danos psicológicos, patrimoniais e físicos, a si mesmo e a terceiros.
Percebe-se, portanto, a grande vulnerabilidade de indivíduos com perda auditiva no contexto do trânsito. Portanto, a Fonoaudiologia encontra-se convocada a contribuir com sua expertise no que se refere à minimização do impacto da perda auditiva na dinâmica do trânsito. Encontramo-nos, pois, frente à necessidade de empreender uma avaliação de sensibilidade auditiva que permita a sua identificação, assim como já se procede em relação às alterações visuais, para o processo de obtenção e renovação da carteira nacional de habilitação (CNH).
Um ponto inquietante e que clama a atenção da Fonoaudiologia no contexto atual é a avaliação proposta pela legislação vigente10, suscetível a fatores ambientais, psicodinâmicos e físicos, não padronizada e sem clareza de procedimentos e critérios de “passa” e “falha”, mostrando-se totalmente inadequada.
DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
A avaliação proposta pela atual legislação de trânsito é denominada “voz coloquial”, em que o avaliador posiciona-se a dois metros de distância do examinado e emite palavras, que deverão ser repetidas pelo sujeito. Não são especificados critérios para reprovação nesse teste, no entanto, se isso acontecer, o candidato deve ser encaminhado para uma audiometria tonal por via aérea, onde uma média tritonal (frequências de 500, 1000 e 2000 Hz) inferior a 40dB o classificaria como apto.
Assim, candidatos com perda auditiva leve seriam considerados aptos e os com perda auditiva moderada ou maior passariam por nova avaliação em campo livre, após adaptação de aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Sendo considerado apto nessa avaliação, o uso do AASI deve ser informado na CNH do condutor, assim como acontece em relação ao uso da correção visual (óculos).
Em caso de reprovação, mesmo com uso de AASI, o candidato só obterá autorização para conduzir veículos enquadrados nas categorias A (motos) e B (automóveis com lotação máxima de oito lugares, além do motorista), devendo apresentar avaliação otoneurológica normal e seus veículos deverão ser equipados com os espelhos retrovisores laterais10. Percebe-se, portanto, que mesmo apresentando perda auditiva, o condutor não é impedido de ter CNH, apenas não pode conduzir veículos maiores, como ônibus e caminhão.
No entanto, a avaliação da audição, como já mencionado, é absolutamente subjetiva por depender da voz do examinador, além de não apresentar critérios de “passa” e “falha”, sendo portanto, inadequada para o propósito a que se presta: garantir a saúde e segurança de todos que compõem o trânsito (condutores e pedestres).
PROPOSTA PARA RESOLUÇÃO
Como se pôde perceber ao longo deste documento, a audição é um sentido importante para o ato de conduzir veículos automotores. A sua alteração pode predispor o condutor a danos permanentes, incluindo a possibilidade de óbito dele e de outrem.
Dessa forma, a Fonoaudiologia deve lutar pelo incentivo à realização de avaliação auditiva de forma semelhante à realização de avaliação visual que é um pré-requisito para a obtenção e a renovação da CNH.
Apesar de haver uma proposição de avaliação auditiva pela legislação de trânsito, ela é superficial e ineficaz para identificar perdas auditivas7 e, principalmente, não é realizada no Brasil. Urge mudar a legislação de trânsito10 a fim de implementar a audiometria tonal, o procedimento padrão-ouro de avaliação de audição, portanto, eficiente e eficaz, para identificar os distúrbios auditivos e propor a sua reabilitação, considerando que é imprescindível otimizar a segurança de todos os envolvidos no trânsito.
CÁRATER INOVADOR
A Fonoaudiologia, no contexto do trânsito, deve estar presente nas clínicas de avaliação de habilidades dos candidatos à obtenção e renovação da CNH, compondo a bateria de testes necessários, juntamente com a avaliação da visão e teste psicotécnico. A presença da Fonoaudiologia deve garantir a realização de audiometria tonal em todos os candidatos.
A contribuição da Fonoaudiologia nesse contexto, será imensa para todos os envolvidos no trânsito: para os pedestres, será garantida maior segurança de deslocamento, pois os estímulos sonoros que norteiam o processo de condução veicular serão percebidos e respeitados e, para os condutores, que terão menor probabilidade de se envolver em acidentes que lhes traga prejuízos físicos, psicológicos e financeiros importantes.
A Fonoaudiologia conta, em julho de 2020, segundo dados do Conselho Federal de Fonoaudiologia, com 46.087 profissionais, dos quais 2.582 são especialistas em Audiologia, distribuídos pelo país, ou seja, dispõe de mão de obra qualificada para desenvolver tais avaliações que visarão à saúde e segurança de todos.
Por fim, uma atuação multidisciplinar, promovendo a articulação entre fonoaudiólogos, outros profissionais da saúde e instituições estaduais e federais de trânsito é premente, favorecendo a maior assistência e segurança da população.
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico, 50(31): 1-30, out. 2019.
2. Organização Mundial da Saúde. Global status report on road safety 2018. Genebra, 2018.
3. Souza ER, Ribeiro AP, Sousa CAM, Valadares FC, Silva JG, Njaine K. et al. Vidas preservadas: experiências intersetoriais de prevenção dos acidentes de trânsito. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ensp/Claves/Hucitec; 2014.
4. Gimeniz-Paschoal SR. Formação e Atuação Fonoaudiológica em Prevenção de Acidentes Humanos. In: Giacheti CM, Gimeniz-Paschoal SR. Perspectivas Multidisciplinares em Fonoaudiologia: da Avaliação à Intervenção. Marília: Oficina Universitária; 2013.
5. Silva MGP, Silva VL, Nascimento CMB, Vilela MBR, Lima, MLLT. Acesso à reabilitação fonoaudiológica e a continuidade do cuidado pela Atenção Primária em Saúde para vítimas de acidente de motocicleta. CoDAS. 2019; 32(1): e20170097.
6. Pourabdian S, Yazdanirad S, Lotfi S, Golshiri P, Mahaki B. Prevalence hearing loss of truck and bus drivers in a cross-sectional study of 65533 subjects. Environ Health Prev Med. 2019; 24(1): 78.
7. Mascarenhas VD, Antas LOFS, Souza VM, Soares JFR, Andrade WTL. Perda auditiva e trânsito: vulnerabilidade dos condutores e o exame auditivo proposto pela legislação brasileira de trânsito. In: Anais Científicos do 31º Encontro Internacional de Audiologia; 2016 maio 26-28; São Paulo, Brasil.
8. Stefano MD, Stuckey R, Lavender K. Vehicle modifications for drivers with disabilities: developing the evidence base to support prescription guidelines, improve user safety and enhance participation. Victoria: Institute for Safety; 2015.
9. Souza VM, Mascarenhas VD, Antas LOFS, Soares JFR, Andrade WTL. A inclusão de surdos no trânsito. Rev. CEFAC. 2016; 18(3):677-687.
10. Brasil. Resolução nº 425, de 27 de novembro de 2012. Dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em:
HIGHLIGHTS
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INTERFACE AUDIÇÃO E LINGUAGEM
Linguagem (LGG)
O desenvolvimento da fala, da linguagem e da aprendizagem está intrinsecamente relacionado à efetividade do sistema nervoso central em detectar um evento acústico, codificá-lo em um padrão de informação neural e interpretar adequadamente esse estímulo sonoro, por meio das etapas de processamento auditivo: detecção, discriminação, localização, processamento temporal e atenção seletiva (1).
Assim, o processamento auditivo está na base do aprendizado da fala e de leitura. Déficits no processamento auditivo podem interferir tanto na percepção, quanto na produção da fala (2,3). Por sua vez, alterações de fala e linguagem oral impactam diretamente no aprendizado da linguagem escrita (4). Portanto, faz-se importante considerar o treinamento das habilidades auditivas na intervenção em fala e linguagem.
O treinamento das habilidades auditivas é baseado na neuromaturação e neuroplasticidade, que consistem no estabelecimento de mais conexões neuronais e na mielinização dos neurônios. Tanto do ponto de vista teórico, quanto com base na prática clínica, é possível especular que os casos de linguagem se beneficiem do treinamento auditivo. Os resultados dos estudos são consistentes com relação à melhora das habilidades auditivas treinadas, que podem funcionar como um gatilho para que tanto a terapia de linguagem, quanto o aproveitamento escolar, sejam mais efetivos. Contudo, as evidências científicas a respeito dos efeitos funcionais do treinamento auditivo nos quadros de alterações de fala e linguagem ainda não são conclusivas.
O emprego de ferramentas tecnológicas é uma realidade neste contexto terapêutico. Porém, há necessidade de maior sistematização no planejamento terapêutico e na seleção das estratégias de intervenção, de acordo com a neuromaturação e desempenho apresentado pelas crianças. Ademais, na literatura especializada é frequente reportarem pesquisas de intervenção com treinamento auditivo acusticamente controlado separado da intervenção em linguagem, o que na prática clínica muitas vezes é dificultado pelos custos da realização das intervenções de modo separado.
A combinação entre o treinamento auditivo e a terapia de fala e linguagem pode ter um caráter potencializador, ajudando crianças com transtornos do desenvolvimento da fala e da linguagem a relacionar e aplicar as habilidades auditivas treinadas ao aprendizado de padrões fonológicos. Nosso grupo de pesquisa teve interesse em estudar os efeitos desta combinação.
Para isso, dividimos a sessão de terapia fonoaudiológica de 40 minutos em dois momentos de 20 minutos, um com estratégias da terapia de linguagem convencional e outro com treinamento auditivo, com uma amostra de seis crianças de cinco a sete anos de idade com diagnóstico de Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem ou de Transtorno Fonológico.
Cada sujeito participou de duas etapas da pesquisa, com duração de 10 sessões cada. A primeira etapa consistia em manter a terapia individualizada de linguagem com duração de 40 minutos. Esta etapa foi chamada de Terapia L (Terapia de Linguagem) e funcionava como controle individual para a segunda etapa; a segunda etapa, condição experimental, consistia no treinamento auditivo (20 minutos) combinado à terapia de linguagem individualizada (20 minutos). Esta intervenção combinada também tinha duração total de 40 minutos e foi chamada de Terapia PL (Processamento auditivo combinado à Linguagem). Para testar o efeito da condição experimental sobre a controle, cada indivíduo foi submetido a uma bateria de avaliação - fonológica e do processamento auditivo - em três momentos distintos: antes da Terapia L (Avaliação 1), entre as etapas de Terapia L e PL (Avaliação 2) e após a Terapia PL (Avaliação 3). O ganho com a Terapia L (Avaliação 2 – Avaliação 1) foi então comparado com o ganho com a Terapia PL (Avaliação 3 – Avaliação 2).
As sessões do treinamento auditivo foram feitas com estímulos verbais e não verbais e previam a progressão das habilidades auditivas, iniciada pelas etapas de discriminação auditiva verbal e não verbal (Fase 1). Na Fase 2, foram trabalhadas em paralelo as etapas de processamento temporal não verbal (habilidades de ordenação e resolução), processamento temporal verbal (habilidade de ordenação verbal) e atenção seletiva (habilidades de figura-fundo e integração binaural). Em cada fase, foram trabalhadas diferentes etapas em paralelo, com o objetivo de progredirem de forma independente. Cada etapa foi dividida em passos de acordo com o nível de dificuldade, sendo que algumas etapas tinham mais passos e outras menos. A mudança de passos acontecia quando o sujeito acertava mais de 70% da tarefa, destacando a importância de hierarquizar as habilidades auditivas a serem trabalhadas e a necessidade do uso de critério específico para a mudança do nível de desafio de uma atividade.
E assim, com apenas 3 horas e 20 minutos de treinamento auditivo, divididos em 10 sessões, a maioria dos sujeitos apresentou ganhos no processamento temporal e todos os indivíduos apresentaram melhora da atenção seletiva, com melhor evolução desta última na habilidade de fechamento auditivo.
Verificou-se que metade das crianças melhoraram mais em habilidades fonológicas e metafonológicas com o treinamento auditivo incluso na terapia fonoaudiológica, mesmo por um curto período de treinamento. Além disso, a atenção seletiva parece ter se relacionado mais com a fonologia, enquanto o processamento temporal parece ter se relacionado mais com a consciência fonológica. Ressalta-se que este estudo teve um caráter exploratório, e foi realizado com um número limitado de indivíduos, sendo necessários ensaios clínicos randomizados para que possamos obter conclusões mais robustas a respeito do tema.
Entendemos que a proposta desse estudo pode ser um norteador importante no planejamento terapêutico ou atuação escolar, com utilização tanto em intervenções presenciais quanto com a possibilidade de adaptação para a modalidade remota/ virtual, inclusive com a possibilidade de adaptação das estratégias a grupos de crianças.
1. American speech-hearing language association task force on central auditory processing consensus development. Central auditory processing: current status of research and implications for critical practice. Am J Audiol. 1996;5(2):41–52.
2. McArthur GM, Bishop DVM. Which people with specific language impairment have auditory processing deficits? Cogn Neuropsychol. 2004;21(1):79–94.
3. Patterson RD, Johnsrude IS. Functional imaging of the auditory processing applied to speech sounds. Philos Trans R Soc B Biol Sci. 2008;363(1493):1023–35.
4. Pezzini França M, Lehnen Wolff CL, Moojen S, Tellechea Rotta NT. Aquisição da linguagem oral: Relação e risco para a linguagem escrita. Arq Neuropsiquiatr. 2004;62(2 B):469–72.
HIGHLIGHTS
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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA INTENSIVA NA GAGUEIRA
Linguagem (LGG)
A gagueira do desenvolvimento é um distúrbio que causa alterações na fluência da fala, de caráter multifatorial. A gagueira atinge de 4% a 5% das crianças. Contudo, a taxa de remissão da gagueira na infância e juventude é alta, sendo encontrada na idade adulta em torno de 1% da população.
Dentre seus sintomas, destacam-se a ruptura ou disfluência involuntária da fala e velocidade aumentada ou reduzida na hora de falar. Nas disfluências, são comuns bloqueios de fala, repetições de sons e sílabas e prolongamentos de sons. O tratamento fonoaudiológico visa proporcionar ou potencializar as chances de remissão da gagueira. Apesar de ainda não possuir cura, na literatura são encontrados diversos métodos terapêuticos para tratar gagueira, contudo existem poucos estudos que correlacionam a eficácia do tratamento intensivo e a gagueira. Assim, este estudo tem por objetivo avaliar a eficácia do tratamento intensivo de crianças e adolescentes que gaguejam e descrever a evolução dos resultados pré e pós tratamento.
Este trabalho é relevante para expandir os conhecimentos sobre os tratamentos da gagueira do desenvolvimento e para a Fonoaudiologia em geral, uma vez que os estudos da atuação do fonoaudiólogo em terapia intensiva são escassos. Também é importante ressaltar o propósito social e clínico do trabalho. A investigação dos benefícios da terapia intensiva visa melhorar a qualidade de vida do indivíduo diagnosticado com gagueira, proporcionando tratamento rápido e eficaz.
O estudo foi realizado com 8 pacientes do Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital São Geraldo, pertencente ao complexo do Hospital das Clínicas e no Laboratório de Pesquisa em Linguagem, Departamento de Fonoaudiologia, da Faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Realizou-se a execução de um programa de tratamento fonoaudiológico intensivo individual durante 30 horas, sendo cinco atendimentos por semana com duração de uma hora cada, desenvolvido exclusivamente para o estudo. Os instrumentos utilizados foram história clínica do paciente e questionário sobre a gagueira, Protocolo OASIS-A e Protocolo de avaliação da fluência da fala - coleta de amostra de fala e análise por meio da prova de fluência do Protocolo ABFW. Foram consideradas as seguintes variáveis neste estudo: índice de severidade da gagueira, obtido por meio da análise da amostra de fala, tipologia das rupturas de fala típicas da gagueira e comuns e variáveis independentes como idade, sexo e tempo de que gagueja. Além disso, o programa de terapia intensiva para gagueira de acordo com as demandas de cada participante. A reavaliação da fluência da fala foi realizada por meio dos mesmos procedimentos.
Os resultados obtidos revelam a eficácia da terapia intensiva na gagueira. Apesar dos riscos de casos de cansaço em decorrência do caráter intensivo da intervenção foi observado que os pacientes mantiveram-se motivados durante todo os tratamento. Foi constatado diminuição do número de disfluências gagas e comuns por minuto, em todos os participantes do estudo. Observou-se também melhora nos aspectos corporais associados à gagueira. Quanto os aspectos sociais, analisados por meio do protocolo OASIS, constatou-se melhora na qualidade de vida destes indivíduos. No geral, o tratamento mostrou-se rápido e eficaz.
O caráter inovador da pesquisa dá-se pela constatação da eficácia da intervenção fonoaudiológica intensiva na gagueira em poucas horas.
Terra, M.; Lopes-Herrera, SA. Programa intensivo de intervenção fonoaudiológica para crianças disfluentes e seu pais: descrição comparativa dos resultados. Anais. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016.
Andrade, CRF. Processamento da Fala – Aspectos da Fluência. Pró-Fono Rev Atual Cient. 2000; 12(1): 69-71.
Gonçalves, MF; Gonçalves, BLR.; Marcandal, GG.; Guarnieri, C.; Lopes-Herrera, SA. Intervenção intensiva na área da fluência infantil: os resultados se mantém a longo prazo? Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2016.
Andrade, CRF; Befi-Lopes, DM; Fernandes, FDM; Wertzner, HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. São Paulo: Pró-Fono, 2004.
Andrade CRF. Abordagem neurolinguística e motora da gagueira. In: Ferreira, LP; Befi-Lopes, DM; Limongi, SCO. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p. 1001-16.
Oliveira, CMC; Pereira, LJ. Gagueira desenvolvimental persistente: avaliação da fluência pré e pós-programa terapêutico. Rev. CEFAC, São Paulo, 2012.
Carvalho, S. et al. Tratamento para adolescentes e adultos gagos. Revista extensão universitária da UFS. São Cristóvão, n.2. 2013.
Instituto Brasileiro de Fluência [homepage na internet]. Acesso em 21 de setembro de 2019]. Disponível em: URL: http://www.gagueira.org.br/
Lamônica, Dionísia Aparecida Cusin; Britto, Denise Brandão de Oliveira e. Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. [S.l: s.n.], 2017.
Bragatto, Eliane Lopes, et al. "Brazilian version of the Overall Assessment of the Speaker's Experience of Stuttering-Adults protocol (OASES-A)." Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 24.2 (2012): 145-151.
HIGHLIGHTS
2189
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA INTENSIVA NA GAGUEIRA
Linguagem (LGG)
A gagueira do desenvolvimento é um distúrbio que causa alterações na fluência da fala, de caráter multifatorial. A gagueira atinge de 4% a 5% das crianças. Contudo, a taxa de remissão da gagueira na infância e juventude é alta, sendo encontrada na idade adulta em torno de 1% da população.
Dentre seus sintomas, destacam-se a ruptura ou disfluência involuntária da fala e velocidade aumentada ou reduzida na hora de falar. Nas disfluências, são comuns bloqueios de fala, repetições de sons e sílabas e prolongamentos de sons. O tratamento fonoaudiológico visa proporcionar ou potencializar as chances de remissão da gagueira. Apesar de ainda não possuir cura, na literatura são encontrados diversos métodos terapêuticos para tratar gagueira, contudo existem poucos estudos que correlacionam a eficácia do tratamento intensivo e a gagueira. Assim, este estudo tem por objetivo avaliar a eficácia do tratamento intensivo de crianças e adolescentes que gaguejam e descrever a evolução dos resultados pré e pós tratamento.
Este trabalho é relevante para expandir os conhecimentos sobre os tratamentos da gagueira do desenvolvimento e para a Fonoaudiologia em geral, uma vez que os estudos da atuação do fonoaudiólogo em terapia intensiva são escassos. Também é importante ressaltar o propósito social e clínico do trabalho. A investigação dos benefícios da terapia intensiva visa melhorar a qualidade de vida do indivíduo diagnosticado com gagueira, proporcionando tratamento rápido e eficaz.
O estudo foi realizado no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital São Geraldo, pertencente ao complexo do Hospital das Clínicas e no Laboratório de Pesquisa em Linguagem, Departamento de Fonoaudiologia, da Faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Realizou-se a execução de um programa de tratamento fonoaudiológico intensivo individual durante 30 horas, sendo cinco atendimentos por semana com duração de uma hora cada, desenvolvido exclusivamente para o estudo. Os instrumentos utilizados foram: História Clínica, Questionário sobre a gagueira, Protocolo OASIS e Protocolo de avaliação da fluência da fala - coleta de amostra de fala e análise por meio da prova de fluência do Protocolo ABFW. Foram consideradas as seguintes variáveis neste estudo: índice de severidade da gagueira, obtido por meio da análise da amostra de fala, tipologia das rupturas de fala típicas da gagueira e comuns e variáveis independentes como idade, sexo e tempo de que gagueja. Além disso, o programa de terapia intensiva para gagueira de acordo com as demandas de cada participante. A reavaliação da fluência da fala foi realizada por meio dos mesmos procedimentos após 30 horas de terapia.
Os resultados obtidos revelam a eficácia da terapia intensiva na gagueira. Apesar dos riscos de casos de cansaço em decorrência do caráter intensivo da intervenção foi observado que os pacientes mantiveram-se motivados durante todo os tratamento. Foi constatado diminuição do número de disfluências gagas e comuns por minuto, em todos os participantes do estudo. Observou-se também melhora nos aspectos corporais associados à gagueira. Quanto os aspectos sociais, analisados por meio do protocolo OASIS, constatou-se melhora na qualidade de vida destes indivíduos. No geral o tratamento mostrou-se rápido e eficaz.
O caráter inovador da pesquisa dá-se pela constatação da eficácia da intervenção fonoaudiológica intensiva na gagueira em curto período de terapia.
Terra, M.; Lopes-Herrera, SA. Programa intensivo de intervenção fonoaudiológica para crianças disfluentes e seu pais: descrição comparativa dos resultados. Anais. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016.
Andrade, CRF. Processamento da Fala – Aspectos da Fluência. Pró-Fono Rev Atual Cient. 2000; 12(1): 69-71.
Gonçalves, MF; Gonçalves, BLR.; Marcandal, GG.; Guarnieri, C.; Lopes-Herrera, SA. Intervenção intensiva na área da fluência infantil: os resultados se mantém a longo prazo? Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2016.
Andrade, CRF; Befi-Lopes, DM; Fernandes, FDM; Wertzner, HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. São Paulo: Pró-Fono, 2004.
Andrade CRF. Abordagem neurolinguística e motora da gagueira. In: Ferreira, LP; Befi-Lopes, DM; Limongi, SCO. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p. 1001-16.
Oliveira, CMC; Pereira, LJ. Gagueira desenvolvimental persistente: avaliação da fluência pré e pós-programa terapêutico. Rev. CEFAC, São Paulo, 2012.
Carvalho, S. et al. Tratamento para adolescentes e adultos gagos. Revista extensão universitária da UFS. São Cristóvão, n.2. 2013.
Instituto Brasileiro de Fluência [homepage na internet]. Acesso em 21 de setembro de 2019]. Disponível em: URL: http://www.gagueira.org.br/
Lamônica, Dionísia Aparecida Cusin; Britto, Denise Brandão de Oliveira e. Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. [S.l: s.n.], 2017.
Bragatto, Eliane Lopes, et al. "Brazilian version of the Overall Assessment of the Speaker's Experience of Stuttering-Adults protocol (OASES-A)." Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 24.2 (2012).
HIGHLIGHTS
2181
INTERVENÇÃO NO MODELO DIR/FLOORTIME EM CRIANÇAS NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Linguagem (LGG)
Esse highlights pretende demonstrar como funciona o modelo DIR/Floortime na intervenção em crianças no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O estudo verificou os resultados de um ano e meio de treinamento com os pais no DIR/ Floortime, assim como a terapia realizada em consultório, como uma forma adicional de incentivar as crianças no TEA a evoluir no desenvolvimento e a declinar nos comportamentos autistas.
Crianças no TEA possuem déficit qualitativo em interação social que pode ser manifestado por duas das seguintes características: a) déficits no uso do comportamento não verbal, como contato visual, expressões faciais, postura corporal e gestos utilizados para regular a interação social; b) inabilidade de desenvolver relacionamentos com os pares adequadamente e compatível com seu nível de desenvolvimento; c) ausência de tendência espontânea para compartilhar emoções, interesses e objetos; d) ausência de reciprocidade social e emocional.
A falta de interação recíproca ocorre de forma acentuada e persistente e pode ser detectada nos primeiros meses de vida, quando a criança com TEA não consegue sorrir em resposta ao sorriso dos pais, não segue os olhos dos pais ou não procura interação. Além disso, como as crianças com TEA têm dificuldade em entender a perspectiva dos outros, é difícil para elas compartilharem, demonstrarem empatia e conforto. O motivo mais comum para os pais procurarem um especialista é o atraso de linguagem observado pelos responsáveis por volta dos 18 meses de idade. Esse quadro vai além de um atraso na fala, pois a criança não mostra intenção ou interesse em se comunicar com os outros, não utiliza também meios de comunicação não verbais, como gestos. Essas características em relação à dificuldade de comunicação podem auxiliar no diagnóstico precoce do TEA. Quanto ao comportamento, eles podem apresentar padrões, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados, manifestados por pelo menos uma das seguintes características: a) rotinas não funcionais e inflexíveis específicas, b) preocupação com um determinado padrão estereotipado, c ) maneirismos de motores estereotipados e repetitivos; d) fixação em partes de objetos. As características comportamentais associadas aos distúrbios da comunicação e à interação social das crianças no TEA podem levar ao isolamento contínuo da criança e de sua família.
O DIR/ Floortime é um modelo baseado no Desenvolvimento Funcional da Criança, Diferenças Individuais e Relacionamentos (D para desenvolvimento, I para individualidade ou diferenças individuais e R para relacionamento), com o objetivo de construir as bases para as habilidades sociais, emocionais e intelectuais das crianças, em vez de concentrar-se apenas em comportamentos isolados. O modelo foi desenvolvido por Stanley Greenspan e Serena Wieder nos Estados Unidos. O DIR/ Floortime procura desenvolver ou aumentar a funcionalidade das áreas consideradas mais afetadas no TEA, como necessidades básicas de envolvimento e interação social, bem como o uso de ideias pragmáticas e significativas na linguagem. De acordo com o modelo DIR, o nível de desenvolvimento da criança é influenciado por suas diferenças individuais, padrões familiares e ambientais e pelo tipo de relacionamento que essa criança estabelece com as pessoas que vivem com ela. Esses níveis de desenvolvimento são trabalhados através do Floortime (conhecido como o coração do DIR) em terapia e/ou em casa, e até na escola, durante o período de folga. É brincar com a criança no chão, usando affect (que são os sentimentos e emoções envolvidos em um relacionamento), entrando no mundo da criança, sempre seguindo sua liderança, para que mais tarde ela possa trazê-la ao seu mundo, promovendo a interação e o engajamento, de acordo com o nível de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, é essencial ter em mente que a criança precisa ser desafiada para que ela possa aprender novas habilidades que levarão a outras mais elaboradas. Assim, seguindo sua liderança, a criança precisa se envolver em interação recíproca com seu cuidador, pais ou terapeuta.
A seleção de participantes foi realizada pelas instituições onde as crianças foram tratadas. As crianças cujos diagnósticos foram confirmados por um pediatra do desenvolvimento, neuropediatra ou psiquiatra, e preencheram os critérios clínicos para TEA no Manual de Diagnóstico e Estatística (DSM) 5 foram convidadas a participar do presente estudo se tivessem entre 18 meses a 7 anos de idade. As crianças foram excluídas se tivessem algum diagnóstico médico adicional.
O acompanhamento das sessões de terapia e avaliação das crianças ocorre em três centros de atendimento privados do Modelo DIR/Floortime no Brasil. Protocolos utilizados para a avaliação: Escala de Avaliação Emocional Funcional - FEAS e Questionário de Desenvolvimento Emocional Funcional - FEDQ, que estão mostrando desta vez como as relações afetivas são importantes para a evolução das capacidades funcionais das crianças no TEA.
Na primeira visita, os pais foram treinados por 1,5 horas. Eles foram treinados para observar as pistas de seus filhos autistas, seguir o exemplo das crianças e implementar as técnicas Floortime apropriadas para o nível atual de desenvolvimento funcional de seus filhos para atingir as metas.
Os participantes foram acompanhados individualmente a cada três meses. Em cada período de acompanhamento, o investigador responde aos pais como eles se relacionam com o filho. As respostas invasivas controladoras foram substituídas por respostas destinadas a facilitar a sinalização e a comunicação emocional bidirecional entre pais e filhos. Modelagem e treinamento foram usados para melhorar seu desempenho. As metas, o método e a técnica do programa em casa foram refinados para sincronizar com o progresso da criança. Os pais das crianças participantes foram solicitados a avaliar sua satisfação através de uma escala Likert de três pontos para avaliar sua satisfação com a eficácia da intervenção de seu filho.
Este estudo discute algumas variáveis que podem afetar o resultado, como a participação dos pais, o grau dos filhos com TEA e o estado basal do desenvolvimento, que podem estar associados a respostas favoráveis ou desfavoráveis às intervenções.
Fernandes FDM. ; Molini-Avejonas DR. ; Sousa-Morato PF. Perfil funcional da comunicação nos distúrbios do espectro autístico. Revista CEFAC (2006), v. 8, p. 20-26.
Greenspan SJ., Degangi G. Research on the FEAS: Test Development, Reliability, and Validity Studies. in S. Greenspan, G DeGangi, S Wieder (Eds.), The Functional emotional assessment scale (FEAS) for infancy and early childhood. clinical and research applications. Interdisciplinary council on developmental and learning disorders (icdl), Bethesda, md, www.icdl.com, (2001) p. 167-247.
Manohar H., Kandasamy P., Chandrasekaran V., Rajkumar RP. Parent-Mediated Intervention for Children with Autism Spectrum Disorder: A Feasibility Study from South India. Journal of Autism Developmental Disorder (2019), V.49, p. 3146–3158.
Pajareya k, kopmaneejumruslers k. A pilot randomized controlled trial of DIR/Floortime parent training intervention for pre-school children with autistic spectrum disorders. Journal of Autism Developmental Disorder (2011). Sep;15(5):563-77.
HIGHLIGHTS
1326
INTERVENÇÃO PARA TRANSTORNOS DE FALA E LINGUAGEM: PROGRAMA PLUSHAND.
Linguagem (LGG)
Contextualização: O desenvolvimento da linguagem requer a associação de diversas áreas cerebrais. A produção da fala envolve um conjunto de ações complexas de organização, planejamento e execução dos movimentos fonoarticulatórios, sendo necessário a integridade dos órgãos envolvidos (mandíbula, lábios, língua, palato mole, laringe) e da complexa habilidade de controle motor oral. Com as experiências da primeira infância, a criança adquire os padrões maturacionais propiciando o refinamento da produção dos fonemas, bem como da coarticulação e do controle motor de fala, chegando ao padrão modelo correto, denominado de praxia. Na ausência de um desenvolvimento adequado, surgem as patologias de fala, dentre elas a Apraxia. Apraxia é um distúrbio motor neurológico da fala resultante de um impedimento no planejamento, programação e execução da sequência de movimentos necessários à fala. Impacta na habilidade da criança em posicionar e temporizar a sequência dos gestos articulatórios para a produção dos sons da fala e consequentemente, inteligibilidade e a prosódia da fala ficam. Nos casos em que esse circuito motor não ocorre pode-se identificar as alterações de fala que comprometem o movimento práxico. Dentre elas, destaca-se: Desvio Fonológico, Desvio Fonético e Apraxia de fala na Infância, sendo este o objetivo de trabalho do Programa Plushand. Relevância: Nestes casos, a intervenção requer o uso de recursos que auxiliem nas manifestações apresentadas (dificuldades no planejamento e na produção de gestos de movimentos e sequencias implícito à produção da fala, que afetam a articulação da fala, coordenação, o tempo, a proporção e a prosódia, dificuldade em mover seus pontos articulatórios de uma postura para outra - coarticulação- e dificuldade com a consciência fonológica e atrasos na leitura) e que utilize o sistema fonético brasileiro. Proposta: O Programa Plushand oferece uma intervenção baseada nas conexões neuronais (planejamento motor, programação motora e sequencialização dos sons da fala). O objetivo deste trabalho é descrever o Programa Plushand, bem como a sua fundamentação teórica. Explanação da literatura científica atual que embasa a construção e efetivação do programa, para posterior apresentação do material e da hierarquia motora envolvida na melhora no desempenho de fala. O levantamento bibliográfico foi feito nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs, durante os últimos dez anos. O programa Plushand será apresentado seguindo a sua hierarquia.: Pesquisa bibliográfica revelou argumentos teóricos importantes para aplicação do programa. Plushand é um programa que utiliza as mãos e os gestos para favorecer a aquisição dos sons na comunicação/fala, consciência fonológica e desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. É uma abordagem multimodal indicada para o tratamento de alterações da comunicação, dentre elas, as alterações motoras de fala. Em sua concepção, realiza o ensino do planejamento e da programação motora-oral do fonema, da sequencialização de uma postura articulatória para outra, promovendo a coarticulação de sílabas e palavras. Abordagem inovadora: Corroborando as pesquisas científicas, o Plushand, que tem base nos gestos do movimento da fala, atua semanticamente e temporalmente ligado ao conteúdo do fluxo de fala em curso, têm funções comunicativas semelhantes à fala e desenvolvem-se estreitamente com aquisição de linguagem em crianças. Resultados preliminares indicam que a utilização do Programa PlusHand com crianças que apresentam Apraxia de Fala na Infância tem apresentado resultados nos aspectos relacionados a transcodificação favorecendo um melhor desempenho da fala e leitura. As crianças que realizaram 2 ou 3 sessões semanais demonstraram aumento de vocábulos e de palavras em frases nos aspectos linguísticos (pragmático, semântico, sintaxe, morfologia e fonologia) e melhora da precisão coarticulatória. Em crianças com apraxia de fala na infância, a intervenção com abordagem multissensorial e com a hierarquia motora de fala, o Plushand pode trazer resultados eficientes em menor tempo de estimulação, porque propõe em sua prática a sequência de pistas cognitivas-linguísticas, hierarquia motora de fala associada as pistas multissensoriais, além do estímulo nas habilidades de leitura e escrita. Conclui-se que a intervenção fonoaudióloga com base na hierarquia motora de fala, no uso de pistas cognitivas e multissensoriais, como apresenta o Programa PlusHand, é eficaz para crianças com apraxia de fala na infância.
Descritores: Apraxia, programa de intervenção, hierarquia motora, pistas multissensoriais e fala.
• Souza, Taísa Gianechinni Gonçalvez de,. Programa de Intervenção Práxico-produtivo para indivíduos com Transtorno Fonológico. 2016 – 121p. Tese (Doutorado em Processos e Distúrbios da Comunicação Humana) – Faculdade de Odontologia de Bauru, Bauru, SP. 2016.
• Site da American Speech-LanguageHearing Association (ASHA). Disponível em: www.asha.com
• Namasivayam, A. K., Huynh, A., Granata, F., Law, V., & van Lieshout, P. (2020). PROMPT intervention for children with severe speech motor delay: a randomized control trial. Pediatric Research, 1-10. https://doi.org/10.1038/s41390-020-0924-4
• Namasivayam AK, Coleman D, O'Dwyer A, van Lieshout P. Speech Sound Disorders in Children: An Articulatory Phonology Perspective. Front Psychol. 2020;10:2998. Published 2020 Jan 28. doi:10.3389/fpsyg.2019.02998
• Shriberg, L. D. & Wren, Y. E. A frequent acoustic sign of speech motor delay (SMD). Clin Linguist Phon. 33(8), 757-771 (2019).
• Namasivayam, A. K., et al. Investigating intervention dose frequency for children with speech sound disorders and motor speech involvement. Int J Lang Commun Disord. 54(4), 673-686 (2019). 20. Osberger.
• Hayden, D., Namasivayam, A. K. & Ward, R. The assessment of fidelity in a motor speech treatment approach. Speech Lang Hear. 18(1), 30-38 (2015).
• Gubiani, Marileda Barichelo, Adaptação e validação de instrumento de avaliação dinâmica das habilidades motoras da fala. 2016 – 146p. Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2016.
• Lamônica, Dionísia e Britto, Denise, Tratado de Linguagem: perspectivas conteporâneas, editora booktoy, 2017.
HIGHLIGHTS
2192
INTERVENÇÃO RELACIONAL EM FONOAUDIOLOGIA
Linguagem (LGG)
Em quadros clínicos de atraso ou distúrbios de linguagem, o fonoaudiólogo frequentemente observa dinâmicas comunicativas pouco favoráveis, com características como: desequilíbrio na ocupação do espaço comunicativo, estabelecimento de turnos inconsistente, assimetrias linguísticas importantes, falhas na consideração do interlocutor, atitudes omissas, discurso ou manifestações intrusivas, descompassos entre tempo de espera e tempo necessário para a resposta.
Participar de situações comunicativas com interlocutor treinado, preparado, sensível e atento, é um dos fatores que promove a evolução positiva das crianças em tratamento fonoaudiológico. Quanto mais intensa e frequente a possibilidade de vivências favoráveis ao surgimento e aprimoramento das habilidades comunicativas, mais consolidados se tornam tais aprendizados. Assim, é proposto por diversas linhas que os familiares sejam incluídos no tratamento, para favorecer o desenvolvimento da criança.
Com base na Teoria do Apego (1, 2), a Intervenção Relacional é uma proposta de trabalho que visa aguçar a sensibilidade parental às necessidades da criança, aperfeiçoando sua percepção quanto às expressões da criança, valorizando as iniciativas positivas, diminuindo as quebras comunicativas e, assim, favorecendo as trocas comunicativas.
A proposta de Intervenção Relacional pode ser desenvolvida em ambiente clínico ou domiciliar (3). Neste caso, vem sendo praticada por fonoaudióloga e supervisionada por psicóloga, a partir de março de 2019.
A partir da indicação clínica de trabalhar dinâmica a comunicativa familiar, é apresentada a proposta da Intervenção Relacional aos familiares (mãe, pai ou avó, conforme a disponibilidade dos adultos e a rotina da família nos cuidados com a criança). É fundamental que o adulto convidado compreenda a proposta e aceite participar dela.
São realizadas de oito a doze sessões sequenciais, em frequência semanal, compostas por:
- Diálogo inicial com o adulto, no qual são colhidas informações cotidianas sobre o último período (duração aproximada de dez minutos),
- Momento de fonoeducação, no qual são abordados temas pertinentes ao caso (duração aproximada de cinco minutos),
- Trabalho com videofeedback a partir de filmagem da interação da dupla, colhida na sessão anterior, do qual trechos pontuais pré-selecionados, contendo ocorrências relevantes para os aspectos a serem enfocados, são exibidos, assistidos em conjunto, comentados e discutidos (duração aproximada de vinte minutos),
- Fornecimento de consigna (instrução específica para a interação) ao adulto e coleta de nova filmagem de situação lúdica entre familiar e criança, com material determinado pelo fonoaudiólogo, para favorecer vivências pertinentes às temáticas trabalhadas em sessão (duração de até dez minutos).
Durante os momentos em que o familiar e o fonoaudiólogo trabalham juntos, propõe-se à criança que brinque com brinquedo (fornecido pelo fonoaudiólogo ou de escolha da criança), em geral no mesmo ambiente em que estão os adultos, sendo levadas em conta pelo profissional as solicitações da criança e as formas como estas são respondidas pelo familiar, e sendo realizadas intervenções, quando necessário.
Após o conjunto de sessões de Intervenção Relacional, é realizada a reavaliação fonoaudiológica da criança e são determinadas as novas condutas clínicas pertinentes para o momento.
A partir dos meses de prática clínica com esta estratégia, observamos que a vivência de novas possibilidades de interação passa pela quebra de padrões mais ou menos cristalizados nas formas originais de interação. Observar-se em ação possibilita a tomada de consciência sobre gestos e atitudes (comunicativas ou não) e oferece a possibilidade de experimentar novas formas de interagir e de vincular-se.
Muitas vezes, o que gera a dificuldade de compreensão e de adesão dos familiares às orientações fonoaudiológicas não é a falta de conhecimento ou de esclarecimento - e sim a restrição de repertório pessoal ou relacional nos aspectos abordados. O que significa “dar voz à criança”? O que significa “respeitar o tempo dela”? O que significa “responder afetuosamente”? O que significa “construir juntos”?
Na maioria das famílias submetidas à Intervenção Relacional, observa-se o aprimoramento da sensibilidade parental às necessidades da criança, levando a melhorias na efetividade comunicativa dentro da relação específica e dentro da família, como um todo (4).
Quanto ao fortalecimento dos vínculos, temos tido constatações de que, além da aproximação e qualificação familiar-criança / criança-familiar (5), também se reforça o vínculo de confiança entre o familiar participante e a fonoaudióloga, originando bases seguras para acolhimento de sugestões e para encaminhamentos delicados, que provavelmente seriam menos efetivos antes do processo de Intervenção Relacional. Afinal, observando na vida diária os resultados do tratamento, é natural que a família se abra para as indicações do profissional.
Também observamos aprofundamento do vínculo entre a criança e a fonoaudióloga (não como objetivo direto, mas como consequência comum). Uma hipótese para tal passa pela experiência positiva com a presença da profissional sustentando a possibilidade de que a criança vivencie com seu adulto de referência situações protegidas, seguras e prazerosas.
Observamos como resultados de evolução fonoaudiológica nas crianças participantes, já durante o processo de intervenção relacional, alguns elementos não diretamente trabalhados, como: surgimento das verbalizações, ampliação do repertório de aceitação alimentar, redução do comportamento opositor, importante evolução social escolar.
Acreditamos que a abordagem de Intervenção Relacional pode contribuir como uma opção de estratégia clínica no trabalho fonoaudiológico em Linguagem e Comunicação e que pode instrumentalizar famílias como agentes multiplicadores da saúde comunicativa na sociedade.
(1) Bretherton I. The origins of Attachment Theory: John Bowlby and Mary Ainsworth. Developmental Psychology (1992), 28, 759-775.
(2) Dalbem J X, Dell’Aglio D D. Teoria do Apego: bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v.57, n. 1, p. 12-24, 2005.
(3) Moss E, Dubois-Comtois K, Cyr C, Taraboulsy G M, St-Laureant D, Bernier A. Efficacy of a home-visitting intervention aimed at improving maternal sensitivity, child attachment and behavioral outcomes for maltreated children: a randomized control trial. Development and Psychopatology 23 (2011) 195-210.
(4) Bigras M, Machado A L. Apontamentos e Reflexões sobre programas de apoio familiar que favoreçam a competência social da criança. Cienc. saúde coletiva [revista em Internet] 2014 março [acesso 20 de julho de 2020]; 19(3). Disponível em [https://doi.org/10.1590/1413-81232014193.18402013]
(5) Figueiredo M, Mateus V, Osorio A, Martins C. A contribuição da sensibilidade materna e paterna para o desenvolvimento cognitivo de crianças em idade pré-escolar. Aná. Psicológica [revista em Internet] 2014 [acesso 20 de julho de 2020]; 32(2), p.231-242. Disponível em [http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312014000200008&lng=pt&nrm=isso]
HIGHLIGHTS
2199
JOGO PARA TREINAMENTO DE HABILIDADES METALINGUÍSTICAS
Linguagem (LGG)
Contextualização e relevância do tema.
Tratando-se especificamente da linguagem escrita, há uma série de fatores que são pré-requisitos para sua efetividade, necessários para sua aquisição e manutenção. Tais fatores são as chamadas habilidades metalinguísticas, que permitem compreender um código linguístico desde seus componentes mínimos. Mesmo que surjam anteriormente e sejam necessárias para o aprendizado de leitura e escrita, as habilidades metalinguísticas continuam a desenvolver-se, atingindo seu grau mais elevado com o apoio da leitura.
Estas habilidades permitem ao sujeito refletir sobre sua língua nos mais diferentes aspectos. Na literatura, são identificadas como habilidades metalinguísticas as consciências fonológica, sintática, morfológica, semântica, pragmática e metatextual. Todas proporcionam compreender as características da língua e, posteriormente, dominá-las para o seu uso na leitura e na escrita.
Considerando a essencialidade das habilidades metalinguísticas, observa-se que a ocorrência de atraso ou quaisquer alterações em seu desenvolvimento são fatores causais de distúrbios de aprendizagem, afetando a aquisição e desenvolvimento da leitura e da escrita.
Em casos de distúrbios de leitura e escrita, o fonoaudiólogo é um dos profissionais competentes para intervir, atuando tanto no âmbito educacional como em prevenção, avaliação e terapia.
Com a finalidade de acompanhar o desenvolvimento tecnológico na área da saúde, os interesses do público (especialmente se tratando de crianças e adolescentes) e potencializar o processo terapêutico, cada vez mais os fonoaudiólogos têm se dedicado à construção e utilização de softwares/jogos que proporcionem atividades capazes de auxiliar o paciente no desenvolvimento de habilidades variadas, atendendo desde motricidade orofacial até o treinamento auditivo.
Definição da situação-problema e da resolução encontrada/proposta.
No cenário atual, apesar da crescente utilização de recursos tecnológicos lúdicos, em diversas áreas da fonoaudiologia, inclusive linguagem, não são encontrados materiais voltados às habilidades metalinguísticas em sua totalidade, o que representa uma lacuna a ser reparada, considerando a eficácia dos softwares e sua cada vez mais frequente utilização. Analisar, potencializar e desenvolver novos jogos e atividades eletrônicas tornou-se essencial.
Partindo desse pressuposto, a produção deste jogo se justifica no anseio de atender às necessidades do terapeuta que trabalha na área da linguagem, com a produção de jogos que auxiliem o treinamento de habilidades atualmente em defasagem em outros softwares e jogos voltados à terapia fonoaudiológica.
Algumas das habilidades citadas são trabalhadas isoladamente ou com outros tipos de habilidades (principalmente auditivas) em outros materiais, entretanto, nem todas elas são encontradas, seja em jogos gratuitos ou pagos, tampouco trabalhadas em conjunto.
Caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica.
O jogo mostra-se inovador por sua interface de fácil acesso e reprodução, já que pode ser executado em uma ferramenta de apresentação de slides gratuita e de livre acesso (disponível até mesmo offline) ou outras plataformas compatíveis com o tipo de arquivo ou formatos em que ele possa ser convertido; além disso, traz propostas divertidas com diversos elementos convidativos para as crianças, como personagens originais (duas crianças e um gato), reforços positivos, paleta de cores divertida e clipes de áudio interativos (que narram cada uma das tarefas e leem qualquer texto presente na tela após um clique sobre ele).
O jogo criado teve um total de 37 páginas, sendo que nas 4 primeiras são apresentados o jogo e os personagens e, nas demais, diferentes atividade voltadas ao treinamento das habilidades, de acordo com a dificuldade e ordem de aquisição. A primeira das atividades, é a única que não aborda uma habilidade como primária e outras como secundárias, tratando-se de um quadro com o alfabeto em que os sons que cada letra representa são apresentados para os jogadores.
Algumas Referências: 1. RODRIGUES, Marisa Cosenza; SPERB, Tania Mara. Contextos de Desenvolvimento da Linguagem. São Paulo, SP: Vetor, 2010. 184 p. 2. FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda; MENDES, Beatriz Castro Andrade; NAVAS, Ana Luiza Pereira Gomes Pinto (Org). Tratado de fonoaudiologia. 2. ed. São Paulo, SP: Roca, 2010. 836 p. 3.Cunha VLO, Capellini SA. Habilidades metalinguísticas no processo de alfabetização de escolares com transtornos de aprendizagem. Rev. Psicopedagogia [Internet]. 2011 [acesso em 2019 Mar 28]; 28(85): 85-96. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-8486201100010000.
HIGHLIGHTS
1943
LEITURA E ESCRITA EM CRIANÇAS COM SURDEZ: ORIENTAÇÕES AOS PAIS EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL
Linguagem (LGG)
O processo de desenvolvimento da leitura e a escrita de pessoas com surdez difere daquele que ocorre em ouvintes, principalmente em decorrência das diferenças na primeira língua adquirida pelo sujeito, já que a língua brasileira de sinais apresenta elementos e estruturação próprias¹. A literatura aponta que há uma relação intrínseca entre o domínio do código oral e o processo de construção da escrita, uma vez que quanto maior for uso auditivo oral, maior será a associação fonema grafema². O papel dos pais para o estabelecimento de hábitos de leitura, bem como para o desenvolvimento de atividades cotidianas que incorporem a escrita nas rotinas diárias é crucial para o sucesso do processo de alfabetização e letramento³,⁴. A pandemia imprimiu a necessidade de encontrarmos estratégias para auxiliar os pais na estimulação de seus filhos, uma vez que os atendimentos presenciais tornaram-se inviáveis. Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi elaborar atividades a serem desenvolvidas por pais de crianças surdas para estimular a construção da leitura e escrita em casa. Método: Durante o período de isolamento decorrente da pandemia por COVID-19 foram elaboradas propostas de atividades de estimulação de leitura e escrita por cinco alunas do 4º. ano de fonoaudiologia, uma pedagoga técnica em assuntos educacionais e uma docente fonoaudióloga e pedagoga. O processo de escolha e adequação das atividades difere de uma conjuntura de teleatendimento comum, pois o estado de calamidade pública levou ao decreto do isolamento social, ou seja, escolhemos atividades em que a execução não implicasse em realizá-las fora de casa ou com materiais e recursos incomuns no ambiente cotidiano. Tais atividades foram discutidas e aperfeiçoadas por meio de supervisão à distância e, posteriormente, divulgadas aos pais de nove crianças do Ensino Fundamental, portadoras de perda auditiva neurossensorial bilateral de grau severo a profundo usuárias de prótese auditiva ou implante coclear, que frequentam o ambulatório de atendimento fonoaudiológico de uma instituição de ensino superior da Grande São Paulo. Para o desenvolvimento das atividades, foram considerados os estágios de desenvolvimento de escrita de pessoas surdas propostos por LODI², além da necessidade de adequação da realidade de cada paciente, sendo incluídos nos planejamentos o feedback dos recursos e disponibilidade dos responsáveis pelos mesmos. Resultados: As atividades elaboradas envolveram: jogos e brincadeiras, leitura compartilhada de livros, registro de rotinas e construção de calendários e diários, rotulagem de móveis e utensílios domésticos, propostas de filmes e desenhos com legenda, leitura e execução de receitas e atividades cotidianas que estimulassem a comunicação entre os membros da família. Após a elaboração das atividades, foram gravados áudios ou vídeos e as atividades foram encaminhadas aos pais por WhatsApp. O tempo para feedback das atividades foi flexível, umas vez que o cotidiano de alguns responsáveis foi mais limitante. Conclusão: As atividades propostas cumpriram o papel de permitir que, mesmo na ausência de atendimento fonoaudiológico presencial, os pais possam estimular seus filhos e os alunos do Curso de Fonoaudiologia tenham seu aprendizado oportunizado pelo contato com os pais e supervisores responsáveis para desenvolver formas alternativas para desenvolvimento de seus pacientes que enfrentam o isolamento social e não estão frequentando presencialmente a escola.
1. FERNANDES, Sueli. Letramento na educação bilíngue para surdos. In: BERBERIAN, A. P.; ANGELIS, C. C.M. de; MASSI, G. (orgs.). Letramento: referências em saúde e educação. São Paulo: Plexus, 2006.
2. LODI, Ana Claudia Balieiro. Leitura e escrita em crianças surdas: um estudo das estratégias utilizadas durante o período de aprendizagem [tese] Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 1996.
3. QUADROS, Ronice Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 1997.
4. SACALOSKI, Marisa. Inserção do aluno com deficiência no ensino regular: a comparação entre o desempenho dos alunos ouvintes e deficientes auditivos. Tese de doutorado apresentada à UNIFESP. 2001.
HIGHLIGHTS
2216
MATERIAL ENCANTO DAS LETRAS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Material Encanto das Letras: material de apoio do especialista
Contextualização e relevância do tema: Um dos objetivos do trabalho do especialista em Fonoaudiologia Educacional é garantir o sucesso do processo ensino/aprendizagem, desenvolvendo juntamente aos educadores e seus escolares, atividades que facilitem esse processo diminuindo a incidência das dificuldades no contexto escolar¹. A Alfabetização está intimamente ligada à capacidade de estabelecer a relação entre letras e sons. Nossa escrita apresenta como base o Princípio Alfabético, necessitando assim, que os escolares consigam representar os aspectos sonoros da fala através do uso das letras do alfabeto². Entre as confusões mais comuns durante o processo de estabelecimento destas relações, estão as correspondências entre fonemas surdos e sonoros com seus respectivos grafemas, por apresentarem como única diferença entre si, a presença ou não da vibração das pregas vocais durante sua produção, como é o caso entre os fonemas /f/ e /v/ representados pelas letras F e V. Porém, alguns destes fonemas, além de apresentar similaridade auditiva com o outro, apresentam também, o que chamamos de opacidade ortográfica, onde a relação entre fonema e grafema não é transparente, podendo um único som, ser representado por mais de um grafema, como é o caso dos fonemas /x/ e /j/, onde o escolar além de perceber a diferença sonora entre ambos, precisará escolher qual grafema utilizar de acordo com a palavra a ser escrita. Outro fator relevante para o processo ensino/aprendizagem, é o fato de que nem todos os escolares absorvem o conhecimento da mesma forma, devendo sempre levar-se em consideração que cada indivíduo tem sua maneira de aprender. Há aqueles que aprendem rapidamente, enquanto outros precisam de uma quantidade maior de repetição. E pensando em repetição e formação de memória, sabemos que o aprendizado musical beneficia todos os aspectos cognitivos³. Os processos de fala e escrita envolvem ritmo, sonoridade, organização, coordenação motora, sintaxe, pragmática, melodia, entre outros processos que são parte da música. Sendo assim, quando unimos a informação correta junto à sonoridade musical, temos um conjunto funcional para estimular a aprendizagem. Definição da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: O Material Encanto das letras, apresenta 6 faixas musicais inéditas e 12 cartazes em tamanho A3 (42 x 29,7cm) com letras e figuras. Cada música trata de um dos pares de fonemas surdos e sonoros e para cada uma delas, dois cartazes são direcionados para ilustrar e representar as letras e sons cantadas pela melodia. Tem como objetivo, facilitar o estabelecimento entre as relações de fonemas e grafemas, de forma lúdica e divertida para os escolares, tornando o trabalho da Fonoaudiologia Educacional mais dinâmico e funcional, dentro do ambiente educacional. Vem para preencher uma necessidade que se faz presente na rotina do fonoaudiólogo educacional que atua juntamente ao professor, que é a baixa oferta de materiais que atendem à demanda coletiva nas escolas, onde o objetivo é estimular, prevenir e diminuir a incidência das dificuldades de Aprendizagem, sendo uma ferramenta de apoio ao processo de alfabetização. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: A organização deste material teve seu início no ano de 2017, com a produção das músicas em estúdio e vem sendo utilizado como material de apoio aos fonoaudiólogos educacionais nas atividades e propostas dentro da Educação Infantil, com crianças por volta dos 4 anos, até o 3° ano do Ensino Fundamental, demonstrando utilidade e funcionalidade do início ao fim do processo de Alfabetização. Os professores orientados com este material, relatam maior participação, engajamento e interação de seus alunos, além de considerar que o material facilita a compreensão e memorização das crianças com relação ao uso das letras e domínio de questões ortográficas. A exposição dos escolares às imagens das letras, relacionadas aos sons que elas produzem, à forma de produção destes sons e tudo sendo traduzido por letras musicais fáceis de decorar e com melodias animadas, vem transformando a forma de aprender dos alunos e inovando o trabalho dos fonoaudiólogos educacionais.
1. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 309, de 1 de abril de 2005. Brasília: CFFa, 2005. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_309_05.htm. Acesso em 17 agosto 2020.
2. Andrade O.V.C.A., Andrade P.E., Capellini S.A. Modelo de Resposta à Intervenção RTI como identificar e intervir com escolares de risco para os Transtornos de Aprendizagem. São José dos Campos, SP. Pulso Editorial, 2014.
3. GCS Silva, VM Berthon, ACT Maranho, MCD Davoli. A Importância da Música na Aprendizagem. Revistas Científicas Eletrônicas FAIP, 2013. Disponível em: http://www.faip.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/4wmJIYOWqcHqA9T_2020-6-25-17-14-19.pdf Acesso em 17 agosto 2020.
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2217
MATERIAL ENCANTO DAS LETRAS
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Material Encanto das Letras
Contextualização e relevância do tema: Um dos objetivos do trabalho do especialista em Fonoaudiologia Educacional é garantir o sucesso do processo ensino/aprendizagem, desenvolvendo juntamente aos educadores e seus escolares, atividades que facilitem esse processo diminuindo a incidência das dificuldades no contexto escolar¹. A Alfabetização está intimamente ligada à capacidade de estabelecer a relação entre letras e sons. Nossa escrita apresenta como base o Princípio Alfabético, necessitando assim, que os escolares consigam representar os aspectos sonoros da fala através do uso das letras do alfabeto². Entre as confusões mais comuns durante o processo de estabelecimento destas relações, estão as correspondências entre fonemas surdos e sonoros com seus respectivos grafemas, por apresentarem como única diferença entre si, a presença ou não da vibração das pregas vocais durante sua produção, como é o caso entre os fonemas /f/ e /v/ representados pelas letras F e V. Porém, alguns destes fonemas, além de apresentar similaridade auditiva com o outro, apresentam também, o que chamamos de opacidade ortográfica, onde a relação entre fonema e grafema não é transparente, podendo um único som, ser representado por mais de um grafema, como é o caso dos fonemas /x/ e /j/, onde o escolar além de perceber a diferença sonora entre ambos, precisará escolher qual grafema utilizar de acordo com a palavra a ser escrita. Outro fator relevante para o processo ensino/aprendizagem, é o fato de que nem todos os escolares absorvem o conhecimento da mesma forma, devendo sempre levar-se em consideração que cada indivíduo tem sua maneira de aprender. Há aqueles que aprendem rapidamente, enquanto outros precisam de uma quantidade maior de repetição. E pensando em repetição e formação de memória, sabemos que o aprendizado musical beneficia todos os aspectos cognitivos³. Os processos de fala e escrita envolvem ritmo, sonoridade, organização, coordenação motora, sintaxe, pragmática, melodia, entre outros processos que são parte da música. Sendo assim, quando unimos a informação correta junto à sonoridade musical, temos um conjunto funcional para estimular a aprendizagem. Definição da situação-problema e da resolução encontrada ou proposta: O Material Encanto das letras, apresenta 6 faixas musicais inéditas e 12 cartazes em tamanho A3 (42 x 29,7cm) com letras e figuras. Cada música trata de um dos pares de fonemas surdos e sonoros e para cada uma delas, dois cartazes são direcionados para ilustrar e representar as letras e sons cantadas pela melodia. Tem como objetivo, facilitar o estabelecimento entre as relações de fonemas e grafemas, de forma lúdica e divertida para os escolares, tornando o trabalho da Fonoaudiologia Educacional mais dinâmico e funcional, dentro do ambiente educacional. Vem para preencher uma necessidade que se faz presente na rotina do fonoaudiólogo educacional que atua juntamente ao professor, que é a baixa oferta de materiais que atendem à demanda coletiva nas escolas, onde o objetivo é estimular, prevenir e diminuir a incidência das dificuldades de Aprendizagem, sendo uma ferramenta de apoio ao processo de alfabetização. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: A organização deste material teve seu início no ano de 2017, com a produção das músicas em estúdio e vem sendo utilizado como material de apoio aos fonoaudiólogos educacionais nas atividades e propostas dentro da Educação Infantil, com crianças por volta dos 4 anos, até o 3° ano do Ensino Fundamental, demonstrando utilidade e funcionalidade do início ao fim do processo de Alfabetização. Os professores orientados com este material, relatam maior participação, engajamento e interação de seus alunos, além de considerar que o material facilita a compreensão e memorização das crianças com relação ao uso das letras e domínio de questões ortográficas. A exposição dos escolares às imagens das letras, relacionadas aos sons que elas produzem, à forma de produção destes sons e tudo sendo traduzido por letras musicais fáceis de decorar e com melodias animadas, vem transformando a forma de aprender dos alunos e inovando o trabalho dos fonoaudiólogos educacionais.
Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 309, de 1 de abril de 2005. Brasília: CFFa, 2005. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/resolucoes/resolucoes_html/CFFa_N_309_05.htm. Acesso em 17 agosto 2020.
Andrade O.V.C.A., Andrade P.E., Capellini S.A. Modelo de Resposta à Intervenção RTI como identificar e intervir com escolares de risco para os Transtornos de Aprendizagem. São José dos Campos, SP. Pulso Editorial, 2014.
GCS Silva, VM Berthon, ACT Maranho, MCD Davoli. A Importância da Música na Aprendizagem. Revistas Científicas Eletrônicas FAIP, 2013. Disponível em: http://www.faip.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/4wmJIYOWqcHqA9T_2020-6-25-17-14-19.pdf Acesso em 17 agosto 2020.
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1116
MINHA PRIMEIRA TRIAGEM – USO DE FORMULÁRIO GOOGLE FORMS COMO RECURSO DE ENSINO
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
As estratégias de ensino voltadas para metodologias ativas buscam reduzir o distanciamento existente entre o ensino proposto pelas Instituições de Ensino Superior e as necessidades de saúde da população, sendo necessário, para isso, superar o paradigma “conteudista” predominante no ensino tradicional 1. As metodologias ativas de ensino surgiram como uma proposta para estimular o ato reflexivo do aluno, permitindo o pensamento crítico, de interagir com a realidade e se tornar ativo frente às transformações da sociedade, e, à medida que se inserem na teorização, trazem elementos novos, ainda não considerados nas aulas ou na própria perspectiva do professor 2,3. A aplicação de um formulário Google Forms em sala de aula, composto de perguntas sobre o entendimento do aluno quanto aos seus aspectos fonoaudiológicos, por exemplo, pode resultar em envolvimento por parte do educando por utilizarem-se da própria história na busca pelo conhecimento. Nesta perspectiva, com objetivo de realizar um levantamento sobre as características da comunicação e aspectos relacionados às funções orofaciais dos alunos do primeiro semestre de um curso de graduação em Fonoaudiologia, foi desenvolvido um formulário Google Forms denominado “Minha primeira triagem”. Aplicado no primeiro dia de aula dos ingressantes no curso de Fonoaudiologia, após a apresentação da turma, o formulário terá seu link disponibilizado para os alunos e terão seus resultados revelados por estes após a sua finalização. Em seguida, o professor apresentará o conteúdo da aula, o mercado de trabalho e as áreas da Fonoaudiologia, baseado nas respostas e relatos dos alunos. A reflexão crítica a ser realizada e a busca de conhecimento para estabelecer soluções devem partir dos próprios alunos, visto que são os sujeitos das ações. No formulário constam a solicitação do e-mail do aluno, um comando para realizá-lo e de 31 perguntas relacionadas à auto percepção das características da comunicação e dos aspectos relacionados às funções orofaciais. Para cada pergunta o aluno responderá “sim” ou “não”, com exceção da justificativa sobre a necessidade de consultar um fonoaudiólogo. Segue o conteúdo do formulário: a) comando: “Este é seu primeiro exercício como futuro fonoaudiólogo. Trata-se de uma triagem sobre a sua saúde fonoaudiológica. Então, devem ser assinalados os aspectos relacionados à sua comunicação, sua respiração e outros relevantes à Fonoaudiologia. Assinale sim ou não. Vejamos qual será o resultado; b) perguntas: Costuma contar estórias com alguma desorganização dos fatos? Tem problemas de memória? Tem vícios de linguagem (né, então, aí, tipo assim...)? Tem dificuldades para falar em público? Tem problemas na “dicção”? Costuma repetir, prolongar ou bloquear os sons da fala? Tem dificuldade para respirar? Respira com a boca aberta durante o dia ou à noite? Tem problemas na arcada dentária? Tem preferência por um lado para mastigar? Engasga-se com facilidade? Tem tosse com frequência? Modificaria alguma característica no seu rosto? Fala muito alto? Fala muito baixo? Ficou ou fica rouco por falar demais? Já perdeu a voz totalmente? Fuma? É desafinado quando fala? Tem pigarro com frequência? Possui má expressão corporal quando fala? Escuta música com fones de ouvido em volume alto? Utiliza cotonetes para tirar a cera (cerume) da orelha? Tem dificuldades para ouvir as pessoas falarem? Tem dificuldades para ouvir alguns sons do ambiente? Irrita-se com algum som? Fica tonto com frequência? Escuta zumbidos com frequência? Dificuldades para escrever? Dificuldades para ler? Acha que precisa consultar um fonoaudiólogo? Porque? Foi realizado um estudo piloto como 17 alunos ingressantes no curso de Fonoaudiologia. Os resultados colaboraram para orientar os alunos sobre possíveis alterações de natureza fonoaudiológica e ilustrar a apresentação de conteúdos relacionados ao mercado de trabalho e às áreas da Fonoaudiologia durante uma aula presencial. Foram selecionados os achados mais relevantes: a) dos respondentes, 64,7 % (11 alunos) referiram falhas na memória. Os conteúdos sobre cognição e as relações da Neuropsicologia e Fonoaudiologia foram aqui destacadas; b) 64,7 % (11) mencionaram dificuldades para falar em público e 41,2 % (7) referiram ter ficado rouco por falar demais. Este fato colabora para apresentar os benefícios de procedimentos em voz clínica e voz profissional; c) sobre problemas na “dicção”, 35,3%(6) responderam positivamente. Neste momento, a conceituação de linguagem, fala e voz é pertinente; d) 41,2 % (7) mencionaram que respiram pela boca e 76,5 % (13) preferem um dos lados para mastigar. Os aspectos da Motricidade Orofacial , assim como a dimensão interdisciplinar da Fonoaudiologia poderá ser discorrida utilizando-se da otorrinolaringologia e da ortodontia como exemplos; e) 64,7% (11) dos respondentes se irritam com algum som; 58, 8%(10) escutam música com fones de ouvido em volume alto; 47,1%(8) usam cotonetes; 17,6 %(3) referiram ter dificuldades de ouvir pessoas e sons do ambiente. Estes dados são suficientes para embasar o conteúdo de Audiologia utilizando as respostas dos alunos. Ao final, 94,1% relataram que necessitam consultar um fonoaudiólogo, pelos motivos relacionados aos questionamentos do formulário. Ao final, Os alunos foram orientados para realizarem consultas à profissionais para prevenção ou identificação de possíveis alteração na saúde comunicativa. A experiência foi considerada positiva pelos alunos por proporcionar uma reflexão sobre a própria saúde comunicativa e sobre a importância da Fonoaudiologia na sociedade. Sob a ótica do professor, conclui-se, portanto, que o uso de uma ferramenta virtual colabora para o processo de ensino-aprendizagem quando faz o aluno refletir sobre suas práticas, interagir com os conteúdos, utilizar recursos motivadores.
1. Chiesa AM et al. A formação de profissionais da saúde: aprendizagem significativa à luz da promoção da saúde. Cogitare Enfermagem 2007 ABR-jun; 12 (2): 236-240.
2. Martins, MCFN. Formação: saberes e fazeres humanizados. Boletim da saúde 2006 jul-dez; 20(2): 110-117.
3. Berbel, NAN. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas 2011 jan-jul; 32(01): 25-40.
HIGHLIGHTS
2205
O FONOAUDIÓLOGO INFLUENCIADOR DIGITAL: UM NOVO CAMINHO PARA A FONOAUDIOLOGIA
Linguagem (LGG)
Comunicação é um dos campo de estudo da Fonoaudiologia1 e tudo que relaciona-se com tal temática, gera interesse nessa ciência. Nos últimos anos, os meios e formas de comunicação têm evoluído. Anteriormente, era necessário recorrer aos veículos de comunicação em massa para ter um alcance de grande abrangência com o público. As redes sociais têm permitido um alcance semelhante porém com pouco investimento. Por exemplo, o Instagram, revela um potencial para ser um instrumento de comunicação técnica-cientifíca, assim, acessibilizando a ciência e aumentando a popularidade da Fonoaudiologia2. O termo influenciador digital, relativo àquela pessoa que usa as redes sociais para influenciar pessoas acerca de uma determinada temática é novo no Brasil, de ocorrência a partir de 20153. Diferente da Medicina, a Fonoaudiologia necessita de evidências cientificas que norteiem a comunicação fonoaudiológica nas mídias digitais2, e, sobretudo, respeitando o código de ética da categoria que orienta sobre: Questões como: fazer constar seu nome profissional; sua profissão e o número de inscrição no Conselho Regional de sua jurisdição nos anúncios, são pre requisitos para um bom trânsito na rede social2. O Capítulo X, Seções I e II do Código de Ética é destinado a normatizar o comportamento ético de fonoaudiólogos na publicidade, propaganda e nas redes sociais. Assim, a sugestão é que seja feita a leitura atenta dos Artigos 35 ao 40 para a valorização da Fonoaudiologia e das práticas profissionais individuais4. Quanto à situação problema revela-se à indagação: o que seria um fonoaudiólogo influencier na internet? É aquele profissional que divulga a Fonoaudiologia em meios digitais, com conteúdos que envolve a sua prática profissional, dicas, orientações, motivações e tem uma grande números de seguidores, interagindo e recebendo a sua influência com assuntos fonoaudiológicos. O que gera influência na decisão de estudos ou compra de recursos fonoaudiológicos. Geralmente a influência deste fonoaudiólogo envolve suas características individuais, somada à experiência profissional, convertendo informação cientifica para o seu público, dentro dos princípios da ética fonoaudiológica. Assim, a proposta é apontar as redes sociais como mais um recurso oportuno de ampliação de divulgação profissional, das 12 áreas da Fonoaudiologia, e também divulgação técnico-cientifica, visto que o público alvo do fonoaudiólogo sempre foi o seu paciente/cliente, que agora revela-se também na figura de seus pares o que possibilita a divulgação do seu trabalho, fortifica a sua imagem e reputação profissional e ainda lhe abre portas para pensar em qualificação por meio da educação e partilha de práticas aos referidos colegas profissionais. Evidenciou-se que a difusão da Fonoaudiologia em redes sociais tem grande potencial quando a humanidade precisou ficar em distanciamento social, devido a pandemia do COVID-19 (5,6), e os profissionais que tinham maior alcance nas redes sociais aumentaram o contato com o público e tiveram melhor adesão dos pacientes ao teleatendimento e dos alunos no ensino à distância/remoto. Suprindo, assim, a demanda de alguns profissionais que pouca experiência/manuseio no teleserviço, inclusive, aumentando a credibilidade dos cursos online. Uma outra oportunidade, neste período, foi a disponibilidade de transmissões ao vivo sem custo para o ouvinte, sendo, um dos maiores exponentes na área o canal do Youtube da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa). É reconfortante ´ver a evolução da Fonoaudiologia no teleserviço e no ambiente virtual. Recomenda-se pesquisas cientificas que caracterizem o profissional com maior alcance nas redes sociais e o seu impacto na formação e na comunicação técnica-cientifica para leigos e fonoaudiólogos. Estimula-se também o análise minuciosa e o cumprimento das diretrizes disponíveis no código de ética da classe para que as ações em âmbito virtual não inflija a legislação da classe. Assim, findamos este highlight reafirmando a necessidade de avanço de estudos no campo digital, viabilizando quantificar e qualificar as contribuições dos fonoaudiólogos influenciadores digitais dentro da sua própria classe como para com a população em geral.
Referencias:
1. Giroto CRM. Atuação fonoaudiológica na educação inclusiva. In: Marchesan, IQ, Justino H, Tomé MC (Orgs.). Tratado de especialidades em Fonoaudiologia. 1. ed. São Paulo: Guanabara Koogan; 2014.
2. Barros Junior, RA. Médico e influenciador: um estudo sobre a comunicação em saúde no Instagram. Trabalho apresentado na DT 6 – Interfaces Comunicacionais do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste, 22 - 24 maio 2019, Goiania (GO). Universidade Federal de Goiás, Goiânia; 2019.
3. Karhawi I. Influenciadores digitais: conceitos e práticas em discussão. Revista Communicare, V. 17, Edição especial de 70 anos da Faculdade Cásper Líbero- SP; 2017.
4. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução CFFa nº 490, de 18 de fevereiro de 2016. Dispõe sobre a aprovação da reformulação do Código de Ética da Fonoaudiologia e dá outras providências. Diário Oficial da União, 07 mar 2016; Seção 1: 196-198.
5. Werneck, Guilherme Loureiro ; Carvalho, Marília Sá . A pandemia de COVID-19 no Brasil: crônica de uma crise sanitária anunciada. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 5, e00068820, Abr. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00068820
6. Ebrahim Shahul H, Ahmed Qanta A, Gozzer Ernesto, Schlagenhauf Patricia, Memish Ziad A. Covid-19 and community mitigation strategies in a pandemic BMJ 2020; 368 :m1066. doi: .
HIGHLIGHTS
2010
O USO DE MONÓLOGOS COMO RECURSO TERAPÊUTICO PARA O PROFISSIONAL DA VOZ FALADA
Voz (VOZ)
Em se tratando de intenções comunicativas estamos nos referindo não somente à mensagem dita, como também às emoções que envolvem essa mensagem. Muitas vezes o profissional da voz falada busca acompanhamento fonoaudiológico para potencializar a sua comunicação, tornando-a mais clara e verdadeira. Mas nem sempre há uma queixa vocal no falante que, por ventura, venha a interferir na qualidade dessa comunicação. O que se busca são competências comunicativas que, na prática clínica, o fonoaudiólogo desfruta de diversos recursos para aprimorar a linguagem do paciente.
O texto de monólogo pode ser um desses recursos. Estudos de revisão teórica sobre monólogos, elucidam que há uma alteridade nessa categoria de textos que traz uma complexidade na fala. Não se trata somente de falar sozinho, mas sim de um trabalho imaginativo de uma relação dialógica. Esse movimento complexo de leitura e fala que o profissional da voz falada tem que desenvolver, traz a ele a oportunidade de perceber emoções dentro de diversos contextos e assim aperfeiçoar as suas intenções comunicativas. (1)
Quando os monólogos são utilizados na prática clínica fonoaudiológica, precisamos trabalhar com o paciente/cliente os recursos verbais e não-verbais para que as intenções comunicativas e emoções dos personagens (o real e o imaginário) venham à tona de forma mais clara. E é justamente a clareza da comunicação uma das competências que os profissionais da comunicação mais buscam. (2)
Uma vez passado pela experiência de imaginar as emoções por trás de um texto escrito por outro e trazer a luz da fala essas emoções utilizando recursos narrativos trabalhados na clínica, o falante não somente transforma a sua comunicação como também reconhece o seu próprio estilo narrativo.
Na prática clínica com repórteres, políticos, palestrantes, e profissionais da voz falada em geral, utilizei monólogos como recurso terapêutico e pude perceber que não bastava apenas trabalhar as habilidades verbais e não-verbais sem um contexto para significá-las. Frequentemente a expressividade era posta de forma artificial sem trazer junto a ela a verdade da comunicação do indivíduo falante. Assim, ao colocar o orador em situações potencialmente reais, ainda que fictícias, geralmente há uma melhor compreensão sobre a diversidade de expressões que somos capazes de trazer à fala. (3)
Este estudo tem por objetivo trazer ao fonoaudiólogo o conhecimento sobre o sucesso que a prática do uso de monólogo como recurso terapêutico tem trazido a clínica fonoaudiológica. O fonoaudiólogo pode melhorar o treino das expressividades, da linguagem verbal e não verbal, tão importantes na eficiência comunicativa do indivíduo. E não somente isso, há ainda uma amostra prática ao fonoaudiólogo sobre a subjetividade do orador, sobre a maneira como ele se apresenta em situações hipotéticas, ampliando assim a preparação desse mesmo orador para, inclusive, situações imprevisíveis.
Tanto os monólogos monofônicos (uma só voz) quanto os polifônicos (várias vozes numa única narrativa) são excelentes estratégias para aperfeiçoar as habilidades comunicativas do orador. Mas os monólogos polifônicos trazem um diálogo com diversas vozes que precisam ser alternadas para que o enunciado seja entendido.
Num olhar mais fonoaudiológico clínico, podemos entender o uso dos monólogos como uma estratégia ampla de diversificação da mensagem, das intenções comunicativas e da expressividade. (4)
1. Grejis, R. A. A alteridade no monólogo. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL. V. 4, 2 n. 6, março de 2006. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br] Acesso em: 13/06/2020
2. Kyrillos, L.R. (org.). Expressividade. Rio de Janeiro: Revinter, 2004
3. Viola, I.C. Expressividade, estilo e gesto vocal. Lorena: Instituto Santa Teresa, 2008
4. Bakhtin, M. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 4ªed. São Paulo: Hucitec, 1998.
HIGHLIGHTS
2161
OFICINA MULTIDISCIPLINAR DE PAIS PARA FAVORECER A INSERÇÃO FAMILIAR E SOCIAL DOS USUÁRIOS
Saúde Coletiva (SC)
1-Contextualização e relevância do tema: A Fonoaudiologia tem a possibilidade de atuar mais efetivamente nas Instituições psiquiátricas a partir de 1992, com a implantação da Portaria 224/92 que traz como uma de suas diretrizes a multiprofissionalidade na prestação de serviços às pessoas com Transtorno Mentais 1. O profissional que se dispõe a trabalhar com esta perspectiva de clínica precisa contribuir com outros modos de atuação, buscando espaços terapêuticos em que seja possível cuidar, acolher e escutar as angústias e as experiências de vida, bem como se preocupar com o sujeito em sofrimento mental e não mais com sua doença. É necessário ao profissional adaptar-se e buscar diferentes formas de atuar no campo da Saúde Mental. Esse contexto precisa ser repetidamente discutido na Fonoaudiologia. 2- Definição da situação-problema e resolução : O Centro de Atenção Psicossocial-CAPS é um dispositivo para a construção de um lugar social para os sujeitos com transtorno mentais severos e persistentes em nossa sociedade. Os CAPS são regulamentados pela portaria 336/GM de 19/02/2002 e integra a rede do Sistema Único de Saúde-SUS 3. O CAPS apresentado neste trabalho é Infanto Juvenil III, com atendimento 24 horas por dia, durante sete dias da semana, onde crianças e adolescentes podem permanecer em regime de acolhimento noturno, composto por equipe multiprofissional, da qual fazem parte uma fonoaudióloga, uma assistente social, quatro psicólogos e uma farmacêutica, além dos médicos e da equipe de enfermagem e quatro administrativos. No plantão noturno fica um profissional da equipe multidisciplinar, o médico, equipe de enfermagem e o administrativo. Segundo o Ministério da Saúde4 os CAPS III têm grande importância na rede substitutiva, pois representam mais um recurso terapêutico, evitando internações psiquiátricas; também atendem usuários em situações de grave comprometimento psíquico, como um recurso necessário para atendê-lo em crise de forma que a situação não evolua para a internação. As ferramentas terapêuticas do CAPS são: a) Acolhimento: consiste na escuta qualificada ao usuário, busca a humanização no atendimento e garante o acesso de todas as pessoas ao serviço; b) Projeto Terapêutico Singular (PTS): valoriza o saber e a opinião dos sujeitos atendidos e de seus familiares na construção do projeto terapêutico, personaliza o atendimento tanto no CAPS quanto no território. As atividades são acompanhadas pelo Técnico de Referência; c) Matriciamento: é um recurso de construção de novas práticas em saúde mental junto às comunidades, no território onde as pessoas vivem e circulam, pela sua proposta de encontros produtivos, sistemáticos e interativos entre equipes da Atenção Básica e equipes da saúde mental 5. 3- Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade de alguma abordagem fonoaudiológica: A realização dos atendimentos em grupo com os familiares pode ser considerado como espaço de convivência, de trocas de experiências, de produção de linguagem verbal e não verbal, que iniciam ou ampliam processos de invenção e produção de subjetividade e dão forças a singularidades dos sujeitos atendidos 6. Destaca-se que os atendimentos em grupo de pais foram realizados em equipe interdisciplinar (Fonoaudióloga e Assistente Social). Os pais foram inseridos na Oficina de Pais/Responsáveis, através da linguagem; foi possível lidar com assuntos que favoreçam a inclusão da criança/adolescente na sociedade e a melhora da comunicação entre a família e o sujeito atendido. Foram abordadas também questões relativas ao sofrimento da família: preconceito, dificuldade com regras e limites, compreensão da doença e como lidar com essas situações. Tendo em vista os aspectos abordados, observou-se que a participação da família propiciou sucesso terapêutico. A família ficou mais colaborativa, começou a oferecer a medicação da forma prescrita, passou a se corresponsabilizar pelo tratamento. Durante o regime de acolhimento também são realizadas orientação familiar visando o fortalecimento de vínculo entre os usuários do serviço.
1. Brasil. Portaria SAS/MS nº nº224/92 - diretrizes e normas para os estabelecimentos assistenciais em saúde mental. Brasiília: Ministério da Saúde, 1992. Disponível em: < http://www.saude.mppr.mp.br/pagina-319.html>. Acesso em 22 jun. 2020.
2. Almeida BPB. Fonoaudiologia e saúde mental: atuação dos fonoaudiólogos nos Centros de Atenção Psicossocial do Estado de São Paulo. São Paulo: PUC-SP, 2014. Disponível em:
3. Brasil. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em:
4. Brasil. Saúde mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em:
5. Iglesias A, Avellar LZ. Matriciamento em Saúde Mental: práticas e concepções trazidas por equipes de referência, matriciadores e gestores. Revista Ciênc. Saúde Coletiva 2019: 24 (4).Disponível em:< https://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000401247>. Acesso em 22 jun. 2020.
6. Santos AO, Nechio DEG. A paixão de fazer: saúde mental e dispositivo grupal. Fractal: Rev Psicol, 2010; 22(1). Disponível em:< https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1984-02922010000100010 &script=sci_abstract&tlng=pt.>. Acesso em 23 jun. 2020.
HIGHLIGHTS
2185
PERSONA - UMA PROPOSTA INOVADORA DE AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DE FALA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
A habilidade de compreensão de fala é fundamental para integração do indivíduo no seu cotidiano. Visando a efetividade da compreensão de fala, habilidades auditivas como atenção, análise, síntese e memória, associadas entre si, se fazem necessárias a fim de viabilizar o reconhecimento auditivo, ou seja, extrair sentido daquilo que se escuta [1] . A capacidade de compreender a fala na presença do ruído de fundo é um grande desafio para qualquer ouvinte, principalmente para os deficientes auditivos, sendo extremamente preocupante para usuários de dispositivos auditivos. Fetterman e Domico [2], verificaram em seus estudos, que o desempenho do entendimento da fala nos usuários de implante coclear quando estão em presença de ruído competitivo apresenta queda significativa, sendo a queixa principal queixa dessa população [3].
Desta forma, analisar a capacidade de reconhecimento de fala no ruído se torna cada vez mais importante no processo da avaliação e acompanhamento audiológico, devido a frequente queixa de dificuldade dos indivíduos para reconhecê-la. Assim sendo, nota-se a importância de testes de avaliação da percepção da fala com estímulos utilizando sentenças, porque, além de verificar a real habilidade auditiva do paciente, proporcionam uma aproximação direta com situações de comunicação do dia a dia. Estes testes fornecem informações que irão orientar a conduta mais adequada a ser indicada para o indivíduo com queixa de distúrbios de audição [4].
Apesar da relevância destes aspectos estudos apontam que no Brasil menos da metade dos centros de pesquisa e clínicas audiológicas utilizam ruído competidor ou fontes sonoras espacialmente distribuídas no diagnóstico e/ou reabilitação auditiva - devido à dificuldade de acesso à tecnologias de reprodução sonora espacialmente distribuída de maneira controlada e limitação de verba devido à necessidade de se importar software e eventualmente hardware [5].
Protocolos padronizados utilizados em países como Austrália, Inglaterra, Espanha, EUA, foram estudados de modo a avaliar as similaridades e principais diferenças, a fim de se direcionar o desenvolvimento de uma plataforma computacional livre e de fácil manuseio para realizar exames de inteligibilidade da fala com ruído competidor e fontes sonoras espacialmente distribuídas. Baseado na análise da literatura e de observações da prática clínica desenvolveu-se inicialmente um catálogo de melhorias e a descrição do comportamento desejado para um framework de software que possibilitasse a realização de ensaios da inteligibilidade da fala com ruído competitivo e fontes sonoras espacialmente distribuídas num ambiente clínico, com material de fala e e ruído gravado e de alta qualidade. Voltada a ser uma plataforma que não somente permite a avaliação do teste de reconhecimento da fala, mas sim permitir acompanhar o desenvolvimento das habilidades auditivas do paciente a plataforma foi chamada de perSONA. Desenvolveu-se inicialmente uma versão acadêmica usando a linguagem de programação MATLAB. Posteriormente a versão clínica foi desenvolvida na linguagem de programação C# e framework .NET, trazendo compatibilidade com as versões mais recentes do sistema operacional Windows/64-bit visando maior acessibilidade fora dos centros de pesquisa. O sistema desenvolvido, com os seus módulos implementados, é inovador pois permite a realização de protocolos de avaliação de percepção de fala com ruído competitivo em diferentes configurações de cenas acústicas, ou seja, com diferentes distribuições espaciais estáticas ou dinâmicas de fontes sonoras, objetivando a medição do limiar de reconhecimento de fala (LRF) no ruído tanto no âmbito da pesquisa como no dia-a-dia clínico. Os módulos implementados são: 1) Calibração / teste do sistema, 2) Configuração de ensaios, 3) Edição de base de dados de áudio (sinais de fala e/ou ruído competitivo), 4) Aplicação de ensaios, 5) Gerenciamento de pacientes , 6) Análise inter resultados e 7) Virtualização de fontes sonoras (VA), para produzir cenários acústicos estáticos ou dinâmicos com fontes sonoras distribuídas.
O módulo de calibração permite ao experimentador realizar a calibração e teste do sistema, em particular dos reprodutores sonoras, de forma bastante intuitiva, permitindo o uso de equipamentos à disposição do experimentador. Com a calibração realizada, o módulo gera um relatório de calibração com todas as informações relevantes. A configuração dos ensaios também é realizada de forma muito intuitiva, podendo o experimentador escolher diferentes sistema de reprodução sonora (fones de ouvido, sistema de 2 caixas em cabine, ou sistemas de n alto-falantes), diferentes materiais de fala, diferentes ruídos competitivos e diferentes posições para as fontes sonora de fala e ruído competitivo. Reconhecendo as vantagens de métodos adaptativos, implementou-se a reprodução de sinais com uma razão sinal-ruído (SNR) iterativa com regra de iteração customizável. O módulo de reprodução sonora utiliza técnicas de espacialização e reverberação permitindo a apresentação de cenas sonoras renderizadas em tempo real pelo método crosstalk-cancellation [6] e os reprodutores sonoros escolhidos. A plataforma permite obter o Limiar de reconhecimento da fala (LRF) com a aplicação de ensaios em normouvintes e usuários de ASSI e IC unilateral, bimodal ou bilateral em diferentes condições de reprodução sonora de cenas acústicas complexas. Permite também o uso da interface de pesquisa CCi-Mobile e com o uso de cabo de áudio de IC. A base de dados dos pacientes é completada cada vez que um ensaio for realizado, mas pode ser carregado também com dados de outros ensaios já realizados. Com isso, uma plataforma de gerenciamento clínico de pacientes que cruza informações pessoais, detalhes do tratamento auditivo e histórico de resultados de avaliações realizadas em distintos momentos foi integrada à execução da tarefa de percepção de fala proposta. O perSONA [7] é, portanto, uma plataforma flexível e promissora, voltada para melhorar e padronizar o atendimento de usuários de AASI e ICs ao longo do processo de avaliação e reabilitação.
1.Almeida, GVM , Ribas, A, Calleros, J. Free Field Word recognition test in the presence of noise in normal hearing adults. Brazilian Journal Of Otorhinolaryngology. 2017; 83 (6):.665-669.
2.Fetterman, BL, Domico, E H.Speech Recognition in Background Noise of Cochlear Implant Patients. Otolaryngology–head And Neck Surgery. 2002; 126 (3):.257-263.
3.Danieli, F; Bevilacqua, MC. Reconhecimento de fala em crianças usuárias de implante coclear utilizando dois diferentes processadores de fala. Acr - Audiology Communication Research. 2013;. 18 (1):.17-23.
4.Lessa, A H, Padilha, CB, Santos SN, Costa MJ. Reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído, em campo livre, em indivíduos portadores de perda auditiva de grau moderado. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2012 ; 16( 1 ): 16-25.
5. Faria, LRD. TESTES DE PERCEPÇÃO DE FALA NOS CENTROS DE IMPLANTE
COCLEAR: CONHECENDO A REALIDADE NACIONAL. 2016. Mestrado em Saúde da
Comunicação Humana – Universidade Federal De Pernambuco - PE.
6. Masiero, B, Vorländer, M. A framework for the calculation of dynamic crosstalk
cancellation filters. IEEE/ACM transactions on audio, speech, and language processing,
2014; 22 (9): 1345–1354.
7. Murta, B.H.P. Plataforma para ensaios de percepção sonora com fontes distribuídas
aplicável a dispositivos auditivos: perSONA, 2019, Mestrado em Engenharia Mecânica - Universidade Federal de Santa Catarina
HIGHLIGHTS
112
PLANEJAMENTO EFICIENTE = DEGLUTIÇÃO SEGURA
Disfagia (DIS)
04145011
A estimativa da disfagia dentro do setor hospitalar muitas vezes é subestimada, uma vez que, algumas variáveis interferem diretamente para seu diagnóstico, como a falta de avaliações específicas para identificação, variação no tempo da avaliação da biomecânica da deglutição sendo estimada em 6,7% com um custo anual atribuível de até $547 milhões. A definição de fluxos assistências apresentam como objetivo a construção de planos e processos capazes de manter a prática baseada em evidência bem como promover a melhoria diante da prestação e serviço em Saúde. Partindo do princípio que a assistência a Saúde deverá sempre manter-se em constante transformações, percebeu-se a necessidade realizar a sua aplicação principalmente para construção de uma ferramenta capaz de uniformizar a comunicação e condutas frente ao paciente Disfágico no âmbito hospitalar, desenvolvendo programa terapêutico a partir de escala de gravidade e estratificação do risco garantindo melhor acompanhamento fonoaudiológico e melhores ganhos nos scores funcionais além de reduzir o tempo de tratamento. A necessidade dessa ferramenta veio devido a déficit na condução do planejamento terapêutico dos pacientes Disfágicos; atendimento segmentado na equipe de Fonoaudiologia sem estabelecimento de meta terapêutica; aumento do tempo de tratamento dos pacientes acompanhados; déficit no ganho funcional da habilidade de alimentação e segurança da ingestão via oral e aumento no tempo de permanência de via alternativa de alimentação. Como ferramenta foi utilizado o diagrama de Ishikawa que permite a identificação da Análise da causa através de determinações de pontos críticos nos contextos de mão de obra (buscando as possibilidades de interferências da equipe multiprofissional para condução e parametrização do processo); método (identificação do problema a partir da não padronização de planejamento fonoaudiológico e dificuldade em traçar objetivos específicos para ganho funcional); materiais (falta de construção da ficha de planejamento X estratificação do risco a partir da gravidade do défict); máquinas, meio ambiente e medidas (ausência da meta para ganho funcional da deglutição e planejamento da terapia). A partir dessas pontuações nos campos abordados foi traçado plano de ação determinando as ações necessárias para melhorias de processos como o desenvolvimento Ficha de Planejamento Terapêutico X estratificação do risco; Elaboração do protocolo de metas funcionais; Estruturação do Fluxo para construção e definições dos programas de terapias e treinamento da equipe de Fonoaudiologia e realização do planejamento após realizações de avaliações fonoaudiológica. A partir das ações desenvolvidas observou-se a condução dos programas terapêuticos de acordo com a alteração da biomecânica e gravidade da Deglutição e determinando as diretrizes necessárias para elaboração das estratégias condizentes com as alterações funcionais e os dados coletados a partir de indicadores de processos e resultados com aumento exponencial além da meta de indicador estimada. Não adianta somente a realização da construção da ferramenta mas a auditoria do processo da qualidade técnica é essencial para adesão profissional. A padronização dos processos bem como o desenvolvimento de planejamentos terapêuticos favorecem o desenvolvimento de ações ao paciente com maior efetividade bem como reduz a possibilidade de eventos adversos, como por exemplo a redução da incidência da Pneumonia aspirativa, ampliando a segurança no atendimento prestado e minimização dos custos em Saúde.
Steele CM, Mukherjee R, et al. Development of a Non-invasive Device for Swallow Screening in Patients at Risk of Oropharyngeal Dysphagia: Results from a Prospective Exploratory Study. Dysphagia 2019.
Nascimento Junior, JR. A importância do Fonoaudiólogo no protocolo de prevenção de Pneumonia aspirativa na Unidade de Terapia Intensiva. Projetos Arquivos Fresenius Kabi – Arquivos em Disfagia, 2019.
Hinchey JA, Shephard T, Furie K, Smith D, Wang D, Tonn S; Stroke Practice Improvement Network Investigators. Formal dysphagia screening protocols prevent pneumonia. Stroke 2005; 36(9): 1972-6
HIGHLIGHTS
2198
PRÁTICAS SANITÁRIAS NO ENFRENTAMENTO DA COVID-19
Saúde Coletiva (SC)
Sabe-se que o Coronavírus – SARS-COV-2 – é um tipo de vírus que causa infecções respiratórias que podem variar de um simples resfriado a uma pneumonia severa. Foi descoberto em 31 de dezembro de 2019, na China, onde surgiu o primeiro caso da doença – Covid-19. No Brasil o primeiro caso foi de um paciente em São Paulo, que voltou de viagem à Itália, sendo anunciado pelo Ministério da Saúde em 26 de fevereiro de 2020. A Covid-19 geralmente é uma doença leve a moderada, mas alguns casos podem ficar graves. Os sintomas mais comuns da doença são febre persistente, tosse e dificuldade para respirar. A transmissão pode ocorrer através de gotículas respiratórias (espirro ou tosse), contato direto com secreções (catarro, coriza), contato próximo (menos de 2 metros de distância) com alguém infectado ou por contato com objetos e superfícies contaminados. É de grande relevância a conscientização de toda a população e o treinamento das equipes de saúde, incluindo os fonoaudiólogos para o enfrentamento da Pandemia nos diversos locais de atendimento dos pacientes. O processo deve ser contínuo e dinâmico, a fim de viabilizar o atendimento e a prática profissional. É sabido que as legislações pertinentes guiam os profissionais de saúde e os demais indivíduos sobre as orientações preconizadas de acordo com a complexidade e risco envolvidos. A experiência relatada evidencia que é possível atender as recomendações regulamentares (das três esferas governamentais) com praticidade e simplificação das rotinas de trabalho dos serviços e consultórios de fonoaudiologia. O objetivo é divulgar as ações de prevenção à Covid-19, através de regras simples, intituladas de Regras de Ouro, a fim de nortear outras experiências de retomada do gênero no nosso país. O público alvo são os gestores, empreendedores, profissionais fonoaudiólogos e cidadãos comuns que necessitem de treinamento para lidar com as regras sanitárias. As ações para o desenvolvimento das Regras de Ouro iniciaram-se a partir da necessidade de construção de um documento claro e objetivo de proteção à saúde da população, nos diversos segmentos de atividade desenvolvido nos limites municipal. Através de análises de experiências nacionais e internacionais, artigos científicos, reportagens e legislações vigentes, foi feito um grupo de estudo com profissionais de diversas áreas de atuação, dentre eles: fonoaudiólogo, médico, médico-veterinário, cirurgião-dentista, enfermeiro e farmacêutico. Todas as reuniões foram realizadas por forma digital na plataforma ZOOM, com planejamento prévio. Após o momento de discussão, foram elaborados documentos orientativos, os quais foram publicados no D.O. municipal e encontram-se disponíveis nas plataformas digitais. As Regras de Ouro, surgiram da necessidade de desmistificar as exigências sanitárias, tornando acessível a todas as camadas sociais. São elas: higienizar as mãos antes e depois de cada atividade usando água e sabão líquido ou, quando não for possível, álcool 70% em gel; em áreas de circulação, incluindo banheiros, disponibilizar álcool 70% em gel, dispensadores de sabão líquido e de papel-toalha descartável e lixeiras com tampa, sem acionamento manual; usar obrigatoriamente máscara em todas as áreas comuns, e só retirar durante as refeições; obedecer ao distanciamento de dois metros ou quatro metros quadrados por pessoa, evitando o uso do elevador; manter os ambientes arejados com as janelas e portas abertas e a limpeza dos aparelhos de ar-condicionado em dia; providenciar máscaras, luvas de borracha, toucas e outros equipamentos de proteção individual (EPIs) para as equipes de limpeza e demais funcionários, de acordo com a atividade exercida; reforçar a sensibilização sobre a etiqueta respiratória, a ser adotada em caso de tosse ou espirros: proteger a boca e o nariz com lenço de papel descartável ou o braço, evitando tocar o rosto; encaminhar à assistência médica o funcionário ou colaborador que apresente sintomas da Covid-19; fazer a limpeza concorrente a cada três horas e a limpeza terminal após o expediente, com atenção à necessidade da limpeza imediata e divulgar em pontos estratégicos os materiais educativos e outros meios de informação sobre as medidas de prevenção à Covid-19, como as Regras de Ouro e a Central 1746. As regras sanitárias mais elaboradas possuem como base as Regras de Ouro. O fonoaudiólogo enquanto profissional de saúde deve seguir a norma preconizada, assim como divulgar todos os procedimentos que são oficialmente regularizados. Na prática da fiscalização podemos observar mudanças comportamentais e culturais da segurança do cuidado que apontam para o novo do fazer em saúde. Desta forma, concluímos que é possível colaborar com a mudança cultural através da conscientização de todos, profissionais de saúde ou não, de forma legal e sem risco sanitário para a população assistida.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020. Orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2). Atualizada em 8 de maio de 2020. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/Nota+T%C3%A9cnica+n+04-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA nº 07/2020. Orientações para a prevenção da transmissão de covid-19 dentro dos serviços de saúde. (complementar à Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020). Publicada em 08 de maio de 2020. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/NOTA+T%C3%89CNICA+-GIMS-GGTES-ANVISA+N%C2%BA+07-2020/f487f506-1eba-451f-bccd-06b8f1b0fed6
DECRETO RIO Nº 47.282 DE 21 DE MARÇO DE 2020. Determina a adoção de medidas adicionais, pelo Município, para enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus – COVID - 19, e dá outras providências. Diário Oficial RIO de 21 de março de 2020.
DECRETO RIO Nº 47488 DE 02 DE JUNHO DE 2020. Institui o Comitê Estratégico para desenvolvimento, aprimoramento, e acompanhamento do Plano de Retomada, em decorrência dos impactos da pandemia da COVID-19, e dá outras providências. Diário Oficial RIO de 02 de junho de 2020.
Ministério da Saúde/Gabinete do Ministro. Portaria nº 188/GM/MS, de 04 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), em decorrência da Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV). Publicado no Diário Oficial da União em 04 de fevereiro de 2020.
HIGHLIGHTS
2174
PRÓ-MAMÁ OSÓRIO: APLICATIVO DE AMAMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL CRIADO PELO NASF EM PARCERIA COM INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UMA ALTERNATIVA EM ÉPOCA DE COVID-19
Saúde Coletiva (SC)
O NASF - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica em conjunto com o Setor de Fonoaudiologia criou, em 2016, o PRÓ-MAMÁ - Programa Municipal de Aleitamento Materno que reorganizou o cuidado na Linha Materno-Infantil no Município.
O Programa promove a qualificação do atendimento às gestantes, mães e bebês em relação à amamentação e ao desenvolvimento integral na primeira infância, visando a equidade e a integralidade do cuidado.
O PRÓ-MAMÁ conta com uma equipe gestora multiprofissional formada por duas fonoaudiólogas, uma nutricionista e uma psicóloga. O diferencial do programa é a formação de um profissional de referência em amamentação em cada Unidade de Saúde, no intuito de atuar de forma mais próxima ao território e aos usuários, principalmente nos primeiros dias de vida, através de visita domiciliar e atendimentos nas unidades.
No intuito de ampliar o acesso da população ao PRÓ-MAMÁ, a equipe decidiu criar um aplicativo de amamentação e desenvolvimento infantil, que acompanhasse o crescimento e desenvolvimento da criança desde o nascimento até os 2 anos de vida.
A concretização desta proposta ocorreu através da articulação intersetorial com uma instituição educacional pública do município. O desafio foi desenvolver uma ferramenta inovadora para o SUS, sem fins lucrativos aliando educação e saúde através de duas instituições públicas. Os alunos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas criaram um aplicativo de amamentação e desenvolvimento infantil interativo em parceria com a equipe gestora do PRÓ-MAMÁ.
O diferencial foi usar a tecnologia associada ao trabalho já existente dos profissionais de referência em amamentação ligados ao PRÓ-MAMÁ, o que em nenhum momento substituiu o atendimento presencial que ocorre em todas as Equipes de Saúde municipais.
O aplicativo tem sido usado como ferramenta complementar do trabalho em saúde desde seu lançamento em agosto de 2018 e tem sido amplamente divulgado através dos atendimentos e da mídia.
Dentre os objetivos, temos o fortalecimento do vínculo entre a população usuária dos serviços e os profissionais de saúde; aproximação dos profissionais de saúde das mães no período da amamentação; ampliação do acesso a informações atualizadas a respeito da amamentação e desenvolvimento infantil; utilização da tecnologia como aliada no processo de prevenção e promoção de saúde; acompanhamento sistemático dos dados de crescimento e desenvolvimento da criança e a prevenção de desfechos desfavoráveis para o desenvolvimento infantil.
Trata-se de uma ferramenta interativa, disponível para Android e IOS, gratuita e funciona baseada na data de nascimento do bebê. Após cadastrar a data de nascimento da criança, a mãe passa a receber notificações com informações de saúde que são relevantes conforme a idade do bebê. Até o 7º dia essas mensagens são diárias, depois semanais e após os 12 meses passam a ser quinzenais. Estas mensagens referem-se à saúde integral da criança e não somente à amamentação. A criança pode ser cadastrada a qualquer momento até o limite de 2 anos.
O aplicativo oportuniza ainda a interação do usuário (por enquanto apenas residentes do município) com os profissionais de saúde através do Fale Conosco, em que é possível fazer perguntas que serão respondidas pela equipe do PRÓ-MAMÁ. Caso seja necessário, o usuário é orientado a procurar o atendimento presencial. Serve também como um recurso dinâmico e atualizado para os profissionais de saúde que podem tê-lo como aliado à rotina diária do trabalho, através das informações de texto e vídeos contidas no aplicativo.
O público-alvo são as mães, famílias, profissionais de saúde e sociedade em geral que possam beneficiar-se de informações para saúde integral da criança. Por se tratar de um aplicativo de domínio público, gratuito e sem restrição de acesso, ele tem abrangência estadual, nacional e mundial configurando-se como uma ferramenta inovadora no cuidado em saúde.
Os principais resultados do aplicativo são a disseminação de informações com base na literatura científica e nas recomendações do Ministério da Saúde, a melhoria do acesso aos serviços sendo uma ferramenta acessível que oportuniza o apoio qualificado às mães no período da amamentação.
Até o momento, foram realizados 908 downloads, com aumento da procura por atendimentos pela equipe do PRÓ-MAMÁ. Como tecnologia social, tem contribuído de forma significativa para a promoção do aleitamento materno e como ferramenta de apoio aos profissionais da saúde.
O aplicativo não substitui a prática diária dos profissionais de saúde no manejo da amamentação, mas constitui-se como uma ferramenta inovadora de promoção e apoio ao aleitamento materno, alimentação complementar e desenvolvimento infantil.
Levando-se em conta o atual momento, em que temos restrições de acesso a serviços devido à Covid-19, este aplicativo reafirma a importância desta forma de ação, uma vez que as informações podem ser acessadas de casa pela mãe / família.
Brasil. Ministério da Saúde. Saúde da Criança - Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Brasília; 2015 (Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica)
Brasil. Ministério da Saúde Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2° ed. Brasília, 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido. Guia para os profissionais de saúde. Brasília, 2011.
Organização Mundial da Saúde. Evidências científicas dos dez passos para o sucesso no aleitamento materno. Brasília; 2001.
HIGHLIGHTS
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PRÓ-MAMÁ OSÓRIO: APLICATIVO DE AMAMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL CRIADO PELO NASF EM PARCERIA COM INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UMA ALTERNATIVA EM ÉPOCA DE COVID-19
Saúde Coletiva (SC)
O NASF - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica em conjunto com o Setor de Fonoaudiologia criou, em 2016, o PRÓ-MAMÁ - Programa Municipal de Aleitamento Materno que reorganizou o cuidado na Linha Materno-Infantil no Município.
O Programa promove a qualificação do atendimento às gestantes, mães e bebês em relação à amamentação e ao desenvolvimento integral na primeira infância, visando a equidade e a integralidade do cuidado.
O PRÓ-MAMÁ conta com uma equipe gestora multiprofissional formada por duas fonoaudiólogas, uma nutricionista e uma psicóloga. O diferencial do programa é a formação de um profissional de referência em amamentação em cada Unidade de Saúde, no intuito de atuar de forma mais próxima ao território e aos usuários, principalmente nos primeiros dias de vida, através de visita domiciliar e atendimentos nas unidades.
No intuito de ampliar o acesso da população ao PRÓ-MAMÁ, a equipe decidiu criar um aplicativo de amamentação e desenvolvimento infantil, que acompanhasse o crescimento e desenvolvimento da criança desde o nascimento até os 2 anos de vida.
A concretização desta proposta ocorreu através da articulação intersetorial com uma instituição educacional pública do município. O desafio foi desenvolver uma ferramenta inovadora para o SUS, sem fins lucrativos aliando educação e saúde através de duas instituições públicas. Os alunos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas criaram um aplicativo de amamentação e desenvolvimento infantil interativo em parceria com a equipe gestora do PRÓ-MAMÁ.
O diferencial foi usar a tecnologia associada ao trabalho já existente dos profissionais de referência em amamentação ligados ao PRÓ-MAMÁ, o que em nenhum momento substituiu o atendimento presencial que ocorre em todas as Equipes de Saúde municipais.
O aplicativo tem sido usado como ferramenta complementar do trabalho em saúde desde seu lançamento em agosto de 2018 e tem sido amplamente divulgado através dos atendimentos e da mídia.
Dentre os objetivos, temos o fortalecimento do vínculo entre a população usuária dos serviços e os profissionais de saúde; aproximação dos profissionais de saúde das mães no período da amamentação; ampliação do acesso a informações atualizadas a respeito da amamentação e desenvolvimento infantil; utilização da tecnologia como aliada no processo de prevenção e promoção de saúde; acompanhamento sistemático dos dados de crescimento e desenvolvimento da criança e a prevenção de desfechos desfavoráveis para o desenvolvimento infantil.
Trata-se de uma ferramenta interativa, disponível para Android e IOS, gratuita e funciona baseada na data de nascimento do bebê. Após cadastrar a data de nascimento da criança, a mãe passa a receber notificações com informações de saúde que são relevantes conforme a idade do bebê. Até o 7º dia essas mensagens são diárias, depois semanais e após os 12 meses passam a ser quinzenais. Estas mensagens referem-se à saúde integral da criança e não somente à amamentação. A criança pode ser cadastrada a qualquer momento até o limite de 2 anos.
O aplicativo oportuniza ainda a interação do usuário (por enquanto apenas residentes do município) com os profissionais de saúde através do Fale Conosco, em que é possível fazer perguntas que serão respondidas pela equipe do PRÓ-MAMÁ. Caso seja necessário, o usuário é orientado a procurar o atendimento presencial. Serve também como um recurso dinâmico e atualizado para os profissionais de saúde que podem tê-lo como aliado à rotina diária do trabalho, através das informações de texto e vídeos contidas no aplicativo.
O público-alvo são as mães, famílias, profissionais de saúde e sociedade em geral que possam beneficiar-se de informações para saúde integral da criança. Por se tratar de um aplicativo de domínio público, gratuito e sem restrição de acesso, ele tem abrangência estadual, nacional e mundial configurando-se como uma ferramenta inovadora no cuidado em saúde.
Os principais resultados do aplicativo são a disseminação de informações com base na literatura científica e nas recomendações do Ministério da Saúde, a melhoria do acesso aos serviços sendo uma ferramenta acessível que oportuniza o apoio qualificado às mães no período da amamentação.
Até o momento, foram realizados 908 downloads, com aumento da procura por atendimentos pela equipe do PRÓ-MAMÁ. Como tecnologia social, tem contribuído de forma significativa para a promoção do aleitamento materno e como ferramenta de apoio aos profissionais da saúde.
O aplicativo não substitui a prática diária dos profissionais de saúde no manejo da amamentação, mas constitui-se como uma ferramenta inovadora de promoção e apoio ao aleitamento materno, alimentação complementar e desenvolvimento infantil.
Levando-se em conta o atual momento, em que temos restrições de acesso a serviços devido à Covid-19, este aplicativo reafirma a importância desta forma de ação, uma vez que as informações podem ser acessadas de casa pela mãe / família.
Brasil. Ministério da Saúde. Saúde da criança - aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília; 2015. (MS. Cadernos de Atenção Básica)
Brasil. Ministério da Saúde. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2º ed. Brasília; 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Atenção à saúde do recém-nascido. Guia para os profissionais de saúde. Brasília; 2011.
Organização Mundial da Saúde. Evidências científicas dos dez passos para o sucesso no aleitamento materno. Brasília; 2001.
HIGHLIGHTS
1203
PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAL NA PESQUISA CLÍNICA EM AUDIOLOGIA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Sinais neurofisiológicos são amplamente estudados em pesquisas clínicas, como os potenciais evocados auditivos, visuais e somatossensoriais, que representam uma resposta cerebral a um determinado estímulo. Ferramentas de processamento digital de sinal possibilitam a customização de análises da eletrofisiologia da audição e necessitam habilidades computacionais.
Em geral potenciais evocados auditivos (PEAs) são avaliados subjetivamente de forma qualitativa. Interferências como o ruído ou a qualidade do sinal podem dificultar a avaliação ou até mesmo gerar uma análise equivocada dependendo do nível de treinamento e da experiência clínica. A subjetividade pode gerar dificuldades na comunicação entre laboratórios e clínicas e inclusive comprometer o nível de evidência científica de alguns estudos utilizando potenciais evocados auditivos. A utilização de ferramentas de processamento digital de sinal, como o programa MATLAB (MATrix LABoratory), permite análises quantitativas customizadas além de design de filtro, visualização de espectrogramas, criação de estímulos auditivos e outras funções. O MATLAB é um software interativo que utiliza linguagem de programação para resolução de cálculos numéricos muito utilizado na área das engenharias e tem grande potencial de aplicação na área da audiologia, em especial, no Brasil.
O potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) avalia a integridade da via auditiva pela resposta característica de sete ondas que correspondem aos processos neurofisiológicos do nervo auditivo ao lemnisco lateral. São avaliados os picos, as latências e os intervalos interpicos extraídos das ondas I-III-V, entretanto, a amplitude das ondas ainda é pouco considerada para diagnóstico. Existem evidências de que a redução da amplitude de algumas ondas reflete algum acometimento na via, como visto na perda auditiva oculta, com a redução da amplitude da onda I. Atualmente, já existem sistemas desenvolvidos para detectar e identificar os picos automaticamente, diminuindo o tempo de análise e possíveis erros.
Para potenciais que utilizam sinais complexos, como o Complex auditory brainstem response (cABR) o uso de processamento digital de sinal pode ser aplicado para análises que vão além da marcação comumente utilizada dos picos V-A-C-D-E-F-O. Em virtude da transparência desse potencial, análises no domínio do tempo permitem uma avaliação mais aprofundada sobre o desenvolvimento do pitch, codificação das frequências e informações sobre a qualidade de percepção dos sons, utilizando parâmetros como a correlação-cruzada entre estímulo e resposta, seu atraso, a relação sinal-ruído e força do pitch. Já no domínio da frequência, permite uma avaliação da fase e da amplitude espectral da frequência fundamental e seus harmônicos, através da Transformada Rápida de Fourier (Fast Fourier Transform = FFT).
Para análise dos dados no MATLAB, os sinais deve ser convertidos em formato .ASCII. Vários programas de aquisição, como o SmartEP do Intelligent Hearing System, permitem gravar os dados em formato .ASCII. Após a importação dos dados, o código de análise customizado filtra o sinal (definir as características do filtro: tipo, ordem, fase), exclui trechos de acordo com limiares de qualidade (amplitude ou característica do sinal), apresenta graficamente de forma individual ou total (individual ou com sobreposições), realiza as promediações de acordo com os estímulos (visualiza as médias de acordo com cada estímulo), quantifica amplitude e latências (gera tabelas com as variáveis desejadas), e apresenta graficamente no domínio do tempo e da frequência (espectrograma, espectro de potência), para posterior análise estatística. Outra vantagem do uso do MATLAB, é a disponibilidade de forma gratuita de ferramentas de análise desenvolvidas por outros grupos de pesquisa, um exemplo é o The Brainstem Toolbox desenvolvido pelo laboratório da pesquisadora Nina Kraus.
O software MATLAB também pode ser um aliado na criação de estímulos, sejam eles tom puros ou estímulos complexos. Uma vantagem é a possibilidade de criar estímulos com uma frequência fundamental determinada e simular parâmetros acústicos do sistema fonte-filtro, como a frequência dos formantes e harmônicos. Dessa forma, a utilização do software MATLAB se torna efetivo ao otimizar o tempo de avaliação e análises necessárias para o neurodiagnóstico e pesquisa dos limiares eletrofisiológicos, levando também em consideração diferenças discretas na amplitude, que podem não ser detectadas na avaliação subjetiva visual. Além disso, oferece ao avaliador informações importantes sobre o processamento de sons e a codificação dos aspectos temporais e espectrais da fala, importantes para o diagnóstico precoce de possíveis déficits no processamento auditivo.
Este highlight tem o objetivo de compartilhar experiências da aplicabilidade do software MATLAB na análise de potenciais evocados auditivos, na criação de estímulos auditivos para uso nestes potenciais com ênfase na pesquisa clínica, e trazer contribuições inovadoras que poderão se estender para a prática clínica na área da audiologia e instrumentalização em processamento digital de sinais. A Fonoaudiologia do futuro vislumbra desafios de novas habilidades, conhecimentos e atitudes que devem ser desenvolvidas com ações no presente.
1. van Drongelen W. Signal processing for neuroscientists. Burlington, Mass: Academic Press; 2007.
2. Boutsen F, Dvorak J. MATLAB primer for speech-language pathology and audiology. San Diego, California: Plural Publishing Inc.; 2016.
3. Don M. Quantitative approaches for defining the quality and threshold of auditory brainstem responses. IIEEE Engineering In Medicine & Biology Society. 1989;2:0761–0762.
4. Møller A, Jannetta P, Bennett M, Møller M. Intracranially recorded responses from the human auditory nerve: New insights into the origin of brain stem evoked potentials (BSEPs). Electroencephalography and Clinical Neurophysiology. 1981;52(1):18-27.
5. Schaette R, McAlpine D. Tinnitus with a Normal Audiogram: Physiological Evidence for Hidden Hearing Loss and Computational Model. Journal of Neuroscience. 2011;31(38):13452-13457.
6. Naves K, Pereira A, Andrade A. Decomposição e análise dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico. Revista Brasileira de Engenharia Biomédica. 2013;29(1):15-24.
7. Skoe E, Kraus N. Auditory Brain Stem Response to Complex Sounds: A Tutorial. Ear and Hearing. 2010;31(3):302-324.
HIGHLIGHTS
1319
PROGRAMA DE DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO EM DISFAGIA OROFARÍNGEA NEUROGÊNICA (PRODIREDON): 20 ANOS DE EXPERIÊNCIA
Disfagia (DIS)
Introdução: A disfagia orofaríngea (DO) é sintoma frequente nas doenças neurológicas, com comprometimento do deslocamento do bolo alimentar da boca até o estômago e com possíveis complicações nutricionais, pulmonares e na qualidade de vida (1,2,3). Considerando que há riscos para a saúde do indivíduo disfágico e que o impacto econômico para o sistema de saúde pode ser alto quando essa população não recebe atendimento especializado, há urgente necessidade de programas públicos e/ou privados para o diagnóstico e reabilitação da disfagia orofaríngea.
Objetivo: descrever o protocolo organizacional de um serviço público para o diagnóstico e reabilitação da disfagia orofaríngea neurogênica.
Método: O Programa de Diagnóstico e Reabilitação em Disfagia Orofaríngea Neurogênica (PRODIREDon) foi proposto em 2000 para um Centro Especializado de Reabilitação (CER) de uma Universidade Pública do Estado de São Paulo. Participam do programa dois docentes do Curso de Fonoaudiologia (Fonoaudiólogo e Médico Otorrinolaringologista), alunos de pós-graduação nível mestrado (três Fonoaudiólogos e uma Nutricionista) e doutorado (um Fonoaudiólogo), alunos de iniciação científica (três estudantes de Fonoaudiologia), uma enfermeira e uma assistente social. O número de alunos de graduação e pós-graduação é anualmente dependente da entrada de novos estudantes no Grupo de Pesquisa “Disfagia Orofaríngea”. Desde 2013 esse programa tem a parceria do Programa de Atendimento Interdisciplinar à Criança Portadora de Comprometimento Neurológico de uma Universidade particular local com participação de um Fonoaudiólogo e um Médico Gastropediatra.
Resultados: Anualmente são realizados de 200 a 250 atendimentos de indivíduos com doenças neurológicas ou, mais recentemente, com queixas de dificuldades alimentares sem etiologia definida, rastreados por outros serviços locais e regionais, ou pelo próprio CER, independente do sexo ou faixa etária. O PRODIREDon aplica instrumento de avaliação clínica para disfagia orofaríngea baseado em Logemann et al (1999) (4) e Mann G (2000)(5) com consistências de alimento padronizadas pelos níveis 2, 1 e 0 do International Dysphagia Diet Standardization Initiative (IDDSI)(6,7) desde 2015. Na avaliação clínica para adultos é preenchida também a Functional Oral Intake Scale (FOIS)(8) para uso posterior no controle de eficácia terapêutica. Para a população adulta realiza-se videoendoscopia de deglutição de rotina com as mesmas consistências padronizadas na avaliação clínica, com intervalo de no mínimo 1 hora e máximo sete dias. Para a população infantil, quando o desfecho clínico é disfagia e há indicação de exame instrumental, realiza-se videofluoroscopia de deglutição e avaliações complementares na instituição parceira. Após a devolutiva com a tomada de decisão da equipe, os pacientes locais são incluídos nos programas de reabilitação e os de outras localidades são orientados e encaminhados. Os programas de reabilitação são realizados por tempo determinado, com programa inicial de três semanas, cinco vezes na semana, nas quais o paciente e/ou responsáveis devem assumir três dias de treinamento com relato e/ou gravação das sessões. Para algumas doenças neurodegenerativas o tempo de gerenciamento do programa é distinto. Ao término do programa de reabilitação aplica-se protocolo de controle de eficácia terapêutica mediante novas avaliações clínicas e instrumentais.
Conclusão: Essa experiência permite a prestação de atendimento interdisciplinar à população disfágica e contribui para a formação de estudantes de graduação e pós-graduação na área de disfagia orofaríngea neurogênica.
1.Takizawa C, Gemmell E, Kenworthy J, Speyer R. A Systematic Review of the Prevalence of Oropharyngeal Dysphagia in Stroke, Parkinson's Disease, Alzheimer's Disease, Head Injury, and Pneumonia. Dysphagia. 2016;31(3): 434-41.
2.Warnecke T, Dziewas R, Wirth R, Bauer JM, Prell T. Dysphagia from a neurogeriatric point of view: Pathogenesis, diagnosis and management. Z Gerontol Geriatr. 2019; 52 (4): 330-335.
3.Umay E, Ozturk E, Gurcay E, Delibes O, Celikel F. et al. Swallowing in Parkinson's Disease: How is it affected?. Clin Neurol Neurosurg. 2019;177:37-41.
4. Logemann JA, Veis S, Colangelo L. A screening procedure for oropharyngeal dysphagia. Dysphagia. 1999; 14(1):44-51.
5.Mann, G.D. MASA: the Mann Assessment of Swallowing Ability. New York: Singular Thomson Learning. 2002.
6. Cichero J, Steele CM, Duivestein J, Clavé P, Chen J, Kayashita J, et al. The need for international terminology and definitions for texture-modified foods and thickened liquids used in dysphagia management: foundations of a global initiative. Curr Phys Med Rehabil Rep. 2013;1(4):280-91.
7.Cichero JA, Lam P, Steele CM, Hanson B, Chen J, Dantas RO, et al. Development of International Terminology and Definitions for Texture-Modified Foods and Thickened Fluids Used in Dysphagia Management: The IDDSI Framework. Dysphagia 2017; 32(2):293-314.
8. Crary MA, Mann GD, Groher ME. Initial psychometric assessment of a functional oral intake scale for dysphagia in stroke patients. Arch Phys Med Rehab. 2005; 86(8):1516-20.
HIGHLIGHTS
2164
PROGRAMA EVOICE: ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE VOCAL AMPARADA POR TECNOLOGIAS EHEALTH
Saúde Coletiva (SC)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: A voz é uma manifestação psicoacústica individual, correlacionando-se com vias neuronais. Para a sua produção saudável, é necessário que haja equilíbrio orgânico, funcional e emocional, devendo também ser correspondente à estrutura física, sexo e idade do falante1. A literatura destaca que o professor se encontra mais exposto a riscos laborais vocais do que outros profissionais, sendo este alvo de pesquisas no Brasil e no mundo. Isto justifica-se pelo fato do professor apresentar elevada incidência de distúrbios vocais em relação a outras categorias que também utilizam a voz profissionalmente2. Segundo Choi-Cardim, Behlau e Zambon3 e Brasil, Carlos e Vasconcelos Filho4, é consenso que há carência de ações de promoção da saúde vocal voltadas ao professor que tragam resultados efetivos e positivos, atendendo às suas necessidades. Assim, cursos, palestras, oficinas, consultorias e assessorias são estratégias necessárias para a expansão do conhecimento sobre saúde vocal dessa população, como requisito para promoção da saúde. DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E DA RESOLUÇÃO ENCONTRADA: Ao longo do tempo, as consequências da composição do trabalho, as modificações dos métodos de ensino e o amparo de algumas tecnologias têm provocado transformações no dia a dia do professor, impactando a sua saúde física e mental, o que inclui a voz5,6. Nesse contexto, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) exercem importante papel nos cuidados com a saúde, nas áreas clínica, administrativa, assistencial e de suporte aos profissionais e gestores de saúde, integrando os recursos da saúde móvel (mobile Health ou mHealth), que constitui um eixo da saúde eletrônica (eletronic Health ou eHealth). EHealth corresponde ao uso de tecnologias de computação e comunicação móveis voltadas aos cuidados das pessoas e de saúde pública, tendência esta que se apresenta em contínua expansão7. Considerando os benefícios da tecnologia eHealth para a promoção da saúde e visando oferecer novas as possibilidades de cuidado à saúde do professor, desenvolveu-se o “Programa eVoice”, uma estratégia de promoção da saúde vocal amparada por duas tecnologias eHealth (aplicativo VoiceGuard e curso a distância Saúde Vocal em Foco). Este programa estrutura-se em cinco oficinas (presenciais ou virtuais), com a associação de conteúdos sobre a produção da voz (anatomia vocal, respiração, sinais, sintomas e higiene vocal) e ferramentas tecnológicas que possibilitam o automonitoramento da saúde vocal. As oficinas são facilitadas por fonoaudiólogos e comportam até 25 participantes. CARÁTER INOVADOR: As duas tecnologias que amparam o “Programa eVoice” e lhe conferem caráter inovador foram testadas e validadas com professores, no Brasil e em Portugal, de 2017 a 2019. A efetividade do “eVoice” tem sido verificada com base em outras estratégias de promoção da saúde vocal que serviram de inspiração8,9. Destaca-se que, de agosto de 2018 a julho de 2019, realizou-se um teste piloto do “Programa eVoice” com 30 professores de quatro escolas públicas municipais de Fortaleza, Ceará, mostrando-se bem aceito e eficaz, visto que houve um aumento dos Índices de Qualidade de Vida em Voz (QVV) e uma redução dos Índices de Desvantagem Vocal (IDV) dos professores, quando comparados os valores antes e após a participação no programa. O aplicativo VoiceGuard (2016) e o Curso Saúde Vocal em Foco (2017) foram desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar de uma Universidade Privada do Nordeste brasileiro, constituída por fonoaudiólogos, profissionais da saúde coletiva, designers, engenheiros e cientistas da computação, incluindo professores e alunos de graduação e pós-graduação. O “Programa eVoice” objetiva: promover a saúde vocal de professores e outros profissionais da voz; comparar as percepções dos participantes sobre saúde vocal e seus comportamentos vocais, antes e após a sua realização; avaliar a satisfação dos participantes com a utilização do aplicativo e do curso a distância; e identificar as contribuições das ferramentas eHealth para a promoção da saúde vocal. MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Desde a implementação do “Programa eVoice”, em novembro de 2019, na Rede Municipal de Educação de um município do estado do Ceará, foram conduzidas 12 turmas de oficinas, com a participação total de 158 professores (até julho de 2020). Uma conta no Instagram® denominada @programaevoice foi criada em março de 2020 para a maior divulgação da estratégia, a qual contabiliza 306 seguidores (até julho de 2020). Muitos trabalhos científicos têm sido realizados a partir do “Programa eVoice”, incluindo duas iniciações cieníficas, três dissertações de mestrado e dois editais financiados por órgãos de fomento. Em 2020 e 2021, uma nova dissertação de mestrado está em desenvolvimento com o objetivo de avaliar a eficácia do programa. Para isso, estão sendo comparados os valores do QVV e do IDV, antes a após as oficinas, em todos os professores que participam do programa de fevereiro de 2020 a agosto e 2021. Até o momento, os dados confirmam a eficácia do programa verificada pelo teste piloto. Outrossim, diante da pandemia da COVID-19, o programa foi 100% virtualizado, desde abril de 2020, mantendo a realização das oficinas por meio do Hangouts Meet (Google). Nesse processo, o aplicativo VoiceGuard e o Curso a distância Saúde Vocal em Foco foram essenciais para fidelizar e dar suporte aos participantes nos cuidados com a voz. Novas turmas são ofertadas mensalmente para professores do município onde o programa acontece. Uma equipe composta por três fonoaudiólogos, sendo um mestrando em Saúde Coletiva, e uma graduanda em Fonoaudiologia, bolsista de iniciação científica, são os responsáveis pela condução das oficinas e divulgação do programa, o qual é coordenado por uma fonoaudióloga que atua nas áreas de voz e saúde coletiva. A partir do apoio e do interesse da Secretaria Municipal de Educação do município em questão, a estratégia amplia-se e está em processo de consolidação para tornar-se uma política pública dentro do Programa de Promoção da Saúde Integral do Profissional da Educação. O “Programa eVoice” amplia os horizontes da fonoaudiologia como uma estratégia acessível, validada e eficaz que possibilita a sistematização de estratégias de promoção da saúde vocal com amparo em tecnologias eHealth.
1. Behlau M, Pontes P, Moreti F. Higiene vocal: cuidando da voz. Rio de Janeiro: Editora Revinter; 2017.
2. Servilha EAM, Correia JM. Correlações entre condições do ambiente, organização do trabalho, sintomas vocais autorreferidos por professores universitários e avaliação fonoaudiológica. Distúrb Comum. 2014; 26(3):452-62.
3. Choi-Cardim K, Behlau M, Zambon F. Sintomas vocais e perfil de professores em um programa de saúde vocal. Rev CEFAC. 2010;12(5):811-19.
4. Brasil CCP, Carlos DAO, Vasconcelos JE Filho. Saúde vocal e mhealth: novas alternativas para antigos cenários. Rev Bras Promoç Saúde. 2017;30(1):1-2.
5. Cielo CA, Portalete CR, Ribeiro VV, Bastilha GR. Perfil vocal, ocupacional e de saúde geral de docentes de Santa Maria/RS. Rev CEFAC. 2016; 18(3):635-48.
6. Pascotini FS, Ribeiro VV, Cielo CA. Voz de professoras do ensino fundamental com queixas vocais de diferentes redes de ensino. Distúrb Comum. 2015;27(1):138-50.
7. Pereira RB, Coelho MA, Bachion MM. Tecnologias de informação e registro do processo de enfermagem: estudo de caso em UTI neonatal. Rev Eletrônica Enferm [Internet]. 2016 [citado em 2016 Nov 20];18:1-13. Disponível em: https://www. revistas.ufg.br/fen/article/view/35135
8. López JM, Catena A, Montes A, Castillo ME. Effectiveness of a short voice training program for teachers: a preliminary study. J Voice. 2017 Nov;31(6):697-706.
9. Timmermans B, Coveliers Y, Meeus W, Vandenabeele F, Looy LV, Wuyts F. The effect of a short voice training program in future teachers. J Voice. 2011 Jul;25(4):e191-8.
HIGHLIGHTS
2211
PROGRAMA: “TERAPIA NA ESCOLA” – A INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA DA FALA NO CONTEXTO ESCOLAR EM PORTUGAL
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Contextualização e relevância do tema: O processo de desenvolvimento e aquisição da linguagem constitui um marco fundamental para o desenvolvimento da criança na sua dimensão pessoal, social e relacional, sendo definido como “um sistema complexo e dinâmico de símbolos convencionais, usado em modalidades diversas para [o homem] comunicar e pensar” (Sim-Sim, 1998; Brito; 2012).
De acordo com o Modelo Ecológico de Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner, o desenvolvimento humano ocorre de forma progressiva e mútua entre a criança e os respetivos contextos em que a mesma se encontra inserida (Sim-Sim, 1998; Loureiro, 2015; Tavares, J. & Alarcão, I., 1985). Assente nesta perspetiva sistémica, prevalece uma influência direta do meio em que a criança se insere, pelo que importa atuar nos vários contextos e sistemas subjacentes à mesma Loureiro, 2015; Tavares, J. & Alarcão, I., 1985).
Considerando que o desenvolvimento saudável de qualquer criança ou jovem dependerá essencialmente de uma interação complexa e multifacetada entre fatores familiares, educativos, culturais, sociais e ligados à sua saúde física, emocional e ocupacional, será indubitavelmente relevante que os organismos que atuam sobre estas diversas áreas, nomeadamente os terapeutas da fala, mantenham entre si uma articulação que se quer próxima, aberta, cooperante, flexível, ajustada às circunstâncias e contextos que cada situação apresenta, e em constante melhoria e evolução, de forma a melhor servir as populações ao seu cuidado (CRPG, 2015; Loureiro, 2014).
Situação-problema: Atualmente, estima-se que cerca de 48% das crianças em Portugal, apresentam dificuldades de aprendizagem, associadas ao grupo das Necessidades Educativas Especiais, das quais, diversos estudos apontam para uma prevalência de 5% a 15% de dificuldades específicas da aprendizagem (Loureiro, 2014; Gonçalves, 2015). Dada a relação de intercambio entre as dificuldades de aprendizagem e o desenvolvimento da linguagem e da comunicação, o papel do Terapeuta da Fala torna-se cada vez mais ativo no processo escolar de crianças com estas dificuldades. Neste sentido, uma intervenção terapêutica holística potenciará uma atuação clínica mais rápida e consistente para cada criança se for realizada no seu ambiente escolar, bem como preverá uma atempada identificação de potenciais crianças com dificuldades linguísticas e de aprendizagem.
Solução encontrada: O programa “Terapia na Escola” tem como objetivo dar uma resposta terapêutica eficaz, promovendo o desenvolvimento das competências linguísticas, comunicativas, vocais, alimentares, entre outras, de crianças de idade pré-escolar e escolar no seu contexto educativo. A sinalização da criança, realizada através de ficha de sinalização própria, é efetuada pelos docentes da comunidade educativa e entregue ao Coordenador Pedagógico da escola, o qual entra em contacto com o representante da clínica/instituição a fim de entregar a(s) ficha(s) de sinalização. Posteriormente, os técnicos da clínica/instituição procedem à avaliação da criança em função das especialidades definidas e elaboram o relatório de avaliação e o plano de intervenção terapêutico. O acompanhamento realizado junto das crianças e jovens de cada Agrupamento de Escolas constitui uma resposta terapêutica considerada pertinente para cada situação, na sua maioria através de sessões individuais de apoio direto e indireto aos utentes e às pessoas de referência na sua vida (ex. pais, cuidadores e responsáveis legais, mas também docentes titulares, diretores de turma e outros elementos relevantes na comunidade escolar, conforme as circunstâncias). As sessões de apoio decorreram geralmente com uma periodicidade semanal ou bissemanal (exceto situações de acompanhamento com outra periodicidade, por exemplo quinzenal, devidamente justificadas), em espaço escolar ou nas instalações da clínica, com uma duração variável entre os 40 e 50 minutos. No caso dos acompanhamentos realizados no espaço escolar, o seu local físico foi definido pela Coordenação de cada escola, acautelando-se, sempre que possível, espaços que mantivessem condições de estabilidade, adequabilidade e não-interrupção, além da não-perturbação das atividades escolares em curso. Ao longo do acompanhamento terapêutico, são elaborados documentos de acompanhamento aos apoios clínicos, nomeadamente os planos de intervenção, sínteses intercalares e relatórios finais, que são entregues, em reunião presencial ou por meio digital, aos responsáveis pela criança/jovem e enviados ao docente titular/diretor de turma, mediante consentimento do responsável legal da criança ou jovem.
Apresentação do caráter inovador e de melhoria da atuação do Terapeuta da Fala: O presente programa permite que a intervenção do Terapeuta da Fala seja transversal aos diferentes contextos da criança, bem como potencia uma maior comunicação entre a escola e o terapeuta. Paralelamente, a estreita relação entre o terapeuta e a comunidade educativa permite aumentar a identificação de potenciais dificuldades linguísticas e de aprendizagem, por parte dos professores, a fim de solicitar uma resposta clínica mais eficaz e rápida. Durante o ano letivo 2019/2020 foram assegurados apoios terapêuticos individuais - semanais, bissemanais ou quinzenais - a cerca de 477 crianças e jovens, 354 em Terapia da Fala e 123 em outras especialidades como Psicologia, Psicomotricidade ou Terapia Ocupacional, em contexto escolar e ao abrigo deste programa. Visando, em todo o momento, o profissionalismo das práticas com o objetivo de garantir a resposta terapêutica mais adequada aos utentes, este programa permitiu promover a estabilidade e a consistência da intervenção, facilitando a comunicação e a relação na tríade “técnicos-família-escola”, o que constituiu uma mais valia para o processo terapêutico.
Brito, S. (2012). Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior de Educação. Orientações curriculares: Práticas educativas em crianças com dificuldades de linguagem, no pré-escolar, pp. 1-183.
CRPG, C. d. (2015). Necessidades Especiais de Educação - O Terapeuta da Fala em Contexto Escolar. DGE – Direção-Geral da Educação, 1-12.
Gonçalves, A. (outubro de 2015). Perturbação da Aprendizagem Específica com Défice na Leitura em alunos dos 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico: Pais e Professores de Educação Especial em Colaboração. Viseu: Universidade Católica Portuguesa - Mestrado em Ciências de Educação.
Loureiro, R. (2014). A Eficácia da Terapia da Fala na Promoção do Sucesso Escolar: Estudo de caso num agrupamento TEIP. Porto: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto - Mestrado em Educação para a Saúde.
Sim-Sim, I. (1998). Desenvolvimento da Linguagem. Lisboa: Universidade Aberta.
Tavares, J., & Alarcão, I. (1998). Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Coimbra: Livraria Almedina.
HIGHLIGHTS
2167
PROJETO “MEXA-SE QUE LÁ VEM HISTÓRIA”- RECURSO TERAPÊUTICO PARA TELEATENDIMENTO EM LINGUAGEM INFANTIL
Linguagem (LGG)
O projeto “Mexa-se que lá vem história” foi elaborado durante a pandemia do COVID-19 com objetivo de criar um recurso terapêutico para teleatendimento que permitisse trabalhar, conjuntamente, dois campos que se encontram vulneráveis nesse período de isolamento: o contato social integrado ao movimento corporal.
O isolamento social minimizou a oportunidade de interação espontânea e informal de indivíduos com seus pares, especialmente para as crianças que são dependentes de intermediação de adultos para manterem-se em contato virtual, seja pela não autonomia e disponibilidade de aparatos eletrônicos necessários, seja por imaturidade em desenvoltura social que as habilite para isso. A situação é ainda mais alarmante para crianças que apresentam algum tipo de dificuldade em comunicação e linguagem. O teleatendimento em fonoaudiologia para essas crianças tem sido praticado, porém as opções terapêuticas que envolviam, no atendimento presencial, estratégias em grupo e aquelas que dependiam da interação com seus pares durante as aulas foram interrompidas.
O trabalho terapêutico em habilidades de comunicação e linguagem depende da prática, da intencionalidade e da motivação dos indivíduos para se efetivar com sucesso, por isso tornou-se emergente um modelo de intervenção que contemplasse a comunicação em grupo, com estratégias lúdicas e motivadoras, sem prescindir dos objetivos terapêuticos em questão, e sem romper, obviamente, com o isolamento social.
O contato interpessoal por meio de telas tem como uma de suas principais limitações a participação restrita do corpo durante a interação. O contato corporal fica reduzido à visão (da face e, às vezes, membros superiores) e à audição da voz do interlocutor. Se esta fragmentação compromete a qualidade de comunicação entre adultos, para a criança esta limitação tem um alcance maior e ainda precisa ser melhor estudada 1. A criança compreende o mundo e elabora suas ações sobre ele por experimentação. O corpo participa na conceituação e ordenação de suas vivências, na estruturação de funções mentais (cognitivas e afetivas) e também nas habilidades comunicativas2. A participação integral do corpo e de funções mentais é condição para ocorrência de desenvolvimento saudável, portanto a inclusão de uma prática corporal no trabalho de comunicação vem ao encontro desta ideia integralista de desenvolvimento3 e de prática terapêutica.
O projeto tem como objetivo proporcionar uma ferramenta de trabalho em comunicação e linguagem agregada ao trabalho corporal, que propicie a comunicação de indivíduos em dupla ou grupo e que seja moldável aos objetivos terapêuticos específicos tanto na área de Fonoaudiologia, quanto na de Educação Física.
O projeto foi desenvolvido pelas autoras deste trabalho, uma fonoaudióloga e a outra, educadora física. Foi projetado para ser aplicado principalmente em grupos, em plataforma de vídeo chamadas em grupo, pelas profissionais das duas áreas, contemplando as seguintes etapas de elaboração, que serão aqui apresentadas em seus objetivos, seguidos de algumas estratégias, e exemplificadas como uma possível ilustração prática:
Etapa 1: Constituição dos componentes do grupo, objetivos terapêuticos gerais e duração do projeto
A formação do grupo está diretamente relacionada ao objetivo terapêutico geral. De acordo com o objetivo geral, determina-se o número de indivíduos, e as características de cada um deles para se formar um grupo coeso de trabalho. O objetivo geral do grupo deve abarcar eventuais objetivos específicos individuais que podem ser heterogêneos num grupo.
Exemplo ilustrativo: Grupo de 5 crianças de 7 a 9 anos (três apresentam desenvolvimento típico, uma com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e uma com diagnóstico de Transtorno de atenção e hiperatividade (TDAH)). Os objetivos gerais são os de promover contato social lúdico, estimular habilidades de comunicação e linguagem oral complementar à terapêutica fonoaudiológica (no caso das crianças que estão nesta modalidade); duração de 6 encontros de 45 minutos (uma vez por semana).
Etapa 2: determinação dos objetivos específicos e confecção do roteiro do projeto
Esta etapa do trabalho permite desenharmos os objetivos acertados para cada participante e, a partir disso, sintetizar os objetivos específicos para cada sessão do projeto.
Exemplo: Objetivos específicos: executar trocas de turno conversacionais entre os participantes, identificar e ampliar comportamentos não-verbais dos participantes e suas respectivas significações na comunicação, produzir discurso narrativo oral compartilhado.
Etapa 3: estratégias para cada área de trabalho, conforme o roteiro.
Elaboração das estratégias terapêuticas, bem como definição dos materiais para execução. Nesta fase planejamos cuidadosamente os recursos e estratégias apropriadas ao grupo, considerando a individualidade dos participantes. Os recursos também são pensados para que os objetivos sejam conquistados com maior êxito. A preparação envolve a participação dos pais para o preparo do ambiente virtual ( o modo de configuração da plataforma, seja o modo de apresentação visual dos participantes, seja o modo do áudio apropriado) e também do ambiente físico, já que as atividades são executadas fisicamente ( desenhos, movimentos, uso de objetos específicos, uso de fantasias ou acessórios de vestuário, a luminosidade do ambiente).
Exemplo ilustrativo: foi proposto ao grupo a criação conjunta de uma história que desenvolveríamos juntos a cada encontro. Inicialmente a crianças discutiram para escolherem o tema que foi o de uma aventura de heróis em busca de um tesouro perdido; na sessão seguinte elaboraram os personagens heróis e vilões. Estas fases de elaboração envolveram muitas habilidades comunicativas para chegarem a um consenso comum. Foram incentivados à vivência concreta e sensorial para criar os personagens (algumas crianças os desenharam e mostraram ao grupo, outros usaram fantasias e se apresentaram). Por fim, desenvolveram os conflitos e soluções da narrativa oral que era vivenciada com produção de movimentos, acompanhados de trilha sonora compatível (a caminhada em terreno irregular dos personagens, o esconder-se encolhido na caverna minúscula, o alcançar, lá no alto, um oponente gigante). Atividades de equilíbrio, ritmo, consciência corporal eram incluídas nestas ocasiões.
Etapa 4: fechamento
Nesta fase analisa-se o processo transcorrido, bem como os resultados alcançados; executa-se a devolutiva aos participantes e/ou responsáveis.
Este projeto vem sendo estruturado (a ser encaminhado ao Conselho de Ética), principalmente com objetivo de se explorar as habilidades de comunicação verbal e não verbal de crianças em ambiente virtual, a fim de respaldar técnicas terapêuticas neste ambiente virtual a que fomos inseridos.
1. Misquiatti Andréa Regina Nunes, Fernandes Fernanda Dreux Miranda. Terapia de linguagem no espectro autístico: a interferência do ambiente terapêutico. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2011 June [cited 2020 July 20] ; 16( 2 ): 204-209. Available from: http://www.scielo.br/scielo.
2. Tomasello M. The origins of human communication. Cambridge, MA: MIT Press; 2008.
3. Vigotski LS. Pensamento e linguagem, São Paulo: Martins Fontes; 1998.
HIGHLIGHTS
1460
PROMOÇÃO À SAÚDE VOCAL INFANTIL: DESENVOLVIMENTO DE GAME EM REALIDADE VIRTUAL
Voz (VOZ)
Os processos de comunicação interpessoal e educação em saúde, envolvidos nas orientações vocais, são subestimadas quando mencionadas ao público infantil pela desvalorização dos pais acerca da disfonias nas crianças. Porém, é visto que esse público está mais propenso ao desenvolvimento de problemas vocais por possuírem um trato vocal com uma anatomia e fisiologia delicada e imatura (1). Portanto, ações de promoção a saúde são necessárias tanto para os familiares quanto para as crianças, dado que as orientações sobre cuidados da voz podem reduzir as consequências negativas dos maus hábitos por meio de técnicas em educação vocal (2). Nessa proposta de avanço tecnológico, surgiram oportunidades para a aprendizagem através dos dispositivos móveis, comumente chamado de Mobile Learning (m-learning) (3). Nessa conjectura, o âmbito da saúde vem se tornando uma das grandes áreas beneficiadas em Realidade Virtual, além de ser uma das grandes influenciadoras para o desenvolvimento de aplicações utilizando essas tecnologias de ponta. Dessa forma, as alterações de voz na infância interferem negativamente no desempenho social e até mesmo no desenvolvimento afetivo-emocional de qualquer criança. Sendo, as orientações para prevenção e promoção da saúde de suma importância, que atenda a demanda no tocante a adesão, mudanças de comportamento prejudiciais à voz e promovam interatividade, ludicidade e inovação para o público em questão. Com base na realidade apresentada, o presente estudo tem como propósito desenvolver um game em realidade virtual para m-learning visando a promoção da saúde vocal infantil, através da perspectiva educacional em voz, que se faz extremamente necessária, a fim de evitar problemas vocais futuros em que o indivíduo não precise se submeter a procedimentos para além da terapia fonoaudiológica, comprometendo assim a qualidade de vida de maneira geral, e especificamente, a comunicação. Partindo dessa premissa, a conduta fonoaudiológica deve partir da conscientização da natureza do seu problema sendo um grande desafio ao terapeuta a adesão do paciente ao tratamento. No mais, a voz é multidimensional, por essa razão, é válido observar todo o contexto que a criança vive, desde aspectos sociais como físicos e emocionais. A abordagem metodológica utilizada no estudo é Design Thinking estruturado na realização em equipe interprofissional. Esta abordagem foi seguida nas etapas de definição do problema, ideação e prototipagem, para posterior teste de usabilidade. Para o desenvolvimento estrutural do game, seus níveis foram desenhados a partir do Game Design Document (GDD). O game em realidade virtual para promoção de saúde vocal infantil, foi idealizado para plataforma Android e IOS. O jogo consiste em procurar problemas no âmbito da voz e tentar resolvê-los de forma rápida. Desenvolvido em uma visão 3D, o jogo será ambientado no espaço especifico de convivência diária do usuário, onde um avatar terá a missão de descobrir onde há alteração. O jogador assumirá o papel de investigar os distúrbios vocais e realizará orientações, conseguindo assim pontos extras de acordo com seus acertos. Sendo programados 14 níveis, cada nível é abordado uma temática diferente da promoção à saúde vocal utilizando elementos de desafios, conquistas, recompensa e progressão, buscando atender as demandas no tocante a interatividade como a crianças precisam para manter seu nível atencional e as necessidades técnico-científicas essenciais para uma orientação vocal eficiente, o que possibilita grandes benefícios, para a população e para o profissional fonoaudiólogo por ter um recurso que o auxilie a promoção de saúde vocal infantil, acontecendo síncrona ou assincronamente.
1. Souza BO, Nunes RB, Friche AA de L, Gama ACC. Análise da qualidade de vida relacionada à voz na população infantil. CoDAS. 2017; 29(2): e20160009
2. Behlau M, Pontes P, Moreti F. Higiene Vocal: cuidando da voz. 5. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2017.
3. Roza AP, Gielow I, Vaiano T, Behlau M. Desenvolvimento e aplicação de um game sobre saúde e higiene vocal em adultos. CoDAS. 2019; 31(4): e20180184.
HIGHLIGHTS
939
PROPOSTA DE ESCALA FOTONUMÉRICA PARA A AVALIAÇÃO DOS SINAIS DE ENVELHECIMENTO NA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESTÉTICA DA FACE
Motricidade Orofacial (MO)
A atuação fonoaudiológica em estética facial é voltada à reorganização e reequilíbrio da ação das cadeias musculares orofaciais, buscando atenuar os sinais de envelhecimento. A intervenção fonoaudiológica se inicia por uma avaliação clínica miofuncional orofacial, quando são registradas imagens faciais estáticas e dinâmicas. Essa avaliação é repetida ao final do tratamento, quando são comparadas as imagens iniciais e finais(1).
Na maioria dos estudos fonoaudiológicos direcionados para a estética facial, os pesquisadores apontaram para mudanças estéticas significativas que resultaram em atenuação das rugas e sinais de envelhecimento, porém verificou-se que há uma variedade de abordagens, de instrumentos e recursos utilizados na avaliação e intervenção e, também, uma metodologia pouco precisa para registrar os dados descritos(2).
Existem alguns protocolos de avaliação fonoaudiológica em estética da face, propostos por fonoaudiólogos clínicos, publicados em livros, não sendo nenhum deles validados até o presente momento(3,4). Há outros protocolos que foram elaborados de acordo com o desenho da pesquisa a ser realizada(5). Em todos eles os registros de imagem, por meio de fotografia e filmagem, fazem parte da avaliação inicial e final, sendo que a comparação entre as imagens é realizada de forma subjetiva, exceto nas publicações de Sovinski et al. (2016) e Pierotti (2004).
Sovinski et al. (2016), utilizaram a Escala de Glogau, para a avaliação dos aspectos estéticos da pele e as escalas de Carruthers, para a classificação das linhas de Marionete (sulco labiomentoniano) e “pés-de-galinha” (rugas periorbitárias) respectivamente(5). Pierotti (2004), propôs a classificação das rugas faciais observadas na avaliação fonoaudiológica, por meio da escala de Glogau, que classifica em Tipo I, II, III e IV o foto envelhecimento facial, tendo como comparação a imagem fotográfica de mulheres nas décadas da vida: 20 a 30 anos (tipo I), 30 a 40 (tipo II), 50 a 60 (tipo III), 60 a 70 (tipo IV)(4).
As escalas utilizadas nas publicações de fonoaudiólogos citadas acima não têm se mostrado suficientes para que se efetue uma comparação dos sinais de envelhecimento faciais e cervicais de forma pontual. Em Sovinski (2016), a análise facial contemplou apenas as regiões periorbitárias e o terço inferior; Pierotti (2004), atribuiu um escore para cada uma das regiões faciais, tendo como base o foto envelhecimento facial visualizado em quatro fotografias conforme proposto por Glogau.
Na área da dermatologia existem escalas fotonuméricas, para avaliação de linhas faciais, cervicais, contorno facial e sulcos nasolabial e nasomentoniano, que foram validadas e permitem a comparação pré e pós tratamento dermatológico por meio de escores(6,7,8,9).
As escalas fotonuméricas propostas por Flynn et al.(2012) - Validated Assessment Scales for the Upper Face, Narins et al.(2012) - Validated Assessment Scales for the Lower Face, Carruthers et al.(2016) -Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Facial Fine Lines e Jones et al. (2016) - Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Transverse Neck Lines estabelecem uma progressão do aumento de rugas faciais, visualizada em uma série de fotografias de cada área da face, o que permite uma análise mais especifica e pontual.
Apresentamos a proposta de uma escala fotonumérica, com o objetivo de favorecer uma comparação mais acurada entre as avaliações inicial e final, efetuadas na intervenção fonoaudiológica em estética facial. Essa escala foi elaborada tendo como base as escalas fotonuméricas propostas por Flynn et al.(2012), Narins et al.(2012), Carruthers et al.(2016), Jones et al. (2016), para a avaliação dos terços faciais superior, médio e inferior. Reunimos em um único arquivo as imagens que foram validadas nessas diversas publicações.
As fotografias nas posições frontal, em 45º e perfil foram incluídas para a verificação das rugas estáticas e imagens recortadas de vídeo foram usadas para a avaliação das rugas dinâmicas, correspondendo às imagens propostas por Flynn et al. (2012), Narins et al.(2012), Carruthers et al.(2016), Jones et al. (2016).
De acordo com o preconizado pelos autores(6,7,8,9), foram atribuídos valores às rugas frontais, glabelares, periorbitárias e periorais; aos sulcos nasolabial e lábio mentoniano; às ptoses palpebral, do contorno da mandíbula e submandibular (papada). Assim, o valor zero foi atribuído à ausência de rugas, sulcos e ptose e o valor 4 à presença acentuada desses sinais de envelhecimento. Uma tabela - Análise Estética da face com Escores - foi elaborada para registro dos valores atribuídos a cada área facial.
Para que as imagens estáticas e dinâmicas possam ser devidamente comparadas é necessário que o fonoaudiólogo mantenha, na avaliação inicial e final, a mesma padronização do espaço físico, dos equipamentos utilizados, do posicionamento do paciente, da iluminação da sala, ao realizar a documentação fotográfica e em vídeo(10).
A presente escala fotonumérica será útil como instrumento para uma análise mais acurada dos resultados do processo terapêutico fonoaudiológico direcionados à estética facial, tendo em vista que descreve numericamente as diferenças entre os registros de imagens iniciais e finais, favorecendo uma comparação mais objetiva dos dois momentos terapêuticos.
Referências bibliográficas
1. Frazão Y, Manzi SB. Eficácia da intervenção fonoaudiológica para atenuar o envelhecimento facial. Rev CEFAC. 2012;14(4):755-62.
2. Valente MFL, Ribeiro VV, Stadler ST, Czlusniak GR, Bagarollo MF. Intervenções em Fonoaudiologia estética no Brasil: revisão de literatura. Audiol Commun Res. 2016;21:e1681.
3. Tasca SMT. Programa de aprimoramento muscular em fonoaudiologia estética facial (PAMFEF). Barueri: Pró-fono; 2004.
4. Pierotti SR. Atuação fonoaudiológica na estética facial. In: Comitê de Motricidade Orofacial-SBFa. Motricidade orofacial: como atuam os especialistas. São José dos Campos, SP: Pulso; 2004.
5. Sovinski SRP, Genaro KF, Migliorucci RR, Passos DCBOF, Berretin-Felix G. Avaliação estética da face em indivíduos com deformidades dentofaciais. Rev CEFAC. 2016;18(6):1348-58.
6. Flynn TC, Carruthers A, Carruthers J, Geister TL, Gortelmeyer R, Hardas B, Himmrich S, Kerscher M, de Maio M, Mohrmann C,
Narins RS, Pooth R, Rzany B, Sattler G, Buchner L, Benter U, Fey C, Jones D. Validated Assessment Scales for the Upper Face. Dermatol Surg 2012;38:309–319
7. Narins RS, Carruthers J, Flynn TC, Geister TL, Gortelmeyer R, Hardas B, Himmrich S, Jones D, Kerscher M, de Maio M, Mohrmann C, Pooth R, Rzany B, Sattler G, Buchner L, Benter U, Breitscheidel L, Carruthers A. Validated Assessment Scales for the Lower Face. Dermatol Surg 2012;38:333–342
8. Carruthers J, Donofrio L, Hardas B, Murphy DK, Jones D, Carruthers A, Sykes JM, Creutz L, Marx A, Dill S. Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Facial Fine Lines. Dermatol Surg. 2016;42(Suppl 1):S227–S234.
9. Jones D, Carruthers A, Hardas B, Murphy DK, Sykes JM, Donofrio L, Carruthers J, Creutz L, Marx A, Dill S. Development and Validation of a Photonumeric Scale for Evaluation of Transverse Neck Lines. Dermatol Surg 2016;42(Suppl1): S235–S242.
10. Frazão Y, Manzi S. Atualização em Documentação fotográfica e em vídeo na motricidade orofacial. In: Justino H, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA, Berretin-Felix G, Marchesan IQ organizadores. Tratado de Motricidade Orofacial. São José dos Campos,SP: Pulso; 2019. p. 243-253.
HIGHLIGHTS
2177
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA INFANTIL - SOFTWARE DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS FONOLÓGICOS
Linguagem (LGG)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO
Avaliação implica formar juízo acerca de algo1. No campo fonoaudiológico, especificamente na área da linguagem infantil, define o nível e as características do sistema linguístico do paciente, a fim de traçar o planejamento terapêutico; e acompanha sua evolução de acordo com os objetivos traçados2. Por isso, a avaliação da linguagem pressupõe o conhecimento dos padrões típicos e atípicos, além do domínio de uma série de ferramentas que, aliadas à experiência do profissional, ajudarão a realizar esta tarefa1. Diante da complexidade da avaliação da linguagem, muitas propostas acabam por se debruçar sobre algum nível da estrutura linguística, o que não torna o processo mais simples, mas permite seu direcionamento para questões específicas. Neste sentido, esta proposta se insere especificamente no campo da avaliação do sistema fonológico infantil.
A fonologia refere-se ao domínio dos sons da língua, bem como sua distribuição de acordo com regras específicas3. Este é gradual e, no Português Brasileiro, se completa entre 5 e 7 anos de idade4. Defasagens neste domínio podem acarretar uma série de comprometimentos, tanto do ponto de vista linguístico quanto do desenvolvimento global do paciente. A prevalência de distúrbios fonológicos em crianças é muito alta, podendo inclusive comprometer o processo de ensino-aprendizagem5.
Dada sua ocorrência e os impactos consequentes de seu quadro, uma avaliação rápida e eficaz do sistema fonológico é imprescindível para detecção e acompanhamento destas alterações. Para avaliação do sistema fonológico, o terapeuta deve obter uma amostra de fala da criança, a fim de traçar suas peculiaridades6. Os procedimentos para tal são variados, mas o mais comum para testes padronizados é o de nomeação espontânea. Este garante amostra significativa da fala, na qual devem aparecer todos os sons da língua nos diferentes contextos e possibilita ao terapeuta reconhecer a palavra-alvo, mesmo nos casos de inteligibilidade. Por isso, as palavras escolhidas para este tipo de teste, além de pertencerem ao vocabulário infantil, devem ser reconhecidas por meio de figuras7.
Tais procedimentos podem ser atualizados com o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Os avanços proporcionados com o desenvolvimento destas ferramentas transformaram a sociedade em todas as áreas, inclusive na saúde. Na Fonoaudiologia, a utilização de programas computacionais é cada vez mais frequente, com vistas ao desenvolvimento de uma interação mais próxima e eficaz em relação ao paciente.
Neste contexto, esta proposta refere-se ao desenvolvimento de um software que venha auxiliar o fonoaudiólogo nos procedimentos de avaliação do sistema fonológico infantil, por meio de um instrumento rápido e eficaz, que contemple todas as características necessárias para o delineamento dos objetivos de uma avaliação deste domínio e que, ao mesmo tempo, alinhe esta tarefa às demandas e necessidades atuais, conciliando conhecimento linguístico e tecnologia da informação.
DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA E DA RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA
Atualmente, os vários modelos de avaliação fonológica disponíveis apresentam restrições, seja pela desatualização das figuras, complexidade de análise, tempo despendido para execução, dificuldade de acesso, entre outras. Tampouco estas avaliações estão em consonância com uma demanda de pacientes cada vez maior, resultando, portanto, em tempo mais exíguo. Além disso, não existem propostas consolidadas que se utilizem dos avanços tecnológicos proporcionados pelas TICs. Por este motivo, verifica-se a necessidade de se propor uma avaliação fonológica infantil que seja mais rápida e simples em sua execução e análise, realizada com o auxílio da inovação tecnológica e, ao mesmo tempo, tão eficaz quanto os testes formais já consagrados.
Uma resolução para tal iniciou em 2006, com a confecção de um instrumento denominado Protocolo de Avaliação Fonológica Infantil - PAFI. O PAFI passou por várias versões, sendo suas modificações baseadas em evidências científicas. Sua validação na versão lápis-papel (20178), é resultado de uma série de pilotos que procuraram adequar o instrumento às necessidades da clínica fonoaudiológica, verificando questões referentes ao reconhecimento dos desenhos e das palavras, ao tempo de execução da coleta e análise dos dados e, obviamente, à eficácia em relação aos demais protocolos disponíveis, por meio da análise de medidas psicométricas de validade. Finalizada esta etapa, buscou-se apoio interdisciplinar para construção de um software que fosse capaz de dar conta de todos os requisitos da avaliação em um ambiente virtual e que proporcionasse melhor acesso, agilidade, fidedignidade e aceitação por parte tanto do terapeuta quanto do paciente. O PAFI-virtual é um instrumento composto por 25 figuras que são nomeadas pela criança, cujo objetivo é avaliar a realização de todos os fonemas do Português Brasileiro em todas as posições silábicas possíveis na língua. A construção do software se deu por meio da aplicação de metodologias ágeis.
APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA
O PAFI-virtual será ferramenta importante para o trabalho fonoaudiológico, uma vez que o sucesso da reabilitação das alterações de linguagem infantil depende de correto planejamento, que se dá através de adequada avaliação.
Seu caráter inovador está não só no uso de TICs para execução deste procedimento, mas também na garantia da agilidade e eficácia do instrumento. A eficácia está garantida pela avaliação psicométrica do instrumento por meio da verificação de validade tanto interna quanto externa na sua versão lápis-papel. O protocolo foi capaz de medir as variáveis para a qual foi construído, garantindo similaridade quando comparado com o padrão de referência utilizado (AFC9). A agilidade na coleta de dados também foi garantida na seleção cuidadosa dos alvos e dos desenhos, facilitando o reconhecimento por parte das crianças e possibilitando análise concomitante de segmentos consonantais por meio de um único alvo. Além disso, a versão virtual, garante agilidade na análise, uma vez que o software é capaz de detectar, por meio da transcrição realizada, os processos fonológicos que estão atuando na fala da criança e, por meio da comparação com os padrões típicos da aquisição fonológica do Português Brasileiro, traçar atrasos e alterações descritas em um laudo de avaliação.
Tal inovação, apesar do importante auxílio que traz à avaliação, não exime a necessidade de um profissional capacitado que seja capaz de reunir tais elementos e realizar seu trabalho de forma rápida e precisa.
1- Goulart, B. N. G. D., & Chiari, B. M. (2007). Avaliação clínica fonoaudiológica, integralidade e humanização: perspectivas gerais e contribuições para reflexão. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 12(4), 335-40.
2- Silva, R. A. D., Lopes-Herrera, S. A., & De Vitto, L. P. M. (2007). Distúrbio de linguagem como parte de um transtorno global do desenvolvimento: descrição de um processo terapêutico fonoaudiológico. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 12(4), 322-8.
3- Bisol, L. (Ed.). (2005). Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. EdiPUCRS.
4- Lier-De Vitto, M. F., & Arantes, L. (2006). Aquisição, patologias e clínica de linguagem. EDUC-Editora da PUC-SP.
5- Ferreira, T. D. L. (2015). Processamento fonológico, leitura e escrita em crianças com dislexia do desenvolvimento e crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.
6- Spíndola, R. D. A., Payão, L. M. D. C., & Bandini, H. H. M. (2007). Abordagem fonoaudiológica em desvios fonológicos fundamentada na hierarquia dos traços distintivos e na consciência fonológica. Revista CEFAC, 9(2), 180-189.
7- Giacchini, V., Mota, H. B., & Mezzomo, C. L. (2011). Diferentes modelos de terapia fonoaudiológica nos casos de simplificação do onset complexo com alongamento compensatório. Revista CEFAC, 13(1).
8- Bonamigo, A. W., Vidor, D. C. G. M., Gurgel, L. (2017). Validação do Protocolo de Avaliação Fonológica Infantil - PAFI. Trabalho de Conclusão de Curso.
9- Yavas, M., Hernandorena, C. L. M., & Lamprecht, R. R. (1992). Avaliação fonológica da criança: reeducação e terapia.
HIGHLIGHTS
1030
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL COM ESCALAS EXPANDIDO: AMIOFE-E LACTENTES (6-24 MESES)
Motricidade Orofacial (MO)
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL COM ESCALAS EXPANDIDO: AMIOFE-E LACTENTES (6-24 MESES)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO: A necessidade de avaliar as condições miofuncionais orofaciais de lactentes acometidos pelo surto de microcefalia, que ocorreu a partir de 2015 na região Nordeste do Brasil, levou-nos a constatação da ausência tanto de um protocolo validado na área de motricidade orofacial (MO), como de parâmetros de normalidade para o período de 6 a 24 meses de idade. A estreita relação entre a forma e função das estruturas craniofaciais desde a fase intrauterina(1) torna imprescindível a avaliação miofuncional orofacial a fim de evitar ou minimizar prejuízos durante o desenvolvimento infantil(2).
DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: Como avaliar os aspectos miofuncionais orofaciais de lactentes de 6 a 24 meses de idade?
RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA: Considerou-se que a opção seria partir de um instrumento validado para crianças de faixa etária superior e adaptá-lo. Por meio da revisão da literatura, o Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandido (AMIOFE-E)(3), validado para crianças de 6 a 12 anos foi selecionado.
A anuência das autoras do protocolo AMIOFE-E foi obtida e o projeto foi aprovado pelo comitê de ética sob nº CAAE: 12529419.6.0000.5546.
O processo teve início com a adaptação da aparência e do conteúdo do AMIOFE-E, o qual serviu de base para o estudo. Para isso, foi considerando a literatura sobre o desenvolvimento motor orofacial nos primeiros 2 anos de vida, a experiência das pesquisadoras na área de MO. Posteriormente, a versão adaptada foi analisada por um comitê de 10 especialistas em MO em duas etapas, até que a versão final atingiu 90-100% de concordância entre avaliadores. O novo instrumento validado foi denominado como Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escalas Expandido: AMIOFE-E LACTENTES (6-24 MESES); considerando a nomenclatura do DeCS - Descritores em Ciências da Saúde, a qual denomina de lactentes a faixa etária da criança entre 1 e 23 meses de idade.
O AMIOFE-E Lactentes é dividido em blocos funcionais de estruturas que se relacionam, fundamentada em padrões de desenvolvimento – habilidades motoras orais e globais - por faixa etária. O protocolo inclui: identificação e dados clínicos; histórico de alimentação (modo de oferta de alimentação: aleitamento e alimentos em geral, textura da dieta, dificuldades e/ou adaptações na oferta da dieta) e hábitos parafuncionais orofaciais; e o exame clínico. Por meio dele é possível avaliar a aparência e condição postural/posição dos seguintes componentes do sistema estomatognático: face, maxila/mandíbula, bochechas, dentes, lábios, língua, palato duro, palato mole/úvula, bem como da mobilidade e funções de respiração, deglutição e mastigação. Um manual operacional orienta o fonoaudiólogo quanto à aplicação do protocolo, aos registros de imagens e à atribuição de escores. Atenção especial às possibilidades inerentes à idade e ao padrão alimentar habitual do lactente é recomendada. Ao final do protocolo é disponibilizada uma tabela com os escores máximos que podem ser obtidos em cada bloco funcional separados nas faixas etárias de 6 aos 11 meses e 29 dias e dos 12 meses aos 24 meses; onde o avaliador deverá transcrever o escore total para cada elemento avaliado.
APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: O protocolo AMIOFE-E Lactentes vem preencher uma lacuna na área de MO e poderá ser um instrumento útil para a definição de parâmetros de normalidade e para a detecção de desvios ou distúrbios na população até 24 meses de vida. Isso, contribuirá para a definição da necessidade ou não de intervenção, do que precisa ser abordado para a promoção da saúde do lactente, dos aspectos a serem trabalhados em terapia e a mensuração dos efeitos. Além disso, poderá ser útil em pesquisas sobre o sistema miofuncional orofacial de crianças entre 6 e 24 meses de idade. Os profissionais da Fonoaudiologia terão acesso amplo ao protocolo assim que publicado na revista CoDAS (no prelo), a qual está na base Scielo, de acesso gratuito. Futuras pesquisas serão desenvolvidas para investigar as propriedades psicométricas do instrumento.
Referências Bibliográficas
1. Hall JG. Importance of Muscle Movement for Normal Craniofacial Development. J Craniofac Surg [Internet]. 2010 Sep;21(5):1336–8. Available from: http://journals.lww.com/00001665-201009000-00007
2. Medeiros AMC, Medeiros M. Avaliação fonoaudiológica. In: Medeiros AMC MM. Motricidade orofacial: inter-relação entre fonoaudiologia e odontologia. Lovise, editor. são Paulo; 2006. 118 p.
3. Felício CM de, Folha GA, Ferreira CLP, Medeiros APM. Expanded protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores: Validity and reliability. Int J Pediatr Otorhinolaryngol [Internet]. 2010 Nov;74(11):1230–9. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0165587610003654
HIGHLIGHTS
2152
PROTOCOLO DE INDICAÇÃO DAS PRÓTESES AUDITIVAS ANCORADAS NO OSSO NOS CASOS DE MALFORMAÇÕES DE ORELHA E OTITE MÉDIA CRÔNICA
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
As próteses auditivas ancoradas no osso (PAAO) são alternativas para o processo de reabilitação do indivíduo com malformações de orelha externa e/ou média, assim como para aqueles que apresentam Otite Média Crônica sem indicação de uso de aparelho de amplificação sonora individual (AASI) convencional. A reabilitação destes indivíduos, anteriormente às PAAO, muitas vezes, cursavam com alta taxa de insucesso justificada pelo arco de metal que auxilia na fixação do vibrador ósseo, pois frequentemente causava luxações ou dor excessiva; por não serem esteticamente bem aceitos pelos usuários, assim como pela impossibilidade de uso de AASI por via aérea no caso de indivíduos com infecções recorrentes.
Com o objetivo de compartilhar nossa experiência no tratamento da deficiência auditiva por meio das PAAO em mais de 120 indivíduos implantados, será descrito o protocolo de indicação das PAAO para candidatos adolescentes e adultos com perda auditiva condutiva ou mista decorrente de malformações de orelha externa e/ou média e Otite Média Crônica, sem indicação de uso de AASI convencional por via aérea.
Este protocolo clínico de indicação de PAAO é baseado nas Diretrizes Gerais para a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva no Sistema Único de Saúde, portaria GM/ MS nº 2.776, nas evidências científicas nacionais e internacionais e complementado com a experiência clínica no atendimento dos indivíduos com as referidas patologias.
A avaliação otorrinolaringológica consiste na investigação médica das condições de saúde geral, condições otológicas e anatômicas com avaliação por imagem (tomografia computadorizada), orientação ao paciente sobre os riscos e benefícios da cirurgia, bem como sobre o prognóstico com o uso da PAAO.
A avaliação audiológica realizada por fonoaudiólogo visa caracterizar a perda auditiva quanto ao tipo (Silman e Silverman, 1997) e grau, segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2017). Os limiares tonais são pesquisados nas faixas de frequência por condução aérea de 250 a 8000 Hz e por condução óssea de 250 a 4000 Hz com tom puro modulado (warble). Na audiometria com estímulo de fala é determinado o Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) por condução aérea e óssea e o Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF) por condução aérea e com intensidade fixa em 50 dBNA por condução óssea.
O levantamento de informações a respeito do histórico audiológico do indivíduo são imprescindíveis para posterior análise dos benefícios e satisfação obtidos com os atuais dispositivos auditivos e quanto às expectativas sobre o uso de PAAO. Dessa maneira, são exploradas questões a respeito do uso prévio de AASI por condução aérea ou por condução óssea, modelo do dispositivo adaptado, tempo de adaptação, local de uso do AASI por condução óssea, assim como as impressões, os benefícios e as dificuldades atuais com o AASI.
A verificação do benefício com o AASI abrange a inspeção visual e acústica do AASI, Audiometria em Campo Livre (estímulo a 0º azimute), Testes de Percepção da Fala sem e com o AASI, no silêncio e no ruído: Reconhecimento de monossílabos no silêncio (estímulo de fala a 0º azimute e nível de apresentação em 60 dBNPS) (Lacerda, 1976) e Limiar de Reconhecimento de Sentenças no Ruído para a pesquisa da relação Sinal/Ruído (estímulo de fala e ruído a 0º azimute com apresentação da fala inicialmente em 65 dBNPS e ruído fixo a 60 dBNPS) – Lista de Sentenças em Português (Costa, 1997), Questionários de Auto-Avaliação em indivíduos acima de 15 anos: APHAB (Abbreviated Profile of Hearing Aid Benefit) (Cox e Alexander, 1995) e HHIA (Hearing Handicap Inventory for Adults) nas situações sem e com o AASI (Newman et. al., 1991), SADL (Satisfaction with Amplification in Daily Life) somente na condição com AASI (Cox e Alexander, 2001) e (Mondelli et al. 2011).
Na etapa de indicação das PAAO e no decorrer de todo o processo, os candidatos passam por avaliação psicológica na qual são abordados os indicadores psicopatológicos, cognitivos e do autoconceito, indicadores de depressão e ansiedade, aspectos comportamentais e afetivo/social e realizada análise da família. A atuação do serviço social, também de grande importância, compreende o estudo socioeconômico do paciente e/ou da família a fim de verificar os recursos disponíveis para seu acesso ao serviço de saúde auditiva e continuidade do acompanhamento audiológico após a realização da cirurgia.
Fundamentada nos dados obtidos neste protocolo clínico, uma discussão em conjunto com a equipe multiprofissional é realizada a fim de definir a respeito da indicação e seleção da PAAO para cada indivíduo.
1. Silman S, Silverman CA. Basic audiologic testing. In: ______. Auditory diagnosis: principles and applications. San Diego: Singular Publishing Group; 1997. p. 44-52.
2. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Prevent of blindness and deafness: grades of hearing impairment. c2017. Disponível em: . Acesso em: 13 jul. 2020.
3. Lacerda, AP. In: ________. Audiologia Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1976. 199p.
4. Costa MJ. Desenvolvimento de listas de sentenças em português [tese]. São Paulo: Escola Paulista de Medicina; 1997.
5. Newman, GW, Weinstein, BE, Jacobson, GP & Hug, GA. Test-Retest Reliability of the Hearing Handicap Inventory for Adults. Ear and Hear. 1991; 12(5): 355-357.
6. Cox, RM; Alexander, GC. The abbreviated profile of hearing aid benefit. Ear Hear. 1995; 6(2): 176- 183.
7. Cox RM, Alexander GC. Validation of the SADL questionnaire. Ear Hear. 2001; 222(2): 151-60.
8. Mondelli, MFCG, Magalhães, FF, Lauris, JRP. Cultural adaptation of the SADL (Satisfaction with Amplification in Daily Life) questionnaire for Brazilian Portuguese. Braz J Otorhinolaryngol. 2011; 77(5): 563-72
HIGHLIGHTS
1117
PROTOCOLO MMBGR: INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL PARA LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES
Motricidade Orofacial (MO)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A SER APRESENTADO: A utilização de protocolos padronizados e validados para mensuração da Motricidade Orofacial (MO) é importante, tanto na rotina de atuação prática da clínica fonoaudiológica, quanto em pesquisas da área. Os principais protocolos para a avaliação miofuncional orofacial da população brasileira, o AMIOFE(1,2) e o MBGR(3) são ambos destinados aos indivíduos na faixa etária superior aos 6 anos de vida. Até o presente momento não existiam protocolos validados para avaliação da MO destinados aos lactentes e pré-escolares, faixas etárias de 1 a 24 meses de vida, e entre 2 e 5 anos de idade, respectivamente; conforme descritores de Ciências da Saúde (DeCS). Portanto, o estudo das características da MO em idades precoces pretende contribuir para melhor entendimento do funcionamento normal do sistema estomatognático e suas eventuais alterações.
DEFINIÇÃO CLARA DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: Como avaliar aspectos miofuncionais orofaciais, por meio de um protocolo padronizado, considerando a população menor de 6 anos de idade?
RESOLUÇÃO ENCONTRADA OU PROPOSTA: O processo iniciou-se com a adaptação do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial MBGR(3) seguido do estudo do tipo validação, conforme recomendado na literatura(4). O estudo foi aprovado no comitê de ética sob nº CAAE: 12529419.6.0000.5546. Houve apoio do CNPq. A validação de aparência e conteúdo, e a aplicabilidade, com a validade de critério foram concluídas. O Protocolo passou a ser intitulado MMBGR – Lactentes e pré-escolares e demonstrou ter aplicabilidade e confiabilidade para lactentes e pré-escolares sem queixa de distúrbios miofuncionais, para a maioria dos itens analisados.
O protocolo MMBGR – lactentes e pré-escolares, compõe-se de Instrutivo; História Clínica e Exame Clínico, abrangendo os grupos etários: 6-11 meses; 1; 2; 3 a 5 anos, respectivamente. O instrutivo contempla orientações sobre a utilização do Protocolo MMBGR, tanto em relação à aplicação, como ao registro de História Clínica e Exame Clínico. Esclarece sobre seu objetivo, destinado ao fonoaudiólogo avaliar, diagnosticar e estabelecer prognóstico em MO; orienta sobre o tempo médio dispendido para aplicação e apresenta roteiro de registro de imagens estáticas e dinâmicas colhidas durante o exame.
O Protocolo História Clínica contempla aspectos a serem levantados junto ao responsável pelo lactente/pré-escolar na situação de anamnese/entrevista inicial. Abrange desde a identificação do lactente/pré-escolar, até dados relacionados diretamente à queixa e ao motivo do encaminhamento para Fonoaudiologia. Aspectos sobre desenvolvimento estão organizados conforme ocorrência e período, além de registro das dificuldades encontradas; incluindo cronologia referencial sobre aquisição de cada comportamento. Constam itens de desenvolvimento Motor, da Alimentação (amamentação até uso de utensílios), além daqueles voltados aos problemas de saúde, respiratórios, sono; bem como tratamentos fonoaudiológicos e interdisciplinares; e ocorrência de hábitos deletérios. Dados sobre o padrão atual do lactente/pré-escolar também estão elencados, incluindo aspectos alimentares, da mastigação, da deglutição, da fala, da comunicação oral e da voz.
O protocolo Exame Clínico contém itens relacionados desde a identificação do lactente/pré-escolar até o registro de medidas antropométricas (peso e altura corporal, IMC). Abrange aspectos miofuncionais orofaciais a serem observados na situação da avaliação clínica. A maioria dos itens pode ser registrado em imagem (fotografia e/ou vídeo) e assistido posteriormente para certificação/conferência.
A avaliação das estruturas orofaciais está dividida em Exame Extraoral (face, lábios, mandíbula) e Exame Intraoral (lábios, bochechas, língua, frênulo, palato, tonsilas palatinas, dentes e oclusão). O tônus é avaliado considerando as impressões proprioceptivas do toque adquiridas pelo fonoaudiólogo durante o exame. As funções orofaciais estão organizadas conforme possibilidade de ocorrência em cada faixa etária, exceto para respiração, avaliada em toda população (6 a 71 meses de idade).
Em lactentes amamentados ou que utilizem mamadeira são avaliadas as funções de Sucção/Deglutição, sendo que a partir dos 12 meses de idade já há a avaliação da Mastigação e da Deglutição (com alimentos sólido/semissólido) e da Deglutição de líquido (em copo). A avaliação de Deglutição de pastoso é indicada somente para lactentes. A avaliação da Fala, por intermédio da prova de nomeação, é aplicada a partir dos 12 meses de idade.
Em pré-escolares são avaliadas as funções de Mastigação e Deglutição de sólido; Deglutição de líquido; e Fala: Produção de fones/fonemas, por intermédio de prova de nomeação, e prova fala semi-dirigida. É realizada prova terapêutica para sons alterados. São avaliados os Aspectos Gerais da Fonoarticulação, inclusive como norteador sobre a necessidade de realização de protocolo mais específico (por exemplo, para avaliação de linguagem e/ou voz). Há uma prancha com figuras ilustrativas, elaborada com colaboração de profissional de design gráfico, para uso na prova de nomeação. A partir do estudo sobre a aquisição e ocorrência dos fones da língua portuguesa, por faixa etária, foi elaborado um quadro contendo o cronograma de aquisição dos fonemas que integra o instrumento.
Ao final o protocolo MMBGR apresenta ao final uma tabela, a ser preenchida pelo avaliador, contendo o resumo do Exame Miofuncional Orofacial, com os itens a serem pontuados (em escore), escalonados por faixa etária, com valores que variam de zero (melhor valor possível de ser obtido) até, respectivamente, 114 (6-11 meses), 160 (12-23 meses), 135 (24-35 meses) e 150 (36-71 meses), para escores totais, conforme alterações percebidas. O último campo é destinado para assinatura do exame pelo fonoaudiólogo, com respectivo número de Registro no Conselho Profissional (CRFa).
APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR OU DE MELHORA NA EFETIVIDADE DE ALGUMA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: O protocolo MMBGR – lactentes e pré-escolares é um instrumento inédito e inovador, que preenche uma importante lacuna para a clínica da MO e suas pesquisas, ampliando o conhecimento científico na Fonoaudiologia, junto à população infantil.
1. Felício CM de, Ferreira CLP. Protocol of orofacial myofunctional evaluation with scores. Int J Pediatr Otorhinolaryngol [Internet]. 2008 Mar;72(3):367–75. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0165587607005721
2. Folha GA. Ampliação das escalas numéricas do Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade [Internet]. [Ribeirão Preto]: Universidade de São Paulo; 2010. Available from: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17151/tde-22102013-084025/
3. BERRETIN-FELIX G, Genaro KF, Marchesan IQ. Protocolos de avaliação da motricidade orofacial 1: Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial - MBGR. In: Silva HJ da, Tessitore A, Motta AR, Cunha DA da, Berretin-Felix G, Marchesan IQ, editors. Tratado de Motricidade Orofacial. 1st ed. São José dos Campos; 2019. p. 255–72.
4. Pernambuco L, Espelt A, Junior HVM, Lima KC de. Recommendations for elaboration, transcultural adaptation and validation process of tests in Speech, Hearing and Language Pathology. CoDAS. 2017;29(3).
HIGHLIGHTS
2184
RECURSOS DE ACELEROMETRIA DE ALTA RESOLUÇÃO E DEGLUTIÇÃO: O QUE TEMOS E PARA ONDE IREMOS?
Disfagia (DIS)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: Embora os padrões de referência para a avaliação e diagnóstico da disfagia orofaríngea sejam a videofluoroscopia da deglutição (VFD) e a videoendoscopia da deglutição (VED), alguns parâmetros complementares podem nortear a identificação de distúrbios da deglutição e fornecer informações como o deslocamento de estruturas, atividade muscular e coordenação entre respiração e deglutição. Existe tendência atual e entusiasmo crescente dos pesquisadores em relação ao uso de abordagens sem radiação e não invasivas, com o uso de tecnologias vestíveis como sensores, por exemplo, para detectar, mensurar ou monitorar eventos e parâmetros relacionados à deglutição. Os sensores de alta resolução (sensores piezoelétricos, microfones e acelerômetros) têm sido investigados nos últimos 30-40 anos e permitem a captação de espectros de sinais vibratórios, acústicos e de deslocamentos que ocorrem na região do pescoço durante a deglutição. DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: Há uma demanda importante pelo desenvolvimento de algoritmos de processamento de sinais e imagens que auxiliem os profissionais de saúde a aprimorar o rastreamento, avaliação, diagnóstico e monitoramento da disfagia orofaríngea, especialmente em situações reais e não apenas controladas clinicamente. Apesar do crescente interesse dos pesquisadores na relação entre a ciência de dados e deglutição, ainda são necessários investimentos em tecnologias e algoritmos clinicamente relevantes, acessíveis, de fácil utilização e baixo custo. RESOLUÇÃO ENCONTRADA/APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR: Pesquisadores tem buscado alternativas de avaliação com menor custo e que permitam também avaliação em tempo e situações reais por meio de tecnologias vestíveis. Esses recursos tecnológicos apresentam inúmeras vantagens, dentre elas uma mensuração mais objetiva e/ou quantitativa; a possibilidade de investigar a função fora do setting controlado pelo avaliador; a redução do tempo para análise dos dados, considerando que atualmente essa análise depende sobremaneira de estratégias executadas por um avaliador; maior precisão, já que a abordagem convencional é demorada e propensa a erros humanos devido à fadiga visual ou falta de conhecimento clínico/treinamento formal para análise de imagens; e a possibilidade de um recurso mais viável para a rotina clínica no âmbito individual e até mesmo coletivo, sendo mais disponível e acessível financeiramente do que os exames instrumentais tradicionais. O acelerômetro é um tipo de sensor que pode fornecer biofeedback sobre a deglutição e contribuir significativamente para a melhora dos julgamentos sobre a eficácia dos tratamentos pré e pós-terapia, além de ser útil também como ferramenta de triagem ou até mesmo diagnóstica. Consiste ainda em um tipo de tecnologia vestível com viabilidade de baixo e custo e passível de ser utilizado na rotina diária do indivíduo. O processamento de sinais gerado por acelerometria de alta resolução está baseado nas seguintes etapas¹: (1) escolha do sensor; (2) pré-processamento dos dados; (3) extração de recursos das gravações obtidas na deglutição; (4) tomada de decisão clínica em relação ao tipo de análise realizada e técnicas de aprendizado de máquina. Na literatura científica, atualmente, são utilizados os diferentes tipos de sensores para a avaliação da função de deglutição, com diferentes frequências e larguras de banda para análise do sinal. É relatado também o uso de diversas modalidades de sensores de forma simultânea, com os sinais sincronizados pelo uso do mesmo sistema de aquisição de dados. Aparentemente, a utilização de múltiplos sensores melhora a detecção dos eventos e contribui para uma análise mais abrangente da deglutição. O pré-processamento do sinal é uma tarefa imprescindível para uma boa aquisição de dados e envolve técnicas de filtragem e remoção de ruídos, para normalização das gravações obtidas. Nas contribuições, essas técnicas também costumam diferir, o que dificulta a replicação dos métodos propostos em estudos posteriores. A extração dos dados tem como base a análise estatística dos dados extraídos e até o momento diversos algoritmos foram desenvolvidos para auxiliar no processo de tomada de decisão clínica. Estudos mostram que a maioria dos métodos de aprendizado de máquina já foram utilizados, como métodos Bayesianos, máquinas de vetores de suporte e mais recentemente, redes neurais profundas². MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Os estudos que utilizam os sensores de alta resolução e o uso da inteligência artificial para a avaliação de eventos da deglutição apontam a possibilidade do uso dessa ferramenta para o uso adicional nos estudos da deglutição, visto que apresenta correlação com parâmetros temporais³ avaliados por VFD, e já é apontado como um sistema eficaz e promissor como modalidade de biofeedback durante a terapia de deglutição3,4, necessitando de mais estudos para verificação da eficácia clínica para esta finalidade5. Nossos grupos de pesquisa têm investido na identificação de um recurso de acelerometria que atenda essas necessidades e seja viável na realidade brasileira, pois acreditamos que ferramentas vestíveis para a avaliação em tempo integral, dentro e fora da clínica fonoaudiológica são um exemplo de avanço tecnológico e de cuidado em saúde.
REFERÊNCIAS
1. Sejdic E, Malandraki GA, Coyle JL. Computational Deglutition: Signal and image processing methods to understand swallowing and associated disorders. IEEE Signal Process Mag. 2019; 36(1):138-146.
2. Dudik JM, Coyle JL, Sejdic E. Dysphagia screening: Contribuitions of cervical auscultation signals and modern signal-processing techniques. IEE Trans Human-Mach Syst. 2015; 45(4):465-477.
3. Wang CM, Wang CJ, Shieh WY, Chen YC, Cheng WJ, Chang WH. Correlation of Temporal Parameters of Laryngeal Excursion by Using Force-Sensing Resistor Sensors with Hyoid Motion in Videofluoroscopic Swallowing Study. Dysphagia. 2020; 10.1007/s00455-020-10121-2.
4. Donohue C, Mao S, Sejdic E, Coyle JL. Tracking Hyoid Bone Displacement During Swallowing Without Videofluoroscopy Using Machine Learning of Vibratory Signals. Dysphagia. 2020; 10.1007/s00455-020-10124-z.
5. Li CM, Lee HY, Hsieh SH, Wang TG, Wang HP, Chen JJ. Development of Innovative Feedback Device for Swallowing Therapy. J Med Biol Eng. 2016; 36:357-368.
HIGHLIGHTS
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RECURSOS DE ACELEROMETRIA DE ALTA RESOLUÇÃO E DEGLUTIÇÃO: O QUE TEMOS E PARA ONDE IREMOS?
Disfagia (DIS)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: Embora os padrões de referência para a avaliação e diagnóstico da disfagia orofaríngea sejam a videofluoroscopia da deglutição (VFD) e a videoendoscopia da deglutição (VED), alguns parâmetros complementares podem nortear a identificação de distúrbios da deglutição e fornecer informações como o deslocamento de estruturas, atividade muscular e coordenação entre respiração e deglutição. Existe tendência atual e entusiasmo crescente dos pesquisadores em relação ao uso de abordagens sem radiação e não invasivas, com o uso de tecnologias vestíveis como sensores, por exemplo, para detectar, mensurar ou monitorar eventos e parâmetros relacionados à deglutição. Os sensores de alta resolução (sensores piezoelétricos, microfones e acelerômetros) têm sido investigados nos últimos 30-40 anos e permitem a captação de espectros de sinais vibratórios, acústicos e de deslocamentos que ocorrem na região do pescoço durante a deglutição. DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: Há uma demanda importante pelo desenvolvimento de algoritmos de processamento de sinais e imagens que auxiliem os profissionais de saúde a aprimorar o rastreamento, avaliação, diagnóstico e monitoramento da disfagia orofaríngea, especialmente em situações reais e não apenas controladas clinicamente. Apesar do crescente interesse dos pesquisadores na relação entre a ciência de dados e deglutição, ainda são necessários investimentos em tecnologias e algoritmos clinicamente relevantes, acessíveis, de fácil utilização e baixo custo. RESOLUÇÃO ENCONTRADA/APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR: Pesquisadores tem buscado alternativas de avaliação com menor custo e que permitam também avaliação em tempo e situações reais por meio de tecnologias vestíveis. Esses recursos tecnológicos apresentam inúmeras vantagens, dentre elas uma mensuração mais objetiva e/ou quantitativa; a possibilidade de investigar a função fora do setting controlado pelo avaliador; a redução do tempo para análise dos dados, considerando que atualmente essa análise depende sobremaneira de estratégias executadas por um avaliador; maior precisão, já que a abordagem convencional é demorada e propensa a erros humanos devido à fadiga visual ou falta de conhecimento clínico/treinamento formal para análise de imagens; e a possibilidade de um recurso mais viável para a rotina clínica no âmbito individual e até mesmo coletivo, sendo mais disponível e acessível financeiramente do que os exames instrumentais tradicionais. O acelerômetro é um tipo de sensor que pode fornecer biofeedback sobre a deglutição e contribuir significativamente para a melhora dos julgamentos sobre a eficácia dos tratamentos pré e pós-terapia, além de ser útil também como ferramenta de triagem ou até mesmo diagnóstica. Consiste ainda em um tipo de tecnologia vestível com viabilidade de baixo e custo e passível de ser utilizado na rotina diária do indivíduo. O processamento de sinais gerado por acelerometria de alta resolução está baseado nas seguintes etapas¹: (1) escolha do sensor; (2) pré-processamento dos dados; (3) extração de recursos das gravações obtidas na deglutição; (4) tomada de decisão clínica em relação ao tipo de análise realizada e técnicas de aprendizado de máquina. Na literatura científica, atualmente, são utilizados os diferentes tipos de sensores para a avaliação da função de deglutição, com diferentes frequências e larguras de banda para análise do sinal. É relatado também o uso de diversas modalidades de sensores de forma simultânea, com os sinais sincronizados pelo uso do mesmo sistema de aquisição de dados. Aparentemente, a utilização de múltiplos sensores melhora a detecção dos eventos e contribui para uma análise mais abrangente da deglutição. O pré-processamento do sinal é uma tarefa imprescindível para uma boa aquisição de dados e envolve técnicas de filtragem e remoção de ruídos, para normalização das gravações obtidas. Nas contribuições, essas técnicas também costumam diferir, o que dificulta a replicação dos métodos propostos em estudos posteriores. A extração dos dados tem como base a análise estatística dos dados extraídos e até o momento diversos algoritmos foram desenvolvidos para auxiliar no processo de tomada de decisão clínica. Estudos mostram que a maioria dos métodos de aprendizado de máquina já foram utilizados, como métodos Bayesianos, máquinas de vetores de suporte e mais recentemente, redes neurais profundas². MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Os estudos que utilizam os sensores de alta resolução e o uso da inteligência artificial para a avaliação de eventos da deglutição apontam a possibilidade do uso dessa ferramenta para o uso adicional nos estudos da deglutição, visto que apresenta correlação com parâmetros temporais³ avaliados por VFD, e já é apontado como um sistema eficaz e promissor como modalidade de biofeedback durante a terapia de deglutição3,4, necessitando de mais estudos para verificação da eficácia clínica para esta finalidade5. Nossos grupos de pesquisa têm investido na identificação de um recurso de acelerometria que atenda essas necessidades e seja viável na realidade brasileira, pois acreditamos que ferramentas vestíveis para a avaliação em tempo integral, dentro e fora da clínica fonoaudiológica são um exemplo de avanço tecnológico e de cuidado em saúde.
1. Sejdic E, Malandraki GA, Coyle JL. Computational Deglutition: Signal and image processing methods to understand swallowing and associated disorders. IEEE Signal Process Mag. 2019; 36(1):138-146.
2. Dudik JM, Coyle JL, Sejdic E. Dysphagia screening: Contribuitions of cervical auscultation signals and modern signal-processing techniques. IEE Trans Human-Mach Syst. 2015; 45(4):465-477.
3. Wang CM, Wang CJ, Shieh WY, Chen YC, Cheng WJ, Chang WH. Correlation of Temporal Parameters of Laryngeal Excursion by Using Force-Sensing Resistor Sensors with Hyoid Motion in Videofluoroscopic Swallowing Study. Dysphagia. 2020; 10.1007/s00455-020-10121-2.
4. Donohue C, Mao S, Sejdic E, Coyle JL. Tracking Hyoid Bone Displacement During Swallowing Without Videofluoroscopy Using Machine Learning of Vibratory Signals. Dysphagia. 2020; 10.1007/s00455-020-10124-z.
5. Li CM, Lee HY, Hsieh SH, Wang TG, Wang HP, Chen JJ. Development of Innovative Feedback Device for Swallowing Therapy. J Med Biol Eng. 2016; 36:357-368.
HIGHLIGHTS
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REESTRUTURAÇÃO E REINVENÇÃO DA PRÁTICA MULTIDISCIPLINAR NO ATENDIMENTO A PACIENTES COM DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM E SENSÓRIO-MOTORES: ESTRATÉGIAS DE TELEMONITORAMENTO DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19
Motricidade Orofacial (MO)
1. Contextualização e relevância do tema a ser apresentado
A integralidade do cuidado, premissa fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS), está assentada numa concepção ampliada de saúde e tem sido sustentada pela instituição na qual trabalhamos1. Nesta proposta, o foco está voltado especialmente para a discussão de uma integração muito bem sucedida entre o Setor de Fonoaudiologia (mais especificamente, os Serviços de Patologia da Linguagem e Motricidade Orofacial e Voz), que envolve profissionais e alunos da graduação em Fonoaudiologia, e os docentes e discentes da graduação em Fisioterapia.
A reabilitação caracteriza-se pela ação ou efeito da recuperação, composta por um processo que demanda a atuação de diferentes profissionais. Fonoaudiólogos e fisioterapeutas atuam com objetivos clínicos específicos, mas também com o propósito de reinserção social de seus pacientes. Abordagens multidisciplinares são eficazes na melhora da sua condição biopsicossocial2. Tendo isso em vista, os Serviços antes referidos e o Estágio em Fisioterapia se articularam para realizar encontros semanais em grupos envolvendo 25 participantes (entre eles pacientes, familiares e cuidadores, 7 estagiários, 3 fonoaudiólogos e 1 fisioterapeuta).
2. Definição da situação-problema e da resolução proposta
Os encontros presenciais referidos anteriormente foram interrompidos em função do isolamento social, preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando o enfrentamento da pandemia por Covid-19. Uma alternativa virtual para a manutenção de tais encontros foi elaborada em conjunto pelos profissionais e alunos implicados na reabilitação dos pacientes com o objetivo de propor estratégias expressivas, de manutenção de habilidades motoras (fonoaudiológicas e fisioterapêuticas) e de fortalecimento de laços entre pacientes, profissionais e familiares. Também objetivou-se evitar agravos à saúde de forma global, minimizando riscos de pneumonias aspirativas3, o isolamento por efeito dos distúrbios linguísticos4, prolongar o uso equilibrado da voz e articulação 5,6,7 e manter o corpo em atividade.
Profissionais e alunos, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde no Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção Primária à Saúde8, reinventaram suas estratégias de atuação, usando tecnologia de telemonitoramento, ferramentas síncronas e assíncronas no acompanhamento dos pacientes. O material foi cuidadosamente preparado para assegurar que, à distância, os objetivos de tais práticas pudessem ser mantidos no período de isolamento social.
3. Apresentação do caráter inovador ou de melhora na efetividade das abordagens fonoaudiológica e fisioterapêutica
O grupo inicial que participou das atividades presenciais era composto, como já assinalamos, por 25 participantes de ambos os sexos, com idade entre 19 a 84 anos, acometidos por sequelas neurológicas e/ou portadores de dificuldades sensório-motoras, distúrbios linguísticos ou mesmo de ingesta alimentar.
Nas semanas após a paralisação das atividades presencias para cumprimento da quarentena, imposta pela pandemia de COVID-19, definiu-se a elaboração de materiais a serem enviados aos pacientes, familiares e/ou cuidadores: vídeos com orientações e demonstrações de exercícios em atividades fisioterapêuticas e de motricidade orofacial e voz, bem como vídeos, fotos e áudios para realização de atividades artísticas.
Os vídeos tiveram curta duração, as orientações foram escritas de forma objetiva e direta, as demonstrações foram gravadas em ambiente bem iluminado. As atividades foram conduzidas por alunos e profissionais, direcionadas às necessidades dos pacientes, que foram contatados previamente pelo aplicativo WhatsApp e convidados a participar das atividades por acesso remoto. Foram incluídos apenas os que retornaram com um “de acordo”. Formou-se, então, um grupo de WhatsApp com 20 pacientes de ambos os sexos, com idade entre 19 a 84 anos. Os exercícios e orientações propostos utilizaram utensílios domésticos e o espaço interno da casa dos pacientes, garantindo que pudessem ser realizados em segurança, sob a orientação de profissionais e estagiários, bem como supervisionados por familiares e/ou cuidadores. Os materiais foram encaminhados entre abril e junho de 2020, totalizando 11 semanas, sendo que a cada semana foram postados 4 vídeos, 1 áudio e fotos de arte.
Para monitorar o aproveitamento dos pacientes, foi criado um questionário online9 e encaminhado ao grupo. Além dos dados de identificação e data, os pacientes deveriam responder perguntas sobre a clareza das orientações, a impressão sobre as atividades propostas utilizando a escala de Likert, com classificação entre ótimas, boas, ruins ou péssimas; responder sim ou não para a prática das atividades e a frequência em 1, 2, 3 ou 4 vezes por semana, todos os dias, ou não realizava. Também deveria registrar quem havia preenchido o questionário (paciente, cuidador ou familiar, profissional ou estagiário) e, por último, poderia deixar sugestões sobre as atividades.
Foram respondidos 14 questionários entre os meses de maio e junho de 2020. A avaliação da qualidade dos vídeos encaminhados com as orientações foi considerada como ótima ou boa por mais de 70% dos pacientes em todas as atividades propostas. Apenas um vídeo de fisioterapia recebeu uma avaliação negativa e 25% dos participantes não souberam avaliar a qualidade dos vídeos das oficinas de arte (pintura, culinária e literatura).
Com relação à prática dos exercícios enviados, os pacientes tiveram maior adesão às atividades da fonoaudiologia, sendo que 84,7% relataram estar praticando as orientações, enquanto 78% referiram fazer os exercícios de fisioterapia e 35,7% registraram que praticam as atividades das oficinas de arte. Ao avaliar a frequência semanal de prática das atividades, verificou-se que as orientações propostas pela fisioterapia e fonoaudiologia são executadas de formas semelhantes, sendo que 35,7% realizam as atividades duas vezes na semana e menor parcela realiza todos os dias da semana, sendo 7,1% para os exercícios da fisioterapia e 14,3% para os exercícios da fonoaudiologia.
4. Comentários conclusivos
A proposta de intervenção multidisciplinar se mostrou motivadora desde o início do trabalho realizado na instituição. A continuidade das atividades com a utilização de recursos tecnológicos, em tempos de isolamento social, teve excelente adesão por parte dos integrantes, que mantiveram a interação e foram acolhidos pela equipe de profissionais. Além disso, se somou a este momento de reestruturação e reinvenção da prática multidisciplinar, o desafio em manter as atividades acadêmicas por meio de acesso remoto, promovendo com êxito o engajamento dos alunos neste projeto.
1. Ministério da Saúde https://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude/sistema-unico-de-saude [acesso em 13.07.2020] disponível em www.saude.gov.br
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3. Martino R, Foley N, Bhogal S, Diamant N, Speechley M, Teasell R. Dysphagia after stroke: incidence, diagnosis, and pulmonar complications. Stroke. 2005;36(12):2756-2763. https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/01.str.0000190056.76543.eb
4. Gomes ACS. Oficinas de Arte, em meio a falas sintomáticas, encontros singulares com a velhice. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2018.
5. Fabron EMG, Silvério KCA, Berretin-Felix G, Andrade ED, Salles PF, Moreira PAM, Brasolotto AG. Terapia vocal para idosos com progressão de intensidade, frequência e duração do tempo de fonação: estudo de casos CoDAS 2018;30(6):e20170224. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182017224
6. Ferreira TS, Mangilli LD, Sassi FC, Fortunato-Tavares T, Limongi SCO, Andrade CRF. Fisiologia do exercício fonoaudiológico: uma revisão crítica da literatura J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(3):288-96 https://doi.org/10.1590/S2179-64912011000300017
7. Bento FAM, Diaféria GLA, Fonoff ET, Padovani MMP, Behlau M. Efeito da técnica de sobrearticulação na voz e na fala em indivíduos com doença de Parkinson após cirurgia de estimulação cerebral profunda Audiol Commun Res. 2019;24:e2008 https://doi.org/10.1590/2317-6431-2018-2008
8. Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção Primária à Saúde - Versão 9 https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/pdf/37 [acesso em 13.07.2020] disponível em www.unasus.gov.br
9.https://forms.office.com/Pages/AnalysisPage.aspx?id=AZKyjn2iAkOEc8mC61vpNT8p47UpKIhCsXaZIpT7iStUNkMxT1NUOTI1SjZSSDIyMlo4WE9aWDhQSS4u&AnalyzerToken=dUc14TllvY4kPj9mHBk1ug48t3IiIKd6
10 Ministério da Saúde https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_2ed.pdf Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS
[acesso em 12.07.2020] disponível em https://bvsms.saude.gov.br
HIGHLIGHTS
2200
SINTOMAS INICIAIS DO CÂNCER DE CAVIDADE ORAL AUTORREFERIDOS POR PACIENTES E A BUSCA PELO CUIDADO.
Saúde Coletiva (SC)
Objetivo:Investigar os sintomas iniciais do câncer de cavidade oral autorreferidos pelos pacientes e sua relação com a busca pelo cuidado. Métodos: O estudo foi realizado no Centro Regional Integrado de Oncologia (CRIO). Os critérios de inclusão foram adultos e idosos, ambos os sexos, com câncer de cavidade oral. A coleta de dados foi realizada por uma análise de prontuários arquivados no setor de Fonoaudiologia do CRIO, de pacientes atendidos no período de janeiro de 2018 à junho de 2019. Utilizou-se um protocolo com dados referentes a sexo, idade, escolaridade, naturalidade, diagnóstico médico e fonoaudiológico, queixa inicial, início e final do tratamento e tempo entre o sintoma e cuidado inicial. Resultados: Foram encontrados 76,1% (n=16) indivíduos adultos e 23% (n=5) idosos, 80,9% (n=17) do sexo masculino e 19,1% (n=4) do sexo feminino. Os sintomas iniciais mais referidos foram dor 52,3% (n=11), ferida 38% (n=8) e caroço 28,5% (n=6). Com relação a localização da lesão, constatou-se que 76,1% (n=16) apresentavam lesão na língua, 38% (n=8) na mandíbula, 38% (n=8) no trígono retromolar. Na busca pelo cuidado, 47,6% (n=10) buscaram atendimento odontológico, 19% (n=4) hospitais e emergência. A média do início do sintoma ao diagnóstico médico, foram de 308 dias; da percepção ao início do tratamento foi onde apresentou maior atraso 345 dias (11 meses). Esse fato torna-se grave, haja visto o tratamento do câncer ser de caráter urgente. Em relação ao tempo entre o diagnóstico médico e o início do tratamento foi de 43 dias. Conclusão: Conclui-se que o sintoma mais referido pelos indivíduos foi dor seguido de ferida. Os indivíduos buscaram o diagnóstico tardiamente, ou seja, o tempo que o indivíduo percebeu e buscou atendimento foi o período mais demorado. Contudo, ao receber o diagnóstico, o tratamento inicia-se rapidamente como foi identificado na pesquisa a mediana de 43 dias entre o diagnóstico e o tratamento. A demora por parte do paciente é difícil de ser analisada precisamente tendo em vista que a percepção do mesmo é muito subjetiva podendo estar associada a fatores sociais e culturais que dificultam ainda mais essa intervenção precoce e preventiva.
O interesse em realizar a presente pesquisa surgiu pelo fato de almejar compreender mais sobre a sintomatologia inicial e os fatores associados ao câncer de cavidade oral. Verificar os sintomas iniciais autorreferidos pode fornecer informações subjetivas quanto às características iniciais do câncer de cavidade oral. Isto pode favorecer uma valorização da população em relação a esses sinais e sintomas, proporcionando a procura por assistência médica de forma precoce e a facilitação do diagnóstico. Além disso, este estudo pode alertar diversos profissionais da saúde para a importância da intervenção precoce, tendo em vista que as chances de sobrevida aumentam significativamente para diagnósticos em estágio inicial da doença.
Este trabalho torna-se relevante, pois contribui para um maior conhecimento dos profissionais da saúde e aqueles que buscam saber mais a respeito do assunto. Almeja-se colaborar para que haja efetivamente mais incentivos nos programas de políticas públicas de saúde afim prevenir e fortalecer o diagnóstico precoce de câncer de boca.
Este estudo portanto, visou investigar os sintomas e sinais iniciais relatados por pacientes com diagnóstico de câncer de cavidade oral e a busca pelo autocuidado autoreferenciados pelos pacientes.
21 referências
HIGHLIGHTS
2169
TELEFONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE AUDITIVA VOLTADA AOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Saúde Coletiva (SC)
A deficiência auditiva é considerada um problema de saúde pública devido à sua elevada prevalência e também aos seus impactos. As estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) direcionam para uma projeção de 900 milhões pessoas com perda auditiva incapacitante em 2050, de causas que variam desde à genéticas, complicações ao nascimento, determinadas doenças infecciosas, o uso de drogas ototóxicas, exposição ao ruído e idade.
Especificamente nas crianças, 60% das perdas auditivas poderiam ser evitadas por medidas de prevenção e, quando existentes, ações para identificar e tratar na idade adequada, teriam um impacto importante no custo-benefício das políticas públicas em saúde auditiva.
A triagem auditiva neonatal universal (TANU) tem sido reconhecida nos diferentes países como a primeira ação para viabilizar a identificação, diagnóstico e intervenção precoce da deficiência auditiva, na perspectiva de minimizar os seus impactos. No entanto, apesar da TAN ter sido regulamentada como obrigatória no Brasil em 2010, a cobertura populacional tem ampla variabilidade nas diferentes regiões do país, com cobertura média 31,8%, quando indicador de qualidade é 95%. Somado a esta realidade, a TAN não contribui para ações de prevenção, sendo, portanto, essencial o desenvolvimento de ações complementares.
Embora não atinja 100% de cobertura nas diferentes regiões do país, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e a Atenção Primária à Saúde (APS) como um todo mostrou evolução contínua ao longo dos anos nas diferentes regiões, estados e municípios do país. De acordo com os painéis indicadores da APS e tendo como referência o mês de abril de 2020, o Brasil conta com uma cobertura populacional média da APS de 76,50%. Ao considerar os diferentes estados o percentual de cobertura variou de 59,7% a 99,64%, o que representa maior possibilidade de alcance populacional quando comparado à TAN. Somado a este dado, a APS tem sido vista de forma consensual em todo o mundo como a principal estratégia para o fortalecimento dos serviços públicos de saúde.
Diante do exposto, tem-se como situação-problema a necessidade de desenvolvimento de ações que favoreçam a prevenção da perda auditiva, a ampliação do acompanhamento para a identificação precoce de perdas auditivas de manifestação tardia ou adquirida, e por conseguinte, maximização do custo-efetividade das políticas públicas em saúde auditiva.
Assim, pretende-se apresentar uma interface da APS na área de saúde auditiva como uma ação potencializadora para resolutividade do problema supracitado.
No ano de 2003 iniciamos projetos, sempre em parceria com os governos municipais ou estaduais, voltados à educação continuada na área de audição de profissionais dos Hospitais Maternidades, no caso os enfermeiros, e da Estratégia da Saúde da família, mais especificamente os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A escolha da Estratégica da Saúde Família e Equipe de ACS justificou-se, não apenas por serem programas públicos de saúde e com abrangência nacional, mas também pela proposta, na qual o ACS passa a ser o principal vínculo da família com o profissional da saúde, com visitas domiciliares mensais. Nossa experiência tem mostrado que a atuação do ACS envolve desde aspectos voltados à prevenção e identificação da deficiência auditiva, ao resgatar as famílias que não dão continuidade ao processo de TAN e diagnóstico audiológico, assim como, a identificação de crianças com perdas auditivas adquiridas. Outra ação relevante diz respeito à orientação da família, quanto à existência e a necessidade de continuidade do tratamento, o que auxiliará a garantir a adesão da família a todas etapas do processo.
Neste contexto, houve também a preocupação de criar ferramentas para que esta formação especializada chegasse aos profissionais que atuam em áreas distantes, considerando todas as regiões do país.
Assim, foram desenvolvidas ao longo dos anos diferentes ferramentas para viabilizar uma assimilação eficaz de conhecimento na área, dando suporte à atuação qualificada. A base teórica inicial encontra-se na tradução autorizada do material da Organização Mundial de Saúde, Primary Ear and Hearing Care Training Resource, com posteriores adaptações, atualizações e validações em grupos de pesquisa de diferentes estados: Paraná, São Paulo e Rio Grande do Norte.
Após a capacitação presencial de agentes comunitários de Saúde (ACS), foi inserida a videoconferência como uma ferramenta que poderia ampliar o alcance em localidades em que não há audiologistas para a realização da formação presencial. Posteriormente, com o avanço tecnológico e em parceria com a Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, estruturou-se um curso para apresentação via Cybertutor, disponibilizado no site do Programa Telessaúde Brasil – Núcleo São Paulo.
Ampliando o público alvo para outros profissionais da APS, na sequência foi desenvolvido e validado um Cybertutor voltado aos Enfermeiros de maternidades com Programa de TAN ou com atuação na APS. Apesar do acesso à internet crescente, a fim de propiciar alcance às UBS sem acesso à rede, o curso foi adaptado para o formato de CD-ROM, com eficácia também verificada e comprovada.
Mais recentemente expandiu-se a inserção da temática como um curso autoinstrucional estruturado e disponibilizado no ambiente virtual de aprendizagem do SUS [AVASUS] do Ministério da Saúde. Tal proposta refletiu em ampliação de alcance nas diferentes localidades do país e por profissionais de diversas especialidades.
Diante da evolução dos trabalhos, tem-se uma ampla gama de ferramentas validadas e com perspectiva de uso a depender da infraestrutura disponível na UBS dos diferentes municípios, estados e regiões do país. Assim, tem-se a apresentação de um conjunto de ferramentas para a educação permanente de ACS e demais profissionais da APS para atuarem com eficácia na área de saúde auditiva infantil.
As ferramentas apresentadas servirão de base para que os fonoaudiólogos com atuação na área de saúde auditiva ou direcionada para a APS possam inserir a educação permanente dos profissionais da APS em sua prática como uma primeira etapa para a estruturação de um programa de saúde auditiva. A utilização de ferramentas já validadas e com diferentes características fornecerá aos profissionais o passo inicial para o desenvolvimento de ações em prol do fortalecimento da APS na área de saúde auditiva, com perspectiva de refletir na prevenção de perdas auditivas, maximização da identificação precoce viabilizando o encaminhamento e intervenção imediata e também com possibilidade de minimizar a evasão das diferentes etapas do Programa de Saúde Auditiva.
1. ALVARENGA, Kátia de Freitas. Capacitação dos agentes comunitários de saúde do Programa de Saúde da Família: Uma proposta de educação à distância na área de saúde auditiva. Bauru (SP): Universidade de São Paulo, 2010. Final report: Process CNPq n. 485508/2007–9.
2. ALVARENGA, Kátia Freitas; BEVILACQUA, Maria Cecilia; MARTINEZ, Maria Angelina N. S.; MELO, Tatiana Mendes; BLASCA, Wanderléia Q.; TAGA, Marcel Frederico de Lima. Proposta para capacitação de agentes comunitários de saúde em saúde auditiva. Pró-fono Revista de Atualização Científica, v. 20, n. 3, p. 171-176, set. 2008. http://dx.doi.org/10.1590/ s0104-56872008000300006.
3. ARAÚJO, Eliene Silva; ALVARENGA, Kátia de Freitas; URNAU, Daniele; PAGNOSSIN, Débora Frizzo; WEN, Chao Lung. Community health worker training for infant hearing health: effectiveness of distance learning. International Journal of Audiology, [s.l.], v. 52, n. 9, p. 636-641, 28 maio 2013. http://dx.doi.org/10.3109/14992027.2013.791029.
4. THE WORLD BANK. A fair adjustment : efficiency and equity of public spending in Brazil : Volume I. Disponível em:
5. MELO, Tatiana Mendes de; ALVARENGA, Kátia de Freitas; BLASCA, Wanderléia Quinhoneiro; TAGA, Marcel Frederico de Lima. Capacitação de agentes comunitários de saúde em saúde auditiva: efetividade da videoconferência. Pró-fono Revista de Atualização Científica, v. 22, n. 2, p. 139-144, jun. 2010. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-56872010000200012
6. OLIVEIRA, Maria Taiany Duarte. Análise da implementação de um programa de saúde auditiva infantil na atenção primária. [dissertação]. Programa Associado de Pós-graduação em Fonoaudiologia UFRN/UFPB, 2020.
7. Organização Mundial de Saúde (OMS). Primary ear and hearing care training resource: basic, intermediate and advanced levels. 1998. (Acessado em: 17 jun.2020). Disponível em: http://www.who.int/pbd/deafness/activities/hearing_care/en/index.html.
8. PASCHOAL, Monique Ramos; CAVALCANTI, Hannalice Gottschalck; FERREIRA, Maria Ângela Fernandes. Análise espacial e temporal da cobertura da triagem auditiva neonatal no Brasil (2008-2015). Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, p. 3615-3624, 2017.
9. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Ear and hearing care: planning and monitoring of national strategies. World Health Organization, 2019.
10. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Primary Ear and Hearing Care Training Resource. Disponível em https://www.who.int/pbd/deafness/activities/hearing_care/en/, acesso julho de 2020.
HIGHLIGHTS
2193
TERMOGRAFIA E VOZ: AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO TÉRMICA NA REGIÃO DA MUSCULATURA SUPRA E INFRAHIOIDEA DURANTE A FONAÇÃO
Voz (VOZ)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: A termografia é uma avaliação que permite a visualização das mudanças de temperatura corporal por meio de imagens das ondas infravermelhas emitidas pelo corpo humano como parte da termorregulação (1). É possível identificar regiões mais quentes e mais frias denominadas de hiperradiantes e hiporradiantes, a temperatura absoluta e a diferença de temperatura (ΔT) ou parâmetro de assimetria em relação ao lado contralateral, medidos em graus Celsius (ºC) (2). O ser humano é capaz de manter a temperatura corporal entre 27,1ºC e 34,5ºC (3) e indivíduos saudáveis exibem um alto grau de simetria térmica entre os lados do corpo (3) e da face (∆T=0.11°C) (4). Quando a termografia foi utilizada para avaliação da musculatura de cabeça e pescoço foi identificada produção de calor relacionada com a contração muscular em condições fisiológicas normais (5) redução da temperatura em pontos de tensão específicos (6) e assimetria térmica após atividade que modifica a postura de cabeça (7). A avaliação térmica da região da musculatura cervical anterior e sua relação com a função de fonação ainda não foi explorada.
DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: A avaliação da musculatura supra e infrahioidea tem sido abordada na área de voz em indivíduos saudáveis e disfônicos (8,9). Existe uma redução da atividade elétrica da musculatura extrínseca da laringe de disfônicos comparados com não disfônicos (9) e aumento da dor musculoesquelética (8). Entretanto, estas avaliações fornecem dados sobre a condição muscular em um determinado momento, não sendo possível a avaliação em tempo real durante atividades fonatórias extensas.
RESOLUÇÃO ENCONTRADA/APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR: A termografia é um instrumento de avaliação complementar que pode identificar alterações da distribuição térmica relacionadas com o desequilíbrio muscular e possui a vantagem de poder ser utilizada durante a fonação. É portátil, não invasiva, não radioativa, e de fácil utilização podendo contribuir para avaliação e acompanhamento terapêutico dos pacientes na área de voz.
Para a realização do exame é necessário uma câmera termográfica posicionada sobre um tripé, controle da temperatura do ambiente e umidade relativa do ar e controle das variáveis individuais que influenciam na distribuição térmica (3,4). Após o registro em imagem, denominado termograma de repouso, e em vídeo, denominado termograma de fonação, é possível a seleção das áreas de interesse em software específico para determinar a temperatura média e a diferença de temperatura. No termograma de fonação o avaliador pode escolher frames no início, meio e fim da atividade fonatória para análise e comparação dos achados.
MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Nossos grupos de pesquisa estão aprofundando os conhecimentos sobre a avaliação térmica para compreensão do comportamento muscular da região cervical anterior em repouso, emissão de vogal sustentada, fala encadeada e em diferentes atividades que envolvem o uso da voz para enriquecer a avaliação e acompanhamento terapêutico dos pacientes na área da voz. A facilidade na realização da avaliação e a possibilidade de aplicação durante atividades fonatórias é um fator que contribui para o futuro uso desta tecnologia como rotina na pesquisa e na clínica vocal. Investiga-se a possibilidade de utilização futura desta tecnologia como um feedback visual para o desenvolvimento e manutenção de ajustes musculares adequados durante atividades envolvendo o uso da voz, tanto na fala como no canto.
1. Shterenshis M. Challenges to Global Implementation of Infrared Thermography Technology: Current Perspective. Cent Asian J Glob Heal. 2017;6(1).
2. Ammer K. The Glamorgan protocol for recording and evaluation of thermal images of the human body. Thermol Int. 2008;18(4):125–44.
3. Uematsu S, Edwin DH, Jankel WR, Kozikowski J, Trattner M. Quantification of thermal asymmetry. Part 1: Normal values and reproducibility. J Neurosurg. 1988;69(4):552–5.
4. Haddad DS, Brioschi ML, Baladi MG, Arita ES. A new evaluation of heat distribution on facial skin surface by infrared thermography. Dentomaxillofacial Radiol. 2016;45(4):1–10.
5. Mongini F, Caselli C, Macri V, Tetti C. Thermographic Findings in Cranio-Facial Pain. Headache J Head Face Pain. 1990;30(8):497–504.
6. Girasol CE, Dibai-filho AV, Oliveira AK De, Roberto R, Guirro DJ. Correlation Between Skin Temperature Over Myofascial Trigger Points in the Upper Trapezius Muscle and Range of Motion, Electromyographic Activity, and Pain in Chronic Neck Pain Patients. J Manipulative Physiol Ther [Internet]. 2018;41(4):350–7. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jmpt.2017.10.009
7. Clemente MP, Mendes J, Vardasca R, Moreira A, Branco CA, Ferreira AP, et al. Infrared thermography of the crânio-cervico-mandibular complex in wind and string instrumentalists. Int Arch Occup Environ Health [Internet]. 2020;93(5):645–58. Available from: https://doi.org/10.1007/s00420-020-01517-6
8. Silverio KCA, Siqueira LTD, Lauris JRP, Brasolotto AG. Muscleskeletal pain in dysphonic women. CoDAS. 2014;26(5):374–81.
9. Balata PMM, Silva HJ, Pernambuco LA, Amorim GO, Braga RSM, Fernandes Da Silva EG, et al. Electrical activity of extrinsic laryngeal muscles in subjects with and without dysphonia. J Voice. 2015;29(1):129.e9-129.e17.
HIGHLIGHTS
2201
TESTE 1
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Este trabalho tematiza a questão do objeto em Fonoaudiologia, discute a pretensa unidade do campo e aponta a inexorabilidade de sua divisão para a concretização de seu estatuto científico. Para fazê-lo assume a linguagem em seus processos patológicos sob a instância da clínica como seu objeto, mas indica a necessidade de se desnaturalizar a linguagem, redefinindo-a como instância simbólica de subjetivação. Isto a afasta definitivamente da Audiologia, aqui entendida como ramificação das ciências ditas biológicas, e do reducionismo a que tem sido submetida ao ser concebida apenas como prática. Por outro lado, instaura o fonoaudiólogo como clínico terapeuta, comprometido com a linguagem de seu paciente e sua cura. Reconhece, ainda, outra paternidade para a Fonoaudiologia, indicando a Lingüística e a Psicanálise - quando adotam as mesmas concepções de sujeito e de linguagem - como lugares de peculiar interesse na constituição do saber fonoaudiológico. Uma vez realocada a Fonoaudiologia terá, diante de sí, a tarefa de reconhecer a clínica como seu espaço privilegiado de problematização de questões, das quais a primeira será o enfrentamento da constituição de seu método clínico. Finalmente, alerta-se o fonoaudiólogo para a ameaça de nova dominação caso não se marque a distinção entre as formas de interpretação que identificam a clínica fonoaudiológica e a particularizam em relação à clínica psicanalítica.
Descritores: Fonoaudiologia;Ciência ; Patologia de Fala e Linguagem; Linguagem
Este trabalho tematiza a questão do objeto em Fonoaudiologia, discute a pretensa unidade do campo e aponta a inexorabilidade de sua divisão para a concretização de seu estatuto científico. Para fazê-lo assume a linguagem em seus processos patológicos sob a instância da clínica como seu objeto, mas indica a necessidade de se desnaturalizar a linguagem, redefinindo-a como instância simbólica de subjetivação. Isto a afasta definitivamente da Audiologia, aqui entendida como ramificação das ciências ditas biológicas, e do reducionismo a que tem sido submetida ao ser concebida apenas como prática. Por outro lado, instaura o fonoaudiólogo como clínico terapeuta, comprometido com a linguagem de seu paciente e sua cura. Reconhece, ainda, outra paternidade para a Fonoaudiologia, indicando a Lingüística e a Psicanálise - quando adotam as mesmas concepções de sujeito e de linguagem - como lugares de peculiar interesse na constituição do saber fonoaudiológico. Uma vez realocada a Fonoaudiologia terá, diante de sí, a tarefa de reconhecer a clínica como seu espaço privilegiado de problematização de questões, das quais a primeira será o enfrentamento da constituição de seu método clínico. Finalmente, alerta-se o fonoaudiólogo para a ameaça de nova dominação caso não se marque a distinção entre as formas de interpretação que identificam a clínica fonoaudiológica e a particularizam em relação à clínica psicanalítica.
Descritores: Fonoaudiologia;Ciência ; Patologia de Fala e Linguagem; Linguagem
Este trabalho tematiza a questão do objeto em Fonoaudiologia, discute a pretensa unidade do campo e aponta a inexorabilidade de sua divisão para a concretização de seu estatuto científico. Para fazê-lo assume a linguagem em seus processos patológicos sob a instância da clínica como seu objeto, mas indica a necessidade de se desnaturalizar a linguagem, redefinindo-a como instância simbólica de subjetivação. Isto a afasta definitivamente da Audiologia, aqui entendida como ramificação das ciências ditas biológicas, e do reducionismo a que tem sido submetida ao ser concebida apenas como prática. Por outro lado, instaura o fonoaudiólogo como clínico terapeuta, comprometido com a linguagem de seu paciente e sua cura. Reconhece, ainda, outra paternidade para a Fonoaudiologia, indicando a Lingüística e a Psicanálise - quando adotam as mesmas concepções de sujeito e de linguagem - como lugares de peculiar interesse na constituição do saber fonoaudiológico. Uma vez realocada a Fonoaudiologia terá, diante de sí, a tarefa de reconhecer a clínica como seu espaço privilegiado de problematização de questões, das quais a primeira será o enfrentamento da constituição de seu método clínico. Finalmente, alerta-se o fonoaudiólogo para a ameaça de nova dominação caso não se marque a distinção entre as formas de interpretação que identificam a clínica fonoaudiológica e a particularizam em relação à clínica psicanalítica.
Descritores: Fonoaudiologia;Ciência ; Patologia de Fala e Linguagem; Linguagem
teste teste
HIGHLIGHTS
817
TESTE SINTÁTICO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL: PREENCHENDO UMA LACUNA
Linguagem (LGG)
Contextualizando e apontando a relevância do tema
É notável a escassez de instrumentos sistemáticos e formais na literatura brasileira indicados para avaliação e diagnóstico na área da linguagem, em especial para crianças em idade pré-escolar (1). Enquanto em países como os Estados Unidos, Espanha, França, Argentina ou Chile há um número significativo de testes e protocolos para avaliar a linguagem em diferentes faixas etárias, no Brasil, este número é ainda restrito, mesmo com os progressos na última década. Se o horizonte é limitado quanto à procedimentos de avaliação da linguagem de um modo geral, ele é praticamente inexistente quando a averiguação é sobre a morfossintaxe. Quando nos debruçamos sobre publicações (2-6) que tratam da verificação da morfologia e da sintaxe de crianças brasileiras, fundamentalmente elas utilizam o MLU - Mean Length Utterance (7) - medida de linguagem, cujo objetivo é obter dados sobre o desempenho dos aspectos morfológicos e sintáticos de crianças em fase de aquisição de linguagem. Os estudos morfossintáticos na área da psicolinguística infantil em língua portuguesa não tem sido tão explorados quanto o de outros componentes da linguagem, e isto tem deixado uma lacuna no contexto da avaliação de crianças pré-escolares.
Situação problema
Um dos grandes desafios para os profissionais que trabalham com diagnóstico em linguagem é contar com instrumentos que possam de fato aferir as habilidades auditivas, comunicativas, linguísticas e psicolinguísticas. Sem instrumentos confiáveis com parâmetro de comparação, o fonoaudiólogo tem comprometida sua capacidade de raciocínio e análise sobre as manifestações observadas em seus pacientes. A avaliação morfossintática de crianças com alterações de linguagem tem sido negligenciada justamente porque não é possível aferi-la de forma confiável na língua portuguesa falada no Brasil. Assim, investir nesta área é iminente, e é nessa direção que este trabalho buscou contribuir.
Proposta
A proposta foi adaptar, validar e normatizar TSA - Test de Sintaxis de Aguado (8). O TSA verifica o aspecto sintático da linguagem na vertente receptiva e expressiva, tendo por objetivo identificar alterações e fornecer informações para a intervenção, quando necessário. A faixa de aplicação vai dos 3 aos 7 anos. Os itens do teste permitem explorar a sequência na aquisição dos signos morfossintáticos, como o domínio da diferenciação de artigos (masculino, feminino, singular, plural), morfemas verbais, conjunções, e ainda, a compreensão e expressão de diferentes tipos de orações (afirmativa, negativa, voz passiva, dentre outras).
Resultados da proposta
O TSA foi traduzido e adaptado para o português, seguindo as diretrizes de Beaton et al. (9), utilizando as seguintes etapas: (a) tradução; (b) síntese das traduções; (c) retrotradução; (d) comitê de revisão; (e) pré-teste; (f) submissão da documentação ao autor do instrumento. A adaptação modificou alguns subitens no intuito de contemplar a língua portuguesa falada no Brasil.
Para tornar o instrumento passível de utilização por fonoaudiólogos brasileiros, foi verificado se ele de fato mede o que se propõe a aferir (validação). O TSA foi aplicado em 25 crianças com alteração no desenvolvimento da fala e da linguagem, sendo 10 delas com Transtorno dos Sons da Fala (TSF) e 15 com Atraso ou Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem, e mais 25 crianças com desenvolvimento típico de linguagem, pareadas em relação à idade e nível socioeconômico. O resultado desta etapa indicou diferença significante de desempenho entre crianças típicas e àquelas com atraso ou transtorno de linguagem, mas não indicou diferença entre as típicas e as com TSF. Considerando que crianças com alterações dos sons da fala não apresentam alterações no desenvolvimento sintático, o teste parece se mostrar efetivo naquilo que se propõe a avaliar. Por fim, para a normatização, foram avaliadas 400 crianças em escolas de educação infantil e ensino fundamental entre 36 a 84 meses, conforme a faixa etária normatizada pelo TSA na língua espanhola. os resultados obtidos na pesquisa foram submetidos ao estudo estatístico, permitindo obter cálculo por percentis.
O produto e seu caráter inovador
O produto é o TSA – versão brasileira, após três anos de trabalho, poderá em breve ser utilizado pelos fonoaudiólogos brasileiros para verificar o desenvolvimento morfossintático de crianças entre 3,0 e 7,0 anos de forma rápida e segura (em torno de 40 minutos), comparando o desempenho de seus pacientes com o de crianças típicas. Não há no Brasil teste que verifica as habilidades morfossintáticas em ambas as modalidades, expressiva e receptiva, considerando diversas características da gramática da língua portuguesa, e é neste contexto que o TSA – versão brasileira tem seu caráter inovador.
1. Lindau T A, Rossi N F, Giacheti C M. Preschool Language Assessment Instrument, segunda edição, em crianças falantes do Português Brasileiro. CoDAS, 2014; 26(4): 328-30.
2. Fensterselfer A, Ramos A P. Extensão média de enunciados em crianças de 1 a 5 anos. Pró-Fono. 2003; 15 (3): 251-8.
3. Araújo K, Befi-Lopes D M. Extensão Média do Enunciado de crianças entre 2 e 4 anos de idade: diferenças no uso de palavras e morfemas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2004; 9 (3): 156-63.
4. Santos M E, Lynce S, Carvalho S, Cacela M, Mineiro A. Extensão média do enunciado-palavras em crianças de 4 e 5 anos com desenvolvimento típico da linguagem. Rev. CEFAC. 2015; 17 (4): 1143-51.
5. Marques S F, Limongi S C O. A extensão média do enunciado (EME) como medida de desenvolvimento de linguagem de crianças com síndrome de Down. J. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2011; 23 (2): 152-7.
6. Befi-Lopes DM, Nuñes CO, Cáceres AM. Correlação entre vocabulário expressivo e extensão média do enunciado em crianças com alteração específica de linguagem Rev. CEFAC. 2013; 15 (1): 51-7.
7. Brown R A. A First Language. Cambridge: Harvard University Press, 1973.
8. Aguado G. El Desarrollo de la Morfosintaxis en el Niño. Manual de evaluación del TSA. Madrid: CEPE, 1989.
9. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz M B. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000; 25 (24): 3186-91.
HIGHLIGHTS
2183
UMA PLATAFORMA COMPUTACIONAL PARA A AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DA FALA COM RUÍDO COMPETITIVO
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
A habilidade de compreensão de fala é fundamental para integração do indivíduo no seu cotidiano. Visando a efetividade da compreensão de fala, habilidades auditivas como atenção, análise, síntese e memória, associadas entre si, se fazem necessárias a fim de viabilizar o reconhecimento auditivo, ou seja, extrair sentido daquilo que se escuta [1] . A capacidade de compreender a fala na presença do ruído de fundo é um grande desafio para qualquer ouvinte, principalmente para os deficientes auditivos, sendo extremamente preocupante para usuários de dispositivos auditivos. Fetterman e Domico [2], verificaram em seus estudos, que o desempenho do entendimento da fala nos usuários de implante coclear quando estão em presença de ruído competitivo apresenta queda significativa, sendo a queixa principal queixa dessa população [3].
Desta forma, analisar a capacidade de reconhecimento de fala no ruído se torna cada vez mais importante no processo da avaliação e acompanhamento audiológico, devido a frequente queixa de dificuldade dos indivíduos para reconhecê-la. Assim sendo, nota-se a importância de testes de avaliação da percepção da fala com estímulos utilizando sentenças, porque, além de verificar a real habilidade auditiva do paciente, proporcionam uma aproximação direta com situações de comunicação do dia a dia. Estes testes fornecem informações que irão orientar a conduta mais adequada a ser indicada para o indivíduo com queixa de distúrbios de audição [4].
Apesar da relevância destes aspectos estudos apontam que no Brasil menos da metade dos centros de pesquisa e clínicas audiológicas utilizam ruído competidor ou fontes sonoras espacialmente distribuídas no diagnóstico e/ou reabilitação auditiva - devido à dificuldade de acesso à tecnologias de reprodução sonora espacialmente distribuída de maneira controlada e limitação de verba devido à necessidade de se importar software e eventualmente hardware [5].
Protocolos padronizados utilizados em países como Austrália, Inglaterra, Espanha, EUA, foram estudados de modo a avaliar as similaridades e principais diferenças, a fim de se direcionar o desenvolvimento de uma plataforma computacional livre e de fácil manuseio para realizar exames de inteligibilidade da fala com ruído competidor e fontes sonoras espacialmente distribuídas. Baseado na análise da literatura e de observações da prática clínica desenvolveu-se inicialmente um catálogo de melhorias e a descrição do comportamento desejado para um framework de software que possibilitasse a realização de ensaios da inteligibilidade da fala com ruído competitivo e fontes sonoras espacialmente distribuídas num ambiente clínico, com material de fala e e ruído gravado e de alta qualidade. Voltada a ser uma plataforma que não somente permite a avaliação do teste de reconhecimento da fala, mas sim permitir acompanhar o desenvolvimento das habilidades auditivas do paciente a plataforma foi chamada de perSONA. Desenvolveu-se inicialmente uma versão acadêmica usando a linguagem de programação MATLAB. Posteriormente a versão clínica foi desenvolvida na linguagem de programação C# e framework .NET, trazendo compatibilidade com as versões mais recentes do sistema operacional Windows/64-bit visando maior acessibilidade fora dos centros de pesquisa. O sistema desenvolvido, com os seus módulos implementados, é inovador pois permite a realização de protocolos de avaliação de percepção de fala com ruído competitivo em diferentes configurações de cenas acústicas, ou seja, com diferentes distribuições espaciais estáticas ou dinâmicas de fontes sonoras, objetivando a medição do limiar de reconhecimento de fala (LRF) no ruído tanto no âmbito da pesquisa como no dia-a-dia clínico. Os módulos implementados são: 1) Calibração / teste do sistema, 2) Configuração de ensaios, 3) Edição de base de dados de áudio (sinais de fala e/ou ruído competitivo), 4) Aplicação de ensaios, 5) Gerenciamento de pacientes , 6) Análise inter resultados e 7) Virtualização de fontes sonoras (VA), para produzir cenários acústicos estáticos ou dinâmicos com fontes sonoras distribuídas.
O módulo de calibração permite ao experimentador realizar a calibração e teste do sistema, em particular dos reprodutores sonoras, de forma bastante intuitiva, permitindo o uso de equipamentos à disposição do experimentador. Com a calibração realizada, o módulo gera um relatório de calibração com todas as informações relevantes. A configuração dos ensaios também é realizada de forma muito intuitiva, podendo o experimentador escolher diferentes sistema de reprodução sonora (fones de ouvido, sistema de 2 caixas em cabine, ou sistemas de n alto-falantes), diferentes materiais de fala, diferentes ruídos competitivos e diferentes posições para as fontes sonora de fala e ruído competitivo. Reconhecendo as vantagens de métodos adaptativos, implementou-se a reprodução de sinais com uma razão sinal-ruído (SNR) iterativa com regra de iteração customizável. O módulo de reprodução sonora utiliza técnicas de espacialização e reverberação permitindo a apresentação de cenas sonoras renderizadas em tempo real pelo método crosstalk-cancellation [6] e os reprodutores sonoros escolhidos. A plataforma permite obter o Limiar de reconhecimento da fala (LRF) com a aplicação de ensaios em normouvintes e usuários de ASSI e IC unilateral, bimodal ou bilateral em diferentes condições de reprodução sonora de cenas acústicas complexas. Permite também o uso da interface de pesquisa CCi-Mobile e com o uso de cabo de áudio de IC. A base de dados dos pacientes é completada cada vez que um ensaio for realizado, mas pode ser carregado também com dados de outros ensaios já realizados. Com isso, uma plataforma de gerenciamento clínico de pacientes que cruza informações pessoais, detalhes do tratamento auditivo e histórico de resultados de avaliações realizadas em distintos momentos foi integrada à execução da tarefa de percepção de fala proposta. O perSONA [7] é, portanto, uma plataforma flexível e promissora, voltada para melhorar e padronizar o atendimento de usuários de AASI e ICs ao longo do processo de avaliação e reabilitação.
1.Almeida, GVM , Ribas, A, Calleros, J. Free Field Word recognition test in the presence of noise in normal hearing adults. Brazilian Journal Of Otorhinolaryngology. 2017; 83 (6):.665-669.
2.Fetterman, BL, Domico, E H.Speech Recognition in Background Noise of Cochlear Implant Patients. Otolaryngology–head And Neck Surgery. 2002; 126 (3):.257-263.
3.Danieli, F; Bevilacqua, MC. Reconhecimento de fala em crianças usuárias de implante coclear utilizando dois diferentes processadores de fala. Acr - Audiology Communication Research. 2013;. 18 (1):.17-23.
4.Lessa, A H, Padilha, CB, Santos SN, Costa MJ. Reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído, em campo livre, em indivíduos portadores de perda auditiva de grau moderado. Arquivos Int. Otorrinolaringol. 2012 ; 16( 1 ): 16-25.
5. Faria, LRD. TESTES DE PERCEPÇÃO DE FALA NOS CENTROS DE IMPLANTE
COCLEAR: CONHECENDO A REALIDADE NACIONAL. 2016. Mestrado em Saúde da
Comunicação Humana – Universidade Federal De Pernambuco - PE.
6. Masiero, B, Vorländer, M. A framework for the calculation of dynamic crosstalk
cancellation filters. IEEE/ACM transactions on audio, speech, and language processing,
2014; 22 (9): 1345–1354.
7. Murta, B.H.P. Plataforma para ensaios de percepção sonora com fontes distribuídas
aplicável a dispositivos auditivos: perSONA, 2019, Mestrado em Engenharia Mecânica - Universidade Federal de Santa Catarina
HIGHLIGHTS
2160
UNILATERAL HEARING LOSS QUESTIONNAIRE PARA A LÍNGUA PORTUGUESA BRASILEIRA.
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
INTRODUÇÃO: A perda auditiva unilateral (PAUn) é caracterizada pela diminuição parcial ou total da audição em apenas uma orelha, podendo variar de grau leve a profundo, do tipo sensórioneural e/ou condutiva e pode ser adquirida antes do desenvolvimento da linguagem, ou após, e pode acarretar várias dificuldades no que diz respeito à aquisição de linguagem, fala, percepção auditiva, aspectos acadêmicos, sociais e emocionais. Existem muitas queixas acerca das pessoas com PAUn, dentre elas a dificuldade na localização sonora e queixas recorrentes na dificuldade em compreender a fala em ambientes ruidosos. Essa última situação acontece principalmente em salas de aula onde muitas vezes são acusticamente desfavorecidas, os prejuízos acadêmicos são apontados com maior frequência, as crianças são rotuladas como hiperativas ou com falta de atenção. Um dos recursos para minimizar os prejuízos enfrentados pelos portadores de PAUn é a indicação de dispositivos eletrônicos como o aparelho de amplificação sonora individual (AASI), sistema de frequência modulada (FM) e o implante coclear (IC). No entanto, não há protocolos ou questionários no Brasil que avaliem o benefício e/ou satisfação do uso de auxiliares da audição nas crianças/adolescentes com PAUn nas salas de aula ou no seu dia a dia.
OBJETIVO: Realizar a tradução e adaptação transcultural do Unilateral Hearing Loss Questionnaire para a língua portuguesa brasileira.
MÉTODO: Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa nº do protocolo 003024/2019. A Tradução e adaptação transcultural do Unilateral Hearing Loss Questionnaire para a língua portuguesa brasileira foi autorizado pela autora (Sarah McKay, 2002). A tradução e adaptação transcultural do instrumento seguiu duas etapas: tradução e retrotradução, segundo modelo de Beaton et al. (2000). Em um primeiro momento dois tradutores brasileiros, um que atua na área e outro que não, traduziram o instrumento do inglês para a língua portuguesa brasileira, em seguida comparadas as duas versões gerou-se uma versão única. Essa nova versão foi enviada para um nativo da língua inglesa para que fosse feito a retrotradução do questionário. Novamente realizou-se uma avaliação técnica que resolveu as discrepâncias e assegurou a equivalência de semântica, expressões idiomáticas e conceituais do mesmo.
RESULTADOS: O questionário envolve a participação tanto das crianças/adolescentes quanto da mãe/responsável, ele apresenta 15 perguntas divididas em três blocos (percepção sensorial do som, aceitação do dispositivo e satisfação de uma forma geral). Mãe/responsável e crianças/adolescentes respondem sobre as vantagens e desvantagens do uso dos aparelhos de amplificação sonora. Das 15 perguntas do questionário, apenas duas sofreram adaptação para a língua portuguesa brasileira, bem como apenas duas alternativas das perguntas sofreram a adaptação transcultural após a tradução e retrotradução.
CONCLUSÃO: Seguindo as recomendações do Guidelines de perdas auditivas unilaterais, obter um instrumento que possa avaliar vantagens e desvantagens de aparelhos de amplificação sonora tanto nas salas de aula como no dia a dia das crianças/adolescentes com PAUn, poderá contribuir com pesquisas na área e seguir melhores direcionamentos nos casos. A família tem um papel importante na avaliação comportamental da criança frente ao uso dos dispositivos. E a relevância entre concordância das respostas entre pais e crianças é de sua importância tanto para o aprendizado dos pais frente as atenciosas observações do comportamento das crianças quanto as crianças frente sua auto avaliação.
.American Academy of Audiology Pediatric Amplification (2013) Updated clinical practice guidelines for unilateral hearing loss.
Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000; 25(24): 3186-91.
Boéchat EM. Perdas auditivas unilaterais. In: Lopes Filho O, editor. Novo tratado de fonoaudiologia. 3ªed. São Paulo: Manole; 2013; p. 437-43.
Fitzpatrick EM, Al-Essa RS, Whittingham J, Fitzpatrick J. Characteristics of children with unilateral hearing loss. International Journal of Audiology. 2017; 56(11):819–28.
McKay S. To aid or not to aid: children with unilateral hearing loss. 2002. [online]. [citado em 16 de maio de 2019]. Disponível em: https://www.audiologyonline.comhttp://galster.net/wp-content/uploads/2013/07/AAA-2013- Pediatric-Amp-Guidelines.pdf
McKay S. Managing children with mild and unilateral hearing loss. Madell JR, Flexer C. In Pediatric audiology. New York: Thieme. 2008; 291
HIGHLIGHTS
584
UPDATE EM ZUMBIDO: PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
O zumbido se configura como a percepção de um som, na ausência de uma fonte sonora externa e tem presença na literatura desde os tempos da Antiguidade, quando há registro das possíveis explicações e opções de tratamento. Nos últimos anos, tem apresentado aumento significativo de sua prevalência, estimando-se que mais de 15% da população adulta tem alguma experiência com o mesmo e que essa incidência, ultrapassa os 30% dentre as pessoas idosas. No contexto da população infantil e adolescente, há dificuldade em se estabelecer uma prevalência, dada a subjetividade da queixa e variação das amostras e metodologias utilizadas nos estudos. Além disso, a literatura e experiência clínica mostram a relação direta com alterações de atenção, concentração e sono, podendo acarretar condições como síndrome do pânico, transtorno de ansiedade e dependência de substâncias1,2,3. Dada a alta prevalência, acometimento em todas as fases da vida e impacto negativo na qualidade de vida, o zumbido é questão relevante de Saúde Pública e no entanto, ainda há a cultura disseminada de que não há nada que possa ser feito em relação a este agravo de saúde4. A abordagem do zumbido tem um histórico médico-centrado e baseada em tratamentos medicamentosos, mas estudos no mundo inteiro, têm mostrado que algumas das técnicas utilizadas não apresentam eficácia ou sua efetividade pode ser aplicada apenas em contextos específicos. Formas de estimulação como estimulação transcraniana, neuromodulação e estimulação invasiva, por exemplo, não têm apresentado resultados benéficos com pacientes com zumbido, e se mostram como técnicas de possível risco. O ajuste de aparelho auditivo e implante coclear podem ter potencialidades, mas as pesquisas não apresentam evidências como sendo fator para a indicação dos dispositivos. Terapia sonora e Terapia de Habituação do Zumbido (Tinnitus Retraining Therapy) apresentam resultados positivos, mas normalmente em contextos específicos. Estudos mostram alta efetividade e segurança das Terapias Cognitivo-Comportamentais sob a premissa de que técnicas que considerem alterações no processamento de informações, reações emocionais e mecanismos de comportamento apresentam eficácia no tratamento de condições que levam ao sofrimento humano, como pode ser o caso do zumbido. Técnicas como acupuntura, por exemplo, ainda não apresentam evidências robustas em relação à aplicação com zumbido4. A tendência mundial em relação ao tratamento do zumbido é a participação ativa do paciente e o cuidado multiprofissional1,2,5. Isso acontece porque a etiologia multifatorial do zumbido implica a singularidade de abordagem para cada pessoa, o que demanda um histórico detalhado, paciência e empatia para propor tratamentos direcionados para a rotina de cada indivíduo. O fonoaudiólogo apresenta papel central nesse contexto, para mensuração do zumbido, seja com a realização da acufenometria, ou aplicação de escalas e questionários; aconselhamento, orientando quanto aos hábitos e mudanças com possível impacto no zumbido; e acompanhamento do paciente junto à equipe multiprofissional. Para isso, é necessário conhecer as atualizações em relação às possibilidades terapêuticas, uma vez que não temos diretrizes nacionais específicas para zumbido. A necessidade da revisão das práticas adotadas se dá pela potência da Fonoaudiologia baseada em evidências e pelo compromisso de ofertar as melhores possibilidades de cuidado para o paciente.
1. Hoare DJ, Hall DA. Clinical guidelines and practice: a commentary on the complexity of tinnitus management. Eval Health Prof. 2011;34(4):413–20.
2. Watts EJ, Fackrell K, Smith S, Sheldrake J, Haider H, Hoare DJ. Why Is Tinnitus a Problem? A Qualitative Analysis of Problems Reported by Tinnitus Patients. Trends Hear. 2018, 22.
3. Sanchez TG. "Epidemia" de zumbido no século XXI: preparando nossos filhos e netos. Braz. j. otorhinolaryngol., 2014, 80(1):3-4.
4. Chamouton CS, Nakamura HY. Zumbido e atenção básica: uma revisão de literatura. Distúrb Comun, São Paulo, 2017, 29(4):720-26.
5. Cima RFF, Mazurek B, Haider H. et al. A multidisciplinary European guideline for tinnitus: diagnostics, assessment, and treatment. HNO, 2019, 67(Suppl 1):10.
HIGHLIGHTS
2180
USO DE SENSORES DE VIBRAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO VOCAL
Voz (VOZ)
A comunicação oral é de extrema importância para realização de atividades cotidianas, especialmente para as atividades profissionais [1]. No Brasil, entre os anos de 2002 a 2015, ocorreu um aumento de 34,5% no número de pessoas que utilizam a voz como instrumento de trabalho [2]. Em decorrência deste aumento expressivo da quantidade de pessoas que utilizam a voz nas suas atividades laborais, é esperado o aumento de problemas relacionados à saúde vocal. Dentre os problemas que afetam a produção vocal, é possível destacar a disfonia (dificuldade na emissão da voz) e afonia (perda parcial ou total da voz) e suas prováveis causas são o abuso vocal, o uso de drogas e as patologias na laringe [3]. Profissionais da saúde utilizam meios para avaliar e classificar o estado da alteração vocal, com o uso de métodos como a autoavaliação, análise visual da laringe, avaliação aerodinâmica, análise perceptivo auditiva da voz e análise acústica do sinal de voz [4]. Levando em conta que as causas da alteração vocal podem estar relacionadas com o abuso vocal, são realizados procedimentos como o autorrelato, que é um método subjetivo de baixa confiabilidade, pelo fato de que, pode ocorrer por parte do paciente a omissão ou esquecimento de determinados hábitos relacionados ao uso da voz. Assim sendo, é apresentado o monitoramento móvel das atividades de voz, uma ferramenta para detecção dos problemas gerados pelo abuso vocal, que permite o monitoramento contínuo das atividades de voz do paciente durante suas atividades diárias, identificando, quando ocorre o uso inadequado da voz [5]. Existem inúmeros estudos para desenvolvimento de dispositivos que permitam a avaliação contínua das atividades vocais do paciente, tornando possível o profissional (fonoaudiólogo) identificar as causas dos distúrbios vocais, e as decisões a serem tomadas no tratamento do paciente. As tecnologias existentes (APM, VoxLog, VocaLog e VocaLog2) permitem o biofeedback e monitoramento contínuo das atividades de voz do paciente, mas o custo delas é a principal barreira (R$ 1619,00 e R$ 20.554,00 - preço de cotação do dólar no dia 18/09/2019), dificultando no uso clínico [6]. A vibração da pele do pescoço (VPP) apresenta vantagens em relação aos outros métodos como análise acústica e eletroglotografia, que são: os sensores utilizados (acelerômetro, piezorresistivo e piezoelétrico), possuem menor custo, são imunes a ruídos acústicos, o posicionamento do sensor não necessita de especialista para colocação, o sinal não sofre influência dos filtros orofaciais, o sinal representa a vibração gerada pela parte sonora da voz [7]. Em comparação aos trabalhos existentes, o uso de sensores de vibração para o desenvolvimento de protótipos, como o piezoelétrico e o acelerômetro (MPU-6050), possibilitam uma expressiva redução no custo do produto final. Diante disso, a pesquisa em questão, propõe a utilização dos sensores de vibração mencionados, com a finalidade de desenvolver tecnologias que possibilitem a aquisição dos sinais de vibração da pele do pescoço, durante o processo de fonação. Então, fornecendo a análise de parâmetros que possam auxiliar na determinação do estado de saúde da laringe do indivíduo. Assim, buscando oferecer uma nova alternativa de custo acessível, que auxilie os profissionais da área na tomada de decisão.
[1]. Associação brasileira de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial (ABORL-CCF). Consenso Nacional de Voz Profissional. 2004 [Acesso em: 2 maio 2019]. Disponível em: http://www.aborlccf.org.br/secao.asp?id=278&s=51
[2]. Ministério da Saúde. Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho – DVRT. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. 2018 [acesso em: 01 de maio 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/disturbio_voz_relacionado_trabalho_dvrt.pdf
[3]. Descritores em Ciências da Saúde: DeCS [Internet]. ed. 2017. São Paulo (SP): BIREME / OPAS / OMS. 2017 [atualizado 2020 Abr; citado 2020 Abr 20]. Disponível em: http://decs.bvsalud.org
[4]. Casper, Janina K., Rebecca Leonard. Understanding voice problems: A physiological perspective for diagnosis and treatment. Lippincott Williams & Wilkins, 2011.
[5]. Hillman, Robert E., Daryush D. Mehta. Ambulatory monitoring of daily voice use. Perspectives on Voice and Voice Disorders 21.2 (2011): 56-61.
[6]. Van Stan, Jarrad H., Gustafsson J., Schalling E., Hillman R. E. Direct comparison of three commercially available devices for voice ambulatory monitoring and biofeedback. Perspectives on Voice and Voice Disorders 24.2 (2014): 80-86.
[7]. Alzamendi G. A. Modelado Estocástico de la Fonación y Señales Biomédicas Relacionadas: Métodos en Espacio de Estados Aplicados al Análisis Estructural, al Modelado de la Fonación y al Filtrado Inverso. 2016. 214 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica). Universidad Nacional Del Litoral, Santa Fé, Argentina, 2016.
HIGHLIGHTS
2176
USO DO ACELEROMETRO NO MONITORAMENTO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO: TECNOLOGIA VESTÍVEL EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Motricidade Orofacial (MO)
CONTEXTUALIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA: O monitoramento em tempo real de vários sinais fisiológicos impulsionou a pesquisa e o desenvolvimento de diversos sistemas vestíveis e implantáveis. A busca pelos cuidados de saúde estão mais exigentes, desta forma a Connected Health (CH) descreve um novo modelo de tecnologia e gerenciamento de saúde e estilo de vida (1). Os wearables também podem alimentar um sistema mais amplo de "diagnóstico preventivo preditivo". Por exemplo, uma microanálise dos dados de movimento do corpo pode ser usada para detectar sintomas precoces da doença de Parkinson (2). A alternativa da tecnologia vestível pode oferecer aos pacientes o acesso direto a análises pessoais, que podem contribuir para sua saúde, facilitar os cuidados preventivos e ajudar no gerenciamento de doenças em andamento (3). Esse tipo de tecnologia é portátil, e utilizada como um adereço pessoal do usuário, que controla, e possui constância de operação e interação, como exemplos, os relógios inteligentes (smartwatch), as joias inteligentes, as pulseiras inteligentes, entre outros. Os dispositivos móveis criam formatos modulares que facilitam a comunicação entre profissional e paciente, pois conseguem ser ágeis na coleta e na transmissão de dados (4). DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA: A avaliação instrumental da musculatura na Motricidade Orofacial normalmente é realizada através da eletromiografia. Com esse recurso é possível avaliar a atividade elétrica da musculatura. Porém outros recursos também são úteis para avaliação do comportamento dos músculos nas diferentes funções estomatognáticas. A avaliação instrumental do tônus, a avaliação da espessura da musculatura por ultrassonografia e a avaliação indireta por meio da termografia que avalia a temperatura superficial da pele nas regiões desses músculos são métodos quantitativos que fornecem informações importantes. No entanto o alto custo dos equipamentos impedem seu uso rotineiro pelos clínicos e em especial não permitem a avaliação fora do consultório ou laboratório de pesquisa com medições limitadas em um horário e local específicos, sendo inconveniente e gerando informações restrita ao tempo do exame (5), o que torna oneroso este tipo de avaliação. RESOLUÇÃO ENCONTRADA/APRESENTAÇÃO DO CARÁTER INOVADOR: Assim pesquisadores tem buscado alternativas de avaliação com menor custo e que permitam também avaliação em tempo e situações reais por meio de tecnologias vestíveis. O acelerômetro surge como alternativa de baixo custo e de característica de tecnologia vestível que pode acompanhar o paciente no seu ambiente de rotina diária. O acelerômetro é um sensor utilizado para medir aceleração em três planos de movimento; o eixo X (eixo medio-lateral), eixo Y (eixo vertical) e eixo Z (eixo ântero-posterior), comumente usado para avaliação de atividade física, no qual é necessário determinar os pontos de corte específicos para cada função para determinar com precisão o acúmulo de atividade física de várias intensidades(6). A utilização do instrumento é simples que entra em contato com a pele do avaliado e fornece informações de vibração superficial da pele em diferentes situações do uso da musculatura do sistema estomatognático em diferentes funções e em diversas tarefas. Investiga-se por exemplo a possibilidade, com o uso dessa tecnologia vestível, acompanhar as diferenças de vibração da pele nos diferentes eixos do músculo masseter e em diferentes tarefas relacionadas a mastigação: repouso, abertura e fechamento da boca, golpe mastigatório e apertamento dentário (MIC). MELHORA NA EFETIVIDADE DA ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA: Nossos grupos de pesquisa pretendem que essas informações obtidas com o uso do acelerômetro para investigação do comportamento muscular em diferentes situações das funções estomatognáticas seja uma realidade e facilitem o entendimento da patofisiologia dessas estruturas. Ainda o baixo custo encontrado até agora com a proposta, possibilitará um acesso maior a esse tipo de tecnologia vestível na clínica e na pesquisa em Motricidade Orofacial.
1. Caulfield BM, Donnelly SC. What is connected health and why will it change your practice? Qjm. 2013;106(8):703–7.
2. Arora S, Venkataraman V, Donohue S, Biglan KM, Dorsey ER LM. High accuracy discrimination of Parkinson’s disease participants from healthy controls using smartphones. In: EEE International Conference on Acoustics, Speech and Signal Processing (ICASSP). 2014. p. 3641–3644.
3. Piwek L, Ellis DA, Andrews S, Joinson A. The Rise of Consumer Health Wearables: Promises and Barriers. PLoS Med. 2016;13(2):1–9.
4. S. M. Wearable computing [Internet]. In: The Interacion Design Foudation. In: The encyclopeia of human-computer interaction [Internet]. 2014. Available from: https://www.interaction-design.org/encyclopedia/wearable_computing.html
5. Shieh WY, Wang CM, Chang CS. Development of a portable non-invasive swallowing and respiration assessment device. Sensors (Switzerland). 2015;15(6):12428–53.
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HIGHLIGHTS
2195
VOCÊ VAI MASTIGAR O QUÊ? MASTIGAÇÃO E ALIMENTAÇÃO NORDESTINA
Motricidade Orofacial (MO)
Trata-se de uma produção técnica com o desenvolvimento de um material educativo, em forma de livro, sobre mastigação e alimentação nordestina, para facilitar o entendimento de crianças, pais, cuidadores, como para os profissionais fonoaudiólogos, nutricionistas e educadores em seus ambientes de trabalho. Tem o propósito de informar, orientar, educar e incentivar a prática da mastigação e hábitos alimentares infantis eficientes e saudáveis, de forma lúdica, criativa e interativa.
Buscou-se o resgate da cultura nordestina, usando, também, a literatura de cordel como significado de gênero literário, sendo um tipo de poema popular bastante presente na cultura regional, conhecida por “folheto de feira”. Tem como característica uma estrutura particular de versos com forma rimada, cadência melódica e com uma métrica especializada. Com expressões e citações populares, é uma obra literária divertida para as crianças, abordando uma temática tão relevante e presente no desenvolvimento infantil.
Essa metodologia de produção técnica favorece o desenvolvimento de conteúdo e informação, como um novo produto a ser veiculado na sociedade. A criação de livros infantis interativos é uma estratégia eficaz para o ensino com ludicidade. A abordagem por meio de linguagem clara, imagens coloridas e conteúdo significativo, permite aos leitores o entendimento de fácil assimilação da importância da mastigação e alimentação saudável e a valorização dos alimentos da cultura nordestina pelas crianças.
Toda a narrativa do livro educativo é contada por um personagem narrador, de nome Danilo, com 10 anos de idade, cabelos enrolados e bastante sorridente, narrando sua história sobre o desenvolvimento alimentar, desde os primeiros meses de vida. Relata a amamentação exclusiva, com o amadurecimento da função de sucção e aspectos nutricionais, passando pela transição alimentar pastosa, com o desenvolvimento do amassamento e iniciando as diferentes texturas e consistências. Seguiu-se com a alimentação semi sólida, com o esboço da mastigação e, por fim, a alimentação sólida com a função mastigatória eficiente.
Tem uma abordagem participativa em que o narrador interage com o leitor através de jogos e atividades lúdicas. Outros personagens da família do Danilo integram-se na narrativa com exemplos e vivências de hábitos alimentares de suas próprias histórias, passadas por gerações. O consumo desses alimentos regionais consiste em um resgate cultural.
No Nordeste, as refeições são ricas em nutrientes, como fibras, minerais, vitaminas e carboidratos. A disponibilidade, o baixo custo, o fácil acesso e o valor nutricional, fazem parte do cotidiano dos indivíduos que optam pelo consumo de produtos da região. Além de valorizar a cultura, é uma forma eficaz de promover hábitos mais saudáveis na alimentação.
Os pratos típicos e a alimentação regional têm como características a diversidade de sabores, cores e texturas. Dentre esses alimentos encontrados facilmente, é possível observar as variadas opções de frutas, hortaliças, legumes, tubérculos, raízes, cereais, tipos de farinha, e até mesmo de temperos e condimentos que podem ser utilizados na preparação de pratos de consumo diário, como o famoso cuscuz.
A versão atualizada do Guia Alimentar Infantil, lançada pelo Ministério da Saúde, destaca a abordagem que dá centralidade à alimentação como comida de verdade, traz o conceito de comensalidade e a nova classificação de alimentos, segundo seu grau de processamento e não a partir da composição de nutrientes neles contidos. Assume um recorte político-estratégico frente a produtos que integram os maiores fatores de risco à saúde e, também, à indústria de alimentos, que opera no incentivo ao consumo de produtos processados e ultraprocessados.
A proposta em questão, dessa forma, tem o mérito de explicitar uma recomendação comprometida com o interesse público, visto que também aborda os riscos do consumo dos produtos ultraprocessados à saúde.
Além disso, com o intuito de promover a saúde de forma mais eficaz nos diversos campos, tem-se desenvolvido cada vez mais tecnologias educativas para o auxílio da disseminação de conteúdos de extrema importância para a saúde da população. As tecnologias, sejam por meio de aplicativos, cartilhas, livretos, dentre outros, podem ser inseridas no cotidiano da população, como práticas educativas em saúde, viabilizando fácil acesso às informações e melhor compreensão da mensagem que se quer transmitir.
Com caráter inovador o livro educativo apresentado é voltado ao público infantil, onde, por conseguinte, valoriza uma etapa importante do desenvolvimento da criança, envolvendo a mastigação, hábitos alimentares saudáveis, aspectos culturais do Nordeste nas comidas regionais e a literatura de cordel, bem como o caráter interativo com o leitor, sendo estes aspectos marcantes da produção. Inovador, também, por ter sido feito de forma interprofissional, desde a concepção da ideia, à produção final do livro, envolvendo os cursos de Fonoaudiologia, Nutrição e Publicidade. E para dar mais legitimidade ao livro, houve a parceria de um cordelista que, de modo especial, finaliza a narrativa expressa.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 156 p. : il.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Alimentos regionais brasileiros / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015.
Academia Brasileira de Literatura de Cordel. História do cordel ;. Disponível em:
http://www.ablc.com.br/o- cordel / historia-do-cordel /.
Neves FP. Literatura De Cordel – Origens E Perspectivas Educacionais [Trabalho De
Conclusão De Curso]. Universidade Federal Do Ceará; 2018.
HIGHLIGHTS
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“CLUBE DA LEITURA”: FERRAMENTA DE INOVAÇÃO NO INCENTIVO À LEITURA INFANTO-JUVENIL
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Há um consenso entre educadores, fonoaudiólogos e psicólogos sobre a relevância da aquisição e do desenvolvimento de linguagem escrita para que a criança se torne um adulto independente e ativo socialmente. A leitura de livros é uma das maneiras de se ter acesso ao mundo da linguagem escrita e é uma atividade incentivada por muitos pais, professores e fonoaudiólogos. No entanto, a característica solitária do ato de ler, que pressupõe que num primeiro momento, durante a leitura o diálogo ocorra apenas entre o leitor e o autor do texto, leva algumas crianças e até mesmo adultos, a desistirem antes de finalizar a leitura.
Além disso, as leituras finalizadas nem sempre são compartilhadas e quando ocorre o compartilhamento, em geral, diz respeito a tarefas a serem entregues ao professor, como cumprimento de dever acadêmico. Agregar à atividade de leitura possibilidades de compartilhamento do texto lido e troca de pensamentos e reflexões advindos dessa leitura, aumenta a chance de que se termine a leitura e que haja motivação para a realização de novas leituras, além de aumentar as chances de que o conteúdo seja relembrado de forma significativa em contextos diversos devido ao debate realizado com outros leitores.
Diante a atual situação de isolamento social, as instituições de ensino básico estão sendo obrigadas a readequar os processos de ensino-aprendizagem e a inovar as estratégias, com a utilização de ferramentas tecnológicas¹. Consequentemente, as tradicionais estratégias de incentivo à leitura do ensino presencial, como as rodas de leitura², também estão sofrendo adaptações. Além das instituições, os fonoaudiólogos educacionais e clínicos estão buscando maneiras de manter o cuidado à distância, de forma que as crianças continuem sendo estimuladas e não percam suas habilidades de linguagem oral e escrita.
As práticas pedagógicas e fonoaudiológicas mediadas por tecnologia já eram tendência antes da pandemia, e já estavam sendo impulsionadas pela ampliação do acesso aos dispositivos móveis, os avanços tecnológicos e a ampla rede de comunicação proporcionada pela internet. Dessa forma, já havia sido notado por Barbosa et al.³ que quanto maior o uso de ferramentas tecnológicas, maior era o envolvimento e engajamento das crianças nas atividades propostas.
Dessa forma, tendo em vista os desafios da educação e atendimento fonoaudiológico remotos, a importância de se manter a estimulação e contato com a linguagem escrita, e as virtudes da utilização de ferramentas tecnológicas no engajamento de crianças e adolescentes, o presente estudo objetivou desenvolver uma rede social virtual infanto-juvenil, nomeada “Clube da Leitura”.
O site foi desenvolvido em versão web, por meio das linguagens de programação Javascript, HTML e CSS, a fim de que os usuários tenham uma plataforma exclusiva para realizar interações com seus pares a respeito de livros lidos por eles.
O usuário poderá se cadastrar na plataforma e criar clubes da leitura, assim como, poderá ser convidado a participar de outros. Os clubes funcionarão como grupos privados, em que só poderão participar dos mesmos, aqueles que forem convidados pelo usuário que os criou.
O funcionamento dos clubes são regidos por um passo a passo estruturado pela própria plataforma, em que o criador pode inserir, no momento da criação, datas a serem cumpridas pelos membros para que as interações de fato aconteçam.
As etapas estruturadas pelo sistema são: apresentação; escolha de um participante; leitura do livro, escrita do resumo e compartilhamento do mesmo; leitura do resumo de outro participante; e envio do vídeo.
Primeiramente, todos os participantes devem publicar no clube uma frase de apresentação, como por exemplo: “Eu sou o João, tenho 9 anos e gosto de ler livros de aventura”.
Realizadas as apresentações, todos os participantes devem escolher um outro participante do clube, do qual deseja receber um resumo do livro lido. Por exemplo: Participante A foi escolhido por B, logo, A deve enviar um resumo do livro lido a B.
Após o envio do resumo, o participante que o recebeu, deve enviar um vídeo agradecendo e comentando sobre a história do colega. Seguindo com o mesmo exemplo: Participante B envia um vídeo ao participante A agradecendo o envio do resumo e comentando sobre o que achou da história.
Para o funcionamento das interações, o sistema não permite que um participante seja escolhido duas vezes nem que dois deles se escolham mutuamente.
Além disso, o criador do clube pode escolher participar ativamente da troca de resumos ou pode ser apenas um observador. Esta opção possibilita que usuários, como por exemplo fonoaudiólogos e professores, apenas criem, organizem e orientem um clube da leitura sem necessariamente participar de forma ativa dele.
Um dos principais propósitos do “Clube da Leitura” é fazer com que a leitura deixe de ser um ato solitário e passe a ser um ato compartilhado, independentemente da impossibilidade de relações sociais presenciais, imposta pela situação de pandemia. A ferramenta desenvolvida é uma solução para fonoaudiólogos e pedagogos que estão buscando maneiras de trabalhar a leitura e a escrita de forma remota, mantendo o interesse e a interação com a criança ou adolescente. Além disso, a rede social também pode ser favorecedora de comportamentos leitores e de compartilhamento de leituras em situação social típica, ou “antigo normal”.
Por meio da plataforma online, a criança/adolescente é incentivada a ler uma história, elaborar um relato sobre ela e a compartilhá-lo. Dessa forma, o paciente ou aluno acaba sendo motivado a realizar atividades de leitura e escrita, pois as mesmas estão sendo direcionadas para uma outra pessoa que possui um real interesse no livro que ele está lendo.
Portanto, muito além do incentivo à leitura, o “Clube da Leitura” propõe também o treino da escrita de resumos, a situação de letramento ao ter contato com o livro e com a plataforma, e o desenvolvimento de uma opinião crítica acerca do livro lido pelo outro.
Atualmente a plataforma está em estado de avaliação do conteúdo e design por profissionais da saúde, educação e tecnologia. A etapa seguinte será a aplicação da mesma com um grupo controle, antes que ela seja disponibilizada para o público.
1. Oliveira ASS, Neto ABA, Oliveira LMS. Processo ensino aprendizagem na educação infantil em tempos de pandemia e isolamento. Revista científica multidisciplinar das faculdades ISEIB. 2020; 1(6)
2. Nunes I, Pereira MP, Santos MSV, Rocha JMF. A importância do incentivo à leitura na visão dos professores da escola walt disney. Revista eletrônica da faculdade de alta floresta. 2012;1(2) Available form: http://refaf.com.br/index.php/refaf/article/view/53/pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
3. Barbosa DNF et al. Experiências com o uso de tablets no contexto da educação escolar e não escolar. Revista Prâksis. 2015; 2:67-80. Available form:https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistapraksis/article/view/393.
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A EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO DE IDOSOS VINCULADOS AO SERVIÇO AMBULATORIAL DE SAÚDE AUDITIVA DE UMA UNIVERSIDADE DO SUL DO PAÍS
Ações de promoção e proteção da saúde
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
O atendimento a idosos usuários de AASI demonstra a importância de um processo de acolhimento e aconselhamento que ultrapassa os princípios do acompanhamento em audiologia. Portanto, fundou-se o grupo de idosos no ano 2000, como parte do programa de reabilitação auditiva, que perdura até os dias atuais, sendo composto por idosos usuários de AASI entre 60 e 90 anos, tendo como objetivo principal, promoção à saúde. Atualmente o grupo é coordenado por uma fonoaudióloga e pela psicóloga do serviço. Além disso, conta com voluntariado de acadêmicos do curso de Fonoaudiologia, colaborando com funções organizacionais para desenvolvimento das atividades. Os encontros ocorrem mensalmente abordando temas sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida. Observa-se que a participação no grupo aproxima os usuários do SASA e profissionais, diminuindo as chances de abandono do uso do AASI. Ao final dos encontros realiza-se um café coletivo, para promover a interação entre os participantes do grupo, profissionais e acadêmicos. Esta relação têm como resultados a adesão ao uso do AASI, aceitação da deficiência auditiva e, consequentemente, melhora da qualidade de vida. Para os participantes, o grupo é um dos maiores apoios que recebem diante de sua dificuldade na audição e, frequentemente, única forma de inclusão social.
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HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR: RELATO DE AÇÕES EM MEIO À PANDEMIA DE COVID-19
Ações de promoção e proteção da saúde
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Em preocupação com o cenário instaurado pela pandemia, o HU UFJF-Ebserh estabeleceu medidas de proteção para o enfrentamento da emergência na saúde pública decorrente da COVID-19. Foram adotadas medidas preventivas na organização do hospital, dentre elas: capacitações dos profissionais, adaptações de estruturas físicas com a implementação do isolamento por COVID-19 e, para redução de fluxo nas enfermarias, restrição de visitas e acompanhantes aos pacientes.
Sensibilizadas com a situação, uma Nutricionista e uma Fonoaudióloga da instituição pensaram em amenizar a angústia gerada por tantas mudanças. Para os pacientes, escrever recados nas tampas dos marmitex, através de palavras de otimismo, esperança e fé. Gesto simples, capaz de tornar melhor o dia daqueles que se encontram adoecidos e isolados. Para os colegas remanejados para o setor COVID-19, enviaram lanches, lembrancinhas e mensagens positivas, em forma de agradecimento, fortalecimento e valorização do profissional na linha de frente.
Estas atividades seguem sendo desenvolvidas e a satisfação dos usuários tem rendido matérias no site do HU UFJF-Ebserh, nas redes sociais e na televisão.
Através destas ações acolhedoras, deseja-se contagiar outros trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização e fortalecer as iniciativas de humanização já existentes na instituição.
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IDOSOS EM ISOLAMENTO SOCIAL: AÇÃO INTEGRADA ENTRE ALUNOS DA FONOAUDIOLOGIA E DA MEDICINA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Ações de promoção e proteção da saúde
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Princípios adotados: É necessária a garantia do acolhimento e cuidado humanizados da população idosa nos serviços do SUS; propiciar que a escuta se traduza em resolutividade, o que leva ao acionamento de redes internas, externas e multidisciplinares. Método: Este estudo baseia-se na descrição de uma ação planejada e executada por discentes do curso de Fonoaudiologia e de Medicina de uma instituição de ensino superior do interior do estado de São Paulo, durante estágios curriculares em uma Unidade de Saúde da Família. Resultados: A ação “Revivendo Memórias” promoveu a integração entre os alunos dos cursos de Medicina e de Fonoaudiologia. Os alunos da Fonoaudiologia desenvolveram a atividade “Qual é a música?”, de modo a resgatar a lembrança de músicas antigas. Em seguida, os alunos de Medicina iniciaram uma “Roda de conversa”, com a apresentação de fotos antigas e brinquedos da infância, com a participação de doze idosos. Num segundo encontro, os alunos de Fonoaudiologia realizaram a ação “Show do Milhão” com os mesmos idosos, visando fortalecer o vínculo entre eles. Houve a participação de sete idosos. Foram criados blocos de perguntas, sendo o último composto por temas relacionados à audição. Cada ação teve duração média de uma hora e quinze minutos.
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OFICINA DIGITAL DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES DO ENSINO BÁSICO SOBRE SAÚDE VOCAL
Ações de prevenção de doenças
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
A Fonoaudiologia teve o seu surgimento na educação, sendo que inicialmente a atuação no âmbito escolar era exclusivamente voltada à identificação e tratamento de desvios linguísticos. Atualmente a Fonoaudiologia Educacional tem como um de seus principais objetivos a melhora da qualidade do ensino, podendo desenvolver programas de formação docente. Devido a pandemia do COVID-19, o Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia Comunitária e Institucional, no primeiro semestre de 2020, reestruturou suas ações presenciais, passando a organizar suas atividades para o meio digital. Assim, ofereceu-se uma oficina online de formação para professores do ensino básico da rede pública de educação sobre saúde vocal, visando a promoção de saúde. Sabe-se que os professores são os profissionais da voz que mais apresentam distúrbios vocais devido ao trabalho, portanto é imprescindível o trabalho fonoaudiológico com essa classe. Nesta oficina foram trabalhados conteúdos referentes a anátomo-fisiologia vocal, Distúrbios de Voz Relacionados ao Trabalho - DVRT, aquecimento e desaquecimento vocal e mitos e verdades sobre a voz. Ao final da oficina aplicou-se um questionário de avaliação com o objetivo de verificar o aprendizado acerca do conteúdo trabalhado. Desta forma, 80% dos participantes avaliaram o aprendizado como ótimo e 20% como bom.
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VIVÊNCIA DE ESTAGIÁRIOS DE FONOAUDIOLOGIA EM SALA DE MATERNAL
Ações em equipamentos de educação
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Princípios adotados: A Fonoaudiologia, no âmbito educacional, deve ser
considerada parte da equipe escolar, atuando desde o planejamento de estratégias
para desenvolvimento de habilidades comunicativas até a identificação de possíveis
alterações. Método: Este estudo baseia-se na descrição de ação planejada e
executada por discentes de um curso de Fonoaudiologia do interior do estado de
São Paulo, com supervisão docente, durante um estágio curricular em uma escola
de educação infantil. Resultados: A ação foi desenvolvida em duas etapas: a
primeira, dentro da sala de aula, contou com 16 educandos da turma do maternal, e
consistia em criar um vínculo com as crianças e ampliar o vocabulário das mesmas,
através da música cantada: “cabeça, ombro, joelho e pé” e com uma atividade de
colagem das diferentes partes do rosto. A atividade teve ampla participação das
crianças, boa aceitação e interação dos educadores. A segunda etapa contou com
um grupo de oito escolares, selecionado entre as crianças que participaram da
primeira etapa, com suspeita de alteração no desenvolvimento da comunicação,
segundo percepção do educador e do grupo de estagiários. Esses escolares foram
submetidos à uma triagem individualizada, na própria escola, com apoio de
brinquedos, sendo que três necessitaram de encaminhamento para avaliação
especializada.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
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+ LINGUAGEM [EDUCACIONAL]: PROGRAMA DE PROMOÇÃO DE COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS DE CRIANÇAS DE IDADE PRÉ-ESCOLAR – DADOS DE EFICÁCIA
Práticas fonoaudiológicas
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Introdução: Dificuldades no desenvolvimento linguístico precoces estão associadas a dificuldades nas aprendizagens escolares em geral e têm impacto no desenvolvimento global das crianças (Stackhouse, 2014; Law, Charlton & Asmussen, 2017). As competências de comunicação oral e a consciência linguística são vistas como habilidades fundamentais a desenvolver em idade pré-escolar para promover aprendizagens mais efetivas no ensino básico (Orientações Curriculares para o Ensino Pré-Escolar – OCEPE, Portugal).
Objetivo: O programa +Linguagem educacional tem como objetivo promover o desenvolvimento da linguagem de crianças de idade pré-escolar em contexto de jardim de infância, através de uma intervenção indireta do terapeuta da fala (Ebbels et al, 2017); assume uma abordagem universal (é dirigido a todas as crianças), flexível (porque se adapta às necessidades do grupo) e é compatível com a abordagem multinível vigente no contexto atual da Educação em Portugal (pois potencia aprendizagens de qualidade para todos e auxilia na identificação de crianças para as quais medidas mais direcionadas ou individualizadas são necessárias), rentabilizando parcerias multiprofissionais, em particular entre o educador de infância e o terapeuta da fala. Neste estudo apresentam-se resultados da eficácia de um programa de promoção de competências linguísticas em contexto educacional.
Método: Participaram neste estudo crianças de duas salas heterogéneas de jardim de infância dos 4 aos 6 anos, as quais foram sujeitas a uma avaliação pré e pós-intervenção. O programa foi implementado em 8 sessões de capacitação (do educador de infância) e de intervenção (com as crianças em contexto educativo), apenas numa das salas, tendo a segunda sala funcionado como grupo de controle. As atividades de intervenção desenvolvidas foram distintas das de avaliação, tendo sido implementadas semanalmente pelo educador de infância, após as sessões de formação, planeamento e monitorização com o terapeuta da fala.
Resultados: Verificaram-se melhorias nos desempenhos de linguagem do grupo alvo de intervenção, em contraste com o grupo de controle, e feedback positivo do educador de infância relativamente ao impacto nas suas práticas educativas.
Conclusão: A promoção das competências linguísticas de crianças em idade pré-escolar, numa abordagem preventiva, pode passar por práticas de intervenção indireta do terapeuta da fala em contexto educacional em articulação com profissionais de educação.
Palavras-chave: perturbação da linguagem, competências linguísticas, estimulação, intervenção indireta
Law J, Charlton J, Asmussen K. Language as a Child Wellbeing Indicator [Internet]. 2017 [citado 8 de Maio de 2018]. Disponível em: http://www.eif.org.uk/wp-content/uploads/2017/09/language-child-wellbeing-indicator_Sep2017.pdf
Ebbels SH, McCartney E, Slonims V, Dockrell JE, Norbury C. Evidence based pathways to intervention for children with language disorders. PeerJ Preprints [Internet]. 27 de Abril de 2017 [citado 29 de Novembro de 2017]; Disponível em: https://peerj.com/preprints/2951v1/
Stackhouse J. Barriers to literacy development in children with speech and language difficulties. Em: Bishop DVM, Leonard LB, editores. Speech and Language Impairments in children: causes, characteristics, intervention and outcome. London and New York: Psychology Press; 2000.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
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35º FASC: AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO
O Festival de Artes de São Cristóvão (FASC) é um evento cultural de grande importância para Sergipe. É realizado na cidade de São Cristóvão, a quarta mais antiga do país e primeira capital do estado, e conta com diversas atrações culturais, locais e nacionais, reunindo milhares de pessoas nos quatro dias de programação. Nesse contexto, o evento tem um público muito diversificado o que é um diferencial para a conscientização da saúde e fruto para a educação ambiental, visto que a poluição sonora e o descarte de lixo estão presentes em grandes aglomerações. Assim surgiu a extensão universitária intitulada “PROJETO PSSSSIU! Ambiente e saúde integrados no 35º FASC”, que contou com a participação de 10 discentes e 4 docentes dos cursos de Fonoaudiologia e Engenharia Ambiental.
OBJETIVO
O objetivo da ação foi orientar e conscientizar o público do 35º FASC, realizado em 2018, sobre os aspectos relacionados à saúde auditiva, vocal e ambiental.
MÉTODO
Foram organizadas reuniões técnicas interdisciplinares a fim de desenvolver material sobre temáticas a serem abordadas durante o Festival detalhando as estratégias para conscientizar a população sobre saúde vocal, auditiva e sobre o ambiente. Um stand foi colocado na praça principal do evento no qual foram expostos três banners sobre cada tema.
Em Saúde Vocal, foi adotada dinâmica de mitos e verdades a respeito da voz, conversa interativa sobre o abuso vocal, e expostos; alimentos e utensílios para orientação sobre impactos positivos e/ou negativos. Em Saúde Auditiva, foi explorada a poluição sonora, os perigos da exposição ao ruído intenso e os sintomas da Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR). Desta forma, a conscientização de que a longa exposição a sons de forte intensidade pode ocasionar diversos problemas de saúde tais como e cefaleia, zumbido, vertigens, insônia, dificuldade de concentração, perda auditiva entre outros.
Sobre a Saúde Ambiental, os discentes de Engenharia Ambiental, explicaram a importância do consumo consciente na geração de resíduos, através da temática de adoção do próprio copo, e a importância do canudo reutilizável em aço inox ou vidro, para evitar o uso do plástico, foram mostradas imagens do prejuízo ao longo dos anos e seu impacto no ambiente.
Além do local criado para interagir com o público, durante o evento, os discentes percorreram as ruas centenárias da cidade histórica distribuindo folders explicativos, promovendo contato mais direto com o público.
RESULTADOS
A ação de extensão trouxe um impacto positivo, centenas de pessoas foram conscientizadas no evento, e puderam perguntar e compreender mais sobre a importância do uso correto da sua voz, os cuidados com a audição e medidas ecológicas e sustentáveis para o meio ambiente.
CONCLUSÃO
O projeto obteve êxito, com a promoção de medidas de educação em saúde para o público que prestigiou o FASC, desta forma, a equipe pode transmitir orientações técnicas para um público variado e com diversidades culturais e sociais, além disso, a convivência da equipe durante os dias do evento foi gratificante e forneceu ensinamentos para os participantes da ação com um trabalho integrado entre Fonoaudiologia, Engenharia Ambiental e Cultura Sergipana.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1619
A APLICAÇÃO DO PENSAMENTO LEAN NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: De acordo com o consenso mundial, no Sistema Único de Saúde (SUS) Brasileiro, o acesso ao sistema público é obtido por meio da atenção primária, considerada como a principal política pública para confrontar as desigualdades econômicas, políticas e sociais no acesso à saúde (BRASIL, 2015, p. 24; REIS et al., 2018, p. 296; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018, p. 6). Atualmente, a saúde pública alcança mais de 70% da população brasileira (BRASIL, 2018), sendo esta abrangência variável de acordo com o momento econômico do país. Baseado na percepção do paciente sobre a qualidade do serviço, muitos brasileiros optam por possuir um plano de saúde, entretanto, observa-se uma mudança nesta postura frente as crises económicas. Entretanto, é inegável a existência de sérios problemas na área de saúde do Brasil. Na perspectiva da gestão, o SUS é considerado um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública quando comparado com sistemas semelhantes oferecidos em outros países. Como um movimento mundial, a busca pela qualidade dos serviços de saúde frente a redução de recurso financeiro tem sido tema de discussão em realidades diferentes. Lean Thinking, em Português Pensamento Lean, tem sido amplamente discutido na literatura da área e apresentado como uma das principais estratégias para a busca da qualidade nos processos em saúde com menos recurso financeiro. Lean nos cuidados em saúde, como o próprio nome diz, é quando o pensamento está voltado para identificar e reduzir etapas desnecessárias, como exames, tratamentos e intervenções que não agregam valor ao cliente.
Objetivo: averiguar o conhecimento disponível na literatura científica sobre a implementação do pensamento lean na área da saúde, mais especificamente na Atenção Primária em Saúde.
Estratégia de pesquisa: trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Foram consultadas as bases de dados eletrônicas PubMed/MEDLINE, LILACS, ADOLEC, IBECS, SciELO, Web of Science, Scopus e Embase, utilizando os descritores palavras chaves lean, cuidado primário em saúde, administração, gestão em saúde. Critérios de seleção: foram selecionados estudos publicados em Português, Inglês e Espanhol, até o mês de junho de 2019.
Resultados: Foram encontrados 498 estudos, sendo que 18 artigos contemplaram os critérios pré-estabelecidos.
Conclusão: A revisão de literatura integrativa realizada permitiu concluir que, as experiências prévias com a implementação do lean na Atenção Primária em Saúde não forneceram evidências científicas sobre sua eficácia, impacto na qualidade da assistência em saúde e sustentabilidade, pelo contrário, incitaram a dúvida se o pensamento lean é viável e deve ser considerado para a busca da qualidade da atenção primária em saúde.
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A atenção primária e as redes de atenção à saúde. Brasília: CONASS, 2015. Disponível em:
BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório de Gestão 2018. 2018. Disponível em:
REIS, C. et al. Saúde: healthcare. In: PUGA, F.; CASTRO, L. B. (Orgs.). Visão 2035: Brasil, país desenvolvido: agendas setoriais para alcance da meta. Rio de Janeiro: BNDES, 2018. p. 589-312. Disponível em:
WORLD HEALTH ORGANIZATION. A vision for Primary Health Care in The 21st Century. Towards Universal Health Coverage and The Sustainable Development Goals. World Health Organization, 2018. Disponível em:
TRABALHOS CIENTÍFICOS
503
A ASSOCIAÇÃO ENTRE O USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS E A QUALIDADE DO SONO EM ADOLESCENTES
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: O sono na adolescência tem uma duração menor do que o recomendado que é de 8 horas ou mais(1) , essa redução pode estar associada a utilização imoderada de equipamentos eletrônicos, que atualmente se encontram inseridos no cotidiano como instrumentos essenciais tanto para a vida acadêmica, bem como para a vida social. Porém, o uso excessivo dessas tecnologias pode indicar uma baixa qualidade de sono (2,3). E consequentemente implicar em alterações no desempenho escolar, no bom humor e na saúde de modo geral, dessa forma, constituindo prejuízos a longo prazo para estes indivíduos (4,5). Objetivos: Identificar as evidências científicas sobre como a tecnologia pode impactar na qualidade do sono de adolescentes. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura dos últimos cinco anos, na qual foram levantados artigos nas bases de dados PubMed e Scielo, em três idiomas português, inglês e espanhol. Foram utilizados os descritores: higiene do sono, qualidade do sono, tecnologias e adolescentes, bem como seus respectivos correspondentes em inglês. Os critérios de inclusão determinados foram: publicações dos últimos cinco anos, casuística com faixa etária de 11-19 anos, utilização dispositivo eletrônicos como celular ou computador e mensuração da qualidade de sono por meio de algum questionário padronizado. Foram excluídos estudos que incluíam participantes com transtornos psiquiátricos e do desenvolvimento. Resultados: Inicialmente, foram encontrados 603 artigos na PubMed e 4 artigos na Scielo, após a seleção restaram 8 artigos, sendo seis da Pubmed e dois da Scielo. Foi observado que a faixa etária média utilizada nos estudos foram os 15-16 anos(3,6), a prevalência de má qualidade do sono associada ao uso de celular foi maior em meninas (1,3,7), mensurado por meio do Índice de Qualidade do Sono Pittsburgh (PSQI). Porém, quando relacionado à utilização de videogames, os indícios de alterações do sono foram mais relevantes em meninos(3). Além disso, a duração média de sono encontrada em adolescentes foi de 6,9 horas, sendo considerada menor do que o aconselhado para estes indivíduos(1,3). Os estudos selecionados foram capazes de evidenciar que o uso excessivo de equipamentos eletrônicos podem causar maior latência do sono e colaboram para uma preferência circadiana noturna em contraposição aos horários escolares matutinos, causando a redução das horas de sono e consequentemente diminuindo sua eficácia, podendo desencadear uma sonolência diurna, o que pode comprometer o processo de aprendizagem (1,3,6,7,8). Conclusão: Foi possível compreender que o uso excedente das tecnologias possui uma contribuição negativa na qualidade do sono dos adolescentes. Constata-se como uma temática que requer atenção pública devido aos impactos adversos que a falta de um sono reparador pode ter sobre o bem estar integral desses indivíduos. A realização de ações com o intuito de conscientizar a população quanto às medidas de higiene do sono que se caracterizam como uma ferramenta de promoção à saúde relevante.
1- Adelantado-Renau M, Diez-Fernandez A, Beltran-Valls MR, Soriano-Maldonado A, Moliner-Urdiales D. The effect of sleep quality on academic performance is mediated by Internet use time: DADOS study. J. Pediatr. 2019; 95(4): 410-418.
2-Gradisar M, Wolfson AR, Harvey A, Hale L, Rosenberg R, Czeisler CA. The sleep and technology use of Americans:findings from the National Sleep Foundation’s 2011 Sleep in America Poll. J Clin Sleep Med. 2013; 9:1291–9.
3- Amra B, Shahsavari A, Shayan-Moghadam R, Mirheli O, Moradi-Khaniabadi B, Bazukar M, et al. The association of sleep and late-night cell phone use among adolescents. J. Pediatr. 2017; 93(6): 560-567.
4-Bruce ES, Lunt L, McDonagh, JE. Sleep in adolescents and young adults. Clinical Medicine. 2017; 17 (5): 424–428.
5- Dahl RE, Lewin DS. Pathways to adolescent health sleep regulation and behavior. J Adolesc Health. 2002; 31:175–84.
6- Shimura A, Hideo S, Takaesu Y, Nomura R, Komada Y, Inoue T. Comprehensive assessment of the impact of life habits on sleep disturbance, chronotype, and daytime sleepiness among high-school students. Sleep Med. 2018; 44: 12-18.
7- Galland BC, Gray AR, Penno J, Smith C, Lobb C, Taylor RW. Gender differences in sleep hygiene practices and sleep quality in New Zealand adolescents age 15 to 17 years. Sleep Health. 2017; 3 (2): 77-83.
8- Cabré-Riera A, Torrent M, Donaire-Gonzalez D, Vrijheid M, Cardis E, Guxens M. Telecommunication devices use, screen time and sleep in adolescents. Environmental Research. 2019;171:341-347.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
751
A ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA: VIVÊNCIAS PRÁTICAS EM UM MUNICÍPIO DE PERNAMBUCO, 2019
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: O fonoaudiólogo pode atuar nos diferentes níveis de atenção á saúde, na atenção primária ele pode identificar e acompanhar patologias, atuar na prevenção, educação e conscientização. Pode ainda, discutir casos com a equipe, atender á demandas para oficinas e terapias grupais. O foco dessa atuação depende de características epidemiológicas e populacionais do território em que esse profissional está inserido. Os avanços do Sistema Único de Saúde e Núcleo Ampliado de Saúde da Famíliaamília na Atenção Básica, contribuiu pra ampliação do acesso aos serviços de Fonoaudiologia no Brasil, porém essa atuação ainda é um desafio Objetivo: Descrever as vivências práticas fonoaudiológicas desenvolvidas em uma unidade básica de saúde. Desenvolvimento: Este estudo está baseado nas vivências práticas realizadas durante a participação do estágio curricular obrigatório no ano de 2019. As atividades eram pautadas nas necessidades da população, sendo adaptada a cada contexto e elaborada a partir de discussões em grupo. Além de outros profissionais compondo a equipe dessa unidade básica de saúde, havia uma fonoaudióloga que atuava através do núcleo ampliado atendendo as necessidades coletivas e individuais da população. A equipe multiprofissional da Estratégia de Saúde da Família elaborava práticas que contribuíam para a saúde dos integral dos usuários. Resultados: Foram realizadas 2 ações fonoaudiológicas, uma com professores abordando a saúde vocal e a outra com alunos do ensino fundamental que abordou vários assuntos da fonoaudiologia, foram feitas 2 rodas de conversas com objetivo de conhecer a população e levar fonoaudiologia até eles, juntamente com enfermeira durante a puericultura foram realizadas orientações as mães sobre amamentação e a realização do teste da linguinha, houve 1 visitas domiciliar, 2 palestras que abordou a saúde da mulher, questões da amamentação e a outra sobre saúde do idoso abordado temas como audição e mastigação e 1 orientação juntamente com o dentista. Conclusão: As práticas fonoaudiológicas executadas evidenciou que a atuação responde aos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde, trazendo benefícios à população local, cujo contexto, em que maior parte, não conhecia o que é a Fonoaudiologia, como esse profissional atua e qual sua importância. Foi notório também, a satisfação dos outros profissionais pois houve troca de conhecimento sendo uma experiência importante para atendimentos com olhar diferenciado.
LIPAY, M. S.; ALMEDA, E. C. A fonoaudiologia e sua inserção na saúde pública, Rev. Ciênc. Méd., Campinas, 16 (1): 31-41, Jan. / Fev., 2007.
VIÉGAS, L. M. T. et al. Fonoaudiologia na atenção básica no Brasil: Análise da oferta e estimativa do déficit, 2005-2015, Ver. CEFAC. 2018 Maio-Jun; 20 (3): 353-362.
LIMA, T. F. P.; ACIOLI, R. M. L. A prática fonoaudiológica na atenção primária à saúde, Editora. PULSO, 2013. Cap1 – pág 33-38.
SOLEMAN, C.; MARTINS, C. L. O Trabalho do fonoaudiólogo no núcleo de apoio à saúde da família (NASF)- Especificidades do trabalho em equipe na atenção básica, Ver. CEFAC. 2015 Jul-Ago; 17 (4): 1241-1253.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1545
A ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO EM EQUIPE INTERPROFISSIONAL NA ÁREA DA EDUCAÇÃO: DESAFIOS E APRENDIZADOS DE UM TRABALHO REMOTO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: No campo da saúde, a interprofissionalidade atua como um dos caminhos para que áreas delimitadas e separadas se encontrem e produzam novas possibilidades. Nesta perspectiva, o interprofissionalismo favorece o redimensionamento das relações entre diferentes conteúdos, do ensino e serviço, configurando, assim, trocas de experiências e saberes, em uma postura de respeito à diversidade e cooperação, visando efetivar práticas transformadoras sustentadas no exercício do diálogo permanente. A composição de equipes interprofissionais costuma ser pensada como solução. Entretanto, o objeto de cada profissão de saúde não coincide com os das demais, de modo que a justaposição de todos não parece recompor uma suposta unidade perdida. Como integrar as ações e, mais do que isso, interrogar o modo como identificamos e apreendemos as necessidades de atenção? O fonoaudiólogo atualmente faz parte de diversas equipes interprofissionais, dentre elas, no setor da Educação para o cuidado na promoção e prevenção da saúde integral do servidor público. Objetivo: Expor os desafios e aprendizados encontrados durante o trabalho remoto de um fonoaudiólogo em uma equipe interprofissional. Método: Esta equipe interprofissional, é composta por 3 psicólogas, além de uma fonoaudióloga e realizam diversas ações ligadas diretamente ao servidor público como: acolhimento, acompanhamento, visitas domiciliares, visitas às escolas, articulações intersetoriais, oficinas, reuniões de equipe, etc. Vale ressaltar que não é realizada reabilitação propriamente dita e sim orientações e encaminhamentos. Com a pandemia, a equipe precisou realizar o trabalho remotamente e assim mudar as estratégias de cuidado. Resultados: Foi criada uma página no Instagram onde puderam ser compartilhadas aos servidores diversas orientações de saúde tanto relacionadas à COVID-19 como as repercussões na saúde mental ocasionadas pelo isolamento social e sobre a saúde da voz do servidor. Dentre os principais desafios enfrentados, podemos destacar o domínio de diversos aplicativos, o funcionamento da rede social, a conciliação dos trabalhos domésticos, com os filhos e o trabalho em casa, o acolhimento online dos servidores, mantendo-se mesmo que virtualmente a escuta qualificada e a humanização do cuidado. Além dos limites de trabalho entre a Psicologia e a Fonoaudiologia. No entanto, observou-se um aprendizado constante com superação, reinvenção e criatividade, assim como uma melhor interação virtual entre os servidores e os profissionais da equipe. Conclusão: o trabalho do fonoaudiólogo em uma equipe interprofissional não é fácil, muito menos em formato remoto. Entretanto, é possível apesar de haver desafios e aprendizados constantes durante o caminho, observando que uma atuação integrada em equipe, na qual há colaboração e reconhecimento da interdependência das áreas predominam frente à competição e a fragmentação.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
376
A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM CASOS DE VIOLÊNCIA FAMILIAR: UM ESTUDO PILOTO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: denomina-se violência intrafamiliar “quaisquer atos ou omissões dos pais, parentes, responsáveis, instituições e, em última instância, da sociedade em geral, que redundam em dano físico, emocional, sexual ou moral às vítimas” 1. São atos que repercutem negativamente na saúde de todos os envolvidos, principalmente, em crianças e adolescentes. Pois, ao experienciarem o agravo, podem assimilar a violência como conduta aceitável, reproduzindo-a na vida adulta2. O contato frequente, o tempo de permanência somente com a criança ou o adolescente, o conhecimento do cotidiano e uma estreita relação com a família, são fatores que permitem ao fonoaudiólogo compreender a dinâmica familiar em que situações de violência podem estar presentes3. Objetivos: a) investigar o que faz o fonoaudiólogo em casos de violência familiar a partir de um questionário, aplicado em âmbito de estudo piloto; b) verificar a eficácia do instrumento e a tangibilidade das questões. Método: foi aplicado um questionário, embasado em pesquisa anterior3, junto a fonoaudiólogos residentes no Estado do Paraná. Os critérios de inclusão consideraram fonoaudiólogos inscritos no CRFa 3ª região, atuantes na área clínica. Foram excluídos profissionais que atendiam somente adultos e idosos. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética: 88408718.8.0000.8040. Resultados: do total de sete participantes, cinco responderam ao questionário e dois foram excluídos por trabalharem apenas com adultos e idosos. Desse total, dois relataram ter atendido casos de violência e três disseram que não atenderam. Dos dois fonoaudiólogos que atenderam, um assinalou ter acolhido aproximadamente três bebês e três crianças, entre 2 e 11 anos. E o outro profissional assinalou ter atendido uma criança. Os tipos de violência citadas foram físicas e psicológicas, seguidas de violência sexual, negligência ou abandono. A alteração fonoaudiológica encontrada nestes casos foi o atraso no desenvolvimento da linguagem. Com relação a suspeita da violência, um profissional relatou que recebeu os casos encaminhados do lar de adoção, já sabendo do episódio de violência. E o outro referiu que suspeitou devido à agressividade da criança. Sobre a conduta, um profissional relatou que não tomou atitudes específicas e o outro profissional estabeleceu contato com a psicóloga que atendia o caso. Com relação aos órgãos a serem informados em casos suspeitos de violência, os cinco fonoaudiólogos mencionaram o conselho tutelar e a vara infância e da juventude. Conclusão: os participantes ressaltaram a relevância da notificação da violência aos órgãos, mas não fizeram relação entre a situação de violência e os sintomas fonoaudiológicos apresentados pelos usuários. O instrumento usado mostrou-se adequado, indicando a viabilidade da aplicação do questionário para investigar, de forma mais ampla, o conhecimento dos fonoaudiólogos sobre a temática da violência intrafamiliar.
1. Fonseka RW, Minnis AM, Gomez AM. Impact of Adverse Childhood Experiences on Intimate Partner Violence Perpetration among Sri Lankan Men. PLoS One. 2015; 10(8):e0136321.
2. Ministério da Saúde - MS. (2010). Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências: orientação para gestores e profissionais de saúde. Brasília, DF.
3. Noguchi MS. O dito, o não dito e o mal-dito o fonoaudiólogo diante da violência familiar contra crianças e adolescentes [Tese de doutorado]. Rio de Janeiro: Escola nacional de saúde pública – fundação Oswaldo Cruz. Junho de 2005.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1509
A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: O fonoaudiólogo se insere na Atenção Primária à Saúde (APS) através do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e atua nas esferas de prevenção, promoção e vigilância em saúde. Devido a pandemia, foram estabelecidas diretrizes para a orientação do funcionamento das Unidades de Saúde da Família (USF), resultando em mudanças no processo de trabalho das equipes de saúde da família e dos NASF-AB. Assim, atividades consideradas eletivas e grupos foram suspensas, mantendo apenas os atendimentos considerados urgentes e prioritários. OBJETIVO: Relatar a atuação fonoaudiológica no NASF-AB durante a pandemia do COVID-19. MÉTODO: A experiência ocorreu em um NASF-AB da cidade de Jaboatão dos Guararapes - PE. Em caráter de campo foram realizadas atividades de educação em saúde, através de distribuição de máscaras, aferição de temperatura e orientações visando a prevenção da doença causada pelo COVID-19, realizadas por toda a equipe em conjunto com residentes em atenção básica e saúde da família. Em caráter de núcleo os atendimentos têm sido realizados predominantemente remotamente via vídeo-chamada, em casos excepcionais, como um AVC recente, a equipe se desloca à residência do usuário, sempre fazendo o uso de toda a paramentação necessária para evitar o contágio, realiza o acompanhamento que pode ser um teste, uma intervenção ou pequena avaliação e orienta os responsáveis quanto à conduta. RESULTADOS: Ao longo das ações de educação em saúde foram encontradas pessoas sem máscara ou fazendo o uso incorreto da mesma, durante a abordagem a essas pessoas era comum encontrá-las com a máscara no queixo, boa parte dos abordados ajustou a máscara, uma minoria se recusou a fazer o uso, muitas vezes sob a justificativa de não acreditar na doença e afirmar que tudo não passa de um jogo político. Uma das pessoas abordadas fazia o uso correto da máscara mas ao verificar sua temperatura constatou-se febre, a mesma referiu outros sintomas indicativos de COVID-19 e foi orientada de acordo com os protocolos, à retornar ao seu lar e buscar um serviço de saúde caso houvesse uma piora no quadro. As visitas aos usuários tem acontecido em frequência menor e com um intervalo de tempo maior, durante o período sem visita o acompanhamento remoto tem suprido as necessidades. As intervenções presenciais reduziram após o início do isolamento pois os agentes comunitários não conseguem trazer novas demandas sem a ida ao território. CONCLUSÃO: Essas experiências deixam clara a importância da Atenção Primária à Saúde para a produção do cuidado, assim como também esclarece o peso do uso da educação em saúde em situações emergenciais, além de valorizar o trabalho realizado pelas equipes do NASF-AB.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1605
A AUDIÇÃO E O MEATO ACÚSTICO EXTERNO DE CRIANÇAS DE “RISCO” PARA OS PROBLEMAS DE LEITURA
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
INTRODUÇÃO: A audição é primordial para o processo de aprendizagem. Ações realizadas na escola que visem a identificação precoce de alterações são essenciais, uma vez que quanto mais cedo as alterações auditivas em crianças forem identificadas, tais crianças serão beneficiadas com a eficiência dos tratamentos de (re)habilitação¹-². OBJETIVO: Identificar possíveis alterações na audição de crianças de risco para problemas de leitura e encaminhá-las para diagnóstico e tratamento. MÉTODO: Foi realizada, pelo Departamento de Orientação e Promoção da Secretaria de Educação da Prefeitura de Mogi das Cruzes do Estado de São Paulo (DOP/Pró-Escolar), uma campanha de prevenção à perda auditiva e promoção à saúde das crianças do segundo ano do Ensino Fundamental de uma Escola do município. Do total de 96 crianças, participaram da campanha 18, que foram consideradas de “risco” para os problemas de leitura a partir da aplicação do Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura - IPPL³. Em sala de aula vazia e com níveis de pressão sonora máximos de 60dBNA, antes e durante o teste, mensurados por medidor de pressão sonora, foi realizada triagem auditiva por fonoaudióloga especialista em Audiologia. Para isso, foram inspecionados os condutos auditivos externos das crianças por meio de um otoscópio da marca Heine, com o intuito de verificar a ausência ou ocorrência de alterações (rolha de cerume, corpos estranhos, malformação do canal auditivo, entre outras), e no segundo caso, encaminhar a criança para consulta e conduta do médico otorrinolaringologista da rede municipal desta cidade. Foi utilizado o instrumento musical agogô, com a finalidade de detectar a ausência ou presença de reflexo cócleo-palpebral, bem como, o audiômetro pediátrico da marca Interacoustics, modelo PA5, para pesquisa dos limiares auditivos utilizando fone de ouvido, o critério adotado foi “passa” ou “falha”. Os valores dos limiares obtidos deveriam ser iguais ou inferiores ao nível de audição que foi determinado em uma calibração biológica realizada anteriormente (25dBNA). Todas as crianças que falharam na triagem, ou seja, apresentaram resultados alterados em uma ou ambas as orelhas, foram encaminhadas para avaliação audiológica no DOP/Pró-Escolar. RESULTADOS: Das 18 crianças avaliadas, 55% apresentaram acúmulo de cerúmen em uma ou ambas as orelhas, 22,5% falharam na triagem da audição e os demais (22,5%) não apresentaram alterações nos aspectos investigados. Apenas uma criança que falhou na triagem da audição apresentou ausência do reflexo cócleo-palpebral. CONCLUSÃO: A maioria das crianças avaliadas apresentou alteração durante a inspeção do meato acústico externo e na triagem da audição, assim foram encaminhadas para diagnóstico e tratamento. Vale ressaltar que foi triado um número pequeno de crianças, uma vez que foram apenas as que falharam no Rastreio das habilidades de leitura, o que reforça a importância e a necessidade de ações realizadas nas escolas para identificação precoce de alterações auditivas de crianças de “risco” para os problemas de leitura.
1. Sitta EI, Arakawa AM, Oliveira NA, Xavier , Rocha MLM, Carvalho FS et al. Triagem audiológica em pré-escolares com histórico de otite média. Rev. baiana saúde pública, 2010; 34(2): 388-96.
2. Tamanini D, Ramos N, Dutra LV, Bassanesi HJ. Triagem auditiva escolar: identificação de alterações auditivas em crianças do primeiro ano do ensino fundamental. Revista CEFAC. 2015;17(5):1403-14.
3. Capellini SA, César AB, Germano GD. Protocolo de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura. Booktoy: Livraria e Editora. 2017.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1543
A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA COMO MEIO PARA O TRABALHO COM A NARRATIVA EM ATENDIMENTO GRUPAL COM CRIANÇAS AUTISTAS.
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Na terapia fonoaudiológica de crianças com Transtorno do Espectro Autista que não falam, o recurso da Comunicação Alternativa (CAA) é o meio pelo qual elas têm acesso às estruturas da língua, dando oportunidade de imersão na linguagem, e interação com pares. [1] No processo terapêutico de linguagem com crianças usuárias de CAA, o trabalho com a narrativa é essencial para o desenvolvimento de estruturas linguísticas, pois, é a partir da reprodução de histórias que se tem acesso às estruturas da língua, desde uma frase simples à aspectos mais elaborados como coesão e coerência textual. [2] [3] Esse recorte de pesquisa teve como objetivo principal trabalhar a estrutura sintática e semântica da narrativa a partir do reconto de histórias tendo como instrumento de reprodução os símbolos pictográficos da Comunicação Alternativa. Os sujeitos da pesquisa são dois meninos que possuem diagnóstico de autismo, ambos com onze anos, são atendidos em grupo desde 2015 no grupo de pesquisa GEPELC (UFS/SE). O processo de implementação de CAA teve início em janeiro de 2018, e o trabalho com a narrativa recontando histórias utilizando símbolos pictográficos retirados da plataforma ARASAAC.ORG, teve início em março de 2019. Foram realizados 29 atendimentos sendo utilizadas seis histórias infantis. Primeiro era realizada a narrativa da história pelos terapeutas para depois o reconto ser realizados pelos sujeitos do grupo. As narrativas foram realizadas a partir de estratégias como, teatro de palitos, fantoches, bonecos de papel, dedoches. Para o reconto das histórias os pacientes utilizaram os símbolos pictográficos recortados individualmente para que eles organizassem a frase de acordo com os fatos da história. Ao final desse trabalho com a narrativa e reconto de histórias infantis, houveram muitos avanços no modo como os pacientes se relacionavam com o recurso de CAA para recontar as histórias, eles passaram da formação de frases simples para a elaboração frases coordenadas e subordinadas. Ao final do trabalho terapêutico com essas seis histórias, observa-se a utilização frequente de (6) pronomes, (86) novos verbos, (29) novos adjetivos, (26) novos símbolos pictográficos diversos como preposições, advérbios, conectivos. conectivos e (4) expressões sociais. O trabalho com a narrativa aliado ao recurso da CAA no processo terapêutico da linguagem trouxe para os pacientes mais autonomia na manipulação dos recursos de CAA para recontar as histórias, demonstrando ser uma importante ferramenta para possibilitar e facilitar o entendimento do que está sendo proposto [4] Ao mesmo tempo que demonstraram maior facilidade e familiaridade com os símbolos pictográficos, e com as regras do sistema, as famílias relatam maior frequência da utilização de pranchas de CAA pelos usuários e parceiros de comunicação em casa e na escola.
1. Chun R Y S, Maia A L W. Pesquisas em Fonoaudiologia na Unicamp: a escuta de familiares como parceiros de comunicação de usuários de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa. In: Givigi R C N (Org). Pesquisa em Saúde e Educação: atendimento à pessoa com deficiência. 1 ed. Sergipe: Appris, 2019.
2. Perroni M C. Desenvolvimento do discurso narrativo. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
3. Lira, J O, Tamanha A C, Perissinoto J, Osbon E. O reconto de histórias em crianças do espectro autistico: um estudo preliminar. Ver CEFAC, 2009. Jul-set, (11, 93) 417-422. Disponível em: www.lilacs.br. Acesso em 29 abril de 2018
4. Rodrigues V, Borges L, Nascimento M de C, Almeida M A. O uso da comunicação suplementar e alternativa como recurso para a interpretação de livros de literatura infantil. Revista CEFAC, junho de 2016 [acesso 02 de julho de 2020]; 18 (3). Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000300695&lng=pt&tlng=pt
TRABALHOS CIENTÍFICOS
141
A COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTA DO CUIDAR EM CONDIÇÕES PALIATIVAS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional traz consigo a necessidade de um olhar ampliado e integral às condições crônicas que acometem os idosos. Ainda que os Cuidados Paliativos (CP) não se restrinjam às doenças crônicas, degenerativas ou ao envelhecimento, são mais prevalentes nesses casos(1,2). A comunicação, é considerada uma ferramenta essencial no cuidado à estes pacientes e familiares. Assim observa-se uma nova possibilidade para a atuação Fonoaudióloga junto à equipe multiprossional de hospitais e núcleos de saúde. OBJETIVO: Apresentar evidências científicas com base em revisão sistemática da literatura (PRISMA)(3) sobre a importância e a influência da comunicação em pacientes que estão em cuidados paliativos com equipe de saúde e familiares. MÉTODOS: Para a seleção dos estudos foi utilizada a combinação de descritores baseada no Medical Subject Heading Terms (MeSH). Foram utilizadas as bases de dados Medline (Pubmed), LILACS, SciELO e BIREME, sem restrição de período, idioma e localização. RESULTADOS: O processo de formação dos cuidados paliativos surgiu da necessidade de ampliar o olhar biologicista dos profissionais de saúde, limitado à doença, ao diagnóstico e à cura. O cuidado paliativo representa uma construção voltada ao cuidado e ao uso de ferramentas que privilegiem a qualidade de vida do indivíduo. No século XX, emergiram mobilizações para a humanização da Medicina, na tentativa de mudar práticas e condutas, desenvolvendo um olhar ampliado ao indivíduo, reconhecendo-o como um ser biopsicossocial. Acredita-se que o ato de se comunicar nessa fase é muito significativo, considerando que é um fator essencial para que o paciente interaja com o meio e, ainda, possibilita que o mesmo tome decisões sobre seu próprio quadro. Ter uma boa comunicação com os familiares se torna muito importante para manter o bem estar de todos, assim como a comunicação com a equipe é essencial para que se possa confiar na mesma, mantendo uma relação harmônica e tornando essa fase mais aprazível(4,5). CONCLUSÃO: Lidar com a terminalidade é um grande desafio para todos, e a comunicação é um importante recurso para auxiliar nesse processo. Uma boa comunicação entre paciente, família e profissionais interfere no sucesso do tratamento, pois esse vínculo reflete diretamente na adesão do paciente ao recurso terapêutico escolhido. Manter uma relação saudável propicia o estabelecimento de um elo de confiança que quando não estabelecido, gera sofrimento e falta de expectativa. Um bom relacionamento permite uma maior aceitação e entendimento do paciente perante o seu quadro(6,7,8). A fonoaudiólogo poderá contribuir significativamente realizando este elo junto aos familiares e paciente, principalmente no que tange a comunicação com outros profissionais da saúde pertencentes à equipe multiprofissional envolvida.
Lustosa MA, Medeiros LA. A difícil tarefa de falar sobre morte no hospital. Revista SBPH, v. 14, n. 2. Rio de Janeiro, 2011.
Arantes AC. Q. A morte é um dia que vale a pena viver. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.
Moher D, Shamseer G, Clarke M ,Ghersi D, Liberati Um, Petticrew H, Shekelle P, Stewart LA . Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Syst Rev. 2015; 4:1.
Ribeiro JR, Poles K. Cuidados Paliativos: Prática dos Médicos da Estratégia Saúde da Família. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 43, n. 3. Minas Gerais, 2019.
Andrade GB. Palliative Care and the Importance of Communication Between Nurse and Patient, Family and Caregiver, Revista Online de Pesquisa: Cuidado é fundamental, v. 11, n. 3, Rio de Janeiro, 2019.
Ribeiro MS, BORGES MS. Percepções sobre envelhecer e adoecer: um estudo com idosos em cuidados paliativos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 21, n. 6. Rio de Janeiro, 2018.
Suárez NRE, Mar CMZ, Pérez LAM. Conspiración de silencio: una barrera en la comunicación médico, paciente y familia, Revista de Neuropsiquiatría, v. 80, n. 2, 2017.
Zorretti RCS, Manfro PHG, Ramos LA. Processo de perdas e morte em cuidados paliativos: paciente, família e equipe assistente, Acta Médica, v. 39, n. 2, Porto Alegre, 2018.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1457
A COMUNICAÇÃO E O PERFIL DE 42 PROFISSIONAIS DE COACHING
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: o Coaching é um método de trabalho que visa a desenvolver o autoconhecimento, a autoimagem e o autocontrole da comunicação e habilidades sociais para possibilitar resultados positivos e eficazes nos desempenhos pessoais e profissionais. É executado em diferentes nichos, dependendo dos interesses e necessidades em questão. A comunicação é tópico essencial na formação especializada e nos programas desenvolvidos complementarmente à atividade do Coaching. Assim, cabe identificar, na voz dos profissionais, como este conteúdo comparece na sua formação e refletir sobre os achados na perspectiva da fonoaudiologia, que tem a comunicação como objeto privilegiado. Método: estudo transversal descritivo com parecer de Ética e Pesquisa, desenvolvido 1) pela aplicação de um questionário, do tipo enquete, com cinco questões abertas: Como foi sua formação para trabalhar como Coaching?; Em que área você trabalha?; Em que local você trabalha?; Quais os principais conteúdos temáticos abordados em sua formação especializada?; e, Quais os profissionais que ministravam estes conteúdos?; 2) disponibilizada on-line nas redes sociais Facebook e Instagram, durante 30 dias e respondido com assinatura de TCLE. Foi realizada análise estatística descritiva dos dados por frequências absolutas (n) e relativas (%), medidas de tendência central (média e mediana) e dispersão (desvio-padrão, mínimo e máximo). Os dados foram analisados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 23 para Windows. A seleção ocorreu por conveniência. Resultado: foram analisados 42 profissionais. 85.7% com formação acadêmica anterior, seguida de formação especializada no método Coaching, com distribuição entre fonoaudiólogos (42.9%), psicólogos (23.8%), administradores/economistas e publicitários (19.0%) e 14.3% com formação exclusivamente especializada. O Coaching em comunicação (50.0%) e o Personal Coaching (31.0%) são os nichos mais escolhidos, seguidos pelos Coaching de carreira (9.5%) e de relacionamento (9.5%). Os espaços empresariais e de marketing tem atuação de 100.0% dos profissionais, seguidos pelos da área cultural (64.4%) e da saúde (60.7%), sem atuação em um ambiente exclusivo. O conteúdo temático mais abordado na formação especializada é a comunicação (100.0%), depois aspectos comportamentais (90.0%), liderança (80.0%), depois oratória (70.0%), habilidades sociais (60.0% ). Os tutores dos institutos especializados são administradores/economistas (76.1%), psicólogos (16.7%) e fonoaudiólogos (2.4%). Conclusão: por esta amostra, o Coaching é método utilizado por profissionais de diversas áreas, deve- se, assim, pensar sobre o que os reúne. Ele visa ao desenvolvimento de autoconhecimento, autoimagem e autocontrole para o alcance de uma meta concernente à eficácia em suas relações pessoais e/ou profissionais. Trata-se de se preparar alguém para a apresentação e defesa de argumentos visando ao convencimento da outra parte, pessoa, empresa ou instituição. A comunicação é fundamental nesta formação porque é uma ferramenta específica para tal. Contudo, o fonoaudiólogo tem participação mínima como instrutor apesar de deter expertise no campo da comunicação. Deve ter maior presença na formação especializada e preparação e execução de programas complementares.
1. Assessoria de Comunicação Integrada: uma experiência na área da Saúde
D Stasiak, S Coleta, M Costa, K Menezes - 2012 - academia.edu
2. Comunicação, poder e cultura na era da visibilidade mediática: crítica das práticas de assessoria de comunicação e de responsabilidade social
VCR Ferreira - 2006 - tede.pucsp.br
3. Comunicação organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e das práticas
MMK KUnSCH - Faces da cultura e da comunicação, 2006 - professor.pucgoias.edu.br
4. Atuação do comunicólogo frente a uma Assessoria de Comunicação
T Ataide - 2020 - repositorioinstitucional.fbnovas.edu …
5. Comunicação não verbal com profissionais da voz: o que se pesquisa na fonoaudiologia
TD Santos, MA Andrada e Silva - Revista CEFAC, 2016 - SciELO Brasil
6. Expressividade oral no cinema: diálogos com a fonoaudiologia
PH de Souza - 2010 - academia.edu
7.Observação fonoaudiológica da expressividade do profissional da voz falada: uma proposta de roteiro
TD dos Santos - 2019
8.Julgamento do efeito de um programa de intervenção fonoaudiológica na expressividade oral de repórteres
LLM Trindade, LP Ferreira - 2008 - let
9.A IMPORTÂNCIA DO FONOAUDIÓLOGO COMO COACH NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL
LSF Rangel, FGS de Melo Barreto - Revista Interdisciplinar, 2017 - reinpec.org
10. A Expressividade da Comunicação Oral e sua Influência no Meio Corporativo1
WG FORTES - academia.edu
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1998
A COMUNICAÇÃO EM CRIANÇAS SURDAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido por comprometimentos nas áreas da comunicação, interação social e comportamento¹, podendo estar associado a outras deficiências como a perda auditiva de grau severo/ profundo que possui algumas das características também presentes no TEA². Essa combinação é denominada como múltipla deficiência sensorial, visto que o indivíduo necessita de adaptações para se desenvolver em sua funcionalidade e aprendizado³. Um dos métodos disponível para a habilitação e reabilitação auditiva é o Implante Coclear (IC), que permite uma via sensorial auditiva, fundamental para auxiliar no processo de aquisição de linguagem e na comunicação4.
METODOLOGIA
Fluxograma da pesquisa na literatura
Bases de Dados:
• SCIELO
• LILACS
Descritores de pesquisa e arquivos encontrados:
• “autismo” and “surdez” = 04
• “autismo” and “implante coclear” = 10
• “transtorno autístico” and “perda auditiva” = 05
• “transtorno do espectro autista” and “linguagem” = 18
Total de artigos encontrados de acordo com os critérios de pesquisa = 37
Total de artigos selecionados em português = 05
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ausência de resposta para estímulos verbais e não verbais, comportamentos desorganizados aos sons, associados à falta da comunicação, levam a primeira suspeita de perda da audição5, enfatizando-se a importância de um diagnóstico diferenciado em que se possa verificar a audição da criança autista.6 Deve-se alertar para a avaliação comportamental complexa, que exige atenção, compreensão e a comunicação, apresentando interferência na resposta ao estímulo sonoro, prejudicando o diagnóstico.7
Contudo, os estudos relatam que a família da criança percebe a melhora no desenvolvimento da linguagem, do comportamento e interação social com o uso de IC. Vale ressaltar que “comportamentos gerais atípicos não são indicadores de que a criança não irá desenvolver as habilidades auditivas com o uso do IC” 8. Torna-se nítido, então, o fato de que os implantes cocleares dão acesso ao som à criança autista surda, proporcionando benefícios como maior interação social, redução da ansiedade, porém irá depender de cada criança devido à classificação do TEA.9
CONCLUSÃO
É possível identificar que o impacto que o IC tem sobre crianças com TEA e Deficiência auditiva é mais fortemente ilustrado com os resultados de cada paciente e com a experiência de sua família. Permite benefícios, ainda que mínimos, mas fundamentais, na aquisição e desenvolvimento da linguagem e, consequentemente, na comunicação. Há necessidade de mais pesquisas com essa população, para que possamos auxiliar no adequado diagnóstico, tratamento e orientação sobre as expectativas da família, para que estejam cientes que o IC não é a cura do TEA e sim uma possibilidade de ganhos ou não, em relação aos comprometimentos nas bases do TEA.
1. Fleischer S. Autismo: um mundo obscuro e conturbado. Mana[Internet]. abr. 2012 [acesso em 04 Junho 2019]; 18(1): 231-235. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132012000100011&lng=pt&tlng=pt
2. Morais CRL; Prado MCR; Yamada MO. Implante coclear e transtorno do espectro autista: vivência de mães. Psicol. em Estu.[Internet]. dez. 2017 [acesso em 5 Junho 2019]; 22(4): 551-561. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/321941000_IMPLANTE_COCLEAR_E_TRANSTORNO_DO_ESPECTRO_AUTISTA_VIVENCIA_DE_MAES
3. Ana PB. Avaliação da audição na criança. In: LEVY LOPES FILHO, Otacílio. Novo Tratado de fonoaudiologia. –3 ed. –Barueri, SP- Editora Manole; 2013. P. 348-351
4. Neves AJ. Verdu ACMA. MortariMoret AL. Silva LTN. As implicações do implante coclear para desenvolvimento das habilidades de linguagem: uma revisão da literatura. Rev. CEFAC [Internet]. 2015 [acesso em 5 de junho de 2019]; 17(5): 1643-1656. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462015000501643
5. Sousa EC. Lima FTL, Tamanaha AC. Perissinoto J. Azevedo MF. Chiari BM. A associação entre a suspeita inicial de perda auditiva e a ausência de comunicação verbal em crianças com transtornos do espectro autístico. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [Internet]. 2009 [citado em 11 de maio de 2019]: 14( 4 ): 487-490. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-80342009000400010&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009000400010.
6. Machado FP, Palladino RRR, Lewis DR, Cunha MC. Surdez e transtornos do espectro do autismo: reflexões sobre a avaliação fonoaudiológica para o diagnóstico diferencial. Distúrbios da Comunicação. [Internet]. mar. 2016. [citado em 11 de maio de 2019]: 28( 1). 2176-2724. Disponível em:
7. Romero AC. Gução ACB. Delecrode CR. Cardoso ACV. Misquiatti ARN. Frizzo ACF. Avaliação audiológica comportamental e eletrofisiológica no transtorno do espectro do autismo. Rev. CEFAC [Internet]. 2014 Jun [citado em 11 de maio de 2019]: 16( 3 ): 707-714. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000300707&lng=en. https://doi.org/10.1590/1982-021620140313.
8. Porto BL et al. Desempenho auditivo e comportamentos atípicos em crianças usuárias de implante coclear. Distúrbios da Comunicação. [Internet]. mar. 2014. [citado em 12 de maio de 2019]; 26(1): 2176-2724. Disponível em:
9. Lachowska M, Pastuszka A, Łukaszewicz MZ, Mikołajewska L, Niemczyk K. Implante coclear em crianças autistas com perda auditiva neurossensorial profunda. Braz. j. otorrinolaringo. [Internet]. Jan 2018 [citado em 12 de maio de 2019]; 84( 1 ): 15-19. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-86942018000100015&lng=en. https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.10.012.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1293
A COMUNICAÇÃO HUMANA EM PACIENTES COM TUMORES DE BOCA E OROFARINGE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM OLHAR SOB O CUIDADO, AUTONOMIA E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: O cuidado paliativo consiste de uma abordagem assistencial ao paciente sem possibilidade de cura e a sua família, tem por objetivo proporcionar uma melhor qualidade de vida a partir, essencialmente, de uma boa comunicação. Especificadamente, nos tumores de boca e orofaringe, na maioria das vezes, a comunicação oral encontra-se comprometida, dificultando as medidas de cuidado e interpretação dos sentimentos e vontades diante da terminalidade(1-4). Vale ressaltar, que os dados parciais deste estudo estão sob análise de publicação da Revista Latino Americana de Enfermagem. Objetivo: Compreender a influência dos distúrbios da comunicação em pacientes com câncer de boca e/ou orofaringe em cuidados paliativos sobre o cuidado, autonomia e dignidade humana. Método: Trata-se de um estudo quanti-qualitativo, de caráter descritivo e de corte transversal. Composto por 53 pacientes com câncer de boca e/ou orofaringe em cuidados paliativos e onze cuidadores com idades a partir dos 18 anos. A coleta de dados foi realizada nos serviços de cuidados paliativos, ambulatório e enfermaria, de um hospital de referência em Recife. Aos pacientes foram aplicados três protocolos adaptados ao estudo: Intensive care unit communication screening protocol; Aphasia needs assessment protocol; e Questões relacionadas ao direito à informação. Para os cuidadores foram realizadas entrevistas semiestruturadas, que posteriormente foram transcritas e apresentados em categorias. O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa sob nº de parecer: 3.585.386. Resultados: Houve maior prevalência do sexo masculino com média de idade aos 51,7 anos, aproximadamente, 76% utilizaram estratégias comunicativas não-verbais e 73,6% consideraram sua comunicação como ruim. Todos os sujeitos afirmaram que desejavam ser informados sobre sua doença e que não participavam das tomadas de decisões junto a equipe. Nos dados qualitativos, emergiram-se dois eixos temáticos: Distúrbios comunicativos e os impactos sobre a autonomia e tomadas de decisão; e repercussões sociais e de vida em indivíduos com distúrbios comunicativos associados aos tumores de boca e orofaringe. Todos os cuidadores referiram que as estratégias comunicativas não-verbais foram as mais prevalentes, e, associaram que esta limitação se apresentou negativamente sobre autonomia, interações sociais e relação com equipe-cuidadores. Conclusão: Concluiu-se que pacientes com tumores de boca e/ou orofaringe em cuidados paliativos apresentam maiores dificuldades comunicativas que refletem negativamente sobre sua autonomia e expressão de seus sentimentos, com isso, limitam a participação junto a equipe e familiares nas escolhas a serem realizadas antes de sua morte.
1. Bray F, Ferlay J, Soerjomataram I, Siegel RL, Torre LA, Jemal A. Global CancerStatistics 2018: GLOBOCAN. Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA Cancer Journal Clin. 2018 Nov. 68(6): 394-424. doi: 10.3322/caac.21492
2. INCA. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019. Avaiable from: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil
3. Jemal A, Torre L, Soerjomataram I, Bray F (Eds). The Cancer Atlas. Third Ed. Atlanta, GA: American Cancer Society, 2019.
4. Sousa IV, Brasil CCP, Silva RM, Vasconcelos DP, Filho JEV, Finan TJ et al. Coping with problems that impacton the health of a socially vulnerable community from the residents’ perspective. Ciên Saúde Colet. 2019; 24 (5): 1647-56. doi: 10.1590/1413-81232018245.04392019.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1655
A COMUNICAÇÃO MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO COMO PEÇA FUNDAMENTAL NO TELEMONITORAMENTO DE PACIENTES SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS DA COVID-19
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho (PET Saúde Interprofissionalidade) tem como finalidade formar profissionais mais aptos ao trabalho colaborativo em saúde, aplicando bases teóricas e metodológicas da Educação Interprofissional (EIP). Com o atual cenário da COVID 19, o projeto desenvolveu uma ação vinculada à Secretaria de Saúde do município, cujo principal objetivo é acompanhar e orientar os pacientes sintomáticos respiratórios que buscaram atendimento nas unidades de saúde, de forma remota, utilizando tecnologias de informação e comunicação (TICs). O trabalho desenvolvido no telemonitoramento busca não só verificar e acompanhar os sintomas respiratórios, como também, consolidar um vínculo de confiança entre o profissional e o paciente mediado por TICs. Para isso, é de extrema importância que seja estabelecida uma boa comunicação, adequada à tecnologia utilizada, também aliada à escuta, atenção e empatia. Dessa forma, a interação do profissional com os indivíduos deve ser predominantemente simples, com uma linguagem acessível, que possa ser compreendida por todos. A partir da consolidação do vínculo de confiança, o profissional obtém voz para que o paciente o escute quanto às recomendações de isolamento e siga as mesmas, com o objetivo de prevenir que os pacientes se tornem vetores da doença, interrompendo a transmissão.
OBJETIVO: Analisar o impacto e a importância da comunicação no âmbito do telemonitoramento de pacientes com sintomas respiratórios no enfrentamento da pandemia de COVID-19, a partir da vivência no PET- Saúde Interprofissionalidade.
MÉTODO: A atividade fundamenta-se no telemonitoramento dos usuários com sintomas respiratórios que procuraram atendimento nas unidades de saúde do Distrito Docente Assistencial (DDA) de uma Universidade Federal por meio de ligações telefônicas e/ou mensagens por aplicativo durante o período de até 14 dias, em um intervalo de até 48 horas entre as ligações. O tempo de acompanhamento de cada indivíduo leva em consideração o resultado do teste realizado, bem como os sintomas presentes. Quando o resultado é positivo, o paciente é acompanhado durante 14 dias, estando sintomático ou não. Em caso de resultado negativo, o paciente é acompanhado enquanto perdurarem os sintomas respiratórios.
RESULTADOS: Observa-se que estabelecer uma boa comunicação com os pacientes em telemonitoramento pode contribuir com a prevenção de novos casos, visando uma possível redução do contágio. Além disso, pode contribuir para uma melhor qualidade de vida ao paciente durante o isolamento e a identificação precoce de situações que requeiram uma intervenção da unidade de saúde e/ou de outros serviços.
CONCLUSÃO: Verifica-se que a comunicação é peça fundamental para que o telemonitoramento seja efetivo nas questões de verificação e acompanhamento dos sintomas, bem como na prevenção e promoção da saúde em relação a atual pandemia.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
407
A COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: PONTO DE VISTA DOS IDOSOS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: O envelhecimento é definido como um processo natural, progressivo e irreversível, que compreende um conjunto de alterações nos níveis funcionais e estruturais, que podem levar a comprometimento motor e dificuldades psicológicas e sociais. No entanto, há que se reconhecer os aspectos positivos no processo de envelhecimento, como a experiência adquirida, sabedoria, amadurecimento, concretude da vida está ligado ao fato de aceitar o processo de envelhecer e vê-lo como ferramenta para buscar o desenvolvimento, através do aprendizado adquirido ao longo do tempo. No decorrer dos tempos, além do evoluir etário, há uma constante evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação, que vêm consolidando e modificando o perfil da comunicação. Objetivo: Verificar a percepção dos idosos sobre seu processo de comunicação no envelhecimento, utilizando o referencial metodológico de Paulo Freire. Método: Estudo qualitativo, baseado na metodologia de pesquisa-ação-participante, desenvolvido através do Itinerário de pesquisa de Paulo Freire, que consiste em três etapas dialéticas: pesquisa temática; codificação e decodificação e revelação crítica. O estudo foi desenvolvido em quatro Círculos de Cultura, de junho a julho de 2017, incluindo a participação de dez idosos de uma universidade aberta de idosos. Os aspectos éticos que nortearam esta pesquisa seguiram a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde encontrando-se aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição de origem. Resultados: O grupo foi caracterizado por nove mulheres e um homem, com idade entre 60 e 81 anos, média etária de 68,89 anos sendo o grau de escolaridade prevalente referente ao ensino superior completo. A partir do diálogo, foram formuladas questões temáticas que envolviam o desvelamento de tecnologias e seu impacto na comunicação dos idosos. Facilidades e dificuldades quanto à inserção digital foram pontuadas pelos idosos. A fragilidade dos participantes foi destacada em relação aos avanços nas Tecnologias da Informação e Comunicação e a dificuldade apresentada por esse público nos processos interativos, principalmente relacionados à família, decorrentes do uso em larga escala dessas ferramentas. Conclusão: Os participantes não mencionaram aspectos patológicos ou perdas funcionais do processo de envelhecimento, mas o interesse em discutir as tecnologias de comunicação da informação. O estudo representou a percepção dos participantes, evidenciando a relevância de metodologias, como a de Paulo Freire, na discussão de temas que tocam a vida cotidiana, contribuindo para um processo reflexivo que busca melhorar a qualidade de vida.
1. Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA. Population aging in Brazil: current and future social challenges and consequences. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(3): 507-19.
2. Batista MPP, Souza FG, Schwartz G, Exner C, Almeida MHM. Utilização no cotidiano de tecnologias da informação e comunicação por idosos participantes da Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade de São Paulo. Rev Kairós. 2015;18(4): 405-26.
3. Heidemann ITSB, Dalmolin IS, Rumor PCF, Cypriano CC, Costa MFBNA, Durand MK. Reflexões sobre o itinerário de pesquisa de Paulo Freire: contribuições para a saúde. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [acesso em 2019 nov 18]. ;26(4): e0680017. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/tce/v26n4/0104-0707-tce-26-04-e0680017.pdf.
4. Dourado MB, Oliveira ALB, Oliva TM. A percepção dos graduandos de enfermagem sobre o envelhecimento. Revista Brasileira de Enfermagem. 2015;22(5): 635-80.
5. Massi G, Santos AR, Berberian AP, Ziesemer NB. Impact of dialogic intergenerational activities on the perception of children, adolescents and elderly. Rev CEFAC. 2016;18(2):399-407.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1237
A COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E/OU ALTERNATIVA APLICADA NA CRIANÇA COM TEA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)
TÍTULO
A Comunicação Suplementar e/ou Alternativa aplicada na criança com TEA
INTRODUÇÃO
O relato em questão tem como objetivo apresentar a importância dos símbolos de Sistemas Gráficos de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) como ferramenta para o desenvolvimento da comunicação dos indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e diminuição de padrões alterados em seu comportamento.
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizados por alterações em dois domínios principais:
• Comunicação e interação social
• Padrões restritos e repetitivos de comportamento.
O DSM V (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição), de 2013, explica o TEA em níveis, de acordo com a sua complexidade e características, considerando o desenvolvimento de linguagem, autonomia e independência do indivíduo.
OBJETIVOS
A abordagem tem como objetivo principal favorecer e propiciar a estimulação e o desenvolvimento da comunicação social do indivíduo. Além de:
- estimular a linguagem expressiva e receptiva;
- ampliar o vocabulário;
- ativar canais sensoriais que viabilizem a aprendizagem;
- estimular os precursores de linguagem;
- ampliar recursos comunicativos;
- estimular a oralidade de modo organizado;
- trabalhar aspectos cognitivos;
- diminuir comportamentos disruptivos.
MÉTODO
L., 5 anos, com TEA, iniciou acompanhamento fonoaudiológico pois sua comunicação acontecia por choros, gritos e a palavra "não". Também apresentava comportamentos disruptivos sempre que frustrado ou contrariado, além de dificuldade nos precursores de linguagem, como contato ocular, atenção compartilhada e uso do apontar.
O trabalho fonoaudiológico visou o desenvolvimento dos aspectos pragmáticos e semânticos da linguagem e a utilização da CSA contribuiu para melhores resultados.
Por um ano, a CSA foi trabalhada conforme a necessidade e progresso de L., seguindo as etapas:
1º- objetos concretos e música;
2º- objetos concretos associados a livros com o tema da música - apoio visual e auditivo;
3º- pranchas temáticas com imagens da música - início do uso do apontar com apoio tátil/ sinestésico;
4º- pranchas temáticas com imagens e escrita, com maior independência de L. para apontar e cantar;
5º- expressão oral de L. ao cantar a música sem apoio de pranchas.
Concomitante a este processo, foram utilizadas pranchas de rotina e agendas com fotos, objetos simbólicos e relatos dos pais que viabilizavam o processo de comunicação de L., tornando os atendimentos mais significativos, contextualizados e fazendo com que ele pudesse expressar-se com uma comunicação mais efetiva.
RESULTADOS
L. inicialmente foi resistente as propostas, porém percebeu que a comunicação de modo alternativo lhe trazia maior segurança e resposta positiva do interlocutor. Com o comportamento mais adequado e envolvimento, durante as intervenções, conseguia que atenção compartilhada, contato ocular e outras formas de expressão significativas fossem desenvolvidas.
A expressão através dos comportamentos disruptivos diminuiu abrindo espaço para a expressão verbal de forma organizada, contextualizada e com significado para ele e para o outro, possibilitando-lhe autonomia nas escolhas e expressão dos desejos.
CONCLUSÃO
Concluo que a Comunicação Suplementar e/ou Alternativa utilizando objetos concretos, pranchas musicais, rotinas, agendas e outros materiais, auxiliam positivamente os indivíduos com Transtorno do Espectro Autista a desenvolver aspectos do seu desenvolvimento, favorecendo suas relações e aprendizagens.
BRITES, Luciana, BRITES, Clay. Mentes únicas. São Paulo: Gente, 2019
CONSENZA, R.M. & Guerra, L.B. (2011). Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed
DSM-V: Manual Diagnósico e Estatístico de Transtornos Mentais - American Psychiat ric Association (APA) – Artmed (2013)
HONORA, Márcia; FRIZANCO Mary L. Esclarecendo as deficiências: aspectos teóricos e práticos para contribuir com uma sociedade inclusiva. São Paulo: Ciranda Cultural, 2008. JOHNSON RM - Guia dos símbolos de comunicação pictórica. Tradução de G. MANTOVANI JC
TONOLLI - Revisão técnica Nádia Browning Gill, R. BERSCH. Porto Alegre: Clik, 1980. 64p.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2012
A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: O conhecimento alfabético requer uma série de habilidades fonológicas especializadas, relacionadas à Consciência Fonológica, que é a capacidade de detectar sons de fala similares nas palavras e permite às crianças representarem os segmentos de sons na linguagem escrita. Inúmeras são as contribuições da consciência fonológica no processo de alfabetização. A consciência fonológica é uma habilidade importante para que a criança possa desenvolver a capacidade de manipular os sons da linguagem oral. Objetivo: Este estudo tem como objetivo discutir sobre a importância da consciência fonológica para o processo de alfabetização. Método: utilizou-se como referencial teórico, artigos e livros que abordam sobre consciência fonológica e a importância dessa habilidade para o processo de alfabetização. Resultados: A partir do momento em que a criança vai conhecendo e aprendendo sua língua, ela precisa ser orientada pelo adulto para superar as dificuldades quanto ao padrão das normas da língua. A capacidade de ir além da percepção auditiva e alcançar uma habilidade metafonológica são o que se denomina uma atividade de reflexão sobre os aspectos fonológicos da língua. Momentos lúdicos que levem a criança a pensar sobre sua própria língua, através de brincadeiras com rimas, músicas, percepção dos sons das palavras, são muito importantes para o desenvolvimento da criança no processo de alfabetização. É primordial que a estimulação ocorra logo quando a criança começa a falar, para que desde cedo comece a desenvolver as habilidades que serão essenciais para a alfabetização. Ao entrar na escola, a professora irá trabalhar com as crianças, atividades que tem o objetivo de desenvolver várias habilidades que serão importantes para a alfabetização da criança, como: cantigas com rimas, pequenas poesias, movimentos de coordenação motora grossa e fina que são fundamentais para o desenvolvimento da leitura e escrita. Conclusão: Desenvolver a consciência da estrutura sonora das palavras na criança é fundamental para a alfabetização. Vários foram os estudos que enfatizaram os estágios iniciais da Consciência Fonológica, sendo estes contribuintes para o desenvolvimento dos estágios iniciais do processo de leitura e escrita, que por sua vez, contribuem para o desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica mais complexa. Portanto, essa habilidade é essencial para o processo de alfabetização.
1- NUNES, Cristiane; FROTA, Silvana; MOUSINHO, Renata. Consciência Fonológica e o processo de aprendizagem de leitura e escrita: implicações teóricas para o embasamento da prática fonoaudiológica. Rev. CEFAC, Brasil, v.11, n.2, p. 207-212, abr-jun, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcefac/v11n2/v11n2a05.pdf. Acesso 10-07-2020.
2- PESTUN, Magda Solange Vanzo. Consciência Fonológica no Início da Escolarização e o Desempenho Ulterior em Leitura e Escrita: Estudo Correlacional. Estudos de Psicologia, 10(3), p. 407-412, Brasil, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v10n3/a09v10n3. Acesso em: 10-07-2020.
3- SPÍNDOLA, Rafaela de Almeida; PAYÃO, Luzia Miscow da Cruz; BANDINI, Heloísa Helena Motta. Abordagem fonoaudiológica em desvios fonológicos fundamentais na hierarquia dos traços distintivos e na consciência fonológica. Rev. CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, p.180-189, abr-jun, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rcefac/v9n2/a06v9n2.pdf. Acesso 11-07-2020.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
774
A CONTRIBUIÇÃO DA MÚSICA NA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM PACIENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
54100313
Introdução: O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é entendido como um transtorno neurológico que afeta o desenvolvimento do indivíduo, envolvendo distúrbio na comunicação, interação social e comportamento. Nesse contexto, existe uma relação entre o neurodesenvolvimento e a música, visto que a música estimula a cognição, o comportamento social e o desenvolvimento linguístico. Dessa maneira, é notório que a sua utilização é um dos principais meios alternativos que o sujeito pode realizar com o meio, através das mobilizações dos seus processos cognitivos e emocionais. Nota-se que a presença da música na intervenção fonoaudiológica tem como objetivo de melhorar o desenvolvimento das habilidades do paciente, em relação à comunicação verbal e não verbal, memória, controle das ações motoras e suas relações sociais. Objetivo: Compreender à importância da música na terapia fonoaudiológica em pacientes com Transtorno Espectro Autista, para um melhor desenvolvimento na comunicação e no seu comportamento diante do convívio social. Método: Trata-se de uma revisão de literatura na base de dados do SCIELO, LILACS e revistas científicas, compreendendo o período entre 2015-2018. A busca foi restrita a artigos em português e espanhol, além do mais foram utilizados os seguintes descritores: musicoterapia, efeitos, TEA e interação. Resultado: É a partir da atividade auditiva que a música estimula o indivíduo, essa atividade é complexa e apresenta boas consequências na vida social e emocional do sujeito. A estimulação é causada através da utilização de canções ou na presença de algum instrumento musical. Desse modo, ocorrerá uma ativação nas diversas áreas do cérebro que estão associados com os processos cognitivos e emocionais. Com essa ativação, o paciente irá ter um melhor desenvolvimento das suas habilidades linguísticas, uma diminuição do comportamento repetitivo, aumento da interação social, além de uma importante contribuição na atenção, organização de pensamento e no contato visual. Conclusão: É notório que a utilização da música na intervenção fonoaudiológica é necessária para obter um melhor desenvolvimento do paciente, pois os estímulos causados demostraram eficácia no desenvolvimento infantil, principalmente, na comunicação e na interação social. Além disso, a música ajuda os autistas a manifestarem os seus sentimentos, melhorando o seu convívio social e familiar.
GONÇALVES, Cláudia A B; CASTRO, Mariana S J de. Propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura. Revista Distúrbios da Comunicação, [S.l.], v. 25, n. 1, abr. 2013. ISSN 2176-2724. Disponível em:
SAMPAIO, Renato Tocantins; LOUREIRO, Cybelle Maria; GOMES, Cristiano Mauro. A Musicoterapia e o Transtorno do Espectro do Autismo: uma abordagem informada pelas neurociências para a prática clínica. SCIELO, 2015. Disponível em:
NASCIMENTO, Paulyane Silva do; ZANON, Regina Basso; BOSA, Cleonice Alves; NOBRE, João Paulo dos Santos; DeFREITAS JÚNIOR, Áureo Déo; SILVA, Simone Souza da Costa. Comportamentos de Crianças do Espectro do Autismo com seus Pares no Contexto de Educação Musical. LILASC, 2015. Disponível em: < https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-748957> Acesso em: 25 de jun. 2020.
MUSZKAT, M. Música e Neurodesenvolvimento: em busca de uma poética musical inclusiva. Literartes, v. 1, n. 10, p. 233-243, 1 nov. 2019.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
219
A DERMATOGLIFIA E A SUA ASSOCIAÇÃO COM SINTOMAS VOCAIS DE DOCENTES UNIVERSITÁRIOS.
Trabalho científico
Voz (VOZ)
A comunicação oral é um dos recursos mais utilizados para o desempenho didático dos docentes e está diretamente ligada à qualidade vocal¹. Em virtude disso, na Fonoaudiologia a produção científica sobre o tema é vasta. Além disso, os docentes apresentam alto risco ² para alterações vocais que podem ser atribuídos às condições de trabalho, comportamentos vocais inadequados e predisposição individual³ . Na literatura os sintomas mais frequentes dessa população são rouquidão e cansaço vocal¹,³; Quanto à predisposição individual, sabe-se que a produção vocal está ligada ao movimento dos músculos laríngeos. Estes têm potenciais musculares que podem ser analisados por meio da Dermatoglifia - o estudo das digitais. Após análise, o perfil dermatoglífico pode ser considerado aeróbico com maior resistência e coordenação motora, anaeróbico com predomínio de força, explosão e velocidade muscular ⁴.
Objetivo: avaliar existência da associação entre perfil dermatoglífico e sintomas vocais autorreferidos de docentes.
Métodos: Participaram do estudo 49 docentes de uma instituição publica do ensino superior. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foram aplicados questionário sociodemográfico e Índice de Triagem para Distúrbios da Voz (ITDV)⁵. As impressões digitais dos docentes foram coletadas por meio do scanner Watson Mini da Integrated Biometric acoplado a um laptop Lenovo BM5K8TM1, com posterior análise utilizando o protocolo de Cummins e Midlo6. O teste Qui-Quadrado foi aplicado para verificação da associação entre sintomas vocais geral, cansaço vocal e rouquidão do ITDV com perfil dermatoglífico. O nível de significância foi de 5%. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer número 3.562.059.
Resultados: A idade média da população foi 44 anos, sendo a maioria do sexo feminino (76%). A carga horária semanal média foi de 40 horas e tempo médio de profissão foi 17 anos. A intensidade de uso da voz foi considerada moderada por 55,1% e excessiva por 22,4% da população. Quanto ao perfil dermatoglífico, 91,8% apresentaram perfil anaeróbico e 8,2% aeróbico. 48,9% anaeróbicos e 25% dos aeróbicos relataram cansaço vocal, enquanto 35,6% dos anaeróbicos e 25% dos aeróbicos referiram rouquidão “às vezes ou sempre”. Referente ao resultado do ITDV geral, os indivíduos aeróbicos não apresentaram preditivos para alteração vocal. Em contrapartida 26,7% dos anaeróbicos tiveram indicativo de alteração vocal. Não foi encontrada associação estatisticamente significante entre as variáveis perfil dermatoglífico e cansaço vocal (p= 0,359); perfil dermatoglífico e rouquidão (p= 0,671); bem como perfil dermatoglífico e ITDV geral (p=0,235).
Conclusão: A maioria dos sujeitos que apresentou o potencial muscular atrelado a menor resistência vocal, ou seja, do perfil anaeróbico, apresentou maior frequência de sintomas vocais. Contudo, não foi possível observar uma associação estatisticamente significante entre estas variáveis. É valido ressaltar que a frequência destes sintomas em ambos os perfis foram baixas. Além disso, existiu a limitação de uma pequena amostra populacional, principalmente do perfil aeróbico. Tais fatores podem ter interferido nos resultados encontrados.
1- Tonon, I. G., Gomes, N. R., Teixeira, L. C., & de Medeiros, A. M. (2020). Self-referred personal behavior profile of university professors: Association with communicative and vocal self-evaluation. Codas, 32(1), 1–7. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20192018141
2- Silva, G. J. da, Almeida, A. A., Lucena, B. T. L. de, & Silva, M. F. B. de L. (2016). Sintomas vocais e causas autorreferidas em professores. Revista CEFAC, 18(1), 158–166. https://doi.org/10.1590/1982-021620161817915
3- Limoeiro, F. M. H., Ferreira, A. E. M., Zambon, F., & Behlau, M. (2019). Comparison of the occurrence of signs and symptoms of vocal and change discomfort in the vocal tract in teachers from different levels of education. Codas, 31(2), 1–8. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182018115
4- Coelho, CM. Cantores líricos e de musicais: dados dermatoglíficos e acústicos. 2017. 133 f. Tese (Doutorado) - Curso de Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, Fonoaudiologia, Pontifício Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017
5- Ghirardi ACA, Ferreira LP; Giannini SPP; Latorre MRDO. Screening Index for Voice Disorder (SIVD): Development and Validation. J. Voice. 2013; 27(2): 195-200.
6- Cummins H, Midlo, C. Fingerprints, palms and soles. New Dover ed. Integral e corr. New York: Dover Publ; 1961.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
591
A DIFERENÇA DOS ACHADOS ELETROMIOGRÁFICOS NOS MÚSCULOS DA FACE EM FALANTES FLUENTES E GAGOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: O bom funcionamento da musculatura que compõe a face é crucial para a promoção de uma comunicação oral de qualidade, uma vez que este é um dos responsáveis pela articulação dos sons. Os músculos que compõe a movimentação facial possuem padrões de excitabilidade distintos, sendo possível a existência de variações entre estruturas musculares bem próximas no mesmo indivíduo, podendo essas modificações serem explicadas por vários fatores neuroanatômicos. Objetivo: Buscar nas bases de dados online (Scielo, PubMed, Lilacs, Bireme e Google Acadêmico), artigos científicos que mostrassem se há ou não distinção entre a contração muscular e suas implicações nos músculos faciais entre falantes fluentes e gagos, utilizando a eletromiografia de superfície como instrumento de obtenção de dados, construindo uma revisão sistemática da literatura. Método: A consulta às bases de dados foi realizada utilizados os descritores: electromyography AND stuttering AND face, onde, em um período de treze anos, entre dois mil e sete a dois mil e vinte, foram encontrados vinte e seis artigos em português e inglês. A busca ocorreu de forma independente entre os pesquisadores. Foi realizada uma pré-análise para verificar se os artigos encontrados contemplariam o objetivo do estudo, porém, após a leitura do resumo, artigo completo e debate entre os pesquisadores, somente oito atendiam aos critérios de inclusão e exclusão, como, por exemplo, não serem outras revisões sistemáticas, utilizar a eletromiografia em mais de três músculos da face e terem sido realizados em humanos. Resultados: Através da análise, realizada com leitura minuciosa do material e comparação de resultados entre as obras, constatamos diferenças e similaridades trazidas pelos autores em suas pesquisas entre a musculatura facial e até da língua, em alguns casos, de falantes fluentes e disfluentes. Além disso, embora a eletromiografia seja um recurso tecnológico já implementado no mercado e clínica fonoaudiológica há algum tempo, foi perceptível a visualização da escassez de estudos que a relacionasse com a avaliação e tratamento entre os grupos mencionados. Conclusão: Os achados são peças fundamentais para a criação de instrumentos que facilitem a mensuração do quê pode ou não estar alterado, em questão funcional da musculatura facial. Dessa forma, as implicações trazidas nos resultados da presente revisão sistemática, podem de maneira assertiva guiar profissionais e auxiliá-los posteriormente em sua prática clínica, possibilitando um diagnóstico com maiores evidências e a melhoria consciente do processo terapêutico.
Andrade Claudia Regina Furquim de, Sassi Fernanda Chiarion, Juste Fabiola, Mendonça Lucia Iracema Zanotto de. Gagueira desenvolvimental persistente como disfunção cortical-subcortical: evidências da ativação muscular. Arq. Neuro-Psiquiatr. [Internet]. 2008 [citado 2020 em 05 de julho]; 66 (3b): 659-664. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2008000500010&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2008000500010.
Andrade Claudia Regina Furquim de. Perfil familial da Fluência da Fala - estudo linguistico, acustico e eletromiografico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2010 Junho 17 [citado 2020 em 05 de Julho];22(3):169-74. DOI https://doi.org/10.1590/S0104-56872010000300003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-56872010000300003&lng=pt&tlng=pt
Andrade Claudia Regina Furquim de, Sassi Fernanda Chiarion, Juste Fabiola Staróbole, Meira Maria Isis Marinho. Atividades de fala e não-fala em gagueira: estudo preliminar. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2008 Fevereiro 22 [citado 2020 em 05 de Julho]; 20: 67-70. DOI https://doi.org/10.1590/S0104-56872008000100012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-56872008000100012&script=sci_arttext&tlng=pt
Andrade Claudia Regina Furquim de, Queiróz Danilo Pacheco de, Sassi Fernanda Chiarion. Eletromiografia e diadococinesia - estudo com crianças fluentes e com gagueira. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2010 Abril 22 [citado 2020 em 05 de Julho]; 22:77-82. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872010000200001.Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-56872010000200002&script=sci_arttext&tlng=pt
Andrade Claudia Regina Furquim de, Sassi Fernanda Chiarion, Juste Fabiola Staróbole, Ercolin Beatriz. Modelamento da fluência com o uso da eletromiografia de superfície: estudo piloto. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2008 Maio 12 [citado 2020 em 05 de Julho];20 DOI https://doi.org/10.1590/S0104-56872008000200010. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-56872008000200010&script=sci_arttext
Bohland Jason W., Bullock Daniel, Guenther Frank H. Neural representations and mechanisms for the performance of simple speech sequences. J Cogn Neurosci [Internet]. 2010 Outubro 01 [citado 2020 em 05 de Julho]; 22:1504–1529. DOI 10.1162/jocn.2009.21306. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2937837/.
Choo Ai Leen, Robb Michael P, Alford John C. Dalrymple, Huckabee Maggie-Lee, O’Beirne Greg A. Different Lip Asymmetry in Adults Who Stutter: Electromyographic Evidence during Speech and Non-Speech. Folia Phoniatr Logop [Internet]. 2010 Apr 29 [citado 2020 em 05 de Julho ];69:143–147. DOI https://doi.org/10.1159/000287213. Disponível em: https://www.karger.com/Article/Abstract/287213
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1930
A EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE E A AÇÃO INTERPROFISSIONAL: REFLEXÕES A PARTIR DA VIVÊNCIA PET EIP
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
A Educação Interprofissional (EIP) é o mais novo desafio a ser superado pelas instituições de ensino superior voltadas à formação do profissional de saúde. Utilizando-se de uma das políticas indutoras de formação, o Ministério da Saúde lançou em 2018 o Edital PET EIP 1, uma proposta de inclusão da EIP na geração de novas concepções para as práticas profissionais.
Em nossa universidade, o projeto é desenvolvido pela parceria de nove cursos (Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia, Nutrição, Psicologia e Terapia Ocupacional), resultando na criação de cinco grupos tutoriais interprofissionais em cinco unidades básicas de saúde (UBS).
O presente relato de experiência representa as ações desenvolvidas no primeiro ano do projeto por um dos grupos tutoriais.
Uma vez que a EIP se caracteriza como aquela que ocorre quando estudantes de duas ou mais profissões aprendem sobre os outros, com os outros e entre si para possibilitar a colaboração eficaz e melhorar os resultados na saúde 2, as atividades de tutoria partiram de encontros dialogados, onde os estudantes foram incentivados a autonomia e protagonismo.
O diagnóstico territorial e a participação no dia a dia da UBS nos despertaram para a premência do desenvolvimento de ações de promoção à saúde e prevenção de agravos, tanto na sala de espera como em outras instituições do território. Nesse momento, introduzimos o conceito de Educação Popular em Saúde para servir de base teórica de formação
Educação Popular em Saúde é definida como prática voltada para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde a partir do diálogo entre a diversidade de saberes, valorizando os saberes populares, a ancestralidade, a produção de conhecimentos e a inserção destes no SUS3. Portanto, aprender sobre o outro, com o outro e entre si, inclui o usuário numa posição central no processo de aprendizagem em EIP.
Em doze meses de atuação na UBS forma criadas as seguintes ações: Agosto Azul (voltada para a saúde do homem), Dia das Crianças (o brincar como centralidade na infância), Palhaços Petianos (uma ação de acolhimento e humanização), Dia do Beijo (um beijo muda tudo!), Semana da Hipertensão (o sal oculto), Semana da Amamentação e do Bebe (um encontro com mães e gestantes), Caixa de Pandora (saúde do adolescente na escola), Dia da Família na Escola (Palhaços Petianos transformando ambientes).
Conclui-se que a integração do conceito de Educação Popular em Saúde potencializou positivamente as atividades desenvolvidas, ampliando o espectro da Educação Interprofissional, uma vez que ambos conceitos requerem a compreensão de que a prática da saúde é realizada no encontro de subjetividades e no diálogo intercultural.
1. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO Publicado em: 24/07/2018 | Edição: 141 | Seção: 3 | Página: 78E DITAL Nº 10, 23 DE JULHO 2018 SELEÇÃO PARA O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA A SAÚDE PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE - 2018/2019
2. OPAS/OMS Marco para Ação em Educação Interprofissional e Prática Colaborativa - disponível em http://www.who.int/hrh/nursing_midwifery/en/
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa.
Caderno de educação popular e saúde / Ministério da Saúde, Secretariade Gestão Estratégica e Participativa,Departamento de Apoio à Gestão Participativa. - Brasília: Ministério da Saúde, 2007.160 p. : il . color. - (Série B. Textos Básicos de Saúde)
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1658
A EFETIVIDADE DA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA GRUPAL NO COMPORTAMENTO COMUNICATIVO DE INDIVÍDUOS COM DIAGNÓSTICO DE ESQUIZOFRENIA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
A efetividade da intervenção fonoaudiológica grupal no comportamento comunicativo de indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia
Introdução: Os transtornos do pensamento, como a esquizofrenia são, em geral, os mais prevalentes em serviços de saúde mental, como os CAPS(1). Pessoas com esquizofrenia podem apresentar déficits em vários domínios, incluindo percepção, atenção, memória, velocidade de processamento, raciocínio, solução de problemas, cognição social e, consequentemente, na comunicação(2). Pensando na comunicação como instrumento de reinserção social de indivíduos com esquizofrenia, a fonoaudiologia surge com a proposta de ultrapassar a barreira dos transtornos do desenvolvimento pela construção de uma clínica psicossocial, com estratégia grupal, fortalecendo a luta pela Reforma Psiquiátrica(3).
Objetivo: Verificar a efetividade da intervenção fonoaudiológica grupal no comportamento comunicativo de indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia.
Método: Trata-se de um estudo quase experimental, quantitativo analítico exploratório. Foram incluídos usuários de um Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS III) com diagnóstico de esquizofrenia, divididos em 2 grupos: Grupo Experimental (GE), compondo o Grupo de Intervenção Fonoaudiológica (GIF) e Grupo Controle (GC). O comportamento comunicativo foi avaliado através da Bateria MAC Breve(4), que examina quatro processamentos comunicativos principais: nível da palavra e da sentença (léxico-semântico); prosódia em sentenças e no discurso (prosódico) e nível de sentença e discurso com processamento de inferências (pragmático e discursivo), divididos em 10 subtestes: Consciência das Dificuldades; Discurso Conversacional; Discurso Narrativo; Interpretação de Metáforas; Interpretação de Atos de Fala; Fluência Verbal Livre; Julgamento Semântico; Prosódia Emocional – Produção; Leitura e Escrita. O GIF foi realizado em 2 sessões semanais, totalizando 24 sessões que constavam de atividades de narração de histórias (discurso), jogos de relação semântica e evocação lexical (léxico-semântica), canto e dramatização de cenas (prosódia) e jogos de metáfora e fala indireta (pragmática). Após esse período, os indivíduos foram reavaliados. A análise dos dados ocorreu por meio dos Testes não paramétricos de Mann Whitney e o Teste de Correlação de Pearson.
Resultados: Participaram 19 indivíduos, de ambos os sexos, com idade entre 19 a 59 anos, escolaridade mínima de 5 anos, sendo que 14 participaram do GE e 5 do GC. No GE, foi possível observar que houve melhora no comportamento comunicativo após a intervenção fonoaudiológica em todas as tarefas avaliadas, exceto na tarefa de escrita. Dentre as tarefas avaliadas, o destaque foi para Prosódia Emocional – Produção, o que indica que os participantes passaram a expressar, de maneira mais efetiva, suas emoções por meio de entonações emocionais. Já no GC, não foram observadas alterações significativas comparando a avaliação e a reavaliação após 12 semanas.
Conclusão: A intervenção fonoaudiológica grupal foi efetiva, utilizando a comunicação como instrumento de socialização e contribuindo para a melhoria das condições de vida de indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
907
A EFICÁCIA DE UM PROGRAMA DE ORIENTAÇÕES SOBRE HIGIENE DO SONO PARA O TRATAMENTO DE AOS: SÉRIE DE CASOS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é caracterizada por episódios repetidos de obstrução das vias respiratórias durante o sono(1-3). Estima-se que entre 1 a 6% da população adulta seja acometida(2), tornando este um problema de saúde pública(1,2), muitas vezes negligenciado pela equipe de saúde. O tratamento deve ser multiprofissional, considerando um atendimento individualizado, específico para cada paciente(2,4).
OBJETIVO: Verificar a efetividade de um programa de orientações aos indivíduos apneicos acerca da higiene do sono como intervenção terapêutica.
MÉTODO: Série de casos, desenvolvida no ambulatório de Pneumologia de um hospital filantrópico, aprovada pelo CEP, sob nº 3.300.676. Amostra dada por conveniência. Foram incluídos adultos hígidos, que realizaram o exame de polissonografia entre abril/2018 e setembro/2019 com o resultado de Índice de Apneia e Hipoapneia maior que 5, que concordaram em participar da pesquisa, e compareceram à avaliação presencial. Quando incluídos, os sujeitos passaram por avaliação constituída por: Escala de Epworth(5), Questionário de Pittsburgh(5), Questionário STOP-BANG(6) e Protocolo de Motricidade Orofacial Específico para Apneia(7) adaptado. Após as avaliações, o participante recebeu, presencialmente, orientações a respeito da higiene do sono, com o intuito de conscientizá-lo sobre a importância de uma rotina mais adequada. O acompanhamento foi feito por telefone, semanalmente, durante doze semanas. Os participantes também compareceram a encontros mensais para esclarecimento de dúvidas, acompanhamento das mudanças e retomada das orientações recebidas. No último encontro presencial foram refeitas as avaliações iniciais e os pacientes foram encaminhados para novo exame de polissonografia, buscando verificar mudanças objetivas e suas relações com os protocolos coletados. As variáveis IAH, SO2 mínima, SO2 média e índice de dessaturação foram comparadas pré e pós terapia,através de estatísticas descritas e do teste não-paramétrico de Wilcoxon. Foram consideradas diferenças significativas a um nível máximo de 5%.
RESULTADOS: 165 pacientes realizaram exame de polissonografia, sendo contatados por telefone. 141 não apresentaram interesse ou disponibilidade; dos 24 que agendaram anamnese, 4 não compareceram. Dos 20 sujeitos, 4 foram excluídos por usarem CPAP, sendo 16 incluídos para seguir a terapia. 1 não teve interesse, 7 desistiram e 1 começou a utilizar CPAP. Assim, resultaram 7 participantes (3 homens e 4 mulheres) com idade média de 61 (± 6,08) anos. Através dos resultados do teste não-paramétrico de Wilcoxon verificou-se que apenas a SO2 média apresenta diferença significativa pré e pós intervenção - redução significativa no período pós. Todos os pacientes seguiram o curso progressivo da patologia.
CONCLUSÃO: Para os casos acompanhados observamos que não houve efetividade do programa de orientações proposto, uma vez que não foram registradas mudanças de hábitos nem alterações significativas nos dados objetivos comparados. Acreditamos que outras medidas sejam necessárias para minimizar o quadro. Entendemos que a continuidade da investigação com outras propostas terapêuticas contribuirá para traçar o efetivo papel das orientações em casos de AOS.
1. Veasey SC, Rosen IM. Obstructive Sleep Apnea in Adults. N Engl J Med 380;15 nejm.org April 11, 2019;
2. Miranda VGS, Buffon G, Vidor DCGM. Orofacial myofunctional profile of patients with sleep disorders: relationship with result of polysomnography. CoDAS 2019;31(3):e20180183;
3. Senaratna CV, Perret JL, Lodge CJ, Lowe AJ, Campbell BE, Matheson MC, Hamilton GS, Dharmage SC. Prevalence of obstructive sleep apnea in the general population: A systematic review. Sleep Medicine Reviews (2016), http://dx.doi.org/10.1016/j.smrv.2016.07.002;
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5. Bertolazzi AN. Tradução, adaptação cultural e validação de dois instrumentos de avaliação do sono: escala de sonolência de Epworth e índice de qualidade de sono de Pittsburgh [dissertação]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2008;
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
916
A EFICIÊNCIA DO TREINAMENTO AUDITIVO CENTRAL NA REABILITAÇÃO AUDITIVA EM IDOSOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
A EFICIÊNCIA DO TREINAMENTO AUDITIVO CENTRAL NA REABILITAÇÃO AUDITIVA EM IDOSOS
Introdução: Os efeitos da idade no sistema auditivo periférico e sistema auditivo central interagem com mudanças, já que o envelhecimento pode acarretar alterações degenerativas no sistema auditivo. A presbiacusia é, principalmente, um fenômeno coclear. Contudo, degradações relacionadas à idade também são encontradas no tronco encefálico, bem como em estruturas corticais. O treinamento auditivo é uma pratica amplamente utilizada na reabilitação das habilidades auditivas de indivíduos com Transtorno de Processamento Auditivo Central, que visa a estimulação auditiva de modo a maximizar os efeitos da plasticidade do sistema nervoso central. Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo verificar a efetividade de um programa de treinamento auditivo em idosos. Metodologia: trata-se de um estudo de revisão de bibliográfica. A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão de literatura nas bases de dados publicados e indexados na SCIELO, Rev. CEFAC e PubMed. Foram identificados diversos artigos, em português, relacionado com o tema. Dos artigos encontrados, apenas 14 apresentavam informações relacionadas ao objetivo desse estudo. Resultados: Verificou-se que a média da idade dos participantes dos estudos foram de 60 a 90 anos, tendo as pesquisas sido realizadas com ambos os sexos. Quanto ao tipo e grau de perda auditiva, os participantes possuíam perda neurossensorial de grau leve a moderadamente severa bilateral e sem nenhum comprometimento cognitivo. Foram realizadas entre quatro a oito sessões de treinamento do Processamento Auditivo Central, ocorrendo uma vez por semana com duração em média de uma hora. Os estudos relatam que houve avaliações antes do início e após o treinamento auditivo. Todos os trabalhos analisados possuem conclusões convergentes, no sentido de que o treinamento do Processamento Auditivo Central em idosos contribui para a melhora das habilidades auditivas, aprimorando sua percepção e compreensão da fala e identificação dos sons ambientais. Sendo assim, observou-se que o treinamento auditivo interfere diretamente na qualidade de vida do idoso com e sem próteses auditivas, uma vez que o mesmo passará a compreender e se comunicar oralmente melhor. Conclusão: Verificou-se nos trabalhos encontrados concomitância quanto a eficiência do treinamento do Processamento Auditivo Central em idosos, ajudando na minimizar as dificuldades na comunicação e melhora da qualidade de vida.
Palavras-chave: fonoaudiologia; processamento auditivo central; reabilitação auditiva; envelhecimento.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
787
A ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE (EMGS) VEM SENDO BASTANTE UTILIZADA EM PESQUISAS PARA O ESTUDO DA DEGLUTIÇÃO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
Introdução: Pesquisadores vem estudando a eletromiografia de supercície (EMGs) durante a deglutição1,2 e na doença de Parkinson (DP) os músculos Supra-hióideos demonstram achados eletromiográficos característicos3,4. Objetivo: identificar a acurácia de parâmetros da EMGs dos músculos supra-hióideos no consumo contínuo de água em sujeitos com doença de Parkinson (DP). Método: Tratou-se de um estudo analítico descritivo do tipo transversal com amostra de conveniência com aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, sob ofício nº 842/2011. Antes de iniciar o estudo, os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Participaram 67 sujeitos, sendo 41 com doença de Parkinson (DP) e 26 sujeitos sem alterações neurológicas e apresentando deglutição normal. Além da Ficha de Registro de Dados e EMGs dos músculos supra-hióideos, os sujeitos com DP foram estadiados pela escala de Hoehn e Yahr5; avaliados a partir do mini exame do estado mental6 e submetidos à Videoendoscopia da deglutição com a aplicação da escala de severidade da disfagia7 Apenas os sujeitos considerados normais responderam ao questionário de qualidade de vida em disfagia (SWAL-QOL)8 e aqueles com escore inferior a 93% foram excluídos do estudo. Após o estabelecimento do diagnóstico de gravidade de disfagia e considerado as exclusões, a amostra foi dividida em dois grupos: grupo 1, formado por 23 sujeitos apresentando deglutição normal e grupo 2, formado por 35 sujeitos com DP apresentando disfagia. Para a EMGs dos músculos supra-hióideos foi realizada a higienização da pele e fixação dos eletrodos na região submentoniana em ventre muscular. O registro foi captado pelo eletromiógrafo da marca EMG System do brasil nas especificações indicadas pelo SENIAM9. As variáveis estudadas foram: duração total da atividade eletromiográfica para o consumo; número de deglutições; duração média dos ciclos de deglutição e o volume médio por gole. O período de coleta foi de sete meses e os dados foram processados pelo BioanalyzerBR versão 2 e a análise estatística foi realizada pelo programa STATISTICA por meio da análise de variância (ANOVA), teste Exato de Fisher e o KAPPA, considerando nível de significância menor que 0,05. Resultados: Para o consumo contínuo de 100 ml de água, o número de deglutições foi maior (p=0,002), duração total mais prolongada (p=0,01) e volume médio por gole menor (p=0,01) no grupo DP disfágico, com significância estatística na comparação com o grupo deglutição normal. O número de deglutições e o volume médio por gole apresentaram especificidade de 88%, valor preditivo positivo de 78% e odds ratio de 8.2 com significância estatística para ambos. Conclusão: O registro eletromiográfico do número de deglutições e volume médio por gole pode ser útil para a triagem e registro da deglutição em pacientes com doença de Parkinson apresentando disfagia. Sendo importante associar seus resultados às informações colhidas na avaliação clínica fonoaudiológica inicial considerada soberana.
Referências:
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
1390
A ESCUTA DIALÓGICA NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: UM ESTUDO DE CASO QUALITATIVO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
A escuta dialógica no processo de envelhecimento: um estudo de caso qualitativo
Autores: Gabriel Lechenakoski, Ana Martha Massucheto, Ana Paula Hey, Giselle Massi
Introdução: na obra “A velhice”, Simone de Beauvoir1 ressalta que, apesar de natural, o processo de envelhecimento apresenta-se multifacetado, ou seja, resultante de fatores sociais, biológicos, psicológicos, políticos e econômicos. As pessoas e as comunidades vivenciam a velhice de maneiras diversas a partir da própria história pessoal e coletiva, as quais são determinadas por diferentes fatores. Com esse entendimento, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa2 enfatiza a importância da criação de ações intersetoriais que, atreladas a setores da educação, da economia, do trabalho possam atender pessoas mais velhas, promovendo seu bem-estar e integração social. Nessa direção, destaca-se a escuta dialógica3, na constituição permanente de sujeitos criativos e autônomos, contribuintes da organização de uma sociedade aberta à intergeracionalidade. Objetivo: refletir sobre a escuta no processo de envelhecimento da pessoa idosa com dificuldade auditiva. Método: trata-se de um estudo de caso qualitativo, que se organizou em função de uma entrevista semiestruturada, cujas resposta foram consideradas com base na Análise Dialógica do Discurso3. A investigação foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa: 2.393.575. Contou com a participação de uma mulher, reconhecida pelo nome fictício Jodelet. Ela tem mais de setenta anos de idade, apresenta perda auditiva desde a juventude e é acompanhada em uma clínica- escola de Fonoaudiologia, situada no Paraná. Resultados: Jodelet explicitou que perdeu, repentinamente, a audição do ouvido esquerdo com aproximadamente 30 anos de idade e que passou a usar aparelho auditivo há 17 anos. Na ótica dela, a escuta relaciona-se a aspectos biológicos e interacionais. De um ponto de vista biológico, afirmou que se sente entristecida por estar perdendo a audição, por conta da idade, no ouvido direito. Referiu que quando era jovem, levou tempo para se acostumar com o fato de não ouvir de um lado. Também, mencionou que se percebia perdida pela sua falta de audição e que as pessoas reclamavam, dizendo que ela era desatenta. Disse que, de início, foi difícil se adaptar com o aparelho auditivo e que, atualmente, ele lhe faz muito bem. Pois, não escuta os outros sem o aparelho. De um ponto de vista interacional, Jodelet destaca a importância da escuta, reafirmando que é bom quando fala e os outros lhe dão atenção. Na sua perspectiva, escutar o outro, considerando a sua posição, é um trabalho que influencia na qualidade de vida das pessoas. De forma geral, o trabalho de escuta, para Jodelet, deve envolver pessoas de todas as idades, pois os mais velhos têm histórias para contar, que precisam ser consideradas, e os mais jovens têm muito a ensinar sobre as novas tecnologias. Conclusão: a escuta, de uma perspectiva dialógica, pode contribuir com uma atuação fonoaudiológica singularizada e pautada nos preceitos da autonomia. Embora o estudo envolva um único caso, ele indica, que aspectos biológicos da audição ganham novas possibilidades de análise à medida que a escuta dialógica é considerada, pois envolve a interação e promove o envelhecimento ativo.
Palavras-chave: envelhecimento, perda auditiva, relações interpessoais, participação social.
Referências Bibliográficas:
1) Beauvoir, Simone de. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
2) Brasil. Portaria no 2.528, de 19 de outubro de 2006. Regulamenta Portaria no 1.395/GM de 10 de dezembro de 1999 e aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, 2006a.
3) Ponzio, A. A revolução bakhtiniana. São Paulo: Contexto, 2008.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1029
A ESPECIFICIDADE DE DOMÍNIO NO DÉFICIT ESPECÍFICO DE LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução
O Déficit específico de Linguagem (DEL) pode ser entendido como uma deficiência no desempenho linguístico de diferentes manifestações e que ocorrem ao longo do desenvolvimento infantil. Não tem compensação em outros domínios da cognição, tão pouco etiologia identificada, apesar de terem indícios de que alterações genéticas podem levar ao transtorno (1).
Objetivo
Analisar teoricamente a possibilidade de especificidade de domínio do Déficit Específico de Linguagem.
Metodologia
Revisão bibliográfica de 15 textos que fazem parte das referências disponibilizadas na disciplina de psicolinguística aplicada e distúrbios da linguagem no desenvolvimento ministrada em um programa de pós-graduação de uma universidade.
Resultados e discussão
A caracterização do Déficit Específico de Linguagem é comumente feita por critérios de exclusão. As manifestações que encontramos nesses casos são muito heterogêneas no que diz respeito aos sistemas afetados e o que isso acarreta. Apesar disso, é possível identificar alguns grupos homogêneos, contribuindo para um melhor entendimento do DEL (1).
Diante do fato de o diagnóstico do DEL ser feito através do método de exclusão, pesquisadores desenvolveram estudos de modo a identificar a especificidade de domínio do transtorno. Nesse interim, surgiram questionamentos sobre se a mente é modular no sentido de haver um módulo específico dedicado a linguagem (3,4).
A linguagem é composta por diversos itens que juntos formam um sistema complexo. Dentre estes, existem aqueles que são mais compatíveis com a hipótese da modularidade da mente: a sintaxe, a morfologia e a fonologia-gramatical (2). Van der Lely (2008) em seu estudo justifica isso pelo fato desses aspectos fazerem uma computação não encontrada em outros domínios.
Acredita-se que o DEL tem uma questão genética envolvida. Isso ajuda a explicar a especificidade do domínio já que a genética tem papel fundamental em determinar os circuitos neuronais das habilidades cognitivas. Não existe fator ambiental suficiente para gerar uma especialização de sistema (2). A hipótese da dificuldade de o DEL ser um domínio específico se dá pelo fato da maior parte das manifestações se darem no sistema gramatical.
Nesse sentido, os comprometimentos apresentados no DEL sugerem a existência de uma especificidade de domínio, separando o domínio linguístico e cognitivo. Apesar disso, é importante levantar a ideia de que as funções cognitivas superiores podem ser desenvolvidas pelo domínio linguístico (4).
Pensando nessas questões e interrogações sobre o distúrbio, o consenso CATALISE ajudou a pensar em uma melhor forma de caracterização do DEL, contribuindo para um melhor diagnóstico. Nesse consenso, após o debate de profissionais de diferentes áreas, o DEL mudou de nome para Transtorno do Desenvolvimento Linguístico e o seu diagnóstico passou a ser de inclusão. Foi discutido também sobre a possibilidade de comorbidades (3). Essas mudanças tiraram o peso da especificidade do domínio linguístico.
Conclusão
Ao estudar o DEL nos deparamos com uma dificuldade por ainda não haver conclusões seguras sobre o assunto. Atualmente, ainda se faz muito forte a linha de pensamento que o DEL é um distúrbio com especificidade de domínio, mas após o consenso CATALISE, isso está cada dia mais aberto a discussões.
1. Silveira MS. Déficit Especificamente Linguístico (DEL) e uma avaliação preliminar de uma manifestação em crianças falantes do português. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2002. Dissertação de mestrado.
2. Van Der Lely HKJ. Domain-specific cognitive systems: Insight from Grammatical-SLI. Trends Cogn Sci. 2005;9(2):53–9.
3. Bishop DVM, Snowling MJ, Thompson PA, Greenhalgh T, Adams C, Archibald L, et al. CATALISE: A multinational and multidisciplinary Delphi consensus study. Identifying language impairments in children. PLoS One [Internet]. 2016;11(7):1–26. Available from: http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0158753
4. Augusto, MRA. Aquisição da linguagem na perspectiva minimalista: especificidade e dissociações entre domínios. Linguagem, Teoria, Análise e Aplicações (3). Rio de Janeiro: Editora Letra Capital, 2007.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2063
A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA ENQUANTO ALIADA NA DETECÇÃO DE SINAIS DE RISCO PARA ALTERAÇÃO DE LINGUAGEM: ENCAMINHAMENTO E INTERVENÇÃO PRECOCE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Compreende-se que o fonoaudiólogo está apto a dirigir intervenções fonoaudiológicas e multidisciplinares a pessoas e grupos sociais, de maneira integral e através do desenvolvimento de ações de promoção, prevenção, atenção e educação em saúde, consoantes com o território e indicadores de qualidade de vida e de saúde da população-alvo para a qual é direcionada a proposta de cuidado (Mendes, 2010).
O objetivo deste trabalho é analisar a Estratégia Saúde da Família enquanto aliada na detecção de sinais de risco para alteração de linguagem visando o encaminhamento e intervenção precoce com estas crianças.
Para isso, realizou-se um encontro presencial inicial com o (s) gestor (es) de cada Unidade selecionada para apresentar a proposta de trabalho. Diante do aceite de cada unidade, os gestores enviaram um e-mail para a Secretaria Municipal de saúde deste município que devolveu para a pesquisadora, em forma de aceite para a realização deste estudo.
Tal documento foi encaminhado junto aos termos de consentimento Livre e esclarecidos para o Comitê de Ética e pesquisa e recebeu aprovação sob o número de protocolo 3.631.331.
A partir desse momento, deu-se início ao Período de Educação Permanente e foram realizados três encontros em grupo com cada equipe da saúde família envolvida.
Os encontros abordaram os seguintes temas: (1)“Desenvolvimento global e linguístico das crianças na primeira Infância: O que esperar em cada fase?”; (2)“A linguagem e suas alterações: Principais alterações no desenvolvimento da linguagem e utilização dos protocolos de rastreio: PIFRAL (Silva; Couto; Molini-Avejonas, 2013) e Protocolo de Desenvolvimento de Linguagem (Molini-Avejonas; Fernandes, 2017) e (3) Importância da detecção e encaminhamento precoce nas alterações de linguagem. Estratégias de estimulação da linguagem a serem orientadas aos pais/ responsáveis enquanto medidas protetivas, através de modificações ambientais e atitudes no contexto familiar.
Até o presente momento, capacitou-se quatro unidades de Saúde da Família de diferentes distritos do Município, totalizando nove equipes de Saúde da Família, incluindo agentes comunitários de saúde, assistentes de saúde bucal, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, médicos e dentistas, também participaram como ouvintes cerca de 20 alunos e/ou residentes que estavam pelas unidades. Participaram ao todo 71 sujeitos que serão os multiplicadores do conhecimento desenvolvido até o momento.
Foi aplicada também a pesquisa de satisfação imediata dos profissionais sobre os encontros realizados, que apresentou os resultados parciais de 57 respostas já coletadas, todas com pontuação entre 4-5 estrelas, revelando um bom aproveitamento do programa.
Os próximos passos envolverão a coleta de dados por parte dos profissionais das unidades de saúde da família e a fonoaudióloga estará à disposição, realizando visitas longitudinais para acompanhamento dos casos. Os dados serão tabulados e será realizada uma análise tardia da satisfação dos profissionais de saúde, bem como, do destino dos casos rastreados na rede.
A finalidade do estudo será, portanto, entender a rede fonoaudiológica do município em questão, agilizar encaminhamentos e consequente intervenção precoce, instrumentalizar esquipes de saúde da família e propor políticas públicas que visem a promoção e prevenção de agravos à saúde fonoaudiológica infantil.
MENDES, V. Fonoaudiologia, Atenção Básica e Saúde da Família. In: FERNANDES, F.; MENDES, B.; NAVAS, A. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2010. p. 612-618.
MOLINI-AVEJONAS, D. R.; FERNANDES, F. D. M. Processo de intervenção no distúrbios de linguagem infantil. In: LAMÔNICA, D. A. C.; OLIVEIRA, D. B. D. Tratado de Linguagem: perspectivas contemporâneas. 1º. ed. Ribeirão Preto: Book Toy, 2017. Cap. 20, p. 218.
SILVA, G.M.D.; COUTO, M.I.V.; MOLINI-AVEJONAS, D.R. Identificação dos fatores de risco em crianças com alteração fonoaudiológica: estudo piloto. CoDAS, São Paulo, v. 25, n. 5, p. 456-462, 2013.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
755
A FAMÍLIA E O DIAGNÓSTICO VOLTADO À LINGUAGEM: UMA ATIVIDADE FONOAUDIOLÓGICA GRUPAL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: o momento do diagnóstico é tomado como crítico para a maioria dos familiares/cuidadores, uma vez que receber uma notícia que remete à quebra de uma representação do filho ‘saudável’, geralmente, gera dificuldades, acompanhadas de negação e sentimentos de dúvida(1). Nesse sentido, um olhar ‘patologizante’ pode ser direcionado ao sujeito diagnosticado com distúrbio de linguagem, impondo-lhes limitações, uma vez que são tomados como maus falantes, maus escreventes/leitores(2). A partir da determinação de um diagnóstico, comumente, são destacados sintomas vinculados a aspectos anatomofuncionais, centrados nos sujeitos ou em suas famílias(3). Nesse contexto, um trabalho em grupo com familiares/cuidadores possibilita interações discursivas e expressões de sentidos acerca de tais diagnósticos(4). Objetivo: analisar a visão de familiares/cuidadores acerca do diagnóstico na linguagem em relação a sujeitos em acompanhamento fonoaudiológico. Método: estudo de caráter qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Seres Humanos sob parecer Nº 3.030.703 e realizado em uma clínica-escola de Fonoaudiologia. Participaram cinco familiares/cuidadores, quatro mães e um pai, em cinco encontros, organizados em dois grupos, um constituído por dois participantes e outro, por três. A análise qualitativa dos dados foi realizada a partir de Análise de Conteúdo. Resultados: os participantes relataram dificuldades para lidar com o diagnóstico recebido, demonstrando frustação e preocupação. Afirmaram que o momento foi delicado e difícil, uma vez que o filho idealizado acabou sendo substituído pelo filho com problema. Referiram que o diagnóstico associado à linguagem impacta nas relações que estabelecem com os filhos, os quais assumem uma posição de mau falante/escrevente/leitor. Por fim, mencionaram que o trabalho fonoaudiológico grupal proporcionou-lhes um lugar de escuta, o qual influenciou diretamente nas vinculações entre eles - familiares/cuidadores e os filhos atendidos na clínica de fonoaudiologia. Conclusão: a maneira como familiares/cuidadores lidam com o diagnóstico dado aos seus filhos(as) impacta nas relações familiares. Na visão dos participantes, um trabalho fonoaudiológico grupal, capaz de incluir a família de sujeitos em atendimento clínico, pode minimizar efeitos negativos do diagnóstico, uma vez que conseguem falar a respeito de suas dúvidas e negações. Outros estudos devem dar continuidade a trabalhos que envolvam famílias de sujeitos/pacientes atendidos na clínica fonoaudiológica, indicando possibilidades para escutá-las, acolhê-las, e (re)significar suas queixas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. DUNKER, C. I. L. Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros. 1a ed. São Paulo: Boitempo, 2015.
2. ROSA, M. C. C. A visão de crianças diagnosticadas com distúrbios de leitura e escrita a respeito da queixa. Tese de Mestrado, Universidade Tuiuti do Parána,75 páginas, Curitiba, 2017.
3. ARANTES, L. Diagnóstico e clínica de linguagem. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2011.
4. LOURENÇO, R. C.; MASSI, G. Grupo operativo como espaço para atividades dialógicas junto a idosos. Revista do NESME, v.13, n.2, p.13-23. 2016.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1231
A FONOAUDIOLOGIA A AS ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS APÓS AVC DE HEMISFÉRIO DIREITO: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
INTRODUÇÃO: A Neuropsicologia é tida como aplicação da Psicologia e da Neurologia, a qual visa explicar a forma como as conexões dos circuitos cerebrais atuam na manifestação de ações mentais complexas1. A Neuropsicologia se relaciona intimamente com a Fonoaudiologia, especialmente tendo em vista a importância da função cognitiva da linguagem2. Alterações neuropsicológicas refletem também na motricidade orofacial e no desempenho funcional especialmente quanto à mastigação, deglutição, fala e no uso da comunicação por expressões faciais2. Por isso, é de fundamental importância o fonoaudiólogo compreender bem esses fatores para auxiliar nas práticas profissionais. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é considerado uma das doenças mais incapacitantes. Caracteriza-se pela lesão nas regiões encefálicas, podendo ser isquêmico ou hemorrágico, acarretando sequelas ao indivíduo vitimado1,3,6. Fala-se mais sobre as alterações após um AVC no hemisfério esquerdo (HE), mas funções neuropsicológicas podem sofrer prejuízos após uma lesão de hemisfério direito (HD), levando consequências negativas ao indivíduo. OBJETIVO: Traçar um panorama das publicações existentes quanto ao estudo da Fonoaudiologia e das alterações das funções neuropsicológicas após lesões vasculares de HD. METODOLOGIA: Para o levantamento das informações foram utilizadas bases eletrônicas de dados de artigos científicos pesquisados nas bases de dados da internet, como Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO) entre os anos 2016 a 2020. RESULTADOS: Estudos encontrados3,4,6 que avaliam as funções neuropsicológicas e as alterações no HD após AVC variam de um para o outro, apresentando convergências e divergências entre os autores nessa relação de área lesionada e função prejudicada. Porém, de forma geral, os autores concordam que os pacientes lesionados no hemisfério direito após AVC apresentam de forma homogênea alterações em diversas funções neuropsicológicas. Segundo os estudos3,4,6, o AVC no HD está relacionado à sequelas visuespaciais, perda de memória e alterações no estilo comportamental, comprometendo o controle do julgamento de distância, tamanho, velocidade e posição, além da tomada de decisão. Anatomicamente, o córtex temporal superior direito é uma das principais regiões cerebrais, que quando lesionada, pode levar ao quadro de heminegligência6. Os estudos3,5 verificaram-se déficits significativos no funcionamento cognitivo dos pacientes que tiveram um AVC, independentemente da localização da lesão. As alterações cognitivas decorrentes de AVC, além do tipo da lesão, estão relacionadas também a fatores individuais como idade, escolaridade, ocupação prévia e condições sócio-econômicas4. CONCLUSÃO: A relação entre Neuropsicologia e Fonoaudiologia é recíproca, os conhecimentos de uma e outra se complementam e podem ser usados para melhor compreender processos e/ou alterações da comunicação humana. O fonoaudiólogo com conhecimentos sobre essas alterações das funções neuropsicológicas estará capacitado para atuar prevenindo, avaliando e tratando distúrbios da comunicação humana que são afetados pelo funcionamento cerebral. Apesar dos elevados estudos acerca do AVC, ainda são poucos os que falam sobre o HD, com isso, é indispensável mais estudos a respeito das alterações das funções neuropsicológicas após AVC nessa área para identificar diferentes perfis clínicos e contribuir para o aumento da eficácia na avaliação e reabilitação.
Descritores: Acidente Vascular Cerebral, Neuropsicologia, Infarto cerebral.
1- SANTOS, M. S. Acidente Vascular Encefálico: Um olhar neuropsicológico. Psicologia.pt ISSN 1646-6977. Documento publicado em 18.02.2019.
2- BRANDÃO, L.; FONSECA, R. P.; ORTIZ, K. Z.; AZAMBUJA, D.; SALLES, J. F.; NAVAS, A. L.; GOULART, M. T. C.; FREITAS, M. I. D.; PAGLIARIN, K. C.; FONTOURA, D. R.; MARIN. S. M. C.; BIANCHINI, E. M. G. B.; ZORZI, J. L.; QUEIROGA, B. A. M.; MOURA, M. C.; MANSUR, L.L ; PARENTE, M. A. M. P. Neuropsicologia como especialidade na Fonoaudiologia: Consenso de Fonoaudiólogos Brasileiros. Distúrbios Comun. São Paulo, 28(2): 378-87, junho, 2016.
3- YOSHIDA, H. M.; LIMA, F. O.; FERNANDES, P. T. Habilidade Motora e Hemisfério Cerebral em Pacientes pós-AVC: Existe Relação? Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria. 2019 Set./Dez;23(3):196-205. http://www.revneuropsiq.com.br.
4- RÊGO, A. F. C. S. Alterações Cognitivas e Repercussões Psicosociais do Acidente Vascular Cerebral. Mestrado em Psicologia Clínica. UNICAP. Recife, 2018.
5- SOUZA, F. AVC: Qualidade de Vida, Alterações Cognitivas e Emocionais. Universidade do Porto - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Out/2016.
6- VASCONCELOS, L.; CARIA, I. M.; JESUS, P. A.; PINTO, E. B. Perfil dos Indivíduos com Alterações Funcionais Características de Heminegligência após AVC. Revista Pesquisa em Fisioterapia. 2017 Maio;7(2):244-254.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1988
A FONOAUDIOLOGIA E A PRÁTICA NA SAÚDE MENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: A luta antimanicomial é caracterizada pela luta por direitos de indíviduos com sofrimento mental, incluindo o não isolamento dos mesmos em hospitais psiquiátricos e a construção de um modelo de atenção à saúde que busque integrá-los à comunidade e sua autonomia. Nesse sentido foi criada a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), buscando proporcionar o cuidado extra-muros, e é nessa rede que o fonoaudiólogo se insere junto a outros profissionais da saúde, através de uma prática integrada transversal e multidisciplinar.OBJETIVO: Relatar a experiência de estagiários durante o estágio eletivo de saúde mental em um Centro de Atenção psicossocial (CAPS). MÉTODO: A experiência ocorreu em um CAPS da cidade de Maceió-AL. As práticas aconteciam todas as quintas à tarde, das 13 às 17 horas, durante o período de 7 de Fevereiro de 2019 a 27 de Junho de 2019. Durante o estágio ocorreram atividades de planejamento de atividades, assembleias que envolviam os profissionais de saúde, familiares e usuários do CAPS, confraternizações em datas comemorativas como o carnaval e o São João, reuniões para a criação de PTS e atendimentos individuais. No início do estágio o CAPS havia se deslocado há pouco tempo para as dependências de um hospital escola psiquiátrico, o que dificultou bastante a realização das atividades, pelo espaço restrito e a resistência dos usuários de comparecerem. Muitos usuários do CAPS em algum momento foram internos do hospital psiquiátrico e estar voltando pra lá os lembrava dos momentos ali passados, que em sua maioria foram traumatizantes, o que justifica o receio de se fazerem presentes para as atividades do CAPS. Em uma tarde de atividades os usuários viram um colega, também usuário do CAPS que agora estava interno no hospital, em suas expressões era possível verificar que estavam tristes e com medo de que o mesmo pudesse acontecer com eles. RESULTADOS: As atividades desenvolvidas durante o estágio foram imprescindíveis para a formação profissional dos estagiários, uma vez que possibilitaram a vivência prática multidisciplinar em um dos dispositivos das RAPS, tanto na esfera da gestão como no contato direto com os usuários, proporcionando um maior leque de desenvolvimento profissional. Durante a vivência dos estagiários, constatou-se também a importância de conhecer a atuação fonoaudiológica na Saúde mental, deixando clara que a formação desses profissionais tem sido voltada para a atuação no Sistema Único de Saúde em todos os níveis de atenção. CONCLUSÃO: Essas experiências foram imprescindíveis no processo de ensino-aprendizagem dos estagiários, os preparando para a atuação uni e multiprofissional no mercado de trabalho, além de deixar clara a atuação da fonoaudiologia na saúde mental.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
306
A FONOAUDIOLOGIA E O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM UM MUNICÍPIO DO SUL DO BRASIL – RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
A audição é uma das principais formas de contato do indivíduo com o ambiente, permite monitoramento de eventos ambientais, e processamento das informações, favorecendo a comunicação oral como expressão do pensamento, desempenhando papel importante na integração do sujeito com a sociedade. Uma perda auditiva provoca impacto negativo no desenvolvimento da criança e pode interferir no desenvolvimento da linguagem oral.
O Programa Saúde na Escola (PSE) tem por objetivo contribuir para a formação integral dos estudantes e da comunidade escolar com ações de promoção, prevenção e de atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e de jovens da rede pública de ensino. O PSE elenca ações que devem ser desenvolvidas nos municípios junto à comunidade escolar, dentre tais tem-se a ação “promoção da saúde auditiva e identificação de educandos com possíveis sinais de alteração”. O PSE funciona de maneira multiprofissional no município de relato há alguns anos e vem trazendo resultados positivos desde então. No ano de 2019 a equipe de fonoaudiologia do município identificou as crianças com risco de perda auditiva e alterações no desenvolvimento da linguagem em ambiente escolar por meio do PSE. O instrumento utilizado para a pesquisa foi um Instrumento de Triagem Auditiva Infantil desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que abrange a faixa etária de 12 a 48 meses de idade, além disso, foi realizada pesquisa nas Cadernetas de Saúde das crianças menores de 12 meses verificando a realização ou não do Teste da Orelhinha e do Teste da Linguinha, e para as crianças entre 5 a 7 anos foi aplicado um questionário para crianças em fase de alfabetização, e exame de meatoscopia para as turmas de 1º anos.
Os dados apresentados tratam-se de uma das Unidades Básica de Saúde (UBS) do município. As intervenções no território adstrito pela UBS abrangeram dois Centros de Educação Infantil municipais e a Escola de Ensino Básico Estadual. No primeiro momento foi estabelecido contato com os diretores dos estabelecimentos, explicado a respeito do projeto, e realizado levantamento das crianças matriculadas. Na época haviam 243 crianças, desse total, por meio dos instrumentos já citados, identificamos aproximadamente 70 crianças que possuíam indicativo para atraso no desenvolvimento da audição e/ou linguagem.
Em seguida solicitamos a presença dos responsáveis das crianças que apresentaram risco na UBS. No primeiro momento realizamos um acolhimento coletivo em forma de roda de conversa, com explicações sobre desenvolvimento da audição e da linguagem na infância. Em seguida deu-se o atendimento individual, com finalidade de observar o comportamento auditivo e de linguagem por meio de avaliação comportamental e entrevista com os familiares.
Mediante essa intervenção fomos capazes de identificar precocemente crianças com atrasos no desenvolvimento e realizar os devidos encaminhamentos, a dificuldade encontrada foi a baixa adesão dos responsáveis em comparecer à UBS. A proposta para continuidade em 2020 seria a realização de uma oficina para os professores dos CEIs e da Escola, pois notamos que há desconhecimento sobre saúde auditiva nesses ambientes.
não se aplica
TRABALHOS CIENTÍFICOS
967
A FONOAUDIOLOGIA EM CUIDADOS PALIATIVOS - RELATO DE CASO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
Introdução: As neoplasias de cabeça e pescoço apresentam grande chance de recidivas, muitas vezes necessitando o acompanhamento multiprofissional da equipe de cuidados paliativos. A atuação dessas equipes visa um cuidado mais holístico e um olhar aberto acerca das dificuldades enfrentadas pelos pacientes oncológicos 1,2,3. Objetivo: Relatar o caso de um paciente acompanhado pela Fonoaudiologia, dentro do serviço de cuidados paliativos, com diferentes enfoques ao longo do seu tratamento. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética sob o parecer 3.109.023. Trata-se de um relato de caso de um paciente do sexo masculino, 76 anos, com diagnóstico de câncer de hipofaringe e laringe supraglótica, submetido a cirurgia, com necessidade de traqueostomia e tratamento radioterápico. Durante a avaliação fonoaudiológica, apresentou força das estruturas orofaciais e elevação laríngea reduzidas, presença de secreção hialina pela traqueostomia (necessitando de aspirações frequentes de vias aéreas inferiores), qualidade vocal molhada, aspiração de alimento após a deglutição mesmo com uso de manobras protetoras de vias aéreas inferiores. A alimentação por via oral foi suspensa e o paciente foi submetido a uma gastrostomia, ao mesmo tempo em que iniciou fonoterapia. Também foi realizada uma videoendoscopia da deglutição na qual evidenciou-se edema acentuado, estase salivar em cavidade oral e aspiração da mesma, sem possibilidade de decanulação, sendo necessário adaptar uma válvula de fala com o sistema Bias Open; o que reduziu consideravelmente a estase salivar e manteve a qualidade vocal adequada, sem aspecto molhado e diminuindo a necessidade de aspirações traqueais. Este paciente precisou reinternar diversas vezes por disfunção ventilatória, já que sua família optou por permitir que ele se alimentasse por via oral, como medida de conforto, devido à sua idade e patologia. Decorridos seis meses, apresentou uma recidiva que projetou sua língua para fora da cavidade oral, fazendo com que lhe impossibilitasse a oclusão dos lábios e a fala, além da língua se apresentar ressecada e descamando por ficar exposta. Então utilizou-se gaze úmida na língua para proteger o tecido e proporcionar maior conforto. Resultados: Após discussão com a equipe de Cuidados Paliativos, a Fonoaudiologia reavaliou o paciente e objetivou adequar a consistência alimentar, volume e local dentro da cavidade oral para ofertar o alimento e, assim aproveitar a melhor forma, dentro do quadro estabelecido, de ingerir algo como via oral de conforto. Como o lado esquerdo da língua estava menos edemaciado, foi possível introduzir uma seringa com iogurte e sorvete (desejos do paciente), em pequenos volumes a cada oferta, proporcionando assim, satisfação do paciente e família. Após estabilização e adequação da medicação, teve alta hospitalar e acabou indo a óbito em sua residência cercado pelos seus familiares. Conclusão: Foi realizado um cuidado integral e multidisciplinar em todas as internações deste paciente. O trabalho da equipe de Cuidados Paliativos, na qual a fonoaudiologia está incluída, foi fundamental para promover um tratamento que, de fato, resultou em qualidade no período final de sua vida. A família, muito presente, acompanhou todo o processo e mostrou-se satisfeita com a maneira como o tratamento foi conduzido.
1. Rolim FJ, Diógenes MGC, Gonçalves CMS, Fonseca MRS. Importância da multidisciplinaridade em cirurgia de cabeça e pescoço. In: Veloso HHP, Caldas JMP, Soares MSM. Tratamento Multidisciplinar em pacientes oncológicos. João Pessoa: Mídia Gráfica e Editora, 2019. p 245-255.
2. Pollens RD. Integrating speech-language pathology services in palliative end-of-life care. Top Lang Disord. 2012;32(2):137-48.
3. Lóss JCS, Dias VE, Cabral HLTB, Souza CHM. Health knowledge and interdisciplinarity in palliative care. Interdiscip Sci J, May, 2019; 6(5):250.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
309
A FONOAUDIOLOGIA NO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Voz (VOZ)
40170130
Introdução: O câncer de cabeça e pescoço provoca alterações fonoaudiológicas com impacto na deglutição, voz, articulação e mastigação. Os tipos de cirurgias que podem apresentar tais alterações podem ser as ressecções em cavidade oral e orofaringe e laringe. As possibilidades de preservar a fala, a voz, a mastigação e o mecanismo de deglutição são sempre consideradas pela equipe multidisciplinar que está envolvida com o paciente, e o fonoaudiólogo é o profissional responsável pela reabilitação dessas funções. Objetivo: Elaborar uma revisão de literatura com o intuito de descrever artigos que tenham a atuação fonoaudiológica na reabilitação do câncer de cabeça e pescoço. Método: Uma revisão de literatura foi realizada nas bases de dados PubMed, Web of Science e Lilacs, nos últimos cinco anos (janeiro de 2015 – junho de 2020). A estratégia de busca foi desenvolvida de acordo com a questão de pesquisa e combinação de descritores foi feita através do DeCS, fonoaudiologia AND neoplasias de cabeça e pescoço, em inglês, espanhol e português. A escrita do artigo científico também foi baseada segundo os critérios do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). Resultados: Foram selecionados 17 artigos, sendo 12 da PubMed, dois do Web of Science e três do Lilacs. Após leitura de título e resumo, restaram assim três artigos a serem revisados. Em dois artigos foi realizada a reabilitação através da eletroestimulação para diferentes objetivos, como na disfagia e na hipossalivação. Para a reabilitação da disfagia, a eletroestimulação não teve nenhum efeito adicional à terapia tradicional e na hipossalivação, demonstraram um aumento no fluxo da saliva para os pacientes. E o outro artigo abordou a avaliação, diagnóstico funcional e novas adaptações das funções. Houve reabilitação fonoaudiológica tradicional nesses pacientes, sendo na fala, deglutição e mastigação, e obteve sucesso na mesma, ressaltando que o progresso terapêutico dependerá do estádio da neoplasia apresentada pelo paciente. Conclusão: Os artigos atuais abordam a terapia complementar, como a eletroestimulação, ainda não é um consenso na literatura os benefícios dessa terapia, necessitando de mais estudos. Já a reabilitação fonoaudiológica tradicional trouxe mais ganhos para a qualidade de vida do paciente no câncer de cabeça e pescoço.
Figueiredo IC, Vendramini SHF, Lourenção LG, Sasaki NSGMS, Maniglia JV, Padovani JJA et al. Perfil e reabilitação fonoaudiológica de pacientes com câncer de laringe. CoDAS [Internet]. 2019;31(1):e20180060.
Langmore SE, McCulloch TM, Krisciunas GP, Lazarus CL, Van Daele DJ, Pauloski BR, Rybin D, Doros G. Efficacy of Electrical Stimulation and Exercise for Dysphagia in Head and Neck Cancer Patients: A Randomized Clinical Trial. Head Neck. 2016 Apr;38(Suppl 1):E1221–E1231, 2016.
Paim ÉD, Berbert MCB, Zanella VG, Macagnan FE. Estimulação elétrica no tratamento da hipossalivação induzida pela radioterapia. CoDAS [Internet]. 2019;31(4):e20180176.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1334
A FONOAUDIOLOGIA NO CUIDADO A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE EQUIPE DE SERVIÇO ESPECIALIZADO EM HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: os processos de habilitação e reabilitação são fundamentais para pessoas com deficiência visual (DV), uma vez que lhes conferem uma vida com mais autonomia, independência, qualidade e equidade 1. A legislação brasileira preconiza que esse trabalho habilitativo/reabilitativo seja feito por equipe multiprofissional e interdisciplinar, favorecendo a integralidade no cuidado 2. Um profissional fundamental nessa equipe é o fonoaudiólogo, uma vez que a literatura refere que sujeitos com DV podem apresentar comprometimentos no desenvolvimento linguístico devido às poucas interações com os pais/cuidadores e com o ambiente ao seu redor na infância, e esse profissional possui conhecimentos suficientes para orientar a família sobre a melhor forma de interagir com a criança ou, se necessário, intervir junto a ela no contexto da habilitação 3,4,5. Objetivo: verificar percepções de profissionais de serviço especializado em reabilitação de pessoas com DV a respeito da atuação fonoaudiológica junto a esses indivíduos no contexto habilitativo/reabilitativo. Método: essa pesquisa vincula-se a um projeto maior intitulado “O itinerário da pessoa com deficiência visual nos serviços de saúde e reabilitação em um município da Região Metropolitana de Campinas - São Paulo”, o qual foi aprovado pelo comitê de ética da instituição sede sob nº CAAE 46001215.7.0000.5404. Trata-se de estudo qualitativo, cujos dados foram obtidos de um corpus de entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais de serviço especializado em reabilitação de pessoas com DV e oftalmologia do interior paulista, as quais passaram por estudo exploratório prévio para adequações 6 e foram aplicadas posteriormente, sendo ambos esses procedimentos empreendidos no contexto do referido projeto maior. A análise dos dados utilizados na presente pesquisa se deu pelo método da análise de conteúdo proposto por Bardin 7. Resultados: participaram da pesquisa 11 profissionais, sendo fonoaudiólogo (1), fisioterapeuta (1), terapeuta ocupacional (2), pedagogo especializado em Braille (1), pedagogo especializado em informática (1), professor de orientação e mobilidade (1), psicólogo (2), assistente social (1) e oftalmologista (1). Observou-se que os profissionais consideraram a fonoaudiologia como fundamental para o desenvolvimento de habilidades comunicativas em indivíduos com DV, de modo que foi bastante relatado o trabalho com aspectos fonológicos da linguagem e a estimulação de sentidos remanescentes, bem como as habilidades necessárias ao estabelecimento de interações dialógicas, inclusive as de caráter não-verbal. Foi destacado também a importância da atuação fonoaudiológica nos casos de deficiências múltiplas que apresentem comprometimento visual. Conclusão: a partir da verificação das percepções de profissionais de equipe de reabilitação de pessoas com DV, observou-se que o fonoaudiólogo é um profissional complementar que tem muito a contribuir para o processo habilitativo/reabilitativo de sujeitos com essa deficiência, uma vez que promove o desenvolvimento de habilidades linguísticas caras à participação efetiva do indivíduo na sociedade em que está imerso. Apesar de ter sido trazido nos depoimentos o trabalho fonoaudiológico junto a pessoas com deficiências múltiplas, o qual é tradicionalmente associado a essa profissão, os participantes destacaram a importância do fonoaudiólogo também em casos de DV sem outros comprometimentos, o que permite vislumbrar um campo promissor de conhecimentos e práticas para a área.
1. Silva MR. Avaliação terapêutica ocupacional para adolescentes e adultos com deficiência visual baseada na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) [dissertação] [internet]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas; 2016. [acesso em 2020 jul. 10]. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/321851
2. BRASIL. Presidência da república, subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão de Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) [internet]. [Diário Oficial da República Federativa do Brasil]. 2015 jul. 7 [acesso em 2019 jul. 24]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
3. Monteiro MMB, Montilha RCI. Intervenção fonoaudiológica e deficiência visual: percepções de profissionais de equipe interdisciplinar. Medicina (Ribeirão Preto) [periódico na internet]. 2010 mar [acesso em 31 mar 2018]; 43(1): [aproximadamente 9 p.]. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/160.
4. Kaodoinski F, Toniazzo FR. Deficiência Visual, Interação e Desenvolvimento da Linguagem. Rev. SCRIPTA [periódico na Internet]. 30 jun. 2017 [acesso em 15 abr. 2020];21(41):185-203. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/P.2358-3428.2017v21n41p185
5. Fernandes AC, Montilha RCI. The comprehensive evaluation in speech therapy for people with visual impairments: a case report. Rev. CEFAC. [serial on the internet]. 2015 [cited 2018 mar 22]; 17(4): [about 8 p.]. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n4/en_1982-0216-rcefac-17-04-01362.pdf
6. Piovesan A, Temporini ER. Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. Rev. Saúde Pública. 1995;29(4):318-25.
7. Bardin L. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Editora 70; 2004.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
213
A GAMIFICAÇÃO COMO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ATIVA NO ENSINO REMOTO DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Introdução: O modelo de ensino remoto no curso de Fonoaudiologia foi adotado em caráter emergencial devido à pandemia do Covid-19. Dessa forma, foi observada a necessidade de explorar os recursos virtuais para educação mediada por tecnologia. A Gamificação é uma metodologia ativa de ensino-aprendizagem que tem por objetivo a utilização de jogos para resolução de problemas práticos e para aprimorar o conhecimento teórico-prático. Objetivo: Apresentar um relato de experiência sobre a utilização da gamificação em forma de quiz, por meio de uma plataforma virtual no ensino remoto da motricidade orofacial em um curso de graduação em Fonoaudiologia. Métodos: Esse trabalho constituiu de duas etapas, a saber: a elaboração do jogo, por meio de questionários virtuais e a aplicabilidade durante a aula remota síncrona. Participaram da atividade todos os discentes do quinto e sexto períodos do curso de Fonoaudiologia matriculados na disciplina Motricidade Orofacial: Avaliação e Tratamento. A primeira etapa consistiu na preparação de dois quiz online, utilizando a plataforma Poll Everywhere. A plataforma selecionada possui versão gratuita e permite diferentes possibilidades de perguntas e respostas, rankeamento, estatística. Em seguida, cada quiz foi criado com 5 questões objetivas e discursivas sobre o conteúdo ministrado. A construção das questões do quiz seguiu o padrão de complementação simples, resposta única, interpretação, resposta múltipla e asserção/razão. Na elaboração do jogo foi definido o tempo de resposta máximo de 05 minutos por questão. Após a exposição do conteúdo, foram definidas duas datas para realização da atividade com o objetivo de revisão de conteúdo, resolução de dúvidas e discussão de casos-clínicos. Para a ativação do jogo, o criador disponibilizou um link para os participantes acessarem o quis durante a aula remota síncrona. Ao final do tempo de resolução da questão, o professor projetava para todos os alunos a quantidade de jogadores que responderam a questão e as estatísticas da marcação de cada alternativa. Uma intervenção com o levantamento das principais dúvidas, raciocínio de cada questão e possibilidades de instrumentos de avaliação intervenção fonoaudiológica do caso-clínico era realizada após cada questão. Caso a quantidade de erros fosse superior a 50% o conteúdo era retomado em aula posterior. Resultados: A utilização da ferramenta Poll Everywhere permitiu a construção de um jogo personalizado e favoreceu a interação e aumentou o engajamento entre os alunos e o professor durante o processo da aula remota síncrona, além de proporcionar fixação e assimilação do conteúdo ministrado. Tanto o quiz, quanto as respostas ficam armazenadas e podem ser utilizadas posteriormente para revisão e comparação do desempenho dos alunos sobre o conteúdo, o que possibilitou feedbacks positivos e negativos da modalidade da aula remota síncrona implantada de maneira emergencial durante a pandemia do Covid-19. Conclusão: Observou-se que a gamificação como parte das metodologias ativas de ensino-aprendizagem foi um facilitador do desenvolvimento do pensamento crítico por meio da discussão de casos-clínicos, além incentivar a interação entre os alunos durante as aulas remotas síncronas.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
382
A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO NO DESEMPENHO DE MASTIGAÇÃO E DEGLUTIÇÃO DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: A amamentação é a melhor forma de nutrição e hidratação do bebê, além disso tem-se na função de sucção, necessária para sua efetivação, uma das melhores formas de promoção do desenvolvimento das funções motoras orais. Objetivo: Analisar a influência da amamentação em seio materno no desempenho de mastigação e deglutição de crianças em idade escolar. Método: Trata-se de um estudo transversal quantitativo que faz parte de um projeto maior sob acrônimo EPOCA, do qual participaram escolares a partir de sete anos matriculados do 2º ao 9º ano de escolas públicas (municipais e estaduais) de um município do Sul do Brasil. Foram incluídos escolares com, no mínimo, sete anos de idade completos e no máximo 14 anos e 11 meses de idade e excluídos os escolares que apresentaram alguma doença que impedia o registro do consumo alimentar. Um questionário com questões de múltipla escolha sobre aleitamento materno, introdução de alimentos na primeira infância e queixas de mastigação e deglutição foi enviado para os pais das crianças. A análise dos dados foi realizada por meio do Software SPSS para Windows, utilizando-se os testes: Qui-quadrado, Mann-Whitney U, Kruskal Wallis e Correlação de Sperman. Atesta-se a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo CAAE 87539718.1.0000.0121. Resultados: 1552 crianças participaram da pesquisa, sendo que 1349 (86,9%) crianças foram amamentadas em seio materno, sendo a maioria entre 13 e 23 meses. Houve associação significativa entre a amamentação em seio materno e a menor percepção de problemas na mastigação das crianças pelos pais (p-valor < 0,001), sendo que 36,9% (48) das crianças que não foram amamentadas mastigavam demasiadamente rápido e 28,6% (5) engoliam sem mastigar, em comparação com 28,7% (387) e 1,4% (19) das crianças amamentadas em seio materno. Não houve associação estatística significativa com relação à amamentação e a frequência de engasgos na alimentação rotineira das crianças, sendo que no total 572 crianças apresentavam engasgos eventualmente observados pelos pais durante a alimentação diária, 35,3% (46) das amamentadas em seio materno e 38,9% (526) das não amamentadas. A amamentação em seio materno também se mostrou protetiva para alterações fonoaudiológicas (p-valor <0,001), uma vez que, das 269 (17,3%) participantes que necessitaram de avaliação fonoaudiológica em algum momento da vida, 27,35% (35) não haviam sido amamentadas em comparação com 17,5% (234) que haviam sido amamentadas em seio materno. O tempo total de amamentação em meses não se mostrou associado com a frequência de engasgos observada pelos pais (p-valor 0,06), com as dificuldades de mastigação (p-valor 0,27) ou com a necessidade de avaliação fonoaudiológica em algum momento da vida (p-valor 0,45). Conclusão: Independentemente do tempo de amamentação em seio materno, essa demonstrou mais uma vez ser promotora do desenvolvimento motor oral, especialmente pela posterior melhor preparação oral dos alimentos, além de ter se mostrado como fator de proteção para alterações fonoaudiológicas, de forma geral.
Ruth Ramalho Ruivo PalladinoI; Maria Claudia CunhaII; Luiz Augusto de Paula Souza. Problemas de linguagem e alimentares em crianças: co-ocorrências ou coincidências? Pró-Fono R Atual Cient. 2007;19(2):205-14.
Silveira LM, PradeI LS, Ruedelll AM, HaeffnerIII LSB, WeinmannIII ARM. Aleitamento materno e sua influência nas habilidades orais de crianças. Rev. Saúde Pública. 2013;47(1):37-43.
Tada A, Miura H. Association of mastication and factors affecting masticatory function with obesity in adults: a systematic review. BMC Oral Health. 2018. 4;18(1):76.
Vieira VCAM, Araujo CMD, Jamelli SR. Desenvolvimento da fala e alimentação infantil: possíveis implicações. Rev. CEFAC [online]. 2016;18(6):1359-69.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
772
A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO PARA AS FUNÇÕES ORAIS E PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
54100313
Introdução: A amamentação é um período importante para o desenvolvimento da criança e deve ocorrer exclusivamente durante os seis meses de vida do indivíduo, visto que o leite materno contém substâncias importantes como: gordura, especificamente o colesterol e os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa. Essas substâncias apresentam funções especificas na formação dos neurônios e no aumento das sinapses nervosas para um melhor desenvolvimento cerebral do bebê(1). Ademais, durante a amamentação é formado o vínculo afetivo entre mãe e filho, além de ocorrer o movimento de sucção. Esse movimento tem como o principal objetivo de fortalecer os músculos orofaciais, a fim de estimular os movimentos de mastigação e deglutição(2). Porém, existem fatores que colaboram para um desmame precoce como: o desconhecimento por parte materna da importância da amamentação, utilização da chupeta, mamadeiras, além do uso do leite industrializado que não apresentam todos os componentes necessários para o desenvolvimento cognitivo da criança(3). Nota-se que todos esses elementos prejudicam e trazem consequências para o desenvolvimento infantil. Objetivo: Compreender a importância da amamentação para o desenvolvimento das funções orais e para o desenvolvimento cognitivo da criança, principalmente, no período inicial de vida, além da conscientização por parte dos profissionais para a divulgação sobre a importância da amamentação e das consequências de um desmame precoce. Método: Trata-se de uma revisão de literatura com bases de dados do SCIELO, LILASC e revista científica, compreendendo o período entre 2007-2018. A busca foi restrita aos artigos em português e foram utilizados os seguintes descritores: desmame precoce, amamentação e cognição. Adotou-se como critério de exclusão artigos que fugiram do tema do período de 2007-2018. Resultado: Constatou-se que as principais consequências do desmame precoce para o desenvolvimento das funções orais da criança está relacionada diretamente com as suas funções de mastigação, deglutição, respiração, alterações na articulação oral e na oclusão dentária(4). Em relação à cognição, causa uma diminuição das sinapses nervosas da criança, afetando o seu neurodesenvolvimento na aprendizagem. Conclusão: Nessa perspectiva, fica evidente que amamentação é importante para o desenvolvimento infantil. Além disso, o desmame precoce traz consequências para as funções orais e cognitivas(5), podendo afetar a aprendizagem e convívio social do indivíduo. Por fim, é importante salientar que a amamentação é a principal prática para a prevenção dessas alterações fonoaudiológicas e cognitivas.
1. EIDELMAN, Arthur I. Amamentação e desenvolvimento cognitivo: existe uma associação?. SCIELO, 2013. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000400001 >. Acesso em: 14 de jun. 2020.
2. ANTUNES, Leonardo dos Santos. Amamentação natural como fonte de prevenção à saúde. SCIELO, 2008. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232008000100015&script=sci_arttext&tlng=pt >. Acesso em: 14 de jun. 2020.
3. Aleitamento materno: causas e consequências do desmame precoce. Revista Unimontes Científica, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 de jun. de 2020.
4. ARAÚJO, Cláudia Maria. Aleitamento materno e o uso da chupeta: repercurssões na alimentação e no desenvolvimento do sistema sensório motor oral. LILACS, 2007. Disponível em: . Acesso em: 15 de jun. de 2020.
5. LIMA, Ariana Passos Cavalcante. A prática do aleitamento materno e os fatores que levam ao desmame preoce: uma revisão intregativa. LILACS, 2018. Disponivel em: . Acesso em: 15 de jun. de 2020.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1360
A IMPORTÂNCIA DA ANAMNESE NA PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA EM UM AMBULATÓRIO DE PREMATUROS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: O termo anamnese significa trazer de volta à mente os fatos relacionados à pessoa e suas manifestações de doença¹. A anamnese é imprescindível para a clínica fonoaudiológica e, ao se constituir em uma investigação criteriosa e detalhada para levantamento de pistas que possam ajudar na hipótese diagnóstica², permite o cuidado integral do sujeito, direcionando a avaliação, a seleção dos testes que serão utilizados, o diagnóstico e o planejamento de ações. Dessa forma, a anamnese auxilia o profissional a mapear os aspectos de vida e saúde da criança nascida pré-termo, a identificar as perspectivas de acompanhamento e tratamento, além de direcionar as orientações e a definição do prognóstico³. Objetivo: Caracterizar o preenchimento do protocolo de anamnese fonoaudiológica utilizada em ambulatório follow up de prematuros em um hospital universitário da rede pública da região sudeste. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, com base na análise de dados secundários, prontuários, de um ambulatório de acompanhamento de crianças pré-termo. O ambulatório é vinculado a um projeto de extensão universitária, composto por uma equipe de estudantes da graduação e pós-graduação, e uma docente coordenadora. Foram levantados dados da anamnese fonoaudiológica, no período de 2009 a 2019, composta pelos seguintes eixos: caracterização da criança e sua família, dados sociodemográficos, dados pré, peri e pós natais e histórico clínico assistencial. Foram analisados 749 prontuários e realizada análise descritiva dos dados coletados. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o número CAAE: 19604819.6.0000.5149 Resultados: Verificou-se que no eixo “caracterização da criança e sua família” houve maior número de preenchimento nos itens “sexo” e “idade cronológica” (100%) e menor número de preenchimento em “idade do pai” (66%). No eixo “dados sociodemográficos”, o item mais preenchido foi o “tipo de moradia” (92,2%) e o menos preenchido “escolaridade do pai” (34,8%). Em relação ao eixo “dados pré, peri e pós natais”, o “tipo de parto” foi o item mais preenchido (96,9%) e “malformação craniofacial” (54,6%) o menos preenchido. Já no eixo “histórico clínico assistencial” o item relativo à “Triagem Neonatal” foi o mais preenchido (91%) e o “Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês” o menos preenchido (10,8%). Conclusão: O trabalho indicou que há informações com falha de preenchimento nos prontuários analisados, destacando os dados referentes ao eixo clínico-assistencial. Vale considerar que a anamnese é fundamental para o acompanhamento fonoaudiológico e que pode contribuir para a qualidade da assistência integral do sujeito. Dessa forma, tal instrumento pode possibilitar a otimização da avaliação, intervenção e acompanhamento mais adequados e eficientes.
1. Balduino PM, Palis FP, Paranaíba VF, Almeida HO, Trindade EMV. A perspectiva do paciente no roteiro de anamnese: o olhar do estudante. Rev bras educ méd. 2012 Set;36(3):335-342.
2. Fridlin SL, Pereira LD, Perez AP. Relação entre dados coletados na anamnese e distúrbio do processamento auditivo. Rev CEFAC. 2014 Abr;16(2):405-412.
3. Santos N, Veiga P, Andrade R. Importância da anamnese e do exame físico para o cuidado do enfermeiro. Rev bras enferm. 2011 Abr;64(2):355-358.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
327
A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA PARA A ALFABETIZAÇÃO DO ALUNADO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: CONCEPÇÕES DAS EDUCADORAS DO AEE DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE SALVADOR-BAHIA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Pessoas com deficiência intelectual apresentam dificuldades nas áreas sociais e pessoais. No que se refere ao âmbito escolar tem-se profissionais da educação que acolhem e contribuem para o sucesso da alfabetização dos mesmos, muitos destes estão inseridos no Atendimento Educacional Especializado (AEE). A realização de atividades que desenvolvem a consciência fonológica é fundamental para a alfabetização. Desta forma, a atuação do professor é imprescindível, assim como do fonoaudiólogo educacional por contribuir para o processo de alfabetização. O presente estudo propõe investigar as práticas pedagógicas de educadoras do AEE voltadas ao desenvolvimento de consciência fonológica em escolares com deficiência intelectual. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, de natureza exploratória/descritiva e transversal, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) com parecer de número CAAE: 29581819.2.000.5032. Para caracterizar o perfil dos participantes e descrever as práticas pedagógicas foi realizada uma entrevista semi estruturada com as educadoras. A análise do conteúdo temático das narrativas das educadoras resultou no estabelecimento das seguintes categorias de análise: 1) Formação; 2) Atuação; 3) Consciência fonológica. Todas as participantes da pesquisa foram mulheres, estão na faixa etária de 39 a 68 anos de idade, apresentam mais de 15 anos de formada no curso de pedagogia, tendo mais de 8 anos de atuação com o alunado com deficiência intelectual. Pode-se notar que as educadoras buscam formações para um atendimento especializado para os educandos com deficiências. Elas demonstraram ter compreensão sobre a importância de utilizar a consciência fonológica para a alfabetização em beneficio do processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita. As participantes relatam que utilizam atividades lúdicas como jogos com músicas, rimas, palavras e poemas para colocar em prática o ensino das habilidades de consciência fonológica. Mesmo com os benefícios do uso de atividades de consciência fonológica, não deixam de citar a dificuldade de se trabalhar com esse público-alvo, como, a dificuldade de concentração, atenção, indisposição, dificuldade na fala, retenção de memória, noção espacial e da memória episódica. A partir das respostas obtidas, foi perceptível que as participantes consideram relevante o uso das habilidades de consciência fonológica, pois contribui de forma significativa para o processo de alfabetização. Diante do exposto, observa-se a necessidade de fortalecer e ampliar a presença do fonoaudiólogo educacional nas instituições de educação para orientar a equipe pedagógica, favorecendo um adequado desenvolvimento da linguagem, principalmente no que se refere a leitura e escrita.
Araújo MAM. Do Sonho à Realidade: Expectativas dos Professores Face a uma Especialização em Educação Especial e o Impacto Dessa Especialização na Actividade Docente. Portugal (Lisboa). Dissertação (Mestrado em Educação Especial) - Escola Superior de Educação Almeida Garrett; 2012. Disponível em:
Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, LDA; 2009.
Barbosa TA, Souza FM. Alfabetização e deficiência intelectual. In: Vestena CLB, Souza FM(Orgs.). Diversidade e Educação Estudos e desafios. Rio de Janeiro: Oficina da Leitura, 2016. p 85-103.
Camilo CSL, Mota MMPE. Prática Pedagógica e o Desenvolvimento da Consciência Fonológica. Estudos e Pesquisas em Psicologia [online], 2013 [acesso em 20 de março de 2020]; 13(2): 447-459. 2013. Disponível:< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812013000200004>
Diehl J. A Consciência Fonológica Na Formação De Professores. Trabalho de Conclusão de Curso (licenciatura) - Centro Universitário Univates, Lajeado, 2016. Disponível em:< https://www.univates.br/bdu/handle/10737/1563>
Esperança IPD, Pereira MH. Consciência fonológica: uma perspectica docente. SEDA - Revista de Letras da Rural-RJ [online], 2019, [acesso em 10 de março de 2020];3(9):134-149. Disponível em:
Pereira G, Silva SF, Careli TT. Distúrbios de Aprendizagem e Suas Implicações no Processo Educativo. Trabalho de Conclusão de Curso (licenciatura) -Faculdade De Pindamonhangaba, São Paulo, 2010. Disponível em:< http://www.bibliotecadigital.funvicpinda.org.br:8080/jspui/handle/123456789/128>
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1352
A IMPORTÂNCIA DA DANÇA SÊNIOR NA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional é uma realidade mundial e os dados apontam que mais de uma em cada cinco pessoas têm mais de 60 anos. A longevidade é considerada uma conquista, porém, para que essa se torne efetiva, faz-se necessário que os anos sejam acompanhados da preservação da saúde e da qualidade de vida. Mesmo que a prevalência de problemas de saúde aumente de acordo com a idade, o envelhecimento não é considerado como uma doença. Estudos científicos mostram que, se o envelhecimento vier aliado a estratégias para prevenção de doenças e minimização dos fatores de risco, há o adiamento da fase da vida relacionada com a incapacidade física, diminuindo significativamente problemas relativos a dependência física e perda de autonomia. Nesse sentido, a dança sênior tem se mostrado uma importante ferramenta de atividade física, cognitiva, emocional e motora e são capazes de retardar o declínio da capacidade funcional, proporcionando melhor qualidade de vida para o idoso. OBJETIVO: Retratar a vivência de discentes do curso de fonoaudiologia em uma prática do projeto de extensão intitulada Universidade Aberta à Terceira Idade – UNCISATI. MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por discentes do curso de fonoaudiologia. As atividades foram realizadas no Laboratório de habilidades da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL. A turma da Dança Sênior é dividida em dois grupos, o primeiro é a turma de iniciantes que começou às 10:00h e terminou as 11:00h e o segundo é a turma avançada que iniciou as 11:00h e terminou as 12:00h. Inicialmente, a turma fica em forma de círculo e a facilitadora conduz e ensina aos idosos os movimentos que irão ser realizados, respeitando os limites de cada um. São realizadas diversas danças que vão de fáceis a intermediárias, fazendo com que os idosos possam se movimentar, ter contato com o colega ao lado, criar novos vínculos e, principalmente, manter uma rotina saudável. RESULTADOS: A ação realizada foi considerada uma experiência positiva, uma vez alcançado o objetivo esperado, que é o envelhecimento ativo. Durante a dança, percebe-se boa interação entre os idosos, monitores e com a facilitadora, proporcionando momentos prazerosos, de tranquilidade e alegria, melhorando as habilidades cognitivas e sócio-afetivas dos idosos. O intuito da dança sênior é mostrar aos idosos que o envelhecimento ativo pode trazer diversos benefícios em todos os âmbitos de suas vidas, mostrando principalmente que os mesmos não são incapazes de ter momentos prazerosos e saudáveis. CONCLUSÃO: De acordo com a experiência vivenciada, pode-se perceber que a Dança Sênior proporcionou diversos benefícios aos idosos presentes, melhorando a qualidade de vida dos mesmos através da dança, da interação social e das atividades desenvolvidas no projeto UNCISATI, melhorando os aspectos cognitivos, mental e físicos.
Silva AFG, Berbel AM. O benefício da dança sênior em relação ao equilíbrio e às atividades de vida diárias no idoso. ABCS Health Sci. 2015; 40(1):16- 21.
Niemann C, Godde B, Voelcker-Rehage C. Senior dance experience, cognitive performance, and brain volume in older women. Neural Plast. 2016; 16(1):1-10.
Vankova H, Holmerova I, Machacova K, Voliver L, Velete P, Martin A. The effect of dance on depressive symptoms in nursing home residents. JAMDA. 2014; 15(8):582-7.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1576
A IMPORTÂNCIA DA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO FONOAUDIÓLOGO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
INTRODUÇÃO
Ao longo de sua história, a universidade tem sido definida como espaço de produção, acumulação e disseminação de conhecimentos. No entanto, nem sempre estas funções estão em consonância com as necessidades da sociedade na qual a instituição está inserida. Para que isso ocorra, é fundamental o desenvolvimento de atividades dentro do tripé universitário, caracterizado pela indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, com especial atenção a esta última. A extensão universitária é o principal instrumento de efetivação do compromisso da Universidade com a comunidade. Possibilita que o conhecimento adquirido dentro da academia seja compartilhado com o público externo, com vistas à transformação da realidade social. Mais do que isso, a vivência em extensão durante a formação repercute na formação profissional do graduando, permitindo a ele a experiência acadêmica de conjugar teoria e prática dentro do contexto de sua realidade social.
OBJETIVO
Refletir sobre a importância da experiência extensionista na formação do profissional fonoaudiólogo por meio de relato de experiência na atuação em um projeto de extensão em Fonoaudiologia Educacional.
METODOLOGIA
A inserção do aluno em extensão se faz pela sua atuação em ações propostas dentro do escopo de programas, projetos e eventos, sob coordenação de um docente. Neste sentido, desde 2017, foi proposto um projeto de extensão que tem por finalidade o aprimoramento da linguagem oral e escrita das crianças por meio da proposição de atividades lúdicas. Além de cumprir seu objetivo junto às necessidades da comunidade na qual atua, a proposição deste projeto também possibilita ao graduando em Fonoaudiologia a experiência em extensão como parte do processo educativo vivenciado na Universidade.
RESULTADOS
A atuação é marcada por uma série de ações que complementam a formação profissional, desenvolvendo e aprimorando habilidades e competências que nem sempre são possíveis de serem trabalhadas em outras áreas. Desta forma, o graduando participa de reuniões de acompanhamento e avaliação das atividades com professores e colegas de diferentes níveis, atua com o público-alvo na escola, acompanha reuniões do projeto com a equipe diretiva e os professores, pesquisa e planeja atividades a serem desenvolvidas com base nos dados coletados e analisados no diagnóstico, apresenta e divulga suas ações em congressos e simpósios, entre outras funções de gestão aliadas ao ensino e à pesquisa.
Esta conjunção entre teoria e prática torna o processo de aprendizagem mais efetivo e gratificante para o graduando, fazendo-o participante ativo de sua formação. Nos três anos de atuação do projeto, participaram mais de 30 alunos do primeiro ao quarto ano do Curso de Fonoaudiologia, e todos são unânimes em afirmar a importância das possibilidades vivenciadas pela sua atuação como um diferencial tanto em sua vida acadêmica como profissional.
CONCLUSÃO
A atuação do aluno em extensão amplia sua visão de mundo e da inserção da Fonoaudiologia dentro do contexto da realidade social na qual está inserido, permitindo uma relação recíproca entre teoria e prática. A experiência da extensão universitária deveria ser obrigatória durante a formação, tendo em vista a ampliação do entendimento de como seu fazer acadêmico e profissional pode contribuir para a melhoria da sociedade.
1- Arruda-Barbosa, L., et al. Extensão Como Ferramenta De Aproximação Da Universidade Com O Ensino Médio. Cad. Pesqui., São Paulo, v. 49, n. 174, p. 316-327, Dec. 2019.
2- Moita, F. M. G. S. C., Andrade FCB. Ensino-pesquisa-extensão: Um Exercício De Indissociabilidade Na Pós-graduação. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 14, n. 41, p. 269-280, Aug. 2009.
3- Rodrigues, A. L. L., et al. Contribuições Da Extensão Universitária Na Sociedade. Caderno de Graduação-Ciências Humanas e Sociais-Unit-Sergipe, v. 1, n. 2, p. 141-148, 2013.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1155
A IMPORTÂNCIA DA FONOAUDIOLOGIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Disfagia (DIS)
Introdução: De acordo com a Organização Mundial da Saúde os Cuidados Paliativos consistem na assistência que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares diante de uma doença que ameace a vida. Dentro dessa perspectiva, a equipe multiprofissional busca a identificação precoce, avaliação, prevenção e alívio do sofrimento, tratamento de sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais (1,2). Considerando que quem recebe os cuidados paliativos são principalmente indivíduos com doenças oncológicas, crônicas progressivas e neurodegenerativas, surgem diversos questionamentos sobre a comunicação e deglutição desses pacientes. Dessa maneira, o fonoaudiólogo que atua na equipe busca medidas para manter uma via de alimentação segura e confortável, além de construir alternativas de comunicação, garantindo melhor qualidade de vida para pacientes e seus familiares(3).Objetivos: Descrever a experiência do Fonoaudiólogo na rotina de uma unidade de referência em Cuidados Paliativos Oncológicos. Descrição das ações desenvolvidas: Trata-se de um relato experiência sobre a vivência dos Fonoaudiólogos em um serviço de referência em cuidados paliativos oncológicos para adultos e idosos. A atuação da Fonoaudiologia neste setor acontece de forma diária em conjunto com demais profissionais de saúde. O trabalho da equipe consiste em visitas e triagem com todos os pacientes internados no setor. Nos casos em que existe a identificação de alterações fonoaudiológicas é realizada a avaliação, sendo as mais frequentes da deglutição e da linguagem. As condutas específicas realizadas pela equipe de Fonoaudiologia são os ajustes nas consistências da dieta, indicação de via alternativa quando extremamente necessário, manobras de posturação e proteção de vias áreas, reabilitação em alguns casos específicos, orientações sobre higiene oral e prevenção de broncoaspiração. Além disso, o trabalho junto com a equipe visando o bem estar do paciente a partir de conversas, músicas, poemas, jogos, passeios terapêuticos, entre outras atividades que poderão ser significativas e trazer benefícios para os pacientes e seus familiares. Semanalmente acontecem reuniões sobre os casos da enfermaria, onde todos os profissionais são convidados a participar e dar sua contribuição nas discussões de condutas. Resultados: Os fonoaudiólogos tiveram a oportunidade de participar de reuniões multiprofissionais onde os objetivos eram discutir as melhores condutas em equipe para os pacientes em terminalidade proporcionando o aprendizado na área de Cuidados Paliativos. A atuação em conjunto com outros profissionais permitiu a troca de conhecimento entre as áreas da saúde facilitando o atendimento integral do sujeito de forma transdisciplinar. O trabalho de orientação em saúde com os pacientes e acompanhantes do serviço demonstra a importância da promoção da saúde e prevenção de riscos em Fonoaudiologia. O atendimento aos sujeitos em fim de vida com disfagia e dificuldade de comunicação ressignificou a forma de atuação nessas áreas. Conclusão: A experiência do Fonoaudiólogo no serviço de Cuidados Paliativos ratifica a sua importância dentro das equipes multiprofissionais. Portanto, pode-se afirmar que a participação do Fonoaudiólogo no processo de finitude a partir das condutas em prevenção de agravos, reabilitação e ajustes para manter uma deglutição segura e uma comunicação eficiente contribui na qualidade de vida do paciente e de seus familiares.
1- OMS. Organização Mundial da Saúde. 2002.
2- Matsumoto, D.Y. Cuidados Paliativos: conceito, fundamentos e princípios. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012.
3- Pinto AC. O papel do fonoaudiólogo na equipe. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1121
A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO SOCIAL NA ESCOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
INTRODUÇÃO: O desenvolvimento infantil é marcado por fatores intrínsecos e extrínsecos. A importância da socialização é um dos aspectos que pode oferecer o contexto básico de interação entre pares, essa relação proporciona a criança competências para um bom relacionamento com ambiente, os professores, colegas e a família. OBJETIVO: Observar o impacto que a socialização entre pares pode influenciar positivamente nas dificuldades de crianças na pré-escola. MÉTODOS: Este estudo é um relato de experiência baseado nas vivências de duas graduandas de uma faculdade de fonoaudiologia, de um estado do nordeste, que participaram das práticas oferecidas pela disciplina de Fonoaudiologia Educacional. As visitas aconteceram em um Centro de Educação Infantil, localizado em uma capital no período de fevereiro a março de 2020. Durante esse período, três práticas foram realizadas com duração de 4 horas e meia em média. As estudantes ficaram responsáveis por escolher uma criança para observar e investigar o seu contexto. Por isso, foi escolhido uma criança de 05 anos, novata na escola, que estudava no período da manhã e matriculada no Pré II. Os momentos para observação foram divididos em, respectivamente: comportamento da criança durante as realizações das atividades proporcionadas pelos professores, dentro da sala de aula e na área externa do centro, em uma horta; comportamento da criança no intervalo das atividades; e uma entrevista com a professora e o auxiliar de sala. RESULTADOS: Observou-se o comportamento da criança escolhida, após, comparamos com os aspectos psicossociais. No primeiro momento a criança não conseguiu realizar as atividades dentro da sala, mesmo com a ajuda da professora, não prestou atenção e se dirigiu ao pátio do colégio. Também, não conseguiu se concentrar em regar as plantações, jogou o regador no chão, mas com insistência da professora ela regou, colheu e depois ficou num canto isolado. No segundo momento, conseguimos perceber um comportamento agressivo no intervalo, além de ser pouco sociável e apresentar caráter agressivo. Analisando o comportamento das atividades com as informações psicossociais que recolhemos com a professora responsável, tais como, ser filho de pais muito jovens, que estão com dificuldade nos cuidados básicos da criança e ser filho único. Observamos um atraso global no desenvolvimento da criança, inclusive na área da pragmática, envolvendo o diálogo, afeto e atenção. A criança buscou incansavelmente uma forma de ser percebida e chamar a atenção dos colegas e das professoras. Essa interação entre os pares foi interrompida com a pandemia. Mas, essa interação auxilia no compartilhar, na rotina e nas incorporação de regras. CONCLUSÃO: As dificuldades nos estímulos no ambiente familiar interferem diretamente no processo de interação social e na aquisição da aprendizagem do pré escolar. Esses estudantes precisam de encaminhamentos para terapia e com a participação da família e escola podem evoluir na interação e aprendizagem.
Cruz O, Lima IA. Qualidade do ambiente familiar preditores e consequências no desenvolvimento das crianças e jovens. AMAzónica 2012; 244-263.
Andrade SA, Santos DN, Bastos AC, Pedromônico MRM, Almeida ND, Barreto ML. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem epidemiológica. Revista de saúde Pública 2005; 606-611.
FERREIRA MCT, Marturano EM. Ambiente familiar e os problemas do comportamento apresentados por crianças com baixo desempenho escolar. Psicologia: Reflexão e crítica 2002; 35-44.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
383
A IMPORTÂNCIA DA INTRODUÇÃO ALIMENTAR E O DESEMPENHO DA FUNÇÃO DE DEGLUTIÇÃO
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: A introdução alimentar do bebê deve ser realizada de forma gradual e devidamente orientada pelos pais e/ou responsáveis, a fim de proporcionar-lhe nutrição adequada e experiência no desempenho das funções de mastigação e deglutição para a promoção de seu desenvolvimento futuro. Objetivo: Analisar a influência do tempo de introdução de alimentos sólidos no desempenho de mastigação e deglutição de crianças em idade escolar. Método: Trata-se de um estudo transversal quantitativo que faz parte de um projeto maior sob acrônimo EPOCA, do qual participaram escolares a partir de sete anos matriculados do 2º ao 9º ano de escolas públicas (municipais e estaduais) de um município do Sul do Brasil. Foram incluídos escolares com, no mínimo, sete anos de idade completos e no máximo 14 anos e 11 meses de idade e excluídos os escolares que apresentaram alguma doença que impedia o registro do consumo alimentar. Um questionário com questões de múltipla escolha sobre aleitamento materno, idade de introdução de alimentos na primeira infância e queixas de mastigação e deglutição foi enviado para os pais das crianças. A análise dos dados foi realizada por meio do Software SPSS para Windows, utilizando-se os testes de correlação de Spearman e Kruskal Wallis. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo CAAE 87539718.1.0000.0121. Resultados: 1552 crianças participaram da pesquisa, sendo que a textura sólida começou a ser introduzida a partir dos 11 meses, para a maioria das crianças (com variação dos 5 meses aos 24 meses entre os participantes). Houve correlação entre o tempo de introdução dos sólidos e o desempenho da função de mastigação das crianças (p-valor 0,02, R=-0,05), posto que os pais observavam mastigação mais eficiente nas crianças que tiveram a introdução de sólidos mais precocemente, havendo menor ocorrência de mastigação demasiadamente rápida ou deglutição sem preparo oral dos alimentos nesses casos. A idade em que os alimentos sólidos começaram a ser introduzidos não foi associada à frequência de engasgos observados pelos pais na alimentação diária da criança (p-valor 0,46). Conclusão: A correta e adequada orientação aos pais quanto ao tempo ideal e a forma de introdução de alimentos sólidos demonstrou o favorecimento ao desenvolvimento e desempenho da função estomatognática de mastigação e preparação dos alimentos. Destaca-se a importância da intervenção fonoaudiológica junto às gestantes, mães e familiares de bebês e crianças a fim de promover o conhecimento quanto a forma e a seriedade da introdução alimentar na primeira infância, para maior desenvolvimento motor oral e menor risco de asfixia.
Ruth Ramalho Ruivo PalladinoI; Maria Claudia CunhaII; Luiz Augusto de Paula Souza. Problemas de linguagem e alimentares em crianças: co-ocorrências ou coincidências? Pró-Fono R Atual Cient. 2007;19(2):205-14.
Tada A, Miura H. Association of mastication and factors affecting masticatory function with obesity in adults: a systematic review. BMC Oral Health. 2018. 4;18(1):76.
Vieira VCAM, Araujo CMD, Jamelli SR. Desenvolvimento da fala e alimentação infantil: possíveis implicações. Rev. CEFAC [online]. 2016;18(6):1359-69.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
258
A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Introdução: Embora o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja obrigatório nos cursos de graduação, estudos demonstram que estudantes e profissionais da saúde enfrentam dificuldades no atendimento às pessoas surdas, sendo predominante a barreira linguística. As pessoas surdas precisam levar acompanhantes que possam mediar o atendimento tanto pela inabilidade do profissional com a Libras, como, também, pelo não cumprimento da LEI N.º 535-B, DE 2015, que diz sobre a obrigatoriedade de intérprete de Libras nos espaços públicos, visando melhor atendimento às pessoas com deficiência auditiva. Portanto, faz-se necessário pensar sobre o aprendizado da Libras ainda na graduação associando teoria à prática. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por um grupo de alunos de fonoaudiologia e odontologia, mediado por dois professores fonoaudiólogos fluente em Libras, em um curso intensivo de Libras que abordou teoria e prática baseada em situações clínicas da ambas as profissões. Metodologia: Os docentes elaboraram todo o curso intensivo priorizando teoria e prática da Libras, focando em situações clínicas da fonoaudiologia e da odontologia. Os discentes tiveram a oportunidade de participar ativamente da construção e seleção do acervo de situações clínicas. Posteriormente, todo o conteúdo foi preparado e projetado em slide com diversos vídeos explicativos. No final do curso intensivo que ocorreu ao longo de uma semana, os docentes abordaram atividades teóricas e práticas através de um quiz interativo e simulação de diálogos no atendimento às famílias com pessoas surdas e usuárias de Libras por meio de vídeos. O curso intensivo ocorreu no período de uma semana via Plataforma Zoom, em função da pandemia (Covid-19). Resultados: Verificou-se que o curso intensivo que visou teoria e prática focando em situações clínicas das profissões, tornou o processo ensino e aprendizagem mais atrativo para os discentes e isso foi possível, a partir da experiência de dois professores fonoaudiólogos com a devida formação e aptidão com a Libras. O envolvimento dos docentes com os discentes nas etapas, construção das situações clínicas e a ministração do curso em si por uma semana, promoveu a interdisciplinaridade, ressaltando sobretudo para os alunos, a importância de considerar o conhecimento da Libras para a vida profissional. Conclusão: Pensar o ensino da Libras associando teoria e prática e baseado em situações clínicas das profissões fonoaudiologia e odontologia, favorece o entendimento da importância dessa língua no contexto profissional e sensibiliza os envolvidos a aprenderem de fato a língua, viabilizando todo um atendimento acessível e verdadeiramente inclusivo que irá começar desde o atendimento às famílias com pessoas surdas, nos estágios curriculares das clínicas escola da universidade até o ambiente profissional.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1198
A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA DE TRABALHO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: A adaptação acadêmica é um processo que envolve mudança da rotina diária e o aumento de responsabilidades, o qual pode relacionar-se com o estado de ansiedade e estresse¹. Entretanto também é uma fase de aprendizado e planejamentos, e para isso requer o uso da memória de trabalho (MT), uma das habilidades das Funções Executivas (FE), que tem seu papel exercido através do armazenamento e da manipulação temporária de informações necessárias para o planejamento de comportamentos complexos² ³ ⁴. Objetivo: O presente estudo objetiva indicar possíveis características dos estudantes universitários, por meio da análise de estudos sobre como a memória de trabalho interfere na vida acadêmica desta população. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google eScientific Eletronic Library Online (Scielo), com base nos descritores: função executiva, memória de trabalho e aprendizagem. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Ao término da pesquisa, foram selecionados oito artigos, publicados entre 2010 e 2020, como base para construção do conteúdo deste estudo. Resultados: A abordagem mais avançada sobre a MT se traduz no modelo multicomponente de Baddeley, o qual seria composto por um executivo central e por dois sistemas subordinados, a alça fonológica e o esboço visuoespacial, sendo o primeiro responsável pelo armazenamento temporário de informação verbal e acústica, e o segundo responsável pelo armazenamento temporário de informação visuoespacial⁵ ⁶. Essas habilidades combinadas são determinantes no desenvolvimento de habilidades cognitivas necessárias para o armazenamento e manipulação temporária de informações necessárias para tarefas complexas, como a compreensão, aprendizado, raciocínio e planejamento. Os prejuízos nesse sistema podem provocar déficits de aprendizagem, leitura, compreensão de texto, acarretando no baixo rendimento acadêmico. Além disso, o indivíduo pode tornar-se desatento e apresentar dificuldade para expressar ideias e planos, terminar uma atividade e regular suas emoções, demonstrando irritabilidade e impulsividade. Segundo estudos, quando a adaptação à nova realidade acadêmica não ocorre de forma correta pode haver interferência na qualidade de vida e no funcionamento motor, já que esse exige programação e concentração⁶ ⁷ ⁸. Conclusão: Embora exista um grande número de pesquisas sobre a relação entre as FE e a interferência na aprendizagem durante a infância, poucos estudos examinaram as correlações na adolescência e na vida adulta. Diante disto, percebeu-se a necessidade de estudos específicos com a população acadêmica e como os prejuízos na MT irão interferir neste processo e para além dele na vida profissional, visto a importância da integridade desta função na regulação do comportamento e planejamento humano, bem como no processo de aprendizagem.
Descritores: função executiva; memória de trabalho, aprendizagem;
¹Bouzaboul M, Amri A, Abidli Z, Saidi H, Faiz N, Ziri R, et al. Relationship between executive functions and academic performance among Moroccan middle school students. Dement. neuropsicol. [Internet] abr/jul 2020; [acesso 7 de julho de 2020]; 14(2):194-199 ,São Paulo DOI https://doi.org/10.1590/1980-57642020dn14-020014
²Cardoso CO, Seabra AG, Gomes CMA, Fonseca RP. Program for the Neuropsychological Stimulation of Cognition in Students: Impact, Effectiveness, and Transfer Effects on Student Cognitive Performance. Front Psychol [Internet] Ago 2019; [acesso 7 de julho de 2020]; 10:1784. doi:10.3389/fpsyg.2019.01784
³León CBR, Rodrigues CC, Seabra AG, Dias NM. Funções executivas e desempenho escolar em crianças de 6 a 9 anos de idade. Rev. Psicopedag. [Internet], 2013; [acesso 7 de julho de 2020]; 30 (92): 113-120, São Paulo Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010384862013000200005
⁴Grivol MA, HageI, SRV. Memória de trabalho fonológica: estudo comparativo entre diferentes faixas etárias. J. Soc. Bras. Fonoaudiol. [Internet] jul/set 2011[acesso 7 de julho de 2020]; 23(3):245-251, São Paulo. DOI https://doi.org/10.1590/S2179-64912011000300010.
⁵Galera C, Souza ALP. Memória visuoespacial e cinestésica de curto prazo em crianças de 7 a 10 anos. Estudos de Psicologia [Internet] mai/ago 2010; [acesso 7 de julho de 2020]; 15(2):137-143, São Paulo. Disponível em: http://www.scielo.br/epsic
⁶ Mourão Júnior CA, Melo LBR. Integração de Três Conceitos: Função Executiva, Memória de Trabalho e Aprendizado. Psicologia: Teoria e Pesquisa [Internet]. 2011 jul/set [acesso 7 de julho de 2020];27(3):309-314. DOI https://doi.org/10.1590/S0102-37722011000300006. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp
⁷Gabriel R, Morais J, Kolinsky R. A aprendizagem da leitura e suas implicações sobre a memória e a cognição. J. Ilha do Desterro [Internet] Jan/Abr 2016; [acesso 7 de julho de 2020]; 69(1): 061-078, Florianópolis. DOI https://doi.org/10.5007/2175-8026.2016v69n1p61
⁸Zanella LW, Valentini NC. Memória de Trabalho: influência na aprendizagem e na Desordem Coordenativa Desenvolvimental. Revista Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 2016 [acesso 7 de julho de 2020]; 49(2):160-174. ISSN 2176-7262. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rmrp / http://revista.fmrp.usp.br 161
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1229
A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA DE TRABALHO NOS IDOSOS: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
INTRODUÇÃO: O envelhecimento é um processo natural múltiplo e gradual, que está acompanhado de declínio em algumas habilidades cognitivas. Uma vez que sua capacidade cognitiva sofrem alterações com a idade, provavelmente relacionadas com diminuições na velocidade de processamento, na capacidade de concentração e na capacidade de utilizar estratégias eficazes de aprendizagem. A memória de trabalho é uma habilidade que permite que o indivíduo possa relacionar ideias, integrar informações presentes com outras armazenadas na memória de longo prazo e lembrar sequências ou ordens de acontecimentos¹. Assim, a memória é uma das primeiras capacidades cognitivas afetadas, tanto em idosos com demências degenerativas como em idosos não-acometidos por doenças. Por isso, uma das maiores preocupações dos idosos em relação ao envelhecimento está relacionada a qualidade de vida, porque eles acreditam que a qualidade de vida está relacionada com poder realizar atividades sem a interferências de outras pessoas. OBJETIVO: O presente estudo objetiva indicar possíveis características de intervenções cognitivas que possam ocasionar um aumento do desempenho e manutenção de habilidades cognitivas em idosos, por meio da análise de estudos sobre o tema. MÉTODO: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scielo, utilizando os descritores: Função executiva, Memória de Trabalho, Idosos. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Selecionou-se 8 artigos publicados entre os anos de 2011 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses, 3 foram escolhidos após a leitura na íntegra. RESULTADOS: Com base nos estudos analisados¹²³, observou-se que durante envelhecimento existe a possibilidade de compensação de declínios cognitivos. Pois, os idosos que realizavam os programas de treinos cognitivos apresentaram aumento do desempenho e manutenção de habilidades cognitivas². Os treinos estavam voltados para a memória, atenção e funções executivas. Foram utilizadas a conceituação de memória, esclarecimentos acerca de seu funcionamento, suas peculiaridades no processo de envelhecimento e estratégias propostas para manter ou melhorar o desempenho da memória, os participantes foram estimulados a refletir sobre as possíveis aplicações deste conhecimento na vida cotidiana e a expor seus conhecimentos sobre o assunto. CONCLUSÃO: Portanto, concluímos que quanto mais o idoso é estimulado com treinos de memória eles têm uma melhora significativa de resposta de armazenamento, velocidade de processamento da informação e de qualidade de vida.
¹ Dias Natália, Seabra Alessandra. Funções executivas: desenvolvimento e intervenção. Temas sobre Desenvolvimento [Internet]. 2013 [citado em 8 de Julho 2020]; temas sobre desenvolvimento:206-212. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Natalia_Dias/publication/281177320_funcoes_executivas_desenvolvimento_e_intervencao/links/5604497408ae8e08c089ac7f/funcoes-executivas-desenvolvimento-e-intervencao.pdf
² Irigaray Tatiana, Filho Irenio, Schneider Rodolfo. Efeitos de um treino de atenção, memória e funções executivas na cognição de idosos saudáveis. Psicologia: Reflexão e Crítica [Internet]. 2012 [citado em 9 de Julho 2020];25(1):188-202. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722012000100023
³Junior Carlos, Melo Luciene. Integração de Três Conceitos: Função Executiva, Memória de Trabalho e Aprendizado. Função Executiva e Aprendizado [Internet]. 2011 [citado em 10 de Julho de 2020];27(3):309-314. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722011000300006&script=sci_arttext&tlng=pt
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1287
A IMPORTÂNCIA DA TRIAGEM PARA RISCO DE DISFAGIA EM IDOSOS SAUDÁVEIS: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
Introdução: O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo determinado por vários fatores. Neste processo, é comum a ocorrência de modificações em diferentes estruturas, e estas modificações podem causar alterações da deglutição na população idosa. Apesar da disfagia orofaríngea afetar parte dessa população, muitas vezes ela é subdiagnosticada, principalmente na população idosa saudável, seja pela falta de instrumentos utilizados no rastreio e/ou diagnóstico da disfagia orofaríngea ou pela falta de tais instrumentos inseridos na rotina geriátrica. Considerando o aumento dessa população nos últimos anos, esses instrumentos são extremamente importantes, pois podem contribuir para o diagnóstico precoce, um tratamento mais eficaz, melhor prognóstico e qualidade de vida. Objetivo: Realizar uma revisão bibliográfica sobre a importância da triagem para risco de disfagia em idosos saudáveis. Metodologia: foi realizada uma revisão de literatura sobre o tema; as buscas foram realizadas no mês de fevereiro de 2020. Nas bases BVS, (LILACS, MEDLINE, IBECS, BINACIS, CUMED) e SciELO com os seguintes descritores: “triagem”, “deglutição”, “idoso” e “disfagia” em combinação. Como critérios de inclusão consideramos a faixa etária dos indivíduos pesquisados nos artigos (acima de 65 anos), considerados saudáveis, publicados nos últimos 5 anos (2015-2020), no idioma português. Foram selecionadas linhas de pesquisas que abordassem a importância da triagem e intervenção fonoaudiológica precoce em idosos. Foram excluídos estudos com outros idiomas e que não abordavam o tema e a população escolhida. Resultados: Foram encontrados 3.078 artigos e desse total foram excluídos 2.499 por não tratarem do assunto, 573 por repetição ou por não atenderem os critérios de inclusão. Sendo assim 6 estudos foram lidos integralmente e analisados nesta revisão, onde encontramos os seguintes achados: presença do evento que foi descrito e caracterizado como escape posterior tardio de resíduo alimentar na deglutição, em idosos com ou sem patologias de base de ambos os sexos; dados sobre os protocolos e exames utilizados no rastreio e avaliação da deglutição na população geriátrica, seus norteadores e suas limitações; a importância do rastreio da disfagia e avaliação nutricional em pacientes hospitalizados, e como isso deve ser incorporado na rotina hospitalar; como exercícios orofaríngeos podem melhorar a funcionalidade da deglutição em indivíduos idosos com risco para disfagia; uma correlação entre disfagia e as alterações do sistema estomatognático, com o aumento no tempo mastigatório correlacionado com a disfunção de deglutição, mesmo sem haver alterações estruturais. Conclusão: Com base nos dados apresentados na literatura, pode-se concluir que o próprio envelhecimento já é um grande fator de risco para disfagia, pois pode causar impacto nas estruturas e na funcionalidade da deglutição, estejam os indivíduos institucionalizados ou não. Além disso, são necessários novos estudos e a criação e/ou validação de instrumentos que sejam de fácil acesso, mais completos e objetivos para que possam ser incluídos na prática clínica Fonoaudiológica e na rotina geriátrica, auxiliando os profissionais no diagnóstico e intervenção precoce.
PADOVANI, Aline Rodrigues; MORAES, Danielle Pedroni; MANGLINI,
Laura Davidson; ANDRADE, Claudia Regina Furquim de. Protocolo
Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia
SOARES, LT; VENITE JP; SUZUKI H. Presbifagia, Disfagia, no Idoso e
Disfagia Sarcopênica. Disfagia no Idoso: Guia Prático. Ribeirão Preto, SP: Booktoy;
2018. 1º edição.p.84.
Balbinot et. al. Protocolos de Avaliação de Deglutição: Norteadores e
Limitações. Clin Biomed Res. 2018;38(4):339-347
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1406
A IMPORTÂNCIA DO OLFATO NO PROCESSO DA ALIMENTAÇÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA.
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
A importância do olfato no processo da alimentação: uma revisão integrativa da literatura.
Introdução: O olfato é uma importante função no que diz respeito a discriminação dos sabores dos alimentos¹. No processo de mastigação sentimos o gosto e o cheiro concomitantemente, com isso são enviadas tais informações sobre determinada comida ou bebida ao cérebro². A disfunção do olfato é uma condição médica comum e subdiagnosticada que pode ter sérias consequências, inclusive, na gustação³. Objetivo: Analisar os principais aspectos das disfunções olfatórias e como atinge no processo gustativo. Método: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura a partir da busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scholar Google e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), com base nos descritores: “olfato”, “paladar” e “alteração”. Procedeu-se ao cruzamento dos descritores entre si e individuais. Ao término da pesquisa, foram selecionados, como base para construção do conteúdo deste estudo 30 artigos publicados entre os anos de 2011 e 2020, pela leitura do título e resumo, dentre esses, 10 foram escolhidos após a leitura na íntegra. Resultados: Fundamentado nos artigos escolhidos, foi percebido que a mucosa olfatória tem grande responsabilidade sobre o paladar e que essas alterações no olfato podem afetar diretamente no que se concerne o deleitamento durante o processo da alimentação. Deste modo, podemos classificar essas alterações como: anosmia, hiposmia, cacosmia, parosmia, hiperosmia, fantosmia e agnosia. Porém, as disfunções olfatórias possuem etiologia variada, o prognóstico desta disfunção sujeita-se maiormente da função residual, do sexo, da parosmia, dos hábitos e da idade, enquanto no modelo estatístico, a origem tem um papel secundário, refletido em diferentes graus na perda olfativa inicial. Conclusão: Com isso, o seguinte estudo conclui que os distúrbios do olfato afetam diretamente o paladar, mas a depender da causa os efeitos no paladar são diferentes. E podem chegar a ser frustrantes uma vez que afetam a capacidade do indivíduo de desfrutar de comidas, bebidas e aromas agradáveis. Eles interferem na capacidade do indivíduo em perceber a presença de substâncias químicas e gases potencialmente perigosos, o que pode acarretar graves consequências. Apesar de ser uma função sensorial muito importante, não encontramos muitos trabalhos de reabilitação, sendo o fonoaudiólogo um dos profissionais que poderia intervir nos casos das disfunções, fica como sugestão um maior investimento em pesquisas e publicações nesta área.
Descritores: olfato; paladar, alteração.
Referências:
1. Ulusoya S, Dinc ME, Dalgic A, Topaka M, Dizdar D, Is A. Are people who have a better smell sense, more affected from satiation? Braz. J. Otorhinolaryngol 2017 Nov/Dec 83 (6): 640-645.
2. Morais LH, Santos MG. Revista Insignare Scientia 2019 Set/Dez 2 (4) Sabores e dissabores” de uma horta Escolar: percepções gustativas e vivências de alunos do ensino fundamental.
3. Neto, FXP, Targino MN, Peixoto VS, Alcântara FB, Jesus CC, Araújo DC, Filho EFLM. Anormalidades sensoriais: Olfato e paladar. Arq. Int. Otorrinolaringol 2011;15(3):350-358.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2072
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM “RIMA”NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REVISÃO INTEGRATIVA
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Introdução: A consciência fonológica é a habilidade de manipular conscientemente os segmentos sonoros das palavras. O desenvolvimento metafonológico é importante para formar bons leitores, sendo necessário que seja estimulado desde a educação infantil, a fim de facilitar a aprendizagem e evitar problemas na aprendizagem da leitura e escrita. A rima é uma das competências que se destaca dentre as habilidades metafonológicas e conceitua-se como a capacidade para detectar sons semelhantes no final das palavras. Esta habilidade precisa ser desenvolvida na educação infantil pois as pesquisas apontam evidências de que as crianças que têm mais facilidade com esta habilidade terão mais sucesso na aprendizagem da leitura e escrita, notadamente na decodificação da leitura. Objetivo: Realizar uma revisão integrativa da literatura buscando as evidências disponíveis sobre a importância da habilidade de rima em escolares na educação infantil. Métodos: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, utilizando os preceitos do Cochrane Handbook, que envolve a formulação da questão a ser investigada, localização, seleção e avaliação critica dos artigos. O estudo utilizou as bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Os descritores utilizados foram: “rima”, “leitura”, “consciência fonológica”, “pré-escolar”, “intervenção” e “alfabetização”. Os critérios de inclusão adotados foram os artigos originais, em português, no período entre 2009 e 2019, que investigassem a importância da rima em pré-escolares. Os cruzamentos resultaram no levantamento de 569 artigos e destes apenas sete estavam dentro dos critérios de inclusão. Resultados: Observa-se uma diversidade nos protocolos de avaliações e nas intervenções com a habilidade de rima realizadas com os escolares dentro da sala de aula e seus respectivos professores. Atenta-se a um melhor desempenho em algumas tarefas de habilidades metafonológicas como segmentação silábica, memória fonológica, nomeação rápida, mas por outro lado, nota-se um baixo rendimento dos participantes nas habilidades de rima. Os estudos selecionados demonstraram que esta habilidade encontra-se abaixo do esperado nesse nível de escolaridade, sendo necessárias intervenções para que os escolares avancem no processo de aprendizagem. Conclusão: Conclui-se que a rima é fundamental para o desenvolvimento da leitura e escrita em escolares da educação infantil. Foi possível observar que os escolares possuem dificuldades nesta habilidade, devendo ser estimulada e consolidada quando as crianças ingressarem na alfabetização. Nota-se a importância do investimento em políticas educacionais voltadas à educação infantil, especialmente contendo as habilidades cognitivo-linguísticas que são essenciais para a aprendizagem escolar.
ROSAL, A. G. C.; CORDEIRO, A. A. A.; QUEIROGA, B. A. M. Consciência fonológica e o desenvolvimento do sistema fonológico em crianças de escolas públicas e particulares. Rev. CEFAC. 2013 Jul-Ago; 15(4):837-846
ROSAL, A. G. C.; CORDEIRO, A. A. A.; SILVA, A. C.; SILVA, R. L.; QUEIROGA, B. A. M. Contribuições da consciência fonológica e nomeação seriada rápida para a aprendizagem inicial da escrita. Rev. CEFAC. 2016 Jan-Fev; 18(1):74-85
PESTUN, M. S. V.; OMOTE, L. C. F.; BARRETO, D. C. M.; MATSUO, T. Estimulação da consciência fonológica na educação infantil: prevenção da dificuldade na escrita. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 14, Número 1, Janeiro/Junho de 2010: 95-104.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1320
A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO FAMILIAR NA EVOLUÇÃO TERAPÊUTICA EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL
Relato de experiência
Linguagem (LGG)
INTRODUÇÃO: Na perspectiva genética walloniana a evolução da inteligência e da afetividade são interdependentes e co-construídas desde os primeiros dias de vida do bebê, nas relações estabelecidas entre este o seu meio, sendo assim, o vínculo afetivo familiar é fundamental para o processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança1. OBJETIVO: Avaliar a evolução terapêutica após aumento do vínculo familiar. MÉTODO: Foi realizado um estudo transversal observacional de N., sexo masculino, com 2 anos e 7 meses, diagnosticado com transtorno do espectro autista. O menor iniciou as terapias com fonoaudióloga, psicóloga, psicopedagoga e psicomotricista em fevereiro de 2020, duas vezes por semana com cada profissional, as sessões duravam 45 minutos. Com a pandemia instalada, encerraram-se as atividades presenciais no dia 20 de março. Na semana seguinte, iniciou-se um acompanhamento via internet. Nesta fase, o menor foi acompanhado semanalmente apenas pela fonoaudióloga e psicomotricista em encontros de 45 minutos, que aconteceram duas vezes por semana, com cada terapeuta, em formato de vídeo chamadas e consistiram em um processo de orientação a genitora de N. Antes do primeiro encontro da semana eram enviados pela fonoaudióloga atividades por e-mail para que a mãe imprimisse e a psicomotricista encaminhava vídeos com exercícios, ambas encaminhavam também áudios e imagens. Durante a semana, a genitora enviava para as terapeutas áudios e vídeos relatando como tinham ocorrido as atividades. As mesmas respondiam e forneciam outras informações conforme necessidade. Ao todo, em 1 mês e 2 semanas, foram realizados 12 encontros online. Para avaliar a evolução de N., foram identificadas e elencadas as aquisições ao longo do período de acompanhamento terapêutico à distância. RESULTADOS: Durante o período que a mãe era quem realizava as estimulações, seguindo instruções das terapeutas, a criança começou a reconhecer os membros da família, nomear animais, objetos e alimentos, produzir onomatopeias de animais, compreender ordens simples, aceitar novos alimentos, comer sozinho, empilhar legos, imitar gestos de outrem e identificar algumas partes do corpo (pé e nariz), instalou o pedido verbal, diminuiu a sensibilidade tátil à água, aumentou a ocorrência do contato ocular, adquiriu a noção de troca de turno em jogos diversos e a capacidade de correr, pegar objetos ao chão e lançar (bola), despertou interesse por grafismos realizando a pinça com quatro dedos, ampliou o seu repertório de interesses por brinquedos e melhorou o simbolismo. CONCLUSÃO: Como é possível observar no desenvolvimento de N., o fortalecimento dos vínculos afetivos familiares ocasionou muitas aquisições ao longo das semanas que se passaram, pois permitiu a construção de uma sólida base afetiva, que lhe proporcionou a segurança emocional necessária para desenvolver novos recursos psíquicos e ampliar suas competências para lidar com a realidade externa e interna.
Capelasso RRM. Contribuições da Educação e da Psicologia: a importância do vínculo afetivo entre as auxiliares de desenvolvimento infantil e crianças de creche de 0 a 4 anos. São Paulo. Dissertação [Mestrado em Educação] - Universidade do Oeste Paulista; 2011.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1591
A INFLUÊNCIA DE FATORES LINGUÍSTICOS NA HIPOSSEGMENTAÇÃO E HIPERSEGMENTAÇÃO PRESENTE NA ESCRITA DE ESCOLARES
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
INTRODUÇÃO: a aprendizagem da escrita é uma atividade complexa, pois envolve a descoberta da natureza e funcionamento do sistema ortográfico. Partindo da sociolinguística, cujo escopo visa demonstrar a variação linguística como princípio geral e universal de qualquer sistema linguístico, é necessário refletir acerca das segmentações não convencionais encontradas na escrita. A hipossegmentação é caracterizada pela ausência do espaço em branco entre os limites vocabulares e a hipersegmentação é definida pelo espaçamento demarcado através do branco ou hífen de uma palavra, dividindo-a em unidades menores. OBJETIVO: descrever a hipossegmentação e a hipersegmentação encontradas na escrita de crianças correlacionando tais ocorrências a fatores linguísticos. METODOLOGIA: trata-se de uma pesquisa quantitativa, transversal, realizada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o número CAAE 08662918.2.0000.5011/ Parecer 3.310.425. Participaram 42 crianças, sendo 38 da escola pública e 4 da escola privada, com idade entre 8 e 12 anos, cursando do 2° ao 5° ano do ensino fundamental. Após esclarecimentos, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pelos pais/responsáveis dos participantes. Posteriormente, assinou-se o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido pelas crianças. A cada participante foram entregues dois instrumentos de coleta para obtenção das narrativas, que foram realizadas em dias distintos com supervisão das pesquisadoras. Após obtenção das narrativas, os casos de hipossegmentação e hipersegmentação foram tabulados e codificados para análise estatística dos resultados. Para isso, utilizou-se o programa Goldvarb X, visando correlacionar à ocorrência dos fenômenos aos fatores linguísticos: tipo de palavra, estrutura silábica, tonicidade e constituintes prosódicos. RESULTADOS: identificou-se 486 segmentações não convencionais nas amostras coletadas, sendo 279 (57,4%) hipersegmentação e 207 (42,6%) hipossegmentação. Conforme o Goldvarb X, dentre as variáveis, a tonicidade obteve mais relevância para a ocorrência desses fenômenos. Quanto à tonicidade, nas hipossegmentação, as palavras oxítonas apresentaram frequência de 58,8%. Já na hipersegmentação, as paroxítonas foram mais segmentadas, apresentando 99,6%. Referindo-se ao tipo de palavra, verificou-se que a união entre palavra gramatical e fonológica (PG + PF) foi a única predominante nos achados da hipossegmentação, representando 61,5% das ocorrências. Entretanto, nas hipersegmentações, a junção entre palavras fonológicas e gramatical obteve destaque com percentual de 94,7%. Na estrutura silábica, dentre as posições que ocorreram os fenômenos, a disposição CVV + CVC foi a mais significativa em ambos. Outrossim, a estrutura CV foi encontrada em posições relevantes nos dados analisados, enfatizando sua possível interferência na ocorrência dos fenômenos. Quanto aos constituintes prosódicos, a frase fonológica foi a mais determinante nas hipossegmentações, posto ter sido encontrada em 40,58% dos achados. Referindo-se à hipersegmentação, a segmentação de palavra em duas sílabas foi a mais frequente, representando 27,14%. CONCLUSÃO: as hipersegmentações foram as mais prevalentes neste corpus, destacando-se as palavras paroxítonas, com estrutura silábica disposta em CVV + CVC, segmentadas em palavras fonológicas e gramatical (PF + PF + PG) e constituinte prosódico sílaba. Ademais, as hipossegmentação são majoritariamente encontradas em palavras oxítonas, unindo palavra gramatical e fonológica - com estrutura silábica disposta em CVV + CVC e influenciada pelo constituinte prosódico frase fonológica.
LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.
Tenani, L. E., Paranhos, F. C. Análise prosódica de Segmentações não-convencionais de palavras em textos do sexto ano do Ensino Fundamental. Filologia e Linguística Portuguesa 2011 Dez; 13(2): 477-504.
Tenani, L. E. Hipersegmentação de palavras: análise de aspectos prosódicos e discursivos. Linguagem & Ensino 2013 Jul/Dez; 16(2): 305-326.
Da Cunha, A. P. N., Miranda, A. R. M. A hipo e a hipersegmentação nos dados de aquisição de escrita: a influência da prosódia. Alfa: Revista de Linguística 2009; 53(1): 127-148.
Da Cruz, A.L.G. A hipo e a hipersegmentação na escrita de alunos da educação de jovens e adultos: uma reflexão na perspectiva da prosódia [dissertação]. Teresina (PI): Universidade Estadual do Piauí; 2016.
Verçossi, C. E., Gonçalves, G. F. A hipo e a hipersegmentação em dados de escrita de alunos da 8ª série: influência exclusiva dos constituintes prosódicos?. Leitura 2011 Jul/Dez; 2(46): 57-79.
Sankoff, D., Tagliamonte, S., Smith, E. Goldvarb X: a variable rule application for Macintosh and Windows. 2005 Disponível em: http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/goldvarb.html . Acesso em: 24 jun. 2020.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
518
A INFLUÊNCIA DO DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL NA INTERAÇÃO DA DÍADE MÃE-BEBÊ: UM ESTUDO LONGITUDINAL DO PRÉ-NATAL AO PRIMEIRO ANO DE VIDA
Tese
Linguagem (LGG)
Introdução: Ao considerar a importância da interação mãe-bebê na constituição da linguagem constatamos a necessidade de estudos em etapas cada vez mais precoces¹. Destacar e classificar quantitativamente e/ou qualitativamente as habilidades comunicativas é de extrema relevância para compreender os recursos comunicativos usados pelo bebê e sua mãe na complexidade da sincronia das primeiras relações. Objetivo: O objetivo do estudo é investigar as interações entre a mãe e seu bebê. Metodologia: Estudo de abordagem quantitativa, qualitativa, descritiva e longitudinal observacional do acompanhamento do desenvolvimento da interação da díade mãe-bebê desde a fase gestacional até o primeiro ano de vida do bebê. Os participantes foram díades (mãe-bebê) a partir do terceiro trimestre gestacional, um grupo estudo cujos fetos apresentavam alguma alteração estrutural e um grupo controle sem alterações diagnosticadas. O estudo foi dividido em duas etapa: Etapa 1, fase pré-natal e Etapa 2, fase pós-natal. Todas as díades (mãe-bebê) foram acompanhadas em sete encontros agendados (fase gestacional, recém-nascido, dois, quatro, seis, nove e doze meses de idade do bebê). O protocolo de estudo consistiu na análise das situações de interações, ou seja, os sinais comunicativos da díade, na Etapa 1 em um momento interativo da díade (gestante – feto) e na Etapa 2, em três momentos distintos de interação, com a utilização de um brinquedo (objeto), uma cantiga cantada pela mãe (cantiga) e com o discurso materno (livre). As principais ferramentas de análise na Etapa 1 foram: IRMAG², uma entrevista sobre as representações maternas; Escala de Ansiedade de Covi³e Escala de Depressão de Raskim4; Momento Interativo da díade mãe-bebê (gestante-feto) e na Etapa 2 foram: Protocolo Preaut5; Questionário do Comportamento do Bebê – Revisado6; e do “Coding Interactive Behavior”7 – CIB, um sistema de classificação global da interação pais-bebês que contém códigos de nível e escalas de classificação8. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 548.79816.0.0000.5149). Resultados: Na Etapa 1 os grupos, estudo e controle, apresentaram diferença significativa quanto às escalas de ansiedade e de depressão sendo que os escores foram atribuídos ao grupo estudo. Não houve diferença significativa entre os grupos quanto ao tipo de representação materna e momento interativo da díade mãe-bebê (fase pré-natal). Na Etapa 2 houve diferença significativa entre os grupos para a análise da interação a partir do “CIB”, sendo que a maior pontuação dos construtos/Domínios (Envolvimento do Bebê, Reciprocidade da díade e Sensibilidade da mãe) que conferem qualidades positivas a interação foram atribuídas ao grupo estudo e a maior pontuação dos construtos/Domínios (Estados Negativos da díade e Retirada do bebê) que conferem características negativas a qualidade da interação foram atribuídas ao grupo controle. Conclusão: Este estudo destaca o efeito do cuidado parental e transdisciplinar que pode potencializar a capacidade do bebê de adaptar-se e desenvolver-se afetivamente. Ele reconhece a importância do trabalho de equipes que se preocupam em acolher o bebê e seu entorno, valorizando uma escuta individualizada que considera a comunicação multimodal do bebê.
1. Parlato-Oliveira E. Da relação binária ao jogo ternário: uma análise de um bebê e sua mãe. In: Busnel MC, Melgaço RG, organizadores. O bebê e as palavras: uma visão transdisciplinar sobre o bebê. São Paulo: Instituto Langage; 2013. p. 201-208.
2. Ammaniti MCC, Pola M, Tambelli R. Maternité et grossesse, étude desreprésentations maternelles. Paris: Presses Universitaries de France; 1999.
3. Covi L. New Concepts and Treatments for anxiety.Md. Med. J. 1986; 35(10):821.
4. Raskin A, Crook T. Sensitivity of rating scales completed by psychiatrists, nurses and patient to antidepressant drug effects. J. Psychiatr Res. 1976; 13(1):31-41.
5. Olliac B, Crespin G, Lazni MC, Oussama CIEG, Sarradet JL, Colette B et al. Infant and dyadic assessment in early community-based screening for autism spectrum disorder with the PREAUT grid. PLoS ONE. 2017; 12(12):e0188831
6. Klein VC, Putnam SP, Linhares MBM. Assessment of Temperament in Children: Translation of Instruments to Portuguese (Brazil). Intera J Psyc. 2009; 43(3): 552-7.
7. Feldman R. Coding Interactive Behavior Manuel (CIB).Unpublished manuscript, Ramat-Gan, Israel. Society for Infant Studies; 1998.
8. Feldman, R. Parenting behavior as the environment where children grow. In: Lewis M, editor. Cambridge handbooks in psychology. The Cambridge handbook of environment in human development. New York: Cambridge University Press; 2012. p. 535-567.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1220
A INFLUÊNCIA DO TEATRO NO TRATAMENTO A PACIENTES AFÁSICOS: REVISÃO DE LITERATURA SISTEMÁTICA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
INTRODUÇÃO: A junção entre a saúde e a arte é uma possibilidade transformadora e de amplo potencial para o cuidado a pacientes afásicos, visto que retrata a respeito da ligação da arte com as clínicas de linguagem. A tais pacientes, isto significa ir além do que geralmente é encontrado em programas ou técnicas terapêuticas nas policlínicas presas à individualidade da doença. A Fonoaudiologia não se limita a tão somente um conjunto de normas, prescrições médicas e/ou técnicas de ação1. Por isso, a arte pode agregar ou, inclusive, possibilitar a técnica terapêutica de linguagem. Essa condição parte da hipótese de que a trilogia arte-tratamento-afasia demonstra seu vínculo mediante as características da semelhança do sujeito com a linguagem, em seus diversos meios de expressão2. OBJETIVO: Apresentar a partir de uma revisão de literatura, a influência do teatro nos ambientes de cuidado a pacientes afásicos. METODOLOGIA: Revisão de literatura sistemática que utilizou como descritores: Afasia. Reabilitação. Tratamento. Linguagem. Encontraram-se 4 artigos indexados nas bases de dados Google Acadêmico e ScienceDirect, seguindo os critérios de inclusão: publicações entre os anos 2015 a 2020 e àqueles que se encaixariam no tema proposto. RESULTADOS: Entre os estudos analisados, o teatro foi tido como uma opção terapêutica a ser usada com pacientes afásicos com determinados grupos e instituições. No estudo2, participaram dois afásicos crônicos com dificuldades de linguagem predominantemente expressivas e, que, de acordo com o autor3, foi possível notar que além de evoluir a comunicação dos indivíduos com afasia, a técnica teatral caracterizou-se como uma forma a qual pôde beneficiar a autoestima e a execução das atividades diárias dos pacientes em tratamento. Já no estudo1, com um grupo de dez pacientes com afasia, trabalhou-se amplamente as formas expressivas (verbais, gestuais, expressões faciais, emoção), resgate de memória, evocação, abstração e exteriorização de sentimentos. Conforme os autores4, a possibilidade de colocar o corpo e a fala em curso refletiu de maneira positiva nas ações gerais dos sujeitos. Dos gestos às encenações e das mímicas às vozes, cada pessoa com afasia foi designada a tomar posicionamento com sua atual situação de gestualidade e/ou fala. CONCLUSÕES: Com fundamento no que foi versado no presente tema, pôde-se concluir que a trilogia arte-tratamento-afasia foi capaz de agregar o método terapêutico de linguagem de modo bastante positivo. Pois, mesmo respeitando as particularidades de cada afásico e suas maneiras de expressões, observou-se mudanças na comunicação lúdica, motivação para a dicção espontânea dos afásicos, aumento no ânimo/socialização, melhora nos aspectos cognitivos dos sujeitos afásicos e na comunicação como um todo. Sugere-se, portanto, que mais trabalhos nesta área sejam realizados para que a agregação de práticas teatrais no tratamento a pacientes com afasias sejam cada dia mais habitual para que a interação entre eles seja uma maneira a mais de fazer com que o indivíduo afásico venha a se comunicar.
DESCRITORES: Afasia. Reabilitação. Tratamento. Linguagem.
1. DIGNAM, J.; COPLAND, D.; RAWLINGS, A.; O’BRIEN, K.; BURFEIN, P.; RODRIGUEZ, A. D. The relationship between novel word learning and anomia treatment success in adults with chronic aphasia. Neuropsychologia, v. 81, p. 186-197, 2016.
2. KESAV, P; VRINDA, S. L.; SUKUMARAN, S.; SARMA, P. S.; SYLAJA, P. N. Effectiveness of speech language therapy either alone or with add-on computer-based language therapy software (Malayalam version) for early post stroke aphasia: a feasibility study. Journal of the Neurological Sciences, v. 380, p. 137-141, 2017.
3. DUARTE, Jéssica S. Arte clownesca na fonoaudiologia: a reinvenção da comunicação do afásico. 41 f. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fonoaudiologia). Instituto de Psicologia/ Faculdade de Odontologia/ Curso de Fonoaudiologia. RS, Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, 2017.
4. MALACHIAS, A. R.; GUSHIKEN, L. Rediscovering speech: theatrical intervention with aphasic patients attended in the Municipality of São Vicente. 31º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, 2018.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
402
A INFLUÊNCIA DO USO DE SMARTPHONES NA QUALIDADE DE SONO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: Com a evolução das tecnologias de informação, a utilização de smartphones se difundiu amplamente, afetando as rotinas e hábitos diários, favorecendo o uso, tornando-se presente, incluindo na hora de dormir.(1) Além das redes sociais, para estudantes universitários, os smartphones tornaram-se uma ferramenta facilitadora associada ao estudo, favorecendo maior acesso ao conhecimento.(2) Contudo, o uso demasiado de smartphones tem sido relacionado a distúrbios no sono, ou seja, a dependência do celular gera problemas físico-comportamentais que acarretam em má qualidade de sono, podendo afetar o desempenho acadêmico e o nível de concentração.(2,3) Objetivo: Averiguar a relação do uso abundante de smartphone e a baixa qualidade de sono em estudantes universitários. Método: Foi feita uma busca na literatura científica dos últimos 5 anos, nas bases de dados PubMed e BVSalud, com o cruzamento de termos específicos como “qualidade do sono”, “smartphones” e “estudantes universitários”, utilizados os seus correspondentes no idioma inglês. Os critérios de inclusão foram estudos que abordavam o uso exagerado de smartphones por estudantes universitários, detectado através de instrumentos padronizados. Os critérios de exclusão consistiram em trabalhos que abarcavam fatores físicos e psicológicos, sem abranger os aspectos relacionados à qualidade de sono. Resultados: Foram encontrados 1343 artigos na base de dados PubMed, dos quais foram selecionados apenas 14. Na base de dados BVSalud foram encontrados somente 5 artigos, os quais apenas 2 artigos se enquadravam nos critérios de inclusão, no entanto, estes estavam duplicados na PubMed. Todos os artigos de ambas as bases estavam disponíveis no idioma inglês, em que utilizaram questionários como Escala de Dependência de Smartphones (SAS-SV), Teste de Dependência de Internet (IAT), Escala de Uso Excessivo de Telefone Celular (COS), Uso Problemático da Internet (UIP) e outros, relacionados à problemática da má qualidade de sono, avaliada por meio do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI). Sendo assim, os principais achados estavam relacionados a estudantes da área da saúde, na faixa etária de 18 a 30 anos, (2,4,5,6), com prevalência de universitários do sexo feminino mais acometidos pela dependência de smartphones, em comparação ao sexo masculino.(4,5,7,8) Entretanto, em ambos os sexos, o uso excessivo de smartphones esteve estreitamente relacionado a transtornos de ansiedade, depressão, distúrbios comportamentais(7) e baixo rendimento acadêmico(9), implicando significativamente em uma má qualidade de sono.(4,6) Assim, de acordo com os dados obtidos com o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), verificou-se que universitários que faziam utilização prolongada de smartphones possuíam alterações nos padrões de latência, duração e eficiência do sono.(8) Conclusão: De acordo com a literatura verifica-se, portanto, que o uso excessivo de smartphone pelos estudantes universitários acarreta na baixa qualidade de sono, vinculando a transtornos físico-comportamentais e baixo rendimento acadêmico. São necessárias mais pesquisas sobre a temática abordada, visto que se trata de uma demanda de saúde pública, principalmente com o objetivo de se propor estratégias para uma utilização mais saudável dos smartphones no que se refere ao sono.
1. Jniene A, Errguig L, Hangouche AJE, Rkain H, Aboudrar S, Ftouh ME, et al. Perception of Sleep Disturbances due to Bedtime Use of Blue Light-Emitting Devices and Its Impact on Habits and Sleep Quality among Young Medical Students. Marocco: Academic Editor: Sushil K. Jha, 2019.
2. Ibrahim NK, Baharoon BS, Banjar WF, Jar AA, Ashor RM, Aman AA, et al. Mobile Phone Addiction and Its Relationship to Sleep Quality and Academic Achievement of Medical Students at King Abdulaziz University, Jeddah, Saudi Arabia. Saudi Arabia: Journal of Research in Health Sciences 2018, 18(3): e00420.
3. Mohammadbeigi A, Absari R, Valizadeh F, Saadati M, Sharifimoghadam S, Ahmadi A, et al. Sleep Quality in Medical Students; the Impact of Over-Use of Mobile CellPhone and Social Networks. Irã: Journal of Research in Health Sciences 2016, 16(1):46-50.
4. Demirci K, Akgönüla M, Akpinar A. Relationship of smartphone use severity with sleep quality, depression, and anxiety in university students. Turkey: Journal of Behavioral Addictions 2015, 4(2): p. 85–92.
5. Kumar VA, Chandrasekaran V, Brahadeeswari H. Prevalence of smartphone addiction and its effects on sleep quality: A cross-sectional study among medical students. Ind Psychiatry J. 2019, 28(1): 82–85.
6. Grimaldi-Puyana M, Fernández-Batanero JM, Fennell C, Sañudo B. Associations of Objectively-Assessed Smartphone Use with Physical Activity, Sedentary Behavior, Mood, and Sleep Quality in Young Adults: A Cross-Sectional Study. Rmes. Montevallo: Public Health 2020.
7. Chen B, Liu F, Ding S, Ying X, Wang L, Wen Y. Gender differences in factors associated with smartphone addiction: a cross-sectional study among medical college students. Chen et al. BMC Psychiatry. 2017; 17:34.
8. Lin PH, Lee YC, Chen KL, Hsieh PH, Yang SY, Lin YL. The Relationship Between Sleep Quality and Internet Addiction Among Female College Students. China: Front Neuroscience, 2019, 13: 599.
9. Huang Q, Li Y, Huang S, Qi J, Shao T, Chen X. Smartphone Use and Sleep Quality in Chinese College Students: A Preliminary Study. China: Front Psychiatry, 2020, 11: 352.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1243
A INFLUÊNCIA DO USO DO AASI NA PERCEPÇÃO DO ZUMBIDO EM ADULTOS E IDOSOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Introdução: O zumbido é um sintoma descrito como uma ilusão auditiva gerada pela porção sensorioneural do sistema auditivo, ou seja, essa sensação endógena não está relacionada à nenhuma fonte externa de estimulação1-2. Sabe-se que o zumbido pode provocar diferentes reações nos sujeitos, inclusive em alguns casos interferir diretamente em suas atividades de vida diária3-4. O zumbido é um sintoma relacionado à várias etiologias, principalmente da perda auditiva e o seu tratamento está relacionado a diversas abordagens, entre elas, indicações como o uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) que além de melhorar a audição e estimular o córtex auditivo, contribui com reduções permanentes na atividade neural responsável pela geração e percepção do zumbido1-5-6. Objetivo: Analisar a influência do uso do AASI na percepção do zumbido em adultos e idosos de um Serviço de Atenção à Saúde Auditiva. Métodos: Estudo de caráter qualitativo, realizado mediante aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, sob parecer nº 3.120.336, por meio da realização de duas entrevistas semiestruturadas, realizadas com 11 adultos e idosos de ambos os gêneros de 24 a 78 anos, com diagnóstico de perda auditiva adquirida neurossensorial e/ou mista, de grau leve a severo, uni ou bilateralmente, sem uso prévio de AASI e que tivessem atribuído nota igual ou maior que quatro (4) à queixa de zumbido em uma escala de zero(0) a dez (10). Em ambas as entrevistas, foi apresentado aos participantes a Escala Visual Analógica, sendo considerado percepção leve, notas de zero (0) a três (3), moderada quatro (4) a sete (7) ou severa oito (8) a dez (10)7. As entrevistas foram realizadas no dia da adaptação do aparelho auditivo e um mês após o seu uso. Para a organização da pesquisa, seguimos o método de análise proposto por Minayo8. Resultados: O uso do AASI influenciou positivamente na melhora da percepção do zumbido para 72% dos participantes. Dentre os 11 participantes, oito (8) perceberam diminuição do zumbido, destes, cinco (5) referiram nota zero (0) na segunda entrevista, sendo que anteriormente apresentaram percepção moderada ou severa do zumbido. Dois (2) sujeitos passaram da percepção severa para a leve e um (1) da percepção severa para moderada e três (3) sujeitos não observaram mudança no grau de percepção do zumbido. Os fatores de ordem emocional também foram relevantes neste estudo, no que se refere a maior ou menor percepção do zumbido. Em relação ao impacto do zumbido na qualidade de vida dos entrevistados, as falas apontam prejuízos na qualidade do sono, no âmbito social, familiar e emocional. Conclusão: O estudo aponta que o uso do AASI contribuiu para a melhora da percepção do zumbido para a maior parte dos participantes entrevistados (72%), melhora esta percebida durante o uso do AASI. Percebe-se também uma relação importante entre o zumbido e a qualidade de vida dos participantes. Os dados sugerem a importância do atendimento integral e interdisciplinar para compreender as implicações desse sintoma na qualidade de vida dessas pessoas, bem como para poder avaliar o benefício com o uso de AASI.
1. Esteves CC, Brandão FN, Siqueira CGA, Carvalho SA da S. Audição, Zumbido e Qualidade de Vida: Um Estudo Piloto. Revista CEFAC. [artigo online]. 2012 [acesso em 01 out 2019]; 14(5): 836-43. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v14n5/25-11.
2. Sanchez TG. Quem disse que zumbido não tem cura?: depoimentos e informações úteis para ajudar milhões de brasileiros. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo. 2019. 96p.
3. Cima RF, Grombez G, Vlaeyen JWS. Catastrophizing and Fear of Tinnitus Predict Quality of Life in Patients With Chronic Tinnitus. Ear & Hearing. 2011; 32(5): 634- 41.
4. Mathias KV, Mezzasalma MA, Nardi AE. Prevalência de transtorno de pânico em sujeitos com zumbidos. Rev Psiq Clín. 2011; 38(4): 139-42.
5. Rocha AV. Diretrizes para Intervenção Fonoaudiológica no Zumbido [Tese de Doutorado). Bauru: Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2018 [acesso em 01 outubro 2019]. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25143/tde-13072018- 093027/publico/AndressaVitalRocha_Rev.pdf.
6. Santos GM dos. A influência do gerador de som associado à amplificação convencional para o controle do zumbido: ensaio clínico cego randomizado [Tese de Doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina; 2013 [acesso em 01 out 2019]. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5143/tde-01112013- 141148/publico/GiseleMunhoesdosSantos.pdf
7. Leandro S de F, Mancini PC. Zumbido Crônico em Idosos: Uma proposta de Intervenção. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento. [artigo online]. 2016 [acesso em 01 out 2019]; 21(3): 295-308. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/download/80794/47397.
8. Minayo MCS. O desafio do conhecimento, pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2014.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1371
A INTERDISCIPLINARIDADE DA FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: Na parceria Fonoaudiologia e Odontologia a meta se dar através do sistema estomatognático - SE, campo de estudo que relaciona essas duas áreas e através do conhecimento complementar busca a saúde desse sistema, a reabilitação mais efetiva e melhor qualidade de vida para o paciente1. A atuação fonoaudiológica visa reeducar as funções do SE, por meio da especialidade em Motricidade Orofacial, buscando o equilíbrio do SE, o qual relaciona-se com vários ramos da odontologia2. A atuação multiprofissional amplia o trabalho em equipe, contribui para sociedade e anula o modelo individualista3. Objetivo: Sintetizar e descrever o trabalho em conjunto da fonoaudiologia e odontologia mostrando a importância da interdisciplinaridade nessas duas áreas da saúde. Metodologia: Trata-se de uma revisão sistematizada da literatura. Foi realizada uma busca no banco de dados Periódicos CAPES; os descritores utilizados foram: fonoaudiologia, odontologia e interdisciplinaridade; para o critério de inclusão os filtros usados foram: artigo, português e foram escolhidos os artigos que estavam de acordo com a temática abordada. Fez parte desse trabalho seis artigos que foram publicados entre os anos 2016 e 2020. Resultados: Ao realizar a busca foram encontrados 553 trabalhos, após a aplicação dos filtros restaram 220 artigos dos quais 6 foram escolhidos e utilizando para elaboração do trabalho a maioria das publicações não estavam de acordo com os critérios de inclusão. Dos artigos escolhidos um é uma revisão de literatura e o outro um relato de caso, os outros foram pesquisa realizada com ajuda de questionário para Odontólogos com objetivo de identificar sobre seus conhecimentos em relação a prática fonoaudiológica e sua relação com a odontologia e um questionário destinado aos Fonoaudiólogos com perguntas sobre a odontologia e seu trabalho em equipe com a fonoaudiologia. Um dos artigos mostra que a maioria dos Ortodontistas fazem encaminhamentos quando há casos relacionados com o SE; muitos Fonoaudiólogos relataram ter um percentual baixo de pacientes encaminhados por Cirurgiões-Dentistas. Nos outros trabalhos foi visto que parte dos dentistas relaciona o trabalho dos fonoaudiólogos apenas a questões de fala e audição, apesar disso, em outro estudo a maioria deles relataram fazer em caminhamento quando há casos de respirador oral. Conclusão: É possível observar a interdisciplinaridade entre essas duas profissões, porém ainda em quantidade pouco expressiva, sendo importante fortalecer ainda mais esta relação, pois são práticas que quanto maior o trabalho realizado em equipe, melhor será o resultado. De acordo com os achados podemos verificar que a fundamental importância da interdisciplinaridade entre as duas profissões.
Descritores: Fonoaudiologia; odontologia, interdisciplinaridade.
1. Rech RS, Brown MA, Cardoso MC, Vidor, Maahs MAP. Interfaces entre fonoaudiologia e odontologia: em que situações essas ciências se encontramn? Universitas: Ciências da Saúde, Brasília, 2015 jul./dez 13 (2), 111-125.
2. Amaral EC, Bacha SMC, Ghersel ELA, Rodrigues MI. Inter-relação entre a odontologia e a fonoaudiologia na motricidade orofacial. Rev. CEFAC, 2006 julio-septiembre, 8 (3), 337-351.
3. Silva TR, Canto GL. Integração odontologia-fonoaudiologia: a importância da formação de equipes interdisciplinares. Rev. CEFAC. 2014 Mar-Abr; 16 (2), 598-603.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
163
A INTERDISCIPLINARIDADE NA ELABORAÇÃO DE UM AUDIOBOOK AUDIODESCRITIVO: A CONEXÃO DAS PROFISSÕES FONOAUDIOLOGIA E ODONTOLOGIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Introdução: Estima-se que no mundo existem 36,9 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual e essas pessoas enfrentam diversas dificuldades em seu dia a dia pela falta de acessibilidade. A interdisciplinaridade pode ser uma prática educacional capaz de integrar diferentes conteúdos, pode favorecer o processo ensino e aprendizagem entre os envolvidos e pode beneficiar a comunidade externa à universidade. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada durante a adaptação do "Guia de Orientações Odontológicas para Bebês" para o formato audiobook audiodescritivo, destinado a pessoas com deficiência visual, pelo grupo interdisciplinar de pesquisa da Faculdade de Odontologia da UFMG que reúne discentes e docentes de graduação e pós-graduação dos cursos de Fonoaudiologia e Odontologia. Metodologia: A adaptação do material aconteceu no segundo semestre de 2019 envolvendo os passos: gravação da leitura em voz alta e audiodescrição de todo o conteúdo do "Guia de Orientações Odontológicas para Bebês" (material direcionado aos pais e responsáveis por crianças de 0 a 3 anos de idade contemplando orientações como higiene bucal, alimentação saudável, hábitos orais, sono e trauma dentário) em uma cabine audiométrica para evitar ruídos sonoros; edição das gravações em um aplicativo específico para vídeos e disponibilização pública de todo o material via site. Resultados: Percebeu-se que utilizar o espaço educacional para tornar acessível materiais relacionados à saúde da população, fortaleceu as ações e atividades, promoveu um diálogo entre diferentes áreas do conhecimento e sensibilizou a formação de estudantes da área da saúde. Conclusão: A atividade viabilizou ao grupo interdisciplinar aproveitar um material já elaborado e destinado à população a respeito da saúde bucal e torná-lo acessível às pessoas com deficiência visual. Além do aspecto inclusivo o material elaborado pode ser um recurso mais atrativo para pessoas que não apresentam a deficiência visual, devido ao formato em que foi adaptado que conta com imagens e o áudio. O grupo de pesquisa que reúne a fonoaudiologia e a odontologia, sentiu que sua formação foi enriquecida ao construir e disponibilizar todo o material e, futuramente, pretende-se realizar pesquisas que possam avaliar especificamente o impacto dessa adaptação ao público de pessoas com deficiência visual.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1502
A INTERPROFISSIONALIDADE NO ALEITAMENTO MATERNO DE PREMATUROS: UMA VISÃO DA FONOAUDIOLOGIA E PSICOLOGIA.
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: O prematuro necessita de diversas intervenções para conseguir se desenvolver. O aleitamento materno possui um papel importante no desenvolvimento de prematuros, pois colabora nutrindo o corpo, desenvolvendo a musculatura oral e também promove o vínculo entre mãe e bebê[1]. Os prematuros, em sua maioria, necessitam de auxílio para conseguirem mamar, até mesmo em seio materno, papel desenvolvido pelo fonoaudiólogo(a) nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal[2]. No processo inicial da amamentação é fundamental para o prematuro, que sua mãe esteja segura e constitua uma relação afetiva com o bebê, portanto, o papel do psicólogo é realizar acolhimento e dar suporte à esta mãe, trabalhar o fortalecimento da relação mãe-bebê e a construção de vínculos[3]. Desta forma, a inter-relação dos trabalhos desenvolvidos por ambas as áreas profissionais em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIn), são fatores fundamentais e determinantes no processo inicial do aleitamento materno. Objetivo: Relatar a prática do atendimento multiprofissional com a inter-relação da fonoaudiologia e psicologia com o recém-nascido prematuro, internado em uma UTIn, na primeira avaliação em seio materno. Método: Relato de experiência a partir de atendimentos realizados por fonoaudiólogo e psicóloga residentes pertencentes à um Programa de Residência Multiprofissional na área Materno-Infantil/Neonatologia de um hospital filantrópico do Rio Grande do Sul, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa: CAAE 2 31674920.2.0000.5342. Desenvolvimento: A prematuridade é uma condição do bebê que modifica a realidade do puerpério, entre essas alterações, está o aleitamento materno. Na UTIn, os prematuros e suas famílias enfrentam diversas situações, e o início da alimentação é um momento que exige atenção de toda a equipe ao binômio mãe/bebê. O fonoaudiólogo consegue com aptidão realizar essa transição e auxiliar a mãe e o bebê, no processo de aleitamento. Desta forma, a partir de atendimentos realizados pelas áreas de fonoaudiologia e psicologia durante o período de residência multiprofissional no programa materno-infantil/neonatologia, no cenário de uma UTIn, evidenciou-se a necessidade e a contribuição da inter-relação das áreas profissionais no processo de amamentação. O fonoaudiólogo consegue manejar a amamentação cuidando principalmente dos aspectos biológicos envolvidos, e quando atua junto com a psicóloga, ofertar atenção integral diante das demandas observadas no atendimento. Nas intervenções conjuntas, observou-se melhor aceitação e maior segurança das mães que receberam o acompanhamento interprofissional na primeira oferta de seio materno ao prematuro. Elas sentiram-se mais acolhidas, compreenderam o trabalho desenvolvido e conseguiram assimilar melhor o processo a ser construído pela amamentação, entendendo melhor os benefícios e as limitações momentâneas, pois não é todo prematuro que consegue mamar de maneira eficiente na sua primeira vez. Conclusão: O trabalho interprofissional entre as áreas da fonoaudiologia e psicologia, contribui para melhor desempenho do bebê no processo inicial da amamentação, as mães se sentiram mais confiantes e seguras quanto ao processo, portanto, conseguiram interagir com seus filhos, fortalecendo assim, o vínculo e a relação mãe-bebê, fatores estes, que contribuem para que o prematuro tenha bom desenvolvimento no processo da amamentação. Além disso, as mães conseguiram compreender os benefícios e limitações do processo inicial do aleitamento materno.
1- Almeida LIAM. Fatores que influenciam a amamentação à alta em recém-nascidos após o internamento numa unidade de apoio perinatal diferenciado. Viseu. Dissertação [Mestrado em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria] - Istituto Politécnico Viseu; 2017
2- Otto DM, Almeida ST. Desempenho da alimentação oral em recém-nascidos prematuros estimulados pela técnica treino de deglutição. Audiol Commun Res. 2016 nov. 22: e1717.
3- Portella RBC. Prematuridade e hospitalização: atravessamentos na construção da relação mãe-bebê. 2019. Tese (Doutorado). Universidade Católica de Pernambuco. Doutorado em Psicologia Clínica.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1801
A INTERPROFISSIONALIDADE NO TELEMONITORAMENTO DE SINTOMAS RESPIRATÓRIOS EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: O Programa de Educação pelo Trabalho PET - Saúde Interprofissionalidade tem a educação interprofissional em saúde como eixo central, visando como principal objetivo a promoção e a qualificação da integração ensino-serviço-comunidade. O programa contempla ações de educação interprofissional que são desenvolvidas na Atenção Primária à Saúde (APS) e envolvem estudantes de graduação, professores, profissionais da saúde, gestores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Devido à pandemia do COVID-19, o projeto alinhou-se à necessidade de ações relacionadas ao enfrentamento da doença. Desse modo, o telemonitoramento foi incorporado ao programa com o objetivo de monitorar pacientes com sintomas respiratórios que procuraram atendimento em unidades de saúde do município, identificando previamente os casos de agravamento dos sintomas respiratórios e encaminhando para equipe de atenção primária em saúde. Além disso, o acompanhamento desses pacientes visa esclarecer dúvidas em relação às medidas de isolamento social e realizar a orientação sobre a proteção e a prevenção da contaminação por coronavírus. Para isso, é indubitável a interprofissionalidade na ação, uma vez que cada profissional pode contribuir de forma única e qualificada, além de promover, aos futuros profissionais, a experiência do trabalho em equipe, a partir das trocas realizadas durante o telemonitoramento. OBJETIVO: Refletir sobre o efeito da interprofissionalidade e o papel do trabalho colaborativo nas equipes que realizam o telemonitoramento dos pacientes sintomáticos respiratórios da COVID-19. MÉTODO: As equipes são compostas por estudantes de diferentes cursos de graduação, professores e profissionais da saúde (preceptores nas unidades de saúde) também com diferentes formações e cada equipe é responsável por uma ou duas unidade de saúde do Distrito assistencial de uma Universidade Federal. O telemonitoramento acompanha os pacientes com sintomas respiratórios por 14 dias ou até que os mesmos testem negativo para o COVID-19 e não apresentem mais os sintomas respiratórios. Nesse tempo de acompanhamento, os pacientes e familiares trazem questões que vão além dos sintomas respiratórios, e cabe às equipes como um todo discutirem quais orientações podem e devem ser repassadas e qual a melhor forma de atender às demandas individuais de cada usuário/família. As dúvidas trazidas pelos pacientes também são debatidas pela equipe, com o propósito de encontrar as respostas mais assertivas, sendo a comunicação entre os membros da equipe e com os pacientes um tema recorrente nos grupos de trabalho (GT). RESULTADOS: Observa-se que a ação interprofissional no telemonitoramento possibilita uma excelente troca entre os participantes do projeto, tanto nas equipes/GTs das unidades, como entre as diferentes equipes e a gestão do distrito docente, trazendo vivências que contribuem de maneira ímpar para a formação do futuro profissional de saúde, incluindo a Fonoaudiologia, colaborando para o desenvolvimento das habilidades de comunicação, colaboração, cuidado humanizado e atenção centrada no paciente. CONCLUSÃO: A interprofissionalidade proporcionada pela integração dos professores e estudantes com os preceptores nas unidades de saúde e usuários tem se mostrado fundamental para o sucesso do telemonitoramento e para a promoção do cuidado dos usuários com sintomas respiratórios.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1986
A INTERSETORIALIDADE COMO DISPOSITIVO FORMATIVO EM EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE.
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)
Introdução:
Tendo a residência multiprofissional em Saúde da Família/Atenção Básica como cenário desta vivência, ampliando noções fundamentais da concepção de saúde, sujeito e vida, este trabalho constitui-se do relato e os desdobramentos de um projeto de intervenção intersetorial, envolvendo a Estratégia de Saúde da Família (ESF), o Núcleo de Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e um Centro de Educação Infantil (CEI). O projeto de intervenção foi elaborado com base no matriciamento e na educação popular em saúde.
Objetivos:
Organizar e qualificar as demandas fonoaudiológicas proveniente de um CEI;
Instrumentalizar os professores quanto ao desenvolvimento e estimulação da linguagem.
Métodos:
O projeto ocorreu em um bairro que a Atenção Básica (AB) esta presente num município de Santa Catarina e foi realizado entre os meses de setembro à outubro no ano de 2016.dois mil e dezesseis. A organização deste, ocorreu em função de um dos CEI ter solicitado a ESF encaminhamentos para o serviço de Fonoaudiologia, justificando a necessidade de acompanhamento desta especialidade para aproximadamente 25% dos alunos. Perante essa solicitação a ESF, sentiu a necessidade de acionar o NASF-AB na tentativa de solucionar a demanda no território. Os profissionais da AB, agendaram uma reunião entre os setores da saúde e educação, no desejo de compreender melhor esses encaminhamentos. No encontro, pactuou-se que as fonoaudiólogas iriam realizar observação em sala de aula e após isso, realizar uma proposta de trabalho. O projeto proposto foi: oficina com os professores e coordenação sobre desenvolvimento da linguagem e oficinas com as crianças, com a média de seis anos, e as professoras para estimulação da linguagem de forma coletiva.
A oficina com professores e coordenação foi realizada, teve-se como método fundamental a educação popular, onde construiu-se conhecimentos a partir da prática pedagógica dos professores, bem como suas experiências anteriores. Ao final do encontro, apresentou-se a proposta das oficinas com as crianças e também seria realizado encaminhamento para quem precisasse de atendimento.
Foi agendado, uma reunião entre os responsáveis pelo projeto a fim de definir o cronograma. Encontro esse que infelizmente não ocorreu, pois na data marcada, a coordenadora não compareceu e após tentativas em reagendar, a equipe da educação omitiu sua participação.
Resultados:
Infelizmente o projeto não alcançou os objetivos esperados pela equipe, pois os profissionais da saúde não compactuaram com o volume dos encaminhamentos. Já que estes estavam baseados no modelo da patologização e medicalização da infância, infelizmente ainda muito presente no contexto educacional. Os profissionais da educação optaram por desistir do projeto.
Esse projeto para nós, profissionais residentes, oportunizou a aprendizagem em planejar, organizar e executar ações intersetoriais em um território.
Conclusões:
A qualidade do diálogo intersetorial estabelecido, apesar do processo ter sido interrompido evidenciou que fazer na concepção da educação popular em saúde é uma possibilidade do profissional estar comprometido com a vida, com o território e com as pessoas, respeitando o tempo de aprendizagem e as necessidades de cada um.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
750
A LINGUAGEM E SEUS DISTÚRBIOS NA PERSPECTIVA DE FAMILIARES DE SUJEITOS EM ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: diagnósticos de distúrbios, durante o processo de apropriação da linguagem, podem ser limitados, na medida em que desconsideram a participação dos sujeitos/pacientes e de seus familiares/cuidadores nesse processo(1). Um olhar ‘patologizante’ por parte dos familiares/cuidadores aos sujeitos/pacientes com queixa na linguagem, bem como a ausência da escuta e do olhar para suas questões sociais e singulares podem limitar o trabalho clínico terapêutico(2). Uma abordagem que volta a atenção para familiares/cuidadores amplia as possibilidades terapêuticas, pois o envolvimento familiar contribui para que a relação do sujeito/paciente com a linguagem se efetive(3). Nesse sentido, uma proposta de ação em grupo, moderada pelo fonoaudiólogo, em que o diálogo é tomado como possibilidade de intervenção, pode propiciar condições para a percepção de questões vivenciadas por esses familiares/cuidadores, gerando reflexões e ressignificações sobre dificuldades e sintomas(4). Objetivo: analisar visões de familiares/cuidadores acerca do processo de linguagem e seus distúrbios em relação a sujeitos/pacientes em acompanhamento fonoaudiológico, durante trabalho em grupo moderado pelas pesquisadoras. Método: o presente estudo é transversal, qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, sob número 3.030.703. A pesquisa foi realizada em uma clínica-escola de Fonoaudiologia, vinculada a uma instituição de ensino superior privada. Participaram do estudo, cinco familiares/cuidadores, sendo quatro mulheres, mães, e um homem, pai, acima de 18 anos. Todos fizeram parte de cinco encontros, os quais foram gravados, transcritos e analisados, por meio de Análise de Conteúdo. Resultados: inicialmente, verificou-se que os participantes tinham uma concepção de linguagem relacionada ao bem falar, sendo a fala entendida como um ato mecânico e dependente de adequado funcionamento anatomofuncional; os sujeitos/pacientes eram tomados como passivos e colocados em posição de incapacitados, envergonhados e inseguros, à margem da sociedade; e os familiares sentiam-se sozinhos nas situações que vivenciavam com seus filhos(as). Quanto ao trabalho fonoaudiológico em grupo, realizado com eles, afirmaram que passaram a refletir sobre a linguagem, dando outros significados às situações vivenciadas com os filhos(as) e se sentindo menos solitários para compreender tais situações. Conclusão: a prática dialógica em grupo ampliou possibilidades de reflexões sobre processo de linguagem e seus distúrbios. Entende-se que outras pesquisas devem envolver atividades com famílias/cuidadores de pessoas em atendimento clínico fonoaudiológico, dando-lhes espaço para falar sobre dúvidas, receios e anseios, o que pode ser um caminho para que o fonoaudiólogo contribua para transformar sofrimento em potência, em sua atividade clínica.
1. SCHULZ, L., O.; CUSTODIO, M., M. C.; VIAPIANA, A. Concepções de Língua, linguagem, ensino e aprendizagem e suas repercussões na sala de aula de língua estrangeira. PLE, v.1, n.1, 2012.
2. MILANO, L.; RIBEIRO, J. O funcionamento de falas sintomáticas para além da distinção normal/patológico: contribuições Saussurianas, Rev. Let. Hoje, vol.53, Porto Alegre, 2018.
3. LOURENÇO, R. C.; MASSI, G. Grupo operativo como espaço para atividades dialógicas junto a idosos. Rev. do NESME, v.13, n.2, p.13-23, 2016.
4. BERBERIAN, A. P.; SANTANA, A. P. Fonoaudiologia em contextos grupais: Referencias teóricos e práticos. Plexus editora, São Paulo, 2012.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
969
A METODOLOGIA ATIVA NO ENSINO REMOTO DE EMERGÊNCIA EM FONOAUDIOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Introdução: o ensino remoto de emergência é uma mudança transitória utilizado como ensino alternativo em virtude de situações de crise, como a pandemia do Covid-19 (1). Assim, mudanças precisam ser realizadas. Objetivo: Descrever relato de experiência acerca da oferta de módulo optativo sob a forma a distância em tempos de Covid-19 em um curso de graduação em Fonoaudiologia. Método: Foi realizada a oferta totalmente online do módulo optativo Tópicos Especiais em Ética Profissional por duas discentes de um curso de graduação em Fonoaudiologia, aos discentes do respectivo curso, adotando-se o modelo flipped classroom, ou seja, sala de aula invertida (2). A duração do módulo foi de um mês, com carga horária de 60 horas. Foram disponibilizados na plataforma institucional digital (Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas, SIGAA) artigos científicos, resoluções, pareceres e recomendações do Conselho Federal de Fonoaudiologia, bem como o Código de Ética do Profissional Fonoaudiólogo. Foram utilizados aplicativos e serviços de comunicação por vídeo como o Google Meet, o Zoom, o Whatsapp, além do SIGAA (para depósito de materiais, fórum, mural de notícias e chats). Adotaram-se ritmo individual e de classe, com sincronia mista de comunicação online e pedagogia colaborativa com o debate, no decorrer do módulo, de sete situações-problema. Atividades lúdicas foram realizadas nos encontros virtuais síncronos como forma de enfrentamento mental pelos impactos do Covid-19. Resultados: De um total de 172 alunos, 20 efetivaram a matrícula (11,63%), sendo 85% do gênero feminino. A maioria matriculada entre o III (n=8, 40%) e o IV Ciclos do curso (n=7, 35%). As leituras prévias dos assuntos discutidos nas aulas virtuais assíncronas permitiram o conhecimento dos aspectos legais da Fonoaudiologia e os encontros síncronos, a apreensão do conteúdo e a retirada de dúvidas. Não foram encontradas dificuldades, por parte dos discentes, em relação ao método adotado, ao contrário do relatado pela literatura (3), uma vez que o curso que frequentam oferece metodologia de ensino problematizador em sua integralidade. Dificuldades foram encontradas quanto ao acesso às plataformas virtuais (20% da amostra), sendo solucionadas pelo uso combinado de diferentes sistemas de comunicação virtual. Conclusão: A metodologia ativa como proposta pedagógica permite que, em tempos de crise, haja maior adaptação por parte dos estudantes a métodos problematizadores como o flipped classroom; a apreensão de conteúdos considerados imprescindíveis aos futuros fonoaudiólogos, sob a forma virtual; bem como pode ser considerada como uma estratégia de saúde mental para todos os envolvidos no processo de Educação Superior em Fonoaudiologia.
Palavras-chave: Aprendizagem Baseada em Problemas, Fonoaudiologia, Ensino, Educação a Distância.
1. Hodges C, Trust T, Moore S, Bond A, Lockee B. As diferenças entre o aprendizado online e o ensino remoto de emergência. Rev. Esc. prof. educ. tecnol. [periódico na Internet]. 2020 [citado 2020 July 05];2:[cerca de 12p.]. Disponível em: http://escribo.com/revista/index.php/escola/article/view/17.
2. Talbert R. Guia para utilização da aprendizagem invertida no ensino superior. Porto Alegre: Penso; 2019.
3. Lopes SFSF, Gouveia L, Reis P. O Método MaCAIES: uma proposta metodológica para a implementação da sala de aula invertida no ensino superior. RSD [periódico na Internet]. 2020 [citado 2020 July 05];9(2):[cerca de 17p.]. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7342136.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1959
A MONITORIA COMO APOIO AO ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
O cenário vigente, frente a pandemia de COVID-19, está sendo contemplado por adaptações em diversos setores da sociedade, dentre eles o educacional, que está sendo promovido mediante ensino remoto. Entretanto, há divergências nessa modalidade devido às questões sociais e psicológicas dos discentes, assim, é notável a implantação de métodos que facilitem sua aprendizagem. Dessa forma, a monitoria se apresenta como importante instrumento para consolidação de conteúdo. O objetivo do trabalho consiste em apresentar um relato de experiência das atividades desenvolvidas no formato remoto por discentes do curso de graduação em Fonoaudiologia, no projeto de monitoria, no período de junho e julho de 2020. O presente relato dispensa aprovação do Comitê de Ética e foi realizado mediante análise longitudinal do projeto de monitoria na disciplina Diagnóstico Audiológico, com a participação de uma docente coordenadora e três discentes. As aulas síncronas foram ministradas pela docente na plataforma Google Meet com plantão de dúvidas no Instagram. As atividades assíncronas foram desenvolvidas pelas discentes mediante ferramentas facilitadoras de aprendizagem, contando com redes sociais, como YouTube, Instagram e WhatsApp. Os resultados foram analisados de forma descritiva. Para compor o conteúdo assíncrono, foram elaborados estudos dirigidos que contemplam as aulas síncronas para melhor fixação do conteúdo. A logística do estudo permitia ao aluno escolher 5 de 10 perguntas para serem respondidas, sendo possível analisar a prevalência de questões escolhidas e direcionar as possíveis fragilidades a serem revisadas. Também houve a participação ativa dos discentes com auxílio de enquetes para construção do raciocínio clínico. Posteriormente, as dificuldades encontradas foram retomadas e revisadas em aula. As monitoras elaboraram vídeos interativos como mais uma ferramenta para ampliar as formas de aprendizagem, e assim proporcionar atividades variadas. Com o auxílio de três mestrandas e uma fonoaudióloga foi desenvolvido um grupo de estudos sobre mascaramento, com três encontros na plataforma Google Meet. Durante o planejamento dos encontros, foram elaborados casos clínicos e materiais de apoio para fixação do conteúdo. A proposta acolheu discentes do curso de graduação de fonoaudiologia e público externo. Foi elaborado um formulário online para obter um feedback dos alunos sobre a disciplina e relataram “o instagram serviu perfeitamente para tirar dúvidas do que não entendi ou passou despercebido na aula",“criatividade nas aulas, facilidade de comunicação, aprendizado produtivo.” e “poder assistir às aulas quantas vezes quiser no youtube e conseguir anotar o máximo de detalhes possíveis”. Em relação a percepção das monitoras foi possível identificar que o processo incentivou a criatividade e o aperfeiçoamento tecnológico, ainda relataram “a monitoria nos faz pensar em como gostaríamos que o assunto fosse abordado e sua importância no processo criativo para a aprendizagem”. As redes sociais fazem parte do cotidiano dos discentes, o que facilitou a adesão nessas plataformas. Pode-se observar que ao serem utilizadas a favor da aprendizagem houve uma melhor participação dos alunos. Com isso, conclui-se que as metodologias elaboradas na monitoria contribuíram para a consolidação da aprendizagem no formato remoto. Além disso, o projeto fomenta a formação acadêmica dos discentes e estimula o interesse pela docência.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
903
A MONITORIA COMO PRECURSORA DA METODOLOGIA ATIVA EM UM CURSO DE FONOAUDIOLOGIA TRADICIONAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Introdução: A monitoria no ensino superior é um recurso amparado pela Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996, que visa efetivar o aprendizado do estudante neste nível de ensino (1). Objetivo: Descrever relato de experiência acerca da monitoria em Motricidade Orofacial oferecida em um curso de Fonoaudiologia com método tradicional de ensino. Método: Pela oferta de quatro vagas de monitoria para a disciplina Sistema Sensório Motor Oral do primeiro ano do curso de graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal de Sergipe, campus São Cristóvão, quatro discentes passaram e auxiliaram dois docentes na disciplina supracitada. Foram realizados encontros periódicos entre monitores e docentes e semanais entre monitores e discentes matriculados no curso. A monitoria foi estruturada na perspectiva das metodologias ativas de ensino e aprendizagem, com elaboração e discussão de situações-problema, de casos clínicos e debate de textos científicos, a partir do conteúdo programático da disciplina. Resultados: De um total de 52 alunos matriculados na disciplina, 78,85% do gênero feminino, 25,19% participaram dos onze encontros com os monitores (média: 13,1 ± 4,76), em que os três monitores participaram ativamente do processo. Os debates prévios dos temas do conteúdo previamente estabelecido entre os monitores e os discentes permitiram que as aulas da disciplina fossem mais reflexivas, havendo participação ativa dos discentes nesses momentos. Corroborou o que a literatura relata sobre a monitoria ser um instrumento auxiliar no processo de ensino-aprendizagem de fundamental importância para os monitores quanto para os docentes que podem trabalhar melhor os conteúdos em sala de aula (2), além de possibilitar aos participantes um ensino híbrido entre a metodologia tradicional e a ativa de ensino na unidade curricular em estudo (motricidade orofacial) e número reduzido de reprovações na disciplina (n=1; 1,92%), corroborando com achados da literatura (3). Conclusão: A monitoria permitiu aos discentes que a executaram o aprimoramento em motricidade orofacial, a experiência na docência e nas metodologias ativas. Além disso, beneficiou os discentes matriculados na disciplina com um melhor rendimento acadêmico e a possibilidade das docentes responsáveis pela disciplina conhecerem as dificuldades dos estudantes, conseguindo, a tempo, minimizar dúvidas e diminuir reprovações. Conclui-se que a monitoria é um espaço privilegiado de formação e, quando praticada com métodos ativos de ensino e aprendizagem, fomentam maior interesse e participação dos estudantes.
Palavras-chave: Fonoaudiologia, Ensino, Monitoria.
1. Souza Mendes RM, Sobreira MFG, Soares CQG, Fontes LBA, Oliveira Andrade MAC, Segheto W. Monitoria no ensino superior: contribuições em uma faculdade privada de medicina. Rev cient. FAGOC saúde. 2018;3(1):35-40.
2. Diesel S, Carrazoni GS, Rambo LM. Monitoria no ensino superior: uma ferramenta essencial de aprendizagem. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão 2017;9(1):14.
3. Souza PMB, Santos Albuquerque JD, Silva AFM, Sousa EMD, Paiva MDEB. (2020). Metodologias ativas de ensino e aprendizagem no ensino da Anatomia Humana: uma experiência usando massa de modelar e outras ferramentas de comunicação em um projeto de monitoria. Braz. j. dev. 2020;6(6):41834-43.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1261
A MOTIVAÇÃO PARA APRENDER NO ENSINO FUNDAMENTAL E A INFLUÊNCIA DE ASPECTOS INDIVIDUAIS E CONTEXTUAIS
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
INTRODUÇÃO: A motivação para aprender tem despertado o interesse de muitos pesquisadores das áreas da saúde e educação por exercer influência no rendimento escolar e acadêmico, estando relacionada a fatores pessoais e contextuais (1).
OBJETIVO: verificar a associação entre a motivação para aprender e o perfil sociodemográfico, a qualidade de vida, a autopercepção de saúde, os recursos do ambiente familiar, o desempenho escolar e as capacidades e dificuldades de estudantes do ensino fundamental de uma escola de financiamento privado.
MÉTODO: trata-se de estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob parecer de número 2.422.795 com delineamento observacional, analítico e transversal realizado com 124 estudantes do ensino fundamental II de uma escola de financiamento privado. Foram utilizados os instrumentos Caracterização dos Participantes, Escala de Motivação para a Aprendizagem (EMAPRE) (2), Autopercepção de Saúde, Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ-Por) (3), Questionário Pediátrico sobre Qualidade de Vida (PedsQL™) (4) – versão pais e filhos, Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) (5) e o Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) (6). O desempenho escolar foi obtido pela média do aproveitamento das disciplinas no período pesquisado. Foram realizadas análises descritiva, bivariada e multivariada. A análise descritiva considerou a distribuição de frequência absoluta e relativa das categóricas e de síntese numérica das contínuas, por meio do Teste Kolmogorov-Smirnov. A análise inferencial e as análises bivariada e multivariada foram utilizadas para avaliação da associação entre as variáveis resposta e explicativas. Foram utilizados os testes qui-quadrado de Pearson e qui-quadrado de tendência para as variáveis ordinais e para avaliar a associação entre as variáveis em formato contínuo, utilizou-se o teste de Mann-Whitney. A adequação dos modelos de regressão logística múltipla foi avaliada pelo teste de Hosmer e Lemeshow.
RESULTADOS: a maioria dos participantes era do sexo feminino, pertencia à classe econômica A e avaliou sua saúde como boa ou excelente. O domínio Meta Aprender da EMAPRE apresentou a maior média quando comparado aos outros domínios (29,3; DP=4,7; mediana 31). A maioria dos estudantes apresentou desempenho excelente (12%) e muito bom (40%), e 48% avaliaram positivamente as três dimensões da qualidade de vida (física, psicosocial e escolar). As variáveis recursos do ambiente familiar, desempenho escolar e dificuldades dos estudantes não permaneceram associadas aos domínios da EMAPRE na regressão logística múltipla. A variável perfil sociodemográfico não apresentou associação com a motivação para aprender nesta amostra. A motivação para aprender de melhor qualidade (Meta-aprender) mostrou-se associada à maior qualidade de vida, às capacidades dos adolescentes e à autopercepção positiva de saúde.
CONCLUSÃO: Consideradas a fase de transição e desafios inerentes à adolescência e a complexidade do processo de aprendizagem e suas consequências dentro e fora do âmbito educacional, ressalta-se a importância de pais e educadores no estímulo ao autoconhecimento, autocuidado e desenvolvimento de habilidades que despertem o interesse por aprender.
1. Martinelli SC. Um estudo sobre desempenho escolar e motivação de crianças. Educ rev. 2014(53):201-16.
2. Zenorini RDPC, dos Santos AAA. Escala de metas de realização como medida da motivação para aprendizagem. Interamerican Journal of Psychology, 2010;44(2):291-8.
3. Goodman R. The Strengths and Difficulties Questionnaire: a research note. J Child Psychol Psychiatry. 1997;38(5):581-6.
4. Varni JW, Seid M, Kurtin PS. PedsQL 4.0: Reliability and validity of the Pediatric Quality of Life Inventory Version 4.0 generic core scales in healthy and patient populations. Med Care. 2001;39(8):800-12.
5. ABEP: Associação Brasileira de Empresa de Pesquisa [Internet]. São Paulo: Associação Brasileira de Empresa de Pesquisa; 2018. Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB). [cited 2019 Sep 7]. Available from: http://www.abep.org/criterio-brasil.
6. Marturano EM. O inventário de recursos do ambiente familiar. Psicol Reflex Crit. 2006;19(3):498-506.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
291
A MÚSICA COMO ESTRATÉGIA DE INTERAÇÃO E POTENCIALIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
Introdução
A música tem sido percebida como uma estratégia facilitadora no processo de ensino e aprendizado. Ela pode ser compreendida como um importante meio de comunicação e expressão do indivíduo, além de ser uma arte de caráter universal, pois rompe as barreiras dos idiomas. Estudos demonstram que as crianças são capazes de reagir a estímulos musicais desde o intraútero, e que respostas comportamentais são evidentes quando essas crianças são expostas às mesmas músicas no pós natal. O fonoaudiólogo que atua no meio educacional precisa estar atento às diversas formas de estimular o desenvolvimento da criança, tendo a música como uma grande aliada.
Objetivo
Relatar um Oficina desenvolvida por alunos de Fonoaudiologia em um Centro de Educação Infantil (CEI) do interior do estado de São Paulo
Método
Este estudo baseia-se em relato de experiência.
Resultados
Para essa atividade, foram confeccionadas “formiguinhas” com papel cartonado preto, olhos móveis de acrílico, cola quente, tintas coloridas e arames flexíveis. Havia dois furos nas extremidades inferiores das formiguinhas onde era possível inserir os dedos indicadores e médios. Cada estagiário tinha um exemplar da formiguinha, que foi utilizado como forma de facilitar a interação entre ele e as crianças do maternal. Um dos estagiários tocou violão enquanto as estagiárias e a professora cantavam e dançavam com as crianças as músicas "Formiguinha / Fui ao mercado comprar (...)" e "Cabeça, ombro joelho e pé". Observou-se nas crianças a coordenação do movimento motor grosso, a capacidade de adaptação, as relações interpessoais, bem como a propriocepção. Essa dinâmica foi realizada dentro das salas de aula, em dois dias distintos, com um intervalo semanal.
Conclusão
Nos contatos iniciais, as crianças se mostraram um pouco inibidas. Com o decorrer das apresentações, elas adquiriram mais confiança e segurança. Os professores, por outro lado, se mostraram bastante receptivos e participativos desde o começo da execução das atividades, convidando-nos a retornar outras vezes, alegando que as crianças geralmente gostam muito desse tipo de atividade lúdica. Com essa dinâmica foi possível também notar um desenvolvimento adequado em relação a idade e escolaridade das crianças observadas, apesar delas apresentarem características diferentes, que tinham associação direta tanto com as capacidades intrínsecas quanto a qualidade dos estímulos recebidos nos diversos ambientes, tais como escolar, familiar, dentre outros.
Os estudantes, por outro lado, puderam compreender melhor as dinâmicas e as possibilidades de atuação de um profissional que está inserido diretamente no contexto educacional.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
475
A MÚSICA COMO FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO E EXPRESSIVIDADE DE ADOLESCENTES
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano marcada por várias transformações biológicas, psicológicas e sociais. Sendo primordial a prevenção de agravos, a promoção da saúde e uma assistência adequada aos adolescentes desde a atenção primária. Além disso, compreender os aspectos biopsicossociais e buscar uma relação sólida entre adolescentes e equipes envolvidas na assistência à saúde, facilita o cuidado integral, o acompanhamento e o desenvolvimento dessa população(1,2). Para isso, a música se torna um recurso de aproximação desse público, pois funciona como um mecanismo de socialização entre eles e um canal de expressão para comunicar sentimentos, necessidades e desejos(3,4). Na área da saúde, a música é utilizada na reabilitação através da musicoterapia, ferramenta promotora do bem-estar individual ou de grupos, que está inserida nas Práticas Integrativas e Complementares à Saúde(5). O que a torna um elemento comum à vivência de profissionais da saúde e ao público adolescente. Objetivo: Descrever uma ação de promoção à saúde utilizando a música como facilitadora da comunicação e da expressividade de adolescentes. Método: A Ação foi desenvolvida por uma fonoaudióloga e uma psicóloga em uma escola e teve a participação de 53 adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 15 e 17 anos. Os escolares foram divididos em três grupos para facilitação da logística das atividades, que tiveram duração de uma hora. O público foi disposto em uma sala de aula com cadeiras em círculo e a proposta contemplou três atividades musicais: 1) Comunicação por meio do som - os adolescentes deveriam comunicar o que sentiam por meio de batidas com palitos na cadeira, podendo serem feitas de maneira livre, em forte ou fraca intensidade, de maneira rápida ou lenta, desde que representasse a forma deles se comunicarem. 2) Expressividade corporal a partir de estímulo sonoro: Eram apresentados sons instrumentais de diferentes ritmos que eram alternados e os participantes tinham que se expressar com o corpo conforme o estímulo sonoro em questão. 3) Quem canta seus males espanta: Foi disponibilizado instrumentos musicais e microfone acoplado a uma caixa de som para que os adolescentes se expressassem com canções a partir de suas preferências musicais. Ao final da ação, juntou-se os três grupos no pátio da escola para feedback da atividade. Resultados: A partir da observação e relato dos adolescentes, a ação propiciou melhora da interação entre eles, com notório aumento da expressividade, principalmente das emoções, sendo descrita por maioria dos participantes a diminuição do sentimento de vergonha. Nos aspectos comunicacionais, observou-se menor reatividade emocional na fala e no discurso dos adolescentes, assim como, melhora da segurança e propriedade ao comunicar suas experiências após a intervenção. O que pode ser indicativo de possíveis ganhos na função pragmática da linguagem, no que tange ao seu uso social. Conclusão: No âmbito da promoção à saúde, atividades com música melhoram a comunicação e expressividade de adolescentes, sendo facilitadoras desse processo. Podendo ainda, mediar as interações interpessoais e os aspectos socioemocionais dos sujeitos.
Palavras-chave: Música, Adolescente, Saúde do Adolescente, Assistência Integral à Saúde, Comunicação.
1 Gonçalves JBB, Correia EGD, Cardozo LF, de Matos MDLP, Maciel YKQ. VISÃO DOS ADOLESCENTES FRENTE AOS SERVIÇOS DE SAÚDE PRESTADOS EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA. UNIFUNEC CIÊNCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS,2019. 3(5).
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde integral de adolescentes e jovens: orientações para a organização de serviços de saúde.Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 44 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
3 Machado MGM, De Vilhena APMP. Juventude e a produção de sentidos: uma análise da recepção de mensagens transmitidas em músicas dos gêneros musicais Rap e Trap, através da teoria das mediações. In: 42º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2019. p,1-15.
4 Dreher SC. A canção: um canal de expressão de conteúdos simbólicos e arquetípicos. Psicologia Argumento, 2005. v. 23, n. 42, p. 55-63.
5 Sousa Leandra Andréia de, Barros Nelson Filice de. Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde: avanços e desafios. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. 2018. 26: e3041.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
417
A MÚSICA É CAPAZ DE MELHORAR OS NÍVEIS DE ATENÇÃO AUDITIVA?
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
TÍTULO: A música é capaz de melhorar os níveis de atenção auditiva? INTRODUÇÃO: Trabalhos mostram que o sistema auditivo central está especialmente ligado ao desenvolvimento das nossas habilidades de linguagem e, consequentemente, as nossas relações sociais e comunicação verbal¹. Os Potencias Evocados Auditivos fornecem informações sobre o sistema auditivo como um todo, desde o sistema auditivo periférico até o sistema auditivo central, como os Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência (PEALL). Os PEALL são realizados para verificar os processos cognitivos da audição e a integridade das vias auditivas centrais, de forma clínica². Uma revisão de literatura realizada sobre artigos publicados que relacionavam a música e cognição, descreve estudos que comprovaram que quando a música está envolvida a facilidade para memorização é maior³. Outro estudo buscou comparar como os diferentes tipos de ritmos musicais influenciam no sistema auditivo. Como resultado, esse estudo mostrou que comparando os diferentes ritmos não houve mudanças significativas, mas quando comparado o grupo de mulheres que recebeu o estímulo da música e o que não recebeu, a música ajudou a manter a atenção das participantes que estava recebendo o estimulo, o mesmo não aconteceu com o grupo controle4. Nesse projeto, levantamos a seguinte questão: A música pode influenciar nos níveis de atenção auditiva? OBJETIVO: Verificar os efeitos da música sobre o processamento auditivo central. MÉTODOS: Foi analisada uma voluntária saudável jovem, com 25 anos de idade. O processamento auditivo central foi analisado por meio do PEALL. Quanto ao parâmetro de análise foi considerado como objeto de estudo o componente P3 (P300). A voluntária foi examinada em dois dias diferentes randomizados. Em um dia, as variáveis foram analisadas antes da exposição à música e imediatamente após a música por meio do fone de ouvido. Em outro dia, os mesmos procedimentos foram realizados, porém, com o fone de ouvido desligado. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética (processo n° 419/2012) e obedeceu à resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996. RESULTADOS: Analisando os dados do primeiro dia de coleta, observa- se que o estímulo potencializou a atenção do indivíduo, evidenciado pelo aumento dos valores de amplitude da onda P3. Na orelha esquerda, houve aumento próximo de 50%, ao passo que na orelha direita, o valor aumentou mais que 100%. A coleta referente ao segundo dia não foi possível análise devido aos artefatos excessivos da amostra. A pesquisa está em processo de desenvolvimento, por isso é apenas o resultado parcial. CONCLUSÃO: Nesse primeiro momento, observa- se que a resposta do individuo foi potencializada após a música, o que reforça nossa hipótese inicial de que a música é capaz de melhorar os níveis de atenção auditiva. Precisa-se de maior amostra para confirmar a hipótese.
1- VIVIANE, B. et al. Interaction Between Cortical Auditory Processing and Vagal Regulation of Heart Rate in Language Tasks: A Randomized, Prospective, Observational, Analytical and Cross-Sectional Study. Scientific reports, v. 9, n. 1, p. 4277, 2019.
2- DUARTE, Josilene Luciene et al. Potencial evocado auditivo de longa latência-P300 em indivíduos normais: valor do registro simultâneo em Fz e Cz. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 75, n. 2, p. 231-236, 2009.
3- PEDERIVA, Patrícia Lima Martins; TRISTÃO, Rosana Maria. Música e cognição. Ciências & Cognição, v. 9, 2006..
4- DE SÁ, Cintia Ishii; PEREIRA, Liliane Desguado. Musical rhythms and their influence on P300 velocity in young females. Brazilian journal of otorhinolaryngology, v. 77, n. 2, p. 158-162, 2011.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
480
A MUSICALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA NO ESTÍMULO DAS HABILIDADES DE PROCESSAMENTO AUDITIVO
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Introdução: O processo de musicalização visa promover vivências dos elementos básicos da música, objetivando o desenvolvimento musical a partir das propriedades do som: altura (sons graves e agudos); intensidade (sons fortes e fracos); duração (sons curtos e longos) e timbre (identidade do som)(1-3). Nesse sentido, surge a importância da música como instrumento para o desenvolvimento do processamento auditivo, justamente porque as propriedades do som que é a base de todo fazer musical correspondem diretamente com as habilidades auditivas(4). Além disso, a música é um recurso lúdico para qualquer faixa etária que está presente no cotidiano das pessoas e gera efeitos positivos no cérebro, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, linguístico e psicomotor(5). Com isso, acredita-se que utilizar o ensino de elementos sonoros musicais para conscientização da função auditiva pode auxiliar na prática fonoaudiológica para estimulação das habilidades auditivas, principalmente em sujeitos com alterações no processamento da audição. Objetivo: Apresentar a musicalização como ferramenta coadjuvante à prática fonoaudiológica para estímulo das habilidades auditivas. Método: Foram elencadas as propriedades sonoras presentes na música que são comurmente utilizadas na pedagogia musical e correlacionadas aos objetivos da terapia do processamento auditivo. A partir do ensino de quatro propriedades básicas, o volume, o timbre, a duração e a altura, torna-se possível desenvolver respectivas metas terapêuticas para cada habilidade relacionada a esses elementos musicais. Dispondo da utilização de instrumentos musicais de fácil manuseio ou adaptados à rotina do profissional, é sucedida a efetividade na demonstração de tais propriedades. O volume desenvolve a capacidade de reconhecer o estímulo sonoro e reproduzi-lo conforme sua intensidade, o elemento timbre serve como identificador da diferença entre dois sons ou instrumentos. Com a duração se trabalha o tamanho do som, desde a distinção de sons curtos e longos até a divisão de sons dentro de uma pulsação em uma unidade de tempo e a altura promove a percepção da frequência de determinado som, o posicionamento das notas numa escala, referindo-se aos sons graves e agudos e toda gama de possibilidades sonoras entre eles(6). Resultados: O ensino das quatro propriedades sonoras citadas nesse trabalho, promove a realização de atividades que influenciam principalmente, no estímulo dos padrões temporais da audição (sequenciamento do som e aspectos suprassegmentais da fala) por meio da pulsação. Estimula ainda, o reconhecimento auditivo (padrões de frequência, intensidade e duração sonora) através dos elementos de altura, volume e duração ou divisão rítmica. Assim como, propicia a estimulação da discriminação auditiva (entre sons verbais e não verbais ou entre sons distintos) valendo-se do elemento timbre(4). Como consequência, reforça as funções de atenção seletiva e memória auditiva. Conclusão: A musicalização torna-se uma ferramenta coadjuvante ao trabalho fonoaudiológico, atuando na conscientização sonora e auxiliando na estimulação das habilidades do processamento auditivo. Esse recurso, pode ser inserido em ações da Fonoaudiologia no contexto educacional em paralelo as práticas pedagógicas musicais e sobretudo na reabilitação clínica audiológica dentre as atividades utilizadas no planejamento terapêutico individual.
Palavras-chave: Música, Audição, Percepção auditiva.
1 Brito Teca. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. 2ª edição. São Paulo: Peirópolis, 2011.
2 Mateiro T. Ilari B. (Org). Pedagogias em educação musical. Curitiba: Ibepex, 2011.
3 Jordão C, et al. (Org). A música na escola. São Paulo:Alucci & associados comunicações, 2012.
4 Louro V, Louro F. Avaliação Auditiva de Sequencia Sonoro Musical: um estudo piloto para validação de teste musical para pessoas com TEA. Revista música (Usp)15(1): 103- 125, 2015.
5 Casarotto FD, De Vargas LS, Mello-Carpes PB. Música e seus efeitos sobre o cérebro: uma abordagem da neurociência junto a escolares. Revista ELO–Diálogos em Extensão, v. 6, n. 02, 2017.
6 Louro Viviane. A educação musical unida à psicomotricidade para o neurodesenvolvimento de pessoas com TEA. Tese de Doutorado. Departamento de neurologia/neurociências: Unifesp, 2017.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
980
A OFERTA DO ENSINO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOS CURSOS DE FONOAUDIOLOGIA NO BRASIL
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: a disciplina Língua Brasileira de Sinais (Libras) deve ser ofertada obrigatoriamente¹ durante a formação do fonoaudiólogo, em Instituições de Ensino Superior (IES) privadas ou públicas. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para as áreas da saúde² definem que a Libras pertence ao conjunto de temas transversais no currículo, na perspectiva de direitos humanos. Entretanto, os documentos oficiais não apresentam sugestões de carga horária (CH) total para o curso de Fonoaudiologia. Dada a relevância do conhecimento da estrutura e funcionamento da Libras aplicada às diversas possibilidades de intervenção, faz-se necessário discutir a sua implementação no curso de Fonoaudiologia. Objetivo: analisar a oferta e carga horária da disciplina Libras nos cursos de graduação em Fonoaudiologia no Brasil. Método: estudo documental do tipo descritivo. Realizou-se uma busca no site e-MEC, plataforma online do Ministério da Educação³, pelas IES que oferecem o curso de Fonoaudiologia no Brasil. Foram realizados acessos aos websites das IES para análise da matriz curricular de ensino dos cursos e seleção de todas as disciplinas que envolviam o ensino de Libras. Foram considerados cursos ativos e presenciais, desconsiderados cursos à distância ou que não estivessem em oferta no website da IES. Por serem dados públicos e extraídos de websites, a submissão ao comitê de ética em pesquisa foi dispensada. Os dados foram tabulados e analisados de forma descritiva, a partir da carga horária total, teórica e prática; semestre de oferta e tipo de IES. Resultados: Foram encontrados 134 cursos de graduação em Fonoaudiologia no Brasil. Após análise e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram considerados 83 cursos. Nove instituições não apresentaram em seus websites a grade curricular do curso. Logo, foram analisadas 74 matrizes curriculares. Dessas, 62 (83,7%) ofertaram disciplinas de Libras no ensino, sendo 40 IES privadas (64,5%) e 22 IES públicas (35,5%). 88% não apresentavam a CH teórica ou prática, apenas a CH total, média de 46 horas semestrais, para IES públicas e privadas. Entretanto, a carga horária total média de Libras durante a graduação é de 58 horas para as instituições privadas, 61 para instituições públicas e 59 em ambas. Cinquenta IES (80,6%) oferecem o ensino de Libras em apenas uma disciplina, nove (14,5%) ofertam em duas disciplinas, e quatro (6,45%) subdividem em três. Para as 13 IES que subdividem a disciplina, as CH mínima e máxima encontradas foram de 30 e 68 horas/semestrais e 60 e 126 horas/curso, respectivamente. A maioria das disciplinas é ofertada ao longo do primeiro ano do curso (n= 30 disciplinas; 27 IES). Para o segundo, terceiro e quarto ano foram encontradas 25, 16 e 7 disciplinas, respectivamente. Conclusão: 6,3% dos cursos de Fonoaudiologia não contemplam a Libras em sua matriz curricular. A CH média proposta é insuficiente para uma apropriação mínima para fins de intervenção em Fonoaudiologia⁴. Inserir esta disciplina somente no primeiro período entende-se como um dificultador para a aplicação do conhecimento, tal como propõe a legislação¹, que é o respeito ao direito a integralidade da atenção à saúde e à educação da pessoa surda.
1. Brasil. Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Brasília, 2005. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Brasília, 2005.
2. Brasil. Conselho Nacional de Saúde (CNS). Resolução nº 569 de 8 de dezembro de 2017. Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação da área da saúde. Disponível em: Acesso em: 29 jun 2020.
3. Guarinello AC, Berberian AP, Eyng DB, Festa PSV, Marques JM, Bortolozzi KB. A disciplina de Libras no contexto de formação acadêmica em fonoaudiologia. Rev. CEFAC [Internet]. 2013 Apr [cited 2020 June 25]; 15( 2 ): 334-340.
4. Brasil. Ministério da Educação. Portaria nº. 21, de 21 de dezembro de 2017. Dispõe sobre o sistema e-MEC, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação, avaliação e supervisão da educação superior no sistema federal de educação e o cadastro nacional de cursos e instituições de educação superior cadastro e-MEC. Diário Oficial da União 22 dez 2017; Seção 1.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
491
A ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ACADÊMICO-CIENTÍFICOS E O PROTAGONISMO DISCENTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
INTRODUÇÃO: Com o intuito de comemorar os 10 anos do Curso de Graduação em Fonoaudiologia de uma instituição de ensino superior, a I Jornada de Fonoaudiologia foi proposta por iniciativa discente da primeira liga acadêmica formada em 2018. A ação de extensão contou com a participação de todo o corpo docente e discente do curso. O evento foi gratuito e aberto a toda comunidade das instituições de ensino e a profissionais fonoaudiólogos e de áreas afins. A ação teve como objetivo integrar profissionais e acadêmicos, por meio de atividades científicas relacionadas às diversas áreas de atuação fonoaudiológica, com ênfase na interdisciplinaridade, contribuindo para a formação permanente dos profissionais fonoaudiólogos. OBJETIVO: Descrever a experiência oriunda do processo de organização de um evento científico por iniciativa discente. MÉTODO: Este estudo consiste em um relato de experiência do planejamento, organização e execução de um evento científico realizado em 2019. A Jornada foi financiada com contribuições da liga, da venda de camisas do evento, do patrocínio ou apoio de empresas locais. O projeto contemplou sete etapas descritas neste estudo: (1) idealização e planejamento realizado pela liga; (2) convite à docente para colaboração na organização; (3) aprovação da proposta no Departamento de ensino da instituição; (4) composição da equipe ampliada de discentes e docentes ; (5) divisão da equipe organizadora e ampliada em cinco grupos de trabalhos (GTs); (6) organização do evento por meio da divisão de tarefas entre os GTs; (7). execução do evento e avaliação. RESULTADOS: O planejamento e a organização foi realizado pela diretoria da liga e aprimorado com a participação da professora convidada. Após aprovação do projeto pelo Departamento, 7 docentes e 12 discentes foram incluídos na equipe. A equipe foi dividida nos GTs: gerenciamento (do cadastro do evento ao gerenciamento das inscrições e certificações); comunicação (divulgação do evento, produção da identidade visual do evento e de um documentário da história do curso e registro audiovisual); infraestrutura e logística (viabilização do financiamento e infraestrutura necessária); e programação científica (definição da programação e gerenciamento das atividades científicas). Na execução da Jornada a equipe foi reorganizada contemplando todas as demandas desde o credenciamento até a entrega do certificado aos convidados. O evento contou com cerimônia de abertura e encerramento, cinco mesas redondas com os temas: saúde mental, saúde auditiva, atualidades em fonoaudiologia hospitalar, atualidades em terapia fonoaudiológica e egressos do curso, além de uma conferência: fonoaudiologia e bioética. Houve a participação de 6 moderadores e 19 palestrantes e a participação de 92 inscritos. Durante e após o evento, convidados, participantes e membros da equipe expressaram sua avaliação positiva sobre o mesmo. CONCLUSÃO: O evento viabilizou um espaço de troca de experiências e aquisição de novos conhecimentos entre participantes e profissionais, com a discussão de temas pertinentes ao cenário atual da profissão. A experiência vivenciada proporcionou aos discentes o desenvolvimento de novas competências profissionais, como responsabilidade, trabalho em equipe e resolução de problemas. Além disso, abriram-se novas possibilidades de atuação no campo da saúde e da educação para esses futuros profissionais.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
590
A PARTICIPAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL NO INVESTIMENTO DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO GLOBAL DAS CRIANÇAS NO CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Práticas fonoaudiológicas
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Introdução: A primeira infância é considerada a base para o desenvolvimento cognitivo, motor e socioemocional da criança, pois é o período em que a neuroplasticidade está presente com grande intensidade, por tal motivo a criança deve ser permeada por uma grande variedade de experiências sensoriais, visuais, olfativas, auditivas e gustativas privilegiadas pelo brincar entre pares. A educação infantil tem o objetivo de estimular o desenvolvimento global da criança. O Centro Municipal de Educação Infantil surge como um lugar de inserção da criança em um mundo além de sua casa, iniciando a criança no espaço social e educacional, além disso, surge também como forma de auxiliar as famílias de baixa renda a terem um lugar seguro e confiável para seus filhos enquanto elas trabalham. Objetivo: Relatar a experiência de uma acadêmica de fonoaudiologia na área da fonoaudiologia educacional no investimento do brincar em um Centro Municipal de Educação Infantil. Método: Trata-se de um relato de experiência que aconteceu no período de março de 2020, ocorrido no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI). Onde foi possível observar e participar das atividades que as crianças desenvolveram no período da vivência. Quando chegam ao CMEI, as crianças fazem higienização das mãos com um pequeno auxílio da professora e lancham uma fruta, elas mesmas pegam seu prato e talher e colocam seu lanche, nesse momento é possível observar a estimulação da autonomia e a coordenação óculo-manual, em seguida, as crianças tem uma hora para brincar do que e com o que quiserem (áreas de interesse) deixar a imaginação fluir. Nesse momento é possível observar vários aspectos sendo estimulados, como a motricidade fina, coordenação motora, auto-regulação e socialização. Após esse momento, as crianças fazem novamente a higienização das mãos e começam a atividade dos sons, na qual as crianças tinham que identificar até dois sons em sua respectiva sequência; como por exemplo: batida de pés, de mãos e estalo de língua, essa atividade proporcionou a consciência fonológica, memória de curto prazo e a propriocepção e coordenação de partes do corpo. Em seguida a proposta do tanque de areia, onde as crianças vivenciaram estímulos sensoriais, motores e proprioceptivos. Após esse momento, as crianças voltaram para a sala e é iniciada uma história para estimular a memória de curto e longo prazo, linguagem nos aspectos receptivo e expressivo, porque as crianças escutam a história, participam fazendo perguntas e respondendo as questões que surgem a partir da história . Resultado: Foi possível observar que as crianças se envolviam e estavam familiarizadas com as atividades, também foi visto claramente que as estimulações cognitivas, motoras e socioemocionais na educação infantil surtem um efeito que favorece o desenvolvimento global na infância, enfatizando suas habilidades. Conclusão: As brincadeiras simbólicas se constituem como de grande importância para o desenvolvimento global das crianças, e para a inserção e interação delas para com o ambiente e com o outro.
Mendonça JA, Lemos SMA. Promoção Da Saúde e Ações Fonoaudiológicas em Educacão Infantil. Rev. CEFAC. 2011 Nov-Dez; 13(6):1017-1030.
Alves LM, Castro PFM, Rezende VXM. A contribuição da fonoaudiologia na educação inclusiva em escolas de educação infantil no município de Betim, MG. Rev. Tecer. 2008 Maio; vol. 1, nº 0.
Santos FR et al. Promoção da saúde e contribuições da fonoaudiologia no desenvolvimento psicomotor e linguístico na infância: relato de experiência. Distúrb Comum. 2019 Setembro 31(3): 446-453.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1469
A PARTICIPAÇÃO DO ALUNO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Introdução: a sociedade vive em constantes mudanças, que poderão refletir no contexto educacional e na formação do homem, requerendo diversas posturas e atitudes em relação à forma de aprendizagem, a fim de que se tornem sujeitos atuantes no processo e não apenas reprodutores do conhecimento. Objetivo: relatar o processo de construção de um livro didático, que envolve a participação de estudantes do curso de Fonoaudiologia, juntamente com profissionais em outros níveis de formação. Método: estudo descritivo que relata a participação do discente na elaboração de um material didático. Não foram necessários os processos éticos, uma vez que o estudo não envolve a participação de seres humanos. O livro FONOAUDIOLOGIA NO PRIMEIRO CICLO DE VIDA surgiu da necessidade em formar alunos de graduação, visando uma formação generalista quanto à atuação fonoaudiológica no primeiro ciclo de vida. Levando-se em consideração as premissas atuais sobre a necessidade do envolvimento de discentes no processo de construção de seu conhecimento, o livro, envolveu a participação de graduandos de Fonoaudiologia, pós-graduanda em Ciências da Reabilitação e de docentes dos referidos cursos. As etapas que fizeram parte deste trabalho foram: 1) Revisão da literatura no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem; 2) Estruturação e proposição do material didático; 3) Processo de busca por fomentos para a publicação do material; 4) Elaboração de conteúdos teóricos; 5) Acompanhamento do processo de construção, revisão e publicação. Resultados: Revisar a literatura referente ao processo ensino aprendizagem não foi uma tarefa fácil. Foram encontrados poucos estudos que abordassem a temática, a maioria descrevendo a vivência de alunos na formação de uma etapa pratica ou estudos que discorressem sobre relato de especialistas. Após o estudo das referências foi feito um processo de estruturação e proposição do material didático - livro. A próxima etapa foi o processo de busca por fomentos para a publicação e divulgação do material. Havia um edital aberto na universidade para publicação de livros digitais, o qual tínhamos capacidade de concorrer. Na sequência, entramos em contato com professores do curso de Fonoaudiologia e de Ciências da Reabilitação e os convidamos para fazer parte do livro. Iniciou-se a fase de elaboração de conteúdos teóricos - participaram 3 docentes, 1 pós-graduanda e 10 graduandos. Passamos então ao processo de adequação ao edital e às normas de publicação de livros da Editora. Esse trabalho foi realizado pelas organizadoras do livro (1 docente, 1 pós-graduanda e 1 graduanda) e, posteriormente enviado à uma revisora certificada para conferência linguística e normativa. Após a construção e revisão, o material foi enviado para análise de seu mérito, conforme cronograma do edital. Fomos agraciados com a aprovação, e, na sequência, passamos a conversar diretamente com a editora. Conclusão: Ao longo do processo educacional, o aluno vem assumindo diferentes funções na sala de aula, as quais permitem mais autonomia, ação e participação. A participação do aluno no processo de aprendizagem permite ao mesmo desenvolver-se de forma a se tornar um sujeito ativo de sua própria história e jornada acadêmica.
Palavras-chave: Aluno; Conhecimento de resultados; Fonoaudiologia; Aprendizagem; Métodos.
Silva MHFM. A formação e o papel do aluno em sala de aula na atualidade. Londrina, Out, 2011.
Chun RYS, Bahia MM. O uso do portfólio na formação em fonoaudiologia sob o eixo da integralidade. Rev. CEFAC, Out-Dez, 2009.
Baldoino AS, Veras RM. Análise das atividades de integração ensino-serviço desenvolvidas nos cursos de saúde da Universidade Federal da Bahia. Rev Esc Enferm USP, 2016.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1800
A PERCEPÇÃO DE HOMENS TRANS SOBRE A INFLUÊNCIA DA VOZ E DA COMUNICAÇÃO EM RELAÇÃO À EXPRESSÃO DE GÊNERO E ÀS INTERAÇÕES SOCIAIS.
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: A comunicação, verbal e não verbal, compreende um aspecto importante do comportamento humano e da expressão de gênero. Sendo a voz um fator marcante na percepção de gênero, a não conformidade da voz com a expressão do mesmo, pode gerar sentimentos de inadequação, tendo um potencial impacto psicossocial. Desse modo a não conformidade da voz com a expressão do mesmo, pode gerar sentimentos de inadequação, tendo um potencial impacto psicossocial1-4. Em decorrência disso as pessoas transexuais podem experimentar várias formas de angústia decorrentes de como elas se sentem em relação ao seu gênero, ou como seu gênero é lido socialmente4. Objetivo: Analisar a percepção de homens trans sobre a influencia da voz e da comunicação em relação à expressão de gênero e às interações sociais. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa de base teórico filosófica na hermenêutica dialética, orientada pela noção de performatividade de gênero. Para compreender como se dá a percepção dos homens trans sobre sua voz e comunicação em suas interações sociais, foram realizadas entrevistas abertas semiestruturadas, gravadas e posteriormente transcritas. Além disso, foi desenvolvido um diário de campo contemplando experiências e observações incorporadas às discussões do estudo. Foram entrevistados sete homens trans com idades entre 18 e 42 anos. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa. Resultados: A análise das entrevistas possibilitou o surgimento das seguintes categorias analíticas: 1. Conforto e segurança quanto à expressão social de gênero; 2. Importância da voz; 3. Voz e Hormonioterapia; 4. Autopercepção vocal x percepção do ouvinte; 5. Relações entre voz, saúde e interações sociais. Conclusão: Compreender a perspectiva dos homens trans sobre voz e comunicação, possibilita o desenvolvimento de abordagens de cuidado culturalmente competentes, evitando padrões normativos de gênero e a reprodução de estigmas, com compreensão e respeito às individualidades e diversidades em torno das masculinidades e das expressões de gênero. Essa reflexão tem potencial contribuição para a saúde coletiva, na busca por equidade e integralidade em saúde, oferecendo subsídios para que a fonoaudiologia possa contribuir para a autoestima, qualidade de vida e acesso à saúde integral para os homens trans no contexto brasileiro.
Referências:
1. Neumann K, Welzel C, Berghaus A. Operative voice pitch raising in male-to-female transsexuals. Eur J Plast Surg. 2002; (25):209-214.
2. Owen K, Hancock AB. The role of self- and listener perceptions of femininity in voice therapy. Int J Transgender. 2010; (12):272-284.
3. Hancock AB, Haskin G. Speech-Language Pathologists’ Knowledge and Attitudes Regarding Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, and Queer (LGBTQ) Populations. American Journal of Speech-Language Pathology 2015 May; 24, 206-221.
4. Azul, D. Transmasculine people's vocal situations: a critical review of gender-related discourses and empirical data. Int J Lang Commun Disord. 2015 Jan; 50(1):31-47.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1282
A PERSONALIDADE COMO UM FATOR ASSOCIADO À DISFONIA COMPORTAMENTAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)
Introdução: Dentre os vários fatores que influenciam a produção vocal, as emoções vividas pelo indivíduo, e sua personalidade são características marcantes na maneira de comunicar-se1-2. De acordo com os estudos que envolvem comportamento vocal e personalidade, percebe-se que existe uma relação entre ambos os fenômenos, porém pouco se conhece desta relação. Objetivo: Investigar quais os fatores de risco e características de personalidade apresentam maior influência no desenvolvimento de uma disfonia comportamental. Metodologia: Estudo do tipo caso-controle e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem, parecer nº1.084.193/15. A amostra foi composta por 93 participantes com idades entre 18 e 60 anos, de ambos os sexos, divididos em dois grupos. O grupo caso (GCA) foi constituído por 52 participantes com disfonia e o grupo controle (GCO) foi constituído por 41 voluntários sem disfonia. A coleta de dados foi realizada em uma clínica-escola de Fonoaudiologia, no setor de Otorrinolaringologia de um hospital de referência e no ambulatório de Dermatologia e Nefrologia de um hospital universitário. Optou-se por selecionar esses últimos ambientes para coleta de dados, pois se compreende que pacientes atendidos nesses setores apresentam mínimos ou nenhuma relação com problemas vocais. Para coleta de dados, utilizou-se três questionários: o Protocolo de Triagem Vocal (PTV)3 e uma versão reduzida e validada do Inventário dos Cinco Grandes Fatores (ICG – 20)4. Para alocação dos sujeitos nos grupos, utilizou a Escala de Sintomas Vocais (ESV)5 como também foi realizada a gravação vocal e posterior análise perceptivoauditiva por meio da Escala Analógico-Visual (EAV), por juiz especialista em voz. Foi realizada a estatística descritiva e inferencial a partir do teste de Mann-Whitney e análise de Regressão Logística. Resultados: Os fatores de risco mais prevalentes no GCA foram falar muito, repouso inadequado e falar alto. Os mais comuns no GCO foram falar muito, falar alto e falar acima do ruído. Não foi visualizada diferença na comparação das médias dos grupos relacionada às características de personalidade. O modelo de regressão logística ajustado com as variáveis mais significantes resultou em uma estrutura contendo quatro fatores de risco para o desenvolvimento da disfonia, sendo dois vocais: repouso inadequado e cantar fora do tom e dois relativos às características de personalidade: extroversão e neuroticismo. É importante destacar atributos comuns a esses dois fatores que compõem a personalidade. A extroversão consiste em uma característica referente à forma de interação de um indivíduo com outros além disso, exprime a facilidade para se alegrar. Já o neuroticismo diz respeito a forma do indivíduo reagir a situações de sofrimento emocional estando relacionado aqueles sujeitos emotivos, inseguros ou com ideia irrealista6. A literatura2,7 aponta que indivíduos disfônicos, especificamente com nódulos vocais, foram descritos como socialmente dominantes, reativos e estressados, particularidades relacionadas a traços de extroversão e neuroticismo encontradas neste estudo. Conclusão: O modelo estatístico mais ajustado e adequado afirma que quatro fatores são de risco para o desenvolvimento da disfonia, dois relacionados à voz repouso inadequado e cantar fora do tom e os outros dois relativos às características de personalidade extroversão e neuroticismo.
1. Dietrich M, Verdolini ABBOTT K, Gartner-schmidt J, Clark A, Rosen CA, The Frequency of Perceived Stress, Anxiety, and Depression in Patients with Common Pathologies Affecting Voice. J Voice. 2006;22(4): p.472-88.
2. Roy N, Bless DM, Heisey D. Personality and voice disorders: A multitraitmultidisorder analysis. J voice. 2000;14(4):521-48.
3. Almeida AAF, Fernandes LR, Azevedo EHM, Pinheiro RSA, Lopes LW. Características vocais e de personalidade de pacientes com imobilidade de prega vocal. CoDAS. 2015;27(2):178-85.
4. Barbosa AAG. Modelo hierárquico de fobias infanto-juvenis: testagem e relação com os estilos maternos. João Pessoa. Tese [Pós-Graduação em Psicologia Social] - Universidade Federal da Paraíba, 2009.
5. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. CrossCultural Adaptation, validation, and cutoff values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-468.
6. Friedman HS, Schustack MW. Teorias da personalidade. Da teoria clássica à pesquisa moderna. 2. ed. São Paulo: Prentice Hall; 2004.
7. Roy N, Bless DM. Personality traits and psychological factors in voice pathology: a foundation for future research. J Speech Lang Hear Res 2000; 43(3):737-48.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
994
A PRANCHA DE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E /OU ALTERNATIVA (CSA) NO CONTEXTO ESCOLAR: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
INTRODUÇÃO:O acesso e a participação significativa, no contexto escolar, de pessoas consideradas deficientes que apresentam oralidade restrita desafia o desenvolvimento de formas alternativas de comunicação, interação e aprendizado Nesse sentido, a utilização de abordagens e estratégias de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) em especial, da prancha de comunicação alternativa (PCA) pode ser um recurso mediador nas interlocuções estabelecidas por tais pessoas neste contexto e assim, potencializar a apropriação dos conhecimentos escolares(1--3). Destaca-se a necessidade de pesquisas que analisem como a produção de conhecimento nacional aborda tais aspectos OBJETIVO:: Analisar parte da produção do conhecimento científica acerca das concepções, finalidades, modos de construção e de uso da prancha de comunicação alternativa no contexto educacional. MÉTODO: Trata-se de uma revisão integrativa que buscou identificar e analisar artigos publicados em periódicos indexados em bases de dados nacionais e internacionais. Para o levantamento dos artigos, realizou-se a busca nas bases Lilacs, Scielo, Eric, Pubmed, Scholar cujos descritores utilizados foram combinados tanto na língua portuguesa (Brasil), quanto inglesa. A partir dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 11 artigos que passaram a compor o corpus de análise. RESULTADOS: Quanto à concepção da PCA os participantes referiram ser instrumento/código de comunicação e expressão (54%) ou recurso linguístico mediador das interações (45%). Acerca das pessoas envolvidas com a construção da mesma foram referidos professores do ensino regular (18%), professores do ensino especial (9%), professores do atendimento educacional especializado AEE (9%), fonoaudiólogos (18%), profissionais da equipe técnica (18%), sem resposta (7%). Dentre as finalidades atribuídas à PCA nota-se atender necessidades básicas da vida diária (36%), promover interação (54%), aprendizagem escolar (54%), facilitar a comunicação (54%) e desenvolver linguagem oral (27%). Conclusão: Pode-se constatar nos artigos analisados o predomínio de uma concepção da PCA como código/instrumento de comunicação e expressão. Destaca-se a necessidade do implemento de novos estudos que abordem tal recurso a partir de um referencial teórico que conceba a PCA como recurso linguístico mediador das interações estabelecidas entre professores e alunos e que ofereça elementos teórico-práticos para que a construção da mesma seja realizada com a participação da pessoa/aluno com restrições de fala e de seus principais interlocutores e que contribua, especialmente, para a promoção dos processos de ensino-aprendizagem.
1. Bueno JGS. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalistas ou especialistas? Rev. Bras Educ. Espec. 1999;03(05):07–25.
2. Carnevalle LB, Berberian AP, Moraes PD de, Krüger S. Comunicação alternativa no contexto educacional: Conhecimento de professores. Rev. Bras. Educ. Espec. 2013;19(2):243–56.
3. Krüger SI, Berberian AP, Silva SMOC da, Guarinello AC, Massi GA. Delimitação da área denominada comunicação suplementar e/ou alternativa (CSA). Rev. CEFAC. 2017;19(2):265–76.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2022
A PRÁTICA EXTENSIONISTA NA ESCOLA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Linguagem (LGG)
A PRÁTICA EXTENSIONISTA NA ESCOLA EM TEMPOS DE PANDEMIA
INTRODUÇÃO: A experiência extensionista visa uma interrelação entre a academia e a sociedade. Por um lado, transfere o conhecimento acumulado em ensino e pesquisa para as necessidades da sociedade e, por outro, prepara o aluno em formação para o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais vinculadas à realidade na qual está inserido, contribuindo para ampliação da sua visão acadêmica. Neste sentido, a extensão deve ocorrer pela e na sociedade. No caso específico aqui relatado, de um projeto de extensão em Fonoaudiologia Educacional que atua em uma escola de ensino fundamental com vistas ao aprimoramento das habilidades de linguagem oral e escrita por meio de atividades lúdicas, a atuação do graduando na escola é imprescindível para a execução das ações traçadas. No entanto, com o advento da pandemia de COVID-19, todos os setores tiveram de se reinventar e buscar alternativas para o cumprimento de seus objetivos. Neste sentido, o projeto se adaptou à nova situação e buscou novas formas de interagir com a comunidade escolar.
OBJETIVO: Descrever alternativas de atuação de um projeto de extensão desenvolvido em uma escola de ensino fundamental em tempos de pandemia.
METODOLOGIA: A proposta do projeto de extensão é a atuação junto à comunidade escolar por meio da execução de oficinas lúdicas na área de linguagem. Com a pandemia e o necessário isolamento social, com suspensão das atividades escolares, as ações ficaram estagnadas. Porém, com o tempo e o ajuste das atividades, a escola criou um perfil em uma rede social com a finalidade de congregar a comunidade escolar e estabelecer/manter um vínculo dos alunos com as atividades acadêmicas. Neste contexto, o projeto de extensão começou a desenvolver posts com sugestões de atividades que poderiam ser realizadas em casa, com a família, e cujos objetivos privilegiavam as metas propostas pelo projeto.
RESULTADOS: A aceitação foi imediata e os posts publicados na rede social da escola rende muitos likes tanto de professores como de pais e alunos, inclusive daqueles que comumente não são atendidos pelo projeto. A experiência também possibilitou, além do contato extensionista da academia com a escola, a possibilidade de aprofundamento dos voluntários sobre o tema do projeto, ao pesquisarem brincadeiras que poderiam ser inseridas neste contexto. A adaptação e a flexibilidade vivenciadas, muito embora não se possam comparar as experiências presenciais oportunizadas pelo projeto com as atividades agora executadas, demonstram que é possível fazer extensão mesmo em situações adversas, mantendo o vínculo necessário entre a academia e a sociedade.
CONCLUSÃO: A pandemia de COVID-19 alterou o modus operandi de diversas atividades acadêmicas. A extensão, pelo seu necessário contato com a sociedade, precisou se reinventar, mas a criatividade produziu experiências cujos resultados só poderão ser mensurados em um futuro próximo, mais seguro quanto à possibilidade de execução das ações.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2030
A PRÁTICA FONOAUDIOLÓGICA DESENVOLVIDA NO SASA – JOINVILLE: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACADÊMICA
Práticas fonoaudiológicas
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
89210300
INTRODUÇÃO: A Formação do fonoaudiólogo é pautada em uma atuação generalista e científica, desta forma, torna-se necessário durante a graduação em fonoaudiologia, o desenvolvimento de habilidades e competências para a compreensão e integração do conhecimento com as vivências práticas. Nesta perspectiva, os estágios curriculares contribuem na aquisição de experiências profissionais variadas e permitem a correlação entre teoria e prática nos atendimentos.
OBJETIVO: Apontar a atuação profissional vivenciada pelos acadêmicos de Fonoaudiologia da Faculdade IELUSC no Serviço Ambulatorial de Saúde Auditiva (SASA) de Joinville, durante o estágio supervisionado de Audiologia II e Audiologia Infantil no período de agosto a dezembro de 2019.
MÉTODO: Este trabalho foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa sob o Parecer de n. 3.769.921. Os dados foram coletados durante o estágio e registrados em planilhas internas do serviço. Foram analisados dados de sexo, idade, diagnóstico audiológico, conforme tipo, grau e lateralidade da perda auditiva, modelo de prótese auditiva utilizada, queixas, procedimentos e condutas realizadas durante o estágio.
RESULTADOS: Dos 81 pacientes atendidos, 52% eram mulheres e 48% homens. Quanto à idade, 7% tinham entre 0 a 20 anos, 41% entre 21 a 60 anos e 52% tinham 61 anos ou mais. Referente às características audiológicas, 58% apresentaram perda auditiva sensorioneural, 27% mista, 14% tipos combinados de perda auditiva, 1% apresentaram audição normal. Quanto ao grau, 3% apresentaram grau leve, 17% grau moderado, 12% moderadamente severo, 16% severo e 4% apresentaram grau profundo; ainda, 15% apresentaram grau moderado em uma orelha e moderadamente severo na outra e outros 33% tinham perdas assimétricas em graus combinados variados. A classificação do grau está baseada em Lloyd e Kaplan (1978). Dos tipos de AASI utilizados pelos pacientes, 67% eram retroauricular, 15% intracanal, 13% adaptação aberta, 4% utilizavam receptor no canal e 1% utilizava intracanal na OD e retroauricular na OE. Quanto a lateralidade dos AASI, 90% utilizavam prótese auditiva bilateral, 6% unilateral na OE e 4% unilateral na OD. Em relação aos procedimentos realizados: 46% foram acompanhamentos de usuários de AASI, 42% foram adaptação de AASI, 7% foram reavaliações para reposição de AASI e 5% foram avaliações com exames eletrofisiológicos (PEATE). Durante os acompanhamentos as queixas apresentadas incluíram falha técnica em 26% dos relatos, amplificação insuficiente em 16%, tubo, gancho ou moldes danificados em 15%, perda do AASI em 13%, microfonias e distorções sonoras em 8% e, queixas variadas em 22%.
CONCLUSÃO: O estágio supervisionado em Audiologia II e Audiologia Infantil vivenciado no serviço público (SUS) de Joinville permitiu ao acadêmico de Fonoaudiologia do IELUSC uma vivência profissional diversificada e enriquecedora. A atuação direta no SASA e o constante contato com a equipe técnica do serviço contribuiu para o aprendizado da Audiologia e áreas correlatas, favorecendo a formação de profissionais com experiência em biossegurança, ética profissional, atuação multidisciplinar e interdisciplinar e humanização, além das práticas e princípios que envolvem o SUS. Desta forma, o campo de estágio em foco é considerado um diferencial na formação fonoaudiológica do IELUSC.
GONÇALVES, Renata da Silva et al. Percepção de alunos de graduação em fonoaudiologia sobre o atendimento fonoaudiológico na área da surdez. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 21, n. 1, 2019. Disponível em:
LIMA, Bárbara Patrícia da Silva; VILELA, Rosana Quintella Brandão. Características e desafios docentes na supervisão de estágio em fonoaudiologia. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 16, n. 6, p. 1962-1971, Dec. 2014 . Disponível em:
QUEIROZ, Moisés Andrade dos Santos de et al. Estágio curricular Supervisionado: percepções do aluno-terapeuta em Fonoaudiologia no âmbito hospitalar. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 135-143, Feb. 2013 . Disponível em:
TRABALHOS CIENTÍFICOS
177
A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA DISCIPLINA FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: A doença COVID-19, que compromete a função respiratória, surgiu na cidade Wuhan na China. A transmissão acontece, sobretudo, de pessoa a pessoa e tornou-se uma pandemia gerando um alerta em todos os países. A fim de evitar a alta transmissibilidade, pessoas de todo o mundo precisaram passar por diversas adaptações devido ao confinamento e distanciamento social. Dentre elas estão inclusos o estudo e o trabalho remoto. Tais adaptações atingiram, também, os profissionais de fonoaudiologia que atuam na docência do ensino superior. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada durante a elaboração de atividades alternativas, em meio à pandemia, referente ao conteúdo da disciplina disfagia, do curso superior em fonoaudiologia de uma instituição privada do município de Belo Horizonte. Metodologia: Para segurança de professores e alunos e atendendo às recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Educação, as aulas passaram a acontecer via plataforma Zoom. Após reuniões, os docentes combinaram que toda a teoria e procedimentos da prática seriam passados de forma diversificada e atrativa aos alunos. Foram abordados conteúdos como adequada assepsia, paramentação, desparamentação, leitura e análise de prontuários, condutas terapêuticas em disfagia e elaboração de espessantes caseiros a partir do documento ESPESSANTES CASEIROS MANUAL DO USUÁRIO/CUIDADOR, disponibilizado pela Prefeitura de Belo Horizonte. As estratégias foram quiz interativo, treinamento utilizando materiais que os estudantes possuíam dentro de suas próprias casas (jaleco, sacolas plásticas, alimentos), apresentação de vídeos de pacientes com sinais e sintomas de disfagia (imagens autorizadas), análise de exames de videofluoroscopia da deglutição e, orientação para construção de vídeos simulando atendimentos que exigem praticar os conteúdos supracitados. O intuito dos docentes ao apresentarem a ideia de utilizar instrumentos de casa para simularem os instrumentos originais no atendimento hospitalar, ocorreu visando evitar a compra desnecessária de Equipamentos de Proteção Individual e a acessibilidade, considerando que a turma reúne discentes de diferentes contextos sociais. Resultados: Verificou-se que a junção de ideias a respeito de atividades alternativas para alunos do curso superior em fonoaudiologia em meio à pandemia, fortaleceu o trabalho em equipe, possibilitando a troca de saberes entre professores, viabilizou uma nova e atrativa ferramenta pedagógica, que é utilizar recursos simples e disponíveis no ambiente domiciliar favorecendo a participação da simulação de atendimento em disfagia e, posteriormente, observou-se a satisfação dos discentes e seus resultados extremamente positivos na avaliação formal da disciplina que ocorre no fim de cada semestre letivo. Conclusão: A elaboração de atividades alternativas em meio à pandemia possibilitou uma troca de saberes entre professores e alunos e a ideia da simulação com recursos que podem ser encontrados dentro de casa, tornou todo o processo verdadeiramente inclusivo. Atividades como estudo e trabalho precisaram passar por readaptações frente ao Covid-19. Mesmo que as atividades presenciais não podem ser definitivamente substituídas pelo método remoto, uma vez articuladas agrupando ideias e mecanismos atrativos, podem se tornar boas ferramentas pedagógicas até que a situação de pandemia seja controlada em todo o mundo promovendo aos discentes uma experiência que os aproximem da realidade clínica.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1454
A PREVISIBILIDADE DAS SENTENÇAS DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DA FALA NAS DISARTRIAS: CORRELAÇÃO COM O DISCURSO ORAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
A PREVISIBILIDADE DAS SENTENÇAS DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA INTELIGIBILIDADE DA FALA NAS DISARTRIAS: CORRELAÇÃO COM O DISCURSO ORAL
INTRODUÇÃO: Medidas de inteligibilidade da fala são utilizadas no âmbito clínico e científico como medidas de resultado, por seu potencial para sinalizar a evolução de determinadas condições neurológicas, a eficácia ou os efeitos adversos de novos tratamentos para essas doenças. No Brasil e internacionalmente, dos poucos instrumentos padronizados para avaliar esse aspecto, ressalta-se o Protocolo de Avaliação da Inteligibilidade da Fala nas Disartrias (PAIF)(1,2). Embora alguns estudos com o PAIF tenham relevado sua validade(3), estudos adicionais ainda são necessários para seu uso na clínica fonoaudiológica. OBJETIVO: Analisar a previsibilidade das sentenças de discursos orais semiespontâneos, e investigar a validade de conteúdo do PAIF analisando a correlação existente entre a previsibilidade dessas sentenças e a lista de sentenças do PAIF. MÉTODO: Realizou-se um estudo descritivo-analítico do tipo transversal. Foram recrutados 96 adultos neurologicamente saudáveis. Todos os participantes passaram por um um screening por meio do Teste Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e o Subteste de compreensão de leitura de sentenças e parágrafos do Teste de Boston para Diagnóstico das Afasias. Cada um deles preencheu graficamente lacunas correspondentes a palavras de classe aberta omitidas de uma lista de sentenças. Ao todo, 80 sentenças distribuídas em doze listas obtidas de um corpus de discurso oral semiespontâneo coletado de falantes nativos do Português Brasileiro foram utilizadas. Os participantes foram aleatoriamente divididos em doze grupos de oito indivíduos cada, e cada um preencheu somente uma lista. Calculou-se a previsibilidade das sentenças pela porcentagem média de acertos de todas as palavras-alvo que compunham cada sentença. Tais sentenças foram classificadas de acordo com o nível de previsibilidade proposto em estudo anterior do PAIF(4). Analisou-se correlação entre o índice de previsibilidade dos dois corpus de sentenças por meio do teste de correlação de Spearman. RESULTADOS: Do total de 80 sentenças analisadas do discurso semiespontâneo, 80% foram classificadas no nível baixa previsibilidade, 7,5%, no nível média previsibilidade, e 12,5%, no nível alta previsibilidade. As sentenças do discurso oral semiespontâneo obtiveram previsibilidade média de 34,0% (DP= 20,6), diferindo em 7,8% da previsibilidade média encontrada do PAIF (41,7%)(4). A maioria das sentenças de ambos os corpus se enquadrou no nível baixa previsibilidade (PAIF= 60%; discurso= 80%). Ao realizar o teste de correlação de Spearman, não foi encontrada correlação do índice de previsibilidade das sentenças nos dois corpus analisados (ρ= 0,136; p= 0,52). Ao comparar os níveis de previsibilidade das sentenças do discurso semiespontâneo com as sentenças do PAIF(4), sentenças de baixa e de alta previsibilidade foram mais frequentes no discurso oral e sentenças de média previsibilidade foram mais frequentes no PAIF. CONCLUSÂO: A previsibilidade de sentenças produzidas em situações de fala semiespontânea por falantes nativos do português brasileiro é reduzida, em comparação com o nível de previsibilidade das sentenças do PAIF. Ajustes nas frases utilizadas no subteste de sentenças são indicados no intuito de ampliar sua validade de conteúdo.
1. Barreto SS. Protocolo de avaliação da inteligibilidade da fala nas disartrias: evidências de fidedignidade e de validade [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 2012.
2. Barreto SS. Ortiz KZ. Inteligibilidade: efeitos da análise de transcrição e do estímulo de fala. Pró-Fono R Atual Cient. 2010;22(2):125-30.
3. Urbina S. Fundamentos da testagem psicológica. Traduzido por Cláudia Dornelles. Porto Alegre: Artmed; 2007.
4. Alexandre E, Barreto SS, Ortiz KZ. Preditividade das sentenças do protocolo de avaliação da inteligibilidade da fala nas disartrias. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(2):119-23.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
993
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTONO PROGRAMA DE DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ: ANÁLISE DE DISSERTAÇÕES E TESES (1999-2020)
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Introdução: O Programa de Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná, desde a sua primeira dissertação defendida, em 1999, vem promovendo a formação de pesquisadores de diferentes Estados do país, assumindo um papel relevante na produção de conhecimentos relacionados à Fonoaudiologia e áreas afins. Após duas décadas de existência do Programa, faz-se necessário o implemento de estudos que analisam a produção do conhecimento que permitam apreender um panorama geral dos domínios de investigação priorizados, uma síntese aprofundada em torno dos saberes construídos, bem como a identificação de novos campos de estudo (1-3).. Objetivo: Analisar a produção do conhecimento vinculada ao Programa de Distúrbios da Comunicação da UTP, no período de 1999 até 2020, enfocando a sua distribuição em torno dos seguintes aspectos: nível de formação (mestrado ou doutorado); total geral e por áreas de investigação, bem como, formação acadêmica/profissional básica dos mestres/doutores autores das dissertações e teses. Método: Esse estudo exploratório e longitudinal, de caráter quanti-qualitativo, foi realizado a partir de análise documental. O corpus consiste nas dissertações/teses defendidas no referido Programa nestes 21 anos. Para levantamento do corpus foram consultados os currículos,na Plataforma Lattes/Cnpq, dos orientadores vinculados ao Programa desde 1999, bem como, banco de dados da UTP. Para organização dos resultados foram delimitadas três grandes áreas que contemplam de Concentração e as Linhas de Pesquisa estruturantes do Programa, sendo elas:Linguagem; Audiologia e Voz/Motricidade Oral/Disfagia. Para tanto, foram lidos os títulos e resumos dos trabalhos. Resultados: No período delimitado, foram defendidos 286 trabalhos, 89,1% (255) dissertações de mestrado e 10,8%(31) teses de doutorado. Deste total, 40,5% (116) abordam as áreas de Audiologia; 30,7% (88) Linguagem e 28,6% (82) Voz/Motricidade Oral/Disfagia. A prevalência quanto à formação básica dos mestrandos e doutorandos é a Fonoaudiologia, com 67,8% (194), seguido de Enfermagem, com 9,7% (28); profissionais que atuam na Educação, com 8,7%(25), bem como, outras profissões da saúde 10,1% (29) (Fisioterapia, Psicologia, Odontologia e Medicina) e 3,4% outras área.Conclusão: O estudo apontou uma produção equilibrada entre as áreas e para o fato de que, embora predomine autores da área da Fonoaudiologia, o Programa tem contribuído na formação de pesquisadores inseridos em outros campos da saúde e da Educação contribuindo para a sistematização de abordagens inter e multidisciplinares acerca das temáticas que orientam suas Linhas de Pesquisa. A partir dos resultados obtidos foi possível verificar a necessidade do implemento de novas etapas desse estudo que permitam analisar outros aspectos que caracterizam tal produção. Pode-se ainda, apreender elementos para uma análise criteriosa da Produção do Programa e, assim, para o estabelecimento de metas e prioridades que permitam a ampliação de seus domínios de investigação .
1.DANUELLO, J. . Estudo da produção científica dos docentes de pós graduação em Fonoaudiologia, no Brasil, para uma análise do domínio. 2014. 163 f. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília, 2014.
2.BERBERIAN, A. P. et al. A produção do conhecimento em fonoaudiologia em comunicação suplementar e/ou alternativa: análise de periódicos. Rev. Cefac, São Paulo, v. 11, supl. 2, p. 258-266, 2009.
3.WUO, A. S. Educação de pessoas com transtorno do espectro do autismo: estado do conhecimento em teses e dissertações nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (2008-2016). Saúde Soc., São Paulo, v.28, n.3, p.210-223, 2019.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2054
A PROSÓDIA EMOCIONAL NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: RELATO DE CASO
Relato de experiência
Linguagem (LGG)
Introdução: O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social e no comportamento¹. Crianças com TEA apresentam habilidades de linguagem verbais e não verbais prejudicadas, além de déficits no reconhecimento de emoções nas modalidades de face, prosódia emocional e comunicação corporal, quando comparados a crianças com desenvolvimento típico². Aos cinco meses de idade, as crianças já são capazes de discriminar prosódia emocional de alegria, tristeza e raiva na voz de sua mãe. Contudo, essa habilidade pode ser prejudicada no TEA, principalmente a dificuldades nas questões pragmáticas da língua³ʾ⁴. Objetivo: Verificar o desempenho de prosódia emocional de um paciente com Transtorno do Espectro Autista. Metodologia: O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética da Instituição de origem, sob o registro 3.520.561. Caracteriza-se como um estudo de caso de natureza descritiva, observacional e qualitativa. Um paciente de 11 anos do sexo masculino com diagnóstico de TEA com grau leve, com queixas da comunicação, principalmente na dimensão pragmática. O paciente foi submetido a uma avaliação da prosódia emocional, por meio do protocolo Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação breve (MAC B). Durante a aplicação, o examinador contava situações que necessitaria da produção de três entonações diferentes (alegria, tristeza e raiva) pelo paciente, este era orientado a ler a frase alvo com a entonação que exprimisse o sentimento expresso pela história. Resultados: Em relação aos achados da avaliação foi possível avaliar a produção espontânea de características prosódicas indicativas das emoções raiva, alegria e tristeza; as emissões foram analisadas de acordo com a classificação das curvas prosódicas inapropriadas (0), com pouca entonação, mas com reconhecimento possível do sentimento (1) e normais, com reconhecimento preciso de cada entonação (2). O total de cada classificação também foi obtido (máximo de 6 pontos, 2 pontos para cada situação). Nas três situações (alegria, raiva e tristeza) o paciente obteve 1 ponto em cada item, obtendo o total de 3 pontos,
indicando que o participante avaliado reconheceu o sentimento de cada situação, mas obteve uma curva prosódica com pouca entonação. Conclusão: Desta forma, neste estudo de caso, a criança com TEA tem um desempenho de prosódia emocional inferior aos dos indivíduos com desenvolvimento típico. No caso avaliado, houve o reconhecimento emocional, mas não foram produzidos os ajustes prosódicos necessários para cada situação. Ressalta-se que a gravidade do TEA e os prejuízos linguísticos podem provocar alterações na prosódia emocional, o que evidencia uma variabilidade nesse aspecto no espectro autista. Desse modo, essa habilidade deve ser observada durante a intervenção fonoaudiológica e estimulada para melhorar a capacidade expressiva de pessoas com TEA.
1. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed.Artmed, 2014.
2. Klin Ami. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Rev. Bras. Psiquiatr. 2006; 28( Suppl 1 ): s3-s11.
3. Zuanetti Patrícia Aparecida, Silva Kelly da, Pontes-Fernandes Ângela Cristina, Dornelas Rodrigo, Fukuda Marisa Tomoe Hebihara. Características da prosódia emissiva de crianças com transtorno do espectro autista. Rev. CEFAC . 2018; 20 (5).
4. Olivati Ana Gabriela, Assumpção Junior Francisco Baptista, Misquiatti Andréa Regina Nunes. Análise acústica do padrão entoacional da fala de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Rev. CoDAS.; 29( 2 ).
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1612
A PROSÓDIA NA ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA DE CONVERSAÇÕES DE SUJEITOS AFÁSICOS
Tese
Linguagem (LGG)
INTRODUÇÃO: Este estudo volta-se para a investigação da ênfase, elemento prosodicamente constituído, na organização discursiva em conversações espontâneas. A ênfase investigada neste estudo, na perspectiva da Teoria Interacional da Entoação (TIE)1 e da Análise da Conversação (AC)2, considera que as duas propostas teóricas adotam um estudo da fala que contempla o caráter pragmático-discursivo, sem, contudo, se desvincular das questões gramaticais que acompanham a linguagem oral. Na afasia - alteração que pode prejudicar a compreensão e a produção de linguagem oral e escrita, resultante de lesão neurológica, ocasionada por tumores, acidentes vasculares ou traumas cranioencefálicos3, o falante sente dificuldades em compreender e/ou expressar, pela fala e/ou escrita, o conteúdo pretendido devido à alteração de linguagem. OBJETIVO: Identificar os recursos prosódicos na organização discursiva, com atenção especial dispensada à entonação, em conversações espontâneas dos sujeitos afásicos, o estudo tem como foco analisar a ênfase, sob a ótica da Teoria Interacional da Entoação (TIE)1 e da Análise da Conversação (AC)2. MÉTODO: O estudo foi realizado em um grupo de convivência de afásicos. Participaram quatro sujeitos afásicos (três do sexo masculino e um do sexo feminino). A coleta dos dados ocorreu durante as conversações espontâneas destes participantes com os seus interlocutores durante um período de 8 meses de encontros semanais de cerca de duas horas, cada. Os dados da conversação foram gravados em áudio e/ou vídeo sem tratamento antirruído. As informações prosódicas foram transcritas conforme a AC e a TIE e no contexto da conversação, as palavras psicoacusticamente interpretadas como as portadoras da ênfase foram recortadas e submetidas à análise acústica por meio do software PRAAT. Este estudo recebeu parecer ético de aprovação sob o nº 679.517. RESULTADOS: Os afásicos organizaram suas conversações usando recursos previstos pela Análise da Conversação como tomadas e assaltos de turnos, repetições/retomadas, hesitações, e ainda os elementos prosódicos como pausas, entoação, alongamentos que indicam ênfase. Da Teoria Interacional da Entoação verificaram-se unidades tonais, pausas, proeminências e diferentes tons. A análise acústica do espectrograma gerado no software PRAAT revelou que o contraste entre palavras retomadas no discurso sofreu não somente os alongamentos vocálicos, comprovados pelo aumento na duração da sílaba, mas também a variação no pico da F0 e da intensidade serviram para comprovar a geração de novos significados à mesma palavra repetida. CONCLUSÃO: Os correlatos acústicos (duração, intensidade e F0), os recursos prosódicos sob a ótica da TIE (unidades tonais, pausas, proeminências e tons) e os recursos prosódicos sob a ótica da AC (turnos, pausas, ênfase, entoação, alongamentos, repetições/retomadas, hesitações) somados contribuíram para a conclusão de que a conversação do afásico não deve ser vista como uma atividade monótona ou aprosódica. Além disso, é correto afirmar que a ênfase, na fala dos sujeitos analisados, é um dos recursos norteadores de seu discurso, tanto em termos expressivos quanto compreensivos. Assim, sugere-se que o trabalho com a prosódia seja mais um recurso utilizado no processo de reorganização da linguagem do afásico na prática clínica fonoaudiológica, uma vez que, dentre outros aspectos, uma das maiores demandas desse sujeito é a reinserção social.
1. Brazil D. The communicative value of intonation in English. Birmingham: English Language Research (Discourse Monographs Series, 8); 1985.
2. Marcuschi LA. Análise da Conversação. São Paulo: Ática; 1986.
3. Novaes-Pinto R. Cérebro, linguagem e funcionamento cognitivo na perspectiva sócio-histórico-cultural: inferências a partir do estudo das afasias. Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 47, n. 1, p. 55-64, 2012.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1820
A PROSÓDIA NA RÁDIO UNIVERSITÁRIA CAPIXABA: DESCRIÇÃO DO PERFIL DE QUALIDADE VOCAL DE LOCUTORES
Trabalho científico
Voz (VOZ)
Introdução: No contexto de rádio universitária, ensino, pesquisa e extensão engendram o contexto multiprofissional e neste espaço a fonoaudiologia debruça sobre o profissional da voz1,2. Detalhar o perfil de qualidade vocal dos estudantes de comunicação permite projetarmos perspectivas da variedade de condições vocais empregadas pelo locutor congregados em possíveis efeitos na transmissão da informação3. Destarte, a esta ocasião, evidenciar diferentes condições de ajustes de trato vocal a congregar a esfera laríngea (ajustes fonatórios), supralaríngea (ajustes articulatórios) e de tensão muscular (ajustes de tensão) nesta população alicerça elucubração e balizadores a estratégias de ensino a estudantes de fonoaudiologia conquanto estudantes da área de comunicação nesta universidade4. Objetivos: Investigar a qualidade vocal de locutores de rádio universitária capixaba, a partir de um modelo fonético de análise perceptivo-auditiva de fala. Métodos: Estudo transversal. Análise por meio de julgamento perceptivo-auditivo de arquivos de transmissão da rádio produzidos por acadêmicos da área de comunicação que atuam na rádio universitária. Arquivos audiogravados estão disponíveis em plataforma digital Mixcloud, de livre acesso, cunho jornalístico e informativo. Destarte, a este momento, por tratar-se de arquivos sonoros disponíveis em plataformas de streaming de livre acesso, não demandou submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. O corpus constou de locuções de 34 adultos, estudantes do programa de radialismo, do gênero masculino e feminino, com durações de pelo menos 1 minuto cada trecho. Foram analisadas por meio do instrumento VPAS-PB, planilhadas a detalhar conforme ocorrência de ajuste glótico, supraglótico e de tensão muscular e planilhados4. Perquirição estatística, conforme condições de agrupamento de ajustes de qualidade vocal, permitiram discutir tendências e influências consoantes com pressupostos do modelo fonético adotado, especificamente a conjectura de susceptibilidade e combinabilidade de ajustes. Resultados: Diminuição de extensão de articuladores (lábios, língua e mandíbula) agrupam e influenciam ajustes de elevação de laringe, hipertensão muscular e hiperfunção laríngea em ambos gêneros. Tendências a combinações de ajustes embasarem pressupostos de combinabilidade e susceptibilidade conforme modelo fonético. Conclusão: Detalhar características prosódicas, especificamente nesta ocasião a contemplar a qualidade vocal de locutores de rádio universitária a partir da utilização de modelo fonético possibilitou entendimento e contemplar a plasticidade aparelho fonador em perspectiva de combinação de ajuste fonatório, supraglótico e de tensão muscular geral e, destarte, assertividade em evidências a depreender a qualidade vocal do locutor e adiante acenar sobre expressividade e saúde vocal.
1.Kyrillos LCR, Lourenço IC, Ferreira LM, Toledo FB. Posturas comunicativas de radialistas de AM e FM. Pró-Fono.1995;7:28-31.
2. Lima-Silva MFB, Ghirardi AC, Penha PBC, Medeiros CMA, Ferreira LP. Avaliação e Diagnóstico Fonoaudiológico em Comunicação Profissional.In: Leandro Pernambuco e Ana Manhani. (Org.). A Avaliação e Diagnóstico em Fonoaudiologia. 1ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter. 2020.
3. Medeiros C, Neta L, Penha PBC, Araujo AMG, Lima-Silva, MFB. Aplicação do Vocal Profile Analysis Scheme - VPAS: uma revisão integrativa. Prolíngua. 2019:14:263.
4. Camargo Z, Madureira S. Voice quality analysis from a phonetic perspective: Voice profile analysis scheme (VPAS) profile for Brazilian Portuguese. In: Proc. 4th International Conference of Speech Prosody.2008:57-60.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1853
A QUALIDADE DA PROSÓDIA DE PACIENTES AFÁSICOS QUE ORALIZAM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introducão: Para que a comunicação ocorra de maneira eficiente, são necessários diversos aspectos funcionando em sua plenitude, entre eles a linguagem e a prosódia. A linguagem foi definida por Mousinho et al. (2008) como uma função cerebral, que utiliza elementos sistemáticos para que a comunicação humana seja realizada. Tratando-se da prosódia, Barbosa (2012) a descreve como variações melódicas presentes em enunciados. A ocorrência de lesões neurológicas no adulto pode ocasionar afasia, um distúrbio de linguagem adquirido, conforme Cecatto et al. (2006). Em virtude do prejuízo na linguagem, a prosódia pode ser afetada, repercutindo diretamente na eficiência da comunicação. Objetivo Geral: Analisar a qualidade da prosódia de pacientes com afasia que oralizam. Objetivos Específicos: Verificar a funcionalidade dos órgãos fonoarticulatórios dos pacientes com afasia; Comparar os aspectos prosódicos com a funcionalidade dos órgãos fonoarticulatórios. Método: Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE nº 18758919.4.000.5173), a pesquisa foi realizada com 8 participantes, de ambos os sexos, com idade acima de 18 anos, sem histórico/queixa de deficiência auditiva, de maneira qualitativa e observacional. Efetuou-se a aplicação de um protocolo elaborado pelas pesquisadoras, a partir dos escritos de Cagliari (1992), Fracassi et al. (2010), Marchezan (2009) e Souza e Cardoso (2013). Utilizou-se o protocolo para avaliação dos seguintes aspectos dos relacionados aos órgãos fonoarticulatórios: simetria, tonicidade e mobilidade de lábios, bochechas e língua; aspecto e conservação dentária; articulação e tipo de face. E os seguintes aspectos de prosódia: entonação em vocábulos e em discurso; ritmo; tessitura; pausa e duração. As avaliações ocorreram em 8 sessões, de 20 minutos cada, individualmente. Resultados: Constatou-se que durante toda a análise da seção de motricidade orofacial presente no protocolo, todos os avaliados apresentaram alterações em ao menos um dos itens. Embora alguns participantes possuíssem irregularidades em motricidade orofacial, não apresentaram prejuízos em prosódia, mesmo as alterações músculo-esqueléticas mostrando-se significativas. Apenas um avaliado apresentou mais manifestações em prosódia do que em motricidade, evidenciando o inverso e reforçando os resultados. Também em apenas um participante, as alterações em ambas as seções apresentaram números aproximados. Conclusão: Constatou-se que nem sempre houve relação entre as alterações de motricidade orofacial e prosódia, havendo indivíduos que apresentaram alterações significativas em uma das seções, poucas ou nenhuma na outra e vice-versa. Portanto, as alterações em prosódia podem ocorrer por conta das manifestações provenientes das próprias afasias dos participantes, não necessariamente estando atreladas às alterações de MO. Porém, mesmo com a presença da afasia associada a irregularidades músculo-esqueléticas, as alterações em prosódia podem não ser evidenciadas. Deste modo, conclui-se que a qualidade da prosódia em afásicos nem sempre possui correlação com alterações de motricidade orofacial, assim como com as manifestações deste distúrbio de linguagem.
Barbosa PA. Conhecendo melhor a prosódia: aspectos teóricos e metodológicos daquilo que molda nossa enunciação. Revista de estudos da linguagem [Internet]. 2012 Junho [cited 2019 May 2];20:11-27. Available from: http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2571
Cagliari LC. Prosódia: Algumas funções dos supra segmentos. Cadernos de Estudos Linguísticos [Internet]. 1992 Outubro [cited 2019 May 2];23:137-151. Available from: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8636850/4571
Cecatto R, Jucá S, Nacarato M, Maeda F, Prieto F. Alterações de comunicação e linguagem de pacientes portadores de lesão encefálica adquirida: Estudo descritivo retrospectivo. Acta Fisiatr. 2006. p.137.
Fracassi A, Gatto A, Weber S, Spadotto A, Ribeiro P, Schelp A. Adaptação para a língua portuguesa e aplicação de protocolo de avaliação das disartrias de origem central em pacientes com doença de Parkinson. Cefac. 2010;
Marchezan IQ. Avaliando e tratando o sistema estomatognático. In: Campiotto AR, Levy C, Holzhein D, Rabinovich K, Vicente LC, Castiglioni M, Redondo MC, Anelli W, Editores. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Ed. Roca; 1997. 763-80 p.
Mousinho R, Schmid E, Pereira J, Lyra L, Mendes L, Nóbrega V. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir nesse percurso. Rev. psicopedagogia. 2008. p. 298-299.
Souza RL, Cardoso MC. Fluência e prosódia: aspectos diferenciais frente aos distúrbios. Revista neurociências. 2013;21:468-473.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2153
A RELAÇÃO DA PREMATURIDADE COM AS DIFICULDADES ALIMENTARES NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA
Práticas fonoaudiológicas
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: Atualmente, muitos bebês que nascem prematuros conseguem sobreviver devido ao contínuo avanço da tecnologia na medicina neonatal. Com isso o acompanhamento interdisciplinar especializado pós-alta hospitalar é feito visando à detecção precoce de complicações crônicas ou temporárias, como alterações no crescimento e no desenvolvimento dos recém-nascidos (RN) de risco.
Um dos fatores que causa maior vulnerabilidade para o RNPT é o baixo peso ao nascimento, o qual é causa de preocupação aos médicos e familiares, por suas consequências em relação à qualidade de vida, ao crescimento somático e ao desenvolvimento neuromotor.
Normalmente, os RNPTs encaminhados para clínica fonoaudiológica pelo pediatra responsável apresentam dificuldades no ganho de peso, queixas de engasgo, lentidão no processo alimentar. Porém, é muito frequente que o encaminhamento ocorra apenas após um ano de vida, em que o RNPT já apresenta importante dificuldade alimentar.
Cerca de 20% a 80% dessas crianças têm problemas de alimentação durante a infância, e aproximadamente 26% dos prematuros apresentam disfagia ou suas sequelas.
De acordo com alguns estudos, observa-se variadas alterações oromiofuncionais nos RNPTs, como alteração do reflexo de procura; dificuldades de pega no seio materno; padrão de sucção ineficiente e irregular; pressão intra-oral diminuída; incoordenação linguopalatal; reflexo de mordida exacerbado; náusea exacerbada; refluxo faringo nasal; aspiração silente; aversão oral; odinofagia; aerofagia; falhas na peristalse esofágica; atraso na deglutição faríngea; ronco laríngeo; estridor laríngeo; tosse; engasgos; entre outros.
Essas disfunções orais podem também comprometer o desenvolvimento alimentar.
Objetivo: caracterizar a população de prematuros com dificuldades alimentares atendida em consultório particular.
Método: Levantamento de dados de pacientes prematuros recebidos em consultório particular com queixa de dificuldades alimentares.
A amostra foi composta por 12 crianças, sendo 10 do gênero masculino e 2 do feminino; todos nascidos de parto cesariana com média da idade gestacional de 33 semanas. Média de idade da amostra: 02 anos e 6 meses (mínima 05 dias e máxima 05 anos). Em relação às queixas de dificuldades alimentares nas avaliações temos: 6 casos com a queixa de engasgos, 3 de tosse; 4 de náuseas; 1 de vômitos frequentes; 5 de dificuldades na amamentação; 7 de dificuldades na introdução alimentar; 5 com queixa de recusa ou seletividade alimentar; 2 dificuldades em ganho de peso. Comorbidades apresentadas: 1 Sindrome de Down; 1 Síndrome de Down associado à Síndrome de West; 1 de AVC intraútero associado à Síndrome de West; 1 tumor de rim tratado e 7 casos com DRGE.
Conclusão: O estudo mostra a estreita relação das dificuldades alimentares com os casos de prematuridade e a grande importância do encaminhamento, avaliação e atendimento precoce desta população para minimização ou eliminação de problemas na alimentação na população infantil, proporcionando uma melhor qualidade de vida. Quando se trata de cuidar de RNPTs, o fonoaudiólogo precisa estar atento às peculiaridades que envolvem a prematuridade, desde o acolhimento humanizado, à compreensão dos mecanismos das disfunções orais, bem como à atuação em parceria com a equipe interdisciplinar envolvida nestes casos.
Morris,S
TRABALHOS CIENTÍFICOS
566
A RELAÇÃO DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS E QUALIDADE VOCAL EM CANTORES CATÓLICOS
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Introdução: A qualidade vocal e a percepção da voz dependem de fatores diversos e pode variar devido a aspectos emocionais e físicos. A falta de feedback auditivo pode ser responsável pelas alterações na qualidade vocal gerando prejuízos em suas apresentações e ensaios. A avaliação audiológica periódica dos profissionais da música é de fundamental importância devido à alta probabilidade para desenvolvimento de perdas auditivas de origem ocupacional sendo a audiometria o principal exame para o acompanhamento da saúde auditiva. Objetivo: Correlacionar os achados das emissões otoacústicas e os testes de qualidade vocal de cantores católicos. Método: O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa. A pesquisa contou com 22 cantores católicos entre 18 e 30 anos. Os critério de inclusão utilizados foram: não fazer uso da voz profissionalmente, apresentar limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade na audiometria tonal limiar e timpanometria com curva tipo “A” em ambas as orelhas. Foram realizados os exames emissões otoacústicas transientes e por produto de distorção. Para avaliação vocal, foram utilizados os protocolos IDV (Índice de qualidade vocal), QVV (Qualidade de vida em voz) e escala GRBASI. Resultados: Foram realizadas análises entre os resultados da amplitude e da relação sinal/ruído com os resultados apresentados nos protocolos aplicados, entretanto não foi observada nenhuma correlação estatisticamente significante. Foi então realizada uma análise com os resultados encontrados na audiometria tonal e, desta forma, foi possível identificar uma correlação estatisticamente relevante entre QVV total e físico e os resultados da audiometria na frequência de 8 kHz (relação é inversamente proporcional).
Conclusão: Não foi encontrada uma correlação estatisticamente relevante entre as emissões otoacústicas e a qualidade vocal dos cantores católicos da amostra.
1. Maia AA, Gonçalves DU, de Menezes LN, Barbosa BM, Almeida PS, Resende LM. Análise do perfil audiológico dos músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG). Per Musi. 2007;(15):67-71.
2. Prado, AdC. Principais características da produção vocal do deficiente auditivo. Revista CEFAC. 2007;9(3):404-410.
3. BEHLAU, Mara. Avaliação de voz. In: BEHLAU, Mara. VOZ: O livro do especialista. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. Cap. 3. p. 85-103.
4. Dejonckere PH, Leback J. Acoustic, perceptual, aerodynamic and anatomical correlations in voice pathology. ORL J Otorhinolaryngol Relat Spec 1996;58:326-32.
5. Behlau M, Oliveira G, Santos LMA, Ricarte A. Validação no Brasil de protocolos de autoavaliação do impacto de uma disfonia. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2009 outdez;21(4):326-32.
6. LLOYD, L. L.; KAPLAN, H. Audiometric interpretation: a manual of basic audiometry. University Park Press: Baltimore; 1978. p. 16.
7. MUNHOZ, Graziella Simeão. Proposta de programa de prevenção de perdas auditivas para músicos. 2016. 159 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Fonoaudiologia, Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo, Bauru, 2016.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1598
A RELAÇÃO DE ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA FRENTE AS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO E USO DOS GÊNEROS ACADÊMICOS A PARTIR DE UMA OFICINA DE LETRAMENTO
Trabalho científico
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
81020670
Introdução: Apesar de dados estatísticos[1] do Censo do Ensino Superior indicarem expressivo aumento no número de discentes que ingressam em Instituições de Ensino Superior (IES), observa-se que parcela significativa desses estudantes não conclui sua formação, em grande medida, devido às restritas condições de letramento que apresentam. Estudos[2, 3, 4] demonstram que as atividades de letramento na universidade podem ampliar as possibilidades de relação dos discentes frente ao uso da leitura e escrita no ambiente acadêmico. Alguns autores[3,4,5,6,7] afirmam que muitas das supostas dificuldades relacionadas ao uso da leitura e da escrita na universidade são determinantes para a evasão do ES. A saída do ambiente universitário muitas vezes ocorre, pois a as dificuldades de leitura e escrita afetam a posição de autonomia dos estudantes diante das produções do gênero acadêmico. Para reverter essa situação, alguns trabalhos[3,4,5,7] realizados na universidade acerca do efetivo uso da leitura e da escrita têm demonstrado a influência de atividades significativas com essa modalidade de linguagem na permanência e no desempenho acadêmico de discentes do ES Objetivo: este estudo buscou compreender a relação de discentes do ensino superior frente as suas produções com a linguagem escrita após um trabalho realizado em uma oficina de Letramento. Método: Participaram deste estudo seis discentes do curso de Fonoaudiologia de uma universidade localizada no Sul no Brasil, os quais fizeram parte de uma atividade de extensão organizada por duas fonoaudiólogas e alunos de um Programa de Mestrado e Doutorado em Distúrbios da Comunicação. A Oficina foi desenvolvida a partir de encontros semanais, com duração de 90 minutos, durante os anos letivos de 2017 a 2019. Os dados foram organizados em dois eixos temáticos: “Dificuldades de leitura e escrita” e “Efeitos da Oficina de letramento na posição subjetiva” e analisados a partir da análise do conteúdo. Resultados: Em relação ao primeiro Eixo, pode-se inferir a partir dos relatos das estudantes que a universidade tem exigido dos alunos que leiam e escrevam, mas pouco os orienta para a construção de gêneros acadêmicos Além isso, em geral, nos cursos de graduação há pouco trabalho com os alunos acerca de como usar e escrever textos acadêmicos. No que concerne ao Eixo dois, os relatos das participantes, em geral, indicam que, as atividades significativas propostas em uma oficina de letramento, a partir de textos orais e escritos, tem impacto em relação à autoria, autonomia e responsividade das participantes, possibilitando mudanças positivas na relação que estabelecem com a leitura e a escrita de diferentes gêneros, dentre esses o acadêmico. Conclusão: a partir dos enunciados das estudantes é possível verificar que o espaço de oficina do letramento a partir da promoção de atividades significativas com a linguagem escrita, pode permitir que seus participantes assumam outras posições frente as suas supostas dificuldades, possibilitando uma maior participação no cotidiano universitário, que a ampliação de sua autonomia, autoria e diminuição de suas angústias e sofrimentos frente as produções de leitura e escrita
Palavras chaves: Letramento acadêmico, Letramento no Ensino Superior, Práticas grupais.
[1] BRASIL. Ministério da Educação. CENSO DE EDUCAÇÂO SUPERIOR: Novas Notas estatísticas 2018.
[2] DONIDA, L.O.; SANTANA A.P. Apoio pedagógico como proposta de educação para todos. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo – SP, v. 45, e.192527, p.1-19, 2019.
[3] FRANCO, A.S.; MOLINARI, C. A leitura e a escrita na Universidade. Revista Eletrônica Pesquisa educação, Santos – SP, v. 5, n. 10, p.276-294, 2013.
[4] PAN, M.A.G.S.; LITENSKI, A.C.L. Letramento e identidade profissional: reflexões sobre a leitura, escrita e subjetividade na universidade. Revista Psicologia escolar e educacional. São Paulo – SP, v. 22, n. 3, p.527-534, 2018.
[5] WINIARSKI, L.R.S. Gêneros acadêmicos e a formação no ensino superior: visão de um grupo de discentes de fonoaudiologia. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Fonoaudiologia) – Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde. Universidade Tuiuti do Paraná/UTP. Disponível em: http://tcconline.utp.br/2018/08/page/2/. Acessado em: 25 out. de 2018.
[6] ALMEIDA, A. B.; PAN, M. A. G. S. Contribuições bakhtinianas para o estudo das práticas de leitura e escrita na universidade: autoria, gêneros científicos e identidade profissional. In: Pan, M. A. G. S.; Albanese, L.; Ferrarini, N. L. (Orgs.), Psicologia e educação superior: formação e (m) prática (pp. 75-98). Curitiba: Juruá, 2017.
[7] FUZA, A.F.; FIAD, R.S.; GOMES, L.N. Letramento de acadêmicos do curso de letras: apropriação de gêneros e implicações para a formação do professor. Interface. v.6, n. 1, p. 37-45, 2015.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1790
A RELAÇÃO ENTRE O ALEITAMENTO MATERNO E ARTIFICIAL COM AS INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS SUPERIORES E AUDITIVAS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: As Infecções de Vias Aéreas Superiores e Otites Médias são definidas como todo e qualquer processo infeccioso viral ou bacteriano, que podem interferir no aleitamento materno, por prejudicar a respiração exclusivamente nasal. Estudos confirmam o leite materno como o único alimento capaz de proteger o lactente de diversas doenças no primeiro ano de vida, incluindo as doenças respiratórias e auditivas, pois é rico em compostos nutricionais e imunológicos que conferem essa proteção. Alguns profissionais da saúde orientam as mães para que amamentem seus filhos com a cabeça mais elevada, a fim de evitar a infecção auditiva, via tuba auditiva, no entanto, é questionável se tal orientação cabe aos bebês que são amamentados exclusivamente em seio materno, uma vez que o Ministério da Saúde orienta que durante o aleitamento materno exclusivo, a mãe pode amamentar em qualquer posição inclusive com o bebê deitado, desde que a lactante e o lactente estejam confortáveis sem mencionar riscos ou desvantagens para o bebê. Objetivo: Identificar as práticas maternas com relação ao posicionamento do bebê durante o aleitamento materno exclusivo e/ou oferta do leite artificial e sua relação com as IVAS e Otites Médias. Metodologia: Participaram da pesquisa 50 mães de crianças de zero a dois anos, que frequentavam as UBS e CMEIs de uma cidade no interior do Paraná, entre agosto e setembro de 2019. Foram realizadas entrevistas com as mães, sobre aleitamento materno, posição do lactente durante a amamentação e ocorrência de IVAS e Otites. Resultados: Os resultados mostraram que, a maioria (n=29) das mães amamenta com mamadeira, e uma pequena parcela (n=10) em seio materno exclusivo. Quanto à ocorrência de IVAS e Otite foi relatada em alguns casos (n=14), dos quais, todos eram amamentados com utensílios artificiais. Quando amamentado em seio materno, nenhuma mãe relatou episódios de infecções. Com relação à posição, a maioria relatou amamentar na posição deitada e inclinada. A orientação do MS é sobre o aleitamento materno exclusivo em qualquer posição, inclusive deitada, pois, caso o leite entre em região nasofaringea e orelha média consegue ser absorvido sem causar proliferação de bactérias devido sua composição nutricional, diferente do leite artificial que não dispõe das mesmas propriedades. Conclusão: Esse estudo permitiu inferir que as práticas das mães durante o aleitamento materno exclusivo e a posição da mamada não possuem relação direta com as IVAS e Otites, ao contrário da oferta de leite artificial em outros recipientes, como a mamadeira.
Palavras-chave: Aleitamento Materno; Leite Artificial, Infecções de Vias Aéreas Superiores; Otite média.
ALMIDA, E. O. C.; MELLI R.; MORAES I. F. Orientação fonoaudiológica e psicológica às nutrizes: experiência em contexto hospitalar. Recém-nascido em alojamento conjunto: visão multiprofissional. Pró-Fono; 2002.
ANTUNES, L. S.; ANTUNES, L. A.; CORVINO, M. P.F.; MAIA, L. C. Amamentação natural como fonte de prevenção em saúde. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 13, n. 1, p.103-109, 2008.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Promovendo o Aleitamento materno - Álbum seriado. 2ª edição. Brasília: 2007. 18p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar - Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23)
GARCIA, M. V.; AZEVEDO M. F.; TESTA, J.R.G; LAUREANO, L. C. B. Influência do tipo de amamentação nas condições de orelha média de lactentes. Braz. Jor. Otorhinolaryngol. vol.78, n.1. 2012.
MOCELLIN, L. Infecções das vias aéreas superiores. Revista Brasileira de Medicina. 2011; 68(2): 82-7.
NADAL, L. F. Investigação das práticas maternas sobre aleitamento materno e sua relação com a infecção de vias aéreas superiores e otite média. Revista CEFAC. Paraná, 2017 Maio-Jun; 19(3):387-394.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1078
A RELAÇÃO ENTRE VOZ E PROCESSAMENTO AUDITIVO TEMPORAL NO ENVELHECIMENTO
Trabalho científico
Voz (VOZ)
Introdução Alterações de voz e audição são algumas das principais responsáveis pelas dificuldades de comunicação em idosos. Mudanças que afetam a linguagem expressiva e receptiva impactam a vida social e podem gerar um risco particular de consequências negativas para o envelhecimento ativo1. Para uma comunicação oral eficaz é necessária atuação conjunta dos sistemas fonatório e auditivo, pois a fonação envolve uma integração sensoriomotora intrinsecamente relacionada ao monitoramento auditivo2,3. Com o envelhecimento natural, déficits sensoriais e de processamento central ocorrem em ambos os sistemas e podem estar correlacionados3,4. Objetivos Analisar se existe relação entre processamento auditivo temporal e voz de idosos com e sem sintomas vocais. Métodos Estudo transversal, analítico e correlacional; aprovado pelo Comitê de Ética sob o número 148234/2017. Participaram do estudo 40 idosos com idades a partir de 60 anos, subdivididos em dois grupos: com e sem alterações vocais, segundo a Escala de Sintomas Vocais (ESV). Os idosos foram submetidos à avaliação do processamento auditivo temporal e avaliação vocal. Foram analisadas habilidades auditivas de ordenação, resolução e mascaramento temporal, por meio do Teste Padrão de Frequência (TPF), Randon GAP Detection Test (RGDT) e Masking Period Pattern (MPP), respectivamente. Também foi avaliada a ocorrência de queixas de voz e realizada análise acústica e perceptivo-auditiva da voz. A análise descritiva e cálculos estatísticos foram realizados por meio do SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 19.1. Verificou-se a hipótese de normalidade e igualdade de variâncias. Os grupos foram comparados em relação às variáveis categóricas e numéricas ou a associação entre duas variáveis. Foi verificado ainda o grau da correlação entre variáveis numéricas. Na avaliação perceptivo-auditiva, foi selecionado o juiz que apresentou maior índice na análise de reprodutibilidade através dos valores de coeficiente de Kappa (k). O nível de significância foi de 5% (p≤0,05). Resultados A idade média dos participantes foi de 67,63 anos, com distribuição igual entre os sexos. As queixas de voz mais frequentes foram: pigarro, cansaço vocal e voz fraca. A maioria dos idosos apresentou intensidade da voz diminuída, desempenho normal no TPF, alterado no RGDT e limiares para detecção do sinal alvo aumentados na presença do mascaramento em diferentes posições temporais do sinal alvo. Não houve diferença entre os grupos quanto às habilidades auditivas avaliadas. Na análise perceptivo-auditiva da voz, os idosos apresentaram variabilidade normal da qualidade vocal e apenas o pitch diferiu significativamente entre os grupos. Na análise acústica, houve diferença entres os sexos quanto à frequência, shimmer, severidade global da alteração e rugosidade. Na análise da correlação entre os parâmetros auditivos e vocais, houve correlação entre a habilidade auditiva de resolução temporal, a severidade global da alteração e a rugosidade da voz. Conclusão Há prejuízo no processamento auditivo central com o envelhecimento e está correlacionado a alterações vocais em idosos. Esta correlação pode associar-se a ajustes vocais inadequados e rugosidade da voz nessa população. Abordar o feedback auditivo na avaliação e terapia da voz pode orientar o uso de estratégias compensatórias para a fonação na assistência ao idoso.
1 Palmer AD, Newson JT, Rook K. How does difficulty communicating affect the social relationships of older adults? An exploration using data from a national survey. Journal of Communication Disorders. 2016; 62:131–146.
2 Ishii C, Arashiro PM, Pereira LD. Ordering and temporal resolution in professional singers and in well tuned and out of tune amateur singers. Pró-Fono R Atual Cient. 2006; 18:285–92.
3 Howarth A.; Shone GR. Ageing and the auditory system. Postgrad Med J. 2006; 82:166–171.
4 Dalla Bella S, Tremblay-Champoux A, Berkowska M, Peretz I. Memory disorders and vocal performance. Ann. N.Y. Acad. Sci. 2012, 1252,:338–344.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
914
A RELEVÂNCIA DE ATIVIDADES CLÍNICAS EXTRACURRICULARES NA FORMAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO PARA O SUS.
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: As experiências extracurriculares fazem parte da formação acadêmica, assumindo uma posição notória e essencial na construção e consolidação de conhecimentos técnicos específicos. Sendo assim, a edificação profissional é alicerçada por esses conhecimentos em consonância com a prática clínica. As diversas vivências existentes na sua trajetória agregam valores, autoconfiança e conhecimento único a sua formação que poderão ter grande relevância na atuação de um profissional, quando inserido no mercado de trabalho. Historicamente, a Fonoaudiologia enquanto profissão foi moldada a partir de uma perspectiva biomédica e hegemônica. Com mudanças no contexto histórico, a atividade profissional foi inserida no contexto da Saúde Coletiva utilizando uma perspectiva baseada nos princípios do SUS e suas diretrizes. Objetivo: Descrever a experiência de discentes da graduação de Fonoaudiologia em um Projeto de Extensão supervisionado de Linguagem e Saúde Coletiva de uma Universidade Federal, bem como evidenciar a importância das experiências extracurriculares no SUS. Métodos: Trata-se de um relato de experiência ocorrida ao longo de 2 semestres em 2019, semanalmente, em uma clínica-escola de uma Universidade Federal, no período matutino, dividido entre atendimentos individuais de linguagem, ações em sala de espera, grupo de pais ou atendimento grupal e discussão de casos e artigos científicos, sendo todos os processos supervisionados pela coordenadora do projeto e fonoaudióloga do serviço, o qual possui pactuação com a Rede SUS no âmbito municipal. Cada um dos estagiários é responsável pelo processo terapêutico de 1 ou 2 pacientes. Os atendimentos de linguagem são voltados para o desvio fonológico. Se há outra demanda de cunho fonoaudiológico, caso comportado pela estrutura do serviço também é acolhida pelo projeto. Em alguns casos específicos, é preciso encaminhar o paciente para outro serviço, especialmente quando a demanda não é fonoaudiológica. A sala de espera sempre era elaborada pelos estagiários, com apoio da fonoaudióloga responsável pelo projeto, o que oportuniza maior contato dos graduandos com os usuários do serviço, além dos atendimentos individuais. O grupo de pais é realizado com os acompanhantes dos pacientes acompanhados no projeto e os objetivos são delineados a partir das demandas apresentadas. Resultados: O Projeto oportunizou vivências além do que é ofertado nas atividades curriculares, com os discentes acompanhando o processo terapêutico por um tempo maior do que os estágios obrigatórios. Além disso, por se tratar de um serviço público viabilizou a estruturação de um pensar clínico diferenciado, assim como o aprendizado da rotina e condutas restritas aos espaços desse perfil que em conjunto com as discussões transdisciplinares e a imersão em espaços científicos proporcionaram maior raciocínio nos estagiários. Por conseguinte, é essencial acrescentar que dentro dessas esferas sempre houve uma discussão ampliada sobre a importância de considerar os aspectos biopsicossociais da saúde de cada indivíduo. Conclusão: A imersão no Projeto de Extensão em um serviço público contribuiu para o desenvolvimento de habilidades e competências que certamente transcende questões acadêmicas, mas que é sobre humanização no agir do futuro profissional, como a maior compreensão de vulnerabilidades e individualidades dos usuários em um serviço público.
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TRABALHOS CIENTÍFICOS
961
A REPERCUSSÃO DO RELAXAMENTO DO MÚSCULO MENTUAL NA RESPIRAÇÃO ORONASAL
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
A respiração nasal é essencial para que ocorra o adequado desenvolvimento do complexo craniofacial. Quando ela não ocorre, o organismo pode adotar um padrão de suplência, a respiração oral, proveniente de etiologias orgânicas, ou oronasal, resultante de estado vicioso ou decorrente de uma memória muscular mantida. Diversos comprometimentos podem ser ocasionadas pela respiração oral, desde alterações posturais, distúrbios comportamentais, fisiológicos, distúrbios de aprendizagem, entre outros. A literatura a considera uma síndrome, intitulada “Síndrome do Respirador Oral” (SRO).
Em razão da influência que a musculatura perioral exerce, principalmente para o selamento labial, é importante o apropriado comportamento da musculatura orbicular da boca inferior. Mas, em virtude da ação hipertrófica do músculo mentual e sua inserção no músculo orbicular da boca inferior, nem sempre isso é possível, pois a hipertrofia mentoniana favorece ainda mais a eversão do lábio inferior, dificultando o selamento labial efetivo. Na literatura há uma escassez de trabalhos na área de fonoaudiologia que estudam técnicas como a massoterapia, sobretudo em relação ao músculo mentual, apesar de ser uma intervenção já conhecida e utilizada clinicamente em pacientes respiradores orais.
Objetivo: Investigar se a massoterapia no músculo mentual repercute no músculo orbicular da boca inferior em respiradores oronasais.
Material e método: Estudo experimental e quantitativo sobre o impacto da massoterapia no músculo mentual em relação ao músculo orbicular da boca inferior. Constituído por 19 participantes respiradores oronasais, subdivididos em dois grupos, controle (GC) e experimental (GE), com faixa etária entre 18 e 27 anos, gênero masculino e feminino. O GC não foi submetido à intervenção terapêutica e o experimental realizou massagens no músculo mentual durante 3 meses.
Os participantes receberam demonstrações para a realização da massoterapia no Laboratório de Eletromiografia do CEPRE/FCM/UNICAMP e foram orientados a realizarem técnica de amassamento69. Esta é uma manipulação realizada com as extremidades dos dedos que consiste na apreensão ou compressão do músculo, cujos movimentos de compressão e descompressão são feitos de forma intermitente, através de movimentos circulares, de maneira que a pele e os tecidos subcutâneos sejam movidos sobre as estruturas subjacentes.
Foram realizados registros eletromiográficos antes e após 3 meses nos músculos orbicular da boca inferior e mentual durante atividade de repouso e deglutição, em ambos os grupos.
Resultados: Observou-se resultados significativos da interação entre grupo e fase (p<0,05) das médias de RMS (Root Means Square) no músculo orbicular inferior e mentual no GE nas atividades de repouso e deglutição após as intervenções massoterápicas. Conclusão: na comparação do comportamento dos músculos orbicular da boca inferior e mentual do GE houve diferença significativa indicando que a massoterapia foi eficaz para diminuição de sua atividade elétrica muscular. Ou seja, é possível que o músculo mentual, de fato, interfira no comportamento do músculo orbicular da boca inferior.
Palavras-chave: Respirador bucal – Massoterapia – Eletromiografia de Superfície –Mioterapia – Músculo Mentual.
1. Machado PG, Mezzomo CL, Badaró AFV. A postura corporal e as funções estomatognáticas em crianças respiradoras orais: uma revisão de literatura. Revista CEFAC. 2012. 14(3): 553-565.
2. Ferla A, Silva AMTD, Corrêa ECR. Atividade eletromiográfica dos músculos temporal anterior e masseter em crianças respiradoras bucais e em respiradoras nasais. em Bras Otorrinolaringol. 2008. 74(4): 588-95.
3. Siqueira VCV, Sousa MA, Bérzin F, Casarini CAS. Análise eletromiográfica do músculo orbicular da boca em jovens com Classe II, 1ª divisão, e jovens com oclusão normal. Dental Press J. Orthod. [Internet]. 2011. 16( 5 ): 54-61.
4. Nagae MH, Alves MC, Kinoshita RL, Bittencourt ZZLC, Gagliardo H. Qualidade de vida em sujeitos respiradores orais e oronasais em Rev. CEFAC. 2013. 15(1): 105-110.
5. Menezes VAD, Leal RB., Moura MM, Granville-Garcia AF. Influência de fatores socioeconômicos e demográficos no padrão de respiração: um estudo piemo. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007. 73(6): 826-34.
6. Andrade FV, Andrade DV, Araújo AS, Ribeiro ACC, Deccax LDG, Nemr K. Alterações estruturais de órgãos fonoarticulatórios e más oclusões dentárias em respiradores orais de 6 a 10 anos. Revista Cefac. 2005. 7(3): 318-325.
7. Vera, CFD, Conde, GES, Wajnsztej R, Nemr, K. Transtornos de aprendizagem e presença de respiração oral em indivíduos com diagnóstico de transtornos de déficit de atenção/hiperatividadeemDAH). Rev Cefac. 2006. 8(4): 441-55.
8. Cintra, CFSC, Castro FFM, Cintra, PPVC. As alterações orofaciais apresentadas em pacientes respiradores bucais. Rev bras alergia imunopatol. 2000. 23(2): 78-83.
9. Knösel M, Jung K, Kinzinger G, Buss O, Engelke W. A controlled evaluation of oral screen effects on intra-oral pressure curve characteristics. European Journal of Orthodontics. 2010;32(5):535-41
10. Mattos, FMGF, Bérzin, F, & Nagae, M. H. (2017). O impacto da respiração oronasal sobre a musculatura perioral. Revista CEFAC, 19(6), 801-811.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
239
A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL COMO COLABORADORA NO APERFEIÇOAMENTO DA ASSISTÊNCIA FONOAUDIOLÓGICA AO PACIENTE CRÍTICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Relato de experiência
Disfagia (DIS)
Introdução: O programa de residência multiprofissional em saúde hospitalar é uma iniciativa organizada a partir de políticas públicas que tem como objetivo a integração e inserção de profissionais de saúde de diferentes áreas no contexto hospitalar, com o intuito de combater o modelo tecnoassistêncial do sistema único de saúde (SUS). A promoção do cuidado ao indivíduo internado concentra-se nas unidades de clínica médica até setores mais complexos como a unidade de terapia intensiva (UTI). O residente da equipe multiprofissional, quando inicia sua jornada na prestação da assistência e cuidado ao paciente crítico na UTI, passa a fazer parte da equipe hospitalar. Sendo as condutas ali tomadas tanto para o suporte de vida como atenuadoras do sofrimento. O residente em fonoaudiologia é um dos profissionais que compõe essa equipe sendo ele o responsável por identificar, prevenir, diagnosticar e reabilitar qualquer alteração relacionada à deglutição, fala, voz e linguagem do indivíduo. Como um potencializador na formação do fonoaudiólogo, a residência multiprofissional promove um diferencial na construção do seu perfil profissional, através de ricas experiências com foco principal na área da Disfagia. No atendimento à pacientes fragilizados, potencialmente graves, instáveis quanto ao seu estado clínico, em uso de via alternativa de alimentação, traqueostomia ou que apresentem transtornos da deglutição. OBJETIVO: Identificar aspectos que aprimoram a assistência fonoaudiológica prestadas à pacientes críticos através do programa de residência multiprofissional em saúde hospitalar. MÉTODO: Estudo descritivo, reflexivo, de natureza qualitativa em relato de experiência sobre os fatores contribuintes no aperfeiçoamento da assistência do fonoaudiólogo residente hospitalar a pacientes críticos internados em uma UTI. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O residente de fonoaudiologia que atua na prestação do cuidado a pacientes críticos apresenta durante todo o seu período de atuação, autonomia quanto a tomadas de decisão competentes à sua área de intervenção. Dispondo de alta capacidade profissional na definição de condutas referentes à pacientes que apresentam disfagia e necessitam de assistência fonoaudiológica. Decisões quanto à via alimentar, uso de válvula de fala, processo de decanulação, modificação na consistência alimentar e avaliação da deglutição são exemplos de ações realizadas por esse profissional no seu exercício de sua atuação. Ao concluir sua especialização, o fonoaudiólogo sairá para o mercado de trabalho com expertises adquiridas durante o processo de atuação hospitalar, apresentando domínio e aperfeiçoamento quanto à prestação da assistência fonoaudiológica ao paciente crítico hospitalizado. CONCLUSÃO: A residência multiprofissional hospitalar em saúde possibilita que o Fonoaudiólogo aprimore as técnicas e condutas assistenciais prestadas ao paciente crítico a partir de um olhar não concentrado no fator doença e sim na prestação de um cuidado integral, qualificado e humanizado.
COÊLHO, P.D.L.; BECKER, S.G.; LEOCÁRDIO, M.A.S.C.; OLIVEIRA, M.L.C.; PEREIRA, R.S.F.; LOPES, G.S. Processo SAÚDE-DOENÇA e qualidade de vida do residente multiprofissional. Rev enferm, Recife, 12(12):3492-9, dez., 2018.
MENDES, L.C. et al . Relato de experiência do primeiro ano da residência multiprofissional hospitalar em saúde, pela ótica da Psicologia. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 14, n. 1, p. 125-141, jun. 2011 .
SILVA, C.T. da et al .Residência multiprofissional como espaço intercessor para a educação permanente em saúde Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 25, n. 1, e2760014, 2016 .
TRABALHOS CIENTÍFICOS
757
A SAÚDE DO TRABALHADOR E A EXPOSIÇÃO À RISCOS OCUPACIONAIS
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: A área interdisciplinar que abrange a saúde do trabalhador trata da manutenção dos aspectos que envolvem a saúde nos mais diversos ambientes de trabalho, bem como a redução dos riscos ocupacionais existentes. A saúde do trabalhador é regida pela instituição de normas que tratam da segurança e da saúde dos trabalhadores. Os riscos ocupacionais referem-se aos agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Objetivo: Analisar as variáveis de exposição a riscos ocupacionais e a saúde laboral ao final de um dia de trabalho dos sujeitos que responderam a pesquisa. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva, com análise de variáveis quantitativas e qualitativas. O levantamento dos dados foi realizado por meio de um questionário padronizado, contou com a participação de 74 sujeitos, abordando questões referentes à rotina de trabalho, equipamentos de proteção individual, saúde no geral, saúde auditiva, qualidade de vida e bem-estar. Resultados: Dentre os sujeitos que responderam o questionário, 32 (58,2%) revelaram estar expostos a agentes ergonômicos, 18 (32,7%) a agentes biológicos, 17 (30,9%) a agentes físicos e um (1,8%) a agentes químicos, além disso, 15 (27,3%) responderam não estar expostos a nenhum risco de exposição ocupacional. Em relação à pergunta de múltipla escolha “o que você sente após um dia de trabalho?”, os participantes poderiam marcar mais de uma alternativa se necessário, sendo assim, 41 (74,5%) indivíduos referiram que se sentem cansados, 20 (36,4%) estressados, 18 (32,7%) com ansiedade, 16 (29,1%) com dores de cabeça, dois (3,6%) com nervosismo, dois (3,6%) com sensação de ouvido tampado, um (1,8%) com voz cansada, um (1,8%) com tristeza, raiva ou frustração, um (1,8%) com zumbido e um (1,8%) sente-se tranquilo, apenas oito (14,5%) referiram não sentir nada após a jornada de trabalho. Conclusão: A maior parte dos sujeitos do estudo estão expostos a agentes ocupacionais e sentem prejuízos em sua qualidade de vida e bem-estar após a jornada de trabalho diária. Em vista disso, percebemos a necessidade da disseminação de informação nos diferentes locais de trabalho no que diz respeito a saúde ocupacional e aos efeitos que a exposição a agentes de qualquer natureza podem causar no ser humano. Portanto, tornam-se pertinentes movimentos coletivos em prol da conscientização e da preservação da saúde, como ações e campanhas que reforcem a importância dos horários de descanso e o uso de equipamentos de proteção individual adequados para cada função.
Brasil. Portaria n. 25, de 29 de dezembro de 1994. Norma regulamentadora n. 9. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Diário Oficial da União. 29 dez 1994;Seção 1.
Lima KM, Canela KGS, Teles RBA, Melo DEB, Belfort LRM, Martins VHS. Gestão na saúde ocupacional: importância da investigação de acidentes e incidentes de trabalho em serviços de saúde. Rev Bras Med Trab. 2017;15(3):276-283.
Souza NVDO, Pires AS, Gonçalves FGA, Cunha LS, Ribeiro LV, Vieira RS. Riscos ocupacionais e agravos à saúde dos trabalhadores em uma unidade ambulatorial especializada. Rev Min Enferm. 2014;18(4):923-930.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
251
A SELEÇÃO DE CATEGORIAS DA CIF PARA O DESENVOLVIMENTO TÍPICO DE FALA E LINGUAGEM
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
04076001
Introdução: as habilidades de linguagem e comunicação se desenvolvem ao longo da vida e são essenciais para a participação plena na vida social, educacional e familiar. As medidas multidimensionais relacionadas à saúde de crianças têm aumentado, incluindo aquelas em que se considera a funcionalidade do indivíduo no meio em que vive, dentre elas, destaca-se a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF – Organização Mundial de Saúde, 2001). Na prática clínica, a CIF mostra-se útil, por conta da linguagem universal e integradora de diferentes dimensões do desenvolvimento, para o processo de avaliação e tomada de decisão, facilitando a comunicação entre profissionais e as famílias. A abrangência da CIF facilita a compreensão ampla e integral na área fonoaudiológica, bem como a gradação da extensão e magnitude da funcionalidade ou da incapacidade. Sua aplicação tem sido facilitada por meio de ferramentas construídas na diversidade de percepções dos usuários e profissionais sobre a funcionalidade humana. Objetivo: criar uma listagem com as categorias da CIF relevantes para o desenvolvimento de fala e linguagem de pré-escolares com desenvolvimento típico, sob o ponto de vista dos pais e fonoaudiólogos. Método: estudo analítico, observacional e transversal, com 218 entrevistados (139 responsáveis de crianças em idade escolar – 90,45% mulheres com média de 35,55 anos e 79 fonoaudiólogos – 96,85% mulheres com média de 39,98 anos). Realizou-se a construção de um questionário a partir das categorias da CIF, selecionadas de acordo com a faixa etária pré-escolar, observou-se a aplicabilidade em estudo piloto e realizou-se a aplicação do instrumento em dois grupos selecionados estatisticamente, formados por pais de crianças em desenvolvimento típico e fonoaudiólogos especialistas em linguagem, para identificar quais categorias da Classificação seriam relevantes na percepção de cada grupo e constituir um checklist final. A escolha de resposta foi fechada e escalonada em três opções: Indispensável – 2 pontos; Importante – 1 ponto e Sem Importância – 0 ponto. Adotou-se identificar as categorias de acordo com duas variáveis: a SOMA dos pontos por categoria e a quantidade de respostas indispensáveis de cada uma delas. Realizou-se a análise estatística (soma, cluster/Método K-means e teste de Mann-Whitney). Resultados: identificou-se uma listagem única com as 72 categorias consideradas de maior influência por ambos os grupos. Essa listagem foi composta por categorias de funções do corpo (30), atividades e participação (35) e fatores ambientais (sete). Comparando-se o padrão de respostas, 42 categorias tiveram resultados estatisticamente significantes entre os grupos: 21 de funções do corpo; 18 de atividades e participação e três de fatores ambientais. Conclusão: nas funções do corpo, categorias relacionadas aos aspectos cognitivos, intelectuais, psicossociais, visuais, auditivos, de respiração e alimentação estão presentes na listagem. Assim como nas atividades e participação, os aspectos de aprendizagem formal/informal, comunicativos e de relações interpessoais. Nos fatores ambientais, ressalta-se a relevância dada ao som e a rede de apoio da criança, incluindo acesso aos serviços de saúde. As categorias de funções do corpo foram mais bem pontuadas pelos fonoaudiólogos, enquanto as de fatores ambientais pelos pais.
1.Grill E, Mansmann U, Cieza A, Stucki G. Assessing observer agreement when describing and classifying functioning with the International Classification of Functioning, Disability and Health. J Rehabil Med. 2007; 39(1): 71-6.
2.Lollar DJ, Simeonsson RJ, Upasana Nanda MPH. Measures of Outcomes for Children and Youth. Arch Phys Med Rehabil. 2000; 81(2): S46-S52.
3.McCormack J, McLeod S, Harrison LJ , McAllister L. The impact of speech impairment in early childhood: Investigating parents’ and speech-language pathologists’ perspectives using the ICF-CY. Journal of Communication Disorders. 2010; 43: 378–396.
4.McDougall J, Wright V, Rosenbaum P. The ICF model of functioning and disability: Incorporating quality of life and human development. Developmental Neurorehabilitation. 2012; 13(3):204-211.
5.McLeod S, Bleile K. The ICF: a framework for setting goals for children with speech impairment. Child Lang Teach Ther. 2004; 20(3):199-219.
6.OMS, Organização Mundial de Saúde. World Health Organization. International
Classification of Functioning, Disability and Health: ICF. Geneva: WHO; 2001.
7.Pinto FCA, Schiefer AM, Perissinoto J. A Anamnese Fonoaudiológica segundo os preceitos da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) Distúrb Comun. 2018; 30(2): 252-265.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
520
A SÍNDROME DE AICARDI-GOUTIÉRRES SOB A PERSPECTIVA FONOAUDIOLÓGICA: REVISÃO CRÍTICA DE LITERATURA
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
INTRODUÇÃO: A síndrome de Aicardi-Goutières (AS) é uma encefalopatia progressiva de início precoce com etiologia genética1,2. Manifesta-se majoritariamente em meninas, e alguns estudos entendem que a AS se expressa de forma letal no sexo masculino3. Sua prevalência é incerta no mundo, considerada, portanto uma doença rara4. O diagnóstico é feito a partir de análise genética e dos exames de neuroimagem para verificação do sistema nervoso central e a presença ou não, da tríade clássica5, que inclui espasmos infantis (convulsões infantis – espasmos em flexão), agenesia total ou parcial de corpo caloso e lacunas coriorretinianas, frequentemente associados com coloboma do disco óptico6. OBJETIVO: Descrever os principais achados da AS e interpretá-los sob a perspectiva da fonoaudiologia. MÉTODO: Esta pesquisa qualitativa, com uso de fonte de dados secundários, tem como procedimento metodológico a revisão crítica de literatura. Dos 1800 artigos encontrados, foram utilizados para o presente estudo 12 artigos, a partir dos seguintes critérios: disponíveis na íntegra, publicados de 2008 a 2018, em português, inglês e espanhol, e que fizessem referência à temática da AS, a partir da consulta no PubMed/Medline, Lilacs e SciELO. RESULTADOS: Foi consenso entre os artigos selecionados, quanto à descrição da AS. Observou-se que a maioria dos estudos estão relacionados à neurologia, oftalmologia e genética, notando-se a escassez de bibliografia cite a atuação interdisciplinar ou que relacione a síndrome aos achados fonoaudiológicos, apesar da grande variabilidade da demanda fonoaudiológica em casos de AS como, alterações no desenvolvimento neuropsicomotor e a nível de linguagem, assim como alterações estruturais e funcionais do sistema estomatognático (sucção, mastigação, deglutição e respiração). Tais acometimentos trazem ao indivíduo repercussões motoras, nutricionais e hídricas, de comunicação e principalmente de sobrevida. CONCLUSÃO: Nenhum artigo abordou AS para além do diagnóstico, ou seja, para o período de tratamento, acompanhamento e monitoramento da doença. Além disso, mediante as repercussões fonoaudiológicas encontradas na AS, se faz necessária à atuação desta especialidade de forma precoce, preferencialmente de forma interdisciplinar, objetivando um melhor prognóstico, reduzindo as taxas de mortalidade, e aumentando a qualidade de vida dos agentes envolvidos (paciente e cuidador).
1. JUÁREZ, A. F. et al. Síndrome de Aicardi-Goutières. An Pediatr (Barc). Barcelona, 68 (1): p. 70-82, 2008.
2. MARFIL, M. V. E. Síndrome de aicardi-goutières de presentación neonatal simulando infección congénita. Revista de Dismorfología y Epidemiología. v. V, nº 8, p. 2-8, 2009.
3. PUERTAS-BORDALLO, D. Coriorretinopatía lacunar como presentación de síndrome de aicardi en el lactante. Arch soc esp oftalmol, v. 82, p. 311-314, 2007.
4. Kansky J. Clinical ophthalmology: a systematic approach. 4th.ed. Glasgow: Butterworth-Heinemann Internacional; 1999.
5. ABRAHAM, R. et al. Síndrome de Aicardi: relato de dois casos. Arquivos Neuro-psiquiatria 1986; 44(4); 364-72.
6. DA COSTA, Paula Piccoli. Síndrome de Aicardi-Relato de dois casos. Arq Bras Oftalmol, v. 67, p. 341-3, 2004.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
723
A TAXA DE ELOCUÇÃO DO FALAR SERGIPANO
Trabalho científico
Voz (VOZ)
INTRODUÇÃO: Toda língua falada é mutável, variável, influenciável por fatores como
o momento histórico, localidade, situações sociais, culturais e pessoais, entre outros.
O português falado no Brasil é fortemente marcado por variações: diferentes sotaques
sob influência da região e/ou condições socioculturais de seus falantes, de tal forma
que certas características desse falar possibilitam a sua identificação. Dentre os
aspectos envolvidos no modo de falar de uma certa região ou localidade, pode-se
considerar a taxa de elocução. Trata-se de uma medida relacionada com a velocidade
da fala, grandeza física que considera unidades linguísticas por unidade de tempo,
como número de sílabas por segundo, sílabas por minuto ou palavras por minuto, em
uma amostra de fala. A taxa de elocução, ou velocidade da fala, é uma medida
imprescindível nas investigações sobre a prosódia. OBJETIVO: Descrever a taxa de
elocução de falantes sergipanos. MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional,
descritivo e analítico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o no. CAAE
16400119.6.0000.5546/Parecer 3.588.189. Contou com 55 participantes, de ambos
os sexos e idades entre 18 e 53 anos (IM: 21,56 anos; DP: 5,37). Para o alcance dos
objetivos deste estudo, os participantes gravaram a leitura oral de um texto
padronizado para o português brasileiro, contendo 100 palavras. Todas as leituras,
assim coletadas, foram analisadas, por meio do Praat, para determinação do tempo
transcorrido na leitura do texto e efetuados os cálculos de palavras emitidas por
minuto, sílabas emitidas por minuto e por segundo. RESULTADOS: A taxa de
elocução dos falantes nativos de Sergipe resultou nas seguintes médias: 5,41 sílabas
por segundo, 324,91 sílabas por minuto e 148,36 palavras por minuto. Não foram
observadas diferenças significativas nas taxas de elocução entre falantes homens ou
mulheres. Não foram observadas correlações significativas entre a taxa de elocução
e a idade dos participantes. Em pesquisas com falantes de outras línguas de origem
latina, como italiano e francês, foram identificadas médias em torno de cinco sílabas
por segundo, como observado aqui. CONCLUSÃO: A partir dos resultados obtidos,
pode-se concluir que a taxa de elocução não contribui para diferenciar falantes
sergipanos. Destaca-se que as medidas de sílabas por segundo parecem
corresponder a um padrão universal, mais dependente de fatores anatômicos e
funcionais do que culturais.
Bagno M. Português ou brasileiro? um convite a pesquisa. São Paulo: Parábola.
2004.
Meireles AR. Musicalidade na fala: ritmo e taxa de elocução. In: Anais. XVIII
Seminário de Voz da PUC-SP. São Paulo, 2008, p 15 – 24.
Boersma P, Weenink D. Praat: doing phonetics by computer (versão 6.0.21).
Software. Disponível em: http://www.praat.org.
Costa LMO, Martins-Reis VO, Celeste LC. Metodologias de análise da velocidade de
fala: um estudo piloto. CoDAS. 2016; 28(1):41-5
Jakubovicz R. A técnica surdo-sonoro para descondicionar bloqueios. In: Meira I.
(org.) Tratando gagueira: diferentes abordagens. São Paulo: Cortez. 2002.
Teixeira EG. Organização temporal da leitura oral na doença de parkinson.
[dissertação]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2008.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
899
A TELEFONOAUDIOLOGIA PARA ATENDIMENTOS AMBULATORIAIS EM FONONCOLOGIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: Os pacientes de Fononcologia comumente necessitam da atuação fonoaudiológica em disfagia, voz e motricidade orofacial – MO pré e pós-tratamento médico, sendo considerados pacientes vulneráveis pela própria doença oncológica, idade, condição clínica, imunossupressão, tratamentos e até mesmo fatores sociais. Com a chegada da pandemia do COVID-19 no Brasil, houve a preocupação para que estes pacientes não ficassem desassistidos em todas as esferas da atuação fonoaudiológica: hospitalar, ambulatorial e até domiciliar, que precisaram se adaptar a esta nova realidade de distanciamento social como parte de estratégias para enfrentar a pandemia do COVID-19(1). A telessaúde ganhou forças neste momento, incluindo a telefonoaudiologia(2), já bastante difundida no serviço privado, porém, pouco utilizada no serviço público, pelas características, estrutura física e precariedade do acesso desta população às tecnologias. Porém, tem se mostrado como grande aliada aos atendimentos fonoaudiológicos ambulatoriais mantendo-se o distanciamento social, sendo realidade para a Fonoaudiologia, inclusive no serviço público(3). OBJETIVO: Relatar a prática exitosa da telefonoaudiologia em ambulatório de Fononcologia de hospital público no SUS durante a pandemia do COVID-19. MÉTODOS: A instituição é 100% mantida pelo SUS, via prefeitura municipal. O Serviço de Fonoaudiologia Ambulatorial em Fononcologia (disfagia, voz e MO) da instituição não possui fila de espera para início da fonoterapia, possui fluxo de cerca de 50 pacientes e mais de 100 atendimentos ambulatoriais mensais. Com o início da pandemia do COVID-19 e possibilidade de suspensão dos atendimentos ambulatoriais presenciais, levando-se em conta a gravidade do paciente de Fononcologia e seu importante risco do não seguimento fonoaudiológico, implementou-se a telefonoaudiologia nos atendimentos ambulatoriais do serviço, realizada por meio de contato prévio via telefone aos pacientes, explicação da situação atual e proposta do teleatendimento para o atendimento ambulatorial utilizando-se a tecnologia de videochamada por telefone, realidade mais próxima do paciente do SUS. RESULTADOS: A telefonoaudiologia foi realizada no período de abril a junho de 2020 à grande maioria dos pacientes ambulatoriais de Fononcologia da instituição, proporcionando maior acolhimento e seguimento da fonoterapia em disfagia, voz e MO, minimizando possíveis riscos de uma desassistência por suspensão repentina do serviço e complicações fonoaudiológicas inerentes ao paciente oncológico sem atendimento, como risco de broncoaspiração, piora da comunicação oral e compensações inadequadas de sistema sensório motor oral, diminuindo ainda o absenteísmo do serviço de cerca de 20% para média de 8,23% nestes meses. No mês de abril, dos 91 atendimentos realizados a 41 pacientes, 78 (85,71%) foram por teleatendimento; no mês de maio, dos 122 atendimentos realizados a 45 pacientes, 103 (84,42%) foram por teleatendimento e no mês de junho, dos 161 atendimentos realizados a 59 pacientes, 122 (75,77%) foram por teleatendimento. CONCLUSÃO: A telefonoaudiologia é uma realidade possível para os atendimentos fonoaudiológicos ambulatoriais em Fononcologia, inclusive para serviços do SUS, possibilitando aos pacientes o seguimento terapêutico e monitoramento durante a pandemia do COVID-19, evitando a paralisação do serviço fonoaudiológico ambulatorial, reduzindo o absenteísmo, minimizando os riscos da desassistência e complicações fonoaudiológicas, estratégia que está sendo utilizada de forma efetiva em conjunto a retomada gradual dos atendimentos presenciais até sua totalidade no serviço.
1- Gupta R, Dhamija RK. Covid-19: social distancing or social isolation? BMJ. 2020;369:m2399.
2- CFFa: Conselho Federal de Fonoaudiologia [Internet]. Recomendação CFFa nº 20, de 23 de abril de 2020. (citado em 8 de julho de 2020]. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/wp-content/uploads/2020/04/Recomendacao_CFFa_20_2020.pdf
3- Dimer NA, Canto-Soares ND, Santos-Teixeira LD, Goulart BNG. The COVID-19 pandemic and the implementation of telehealth in speech-language and hearing therapy for patients at home: an experience report. CoDAS. 2020;32(3):e20200144.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1134
A TELERREABILITAÇÃO EM CRIANÇAS COM TPAC: RESULTADOS PRELIMINARES
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
A telerreabilitação é o método pelo qual se utilizam tecnologias de comunicação para prover reabilitação à distância (1), com evidências crescentes de que seus efeitos levam a desfechos clínicos semelhantes ou melhores quando comparados às intervenções convencionais (2). A notória necessidade deste tipo de abordagem no Brasil é atribuída às suas dimensões continentais (8.514.215,3Km²) e distribuição irregular de profissionais fonoaudiólogos, o que acentua a heterogeneidade da qualidade e disponibilidade dos serviços oferecidos (1). Com o avanço da tecnologia de extensa aplicabilidade, a telerreabilitação pode suprir ou minimizar as dificuldades em crianças com Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).
Neste estudo, abordaremos a telerreabilitação implementada a partir de uma aplicação WEB, para treinamento auditivo síncrono, e as evidências científicas do treinamento auditivo-cognitivo integrado, que asseguram as bases da telerreabilitação proposta pelo sistema. O conteúdo da plataforma mencionada baseia-se na literatura acumulada de neurociência auditiva e cognitiva a qual apoia a programação abrangente, incorporando abordagens de baixo para cima ou “bottom up” (treinamento auditivo) e de cima para baixo ou “top down” (estratégias cognitivas, metacognitivas e de linguagem) (3).
A amostra foi composta por 23 crianças entre 7 e 9 anos de idade, com histórico de dificuldades escolares, sendo 13 do Grupo I, submetidas à telerreabilitação e 10 do Grupo II, submetidas ao treinamento auditivo acusticamente controlado em cabine, com utilização do mesmo material auditivo.
As crianças do grupo I e II realizaram os testes: PSI na condição MCI S/R -15, e DD, nas habilidades de integração e separação binaural. Pais responderam aos questionários QFisher. Numa segunda etapa, as crianças do grupo I foram submetidas ao treinamento auditivo através da telereabilitação, enquanto as crianças do grupo II foram submetidas ao treinamento acusticamente controlado. Foram realizadas 10 sessões para cada criança, com duração de meia hora cada, para ambos os grupos. Na terceira etapa, as crianças dos grupos I e II foram reavaliadas com os mesmos testes iniciai. Pais responderam ao questionários QFisher e pais do Grupo I responderam ao questionário de avaliação do treinamento à distância.
Os testes comportamentais de PAC utilizados neste estudo em cabine audiométrica foram:Testes de Escuta Monótica: Teste Pediatric Speech Intelligibility com mensagem competitiva ipsilateral S/R -15 dB e Teste de Escuta Dicótica: Dicótico de Dígitos na modalidade integração binaural e separação binaural. Os exercícios utilizados foram gravados previamente em faixas de áudio na relação S/R 0, -10, -15, -20 e -25, recurso que permite simular o controle acústico realizado com audiômetro. Serão apresentados os resultados preliminares do estudo, que se revelam pertinentes e muito positivos face a uma intervenção que se revelou eficaz, e atual perante a pandemia resultante do COVID-19. Recomenda-se como objeto de futuras investigações: incorporação da avaliação do professor através do questionário Q.Fisher, e pesquisas que relacionem telerreabilitação e linguagem, para melhor compreensão dos efeitos da abordagem auditiva-cognitiva-linguistica do treinamento auditivo proposto neste estudo.
Referências Bibliográficas
1. Spinardi ACP. Telefonoaudiologia : desenvolvimento e avaliação do CDROM “ Procedimentos Terapêuticos no Transtorno Fonológico .” Faculdade de Odontologia de Bauru; 2009.
2. Kairy D, Lehoux P, Vincent C, Visintin M. A systematic review of clinical outcomes, clinical process, healthcare utilization and costs associated with telerehabilitation. Disabil Rehabil [Internet]. 2009;31(6):427–47. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18720118
3. Chermak GD, Musiek FE. Auditory Training: Principles and Approaches for Remediating and Managing Auditory Processing Disorders. Semin Hear [Internet]. 2002;23(4):297–308. Available from: http://www.thieme-connect.de/DOI/DOI?10.1055/s-2002-35878
TRABALHOS CIENTÍFICOS
509
A TEORIA SOCIOCONSTRUTIVISTA À LUZ DA NEUROCIÊNCIA: APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
INTRODUÇÃO: A teoria socioconstrutivista, elaborada por Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934), influenciada pela metodologia de Jean Piaget (1896-1980), defende que a criança pode desenvolver habilidades sociais, psicomotoras, emocionais, entre outras, quando exposta a um ambiente que proporcione estímulos ao aprendizado1. Para além dessas funções, a professora Emília Ferreiro aplicou as ideias de Piaget e Vygotsky à leitura e escrita. Para ela, as crianças são capazes de aprender a ler e escrever por meio da interação social, desde que o ambiente proporcione o contato com a leitura e escrita, sem necessidade do ensino sistematizado. Nesse contexto, a concepção socioconstrutivista tem sua ênfase no sentido da linguagem e não na estrutura e forma; os professores formados sob essa visão, são condicionados a estimular a prática da leitura e escrita espontâneas a partir de situações de letramento2. OBJETIVO: Analisar a corrente educacional socioconstrutivista a partir de estudos com fundamento neurocientífico. MÉTODO: Leitura de publicações recentes, na área de educação e neurociências, que dissertaram sobre o socioconstrutivismo. RESULTADOS: Estudos na área da neurociência2,3,4,5 têm evidenciado que o ensino explícito e diretivo facilita o aprendizado das crianças. Tais estudos sugerem que a inteligência e as habilidades cognitivas são modificadas por meio do esforço contínuo e consciente. Dessa forma, com a interação social é possível aprender o que compete aos domínios primários, porém, a leitura e a escrita são domínios secundários e exigem o ensino, ou seja: o socioconstrutivismo é útil para que as crianças adquiram as habilidades que naturalmente aprenderiam sem instrução formal. Mas não há possibilidade de aprender a ler sem haver automatizado a leitura de palavras isoladas. As vias neurológicas da leitura seguem o trajeto oposto a ideia socioconstrutivista, que prioriza o nível discursivo. O trajeto da leitura no cérebro se inicia com o reconhecimento visual das letras e palavras; passa pela associação da cadeia de letras com os fonemas correspondentes; segue com o reconhecimento acústico da palavra e, depois disso, há o acesso ao significado. Partindo do princípio alfabético, a decodificação e codificação grafofonêmica, ortografia, grafema, grafema associado ao fonema, unidades, frases, períodos e por último texto. Atualmente, os estudos - na área da neurociência - indicam que o método fônico é o melhor, não apenas porque ajuda as crianças a compreender a lógica da leitura-escrita, como também a desenvolver as habilidades metalinguísticas necessárias para dominar a língua escrita7,8. CONCLUSÃO: Alfabetizar com o método global é fazer o caminho oposto ao que pede a natureza biológica de nosso cérebro, é começar pelo fim: o acesso ao significado das palavras. O socioconstrutivismo pode dificultar o aprendizado da leitura e escrita, repercutindo em maiores danos para crianças com algum tipo de dificuldade cognitiva, as quais seriam beneficiadas com o ensino explícito e diretivo, a exemplo do método fônico.
1. LIMA, A. O. Fazer Escola: A Gestão de uma Escola Piagetiana (construtivista). Vozes, 2003.
2. BENEDETTI, K. S. A falácia socioconstrutivista: por que os alunos brasileiros deixaram de aprender a ler e escrever. Campinas, SP. Kírion, 2020.
3. CAPOVILLA, F. C. (org). Os novos caminhos da alfabetização infantil. 2ª ed. São Paulo, SP: Memnon Edições Científicos, 2005.
4. HAASE, V. G; JÚLIO-COSTA, A; SILVA, J. B. L. Por que o construtivismo não funciona? Evolução, processamento de informação e aprendizagem escolar. Minas Gerais, BH: Psicologia em Pesquisa, UFJF, 2015.
5. DEHAENE, S. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre, RS: Penso, 2012.
6. SEABRA, A.G; CAPOVILLA, F.C. Alfabetização fônica: construindo competência de leitura e escrita. 4 ed. São Paulo: Memnon, 2010.
7. SILVA, A.P.C., CAPELLINI, S.A. Programa de remediação fonológica em escolares com dificuldades de aprendizagem. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(1):13-20.
8. SEBRA, A. G; DIAS, N.M. Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz. Rev. psicopedag. [online], vol.28, n.87 p. 306-320, 2011. Disponível em:
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1031
A TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA INTEGRATIVA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução:
A Terapia Assistida por Animais (TAA) contribui para o desenvolvimento psicomotor, mudanças no humor, socialização, interação social e bem-estar físico.1 Dessa forma, passou a ser utilizada com pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e pesquisas apontaram resultados positivos.2,3,4,5
Estudo retrospectivo com 13 artigos completos entre 1987 e 2017 se propôs a observar as mudanças da TAA com cachorros em crianças com TEA e mostrou que existem poucas publicações sobre o tema. Contudo, todos os artigos referiram eficácia da TAA no tratamento de pessoas com TEA nas suas conclusões.6
Sendo assim, é vista como pertinente uma compilação das pesquisas sobre o tema.
Objetivo: Pesquisar a TAA no tratamento de pacientes com TEA: revisão bibliográfica integrativa
Método:
Foi adotada a revisão bibliográfica integrativa, sumarizando trabalhos concluídos e publicados.
- Casuística: 95 artigos; 3 capítulos de livros. Total: 98 referências.
- Procedimento: pesquisa bibliográfica nas bases de dados Capes, PubMed, Lilacs, Science Direct, Medline e Springer Link. Os descritores utilizados foram “terapia assistida por animais” e “transtorno do espectro autista” bem como seus correspondentes no idioma inglês. Foram considerados artigos e capítulos de livros publicados entre 2010 e 2020, gerando um total de 142 referências.
Os dados obtidos foram anotados em planilha Excel e tabulados de acordo com as variáveis Título do Artigo, Resumo, País de Origem e Ano. As referências duplicadas foram excluídas, resultando numa casuística de 98 referências.
Resultados e Discussão:
Foi realizado um levantamento em bases de dados científica e 6,8% das referências recuperadas foram selecionadas de acordo com a pertinência do presente estudo, isto é, associação do TAA ao TEA.
Ainda, quanto aos países de origem dos estudos, Estados Unidos apresentou a maioria deles (38); seguido da Austrália (13); Reino Unido (10); Portugal (5); Espanha (4); Brasil, Suíça, Irlanda, Itália, e Japão (3); França, Canadá e Polônia (2); e Holanda, Suécia, Noruega, Tailândia e Hungria (1). Duas pesquisas não explicitaram os seus países de origem. No que se refere ao ano de publicação das referências, os resultados mostram que 2017 e 2019 foram os anos com maior número de publicações (14) e os anos de 2013, 2014 e 2015 tiveram 11 publicações no tema. Esses achados vão ao encontro do estudo de revisão sistemática da literatura com 43 referências que evidencia efeitos positivos da TAA3 para pessoas com TEA e revela que, no que se refere às publicações que abordam TAA em pessoas com diferentes diagnósticos, os Estados Unidos publicou 12 trabalhos enquanto Brasil e Itália publicaram 7 estudos entre 2010 e 2018. Por conseguinte, os autores supõem que há um reconhecimento científico internacional da TAA como estratégia de reabilitação, com base no número de publicações internacionais (39 estudos) e fator de impacto das revistas. Já no que se refere ao ano de publicação das referências, o mesmo estudo demonstra número crescente de publicações nos últimos anos (entre 2014 e 2018). Tal evidência comprova a maior procura por conhecimento e práticas terapêuticas como TAA para pessoas com diferentes diagnósticos, incluindo TEA.7
1 Ferreira APS, Gomes JB. Levantamento histórico da terapia assistida por animais. Rev. Multidisciplinar 2017; 3(1):71-92.
2 Wijker C, Leontjevas R, Spek A, Enders-Slegers MJ. Process Evaluation of Animal- Assisted Therapy: Feasibility and Relevance of a Dog-Assisted Therapy Program in Adults with Autism Spectrum Disorder. Animals (Basel) 2019; 9(12):1103.
3 O'Haire ME. Animal-assisted intervention for autism spectrum disorder: a systematic literature review. J Autism Dev Disord. 2013;43(7):1606-1622
4 Gabriels RL, Pan Z, Dechant B., Agnew JA, Brim N., Mesibov G. Randomized controlled rial of therapeutic horseback riding in children and adolescents with autism spectrum disorder. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry 2015; 54(7):541–549.
5 Byström K, Grahn P, Hägerhäll C. Vitality from experiences in nature and contact with animals-A way to develop joint attention and social engagement in children with autism?. Int J Environ Res Public Health 2019;16(23):4673.
6 Hill J., Ziviani J., Driscoll C. et al. Can canine-assisted interventions affect the social behaviours of children on the autism spectrum? A systematic review. Rev J Autism Dev Disord 2019; 6:13–25
7 Mandrá PP, Moretti TCF, Avezum LA, Kuroishi RCS. Terapia assistida por animais: revisão sistemática da literatura. CoDAS 2019; 31(3)
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1737
A TERRITORIALIZAÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL E A CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: A inserção da Fonoaudiologia na Saúde Pública tem suas raízes calcadas na reabilitação dos distúrbios da comunicação da infância. Após a inserção do núcleo fonoaudiológico no campo da Saúde Mental Infanto Juvenil, os profissionais fonoaudiólogos passam por uma transformação em seus modos de atuação, ampliando suas ações para além da reabilitação. Apesar de os fonoaudiólogos que atuam no campo da Saúde Mental realizarem ações compartilhadas com os profissionais das demais disciplinas, tais ações não fazem parte da história dessa profissão e a formação ainda não contempla tal prática. Nesse sentido, a atuação do profissional fonoaudiólogo também é pouco discutida em ações territoriais multiprofissionais, e frente ao contexto imposto de pandemia por COVID-19 tal temática torna-se essencial. OBJETIVO: Discutir e explicitar, em tempos de pandemia, as vivências e os desafios da atuação do profissional fonoaudiólogo no cuidado psicossocial voltado à criança e adolescente através de ações no território. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa descritiva que partiu de relatos de experiência coletados no período entre março e julho de 2020 de 6 profissionais fonoaudiólogos que atuam ou já atuaram junto à Centros de Atenção Psicossocial Infanto Juvenis (CAPS IJ). RESULTADOS: Já se preconizava, dentro da atenção psicossocial, o cuidado em território a partir da compreensão de que os equipamentos de saúde isolados não são suficientes para garantir resolutividade, promoção da autonomia e da cidadania das crianças e dos adolescentes com questões de saúde mental. A partir da imposição da pandemia por COVID-19 tornou-se necessário reorganizar o funcionamento dos CAPS IJ, os processos de trabalho e os fluxos de atendimento em função das necessidades das crianças e dos adolescentes e das novas possibilidades da equipe. Dessa forma, a realização de Visitas Domiciliares (VD) e ações no território se tornou intensa e ganhou protagonismo no cuidado à essa população. O fonoaudiólogo, junto aos demais profissionais da equipe multidisciplinar que compõe um CAPS IJ, vêm participando de tais ações de forma a manter sua responsabilidade sanitária com crítica, ética e afeto no modo de cuidar. Tal estratégia possibilita a manutenção da presença e preservação dos laços afetivos e possibilita a construção de um novo tipo de setting terapêutico. Ainda, a visita dos profissionais na residência dos usuários atendidos possibilita um diagnóstico situacional do cotidiano daqueles indivíduos e familiares, mesmo que as visitas sejam realizadas na área externa da casa a fim de manter o distanciamento preconizado. Não podemos negar que há um processo de mudança de eixo no tratamento à distância em tempos de pandemia tendo em vista que o eixo terapêutico passa a ser integralmente o âmbito familiar. A teorização sobre esse processo ainda não contempla a prática, que vem sendo construída pelos profissionais inseridos nesse contexto. CONCLUSÃO: Faz-se essencial em tempos de pandemia ações que garantam a interdisciplinaridade, o cuidado em território e a integralidade. É preciso, portanto, buscar a integridade da clínica fonoaudiológica juntamente aos profissionais das equipes multiprofissionais dos CAPS IJ em ações no território a fim de promover a ampliação do cuidado em saúde mental para cada sujeito assistido.
ARCE, V. A. R. Fonoaudiologia e Saúde Mental: reorientando o trabalho na perspectiva da atenção psicossocial. Revista CEFAC, 2014; 16(3): 1004-1012.
BRASIL. Rede de Atenção Psicossocial. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017.
MIRANDA, G. M. D.; MENDES, A. C. G.; SILVA, A. L. A.; RODRIGUES, M. Assistência fonoaudiológica no SUS: a ampliação do acesso e o desafio de superação das desigualdades. Revista CEFAC, 2015.
NUNES, C. K.; SILVA, A. B.; KANTORSKI, L. P.; COIMBRA, V. C. C.; OLSCHOWSKY, A. Cuidado intersetorial em saúde mental na infância e adolescência: para além da instituição saúde. Rev Fun Care Online. 2020 Jan/Dez; 12:233-238. DOI: http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo.v12.8277.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1780
A TIMIDEZ INFLUENCIA NA AUTOPERCEPÇÃO DE SINTOMAS VOCAIS, DO FALAR EM PÚBLICO E DAS CARACTERÍSTICAS VOCAIS NA COMUNICAÇÃO DIÁRIA?
Trabalho científico
Voz (VOZ)
INTRODUÇÃO: A timidez é uma emoção que está fortemente ligada ao medo frente ao outro, causando desconforto e/ou inibição em situações interpessoais1. A timidez pode ser um traço de personalidade, que é o aspecto principal na autodefinição de alguém, ou pode ser situacional, envolvendo situações específicas de desempenho social1. Pessoas tímidas algumas vezes acreditam não possuir as habilidades de comunicação necessárias para atrair e manter a atenção do ouvinte, por isso, agem com a convicção de que o silêncio e a falta de expressividade possam chamar menos atenção e gerar menos crítica dos interlocutores. Ainda não é clara na literatura a relação da timidez com a sintomatologia vocal, autoavaliação da comunicação e do falar em público, fazendo-se necessário mais estudos para esclarecer esses aspectos. OBJETIVO: Investigar se a timidez influencia na autoavaliação dos aspectos da comunicação, do falar em público e dos sintomas vocais. MÉTODOS: Estudo observacional, analítico e transversal. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 3.282.389/2019. Participaram 264 indivíduos, com média de idade de 21 anos, sem histórico de diagnóstico de alterações laríngeas e (ou) vocais e (ou) outras doenças que pudessem influenciar nas características vocais. Os desfechos analisados foram: Escala de Timidez Revisada de Cheek e Buss2; Escala de Sintomas Vocais (ESV)3; Escala para Autoavaliação ao Falar em Público (SSPS)4; e, autoavaliação da comunicação no dia-a-dia. Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial (Teste de Mann-Whitney e Teste de Correlação de Spearmann). RESULTADOS: 68,56% (n=181) dos participantes foram considerados tímidos. Tímidos apresentaram escores maiores de sintomatologia vocal nos domínios limitação (p<0,001), emocional (p=0,001) e total (p<0,001); maior pontuação nos aspectos negativos (p<0,001) e menor nos aspectos positivos (p=0,019) do falar em público; autopercepção de loudness mais fraca (p=0,008) e de pitch mais agudo (p=0,036) na comunicação diária do que não-tímidos. Houve correlações estatisticamente significantes entre e positivas dos escores de timidez com nos domínios limitação (p<0,001), emocional (p<0,001), físico (p=0,010) e total (p<0,001), aspectos negativos de falar em público (p<0,001), e autopercepção de pitch na comunicação diária (p=0,003); além de correlação negativa com aspectos positivos (p<0,001) e loudness na comunicação diária (p=0,008). CONCLUSÃO: há grande ocorrência de timidez e de sintomas vocais e dificuldade de falar em público na população estudada. Indivíduos tímidos têm maior autoavaliação de aspectos negativos e menor de aspectos positivos do falar em público, maior sintomatologia vocal, autopercepção de loudness mais fraca e de pitch mais agudo na comunicação diária, quando comparados aos não-tímidos. Quanto maior a percepção de timidez, maior a autoavaliação de aspectos negativos do falar público, da autoavaliação da comunicação diária e da sintomatologia vocal.
1. Henderson L, Zimbardo P. Shyness. Encyclopedia of Mental Health. San Diego: Academic Pres CA; 1998.
2. Cheek JM, Buss AH. Shyness and sociability. J Pers Soc Psychol. 1981;41(2):330-339. doi:10.1037/0022-3514.41.2.330
3. Moreti F, Zambon F, Oliveira G, Behlau M. Cross-Cultural Adaptation, Validation, and Cutoff Values of the Brazilian Version of the Voice Symptom Scale—VoiSS. J Voice. 2014;28(4):458-468. doi:10.1016/j.jvoice.2013.11.009
4. Osório FDL, Crippa JAS, Loureiro SR. Self Statements during Public Speaking Scale (SSPS): cross-cultural adaptation for Brazilian Portuguese and internal consistency. Arch Clin Psychiatry (São Paulo). 2008;35(6):207-211. doi:10.1590/S0101-60832008000600001
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1779
A TRÍADE: FAMÍLIA, CLÍNICA E ESCOLA NA ABORDAGEM BILÍNGUE PARA SURDOS
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Resumo: O trabalho com a família na clínica fonoaudiológica tem ganhando cada vez mais atenção, considerando a importância das interações para o uso social da linguagem. As dificuldades dialógicas entre pais ouvintes e filhos surdos intensificam a necessidade de um olhar diferenciado da Fonoaudiologia¹, numa atuação que se torna imprescindível e que precisa ressignificar e transcender o espaço da clínica para sua atuação, pois além do atendimento “propriamente dito” com a criança, exige também entender e intervir nas demandas de ordem linguística de sua família², bem como interpor um constante diálogo para identificação dos benefícios da terapia bilíngue para e com a família, em consonância, também, com a escola, com vistas à consolidação de uma educação bilíngue, colaborando com fortalecimento de sua identidade linguística como garantia de um direito da pessoa surda³ e, por consequência, sua inclusão social. Objetivo: Discutir a prática fonoaudiológica relacionada à família e a forma como essas práticas reverberam na ressignificação do olhar da mesma em relação aos aspectos clínicos e educacionais da criança surda. Método: Trata-se de um estudo de caso de uma criança surda de 12 anos, tomado como posto de observação as narrativas da mãe. Os dados compõem-se de sessões realizadas semanalmente com a mãe, analisados a partir de uma perspectiva discursiva. Resultados: A mãe, numa tentativa de superproteger a criança e sem domínio consistente da língua de sinais para mediar, mantinha práticas comuns à primeira infância como: uso de chupeta, mamadeira, realização das atividades de vida diária pela criança (cuidados de higiene e alimentação), bem como descrédito na sua escolarização e permissividade excessiva para o uso de telas digitais. Assim, o papel da família de possibilitar o desenvolvimento da autonomia e independência da criança, bem como a importância da escola e da língua de sinais foram os pontos centrais dos encontros semanais. A mãe foi ressignificando o seu papel nas relações da criança com a escola, com a clínica e com a própria família. Nesse caso, ressalta-se a importância do fazer fonoaudiológico na mediação da tríade: família, escola e clínica para o desenvolvimento do sujeito como um todo³, respeitando, sobretudo, os limites éticos da profissão e os papéis que cada espaço social e sujeitos outros realizam na vida da pessoa surda. Conclusão: O trabalho com questões de ordem linguística com a criança surda não se limita ao espaço clínico, mas, sobretudo, na ação transcendente com os sujeitos que a criança estabelece suas interações dialógicas mais significativas: família e escola. Assim, atuando na ampliação de ações para o alcance dessas rotinas, o fonoaudiólogo pode promover práticas para o uso da linguagem, que agregam para o sujeito habilidades que modificam os aspectos cognitivos e sociais e, por consequência, sua qualidade de vida. Dessa forma, assume um papel de mediador, modificando comportamentos linguísticos cristalizadas em práticas de super/des/proteção promotoras de isolamento social e educacional da criança surda, para interações linguísticas promotoras de desenvolvimento.
1. Nascimento MV, Moura MC. Habilitação, reabilitação e inclusão: o que os sujeitos surdos pensam do trabalho fonoaudiológico?. Revista de ciências humanas [Internet]. 2018 [acesso em 10 jun 2020] 52(1):1-19. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/view/21784582.2018.e49807/40082
2. Nascimento GB. Intervenção fonoaudiológica com familiares de crianças surdas [Dissertação na internet]. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria; 2015 [acesso em 2020 Jul 10]. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/17542
3. Brasil. Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002. Dispõe sobre a Lingua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências [Internet]. Diário oficial da união. 25 de set de 2002 [acesso em 2020 Jul 10]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm
TRABALHOS CIENTÍFICOS
476
A USABILIDADE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA DOS SOFTWARES NA IDENTIFICAÇÃO FACIAL FORENSE POR FONOAUDIÓLOGOS
Trabalho científico
Motricidade Orofacial (MO)
84450000
Introdução:
A identificação facial forense, ao decorrer do tempo, no Brasil e em outros países inovou-se e aperfeiçoou-se tecnologicamente, viabilizando a flexibilidade conclusiva do laudo e do parecer técnico dos peritos e assistentes técnicos. Os recursos tecnológicos que permitem efetivar as análises e as mensurações orofaciais fundamentam-se nos softwares antropométricos, estes são sistemas automáticos constituídos por algoritmos de processamento numérico, destinando-se para o tratamento de imagens, análise, sobreposição, mensurações, redimensionamentos e outras particularidades necessárias a cada caso estabelecido. Em sua execução, a respectiva identificação ocorre de modo individual ou multidisciplinar dependendo do caso e da demanda de conhecimentos específicos solicitados, consequentemente, a Resolução do Conselho Federal de Fonoaudiologia CFFa nº 214/1998 possibilitou a atuação do Fonoaudiólogo no contexto judicial e extrajudicial, válido para suas diferentes metodologias atuacionais, entre estas destaca-se a Motricidade Orofacial, segundo a Resolução CFFa nº 320/2006, esta especialidade corresponde às pesquisas e estudos, prevenção e todo o processo clínico de tratamento estrutural e funcional das regiões orofaciais e cervicais, como resultado, suas práticas específicas desempenhadas em prol da identificação facial do suspeito são precisas devido aos seus conhecimentos práticos, técnicos e científicos.1,2,3
Objetivo:
Descrever os softwares antropométricos utilizados por Fonoaudiólogos no âmbito das identificações faciais forenses.
Método:
O projeto desta pesquisa nº 3.974.805 legalizado por intermédio do Comitê de Ética em Pesquisas, corresponde ao resultado parcial do Trabalho de Conclusão de Curso. Inicialmente foram retratados os objetivos e os procedimentos adotados, para as possíveis manifestações participativas, posteriormente todos os participantes assinaram termo de consentimento. Os dados e o questionário foram enviados e coletados através do e-mail e da ferramenta Google Forms, visto que os participantes situavam-se em diferentes Estados.
Foram selecionados 12 Fonoaudiólogos, todavia, um participante foi eliminado da amostra por não corresponder ao segundo critério de inclusão da pesquisa, deste modo, a composição de integrantes correspondeu a 11 especialistas forenses. Os requisitos de elegibilidade para a composição da amostra baseavam-se em:
I. Ter a atuação de no mínimo um ano como perito e/ou assistente técnico no âmbito policial ou judicial;
II. Utilizar o método Foto-antropométrico (comparação/verificação das medidas orofaciais).
Resultados:
Deve-se destacar que os softwares antropométricos mencionados percentualmente a seguir referem-se da reiteração e quantidade proporcionada por cada integrante da amostra.
Softwares Porcentagem
Gimp 25,00%
Adobe Photoshop 21,43%
Sapo 14,29%
Imagej 10,71%
Adobe Creative Suíte 3,57%
Forevid 3,57%
Amped 3,57%
Lince 3,57%
Peritus 3,57%
CorelDRAW 3,57%
FaceGem 3,57%
Radiocef Studio 2 3,57%
Ressalta-se que estes sistemas operacionais devem ser utilizados de forma complementar, devido às limitações apresentadas, nas resoluções das identificações faciais por especialistas. Sintetizando, foi possível verificar que não há um consenso nos sistemas indicados.4
Conclusões:
Com base na análise do questionário, contemplaram-se as preferências do perfil de cada profissional e a relação dos softwares mais utilizados, com efeito, cabe aos especialistas interessados neste âmbito forense verificar os recursos operacionais com as peculiaridades de sua preferência. Sugere-se, ainda, a realização de estudos voltados a experimentos práticos e a comparação das especificidades dos softwares antropométricos.
1 DE AZEVEDO JF, RESENDE RV. Prosopografia: estudo comparativo das medidas antropométricas de imagem padrão e questionada em sujeitos conhecidos. Rev CEFAC. 2014, 16(1): 202-213.
2 FERNANDES JR. Imagens fotográficas forenses. In: FERNANDES, Joel Ribeiro. Perícias em Áudios e Imagens Forenses. São Paulo: Millennium, 2013. P. 141-160.
3 GUIMARÃES RM. Desenvolvimento de um protótipo de software de reconhecimento facial de tempo real para registro eletrônico de ponto em ambientes indoor com utilização do dispositivo kinect [mestrado]. Belo Horizonte: Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura - FUMEC; 2016.
4 REHDER MI, CAZUMBÁ LF, CAZUMBÁ M. Prosopografia: identificação facial. In: DE AZEVEDO JF. Identificação de falantes: uma introdução à fonoaudiologia forense. Rio de Janeiro: Revinter, 2015. P. 225-240.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1816
A UTILIZAÇÃO DE LIBRAS NO AMBIENTE ESCOLAR PARA CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO SURDAS
Trabalho científico
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Introdução: Os déficits relacionados ao Transtorno do espectro do autismo (TEA) e ausência da audição faz com que a situação dessas crianças na escola por vezes se agrave, tornando-a cada vez mais isolada e restrita à um ambiente precário e de segregação, o que ressalta a importância dos professores escolherem ações educativas que requererem conhecimentos específicos e que visem o avanço de suas habilidades. Frente a um cenário brasileiro no qual há escassez de evidências científicas das ações educativas junto a alunos com TEA surdos, é importante verificar quais estratégias de comunicação têm sido utilizadas no ambiente escolar. Objetivo: verificar em um grupo de professores a possibilidade do uso da Libras (Língua Brasileira de Sinais) como estratégia comunicativa de alunos com TEA surdos, bem como identificar suas opiniões sobre qual escola seria mais adequada para o desenvolvimento de suas habilidades. Método: aplicação de um questionário tipo survey exploratório de abordagem quanti-qualitativa acessado na via plataforma digital, após aprovação ética do estudo pela instituição sede da pesquisa. Houve a participação de 38 professores que atuam nas Emebs - Escolas Municipais de Educação Bilíngue para surdos e em escolas regulares polos de atendimento inclusivos e bilíngues para surdos. Foram conduzidas análises descritivas de percentual. Resultados: Os resultados revelaram que a LIBRAS têm sido utilizada como estratégia na comunicação desses alunos em sala de aula (86.8%) e que esses professores combinam diferentes tipos de métodos de comunicação, como por exemplo, a utilização da LIBRAS com o Sistema de comunicação por troca de figuras (Pecs), (55,3%), Gestos (39,5%), Fala Sinalizada (36,8%) e escrita (26,3%). Metade da amostra (50%) considera que os alunos apresentam uma evolução demorada na aquisição dos sinais, mas que a língua é um instrumento eficaz na comunicação (92,1%). Dos 38 professores (47,4%) concordaram que esses alunos se desenvolveriam melhor em escolas de surdos, mas em sala separada, (28,9%) afirmaram que deveriam estudar em sala de aula conjunta com os surdos, no entanto, para (23,7%) esses alunos deveriam ser incluídos em escolas regulares. Conclusão: O estudo possibilitou a partir da opinião dos professores, evidenciar a LIBRAS como uma alternativa de comunicação que pode fazer parte das adaptações curriculares para alunos com TEA surdos.
BRASIL. Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 dez. 2005.
CAMARGO, S. P. H.; BOSA, C. A. Competência social, inclusão escolar e autismo: um estudo de caso comparativo.Psicologia: Teoria e Pesquisa, v.28, n.3, p.315-324, 2012.
FARIA, K. T.; TEIXEIRA, M. C. T. V.; CARREIRO, L. R. R.; AMOROSO, V.; PAULA, C. S. Atitudes e práticas pedagógicas de inclusão para o aluno com autismo. Revista Educação Especial | v. 31 | n. 61 | p. 353-370 | abri./jun. Santa Maria, 2018.
FERREIRA, C.; BEVILACQUA, M.; ISHIHARA, M.; FIORI, A.; ARMONIA, A.; PERISSINOTO, J.; TAMANAHA, A. C. Selection of words for implementation of the Picture Exchange Communication System – PECS in non-verbal autistic children. CoDAS;29(1):e20150285 DOI: 10.1590/2317-1782/20172015285, 2017.
LIMA, S. M.; LAPLANE, A. L. F. de. Escolarização de Alunos com Autismo. Revista Educação Especial, v.22, n.2, p.269-284, 2016.
LOPES, R. A; RIBEIRO, A. F.; CELETI, F. R.; ABISSAMRA, R. G. C. ANÁLISE DO PERFIL PROFISSIONAL DE (TILS) TRADUTORES-INTÉRPRETES DE LIBRAS ATUANTES NO ENSINO SUPERIOR. Trilhas Pedagógicas, v. 9, n. 10, Ago. 2019, p. 355-365.
LOPES, R. A; RIBEIRO, O. R.; AMATO, C. A. H. VESTÍGIOS DA AQUISIÇÃO DA LIBRAS (LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS) POR GRADUANDOS DE PEDAGOGIA. Trilhas Pedagógicas, v. 7, n. 7, Ago. 2017, p. 145-154
LOPES, R.A., MOURA, M. C.; MASINI, E. A. F. S.; TEIXEIRA, M. C. T. V.; RIBEIRO, M. O. O ENSINO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) EM CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA: UMA POSSIBILIDADE REAL? Trilhas Pedagógicas, v. 6, n. 6, Ago. 2016, p. 212-228
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1401
A VIABILIDADE DA AMAMENTAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA POR COVID-19
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: a Organização Mundial Saúde, endossada pelo Ministério de Saúde do Brasil, recomenda o aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebê (BRASIL, 2015). Nesse quesito, era inquestionável os benefícios da amamentação e promoção do aleitamento materno, mas no momento da pandemia pelo COVID-19 muitas incertezas foram evidenciadas em relação a continuação ou não do aleitamento materno. Objetivo: investigar a viabilidade do aleitamento materno para os RNs (recém-nascidos) em puérperas (mães) diagnosticadas com COVID-19. Método: foi definido como população alvo, puérperas diagnosticadas com COVID-19 para coleta de amostras de leite materno, sendo excluídos artigos com outras doenças associadas ou que não tratassem do aleitamento materno como forma de transmissão do vírus. A pergunta norteadora trata-se sobre a viabilidade do aleitamento materno de mães diagnósticas com COVID-19. Para a revisão integrativa, a estratégia de busca foi elaborada de acordo com o objetivo da pesquisa nas bases de dados Medline, Pubmed, Science of direct e Web of Science, e a escolha dos descritores foram feitas através do MESH: ((Feeding, Breast) OR BreastFeeding) AND COVID-19. A escolha dos artigos foram realizadas por dois investigadores que participaram do processo de seleção e em caso de discordância um terceiro pesquisador foi recrutado para decisão de inclusão ou exclusão dos estudos. Foram feitas pesquisas adicionais através de buscas manuais, leitura das referências bibliográficas dos artigos incluídos e consulta a um especialista da área. Extraiu-se dos artigos as seguintes informações: autores, ano de publicação, país, título do estudo, amostra, critérios de inclusão, critérios de exclusão, via de oferta do leite materno, presença de transmissão vertical, tipo de testagem e quantos dias foram testados após a confirmação do vírus. Resultados: depois de realizadas as estratégias de busca nos quatro bancos de dados, localizou-se 135 artigos, mas nem todos foram selecionados
para a revisão integrativa, totalizando 13. Nos estudos selecionados, em populações de puérperas em aleitamento materno, até o presente momento, não foram apresentados dados conclusivos para a transmissão vertical pela amamentação, sendo a maioria dos casos relatados por neonatos com COVID-19 mediante a transmissão horizontal de uma mãe infectada ou por profissionais de saúde. Diante dos benefícios que o aleitamento materno oferece a saúde do recém-nascido, associado a incertezas sobre a transmissão do vírus, ainda é recomendado que a amamentação seja mantida. Todos os artigos relatados descreveram apenas a importância do aleitamento materno, mas não foram verificados a via de oferta, como por exemplo mamadeira, copo, ou mesmo o contato direto do seio materno. Conclusão: não se pode definir, por meio dos artigos encontrados, a viabilidade do aleitamento materno para os RNs em puérperas (mães) diagnosticadas com COVID-19, mas de acordo com a Organização Mundial de Saúde, esse ato ainda deve ser mantido, devido as vantagens que o aleitamento materno traz para os recém-nascidos.
1- Chen H, Guo J, Wang C, et al. Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet 2020; 395: 809–15.
2- Center for Disease Control and Prevention (CDC). Interim Considerations for Infection Prevention and Control of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) in Inpatient Obstetric Healthcare Settings. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/inpatient-obstetric healthcareguidance.html. Acesso em 26 de maio de 2020.
3- Lang, G., Zhao, H. As mulheres infectadas com SARS-CoV-2 podem amamentar após a depuração viral ?. J. Zhejiang Univ. Sci. B 21, 405-407 (2020). https://doi.org/10.1631/jzus.B2000095
4- Piersigilli F; Carkeek K; Hocq C; Grambezen B;V, Hubinont C; Chatzis O; Linden D;V, Danhaive O;. Lancet Child Adolesc Health 2020; Published Online;May 7, 2020;Department of Neonatology;Department of Obstetrics;Pediatric Infectious Diseases;University Hospital, Catholic;University of Louvain, Brussels( COVID-19 in a 26-week preterm neonate)
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6- Furlow B; (Features US NICUs and donor milk banks brace for COVID-19); Vol 4 2020 May
7- Davanzo R; (Breast Feeding at the Time of COVID-19: Do Not Forget Expressed Mother's Milk, Please);Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2020 Apr 6
8- Brasil – Ministério da Saúde [homepage on the Internet]. Orientações direcionadas ao Centro de Operações de Emergências para o Coronavírus (COE Covid-19) a serem adotadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a amamentação em eventuais contextos de transmissão de síndromes gripais. Nota Técnica Nº 7/2020-DAPES/SAPS/MS. Acessada em 27/05/2020. Disponivel em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/SEIMS_0014033399_Nota_Tecnica.pdf
9- MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ REDE BRASILEIRA DE BANCOS DE LEITE HUMANO RECOMENDAÇÃO TÉCNICA No.01/20.170320 ASSUNTO: Covid-19 e Amamentação. BRASIL, abr 2020
10- Davanzo R; Moro G; Sandri F; Agosti M; Moretti C; Mosca F;(Breastfeeding and Coronavirus disease-2019: Ad Interim Indications of the Italian Society of Neonatology Endorsed by the Union of European Neonatal & Perinatal Societies); 2020 Apr
TRABALHOS CIENTÍFICOS
432
A VOZ DO ATOR PROFISSIONAL – RISCO DE DISFONIA E SITUAÇÃO OCUPACIONAL
Trabalho científico
Voz (VOZ)
INTRODUÇÃO: Atores e atrizes de teatro são profissionais da voz com demandas específicas, pois usam sua voz falada e cantada para a arte e atuam em diferentes cenários, além de muitas vezes terem outra ocupação. A falta de cuidados vocais como parte da rotina de sua profissão também merece investigação [1-3]. Entender como a rotina de saúde geral, bem como de formação artística e vida profissional interferem nos possíveis usos e desempenho vocal desses artistas deve ser averiguado e aprofundado [4, 5].
OBJETIVO: Mensurar o risco de disfonia referente às condições artísticas e ocupacionais, para junto a atores e atrizes sem queixa vocal.
MÉTODOS: Tratou-se de estudo transversal observacional. Participaram 39 atores, sendo 20 homens e 19 mulheres. A média de idade foi de 35,1 anos (entre 25 e 53 anos) para atores e 31,5 anos (entre 23 e 40 anos) para atrizes. Atores e atrizes tinham, em média, respectivamente, 8,8 anos e 7,2 anos de experiência profissional. Todos preencheram dois instrumentos: (1) Protocolo de Rastreio de Risco de Disfonia – Geral (PRRD-G), composto por 18 questões sobre a situação de saúde geral e vocal do indivíduo, e ponto de corte para risco de disfonia estabelecido para ambos os sexos(6). (2) Protocolo de Rastreio de Risco de Disfonia – Atores, composto por 24 questões sobre a condição ocupacional do ator ou da atriz, bem como sobre sua formação profissional e demandas artísticas no momento. Foram mensurados o risco de disfonia geral, específico e total (soma do PRRD-G e PRRD-A) para cada indivíduo. Comparações acerca do risco de disfonia foram feitas entre os sexos.
RESULTADOS: Os atores e atrizes desse estudo apresentaram alto risco geral e específico para o desenvolvimento de disfonia, independentemente de sexo, queixa e alteração vocal. Quanto às questões profissionais, foi observada escassa rotina de cuidado e higiene vocal, bem como o relato de que muitos deles têm outras profissões com uso vocal, aumentando ainda mais sua demanda vocal.
CONCLUSÃO: Atores e atrizes sem queixas vocais mostraram compor grupos semelhantes em relação ao alto risco para desenvolver disfonia, independentemente da presença de alteração vocal. Hábitos de cuidados, preservação e promoção da saúde vocal são escassos nessa população e devem ser estimulados, sendo esse um grande campo para a atuação fonoaudiológica. Além disso, a continuidade do estudo deve investigar quais desses fatores de risco são os mais presentes e relevantes no desenvolvimento de disfonia nesta população.
1. Roy N, Ryker KS, Bless DM. Vocal violence in actors: An investigation into its acoustic consequences and the effects of hygienic laryngeal release training. Journal of Voice. 2000;14(2):215-30.
2. Ferrone C, Leung G, Ramig LO. Fragments of a Greek trilogy: Impact on phonation. Journal of Voice. 2004;18(4):488-99.
3. Rangarathnam B, Paramby T, McCullough GH. "Prologues to a Bad Voice": Effect of Vocal Hygiene Knowledge and Training on Voice Quality Following Stage Performance. Journal of Voice. 2018;32(3):300-6.
4. Lerner MZ, Paskhover B, Acton L, Young N. Voice Disorders in Actors. Journal of Voice. 2013;27(6):705-8.
5. Phyland D, Miles A. Occupational voice is a work in progress: active risk management, habilitation and rehabilitation. Current Opinion in Otolaryngology & Head and Neck Surgery. 2019;27(6):439-47.
6. Nemr K, Simoes-Zenari M, Duarte JMD, Lobrigate KE, Bagatini FA. Dysphonia risk screening protocol. Clinics. 2016;71(3):114-27.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
464
A VOZ DOS DISCENTES EM COMUNICAÇÃO SOCIAL: AUTOPERCEPÇÃO, QUEIXAS VOCAIS E PERFORMANCE COMUNICATIVA
Trabalho científico
Voz (VOZ)
Introdução: Comunicar-se bem é uma necessidade dos futuros profissionais da Comunicação Social, logo, queixas vocais podem interferir de forma negativa em práticas comunicativas que têm como requisito básico a expressividade vocal na transmissão da mensagem verbal1. Sabe-se que a queixa é determinante para adesão a qualquer processo terapêutico e a autopercepção tem se tornado um instrumento de avaliação muito utilizado tanto na clínica como na pesquisa na área da saúde2,3. Objetivo: Investigar a relação entre autopercepção vocal, queixas vocais e performance comunicativa em estudantes de Comunicação Social. Método: O projeto foi aprovado conforme CAAE: 01687218.5.0000.5208. A primeira etapa da coleta foi realizada com 40 estudantes de Comunicação Social (Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Cinema e Rádio, TV e Internet) dos quais apenas 11 tiveram disponibilidade para realizar a segunda parte da pesquisa. Na fase inicial da coleta, os alunos responderam questionários sobre autopercepção da qualidade vocal e queixa de voz. Posteriormente, foram convidados a participar da etapa final com os registros de gravações feitas em um Laboratório de Voz. Para realizar as gravações das vozes foram utilizados os softwares de análise acústica Voxmetria e Fonoview. Resultados: Participaram 40 estudantes de Comunicação Social dos cursos de Cinema (20%), Jornalismo (40%), Publicidade (7,5%) e Rádio, TV e Internet (32,5%). Em relação ao gênero, 25 são do sexo feminino (62,5%) e 15 do sexo masculino (37,5%), com idades entre 18 e 24 anos, com média de 20,16 anos. Consideraram a autopercepção vocal boa 13 (68,5%), relataram queixa vocal 19 (47,5%). As queixas mais citadas foram falha na voz 7 (17,5%) e rouquidão 3 (7,5%). Os dados acústicos indicaram vozes sem desvios em relação à fonte glótica. Além disso, apenas 2 dos estudantes que participaram da segunda etapa da coleta evidenciaram desvantagem vocal com pior escore de 19 (47%). Na performance da leitura do texto, a maioria atribuiu o bom desempenho devido à expressividade (45,45%). Conclusão: Estudantes de Comunicação Social embora refiram autopercepção da qualidade vocal como boa, também apresentam queixas vocais, como falha na voz e rouquidão. Os parâmetros acústicos investigados indicam que as vozes dos participantes da pesquisa não apresentam desvios relativos à fonte glótica. Na leitura de texto consideram a performance comunicativa boa e afirmam que o desempenho está relacionado à expressividade empregada no exercício da leitura oral. No entanto, o trabalho fonoaudiológico durante a formação poderá aperfeiçoar a comunicação e evitar problemas vocais.
1. Santos AALD, Pereira EC, Marcolino J, Dassiê-Leite AP. Autopercepção e Qualidade vocal de estudantes de jornalismo. Revista CEFAC. 2014;16(4):566–72.
2. Behlau M. Voz: O livro do especialista - Volume 2. 2005. 576 p.
3. Nemr K, Amar A, Abrahã̈o M, Leite GC de A, Köhle J, Santos ADO, et al. Análise comparativa entre avaliação fonoaudiológica perceptivo-auditiva, análise acústica e laringoscopias indiretas para avaliação vocal em população com queixa vocal. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005;71(1):13–7.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1989
ABORDAGEM MULTISSENSORIAL PARA A APRAXIA DE FALA INFANTIL: RELATO DE CASO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: A apraxia de fala infantil (AFI) é uma desordem neurológica que afeta os sons da fala, onde a precisão e a consistência estão alteradas, na ausência de déficits neuromusculares¹. Os erros nas crianças com AFI são na transcodificação dos sons (entre o planejamento e programação motora) e não na representação fonológica dos mesmos². Existem três principais abordagens para o tratamento da AFI: 1) Abordagens motoras (que são baseadas nos princípios da aprendizagem motora); 2) abordagens linguísticas (baseadas na representação fonológica) e abordagens multimodais (onde são inseridos outros recursos de comunicação para a criança). Ainda não existem estudos no Brasil mostrando a diferenciação de modelos terapêuticos para a AFI.
Objetivo: Apresentar os resultados (recorte terapêutico) de uma criança com AFI tratada por um modelo hibrído de terapia (abordagem motora associado à multimodal) – atravez do método MultiGestos®³.
Metodologia: Menino de 5:6, neurotípico, com diagnóstico prévio de AFI. Antes da terapia apresentava presente no sistema fonológico os sons /p/, /b/, /m/ e /m/. Em instrumento dinâmico para avaliação das habilidades motoras de fala, apresentou trocas inconsistentes, especialmente em palavras com diferentes pontos articulatórios, e maiores (aumento do número de erros conforme a extensão da palavra), alteração em prosódia e em vogais. Ainda, sua fala apresentou coarticulação interrompida.
Após a primeira avaliação traçou-se plano terapêutico, com utilização do método MultiGestos®³, com frequência de duas sessões semanais. A ideia era que na sessão fosse trabalhada a hierarquia motora da fala (produção dos sons menos complexos aos mais complexos) seguindo a ordem de aquisição fonológica.
Resultados: O trabalho foi realizado sempre utilizando a percepção e produção dos sons da fala, por meio de prática massiva (cada alvo era treinado no mínimo cinco vezes). Foram escolhidas entre cinco e dez palavras (com o som-alvo a ser trabalhado, e após 45 sessões de terapia, o menino foi reavaliado. A apresentou presente no sistema fonológico todas as plosivas e as fricativas anteriores (/f/ e /v/). Apresentou parcialmente adquiridos as demais fricativas e as líquidas /l/ e /R/. As líquidas /lh/ e /r/ encontraram-se parcialmente adquiridas. As trocas do menino continuavam inconsistentes em polissílabos, porém apresentou melhora na consistência em monossílabos, dissílabos (com mesma consoante e com consoante difente). Ainda, a prosódia teve melhora significativa, especialmente na realização do acento lexical. Com a evolução do sistema fonológico e da programação motora de fala da criança, apresentou aquisições em vocabulário, melhora em linguagem escrita e também na socialização. A coarticulação também apresentou evolução.
Conclusões: Abordagens hibrídas podem ser de grande valia para crianças com AFI, uma vez que trabalham além da produção motora dos sons, mas podem auxiliar nas diferentes falhas do planejamento/ programação motora da fala. O método MultiGestos®³ mostrou-se eficiente nesse caso, necessitando de mais estudos, com grupos maiores e ainda diferentes patologias de fala para confirmação da comprovação.
1. American Speech-Language-Hearing Association. Childhood Apraxia Of Speech. 2007. Disponível em: www.asha.org/policy.
2. Shriberg LD., Strand EA, Fourakis, M, Jakielski, KJ., Hall, SD, Karlsson, HB., . . . Wilson, DL. 2017. A diagnostic marker to discriminate childhood apraxia of speech from speech delay: III. Theoretical coherence of the pause marker with speech processing deficits in childhood apraxia of speech. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 60(4), S1135–S1152. https://doi.org/10.1044/2016_JSLHR-S-15-0298
3. Azevedo CC, Silva LMP. Curso Educação à distância (EaD) MultiGestos. 2020. TechKnowledge Cursos e treinamentos EaD.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
982
ABORDAGENS EM LINGUAGEM ADOTADAS POR FONOAUDIÓLOGOS NO SISTEMA PÚBLICO DE DOIS MUNCÍPIOS DO INTERIOR DE SÃO PAULO
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: Em qualquer que seja seu nível de inserção na atenção à saúde o fonoaudiólogo lidará com questões que se relacionam direta ou indiretamente com a linguagem e não apenas com a comunicação. Nosso interesse pelo tema está relacionado ao fato de que as alterações de fala e linguagem constituem a maior demanda fonoaudiológica no SUS e que as investigações em linguagem, principalmente no que concerne à sua aquisição, patologias e terapia, não foram exauridas. Em função das diferentes correntes teóricas que permeiam a Fonoaudiologia, questionamo-nos sobre o que faz o fonoaudiólogo clínico diante das diferentes possibilidades do trabalho com a linguagem e com o sujeito. Objetivo: Por essa razão, este trabalho tem como objetivo investigar, entre os fonoaudiólogos que atuam no setor público da saúde de dois municípios do interior de São Paulo, qual é a abordagem teórica em linguagem com que se identificam e adotam suas práticas. Metodologia: A pesquisa é descritiva, de caráter quanti e qualitativo. Foi aprovada pelo Comitê de Ética sob o número CAAE: 91240718.5.0000.5404. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cerca de dez fonoaudiólogos que atuam no setor público da saúde com vistas a verificar se tais profissionais identificam bases teóricas para sua atuação em linguagem e se conseguem estabelecer diferenças entre os modos de atuação. As entrevistas, registradas em áudio, foram transcritas e analisadas por meio do estabelecimento de categoriais, aferidas pelos pesquisadores, com base em critérios de repetição e relevância, adotados pela Análise de Conteúdo. Resultados: As profissionais reconheciam bases teóricas para atuação em linguagem, mas demonstravam dificuldades em diferenciar correntes. De modo geral, as profissionais demonstram inclinações ao interacionismo de Vygotsky (3), ao interacionismo de Cláudia Lemos (2), à abordagem pragmática (1) e à neurolinguística discursiva (4). A maior parte das respondentes referiu mesclar as abordagens teóricas na clínica. A mesclagem teórica aponta para a) pouca aproximação da Fonoaudiologia à Linguística e, consequentemente, b) necessidades de fonoaudiólogos aprofundarem os estudos em linguagem e c) distanciamento teórico e clínico na Fonoaudiologia. Conclusão: Os achados reforçam a necessidade de (re)aproximação entre os componentes clínicos e científicos da Fonoaudiologia. As abordagens implicam em diferentes posturas na avaliação e manejo terapêutico, o que nem sempre foi percebido pelos profissionais, que aderem à mesclagem teórica. Além disso, é necessária a realização de novos estudos envolvendo a dimensão terapêutica em Linguagem e Fonoaudiologia.
De lemos CTG. Das Vicissitudes da fala da criança e de sua investigação. Cadernos de Estudos Linguísticos. Campinas. 2002; 42(1): 41-69.
Lier de vitto MF. Patologias da linguagem: sobre as “vicissitudes de falas sintomáticas”. In: Lier de vitto MF, Arante L (orgs). Aquisição, patologias e clínica de linguagem. São Paulo: EDUC; 2006. p. 47-60.
Ramos AP. Reflexão sobre as posições de terapeuta frente às dificuldades de leitura e escrita na clínica fonoaudiológica [[recurso eletrônico]] [DISSERTAÇÃO DIGITAL]. [Campinas, SP]; Mestra em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação; 2018. 1 recurso online (168 p.). [citado 2020 Jul 10]. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/332345.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1252
AÇÃO DE PROMOÇÃO À SAÚDE VOCAL NO DIA MUNDIAL DA VOZ EM UNIVERSIDADE DO INTERIOR DE SÃO PAULO.
Práticas fonoaudiológicas
Voz (VOZ)
Introdução: A voz é um instrumento poderoso de comunicação social e profissional, expressa sentimentos, tem papel primordial de veículo de transmissão de informações e convencimento do outro. Acompanha os indivíduos durante toda a vida e constitui a identidade pessoal. A perda ou alteração da voz gera impactos negativos na vida de qualquer pessoa, pois afeta a qualidade comunicativa, por isso ações de promoção e prevenção da saúde vocal são primordiais. A fonoaudiologia é responsável por trabalhar com os diferentes aspectos comunicativos, sendo sua função prevenir, promover, avaliar e reabilitar, a fim de eliminar ou minimizar distúrbios da comunicação. A saúde vocal é importante para os profissionais que dependem diretamente desse instrumento para realizar seu trabalho, mas toda população está propícia a desenvolver algum tipo de patologia vocal, por isso o trabalho do fonoaudiólogo inclui também divulgar e promover ações que possam atingir todo tipo de público. O engajamento dos graduandos de fonoaudiologia em ações de promoção da saúde vocal, permite colocar em prática os conhecimentos adquiridos, desenvolver experiências, compartilhar informações e orientações com a população auxiliando na prevenção de agravos vocais. Objetivo: Realizar atividade de educação em saúde, destacando aos cuidados com a voz, direcionado a discentes, docentes e funcionários da instituição. Métodos: As atividades realizadas foram coordenadas por estudantes de fonoaudiologia e se deu em uma universidade privada no interior do estado de São Paulo. Inicialmente os alunos elaboraram um projeto com as atividades propostas para ação de comemoração do dia mundial da voz. O projeto foi aprovado pela instituição e teve seu suporte para disponibilidade do espaço físico, impressão dos folders e equipamento de áudio. A ação se deu pela distribuição de material informativo sobre os cuidados da voz aos alunos, professores e funcionários, concomitante às apresentações do Coral Universitário da instituição, da Bateria da Liga das Atléticas da Saúde (LAS) e de um Coral de Laringectomizados do interior de São Paulo, que aceitaram previamente ao convite de participação. Resultados: A ação proporcionou oportunidade de sensibilização à importância de uma voz saudável e orientou a comunidade acadêmica de outras áreas da saúde, convidados e funcionários da instituição sobre o uso adequado e cuidados com a saúde vocal. O coral dos laringectomizados impactou e comoveu a todos, pela superação e otimismo que encaram a vida após o câncer de laringe, deixando um alerta quanto aos principais fatores de risco da doença. Assim, foi possível divulgar o Dia Mundial da Voz e destacar a intervenção fonoaudiológica junto à saúde vocal e à promoção de saúde. Aos discentes da graduação em fonoaudiologia, a ação permitiu conhecer e experienciar a atuação da profissão na promoção à saúde vocal, visto que integrou os conceitos teóricos e práticos abordados no decorrer do curso. Conclusão: Através da ação de promoção em saúde vocal foi possível destacar a importância da fonoaudiologia na criação de estratégias de orientação e prevenção aos distúrbios vocais, sensibilizando e conscientizando os docentes, discentes e funcionários sobre a importância da voz, que é essencial para a comunicação humana.
1. Dornelas R, Giannini SPP, & Ferreira LP. Campanha da Voz: uma iniciativa para cuidados em saúde. Distúrbios da Comunicação, 2014;26(3); http://200.144.145.24/dic/article/view/18219
2. Behlau M, Pontes P. Higiene Vocal: cuidando da voz. 3a ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2001.
3. Andrada e Silva MA. Saúde Vocal. In: Pinho SMR. Fundamentos em Fonoaudiologia: tratando os distúrbios da voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;1998. pp. 119-125.
4. Pinho, SMR. Manual de Higiene Vocal para Profissionais da Voz. 2a ed. Carapicuiba/SP: Pró-fono, 1999.
5. Oliveira IB. Desempenho vocal do professor: avaliação multidimensional [Tese]. Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas; 1999. http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/handle/tede/476
6. Santana MDCCPD, Brandão KKCP, Goulart BNGD, & Chiari BM. Fonoaudiologia e saúde do trabalhador: vigilância é informação para a ação!. Revista CEFAC, 11(3), 522-528; 2009. https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000300022
7. Ueda KH, dos Santos LZ, & Oliveira IB. 25 anos de cuidados com a voz profissional: avaliando ações. Revista Cefac, 10(4), 557-565; 2008. https://doi.org/10.1590/S1516-18462008000400016
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2018
ACESSIBILIDADE DO MUNDO DIGITAL PARA SURDOS
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
Titulo: ACESSIBILIDADE DO MUNDO DIGITAL PARA SURDOS
INTRODUÇÃO
Historicamente a população Surda é vista como pessoas com condições de invalidez, ou apenas deficientes auditivos que tem a sua comunicação restrita. Entretanto essa visão vem-se modificando, atualmente é ressaltada, e levantada principalmente as questões de acessibilidade voltada para essa população. Quando temos a acessibilidade e humanização como aspectos primordiais, permitindo que o indivíduo tenha sempre o acesso a todos os serviços disponibilizados para a população ouvinte, mas de forma humanizada, direcionada a sua condição, sempre mantendo um olhar biopsicossocial do indivíduo. Atualmente vemos a importância do meio digital,que é utilizado para tudo. Então nosso grupo observou mediante a fóruns, lives, relatos que ainda sim, a população Surda percebe um déficit, a falta de acessibilidade para esse meio. E com isso notamos que há falta de informações que contenha essa abordagem, que também é considerada educação em saúde.
OBJETIVO
Pensando na falta de acessibilidade do meio digital para a população surda, temos como objetivo a criação de um material informativo sobre a importância da acessibilidade digital para a população Surda.
MÉTODO
Por conta do período de pandemia, foi proposto aos alunos que estão cursando o último ano do curso de Fonoaudiologia, a elaborarem projetos sobre a Audiologia Educacional. Foram feitas reuniões para decidir o tema do projeto, em seguida foi feito um levantamento pelas mídias sociais sobre quais seriam as principais dificuldades que os surdos enfrentam, principalmente durante este período. Após determinar o tema e as dificuldades, foram feitas buscas na literatura e elaborado um roteiro com todas as informações pertinentes ao projeto, como: público alvo; o que seria informado; como seria compartilhado as informações; qual seria a plataforma de divulgação.
A falta de acesso dos Surdos às informações é extremamente grave, e de acordo com o Decreto 10.436, eles têm como direito o acesso completo à todas as informações.
Após todo o levantamento e pesquisa, definimos então que o público alvo será as pessoas que produzem conteúdos na internet independentemente do tema, para que elas se conscientizem e ofereçam acessibilidade aos Surdos quando forem criar seus projetos.
Foi feito um infográfico animado, com os dados epidemiológicos da Surdez no Brasil, com conteúdo sobre a importância da humanização em relação ao Surdo e dicas de como as pessoas podem adaptar seus projetos à comunidade Surda, como por exemplo, utilizar legendas nos vídeos ou a tradução em LIBRAS (intérpretes de LIBRAS).
CONCLUSÃO
Temos a pretensão de distribuir esses materiais educativos informativos nas mídias sociais, haverá uma apresentação de todos os trabalhos de um grupo de estudantes quarto anistas, que prepararam diversos materiais, incluindo este. Docentes, discentes e a comunidade serão convidados a conhecer esses materiais, será feito um encontro online, promovido pelo pelo curso de Fonoaudiologia da instituição Santa Casa, com isso nós pretendemos, que o direito dos surdos, as informações possam ser garantidas como está previsto nos textos legais.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
583
ACESSO A ATENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: INTERVENÇÕES PARA A MELHORIA DA QUALIDADE
Práticas fonoaudiológicas
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: O interesse pela temática da qualidade é evidente em todas as áreas e sua emergência, em especial no setor da saúde, tem se destacado e afetado todos os implicados no processo: usuários, gestores e profissionais. Diversos estudos definem qualidade em serviços de saúde por meio de dimensões, componentes, fatores ou atributos tirando-a, portanto, do plano da subjetividade. O acesso, ainda que não apareça em todos os esquemas, é uma importante dimensão da qualidade, pois é por meio deste que em grande parte se mede a dimensão social da assistência à saúde, no entanto, ainda são poucos os estudos que fazem referência à temática em Fonoaudiologia. Donabedian ao definir acessibilidade estabeleceu duas dimensões a ela relacionada: a geográfica e a sócio-organizacional, esta última alusiva a oferta de atividades, horários de atendimento, marcação de consultas, tempo de espera para atendimento, critérios para seleção da demanda, adequação aos recursos disponíveis e a existência de mecanismos formais de articulação entre níveis assistenciais. Objetivo: Melhorar a acessibilidade em sua dimensão sócio-organizacional a um Serviço Ambulatorial de Fonoaudiologia no município do Natal - Rio Grande do Norte. Métodos: Estudo de natureza quantitativa do tipo quase experimental de série temporal resultado de um ciclo de melhoria da qualidade. O nível de qualidade foi avaliado por meio de critérios relacionados a taxa de faltas às consultas, aprazamento para triagem e para início da terapia fonoaudiológica. As avaliações aconteceram no período de janeiro de 2017 a agosto de 2018 e a coleta de dados foi realizada por meio de relatórios emitidos pelo programa de agendamento e fila de espera. Os dados foram compilados e subsidiaram o delineamento de gráficos de tendência por meio dos quais verificou-se a presença de padrões indicativos de situações significativamente diferentes da esperada (p<0.01) e o cumprimento dos critérios de qualidade. Resultados: O nível de qualidade estabelecido foi alcançado em alguns períodos, no entanto, não foram observadas mudanças com significância estatística no comportamento do indicador quando relacionado às intervenções. Conclusão: As mudanças na organização do serviço e o acompanhamento de indicadores parecem ter efeito positivo na melhoria no acesso, no entanto, verificou-se instabilidade nos processos avaliados o que evidencia a necessidade de novas intervenções.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1714
ACESSO A ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE E TRANSMASCULINIDADE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (2008) ¹ prevê cuidado integral através da qualificação da atenção primária para que seja porta de entrada e criação do sistema especializado de alta complexidade 2 ,3 ,4. Contudo, a literatura vem apontando que apesar dos avanços, essa população ainda relata dificuldades para acessar o sistema, e aqui destacamos principalmente as situações vivenciadas por homens trans, que frequentemente narram um cenário de negligência e descaso 5, 6. Objetivo: descrever a população transmasculina do estado do Espírito Santo, como tem sido o acesso a saúde e a qualidade do serviço de assistência prestado. Metodologia: A fim de contactar essa população, dialogou-se com o Instituto Brasileiro de Transmasculinidade do Espírito Santo- IBRAT -ES, que atua no cadastro e apoio dessa população no estado. Relatos obtidos durante a organização do estudo revelaram a dificuldade no acesso ao sistema saúde. Participaram 45 homens trans com idades entre 18 e 43 anos, que responderam a um questionário online elaborado para a pesquisa, com perguntas como “onde você reside atualmente?”, “faz acompanhamento frequente (no mínimo 2 vezes por ano) da sua saúde geral?”, “onde faz este acompanhamento?”. Os dados foram submetidos a análise descritiva. CEP 140991. Resultados: Entre os pesquisados, a maior parte reside atualmente na região metropolitana da capital do estado (86,7%) e 20% dos participantes da pesquisa relataram não fazer acompanhamento frequente de sua saúde, sendo que os principais problemas elencados foram evitar constrangimentos (44,4%) e falta de interesse (33,3). Dos que fazem acompanhamento frequente , 61,1% declararam utilizar exclusivamente o Sistema Único de Saúde (SUS), seguidos pelos que são atendidos tanto no sistema privado quanto no público (22,2%) e os que frequentam exclusivamente o sistema privado (16,7%). Outro dado interessante concerne a avaliação desses atendimentos, pois 61,1% dos participantes classificaram a qualidade como ótima, seguidos dos que categorizam o serviço como regular (22,2%) e aqueles que declararam como boa (16,7%). Conclusão: as Políticas Públicas tem colaborado efetivamente na ampliação e consolidação do atendimento à saúde da população transexual masculina do estado, mesmo que ainda existam percalços, pois não foi possível observar um acolhimento na atenção primária. Evidencia-se que o ambulatório especializada localizado na região metropolitana da capital cumpre para além do seu papel, pois muitas vezes desempenha também assistência em atenção primária à saúde dessa população.
1. Brasil. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT. Brasília: MS; 2008.
2. Brasil. Portaria Nº 2.803, de 19 de novembro de 2013. Redefine e amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde, 19 nov 2013.
3. Brasil. Portaria Nº 1370, de 21 de junho de 2019. Inclui procedimento na tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 21 de junho de 2019.
4. Brasil. Transexualidade e Travestilidade na Saúde. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
5. Bezerra DS; Bezerra AK; Souza RCM; Nogueira WBAGN; Bonzi ARB; Costa LMM. Homens transexuais: invisibilidade social e saúde mental. Temas em Saúde. 2018; 18(1), 428-444.
6. Souza, D; Iriart J. “Viver dignamente”: necessidades e demandas de saúde de homens trans em Salvador, Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2018; 34 (10).
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1913
ACESSO DO USUÁRIO AO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO TERAPÊUTICO EM UM MUNICÍPIO DO LITORAL CENTRO-NORTE CATARINENSE
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: O fonoaudiólogo está inserido em numerosas ações e programas do SUS e há necessidade de rever conceitos e práticas, com o intuito de disponibilizar ao usuário um serviço de qualidade e que venha de encontro com os princípios preconizados. A partir da identificação da necessidade de melhoria do acesso ao serviço fonoaudiológico, na realização desta pesquisa, busca-se propor uma ferramenta de gestão para o acesso no atendimento terapêutico de fonoaudiologia na rede de saúde nos diferentes níveis do sistema em um município de médio porte do Vale do Itajaí, Santa Catarina, focando a continuidade e a coordenação do cuidado ao longo da trajetória daqueles que procuram os serviços de saúde e o auxílio do fonoaudiólogo. Objetivo: Caracterizar o acesso dos usuários no serviço de fonoaudiologia em relação à estrutura, processo e resultado. Métodos: A presente pesquisa trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, onde foi analisada a lista de espera para atendimento fonoaudiológico terapêutico e coletados os seguintes dados: nome, idade, sexo, bairro, motivo do encaminhamento, origem do encaminhamento, profissional que encaminhou e data da entrada. Resultados: O munícipio no qual foi realizada a pesquisa possui 162 usuários aguardando para atendimento fonoaudiológico terapêutico, sendo a maioria na faixa etária entre 06-12 anos e do sexo masculino. Os bairros centrais destacaram-se apresentando uma maior demanda ao serviço, tendo o desvio fonológico como uma das maiores queixas, seguido por atraso na fala e linguagem. Sendo os encaminhamentos originados em sua maioria das UBS seguido pelas Unidades Escolares. A área médica foi responsável pelos maiores números de encaminhamentos, realizado por pediatra e clínico geral, tendo a data de entrada desses encaminhamentos, constando como o primeiro semestre de 2019, entretanto, mesmo que em número menor, mas o município ainda apresenta em sua lista de espera encaminhamentos de 2017. Conclusão: O município conta com 162 usuários aguardando para atendimento fonoaudiológico terapêutico, sendo a grande maioria em idade escolar e do sexo masculino apresentando desvio fonológico, a área médica apresentou um maior número de encaminhamentos, sendo estes originados das UBS, com tempo de espera médio para início do atendimento de 2 anos e meio.Identifica-se como necessidade um processo de educação permanente junto aos profissionais de saúde,qualificando a entrada das informações..
Fonoaudiologia. Gestão. Saúde pública. Acesso aos serviços de saúde.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1562
ACESSO E INIBIÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS EFEITO DE PRIMING SEMÂNTICO
Tese
Linguagem (LGG)
Introdução: O processamento léxico-semântico está relacionado à amplitude e profundidade do vocabulário (1;2;3) e ao acesso eficiente do significado da palavra, que requer rapidez e acurácia na recuperação e inibição de informações inconsistentes. Experimentos com priming semântico e homônimos propiciam a investigação de processos ligados à precisão e ao tempo despendido no acesso semântico-lexical e às capacidades relacionadas à integração ou à inibição de informações constantes em um texto que deve ser lido e devidamente compreendido (4;5;6;7). Objetivo: Estudar, em escolares com e sem transtorno de leitura, o processamento de linguagem, quanto a suas características de tempo e precisão de acesso e inibição do significado de palavras, e investigar possíveis associações com habilidades cognitivo-linguísticas preditoras da compreensão leitora. Método: Estudo experimental, prospectivo, quantitativo (CEP: 1.867.223). Participaram 82 escolares do 5º ano sem queixa de leitura (46 de escola pública – G1 e 36 de escola particular – G2) e 19 crianças com transtorno específico de leitura (G3). Foram avaliados quanto a habilidades cognitivo-linguísticas de linguagem oral e de leitura. Nomearam figuras de homônimos apresentadas oralmente, isoladamente ou em final de frases, acompanhados, ou não, de distratores linguísticos. O intervalo inter-estímulos adotado: 250ms. Experimento 1: investigou-se a precisão e o tempo de acesso aos homônimos apresentados isoladamente. Calculou-se o efeito de priming pela comparação das condições relacionadas (significados mais e menos recorrentes) com as não relacionadas (distratores). Experimento 2: investigou-se a precisão e o tempo para o acesso semântico dos homônimos apresentados em sentenças. Calculou-se o efeito de priming comparando o desempenho nas frases das condições apropriadas e inapropriadas. Os desempenhos nas tarefas de linguagem, leitura e priming foram comparados entre os grupos e buscaram-se correlações. Os Testes de Kruskal-Wallis, ANOVA, teste Post-hoc de Bonferroni, análise de variância e correlação de Pearson foram aplicados (nível de significância: 0,05). Resultados: Os grupos não se diferenciaram quanto à compreensão oral, memória operacional e fluência verbal. G3 mostrou desempenho semelhante ao G1 em vocabulário receptivo, fluência semântica, memória fonológica de curto prazo, e compreensão de leitura. Experimento 1: O número de acertos na condição de homônimo mais recorrente foi maior que na de menor ocorrência (G1 e G2) e do que na presença de distrator (G1 e G3). Houve efeito de priming, nos três grupos, na condição de homônimo mais recorrente comparado ao distrator (213,7ms) e na comparação de homônimos de maior e menor ocorrência (205,9ms). Experimento 2: Não houve diferenças dos grupos na precisão da nomeação. Houve efeito de priming na análise de tempo nas condições inapropriadas e de menor ocorrência. O desempenho de G1 foi igual a de G2 (59,8ms) e G3 apresentou maior tempo na nomeação que G1 (198,7ms). Conclusões: O priming semântico facilitou o acesso à informação do homônimo, tanto quando foi apresentado isoladamente quanto ao final de frase. Quando relacionado ao alvo, o tempo de nomeação foi menor, facilitando o acesso semântico. Crianças com transtorno de leitura apresentaram dificuldade em inibir informações irrelevantes. As habilidades cognitivo-linguísticas, mostraram-se essenciais para o bom desempenho nos processos de acesso e inibição semântico.
1 - Tannenbaum KR, Torgesen JK e Wagner RK. Relationships between word knowledge and reading comprehension in third-grade children. Scientific Studies of Reading. 2006; 10: 381-398.
2 - Landi N, Perfetti CA. An electrophysiological investigation of semantic and phonological processing in skilled and less-skilled comprehenders. Brain and Language. 2007 Jul;102(1):30-45.
3 - Cain K, Oakhill J. Reading comprehension and vocabulary: Is vocabulary more important for some aspects of comprehension? L’Année Psychologique. 2014; 114: 647-662.
4 - Henderson L, Snowling M, Clarke P. Accessing, integrating, and Inhibiting Word Meaning in Poor Comprehenders. Scientific Studies of Reading.2013;17:177-198.
5 - Rossi SG. Influência do priming semântico no acesso e inibição do significado de homônimos na compreensão leitora. [dissertação]. Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina; 2015.
6- Holderbaum CS, Salles JF. Priming semântico em crianças: efeitos da força de associação semântica e frequência de alvo. Aletheia. 2010. 33:95-108.
7- Salles JF, Machado LL e Janczura GA. Efeitos de priming semântico em tarefa de decisão lexical em crianças de 3ª série. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2011; 17(3):792-806.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1957
ACESSO E UTILIZAÇÃO DA REDE DE CUIDADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM MINAS GERAIS NA PERSPECTIVA DO USUÁRIO
Trabalho científico
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) foi instituída pela Portaria 793/2012(1). Pouco depois, a Deliberação estadual no 1272/2012 instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no Estado de Minas Gerais(2). Um dos objetivos da implementação das Redes de Cuidados é a descentralização e regionalização da assistência, “visando garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e serviços de saúde”(3). Assim, estudar este acesso é de extrema importância, pois traz uma dimensão significativa da equidade nos sistemas de saúde. Além disso, definir e mensurar este acesso é fundamental para o desenvolvimento de planos e metas sustentáveis no setor da saúde.(4) OBJETIVO: analisar o acesso e a utilização da RCPD em Minas Gerais tendo como referência a perspectiva do usuário do componente especializado e sua associação com fatores sócio demográficos, assistenciais e clínicos. MÉTODOS: estudo observacional analítico transversal, com amostra probabilística estratificada por modalidade de serviço, composta por usuários dos pontos de atenção do componente especializado da RCPD em Minas Gerais. Foram consideradas variáveis respostas, o acesso e a utilização da RCPD, e as variáveis explicativas, os dados sócio demográficos (idade, sexo, escolaridade, renda domiciliar e tipo de deficiência). A amostra foi composta por 871 entrevistados, entre usuários e acompanhantes, de 36 pontos de atenção do componente especializado da RCPD. Os dados foram obtidos por meio de entrevista individual com questionário estruturado. Para análises de associação foram utilizados os testes Kruskal-Wallis e Qui-quadrado de Pearson, sendo consideradas como associações estatisticamente significantes as que apresentaram valor de p ≤ 0,05. Para análise de comparações múltiplas foi utilizado o testeNemenyi. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da instituição de ensino, sob o parecer de número ETIC 913612. Para a entrada, o processamento e análise dos dados foi utilizado o software SPSS, versão 21.0. RESULTADOS: os serviços mais utilizados foram os centros de especialidades, para terapia/ reabilitação. O profissional que mais atendia os usuários era o médico, seguido pelo fisioterapeuta e o fonoaudiólogo. Os atendimentos ocorriam na maioria das vezes em bairros próximos das residências dos usuários. Um número baixo de entrevistados relatou que em algum momento precisou de atendimento na RCPD e ele não ocorreu. Não houve associação entre a falta de atendimento e sexo ou escolaridade, mas quanto menor a idade e a renda, maior a chance de ter o atendimento negado alguma vez, assim como os usuários deficientes auditivos e com múltiplas deficiências. CONCLUSÃO: Entre os usuários entrevistados, o acesso aos serviços de saúde era garantido. Isso sugere que a organização e a regionalização da RCPD em Minas Gerais estavam adequadas no momento do estudo, segundo a percepção dos usuários. Esta pesquisa pode trazer subsídios para a discussão sobre o acesso a RCPD em Minas Gerais pelos gestores e demais envolvidos nas políticas públicas de saúde, auxiliando em suas diretrizes para garantir o acesso aos serviços.
Palavras chave: Acesso a serviços de saúde, utilização de serviços de saúde, Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência, Pessoa com Deficiência, Sistema Único de Saúde
1 - BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE: PORTARIA NO. 793, de 24 de Abril de 2012. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0793_24_04_2012.html. Acessado em 19/10/2016.
2 - MINAS GERAIS, SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE: DELIBERAÇÃO NO. 1272, de 24 de Outubro de 2012. Disponível em http://saude.mg.gov.br/deficiencia/document/8680. Acessado em 19/10/2016.
3 - Holanda C.M.A. et al. Redes de Apoio e pessoas com deficiência física: inserção social e acesso aos serviços de saúde. Disponível em https://www.redalyc.org/html/630/63033062020/. Acessado em 12/06/2019.
4 - Sanchez RM, Ciconelli RM. Conceitos de acesso à saúde. Rev Panam Salud Publica. 2012;31(3):260–8
TRABALHOS CIENTÍFICOS
602
ACHADOS AUDIOLÓGICOS DE UM PACIENTE PORTADOR DA SÍNDROME DO CROMOSSOMO 4 EM ANEL
Relato de experiência
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Introdução: a síndrome do cromossomo em anel surge após a quebra nas duas extremidades do cromossomo e uma subsequente fusão. Esta fusão pode ocorrer em qualquer cromossomo. Assim, os fenótipos são altamente variáveis. Um achado comum no portador dessa síndrome é a deficiência grave de crescimento. Objetivo: descrever os achados audiológicos de um paciente portador da síndrome do cromossomo 4 em anel. Método: trata-se de um relato de caso de um paciente de 2 anos 4 meses de idade, acompanhado pelo serviço de fonoaudiologia. O paciente apresentou em sua história clínica os seguintes indicadores de risco para a deficiência auditiva: baixo peso ao nascer, permanência em UTI neonatal por um período maior que cinco dias, uso de ventilação assistida e de medicação ototóxica. Deste modo, foram analisados os achados desde a triagem auditiva neonatal até o seu diagnóstico audiológico. Resultados: o paciente realizou a triagem auditiva neonatal aos dois meses de idade, tendo como resultado no primeiro teste e no reteste: emissões otoacústicas evocadas transientes e potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático com ausência de resposta em ambas as orelhas. Foi obtido presença de reflexo cócleo-palpebral com a utilização do instrumento agogô. Com a falha na triagem o paciente foi encaminhado ao diagnóstico. No potencial evocado auditivo de tronco encefálico usando o estímulo tone busrt foi possível concluir que em ambas as orelhas os achados foram compatíveis com perda auditiva mista, sendo a perda estimada em 75dBNa em 2000 Hz e em 80 dBNa em 4000 Hz. Não foi possível estimar os limiares de 500 Hz nesse momento da avaliação. Após, o paciente iniciou a reabilitação auditiva e atualmente faz uso de aparelhos auditivos e acompanhamento fonoaudiológico. Conclusão: a partir deste trabalho salientamos que o paciente portador da síndrome do cromossomo 4 em anel teve consequências auditivas detectadas inicialmente na triagem auditiva. Por fim, reiteramos a realização da triagem auditiva neonatal, o mais precocemente possível, a fim de reduzir os impactos no desenvolvimento dos pacientes com deficiência auditiva.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 32 p.
Joint Committee on Infant Hearing. Year 2007 position statement: principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. 2007; 120 (4): 898-921.
Yip M. Autosomal ring chromosomes in human genetic disorders. Transl Pediatr, 2015; 4(2):164-74.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1222
ACHADOS AUDIOLÓGICOS EM CRIANÇAS COM MICROCEFALIA POR ZIKA VÍRUS CONGÊNITO
Trabalho científico
Audição e Equilíbrio (AUDIO)
Introdução: No Brasil, no ano de 2015, houve um grande aumento inesperado de notificação de Microcefalia coincidindo com um número crescente de casos de infecção por Zika vírus (ZIKV). Foi evidenciado que quando contraído durante a gestação, o vírus pode trazer diversas consequências aos recém-nascidos, como por exemplo malformações congênitas como microcefalia, doenças neurológicas como a Síndrome de Guillain-Barré, afecções nas vias neurais auditivas ou até mesmo malformação do sistema auditivo. A detecção e intervenção precoce dessas alterações, possibilita um melhor prognóstico de desenvolvimento das habilidades de audição, linguagem e comunicação das crianças com microcefalia por ZIKV. Objetivo: Revisar os achados audiológicos em crianças com microcefalia por Zika Vírus congênito. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada nos meses de junho a julho de 2020, com a seguinte pergunta condutora: Quais os achados audiológicos mais comuns em crianças com microcefalia por ZIKV congênito? O estudo foi produzido por meio de busca nas principais bases de dados disponíveis, especificamente: Pubmed; Web of science; Science direct; Scielo e Lilacs. Os descritores foram selecionados utilizando a ferramenta de registro MeSH, sendo formada a seguinte estratégia de busca: microcephaly AND newborn OR infant AND Zika vírus OR ZIKV AND hearing test OR test, hearing OR audiometry OR potential evoked, auditory. Foram considerados como critérios de elegibilidade artigos originais, publicados em quaisquer língua e ano, que abordasse a indicação de achados audiológicos em crianças com microcefalia por ZIKV congênito, sendo excluídos estudos de revisão da literatura e capítulos de livros. Para uma seleção mais criteriosa, foi criada uma planilha contemplando os seguintes aspectos: tamanho da amostra, população, objetivos, métodos utilizados, resultados principais e conclusão. Considerando os descritores utilizados e a aderência dos estudos aos critérios de inclusão, foi realizada a leitura do título, resumo e manuscrito completo. Resultados: Foram identificados 236 estudos nas bases de dados, sendo selecionados doze artigos a partir da leitura do título e resumo, dos quais restou um total de sete após a exclusão dos estudos duplicados. Destes, com a leitura completa na íntegra, seis artigos foram incluídos na revisão. Como resultados dos estudos, observou-se que a maioria utilizou para avaliação auditiva o exame de Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (PEATE) e Emissões Otoacústicas (EOA) nas crianças com microcefalia infectadas por ZIKV congênito sendo a maioria, crianças com idade entre quinze dias e seis anos. A maioria das crianças apresentaram algum tipo de alteração auditiva, sendo comumente observado falha na triagem auditiva neonatal, atraso nas latências do pico absoluto da onda V e intervalo interpicos III-V e presença de perda auditiva sensorioneural (PASN) bilateral. Conclusão: O comprometimento auditivo na microcefalia é um déficit neural comum que pode ser avaliado pelo PEATE. Além disso, a infecção congênita por ZIKV parece estar associada a PASN. Desta forma, bebês microcefálicos infectados por ZIKV congênito devem ser rotineiramente rastreados quanto a possíveis perdas auditivas até os primeiros dois anos para que haja monitoramento adequado do desenvolvimento auditivo e linguístico.
Meneses JA, Ishigami AC, Mello LM, Albuquerque LL, Brito CAA, Cordeiro MT, et al. Lessons learned at the Epicenter of Brazil’s congenital Zika epidemic: evidence from 87 confirmed cases. Clinical Infectious Diseases. 2017; 64: 1302-1308.
Microcephaly Epidemic Research Group. 2016. Microcephaly in infants, Pernambuco State, Brazil, 2015. Emerging Infectious Diseases. 1090-1093.
Barbosa MHM, Robaina JR, Prata-Barbosa A, Lima AMT, Cunha AJLA. Auditory findings associated with Zika virus infection: an integrative review. Brazilian Journal of otorhinolaryngology. 2019; 85: 642-663.
Leal MC, Muniz LF, Tamires AS, Ferreira TS, Santos CM, Almeida LC, et al. Hearing loss in infants with microcephaly and evidence of congenital zika virus infection - Brazil, november 2015-may 2016. MMWR Morb Mortb Wkly Rep. 2016; 65: 917–919.
Fandiño-Cárdenas M, Idrovo AJ, Velandia R, Molina-Franky J, Alvarado-Socarras JL. Zika Virus Infection during Pregnancy and Sensorineural Hearing Loss among Children at 3 and 24 Months Post-Partum. J Trop Pediatr. 2019; 65: 328-335.
Olusanya BO. Risk of sensorineural hearing loss in infants with abnormal head size. Ann Afr Med. 2013; 12: 98-104.
Das P, Bandyopadhyay M, Ghugare BW, Ghate J, Singh R. Auditory evaluation of the microcephalic children with brain stem evoked response audiometry (BERA). Indian J Physiol Pharmacol. 2010; 54: 376-380.
Borja A, Loiola AG, Araújo RPC. Triagem auditiva em crianças expostas ao zika vírus durante a gestação. Rev. Ciênc. Méd. Biol. 2017; set./dez 16: 271-276.
Cortes MS, Rivera AM, Yepez M, Guimarães CV, Yunes ID, Zarutskie A, et al. Clinical assessment and brain findings in a cohort of mothers, fetuses and infants infected with ZIKA virus. Am J Obstet Gynecol. 2018; 218: 440.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
2035
ACHADOS FONOAUDIOLÓGICOS E NEUROLÓGICOS EM NEONATOS COM HIDRANENCEFALIA: UM ESTUDO DESCRITIVO
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
Introdução: A Hidranencefalia é considerada uma das patologias mais complexas do sistema nervoso central, é caracterizada principalmente pela ausência total ou parcial dos hemisférios cerebrais, que são substituídos por líquido cefalorraquidiano.¹ Um ponto importante na atuação em neonatos com danos neurológicos como a Hidranencefalia é a alimentação, sendo foco constante em unidade neonatais, visto que com grande frequência estes apresentam alterações nas funções de sucção/deglutição.² Estudos trazem que patologias que preservem o tronco encefálico mostram funções estomatognáticas normais, a menos que haja um componente cortical que não seja identificado ou que não seja bem compreendido.³
Objetivo: Descrever os achados neurológicos (neuroimagem e exame clínico) e as funções de sucção e deglutição, através da avaliação clínica fonoaudiológica, de pacientes diagnosticados com Hidranencefalia.
Método: estudo retrospectivo, de caráter descritivo e quantitativo, baseado na análise de dados secundários, realizado na maternidade de um hospital referência para atendimento de gestações de alto risco no estado de Bahia, os responsáveis pelos menores assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) aprovado pelo Comitê de Ética da instituição (CAAE 17745019.4.0000.5028). A amostra foi constituída por recém-nascidos com diagnóstico de hidranencefalia que foram admitidos pelo Serviço de Fonoaudiologia na Unidade de Cuidados Intermediários Convencional Neonatal – UCINCO. Na estatística descritiva, os dados categóricos foram resumidos por meio de frequência absoluta (n) e relativa (%) em cada variável analisada.
Resultados: Participaram da pesquisa sete bebês, cinco (71,4%) do sexo feminino, dois (28,6%) do sexo masculino. Sobre o procedimento neurocirúrgico, seis (85,7%) foram submetidos inicialmente a Coagulação Endoscópica do Plexo Coróide (CEPC) e um (14,3%) Derivaçao Ventrículo-Peritoneal (DVP). Seis (85,71%) dos pacientes apresentavam crises convulsivas recorrentes. A média da idade dos bebês na avaliação fonoaudiológico foi de 16 dias de vida. Quanto a via de alimentação na admissão fonoaudiológica, seis (85,7%), alimentavam-se via sonda nasogástrica e um (14,3%) sonda orogástrica. O diagnóstico fonoaudiológico que prevaleceu na amostra estudada foi o Distúrbio do Sistema Sensório Motor Oral (DSSMO) sete (100%), em todos os pacientes foi realizada fonoterapia a fim de favorecer uma melhor funcionalidade, parte desses recém nascidos apresentaram também disfagia dois (28,6%). O tempo médio de intervenção fonoaudiológica 40 dias, sendo o tempo mínimo dois dias e o máximo 90 dias. Em relação aos desfechos, um (14,3%) paciente evoluiu para óbito durante a internação e seis (85,7%) receberam alta hospitalar. Sobre a via de alimentação na alta hospitalar, quatro (66,7%), receberam alta em via oral (seio materno e/ou mamadeira) e dois (33,3%) com gastrostomia, com encaminhamento para intervenção fonoaudiológica ambulatorial.
Conclusão: Observa-se que as habilidades de sucção e deglutição nos pacientes com hidranencefalia são variadas, mesmo com o tronco encefálico intacto. A intervenção fonoaudiológica com estes pacientes possibilitou uma maior taxa de alimentação por via oral segura na alta hospitalar.
Descritores: Hidranencefalia, Transtornos de Deglutição, Sucção, Geradores de Padrão Central, Sistema Estomatognático e Derivação Ventriculoperitoneal.
1. Pinho H. Hidranencefalia. Pathol Case Rev. 2011; 16(1);186-8.
2. Radford K, Taylor RC, Hall JG, Gick B. Aerodigestive and communicative behaviors in anencephalic and hydranencephalic infants. Birth Defects Research. 2019. 111;41–52.
3. Keven N, Akins KA. Neonatal imitation in context: Sensorimotor development in the perinatal period. Behavioral and Brain Sciences. 2017. 40.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1239
ACHADOS FONOAUDIOLÓGICOS NOS CASOS DE SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho científico
Linguagem (LGG)
Introdução: A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma polineurorradiculopatia inflamatória desmielinizante aguda que se desenvolve frequentemente após infecções, principalmente virais1, sendo o Zika Vírus e a Dengue os principais motivos da maior incidência para sua manifestação clínica nos últimos anos2,3. Caracterizada pela ocorrência de ataque auto-imune agudo, com debilidade simétrica progressiva, variável e ascendente, comprometendo membros, tronco, musculatura facial e orofaringe.Os sintomas típicos são: fraqueza muscular ou paralisia diminuição da sensibilidade e dortendinosa1,4, e insuficiência respiratória, tendo a exigência de ventilação mecânica em 25% dos casos4.A doença tem maior incidência em homens, com maior ocorrência em adultos4. O tratamento é realizado com fármacos e reabilitação física, feita por uma equipe multidisciplinar, entre ela está o fonoaudiólogo5.Os sintomas fonoaudiológicos que podem ocorrer são hipotonia e mobilidade reduzida do Complexo Orofacial (COF), paralisia facial periférica, disfagia, disfonia, dificuldades para respirar, hiposensibilidadeextra-oraleparestesia facial, hipersensibilidade intra-oral, mialgia entre outras.Objetivo: Realizar um levantamento na literatura dos artigos recentes sobreachadosrelevantes para a Fonoaudiologia sobre a Síndrome de Guillain-Barré. Metodologia:Revisão literária realizada com critérios de inclusão de publicações entre os anos 2016 a 2020, indexados nas bases de dados SciELO, PubMed, MEDLINE e LILACS.Resultados:Em geral, a recuperação dos pacientes é lenta, necessitam de internação longa, de atenção intensiva e de equipe treinada4. A SGBimpacta diretamente o desempenho ocupacional de indivíduos, afetando suas atividades de vida diárias, atividade laboral e participação social1,5. O paciente acometido pode apresentar variados sintomas fonoaudiológicos, os mais prevalentes são a paralisia facial periférica em primeiro lugar e depois mialgia e disfagia1,2,4. Se trata de uma das principaiscausas da paralisia facial, que ocorre em aproximadamente metade dos casos, devido a paralisias no nervo craniano2. O estudo6 alerta para que sempre que for traçados metas e objetivos terapêuticos, deve-se repensar seus efeitos nas doenças neuromusculares, porque nesses casos, os exercícios podem provocar intolerância, por causa de desequilíbrios metabólicos. O profissional da Fonoaudiologia deve fazer parte da equipe com a assistência o mais precoce possível, com o objetivo de promover a comunicação, motricidade orofacial, buscar o retorno das funções orais. Usando exercícios miofuncionais ativos, estimulação sensório-motora extra e intra-oral, crioterapia, terapias para voz e linguagem quando necessário.A aplicação de estímulos táteis, térmicos e gustativos demonstram resultados positivos nas disfagias neurogênicas, visto que estimulam principalmente a propriocepção das estruturas relacionadas com o processo de deglutição sem promoverem esforço6. Conclusões: É evidente a importância do diagnóstico precoce da SGB para que seja realizado rapidamente o tratamento adequado, buscando-se alcançar a recuperação completa do paciente, com a quantidade mínima de sequelas. A ação da equipe multidisciplinar é essencial visando minimizar as sequelas e promover a independência e autonomia dos pacientes.A Fonoaudiologia tem um papel importante no tratamento já que os sintomas encontrados para essa área são de grande impacto na vida do paciente. Ainda é um assunto que tem poucos artigos na área da Fonoaudiologia, necessitando de mais estudos.
Descritores:Doenças neurodegenerativas, Síndrome de Gillian-Barré, Fonoaudiologia.
[1] SANTOS, S. L. F.; SILVA ALVES, H. H. S.; PRADO, R. M. S.; BARROS, K. B. N. T. Parâmetros Terapêuticos da Síndrome de Guillain-Barré: uma revisão sistemática de estudos de casos. RPBeCS. 2017;4(1):09-17.
[2] FERREIRA, A. O. S.; MORAIS, D.; CARMO, H. O.;SILVA, H. C. C.; OLIVEIRA, C. S.; OLIVEIRA, R. F.; PINTO, E. M. H. Avaliação dos Fatores Etiológicos Associados à Síndrome de Guillain-Barré: uma revisão sistemática. Anais da XVI Mostra Acadêmica do Curso de Fisoterapia da UniEVANGÈLICA, v. 7, n. 1, 2019.
[3] CARVALHO, M. C. A. Infecção por Arboviroses Associada à Aíndrome de Guillain-Barré: revisão sistemática. Universidade Católica do Salvador - Curso de Ciências Biológicas. Salvador, 2019.
[4] ARAUJO, J. L.;NASCIMENTO, K. U. B.; SILVA, M. C.; AOYAMA, E. A. Assistência da Enfermagem em Pacientes com Síndrome de Guillain-Barré. ReBIS [Internet]. 2020; 2(1):100-4.
[5] FERNANDES, G. V. Síndrome de Guillain-Barré: Avaliações, Reabilitações e Principais Impactos no Desempenho Ocupacional de Indivíduos Acometidos. Universidade de Brasília - Faculdade de Ceilândia. Curso de graduação em Terapia Ocupacional. Brasília, 2019.
[6] ORSINI, M.; JR, M. S.; FREITAS, M. R.; TRAJANO, E.; MARQUES, V.; ODA, A. L.; OLIVEIRA, A. B.; TEIXEIRA, S.; BASTOS, V. H.; MEDEIROS, C. L. O quanto podemos exigir das unidades motoras nas doenças neuromusculares? Fisioterapia Brasil 2017;18(4);511-513.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
516
AÇÕES DE COMBATE À COVID-19 NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA POR FONOAUDIÓLOGOS
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
Introdução: Em março de 2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a ocorrência da infecção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 com alta distribuição geográfica mundialmente decretando situação pandêmica e estado de emergência global. Diante do grande número de casos da COVID-19 no Brasil, ações de combate à doença têm sido realizadas tanto a nível hospitalar quanto em nível de Atenção Primária à Saúde (APS), com objetivo de minimizar os impactos no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo a APS peça fundamental neste processo. A APS é caracterizada pelo conjunto de ações por uma equipe multiprofissional no âmbito individual e coletivo, sendo as intervenções de promoção, prevenção e proteção que permeiam a temática da ação realizada no enfrentamento contra o COVID-19. Objetivo: Relatar a experiência de profissionais da saúde na atuação de combate ao coronavírus na APS. Método: Este estudo está baseado na vivência de profissionais fonoaudiólogos atuantes nos municípios de Barcelona/RN e Santo Antônio/RN. A atuação de combate à COVID-19 na APS iniciou no mês de abril e tem sido realizada de maneira multiprofissional, sendo o fonoaudiólogo (NASF-AB) um dos profissionais atuantes nessas ações em conjunto com a vigilância sanitária e secretaria municipal de educação dos seus respectivos municípios. Diante da atual pandemia, as atividades do cotidiano dos profissionais, como atividades educativas, atendimentos individuais e em grupos, foram interrompidas temporariamente para serem realizadas ações de combate ao vírus com objetivo de sensibilizar a população quanto cuidados necessários para a prevenção da infecção. Salienta-se que o contexto de vida da população, o reconhecimento do território coberto pelas equipes de saúde da família e as ações de campo é de responsabilidade de todos os profissionais de saúde. Resultados: A prevenção do novo coronavírus através de ações é de extrema importância para a saúde nos municípios. Nessa perspectiva as ações realizadas nas blitz nas entradas das cidades foram: orientações quanto à prevenção da doença, aferição de temperatura, distribuição de máscaras em tecido reutilizável, higienização das mãos com álcool 70%. Estas ações também foram realizadas na entrada de supermercados e bancos, com organização das filas fora dos estabelecimentos, em ambos os municípios. Algumas ações foram realizadas de forma distinta: o município de Santo Antônio/RN realizou entrega de kits de limpeza para os munícipes de baixa renda e entrega de decretos impressos aos comércios locais; enquanto no município de Barcelona/RN foram realizadas fiscalizações nos comércios referente à aglomeração de pessoas e demarcações no chão para o distanciamento nas filas. Alguns desafios foram encontrados durante as ações, como ambiente de intensa exposição à radiação solar e chuva. O baixo nível de escolaridade das comunidades assistidas, também foi um fator que dificultou a difusão de conhecimento. Conclusão: A realização de blitz, distribuição de materiais e disseminação de informações foram das ações comumente realizadas pelos profissionais de saúde, incluindo os fonoaudiólogos nos municípios mencionados. A baixa escolaridade e questões ambientais foram dificultores para realização de um trabalho mais efetivo. Continuar com as ações é imprescindível para sensibilização da população e o combate ao COVID-19.
Referências
Word Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) Situation report - 51. Word Health Organization. 11 mar 2020.
Liu Y, Gayle AA, Wilder-Smith A, Rocklov J. The reproductive number of COVID-19 is higher compared to SARS coronavirus.Journal of Travel Medicine. 2020; 27:1-4.
Farias LABG, Colares MP, Barretoti FKA, Cavalcanti, LP. O papel da atenção primária no combate ao Covid-19: impacto na saúde pública e perspectivas futuras. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2020; 15: 2455.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. 2017 set. Seção 1.p 68.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
978
AÇÕES DE EXTENSÃO NO CONTEXTO DE PANDEMIA
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)
INTRODUÇÃO
A amamentação confere benefícios nutricionais, imunológicos, cognitivos, econômicos e sociais para o bebê e para a relação entre mãe e filho. A intervenção dos profissionais da saúde na promoção do aleitamento materno reflete-se nas taxas e tempo de duração da amamentação, aumentando quando a mulher recebe aconselhamento sobre o assunto. Um projeto de extensão atua de forma presencial em ambiente de sala de espera, maternidade e banco de leite realizando orientações. Entretanto, no contexto de pandemia precisou reinventar suas atividades para continuar em ação.
OBJETIVO
Descrever as atividades realizadas por um projeto de extensão durante a pandemia do Coronavírus.
MÉTODO
Trata-se aqui de um relato de experiência de extensionistas que atuam num projeto de extensão que visa promover o aleitamento materno mediante orientações teórico-práticas para gestantes e puérperas usuárias do Sistema Único de Saúde, aproximando os acadêmicos da realidade e da demanda da população atendida e formando multiplicadores da promoção à amamentação. Visto que o contexto pandêmico atual impede o contato presencial com o público alvo, os participantes passaram a explorar outras formas de contato. Criou-se página/perfil em rede social e foram elaborados materiais específicos para mídia digital. Por acreditar na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, neste período foram submetidos artigos científicos para periódicos. Também foi aprofundado o estudo teórico por meio de treinamentos on-line sobre assuntos da amamentação e doação de leite durante o surto de Covid-19.
RESULTADOS
Foram confeccionadas cartilhas com informações de origem de literatura científica e orientações dos órgãos reguladores de saúde. Os temas abordados no material foram: apresentação e atuação do projeto de extensão; a relação da fonoaudiologia com a amamentação; os benefícios do aleitamento materno para a díade mãe-bebê; pega e posicionamento; ordenha manual e armazenamento do leite materno. Dois artigos foram submetidos a periódicos relacionados à atividades de extensão. Foi criado perfil em redes sociais com postagens semanais sobre os temas abordados nas orientações presenciais. Entretanto, enfatizando informações sobre cuidados com a amamentação durante a pandemia, bem como conhecimentos gerais quanto à prevenção do Coronavírus, tudo baseado em pesquisas científicas da área. Também foram postados materiais de motivação à doação de leite materno buscando demandas dos bancos de leite próximos. Dessa forma proporcionou-se aos seguidores das mídias digitais do projeto acesso à informações atualizadas sobre a amamentação, para fomentar o início e a continuidade da prática, uma vez que os benefícios da amamentação superam os possíveis riscos de transmissão do Coronavírus. As extensionistas foram beneficiadas por poderem compartilhar seus aprendizados e treinar o exercício profissional por meio da produção das cartilhas.
CONCLUSÃO
Em tempos de incertezas num contexto de distanciamento social a tecnologia comunicativa tornou-se um poderoso recurso para a comunicação entre os profissionais da saúde, os discentes e a sociedade. Por meio dela, foi possível acessar mais do que as mães, buscou-se sensibilizar a sociedade como uma poderosa rede de apoio. Esta nova forma de atuação do projeto gerou materiais à comunidade geral e científica, promoveu, e apoiou o aleitamento materno sustentável, para um planeta mais saudável.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
881
AÇÕES DE EXTENSÃO NO INCENTIVO E PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO COM PUÉRPERAS.
Relato de experiência
Motricidade Orofacial (MO)
Introdução: O aleitamento materno (AM) resulta em efeitos extremamente benéficos para a sociedade ao reduzir os índices de morbimortalidade neonatal e infantil, garantir um desenvolvimento, e crescimento saudável ao bebê, promover uma recuperação mais rápida da puérpera, além do efeito psicológico positivo para ambos. Essas razões levam as principais organizações em saúde a elencar o AM como padrão ouro em alimentação neonatal, todavia, mesmo sendo gratuito e de excelência comprovada, os índices de desmame precoce ainda se encontram muito acima do esperado. Estando a desinformação, os problemas de pega e fissura e o desencorajamento entre as principais razões descritas na literatura para essas estatísticas, o Projeto de extensão com enfoque em Amamentação foi criado com o intuito de investir na promoção, proteção e apoio a amamentação.
Objetivos: Descrever as ações que o projeto de extensão desenvolve com puérperas em uma maternidade da rede pública de Porto Alegre.
Métodos: Uma parte das ações do projeto de extensão são desenvolvidas semanalmente no alojamento conjunto de um hospital de Porto Alegre, onde as puérperas recebem orientações individualmente a beira do leito pelos acadêmicos integrantes do projeto. Nesse momento, sempre que possível, avalia-se a eficiência da mamada e busca-se estabelecer um diálogo no qual a mulher sinta-se confortável e segura para dividir suas dúvidas, recebendo orientações conforme suas próprias demandas.
Resultados: Em 2019 foram visitadas 126 puérperas com idade entre 19 e 43 anos, das quais 46% afirmaram estar tendo dificuldades no AM e mais da metade afirmaram não terem sido orientadas sobre amamentação no pré-natal. As principais inseguranças relatadas pelas mulheres referiam-se à presença do colostro e sua capacidade de saciar a fome do recém-nascido, duração e frequência das mamadas, fissuras mamilares, problemas de pega e apojadura.
Conclusão: O projeto considera importantes as ações desenvolvidas junto às puérperas, pois, acredita que é uma demanda que nem sempre é solucionada por completa durante o pré-natal. Permanecem as dúvidas, mitos, palpites e influências culturais que desencorajam a mãe durante os desafios fisiológicos e emocionais do puerpério. Cada puérpera visitada é avaliada conforme suas singularidades e recebe informações científicas e atualizadas para resolução dos problemas de forma direcionada. Tal fato proporciona uma experiência prática riquíssima para o extensionista e busca tornar as mulheres protagonistas desse processo para que se sintam tranquilas e seguras, voltando para casa confiantes favorecendo a continuidade do AM.
Não se aplica
TRABALHOS CIENTÍFICOS
435
AÇÕES DE LETRAMENTO FUNCIONAL EM SAÚDE E APRENDIZAGEM EM PERÍODO DE PANDEMIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Fonoaudiologia Educacional (FONOEDUC)
INTRODUÇÃO
Vivemos um momento diferente do habitual com a COVID-19, doença causada pelo novo Corona vírus. É a primeira pandemia a partir da qual as mídias sociais e tecnologias vem sendo usadas constantemente e para diferentes finalidades, sempre com o objetivo de manter pessoas seguras, conectadas e produtivas enquanto estão separadas fisicamente¹. Neste contexto se insere o projeto de extensão de uma universidade pública, que tem buscado se adaptar ao momento por meio da produção e compartilhamento de conteúdo sobre leitura e escrita em redes sociais. Estimular essas habilidades é importante para a evolução de todas as populações, e esta promoção começa com a conscientização e preparação de todos os envolvidos neste processo.
OBJETIVO
Compartilhar informações e materiais instrutivos cientificamente embasados sobre leitura, aprendizagem e seus transtornos em linguagem clara, por meio de postagens e lives nas redes sociais.
MÉTODOS
Trata-se de um relato de experiência de um projeto de extensão do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública da região sudeste, composto por uma docente coordenadora, uma aluna de pós graduação e oito alunos da graduação em Fonoaudiologia. Os alunos do projeto, durante o período de isolamento social, utilizaram as mídias sociais Facebook, Instagram e Website como divulgação de informações sobre letramento funcional, o processo de aprendizagem e possíveis transtornos. Nas mídias sociais foram realizadas postagens sobre datas comemorativas, dicas de leitura, atualização científica, obras de arte envolvendo leitura, postagens de alerta à população quanto ao Corona vírus, divulgação de guias práticos sobre: “Dislexia”, “Leitura fluente”, “Consciência fonológica”, “A Leitura no dia a dia” e “Transtorno de aprendizagem” que foram disponibilizados nos formatos online e para impressão e realização de lives com momentos de diálogo e orientação entre fonoaudiólogos, pais e educadores sobre leitura, aprendizagem e letramento.
RESULTADOS
Observou-se que o site e as plataformas online foram meios importantes de disseminação de conteúdos informativos de forma interessante e dinâmica, principalmente nesse momento de isolamento social. Como se trata de uma comunicação instantânea, obtivemos feedbacks imediatos das publicações dos internautas. O acesso às páginas do projeto cresceu nesse período, principalmente após as lives e divulgação dos guias práticos onde observou-se aumento do número de seguidores em aproximadamente 64%, com mais ou menos 800 visitas no perfil e 500 visitas no site. Dentre as plataformas, o Instagram foi a mídia social mais usada para divulgação de conteúdos durante o período de pandemia. Foram realizadas 56 postagens, com alcance de 1138 contas, que é o número de contas únicas que viram qualquer uma das publicações ou stories nos últimos sete dias. Obteve 4765 impressões, que é o número total de vezes que todas as suas publicações e stories foram vistos nos últimos sete dias.
CONCLUSÃO
Por meio do uso das mídias sociais como divulgação de conteúdo, profissionais e pais interagiram, comentaram e compartilharam dúvidas, o que nos motiva a sempre postar e aumentar a gama de informações disponíveis. Essa experiência nos permite compartilhar conhecimentos cientificamente embasados com a população e ao mesmo tempo aprender com a vivência na comunidade.
1. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS BRASIL. OMS e UIT trabalham com empresas de telecom para enviar informações de saúde por SMS.[S. l], 24 abr. 2020. Disponível em: https://nacoesunidas.org/oms-e-uit-trabalham-com-empresas-de-telecom-para-enviar-informacoes-de-saude-por-sms/. Acesso em: 29. jun. 2020.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1232
AÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS EM UMA MATERNIDADE DO INTERIOR DE SERGIPE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência
Saúde Coletiva (SC)
INTRODUÇÃO: O puerpério é uma fase de novas descobertas, neste período, o binômio mãe-bebê conquista juntos um vínculo através da amamentação. A atuação fonoaudiológica dentro das maternidades vem crescendo nos últimos anos, de acordo com a literatura, a amamentação proporciona adequado desenvolvimento das estruturas estomatognáticas, e das suas funções de sucção, deglutição, respiração, mastigação e fala, porém aspectos culturais, alterações anatômicas e dificuldades para realizar a pega correta, podem impedir esta prática tão fundamental e importante para o binômio. A avaliação precoce do aleitamento, das estruturas envolvidas, a comunicação, o aconselhamento e a informação a mãe, são capazes de identificar possíveis alterações e dificuldades que venham impedir e dificultar a mamada.
OBJETIVO: Relatar ações fonoaudiológica realizadas em uma maternidade filantrópica de um município de Sergipe. MÉTODO: As ações ocorreram durante o ano de 2019, em uma maternidade filantrópica de um município de Sergipe. Foram distribuídos panfletos, com o objetivo de aconselhar as puérperas quanto a amamentação durante os dois primeiros anos; realizou-se também orientações referente a pega correta, posições para o aleitamento, e os maus hábitos que afetam os padrões miofuncionais, e futuramente a fala, como chupetas e mamadeiras, além de falar dos exames de supra importância, o teste da linguinha e o teste da orelhinha que já eram utilizados na própria instituição. RESULTADOS: Foram encontradas problemas que envolvessem a dificuldade relatadas pelas mães em amamentar seus filhos, bem como o relato de mães jovens que se sentiam desmotivadas a amamentar, privando-se de todos os ganhos que são proporcionados pela amamentação. A partir desta, as mães foram instruídas pelas turmas de graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal de Sergipe, a realizar a pega correta e a solucionar transtornos gerados pelas alterações anatômicas da mama, como traumas mamilares e consequente sucção ineficiente. Na segunda problemática, a atuação teve seu foco voltado à orientação às jovens mães que se sentiam inseguras quanto ao puerpério , foi salientado os benefícios do aleitamento materno para mãe e o bebê, bem como elucidado a importância do autocuidado para o seu bem-estar e sucesso na amamentação. CONCLUSÃO: Em virtude do desconhecimento das égides do aleitamento materno, tanto para saúde da mãe quanto para o desenvolvimento e saúde do bebê, deve ser proposto nas instituições materno-infantis que toda a equipe de profissionais deve estar capacitada adequadamente no manejo clínico da amamentação e identificar aquelas que necessitam de apoio.
1. Crestani AH, Rosa FF de M, Souza APR de, Pretto JP, Moro MP, Dias L. A experiência da maternidade e a dialogia mãe-filho com distúrbio de linguagem. Rev CEFAC [Internet]. 2012 Oct 8;14(2):350–60. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462012000200020&lng=pt&tlng=pt
2. Sanches MT. Enfoque fonoaudiológico. In: Carvalho MR de. Amamentação: bases científicas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014. p. 101-22.
3. Tamarez RN. Atuação da Enfermagem. In: Carvalho MR de. Amamentação: bases científicas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014. p. 122-36.
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1661
ACOMPANHAMENTO FONOAUDIOLÓGICO DA CRIANÇA DE RISCO – UMA EXPERIÊNCIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Relato de experiência
Ensino em Fonoaudiologia (ENS)
Introdução: A formação profissional de qualidade é essencial para preparação do indivíduo para o atendimento às demandas da sociedade. No âmbito acadêmico destaca-se como atividade relevante para formação profissional, a Extensão Universitária. As ações de extensão permitem possibilidades variadas para a Universidade e a Comunidade. Estas ações, realizadas pelo grupo acadêmico, visam atender às demandas da população próxima a instituição e também proporciona e otimiza o aprendizado teórico-prático dos discentes. Neste contexto, destaca-se um Projeto de Extensão, de um hospital da rede pública, da região sudeste, que realiza o acompanhamento longitudinal de crianças pré-termo, até os sete anos de idade. Objetivo: Relatar a experiência de discentes do Curso de Fonoaudiologia quanto à participação no projeto de extensão e a relevância para formação profissional. Métodos: Trata-se de um relato de experiência de alunos do quarto, nono e décimo períodos do curso de Fonoaudiologia, no período compreendido entre novembro de 2017 a dezembro de 2018, no ambulatório follow-up de pré-termos. Neste período a equipe de fonoaudiologia do projeto era formada por uma docente coordenadora, duas fonoaudiólogas, sendo uma doutoranda em Neurociências e uma mestranda em Ciências Fonoaudiológicas e 12 graduandos do Curso de Fonoaudiologia. Os atendimentos eram realizados por duplas de alunos do quarto período, sob monitoria das alunas do nono e décimo períodos, e supervisionados por fonoaudiólogas e por uma docente. No primeiro atendimento da Fonoaudiologia, era realizada anamnese; avaliação do desenvolvimento da linguagem, por meio do Protocolo adaptado para avaliação de crianças de dois a 24 meses e do Protocolo de Observação de Comportamentos de Crianças de 0 a 6 anos; avaliação auditiva por meio de meatoscopia e da realização do exame de Emissões Otoacústicas Transientes; orientações aos cuidadores sobre o desenvolvimento da linguagem e audição da criança; realização de encaminhamentos, quando necessário; e agendamento para nova consulta de acordo com os marcos do desenvolvimento. Nos acompanhamentos subsequentes, realizadas avaliações do desenvolvimento da linguagem, conforme idade da criança. Após o término dos atendimentos, era realizada supervisão com os alunos objetivando discussão dos casos atendidos, proporcionando o aprendizado e desenvolvimento do raciocínio clínico. Resultados: Antes de iniciar os atendimentos no ambulatório os alunos passaram por um processo de instrumentalização. Para favorecer o aprendizado, os alunos passaram por um período de observação de outros atendimentos, receberam orientações sobre relações interpessoais, explicações dos materiais e protocolos utilizados no ambulatório, bem como fundamentação teórica. Esse processo se fez essencial para o aprendizado metodológico realizado no projeto. Durante o período de novembro de 2017 a dezembro de 2018, foi realizado um total de 357 atendimentos, decorrentes de encaminhamentos para primeira consulta ou agendamentos para acompanhamento fonoaudiológico. Os atendimentos tiveram duração média de 30 a 40 minutos, conforme as demandas familiares e características da criança na realização das atividades propostas na avaliação. Conclusão: O projeto de extensão proporciona aos alunos o aprendizado ativo com condições únicas para o desenvolvimento e consolidação das competências necessárias para a prática profissional.
Chiari BM, Basílio CM, Nakagwa EA, Cormedi MA, Silva NSM, Cardoso RM, et al. Proposta de sistematização de dados da avaliação fonoaudiológica através da observação de comportamentos de criança de 0 a 6 anos. Pró-fono. 1991; 3, (2), 29-36.
Do Nascimento CR. Instrumentos de avaliação de linguagem para bebês entre 0 a 12 meses e Avaliação de Linguagem em bebês no terceiro bimestre de vida: comparação entre dois instrumentos de avaliação. 2012. Fonoaudiologia. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Gordo A, Parlato EM, Azevedo MF, Guedes ZCF. Triagem auditiva em bebês de 2 a 12 meses/ Audiological screening in infants from 2 to 12 months. Pró Fono. 1994; 6, (1), 7-13.
Rodrigues ALL, Prata MS, Batalha TBD, Costa CLNA, Neto IFP. Contribuições da extensão universitária na sociedade. Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais, Aracaju, 2013; 1(16), 141-148. Disponível em:
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1879
ACOUSTIC VOICE QUALITY INDEX (AVQI) EM MULHERES COM EDEMA DE REINKE
Trabalho científico
Voz (VOZ)
INTRODUÇÃO:O Acoustic Voice Quality Index (AVQI) é uma medida multiparamétrica, que quantifica a intensidade do desvio da qualidade vocal, extraída a partir da associação entre amostra sustentada e amostra encadeada de voz (BARTIES, 2015)1, sendo que no Brasil sugere-se que a emissão encadeada contemple a contagem de números (Englert, 2016)2. São combinadas seis medidas acústicas, dentre elas quatro bastante utilizadas de forma isolada na clínica vocal:Smoothed ceptral peak prominence (CPPS);Harmonic-to-noise ratio (HNR); Shimmer % e Shimmer dB. Fornece um único escore de 0 a 10 pontos, sendo que quanto menor o valor, melhor a qualidade vocal (BARSTIES, 2016).
OBJETIVO:Obter dados de AVQI de mulheres com edema de Reinke, comparando-os com os obtidos por mulheres sem queixas vocais, além de analisar correlações entre os resultados do AVQI e dados referentes ao grau do edema e grau geral do desvio vocal.
MÉTODOS:Estudo observacional, analítico, transversal, aprovado pelo CEP sob número 221.401.Participaram 58 mulheres, com idades entre 44 e 77 anos (média de 56,3 anos), que se dividiram em dois grupos: Grupo Pesquisa (GP):29 mulheres com diagnóstico ORL de edema de Reinke; Grupos Controle (GC): 29 mulheres sem queixas vocais. Os grupos foram semelhantes quanto à faixa etária (p = 0,76). Foram gravadas amostras da vogal sustentada /é/ e contagem de números de 1 a 10. A partir delas, foi realizada a extração do AVQI no software PRAAT. Além disso, foi realizada análise perceptivo-auditiva (APA) por uma fonoaudióloga especialista em voz, que analisou o grau geral do desvio vocal em escala numérica de três pontos(0 ausência de desvio;1 desvio discreto; 2 moderado; e 3 intenso).Os dados de AVQI foram correlacionados com dados da APA e dados referentes ao grau do edema (1, 2 ou 3) apresentado pela participante.
RESULTADOS:Os resultados médios do AVQI diferenciaram mulheres do GP (2,09) e do GC (1,01) (p = 0,04), sendo que somente o GP apresentou valores médios fora do padrão de normalidade da medida no PRAAT, que é de 1,5. As medidas isoladas compiladas pelo AVQI também diferenciaram os grupos, exceto a CPPS. Especificamente em relação ao GP, houve correlação positiva moderada entre o AQVI e a variável grau do edema, sendo que quanto maior o grau, maiores os valores de AVQI (r = 0,66; p <0,001). O mesmo ocorreu na correlação entre o AVQI e o grau geral do desvio vocal, tanto para a vogal (r = 0,64; p <0,001) quanto para números (r = 0,54; p = 0,002). Houve, ainda,correlações moderadas entre as medidas isoladas compiladas no AVQI e as variável grau do edema e grau de desvio vocal (negativas para CPPS e HNR e positivas para shimmer, shimmer % e shimmer DB (todos os cruzamentos com p<0,01).
CONCLUSÃO:Mulheres com edema de Reinke apresentam resultados do AVQI fora do padrão de normalidade, diferenciando-as de mulheres sem queixas vocais. Quanto maior o grau do edema e o grau geral do desvio vocal, maiores são os resultados do AVQI em mulheres com Edema de Reinke.O AVQI se mostra útil para acompanhamento terapêutico dessas pacientes na clínica vocal.
1-Barsties B, De Bodt M. Assessment of voice quality: current state-of-theart. Auris Nasus Larynx. 2015
2-Englert et a. Acoustic Voice Quality Index - AVQI para o português brasileiro: análise de diferentes materiais de fala. CoDAS 2019
3-Barsties B, Maryn Y. External Validation of the Acoustic Voice Quality Index version 03.01 with extended representativity. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2016
TRABALHOS CIENTÍFICOS
1446
ACURÁCIA DA AVALIAÇÃO ACÚSTICA DA DEGLUTIÇÃO COMO MÉTODO DIAGNÓSTICO DA DISFAGIA EM INDIVÍDUOS ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: ANÁLISE PRELIMINAR
Trabalho científico
Disfagia (DIS)
Introdução: Após um Acidente Vascular Encefálico (AVE), mais da metade dos pacientes apresentam algum tipo de incapacidade, sendo a disfagia encontrada com frequência. Diante da diversidade de métodos utilizados na avaliação das alterações da deglutição nesses pacientes, torna-se fundamental que pesquisas sejam desenvolvidas com o intuito de demonstrar a efetividade das ferramentas de apoio utilizadas por esses profissionais. A ausculta cervical pelo Sonar Doppler é uma técnica inovadora com ganho de credibilidade na avaliação clínica da deglutição. Objetivo: Determinar a acurácia diagnóstica do Sonar Doppler e software DeglutiSom® como método auxiliar na avaliação da disfagia orofaríngea em pacientes após AVE. Método: A pesquisa trata-se de um estudo do tipo transversal, não controlado, com amostragem aleatória sistemática, duplo-cego, realizada de forma quantitativa. Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas sob número 3.066.XXX. Os pacientes foram encaminhados das unidades de internação e dos ambulatórios de um hospital de referência, com unidade de atenção ao AVE e submetidos ao Sonar Doppler/DeglutiSom® e à FEES®, de forma concomitante. Os sons captados pelo Sonar Doppler/DeglutiSom® e suas respectivas análises no programa foram processados de forma aleatória, salvos, numerados e encaminhados para um avaliador que não tinha conhecimento das avaliações prévias ou características clínicas do paciente e com experiência em análise acústica. Foi solicitado que esse avaliador apontasse os áudios que apresentavam características de disfagia, resíduo ou aspiração traqueal. Foram analisados 73 arquivos de áudio coletados dos 26 pacientes, por meio do Sonar Doppler e confrontados com o laudo da FEES®, nas três consistências alimentares oferecidas durante o exame. O tempo de AVE variou de 2 a 76 dias, com uma média de 10,8 dias e desvio padrão de 14,6 dias. Em relação às queixas na deglutição, 80,8% relataram sofrer com esses sintomas e, além disso, 61,5% da amostra estudada apresentava perda de peso importante após o início dos sinais de disfagia. Resultados: O estudo mostrou que o Sonar Doppler identificou corretamente, dentre todos os arquivos analisados, aqueles que realmente apresentaram a aspiração traqueal. Além disso, mostrou-se eficaz em identificar os pacientes que não apresentavam a mesma alteração. O índice de Youden no valor de 0,91 corrobora essas informações, mostrando excelente precisão no diagnóstico de aspiração traqueal na amostra estudada. Conclusão: O estudo demonstra uma excelente acurácia diagnóstica do Sonar Doppler, podendo ser utilizado como uma valiosa ferramenta no diagnóstico da aspiração traqueal, em pacientes após AVE.
Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral, Acústica, Confiabilidade dos Dados, Disfagia, Efeito Doppler, Transtornos de Deglutição
1. HEART AND STROKE FOUNDATION. Together against a rising tide: advancing stroke systems of care. Stroke month report. Ottawa: Heart and Stroke Foundation; 2014. p. 2014.
2. WORLD STROKE ORGANIZATION ANNUAL REPORT 2018. Disponível em: https://www.world-stroke.org/assets/downloads/Annual_Report_2018_online_fnal_COMPRESSED.pdf
3. FALCÃO IV, CARVALHO EMF, BARRETO KML, LESSA FJD, LEITE VMM. Acidente vascular cerebral precoce: implicações para adultos em idade produtiva atendidos pelo Sistema Único de Saúde. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S1519-38292004000100009 3
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TRABALHOS CIENTÍFICOS